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Obrigações Tributárias

Acessórias

Módulo IV
Sumário
4.1 - Introdução...............................................................................................................................................................................4.3

4.2 - Obrigações acessórias.............................................................................................................................................4.4

4.2.1 - Generalidades.........................................................................................................................................................4.4

4.2.2 - Obrigação acessória de acordo com o CTN........................................................................4.5

4.2.3 - Os deveres instrumentais ou formais...........................................................................................4.7

4.2.4 - O lançamento tributário............................................................................................................................ 4.8

4.2.5 - Inadimplemento da obrigação – responsabilidade solidária.......................... 4.12

4.3 - Documentos e livros fiscais................................................................................................................................4.13

4.4 - Livros e demonstrações contábeis obrigatórios.........................................................................4.15

4.4.1 - Escrituração – artigo 1.179 – Código Civil...............................................................................4.15

4.4.2 - Livros obrigatórios..........................................................................................................................................4.15

4.4.3 - Demonstrações financeiras obrigatórias................................................................................ 4.16

4.5 - Tributação na fonte e responsabilidade do tomador por retenções....................4.17

4.6 - Riscos de não conformidades........................................................................................................................ 4.19

4.7 - Obrigações acessórias por tributos......................................................................................................... 4.21

4.7.1 - Tributos sobre a compra e venda de mercadorias, produtos e serviços...............4.22

4.7.2- Tributos e encargos sobre a folha de pagamento.................................................................................4.24

4.8 - Conclusão........................................................................................................................................................................... 4.24

4.9 - Referências.......................................................................................................................................................................4.26
4.1 - INTRODUÇÃO

Aqui, trataremos de um tema que reputamos de grande importância não


apenas no que concerne ao compliance em termos de atendimento às regras
e normas relativas à escrituração, apuração e prestação de contas de toda
movimentação fiscal da empresa em um certo período. O atendimento dessas
obrigações também deve ser visto como um aliado ao processo de construção
histórica dos comportamentos dos tributos e movimentações fiscais da organi-
zação dentro de um certo período.

Serve, ainda como um poderoso auxiliar no processo de prestação de contas


internas, sob o ponto de vista gerencial, eis que pode ser utilizado pelos gestores
no sentido de observar as movimentações periódicas (quando comparadas).
Através da análise acurada das movimentações fiscais, pode ser verificado,
por exemplo, se a empresa se comporta de maneira muito inconstante em seus
estoques, movimentações de mercadorias e demais processos de creditamento,
manutenção e estorno de crédito, se houve muita perda por obsolescência ou,
ainda, se ocorrem muitas avarias ou desvios de estoques. Sabe-se que tudo
o que foi exemplificado anteriormente pode afetar o processo de geração de
caixa e, como consequência, a alavancagem financeira das empresas.

Vamos tratar, dentro desse espírito de verificação não só da conformidade


tributária, mas também dos efeitos à reputação da empresa pela correta
escrituração fiscal, emissão de declarações fisco-contábeis, guarda de docu-
mentos fiscais, das retenções e dos riscos de não conformidade.

Abraço e ótimo módulo a todos!

4.3
Análise das Demonstrações Contábeis

4.2 - OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS

4.2.1 - Generalidades
Definir obrigação acessória parece fácil, principalmente para os empre-
sários menos interessados em entender o real efeito do seu descumpri-
mento, em termos de universo tributário.

Genericamente, Silva (1991: 269, vol. III) conceitua obrigação acessória


como sendo “a que vem junto de uma obrigação principal, vivendo em
dependência desta, para completa-la ou garanti-la”. É, portanto dife-
rente da obrigação alternativa prevista no Código Civil, eis que esta
decorre de prestações distintas e independentes e que podem ou não
ter obrigatoriedade de cumprimento.

Para a Fenacon as obrigações acessórias são, na verdade, um dever


administrativo cuja finalidade é gerenciar o cumprimento da obriga-
ção tributária que o tributo exige, fornecendo aos órgãos fiscalizadores
informações que confirmem o pagamento das obrigações principais.
Emitir notas fiscais, por exemplo, é uma obrigação acessória. Desse
modo, elas são necessárias para apurar, fiscalizar e arrecadar tributos.
Mesmo que uma empresa esteja dispensada de determinada obriga-
ção principal, ela nunca está livre de cumprir a obrigação acessória.

Indicação de leitura...

Obrigações acessórias: o que são e qual a sua importância?


Link: https://bit.ly/31R2KqJ Acesso: 26/08/2020

4.4
Módulo IV

4.2.2 - Obrigações Acessórias de acordo com o CTN

Na obrigação acessória tributária, há o regramento jurídico que


determina que o seu descumprimento pode se converter em obriga-
ção principal relativamente à penalidade pecuniária, conforme pres-
crito nos § 2º e 3º do artigo 113 do Código Tributário Nacional (Lei
5.172/1966):

Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.

§2º. A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem


por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no
interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos.

§ 3º. A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservân-


cia, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade
pecuniária.

Igualmente à obrigação principal, ela decorre da ocorrência de fato


jurídico devidamente prescrito em lei.

De acordo a FGV Management (2009, vol. 2, p. 20), a obrigação


tributária acessória não está diretamente relacionada nem com
o pagamento do tributo, nem com o pagamento da penalidade
pecuniária, mas sim com as obrigações de fazer (por exemplo,
emitir nota fiscal, escriturar um livro ou inscrever-se no cadastro de
contribuintes), não fazer (por exemplo, não inutilizar os documentos
e livros fiscais antes do prazo legal ou não receber mercadoria sem a

4.5
Análise das Demonstrações Contábeis

documentação legalmente exigida) e tolerar (por exemplo, submeter-


-se à fiscalização tributária, entre outras).

E, nos ensina que as obrigações


podem ser estabelecidas por
atos infralegais, desde que res-
paldadas na lei (princípio da
legalidade). O CTN continua
tratando de obrigação tri-
butária nos artigos 114 a 138.
Porém, ressaltamos o previsto
no artigo 122 que estatui: Art. 122.
Sujeito passivo da obrigação acessória é a pessoa obrigada às pres-
tações que constituam seu objeto. Castro e Souza (2010, p. 210), em
seu comentário ao Código Tributário Nacional ensina que “a obriga-
ção pelo cumprimento dos deveres instrumentais, ou seja, a emissão
de notas fiscais, a escrituração contábil, etc., recai, por óbvio, sobre as
pessoas indicadas pela lei como sujeitos passivos de tais obrigações”.

Para Bartine (2012, p. 120), sujeito passivo da obrigação tributária


acessória é a pessoa obrigada ao cumprimento das prestações que
constituam o seu objeto (art. 122 do CTN). Diz, ainda, que poderá
ser qualquer pessoa, seja contribuinte ou não, responsável ou não,
bastando que haja previsão na legislação tributária de que esteja
obrigado a fazer, não fazer ou tolerar em benefício da atividade
tributária e que todos têm o dever de colaborar com a fiscalização
tributária.

4.6
Módulo IV

4.2.3 - Os deveres instrumentais ou formais

Pagar tributo é uma obrigação do sujeito passivo. O pró-


prio artigo 3º do Código Tributário Nacional assim define
tributo, como uma obrigação de pagar em moeda ou
seu equivalente. A isso se dá o nome de obrigação
principal, como já vimos anteriormente.
Então, não há em todo universo jurí-
dico, empresa que não tenha uma
obrigação de pagar, seja ela com fim
lucrativo ou não. A isso damos o nome
de circulação econômica.

Porém, segundo Carvalho (2011, p. 359) há outras relações também


de índole fiscal, cujo objeto é fazer ou não fazer, insusceptível de con-
versão para valores econômicos.

Continua, em seu ensinamento que, ladeando a obrigação tributá-


ria, que realiza os anseios do Estado, enquanto entidade tributante,
dispõe a ordem jurídica sobre comportamentos outros, positivos ou
negativos, consistentes como fazer ou não fazer, que não se explicam
em si mesmos, preordenados que estão a facilitar o conhecimento, o
controle e a arrecadação da importância devida como tributo.

4.7
Análise das Demonstrações Contábeis

Por fim, opina que, sua preferência recai na expressão deveres instru-
mentais ou formais. E, explica:

Deveres, com o intuito de mostrar, de pronto,


A que não têm essência obrigacional, isto é, seu
objeto carece de patrimonialidade;

Instrumentais ou formais porque, tomados em conjunto, é o


B instrumento de que dispõe o Estado-Administração para o
acompanhamento e consecução dos seus desígnios tributários.

Acessórias ou instrumentais, a verdade é que para nosso estudo, deve-


mos pensar e cultivar a ideia de que se trata de uma obrigação, seja
ela de prestar conta ou de deixar de fazer algo que não esteja rela-
cionado ao recolhimento do tributo, mas que ela esteja em dependên-
cia, nas palavras de De Plácido e Silva1.

4.2.4 - O lançamento tributário

O lançamento tributário é um tema tão importante em termos de


arrecadação e fiscalização, que tem previsão legal já na Consti-
tuição Federal, em seu Art. 146, III, b: cabe à Lei Complementar
estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária,
especialmente sobre obrigação, lançamento, crédito, prescrição e
decadência tributários.

1
Silva, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. 11ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1991. 4v.

4.8
Módulo IV

O Código Tributário Nacional, com


sua função de lei complementar,
trata do assunto em diversos artigos
(142 a 150). Nesse momento, pare-
ce-nos importante trazermos à baila
o artigo 142, que assim define lança-
mento, em capítulo especial relativo
à constituição do crédito tributário:
compete à autoridade administrativa
constituir o crédito tributário pelo lan-
çamento, assim entendido o procedi-
mento administrativo tendente a veri-
ficar a ocorrência do fato gerador da
obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular
o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo o
caso, propor a aplicação da penalidade cabível.

Nesta esteira, Silva (1991: 46, v. III) define lançamento na linguagem


fiscal como sendo o ato pelo qual o lançador ou coletor, arbitrando
ou estimando a contribuição ou imposto a ser pago pelo contribuinte,
segundo as tarifas instituídas e o valor do negócio ou da propriedade,
coleta ou fixa a mesma contribuição nos livros fiscais. É a taxação dos
impostos e sua inscrição.

4.9
Análise das Demonstrações Contábeis

Continua, em seu vocabulário jurídico, ensinando


que ato contínuo, como o lançamento não se faz
peça definitiva, estando sujeito à impugnação, o
contribuinte é cientificado dele, pelos lançadores.
E, se tem razões para impugnar, dirige-se à auto-
ridade fiscal hierarquicamente superior, fazendo
suas objeções. O lançamento, caráter dos impostos
lançados, corresponde a uma inscrição do contri-
buinte, que pode ser efetivada ex offício, como pode ser promovida
voluntariamente pelo contribuinte (por homologação).

Para Carvalho (2011: 464) a definição de lança-


mento tributário deve ser vista como o ato jurídico
administrativo, da categoria dos simples, constitu-
tivos e vinculados, mediante o qual se insere na
ordem jurídica brasileira uma norma individual e
concreta, que tem como antecedente o fato jurídico tributário e, como
consequente, a formalização do vínculo obrigacional, pela individuali-
zação dos sujeitos ativo e passivo, a determinação do objeto da pres-
tação, formado pela base de cálculo e correspondente alíquota, bem
como pelo estabelecimento dos termos espaço-temporais em que o
crédito há de ser exigido.

4.10
Módulo IV

Como já tivermos a oportunidade de mencionar, há três modalidades


de lançamento, conforme previsto nos seguintes artigos do CTN:

Por declaração
De ofício
(artigo 149); Por homologação
(artigo 147);
(artigo 150).

Para FGV Management (2009: 73, v. 2), tem-se que a lei estabelece
que a atividade de lançamento possui cinco finalidades:

Verificação da ocorrência do fato gerador da


A obrigação correspondente;

Determinação da matéria tributável; B

4.11
Análise das Demonstrações Contábeis

Cálculo do montante do tributo devido (base de


C cálculo e alíquota);

Identificação do sujeito passivo (contribuinte


ou responsável);
D

E Aplicação de penalidade, quando cabível

4.2.5 - Inadimplemento da obrigação - responsabili-


dade solidária

Em termos de responsabilização do sócio-gerente pelo inadimple-


mento pela obrigação tributária, conforme previsão do Artigo 135,
III do CTN, é importante trazermos à tona o teor da Súmula 430 do
STJ2, que determina:

“O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não


gera, por si só, a responsabilidade solidária do sócio-gerente”.

2
Súmula 430 do STJ. Disponível em: https://bit.ly/34WnfnF

4.12
Módulo IV

4.3 - DOCUMENTOS E LIVROS FISCAIS


O sujeito ativo, através da autoridade adminis-
trativa competente para o processo de fiscali-
zação e auditoria das empresas, utiliza-se dos
documentos e livros fiscais emitidos para verifi-
car a acuracidade e a tempestividade utilizada
pelos seus contribuintes, principalmente visando
aferir se os mesmos estão respeitando o prin-
cípio da competência em seus registros. Com
isto, vis-a-vis a análise de tais livros e documentos, normalmente emi-
tidos através da escrituração fiscal digital (EFD) denotam também
a saúde das empresas, no que se refere-se à gestão de vendas, esto-
ques, controles e outras atividades no dia-a-dia de cada organização.

Assim, embora se trate de uma obrigação acessória, que redundará


na apuração de impostos e facilitação do ato de fiscalizar (ou de
auditar), temos que o processo de escrituração e guarda desses docu-
mentos são atualmente um dos aspectos mais importantes em termos
de pontos de controles dentro das entidades.

Não podemos nos esquecer, que a base de toda escrituração e con-


trole contábil-societária é a documentação fiscal emitida, recebida e
registrada no âmbito de cada empresa.

4.13
Análise das Demonstrações Contábeis

Dentre os principais livros fiscais obrigatórios, citamos alguns deles,


que estão relacionados no portal Contábeis3. São eles:

Registro de Entradas;

Registro de Saídas;

Registro de Controle da Produção e do Estoque;

Registro de Utilização de Documentos Fiscais e Termos de


Ocorrências;

Registro de Inventário;

Registro de Apuração de ICMS;

Livro de Movimentação de Combustível (LMC);

Livro de Controle de Crédito do Ativo Permanente (CIAP);

Registro de Apuração do IPI, equiparado a industrial ou


industrial.

Todos os livros são facilmente encontrados nas papelarias, podendo,


também, ser utilizado o Sistema Eletrônico de Processamento de
Dados (SEPD) para sua escrituração.

3
Silva, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. 11ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1991. 4v.

4.14
Módulo IV

4.4 - LIVROS E DEMONSTRAÇÕES


CONTÁBEIS OBRIGATÓRIOS

4.4.1 - Escrituração – artigo 1.179 – Código Civil

Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a


seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na
escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com docu-
mentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial
e o de resultado econômico.

4.4.2 - Livros contábeis obrigatórios

A Livro diário: artigo 1.184 – Código Civil;

B Livro razão: controla todas as contas patrimoniais des-


crita nos livro diário (art. 1.184 do Código Civil);

C Livro caixa: operações que envolvem bens e numerários;

D Livro registro de inventário: obrigatório para todas as


empresas, conforme RIR;

E Livro registro de prestações de serviços: para apuração


do ISS.

4.15
Análise das Demonstrações Contábeis

4.4.3 - Demonstrações financeiras obrigatórias

As demonstrações financeiras obrigatórias estão previstas no artigo


176 da Lei 6.404/1976 (LSA), que determina:

Art. Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar,


com base na escrituração mercantil da companhia, as seguintes
demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a
situação do patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no
exercício:

I – balanço patrimonial;

II – demonstração dos lucros e prejuízos acumulados;

III – demonstração do resultado do exercício;

IV – demonstração dos fluxos de caixa;

V – se companhia aberta, demonstração do valor adicionado

As notas explicativas também fazem parte das demonstrações finan-


ceiras obrigatória e o Parágrafo 5º do mesmo artigo traz uma série
de determinações, cuja leitura atenta recomendamos.

4.16
Módulo IV

4.5 - TRIBUTAÇÃO NA FONTE E


RESPONSABILIDADE DO TOMADOR POR
RETENÇÕES NA FONTE

Trata-se de um instituto que pode ser confundido com a substituição


tributária, mas não o é, pois sujeita à responsabilização, o tomador
de serviços prestados por pessoas jurídicas e outras pessoas jurídicas.
No âmbito federal, podemos citar o PIS a Cofins e CSLL e a parte
descontada para o IRPJ e o INSS. Já no âmbito municipal, temos a
figura do ISS, dependendo do município de prestação dos serviços.

Os impostos retidos devem ser repassados, dentro dos prazos legais


aos respectivos entes arrecadadores (sujeitos ativos), cuja principal
finalidade é o combate à sonegação fiscal, eis que responsabiliza o
tomador do serviço pelo recolhimento à ente estatal.

A legislação, coerentemente, permite a


compensação dos tributos retidos pelo
tomador dos serviços, na apuração do
seu montante devido. A jurisprudência,
ao decidir sobre o assunto, tem sido
unânime no sentido de responsabili-
zar o tomador dos serviços pela par-
cela do imposto retido na fonte. Logo

4.17
Análise das Demonstrações Contábeis

a responsabilidade é exclusiva daquele que toma o serviço e não


do prestador (que recebe pelo serviço), pelo pagamento do imposto
retido na fonte junto ao ente arrecadador.

A previsão legal dessa responsabilidade vem regulamentada nos


artigo 128 do CTN e também em seu artigo 166 trata da eventual
restituição de tributo descontado ou recolhido a maior.

No âmbito federal (IR, CSLL, PIS e Cofins) temos a regu-


lamentação da retenção na Lei nº 10.833, de 29.12.2003,
que cuida, entre outros assuntos, da retenção, arrecada-
ção e controle desses tributos.

Já, quando se trata de INSS sobre serviços tomados


de terceiros, a regulamentação está prevista na Lei nº
9.711, de 29.11.1998. Nesse caso, a retenção será feita
sobre o valor total dos serviços cobrados na nota fiscal,
correspondentes à cessão da mão-de-obra ou ainda à
empreitada contratada.

Quando falamos em tributo municipal, temos a figura do


ISSQN (Imposto sobre serviços de qualquer natureza).
Porém, é válida para os municípios que tiverem aderido
à prática da retenção do tributo na fonte. A previsão
legal está contida no artigo 6º da Lei Complementar
nº 116, de 31.07.2003.

4.18
Módulo IV

Há entidades que não estão Nessa mesma instrução, há o


sujeitas à retenção na fonte (do anexo V, a ser preenchido e
IRPJ, CSLL, da Cofins e PIA/ entregue pelo pagador, quando
Pasep). Esses requisitos e con- a empresa prestadora estiver
dições estão estabelecidos na desenquadrada dos requisitos
Instrução Normativa RBF nº que permitem a não retenção
1234, de 11.01.2012 e suas alte- na fonte e dos estabelecimentos
rações posteriores. Ali, constam sujeitos à retenção, sem qual-
os modelos das declarações a quer pré-requisito, como ante-
serem apresentadas e os requisi- riormente citado.
tos para a não retenção.

4.6 - RISCOS DE NÃO CONFORMIDADES

A legislação deve sempre ser


cumprida pelo sujeito passivo da
obrigação tributária e também
pelo sujeito ativo. A isso pode-
mos denominar de ética na con-
dução dos negócios e fomento
da qualidade de vida e melhoria
dos padrões das sociedades.

4.19
Análise das Demonstrações Contábeis

Todas as empresas têm função social,


conforme previsto já no artigo 3º da
Constituição Federal. Ou seja, agir
corretamente, atendendo às normas
legais leva à remuneração saudável
e perene dos investidores e empreen-
dedores e, ao final, faz com que haja
reinvestimento e crescimento cons-
tante das organizações, redundando
tudo isso no desenvolvimento econô-
mico financeiro do País.

Mas, não agir em conformidade (compliance) pode afetar grave-


mente a manutenção das operações, eis que afeta todo processo de
contingenciamento e provisões das empresas. Certamente, os resulta-
dos futuros serão impactados por essa conduta.

E, o pior, a não conformidade tributária acarreta maior dificuldade ao


acesso dos serviços públicos, financiamentos, certidões e participação
de processos de concorrências públicas. Além disso, haverá um longo
e custoso processo de inscrição da dívida, para execução dos crédito,
certamente a culminação com a constrição e penhora de bens, além
de outros riscos, como por exemplo a responsabilização dos sócios ou
administradores, quando estes tiverem agido com excesso de poder,
confusão patrimonial ou dolo, no desvio de suas condutas.

4.20
Módulo IV

4.7 - OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS


POR TRIBUTOS

O Regulamento do Imposto de Renda (Decreto nº 9.580, de 22 de


novembro de 2018) tem um capítulo especial sobre as infrações às
normas relativas à prestação de informações. A seguir, transcrevemos
os artigos 1.011 a 1.013, sobre esse assunto:

Art. 1.011. As pessoas físicas ou jurídicas que deixarem de fornecer


aos beneficiários, dentro do prazo, ou fornecerem, com inexatidão,
o documento a que se refere o art. 987 , ficarão sujeitas ao paga-
mento de multa de R$ 41,43 (quarenta e um reais e quarenta e três
centavos), por documento.

Art. 1.012. A falta de informação de pagamentos efetuados na for-


ma prevista no art. 975 sujeitará o infrator à multa de vinte por
cento do valor não declarado ou de eventual insuficiência.

Art. 1.013. Às entidades, às pessoas e às empresas mencionadas nos


art. 972 e art. 984 que deixarem de fornecer, nos prazos estabeleci-
dos, as informações ou os esclarecimentos solicitados pelos órgãos
da Secretaria da Receita Federal do Brasil do Ministério da Fazen-
da, será aplicada a multa de R$ 538,93 (quinhentos e trinta e oito
reais e noventa e três centavos) a R$ 2.694,79 (dois mil, seiscentos
e noventa e quatro reais e setenta e nove centavos), sem prejuízo
de outras sanções legais cabíveis.

Há, ainda, a previsão de hipóteses especiais de infração, nos arti-


gos 1.014 a 1.019 do mesmo regulamento, que podem afetar espe-
cialmente:

4.21
Análise das Demonstrações Contábeis

Os incentivos à inovação tecnológica;

O incentivo à atividade audiovisual;

O incentivo à atividade cultural ou artística;

O cadastro nacional da pessoa jurídica (CNPJ);

A proibição de distribuição de rendimentos e participações.

Padoveze (2017) nos traz um rol bastante amplo das obrigações aces-
sórias por espécies tributárias e conforme os tipos de operações. A
seguir, falamos resumidamente de cada uma delas.

4.7.1 - Tributos sobre compra e vendas de mercado-


rias , produtos e serviços

IPI – Imposto sobre produtos industrializados: o contribuinte


A está obrigado a entregar declarações específicas de acordo
com a sua atividade e os produtos transacionados. Com o
Sped e a NF-e (nota fiscal eletrônica) houve uma diminuição quanto
ao volume de declarações obrigatórias aderentes ao IPI. Dentre as
obrigações comuns aos contribuintes do IPI, destacamos a ECF – Escri-
turação contábil fiscal por meio do Sistema Público de Escrituração
Digital – Sped e a DCTF-Declaração de Débitos e Créditos Tributários
Federais, que deverá ser declarada mensalmente pelos contribuintes do
IPI com atividade industrial prevista no regulamento próprio.

4.22
Módulo IV

ICMS – Imposto sobre a circulação de mercadorias e servi-


B ços: há alguma obrigações acessórias específicas, segundo
o mesmo autor, em relação à escrituração fiscal e apura-
ção do imposto. Entre elas podemos destacar: escrituração da nota
fiscal de entradas em livro próprio; emissão de notas fiscais e saídas
e escrituração no respectivo livro; escrituração da apuração do ICMS
e entrega da Guia de Apuração do ICMS (GIA).

PIS e Cofins: a exemplo dos contribuintes do IPI, também


C têm obrigações acessórias como a DCTF apresentada
mensalmente. A ECF também é obrigatória, pois é suces-
sora da DIPJ. Todas as empresas enquadradas no Lucro Real, Lucro
Presumido e Lucro Arbitrado estão obrigadas a entregar a ECF.

Imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISSQN): a


D LC nº116/2003 não prevê, conforme Padoveze, obrigações
acessórias para os contribuintes do ISS, as quais são defi-
nidas nas leis municipais, variando de um município para outro.

Outros tributos e obrigações acessórias prévia e legalmente


E definidas:

a - Crédito de tributos sobre imobilizações;


b - Imposto de importação e imposto de exportação;
c - Simples nacional; e
d - INSS sobre faturamento.

4.23
Análise das Demonstrações Contábeis

4.7.2 - Tributos e encargos sobre a folha de paga-


mentos

A - INSS e outros tributos incidentes sobre a mão-de-obra: os débi-


tos tributários estão lastreados na folha de pagamento. Desta forma,
pode-se afirmar que os tributos e as contribuições a ela atinentes
deverão ser evidenciados por meio das bases de cálculo declaradas
na Sefip, Rais, Caged e no EFD-Social.

B - Fundo de garantia do tempo de serviço (FGTS): é criada uma


conta do FGTS para cada empregado durante o seu período laboral.
As empresas equiparadas com mais de um estabelecimento poderão,
sem autorização prévia, fazer a opção pela centralização total dos
depósitos do FGTS. Para tanto, além de enviar tal informação de con-
solidação (por meio da obrigação acessória), o contribuinte deverá
manter, em relação aos estabelecimentos que serão centralizados, o
controle segregado dos empregados e contribuintes individuais, bem
como os registros contábeis centralizados.

4.8 - CONCLUSÃO
Como já citamos em mais de uma oportunidade, nosso sistema tribu-
tário é muito complicado, em termos de obrigações principais (paga-
mento). No que se refere às obrigações acessórias, não poderia dei-
xar de ser diferente, tornando-se assim a rotina do contribuinte muito
penosa em termos de prestação de contas ao fisco.

4.24
Módulo IV

Fazer uma auditoria interna e de controle interno nessa especiali-


dade transformou-se em uma atividade extremamente importante e
útil para a saúde de qualquer empresa, seja ela grande, média ou
pequena.

Nesse módulo final (nº 4), discutimos vários aspectos relativos à obri-
gação tributária acessória e acerca da responsabilidade dos sujeitos
passivos da obrigação tributária, em termos gerais.

Recomendamos que se proceda, para uma auditoria profícua e útil


para as empresas, que o auditor esteja sempre atualizado em relação
às normas, livros e procedimentos a serem observados.

Temos aqui, portanto, importante nicho de mercado para a profissão


gratificante de auditor interno da área tributária, bem como do pro-
fissional de controle interno com conhecimentos na matéria.

Mãos à obra e muito sucesso para você!

4.25
Análise das Demonstrações Contábeis

4.9 - REFERÊNCIAS

BARTINE, CAIO. Direito tributário. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2012. V. 3

BIANCO, JOÃO FRANCISCO - coordenação. Regulamento do Imposto de Renda. São Paulo: Thomson
Reuters Brasil, 2019.

CARVALHO, PAULO DE BARROS. Curso de Direito Tributário. 23. ed. – São Paulo: Saraiva, 2011.

CASTRO, ALEXANDRE BARROS E SOUZA, LUIS HENRIQUE NERIS. Código tributário nacional comen-
tado. São Paulo: Saraiva, 2010.

CREPALDI, SILVIO APARECIDO ET AL. Auditoria fiscal e tributária. 2. ed. – São Paulo: Saraiva Educação,
2019.

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Autor: Ademar Lucas
Designer: Mirela Martins

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