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70 a 75 da
Constituição Federal de 1988
Benigno Núñez Novo 25/02/2023
A Constituição Federal de 1988 trata, na seção IV, da fiscalização contábil, financeira e orçamentária,
dispondo sobre os mecanismos de controle interno e externo das entidades e órgãos da administração pública.
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da
administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e
renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de
controle interno de cada Poder.
O caput do artigo 70, da CF/1988 nos informa que há dois tipos de controle, o controle externo e o controle
interno.
Controle externo: Ocorre quando um poder fiscaliza o outro. O controle externo é exercido pelo Poder
Legislativo e no âmbito federal é exercido pelo Congresso Nacional, com auxílio do Tribunal de Contas da
União.
Controle interno: Ocorre quando o próprio poder fiscaliza suas respectivas contas. Todos os poderes devem
por meio de sua própria estrutura interna fazer este “autocontrole”.
Por fiscalização financeira e orçamentária, podemos entender o controle dos diversos aspectos das finanças
públicas. Não apenas do gasto público (despesa pública), mas do endividamento, das renúncias de receitas e da
execução orçamentária. Todas as matérias de direito financeiro devem estar submetidas a controle.
A Constituição institui um rigoroso modelo de controle financeiro do patrimônio e das despesas públicas em
geral (inclusive subvenções e renúncia de receitas), que se concentra em torno dos princípios da Administração
Pública de legalidade, legitimidade, economicidade, moralidade e eficiência (art. 37, CF). Nesse sentido temos
uma análise do mérito administrativo.
Aplicação das subvenções e renúncia de receitas (financeira): análise dos incentivos oferecidos pela
administração pública.
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade,
guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em
nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.
O Tribunal de Contas da União tem um importante papel no controle externo, pois ele auxilia o Congresso
Nacional no aspecto técnico do controle, importante ressaltar que o TCU não é subordinado ao poder legislativo,
tendo total autonomia para exercer suas funções constitucionalmente previstas.
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas
da União, ao qual compete:
Aqui se deve ter em mente uma distinção muito importante, pois quem julga as contas do Presidente da
República é o Congresso Nacional, enquanto que o TCU apenas aprecia via parecer.
Se o TCU não é competência para julgar as contas do Presidente, não podemos dizer o mesmo para as contas dos
“demais responsáveis” por bens públicos.
Julgamento do TCU
Contas do PR -> TCU apenas aprecia
III – apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na
administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder
Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de
aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento
legal do ato concessório;
TCU aprecia:
TCU não aprecia:
melhorias posteriores das aposentadorias que não alterem o fundamento legal do ato concessório
Frisa-se que a análise do TCU nas aposentadorias, reforma se pensões é apenas nos aspectos de legalidade do
ato, além disso essa análise não se aplica aos benefícios do RGPS.
Observe que as inspeções e auditorias nos demais poderes e administradores podem se iniciar de ofício ou
de forma provocada, sem excluir a possibilidade de qualquer cidadão, partido político, associação ou
sindicato denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o TCU (Art. 74, §2º).
Trata-se de um inciso capcioso, pois cabe ao TCU fiscalizar apenas as contas nacionais das empresas
supranacionais (aquelas que operam em vários países) em que a União participe do capital social, direita
ou indiretamente.
Aplicar sanções
Vale ressaltar que as decisões do TCU de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título
executivo (título executivo extrajudicial), conforme Art. 71, § 3º, ou seja, o Judiciário pode utilizar a decisão do
TCU para realizar a execução da dívida.
X – sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e
ao Senado Federal;
Entretanto no caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que
solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis (§1º).
Sustação de Contrato – Congresso
Obs. Caso haja inercia do Congresso Nacional ou do Poder Executivo, por mais de 90 dias, o TCU poderá sustar
o contrato (§2º).
Art. 72. A Comissão mista permanente a que se refere o art. 166, §1º, diante de indícios de despesas não
autorizadas, ainda que sob a forma de investimentos não programados ou de subsídios não aprovados, poderá
solicitar à autoridade governamental responsável que, no prazo de cinco dias, preste os esclarecimentos
necessários.
§ 2º - Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Comissão, se julgar que o gasto possa causar dano irreparável
ou grave lesão à economia pública, proporá ao Congresso Nacional sua sustação.
“Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos
créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum.
§ 1º Caberá a uma comissão mista permanente de Senadores e Deputados:
I – examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste artigo e sobre as contas apresentadas anualmente
pelo Presidente da República.”
Para “julgar” as contas, o Congresso Nacional vê-se assessorado pela Comissão Mista Permanente de Planos,
Orçamentos Públicos e Fiscalização – CMPOF, composta por 84 membros titulares, sendo 63 deputados e 21
senadores, que tem a missão de examinar e emitir parecer sobre os projetos de lei do plano plurianual, das
diretrizes orçamentárias, de lei orçamentária anual e seus créditos adicionais e sobre as contas apresentadas
anualmente pelo Presidente da República.
O Parecer Prévio pode ser definido como ato de análise técnica de apreciação especializada do Tribunal de
Contas da União, mediante decisão seguida de devido processo legal, na qual o Tribunal recomenda ou sugere ao
Congresso Nacional a aprovação, a aprovação com “ressalvas” ou s rejeição das contas prestadas anualmente
pelo chefe do Poder Executivo.
Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro
próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que couber, as atribuições previstas
no art. 96. .
§ 1º - Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os
seguintes requisitos:
IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija os conhecimentos
mencionados no inciso anterior.
I - um terço pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal, sendo dois alternadamente dentre
auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo
os critérios de antiguidade e merecimento;
Membros: 9
Brasileiro
Escolha (§2º):
Sendo 2 dos 3 alternadamente dentre auditores e membros do MP junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice
pelo Tribunal, segundo os critérios de antiguidade e merecimento;
As cortes de contas seguem o exemplo dos tribunais judiciários no que concerne às garantias de independência,
sendo também detentoras de autonomia funcional, administrativa e financeira, das quais decorre, essencialmente,
a iniciativa reservada para instaurar processo legislativo que pretenda alterar sua organização e funcionamento,
conforme interpretação sistemática dos arts. 73, 75 e 96, II, d, da Constituição Federal. [ADI 4.418, rel. min.
Dias Toffoli, j. 15-12-2016, P, DJE de 3-3-2017.] Vide ADI 1.994, rel. min. Eros Grau, j. 24-5-2006, P, DJ de 8-
9-2006
Os Tribunais de Contas ostentam posição eminente na estrutura constitucional brasileira, não se achando
subordinados, por qualquer vínculo de ordem hierárquica, ao Poder Legislativo, de que não são órgãos
delegatários nem organismos de mero assessoramento técnico. A competência institucional dos Tribunais de
Contas não deriva, por isso mesmo, de delegação dos órgãos do Poder Legislativo, mas traduz emanação que
resulta, primariamente, da própria Constituição da República. [ADI 4.190 MC-REF, rel. min. Celso de Mello, j.
10-3-2010, P, DJE de 11-6-2010.]
Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle
interno com a finalidade de:
III – exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da
União;
Assim, os responsáveis pelo controle interno ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou
ilegalidade deverão dar ciência ao TCU, sob pena de responsabilidade solidária (§1º).
Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que couber, à organização, composição e
fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de
Contas dos Municípios.
Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre os Tribunais de Contas respectivos, que serão
integrados por sete Conselheiros.
No caso dos Estados e Municípios, as normas estabelecidas ao Tribunal de Contas da União aplicam-se, no que
couber, à organização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem
como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios, que serão integrados por sete conselheiros.
Notas e referências
Imagem Ilustrativa do Post: essence delicate pink // Foto de: CLAUDIA DEA // Sem alterações
Disponível em: https://www.flickr.com/photos/135366503@N05/33188589156