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Sistema Tributário

Nacional e os principais
conceitos dele decorrente

Módulo I
Sumário
1.1 - Introdução.................................................................................................................................................................................1.3

1.2 - O sistema tributário nacional – Noções.................................................................................................1.4

1.2.1 - A Constituição Federal....................................................................................................................................1.4

1.2.2 - O Código Tributário Nacional.............................................................................................................. 1.6

1.3 - A auditoria tributária e de obrigações acessórias..................................................................... 1.8

1.3.1 - Auditoria externa ................................................................................................................................................ 1.8

1.3.2 - Auditoria interna................................................................................................................................................. 1.9

1.3.3 - Finalidade da auditoria tributária e de obrigações acessórias.....................1.10

1.3.4 - Relevância da auditoria tributária e de obrigações acessórias..................... 1.12

1.3.5 - Responsabilidade da equipe pela auditoria de tributos.........................................1.13

1.3.6 - As principais atribuições da auditoria de tributos.........................................................1.15

1.3.7 - O perfil do auditor da área tributária........................................................................................1.17

1.3.8 - Técnicas de auditoria de tributos..................................................................................................... 1.18

1.4 - Verificações de conformidade: com o planejamento e com a utilização dos


benefícios e incentivos........................................................................................................................................................ 1.19

1.4.1 - Conformidade, compliance e integridade............................................................................... 1.19

1.4.2 - Para que serve o planejamento tributário............................................................................1.22

1.4.3 - Benefícios e incentivos fiscais.............................................................................................................. 1.24

1.4.4 - Verificações de conformidade com o planejamento................................................... 1.25

1.4.5 - Verificações de conformidade de utilização dos benefícios e incentivos


fiscais..............................................................................................................................................................................................1.26

1.5 - Conclusão...................................................................................................................................................................... 1.27

1.6 - Referências..................................................................................................................................................................1.28
1.1 - INTRODUÇÃO
Nesse módulo 1, visamos revisar e discutir acerca dos principais
conceitos atuais dos temas auditoria interna e externa, a finalidade
da auditoria tributária e de obrigações acessórias.

Discutiremos a relevância da auditoria tributária no processo de


gestão, além da responsabilidade da equipe encarregada da mesma.
Abordaremos ainda técnicas de auditoria e o seu processo de execução.

Trataremos, ainda, dos temas afetos a conformidade e compliance


em termos de matéria tributária de obrigações acessórias, bem
como a finalidade do planejamento tributário para o sucesso das
organizações.

Finalmente veremos, resumidamente, o conceito de benefícios


fiscais, bem como as técnicas que empresas modernas têm utilizado
para acesso aos mesmos e o seu processo de agregação de valor
ao seu sucesso.

Bom estudo!

1.3
Auditoria Tributária e de Obrigações Acessórias

1.2 - O SISTEMA TRIBUTÁRIO


NACIONAL - NOÇÕES

Para José Afonso da Silva (2014, p. 656), designa-se por sistema


tributário o conjunto, mais ou menos coerente, de instituições,
regras e práticas tributárias, consideradas seja nas suas recíprocas
relações, seja quanto aos efeitos globalmente produzidos sobre a
vida econômica e social. O sistema envolve sempre organicidade.

No nosso ordenamento jurídico, o Sistema Tributário Nacional é


amplamente tratado na lei maior (Constituição Federal) em seus
artigos 145 a 162, os quais tratam desde as limitações do poder de
tributar, até as repartições das receitas tributárias.

1.2.1 - A Constituição Federal

Fique por dentro...

Sabe-se que a nossa Constituição é um espeço rígido, ou seja,


possui um ritual específico e que cria dificuldades em seu
processo de alteração, quer seja pela exigência de quórum
específico, quer seja pela existência de cláusulas pétreas (que não podem ser
modificadas) e pela complexidade e solenidade em seu conjunto de normas.

1.4
Módulo I

Há, na Constituição Federal, mais de 100 regras tributárias inseri-


das que, de uma forma ou de outra, determinam todo arcabouço
tributário exigido das normas e regras infraconstitucionais. Final-
mente, pode-se afirmar que o sistema tributário nacional depende
dos princípios constitucionais que regem a matéria, quais sejam:

1.5
Auditoria Tributária e de Obrigações Acessórias

O art. 59 da CF traz, de forma exaustiva, a hierarquia de nosso


processo legislativo, o qual compreende a elaboração de emendas
à Constituição, Leis complementares (entre elas o Código Tributá-
rio Nacional, que adquiriu esse status), leis ordinárias, leis delega-
das, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções.

Vamos tratar, de maneira genérica, a seguir, dos principais aspec-


tos relativos ao Sistema Tributário Nacional, inserido em nosso
Código Tributário Nacional, conhecido como CTN.

Fique por dentro...

Para maior aprofundamento, recomendamos que leia a


bibliografia recomendada e acesse a Constituição Federal.
Link: https://bit.ly/2FRwJpM Acesso: 26/08/2020

1.2.2 - O Código Tributário Nacional

O CTN, como é conhecido popularmente, é anterior à promulga-


ção da Constituição Federal, eis que suas normas foram instituídas
através da Lei nº 5.172 de 25 de outubro de 1966.

Mais especificamente em relação ao tema Sistema Tributário


Nacional, referido código trata exaustivamente em seus artigos 2º
a 95, em seus títulos específicos quanto a:

1.6
Módulo I

Fique por dentro...

Para maior aprofundamento, recomendamos que leia a


bibliografia recomendada e acesse a Código Tributário
Nacional. Link: https://bit.ly/3lgFudv Acesso: 26/08/2020

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Auditoria Tributária e de Obrigações Acessórias

1.3 - A AUDITORIA TRIBUTÁRIA E DE


OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS
1.3.1 - A auditoria externa

Também chamada de auditoria fis-


cal, esta ocorre quando o fisco (fede-
ral, estadual ou municipal), no uso de
suas atribuições e prerrogativas legais,
mediante rito especial, efetua verifica-
ção nos processos e procedimentos dos
seus contribuintes, relativos ao crédito,
à recuperação, à apuração, à escritu-
ração e ao recolhimento dos tributos a
ele destinado.

Verifica-se portanto a conformidade e aderência de todos os con-


troles dos contribuintes (chamados de sujeitos passivos), às nor-
mas e procedimentos definidos em lei, para cumprimento correto
de suas determinações.

Caso o contribuinte (auditado) não cumpra sua obrigação – prin-


cipal ou acessória – é lavrado um Auto de Infração e Imposição
de Multa para que, além de corrigir o erro ou equívoco, se faça o
pagamento do que foi determinado em auditoria.

1.8
Módulo I

Porém, caso o contribuinte não concorde com a autuação, há um


ritual (processo administrativo e por fim judicial) para contestação
da autuação e, ainda, para redução da multa.

Se, entretanto, o contribuinte entender que a auditoria levantou


corretamente a infração, faz o pagamento da multa com o des-
conto previsto na lei, dentro do prazo determinado por ela.

Fique por dentro...

Para maior aprofundamento sobre auditoria tributária,


acesso o portal tributário.
Link: https://bit.ly/2QteCbL Acesso: 26/08/2020

1.3.2 - Auditoria Interna

Segundo o portal Auditoria Operacional¹, a audito-


ria interna começou a vigorar em 1941, em New York,
após a fundação do Institute of Internal Auditors.

O caráter da auditoria interna tributária é preventivo, ou seja,


analisa-se os procedimentos tributários dentro da empresa, com
vistas a verificar se os mesmos estão de acordo com a legislação
em vigor à época da ocorrência do fato gerador e do período de
competência de apuração e registro.
1
Portal Auditoria Operacional. Disponível em: https://auditoriaoperacional.com.br/auditoria-interna-aspectos-historicos/ - Aces-
so em 26/08/2020.

1.9
Auditoria Tributária e de Obrigações Acessórias

Sua importância é latente, pois também visa garantir a legalidade


do processo de planejamento tributário e fiscal, bem como sua
aderência aos controles operacionais da organização.

A propósito, as políticas operacionais, financeiras e demais proces-


sos devem estar em consonância com o que determinam as mais
diversas leis e normas tributárias, relativas a cada um dos sujeitos
ativos da obrigação (Federal, Estadual e Municipal).

Fique por dentro...

Quer se aprofundar nas diferenças entre auditoria externa


e interna? Acesse o portal de auditoria abaixo.
Link: https://bit.ly/32rtZqT Acesso: 26/08/2020

1.3.3 - Finalidade da auditoria tributária e de


obrigações acessórias

Para que uma empresa possa prosperar e se manter no mercado


concorrido dos dias atuais, há necessidade de que seus gestores
e responsáveis garantam o cumprimento das normas e leis
anteriormente referidas. Portanto, a principal finalidade da equipe
de auditoria interna é garantir que esse processo de cumprimento
das obrigações, principal e acessórias, esteja dentro da legalidade
e dos prazos previstos.

1.10
Módulo I

Assim, além do pagamento do tributo, deve-se


garantir que a escrituração, apresentação
das declarações e demais obrigações estejam
sendo cumpridas. Sabe-se que, nos dias atuais,
o volume de normas e regras tributárias é muito
grande e, portanto, as empresas precisam de
estruturas de controles cada vez maiores, o
que por vezes inviabiliza o andamento dos
negócios. Assim, é obrigação das empresas se utilizarem, cada vez
mais, de sistemas e programas que facilitem tal comprimento da
legislação e das normas.

Todos os atos e fatos que ocorrem dentro de uma organização,


no seu dia-a-dia, acabam por gerar a necessidade de controles. É
nesse momento que entra em campo a equipe de controle interno
e de auditoria, que age como parte do processo de controle e
de facilitação da geração constante de valor e da remuneração
atrativa aos seus investidores e da melhoria da qualidade de vida
no entorno empresa. A isso dá-se a denominação de cumprimento
da função social da empresa.

Quanto mais a empresa cumpre sua


função social, maior é a possibilidade de
sua sustentabilidade no mercado em que
atua, como consequência da melhoria
constante de sua imagem institucional.

1.11
Auditoria Tributária e de Obrigações Acessórias

1.3.4 - Relevância da auditoria tributária e de obriga-


ções acessórias no processo de gestão empresarial

Segundo Borges (2016, p. 1), os profissionais que integram a alta


gerência das organizações empresariais têm plena convicção de
que os tributos incidentes das operações industriais, negócios
mercantis e prestações de serviços, juntamente com aquele que
gravam as receitas e os resultados obtidos, representam o maior
passivo das empresas. Por outro lado, esses executivos estão
plenamente convictos do significativo grau de sofisticação e
complexidade da legislação pertinente a essas espécies tributárias.
Assim, a significativa relevância da área de tributos no universo
dos negócios vem exigindo da alta gerência das empresas uma
eficaz gestão da obrigações tributárias.

Nesse sentido, o grande desafio tem sido reduzir os gastos


necessários à reunião dos instrumentos e meios necessários à
obtenção da referida eficácia. Por esse motivo, se torna cada vez
mais imperioso fazer com que a auditoria tributária seja um dos
principais parceiros no processo de gestão no adimplemento das
obrigações e no cumprimento do deveres instrumentais.

1.12
Módulo I

A auditoria tributária, além de parceira atua como meio de garantir


a prevenção a perdas decorrentes de má gestão da área de
tributos, pois sabe-se que, em caso de autuação por parte do fisco
(sujeito ativo), muitas operações acabam por ser inviabilizadas,
devido às pesadas sanções decorrentes dos desvios de condutas
das empresas.

Fique por dentro...

Leia também: A importância da auditoria fiscal como


prevenção contra contingências fiscais nas organizações.
Link: https://bit.ly/3b6C3Bu Acesso: 26/08/2020

1.3.5 - Responsabilidade da equipe pela auditoria de


tributos

O auditor interno exerce uma função de assessoria e não de linha.


Portanto, não possui qualquer tipo de autoridade sobre os membros
da área em que audita, principalmente quanto ao objeto de seu
trabalho. Nesse sentido, ele é livre para realizar seu processo de
revisão, análise das normas e aderência ao planejado e às normas
legais sobre os trabalhos executados por seus auditados.

1.13
Auditoria Tributária e de Obrigações Acessórias

Portanto, sua responsabilidade é a de levantar, discutir, assessorar


e auxiliar no processo de prevenção de potenciais riscos no
cumprimento das obrigações principais e acessórias da organização,
no que tange à área tributária.

Os demais membros da organização são os principais e maiores


responsáveis pelas atividades e obrigações procedimentais de suas
áreas de atuação.

A Resolução CFC nº 986/03 – NBC TI² 01 trata-se com detalhes


acerca da auditoria interna, suas responsabilidades, atribuições,
papéis de trabalhos e demais atividades.

1
Resolução CFC nº 986/03. BNC TI 01. Da Auditoria Interna. Disponível em: https://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-de-
-contabilidade/nbc-ti-de-auditoria-interna/. Acesso em: 11.04.2020.

1.14
Módulo I

1.3.6 - As principais atribuições da auditoria de tributos

Segundo Borges (2016, p. 2), cabe à auditoria de tributos a


realização das seguintes atribuições:

Analisar os procedimentos tributários adotados pelos


estabelecimentos industriais, comerciais e prestadores
de serviços, com o objetivo de avaliar se atendem às
determinações estatuídas na legislação dos impostos, taxas e
contribuições atinentes;

Evidenciar se os procedimentos tributários utilizados nos


vários estabelecimentos estão realmente formalizados
na respectiva documentação e escrita fiscal;

Avaliar se os procedimentos tributários em uso nos


diversos estabelecimentos consistem na alternativa legal
que possibilita o menor ônus fiscal possível;

Verificar se a economia de impostos obtida pelos


vários estabelecimentos decorreu de ações ou omissões
anteriores à concretização das respectivas hipóteses
legais de incidências tributárias;

1.15
Auditoria Tributária e de Obrigações Acessórias

E nos ensina que, os profissionais que integram o segmento


responsável pela auditoria de tributos devem proceder
sistematicamente a essas atribuições, a fim de obterem alto grau
de excelência no resultado de seus trabalhos.

1.16
Módulo I

1.3.7 - Perfil do profissional auditor da área tributária

O auditor profissional da área tributária deve, entre outas


características, agir com:

Além disso, segundo vários autores, para o auditor interno da


área obter o respeito e a cooperação de seus auditados, deve
agregar outras características, tais como: humildade razoável,
empatia e conduta irrepreensível.

1.17
Auditoria Tributária e de Obrigações Acessórias

1.3.8 - Técnicas na auditoria de tributos

Ter em mãos um bom instrumento de trabalho no processo de


auditagem tributária pode fazer toda a diferença, quando o
profissional vai a campo. Além de planejar todas as fases, o escopo
e emitir um check-list completo, o auditor deve seguir técnicas
específicas que garantem o sucesso dessa atividade.

Segundo Tatiane Romana³, deve-se seguir um “passo-a-passo” para


a realização eficaz das técnicas de auditoria de tributos. São eles,
resumidamente:

³
Passo a passo para realizar uma auditoria tributária. Disponível em: http://lopesmachado.com/passo-a-passo-para-realizar-u-
ma-auditoria-tributaria/ - Acesso em 11.04.2020.

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Módulo I

1.4 - VERIFICAÇÕES DE CONFORMIDADE


COM O PLANEJAMENTO E COM A
UTILIZAÇÃO DE BENEFÍCIOS E INCENTIVO

1.4.1 - Conformidade, compliance e integridade

Muito se tem falado, nos dias atuais em que se exige cada vez
mais resultados e retornos, em estar conforme ou em compliance
com as normas e procedimentos previamente definidos.

Além disso, o que é ser


íntegro e ético?
Como estabelecer um programa de integrida-
de e, mais ainda, mantê-lo a contento, sem que
isso gere altos gastos para a organização?

Assi (2018, p. 19) nos auxilia a pensar em compliance. Para


ele, falar em compliance ou conformidade é a mesma coisa. E
complementa: o mais difícil é fazer as pessoas seguirem-no.

Por esse prisma, muita gente vem associando a Governança


Corporativa aos programas de compliance ou de conformidade
nas empresas e nas relações de mercado.

1.19
Auditoria Tributária e de Obrigações Acessórias

A grande dificuldade é fazer com que a integridade seja


transformada em “palavra de ordem” no âmago das empresas,
eis que os colaboradores trazem arraigada uma cultura de
imediatismo. Assim, um dos papéis da auditoria tributária converge
para uma espécie de parceiro e consultor no atendimento da
missão, visão e das estratégias previamente traçadas pela alta
gestão. Aculturar os colaboradores pode ser, e é, um árdua tarefa,
que deve ser a busca de todas as áreas dentro da empresa.

Falando em integridade4, é necessário em primeiro lugar falar


em programa de compliance, que deve seguir alguns passos em
seu processo de implantação, quais sejam:

4
Você sabe a diferente entre Programa de Compliance e Programa de Integridade? Disponível em: https://amlreputacional.
com.br/editorial/voce-sabe-a-diferenca-entre-programa-de-compliance-e-programa-de-integridade- - Acesso em: 12.04.2020.

1.20
Módulo I

Assim, várias são as fases necessárias à implantação eficaz e


eficiente de um programa de integridade, o que será utilizado pela
empresa, como um guia a ser seguido por todos os envolvidos no
processo de gestão e operações. Tal programa deve seguir alguns
pilares, para que tenha uma certa garantia de sucesso. São eles,
resumidamente:

Além disso, no Brasil encontra-se em pleno vigor a chamada Lei


Anticorrupção, que dispõe sobre a responsabilização administrativa
e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a
administração pública, nacional ou estrangeira (Lei nº 12.846, de
1º de agosto de 2013).

1.21
Auditoria Tributária e de Obrigações Acessórias

Indicação de Leitura

Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013


Link: https://bit.ly/32vdydb Acesso: 26/08/2020

Fique por dentro...

Quer saber mais sobre conformidade, compliance e


integridade?
Link: https://bit.ly/3hCZ9lG Acesso: 26/08/2020

1.4.2 - Para que serve o planejamento tributário

É cediço para todas as camadas da população que a carga


tributária brasileira é uma das maiores do mundo. Além disso,
nossa legislação é uma das mais complexas e sofre alterações
hodiernamente.

CEDIÇO

Sabido de todos; antigo, velho.

1.22
Módulo I

Assim, o planejamento tributário é uma das formas de se praticar


a elisão fiscal, ou seja, buscar maneiras lícitas de evitar sobrecarga
indevida em termos tributários nos custos das entidades.

A Constituição Federal, no artigo 170 permite a prática da livre


iniciativa e da livre concorrência, ou seja, a empresa que melhor
souber utilizar a legislação a seu favor, pode sair na frente na
batalha global pela sobrevivência. A Lei das Sociedades por
Ações (6.404/1976), também trata, em seu artigo 153, do dever
de diligência do administrador da companhia ao praticar o
planejamento tributário.

Portanto, reduzir a carga tributária a qualquer custo pode significar


a prática de crimes contra a ordem tributária, que se encontram
capitulados na Lei 8.137, de 27 de dezembro de 1990, que define
crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as reações
de consumo.

Padoveze et al (2017, p. 51), nos traz um resumo dos crimes


contra a ordem tributária, quando se suprime ou reduz tributo e
qualquer obrigação acessória, mediante condutas ilegais, ou seja,
a denominada evasão fiscal.

Indicação de Leitura

Lei 8.137, de 27.12.1990


Link: https://bit.ly/3baHfnS Acesso: 26/08/2020

1.23
Auditoria Tributária e de Obrigações Acessórias

Mais uma vez, chamamos a atenção para a responsabilidade


do auditor interno, quando realiza a auditoria tributária e das
obrigações acessórias, quando analisa, relata, instrui e assessora
sobre os aspectos relativos ao planejamento tributário.

1.4.3 - Benefícios e incentivos fiscais

A própria Constituição Federal


trata desse assunto, em seu artigo
150 (quando define as condições
legais para a concessão de
benefícios fiscais) e no artigo 218
(ao definir que o Estado promoverá
e incentivará o desenvolvimento
científico, a pesquisa e a capacitação
tecnológica).

Esses incentivos podem ser setoriais, por tipo de produtos e serviços,


visando sempre o bem estar dos cidadãos, a garantia de emprego
e a eficácia na geração de lucros e resultados aos empreendedores.
Auditar os incentivos fiscais, a forma com que os mesmos são obtidos
e sua otimização também é um papel de extrema importância no
processo de avaliação da gestão da área tributária. Portanto, as
expressões benefícios e incentivos fiscais podem ser consideradas
como sinônimos e sua principal característica é o fomento do
desenvolvimento, reduzindo direta ou indiretamente o ônus
tributário.

1.24
Módulo I

O acesso a tais benefícios ou incentivos, em maior ou menor


proporção, depende muito da competência dos gestores da área
tributária e do conhecimento holístico que os mesmos possuem
do mercado onde atual, dos aspectos políticos e das decisões
governamentais diárias. Destarte, o acompanhamento de todo
arcabouço tributário, suas alterações e modificações devem ser
uma constante preocupação de todos os envolvidos nesse processo
de otimização e gestão da carga tributária.

1.4.4 - Verificações de conformidade com o


planejamento

O acompanhamento do processo de
gestão tributária é uma das mais
importantes etapas do processo de
verificação de conformidade e da
aderência com o que foi planejado.

Assim, utiliza-se da escrituração fiscal


como uma ferramenta de análise da
eficiência operacional e, a partir daí,
avalia-se o quanto a gestão dos tributos e das obrigações a ela
correlatos estão colaborando, ou não, para a redução dos custos
e sustentabilidade da empresa. A carga tributária é muito grande
e representa grande parte dos custos das organizações e dos
produtos, que ao final, são suportados pelo consumidor.

1.25
Auditoria Tributária e de Obrigações Acessórias

Então, ao falarmos em usar os dados, transformá-los em um sistema


informacional eficiente pode ajudar os gestores a tomarem decisões
tempestivas sobre portfólio de produtos, localização de fábricas
e outras decisões que venha a convergir para maior eficiência
tributária e estrutural.

Como vimos, o planejamento tributário é uma ferramenta de


extrema importância ao sucesso das empresas e, desta forma,
deve ter sua aderência às operações constantemente criticado e
auditado.

1.4.5 - Verificações de conformidade de utilização de


benefícios e incentivos fiscais

Como já tivemos a oportunidade de


mencionar os benefícios e incentivos fiscais,
tal qual previsto na legislação, visam
reduzir ou extinguir as alíquotas e custos de
determinados tributos a serem pagos, por
algumas operações, produtos ou setores do
mercado.

Normalmente são materializados sob a forma


de redução ou até mesmo de isenção fiscal.
Assim, os incentivos podem ser divididos em regionais (aplicáveis
às regiões norte e nordeste, à Zona Franca de Manaus e outros) e
em incentivos fiscais sociais e setoriais (normalmente aplicáveis às

1.26
Módulo I

empresas do lucro real), que visam fomentar e incentivar iniciativas


não promovidas pelo estado, como por exemplo à cultura, à
tecnologia, à inovação, entre outros.

Normalmente, há uma lei ordinária que regulamenta a concessão


do incentivo fiscal, nas esferas federal, estadual ou municipal.

1.5 - CONCLUSÃO

No primeiro módulo, tivemos a oportunidade de discutir, entre


outros temas, as finalidades, a demanda e o perfil do profissional
auditor da área tributária.

Discutimos ainda como podemos fazer verificações seguras e


completas da conformidade com o planejamento tributário, com a
realização do compliance, da criação de planos de e programas
de integridade.

Finalmente, vimos alguns aspectos relativos à utilização de benefícios


e incentivos fiscais. Lembramos que você deve fazer uma leitura
atenta do material aqui exposto, das bibliográficas e do material
recomendado.

Bom estudo e sucesso a todos!

1.27
Auditoria Tributária e de Obrigações Acessórias

1.6 - REFERÊNCIAS
ASSI, MARCOS. Compliance: como implementar. São Paulo: Trevisan Editora, 2018.

BARTINE, CAIO. Direito tributário. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2012. V. 3

BORGES, HUMBERTO BONAVIDES. Auditoria de tributos IPI, ICMS e ISS. 5. ed. – São Paulo: Atlas,
2016.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/


constituicao/ConstituicaoCompilado.htm

CARVALHO, PAULO DE BARROS. Curso de Direito Tributário. 23. ed. – São Paulo: Saraiva, 2011.

CREPALDI, SILVIO APARECIDO ET AL. Auditoria fiscal e tributária. 2. ed. – São Paulo: Saraiva
Educação, 2019.

Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas
gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. http://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/leis/L5172Compilado.htm

Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as sociedades por ações.

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404compilada.htm

PADOVEZE, CLÓVIS LUÍS ET AL. Contabilidade tributária: teoria, prática e ensino. – São Paulo:
Cengage, 2017.

SANTOS, CLEÔNIMO DOS. Auditoria fiscal e tributária. 5. ed. – Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2018.

SILVA, JOSÉ AFONSO DA. Comentário textual à Constituição. 9 ed. – São Paulo: Malheiros, 2014.

1.28
Autor: Ademar Lucas
Designer: Mirela Martins

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