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Entre as ramificações da contabilidade, a contabilidade pública fornece suporte para o controle e para a prestação de
contas do patrimônio das entidades relacionadas ao setor público. Em poucas palavras, o papel da contabilidade é
fornecer aos usuários internos e externos informações sobre o patrimônio e a movimentação econômica e financeira da
empresa. Nesse sentido, o setor contábil registra, organiza, demonstra, analisa e acompanha toda a movimentação da
empresa, a fim de manter sua conformidade em relação à legislação vigente .Em geral ela envolve todos os aspectos
passíveis de quantificação, tais como: o ativo (patrimônio), o passivo (dívidas), as receitas, as despesas, os lucros, as
perdas e os direitos dos investidores.
A contabilidade pública, por sua vez, é o ramo da contabilidade aplicada que cuida das práticas contábeis aplicáveis ao
registro das transações orçamentárias, patrimoniais e financeiras de entidades com personalidade jurídica de direito
público (União, estados, Distrito Federal, municípios e autarquias) e de entidades públicas com personalidade de direito
privado que sejam mantidas com recursos do Erário (fundações e empresas públicas). O objetivo da contabilidade
pública é o de avaliar a situação orçamentária e financeira do Estado e Município, e verificar os impactos em relação à
economia local. Em linhas gerais a contabilidade do setor público segue as premissas dos princípios fundamentais da
contabilidade e das normas contábeis, com o objetivo de padronizar o processo de prestação de contas e manter o
controle das movimentações das verbas públicas.
Além disso, a contabilidade do setor público é organizada na forma de sistemas de informações, sendo estruturada nos
seguintes subsistemas:
• Patrimonial – registra, processa e evidencia os fatos financeiros e não financeiros relacionados com as
variações qualitativas e quantitativas do patrimônio público; (Redação dada pela Resolução CFC n.º 1.268/09)
• Custos – registra, processa e evidencia os custos dos bens e serviços, produzidos e ofertados à sociedade pela
entidade pública, consoante a NBC T 16.11; (Redação dada pela Resolução CFC n.º 1.437/13)
• Compensação – registra, processa e evidencia os atos de gestão cujos efeitos possam produzir modificações
no patrimônio da entidade do setor público, bem como aqueles com funções específicas de controle.
No setor público brasileiro, a contabilidade pública é regulada, basicamente, pela Lei n. 4.320, de 17/3/1964; pelo
Decreto Legislativo n. 4.536, de 28/1/1922, que institui o Código de Contabilidade Pública; pela Lei n. 6.404, de
15/12/1976, no que tange às empresas públicas; e pelos Decreto-Lei n. 200/1967 e Decreto-Lei 900/1969. Na esfera
federal, a matéria acha-se regulamentada, a partir dessas normas legais, pelo Decreto n. 93.872, de 23/12/1986 e
Decreto nº. 6.976/2009, que dispõe sobre o Sistema de Contabilidade Federal.
Os recursos alocados no FNS destinam-se, ainda, às transferências para os estados, o Distrito Federal e os municípios, a
fim de que esses entes federativos realizem, de forma descentralizada, ações e serviços de saúde, bem como
investimentos na rede de serviços e na cobertura assistencial e hospitalar, no âmbito do SUS.
Assim, os recursos destinados ao financiamento das ações e serviços de saúde do município deverão ser aplicados por
meio dos fundos de saúde, considerados fundos especiais conforme definição da Lei nº 4.320/64. Adicionalmente,
cumpre informar que os respectivos Fundos de Saúde se constituem em instrumento de gestão e de planejamento por
parte dos gestores e de controle para facilitar o acompanhamento permanente da utilização destes recursos.
De acordo com a Lei Complementar nº 141/2012 e o Decreto nº 7.507/2011, os recursos transferidos pela União para
os Fundos Municipais de Saúde deverão ser movimentados até sua destinação final em contas específicas e mantidas
em instituição financeira oficial. De acordo com a Lei Complementar nº 141/2012, as transferências fundo a fundo são
realizadas de forma regular e automática quando se tratar de transferência obrigatória, entendida como aquela
pactuada na Comissão Intergestores Tripartite – CIT -, aprovada pelo Conselho Nacional de Saúde, informada aos
conselhos de saúde e tribunais de contas de cada ente federado e destinada ao custeio das ações e serviços públicos de
saúde (ASPS).
Sendo assim, as transferências Fundo a Fundo – FAF - são transferências de custeio e capital a serem executadas pelos
estados, pelo Distrito Federal ou pelos municípios, transferidas diretamente do Fundo Nacional de Saúde para os
respectivos fundos de saúde das três esferas, de maneira regular e automática, dispensada a celebração de convênios
ou outro instrumento jurídico.
• As transferências oriundas do orçamento da Seguridade Social, como decorrência do que dispõe a constituição
estadual.
• Os rendimentos e os juros provenientes de aplicações financeiras.
• O produto de convênios firmados com outras entidades financiadoras.
• O produto de arrecadação da taxa de fiscalização sanitária, multas e juros de mora por infrações ao código
sanitário estadual, bem como parcelas de arrecadação de outras taxas já instituídas e daquelas que o Estado vier
a criar.
• As parcelas do produto de arrecadação de outras receitas próprias oriunda das atividades econômicas, de
prestação de serviços e de outras transferências que o Estado tenha direito a receber por força de lei e de
convênios no setor.
• Doações, em espécies, feitas diretamente para o fundo
O Fundo de Saúde é um instrumento de gestão de todos os recursos financeiros orçados para a saúde. Deve ser
implantado por lei própria do ente federativo e pode ser constituído na modalidade de unidade gestora (ordena despesas
– natureza jurídica de autarquia municipal) ou unidade orçamentária (não ordena despesas – natureza jurídica de fundo
meramente contábil). Funciona com contas específicas, conforme os programas executados pelo ente federativo.
A obrigatoriedade de se criar um Fundo de Saúde para administrar os recursos de modo independente tem fundamento
na necessidade de dar à saúde um tratamento especial no que tange à administração financeira.
Se os recursos estiverem em um único local, apartados dos recursos gerais da administração municipal, estadual ou
distrital, haverá melhores condições de controle institucional e social para que não sejam utilizados em nenhuma outra
área e tenham o melhor uso possível. A legislação obriga a criação de Conta Especial (Lei 8080 art.33) e Fundo de Saúde
(Lei 8142 art.4º).
Os recursos globais da saúde devem estar alocados dentro do Fundo Municipal de Saúde. Esses recursos são
genericamente de cinco fontes:
1. Transferências Federais: Fundo a fundo, pagamento por produção de serviços, convênios específicos (DST, TB,
médico de família etc);
2. Transferências estaduais: fundo a fundo, pagamento por produção, convênios específicos (construção de
unidades, compra de ambulância, compra de equipo odontológico);
3. Transferências Municipais: aquela parte de recursos do orçamento municipal que está alocada no orçamento
para a saúde (10%, 15%, 20% das receitas municipais – IPTU, ITBIV, ISSQN, ICMS, FPM e outras que podem estar
estabelecidas na lei orgânica municipal ou no plano plurianual ou a cada ano na LDO ou na LO);
4. Diretamente arrecadado (taxas, multas, venda de produtos, ressarcimento de seguradoras etc.);
5. Doações de pessoas físicas ou jurídicas, nacionais e internacionais.
INVESTIMENTO NA SAÚDE
O investimento na saúde é fundamental, uma vez que se trata de setor estratégico para o desenvolvimento brasileiro,
garantindo, ao mesmo tempo, inclusão social e geração de trabalho. Enfrentar as desigualdades regionais na alocação
de recursos, observar a compatibilização entre investimentos em obras, equipamentos, pessoal e garantia de custeio,
bem como a complexa relação entre acesso, escala, escopo e sustentabilidade dos investimentos em saúde, são de
extrema relevância para aumentar a capacidade técnica do complexo produtivo da saúde do País e melhorar a qualidade
de vida da população. Assim, é indispensável propor e analisar as principais diretrizes de investimentos no SUS e os
critérios e os parâmetros de alocação de recursos para que haja aperfeiçoamento contínuo de sua capacidade
institucional de gestão e de oferta de serviços de saúde, com o objetivo de superar uma série de desafios que constituem
obstáculos à sua consolidação e legitimação. O principal objetivo do investimento nos próximos anos deve ser assegurar
o acesso, a qualidade e a equidade da atenção à saúde da população, a valorização dos profissionais de saúde e o
aprimoramento da gestão da saúde. A regionalização do SUS, assim como políticas que visem imprimir equidade ao
sistema, é fundamental para se atingirem os objetivos propostos. Para tanto, os recursos alocados considerarão e
refletirão as necessidades regionais, dando prioridade às regiões com vazios sanitários e grandes dificuldades no acesso.
Como exposto anteriormente, a correta direcionalidade dos recursos de investimentos no setor Saúde está condicionada
aos critérios e aos métodos de seleção, priorização e aprovação de projetos que respondam às necessidades dos sistemas
de saúde dentro de seu alcance, sejam locais, regionais ou estaduais
A captação ou mobilização de recursos é um termo utilizado para descrever um leque de atividades de geração de
recursos realizadas por organizações governamentais e não governamentais (essas sem fins lucrativos) em apoio à sua
finalidade principal, independentemente da fonte ou do método utilizado para gerá-los.
Nos últimos anos, vem ganhando força a expressão “mobilização de recursos”, que tem um sentido mais amplo do que
“captação de recursos”. “Mobilizar recursos” não diz respeito apenas a assegurar recursos novos ou adicionais, mas
também à otimização (como fazer melhor uso) dos recursos existentes (aumento da eficácia e eficiência dos planos); à
conquista de novas parcerias e à obtenção de fontes al-ternativas de recursos financeiros. É importante lembrar que o
termo recursos não se refere apenas a recursos financeiros ou fundos, mas também a pessoas (recursos humanos),
materiais e serviços.
Investimento na rede de atendimento do SUS: O investimento na rede de atendimento do SUS significa
mobilizar recursos da União, estados e municípios, de seus orçamentos da Seguridade Social, da parte destinada à saúde.
Após o dimensionamento dos recursos próprios parte-se para conseguir recursos de outras fontes, sendo o orçamento
da União, normalmente a principal delas.
As dotações orçamentárias destinadas às transferências de recursos são alocadas no Orçamento Geral da União de duas
formas:
• Recurso de Programa/Ação
É a dotação orçamentária na qual as entidades públicas e privadas têm a iniciativa de cadastrar propostas de projetos
mediante programas previamente elencados pelo órgão público concedente.
É a dotação orçamentária na qual o Poder Legislativo pode participar e influir no Orçamento Geral da União com vistas
a aperfeiçoar as propostas encaminhadas pelo Poder Executivo. O Ministério da Saúde realizará o processamento das
emendas de acordo com a legislação vigente, iniciando a análise pelas propostas prioritárias.
A transferência de recurso pode ser destinada aos objetos financiáveis expostos no quadro abaixo:
Objetos Financiáveis
Capital Custeio
(Investimento) (Corrente)
Estudos e Pesquisas
Investimentos (4): Despesas orçamentárias com execução de obras (ampliação e construção nova) e com a aquisição e
instalações, equipamentos e material permanente.
Outras Despesas Correntes (3): Despesas orçamentárias com a aquisição de material de consumo, reforma, capacitação,
além de outras despesas da categoria econômica “Despesas Correntes” não classificáveis nos demais grupos de natureza
de despesa.
• Convênios
• Contrato de Repasse
• Aplicações Diretas
OBSERVAÇÃO
No Brasil, o debate sobre os principais problemas do Sistema Único de Saúde (SUS) geralmente é bastante polarizado
entre os que defendem que o financiamento público é insuficiente e aqueles que dizem que o problema setorial é de
gestão. Recentemente, pelo menos entre gestores e pesquisadores da saúde, tem se estabelecido consenso de que
ambos os problemas comprometem o bom desempenho do sistema. Mas, aparentemente, esta compreensão está longe
de ser realidade entre os que atuam na área econômica dos governos. Um dos resultados é que o debate público se
perde nessa falsa dicotomia, e deixa-se de discutir a relevância do investimento em saúde para o desenvolvimento
econômico e social do país.
Segundo dados do Siafi/Siga Brasil, o número de dependentes do Sistema Único de Saúde (SUS) no País cresceu 9% nos
últimos 8 anos, enquanto, nesse mesmo período, o orçamento da pasta avançou apenas 4,2%. Essa defasagem faz com
que uma parcela de pessoas não encontre no atendimento público as soluções para seus problemas.
Em 2019, as despesas com o consumo final de bens e serviços de saúde no Brasil foram de R$ 711,4 bilhões. Isso
corresponde a 9,6% do PIB do mesmo ano. Do montante final, R$ 427,8 bilhões (5,8% do PIB) foram despesas de
consumo de famílias e instituições sem fins de lucro a serviço das famílias, e R$ 283,6 bilhões (3,8% do PIB) foram gastos
pelo Governo Federal.