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1. Introdução
Quero fazer um alerta inicial especificamente sobre esse assunto. O assunto
“princípios” é sempre muito conceitual, e cada doutrinador aborda de uma
maneira, trazendo definições próprias e por vezes complicadas. O intuito
dessa aula é ser bem direto e aproveitando sempre exemplos que dão “vida”
ao entendimento sobre esses princípios. Boa aula e bons estudos.
Ao se adentrar na seara do processo tributário, seja ele administrativo ou
judicial, tanto a Administração Pública, quanto o particular devem observar
determinados princípios, pois, além de haver etapas procedimentais a
serem seguidas, cada uma delas deve estar em consonância com o Estado
de Direito e alicerçada na Constituição da República de 1988 (“CF/88”).
Sendo assim, não é possível dissociar o processo administrativo ou judicial
da observância de princípios basilares do direito processual, que são os
vetores de atuação dos envolvidos, a fim de que, em todos os momentos do
processo, seja assegurada a lisura na apreciação do caso concreto e, ao final
do processo administrativo, haja certeza sobre a necessidade de constituição
ou não do crédito tributário e ao final do processo judicial todos os diretos e
2. Princípio da Legalidade
O princípio da legalidade é uma regra prevista tanto no artigo 5º, inciso II,
quanto no artigo 150, inciso I, ambos da CF/88.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
Para o sujeito passivo: somente por meio de lei poderá ser obrigado a fazer
ou deixar de fazer alguma coisa, em respeito à dignidade da pessoa humana.
O contribuinte somente deve pagar tributos se houver lei antecedente que
preveja tal obrigação.
Todavia, ressaltamos que há uma zona cinzenta em torno da abrangência
dessa exigência de lei para obrigações de fazer ou não fazer, já que, como
regra geral, somente atos administrativos que instituam/majorem tributos ou
apliquem penalidades podem ser exigidos por meio de lei, por estarem
expressamente previstos nos artigos 146 da CF/88 e 97 do Código Tributário
Nacional (“CTN”), que reproduzimos abaixo:
A questão que pode trazer polêmica é a lei ser silente em relação à obrigação
tributária principal e conferir ao decreto a possibilidade de regulamentar toda
a matéria, como vislumbramos em inúmeras legislações no Brasil. Neste
caso, entendemos que não pode haver delegação para outro diploma
normativo, de matéria que deva estar regulada em lei, a uma, porque não
compete ao Executivo atuar como legislador e, a duas, porque feriria tanto a
CF/88, quanto o CTN.
Ao invés de os legisladores se ocuparem em fazer projetos de leis atribuindo
nomes de famosos a logradouros e equipamentos públicos, fica evidente que
devem se ocupar com assuntos relevantes e impactantes na vida dos
cidadãos, como legislar para conferir segurança jurídica para os contribuintes
poderem se organizar, os empreendedores saberem como investir na
atividade de produção de bens ou prestação de serviços (caso queiram) e a
administração fazendária ter elementos para fiscalizar.
TÍTULO IV
Administração Tributária
CAPÍTULO I
Fiscalização
Art. 194. A legislação tributária, observado o disposto nesta Lei,
regulará, em caráter geral, ou especificamente em função da natureza do
tributo de que se tratar, a competência e os poderes das autoridades
administrativas em matéria de fiscalização da sua aplicação.
Parágrafo único. A legislação a que se refere este artigo aplica-se às pessoas
naturais ou jurídicas, contribuintes ou não, inclusive às que gozem de
imunidade tributária ou de isenção de caráter pessoal.
Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer
disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar
mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou
fiscais, dos comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes
de exibi-los.
Parágrafo único. Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os
comprovantes dos lançamentos neles efetuados serão conservados até que
ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que
se refiram.
Art. 196. A autoridade administrativa que proceder ou presidir a quaisquer
diligências de fiscalização lavrará os termos necessários para que se
documente o início do procedimento, na forma da legislação aplicável, que
fixará prazo máximo para a conclusão daquelas.
Parágrafo único. Os termos a que se refere este artigo serão lavrados, sempre
que possível, em um dos livros fiscais exibidos; quando lavrados em separado
deles se entregará, à pessoa sujeita à fiscalização, cópia autenticada pela
autoridade a que se refere este artigo.
Art. 198. Sem prejuízo do disposto na legislação criminal, é vedada a
divulgação, por parte da Fazenda Pública ou de seus servidores, de
informação obtida em razão do ofício sobre a situação econômica ou
financeira do sujeito passivo ou de terceiros e sobre a natureza e o estado de
seus negócios ou atividades.
§ 1o Excetuam-se do disposto neste artigo, além dos casos previstos no
art. 199, os seguintes:
Ministério SIM, desde que utilizada para fins penais, por se tratar de
Público simples transferência de informações.
Tribunal de SIM
Contas
Esquema 1 - Da legalidade
3. Princípio da Igualdade
O princípio da igualdade está positivado no artigo 5º, caput, da CF/88, que
dispõe:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
(...)
A dois, porque a defesa judicial do Estado é feita pela advocacia pública, que
é composta, em regra, de advogados e procuradores nomeados em concurso
público que defendem a Fazenda em todas as instâncias e em relação a todos
os assuntos, não podendo escolher os casos, nem substabelecer para
terceiros a defesa do Estado.
A três, porque há um interesse público presente nos conflitos que envolvem
a Fazenda Pública, de modo que a insuficiência de prazo poderia gerar um
passivo processual para toda a sociedade, já que poderia ter uma deficiência
na defesa que poderia atingir o interesse de toda a sociedade.
A quatro, porque o volume da defesa judicial da Fazenda Pública é
infinitamente maior que a de uma empresa ou particular.
Comentários:
Gabarito: E
Esquema 2 - Igualdade
4. Princípio da Oficialidade
Pelo princípio da oficialidade observa-se que a Administração Pública tem o
dever de agir ex officio para a instauração, desenvolvimento e conclusão
de procedimentos.
Independentemente de provocação, pode a Fazenda Pública iniciar um
procedimento administrativo de lançamento ou de fiscalização, a fim de
II. Princípio que garante ao administrado que se sentir lesado com a decisão
administrativa propor recursos hierárquicos até chegar à autoridade máxima
da organização administrativa.
III. Princípio segundo o qual muitas das infrações administrativas não são
descritas com precisão na lei.
Comentários:
Gabarito: B
Comentários:
Gabarito: A
Esse princípio não tem o intuito de ser informal ao ponto de ser ilegal, mas
sim garantir acesso e procedimento célere, menos formal e com menos
rigores aplicáveis aos processos judiciais.
A título de ilustração, vamos apresentar como o professor o professor Hely
Lopes trata o tema: “O processo administrativo deve ser simples, despido de
exigências formais excessivas, tanto mais que a defesa pode ficar a cargo do
próprio administrado, nem sempre familiarizado com os meandros
processuais.”
Entenda, tanto processo judicial como processo administrativo devem ansiar
pela busca da celeridade, porém ao processo administrativo é permitida uma
certa formalidade mitigada ou como chamamos aqui, formalidade
moderada, essa não é admitida no processo judicial.
Comentários:
Gabarito: D
Não existe espaço para suposições, deve a Fazenda Pública, em razão da sua
missão de tutelar o interesse público de arrecadação, fazer a devida
fiscalização para a descoberta da verdade material e aplicar a lei ao caso
apurado.
Comentários:
Gabarito: C
A obrigação veiculada nestes artigos 202 e 203 do CTN, não são apenas uma
obrigação do Fisco, mas um direito do contribuinte saber pelo que está sendo
cobrado, quanto é, de quando é o débito e quem é o responsável por adimpli-
lo, para que possa exercer ampla defesa.
Cumpre ressaltar decisão recente do STJ, em sede de recurso repetitivo, que
decidiu que a certidão de dívida ativa não necessita da memória de cálculo
discriminada, para se consubstanciar em título líquido e certo, apto a lastrear
a execução fiscal, porque entendeu que a Lei nº 6.380/80 (Lei de Execução
Fiscal), não apresenta a memória de cálculo como requisito necessário para
o demonstrativo do débito.
O princípio do contraditório consiste em ofertar o conhecimento às partes de
cada uma das etapas vividas no processo, de forma que a elas seja
chancelada a possibilidade de participar para defender as suas razões e,
assim ter realmente o poder de influenciar na decisão final. Trata-se do
exercício da dialeticidade no processo.
Presume-se que o ato administrativo se pratique de acordo com a lei, mas tal
presunção é relativa, podendo ser afastada pelo contribuinte.
10. Preclusão
A preclusão não é elevada à categoria de princípio, pois apenas serve de
fechadura na marcha processual tributária.
Explica-se: uma vez que se ignore uma etapa processual, seja ela
administrativa ou processual e, posteriormente, tente se retomar a etapa
ignorada, operar-se-á a impossibilidade de voltar no tempo para concluir a
etapa procedimental desejada.
Neste caso, não poderá mais o contribuinte tentar retomar o prazo que deixou
transcorrer in albis, salvo a existência de uma nulidade evidente, como a
citação em local onde não está mais estabelecido ou a entrega de auto de
infração em empresa homônima. Isso porque operar-se-á a preclusão para a
prática do ato de defesa e, sendo assim, a porta para a via administrativa
será fechada e trancada, não sendo mais possível se valer dela para
demonstrar o inconformismo com o lançamento.
a) a preclusão.
b) a prescrição.
c) a decadência.
d) a litispendência.
e) o impulso ex officio.
Comentários:
Gabarito: A
3. Gabarito .............................................................................. 23
1. Questões Comentadas
1. (FCC/SEGEP - MA/Auditor Fiscal da Receita Estadual/2016) A
respeito dos Princípios Gerais Tributários,
a) a instituição de tributo através de Decreto não fere o princípio da
legalidade.
b) a cobrança de tributos no mesmo exercício financeiro sem que haja sido
publicada a lei que os instituiu ou aumentou fere especificamente o princípio
da competência.
c) a instituição de tributo fora da matéria que foi destinada
constitucionalmente à entidade tributante fere especificamente o princípio da
anterioridade.
d) a graduação dos tributos fora da capacidade econômica de contribuir não
fere o princípio da capacidade contributiva.
e) O imposto progressivo não fere o princípio da igualdade.
Comentários:
a) Incorreta, pois fere a legalidade, por violar o artigo 150, I, da CF/88.
b) Incorreta, pois fere a irretroatividade, previsto no artigo 150.
c) Incorreta, pois fere o princípio da legalidade.
d) Incorreta, pois fere a capacidade contributiva, por violar o artigo 145,
§1º, da CF/88.
e) Correta, pois na progressividade se tributa mais quem tem maior
condições ou patrimônio para pagar o tributo.
Gabarito 1: E
b) II e III.
c) I, II e IV.
d) I e IV.
e) II, III e IV.
Comentários:
I) Correta, pois pelo princípio da oficialidade, a Administração Pública pode
iniciar um processo administrativo de ofício.
II) Correta, a atipicidade preconiza a existência de conceitos jurídicos
indeterminados na lei.
III)Incorreta, pois diferentemente do processo judicial, no processo
administrativo é possível arguir em instância superior o que não foi alegado
em instâncias inferiores, desde que não se tenha operado a preclusão.
IV) Correta, a pluralidade de instâncias permite o reexame de fatos e provas.
Gabarito 10: C
17. (FCC/ TCE-RO/ Auditor/ 2010) O artigo 5º, inciso LV, da Constituição
Federal estabelece que "aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e aos acusados, em geral, são assegurados o contraditório e
a ampla defesa, com os meios e recursos a eles inerentes". Os princípios do
contraditório e da ampla defesa
a)aplicam-se exclusivamente aos processos administrativos disciplinares.
b) pressupõem a existência de litígio instaurado, podendo ser invocados
somente após formalização de acusação.
c) aplicam-se nos processos administrativos, dentre outros casos, sempre
que houver a possibilidade de repercussão desfavorável na esfera jurídica dos
envolvidos.
d) podem ser dispensados especialmente quando não houver repercussão
patrimonial no processo administrativo.
e) não ensejam, no processo administrativo, a anulação dos atos e decisões
proferidas, salvo na hipótese de comprovado prejuízo funcional ao servidor
envolvido.
Comentários:
a) Incorreto, pois aplicam-se a todos os processos administrativos.
b) Incorreto, pois não demandam litígio instaurado, podendo ser invocados
em processos administrativos.
c) Incorreto, pois não só quando houver repercussão na esfera patrimonial.
d) Incorreto, pois o fato de não haver repercussão patrimonial não afasta
os princípios mencionados.
e) Correto, pois a necessidade de prejuízo é que norteia a anulação de ato
administrativo.
Gabarito 17: E
3. Gabarito