Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Controle Social
25 à 27 de outubro de 2018
Resumo
O objetivo deste estudo é verificar o grau de aderência dos municípios alagoanos à Resolução
Normativa (RN) nº 001/2016 do Tribunal de Contas do Estado de Alagoas (TCE/AL), relativa
às Prestações de Contas Anuais de Gestão e de Governo, do exercício de 2015. Foi realizada
uma pesquisa documental através de um estudo quantitativo e qualitativo. Os dados foram
coletados a partir de um checklist elaborado em consonância com os anexos I e II da referida
RN. Como fonte para a coleta de dados, fez-se uso do Sistema Integrado Modular - SIM do
TCE-AL, e aplicou-se o checklist às prestações de contas anuais dos 102 municípios
alagoanos. Os resultados do presente estudo demonstraram que, em que pesem todos os
municípios estarem cientes do rol de documentos que deveriam compor suas prestações de
contas anuais, eles encaminham dentro de suas Prestações de Contas: documentos errados,
zerados, incompletos, em branco e certidões negativas. Diante da problemática da pesquisa, a
resposta encontrada identifica que o grau de aderência dos municípios alagoanos à RN nº
001/2016 do TCE-AL é de, em média 67,68% do total esperado. Logo, o estudo permite
concluir que este percentual de envio é significativamente baixo, em se tratando da
obrigatoriedade de prestar contas, prejudicando assim, a análise eficiente das Contas do chefe
do Poder Executivo Municipal, pela Corte de Contas.
www.crcal.org.br
A Contabilidade como Instrumento de
Controle Social
25 à 27 de outubro de 2018
1. INTRODUÇÃO
2. FORMAS DE CONTROLE
www.crcal.org.br
A Contabilidade como Instrumento de
Controle Social
25 à 27 de outubro de 2018
Castro (2011) denominou os Controles Externos como controles horizontais, referindo-se aos
controles pelas prestações de contas (controles de contas) e os exercidos pela sociedade
(controle social).
O artigo 71, da Constituição Federal, aborda as competências do controle externo no
inciso II:
Assim como na Constituição Federal, o Controle Externo também é tratado pela Lei nº
4320/64, que, em seu capítulo III (art. 81), confere ao Poder Legislativo o controle da
execução orçamentária. O Poder Executivo, por sua vez, fica incumbido, pela CF/1988, de
encaminhar a prestação de contas conjuntamente com o parecer prévio emitido pelo Tribunal
de Contas ou órgão equivalente, anualmente, ao Poder Legislativo para julgamento (BRASIL,
1988).
A Carta Magna, atenta à honestidade da Administração Pública e, de modo geral, à
eficácia dos resultados das fiscalizações financeira, contábil e orçamentária, e ao controle da
execução orçamentária pelos Legislativos de cada esfera governamental (União, Estados,
Distrito Federal e Municípios), estabeleceu que o Controle Externo ocorra com o auxílio dos
Tribunais de Contas, da União e dos Estados ou dos Municípios (quando houver), sendo eles
responsáveis pela emissão de parecer prévio conclusivo em relação às Contas prestadas pelos
Chefes dos Poderes e dos órgãos administrativos. (MACHADO JR e REIS 2011)
O assunto é de suma relevância para a vida pública do país. Exatamente para evitar
intromissão da política partidária, é que a Constituição procurou trazer ao pleito a presença de
um Tribunal que, por princípio, deve agir de forma independente, preservando, contudo, a
soberania do órgão popular, que é Poder Legislativo de qualquer esfera governamental.
(MACHADO JR e REIS 2011)
O Tribunal de Contas do Estado de Alagoas (TCE-AL) foi criado em 1947, por meio
da Lei Estadual nº 1.365, de 29 de novembro de 1947, com vigência a partir de 1º
de janeiro de 1948, em atendimento ao disposto no artigo 13 da Constituição Estadual de
www.crcal.org.br
A Contabilidade como Instrumento de
Controle Social
25 à 27 de outubro de 2018
Prestar contas sobre o destino dado ao recurso arrecadado é uma obrigação de todo
gestor público. Ela deve ser destinada tanto ao contribuinte que pagou seus impostos, quanto
ao cidadão que o elegeu. Essa obrigatoriedade está prevista no parágrafo único do art. 70 da
CF/1988.
No entanto, é importante frisar que enquanto os governantes são obrigados a prestar
contas à sociedade, esta tem o direito de solicitar as contas àqueles. Esta regra está explícita
na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789, art. 15: “[...] a sociedade tem o
direito de pedir contas a todo agente público pela sua administração”.
A Carta Magna, em seu art. 84, inciso XXIV, apresenta como competência privativa
do Presidente da República prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta
dias após a abertura da sessão legislativa, as contas referentes ao exercício anterior. Tal
obrigação se aplica aos demais chefes do Poder Executivo. Logo, para Furtado (2007), quem
presta contas é o Presidente da República, o Governador, o Prefeito, e não a União, o estado-
membro ou o município; ou melhor, quem presta contas é o administrador (CF/1988, art. 71,
II).
Furtado (2007, p. 63) elucida que o fato de a titularidade pertencer ao administrador, e
não aos entes públicos, é de relevo, pois reforça que a obrigação de prestar contas é
personalíssima, ou seja, pertence à pessoa física do governante. Logo, não pode ser transferida
para outra pessoa. Isso justifica a separação das contas, para que haja processos distintos,
quando duas ou mais pessoas ocuparem o cargo de chefe do executivo, em um mesmo
exercício financeiro, tendo em vista que o mandato passa, entretanto, a titularidade e a
responsabilidade pelas contas públicas ficam.
Demais disso, há dois regimes jurídicos de contas públicas que foram definidos pelo
artigo 71 da CF/1988:
1) Contas de Governo: exclusivo para a gestão política do governante eleito como chefe do
Poder Executivo, deverão as contas ser julgadas pelo Poder Legislativo, por intermédio do
Tribunal de Contas, que emitirá parecer prévio (CF, art. 71, I, c/c art. 49, IX); e
2) Contas de Gestão: regime aplicado às contas prestadas pelos ordenadores, ou seja, pelos
administradores de recursos públicos. As contas são submetidas a julgamento técnico de
www.crcal.org.br
A Contabilidade como Instrumento de
Controle Social
25 à 27 de outubro de 2018
caráter definitivo pela Corte de Contas (CF, art. 71, II), concretizado em acórdão que terá
força de título executivo (CF, art. 71, § 3º), quando imputar débito ou aplicar multa.
Por fim, Furtado (2007) esclarece em seu artigo que o Tribunal de Contas fará uma
análise em relação aos macro efeitos da gestão pública, referente à apreciação das Contas de
Governo. No entanto, em relação ao julgamento das Contas de Gestão, separadamente, será
analisado cada ato administrativo que compõe a gestão contábil, orçamentária, operacional,
www.crcal.org.br
A Contabilidade como Instrumento de
Controle Social
25 à 27 de outubro de 2018
outrem) bem como qualquer ato de improbidade administrativa, praticado pelo gestor público.
Logo, nas Contas de Gestão, a investigação é pautada no cumprimento de todas as normas que
compõem o ordenamento jurídico, desde que aplicáveis à gestão em análise.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O presente estudo caracteriza-se como exploratório. Beuren (2008, p. 92) elucida que
“por meio do estudo exploratório, busca-se conhecer com maior profundidade o assunto, de
modo a torná-lo mais claro ou construir questões importantes para a condução da pesquisa.”
Quanto à abordagem do problema, a pesquisa foi quantitativa e qualitativa. De acordo com o
autor “na pesquisa qualitativa concebem-se análises mais profundas em relação ao fenômeno
que está sendo estudado.” Richardson (1999 p. 70 apud BEUREN et al, 2008, p. 92 ) afirma
que a pesquisa quantitativa caracteriza-se pela utilização de quantificação desde a coleta de
dados até o tratamento deles, isto se dá por meio de técnicas estatísticas como média,
percentuais, desvio-padrão [...]
Os dados do presente estudo foram obtidos por meio de pesquisa documental junto
ao Sistema Integrado Modular – SIM, do TCE-AL, cujo acesso se dá por meio da intranet da
referida Corte de Contas. A unidade de análise foi composta pelos 102 municípios do Estado.
A unidade de observação foi formada pelas Contas (de Gestão e de Governo) do Poder
Executivo Municipal prestadas ao tribunal supracitado em 2016.
O procedimento adotado para a coleta de dados foi por meio de fonte primária,
constituída pela utilização de checklist. Foram elaborados dois checklists, baseados no Anexo
I (contas de governo) e Anexo II (contas de gestão) da Resolução Normativa nº 001/2016 do
TCE-AL. Os itens dos referidos, juntamente com seus subitens, totalizaram 7.710 (sete mil
setecentos e dez) documentos os quais foram verificados um a um.
A coleta de dados foi iniciada no dia 26 de agosto de 2016 e concluída no dia 18 de
outubro do mesmo ano. Durante a coleta de dados, as pesquisadoras realizaram anotações dos
tipos de documentos que encontraram, bem como das datas em que os dados foram coletados,
informações essas armazenadas em uma planilha do Excel, com vistas a não perdê-las e a
www.crcal.org.br
A Contabilidade como Instrumento de
Controle Social
25 à 27 de outubro de 2018
obter
um controle eficaz do banco de dados.
Após a realização da coleta dos dados, foi efetuada uma análise qualitativa das
documentações e das informações contidas em cada um dos checklists, as quais foram
compiladas em duas planilhas: a primeira atinente às Contas de Governo e a segunda referente
às Contas de Gestão. Assim foram listados os 102 municípios do estado de Alagoas como
também cada documento exigido pela resolução, foram elaboradas legendas para direcionar a
separação e a quantificação dos dados na planilha conforme a classificação da figura :
4 ANÁLISE E DISCUSSÕES
www.crcal.org.br
A Contabilidade como Instrumento de
Controle Social
25 à 27 de outubro de 2018
Com a aplicação dos checklists, foram analisados os documentos correspondentes a cada item
da RN nº 001/2016 do TCE/AL, e a partir daí se deu a classificação demonstrada nos
procedimentos metodológicos. Da categorização foram apurados os totais de cada legenda,
em valor numérico e em porcentagem.
Apresenta-se, a seguir, o grau de aderência dos municípios alagoanos ao anexo I da
RN nº 01/2016 do TCE/AL (relativo as contas de governo):
www.crcal.org.br
A Contabilidade como Instrumento de
Controle Social
25 à 27 de outubro de 2018
O total de itens do checklist das Contas de Gestão, que fez parte da amostra, foi de
2.754, no entanto só foram conduzidos corretamente 1.612 itens (64% do total), situação que
não ocorreu com os demais que se subdividiram nas outras classificações, sendo 14,63% de
Certidões Negativas, Declarações e Justificativas; 1,85% de Documentos Incompletos; 1,53%
www.crcal.org.br
A Contabilidade como Instrumento de
Controle Social
25 à 27 de outubro de 2018
Conforme demonstra a tabela 04, em relação aos itens exigidos na Prestação de Contas
de Governo, 71,49% dos municípios enviam os itens solicitados. O mesmo não ocorre na
Prestação de Contas de Gestão, pois o grau de aderência sofre uma diminuição, sendo
somente 63,87% os itens enviados de um total exigido por lei. Logo, o grau de aderência dos
municípios alagoanos à referida Resolução Normativa é de, em média, apenas 67,68% do
total esperado.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A proposta deste estudo foi verificar o grau de aderência dos municípios alagoanos à
Resolução Normativa nº 001/2016, do Tribunal de Contas do Estado de Alagoas.
Foi elaborado um checklist, tendo como base o Anexo I e II da RN nº 001/2016 do
TCE-AL e, após sua aplicação nas Prestações de Contas de Governo e de Gestão do Poder
Executivo Municipal, o resultado obtido evidenciou que apenas 71,49% dos municípios
atenderam a referida Resolução Normativa quanto às contas de Governo, e apenas 63,87%
dos municípios, no que tange às contas de Gestão, enviaram para a Corte de Contas o rol de
documentos necessários.
Quanto ao objetivo geral desse estudo e, diante das análises dos resultados, de acordo
com a tabela 04, a resposta encontrada foi uma média de que apenas 67,68% dos municípios
alagoanos aderem à Resolução Normativa nº 001/2016 do TCE-AL, no que pertine ao rol de
documentos exigidos para as prestações de contas (de governo e de gestão) do Poder
Executivo municipal, enviadas à egrégia Corte de Contas.
Algumas das razões, para esse resultado, podem ser vistas mais de perto ao analisar os
documentos enviados e ao observar as declarações que foram enviadas como certidão
negativa, quais sejam, a falta de sistemas e tecnologias, a ausência de regime próprio de
previdência, a reorganização ou reestruturação de portais, ou em razão de estarem
providenciando o que foi pedido no momento de enviarem as contas; justificativas estas até
plausíveis quanto ao não envio dos documentos obrigatórios à Corte de Contas. Entretanto, o
mais preocupante é o caso dos municípios que não enviaram documento algum ao tribunal e
sequer justificaram.
Logo, o estudo permite concluir que este percentual de envio é significativamente
baixo, em se tratando da obrigatoriedade de prestar contas, prejudicando, assim, a análise
eficiente das Contas do chefe do Poder Executivo Municipal, pelo Tribunal de Contas.
REFERÊNCIAS
www.crcal.org.br
A Contabilidade como Instrumento de
Controle Social
25 à 27 de outubro de 2018
www.crcal.org.br
A Contabilidade como Instrumento de
Controle Social
25 à 27 de outubro de 2018
______. Decreto Lei nº 200, 25 de fevereiro de 1967. Dispõe sobre a organização da
Administração Federal, estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF.
______. Supremo Tribunal Federal. ADI 849/MT. Relator Min. SEPÚLVEDA PERTENCE.
Tribunal Pleno. Sessão de 11.2.1999. DJ edição 23.4.1999 - PP 0001 - EMENT VOL 01947 -
01 - PP 00043. Disponível
em:<http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=266565 > .
Acesso em: 19 ago. 2017.
MACHADO JR, J. Teixeira e REIS, Heraldo Costa. A lei 4320 comentada e a lei de
responsabilidade fiscal. 33.ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011.
www.crcal.org.br