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PAPEL DO ESTADO E ATUAÇÃO NAS FINANÇAS PÚBLICAS

Atribuições econômicas do Estado

a) Função alocativa – assegurar ajustamentos na alocação de recursos.


b) Função distributiva -conseguir ajustamentos na produção de renda e riqueza.
c) Função estabilizadora – garantir a estabilização econômica.
d) Função regulativa – regular as ações do Estado (direta ou indireta), agregada pela função
alocativa.

Funções econômicas e sociais do Estado: a intervenção do Estado tem por objetivos –

Eficiência Equidade Estabilidade


Corrigir falhas de mercado Promover a justiça social e Evitar desequilíbrios como a
(concorrência imperfeita, evitar desigualdades inflação, recessão
externalidades negativas, (redistribuição do econômica, desemprego,
ineficiência na oferta de rendimento) desequilíbrios regionais,
certos bens) convulsões sociais (greves)

Política econômica anticíclica - conjunto de ações do governo para impedir ou minimizar os


choques econômicos externos, crises econômicas, financeiras, choque do petróleo, bolsa de
valores etc.

Política fiscal - política de tributação (receitas) e de gastos (despesas) que um governo adota
em determinado momento. Pode ser contracionista para reduzir a taxa de inflação, as medidas
utilizadas são a diminuição de gastos públicos e/ou o aumento da carga tributária. Ou
expansionista para maior crescimento e emprego, o governo amplia seus gastos.

Política monetária – regulação da quantidade (oferta) de moeda em circulação da economia


para alterar o nível de produto/renda e preços. É uma ação conjunta com o Banco Central. São
instrumentos da política monetária: reserva/encaixe (depósitos) compulsórios, depósitos
compulsórios, política de redesconto, operações de mercado aberto (títulos públicos).

Política regulatória – estimular a concorrência, corrigir falhas de mercado, etc.

Intervenção do Estado no domínio econômico

Intervenção direta – desenvolve a atividade econômica, como no caso dos serviços públicos ou
outras atividades nas quais os imperativos da segurança nacional ou do interesse coletivo
determinem a realização de atividade econômica diretamente pelo Estado. Pode se dar em
regime de competição com a iniciativa privada ou em regime de monopólio e, por fim, em
parceria com a iniciativa privada. Artigo 173 CF.

Intervenção indireta – regula, fiscaliza, incentiva, normatiza e planeja.

Formas em que o Estado pode intervir:

1) Limitação da autonomia privada (poder de polícia).

2) Prestação de serviço público.

3) Regulação econômica.
4) Exploração direta de atividade econômica

Fundamentos das finanças públicas, tributação e orçamento.

As finanças públicas referem-se à gestão das receitas e despesas do Estado, incluindo a


arrecadação de impostos, taxas e contribuições, bem como os gastos com políticas públicas e
serviços essenciais.

No Brasil, as finanças públicas são regidas por princípios constitucionais, como o equilíbrio
fiscal, a transparência, a responsabilidade fiscal e a legalidade na aplicação dos recursos
públicos.

O controle das finanças públicas é realizado por órgãos como a Secretaria do Tesouro Nacional
(STN) e o Tribunal de Contas da União (TCU), que monitoram a execução do orçamento e
avaliam a regularidade das contas públicas.

Tributação

A tributação é uma das principais fontes de receita do Estado, sendo utilizada para financiar as
despesas públicas e promover a redistribuição de renda.

No Brasil, o sistema tributário é complexo e abrange diversos impostos federais, estaduais e


municipais, como o Imposto de Renda, o ICMS, o IPI, o ISS, entre outros.

A tributação é regulada por legislação específica, que define as alíquotas, as bases de cálculo e
as formas de arrecadação de cada imposto, bem como os direitos e deveres dos contribuintes.

Orçamento público

O orçamento público é o instrumento de planejamento das receitas e despesas do Estado para


um determinado período, geralmente de um ano, e é elaborado de acordo com princípios e
diretrizes estabelecidos na Constituição Federal e nas leis orçamentárias.

No Brasil, o orçamento público é composto pelo Orçamento Fiscal, que inclui as despesas do
governo central e das autarquias, fundações e empresas estatais dependentes, pelo
Orçamento da Seguridade Social, que engloba as despesas com saúde, previdência social e
assistência social, e pelo Orçamento de Investimento das Empresas Estatais.

O processo orçamentário envolve a elaboração, a aprovação, a execução e o controle do


orçamento, com a participação do Poder Executivo, do Poder Legislativo e da sociedade civil,
por meio de audiências públicas e consultas populares.

Financiamento das Políticas Públicas: estrutura de receitas e despesas do Estado brasileiro

O financiamento das políticas públicas no Brasil é baseado na estrutura de receitas e despesas


do Estado, que envolve diversas fontes de arrecadação e áreas de aplicação dos recursos.

Receitas do Estado brasileiro:

Impostos: Constituem a principal fonte de receita do Estado. Exemplo: Imposto sobre


Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI),
Imposto de Renda (IR), entre outros.
Contribuições Sociais: São destinadas ao financiamento de políticas específicas, como a
seguridade social. Exemplo: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS),
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), entre outras.

Taxas: Cobradas pela prestação de serviços públicos específicos ou pelo exercício do poder de
polícia. Exemplo: Taxa de coleta de lixo, taxa de licenciamento ambiental, entre outras.

Transferências Constitucionais e Legais: Recursos repassados pela União aos estados,


municípios e Distrito Federal, conforme determinado pela Constituição Federal e por leis
específicas. Exemplo: Fundo de Participação dos Estados (FPE), Fundo de Participação dos
Municípios (FPM), entre outros.

Receitas Patrimoniais e Financeiras: Incluem rendimentos de bens e ativos do Estado, como


aluguéis de imóveis públicos e receitas de aplicações financeiras.

Despesas do Estado brasileiro:

Despesas Correntes: Destinam-se à manutenção da máquina pública e à prestação de serviços


básicos à população. Exemplo: pagamento de salários dos servidores públicos, custeio de
serviços públicos essenciais (saúde, educação, segurança), pagamento de juros e encargos da
dívida pública.

Despesas de Capital: São investimentos em infraestrutura, desenvolvimento econômico e


social. Exemplo: construção de estradas, escolas, hospitais, investimentos em saneamento
básico e habitação.

Transferências Constitucionais e Legais: Recursos transferidos aos estados e municípios para


financiar programas e ações específicas, como educação, saúde e assistência social.

Investimentos em Programas e Políticas Públicas: Incluem gastos destinados a programas


sociais, de saúde, educação, segurança pública, cultura, entre outros, visando atender às
necessidades da população e promover o desenvolvimento socioeconômico.

Exemplificando, o financiamento da educação pública no Brasil envolve a arrecadação de


impostos federais, estaduais e municipais, contribuições sociais, como o Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB), transferências constitucionais
e legais, além de receitas patrimoniais. Esses recursos são aplicados em despesas correntes
(pagamento de professores, merenda escolar) e despesas de capital (construção de escolas,
compra de equipamentos educacionais).

Federalismo Fiscal no Brasil

O federalismo fiscal no Brasil refere-se à distribuição de competências tributárias e de gastos


entre os diversos níveis de governo: União, estados, Distrito Federal e municípios. Cada ente
federativo possui autonomia para arrecadar impostos e administrar suas despesas, dentro dos
limites estabelecidos pela Constituição Federal e pela legislação complementar.
Exemplificando o federalismo fiscal no Brasil:
Competências Tributárias:

● A União tem competência para instituir impostos como o Imposto de Renda (IR) e o Imposto
sobre Produtos Industrializados (IPI).

● Os estados têm a competência para instituir impostos como o Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços (ICMS) e o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores
(IPVA).

● Os municípios têm competência para instituir impostos como o Imposto sobre Serviços de
Qualquer Natureza (ISS) e o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU).

Repartição de Receitas:

● Parte da arrecadação dos impostos é repartida entre os entes federativos por meio de
transferências constitucionais e legais, como o Fundo de Participação dos Estados (FPE) e o
Fundo de Participação dos Municípios (FPM).

● Essas transferências visam reduzir as desigualdades regionais e garantir recursos para os


entes menos desenvolvidos.

Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) (Lei Complementar nº 101/2000):

● A LRF estabelece normas para a gestão fiscal responsável nos três níveis de governo.

● Entre suas disposições, a lei fixa limites para despesas com pessoal, endividamento público,
concessão de garantias e contratação de operações de crédito.

● Além disso, a LRF determina a transparência na gestão fiscal, exigindo a publicação de


relatórios de execução orçamentária e o cumprimento de metas fiscais.

Dessa forma, o federalismo fiscal no Brasil busca equilibrar a autonomia dos entes federativos
com a necessidade de garantir a estabilidade econômica e a responsabilidade na gestão dos
recursos públicos. A Lei de Responsabilidade Fiscal desempenha um papel fundamental ao
estabelecer regras claras e transparentes para a condução das finanças públicas em todos os
níveis de governo.

Alguns exemplos que ilustram o federalismo fiscal no Brasil e a aplicação da Lei de


Responsabilidade Fiscal (LRF):

Federalismo Fiscal:

● O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é um exemplo de imposto


estadual no Brasil. Cada estado tem sua própria alíquota e regulamentação para o ICMS, o que
gera uma diversidade de arrecadação e gestão fiscal entre os estados.

● O Fundo de Participação dos Municípios (FPM) é um exemplo de transferência constitucional


que visa redistribuir recursos da União para os municípios, garantindo um mínimo de receita
para as prefeituras, especialmente aquelas de menor porte e com menor capacidade de
arrecadação própria.

Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF):


● Um município que ultrapassa o limite de gastos com pessoal estabelecido pela LRF pode ser
penalizado, ficando impedido de receber transferências voluntárias da União até que se
regularize sua situação fiscal.

● Um estado que contrai uma dívida que ultrapassa o limite estabelecido pela LRF pode sofrer
sanções como a proibição de contrair novos empréstimos, a suspensão de transferências
voluntárias e a necessidade de reduzir despesas para se enquadrar nos limites estabelecidos.

Esses exemplos demonstram como o federalismo fiscal no Brasil se manifesta na divisão de


competências tributárias e na distribuição de recursos entre os entes federativos, enquanto a
Lei de Responsabilidade Fiscal estabelece regras e limites para garantir a responsabilidade na
gestão das finanças públicas em todos os níveis de governo.

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