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AUDITORIA CONTÁBIL

Unidade 8 - Auditoria governamental

GINEAD
Moreno, Fernanda Gualda; Pereira, Beatriz da Silva
SST Unidade 8 - Auditoria governamental /
Fernanda Gualda Moreno;
Beatriz da Silva Pereira
Ano: 2020
nº de p.: 16

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Unidade 8 - Auditoria
governamental

Objetivos específicos
• Compreender os objetivos e a aplicação da auditoria na esfera governamen-
tal.
• Discutir as normas de auditoria em outras instituições de controle vinculadas
ao governo.

Apresentando a unidade
Bem-vindo à última unidade da nossa disciplina! Nesta etapa do estudo, você
conhecerá o funcionamento da auditoria governamental, as diferenças em relação
ao modelo de auditoria empresarial, além dos demais fundamentos relacionados ao
assunto.

Ainda nesta unidade, descreveremos os procedimentos e a estrutura do setor


público e a sua relação com o processo de auditoria, destacando, principalmente o
funcionamento dessa área no Tribunal de Contas e na Controladoria Geral da União.
Vamos lá!

Introdução à auditoria
governamental: estrutura de
comunicação interna do setor público
Para começar a falar sobre a auditoria governamental, o primeiro passo é conhecer
a sua origem. Não existe uma data especifica, mas alguns marcos podem ser
citados como relevantes para seu desenvolvimento. Um deles refere-se ao
período referente ao Império Romano, quando já era comum que os imperadores
nomeassem altos funcionários para a supervisão de todas as operações financeiras
das províncias em poder do império e que, posteriormente, prestassem contas de
forma verbal. Foi nessa época que se acredita ter surgido o termo auditoria, do
latim, audire, que significa “ouvir” (CREPALDI, 2009).

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No século XIII, na Inglaterra, o rei Henrique promulgou uma lei aprovada no
Parlamento, que permitia aos barões nomearem seus representantes oficiais.
Esses representantes tinham como obrigação elaborar um relatório das atividades
desempenhadas. Esse relatório pode ser considerado um dos primeiros relatórios
de auditoria. Já no século XIV, surgiram os primeiros órgãos de controle
governamental, em 1318, na França, e em 1314, na Inglaterra.

Um dos principais registros é do século XVI e VI a.C. na Índia, onde o Código de


Manu fazia referência à organização administrativa do Estado, principalmente
no que se relacionava às finanças públicas, podendo ser considerado como um
dos primeiros vislumbres da auditoria pública. No entanto podemos considerar a
Inglaterra, que também foi a precursora da Revolução Industrial e do capitalismo,
como o berço da auditoria governamental, responsável pelo desenvolvimento da
fiscalização das receitas públicas.

Figura 8.1: A Revolução Industrial pode ser considerada o berço da auditoria governamental

Fonte: Plataforma Deduca (2018).

No Brasil, o marco da auditoria está ligado às expedições marítimas dos séculos


XV e XVI, feitas, em sua maioria, por Portugal e Espanha. Ao chegarem ao Brasil, os
portugueses trouxeram técnicas de auditoria já utilizadas na Europa. Porém não
podemos deixar de citar que os índios, à sua maneira, já utilizavam algum tipo de
controle sobre o resultado de suas operações (SÁ apud CRUZ, 2008).

No entanto, a concepção de auditoria atual surgiu na década de 1940, com a vinda


das multinacionais para o país. Essas empresas, oriundas da Europa e dos Estados
Unidos, já utilizavam técnicas avançadas de auditoria. Nesse período, as técnicas
tinham como principal foco a detecção de fraudes.

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Como você já sabe, a auditoria consiste “[...] no exame de documentos, livros e
registros, inspeções, obtenção e informações e confirmações internas e externas,
obedecendo às normas apropriadas de procedimentos” (SANTOS; GOMES,
2006, p. 20). O intuito desses exames é verificar a veracidade das informações
apresentadas, visando determinar se elas estão de acordo com os princípios
contábeis vigentes.

Na auditoria governamental, não é muito diferente, a avaliação dos controles da


Administração Pública tem como finalidade proteger os ativos das empresas e
promover a eficiência e a eficácia das operações do setor público, visando embasar
a tomada de decisão em conformidade com a Lei de Responsabilidade Fiscal
(FRANSOZI, 2004).

A origem dessa lei é a Portaria nº 34, de 11 de maio de 1976, em que o Inspetor


Geral de Finanças do Ministério da Fazenda – usando das atribuições que lhe
conferem os artigos 2º, item IV, e 38, item XVII, do regimento aprovado pelo Decreto
nº 64.136, de 25 de fevereiro de 1969, implementado pela Portaria GB-nº 69, de 28
do mesmo mês e ano, do Ministro da Fazenda, e tendo em vista o estatuído no art.
2º do Decreto nº 64.175, de 06 de março de 1969, combinado com o Decreto nº
67.090, de 20 de agosto de 1970, que estabelece normas de controle interno, fixa
procedimentos de inspeção para o Serviço Público Federal – aprova o Manual de
Auditoria-Procedimentos na Administração Direta, Autarquias e Fundações, cuja
finalidade é estabelecer os procedimentos que deverão ser observados na atividade
da inspeção realizada no âmbito da Administração Direta.

O ato de prestação de contas pelo governo é chamado de accountability, assim


conceituado pela Constituição Federal (BRASIL, 1988, s.p.):

Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e


patrimonial da União [...] será exercida pelo Congresso Nacional, mediante
controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.

Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica,


pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie, ou administre
dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a

União responda, ou que em nome desta, assuma obrigações de natureza


pecuniária.

Para entender mais, veja a representação do accountability na Figura 8.2:

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Figura 8.2: Sistema accountability

Fonte: Tribunal de Contas da União (2011, p. 18).

Conforme a imagem, você pode concluir que o poder legislativo é responsável pela
representação dos interesses dos cidadãos que compõem a sociedade. Como
exercer controle sobre as ações dos órgãos públicos?

De maneira geral, não existe uma forma única de exercer controle, na verdade,
existem vários mecanismos para isso, mas, na administração pública, essa área é
um pouco mais específica, voltando-se para a fiscalização e para a correção das
ações de todos os órgãos.

De acordo com Meirelles (2003), o controle está associado à vigilância, orientação


e correção que um poder, órgão ou autoridade exerce sobre a conduta funcional de
outro. Conheça, no Quadro 8.1, os tipos de controle da administração pública:

Quadro 8.1: Controles administrativos

É o chamado poder de autotutela da administração pública. É


Controle um controle de legalidade e de mérito, exercido pelos órgãos de
administração de todos os poderes sobre suas próprias atividades,
administrativo com vistas a mantê-las dentro da lei, segundo exigências técnicas e
econômicas para atender às necessidades dos serviços.

Exercido pelo Poder Legislativo (Congresso Nacional, assembleias


Controle legislativas e câmaras de vereadores) sobre a administração
pública nos aspectos políticos e técnicos, limitando-se às hipóteses
legislativo constitucionalmente previstas, já que resulta na interferência de um
poder em outro.

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É, essencialmente, um controle de legalidade efetuado pelo Poder
Controle Judiciário sobre os poderes e órgãos da administração pública. Ocorre
sempre a posteriori. A lei, como principal forma de indicação do
judicial interesse público, é tomada aqui no seu sentido genérico, abrangendo
toda a forma de regramento, seja constitucional, legal ou regulamentar.

É a participação da sociedade no acompanhamento e verificação


das ações da gestão pública. Decorre de princípios de governança
e accountability e é viabilizado, sobretudo, pela transparência. Os
agentes de órgãos, entidades, programas e fundos públicos devem
Controle social contribuir para aumentar a confiança sobre a forma como são geridos
os recursos colocados à sua disposição, reduzindo a incerteza
dos membros da sociedade sobre o que acontece no interior da
administração pública.

Fonte: Tribunal de Contas da União (2011, p. 27).

A fiscalização interna é feita pelos órgãos da sua própria estrutura e a fiscalização


externa é feita pelo Poder Legislativo, com o auxílio do Tribunal de Contas
(TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO, 2011). Segundo Fransozi (apud DIAS, 2004, s.p.),
o campo de atuação da auditoria governamental são as seguintes áreas da gestão
pública:

• unidades da administração direta, dos poderes constituídos: Executivo, Le-


gislativo e Judiciário;
• entidades da administração indireta, constituídas de: Autarquias, Sociedade
de Economia Mista, Empresas Públicas, Fundações instituídas e mantidas
pelo poder público;
• programas aprovados no orçamento público, em toda sua extensão;
• recursos do tesouro nacional;
• recursos objeto de captação externa, nas suas diversas formas, obedecendo
a cláusulas de contrato específicas;
• sistemas de controles administrativos, operacional, contábil e patrimonial de
todas as unidades auditadas;
• convênios, contratos e acordos ou ajustes celebrados pela instituição públi-
ca, na conformidade da lei.

Após essa breve introdução sobre a auditoria nos órgãos públicos, no próximo
tópico, você conhecerá os fundamentos da auditoria governamental.

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Saiba mais
Você quer saber ainda mais sobre o funcionamento da
auditoria governamental? Acesse o link a seguir: <https://www.
portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/biologia/conceito-de-
auditoria-governamental/43740> e leia o artigo.

Fundamentos da auditoria
governamental
De acordo com o Instituto Rui Barbosa (2010, p. 13), a auditoria governamental
pode ser conceituada como:

[...] exame efetuado em entidades da administração direta e indireta,


em funções, sub funções, programas, ações (projetos, atividades e
operações especiais), áreas, processos, ciclos operacionais, serviços,
sistemas e sobre a guarda e a aplicação de recursos públicos por outros
responsáveis, em relação aos aspectos contábeis, orçamentários,
financeiros, econômicos, patrimoniais e operacionais, assim como acerca
da confiabilidade do sistema de controle interno (SCI).

Como você já concluiu, a auditoria governamental é feita por profissionais


de auditoria, por meio do levantamento de informações, análises com base
na imparcialidade, avaliações independentes e apresentação de informações
confiáveis, baseadas em evidências, de acordo com os princípios de legalidade,
legitimidade, economicidade, eficiência, eficácia, efetividade, equidade, ética,
transparência e proteção do meio ambiente. Além disso, ele deve observar a
probidade administrativa e a responsabilidade social dos gestores da coisa pública,
por se tratar da área pública (INSTITUTO RUI BARBOSA, 2010).

Os auditores responsáveis pela auditoria governamental têm como dever a


observação, o cumprimento e a execução da forma mais correta possível nas suas
relações com todos os órgãos públicos e autoridades governamentais, além dos
colegas de profissão, da sociedade e dele próprio.

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O auditor governamental deve ter conhecimentos sobre Administração, Atuariais,
Contabilidade, Direito, Economia, Engenharia, Estatística, Pedagogia, Saúde
e Sociologia, bem como conhecimentos sobre a auditoria de forma geral e
habilidades necessárias para o cumprimento das atividades.

Outros aspectos que devem ser observados pelo auditor governamental são as
relações humanas e a comunicação. Nesse sentido, a

[...] cooperação recíproca e as habilidades e as atitudes apropriadas no


trato com as pessoas e em se comunicar de maneira eficaz constituem
atributos essenciais do profissional de auditoria governamental. A
confiança e o respeito público que suscita um profissional de auditoria
governamental são consequências, basicamente, da soma dos resultados
obtidos pela conduta de todos os profissionais de auditoria anteriores
e atuais. Por conseguinte, tanto para os profissionais de auditoria
governamental, quanto para o público em geral, é importante que esse
trate seus colegas de profissão de forma polida e equilibrada. (INSTITUTO
RUI BARBOSA, 2010, p. 45).

O funcionamento da auditoria governamental envolve: metodologia, escopo,


planejamento, execução, supervisão e revisão, controle de qualidade, comunicação
de resultados/relatório e monitoramento das recomendações. Em cada um desses
estágios, o auditor precisa atender a responsabilidades específicas dispostas na lei.
Na área pública, é a NGA 400 que trata dos trabalhos de auditoria governamental.
Ela estabelece as formas de realizar os procedimentos de auditoria, além de traçar
as diretrizes quanto à metodologia e à abrangência da auditoria, tratando do nível
de controle de qualidade das atividades e do passo a passo para a elaboração dos
relatórios (INSTITUTO RUI BARBOSA, 2010).

Antes de iniciar o planejamento propriamente dito, é preciso estar atento à


metodologia e ao escopo do trabalho. A metodologia consiste no estabelecimento
do passo a passo da auditoria governamental. Além de determinar que todos
os princípios da auditoria sejam seguidos, ela especifica outros elementos
obrigatórios, expressos. Conheça esses elementos no Quadro 8.2:

Quadro 8.2: Elementos metodologia

Consiste na situação ideal ou esperada, conforme normas


legais e regulamentares aplicáveis e boas práticas ou planos
Critério da Administração, constituindo-se em padrões normativos
ou operacionais, usados para determinar se o ente auditado
atende aos objetivos fixados

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Condição é a situação encontrada pelo profissional de
auditoria governamental e documentada, constituindo-se no
Condição fato ocorrido ou na própria existência do achado. Os achados
ocorrem quando a condição verificada não se encontra
aderente ao critério preestabelecido.

Consiste nas razões e nos motivos que levaram ao


descumprimento da norma legal ou à ocorrência da condição
de desempenho, representando a origem da divergência
Causa entre a condição e o critério. A identificação das causas com
precisão permite a elaboração de recomendações adequadas e
construtivas.

Os efeitos são as reais consequências da diferença entre


o critério preestabelecido e a condição constatada pelo
profissional de auditoria governamental, representados por
Efeito fatos que evidenciam os erros ou prejuízos identificados e
expressos, sempre que possível, em unidades monetárias ou
em outras unidades de medida que demonstrem a necessidade
de ações corretivas.

O profissional de auditoria governamental deve considerar,


também, na análise das informações obtidas, a opinião
do auditado acerca dos achados constatados e das
Opinião do recomendações propostas pela auditoria, para, então, proceder
auditado à conclusão sobre o assunto. A prática de discussão dos
achados, durante a auditoria, proporcionará revelação dos
pontos de vista e opiniões do auditado, para confronto pela
equipe de auditoria, do qual resultará a conclusão.

Corresponde ao desfecho do relatório, quando os profissionais


de auditoria governamental emitirão suas opiniões finais,
Conclusão de forma resumida, sobre o objeto auditado, com base no
conteúdo exposto ao longo do relatório.

Sugestão proposta pelo profissional de auditoria


Recomendação governamental para a regularização da situação encontrada, se
aplicável.

Fonte: Instituto Rui Barbosa (2010, p. 50-51).

A metodologia deve ainda sistematizar as informações contidas no relatório,


além disso, os auditores governamentais devem estar disponíveis para esclarecer
informações acerca da metodologia para gestores e demais colaboradores que
tenham dúvidas.

O escopo é outro estágio importante da auditoria governamental. Nele, são


definidas a natureza e a extensão dos procedimentos de auditoria que fazem parte
da sua execução. Por se tratar de órgãos públicos, deve-se levar em consideração
as normas constitucionais, legais e regimentais que determinarão a direção geral
quanto à finalidade desses trabalhos.

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No planejamento de auditoria governamental, ocorre a determinação da estratégia
e da programação que serão seguidas pela equipe de auditoria, deliberando a
natureza, a oportunidade e a extensão dos exames, os prazos, as equipes de
profissionais e outros recursos necessários para que o trabalho seja feito da melhor
forma possível, prezando pela qualidade e pela realização no menor tempo e com o
menor custo possível (INSTITUTO RUI BARBOSA, 2010).

O planejamento é, sem dúvida, uma das principais etapas da auditoria. Ele irá definir
como serão os próximos estágios, dessa forma, se for feito de maneira incorreta,
existe grande possibilidade de que os próximos estágios reflitam esse erro. O
correto planejamento pode ser a garantia de uma execução de qualidade e de
menor custos e tempo.

A execução é a fase de coleta e exame das informações que serão evidência, com
o intuito de embasar os comentários e opiniões. Nesse estágio, são examinados
os documentos, bem como analisados os sistemas orçamentários, financeiros,
patrimoniais e operacionais, para determinar se são confiáveis e se estão de acordo
com os princípios seguidos pela auditoria e com o desempenho de gestão e os
resultados das políticas, programas e projetos públicos auferidos (INSTITUTO RUI
BARBOSA, 2010).

Na próxima etapa, ocorrem a supervisão e a revisão do trabalho. Ela funciona da


seguinte maneira: na supervisão, os profissionais de auditoria com mais experiência
orientam os profissionais com menos experiência, visando garantir mais qualidade
ao processo. A revisão envolve o exame contínuo das atividades que estão sendo
realizadas, para evitar a ocorrência de problemas ou, caso ocorram, que eles sejam
rapidamente resolvidos.

No controle de qualidade, são definidos as metas e os objetivos a serem


alcançados. Nesse estágio, é estabelecido, de forma detalhada, o que deve ser feito
para que as normas referentes à auditoria governamental sejam cumpridas. Para
que o controle de qualidade seja mais simples, é bom que exista algum tipo de
cartilha com os padrões de qualidade exigidos (INSTITUTO RUI BARBOSA, 2010).

Após a elaboração do relatório, que tem características muito semelhantes ao


das empresas que geram lucros, mas prezando pelas normas específicas do setor
público, é preciso que ele seja divulgado. Quando concluídos, os trabalhos de
auditoria devem ser comunicados e divulgados de modo formal a seus usuários,
por meio de um relatório de auditoria governamental ou, simplesmente, relatório de
auditoria (INSTITUTO RUI BARBOSA, 2010).

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Por fim, é preciso que os gestores estejam dispostos a ouvir as recomendações
destacadas pelos auditores, com a finalidade de eliminar as deficiências
apontadas no relatório. No próximo tópico, você conhecerá um pouco mais sobre o
funcionamento da auditoria do Tribunal de Contas da União e da Controladoria Geral
da União.

Reflita
Você já parou para pensar que a sociedade também exerce uma
espécie de controle semelhante ao da auditoria?

Tribunal de Contas da União e


Controladoria Geral da União
Como você já sabe, o controle externo é exercido pelo Tribunal de Contas da União,
com a finalidade de auxiliar o Congresso Nacional. A Controladoria Geral da União
é o órgão central do sistema de controle interno do Poder Executivo (TRIBUNAL DE
CONTAS DA UNIÃO, 2011). Nos tópicos a seguir, você saberá qual o papel de cada
um desses órgãos.

Classificação adotada pelo Tribunal de Contas da


União (TCU)
Segundo as Normas de Auditoria do Tribunal de Contas da União (BRASIL, 2010, p.
14), as auditorias do Tribunal classificam-se, quanto à natureza, em:

• Auditorias de regularidade: objetivam examinar a legalidade e


a legitimidade dos atos de gestão dos responsáveis sujeitos à
jurisdição do Tribunal, quanto aos aspectos contábil, financeiro,
orçamentário e patrimonial. Compõem as auditorias de regularidade
as auditorias de conformidade e as auditorias contábeis.

• Auditorias operacionais: objetivam examinar a economicidade,


eficiência, eficácia e efetividade de organizações, programa e

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atividades governamentais, com a finalidade de avaliar o seu
desempenho e de promover o aperfeiçoamento da gestão pública.

Ainda segundo as Normas de Auditoria de Contas da União, a classificação de uma


auditoria como operacional ou de regularidade será determinada pelo objetivo da
auditoria, já que ambos os tipos examinam os mesmos documentos (TRIBUNAL DE
CONTAS DA UNIÃO, 2011). Em relação à forma de execução, as auditorias do TCU
são realizadas apenas pelos auditores do próprio TCU, no entanto essas equipes
podem contar com o auxílio de auditores externos. A Instrução Normativa 49/2005,
em seu artigo 4º, trata desse assunto:

I - serão credenciados por portaria de fiscalização;

II - estarão sujeitos aos mesmos deveres impostos aos servidores


do Tribunal de Contas da União quando na realização de trabalhos de
fiscalização; e

III - reportar-se-ão ao coordenador da equipe de fiscalização. (BRASIL,


2005, s.p.).

Mas a auditoria feita pelas suas próprias equipes não é a única forma de auditoria
adotada pelo TCU, que também adota uma espécie de fiscalização, denominada
Fiscalização de Orientação Centralizada (FOC), com a participação de diversas
unidades técnicas, para avaliar, de modo organizado, as áreas que são objetos do
controle, em qualquer âmbito, para propor melhorias na gestão pública e no próprio
sistema de controle utilizado (TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO, 2011).

Figura 8.3: O Tribunal de Contas da União tem o objetivo de auxilia


o Congresso Nacional no controle externo

Fonte: Plataforma Deduca (2018).

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Saiba mais
Uma Fiscalização de Orientação Centralizada pode ser conceituada
como a fiscalização, ou um conjunto de fiscalizações, que envolve
uma preparação centralizada, execução descentralizada e
consolidação dos resultados.

Classificação adotada pelo Tribunal de Contas da


União
O Manual do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal, aprovado
pela IN SFC Nº 01/2001, classifica as atividades do sistema de controle do Poder
Executivo da seguinte maneira:

• Auditoria: conforme a Instrução Normativa nº 01 (BRASIL, 2001, p.


31), a auditoria pode ser conceituada como o “[...] conjunto de técnicas
que visa avaliar a gestão pública, pelos processos e resultados
gerenciais, e a aplicação de recursos públicos por entidades de
direito público e privado”. Tal análise visa relacionar a situação
encontrada em confronto com um critério técnico específico, que
esteja relacionado à área operacional ou legal, com a finalidade de
garantir os resultados almejados.

• Fiscalização: conforme a Instrução Normativa nº 01 (BRASIL, 2001,


p. 36), a fiscalização pode ser conceituada como uma “[...] técnica de
controle que visa comprovar se o objeto dos programas de governo
existe, corresponde às especificações estabelecidas, atende às
necessidades para as quais foi definido”. Além disso, a fiscalização
busca analisar se existe coerência em relação ao que está sendo
feito e às leis vigentes, e se a estrutura do controle administrativo é
eficiente.

Já em relação aos tipos de auditoria, o manual do SCI as classifica da seguinte


maneira:

• Auditoria de avaliação da gestão


• Auditoria de acompanhamento da gestão
• Auditoria contábil

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• Auditoria operacional
• Auditoria especial
• Auditoria de tomada de contas especial
• Análise de processos de pessoal
• Avaliação das unidades de auditoria interna

Quanto às formas de execução, a CGU adota a seguinte tipologia, segundo a


Instrução Normativa nº 01 (BRASIL, 2001, p. 32):

Direta: são as atividades executadas diretamente por servidores em


exercício nos órgãos e unidades do Sistema de Controle Interno (SCI) do
Poder Executivo Federal, sendo subdividas em:

• Centralizada: executada, exclusivamente, por servidores em


exercício nos órgãos central ou setoriais do SCI do Poder Executivo
Federal;

• Descentralizada: executada, exclusivamente, por servidores em


exercício nas unidades regionais ou setoriais do SCI do Poder
Executivo Federal;

• Integrada: executada, conjuntamente, por servidores em exercício


nos órgãos central, setoriais, unidades regionais e/ou setoriais do
SCI do Poder Executivo Federal.

Indireta: são as atividades executadas com a participação de servidores


não lotados nos órgãos e unidades do SCI do Poder Executivo Federal,
que desempenham atividades de auditoria em quaisquer instituições da
Administração Pública Federal ou entidade privada:

• Compartilhada: coordenada pelo SCI do Poder Executivo Federal


com o auxílio de órgãos/instituições públicas ou privadas;

• Terceirizada: executada por instituições privadas, ou seja, pelas


denominadas empresas de auditoria externa.

• Simplificada: realizada por servidores em exercício nos órgãos


central, setoriais, unidades regionais ou setoriais do SCI do Poder
Executivo Federal, sobre informações obtidas por meio de exame de
processos e por meio eletrônico, específico das unidades ou entidades
federais, cujo custo-benefício não justifica o deslocamento de uma
equipe para o órgão. Essa forma de execução de auditoria pressupõe
a utilização de indicadores de desempenho que fundamentam a
opinião do agente executor das ações de controle.

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Referências
BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria Federal de Controle Interno. Manual
do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal. Anexo à Instrução
Normativa nº 01, de 6 de abril de 2001. Disponível em: <http://www.cgu.gov.br/
sobre/legislacao/arquivos/instrucoes-normativas/in01_06abr2001.pdf/view>.
Acesso em: 27 jan. 2018.

BRASIL. Tribunal de Contas da União. Instrução Normativa 49/2005. Dispõe


sobre as fiscalizações realizadas pelo TCU, Brasília, DF, 13 de dezembro de 2005.
Disponível em: <www.tcu.gov.br/Consultas/Juris/Docs/judoc/IN/20090206/
INT2005-049.doc>. Acesso em: 27 jan. 2018.

_______. ______. Normas de auditoria do Tribunal de Contas da União. Brasília, 2010.

______. ______. Auditoria Governamental. Instituto Serzedello, 2011.

CREPALDI, S. A. Auditoria contábil: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2009.

CRUZ, F. Auditoria Governamental. 3. ed. São Paulo, Atlas, 2008.

DIAS, J. C. Auditoria Governamental: um enfoque municipal. In: FÓRUM ESTADUAL


DE AUDITORIA, 3., 2004, Fortaleza. Anais... Fortaleza, 2004.

FRANSOZI, M. G. Auditoria em órgãos públicos. Rio de Janeiro: Universidade


Candido Mendes, 2004.

INSTITUTO RUI BARBOSA. Normas de Auditoria Governamental-NAGs: Aplicáveis ao


Controle Externo. 2010.

MEIRELLES, H. L. Direito administrativo brasileiro. 28. ed. atual. por Eurico de


Andrade Azevedo, Délcio Balestero Aleixo e José Emmanuel Burle Filho. São Paulo:
Malheiros, 2003.

SANTOS, J. L. dos; GOMES, J. M. M. Fundamentos de auditoria contábil. São Paulo:


Atlas, 2006.

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