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CONTABILIDADE GERAL

CONTABILIDADE
GERAL
Ruy Lopes Cardoso

Ruy Lopes Cardoso

Código Logístico Fundação Biblioteca Nacional


ISBN 978-85-387-6553-0

59012 9 788538 765530


Contabilidade Geral

Ruy Lopes Cardoso

IESDE BRASIL
2020
© 2020 – IESDE BRASIL S/A.
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SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
C266c

Cardoso, Ruy Lopes


Contabilidade geral / Ruy Lopes Cardoso. - 1. ed. - Curitiba [PR] :
IESDE, 2020.
138 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6553-0

1. Contabilidade. I. Título.
CDD: 657
19-61980
CDU: 657

Todos os direitos reservados.

IESDE BRASIL S/A.


Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200
Batel – Curitiba – PR
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
Ruy Lopes Cardoso Mestre e bacharel em Administração de Empresas pela
Fundação Getulio Vargas, com ênfase em Administração
Contábil e Finanças. Trabalhou em indústrias têxtil
e de cabos para telecomunicação, e em instituições
financeiras, nas áreas de crédito, gestão de contas
jurídicas, empréstimos externos, comércio internacional
e coordenação da renegociação da dívida brasileira
na década de 1980. Foi também representante de
banco estrangeiro no Brasil. Atua como professor de
Contabilidade Financeira, Contabilidade de Custos e
Finanças há 25 anos. É consultor de empresas e autor
de um livro sobre orçamento empresarial.
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SUMÁRIO
1 A contabilidade e o ambiente econômico das empresas  9
1.1 Significado de contabilidade   9
1.2 O mundo econômico e as empresas   11
1.3 Tipos de empresas   13
1.4 Demonstrações Contábeis   14
1.5 Usuários das demonstrações financeiras   24
1.6 Contabilidade e finanças   25

2 Balanço Patrimonial  30
2.1 Estrutura do patrimônio da empresa – investimentos
e financiamentos   30
2.2 Princípios e Convenções   33
2.3 Estrutura e contas dos ativos   38
2.4 Estrutura e contas dos passivos   41

3 Demonstração de Resultados  49
3.1 Princípios básicos para a Demonstração de Resultados   49
3.2 Estrutura e composição das contas da DRE   57
3.3 Depreciação   61
3.4 Modelo para análise  64

4 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL  74


4.1 Alterações da Lei n. 11.638/2007   74
4.2 Exemplos da DLPA e da DMPL   76

5 Demonstração dos Fluxos de Caixa  94


5.1 Demonstração dos Fluxos de Caixa   94
5.2 Estrutura e metodologias   104

6 Demonstração do Valor Adicionado  119


6.1 Demonstração do Valor Adicionado (DVA)  120
6.2 Interpretando a DVA  123
Vídeo
APRESENTAÇÃO
A contabilidade das empresas procura revelar os valores
dos recursos utilizados para a realização de suas atividades.
Investimentos e financiamentos sempre serão necessários para
o desenvolvimento de empreendimentos industriais, comerciais
ou prestação de serviços.
As funções básicas da contabilidade são a obtenção, o
registro e a organização dos valores envolvidos nos negócios,
transformando esses dados em informações fundamentais
para a tomada de decisão dos gestores, assim como a todos os
usuários envolvidos, interna ou externamente, com a empresa.
As ciências contábeis têm promovido grandes transformações
desde o final do século XX e deverá continuar assim por um
longo tempo. Entre as mudanças mais importantes, destaca-se,
nesta obra, em primeiro lugar, a uniformização das informações
contábeis das empresas em todos os países. Em segundo, e
não menos importante, a flexibilização e transformação de um
sistema contábil extremamente dominado por regras para um
sistema com base em princípios, permitindo e exigindo um maior
domínio dessa ciência. Em terceiro lugar, a introdução de novas
demonstrações com o intuito de fornecer mais informações das
atividades da empresa e contribuir para melhorar a capacidade
de análise de seus gestores e usuários. E, finalmente, a
disponibilização de importantíssimas informações para toda a
sociedade, com a introdução do balanço social.
Bons estudos!
1
A contabilidade e o ambiente
econômico das empresas
Você pode não saber, mas a contabilidade reúne informações
úteis, tanto para pessoas físicas, como para empresas. A obtenção
de dados relacionados com os negócios pode ajudar a compreender
as atividades de uma empresa e auxiliar na sua administração. A
contabilidade foi criada e desenvolvida para ajudar na gestão dos
negócios.

1.1 Significado de contabilidade


Vídeo Usualmente, os livros sobre contabilidade apre-
sentam a origem, a história e a evolução dessa ciên- + Saiba mais
cia, a qual é um sistema útil para medir os fatos e Há mais de 3.000 anos, a
valores econômicos de um negócio. contabilidade teve origem
na região da Mesopotâmia.
Tendo a intenção de registrar as atividades e os Entre os séculos XIV e XV,
com a expansão do comércio,
valores de um segmento, faz todo sentido avaliar
principalmente em cidades
os efeitos e alterações provocados pelos negócios portuárias no norte da Itália e
da empresa e, sobretudo, possibilitar aos usuários com o surgimento da imprensa,
permitindo cópias com maior
dessas informações o desenvolvimento e aprimora-
rapidez, segundo Hendriksen
mento da capacidade de tomar decisões. (1999), a Contabilidade como
técnica pode ser mais difundida.
A contabilidade é um sistema de medidas, uti- Ao final do século XV, Luca
lizado para registrar os valores envolvidos nos Pacioli, um frade franciscano,
negócios de maneira geral. É normal tratarmos publicou a obra Summa
de Arithmetica, Geometria,
da contabilidade empresarial, no entanto a conta- Proportioni et Proportionalita,
bilidade de um indivíduo também pode ser feita. que proporcionou o surgimento
da técnica contábil das partidas
Pessoalmente, produzimos riqueza com nosso tra-
dobradas, o método veneziano
balho, gerando renda com uso de esforços ou des- (CRIPPS, 1994).
pendendo valores monetários.

A contabilidade e o ambiente econômico das empresas 9


Vejamos, como exemplo, o caso fictício de Manuel, funcionário da
empresa A, com salário mensal líquido de R$ 3.500,00 e gastos mensais
que somam R$ 2.750,00. Se observarmos a Tabela 1, em que se mos-
tram presentes os ganhos e gastos do período de um mês, podemos
perceber uma sobra de R$ 750,00 no mês.

Tabela 1
Contabilidade individual (Manuel).

Ganhos e Gastos no período Mês 1 (R$)


Salário 3.500,00

Aluguel 1.000,00

Condomínio 300,00

Desafio IPTU 58,00

Faça uma tabela, ou uma Energia 87,00


planilha, contendo seus ganhos
Telefone 105,00
e gastos mensais. Se não for o
seu caso, ajude algum parente Gasolina 300,00
ou amigo nessa tarefa.
Cartão de Crédito 900,00

Saldo final 750,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Embora não seja usual fazer a contabilidade de uma pessoa, é


possível ter uma vida financeira organizada, com o objetivo de mos-
trar opções para a utilização dos recursos individuais. Nesse sentido, a
contabilidade individual permite uma análise sobre os bens, direitos e
obrigações do sujeito, assim como possibilita que o indivíduo planeje
e cuide de seu futuro e patrimônio. As finanças pessoais não devem se
restringir aos rendimentos de trabalho, ou à previdência social. As pes-
soas podem e devem aprender a utilizar os conhecimentos contábeis e
financeiros para cuidar do próprio patrimônio.
Curiosidade
É graças à falta de educação Manuel pode continuar comparando seus ganhos, gastos e saldos com o objetivo de controlar suas despesas,
financeira individual que aumentar seus ganhos e até aplicar seus resultados. Isso é o que chamamos de educação financeira
observamos, constantemente, individual, o que já se faz presente no Brasil há alguns anos. Para conhecer mais sobre esse assunto, você pode
promoções para negociação acessar o Caderno de Educação Financeira, publicado pelo Banco Central do Brasil com o intuito de auxiliar
de dívidas das instituições de todos os cidadãos a gerir seus próprios rendimentos. Este é apenas um entre inúmeros sites com esse objetivo e
análise e informações de crédito, a disponibilização desse conhecimento é de extrema importância para o planejamento financeiro das pessoas,
como o Feirão Serasa Limpa ajudando a melhorar o relacionamento entre dependentes, familiares, amigos e cuidando para um maior
Nome, por exemplo. controle dos gastos.

BANCO Central do Brasil. Caderno de Educação Financeira – Gestão de Finanças Pessoais. Brasília: BCB, 2013.
Disponível em: https://www.bcb.gov.br/pre/pef/port/caderno_cidadania_financeira.pdf. Acesso em: 23 dez.
2019.

10 Contabilidade Geral
Nesse sentido, é importante ter em mente
que o foco desta obra é que você compreenda
a disciplina, independentemente de ser para
uso pessoal ou profissional.

Com a evolução da tecnologia, a contabilida-


de passou a fazer uso de computadores para
tratamento e organização de dados. Além disso,
mais recentemente, as negociações entre os paí-
ses passaram a ser tratadas de uma maneira global,
numa tentativa de diminuir as barreiras entre eles.
Desse modo, a contabilidade se transformou para
que as informações sejam igualmente compreendidas
por pessoas e empresas de diferentes países, e, assim, não re-
presenta mais apenas um sistema de controle empresarial, mas sim
uma ferramenta essencial para a tomada de decisão, em todo e qual-
quer lugar em que seja aplicada.

No início do século XXI, a contabilidade no Brasil passou por fortes


transformações por meio de uma convergência das normas internacio-
nais, com a Lei n. 11.638/2007, e com um sistema público de escritura-
ção digital – SPED – a partir de 2003.

Artigo

portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/contabilidade/utilizando-a-tecnologia-da-informacao-na-contabilidade/50966

Para compreender melhor o papel da tecnologia na área da contabilidade,


acesse o artigo “Utilizando a tecnologia da informação na contabilidade”, pu-
blicado pelo Portal Educação.
Acesso em: 20 dez. 2019.

1.2 O mundo econômico e as empresas


Vídeo Todos temos necessidades, seja com produtos de consumo diário,
como alimentos e vestuário ou na prestação de serviços privados, como
saúde, educação, transporte etc. Somos todos agentes provedores e usuá-
rios de diversos produtos e serviços para satisfazer nossas necessidades.
Por isso, criamos empresas, produtoras e distribuidoras de bens e servi-
ços, e a contabilidade atende a todos esses setores de atividades.

As ciências econômicas estudam como esses agentes lidam com os


recursos necessários para atender aos nossos desejos e necessidades.

A contabilidade e o ambiente econômico das empresas 11


Considerando finitos os recursos disponíveis à população, os proble-
mas econômicos surgem com a demanda crescente de bens e serviços,
oriundos do crescimento demográfico, dos padrões de vida, da evolu-
ção tecnológica, entre outros fatores (ASSAF NETO, 2015).

A economia mundial apresenta flutuações no seu crescimento, mos-


trando volatilidade em suas taxas. O Gráfico 1 demonstra as variações
de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, entre 2000 e
2018. Podemos observar que, nesse período, tanto houve crescimento
– 7,5% em 2010 – quanto o contrário – atingindo uma redução de -3,5%
em 2015.

Gráfico 1
Crescimento do PIB – Brasil (2000 a 2018)

7,5
7 6,1
5,7
5,5 4,3 5,1
4 4
4 3,2 3
2,7
1,9
PIB %

2,5 1,3 1,1


0,5 1,1 1,1
1 - 0,1
- 0,5
2005
2003
2004

2006
2001
2002

2008
2007

2009
2010
2000

2012
2011

2013
2014

2016

2018
2015

2017
-2
Ano - 3,5 - 3,3
- 3,5

Fonte: Adaptado de ADVN, 2019.

Consequentemente, os negócios das empresas sofrem com essas


flutuações. Razão pela qual nos dedicamos aos estudos de mercado,
de recursos humanos e, ainda, de operações produtivas. Podemos ob-
servar, por exemplo, em épocas de crescimento econômico de um país
(medido por meio dos indicadores do PIB), as consequências positivas
de atividade em vários setores. Logo, é possível afirmar que as pessoas
que exercem funções nas áreas de vendas, marketing, recursos huma-
nos ou qualquer outra, deverão ter alguma preocupação com a boa
gestão dos negócios em que estão envolvidas.

12 Contabilidade Geral
1.3 Tipos de empresas
Vídeo A palavra empresa tem o significado de tarefa, realização, empreen-
dimento ou, ainda, projeto. E, em economia, uma organização com ob-
jetivo de lucros com a produção de bens ou serviços. Classificamos
essas empresas como empresa individual, quando pertencente a uma
só pessoa, e empresa societária, quando são dois, ou mais, os proprietá-
rios. Seja individual ou societária, toda empresa precisa considerar sua
função econômica na sociedade, respeitar todos os aspectos jurídicos,
ser bem administrada e garantir seu sucesso.

Ainda que as funções de produção, tecnologia e marketing sejam fun-


damentais para assegurar a eficiência do processo empresarial, cabem
aqui algumas observações iniciais sobre o aspecto econômico e a admi-
nistração financeira na gestão de empresas. A administração financeira
engloba, entre outras funções, a captação de recursos financeiros, de-
cisões de investimentos, apuração e destinação de resultados. Assim,
essa área ou departamento da empresa tem a função de prestadora
de serviços, com uma necessidade constante de seu envolvimento com
as outras áreas, para dar sustentabilidade econômica e financeira, e
atingir as metas estabelecidas pela empresa.
Curiosidade
Em nosso regime econômico, é fundamental
É interessante observarmos o
conhecer e dominar os recursos financeiros dis-
significado de contabilidade ou
poníveis, tanto para as operações pessoais como contabilização. A palavra em
empresariais. O dinheiro, como conhecemos hoje, inglês, accountability significa:
an obligation or willingness
surgiu por volta de 700 anos a.C., após o sistema de to accept responsibility or
escambo – troca entre produtos e serviços. Atual- to account for one’s actions.
Em tradução livre: uma obri-
mente, numa época de forte globalização, assisti-
gação ou desejo em aceitar
mos a uma tendência de abertura da economia dos responsabilidade, ou registrar
países, e uma tentativa mais forte de entrosamento a realização de uma ação.
Observe o significado de respon-
das políticas entre todos. sabilidade, além do simples
registro de uma ação. Podemos
Esses registros geram relatórios denominados
considerar a contabilidade como
Demonstrações Contábeis ou Demonstrações Financei- um sistema responsável pelo
ras. Eles têm o objetivo de espelhar os fatos ocorri- registro dos fatos ocorridos e
valorizados monetariamente
dos na atividade empresarial, segundo princípios e numa empresa, ou também,
metodologias próprias. uma ciência que estuda o
patrimônio da entidade.

A contabilidade e o ambiente econômico das empresas 13


1.4 Demonstrações Contábeis
Vídeo Seguir os fatos é o melhor caminho para entendermos as demons-
trações contábeis. Para isso, devemos identificar a origem e o desti-
no da ocorrência do fato. Para esclarecer mais esses termos, vejamos
como exemplo a abertura de uma empresa comercial.

Exemplo 1

Atenção Dificilmente fornecedores concedem crédito para pagamento a pra-


O registro de origem e des- zo aos novos empreendedores. Portanto, para iniciar em um segmento
tino de recursos, isto é, dois e comprar produtos a fim de poder vendê-los aos clientes, a empresa
registros, é baseado na técnica
precisa ter recursos financeiros disponíveis, ou seja, algum capital. Tal-
de partidas dobradas, enuncia-
da pelo Frade Luca Pacioli. vez, no futuro, quando os fornecedores tiverem acesso ao histórico de
cumprimento das obrigações financeiras da organização, seja mais fácil
para ela realizar compras com pagamentos a prazo.

Desta forma, no dia 01/01/20X0 o proprietário (ou os proprietários,


caso seja uma societária) deve transferir um valor para a empresa. Va-
mos supor que esse valor seja R$ 5.000,00.

Seguindo os fatos, e registrando esse valor em nome da empresa, a


origem é a transferência do capital do empreendedor para empresa. E
o destino é a posse desse valor para o início das atividades da organi-
zação. Uma observação importante é que, nesse momento, a preocu-
pação da contabilidade deve ser registrar as ocorrências na empresa.

1.4.1 Balanço Patrimonial


Assim aparece o primeiro tipo de demonstração contábil: o Balanço
Patrimonial (BP). A palavra balanço é usada no sentido de equilíbrio, ou
seja, mostrar valores iguais de origem e destino; o termo patrimonial é
usado para demonstrar que é da empresa esse patrimônio. A Tabela 2
traz um exemplo de como seria o BP do exemplo 1.

Tabela 2
Balanço Patrimonial

Balanço Patrimonial da empresa X em 01/01/20X0 – (R$ 0,00)

(destino) 5.000,00 (origem) 5.000,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

14 Contabilidade Geral
O destino denominamos como Ativo, pelo fato de ser um valor que
possibilitará gerar atividade para a empresa. E a origem denomina-
mos como Passivo, representando a oposição ao Ativo e Passível de
liquidação, por ser uma obrigação da empresa a quem lhe originou os
recursos. Cabe agora outra observação, o proprietário disponibiliza e
transfere seus recursos na expectativa de a empresa ter uma atividade
que ele acredita ser viável, da qual ele é o responsável, caso contrário
poderá perder seu capital.

No futuro os fornecedores, se acreditarem na empresa, poderão


conceder prazo para pagamento de novas compras. No entanto, esses
fornecedores necessitarão do retorno desses valores para a continui-
dade de seus negócios. Daí surge a necessidade de distinguir os cré-
ditos recebidos do proprietário da empresa, registrados como Capital
Social, dos créditos recebidos temporariamente de fornecedores dos
produtos para a atividade. Observe, portanto, a nova forma de apre-
sentação do Balanço Patrimonial na Tabela 3.

Tabela 3
Balanço Patrimonial em 01/01/20X0

Balanço Patrimonial da empresa X em 01/01/20X0 – (R$ 0,00)

ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Disponível 5.000,00 Capital Social 5.000,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Observe agora os nomes dados aos valores, para diferenciar os fu-


turos e novos fatos. O destino passou a ser um valor disponível para as
atividades futuras da empresa, e a origem, o capital dos proprietários
ou sócios.

A pergunta que poderíamos fazer é: por que Passivo e Patrimônio


Líquido? Seguindo o raciocínio que distingue as funções de proprietá-
rio e fornecedor, caso o valor tenha a origem no proprietário será do
patrimônio, e caso o valor tenha a origem como crédito do fornecedor,
será considerado uma dívida. Para contrapor um Ativo, surge a palavra
Passivo, em que se registram todas as dívidas da empresa para com
terceiros. Em outras palavras, Passivo (capitais de terceiros) e Patrimô-
nio Líquido (capital próprio da empresa).

A contabilidade e o ambiente econômico das empresas 15


Exemplo 2

No início dos negócios, a empresa, agora com dinheiro disponível,


adquire 100 produtos para revenda pelo preço de R$ 20,00 cada, com
pagamento à vista. Vamos denominá-los estoque, palavra usual para
determinar produtos, comprados ou fabricados para revenda, nesse
segundo caso, o estoque seria também de matérias-primas. O balanço
da empresa X, após a compra de R$ 2.000,00 em produtos (R$ 20,00 x
100) está representado na Tabela 4.

Tabela 4
Balanço Patrimonial em 02/01/20X0

Balanço Patrimonial da empresa X em 02/01/20X0 – (R$ 0,00)

ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO


Disponível 3.000,00
Estoque 2.000,00 Capital Social 5.000,00
____________________________________________ ____________________________________________
TOTAL 5.000,00 TOTAL 5.000,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Observamos algumas alterações dos balanços apresentados, como


os nomes, os valores e as datas dos fatos. O padrão utilizado nessa de-
monstração é a denominação das contas – disponível, estoques, capital
social etc. –, as datas dos fatos e o total dos destinos (Ativos) e origens
(Passivos e Patrimônio Líquido). Entretanto, no dia 2, os produtos para
revenda, o estoque ou destino, tiveram origem na conta de disponíveis.
Assim sendo, é bom nos familiarizarmos com os nomes e sempre lem-
brarmos da necessidade de correspondência entre destino e origem, seja
do grupo dos Ativos ou do grupo dos Passivos e do Patrimônio Líquido.

Exemplo 3

No dia 3, a empresa realizou a venda de parte dos produtos em


estoque. Para uma venda à vista de 10 produtos ao preço de R$ 30,00
cada, a primeira observação a ser feita é o reconhecimento da diferen-
ça entre o valor da compra (o estoque registrado pelo custo de aqui-
sição de R$ 20,00 cada) e o valor da venda. Confrontando os preços
de custo com os de venda, obteremos um resultado, no caso, do lucro
positivo pela diferença.

Simplificando, supondo a necessidade de atualização da situação


patrimonial, no momento dessa única negociação, podemos fechar o

16 Contabilidade Geral
balanço. Posteriormente, será possível criar uma condição melhor, ao
conhecer a dinâmica das atividades comerciais, em que a cada momen-
to diário, semanal, mensal, o volume poderá crescer. A demonstração
patrimonial, nesse caso, ficaria como o exposto na Tabela 5.

Tabela 5
Balanço Patrimonial em 03/01/20X0

Balanço Patrimonial da empresa X em 03/01/20X0 – (R$ 0,00)

ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Disponível = 3.000,00 + 10 x 30,00 = 3.300,00 Capital Social 5.000,00


____________________________________________
Estoque = 2.000,00 – 10 x 20,00 = 1.800,00 Lucro 100,00

TOTAL 5.100,00 TOTAL 5.100,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Pode ser um pouco confuso interpretar a Tabela 5, uma vez que o


lucro não representa uma dívida, tampouco é considerado parte do
capital social, no entanto, esse resultado é da empresa e, como tal, po-
derá financiar outros bens ou mesmo quitar dívidas. Sendo assim, o lu-
cro também pertence aos proprietários da empresa, fazendo do capital
social um grupo denominado de Patrimônio Líquido.

Surge, então, a necessidade de criar uma demonstração com o ob-


jetivo de apurar os resultados dos negócios realizados em determinado
período, podendo ser diário, semanal, mensal, trimestral, semestral ou
anual. Nesse exemplo, consideraremos apenas um período diário, uma
venda no dia 3, sem mais nenhum fato novo.

Recapitulando

Ativos representam bens e direitos controlados pela empresa com


expectativa de benefício econômico, logo, podemos pensar em Ativos
como investimentos. Passivos representam exigências e obrigações
da empresa com terceiros, portanto, podemos usar o termo financia-
mentos. E Patrimônio Líquido, assim como os Passivos, consideramos
como financiamentos.

Se consideramos Passivos e Patrimônio Líquido como financiamen-


tos, a equação básica do BP é a diferença entre os Ativos e os Passivos:

Ativos – Passivos = Patrimônio Líquido

A contabilidade e o ambiente econômico das empresas 17


1.4.2 Demonstração de Resultados do Exercício
A Demonstração de Resultados do Exercício (DRE) deverá revelar os
resultados após um período de atividades, que, no caso do exemplo 3,
é do dia 03/01/20X0. Nesse caso, estamos considerando o exercício de
apenas um dia. Mas o usual é que a DRE seja feita considerando o mês
todo. Veja a Tabela 6.

Tabela 6
Demonstração de Resultados de 03/01/20X0

Demonstração de Resultados de 03/01/20X0 R$

Receita de vendas (10 x 30,00) 300,00

Custo dos produtos vendidos (10 x 20,00) 200,00

Resultado ou Lucro 100,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Ao final do dia 03/01/20X0, o Balanço Patrimonial será como na Tabela 7.

Tabela 7
Balanço Patrimonial em 03/01/20X0

Balanço Patrimonial da empresa X em 03/01/20X0 – (R$ 0,00)

ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Passivo 0,00

Disponível 3.300,00 Capital Social 5.000,00


Estoque 1.800,00 Lucro Acumulado 100,00
____________________________________________
Patrimônio Líquido 5.100,00

TOTAL 5.100,00 TOTAL 5.100,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Exemplo 4:

Como último exemplo, vamos considerar que a empresa X, do dia


04 ao dia 07/01/20X0, vendeu, a prazo, mais 40 produtos ao preço uni-
tário de R$ 30,00, e alugou uma loja com o valor do contrato de aluguel
de R$ 200,00 por semana, a pagar no primeiro dia do mês seguinte. As-
sim, a DRE da semana ficaria conforme podemos observar na Tabela 8.

18 Contabilidade Geral
Tabela 8
Demonstração de Resultados do período de 01 a 07/01/20X0

Demonstração de Resultados (01 a 07/01/20X0) R$

Receita de vendas* (10 + 40) x 30,00 1.500,00

Custo dos produtos vendidos (10 + 40) x 20,00 1.000,00

Despesas com aluguel* 200,00

Resultado ou Lucro 300,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Agora fica a questão. Qual a razão de termos registrado tanto a re-


ceita de vendas e as despesas com aluguel, nesse período, se parte das
receitas ainda não foram recebidas, tampouco, o aluguel foi pago?

A explicação é a seguinte: ao encerrar as atividades de um período,


desejando conhecer a real situação patrimonial, o aluguel, mesmo que
parcial, representa uma obrigação da empresa, uma dívida para com
um terceiro, assim como os valores vendidos a prazo aos clientes re-
presentam um direito de cobrar os valores a receber.

O Balanço Patrimonial da empresa X, encerrado em 07/01/20X0,


será como o exposto na Tabela 9.

Tabela 9
Balanço Patrimonial em 07/01/20X0

ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO


Aluguel a pagar 200,00
_________________________________________
Passivo 200,00
Disponível 3.300,00
Contas a receber 1.200,00 Capital Social 5.000,00
Estoque 1.000,00 Lucro Acumulado 300,00
_________________________________________
Patrimônio Líquido 5.300,00

TOTAL 5.500,00 TOTAL 5.500,00

Fonte: Elaborado pelo autor.

Essas duas demonstrações básicas da contabilidade das empresas


são fundamentais a outros usuários e para a gestão da empresa. No
momento, podemos compreender as duas demonstrações, como ilus-
trado a seguir nas Tabelas 10 e 11.

A contabilidade e o ambiente econômico das empresas 19


Tabela 10
Modelo de DRE

Demonstração de Resultados do Exercício (em R$ 0,00) Período

Receita de vendas XXXX

Custo dos produtos vendidos YYY

Outras despesas ZZ

Resultado ou Lucro WW

Fonte: Elaborada pelo autor.

Tabela 11
Modelo do Balanço Patrimonial encerrado na data DD/MM/AAAA

Balanço Patrimonial da empresa X (em R$ 0,00)

ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Passivo (obrigações)
Bens e Direitos
Patrimônio Líquido (capital e resultados)

Os Ativos representam todas aplicações de recursos (dinheiro disponível, produtos em estoque


etc.) e direitos (contas a receber de clientes, por exemplo).
Os Passivos representam todas obrigações de terceiros à empresa (empréstimos, contas a pagar
etc.)
O Patrimônio Líquido representa o total dos recursos dos proprietários da empresa (capital dos
sócios, resultados acumulados etc.)
Fonte: Elaborada pelo autor.

Observe o resultado de R$ 300,00 referente ao primeiro período de 7


dias, na Tabela 8, e integrado como Lucro Acumulado na Tabela 9. A ra-
zão de fazermos duas declarações separadas é porque enquanto a DRE
apresenta dados de um período, o BP mostra apenas saldos na data final
do encerramento daquele período. Os resultados de um período perten-
cem à empresa, e por esse motivo se integram ao patrimônio dela.

Atividade 1
Observe os fatos ocorridos na Livraria ABC e, seguindo os exemplos dados anteriormente, prepare a DRE de
01/02/20X1 a 07/02/20X1 dessa empresa.
1. Dia 01/02/20X1, o Sr. Antonio transferiu um total de R$ 10.000,00 em dinheiro para a formação da empresa que
tinha como objetivo comprar e vender livros.
2. No dia 02/02/20X1, alugou uma casa para a primeira loja da Livraria ABC, por um valor semanal de
R$ 400,00, a pagar todo primeiro dia da semana seguinte.
3. No mesmo dia adquiriu e recebeu o primeiro lote de livros, a pagar no dia 07 do referido mês, no valor total de
R$ 2.000,00.
4. No dia 04/02/20X1, vendeu parte de seu estoque de livros, pelo preço de venda total de R$ 500,00 e recebeu a
vista. O custo desses livros foi de R$ 300,00.
(Continua)
20 Contabilidade Geral
5. No dia 06/02/20X1, comprou e pagou móveis para o escritório, no valor de R$ 5.000,00.
6. No dia 07/02/20X1, vendeu, a prazo, mais livros por R$ 1.200,00, e pagou os livros comprados no dia 02. O saldo
de livros em estoque é de R$ 700,00.

Atividade 2
Em seguida, feche o Balanço Patrimonial encerrado em 07/01/20X1.

1.4.3 Demonstração das Mutações do Patrimônio


Líquido
Antes da exigência dessa demonstração, as empresas realizavam a
Demonstração de Lucros Acumulados (DLA), em que os resultados de
determinado exercício, positivos ou negativos, eram adicionados aos
dos exercícios anteriores, e poderiam ser, parcial ou integralmente, dis-
tribuídos aos proprietários e acionistas. Se após essa distribuição res-
tasse saldo, era adicionado ao Patrimônio Líquido em conta de Lucros
ou Prejuízos Acumulados. Atividade 3

Entretanto, a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido Com os dados e resultados


apurados na Atividade 1 e o
(DMPL) incorpora a DLA, pela possível existência de outros eventos, tais
Balanço Patrimonial fechado na
como: aumento de capital por parte dos sócios, distribuição de parte Atividade 2, prepare a DMPL da
dos resultados, incorporação dos resultados ao capital, reavaliações Livraria ABC, de acordo com a
Tabela 12.
nos Ativos, ajustes de exercícios anteriores, criação de reservas para
decisão futura, entre outros. Vejamos na Tabela 12, sem muitos deta-
lhes, a DMPL.

Tabela 12
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido

Lucros ou
Capital Reservas Reservas
DMPL* (R$ 0,00) Prejuízos Total
Social de Capital de Lucros
Acumulados

Saldo no início do Exercício 5.000,00 5.000,00

Dividendos

Aumento de Capital

Reversões de reservas

Lucros ou Prejuízos do Exercício 300,00 300,00

Destinação do Lucro

Saldo no final do Exercício 5.000,00 300,00 5.300,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

A contabilidade e o ambiente econômico das empresas 21


1.4.4 Demonstração dos Fluxos de Caixa
Antes do ano de 2008, a legislação exigia, também, a Demonstração
das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR), entretanto, em dezem-
bro de 2007, a Lei n. 11.638/2007 alterou e revogou muitos dispositivos
da Lei n. 6.385/76 e da Lei n. 6.404/76. E, assim, a DOAR foi substituída
pela publicação da Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC).

Enquanto a DOAR contemplava uma riqueza maior de informações,


e destacava as principais variações nos recursos obtidos e aplicados no
dia a dia das atividades da empresa – comumente denominado de ca-
pital circulante líquido – a DFC destaca as variações no saldo de valores
disponíveis para um determinado período.

Para compreender melhor a DFC, seus métodos de apuração e sua


apresentação, destacamos suas três partes, ou fluxos:
•• Fluxo das operações ou das atividades operacionais.
•• Fluxo dos investimentos.
•• Fluxo dos financiamentos.

Vejamos, na Tabela 13, um modelo para compreensão da DFC:

Tabela 13
Demonstração dos Fluxos de Caixa

Demonstração dos Fluxos de Caixa Exercício 20X0

Total dos valores recebidos (+) e pagos (-),


1. Fluxo das atividades operacionais
relativos ao lucro operacional da empresa.

Total dos valores recebidos (+) e pagos (-),


2. Fluxo de investimentos relativos a investimentos de longo prazo,
imobilizado, intangível entre outros.

Total dos valores recebidos (+) e pagos (-),


3. Fluxo de financiamentos
relativos a Passivos e Patrimônio Líquido.

Variação de Caixa no período Soma dos 3 fluxos

Fonte: Elaborada pelo autor.

Se esse demonstrativo ao exemplo 4, a DFC da empresa X ficaria


conforme a Tabela 14.

22 Contabilidade Geral
Tabela 14
Demonstração dos Fluxos de Caixa.

Demonstração dos Fluxos de Caixa De 01 a 07/01/20X0 R$ 0,00

Recebido de clientes 300,00


Aumento de estoques (1.000,00)
Atividades operacionais
Aumento com clientes (1.200,00)
Aluguel a pagar 200,00

1. Atividades operacionais TOTAL (1.700,00)

2. Atividades de investimentos Sem registro no exemplo 0,00

3. Atividades de financiamentos Sem registro no exemplo 0,00

Variação de Caixa (1 + 2 + 3) TOTAL (1.700,00)

Fonte: Elaborada pelo autor.


Atividade 4

1.4.5 Demonstração do Valor Adicionado Por fim, ainda com base na


atividade 1, prepare a DFC
da Livraria ABC, referente ao
De acordo com a já citada Lei n. 11.638/2007, as empresas com capi-
período dos primeiros 7 dias de
tal aberto, isto é, com negociação de suas ações em Bolsas de Valores, atividades.
devem apresentar uma Demonstração do Valor Adicionado (DVA). O
objetivo da DVA é mostrar a criação de riqueza produzida e sua dis-
tribuição entre funcionários, acionistas, financiadores de capital e go-
verno, revelando a somatória de valor adicionado à sua riqueza. Caso
sejam apresentadas por todas as empresas de um país, essa soma for-
ma o PIB do país. A seguir, um exemplo da DVA na tabela 15.

Tabela 15
Demonstração do Valor Adicionado

Contas R$

1 Receitas com produtos e serviços 100,00

2 Adquiridos de terceiros 40,00

3 Retidos 10,00

4 Líquido produzido pela empresa (1 – 2 – 3) 50,00

5 Recebido em transferência 5,00

(Continua)

A contabilidade e o ambiente econômico das empresas 23


Contas R$

6 Total a distribuir (4 – 5) ou (7 + 8 + 9 + 10) 45,00

7 Funcionários 15,00

8 Acionistas 10,00

9 Financiadores de capital 5,00

10 Governo 15,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

1.5 Usuários das demonstrações financeiras


Vídeo Sejamos nós proprietários, administradores, empregados, fornece-
dores, clientes, concorrentes, emprestadores de capital ou, até mesmo,
parte do governo, de alguma maneira somos usuários das demonstra-
ções contábeis ou financeiras de uma empresa. Entre alguns aspectos
de relacionamento desses diversos usuários e a empresa, podemos
exemplificar, sem a finalidade de esgotar nossas observações:
•• Os proprietários ou acionistas desejam o retorno para seus
investimentos, assim como a expectativa de manutenção das
operações, capacidade de liquidez, crescimento da empresa e de
seus resultados.
•• Os administradores devem acompanhar e avaliar constante-
mente as suas decisões na empresa, mensurando as suas conse-
quências para com todos os usuários, internos ou externos.
•• Empregados têm sempre a expectativa de manutenção das ope-
rações da empresa, para garantia de crescimento dos rendimen-
tos e desenvolvimento profissional. O conhecimento das funções,
o desempenho pessoal, a experiência profissional, a proximidade
com a administração e as informações financeiras deverão servir
para a estabilidade na empresa.
•• Os fornecedores desejam reconhecer na empresa, como clien-
tes, a capacidade de pagamento, continuidade e crescimento do
relacionamento, observando a rentabilidade e continuidade das
operações. A preocupação dos fornecedores com os seus concor-
rentes diretos, para a qualidade, preços e possibilidade de subs-

24 Contabilidade Geral
tituição de seus produtos é um fator de sucesso e contribui para
sua continuidade do relacionamento.
•• Clientes devem avaliar a garantia de fornecimento e prazo de
entrega de seus pedidos. Certamente têm preocupação com a
capacidade instalada, projetos de expansão e alterações futuras
da empresa. Clientes com conhecimento da rede de fornecedo-
res podem tentar diminuir a dependência de cada um deles, as-
sim como estabelecer critérios de escolha, permitindo opções de
compras.
•• Os concorrentes podem ampliar seus conhecimentos por meio
da comparação de receitas, custos e despesas, participação nos
mercados em que atuam e traçar estratégias para manter ou me-
lhorar seus posicionamentos.
•• As instituições financeiras, como outros financiadores de ca-
pital mostram suas preocupações com análise de risco, para se
resguardar de surpresas, permitir a concessão, manutenção e re-
novação de empréstimos, seja a curto ou longo prazos.
•• O governo, seja federal, estadual ou municipal, tem como função,
acompanhar e analisar a empresa, seu desempenho, capacitação,
e situação econômico-financeira, observando os processos de
concorrência pública, para a formulação de políticas econômicas.

Enfim, podemos perceber a importância do conhecimento, não ape-


nas do produto ou serviço que a empresa faz, mas, como daqueles que
colaboram para a manutenção e continuidade dos negócios.

1.6 Contabilidade e finanças


Vídeo Os relatórios financeiros que estudaremos agora devem demonstrar
os resultados de atividades da empresa com seus clientes, e a situação
dos seus investimentos e financiamentos. Já vimos as demonstrações
contábeis que devem ser realizadas e disponibilizadas aos diversos
usuários. No exemplo dado, com atividades de compras e vendas, o
resultado de R$ 300,00 no período de 01/01 a 07/01/20X0 provocou um
acréscimo no patrimônio da empresa.

Enquanto todo o trabalho de registro das informações é contabi-


lizado pela empresa, o gestor ou administrador se preocupa em ob-
servá-lo e desempenhar suas funções com o objetivo de produzir os
resultados esperados pelos proprietários e outros usuários.

A contabilidade e o ambiente econômico das empresas 25


1.6.1 Investimentos ou Ativos
Os relatórios de investimentos ou Ativos representam todos os bens
adquiridos para realização da sua atividade. A palavra Ativo significa in-
vestimentos em atividade, no grupo do Balanço Patrimonial. Pensando
nos Ativos como investimentos, poderemos distinguir entre aqueles
com objetivos de curto prazo e outros com finalidades de longo prazo.

Em termos econômicos, o investimento feito em uma máquina, por


exemplo, não tem capacidade de produzir resultados por si rapidamen-
te. Já o investimento em matéria-prima traz resultados assim que ela é
transformada em produto acabado para venda. Por isso, consideramos
que a matéria-prima tem a finalidade de dar retorno em um curto es-
paço de tempo, enquanto a máquina oferece retorno a longo prazo.

1.6.2 Financiamentos ou Passivos


Os relatórios de financiamentos ou Passivos representam o total de
recursos para financiar os investimentos. Esses financiamentos podem
ter como origem terceiros à empresa (como instituições financeiras,
fornecedores de produtos, impostos devidos ao governo, contratos de
prestação de serviços etc.) formando o grupo de Passivos do Balanço
Patrimonial. Mas o capital dos sócios, que faz parte do Patrimônio Lí-
quido, também representa um financiamento para a empresa. Quando
a empresa começa a produzir resultados positivos, esses, caso não se-
jam distribuídos, incorporam o Patrimônio Líquido e podem ser usados
para financiar novos investimentos.

1.6.3 Resultados
Os relatórios de resultados representam o total de ganhos e gastos
incorridos na atividade da empresa, durante um certo período, e são
registrados na DRE. No exemplo, os resultados de ganhos, ou receitas
de vendas, são confrontados com os gastos, ou custos dos produtos
adquiridos que foram vendidos, e qualquer outra despesa incorrida no
período referente à atividade da empresa.

26 Contabilidade Geral
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Fazer a contabilidade de uma empresa exige disciplina e metodologia,
para a obtenção e apresentação dos dados. Os usuários devem ter à
disposição as informações necessárias para a tomada de decisões; os
gestores para acompanhamento e eventual revisão de suas decisões;
os fornecedores de produtos e serviços para garantir o crédito à em-
presa; os clientes para o atendimento contínuo de suas necessidades;
os financiadores de capital para garantir o retorno dos recursos em-
prestados; os empregados para manutenção de seus rendimentos e
desenvolvimento profissional; e o governo para a formulação de polí-
ticas públicas.
O esquema abaixo ilustra o significado das duas principais demons-
trações financeiras estudadas até o momento: o Balanço Patrimonial e a
Demonstração de Resultados.

Ativos e Passivos Resultados do Ativos e Passivos


início do momento 1 período 1 final do momento 1

Renomeando os termos usados no esquema anterior, para compreen-


der o significado dessas demonstrações financeiras, temos o seguinte
esquema.

Investimentos e Investimentos e
Resultados do
Financiamentos Financiamentos
período 1
início do momento 1 final do momento 1

Ativos e Passivos, ou ainda, Investimentos e Financiamentos, devem


provocar resultados. Podemos pensar nos Ativos como expectativa de
resultados, mesmo que gerem custos ou gastos, e nos financiamentos
como disponibilização de recursos. Se confrontados, ganhos (receitas) e
gastos (custos ou despesas), os resultados da atividade podem alterar a
composição dos financiamentos e investimentos, aumentando ou redu-
zindo seus valores.

A contabilidade e o ambiente econômico das empresas 27


REFERÊNCIAS
ADVFN. ADVFN Brasil, 2019. PlB Brasil. Disponível em: https://br.advfn.com/indicadores/
pib/brasil. Acesso em:23 dez. 2019.
ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro. 11. ed,
São Paulo: Atlas, 2015.
BRASIL. Lei n. 6.385, de 7 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Poder Executivo,
Brasília, DF, 7 dez. 1976a. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6385.
htm. Acesso em: 23 dez. 2019.
BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Poder Executivo,
Brasília, DF, 15 dez. 1976b. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
l6404compilada.htm. Acesso em: 23 dez. 2019.
BRASIL. Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Diário Oficial da União, Poder Executivo,
Brasília, DF, 28 dez. 2007. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2007/lei/l11638.htm. Acesso em: 23 dez. 2019.
CRIPPS, J. Particularis de computis et scripturis: a contemporary interpretations. Seattle:
Pacioli Society, 1994.
HENDRIKSEN, E.; VAN BREDA, M. Teoria da Contabilidade. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

GABARITO
1. O registro dos Resultados do Exercício de 01/02/20X1 a 07/02/20X1 da Livraria ABC é:

Demonstração de Resultados (01 a 07/02/20X1) R$

Receita de vendas (itens 4 e 6) 1.700,00

Custo dos produtos vendidos (itens 4 e 6) 1.300,00

Despesas com aluguel (item 2) 400,00

Resultado ou Lucro 0,00

2. O Balanço Patrimonial da Livraria ABC, fechado em 07/02/20X1 é:

PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO –


ATIVO – 07/02/20X1
07/02/20X1
Aluguel a pagar 400,00
*Disponível 3.500,00 Passivo 400,00
Contas a receber 1.200,00
Estoque 700,00 Capital Social 10.000,00
Móveis 5.000,00 Lucro Acumulado 0,00
Patrimônio Líquido 10.000,00

TOTAL 10.400,00 TOTAL 10.400,00

*Disponível = (10.000,00 – 2.000,00 (estoque) – 5.000,00 (móveis) + 500,00 (venda dos livros)

28 Contabilidade Geral
3. Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido em 07/01/20X1.

Lucros ou
Capital Reservas de Reservas de
DMPL* (R$ 0,00) Prejuízos Total
Social Capital Lucros
Acumulados

Saldo no início do Exercício 10.000,00 10.000,00

Dividendos

Aumento de Capital

Reversões de reservas

Lucros ou Prejuízos do Exercício 0,00 0,00

Destinação do Lucro

Saldo no final do Exercício 10.000,00 0,00 10.000,00

4. Preparando a Demonstração dos Fluxos de Caixa de 01 a 07/02/20X1

Demonstração dos Fluxos de Caixa De 01 a 07/02/20X1 R$ 0,00

Aumento de estoques (700,00)


Atividades operacionais Aumento com clientes (1.200,00)
Aluguel a pagar 400,00

4. Fluxo Atividades operacionais TOTAL (1.500,00)

5. Fluxo de investimentos Móveis (5.000,00)

6. Fluxo de financiamentos Sem registro 0,00

Variação de Caixa (1 + 2 + 3) TOTAL (6.500,00)

. Observe a variação de caixa reduzida de R$ 10.000,00 (recursos do sócio Sr. Antonio)


para R$ 3.500,00, com R$ 6.500,00 de redução no caixa.

. Durante o período, os Ativos operacionais passaram de zero para R$ 700,00 em estoques


e R$ 1.200,00 a receber de clientes, o que representa investimento na atividade da
empresa. Por outro lado, há o aumento de Passivo Circulante em razão do financiamento
pelo uso da casa (aluguel), permitindo à empresa manter suas atividades no período.
Isso tudo causa uma redução de R$ 1.500,00 (R$ 700,00 + R$ 1.200,00 – R$ 400,00) na
disponibilidade de recursos.

. Com o pagamento pelos móveis, no valor de R$ 5.000,00, considerado no fluxo dos


investimentos, o total de saída de recursos chega a R$ 6.500,00.

A contabilidade e o ambiente econômico das empresas 29


2
Balanço Patrimonial
Os registros de ocorrências e transações de um negócio geram
Demonstrações Contábeis ou Financeiras que objetivam espelhar
os fatos ocorridos na atividade empresarial. Neste capítulo, vamos
conhecer a estrutura do patrimônio da empresa, a composição
dos ativos (investimentos) e a dos passivos (financiamentos);
abordaremos os princípios e convenções que regem a
contabilidade, com os exemplos vistos no capítulo anterior para
a melhor compreensão do sistema contábil; desvendaremos com
detalhes a estrutura e contas dos Ativos, dos Passivos e Patrimônio
Líquido; e, por último, faremos uma elaboração completa do
Balanço Patrimonial com uma breve análise dessa demonstração.

2.1 Estrutura do patrimônio da empresa –


Vídeo investimentos e financiamentos
Seguir o fluxo dos recursos das transações é imprescindível para en-
tendermos as demonstrações contábeis. Entretanto, devemos identifi-
car sempre a origem e o destino dos recursos em valores monetários,
para que os registros espelhem onde foram feitas as aplicações e quais
as fontes que originaram.
Livro
Para exemplificar a Demonstração do Balanço Patrimonial da
O livro Curso de contabili-
empresa, voltaremos ao caso da empresa X (Capítulo 1), criada para
dade para não contadores
pode ser muito elucida- comercializar produtos, que no dia 01/01/20X0 recebeu uma trans-
tivo para que você com-
ferência de recursos no valor de R$ 5.000,00 para sua formação ini-
preenda os conceitos dos
termos contábeis. cial. Seguindo o Exemplo 1, presente no capítulo anterior, o destino
IUDÍCIBUS, S.; MARION, J.C. 6. ed. é a posse desse valor, em caixa e disponível para o início das ativi-
São Paulo: Atlas, 2009. dades, e a origem é o capital dos sócios na empresa. No Exemplo
2, a empresa adquiriu produtos para revenda (destino), pagando à
vista (origem). No Exemplo 3, vendeu produtos de seus estoques
(origem) e recebeu à vista (destino). No Exemplo 4, vendeu mais

30 Contabilidade Geral
produtos (origem) a prazo (destino) e reconheceu o aluguel semanal
(destino) a pagar no futuro (origem).

Na linguagem contábil, o registro para o destino dos recursos é


denominado débito, com o sentido de dever, ou da expressão “o que
se deve a”. Por outro lado, para denominar os recursos de origem,
usamos a palavra crédito, com a mesma raiz da palavra credo, que
significa representar confiança, ou ainda, quem acredita ou empresta.

No Exemplo 1, quem concedeu o crédito à empresa foi o proprie-


tário, e, portanto, o dinheiro disponível é devido ao fato de a empre-
sa possuir o capital do sócio. Dessa forma, podemos afirmar que faz
sentido os investimentos ou Ativos crescerem a débito, pois os finan-
ciamentos concederam créditos. O Balanço Patrimonial possui a se-
guinte estrutura: à direita contém os Passivos e o Patrimônio Líquido,
e à esquerda, os Ativos, parecendo a letra T, como podemos ver na
Tabela 1

Tabela 1
Contas iniciais com o crédito do capital e o débito no caixa

Caixa ou Disponível Capital Social

Débito Crédito Débito Crédito

5.000,00 5.000,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Dessa forma, podemos afirmar que os Ativos crescem a débito en-


quanto os passivos crescem a crédito.

Tabela 2
Balanço inicial da empresa

ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Disponível 5.000,00 Capital Social 5.000,00

TOTAL 5.000,00 TOTAL 5.500,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Assim como afirmamos que Ativos crescem a débito, podemos tam-


bém dizer que Ativos decrescem a crédito, uma vez que podem con-
ceder crédito ao liberar recursos para liquidação dos financiamentos,
Atenção
ou mesmo para aquisição de novos Ativos. É o caso, entre outros, dos
Todos esses fatos estarão espe-
recursos disponíveis, ou em caixa, para aquisição de outros Ativos ou lhados no próximo tópico.
mesmo para liquidação de algum passivo.

Balanço Patrimonial 31
O que se pretende, com a demonstração patrimonial, é estarmos
sempre atentos aos investimentos feitos e como estão sendo financia-
dos. A notação contábil de Ativos e passivos pode, por vezes, ser es-
quecida, mas deve auxiliar o administrador na avaliação dos recursos
financeiros aplicados nos investimentos e a identificação das origens
dos financiamentos.

Importante Ativos (investimentos) podem ter várias funções em uma organiza-


ção. O dinheiro disponível da empresa pode, em um curto espaço de
Ativos crescem a débito e
reduzem a crédito. tempo, pagar dívidas, distribuir resultados aos sócios, comprar produ-
Passivos crescem a crédito e tos para revenda, adquirir e pagar insumos, realizar construções etc.
reduzem a débito. Estoques de produtos para revenda devem estar, se possível a curto
prazo, disponíveis aos consumidores. Em outras palavras, devem ser
realizáveis em curto espaço de tempo. Diferentemente de equipamen-
tos para produção, ou computadores de escritório utilizados para a
organização dos trabalhos, que não estão disponíveis para venda, ou
seja, não serão realizáveis no mesmo tempo em que os estoques.

Abordaremos isso com mais detalhes na seção 2.3, mas, à primeira


vista, podemos compreender que tais Ativos têm características de per-
manências diferentes na empresa – alguns são de curto prazo e outros
de longo prazo. Desse modo, denominamos como Ativos Circulantes os
Ativos de valores com a realização em curto prazo (normalmente de até
um ano), diferentemente daqueles com realização em longo prazo, os
Ativos Não Circulantes. No exemplo do Capítulo 1, a empresa X possuía
apenas Ativos Circulantes: o dinheiro disponível e saldo dos estoques.
Esses Ativos teriam uma circulação relativamente rápida, podendo
também ser denominados como Ativos Realizáveis de Curto Prazo.

Tal como os Ativos, classificamos os Passivos de acordo com o prazo


de realização, curto ou longo, bem como se circulantes ou não circulan-
tes. Trataremos desse tópico com mais detalhes na seção 2.4, mas, por
hora, é importante percebermos que os passivos também têm nature-
zas distintas de tempo para a sua liquidação, ou para cumprimento das
obrigações, isto é, dívidas com vencimento em curto ou longo prazo.

Suponha, por exemplo, uma compra de equipamentos financiada


com pagamentos anuais por cinco anos, diferentemente de impostos,
salários de funcionários, encargos sociais, com vencimentos muito pró-
ximos das suas ocorrências, ou em mês seguinte. São essas as diferen-
ças que usamos para classificar os passivos com vencimentos em curto

32 Contabilidade Geral
prazo como Passivos Circulantes e os outros, com vencimentos acima de
um ano, como Passivos Não Circulantes.

No caso do Patrimônio Líquido, que também serve como finan-


ciamento para os Ativos, a grande diferença fica por conta da sua ori-
gem. Enquanto os Passivos representam financiamentos de terceiros
à empresa, o Patrimônio Líquido corresponde aos recursos dos pro-
prietários. Por essa razão, o Passivo representa o capital de terceiros,
enquanto o Patrimônio Líquido, o capital próprio. Na Tabela 3, é possí-
vel observar a empresa sem dívidas com terceiros, ou seja, sem passi-
vo, e o Capital Social formando o Patrimônio Líquido.

Tabela 3
Balanço inicial da empresa X

Balanço Patrimonial da empresa X em 01/01/20X0 – (R$ 0,00)


ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Passivo 0,00
Disponível 5.000,00
Capital Social 5.000,00

TOTAL 5.000,00 TOTAL 5.000,00

Fonte: Elaborada pelo autor

Enfim, a estrutura das contas patrimoniais deverá observar o tempo


de maturação ou liquidação dos Ativos e passivos, tanto no caso dos
investimentos em curto prazo (Ativos Circulantes), como nos de longo
prazo (Ativos Não Circulantes). Quanto aos passivos, devemos observar
o tempo para sua liquidação ou vencimento, de curto prazo (Passivos
Circulantes) e de longo prazo (Passivos Não Circulantes).

2.2 Princípios e Convenções


Vídeo Com a Lei n.11.638/2007, e seguindo as normas internacionais de
contabilidade, passou-se a observar as características qualitativas das
informações contábeis. Assim, os pronunciamentos técnicos do Comi-
tê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) passaram a vigorar no Brasil,
regendo a apresentação das demonstrações contábeis, mas, por ou-
tro lado, a denominação princípios geralmente aceitos não foi adotada
pelo país.

O comitê emitiu o Pronunciamento Conceitual Básico – Estrutura Con-


ceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis

Balanço Patrimonial 33
(SUMÁRIO, 2019). No entanto, podemos seguir, para fins didáticos, a
apresentação de alguns princípios, independente de ordem, e sem
prejuízo dos conceitos que dirigem a estrutura da elaboração e apre-
sentação das demonstrações contábeis. A grande diferença reside na
prioridade da essência sobre a forma.

O objetivo da contabilidade é cuidar do patrimônio da empresa, e,


para isso, é necessário observar as ocorrências da empresa e não as
de seus proprietários; isso nos leva ao primeiro princípio, o da entida-
de, que significa que a contabilidade deve registrar as ocorrências na
nova entidade, seja empresa ou pessoa jurídica. Em outras palavras, a
contabilidade não mistura os recursos da empresa com os dos sócios.

Retomando o Exemplo 1 (Capítulo 1), podemos observar que o ca-


pital é da empresa (nova entidade), mesmo tendo origem nos recursos
de seus sócios.

Tabela 4
Balanço Patrimonial da Empresa X

Balanço Patrimonial da empresa X em 01/01/20X0 – (R$ 0,00)

ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Disponível 5.000,00 Capital Social 5.000,00

TOTAL 5.000,00 TOTAL 5.000,00

Fonte: Elaborada pelo autor.


Atividade 1
José resolveu investir em um
Retomando, agora, o Exemplo 2, que registrou a compra de 100 pro-
negócio de roupas usadas, um dutos para revenda à vista, ao custo de R$ 20,00 cada unidade, temos
brechó, e utilizou sua antiga o segundo princípio, o de custo histórico como base de valor, o que sig-
casa, desocupada há meses,
para montar sua loja. A casa nifica, em outras palavras, que os Ativos devem ser registrados pelo
tem o valor de R$ 150.000,00, valor do custo na empresa. Observe, na Tabela 5, os Ativos com valores
e José transferiu a propriedade, históricos.
em 01/03/20X0, para a sua
nova empresa Brechó do Zé. Tabela 5
Como fica o patrimônio da loja? Exemplo 2
Elabore uma tabela.
Balanço Patrimonial da empresa X em 01/01/20X0 – (R$ 0,00)

Ativo PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Disponível 3.000,00
Capital Social 5.000,00
Estoque 2.000,00

TOTAL 5.000,00 TOTAL 5.000,00


Fonte: Elaborada pelo autor

34 Contabilidade Geral
Nesse caso, ocorre a troca de um Ativo por outro. Os recursos dis-
poníveis ou em caixa passam a ser recursos em produtos ou estoque.
Uma origem na disponibilidade e um destino em estoque pelo custo de
aquisição ou histórico.

No Exemplo 3, citado no capítulo anterior, temos o dia 03/01/20X0


da empresa X, após a venda à vista de 10 produtos, ao preço de R$
30,00 cada. Aqui surge, portanto, o terceiro princípio: o de Realização.
O registro contábil segue o fato gerador das receitas, não obedecendo
obrigatoriamente ao regime de caixa. A receita da venda será confron-
tada com os custos (10 produtos a R$ 20,00 cada), ou gastos, para a
realização do resultado. E assim surge o princípio de regime de compe-
tência, isto é, o registro simultâneo dos gastos envolvidos para a reali-
zação da receita, resultando no lucro ou prejuízo do período contábil.

Se uma venda produziu resultados favoráveis à empresa, isso resul-


tou em uma troca de um bem por algo de maior valor. Nesse caso, a
troca de produtos em estoque (R$ 200,00) por um valor maior, no caso
em dinheiro (R$ 300,00). Essa diferença é favorável à organização, pois
ela passa a ter mais recursos nos Ativos, já que houve um lucro de R$
100,00. Essa diferença, portanto, passa a fazer parte do Patrimônio Lí-
quido da empresa sob a denominação de lucros acumulados.

Todos os registros podem e devem ser feitos em declaração separa-


da, uma vez que o volume de vendas deverá ser contínuo e com valores
variados durante um período razoavelmente grande. Por essa razão,
existe a Demonstração de Resultados do Exercício (DRE), já apresenta-
da brevemente no capítulo anterior (Tabela 6).

Tabela 6
Resultados apurados no período contábil

Demonstração de Resultados de 03/01/20X0 R$


Receita de vendas (10 x 30,00) 300,00

Custo dos produtos vendidos (10 x 20,00) 200,00

Resultado ou Lucro 100,00

Fonte: Elaborada pelo autor

Já na Tabela 7, podemos ver o Balanço Patrimonial da empresa X em


03/01/20x0. É importante destacar que houve a redução nos estoques
(crédito no Ativo), com a contrapartida do débito em custo dos produ-
tos vendidos.

Balanço Patrimonial 35
Tabela 7
Balanço após um período de atividades

Balanço Patrimonial da empresa X em 03/01/20X0 – (R$ 0,00)

ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Passivo 0,00

Disponível 3.300,00 Capital Social 5.000,00


Estoque 1.800,00 Lucros Acumulados 100,00
____________________________________________
Patrimônio Líquido 5.100,00

TOTAL 5.100,00 TOTAL 5.100,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Nesse caso, fechamos o balanço após o período de um dia de ativi-


dade, porém, não é recorrente fazer isso em tão curto espaço de tem-
po. O ritmo das atividades é maior por parte das empresas – assim,
os períodos para registro dos resultados contábeis são normalmente
mensais, trimestrais, semestrais e anuais. É daí que vem o termo De-
monstração dos Resultados do Exercício, pois entendemos que exercício
Atividade 2 é referente ao período contábil.
No dia 15/03/20X0 José
No exemplo dado, esperamos o período de uma semana para conhe-
resolveu comprar roupas usadas
por R$ 1.500,00, e, assim, iniciar cer a situação patrimonial. Logo, a DRE foi semanal (01 a 07/01/20X0).
as atividades de seu brechó. No Exemplo 4, do Capítulo 1, pudemos observar uma nova venda a
Essa compra deverá ser paga
no dia 31/03/20X0. José espera prazo, de 40 unidades ao preço de R$ 30,00 cada, com baixa pelo custo
vendê-las até lá. Como fica (40 x R$ 20,00), e o contrato de aluguel com valor de R$ 200,00 por se-
o balanço da loja na data de mana, embora com pagamento a ser efetuado no primeiro dia do mês
15/03/20X0?
seguinte.

Tabela 8
Demonstração de Resultados da semana 01 a 07/01/20X0

Demonstração de Resultados de 01 a 07/01/20X0 R$


Receita de vendas (10 x 40) x 30,00 1.500,00

Custo dos produtos vendidos (10 + 40) x 20,00 1.000,00

Despesas com aluguel 200,00

Resultado ou Lucro 300,00

Observe que as receitas, custos e despesas seguem o Regime de Competência e são registradas
de acordo com a ocorrência.
Fonte: Elaborada pelo autor.

36 Contabilidade Geral
Seguindo com o mesmo princípio, o resultado deve ser apurado ao Importante
final do período contábil, para podermos fechar o Balanço Patrimonial No Balanço Patrimonial, todas
as contas dos ativos são regis-
e avaliar as atividades que afetaram o patrimônio.
tradas com os valores dos seus
Tabela 9 bens ou direitos. Já as contas
Balanço encerrado após uma semana de atividades dos passivos com os valores das
obrigações e o Patrimônio Líqui-
do têm como valor a diferença
Balanço Patrimonial da empresa X em 07/01/20X0 – (R$ 0,00) entre ativos e passivos, com-
posto basicamente pelo capital
ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO dos proprietários ou sócios e os
resultados acumulados após os
Aluguel a pagar 200,00 períodos de atividades.
____________________________________________
Disponível 3.300,00 Passivo 200,00
Contas a receber 1.200,00 Capital Social 5.000,00
Estoque 1.000,00 Lucros Acumulados 300,00
Patrimônio Líquido 5.300,00

TOTAL 5.500,00 TOTAL 5.500,00

Fonte: Elaborada pelo autor. Atividade 3


Comparando os valores e itens de Ativos e passivos, notamos duas No final do primeiro mês
variações importantes nos Ativos: crescimento de valores a receber e de atividades, José vendeu
todo seu estoque de roupas
de estoques. Nos passivos, o aparecimento da primeira obrigação ou
por R$ 2.000,00 à vista, mas
dívida contraída na semana. No Patrimônio Líquido, um crescimento pagou apenas R$ 1.000,00 ao
com o valor dos resultados do período. credor, e combinou de pagar
o restante em 10/04/20X0.
Na referida semana, a empresa X teve um resultado de R$ 300,00 Como fica o balanço da loja em
e um crescimento de 10% em seu Ativo, após sete dias de atividades. 31/03/20X0?

Isso, contudo, não é uma análise, pois, para sê-lo, outros indicadores
deveriam ser considerados. Trata-se, portanto, de uma observação
sem entrar no mérito de desempenho.

Voltemos agora aos princípios e convenções, pois outros critérios


devem ser observados. São eles:
a. Os registros devem seguir um denominador comum monetário.
No caso do Brasil, o denominador usado é o Real.
b. Assim como visto no Exemplo 2 (Capítulo 1), os investimentos
ou aquisições devem ser contabilizados com base no custo
histórico.
c. As alterações na Lei n. 6.404/76 pela Lei n. 11.638/2007 criaram
condições para a convergência às normas internacionais da
contabilidade. As principais mudanças se referem à prevalência da

Balanço Patrimonial 37
essência sobre a forma. Por exemplo: a contabilização nos Ativos
imobilizados de bens, que mesmo não sendo de propriedade da
empresa, estão sob seu controle, gerando benefícios e riscos.
É o caso dos arrendamentos de equipamentos. Portanto, novos
entendimentos devem ser cumpridos, como a atualização dos
valores, ou seja, os Ativos no Balanço Patrimonial devem ser
atualizados pelo valor justo aceito pelo mercado. Serve tanto para
direitos (valores a receber), como para obrigações (juros e impostos
atualizados). No caso de Ativos Imobilizados, como equipamentos
ou construções, eles deverão ser analisados sob o ponto de vista
de sua recuperação, conhecido como teste de imparidade.
d. A materialidade, ou ordem de grandeza dos valores,
significa poder registrar valores consumíveis em Ativos ou
Despesas, dependendo de sua representatividade na empresa.
Suponhamos, por exemplo, que uma grande empresa irá adquirir
papéis para impressoras para serem usados no escritório no
valor de R$ 1.000,00. Seguindo o regime de competência, tal valor
será contabilizado como Ativo – estoques de papéis de escritório.
No entanto, podemos considerá-lo como despesa administrativa
antes do seu uso, uma vez que será consumido em curto espaço
de tempo e terá um valor não significativo (pouca materialidade).
e. O princípio de continuidade pressupõe a existência da empresa
sem limite para terminar, isto é, por um longo período de
existência.
f. O princípio do conservadorismo é associado ao já citado custo
de aquisição, sem a preocupação de supervalorizar os Ativos ou
de subvalorizar os passivos. Em outras palavras, não devemos
mostrar bens acima ou dívidas abaixo de seus reais valores.

Os princípios vistos podem ter interpretações diversas entre as em-


presas; portanto, é sempre prudente observar os pronunciamentos
contábeis emitidos pelo CPC.

2.3 Estrutura e contas dos ativos


Vídeo Já identificamos os Ativos como investimentos, em razão de terem a
função de promover as atividades da empresa – investimentos em ati-
vidade. Porém, alguns investimentos produzem retorno a curto prazo,
enquanto outros podem gerar resultados a longo prazo. Desse modo,

38 Contabilidade Geral
a classificação básica dos Ativos se dá conforme a natureza de sua rea-
lização e obedecem a ordem decrescente de liquidez.

+ Saiba mais
A Lei n. 6.404 , Lei das sociedades por ações, estabelece em seu artigo 178 que: “No balanço, as contas serão
classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento
e a análise da situação financeira da companhia.
No ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados, nos
seguintes grupos:
I – ativo circulante; e (Incluído pela Lei n. 11.941 , de 2009).
II – ativo não circulante, composto por ativo realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível.
(Incluído pela Lei n. 11.941, de 2009)” (BRASIL, 1976).

2.3.1 Ativo Circulante


Recursos financeiros disponíveis na empresa, aplicações de recursos
no mercado financeiro, matérias-primas para fabricação e transforma-
ção em produtos para venda, estoques de produtos acabados, valores
a receber de clientes, adiantamentos a fornecedores, entre outros, são
considerados Ativos Circulantes, ou, se pensados como investimentos,
são Ativos realizáveis a curto prazo. Todos os Ativos, Circulantes ou Não
Circulantes, devem ser apresentados em ordem decrescente de liqui-
dez. E são classificados da seguinte maneira:
a. Disponível: a soma de recursos em caixa na empresa, com o
saldo de depósitos à vista nas instituições financeiras.
b. Aplicações financeiras de liquidez imediata: valores em
excesso na empresa, investidos em títulos com algum rendimento
financeiro, com facilidade de conversão em caixa, baixo risco de
retorno e finalidade de atender compromissos a curto prazo.
c. Estoque de matérias-primas: materiais nas empresas
industriais, em condições e possibilidades de transformação,
por meio de processos, em produtos para venda ao mercado
consumidor ou distribuidor.
d. Estoque de produtos não acabados: partes das matérias-
-primas e outros insumos poderão não estar prontos e disponíveis
para venda ao final de um período contábil, exigindo, assim, sua
mensuração dos valores até então agregados.
e. Estoque de produtos acabados: estoque de produtos disponíveis
para venda ou revenda aos consumidores ou distribuidores.

Balanço Patrimonial 39
+ Saiba mais f. Adiantamentos: valores antecipados a fornecedores, muitas
Liquidez é entendida como a vezes com a intenção de garantir o suprimento futuro de materiais
facilidade de conversão de um
para produção. Podem ser especificados como adiantamento a
bem em dinheiro. Por exemplo:
um imóvel perderá liquidez caso fornecedores, ou outros tipos de antecipação, como despesas
não exista pessoas interessadas de viagens, salários, 13º, férias etc. O título é genérico, pode ser
em comprá-lo.
desmembrado em vários subitens.
g. Contas a receber ou Duplicatas a receber: valores ou títulos
oriundos de vendas a prazo, comumente denominadas de
duplicatas, cujo nome é em razão da repetição dos dados de uma
nota fiscal para um título de cobrança.
h. Outros créditos a receber: por vezes, a empresa pode ter
emprestado recursos a terceiros, ou ter dividendos com direito
de receber no futuro.
i. Impostos e tributos a recuperar: no Brasil, a tributação é
complexa e alguns impostos podem ser compensados para
pagamento de outros.

Os itens citados, entre outros, compõem os Ativos Circulantes, que


são aqueles com realização em curto prazo. A convenção geral é con-
siderar como Ativo Circulante os itens com prazo de realização de até
um ano. Acima disso é denominado Ativo Não Circulante, ou Realizável
a Longo Prazo.

2.3.2 Ativo Não Circulante


É importante lembrarmos que os Ativos com realização de longo
prazo são investimentos que oferecem benefícios com prazos superio-
res a um ano. Por exemplo, um equipamento de produção da fábrica é
útil por um longo tempo, por isso, é considerado um Ativo Não Circu-
lante. Além desse exemplo, existem os seguintes Ativos:
a. Créditos diversos: a soma de recursos a receber de terceiros além
da data do balanço, sejam oriundos de vendas, adiantamentos,
empréstimos, impostos etc.
b. Investimentos a longo prazo: as aplicações feitas em títulos
disponíveis no mercado financeiro, ações negociadas em bolsas
de valores, incentivos fiscais, entre outros, sempre avaliados pelo
valor presente.

40 Contabilidade Geral
c. Despesas antecipadas: a soma de todos os pagamentos feitos
antecipados e que representam despesas de exercícios futuros,
como o caso de prêmios de seguros.
d. Outros Investimentos: as empresas controladoras de outras,
denominadas coligadas ou não, representam investimentos 1
efetuados em operações de um grupo empresarial. Esse teste permite avaliar os
e. Imobilizado: Terrenos, obras, instalações, máquinas, equipamen- ativos frente aos seus valores
recuperáveis. Suponha, por
tos, veículos, móveis, benfeitorias, construções etc. constituem exemplo, um veículo adquirido
o grupo de Ativos imobilizados, que também são denominados por R$30.000,00. Após um
tangíveis, isto é, bens corpóreos, com forma física e com possibili- acidente e uma análise, é
reconhecida uma perda de
dade de troca. Após a Lei n. 11.638/2007, alguns itens podem ser R$10.000,00 no seu valor.
1
mais detalhados, e até exigidos do teste de imparidade . Nesse caso, o valor deverá ser
contabilizado com essa perda,
f. Intangível: são Ativos sem forma física, em oposição aos Ativos
ou seja, o teste permitirá reduzir
imobilizados, tais como marcas, softwares, direitos autorais, ao valor recuperável do ativo.
patentes, entre outros.

2.4 Estrutura e contas dos passivos


Vídeo Após a identificação dos Ativos como investimentos, conheceremos
os passivos, com a função de financiar as atividades da empresa. Da
mesma forma que alguns investimentos produzirão retorno a curto pra-
zo, e outros poderão gerar resultados a longo prazo, os financiamentos
também seguem os mesmos critérios. Desse modo, a classificação bási-
ca dos passivos segue os vencimentos de suas obrigações. Passivo Circu-
lante, a curto prazo, e Passivo Não Circulante, a longo prazo.

É importante ressaltarmos aqui a observa- 2


ção de que o usual dos passivos, assim como Entendemos por ciclo operacio-
com os Ativos, é que seja considerado curto nal o período determinado entre
a aquisição de matérias-primas
prazo os vencimentos de até um ano. No en- ou outras mercadorias, até o
tanto, caso o ciclo operacional tenha duração recebimento das vendas dos
maior, tais dívidas ou obrigações serão classi- produtos.
2
ficadas no prazo do ciclo operacional .

2.4.1 Passivo Circulante


O Passivo Circulante é a soma de todas as obrigações da empresa
com vencimento em curto prazo, muitas vezes denominado de Passivo
Exigível. Valores resultantes de compras de matérias-primas, insumos

Balanço Patrimonial 41
para a fabricação, produtos para revenda, adiantamentos recebidos
para futuras entregas, salários, comissões, aluguéis, arrendamentos,
despesas ainda não pagas, impostos, contribuições, empréstimos, en-
tre outras dívidas, vencidas ou não, com vencimentos até o final do
próximo exercício social, ou que a liquidação deverá ocorrer em até
doze meses após a data do balanço.

2.4.2 Passivo Não Circulante


O Passivo Não Circulante, ou Passivo Exigível a Longo Prazo, é a
soma de todas as obrigações da empresa, com liquidação prevista para
ocorrer em um prazo superior ao próximo exercício social, ou ao seu
ciclo operacional. Empréstimos, financiamentos ou arrendamento de
bens, impostos, títulos de dívidas, provisões para previdência, entre ou-
tas dívidas, são consideradas de longo prazo.

Os passivos financiam os Ativos, mas também os recursos próprios


da empresa, compostos pelo capital dos proprietários e os resultados
acumulados com as atividades da organização. Logo, a diferença entre
os Ativos (investimentos) e os passivos (financiamentos) também sus-
tenta os investimentos. O resultado disso, denominado Patrimônio Lí-
quido, apresenta os recursos próprios da empresa, enquanto o Passivo
representa os recursos de terceiros financiando a empresa. Portanto,
a equação básica do Balanço Patrimonial pode ser representada da se-
guinte maneira:

ATIVOS – PASSIVOS = PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Além do Capital Social, o Patrimônio Líquido ainda possui as Reser-


vas de Lucros, lucros e prejuízos acumulados; as Reservas de Capital; os
Ajustes de Avaliação Patrimonial; e as ações em tesouraria. Podemos
ver, a seguir, o significado de cada um desses termos:
a. Capital Social: é a soma dos valores recebidos dos sócios,
incluindo os lucros transferidos ao capital social, quando os
sócios resolvem não retirar e aumentar o capital da empresa.
b. Reserva de Lucros: é o saldo dos lucros retidos com alguma
finalidade determinada.

42 Contabilidade Geral
c. Lucros Acumulados: é o resultado da conta que pode ser usada
apenas por empresas não classificadas como sociedades por ações.
d. Prejuízos Acumulados: são representações do saldo de
resultados negativos acumulados até o fechamento do Balanço
Patrimonial.
e. Reservas de Capital: são os valores recebidos e não contabili-
zados na Demonstração de Resultados, derivados de negócios
de capital dos acionistas. Por exemplo, o lucro recebido pela
venda de ações da empresa não é contabilizado na Demons- 3
tração de Resultados, mas sim no grupo do Patrimônio Líquido, Por exemplo, se um equipamen-
to adquirido por R$100.000,00
como reservas de capital.
perder valor por algum
f. Ajustes de Avaliação Patrimonial: é a situação em que a acidente, e passar a valer apenas
contrapartida do aumento ou redução de alguma conta do R$80.000,00, essa diferença irá
reduzir os ativos e consequen-
Ativo ou do Passivo pode ser feita diretamente no aumento ou temente a perda irá reduzir o
redução dos lucros ou prejuízos da empresa. É o caso de alguma Patrimônio Líquido.
3
reavaliação de um bem do Ativo .
g. Ações em Tesouraria: são o saldo de ações adquiridas pela
própria empresa, seja do mercado de capitais, seja de acionistas.

Estudo de caso
Elaboração e análise do Balanço
Patrimonial da empresa X

Vamos relembrar o exemplo do capítulo anterior, recordando os fa-


tos relatados.
a. O proprietário integralizou o capital em dinheiro no valor de
R$ 5.000,00.
b. No segundo dia, a empresa adquiriu, à vista, 100 produtos pelo
preço de R$ 20,00 cada, totalizando R$ 2.000,00 em compra de
produtos.
c. No terceiro dia, vendeu, à vista, 10 produtos ao preço de R$ 30,00
cada.
d. Nos demais dias da semana, vendeu a prazo mais 40 produtos ao
preço de R$ 30,00 cada, e reconheceu o aluguel semanal da loja,
no valor de R$ 200,00 a pagar no primeiro dia do mês seguinte.

Podemos analisar os movimentos de todas as contas, reconhecidas


pela empresa X, da seguinte maneira:

Balanço Patrimonial 43
I Ativos
b) Caixa ou disponível: recebeu R$ 5.000 do proprietário, pagou
R$ 2.000,00 na compra de produtos, recebeu R$ 300,00 pela
venda de produtos e terminou com o saldo disponível de
R$ 3.300,00.
c) Estoque: recebeu 100 produtos para revenda por R$ 2.000,00
(100 x R$ 20,00), diminuiu os estoques em R$ 200,00
(10 x R$ 20,00) pela venda de parte dos produtos, diminuiu
mais R$ 800,00 nos estoques (40 x R$ 20,00) pela segunda
venda. Terminou o período com R$ 1.000,00 em estoques,
(50 x R$ 20,00).
d) Contas a receber: os clientes compraram a prazo 40 produtos
ao preço de R$ 20,00 cada, ficando a empresa com direito de
receber R$ 1.200,00 no vencimento, sendo, portanto, esse
saldo direito da empresa.
II Passivos
a) Aluguel: reconheceu ao final, no período semanal, despesas
com o aluguel no valor de R$ 200,00.
Atenção
III Resultados
Observe que os valores vendi-
dos, tanto à vista, como a prazo, a) Receita de vendas: reconheceu R$ 1.500,00 em receita do
são lançados e reconhecidos período semanal (10 + 40 produtos vendidos a R$ 30,00 cada).
no período em que ocorrem as
vendas. Obedecem, portanto, ao b) Custo dos produtos vendidos: reconheceu os custos dos
regime de competência, ou seja, produtos vendidos no valor de R$ 1.000,00 (10 + 40 ao custo
o fato gerador da venda provoca de R$ 20,00 cada).
o registro da receita, e não o
regime de caixa. c) Despesas com aluguel: reconheceu a despesa com o aluguel do
período contábil (semanal), no valor de R$ 200,00, para apurar
os resultados do período semanal antes de fechar o balanço.
d) Lucro: teve como resultado R$ 300,00 (R$ 1.500,00 – R$ 1.000,00
– R$ 200,00) ao final da primeira semana de atividades da
empresa.
IV Patrimônio Líquido
e) Capital: não houve nenhuma alteração no Capital dos Sócios.
f) Lucros Acumulados: reconheceu R$ 300,00 como resultado
favorável à empresa, em razão dos lucros obtidos durante o
primeiro período contábil.

Desse modo, fechamos as duas primeiras demonstrações contábeis


após um período de atividades: o resultado semanal (01 a 07/01/20X0)

44 Contabilidade Geral
e a situação patrimonial em 07/01/20X0, conforme podemos observar
nas Tabelas 10 e 11.

Tabela 10
Demonstração de Resultados da primeira semana de atividades

Demonstração de Resultados (01 a 07/01/20X0) R$


Receita de vendas (10 + 40) x 30,00 1.500,00

Custo dos produtos vendidos (10 + 40) x 20,00 1.000,00

Despesas com aluguel 200,00

Resultado ou Lucro 300,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Tabela 11
Balanço Patrimonial encerrado ao final da primeira semana

Balanço Patrimonial da empresa X em 07/01/20X0 – (R$ 0,00)

ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Aluguel a Pagar 200,00


____________________________________________
Disponível 3.300,00 Passivo 200,00
Contas a receber 1.200,00 Capital Social 5.000,00
Estoque 1.000,00 Lucro Acumulado 300,00
____________________________________________
Patrimônio Líquido 5.300,00

TOTAL 5.500,00 TOTAL 5.500,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

V Breve análise
Atividade 4
Embora seja um período curto, e com pouca movimentação, pode-
De acordo com os fatos citados
mos destacar os seguintes fatos e consequências para o patrimônio,
nas atividades 1, 2 e 3, suponha
objeto de estudo da contabilidade: que, antes de terminar o mês,
José tenha efetuado uma nova
a) A empresa recebeu recursos do proprietário para suas
compra de R$ 1.000,00 em
atividades. roupas e pagou à vista, e em
b) Iniciou um negócio de compra e venda de produtos ao mercado seguida fez uma venda de todas
as peças, a prazo, no valor de
e obteve algum sucesso. R$ 1.500,00. Qual é o resultado
c) Concedeu crédito a clientes, assim como recebeu crédito do e como ficaria seu Balanço
Patrimonial?
proprietário da loja, pelo aluguel.
d) Obteve, em apenas uma semana, um acréscimo em 10% no
seu patrimônio inicial.

Balanço Patrimonial 45
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Balanço Patrimonial representa o patrimônio da empresa, com o
seu conjunto de bens e direitos como Ativos, suas obrigações com tercei-
ros como passivos e a diferença entre ambos, que resulta no Patrimônio
Líquido dos sócios ou proprietários.
Neste capítulo, pudemos observar que Ativo Circulante é um conjunto
de investimentos com realização a curto prazo, valorizado pelo seu custo,
enquanto o Ativo Não Circulante se refere a realizações a longo prazo.
Além disso, o Passivo Circulante é composto de obrigações ou dívidas com
vencimento a curto prazo, enquanto o Passivo Não Circulante com venci-
mento a longo prazo. Ambos compõem o capital de terceiros à empresa
com o objetivo de financiar o Ativo.
O Patrimônio Líquido representa o capital próprio da empresa, com-
posto de recursos aportados pelos seus proprietários e de resultados au-
feridos com a atividade dos negócios. Já a Demonstração de Resultados
compõe os ganhos e gastos de um determinado período de atividades,
contribuindo, no caso de resultados positivos, para o aumento do Patri-
mônio Líquido da empresa. Enquanto a Demonstração de Resultados é
um relatório periódico, o Balanço Patrimonial apresenta os saldos dos in-
vestimentos e financiamentos em uma determinada data.

REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Diário Oficial da União, Poder Executivo,
Brasília, DF,  28 dez. 2007. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2007/lei/l11638.htm. Acesso em: 18 dez. 2019.
BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Poder Executivo,
Brasília, DF,  17 dez. 1976. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/
L6404consol.htm. Acesso em: 18 dez. 2019.
SUMÁRIO do pronunciamento conceitual básico. Comitê de pronunciamentos contábeis.
Disponível em: http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/456_CPC00%20Sumario.pdf
Acesso em: 10 jan. 2020.

GABARITO
1. Quando o José resolveu transferir sua casa desocupada para formar uma loja de
roupas usadas, o imóvel passou a pertencer à empresa Brechó do Zé, no valor de
R$ 150.000,00. O capital do proprietário passou a ser da loja, não em dinheiro, mas
em bem.

46 Contabilidade Geral
Balanço Patrimonial – Brechó do Zé (01/03/20X0) (R$ 0,00)

ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Casa 150.000,00 Capital Social 150.000,00

TOTAL 150.000,00 TOTAL 150.000,00

2. Ao comprar roupas usadas por R$ 1.500,00, e receber crédito para pagar em


31/03/20X0, o Brechó do Zé passou a ter um estoque no valor de R$ 1.500,00 e um
correspondente passivo, financiando os bens, em 15/03/20X0.

Balanço Patrimonial – Brechó do Zé (15/03/20X0) (R$ 0,00)


ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Estoque 1.500,00 Roupas a pagar 1.500,00
Casa 150.000,00 Capital Social 150.000,00
TOTAL 151.500,00 TOTAL 151.500,00

3. O Brechó do Zé preparou a Demonstração de Resultados após o período de um mês,


por ter uma receita de vendas no valor de R$ 2.000,00, e um custo de produtos vendidos
no valor de R$ 1.500,00. A contrapartida da receita de vendas é um lançamento na
conta de caixa, uma vez que a venda foi à vista. A contrapartida do custo dos produtos
vendidos é a redução dos estoques. Com os recursos em caixa, José pode pagar
parte da dívida e o saldo de R$ 500,00 ficará para ser pago em 10 dias. Veja a DRE do
primeiro mês de atividades e o balanço da loja encerrado em 31/03/20X0.

Demonstração de Resultados (01 a 31/03/20X0) R$


Receita de vendas 2.000,00
Custo dos produtos vendidos 1.500,00
Resultado ou Lucro 500,00

Balanço Patrimonial – Brechó do Zé (31/03/20X0) (R$ 0,00)


ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Roupas a pagar 500,00
Estoque 1.000,00
Capital Social 150.000,00
Casa 150.000,00
Lucros Acumulados 500,00
TOTAL 151.000,00 TOTAL 151.000,00

4. As duas demonstrações básicas, Demonstração de Resultados e Balanço Patrimonial:

Demonstração de Resultados (01 a 31/03/20X0) R$


Receita de vendas 3.500,00
Custo dos produtos vendidos 2.500,00
Resultado ou Lucro 1.000,00

Balanço Patrimonial 47
Balanço Patrimonial – Brechó do Zé (31/03/20X0) (R$ 0,00)
ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Roupas a pagar 500,00
Caixa 0,00 ___________________________________________
Estoque 0,00 Passivo Circulante 500,00
Contas a receber 1.500,00
_____________________________________________
Ativo Circulante 1.500,00 Capital Social 150.000,00
Casa 150.000,00 Lucros Acumulados 1.000,00
______________________________________________ ___________________________________________
Ativo Não Circulante 150.000,00
Patrimônio Líquido 151.000,00
TOTAL 151.500,00 TOTAL 151.500,00

Comentário geral para as atividades 1, 2, 3 e 4.


Para as 4 atividades, preparamos os lançamentos em contas T, com o objetivo de melhorar
a compreensão do ocorrido no período.
Veja, a seguir, todos os registros ou lançamentos contábeis utilizando a técnica de “partidas
dobradas”. Todos os lançamentos são identificados com numeração, à esquerda ou à direita
de seu valor, respectivamente débito ou crédito. Veja o primeiro fato, quando o Zé transferiu
sua casa para a empresa, a título de capital social. O número 1 está à direita (crédito) dos
R$ 150.000,00 na conta de Capital Social, e sua contrapartida à esquerda (débito) da conta
Casa. As contas de resultados são fechadas (receitas, custos e despesas), com transferências
identificadas com (T1 e T2) para o resultado final, pois são contas apenas do período. O
Resultado do Período identificado como (T3) é transferido para a conta Lucros Acumulados
no Patrimônio Líquido.

48 Contabilidade Geral
3
Demonstração de Resultados
Neste capítulo, conheceremos a fundo os elementos que com-
põem uma Demonstração de Resultados do Exercício (DRE) e a
estrutura de apresentação, com receitas, custos e despesas incorri-
dos durante as atividades do negócio em um determinado período.
Os registros ou lançamentos decorrentes das atividades da
empresa são efetuados, a princípio, com base nos fatos geradores
das ocorrências, proporcionando resultado positivo ou negativo
na DRE e, em seguida, são transferidos para contas do Patrimônio
Líquido no Balanço. Também, neste capítulo:
a. em primeiro lugar, conheceremos os princípios básicos
que regem essa demonstração;
b. em seguida, apresentaremos sua estrutura e a composição
das contas, de acordo com a Lei das Sociedades por Ações;
c. em terceiro lugar, mostraremos um modelo para análise
dos resultados e o seu impacto no patrimônio da empresa;
d. por fim, elaboraremos uma DRE para uma empresa
exemplo.

3.1 Princípios básicos para a


Vídeo Demonstração de Resultados
De acordo com Assaf Neto (2015, p. 83), “o lucro ou prejuízo é resultan-
te de receitas, custos e despesas incorridos pela empresa no período e
apropriados segundo o Regime de Competência, ou seja, independente-
mente de que tenham sido esses valores pagos ou recebidos”. Em outras
palavras, é o Regime de Competência determinando em que período as
receitas, os custos e as despesas devem ter seus registros contábeis. As
receitas de vendas devem ser registradas no período em que são efetiva-
mente vendidas, seja para recebimento de seu valor à vista, seja a prazo.

Demonstração de Resultados 49
Assim, os custos e as despesas referentes às receitas também seguem o
mesmo princípio, registrando seus valores, independentemente de te-
rem sido pagos, de acordo com a Lei das Sociedades por ações (BRASIL,
1976) – que é uma legislação para as empresas de grande porte e capital
aberto com negociação de ações em bolsas de valores. Pequenas empre-
sas, no entanto, podem usar o regime de caixa, pois não têm a obrigação
de publicar os seus demonstrativos contábeis. Vejamos, a seguir, alguns
exemplos da diferença entre seguir o regime de competência e o regime
de caixa para compreendermos melhor esse assunto.

Exemplo 1

No dia 01/05/20X0, José transferiu seu imóvel de R$ 50.000,00 para for-


mar uma empresa comercial. Ainda sem recursos financeiros comprou
materiais no valor de R$ 1.000,00 para revenda, recebendo crédito dos
fornecedores, a pagar em 10/06/20X0. José espera ter os recursos da ven-
da para cumprir sua obrigação. Assim, sua empresa passou a ter um esto-
que no valor de R$ 1.000,00 e um correspondente Passivo financiando os
bens. Durante esse primeiro mês de atividade, a empresa vendeu metade
de seu estoque à vista, pelo preço de R$ 600,00, e o saldo a prazo também
no valor de R$ 600,00. Veja a DRE comparativa e o balanço encerrado.

Tabela 1
Demonstração de Resultados comparativa

Demonstração de Resultados (01/05/20X0 a


Competência Caixa
31/05/20X0)
Atenção Receita de vendas 1.200,00 600,00
Valores negativos são expressos Custo dos produtos vendidos (1.000,00)
entre parênteses.
Resultado ou Lucro 200,00 600,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Tabela 2
Balanço Patrimonial

Balanço Patrimonial encerrado em 31/05/20X0


ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Fornecedores 1.000,00
Caixa 600,00
Passivo 1.000,00
Estoque 0,00
Capital Social 50.000,00
Contas a receber 600,00
Lucros Acumulados 200,00
Imóvel 50.000,00
Patrimônio Líquido 50.200,00
TOTAL 51.200,00 TOTAL 51.200,00
Fonte: Elaborada pelo autor.

50 Contabilidade Geral
Suponhamos que toda a venda tivesse sido à vista, os relatórios,
então, seriam:

Tabela 3
Demonstração de Resultados comparativa

Demonstração de Resultados (01/05/20X0 a


Competência Caixa
31/05/20X0)

Receita de vendas 1.200,00 1.200,00

Custo dos produtos vendidos 1.000,00

Resultado ou Lucro 200,00 1.200,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Tabela 4
Balanço Patrimonial

Balanço Patrimonial encerrado em 31/05/20X0

ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Fornecedores 1.000,00
Caixa 1.200,00
Passivo 1.000,00
Estoque 0,00
Capital Social 50.000,00
Contas a receber 0,00
Lucros Acumulados 200,00
Imóvel 50.000,00
Patrimônio Líquido 50.200,00

TOTAL 51.200,00 TOTAL 51.200,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Agora, vamos supor que toda venda fosse a prazo, os relatórios


seriam:

Tabela 5
Demonstração de Resultados comparativa

Demonstração de Resultados (01/05/20X0 a


Competência Caixa
31/05/20X0)

Receita de vendas 1.200,00 0,00

Custo dos produtos vendidos 1.000,00

Resultado ou Lucro 200,00 0,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Demonstração de Resultados 51
Tabela 6
Balanço Patrimonial

Balanço Patrimonial encerrado em 31/05/20X0

ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Fornecedores 1.000,00
Caixa 0,00
Passivo 1.000,00
Estoque 0,00
Capital Social 50.000,00
Contas a receber 1.200,00
Lucros Acumulados 200,00
Imóvel 50.000,00
Patrimônio Líquido 50.200,00

TOTAL 51.200,00 TOTAL 51.200,00


Fonte: Elaborada pelo autor.

Exemplo 2

No dia 01/05/20X0, Alberto transferiu parte de seus recursos finan-


ceiros, no valor de R$ 10.000,00, para formar uma empresa comercial.
Com disponibilidade de caixa na empresa, comprou materiais à vista
no valor de R$ 2.000,00 para revenda. A empresa de Alberto espera
vender ao menos parte desses produtos prevendo outros custos no
primeiro mês de atividade. Contratou um funcionário combinando
um salário de R$ 900,00, a pagar no início do mês seguinte. Alugou
uma loja pelo valor mensal de R$ 1.200,00, a pagar no último dia do
mês. Durante esse primeiro mês de atividade, a empresa vendeu me-
tade de seu estoque à vista, pelo preço de R$ 1.200,00, e o saldo a
prazo pelo preço de R$ 1.300,00. Observe, na Tabela 7, a DRE compa-
rativa dos regimes e o balanço encerrado ao final.

Tabela 7
Demonstração de Resultados comparativa

Demonstração de Resultados (01/05/20X0 a


Competência Caixa
31/05/20X0)
Receita de vendas 2.500,00 1.200,00

Custo dos produtos vendidos (2.000,00) (2.000,00)

Lucro Bruto 500,00 (800,00)

Despesas com salários (900,00)

Despesas com aluguel (1.200,00) (1.200,00)

Resultado ou Lucro (1.600,00) (2.000,00)

Fonte: Elaborada pelo autor.

52 Contabilidade Geral
Tabela 8
Balanço Patrimonial

Balanço Patrimonial – (em 31/05/20X0) (R$ 0,00)

ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Salário a pagar 900,00


Caixa 8.000,00 Passivo 900,00
Estoque 0,00 Capital Social 10.000,00
Contas a receber 1.300,00 Lucros Acumulados (1.600,00)
Patrimônio Líquido 8.400,00

TOTAL 9.300,00 TOTAL 9.300,00


Fonte: Elaborada pelo autor.

Caso toda a venda fosse feita à vista, os relatórios seriam:

Tabela 9
Demonstração de Resultados comparativa

Demonstração de Resultados (01/05/20X0 a


Competência Caixa
31/05/20X0)

Receita de vendas 2.500,00 2.500,00

Custo dos produtos vendidos (2.000,00) (2.000,00)

Lucro Bruto 500,00 500,00

Despesas com salários (900,00)

Despesas com aluguel (1.200,00) (1.200,00)

Resultado ou Lucro (1.600,00) (700,00)


Fonte: Elaborada pelo autor.

Tabela 10
Balanço Patrimonial

Balanço Patrimonial – (em 31/05/20X0) (R$ 0,00)

ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Salário a pagar 900,00


Caixa 9.300,00 Passivo 900,00
Estoque 0,00 Capital Social 10.000,00
Contas a receber 0,00 Lucros Acumulados (1.600,00)
Patrimônio Líquido 8.400,00

TOTAL 9.300,00 TOTAL 9.300,00


Fonte: Elaborada pelo autor.

Demonstração de Resultados 53
Ao supor que toda venda fosse feita a prazo, os relatórios seriam:

Tabela 11
Demonstração de Resultados comparativa

Demonstração de Resultados (01/05/20X0 a


Competência Caixa
31/05/20X0)
Receita de vendas 2.500,00 0,00

Custo dos produtos vendidos (2.000,00) (2.000,00)

Lucro Bruto 500,00 (2.000,00)

Despesas com salários (900,00)

Despesas com aluguel (1.200,00) (1.200,00)

Resultado ou Lucro (1.600,00) (3.200,00)

Fonte: Elaborada pelo autor.

Tabela 12
Balanço Patrimonial

Balanço Patrimonial – (em 31/05/20X0) (R$ 0,00)

ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Salário a pagar 900,00


Caixa 8.100,00 Passivo 900,00
Estoque 0,00 Capital Social 10.000,00
Contas a receber 2.500,00 Lucros Acumulados (1.600,00)
Patrimônio Líquido 8.400,00

TOTAL 9.300,00 TOTAL 9.300,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Exemplo 3
Atenção
No dia 01/01/20X0, Bernardo transferiu em dinheiro R$ 20.000,00,
Observe, no terceiro exemplo,
a conta Estoques no Balanço parte de seus recursos financeiros, para formar uma empresa comercial
Patrimonial. Essa conta possui de sacos de papel. Com disponibilidade de caixa na empresa, comprou
os valores de custo dos produtos
os produtos para revenda, pagando à vista R$ 2.000,00. A empresa de
adquiridos e disponíveis para
venda. Cada vez que ocorre uma Bernardo espera vender parte desses produtos prevendo outros custos
venda, os valores de custo são no primeiro mês de atividade. Contratou um funcionário combinando
baixados ou retirados dessa con-
ta e passados para a DRE como um salário de R$ 1.200,00 a pagar no quinto dia útil do próximo mês. Alu-
Custo dos Produtos Vendidos. A gou uma loja pelo valor mensal de R$ 3.000,00, a pagar no primeiro dia
diferença entre valor da venda e útil do mês seguinte. Durante esse primeiro mês de atividade, a empresa
custo é o Lucro Bruto.
vendeu metade de seu estoque à vista, pelo preço de R$ 1.500,00. A se-
guir, veja a DRE comparativa dos regimes e o balanço encerrado ao final.

54 Contabilidade Geral
Tabela 13
Demonstração de Resultados comparativa

Demonstração de Resultados (01/01/20X0 a


Competência Caixa
31/01/20X0)
Receita de vendas 1.500,00 1.500,00

Custo dos produtos vendidos (1.000,00) (1.000,00)

Lucro Bruto 500,00 500,00

Despesas com salários (1.200,00)

Despesas com aluguel (3.000,00)

Resultado ou Lucro (3.700,00) 500,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Tabela 14
Balanço Patrimonial

Balanço Patrimonial – (em 31/01/20X0) (R$ 0,00)

ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Salário a pagar 1.200,00


Aluguel a pagar 3.000,00
Caixa 19.500,00 Passivo 4.200,00
Estoque 1.000,00 Capital Social 20.000,00
Lucros Acumulados (3.700,00)
Patrimônio Líquido 16.300,00

TOTAL 20.500,00 TOTAL 20.500,00


Fonte: Elaborada pelo autor.

Caso toda a venda fosse feita a prazo, os relatórios seriam:

Tabela 15
Demonstração de Resultados comparativa

Demonstração de Resultados (01/01/20X0 a


Competência Caixa
31/01/20X0)
Receita de vendas 1.500,00 0,00

Custo dos produtos vendidos (1.000,00) (1.000,00)

Lucro Bruto 500,00 (1.000,00)

Despesas com salários (1.200,00)

Despesas com aluguel (3.000,00)

Resultado ou Lucro (3.700,00) (1.000,00)

Fonte: Elaborada pelo autor.

Demonstração de Resultados 55
Tabela 16
Balanço Patrimonial

Balanço Patrimonial – (em 31/01/20X0) (R$ 0,00)

ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO


Salário a pagar 1.200,00
Aluguel a pagar 3.000,00
Caixa 18.000,00
Passivo 4.200,00
Estoque 1.000,00
Capital Social 20.000,00
Contas a receber 1.500,00
Lucros Acumulados (3.700,00)
Patrimônio Líquido 16.300,00
TOTAL 20.500,00 TOTAL 20.500,00
Fonte: Elaborada pelo autor.

Ao supor que toda compra fosse feita a prazo, os relatórios seriam:

Tabela 17
Demonstração de Resultados comparativa

Demonstração de Resultados (01/01/20X0 a


Competência Caixa
31/01/20X0)
Receita de vendas 1.500,00 0,00

Custo dos produtos vendidos (1.000,00) 0,00

Lucro Bruto 500,00 0,00

Despesas com salários (1.200,00)

Despesas com aluguel (3.000,00)

Resultado ou Lucro (3.700,00) 0,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Tabela 18
Balanço Patrimonial

Balanço Patrimonial – (em 31/01/20X0) (R$ 0,00)

ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO


Fornecedores a pagar 2.000,00
Salário a pagar 1.200,00
Aluguel a pagar 3.000,00
Caixa 21.500,00
Passivo 6.200,00
Estoque 1.000,00
Capital Social 20.000,00
Lucros Acumulados (3.700,00)
Patrimônio Líquido 16.300,00

TOTAL 22.500,00 TOTAL 22.500,00


Fonte: Elaborada pelo autor.

56 Contabilidade Geral
Com o regime de competência, o resultado, lucro ou prejuízo é
referente ao período da atividade, não afeta necessariamente a dis-
ponibilidade de caixa. No Balanço, as contas do Ativo mostram o
produto das receitas das vendas, se à vista, em caixa, e se a prazo,
em contas a receber dos clientes. Ao encerrar o período contábil
dos resultados, estes são transferidos para as contas do Patrimônio
Líquido do Balanço.

3.2 Estrutura e composição das contas da DRE


Vídeo Amplamente utilizada, a apresentação da estrutura da DRE con-
trasta as receitas com os custos para produzi-las e vendê-las, além das
despesas para a gestão da empresa. A diferença entre custos e despe-
sas reside nos gastos para a fabricação dos produtos vendidos ou dos
serviços prestados, denominados aqui como Custos, e os gastos para
a gestão administrativa, comercial e financeira da empresa, chamados
de Despesas (IUDÍCIBUS; MARION, 2009).

Atenção para a diferença entre custos e despesas: nas indústrias,


as empresas possuem gastos incorridos com a fabricação dos seus
produtos, tais como matérias-primas, energia para máquinas, salá-
rios e encargos sociais para funcionários, manutenção dos equipa-
mentos, entre outros necessários para a produção. Além disso, a
empresa incorre em outros gastos para as tarefas administrativas,
comerciais e financeiras. Pelas funções dos gastos previamente des-
critos, a contabilidade distingue os gastos de produção como custos
e os demais como despesas.

Empresas comerciais também fazem o mesmo, ao adquirir pro-


dutos, os preços de compra são considerados como custos. Já os
valores envolvidos para realizar as gestões administrativa, comercial
e financeira são considerados como despesas. Empresas prestado-
ras de serviços utilizam os gastos com o tempo dedicado, materiais
e deslocamentos como custos; os gastos incorridos, independente-
mente da prestação de serviços, são classificados como despesas.
Vejamos um exemplo simplificado na Tabela 19.

Demonstração de Resultados 57
Tabela 19
Demonstração de Resultados do Exercício

Demonstração de Resultados do ano de 20X0 R$

Receitas de vendas 6.000,00

Custo dos produtos vendidos (1.000,00)

Lucro Bruto 5.000,00

Despesas de vendas (1.000,00)

Despesas administrativas (2.000,00)

Outras despesas (500,00)

Resultado antes dos impostos 1.500,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Nessa demonstração contábil, em razão do regime de competência


para os registros de receitas, custos e despesas, não podemos afirmar
que todas as receitas tenham sido recebidas durante o ano de 20X0,
assim como se os custos e as despesas já foram pagos no mesmo pe-
ríodo. Ao transferir os resultados para as contas do Patrimônio Líquido
no Balanço, podemos compreender as implicações desses resultados
no patrimônio da empresa. Por outro lado, negócios não foram criados
para ter apenas um período de atividades, e essa demonstração de re-
sultados permite comparar períodos sequenciais, como resultados de
um ano com o do ano anterior, ou determinado mês de um ano com o
mesmo mês do ano anterior, entre outras possibilidades.

Por exemplo: na época das festas de fim de ano, empresas dedica-


das a vendas de brinquedos para crianças têm sempre a expectativa de
vender mais do que o último trimestre do ano. Nesse caso, é possível
avaliar o último trimestre do ano atual com os trimestres de anos an-
teriores e medir, assim, o possível crescimento das vendas ou mesmo
dos resultados desses períodos.

Os exemplos vistos até aqui simplificaram nossas demonstrações


de resultados, mas em todos os negócios ocorrem cancelamentos de
vendas, devoluções e tributações. De outro lado, empresas podem ter
receitas e despesas não oriundas do seu objetivo principal. Por essas ra-
zões, nossa DRE deverá mostrar essas ocorrências de uma maneira mais
completa. A seguir, observe a apresentação de uma estrutura modelo.

58 Contabilidade Geral
Tabela 20
Modelo completo de uma DRE

Receita Operacional Bruta (a)

(–) Impostos sobre as vendas (b)

(–) Abatimentos e devoluções (c)

(=) Receita Operacional Líquida (d)

(–) Custo dos produtos ou serviços vendidos (e)

(=) Lucro Bruto (f)

(–) Despesas de vendas (g)

(–) Despesas administrativas (h)

(+/–) Despesas e Receitas Financeiras Líquidas (i)

(=) Lucro Operacional (j)

(+/–) Outras Receitas e Despesas (k)

(=) Lucro antes do Imposto de Renda e Contribuição Social

(–) Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Social (l)

(=) Lucro após o Imposto de Renda e Contribuição Social

(–) Participações e outras contribuições (m)

(=) Lucro ou Prejuízo Líquido do Exercício

Fonte: Elaborada pelo autor.

Para que possamos usar esse modelo, precisamos compreender o


que significa cada um desses elementos:
a. Receita Operacional Bruta: refere-se ao valor de todos os
produtos e serviços oferecidos pela empresa durante um período
ou exercício considerado (um mês ou um ano).
b. Impostos sobre venda: refere-se à dedução do valor da receita
bruta de vendas, por exemplo, o Imposto sobre o Consumo de
Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto sobre Serviços (ISS),
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Programa de
Integração Social / Programa de Formação do Patrimônio do
Servidor Público (PIS/PASEP).

Demonstração de Resultados 59
c. Abatimentos e devoluções: são registrados os casos em que algum
produto ou mercadoria, já faturado, deva ser devolvido, por defeito ou
mesmo por algum abatimento devido a outras razões, por exemplo.
d. Receita operacional líquida: é a receita bruta reduzida dos
impostos, dos abatimentos e das devoluções das vendas.
e. Custo dos produtos ou serviços vendidos: são as despesas
necessárias para fabricação de um determinado produto,
denominadas custos da venda.
f. Lucro Bruto: é a apresentação de resultados da empresa antes
das outras despesas e gastos envolvidos na gestão dos seus
negócios. Isso ocorre após a redução dos custos dos produtos
vendidos ou dos custos dos serviços prestados.
g. Despesas de vendas: são todos os gastos incorridos na promoção,
distribuição e venda de produtos, incluindo os salários, as
comissões e os encargos com os vendedores.
h. Despesas administrativas: são os gastos efetuados na gestão
administrativa, como salários, encargos, telefones, internet, isto é,
tudo o que compreende os gastos com o escritório da administração.
i. Despesas e Receitas Financeiras Líquida: são as despesas finan-
ceiras provenientes de financiamentos, empréstimos, pagamentos
em atraso ou, ainda, por descontos concedidos a clientes e receitas
financeiras provenientes de juros sobre aplicações financeiras, ou
descontos por pagamentos antecipados.
j. Lucro operacional: é o resultado exclusivamente dos negócios das
atividades da empresa, não apresenta outras eventuais receitas e
despesas que não estão ligadas às suas atividades básicas.
k. Outras receitas e despesas: compõem receitas não provenientes
do objetivo da atividade da empresa, como venda de algum
equipamento sem mais utilidade, ou alguma despesa não
relacionada ao grupo de vendas, administrativas e financeiras,
isto é, sem referência com as atividades operacionais da empresa.
Receitas e Despesas Não Operacionais.
l. Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Social: são
calculados com base no lucro real, presumido ou arbitrado de
acordo com a legislação vigente à época.
m. Participações e outras contribuições: são as participações de
empregados, administradores e títulos negociáveis, criados pela
empresa sem relação com o capital social, e que correspondem à
parcela do lucro destinada a não acionistas.
60 Contabilidade Geral
Portanto, podemos observar a abrangência dos detalhes de uma
demonstração completa de resultados para um período contábil, in-
cluindo a possível distribuição parcial de lucros a funcionários e a títu-
los de dívida sem relação com o capital social, emitidos por sociedades
anônimas de capital fechado, denominadas Participação de Partes Be-
neficiárias. Exemplo: uma empresa que necessita de mais recursos, en-
contra investidores que desejam aplicar seus recursos e participar dos
lucros dela, sem vínculo como acionista ou proprietário, ou seja, sem
participação no capital social.

3.3 Depreciação
Vídeo Apresentaremos, aqui, um novo tópico, normalmente discutido em
cursos de contabilidade de custos, no entanto é importante mencioná-
-lo neste capítulo, pois é algo que afeta os resultados das empresas.

Alguns investimentos considerados não circulantes, como máqui-


nas, equipamentos, construções, veículos etc., são utilizados nas ati-
vidades operacionais dos negócios e colaboram com os resultados
da empresa. Esses Ativos contribuem para a geração de receitas e re-
sultados das empresas, representando custos para a elaboração dos
produtos. Ao reconhecermos o uso dos investimentos destinados à
fabricação dos produtos, como parte dos custos de produção, pode-
remos recuperá-los com a receita das vendas deles. Logo, tais custos
integram os gastos para elaboração dos produtos e consequente-
mente serão levados aos resultados do período.

Para os equipamentos destinados fora da área de fabricação, mas


que também serão usados pela empresa durante sua gestão, a depre-
ciação será reconhecida nas despesas específicas da área. Por exem-
plo, o uso de computadores e móveis de escritório gera depreciação
com as despesas administrativas.

O reconhecimento desses gastos é denominado depreciação. Não de-


vemos confundir a depreciação com desvalorização. Uma quantia de di-
nheiro guardada na gaveta do escritório pode sofrer desvalorização, após
algum tempo, ao perder poder de compra, caso ocorram alterações nos
preços. Por outro lado, devemos reconhecer que o valor investido em
um equipamento, como um torno mecânico, contribui para a fabricação
de produtos, cujo objetivo é vendê-los para gerar resultados à empresa.
Logo, o valor investido nesse equipamento deve constar do custo dos
produtos realizados. Então, o equipamento deve ser depreciado.

Demonstração de Resultados 61
Devemos também lembrar de que todo consumo de um Ativo re-
presenta despesa para a empresa, pois o Ativo é sua propriedade, e
quando utilizado (consumido) implica reconhecimento de um gasto ou
despesa. No caso de um produto para revenda, seu uso representa
custo do produto vendido, no caso de um Ativo imobilizado, seu consu-
mo representa uma despesa de depreciação. Utilizar um equipamento
não significa perdê-lo, mas sua depreciação representa o reconheci-
mento de seu uso que contribui para a geração de ganhos da empresa.

Assim, criou-se uma regra, em que a depreciação é reconhecida


como uma despesa pela utilização do Ativo. Vários critérios podem
ser utilizados para a apuração da depreciação. Um dos mais comuns
é o da vida útil do bem, em outras palavras, método linear. Outro
critério é o do uso do bem. Por exemplo, se um veículo tem sua vida
útil estimada em cinco anos, deveríamos reconhecer 1/5 de seu va-
lor a cada um desses anos como despesa de depreciação, de acordo
com o regime de competência dos exercícios. E como essa despesa
não implicará saída de caixa, diz-se também que a despesa de de-
preciação representa uma despesa apenas contábil.

Por outro lado, como a contabilidade utiliza o método das partidas


dobradas, o débito (destino) tem uma correspondência em crédito (ori-
gem), isto é, a contrapartida do débito na despesa de depreciação será
um crédito na conta denominada depreciação acumulada, que se apre-
senta com os Ativos que lhe deram origem, ficando, portanto, como
uma conta redutora do Ativo, ou seja, contra conta de Ativo.

Exemplo

Uma empresa constrói um edifício no valor de R$ 500.000,00 que


deve ter uma vida útil de 20 anos, e adquire um computador para o
escritório no valor de R$ 4.000,00 com vida útil de 5 anos. Após um
ano, a contabilidade lança uma despesa de depreciação no valor de
R$ 25.000,00, ou seja, 5% (1 ano de 20 anos) de R$ 500.000,00 e ou-
tra de R$ 800,00 isto é, 20% (1/5) de R$ 4.000,00. Como contrapartida,
reduz o valor dos Ativos, lançando depreciação acumulada do edifício
no valor de R$ 25.000,00 e depreciação acumulada de computador no
valor de R$ 800,00.

62 Contabilidade Geral
Os lançamentos em contas de razão (T) serão:

Despesa de depreciação Depreciação acumulada


do edifício do edifício
Débito Crédito

25.000,00 25.000,00

Despesa de depreciação Depreciação acumulada


do computador do computador
Débito Crédito

800,00 800,00

Ao lembrar do método de partida dobrada (Capítulo 2), todos os


lançamentos ou registros contábeis são: destino (débito) e origem
(crédito) dos recursos. Assim, as despesas serão lançadas a débito e
transferidas para a DRE. Já os créditos, no caso a depreciação acumu-
lada, aparecerão como contas redutoras dos Ativos imobilizados. No
exemplo anterior, os valores originais dos edifícios e equipamentos re-
presentam os valores históricos ou de aquisição, porém, com o uso,
são depreciados, e esses valores de depreciação reduzem os valores
originais, uma vez que ajudam a empresa a realizar suas atividades,
promovendo ganhos com esses custos ou despesas.

Tabela 21
DRE (exemplo 1 em R$)

Receitas de vendas REC

Custo dos produtos vendidos* (CPV)

Lucro Bruto LB

Despesas (D)

Despesas de depreciação (*) (25.800,00)

Lucro do exercício L
É comum encontrarmos as despesas de depreciação inclusas no Custo dos Produtos Vendidos
(CPV) ou nas despesas da operação, dependendo da função.
Fonte: Elaborada pelo autor.

Demonstração de Resultados 63
Saiba mais
Desse modo, nosso Balanço irá mostrar, no Ativo, os valores his-
O artigo 183 da Lei
n. 6.404/76 traz uma
tóricos ou de aquisição dos edifícios e computador, e como redução
explicação completa sobre pelo uso, os valores depreciados (Depreciação Acumulada) até a data
Depreciação, Exaustão e
Amortização. Como vimos, a
de encerramento.
Depreciação corresponde à
perda no valor dos bens fí-
Tabela 22
sicos, ao sofrerem desgaste Balanço Patrimonial (exemplo 1)
pelo uso. A Exaustão corres-
ponde à perda de valor em Ativos R$ Passivos R$
razão da exploração de re-
cursos minerais e florestais. Caixa X Fornecedores Y
Por exemplo, empresas que
recebem concessão para Contas a receber X Outros Y
exploração de minério. Já a
Amortização corresponde à Ativos Circulantes X Passivos Circulantes Y
perda de valor de proprie-
dade industrial ou mesmo Edifícios 500.000,00
comercial com duração
limitada no tempo, como Máquinas 2.000,00
ativos intangíveis (marcas,
patentes, entre outros). (Depreciação acumula-
(25.000,00) Capital Y
da do edifício)
BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de
dezembro de 1976. Diário Oficial da (Depreciação acumulada
(800,00) Reservas Y
União, Poder Executivo, Brasília, DF, da máquina)
17 dez. 1976. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ Ativos Não Circulantes 476.200,00 Patrimônio Líquido Y
l6404consol.htm. Acesso em:
3 jan. 2020.
TOTAL Xxx TOTAL Xxx

Fonte: Elaborada pelo autor.

3.4 Modelo para análise


Vídeo Por meio das demonstrações contábeis, podemos extrair várias in-
formações econômicas de uma empresa. Por exemplo, ao observarmos
os resultados, podemos verificar a composição dos custos e das despe-
sas ao longo de períodos, até mesmo a distribuição dos custos e das
despesas relativas às receitas dentro de um determinado período. Além
de podermos ter acesso a informações internas da empresa, no sentido
de avaliar a evolução dos itens que compõem os resultados, podemos
também comparar com empresas similares ou concorrentes. Dessa for-
ma, classificaremos as possibilidades de análise dos resultados.

O objetivo é permitir a comparação dos resultados ao longo dos pe-


ríodos. Por exemplo: a evolução das receitas, dos custos, das despesas
e dos lucros nos últimos dois anos. Lucro é consequência da diferença
entre receitas, custos e despesas. Vejamos um exemplo dessa análise
horizontal, avaliando a evolução do ano de 20X0 para 20X1.

64 Contabilidade Geral
Tabela 23
Demonstrações de Resultados (com variação)

DRE em R$ mil 20X0 20X1 Variação


Receitas de vendas 6.000,00 6.600,00 10%

Custo dos produtos vendidos (1.000,00) (1.050,00) 5%

Lucro Bruto 5.000,00 5.550,00 11%

Despesas de vendas (1.000,00) (1.100,00) 10%

Despesas administrativas (2.000,00) (2.160,00) 8%

Despesas financeiras (500,00) (545,00) 9%

Total das despesas (3.500,00) (3.805,00) 9%

Lucro antes dos impostos 1.500,00 1.745,00 16%

Fonte: Elaborada pelo autor.


a. Análise horizontal – uma vez que as receitas crescem 10% e
os lucros crescem, acima das receitas, a 16%, as razões são do
menor crescimento de custos (5%) e despesas (9%). No Gráfico 1,
a seguir, os dados do ano 20X0 têm índice 100 e do ano 20X1
mostram a evolução, do lucro para 116 (16% maior), da receita
para 110 (10% maior), e do CPV 105 (5% maior).

Gráfico 1
Análise Horizontal

116

110

105

100

1 2

Receitas de vendas Custo dos produtos Lucro antes dos


vendidos impostos
Fonte: Elaborado pelo autor.

A seguir, podemos fazer uma relação dos custos, das despesas e


dos resultados com a receita de cada ano. Vejamos um exemplo dessa
análise vertical, tanto em 20X0 quanto em 20X1.

Demonstração de Resultados 65
Tabela 24
Demonstrações de Resultados (com relações)

DRE em R$ mil 20X0 % 20X1 %

Receitas de vendas 6.000,00 100% 6.600,00 100%

– Custo dos produtos vendidos (1.000,00) 16,7% (1.050,00) 15,9%

= Lucro Bruto 5.000,00 83,3% 5.550,00 83,3%

– Despesas de vendas (1.000,00) 16,7% (1.100,00) 16,7%

– Despesas administrativas (2.000,00) 33,3% (2.160,00) 32,7%

– Despesas financeiras (500,00) 8,3% (545,00) 8,3%

– Total das despesas (3.500,00) 58,3% (3.805,00) 57,7%

= Lucro antes dos impostos 1.500,00 25,0% 1.745,00 26,4%

Fonte: Elaborada pelo autor.


b. Análise vertical – em relação à receita, o lucro cresce de 25%
para 26,4%, em razão da redução dos custos e das despesas.
O Gráfico 2 mostra a composição de custos, despesas e lucro,
relativos à receita de vendas de cada ano. Receitas – (custos +
despesas) = lucro.

Em 20X0 temos: 100% – (58,3% + 16,7%) = 25%.


Em 20X1 temos: 100% – (57,7% + 15,9%) = 26,4%.
Complementando, observamos a queda de 1,2% nos custos e de
0,6% nas despesas administrativas sobre as receitas de vendas,
de 20X0 para 20X1.

Gráfico 2
Análise Vertical

Ano 20X0 Ano 20X1


Lucro antes Lucro antes
dos impostos dos impostos
Total das Total das
despesas despesas
25,0 26,4

58,3 57,7
16,7 15,9
Custo dos Custo dos
produtos produtos
vendidos vendidos

Fonte: Elaborado pelo autor.

66 Contabilidade Geral
Com essa metodologia de análises horizontal e vertical mais detalhes
podem ser obtidos, no caso de detalhamento de cada conta. Por exem-
plo, podemos procurar as causas de um crescimento de apenas 5% nos
custos versus o crescimento de 10% nas receitas em 20X1 sobre 20X0.
Que razões levaram as receitas a crescer acima de seus custos? Aumen-
to nos preços de venda? Mudança nos custos dos produtos, como novas
tecnologias de produção barateando os custos, ou menos gastos com
matérias-primas? Ganhos de escala econômica por maior demanda dos
produtos, aumentando a produção e reduzindo custos unitários de fa-
bricação? Enfim, procurar as causas para essas variações exige um deta-
lhamento das contas do ano. E é importante saber que nem sempre os
resultados apresentarão essas variações ao longo dos períodos.

Atividade 1
Observe as informações dadas nos quadros a seguir e faça os lançamentos contábeis, a DRE e feche o Balanço
Patrimonial da empresa T nos dias 31/01/20X1, 28/01/20X1 e 31/03/20X1.
Janeiro

Dia Histórico
Luiz transfere para a empresa T sua casa no valor de R$ 100.000,00
1/1
e R$ 20.000,00 em dinheiro.

5/1 Compra móveis por R$ 10.000,00, com vencimento no mês seguinte .

Compra um computador por R$ 2.000,00 a pagar em 10 parcelas


15/1
mensais, sem juros, pagando a primeira parcela no ato.
Compra materiais para o escritório por R$ 500,00 para pagar em
20/1
um mês.

25/1 Compra taxinhas para revender, pagando R$ 2.000 à vista.

29/1 Compra mais taxinhas por R$ 2.000,00 a pagar no próximo mês.

Você faz um levantamento nas gavetas e descobre que os mate-


31/1
riais para o escritório já foram todos gastos.

Fevereiro

Dia Histórico
Compra mais materiais para o escritório por R$ 700,00 a pagar em
1/2
um mês.
Vende todo estoque de taxinhas por R$ 4.500,00 metade à vista e
3/2
metade para pagamento em 30 dias.

5/2 Paga os móveis, no valor de R$ 10.000,00.

10/2 Compra mais taxinhas por R$ 2.200,00 para pagar no próximo mês.
(Continua)

Demonstração de Resultados 67
15/2 Paga a segunda parcela de R$ 200,00 do computador.

20/2 Paga os materiais para o escritório no valor de R$ 500,00.

Vende todo estoque de taxinhas por R$ 3.000,00, para receber em


25/2
30 dias.
Paga R$ 2.000,00 aos fornecedores de taxinhas e compra mais por
28/2
R$ 2.150,00, a pagar no próximo mês.

Março

Dia Histórico
1/3 Paga R$ 700,00 dos materiais de escritório.

Recebe R$ 2.250,00 dos clientes e vende todo estoque de taxinhas


3/3
por R$ 3.400,00 a receber em 30 dias.
Paga R$ 2.200,00 aos fornecedores de taxinhas e compra mais por
10/3
R$ 3.500,00, metade à vista e o saldo em 30 dias.

15/3 Paga a terceira parcela de R$ 200,00 do computador.

Recebe R$ 3.000,00 dos clientes e vende todo estoque de taxinhas


25/3
por R$ 7.000,00 a prazo de 60 dias.
Paga R$ 2.150,00 aos fornecedores de taxinhas e descobre que os
29/3
materiais para o escritório foram gastos.

Estudo de caso
Elaboração de uma DRE para
uma empresa exemplo
A empresa BIJU, criada para comercializar bijuterias, recebeu re-
cursos financeiros no valor de R$ 14.500,00 de seu proprietário em
01/01/20X0 para o início de suas atividades. Assim, seu patrimônio se
apresenta da seguinte forma:

Tabela 25
Balanço Patrimonial em 01/01/20X0 (R$)

ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO


Disponível 14.500,00 Capital Social 14,500,00

TOTAL 14,500,00 TOTAL 14.500,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

68 Contabilidade Geral
Geraldo, proprietário da BIJU, apresentou as seguintes informações
para o primeiro mês de atividades:
•• Comprou produtos para revenda por R$ 3.000,00 à vista.
•• Vendeu produtos por R$ 2.000,00 (R$ 1.000,00 a receber em 05/02).
•• Custo dos produtos vendidos – R$ 1.500,00.
•• Despesas com salários – R$ 500,00 (pago no mês).
•• Despesas com aluguel – R$ 875,00 (a pagar em 05/02).
•• Despesas com propaganda – R$ 850,00 (a pagar em 10/02).
•• Comprou um computador por R$ 3.000,00 pagando à vista.

Com as informações dadas por Geraldo, podemos preencher a DRE


para o primeiro mês de atividades da empresa. Os valores com custos
e despesas estão registrados entre parênteses.

Tabela 26
Demonstração de Resultados da BIJU

Demonstração de Resultados de janeiro de 20X0 R$

Receitas de vendas 2.000,00

Custo dos produtos vendidos (1.500,00)

Lucro Bruto 500,00

Despesas com aluguel (875,00)

Despesas com salários (500,00)

Despesas com propaganda (850,00)

Resultado ou Lucro (1.725,00)

Fonte: Elaborada pelo autor.

Tabela 27
Balanço Patrimonial da BIJU em 31/01/20X0 (R$)

Balanço Patrimonial – (em 31/01/20X0) (R$ 0,00)

ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Caixa 9.000,00 Aluguel a pagar 875,00


Estoque 1.500,00 Propaganda a pagar 850,00
Contas a receber 1.000,00 Passivo Circulante 1.725,00
A. Circulante 11.500,00 Capital Social 14.500,00
Computador 3.000,00 Lucros Acumulados (1.725,00)
A. Não Circulante 3.000,00 Patrimônio Líquido 12.775,00

TOTAL 14.500,00 TOTAL 14.500,00


Fonte: Elaborada pelo autor.

Demonstração de Resultados 69
Atividade 2
De acordo com as seguintes informações da empresa BIJU, prepare a DRE para o mês de fevereiro e, em seguida,
feche o Balanço Patrimonial em 28/02/20X0.
Recebido R$ 1.000,00 dos clientes do mês anterior.
Pagos o aluguel e a propaganda gerada no mês anterior.
Atenção
Receitas de vendas – R$ 2.000,00 (R$ 1.000,00 a receber em 05/03).
Para fechar o Balanço, acumule Custo dos Produtos Vendidos no mês – R$ 1.000,00.
os resultados obtidos até a data
Despesas com salários – R$ 1.100,00 (pagos no mês).
do Balanço na conta “Lucros
Acumulados”, no grupo do Despesas com propaganda – R$ 950,00 (a pagar em 05/03).
Patrimônio Líquido. Despesas com aluguel – R$ 875,00 (a pagar em 05/03).

Atividade 3
Ainda sobre a empresa BIJU, prepare a DRE para o mês de março e, em seguida, feche o Balanço Patrimonial em
31/03/20X0, de acordo com as informações a seguir.
Compra mais R$ 3.500,00 em produtos para revenda (a pagar em 10/04).
Recebe R$ 1.000,00 dos clientes e paga as dívidas do mês anterior.
Receitas de vendas – R$ 5.000 (metade à vista).
Custo dos Produtos Vendidos – R$ 3.500,00.
Despesas com salários – R$ 1.100,00 (pagas no mês).
Despesas com propaganda – R$ 1000,00 (pagas no mês).
Despesas com aluguel – R$ 875,00 (a pagar em 11/4).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A DRE compõe os ganhos e gastos de um determinado período de ati-
vidades, contribuindo, no caso de resultados positivos, para o aumento do
Patrimônio Líquido da empresa. Poder observar os detalhes dos ganhos e
gastos e compará-los para avaliar o resultado, como consequência, tanto
no período quanto na sequência de vários períodos, é a maior contribui-
ção desse relatório contábil.
Entretanto, é importante lembrar da diferença entre a DRE e o Balanço
Patrimonial. Enquanto aquele é um relatório periódico, isto é, com valores
acumulados no período, este apresenta apenas os saldos dos investimen-
tos e financiamentos em uma determinada data.

70 Contabilidade Geral
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro. 11. ed.
São Paulo: Atlas, 2015.
BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Poder Executivo,
Brasília, DF, 17 dez. 1976. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
l6404consol.htm. Acesso em: 3 jan. 2020.
IUDÍCIBUS, S.; MARION, J. C. Curso de Contabilidade para não contadores. 6. ed. São Paulo:
Atlas, 2009.

GABARITO
1.

DRE (em R$) Janeiro Fevereiro Março


Receita de vendas 7.500,00 10.400,00

CPV (6.200,00) (5.650,00)

Lucro Bruto 0,00 1.300,00 4.750,00

Despesas material de escritório (500,00) (700,00)

Despesas material de limpeza

Despesas aluguel

Despesas juros

Despesas salários

Lucro do mês (500,00) 1.300,00 4.050,00

Observe, no primeiro mês de atividade, o resultado (500,00), ou seja, foi um prejuízo, e


normalmente, os valores negativos são registrados entre parênteses.

Balanço Patrimonial (em R$)


Ativos 31/1 28/2 31/3 Passivo e PL 31/1 28/2 31/3
Caixa 17.800,00 7.350,00 5.600,00 Fin. de móveis 10.000,00 0,00 0,00
Mat. de escritório 0,00 700,00 0,00 Fin. computador 1.800,00 1.600,00 1.400,00
Estoque 4.000,00 2.150,00 0,00 Mat. de escritório 500,00 700,00 0,00
Contas a receber 5.250,00 10.400,00 Fornecedores 2.000,00 4.350,00 1.750,00
Circulante 21.800,00 15.450,00 16.000,00 Circulante 14.300,00 6.650,0 3.150,00
Casa 100.000,00 100.000,00 100.000,00
Móveis 10.000,00 10.000,00 10.000,00 Capital social 120.000,00 120.000,00 120.000,00
Lucros
Computador 2.000,00 2.000,00 2.000,00 (500,00) 800,00 4.850,00
Acumulados*
Não Circulante 112.000,00 112.000,00 112.000,00 P. Líquido 119.500,00 120.800,00 124.850,00

TOTAL 133.800,00 127.450,00 128.000,00 TOTAL 133.800,00 127.450,00 128.000,00

Demonstração de Resultados 71
Observe a conta de Lucros Acumulados no grupo do Patrimônio Lí-
quido. Ao longo dos períodos, soma-se o lucro de um período encerra-
do, com os valores anteriores.
2.
Demonstração de Resultados da BIJU:

Demonstração de Resultados de fevereiro de 20X0 R$


Receitas de vendas 2.000,00

Custo dos produtos vendidos (1.000,00)

Lucro Bruto 1.000,00

Despesas com aluguel (875,00)

Despesas com salários (1.100,00)

Despesas com propaganda (950,00)

Resultado ou Lucro (1.925,00)

Balanço Patrimonial da BIJU em 28/02/20X0:

ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO


Caixa 8.175,00 Aluguel a pagar 875,00
Estoque 500,00 Propaganda a pagar 950,00
Contas a receber 1.000,00 Passivo Circulante 1.825,00
A. Circulante 9.675,00 Capital Social 14.500,00
Computador 3.000,00 Lucros Acumulados (3.650,00)
A. Não Circulante 12.675,00 Patrimônio Líquido 10.850,00

TOTAL 12.675,00 TOTAL 12.675,00

3.

Demonstração de Resultados da BIJU

Demonstração de Resultados de março de 20X0 R$


Receitas de vendas 5.000,00

Custo dos produtos vendidos (3.500,00)

Lucro Bruto 1.500,00

Despesas com aluguel (875,00)

Despesas com salários (1.100,00)

Despesas com propaganda (1.000,00)

Resultado ou Lucro (1.475,00)

72 Contabilidade Geral
Balanço Patrimonial da BIJU em 31/03/20X0 (R$):

ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO


Caixa 7.750,00 Aluguel a pagar 875,00
Estoque 500,00 Fornecedores a pagar 3.500,00
Contas a receber 2.500,00 Passivo Circulante 4.375,00
A. Circulante 10.750,00 Capital Social 14.500,00
Computador 3.000,00 Lucros Acumulados (5.125,00)
A. Não Circulante 3.000,00 Patrimônio Líquido 9.375,00

TOTAL 13.750,00 TOTAL 13.750,00

Demonstração de Resultados 73
4
Demonstração das
Mutações do Patrimônio
Líquido – DMPL
Neste capítulo, veremos como encontrar as causas das altera-
ções sofridas no Patrimônio Líquido após um período de atividades.
Quando a empresa apresenta resultados positivos, é esperado um
acréscimo de recursos para financiar seus Ativos, que, por serem
oriundos de suas atividades, deverão, naturalmente, fazer parte
dos recursos próprios dela, ou seja, devem ser incorporados ao
seu Patrimônio Líquido. Entretanto, nem sempre isso deve ocor-
rer, e nesse caso, portanto, se torna necessário fazer, antes, uma
demonstração para conhecer o destino dado a esses resultados. E
é disso que trataremos neste capítulo.

4.1 Alterações da Lei n. 11.638/2007


Vídeo Alterações no Patrimônio Líquido da empresa têm origens em vá-
rias fontes. Apenas uma delas é proveniente dos resultados das ativi-
dades. Quando esses resultados são positivos e integrados ao grupo
de contas do Patrimônio Líquido, a empresa poderá ter mais recursos
para continuar operando. Outras alterações podem ser dependentes
da venda de alguns Ativos, ou troca por outros de maior valor, com
possibilidades de aumentar a contribuição aos resultados no futuro.
Ainda poderemos encontrar novas fontes de recursos com chances de
aumentar o Patrimônio Líquido, no entanto, toda e qualquer contribui-
ção dependerá sempre de decisões que contemplem a perspectiva de
seus negócios e da boa gestão da empresa.

74 Contabilidade Geral
Antes de avançarmos nesse tópico, devemos compreender o signi-
ficado, para a empresa, dos lucros ou prejuízos auferidos na Demons-
tração de Resultados. O artigo 186, da Lei das sociedades por ações
(BRASIL, 1976), estabelece a necessidade de transferir os resultados
obtidos em determinado período para um novo relatório denominado
Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados. As razões são prove-
nientes da continuidade das operações da empresa (em que lucros ou
prejuízos de um período contábil podem se acumular após novos resul-
tados nos períodos subsequentes), assim como das decisões dos pro-
prietários em reter ou distribuir os resultados ao final de cada período,
ou após vários deles. A distribuição de lucros, decidida pelos proprietá-
rios acionistas da empresa, é denominada de Dividendos.

Em seguida, o saldo final da Demonstração de Lucros ou Prejuízos


Acumulados deve ser transferido para o Balanço Patrimonial, em uma
conta denominada Lucros ou Prejuízos Acumulados, ou apenas Lucros
Acumulados, a qual é integrante do grupo do Patrimônio Líquido.

Com a vigência da Lei n. 11.638/2007 as sociedades por ações não


podem mais acumular resultados positivos nessa conta de balanço,
apenas se acumularem prejuízos, ficando, nesses casos, com a conta
1
denominada Prejuízos Acumulados. No caso dessas sociedades, passou
Valores válidos na data de prepa-
a ser exigida a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido ração deste livro, podem sofrer
(DMPL), que é mais ampla e que inclui a Demonstração de Lucros Acu- alterações.
mulados (DLA). Atualmente, essas empresas possuem Ativos acima de
R$ 340 milhões ou receitas acima de R$ 300 milhões .
1 Site
Acesse o Pronunciamento
Assim, nas condições gerais, as pequenas e médias empresas,
Técnico PME, do Comitê de
com saldos positivos ou negativos, poderão apresentar a DLPA ou, Pronunciamentos Contábeis, e
simplesmente, DLA. aprofunde bem como desen-
volva seus conhecimentos sobre
Para compreendermos melhor como se dá tudo isso, vamos co- a contabilidade de pequenas e
médias empresas.
meçar por um exemplo simplificado sobre a DLPA, e, em seguida,
Disponível em: http://www.
passamos à DMPL. normaslegais.com.br/legislacao/
CPC_PME_Pronunciamento.pdf.
Acesso em: 17 mar. 2020.

Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL 75


4.2 Exemplos da DLPA e da DMPL
Vídeo Vamos começar apresentando a Empresa A, seus resultados e ba-
lanços dos primeiros dois anos de atividade.

Tabela 1
Demonstração dos Resultados de 20X0 e 20X1

DRE da Empresa A (em R$) 20X0 20X1


Receita de vendas 2.000,00 2.300,00
Custo dos Produtos Vendidos (1.500,00) (1.600,00)
Lucro Bruto 500,00 700
Despesas Administrativas (200,00) (200,00)
Despesas Comerciais (100,00) (110,00)
Despesas Financeiras (60,00) (50,00)
Lucro Operacional antes dos Impostos 140,00 340,00
Impostos 40,00 (40,00)
Lucro do mês 100,00 300,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Após o encerramento do exercício, a empresa prepara a Demons-


tração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados para, em seguida, fechar o
Balanço Patrimonial. Essa é uma demonstração intermediária, entre a
DRE e o Balanço Patrimonial.

Considere que a assembleia dos acionistas decidiu dar destino aos


lucros da empresa, deixando o saldo à disposição desta, seja para o
aumento do capital ou a expansão dos negócios, ou mesmo seguir o
estabelecido em seus estatutos.

Veja, a seguir, a demonstração, ainda simplificada, dos lucros


acumulados e dos balanços encerrados nos finais dos dois primeiros
anos da empresa A.

Tabela 2
DLPA da empresa A ao final de 20X1

Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados R$


Saldo em 31/12/20X0 100,00
(+) Lucro Líquido do exercício de 20X1 300,00
(=) Lucro Disponível 400,00
(–) Proposta para distribuição do Lucro (Dividendos) (75,00)
(=) Saldo de Lucros Acumulados em 31/12/X1 325,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

76 Contabilidade Geral
Tabela 3
Balanço Patrimonial em 31/12/20X0 e 31/12/20X1

Balanço Patrimonial da empresa A (em R$)


Ativos 31/12/20X0 31/12/20X1 Passivo e PL 31/12/20X0 31/12/20X1
Passivo
Ativo Circulante 100,00 100,00 100,00 75,00
Circulante
Passivo Não
200,00 200,00
Circulante
Total Exigível 300,00 275,00
Ativo Não
900,00 1.100,00 Capital Social 600,00 600,00
Circulante
Lucros
100,00 325,00
Acumulados
Patrimônio
700,00 925,00
Líquido
TOTAL 1.000,00 1.200,00 TOTAL 1.000,00 1.200,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Observando no Balanço, o saldo da conta de Lucros Acumulados no Saiba mais

segundo ano deveria mostrar o resultado da soma dos lucros dos dois Iudícibus e Marion (2009)
questiona o que se deve fazer
anos seguidos, ou seja, R$ 400,00 (R$ 100,00 + R$ 300,00). Contudo, apre-
com o lucro. Caso a empresa
senta R$ 325,00, R$ 75,00 a menos. Logo, precisamos de uma nova de- possa distribuir uma parcela
monstração que explique essa diferença no saldo dessa conta. do lucro aos proprietários ou
acionistas, como remuneração
Vamos examinar, a seguir, um modelo completo da DLPA, utilizado financeira ao seu capital inves-
nas pequenas e médias empresas com observações e explicações para tido, esta será conhecida como
Dividendos. Assim, o saldo não
eventuais correções e destino dos resultados. distribuído, denominado Lucros
Acumulados ou Lucros Retidos,
Tabela 4
fica na empresa para aumentar o
DLA ao final de 20X1, com 7 observações.
Patrimônio Líquido.

Demonstração de Lucros Acumulados R$


Saldo em 31/12/20X0 xx
(+/) Ajustes de exercícios anteriores (a) xx
(+) Lucro Líquido do exercício de 20X1 xx
(=) Lucro Disponível xx
(–) Proposta para distribuição do Lucro
a) Reserva Legal (b) xx
b) Reserva Estatutária (c)
xx
c) Reserva para Contigências (d) xx
(Continua)

Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL 77


Demonstração de Lucros Acumulados R$
d) Reserva Orçamentária (e)
xx
e) Reserva de Lucros a Realizar (f) xx
(–) Dividendos (g)
xx
(=) Saldo de Lucros Acumulados em 31/12/X1 xx

Fonte: Elaborada pelo autor.

Veja, a seguir, as observações, de (a) a (g).


a. Ajustes – Se um erro tiver sido cometido em um ano anterior,
gerando um aumento de lucro do primeiro período – exercício
1 ano de 20X0 –, e tal equívoco foi percebido apenas após o
encerramento dos relatórios contábeis. O correto seria refazer
aquela demonstração, no entanto, passada a data e estando no
exercício seguinte, é necessário retificar, ou seja, corrigir o saldo
de lucros acumulados no exercício 2, deduzindo aquele valor.
b. Reserva Legal – O objetivo é de proteção ao credor da
empresa. A Reserva Legal é constituída por 5% do lucro
líquido do exercício, obrigatoriamente até o máximo de 20%
do Capital Social. Pode ser usada somente para compensar
prejuízos ou aumentar o capital da empresa.
c. Reserva Estatutária – De acordo com a lei das sociedades
por ações (BRASIL, 1976), os estatutos da empresa podem
prever a constituição dessas reservas, desde que indicadas
suas finalidades, critérios e limites.
d. Reserva para Contingências – Têm a finalidade de compensar
alguma diminuição estimada nos lucros futuros, indicando as
possíveis causas.
e. Reserva Orçamentária – A Lei das sociedades por ações
(BRASIL, 1976) prevê a possibilidade de reter lucros para
uma eventual expansão da empresa, quando aprovada pela
assembleia geral dos acionistas.
f. Reserva de Lucros a Realizar – Se o lucro contábil ainda não foi
realizado, isto é, se não foi recebido financeiramente, a empresa
poderá criar uma Reserva de Lucros a Realizar. Por exemplo,
supondo que a empresa A tenha o controle acionário da

78 Contabilidade Geral
empresa B, caso B tenha contabilizado lucros, mas não
realizado financeiramente, e A tenha reconhecido tal valor
em sua demonstração, denominada Equivalência Patrimonial,
A pode criar essa reserva com a intenção de não distribuir
lucros sobre as parcelas ainda não realizadas.
g. Dividendos – Os proprietários, ou acionistas da empresa, podem
receber parte dos lucros. O estatuto da empresa pode estabelecer
uma percentagem, mas quando omisso, os acionistas terão direito
à metade do lucro ajustado, isto é, o lucro líquido do exercício
reduzido da Reserva Legal e da Reserva para Contingências.

Assim, observe a DLPA ou, simplesmente, a DLA da empresa A em


31/12/X1, com todas as contas do Patrimônio Líquido.

Tabela 5
DLA ao final de 20X1, com 7 observações.

Demonstração dos Lucros Acumulados R$


Saldo inicial 100,00

Lucro do ano 300,00

Ajustes

Saldo final 400,00

Aumento de capital

Reserva Legal (15,00)

Reserva Estatutária

Reserva Orçamentária (210,00)

Reservas p/ Contingências

Reservas de Lucros a Realizar

Dividendos (75,00)

Total (300,00)

Saldos em 31/12/20X1 100,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

E, a seguir, os Balanços Patrimoniais da empresa A com todas as


contas do Patrimônio Líquido.

Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL 79


Tabela 6
Balanços Patrimoniais da Empresa A (em R$)

Balanço Patrimonial
Ativos 31/12/20X0 31/12/20X1 Passivo e PL 31/12/20X0 31/12/20X1
Ativo Passivo
100,00 100,00 100,00 75,00
Circulante Circulante
Passivo Não
200,00 200,00
Circulante
Ativo Não
900,00 1.100,00
Circulante
Capital Social 600,00 600,00
Reserva Legal 15,00
Reserva
210,00
Orçamentária
Reserva de
100,00 100,00
Lucros
Patrimônio
700,00 925,00
Líquido
TOTAL 1.000,00 1.200,00 TOTAL 1.000,00 1.200,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

De acordo com as tabelas 5 e 6, podemos observar que a DLPA


ou, simplesmente, Lucros Acumulados, faz o mesmo que uma pon-
te, entre a DRE e o Balanço Patrimonial encerrado após esse perío-
do, ou exercício.

Estudo de caso
Elaboração da DMPL da Empresa A

Mesmo sendo uma empresa de pequeno porte e desobrigada a pu-


blicar a DMPL, a Empresa A pode prepará-la. Observe, a seguir, a DMPL
da empresa A e as explicações de como foi elaborada.

80 Contabilidade Geral
Tabela 7
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido da Empresa A

Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido da Empresa A (em R$)


Reservas de capital Reservas de Lucros
Capital Ágio na Outras Lucros
Movimentações Total
Realizado emissão reservas Legal Estatutária Contingências Orçamentária
Lucros a Acumulados
realizar
de ações de capital
Saldos em 31/12/20X0 600,00 0,00 100,00 700,00
Ajustes de exercícios 0,00 0,00
Aumento de capital 0,00
Reversões de reservas 0,00
Lucro Líquido do exercício 300,00 300,00
Reserva Legal (a) 15,00 (15,00) 0,00
Reserva Estatutária 0,00
(b)
Reserva Orçamentária 210,00 (210,00) 0,00
Reservas p/ Contingências 0,00
Reservas de Lucros a Realizar 0,00
(c)
Dividendos (75,00) (75,00)
Saldos em 31/12/20X1 600,00 0,00 15,00 210,00 225,00 100,00 925,00

Fonte: Elaborada pelo autor.


nessa DMPL.
Atenção

Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL


Observe que a DLA está inclusa

81
Observações:
a. A empresa constituiu uma Reserva Legal de 5% sobre o lucro do
ano. Esse valor poderá, no futuro, ser transferido como aumento
de capital, ou absorver eventuais prejuízos.
b. A Reserva Orçamentária constituiu 70% sobre o lucro do ano para
uma expansão da empresa prevista pelos proprietários.
c. A distribuição dos dividendos é uma remuneração financeira aos
sócios, ou proprietários da empresa.

Não ocorreram outros movimentos para aumentar ou diminuir o


Patrimônio Líquido.

Essa demonstração apresenta as origens e os destinos das seguin-


tes contas: Capital Social, Reservas de Capital, Reservas de Lucros, e
Lucros ou Prejuízos Acumulados. Ela também mostra os saldos dessas
contas no início de um período, as transferências entre elas e o saldo
ao final do período.

Do lucro de R$ 300,00 em 20X1, R$ 75,00 foram distribuídos aos pro-


prietários, como Dividendos, e R$ 225,00 foram transferidos para Re-
servas, totalizando um Patrimônio Líquido de R$ 700,00 para R$ 925,00.

Exemplo – A empresa B teve resultados positivos nos últimos dois


anos de atividade. Seu proprietário decidiu continuar a transferir parte
do Lucro Líquido do segundo ano: 5% para Reserva Legal, 30% para
Reserva Orçamentária e 25% para Dividendos.

Tabela 8
DRE da B (1º e 2º anos)

Demonstração dos Resultados do Exercício (em R$) 20X0 20X1


Receita de vendas 4.000,00 4.600,00

Custo dos Produtos Vendidos (2.500,00) (2.800,00)


Lucro Bruto 1.500,00 1.800,00
Despesas Administrativas (150,00) (200,00)
Despesas Comerciais (350,00) (400,00)
Despesas Financeiras (50,00) (70,00)
Lucro Operacional antes dos Impostos 950,00 1.130,00
Impostos (150,00) (130,00)
Lucro Líquido 800,00 1.000,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

82 Contabilidade Geral
Tabela 9
Demonstração de Lucros Acumulados.

DLA – Empresa B R$
Saldo em 31/12/20X0 320,00
(+/) Ajustes de exercícios anteriores 0,00
(+) Lucro Líquido do exercício de 20X1 1.000,00
(=) Lucro Disponível 1.320,00
(–) Proposta para distribuição do Lucro
a) Reserva Legal 50,00
b) Reserva Estatutária 0,00
c) Reserva para Contingências 0,00
d) Reserva Orçamentária 300,00
e) Reserva de Lucros a Realizar 0,00
(–) Dividendos 250,00
(=) Saldo de Lucros Acumulados em 31/12/X1 720,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

A seguir, o Balanço Patrimonial expõe a constituição dos Lucros Acu-


mulados, ou simplesmente Reservas. Nas empresas de grande porte e
de capital aberto, a denominação é de Reservas de Lucros, com exceção
da situação de prejuízos acumulados, que deve ser mencionada no lu-
gar de Reservas de Lucros.

Tabela 10
Balanço Patrimonial da Empresa B

Balanço Patrimonial da Empresa B (em R$)


Ativos 31/12/20X0 31/12/20X1 Passivo e PL 31/12/20X0 31/12/20X1
Ativo Passivo
200,00 500,00 200,00 400,00
Circulante Circulante
Passivo Não
400,00 450,00
Circulante
Total Exigível 600,00 850,00
Ativo Não
1.800,00 2.500,00 Capital Social 800,00 800,00
Circulante
Reserva Legal 40,00 90,00
Reserva
240,00 540,00
Orçamentária
Reserva de
320,00 720,00
Lucros
(Continua)

Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL 83


Balanço Patrimonial da Empresa B (em R$)
Ativos 31/12/20X0 31/12/20X1 Passivo e PL 31/12/20X0 31/12/20X1
Patrimônio
1.400,00 2.150,00
Líquido
TOTAL 2.000,00 3.000,00 TOTAL 2.000,00 3.000,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Atenção Esse exemplo é válido apenas para pequenas e médias empresas,


enquanto as outras deverão sempre preparar e apresentar a DMPL. A
Distribuir dividendos após
a constituição de reservas é DMPL incorpora a DLPA, mostrando todas as contas do Patrimônio Lí-
consequência de decisão dos quido e suas alterações durante o exercício encerrado. É uma demons-
proprietários, essa distribuição
mantém recursos suficientes tração mais completa e fundamental para análise do comportamento
para os planos de expansão da dos recursos próprios utilizados pela empresa. Para ilustrar as diferen-
empresa e, também, dá retorno ças entre essas demonstrações, vamos examinar DMPL da empresa B,
financeiro aos donos do capital.
na qual a DLA está inclusa.

Tabela 11
Modelo de uma DMPL da Empresa B com a DLA inclusa

Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – Empresa B (em R$)

Reservas de capital Reservas de Lucros


Lucros
Capital
Movimentações Acumu- Total
Realizado Ágio na Outras Lucros
Estatu- Contin- Orça- lados
emissão reservas Legal a
tária gências mentária
de ações de capital realizar
Saldos em
800,00 40,00 240,00 320,00 1.400,00
31/12/20X0
Ajustes de
0,00
exercícios

Aumento de
0,00
capital

Reversões de
0,00
reservas

Lucro Líquido
1.000,00 1.000,00
do exercício

Reserva Legal 50,00 (50,00) 0,00

Reserva
0,00
Estatutária

Reserva
300,00 (300,00) 0,00
Orçamentária

(Continua)

84 Contabilidade Geral
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – Empresa B (em R$)

Reservas de capital Reservas de Lucros


Lucros
Capital
Movimentações Acumu- Total
Realizado Ágio na Outras Lucros
Estatu- Contin- Orça- lados
emissão reservas Legal a
tária gências mentária
de ações de capital realizar
Reservas p/
0
Contingências
Reservas
de Lucros a 0
Realizar
Dividendos (250,00) (250,00)
Saldos em
800,00 0,00 0,00 90,00 0,00 0,00 540,00 0,00 720,00 2.150,00
31/12/20X1
Fonte: Elaborada pelo autor.

Atividade 1
A empresa C iniciou suas atividades no ano de 20X0. A DRE, a DLA e o Balanço
Patrimonial da empresa C do primeiro ano estão apresentados a seguir. Com as infor-
mações das ocorrências do ano de 20X1, prepare a DRE, a DLA, a DMPL e o Balanço
Patrimonial ao final de 20X1.

DRE da Empresa C (em R$) 20X0


Receitas das Vendas 10.000,00
Custo dos Produtos Vendidos (6.000,00)
Lucro Bruto 4.000,00
Despesas Administrativas (500,00)
Despesas Comerciais (2.000,00)
Despesas Financeiras (100,00)
Lucro antes dos impostos 1.400,00
Impostos (476,00)
Lucro Líquido 924,00

Demonstração dos Lucros Acumulados da Empresa C (em R$) 20X0


Saldo inicial 0,00
Lucro do ano 924,00
Saldo final 924,00
Aumento de capital 0,00
Reserva Legal (46,00)

(Continua)

Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL 85


Demonstração dos Lucros Acumulados da Empresa C (em R$) 20X0
Reserva Estatutária 0,00
Reserva Orçamentária (92,00)
Reservas p/ Contingências 0,00
Reservas de Lucros a Realizar 0,00
Dividendos (231,00)
Total (369,00)
Saldos = Reservas de Lucros em 31/12/20X0 555,00

Balanço Patrimonial da Empresa C (valores em R$)


ATIVO 20X0 PASSIVO 20X0
Caixa 600,00 Empréstimos 400,00
Aplicações financeiras 500,00 Fornecedores 676,00
Duplicatas a receber 800,00 Dividendos 231,00
Estoques 600,00 Passivo Circulante 1.307,00
Financiamento a longo
Ativo Circulante 2.500,00 1.500,00
prazo
Passivo Não Circulante 1.500,00
Capital social 9.000,00
Reserva Legal 46,00
Imobilizado 9.000,00 Reserva Orçamentária 92,00
Intangível 1.000,00 Reserva de lucros 555,00
Ativo Não Circulante 10.000,00 Patrimônio Líquido 9.693,00
TOTAL 12.500,00 TOTAL 12.500,00

Durante o ano de 20X1, na empresa C:


1. O valor total de vendas foi de R$ 11.000,00 durante o ano.
2. O custo dos produtos vendidos foi de R$ 6.600,00.
3. O total de despesas operacionais foi de R$ 3.050,00, entre administrativas
(R$ 550,00), comerciais (R$ 2.200,00) e financeiras (R$ 300,00).
4. O Imposto de Renda de 20X0 foi pago em 20X1.
5. O saldo a pagar de empréstimos aumentou em R$ 466,00.
6. O saldo a pagar a fornecedores aumentou R$ 274,00.
7. O saldo de financiamento a longo prazo reduziu em R$ 700,00.
8. Nos Ativos, o caixa aumentou para R$ 650,00.
9. As aplicações financeiras subiram para R$ 550,00.
10. As duplicatas a receber aumentaram em R$ 200,00.
11. Os estoques passaram para R$ 900,00.
12. Ocorreu um acréscimo no imobilizado de R$ 100,00.
13. O valor do intangível permaneceu o mesmo.
14. Não houve aumento de capital.
15. Do lucro líquido, a empresa provisionou 5% para reserva legal, 10% para reservas
orçamentárias, e 25% para dividendos a pagar no ano seguinte.
16. A alíquota de imposto de renda é de 34%.

86 Contabilidade Geral
Atividade 2
A seguir, observe a DRE da Empresa D para o ano de 20X1, o Balanço Patrimonial da
Empresa D, encerrado em 31/12/20X0, e as informações (todas em R$ mil) das ativida-
des do ano de 20X1. Prepare a DLA, a DMPL, e o Balanço Patrimonial em 31/12/20X1.
DRE da Empresa D (em R$ mil) 31/12/20X1
Receitas das vendas 1.400,00
Custo dos produtos vendidos (800,00)
Lucro Bruto 600,00
Despesas Administrativas (100,00)
Despesas Comerciais (100,00)
Despesas Financeiras (40,00)
Lucro antes dos impostos 360,00
Impostos (100,00)
Lucro Líquido 260,00

Balanço Patrimonial da Empresa D (em R$ mil)


ATIVO 31/12/20X0 PASSIVO 31/12/20X0
Caixa 50,00 Fornecedores a pagar 150,00
Duplicatas a receber 100,00 Salários e Impostos a pagar 80,00
Estoques 110,00 Empréstimos de curto prazo 50,00
Ativo Circulante 260,00 Passivo Circulante 280,00
Financiamento a longo prazo 120,00
Passivo Não Circulante 150,00
Capital social 105,00
Investimentos a
100,00 Reserva Legal 15,00
longo prazo
Imobilizado 210,00 Reserva Orçamentária 80,00
Intangível 130,00 Reserva de lucros 70,00
Ativo Não
440,00 Patrimônio Líquido 270,00
Circulante
TOTAL 700,00 TOTAL 700,00

Durante o ano de 20X1, a empresa D:


1. Vendeu R$ 1.400,00, com um custo dos produtos vendidos de R$ 800,00.
2. Teve um total de despesas de R$ 240,00, entre administrativas (R$ 100,00), comerciais
(R$ 100,00) e financeiras (R$ 40,00). O valor do imposto de renda foi de R$ 100,00.
3. Pagou em empréstimos de curto prazo R$ 60,00, em fornecedores R$ 195,00, e
em salários e impostos R$ 130,00.

(Continua)

Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL 87


4. Reduziu o financiamento a longo prazo para R$ 100,00.
5. Aumentou o saldo de caixa para R$ 100,00, as duplicatas a receber terminaram
com um saldo de R$ 200,00, e os estoques passaram para R$ 180,00.
6. Manteve os investimentos a longo prazo, continuaram com o mesmo valor.
No imobilizado ocorreu um acréscimo de R$ 80,00 e o valor do intangível
permaneceu o mesmo.
7. Aumentou o capital com a incorporação das reservas legais do ano anterior.
8. Provisionou 5% do Lucro Líquido a título de Reserva Legal, 10% do Lucro Líquido
a título de Reservas Orçamentárias e 25% do Lucro Líquido para Dividendos a
pagar no ano seguinte.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste capítulo, observamos o que é a DMPL, que considera uma
completa distribuição dos resultados, seja para os sócios por meio dos
dividendos, ou para o futuro da empresa. Isso corre por meio de plane-
jamento e direcionamento da incorporação dos resultados acumulados,
criando reservas para manutenção do capital, expansão dos investimen-
tos e contingências para eventuais resultados não esperados no futuro.

REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Poder Executivo,
Brasília, DF, 17 dez. 1976. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
l6404consol.htm. Acesso em: 17 mar. 2020.
BRASIL. Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Diário Oficial da União, Poder Executivo,
Brasília, DF, 28 dez. 2007. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2007/lei/l11638.htm. Acesso em: 17 mar. 2020.
IUDÍCIBUS, S.; MARION, J. C. Curso de Contabilidade para não contadores. 6. ed. São Paulo:
Atlas, 2009.

88 Contabilidade Geral
GABARITO
1.

Demonstração de Resultados da Empresa C (em R$) 20X1


Receitas das vendas 11.000,00
Custo dos produtos vendidos (6.600,00)
Lucro bruto 4.400,00
Despesas Administrativas (550,00)
Despesas Comerciais (2.200,00)
Despesas Financeiras (300,00)
Lucro antes dos impostos 1.350,00
Impostos (459,00)
Lucro líquido 891,00

Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (em R$) 20X1


Saldo inicial 555,00
Lucro do ano 891,00
Saldo final 1.446,00
Aumento de capital 0,00
Reserva Legal (44,55)
Reserva Estatutária 0,00
Reserva Orçamentária (89,10)
Reservas p/ Contingências 0,00
Reservas de Lucros a Realizar 0,00
Dividendos (222,75)
Total (356,40)
Saldos = Reservas de Lucros em 31/12/20X0 534,60

Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL 89


90
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido da Empresa C em 20X1 (R$)
Reservas de capital Reservas de Lucros

Contabilidade Geral
Capital Outras Lucros
Movimentações Ágio na Total
Realizado reservas Acumulados
emissão de Legal Estatutária Contingências Orçamentária
de
ações
capital
Saldos em
9.000,00 46,00 92,00 555,00 9.693,00
31/12/20X0
Ajustes de
0,00
exercícios
Aumento de
0,00 0,00
capital
Reversões de
0,00
reservas
Lucro Líquido
891,00 891,00
do exercício
Reserva Legal 44,55 (44,55)
Reserva
Estatutária
Reserva
89,10 (89,10) 0,00
Orçamentária
Reservas p/
0,00
Contingências
Reservas
de Lucros a 0,00
Realizar
Dividendos (222,75) (222,75)
Saldos em
9.000,00 0,00 0,00 90,55 0,00 0,00 181,10 1.089,60 10.361,25
31/12/20X1
Balanço Patrimonial da Empresa C (em R$).
ATIVO 31/12/20X0 31/12/20X1 PASSIVO 31/12/20X0 31/12/20X1
Caixa 600,00 650,00 Empréstimos 400,00 866,00
Aplicações
500,00 550,00 Fornecedores 676,00 950,00
financeiras
Duplicatas a
800,00 1.000,00 Dividendos 231,00 222,75
receber
Passivo
Estoques 600,00 900,00 1.307,00 2.038,75
Circulante
Ativo Financiamento
2.500,00 3.100,00 1.500,00 800,00
Circulante a longo prazo
Passivo Não
1.500,00 800,00
Circulante
Capital social 9.000,00 9.000,00
Reserva Legal 46,00 90,55
Reserva
Imobilizado 9.000,00 9.100,00 92,00 181,10
Orçamentária
Reservas de
Intangível 1.000,00 1.000,00 555,00 1.089,60
lucros
Ativo Não Patrimônio
10.000,00 10.100,00 9.693,00 10.361,25
Circulante Líquido
TOTAL 12.500,00 13.200,00 TOTAL 12.500,00 13.200,00

2.
DLA da Empresa D (em R$ mil) 20X1
Reserva de Lucros em 31/12/20X0 70,00
Lucro do ano 260,00
Saldo final 330,00
Aumento de capital 15,00
Reserva Legal - 13,00
Reserva Estatutária
Reserva Orçamentária - 26,00
Reservas p/ Contingências
Reservas de Lucros a Realizar
Dividendos - 65,00
Total - 104,00
Reservas de Lucros em 31/12/20X1 226,00

Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL 91


92
Contabilidade Geral
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido da Empresa D em 20X1 (R$ mil)
Reservas de capital Reservas de Lucros

Capital Ágio na Lucros


Movimentações Outras Total
Realizado emissão Acumulados
reservas Legal Estatutária Contingências Orçamentária
de
de capital
ações
Saldos em 31/12/20X0 105,00 15,00 80,00 70,00 270,00
Ajustes de exercícios 0,00
Aumento de capital 15,00 - 15,00 0,00
Reversões de reservas 0,00
Lucro Líquido do
260,00 260,00
exercício
Reserva Legal 13,00 - 13,00
Reserva Estatutária
Reserva Orçamentária 26,00 - 26,00
Reservas p/
0
Contingências
Reservas de Lucros a
0
Realizar
Dividendos - 65,00 - 65,00
Saldos em 31/12/20X1 120,00 0,00 0,00 13,00 0,00 0,00 106,00 226,00 465,00
Balanço Patrimonial da Empresa D (em R$ mil)
ATIVO 31/12/20X0 31/12/20X1 PASSIVO 31/12/20X0 31/12/20X1
Fornecedores a
Caixa 50,00 100,00 150,00 195,00
pagar
Salários e
Duplicatas a
100,00 200,00 Impostos a 80,00 130,00
receber
pagar
Empréstimos de
Estoques 110 180,00 50,00 60,00
curto prazo
Ativo Passivo
260,00 480,00 280,00 385,00
Circulante Circulante
Financiamento
120,00 100,00
de longo prazo
Passivo Não
150,00 150,00
Circulante
Capital social 105,00 120,00
Investimentos
100,00 100,00 Reserva Legal 15,00 13,00
de longo prazo
Reserva
Imobilizado 210,00 290,00 80,00 106,00
Orçamentária
Reserva de
Intangível 130,00 130,00 70,00 226,00
lucros
Ativo Não Patrimônio
440,00 520,00 270,00 465,00
Circulante Líquido
TOTAL 700,00 1.000,00 TOTAL 700,00 1.000,00

Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL 93


5
Demonstração dos
Fluxos de Caixa
As atividades de uma empresa geram resultados, que a cada
período de apuração podem ser positivos ou negativos, depen-
dendo da diferença entre os ganhos e os gastos. Pelo princípio da
realização, visto no segundo capítulo, as receitas (ganhos), os cus-
tos e as despesas (gastos) são registrados pelo regime de compe-
tência, isto é, pelo fato gerador de cada uma no período contábil,
independentemente de seu recebimento ou pagamento. Por essa
razão, surgiu a necessidade de um novo relatório para demonstrar
os fluxos de recursos – os valores de entrada e saída na empresa
durante o período – e propiciar uma melhor capacidade de gestão
financeira da empresa.

5.1 Demonstração dos Fluxos de Caixa


Vídeo Com ganhos superiores aos gastos incorridos no período, o regime
revela lucro. No entanto, sem a seleção dos valores recebidos e pagos den-
tro do período, mesmo que parcialmente, não se pode afirmar se o lucro
está ou não disponível, ou seja, em caixa. Além disso, a boa gestão de re-
cursos financeiros deve exigir o conhecimento dos recursos obtidos e seus
destinos, sempre com o objetivo de preservar a liquidez da empresa, isto
é, a capacidade de honrar seus compromissos. Assim, a Demonstração
dos Fluxos de Caixa (DFC) vai contemplar todos os recursos financeiros,
obtidos e utilizados pela empresa em determinado período.

Com a mudança da Lei n. 6.404/76 pela Lei n. 11.638/2007, todas as


grandes empresas, inclusive as de capital aberto, passaram a ter como
obrigação a preparação dessa nova demonstração. A Lei n. 11.638 con-
templou a substituição da Demonstração das Origens e Aplicações de
Recursos (DOAR) com ênfase na variação do capital circulante líquido,

94 Contabilidade Geral
diferença entre Ativo e Passivo Circulante, para destacar todos os itens
que alteram o saldo de caixa da empresa em determinado período.

A DFC é um instrumento de controle dos recursos utilizados e apli-


cados na empresa, que permite ao gestor preparar um melhor pla-
nejamento financeiro, evitando tanto o excesso de recursos quanto
a falta deles.

Cabe, agora, uma importante observação a respeito do significado


de Fluxo de Caixa, em que são consideradas apenas as entradas e saí-
das de dinheiro. A DFC indica, além das entradas e saídas de dinheiro
do caixa, todo o resultado do fluxo financeiro, ou seja, considera o fluxo
de outros investimentos, de outros financiamentos e dividendos (IUDÍ-
CIBUS; MARION, 2009, p. 112). Na DFC, que é mais abrangente do que a
DRE, são contemplados todos os fluxos financeiros gerados e aplicados,
bem como separados em três divisões:
a. fluxo das atividades operacionais;
b. fluxo das atividades de investimentos;
c. fluxo das atividades de financiamentos.

A primeira divisão, denominada fluxo das atividades operacionais,


deve compreender todos os recursos utilizados na geração do resul-
tado operacional dos negócios da empresa, como foi obtido esse re-
sultado e o que foi feito com ele. Por isso, devemos nos concentrar no
lucro, nos investimentos e financiamentos exclusivamente dedicados à
operação básica da empresa.

A segunda divisão, chamada fluxo das atividades de investimentos,


deve compreender todos os recursos aplicados ou originados dos in-
vestimentos nos Ativos não operacionais, tais como aplicações ou redu-
ções nos investimentos a longo prazo – em outras empresas coligadas
ou não –, nos investimentos em imobilizado, bem como no intangível.
Trata-se de investimentos estruturais e não operacionais. A diferença
pode ser exemplificada entre os estoques de produtos para revenda
e uma máquina industrial: enquanto o estoque deve ser vendido para
se obter resultado da atividade, se a máquina não produzir, não dará
resultados à empresa.

A terceira divisão, fluxo das atividades de financiamentos, deve com-


preender todos os recursos originados ou reduzidos nos financiamen-
tos não operacionais, tais como aumentos ou reduções nas dívidas a

Demonstração dos Fluxos de Caixa 95


longo prazo, no aumento ou na redução do capital social e nas distri-
buições de dividendos.

Exemplo

Vamos considerar o caso da empresa E, em que um dos sócios co-


locou como capital um imóvel no valor de R$ 5 mil em 01/01/20X0. Na
mesma data, adquiriu produtos para revenda no valor de R$ 2 mil, para
pagamento a prazo, com crédito dos fornecedores.

Tabela 1
Balanço Patrimonial da Empresa E (inicial, em R$)

ATIVO 01/01 PASSIVO 01/01


Estoques 2.000,00 Fornecedores 2.000,00
Imobilizado 5.000,00 Capital social 5.000,00
TOTAL 7.000,00 TOTAL 7.000,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Considere o seguinte histórico de ocorrências do período de 01/01


até 31/01/20X0:
1. O sócio abriu a empresa E com um capital social de R$ 5 mil,
sob a forma de um investimento imobilizado, com sua casa para
utilizar como loja.
2. Tratando-se de uma empresa comercial, adquiriu produtos para
revender no valor de R$ 2 mil, com crédito dos fornecedores.
3. Durante o primeiro mês de atividade, vendeu produtos no valor
de R$ 1.500,00, com custo de R$ 1.000,00. Mostrou despesas
operacionais de R$ 300,00, impostos de R$ 100,00, e realização
de lucro no valor de R$ 100,00.

Perceba que, no Passivo, se manteve a dívida com os fornecedores


(R$ 2 mil), além de acrescentar mais duas, uma referente às despesas
operacionais (R$ 200,00), e outra aos impostos (R$ 100,00). Já no Ativo, o
caixa passou a registrar R$ 900,00, mais R$ 1.000,00 em valores a rece-
ber, e a queda nos estoques de R$ 2 mil para R$ 500,00. Nesse simples
exemplo, sem muita dificuldade, podemos perceber que parte da ven-
da foi à vista (R$ 1.000,00) e parte a prazo (R$ 1.000,00). Das despesas
operacionais, apenas R$ 100,00 foram pagas no período, restando pagar
R$ 200,00, além dos impostos no valor de R$ 100,00. O lucro contábil do

96 Contabilidade Geral
período, portanto, vai fechar o Balanço Patrimonial em “Lucros Acumula-
dos” com o Patrimônio Líquido.

Observe nas Tabelas 2 e 3 os resultados e os Balanços Patrimoniais.

Tabela 2
Demonstração de Resultados do Exercício da Empresa E

DRE – Mês 01/20X0 R$


Receita de vendas 2.000,00
Custo dos produtos vendidos (1.500,00)
Lucro Bruto 500,00
Despesas operacionais (300,00)
Lucro operacional 200,00
Impostos (100,00)
Lucro do período 100,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Tabela 3
Balanços Patrimoniais (antes e após a atividade do mês 1)

Balanços Patrimoniais da Empresa E (em R$) Ano de 20X0


ATIVO 01/01 31/01 PASSIVO 01/01 31/01
Caixa 0 900,00 Fornecedores 2.000,00 2.000,00
Despesas operacio-
Contas a receber 0 1.000,00 0 200,00
nais
Estoques 2.000,00 500,00 Impostos 100,00
Ativo Circulante 2.000,00 2.400,00 Passivo Circulante 2.000,00 2.300,00
Outros investimentos 0 0 Capital social 5.000,00 5.000,00
Imobilizado 5.000,00 5.000,00 Lucros Acumulados 0 100,00
Ativo Não Circulan-
5.000,00 5.000,00 Patrimônio Líquido 5.000,00 5.100,00
te
TOTAL 7.000,00 7.400,00 TOTAL 7.000,00 7.400,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Observe que o Lucro é de R$ 100,00, ainda que o caixa tenha Atenção


registrado o valor de R$ 900,00, isso ocorre porque a DFC conside- Em todos os três fluxos, os
ra, além de todas as ocorrências de dinheiro (entradas e saídas), valores podem ser positivos, se
tiveram entrada, ou negativos, se
outros fluxos financeiros. Nesse primeiro exemplo, vamos mostrar
ocorreram saídas.
um resumo dos fluxos de caixa e, na próxima seção, os modelos
aprovados pelas normas contábeis.

Demonstração dos Fluxos de Caixa 97


Tabela 4
Demonstração dos Fluxos de Caixa da Empresa E

DFC (resumida em R$) Mês 1


Recebido de clientes 1.000,00
Pagamento a fornecedores 0
Pagamento de despesas operacionais (100,00)
Pagamento de impostos 0
Fluxo das atividades operacionais 900,00
Outros Investimentos em longo prazo 0
Imobilizado 0
Fluxo dos investimentos 0
Capital Social 0
Dividendos 0
Fluxo dos financiamentos 0
VARIAÇÃO DE CAIXA 900,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Observações:
1. No fluxo das atividades operacionais, a empresa recebeu R$ 1.000,00
de seus clientes e pagou R$ 100,00 das despesas operacionais.
2. No fluxo dos investimentos, não houve alterações, tanto nos
valores de outros investimentos quanto do imobilizado.
3. No fluxo dos financiamentos, não ocorreu alteração no capital
social e distribuição de lucros (dividendos).

Com as vendas pagas à vista, o pagamento de R$ 1 mil aos fornece-


dores e de todas as despesas operacionais e impostos, o Balanço e a
DFC da empresa E ficariam assim:

Tabela 5
Balanços Patrimoniais (antes e após a atividade do mês 1)

Balanços Patrimoniais da Empresa E (em R$) Ano de 20X0


ATIVO 01/01 31/01 PASSIVO 01/01 31/01
Caixa 0 600,00 Fornecedores 2.000,00 1.000,00
Estoques 2.000,00 500,00 Passivo Circulante 2.000,00 1.000,00
Ativo Circulante 2.000,00 1.100,00 Capital social 5.000,00 5.000,00
Imobilizado 5.000,00 5.000,00 Lucros Acumulados 0 100,00

(Continua)

98 Contabilidade Geral
Balanços Patrimoniais da Empresa E (em R$) Ano de 20X0
Ativo Não Circulante 5.000,00 5.000,00 Patrimônio Líquido 5.000,00 5.100,00
TOTAL 7.000,00 6.100,00 TOTAL 7.000,00 6.100,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Tabela 6
Demonstração dos Fluxos de Caixa da empresa E

DFC (resumida em R$)* Mês 1


Recebido de clientes 2.000,00
Pagamento a fornecedores (1.000,00)
Pagamento de despesas operacionais (300,00)
Pagamento de impostos (100,00)
Fluxo das atividades operacionais 600,00
Outros investimentos de longo prazo 0
Imobilizado 0
Fluxo dos investimentos 0
Capital Social 0
Dividendos 0
Fluxo dos financiamentos 0
VARIAÇÃO DE CAIXA 600,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Observações:
1. No fluxo das atividades operacionais, a empresa recebeu
R$ 2 mil de seus clientes, pagou R$ 1 mil aos fornecedores,
R$ 300,00 das despesas operacionais e R$100,00 dos impostos,
sobrando R$ 600,00 a mais em caixa.
2. No fluxo dos investimentos, não houve alterações, tanto nos
valores de outros investimentos quanto no de imobilizado.
3. No fluxo dos financiamentos, não ocorreu alteração no capital
social ou na distribuição de lucros (dividendos).

Exemplo 2 (empresa F)

Vamos considerar o caso de uma empresa comercial denominada


empresa F, em que seu proprietário colocou como capital R$ 10 mil em
dinheiro, no dia 01/01/20X0. Na mesma data, adquiriu produtos para re-
venda no valor de R$ 1 mil, com crédito dos fornecedores, e alugou uma
loja por R$ 500,00 mensais, a pagar no quinto dia útil do mês seguinte.

Demonstração dos Fluxos de Caixa 99


Tabela 7
Balanço Patrimonial da empresa F (inicial, em R$)

ATIVO 01/01 PASSIVO 01/01


Caixa 10.000,00 Fornecedores 1.000,00
Estoques 1.000,00 Capital social 10.000,00

TOTAL 11.000,00 TOTAL 11.000,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Observe, a seguir, os registos das atividades da empresa F no perío-


do de 01/01 a 31/01/20X0.
1. O sócio abriu a empresa F com um capital social de R$ 10 mil,
em dinheiro. Como empresa comercial, adquiriu produtos para
revenda, no valor de R$ 1 mil, com crédito dos fornecedores.
2. Durante o primeiro mês de atividades, vendeu produtos no
valor de R$ 2 mil, com custo de R$ 1 mil. Adquiriu equipamentos
para a loja, no valor de R$ 3 mil, financiados a curto prazo, e
teve despesas com aluguel de R$ 500,00. Os impostos a pagar
somaram R$ 200,00 e o lucro foi de R$ 300,00.

Observe, no Passivo, a liquidação de dívida com os fornecedores


e o aparecimento de mais três, uma referente ao aluguel (R$ 500,00),
outra aos impostos (R$ 200,00) e o financiamento dos equipamentos
(R$ 3 mil). Observe, também, no Ativo, o caixa de R$ 9 mil, agora com
mais R$ 2 mil em valores a receber e a queda nos estoques de R$ 1 mil
para zero. Nesse segundo exemplo, podemos perceber que a venda de
R$ 2 mil foi a prazo. As despesas com o aluguel de R$ 500,00 não foram
pagas, e tampouco os impostos no valor de R$ 200,00. Os equipamen-
tos para a loja, no valor de R$ 3 mil, foram financiados a curto prazo e
o lucro contábil do período vai fechar o Balanço Patrimonial em Lucros
Acumulados, com o Patrimônio Líquido.

A tabela, a seguir, mostra os resultados da empresa F, no início de


suas atividades.

Tabela 8
Demonstração de Resultados do Exercício da Empresa F

DRE – Mês 01/20X0 R$


Receita de vendas 2.000,00
Custo dos produtos vendidos (1.000,00)
Lucro Bruto 1.000,00
(Continua)

100 Contabilidade Geral


DRE – Mês 01/20X0 R$
Despesas com aluguel (500,00)
Lucro operacional 500,00
Impostos (200,00)
Lucro do período 300,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Observe a alteração em seus Balanços Patrimoniais, após o tér-


mino do mês:

Tabela 9
Balanços Patrimoniais (antes e após a atividade do mês 1)

Balanços Patrimoniais da Empresa F (em R$) Ano de 20X0


ATIVO 01/01 31/01 PASSIVO 01/01 31/01
Caixa 10.000,00 9.000,00 Fornecedores 1.000,00 0

Contas a receber 0 2.000,00 Aluguel 0 500,00

Estoques 1.000,00 0 Impostos 0 200,00

Financiamento de
xxxxxxxxx 0 0 3.000,00
equipamentos
Ativo Circulan-
11.000,00 11.000,00 Passivo Circulante 1.000,00 3.700,00
te
Outros investi-
0 0 Capital social 10.000,00 10.000,00
mentos
Imobilizado 0 3.000,00 Lucros Acumulados 0 300,00

Ativo Não Cir-


0 3.000,00 Patrimônio Líquido 10.000,00 10.300,00
culante
TOTAL 11.000,00 14.000,00 TOTAL 11.000,00 14.000,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Ao observar a redução de caixa em R$ 1 mil, do início ao fim


do período, a pergunta que se pode fazer é: por que o Lucro é de
R$ 300,00, se o Caixa ficou com R$ 9 mil? Assim como no exemplo
anterior, devemos nos lembrar de que a DFC considera todas as
ocorrências de dinheiro (entradas e saídas), além de outros fluxos
financeiros.

Tabela 10
Demonstração dos Fluxos de Caixa da Empresa F

DFC (resumida em R$)* Mês 1


Recebido de clientes 0
Pagamento a fornecedores (1.000,00)
(Continua)

Demonstração dos Fluxos de Caixa 101


DFC (resumida em R$)* Mês 1
Pagamento de despesas operacionais 0
Pagamento de impostos 0
Fluxo das atividades operacionais (1.000,00)
Outros Investimentos em longo prazo 0
Imobilizado (3.000,00)
Fluxo dos investimentos (3.000,00)
Capital Social 0
Financiamento de equipamentos 3.000,00
Dividendos 0
Fluxo dos financiamentos 3.000,00
VARIAÇÃO DE CAIXA (1.000,00)

Fonte: Elaborada pelo autor.

Observações:
1. No fluxo das atividades operacionais, a empresa pagou R$ 1 mil
aos fornecedores.
2. No fluxo dos investimentos, adquiriu equipamentos para a loja
no valor de R$ 3 mil, como imobilizado.
3. No fluxo dos financiamentos, financiou R$ 3 mil para os
equipamentos adquiridos. Não ocorreu alteração no capital
social, e não houve distribuição de lucros (dividendos).

Com algumas alterações no seu histórico, vamos verificar como fi-


cariam o nosso Balanço final e a DFC da empresa F. Suponhamos que
parte das vendas foram recebidas, R$ 1 mil, e o restante ficou como
saldo a receber no futuro. Os estoques foram repostos com R$ 2 mil
em produtos para futura revenda, com crédito dos fornecedores, os
equipamentos foram 100% financiados a longo prazo e as despesas
com aluguel e impostos foram totalmente pagas. Observe como ficaria
o Balanço Patrimonial da empresa F (Tabela 11) e a DFC (Tabela 12):

Tabela 11
Balanços Patrimoniais (antes e após a atividade do mês 1)

Balanços Patrimoniais da Empresa F (em R$) Ano de 20X0


ATIVO 01/01 31/01 PASSIVO 01/01 31/01
Caixa 10.000,00 10.300,00 Fornecedores 1.000,00 3.000,00
Duplicatas a receber 0 1.000,00 Aluguel 0 0
Estoques 1.000,00 2.000,00 Impostos 0 0
(Continua)

102 Contabilidade Geral


Balanços Patrimoniais da Empresa F (em R$) Ano de 20X0
Ativo Circulante 11.000,00 13.300,00 Passivo Circulante 1.000,00 3.000,00
Financiamento de
xxxxxxxxx 0 0 equipamentos a 0 3.000,00
longo prazo
Passivo Não Cir-
xxxxxxxxx 0 0 0 3.000,00
culante
Outros investimen-
0 0 Capital social 10.000,00 10.000,00
tos
Imobilizado 0 3.000,00 Lucros Acumulados 0 300,00
Ativo Não Circu- Patrimônio Lí-
0 3.000,00 10.000,00 10.300,00
lante quido
TOTAL 11.000,00 16.300,00 TOTAL 11.000,00 16.300,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Tabela 12
Nova Demonstração dos Fluxos de Caixa da empresa F

DFC (resumida em R$)* Mês 1


Recebido de clientes 1.000,00
Acréscimo nas vendas a prazo (1.000,00)
Pagamento de aluguel (500,00)
Pagamento de impostos (200,00)
Acréscimo nos estoques (1.000,00)
Acréscimo com fornecedores 2.000,00
Fluxo das atividades operacionais 300,00
Outros Investimentos em longo prazo 0
Imobilizado (3.000,00)
Fluxo dos investimentos (3.000,00)
Financiamento dos equipamentos 3.000,00
Capital Social 0
Dividendos 0
Fluxo dos financiamentos 3.000,00
VARIAÇÃO DE CAIXA 300,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Observações:
1. No fluxo das atividades operacionais, a empresa aumentou R$ 1 mil
em estoque, usando o crédito de R$ 2 mil dos fornecedores, recebeu
R$ 1 mil de seus clientes, financiou R$ 1 mil aos fornecedores,
pagou R$ 500,00 de aluguel e R$ 200,00 de impostos.

Demonstração dos Fluxos de Caixa 103


2. No fluxo dos investimentos, registrou os equipamentos de R$ 3 mil.
3. No fluxo dos financiamentos, investiu R$ 3 mil para os
equipamentos.
4. Desse modo, ocorreu um acréscimo no caixa, de 01/01 a
31/01/20X0.

Assim, podemos observar que a DFC separa os recursos nos negó-


cios. O conjunto daqueles que compõem a atividade básica da empresa
é denominado Fluxo das Atividades Operacionais; em seguida, temos os
investimentos e os financiamentos.

Veja, no exemplo da empresa F, o acréscimo nos estoques e os valo-


res a receber de clientes como aumento nos investimentos operacionais.
Os novos créditos com os fornecedores são considerados aumentos
no financiamento das atividades operacionais. Já os investimentos em
equipamentos não estão diretamente ligados às atividades, podemos
considerá-los como investimentos estruturais. Isso porque suportam
as atividades, mas não fornecem resultados por si sós aos negócios,
podendo no futuro aumentar a eficiência da gestão, seja na fabricação
(caso das indústrias), seja na administração (caso de todas empresas).

Caso os Ativos não sejam pagos à vista, constará também do


fluxo dos financiamentos. A razão para tal separação é que deve-
mos considerar nos fluxos das atividades operacionais todos os re-
cursos associados com o cotidiano dos negócios. Em uma empresa
comercial, aumentar os estoques possibilita ter mais atividade;
receber crédito dos fornecedores permite a ela ter recursos para
pagá-los após o recebimento da venda dos produtos. Dar prazo
aos clientes é procurar atender às necessidades deles e, por conse-
quência, aumentar as vendas da empresa.

5.2 Estrutura e metodologias


Vídeo As normas contábeis permitem às empresas com obrigações de
preparar e publicar sua DFC, optar por um entre dois modelos, o direto
e o indireto.

No Fluxo das Atividades Operacionais, o modelo direto consi-


dera os recursos que entraram e os que saíram do caixa. O modelo
indireto também mostra os resultados das atividades que afetam
o caixa. Contudo, é importante lembrar que as despesas com de-
preciação não afetam o caixa, pois são contabilizadas apenas para

104 Contabilidade Geral


custear as operações, e não são desembolsadas. Além disso, o mo- Atenção
delo mostra as alterações nos Ativos e Passivos Circulantes consi- A DRE segue o regime de
competência e, por esse método,
derados nas atividades operacionais. Para os outros dois, o Fluxo
não é um relatório considerado
dos Investimentos e o Fluxo dos Financiamentos, não há diferença financeiro, ou seja, não mostra
entre os modelos. os valores de entrada e tam-
pouco os de saída de caixa para
Exemplo 1 (empresa E) aquele período. Desse modo,
devemos considerar a DRE
Voltando ao nosso primeiro exemplo, da empresa E, para com- como um relatório econômico,
parar o uso dos dois modelos de fluxos de caixa, vamos visualizar ou seja, de fluxo econômico, e
ambos os modelos, direto e indireto, e observar as diferenças en- não financeiro ou de caixa. E a
despesa com depreciação é um
tre eles, com o histórico do período de um mês e a DRE abaixo na caso típico de despesa que não
Tabela 13 igual à Tabela 2: afeta o caixa.

Tabela 13
Demonstração de Resultados do Exercício da Empresa E

DRE – Mês 01/20X0 R$


Receita de vendas 2.000,00
Custo dos produtos vendidos (1.500,00)
Lucro Bruto 500,00
Despesas operacionais (300,00)
Lucro operacional 200,00
Impostos (100,00)
Lucro do período 100,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Ao terminar o mês, os seus Balanços Patrimoniais estão na Tabela 14,


igual à Tabela 3:

Tabela 14
Balanços Patrimoniais (antes e após a atividade do mês 1)

Balanços Patrimoniais da Empresa E (em R$) Ano de 20X0


ATIVO 01/01 31/01 PASSIVO 01/01 31/01
Caixa 0 900,00 Fornecedores 2.000,00 2.000,00
Contas a receber 0 1.000,00 Despesas operacionais 0 200,00
Estoques 2.000,00 500,00 Impostos 100,00
Ativo Circulante 2.000,00 2.400,00 Passivo Circulante 2.000,00 2.300,00
Outros investimentos 0 0 Capital social 5.000,00 5.000,00
Imobilizado 5.000,00 5.000,00 Lucros Acumulados 0 100,00
Ativo Não Circulan-
5.000,00 5.000,00 Patrimônio Líquido 5.000,00 5.100,00
te
TOTAL 7.000,00 7.400,00 TOTAL 7.000,00 7.400,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Demonstração dos Fluxos de Caixa 105


Comparativo entre os dois modelos da DFC, direto e indireto:

Tabela 15
Demonstração dos Fluxos de Caixa da Empresa E

DFC (em R$) – direto Mês 1 DFC (em R$) – indireto Mês 1
Recebido de clientes 1.000,00 Lucro 100,00
Pagamento a fornecedores 0 Variação em Contas a Receber (1.000,00)
Pagamento de despesas operacionais (100,00) Variação com Estoques 1.500,00
Pagamento de impostos 0 Variação com Fornecedores 0
xxxxxxxxx 0 Variação com despesas e impostos 300,00
Fluxo das atividades operacionais 900,00 Fluxo das atividades operacionais 900,00
Outros investimentos em longo prazo 0 Outros investimentos em longo prazo 0
Imobilizado 0 Imobilizado 0
Fluxo dos investimentos 0 Fluxo dos investimentos 0
Capital Social 0 Capital Social 0
Dividendos 0 Dividendos 0
Fluxo dos financiamentos 0 Fluxo dos financiamentos 0
VARIAÇÃO DE CAIXA 900,00 VARIAÇÃO DE CAIXA 900,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Observações:

As diferenças se concentram apenas no Fluxo das Atividades Ope-


racionais. O modelo direto leva em conta os valores de entrada e saída
de caixa. O indireto considera o resultado de R$ 100,00, adicionado aos
R$ 300,00 de financiamentos operacionais com despesas e impostos,
com a redução de R$ 1.500,00 nos investimentos em estoques, e dimi-
nuído de R$ 1 mil, no aumento dos investimentos em contas a receber
de clientes, por vendas a prazo, gerando R$ 900,00 a mais em caixa.
Isto é, R$ 100,00 + R$ 200,00 + R$ 100,00 + R$ 1.500,00 – R$ 1.000,00 =
R$ 900,00. Observe que tanto o Fluxo dos Investimentos quanto o de
Financiamentos são iguais nos dois modelos.

No modelo indireto, uma regra prática para a classificação dos va-


lores é pensar nos Ativos como investimentos, e nos Passivos como
financiamentos. Para uma pessoa investir, sai recurso, e quando finan-
cia algo, recebe recurso. Nas empresas ocorre o mesmo. Na compra de
um produto para revendê-lo, há um investimento, seja com dinheiro
de seu caixa, seja com crédito do fornecedor. Logo, consideramos sinal
negativo no fluxo dos Ativos operacionais pelo aumento de estoque.
De outro lado, se a aquisição for com crédito do fornecedor, ocorre

106 Contabilidade Geral


um aumento de financiamento, portanto, uma entrada de recurso pelo
aumento do Passivo; logo, o sinal será positivo no fluxo dos Passivos Atenção
operacionais. Na venda do produto à vista, há um aumento do caixa, e A regra prática serve para o
modelo indireto em toda DFC:
na venda a prazo, um acréscimo em contas a receber no Ativo; logo, o
Acréscimo de Ativo e Decréscimo
sinal será negativo no fluxo dos Ativos operacionais.
de Passivo = sinal negativo.
Nos exemplos citados, os estoques e as contas a receber são con- Decréscimo de Ativo e Acréscimo
siderados no fluxo das atividades operacionais. Isso porque sem pro- de Passivo = sinal positivo.

dutos e sem conceder prazo para pagamento das vendas, os negócios


seriam quase nulos, com exceção das vendas à vista, as quais resulta-
riam em um aumento direto no caixa. Por outro lado, para manter um
certo nível de negócios, é usual contar com crédito dos fornecedores,
além de outros gastos para manutenção das atividades, como salários,
impostos, contas a pagar de telefonia, propaganda, aluguel etc.

Exemplo 2 (empresa F)

Vamos, novamente, visualizar ambos modelos, direto e indireto, ob-


servando as diferenças entre eles, mas, dessa vez, com a empresa F,
usando o histórico no período de 01/01 a 31/01/20X0:

Tabela 16
Demonstração de Resultados do Exercício da Empresa F

DRE – Mês 01/20X0 R$


Receita de vendas 2.000,00
Custo dos produtos vendidos (1.000,00)
Lucro Bruto 1.000,00
Despesas com aluguel (500,00)
Lucro operacional 500,00
Impostos (200,00)
Lucro do período 300,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

A Tabela 17 representa os Balanços Patrimoniais ao fim do mês.

Tabela 17
Balanços Patrimoniais (antes e após a atividade do mês 1)

Balanços Patrimoniais da Empresa F (em R$) Ano de 20X0


ATIVO 01/01 31/01 PASSIVO 01/01 31/01
Caixa 10.000,00 9.000,00 Fornecedores 1.000,00 0

Contas a receber 0 2.000,00 Aluguel 0 500,00

Estoques 1.000,00 0 Impostos 0 200,00


(Continua)

Demonstração dos Fluxos de Caixa 107


Balanços Patrimoniais da Empresa F (em R$) Ano de 20X0
Financiamento de
xxxxxxxxx 0 0 3.000,00
equipamentos
Ativo Circulante 11.000,00 11.000,00 Passivo Circulante 1.000,00 3.700,00
Outros investimen-
0 0 Capital social 10.000,00 10.000,00
tos
Imobilizado 0 3.000,00 Lucros Acumulados 0 300,00
Ativo Não Circu- Patrimônio Líqui-
0 3.000,00 10.000,00 10.300,00
lante do
TOTAL 11.000,00 14.000,00 TOTAL 11.000,00 14.000,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Comparativo entre os dois modelos da DFC, direto e indireto:

Tabela 18
Demonstração dos Fluxos de Caixa da Empresa F

DFC (em R$) – direto Mês 1 DFC (em R$) – indireto Mês 1
Recebido de clientes 0 Lucro 300,00,00
Pagamento a fornecedores (1.000,00) Variação em Contas a Receber (2.000,00)
Pagamento despesas opera-
0 Variação com Estoques 1.000,00
cionais
Pagamento de impostos 0 Variação com Fornecedores (1.000,00)
Variação com despesas e
xxxxxxxxx 0 700,00
impostos
Fluxo das atividades opera- Fluxo das atividades ope-
(1.000,00) (1.000,00)
cionais racionais
Outros investimentos em lon- Outros investimentos em
0 0
go prazo longo prazo
Imobilizado (3.000,00) Imobilizado (3.000,00)
Fluxo dos investimentos (3.000,00) Fluxo dos investimentos (3.000,00)
Financiamento de equipamentos 3.000,00 Financiamento de equipamentos 3.000,00
Capital Social 0 Capital Social 0
Dividendos 0 Dividendos 0
Fluxo dos financiamentos 3.000,00 Fluxo dos financiamentos 3.000,00
VARIAÇÃO DE CAIXA (1.000,00) VARIAÇÃO DE CAIXA (1.000,00)

Fonte: Elaborada pelo autor.

Observações:

As diferenças se concentram apenas no Fluxo das Atividades Ope-


racionais. O modelo direto considera os valores de entrada e saída de
caixa. O modelo indireto considera o resultado de R$ 300,00, adicio-

108 Contabilidade Geral


nado aos R$ 700,00 de financiamentos operacionais com despesas e
impostos, adicionado da redução de R$ 1.000,00 nos investimentos
em estoques, diminuído de R$ 2.000,00 no aumento dos investimen-
tos em contas a receber de clientes por vendas a prazo, diminuído de
R$ 1.000,00 pelo pagamento a fornecedores, reduzindo R$ 1.000,00
no caixa, ou seja, R$ 300,00 + R$ 700,00 + R$ 1.000,00 – R$ 2.000,00
– R$ 1.000,00 = (R$ 1.000,00). Observe que, novamente, o Fluxo dos
Investimentos e o de Financiamentos são iguais nos dois modelos.

A diferença ocorre apenas no Fluxo das atividades operacionais.


No modelo direto, todos os recursos financeiros de entrada e saída são
registrados no fluxo das atividades operacionais, enquanto no mode-
lo indireto, é necessário fazer uma reconciliação dos resultados, com
as variações dos Ativos e passivos considerados operacionais. Ao se
observar esse modelo indireto, podemos nos deparar com alguma difi-
culdade na interpretação das contas consideradas como operacionais.

Portanto, cabe ao analista conhecer muito bem o negócio principal


da empresa, como nos exemplos acima e se lembrar da regra prática
para a elaboração do modelo indireto. Ativos são investimentos e Passi-
vos são financiamentos, mas, se considerados das atividades básicas da
empresa, devemos atualizar os valores do início ao término do período.

Quando Ativos operacionais crescem, ocorre mais investimento; logo,


sai recurso no fluxo de caixa, e o inverso também acontece, quando Ati-
vos operacionais decrescem, ocorre um desinvestimento, entra recurso
no fluxo de caixa. Do lado dos Passivos operacionais, quando crescem,
há um aumento de obrigações; consequentemente, entra recurso no flu-
xo de caixa, e quando decrescem, sai recurso no fluxo de caixa.

Estudo de caso
Elaboração da DFC da empresa X

A empresa X foi aberta no início do ano 20X1, com integralização de


capital social no valor de R$ 10 mil. Durante o primeiro ano de ativida-
des, comprou produtos para revenda com crédito dos fornecedores.
Obteve empréstimos a curto e longo prazos e adquiriu equipamentos
para a loja no valor de R$ 10 mil, pagando à vista. Os resultados do ano

Demonstração dos Fluxos de Caixa 109


de 20X1 e os Balanços, iniciais e finais, são representados nas tabelas
a seguir.

Tabela 19
Demonstração de Resultados da Empresa X para 20X1

DRE da Empresa X (em R$) 20X1


Receitas das vendas 25.000,00
Custo dos produtos vendidos (18.000,00)
Lucro bruto 7.000,00
Despesas administrativas (2.000,00)
Despesas comerciais (3.000,00)
Despesas financeiras (200,00)
Despesas com depreciação (1.000,00)
Lucro operacional 800,00
Impostos e Contribuições (300,00)
Lucro Líquido 500,00
Fonte: Elaborada pelo autor.

Tabela 20
Balanços Patrimoniais da Empresa X (em R$)

Balanço Patrimonial da Empresa X (em R$)


ATIVO 01/01/X1 31/12/X1 PASSIVO 01/01/X1 31/12/X1
Caixa 0 200,00 Fornecedores 0 2.000,00

Contas a receber 0 800,00 Despesas correntes 0 600,00

Empréstimos em curto pra-


Estoques 0 3.000,00 0 500,00
zo
Ativo Circulante 0 4.000,00 Passivo Circulante 0 3.100,00

Financiamentos em longo
xxxxxxxxx 0 0 0 1.400,00
prazo
Outros investimentos 0 0 Passivo Não Circulante 0 1.400,00

Imobilizado 10.000,00 12.000,00 Capital Social 10.000,00 10.000,00

(Depreciação acumulada) 0 (1.000,00) Lucros Acumulados 0 500,00

Ativo Não Circulante 10.000,00 11.000,00 Patrimônio Líquido 10.000,00 10.500,00

TOTAL 10.000,00 15.000,00 TOTAL 10.000,00 15.000,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

A seguir, observe a DFC, modelos direto e indireto.

110 Contabilidade Geral


Tabela 21
Demonstração dos Fluxos de Caixa da Empresa X (em R$)

DFC - modelo direto DFC - modelo indireto


20X1 20X1
(em R$) (em R$)
Recebimento de clientes 24.200,00 Lucros 500,00
Despesas que não afetam o
Pagamento a fornecedores (19.000,00) 1.000,00
caixa
Pagamento de despesas (4.600,00) Contas a receber (800,00)

Empréstimos em curto prazo 500,00 Estoques (3.000,00)

Pagamento de impostos (300,00) Fornecedores 2.000,00

xxxxxxxxx 0 Despesas correntes 600,00

xxxxxxxxx 0 Empréstimos em curto prazo 500,00


Fluxos das atividades ope- Fluxos das atividades ope-
800,00 800,00
racionais racionais
Outros investimentos 0 Outros investimentos 0

Imobilizado (2.000,00) Imobilizado (2.000,00)

Fluxo dos investimentos (2.000,00) Fluxo dos investimentos (2.000,00)


Financiamento de equipamen- Financiamento de equipamen-
1.400,00 1.400,00
tos em longo prazo tos em longo prazo
Capital Social 0 Capital Social 0

Dividendos 0 Dividendos 0

Fluxo dos financiamentos 1.400,00 Fluxo dos financiamentos 1.400,00

VARIAÇÃO DE CAIXA 200,00 VARIAÇÃO DE CAIXA 200,00

Observação: foi realizada a reposição das despesas com depre-


ciação no fluxo das atividades operacionais, uma vez que não repre-
sentam saída de caixa. Assim, caso todas as receitas sejam recebidas
e todas as despesas desembolsáveis sejam pagas, o resultado em
caixa será a soma do lucro e das despesas com depreciação.

Demonstração dos Fluxos de Caixa 111


Atividade 1
Durante seu segundo ano de atividades, a Empresa X vendeu produtos no valor de
R$ 30 mil, ao custo de R$ 21,6 mil; apresentou despesas administrativas de R$ 2,4 mil,
despesas comerciais de R$ 3,6 mil e despesas financeiras de R$ 240,00. Após o cálculo do
lucro operacional, seus impostos foram de R$ 360,00. Você deve calcular o lucro líquido.
Durante o ano de 20X2, adquiriu mais R$ 1 mil em imobilizado e R$ 900,00 em ou-
tros investimentos. Terminou o ano com R$ 1,2 mil a mais em contas a receber, R$ 1 mil
a mais em estoques e R$ 100,00 a mais em caixa.
Houve um aumento de R$ 1 mil nos créditos com os fornecedores, R$ 300,00 a
mais nas despesas correntes a pagar, R$ 100,00 a mais nos empréstimos a curto prazo
e R$ 1 mil a mais nos financiamentos a longo prazo.
Os acionistas decidiram não distribuir dividendos.
Com base nas demonstrações já realizadas da Empresa X, prepare a nova DRE para
o ano de 20X2, encerre o Balanço Patrimonial em 31/12/20X2 e elabore a DFC nos dois
modelos, direto e indireto.

Atividade 2

A empresa Y, criada em 20X0, com capital de R$ 20 mil, iniciou suas atividades


comerciais comprando produtos para revenda com o crédito de seus fornecedores.
Financiou a longo prazo equipamentos adquiridos pelo valor de R$ 5 mil. A seguir, veja
os resultados do ano de 20X0 e os balanços.

Tabela 22
Demonstração de Resultados da Empresa Y para 20X0

DRE da empresa Y (em R$) 20X0


Receitas das vendas 20.000,00
Custo dos produtos vendidos (14.000,00)
Lucro bruto 6.000,00
Despesas administrativas (2.000,00)
Despesas comerciais (2.500,00)
Despesas financeiras (100,00)
Despesas com depreciação (500,00)
Lucro operacional 900,00
Impostos e Contribuições (100,00)
Lucro Líquido 800,00

(Continua)

112 Contabilidade Geral


Tabela 23
Balanços Patrimoniais da Empresa Y no ano de 20X0 (em R$)

ATIVO 01/01 31/12 PASSIVO 01/01 31/12

Caixa 20.000,00 15.500,00 Fornecedores 0 1.000,00


Contas a receber 0 3.000,00 Despesas correntes 0 200,00
Empréstimos em curto
Estoques 0 2.000,00 0 0
prazo
Ativo Circulante 20.000,00 20.500,00 Passivo Circulante 0 1.200,00
Financiamentos em longo
0 3.000,00
prazo
Outros investimentos 0 0 Passivo Não Circulante 0 3.000,00
Imobilizado 0 5.000,00 Capital Social 20.000,00 20.000,00
(Depreciação acumulada) 0 (500,00) Lucros Acumulados 0 800,00
Ativo Não Circulante 0 4.500,00 Patrimônio Líquido 20.000,00 20.800,00
TOTAL 20.000,00 25.000,00 TOTAL 20.000,00 25.000,00

Elabore a DFC nos modelos direto e indireto.

Atividade 3

Ao término do segundo ano de atividades, a empresa Y apresentou os resultados e


os balanços finais dos primeiros dois anos de suas atividades:

Tabela 24
Demonstração dos Resultados da Empresa Y

DRE da empresa X (em R$) 20X0 20X1


Receitas das vendas 20.000,00 28.000,00
Custo dos produtos vendidos (14.000,00) (19.000,00)
Lucro bruto 6.000,00 9.000,00
Despesas administrativas (2.000,00) (2.800,00)
Despesas comerciais (2.500,00) (3.100,00)
Despesas financeiras (100,00) (300,00)
Despesas com depreciação (500,00) (500,00)
Lucro operacional 900,00 2.300,00
Impostos e Contribuições (100,00) (300,00)
Lucro Líquido 800,00 2.000,00
(Continua)

Demonstração dos Fluxos de Caixa 113


Tabela 25
Balanços Patrimoniais da Empresa Y (20X0 e 20X1 em R$)

ATIVO 31/12/20X0 31/12/20X1 PASSIVO 31/12/20X0 31/12/20X1


Caixa 15.500,00 14.500,00 Fornecedores 1.000,00 2.000,00
Contas a rece- Despesas cor-
3.000,00 4.500,00 200,00 500,00
ber rentes
Impostos a
Estoques 2.000,00 3.000,00 0 200,00
pagar
Ativo Circu- Passivo Circu-
20.500,00 22.000,00 1.200,00 2.700,00
lante lante
Financiamentos
3.000,00 2.500,00
em longo prazo
Outros inves- Passivo Não
0 0 3.000,00 2.500,00
timentos Circulante
Imobilizado 5.000,00 7.000,00 Capital Social 20.000,00 20.000,00
Depreciação Lucros Acumu-
(500,00) (1.000,00) 800,00 2.800,00
acumulada lados
Ativo Não Patrimônio
4.500,00 6.000,00 20.800,00 22.800,00
Circulante Líquido
TOTAL 25.000,00 28.000,00 TOTAL 25.000,00 28.000,00

Prepare a DFC nos modelos direto e indireto.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os modelos da demonstração dos fluxos de caixa, direto e indireto,
apresentam os fluxos de origem e destino dos recursos utilizados pela
empresa, seja para sua atividade básica, considerada como operacional,
seja para outros investimentos, tais como sua estrutura, no caso dos
equipamentos, construções, terrenos, veículos etc., seja para outros fi-
nanciamentos, tais como empréstimos bancários, aumento ou redução
de capital social e distribuição de dividendos.
Devemos lembrar a importância dessa demonstração, obedecendo o
regime de caixa, ao invés do regime de competência que regula outras de-
monstrações. A observação no dia a dia do gestor é da disponibilidade de
dinheiro para suas atividades imediatas, incluindo previsões no curto pra-
zo de recursos disponíveis ou necessários para as despesas, pagamentos
diversos ou mesmo aplicações. E, por essas razões, a expressão de fluxos
de caixa inclui a expressão quase caixa, isto é, as aplicações financeiras de
curto prazo, e em condições de liquidez imediata, também entram na con-
sideração para se avaliar as variações de “caixa”. Obedece, assim, o comitê
de pronunciamentos contábeis (CPC) que tem como objetivo emitir pa-

114 Contabilidade Geral


receres viabilizando a convergência das práticas brasileiras aos padrões
internacionais de contabilidade.

REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial de União, Poder Executivo,
Brasília, DF, 17 dez. 1976. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
l6404consol.htm. Acesso em: 26 mar. 2020.
BRASIL. Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Diário Oficial de União, Poder Executivo,
Brasília, DF, 28 dez. 2007. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2007/lei/l11638.htm. Acesso em: 26 dez. 2020.
IUDÍCIBUS, S; MARION, J. C. Curso de Contabilidade para não contadores. 6. ed. São Paulo:
Atlas, 2009.

GABARITO
1.

Demonstrações dos Resultados da Empresa X.

DRE da empresa X (em R$) 20X1 20X2


Receitas das vendas 25.000,00 30.000,00
Custo dos produtos vendidos (18.000,00) (21.600,00)
Lucro bruto 7.000,00 8.400,00
Despesas administrativas (2.000,00) (2.400,00)
Despesas comerciais (3.000,00) (3.600,00)
Despesas financeiras (200,00) (240,00)
Despesas com depreciação (1.000,00) (1.200,00)
Lucro operacional 800,00 960,00
Impostos e Contribuições (300,00) (360,00)
Lucro Líquido 500,00 600,00

Balanços Patrimoniais da Empresa X (em R$)

ATIVO 31/12/20X1 31/12/20X2 PASSIVO 31/12/20X1 31/12/20X2


Caixa 200,00 300,00 Fornecedores 2.000,00 3.000,00
Contas a re- Despesas cor-
800,00 2.000,00 600,00 900,00
ceber rentes
Empréstimos
Estoques 3.000,00 4.000,00 500,00 600,00
em curto prazo
Ativo Circu- Passivo Circu-
4.000,00 6.300,00 3.100,00 4.500,00
lante lante
Financiamentos
xxxxxxxxx 0 0 1.400,00 2.400,00
em longo prazo

Demonstração dos Fluxos de Caixa 115


ATIVO 31/12/20X1 31/12/20X2 PASSIVO 31/12/20X1 31/12/20X2
Outros inves- Passivo Não
900,00 1.400,00 2.400,00
timentos Circulante
Imobilizado 12.000,00 13.000,00 Capital Social 10.000,00 10.000,00
Depreciação Lucros Acumu-
(1.000,00) (2.200,00) 500,00 1.100,00
acumulada lados
Ativo Não Patrimônio
11.000,00 11.700,00 10.500,00 11.100,00
Circulante Líquido
TOTAL 15.000,00 18.000,00 TOTAL 15.000,00 18.000,00

Demonstração dos Fluxos de Caixa da Empresa X (em R$)

DFC - modelo direto DFC - modelo indireto


20X2 20X2
(em R$) (em R$)
Recebimento de clientes 28.800,00 Lucros 600,00
Pagamento a fornecedo- Despesas que não afe-
(21.600,00) 1.200,00
res tam o caixa
Pagamento de despesas (5.940,00) Contas a receber (1.200)
Empréstimos cp + lp 100,00 Estoques (1.000,00)
Pagamento de impostos (360,00) Fornecedores 1.000,00
xxxxxxxxx 0 Despesas correntes 300,00
Empréstimos de curto
xxxxxxxxx 0 100,00
prazo
Fluxos das atividades Fluxos das atividades
1.000,00 1.000,00
operacionais operacionais
Outros investimentos (900,00) Outros investimentos (900,00)
Imobilizado (1.000,00) Imobilizado (1.000,00)
Fluxo dos investimen- Fluxo dos investimen-
(1.900,00) (1.900)
tos tos
Financiamento em longo Financiamento em longo
1.000,00 1.000,00
prazo prazo
Capital Social 0 Capital Social 0
Dividendos 0 Dividendos 0
Fluxo dos financia- Fluxo dos financia-
1.000,00 1.000,00
mentos mentos
VARIAÇÃO DE CAIXA 100,00 VARIAÇÃO DE CAIXA 100,00

116 Contabilidade Geral


2.

DFC - modelo direto (em DFC - modelo indireto (em


20X0 20X0
R$) – Y R$) – Y
Recebimento de clientes 17.000 Lucros 800,00
Despesas que não afetam o
Pagamento a fornecedores (15.000,00) 500,00
caixa
Pagamento de despesas (4.400,00) Contas a receber (3.000,00)
Empréstimos em curto pra-
Estoques (2.000,00)
zo
Pagamento de impostos (100,00) Fornecedores 1.000,00
Despesas correntes 200,00
Empréstimos em curto prazo 0
Fluxos das atividades Fluxos das atividades ope-
(2.500,00) (2.500,00)
operacionais racionais
Outros investimentos Outros investimentos
Imobilizado (5.000,00) Imobilizado (5.000,00)
Fluxo dos investimentos (5.000,00) Fluxo dos investimentos (5.000,00)
Financiamento em longo
3.000,00 Financiamento em longo prazo 3.000,00
prazo
Capital Social Capital Social
Dividendos Dividendos
Fluxo dos financiamen-
3.000,00 Fluxo dos financiamentos 3.000,00
tos
VARIAÇÃO DE CAIXA (4.500,00) VARIAÇÃO DE CAIXA (4.500,00)

3.

DFC - modelo direto DFC - modelo indireto


20X1 20X1
(em R$) (em R$)
Recebimento de clientes 26.500,00 Lucros 2.000,00
Pagamento a fornecedo- Despesas que não afetam
(19.000) 500,00
res o caixa
Pagamento de despesas (5.900,00) Contas a receber (1.500,00)
Pagamento de impostos (100,00) Estoques (1.000,00)
Fornecedores 1.000,00
Despesas correntes 300,00
Empréstimos em curto
200,00
prazo
(Continua)

Demonstração dos Fluxos de Caixa 117


DFC - modelo direto DFC - modelo indireto
20X1 20X1
(em R$) (em R$)
Fluxos das atividades Fluxos das atividades
1.500,00 1.500
operacionais operacionais
Outros investimentos 0 Outros investimentos 0
Imobilizado (2.000,00) Imobilizado (2.000,00)
Fluxo dos investimen- Fluxo dos investimen-
(2.000,00) (2.000,00)
tos tos
Financiamento em longo Financiamento em longo
(500,00) (500,00)
prazo prazo
Capital Social Capital Social
Dividendos Dividendos
Fluxo dos financiamen- Fluxo dos financiamen-
(500,00) (500,00)
tos tos
VARIAÇÃO DE CAIXA (1.000,00) VARIAÇÃO DE CAIXA (1.000,00)

118 Contabilidade Geral


6
Demonstração do Valor Adicionado
Graças a fortes movimentos sociais, por volta da década de
1960, tanto na Europa como nos Estados Unidos, surgiu uma de-
manda por informações da contribuição e do comprometimento
das empresas com toda a sociedade, e não apenas dos proprie-
tários e gestores envolvidos diretamente com as suas atividades.
Essa ideia culminou em uma nova demonstração denominada
Balanço Social, em que o item mais conhecido é o Valor Adicionado,
o qual tem como objetivo dar informações sobre a responsabili-
dade social, demonstrando ao público geral, como é distribuída a
riqueza produzida pela empresa, seja a proprietários, empregados,
municípios, estados etc. O Balanço Social compreende a atuação
da empresa com o meio ambiente e a contribuição para com a
sociedade em geral, e pode ser considerado uma das mais impor-
tantes demonstrações financeiras das empresas, apesar de ser
divulgada para a população.
Nas últimas décadas, a ciência contábil desenvolveu estudos
mostrando informações que ainda não eram divulgadas pelas
empresas e hoje são conhecidas por Balanço Social. Certamente,
com o tempo e uso apropriado, será utilizado como um dos mais
importantes instrumentos de informações para a determinação
de grande parte das políticas públicas, por meio de seus resulta-
dos e análises. Não há dúvidas de que a Contabilidade Social ou
Nacional, que fornece informações para a gestão dos governos, dá
origem aos estudos para a evolução do Balanço Social e, por con-
sequência, ao Valor Adicionado.

Demonstração do Valor Adicionado 119


6.1 Demonstração do Valor Adicionado (DVA)
Vídeo A Contabilidade Nacional, enquanto instrumento de medida de
todas as atividades econômicas da nação, procura medir os agrega-
dos macroeconômicos, enquanto o Valor Adicionado está associado
ao agregado microeconômico (MONTORO, 1994). Em outras palavras,
mede o quanto da produção de uma riqueza está sendo distribuída
a terceiros.

A elaboração e publicação da DVA é obrigatória para todas as em-


presas de capital aberto com negociação de suas ações em bolsa de
valores (BRASIL, 2007). As informações podem ser obtidas no site do
Conselho Federal de Contabilidade (CFC), em que consta a seguinte
afirmação: “A DVA – Demonstração do Valor Adicionado é obrigatória
apenas para as companhias abertas, e para outras que a lei exigir” (CFC,
2020, n.p.).

Devemos compreender a empresa como uma atividade situada


entre produtor e consumidor, agregando, portanto, valor aos pro-
dutos e serviços desde a fabricação, transformação e o consumo fi-
nal. Mesmo não sendo obrigatória a DVA para pequenas e médias
empresas, é possível tirar informações nas demonstrações de re-
sultados e balanços e, assim, elaborar esse novo relatório do Valor
Adicionado, discriminando receitas, custos, despesas e lucro. Como
riqueza gerada pela empresa, o Valor Adicionado compreende a re-
ceita bruta deduzida de todos os valores que reduzem os resultados
Saiba mais
oriundos de terceiros, como os materiais, produtos e serviços, mos-
O então ministro da fazenda, de
1974 a 1979, Mário Henrique trando a distribuição dessa diferença aos empregados, governos,
Simonsen, publicava, em 1975, financiadores externos e proprietários.
o livro Macroeconomia, definin-
do o produto nacional: “a soma A DVA tem por objetivo fornecer informações da riqueza adiciona-
dos valores adicionados [...] em da pela empresa, isto é, cumprir com a responsabilidade social, de-
todas as etapas dos processos de
monstrando, ao público em geral, como tal riqueza foi distribuída a
produção do país” (SIMONSEN,
1975, p. 83). empregados, governos, financiadores externos de capital (capital de
terceiros) e proprietários (capital próprio) da empresa.

O exemplo a seguir, embora não seja completo, pode ajudar a com-


preender as origens das informações que devem constituir a DVA.

120 Contabilidade Geral


Exemplo 1

Observe, na Tabela 1, a situação de três empresas de diferentes se-


tores, mas interligadas pelo fornecimento de produtos entre elas. Uma
no setor primário, por concessão governamental (exploração de miné-
rio); outra no setor secundário (indústria de transformação), fabrican-
do produtos vendidos aos consumidores por meio de distribuidores; e
a última no setor terciário (comércio), vendendo os produtos acabados
para os consumidores.

Tabela 1
Resultados das empresas em R$

Demonstração de Resultados Mineradora Indústria Comércio


Receita de vendas 30.000,00 70.000,00 90.000,00
Custo dos insumos (matérias-primas) 0,00 30.000,00 70.000,00
Despesas com salários 10.000,00 20.000,00 8.000,00
Despesas com juros 6.000,00 9.000,00 6.000,00
Impostos 4.000,00 5.000,00 2.000,00
Resultado ou Lucro Líquido 10.000,00 6.000,00 4.000,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Podemos observar as passagens dos custos dos insumos do primei-


ro setor ao seguinte e deste ao último, e fazer a DVA por setor: pri-
mário (mineradora), secundário (indústria transformadora), e terciário
(comércio prestador de serviços).

No exemplo anterior, a produção da mineradora foi vendida à in-


dústria pelo valor de R$ 30.000,00. Esse valor é recebido como custo
dos insumos da indústria, para adicionar mais R$ 40.000,00 (entre des-
pesas com salários, juros, impostos e lucros) e vender por R$ 70.000,00
ao comércio. Esse último, por sua vez, recebeu como custo os R$
70.000,00 mais R$ 20.000,00 (entre despesas com salários, juros, im-
postos e lucros), ao vender para o consumidor final por R$ 90.000,00.

A seguir, a Tabela 2 apresenta uma demonstração da distribuição


desses valores à sociedade, aqui entendendo o termo sociedade como
empregados, governos, instituições financeiras e proprietários.

Demonstração do Valor Adicionado 121


Tabela 2
Valor Adicionado dos setores em R$

Demonstração do Valor Adicionado Mineradora Indústria Comércio


Receita de vendas 30.000,00 70.000,00 90.000,00
Insumos adquiridos 0,00 30.000,00 70.000,00
Valor Adicionado 30.000,00 40.000,00 20.000,00
1. Distribuição a pessoal 10.000,00 20.000,00 8.000,00
2. Distribuição a juros 6.000,00 9.000,00 6.000,00
3. Distribuição aos governos 4.000,00 5.000,00 2.000,00
4. Distribuição aos proprietários 10.000,00 6.000,00 4.000,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Com os dados da Tabela 2, podemos tirar várias informações, tais como:


a. Qual setor beneficia mais os empregados.
b. Como é feita a distribuição aos governos (impostos) por setor.
c. Qual o custo financeiro, ou juros, nesse processo.
d. Qual o benefício distribuído aos proprietários.

Tabela 3
Percentagem do Valor Adicionado distribuído à sociedade

Demonstração do Valor Adicionado Mineradora Indústria Comércio


Valor Adicionado 30.000,00 40.000,00 20.000,00
1. % do Valor Adicionado a pessoal 33% 50% 40%
2. % do Valor Adicionado a juros 20% 23% 30%
3. % do Valor Adicionado aos governos 13% 13% 10%
4. % do Valor Adicionado aos proprietários 33% 15% 20%

Fonte: Elaborada pelo autor.

Apesar de ser apenas um exemplo, e não necessariamente a reali-


dade atual, a contribuição do Valor Adicionado aos empregados é su-
perior na indústria, enquanto a contribuição aos proprietários é maior
na mineradora. Nesse exemplo, o comércio contribui mais ao setor fi-
nanceiro do que a mineradora e indústria. Entretanto, de uma maneira
geral, a riqueza distribuída aos empregados representa boa parte do
Valor Adicionado tanto na indústria como no comércio.

Existem vários modelos para a elaboração da DVA (encontrados na


literatura e na internet). Escolhemos um deles para ilustrar, a seguir,

122 Contabilidade Geral


simplificando e mostrando apenas os principais itens. Na prática, as
empresas detalham mais a quem está sendo distribuído o Valor Adicio-
nado. Por exemplo, no caso dos governos (item 8.2, Tabela 4), a separa-
ção é entre as esferas federal, estadual e municipal. Algumas empresas
ainda detalham o grupo de outros financiadores de recursos, separan-
do aluguéis de juros com as instituições financeiras, ou mesmo outros
títulos de dívida. No caso da distribuição aos empregados, mostram de-
talhamentos da remuneração direta, dos benefícios, fundo de garantia
e outros (Tabela 4).

Tabela 4
Modelo de DVA

Demonstração do Valor Adicionado em R$ mil 20X1 20X2


Descrição
1 – Receitas
2 – Insumos adquiridos de terceiros (inclui ICMS e IPI)
3 – Valor Adicionado bruto (1-2)
4 – Retenções

5 – Valor Adicionado líquido produzido pela entidade (3-4)

6 – Valor Adicionado recebido em transferência


7 – Valor Adicionado total a distribuir (5+6)
8 – Distribuição do Valor Adicionado
8.1 – Pessoal e encargos
8.2 – Impostos, taxas e contribuições
8.3 – Juros e aluguéis
8.4 – Juros s/ capital próprio e dividendos
8.5 – Lucro / prejuízo do exercício
* O total do item 8 deve ser exatamente igual ao item 7.
Fonte: Adaptada de Portal de Contabilidade, 2020.

6.2 Interpretando a DVA


Vídeo Com o objetivo de ilustrar uma DVA, e saber como interpretá-la,
observaremos os relatórios de empresas de capital aberto e, assim,
apresentaremos as DVAs dos últimos dois anos da Alpargatas S.A., uma
grande empresa produtora de calçados e produtos esportivos do país.
Seu produto mais popular é a sandália Havaianas.

Demonstração do Valor Adicionado 123


Nesse caso, vamos conhecer suas DVAs de 2018 e 2019, resumidas
para fins didáticos.

Tabela 5
Demonstração do Valor Adicionado – Alpargatas S.A. – (2018 e 2019).

DVA Consolidado – Alpargatas S.A. 2019 2018


Receitas 4.306.547,00 3.946.633,00
Insumos Adquiridos de Terceiros –1.938.553,00 –1.794.943,00
Valor Adicionado Bruto 2.367.994,00 2.151.690,00
Retenções –159.253,00 – 97.224,00
Valor Adicionado Líquido Produzido 2.208.741,00 2.054.466,00
Valor Adicionado Recebido em Transferência 37.998,00 – 39.292,00
Valor Adicionado Total a Distribuir 2.246.739,00 2.015.174,00
Distribuição do Valor Adicionado 2.246.739,00 2.015.174,00
1. Pessoal 912.625,00 758.805,00
2. Impostos, Taxas e Contribuições 890.514,00 666.305,00
3. Remuneração de Capitais de Terceiros 184.265,00 266.023,00
4. Remuneração de Capitais Próprios 259.335,00 324.041,00

Fonte: Elaborada pelo autor com base em Alpargatas, 2018 e Alpargatas, 2019.

Com os dados da Tabela 5, podemos elaborar uma outra tabela,


composta apenas dos percentuais distribuídos dos valores adicionais
nos dois últimos anos da empresa Alpargatas S.A.

Tabela 6
Valor e percentagem do Valor Adicionado da Alpargatas S.A. distribuído.

Distribuição do Valor Adicionado da Alpargatas 2019 2018


Valor Adicionado (R$) 2.246.739,00 2.015.174,00
1. % do Valor Adicionado a pessoal 40,6% 37,7%
2. % do Valor Adicionado a governos (impostos) 39,6% 33,1%
3. % do Valor Adicionado a juros (capitais de 3 ) os
8,2% 13,2%
4. % do Valor Adicionado aos sócios (capitais
11,5% 16,1%
próprios)
Observações: praticamente 80% da distribuição do Valor Adicionado foi aos funcionários (item 1), e
a governos (impostos e contribuições item 3), um aumento de 10% (70,8% em 2018 para 80,2% em
2019). Enquanto ocorreu redução aos capitais de 3os (juros) e aos proprietários, de 29,3% para 19,7%.
Fonte: Elaborada pelo autor.

Podemos observar, na Tabela 7, o crescimento e a redução de cada


item, de 2018 para 2019, mesmo sem os detalhes do Valor Adicionado
a cada grupo beneficiado pela distribuição.

124 Contabilidade Geral


Tabela 7
Variações no Valor Adicionado da Alpargatas S.A.

% de
Distribuição do Valor Adicionado 2019 2018
variação
Valor Adicionado (R$) 2.246.739,00 11,5% 2.015.174,00
1. Adicionado a pessoal 912.625,00 20,7% 758.805,00
2. Adicionado aos governos (impostos) 890.514,00 33,6% 666.305,00
3. Adicionado a juros (capitais de 3os) 184.265,00 (30,7%) 266.023,00
4. Adicionado aos proprietários
259.335,00 (20%) 324.041,00
(capital próprio)

Fonte: Elaborada pelo autor.


Saiba mais
É interessante notarmos o acréscimo, nas somas das contribuições
Para obter mais detalhes,
ao pessoal e aos governos, de 54,3% (20,7% + 33,6%), além de uma re-
leia a página 11 do texto que
dução de 50,7% (30,7% + 20%), na soma de juros e proprietários. Para trata da DVA da Alpargatas.
sabermos se essas variações são importantes para a empresa e para Para isso, acesse o site, clique
no ano de 2019, em seguida,
a sociedade, deveríamos contextualizar estudando os relatórios da
em 4T19 e, por fim, selecione
administração. a opção Demonstrações Finan-
ceiras Completas, para fazer o
Para um novo exemplo, observaremos os relatórios financeiros da download do texto.
empresa Weg S.A., uma das maiores produtoras de motores elétricos Disponível em: https://ri.al-
no país, exportadora e com fábrica inclusive na China. Weg S.A. tem ca- pargatas.com.br/listresultados.
aspx?idCanal=wiumvO4IPwr-
pital aberto, e suas DVAs dos anos de 2018 e 2019 nos mostrarão como
Ra7r34jMcIw==. Acesso em: 5
foram distribuídos seus valores adicionados nesse período. maio 2020.
Tabela 8
DVA da Weg S.A. (principais itens e distribuição)

Demonstração do Valor Adicionado – WEG S.A. – (anos 2019 e 2018)

DVA – WEG – Consolidado (R$ mil) 2019 2018


Receitas 14.942.787,00 13.415.555,00
Insumos adquiridos de terceiros (8.222.395,00) (7.607.673,00)
Valor Adicionado Bruto 6.720.392,00 5.807.882,00
Retenções: depreciação, amortização e exaustão (396.783,00) (317.023,00)
Valor Adicionado líquido produzido pela entidade 6.323.609,00 5.490.859,00
Valor Adicionado recebido em transferência 927.817,00 881.103,00
Valor Adicionado total a distribuir 7.251.426,00 6.371.962,00
Distribuição do Valor Adicionado 7.251.426,00 6.371.962,00
1. Pessoal 3.173.416,00 2.639.287,00
2. Impostos, taxas e contribuições 1.476.632,00 1.454.946,00
(Continua)

Demonstração do Valor Adicionado 125


Saiba mais
DVA – WEG – Consolidado (R$ mil) 2019 2018
Para obter mais detalhes, acesse
o site da empresa, clique em 3. Remuneração de capitais de terceiros 968.923,00 933.581,00
Informações Financeiras, em 4. Remuneração de capitais próprios 1.632.455,00 1.344.148,00
seguida, Relatórios Anuais e,
Fonte: Elaborada pelo autor com base em Weg, 2018 e Weg 2019.
por fim, em Demonstrações
Financeiras de 2019, para fazer o Com os dados da Tabela 8, podemos elaborar uma outra tabela,
download da Demonstração do
composta apenas dos percentuais distribuídos dos valores adicionais
Valor Adicionado, na página 17.
nos dois últimos anos da empresa Weg S.A.

Tabela 9
Valor e percentagem do Valor Adicionado da Weg distribuído.

Distribuição do Valor Adicionado da Weg 2019 2018


Valor Adicionado (R$) 7.251.426,00 6.371.962,00
1. % do Valor Adicionado a pessoal 43,8% 41,4%
2. % do Valor Adicionado a governos (impostos) 20,4% 22,8%
3. % do Valor Adicionado a juros (capitais de 3os) 13,4% 14,7%
4. % do Valor Adicionado aos sócios (capitais próprios) 22,5% 21,1%

Fonte: Elaborada pelo autor.

Podemos perceber, na Tabela 9, que pouco mais de 40% do Valor


Adicionado foi distribuído aos funcionários (item 1) e mais de 20%, aos
sócios (item 4). Governos receberam aproximadamente 20% (item 2),
enquanto ocorreu pequena redução aos capitais de 3os (item 3).

Na próxima tabela, foram calculados o percentual de variação do


ano de 2018 para 2019.

Tabela 10
Variações no Valor Adicionado da Weg S.A.

Distribuição do Valor Adicionado 2019 2019/2018 2018


Valor Adicionado (R$) 7.251.426,00 13,8% 6.371.962,00
1. Adicionado a pessoal 3.173.416,00 20,2% 2.639.287,00
2. Adicionado aos governos (impostos) 1.476.632,00 1,5% 1.454.946,00
3. Adicionado a juros (capitais de 3 ) os
968.923,00 3,8% 933.581,00
4. Adicionado aos proprietários
1.632.455,00 21,4% 1.344.148,00
(capital próprio)

Fonte: Elaborada pelo autor.

Para verificar o crescimento ou redução em cada item, poderíamos


fazer a mesma análise com o primeiro quadro dos valores distribuídos
a cada grupo, de 2018 para 2019, mesmo sem ter os detalhes do Valor

126 Contabilidade Geral


Adicionado em cada beneficiado pela distribuição. É interessante no-
tarmos o acréscimo na soma das contribuições ao pessoal e aos pro-
prietários, de 41,6% (20,2% + 21,4%), e um aumento pouco expressivo
de 1,5% aos governos e de 3,8% às instituições financeiras.

A DVA apresenta a capacidade de geração e distribuição da rique-


za de uma entidade. O que a torna diferente da DRE, em que o lucro
líquido, na última linha, é apenas a parte do valor adicionado aos pro-
prietários, ou aos sócios. A DVA, por sua vez, destaca, além da parte
dos proprietários de capital na empresa, os outros patrocinadores da
atividade, como empregados (que recebem salários e benefícios), insti-
tuições financeiras (que cobram juros) e os governos (que cobram im-
postos e contribuições).

Estudo de caso
Elaboração da Demonstração do Valor
Adicionado da Comercial X
A Comercial X foi aberta em 01/01/20X1 com um capital social de R$
5.000,00 em dinheiro. Ao final do primeiro ano de atividades, apresen-
tou sua DRE e seu Balanço Patrimonial. Observe a DVA que prepara-
mos, de acordo com as informações fornecidas a seguir.

Dados para a DVA da Comercial X em 20X1


1. Compra de mercadorias no valor de R$ 20.000,00, com ICMS de
18%. O valor do ICMS é de R$ 3.600,00, logo as compras líquidas
somam R$ 16.400,00.
2. Receita da venda de produtos no valor de R$ 36.000,00, com ICMS
de 18%, ou seja, R$ 6.480,00. Portanto as vendas líquidas foram
de R$ 29.520,00.
3. Despesas administrativas e comerciais no valor de R$ 7.200,00,
sendo R$ 1.100,00 em despesas gerais e R$ 6.100,00 em salários,
incluindo R$ 1.220,00 de contribuição ao INSS.
4. A empresa tomou um empréstimo e pagou apenas os juros de R$
150,00, valor original do empréstimo para um novo vencimento.
5. Imposto de Renda e Contribuição Social à alíquota de 34% sobre
o Lucro antes do IR e CSLL.
6. Como o ICMS das compras foi compensado com o ICMS das
vendas, a contribuição é de R$ 2.880,00 (R$ 6.480,00 – R$ 3.600,00).

Demonstração do Valor Adicionado 127


Tabela 11
Balanço Patrimonial da Comercial X

Balanço Patrimonial – Comercial X em 31/12 em R$


Ativos 20X0 20X1 Passivo e PL 20X0 20X1
Caixa 5.000,00 5.738,00 ICMS 250,00
Duplicatas a receber 5.000,00 IR e CSLL 180,00
Empréstimos com bancos 1.500,00
Ativo Circulante 5.000,00 10.738,00 Passivo Circulante 0,00 1.930,00
Passivo Não Circulante 0,00 0,00
Capital Social 5.000,00 5.000,00
Lucros Acumulados 3.808,00
Ativo Não Circulante 0,00 0,00 Patrimônio Líquido 5.000,00 8.808,00
TOTAL 5.000,00 10.738,00 TOTAL 5.000,00 10.738,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Tabela 12
DRE da Comercial X

DRE 20X1
Receita Bruta 36.000,00
ICMS sobre vendas (18%) (6.480,00)
Receita Líquida 29.520,00
Custo dos produtos vendidos (16.400,00)
Lucro Bruto 13.120,00
Despesas comerciais (4.320,00)
Despesas administrativas (2.880,00)
Despesas financeiras (150,00)
Lucro antes do IR e CSLL 5.770,00
IR e CSLL (1.962,00)
Lucro Líquido 3.808,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Tabela 13
Demonstração do Valor Adicionado da Comercial X

Demonstração do Valor Adicionado de 20X1 (R$)


1 Receitas 36.000,00
Vendas de mercadorias, produtos e serviços 36.000,00
Provisão para devedores duvidosos ou reversão
Não operacionais
(Continua)

128 Contabilidade Geral


2 Insumos adquiridos de terceiros (com impostos) 21.100,00
Matérias-primas consumidas
Custo dos produtos vendidos 20.000,00
Materiais, energia, serviços de terceiros 1.100,00
Perda ou recuperação de valores
3 Valor Adicionado Bruto 14.900,00
4 Retenções 0,00
Depreciação, amortização e exaustão
5 Valor adicionado líquido produzido pela entidade 14.900,00
6 Valor adicionado recebido em transferência 0,00
Equivalência Patrimonial
Receitas financeiras
7 Valor Adicionado total a distribuir 14.900,00
8 Distribuição do Valor Adicionado 14.900,00
Pessoal e encargos 4.880,00
Impostos, taxas e contribuições 6.062,00
Remuneração de capitais de terceiros (inclui aluguel) 150,00
Remuneração de capitais próprios 3.808,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

A tabela a seguir mostra os percentuais da distribuição dos valores


adicionados das duas empresas.

Tabela 14
Distribuição do Valor Adicionado da Comercial X comparado com o da empresa Mercantil

Comparação da Distribuição do Valor Adicionado Comercial Mercantil Livro


Alguns indicadores
Valor Adicionado (R$) 14.900,00 5.200,00
são utilizados para
1. % do Valor Adicionado a pessoal 32,8% 48,1% informações e compa-
2. % do Valor Adicionado a governos (impostos) 40,7% 34,5% rações nos grupos de
atividades setoriais, como
3. % do Valor Adicionado a juros (capitais de 3os) 1,0% 1,9% produtividade, mão de
4. % do Valor Adicionado aos sócios (capitais obra, remuneração do
25,6% 15,5% capital, impostos entre
próprios)
outros. Como esse não é
Fonte: Elaborada pelo autor. o propósito desta obra,
indicamos, para maiores
A Tabela 14 mostra, no caso da Comercial, uma distribuição de pesquisas, a leitura da
32,8% do Valor Adicionado aos funcionários (item 1) e 25,6% aos só- obra Demonstração do Va-
lor Adicionado – o cálculo
cios (item 4). Governos receberam 40,7% (item 2), e os capitais de 3os da riqueza criada pela
(item 3) apenas 1,0%. Se compararmos com o caso da Mercantil, os empresa ao valor do PIB.

empregados desta têm maior participação nos resultados do Valor Adi- DE LUCA, M. M. M. et al. São Paulo:
Atlas, 2009.
cionado em relação aos proprietários.

Demonstração do Valor Adicionado 129


Somando os percentuais de distribuição do Valor Adicionado, dos
grupos 1 e 4, teremos a seguinte tabela 15:

Tabela 15
Percentuais distribuídos a pessoal e sócios das duas empresas

Comparação da Distribuição do Valor Adicionado Comercial Mercantil


Total distribuído a pessoal e sócios 58,4% 63,6%

Nesse exemplo, supondo ser a Mercantil uma empresa familiar, em


que todos os membros da família trabalham, enquanto a Comercial
não possui empregados pertencentes à família do proprietário, a ob-
servação das diferenças no total do Valor Adicionado das duas mostra
uma maior participação da família na distribuição do Valor Adicionado
da empresa familiar.

Atividade 1

Empresa Comercial

A empresa Mercadinho foi aberta em 31/12/20X0 com um capital social de


R$ 10.000,00 em dinheiro. Ao final do primeiro ano de atividades, apresentou sua
DRE e seu Balanço Patrimonial.

Com esses dados e as informações internas de sua operação, descritas a seguir,


prepare a DVA e elabore uma nova tabela com os percentuais da distribuição do Va-
lor Adicionado para empregados, governos, financiadores externos e proprietários.

Dados para a DVA da Mercadinho em 20X1


1. Compra de mercadorias no valor de R$ 14.000,00, com ICMS de 18%. O valor do
ICMS é de R$ 2.520,00, logo as compras líquidas somam R$ 11.480,00.
2. Receita da venda de produtos no valor de R$ 20.000,00, com ICMS de 18%, ou
seja, R$ 3.600,00. Logo as vendas líquidas foram de R$ 16.400,00.
3. Despesas administrativas e comerciais no valor de R$ 3.600,00, sendo R$ 800,00
com despesas gerais e R$ 2.800,00 em salários, incluindo R$ 300,00 de INSS.
(Continua)

130 Contabilidade Geral


4. A empresa tomou um empréstimo e pagou apenas os juros de R$ 100,00,
renovando o valor original do empréstimo para um novo vencimento.
5. Imposto de Renda e Contribuição Social à alíquota de 34% sobre o Lucro antes
do IR e CSLL. Observação: o ICMS das compras é compensado com o ICMS
das vendas, logo, a diferença entre R$ 3.600,00 e R$ 2.520,00 será devida.

Balanço Patrimonial da empresa Mercadinho

Balanço Patrimonial – Mercadinho em 31/12 em R$


Ativos 20X0 20X1 Passivo e PL 20X0 20X1
Caixa 10.000,00 9.850,00 ICMS 10,00
Duplicatas a receber 2.000,00 IR e CSLL 35,00
Empréstimos com bancos 1.000,00
Ativo Circulante 10.000,00 11.850,00 Passivo Circulante 0,00 1.045,00
Financiamento Longo Prazo
Passivo Não Circulante 0,00 0,00
Capital Social 10.000,00 10.000,00
Lucros Acumulados 805,00
Ativo Não
0,00 0,00 Patrimônio Líquido 10.000,00 10.805,00
Circulante
TOTAL 10.000,00 11.850,00 TOTAL 10.000,00 11.850,00

DRE da empresa Mercadinho

DRE 20X1
Receita Bruta 20.000,00
ICMS sobre vendas (18%) (3.600,00)
Receita Líquida 16.400,00
Custo dos produtos vendidos (11.480,00)
Lucro Bruto 4.920,00
Despesas comerciais (2.000,00)
Despesas administrativas (1.600,00)
Despesas financeiras (100,00)
Lucro antes do IR e CSLL 1.220,00
IR e CSLL (415,00)
Lucro Líquido 805,00

Demonstração do Valor Adicionado 131


Atividade 2

Prestação de Serviços

A empresa de Consultoria Z foi aberta em 31/12/20X0 com um capital social de


R$ 10.000,00, R$ 5.000,00 em dinheiro e R$ 5.000,00 em equipamentos. Ao final do pri-
meiro ano de atividades, apresentou sua DRE e seu Balanço Patrimonial. Com esses
dados e as informações internas de sua operação, descritas a seguir, prepare a DVA e
elabore uma nova tabela com os percentuais da distribuição do Valor Adicionado para
empregados, governos, financiadores externos e proprietários.

Dados para a DVA da Consultoria Z em 20X1


1. Receitas dos serviços no valor de R$ 80.000,00, gerando Imposto sobre Serviços
(ISS) de 5% sobre o faturamento.
2. Despesas de serviços especializados no valor de R$ 28.000,00, incluindo o INSS
de R$ 5.600,00.
3. Despesas administrativas com água, energia e materiais de escritório no valor
de R$ 10.000,00, e de aluguel do escritório no valor de R$ 12.000,00.
4. Despesas com depreciação do equipamento no valor de R$ 500,00.
5. Imposto de Renda e Contribuição Social à alíquota de 25%.

Balanço Patrimonial de Consultoria Z

Balanço Patrimonial - Empresa de Consultoria Z em 31/12 em R$


Ativos 20X0 20X1 Passivo e PL 20X0 20X1
Caixa 5.000,00 17.490,00 ISS 333,00
Contas a receber 8.000,00 IR e CSLL 531,00
Ativo Circulante 5.000,00 25.490,00 Passivo Circulante 0,00 865,00
Equipamentos 5.000,00 5.000,00 Passivo Não Circulante 0,00 0,00
(Depreciação
(500,00) Capital Social 10.000,00 10.000,00
acumulada)
Lucros Acumulados 19.125,00
Ativo Não Circulante 5.000,00 4.500,00 Patrimônio Líquido 10.000,00 29.125,00
TOTAL 10.000,00 29.990,00 TOTAL 10.000,00 29.990,00

DRE da Consultoria Z

DRE 20X1
Receita Bruta 80.000,00
ISS sobre vendas (4.000,00)
Receita Líquida 76.000,00
(Continua)

132 Contabilidade Geral


Despesas com especialistas (28.000,00)
Despesas administrativas (10.000,00)
Despesas com aluguel (12.000,00)
Despesas com depreciação (500,00)
Lucro antes do IR e CSLL 25.500,00
IR e CSLL (25%) (6.375,00)
Lucro Líquido 19.125,00

Atividade 3

Indústria

A empresa Industrial T foi aberta em 31/12/20X0, com capital de R$ 30.000,00, R$


10.000,00 em dinheiro e R$ 20.000,00 em máquinas. Veja a DRE, o Balanço Patrimo-
nial, bem como as informações a seguir para preparar a DVA, e elabore uma nova
tabela com os percentuais da distribuição do valor adicionado para empregados, go-
vernos, financiadores externos e proprietários.

Dados para a DVA da Industrial T em 20X1


1. O faturamento total foi de R$ 110.000,00, incluindo R$ 10.000,00 de IPI (Imposto
sobre o Produto Industrializado). Sobre a receita bruta de R$ 100.000,00 incidiu
18% de Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), no valor de
R$ 18.000,00, gerando uma Receita Líquida de R$ 82.000. A empresa vendeu
todos os produtos fabricados.
2. Custo dos produtos fabricados no valor total de R$ 50.024,00 inclui R$ 35.000,00
de mão de obra direta, R$ 12.524,00 de matérias-primas e R$ 2.500,00 de
materiais.
3. Despesas administrativas de R$ 8.000,00, sendo R$ 6.000,00 em salários e
R$ 2.000,00 de INSS.
4. Despesas comerciais de R$ 16.000,00, sendo R$ 12.000,00 em salários e
R$ 4.000,00 de INSS. A empresa ainda teve R$ 4.000,00 em despesas com aluguel.
5. Imposto de Renda e Contribuição Social à alíquota de 34%.
6. As compras de matérias-primas somaram R$ 16.800,00, incluindo o IPI de 10%
(R$ 1.527,00). O ICMS, de 18%, sobre as compras líquidas de matérias-primas
somaram R$ 2.749,00.
7. As compras de materiais da produção somaram R$ 3.354,00, incluindo o IPI de
10% (R$ 305,00). O ICMS, de 18% sobre as compras líquidas somaram R$ 549,00.
8. O INSS, no valor total de R$ 10.600,00, foi calculado em 20% sobre os salários
da mão de obra direta, dos salários da administração e do departamento
comercial. Além desses encargos, a empresa deve pagar a diferenças de IPI e
ICMS entre compras e vendas.
(Continua)

Demonstração do Valor Adicionado 133


Balanço Patrimonial da Industrial T

Balanço Patrimonial - Industrial T em 31/12 em R$


Ativos 20X0 20X1 Passivo e PL 20X0 20X1
Caixa 10.000,00 11.564,00 IR e CSLL 300,00
Contas a receber 8.500,00 IPI e ICMS 2.500,00
Ativo Circulante 10.000,00 20.064,00 Passivo Circulante 0,00 2.800,00
Máquinas 20.000,00 20.000,00 Capital Social 30.000,00 30.000,00
(Depreciação acumulada) (2.000,00) Lucros Acumulados 5.264,00
Ativo Não Circulante 20.000,00 18.000,00 Patrimônio Líquido 30.000,00 35.264,00
TOTAL 30.000,00 38.064,00 TOTAL 30.000,00 38.064,00

DRE da Industrial T

DRE 20X1
Faturamento bruto 110.000,00
(IPI 10% da Receita bruta) (10.000,00)
Receita Bruta 100.000,00
ICMS (18.000,00)
Receita Líquida 82.000,00
Custo dos produtos vendidos (50.024,00)
Lucro Bruto 31.976,00
Despesas administrativas (8.000,00)
Despesas comerciais (12.000,00)
Despesas com aluguel (4.000,00)
Lucro antes do IR e CSLL 7.976,00
IR e CSLL (2.712,00)
Lucro Líquido 5.264,00

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A importância da DVA ainda não foi amplamente compreendida em nos-
so país. Caso fosse feita por todas as empresas, serviria para a formação
da produção nacional, ou o Produto Interno Bruto (PIB). Nesse sentido, o
Brasil evidencia ainda um certo hiato de informações estatísticas da riqueza
nacional, regional e setorial. Enquanto durar essa essa incompreensão da
importância da DVA, estaremos sempre aguardando o censo a ser realiza-
do pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para termos as
estimativas da produção ou riqueza produzida em nosso país.

134 Contabilidade Geral


Mesmo com poucas informações, a utilização do Valor Adicionado
pode servir de instrumento de análise para aprimoramento de políticas
públicas, da mesma forma que as tradicionais análises de balanços e re-
sultados das empresas, por meio de indicadores financeiros, são úteis
para a tomada de decisões internas, como para comparações entre con-
correntes e evolução ao longo do tempo.

REFERÊNCIAS
ALPARGATA. 2018. Divulgação de resultados. Disponível em: https://ri.alpargatas.com.br/
listresultados.aspx?idCanal=wiumvO4IPwrRa7r34jMcIw==. Acesso em: 5 maio 2020.
ALPARGATA. 2019. Divulgação de resultados. Disponível em: https://ri.alpargatas.com.br/
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BRASIL. Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Diário Oficial da União, Poder Executivo,
Brasília, DF, 09 jan., 2008. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2007/lei/l11638.htm. Acesso em: 5 maio 2020.
MONTORO FILHO, A. F. Contabilidade Social: uma introdução à macroeconomia. 2. ed. São
Paulo: Atlas, 1994.
SIMONSEN, M. H. Macroeconomia. Rio de Janeiro: Apec, 1975.
WEG. Relações com investidores. 2018. Resultados do 1T20. Disponível em: https://ri.weg.
net/. Acesso em: 5 maio 2020
WEG. Relações com investidores. 2019. Resultados do 1T20. Disponível em: https://ri.weg.
net/. Acesso em: 5 maio 2020.

GABARITO
1.

Demonstração do Valor Adicionado da Mercadinho

Demonstração do Valor Adicionado de 20X1 (R$)


1 Receitas 20.000,00
Vendas de mercadorias, produtos e serviços 20.000,00
Provisão para devedores duvidosos ou reversão
Não operacionais
2 Insumos adquiridos de terceiros (com impostos) 14.800,00
Matérias-primas consumidas
Custo dos produtos vendidos 14.000,00
Materiais, energia, serviços de terceiros 800,00
Perda ou recuperação de valores
3 Valor Adicionado Bruto 5.200,00
4 Retenções 0,00
Depreciação, amortização e exaustão
(Continua)

Demonstração do Valor Adicionado 135


5 Valor Adicionado líquido produzido pela entidade 5.200,00
6 Valor Adicionado recebido em transferência 0,00
Equivalência Patrimonial
Receitas financeiras
7 Valor Adicionado total a distribuir 5.200,00
8 Distribuição do Valor Adicionado 5.200,00
Pessoal e encargos 2.500,00
Impostos, taxas e contribuições 1.795,00
Remuneração de capitais de terceiros (inclui aluguel) 100,00
Remuneração de capitais próprios 805,00

Observações: a tabela a seguir mostra uma distribuição de 48,1% do Valor Adicionado


aos funcionários (item 1) e 34,5% aos governos (item 2). Os proprietários ficaram com
15,5% (item 4), e aos capitais de 3os apenas 1,9% (item 3). É interessante observarmos
as próximas demonstrações e contextualizar com a situação econômica geral e do se-
tor de atividades, comparando com empresas diretamente concorrentes e similares,
para melhor referência.

Percentagens do Valor Adicionado da Mercadinho distribuído

Distribuição do Valor Adicionado da Mercadinho 20X1


Valor Adicionado (R$) 5.200,00
1. % do Valor Adicionado a pessoal 48,1%
2. % do Valor Adicionado a governos (impostos) 34,5%
3. % do Valor Adicionado a juros (capitais de 3os) 1,9%
4. % do Valor Adicionado aos sócios (capitais próprios) 15,5%

2.

Demonstração do Valor Adicionado da Consultoria Z

Demonstração do Valor Adicionado de 20X1 (R$)


1 Receitas 80.000,00
Vendas de mercadorias, produtos e serviços 80.000,00
Provisão para devedores duvidosos ou reversão
Não operacionais
2 Insumos adquiridos de terceiros (com impostos) 10.000,00
Matérias-primas consumidas
Custo dos serviços prestados
Materiais, energia, serviços de terceiros 10.000,00
Perda ou recuperação de valores
3 Valor Adicionado Bruto 70.000,00
4 Retenções 500,00
Depreciação, amortização e exaustão 500,00
(Continua)

136 Contabilidade Geral


5 Valor Adicionado líquido produzido pela entidade 69.500,00
6 Valor Adicionado recebido em transferência 0,00
Equivalência Patrimonial
Receitas financeiras
7 Valor Adicionado total a distribuir 69.500,00
8 Distribuição do Valor Adicionado 69.500,00
Pessoal e encargos 22.400,00
Impostos, taxas e contribuições 15.975,00
Remuneração de capitais de terceiros (inclui aluguel) 12.000,00
Remuneração de capitais próprios 19.125,00

Observações: a tabela a seguir mostra uma distribuição de 32,2% do Valor Adicio-


nado ao prestador de serviços especializado (item 1) e 27,5% aos sócios (item 4). Go-
vernos receberam 23% (item 2), e os capitais de 3os (item 3) 17,3%. Nesse caso, se o
prestador de serviços fosse o proprietário, o Valor Adicionado a ele seria de 59,7%
(32,2% + 27,5%). É bom observar a continuidade dessa atividade.

Percentagens do Valor Adicionado da Consultoria Z distribuído.

Distribuição do Valor Adicionado da Consultoria Z 20X1


Valor Adicionado (R$) 69.500,00
1. % do Valor Adicionado a pessoal 32,2%
2. % do Valor Adicionado a governos (impostos) 23,0%
3. % do Valor Adicionado a juros (capitais de 3 ) os
17,3%
4. % do Valor Adicionado aos sócios (capitais próprios) 27,5%

3.

Demonstração do Valor Adicionado da Industrial T

Demonstração do Valor Adicionado de 20X1 (R$)


1 Receitas 110.000,00
Vendas de mercadorias, produtos e serviços 110.000,00
Provisão para devedores duvidosos ou reversão
Não operacionais
2 Insumos adquiridos de terceiros (com impostos) 20.154,00
Matérias-primas consumidas 16.800,00
Custo dos serviços prestados
Materiais, energia, serviços de terceiros 3.354,00
Perda ou recuperação de valores
3 Valor Adicionado Bruto 89.846,00
4 Retenções 2.000,00
Depreciação, amortização e exaustão 2.000,00
5 Valor Adicionado líquido produzido pela entidade 87.846,00
(Continua)

Demonstração do Valor Adicionado 137


6 Valor Adicionado recebido em transferência 0,00
Equivalência Patrimonial
Receitas financeiras
7 Valor Adicionado total a distribuir 87.846,00
8 Distribuição do Valor Adicionado 87.846,00
Pessoal e encargos 42.400,00
Impostos, taxas e contribuições 36.182,00
Remuneração de capitais de terceiros (inclui aluguel) 4.000,00
Remuneração de capitais próprios 5.264,00

Observações: a tabela a seguir mostra uma distribuição de 48,3% do Valor Adicionado


aos funcionários (item 1) e apenas 6% aos sócios (item 4). Governos receberam 41,2%
(item 2), e os capitais de 3os (item 3) 4,6%. É importante continuarmos a observação
nos próximos exercícios para uma constatação dessa distribuição.

Percentagens do Valor Adicionado da Industrial T distribuído.

Distribuição do Valor Adicionado da Industrial T 20X1


Valor Adicionado (R$) 87.846,00
1. % do Valor Adicionado a pessoal 48,3%
2. % do Valor Adicionado a governos (impostos) 41,2%
3. % do Valor Adicionado a juros (capitais de 3os) 4,6%
4. % do Valor Adicionado aos sócios (capitais próprios) 6,0%

138 Contabilidade Geral


CONTABILIDADE GERAL
CONTABILIDADE
GERAL
Ruy Lopes Cardoso

Ruy Lopes Cardoso

Código Logístico Fundação Biblioteca Nacional


ISBN 978-85-387-6553-0

59012 9 788538 765530

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