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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

INSTITUTO POLITÉCNICO – Centro Universitário UNA

A ENGENHARIA NO ÂMBITO DO TRIBUNAL DE CONTAS: UMA


COMPILAÇÃO SOBRE A ATUAÇÃO TÉCNICA DA SECRETARIA
DE OBRAS DAS CORTES DE CONTAS.

ENGENHARIA CIVIL

Soraya Duarte de Avelar Dutra

Orientador Técnico
Larissa Camilo de Souza Lima e Silva

1. Introdução

O Brasil, atualmente, inicia um processo de mudança que, embora difícil, é


fundamental para a construção de uma nação próspera. Entretanto, sendo um país em
desenvolvimento, ainda apresenta sérios problemas na gestão de suas obras. Somado
a esta realidade, há o senso comum e o desconhecimento da população em geral
sobre o trabalho realizado no intuito de melhorar essa gestão. Figueirêdo (2002)
aponta que faltam informações oportunas, satisfatórias e fidedignas que garantam à
sociedade regular a atuação dos gestores públicos.
Conforme a Constituição Federal de 1988, toda obra pública esta sujeita ao
controle das Cortes de Contas por receberem recursos públicos. Tal controle é
realizado pelas Secretarias de Obras/ de Engenharia desses tribunais, que através dos
Auditores de Controle Externo elaboram um instrumento técnico anual que servirá de
apoio ao Congresso Nacional no julgamento das contas públicas (BRASIL, 1988).
É de fundamental importância que essa atuação técnica, seja embasada e
amparada pelos melhores recursos possíveis visando atender melhor ao interesse
público. Ou seja, é mandatória a presença de profissionais habilitados e também é
necessário adotar práticas de engenharia civil compatíveis com o mercado privado
almejando encontrar as melhores soluções. Ao mesmo tempo, tais profissionais
precisam ser capazes de orientar os gestores públicos sobre o planejamento das obras
públicas, a elaboração do projeto executivo e sugerir ações corretivas.
Conforme Figueirêdo, (2002), a Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF – ampliou
a visibilidade dos Tribunais de Contas por serem eles os responsáveis em garantir a
transparência nas transações que são erguidas mediante recursos públicos.
Entretanto, ainda de acordo com o mesmo autor, tal órgão ainda é desconhecido para
a população e que se faz imprescindível tornar clara sua atuação.
Tendo como ponto de partida o estado da arte desta pesquisa, justifica-se a
relevância da construção deste artigo, no entendimento que relatar a experiência dos
auditores contribui para a divulgação do trabalho das secretarias de obras e,
consequentemente, dos Tribunais de Contas.
Pautadas especificamente sobre as auditorias de obras públicas, o objetivo
geral do presente artigo é exemplificar e ratificar as contribuições da Engenharia no
cumprimento do papel institucional dos Tribunais de Contas do país, através da
compilação de cinco artigos científicos, contendo relatos sobre a atuação prática dos
auditores que compõem seu corpo técnico.
De modo a alcançar o objetivo geral, será buscado relatar as vivências dos
auditores de controle externo em auditorias operacionais; relacionar os procedimentos
de auditoria com as Orientações Técnicas do TCU e do Instituto Brasileiro de Auditoria
de Obras; identificar nos achados aspectos contrários às orientações, bem como
aspectos técnicos próprios da Engenharia Civil; e relatar ações corretivas indicadas.

2. Referencial Teórico

Presente através das Juntas Fazendárias ligadas a Portugal, a noção de


controle no país, remonta aos primeiros séculos do colonialismo. Contudo, inicialmente
possuía caráter inteiramente mercantilista e tendia resguardar principalmente os
ganhos da Coroa Portuguesa. Com o desenrolar da história, independência, e
instauração da República, a temática de controle se fez sob uma forte polarização,
sendo um dos debates mais longos do parlamento brasileiro (LIMA, 2015).
Durante quase um século, várias discussões aconteceram entre os que
defendiam a necessidade de se ter um órgão independente fiscalizador das contas
públicas e os notadamente contra essa ideia, por entenderem que tal regulação
poderia ser feita pelos próprios agentes responsáveis por elas (ALEJARRA, 2014).
Apesar disso, por ser essencial para qualquer regência (monárquica ou democrática),
o controle é imprescindível para evitar desvios, desperdício ou subtração de recursos
(LIMA, 2015). Assim, no Brasil, o primeiro Tribunal de Contas da União – TCU – foi
criado por Rui Barbosa pelo Decreto nº 966-A em 1890 (ALEJARRA, 2014).
Conforme Lima (2015), Piauí foi o primeiro estado a ter uma Corte de Contas
em 1899, seguido pela Bahia, em 1915, São Paulo, em 1924, Rio Grande do Sul,
Minas Gerais, em 1935, e Rio de Janeiro, em 1936. Contudo, alguns tribunais foram
extintos durante a Era Vargas (Minas, Ceará, Bahia e Rio Grande do Sul), somente
voltando a atuar com a redemocratização brasileira. Na nova Constituição de 1946,
todos os estados puderam constituir seus próprios Tribunais de Contas sendo que o
mais recente deles é o tribunal de Contas do Estado do Tocantins, instituído em 1989.
Percebe-se se assim, que ao longo da história do Brasil, esses tribunais
administrativos - sempre embasados por ideais como autonomia, fiscalização e
julgamento - passaram por diversas modificações em suas competências, que ora
eram aumentadas ora eram restringidas. Por fim, com a Constituição de 1988, tiveram
sua atuação ampliada. Já nos dias atuais, as Cortes de Contas se destacam cada vez
e mostram seu papel fundamental na sociedade (ALEJARRA, 2014).
Segundo a Carta Magna Brasileira (BRASIL, 1988):

“Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e


patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto
à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e
renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante
controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.

Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou


privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e
valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta,
assuma obrigações de natureza pecuniária.

Art.71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com


o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
...

II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros,


bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as
fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as
contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de
que resulte prejuízo ao erário público;

IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado


Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de
natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas
unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e
demais entidades referidas no inciso II”. (BRASIL, 1988)
O controle externo é o exame concretizado por órgão estranho à Administração
responsável pelo ato controlado, com o intuito de ratificar a probidade do ato e a
regularidade da guarda e do emprego dos bens, valores e dinheiros públicos, bem
como a fiel execução do orçamento (MEIRELLES, 2016).
Pela Constituição de 1988 (BRASIL, 1988), o controle externo das contas
públicas é de competência exclusiva do Congresso Nacional e é realizado com o
auxílio do Tribunal de Contas. A jurisdição do Tribunal de Contas da União abrange
todo o território nacional e a ele pertence à fiscalização de quaisquer recursos
repassados pela União. Também é de sua competência realizar inspeções e auditorias
contábeis, financeiras, orçamentárias, patrimoniais, operacionais, dentre outras.
Igualmente, os Tribunais de Contas Estaduais, e os dois únicos Tribunais de Contas
Municipais (Rio de Janeiro e São Paulo) possuem as mesmas competências e
prerrogativas.
Decorrente dessas competências destaca-se a realização de inspeções e
auditorias de natureza operacional, as Anops. Pode-se entender a auditoria de
natureza operacional como uma análise independente cujo objetivo é a
economicidade, eficiência, eficácia e efetividade de organizações, programas e
atividades governamentais, com o intuito de promover o aperfeiçoamento da gestão
pública (BRASIL, 2010).
As auditorias de obras públicas, sendo uma Anop, obedecem a essas
premissas. Conforme as recomendações básicas do TCU conceituam-se por obra
pública “toda construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação de bem
público”. A obra pública pode ser realizada de maneira direta (realizada pela própria
Administração Pública) ou indireta, por meio de licitação, com terceiros utilizando o
regime de contratação por empreitada por preço global, por preço unitário, integral ou
por tarefa (BRASIL, 2009).
A importância do correto controle sobre as obras públicas reside no fato delas
consumirem investimentos de alta magnitude, terem a possibilidade de gerar vários
postos de emprego ao mesmo tempo em que são vulneráveis à má gestão e ao
superfaturamento. Desta forma, os Tribunais de Contas da União, bem como os
Estaduais e Municipais realizam grandes esforços no intuito de fiscalizarem as obras
desde sua concepção até seu monitoramento posterior (BRASIL, 2004).
Como exemplo desse esforço, é possível citar o Fiscobras. Criados entre os
anos de 1995 e 1996, o Fiscobras é um relatório que contém o plano anual de
fiscalizações de obras públicas a serem fiscalizadas pelo órgão e que será entregue ao
Congresso Nacional. Todos os tipos de obras são passíveis de fiscalização, o requisito
básico é que recebam recursos públicos. Ao longo de 20 anos de atuação, o Fiscobras
remonta a benefícios na ordem de R$ 12 bilhões. Contudo, nem todas as obras são
fiscalizadas, devido â abrangência territorial e a limitação numerária do corpo técnico
das Cortes de Contas (BRASIL, 2016).
Múltiplas variáveis são levadas em conta para eleger as obras que serão
fiscalizadas em cada exercício. Como por exemplo, é possível citar: a “materialidade,
valor liquidado no exercício anterior, regionalização do gasto e histórico de
irregularidades pendentes, obtido a partir de fiscalizações anteriores do Tribunal
(BRASIL, 2002)”.
Os resultados dessas fiscalizações irão auxiliar o Poder Legislativo (Congresso
Nacional) no julgamento do Projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA) do Governo
Federal. Neste contexto, o IBRAOP (2018) – Instituto Brasileiro de Obras Públicas –
realiza eventos chamados SINAOP a cada dois anos. Eles possuem o intuito de
capacitar os profissionais dos Tribunais de Contas na prática das suas atribuições
governamentais, ou seja, nas suas auditorias.
A pretensão do evento é a de formar uma ponte de debate e aperfeiçoamento
para os profissionais de engenharia, arquitetura e agronomia que se dedicam às
auditorias de obras públicas. Durante o V SINAOP (2000), realizado em Salvador, ficou
acordado q entendimento de que:
“Por Auditoria de Obras e Serviços de Engenharia, entende-se o
conjunto de procedimentos voltados à análise da conformidade técnica e legal
de um empreendimento ou serviço de engenharia (incluídas as atividades
relacionadas à arquitetura e à agronomia), em todas as suas fases. Tal análise
envolve o exame dos estudos e projetos elaborados, da habilitação dos
profissionais e empresas envolvidos, dos procedimentos efetuados para a
contratação e execução das obras ou serviços, incluídos os aspectos de
qualidade, da adequação das técnicas construtivas e dos materiais
empregados, do impacto do empreendimento ao meio ambiente, da
economicidade e dos custos e preços praticados em todas as fases com
relação ao mercado e dos resultados advindos para a sociedade (V
SINAOP2000)”.

Em concordância com esse pensamento, Oliveira et al (2010) destaca a


importância de se ter um auditor de controle externo formado em engenharia. Pois,
segundo o autor, o auditor-engenheiro pode averiguar itens como a planilha de custos
(se ela é compatível com a obra), projetos básicos e executivos (se as particularidades
dos foram preenchidas), presença de risco para a população favorecida pela obra, e,
além disso, pode analisar se as medições das obras condizem com a cobertura das
notas fiscais emitidas pelos empreiteiros.
Com a finalidade de auxiliar os gestores públicos na formulação de anteprojetos
de engenharia para licitações o Tribunal de Contas da União lançou uma publicação
com recomendações principais no início dos anos 2000, a cartilha “Obras Públicas:
Recomendações Básicas para a Contratação e Fiscalização de Obras de Edificações
Públicas”. Esse instrumento servia tanto para licitantes quanto para o próprio tribunal.
Ainda, auxiliou o IBRAOP a formular as Orientações Básicas (Anexo 1 a 6) que
possuem o intuito de padronizar o entendimento dos entre o corpo técnico de todos os
Tribunais de Conta Brasileiros sobre determinado aspecto das auditorias de obras.
Apresentando caráter normativo, desde a publicação da primeira Orientação em 2006,
outras cinco já foram publicadas até os dias atuais (IBRAOP, 2018).

3. Metodologia

Conforme cronograma, Apêndice A, a partir do tema macro “A Engenharia no


Tribunal de Contas”, foram estipuladas as seguintes palavras chaves: “auditoria”,
“obras públicas” “engenharia” “atuação” “secretária de obras” e “tribunal de contas”.
Elas foram pesquisadas em bases de dados como Google Acadêmico, Scielo, Portal
Capes, Biblioteca Digital Brasileira de Teses e resultaram num predomínio de trabalhos
publicados por auditores e especialistas em Gestão Pública.
Igualmente, foram pesquisadas publicações que apontassem a atuação do
tribunal em portais oficiais como o do TCU, do IBRAOP – Instituto Brasileiro de Obras
Públicas, e demais portais dos Tribunais de Contas Brasileiros. Assim, foi estabelecido
que dentre todos os resultados, as publicações do “Acervo” do IBRAOP, por serem
elaboradas por Auditores de Controle Externo dos diversos Tribunais de Contas
Brasileiros, seriam a base de exemplificação para sua atuação técnica.
Desta forma, foram selecionados cinco artigos técnicos publicados no principal
evento científico do IBRAOP, o SINAOP – Simpósio Nacional De Auditoria De Obras
Públicas – que continham relatos de casos de auditorias operacionais. Os trabalhos
são: “Irregularidades verificadas em obra rodoviária por meio da realização de
ensaios de campo e laboratoriais” preparado por Almeida et al (2014); “Visitas
técnicas de auditoria das obras de construção da transcarioca” escrito por
Oliveira e Garcia (2013); “Contribuições do controle externo na fiscalização do
abastecimento de água em concessões” elaborado por Achkar (2011); “Uso de
imagens de satélite em avaliação de auditoria de movimento de terra” elaborado
por Kurokawa e Júnior (2010); e por fim, “Auditoria ambiental - aterro sanitário
bandeirantes – caso prático” escrito por Martinelli, Paranhos e Oliveira (2003).
Conforme a Figura 4, todos os estudos foram divididos em etapas. A primeira
contém a descrição da obra auditada com seu contexto, a segunda os procedimentos
adotados nas auditorias que foram relatadas, a terceira etapa agrupa as constatações
das auditorias e a quarta e última etapa as ações corretivas propostas. Tal divisão
almejou duas finalidades: a primeira, encontrar paralelos entre os relados. E a
segunda, identificar a contribuição da Engenharia para que o tribunal possa exercer
suas funções institucionais.
Figura 1: Fluxograma de pesquisa

Fonte: Própria

4. Resultados e Discussão

4.1. Etapas de Pesquisa

4.1.1 Descrição das Auditorias

A primeira auditoria selecionada para este artigo, foi contada por Almeida et al
(2014), ocorreu em outubro de 2013, no interior do estado do Espírito Santo, em um
contrato de implantação e pavimentação de um trecho de rodovia estadual e teve
como principal objetivo aferir possíveis irregularidades.
A segunda auditoria foi concretizada na cidade do Rio de Janeiro no sistema
Transcarioca e narrada por Oliveira e Garcia, 2013. Refere-se às visitas técnicas do
TCM-RJ ao corredor viário de transito rápido também chamado BRT, tradução de “Bus
Rapid Transit” cuja finalidade principal foi de acompanhar sua evolução e realizar
medições.
A terceira auditoria foi realizada em 2009 descrita por Kurokawa e Júnior (2010),
pelo Tribunal de Contas da União, em um município brasileiro, em que foram avaliadas
obras de terraplanagem e contenção de aterro em dois bairros com o objetivo de
verificar superfaturamento.
Mencionada por Achkar, 2011, a penúltima auditoria consistiu numa inspeção,
feita em 2009, ao Sistema de Abastecimento de Água Potável de Florianópolis, pelo
Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina em uma ação conjunta com o
Ministério Público estadual. Buscou-se avaliar o sistema sob as variáveis: segurança e
qualidade.
A quinta e última auditoria foi relatada por Martinelli, Paranhos e Oliveira, 2003,
ocorreu na cidade de São Paulo no Aterro Sanitário Bandeirantes. Foi designada pelo
Tribunal de Contas do Município de São Paulo e teve a finalidade de verificar se a
empresa contratada pelo município cumpria as cláusulas contratuais acordadas e
também aferir a inspeção municipal.
O quadro 1 abaixo resume as principais características de cada auditoria.
Quadro 1: Resumo das auditorias
Localização da Ano da Tribunal
Autor Tipo de Obra Custo da Obra
Auditoria Auditoria Vinculado
Rodovia Estadual
Almeida et al, Acima de R$ 47
no interior do 2013 TCE - ES Obra Rodoviária
2014 milhões
Espírito Santo
Oliveira e BRT Transcarioca
2011 / 12 TCM - RJ Obra Viária R$ 1.341.226.461,74
Garcia, 2013 no Rio de Janeiro
Kurokawa e Terraplanagem Acima de R$ 2
Município Brasileiro 2009 TCU
Júnior, 2010 e contenção milhões
Florianópolis e
Achkar, 2011 2009 TCE - SC Saneamento Não informado
região
Martinelli, Aterro Sanitário
Resíduos
Paranhos e Bandeirantes em 2003 TCM - SP R$ 243.978.165,95
Sólidos
Oliveira, 2003 SP
Fonte: Própria
4.1.2 Procedimentos adotados para a realização das Auditorias

Em todas as auditorias foram feitas visitas ao local da obra analisada e análise


contratual entre o órgão público vinculado e a empresa contratante. Quatro dos cinco
trabalhos selecionados citam a utilização do termo “medições” para a verificação de
itens diversos relacionados à obra. Também foi utilizada a análise de documentos
como contratos, termos aditivos, planilhas orçamentárias, e demais custos das obras
para verificar os pormenores da mesma.
O Quadro 2 apresenta os procedimentos adotados nas diversas auditorias:

Quadro 2: Procedimentos adotados nas auditorias (cont)


Autor Procedimento adotado na auditoria Tipo de Obra
Análise contratual;
Almeida et al, Inspeções visuais e de campo;
Obra Rodoviária
2014 Medições à trena de larguras;
Cadastro fotográfico.
Visita técnica de observação à obra;
Análise contratual;
Oliveira e Análise do Projeto Básico;
Obra Viária
Garcia, 2013 Análise do Projeto Executivo;
Análise de Resultados;
Medições e Cadastro fotográfico da Obra.
Análise contratual;
Análise dos seguintes documentos:
- seções transversais do aterro realizado e correspondentes ao
Kurokawa e estaqueamento do aterro; Terraplanagem
Júnior, 2010 - planilhas eletrônicas; e contenção
- notas técnicas;
- plantas e projetos topográficos;
Utilização de modelos tridimensionais.
Análise de legislação;
Pesquisa de campo;
Inspeções;
Observação direta;
Achkar, 2011 Pesquisa documental; Saneamento
Pesquisa em banco de dados;
Entrevistas estruturadas;
Análises da água tratada e distribuída;
Análises do efluente;
Análise contratual;
Levantamento dos principais aspectos técnicos a serem considerados;
Estabelecimento de níveis de verificação possíveis, em função dos
dispositivos legais;
Martinelli, Determinação do escopo de itens a serem verificados;
Resíduos
Paranhos e Análise contratual;
Sólidos
Oliveira, 2003 Levantamento dos principais aspectos técnicos a serem considerados;
Estabelecimento de níveis de verificação possíveis, em função dos
dispositivos legais;
Determinação do escopo de itens a serem verificados;

Quadro 2: Procedimentos adotados nas auditorias (cont)


Autor Procedimento adotado na auditoria Tipo de Obra
Definição do objetivo a ser estabelecido na correspondente Ordem de
Serviço e dos técnicos encarregados pela fiscalização;
Reunião preliminar com os técnicos do Dep.de Limpeza Urbana
Martinelli,
Realização de vistorias semanais Resíduos
Paranhos e
Análise da Planilha Orçamentária Sólidos
Oliveira, 2003
Elaboração de Relatório Final
Verificação quanto à implementação ou não das recomendações e
determinações técnicas.
Fonte: Própria
4.1.3 Constatação das Auditorias

Em todas as auditorias realizadas foram encontradas irregularidades que


ocasionam dano ao erário e podem colocar em risco a população. Elas podem ser
observadas no quadro 3 a seguir:
Quadro 3: Constatações das auditorias (cont.)
Autor Procedimento adotado na auditoria
Constatações relacionadas à camada de base:
- Substituição de brita graduada para bica corrida;
- Ocorrência de trechos com espessura de base inferior ao valor admissível pelo DNIT
Almeida et al, Constatações relacionadas à camada de CBUQ
2014 -Grau de Compactação em não conformidade com a com a norma DNIT 031/2006-ES;
-Temperaturas da massa asfáltica abaixo das recomendas pelas normas;
- Espessura das camadas em não conformidade com a norma DNIT 031/2006-ES;
- O teor de ligante das camadas de CBUQ apresenta não conformidade com o DNIT.
- Transporte de carga de qualquer natureza com caminhão basculante.
Oliveira e - Fornecimento de camisa metálica para execução de estaca escavada.
Garcia, 2013 - Revisão de itens medidos erroneamente.
- Adequação do enquadramento da medição ao processo executivo.
Kurokawa e - No bairro X não ocorreram mudanças visíveis na região com aterro.
- No bairro Y verificou-se que a obra atingiu todos os trechos estabelecidos no projeto, porém o
Júnior, 2010
aterro não corresponde ao modelo elaborado a partir das seções transversais;
- Inexistência de programa estadual permanente de proteção das águas subterrâneas;
- Inexistência de ações da Casan para proteção do Rio Vargem do Braço e Rio Cubatão;
- Inexistência de Licença Ambiental de Operação das ETAs
- Deficiência no monitoramento de cianobactérias e cianotoxinas em mananciais
Achkar, 2011 - Inadequação do sistema de tratamento da ETA e lançamento de efluente em desacordo
com a legislação ambiental;
- Ausência de ação continuada no controle de perdas aparentes;
- Inadequação de informações na conta de água mensal da Casan;
- Indisponibilidade de informações e outros registros sobre a vigilância da qualidade da
água para consulta pública.
- Inoperância das antenas que identificam automaticamente os veículos;
Martinelli, - Falta de classificação adequada dos resíduos que são dispostos no aterro;
Paranhos e - Necessidade de verificação do risco potencial relativos aos resíduos industriais;
- Ausência de cerca em determinados trechos do aterro (as-1 e as-2);
Oliveira, 2003 - Falta de acompanhamento dos técnicos do limpurb nos serviços de monitoramento;
- Falta de recobrimento diário das frentes de descarga;
Quadro 3: Constatações das auditorias (cont)
Autor Procedimento adotado na auditoria

Martinelli, - Poços de drenagem vertical executados em desatendimento às especificações.


- Utilização de veículos com idade superior à estipulada em contrato;
Paranhos e
- Preço unitário do transporte de chorume;
Oliveira, 2003 - Execução de obras em desacordo com o pactuado em contrato;
Fonte: Própria

4.1.4 Proposição de ações corretivas

Nem todos os artigos mencionam direta ou indiretamente as ações corretivas


propostas. Oliveira e Garcia (2013) apesar de não citarem expressamente um rol de
ações corretivas apontam que estas aconteceram e foram acatadas pela empresa
contratada responsável pela obra (substituição de equipamento de transporte,
exclusão de camisa metálica, etc.). Martinelli, Paranhos e Oliveira, 2003 propõem
ações corretivas que englobam desde cerceamento do perímetro total do aterro, a
adoção de medidas para impedir o lançamento de chorume na canaleta de águas
pluviais, dentre outras.

4. 2 Discussão

Apesar de terem surgido no inicio dos anos 2000, nenhum dos trabalhos citam
as Recomendações Básicas do TCU, cuja segunda edição data de 2009. Contudo,
pode-se observar que todas as auditorias contemplam analise contratual como um dos
procedimentos de auditoria. As orientações do Ibraop são mais recentes de forma que
seu conteúdo, ainda que contemple os itens mais frequentes de serem auditados, não
se aplicam à seleção de estudos.
Os cinco trabalhos selecionados também contemplam visitas técnicas aos locais
auditados e quatro mencionam análise do Projeto Básico que vai ao encontro da
Orientação Técnica do Ibraop OT - IBR 001/2006.
Kurokawa e Júnior, 2010 não apontarem ações corretivas, os autores,
entretanto, destacam o uso da ferramenta de modelagem tridimensional associada ao
georeferenciamento de imagens como uma ferramenta a mais para os auditores no
combate a irregularidades.
Almeida et al, 2014, conclui em seu trabalho que as irregularidades encontradas
através dos testes de laboratório e inspeções de campo repercutem negativamente na
qualidade e segurança da rodovia auditada. Ainda o autor menciona “falta de controle
em campo sobre a execução da camada de base e uma deficiência da fiscalização do
jurisdicionado e da gerenciadora quanto à verificação do serviço”.

... falta continuar

5. Conclusão

A Engenharia representa um papel fundamental de embasamento para as


auditorias patrimoniais dos Tribunais de Contas Brasileiros. Assim sendo, possuir
profissionais habilitados nesta área de atuação, bem como outras correlatas,
proporciona uma atuação multidisciplinar que enrique as auditorias e contribui para que
um menor dano ocorra ao erário. Destaca-se a diversidade de atuação e a qualidade
de trabalhos produzidos por servidores públicos destes tribunais, no intuito de
fortalecer suas atuações e divulgar a relevância do trabalho auditor técnico e dos
tribunais em si. Desta forma, percebe-se que este artigo atingiu seu objetivo e
exemplificou a variedade dessas performances e a relevância de sua atuação
profissional.

6. Referências Bibliográficas

ALEJARRA, Luis Eduardo Oliveira. A criação do Tribunal de Contas na história


constitucional BRASILeira. Disponível em <https://jus.com.br/artigos/27898/a-
criacao-do-tribunal-de-contas-na-historia-constitucional-BRASILeira> Acesso em
28/04/2018.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do
BRASIL,1988. Brasília: Senado Federal, Centro Gráfico, 1988. 292p.

BRASIL. Auditoria em obras públicas. Tribunal de Contas da União. Brasília: TCU,


SECOB, 2002.

______ Auditoria da qualidade das obras rodoviárias federais. Tribunal de Contas


da União. Brasília: TCU, Secretaria de Fiscalização de Obras e Patrimônio da União,
2004.

______ Obras públicas: recomendações básicas para a contratação e


fiscalização de obras públicas. Tribunal de Contas da União. 2ª. Ed. Brasília: TCU,
SECOB, 2009.

______ Fiscobras : 20 anos.Tribunal de Contas da União. Brasília: TCU, Secretaria-


Geral de Controle Externo, 2016.

IBRAOP, Instituto BRASILeiro de Obras Públicas. Disponível em


<http://www.ibraop.org.br>. Acesso em 28/04/2018.

LIMA, Luiz Henrique. Controle externo. 6ª ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
Método, 2015.

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo BRASILeiro, 22a edição, atualizada.


São Paulo: Malheiros Editores. 1997.

MYRRIA, Studio. Disponível em <https://www.facebook.com/studiomyrria>. Acesso em


09/06/2018.

MPF. Ministério Público Federal. Caso Lava-jato. Disponível em


<http://www.mpf.mp.br/para-o-cidadao/caso-lava-jato/entenda-o-caso/>. Aceso em
28/04/2018.

Apêndice A – Cronograma – 2018/1

2018

ATIVIDADES Março Abril Maio Junho Julho

Pesquisa bibliográfica; X

Definição do tema da pesquisa; X

Definição do objeto de estudo; X

Definição do tipo de pesquisa; X


Elaboração de uma apresentação PITCH X

Identificação e leitura das fontes a serem


X
norteadoras do trabalho;

Construção do Pré-projeto - Elaboração da


X
introdução, justificativa e objetivos;

Construção do Pré-projeto - Elaboração da


X
fundamentação teórica;

Construção do Pré-projeto - Elaboração da


X
metodologia;

Revisão do pré-projeto; X

Apresentação para a banca; X

Apêndice B – Cronograma – 2018/2

2018

ATIVIDADES Ago. Set. Out. Nov. Dez.

Leitura das orientações técnicas X

Leitura dos artigos selecionados X

Correlação entre os artigos x orientações –


X
Descrição das obras auditadas
Correlação entre os artigos x orientações –
Procedimentos adotados nas auditorias que X
foram relatadas

Identificar as ações corretivas estipuladas


X
pelos agentes de controle externo

Elaboração dos resultados da pesquisa X

Elaboração da discussão e conclusão da


X
pesquisa;

Revisão geral do artigo X

Apresentação final para a banca; X

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