Você está na página 1de 14

1

DIREITO FINANCEIRO
Por Angelus Maia

CONTROLE DA ATIVIDADE FINANCEIRA


2

Sumário
1 - INTRODUÇÃO...........................................................................................................................................3
2 - MODALIDADES DE FISCALIZAÇÃO............................................................................................................3
3 - TRIBUNAL DE CONTAS..............................................................................................................................6
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA............................................................................................................................13
DISPOSITIVOS PARA CICLO DE LEGISLAÇÃO................................................................................................13
3

ATUALIZADO EM 16/11/20221
CONTROLE DA ATIVIDADE FINANCEIRA

1 - INTRODUÇÃO
O legislador constituinte originário separou formalmente dois temas do direito financeiro
que deveriam estar aglutinados, quais sejam: a fiscalização da execução orçamentária (arts. 70 e
seguintes da CRFB/88 – Capítulo do Poder Legislativo) e a elaboração do orçamento (arts. 163 e
seguintes da CRFB/88 – Capítulo das Finanças Públicas).
Essa separação formal deflagra algumas discussões/controvérsias. Em verdade, quando se
está a falar da fiscalização da execução orçamentária, fala-se na última fase do controle. A noção de
“controle” é muito mais ampla que a de fiscalização, que consiste na sua última fase.
Neste ponto, fica muito bem delineada a ideia de freios e contrapesos:
 A iniciativa do projeto de lei orçamentária fica a cargo do Executivo;
 Quando o Poder Legislativo transmuta o projeto em lei, temos o início do controle;
 Aprovada a lei, o Executivo passará à execução da despesa, de acordo com a
autorização legal;
 Por fim, o Legislativo entra em cena novamente, verificando se o Executivo cumpriu
aquilo que está previsto no orçamento. Isso ocorre por intermédio do Tribunal de
Contas.

Obs.: não é correto dizer que o Tribunal de Contas realiza a fiscalização da execução orçamentária.
Na realidade, quem se incumbe disso é o Poder Legislativo, que é auxiliado pelo Tribunal de Contas.

2 - MODALIDADES DE FISCALIZAÇÃO
As modalidades de fiscalização estão previstas no art. 70 da CRFB/88. Não estamos a falar
aqui dos tipos de controle, mas sim das suas modalidades: fiscalização contábil, financeira,
orçamentária, operacional e patrimonial.

1
As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um
canal aberto de diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas,
sugestões e equívocos, porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o
e-mail enviado contenha o título do material e o número da página para melhor identificação do assunto
tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais,
mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos anteriormente citados.
4

Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das
entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade,
aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante
controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize,
arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União
responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.(Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
As modalidades previstas no art. 70 da CF se misturam, de forma quase que pleonástica,
para que nada fique sem controle da fiscalização.

2.1. Controle interno


O controle interno consiste no exercício do poder de autotutela, na intimidade de cada
Poder, da legalidade, da eficácia e eficiência. Cada um dos Poderes se controla, consistindo esse
controle interno como algo preparatório para o controle externo.
CRFB/88. Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada,
sistema de controle interno com a finalidade de:
I - AVALIAR o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de
governo e dos orçamentos da União;
II - COMPROVAR a legalidade e AVALIAR os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão
orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como
da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado;
III - EXERCER o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e
haveres da União;
IV - APOIAR o controle externo no exercício de sua missão institucional.
§ 1º - Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade
ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade
solidária.
§ 2º - Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da
lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.
5

Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que couber, à organização,
composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como
dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios.
Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre os Tribunais de Contas respectivos, que
serão integrados por sete Conselheiros.

2.2. Controle externo


O controle externo, por sua vez, é aquele realizado pelo Poder Legislativo, em regra com
auxílio do Tribunal de Contas, mas que também pode ser realizado por meio de uma Comissão
mista permanente de Senadores e Deputados.
a) Controle externo realizado com auxílio da Comissão mista permanente
A comissão mista permanente de senadores e deputados será constituída nos termos no art.
166, §1º da CRFB/882. De acordo com o art. 72 da Constituição, ao se deparar com indícios de
despesas não autorizadas, a Comissão poderá solicitar esclarecimentos à autoridade responsável. A
atuação do Tribunal de Contas, nessa hipótese de controle externo, será subsidiária, cuja função
será apenas de apresentar um parecer, quando provocado pelo Poder Legislativo.

CRFB/88. Art. 72. A Comissão mista permanente a que se refere o art. 166, §1º, diante de indícios
de despesas não autorizadas, ainda que sob a forma de investimentos não programados ou de
subsídios não aprovados, poderá solicitar à autoridade governamental responsável que, no prazo
de cinco dias, preste os esclarecimentos necessários.
§ 1º - Não prestados os esclarecimentos, ou considerados estes insuficientes, a Comissão solicitará
ao Tribunal [de Contas] pronunciamento conclusivo sobre a matéria, no prazo de trinta dias.
§ 2º - Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Comissão, se julgar que o gasto possa causar
dano irreparável ou grave lesão à economia pública, proporá ao Congresso Nacional sua sustação
[veja que não é o Tribunal de Contas que propõe a sustação da despesa, mas a própria Comissão].
2
Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e
aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento
comum.
§ 1º - Caberá a uma Comissão mista permanente de Senadores e Deputados:
I - examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste artigo e sobre as contas apresentadas
anualmente pelo Presidente da República;
II - examinar e emitir parecer sobre os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos
nesta Constituição e exercer o ACOMPANHAMENTO E A FISCALIZAÇÃO ORÇAMENTÁRIA, sem prejuízo
da atuação das demais comissões do Congresso Nacional e de suas Casas, criadas de acordo com o art. 58.
6

Diante da importância do Tribunal de Contas, este merece um estudo em tópico próprio.

* (Atualizado em 17/06/2021) A Lei Complementar 178/2021 estabelece o Programa de Acompanhamento


e Transparência Fiscal e de Equilíbrio Fiscal, o qual tem por objetivo reforçar a transparência fiscal dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e compatibilizar as respectivas políticas fiscais com a da União.
Foram alterados os §§1º e 2º do art. 51 da LRF.
O §1º passou a prever o mesmo prazo para Estados e Municípios encaminharem suas contas ao Poder
Executivo da União, qual seja, até 30 de abril. Antes da alteração, os Estados deveriam encaminhar até 31 de
maio:
“Art. 51. ........................................................................................................................       (Vigência)
§ 1º Os Estados e os Municípios encaminharão suas contas ao Poder Executivo da União até 30 de abril.
§ 2º O descumprimento dos prazos previstos neste artigo impedirá, até que a situação seja regularizada, que
o Poder ou órgão referido no art. 20 receba transferências voluntárias e contrate operações de crédito,
exceto as destinadas ao pagamento da dívida mobiliária.” (NR)

Ressalta-se, ainda, que foi alterado o caput do art. 59 da LRF, para acrescentar a observância das normas de
padronização metodológica editadas pelo conselho de gestão fiscal:
“Art. 59. O Poder Legislativo, diretamente ou com o auxílio dos Tribunais de Contas, e o sistema de controle
interno de cada Poder e do Ministério Público fiscalizarão o cumprimento desta Lei Complementar,
consideradas as normas de padronização metodológica editadas pelo conselho de que trata o art. 67, com
ênfase no que se refere a:
...................................................................................................................................” (NR)

3 - TRIBUNAL DE CONTAS
Possui natureza de órgão constitucional autônomo (autonomia administrativa, financeira,
etc), logo, não é um órgão subordinado ao Legislativo.
 É órgão de auxílio do Legislativo.
 É inconstitucional lei estadual que prevê recurso hierárquico de decisão do TCE à
Assembleia Legislativa.
 A fiscalização financeiro-orçamentário é um controle externo.
 O controle externo é feito pelo legislativo, com auxílio do TCU.
7

 O art. 70, parágrafo único, da CF, diz a quem cabe a prestação de contas, de modo que o
que determina a obrigatoriedade da prestação de contas é a natureza do recurso e não da
pessoa.
o O dever de prestação de contas é tão importante que sua inobservância pode
ensejar uma intervenção federal.

Fiscalização nos âmbitos federados:


 Federal: a fiscalização cabe ao congresso nacional, com auxílio do TCU.
 Estado: cabe à Assembleia legislativa, com auxílio do TCE.
 DF: cabe à Câmera Legislativa, com auxílio do TCDF;
 Município: cabe à Câmara de Vereadores, auxiliada pelo TCE ou TCM, onde houver.
o Atualmente, não se permite mais a criação de Tribunais de Contas Municipais,
embora se remanesçam os que já haviam sido criados (RJ e SP).
o Interpretação do STF: o Município não pode criar para si mesmo um órgão, conselho
ou Tribunal de contas municipais, mas, pela dicção do §1º do art. 31 da CF aponta
que o Estado pode criar um tribunal de contas municipais para desafogar o TCE.
o Até existem: Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás.

STF 2016 – Apreciação de contas do prefeito


Para os fins do artigo 1º, inciso I, alínea g, da Lei Complementar 64/1990, a apreciação das contas
de Prefeito, tanto as de governo quanto as de gestão, será exercida pelas Câmaras Municipais, com
auxílio dos Tribunais de Contas competentes, cujo parecer prévio somente deixará de prevalecer
por decisão de dois terços dos vereadores.
Parecer técnico elaborado pelo Tribunal de Contas tem natureza meramente opinativa, competindo
exclusivamente à Câmara de Vereadores o julgamento das contas anuais do chefe do Poder
Executivo local, sendo incabível o julgamento ficto das contas por decurso de prazo.
STF. Plenário. RE 848826/DF, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o acórdão Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 10/8/2016 (repercussão geral) (Info 834).

Contas de GOVERNO Contas de GESTÃO


8

Também denominadas de contas de Também chamadas de contas de ordenação de


desempenho ou contas de resultado. despesas.
Ao prestar estas contas, o administrador tem Esta prestação de contas tem como objetivo
como objetivo demonstrar que cumpriu o avaliar não os gastos globais do governante,
orçamento dos planos e programas de mas sim cada um dos atos administrativos que
governo. compõem a gestão contábil, financeira,
orçamentária, operacional e patrimonial do
ente público.
Tais contas são referentes à atuação do chefe Tais contas são referentes à atuação do chefe
do Poder Executivo como agente político. do Poder Executivo como administrador
público.

a) Composição: o TCU é composto por 9 ministros.


 2/3 indicados pelo Legislativo (6);
 1/3 indicado pelo Presidente da República (3);
o 1 dentre os auditores do TCU;
o 1 dentre os membros do MP especial do TCU;
o 1 de livre escolha.

O TCE possui 7 conselheiros. De acordo com o STF (não está na CF):


 4 indicados pelo legislativo;
 3 pelo Governador.
o 1 dentre os auditores do TCE;
o 1 dentre os membros do MP especial do TCE
o 1 de livre escolha.

Requisito para integrar Tribunal de Contas Estadual – Info 584 STJ


Membro do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas de Estados ou do Distrito Federal que
ocupa esse cargo há menos de dez anos pode ser indicado para compor lista tríplice destinada à
escolha de conselheiro da referida corte.
9

#Fundamentação: O art. 73, § 1º, da CF/88 não estabelece que os membros do Ministério Público
ou os auditores devem ter mais de 10 anos no cargo para poderem ser nomeados para a função de
membro do Tribunal de Contas. O que o § 1º do art. 73 da CF/88 prevê é que, para ser nomeado
membro do Tribunal de Contas, a pessoa deve ter mais de 10 anos de exercício de função ou de
efetiva atividade profissional que exija notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e
financeiros ou de administração pública.
Desse modo, a pessoa pode ter apenas 7 anos, por exemplo, no cargo de Procurador de Contas,
mas se ela tiver outros 3 anos de atividade profissional na qual se exija notórios conhecimentos
jurídicos, ela terá preenchido o requisito constitucional.
STJ. 2ª Turma. RMS 35.403-DF, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 3/3/2016 (Info 584).

Obs.: O MP Especial junto ao TC não está dentro da estruturação do MP tradicional e integra o


Tribunal de Contas, sendo uma carreira própria.
 No passado, se admitia a comunicação dos membros do MP Estadual com o do MP Especial,
mas isso não se admite mais. Carreiras isoladas, estanques.

Obs.2: Conforme entendimento do STF, é possível a criação de procuradoria especial no âmbito de


tribunal de contas, com competência para representá-lo judicialmente nos casos em que este
necessite praticar, em juízo e em nome próprio, atos processuais na defesa de sua autonomia e
independência em face dos demais poderes e para exercer a atividade de consultoria e
assessoramento jurídico aos órgãos do tribunal.

b) Atribuições do TCU: estão previstas nos incisos do caput do art. 71 da CF:


Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal
de Contas da União, ao qual compete:
I - Apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio
que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;
 Quem julga as contas é o Congresso Nacional (art. 49, X), o TCU apenas aprecia.
 51, II: se o PR não prestar contas, caberá à Câmara dos Deputados proceder à tomada de
contas, exigir a prestação de contas.
 Art. 166, §1º, I + art. 72: comissão mista orçamentária examinar e emitir parecer sobre as
contas apresentadas anualmente pelo PR.
10

II - Julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores
públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e
mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou
outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;
 Aqui, o TCU tem o condão de decidir a respeito.
 Apesar de ter o poder de julgar, não é órgão jurisdicional.
 É possível ocorrer revisão judicial das decisões do tribunal de contas, no entanto, quanto ao
seu mérito alguns defendem que pode se a decisão extrapolar a proporcionalidade, outros
dizem que não pode (revisar o mérito).

III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título,
na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público,
excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de
aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o
fundamento legal do ato concessório;
 Ato de admissão tem que ser apreciado pelo TCU, mas se for cargo em comissão não
precisa;
 O “bem como” refere-se à regra, que deve ser apreciada as concessões de aposentadoria,
pensões e reforma, de acordo com a regra;
 O “ressalvadas” abre uma nova exceção, desta vez dentro da regra das aposentadorias.
 Ou seja, temos: regra-exceção-regra-exceção.
 Súmula Vinculante nº 3: Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se
o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação
de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do
ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.
o Há ampla defesa e contraditório no TCU, exceto quando da apreciação da legalidade
de ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.
o Isso é ato administrativo complexo, que depende da manifestação de dois órgãos
(TCU na sequência), de modo que o indivíduo pode sustentar suas razões no órgão
11

de origem, além de não se tratar de anulação ou revogação, mas sim de perfeição do


ato.

* (Atualizado em 09.05.2020): #DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO: Em atenção aos princípios da segurança


jurídica e da confiança legítima, os Tribunais de Contas estão sujeitos ao prazo de cinco anos para o
julgamento da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, a contar da
chegada do processo à respectiva Corte de Contas.
STF. Plenário. RE 636553/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 19/2/2020 (repercussão geral – Tema
445) (Info 967).

IV - Realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão
técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II;

V - Fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União
participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;

VI - Fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo,
ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município;

VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por
qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas;

VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as


sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano
causado ao erário;
 Trata-se do poder de coercibilidade.
 O STF entende que o TCU tem poder de cautela, uma vez que tem poder decisório (art. 71,
§3º). Então, para garantir a efetividade de suas decisões, ele pode expedir uma cautelar.
(Lembrar que CPI não tem poder de cautela. TCU tem).
12

 As decisões do TCU já são títulos executivos.


o As decisões do Tribunal que resulte em imputação de débito ou multa terão eficácia
de título executivo, devendo a ação ser proposta pelo ente público beneficiário da
condenação e não pelo próprio Tribunal.

TRIBUNAL DE CONTAS
Auditoria do TCU e desnecessidade de participação do servidor indiretamente afetado
Em auditoria realizada pelo TCU para apurar a gestão administrativa do Poder Legislativo, os
servidores indiretamente afetados pelas determinações do Tribunal não possuem direito de serem
ouvidos no processo fiscalizatório.
Não existe, no caso, desrespeito ao devido processo legal.
A atuação do TCU ficaria inviabilizada se, nas auditorias realizadas, fosse necessário intimar, para
integrar o processo administrativo de controle, qualquer um que pudesse ser alcançado, embora
de forma indireta, pela decisão da Corte.
STF. 1ª Turma. MS 32540/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 29/3/2016 (Info 819).

IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato
cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;
 Refere-se a ato e contrato.

X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos
Deputados e ao Senado Federal;
 Compete ao TCU sustar, se não atendido o prazo assinado no inc. IX, a execução do ATO
apenas.
 A sustação de contrato caberá ao Congresso Nacional, consoante o §1º do art. 73.
 Se o Congresso Nacional não sustar no prazo de 90 dias, o Tribunal decidirá a respeito.
XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.

 Quebra do Sigilo Bancário: tanto o TCU como as demais Cortes de Contas, em razão da simetria,
não tem competência para decretar a quebra do sigilo bancário, mesmo diante das atividades que
desempenham.
13

*#ATENÇÃO: O envio de informações ao TCU relativas a operações de crédito originárias de


recursos públicos não é coberto pelo sigilo bancário (STF. MS 33340/DF, j. em 26/5/2015).

 Controle de Constitucionalidade: embora editada sob a égide de outra Constituição (1963), ainda
é vigente a Súmula 347 do STF, representando um controle de constitucionalidade posterior ou
repressivo não jurisdicional.
 Súmula 347 STF: O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a
constitucionalidade das leis e dos atos do poder público.
 O Min. Gilmar Mendes já esposou entendimento da necessidade de rediscussão dessa
súmula.

*(atualizado em 16/11/2022)
Súmula 347-STF: O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a
constitucionalidade das leis e dos atos do poder público.
• Aprovada em 13/12/1963.
• Existe divergência se essa súmula está superada.
• Manifestaram-se expressamente pela superação da súmula: Ministros Alexandre de Moraes e
Gilmar Mendes.
• Manifestaram-se expressamente pela manutenção da súmula: Ministros Roberto Barroso e Edson
Fachin.
• A Min. Rosa Weber afirmou que o Tribunal de Constas pode “pelo voto da maioria absoluta de
seus membros, afaste a aplicação concreta de dispositivo legal reputado inconstitucional, quando
em jogo matéria pacificada nesta Suprema Corte”.

Anulação de acordo extrajudicial pelo TCU


O TCU tem legitimidade para anular acordo extrajudicial firmado entre particulares e a
Administração Pública, quando não homologado judicialmente.
Se o acordo foi homologado judicialmente, o TCU não pode anulá-lo porque a questão já passou a
ser de mérito da decisão judicial, o que não pode ser revisado pelo Tribunal de Contas.
Contudo, sendo o acordo apenas extrajudicial, a situação está apenas no âmbito administrativo,
de sorte que o TCU tem legitimidade para anular o ajuste celebrado.
14

STF. 1ª Turma. MS 24379/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 7/4/2015 (Info 780)

c) Atribuições do TCE: são as mesmas do TCU no respectivo âmbito.


 Simetria. Reprodução obrigatória. Não podem a CE ou Leis Estaduais ampliar ou reduzir as
atribuições.
 O TCM tem um parecer mais vinculante, pois emitirá parecer técnico e prévio sobre as
contas prestadas anualmente pelo Prefeito, podendo ser rejeitado pela Câmara Municipal
pelo voto de 2/3 dos seus membros, em confronto com à apreciação das contas do PR e
Governador, em que os pareceres são meramente opinativos. Mas a competência para
julgamento das contas é da Câmara (ver julgado recente acima).

BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

- Fusão de: Apontamentos do Dizer o Direito + Manual de Direito Financeiro (Harrison Leite) +
Direito Constitucional Esquematizado (Pedro Lenza) + Apostilas João Lordelo.

DISPOSITIVOS PARA CICLO DE LEGISLAÇÃO

DIPLOMA DISPOSITIVOS
CONSTITUIÇÃO FEDERAL Artigos 70-75 CF

Você também pode gostar