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A Contabilidade como Instrumento de

Controle Social
25 à 27 de outubro de 2018

Grau De Aderência à Resolução Normativa Nº 001/2016 Do Tribunal De Contas Do


Estado De Alagoas que Dispõe Sobre As Prestações de Contas Anuais Municipais: o
estudo sobre os municípios alagoanos em 2015.

WANESSA LAYS DA SILVA


Universidade Federal De Alagoas – Ufal
RAÍSSA ELIS CONCEIÇÃO COSTA
Universidade Federal De Alagoas – Ufal

Resumo

O objetivo deste estudo é verificar o grau de aderência dos municípios alagoanos à Resolução
Normativa (RN) nº 001/2016 do Tribunal de Contas do Estado de Alagoas (TCE/AL), relativa
às Prestações de Contas Anuais de Gestão e de Governo, do exercício de 2015. Foi realizada
uma pesquisa documental através de um estudo quantitativo e qualitativo. Os dados foram
coletados a partir de um checklist elaborado em consonância com os anexos I e II da referida
RN. Como fonte para a coleta de dados, fez-se uso do Sistema Integrado Modular - SIM do
TCE-AL, e aplicou-se o checklist às prestações de contas anuais dos 102 municípios
alagoanos. Os resultados do presente estudo demonstraram que, em que pesem todos os
municípios estarem cientes do rol de documentos que deveriam compor suas prestações de
contas anuais, eles encaminham dentro de suas Prestações de Contas: documentos errados,
zerados, incompletos, em branco e certidões negativas. Diante da problemática da pesquisa, a
resposta encontrada identifica que o grau de aderência dos municípios alagoanos à RN nº
001/2016 do TCE-AL é de, em média 67,68% do total esperado. Logo, o estudo permite
concluir que este percentual de envio é significativamente baixo, em se tratando da
obrigatoriedade de prestar contas, prejudicando assim, a análise eficiente das Contas do chefe
do Poder Executivo Municipal, pela Corte de Contas.

Palavras chave: Prestação de Contas, Tribunal de Contas, Municípios Alagoanos.

Área Temática: Compliance

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1. INTRODUÇÃO

Por meio do advento das tecnologias, do acesso à informação e da consolidação da


democracia no país, a administração no setor público necessita cada vez mais ser capaz de
oferecer à população ações públicas e governamentais favoráveis a gerar resultados que
atendam os diferentes segmentos da sociedade (JUND, 2008).
Junto a isso, surge a preocupação dos atos praticados pelo agente público e exige-se a
transparência nas contas governamentais, sendo assim necessário o controle: o externo em
defesa da sociedade e o interno, fundamental para a entidade e seus dirigentes. (Castro, 2011).
Um mecanismo relevante de controle externo é o realizado pelo Tribunal de Contas da
União, que exerce controle sobre as contas dos três poderes, sendo estendido também aos
Tribunais de Contas dos Estados. No âmbito público, deverá o gestor prestar contas à
sociedade e aos Tribunais de Contas, de seus atos praticados e da forma como foram
administrados os recursos recebidos, conforme aponta Castro (2011). A partir do envio das
contas ao órgão competente, como o Tribunal de Contas, é verificado principalmente se os
gestores públicos estão agindo de acordo com as disposições legais necessárias.
Diante disso, o presente artigo tem como objetivo verificar o grau de aderência dos
municípios alagoanos à RN nº 001/2016, do Tribunal de Contas do Estado de Alagoas no ano
de 2015. Para atingi-lo se faz oportuno responder a esse objetivo, através da elaborarão de um
checklist para ser aplicado nas Prestações de Contas de Governo e de Gestão do Poder
Executivo de cada município alagoano, tendo como base o Anexo I e II da referida resolução
e fazer um levantamento, quantitativo e qualitativo, do rol de documentos enviados ao
TCE/AL em 2016.
Através desse estudo, poderá ser observado em relação a esses municípios: se eles
possuem um bom indicativo de encaminhamento ao TCE/AL dos documentos inerentes a boa
gestão da coisa pública; examinar se as prestações de contas foram enviadas conforme o que
foi solicitado na RN nº 001/2016 do TCE/AL, além de ser possível classificá-las, se foram
enviadas, ou não, se houve o encaminhamento de declarações (substituindo o envio integral),
se foram emitidos documentos errados, incompletos, zerados ou em branco.

2. FORMAS DE CONTROLE

O Controle, previsto no Decreto-lei 200/1967, como um dos princípios fundamentais


da Administração Pública, traz a determinação do exercício do controle das atividades da
Administração Pública Federal nas três esferas do governo. No Brasil há duas formas de
controle: o Externo e o Interno. Será pertinente, neste trabalho, estudar o controle externo.

2.1 Controle Externo

O Controle externo é de competência do Poder Legislativo, auxiliado pelos Tribunais


de Contas. Nessa toada, o art. 59, da Lei de Responsabilidade Fiscal (2000), determina que o
Poder Legislativo - diretamente ou auxiliado pelos Tribunais de Contas - e o sistema de
controle interno de cada Poder são os responsáveis pela fiscalização da gestão fiscal, o que
põe em evidência o afirmado na Constituição Federal de 1988 (art. 70), que atribui ao
Controle Externo e ao Sistema de Controle Interno de cada poder, a fiscalização contábil,
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial.

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Castro (2011) denominou os Controles Externos como controles horizontais, referindo-se aos
controles pelas prestações de contas (controles de contas) e os exercidos pela sociedade
(controle social).
O artigo 71, da Constituição Federal, aborda as competências do controle externo no
inciso II:

Artigo 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido


com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete: [...]
II – julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por
dinheiro, bens e valores públicos da administração direta e indireta,
incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder
Público Federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio
ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público (BRASIL,
1998).

Assim como na Constituição Federal, o Controle Externo também é tratado pela Lei nº
4320/64, que, em seu capítulo III (art. 81), confere ao Poder Legislativo o controle da
execução orçamentária. O Poder Executivo, por sua vez, fica incumbido, pela CF/1988, de
encaminhar a prestação de contas conjuntamente com o parecer prévio emitido pelo Tribunal
de Contas ou órgão equivalente, anualmente, ao Poder Legislativo para julgamento (BRASIL,
1988).
A Carta Magna, atenta à honestidade da Administração Pública e, de modo geral, à
eficácia dos resultados das fiscalizações financeira, contábil e orçamentária, e ao controle da
execução orçamentária pelos Legislativos de cada esfera governamental (União, Estados,
Distrito Federal e Municípios), estabeleceu que o Controle Externo ocorra com o auxílio dos
Tribunais de Contas, da União e dos Estados ou dos Municípios (quando houver), sendo eles
responsáveis pela emissão de parecer prévio conclusivo em relação às Contas prestadas pelos
Chefes dos Poderes e dos órgãos administrativos. (MACHADO JR e REIS 2011)
O assunto é de suma relevância para a vida pública do país. Exatamente para evitar
intromissão da política partidária, é que a Constituição procurou trazer ao pleito a presença de
um Tribunal que, por princípio, deve agir de forma independente, preservando, contudo, a
soberania do órgão popular, que é Poder Legislativo de qualquer esfera governamental.
(MACHADO JR e REIS 2011)

2.1.1 O Tribunal de Contas da União

A Constituição Federal de 1988 conferiu poderes ao Tribunal de Contas da União


para encarregar-se da fiscalização orçamentária, contábil, patrimonial, financeira e
operacional. São averiguadas pelo TCU quanto à legalidade, economicidade, legitimidade, e
aplicação das subvenções e renúncias de receitas, as entidades da administração direta e
indireta. Objetivando auxiliar o controle externo exercido pelo Poder Legislativo, o TCU
emite parecer técnico prévio que servirá de respaldo para o julgamento das contas prestadas
ao Congresso Nacional. (BRASIL, 2013)

2.1.2 O Tribunal de Contas do Estado de Alagoas

O Tribunal de Contas do Estado de Alagoas (TCE-AL) foi criado em 1947, por meio
da Lei Estadual nº 1.365, de 29 de novembro de 1947, com vigência a partir de 1º
de janeiro de 1948, em atendimento ao disposto no artigo 13 da Constituição Estadual de

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1947. A institucionalização do TCE-AL aconteceu no   exercício do Ministro do Tribunal  de 


Contas  da  União - Dr.  Silvestre Péricles de Góes Monteiro em 1947 (ALAGOAS, 2015).
O atual TCE-AL, denominado Conselho de Finança, era um Órgão de Fiscalização e
de Controle das Receitas e Despesas Públicas, o qual teve sua nomenclatura alterada para
tribunal de Contas pela Constituição do Estado de Alagoas, promulgada em 11 de maio de
1967, reconhecendo a denominação consagrada no Brasil para todos os Órgãos Fiscalizadores
de Controle Externo (ALAGOAS, 2015).
Sete é o número de conselheiros que compõem o Tribunal de Contas do Estado, os
quais são escolhidos conforme o que está disposto na Constituição Federal e Estadual. A
organização dessa instituição se dá pela integração do Tribunal Pleno, Presidência e Vice-
Presidência, Corregedoria, Auditoria, Serviços Auxiliares, Diretoria Geral e por fim a
Procuradoria Jurídica. O artigo 1º, do Regimento Interno do TCE-AL, confirma que o
Tribunal de Contas é um órgão de controle externo da administração estadual e municipal,
atua como um órgão auxiliador do Poder Legislativo, e tem sede na capital e jurisdição em
todo território do Estado de Alagoas (ALAGOAS, 2001).

2.2 Prestação de Contas No Setor Público

Prestar contas sobre o destino dado ao recurso arrecadado é uma obrigação de todo
gestor público. Ela deve ser destinada tanto ao contribuinte que pagou seus impostos, quanto
ao cidadão que o elegeu. Essa obrigatoriedade está prevista no parágrafo único do art. 70 da
CF/1988.
No entanto, é importante frisar que enquanto os governantes são obrigados a prestar
contas à sociedade, esta tem o direito de solicitar as contas àqueles. Esta regra está explícita
na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789, art. 15: “[...] a sociedade tem o
direito de pedir contas a todo agente público pela sua administração”.
A Carta Magna, em seu art. 84, inciso XXIV, apresenta como competência privativa
do Presidente da República prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta
dias após a abertura da sessão legislativa, as contas referentes ao exercício anterior. Tal
obrigação se aplica aos demais chefes do Poder Executivo. Logo, para Furtado (2007), quem
presta contas é o Presidente da República, o Governador, o Prefeito, e não a União, o estado-
membro ou o município; ou melhor, quem presta contas é o administrador (CF/1988, art. 71,
II).
Furtado (2007, p. 63) elucida que o fato de a titularidade pertencer ao administrador, e
não aos entes públicos, é de relevo, pois reforça que a obrigação de prestar contas é
personalíssima, ou seja, pertence à pessoa física do governante. Logo, não pode ser transferida
para outra pessoa. Isso justifica a separação das contas, para que haja processos distintos,
quando duas ou mais pessoas ocuparem o cargo de chefe do executivo, em um mesmo
exercício financeiro, tendo em vista que o mandato passa, entretanto, a titularidade e a
responsabilidade pelas contas públicas ficam.
Demais disso, há dois regimes jurídicos de contas públicas que foram definidos pelo
artigo 71 da CF/1988:
1) Contas de Governo: exclusivo para a gestão política do governante eleito como chefe do
Poder Executivo, deverão as contas ser julgadas pelo Poder Legislativo, por intermédio do
Tribunal de Contas, que emitirá parecer prévio (CF, art. 71, I, c/c art. 49, IX); e
2) Contas de Gestão: regime aplicado às contas prestadas pelos ordenadores, ou seja, pelos
administradores de recursos públicos. As contas são submetidas a julgamento técnico de

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caráter definitivo pela Corte de Contas (CF, art. 71, II), concretizado em acórdão que terá
força de título executivo (CF, art. 71, § 3º), quando imputar débito ou aplicar multa.

Ao informar a possibilidade das prestações de Contas Anuais de Governo e de Gestão dos


prefeitos serem processadas, analisadas e deliberadas de forma concomitante, a RN nº
001/2016 do TCE/AL, em seu art. 5º, reforça a existência desses dois regimes jurídicos,
quando afirma que o TCE-AL emitirá parecer prévio nas Contas de Governo e proferirá
julgamento nas Contas de Gestão.

2.2.1 Prestação de Contas de Governo e Prestação de Contas de Gestão

Examinando as competências do Tribunal de Contas da União, o Supremo Tribunal


Federal (ADI nº 849) legitima a clara diferenciação entre as Contas de Governo, que se
referem às contas do chefe do Poder Executivo, e Contas de Gestão, que se reportam às contas
dos demais administradores e responsáveis por recursos públicos, como apresenta a ementa do
acórdão:
A diversidade entre as duas competências, além de manifesta, é tradicional, sempre
restrita a competência do Poder Legislativo para o julgamento às contas gerais da
responsabilidade do Chefe do Poder Executivo, precedidas de parecer prévio do
Tribunal de Contas: cuida-se de sistema especial adstrito às contas do Chefe do
Governo, que não as presta unicamente como chefe de um dos Poderes, mas como
responsável geral pela execução orçamentária: tanto assim que a aprovação política
das contas presidenciais não libera do julgamento de suas contas específicas os
responsáveis diretos pela gestão financeira das inúmeras unidades orçamentárias do
próprio Poder Executivo, entregue a decisão definitiva ao Tribunal de Contas.

O Superior Tribunal de Justiça (STJ - RMS 11060) define Contas de Governo e de


Gestão de forma mais clara e exemplificativa. Entende o Tribunal que as Contas de Governo:

Demonstram o retrato da situação das finanças da unidade federativa (União,


Estados, Distrito Federal e Municípios). Revelam o cumprir do orçamento, dos
planos de governo, dos programas governamentais, demonstram os níveis de
endividamento, o atender aos limites de gasto mínimo e máximo previstos no
ordenamento para saúde, educação e gastos com pessoal. Consubstanciam-se, enfim,
nos Balanços Gerais prescritos pela Lei 4.320/64.

Neste mesmo Recurso Ordinário em Mandado de Segurança (RMS 11060), o Superior


Tribunal de Justiça conceitua Contas de Gestão como aquelas que se referem:

[...] aos atos de administração e gerência de recursos públicos praticados pelos


chefes e demais responsáveis de órgãos e entidades públicas, tais como: admitir
pessoal, aposentar, licitar, contratar, empenhar, liquidar, pagar (assinar cheques ou
ordens bancárias), inscrever em restos a pagar, conceder adiantamentos etc.; é
julgamento essencialmente técnico, ou seja, obedece a parâmetros de ordem técnico-
jurídica, têm, substancialmente, o objetivo de efetivar a reparação de dano ao
patrimônio público.

Por fim, Furtado (2007) esclarece em seu artigo que o Tribunal de Contas fará uma
análise em relação aos macro efeitos da gestão pública, referente à apreciação das Contas de
Governo. No entanto, em relação ao julgamento das Contas de Gestão, separadamente, será
analisado cada ato administrativo que compõe a gestão contábil, orçamentária, operacional,

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financeira e patrimonial do ente público, observando quanto à legalidade, legitimidade e


economicidade, e ainda os relativos às aplicações das subvenções e às renúncias de receitas.
Sendo assim, a Corte de Contas estará cumprindo sua missão constitucional e
exercendo sua competência a fim de detectar ato lesivo ao erário (em proveito próprio ou de

outrem) bem como qualquer ato de improbidade administrativa, praticado pelo gestor público.
Logo, nas Contas de Gestão, a investigação é pautada no cumprimento de todas as normas que
compõem o ordenamento jurídico, desde que aplicáveis à gestão em análise.

2.2.1.1 Resolução Normativa nº 001/2016 do TCE-AL

A Resolução Normativa nº 001/2016, do Tribunal de Contas do Estado de Alagoas


(RN nº 001/2016 TCE-AL), dispõe sobre o rol de documentos que compõem as prestações de
contas anuais de governo e de gestão a serem encaminhados ao TCE-AL, de forma que “[...]
os processos de prestação de contas dos gestores deverão conter as informações e os
documentos na forma dos anexos desta Resolução” (ALAGOAS, 2016, art. 1º).
Sendo assim, os Anexos I e II da RN nº 001/2016, do TCE-AL, evidenciam os itens,
bem como as respectivas legislações que fundamentam a necessidade da presença de
informações e de documentos obrigatórios nos processos de Prestação de Contas.
Todos os “[...] documentos deverão ser encaminhados ao Tribunal de Contas do
Estado de Alagoas até 30 (trinta) de abril do exercício subsequente [...]” (ALAGOAS, 2016,
art. 1º).

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O presente estudo caracteriza-se como exploratório. Beuren (2008, p. 92) elucida que
“por meio do estudo exploratório, busca-se conhecer com maior profundidade o assunto, de
modo a torná-lo mais claro ou construir questões importantes para a condução da pesquisa.”
Quanto à abordagem do problema, a pesquisa foi quantitativa e qualitativa. De acordo com o
autor “na pesquisa qualitativa concebem-se análises mais profundas em relação ao fenômeno
que está sendo estudado.” Richardson (1999 p. 70 apud BEUREN et al, 2008, p. 92 ) afirma
que a pesquisa quantitativa caracteriza-se pela utilização de quantificação desde a coleta de
dados até o tratamento deles, isto se dá por meio de técnicas estatísticas como média,
percentuais, desvio-padrão [...]
Os dados do presente estudo foram obtidos por meio de pesquisa documental junto
ao Sistema Integrado Modular – SIM, do TCE-AL, cujo acesso se dá por meio da intranet da
referida Corte de Contas. A unidade de análise foi composta pelos 102 municípios do Estado.
A unidade de observação foi formada pelas Contas (de Gestão e de Governo) do Poder
Executivo Municipal prestadas ao tribunal supracitado em 2016.
O procedimento adotado para a coleta de dados foi por meio de fonte primária,
constituída pela utilização de checklist. Foram elaborados dois checklists, baseados no Anexo
I (contas de governo) e Anexo II (contas de gestão) da Resolução Normativa nº 001/2016 do
TCE-AL. Os itens dos referidos, juntamente com seus subitens, totalizaram 7.710 (sete mil
setecentos e dez) documentos os quais foram verificados um a um.
A coleta de dados foi iniciada no dia 26 de agosto de 2016 e concluída no dia 18 de
outubro do mesmo ano. Durante a coleta de dados, as pesquisadoras realizaram anotações dos
tipos de documentos que encontraram, bem como das datas em que os dados foram coletados,
informações essas armazenadas em uma planilha do Excel, com vistas a não perdê-las e a
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obter
um controle eficaz do banco de dados.
Após a realização da coleta dos dados, foi efetuada uma análise qualitativa das
documentações e das informações contidas em cada um dos checklists, as quais foram
compiladas em duas planilhas: a primeira atinente às Contas de Governo e a segunda referente
às Contas de Gestão. Assim foram listados os 102 municípios do estado de Alagoas como

também cada documento exigido pela resolução, foram elaboradas legendas para direcionar a
separação e a quantificação dos dados na planilha conforme a classificação da figura :

Tabela 01 – Categorização dos Documentos Analisados.


Abreviações Descrição
SIM Enviado
NÃO Não Enviado
DI Documento Incompleto
CN Certidão Negativa
DE Documento em Branco
DZ Documento Zerado
DE Documento Errado
Fonte: Dados do Estudo, 2017

Nessa planilha de apuração dos dados, foram preenchidas as lacunas conforme a


abreviação das legendas da tabela acima, tanto na de gestão como na de governo, e no final
foi totalizado o número correspondente a cada classificação. Desse total, foi calculada a
quantidade de municípios para cada categoria, bem assim a porcentagem de envio, não envio
e outras legendas. Obtendo-se o resultado das municipalidades enviadas de gestão e de
governo, foi apurada a média entre os dois para encontrar a resposta geral do problema da
pesquisa.
Cada item da planilha retromencionada refere-se um documento inerente à
prestação de contas municipal, o qual é exigido não só pela resolução em questão do estudo,
mas estabelecida por outras leis e normas vigentes, como a lei nº 4.320/1964, a LRF, a RN nº
02/03 TCE/AL, e também a Constituição Federal, entre outros. Esse fator só reafirma a
imprescindibilidade da emissão desses documentos à Corte de Contas.

4 ANÁLISE E DISCUSSÕES

Nesta sessão são apresentados e analisados os resultados alcançados com a aplicação


dos checklists - instrumento de coleta de dados-, às prestações de contas anuais – de governo e
de gestão - do Poder Executivo municipal enviadas ao TCE/AL.
A pesquisa telada investigou o rol de documentos listados na RN nº 001/2016 do
TCE-AL, que foram encaminhados ao referido tribunal pelos municípios alagoanos, bem
como a natureza desses documentos, que foram classificados de acordo com a legenda
demonstrada no capítulo anterior, objetivando responder qual o grau de aderência dos
municípios à resolução normativa em questão.
Foram analisados 102 municípios, e em cada um desses, suas prestações de contas,
que abrangeram no total 60 documentos de governo e 27 de gestão.

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Com a aplicação dos checklists, foram analisados os documentos correspondentes a cada item
da RN nº 001/2016 do TCE/AL, e a partir daí se deu a classificação demonstrada nos
procedimentos metodológicos. Da categorização foram apurados os totais de cada legenda,
em valor numérico e em porcentagem.
Apresenta-se, a seguir, o grau de aderência dos municípios alagoanos ao anexo I da
RN nº 01/2016 do TCE/AL (relativo as contas de governo):

Tabela 02: Grau de Aderência dos Municípios ao Anexo I da RN nº 001/2016 do TCE-AL


MÉDIA DOS
LEGENDA DESCRIÇÃO TOTAL DE ITENS
MUNICÍPIOS
SIM Enviado 4.375 71,49%

NÃO Não Enviado 884 14,44%

DI Documento Incompleto 90 1,47%

CN Certidão Negativa 448 7,32%

DB Documento em Branco 105 1,72%

DZ Documento Zerado 150 2,45%

DE Documento Errado 68 1,11%

TOTAL GERAL 6.120 100,00%

Fonte: Dados do Estudo, 2017

A figura 01 representa o envio das prestações de contas de governo de 2015 dos


municípios do Estado de Alagoas, de acordo com a sua representação nas legendas atribuídas
neste trabalho:

Figura 01 – Envio das contas de governo dos municípios alagoanos

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Considerando os itens de governo, houve resultado de envio concreto dessas contas


em média de 72% (um total de 4.375 itens), e não envio de 14,44% (884 itens). As outras
partes do envio dos documentos ficaram por conta das outras legendas.
O grau de aderência dos municípios alagoanos ao Anexo II da RN nº 001/2016 do
TCE-AL (relativo as contas de gestão), está evidenciado na tabela:

Tabela 03 : Grau de Aderência dos Municípios ao Anexo II da RN nº 001/2016 do TCE-AL


LEGENDA DESCRIÇÃO TOTAL DE ITENS MÉDIA DOS ITENS

SIM Enviado 1.612 63,87%


NÃO Não Enviado 279 15,69%
DI Documento Incompleto 217 1,85%
CN Certidão Negativa 554 14,63%
DB Documento em Branco 5 1,05%
DZ Documento Zerado 6 1,38%

DE Documento Errado 81 1,53%

TOTAL GERAL 2.754 100,00%


Fonte: Dados do Estudo, 2017

A figura 02 apresenta o resultado geral em porcentagem da aderência dos municípios


alagoanos de 2015, relativo às contas de gestão:

Figura 02- Envio das contas de gestão dos municípios alagoanos

O total de itens do checklist das Contas de Gestão, que fez parte da amostra, foi de
2.754, no entanto só foram conduzidos corretamente 1.612 itens (64% do total), situação que
não ocorreu com os demais que se subdividiram nas outras classificações, sendo 14,63% de
Certidões Negativas, Declarações e Justificativas; 1,85% de Documentos Incompletos; 1,53%
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Documentos Errados; 1,38% de Documentos Zerados e 1,05% de Documentos em Branco. Os


279 itens (15,69%) restantes não foram analisados devido ao não envio destes.
O resultado geral da problemática da pesquisa é explicado na tabela 06 abaixo:
Tabela 04: Grau de Aderência dos Municípios à RN nº 001/2016 do TCE-AL
RN nº 001/2016 do TCE-
Poder Executivo Municipal Grau de Aderência
AL
Prestação de Contas de
Anexo I 71,49%
Governo
Prestação de Contas de Gestão Anexo II 63,87%
TOTAL MÉDIO 67,68%
Fonte: Dados do Estudo, 2017

Conforme demonstra a tabela 04, em relação aos itens exigidos na Prestação de Contas
de Governo, 71,49% dos municípios enviam os itens solicitados. O mesmo não ocorre na
Prestação de Contas de Gestão, pois o grau de aderência sofre uma diminuição, sendo
somente 63,87% os itens enviados de um total exigido por lei. Logo, o grau de aderência dos
municípios alagoanos à referida Resolução Normativa é de, em média, apenas 67,68% do
total esperado.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A proposta deste estudo foi verificar o grau de aderência dos municípios alagoanos à
Resolução Normativa nº 001/2016, do Tribunal de Contas do Estado de Alagoas.
Foi elaborado um checklist, tendo como base o Anexo I e II da RN nº 001/2016 do
TCE-AL e, após sua aplicação nas Prestações de Contas de Governo e de Gestão do Poder
Executivo Municipal, o resultado obtido evidenciou que apenas 71,49% dos municípios
atenderam a referida Resolução Normativa quanto às contas de Governo, e apenas 63,87%
dos municípios, no que tange às contas de Gestão, enviaram para a Corte de Contas o rol de
documentos necessários.
Quanto ao objetivo geral desse estudo e, diante das análises dos resultados, de acordo
com a tabela 04, a resposta encontrada foi uma média de que apenas 67,68% dos municípios
alagoanos aderem à Resolução Normativa nº 001/2016 do TCE-AL, no que pertine ao rol de
documentos exigidos para as prestações de contas (de governo e de gestão) do Poder
Executivo municipal, enviadas à egrégia Corte de Contas.
Algumas das razões, para esse resultado, podem ser vistas mais de perto ao analisar os
documentos enviados e ao observar as declarações que foram enviadas como certidão
negativa, quais sejam, a falta de sistemas e tecnologias, a ausência de regime próprio de
previdência, a reorganização ou reestruturação de portais, ou em razão de estarem
providenciando o que foi pedido no momento de enviarem as contas; justificativas estas até
plausíveis quanto ao não envio dos documentos obrigatórios à Corte de Contas. Entretanto, o
mais preocupante é o caso dos municípios que não enviaram documento algum ao tribunal e
sequer justificaram.
Logo, o estudo permite concluir que este percentual de envio é significativamente
baixo, em se tratando da obrigatoriedade de prestar contas, prejudicando, assim, a análise
eficiente das Contas do chefe do Poder Executivo Municipal, pelo Tribunal de Contas.

REFERÊNCIAS

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ALAGOAS. Gabinete Civil do Estado de. Constituição Do Estado De Alagoas. Disponível


em: <http://www.gabinetecivil.al.gov.br/legislacaogabinete>. Acesso em: 05/08/16.

______.Secretaria da Fazenda do Estado de Alagoas. Resolução Normativa n° 02/03


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