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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Faculdade Mineira de Direito

Tiago Pimenta Gonçalves

ANÁLISE JURÍDICA DO TRATAMENTO TRIBUTÁRIO CONFERIDO AOS JUROS


SOBRE CAPITAL PRÓPRIO

Belo Horizonte

2020
Tiago Pimenta Gonçalves

ANÁLISE JURÍDICA DO TRATAMENTO TRIBUTÁRIO CONFERIDO AOS JUROS


SOBRE CAPITAL PRÓPRIO

Monografia apresentada ao Programa de Graduação


em Direito da Pontifícia Universidade Católica de
Minas Gerais, como requisito parcial para a
obtenção do título de Bacharel em Direito.

Orientador: Marciano Seabra de Godoi

Belo Horizonte

2020
Tiago Pimenta Gonçalves

ANÁLISE JURÍDICA DO TRATAMENTO TRIBUTÁRIO CONFERIDO AOS JUROS


SOBRE CAPITAL PRÓPRIO

Monografia apresentada ao Programa de Graduação


em Direito da Pontifícia Universidade Católica de
Minas Gerais, como requisito parcial para a
obtenção do título de Bacharel em Direito.

Orientador: Marciano Seabra de Godoi

Dr. Marciano Seabra de Godoi (Orientador)

Dr. Leonardo Varella Giannetti (Membro da Banca Examinadora)

Belo Horizonte, 23 de junho de 2020.


RESUMO

Esta monografia tem o objetivo de realizar uma análise jurídica do tratamento


tributário conferido aos Juros Sobre Capital Próprio (JCP), especialmente para verificar se o
instituto é compatível com os princípios da capacidade contributiva e igualdade, assim como
examinar de forma crítica as controvérsias que o cercam e o posicionamento adotado pelo
Superior Tribunal de Justiça (STJ) em relação a essas. Dessa forma, serão estudadas as
posições doutrinárias, dos contribuintes, da Administração Fazendária, e jurisprudência acerca
da natureza do instituto, possibilidade de incidência das Contribuições ao PIS/Pasep e da
COFINS sobre os juros remuneratórios, expectativa de dedutibilidade destes da base de
cálculo da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL) no ano calendário de 1996, e,
finalmente, possibilidade de deduzir do lucro real os juros sobre capital apurados com base
em exercícios anteriores ao do efetivo pagamento. Ao final, concluímos que os JCP são um
mecanismo adequado para incentivar o desenvolvimento das empresas brasileiras, e respeita
os princípios da capacidade contributiva e igualdade. Ainda, verificamos que, até o momento,
o STJ fixou entendimentos coerentes quanto as controvérsias já pacificadas pela Corte, ao
definir a natureza autônoma do instituto, permitir a incidência das Contribuições ao PIS/Pasep
e da COFINS, e vedar a exclusão dos JCP do lucro líquido e, consequentemente, da base de
cálculo da CSLL, no ano de 1996. Em relação à dedutibilidade do lucro real relativa aos juros
remuneratórios apurados com base em períodos anteriores ao do pagamento, embora não haja
jurisprudência pacífica sobre o tema, entendemos em favor da sua permissão.

Palavras chave: Juros Sobre Capital Próprio – natureza jurídica – PIS/Pasep – COFINS –
dedutibilidade – Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido – Imposto sobre a Renda - lucro
real - períodos anteriores – capacidade contributiva - Superior Tribunal de Justiça
ABSTRACT

This study aims to analyse the tax treatment of interest on stockholders equity,
particularly to verify its compatibility with the ability-to-pay principle and equal protection, as
well as look into the disputes about the subject and the precedents set by the Brazilian
Superior Court of Justice. Therefore, it will be assessed the legal scholarship, besides the
stance of the taxpayers, tax authority and court precedents on its legal nature, whether or not
the social Contributions to PIS/Pasep and COFINS should apply over the interest on equity,
the possibility to deduct these from the tax base of social contribution on net income related to
the calendar year of 1996, and, at last, the possibility to subtract out off the taxable income the
interest on equity accounted based on fiscal years previous to the payment. In the end, we
conclude that the interest on equity is a viable option to increase the development of Brazilian
companies whilst respects the ability-to-pay principle and equal protection. In addition, up
until now the Superior Court consistently settled the law to define the autonomy of the legal
nature of the interest on equity, allowed the incidence of PIS/Pasep and COFINS, and denied
the possibility to deduct the interest on equity from the tax base of the social contribution on
net income of 1996. Even though there is no settled law on whether it is possible to deduct
from the taxable income the interest on equity related to fiscal years previous to the payment,
we support that the deductibility is possible.

Key words: interest on stockholders equity – legal nature – PIS/Pasep – COFINS –


deductibility – social contribution on net income – taxable income – previous fiscal years –
ability-to-pay principle - Brazilian Superior Court of Justice
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................................................................ 11

2. ORIGEM DOS JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO E TRATAMENTO


TRIBUTÁRIO A PARTIR DA LEI 9.249/95............................................................... 12

3. CONTROVÉRSIAS JURÍDICAS RELATIVAS AOS JUROS SOBRE CAPITAL


PRÓPRIO......................................................................................................................... 20
3.1 Natureza Jurídica do Instituto........................................................................................ 20
3.2 Incidência das Contribuições Sociais ao PIS/Pasep e da COFINS sobre os Juros
Sobre Capital Próprio ..................................................................................................... 25
3.3 Dedução da Base de Cálculo da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido no ano
calendário de 1996............................................................................................................ 27
3.4 Dedutibilidade dos Juros Sobre Capital Próprio relativos a Exercícios Anteriores ao
do efetivo pagamento....................................................................................................... 29

4 CONCLUSÃO.................................................................................................................. 33

5 REFERÊNCIAS............................................................................................................... 34
11

1. INTRODUÇÃO

O intuito deste trabalho é analisar o instituto jurídico dos Juros Sobre Capital Próprio
(JCP), com enfoque no tratamento tributário que a Lei 9.249/95 lhe atribuiu. Para tanto, será
demonstrada a origem do instituto bem como os motivos que ensejaram a sua criação, além
das principais alterações que o diploma legal que o disciplina sofreu desde sua criação.

A partir disso, serão elencadas as controvérsias existentes acerca do tema, de modo


que será exposto não só o posicionamento dos doutrinadores, contribuintes e Administração
Fazendária sobre as matérias, como também qual o entendimento adotado pelo judiciário para
solucioná-las, com destaque para decisões proferidas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Dentre as polêmicas a serem estudadas adiante, se encontram a definição da natureza


jurídica dos JCP, a permissão ou não de serem cobradas as Contribuições Sociais ao
PIS/Pasep e da COFINS sobre os juros remuneratórios do capital, além da possibilidade de
utilizar o benefício tributário da dedutibilidade dos JCP da base de cálculo da Contribuição
Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL) no ano calendário de 1996.

Também será abordada questão relativa à dedutibilidade dos juros remuneratórios do


capital apurados com base em períodos anteriores ao do efetivo pagamento, com ênfase ao
posicionamento que o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) adotou sobre o
tema ao longo do tempo e na manifestação do Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre este.

Ao longo do trabalho, busca-se verificar se o instituto dos Juros Sobre o Capital


Próprio está de acordo com os princípios da capacidade contributiva e igualdade, bem como
analisar a coerência das decisões do STJ sobre os temas em que foi instado a se manifestar.
12

2. ORIGEM DOS JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO E TRATAMENTO


TRIBUTÁRIO A PARTIR DA LEI 9.249/95

A Lei 9.249, de 26 de novembro de 1995, alterou a legislação do Imposto de Renda


das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido, e, dentre as
suas principais mudanças, se encontra a instituição dos Juros Sobre Capital Próprio. O
instituto está previsto no art. 9º da Lei 9.249/95 e, em sua redação atual, permite que a pessoa
jurídica que se submeta ao regime de tributação do lucro real deduza os juros pagos aos sócios
ou acionistas a título de remuneração do capital próprio da base de cálculo do IRPJ e da
CSLL.

Art. 9º A pessoa jurídica poderá deduzir, para efeitos da apuração do lucro real, os
juros pagos ou creditados individualizadamente a titular, sócios ou acionistas, a
título de remuneração do capital próprio, calculados sobre as contas do patrimônio
líquido e limitados à variação, pro rata dia, da Taxa de Juros de Longo Prazo - TJLP.
§ 1º O efetivo pagamento ou crédito dos juros fica condicionado à existência de
lucros, computados antes da dedução dos juros, ou de lucros acumulados e reservas
de lucros, em montante igual ou superior ao valor de duas vezes os juros a serem
pagos ou creditados.
§ 2º Os juros ficarão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte à alíquota de
quinze por cento, na data do pagamento ou crédito ao beneficiário.
§ 3º O imposto retido na fonte será considerado: I - antecipação do devido na
declaração de rendimentos, no caso de beneficiário pessoa jurídica tributada com
base no lucro real; II - tributação definitiva, no caso de beneficiário pessoa física ou
pessoa jurídica não tributada com base no lucro real, inclusive isenta, ressalvado o
disposto no § 4º;
§ 4º Revogado
§ 5º No caso de beneficiário sociedade civil de prestação de serviços, submetida ao
regime de tributação de que trata o art. 1º do Decreto-Lei nº 2.397, de 21 de
dezembro de 1987, o imposto poderá ser compensado com o retido por ocasião do
pagamento dos rendimentos aos sócios beneficiários.
§ 6º No caso de beneficiário pessoa jurídica tributada com base no lucro real, o
imposto de que trata o § 2º poderá ainda ser compensado com o retido por ocasião
do pagamento ou crédito de juros, a título de remuneração de capital próprio, a seu
titular, sócios ou acionistas.
§ 7º O valor dos juros pagos ou creditados pela pessoa jurídica, a título de
remuneração do capital próprio, poderá ser imputado ao valor dos dividendos de que
trata o art. 202 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, sem prejuízo do
disposto no § 2º.
§ 8o Para fins de cálculo da remuneração prevista neste artigo, serão consideradas
exclusivamente as seguintes contas do patrimônio líquido: I - capital social; II -
reservas de capital; III - reservas de lucros; IV - ações em tesouraria; e V - prejuízos
acumulados.
§9º Revogado
§ 10. Revogado
§ 11. O disposto neste artigo aplica-se à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido.
§ 12. Para fins de cálculo da remuneração prevista neste artigo, a conta capital
social, prevista no inciso I do § 8o deste artigo, inclui todas as espécies de ações
previstas no art. 15 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, ainda que
classificadas em contas de passivo na escrituração comercial.

Ressalta-se que o referido dispositivo legal sofreu algumas alterações relevantes desde
sua edição, nesse ponto, cita-se a Lei 9.430/96 que revogou os §§ 4º e 10. do art. 9º da Lei
13

1
9.249/95. O §4º previa que os JCP devessem ser adicionados à base de cálculo relativa à
incidência da alíquota adicional de 10% do IRPJ aplicada sobre a parcela do lucro real,
presumido ou arbitrado que exceder o valor médio mensal de R$20.000,00 por período de
2
apuração. Já o §10. determinava que os Juros Remuneratórios do Capital devessem ser
incluídos no lucro líquido e, consequentemente, integrar a base de cálculo da CSLL. Dessa
forma verifica-se que a revogação de ambos dispositivos constitui benefício para as pessoas
jurídicas que fazem uso do instituto.

Em contrapartida, a Medida Provisória n. 694/2015, visando equilibrar a tributação


dos JCP com o benefício econômico que o mesmo propicia às empresas, chegou a alterar o
3
§2º do art. 9º da Lei 9.249/95, para aumentar a alíquota do Imposto de Renda Retido na
Fonte (IRRF) incidente no pagamento dos Juros sobre Capital de 15% (quinze por cento) para
18% (dezoito por cento), entretanto, a medida não foi convertida em Lei e já se encontra com
vigência encerrada.

Análise histórica do nosso ordenamento jurídico revela que o Decreto Lei nº 2.627/40
(Lei do Anonimato), que dispunha sobre as sociedades por ações, já previa em seu art. 129,
parágrafo único, alíneas “d” e “e” 4, hoje revogado pela Lei nº 6.404/76 (Lei de Sociedades
Anônimas), a possibilidade de incluir, nas despesas de instalação da sociedade, os juros pagos
aos acionistas durante o período que antecedesse o início das atividades sociais, previsão essa
que se justificava pela mesma lógica dos juros remuneratórios estudados neste trabalho 5.

A Exposição de Motivos do Ministério da Fazenda, em seus itens 10 e 11 6, deixa


claro que a Lei 9.249/95, ao instituir a dedutibilidade dos JCP, objetivou equiparar a

1
§ 4º No caso de beneficiário pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido ou arbitrado, os juros de
que trata este artigo serão adicionados à base de cálculo de incidência do adicional previsto no § 1º do art. 3º.
2
§ 10. O valor da remuneração deduzida, inclusive na forma do parágrafo anterior, deverá ser adicionado ao
lucro líquido para determinação da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido.
3
§ 2 º Os juros ficarão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte à alíquota de dezoito por cento, na data
do pagamento ou crédito ao beneficiário.
4
Art. 129. No fim de cada ano ou exercício social, proceder-se-á a balanço geral, para a verificação dos lucros
ou prejuízos.
Parágrafo único. Feito o inventário do ativo e passivo, a estimação do ativo obedecerá às seguintes regras: (...)
d) entre os valores do ativo poderão figurar as despesas de instalação da sociedade, desde que não excedam de
10 % (dez por cento) do capital social e sejam amortizadas anualmente;
e) nas despesas de instalação deverão ser incluidos os juros pagos aos acionistas durante o período que anteceder
o início das operações sociais. Os estatutos fixarão a taxa de juro, que não poderá exceder de 6 % (seis por cento)
ao ano, e o prazo para a amortização.
5
LIMA, Mariana Miranda. A Natureza Jurídica dos Juros sobre o Capital Próprio e as Convenções para evitar a
Dupla Tributação. Dissertação de Mestrado. USP. 2009. fl. 79.
6
10. Com vistas a equiparar a tributação dos diversos tipos de rendimentos do capital, o Projeto introduz a
possibilidade de remuneração do capital próprio investido na atividade produtiva, permitindo a dedução dos
juros pagos aos acionista, até o limite da variação da Taxa de Juros de Longo prazo - TJLP; compatibiliza as
alíquotas aplicáveis aos rendimentos provenientes de capital de risco àquelas pela qual são tributados os
14

tributação dos rendimentos provenientes do capital e compatibilizar as alíquotas aplicáveis ao


produto do capital de risco as relativas a rendimentos do mercado financeiro, para
consequentemente, elevar a capacidade produtiva das empresas brasileiras e possibilitar um
aumento no nível de investimento destas sem a contrapartida de aumentar, também, o
endividamento.

Assim, infere-se que o instituto equiparou o financiamento por meio do capital próprio
ao capital de terceiros, na medida em que os juros pagos a estes em razão de empréstimos são,
em regra, despesas financeiras dedutíveis do Imposto sobre a Renda.

Desse modo, e a partir do tratamento tributário igualitário entre a capitalização por


meio do capital próprio e de terceiros, as empresas são estimuladas a optarem pelo
financiamento via capital próprio, que traz um menor risco para o desenvolvimento da
atividade empresarial e permite um crescimento orgânico e saudável, vez que gera uma maior
estabilidade financeira, preserva sua capacidade de endividamento futura e traz uma maior
eficiência administrativa, tudo em razão da redução do valor do passivo da empresa 7.

Ressalta-se, em contrapartida, que a capitalização por capital próprio também


apresenta desvantagens, como a diluição de participação do sócio que impacta no direito de
voto deste e no recebimento de dividendos, a menor rentabilidade do capital em comparação
com uma empresa alavancada, e a disponibilidade de recursos limitada ao capital dos sócios 8.

Alguns doutrinadores também explicam a origem dos Juros sobre Capital Próprio
como uma forma de contrabalancear a extinção, prevista pelo art. 4º da Lei 9.249/95 9, da
correção monetária das demonstrações financeiras. Esta que, nos termos dos já revogados art.

rendimentos do mercado financeiro; desonera os dividendos; caminha na direção da equalização do tratamento


tributário do capital nacional e estrangeiro; e revoga antiga isenção do imposto de renda incidente sobre a
remessa de juros para o exterior, prevista no Decreto-Lei nº 1.215, de 1972 (arts. 9 a 12, § 2º do art. 13, art. 28, e
inciso I do art. 32), a fim de que não ocorra qualquer desarmonia no tratamento tributário que se pretende atingir.
Igualando-se, para esse fim, o aplicador nacional e estrangeiro.
11. A permissão de dedução de juros pagos ao acionista, até o limite proposto, em especial, deverá provocar um
incremente das aplicações produtivas nas empresas brasileiras capacitando-as a elevar nível de investimentos,
sem endividamento, com evidentes vantagens no que se refere à geração de empregos e ao crescimento
sustentado da economia. Objetivo a ser atingido mediante a adoção de política tributária moderna e compatível
com aquela praticada pelos demais países emergentes, que competem com o Brasil na capacitação de recursos
internacionais para investimento.
7
PEDREIRA, José Luis Bulhões apud LIMA, Mariana Miranda. op. cit. fl. 27.
8
PEDREIRA, José Luis Bulhões apud LIMA, Mariana Miranda, op. cit., fls. 28/29.
9
Art. 4º Fica revogada a correção monetária das demonstrações financeiras de que tratam a Lei nº 7.799, de 10
de julho de 1989, e o art. 1º da Lei nº 8.200, de 28 de junho de 1991.
Parágrafo único. Fica vedada a utilização de qualquer sistema de correção monetária de demonstrações
financeiras, inclusive para fins societários.
15

10
2º, art. 3º e art. 4º da Lei nº 7.799/89 , garantia a atualização monetária dos resultados
contábeis que determinavam o lucro real, e, consequentemente, impedia distorção causada por
eventual inflação na base de cálculo do IRPJ.

Nesse sentido, Modesto Carvalhosa adota o entendimento de que o instituto tinha a


função de “compensar a extinção da correção monetária do patrimônio líquido” e,
consequentemente, contrabalancear “ainda que parcialmente, a não correção monetária do
capital próprio, o que, a longo prazo, traria uma perversa desproporção entre os lucros
acumulados e o patrimônio líquido da companhia” 11.

Entretanto, não se poder perder de vista que os JCP foram inseridos no ordenamento
jurídico no mesmo momento histórico da isenção dos dividendos, o que leva ao
posicionamento defendido por Luís Eduardo Schoueri de que o instituto objetiva combater a
prática da subcapitalização, esta que consiste nos sócios de determinada sociedade deixarem
de aportar seus investimentos no capital social da mesma para mantê-los como empréstimos.
Nas palavras do referido doutrinador: “em situações em que tanto os juros quanto os
dividendos pagos aos sócios são tributados, é mais vantajoso para os sócios capitalizar suas
empresas por meios de empréstimos do que por aportes no capital social, uma vez que o
12
pagamento de juros, diferentemente dos dividendos, é despesa dedutível da sociedade” .
Dessa forma, a dedutibilidade dos JCP aliada à isenção dos dividendos se mostrou uma
solução do legislador para combater o fenômeno da subcapitalização, na medida em que
favorece a capitalização por meio do capital próprio e de aportes no capital social em
detrimento de empréstimos.

10
Art. 2° Para efeito de determinar o lucro real - base de cálculo do imposto de renda das pessoas jurídicas -, a
correção monetária das demonstrações financeiras será efetuada de acordo com as normas previstas nesta Lei
Art. 3° A correção monetária das demonstrações financeiras tem por objetivo expressar, em valores reais, os
elementos patrimoniais e a base de cálculo do imposto de renda de cada período-base.
Parágrafo único. Não será admitido à pessoa jurídica utilizar procedimentos de correção monetária das
demonstrações financeiras que descaracterizem os seus resultados, com a finalidade de reduzir a base de cálculo
do imposto ou de postergar o seu pagamento.
Art. 4° Os efeitos da modificação do poder de compra da moeda nacional sobre o valor dos elementos do
patrimônio e os resultados do período-base serão computados na determinação do lucro real mediante os
seguintes procedimentos: (...)
11
CARVALHOSA, Modesto. Comentários à Lei de Sociedades Anônimas. vol 1. 7ª Edição. São Paulo: Saraiva,
2013. fl. s/n.
12
SCHOUERI, Luís Eduardo. Juros sobre Capital Próprio: Natureza Jurídica e Forma de Apuração diante da
"Nova Contabilidade". Controvérsias Jurídico-Contábeis: (Aproximações e Distanciamentos) 3º Volume. 2012.
fl. 171
16

Nesse ponto, destaca-se que a Instrução Normativa SRF nº 41/98, em seu art. 1º,
parágrafo único 13, permite expressamente que o valor creditado a título de JCP seja utilizado
para aumentar o capital social da companhia sem lhe retirar a característica da dedutibilidade,
tanto a relativa ao IRPJ quanto à CSLL, desde que recolhido, é claro, o IRRF devido.

Em relação à apuração, os JCP devem ser calculados de acordo com alguns limites,
primeiro, eles devem ser apurados sobre o patrimônio líquido da empresa, este obtido levando
em conta apenas o capital social, as reservas de capital e de lucro, as ações em tesouraria e os
prejuízos acumulados da pessoa jurídica 14, sendo o pagamento limitado à variação da Taxa de
Juros de Longo Prazo (TJLP) 15.

Ou seja, aplica-se a taxa de juros de longo prazo sobre o patrimônio disponível da


empresa, de modo que, o resultado é o valor que se esperaria receber caso essa parcela do
capital fosse alocada em uma aplicação financeira de longo prazo. Assim, é possível concluir
que os juros sobre capital próprio são uma forma de remunerar o sócio pelo capital investido
na empresa de forma equivalente tanto às alternativas de aplicações financeiras quanto à
remuneração via capital de terceiros, que se dá por juros de mercado. Segundo Ives Gandra e
Fátima Fernandes: “assim como o capital de terceiros é remunerado por juros de mercado, do
ponto de vista econômico, o capital próprio (dos sócios ou acionistas) igualmente apresentaria
um custo de oportunidade, representando, na pessoa jurídica, um passivo para com os
beneficiários.” 16.

Segundo, o pagamento dos Juros Sobre Capital Próprio está vinculado à existência de
lucros, computados antes da dedução dos juros, lucros acumulados ou reserva de lucros em
17
montante igual ou superior ao valor de duas vezes os juros a serem creditados . Quer dizer,
só é possível distribuir JCP até o limite de 50% do lucro do exercício, ou 50% da reserva de
lucros ou lucros acumulados. Ou seja, se determinada empresa realizar pagamento fora dos

13
Art. 1º Para efeito do disposto no art. 9o da Lei No 9.249, de 26 de dezembro de 1995, considera-se creditado,
individualizadamente, o valor dos juros sobre o capital próprio, quando a despesa for registrada, na escrituração
contábil da pessoa jurídica, em contrapartida a conta ou subconta de seu passivo exigível, representativa de
direito de crédito do sócio ou acionista da sociedade ou do titular da empresa individual.
Parágrafo único. A utilização do valor creditado, líquido do imposto incidente na fonte, para integralização de
aumento de capital na empresa, não prejudica o direito a dedutibilidade da despesa, tanto para efeito do lucro
real quanto da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido.
14
Artigo 9º, §8º, da Lei nº 9.249/95.
15
Artigo 9º, caput, da Lei nº 9.249/95.
16
MARTINS, Ives Gandra da Silva, DE SOUZA, Fátima Fernandes Rodrigues. A figura dos juros sobre capital
próprio e as contribuições sociais do PIS e da COFINS. Revista Dialética de Direito Tributário nº 169. 2009. fl.
74.
17
Artigo 9º, §1º, da Lei nº 9.249/95.
17

parâmetros citados acima estará pagando aos seus sócios rendimentos diversos do JCP ou,
ainda que os denomine dessa forma, eles serão indedutíveis 18.

Quanto à tributação, os juros pagos se sujeitam a incidência de Imposto de Renda


Retido na Fonte, no momento do crédito ao beneficiário, sendo devida uma alíquota padrão de
19
15% (quinze por cento) . Excepcionalmente, os JCP recebidos por pessoa jurídica
20
domiciliada em "paraísos fiscais", definidos nos termos do art. 24 da Lei nº 9.430/96 , se
sujeitam à incidência de IRRF à alíquota de 25% (vinte e cinco por cento), conforme previsão
do art. 14, § 1º, da IN/RFB nº 1.455/14 21.

Nesse ponto, o imposto retido pode ser considerado antecipação do devido na


declaração de rendimentos 22 ou tributação definitiva 23. Esta se aplica ao caso de beneficiário
pessoa física e pessoa jurídica isenta, de modo que os juros recebidos não são incluídos na
soma dos rendimentos do ano-calendário, nem o imposto retido na fonte pode ser compensado
24
com eventual Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) devido . Já aquela ocorre quando se
trata de beneficiário pessoa jurídica, seja ela tributada pelo lucro real, presumido ou arbitrado.

Ainda, no caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro real, o imposto
suportado por essa pode ser compensado com o retido por ocasião do pagamento de juros
25
remuneratórios de capital aos seus próprios sócios ou acionistas , desonerando estes em
detrimento da sociedade que efetivamente suportou o ônus da tributação quando recebeu os

18
MOSQUERA, Roberto Quiroga. O Regime Jurídico-tributário das Participações Societárias – Ganho de
Capital, Juros sobre o Capital Próprio e Dividendos. O Direito Tributário e o Mercado Financeiro e de Capitais.
2009. fl. 419.
19
Artigo 9º, §2º, da Lei nº 9.249/95.
20
Art. 24. As disposições relativas a preços, custos e taxas de juros, constantes dos arts. 18 a 22, aplicam-se,
também, às operações efetuadas por pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no Brasil, com qualquer
pessoa física ou jurídica, ainda que não vinculada, residente ou domiciliada em país que não tribute a renda ou
que a tribute a alíquota máxima inferior a vinte por cento.
21
Art. 14. As importâncias pagas, creditadas, entregues, empregadas ou remetidas para beneficiários
domiciliados no exterior, a título de juros sobre o capital próprio, estão sujeitas à incidência do imposto sobre a
renda na fonte, à alíquota de 15% (quinze por cento).
§ 1º Os rendimentos mencionados no caput recebidos por pessoa jurídica domiciliada em país ou dependência
com tributação favorecida a que se refere o art. 24 da Lei nº 9.430, de 1996, sujeitamse à incidência do imposto
sobre a renda na fonte à alíquota de 25% (vinte e cinco por cento).
22
Artigo 9º, §3º, inciso I, da Lei nº 9.249/95; Art. 51, parágrafo único, da Lei nº 9.430/96; Art. 726, §1º, inciso I,
do Decreto 9.580/18 (Regulamento do Imposto de Renda).
23
Artigo 9º, §3º, inciso II, da Lei nº 9.249/95; Art. 726, §1º, inciso II, do Decreto 9.580/18 (Regulamento do
Imposto de Renda).
24
DURIGON, André Luís, Regime tributário da remuneração dos sócios de pessoa jurídica. Revista PGFN.
2018. fl. 185.
25
Artigo 9º, §6º, da Lei nº 9.249/95.
18

juros sobre capital. Dessa forma, verifica-se que tal previsão consiste principalmente em um
benefício ao sócio, titular ou acionista 26.

Finalmente, verifica-se que a dedutibilidade beneficia sim o sócio ou acionista, mas


especialmente, a empresa em si. Considerando as alíquotas padrão de 25% (vinte e cinco por
cento) e 9% (nove por cento) do IRPJ e da CSLL, respectivamente, a dedutibilidade é, em
princípio, aproveitada diretamente pela companhia à uma alíquota total de 34%. Entretanto, e
tendo em vista o IRRF de 15 % (quinze por cento) previsto pelo art. 9º, §2º, da Lei nº
9.249/95, conclui-se que o benefício real obtido pelas empresas que utilizam o instituto do
JCP se dá a uma alíquota de 19% (dezenove por cento). Por outro lado, o sócio ou acionista se
beneficia de forma indireta, na medida em que tem participação na empresa que está se
valendo de benefício tributário para potencializar seu resultado financeiro e perspectivas de
crescimento 27.

Destaca-se que há críticas a serem colocadas em face do nível do benefício econômico


auferido pelas empresas que fazem uso dos JCP. Segundo o Procurador André Luís Durigon,
os patamares do benéfico excedem os objetivos que ensejaram a criação do referido instituto,
além disso, defende que “a alíquota linear de 15% e o regime de tributação exclusiva na fonte
para o beneficiário pessoa física se mostram excessivamente benéficas e não observam a
progressividade do imposto de renda” 28.

Para efeito de comparação, o Procurador cita figura semelhante aos juros


remuneratórios na Bélgica, instituída com o intuito de equilibrar a tributação entre empresas
financiadas com recursos próprios e de terceiros, cuja “possibilidade de dedução de juros
fictos pode reduzir a alíquota efetiva do imposto de renda da pessoa jurídica de 33,99% para
ate 25%” 29. Ou seja, uma medida cujo intuito é análogo ao JCP, previu uma redução efetiva
de apenas 8,99%, menos da metade do benefício concedido no Brasil.

Aliás, importante ressaltar que as disposições sobre os JCP previstas no artigo 9º da


Lei nº 9.249/95 se aplicam não só ao cálculo do lucro real, como também à Contribuição
Social sobre o Lucro Líquido, conforme determinação expressa do §11 do referido artigo.
Vale a pena destacar, nesse ponto, discussão acerca da aplicabilidade da dedução da CSSL
referente ao ano calendário de 1996, o que será brevemente analisado no próximo capítulo.

26
LIMA, Mariana Miranda, op. cit. fl. 85.
27
LIMA, Mariana Miranda, op. cit. fl. 86.
28
DURIGON, André Luís, op. cit. fl. 193.
29
QUEIROZ E SILVA apud DURIGON, André Luís, op. cit. fl. 192.
19

Ademais, os juros pagos ou creditados a título de remuneração do capital próprio


podem ser imputados ao valor dos dividendos obrigatórios previstos nos termos do art. 202,
da Lei nº 6.404/76 30, o que levanta uma série de questionamentos acerca da natureza jurídica
dos JCP, conforme será estudado adiante. Ressalta-se que a imputação dos JCP distribuídos
ao valor do dividendo obrigatório é prática usual das sociedades, segundo informação
constante da Deliberação CVM Nº 683/12 31.

30
Art. 202. Os acionistas têm direito de receber como dividendo obrigatório, em cada exercício, a parcela dos
lucros estabelecida no estatuto ou, se este for omisso, a importância determinada de acordo com as seguintes
normas: (...).
31
Os juros sobre o capital próprio – JCP são instituto criado pela legislação tributária, incorporado ao
ordenamento societário brasileiro por força da Lei 9.249/95. É prática usual das sociedades distribuirem-nos aos
seus acionistas e imputarem-nos ao dividendo obrigatório, nos termos da legislação vigente.
20

3. CONTROVÉRSIAS JURÍDICAS RELATIVAS AOS JUROS SOBRE CAPITAL


PRÓPRIO

3.1. Natureza Jurídica do Instituto

A natureza jurídica dos Juros sobre Capital Próprio é tema de grande debate entre os
doutrinadores de modo que a discussão se divide, basicamente, em três posicionamentos,
quais sejam, de que o instituto tem natureza de dividendos, de que se trata de juros, ou é uma
figura própria do Direito Tributário e que não se encaixa em nenhuma classificação pré-
existente do Direito Privado. O debate tem grande importância e implicações diretas em
questões práticas relevantes, tal como a possibilidade de se cobrar as Contribuições do
PIS/Pasep e da COFINS sobre os valores recebidos a título de JCP.
32
Modesto Carvalhosa é um dos defensores da tese de que os Juros Sobre Capital
Próprio tem natureza de dividendo, na medida em que constituem distribuição de resultado.
Nesse ponto o autor invoca, com o intuito de reforçar seu posicionamento, a Deliberação
CVM n. 207, de 13/96, que, em seus “considerandos”, tratou da seguinte forma o dispositivo:

a) que o art. 9º da Lei 9.249/95 instituiu a figura dos juros calculados sobre o capital
próprio, permitindo a sua dedutibilidade para efeitos de apuração do lucro real;
b) que, no conceito de lucro da lei societária, remuneração do capital próprio,
paga/creditada aos acionistas, configura distribuição de resultado e não despesa;
c) que o §7º do art. 9º da referida lei veio a reforçar essa interpretação, ao permitir
que esses juros possam ser imputados ao valor do dividendo obrigatório,
estabelecido no art. 202 da lei societária.

Embora a referida deliberação da CVM tenha sido revogada, o entendimento do órgão


33 34
sobre a natureza dos JCP não mudou, conforme se verifica dos itens 16 e 22 da
Deliberação CVM nº 683/12, que tratam o instituto como espécie de dividendo e determinam
que, quando imputados ao valor do dividendo obrigatório, devem receber tratamento análogo
ao deste.

No mesmo sentido, Ives Gandra e Fátima Rodrigues invocam os arts. 109 e 110 do
35
CTN , e explicam que interpretação destes deixa “evidente que a Lei tributária não pode

32
CARVALHOSA, Modesto. op. cit. fl. s/n.
33
A questão que se coloca é se os dividendos previstos na legislação societária brasileira (dividendo obrigatório,
dividendos fixos e mínimos, JCP e dividendo intermediário) atendem às três condições para reconhecimento de
um passivo na data das demonstrações contábeis, quais sejam: (i) de obrigação presente; (ii) de probabilidade
provável de saída de recursos que incorporam benefícios econômicos; e (iii) de estimativa confiável passível de
elaboração para chegar ao seu montante. (...)
34
Os JCP, quando imputados ao dividendo obrigatório, devem receber tratamento análogo, como vem sendo
também a prática adotada pelas empresas brasileiras. (...)
35
Art. 109. Os princípios gerais de direito privado utilizam-se para pesquisa da definição, do conteúdo e do
alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos efeitos tributários.
21

alterar o conteúdo de conceitos e institutos de Direito Privado para definir ou limitar


competências tributárias, restando claro que, em nosso Direito, não prevalece a interpretação
36
econômica, mas tão-somente a jurídica” . Dessa forma, concluem que a mera análise da
nomenclatura de um instituto em nada contribui para sua definição jurídica, sendo necessário
analisar sua essência e substância 37.

Os autores argumentam então, que a figura dos Juros Sobre Capital Próprio não se
adéquam a definição e a finalidade dos juros tratados pelo Código Civil, de modo que
“encontra-se, portanto, muito mais próxima da natureza jurídica de resultados distribuídos, de
lucro da sociedade, ou seja, de dividendos” 38. Ressaltam ainda, o posicionamento de Bulhões
Pedreira de que os “juros computados sobre o capital social e creditados aos sócios são lucros
distribuídos, pois os sócios não são credores da sociedade, mas titulares de direito de
participar no seu lucro” 39.

Finalmente, Ives Gandra e Fátima Rodrigues aduzem que não só própria Lei 9.249/95
indica a característica de distribuição de resultado do instituto, a exemplo da previsão do seu
art. 9º, §7º, que possibilita a imputação do valor pago a título de JCP ao pagamento de
dividendos, como também as discussões em torno do surgimento do instituto evidenciam sua
natureza de dividendo 40.

Sobre isso, ressaltam a preocupação, levantada quando da criação do instituto, de que


sem a efetiva existência de lucros ou reservas destes, o pagamento de JCP poderia resultar em
prejuízo do capital social, o que faria surgir necessidade de compatibilizar a norma fiscal com
a prevista, à época, no art. 17, §1º, da Lei 6.404/76 41, preocupação que se mostrou pertinente,
tanto que levou a emenda que previu que o pagamento de JCP ficaria condicionado a
existência de lucros ou de reservas de lucros 42.

Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de
direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos
Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências
tributárias.
36
MARTINS, Ives Gandra da Silva, DE SOUZA, Fátima Fernandes Rodrigues. op. cit., fl. 76.
37
MARTINS, Ives Gandra da Silva, DE SOUZA, Fátima Fernandes Rodrigues. op cit., fl. 77.
38
MARTINS, Ives Gandra da Silva, DE SOUZA, Fátima Fernandes Rodrigues. op cit., fl. 77.
39
PEDREIRA, Bulhões apud MARTINS, Ives Gandra da Silva, DE SOUZA, Fátima Fernandes Rodrigues. op.
cit., fl. 78/79.
40
MARTINS, Ives Gandra da Silva, DE SOUZA, Fátima Fernandes Rodrigues. op. cit., fl. 79.
41
Art. 17. As preferências ou vantagens das ações preferenciais podem consistir: (...)
§ 1º Os dividendos, ainda que fixos ou cumulativos, não poderão ser distribuídos em prejuízo do capital social,
salvo quando, em caso de liquidação da companhia, essa vantagem tiver sido expressamente assegurada.
42
MARTINS, Ives Gandra da Silva, DE SOUZA, Fátima Fernandes Rodrigues. op. cit., fl. 79.
22

43
Em contrapartida, João Dácio Rolim entende que os juros sobre capital próprio são
despesas financeiras da empresa que realiza o pagamento e, do ponto de vista do sócio ou
acionista, juros de remuneração do capital. Em síntese, Rolim defende que o fato de o
pagamento dos JCP estar condicionado à existência de lucros “não lhes tira a sua natureza
própria e não os identifica como dividendo”, afinal, os juros remuneratórios do capital próprio
tem por fundamento, assim como os juros, o “custo do dinheiro”.

O posicionamento de que os JCP tem natureza de juros é reforçado pela


Administração Fazendária, por meio da Instrução Normativa nº 11/1996, que em seus arts. 29,
44 45
§4 e §11º e 30, parágrafo único , tratam o instituto como juros e determinam,
respectivamente, que estes devem registrados pelo beneficiário pessoa jurídica como receita
financeira, incluindo o valor dos juros pagos além de eventual IRRF compensado, e, pelo
pagador dos juros, como despesa financeira 46.
47
Por outro lado, Schoueri ressalta que o Direito Tributário, em razão de sua
autonomia, nem sempre precisa se valer de conceitos pré-definidos pelo Direito Privado, de
modo que não se faz necessário caracterizar os JCP como dividendo ou como juros, dessa
forma, o autor faz uma análise da natureza jurídica do instituto por si só, afastando qualquer
aproximação com tais categorias.

Assim, o doutrinador identifica os Juros sobre Capital Próprio como uma forma de
remunerar o capital, e cujo conceito tributário parte “da noção econômica de custo de
oportunidade, entendida enquanto renúncia, pelo agente econômico, dos benefícios derivados
de determinado investimento em função do potencial de lucro superior vislumbrado em

43
João Dácio Rolim, apud SCHOUERI, Luís Eduardo, op. cit. fl. 177.
44
Art. 29. Para efeito de apuração do lucro real, observado o regime de competência, poderão ser deduzidos os
juros pagos ou creditados individualizadamente a titular, sócios ou acionistas, a (...)
§ 4º Os juros a que se refere este artigo, inclusive quando exercida a opção de que trata o § 1º ou quando
imputados aos dividendos, auferidos por beneficiário pessoa jurídica submetida ao regime de tributação com
base no: a) lucro real, serão registrados em conta de receita financeira e integrarão lucro real e a base de cálculo
da contribuição social sobre o lucro; (...)
§ 10. O imposto incidente na fonte, assumido pela pessoa jurídica, será recolhido no prazo de quinze dias
contados do encerramento do período-base em que tenha ocorrido a dedução dos juros, sendo considerado: (...)
§ 11. Na hipótese da alínea "b" do § anterior, a pessoa jurídica beneficiária deverá registrar, como receita
financeira, o valor dos juros capitalizados que lhe couber e o do imposto de renda na fonte a compensar.
45
Art. 30. O valor dos juros pagos ou creditados pela pessoa jurídica, a título de remuneração do capital próprio,
poderá ser imputado ao valor dos dividendos de que trata o art. 202 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976,
sem prejuízo da incidência do imposto de renda na fonte.
Parágrafo único. Para efeito de dedutibilidade na determinação do lucro real, os juros pagos ou creditados, ainda
que imputados aos dividendos ou quando exercida a opção de que trata o § 1º do artigo anterior, deverão ser
registrados em contrapartida de despesas financeiras.
46
SCHOUERI, Luís Eduardo, op. cit. fl. 176.
47
SCHOUERI, Luís Eduardo, op. cit. fls. 179/182.
23

aplicação distinta”. Dessa forma, destaca que o lucro de dado negócio, só poderia ser apurado
“se desconsiderando o lucro sobre o capital”. 48

Schoueri ainda afirma que a “natureza de remuneração do capital emprestada ao


instituto” possibilita que “se concretizem as exigências do princípio da igualdade e da
capacidade contributiva”, na medida em que confere tratamento tributário equivalente entre o
financiamento via capital próprio e de terceiros. Segundo o autor, esse fato consagra o
princípio da igualdade ao passo em que “não parece haver, na Ordem Econômica
constitucional, fundamento para que haja diferenciação em função da origem do capital
utilizado pela empresa para a sua atividade”. 49

Em relação ao ponto de vista do investidor que recebe os JCP, o doutrinador afirma


que tributação exclusiva na fonte à alíquota de 15% também está de acordo com o princípio
da igualdade, vez que essa se equipara à definida para aplicações de longo prazo. Nas palavras
de Schoueri, partindo da “premissa de que do lucro obtido na atividade empresarial, uma parte
corresponde à remuneração do capital e outra, à atividade produtiva, então não há razão para a
remuneração do capital proveniente de aplicações financeiras ter tratamento diferente
daquele”. 50

Em síntese, o autor conclui que, em face do conceito de custo de oportunidade, é


“razoável, do ponto de vista econômico e tributário, a consideração dos pagamentos dos juros
sobre capital próprio enquanto remuneração do capital, que é dedutível” afinal, “a situação se
apresenta tal qual como se o sócio tivesse “emprestado” dinheiro à sociedade e recebesse
juros desta, recebendo tal circunstância, em razão do princípio da igualdade, igual tratamento
tributário ao que é dado às empresas que se valem de financiamento de terceiros”. 51

O posicionamento de Schoueri parece ser de fato, o mais lógico, na medida em que


definir os JCP como instituto jurídico de natureza própria permite compatibilizar tanto sua
característica de distribuição de resultados quanto seu aspecto de despesa financeira, sem
entrar em contradição ou negar características intrínsecas daquele.

Finalmente, o Superior Tribunal de Justiça, ao julgar Recurso Representativo da


52
Controvérsia , fixou o entendimento de que os Juros Sobre Capital Próprio têm natureza

48
SCHOUERI, Luís Eduardo, op. cit. fl. 182.
49
SCHOUERI, Luís Eduardo, op. cit. fls. 182/184.
50
SCHOUERI, Luís Eduardo, op. cit. fl. 184.
51
SCHOUERI, Luís Eduardo, op. cit. fl. 185
52
Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial nº 1.373.438/RS, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino,
SEGUNDA TURMA, julgado em 11/06/2014, DJe 17/06/2014.
24

ambivalente, sendo, ontologicamente, parcela do lucro a ser distribuído aos acionistas e que,
por ficção jurídica, a lei tributária lhe conferiu características de juros.

O caso objeto da controvérsia tratou-se de Recurso Especial interposto pela Brasil


Telecom S/A em face do acórdão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) que,
em razão da obrigação de complementar as ações subscritas a menor pela empresa já ter sido
determinada, reconheceu que a companhia também deveria responder pelos rendimentos das
ações que deixou de subscrever, incluídos não só os dividendos que constavam do título
executivo, como também os JCP, vez que estes são rubricas daquele.

Dessa forma, a discussão girou em torno da possibilidade de cumular dividendos com


Juros Sobre Capital Próprio, bem como de incluir estes nos cálculos exequendos, ou seja, na
liquidação de sentença, sem previsão expressa no título executivo judicial. Assim, o acórdão
precisou, inicialmente, definir a natureza jurídica dos JCP e sua relação com os dividendos,
para então tecer suas considerações sobre a matéria suscitada e o caso concreto.

O Exmo. Ministro Relator Paulo Sanseverino argumentou no sentido de não ser


possível juntar em uma mesma natureza, características incompatíveis entre si, de modo que,
sendo a obrigação de pagar juros uma obrigação certa “que independe do sucesso econômico
do devedor” e a de distribuir lucro “uma obrigação aleatória, sujeita ao risco do
53
empreendimento, que é da essência do direito societário” , não há como conciliar ambas.
Concluiu, então, pela cisão dos efeitos produzidos pelo instituto para fins tributários e
societários, reconhecendo a natureza ambivalente dos JCP.

Desse modo, passou para a análise das controvérsias. Primeiro, esclareceu que a Corte
Superior já definiu tese 54 em sede de Recurso Repetitivo 55 no sentido de “que os dividendos
podem ser incluídos na condenação, independentemente de pedido expresso”, concluindo que,
uma vez aberta à exceção para admitir pedido implícito quanto aos dividendos, o mesmo
tratamento deve ser conferido aos JCP, em razão das verbas apresentarem natureza
semelhante para efeitos do direito societário. Também por este motivo, negou a possibilidade
de executar tanto dividendos quanto JCP em execução de sentença condenatória de

53
REQUIÃO, Rubens apud SANSEVERINO, Paulo, op. cit. fls. 16/17
54
1.3. É devida indenização a título de dividendos ao adquirente de linha telefônica como decorrência lógica da
procedência do pedido de complementação das ações da CRT/Celular CRT, a contar do ano da integralização do
capital.
55
REsp 1.034.255/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 28/04/2010,
DJe 11/05/2010
25

complementação de ações sem expressa previsão, em respeito ao princípio da imutabilidade


da coisa julgada.

Finalmente, consignou que, embora os institutos tenham natureza similar do ponto de


vista societário, não são idênticos, de modo que, permite-se a cumulação de dividendos e
Juros Sobre Capital Próprio, na medida em que cada um deles incide sobre parcelas distintas
dos lucros distribuídos aos acionistas. Destarte, fixou as seguintes teses:

1.1. Cabimento da cumulação de dividendos e juros sobre capital próprio.


1.2. Nas demandas por complementação de ações de empresas de telefonia, admite-
se a condenação ao pagamento de dividendos e juros sobre capital próprio
independentemente de pedido expresso.
1.3. Descabimento da inclusão dos dividendos ou dos juros sobre capital próprio no
cumprimento da sentença condenatória à complementação de ações sem expressa
previsão no título executivo.

3.2. Incidência das Contribuições Sociais ao PIS/Pasep e da COFINS sobre os Juros


Sobre Capital Próprio

O art. 1º da Lei nº 10.637/2002 e art. 1º da Lei nº 10.833/2003, que instituíram o


regime de incidência não cumulativa das Contribuições para o PIS/Pasep e da COFINS,
determinam que tais contribuições incidem sobre o total das receitas auferidas pela pessoa
jurídica, independentemente de sua denominação contábil. Nesse âmbito, a Administração
Fazendária passou a adotar o entendimento de que os juros sobre capital próprio, na condição
de receita financeira, devem ser incluídos na base de cálculo das referidas contribuições
sociais 56.

Lei nº 10.637/2002 - Art. 1o A Contribuição para o PIS/Pasep, com a incidência não


cumulativa, incide sobre o total das receitas auferidas no mês pela pessoa jurídica,
independentemente de sua denominação ou classificação contábil.

Lei nº 10.833/2003 - Art. 1o A Contribuição para o Financiamento da Seguridade


Social - Cofins, com a incidência não cumulativa, incide sobre o total das receitas
auferidas no mês pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou
classificação contábil.

Por outro lado, os contribuintes argumentavam acerca da impossibilidade da referida


cobrança, em razão da suposta natureza de dividendos dos JCP, o que, consequentemente,
57
faria com que o instituto entrasse na previsão de não-incidência do PIS/Pasep e da

56
MARTINS, Ives Gandra da Silva, DE SOUZA, Fátima Fernandes Rodrigues. op. cit., fl. 77.
57
MARTINS, Ives Gandra da Silva, DE SOUZA, Fátima Fernandes Rodrigues. op. cit., fl. 87.
26

58
COFINS, previstas no art. 1º, §3º, da Lei nº 10.637/2002 e art. 1º, §3º, da Lei nº
59
10.833/2003 .

60
Ainda em defesa ao contribuinte, Ives Gandra e Fátima Fernandes afirmam que
“transformar a distribuição de resultados em “receita financeira” da pessoa jurídica
beneficiária para o fim de integrar a base de cálculo do PIS e da COFINS constitui manifesta
alteração de conceito de instituo do Direito Privado, alargando artificialmente a competência
desses tributos”.

Os autores destacam, também, que a incidência das contribuições sobre os JCP tem
como consequência resultado contrário à intenção da Lei 9.249/95, na medida em que geram
uma supressão no resultado dos investimentos em conglomerados empresarias, afinal, nas
empresas investidoras (holdings) o “aumento do ônus tributário de 9,25% decorrente da
incidência de PIS e Cofins ocorrerá em cada pagamento na cadeia de participação societária”
61
.

Em que pese os argumentos sustentados pelos contribuintes, o Superior Tribunal de


Justiça, em julgamento de Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas, fixou a seguinte
tese: “não são dedutíveis da base de cálculo das contribuições ao PIS e COFINS o valor
destinado aos acionistas a título de juros sobre o capital próprio, na vigência da Lei n.
10.637/2002 e da Lei n. 10.833/2003” 62.

O Tribunal Superior considerou que, conforme exposto pelo Exmo. Ministro Mauro
Campbell, por se tratar de instituto de natureza autônoma criado no âmbito do imposto de
renda como receita tributável, estaria à legislação tributária apta para definir seu alcance.
Destarte, não havendo exclusão específica para tal rubrica e, estando o instituto dentro do

58
§ 3o Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo, as receitas: (...)
V - referentes a: a) vendas canceladas e aos descontos incondicionais concedidos; b) reversões de provisões e
recuperações de créditos baixados como perda, que não representem ingresso de novas receitas, o resultado
positivo da avaliação de investimentos pelo valor do patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivados de
participações societárias, que tenham sido computados como receita;
59
§ 3o Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo as receitas: (...)
V - referentes a: a) vendas canceladas e aos descontos incondicionais concedidos; b) reversões de provisões e
recuperações de créditos baixados como perda que não representem ingresso de novas receitas, o resultado
positivo da avaliação de investimentos pelo valor do patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivados de
participações societárias, que tenham sido computados como receita;
60
MARTINS, Ives Gandra da Silva, DE SOUZA, Fátima Fernandes Rodrigues. op. cit., fl. 90.
61
MARTINS, Ives Gandra da Silva, DE SOUZA, Fátima Fernandes Rodrigues. op. cit., fls. 89/90.
62
Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial nº 1.200.492/RS, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 14/10/2015, DJe 22/02/2016.
27

conceito de receitas auferidas pela pessoa jurídica, os JCP devem compor, consequentemente,
a base de cálculo das contribuições ao PIS/Pasep e da COFINS.

O citado Ministro ressalta, inclusive, que a própria legislação tributária reafirma a


inclusão dos JCP na base de cálculo das contribuições, como se verifica não só dos arts. 1°
das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, nos quais constam expressamente que as respectivas
contribuições incidem sobre a totalidade das receitas auferidas, independentemente de sua
denominação contábil, como também do art. 1º, parágrafo único, do Decreto n. 5.164/2004 63
64
e do art. 1º, parágrafo único, I, do Decreto n. 5.442/2005 , estes que, ao disporem sobre
redução para a alíquota zero das contribuições para o PIS/Pasep e da COFINS, ressalvam a
inclusão dos JCP no benefício. Ainda, destaca o art. 30, parágrafo único da Instrução
65
Normativa SRF n. 11/1996 , que determina a inclusão dos valores pagos a título de Juros
Remuneratórios do Capital como contrapartida de despesa financeira.

Apesar da incidência das Contribuições ao PIS/Pasep e da COFINS sobre os juros


remuneratórios, no caso específico das holdings ter o efeito de onerar a distribuição de
resultados e recursos dentro do mesmo grupo econômico, o que vai de desencontro com o
intuito dos JCP de elevar o nível de investimento nas empresas brasileiras, a decisão do STJ
favorável à inclusão das rubricas na base de cálculo das contribuições está em consonância
com a natureza jurídica própria que foi conferida ao instituto.

3.3. Dedução da Base de Cálculo da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido no ano
calendário de 1996

Conforme já estudado, a Lei nº 9.430/96 introduziu mudanças significativas na


legislação que versa sobre os JCP, e, dentre elas, está a revogação do §10, do art. 9º da Lei

63
Art. 1º Ficam reduzidas a zero as alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o
Financiamento da Seguridade Social - COFINS incidentes sobre as receitas financeiras auferidas pelas pessoas
jurídicas sujeitas ao regime de incidência não-cumulativa das referidas contribuições.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica às receitas financeiras oriundas de juros sobre capital próprio
e as decorrentes de operações de hedge.
64
Art. 1º Ficam reduzidas a zero as alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o
Financiamento da Seguridade Social - COFINS incidentes sobre as receitas financeiras, inclusive decorrentes de
operações realizadas para fins de hedge, auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de incidência não-
cumulativa das referidas contribuições.
Parágrafo único. O disposto no caput: I - não se aplica aos juros sobre o capital próprio;
65
Art. 30. O valor dos juros pagos ou creditados pela pessoa jurídica, a título de remuneração do capital próprio,
poderá ser imputado ao valor dos dividendos de que trata o art. 202 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976,
sem prejuízo da incidência do imposto de renda na fonte.
Parágrafo único. Para efeito de dedutibilidade na determinação do lucro real, os juros pagos ou creditados, ainda
que imputados aos dividendos ou quando exercida a opção de que trata o § 1º do artigo anterior, deverão ser
registrados em contrapartida de despesas financeiras.
28

9.249/95 66, que determinava que os juros remuneratórios devessem ser adicionados ao lucro
líquido para determinação da base de cálculo da CSLL, dessa forma, com sua revogação
passou-se a permitir a dedutibilidade da referida contribuição.

Embora a Lei nº 9.430/96 tenha sido publicada em 30.12.1996, ao dispor sobre sua
67
vigência em seu art. 87 , determinou que entrasse em vigor na data da publicação,
produzindo efeitos financeiros a partir de 1º de janeiro de 1997, fato esse que deu ensejo à
discussão acerca da possibilidade de realizar a dedução dos JCP da base de cálculo da CSLL
relativa ao ano calendário de 1996.

Nesse ponto, Diego Bomfim, em defesa aos contribuintes, argumenta que tendo o
dispositivo legal em questão sido revogado em 30 de dezembro de 1996, e diante da
ocorrência do fato gerador da contribuição se dar em 31 de dezembro do mesmo ano, “já
revogada estava a determinação de que os juros sobre o capital próprio deveriam ser
adicionados ao lucro líquido, para determinação da base de cálculo da contribuição social” 68,
não havendo falar em incluir os juros remuneratórios no computo da CSLL.

Sustenta, ainda, que “não há como afirmar pela concomitância semântica das
expressões efeitos e efeitos financeiros” na medida em que a primeira diz respeito à produção
de efeitos de determinada norma jurídica, enquanto a segunda guarda relação com o direito
financeiro. Dessa forma, segundo o autor, no caso da Lei 9.430/96 a expressão efeitos
financeiros simplesmente “teve o condão de informar que a desoneração da contribuição
social sobre o lucro líquido realizada” somente “surtiria efeitos financeiros a partir do
exercício de 1997 (já que a data de vencimento da exação se dava apenas em março de 1997)”
69
.

Em contrapartida, entre os principais argumentos apontados em favor do Fisco, estava


o de que a permissão da dedução dos juros remuneratórios no ano calendário de 1996 é
contrária ao princípio da isonomia, ao passo em que não beneficiaria os contribuintes
vinculados ao regime de recolhimento mensal da contribuição. Alegavam, ademais, que a

66
§ 10. O valor da remuneração deduzida, inclusive na forma do parágrafo anterior, deverá ser adicionado ao
lucro líquido para determinação da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido.
67
Art. 87. Esta Lei entra em vigor na data da sua publicação, produzindo efeitos financeiros a partir de 1º de
janeiro de 1997.
68
BOMFIM, Diego Marcel. Dedutibilidade dos juros sobre capital próprio da base de cálculo da CSLL no ano
de 1996: proposta interpretativa da expressão “efeitos financeiros” e análise da jurisprudência do Conselho de
Contribuintes. Revista Dialética de Direito Tributário, n. 150. 2008. fl.23
69
BOMFIM, Diego Marcel, op. cit, fl. 32.
29

expressão efeitos financeiros deveria ser entendida como efeitos tendo o legislador cometido
mero erro técnico na redação do dispositivo legal. 70

O STJ já se manifestou diversas vezes sobre o tema, de modo que a questão já está
pacificada na corte, que adota o entendimento de que “a dedutibilidade dos juros sobre capital
próprio pagos aos acionistas da base de cálculo da CSLL só passou a vigorar a partir do ano-
calendário 1997, exercício 1998, não alcançando os fatos geradores ocorridos no ano-
calendário 1996”. 71

Em síntese, e conforme entendimento já sedimentado no Superior Tribunal, o IRPJ e a


CSLL não têm a mesma base de cálculo, nem mesmo fato gerador, sendo exações distintas e
com finalidades diversas, de modo que a legislação pode optar por admitir a dedução dos JCP
em relação a aquele sem fazer o mesmo para esta, como de fato ocorria com a redação do
§10º do art. 9º da Lei 9.249/95. Dessa forma, tendo a revogação do referido artigo se
efetivado a partir do exercício financeiro de 1997, só a partir daí se admite a almejada
dedutibilidade. 72

3.4. Dedutibilidade dos Juros Sobre Capital Próprio relativos a Exercícios Anteriores ao
do efetivo pagamento

A receita federal, ao editar a Instrução Normativa IN/SRF nº 11/1996 consignou, em


seu art. 29, caput 73, que a dedução dos Juros Sobre Capital Próprio na apuração do lucro real
deverá ser realizada observando o regime de competência, fato que deu origem à discussão
acerca da possibilidade ou não de se valer da dedutibilidade dos JCP apurados com base em
períodos anteriores ao do pagamento. Ou seja, se é permitido deduzir do lucro real os juros
remuneratórios pagos em exercício posterior ao que o lucro foi apurado.

Por exemplo, considerando que a empresa Alpha apurou lucro no exercício de 2018,
mas, à época, não se valeu dos JCP para remunerar os acionistas, só vindo a distribuir os
resultados daquele ano na forma de juros remuneratórios em 2020, a discussão se resume a se
estes JCP podem ser deduzidos na apuração do lucro real relativa ao exercício de 2020,
momento em que foram, de fato, pagos.

70
BOMFIM, Diego Marcel, op. cit, fl. 27.
71
Superior Tribunal de Justiça. Agravo Interno em Agravo em Recurso Especial 1.359.504/SP, Rel. Sérgio
Kukina, PRIMEIRA TURMA, julgado em 16.05.2019, DJe 21.05.2019.
72
Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial 1.090.336/RJ, Rel. Castro Meira, SEGUNDA TURMA,
julgado em 25.06.2013, DJe 05.08.2013.
73
Art. 29. Para efeito de apuração do lucro real, observado o regime de competência, poderão ser deduzidos os
juros pagos ou creditados individualizadamente a titular, sócios ou acionistas, a (...)
30

Sobre o tema, André Mendes e Fernando Fonseca se posicionam no sentido de que


“inexiste na legislação qualquer vedação expressa ao pagamento do JCP relacionado a
períodos anteriores” de modo que a restrição de competência imposta pela Receita “não é
coerente com a natureza dos JCP, uma vez que a despesa só ganha existência após a
deliberação na sociedade pela sua distribuição, não havendo razão para se considerar os
períodos anteriores a tal decisão como sendo aqueles em que a competência se deu” 74.

Quando instado a se manifestar sobre o tema, a Primeira Turma do STJ 75 opinou pela
possibilidade de dedução dos juros remuneratórios relativos a exercícios anteriores,
consignando que a legislação não impõe que essa deva ocorrer no mesmo exercício financeiro
em que se apurou lucro, sendo possível que a dedução ocorra em ano calendário futuro,
quando efetivamente se realizar o pagamento. Tal permissão encontra respaldo no regime de
caixa na medida em que a efetivação da distribuição do resultado se dará quando os JCP
forem de fato distribuídos, mesmo que isso ocorra em período distinto ao da apuração.

Em relação ao posicionamento do CARF, verifica-se que, inicialmente, o órgão se


dividia entre decisões favoráveis ao contribuinte e a Receita. De um lado, citam-se os
76 77
acórdãos nº 1302-000.465 e 107-08.941 , os quais consignaram que os critérios para a
dedutibilidade do JCP devem dizer respeito ao período em que a despesa é apropriada ao
resultado, dessa forma, o pagamento retroativo deve observar os limites existentes no
momento do registro da despesa, bem como demonstrar que nos exercícios anteriores os JCP
78 79
eram passíveis de distribuição . Do outro, se encontra o acórdão nº 1401-000.348 , que
defendia que a dedução não alcança os juros remuneratórios pagos em períodos anteriores em
razão do regime de competência. 80

Ocorre que, recentemente, o órgão passou a adotar, majoritariamente o entendimento


pela vedação da dedução relativa à JCP distribuídos a partir dos lucros obtidos em períodos

74
MOREIRA, André Mendes; FONSECA, Fernando Daniel de Moura. Da possibilidade de pagamento de juros
sobre capital próprio apurados com base em exercícios anteriores - dedutibilidade do IRPJ. Revista Dialética de
Direito Tributário, n. 235. 2015. fl. 38.
75
Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial 1.086.752/PR, Rel. Ministro Francisco Falcão, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 17/02/2009, DJe 11/03/2009.
76
CARF, 1º Seção, 2ª Turma, 3ª Câmara, Recurso Voluntário, Acórdão nº 1302-000.465, publicado em
27/01/2011
77
1º Conselho de Contribuintes, 7ª Câmara, Recurso Voluntário, Acórdão nº 107-08.9442, publicado em
28/03/2007
78
MOREIRA, André Mendes; FONSECA, Fernando Daniel de Moura, op. cit., fl. 33.
79
CARF, 1º Seção, 1ª Turma, 4ª Câmara, Recurso Voluntário, Acórdão nº 1401-000.348, publicado em
10/11/2010
80
MOREIRA, André Mendes; FONSECA, Fernando Daniel de Moura, op. cit., fl. 35.
31

81
anteriores ao do efetivo pagamento, a exemplo dos acórdãos de nº 9101-002.797 e 9101-
82
002.180 , nos quais os conselheiros destacam que as despesas com JCP devem estar
correlacionadas com as receitas obtidas no período em que ocorreu a utilização do capital dos
sócios, ou seja, no período em que o capital estava de fato investido na sociedade.

Ainda, esclarecem acerca da impossibilidade de determinada conta de despesa/receita


acumular saldo para exercícios futuros, quer dizer, apurado o resultado, tais características se
esvaem, só sendo admitido que as contas patrimoniais mantenham seu saldo de um ano para o
outro. Dessa forma, os JCP só poderiam ser passados a períodos futuros se devidamente
escriturados no exercício em que o capital dos sócios foi efetivamente utilizado, com a
constrição do passivo correspondente.

Nesse sentido, destaca-se ementa da recente decisão da Câmara Superior de Recursos


Fiscais (CSRF) acerca do tema:

JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO. FACULDADE SUJEITA AO REGIME DE


COMPETÊNCIA E A CRITÉRIOS LEGAIS. DEDUÇÃO EM EXERCÍCIOS
POSTERIORES. IMPOSSIBILIDADE.

O pagamento ou crédito de juros sobre capital próprio a acionista ou sócio


representa faculdade concedida em lei, que deve ser exercida em razão do regime de
competência. Incabível a deliberação de juros sobre capital próprio em relação a
exercícios anteriores ao da deliberação, posto que os princípios contábeis, a
legislação tributária e a societária rejeitam tal procedimento, seja pela ofensa ao
regime de competência, seja pela apropriação de despesas em exercício distinto
daquele que as ensejou.

As despesas de juros com capital próprio devem ser confrontadas com as receitas
que formam o lucro do período, ou seja, tem que estar correlacionadas com as
receitas obtidas no período que se deu a utilização do capital dos sócios, no período
em que esse capital permaneceu investido na sociedade.

(CSRF, 1ª Turma, Recurso Especial do Contribuinte, Acórdão 9101-004.253,


julgado em 09/07/2019)

A evidenciar as reiteradas decisões administrativas se encontra a Portaria CARF nº


29/2019 que convocou o pleno da CSRF a analisar e votar entendimentos passíveis de serem
sumulados, dentre eles, a 18ª proposta de súmula: “são indedutíveis juros sobre o capital
próprio calculados sobre contas do patrimônio líquido de exercícios anteriores”, que, embora

81
CSRF, 1ª Turma, Recurso Especial do Procurador e do Contribuinte, Acórdão nº 9101002.797, julgado em
09/05/2017.
82
CSRF, 1ª Turma, Recurso Especial do Contribuinte, Acórdão 9101002.180, julgado em 20/01/2016.
32

rejeitada por não atingir o quórum mínimo de aprovação, reforça a ideia de que a
administração tem um posicionamento claro sobre o tema. 83

Não obstante o posicionamento do CARF, a permissão da dedutibilidade dos JCP


apurados a partir de resultados obtidos em períodos anteriores parece mais adequada, afinal, a
Lei 9.249/95 não se omitiu em relação aos limites da dedutibilidade, os definindo
expressamente como a necessidade de existência de lucros antes dos juros, ou reservas desses,
além de serem calculados sobre as contas do patrimônio líquido limitados a variação da TJLP,
não impondo nenhuma restrição relativa à competência.

Dessa forma e tendo em vista que o STJ vem adotando entendimento no sentido da
prevalência da autonomia do instituto e da legislação tributária para definir seu tratamento
jurídico, será mais coerente se fixar posicionamento em favor da possibilidade de dedução
relativa a períodos anteriores, mesmo porque, quando determinou a incidência de PIS/Pasep e
COFINS sobre os JCP se valeu do argumento de que, caso a legislação desejasse excluir o
instituto do campo de incidência das contribuições deveria tê-lo feito expressamente, de modo
que a mesma lógica pode ser aplicada aos limites da dedutibilidade.

Entretanto, até o momento, não é possível afirmar que o STJ tenha definido um
posicionamento definitivo sobre a matéria, vez que, além da Segunda Turma ainda não ter se
manifestado sobre ela, a decisão que estudamos neste trabalho foi o único momento em que a
Primeira Turma se posicionou a favor da dedutibilidade relativa a períodos anteriores, desse
modo, também não revela claro posicionamento dessa.

83
NETO, Carlos Augusto Daniel. Carf rejeita dedutibilidade de juros sobre o capital próprio retroativos. Conjur.
11.09.2019.
33

4. CONCLUSÃO

Inicialmente, é possível concluir que os Juros Sobre Capital Próprio são um


mecanismo apto a incentivar o desenvolvimento das empresas brasileiras e,
consequentemente, da economia, e o faz respeitando os princípios da igualdade e capacidade
contributiva.

Isso porque os benefícios tributários que são concedidos a quem se vale do instituto
têm o objetivo claro de manter o capital dentro da companhia e permitir o seu
desenvolvimento, sendo, principalmente, um benefício que permite o crescimento da própria
empresa em detrimento do mero enriquecimento dos sócios, o que está de acordo com os
objetivos descritos na própria Exposição de Motivos da Lei 9.249/95. Além disso, os JCP
estão em consonância ao princípio da igualdade ao passo em que o benefício da
dedutibilidade relacionado ao instituto equipara as espécies de financiamento via capital
próprio e de terceiros, bem como apresentam tributação equivalente à utilizada em aplicações
de renda fixa, o que se justifica pelo conceito de custo de oportunidade.

Também se verifica que o benefício relativo à permissão de dedutibilidade da base de


cálculo do IRPJ e da CSLL não é excessivo, estando de acordo com o princípio da capacidade
contributiva, principalmente diante da incidência das Contribuições ao PIS/Pasep e da
COFINS sobre os valores recebidos pelas companhias a título de juros remuneratórios do
capital.

Em relação às controvérsias que circundam o instituto, conclui-se que o STJ adotou,


até agora, posicionamento coerente entre suas próprias decisões e com o disposto na
legislação, tendo definido a natureza jurídica autônoma do instituto, permitido a incidência de
PIS/Pasep e COFINS sobre os valores recebidos a título de JCP e determinado que a
dedutibilidade dos juros remuneratórios da base de cálculo da CSLL só é possível a partir do
ano calendário de 1997.

Finalmente, ainda não se encontra pacificada a questão referente à permissão ou não


da dedutibilidade dos JCP apurados com base em resultados de períodos anteriores ao do
efetivo pagamento. Nesse ponto, em que pese o CARF já ter fixado posicionamento no
sentido de vedar a referida dedução em face do limite de competência criado pela IN/SRF nº
11/1996, entendo que a solução mais adequada ao caso é permitir a dedutibilidade em face da
inexistência de limitação de competência na Lei 9.249/95 bem como diante do fato de que a
despesa referente aos JCP só se concretiza após a deliberação da sociedade pela distribuição.
34

5. REFERÊNCIAS

SCHOUERI, Luís Eduardo. Juros sobre Capital Próprio: Natureza Jurídica e Forma de
Apuração diante da "Nova Contabilidade". Controvérsias Jurídico-Contábeis: (Aproximações
e Distanciamentos), 3º Volume. 2012. fls. 169-193.

MARTINS, Ives Gandra da Silva, DE SOUZA, Fátima Fernandes Rodrigues. A figura dos
juros sobre capital próprio e as contribuições sociais do PIS e da COFINS. Revista Dialética
de Direito Tributário, n. 169. 2009. fls. 73-90.

MOSQUERA, Roberto Quiroga. O Regime Jurídico-tributário das Participações Societárias –


Ganho de Capital, Juros sobre o Capital Próprio e Dividendos. O Direito Tributário e o
Mercado Financeiro e de Capitais. 2009. fls. 415-431.

DURIGON, André Luís, Regime tributário da remuneração dos sócios de pessoa jurídica.
Revista PGFN. 2018.

LIMA, Mariana Miranda. A Natureza Jurídica dos Juros sobre o Capital Próprio e as
Convenções para evitar a Dupla Tributação. Dissertação de Mestrado. USP. 2009.

MOREIRA, André Mendes; FONSECA, Fernando Daniel de Moura. Da possibilidade de


pagamento de juros sobre capital próprio apurados com base em exercícios anteriores -
dedutibilidade do IRPJ. Revista Dialética de Direito Tributário, n. 235. 2015. fls. 29-38.

BOMFIM, Diego Marcel. Dedutibilidade dos juros sobre capital próprio da base de Cálculo
da CSLL no ano de 1996: proposta interpretativa da expressão “efeitos financeiros” e análise
da jurisprudência do Conselho de Contribuintes. Revista Dialética de Direito Tributário, n.
150. 2008. fls. 21-32.
35

CARVALHOSA, Modesto. Comentários à Lei de Sociedades Anônimas. vol 1. 7ª Edição.


São Paulo: Saraiva, 2013.

NETO, Carlos Augusto Daniel. Carf rejeita dedutibilidade de juros sobre o capital próprio
retroativos. Conjur. 11.09.2019. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2019-set-
11/rejeicao-dedutibilidade-juros-capital-proprio-retroativo>

BRASIL. Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995. Altera a legislação do imposto de renda


das pessoas jurídicas, bem como da contribuição social sobre o lucro líquido. Disponível em:
< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9249.htm>

BRASIL. Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995. Exposição de Motivos. Disponível em:


<https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1995/lei-9249-26-dezembro-1995-349062-
exposicaodemotivos-149781-pl.html>

BRASIL. Instrução Normativa SRF nº 41, de 22 de abril de 1998. Disponível em:


<http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?idAto=13711&visao=anotado
>

Instrução Normativa SRF nº 1455, de 06 de março de 2014. Disponível em:


<http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?idAto=50414&visao=anotado
>

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36

BRASIL. Lei Nº 5.172, de 25 de Outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário


Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e
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BRASIL. Decreto-Lei nº 2627, de 26 de setembro de 1940. Dispõe sobre as sociedades por


ações. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2627.htm>

DELIBERAÇÃO CVM Nº 683, DE 30 DE AGOSTO DE 2012. Aprova a Interpretação


Técnica ICPC 08(R1) do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, que trata da contabilização
da proposta de pagamento de dividendos. Disponível em:
<http://www.cvm.gov.br/legislacao/deliberacoes/deli0600/deli683.html>

BRASIL. Lei No 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Dispõe sobre a legislação tributária


federal, as contribuições para a seguridade social, o processo administrativo de consulta e dá
outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9430.htm>

BRASIL. Decreto No 9.580, de 22 de novembro de 2018. Regulamenta a tributação, a


fiscalização, a arrecadação e a administração do Imposto sobre a Renda e Proventos de
Qualquer Natureza. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2018/decreto/D9580.htm>

BRASIL. Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002. Dispõe sobre a não-cumulatividade na


cobrança da contribuição para os Programas de Integração Social (PIS) e de Formação do
Patrimônio do Servidor Público (Pasep). Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10637.htm>

BRASIL. Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. Altera a Legislação Tributária Federal e


dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.833.htm>
37

Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial nº 1.200.492/RS, Rel. Ministro Napoleão


Nunes Maia Filho, PRIMEIRA TURMA, julgado em 14/10/2015, DJe 22/02/2016.

Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial nº 1.373.438/RS, Rel. Ministro Paulo de Tarso
Sanseverino, SEGUNDA TURMA, julgado em 11/06/2014, DJe 17/06/2014.

Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial 1.086.752/PR, Rel. Ministro Francisco Falcão,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 17/02/2009, DJe 11/03/2009.

Superior Tribunal de Justiça. Agravo Interno em Agravo em Recurso Especial 1.359.504/SP,


Rel. Sérgio Kukina, PRIMEIRA TURMA, julgado em 16.05.2019, DJe 21.05.2019.

Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial 1.090.336/RJ, Rel. Castro Meira, SEGUNDA
TURMA, julgado em 25.06.2013, DJe 05.08.2013.

CSRF, 1ª Turma, Recurso Especial do Contribuinte, Acórdão 9101-004.253, julgado em


09/07/2019.

CARF, 1º Seção, 2ª Turma, 3ª Câmara, Recurso Voluntário, Acórdão nº 1302-000.465,


publicado em 27/01/2011.

CARF, 1º Seção, 1ª Turma, 4ª Câmara, Recurso Voluntário, Acórdão nº 1401-000.348,


publicado em 10/11/2010.

CSRF, 1ª Turma, Recurso Especial do Procurador e do Contribuinte, Acórdão nº


9101002.797, julgado em 09/05/2017.
38

CSRF, 1ª Turma, Recurso Especial do Contribuinte, Acórdão 9101002.180, julgado em


20/01/2016.

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