Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
TERESINA
2020
DANILO LIMA RODRIGUES
TERESINA-PI
2020
RODRIGUES, Danilo Lima. A responsabilidade tributária dos sócios e administradores
na sociedade empresária LTDA. 2020. Monografia apresentada no Curso de
Especialização em Direito Tributário, Instituto Brasileiro de Estudos Tributários – IBET.
Resumo
The debate about the limits of tax liability beyond the legal entity itself is brought to
light. In this sense, this monograph presents an analysis of the tax liability of the
partners, administrators or not, and a non-partner administrator to the extent of their
conduct when exercising the business activity. The study also addresses the
discussion related to the duality of procedures within the tax enforcement process,
namely, incident of disregard of the legal personality and the redirection of
enforcement, debating the position of the domestic jurisprudence in the light of specific
legislation and specialized doctrine.
INTRODUÇÃO ....................................................................................... 6
1. RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA - OBRIGAÇÃO E CRÉDITO
TRIBUTÁRIO ......................................................................................... 8
1.1. A relação jurídico tributária ...................................................... 8
1.2. Obrigação tributária .................................................................. 9
1.3. Crédito tributário ..................................................................... 10
2. A SOCIEDADE EMPRESÁRIA LTDA E A RESPONSABILIDADE
TRIBUTÁRIA ....................................................................................... 11
2.1. Responsabilidade tributária dos sócios e administradores
disposta no art. 134, VII, do código tributário nacional ................ 13
2.2. Responsabilidade tributária dos sócios e administradores
disposta no art. 135, III, do código tributário nacional ................. 14
2.2.1. Pressupostos para responsabilização do administrador ........................ 15
2.2.2. Alcance da responsabilidade tributária .................................................. 16
2.2.3. Responsabilidade subjetiva x objetiva ................................................... 17
2.3. A responsabilidade do ex sócio ............................................. 17
3. REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO E O INCIDENTE DE
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA ................. 19
3.1. Redirecionamento da execução ............................................. 19
3.2. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica 21
3.2.1. Conceito e forma de aquisição da personalidade jurídica ..................... 21
3.2.2. Conceito de desconsideração da personalidade jurídica .................... 22
3.2.3. Pressupostos de aplicação da desconsideração da personalidade
jurídica.................................................................................................................23
3.2.4. Desconsideração da personalidade jurídica no grupo econômico ......... 25
CONCLUSÃO ...................................................................................... 29
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................... 31
6
Introdução
Não obstante os sensíveis avanços trazidos pelo Código de Processo Civil
2015, a responsabilidade tributária dos sócios e administradores das sociedades
empresárias limitadas ainda causa intensos debates no meio acadêmico, nos fóruns
e tribunais do país.
O fisco por sua vez tem por dever constitucional prover a arrecadação de
tributos atendendo aos limites impostos pela legislação e uma vez que a relação
jurídica tributária pressupõe uma sujeição passiva da empresa contribuinte em relação
ao sujeito ativo Fazenda Pública, não pode esta, sob pena de prejudicar toda uma
cadeia de produção, a qualquer custo buscar a satisfação do seu crédito no patrimônio
pessoal dos sócios e administradores.
7
O ato praticado pelo sujeito passivo remete ao fato jurídico tributário que
corresponde a conduta do particular em consonância com a conduta prevista na
hipótese de incidência tributária devidamente vertido em linguagem competente.
Nesse caso, diremos que houve a subsunção, quando o fato (fato jurídico
tributário constituído pela linguagem prescrita pelo direito positivo) guardar
absoluta identidade com o desenho normativo da hipótese (hipótese
tributária). Ao ganhar concretude o fato, instala-se, automática e
infalivelmente, como diz Alfredo Augusto Becker, o laço abstrato pelo qual o
sujeito ativo torna-se titular do direito subjetivo público de exigir a prestação,
ao passo que o sujeito passivo ficará na contingência de cumpri-la.
(CARVALHO, 2019, p. 329).
O sujeito passivo, por sua vez, segundo o art. 121 do Código Tributário
Nacional, é o titular do dever de pagar o tributo ou penalidade pecuniária.
Deste conceito, verifica-se que os sócios da Ltda possuem uma limitação para
responder pelas obrigações sociais, uma vez que graças à personalidade jurídica da
sociedade há clara separação, de direitos e obrigações entre a sociedade e seus
sócios.
O caput do art. 1.052 do Código Civil dispõe que "na sociedade limitada, a
responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos
respondem solidariamente pela integralização do capital". Percebe-se da leitura da
parte final a primeira exceção à blindagem oferecida pela personalidade jurídica ao
patrimônio do sócio, posto que, uma vez não integralizado totalmente o capital social,
o sócio, mesmo já tendo realizado a integralização das suas quotas responde
solidariamente pela completa integralização do capital social com os demais sócios.
A sociedade limitada pode ser administrada por uma ou mais pessoas (sócias
ou não) designadas no contrato social ou em ato separado, podendo essas utilizarem
privativamente a firma ou denominação social. (Código Civil, 2002, art. 1060).
Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo
expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa,
vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a
responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo
do cumprimento total ou parcial da referida obrigação.
(...)
Neste sentido, decidiu o STJ no REsp 446.955/SC sob relatoria do Ministro Luiz
Fux, 2008:
14
Imperioso se faz destacar que a jurisprudência do STJ por meio da súmula 430
preconiza que “a falta de pagamento do tributo não configura por si só, evento que
acarreta a incidência do Art. 135, III do CTN.
Por outro lado, atos que indicam uma dissolução irregular da sociedade, ou
seja, sem o cumprimento formal do procedimento de liquidação e baixa, tem na
súmula do 435 do STJ o reconhecimento de que “presume-se dissolvida
irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem
comunicação aos órgãos competentes legitimando o redirecionamento da execução
fiscal para o sócio gerente”.
a) Excesso de poderes
Se caracteriza quando o administrador extrapola os limites de suas atribuições,
estas definidas no contrato social ou estatuto. Entende-se que o CTN estabelece que
responsabilidade tributária a terceiros diz respeito aos créditos tributários originados
de atos abusivos, não, aos créditos tributários em geral não quitados por simples
16
Tem-se que a referência do CTN diz respeito à lei que regula as ações das
pessoas na atividade empresarial. Assim, para administradores, é a legislação
societária (CC) que rege as suas condutas, bem como o contrato social que nada mais
é que um instrumento normativo de origem privada que faz lei entre as partes
consignantes.
c) Dissolução irregular
Nos termos do art. 135, III, do CTN, o que gera a responsabilidade é a condição
de administrador de bens alheios, e, em função disso, a lei fala em diretores, gerentes
ou representantes, e não, em sócios. Desta forma, é possível construir o entendimento
de que se o indivíduo é sócio, mas não exerce funções como administrador, diretor ou
gerente da sociedade, em tese, não há que se falar em responsabilidade desse pelos
débitos tributários.
supramencionada súmula nº 435, vez que algumas teses defendem que a súmula só
deve ser aplicada quando nos dois momentos o sócio administrador fosse o mesmo,
uma vez ser impossível que supostamente os atos perpetrados em determinados
momentos da linha temporal, gerem responsabilização por eventos pretéritos
(dissolução irregular gerar a responsabilidade pelo não pagamento de tributo em
gestão societária anterior).
Logo, à exceção deste caso, como a simples condição de sócio não implica a
responsabilidade tributária, o ex-sócio só poderá ser responsabilizado se exerceu
cargo de gerência na sociedade, e se agiu com abuso de poder ou se infringiu lei ou
contrato social. Ainda assim, essas obrigações tributárias cuja responsabilização se
busca deve ter resultado de tais atos administrativos societários. A situação é regida
18
pelo art. 135 do CTN e, se o ex-sócio não era o administrador, não há que se falar,
via de regra, em responsabilidade deste. (ALEXANDRE, 2017)
tem a CDA. Nessa circunstância, portanto, em sua defesa, tendo que “a presunção é
relativa, cabe ao responsável à discussão da matéria pelos embargos à execução,
tendo havido citação em nome próprio e penhora dos seus bens”.
b) Nos casos em que o nome do administrador CONSTA na CDA, como
corresponsável e a execução fiscal foi iniciada somente contra a pessoa
jurídica: Caso a execução tenha sido iniciada somente contra a pessoa jurídica e
havendo indicação do nome do sócio-gerente na CDA, como corresponsável
tributário, não é um “típico” redirecionamento, tendo em vista a presunção de liquidez
e certeza da CDA. O ônus da prova compete igualmente ao sócio. Também a
discussão da matéria será pelos embargos à execução. Ressalta-se ainda que, nessa
circunstância, em que o nome do administrador constar da CDA, ainda que a CDA
tenha presunção de liquidez e certeza, a presunção é relativa, por este motivo, cabível
ao responsável a discussão da matéria pelos embargos à execução.
c) Nos casos em que o nome do sócio NÃO CONSTA na CDA e a execução
fiscal foi iniciada somente contra a pessoa jurídica: Quando iniciada a execução
contra a pessoa jurídica e, posteriormente, redirecionada contra o sócio/gerente, que
não constava da CDA, é o caso de um “típico” redirecionamento da execução fiscal,
cujo ônus da prova caberá ao Fisco. Nessa circunstância, se o sócio não tiver sido
citado, mas os seus bens pessoais forem penhorados, a sua defesa deverá ser
deduzida, mediante embargos de terceiros.
Conforme o art. 134, do Novo CPC, o incidente poderá ser instaurado em todas
as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução
fundada em título executivo extrajudicial. Caso seja requerida a desconsideração da
personalidade na inicial, ele é dispensado, sendo apreciado quando do julgamento da
causa. Quando o incidente é instaurado provoca a suspensão do processo, e segundo
o art. 135 e 136, após citação da pessoa que possa vir a ser atingida pela
desconsideração e a realização de eventual instrução probatória, o incidente é
decidido por decisão interlocutória (CPC, Art. 134-136, 2015).
Não obstante tal previsão não seja explícita, numa análise teleológica,
vislumbra-se o afastamento da personalidade jurídica para atingir o patrimônio
pessoal dos sócios/administradores.
Acórdão Carf 9303-008.391 - não há elementos para comprovar que ele tinha
interesse comum na situação que constitua a ocorrência do fato gerador da
obrigação tributária, pois não há provas de que ele se beneficiava dos
resultados auferidos ou que participava dos lucros decorrentes das
operações irregulares, caracterizadas como sonegação fiscal.
Note que para aquele tribunal administrativo fiscal parte de seu colegiado
entende que para a configuração de “interesse comum” bastaria a existência de um
interesse econômico por parte do responsabilizado na ocorrência do fato gerador do
tributo, enquanto outra parcela do tribunal entende que não bastaria a existência de
um interesse econômico, cobrando, pois, a existência de um interesse jurídico, o qual
poderia ser configurado pela existência de uma confusão patrimonial ou mesmo uma
coparticipação na realização do fato gerador do tributo. (RIBEIRO, 2019)
CONCLUSÃO
- A falta de pagamento do tributo não configura por si só, evento que acarreta
a incidência do Art. 135, III do CTN.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, Amador Paes de. Execução de bens dos sócios: obrigações mercantis,
tributárias, trabalhistas: da desconsideração da personalidade jurídica (doutrina e
jurisprudência). 6. ed. rev., atual. e aum. São Paulo: Saraiva, 2003.
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial
da União: seção 1, Brasília, DF, ano 139, n. 8, p. 1-74, 11 jan. 2002.
BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil. – São Paulo: Saraiva,
32
2016.
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 30ª ed. São Paulo: Editora
Saraiva, 2019.
CARVALHO, Paulo de Barros. Fundamentos Jurídicos da Incidência. 10ª ed. rev. São
Paulo: Editora Saraiva, 2015.
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial. 21ª ed. São Paulo: Editora:
Revista dos Tribunais, 2018. v. 2
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial: direito de empresa. 8ª ed. São
Paulo: Editora Saraiva, 2008. v. 3
PACHECO, José da Silva. Comentários à Lei de Execução Fiscal. 12. ed. São Paulo:
Editora Saraiva, 2009.