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Finanças Públicas TA - 2022-2023

Sub-turmas 1, 4 e 8

Exercício 6 – Controlo orçamental, fiscalização dos dinheiros públicos e


Tribunal de Contas

1. Enuncie, explicando, os diferentes tipos de controlo da execução orçamental


previstos no ordenamento jurídico português.
A responsabilidade financeira é o resultado da conjugação de três tipos de controlo,
segundo o art. 68º/1 da LEO.
- Controlo administrativo: pressupõe a atuação coordenada e a observância de critérios,
metodologias e referenciais de acordo com a natureza das intervenções a realizar, sem
prejuízo das competências da autoridade de auditoria nos termos da lei.
- Controlo político: A Assembleia da República exerce o controlo político sobre a
execução do Orçamento do Estado e efetiva as correspondentes responsabilidades
políticas, nos termos do disposto na Constituição, no Regimento da Assembleia da
República, na presente lei e na demais legislação aplicável.- 107 CRP
- Controlo jurisdicional da execução do Orçamento do Estado: compete ao Tribunal de
Contas e é efetuado nos termos da respetiva legislação, sem prejuízo dos atos que
cabem aos demais tribunais, designadamente aos tribunais administrativos e fiscais e
aos tribunais judiciais, no âmbito das respetivas competências. – 209º/1 c) CRP

2. Todas as entidades beneficiárias de dinheiros públicos estão hoje sujeitas à


jurisdição do Tribunal de Contas, independentemente da sua natureza jurídica .
Comente a afirmação.
Constitucionalmente, o Tribunal de Contas é um autêntico tribunal integrado no poder
judicial (209.º/1 c) CRP). O Tribunal de Contas tem uma integração especial no poder
judicial, não estando na dependência do Conselho Superior de Magistratura.

No âmbito da jurisdição material através da análise do disposto no 214º CRP e 1º, 5º e 6º


da LOPTC. Há, então, uma ideia chave: a de que a jurisdição do Tribunal incide sobre a
generalidade das receitas e das despesas públicas e da correspondente atividade de gestão,
sem que seja possível dissociar da sua competência a utilização de dinheiros públicos por
parte das entidades sujeitas ao seu controlo e jurisdição.
Consagração do princípio da perseguição do dinheiro e valores públicos, onde quer que
eles se encontrem, i.e., independentemente da natureza das entidades que os têm à sua
guarda, com o consequente alargamento do âmbito do controlo jurisdicional do Tribunal;
• As atribuições legalmente cometidas ao Tribunal de Contas correspondem à
necessidade de controlo financeiro dos dinheiros públicos, das receitas e das despesas
públicas e do património público, com vista a assegurar a conformidade do exercício da
atividade de administração daqueles recursos com a Ordem Jurídica, julgando, sendo caso
disso, a responsabilidade financeira inerente. Assim, tais atribuições originam dois tipos
de poderes a exercer pelo tribunal: o O poder de controlo financeiro; o O poder
jurisdicional. • Para a prossecução de tais atribuições, a Lei definiu a competência
material do Tribunal de Contas com base no conceito de dinheiros ou valores públicos,
em termos tais que não permite excluir a sua utilização, seja a que título for e ainda que
meramente ocasional, do seu campo de atuação; • Assim se compreende que seja muito
vasto o universo de entidades sujeito à atuação do Tribunal, englobando, em geral, todas
as entidades que tenham a seu cargo a gestão de dinheiros ou valores públicos
independentemente da natureza jurídica de tais entidades

3. Estabeleça a distinção entre fiscalização prévia, sucessiva e concomitante.

O artigo 1º da Lei da Organização e Processo do Tribunal de Contas prevê que o Tribunal


de Contas fiscaliza a legalidade e regularidade das despesas e receitas públicas, aprecia a
boa gestão financeira e efetiva responsabilidades por infrações financeiras. Tudo isto
distribuído por secções especializadas, que realizam três tipos e fiscalização: a prévia
(ocorre num momento anterior ao próprio ato praticado pelos serviços do Estado) , a
concomitante (acompanha estes atos ou contratos) e a sucessiva ((ocorrerá depois do
termo desse ato ou contrato ainda que com produção de efeitos anterior).

Prévia: 44º/1 LOPTC e seguintes – legalidade e regularidade dos atos; emissão de vistos e
recusa ;
Concomitante: 49º e seguintes
Sucessiva: 50 e ss.- avaliar a eficácia, a legalidade, economia, eficácia, ou seja,
verificação de contas das entidades todas que prestam contas ao tribunal (51º), depois do
fecho de contas. Ou então fiscalização da divida (50º/2)

No tribunal de contas não existem apenas juízes, nas auditorias também existem outros
profissionais, engenheiros, etc quue não venham das disciplinas jurídicas.

As finalidades das Secções especializadas são as seguintes:

1. A 1ª secção (so há juízes) exerce as competências de fiscalização prévia, bem como a


fiscalização concomitante de atos e contratos, podendo, em certos casos, aplicar multas e
relevar a responsabilidade financeira; 77º/1 b) LOPTC- AUDITORIAS
2. A 2ª secção exerce a fiscalização sucessiva e a fiscalização concomitante da atividade
financeira, podendo ainda, nos casos previstos na lei, aplicar multas e relevar a
responsabilidade financeira; - AUDITORIAS
3. A 3ª secção (julgamento também so há juízes) exerce a função jurisdicional,
procedendo ao julgamento dos processos de efetivação de responsabilidades financeiras e
de multa, a requerimento das entidades competentes.

4. Pronuncie-se, o mais detalhadamente possível, sobre o visto do Tribunal de Contas.


Visto- condição de eficácia dos atos sujeitos a fiscalização previa
A 1ª secção é aquela que exerce a fiscalização prévia e a fiscalização concomitante, isto
é, que realiza o acompanhamento do próprio ato ou contrato que está submetido a visto,
segundo o art. 77º do LOPTC
Vamos primeiro ao 48 (dispensa) e 47 (isenção) e depois vemos se e preciso levar ao
visto, agora vamos ao 46º , depois ao 45º
Para usar o 45º/5: ajuste direito, urgência imperiosa,a contecimento imprevisível que
não sejam imputáveis a entidade adjudicante, e não possam ser cumpridos os prazos
inerentes previstos na lei
O visto, ou declaração de conformidade (versão simplificada de visto- basta uma
declaração e conformidade porque os juízes já tem toda a informação), é o ato através do
qual o Tribunal faz a apreciação global dos factos ou atos de despesa, que podem ser
validamente realizados, desde que obedeçam à legalidade e ao cabimento orçamental. A
moderna doutrina alude que estamos perante um ato de natureza jurisdicional, que gera
anulação do ato relativamente ao qual houve recusa, tendo as últimas leis orgânicas do
Tribunal assumido esta orientação.

Quanto à natureza do visto importa referir que se trata de um ato através do qual se
assegura um controlo da legalidade de decisões com implicações financeiras (atos ou
contratos). O ato é da responsabilidade de um órgão independente, a que a Constituição
atribui a natureza de verdadeiro tribunal especializado em matéria financeira, integrado
no poder judicial.
As decisões sobre o visto constituem caso julgado material, sendo insuscetíveis de ser
reapreciados, uma vez esgotados os mecanismos de recurso previstos na Lei nº 98/97. O
visto não consiste numa mera verificação administrativa, que cabe à administração
financeira do Estado e aos organismos executores do Orçamento. Estamos perante um
ato jurisdicional.

5. No âmbito da efectivação de responsabilidades financeiras a cargo do Tribunal de


Contas, estabeleça a distinção entre responsabilidade reintegratória e
responsabilidade sancionatória.

A 3ª Secção ou a secção de julgamento O mais importante é o julgamento das


responsabilidades financeiras e, mais concretamente, a responsabilidade financeira
reintegratória, que constitui os responsáveis na obrigação de repor os montantes determinados
na lei, apurados obviamente em função dos factos que constituem os pressupostos da
responsabilidade. A competência material para a efetivação da responsabilidade financeira
pertence ao TC, devendo ser requerida pelo MP, no exercício de competência diretamente
prevista na lei, independentemente de eventuais responsabilidades de outra natureza, emergentes
dos mesmos factos, que devam ser apuradas nas jurisdições competentes: responsabilidade civil
nas relações externas; responsabilidade penal; responsabilidade disciplinar.

A responsabilidade financeira sancionatória, o professor. Guilherme d’Oliveira Martins,


considera que é a menos grave, já que a pena mais grave no âmbito da efetivação da
responsabilidade financeira é a atribuição de valor por conta do próprio património do agente e a
responsabilidade financeira sancionatória resulta na aplicação de uma mult

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