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CONTABILIDADE PÚBLICA

Entre as ramificações da contabilidade, a contabilidade pública fornece suporte para o controle e para a prestação de
contas do patrimônio das entidades relacionadas ao setor público. Em poucas palavras, o papel da contabilidade é
fornecer aos usuários internos e externos informações sobre o patrimônio e a movimentação econômica e financeira da
empresa. Nesse sentido, o setor contábil registra, organiza, demonstra, analisa e acompanha toda a movimentação da
empresa, a fim de manter sua conformidade em relação à legislação vigente .Em geral ela envolve todos os aspectos
passíveis de quantificação, tais como: o ativo (patrimônio), o passivo (dívidas), as receitas, as despesas, os lucros, as
perdas e os direitos dos investidores.

A contabilidade pública, por sua vez, é o ramo da contabilidade aplicada que cuida das práticas contábeis aplicáveis ao
registro das transações orçamentárias, patrimoniais e financeiras de entidades com personalidade jurídica de direito
público (União, estados, Distrito Federal, municípios e autarquias) e de entidades públicas com personalidade de direito
privado que sejam mantidas com recursos do Erário (fundações e empresas públicas). O objetivo da contabilidade
pública é o de avaliar a situação orçamentária e financeira do Estado e Município, e verificar os impactos em relação à
economia local. Em linhas gerais a contabilidade do setor público segue as premissas dos princípios fundamentais da
contabilidade e das normas contábeis, com o objetivo de padronizar o processo de prestação de contas e manter o
controle das movimentações das verbas públicas.

Quais são as normas brasileiras de contabilidade aplicadas ao setor público?


Para regularizar as atividades, existem normas contábeis específicas para o setor público, que são as NBCASP (Normas
Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público), mais especificamente a NBC T 16. Essa norma estabelece o
conceito, o objeto e o campo de aplicação da contabilidade do setor público, elencando as especificações da seguinte
maneira:

NBC T 16.1 – Conceituação, Objeto e Campo de Aplicação;

NBC T 16.2 – Patrimônio e Sistemas Contábeis;

NBC T 16.3 – Planejamento e seus Instrumentos sob o Enfoque Contábil;

NBC T 16.4 – Transações no Setor Público;

NBC T 16.5 – Registro Contábil;

NBC T 16.6 – Demonstrações Contábeis;

NBC T 16.7 – Consolidação das Demonstrações Contábeis;

NBC T 16.8 – Controle Interno;

NBC T 16.9 – Depreciação, Amortização e Exaustão; e

NBC T 16.10 – Avaliação e Mensuração de Ativos e Passivos em Entidades do Setor Público.

Além disso, a contabilidade do setor público é organizada na forma de sistemas de informações, sendo estruturada nos
seguintes subsistemas:

• Orçamentário – registra, processa e evidencia os atos e os fatos relacionados ao planejamento e à execução


orçamentária

• Patrimonial – registra, processa e evidencia os fatos financeiros e não financeiros relacionados com as
variações qualitativas e quantitativas do patrimônio público; (Redação dada pela Resolução CFC n.º 1.268/09)

• Custos – registra, processa e evidencia os custos dos bens e serviços, produzidos e ofertados à sociedade pela
entidade pública, consoante a NBC T 16.11; (Redação dada pela Resolução CFC n.º 1.437/13)

• Compensação – registra, processa e evidencia os atos de gestão cujos efeitos possam produzir modificações
no patrimônio da entidade do setor público, bem como aqueles com funções específicas de controle.
No setor público brasileiro, a contabilidade pública é regulada, basicamente, pela Lei n. 4.320, de 17/3/1964; pelo
Decreto Legislativo n. 4.536, de 28/1/1922, que institui o Código de Contabilidade Pública; pela Lei n. 6.404, de
15/12/1976, no que tange às empresas públicas; e pelos Decreto-Lei n. 200/1967 e Decreto-Lei 900/1969. Na esfera
federal, a matéria acha-se regulamentada, a partir dessas normas legais, pelo Decreto n. 93.872, de 23/12/1986 e
Decreto nº. 6.976/2009, que dispõe sobre o Sistema de Contabilidade Federal.

FUNDO ESTADUAL DA SAÚDE


O Fundo Nacional de Saúde (FNS) é o gestor financeiro dos recursos destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS) na
esfera federal, cujos recursos destinam-se a financiar as despesas correntes e de capital do Ministério da Saúde, de seus
órgãos e de entidades da administração direta e indireta integrantes do SUS.

Os recursos alocados no FNS destinam-se, ainda, às transferências para os estados, o Distrito Federal e os municípios, a
fim de que esses entes federativos realizem, de forma descentralizada, ações e serviços de saúde, bem como
investimentos na rede de serviços e na cobertura assistencial e hospitalar, no âmbito do SUS.

Assim, os recursos destinados ao financiamento das ações e serviços de saúde do município deverão ser aplicados por
meio dos fundos de saúde, considerados fundos especiais conforme definição da Lei nº 4.320/64. Adicionalmente,
cumpre informar que os respectivos Fundos de Saúde se constituem em instrumento de gestão e de planejamento por
parte dos gestores e de controle para facilitar o acompanhamento permanente da utilização destes recursos.

De acordo com a Lei Complementar nº 141/2012 e o Decreto nº 7.507/2011, os recursos transferidos pela União para
os Fundos Municipais de Saúde deverão ser movimentados até sua destinação final em contas específicas e mantidas
em instituição financeira oficial. De acordo com a Lei Complementar nº 141/2012, as transferências fundo a fundo são
realizadas de forma regular e automática quando se tratar de transferência obrigatória, entendida como aquela
pactuada na Comissão Intergestores Tripartite – CIT -, aprovada pelo Conselho Nacional de Saúde, informada aos
conselhos de saúde e tribunais de contas de cada ente federado e destinada ao custeio das ações e serviços públicos de
saúde (ASPS).

Sendo assim, as transferências Fundo a Fundo – FAF - são transferências de custeio e capital a serem executadas pelos
estados, pelo Distrito Federal ou pelos municípios, transferidas diretamente do Fundo Nacional de Saúde para os
respectivos fundos de saúde das três esferas, de maneira regular e automática, dispensada a celebração de convênios
ou outro instrumento jurídico.

RECURSOS SOB GESTÃO ESTADUAL


Os recursos da saúde sob gestão estadual são considerados receitas do fundo, a saber:

• As transferências oriundas do orçamento da Seguridade Social, como decorrência do que dispõe a constituição
estadual.
• Os rendimentos e os juros provenientes de aplicações financeiras.
• O produto de convênios firmados com outras entidades financiadoras.
• O produto de arrecadação da taxa de fiscalização sanitária, multas e juros de mora por infrações ao código
sanitário estadual, bem como parcelas de arrecadação de outras taxas já instituídas e daquelas que o Estado vier
a criar.
• As parcelas do produto de arrecadação de outras receitas próprias oriunda das atividades econômicas, de
prestação de serviços e de outras transferências que o Estado tenha direito a receber por força de lei e de
convênios no setor.
• Doações, em espécies, feitas diretamente para o fundo

O Fundo de Saúde é um instrumento de gestão de todos os recursos financeiros orçados para a saúde. Deve ser
implantado por lei própria do ente federativo e pode ser constituído na modalidade de unidade gestora (ordena despesas
– natureza jurídica de autarquia municipal) ou unidade orçamentária (não ordena despesas – natureza jurídica de fundo
meramente contábil). Funciona com contas específicas, conforme os programas executados pelo ente federativo.

A obrigatoriedade de se criar um Fundo de Saúde para administrar os recursos de modo independente tem fundamento
na necessidade de dar à saúde um tratamento especial no que tange à administração financeira.
Se os recursos estiverem em um único local, apartados dos recursos gerais da administração municipal, estadual ou
distrital, haverá melhores condições de controle institucional e social para que não sejam utilizados em nenhuma outra
área e tenham o melhor uso possível. A legislação obriga a criação de Conta Especial (Lei 8080 art.33) e Fundo de Saúde
(Lei 8142 art.4º).

Os recursos globais da saúde devem estar alocados dentro do Fundo Municipal de Saúde. Esses recursos são
genericamente de cinco fontes:

1. Transferências Federais: Fundo a fundo, pagamento por produção de serviços, convênios específicos (DST, TB,
médico de família etc);
2. Transferências estaduais: fundo a fundo, pagamento por produção, convênios específicos (construção de
unidades, compra de ambulância, compra de equipo odontológico);
3. Transferências Municipais: aquela parte de recursos do orçamento municipal que está alocada no orçamento
para a saúde (10%, 15%, 20% das receitas municipais – IPTU, ITBIV, ISSQN, ICMS, FPM e outras que podem estar
estabelecidas na lei orgânica municipal ou no plano plurianual ou a cada ano na LDO ou na LO);
4. Diretamente arrecadado (taxas, multas, venda de produtos, ressarcimento de seguradoras etc.);
5. Doações de pessoas físicas ou jurídicas, nacionais e internacionais.

INVESTIMENTO NA SAÚDE
O investimento na saúde é fundamental, uma vez que se trata de setor estratégico para o desenvolvimento brasileiro,
garantindo, ao mesmo tempo, inclusão social e geração de trabalho. Enfrentar as desigualdades regionais na alocação
de recursos, observar a compatibilização entre investimentos em obras, equipamentos, pessoal e garantia de custeio,
bem como a complexa relação entre acesso, escala, escopo e sustentabilidade dos investimentos em saúde, são de
extrema relevância para aumentar a capacidade técnica do complexo produtivo da saúde do País e melhorar a qualidade
de vida da população. Assim, é indispensável propor e analisar as principais diretrizes de investimentos no SUS e os
critérios e os parâmetros de alocação de recursos para que haja aperfeiçoamento contínuo de sua capacidade
institucional de gestão e de oferta de serviços de saúde, com o objetivo de superar uma série de desafios que constituem
obstáculos à sua consolidação e legitimação. O principal objetivo do investimento nos próximos anos deve ser assegurar
o acesso, a qualidade e a equidade da atenção à saúde da população, a valorização dos profissionais de saúde e o
aprimoramento da gestão da saúde. A regionalização do SUS, assim como políticas que visem imprimir equidade ao
sistema, é fundamental para se atingirem os objetivos propostos. Para tanto, os recursos alocados considerarão e
refletirão as necessidades regionais, dando prioridade às regiões com vazios sanitários e grandes dificuldades no acesso.

Como exposto anteriormente, a correta direcionalidade dos recursos de investimentos no setor Saúde está condicionada
aos critérios e aos métodos de seleção, priorização e aprovação de projetos que respondam às necessidades dos sistemas
de saúde dentro de seu alcance, sejam locais, regionais ou estaduais

Investimentos no SUS: Captação ou mobilização de recursos

A captação ou mobilização de recursos é um termo utilizado para descrever um leque de atividades de geração de
recursos realizadas por organizações governamentais e não governamentais (essas sem fins lucrativos) em apoio à sua
finalidade principal, independentemente da fonte ou do método utilizado para gerá-los.

Entre as três principais fontes de recursos identificadas podem ser citadas:

• Recursos governamentais, próprios ou transferidos.

• Renda gerada pela venda de serviços.

• Recursos captados através de doações (de indivíduos ou instituições).

Nos últimos anos, vem ganhando força a expressão “mobilização de recursos”, que tem um sentido mais amplo do que
“captação de recursos”. “Mobilizar recursos” não diz respeito apenas a assegurar recursos novos ou adicionais, mas
também à otimização (como fazer melhor uso) dos recursos existentes (aumento da eficácia e eficiência dos planos); à
conquista de novas parcerias e à obtenção de fontes al-ternativas de recursos financeiros. É importante lembrar que o
termo recursos não se refere apenas a recursos financeiros ou fundos, mas também a pessoas (recursos humanos),
materiais e serviços.
Investimento na rede de atendimento do SUS: O investimento na rede de atendimento do SUS significa
mobilizar recursos da União, estados e municípios, de seus orçamentos da Seguridade Social, da parte destinada à saúde.

Após o dimensionamento dos recursos próprios parte-se para conseguir recursos de outras fontes, sendo o orçamento
da União, normalmente a principal delas.

As dotações orçamentárias destinadas às transferências de recursos são alocadas no Orçamento Geral da União de duas
formas:

• Recurso de Programa/Ação

É a dotação orçamentária na qual as entidades públicas e privadas têm a iniciativa de cadastrar propostas de projetos
mediante programas previamente elencados pelo órgão público concedente.

• Recurso de Emenda Parlamentar

É a dotação orçamentária na qual o Poder Legislativo pode participar e influir no Orçamento Geral da União com vistas
a aperfeiçoar as propostas encaminhadas pelo Poder Executivo. O Ministério da Saúde realizará o processamento das
emendas de acordo com a legislação vigente, iniciando a análise pelas propostas prioritárias.

A transferência de recurso pode ser destinada aos objetos financiáveis expostos no quadro abaixo:

Objetos Financiáveis

Capital Custeio

(Investimento) (Corrente)

Construção de Unidade de Saúde Manutenção de Unidade de Saúde

Ampliação de Unidade de Saúde Reforma de Unidade de Saúde

Aquisição de Equipamentos / Material Permanente Capacitação de Recursos Humanos

Estudos e Pesquisas

Fonte: Cartilha para Apresentação de Propostas ao Ministério da Saúde – 2016

Investimentos (4): Despesas orçamentárias com execução de obras (ampliação e construção nova) e com a aquisição e
instalações, equipamentos e material permanente.

Outras Despesas Correntes (3): Despesas orçamentárias com a aquisição de material de consumo, reforma, capacitação,
além de outras despesas da categoria econômica “Despesas Correntes” não classificáveis nos demais grupos de natureza
de despesa.

Os Instrumentos de Repasse do Ministério da Saúde são:

• Transferências Fundo a Fundo

• Convênios

• Contrato de Repasse

• Termo de Execução Descentralizada

• Aplicações Diretas

OBSERVAÇÃO
No Brasil, o debate sobre os principais problemas do Sistema Único de Saúde (SUS) geralmente é bastante polarizado
entre os que defendem que o financiamento público é insuficiente e aqueles que dizem que o problema setorial é de
gestão. Recentemente, pelo menos entre gestores e pesquisadores da saúde, tem se estabelecido consenso de que
ambos os problemas comprometem o bom desempenho do sistema. Mas, aparentemente, esta compreensão está longe
de ser realidade entre os que atuam na área econômica dos governos. Um dos resultados é que o debate público se
perde nessa falsa dicotomia, e deixa-se de discutir a relevância do investimento em saúde para o desenvolvimento
econômico e social do país.

Segundo dados do Siafi/Siga Brasil, o número de dependentes do Sistema Único de Saúde (SUS) no País cresceu 9% nos
últimos 8 anos, enquanto, nesse mesmo período, o orçamento da pasta avançou apenas 4,2%. Essa defasagem faz com
que uma parcela de pessoas não encontre no atendimento público as soluções para seus problemas.

Em 2019, as despesas com o consumo final de bens e serviços de saúde no Brasil foram de R$ 711,4 bilhões. Isso
corresponde a 9,6% do PIB do mesmo ano. Do montante final, R$ 427,8 bilhões (5,8% do PIB) foram despesas de
consumo de famílias e instituições sem fins de lucro a serviço das famílias, e R$ 283,6 bilhões (3,8% do PIB) foram gastos
pelo Governo Federal.

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