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TERESINA
2020
CAROLINE COELHO DE OLIVEIRA LIMA
TERESINA-PI
2020
LIMA, Caroline Coelho de Oliveira. A prescrição Intercorrente na Execução Fiscal: uma
análise constitucional do art. 40 da Lei de execuções fiscais, 2020. Monografia apresentada
no Curso de Especialização em Direito Tributário, Instituto Brasileiro de Estudos Tributários –
IBET.
Resumo
The National Tax Code 1966 instituted through a Complementary Law (Código Tributário, Lei
Complementar No. 5.172 / 1966), features the national tax system and the general institutions
of tax law related to the union, the states, the federal district, and city. Among such, it brings
as hypotheses of extinction, of tax credit, through prescription, that is regulated in the section
174. On the other hand, the Law of Tax Enforcement 1980 (Lei de Execução Fiscal, nº
6813/1980), in the section 40, brings a forecast of tax credit extinction resulting from the
prescription in its intercurrent form. However, this rule was introduced in the legal system in
the form of ordinary law generating questions that contests the constitutionality of the
normative device. The present paper aims to debate the prescription in the tax enforcement
through several institutes that guide the tax legal relationship as well as to analyze the
constitutionality of the section 40 of the brazilian Tax Enforcement Law for the Regulatory
Institute.
INTRODUÇÃO ....................................................................................... 6
1. A OBRIGAÇÃO E O CRÉDITO TRIBUTÁRIO – DE SUA
CONSTITUIÇÃO À EXTINÇÃO ............................................................. 8
1.1. Obrigação tributária ..................................................................................... 8
1.1.1. Elementos da obrigação tributária ........................................................... 9
1.1.2. Formas de constituição da obrigação tributária ....................................... 9
1.1.3. Formas de extinção da obrigação tributária ........................................... 12
2. O PROCESSO DE EXECUÇÃO FISCAL ....................................... 14
2.1. A Lei de execução fiscal – Lei nº 6.380/1980 ........................................... 14
2.2. Requisitos para propositura da ação de execução fiscal ....................... 14
2.3. O tempo no processo de execução fiscal ................................................ 16
3. A PRESCRIÇÃO EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA .............................. 18
3.1. Definição de prescrição ............................................................................. 18
3.2. A prescrição e o crédito tributário ............................................................ 18
3.3. A prescrição intercorrente e seus fundamentos ..................................... 21
4. O ART. 40 DA LEI 6830/80 AO LUME DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL ............................................................................................ 24
4.1. Lei complementar x Lei ordinária ............................................................. 24
4.2. Análise constitucional do art. 40 da lei 6830/80 ...................................... 25
CONCLUSÃO ...................................................................................... 29
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................... 31
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INTRODUÇÃO
Dentre as diversas searas desta ciência, sem dúvida o Direito Tributário é uma
das que mais geram debates nas academias, nos fóruns e tribunais de todos os graus
de jurisdição.
Não obstante vasta legislação esparsa que versa sobre o Direito Tributário, não
se deve analisá-lo sem o balizamento imposto pela Constituição Federal e o controle
de constitucionalidade.
Ocorre que, o art. 40 da LEF, por se tratar de uma norma instituída por Lei
Ordinária, vem sendo constantemente debatida no que diz respeito à sua
constitucionalidade ao tratar de matéria reservada à lei complementar.
Nesse caso, diremos que houve a subsunção, quando o fato (fato jurídico
tributário constituído pela linguagem prescrita pelo direito positivo) guardar
absoluta identidade com o desenho normativo da hipótese (hipótese
tributária). Ao ganhar concretude o fato, instala-se, automática e
infalivelmente, como diz Alfredo Augusto Becker, o laço abstrato pelo qual o
sujeito ativo torna-se titular do direito subjetivo público de exigir a prestação,
ao passo que o sujeito passivo ficará na contingência de cumpri-la.
(CARVALHO, 2019, p. 329).
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VIII - quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por
ocasião do lançamento anterior;
Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja
I - o pagamento;
II - a compensação;
III - a transação;
IV - remissão;
V - a prescrição e a decadência;
Nos termos do art. 1º da LEF, a execução judicial para cobrança da dívida ativa
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios é regida pela Lei nº
6.830/1980 – Lei de execuções fiscais e no que esta for omissa, serão aplicadas no
que forem compatíveis, as normas do código de processo civil de forma subsidiária.
Esta lei traz no seu bojo dispositivos de natureza material a exemplo do art. 2º
que define a dívida ativa tributária, e também processual, estabelecendo disciplina
própria no rito da ação executiva e tendo por objetivo tornar o processo mais célere
de modo que a execução fiscal já ajuizada não permaneça eternamente nos
escaninhos do Poder Judiciário ou da procuradoria encarregada do processo.
Com isto, quando se fala em dívida ativa, devemos considerar, além do valor
da dívida, a atualização monetária, os juros e multa de mora e os encargos fixados
legal ou contratualmente.
O título é o documento que, nos termos da lei, constitui o direito para o credor
de usar o processo executivo para realizar a prestação que o devedor está obrigado
a cumprir em seu favor.
De acordo com disposto no art. 201, do CTN, “constitui dívida ativa tributária a
proveniente de crédito dessa natureza, regularmente inscrita na repartição
administrativa competente, depois de esgotado o prazo fixado, para pagamento, pela
lei ou por decisão final proferida em processo regular”.
o crédito exigível por ser o título executivo que autoriza a provocação da tutela
executiva.
Art. 174
(...)
Ocorre que, não raramente, tais esforços restam infrutíferos ante a não
localização de bens ou mesmo do próprio devedor de modo que o objeto da execução
fiscal reste inalcançável.
[...]
Deste modo, resta claro que perpetuar a persecução fiscal impondo ao sujeito
passivo da obrigação tributária uma perseguição eterna e indefinida ao seu
patrimonio, bem como o desvirtuamento do processo de modo abarrotar o judiciário
com demandas infrutíferas e infindáveis afrontam pressupostos basilares impostos
pela Constituição Federal, devendo o ordenamento combater tais anomalias com
institutos como a prescrição.
Por outro lado, a lei ordinária é uma norma jurídica primária infraconstitucional
que contém normas gerais e abstratas que regram a coletividade. Sua competência é
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material residual, ou seja, o que a Constituição Federal não determinou que seja
tratado por norma jurídica específica, será tratado por uma lei ordinária, esta a ser
aprovada pelo poder legislativo mediante maioria simples. (ALEXANDRE, 2017)
Dentro da temática abordada no presente trabalho temos que a Lei 6.830/80 foi
introduzida ao ordenamento jurídico na forma de lei ordinária recepcionada pela
Constituição Federal de 1988. No entanto, em seu bojo o art. 40 traz hipóteses de
suspensão do prazo prescricional, bem como estabelece a possibilidade de
decretação de prescrição intercorrente de ofício pelo magistrado.
Ocorre que o art. 146 da Constituição Federal preceitua que cabe à Lei
complementar estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária,
especialmente sobre o instituto da prescrição:
[...]
[...]
Nesta linha de raciocínio, verifica-se que além da matéria precisar ser tratada
mediante edição de lei complementar, a forma estabelecida incorre em vício de
inconstitucionalidade, posto que insurge a necessidade de aprovação por um quórum
de maioria absoluta nas duas casas do Congresso Nacional.
Cabe relembrar que o instituto da prescrição é norma temporal que visa garantir
a segurança jurídica e a não perpetuação do direito, não podendo ser observado como
norma punitiva ao credor, mas sobretudo como um direito subjetivo do devedor.
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Neste sentido, o art. 174, parágrafo único, inciso I do CTN estabelece que o
despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal interrompe a prescrição.
Como já tratado anteriormente, a interrupção do prazo prescricional devolve ao credor
o prazo de 5 anos para a exigibilidade do crédito tributário, ou seja, o período já
transcorrido não será considerado na nova contagem, que se inicia no mesmo instante
em que é interrompido o prazo. (SILVA, 2016)
CONCLUSÃO
Neste sentido, não poderia a lei de execuções fiscais, uma lei ordinária,
versar sobre hipóteses de suspenção e extensão do prazo prescricional, de modo
que concluiu-se pela inconstitucionalidade deste dispositivo normativo.
Uma vez que no direito a interrupção é um efeito jurídico que tem por propósito
paralisar a contagem de um prazo em andamento devolvendo ao titular do direito a
integralidade do tempo para exigi-lo, de modo que o período já transcorrido não será
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 30ª ed. São Paulo: Editora
Saraiva, 2019.
CARVALHO, Paulo de Barros. Fundamentos Jurídicos da Incidência. 10ª ed. rev. São
Paulo: Editora Saraiva, 2015.
fiscalização – sua desvalia para inovar a ordem jurídica com um novo e suposto
instituto preclusivo. Revista Dialética de Direito Tributário, São Paulo, n.137, fev. 2007.
PACHECO, José da Silva. Comentários à Lei de Execução Fiscal. 12. ed. São Paulo:
Editora Saraiva, 2009.
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Lei de Execução Fiscal. 13ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2016.