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PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR

Dispõe sobre as normas gerais de organização, de


funcionamento e de responsabilidade na gestão dos
Regimes Próprios de Previdência Social da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
sobre o regime de previdência complementar dos
servidores públicos e sobre o sistema integrado de
dados.

O CONGRESSO NACIONAL decreta:

CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO

Seção I
Disposições preliminares

Art. 1º Os Regimes Próprios de Previdência Social - RPPS da União, dos Estados, do


Distrito Federal e dos Municípios serão organizados de acordo com critérios que preservem o equilíbrio
financeiro e atuarial, nos termos do disposto no art. 40 da Constituição, observados os princípios
relacionados com a governança, a transparência, a prestação de contas e a responsabilidade em sua
gestão e o disposto nesta Lei Complementar.
§ 1º Os responsáveis pelos Poderes, pelos órgãos ou pelas entidades do ente federativo,
os dirigentes do órgão ou da entidade gestora do RPPS e os membros dos seus conselhos e comitês
pautarão suas ações pela observância às normas gerais de organização, de funcionamento e de
responsabilidade na gestão do Regime Próprio e pela busca do seu equilíbrio financeiro e atuarial.
§ 2º A definição dos requisitos para a concessão dos benefícios previdenciários e para a
fixação dos recursos referentes a fontes de custeio do RPPS considerará a obrigatoriedade da
sustentabilidade econômica, financeira e orçamentária do ente federativo, em consonância com o
conjunto de suas responsabilidades perante a sociedade, observadas as normas de contabilidade
aplicáveis ao setor público.
§ 3º Os parâmetros e os critérios gerais para o cumprimento do disposto nesta Lei
Complementar serão estabelecidos conforme previsto nos art. 61 e art. 62.
Seção II
Disposições comuns

Art. 2º Para fins do disposto nesta Lei Complementar, consideram-se entes federativos a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que instituíram RPPS.
Parágrafo único. Considera-se instituído o RPPS a partir da data de entrada em vigor da
lei do ente federativo, anterior à data da promulgação da Emenda Constitucional nº 103, de 12 de
novembro de 2019, que tenha assegurado a concessão dos benefícios de aposentadoria e pensão por
morte de que trata o art. 40 da Constituição.
Art. 3º As responsabilidades do ente federativo em relação ao seu RPPS, estabelecidas
nesta Lei Complementar, estendem-se aos Poderes, aos órgãos e às entidades autárquicas e
fundacionais, que serão responsáveis por seu financiamento, juntamente com os servidores,
aposentados e pensionistas.

Seção III
Dos segurados e dos beneficiários

Art. 4º São filiados ao RPPS:


I - como segurados:
a) os servidores públicos titulares de cargos efetivos dos Poderes, dos órgãos e das
entidades autárquicas e fundacionais do ente federativo; e
b) os membros da magistratura, do Ministério Público, da Defensoria Pública e dos
Tribunais de Contas; e
II - como beneficiários:
a) os aposentados; e
b) os pensionistas.
Art. 5º Não são filiados ao RPPS:
I - os agentes públicos ocupantes, exclusivamente, de cargo em comissão, declarado em
lei de livre nomeação e exoneração;
II - os contratados por tempo determinado, nos termos do disposto no inciso IX do caput
do art. 37 da Constituição;
III - os ocupantes de mandato eletivo federal, estadual, municipal ou distrital, desde que
não vinculados a RPPS;
IV - os empregados públicos;
V - os notários ou tabeliães, os oficiais de registro ou registradores, os escreventes e os
auxiliares não remunerados pelos cofres públicos;
VI - os auxiliares locais de nacionalidade brasileira no exterior que não possam se filiar ao
sistema previdenciário do país de domicílio; e
VII - os militares aos quais se aplicam os Sistemas de Proteção Social:
a) dos Militares das Forças Armadas, de que trata o art. 50-A da Lei nº 6.880, de 9 de
dezembro de 1980; e
b) das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros Militares dos Estados, do Distrito
Federal e dos Territórios, de que trata o art. 24-E do Decreto-Lei nº 667, de 2 de julho de 1969.
Art. 6º A filiação de segurado ao RPPS se dará pelo exercício das atribuições do cargo de
que é titular, nos limites da carga horária estabelecida pela legislação do ente federativo.
Art. 7º A perda da condição de segurado ou de beneficiário do RPPS ocorrerá nas
seguintes hipóteses:
I - para o segurado:
a) morte;
b) exoneração;
c) demissão; ou
d) em razão de decisão judicial; e
II - para o beneficiário:
a) morte;
b) cassação da aposentadoria;
c) decurso dos períodos estabelecidos para o gozo da pensão por morte, ocorrência de
fato jurídico determinante para a sua cessação ou o não cumprimento de condições necessárias à sua
manutenção, nos termos do disposto em lei do ente federativo; ou
d) em razão de decisão judicial.
Art. 8º A lei do ente federativo estabelecerá o rol de dependentes dos segurados do RPPS
e os requisitos e critérios para a sua qualificação e o seu enquadramento, que poderão, em relação à
qualificação e às condições necessárias para o enquadramento dos referidos dependentes, ser
diferenciados dos previstos no Regime Geral de Previdência Social - RGPS.
Parágrafo único. O estabelecimento do rol de dependentes e dos requisitos e critérios de
que trata o caput observará o equilíbrio financeiro e atuarial do RPPS.

CAPÍTULO II
DAS NORMAS E DOS PARÂMETROS GERAIS

Seção I
Da gestão

Art. 9º Cada ente federativo manterá um único RPPS, que abrangerá os segurados e os
beneficiários dos Poderes, dos órgãos e das entidades autárquicas e fundacionais, nos termos do
disposto no § 20 do art. 40 da Constituição.
§ 1º A gestão do RPPS compete a apenas um órgão ou entidade gestora, que terá por
finalidade a administração, o gerenciamento e a operacionalização do Regime e dos fundos
previdenciários a ele vinculados, incluídos a arrecadação e a gestão de recursos, o cálculo, a concessão, o
pagamento e a manutenção dos benefícios.
§ 2º O órgão ou a entidade gestora do RPPS, de natureza pública, será instituída por meio
de lei do ente federativo, que disporá sobre a sua constituição, a sua estrutura e o seu funcionamento,
observado o disposto nesta Lei Complementar.
§ 3º O órgão ou a entidade gestora do RPPS adotará práticas de gestão previdenciária que
proporcionem melhor controle dos seus ativos e passivos e transparência no relacionamento com os
segurados, os beneficiários e a sociedade.
§ 4º Será garantido aos segurados e aos beneficiários o pleno acesso às informações
relativas à gestão do RPPS ou àquelas de interesse pessoal, e as principais informações administrativas,
contábeis, financeiras e atuariais do Regime Próprio serão periodicamente divulgadas, no endereço
eletrônico oficial na rede mundial de computadores, em linguagem clara e acessível.
§ 5º O órgão ou a entidade gestora do RPPS estará sujeita às normas da administração
pública e será assegurada, pelo ente federativo, a sua efetiva autonomia como único órgão ou entidade
gestora do Regime em relação aos segurados e beneficiários dos Poderes, dos órgãos e das entidades do
respectivo ente.
§ 6º O órgão ou a entidade gestora do RPPS e os fundos previdenciários manterão
independência patrimonial entre si e em relação ao ente federativo, com inscrição específica no
Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica.
Art. 10. A estrutura organizacional do órgão ou da entidade gestora do RPPS será
constituída, no mínimo, pelos seguintes órgãos ou equivalentes, conforme estabelecido na lei do ente
federativo:
I - conselho deliberativo, que:
a) será responsável pela definição das diretrizes gerais relativas à gestão dos ativos e dos
passivos do RPPS e pelo acompanhamento de sua execução pela diretoria-executiva;
b) será integrado por, no mínimo, quatro membros; e
c) terá composição paritária, com representantes dos segurados e beneficiários do RPPS e
do ente federativo;
II - conselho fiscal, que:
a) será integrado por, no mínimo, quatro membros; e
b) terá composição paritária, com representantes do ente federativo e dos segurados e
beneficiários do RPPS;
III - comitê de investimentos, que:
a) terá participação no processo decisório quanto à formulação e à execução da política
de investimentos do RPPS;
b) será integrado por, no mínimo, três membros; e
c) será constituído obrigatoriamente nos RPPS que possuírem recursos financeiros
acumulados em montante igual ou superior aos parâmetros estabelecidos na forma prevista no § 8º; e
IV - diretoria-executiva, que:
a) será responsável pela administração do RPPS em conformidade com as diretrizes
estabelecidas pelo conselho deliberativo; e
b) será composta pelo dirigente máximo do órgão ou da entidade gestora do RPPS e pelos
demais dirigentes ou diretores, assim considerados aqueles imediatamente subordinados ao dirigente
máximo.
§ 1º O ente federativo indicará, entre seus representantes, o presidente do conselho
deliberativo de que trata o inciso I do caput.
§ 2º Na hipótese de empate, além do voto ordinário, o presidente do conselho
deliberativo terá o voto de qualidade.
§ 3º Os representantes dos segurados e beneficiários do RPPS indicarão o presidente do
conselho fiscal de que trata o inciso II do caput.
§ 4º Na hipótese de empate, além do voto ordinário, o presidente do conselho fiscal terá
o voto de qualidade.
§ 5º Os membros dos conselhos deliberativo e fiscal, representantes dos segurados e dos
beneficiários:
I - serão escolhidos por meio de eleição entre seus pares;
II - terão os mandatos renovados de forma alternada, com duração mínima de três anos,
permitida a recondução; e
III - somente perderão o mandato em virtude de renúncia, exoneração, processo
administrativo disciplinar, decisão judicial ou em decorrência do não cumprimento dos requisitos
previstos no art. 11.
§ 6º Estarão previstos na lei do ente federativo:
I - as atribuições dos órgãos de que trata o caput;
II - a forma de composição e o mandato dos seus membros;
III - as responsabilidades e os objetivos associados aos mandatos dos agentes que
participem dos processos de análise, avaliação, gerenciamento, assessoramento e decisão relativos ao
RPPS; e
IV - os critérios e os limites para a tomada de decisões relativas a atos administrativos que
envolvam recursos orçamentários ou financeiros do RPPS, inclusive em relação à contratação de serviços
de terceiros.
§ 7º Na hipótese de previsão, em lei do ente federativo, de remuneração dos membros
pela participação nos órgãos de que trata o caput, será observado o disposto no art. 24.
§ 8º Poderão ser estabelecidos, de acordo com o disposto nos art. 61 e art. 62,
parâmetros relativos à instituição e ao funcionamento dos órgãos de que trata o caput, diferenciados em
função do porte, da complexidade, da estrutura de gestão e das demais características dos RPPS.
§ 9º Serão asseguradas aos membros dos órgãos de que trata o caput informações
fidedignas e consistentes, necessárias à tomada de decisões sob sua responsabilidade.
Art. 11. Os membros dos órgãos de que trata o art. 10 atenderão aos seguintes requisitos
mínimos, sem prejuízo de outras condições estabelecidas na legislação do ente federativo, os quais serão
comprovados conforme parâmetros estabelecidos de acordo com o disposto nos art. 61 e art. 62:
I - não ter sofrido condenação por crime previsto na alínea “e” do inciso I do caput do art.
1º da Lei Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990, ou incidido em alguma das demais situações de
inelegibilidade previstas no inciso I do caput do mesmo artigo, observados os critérios e os prazos
estabelecidos na referida Lei Complementar;
II - não ter sofrido penalidade administrativa apurada nos termos do disposto no art. 58
ou por infração relativa à gestão de entidade de previdência, inclusive da previdência complementar, até
que seja promovida a reabilitação prevista nas normas aplicáveis ao processo administrativo de
apuração da infração;
III - possuir certificação, por meio de processo realizado por entidade certificadora
reconhecida, na forma estabelecida de acordo com o disposto nos art. 61 e art. 62;
IV - ter formação acadêmica em nível superior; e
V - possuir experiência comprovada de, no mínimo, dois anos nas áreas previdenciária,
atuarial, financeira, contábil, jurídica ou administrativa, ou de fiscalização e de auditoria, conforme as
especificidades do cargo ou da função.
Parágrafo único. A exigência dos requisitos de que tratam os incisos III a V do caput
observará o disposto no § 8º do art. 10.
Art. 12. Será realizado o recenseamento previdenciário com vistas à atualização dos
dados dos segurados e dos beneficiários do RPPS dos Poderes, dos órgãos e das entidades autárquicas e
fundacionais, com periodicidade não superior a cinco anos, sob a coordenação e a orientação do órgão
ou da entidade gestora do Regime, observados os parâmetros estabelecidos de acordo com o disposto
nos art. 61 e art. 62.
Art. 13. A prova de vida dos beneficiários será realizada anualmente e atenderá a normas
sobre processo administrativo para fins de suspensão, cessação e reativação dos benefícios.

Seção II
Da participação em consórcios

Art. 14. Os entes federativos poderão participar de consórcio público constituído para a
gestão associada de serviços aos respectivos RPPS, observadas as normas gerais de contratação de
consórcios públicos.
§ 1º Na participação em consórcios de que trata o caput, serão observados os seguintes
critérios, além daqueles estabelecidos de acordo com o disposto nos art. 61 e art. 62:
I - demonstração de viabilidade administrativa e econômica para a sua constituição;
II - instituição de modelo de organização que assegure a gestão compartilhada;
III - estabelecimento, por meio de contrato, das metas de desempenho e da forma de
avaliação dos resultados;
IV - financiamento de forma proporcional aos serviços prestados aos entes consorciados,
observado o disposto no inciso I do parágrafo único do art. 24;
V - adoção célere de medidas administrativas e judiciais para a cobrança, na hipótese de o
ente consorciado não cumprir com as obrigações financeiras acordadas; e
VI - adesão condicionada à existência de lei de cada ente federativo consorciado que:
a) disponha sobre os direitos e as obrigações relativas ao consórcio, contempladas as
principais cláusulas necessárias e as condições do protocolo de intenções; e
b) estabeleça a obrigatoriedade da destinação orçamentária dos recursos para a
administração do consórcio e determine prazos e penalidades, na hipótese de não cumprimento das
obrigações acordadas.
§ 2º O patrimônio do consórcio não se confunde com o patrimônio de cada um dos RPPS
dos entes federativos consorciados, e nem se confundem os patrimônios destes entre si, mantidas, para
todos os efeitos, a independência e a autonomia econômica, financeira, contábil e jurídica.
§ 3º Aplica-se o disposto no § 2º do art. 6º da Lei nº 11.107, de 6 de abril de 2005,
independentemente de o consórcio constituir associação pública ou pessoa jurídica de direito privado.
§ 4º As atribuições e atividades do órgão ou da entidade gestora do RPPS a cargo dos
órgãos de que trata o art. 10 não poderão ser objeto do consórcio.
§ 5º Aplica-se ao controle externo do consórcio de que trata o caput, pelos Tribunais de
Contas, o disposto no parágrafo único do art. 9º da Lei nº 11.107, de 2005, inclusive se a área de atuação
do consórcio compreender entes de unidades federativas diferentes.
§ 6º Poderá ser objeto do consórcio, entre outras, a contratação de cobertura de riscos
relativos ao plano de benefícios ou das aplicações de recursos do RPPS.
§ 7º Os consórcios de que trata este artigo não poderão contratar operações de crédito,
seja na condição de credor ou de devedor.
Art. 15. Na contratação de prestadores de serviços, o órgão ou a entidade gestora do
RPPS, observadas as normas gerais de licitação e contratos e os parâmetros estabelecidos de acordo com
o disposto nos art. 61 e art. 62, deverá:
I - estabelecer critérios de seleção e de contratação que garantam a impessoalidade, a
concorrência, a transparência, a economicidade, a eficiência, a vedação ao nepotismo e a observância
dos princípios relativos às boas práticas de governança, ao ambiente de controle e à mitigação de riscos,
inclusive o de conflito de interesses;
II - executar com diligência a seleção, o acompanhamento, a avaliação e o monitoramento
dos prestadores de serviços, incluída a certificação de sua reputação idônea;
III - analisar a estrutura existente para a prestação do serviço, a qualificação técnica e a
experiência dos profissionais, incluído o histórico de sua atuação; e
IV - estabelecer o escopo do serviço a ser prestado, de forma a contemplar objetivos
passíveis de verificação, de acordo com as características do mandato ou do contrato, e que contribuam
para a melhoria da gestão previdenciária.
Parágrafo único. As aplicações dos recursos do RPPS submetem-se ao credenciamento de
que trata o § 2º do art. 38.
Art. 16. O código de ética e de padrões de conduta profissional, a ser observado pelo
órgão ou pela entidade gestora do RPPS, estabelecerá regras para prevenir o conflito de interesses e
proibir operações dos seus dirigentes e dos membros dos órgãos de que trata o art. 10 com pessoas
físicas ou jurídicas relacionadas com os prestadores de serviço de que tratam os art. 15 e art. 38.
§ 1º Os agentes do órgão ou da entidade gestora do RPPS manterão e promoverão
conduta permanentemente pautada por elevados padrões éticos, de integridade, de imparcialidade e de
profissionalismo, orientados para a defesa dos direitos dos segurados e dos beneficiários e para impedir
a utilização do órgão ou da entidade em prol de interesses conflitantes com o alcance de seus objetivos.
§ 2º Para fins do disposto neste artigo, considera-se:
I - conflito de interesses - situação gerada pelo confronto entre interesses públicos e
privados, que possa comprometer o interesse coletivo ou influenciar, de maneira imprópria, o
desempenho da função pública; e
II - informação privilegiada - informação relativa a assuntos sigilosos ou relevante para o
processo de decisão no âmbito do RPPS, que tenha repercussão econômica ou financeira e que não seja
de amplo conhecimento público.
§ 3º A lei do ente federativo preverá, entre outras, as seguintes situações que configuram
conflito de interesses no exercício de cargo, emprego ou função no âmbito do respectivo RPPS:
I - divulgar ou fazer uso de informação privilegiada, em proveito próprio ou de terceiros,
obtida em razão das atividades exercidas;
II - exercer atividade que implique a prestação de serviços, ainda que informalmente,
como procurador, consultor, assessor ou intermediário de interesses privados ou a manutenção de
relação de negócio com pessoa física ou jurídica que tenha interesse em decisão do órgão ou da
entidade gestora do RPPS;
III - exercer, direta ou indiretamente, atividade que, em razão da sua natureza, seja
incompatível com as atribuições do cargo, emprego ou função, inclusive a atividade desenvolvida em
áreas ou matérias correlatas;
IV - praticar ato em benefício de interesse de pessoa jurídica de que participe o agente
público, seu cônjuge, companheiro ou parentes, consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral, até o
terceiro grau, e que possa ser por ele beneficiada ou influir em seus atos de gestão; e
V - receber presente de quem tenha interesse em decisão do agente público ou de
colegiado do qual este participe, fora dos limites e das condições estabelecidas na legislação do ente
federativo.
§ 4º A lei do ente federativo preverá, entre outras, as seguintes situações que configuram
conflito de interesses após o exercício de cargo, emprego ou função no âmbito do respectivo RPPS:
I - a qualquer tempo, divulgar ou fazer uso de informação privilegiada obtida em razão das
atividades exercidas; e
II - no período de seis meses, contado da data da dispensa, da exoneração, da destituição,
da demissão ou da aposentadoria, exceto quando expressamente autorizado por órgão ou instância de
controle interno:
a) prestar, direta ou indiretamente, qualquer tipo de serviço a pessoa física ou jurídica
com quem tenha estabelecido relacionamento relevante em razão do exercício do cargo, emprego ou
função;
b) aceitar cargo de administrador ou conselheiro ou estabelecer vínculo profissional com
pessoa física ou jurídica que desempenhe atividade relacionada com a área de competência do cargo,
emprego ou função ocupada;
c) firmar, com o órgão ou a entidade gestora do RPPS, contratos de serviço, consultoria,
assessoramento ou atividades similares, vinculados, ainda que indiretamente, ao órgão ou à entidade
em que tenha ocupado o cargo, emprego ou função; e
d) intervir, direta ou indiretamente, em favor de interesse privado perante o órgão ou a
entidade gestora do RPPS em que tenha ocupado cargo, emprego ou função ou com o qual tenha
estabelecido relacionamento relevante em razão do exercício do cargo, emprego ou função.
§ 5º Será disponibilizada ouvidoria, ou órgão com atribuições equivalentes, para o
recebimento, a análise e a resposta a manifestações encaminhadas pelos segurados e pelos beneficiários
do RPPS e por outros interessados.

Seção III
Do equilíbrio financeiro e atuarial

Art. 17. O equilíbrio financeiro e atuarial do RPPS será comprovado por meio de garantia
de equivalência, a valor presente, entre o fluxo das receitas estimadas e das despesas projetadas,
apuradas atuarialmente, que, juntamente com os bens, direitos e ativos vinculados, comparados às
obrigações assumidas, evidenciem a solvência e a liquidez do plano de benefícios.
Art. 18. Serão realizadas avaliações atuariais anuais e serão utilizados parâmetros gerais,
estabelecidos de acordo com o disposto nos art. 61 e art. 62, para a organização e a revisão do plano de
custeio e de benefícios do RPPS, de forma a preservar o seu equilíbrio financeiro e atuarial.
§ 1º As avaliações atuariais serão elaboradas por atuário legalmente habilitado e
embasadas em nota técnica atuarial, de apresentação obrigatória ao órgão de que trata o caput do art.
62, de forma a evidenciar a situação financeira e atuarial do RPPS e as projeções atuariais, conforme o
disposto na Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000.
§ 2º As avaliações atuariais apurarão os montantes das provisões matemáticas
previdenciárias a serem registradas na contabilidade do ente federativo, conforme as normas aplicáveis
ao setor público, além do resultado atuarial, com os custos normal e suplementar e os valores dos
compromissos do plano de benefícios.
§ 3º As avaliações atuariais serão elaboradas a partir de informações atualizadas e
consistentes, que contemplem os dados cadastrais, funcionais e remuneratórios relativos aos segurados
e aos beneficiários do RPPS dos Poderes, dos órgãos e das entidades do ente federativo, os quais
permitirão o acesso do órgão ou da entidade gestora do Regime Próprio a essas informações.
§ 4º As hipóteses e premissas utilizadas nas avaliações atuariais serão adequadas à
situação do plano de benefícios e às características da massa de segurados e beneficiários do RPPS, com
base em estudos e análises de sua aderência.
§ 5º As hipóteses relativas ao comportamento da massa de segurados e beneficiários
estarão em consonância com as políticas de gestão de pessoal estabelecidas pelo ente federativo.
Art. 19. As avaliações atuariais definirão o plano de custeio do RPPS, a ser implementado
por meio de lei do ente federativo, o qual deverá:
I - assegurar o nível de contribuição necessário à constituição das reservas garantidoras
dos benefícios;
II - cobrir os custos das aposentadorias e pensões por morte; e
III - ser compatível com a capacidade orçamentária, financeira e fiscal do ente federativo.
§ 1º O órgão ou a entidade gestora do RPPS adotará medidas para a identificação, o
controle e o tratamento dos riscos atuariais, e promoverá o acompanhamento contínuo das bases de
dados, das hipóteses e das premissas utilizadas nas avaliações e do equilíbrio entre os compromissos do
plano de benefícios e os respectivos recursos garantidores.
§ 2º Observado o disposto nos art. 14 e art. 15 e os parâmetros gerais estabelecidos de
acordo com o disposto nos art. 61 e art. 62, poderá ser contratada a cobertura dos riscos atuariais
relacionados com o plano de benefícios do RPPS, inclusive dos relativos a desvios de hipóteses e aos
benefícios não programados, mantida a responsabilidade do órgão ou da entidade gestora do Regime
Próprio pelo pagamento dos benefícios.
§ 3º Na hipótese de apresentação de resultado atuarial superavitário, observado o
disposto no parágrafo único do art. 26:
I - será mantida reserva, para garantia de benefícios, de percentual das provisões
matemáticas estabelecido nos termos do disposto nos art. 61 e art. 62; e
II - o valor excedente ao previsto no inciso I poderá ser destinado para a revisão do plano
de custeio ou da segregação da massa, observados os parâmetros estabelecidos nos termos do disposto
nos art. 61 e art. 62.
§ 4º As contribuições destinadas ao RPPS, do ente federativo, dos segurados e dos
beneficiários, classificam-se em:
I - ordinárias - aquelas resultantes da aplicação da medida de que trata o inciso I do caput
do art. 28 ou destinadas à cobertura do custo normal do plano de benefícios, que corresponde às
necessidades de custeio, atuarialmente calculadas, conforme os regimes financeiros adotados,
referentes a períodos compreendidos entre a data da avaliação atuarial e a data de início dos benefícios;
e
II - extraordinárias - aquelas destinadas à cobertura do custo suplementar, que
corresponde às necessidades de custeio, atuarialmente calculadas, referentes ao tempo de serviço
passado, ao equacionamento de deficit e a outras finalidades para o equilíbrio do RPPS não incluídas nas
contribuições ordinárias.
§ 5º O custeio das despesas administrativas do RPPS observará o disposto no art. 24.
§ 6º Para fins do disposto nos § 1º e § 2º, consideram-se riscos atuariais aqueles que
possam vir a atingir os ativos e os passivos do RPPS, por trazerem volatilidade aos resultados do plano de
benefícios, ou que impactam de forma mais acentuada os modelos matemáticos utilizados nos cálculos e
nas projeções atuariais desses Regimes, como riscos biométricos, de mercado, de liquidez e operacional.
Art. 20. Para a apuração dos compromissos e a determinação dos custos, normal e
suplementar, do plano de benefícios do RPPS, os entes federativos adotarão regimes financeiros que
observem os princípios da economicidade e da eficiência na gestão dos recursos provenientes das
contribuições dos segurados, dos beneficiários e do ente federativo, e os demais parâmetros gerais
estabelecidos de acordo com o disposto nos art. 61 e art. 62.
§ 1º Para a apuração do custo normal dos benefícios programados, a serem avaliados em
regime financeiro de capitalização, o financiamento gradual do custo dos benefícios futuros será
estruturado durante toda a vida laboral do servidor, por meio de métodos atuariais de financiamento,
mantido o caráter mutualista do plano na modalidade de benefício definido.
§ 2º Os valores necessários ao financiamento dos benefícios de risco, a serem avaliados
no regime financeiro de que trata o § 1º ou de repartição de capitais de cobertura, comporão o custo
normal do plano de benefícios, com a constituição de fundos garantidores e, opcionalmente, de fundos
para oscilação de riscos.
§ 3º As reservas técnicas, as provisões e os fundos atenderão à cobertura dos
compromissos do plano de benefícios do RPPS e o deficit atuarial apurado será equacionado,
ressalvadas as excepcionalidades estabelecidas em parâmetros gerais, por meio de:
I - planos de amortização, com o estabelecimento de alíquotas de contribuições
extraordinárias, ou aportes financeiros preestabelecidos, devidos pelo ente federativo;
II - ampliação da base de cálculo da contribuição ordinária devida pelos aposentados e
pelos pensionistas;
III - instituição de contribuições extraordinárias devidas pelos segurados e pelos
beneficiários, nos termos do disposto no art. 28;
IV - aporte de bens, direitos e demais ativos;
V - segregação da massa de segurados e beneficiários do RPPS, com a constituição de
fundos estruturados em regimes financeiros diferenciados para o custeio dos benefícios da respectiva
submassa, ou outra modelagem de estruturação atuarial a ser aprovada pelo órgão a que se refere o
caput do art. 62; e
VI - estabelecimento, na legislação do ente federativo, de regras para a concessão e o
reajustamento de benefícios de aposentadoria e pensão por morte, quanto ao disposto nos incisos I e III
do § 1º e nos § 3º a § 5º, § 7º e § 8º do art. 40 da Constituição.
§ 4º Para o equacionamento do deficit atuarial, serão adotadas medidas de
aperfeiçoamento:
I - da legislação do RPPS;
II - da legislação que dispõe sobre:
a) o regime jurídico dos segurados;
b) os processos relativos à concessão, à manutenção e ao pagamento dos benefícios; e
c) o controle e a cobrança do repasse das contribuições devidas ao órgão ou à entidade
gestora do RPPS; e
III - da gestão integrada dos ativos e dos passivos do RPPS.
§ 5º Os Poderes, os órgãos e as entidades autárquicas e fundacionais do ente federativo
aos quais os segurados e os beneficiários do RPPS estejam ou estiveram vinculados são responsáveis,
nos termos do disposto no § 20 do art. 40 da Constituição, pelo financiamento do Regime, inclusive pelo
equacionamento do deficit financeiro e atuarial e pela cobertura de eventuais insuficiências financeiras
decorrentes do pagamento dos benefícios, mantida a solidariedade prevista no caput daquele artigo.
§ 6º Os planos de amortização, com alíquotas extraordinárias ou aportes, garantirão a
constituição de reservas necessárias ao cumprimento das obrigações do RPPS e observarão, conforme os
parâmetros estabelecidos de acordo com o disposto nos art. 61 e art. 62:
I - percentuais mínimos do deficit a ser equacionado e das variações do seu montante que
exigirão a revisão do plano; e
II - prazos máximos a serem atestados por meio dos fluxos de pagamentos dos benefícios,
que poderão ser calculados em função da média ponderada desses fluxos, da sobrevida média dos
aposentados e pensionistas, do tempo médio esperado para a aposentadoria dos servidores ou de outro
parâmetro geral.
§ 7º É admitida a revisão da segregação da massa de segurados e beneficiários com a
alteração das submassas e dos parâmetros de constituição dos fundos, desde que observados o
equilíbrio financeiro e atuarial do RPPS e os parâmetros gerais estabelecidos de acordo com o disposto
nos art. 61 e art. 62, e comprovada a adoção das seguintes medidas:
I - atendimento ao disposto nos § 3º a § 5º do art. 18;
II - ampliação da base de cálculo das contribuições dos aposentados e dos pensionistas,
nos termos do disposto no inciso I do caput do art. 28;
III - regras de elegibilidade, cálculo e reajustamento dos benefícios que estabeleçam
disciplina semelhante à aplicável aos servidores públicos do RPPS da União, quanto ao disposto nos
incisos I e III do § 1º e nos § 3º ao § 5º, § 7º e § 8º do art. 40 da Constituição;
IV - revisão do regime jurídico único dos servidores da administração pública direta,
autárquica e fundacional para suprimir os benefícios ou as vantagens gerais não integrantes do regime
jurídico único dos servidores públicos da União, previsto na Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990;
V - utilização do valor excedente de que trata o inciso I do § 3º do art. 19 para a
transferência de obrigações entre os fundos; e
VI - não realização de revisão anterior da segregação em prazo inferior ao estabelecido
nos parâmetros gerais.
§ 8º A aplicação da medida de que trata o inciso VI do § 3º será precedida de avaliação
atuarial, elaborada conforme os parâmetros estabelecidos de acordo com o disposto nos art. 61 e art.
62, que comprove que ela contribui, em conjunto com outras medidas a serem adotadas pelo ente
federativo, para o efetivo atingimento e a manutenção do equilíbrio financeiro e atuarial do RPPS.
Art. 21. A proposição, por Chefe de Poder ou por órgão constitucionalmente autônomo,
de ato normativo de alteração, reajuste ou reestruturação de cargos e carreiras que tenha o potencial de
resultar em aumento real dos benefícios sob a responsabilidade do RPPS, sem prejuízo da observância
dos requisitos e das vedações estabelecidas na Lei Complementar nº 101, de 2000, será acompanhada
de:
I - avaliação atuarial de seus impactos para o RPPS, elaborada pelo órgão ou pela entidade
gestora do Regime, na forma do disposto no art. 18; e
II - previsão das fontes de custeio total e das medidas que serão tomadas pelo ente
federativo para o equacionamento do deficit financeiro e atuarial eventualmente apurado.
Art. 22. Para o equacionamento do deficit atuarial, poderão ser aportados ao fundo
previdenciário de que trata o art. 249 da Constituição bens, direitos e demais ativos de qualquer
natureza, desde que garantidas a solvência e a liquidez do plano de benefícios e a adequação do
processo de análise desses ativos aos princípios e às normas que regem a administração pública, e desde
que observadas as seguintes medidas, além dos parâmetros estabelecidos de acordo com o disposto nos
art. 61 e art. 62:
I - embasamento em estudo técnico independente, com análise de sua viabilidade
econômico-financeira, e em processo transparente de avaliação a valor de mercado;
II - observância da compatibilidade dos aportes com os prazos e as taxas das obrigações
presentes e futuras do RPPS;
III - aprovação pelo conselho deliberativo do RPPS; e
IV - realização por meio de lei do ente federativo.
§ 1º O estudo técnico e os documentos relativos à análise e à aprovação do aporte serão
disponibilizados pelo órgão ou pela entidade gestora do RPPS aos seus segurados e beneficiários e aos
órgãos de fiscalização e de controle interno e externo.
§ 2º As receitas geradas pelos bens, direitos e demais ativos de que trata o caput serão
aplicadas nas condições de mercado, conforme previsto no art. 38.

Seção IV
Dos recursos previdenciários

Art. 23. Com o objetivo de assegurar o pagamento dos benefícios previdenciários,


observados os parâmetros gerais estabelecidos de acordo com o disposto nos art. 61 e art. 62,
constituem recursos do RPPS:
I - as contribuições, ordinárias e extraordinárias, do ente federativo, dos segurados e dos
beneficiários, inclusive as incidentes sobre as obrigações de pequeno valor ou de precatórios;
II - as receitas decorrentes de aplicações e outras receitas patrimoniais;
III - os valores recebidos a título de compensação financeira decorrente da contagem
recíproca prevista nos § 9º e § 9º-A do art. 201 da Constituição;
IV - os valores dos aportes decorrentes de planos de amortização de deficit atuarial; e
V - os bens, direitos e demais ativos ou recursos aportados aos fundos previdenciários de
que trata o art. 249 da Constituição, inclusive os que tenham a finalidade de equacionamento de deficit
atuarial.
§ 1º Os recursos do RPPS, incluídos os valores integrantes dos fundos previdenciários de
que trata o art. 22:
I - serão depositados na conta única do ente federativo, segregados de forma escritural na
contabilidade, devidamente apartados das demais unidades gestoras, em atendimento ao princípio legal
da unidade de caixa;
II - poderão, excepcionalmente, ter sua movimentação autorizada, pelo Tesouro do
respectivo ente, por intermédio de outras contas em instituições financeiras, inclusive para a
manutenção de disponibilidades em moedas estrangeiras, observado o disposto no inciso I, nas
hipóteses em que características operacionais específicas não permitam a movimentação por meio de
mecanismos de conta única;
III - ficarão sob a gestão do órgão ou da entidade gestora do RPPS e serão aplicados nas
condições de mercado, conforme previsto no art. 38, observados os limites e os princípios de proteção e
prudência financeira;
IV - apresentarão liquidez compatível com as obrigações do plano de benefícios; e
V - poderão ser utilizados somente para:
a) o pagamento dos benefícios de aposentadoria e pensão por morte devidos aos
segurados e aos beneficiários vinculados ao RPPS ou ao respectivo fundo instituído em caso de
segregação da massa, admitida a sua revisão nos termos do disposto no § 7º do art. 20;
b) a compensação financeira a que se refere o inciso III do caput; e
c) o custeio das despesas administrativas do RPPS, na forma prevista no art. 24.
§ 2º A utilização dos recursos previdenciários observará os princípios da eficiência e da
economicidade e será objeto de acompanhamento contínuo pelos conselhos deliberativo e fiscal.
Art. 24. Lei do ente federativo estabelecerá o limite das despesas destinadas ao custeio
administrativo da entidade gestora do RPPS.
Parágrafo único. As despesas de que trata o caput serão financiadas por meio de parcela
das receitas decorrentes das contribuições ordinárias a que se refere a alínea “a” do inciso I do caput do
art. 25, conforme os parâmetros gerais estabelecidos de acordo com o disposto nos art. 61 e art. 62,
observado o seguinte:
I - será considerada pela avaliação atuarial na apuração dos custos e no dimensionamento
do plano de custeio do RPPS, de forma a preservar o equilíbrio financeiro e atuarial do RPPS;
II - será segregada, contábil e financeiramente, dos demais recursos geridos pelo órgão ou
pela entidade gestora do RPPS e destinados à cobertura dos custos, normal e suplementar, do plano de
benefícios;
III - não excederá a percentuais anuais estabelecidos em função do porte, da
complexidade, da estrutura de gestão e das demais características dos RPPS, previstos nos parâmetros
gerais;
IV - será utilizada, observado o disposto no § 2º do art. 23, para as seguintes finalidades:
a) despesas necessárias à organização e ao funcionamento do órgão ou da entidade
gestora do RPPS, de forma a assegurar a realização das atividades, a autonomia e a melhoria da gestão,
dos processos e dos controles, e as atribuições dos órgãos de que trata o art. 10, incluído o custeio de
sua folha de pagamento;
b) ações e projetos que visem à implementação de políticas relacionadas com o RPPS,
inclusive de atenção aos segurados e aos beneficiários e de educação previdenciária; e
c) gestão dos fundos previdenciários e dos bens, direitos e demais ativos aportados ao
RPPS, com vistas à sua valorização ou ao incremento do fluxo das receitas por eles geradas, desde que
seja garantido o retorno dos valores empregados por meio de análise da viabilidade
econômico-financeira dos gastos; e
V - os valores segregados na forma do disposto no inciso II serão mantidos para a
utilização nas finalidades previstas no inciso IV ou serão revertidos para o pagamento dos benefícios.

Seção V
Do caráter contributivo

Art. 25. O RPPS terá caráter contributivo e solidário, observados a exigência do equilíbrio
financeiro e atuarial, os parâmetros gerais estabelecidos de acordo com o disposto nos art. 61 e art. 62 e
as seguintes condições:
I - previsão expressa, em lei do ente federativo:
a) das alíquotas de contribuição ordinária e extraordinária do ente, dos segurados e dos
beneficiários, ou dos valores de aportes para o equacionamento do deficit atuarial, estabelecidos nas
avaliações atuariais do RPPS;
b) de prazo para o repasse das contribuições ou dos aportes, pelo responsável, até o final
do mês subsequente ao da competência da folha de pagamento; e
c) de aplicação, em caso de inadimplemento do repasse, de índice oficial de atualização
monetária, taxa de juros e multa, sem prejuízo das sanções penais, cíveis e administrativas a que estarão
sujeitos os responsáveis; e
II - retenção, recolhimento e repasse:
a) das contribuições dos segurados e dos beneficiários do RPPS ao órgão ou à entidade
gestora do Regime; e
b) das contribuições e dos aportes a cargo do ente federativo, inclusive dos valores
relativos a débitos parcelados mediante acordo.
§ 1º Para fins do disposto na alínea “c” do inciso I do caput, a lei preverá a adoção do
índice utilizado para o reajustamento dos benefícios para a preservação de seu valor real e de taxa de
juros equivalente, no mínimo, à hipótese financeira utilizada na avaliação atuarial do RPPS.
§ 2º Na hipótese de omissão, na legislação do ente federativo, do previsto no § 1º, serão
aplicados os critérios de atualização monetária e imposição de multas utilizados para as contribuições
dos segurados empregados do RGPS, além da taxa de juros utilizada na avaliação atuarial do RPPS.
§ 3º A responsabilidade pela retenção, pelo recolhimento e pelo repasse mensal das
contribuições e dos aportes devidos ao RPPS será do dirigente e do ordenador de despesas do órgão ou
da entidade com atribuições para efetuar o pagamento das remunerações aos segurados e aos
beneficiários.
§ 4º As alíquotas de que trata a alínea “a” do inciso I do caput, fundamentadas em
avaliação atuarial:
I - somente serão instituídas ou alteradas por meio de lei do ente federativo;
II - serão exigidas depois de decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as
houver instituído ou majorado, devendo ser mantida a vigência da contribuição anterior durante esse
período;
III - poderão ser progressivas de acordo com o valor da base de contribuição ou dos
proventos de aposentadoria e de pensões, nos termos do disposto no § 1º do art. 149 da Constituição; e
IV - não serão alteradas com efeitos retroativos.
§ 5º Os valores das contribuições a cargo do ente federativo não serão inferiores aos das
contribuições dos segurados do respectivo RPPS.
§ 6º A lei do ente federativo poderá prever a exigência das alíquotas de que trata o § 4º a
partir do primeiro dia do quarto mês subsequente à data de publicação da lei que as houver instituído
ou majorado.
Art. 26. As alíquotas da contribuição ordinária dos segurados e dos beneficiários dos RPPS
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, observados os parâmetros gerais estabelecidos de
acordo com o disposto nos art. 61 e art. 62, sujeitam-se aos seguintes limites:
I - em caso de estabelecimento de alíquota uniforme:
a) se o RPPS possui deficit financeiro ou atuarial, será prevista, no mínimo, a alíquota
utilizada como base para a contribuição dos segurados do RPPS da União; ou
b) se o RPPS não possui deficit financeiro ou atuarial, o ente federativo fixará a alíquota
de forma que o montante mensal a ser arrecadado, como produto da sua aplicação aos segurados e aos
beneficiários do RPPS, corresponda, no mínimo, àquele que seria obtido caso fossem aplicadas as
alíquotas progressivas previstas para os segurados empregados do RGPS; ou
II - em caso de estabelecimento de alíquotas progressivas ou diferenciadas:
a) se o RPPS possui deficit financeiro ou atuarial, o ente federativo deverá fixá-las de
forma que o montante mensal a ser arrecadado, como produto da sua aplicação aos segurados e aos
beneficiários do Regime, corresponda, no mínimo, àquele que seria obtido caso fosse aplicada a alíquota
utilizada como base para a contribuição dos segurados do RPPS da União; ou
b) se o RPPS não possui deficit financeiro ou atuarial, o ente federativo deverá fixá-las de
forma a atender ao previsto na alínea “b” do inciso I do caput.
Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, não será considerada como ausência
de deficit financeiro ou atuarial a implementação de segregação da massa ou a previsão em lei de plano
de equacionamento de deficit.
Art. 27. A base de cálculo das contribuições ordinárias ou extraordinárias, observados os
parâmetros estabelecidos de acordo com o disposto nos art. 61 e art. 62, corresponderá:
I - para o segurado, à remuneração do servidor no cargo efetivo ou o subsídio, apurados
na forma do disposto no art. 46, observado o limite máximo estabelecido para os benefícios do RGPS
daquele que ingressar no serviço público a partir do início da vigência do regime de previdência
complementar ou que tenha exercido a opção correspondente, nos termos do disposto nos § 14 a § 16
do art. 40 da Constituição;
II - para o beneficiário, à parcela dos proventos de aposentadoria e de pensões, inclusive
do décimo terceiro salário, que supere o limite máximo estabelecido para os benefícios do RGPS, exceto
na hipótese prevista no inciso I do caput do art. 28; e
III - para o ente federativo, no mínimo, ao valor apurado na forma do disposto no inciso I
do caput.
§ 1º Incidirá contribuição sobre o décimo terceiro salário e sobre a remuneração devida
ao segurado em decorrência de períodos de afastamento legal, inclusive por incapacidade temporária
para o trabalho e por maternidade.
§ 2º As parcelas remuneratórias temporárias, como as recebidas em decorrência do local
e do horário de trabalho, de função de confiança ou de cargo em comissão, somente sofrerão incidência
de contribuição quando houver opção expressa do segurado, na forma prevista em lei do ente
federativo, hipótese na qual será devida, também, a contribuição do ente.
§ 3º Incidirá contribuição do ente e dos segurados e beneficiários do RPPS sobre parcelas
da remuneração e dos proventos de aposentadoria e pensões pagos em decorrência de decisão judicial,
observado o disposto no § 3º do art. 43 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991.
§ 4º Para fins de aplicação do limite de que trata o inciso II do caput, será considerado o
valor da pensão por morte antes de sua divisão em cotas.
§ 5º A base de cálculo das contribuições ordinárias incidentes sobre as remunerações
mensais dos segurados não será inferior ao salário-mínimo.
§ 6º A parcela dos proventos de aposentadoria e das pensões sobre a qual incidirá a
contribuição será calculada mensalmente, observadas as alterações de valor do limite máximo de
benefícios do RGPS ou daquele fixado conforme o disposto no inciso I do caput do art. 28.
Art. 28. O ente federativo, com base em avaliação atuarial e enquanto o RPPS apresentar
deficit atuarial, poderá, mediante lei, na forma prevista nos § 1º-A a § 1º-C do art. 149 da Constituição e
observado o disposto no parágrafo único do art. 26:
I - ampliar a base de cálculo da contribuição ordinária dos beneficiários para a parcela dos
proventos de aposentadoria e de pensões que supere o salário-mínimo; e
II - instituir, por prazo calculado conforme o disposto no § 6º do art. 20 e limitado a vinte
anos, contribuições extraordinárias dos segurados e dos beneficiários, na hipótese de insuficiência da
medida prevista no inciso I do caput, desde que simultaneamente com outras medidas a seu cargo,
previstas no § 3º do art. 20, para o equacionamento do deficit atuarial.
§ 1º A ampliação da base de cálculo de que trata o inciso I do caput poderá considerar,
conforme previsto na lei do ente federativo, qualquer valor entre o salário-mínimo e o limite máximo
estabelecido para os benefícios do RGPS.
§ 2º As contribuições extraordinárias de que trata o inciso II do caput somente poderão
ser instituídas caso sejam observadas, de forma sucessiva e cumulativa, as seguintes condições:
I - a ampliação da base de cálculo de que trata o inciso I do caput será efetuada para a
totalidade da parcela entre um salário-mínimo e o limite máximo estabelecido para os benefícios do
RGPS;
II - a contribuição ordinária do ente corresponderá, no mínimo, ao dobro da contribuição
ordinária devida pelos segurados e pelos beneficiários; e
III - a contribuição extraordinária do ente corresponderá, no mínimo, ao dobro da
contribuição extraordinária dos segurados e dos beneficiários.
§ 3º O ente federativo é responsável pela cobertura de eventuais insuficiências
financeiras do RPPS, nos termos do disposto no § 5º do art. 20.
Art. 29. A execução do plano de custeio do RPPS será objeto de monitoramento contínuo
e contemplará, no mínimo, as seguintes medidas:
I - o órgão ou a entidade gestora do RPPS estabelecerá processo de verificação das bases
de cálculo e dos valores das contribuições e aportes e tomará as medidas administrativas e judiciais para
a cobrança dos valores em atraso ou repassados a menor;
II - os conselhos deliberativo e fiscal verificarão, na forma estabelecida na legislação do
ente federativo, a regularidade do repasse das contribuições e dos aportes e comunicarão aos órgãos de
fiscalização e de controle interno e externo as situações de inadimplência;
III - o ente federativo avaliará periodicamente os impactos orçamentários, financeiros e
fiscais do plano de custeio e adotará medidas para mitigar os riscos do seu descumprimento; e
IV - os Poderes, os órgãos e as entidades do ente federativo disponibilizarão
mensalmente, ao órgão ou à entidade gestora do RPPS, as informações relativas às folhas de pagamento
e aos comprovantes de repasse das contribuições e o acesso às bases de dados cadastrais, funcionais e
remuneratórios dos segurados e dos beneficiários, de modo a permitir o controle efetivo das
contribuições e a realização de auditorias periódicas.
Parágrafo único. O monitoramento de que trata o caput será realizado, também, nas
hipóteses de cessão, afastamento, licenciamento ou exercício do servidor em outro órgão.
Art. 30. Sem prejuízo das sanções penais, cíveis e administrativas a que estarão sujeitos
os responsáveis, os valores das contribuições a cargo do ente federativo e dos aportes para o
equacionamento do deficit atuarial, após a apuração e confissão do débito e a autorização em lei,
poderão ser objeto de acordo de parcelamento entre o ente federativo e o órgão ou a entidade gestora
do RPPS.
§ 1º Além de observar outros parâmetros estabelecidos de acordo com o disposto nos
art. 61 e art. 62, a lei do ente federativo que autorizar o parcelamento de que trata o caput deverá
prever as seguintes condições:
I - previsão, em cada termo de acordo de parcelamento, da quantidade máxima de
sessenta parcelas mensais, iguais e sucessivas;
II - aplicação de índice oficial de atualização e de taxa de juros, estabelecidos em lei do
ente federativo, na consolidação do montante devido e no pagamento das parcelas vincendas e
vencidas, com incidência mensal, respeitada, como limite mínimo, a meta atuarial utilizada na avaliação
atuarial do RPPS quando da celebração do termo;
III - vencimento da primeira parcela até o último dia útil do mês subsequente ao da
assinatura do termo de acordo de parcelamento;
IV - previsão das medidas e sanções, inclusive multa, para as hipóteses de
inadimplemento das parcelas ou de descumprimento das demais regras do termo de acordo de
parcelamento;
V - proibição da inclusão das contribuições descontadas dos segurados e dos
beneficiários; e
VI - proibição da inclusão de valores referentes a recursos utilizados em desacordo com o
disposto no inciso V do § 1º do art. 23 e no art. 24.
§ 2º É admitido o reparcelamento de débitos parcelados anteriormente, mediante
autorização em lei específica e observados os seguintes parâmetros:
I - o reparcelamento consiste em nova consolidação do montante do débito parcelado e
não se admitirá que as parcelas em atraso sejam objeto de novo parcelamento desvinculado do
parcelamento originário;
II - previsão, em cada termo de acordo de reparcelamento, da quantidade máxima de
parcelas de que trata o inciso I do § 1º, mensais, iguais e sucessivas, aplicadas a partir da nova
consolidação;
III - cada termo de parcelamento poderá ser reparcelado apenas uma vez, proibida a
inclusão de débitos que não o integravam anteriormente; e
IV - não serão considerados reparcelados os termos que tenham por objeto a alteração de
condições de que tratam os incisos II e IV do § 1º, estabelecidas em termo anterior, desde que:
a) não existam parcelas em atraso na data da contratação a que se refere o novo termo; e
b) não haja ampliação do prazo inicialmente estabelecido para o pagamento das parcelas.
§ 3º No acordo a que se refere o caput, o ente federativo adotará as providências
necessárias para assegurar a regularidade orçamentária, financeira e patrimonial da operação, inclusive
quanto à autorização legislativa para a assunção da obrigação.
Art. 31. O segurado obrigado a recolher as contribuições ao RPPS nos termos do disposto
no art. 37 poderá, em caso de inadimplência, parcelar a dívida na forma prevista na legislação do ente
federativo, observado o prazo máximo estabelecido no inciso I do § 1º do art. 30.
Art. 32. É proibida a utilização de bens, direitos e demais ativos para dação em
pagamento das contribuições ou dos aportes vencidos.

Seção VI
Da cessão, do afastamento ou licenciamento e do exercício em outro órgão

Art. 33. O servidor permanecerá filiado ao RPPS de origem, observado o disposto nos art.
34 a art. 37 quanto ao recolhimento das contribuições para esse Regime, quando estiver:
I - cedido para outro órgão ou entidade da administração direta ou indireta de qualquer
ente federativo, com ou sem ônus para o cessionário;
II - no exercício de mandato eletivo em qualquer ente federativo, nos termos do disposto
no art. 38 da Constituição;
III - afastado ou licenciado temporariamente do cargo, com ou sem recebimento de
remuneração ou subsídio do ente federativo; ou
IV - afastado para o exercício de cargo temporário ou função pública providos por
nomeação, designação ou outra forma de investidura nos órgãos ou nas entidades da administração
pública direta, indireta ou fundacional, do mesmo ente federativo ou de outro.
Parágrafo único. Para fins de verificação do cumprimento dos requisitos de tempo de
efetivo exercício no serviço público, de tempo na carreira e de tempo de exercício no cargo efetivo para a
concessão de aposentadoria, será considerado o período em que o servidor estiver nas situações de que
tratam os incisos I e II do caput.
Art. 34. Na hipótese de cessão de servidor filiado ao RPPS em que o órgão ou a entidade
cessionária efetue o pagamento da remuneração diretamente ao servidor cedido, será de
responsabilidade desse órgão ou dessa entidade:
I - o desconto das contribuições ordinárias e extraordinárias devidas pelo servidor sobre a
remuneração do seu cargo efetivo ou o subsídio no órgão ou na entidade cedente;
II - o custeio das contribuições ordinárias e extraordinárias devidas pelo órgão ou pela
entidade cedente; e
III - o repasse das contribuições de que tratam os incisos I e II do caput ao órgão ou à
entidade gestora do RPPS de origem do servidor cedido ou afastado, na forma e nos prazos
estabelecidos pela legislação do respectivo ente federativo.
§ 1º Na hipótese de o órgão ou a entidade cessionária não efetuar, no prazo previsto na
lei do ente cedente, o repasse das contribuições devidas ao órgão ou à entidade gestora do RPPS de
origem, caberá ao órgão ou à entidade cedente realizar o repasse no prazo previsto na referida lei e
buscar o reembolso dos respectivos valores, aplicados o índice oficial de atualização monetária, a taxa de
juros e a multa de que trata a alínea “c” do inciso I do caput do art. 25.
§ 2º O disposto neste artigo aplica-se também às hipóteses de:
I - afastamento do servidor titular de cargo efetivo para o exercício de mandato eletivo
com ônus para o órgão de exercício do mandato, inclusive no caso de afastamento para o exercício do
mandato de Prefeito ou de Vereador em que haja opção pelo recebimento do subsídio do cargo eletivo;
e
II - afastamento do servidor titular de cargo efetivo para o exercício de outro cargo
temporário ou função pública providos por nomeação, designação ou outra forma de investidura nos
órgãos ou nas entidades da administração pública direta, indireta ou fundacional de qualquer ente
federativo.
§ 3º O servidor filiado ao RPPS e investido no mandato de Vereador, que exerça
concomitantemente o cargo efetivo e o mandato, com compatibilidade de horários, continua filiado ao
RPPS de origem, pelo cargo efetivo, e filia-se ao RGPS, pelo mandato eletivo, devidas as contribuições
para o RPPS incidentes sobre a remuneração do cargo efetivo e para o RGPS incidentes sobre o subsídio
do cargo eletivo.
Art. 35. Na hipótese de cessão de servidor com manutenção da responsabilidade do
órgão ou da entidade cedente pelo crédito da remuneração, cabe a esse órgão ou a essa entidade o
recolhimento e o repasse, ao órgão ou à entidade gestora do RPPS de origem, das contribuições a cargo
do servidor e do ente federativo, incidentes sobre a base de cálculo de que trata o art. 27.
Parágrafo único. O disposto no caput aplica-se também às hipóteses de afastamento do
cargo para o exercício de mandato eletivo de Prefeito ou de Vereador, em que tenha sido feita a opção
pelo recebimento da remuneração ou do subsídio do cargo efetivo de que o servidor seja titular.
Art. 36. Sobre as parcelas remuneratórias não componentes da remuneração do cargo
efetivo ou do subsídio pagas pelo cessionário:
I - não incidirá contribuição para o RPPS, no ente federativo cedente ou no cessionário; e
II - não incidirá contribuição para o RGPS.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput ao subsídio recebido pelo servidor filiado a
RPPS e afastado para o exercício de mandato eletivo, exceto na hipótese prevista no § 3º do art. 34.
Art. 37. Em caso de servidor filiado ao RPPS e licenciado ou afastado temporariamente do
exercício do cargo sem recebimento de remuneração ou subsídio, observados os parâmetros gerais
estabelecidos de acordo com o disposto nos art. 61 e art. 62, a lei do ente federativo preverá:
I - a responsabilidade do servidor pelo recolhimento mensal, ao órgão ou à entidade
gestora do RPPS, das contribuições ordinárias e extraordinárias incidentes sobre a base de cálculo
estabelecida no inciso I do caput do art. 27; e
II - se a responsabilidade do ente federativo pelo recolhimento das contribuições
ordinárias e extraordinárias a seu cargo, previstas no § 4º do art. 19, será mantida ou será atribuída ao
servidor durante o licenciamento ou o afastamento sem direito à remuneração.
Parágrafo único. Na hipótese de que trata o caput, o tempo de contribuição:
I - será computado para a concessão de aposentadoria pelo RPPS ou para a contagem
recíproca prevista nos § 9º e § 9º-A do art. 201 da Constituição; e
II - não será considerado para a verificação do cumprimento dos requisitos de tempo de
efetivo exercício no serviço público, tempo na carreira e tempo de exercício no cargo efetivo, para fins de
concessão de aposentadoria ao segurado.

Seção VII
Da aplicação dos recursos previdenciários
Art. 38. As aplicações dos recursos do RPPS serão realizadas por meio de instituições
públicas ou privadas e observarão:
I - os parâmetros de mercado;
II - os princípios de segurança, proteção, prudência financeira, rentabilidade,
transparência, solvência, liquidez, motivação e adequação à natureza de suas obrigações; e
III - as normas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional - CMN.
§ 1º No estabelecimento das condições e dos limites gerais para a aplicação dos recursos
dos RPPS, o CMN considerará, entre outros requisitos:
I - a natureza pública dos recursos aplicados, exigida a observância dos princípios de que
trata o inciso II do caput; e
II - a necessidade de as instituições que administrem os recursos desses Regimes, direta
ou indiretamente, por meio de fundos de investimento, ou que participem da emissão ou possuam
obrigação em relação aos ativos financeiros por eles investidos:
a) observarem critérios relacionados com a boa qualidade da gestão, o ambiente de
controle interno, o histórico e a experiência de atuação, a solidez patrimonial e o volume de recursos sob
a sua administração, e outros destinados à mitigação de riscos; e
b) cumprirem as normas estabelecidas pelos órgãos reguladores e supervisores do
Sistema Financeiro Nacional.
§ 2º A aplicação dos recursos do RPPS será precedida de credenciamento das instituições
aptas a receberem os recursos, cujo processo observará o disposto no inciso II do § 1º.
§ 3º Para fins de observância dos parâmetros de mercado e de consulta dos preços dos
ativos à instituição financeira, à instituição autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil ou às
pessoas jurídicas autorizadas pela Comissão de Valores Mobiliários para o exercício profissional de
administração de carteira, serão observadas as informações divulgadas, diariamente, por entidades
reconhecidamente idôneas pela sua transparência e elevado padrão técnico na difusão de preços e taxas
dos ativos financeiros, para utilização como referência em negociações no mercado financeiro, antes do
efetivo fechamento da operação.
Art. 39. Na aplicação dos recursos, os responsáveis pela gestão do RPPS adotarão regras,
procedimentos e controles que visem garantir o cumprimento de suas obrigações, respeitados a política
de investimentos estabelecida, as normas do CMN e os parâmetros estabelecidos de acordo com o
disposto nos art. 61 e art. 62.
§ 1º As responsabilidades dos agentes que participarem dos processos de análise,
avaliação, gerenciamento, assessoramento ou decisão relativos à aplicação dos recursos do RPPS estarão
estabelecidas na lei do ente federativo, conforme previsto no § 6º do art. 10.
§ 2º Os agentes de que trata o § 1º atenderão aos requisitos previstos no art. 11 e sua
atuação será balizada pelo código de ética e de padrões de conduta profissional de que trata o art. 16.
§ 3º O comitê de investimentos participará do processo decisório a que se refere este
artigo, observado o disposto no inciso III do caput do art. 10.
§ 4º Serão mantidos os registros dos documentos que fundamentem a tomada de
decisão para a aplicação dos recursos, incluída a identificação dos agentes de que trata o § 1º, e as
análises e avaliações que a motivem.
Art. 40. O órgão ou a entidade gestora do RPPS elaborará política anual de investimentos
e adotará procedimentos e controles internos formalizados para a gestão dos riscos das aplicações dos
recursos previdenciários, observados, além dos parâmetros estabelecidos de acordo com o disposto nos
art. 61 e art. 62:
I - a compatibilidade dos ativos investidos com os prazos, os montantes e as taxas das
obrigações atuariais presentes e futuras do RPPS;
II - a necessidade de solvência e liquidez do plano de benefícios e os fluxos de
pagamentos dos ativos investidos;
III - o embasamento em estudos a partir de modelos matemáticos de gestão de ativos e
passivos; e
IV - o estabelecimento de limites de alçadas para a alocação, os investimentos e os
desinvestimentos.
Parágrafo único. A gestão dos bens, direitos e ativos aportados ao RPPS terá por
finalidade a sua liquidez para o cumprimento dos prazos e dos montantes das obrigações do Regime.
Art. 41. É proibida a aplicação dos recursos previdenciários em:
I - títulos públicos estaduais e municipais;
II - empréstimos de qualquer natureza, exceto aos segurados e aos beneficiários do RPPS,
na modalidade de consignação, conforme diretrizes estabelecidas pelo CMN;
III - ativos não permitidos, não previstos ou que não observem as condições, os requisitos
e os limites estabelecidos pelo CMN;
IV - ativos que estejam em desconformidade com a política de investimentos;
V - títulos de emissão do Tesouro Nacional e demais ativos financeiros, na hipótese de não
comprovação de que os preços e as taxas da operação sejam condizentes com os preços de mercado,
nos termos do disposto no § 3º do art. 38; e
VI - ativos que apresentem prazos para desinvestimento, inclusive para vencimento,
resgate, carência ou para conversão de cotas de fundos de investimento, na hipótese de ausência da
comprovação da compatibilidade de que trata o inciso I do caput do art. 40.
Parágrafo único. Os empréstimos aos segurados e aos beneficiários do RPPS de que trata
o inciso II do caput observarão os seguintes parâmetros, além daqueles estabelecidos de acordo como
disposto nos art. 61 e art. 62:
I - os encargos financeiros líquidos das operações serão superiores à taxa de juros
utilizada na avaliação atuarial do RPPS;
II - serão aplicados, no momento da contratação dos empréstimos, os mesmos critérios
utilizados para a definição dos limites de autorização para a efetivação dos descontos dos segurados do
RGPS;
III - os empréstimos não serão objeto de remissão ou anistia;
IV - os Poderes, os órgãos e as entidades autárquicas e fundacionais do ente federativo
disponibilizarão ao órgão ou à entidade gestora do RPPS o acesso às bases de dados e às informações
previstas no inciso IV do caput do art. 29;
V - os valores das parcelas descontadas dos segurados e dos beneficiários serão
repassados ao órgão ou à entidade gestora do RPPS até o quinto dia útil após o pagamento das
remunerações, nas hipóteses em que os créditos não possam ser efetuados de forma simultânea ao
processamento das folhas de pagamento;
VI - nas hipóteses de não realização do repasse no prazo previsto no inciso V ou de mora
no pagamento das remunerações aos tomadores, incidirão os acréscimos legais previstos na alínea “c”
do inciso I do caput do art. 25 e o ente federativo responderá como devedor principal e solidário do
montante devido perante o órgão ou a entidade gestora do RPPS, sem prejuízo das sanções penais, cíveis
e administrativas a que estarão sujeitos os responsáveis, observado o disposto no art. 59; e
VII - os prazos e o perfil para a concessão dos empréstimos observarão o disposto no
inciso I do caput do art. 40 e a situação da gestão fiscal do ente federativo.

Seção VIII
Da contabilidade

Art. 42. A contabilidade dos RPPS será individualizada em relação à contabilidade do ente
federativo e obedecerá aos princípios, às normas e aos procedimentos aplicáveis ao setor público.
§ 1º Serão reconhecidas, na contabilidade consolidada do ente federativo, as obrigações
decorrentes do plano de benefícios do RPPS, em conformidade com as Normas Brasileiras de
Contabilidade Técnica do Setor Público e com as normas gerais para consolidação das contas públicas de
que trata o § 2º do art. 50 da Lei Complementar nº 101, de 2000.
§ 2º Os instrumentos de transparência fiscal e as informações e os dados contábeis,
orçamentários e fiscais de que trata o art. 48 da Lei Complementar nº 101, de 2000, compreenderão
aqueles relativos ao RPPS.
§ 3º As disponibilidades, as aplicações, os investimentos e os passivos relevantes do RPPS
serão apresentados, obrigatoriamente, de forma segregada e explícita no balanço geral consolidado do
ente federativo.

Seção IX
Do plano de benefícios

Art. 43. Integram o plano de benefícios do RPPS, exclusivamente, os seguintes benefícios:


I - aposentadoria por incapacidade permanente para o trabalho;
II - aposentadoria compulsória;
III - aposentadoria voluntária programada; e
IV - pensão por morte aos dependentes do segurado falecido.
§ 1º São de responsabilidade do ente federativo, e não correrão à conta do RPPS, os
pagamentos relativos a:
I - afastamentos por incapacidade temporária para o trabalho e por maternidade,
obrigatoriamente; e
II - benefícios de salário-família e auxílio-reclusão ou a qualquer outro não previsto no
caput.
§ 2º Ressalvadas as concessões realizadas até a data de entrada em vigor da Emenda
Constitucional nº 103, de 2019, é proibida a complementação de aposentadorias de servidores públicos
ou de pensões por morte a seus dependentes:
I - não decorrente do disposto nos § 14 a § 16 do art. 40 da Constituição, na forma
prevista no § 11 do art. 56; ou
II - não prevista em lei que extinga RPPS, conforme o disposto no inciso II do caput do art.
55.
Art. 44. A definição das regras de elegibilidade, cálculo e reajustamento de
aposentadorias e pensões por morte, observados a reserva legislativa e os demais requisitos previstos
para cada situação no art. 40 da Constituição, estará fundamentada em avaliação atuarial e na exigência
de equilíbrio financeiro e atuarial, conforme parâmetros gerais estabelecidos de acordo com o disposto
nos art. 61 e art. 62.
§ 1º São proibidos:
I - o estabelecimento de idade para a aposentadoria compulsória diversa da prevista na
Lei Complementar nº 152, de 3 de dezembro de 2015;
II - o estabelecimento de regras gerais ou de transição com a adoção de requisitos ou
critérios diferenciados para a concessão de benefícios pelo RPPS, ressalvadas as exceções previstas na
Constituição;
III - a dispensa do cumprimento dos requisitos de idade e tempo de contribuição mínimos
para a concessão de aposentadoria voluntária; e
IV - a conversão, a partir de 13 de novembro de 2019, de tempo exercido sob condições
especiais em tempo comum.
§ 2º É proibida a percepção de mais de uma aposentadoria à conta de RPPS, exceto as
aposentadorias decorrentes de cargos acumuláveis, nas hipóteses previstas no inciso XVI do caput do
art. 37 da Constituição, ainda que o ingresso em um dos cargos ocorra após a aposentadoria no outro.
§ 3º Será reconhecida a conversão, em tempo comum, de tempo especial exercido em
atividades com exposição efetiva a agentes químicos, físicos ou biológicos prejudiciais à saúde, ou à
associação desses agentes, cumprido até a data de entrada em vigor da Emenda Constitucional nº 103,
de 2019, mediante contagem diferenciada, na forma prevista nas normas relativas ao RGPS, exceto para
fins de cumprimento dos requisitos de tempo de efetivo exercício no serviço público e de tempo de
exercício na carreira ou no cargo efetivo.
§ 4º O segurado aposentado, para ser investido em cargo público efetivo não acumulável
com aquele que gerou a aposentadoria:
I - deverá renunciar aos proventos da aposentadoria; e
II - poderá optar futuramente pelos proventos mais vantajosos, proibida a averbação do
tempo anterior para a concessão de nova aposentadoria ou a emissão de Certidão de Tempo de
Contribuição.
Art. 45. No cálculo dos proventos de aposentadoria e de pensão por morte cujo valor
inicial seja apurado com base na média das bases de cálculo de contribuição do servidor, os valores
correspondentes ao período contributivo desde a competência de julho de 1994 ou desde a
competência do início da contribuição, se posterior àquela, serão atualizados mês a mês, de acordo com
a variação integral do índice fixado em lei de cada ente.
§ 1º Nas competências em que não tenha havido contribuição para RPPS, a base de
cálculo dos proventos será a remuneração percebida pelo segurado no cargo efetivo ou o subsídio.
§ 2º As remunerações ou os subsídios considerados no cálculo da média a que se referem
o caput e o § 1º não serão:
I - inferiores ao valor do salário-mínimo vigente nas competências da remuneração;
II - superiores ao limite máximo do salário de contribuição do RGPS vigente nos meses em
que o segurado esteve vinculado a esse Regime; e
III - superiores ao limite máximo do salário de contribuição do RGPS vigente à época,
quanto aos meses computados no RPPS a partir da vigência do regime de previdência complementar,
para os servidores que ingressarem após a instituição deste regime no ente instituidor do benefício ou
que tenham exercido a opção de que trata o § 16 do art. 40 da Constituição.
§ 3º Na hipótese de segurado sujeito ao regime de previdência complementar, nos
termos do disposto nos § 14 a § 16 do art. 40 da Constituição, os proventos de aposentadoria e a pensão
por morte não serão superiores ao limite máximo estabelecido para os benefícios do RGPS.
§ 4º A opção do servidor pela inclusão de parcelas remuneratórias temporárias na base
de cálculo das contribuições, nos termos do disposto no § 2º do art. 27, será considerada exclusivamente
para os benefícios calculados de acordo com o disposto neste artigo.
Art. 46. Para fins de cálculo dos proventos de aposentadoria concedida conforme regra
de transição que garanta a integralidade e a paridade, considera-se remuneração do servidor público no
cargo efetivo o valor constituído pelo subsídio, pelo vencimento e pelas vantagens pecuniárias
permanentes do cargo, acrescidos dos adicionais de caráter individual e das vantagens pessoais
permanentes, observados os seguintes critérios, além daqueles previstos em lei de cada ente federativo:
I - se o cargo estiver sujeito a variações na carga horária, o valor das rubricas que refletem
essa variação:
a) integrará o cálculo do valor da remuneração do servidor público no cargo efetivo em
que se deu a aposentadoria; e
b) considerará a média aritmética simples dessa carga horária, proporcional ao número de
anos completos de recebimento e contribuição, contínuos ou intercalados, em relação ao tempo total
exigido para a aposentadoria; e
II - se as vantagens pecuniárias permanentes forem variáveis, por estarem vinculadas a
indicadores de desempenho, produtividade, adicional de qualificação ou situação similar, o valor dessas
vantagens integrará o cálculo da remuneração do servidor público no cargo efetivo, mediante a
aplicação, sobre o valor atual de referência das vantagens pecuniárias permanentes variáveis, da média
aritmética simples do indicador, proporcional ao número de anos completos de recebimento e da
respectiva contribuição, contínuos ou intercalados, em relação ao tempo total exigido para a
aposentadoria ou ao tempo total de instituição da vantagem, se este for inferior.
§ 1º São proibidas:
I - a incorporação, aos proventos de aposentadoria calculados na forma prevista neste
artigo, de parcelas remuneratórias temporárias, como as pagas em decorrência de local e horário de
trabalho, de função de confiança ou de cargo em comissão, exceto quando tais parcelas tenham sido
incorporadas à remuneração do servidor até 13 de novembro de 2019, nos termos do disposto no art. 13
da Emenda Constitucional nº 103, de 2019; e
II - a inclusão, nos benefícios, para fins de percepção destes, do abono de permanência de
que trata o § 19 do art. 40 da Constituição.
§ 2º Aplica-se o disposto neste artigo à pensão por morte concedida com base na
remuneração do cargo efetivo.
Art. 47. Para fins de aposentadoria, será assegurada a contagem recíproca do tempo de
contribuição entre o RGPS e os RPPS, e destes entre si, observada a compensação financeira, de acordo
com os critérios estabelecidos em lei federal.
§ 1º O tempo de serviço militar exercido nas atividades de que tratam os art. 42, art. 142
e art. 143 da Constituição e o tempo de contribuição ao RGPS ou ao RPPS serão contados
reciprocamente para fins de inativação militar ou de aposentadoria, devida a compensação financeira
entre as receitas de contribuição referentes aos militares e as receitas de contribuição aos demais
Regimes, mediante certidão.
§ 2º Na hipótese de contagem recíproca, o tempo de contribuição será comprovado por
meio de Certidão de Tempo de Contribuição, a ser fornecida pelo Regime de origem ou pelo setor
competente, quando se referir ao tempo de serviço militar, acompanhada da relação, por competência,
das bases de cálculo de contribuição a serem utilizadas no cálculo do benefício, observada a legislação
específica.
§ 3º Aplicam-se aos entes federativos as sanções previstas no art. 63, observados os
parâmetros gerais estabelecidos de acordo com o disposto nos art. 61 e art. 62, nas hipóteses de não
operacionalização da compensação financeira de que tratam os § 9º e § 9º-A do art. 201 da Constituição
ou de inadimplência dos valores devidos com o Regime de origem.
§ 4º O disposto neste artigo aplica-se à hipótese de concessão de pensão por morte,
quando o cálculo desse benefício computar tempo de contribuição, admitida a emissão de Certidão de
Tempo de Contribuição para os dependentes, se não tiver sido emitida para o ex-servidor.
§ 5º Na hipótese de invalidação da relação jurídica de filiação do segurado ao RPPS, serão
mantidos os períodos de contribuição ao Regime Próprio, assegurada a contagem recíproca do tempo de
contribuição enquanto o vínculo esteve vigente, nos termos do disposto no § 9º do art. 201 da
Constituição.
Art. 48. A aposentadoria por incapacidade permanente para o trabalho ou por invalidez é
devida ao segurado que for considerado, mediante perícia médica oficial, incapacitado para o exercício
das atribuições do cargo em que estiver investido, quando insuscetível de readaptação para o exercício
de atribuições e responsabilidades de outro cargo do respectivo ente federativo e enquanto permanecer
nessa condição.
§ 1º O segurado poderá ser readaptado, mantidas a vinculação e a remuneração do cargo
de origem, desde que:
I - as atribuições e responsabilidades a serem exercidas sejam compatíveis com a
limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou mental; e
II - a habilitação e o nível de escolaridade exigidos para o outro cargo sejam compatíveis
com as do seu cargo de origem.
§ 2º O órgão ou a entidade gestora do RPPS realizará avaliações, com periodicidade não
superior a dois anos, para a verificação da continuidade das condições que ensejaram a concessão da
aposentadoria de que trata o caput, de acordo com critérios uniformes estabelecidos na legislação do
ente federativo, a serem aplicados indistintamente aos beneficiários dos Poderes, dos órgãos e das
entidades, observados, subsidiariamente, os procedimentos previstos para o RGPS.
§ 3º Na hipótese de haver indícios de que o beneficiário recuperou a capacidade laboral
para o exercício das atribuições do cargo em que se deu a aposentadoria ou da possibilidade de sua
readaptação, ou de erro material na concessão, na manutenção ou na revisão do benefício da
aposentadoria de que trata o caput, o órgão ou a entidade gestora do RPPS, após avaliação da perícia
médica oficial, notificará o beneficiário, seu representante legal ou procurador, para apresentar defesa
no prazo e de acordo com as regras aplicáveis ao processo administrativo do respectivo ente federativo.
§ 4º Observado o disposto no § 3º, o benefício de aposentadoria de que trata o caput
será suspenso nas seguintes hipóteses:
I - não comparecimento à perícia médica oficial;
II - não apresentação da defesa no prazo e nas condições previstas no processo
administrativo do respectivo ente federativo; ou
III - defesa considerada insuficiente ou improcedente pelo órgão ou pela entidade gestora
do RPPS.
§ 5º O órgão ou a entidade gestora do RPPS notificará o beneficiário, seu representante
legal ou seu procurador da suspensão do benefício decorrente das hipóteses previstas no § 4º, o qual
disporá de prazo para a interposição de recurso administrativo.
§ 6º Após decisão administrativa ou judicial definitiva sobre o cancelamento do benefício,
comprovada a fraude ou má-fé objetiva, o servidor restituirá à Fazenda Pública os proventos percebidos
no período em que o pagamento foi considerado indevido, sem prejuízo da responsabilidade penal,
administrativa e civil.
§ 7º Na hipótese de retorno ao exercício do cargo, o servidor poderá obter nova
aposentadoria, desde que implemente os requisitos para o novo benefício, computado o período de
tempo de contribuição anterior à concessão da aposentadoria por incapacidade permanente para o
trabalho, proibido, em caso de má-fé ou fraude, o cômputo do tempo em que permaneceu em gozo
desse benefício para qualquer finalidade previdenciária.
§ 8º O disposto neste artigo aplica-se aos aposentados por invalidez permanente.
Art. 49. A lei do ente federativo disporá sobre o tempo de duração da pensão por morte e
das cotas individuais por dependente de que trata o art. 8º, até a perda dessa qualidade, observado o
equilíbrio financeiro e atuarial do RPPS.
§ 1º Além do disposto na legislação de cada ente federativo, perderá a condição de
dependente e o direito à pensão por morte:
I - o condenado criminalmente por sentença com trânsito em julgado, como autor,
coautor ou partícipe de homicídio doloso, ou de tentativa desse crime, cometido contra a pessoa do
segurado, exceto os absolutamente incapazes e os inimputáveis; e
II - o cônjuge ou o companheiro do segurado, se comprovada, a qualquer tempo, a
simulação ou fraude no casamento ou na união estável, ou a sua formalização com o fim exclusivo de
constituir benefício previdenciário, apurada em processo judicial no qual será assegurado o direito ao
contraditório e à ampla defesa.
§ 2º Se houver indícios fundados da hipótese de que trata o inciso I do § 1º, será
permitida a suspensão provisória da parte do dependente no benefício de pensão por morte, mediante
processo administrativo próprio, respeitados a ampla defesa e o contraditório, e, em caso de absolvição:
I - serão devidas as parcelas corrigidas desde a data da suspensão; e
II - será realizada a reativação imediata do benefício.
Art. 50. Os proventos de aposentadoria e as pensões por morte serão reajustados:
I - anualmente, observados a data-base do reajustamento e o índice oficial a ser aplicado
estabelecidos na lei de cada ente federativo, no caso dos benefícios aos quais se aplique o disposto no §
8º do art. 40 da Constituição; ou
II - na mesma proporção e na mesma data, sempre que se modificar a remuneração dos
servidores em atividade, estendidos aos aposentados e aos pensionistas quaisquer benefícios ou
vantagens posteriormente concedidos aos servidores em atividade, inclusive quando decorrentes da
transformação ou reclassificação do cargo ou da função em que se deu a aposentadoria ou que serviu de
referência para a concessão da pensão, se concedidos com fundamento em regra de transição que
assegure o direito à integralidade e à paridade.
Art. 51. O cumprimento dos requisitos de elegibilidade previstos na Constituição e na
legislação do ente federativo assegurará a concessão de aposentadoria ou pensão por morte pelo RPPS a
qualquer tempo, observados os critérios da legislação vigente na data em que foram atendidos os
requisitos para a sua concessão.
§ 1º Os proventos de aposentadoria e as pensões por morte de que trata o caput serão
calculados e reajustados de acordo com o disposto na legislação em vigor à época em que foram
atendidos os requisitos nela estabelecidos para a concessão desses benefícios.
§ 2º Desde que tenham sido cumpridos os requisitos para a concessão da aposentadoria
voluntária programada, é assegurado o direito de opção:
I - ao segurado, pelo benefício de aposentadoria voluntária programada, ainda que
posteriormente seja constatada a incapacidade permanente para o trabalho ou atingida a idade para a
aposentadoria compulsória; e
II - aos dependentes, pelo cálculo da pensão por morte com base na aposentadoria
voluntária programada devida ao segurado que não a requereu antes da data do óbito.
§ 3º É proibida a revisão do ato concessório de benefício para a mudança do seu
fundamento legal, exceto se o beneficiário tiver cumprido, até a data da concessão inicial, os requisitos e
critérios estabelecidos por norma de concessão mais favorável vigente nessa data, observados os prazos
de decadência ou de prescrição de que trata o art. 54.
§ 4º A revisão do ato concessório do benefício de que trata o § 3º será submetida à
apreciação e ao registro do Tribunal de Contas, na forma do disposto no art. 53.
Art. 52. O ente federativo poderá estabelecer em lei critérios para o pagamento do abono
de permanência, previsto no § 19 do art. 40 da Constituição, ao servidor filiado ao RPPS que tenha
completado as exigências para a aposentadoria voluntária programada e opte por continuar em
atividade, até completar a idade para a aposentadoria compulsória.
Parágrafo único. O abono de permanência será equivalente, no máximo, ao valor da
contribuição do segurado para o RPPS e os critérios a serem estabelecidos para o seu pagamento
observarão:
I - os princípios da razoabilidade, da proporcionalidade e da economicidade;
II - a lotação ideal do quadro de pessoal para a respectiva área de atividade do servidor; e
III - o interesse público.
Art. 53. O órgão ou a entidade gestora do RPPS publicará o ato de concessão de
aposentadoria ou de pensão por morte e o encaminhará ao Tribunal de Contas para apreciação e
registro, que observará o prazo de cinco anos, contado da data do recebimento, para o julgamento da
sua legalidade.
§ 1º A negativa do registro do ato de concessão de aposentadoria ou de pensão por
morte pelo Tribunal de Contas implicará a necessidade de revisão do benefício.
§ 2º Se, decorrido o prazo previsto no caput, o julgamento não estiver concluído, será
operado o registro do ato de concessão pelo Tribunal de Contas, exceto quando comprovada a má-fé do
beneficiário ou da autoridade administrativa responsável pelo ato.
Art. 54. É de cinco anos o prazo de decadência do direito do aposentado e do pensionista
à revisão do ato de concessão do benefício, a contar da data de seu registro pelo Tribunal de Contas, de
que trata o art. 53, ou, quando for o caso, da data em que tomar conhecimento da decisão denegatória
definitiva no âmbito administrativo.
§ 1º A ação para haver parcelas vencidas ou quaisquer restituições ou diferenças devidas
pelo RPPS prescreve no prazo de cinco anos, contado da data em que deveriam ter sido pagas,
ressalvado o direito dos menores, incapazes e ausentes, na forma prevista na legislação civil.
§ 2º O direito da administração pública de rever o ato de concessão de benefício decai no
prazo de cinco anos, contado na forma prevista no caput, exceto na hipótese de comprovada má-fé ou
flagrante inconstitucionalidade, assegurado, em todos os casos, o devido processo legal.
§ 3º Os prazos previstos neste artigo não se interrompem e não se suspendem em
nenhuma hipótese.

Seção X
Dos requisitos para extinção

Art. 55. Na hipótese de extinção de RPPS por lei e migração dos respectivos segurados
para o RGPS, serão observados os seguintes requisitos pelo ente federativo, conforme parâmetros
estabelecidos de acordo com o disposto nos art. 61 e art. 62:
I - assunção integral da responsabilidade pelo pagamento dos benefícios concedidos
durante a vigência do regime extinto e daqueles cujos requisitos tenham sido cumpridos pelos
segurados antes da sua extinção;
II - previsão de mecanismo de ressarcimento ou de complementação de benefício, de
natureza não previdenciária, aos que tenham contribuído acima do limite máximo do RGPS;
III - vinculação das reservas existentes no momento da extinção, que continuarão a ser
aplicadas na forma do disposto no art. 38, exclusivamente:
a) ao pagamento dos benefícios concedidos e a conceder, ao ressarcimento de
contribuições ou à complementação de benefícios, na forma do disposto nos incisos I e II do caput; e
b) à compensação financeira com o RGPS, com outros RPPS e com os Sistemas de
Proteção Social dos Militares, nos termos do disposto nos § 9º e § 9º-A do art. 201 da Constituição; e
IV - cumprimento das normas relativas às contribuições do ente, dos segurados e dos
beneficiários do RPPS extinto, à realização de avaliação atuarial dos compromissos do plano de
benefícios e ao registro contábil das provisões matemáticas previdenciárias.
Parágrafo único. A existência de superavit atuarial não constitui óbice à extinção de
regime próprio de previdência social e à consequente migração para o RGPS.

Seção XI
Do regime de previdência complementar

Art. 56. Os entes federativos instituirão regime de previdência complementar para os


servidores titulares de cargos efetivos, na forma do disposto nos § 14 a § 16 do art. 40 da Constituição, e
fixarão, para o valor das aposentadorias e pensões por morte a serem concedidas pelo RPPS, o limite
máximo estabelecido para os benefícios do RGPS.
§ 1º O regime de previdência complementar será instituído por lei de iniciativa do
respectivo Poder Executivo, por intermédio de entidade fechada de previdência complementar ou de
entidade aberta de previdência complementar, que oferecerá, aos participantes, planos de benefícios
somente na modalidade de contribuição definida, observado o disposto no art. 202 da Constituição e no
art. 33 da Emenda Constitucional nº 103, de 2019.
§ 2º O disposto no § 1º aplica-se aos entes federativos, independentemente de os
segurados do RPPS possuírem remuneração acima do limite máximo estabelecido para os benefícios do
RGPS.
§ 3º O regime de previdência complementar terá vigência:
I - a partir da autorização, pelo órgão fiscalizador de que tratam as leis complementares
previstas no art. 202 da Constituição, do convênio de adesão do patrocinador ao plano de benefícios
administrado por entidade fechada de previdência complementar; ou
II - a partir da data de início prevista no convênio de adesão firmado com entidade aberta
de previdência complementar.
§ 4º A seleção e a contratação da entidade responsável pela gestão do plano de
benefícios observará o disposto nas leis complementares de que trata o art. 202 da Constituição e as
seguintes diretrizes:
I - realização de processo de seleção pública, observados critérios que considerem a
transparência, a qualificação técnica, a impessoalidade e a economicidade; e
II - formalização de convênio de adesão, com vigência por prazo indeterminado.
§ 5º A lei do ente federativo poderá instituir comitê de assessoramento para a condução
do processo de instituição e vigência do regime de previdência complementar e o acompanhamento do
plano de benefícios, observados os requisitos previstos no art. 11 para os membros do conselho
deliberativo do RPPS, ou atribuir essas competências ao conselho deliberativo.
§ 6º Aplicam-se aos entes federativos as sanções previstas no art. 63, observados os
parâmetros gerais estabelecidos de acordo com o disposto nos art. 61 e art. 62, nas seguintes hipóteses:
I - não comprovação da instituição do regime de previdência complementar nos termos
do disposto no § 1º;
II - não entrada em vigor do regime de previdência complementar nos termos do disposto
no § 3º, caso tenha ocorrido o ingresso de servidores com remuneração ou subsídio acima do limite
máximo estabelecido para os benefícios do RGPS após a lei de que trata o §1º; e
III - inadimplência no repasse das contribuições devidas à entidade de previdência
complementar, nos prazos e nas condições estabelecidas nos regulamentos ou nos instrumentos
jurídicos aplicáveis aos planos de benefícios em que o ente figure como patrocinador.
§ 7º As nomeações de servidores de que trata o inciso I do caput do art. 4º, cuja
remuneração ou cujo subsídio inicial esteja acima do limite máximo estabelecido para os benefícios do
RGPS, ficam condicionadas à entrada em vigor do regime de previdência complementar, na forma do
disposto no § 3º.
§ 8º O servidor que tiver ingressado no serviço público até a data de vigência do regime
de previdência complementar estabelecida na forma do disposto no § 3º poderá, mediante sua prévia e
expressa opção, aderir a esse regime e ficar sujeito ao limite máximo dos benefícios do RGPS para o
valor das aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo RPPS, conforme o disposto nos § 14 a § 16
do art. 40 da Constituição e na lei do ente federativo.
§ 9º O exercício da opção de que trata o § 8º é irrevogável e irretratável, e não será
devida pelo ente federativo qualquer contrapartida referente ao valor dos descontos já efetuados sobre
a base de contribuição acima do limite máximo dos benefícios do RGPS, ressalvado o eventual
mecanismo de incentivo de que trata o § 11.
§ 10. Aplica-se o disposto no § 8º ao servidor que tenha ingressado no serviço público de
qualquer ente federativo, proveniente de outro cargo efetivo do mesmo ou de outro ente federativo,
sem solução de continuidade quanto à condição de segurado de RPPS, desde que:
I - a investidura imediatamente anterior à atual tenha ocorrido antes da vigência do
regime de previdência complementar no respectivo ente federativo de cujo cargo efetivo o servidor se
desvinculou; e
II - não tenha havido, no cargo de origem, o exercício da opção de que trata o § 16 do art.
40 da Constituição.
§ 11. Caso a lei do ente federativo contenha previsão de mecanismo de incentivo para a
opção de que trata o § 8º, este não terá natureza previdenciária e não correrá à conta do Regime
Próprio.
§ 12. É permitida a inscrição automática, na condição de participantes dos planos de
benefícios do regime de previdência complementar de que trata o caput, dos servidores a que se refere
o inciso I do caput do art. 4º que ingressarem no serviço público após a instituição e vigência desse
regime, observadas as normas estabelecidas pelo órgão regulador e fiscalizador e o seguinte:
I - fica facultado ao participante o direito de requerer, a qualquer tempo, o cancelamento
da sua inscrição, nos termos do disposto no regulamento do plano de benefícios;
II - a comprovação do oferecimento dos planos de benefícios a todos os servidores fica
suprida com a adoção da inscrição automática;
III - na hipótese de o cancelamento ser requerido no prazo de noventa dias, contado da
data da inscrição automática, fica assegurado ao participante o direito à restituição integral das
contribuições por ele efetuadas, quando aplicável, a ser paga até sessenta dias após o pedido de
cancelamento, corrigidas monetariamente, aplicado igual procedimento às contribuições a serem
restituídas ao ente federativo patrocinador;
IV - a restituição de que trata o inciso III não constitui resgate; e
V - o prazo para o exercício da opção relativa ao regime de tributação correrá a partir do
encerramento do prazo de noventa dias contado da data da inscrição no plano de benefícios.
§ 13. Caberá ao ente federativo o envio de informações ao órgão de que trata o caput do
art. 62, para a comprovação do atendimento ao disposto neste artigo.

CAPÍTULO III
DO REGIME DISCIPLINAR, DA REGULAÇÃO, DA FISCALIZAÇÃO E DO CONTROLE

Seção I
Da responsabilidade por infração

Art. 57. Consideram-se responsáveis pela prática de infração ao disposto nesta Lei
Complementar e aos parâmetros gerais estabelecidos de acordo com o disposto nos art. 61 e art. 62,
desde que caracterizada conduta dolosa ou erro grosseiro no desempenho das suas funções:
I - os responsáveis pelos Poderes, pelos órgãos ou pelas entidades do ente federativo, os
dirigentes do órgão ou da entidade gestora do RPPS, os membros dos seus conselhos e comitês, e os
seus demais administradores e servidores; e
II - qualquer profissional que preste serviços técnicos ao ente federativo e ao RPPS,
diretamente ou por intermédio de pessoa jurídica contratada, inclusive na forma do disposto no art. 14.
Art. 58. A infração ao disposto nesta Lei Complementar e aos parâmetros estabelecidos
para o seu cumprimento, de acordo com o disposto nos art. 61 e art. 62, sujeitará a pessoa física ou
jurídica responsável, conforme o caso e a gravidade da infração, e observado o disposto em
regulamento, às seguintes penalidades administrativas:
I - advertência;
II - suspensão do exercício das atividades de dirigente ou membro dos órgãos de que trata
o art. 10 pelo prazo de até cento e oitenta dias;
III - inabilitação, pelo prazo de dois a dez anos, para o exercício das atividades de dirigente
ou membro dos órgãos de que trata o art. 10 de qualquer RPPS ou relativos a entidades de previdência
complementar;
IV - multa de R$ 2.000,00 (dois mil reais) a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais), cujos
valores serão reajustados anualmente, a partir da data de entrada em vigor desta Lei Complementar,
pelo índice aplicável aos benefícios do RGPS;
V - suspensão temporária, pelo prazo de até dois anos, para participar de licitações
promovidas por órgãos ou entidades gestoras de RPPS e para contratar com esses órgãos e essas
entidades; e
VI - declaração de inidoneidade para participar de licitações promovidas por órgãos ou
entidades gestoras de RPPS e para contratar com esses órgãos e essas entidades, enquanto perdurarem
os motivos determinantes da punição ou até que seja promovida a reabilitação, nos termos da decisão
que aplicar a penalidade.
§ 1º As infrações serão apuradas por meio de processo administrativo instaurado, na
forma do disposto no regulamento, pelo órgão de que trata o caput do art. 62, com fundamento no
auto, na representação ou na denúncia dos fatos irregulares, assegurados ao autuado o contraditório e a
ampla defesa, cuja apreciação, em fase de contestação ou recurso, terá efeito suspensivo e caberá ao
Conselho de Recursos da Previdência Social - CRPS.
§ 2º A penalidade prevista no inciso III do caput poderá ser aplicada a qualquer agente
que pratique a correspondente infração ou para ela concorra, ainda que não ocupe cargo ou função no
órgão ou na entidade gestora do RPPS ou no ente federativo.
§ 3º A penalidade prevista no inciso I do caput somente será aplicada:
I - em substituição à penalidade prevista no inciso IV do caput;
II - quando a penalidade prevista no inciso IV do caput for a única a ser aplicada;
III - quando observado o disposto no inciso II do § 5º; e
IV - quando comprovada a correção da infração passível de saneamento, após a lavratura
do auto de infração, antes de emitida a primeira decisão administrativa que a reconheça.
§ 4º As penalidades previstas nos incisos I, III, IV, V e VI do caput aplicam-se, também, aos
profissionais a que se refere o inciso II do caput do art. 57.
§ 5º Na aplicação das penalidades de que trata este artigo serão consideradas:
I - a gravidade da lesão, ou do perigo de lesão, ao equilíbrio financeiro e atuarial do RPPS;
II - a boa-fé do infrator;
III - a consumação ou não da infração; e
IV - a reincidência.
§ 6º As penalidades previstas nos incisos II, III e IV do caput serão aplicadas em dobro na
hipótese de reincidência, que se caracteriza pela prática da mesma infração administrativa, pela mesma
pessoa, no período de cinco anos, contado da ciência da decisão condenatória administrativa definitiva
anterior, ou, se inferior, dentro dos prazos previstos para reabilitação estabelecidos em regulamento.
§ 7º Não será lavrado auto de infração quando, cumulativamente:
I - for comprovada a correção integral da infração passível de saneamento antes do
encerramento da fiscalização; e
II - não tiver sido aplicada, contra o infrator, penalidade relativa à mesma infração
disciplinar nos últimos dois anos, ressalvados os prazos de reabilitação previstos em regulamento.
§ 8º Na hipótese de aplicação da penalidade prevista no inciso IV do caput:
I - o responsável pela prática da infração, sem prejuízo do disposto no art. 59, comprovará
ao órgão de que trata o caput do art. 62 o recolhimento do valor da multa, em favor do RPPS em que a
infração foi cometida ou ao qual ela se relaciona, no prazo de quinze dias corridos, contado do
recebimento da decisão administrativa definitiva; e
II - o valor depositado será utilizado para a constituição de reservas garantidoras dos
benefícios.
§ 9º Observado o disposto no § 1º, a decisão definitiva no processo administrativo da
qual resulte a aplicação da penalidade de multa prevista no inciso IV do caput será comunicada pelo
órgão a que se refere o caput do art. 62 ao ente federativo, para que, caso não seja efetuado o
recolhimento previsto no § 8º, seja promovida a inscrição na respectiva Dívida Ativa da Fazenda Pública
e a cobrança de seu valor, cuja receita reverterá em favor do órgão ou da entidade gestora do RPPS.
§ 10. As infrações a que se refere este artigo e as respectivas penalidades aplicáveis,
conforme gradação, especificação e demais parâmetros para sua aplicação estabelecidos em
regulamento, são as seguintes:
I - deixar de apresentar injustificadamente os dados e as informações de que tratam os
incisos I e III do § 1º do art. 62 ou apresentá-los incorretamente - multa de R$ 2.000,00 (dois mil reais) a
R$ 12.000,00 (doze mil reais);
II - deixar de atender injustificadamente à requisição, formalizada pelo órgão a que se
refere o caput do art. 62, de documentos necessários à fiscalização do RPPS, ou causar embaraço ao
procedimento - multa de R$ 7.500,00 (sete mil e quinhentos reais) a R$ 15.000,00 (quinze mil reais),
cumulada com suspensão de que trata o inciso II do caput pelo prazo de sessenta a cento e vinte dias;
III - prestar, ao órgão a que se refere o caput do art. 62 ou ao seu agente de fiscalização,
declaração ou informação relacionada com as matérias de que trata esta Lei Complementar que saiba
ser falsa - multa de R$ 12.500,00 (doze mil e quinhentos reais) a R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais),
cumulada com inabilitação pelo prazo de dois a quatro anos;
IV - aplicar os recursos do RPPS em desacordo com o previsto nos art. 38 a art. 41 ou com
os parâmetros estabelecidos de acordo com o disposto nos art. 61 e art. 62 - multa de R$ 6.000,00 (seis
mil reais) a 0,5% (cinco décimos por cento) do valor aplicado, cumulada com suspensão de que trata o
inciso II do caput pelo prazo de sessenta a cento e vinte dias ou com inabilitação pelo prazo de três a
cinco anos;
V - utilizar os recursos do RPPS para a realização de despesas em desacordo com o
previsto nos art. 23 e art. 24 e com os parâmetros estabelecidos de acordo com o disposto nos art. 61 e
art. 62 - multa de 6.000,00 (seis mil reais) a 0,5% (cinco décimos por cento) do valor aplicado ou
utilizado, cumulada com inabilitação pelo prazo de um a três anos;
VI - utilizar avaliação atuarial que comprovadamente se saiba:
a) apresentar incorreções no dimensionamento dos valores dos compromissos relativos
aos custos, normal e suplementar, do plano de benefícios e do plano de custeio necessários para garantir
o equilíbrio financeiro e atuarial do RPPS - multa de R$ 12.500,00 (doze mil e quinhentos reais) a R$
25.000,00 (vinte e cinco mil reais), cumulada com inabilitação pelo prazo de dois a quatro anos; ou
b) não atender aos critérios técnico-atuariais de que tratam os art. 18 a art. 20,
estabelecidos de acordo com o disposto nos art. 61 e art. 62, em hipóteses não previstas na alínea “a” -
multa de R$ 2.000,00 (dois mil reais) a R$ 12.000,00 (doze mil reais), cumulada com suspensão de que
trata o inciso II do caput pelo prazo de sessenta a cento e vinte dias;
VII - deixar de implementar planos de custeio e de equacionamento de deficit atuarial ou
revisá-los sem a observância do previsto nos art. 18 e art. 19 e dos parâmetros estabelecidos de acordo
com o disposto nos art. 61 e art. 62 - multa de R$ 7.500,00 (sete mil e quinhentos reais) a R$ 15.000,00
(quinze mil reais);
VIII - deixarem os agentes a que se refere o § 3º do art. 25 de reter, recolher ou repassar,
no prazo estabelecido, as contribuições mensais, os aportes e outros valores devidos ao RPPS - multa de
R$ 6.000,00 (seis mil reais) a R$ 12.000,00 (doze mil reais); e
IX - deixarem os dirigentes do órgão ou da entidade gestora do RPPS de promover, no
prazo de sessenta dias, a cobrança administrativa de contribuições ordinárias e extraordinárias, inclusive
aportes, não recolhidas pelo ente federativo - multa de R$ 6.000,00 (seis mil reais) a R$ 12.000,00 (doze
mil reais).
§ 11. As aplicações de recursos a que se refere o inciso IV do § 10 compreendem a
aquisição, a gestão e a alienação dos recursos do RPPS e qualquer outra operação regulada nos termos
do disposto nesta Lei Complementar.
§ 12. Aplicam-se aos prestadores de serviços de que trata o inciso II do caput do art. 57
as penalidades de multa e de inabilitação para o exercício de cargo ou função de dirigente e membro de
conselho deliberativo, conselho fiscal e comitê de investimentos em RPPS previstas no inciso IV do § 10,
caso comprovadamente tenham concorrido para as infrações ali previstas.
Art. 59. Os dirigentes dos Poderes e órgãos do ente federativo e do órgão ou da entidade
gestora do RPPS, os demais administradores, servidores ou procuradores com poderes de gestão e os
membros de conselhos deliberativo e fiscal ou de comitê de investimentos responderão, nas esferas cível
e administrativa, pelos danos ou prejuízos que causarem ao RPPS, por ação ou omissão, sem prejuízo das
sanções penais e das penalidades administrativas previstas no art. 58.
§ 1º Os consultores, os distribuidores, a instituição financeira administradora da carteira,
os administradores, os gestores e os demais prestadores de serviço dos fundos de investimentos que
administrem recursos do RPPS são solidariamente responsáveis, na medida de sua participação, pelo
ressarcimento dos prejuízos a que tiverem dado causa decorrentes da aplicação dos recursos do Regime
Próprio em desacordo com as normas vigentes.
§ 2º Aplica-se o disposto neste artigo aos profissionais de que trata o inciso II do caput do
art. 57.
Art. 60. O órgão a que se refere o caput do art. 62 representará à autoridade
competente, quando constatada a prática de ato ou omissão que faça presumir a existência de infração
penal, de improbidade administrativa ou de outra irregularidade cuja apuração não esteja inserida em
suas atribuições, sem prejuízo de igual obrigação por parte dos membros dos órgãos de que trata o art.
10 e de dirigentes do ente federativo.

Seção II
Da regulação e da supervisão

Art. 61. O Conselho Nacional dos Regimes Próprios de Previdência Social - CNRPPS possui
as seguintes competências:
I - deliberar sobre as propostas apresentadas pelo Ministério do Trabalho e Previdência
relativas às normas gerais de organização, de funcionamento e de responsabilidade na gestão dos RPPS,
com vistas ao cumprimento do disposto nesta Lei Complementar, contempladas, entre outras, matérias
relacionadas com:
a) custeio;
b) benefícios;
c) gestão atuarial;
d) aplicação e utilização de recursos;
e) constituição e manutenção dos fundos previdenciários;
f) compensação financeira de que tratam os § 9º e § 9º-A do art. 201 da Constituição; e
g) Certificado de Regularidade Previdenciária;
II - apresentar ao Ministério do Trabalho e Previdência propostas relativas às matérias de
que trata o inciso I;
III - acompanhar a implementação e avaliar os resultados das políticas e diretrizes
aplicáveis aos RPPS;
IV - propor metas, programas e ações que contribuam para a modernização da gestão e a
promoção do equilíbrio financeiro e atuarial dos RPPS;
V - participar da definição e acompanhar o desenvolvimento de sistemas, funcionalidades
e bancos de dados relativos aos RPPS;
VI - participar da definição de ações de educação previdenciária, de intercâmbio de
informações e de articulação entre órgãos e entidades públicas ou privadas, nacionais ou internacionais,
que atuem com previdência; e
VII - promover a uniformização da aplicação dos parâmetros e critérios decorrentes das
normas gerais de que trata o inciso I.
§ 1º Conforme estabelecido em regulamento, com vistas a assegurar a participação da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, o CNRPPS será composto por representantes
dos seguintes órgãos e entidades:
I - Ministério do Trabalho e Previdência;
II - Ministério da Economia;
III - Tribunais de Contas;
IV - órgãos ou entidades gestoras dos RPPS da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios;
V - entidades de âmbito nacional representativas dos RPPS da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios;
VI - entidades de âmbito nacional representativas dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios;
VII - entidades representativas de segurados dos RPPS da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios; e
VIII - Instituto Nacional do Seguro Social.
§ 2º O CNRPPS terá, no máximo, dezoito membros e, independentemente da
representação de que trata o § 1º, no mínimo nove membros serão segurados ou beneficiários filiados a
RPPS.
§ 3º Poderão ser instituídos subcolegiados para a elaboração, a análise e o
acompanhamento das matérias de que trata o inciso I do caput, na forma prevista no regulamento.
§ 4º Aos membros do CNRPPS aplica-se o disposto no art. 11.
§ 5º A presidência do CNRPPS será exercida por representante do Ministério do Trabalho
e Previdência.
§ 6º Na hipótese de empate, além do voto ordinário, o Presidente do CNRPPS terá o voto
de qualidade.
§ 7º As deliberações do CNRPPS não vincularão o Ministério do Trabalho e Previdência,
que poderá, com a devida fundamentação, decidir de forma diversa.
§ 8º O regulamento disporá sobre a organização e o funcionamento do CNRPPS.
Art. 62. Compete à União, por meio do Ministério do Trabalho e Previdência, em relação
aos RPPS e a seus fundos previdenciários e à compensação financeira de que tratam os § 9º e § 9º-A do
art. 201 da Constituição:
I - o estabelecimento e a publicação dos parâmetros e das normas gerais de organização,
de funcionamento e de responsabilidade na gestão dos RPPS, observado o disposto nos incisos I e II do
caput do art. 61;
II - a coordenação e o desenvolvimento de estudos técnicos para subsidiar a formulação
de políticas e o aperfeiçoamento dos parâmetros e das normas gerais a que se refere o inciso I;
III - a orientação, o acompanhamento, a supervisão e a fiscalização para o cumprimento
do disposto nesta Lei Complementar;
IV - a emissão do Certificado de Regularidade Previdenciária;
V - a edição de instruções e o estabelecimento de procedimentos para o cumprimento
dos parâmetros e das normas gerais a que se refere o inciso I e para a emissão do Certificado de
Regularidade Previdenciária; e
VI - a apuração das infrações, a autuação dos responsáveis e a aplicação das penalidades
de que tratam os art. 57 e art. 58.
§ 1º Para o exercício das competências de que trata o caput, os entes federativos:
I - encaminharão ao órgão a que se refere o caput, na forma, na periodicidade e conforme
os parâmetros e as normas gerais estabelecidas nos termos do disposto no inciso V do caput, como
instrumentos de transparência e responsabilidade previdenciária, dados e informações relativos, entre
outros, aos seguintes aspectos:
a) à legislação editada pelo ente federativo, relativa ao regime previdenciário dos
servidores de que trata o art. 4º e às carreiras, aos cargos e às remunerações dos segurados;
b) à gestão atuarial do RPPS, contemplados a nota técnica atuarial, a avaliação atuarial
anual, os estudos de aderência das hipóteses e os acompanhamentos e controles dos riscos atuariais;
c) à gestão dos investimentos dos recursos, contemplados a política de investimentos
estabelecida, os dados de sua execução e as informações relativas às aplicações efetuadas, aos ativos
financeiros investidos, aos bens, aos direitos e aos demais ativos aportados aos fundos previdenciários e
aos participantes do processo decisório de que trata o § 1º do art. 39;
d) à gestão da arrecadação das contribuições, contemplados os dados das folhas de
pagamento dos segurados e dos beneficiários, das bases de cálculo e dos repasses das contribuições e
dos aportes pelos Poderes, pelos órgãos e pelas entidades do ente federativo;
e) à utilização dos recursos, contemplados os dados das receitas e despesas
previdenciárias, inclusive das despesas administrativas, e os relativos à contratação e à prestação de
serviços;
f) à gestão contábil, orçamentária, patrimonial e fiscal do ente federativo e do RPPS,
contempladas as informações de que trata o art. 42;
g) à gestão das bases de dados dos segurados e dos beneficiários do RPPS, contempladas
as informações cadastrais, funcionais e remuneratórias, inclusive para a alimentação do sistema de que
trata o art. 66; e
h) à organização e ao funcionamento do órgão ou da entidade gestora do RPPS,
contemplados as normas, as estruturas de governança, os processos, os controles internos e os dados
relativos aos membros dos órgãos de que trata o art. 10, inclusive do responsável pela gestão das
aplicações dos recursos do regime;
II - assegurarão aos servidores públicos credenciados pelo órgão a que se refere o caput o
livre acesso às dependências dos seus Poderes, seus órgãos e suas entidades, permitido o exame de
documentos, livros, registros contábeis e outras informações, em meio impresso ou por meio de
consulta a sistemas informatizados; e
III - prestarão, quando solicitados pelos servidores públicos credenciados pelo órgão a que
se refere o caput, dados e informações complementares àqueles previstos no inciso I.
§ 2º O órgão a que se refere o caput deverá:
I - alinhar suas ações de orientação, acompanhamento, supervisão e fiscalização com a
atuação dos Tribunais de Contas e de outros órgãos de fiscalização, regulação e controle, e compartilhar
com esses órgãos dados e informações relativos aos RPPS; e
II - propor a celebração de acordos de cooperação técnica com os órgãos a que se refere o
inciso I e com instituições representativas de segmentos relacionados com os entes federativos e os
RPPS, de reconhecida capacidade técnica, inclusive para o cumprimento e a verificação das instruções e
dos procedimentos de que trata o inciso V do caput.
§ 3º O órgão a que se refere o caput terá pleno acesso aos dados e às informações
relativas às operações e às posições em ativos financeiros integrantes da carteira de investimentos dos
RPPS, nas hipóteses de gestão própria ou por entidade autorizada e credenciada, inclusive as integrantes
dos sistemas de depósito centralizado e dos sistemas de registro e liquidação financeira de ativos
administrados por instituições autorizadas pelo Banco Central do Brasil ou pela Comissão de Valores
Mobiliários, e os responsáveis por esses dados e essas informações ou quaisquer de seus detentores
deverão fornecê-los quando solicitados.
§ 4º Aplica-se o disposto no § 1º do art. 58 às contestações e aos recursos relativos às
notificações de auditoria fiscal lavradas pelo órgão a que se refere o caput.
Art. 63. O Certificado de Regularidade Previdenciária é o documento hábil para a
comprovação da regularidade dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios quanto ao disposto
nesta Lei Complementar e o impedimento legal à sua emissão, nos termos do disposto no inciso XIII do
caput do art. 167 da Constituição, importará em:
I - suspensão das transferências voluntárias de recursos pela União;
II - impedimento para firmar acordos, contratos, convênios ou ajustes e receber
empréstimos, financiamentos, avais, garantias e subvenções em geral de órgãos ou entidades da
administração direta e indireta da União; e
III - suspensão da concessão de empréstimos e financiamentos por instituições financeiras
federais.
§ 1º O disposto neste artigo aplica-se aos requerimentos para a realização de operações
de crédito interno e externo dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de que trata a Lei
Complementar nº 101, de 2000.
§ 2º O agente público do órgão ou da entidade responsável pela realização de ato ou
contrato a que se refere o caput verificará a existência de Certificado de Regularidade Previdenciária
emitido para o ente federativo beneficiado, por meio de sistema de informações de requisitos fiscais
para celebração de instrumentos para transferências de recursos do Governo federal, e, na hipótese de
inobservância do disposto neste artigo, responderá civil, penal e administrativamente.
Art. 64. O órgão a que se refere o caput do art. 62 divulgará método de avaliação dos
RPPS, por meio de Índice de Responsabilidade Previdenciária - IRP, que considerará o porte, a relevância,
a complexidade, os riscos atuariais, a estrutura de gestão e as demais características desses Regimes.
§ 1º Poderão ser estabelecidos, na forma do disposto nos art. 61 e art. 62, prazos e
requisitos diferenciados para o cumprimento dos parâmetros gerais, inclusive para a emissão do
Certificado de Regularidade Previdenciária de que trata o art. 63, aplicáveis aos entes federativos que,
com fundamento no índice de que trata o caput, comprovarem a adoção de melhores práticas de
responsabilidade previdenciária.
§ 2º Para fins de supervisão prudencial e proporcionalidade regulatória, observado o
disposto no caput, o órgão a que se refere o caput do art. 62 poderá estabelecer exigências adicionais
para a plena efetividade do disposto nos incisos III e VI do caput do referido artigo.
Art. 65. Os RPPS sujeitam-se às inspeções e às auditorias de natureza atuarial, contábil,
financeira, orçamentária e patrimonial dos órgãos de controle interno e dos Tribunais de Contas, que:
I - considerarão, na análise da gestão dos RPPS, a regularidade quanto às normas gerais de
organização, de funcionamento e de responsabilidade de que trata esta Lei Complementar; e
II - alinharão suas inspeções e auditorias com as atividades do órgão a que se refere o
caput do art. 62.
Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no art. 58, os responsáveis pelos Poderes,
pelos órgãos ou pelas entidades do ente federativo, os dirigentes do órgão ou da entidade gestora do
RPPS e os membros dos seus conselhos e comitês respondem perante os Tribunais de Contas por
infração ao disposto nesta Lei Complementar, no exercício das atribuições previstas nos art. 70 a art. 75
da Constituição.

Seção III
Do sistema integrado de dados

Art. 66. O sistema integrado de dados de que trata o art. 12 da Emenda Constitucional nº
103, de 2019, consistirá em um conjunto organizado de sistemas, funcionalidades e bases de dados que,
em interação com outras bases de dados, sistemas e plataformas, permita a captação, o armazenamento
e o compartilhamento de informações relativas:
I - às remunerações, aos proventos e às pensões dos regimes de previdência a que se
referem os art. 40, art. 201 e art. 202 da Constituição;
II - aos benefícios dos programas de assistência social de que trata o art. 203 da
Constituição; e
III - às remunerações, aos proventos de inatividade e às pensões por morte decorrentes
das atividades militares a que se referem os art. 42 e art. 142 da Constituição.
§ 1º Compete ao órgão a que se refere o caput do art. 62 estruturar e gerir o sistema
integrado de dados, estabelecidos, no mínimo:
I - a forma, o conteúdo, a periodicidade e os prazos para o encaminhamento, pelos
Poderes, pelos órgãos e pelas entidades autárquicas e fundacionais da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, e pelos responsáveis pelos regimes de previdência, programas de assistência
social e sistemas de proteção social dos benefícios de que tratam os incisos I a III do caput, das
informações a que se refere o § 2º;
II - a forma de integração com as informações do Cadastro Nacional de Informações
Sociais, do Sistema Nacional de Informações de Registro Civil e de outros sistemas, cadastros e bases de
dados;
III - os requisitos e procedimentos para o compartilhamento das informações do sistema
integrado de dados e dos sistemas e programas a que se refere o caput, entre a União, os Estados, o
Distrito Federal, os Municípios e os órgãos e as entidades gestoras dos regimes, com as finalidades de:
a) fortalecer a gestão, a governança e a transparência dos regimes, sistemas e programas
a que se refere o caput; e
b) auxiliar na verificação do cumprimento das disposições legais, especialmente no que se
refere aos agentes públicos, quanto ao disposto nos art. 37 e art. 40 da Constituição; e
IV - a estruturação da base de dados necessária à implementação e ao controle do
sistema integrado de dados, com a participação dos Tribunais de Contas e dos demais órgãos de
fiscalização e controle.
§ 2º As informações do sistema integrado de dados se referem aos dados cadastrais,
funcionais e remuneratórios:
I - dos servidores, membros, empregados, agentes políticos, aposentados e pensionistas
de qualquer dos Poderes, dos órgãos e das entidades dos entes federativos, incluídas suas autarquias e
fundações, dos consórcios públicos de direito público ou de direito privado, das empresas públicas, das
sociedades de economia mista e de suas subsidiárias, vinculados a RPPS ou ao RGPS;
II - dos demais segurados e beneficiários do RGPS;
III - dos participantes e dos beneficiários do regime de previdência complementar;
IV - dos beneficiários dos programas de assistência social; e
V - dos militares da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
§ 3º É proibido o compartilhamento das informações do sistema integrado de dados com
qualquer pessoa física ou jurídica para a prática de atividade não relacionada com a fiscalização dos
regimes, dos sistemas e dos programas a que se refere o caput.
§ 4º A prestação das informações para alimentar o sistema integrado de dados será
obrigatória para os entes federativos, por meio de seus Poderes, seus órgãos e suas entidades, e para os
responsáveis pelos regimes, programas e sistemas de que trata o caput.
§ 5º Ao compartilhamento de informações com as finalidades previstas no inciso III do §
1º aplica-se o disposto no § 1º do art. 198 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966.

CAPÍTULO IV
DO PROGRAMA DE REGULARIZAÇÃO PREVIDENCIÁRIA

Art. 67. É instituído o Programa de Regularização Previdenciária dos RPPS dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, que:
I - será orientado pelos princípios da sustentabilidade econômica, financeira e
orçamentária do ente federativo e pela busca do equilíbrio financeiro e atuarial dos RPPS, em
consonância com o disposto nos § 1º e § 2º do art. 1º; e
II - contemplará, em consonância com o art. 64, prazos e requisitos diferenciados para o
cumprimento dos parâmetros gerais dos RPPS dos entes federativos que comprovarem a adoção de
medidas de responsabilidade previdenciária.
§ 1º Considera-se habilitado para aderir ao Programa de Regularização Previdenciária o
ente federativo que atender, cumulativamente, aos seguintes requisitos mínimos:
I - não terem os membros da diretoria-executiva, do conselho deliberativo, do conselho
fiscal e do comitê de investimentos e o responsável pela aplicação dos recursos do órgão ou entidade
gestora do RPPS sofrido as condenações a que se referem os incisos I e II do art. 11;
II - membros da diretoria-executiva e o responsável pela aplicação dos recursos do órgão
ou entidade gestora do RPPS com formação e experiência, nos termos dos incisos IV e V do art. 11;
III - membros do comitê de investimentos e o responsável pelas aplicações de recursos do
órgão ou entidade gestora do RPPS certificados nos termos do disposto no inciso III do art. 11;
IV - alíquotas de contribuição do ente federativo, dos segurados e beneficiários do RPPS
adequadas aos limites de que tratam o § 5º do art. 25 e o art. 26;
V - previsão, em lei, de responsabilidade pela retenção, pelo recolhimento e pelo repasse
mensal das contribuições e aportes, de prazo para seu repasse e de aplicação de penalidades em caso do
seu inadimplemento, nos termos do disposto no art. 25;
VI - rol de benefícios do RPPS, nos termos do disposto no art. 43;
VII - regime de previdência complementar instituído e vigente, nos termos do disposto no
art. 56;
VIII - operacionalização, pelo órgão ou entidade gestora do RPPS, da compensação
financeira de que trata o § 9º do art. 201 da Constituição, nos termos do disposto no § 3º do art. 47;
IX - adesão ao Programa de Certificação Institucional e Modernização da Gestão dos
Regimes Próprios de Previdência Social - Pró-Gestão RPPS, em consonância com os § 3º do art. 9º, § 8º
do art. 10 e § 1º do art. 64; e
X - autorização, em lei, para sua adesão ao Programa e para o parcelamento de que trata
o inciso I do § 4º, se cabível.
§ 2º O ente federativo protocolará o pedido de adesão ao Programa de Regularização
Previdenciária no Ministério da Previdência Social, em até cento e oitenta dias da entrada em vigor desta
Lei Complementar, que conterá, no mínimo:
I - a demonstração dos requisitos de que trata o § 1º;
II - a indicação de representantes do ente federativo e do órgão ou entidade gestora do
RPPS que serão responsáveis pelo acompanhamento do Programa;
III - os compromissos de, observados a forma, a periodicidade e demais parâmetros
estabelecidos nos termos do disposto nos art. 61 e art. 62 para sua comprovação, em relação a fatos
após a entrada em vigor desta Lei Complementar, observado o disposto no § 6º:
a) não ingressar com medida judicial para obtenção do Certificado de Regularidade
Previdenciária de que trata o art. 63;
b) manter a regularidade do repasse das contribuições e aportes devidos com o RPPS
e/ou parcelamentos, nos termos do disposto nos art. 25, art. 27 e art. 30;
c) aplicar os recursos do RPPS de acordo com as normas do Conselho Monetário Nacional
e os parâmetros de que tratam os art. 38 a art. 41 desta Lei Complementar;
d) utilizar dos recursos do RPPS de acordo com o disposto nos art. 23 e art. 24;
e) estar adimplente com o pagamento dos valores da compensação financeira de que
trata o § 9º do art. 201 da Constituição devidos pelo RPPS com o Regime de origem, nos termos do
disposto § 3º do art. 47; e
f) enviar os dados cadastrais, funcionais e remuneratórios dos segurados e beneficiários
do RPPS, por meio do Sistema Simplificado de Escrituração Digital das Obrigações Previdenciárias,
Trabalhistas e Fiscais - eSocial, nos termos do disposto na alínea “g” do inciso I do § 1º do art. 62.
§ 3º A partir do deferimento do pedido de adesão ao Programa de Regularização
Previdenciária, por ato do Ministério da Previdência Social, o ente federativo terá o prazo de um ano
para comprovar, sem a aplicação, no decorrer desse prazo, do disposto no art. 63:
I - a regularização das pendências em relação ao Certificado de Regularidade
Previdenciária identificadas anteriormente à entrada em vigor desta Lei Complementar, com a dispensa
do envio de alguns dados e informações previstos no inciso I do § 1º do art. 62, conforme parâmetros
estabelecidos nos termos do disposto nos art. 61 e art. 62;
II - adequação da estrutura do órgão ou da entidade gestora do RPPS, nos termos do
disposto no art. 10;
III - certificação dos membros da diretoria-executiva, do conselho deliberativo e do
conselho fiscal do órgão ou entidade gestora do RPPS, nos termos do disposto no inciso III do art. 11; e
IV - a implementação ou revisão do plano de equacionamento do deficit atuarial do
RPPS, observado o disposto nos art. 149 e art. 249 da Constituição e no § 3º do art. 20 desta Lei
Complementar, sem prejuízo dos planos de equacionamento já estabelecidos em lei do ente.
§ 4º Em caso de o ente federativo comprovar, no prazo previsto no § 3º, a adoção da
medida de que trata o inciso VI do § 3º do art. 20, desde que contribua, efetivamente, para o
atingimento e a manutenção do equilíbrio financeiro e atuarial:
I - poderá parcelar seus débitos junto ao RPPS, observados, além do disposto no art. 30 e
dos parâmetros estabelecidos conforme disposto nos art. 61 e 62, os seguintes:
a) poderão ser incluídos quaisquer débitos do ente, incluídas suas autarquias e fundações,
decorrentes das contribuições e aportes de que tratam o art. 25 e o § 5º do art. 20, inclusive os
parcelados anteriormente, as contribuições não repassadas dos segurados e beneficiários e demais
débitos não decorrentes de contribuições previdenciárias, com vencimento até a data de entrada em
vigor desta Lei Complementar;
b) prazo máximo de duzentas e quarenta prestações mensais e sucessivas;
c) autorização em lei do ente federativo, que deverá prever a condição de que trata o
caput do art. 117 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias;
d) formalização em até cento e oitenta dias após declaração do Ministério da Previdência
Social do atendimento da condição de que trata o caput; e
e) rescisão em caso de descumprimento das condições do Programa de Regularização
Previdenciária, nos termos do § 6º;
II - contará com parâmetros diferenciados para apuração do resultado atuarial, para os
prazos dos planos de amortização de deficit atuarial e para revisão do plano de custeio e da segregação
da massa, estabelecidos nos termos do disposto nos art. 61 e 62, caso adicionalmente comprovem o
atendimento ao disposto no inciso IV do § 7º do art. 20 e no art. 21;
III - terá o prazo de que trata o § 3º ampliado em dois anos, caso, no prazo previsto no § 3º,
o ente obtenha a certificação do RPPS em um dos níveis de aderência no Pró-Gestão RPPS, aplicando-se
se for o caso o disposto no inciso IV deste parágrafo;
IV - no caso de Certificado de Regularidade Previdenciária obtido por decisão judicial, terá
o prazo de que trata o § 3º ampliado em dois anos, caso comprove, no prazo de dois anos a contar do
deferimento do pedido de adesão, o requerimento de extinção de processo judicial para obtenção de
Certificado ou, em caso de processo judicial já extinto, a solicitação ao Ministério da Previdência Social
para que emita o Certificado pela via administrativa, após a regularização das pendências;
§ 5º Para os entes federativos que aderirem ao Programa de Regularização Previdenciária
a comprovação, para fins do disposto no art. 63, que a gestão do RPPS compete a apenas um órgão ou
entidade gestora, nos termos do disposto no art. 9º:
I - será de até um ano, a contar do deferimento do pedido de adesão; ou
II - no caso de Estados e do Distrito Federal:
a) um ano, para a aprovação da lei de centralização da gestão do RPPS;
b) dois anos, para a centralização da concessão, pagamento e manutenção dos benefícios
de aposentadoria e pensão por morte relativos aos servidores do Poder Executivo; e
c) quatro anos, para a centralização da concessão, pagamento e manutenção dos
benefícios de aposentadoria e pensão por morte relativos aos servidores dos demais Poderes.
§ 6º Em caso de descumprimento das condições estabelecidas no Programa de
Regularização Previdenciária ficam suspensos os prazos previstos neste artigo, o Certificado de
Regularidade por ventura vigente deixará de ser renovado, o órgão ou entidade gestora do RPPS deverá
rescindir os parcelamentos de que trata o inciso I do § 4º e aplica-se, se for o caso, o disposto nos art. 58.

CAPÍTULO V
DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 68. Fica proibido o desempenho, pelo órgão ou pela entidade gestora do RPPS, de
atividades diversas daquelas diretamente relacionadas com a sua gestão, de que trata o § 1º do art. 9º,
ressalvada a continuidade de atividades que tenham sido expressamente atribuídas por lei do ente
federativo anteriormente à entrada em vigor desta Lei Complementar.
Art. 69. Na hipótese de o órgão ou a entidade gestora acumular a administração do plano
de benefícios do RPPS com outras funções ou atividades estabelecidas em lei do ente federativo, na
forma do disposto no art. 67, será estabelecida forma de custeio específica para essas funções ou
atividades, de forma a segregá-las das receitas e despesas previdenciárias, proibida a utilização de
recursos do RPPS para finalidades não previstas no inciso V do § 1º do art. 23.
Art. 70. Ficam revogados:
I - a Lei nº 9.717, de 27 de novembro de 1998;
II - o art. 8º da Medida Provisória nº 2.187-13, de 24 de agosto de 2001;
III - da Lei nº 10.887, de 18 de junho de 2004:
a) o art. 3º; e
b) o art. 10; e
III - o art. 31 da Lei nº 13.846, de 18 de junho de 2019.
Art. 71. Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília,

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