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INSTITUTO BRASILEIRO DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS

DANILO LIMA RODRIGUES

A RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA DOS SÓCIOS E ADMINISTRADORES NA


SOCIEDADE EMPRESÁRIA LIMITADA

TERESINA
2020
DANILO LIMA RODRIGUES

A RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA DOS SÓCIOS E ADMINISTRADORES NA


SOCIEDADE EMPRESÁRIA LIMITADA

Monografia apresentada ao curso de


Especialização em Direito Tributário do
Instituto Brasileiro de Estudos Tributários
– IBET – Teresina - Piauí, como requisito
parcial para obtenção do título de
especialista.

Orientadora: Professor Marcio Cesar


Costa

TERESINA-PI
2020
RODRIGUES, Danilo Lima. A responsabilidade tributária dos sócios e administradores
na sociedade empresária LTDA. 2020. Monografia apresentada no Curso de
Especialização em Direito Tributário, Instituto Brasileiro de Estudos Tributários – IBET.

A RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA DOS SÓCIOS E ADMINISTRADORES NA


SOCIEDADE EMPRESÁRIA LIMITADA

Resumo

Traz-se ao lume o debate acerca dos limites da responsabilidade tributária além da


pessoa jurídica propriamente dita. Neste sentido, esta monografia apresenta análise
acerca da responsabilidade tributária dos sócios, administradores ou não, e
administrador não sócio na medida das suas condutas quando do exercício da
atividade empresária. O estudo aborda ainda a discussão relativa à dualidade de
procedimentos dentro do processo de execução fiscal, quais sejam, incidente de
desconsideração da personalidade jurídica e o redirecionamento da execução,
debatendo o posicionamento da jurisprudência pátria à luz da legislação específica e
doutrina especializada.
Palavras-chave: Sociedade limitada. Responsabilidade tributária. Execução fiscal
Abstract

The debate about the limits of tax liability beyond the legal entity itself is brought to
light. In this sense, this monograph presents an analysis of the tax liability of the
partners, administrators or not, and a non-partner administrator to the extent of their
conduct when exercising the business activity. The study also addresses the
discussion related to the duality of procedures within the tax enforcement process,
namely, incident of disregard of the legal personality and the redirection of
enforcement, debating the position of the domestic jurisprudence in the light of specific
legislation and specialized doctrine.

Keywords: Limited partnership. Tax liability. Tax enforcement


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ....................................................................................... 6
1. RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA - OBRIGAÇÃO E CRÉDITO
TRIBUTÁRIO ......................................................................................... 8
1.1. A relação jurídico tributária ...................................................... 8
1.2. Obrigação tributária .................................................................. 9
1.3. Crédito tributário ..................................................................... 10
2. A SOCIEDADE EMPRESÁRIA LTDA E A RESPONSABILIDADE
TRIBUTÁRIA ....................................................................................... 11
2.1. Responsabilidade tributária dos sócios e administradores
disposta no art. 134, VII, do código tributário nacional ................ 13
2.2. Responsabilidade tributária dos sócios e administradores
disposta no art. 135, III, do código tributário nacional ................. 14
2.2.1. Pressupostos para responsabilização do administrador ........................ 15
2.2.2. Alcance da responsabilidade tributária .................................................. 16
2.2.3. Responsabilidade subjetiva x objetiva ................................................... 17
2.3. A responsabilidade do ex sócio ............................................. 17
3. REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO E O INCIDENTE DE
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA ................. 19
3.1. Redirecionamento da execução ............................................. 19
3.2. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica 21
3.2.1. Conceito e forma de aquisição da personalidade jurídica ..................... 21
3.2.2. Conceito de desconsideração da personalidade jurídica .................... 22
3.2.3. Pressupostos de aplicação da desconsideração da personalidade
jurídica.................................................................................................................23
3.2.4. Desconsideração da personalidade jurídica no grupo econômico ......... 25
CONCLUSÃO ...................................................................................... 29
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................... 31
6

Introdução
Não obstante os sensíveis avanços trazidos pelo Código de Processo Civil
2015, a responsabilidade tributária dos sócios e administradores das sociedades
empresárias limitadas ainda causa intensos debates no meio acadêmico, nos fóruns
e tribunais do país.

Em meio a um sistema tributário complexo, repleto de inseguranças o


empresariado, o fisco e os profissionais especializados ainda encontram grandes
dificuldades para se estabelecer a chamada “receita de bolo” no que se refere a
conduta ideal a ser estabelecida pelo empresário na condução das suas atividades de
forma a não pôr o patrimônio pessoal em risco. Muito disto se deve à falta de rigor
técnico da legislação tributária bem como pela ausência de regramento específico e
detalhado sobre a matéria.

Neste sentido, o aprofundamento no estudo do tema da responsabilidade é


extremamente salutar para que o debate caminhe para uma solução que traga maior
segurança jurídica tanto ao empresariado quanto ao próprio fisco, de modo a afastar
interpretações distorcidas que firam direitos e garantias fundamentais do nosso
ordenamento jurídico.

Como será devidamente tratado neste trabalho, a sociedade empresária


limitada dotada de autonomia em relação ao patrimônio pessoal dos sócios,
exercendo sua atividade e cumprindo sua função social de modo a promover o
desenvolvimento social através da criação dos postos de trabalho, geração de
riquezas e pagamento de tributos.

Ocorre que a pessoa jurídica é operada, naturalmente, por indivíduos que


possuem responsabilidades quando do exercício de tal gerenciamento, devendo este
ser pautado na boa-fé e na atenção aos pressupostos legais.

O fisco por sua vez tem por dever constitucional prover a arrecadação de
tributos atendendo aos limites impostos pela legislação e uma vez que a relação
jurídica tributária pressupõe uma sujeição passiva da empresa contribuinte em relação
ao sujeito ativo Fazenda Pública, não pode esta, sob pena de prejudicar toda uma
cadeia de produção, a qualquer custo buscar a satisfação do seu crédito no patrimônio
pessoal dos sócios e administradores.
7

O mote maior do presente trabalho é buscar os pressupostos que ensejam a


responsabilidade dos sócios e administradores, seus aspectos procedimentais, limites
e meios de defesa do contribuinte em face do poder estatal de buscar o
redirecionamento da execução e/ou a aplicação do incidente de desconsideração da
personalidade jurídica.

O método de pesquisa a ser utilizado será o dedutivo, partindo de premissas


gerais do Direito Tributário, Constitucional e Empresarial, premissas específicas
verificadas na doutrina e julgamentos de casos concretos, para alcançar um silogismo
coerente e fundamentado.
8

1. RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA - OBRIGAÇÃO E CRÉDITO


TRIBUTÁRIO
Antes de adentrar nos tópicos específicos deste trabalho, imperioso se faz
estabelecer alguns conceitos e posicionamentos a respeito da dinâmica tributária
como pressupostos que visam promover maior compreensão da tese a ser trabalhada.

1.1. A relação jurídico tributária

A relação jurídico tributaria é uma relação de poder entre o Estado e o


contribuinte que se estabelece por força de lei e pela prática de atos por parte do
sujeito passivo, e estão previstas em uma hipótese normativa de incidência tributária,
garantindo àquele o direito de superar o direito constitucional de propriedade do
particular para ver satisfeita, em seu favor, obrigação de prestação eminentemente
pecuniária. (ALEXANDRE, 2017)

Desta conceituação é possível depreender alguns elementos essenciais à


configuração da relação jurídico tributária, quais sejam a hipótese de incidência,
prática de ato por parte do sujeito passivo e obrigação tributária.

A hipótese de incidência, nas palavras do professor Paulo de Barros Carvalho


significa:

(...) a descrição normativa de um evento que, concretizado no nível das


realidades materiais e relatado no antecedente de norma individual e
concreta, fará irromper o vínculo abstrato que o legislador estipulou na
consequência. (CARVALHO, 2019, p.327)

A hipótese de incidência tributária, portanto, é a situação descrita na norma


que prevê uma conduta que se realizada concretamente estabelecerá a relação
jurídico tributária.

O ato praticado pelo sujeito passivo remete ao fato jurídico tributário que
corresponde a conduta do particular em consonância com a conduta prevista na
hipótese de incidência tributária devidamente vertido em linguagem competente.

Já a obrigação tributária é o produto do vínculo estabelecido em decorrência


da prática do fato jurídico tributário, é pois o resultado da subsunção do fato à norma
antecedente que faz nascer a relação jurídica eminentemente patrimonial.
9

Segundo o professor Paulo de Barros Carvalho (2019, p. 446), “concretizando-


se o fato previsto no descritor da regra de incidência, inaugura-se, como vimos, uma
relação jurídica de conteúdo patrimonial, que conhecemos por “obrigação tributária””.

1.2. Obrigação tributária

Uma vez estabelecida a relação jurídico tributária, surge a obrigação tributária


estabelecendo um vínculo jurídico no qual o sujeito ativo (Estado) poderá exigir do
sujeito passivo o cumprimento de obrigação de natureza patrimonial.

Neste sentido, leciona o professor Paulo de Barros Carvalho:

Nesse caso, diremos que houve a subsunção, quando o fato (fato jurídico
tributário constituído pela linguagem prescrita pelo direito positivo) guardar
absoluta identidade com o desenho normativo da hipótese (hipótese
tributária). Ao ganhar concretude o fato, instala-se, automática e
infalivelmente, como diz Alfredo Augusto Becker, o laço abstrato pelo qual o
sujeito ativo torna-se titular do direito subjetivo público de exigir a prestação,
ao passo que o sujeito passivo ficará na contingência de cumpri-la.
(CARVALHO, 2019, p. 329).

Deste conceito, verifica-se a presença de 3 elementos essenciais da obrigação


tributária quais sejam: o sujeito ativo, o sujeito passivo e objeto.

O Sujeito ativo, nas palavras do professor Paulo de Barros Carvalho (2019, p.


382) é “o titular do direito subjetivo de exigir a prestação pecuniária, no direito tributário
brasileiro pode ser uma pessoa jurídica pública ou privada”.

O sujeito passivo, por sua vez, segundo o art. 121 do Código Tributário
Nacional, é o titular do dever de pagar o tributo ou penalidade pecuniária.

A obrigação tributária possui como objeto a prestação pecuniária por parte do


sujeito passivo em favor do sujeito ativo. (ALEXANDRE, 2017)
10

1.3. Crédito tributário

Parte da doutrina dissocia o Crédito Tributário da Obrigação tributária


atribuindo-lhes uma ordem cronológica e sucessiva de constituição, de modo que a
obrigação nasce com a ocorrência do fato gerador no mundo fenomênico, e que o
crédito nasce com o lançamento.

Como pressuposto básico deste trabalho, ousamos discordar desta assertiva,


uma vez que consideramos a obrigação e o crédito tributário indissociáveis e
interdependentes, de modo que não há obrigação sem um crédito, nem mesmo um
crédito sem uma obrigação que o fundamente. Desta forma ao se verificar o
surgimento da obrigação tributária, é possível individualizar um credor (suj. ativo) e
um devedor (suj. passivo), consequentemente já há o crédito. (CARVALHO, 2019)

O lançamento por sua vez, é o veículo introdutor de uma norma individual e


concreta que descreve a ocorrência de um fato jurídico tributário e aplica os critérios
quantitativos para aferir a liquidação do montante exigível do crédito.

Nas palavras do professor Paulo de Barros Carvalho:

Lançamento tributário é o ato jurídico administrativo, da categoria dos


simples, constitutivos e vinculados, mediante o qual se insere na ordem
jurídica brasileira uma norma individual e concreta, que tem como
antecedente o fato jurídico tributário e, como consequente, a formalização do
vínculo obrigacional, pela individualização dos sujeitos ativo e passivo, a
determinação do objeto da prestação, formado pela base de cálculo e
correspondente alíquota, bem como pelo estabelecimento dos termos
espaço-temporais em que o crédito há de ser exigido. (CARVALHO, 2019, p.
474)

Instituída a liquidez e exigibilidade do crédito, poderá o Estado agir ativamente


para ver satisfeita a obrigação tributária e extinto o crédito tributário.
11

2. A SOCIEDADE EMPRESÁRIA LTDA E A RESPONSABILIDADE


TRIBUTÁRIA

Da análise dos artigos 1.052, 1.055 e do Código Civil, é possível extrair o


conceito básico da Sociedade Ltda como sendo:

Um tipo sociedade empresária dotada de personalidade jurídica podendo ser


constituída por 1 (um) ou mais pessoas cuja responsabilidade é restrita ao
valor de suas quotas, respondendo todos pela integralização do capital social.
(Código Civil, 2002)

Deste conceito, verifica-se que os sócios da Ltda possuem uma limitação para
responder pelas obrigações sociais, uma vez que graças à personalidade jurídica da
sociedade há clara separação, de direitos e obrigações entre a sociedade e seus
sócios.

No entanto, como será percebido no decorrer da leitura do presente trabalho,


tais limitações não são absolutas, havendo exceções claras no ordenamento jurídico
para superar a personificação da empresa e buscar a satisfação de direitos no
patrimônio e na pessoa do sócio.

O caput do art. 1.052 do Código Civil dispõe que "na sociedade limitada, a
responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos
respondem solidariamente pela integralização do capital". Percebe-se da leitura da
parte final a primeira exceção à blindagem oferecida pela personalidade jurídica ao
patrimônio do sócio, posto que, uma vez não integralizado totalmente o capital social,
o sócio, mesmo já tendo realizado a integralização das suas quotas responde
solidariamente pela completa integralização do capital social com os demais sócios.

O art. 1.080 estabelece que "as deliberações infringentes do contrato ou da lei


tornam ilimitada a responsabilidade dos que expressamente as aprovaram". Aqui resta
uma exceção de compreensão literal responsabilizando o sócio que deliberar contra
o disposto no Contrato Social ou em afronta à norma poderá responder pessoalmente.

A Lei de Recuperação e Falência (Lei 11.101/2005), preconiza no seu art. 82,


que:
Art. 82. A responsabilidade pessoal dos sócios de responsabilidade limitada,
dos controladores e dos administradores da sociedade falida, estabelecida
nas respectivas leis, será apurada no próprio juízo da falência,
independentemente da realização do ativo e da prova da sua insuficiência
12

para cobrir o passivo, observado o procedimento ordinário previsto no Código


de Processo Civil.

§ 1º Prescreverá em 2 (dois) anos, contados do trânsito em julgado da


sentença de encerramento da falência, a ação de responsabilização prevista
no caput deste artigo.

§ 2º O juiz poderá, de ofício ou mediante requerimento das partes


interessadas, ordenar a indisponibilidade de bens particulares dos réus, em
quantidade compatível com o dano provocado, até o julgamento da ação de
responsabilização.

Eis mais uma exceção à limitação de responsabilidade característica da


sociedade limitada.

Ademais, há no ordenamento jurídico outras várias hipóteses de exceção a esta


limitação por meio da desconsideração da personalidade jurídica, como no Código de
Defesa do Consumidor (Leis 8.0780/1990), em seu art. 28, o art. 18 da Lei Antitruste
(Lei 8.884/1994) e o art. 4º da Lei do Meio Ambiente (Lei 9. 605/1990).

Insta ressaltar em específico a responsabilidade do administrador (sócio ou não


sócio) dadas às peculiaridades das funções executadas diretamente no exercício da
atividade empresarial. Ressalte-se que neste trabalho iremos considerar que
“administrador” é gênero do qual “gerente”, “representante” e “diretor” são espécies.

A administração é um órgão da sociedade, por meio da qual esta assume suas


obrigações e exerce os seus direitos, cumpre as decisões deliberadas e assume a
operação das atividades da empresa. (TEIXEIRA, 2015)

A sociedade limitada pode ser administrada por uma ou mais pessoas (sócias
ou não) designadas no contrato social ou em ato separado, podendo essas utilizarem
privativamente a firma ou denominação social. (Código Civil, 2002, art. 1060).

Ademais, pelos atos praticados pelo administrador perante terceiros em nome


da sociedade, esta será responsável, restando-lhe, porém, o direito de agir
regressivamente contra o administrador, para reaver as perdas e danos sofridos pela
sociedade (art. 931 do NCC).

Note-se que a responsabilidade civil do administrador, em regra, é perante a


sociedade, no entanto, outras searas jurídicas trazem (principalmente no que toca
ao administrador não sócio) a responsabilidade pessoal em virtude atos praticados
em desacordo com a lei ou com abuso de seus poderes perante terceiros, como no
13

Direito do Consumidor, Direito Ambiental, Direito Penal, Direito Falimentar, dentre


outros.

2.1. Responsabilidade tributária dos sócios e administradores disposta no art.


134, VII, do código tributário nacional

Como já abordado anteriormente, a relação jurídico tributária posta em concreto


tem como produto o surgimento da obrigação tributária consistente no pagamento de
prestação pecuniária por parte do sujeito passivo em favor do sujeito ativo da relação.

Note, portanto, que trata-se de uma relação bilateral. No entanto, a legislação


tributária traz hipóteses de transferência da responsabilidade tributária a terceiros,
senão vejamos o disposto no CTN:

Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo
expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa,
vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a
responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo
do cumprimento total ou parcial da referida obrigação.

Insta ressaltar que a responsabilidade tributária é decorrente da lei e ocorre


quando o terceiro possui algum vínculo jurídico com o contribuinte de direito que
naturalmente ocuparia o polo passivo da obrigação tributária. (ALEXANDRE, 2017).

O art. 134 do CTN assim dispõe:

Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da


obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este
nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis:

(...)

VII - os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas.

Este dispositivo traz a responsabilidade do sócio decorrente de atuação regular,


ou seja, o terceiro não agiu com prática fraudulenta ou ilícita, nem ultrapassou os
limites do disposto no contrato social ou estatuto. Não obstante, o dispositivo imputa
responsabilidade solidária, caindo em contradição ao próprio sentido de benefício de
ordem trazido pela primeira parte do caput que remete à necessidade de primeiro
exigir do contribuinte de direito, o cumprimento da obrigação.

Neste sentido, decidiu o STJ no REsp 446.955/SC sob relatoria do Ministro Luiz
Fux, 2008:
14

“Flagrante ausência de tecnicidade legislativa se verifica no art. 134 do CTN,


em que se indica hipótese de responsabilidade solidária ‘nos casos de
impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo
contribuinte’, uma vez cediço que o instituto da solidariedade não se coaduna
com benefício de ordem ou excussão. Em verdade, o aludido preceito
normativo cuida de responsabilidade subsidiária”

Uma vez verificada que a responsabilidade do sócio é subsidiária, para que o


fisco possa invocá-la, há de demonstrar os atos comissivos e omissivos que imputaria
ao sócio a transferência de responsabilidade, sem contar que somente será possível
quando a sociedade estiver em procedimento de liquidação.

A responsabilidade tributária como sanção, ainda que por negligência, é uma


interpretação que exige a apuração prévia do ilícito praticado. Assim, a
hermenêutica sustenta a necessidade de apuração da responsabilidade em
procedimento próprio, notadamente judicial, em que sejam assegurados os
princípios constitucionais mais elementares para o Estado de Direito, como o
do devido processo legal, com direito de defesa, de recurso e outros desse
jaez. (BECHO, 2014, posição 1826)

2.2. Responsabilidade tributária dos sócios e administradores disposta no art.


135, III, do código tributário nacional

Ao contrário do tópico anterior, trataremos da hipótese de responsabilidade de


terceiro decorrente de atuação irregular. Neste ponto é possível verificar a
responsabilidade pessoal pelo cumprimento da obrigação tributária.

O art. 135, do CTN prescreve:

Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a


obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes
ou infração de lei, contrato social ou estatutos:

I - as pessoas referidas no artigo anterior;

II - os mandatários, prepostos e empregados;

III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito


privado.

O dispositivo apresenta caráter sancionatório e aborda rol ainda maior de


indivíduos aptos a serem responsabilizados pelo cumprimento da obrigação quando
da prática em excesso de poderes instituídos pela lei, contrato social ou estatutos.
15

Nesta modalidade de responsabilidade de terceiro, em que remete à sociedade


empresária, verifica-se como condição de aplicabilidade, a prática irregular de atos
por aqueles que exercem a administração da empresa, possuem representatividade
formal (mandatários, prepostos e empregados), além dos sócios que estão
relacionados no inciso VII do art. 134 do CTN.

Segundo o professor Paulo de Barros Carvalho:

Tem-se infração à lei quando se verifica o descumprimento de prescrição


relativa ao exercício da Administração. A infração do contrato social ou do
estatuto consiste no desrespeito à disposição expressa constante desses
instrumentos societários, e que tem por consequência o nascimento da
relação jurídica tributária. (CARVALHO, 2019, P. 651)

Para proceder com a transferência de responsabilidade, a fazenda pública deve


individualizar a conduta do responsável, demonstrando ser esta ilícita ou abusiva.

Imperioso se faz destacar que a jurisprudência do STJ por meio da súmula 430
preconiza que “a falta de pagamento do tributo não configura por si só, evento que
acarreta a incidência do Art. 135, III do CTN.

Por outro lado, atos que indicam uma dissolução irregular da sociedade, ou
seja, sem o cumprimento formal do procedimento de liquidação e baixa, tem na
súmula do 435 do STJ o reconhecimento de que “presume-se dissolvida
irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem
comunicação aos órgãos competentes legitimando o redirecionamento da execução
fiscal para o sócio gerente”.

2.2.1. Pressupostos para responsabilização do administrador

Da exegese do art. 135 do CTN, é possível elencar de forma objetiva os


requisitos para a responsabilidade do administrador da sociedade, o que se constrói
a partir das premissas trazidas no tópico anterior, quais sejam:

a) Excesso de poderes
Se caracteriza quando o administrador extrapola os limites de suas atribuições,
estas definidas no contrato social ou estatuto. Entende-se que o CTN estabelece que
responsabilidade tributária a terceiros diz respeito aos créditos tributários originados
de atos abusivos, não, aos créditos tributários em geral não quitados por simples
16

insuficiência da capacidade econômico-financeira da pessoa jurídica. (ALEXANDRE,


2017).
b) Infração à lei e ao contrato social

Tem-se que a referência do CTN diz respeito à lei que regula as ações das
pessoas na atividade empresarial. Assim, para administradores, é a legislação
societária (CC) que rege as suas condutas, bem como o contrato social que nada mais
é que um instrumento normativo de origem privada que faz lei entre as partes
consignantes.

c) Dissolução irregular

A dissolução de fato ou irregular da pessoa jurídica trata de deliberação de


dissolução e devolução de bens e direitos da pessoa jurídica aos sócios, sem a sua
regular extinção e caracterizando-se também a partir da não localização da empresa
executada, em endereço cadastrado junto ao fisco, atestada na certidão do oficial de
justiça, possibilitando e legitimando o redirecionamento da execução fiscal ao sócio
gerente.

2.2.2. Alcance da responsabilidade tributária

Nos termos do art. 135, III, do CTN, o que gera a responsabilidade é a condição
de administrador de bens alheios, e, em função disso, a lei fala em diretores, gerentes
ou representantes, e não, em sócios. Desta forma, é possível construir o entendimento
de que se o indivíduo é sócio, mas não exerce funções como administrador, diretor ou
gerente da sociedade, em tese, não há que se falar em responsabilidade desse pelos
débitos tributários.

Ademais, a origem do crédito tributário cuja responsabilidade é atribuída ao


contribuinte somente acarretará em responsabilidade ao terceiro caso tenham sido
gerados por atos seus, praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato
social ou estatutos. Ou seja, o próprio nascimento da obrigação tributária já teria de
ser em decorrência de atos irregulares.

No que concerne aos casos de dissolução irregular de sociedade, tem-se


grandes discussões sobre qual sócio responsabilizar, se o administrador da época do
fato gerador ou o da época da dissolução. Tal debate gira em torno da
17

supramencionada súmula nº 435, vez que algumas teses defendem que a súmula só
deve ser aplicada quando nos dois momentos o sócio administrador fosse o mesmo,
uma vez ser impossível que supostamente os atos perpetrados em determinados
momentos da linha temporal, gerem responsabilização por eventos pretéritos
(dissolução irregular gerar a responsabilidade pelo não pagamento de tributo em
gestão societária anterior).

Entendemos, no entanto, que esta tese resta prejudicada, pois ao elencarmos


a súmula 430 do STJ restou estabelecido que a ausência de pagamento não é
suficiente a ensejar a responsabilidade do sócio gerente ou administrador pelos
débitos tributários. O que gera a responsabilidade é o cometimento de atos ilícitos
como é o caso da dissolução irregular ou sua presunção que impossibilitam ou
dificultam a exação tributária

2.2.3. Responsabilidade subjetiva x objetiva

Importante reiterar que em razão da necessidade, já defendida neste trabalho,


da Fazenda Pública individualizar e demonstrar a conduta ilícita ou abusiva do sócio
ou administrador, não há que se falar em responsabilidade objetiva, posto que a
responsabilidade deriva da conduta em si e não da mera condição de administrador
da sociedade.

2.3. A responsabilidade do ex sócio

Na sociedade limitada, como já foi visto, a responsabilidade de cada sócio é,


em princípio, restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente
pela integralização do capital. Logo, se ao retirar-se da sociedade, o capital social
ainda não foi completamente integralizado, o ex-sócio continua responsável no limite
do capital faltante, observado o prazo de dois anos, conforme o disposto no parágrafo
único do art. 1.003 do Código Civil.

Logo, à exceção deste caso, como a simples condição de sócio não implica a
responsabilidade tributária, o ex-sócio só poderá ser responsabilizado se exerceu
cargo de gerência na sociedade, e se agiu com abuso de poder ou se infringiu lei ou
contrato social. Ainda assim, essas obrigações tributárias cuja responsabilização se
busca deve ter resultado de tais atos administrativos societários. A situação é regida
18

pelo art. 135 do CTN e, se o ex-sócio não era o administrador, não há que se falar,
via de regra, em responsabilidade deste. (ALEXANDRE, 2017)

Portanto, se o sócio se exonera regularmente da sociedade, sem extinção ilegal


da empresa, sem ter agido com excesso de poderes ou infração à lei ou ao contrato
social, não será ele responsável por dívida tributária da sociedade.

Nesse entendimento, Amador Paes de Almeida (ALMEIDA, 2003, p. 145)


leciona que "o sócio que se retira regularmente da sociedade, continuando a empresa
suas atividades normais, não tem responsabilidade por dívidas fiscais apuradas e
cobradas posteriormente, ainda que contraídas ao seu tempo de sócio"

E não só "descabe responsabilizar-se pessoalmente sócio que se retirou


regularmente da empresa que continuou em atividade, mas que só posteriormente
veio a extinguir-se de forma irregular", como tampouco prospera a execução fiscal
ajuizada contra ex-sócio, quando a sociedade da qual se retirou foi regularmente
dissolvida. Logo, as condições que podem em tese gerar a responsabilidade do ex-
sócio de uma sociedade limitada são que ele tenha exercido a gerência e que ele
tenha a responsabilidade comprovada pelos débitos da sociedade, por ter infringido a
lei ou o contrato.
19

3. REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO E O INCIDENTE DE


DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

Uma vez que se vislumbre a caracterização da responsabilidade tributária do


administrador, o direito tributário institui algumas ferramentas à viabilidade da
satisfação do crédito tributário mediante ação de execução fiscal. Neste capítulo
analisaremos o instituto do redirecionamento da execução e o incidente de
desconsideração da personalidade jurídica.

3.1. Redirecionamento da execução

O redirecionamento da execução fiscal fundamentalmente consiste no


instrumento jurídico que a fazenda pública possui para inclusão do
sócio/administrador da pessoa jurídica no polo passivo da ação de execução fiscal,
passando este a responder pessoalmente pelos débitos tributários.
Sua implementação depende de comprovação, nos termos do art. 135 do
CTN de que o administrador tenha perpetrado atos que caracterizem fraude a lei,
ao contrato, ao estatuto, ou ainda a dissolução irregular da empresa.
Tal comprovação é procedimento prévio ao ingresso na justiça mediante
processo administrativo movido pela autoridade fiscal sendo garantido ao
sócio/administrador o contraditório e a ampla defesa.
Em restando comprovada na via administrativa qualquer das condutas
delituosas previstas no art. 135 do CTN, os sócios e administradores serão incluídos
na Certidão de Dívida Ativa.
Insta abordar dentro desta temática, a quem compete o ônus da prova a
respeito da prática de atos com excesso de poder ou infração de lei, contrato ou
estatuto, pelo administrador.

Esta matéria foi objeto de apreciação do REsp.702.23284/ STJ, de onde pode-


se extrair três hipóteses e respectivas soluções, senão vejamos:

a) Nos casos em que o nome do administrador CONSTA na CDA, e a


execução fiscal foi iniciada contra a pessoa jurídica e contra o sócio: Se a
execução foi proposta contra a pessoa jurídica e contra o sócio-gerente e seu nome
consta da CDA, não será o caso de redirecionamento da execução fiscal. O ônus da
prova será do administrador, devido à presunção relativa de liquidez e certeza que
20

tem a CDA. Nessa circunstância, portanto, em sua defesa, tendo que “a presunção é
relativa, cabe ao responsável à discussão da matéria pelos embargos à execução,
tendo havido citação em nome próprio e penhora dos seus bens”.
b) Nos casos em que o nome do administrador CONSTA na CDA, como
corresponsável e a execução fiscal foi iniciada somente contra a pessoa
jurídica: Caso a execução tenha sido iniciada somente contra a pessoa jurídica e
havendo indicação do nome do sócio-gerente na CDA, como corresponsável
tributário, não é um “típico” redirecionamento, tendo em vista a presunção de liquidez
e certeza da CDA. O ônus da prova compete igualmente ao sócio. Também a
discussão da matéria será pelos embargos à execução. Ressalta-se ainda que, nessa
circunstância, em que o nome do administrador constar da CDA, ainda que a CDA
tenha presunção de liquidez e certeza, a presunção é relativa, por este motivo, cabível
ao responsável a discussão da matéria pelos embargos à execução.
c) Nos casos em que o nome do sócio NÃO CONSTA na CDA e a execução
fiscal foi iniciada somente contra a pessoa jurídica: Quando iniciada a execução
contra a pessoa jurídica e, posteriormente, redirecionada contra o sócio/gerente, que
não constava da CDA, é o caso de um “típico” redirecionamento da execução fiscal,
cujo ônus da prova caberá ao Fisco. Nessa circunstância, se o sócio não tiver sido
citado, mas os seus bens pessoais forem penhorados, a sua defesa deverá ser
deduzida, mediante embargos de terceiros.

Notadamente, em matéria tributária não existe direito ou obrigação eterna, para


tanto o ordenamento impõe a prescrição da Fazenda Pública como medida a delimitar
o espaço temporal do exercício do direito de redirecionamento da execução.

A 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça, ao julgar o mérito do REsp


1.201.993 firmou 3 teses sobre o tema:

a) "O prazo de redirecionamento da execução fiscal, fixado em cinco


anos, contados da citação da pessoa jurídica, é aplicável quando o referido
ato ilícito, previsto no artigo 135, III do CTN, for precedente a esse ato
processual";

b) "A citação positiva do sujeito passivo devedor original da obrigação


tributária, por si só, não provoca o início do prazo prescricional quando o ato
de dissolução irregular for a ela posterior, uma vez que, em tal hipótese,
inexistirá, na aludida data (da citação), pretensão contra os sócios-gerentes,
o mero inadimplemento da exação não configura ilícito atribuível aos sujeitos
de direito descritos no artigo 135 do CTN. O termo inicial do prazo
prescricional para a cobrança do crédito dos sócios-gerentes infratores,
21

nessa hipótese, é a data da prática de ato inequívoco indicador do intuito de


inviabilizar a satisfação do crédito tributário já em curso de cobrança
executiva promovida contra a empresa contribuinte, a ser demonstrado pelo
Fisco, nos termos do artigo 593 do CPC/1973 (atual art. 792 do novo CPC –
fraude à execução), combinado com o art. 185 do CTN (presunção de fraude
contra a Fazenda Pública);

c) "Em qualquer hipótese, a decretação da prescrição para o


redirecionamento impõe que seja demonstrada a existência de inércia da
Fazenda Pública, no lustro que se seguiu à citação da empresa originalmente
devedora (REsp 1.222.444/RS) ou ao ato inequívoco mencionado no item
anterior (respectivamente, nos casos de dissolução irregular precedente ou
superveniente à citação da empresa), cabendo às instâncias ordinárias o
exame dos fatos e provas atinentes à demonstração da prática de atos
concretos no sentido da cobrança do crédito tributário no decurso do prazo
prescricional (Súmula nº 7/STJ).”

Por fim, o redirecionamento ao sócio/administrador não importa no


afastamento da responsabilidade da pessoa jurídica, nem seu desligamento do
feito, justamente pela manutenção da condição de contribuinte como sujeito passivo
da dívida tributária, pois a responsabilidade é solidária (REsp 1.455.490/PR. 2019).

3.2. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica

3.2.1. Conceito e forma de aquisição da personalidade jurídica


A Personalidade jurídica, consoante exegese do Código Civil de 2002, é a ideia
de que uma pessoa, seja física (pessoa natural), seja jurídica (empresa, ente público,
associação sem fins lucrativos) tenha capacidade de adquirir direitos e contrair
deveres na sociedade.
Nas lições do professor Carlos Roberto Gonçalves:
A razão de ser da pessoa jurídica está na necessidade ou conveniência de
os indivíduos unirem esforços e utilizarem recursos coletivos para a
realização de objetivos comuns, que transcendem as possibilidades
individuais. Essa constatação motivou a organização de pessoas e bens com
o reconhecimento do direito, que atribui personalidade ao grupo, distinta da
de cada um de seus membros, passando este a atuar, na vida jurídica, com
personalidade própria. A necessária individualização, com efeito, ‘só se
efetiva se a ordem jurídica atribui personalidade ao grupo, permitindo que
atue em nome próprio, com capacidade jurídica igual à das pessoas naturais’.
(GONÇALVES, 2018, p. 197)
Destaca-se que ao instituir a pessoa jurídica dotada de personalidade jurídica,
o ordenamento jurídico buscou fomentar o empreendedorismo, organizando e
amenizando o risco da atividade empresarial no sentido de definir e limitar as
22

responsabilidades da sociedade empresária em relação aos indivíduos que a


compõem.
Com a edição da Lei nº 13.874/2019 que instituiu a Declaração de Direitos da
Liberdade Econômica o Código Civil sofreu alteração com o acréscimo do artigo 49-A
e seu parágrafo único, que dispõe o seguinte:
Art. 49-A. A pessoa jurídica não se confunde com os seus sócios, associados,
instituidores ou administradores. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
Parágrafo único. A autonomia patrimonial das pessoas jurídicas é um
instrumento lícito de alocação e segregação de riscos, estabelecido pela lei
com a finalidade de estimular empreendimentos, para a geração de
empregos, tributo, renda e inovação em benefício de todos. (Incluído pela Lei
nº 13.874, de 2019)

Ressalte-se que a constituição da pessoa jurídica, de modo a conferir-lhe a


competente personalidade jurídica, se dá com a inscrição do ato constitutivo da
sociedade no registro próprio, qual seja, Registro Público das Empresas Mercantis
(Junta Comercial), no caso das sociedades empresárias e Registro Civil das Pessoas
Jurídicas no caso das sociedades simples.

3.2.2. Conceito de desconsideração da personalidade jurídica

Uma vez constituída a personalidade jurídica da sociedade empresária para


dissociar os bens desta da pessoa dos sócios, verifica-se que não raramente utilizam
a sociedade empresária para práticas ilegais, afastando-se assim do propósito inicial
da aquisição da personalidade jurídica.
A desconsideração da personalidade jurídica é medida excepcional que
permite, em determinadas situações a extensão da responsabilidade patrimonial da
empresa aos sócios sem que haja a dissolução ou desconstituição da personalidade
jurídica.
Para positivar tal instituto o Código de Processo Civil traz em seus artigos 789
e 790 a responsabilidade patrimonial do devedor, com a possível desconsideração da
personalidade jurídica para atingir o responsável, senão vejamos:
Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros
para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas
em lei.
Art. 790. São sujeitos à execução os bens:
(...)
23

VII - do responsável, nos casos de desconsideração da personalidade


jurídica.
3.2.3. Pressupostos de aplicação da desconsideração da personalidade
jurídica

Cada seara do direito possui um regramento próprio à aplicação do incidente


de desconsideração da personalidade jurídica, mas é no Código Civil, lei nº
10.406/2002 em seu art. 50, recentemente alterado pela lei 13.874 de 2019, que
encontramos os pressupostos básicos para se estabelecer a viabilidade da
desconsideração da personalidade jurídica.

Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo


desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento
da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo,
desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de
obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de
sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso.
(Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019)
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização
da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos
ilícitos de qualquer natureza. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
§ 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato
entre os patrimônios, caracterizada por: (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do
administrador ou vice-versa; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações,
exceto os de valor proporcionalmente insignificante; e (Incluído pela Lei nº
13.874, de 2019)
III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial. (Incluído pela
Lei nº 13.874, de 2019)
§ 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também se aplica à
extensão das obrigações de sócios ou de administradores à pessoa jurídica.
(Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
§ 4º A mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos
de que trata o caput deste artigo não autoriza a desconsideração da
personalidade da pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
§ 5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da
finalidade original da atividade econômica específica da pessoa jurídica.
(Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
24

O objetivo do incidente de desconsideração da personalidade jurídica é de criar


condições para que ao longo do processo sejam apuradas as razões pelas quais o
direito material autoriza a responsabilização de pessoas naturais por atos praticados
por pessoas jurídicas. (BUENO, 2016).

Conforme o art. 134, do Novo CPC, o incidente poderá ser instaurado em todas
as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução
fundada em título executivo extrajudicial. Caso seja requerida a desconsideração da
personalidade na inicial, ele é dispensado, sendo apreciado quando do julgamento da
causa. Quando o incidente é instaurado provoca a suspensão do processo, e segundo
o art. 135 e 136, após citação da pessoa que possa vir a ser atingida pela
desconsideração e a realização de eventual instrução probatória, o incidente é
decidido por decisão interlocutória (CPC, Art. 134-136, 2015).

No que toca a aplicabilidade do incidente de desconsideração da personalidade


jurídica na execução fiscal há que se esclarecer que o CTN, em seu art. 135, já
debatido neste trabalho traz a previsão da aplicação prática da teoria da
desconsideração da personalidade jurídica ao tratar da responsabilidade pessoal
pelas obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes
ou infração de lei, contrato social ou estatutos.

Não obstante tal previsão não seja explícita, numa análise teleológica,
vislumbra-se o afastamento da personalidade jurídica para atingir o patrimônio
pessoal dos sócios/administradores.

Eis que entendemos que o redirecionamento da execução é fruto do ideal


trazido pela teoria da desconsideração da personalidade jurídica no sentido de
possibilitar o alcance do patrimônio pessoal dos sócios para suprir o crédito tributário,
consistindo regramento próprio do direito tributário, de modo que o incidente de
desconsideração da personalidade jurídica previsto no código de processo civil não
deve ser aplicado à execução fiscal.

No entanto, tal entendimento pressupõe, conforme abordado anteriormente, o


devido processo legal com o regular exercício da ampla defesa e do contraditório para
apuração da responsabilidade tributária do administrador. (CARVALHO, 2019)
25

Considerando as hipóteses trazidas no julgamento do REsp.702.23284/ STJ já


elencadas anteriormente, entendemos que a apuração da responsabilidade deverá se
dar mediante processo administrativo prévio na hipótese de a Fazenda Pública ser a
detentora do ônus da prova e durante a oposição dos embargos à execução quando
o ônus da prova for do sócio administrador.

3.2.4. Desconsideração da personalidade jurídica no grupo econômico

Grupo econômico é o conjunto de sociedades empresariais ou empresários


que, sob controle político de um indivíduo ou grupo, atuem em sincronia para lograr
maior eficiência em suas atividades. (MUNIZ, 2020)

Como já dito anteriormente, a Lei nº 13.874/2019 que instituiu a Declaração de


Direitos de Liberdade Econômica traz no parágrafo 4º do artigo 50, do Código Civil
que a mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos de que trata
o caput do artigo não autoriza a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica.

No entanto, quando se trata do processo de execução fiscal nos deparamos


com o disposto no art. 124, inciso I.

Art. 124. São solidariamente obrigadas:

I - as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato


gerador da obrigação principal;

Com base neste dispositivo é muito comum a responsabilização de diferentes


pessoas jurídicas ao fundamento de existir um grupo econômico de fato e, por
conseguinte, um “interesse comum” entre tais pessoas na realização do fato gerador
que enseja o surgimento da relação jurídica tributária.

A expressão “interesse comum” é o objeto da polêmica, posto que a norma não


traz a sua definição, ficando ao cargo da jurisprudência tentar estabelecer os limites
desta.

Esta discussão tem sido travada no Conselho Administrativo de Recursos


Fiscais – CARF, de modo que os debates têm produzidos diversas decisões sobre o
tema.
26

Acórdão Carf 1402-002.511 - para ocorrer a responsabilização solidária


prevista no artigo 124 do CTN é necessária a constatação e a prova da
participação conjunta de pessoas, como referido na sua redação, quando da
ocorrência do fato gerador, devendo serem estas diretos co-partícipes das
infrações percebidas pelo Fisco.

Acórdão Carf 9303-008.391 - não há elementos para comprovar que ele tinha
interesse comum na situação que constitua a ocorrência do fato gerador da
obrigação tributária, pois não há provas de que ele se beneficiava dos
resultados auferidos ou que participava dos lucros decorrentes das
operações irregulares, caracterizadas como sonegação fiscal.

Note que para aquele tribunal administrativo fiscal parte de seu colegiado
entende que para a configuração de “interesse comum” bastaria a existência de um
interesse econômico por parte do responsabilizado na ocorrência do fato gerador do
tributo, enquanto outra parcela do tribunal entende que não bastaria a existência de
um interesse econômico, cobrando, pois, a existência de um interesse jurídico, o qual
poderia ser configurado pela existência de uma confusão patrimonial ou mesmo uma
coparticipação na realização do fato gerador do tributo. (RIBEIRO, 2019)

Resta claro que não há uma uniformidade a respeito da responsabilização de


terceiros na hipótese dos grupos econômicos uma vez que se faz necessária a
comprovação de que este teve interesse comum ou agiu para a constituição do fato
gerador da obrigação principal, ou seja do tributo.

Neste caso, o TRF 4 posicionou-se a favor da instauração de incidente de


desconsideração da personalidade jurídica de forma precedente ao redirecionamento
da execução à outra empresa pertencente ao grupo econômico, conforme se
depreende do acórdão proferido no julgamento do Agravo de Instrumento nº 5049701-
26.2019.4.04.0000.

Trata-se de agravo de instrumento, com pedido de antecipação da tutela


recursal, interposto pela União (Fazenda Nacional) contra decisão da MM.
Juíza Federal Danielle Perini Artifon, da 16ª Vara Federal de Curitiba-PR, que,
nos autos da Execução Fiscal nº 5043244-03.2014.4.04.7000/PR,
estabeleceu ser necessária a instauração do incidente de desconsideração
da personalidade jurídica a fim de responsabilizar empresas alegadamente
pertencentes ao mesmo grupo econômico da sociedade executada (evento
27

65 do processo originário). Sustenta a parte agravante, em síntese, que a Lei


nº 6.830, de 1980 (arts. 2º; 16, §1º; 38), autoriza o redirecionamento da
execução aos responsáveis tributários, independentemente do incidente
previsto no Código de Processo Civil. sustenta ser indevida a suspensão da
execução fiscal. Requer a reforma da decisão agravada para que seja
apreciado o pedido de redirecionamento. É o relatório. Tudo bem visto e
examinado, passo a decidir. Em que pesem as alegações da parte agravante,
não cabe simplesmente redirecionar execução fiscal a empresa componente
do mesmo grupo econômico da executada. A inclusão de empresa
componente do grupo econômico no polo passivo da execução depende da
prévia instauração do incidente de desconsideração de personalidade jurídica
a que faz referência os arts. 133 e ss. do Código de Processo Civil (cf. TRF4,
AC nº 5008443-69.2016.4.04.7201/SC, Segunda Turma, julgado em 04-06-
2019). Assim, não cabe proceder ao simples redirecionamento da execução,
como pretende a parte agravante, não tendo sido, pois, apresentados motivos
suficientes à reforma da decisão agravada. De resto, ao contrário do que
sugere a agravante em suas razões recursais, a decisão agravada não tratou
de suspensão da execução fiscal, e se tal for decorrência da eventual
instauração do incidente (cf. CPC, art. 134, §3º), deve ser impugnada na
ocasião adequada. Ausente a relevância da fundamentação do recurso,
necessária ao pedido de antecipação da tutela recursal. Ante o exposto,
indefiro o pedido de antecipação da tutela recursal Intime-se a parte agravada
para contrarrazões. (TRF4, AG 5049701-26.2019.4.04.0000, SEGUNDA
TURMA, Relator RÔMULO PIZZOLATTI, juntado aos autos em 26/11/2019)

A 1ª turma do STJ decidiu nos autos do REsp nº 1.775.269 que é necessária


a instauração do Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica (IDPJ) –
previsto no art. 133 do CPC/15 – quando há o redirecionamento da execução fiscal
a pessoa jurídica que integra o mesmo grupo econômico da sociedade
originalmente executada, mas que não foi identificada no ato de lançamento (na
Certidão de Dívida Ativa) ou que não se enquadra nas hipóteses dos arts. 134 e
135 do CTN.

De acordo com o colegiado, para haver o redirecionamento da execução, é


necessária a comprovação do abuso de personalidade, caracterizado por desvio de
finalidade ou confusão patrimonial. (STJ, RESP nº 1.775.269/PR)

Por outro lado, para a 2ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, o incidente


de desconsideração de personalidade jurídica (IDPJ) é incompatível com o processo
28

de execução fiscal, consoante se verifica do acórdão proferido nos autos do REsp


1.786.311/PR, ou seja, para a 2ª Turma, não cabe paralisar a execução de uma
dívida tributária para discutir se houve abuso da personalidade jurídica. Nestes
casos, o Judiciário pode determinar diretamente o redirecionamento da cobrança a
terceiros.

Nosso entendimento, entretanto, é no sentido de que o IDPJ, não obstante


ser um instituto de suma importância, não possui cabimento para averiguar a
responsabilidade tributária pessoal de sócio administrador em decorrência de
práticas irregulares no exercício da administração que eventualmente contribuíram
para a ocorrência do fato gerador do tributo.

No entanto, no que toca à solidariedade prevista no art. 124, I do CTN,


seguimos o entendimento da 1ª turma do ST, posto que ao analisar de forma
sistêmica do dispositivo, bem como toda a jurisprudência sobre o tema, verifica-se
um obscurantismo conceitual em torno da expressão “interesse comum”, o que
remete à necessidade de apreciar caso a caso a existência da solidariedade entre
empresas do mesmo grupo econômico como procedimento prévio ao
redirecionamento da execução. Para este fim, entendo plenamente aplicável o IDPJ
previsto no Código de Processo Civil.
29

CONCLUSÃO

O presente trabalho buscou trazer conceitos gerais inerentes à relação jurídico


tributária perpassando pelo aprofundamento na responsabilidade de sócios e
administradores nas sociedade empresárias limitadas com intuito de explanar a
respeito das condutas perpetradas por estes agentes quando do exercício da
administração empresarial.

Com isto, delineou-se as hipóteses em que os sócios e administradores das


sociedades empresárias limitadas podem ser responsabilizados, bem como as
hipóteses em que tal responsabilização é incabível.

Abordou-se o procedimento para redirecionamento da execução ao terceiro


responsável, bem como restou debatido a possibilidade ou não da aplicação do
incidente de desconsideração da personalidade jurídica na execução fiscal.

Tal desenvolvimento se fez necessário para concluir que:

- Uma vez verificada que a responsabilidade do sócio é subsidiária, nos termos


do art. 134, para que o fisco possa invocá-la, há de demonstrar os atos comissivos e
omissivos que imputaria ao sócio a transferência de responsabilidade, sem contar que
somente será possível quando a sociedade estiver em procedimento de liquidação;

- Para proceder com a transferência de responsabilidade, a fazenda pública


deve individualizar a conduta do responsável, demonstrando ser esta ilícita ou
abusiva.

- A falta de pagamento do tributo não configura por si só, evento que acarreta
a incidência do Art. 135, III do CTN.

- Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no


seu domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes legitimando o
redirecionamento da execução fiscal para o sócio gerente.

- a origem do crédito tributário cuja responsabilidade é atribuída ao contribuinte


somente acarretará em responsabilidade ao terceiro caso tenham sido gerados por
atos seus, praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou
30

estatutos. Ou seja, o próprio nascimento da obrigação tributária já teria de ser em


decorrência de atos irregulares.

- Se o sócio se exonera regularmente da sociedade, sem extinção ilegal da


empresa, sem ter agido com excesso de poderes ou infração à lei ou ao contrato
social, não será ele responsável por dívida tributária da sociedade.

- O redirecionamento da execução só se aplica, nos termos do art. 135 do


CTN, quando o administrador tenha perpetrado atos que caracterizem fraude a lei,
ao contrato, ao estatuto, ou ainda a dissolução irregular da empresa.
Da problemática proposta construímos o entendimento de que o IDPJ não é
aplicável à execução fiscal em razão da ausência de previsão legal específica, bem
como de lacunas na legislação tributária que permitam a aplicação subsidiária do
CPC para impor procedimento antecedente ao redirecionamento da execução,
devendo a responsabilidade tributária do administrador ser averiguada em
procedimento administrativo antecedente à execução fiscal, garantida a ampla
defesa e o contraditório quando o ônus da prova for do fisco, bem como em sede
de embargos à execução quando o ônus da prova pertencer ao terceiro
responsável.

Por fim, entendemos que na hipótese do art. 124, I do CTN, dada a


ineficiência da norma em estabelecer os critérios do que seja “interesse comum”, a
IDPJ deve ser aplicada para averiguar a eventual responsabilidade de empresa
pertencente ao mesmo grupo econômico do sujeito passivo realizador do fato
gerador da obrigação tributária, para só então efetivar o redirecionamento da
execução caso reste comprovado que essa teve interesse ou concorreu para a
formação do fato gerador do tributo.
31

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