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REPÚBLICA DE ANGOLA

TRIBUNAL DE CONTAS

MANUAL DE TRAMITAÇÃO DE ESPÉCIES PROCESSUAIS NO TRIBUNAL DE


CONTAS

INTRODUÇÃO

1. O presente manual tem por objecto aclarar, por forma escrita, a


tramitaçã o que corresponde à s inú meras espécies processuais, consagradas na
Lei Orgâ nica e de Processo do Tribunal de Contas (LOPTC), pela ausência que se
tem feito sentir da sua reduçã o a escrito.

As espécies processuais previstas no artigo 52.º da LOPTC sã o: o processo


de visto; o processo de prestaçã o de contas; o processo de prestaçã o de contas
dos ó rgã os de soberania; o processo de fiscalizaçã o da execuçã o do Orçamento
Geral do Estado; o processo de responsabilidade financeira reintegrató ria; o
processo de fixaçã o, por omissã o de contas, de débito aos responsá veis; o
processo de declaraçã o de impossibilidade de julgamento; o processo autó nomo
de multa; e o processo de recurso.

O processo de visto ocorre em sede de fiscalização prévia, cuja finalidade


reside em verificar se actos, contratos e outros instrumentos geradores de despesa ou
que representam responsabilidades financeiras directas ou indirectas se acham em
conformidade com as leis em vigor e se os respectivos encargos estão cabimentados
em verba orçamental própria.

A espécie processual, prestação de contas, é um processo que, em bom rigor


deveria ser denominada por processo de verificação interna de contas, porque a
prestação de contas é a obrigação que assiste aos gestores públicos de apresentar as

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contas (as efectivações) que decorrem da execução dos orçamentos que são afectados
aos serviços sob sua responsabilidade. Para melhor clarificar o que está dito atrás,
veja-se o que dispõe o artigo 72.º, que tem por epígrafe “prestação de contas”: “1. A
prestação de contas é feita por períodos anuais (...). 2. Estão sujeitos à prestação de
contas (...)”. Veja-se ainda o artigo 75.º e 76.º da LOPTC. O primeiro tem por
epígrafe, “processos de verificação de contas” e o segundo, “verificação interna de
contas” (por oposição à “verificação externa de contas”, que é a epígrafe do artigo
77.º).

O legislador ordinário laborou na mesma imprecisão terminológica, em


relação à designação da espécie processual, prestação de contas dos órgãos de
soberania, como já referido na parágrafo anterior, desta feita dizendo respeito aos
órgãos de soberania. Se se atentar na epígrafe da Secção I do Capítulo XI da LOPTC,
que reza: “parecer sobre as contas dos órgãos de soberania”, esta fica aquém do que
dispõe o seu único artigo (58.º) que no n.º1 determina quais os órgãos de soberania
que estão sujeitos à apresentação de contas ao Tribunal de Contas. No n.º3 deste
artigo determina-se que ao serem detectadas situações geradoras de eventuais
infracções financeiras, por força da apreciação do Tribunal de Contas sobre a
legalidade e regularidade das despesas realizadas, por esses órgãos, tais infracções
financeiras devem ser levadas ao conhecimento dos titulares dos respectivos órgãos,
“sem prejuízo da notificação do Ministério Público para efeitos do previsto no n.º2 do
artigo 55.º da presente lei”. E aqui chama-se à atenção para o erro gráfico, pois só de
um erro gráfico pode tratar-se, na medida em que é o n.º 1 desse artigo 55.º que
confere competência ao Ministério Público para requerer “o julgamento dos processos
de efectivação de responsabilidade financeira”. Até porque esse é o sentido do artigo
84.º da LOPTC. Como se sabe a responsabilidade financeira é aquela que advém da
prática de ilícitos financeiros ou infracções financeiras e só o Tribunal de Contas tem
competência para apurar e assacar este tipo de responsabilidade. Os demais tipos de
responsabilidade têm foro próprio de apuramento e de aplicação.

O processo de fiscalização da execução orçamental é uma espécie processual


que, ao que parece nunca foi desenvolvida ou aplicada, pelo Tribunal de Contas. Em
que consiste este tipo de processo e qual a sua razão de ser? O maior problema na
gestão dos recursos públicos é a realização da despesa. É neste domínio que se

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verificam as maiores irregularidades e, até mesmo, a prática de actos e factos ilícitos.
Daí que seja muito importante para a gestão financeira pública, que a cada passo se
aponte os erros praticados, levando os gestores, ainda que seja pela via da multa, a
perceberem que existe um modo de controlo da execução que fazem dos orçamentos,
que lhes são afectados e que pode ser extremado ao ponto de terem de devolver, por
força do débito aos responsáveis, de todas as quotas financeiras afectadas, durante a
gerência e também, a devolver por via reintegratória o que tiver sido mal gasto ou que
tenha tido um destino distinto daquele para que tiver sido, inicialmente, afectado.
Deve colocar-se a questão sobre se este processo consiste na avaliação e análise dos
relatórios trimestrais da execução do OGE que são enviados pelo Executivo à
Assembleia Nacional ou na análise a avaliação on line da execução do OGE. Para que
este processo incida ou se apoie numa análise e avaliação on line, o Tribunal de
Contas terá de passar a ter um acesso em tempo real a todos os movimentos que se
realizam, em todo o sector público ou que envolvam recursos públicos. Não havendo
condições para esse acesso, a fiscalização haverá de incidir na análise e avaliação
daqueles relatórios trimestrais.

E por tal ser assim, foi criada uma modalidade de fiscalização, a fiscalização
concomitante, a acrescer à fiscalização preventiva e à fiscalização sucessiva que já se
achavam previstas, desde a entrada em vigor da primeira lei orgânica do Tribunal de
Contas e seu diploma complementar e, como se dirá mais adiante, esta modalidade de
fiscalização reside na fiscalização em tempo real da execução de actos e contratos,
encontrem-se eles inseridos ou não no OGE, como fontes de despesas ou de
arrecadação de receitas, da execução de programas, projectos e outras acções, que
envolvam recursos públicos. Ao alcance do Tribunal de Contas acha-se toda a
actividade financeira que envolva recursos públicos. Entenda-se, por isso, que as
acções em sede de fiscalização concomitante levam o Tribunal a incidir o seu poder
de fiscalização mais adiante do que o que se pretende com a fiscalização da execução
orçamental de recursos provenientes do OGE. A ela ficam sujeitas quer a execução de
despesas próprias, quer a execução de receitas próprias dos entes dotados de
autonomia financeira e até de independência financeira.

O processo de responsabilidade financeira reintegratória que é um dos mais


usuais, na prática da fiscalização sucessiva, sob responsabilidade da 2.ª Câmara do

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Tribunal de Contas, consiste na análise, averiguação e avaliação das contas de uma
entidade, por via do recurso a técnicas de auditoria de regularidade, a chamada
verificação externa de contas, permitindo a detecção de todos os movimentos
ocorridos durante a gestão, a sua regularidade e legalidade, para a identificação da
prática de infracções financeiras, que conduzam os gestores públicos à devolução ao
Estado de todos os montantes que não tiverem entrado nos cofres públicos, por força
da prática dessas infracções financeiras. Apesar de bem identificada esta espécie
processual, a capacidade de o Tribunal de Contas obrigar os gestores a devolverem ao
Estado o que é irregularmente gerido, tem sido muito ténue, porque a via de
exequibilidade das suas decisões condenatórias está eivada de muita fragilidade.
Como dispõe o artigo 98.º da LOPTC: “Os acórdãos condenatórios constituem título
executivo e devem ser executados, no prazo de 30 dias, após o respectivo trânsito em
julgado, pelos tribunais competentes”. Tem-se interpretado que este prazo de 30 dias é
para a propositura da acção de execução e não para o julgamento da execução, pelos
tribunais competentes, pelo que nestes têm permanecido anos sem conta as referidas
execuções.

O processo de fixação, por omissão de contas, de débito aos responsáveis é


outra espécie processual que nunca foi desenvolvida ou aplicada pelo Tribunal de
Contas. Há quem mesmo não saiba o que tal significa nem como deva desencadear-se
este processo. O processo de fixação do débito aos responsáveis visa tornar efectivas
responsabilidades financeiras por falta de prestação de contas ao Tribunal, mas
também as que sejam decorrentes da falta de provas sobre a aplicação de recursos, da
ocorrência de alcance ou desvio de dinheiros, bens ou valores públicos ou da prática
de qualquer acto ilegal, ilegítimo ou antieconómico de que resulte dano para o erário.

O processo de declaração de impossibilidade de julgamento visa tornar


efectivas responsabilidades financeiras quando tendo sido prestadas as contas ao
Tribunal este declare a impossibilidade de formular um juízo sobre a consistência,
fiabilidade e integralidade delas e a eventual existência de factos constitutivos de
responsabilidade financeira. Também se trata de uma das espécies processuais que
não tem sido aplicada de modo usual.

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O processo autónomo de multa tem lugar nas seguintes circunstâncias: não
liquidação, cobrança ou entrega aos cofres do Estado, das receitas devidas; violação
das normas sobre a elaboração e execução dos orçamentos, assim como da assunção,
autorização ou pagamento de despesas públicas ou compromissos; falta de efectivação
ou retenção indevida dos descontos legalmente obrigatórios a efectuar ao pessoal;
violação de normas legais ou regulamentares relativas à gestão e controlo orçamental,
de tesouraria e de património; pela realização de adiantamentos por conta de
pagamentos nos casos que não estejam expressamente previstos na lei; utilização de
empréstimos públicos em finalidade diversa da legalmente prevista, bem como a
ultrapassagem dos limites de capacidade de endividamento, legalmente previstos;
utilização indevida de fundos movimentados por operações de tesouraria para
financiar despesas públicas; execução de actos ou contratos que não tenham sido
submetidos a fiscalização prévia, quando a isso estavam legalmente sujeitos ou que
tenham produzido efeitos em violação do disposto sobre os efeitos do visto; utilização
de dinheiros ou outros valores públicos em finalidade diferente da legalmente
prevista; não acatamento reiterado e injustificado das recomendações do Tribunal;
violação de normas legais ou regulamentares relativas à contratação pública, bem
como à admissão de pessoal; não acionamento dos mecanismos legais relativos ao
direito de regresso, à efectivação de penalizações ou a restituições devidas ao erário;
falta injustificada de prestação de contas ao Tribunal, nos prazos legalmente fixados.

O processo de recurso visa alterar as decisões finais, proferidas pelo Tribunal


de Contas em qualquer modalidade de fiscalização, prévia, concomitante ou
sucessiva, mediante a sua impugnação, por quem tenha sido condenado ou por quem
com legitimidade veja que o seu pedido não teve o deferimento esperado.

2. As espécies processuais, atrás indicadas, elencadas no artigo 52.º não


sofreram qualquer alteração com a entrada em vigor da Lei n.º19/19, de 13 de Agosto,
que veio a introduzir em sede de fiscalização, mais uma modalidade, a fiscalização
concomitante, cujo regulamento foi aprovado pela Resolução n.º3/20, de 20 de Julho.
Além do processo de fiscalização da execução orçamental, que como se viu é um tipo
de fiscalização concomitante, não foi introduzida nenhuma espécie processual
específica, sendo por isso com as espécies processuais que conduzem ao
procedimento por responsabilidade financeira, previstas na Lei n.º13/10, de 9 de Julho

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e com recurso às técnicas de auditoria, inquérito e averiguação, que se apura e
efectiva responsabilidades financeiras, no domínio da fiscalização concomitante.

3. A ausência de normas procedimentais tem causado imensos transtornos, no


trabalho diário que é levado a efeito por Juízes Conselheiros e por funcionários que
lidam com os processos, sejam eles Escrivães ao serviço dos Juízes Conselheiros,
sejam outros funcionários do Tribunal, que directa ou indirectamente têm tido
contacto com os processos, encontrem-se eles na fase que se entendeu chamar, por
fase administrativa ou na fase jurisdicional, que conduz à efectivação de
responsabilidades financeiras.

De acordo com o que se dispõe na LOPTC, o processo financeiro, que é o


conjunto de normas de processo e de procedimento, aplicável pelo Tribunal de
Contas, à instrução de processos que conduzem à responsabilização dos gestores de
recursos públicos, pela prática de gestão irregular e/ou opaca, obedece a certos
requisitos ou modalidades cuja compreensão deve ser entendida de forma o mais clara
possível. Assim, convém que se separe a instrução da responsabilização, do seguinte
modo:

I. INSTRUÇÃO/FASE ADMINISTRATIVA

a) A instrução, para efeitos deste manual, integra em sede de


fiscalização prévia, o procedimento de análise formal e material
da conformidade dos actos, contratos e outros instrumentos
geradores de despesa e sua cabimentação orçamental; em sede
de fiscalização concomitante concretiza-se mediante o recurso
a mecanismos de auditoria, de inquérito e de averiguação 1; em
sede de fiscalização sucessiva, através do procedimento de
verificação interna de contas e do procedimento de verificação
externa de contas e ainda da análise e avaliação da Conta Geral
do Estado, que dá origem ao parecer emitido pelo Tribunal de

1
A fiscalização da execução orçamental é também uma forma de fiscalização concomitante,
principalmente, se ela for desenvolvida pari passu, com a execução que os vários centros de despesa
devidamente cabimentados vão efectivando.

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Contas, a pedido da Assembleia Nacional, para elucidar e abrir
o caminho à fiscalização política, por parte, deste órgão de
soberania de controlo externo.

b) O procedimento de análise formal e material da documentação


que é enviada pelas entidades, para a obtenção de visto inicia-
se com a recepção e conferência dessa documentação e só
depois é feita a verificação da sua conformidade com as normas
legais e regulamentares e, bem assim o seu enquadramento, do
ponto de vista da respectiva cabimentação orçamental.

c) O recurso a mecanismos de auditoria, inquérito e averiguação,


em sede de fiscalização concomitante, tanto ocorre em relação
ao acompanhamento da execução de actos, contratos e outros
instrumentos geradores de despesa, como em relação ao
acompanhamento da execução de programas, projectos, acções
e mesmo gerências. A fiscalização concomitante tanto opera na
1.ª Câmara como na 2.ª Câmara. A raiz deste tipo de
fiscalização reside na sua actualidade, porque ela é
desenvolvida durante e enquanto o seu objecto de verificação
está em execução, por isso mesmo, concomitante, em tempo
real, em simultâneo, pari passu. A fiscalização da execução
orçamental considera-se que seja uma típica fiscalização
concomitante, se tiver aquela característica, caso contrário
surge como mais um subtipo da fiscalização sucessiva, o que
desvirtua o seu objectivo.

d) A verificação interna de contas consiste em o Tribunal analisar


e avaliar a conta de cada entidade sujeita, relativa a um
exercício financeiro (1 de Janeiro a 31 de Dezembro de cada
ano). Cabe à entidade o dever de enviar, anualmente, ao
Tribunal de Contas a efectivação (conta) do modo como
executou as receitas provenientes do OGE ou receitas próprias
e como e em que realizou despesas. E, porque esse envio se

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traduz numa obrigação de prestar as contas, designa-se, a essa
forma de apresentação de contas, pelos gestores públicos e/ou
da coisa pública: prestação de contas.

i) Depois de analisada e avaliada, é emitido um juízo


sobre o que se verificou, do ponto de vista
contabilístico, que permita ao Tribunal detectar se tudo
foi prestado de forma regular ou não, de modo a que
esse juízo seja positivo ou negativo. Quando positivo,
diz-se que a conta está em termos, quando negativo diz-
se que a conta não está em termos. Estando em termos é
registada na ficha aberta para a entidade, pelos serviços
do Tribunal e devolvida aos seus gestores. Não estando
a conta em termos, deve desencadear-se um conjunto de
passos e acções, como se verá, adiante, para que o
gestor venha a ser responsabilizado financeiramente.

ii) Deve observar-se, porém, que esta verificação interna


de contas, permite, também, detectar irregularidades ou
infracções que não têm natureza financeira, mas
natureza de mera infracção não financeira ou
processual. Tanto a existência de infracções financeiras
como a de infracções não financeiras ou processuais ou
a sua presença em simultâneo, conduzem a que se
classifique a conta da entidade sujeita como não em
termos. Esta classificação é válida para todas as
entidades que gerem dinheiros públicos e como tal
sujeitas à jurisdição do Tribunal de contas.

e) A verificação externa de contas é o procedimento que consiste


na obtenção, análise e avaliação de dados respeitantes a uma
entidade que gere recursos públicos e enquanto tal, sujeita à
jurisdição e fiscalização do Tribunal de Contas, com recurso a
técnicas de auditoria, que incidem sobre um ou mais exercícios

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financeiros. Com base nos dados apurados segundo técnicas de
auditoria, é possível detectar-se irregularidades na gestão (se a
auditoria for de regularidade2), fundadas em violação de
normas legais cuja observância é fundamental e que podem
configurar comportamentos que se integram no conceito de
ilícito financeiro (ou outros, cujo julgamento, quando assim
aconteça, deve ocorrer em foro próprio). Mas essas técnicas
podem ir além do que ficou atrás dito e incidir sobre a
economia (minimização dos custos dos recursos, que devem
estar disponíveis em tempo útil, em quantidade e qualidade
adequadas e ao melhor preço), a eficiência (obtenção do
máximo potencialização dos recursos disponíveis, assente na
relação entre os recursos empregados e os resultados obtidos,
em termos de quantidade, qualidade e tempo) e a eficácia
(escolha dos objectivos definidos e obtenção dos resultados
pretendidos) das acções praticadas na gestão pública (auditoria
de desempenho), conduzindo à emissão de recomendações, sem
prejuízo da responsabilização financeira a que possa haver
lugar.

II. RESPONSABILIZAÇÃO/FASE JURISDICIONAL

i) A análise de actos, contratos e outros instrumentos geradores de


despesa, se pode conduzir à concessão ou recusa do visto,
quando requerido, pode igualmente conduzir à responsabilidade
financeira sancionatória, quando pelas irregularidades
verificadas e constitutivas de infracções financeiras, der origem
a que se desencadeie um processo autónomo de multa 3. A fase
2
A auditoria de regularidade é um dos tipos de auditoria de conformidade que consiste em verificar se
as operações ocorridas cumpriram com as normas legais gerais e específicas em vigor, se as despesas
realizadas e receitas arrecadadas tomaram em linha de conta os limites financeiros, durante o período
financeiro autorizado e ainda se os direitos e obrigações são apurados e geridos, de acordo com as
normas aplicáveis (cfr. Manual de Procedimentos de Auditoria Financeira, Tribunal de Contas, editora
Where Angola Book Publisher, 2014, p. 26.
3
Não deve confundir-se a multa por infracção financeira que só pode ser aplicada mediante um
processo autónomo de multa com a multa não financeira ou processual que pode ser aplicada

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jurisdicional em sede de fiscalização prévia ocorre quando se
julga a concessão ou recusa do visto, sempre que não haja
acordo entre os juízes em sessão diária de visto.

ii) Os procedimentos em uso na fiscalização concomitante


conduzem à responsabilização financeira dos gestores de
recursos públicos, uma vez cumpridos todos os passos que
permitam a sua efectivação. A fase jurisdicional inicia-se,
quando o Ministério Público desencadeia o procedimento por
responsabilidade financeira, propondo a acção contra o gestor
ou gestores de recursos públicos.

iii) Tanto a verificação interna de contas como a verificação


externa de contas visam levar os gestores de recursos públicos a
responder, pelas acções nefastas ao erário, que tenham
praticado com culpa ou culpa grave. A fase jurisdicional inicia-
se, quando o Ministério Público requer o procedimento por
responsabilidade financeira.

iv) O apuramento que se fizer, após a conclusão de qualquer um


dos procedimentos referidos em ii) e iii), conduz ao
desencadeamento de uma acção de responsabilização
financeira, que pode culminar simplesmente com a aplicação de
uma multa (responsabilidade financeira sancionatória), com a
aplicação de multa e reintegração de dinheiros públicos 4
directamente pelo Relator do processo. É preciso conhecer, como previsto na lei, os actos que dão
origem a um e a outro tipo de procedimento. A memória passada/recente do trabalho no Tribunal de
Contas, porém, tem reflectido, erradamente, que todos os actos irregulares constituem fundamento da
instauração de processo de multa, para que os agentes que gerem dinheiros públicos sejam multados.
Há por isso que saber distinguir a multa de carácter administrativo ou não financeiro, da multa de
carácter financeiro, havendo, por isso, que atentar nos comportamentos que originam a infracção
financeira e a infracção não financeira ou processual. Aquela assenta na violação de comandos legais
ou regulamentares, com efeitos nefastos sobre o erário e o interesse público, que se traduzem em
prejuízos financeiros que devem ser reparados, por quem a eles tenha dado causa, através da devolução
(nos casos mais graves, que podem constituir paredes meias com ilícitos penais ou civis) ou
simplesmente com uma punição de natureza administrativa (multa). Esta diz respeito à violação de
normas de procedimento que apontam para o cumprimento de deveres cujo impacto é meramente de
ordem administrativa e disciplinar até. Não se assiste nestes casos a um prejuízo de ordem financeira.
4
O conceito “dinheiros públicos” é utilizado de modo muito abrangente, abarcando todo o tipo de
recursos públicos.

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(responsabilidade financeira sancionatória e responsabilidade
financeira reintegratória), com a reintegração de dinheiros
públicos simplesmente (responsabilidade financeira
reintegratória).

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A. PROCESSO DE VISTO E SUAS ESPECIALIDADES

I. FASE DE INSTRUÇÃO/ADMINISTRATIVA PARA A


CONCESSÃO DE VISTO

O processo de visto que ocorre, em sede de fiscalização prévia,


considera-se que seja a sequência ordenada de actos previamente
determinados, praticados e destinados à justa apreciação por um órgão
de autoridade imparcial (Tribunal de Contas) para a prossecução de um
fim determinado pela Entidade Pública Contratante (concessão do
Visto e consequentemente execução do acto ou contrato), que pode ou
não ser atingido (em função da concessão ou não do visto).

a) Os documentos provêm de uma entidade que pretende submeter a


documentação remetida a “Visto”, sendo estes recebidos na Secretaria
administrativa;

b) A documentação enviada ao Tribunal de Contas, qualquer que seja a sua


origem, dá entrada no Front Office (Secretaria Administrativa), onde é
recepcionada e sobre a qual é posto o carimbo de entrada, sendo registada
no livro de entrada e de saída de correspondência, e elaborada uma acta
(em triplicado) de aceitação ou recusa do expediente conforme o caso;

c) Se os documentos não se integram em nenhum processo devem ser dados


os seguintes passos pelo Técnico da Contadoria-Geral: receber, identificar,
organizar, verificar, registar no Livro de Entrada de Correspondência;

d) No acto de recepção e verificação o técnico da Contadoria Geral deve


confirmar se estão presentes os elementos todos para a constituição de um
processo, que deve ser definido em função da legislação em vigor usada
para a prática do acto submetido a visto;

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e) Depois, o técnico autua os documentos formando um processo, cujo
número deve ser exclusivo e encaminha-o à Divisão competente;

f) O expediente é colocado numa pasta de despacho que é encaminhada ao


Gabinete do Juiz Conselheiro Presidente do Tribunal de Contas. Neste, a
documentação é submetida ao Juiz Conselheiro Presidente, para obter o
despacho de mero expediente, para efeitos de encaminhamento às áreas a
que a documentação se destina;

g) Sempre que a documentação se refira a processos jurisdicionais, a cargo de


um Juiz Relator, o Juiz Conselheiro Presidente, encaminha à Direcção dos
Serviços Técnicos e posteriormente à Contadoria-Geral, sem a emissão de
qualquer juízo de valor, exarando, pelo seu punho, os seguintes dizeres:
“encaminhe-se para os devidos efeitos”;

h) Uma vez emitido tal despacho a documentação deve ser protocolada num
livro de saída de correspondência existente no Gabinete do Juiz
Conselheiro Presidente do Tribunal de Contas. O livro de protocolo
acompanhado da documentação é encaminhado para o Gabinete do
Director dos Serviços Técnicos e este encaminha à Contadoria-Geral, para
os devidos efeitos;

i) Se se tratar de peças de um processo, em curso, então devem ser juntas


com o respectivo termo ao processo e apresentar o processo com o termo
de Conclusão ao Juiz Relator do processo. Caso se trate de elementos para
a constituição de um processo novo, esta deve verificar, registar, autuar,
capear e remeter à Divisão competente para a análise e elaboração do
Parecer Técnico Sumário.

j) No acto de Capeamento, tanto para os processos de Actos de Pessoal como


de Contratos, os técnicos da Contadoria Geral devem preencher todos os

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campos da Capa, isto é a informação que consta do Livro de Registo 5 deve
ser igual a da Capa do processo, incluir principalmente a data do visto
tácito;

k) Após a verificação, autuação e registo o Processo deve ser presente à


Chefe de Secção ou a Contadora Geral para proceder ao Sorteio
Electrónico;

l) O Sorteio Electrónico é feito por um programa instalado nos


computadores, tem o objectivo de distribuir os processos de forma
equitativa e imparcial6;

m) A Chefe de Secção ou a Contadora Geral convida o Chefe de Secção ou


Divisão (1ª ou 2ª conforme o caso) para assistir o Sorteio e solicita a Lista
dos Técnicos disponíveis para integrar a lista do sorteio com um mínimo
de 2 técnicos por processo;

n) Depois de realizado o sorteio pelos Venerandos Juízes e Técnicos é


elaborada uma acta assinada pelos participantes e pelo Director dos
Serviços Técnicos e Submetida aos Gabinetes dos Venerandos Juízes
Conselheiros da 1ª Câmara;

o) O Processo é submetido a competente Divisão onde é analisado por três


(3) técnicos (Jurista, Economista Engenheiro) ou dois (2) (Jurista e

5
Nos termos do n.º 3 do Regulamento da DST nenhum processo ou requerimento papel deve ter
seguimento sem que nele esteja lançado a nota de entrada com o respectivo número de ordem.
6
Atualmente, o programa que faz o sorteio, não faz a distribuição de forma equitativa e imparcial, pois
é uma ferramenta desatualizada não acumulando a informação sendo que é a Contadoria que tem feito
a gestão da Distribuição dos Processos em função das quantidades analisadas por cada Juiz da Câmara.
Nos Termos da Lei Art.º 53.º da LOPTC, na Fiscalização Preventiva não há lugar a Distribuição,
devendo nas sessões de visto o Relator ser o Juiz de Turno que é designado por escalas semanais,
sucedido na ordem de precedência pelo Adjunto. A 1ª Camara por forma a acompanhar melhor os
processos não tem se socorrido da Figura do Juiz de Turno.

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Economista /ou Engenheiro) conforme a complexidade do processo e o
volume de trabalho destes (Engenheiros e Economistas);

p) Os Técnicos elaboram cada um o seu parecer no prazo de 10 dias e


submetem o processo à Contadoria Geral, que recebe, organiza, verifica e
prepara com o termo de Conclusão e submete ao Gabinete do Juiz Relator;

q) Em cada serviço, deve haver um livro de protocolo de entrada e saída de


correspondência;

r) No Gabinete de cada Juiz Conselheiro deve haver igualmente um livro de


protocolo para o registo de entrada e de saída de processos;

s) Segue-se a elaboração de uma acta de aceitação que poderá ser substituída


(por proposta da 1.ª Câmara) ou coexistir com o termo de apresentação e
exame (utilizado noutras paragens, designadamente no Brasil), Através
deste termo fica a saber-se que o acto ou contrato foi recebido e aceite e
instruído com os documentos anexos, sendo remetido para a Direcção dos
Serviços Técnicos;

t) Na Direcção dos Serviços Técnicos, o expediente, que ainda é processo


administrativo, é entregue à Contadoria-Geral, que procede ao termo de
autuação, atribui o número ao processo, numera e rubrica as folhas para
remeter à distribuição;

u) Depois de “distribuído” (na 1.ª Câmara não há distribuição, pois os


processos são submetidos diariamente à sessão de Visto, pela Direcção dos
Serviços Técnicos), o processo é remetido à Divisão competente para a
verificação preliminar, produzindo-se o relatório técnico ou, caso seja essa
a situação, elabora-se a proposta de Declaração de Conformidade;

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v) O Escrivão do processo, uma vez recebido o relatório, por termo de
juntada insere-o no processo, abrindo a conclusão, por emissão do termo
de conclusão e remete-o ao Juiz relator;

w) O miolo do processo de visto instrui-se do modo seguinte:

i) Os documentos que compõem o processo são organizados e


arquivados em pasta própria;

ii) A ordenação dos documentos inicia-se a partir da folha de


rosto/capa, pelo ofício (requerimento?) dos serviços a remeter o
processo para a fiscalização prévia seguido do ofício da Direcção
dos Serviços Técnicos, a acusar a recepção do expediente;

iii) Os documentos são arrumados por ordem cronológica, iniciando-se


pelo documento mais antigo e terminando-se com o documento
mais recente, salvo na situação prevista na alínea f);

iv) No processo é mantido apenas um exemplar de cada documento


enviado;

v) As folhas que integram o processo são numeradas


sequencialmente, sem rasuras;

vi) O programa do concurso, o caderno de encargos e as propostas do


adjudicatário e/ou dos demais concorrentes são inseridos no
processo, de acordo com a regra definida na alínea c), salvo quando
o seu volume desaconselhe, caso em que passam a constituir
documentos autónomos, apensos ao processo, devendo manter a
numeração já feita pelas entidades de origem;

vii) Os documentos não essenciais à verificação da legalidade do


contrato em apreciação não são inseridos no processo, podendo, no

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entanto, ser arquivados em pastas anexas, até à decisão final do
processo;

viii) Consideram-se documentos não essenciais, todos aqueles que


sejam instrumentais ao estudo do processo, designadamente,
relatórios e jurisprudência relativos a outros processos relacionados
com o que se encontra em análise, legislação especial aplicável e
documentos de consulta;

ix) Os documentos originais que irão ser devolvidos às entidades não


são inseridos no processo, fazendo-se as fotocópias necessárias
para a sua inserção no processo, de acordo com a ordem
cronológica;

x) Os documentos relativos às diligências instrutórias são arquivados


a seguir aos documentos inicialmente remetidos;

xi) O ofício de devolução do processo é instruído com a resposta do


Tribunal, com a documentação que a acompanhou, de acordo com
a respectiva cronologia e com o ofício de recepção;

xii) Os documentos relativos à cobertura orçamental da despesa e os


documentos comprovativos de existência de verba disponível,
quando não integrem o documento submetido a visto, são inseridos
no processo imediatamente antes desse documento;

xiii) O original do documento (contrato ou expressão do acto)


submetido à fiscalização preventiva, a devolver às entidades, não é
inserido no processo, nem é numerado; a sua cópia é inserida no
final da restante documentação;

xiv) Após a decisão do processo, pela Câmara, são inseridos, no


processo, por ordem cronológica: cópia do relatório, da decisão e
das comunicações que deva fazer-se dessa decisão;

17
xv) Os originais da decisão são arquivados na Contadoria;

xvi) Em todos os relatórios e informações elaborados, pelos serviços de


apoio, os documentos do processo a que deva ser feita referência,
são sempre identificados pela sua localização e numeração;

xvii) Na divisão dos processos por volumes, poderia ser observada a


norma brasileira, que prevê que de 300 em 300 folhas deva
formatar-se um volume, na ausência de uma norma processual
angolana;

xviii) A Contadoria-Geral deve organizar-se, de modo a que cada


processo seja tratado sempre pelo mesmo escrivão.

xix) Protótipo de Processo de Pessoal


Aspectos Gerais

 Acta de Aceitação
 Ofício de transcrição do Douto Despacho da Presidente do Tribunal
 Ofício que submete o processo de pessoal;
 Estatuto Orgânico;
 Mapa de Planeamento de Efectividade;
 Espelho de Simulação de Vagas/ Dotação Orçamental
 Anúncio do Concurso;
 Despacho de abertura do concurso;
 Despacho que cria a Comissão de Júri;
 Lista de candidatos inscritos e excluídos publicada;
 Lista dos candidatos admitidos e não admitidos publicada;
 Actas e relatório final fundamentada com os motivos de exclusão dos
candidatos homologadas pela entidade competente;
 Lista de classificação final publicada;
 Dotação Orçamental;
 Espelho de Simulação de Vagas ou Quota Financeira (conforme o caso);
 Ofício de solicitação de elementos

18
 Resposta ao ofício de solicitação de elementos, seguido dos elementos
remetidos
 Parecer Técnico da Divisão competente
 Termo de Recebimento
 Termo de Conclusão
 Decisão (Acórdão/Resolução/ Despacho
 Termo de Recebimento
 Termo de Notificação da decisão dirigido ao Ministério Público
 Guia (notificação) de Cobrança
 Termo de Recebimento
 Termo de Vista ao Ministério Público
 Comprovativo da Notificação da decisão a Entidade Pública Contratante
 Termo de Recebimento
 Ofício que submete o comprovativo de pagamento dos emolumentos
devidos, seguido de anexo
 Ofício da Área Emolumentos solicitar a confirmação do pagamento
 Ofício do cofre que confirma o pagamento
 Proposta de Arquivamento
 Termo de Conclusão
 Despacho de Arquivamento
 Termo de Notificação da decisão dirigido ao Ministério Público

Aspectos de carácter individual

 Contrato administrativo de provimento;


 Contrato Individual de Trabalho;
 Despacho de nomeação;
 Título de provimento;
 Histórico do agente (caso necessário);
 Cópia do bilhete de identidade;
 Cópia Autenticada do certificado de habilitações literárias:
1. Certificação de Homologação / Reconhecimento de Estudos do
INAREES (para os Técnicos superiores);
2. Para os Técnicos médios com estudos no estrangeiro Declaração de
equivalência de Estudos;
 Certificado do Registo criminal;
 Atestado médico;
 Talão de recenseamento militar, até aos 45 anos de idade;
 Requerimento de admissão ao concurso;
 Curriculum vitae;
 Fichas de Avaliação de desempenho conforme o regime;

19
xx) Contratos de Qualquer Natureza7:

A instrução dos processos de contratos, vai depender sempre da


natureza do mesmo, da legislação aplicável e do tipo de procedimento
escolhido nos termos da lei dos contratos públicos Lei n.º 9/16, de 16 de
Junho, ou de outras leis em função da especialidade do Contrato, por exemplo
aquisição de imóveis, contratos de Arrendamento etc. Em termos gerais
podemos descrever do seguinte modo:
Protótipo de Processo de Contrato

1. Acta de Aceitação;
2. Ofício de transcrição do Douto Despacho da Presidente do Tribunal;
3. Ofício que submete o contrato ao Tribunal;
4. Despacho de Abertura do Concurso;
5. Despacho de Subdelegação de Poderes;
6. Despacho de Autorização de Despesa;
7. Despacho cria a Comissão de Avaliação;
8. Anúncio;
9. Programa do Concurso/Convite;
10. Caderno de Encargos;
11. Documentos das habilitações e profissionais;
12. Proposta Técnica e Financeira;
13. Actas do Acto Público;
14. Relatório Preliminar;
15. Relatório Final;
16. Homologação do Relatório;
17. Notificação da adjudicação;
18. Publicidade da adjudicação;
19. Caução definitiva;
20. Procuração para assinar o contrato, quando necessário;
21. Contrato;
22. Despacho de homologação do contrato, quando necessário;
23. Nota de Cabimentação;
24. Ofício de solicitação de elementos;
25. Resposta ao ofício de solicitação de elementos, seguido dos elementos
remetidos;
26. Parecer Técnico da Divisão competente;
27. Termo de Recebimento;
28. Termo de Conclusão;
29. Decisão (Acórdão/Resolução/ Despacho;

7
Os documentos indicados são exemplificativos não foram apresentados os elementos de forma
exaustiva.

20
30. Contrato sobre qual incidiu a decisão;
31. Termo de Recebimento;
32. Termo de Notificação da decisão dirigido ao Ministério Público;
33. Guia (notificação) de Cobrança;
34. Termo de Recebimento;
35. Termo de Vista ao Ministério Público;
36. Comprovativo da Notificação da decisão a Entidade Pública
Contratante;
37. Termo de Recebimento;
38. Termo de Notificação dirigido a Área Emolumentos;
39. Ofício que solicita Redução de Emolumentos;
40. Parecer Técnico;
41. Ofício que submete o comprovativo de pagamento dos emolumentos
devidos, seguido de anexo;
42. Ofício da Área Emolumentos solicitar a confirmação do pagamento;
43. Ofício do cofre que confirma o pagamento;
44. Proposta de Arquivamento;
45. Termo de Conclusão;
46. Despacho de Arquivamento;
47. Termo de Notificação da decisão dirigido ao Ministério Público;

a) Principais Chancelas (Carimbos) em uso

Após a elaboração do Relatório Sumário pelo (s) técnico (s) sorteados, e indicados
(Engenheiro e Economista) o processo é novamente remetido à Contadoria Geral para
colocar os Termos processuais.

1. Termo de Recebimento – é usado sempre que a Contadoria recebe o processo


após a fase administrativa, isto é, tão logo o processo inicia a fase judicial.

TERMO DE RECEBIMENTO
Em(dia)__________de (Mês)___________________de(Ano) _______ recebi os
autos _hoje_______________________(nome de quem recebeu).

2. Termo de Conclusão – é usado sempre que o processo deve ser remetido para
o Juiz Relator do Processo para a tomada de decisão ou para conhecimento de
um facto no processo (156, 166/1, 658/2 CPC).

TERMO DE CONCLUSÃO

21
Em(dia)__________de (Mês)___________________de(Ano) _______ levei
concluso os autos _hoje ao Venerando Juiz Conselheiro Relator Dr.º
(ª)__________________________fls__
Eu que escrevi e assino__________________________________

3. Termo de Notificação- é usado para notificar no processo o Ministério


Público, no caso de Decisões, e o Técnicos para tomada de conhecimento de
um facto ordenado pelo Juiz ou cumprir determinada diligência.

NOTIFICAÇÃO

Em(dia)__________de (Mês)___________________de (Ano) _______


Notifiquei os autos _hoje ao Exmo Sr.______________________a quem dei
conhecimento do despacho que antecede fls_________. Disse ficar
ciente_______________________________________________
Eu que escrevi e assino__________________________________.

4. Termo de Vista- é usado para dar conhecimento de algum facto no processo


aos Magistrados Judiciais e do Ministério Público. No nosso caso é mais
frequente usar para dar Vista a Conta e dar Vista aos processos de recurso.

VISTA
Em(dia)__________de (Mês)___________________de (Ano) _______ levei a
vista os autos _hoje ao Exmo
Sr._________________(ª)______________________________fls
Eu que escrevi e assino__________________________________.

5. Termo de Juntada – é usado para se juntar elementos quaisquer elementos


no processo na fase judicial. Já se levantou a hipótese de ser usado também na
fase administrativa do processo mas esta corrente não foi acolhida.
JUNTADA

22
Em(dia)__________de (Mês)___________________de (Ano) _______ juntei
aos autos _hoje os documentos que se
seguem_____________________________________________fls
Eu que escrevi e assino__________________________________.

6. Termo de remessa à Conta – não é usado no Tribunal, é nossa proposta.


Salvo melhor opinião registar nos autos todos os actos praticados, já existe nos
outros Tribunais e queremos adaptar ao nosso.
7. Termo Entrega das Guias- não é usado no Tribunal, é nossa proposta. Salvo
melhor opinião registar nos autos todos os actos praticados, já existe nos
outros Tribunais e queremos adaptar ao nosso, para a entrega das guias dos
recursos interpostos.

8. Termo de Cobrança- é usado sempre que o processo se encontra concluso ao


Juiz Relator, e existe a necessidade de se juntar documentos ou cumprir
determinada diligência no processo, se solicita os autos ao Venerando Juiz
Conselheiro Relator. Não Existe um modelo próprios é adaptado em função da
circunstância funciona de mais ou menos como uma Cota.

9. Cota – é usada para registar no processo o cumprimento de uma diligência,


um apontamento sucinto, uma informação complementar que ajuda a
esclarecer determinado facto, de forma breve, resumida e sucinta.

xxi) Terminada a análise do processo, este é preparado com os termos


adequados, é levado ao Gabinete do Juiz Relator mediante um protocolo. Este,
aprecia o processo e tendo, normalmente, 15 dias para tomar uma das seguintes
decisões:
1. Devolução8;
2. Concessão do Visto;
3. Visto com recomendação;

8
A Devolução pode ser feita para aperfeiçoamento, Inutilidade do Visto, se remeter o processo para á
Fiscalização Sucessiva para acompanhamento da execução) ou ainda, considerar-se que não está sujeito
a fiscalização preventiva do Tribunal de Contas.

23
4. Homologação da Declaração de conformidade9;
5. Recusa do Visto;
6. Declaração de Visto Tácito;
7. Arquivamento do processo10;

xxii) Todas as Decisões proferidas pelos Venerandos Juízes devem ser


Notificadas ao Ministério Público na qualidade de fiscal da legalidade quer do
procedimento quer do mérito da decisão e por ultimo devem ser notificados os
interessados neste caso a Entidade Pública Contratante, e o Ministério Público,
quando está investido na qualidade de parte no prazo de quarenta e oito horas,
para tomada de conhecimento das decisões;

xxiii) Cobrança de Emolumentos

Os Técnicos da Contadoria podem após decisão final do Processo


notificar o Ministério Público ou remeter o processo para a área de custas e
emolumentos para se calcular o valor devido pelos serviços prestados pelo
Tribunal de Contas.

A secção de Custas e Emolumentos elabora as guias que servirão de


documento de suporte para as operações bancárias inerente aos pagamentos,
sendo no mesmo dia, em acto único de submissão dos autos ao M.P.º para se
notificar a decisão e abrir vista a conta, desde que não se viole as quarenta e
oito horas.

Caso o prazo esteja muito apertado o técnico poderá remeter ao


Ministério Público em dois momentos, Primeiro notificar a Decisão e segundo
dar vista a Conta;

9
Os Processos Conclusos com proposta de Declaração de Conformidade, para além do Relatório
Sumário devem ir acompanhados da Declaração de Conformidade assinada pelo Director dos serviços
Técnicos.
10
O Despacho de Arquivamento é Proferido quando o Tribunal solicita Elementos Instrutórios ou
adicionais e a entidade pública não responde no prazo de 4 meses, deixando o processo sem qualquer
impulso por motivos não inerentes ao Tribunal.

24
xxiv) Actos e Contratos de pessoal

O cálculo das Custas é feito em função da espécie processual. A lei


fixa o limite mínimo e máximo devidos.
Para os Processos de Pessoal temos os seguintes limites:
 Limite mínimo: 1/3 do salário mínimo da função pública sempre que o
processo é recusado ou declarado o visto tácito, e
 Limite máximo 3% do valor da remuneração ilíquida mensal, em caso
de concessão do visto;
 Quando deve ser paga: no primeiro Pagamento que a Entidade Pública
contratante efectuar;
 Responsável pelo pagamento: o Contratado;

xxv) Processos que envolvam Contratos

 Limite mínimo: ½ do salário mínimo da função pública em caso de


Recusa ou visto tácito;
 Limite máximo 1% do valor do contrato, em caso de concessão do
Visto;
 Quando deve ser paga: no primeiro Pagamento que a Entidade Pública
contratante efectuar;
 Responsável pelo pagamento: a empresa contratada;

Note Bem: Nos processos recusados é, sempre, devido o mínimo e a


Entidade pública Contratante é a responsável pelo pagamento

xxvi) Tramitação processual e circuito de papéis nos Inquéritos e


Averiguações na fiscalização preventiva.

1. Todo o processo de Inquérito e ou Averiguação começa com o


processo em que é solicitado o visto, apesar de todos os elementos
instrutórios estarem presentes ou não, o Tribunal não esta em

25
condições de proferir uma decisão com certeza e segurança jurídica
pois existem pontos a esclarecer, clarificar, ou que necessitam do
acompanhamento mais minucioso, assim o Juiz Relator ordena que a
Direcção dos Serviços Técnicos vá desmistificar o que está obscuro.
2. A Contadoria Geral Notifica o Director Técnico para que este:
a) Constitua a Equipa;
b) Credencie a Equipa Técnica;

3. Após a Constituição da equipa, esta elabora um plano de Trabalho que


submete ao Juiz Relator, este aprova bem como o prazo para execução
do Inquérito/ Averiguação por norma integram no mínimo dois a três
técnicos. Cada equipa é responsável por inquirir ou averiguar um facto/
Circunstância numa entidade;

4. A DSA é responsável por toda a logística necessária, para que a equipa


de técnicos possa realizar a sua actividade dentro e fora de Angola, no
âmbito da jurisdição do TC;

5. A entidade a ser inquerida/averiguada é avisada, com a antecedência


mínima de uma semana;

6. A recolha de dados junto da entidade inquirida/averiguada consiste,


designadamente, em analisar o que for ordenado podendo ser entre
outros extractos bancários, verificar se os movimentos contabilísticos
correspondem às normas legais e regulamentares, verificar os registos
dos dados patrimoniais e sua conferência com as existências físicas,
verificar as depreciações do imobilizado, avaliar as técnicas de gestão,
diagnosticar as irregularidades na gestão, quanto à correlação entre as
despesas e as receitas;

7. Terminada a recolha de informações junto da entidade, objecto da


verificação externa os técnicos/auditores elaboram um documento
denominado Relatório de Inquérito e remetido ao Chefe de Divisão
juntamente com os seus anexos (documentos relevantes), para controlo

26
de qualidade e subsequente remessa à Contadoria Geral para autuar
como processo;

8. A Divisão remete à Contadoria Geral, que faz o registo do processo em


livro próprio de controlo;
9. Após o registo, a CG capeia o processo e nela insere o nome da
entidade, o número do processo, a espécie (Inquérito) a Divisão
competente, leva em linhas de Conta o processo, protocola-o, para
efeitos de remissão ao Juiz Relator, a quem ordenou a diligência para
ordenar o Contraditório;

10. A CG remete o processo concluso para o Gabinete do Juiz Conselheiro


Relator, este ordena a remessa do Relatório para o exercício do direito
de contraditório no prazo de quinze11 dias;

11. A CG notifica a entidade e aguarda a resposta no prazo estipulado,


pelo Juiz Relator;

12. Ao receber a resposta (contraditório), a CG junta aos autos toda a


documentação enviada pela entidade e emite o respectivo termo de
juntada e ainda o termo de conclusão, remetendo o processo ao
Gabinete do Juiz Relator;

13. O Juiz Relator ao receber o processo, profere um despacho para que a


CG o remeta aos técnicos que realizaram inquérito, a fim de analisarem
a documentação enviada pelos inquiridos, em sede do contraditório e,
emitirem, dentro de certo prazo, o respectivo Relatório Técnico Final,
que pode ser favorável, caso em que se dão por justificadas algumas
ou todas as constatações do inquérito, ou desfavorável, quando se
mantenham as constatações feitas no decurso do Inquérito;

11
O prazo para o exercício do Contraditório não está fixado de forma expressa, mais uma vez que as
decisões da 1ª Câmara, devem ser impugnadas no prazo de quinze dias, cremos nos que de ser este o
prazo, salvo melhor opinião.

27
14. Depois da emissão do Relatório Técnico Final, este é enviado,
juntamente com o processo à CG, que no acto da sua recepção, coloca
o termo de recebimento e conclusa o processo, emitindo o termo de
conclusão e de seguida remete o processo ao Gabinete do Juiz Relator;
15. O Juiz Relator analisa o Relatório Técnico Final e se o achar em
conformidade, Decide o Processo se não ordena a correcção necessária
para a decisão;

16. A CG ao receber o processo vindo do Gabinete do Juiz Relator com a


decisão proferida coloca o termo de recebimento, seguido do termo de
notificação (ambos preenchidos de forma manuscrita) ao Ministério
Público;

17. Após a Notificação pela CG ao Ministério Público são notificados os


inqueridos da decisão proferida no âmbito do Inquérito, ou também da
decisão proferida, caso necessário, do processo de visto. Estes têm o
prazo de 8 dias para Reclamar do conteúdo da Resolução de inquérito e
15 dias para recorrer da decisão de Visto;

18. A CG quando recebe a Reclamação, junta ao processo se estiver dentro


do prazo, caso não, submete os documentos fora dos autos para o
pronunciamento do Juiz Relator de autorizar ou não a junção nos autos,
colocando os termos de juntada e de conclusão.

28
II. FASE JURISDICIONAL

O julgamento dos casos submetidos a concessão de visto é feito


em sede do Plenário da 1.ª Câmara, cuja decisão incide sobre os
processos que tenham sido objecto de sessão diária de visto,
pelos juízes de turno (relator e relator adjunto), quando não
haja acordo entre esses juízes é que são colocados em tabela
para apreciação e julgamento do Plenário.

A decisão do Plenário tanto pode ir no sentido da concessão


como da recusa do visto, conforme o disposto na alínea a) do
artigo 10.º do Regulamento da 1.ª Câmara, aprovado pela
Resolução n.º2/20, de 29 de Junho.

III. A DECLARAÇÃO DE CONFORMIDADE

a) Esta declaração só deve ser emitida quando o Director dos Serviços


Técnicos e a Contadoria-Geral confirmem, expressamente, que não há
dúvidas sobre a legalidade dos respectivos actos ou contratos e insira
na capa do processo a menção “Em termos”, com a indicação dos
emolumentos devidos, após o que os Juízes em Plenário poderão
ordenar a chancela de “Visto”;

b) Este mecanismo processual tem sido pouco utilizado no Tribunal,


provavelmente pela deficiente instrução dos processos, pelas entidades
públicas contratantes.

IV. PROCESSO DE ANULAÇÃO DE VISTO

29
Não existe como espécie processual. Pretende-se (a 1.ª Câmara) que
venha a ser inserido na LOPTC.

V. VISTO DE URGÊNCIA OU SIMPLIFICADO

Não tem processo próprio, apenas se refere à redução do tempo para a


concessão do “Visto”. Há simplesmente a redução do prazo para a sua
concessão ou recusa para 10 (dez) dias, o que significa que a Direcção dos
Serviços Técnicos tem 5 (cinco) dias para pronunciar-se e o Juiz relator
tem igualmente cinco dias, findo esse prazo, considera-se tacitamente
concedido o “Visto”.

30
B. PROCESSO DE VERIFICAÇÃO INTERNA DE CONTAS12
(“PRESTAÇÃO DE CONTAS”) - apreciação e apuramento de contas
enviadas pelas entidades sujeitas à fiscalização do tribunal, apuramento de
responsabilidade financeira reintegratória por alcance culposo e de
responsabilidade financeira sancionatória (fundada em processo autónomo de
multa) ou aplicação de multa directa pelo juiz relator do processo, pela
ocorrência de infracção não financeira:

I. FASE DE INSTRUÇÃO/ADMINISTRATIVA

i) A prestação de contas é apresentada, por cada entidade sujeita e


não isenta, na secretaria-geral, que confere a documentação,
emitindo uma acta de aceitação, que contém a descrição de toda
a documentação entregue;

ii) A secretaria-geral atribui um número de processo e capeia,


envia à equipa técnica da Divisão a que corresponda, consoante
a entidade remetente, nos termos do que dispõe a LOPTC (lei
n.º13/10, de 9 de Julho e Lei n.º19/19, de 14 de Agosto;

12
Não deve confundir-se o processo de responsabilidade reintegratória com a responsabilidade
reintegratória que decorre, quer da verificação interna de contas, quer da verificação externa de contas.
O dever de devolver ao erário (que está presente no conceito de responsabilidade financeira
reintegratória), o que lhe haja sido retirado ou que nunca lá tenha entrado, quando devia, por razões
mais graves ou mais leves, decorrentes de actos praticados pelos gestores de recursos públicos e que
constituem infracções financeiras, esse dever existe independentemente de o processo ser de
responsabilidade reintegratória ou de outra qualquer espécie processual que na LOPTC a isso obrigue,
tal é o caso do processo de fixação, por omissão de contas, por débito aos responsáveis. O débito
decorrente da verificação de contas tem de ser reintegrado, caso contrário o responsável pelas contas
nunca obterá a quitação delas. Nem por isso se poderá dizer que se está perante a espécie processual
denominada “processo de responsabilidade reintegratória”. Embora o intuito seja o mesmo, conduzir o
gestor responsável a devolver o que ao erário pertence, o legislador ordinário distinguiu no elenco de
espécies processuais, uma da outra, embora considere todas como conducentes à efectivação de
responsabilidade financeira. Do mesmo modo não deve confundir-se a responsabilidade financeira
sancionatória com o processo de multa, que quando se desencadeia pode ocorrer de forma autónoma –
o processo autónomo de multa – que só o é se não concorrer nenhuma das demais espécies processuais.
Contudo, em sede de mecanismos de verificação de contas, a responsabilidade financeira sancionatória
pode surgir de forma isolada ou conjuntamente com a responsabilidade financeira reintegratória, sem
que se esteja a colocar em causa, qualquer das espécies processuais objeto do presente manual.

31
iii) A equipa técnica ou o técnico da Divisão correspondente,
depois de lhe ter sido distribuído o processo, analisa a
documentação, elabora um relatório síntese, conforme o
modelo de relatório síntese, em anexo ao presente manual, que
dele faz parte integrante;

iv) O Técnico ou Técnicos classificam a conta como estando “em


termos”, quando não contenha quaisquer irregularidades ou
falhas, ou “não em termos”, quando contenha irregularidades
ou falhas, que constituam infracções financeiras e/ou infracções
não financeiras ou processuais;

v) O Escrivão da letra correspectiva recebe os autos emite o termo


de recebimento, seguido do termo de conclusão e remete-os ao
Juiz relator;

vi) O Juiz relator profere o despacho que couber ao caso;

vii) Quando a conta não estiver em termos, apenas por conter


irregularidades processuais, o despacho do Juiz relator deve
conter uma apreciação sobre essas irregularidades, cabendo-lhe
aplicar a multa correspondente, tendo em atenção o disposto no
artigo 29.º, n.º2 e n.º3;

viii) O Juiz relator ordena que seja dada vista ao Ministério Público;

ix) Quando sejam conclusos os autos ao Juiz relator, depois da


vista ao Ministério Público, de seguida o Juiz relator manda
notificar o gestor principal, para proceder ao pagamento da
multa voluntariamente ou caso assim não entenda vir aos autos
deduzir oposição; caso em que o escrivão, tendo recebido
(apondo o termo de recebimento) os autos, elabora o mandado
de notificação que vai assinado pelo Director do Serviços
Técnicos, para notificar o gestor principal sobre o despacho do

32
Juiz relator, após o que apresenta os autos conclusos ao Juiz
relator, para que tome conhecimento da realização da
diligência;

x) O Juiz relator ao tomar conhecimento da diligência, ordena que


os autos aguardem a resposta do gestor notificado, no cartório;

xi) Em caso de pagamento, o Escrivão, por termo de conclusão


remete os autos ao Juiz relator, para que profira o despacho
sobre a junção do comprovativo de pagamento aos autos;

xii) Por termo de juntada este é junto aos autos, que vão novamente
ao Relator para os despachar para a área emolumentar a fim de
confirmar o pagamento da multa;

xiii) Uma vez feita a confirmação, os autos são conclusos, pelo


Escrivão, ao Juiz relator que manda arquivar os autos;

xiv) Caso seja deduzida oposição, o Juiz relator aprecia-a e profere


o despacho correspondente. Se a oposição tiver fundamento,
por prova documental oferecida pelo gestor principal, o Juiz
relator releva a multa e manda que este seja notificado do teor
do despacho, ordenando de seguida o arquivamento dos autos;

xv) Quando a oposição não tiver fundamento, o Juiz relator ordena


que seja paga a multa;

xvi) Se ainda assim, o gestor não quiser pagar a multa, o Juiz relator
ordena que a multa seja paga em dobro;

xvii) Se o gestor insistir em não pagar, o Juiz relator ordena que os


autos sigam para o Ministério Público para que seja intentada
acção por desobediência qualificada;

33
xviii) Quando a conta estiver “não em termos”, por apresentar
irregularidades que conformem infracções financeiras, o Juiz
relator deve mandar notificar o gestor principal para vir aos
autos exercer o contraditório;

xix) Uma vez este exercido, o Juiz relator exara um despacho


fundamentado e ordena que seja dada vista ao Ministério
Público;

xx) A vista ao Ministério Público tem por finalidade a verificação,


por este órgão, se os emolumentos devidos ao Tribunal se
mostram pagos e ainda a elaboração do requerimento inicial,
para o desencadeamento do procedimento por responsabilidade
financeira, com base nas infracções financeiras constatadas;

xxi) Se os emolumentos estiverem pagos o MP pode ainda propor


que a entidade prestadora da conta seja submetida ao plano de
auditorias ou inquéritos;

xxii) Se os emolumentos tiverem sido pagos e a conta estiver em


termos, o Ministério Público promove que a conta seja
devolvida ao gestor;

xxiii) A devolução da conta gera um registo positivo no cadastro da


entidade sujeita.

II. FASE JURISDICIONAL

i) Se as irregularidades constituírem infracções financeiras poderá


ocorrer o desencadeamento de um processo autónomo de
multa, desde que não haja lugar aos processos previstos nas
alíneas e), f) e g) do artigo 52.º, remetendo-se, por despacho do
Juiz relator, os autos ao Ministério Público (vista) para
elaboração do requerimento inicial;

34
ii) Elaborado o requerimento inicial, e recebido pelo Escrivão, os
autos são conclusos ao Juiz relator para ordenar a notificação
do Demandado, para contestar, no prazo legal;

iii) Cumprido o mandado de notificação, este é junto aos autos que


vão conclusos ao Juiz Relator para tomar conhecimento da
realização da diligência;

iv) Recebida a contestação, vão os autos conclusos ao Juiz relator,


para inscrever os autos em tabela para julgamento;

v) O Juiz relator marca a audiência de julgamento, que é presidida


pelo Presidente da 2.ª Câmara e nela devem estar presentes o
representante do Ministério Público e os Advogados dos
Demandados;

vi) Depois de ouvidas as alegações e contra-alegações, na sessão


de julgamento, o Juiz relator elabora o acórdão, no prazo legal
e ordena que seja dada vista aos Conselheiros para a apreciação
do acórdão pela Câmara;

vii) O Relator ordena a junção aos autos do acórdão assinado, pelo


Conselheiros da Câmara e ainda a notificação do acórdão ao
Demandado ou Demandados;

viii) O(s) Demandado(s) ou cumpre(m) os termos do acórdão ou se


tal não acontecer recorre(m) da decisão antes do seu trânsito em
julgado.

ix) Se as irregularidades evidenciarem a prática de infracções


financeiras, que possam dar origem a responsabilidade
financeira reintegratória, pode concorrer a aplicação como
medida acessória de multas estabelecidas para as infracções

35
financeiras, previstas no n.º1 do artigo 29.º. - processo de
responsabilidade financeira reintegratória precedido de
auditoria, seguindo-se os termos da verificação externa de
contas, na fase jurisdicional. Haverá lugar aos dois tipos de
responsabilidade financeira num mesmo processo.

36
C. PROCESSO DE RESPONSABILIDADE FINANCEIRA
REINTEGRATÓRIA - Apuramento de responsabilidade
financeira reintegratória (desvio de fundos, pagamentos indevidos,
não arrecadação de receitas e alcance doloso) + responsabilidade
financeira sancionatória.

I. FASE DE INSTRUÇÃO/ADMINISTRATIVA –
VERIFICAÇÃO EXTERNA DE CONTAS
Auditoria13, inquérito14.

i) Indicada, pelo Director dos Serviços Técnicos, a Equipa de


Técnicos que vai proceder a uma auditoria ou inquérito15, de acordo
com o que esteja estabelecido no plano anual de auditorias e
inquéritos, esta elabora o plano de auditoria ou de inquérito, que
vai servir de guião ao trabalho dessa Equipa e submete-o ao Juiz
Relator indicado no plano, para homologação;

ii) A Direcção dos Serviços Técnicos prepara e endereça todo o


expediente necessário de comunicação à entidade sujeita, de que
vai ocorrer uma auditoria ou inquérito, que inclui a enumeração
dos integrantes da Equipa Técnica e sua coordenação;

13
Operação que permite observar o curso da gestão financeira e apurar a prática de infracções
financeiras de vária ordem, tanto pode incidir sobre actos, contratos e outros actos geradores de
despesas como sobre actividades, programas, projectos e acções. As auditorias podem ser financeiras
que se destinam a efectuar análises independentes para emissão de opiniões sobre o carácter fidedigno
das contas, dos resultados financeiros e da utilização dos recursos das entidades auditadas. Podem ser
de conformidade, procurando-se com elas determinar se são respeitadas as regras e princípios legais,
regulamentares e de conduta. Podem ser, também, de desempenho, consistindo no exame da eficiência,
economia e eficácia da actuação das entidades auditadas. Estas podem conduzir a recomendações, mas
também à efectivação de responsabilidades financeiras, por actos de má gestão, quando a lei assim o
preveja.

14
O inquérito é uma operação de verificação que tem lugar quando, apenas esteja em causa analisar e
perscrutar dados específicos que tenham ocorrido durante a gestão de certa entidade, gerando
procedimento por responsabilidade financeira, sempre que se apure a ocorrência de infracções
financeiras.
15
Deve evitar-se a sobreposição de tarefas. O auditor indicado não pode estar em mais do que uma
auditoria ou inquérito, simultaneamente. Só após terminar a auditoria para que tiver sido indicado
poderá participar noutra acção de auditoria ou inquérito. O plano de auditorias e inquéritos deve ser
elaborado de modo a evitar tal sobreposição.

37
iii) Uma vez realizado o trabalho de campo nas instalações da entidade
sujeita ou mantida a comunicação com esta via zoom, a equipa
recolhe ao Tribunal para proceder à análise de toda a
documentação obtida durante a visita de campo ou na troca de
comunicação via zoom e entrega de informação em pen drive;

iv) Após a elaboração, pela Equipa Técnica, do relato de auditoria ou


inquérito, onde passam a constar a credencial que legitima a
Equipa Técnica e todos os dados recolhidos, este é numerado e
posteriormente, enviado, por ofício, ao Director dos Serviços
Técnicos, para verificar e tomar conhecimento;

v) De seguida, este remete para a Contadoria-Geral e por sua vez esta


divisão, procede ao registo e autuação, capeia, atribui o número ao
processo, preenche os campos da capa, regista o processo nos
livros, coloca os carimbos de recebimento e de conclusão e
encaminha o processo ao Juiz Relator, contendo o ofício da Equipa
Técnica a este dirigido;

vi) O Juiz Relator no seu gabinete regista o processo e ordena a


notificação dos auditados ou inquiridos, para o exercício do
contraditório, no prazo que estabeleça, mas que não ultrapasse o
prazo legal (20 dias);

vii) O processo vai à Contadoria para cumprimento do despacho do


Juiz relator e esta emite o mandado de notificação;

viii) Elaborado o mandado de notificação, assinado pelo Director dos


Serviços Técnicos, a notificação é efectuada pelo Oficial de
Diligências ao auditado ou inquirido, na sua própria pessoa,
mediante a elaboração de uma certidão que é assinada quer pelo
destinatário, quer pelo Oficial de Diligências.

38
ix) Caso o Auditado não responda ao mandado de notificação ou caso
não se consiga notificar o Auditado por se encontrar em parte
incerta, o Juiz relator ordena que seja notificado por mais duas
vezes;

x) No caso de continuar a não responder ao mandado de notificação, o


Auditado deve ser advertido de que a ausência de resposta ao
conteúdo do mandado implica que lhe seja aplicada multa, por falta
do dever de cooperação para com o Tribunal;

xi) Se ainda assim, continuar a não cumprir o dever de colaboração, é-


lhe aplicada multa, nos próprios autos;

xii) Quando depois de três notificações, se constatar que o paradeiro do


Auditado é incerto, o Juiz relator profere um despacho, para que
seja emitido e publicado um edital no jornal de maior projecção
nacional;

xiii) A publicação do edital corre durante três dias, após o que terá de
haver uma reacção por parte do Auditado. Caso não haja qualquer
reacção, os autos prosseguem a sua tramitação, em relação aos
demais Auditados;

xiv) Quando o Auditado resida em local do país, fora da sede do


Tribunal de Contas, o Juiz relator para ter a certeza de que o
mandado de notificação chega ao conhecimento do Auditado, pode
emitir carta precatória dirigida ao Meritíssimo Juiz da localidade
onde resida o Auditado;

xv) Uma vez exercido o contraditório, pelos Auditados ou Inquiridos,


estes endereçam-no ao Tribunal, sendo aquele recebido pela
secretaria-geral;

39
xvi) O requerimento e respectivos dados que o acompanhem são
enviados pela secretaria-geral ao gabinete do Presidente do
Tribunal que os manda encaminhar à 2.ª Câmara (procedimento
actual: os documentos são enviados por despacho da Presidente
do Tribunal ao Director dos Serviços Técnicos, que por sua vez os
envia à Contadoria-Geral, para que o Escrivão dos autos remeta
os documentos à autorização do Juiz relator, para que este, ordene
a sua junção aos autos. Uma vez ordenada a junção aos autos, o
Escrivão, sob termo de juntada insere-os nos autos e, sob termo de
conclusão remete-os ao Juiz relator16. Assim, vão os autos
novamente ao Juiz relator, para que este emita um despacho a
remeter à Equipa Técnica, os autos contendo o contraditório, para
efeitos da emissão de parecer técnico) . O Presidente da Câmara
envia ao Relator dos autos para que este emita um despacho
dirigido ao Director dos Serviços Técnicos a fim de que este envie
o requerimento e correspondentes dados endereçados ao Tribunal,
à Equipa Técnica da Direcção dos Serviços Técnicos, para emissão
do competente parecer, no prazo definido pelo Juiz relator.

xvii) Tendo sido emitido o parecer, é enviado ao Director dos Serviços


Técnicos que faz a sua apreciação e remete à Contadoria, para que
o Escrivão dos autos o enderece ao Juiz relator, para que este
autorize a sua junção aos autos. Sendo a junção do parecer técnico
autorizada, por despacho do Juiz, este é inserido nos autos, por
termo de juntada e, sob termo de conclusão vão os autos ao Juiz
relator, para análise.

xviii) Depois de analisado o parecer, o Juiz relator se estiver de acordo


com ele, ordena que a Equipa Técnica elabore o Relatório final.
Actualmente o Relatório final é assinado pelos Técnicos que

16
Este procedimento tem-se revelado muito demorado, pelo que se impõe que o circuito seja
modificado, de modo a que os prazos não se alonguem, como tem acontecido, chegando os documentos
a demorar um mês ou mais até chegarem ao conhecimento do Juiz relator do processo.

40
compõem a Equipa, e é sujeito à aprovação ou não por meio de
uma Resolução da Câmara, submetida ao Plenário desta17;

xix) O Relatório final vai ao Director dos Serviços Técnicos para


controlo de qualidade, que o envia à Contadoria-Geral. O Escrivão,
uma vez na posse do Relatório final, leva os autos ao Juiz relator,
para que este autorize a sua junção aos autos.

xx) Os autos voltam ao Juiz relator com o Relatório final inserido por
termo de juntada e sob termo de conclusão, ficando no gabinete do
Juiz relator para a elaboração do projecto de resolução.

xxi) Elaborado que esteja o projecto de resolução, o Juiz relator manda


que seja dada vista aos Juízes da Câmara que devam analisar o
processo, colocando o correspondente “Visto”, mediante
notificação emitida para o efeito, pelo Escrivão nos autos, e a
entrega do projecto de resolução.

xxii) Uma vez aprovado o projecto de resolução pela Câmara, este passa
a resolução, devendo conforme a deliberação nela contida
responder ao que dispõe a Lei Orgânica e de Processo do Tribunal
de Contas sobre a sua remessa ao Ministério Público, para o início
do procedimento por responsabilidade financeira, caso a resolução
contenha infracções financeiras.

xxiii) Ademais deve ser dado conhecimento dessa remessa aos Auditados
ou Inquiridos, ao Presidente do Tribunal de Contas e ao Superior
Hierárquico dos Auditados ou Inquiridos;

17
Prevê-se que no novo regulamento da Câmara se acabe com a elaboração do relatório final, passando
a ser, apenas relatório e que este seja preparado e assinado pelo Juiz relator e o seu Adjunto, e por outro
lado, perspectiva-se que deixe de haver a aprovação de uma resolução da Câmara, bastando que o
relatório seja aprovado por aqueles dois Juízes Conselheiros. Apenas o processo irá ao Plenário da
Câmara, caso não haja acordo entre o Juiz relator e o seu Adjunto. A Equipa Técnica que proceda à
auditoria ou inquérito, deve, após o contraditório emitir um parecer que vai orientar a elaboração do
relatório, pelos Juízes. A ser assim, evitar-se-á os vários passos que hoje são dados e que fazem atrasar
o andamento dos autos.

41
xxiv) Devem ser emitidos mandados de notificação, assinados pelo
Director dos Serviços Técnicos e as respectivas certidões, que
depois de assinadas pelos seus destinatários e pelo oficial de
diligências do Tribunal, devem ser, por termo de juntada inseridos
nos autos, que depois são remetidos ao Magistrado do Ministério
Público, para a elaboração do requerimento inicial;

xxv) Elaborado o requerimento inicial pelo Ministério Público, termina


a fase administrativa. O Escrivão, por termo de juntada insere o
requerimento nos autos e leva estes conclusos ao Juiz relator que
exara um despacho a abrir mão do processo para que este vá à
distribuição;

xxvi) O Escrivão extrai cópia do requerimento inicial e insere-o em nova


capa, atribuindo nova numeração, apensando-o ao processo da fase
administrativa.

C1. PROCESSO DE RESPONSABILIDADE


RENTEGRATÓRIA (AUDITORIA OU INQUÉRITO,
PROVENIENTES DE ÓRGÃOS DE CONTROLO INTERNO)

FASE DE INSTRUÇÃO/ADMINISTRATIVA

i) Recebida a auditoria ou o inquérito de órgãos de controlo interno,


na secretaria-geral, é feito o encaminhamento, ao Presidente da 2.ª
Câmara para despacho a ordenar a emissão de parecer da área
técnica competente.

ii) Tendo sido emitido o parecer, pela área técnica, esta vai a controlo
do Director dos Serviços Técnicos que, após validação, procede ao
envio do parecer ao Presidente da 2.ª Câmara para despacho a
ordenar o registo e autuação, pela Contadoria-Geral.

42
iii) Depois de registado, autuado e capeado, o processo é enviado ao
Presidente da Câmara para ordenar a distribuição do processo a um
Juiz relator.

iv) Uma vez em poder do Relator, caso o órgão de controlo interno, já


tenha ordenado o exercício do contraditório, pelos auditados, o
Relator profere um despacho mandando que seja emitido o
Relatório Final.

v) Caso não tenha sido exercido o contraditório, o Juiz relator profere


um despacho ordenando que este seja exercido, no prazo, que
estabelecer, nunca ultrapassando o limite máximo que são 20
(vinte) dias. Os passos subsequentes, neste caso são os que se relata
nas alíneas precedentes do processo de responsabilidade financeira
identificado pela letra C deste manual;

vi) É elaborado o projecto de resolução, pelo Juiz relator (seu


gabinete), que é levada à aprovação em plenário da Câmara, que
fixa o texto do Relatório final e que ordena a sua remessa
juntamente com os autos ao Ministério Público, para os efeitos
previstos no artigo competente da LOPTC, que manda remeter os
autos para o desencadeamento do eventual procedimento judicial e
dar conhecimento dessa remessa ao Presidente do Tribunal de
Contas, aos Auditados ou Inquiridos e ao Superior Hierárquico
destes;

vii) Cabe ao Juiz Relator ordenar que seja notificada a resolução a


todos a quem ela deve ser dirigida;

viii) A Contadoria-Geral elabora os mandados de notificação, que são


assinados pelo Director do Serviços Técnicos e os oficiais de
diligências procedem à sua entrega aos notificandos.

43
FASE JURISDICIONAL18

i) Esta fase inicia-se com o requerimento inicial elaborado pelo


Magistrado do Ministério Público, que dá origem a novo processo,
que corre por apenso ao processo que tramitou na fase
administrativa.

ii) O requerimento inicial, por força do resultado do processado na


fase administrativa, pode conter infracções financeiras que dêem
origem a responsabilidade reintegratória e a responsabilidade
sancionatória simultaneamente, assim dispensando-se o concurso
ou a abertura de processo autónomo de multa, pois este só deve ter
lugar quando não se esteja perante as outras espécies processuais
de responsabilidade financeira, previstas nas alíneas e), f) e g) do
artigo 52.º.

iii) Os autos são levados ao gabinete do novo Juiz relator, pelo


Escrivão da letra correspondente, mediante termo de recebimento
seguido de termo de conclusão.

iv) O Juiz relator profere o despacho a ordenar a citação dos


Demandados, para fazerem o pagamento voluntário ou contestarem
no prazo legal.

v) O Escrivão elabora o mandado de citação dos Demandados, que


vai ao Director dos Serviços Técnicos para assinar. Depois é
entregue ao oficial de diligências, para que vá citá-los, nos termos
do que dispõe a lei processual civil;

vi) Os Demandados ou pagam voluntariamente ou apresentam a


contestação no prazo, devendo esta ser apresentada ao Juiz relator
que ordena a sua junção aos autos.

18
Para C e para C1.

44
vii) Os autos devem ir ao Ministério Público, por termo de vista, para
que este tome conhecimento do teor da contestação.

viii) Se houver lugar a produção de prova, é agendada, pelo Juiz


relator, e assim sendo, o Escrivão dos autos, mediante despacho do
Relator, emite o termo de vista ao Ministério Público e o mandado
de notificação dirigido aos Demandados e seus mandatários, para
esse fim;

ix) No caso de realização de produção de prova, que só deve acontecer


quando subsistam dúvidas quanto aos factos objecto de
responsabilização financeira, que não se achem provados, a sessão
é presidida pelo Juiz relator acompanhado de um Juiz Conselheiro
adjunto;

x) O Ministério Público e o Advogado ou Advogados que


representem os Demandados participam activamente nessa
audiência;

xi) O Juiz relator declara aberta a audiência de produção de prova e


concede a palavra primeiro ao Ministério Público, caso este
pretenda introduzir uma questão prévia e, em seguida concede a
palavra aos Advogados dos Demandados para o mesmo fim.

xii) O Juiz relator ordena que sejam chamados a depor os Demandados,


um de cada vez, pela ordem constante nos autos, mediante
questionário conduzido pelo Juiz relator;

xiii) Depois concede a palavra ao Ministério Público para inquirir os


Demandados, pela mesma ordem, seguindo-se o interrogatório que
couber, a cargo dos Advogados.

45
xiv) Caso haja testemunhas que tenham sido arroladas pelos
Demandados, o procedimento é o que se referiu nas alíneas
anteriores vii), viii);

xv) De tudo quanto ocorrer na sessão de produção de prova é lavrada


acta, pelo punho do Escrivão de plantão, sendo o registo feito de
tudo quanto for ditado para a acta pelos Juízes relator e adjunto,
Ministério Público e Advogados dos Demandados.

xvi) A acta deve ser assinada por todos os intervenientes;

xvii) Produzida a prova, o Juiz relator marca a audiência de julgamento,


que é presidida pelo Presidente da 2.ª Câmara e nela devem estar
presentes o Representante do Ministério Público e os Advogados
dos Demandados;

xviii) Depois de proferidas as alegações e contra-alegações, na sessão de


julgamento, o Juiz relator elabora o acórdão, no prazo legal e
ordena que seja dada vista aos Conselheiros para a apreciação,
aprovação e assinatura do acórdão pela Câmara;

xix) O Relator ordena a junção aos autos do acórdão assinado, pelo


Conselheiros da Câmara e ainda o mandado de notificação do
acórdão ao Demandado ou Demandados;

xx) O(s) Demandado(s) ou cumpre(m) os termos do acórdão ou se tal


não acontecer recorre da decisão antes do seu trânsito em julgado;

xxi) A tramitação do recurso é a que se contém na letra I deste manual.

46
D. PROCESSO AUTÓNOMO DE MULTA

i) Este processo inicia-se com a constatação de infracções


financeiras, previstas no n.º1 do artigo 29.º, de per se, ou seja a
ocorrência de tais infracções financeiras surge independentemente
de estar a correr um processo de responsabilidade financeira
previsto nas alíneas e), f) e g) do artigo 52.º. Por isso se designa
processo autónomo – artigo 83.º;

ii) Constatada a infracção financeira, para a aplicação da multa devem


verificar-se os procedimentos seguintes: se a ocorrência de
infracção provier de processo que corra a sua tramitação na 1.ª
Câmara, extraem-se cópias da documentação importante que
fundamentem a infracção financeira, extraem-se as cópias, regista-
se no livro próprio, atribui-se um número ao processo, numeram-se
as páginas e todos estes papéis são remetidos à 2.ª Câmara para
distribuição;

iii) uma vez distribuídos, os autos sobem conclusos ao Juiz relator que
emite despacho para que seja notificado o gestor para esclarecer as
razões objectivas, que estiveram na base da prática da infracção,
dentro do prazo legal estabelecido;

iv) uma vez tendo entrado na Contadoria a resposta do gestor, é feita a


sua junção aos autos (por termo de juntada), pelo Escrivão;

v) os autos vão conclusos ao Relator, que profere um despacho ao


Ministério Público de modo a que este confirme se os
esclarecimentos afastam a ilicitude do acto ou se são necessárias
diligências posteriores ou se estão realmente preenchidas as
condições para o desencadeamento da acção;

47
vi) os autos são enviados à Contadoria pelo Ministério Público após
este emitir a promoção, que uma vez inserta nos autos, estes são
remetidos ao Juiz relator, para conhecimento da promoção do
Ministério Público e para despachar no sentido de que sejam
desencadeados os termos, conforme a promoção do Ministério
Público; se esta for no sentido do prosseguimento da acção, os
autos são remetidos ao Ministério Público, para elaborar o
requerimento inicial;

vii) Recebidos os autos provenientes do Ministério Público e já com o


requerimento inicial (r.i.), o Juiz relator se concordar com o seu
teor, profere despacho nesse sentido e ordena a redistribuição a
outro relator;

viii) O novo Juiz relator ordena que o r.i. seja notificado ao gestor, para
que este pague voluntariamente o valor da multa e os emolumentos
devidos ao Tribunal de Contas ou conteste;

ix) O gestor tem dez dias para contestar;

x) Depois disso se houver necessidade ou lugar a diligências de


produção de prova, não sendo admissível a prova pericial, nem a
vista aos demais juízes, segue-se os termos da tramitação dos
processos de responsabilidade financeira, conforme o artigo 87.º e
seguintes da LOPTC.

48
E. PROCESSO DE FISCALIZAÇÃO DA EXECUÇÃO
ORÇAMENTAL

i) Depois de remetido o relatório trimestral, pelo Ministério


das Finanças (Minfin) ou pela Assembleia Nacional (AN),
ao Tribunal de Contas, este é recebido pela 2.ª Câmara, e o
presidente desta, ordena que a 3.ª Divisão emita o
competente parecer, no prazo de 30 dias, uma vez que se
mostrará necessário pedir esclarecimentos e solicitar dados,
nos termos do que dispõe o artigo 59.º da LOPTC;

ii) Recebido o parecer, deve ser feito o registo e a autuação, do


processo, por despacho do Presidente da 2.ª Câmara;

iii) Depois de registado e autuado, o processo volta ao


Presidente da Câmara para que vá à distribuição e seja
designado o seu Relator.

iv) A Contadoria-geral tem 24 (vinte e quatro) horas para fazer


chegar o processo ao Relator designado;

v) O Relator analisa o parecer e os dados remetidos e submete


o parecer a contraditório, pelo prazo máximo de 20 (vinte)
dias, ordenando a notificação dos gestores em observação,
para esse efeito;

vi) a Contadoria-geral deve notificar o Minfin e os gestores na


sua própria pessoa, no prazo de 10 (dez) dias. Quando o
número de gestores se situe acima de cinco gestores, o prazo
máximo é de 15 (quinze) dias. Em qualquer caso, o Escrivão
do processo deve emitir uma cota, no processo, dirigida ao
Relator, para justificar qualquer atraso nas notificações, que
tiverem de ser feitas;

49
vii) Recebido o contraditório proveniente do Minfin e dos
gestores que tenham sido notificados, pela Contadoria-geral,
este órgão remete o processo ao Relator, que autoriza a sua
junção aos autos, por termo de juntada aposto pelo Escrivão
do processo;

viii) o Juiz relator despacha para que o processo seja remetido à


3.ª Divisão, o Escrivão recebe os autos e envia-os à Equipa
da 3.ª Divisão que emitiu o parecer, para justificar ou não o
pronunciamento do Minfin e dos gestores, pelo prazo de 5
(cinco) a 7 (sete) dias;

ix) Recebido o processo vindo da 3.ª Divisão, o relator, sem


prejuízo da emissão de um projecto de resolução, contendo a
súmula das infrações financeiras constatadas, remete o
processo à Contadoria-geral, para que este órgão dê vista aos
juízes da Câmara, para efeitos da sua apreciação e aprovação
(este seria o procedimento a ocorrer, conforme o que está
determinado no regulamento da 2.ª Câmara, contudo a
morosidade deste procedimento, implicará que o
regulamento seja alterado e neste aspecto particular para o
seguinte figurino: o relator e o seu relator adjunto,
aprovam apreciam o parecer da 3.ª Divisão e elaboram a
resolução que aprovam, seguindo o processo os ulteriores
termos. Só se não houver concordância entre os Juízes
relator e relator adjunto é que os autos vão à Câmara);

x) Depois de aprovada, é dado a conhecer o teor da resolução


ao Minfin e aos gestores, bem como ao Ministério Público,
para que seja emitido o requerimento inicial, para efeitos de
aplicação de multa aos gestores, conforme se dispõe na
alínea d) do n.º1 do artigo 29.º da LOPTC ou para efeitos de
procedimento por responsabilidade financeira reintegratória;

50
xi) O processo de multa ou o processo de responsabilidade
financeira reintegratória corre por apenso ao processo de
fiscalização de execução orçamental.

xii) Uma vez emitido o requerimento inicial, é designado por


sorteio novo juiz relator, que tendo recebido o processo e
analisado o requerimento do Ministério Público, manda
notificar ou citar os gestores para que contestem, ou paguem
no prazo de 10 (dez) ou de 30 (trinta) dias, conforme o
processo em curso (autónomo de multa ou responsabilidade
reintegratória ou outro que siga a mesma tramitação);

xiii) A Contadoria-geral deve notificar ou citar os gestores na


própria pessoa. Caso não efectuem o pagamento voluntário
e contestem, uma vez recebida a contestação, marca-se a
audiência de julgamento, sendo dispensada a vista aos
restantes juízes, só no caso do processo de multa. As
alegações orais na audiência de julgamento têm a duração
máxima de 20 (vinte) minutos, sem direito a resposta ou
seguem os termos previstos para o processo de
responsabilidade financeira reintegratória;

xiv) A audiência de julgamento referida na alínea anterior, pode


ser precedida de uma audiência (sessão) de produção de
prova, quando haja factos por aclarar caso em que o Juiz
relator deve marcar a sessão e ordenar que sejam todos os
interessados na causa, notificados para na data e hora
marcados comparecerem no Tribunal;

xv) A audiência de produção de prova é dirigida pelo Juiz relator


do processo;

51
xvi) São admitidas de forma comum, a prova por inspecção 19, a
prova testemunhal20 e a prova documental21. A prova pericial
tem lugar quando o Tribunal entender que ela é necessária.

xvii) À produção de prova está subjacente o princípio da


audiência contraditória;

xviii) Todos os depoimentos prestados pelas testemunhas e peritos,


quando a estes haja lugar são reduzidos a escrito;

xix) O Demandado, testemunhas e peritos, antes de prestarem


depoimentos devem prestar um juramento (“juro perante
Deu que hei-de dizer toda a verdade e só a verdade”) ou
proferir um compromisso de honra (juro pela minha honra
que hei-de dizer toda a verdade e só a verdade”);

xx) O Demandado antes de ser interrogado sobre os factos que


serão objecto de depoimento, deve responder a perguntas
sobre a sua identificação;

xxi) O mesmo procedimento (alíneas xix) e xx) aplica-se às


testemunhas e aos peritos;

xxii) As respostas devem ser dadas com clareza e precisão,


podendo em relação a estas o Ministério Público requerer as
19
A prova por inspecção consiste em o tribunal, sempre que o julgue conveniente, por sua iniciativa ou
a requerimento da parte, inspecionar coisas ou pessoas, a fim de obter esclarecimentos sobre qualquer
facto que interesse à decisão da causa, podendo deslocar-se ao local da questão ou mandar proceder à
reconstituição dos factos, quando entenda que é necessário (art.º 612.º e seguintes do C.P. Civ.).
20
As testemunhas devem ser arroladas, pelo Demandado, em requerimento dirigido ao Juiz relator e
conter a identificação destas, a morada e os factos sobre que irão pronunciar-se. Podem ser
apresentadas até vinte testemunhas, mas por cada facto só podem apresentar depoimentos até cinco
testemunhas. A lei processual civil indica quais as inabilidades para depor como testemunha (artigos
616.º e seguintes). As testemunhas devem ser recolhidas numa sala, de onde saem para depor pela
ordem em que estiverem mencionadas no rol (art.º634.º do C.P. Civ.).
21
A prova documental pode ser apresentada ainda na fase administrativa do processo, por ocasião do
exercício do contraditório, mas também já na fase judicial, o Demandado pode, por ocasião da
contestação, juntar mais documentos que conduzam, no seu entender à descoberta da verdade. Durante
a audiência de produção de prova, nada obsta que o Demandado ou o seu advogado requeiram a junção
de documentos.

52
instâncias necessárias, com vista ao esclarecimento ou
completude das respostas;

xxiii) Os Advogados não podem fazer perguntas ao Demandado


seu mandante, podendo contudo assistir ao depoimento e
requerer o que entenderem conveniente;

xxiv) Sempre que as perguntas sejam consideradas pelo Advogado


do Demandado inadmissíveis, pela forma ou pela substância,
pode aquele deduzir oposição, que será julgada logo
definitivamente;

xxv) O depoimento do Demandado é reduzido a escrito, devendo


ser lido ao seu autor, que a confirmará ou fará as
rectificações necessárias;

xxvi) Concluída a audiência de produção, quando a ela haja lugar,


segue-se a audiência de julgamento;

xxvii) Havendo, apenas audiência de discussão e julgamento, como


ficou referido em xiii);

xxviii) O Juiz relator elabora o acórdão que é aprovado em sessão


da Câmara;

xxix) Uma vez aprovado, o acórdão é notificado ao(s) gestor(es)


Demandado(s), que ou cumpre(m) a decisão ou recorre(m)
dela, seguindo-se, neste último caso, os termos do recurso
ordinário;

xxx) Se os gestores pagarem voluntariamente, o processo é


encerrado, por despacho do juiz relator e enviado à
Contadoria-geral para os devidos efeitos.

53
G. PROCESSO DE FIXAÇÃO, POR OMISSÃO DE CONTAS,
DE DÉBITO AOS RESPONSÁVEIS

54
i) Se as irregularidades decorrentes da verificação interna de
contas ou da verificação externa de contas evidenciarem
débito na conta de gestão, desencadeia-se um processo de
fixação por débito ao responsável;

ii) A possibilidade de haver auditoria prevista no n.º7 do artigo


76.º é mesmo só uma faculdade e não uma obrigação;

iii) O Juiz relator perante o débito apurado no relatório síntese,


ordena que o responsável seja citado, para no prazo de até
20 dias apresentar a sua defesa ou pagar a quantia devida ou
realizar as duas providências, se assim o entender;

iv) Caso não haja débito, mas tão só outras irregularidades, o


Juiz relator ordenará que no mesmo prazo (até 20 dias), o
responsável apresente a sua defesa;

v) Os débitos devem ser actualizados monetariamente, a partir


da data da irregularidade, e em caso de condenação do
responsável, vencerão juros de mora, conforme a lei em
vigor, devendo tal facto ser mencionado no mandado de
citação;

vi) O apuramento do débito é feito mediante a verificação e


quando for possível ser quantificado com exactidão o real
valor em dívida ou mediante estimativa, quando por meios
fiáveis, se apurar a quantia que não exceda de forma segura,
o real valor devido;

vii) Uma vez recebida a resposta à citação (contestação) o Juiz


relator analisa se o responsável agiu de boa fé e ainda se
não existe qualquer outra irregularidade nas contas;

55
viii) Comprovados que sejam tais requisitos, e não havendo
qualquer dúvida quanto à existência do débito, o Juiz relator
elabora o correspondente acórdão, que submeterá ao
Plenário da 2.ª Câmara, para aprovação, onde se contenha a
deliberação de rejeição do conteúdo da contestação e a
condenação do responsável, para que no prazo de 15 dias
improrrogáveis proceda à devolução da quantia devida;

ix) Havendo a devolução da quantia devida, acrescida dos juros


de mora, em tempo oportuno, o Tribunal dará quitação ao
responsável;

x) O mandado de citação deverá conter a menção de que o


pagamento voluntário, após a contestação, conduzirá à
quitação do responsável;

xi) Caso não seja reconhecida a boa fé do responsável ou


havendo outras irregularidades, além do débito, será logo
proferido despacho, pelo Juiz relator, sobre a irregularidade
das contas;

xii) Quando a defesa apresentada pelo responsável não tenha


acolhimento, o mandado de notificação que lhe dê disso
conhecimento, conterá a aplicação de multa ou multas a que
houver lugar;

xiii) Sempre que o responsável não responda à citação ou a


qualquer comunicação a que deva responder deve ser
considerado revel, prosseguindo os autos os seus trâmites
normais;

56
xiv) As contas devem ser julgadas até ao fim do exercício
seguinte àquele em que tiverem de ser apresentadas;

xv) As contas são classificadas, pelo Tribunal de Contas, como


estando em termos quando manifestarem de forma clara e
objectiva, a exactidão dos dados contabilísticos, a
legalidade, a legitimidade e economicidade dos actos de
gestão do responsável;

xvi) Quando em termos é a conta devolvida ao responsável e é-


lhe dada quitação plena;

xvii) As contas são classificadas, pelo Tribunal de Contas, como


não estando em termos quando se verifique uma das
seguintes situações: 1) a omissão do dever de prestar contas,
2) a prática de actos de gestão ilegal, ilegítimo ou
antieconómico ou a infracção de norma legal ou
regulamentar de natureza contabilística, financeira,
orçamental, operacional ou patrimonial; 3) o dano reflectido
no erário, que decorra de acto ilegítimo ou antieconómico
de gestão; 4) o alcance ou desvio de dinheiros, bens ou
valores públicos;

xviii) Verificadas as irregularidades, o Escrivão do processo por


despacho do Juiz relator, remete-o ao Ministério Público
para que emita parecer;

57
xix) O Juiz relator na posse do parecer, analisa os autos e ordena
que seja exercido o contraditório pelo gestor responsável da
entidade, pelo prazo máximo de até 20 dias ;

xx) Recebido o contraditório pela Contadoria, este é inserto nos


autos mediante despacho do Juiz relator, que ordena
igualmente que eles sejam enviadas à Equipa Técnica para
emissão de um parecer técnico;

xxi) Uma vez na posse de todos os dados o Juiz relator profere


um despacho fundamentado, que vai a vista do Juiz relator
adjunto;

xxii) De seguida o Juiz relator ordena que os autos sejam levados


ao Ministério Público, para a propositura da acção;

xxiii) Uma vez proposta a acção, os autos são levados ao Relator,


para ordenar que os autos vão à distribuição;

xxiv) A Contadoria atribui nova capa, nova numeração, para que


corra por apenso ao processo de “prestação de contas”;

xxv) Os autos vão conclusos ao novo Juiz relator que manda


citar o responsável Demandado;

xxvi) O Demandado é citado, para sanar o débito, pagando, ou


deduzir a sua defesa por contestação;

xxvii) Quando o responsável for citado para responder sobre a


omissão de prestação de contas, deve justificar a omissão,
pois ainda que apresente posteriormente as contas, se não o
fizer, as contas serão sempre consideradas irregulares,
podendo no entanto o débito ser afastado, caso a

58
documentação apresentada prove que as despesas foram
realizadas com a observância das normas legais e
regulamentares e demonstre ter havido boa e regular
aplicação dos recursos, sem prejuízo da multa pelo não
cumprimento do dever de apresentação das contas em
tempo devido;

xxviii) Verificando-se qualquer um dos casos indicados em 2), 3) e


4) da alínea xvii), o Juiz relator deve fixar a
responsabilidade solidária do agente que tenha praticado o
acto irregular e do terceiro que, na qualidade de contratante
ou parte interessada na prática desse acto, tenha concorrido
para a verificação do dano apurado;

xxix) A responsabilidade do terceiro advirá da prática de


irregularidade que não se circunscreva ao incumprimento
das obrigações contratuais ou ao não pagamento de títulos
de crédito ou de irregularidade com fundamento em
recebimento de benefício indevido ou em pagamento sobre-
facturado;

xxx) A verificação dos factos a que se refere a parte final da


alínea anterior determina que o Ministério Público proponha
que no tribunal competente seja intentada a conveniente
acção de responsabilização criminal;

xxxi) A decisão definitiva sobre a irregularidade da conta


constitui título executivo, além de criar a obrigação de o

59
responsável, provar que, no prazo de 15 dias realizou o
pagamento correspondente ao débito que lhe tenha sido
imputado ou da multa processual que lhe tenha sido
aplicada;

xxxii) O Juiz relator, em qualquer fase do processo pode autorizar


o pagamento do débito ou da multa por tranches, desde que
não se tenha ainda entrado na fase de execução (cobrança
judicial);

xxxiii) Cada tranche haverá de ser corrigida monetariamente com


os acréscimos legais e falta de pagamento de qualquer
delas, implicará o vencimento antecipado do saldo em
dívida;

xxxiv) Se o custo da cobrança se vislumbrar que venha a ser


superior ao débito, por razões de economia processual e de
ordem administrativa, deve o processo ser arquivado, o que
não afasta a manutenção do débito ao responsável, por cujo
pagamento este continua obrigado, para que se possa dar-
lhe quitação, caso em que deve ser o mesmo deduzido,
mensalmente, dos seus vencimentos, subsídios, salários ou
qualquer outro provento, até que se verifique o pagamento
integral;

xxxv) Os procedimentos mencionados nas alíneas anteriores, para


que se verifique a quitação do responsável devem ser
aplicados em caso de aplicação de multa por infracção não

60
financeira, uma vez que a multa por infracção financeira
tem um processo próprio, o processo autónomo de multa;

xxxvi) O débito gerado por falta de pagamento da multa referida,


no prazo ordenado pelo Juiz relator, após o seu vencimento
deve ser actualizado monetariamente, desde a data da sua
aplicação até à data do efectivo pagamento.

61
H. PROCESSO DE DECLARAÇÃO DE IMPOSSIBILIDADE DE
JULGAMENTO

i) Após a verificação interna das contas enviadas pela entidade, se o


Tribunal não conseguir obter a certeza de que as contas se apresentam
consistentes, fiáveis e íntegras, evidenciando a eventual existência de
factos constitutivos de responsabilidade financeira, o Juiz relator do
processo de “prestação de contas”, pode ordenar se assim o entender,
que seja realizada uma auditoria à entidade em verificação;

ii) A auditoria correrá por apenso ao processo de “prestação de contas”;


se depois da auditoria continuar a ser impossível formular um juízo
sobre a fiabilidade das contas da entidade, com fundamento nessa
constatação, é elaborado um relato, pela Divisão correspondente da
Direcção dos Serviços Técnicos, que é apresentado ao Juiz relator, para
que a entidade exerça o contraditório;

iii) Enviado o contraditório pela entidade, o Juiz relator ordena a sua


junção aos autos;

iv) O Juiz relator ordena que seja dada vista ao Ministério Público, a fim
de que este órgão emita o seu parecer;

v) Uma vez emitido o parecer e inserto nos autos, o Escrivão emite o


termo de conclusão ao Juiz relator, que procede à elaboração do
projecto de acórdão, visando declarar a impossibilidade de julgamento

62
da conta da entidade e a sua eventual responsabilização financeira, que
vai a vista dos Conselheiros da 2.ª Câmara, para efeitos de aprovação
em Plenário;

vi) Não sendo ordenada a realização de auditoria, o Juiz relator com base
nos dados fornecidos pelo relatório síntese da verificação de contas,
ordena que seja exercido o contraditório, no prazo que estipular;

vii) Uma vez exercido o contraditório, o Juiz relator ordena que seja junto
aos autos e profere despacho para que os autos sigam para o Ministério
Público, para que este órgão emita o competente parecer;

viii) Depois de emitido o parecer, os autos são feitos conclusos, pelo


Escrivão, ao Juiz relator, que elaborará o projecto de acórdão, sobre a
declaração de impossibilidade de julgamento da conta e sobre a
eventual responsabilidade financeira;

ix) A impossibilidade de julgamento pode ainda ocorrer quando por caso


fortuito ou força maior as contas se tornem impossíveis de liquidar, ou
quando se verifique a ausência de pressupostos de constituição e de
válido e regular desenvolvimento do processo, casos em que o Juiz
relator ordena o seu arquivamento;

x) De seguida é ordenada a vista aos demais Juizes Conselheiros da


Câmara, para que em Plenária se proceda à sua aprovação.

xi) Aprovado o acórdão é dado a conhecer à entidade, para o seu


cumprimento;

xii) Em caso de recurso da decisão, antes do trânsito em julgado, segue-se


a tramitação prevista para o processo de recurso.

63
I. PROCESSO DE RECURSO

i) TIPOS DE RECURSO: ORDINÁRIO E EXTRAORDINÁRIO

a) Espécies de recurso ordinário: de decisões proferidas em matéria de


fiscalização prévia; de decisões proferidas em matéria de fiscalização
sucessiva; de decisões proferidas pela Câmara respectiva, em matéria de
contas.
b) Espécies de recurso extraordinário: recursos de revisão e recursos para
uniformização de jurisprudência.

ii) PROCEDIMENTOS DO RECURSO ORDINÁRIO DE DECISÃO


FINAL (deferimento ou indeferimento do requerimento de
interposição).

a) Havendo interposição de recurso da decisão final ou da


decisão que fixe emolumentos (15 dias após ter sido
proferida, em relação a outras decisões a interposição é feita
no prazo de 8 dias, que sobem apenas com a interposição do
recurso da decisão final e têm efeito meramente devolutivo)
que sobem imediatamente e têm efeito suspensivo, salvo em
matéria de visto;

b) A interposição do recurso é dirigida ao Presidente do


Tribunal de Contas, que marcará o sorteio para a distribuição
dos autos a novo Juiz relator;

c) Nos recursos interpostos de decisões que não sejam finais,


nem fixem emolumentos o recorrente tanto pode alegar, no

64
prazo de 20 (vinte) dias, como fazê-lo na altura em que o
recurso haja de subir.

d) Na hipótese prevista na parte final da alínea anterior, os


termos do recurso suspendem-se até à altura referida na
alínea anterior, ficando sem efeito a interposição, se nenhum
outro recurso for interposto da decisão final.

e) O Juiz relator (do tribunal “a quo”) ao tomar conhecimento


da interposição de recurso, abre mão do processo e remete-o
para distribuição; efectuado o sorteio, sob responsabilidade
do Presidente do Tribunal, a Contadoria tira cópias do
acórdão proferido pelo “tribunal a quo”, das notificações
feitas desse acórdão, do requerimento de interposição de
recurso, numera folha por folha, capeia o processo de
recurso;

f) Distribuído e autuado o recurso e apensado ao processo que


contém a decisão recorrida, depois de pagas as custas de
interposição do recurso, abre-se conclusão ao novo Juiz
relator para, no prazo de até 48 horas, admitir ou rejeitar
liminarmente o recurso.

g) O relator a quem calhar o processo, aprecia o requerimento


de interposição, que é junto aos autos, por despacho do
relator, mediante termo de recebimento, seguido de termo de
juntada da Contadoria, e segue os ditames da lei, para a sua
admissão ou recusa (procedimento de reclamação);

h) Do despacho que não admita o recurso, pode o recorrente


reclamar para o Presidente do Plenário do Tribunal de
Contas;

65
i) O relator pode reparar o despacho de não admissão e fazer
prosseguir o recurso;

j) Se o relator mantiver o despacho de não admissão, manda


subir a reclamação ao Plenário do Tribunal de Contas,
depois de instruída, com as certidões requeridas pelo
reclamante;

k) Aplica-se ao julgamento da reclamação o disposto no artigo


689.º do Código do Processo Civil, com as devidas
adaptações;

l) Admitido o recurso, a Contadoria notifica a parte que


interpôs o recurso, mediante o despacho proferido pelo Juiz
relator;

m) Segue-se a apresentação das alegações de quem interpôs


recurso;

n) Recebidas estas, o Escrivão conclusa os autos ao juiz e este


ordena que se notifique a contraparte;

o) Esta dispõe de 20 dias para apresentar as suas alegações;

p) Recebidas estas pela Contadoria, são juntas ao processo,


mediante autorização do Relator e emissão de termo de
juntada, seguido de termo de conclusão ao juiz relator;

q) Não sendo o Ministério Público parte ou seja não sendo


recorrente, é-lhe dada vista, depois de juntas as alegações
pela entidade recorrente, para promover o que tenha por
conveniente ou para se pronunciar em defesa da legalidade.

66
r) Elaborado o projecto de acórdão deve o relator declarar o
processo preparado para julgamento e, até oito dias antes da
sessão do Plenário do Tribunal de Contas, em que haja de
ser apreciado, ordenar a sua remessa, acompanhado do
respectivo projecto, à Direcção dos Serviços Técnicos, mais
propriamente ao Cartório judicial (Contadoria-Geral);

s) São distribuídas cópias do acórdão juntamente com os autos


para vista de todos os membros do plenário, observado o que
se refere na alínea seguinte;

t) Os juízes que tiverem participado na decisão recorrida não


poderão intervir na discussão e votação do recurso.

u) O relator apresenta o projecto de acórdão na sessão em que


tiver de ser apreciado, cabendo ao Presidente do Plenário do
Tribunal de Contas dirigir a discussão e exercer o voto de
desempate, em caso de empate;

v) O Juízes que não concordarem com o teor do acórdão e


estiverem em minoria devem votar vencido, fazendo a
correspondente declaração de voto;

w) Aprovado o acórdão, pelo Plenário do Tribunal, depois de


ser assinado por todos os seus membros que o puderem
fazer;

x) A Contadoria junta-o aos autos, por termo de recebimento


seguido de termo de conclusão remete-os ao juiz relator;

y) O relator manda notificar, por despacho, do seu conteúdo os


interessados, dando o prazo de trinta dias para o pagamento
voluntário dos montantes em que tenham sido condenados;

67
z) A Contadoria emite certidão comprovativa de terem sido
notificados para a realização do pagamento e dos termos
para esse efeito;

aa) Em caso de pagamento os Demandados devem remeter os


comprovativos do pagamento para serem juntos aos autos;

bb) Uma vez que tenha sido pago o valor na totalidade, e por
juntada, os comprovativos tenham sido inseridos nos autos,
o escrivão “conclusa-os” ao relator, para que este mande dar
vista ao Ministério Público;

cc) Depois da vista ao Ministério Público, os autos voltam


conclusos ao Relator, para que este despache no sentido do
seu arquivamento e que se dê conhecimento aos
demandados.

dd) Caso os Demandados não procedam ao pagamento, depois


de transitada em julgada a decisão condenatória, o
Ministério Público move a acção de execução junto do
tribunal competente, mandando extrair as cópias
competentes.

III. Tramitação processual e circuito de papéis no processo de Recurso no


âmbito da Fiscalização Preventiva

a) O processo de Recurso começa sempre, no processo de visto, mediante um


simples requerimento da entidade publica contratante /ou candidato
dirigido ao Relator que manifesta o seu descontentamento da decisão
proferida pelo Tribunal e a vontade de recorrer da mesma.

68
b) Para o recurso ser admitido é preciso que estejam cumpridas determinadas
formalidades que devem ser verificadas pelo técnico da contadoria a quem
está encarregue do processo, nomeadamente:

Requisitos do Recurso ordinário:

a. Tempestividade: o prazo para Recorrer são 15 dias


corridos apos a notificação da decisão final que recusa o
Visto;

b. Legitimidade art.º 102.º é taxativo,

o Ministério Público,

o Membro do executivo de quem dependa o funcionário ou o serviço,

o As entidades públicas competentes para praticar o acto objecto de


visto;

o Excepção para os processos de pessoal o candidato que viu o seu


acto de provimento recusado pode requerer junto da Entidade
Pública contratante para que recorra da decisão, caso esta não o
faça no prazo de 10 dias, o candidato pode recorrer
directamente ao Tribunal;

c. Competência do Tribunal, o Tribunal deve ser competente


em razão da matéria;

d. Pagamento de ¼ do salário mínimo da função pública


no acto da entrega do requerimento para interposição do
Recurso;

c) O Recurso no âmbito da fiscalização preventiva tem efeito meramente


devolutivo, porque entende-se que não há lugar, ainda, da produção de
qualquer efeito físicos ou financeiros de actos sujeitos a visto;

69
d) Verificados todos os pressupostos, e sendo tempestivo, são juntos aos
autos os documentos submetidos para efeitos de impugnação e conclusos
os autos ao Juiz Relator, e este pode:

1. Admitir o recurso e conceder:

- 20 dias para alegar e juntar documentos; e

- ordenar que seja feito o pagamento dos emolumentos pela admissão do


recurso.

2. Não Admitir o recurso

- ordenar o pagamento dos emolumentos de ¼ do salário mínimo da


Função Pública;

e) Em caso de não admissão do recurso pode reclamar-se para o Juiz


Presidente do Tribunal de Contas. O Juiz presidente pode decidir a
Reclamação no prazo de 5 a 8 dias;

f) Se o Juiz Presidente do TC admitir o recurso: o processo é reapreciado em


sede de Recurso;

g) Se o Juiz Presidente não admitir: Fim do processo;

h) Depois de Admitido o Recurso pelo Juiz Relator, os autos são remetidos à


Contadoria que deve Notificar o M.P.º e a Entidade Pública que recorreu
da decisão, informando o prazo para as alegações e a remessa da
notificação de cobrança dos emolumentos devidos pela admissão do
Recurso;

i) Depois do M.P.º promover o que lhe aprouver, os autos são conclusos as


Juiz Relator para tomada de conhecimento da sua promoção.

70
j) De seguida os autos são remetidos a Contadoria Geral que extrai uma
cópia do processo das fls da interposição até a admissão ou as alegações
caso já as tenham efectuadas, regista e autua atribuindo um número de
recurso, e submete o processo à Chefe de Secção ou a Contadora Geral
para efectuar o sorteio electrónico, entre os Juízes Conselheiros da 1ª
Câmara que não intervieram como Adjuntos nos autos;

k) O Juiz relator do recurso recebe o processo, prepara o projecto de


Acórdão, ordena que a Contadoria Geral leve a vista dos membros do
Plenário do Tribunal, que depois de recolher tal vista, remete os autos para
o Gabinete do Juiz Relator do Recurso que notifica o Director dos Serviços
Técnicos na qualidade de Secretário Judicial do Plenário para colocar em
tabela em uma sessão plenária;

l) Depois de discutido e aprovado o Acórdão é notificado ao M.P.º e a


Entidade Pública recorrente/ candidato;

m) São cobrados os emolumentos em função da decisão tomada de segundo


os limites máximos e mínimos consoante for ou não concedido o visto.

Recurso Documentos Instrutórios

 Certidão de extracção de cópias (os documentos originais de contar do


processo decidido em 1ª Instância);
 Cópia do ofício de solicita a reapreciação da decisão “interposição do
Recurso”
 Cópia do Pagamento da interposição do recurso;
 Cópia do Termo de recebimento
 Cópia do Termo de Conclusão

71
 Cópia do Despacho de deferimento/indeferimento
 Cópia da Notificação da Decisão
 Cópia do Termo de Recebimento
 Cópia da Termo de Juntada
 Ofício que remete a alegações
 Termo de Conclusão
 Acórdão de revisão da decisão
 Contrato sobre qual incidiu a decisão
 Termo de Notificação da decisão dirigido ao Ministério Público
 Guia (notificação de Cobrança) de Cobrança
 Termo de Vista ao Ministério Público
 Comprovativo da Notificação da decisão a Entidade Pública Contratante
 Ofício que submete o comprovativo de pagamento dos emolumentos devidos,
seguido do anexo
 Ofício da Área Emolumentos solicitar a confirmação do pagamento
 Ofício do Cofre que confirma o pagamento
 Proposta de Arquivamento
 Termo de Conclusão
 Despacho de Arquivamento
 Termo de Notificação da decisão dirigido ao Ministério Público.

72
5. FISCALIZAÇÃO CONCOMITANTE - PROCEDIMENTOS

Como ficou referido na introdução deste manual, as espécies processuais


mantiveram-se as que se acham previstas no artigo 52.º da Lei n.º13/10 de 9 de Julho,
não tendo ocorrido nenhuma alteração ao seu elenco, com a introdução da modalidade
de fiscalização denominada fiscalização concomitante.

Este tipo de fiscalização que visa o apuramento e a efectivação de


responsabilidades financeiras recorre a técnicas de auditoria, inquérito e averiguação,
mas por se tratar, como também já se disse de uma fiscalização que deve ocorrer
durante a execução das actividades, trate-se de contratos, actos ou outros instrumentos
de despesa, ficando por isso a cargo da 1.ª Câmara que tem a incumbência de
fiscalizar preventivamente, trate-se de programas, projectos, acções e instrumentos de
outra natureza que manifestem a gestão das entidades sujeitas, que ficam a cargo da
2.ª Câmara, apresenta uma tramitação própria, sendo por isso importante que ela seja
objecto de menção, neste manual, para que fique registada de forma mais precisa a
indicação de como deve lidar-se com este tipo de fiscalização, até chegar-se ao
procedimento de responsabilidade financeira.

Assim, nas linhas que se seguem alinha-se como deve tramitar-se, em sede de
fiscalização concomitante, tendo em atenção as espécies processuais que se lhe
aplicam: o processo de responsabilidade financeira reintegratória, o processo de
fiscalização da execução orçamental e o processo autónomo de multa.

73
Desde logo, este tipo de fiscalização implica que haja acesso directo e em
tempo real aos dados que constituem objecto de análise e verificação. É uma condição
sem a qual falar-se em fiscalização concomitante representa uma falácia. Não estando
o Tribunal de Contas a trabalhar com essas condições de acesso, o que se detalhará
situa-se no plano do que se pretende e não da realidade existente.

5.1. FISCALIZAÇÃO CONCOMITANTE NA 1.ª CÂMARA


5.1.1. FASE DE INSTRUÇÃO/ADMINISTRATIVA

i) Em cumprimento do plano anual aprovado para a execução, deve ser


elaborado pelo Presidente da Câmara um mapa, contendo os dados
constantes no n.º3 do Regulamento da Fiscalização Concomitante,
aprovado pela Resolução n.º3/20, de 20 de Julho;

iii) O regulamento, mencionado na alínea anterior, estabelece que os


procedimentos de fiscalização concomitante 22 tenham lugar
independentemente de programação;

iv) As acções a desenvolver, pela Equipa Técnica são ordenadas por um


Juiz relator, que é indicado mediante sorteio, realizado na Câmara;

v) A indicação da Equipa Técnica, de natureza multidisciplinar é


composta no mínimo por três membros e é da competência do Juiz
relator, sob proposta da Direcção dos Serviços Técnicos;
22
A auditoria, o inquérito e a averiguação são os mecanismos realizados para viabilizar a fiscalização
concomitante. Mais atrás deixou-se espelhada a diferença entre auditoria e inquérito, nada se tendo dito
acerca da averiguação, que consiste numa acção de fiscalização mediante a ocorrência de denúncia ou
por qualquer meio de levar ao conhecimento do Tribunal executem actos, contratos, programas,
projectos ou ainda a adoptar procedimentos administrativos ilegais e irregulares. A averiguação termina
com a elaboração de um relato, que após submissão ao Juiz relator, este decide mandá-lo arquivar, caso
não haja matéria de interesse a analisar ou ordena que se realize uma auditoria à entidade sujeita. Há
que acrescentar, que a auditoria e o inquérito geram a elaboração de um relatório ao invés de um
simples relato, como é o caso da averiguação, que é um mecanismo mais simplificado de fiscalização,
uma vez que ele se completa, quando tenha de ser com a realização do mecanismo, auditoria.

74
vi) A coordenação da Equipa Técnica é uma competência do Juiz relator,
que na sua escolha atende a critérios relacionados com a natureza e a
complexidade da fiscalização;

vii) A Direcção dos Serviços Técnicos, após a indicação da Equipa


Técnica deve credenciá-la, para a missão a cumprir;

viii) Cabe à Equipa Técnica elaborar um cronograma das acções a realizar,


bem como os respectivos prazos de realização e submetê-la ao Juiz
relator, para homologação e acompanhamento dessas acções;

ix) Cumpridos os passos das alíneas antecedentes, a Direcção dos Serviços


Técnicos deve comunicar à entidade a fiscalizar, que coloque à
disposição da Equipa Técnica todos os dados e evidências necessários
à acção de fiscalização23;

x) A entidade sujeita a auditoria, inquérito ou averiguação apenas deve


receber a comunicação e cumprir o dever de cooperação, previsto na
lei;

xi) Uma vez realizadas as acções junto da entidade sujeita à fiscalização, a


Equipa Técnica deve elaborar um relato, que contenha todos os dados
que tenha recolhido;

xii) Os dados referidos na alínea anterior devem ser compilados e constituir


um processo que após ser capeado, autuado, numerado e indicado o
nome do Juiz relator, pela Contadoria-Geral é enviado à Equipa
Técnica para que esta formule no relato um juízo de valor a respeito de
toda informação recolhida;

23
Por estes dizeres pode aquilatar-se que os procedimentos contidos no regulamento não colocam a
fiscalização concomitante, como um acontecimento em tempo real, pois se assim fosse, não seria
necessário essa comunicação, pois o acesso seria imediato, durante o período de execução do contrato,
acto ou qualquer outro instrumento de despesa, o que permitiria que a entidade antes de ser fiscalizada
já pudesse estar sob a mira do Tribunal, com a informação à vista e disponível.

75
xiii) Após essa avaliação, pela Equipa Técnica, o processo é enviado ao
Juiz relator para apreciação;

xiv) O Juiz relator, uma vez que esteja na posse desse relato, ordena que
seja exercido o contraditório, pelos interessados, até ao máximo de 20
(vinte) dias;

xv) Cabe à entidade, que vai formular o contraditório, enviar os dados que
entender com o fim de justificar as irregularidades que lhe são
apontadas no relato;

xvi) Findo o prazo para apresentação do contraditório, a entidade envia-o


ao Juiz relator do processo;

xvii) Tendo recebido o contraditório, o Juiz relator manda que este seja
junto ao autos e de seguida ordena que sigam os autos à Equipa
Técnica, para que emita o parecer sobre o conteúdo do contraditório;

xviii) Após a emissão do parecer da Equipa Técnica e uma vez este remetido
ao Juiz relator, para ver a conformidade do conteúdos de ambos os
documentos, caso não subsistam quaisquer dúvidas ao Juiz relator
sobre o que está e o que não está justificado, pela entidade, ordena que
a Equipa Técnica emita o competente relatório24;

xix) Cabe à Equipa Técnica elaborar um relatório que espelhe com a maior
veracidade e fiabilidade a situação em que foi encontrada a entidade;

xx) O relatório é enviado ao Juiz relator, pela Equipa Técnica, passando


pela Contadoria-Geral, devendo o Escrivão do processo, por despacho
do Juiz relator inseri-lo nos autos, desde que este esteja em total acordo
com o seu teor.

24
Este formato será, certamente alterado, caso se acabe com a aprovação de relatórios, por resolução e
passe a atribuir-se ao Relator e ao Relator adjunto a responsabilidade pela sua elaboração e assinatura.

76
xxi) Depois de o relatório ser entranhado nos autos, o Juiz relator ordena
que seja dada vista aos Conselheiros da Câmara, após o que ordena que
seja dada vista dos autos ao Ministério Público junto do Tribunal, para
que emita parecer, no prazo de cinco dias úteis;

xxii) O Ministério Público no seu parecer deve referir se existe matéria para
a suspensão dos actos ou dos contratos, deve ainda mencionar quais os
que estão em observação e finalmente dizer se há lugar ou não ao
apuramento de responsabilidades;

xxiii) Tendo sido recebido o parecer do Ministério Público, o Juiz relator


ordena que seja dada vista dos autos, aos Conselheiros da Câmara;

xxiv) O relatório é aprovado pela Câmara reunida em plenário 25, mediante a


apresentação de resolução elaborada pelo gabinete do Juiz relator, cuja
aprovação deve ocorrer no prazo de trinta dias;

xxv) O relatório de auditoria ou de inquérito que tenha sido aprovado pode


ser inserido no site do Tribunal de Contas;

xxvi) A resolução aprovada pela Câmara deve fazer menção sobre se há


lugar à suspensão dos actos ou contratos não conformes, praticados ou
omitidos pela entidade e bem assim sobre a propositura de acção de
responsabilidade financeira, criminal e civil e ainda sobre a
necessidade de sujeitar a conta da entidade à verificação externa de
contas;

25
Prevê-se na alteração a que for sujeito o regulamento da fiscalização concomitante, por razões de
celeridade, à semelhança do que tenciona fazer-se com o regulamento interno da 2.ª Câmara, deixe de
haver a emissão de resoluções aprovadas pela Câmara correspondente, mas tão somente a elaboração
do relatório pelo Juiz relator e o seu adjunto, apenas devendo ser submetido à Câmara o relatório que
não tenha sido consensual entre estes dois Juízes.

77
xxvii) Embora o actual regulamento26 indique que o relatório deve ser dado a
conhecer à entidades mencionadas no artigo 25.º, há que seguir o que
dispõe a Lei n.º13/10, de 9 de Julho, que no seu artigo 84.º determina,
que o Juiz relator deve ordenar a remessa dos autos ao Ministério
Público e dar conhecimento dessa remessa ao Presidente do tribunal de
Contas, ao interessado e ao respectivo superior hierárquico;

xxviii) Com o mandado de notificação para ser dado conhecimento da remessa


dos autos ao Ministério Público deve seguir a guia de cobrança para o
pagamento dos emolumentos, pela entidade notificada;

xxix) A entidade pode recorrer da decisão, no prazo de oito dias, que se


contam a partir da data de recepção do mandado de notificação;

xxx) Sendo admitido o recurso, haverá lugar à sua tramitação, aguardando o


processo que este seja decidido, para que o Ministério Público
proponha a acção de procedimento por responsabilidade financeira.

xxxi) O recurso é interposto para o Plenário do Tribunal de Contas;

xxxii) A decisão recorrida é apresentada no Plenário, pelo Juiz relator e


submetido à votação dos seus membros;

xxxiii) A decisão final é notificada ao Ministério Público e à entidade sujeita;

xxxiv) Esta decisão transita em julgado nos 15 dias seguintes, após ter sido
proferida e notificada ao Ministério Público e à entidade sujeita;

xxxv) Sendo a decisão final condenatória, ela é de cumprimento imediato, e


havendo condenação em multa esta deve ser paga juntamente com o

26
O regulamento por ser norma de hierarquia inferior em relação à lei não pode contrariá-la, nem dizer
mais do que a lei, devendo ser esta sempre a prevalecer. Por isso se atribuiu a designação de
regulamento, porque visa regulamentar aquele diploma de hierarquia superior.

78
valor que corresponda a emolumentos, pelo gestor ou gestores
responsáveis;

xxxvi) Sendo admitido o recurso, haverá lugar à sua tramitação, aguardando o


processo que este seja decidido, para que o Ministério Público
proponha a acção de procedimento por responsabilidade financeira.

5.1.2. FASE JURISDICIONAL/ 1.ª CAMARA

Sendo proposta a acção pelo Ministério Público, por haver infracções


financeiras que devam ser efectivadas por procedimento por
responsabilidade financeira, seguem-se os termos correspondentes
deixados, expressamente, nas letras B, C, D, E, F, G e H deste manual.

5.2. FISCALIZAÇÃO CONCOMITANTE NA 2.ª CÂMARA


5.2.1. FASE DE INSTRUÇÃO/ADMINISTRATIVA

Na 2.ª Câmara a fase de instrução/administrativa corresponde quase de


forma idêntica ao que se deixou dito no número anterior e seus sub-números, porém, e
em face da especificidade do objecto sobre que versa esta Câmara, convirá que se
detalhe os aspectos que condizem com tal objecto.

As alíneas i) a xx) do número anterior, aplicam-se integralmente a esta


fase quando decorra na 2.ª Câmara. Contudo, alínea xxi) deverá ter o seguinte
conteúdo, porque se refere a programas, projectos e outras acções que encerram
particularidades distintas das que são objecto de fiscalização da 1.ª Câmara. Assim:

xxii) O Ministério Público no seu parecer deve referir se existe matéria


para a suspensão de actividades da entidade, dos procedimentos,
caso o parecer incida sobre programas, projectos, actividades de
gerência, que estejam em observação e finalmente dizer se há lugar
ou não ao apuramento de responsabilidades;

79
As demais alíneas (de xxii) a xxxv) aplicam-se de forma integral à 2.ª
Câmara. O mesmo se diga em relação à fase jurisdicional, que tramita conforme o que
se deixou dito em 5.1.2.

GLOSSÁRIO DE EXPRESSÕES UTILIZADAS NO CIRCUITO


PROCESSUAL

a) Autuação – termo pelo qual o Escrivão inicia a movimentação do processo


(art.º138.º do Código de Processo Civil).
b) Carta precatória – meio pelo quel se solicita a prática de um acto judicial a
um Tribunal, acto que sendo para citaçãoo, notificaçãoo ou afixaçãoo de
edital, pode ser pedido ou sustado, neste caso sempre, por simples ofício –
art.º176.º, ns 2 e 3 do C.P. Civ.
c) Citação – é o acto pelo qual se dá conhecimento ao réu (demandado) de que
foi proposta contra ele determinada acção e se chama ao processo para se
defender. Emprega-se ainda para chamar, pela primeira vez, ao processo
alguma pessoa interessada na causa27. – in n.º1 do artigo 228.º do Código de
Processo Civil.
A citação não pode efectuar-se sem que preceda despacho que a ordene
– art.º229.º, n.º1 (vide art.s478.º, 783.º e 794.º do C.P. Civ) do Código de
Processo Civil.
Este acto é efectuado pelo Escrivão do processo, no caso de dizer
respeito a serviço interno e feita em acta ou auto (a do Ministério Público e a
de mandatários judiciais presentes no Tribunal).

27
A citação e a notificação (ainda que) avulsa, conforme se dispõe no artigo 229.º do
Código de Processo Civil, não podem efectuar-se sem preceder despacho que as
ordene.

80
É efectuado pelo Oficial de Diligências ou por escriturário (em razão
das necessidades de serviço ou se o Juiz relator o determinar) quando disser
respeito a serviço externo, mediante mandado.
A citação pode ser: a) directa (na própria pessoa visada) – art.º233.º do
C. P. Civ., b) em pessoa diversa, da casa ou de vizinho – art.º235.º, n.º3 e
967.º do C.P. Civ., c) indirecta (na pessoa de empregado de pessoa colectiva
ou de sociedade) – art.º234.º do C.P. Civ., d) pessoal – por afixaçãoo de nota –
art.º240.º, n.º3 do C.P. Civ., por carta registada com aviso de recepção –
art.º244.º do C. P. Civ., e) postal (ausentes em parte incerta e herdeiros ou
representantes de pessoa falecida) – art.s 248.º e 251, n.º1 do C. P. Civ., f)
edital (incertos) – art.º251.º do C. P. Civ.
A citação feita em auto ou acta é imediata.
A citação feita ao Ministério Público é feita no prazo de dois dias, a
contar do recebimento do processo – art.º166.º, n.º1 do C. P. Civ.
As restantes de serviço externo são feitas no prazo de cinco dias a
contar da entrega do mandado – art.º167.º, n.º2 do C.P. Civ., mesmo ao
domingo, em dias feriados ou em férias – art.º143.º, n.º1, dias em que o prazo
corre – art.º144.º e 145.º, n.ºs 1 e 2 do C.P. Civ.
A citação não pode efectuar-se: no dia do casamento do citando, do
falecimento do seu cônjuge, pai, mãe ou filho, nem nos oito dias seguintes –
art.º231.º, n.º1 do C.P. Civ. Nem no dia da morte de qualquer outro ascendente
ou descendente, irmão ou afim nos mesmos graus – art.ºs 1578.º e seguintes
do C. Civ., nem nos três dias seguintes – art.º231.º, n.º2 do C.P. Civ.
A certidão de citação é assinada pelo citado salvo se efectuada em auto
ou acta em que intervenha o Juiz, caso em que é dispensável – art.º164.º do C.
P. Civ.
Mas se a pessoa que tiver de assinar a certidão não quiser, não souber
ou não puder assinar e o Juiz não intervier, ou quando o funcionário
encarregado da citação não conheça o citado ou a pessoa em quem se fez a
citação – art.º243.º, n.º do C.P. Civ., e esta não exibir o bilhete de identidade,
devem intervir duas testemunhas que a conheçam, as quais assinarão a
certidão, se souberem e puderem – art.º232.º do C.P. Civ., sendo devidamente
identificadas pelos nomes, estados, profissões e moradas.

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d) Cota – termo habitualmente usado para o registo de uma ocorrência, como
fazer constar do processo a expedição de ofícios ou de avisos, bem como a de
cartas aos mandatários, a confiança do processo, etc.

e) Despacho de promoção – acto processual que compete ao Ministério Público


e por intermédio do qual este órgão requer ou sugere a prática de determinadas
diligências;

f) Despacho para cumprimento da “promoção” do Ministério Público


(“como se promove”) – despacho proferido pelo Juiz Relator para que seja
cumprida a promoção proposta pelo Ministério Público;

g) Despacho para a devolução da conta aos gestores – despacho proferido pelo


Juiz Relator no seguimento de promoção ou não do Ministério Público, para
que a conta seja devolvida aos gestores, por não se terem registado
irregularidades de qualquer natureza;

h) Edital – documento que se utiliza quando exista incerteza do lugar em que se


encontra a pessoa nele mencionado e a quem, por intermédio, dele é dado a
conhecer que é pedida a sua comparência para o cumprimento de um acto ou
diligência de natureza judicial que lhe diga respeito – arts245, n.º3, 246.º, n.º3,
248, ns 2 , 3 e 4; 249.º, n.s 1,2, e 3 do C. P. Civ.

i) “Em termos” e “Não em termos” – apreciação positiva ou negativa feita pela


Direcção dos Serviços Técnicos, as respeito das contas provenientes das
entidades sujeitas e obrigadas a prestar contas ao Tribunal;

j) Entrega – termo através do qual se entrega alguma coisa : guia, mandado,


deprecada, documento, etc. Quem a receba assina, intervindo duas
testemunhas se o destinatário do que se entrega não souber assinar, não puder
ou não quiser fazê-lo – art.º164.º do Código de Processo Civil;

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k) Guia de cobrança – documento emitido pela área emolumentar do Tribunal
de Contas, dirigida às entidades sujeitas, para que efectuem o pagamento de
custas processuais, multas e outros encargos;

l) Juiz Relator – Juiz Conselheiro que dirige a tramitação do processo, em cada


fase do procedimento financeiro e o único responsável pelo seu
desenvolvimento e desfecho.

m) Mandado de notificação – documento emitido pela Direcção dos Serviços


Técnicos do Tribunal de Contas, contendo os termos para o chamamento dos
responsáveis das entidades sujeitas à prática de actos no interesse da sua
defesa.

n) Notificação – acto que serve, para em quaisquer casos, chamar alguém a


juízo ou dar conhecimento de um facto. – in n.º2 do artigo 228.º do Código de
Processo Civil.

o) Papel ou folha de processado – folha semelhante ao papel de 25 linhas,


inserida nos autos, pela Contadoria-Geral, onde se proferem os despachos,
promoções e colocam os termos, em uso nas secretarias judiciais;

p) Relato de auditoria ou relato de inquérito – documento emitido, em sede de


verificação externa de contas, pela Equipa Técnica que esteve a recolher dados
sobre a situação financeira da entidade sujeita, relativa a uma ou mais
gerências (auditoria) ou a certos dados específicos (inquérito) que digam
respeito à entidade sujeita;

q) Relatório – documento emitido pela Equipa Técnica ou pelo Juízes relator e


relator adjunto, após ter sido exercido o contraditório, pela entidade sujeita e
que contém a súmula do que esta conseguiu provar ou não, em face dos dados
com que tiver sido confrontada no relato;

r) Relatório final – o mesmo que relatório;

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s) Relatório Síntese – documento que é emitido, em sede de verificação interna
de contas, que espelha o estado da conta da entidade sujeita, relativa a cada
exercício financeiro;

t) Termo de conclusão – acto praticado pelo Escrivão, nos autos, mediante o


qual os leva ao Juíz relator, para que este tome conhecimento do seu estado e
ordene as diligências subsequentes para dar continuidade ao seu andamento;

u) Termo de juntada – acto de secretaria por intermédio do qual a Contadoria-


Geral junta aos autos qualquer peça processual ou documento que interesse ao
curso normal dos autos;

v) Termo de recebimento –acto de secretaria mediante o qual o Escrivão do


processo declara tê-lo recebido, vindo do Juiz relator ou do Ministério
Público, colocando a data em que tal aconteceu e assinando pelo seu punho; a
partir da data em que tiver recebido o processo, começa a contar o prazo para
que o Escrivão cumpra a decisão ou abra conclusão ou vista e, no caso de
revelia, para a parte poder exercer qualquer poder processual – art.º255.º, n.º 2
do Código de Processo Civil;

w) Termo de vista – acto de secretaria em que o Escrivão leva aos autos aos
Juízes Conselheiros e/ou ao Ministério Público, para os analisarem e emitirem
o correspondente visto ou, no caso do Ministério Público, a correspondente
promoção; este acto deve ser lavrado independentemente de despacho ou
ordem, sempre que determinado por lei. A promoção é dada em três dias,
salvo se houver outro prazo fixado por lei ou por despacho do Juiz relator.

Luanda, 29 de Agosto de 2021, aditado em 04 de Setembro de 2021 e


novamente aditado entre 13 e 19 de Outubro de 2022.

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