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1 - CONHECENDO A CONTABILIDADE

1.1– INTRODUÇÃO

Os estudiosos da Contabilidade a consideram tão antiga quanto à história do


homem. Segundo Marion (2003), a própria Bíblia, através de seu primeiro livro,
Gênesis, nos induz a pensar na existência de Contabilidade, por exemplo,
quando comenta que riqueza de Jacó ( seu rebanho de ovelhas ) crescia muito
mais que a riqueza de seu sogro Labão ( + 4.000 a.C.). Ora, se afirmavam que a
riqueza de um crescia mais que a do outro, algum controle quantitativo, por mais
simples que fosse, deveria ser conhecido e utilizado. A existência desse controle
rudimentar nos permite afirmar que, já nessa época, se fazia Contabilidade.

Um fator histórico que contribuiu para o surgimento e desenvolvimento da


Contabilidade foi o fato do homem se tornar um ser sedentário, passando a
desenvolver atividades que garantissem a sua sobrevivência, ao invés de se
mudar toda vez que a alimentação natural fornecida por uma determinada
localidade acabasse. O abandono da vida nômade levou o homem a cultivar a
terra e a criar animais.

Com o passar dos anos, decorrente de sua ambição natural, o homem sentiu
necessidade de conhecer a sua riqueza. Num segundo momento, percebeu que
poderia compará-la de um ano para o outro e, até mesmo, com a de seus
vizinhos. Por fim, o homem percebeu que era necessário, também, se conhecer
as razões que levavam o conjunto de sua riqueza a se alterar com o passar dos
anos. Tal fato gerou a necessidade de se implementar controle da riqueza,
riqueza esta basicamente composta por rebanhos de ovelhas, e , desta forma,
surgiu a Contabilidade.

Dinâmica, tanto quanto a própria sociedade de a gerou, a Contabilidade evoluiu


através dos tempos. Partindo da mera contagem de rebanhos chegou ao que
conhecemos hoje: um grande conjunto de conhecimentos sistematizados, que
possibilitaram que se transformasse na maior geradora de informações
financeiras e econômicas disponível para o homem moderno.

O passado a Contabilidade era percebida apenas como uma forma de prática,


fácil e eficiente de se guardar papéis e de se registrar fatos sobre uma atividade
empresarial e/ou empresa. Os contadores eram vistos como profissionais de
segunda linha, sem qualquer iniciativa, cujo papel ou finalidade limitava-se ao de
“guarda-livros”, que pouco ou nada contribuíam para o sucesso das atividades
empresariais e/ou das empresas sobre as quais mantinham registros contábeis.

Hoje, contudo, é impossível se conceber um empreendimento bem sucedido sem


uma Contabilidade bem elaborada, que viabilize os processos de tomada de
decisão com maior segurança e menores riscos. O conhecimento contábil tornou-
se essencial para uma boa administração empresarial, possibilitando aos
gestores de empresas fazerem uma avaliação da situação atual da entidade, de
forma a traçarem tendências futuras com maior margem de segurança.

1.2 – CONCEITO

Vários são os conceitos de Contabilidade, mas todos apresentam um ponto em


comum: a Contabilidade gera informações que são imprescindíveis para a
tomada de decisão.

Segundo Ribeiro (1997), “a Contabilidade é uma ciência que permite, através de


suas técnicas, manter um controle permanente do patrimônio da empresa.”

Para Franco (1997) a Contabilidade “é a ciência que estuda, controla e interpreta


os fatos ocorridos no patrimônio das entidades, mediante o registro, a
demonstração expositiva e a revelação desses fatos, com o fim de oferecer
informações sobre a composição do patrimônio, suas variações e o resultado
econômico decorrente da gestão da riqueza patrimonial”.

A Contabilidade, de acordo com Marion (2003), é uma ciência social, uma vez
que se ocupa em estudar o comportamento das riquezas, em face das ações do
homem, podendo, ainda, ser considerada como sistema de informação destinado
a prover seus usuários de dados, que contribuíram para tomada de decisões
mais acertadas.

Diante do exposto pode-se concluir que Contabilidade é a ciência social que


estuda o patrimônio das entidades, quantificando-o e qualificando-o, de forma a
gerar informações para os seus usuários, ajudando-os a tomar decisões que
maximizem resultados e reduzam riscos.

1.3 – OBJETO DE ESTUDO, FINALIDADE E OBJETIVO

A matéria sobre a qual se exercem as funções contábeis é o patrimônio, portanto,


o objeto de estudo da Contabilidade é o patrimônio das entidades econômico -
administrativas.

Patrimônio é o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma entidade.

Entidade é qualquer pessoa física ou organização que necessite utilizar a


Contabilidade para controle de seu patrimônio, independente do caráter jurídico.

Entidades econômico–administrativas podem ser definidas com organizações


que combinam na sua existência os seguintes elementos: pessoas, patrimônio,
ação administrativa e fim determinado. Classificam – se em empresas, que
possuem fins lucrativos e em instituições, que possuem fins não lucrativos.
A Contabilidade tem por finalidade assegurar o controle eficaz do patrimônio
administrado e por objetivo produzir informações de ordem econômica e
financeira, de forma que seus usuários possam tomar decisões com maior
segurança.

1.4 - CAMPO DE ATUAÇÃO E APLICAÇÃO

Onde aplicar a Contabilidade? Esta pergunta é comum entre àqueles que


desconhecem a Contabilidade e a sua finalidade.

O campo de aplicação da Contabilidade é o das entidades econômico-


administrativas, abrangendo até mesmo as pessoas de direito público, como, por
exemplo, a União, os Estados, os Municípios.

Essas entidades, tão necessárias à vida em sociedade, têm se desenvolvido


muito nos últimos tempos, crescendo em tamanho e complexidade, exigindo cada
vez mais orientações para que possam ser administradas com eficiência e
qualidade, estariam com suas existências comprometidas sem os registros, os
controles e informações gerados pela Contabilidade.

1.5 – USUÁRIOS DA CONTABILIDADE

A Contabilidade gera informações para que seus usuários possam tomar


decisões com menor margem de riscos.

Usuário é qualquer um, pessoa física ou jurídica, que tem interesse ou


necessidade em utilizar as informações fornecidas pela Contabilidade de uma
entidade.

Os usuários da Contabilidade dividem-se em:

• Internos - que atuam internamente na entidade, como, por exemplo, os


gerentes, acionistas,administradores e empregados em geral;

• Externos - que atuam externos à entidade, mas relacionam-se direta ou


indiretamente com a mesma, por exemplo, os fornecedores,
clientes, investidores, bancos e instituições financeiras,
governo, sindicatos, etc.

O quadro a seguir destaca alguns usuários da Contabilidade e o tipo de interesse


que cada um deles tem ou pode vir a ter pelas informações contábeis.
GRUPO DE PESSOAS INTERESSES
Qual a lucratividade e o grau de segurança
Sócios / Acionistas
de seus investimentos
Fluxo contínuo de informações sobre os
Gerentes / administradores mais variados aspectos da gestão
financeira e econômica das empresas
Governo Tributar e cobrar impostos e taxas
Determinar a segurança de retorno do seu
Financiadores
dinheiro emprestado
Determinar a segurança de recebimentos
Fornecedores
de seu crédito

1.5 – FUNÇÃO DO CONTADOR

Produzir informações úteis aos seus usuários é a essência da função do


Contador. Infelizmente no Brasil, principalmente nas micro e pequenas
empresas, a função básica do Contador está direcionada quase que
exclusivamente para os cálculos de tributos e de atendimento às necessidades
do fisco. Tal fato, além de distorcer a essência da função contábil, transforma a
Contabilidade em instrumento de utilidade de um único usuário: o governo.
2 – PATRIMÔNIO

2.1 - CONCEITO

Quando falamos em patrimônio, em geral, a primeira idéia que nos vem é a de


posse, ou seja, patrimônio é aquilo que se tem, que se possui. Entretanto, para a
Contabilidade, o patrimônio engloba não só o que a entidade possui, mas
também as suas dívidas (obrigações).

Desta forma, contabilmente, patrimônio é definido como o conjunto de bens


direitos e obrigações de uma entidade, avaliados em moeda.

2.2 - BENS

Bens são todas as coisas necessárias à satisfação das necessidades de uma


entidade e que possam ser avaliadas em moeda.

Os bens podem ser classificados em:

• Bens Materiais – que possuem corpo ou matéria;


• Bens Imateriais – que não possuem corpo, não possuem matéria.

Os bens materiais são subdivididos em:

• Bens móveis : que podem ser deslocados de um local para o outro, por
exemplo, veículos, máquinas, dinheiro, mercadorias em
estoque, móveis,etc.

• Bens Imóveis: compreendem aqueles que não podem ser removidos


do seu lugar de origem. Como, por exemplo, casas,
terrenos, edifícios, etc.

Os bens materiais compreendem gastos realizados pela entidade, que em


função da sua natureza devem ser incorporados ao patrimônio da mesma.
Existem em variedade bem inferior aos bens materiais, sendo que os mais
comuns são:

• Benfeitorias em Imóveis de Terceiros, que representam gastos para


realizar uma melhoria ou benfeitoria em imóvel que não é de propriedade
da entidade;
• Fundo de Comércio ou Goodwill, correspondente ao valor adicional
pago para se adquirir o patrimônio de uma entidade já existente em função
da localidade onde está situada (o chamado “ponto comercial” ), da fama
que a empresa detém no mercado, da clientela que possui, etc.
• Patentes, referente aos valores gastos com o registro de uma invenção
desenvolvida pela entidade, bem como, somados a todos os outros gastos
que foram necessários para o desenvolvimento do novo invento.

Podemos, ainda, dividir os bens, sejam eles materiais ou imateriais, visando uma
melhor classificação contábil e:

• BENS DE USO correspondem àqueles utilizados pelas entidades no seu


dia-a-dia e que têm certa durabilidade. Exemplo: mesas, cadeiras armários
arquivos, computadores, máquinas, veículos, etc.
• BENS DE CONSUMO, que são os consumidos (gastos) pela empresa no
seu dia-a-dia e que necessitam serem repostos à medida que vão se
acabando. Exemplos: material de escritório, material de limpeza;
• BENS DE TROCA são os produtos ou as mercadorias disponíveis para
venda ou revenda. Exemplos: os calçados – em uma loja de calçados ou
os tecidos em uma loja de tecidos.

2.3 – DIREITOS

Representam todos os valores que as entidades têm a receber de terceiros.


Geralmente, os direitos são representados por papéis e aparecem sempre
acompanhados da expressão “a receber”. Exemplos: Duplicata a Receber, Conta
a Receber, Aluguéis a Receber, Juros a receber, etc.

2.4 – OBRIGAÇÕES

Constituem obrigações para uma entidade o conjunto de dívidas (valores a


pagar) que ela tem para com terceiros. Comumente representadas por papéis as
obrigações aparecem quase sempre acompanhadas da expressão “a pagar”.
Exemplo: Duplicatas a Pagar, Juros a Pagar, Empréstimos a Pagar, etc.

2.5 – ASPECTOS QUANTITATIVO E QUALITATIVO DO PATRIMÔNIO

A Contabilidade ao fazer o registro do patrimônio de uma entidade quantifica e


qualifica este patrimônio.

Qualificar o patrimônio consiste em relatar de que itens ele é composto. Assim,


temos:
PATRIMÔNIO

BENS:
Dinheiro
Estoques de Mercadorias
Veículos
Imóveis
DIREITOS:
Duplicatas a Receber
Seguros a Vencer
Juros a Receber
Aluguéis a Receber
OBRIGAÇÕES:
Duplicatas a Pagar
Salários a Pagar
Financiamentos a Pagar
Impostos a Pagar

Quantificar o patrimônio é consiste em determinar o valor de cada item que o


compõem, ou seja, é dar a cada a bem, direito e obrigação da entidade seu
respectivo valor. Assim, podemos saber quanto vale o patrimônio da empresa.

PATRIMÔNIO

BENS:
Dinheiro 2.000,00
Estoques de Mercadorias 8.000,00
Veículos 35.000,00
Imóveis 298.000,00
DIREITOS:
Duplicatas a Receber 15.000,00
Seguros a Vencer 3.000,00
Juros a Receber 800,00
Aluguéis a Receber 6.000,00
OBRIGAÇÕES:
Duplicatas a Pagar 11.500,00
Salários a Pagar 23.000,00
Financiamentos a Pagar 55.000,00
Impostos a Pagar 3.650,00
Portanto ao qualificar e quantificar o patrimônio a Contabilidade informa o que
tem e o quanto vale a entidade.

2.6 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO PATRIMÔNIO

Graficamente o patrimônio é dividido em dois, lado esquerdo e lado direito. Em


geral, do lado esquerdo registramos o bens e direitos e do lado direito
registramos as obrigações. De maneira bem simples podemos representá–lo
conforme segue:

LADO ESQUERDO LADO DIREITO

Bens Obrigações
Dinheiro Duplicatas a Pagar
Estoques de Mercadorias Salários a Pagar
Veículos Financiamentos a Pagar
Imóveis Impostos a Pagar
Direitos
Duplicatas a Receber
Seguros a Vencer
Juros a Receber
Aluguéis a Receber

Por tradição, chamamos de Ativo o lado esquerdo e de Passivo o lado direito do


patrimônio.

O Ativo representa a parte positiva do patrimônio, pois é composto por tudo


aquilo que a empresa tem. O Ativo pode ser definido como sendo o conjunto de
bens e direitos, tangíveis e/ou intangíveis de uma empresa, expressos em
moeda, que irão gerar benefícios presentes ou futuros. Exemplos: Dinheiro em
Caixa ou em Bancos, Contas a Receber, Mercadorias em Estoque, Terrenos,
Máquinas, Veículos, Prédios e outros.

O Passivo representa a parte negativa do patrimônio, pois é composto por tudo


aquilo que a empresa tem que pagar. O Passivo pode ser definido como sendo o
conjunto de deveres e obrigações de uma empresa, expressos em moeda.
Passivo são dívidas, são valores devidos aos credores. Os credores podem ser
terceiros ou proprietários. Exemplos: Fornecedores, Contas a Pagar, Títulos a
Pagar, Salários a Pagar, Impostos a Pagar e outros.
Aplicando os termos Ativo e Passivo a representação gráfica do patrimônio
assume o nome de Balanço Patrimonial, sendo apresentado conforme segue:
BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO

Bens Obrigações
Dinheiro Duplicatas a Pagar
Estoques de Mercadorias Salários a Pagar
Veículos Financiamentos a Pagar
Imóveis Impostos a Pagar
Direitos
Duplicatas a Receber
Seguros a Vencer
Juros a Receber
Aluguéis a Receber

2.7 – SITUAÇÕES LÍQUIDAS PATRIMONIAIS

À diferença entre o valor do ativo e das obrigações com terceiros (Passivo


Exigível) de uma entidade, em determinado momento, denominamos Patrimônio
Líquido. O Patrimônio Líquido expressa o valor que os proprietários da entidade
têm investido no negócio, é formado pelo capital social, reservas e lucros /
prejuízos acumulados.

O Patrimônio Líquido é representado graficamente do lado direito do patrimônio,


ou seja, do lado do Passivo. O registro do Patrimônio Líquido do lado do Passivo
é que possibilita a igualdade entre o total do lado esquerdo ( Ativo ) e o total do
lado direito ( Passivo ), dando-lhe forma de equação.

Conforme seja o montante de cada um dos componentes do patrimônio a


entidade poderá apresentar situações líquidas distintas, que são relacionadas a
seguir:

• SITUAÇÃO 1 – ATIVO MAIOR QUE PASSIVO

Demonstra a existência de riqueza própria e representa situação líquida


positiva ou superavitária. Na prática é a situação mais real, pois representa
uma situação favorável, onde o que a empresa tem registrado no Ativo é
suficiente para saldar todas as dívidas registradas no Passivo com terceiros e,
ainda, haverá sobras para serem distribuídas aos proprietários (no caso de
venda ou liquidação da entidade).

BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO

Bens e Obrigações com Terceiros

Direitos
Patrimônio Líquido - PL

• SITUAÇÃO 2 – ATIVO IGUAL AO PASSIVO

Demonstra a existência de riqueza própria, porém totalmente comprometida


com terceiros, ou seja, o valor total das dívidas da entidade é exatamente
igual ao total de seus bens e direitos. Isto significa que todo o Ativo foi
absorvido por terceiros e que a situação líquida é nula, inexistente. Assim a
entidade tem condições de saldar suas obrigações, mas não há sobras para
os proprietários. È uma situação muito difícil de ocorrer na prática.

BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO

Bens e Obrigações com Terceiros

Direitos

• SITUAÇÃO 3 – ATIVO MENOR QUE PASSIVO

Demonstra que a entidade deve mais do que tem condições de pagar.


Representa situação líquida negativa ou deficitária, sendo, também,
conhecida como Passivo a Descoberto. É uma situação muito difícil de ser
encontrada, pois significa ausência de riqueza própria, visto que todo
patrimônio já foi consumido por terceiros e, ainda, existe déficit patrimonial.
Situações como estas expressam a incapacidade de sobrevivência da
entidade.

BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO

Bens e Direitos Obrigações com Terceiros

Patrimônio Líquido – PL

• SITUAÇÃO 4 – ATIVO IGUAL À SITUAÇÃO LÍQUIDA

Demonstra a inexistência de dívidas, tudo que a entidade tem registrado no


Ativo pertence a ela. Representa situação líquida positiva ou superavitária.
Ocorre, em geral, na prática logo quando a entidade é constituída e não
realizou, ainda, nenhuma transação.

BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO

Bens e Direitos Patrimônio Líquido – PL

• SITUAÇÃO 5 – SITUAÇÃO LÍQUIDA IGUAL AO PASSIVO

Demonstra a inexistência de Ativo, ocorre quando existem apenas dívidas.


Neste caso a situação líquida é negativa ou deficitária.

BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
Patrimônio Líquido – PL Obrigações com Terceiros

Ressaltamos que o Patrimônio Líquido será sempre registrado do lado direito.


Portanto, quando a situação líquida for negativa o correto é registrá-lo no lado do
Passivo com sinal negativo.

2.8 - A EQUAÇÃO BÁSICA DA CONTABILIDADE

Podemos dizer que no Ativo estão registrados os recursos aplicados na empresa


e no Passivo a origem desses recursos. Se forem recursos de terceiros estarão
lançados no Passivo Exigível, se forem recursos próprios estarão lançados no
Patrimônio Líquido.

Pode-se dizer que o Passivo representa a origem de capitais e o Ativo a


aplicação de capitais, uma vez que não há como se aplicar mais do que se tem
de origem o total do Ativo será sempre igual ao total do Passivo.

A igualdade dos dois lados do patrimônio nos permite exprimi-lo sob a forma de
uma equação, conhecida como equação básica do patrimônio ou equação
básica da Contabilidade. Desta forma temos:

ATIVO (A) = PASSIVO EXIGÍVEL (P) + PATRIMÔNIO LÍQUIDO (PL)

ou

A = P + PL

2.9 – CONCEITOS DE CAPITAL

Capital é a importância inicial necessária para se iniciar um negócio ou um


empreendimento qualquer. Contabilmente o termo capital assume várias
denominações, conforme pode ser percebido a seguir:
• Capital Nominal: é o investimento inicial feito pelos proprietários e
registros pela contabilidade numa conta denominada “Capital”. O capital
nominal só será alterado quando os proprietários realizarem investimentos
adicionais (aumento de capital) ou desinvestimentos (diminuição do
capital). Pode ser formado por bens e ou direitos que os proprietários
transferem para a entidade, como por exemplo, dinheiro, móveis, imóveis,
veículos, notas promissórias a receber, etc. O capital nominal é conhecido,
também, como Capital Social, Capital Subscrito ou Capital Inicial ou,
simplesmente, como Capital.

• Capital Próprio: corresponde ao conceito do Patrimônio Líquido e


abrange o capital inicial e suas variações, seno também conhecido como
Capital Interno ou Passivo não Exigível.

• Capital de Terceiros: corresponde aos investimentos feitos na empresa


com recursos provenientes de terceiros, é o mesmo que Passivo Exigível
ou Capital Externo.

• Capital Total à Disposição da Empresa: corresponde ao conjunto dos


valores disponíveis pela empresa em dado momento (Capital próprio +
Capital de Terceiros).
3 - AS CONTAS E O PLANO DE CONTAS

3.1 – CONCEITO

Conforme demonstrado anteriormente a Contabilidade qualifica o patrimônio e ao


fazer isto nos permite saber que elementos compõem o patrimônio de cada
entidade. Neste processo o patrimônio é agrupado de acordo com características
comuns. A cada grupo de elementos componentes do patrimônio denominamos
“conta”.

Para alcançar o seu objetivo, ou seja, gerar informações úteis aos seus usuários,
a Contabilidade registra todas as movimentações econômicas e financeiras de
cada entidade através das contas. Portanto, as contas merecem uma atenção
especial por parte dos contabilistas.

3.2 – CLASSIFICAÇÃO DAS CONTAS

De acordo com cada “corrente” ou “escola contábil” as contas assumem uma


classificação distinta. A classificação mais utilizada é decorrente da “Escola
Patrimonialista”, que as separa em dois grupos:

• Contas Patrimoniais – são aquelas que representam os elementos


componentes do patrimônio da entidade em um dado momento, sendo
expressas através do Balanço Patrimonial: bens, direitos e obrigações;

Exemplos: Caixa, Duplicatas a Receber, Veículos, Duplicatas a pagar,


Capital, etc.

• Contas de Resultado – são aquelas que representam as despesas e as


receitas da entidade. São assim denominadas por serem necessárias para
se apurar o resultado da atividade da entidade, ou seja, para verificarmos
se ao fim de um determinado período a entidade apresentou lucro ou
prejuízo.
Receitas correspondem aos valores recebidos ou a receber futuramente
pela entidade em decorrência da venda de bens ou de serviços prestados.
As mais comuns são: Receita com a Venda de Mercadorias, Juros
Ativos, Receita de Serviços Prestados, Aluguéis Recebidos, Descontos
Financeiros Obtidos;

Despesas equivalem ao consumo de bens e serviços com o objetivo de


se obter receita. Exemplos de despesas: Salários, Água e esgoto, Juros
Passivos, Energia Elétrica, Material de Limpeza, Material de Escritório,
Etc.

As contas de resultado não se transferem e nem se acumulam de um período


para o outro. A cada período contábil estas contas são encerradas, para que
se possa obter o resultado da entidade.

Os períodos contábeis têm duração de doze meses, que não precisam


coincidir com o ano civil, e são chamados de exercício social ou exercício
contábil.

Certas contas podem aparecer tanto no grupo das receitas quanto no grupo
das despesas, como, por exemplo, os aluguéis, os juros e os descontos.

Para que não haja dúvidas quanto à classificação dessas contas elas
aparecem acompanhadas de certos adjetivos. Assim quando nos referimos às
receitas de juros podemos usar os seguintes nomes: Juros ativos, Juros
Recebidos ou Receitas com Juros. Se quisermos nos referir às despesas com
juros utilizaremos: Juros Passivos, Juros Pagos ou Despesas com Juros, por
exemplo.

3.3 – PLANO DE CONTAS

Plano de Contas corresponde a uma relação de todas as contas possíveis de


serem utilizadas pela Contabilidade das entidades, por serem necessárias na
realização dos registros contábeis.

O Plano de Contas deve obedecer ao disposto pela Lei das Sociedades por
Ações ( Lei 6404 / 76 ).

No Balanço Patrimonial as contas deverão ser apresentadas de acordo com


os critérios a seguir:

• As contas do Ativo: serão apresentadas de acordo com a sua rapidez de


conversão em dinheiro, ou seja, de acordo com o seu grau de Liquidez
(capacidade de se transformar em dinheiro mais rapidamente);

• As contas do Passivo: serão de acordo com o seu vencimento, isto é,


serão destacadas prioritariamente as contas que deverão ser pagas mais
rapidamente, embora, muitas vezes, haja dificuldades em se estabelecer
quais contas deverão ser pagas primeiro.

As contas de resultado deverão ser apresentadas, preferencialmente, de


acordo com a seqüência da Demonstração do Resultado do Exercício – DRE.

Um Plano de Contas bem elaborado permite que os dados registrados se


transformem em informações. As entidades, até as do mesmo ramo de
atividades apresentam peculiaridades que as distinguem umas das outras e
um bom Plano de Contas reflete estas nuances. Assim, cada empresa em
função do seu ramo de atividade e da complexidade de suas operações,
deverá ter um Plano de Contas adequado às suas necessidades, podendo se
abrir quantos subgrupos forem necessários. Contudo este deverá ser simples
e de fácil utilização.

Os Planos de Contas são numerados ou codificados de maneira bem simples


e racional, este fato facilita o uso de processos mecânicos (usam máquinas
para agilizar os registros) de escrituração e, principalmente, os processos
eletrônicos (que utilizam computadores e softwares).

A seguir apresentamos um modelo de Plano de Contas:

1. ATIVO
1.1. ATIVO CIRCULANTE
1.1.1. Disponível
1.1.1.1. Caixa
1.1.1.2. Bancos Conta Movimento
1.1.1.2.1.Banco A
1.1.1.2.2.Banco B

1.1.2. Aplicações Financeiras


1.1.2.1. Fundos de Investimento DI
1.1.2.2. CDB

1.1.3. Clientes
1.1.3.1. Duplicatas a Receber de Clientes (ou Clientes)
1.1.3.1.1. Cliente A
1.1.3.1.2. Cliente B
1.1.3.2. (-) Duplicatas Descontadas
1.1.3.3. (-) Provisão para Devedores Duvidosos

1.1.4. Outras Contas a Receber


1.1.4.1. Empréstimos a Receber
1.1.4.2. Adiantamento a Funcionários
1.1.4.3. Impostos a Recuperar

1.1.5. Estoques
1.1.5.1. Produtos Acabados ou Mercadorias
1.1.5.2. Produtos em Elaboração
1.1.5.3. Matérias Primas
1.1.5.4. Material de Consumo
1.1.5.5. Material de Escritório
1.1.5.6. (-) Provisão para Perdas no Estoque

1.1.6. Despesas Antecipadas


1.1.6.1. Seguros a Apropriar ou Seguros a Vencer
1.1.6.2. Aluguéis
1.1.6.3. IPVA
1.1.6.4. Assinatura de Jornais e Revistas

1.2. ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO


1.2.1. Clientes
1.2.2. Contas a Receber
1.2.3. Despesas Antecipadas
1.2.4. Depósitos Judiciais
1.2.5. Empréstimo a Diretores
1.2.6. Empréstimos a Empresas Controladas / Coligadas

1.3. ATIVO PERMANENTE


1.3.1. INVESTIMENTOS
1.3.1.1. Participação em Controladas / Coligadas
1.3.1.2. Participações em Outras Empresas
1.3.1.3. Outros Investimentos
1.3.1.4. Obras de Arte
1.3.1.5. (-) Provisão para Perda em Investimentos

1.3.2. IMOBILIZADO
1.3.2.1. Terremotos
1.3.2.2. Imóveis
1.3.2.3. Instalações
1.3.2.4. Máquinas e equipamentos
1.3.2.5. Móveis e Utensílios
1.3.2.6. Veículos
1.3.2.7. Marcas e Patentes
1.3.2.8. (-) Depreciações Acumuladas
1.3.2.8.1. Imóveis
1.3.2.8.2. Instalações
1.3.2.8.3. Máquinas e equipamentos
1.3.2.8.4. Móveis e Utensílios
1.3.2.8.5. Veículos

1.3.3. DIFERIDO
1.3.3.1. Gastos Pré-Operacionais de Propaganda e Publicidade
1.3.3.2. Pesquisas e Desenvolvimento de Produtos
1.3.3.3. Gastos de Organização e Reorganização
1.3.3.4. (-) Amortização Acumulada
2. PASSIVO
2.1. PASSIVO CIRCULANTE
2.1.1. Fornecedores
2.1.1.1. Fornecedor A
2.1.1.2. Fornecedor B

2.1.2. Contas a Pagar


2.1.2.1. Água
2.1.2.2. Luz
2.1.2.3. Telefone
2.1.2.4. Aluguel
2.1.3. Empréstimo e Financiamentos
2.14. Salário a Pagar
2.1.5. Impostos a Pagar
2.1.6. Provisões
2.1.6.1. Provisão para Férias
2.1.6.2. Provisão para 13.º salário
2.1.7. Dividendos a Pagar

2.2. EXIGÍVEL A LONGO PRAZO


2.2.1. Fornecedores
2.2.2. Empréstimos e Financiamentos
2.2.3. Obrigações Fiscais
2.2.4. Contas a Pagar
2.2.5. Empréstimos de Empresas Controladas / Coligadas

2.3. RESULTADO DE EXERCÍCIOS FUTUROS


2.3.1. Receitas Antecipadas
2.3.2. (-) Custos e Despesas Correspondentes

3. PATRIMÔNIO LÍQUIDO
3.1. Capital Social
3.1.1. Capital Subscrito
3.1.2. (-) Capital a Integralizar

3.2. Reservas
3.2.1. de Capital
3.2.2. De Reavaliação
3.2.3. Legal
3.2.4. Estatutária
3.2.5. Para Contingências

3.3. Lucros (Prejuízos) Acumulados


3.3.1. Lucros (Prejuízos) Exercícios Anteriores
3.3.2. Lucros (Prejuízos) Exercícios Correntes

4. CONTAS DE RESULTADO
4.1. RECEITA BRUTA DE VENDAS E SERVIÇOS
4.1.1.Receita Filial MG
4.1.2 Receita Filial SP

4.2. VENDAS CANCELADAS


4.2.1. Filial MG
4.2.2. Filial SP

4.3. IMPOSTOS SOBRE VENDAS E SERVIÇOS


4.3.1. Filial MG
4.3.2. Filial SP

4.4. CUSTO DA MERCADORIA / PRODUTO E SERVIÇOS PRESTADOS


4.4.1. Custo Filial MG
4.4.2. Custo Filial SP

4.5. DESPESAS OPERACIONAIS


4.5.1. Despesas Operacionais – MG
4.5.1.1. Despesas com Vendas
4.5.1.2. Despesas Gerais e Administrativas
4.5.1.3. Encargos Financeiros Líquidos
4.5.2.4. Outras Receitas e Despesas Operacionais
4.5.2. Despesas Operacionais – SP
4.5.2.1. Despesas com Vendas
4.5.2.2. Despesas Gerais e Administrativas
4.5.2.3. Encargos Financeiros Líquidos
4.5.2.4. Outras Receitas e Despesas Operacionais
4.5.4. Despesas Operacionais – Sede
4.5.4.1. Despesas com Vendas
4.5.4.2. Despesas Gerais e Administrativas
4.5.4.3. Despesas Gerais e Administrativas
4.5.4.4. Outras Receitas e Despesas Operacionais
4.5.4.5. Resultado de Equivalência Patrimonial
4.5.4.5.1. Resultado da Investida A
4.5.4.5.2. Resultado da Investida B

4.6. RESULTADO NÃO OPERACIONAL


4.6.1. Filial MG
4.6.1.1. Receita de Vendas de Bens Imobilizados
4.6.1.2. Baixa de Bens Imobilizados
4.6.2. Filial SP
4.6.2.1. Receita de Vendas de Bens Imobilizados
4.6.2.2. Baixa de Bens Imobilizados
4.6.4. Sede
4.6.4.1. Receita de Vendas de Bens Imobilizados
4.6.4.2. Baixa de Bens Imobilizados
4.6.4.3. Perdas em Investimentos

4.7. PROVISÃO PARA IMPOSTO DE RENDA E CSL


Através do Plano de Contas apresentado acima, pode-se observar que toda
conta de Ativo inicia - se com o dígito 1, as contas de Passivo com o dígito 2, as
contas do Patrimônio Líquido com o dígito 3 e as contas de resultado com o
dígito 4. O segundo dígito de cada conta representa cada grupo de contas com
características comuns, o terceiro dígito representa os sub-grupos de contas, o
quarto dígito relaciona – se ao título de cada conta e o quinto dígito representam
as sub-contas. Assim:

1. Ativo
1.1. Ativo Circulante
1.1.1. Disponível
1.1.1.1.Caixa
1.1.1.2. Bancos Conta Movimento
1.1.1.2.1. Banco do Brasil, etc

Ressalta – se que os Planos de Contas podem ser mais ou menos


complexos, dependendo do perfil do contabilista que o elabora. Alguns Planos
de Contas trazem até uma pequena orientação sobre como e quando
movimentar cada conta que o compõe.

Além dos grupos de contas apresentados anteriormente alguns Planos de


Contas podem apresentar, também, uma relação de contas extra-
patrimoniais, conhecidas como Contas de Compensação, que têm a função
de controlar atos administrativos significativos e que, portanto, podem, no
futuro, vir a afetar a situação patrimonial da entidade.
4 – ATOS E FATOS ADMINISTRATIVOS

No dia-a-dia das entidades, os patrimônios das mesmas estão em constantes


movimentações, decorrentes dos acontecimentos que compõem a rotina de
funcionamento destas entidades. Pode - se dividir estes acontecimentos
em duas categorias, de acordo com o impacto que provocarão no
patrimônio.

4.1 – ATOS ADMINISTRATIVOS

Os atos administrativos são aquelas ocorrências ou decisões tomadas dentro da


entidade que não provocam modificações no patrimônio. Os atos administrativos
não são obrigatoriamente registrados, entretanto, alguns deles podem no futuro
levar a fato administrativo, o que leva alguns contabilistas a registrá–los através
das Contas de Compensação.

Exemplos: assinatura de um cheque ou de um contrato; admissão ou demissão


de um empregado, assinatura de uma carta, aval de títulos, etc.

4.2 – FATOS ADMINISTRATIVOS

Os fatos administrativos são as ocorrências ou decisões tomadas dentro das


entidades que provocam alterações no patrimônio e são, obrigatoriamente,
registrados pela Contabilidade. Classificam – se em:

• Fatos Permutativos ou Compensativos provocam uma troca ou


permuta entre os componentes do Balanço Patrimonial, sem,
contudo, alterar o valor o Patrimônio Líquido. A permuta pode
envolver somente elementos do Ativo, somente elementos do
Passivo ou elementos de ambos. Exemplos: pagamento de uma
duplicata, compra de mercadorias, recebimento de duplicatas,
vendas de mercadorias pelo valor de compra, etc.
• Fatos Modificativos provocam alterações nos valores do
Patrimônio Líquido - PL, para mais ou para menos. Enquanto o fato
permutativo envolve somente contas patrimoniais, o fato
modificativo envolve contas patrimoniais e de resultado. Dividem –
se em Fatos Modificativos Aumentativos, quando aumentam o
valor do PL, e Fatos Modificativos Diminutivos, quando
provocam uma redução no PL. Exemplos: recebimento de juros,
recebimento de aluguéis, pagamento de juros ou de aluguéis,
descontos concedidos.

• Fatos Mistos envolvem ao mesmo tempo um fato permutativo e


um fato modificativo, ou seja, provocam alteração no valor do PL,
além da troca entre os elementos do patrimônio. Serão Fatos
Mistos Aumentativos, se aumentarem o PL ou Fatos Mistos
Diminutivos, se provocarem redução do Patrimônio Líquido.
Exemplos: recebimento de duplicata com juros, Venda de
mercadorias com lucro, pagamento de duplicatas com juros,
recebimento de duplicatas com descontos, etc.
5 – ESCRITURAÇÃO

5.1 – CONCEITO
A Contabilidade sempre se preocupou em registrar as ocorrências que de uma
forma ou de outra alteram o valor do patrimônio.

O processo pelo qual a Contabilidade, utilizando – se de técnicas próprias e em


conformidade com a legislação em vigor, registra, em livros específicos para
estes fins, os fatos administrativos ocorridos na entidade é conhecido como
escrituração. A escrituração pode ser efetuada manualmente ou com a
utilização de máquinas e softwares contábeis.

5.2 – COMO REGISTRAR?

O método de registro utilizado para se processar a escrituração contábil é


universal, sendo conhecido como Método das Partidas Dobradas.

O Método das Partidas Dobradas nasceu a partir das técnicas de registros


contábeis adotadas pelos mercadores de Veneza e foi mundialmente difundido
pelo frei italiano Luca Pacioli, em 1494.

A premissa básica do Método das Partidas Dobradas é de que não existe débito
sem crédito e a sua aplicação permite o registro simultâneo da origem e da
destinação dos recursos, uma vez que não tem como existir um devedor se não
houver um credor ou vice - versa.

5.3 – AONDE REGISTRAR?

A escrituração é realizada em livros apropriados para isto. Vários são os livros


utilizados pela Contabilidade, alguns de caráter obrigatório, pois são exigidos por
lei, outros de caráter facultativo, pois existem para garantir o bom funcionamento
do sistema contábil e, também, para atender necessidades administrativas
próprias de cada entidade.

Os livros considerados imprescindíveis para o bom funcionamento de um sistema


contábil são chamamos de principais. Os principais livros utilizados pela
Contabilidade são:

• Livro Diário
• Livro Razão
• Livro Caixa
• Livro de Contas – Corrente
5.3.1 – Livro Diário

O Diário é um livro cronológico e obrigatório pela Legislação Comercial. Devido


ao seu caráter obrigatório o Diário esta sujeito a uma série de formalidades
legais.

As formalidades legais relacionadas ao Diário podem ser:

• extrínsecas ( ou externas ): estão relacionadas ao próprio livro. Assim


o Diário deverá ser encadernado, com as
folhas numeradas tipograficamente e em
seqüência, conter termo de abertura e
encerramento e, ainda, ser submetido à
autenticação do órgão competente do
Registro do Comércio.

• Intrínsecas ( ou internas ): estão relacionadas à escrituração do Diário,


que deverá ser completa, em idioma e
moeda nacional, em forma mercantil,com
individualização e clareza, em ordem
cronológica de dia, mês e ano, sem
intervalos em branco nem entrelinhas,
borraduras, rasuras,emendas e transportes
para as margens.

Os Termos de Abertura e de Encerramento serão transcritos, respectivamente,


na primeira e na última página do livro Diário, na época da abertura dos livros.

No processo de escrituração o Diário é o primeiro livro a ser preenchido e o


atraso nos registros por período superior a 180 (cento e oitenta) dias, sujeita a
entidade, contribuinte do Imposto de Renda, à multa prevista em legislação
específica.

A seguir apresenta – se um modelo do livro Diário e a descrição de como utiliza-


lo:

1 2 3 5 6 7 8
4 4
Adaptação de RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Básica Fácil. São Paulo: Saraiva,1991.
1. Códigos das Contas, de acordo com o Plano de Contas;
2. Número da folha do livro Razão onde foi lançada esta Conta;
3. . Coluna reservada para a preposição a da Conta credora;
4. Coluna reservada pra o título das Contas e para o histórico;
5. Coluna reservada para o dia em que ocorreu o fato;
6, 7 e 8. Colunas destinadas aos valores, onde:
6. para as parcelas discriminadas no histórico;
7. para o total de cada Conta, quando o lançamento for de 2ª, 3ª
ou 4ª fórmulas;
8. para o total do lançamento.

Na escrituração do Diário alguns cuidados devem ser observados:

• A primeira linha de cada folha deve conter a localidade e a data;


• Quando a escrituração chegar às últimas linhas da página, esta deverá
conter:
1. a palavra continua, se o lançamento for continuar na outra página;
2. o termo transportar e o respectivo valor para transporte, quando no
lançamento for usada mais de uma coluna de valores. Nesse caso,
na página seguinte, após colocar a localidade e a data, a 2ª linha
deverá conter o termo de transporte e o respectivo valor
transportado da página anterior;
3. traços horizontais para anular as linhas finais;
4. traços de encerramento do exercício;
5. a última linha escrita pelo histórico e valor, se coincidir.

5.3.2 – Livro Razão

O Razão por muito tempo foi considerado facultativo. Hoje é obrigatório e é


essencial para o desempenho da Contabilidade, uma vez que registra o
movimento das contas individualmente, ou seja, conta por conta.

A seguir apresentamos um modelo representativo do Livro Razão:

1
DATA DÉBITO DATA CRÉDITO
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Adaptação de RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Básica Fácil. São Paulo: Saraiva,1991.
O preenchimento do livro Razão se processa da seguinte forma:

1. Título da conta;
2. Mês;
3. Dia;
4. Espaço reservado para a preposição “a”;
5. Contrapartida creditada
6. Número da folha do Diário de onde foi retirado o lançamento;
7. Valor;
8. Mês;
9. Dia;
10. Espaço reservado para a preposição “a”;
11. Contrapartida debitada;
12. Número da folha do Diário de onde foi retirado o lançamento;
13. Valor.

A seguir apresenta – se a simulação de um Razão preenchido.

23.2 Titular Conta Capital a Realizar

DATA DÉBITO DATA CRÉDITO


Fev 01 a Capi-
tal 50.000,

23.1 Capital

DATA DÉBITO DATA CRÉDITO


fev 01 de Titular
Conta Ca
pital a Re
alizar 50.000,
Adaptação de RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Básica Fácil. São Paulo: Saraiva,1991.

A escrituração do Razão se realiza com a transcrição conta por conta, em ordem


de dia, mês e ano, das operações registradas no Diário.

Complemento do Diário, a utilidade do Razão está no fato de permitir a


visualização de todas as alterações ocorridas com cada conta em um
determinado período, bem como os seus respectivos saldos, sem a necessidade
de percorremos todas as páginas do Diário para obtermos essa informação,
basta apenas localizar o Razão da conta desejada para se ter o acesso ao
registro das movimentações ocorridas e o valor do atualizado do saldo.

5.3.2.1 – Razonete

O Razonete nada mais é que um Razão simplificado, muito utilizado no ensino da


Contabilidade, uma vez que sendo mais simples, facilita o aprendizado da
mecânica de débito e crédito .

O Razonete é conhecido, também, como “Conta T” por se assemelhar a esta


letra do alfabeto. Eis um exemplo e a forma de como utilização do Razonete:

Nome da Conta Bancos – Conta Movimento


Coluna para Coluna para
registrar os registrar os
débitos créditos

5.3.2.2 – Razão Auxiliar ou Analítico

Algumas transações realizadas pelas entidades exigem o controle individual de


cada um dos devedores ou credores envolvidos. Para possibilitar este controle a
Contabilidade utiliza uma Razão Auxiliar ou Analítico.

O Razão Analítico consiste em controlar, através de fichas de Razão distintas,


uma para cada devedor ou credor, as operações com terceiros. Assim um Razão
principal, chamado de Razão Sintético, se desmembra em vários outros
auxiliares.

Veja o exemplo a seguir:


Razão Sintético:

Fornecedores
150,00 300,00
250,00
500,00

Razão Analítico: Fornecedores


Cia ABC Ltda
150,00 500,00

Fornecedores
Cia Silk Ltda
300,00
250,00

5.3.3 – Livro Caixa

O livro Caixa é utilizado para registro de todas as transações que envolvem


entradas e saídas de numerário. È um livro auxiliar e muito importante, uma vez
que envolve o controle do dinheiro da entidade.

Em geral, o Livro Caixa tem a estrutura apresentada a seguir:

MOVIMENTO DE CAIXA
Nº______1______
_2_
Referente ao movimento do dia____de___________de20____
VALORES MOVIMENTOS
CONTA DOC HISTÓRICO VALOR
Nº Nº PARCIAL ENTRADAS SAÍDAS
3 4 5 6 7 8 9

Totais 10 11
DETALHES DO SALDO Declaramos que os
valores registrados Saldo Inicial
DINHEIRO nestes documentos 12
correspondem ao
16 movimento efetivo Saldo Atual
CHEQUES 13
do Caixa.

Assinaturas: R$
VALES 14 15

17
Caixa
18
Supervisor
Adaptação de RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Básica Fácil. São Paulo: Saraiva,1991.
O preenchimento do modelo de Livro Caixa apresentado deve obedecer às
seguintes orientações:

1. Número do Movimento do Caixa;


2. Dia, mês e ano a que se refere o movimento;
3. Espaço reservado para o código da Conta, contrapartida da Conta
Caixa, no Livro Diário;
4. Número do documento de Caixa ( se numerados );
5. Espaço reservado para a preposição a ou de, conforme o caso;
6. Nome da Conta, contrapartida da Conta Caixa e histórico;
7. Coluna reservada ao lançamento de valores parciais, quando houver no
lançamento do Diário;
8. Coluna destinada ao lançamento do valor da operação, quando se tratar
de entradas de Caixa;
9. Coluna destinada ao lançamento do valor da operação, quando se tratar
de saídas de Caixa;
10.Total das entradas do dia;
11.Total das saídas do dia;
12. Valor do saldo inicial, ou seja, do dia anterior;
13.Saldo atual, que é igual ao saldo anterior(12), mais o total das
entradas(10), menos o total das saídas(11);
14.Total das entradas mais saldo inicial;
15.Total das saídas mais saldo atual;
16.Especificação dos valores que compõem o saldo do dia;
17. Assinatura do responsável pelo Caixa;
18. Assinatura do supervisor ou superior hierárquico;
O saldo do Livro Caixa deve corresponder exatamente à existência física em
poder do responsável pelo Caixa.

O Livro Caixa pode tornar – se um Diário Auxiliar, bastando para isto que ser
revista de todas as formalidades intrínsecas e extrínsecas exigidas para o Diário
Geral.

Como exemplo apresenta – se a seguir um modelo de Livro Caixa preenchido.

MOVIMENTO DE CAIXA

Nº______01_____
Referente ao movimento do dia 01 de_fevereiro_de 2005
VALORES MOVIMENTOS
DOC
CONTA HISTÓRICO VALOR
Nº Nº PARCIAL ENTRADAS SAÍDAS
23.2 a Titular c/ Capital a
Realizar Recebtº
ref.realização
parcial do Capital 450 000
12.11 de Despesas de Or-
ganização Pagtº
de despesas conf.
relação 5 00
0
10.2 de Bancos Conta Mo-
vimento abertura
de Conta/depósito 300 00
0
Totais 450 000 305 00
DETALHES DO SALDO Declaramos que os 0
valores registrados
nestes documentos Saldo Inicial
DINHEIRO 450 000 correspondem ao
movimento efetivo
do Caixa. Saldo Atual 145 00
CHEQUES
0
Assinaturas: R$ 450 000 450 00
VALES
0
Caixa
450 000
Supervisor

Adaptação de RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Básica Fácil. São Paulo: Saraiva,1991.
5.3.4 – Livro Contas - Correntes

O Livro Contas – Correntes é auxiliar do Razão, sendo utilizado para controle das
contas representam direitos e obrigações da entidade.

Encontra – se a seguir um modelo do Livro Contas – Correntes:

DATA HISTÓRICO DÉBITO CRÉDITO D/ SALDO


C
2 3 4 5 6 7 8

Adaptação de RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Básica Fácil. São Paulo: Saraiva,1991.

Orientações de preenchimento:

1. Nome do Correntista;
2. Mês;
3. Dia;
4. Histórico;
5. Valor do Débito;
6. Valor do Crédito;
7. D – se for devedor ou C se for credor;
8. Saldo.
9.

Apresenta – se a seguir um modelo de Livro Contas - Correntes preenchido.

20.2 – Duplicatas a Pagar


Moreira e Cia Ltda

DATA HISTÓRICO DÉBITO CRÉDITO D/ SALDO


C
Fev 01 NF. 0721 c/aceite
.
Das dupls nºs:
Dupl.nº 0721/01 -
Venctº em 01/03 600,00 C 600,00
Dupl.nº 0721/02 -
Venctº em 01/04 600,00 C 1.200,00
Dupl.nº 0721/03 -
Venctº em 01/05 600,00 C 1.800,00

Adaptação de RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Básica Fácil. São Paulo: Saraiva,1991

5.4 – LANÇAMENTOS

5.4.1 – Conceito

Lançamento é o meio pelo qual a escrituração se processa, ou seja, se realiza.

A escrituração se inicia pelo Livro Diário, e se realiza mediante a análise dos


documentos que comprovam a veracidade da operação registrada, tais como:
Notas Fiscais, Contratos Recibos, Extratos Bancários, etc.
5.4.2 – Elementos Essenciais

Aplicando – se o método das partidas dobradas o lançamento será feito em


ordem cronológica rigorosa, obedecendo à seguinte ordem na disposição dos
fatos:

• Local e data da ocorrência do fato;


• Conta a ser debitada;
• Conta a ser creditada;
• Histórico;
• Valor da operação.
Os elementos apresentados acima são requisitos imprescindíveis na escrituração
do Diário, sendo denominados elementos essenciais do lançamento.

Roteiro a ser seguido para realização do lançamento:

• Verificação da data e localidade de ocorrência do fato;


• Verificação da existência de documento idôneo que comprove a ocorrência
do fato;
• Identificação dos elementos envolvidos na operação. Lembre – se que
pelo Método das Partidas Dobradas pelo menos dois elementos
patrimoniais ou de resultado serão envolvidos a cada operação;
• Consulta ao Plano de Contas para definição de quais contas serão
utilizadas para se processar o registro da operação;
• Identificação de qual será a conta debitada e qual a conta a ser creditada;
• Definição do histórico a ser utilizado.
• Realização do lançamento no Diário.

5.4.2 – Como aplicar na escrituração o processo de débitos e créditos

Conforme exposto no item 5.2 a escrituração se processa pela utilização do


Método das partidas Dobradas, em que o registro dos fatos administrativos de
cada entidade se realiza através da aplicação dos conceitos de débito e crédito.

Para a correta aplicação do Método das partidas dobradas, no processo de


escrituração contábil, as características básicas deste método não podem ser
esquecidas. São elas:
• Para todo fato contábil haverá no mínimo dois lançamentos, um no débito
e outro no crédito.
• Todas as aplicações de recursos (débito) vão necessitar de uma origem de
recursos (crédito).
• A soma dos débitos será sempre igual à soma dos créditos.
• “Não há débito sem que haja o respectivo crédito e vice-versa”
Os termos débito e crédito são mera convenção e correspondem ao lado
esquerdo e ao lado direito de cada conta, respectivamente.

Se nos lembrarmos que graficamente o patrimônio é dividido, também, em dois


lados fica fácil aplicar os conceitos de débito e crédito se os relacionarmos aos
respectivos lados do patrimônio.

O Ativo representa o lado esquerdo do patrimônio e o débito corresponde ao lado


esquerdo das contas. Assim por correlação as contas registradas no Ativo são
chamadas devedoras, pois estão do lado do débito.

No ativo podemos dizer que toda entrada é débito e toda saída é credito.
Exemplificando, teremos:
Compra de mercadoria à vista
D – Mercadoria (entrou mercadoria no estoque)
C – Caixa (saiu dinheiro do caixa)

O Passivo e o Patrimônio Líquido representam o lado direito do patrimônio e o


crédito, também, corresponde lado direito das contas. Assim, por associação,
chamamos as contas pertencentes ao Passivo e ao patrimônio Líquido de contas
credoras.

Portanto o registro das contas patrimoniais segue o seguinte raciocínio:

1. Toda vez que houver um aumento no Ativo, a respectiva conta será


debitada;

2. Toda vez que ocorrer uma redução do Ativo, a respectiva conta será
creditada;

3. Toda vez que ocorrer um aumento no Passivo ou no Patrimônio Líquido, a


respectiva conta será creditada;

4. Toda ocorrência que provocar uma redução no Passivo ou no Patrimônio


Líquido, a respectiva conta será debitada.

ATIVO PASSIVO E PL

DÉBITO CRÉDITO

+ --
DÉBITO CRÉDITO

+ --

Com relação as contas de resultado, que não possuem lado esquerdo nem lado
direito o registro do débito e do crédito se processa da seguinte maneira:

1. Como toda receita provoca aumento do Patrimônio Líquido, sempre que


houver ocorrência de uma receita, a respectiva conta será creditada;

2. Como toda despesa provoca redução no Patrimônio Líquido, sempre que


houver ocorrência de despesa, a respectiva conta será debitada.

DESPESAS RECEITAS

DÉBITO CRÉDITO

+ -- DÉBITO CRÉDITO

+ --

O entendimento fica bem fácil a partir do seguinte esquema:

GRUPO DE CONTAS NATUREZA DÉBITO CRÉDITO


ATIVO Devedora aumenta diminui
PASSIVO e PL Credora diminui aumenta
DESPESAS e CUSTOS Devedora aumenta diminui
RECEITA Credora diminui aumenta

Ressalta – se que as contas de receitas somente serão debitadas em casos de


estorno (correção do valor registrado) ou para encerramento do exercício e que
as contas de despesas, por sua vez somente serão creditadas para estorno ou
para encerramento do exercício.

5.4.3 – Fórmulas de Lançamentos


O lançamento deverá demonstrar, através das contas movimentadas, sempre o
devedor e o credor da operação registrada. Porém um único lançamento poderá
movimentar ao mesmo tempo mais de uma conta devedora ou mais de uma
conta credora. Nestes casos podemos utilizar a expressão Diversos, que
indicará a movimentação de mais de uma conta a débito ou de mais de uma
conta a crédito.

A aplicação da expressão Diversos originou quatro fórmulas de lançamentos no


Livro Diário, dependendo do número de contas devedoras ou credoras
movimentadas.

1ª fórmula: quando existe apenas uma conta devedora e somente uma conta
credora.

O registro de compras de mercadorias a prazo, por exemplo, provoca a


ocorrência de um lançamento de 1ª fórmula:

Mercadorias
a Fornecedores
Compra de mercadorias junto a Coelho & Filhos Ltda,
conforme nota fiscal nº 2346, de 20 de março de 2004 24.000,00

Sistemas eletrônicos de registros contábeis utilizam sempre os lançamentos de


1ª fórmula.

2ª fórmula: quando existe apenas uma conta devedora e várias contas credoras.

O registro de compras de mercadorias, sendo uma parte à vista e outra parcela a


prazo, por exemplo, provoca a ocorrência de um lançamento de 2ª fórmula. Neste
caso utiliza – se a expressão diversos, conforme demonstrado a seguir:

Mercadorias
a Diversos
a Caixa 12.000,00
a Fornecedores
18.000,00
Compra de mercadorias junto a J P Moreira Ltda,
conforme nota fiscal nº 3002, de 21 de março de 2004,
sendo uma parte adquirida à vista e em dinheiro e o
restante a prazo, mediante aceite de duplicata para
pagamento em 20 de abril de 2004.
30.000,00

3ª fórmula: quando existem várias contas a débito e somente uma conta credora.
O registro de venda de mercadorias, sendo uma parcela à vista e outra parcela a
prazo, por exemplo, provoca a ocorrência de um lançamento de 3ª fórmula. Neste
caso, também se aplica a expressão diversos, conforme descrição a seguir:

Diversos
a Venda de Mercadorias
Caixa 15.000,00
Fornecedores
15.000,00
Venda de mercadorias para Plínio Lima Silva Ltda,
Conforme nossa nota fiscal nº 1169, de 22 de março de
2004, sendo uma parte recebida à vista e em dinheiro
e o restante a prazo, mediante emissão de duplicata para
recebimento em 21 de abril de 2004. 30.000,00

Observação:

• A utilização da expressão Diversos não dispensa a necessidade de se


relatar quais contas estão sendo representada por esta expressão;
• Quando o termo Diversos é aplicado representando a parte credora do
lançamento, as contas que explicam a composição do crédito aparecem
acompanhadas da preposição “a” .

4ª fórmula: quando existem várias contas devedoras e várias contas credoras.

O registro da aquisição bens variados, com uma parcela à vista e outra parcela a
prazo, por exemplo, provoca a ocorrência de um lançamento de 4ª fórmula. Neste
caso, a expressão diversos também será aplicada, conforme segue:

Diversos
a Diversos
Móveis e Utensílios 35.000,00
Veículos 65.000,00
100.000,00
a Caixa 40.000,00
a Fornecedores 60.000,00
100.000,00
Compra de prateleiras e balcões junto a Carlos Leite
Ltda, Conforme nota fiscal nº 0089, de 22 de fevereiro de
2004, sendo uma parcela paga à vista e em dinheiro
e o restante a prazo, mediante aceite de duplicatas para
pagamento em 21 de março e 21 de abril de 2004.
Lançamentos de 4ª fórmula são pouco utilizados atualmente e os de 2ª e 3ª
fórmulas são aplicados mais à escrituração manuscrita, pois facilitam os
registros.
Em qualquer destes casos os lançamentos podem ser desdobrados em dois ou
mais lançamentos de 1ª fórmula.

5.5 – ERROS DE ESCRITURAÇÃO

O livro Diário, por ser obrigatório por Lei, está sujeito a uma série de formalidades
intrínsecas que não permitem erros de escrituração.

Todavia, sabemos que a probabilidade de erros existe, uma vez que processos
de registros contábeis envolvem seres humanos. Os erros mais comuns de
ocorrerem são:

• Erro na redação do histórico do lançamento;


• Borrões ou rasuras;
• Escritos na entrelinhas;
• Linhas ou páginas em branco;
• Registro incorreto de valores, tanto a maior quanto a menor;
• Omissão ou duplicidade de lançamentos;
• Notação de conta indevida;
• Inversão entre as contas de débito e crédito.
Para cada erro mencionando no parágrafo anterior existe uma forma específica
para correção do lançamento. As formas de efetuar a correção de lançamento
podem ser:

• Estorno do lançamento;
• Lançamento retificativo;
• Lançamento complementar;
• Ressalva por profissional habilitado.

5.5.1 – Erros de Redação

Os erros de redação do histórico lançamento podem ser corrigidos, se constatado


o erro no momento da sua ocorrência, utilizando – se as opções oferecidas pela
Língua Portuguesa, como os termos digo, ou melhor, etc.

Quando constatado após a conclusão do registro a solução é estornar e lançar


novamente da forma correta. O ato de estornar significa fazer um novo
lançamento invertendo – se as contas de débito com as contas de crédito. Assim
o lançamento incorreto é anulado.
5.5.2 – Borrões, rasuras, escritos nas entrelinhas

A correção nestes casos exige que seja feita uma ressalva na própria
escrituração, deverá ser data e assinada pelo profissional contabilista.

5.5.3 – Linhas ou páginas em branco

No caso de linhas em branco, estas deverão ser preenchidas com traços


horizontais e com ressalva datada e assinada pelo contabilista.

Se a situação for de páginas em branco, estas deverão ser anuladas com traços
na diagonal, contendo, ainda, ressalva datada e assinada pelo contabilista.

5.5.4 – Registro incorreto de valores

Quando o registro for efetuado a menor podemos corrigir o erro através do


estorno, seguido de um novo lançamento pelo valor correto. Outra opção para
correção do registro seria realizar um lançamento complementar pelo valor
correspondente à diferença constatada.

Quando a situação for de registro realizado a maior a correção, também, poderá


ser efetuada através do estorno com um novo lançamento pelo valor correto.
Outra solução possível, é realizar um lançamento retificativo, que consiste em
fazer o estorno somente da diferença verificada.

5.5.5 – Omissão ou duplicidade de lançamentos

Os casos de omissão poderão ser corrigidos com a realização do registro quando


da constatação da ausência do lançamento, bastando citar no histórico o motivo
e a data de ocorrência do evento.

Já os casos de lançamentos em duplicata podem ser corrigidos através do


estorno.

5.5.6 – Notação de conta indevida

A troca de uma conta por outra poderá ser corrigida através do estorno completo
do lançamento, seguido de um novo registro de forma correta ou através do
estorno parcial do lançamento, em que se estorna somente a conta lançada
indevidamente em contrapartida da conta correta.

Nos casos de estornos parciais faz – se constar no histórico que o evento


registrado é de transferência de uma conta para outra em decorrência de
lançamento indevido.

5.5.7 – Inversão entre as contas de débito e crédito


Os casos de inversão de contas são facilmente corrigidos, basta estornar e lançar
de forma correta. Outra opção para correção do lançamento consistiria em um
novo registro com as contas invertidas, porém com o valor em dobro. Assim, o
estorno e a correção do lançamento se processam simultaneamente.

5.6 – BALANCETES DE VERIFICAÇÃO

5.6.1 – Conceito e utilidade

Balancete é uma relação de contas extraídas do livro Razão, com seus saldos
devedores e credores.

A sua utilidade fixa – se em dois pontos:

• Permite verificar a correta aplicação do Método das Partidas Dobradas, ou


seja, se a soma dos débitos é igual à soma dos créditos;

• Permite aos administradores analisarem periodicamente a situação em


que a entidade se encontra, sem terem que esperar Balanço Patrimonial
que é elaborado somente ao do fim exercício contábil.

Preparar um Balancete é muito fácil e consiste em relacionar todas as contas da


entidade que apresentem saldo diferente de zero, listando - os em colunas
definidas para isso. O saldo apresentado ao lado de cada conta é igual ao saldo
relacionado no Razão.

O formato do Balancete depende de cada entidade e das necessidades de


informações de cada uma. Os Balancetes podem ser elaborados a qualquer
momento que sejam necessários, o mais comum é que sejam elaborados todo
mês. Algumas empresas, entretanto, utilizam Balancetes trimestrais ou até
mesmo semestrais.

Portanto a definição de quando preparar um Balancete também depende da


necessidade de cada entidade.

5.6.2 – Modelos de Balancetes

Os Balancetes podem ser elaborados para apresentarem somente as contas


patrimoniais, ou seja, com o resultado do exercício já apurado ou poderão conter,
também, as contas de despesas e receitas do período.

Dependendo da entidade os Balancetes serão mais ou menos complexos,


existem modelos de duas, quatro, seis ou, até mesmo, oito colunas.
Balancete de 2 colunas:

N CONTAS SALDO
º DEVEDOR CREDOR

TOTAIS

Balancete de 4 colunas:

N CONTAS MOVIMENTO SALDO


º DÉBITO CRÉDITO DEVEDOR CREDOR

TOTAIS
Balancete de 6 colunas:

Nº CONTAS SALDO ANTERIOR MOVIMENTO SALDO


DEVEDOR CREDOR DÉBITO CRÉDITO DEVEDOR CREDOR

TOTAIS

A relação das contas no Balancete segue, normalmente, a mesma seqüência do


Plano de Contas.

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