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1 – Introdução ao Estudo da

Contabilidade

Disciplina: Contabilidade Financeira I


Docente: Pedro Domingues

2019/20
Índice
Introdução ao estudo da contabilidade
1. Origem da contabilidade
2. Conceito de contabilidade
3. A contabilidade como sistema de informação
4. Utilizadores da informação contabilística
5. Natureza dos fluxos
6. Conceito de património
7. Composição e valor do património
8. O inventário
9. O balanço
10. Factos patrimoniais

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1. Origem da contabilidade
A contabilidade teve a sua origem nas
sociedades primitivas: a partir do
momento em que o homem deixou de ser
capaz de produzir tudo o que
necessitava

Começou a trocar os bens que lhe


sobravam por aqueles que lhe faltavam

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1. Origem da contabilidade

Estas trocas foram-se desenvolvendo e

intensificando e começou a ser difícil

conservar na memória a sua extensão

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1. Origem da contabilidade

A contabilidade nasceu da necessidade


sentida pelo homem de registar certos
fatos da vida económica que a memória
não conseguia abarcar

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1. Origem da contabilidade

 Génese da contabilidade: preencher


limitações da memória

 Objetivo: Recordar facilmente as


variações de determinada grandeza
para que em qualquer momento
pudesse ser conhecida a sua extensão

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1. Origem da contabilidade

Mas tinha outra função importante:

Era um meio de prova entre partes


discordantes ou em lítigio

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1. Origem da contabilidade
A história da contabilidade está
profundamente associada à história
da civilização: evoluiu ao ritmo do
desenvolvimento económico, social e
cultural da sociedade

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1. Origem da contabilidade
O seu grande desenvolvimento deveu-se
principalmente ao movimento económico e
político que foi a revolução industrial

Foram as unidades de produção capitalistas


que determinaram o aperfeiçoamento do
método contabilístico

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2. Conceito de Contabilidade

O que é a contabilidade e para que serve?

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2. Conceito de Contabilidade

A contabilidade é uma ciência de


natureza económica:
OBJETIVO: a realidade económica de
qualquer entidade, pública ou privada
ANALISADA: em termos essencialmente
quantitativos
INTUITO: de fornecer informações
indispensáveis para a tomada de
decisões de qualquer interessado nessa
entidade

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2. Conceito de Contabilidade

A contabilidade é fundamental para a


gestão das empresas a realização de
previsões assenta em grande parte na
informação fornecida pela contabilidade

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2. Conceito de Contabilidade
To d a s a s e m p r e s a s p r e c i s a m d e c o n h e c e r ,
prever e controlar a sua atividade

Conhecer: os resultados das operações que


realizam, os bens que controlam, as dívidas
contraídas, os empréstimos concedidos, o dinheiro
disponível, entre outras informações

P r e v e r : com base no conhecimento do passado e do


presente e assim planificar a atividade futura

Controlar: avaliar o resultado da atividade


desenvolvida e introduzir as correções adequadas
face aos eventuais desvios verificados

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2. Conceito de Contabilidade

Em síntese:

A contabilidade é uma ciência de natureza


económica que tem por objetivo divulgar
informação essencialmente quantitativa
acerca da realidade económica passada,
presente e futura de qualquer entidade,
com a finalidade de facilitar a tomada de
decisões financeiras por parte dos
interessados nessa entidade.
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2. Conceito de Contabilidade
O conceito de contabilidade evoluiu ao
longo do tempo

E m m e a d o s d o s a n o s 5 0 o A I C PA ( American Institute of
Certified Public Accountants) d e f i n i a a c o n t a b i l i d a d e
como sendo:
“ … o a t o d e r e g i s t a r, c l a s s i f i c a r e s u m a r i z a r d e
uma forma organizada e em termos de unidades
monetárias, as transações e acontecimentos
que são de natureza financeira de forma a
permitir a sua interpretação subsequente”

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2. Conceito de Contabilidade

20 anos mais tarde, aquele organismo já


considerava que a contabilidade era
uma atividade cuja
“…função é a de fornecer informação
quantitativa, de natureza financeira,
sobre entidades económicas, que seja
útil para a tomada de decisões de
natureza económica”

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2. Conceito de Contabilidade

O conceito de contabilidade evoluiu:

Passou de uma atividade de registo de


transações para uma função muito mais
complexa

fornecer informação com o objetivo de


permitir a tomada de decisões
fundamentadas

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3- A contabilidade como um sistema
de informação
Atualmente a contabilidade é considerada:

 um sistema de informação indispensável


para a tomada de decisões

 A contabilidade estabelece a comunicação


entre a entidade e os utilizadores dessa
informação (accionistas, clientes,
fornecedores, Estado, trabalhadores,
financiadores, gestores…)
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4. Utilizadores da informação
contabilística

Internos: aqueles que tomam decisões


relativamente à gestão da empresa;

Externos: aqueles que não participam na


tomada de decisões internas da
empresa, ou seja aqueles que estão
fora do negócio.

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Investidores

Sócios
Bancos

Trabalhadores Estado

Público em geral Fornecedores


Clientes

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5. Natureza dos Fluxos

A Organização Dinheiro Investidores


Dinheiro e financiadores
Financiamento
Dinheiro
Trabalhadores
Serviços
Aquisição de Dinheiro
recursos, mão de Fornecedores
obra, materiais... Bens e serviços e credores

Bens e serviços
Clientes
Dinheiro
Dinheiro
Produção e venda Serviços Estado
de bens e serviços
Bem estar social Público
Imagem em geral

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5. Natureza dos Fluxos

Despesas Entidade Receitas


Fornecedores Gasto Clientes
Rendimento
Pagamento Recebimento

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5. Natureza dos Fluxos
Fluxos da Empresa e Informação Contabilística

TIPO DE FLUXO CONCEITO PERSPECTIVA

OBRIGAÇÕES Despesas
REAL - EXTERNO FINANCEIRA
DIREITOS Receitas

CONSUMOS Custos
Gastos
REAL - INTERNO ECONÓMICA
PRODUÇÕES Proveitos
Rendimentos

SAÍDAS Pagamentos
MONETÁRIO MONETÁRIA
ENTRADAS Recebimentos

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5. Natureza dos Fluxos

Ótica Receitas DIREITOS

Financeira Despesas OBRIGAÇÕES

Ótica Rendimentos PRODUÇÕES

económica Gastos CONSUMOS

Recebimentos ENTRADAS
Ótica
monetária (caixa) Pagamentos SAÍDAS

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5. Natureza dos Fluxos

Fluxos Reais quantidade de bens e


serviços transferida em determinado
período entre dois agentes económicos

Matérias Prod. Acabados

Mercadorias
EMPRESA Mercadorias
Serviços
Serv. Prestados
Equipamentos

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5. Natureza dos Fluxos

Fluxos monetários quantidade de meios


monetários transferida em determinado
período entre dois agentes económicos

Matérias Prod. Acabados

Mercadorias
EMPRESA Mercadorias
Serviços

Equipamentos Serv. Prestados

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6. Conceito de Património

Qualquer entidade necessita, para exercer


a sua atividade, de um certo conjunto de
elementos: máquinas; edifícios; mercadorias;
dinheiro; ferramentas…

O conjunto de valores utilizados pela


entidade na sua atividade económica
constitui o seu património

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6. Conceito de Património

A entidade estabelece relações com


terceiros no desenvolvimento da sua
atividade, que originarão um conjunto de
direitos e de obrigações:

Dívidas a receber

Dívidas a pagar

São considerados valores integrantes do


património
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6. Conceito de Património

Seja qual for a sua natureza todos os


elementos patrimoniais têm:

C A R ÁT E R PECUNIÁRIO (suscetível de
representação monetária, isto é
exprimir-se em euros).

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6. Conceito de Património

Património pode ser visto segundo


2 aspetos

Aspeto qualitativo Componentes


Dinheiro , máquinas, mercadorias

Aspeto quantitativo Expressão monetária


valores económicos ou monetários

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6. Conceito de Património

Q UA L I TAT I VA M E N T E - o p a t r i m ó n i o é a n a l i s a d o
pela natureza dos seus elementos (dinheiro,
dívidas a receber e a p a g a r, máquinas,
mercadorias, etc.)

Q UA N T I TAT I VA M E N T E - r e fe r e - s e à e x p r e s s ã o d o s
componentes patrimoniais em termos de
valores económicos ou monetários.
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6. Conceito de Património

• O património pode ser definido como o conjunto de


bens, direitos e obrigações, afetos a determinada
pessoa, singular ou coletiva, que é o titular do
património.

• O património pode ser ainda definido como o


conjunto de valores sujeitos a uma gestão e afetos a
determinado fim.

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6. Conceito de Património

• Transpondo estas definições para uma ótica


empresarial:

– Património é o conjunto dos seus elementos


patrimoniais Ativos (bens e direitos) e Passivos
(obrigações), utilizados no exercício da sua
atividade.

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7. Composição e valor do
Património
O Património pode como vimos na
definição ser encarado como um
conjunto de bens direitos e
obrigações
At i vo
Elementos Positivos:
–Bens; e
–Direitos
Pa s s i vo
Elementos Negativos:
–Obrigações
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7. Composição e valor do
Património
Direitos são valores que a empresa tem a receber
de terceiros ou valores de propriedade, que se
encontram em posse de terceiros, decorrentes ou
não da sua atividade principal.

Bens são coisas úteis, suscetíveis de avaliação


económica e que estejam à disposição de uma
entidade para prossecução dos seus fins.

- corpóreos, materiais ou tangíveis;

- incorpóreos, imateriais ou intangíveis


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7. Composição e valor do
Património

Obrigações são valores a pagar que resultam de


dívidas ou compromissos de qualquer natureza,
assumidos perante terceiros, ou bens de terceiros
que se encontrem em posse da entidade, sobre os
quais esta possui uma responsabilidade, quer pela
devolução (empréstimo), quer pela indemnização
ou pelo pagamento .

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7. Composição e valor do
Património

Património

Bens Obrigações
+
Direitos

Ou
Património

Ativo Passivo

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7. Composição e valor do
Património

• Património complexivo ou global: abrange o


conjunto dos bens, direitos e obrigações
(componentes ativos e passivos).

• Património bruto: abrange apenas os bens e os


d i r e i t o s ( t o d o s o s e l e m e n t o s d o AT I V O ) .

• Património liquido : Soma algébrica dos valores


a t i v o s e p a s s i v o s ( AT I V O - PA S S I V O ) .

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7. Composição e valor do
Património
Ativo – Passivo = Situação Líquida

• At i v o - c o n j u n t o d e b e n s e d i r e i t o s q u e u m a
entidade detém para prosseguir a sua atividade;

• Pa s s i v o – C o n j u n t o d e o b r i g a ç õ e s ;

• Situação Líquida – são os recursos originários dos


sócios e os rendimentos auferidos.

Situação Líquida = Capital Próprio = Patrimóni o líquido

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8. O Inventário

“É uma relação de elementos patrimoniais (lista, rol,


arrolamento) com a indicação dos seus valores.”

F.V. Gonçalves da Silva

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8. O Inventário
 Quanto ao âmbito:
• Gerais
• Parciais
Consoante figuram todos os elementos ( Ativos e
Passivos) ou não de um património.

 Quanto à sua disposição:


• Simples ou corridos
• Classificados
Consoante os elementos patrimoniais aparecem dispostos
ao acaso, sem qualquer ordem ou aparecem agrupados
segundo a sua natureza caraterística ou função.
41
8. O Inventário

 Quanto à periodicidade:
• Ordinários
Se realizam periodicamente (no fim de cada
ano, semestre, trimestre, etc.) em obediência
aos normativos da entidade.

• Extraordinários
A q u e l e s q u e s e e fe t u a m e m c o n s e q u ê n c i a d e
circunstâncias excecionais (cessão, liquidação,
etc.).

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8. O Inventário
 Fa s e s d a i n v e n t a r i a ç ã o d e u m p a t r i m ó n i o :
• Identificação e arrolamento: descrição
sumária dos elementos patrimoniais a
considerar
• Descrição e classificação: apresentação e
r e p a r t i ç ã o p e l a s d i fe r e n t e s c l a s s e s d e a c o r d o
com sua natureza
• Avaliação ou valorização: atribuição de um
valor fiável como expressão do elemento em
causa.
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9. O Balanço

“ O Balanço é a expressão da relação existente


e n t r e o At i v o o P a s s i v o e a S i t u a ç ã o L i q u i d a .”
Dumarchey

“ O Balanço é o quadro dos componentes do ativo,


do passivo e da situação liquida, o mapa
sintético da situação patrimonial da empresa em
d a d o m o m e n t o d a s u a e x i s t ê n c i a ”.
F. V. G o n ç a l v e s d a S i l v a

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9. O Balanço

Balanço
Ativo: conjunto de Situação Liquida:
bens e direitos que riqueza da entidade
uma entidade detém
para desenvolver a sua
atividade
Passivo: conjunto de
Obrigações

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9. O Balanço

Está sempre sujeito à equação fundamental


da contabilidade:

Ativo = Passivo + Situação Liquida

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9. O Balanço
Comparando o ativo com o seu passivo poderemos
tirar as seguintes conclusões:

• O ativo é superior ao passivo:


• O ativo é igual ao passivo;
• O ativo é inferior ao passivo.

Então teremos:
1ºcaso uma Situação Liquida - Ativa A = P + SLa
2º caso uma Situação Liquida – Nula A= P
3º caso uma Situação Liquida - Passiva A + SLp = P

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9. O Balanço
Ativo > Passivo = Situação Líquida Ativa: representa uma
situação normal e em que os bens e direitos são mais que
suficientes para fazer face às obrigações.

Ativo = Passivo = Situação Líquida Nula: representa uma


situação anormal, e apenas possível em termos teóricos, e
em que os bens e direitos apenas conseguem fazer face às
obrigações.

Ativo < Passivo = Situação Líquida Passiva: representa uma


situação anormal e grave, pois nesta situação a empresa
encontra-se em falência técnica pois os bens e direitos são
insuficientes para fazer face às obrigações

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CAPITAL PRÓPRIO
ATIVO
Corresponde ao que resta
Corresponde ao que a depois de serem saldadas
entidade tem, isto é, o todas as obrigações da
conjunto dos seus bens e entidade
direitos
PASSIVO

Corresponde às obrigações
da entidade perante
terceiros

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9. O Balanço

Ativo Situação Liquida


Financiamento
Próprio dos
Recursos recursos
económicos

Passivo
Financiamento
Alheio dos
recursos

Ativos = Fontes Próprias + Fontes Alheias


50
9. O Balanço

Situação Liquida
+
Ativo
Passivo

Aplicação de Fundos Origem de Fundos

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9. O Balanço

Disposição horizontal
(em euros)

Ativo .................. 100.000,00 Passivo ...................... 60.000,00

Situação Liquida ... 40.000,00

100.000,00 100.000,00

52
9. O Balanço

Disposição vertical

Ativo ................................................... 100.000,00

Passivo ................................................... 60.000,00

Situação Liquida .............................. …. 40.000,00


100.000,00

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9. O Balanço

Decomposição

Ativo Situação Liquida

Ativo não corrente


Inicial
A t i v o s F i x o s Ta n g í v e i s
Adquirida
Ativos Intangíveis
Do Exercício
Ativo corrente Passivo
Inventários Passivo não corrente
Dividas a receber CP Dividas a Pagar MLP
Disponibilidades
Passivo corrente
Dividas a Pagar CP

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9. O Balanço
Ordenação dos seus elementos

Ativo Situação Líquida


Ordem de Liquidez
• Crescente; ou
• Decrescente Passivo:
Ordem de Exigibilidade
Maior ou menor rapidez • Crescente; ou
Com que os elementos do • Decrescente
Balanço se transformam
em meios líquidos de Maior ou menor período de tempo
pagamento (disponibilidades) para liquidar a dívida

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9. O Balanço
Decomposição do Ativo quanto ao seu destino:

Ativo não corrente


São os recursos que uma empresa detém com
caráter de continuidade ou de permanência e que
não se destinam a ser vendidos ou transformados;

Ativo corrente
Aqueles que têm a ver com o ciclo da atividade
normal da empresa, não têm portanto caráter de
continuidade ou de permanência.

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9. O Balanço
Outras classificações:

Ati vos cor re nte s


Aqueles cujo período de realização
(transformação em dinheiro) é inferior a um
ano (CP).
Ati vos não cor re nte s
Aqueles cujo período de realização
(transformação em dinheiro) é superior a um
ano (MLP).

57
9. O Balanço

Outras classificações Ativos:

EQUIPAMENTOS,
MÁQUINAS,
NÃO VALOR DE
MARCAS,
MONETÁRIOS ENTRADA PATENTES,
INVENTÁRIOS

CLIENTES,
MONETÁRIOS VALOR DE SAÍDA CAIXA,
DEPÓSITOS À ORDEM

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9. O Balanço

Decomposição do Passivo de acordo com o


prazo de exigibilidade:

C o r r e n t e s
Exigível até um ano (CP).
N ã o c o r r e n t e s
Exigibilidade superior a um ano (MLP)

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9. O Balanço
Decomposição do Passivo quanto à sua origem:
 De Funcionamento
Aqueles que derivam da aquisição de bens e serviços
destinados à atividade normal da empresa.

 De Financiamento
Aqueles que têm geralmente como contrapartida a
obtenção ou entrada na empresa de numerário.
Poderão também, eventualmente, aparecerem
fornecedores de equipamentos a efetuar financiamentos
através da concessão de prazos mais alargados.

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9. O Balanço

Outras classificações dos passivos:

NÃO VALOR DE
PROVISÕES
MONETÁRIOS ENTRADA

FORNECEDORES
MONETÁRIOS VALOR DE SAÍDA EMPRÉSTIMOS OBTIDOS
ETC

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10. Factos Patrimoniais
Fa c t o p a t r i m o n i a l é q u a l q u e r a o p e r a ç ã o o u
acontecimento que imprime qualquer variação
na composição e/ou no valor do património.

• Permutativos : aqueles que apenas alteram a


composição do património

Ex: Depósito de um cheque que se encontrava em Caixa

• Modificativos : aqueles que alteram tanto a


composição como o valor do património

Ex: Venda de mercadorias com lucro

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10. Factos Patrimoniais

Factos Patrimoniais Não alteram


permutativos a Situação liquida

Factos patrimoniais Alteram a


modificativos Situação Liquida

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Resolução E xe r c í c i o
1, 2 e 3

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11-Estudo das Contas
Noção de Conta e Partes Constitutivas
65

• Foi referido, de passagem, que do Balanço constam várias


contas. Mas o que são contas?

– A Conta pode ser definida como o conjunto de elementos


patrimoniais agrupados e classificados, segundo a sua
natureza e função, com as mesmas características e
expressas na mesma unidade de valor.
11-Estudo das Contas
Noção de Conta e Partes Constitutivas 66

• As características da conta são:

• Título: palavra ou palavras por que se designa a conta. É a


expressão que deve revelar imediatamente a natureza dos
elementos que a compõem, e tem como finalidade identificar a
conta e distingui-la das outras

• Compreensão (ou conteúdo): conjunto das características comuns


a todos os elementos contidos ou agrupados na conta;

• Valor: expresso em unidades monetárias, é o elemento variável da


conta, dado que os elementos patrimoniais estão sujeitos a
variações em resultado das operações.
11-Estudo das Contas
Noção de Conta e Partes Constitutivas
67

• A conta apresenta como requisitos:

• Homogeneidade: só deve conter os elementos que


obedeçam à característica comum que ela define;

• Integralidade: deve conter todos os elementos que


possuem a característica comum por ela definida.
11-Estudo das Contas
Noção de Conta e Partes Constitutivas
68

• Por forma a registar as operações que cada


organização leva a efeito:

– É necessário movimentar as contas através de um


quadro de contas racionalmente classificadas,
ordenadas e codificadas.
11-Estudo das Contas
Noção de Conta e Partes Constitutivas
69

• No caso português, atualmente, esse quadro


de contas racionalmente classificadas é o
Códigos de Contas do Sistema de
Normalização Contabilística (SNC).
12 - Estudo das Contas
Classificação

• As contas podem classificar-se como:

• Contas Coletivas, complexas, ou gerais (sintéticas):


encontram-se subdivididas noutras contas.

• Contas Divisionárias, simples ou elementares


(analíticas): contas que são subdivisões de outras.

– Nota: a soma dos valores das contas divisionárias


é igual ao valor da conta coletiva respetiva.
12 - Estudo das Contas
Classificação

CONTA SINTÉTICA CONTAS ANALÍTICAS

Depósitos à ordem Banco A


Banco B
Banco C
Clientes Pedro
João
Maria
Fornecedores José Silva, Lda
Rodoviva, Sa
Serena, Lda
12 - Estudo das Contas
Classificação

• As contas podem classificar-se como:

• Contas 1.º grau: correspondem às contas de dois


dígitos;

• Contas 2.º grau: resultam do desdobramento das


contas do 1.º grau e correspondem às contas de três
dígitos;

• Etc.
12 - Estudo das Contas
Classificação

• As contas podem classificar-se como:

• Contas do Balanço: contas das classes 1 a 5;

• Contas de gestão ou exploração: contas das classes


6 e 7;

• Contas de Resultados: contas da classe 8.


12 - Estudo das Contas
Classificação

Contas do Balanço:
• Contas de Ativo
– Representam e medem os elementos do património que constituem
bens e direitos para a empresa

• Contas de Passivo
– Representam e medem os elementos patrimoniais que representam
recursos alheios à empresa (as obrigações que a empresa contraiu
com terceiros)

• Contas de Capital Próprio (Situação Líquida)


– Representam e medem a participação do proprietário ou
proprietários da empresa no financiamento da mesma.
12 - Estudo das Contas
Classificação

• Uma chamada de atenção para a existência


das contas mistas (como é o caso da conta 24
- EOEP).
12 - Estudo das Contas
Classificação

• Estas contas podem figurar, simultaneamente,


nos dois membros do Balanço:

– No lado do Activo figura a soma dos saldos


devedores das subcontas da conta coletiva mista;

– No lado do Passivo figura a soma dos saldos


credores das subcontas da conta coletiva mista.
13- Representação Gráfica das Contas

• A Conta é passível de ser representada


graficamente para uma melhor compreensão
dos seus conteúdos e das variações ocorridas
nos seus elementos.
13- Representação Gráfica das Contas

• Em termos gráficos, a conta é representada em


forma de :
T
• Sobre a linha horizontal, ao centro, inscreve-se o
título da conta;
• Qualquer valor lançado do lado esquerdo
corresponde a um débito; enquanto que do lado
direito corresponde a um crédito.
13- Representação Gráfica das Contas

Débito Título Crédito


14 - Movimentação das Contas

• Movimentação das contas: partidas dobradas

• Todo o débito numa conta dá lugar a um


crédito noutra(s) conta(s) de igual valor e
vice-versa. Isto significa que cada facto
patrimonial dá origem a um registo em duas
ou mais contas.
14 - Movimentação das Contas 81

Partidas Dobradas (Método Digráfico)


• São sempre movimentadas, pelo menos, duas contas.

• Se efetuarmos um débito em uma ou mais contas, devemos


efetuar um crédito de valor equivalente em uma ou mais
contas.

• Não há débito sem o correspondente crédito.

• Soma dos débitos sempre igual à soma dos créditos.

• Soma dos saldos devedores igual à soma dos saldos credores


14 - Movimentação das Contas

• De salientar que nas Partidas Simples (ou


método unigráfico) os registos aplicam-se
apenas a contas pessoais, sem qualquer
interligação com inscrições feitas noutras
contas.
14 - Movimentação das Contas

• Debitar uma conta inscrever um valor no


lado do débito;

• Creditar uma conta inscrever um valor no


lado do crédito.
14 - Movimentação das Contas

• Regras de movimentação:

– Contas do Ativo:
• Debitadas pelo valor inicial e pelos aumentos;
• Creditadas pelas diminuições.

– Contas do Passivo e Capital Próprio:


• Debitadas pelas diminuições;
• Creditadas pelo valor inicial e pelos aumentos.
14 - Movimentação das Contas

• Regras (gerais) de movimentação:

– As contas de Gastos são debitadas;

– As contas de Rendimentos são creditadas.


14 - Movimentação das Contas

• A contabilização de qualquer facto patrimonial


obedece sempre a uma das quatros fórmulas
digráficas seguintes:
– Uma só conta devedora e uma só conta credora;
– Uma só conta devedora e várias contas credoras;
– Várias contas devedoras e uma só conta credora;
– Várias contas devedoras e várias contas credoras.
15 - Saldos

• O que é o saldo?

– diferença entre o total de débitos e o total de


créditos, de uma conta, num determinado
momento.
15 - Saldos

• Ao apurarmos o saldo de uma conta podem


acontecer três situações:

1. Débito > Crédito saldo devedor;


2. Débito < Crédito saldo credor;
3. Débito = Crédito saldo nulo.
16 - Resultado do Exercício
• O resultado alcançado por uma empresa num
determinado período de tempo, denominado
de exercício económico, é obtido através da
diferença entre:

– Rendimentos;

– Gastos.
17 - Gastos e Rendimentos
• Mas antes de mais convém definir o que são
gastos e rendimentos e diferenciá-los de outros
conceitos com que geralmente são confundidos:

– Despesa;

– Pagamento;

– Receita;

– Recebimento.
17 - Gastos e Rendimentos
• Gasto – conceito de caráter económico que
corresponde à utilização dos recursos numa
organização;
• Despesa – conceito que corresponde à assunção
da obrigação de pagar os gastos;
• Pagamento – conceito que corresponde ao fluxo
de saída de meios líquidos das organizações,
constituindo a contraprestação dos recursos
adquiridos
17 - Gastos e Rendimentos
• Rendimento – conceito de caráter económico
que corresponde à cedência de bens ou serviços
a terceiros;
• Receita – conceito que corresponde ao direito de
receber os rendimentos;
• Recebimento – conceito que corresponde ao
fluxo de entrada de meios líquidos nas
organizações, constituindo a contraprestação dos
bens ou serviços cedidos a terceiros.
18 - Demonstração dos Resultados
93

• Existe uma demonstração financeira cujo


propósito é a obtenção do resultado da
empresa no período de tempo considerado: a
Demonstração dos Resultados.

• Esta é uma peça contabilística utilizada pela


Contabilidade Financeira, elaborada, regra
geral, no fim de cada exercício económico.
18 - Demonstração dos Resultados

• O SNC apresenta duas versões que poderão


ser utilizadas:

1 - Demonstração dos Resultados por Naturezas,


que é de reporte obrigatório. Aqui os gastos e os
rendimentos são evidenciados atendendo à sua
natureza e tem como objetivo último o cálculo
da Resultado do Exercício.
18 - Demonstração dos Resultados 95

2 – Demonstração dos Resultados por Funções:


caracteriza-se por ser elaborada, não com base
na natureza dos gastos e rendimentos, mas sim
nas funções desenvolvidas na organização.
18 - Demonstração dos Resultados

• Contas de Gastos
• Recolhem as diminuições no património líquido da entidade
provenientes da atividade da empresa.

– Podem diferenciar-se em:


• Gastos – diminuições do valor do património líquido de uma
entidade num dado período de tempo originadas por consumos
voluntários, associados a atividades da mesma, de carácter ordinário.
• Perdas – diminuições do património líquido de uma entidade,
associadas a atividades da mesma, que representam consumos de
carácter extraordinário.

Geram diminuições na situação liquida


18 - Demonstração dos Resultados

• Contas de Rendimentos
• Recolhem os aumentos do património líquido da entidade,
derivados da sua atividade.

– Podem diferenciar-se em:


• Réditos – aumentos do valor do património líquido de uma
entidade num período de tempo em consequência da sua
atividade e associados às atividades de carácter ordinário da
mesma.
• Ganhos - aumentos do valor do património líquido de uma
entidade em consequência da sua atividade e associados às
atividades de carácter extraordinário da mesma.

Geram aumentos da situação liquida


18 - Demonstração dos Resultados
Gastos Rendimentos
Custo das mercad. Vendidas e MPSC Vendas
Fornec. Serv. Externos Prestações de Serviços
Impostos Variação da Produção
Gastos com o pessoal Trabalhos para a própria entidade
Perdas por Imparidade Rendimentos suplementares
Gastos de Depreciação e Amortização Subsídios à exploração
Provisões Outros rendimentos e ganhos
Gastos e Perdas de Financiamento Reversões
Juros, divid. e outros rend. similares

98
18 - Demonstração dos Resultados

Resultado
• Forma de cálculo
– RLE = Rendimentos – Gastos

• Caraterísticas
– É de natureza económica, evidenciando a utilização de
recursos reais
– Permite conhecer a estrutura de custos incorridos numa
determinada atividade
18 - Demonstração dos Resultados

Resultados:

Rendimentos > Gastos => Resultado > 0 = Lucro

Rendimentos < Gastos => Resultado < 0 = Prejuízo

Rendimentos = Gastos => Resultado = 0 = Nulo


18 - Demonstração dos Resultados

Custo das Merc. Vendidas

Fornecimentos e Serv. Externos


PAGAMENTOS
Gastos com o Pessoal

Gastos Financeiros

Depreciações e Amortizações

Provisões

101
18 - Demonstração dos Resultados

Vendas

Prestações de Serviços

Rendimentos Suplementares RECEBIMENTOS

Subsídios à exploração

Rendimentos Financeiros

Variação da Produção

Trab. Para a PP entidade

Reversões
102
Resolução E xe r c í c i o
4 e 5

103
19 - O Processo Contabilístico

Facto contabilístico – todo o facto que provoque


variação de duas ou mais contas integrantes do balanço.

Contabilizar – determinado facto é determinar quais as


contas cuja extensão variou em virtude desse facto e registar
depois essas variações nos respetivos quadros gráficos.
19 - O Processo Contabilístico 105

Escrituração – Registo dos factos contabilísticos. É


efetuada através dos lançamentos e tem por objetivo:

• Traduzir convenientemente as transações em débitos e


créditos e quais as contas cuja extensão aumenta ou
diminui afim de permitir:

– O conhecimento da situação patrimonial


(Balanço); e

– O conhecimento dos resultados ( Demonstração de


Resultados)
19 - O Processo Contabilístico 106

• Lançamento – É a pratica da escrituração; é a anotação


ou registo de qualquer facto patrimonial nos suportes de
registo contabilístico.
19 - O Processo Contabilístico
107

• E quais serão os suportes de registo


contabilístico?

• Diário;
• Razão; e
• Balancetes
19 - O Processo Contabilístico

Caminho a percorrer na contabilização


dos Factos Patrimoniais

Factos
Patrimoniais
→ Documentos → Diário → Razão → Balancete

108
19 - O Processo Contabilístico 109

Agregação
- elaboração
da informação

Registo
Quantificação Utilizadores
- medição
- valorização
Análise
- captação
- identificação
Atividade
económica
19 - O Processo Contabilístico

• Análise dos dados

– Extrair a informação constante dos suportes


documentais que acompanham normalmente as
transações efetuadas pela entidade ( faturas, notas de
débito, escrituras, contas bancárias, etc.)
19 - O Processo Contabilístico 111

• Quantificação

• Identificados os fluxos, será necessário proceder á sua


medição e valorização em unidades monetárias para
homogeneizar as magnitudes e expressa-las em termos
económicos.

– Critérios alternativos de valorização


» Preço de custo histórico
» Preço de venda ou de realização
» Preço de mercado ou reposição
» Etc.
19 - O Processo Contabilístico 112

• Registo

• Após a identificação e valorizados os fluxos gerados


pelas transações há que proceder à sua inscrição nos
livros de registo.
19 - O Processo Contabilístico113

• Agregação

• Consiste na obtenção dos documentos de síntese


através dos quais se comunica a informação
económica financeira aos utilizadores.
19 - O Processo Contabilístico114

Balanço
Demonstrações
Diário Razão Balancete Financeiras
Demonstração
dos Resultados
20 - Diário 115

• O Diário serve para registar cronologicamente,


dia a dia, em assento separado, cada um dos
atos que modifiquem ou venham a modificar
o seu património.
20 - Diário

a) b) c) d) e) f)

a) – número de ordem do lançamento

b) – preposição a
c) – cabeçalho e descrição do lançamento
d) – número dos fólios do Razão Geral, referentes às contas movimentadas
e) Coluna auxiliar das importâncias (a utilizar apenas nos lançamentos
compostos)
f) Coluna onde se registam os totais de cada lançamento 116
20 - Diário 117

• O diário é preenchido de uma forma muito


específica, a saber:

– Escreve-se a conta a debitar e a seguir a conta a


creditar, numa linha imediatamente inferior,
antecedida da preposição a.

– Os títulos das respetivas contas entram no corpo


do lançamento, juntamente com a descrição.
20 - Diário 118

• Os lançamentos no Diário são separados uns dos


outros por um traço descontínuo, em cujo
intervalo se inscreve a data (dia e mês) do
lançamento seguinte.
• Se o lançamento anterior for feito no mesmo
mês, indica-se apenas o dia.
• Se o lançamento é feito no mesmo dia do
anterior, limitamo-nos a deixar o espaço em
branco, ou a colocar aspas (“).
21 - Razão 119

• Serve para escriturar de uma forma


sistemática o movimento de todas as
operações do Diário, ordenadas a débito e a
crédito, em relação a cada uma das respetivas
contas.

• Assim, conhece-se o estado e situação de


qualquer delas, sem necessidade de recorrer
ao exame de todos os lançamentos do Diário.
21 - Razão 120

• O Razão apresenta-se como um livro de folhas


designadas por fólios.

• Cada fólio é reservado a uma conta, em que


na página esquerda se escreve o “Deve” e na
página direita se escreve “Haver”.
21 - Razão 121

• Deverá conter tudo quanto contém o


Diário;

• Porém distribuído por contas (cada uma


referente à sua especialidade);

• Mostram-se os mesmos factos, assentados no


Diário, classificados pela sua diferente
natureza.
21 - Razão

Deve Título da Conta Haver


a) b) c) d) e) a) b) c) d) e)

a) Mês
b) Dia

c) Preposição a (lado esquerdo) e de (lado direito)


d) Contrapartida da conta movimentada
e) valor

122
21 - Razão 123

• Em resumo, os factos patrimoniais são


registados:

– Por ordem de datas no Diário: registo cronológico;

– Por ordem de contas no Razão: registo


sistemático.
21 - Razão 124

O Diário e o Razão, completam-se um ao outro


22 - Balancetes 125

• Os balancetes constituem auxiliares de gestão


e são realizados, habitualmente,
mensalmente.

• É um Balanço pequeno, resumido e provisório.


22 - Balancetes 126

• É uma transcrição ordenada para uma folha


de 4 colunas dos totais dos movimentos das
contas a débito e a crédito e dos respetivos
saldos devedores ou credores do Razão.

• Objetivo: verificar se todos os assentos no


Diário foram devidamente lançados no Razão
22 - Balancetes 127

• Através de um balancete verifica-se a situação


da empresa visto efetuar uma recapitulação
geral das contas: apresenta o total do débito
e o total do crédito de cada conta e o
respetivo saldo.

O Balancete é um resumo do Razão


22 - Balancetes 128

NÃO HÁ DÉBITO SEM CRÉDITO CORRESPONDENTE

SOMA DOS DÉBITOS = SOMA DOS CRÉDITOS

APLICAÇÕES = ORIGENS
22 - Balancetes 129

• Balancete de Verificação do Razão Geral – é elaborado


periodicamente, e tem como finalidade conferir a passagem
do Diário para o Razão.

• O Balancete realizado no final do exercício – em que algumas


contas são regularizadas – chama-se Balancete Retificado.

• O Balancete de Encerramento ou Final é o balancete obtido


depois de realizados todos os lançamentos de apuramento de
resultados. Com base neste pode-se elaborar o Balanço de
Final do Exercício.
22 - Balancetes 130

exemplo:

Movimentos Saldos
Contas
Débito Crédito Devedores Credores

Caixa 13 200 8 400 4 800


Depósitos Ordem 19 600 16 300 3 300
Depósitos Prazo 35 000 0 35 000

Totais

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