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CONTROLE INTERNO E CONTROLE EXTERNO

NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Controle Interno na Administração Pública

O conjunto de procedimentos de controle praticados internamente em qualquer organização pode per-


feitamente ser comparado com aqueles que exercemos em nossa vida pessoal.

Assim como uma dona de casa controla os gastos domésticos e cada cidadão mantém sob controle o
saldo de sua conta bancária, numa organização empresarial ou pública existe um conjunto de procedi-
mentos voltados a garantir a obtenção de resultados e também, em especial, no segundo caso, desti-
nados a assegurar a observância à legislação.

Cabe, neste ponto, lembrar a regra que diz que, enquanto na iniciativa privada tudo pode ser feito desde
que não caracterize descumprimento à lei, na administração pública deve ser feito tudo o que a lei
determina, exigindo-se, neste caso, controles mais rigorosos e sofisticados.

Dentre os vários conceitos existentes na literatura especializada, destaca-se aquele enunciado pelo
Comitê de Auditoria do Instituto Americano de Contadores Públicos certificados, o qual por sua abran-
gência e ampla divulgação, acabou tornando-se referência internacional.

“O Controle Interno compreende o plano de organização e todos os métodos e medidas adotadas na


empresa para salvaguardar seus ativos, verificar a exatidão e fidelidade dos dados contábeis, desen-
volver a eficiência nas operações e estimular o seguimento das políticas executivas prescritas”.

De modo geral, aceita-se o conceito de Controle Interno como um conjunto de normas e procedimentos
instituídos pelas organizações com vista na proteção de seu patrimônio e na elaboração de dados
confiáveis em busca da eficácia operacional.

Fundamentação Legal do Controle Interno na Administração Pública

A Lei n.º 4.320/64 estabelece os fundamentos do controle interno, quando determina que o Poder Exe-
cutivo exerça o controle sem prejuízo das atribuições de órgão criados especificamente para este fim.
A Constituição federal reforçou a idéia de forma clara, quando afirma que o controle Interno deverá ser
exercido no âmbito de cada poder. O Art. 74 determina.

“ Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle


interno com a finalidade de :

I – Avaliar o cumprimento das metas previstas no Plano Plurianual, a execução dos programas de
governo e dos orçamentos da União.

II – Comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamen-


tária, financeira, e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como da aplicação
de recursos públicos por entidades de direito privado.

III – Exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres
da União.

IV – Apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.

Parágrafo 1º – Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregula-


ridade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade
solidária.

Parágrafo 2º – Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para na
forma da lei, denunciar irregularidade ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.

Objetivos do Controle Interno

O objetivo geral do Controle Interno é assegurar que não ocorram erros potenciais, através do controle
de causas, destacando-se entre os objetivos específicos, a serem atingidos, os seguintes:

Observar as normas legais, instruções normativas, estatutos e regimentos;

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Assegurar, nas informações contábeis, financeiras, administrativas e operacionais, suas exatidões,


confiabilidade integridade e oportunidade;

Antecipar-se, preventivamente, ao cometimento de erros, desperdícios, abusos, práticas anti econômi-


cas e fraudes;

Propiciar informações oportunas e confiáveis, inclusive de caráter administrativo/operacional, sobre os


resultados e efeitos atingidos;

Salvaguardar os ativos financeiros e físicos quanto a sua boa e regular utilização e assegurar a legiti-
midade do passivo;

Permitir a implementação de programas, projetos, atividades, sistemas e operações, visando a eficácia,


eficiência e economicidade dos recursos;

Assegurar aderência às diretrizes, planos, normas e procedimentos do órgão/entidade.

Controle Externo na Administração Pública

O Controle Externo deve ser exercido em uma instância que esteja fora do âmbito do ente fiscalizado,
para que tenha maior grau de independência e efetividade em suas ações.

A Lei 4.320/64 em seu artigo 81, define que o controle externo deverá ser exercido pelo Poder Legis-
lativo, terá por objetivo verificar a probidade da Administração, a guarda e legal emprego do recurso
público e o cumprimento da Lei do Orçamento.

O Artigo 82 da mesma Lei determina a periodicidade com que a fiscalização efetuada pelo controle
externo deverá ser efetivada: “O poder Executivo, anualmente, prestará contas ao Poder Legislativo,
no prazo estabelecido na Constituição Federal ou Estadual e nas Leis Orgânicas Municipais.

A Constituição Federal acatou esse dispositivo, em seu art. 71, que determina o exercício do Controle
Externo pelo Poder Legislativo, com o auxílio do tribunal de Contas da União, abrangendo a fiscalização
contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração
direta e indireta: “ O Controle Externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do
Tribunal de Contas da União”

Tribunal de Contas

Tribunal de Contas é um órgão autônomo, que auxilia o Poder Legislativo a exercer o controle externo,
fiscalizando os gastos dos Poderes Executivo, Judiciário e do próprio Legislativo.

Além de estar sujeito ao controle externo, cada Poder tem a responsabilidade de manter um sistema
de controle interno. E, por sua vez, apesar de ser um tribunal, o Tribunal de Contas não faz parte do
Poder Judiciário.

Tribunal de Contas tem uma peculiar trajetória do Direito brasileiro. A Constituição Imperial não tratava
de tal Corte, mas previa a apresentação dos orçamentos à Câmara dos Deputados.

Já a primeira Constituição republicana, de 1891, previu, expressamente, a criação de um Tribunal de


Contas para “liquidar as contas da receita e despesa e verificar a sua legalidade, antes de serem pres-
tadas ao Congresso”. As demais foram, gradativamente, ampliando a competência fiscalizadora desta
Corte e, explicitamente, atribuíram-lhe a qualidade de auxiliar.

Sua composição é análoga à dos Tribunais (órgãos do Poder Judiciário), é um órgão composto por
nove membros, que recebem a designação de Ministros, requer-se para investidura nestes cargos
idade entre 35 e 65 anos de idade, idoneidade moral e reputação ilibada, disposição de notórios co-
nhecimentos jurídicos ou contábeis, econômicos, financeiros ou de administração pública e que se
tenha mais de dez anos de exercício de função ou efetiva atividade profissional exigente da espécie de
conhecimentos referidos (art. 73 e § 1º).

São atribuídos aos titulares destes cargos as mesmas prerrogativas, impedimentos e vencimentos dos
Ministros do Superior Tribunal de Justiça (art. 73, § 3º), gozam, inclusive, de vitaliciedade. Os Ministros

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do Tribunal de Contas da União serão escolhidos de acordo com o disposto no § 2º do art. 73, já os
membros das Cortes estaduais serão, uniformemente, sete.

Compete-lhe, consoante o art. 71: emitir parecer prévio sobre as contas prestadas anualmente pelo
Presidente da República; julgar contas dos administrados e demais responsáveis por dinheiros, bens e
valores públicos da Administração direta e indireta, inclusive contas daqueles que derem causa a perda,
extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público; apreciar, para fins de registro,
a legalidade de atos de admissão de pessoal, a qualquer título; realizar, por iniciativa própria, inspeções
e auditorias de natureza contábil, financeira e orçamentária.

Fiscalizar contas nacionais de empresas supranacionais de cujo capital social a União participe; fisca-
lizar a aplicação de recursos repassados pela União; prestar informações de ordem contábil, financeira
e orçamentária; aplicar as sanções previstas em lei aos responsáveis em caso de ilegalidade de des-
pesa ou irregularidade de contas; assinar prazo para que órgão ou entidade em que foi verificada ile-
galidade adote as providências cabíveis; sustar, se não atendido, a execução de ato impugnado, co-
municando a decisão ao Congresso Nacional e; relatar ao Poder competente acerca de irregularidades
ou abusos apurados.

O Constituinte, entretanto, atribuiu certas prerrogativas que visam, irrefutavelmente, à presteza do exer-
cício da Corte e ao caráter injuntivo das decisões acerca de débito ou multa, a saber: segundo o art.
71, § 2º, o Tribunal de Contas poderá decidir a respeito da sustação de contrato, que é de competência
do Congresso Nacional, se este não tomar as medidas necessárias no prazo de 90 dias.

Já o § 3º do mesmo artigo, prevê que as decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou
multa, terão eficácia de título executivo. Não se deve furtar-se à menção de que o dispositivo constitui
nítida dissonância à regra não-vinculativa, típica dessa Corte.

O posicionamento do Tribunal de Contas da União acerca de irregularidades que importem em multa


ou débito tem se adstrito ao seu peculiar traço; primeiramente, detecta-se a irregularidade, em seguida,
inclui-se o nome no CADIN (Cadastro Informativo dos débitos não quitados de órgãos e entidades
federais) e, finalmente, autoriza-se a cobrança judicial da dívida.

Homologa-se a possibilidade de postular a dívida em juízo, não a imediata conversão em título execu-
tivo, pois, como já se afirmou, suas decisões não têm força judicante.

No caso do parecer prévio, pode acompanhar ou não o posicionamento do Poder Legislativo, segundo
José Afonso da Silva, quando este está sufocado pelo autoritarismo ou pela perda de atribuições bási-
cas, a Corte de Contas sofre as consequências em grau mais profundo. In verbis:

“Ora, o princípio da prestação de contas da administração pública, direta e indireta, constante do art.
34, VII, “d”, só tem eficácia de princípio do Estado democrático enquanto as demais instituições de
apuração dessas contas gozarem de autonomia e prestígio para o cumprimento dessa elevada missão,
do contrário tudo não passará de mero exercício de formalidades vazias de resultados práticos”

Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Pará – TCM

Compete ao TCM apreciar, analisar, inspecionar, auditar e julgar as contas das Prefeituras Municipais,
Câmaras Municipais e demais Entidades criadas e mantidas pelo Poder Público Municipal, seus balan-
cetes, balanços e documentos relativos à gestão de dinheiros, bens e valores públicos.

No exercício de suas atividades, o TCM emite pareceres prévios sobre as contas das Prefeituras e
julga as contas das Câmaras e demais Entidades Municipais.

Examina recursos e autoriza, após análise, o cadastro de Orçamentos Anuais, Leis de Diretrizes Orça-
mentárias Planos Plurianuais, Créditos Adicionais, Contratos, Atos de fixação e atualização de remu-
neração dos agentes políticos e servidores municipais.

Autoriza, ainda, o registro dos atos de nomeação, pensões e aposentadorias de funcionários públicos
dos Municípios.

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O TCM atua permanentemente orientando e assessorando os agentes políticos e servidores munici-


pais, objetivando o aperfeiçoamento técnico-profissional e a consequente melhoria da qualidade dos
Servidores Públicos Municipais.

Além do franco acesso dos interessados aos diferentes setores do TCM para informações, consultas e
orientação, os Órgãos da administração municipal e seus representantes também dispõem do Depar-
tamento de Apoio aos Municípios.

Atribuições específicas de assessoria com um programa permanente de seminários, reuniões, cursos


e treinamento em todas as áreas da administração municipal, realizando-os tanto na sede do Tribunal,
em Belém, como nos municípios do Estado, de modo a facilitar a participação dos servidores lotados
em locais mais distantes.

O TCM promove eventos na área de informática e disponibiliza para as Prefeituras e Câmaras progra-
mas específicos a fim de facilitar e agilizar prestações de contas e elaboração de folhas de pagamento.

Prestação de Contas

Instrução Normativa n.º 01/2009, Os órgãos da Administração Direta, Indireta e Fundacional dos Pode-
res Legislativo e Executivo Municipal remeterão ao Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do
Pará, por meio magnético, os dados e informações referente à Lei do Orçamento Anual (LOA), aos
Balancetes Quadrimestrais e Balanço Geral, na forma e prazo estabelecidos nesta Instrução Norma-
tiva.

A Lei Orçamentária Anual será encaminhada no prazo de 30(trinta) dias após sua assinatura, acompa-
nhada de :

1 – Comprovação de que o projeto de lei foi encaminhado pelo Prefeito para apreciação do Poder
Legislativo até o prazo legal.

2 – Cópia da ata da sessão de votação da LOA na Câmara Municipal

3 – Resumo Geral da Receita

4 – Resumo Geral da Despesa

As prestações de contas serão remetidas 30(trinta) dias após o encerramento do quadrimestre, acom-
panhadas das folhas de pagamentos mensais, bem como dos processos licitatório digitalizados na
integra. Fica mantida a obrigatoriedade de remessa em meio documental dos seguintes:

1 – Balancetes Quadrimestrais

2 – Demonstrativos analíticos da receita

3 – Demonstrativos da Despesa por Grupo de despesa

4 – Termo de Conferencia de Caixa e Banco, acompanhados de seus respectivos extratos das contas
correntes, poupança e aplicação financeiras, se houver, bem como as conciliações bancárias.

O Balanço Geral será encaminhado até 31 de março do ano subsequente ao exercício encerrado acom-
panhado dos seguintes documentos:

1 – Anexos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 a 17 da Lei 4.320/64

2 – Relação de Inscrição em Restos a Pagar por órgão e Poder

3 – Relação de Inscrição em Dívida Ativa

4 – Inventário de Bens Móveis e Imóveis

5 – Demonstrativo da Aplicação dos recursos correspondente à manutenção e Desenvolvimento da


Educação (MDE), FUNDEB, e Ações de Saúde.

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6 – Quadro Demonstrativo da Despesa com Pessoal e Contribuições patronais, destacando servidores


efetivos, comissionados e temporários do exercício.

7 – Cópia do parecer do conselho do FUNDEB, Conselho Municipal de Saúde, e da Assistência Social.

Controle na Administração Pública

O Estado é constituído pelo território, pelo povo e pelo governo, desenvolvendo funções para o atendi-
mento do bem público, consoante uma intensiva atividade financeira exercitada por intermédio de seus
organismos – órgãos públicos -, os quais são geridos por agentes públicos, que devem pautar a sua
ação mediante princípios constitucionais dirigidos á Administração Pública.

Portanto, a ação estatal envolve a Administração do patrimônio e a utilização dos dinheiros públicos,
que são atos de poder político praticados pelo governo, cujo exercício está afeto às autoridades gover-
namentais. A autoridade estatal, como expressão é suprema e seu poder tem como fim o bem estar da
sociedade.

Contudo, este exercício do poder, não raro, induz a abusos, impondo-se, por esse motivo, a criação e
a utilização de controles para o uso do poder. No dizer de Montesquieu, “ a liberdade política somente
existe nos governos moderados. Mas nem sempre ela existe nos governos moderados. Só existe
quando não se abusa do poder, mas é uma experiência eterna que todo homem que detém o poder é
levado a dele abusar: e vai até onde encontra limites. Quem o diria? A própria virtude precisa de limites.
Para que não se abuse do poder é necessário que pela disposição das coisas o poder limite o poder”
(Espirit dês lois, livro XI. Cap. VI).

A função do controle do poder foi estruturada no Estado Moderno, quando se consolidou como uma
das principais características do Estado de Direito.

No Estado de Direito a Administração está vinculada ao cumprimento da lei e ao atendimento do inte-


resse público – atendimento ao princípio da legalidade e à supremacia do interesse público – por isso,
para eficácia dessa exigência, torna-se imperativo o estabelecimento de condições que verifiquem,
constate e imponha o cumprimento da lei para o atendimento do interesse público, com a finalidade de
ser evitado o abuso de poder. A isso chama-se controle da administração Pública.

Definição do Controle

Segundo PEREL (1978), o termo controle, no campo da administração, foi utilizado primeiramente por
Henri Fayol, ao elencar uma série de recomendações, os chamados “Deveres Administrativos”. A partir
daí, tem sido amplamente empregado e, com o decorrer dos tempos, experimentaram evolução quanto
a seus princípios, espécies, fases e processos.

Considerando-se que o controle é elemento essencial ao Estado de Direito, sendo sua finalidade asse-
gurar que a Administração atue de acordo com os princípios que lhe são impostos pelo ordenamento
jurídico, pode-se afirmar que o controle constitui poder-dever dos órgãos a que a Lei atribui essa função
precisamente pela sua finalidade corretiva; ele não pode ser renunciado nem retardado, sob pena de
responsabilidade de quem se omitiu.

Modernamente, houve uma valorização dos sistemas de controle, especialmente no âmbito público,
com uma ampliação das formas de exercício do controle. Trata-se de uma atividade que envolve todas
asa funções do estado, estando direcionada para o estabelecimento e a manutenção da regularidade
e da legalidade administrativa, que procede a uma avaliação no sentido de evitar erros e distorções na
ação estatal, buscando indicar procedimentos de reorientação para as falhas detectadas ou agindo na
responsabilização dos agentes causadores dessas impropriedades legais que ocasionam prejuízos à
coletividade.

Considerando os propósitos desta apostila, vamos determo-nos com maior ênfase nos conceitos e
evolução dos Controles Externo e Interno na administração pública brasileira.

Fundamentação Legal do Controle na Administração Pública.

A lei n.º 4.320/64 preconiza em seu artigo 75:

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“O controle da execução orçamentária compreenderá:

I – a legalidade dos atos de que resultem a arrecadação da receita ou a realização da despesa, o


nascimento ou a extinção de direitos e obrigações;

II – a fidelidade funcional dos agentes da administração responsáveis por bens e valores públicos:

III – o cumprimento do programa de trabalho expresso em termos monetários e em termos de realização


de obras e prestação de serviços”

Pode-se constatar pelo texto da lei a grande preocupação com o aspecto legal e com a formalidade e
abrangência do controle, compreendendo a execução orçamentário-financeira e o cumprimento das
propostas de melhorias ao bem-estar da sociedade, traduzidas nos programas de trabalho.

O decreto-Lei n.º 200/67, que institui a reforma administrativa do estado, preconizou a necessidade de
prestar contas de todos quanto sejam responsáveis por bens ou valores públicos.

A Constituição Federal de 1988 reforça a necessidade do controle e define em seu artigo 70:

“A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das Entidades


da Administração Direta e Indireta, quanto a legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das
subvenções e renuncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo,
e pelo sistema de controle interno.

Parágrafo Único: Prestará contas qualquer pessoa física ou entidade pública que utilize, arrecade,
guarde, gerencie ou administre dinheiro, bens e valores públicos ou pelo quais a União responda, ou
que em seu nome deste, assuma obrigação de natureza pecuniária.”

Refere-se ainda ao Controle a lei 4.320/64, arts 76 a 82, quando determina que o poder Executivo
exercerá todas as formas definidas no artigo 75, sem prejuízo das atribuições dos órgãos de controle,
e que esta fiscalização deve ser prévia, concomitante e subsequente, ressalvando a existência dos
controles internos e externos.

A sua função é fiscalizar, avaliar, detectar erros, e falhas e responsabilizar a Administração, mas jamais
tomar o seu lugar. Controle que substitui a Administração pratica abuso de poder, com desvio de fina-
lidade na sua atuação.

Características do Controle Interno

Para se ter um Controle Interno adequado é necessário que ele seja bem estruturado pela administra-
ção, com medidas de efetividade e de custos razoáveis, que possam fornecer uma razoável margem
de garantia, reduzindo o nível de erros e irregularidades, propiciando que as metas e objetivos traçados
sejam cumpridos de forma eficiente e eficaz e com redução de custos, permitindo que os objetivos
sejam cumpridos de forma correta.

As características de um sistema de controle interno eficiente são:

Plano de Organização;

• Sistema de Autorização e Procedimentos; e


• Pessoal Qualificado.

Plano de organização: para que a empresa tenha um plano satisfatório, esse plano deve ser simples e
flexível.

É muito importante que o plano de organização, proporcione a independência das funções em cada
setor. Embora a independência estrutural requeira uma separação das funções, o trabalho realizado
por todas as áreas deve ser integrado, para que haja eficiência na operação.

Sistema de autorização e procedimentos: para se ter um sistema eficiente, deve incluir meios de con-
trole dos registros de operações e transações.

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Para atingir a eficácia nessas operações é necessário aprovação de cada etapa para a concretização
do programa administrativo.

Pessoal profissionalmente e tecnicamente qualificado: um controle eficiente não depende somente de


um planejamento administrativo e eficiência das operações, é necessário também pessoas competen-
tes e qualificadas para realizar as tarefas de forma eficiente e econômica.

O controle interno inclui também controles que podem ser peculiares tanto a Contabilidade como à
administração. Existem vários tipos de Controle, são eles:

Controles Contábeis dizem respeito aos métodos e procedimentos utilizados na salvaguarda do patri-
mônio e nas informações contábeis em relação à veracidade e confiabilidade dessas informações.

• Controles Administrativos métodos e procedimentos utilizados na elaboração de planos para atingir a


eficiência operacional e adesão à política traçada pela organização.

• Controles Operacionais: planejamento, orçamento, contabilização e sistemas de informação, docu-


mentação, autorização, políticas, procedimentos e métodos.

• Controles para gestão dos recursos humanos: recrutamento e seleção, orientação, formação, desen-
volvimento e supervisão.

• Controles de revisão e análise: avaliação do desempenho, análise interna das operações e progra-
mas, revisões externas, e outros.

• Controle das instalações e equipamentos: Verificação das instalações e equipamentos.

Para que o controle interno seja eficiente, é muito importante a ligação entre todos os controles citados
acima, pois um sem o outro não tem como atingir a eficácia dos controles internos.

A importância do controle interno na Administração Pública

O principal objetivo da Administração Pública é realização do bem comum, ou seja, o atendimento do


interesse da sociedade. Ocorre que as necessidades da população são ilimitadas enquanto que os
recursos públicos disponíveis são insuficientes, fazendo com que o Governo estabeleça prioridades, e
defina metas e objetivos que deverão ser alcançados.

O controle administrativo é exercido pelos órgãos administrativos dos Poderes, sendo o mais vasto de
todos.

Classifica-se em legalidade ou de mérito, interno, preventivo, concomitante ou subsequente, de ofício,


por provocação ou compulsório, de ato ou de atividade e hierárquico ou finalístico.O controle adminis-
trativo é o poder de fiscalização e correção que a Administração Pública (em sentido amplo) exerce
sobre sua própria atuação, sob os aspectos de legalidade e mérito, por iniciativa própria ou mediante
provocação.

Com base nesses elementos, Maria Sylvia Zanella di Pietro conceitua o controle da Administração
Pública como o poder de fiscalização e correção que sobre ela exercem os órgãos dos Poderes Judi-
ciário, Legislativo e Executivo, com o objetivo de garantir a conformidade de sua atuação com os prin-
cípios que lhe são impostos pelo ordenamento jurídico.

Conforme definição de Maria Sylvia Zanella Di Pietro:

"Controle administrativo é o poder de fiscalização e correção que a Administração Pública (em sentido
amplo) exerce sobre sua própria atuação, sob os aspectos de legalidade e mérito, por iniciativa própria
ou mediante provocação".

Neste contexto, observa-se que o Controle Interno tem um papel fundamental para auxiliar a Gestão
Pública nesse processo, contribuindo para que proceda continuamente de forma legal, econômica, efi-
ciente, eficaz, efetiva e transparente. O controle interno pode ser usado tanto de forma preventiva,
detectiva ou corretiva, sendo que o ideal é que o gestor público dê ênfase à prevenção.

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Seu fundamento vem explicitado na Súmula 473 do Supremo Tribunal Federal, sendo o poder-dever
de autotutela:

“A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, por-
que deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respei-
tados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”.

O Controle Interno possui como base a organização de métodos e medidas que controlam com exati-
dão, confiabilidade e integralidade os dados contábeis prevenindo praticas antieconômicas e fraudes
tornando as operações internas mais eficientes e confiáveis.

São estabelecidos por normas e procedimentos que são instituídos para obter proteção do patrimônio
e dados contábeis confiáveis.

As disposições constitucionais moldam a organização política do Estado e, por intermédio de legislação


complementar e ordinária, a organização administrativa das entidades estatais, de suas autarquias e
entidades paraestatais visando a execução desconcentrada dos serviços públicos e outras atividades
de interesse coletivo.

A função do controle é indispensável para acompanhar a execução de programas e apontar suas falhas
e desvios; zelar pela boa utilização, manutenção e guarda dos bens patrimoniais; verificar a perfeita
aplicação das normas e princípios adotados e constatar a veracidade das operações realizadas.

A função do controle exige a atenção da Administração voltada para a execução de planos e progra-
mas, para que metas e objetivos previamente delineados sejam atingidos.

Assim, a função de controle está intimamente relacionada à Administração que, ao exercer aquela fun-
ção, analisa e avalia os resultados obtidos, compara-os ao que foi planejado ou previsto, objetivando
verificar os resultados e sanar possíveis falhas que possam ter ocorrido.

A finalidade do controle é assegurar que a Administração atue em consonância com os princípios que
lhe são impostos pelo ordenamento jurídico, como os da legalidade, moralidade, finalidade pública,
publicidade, motivação de impessoalidade. Em determinadas circunstâncias, abrange também o con-
trole chamado de mérito e que diz respeito aos aspectos discricionários da atuação administrativa.

O Controle Interno é visto, muitas vezes, como mera auditoria, o que não é verdadeiro. A auditoria
ocorre de forma esporádica ou quando solicitada. Em contrapartida, a Controladoria, além de ser ativi-
dade permanente, conta com a vantagem de oferecer alternativas de melhoria na atuação de cada
setor da Administração Pública, visando à qualidade, transparência e, sobretudo, à probidade adminis-
trativa.

O Controle Interno é uma exigência legal, entretanto, sua existência se justifica primordialmente para
promover a otimização dos escassos recursos públicos; é um mecanismo de promoção da defesa do
patrimônio público, em especial, no tocante à vigilância dos índices da dívida pública.

Faz parte da Administração, subordina-se ao administrador, tendo por função acompanhar a execução
dos atos, indicando, em caráter opinativo, preventiva ou corretivamente, ações a serem desempenha-
das com vistas ao atendimento da legislação. Constitui-se em um valioso instrumento para o pro-
cesso decisório e o direcionamento das ações governamentais, via planejamento.

A Constituição Federal de 1988 reforça a necessidade do controle e define em seu artigo 70:

“A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das Entidades


da Administração Direta e Indireta, quanto a legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das
subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo,
e pelo sistema de controle interno.

Parágrafo Único: Prestará contas qualquer pessoa física ou entidade pública que utilize, arrecade,
guarde, gerencie ou administre dinheiro, bens e valores públicos ou pelo quais a União responda, ou
que em seu nome deste, assuma obrigação de natureza pecuniária.”

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É interessante notar que todas essas transformações podem ser percebidas até pela modificação do
tratamento destinado aos agentes políticos. De “administradores públicos”, passaram a ser chamados
“gestores públicos” ou “ordenadores de despesas”, ou seja, aquele que autoriza a assunção de com-
promissos financeiros. Ressalte-se que o chefe do Executivo possui a faculdade de delegar, por ato
normativo interno, a responsabilidade de ordenar despesas a um técnico ou encarregado, mas na mai-
oria dos municípios o ordenador é o próprio Prefeito.

O interesse público deve ser sempre o norteador de todas as ações governamentais. Não mais se
admite um governante autossuficiente que estabelece de que forma os recursos públicos serão aplica-
dos, tendo por parâmetro somente a sua vontade.

É preciso ouvir e interpretar os anseios da população quando da elaboração dos orçamentos. Sem
sombra de dúvidas, uma das características do bom administrador é a capacidade de gerir todos os
assuntos que lhe dizem respeito.

Assim, a Administração clássica cada vez mais é questionada. Buscam-se novas formas e meios para
a prestação dos serviços públicos. No entanto, não restam dúvidas de que os avanços na Administra-
ção Pública apresentam maior ou menor grau de sucesso em razão dos contextos internos de cada
ente público ou nível de governo, especialmente quanto à continuidade dos gestores públicos direta-
mente responsáveis pela condução dos processos de mudança, assim como da equipe encarregada
da coordenação dos projetos.

Conclui-se que cada vez mais os cidadãos clamam por uma gestão pública de melhor desempenho,
dotada de práticas gerenciais modernas, focadas no alcance de objetivos, capazes de gerar melhor
retorno aos tributos arrecadados e de agregar, efetivamente, mais valor para a sociedade.

Dessa forma, é importante aumentar a confiança da sociedade sobre a forma como são geridos os
recursos colocados à disposição das organizações públicas, para dar cumprimento às delegações que
lhes são outorgadas, sendo relevante que se plante uma nova cultura participativa, estimulando a prá-
tica da cidadania, plantando bases para uma boa governança pública, de modo a permitir a aferição,
por todas as partes interessadas, do bom e regular cumprimento das atribuições e dos objetivos esta-
belecidos pelo Poder Público.

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