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Rádio, o mais abrangente veículo de comunicação presente no

cotidiano de todos nós, embala sonhos, desperta emoções e pode ajudar


no trabalho educativo

Muitas vezes um objeto, um fato são dar satisfação ao povo de seus atos, ao ten-
tão cotidianamente participantes da nossa tar justificá-los. Mas esta é uma longa histó-
vida que, paradoxalmente, não os percebe- ria, que não será tratada aqui nesta nossa
mos nem lhes damos importância. Assim é conversa, que não é "ao pé do ouvido" ...
o rádio, travestido de formas variadas, mas Antes de qualquer abordagem pedagó-
sempre presente em nosso dia-a-dia: rádio gica ou de considerações sobre pontos que
relógio; rádio toca-fita ou CD; acoplado ao possam nortear uma educação para o meio,
possante "três em um" da sala; receptores vamos a uma panorâmica sobre o rádio para
AMIFM de tamanhos e formatos diversos conhecer um pouco mais esse amigo que, de
espalhando-se por toda a casa; rádio portátil tão íntimo e presente na nossa vida, nem lhe
a pilha liberado da eletricidade que cerceava damos a atenção devida.
suas andanças por aí; rádio que anda de car-
ro e de caminhão por este mundo de Deus;
rádio que chega suave no som ambiente so- BRASILEIRO NÃO VIVE SEM ~ D I O
fisticaido alguns locais de trabalho; rádio
grandão, exibido, troféu primeiro da con- Bem, o brasileiro acorda... e liga o
quista do migrante do interior na cidade RÁDIO! Daí em diante, ele não é mais o
grande. Rádio que viveu momentos de gló- mesmo - os acontecimentos considerados
ria ao ocupar lugares de destaque na sala destaques de sua cidade, país ou do mundo,
das casas da nossa infância, unindo a famí- chegam-lhe através do seu noticiário radio-
lia nas radionovelas, nos programas de au-
ditório, na música, no humor, no esporte, no
noticiário. Rádio que foi usado por ditado-
res, como Hitler, de forma primorosa para arlene M. Blois
fazer acreditar que suas idéias ergueriam a . .. .. *.

nação alemã e colocariam em supremacia dora de Eixtensão do Centro de Filosofia e


mundial o seu povo. ências Hurnanas da ZJFRJ e da Central de Tec-
Ainda em nossos dias, presidentes e o logia em (:omunicaç ão da Escola de Comuni-
próprio Congresso Nacional contam com
redes radiofônicas para, de alguma forma,
14 Comunicação 81 Educação, São Paulo, (61: 13 a 2 1, mai./ago. 1996

fônico preferido. É claro que "o que deu no E o futebol? Ah, o jogo narrado pelo lo-
rádio" tem a sua plena credibilidade, isto cutor esportivo que sabe tudo sobre a "paixão
desde o famoso Repórter Esso dos áureos nacional"! É pura adrenalina, emoção, é sa-
tempos da Rádio Nacional. Uma voz ma- ber que não se está só na torcida, porque os
cia mas incisiva, que entende "a alma fe- milhares de torcedores estão unidos naquela
minina", fala para a dona de casa e para to- "corrente pra frente", sofrendo, empurrando
das as mulheres da cidade. Na programa- o time, na magia que só o rádio é capaz de
ção das emissoras, começa o horário dedi- construir. E melhor do que assistir ao jogo
cado às rainhas do lar, muitas vezes sem rei pelo rádio, só mesmo indo ao estádio.
nem coroa! O ouvinte ainda quer um rádio lúdico
Rádio é coisa de jovem? Como se por- com programas humorísticos, com brinca-
tam a "gatinha" e o garotão frente à magia deiras dos comunicadores, com a letra irre-
desse senhor que já fez 70 anos? Sintonizar verente do samba e do funk, porque a vida
naquela FMIAM é coisa de "careta" - fala está dura, o dinheiro cada vez mais curto, a
a galera. Os jovens, sem dúvida, incorpora- violência faz ponto em cada esquina.
ram o rádio a seus espaços de vida e o ado- Para não ser um analfabeto também da
taram dentro e fora de casa. Percebe-se que informação, é preciso ligar o rádio e buscar
as rádios se convertem em um símbolo de ajuda para entender as tantas mudanças de
diferença, juntamente com a música ou pela valores e de comportamentos. E como já
compreendeu que o mundo é muito maior do
música.
que o seu município e o seu estado, então ele,
Na casa ao lado, como em tantas ou-
ouvinte, no meio de tanta notícia, não pode
tras, a Bíblia conforta e ajuda a entender es-
desconhecer o que seja o Mercosul, as razões
te mundo louco. A "igreja eletrônica" entra
das lutas seculares entre árabes e judeus.
em ação, fazendo a cabeça de seus seguido-
res, não importa se católicos, evangélicos
O que hoje na verdade existe é uma
ou de uma certa igreja que tenta desmorali- programação oferecida por cerca de
zar um certo império das telecomunicações. 2.550 emissoras de rádio em todo o Bra-
Não importa se a preferência do ou- sil, para quase 80 milhões de domicílios
vinte recaia em uma emissora em Ondas particulares permanentes que possuem
Médias (OM), Curtas (OC) ou Tropicais aparelhos receptores.
(OT) ou se a opção é pelo som puro de uma
FM (Freqüência Modulada). O que ele quer Este fantástico parque radiofônico tem um
do rádio é a notícia em primeira mão, a co- público potencial de 123.896.828 morado-
bertura do fato in loco. Quer a prestação de res, de um total de 147.057.930 brasileiros,
serviços variados, busca orientação de co- segundo o IBGE, excluídos, em ambos os
mo fazer chegar a sua reclamação à defesa dados, os residentes da zona rural do Acre,
do consumidor, quer música, muita música, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá.
do forró à ópera, do j a z à bossa nova, do Sem dúvida alguma, José Carlos Araú-
funk à canção francesa. Em uma noite de in- jo, o Garotinho criativo e competente locu-
sônia, precisa da companhia dos comunica- tor esportivo da Rede Globo de Rádio, tem
dores da madrugada. Se o problema é acer- toda razão: "brasileiro não vive sem rádio".
tar o relógio atrasado, é só ligar o rádio que E eu acrescento ao slogan: e o rádio não po-
a hora certa está lá. de abrir mão de 123 milhões de brasileiros!
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vendo e ouvindo o mun-


do através do rádio e
da TV. O que aconte-
ce nas muitas lati-
tudes do nosso
planeta está diaria-
mente na mídia ele-
trônica, mas vai ter
que esperar até o dia se-
guinte para sair nos jor-
nais e algum tempo para
chegar aos livros didáti-
cos e estes às escolas.
Quem se liga no seu
radinho todos os dias é,
de alguma forma, partíci-
pe dos fatos que aconte-
cem. Para muitos dos ou-
vintes, analfabetos ou
não, o rádio se constitui,
muitas vezes, no único ca-
nal de informação, de co-
nhecimento e de ligação
mais ampla com universos
distanciados do seu quintal
comunitário. Cada um no
seu mundinho cresce na e
com a informação e, assim,
vai incorporando conheci-
mentos à sua bagagem, antes
restrita ao tão próximo que se
confundia com a própria fa-
mília e vizinhança.
Não dá para tapar os ou-
vidos e pensar que nada mudou, princi-
palmente nos últimos dez anos, para não re-
NAS "ENTRELINHAS" cuar muito no tempo. Até o rádio, o nosso
DA PROGRAMAÇÃO rádio de cada dia, mudou. Se o número de
emissoras cresceu bastante nos últimos tem-
Com mais de um bilhão de aparelhos pos, hoje é possível dizer genericamente:
de TV e três vezes, no mínimo, este número ''diga-me que rádio ouves, que eu te direi
de receptores de rádio no mundo, pode-se quem és". E aí entra a força do marketing,
afirmar que o homem do final do Século tentando de todo jeito ganhar o ouvinte, co-
XX experiencia a História do seu tempo vencendo-o de que a programação da emis-
16 Comunicacão & Educacão, São Paulo, (61: 13 a 2 1, mai./aao. 1996

sora foi feita especialmente pensando nele e Se entendermos que o homem tem
para ele. Sem nenhuma inocência ou des- necessidade de aprender ao longo da vida
compromisso, como todos os outros meios - o que os educadores denominam de
de comunicação de massa, o rádio segue fir- Educação Permanente - e que a informa-
mando-se como o veículo mais intimista e ção está na base do conhecimento, que gera
de maior mobilidade, aqui e em qualquer reflexão e crítica, podemos identificar tra-
parte do mundo. Compondo sistemas ou re- ços educativos em muitos dos programas
des com outras emissoras ou sobrevivendo radiofônicos.
com independência, se seus objetivos maio- O jornalismo, tanto o factual como o
res são comerciais, evangélicos ou educati- comentado e o investigativo, abordando fa-
vos, se a linha gerencial centra-se no inte- tos do dia-a-dia e matérias de caráter es-
resse do dono ou comunidade, as rádios fa- portivo, científico, econômico, ecológico,
zem parte do dia-a-dia do brasileiro, falando cultural e comunitário talvez seja o que de
a linguagem que tanto o analfabeto quanto o mais marcante a programação apresente
letrado entendem, vendendo sonhos ou sa- sob a ótica da Comunicação para uma Edu-
bonetes, música sertaneja ou clássica. Mas é cação Permanente. Juntamente com as
preciso, no entanto, ficar atento para a in- campanhas, que ganham força pela persua-
tenção - assumida ou velada, consciente são junto ao público, na busca de informar,
ou não - de quem produz, informa e sele- mudar ou reforçar comportamentos desejá-
ciona a notícia, a música ou o que for que vá veis, o jornalismo deve pretender, antes de
ao ar pelas ondas do rádio. "fazer a cabeça" do ouvinte, fazê-lo pensar
E de que vivem as rádios, excluídas as sobre a nossa realidade de forma crítica e
educativas? Da venda de espaços publicitá- realística. Pela credibilidade que desfruta
rios em suas programações e da audiência a junto ao público, precisa retribuir com se-
seus programas. Esta conjugação de forças riedade, fazendo um radiojomalismo com-
- patrocinadores/ouvintes - sustenta fi- promissado com a verdade. A imparciali-
nanceiramente as emissoras. A força de dade precisa ser a tônica do que é a notícia.
venda do veículo tem como conseqüências Mais uma vez é a ética que deve nortear a
óbvias: mais empregos, mais recolhimento pauta das reportagens e a postura dos seus
de impostos, além de envolvimentos para- profissionais, sem vez para discrimina-
lelos com outras empresas que de alguma ções, acusações infundadas ou insinuações
forma se relacionam com o processo de que não se possam provar ou comprovar.
produção e de comercialização do produto Porque uma emissora pertence ou apóia
ou serviço. um determinado grupo, não pode escamo-
tear fatos que o desfavoreçam, faltando
O que se quer é ética na oferta, ho- com seu compromisso maior, que é a vera-
nestidade no que é anunciado, garantia cidade da informação e não manipulação
dos direitos do consumidor, porque divul- de dados.
gar, tornar conhecido, ajudar a vender A programação de música popular
um produto não é pecado e se inspira em ou erudita, além de entreter o ouvinte, le-
noções como individualismo e livre em- va-o a conhecer a criação artística do se-
presa... tor, extrapolando fronteiras nacionais ou
culturais. Na verdade, que veículo torna
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um cantor, compositor ou música conhe- ras que poderiam se originar do uso inade-
cidos nacionalmente senão o rádio? Pense quado da língua.
nisso ... Mas não se esqueça da acultura-
ção, principalmente dos jovens, pela mú- A força comunicacional do idioma
sica, os quais curtem mais as bandas e comum a todos ganha sua maior expres-
cantores americanos do que os nossos. são, enquanto alcance de massa, no rádio.
Grave, não? Seus profissionais lançam slogans logo
E os programas que prestam servi- assimilados pelos ouvintes, criam expres-
ços ou são considerados de utilidade pú- sões e gírias, trabalham criativamente
blica? Além de realçar valores e atitudes com palavras, a matéria prima da lingua-
"desejáveis", criam laços de solidarieda- gem radiofônica.
de, humanizam a cidade, destacam a
consciência de que nem tudo está perdido Cada emissora marca seu próprio es-
em meio ao individualismo e à violência tilo, seu padrão de locução solto, descon-
dos grandes centros. O sentido de perten- traído, provocativo ou formal, impessoal.
cer à comunidade imaginada começa Esta é uma das mais ricas leituras do veí-
quando o ouvinte liga e se liga no rádio. E culo que se pode ter no trabalho de educar
sente que está com muitos, com outros, para o rádio. Porque as palavras podem ser
mesmo que ninguém se conheça, não im-
coloridas e enriquecidas com sons os mais
porta. O que vale é a não passividade
variados, compondo um todo indissolúvel,
diante do ouvido. Respostas precisam ser
ganhando novo significado, sendo um ou-
buscadas para indagações como: que va-
tro significante.
lores e atividades são consideradas "dese-
Aqui ainda se pode abrir espaço para
jáveis" pela sociedade? Há discrimina-
as "assinaturas" musicais das emissoras, vi-
ções, seja nos serviços prestados ou no
pedido da colaboração dos ouvintes para nhetas e sufixos dos programas. Há unidade
causas diversas? Às vezes o que, à pri- entre todos esses sons que identificam e
meira vista, se configura como uma ques- anunciam o que irá ao ar? Estabelecem rela-
tão comunitária, envolve interesse muito ção direta com a proposta do que vai ser
mais pessoal do que coletivo. veiculado? De que recursos sonoros e tec-
Mas o que passa desapercebido à nológicos se valem? Um campo enorme pa-
maioria e que tem sido a grande força do ra se analisar no vastíssimo mundo de códi-
rádio é, ao explorar o filão da oralidade, gos radiofonicamente usados.
"ensinar" informalmente, sem regras ou di- E as vozes que nos chegam de cada
cionário, um certo padrão da língua portu- emissora, como são? Qual a predominância
guesa aos seus falantes brasileiros e, assim, - femininas ou masculinas? Jovens ou
contribuir para que tenhamos uma certa maduras? Interpretativas, dramáticas, irôni-
unidade de fala, sem negar ou desprezar a cas, alegres ou imparciais, sóbrias, pare-
diversidade e as expressões locais e regio- cendo terem todas o mesmo timbre e igual
nais, de Norte a Sul do país. Sotaques e fa- entonação? Se a voz é instrumento de co-
lares à parte, os comunicadores se enten- municação, também deve ser analisada na
dem muito à vontade com o seu público, de leitura global do que oferece esta ou aquela
forma coloquial e prazerosa, sem as barrei- emissora.
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A CONSTRUÇÃO DAS IMAGENS RÁDIO EDUCATIVAS:


A CIDADANIA COMO DEFINIÇÃO
O rádio trabalha com sons e com a pa-
lavra falada, ingredientes fortes o suficiente Depois de uma panorâmica sobre o rá-
para fazer de cada ouvinte um construtor in- dio, sua linguagem e seus recursos, sua pro-
dividualizado de imagens, das suas ima- gramação e fonte de sobrevivência, falta en-
gens. Sem apresentar qualquer aparato vi- focar aqui um tipo particular de emissoras
sual - como o cinema, a televisão, o teatro classificadas de educativas.
ou o jornal - o rádio, por isso mesmo, vai
mexer com a imaginação de cada um, com a O rádio, no Brasil, surge em 1923,
realidade de cada um e sua visão de mundo, da iniciativa do pioneiro Roquette Pinto,
fazendo de cada receptor um co-autor do criado para levar educação e cultura ao
que vai ao ar. É que, fantasticamente, os povo, com a Rádio Sociedade do Rio de
sons emitidos - músicas gravadas ou toca-
Janeiro (hoje Rádio MEC-AM, Rio de
das ao vivo, ruídos que ambientam, criam
Janeiro).
ou recriam cenas e fatos, a voz dos que fa-
lam tanta coisa (locutores, locutoras; atores,
No entanto, "não se pode conceber as
atrizes; comunicadores, comunicadoras; re-
emissoras educativas de rádio e TV forman-
pórteres, noticiaristas, comentaristas; canto-
res, cantoras) todos os dias; o que e como os do um para-sistema no complexo conjunto
profissionais do rádio comunicam, em sua dos meios de comunicação. Elas são parte
versão elegida e editada dos acontecimen- dele e toda vez que lhes dão contornos es-
tos, neste caso da própria história que se faz tranhos, são alijadas pelo públicol".
cotidianamente. Ou mesmo na interpretação Então, qual a grande diferença entre
da carta de outro ouvinte ou de um poema as comerciais e as educativas, além, é cla-
de Drummond, todos estes são componen- ro, do que é "visível" na programação: a
tes básicos e detonadores da criatividade do inexistência de publicidade nas educativas.
ouvinte, que constrói imagens únicas, am- É a intencionalidade do fazer radiofônico.
pliando a sua própria experiência e baga- Colocando ou não no ar cursos e aulas, to-
gem, em uma interatividade silenciosa mas da a proposta de sua programação é vincu-
nem por isso desprovida de forte participa- lada à construção da cidadania e seu exer-
ção. Algo incrível que o rádio proporciona cício democrático.
aos que, valendo-se somente da audição, No contexto das educativas ganham
podem, mágica e criativamente, ter seus ou- espaço próprio as emissoras universitáriasz,
tros sentidos acionados, em um envolvi- pelo potencial que trazem ao estarem vincu-
mento global com a "cena" radiofônica. ladas a uma instituição de múltiplas finali-
Há que se destacar que a codificação e dades educativas. As rádios podem ser o elo
decodificação da mensagem radiofônica de aproximação da Universidade com a co-
passa, além da criação individualizada de munidade, em ações de mão dupla, fazendo
imagens, pela recepção também pessoal, com que ambas se conheçam mais e melhor,
que abre possibilidades de leituras íntimas e interajam em áreas de interesse comum. O
diversificadas. campo é vasto tanto para projetos de educa-
1. BLOIS, Marlene. Rádios educativas: caminhando contra o vento. Tecnologia Educacional. v.22 (113-114),jultout. 1993.
2. BLOIS, Marlene. Rádios e TV Universitárias - uma proposta em discussão. Comunicação e solidariedade. São Paulo:
Loyola, 1992, p.107-111.
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ção formal como atualização e formação de clusivo, os profissionais de Educação, co-


recursos humanos, quanto para os não-for- mo demonstra a correspondência recebida
mais, como organização comunitária, edu- dos ouvintes.
cação para saúde e mobilização para ativi- Vale lamentar a suspensão do convê-
dades coletivas. Com certeza a Universida- nio entre o MEC e a ABERT - Associação
de tem muito a aprender fora dos muros do Brasileira de Emissoras de Rádio e TV, que
campus, falando pela rádio com os que lhe abria espaço nas emissoras comerciais,
são diferentes... gratuitamente, para a veiculação de progra-
Vale destacar a produção radiofônica mas educativos. Perde o seguimento de pú-
educativa, acumulada ao longo dos anos, do blico que mais precisa de educação aberta
Departamento Nacional de Rádio Educati- e a distância...
va Roquette Pinto, da Fundação Roquette
Pinto, DNRERPFRP, atualmente vinculada
à Secretaria de Comunicação Social da Pre- TRABALHO COM ALUNOS
sidência da República. Do seu acervo, fazem
parte produções recentes, como o Curso pa- Bem, acredito que esse conjunto de in-
ra Professores Alfabetizadores de Crian- formações sobre o rádio possa vir a facilitar
ças (em co-produção com a Associação Bra- um trabalho educativo não só voltado para o
sileira de Tecnologia Educacional - ABT); o veículo como, também, para questões rela-
Curso para Educadores Leigos (co-produ- cionadas aos meios de comunicação de mas-
ção com o CEN - Centro Educacional de Ni- sa. Isso porque não é possível estudar um
terói); e as séries: Encontros com Paulo meio sem contextualizá-10 -no tempo e no
Freire3, Nós na Escola, Onda Viva a - espaço - e conhecer como convive com os
Pós-Modernidade na Escola, Alfabetiza- demais. Assim, as propostas e sugestões a
ções na Escola, Educação em Revista e seguir devem considerar o nível do grupo
Momento em Foco4. Para os profissionais para o qual se dirigem as atividades e as con-
que trabalham com pessoas portadoras de dições materiais que viabilizam sua execu-
deficiências, oferece duas séries: Nosso ção. As adaptações, portanto, são desejáveis.
Tempo e Educação Física Adaptada.
1. Linha de tempo sobre a história do rádio
A primeira série que abre espaço no (envolvendo pesquisas)
rádio para discutir questões do dia-a-dia -A invenção do rádio
sob a ótica da educação, Educação em - O rádio no Brasil
Debate, foi uma iniciativa do DNRERPI- - O rádio em nossa cidadelestado
FRP e está há dez anos no ar.
2. Entrevistas, que podem ser gravadas ou não
Já foram produzidos mais de 340 pro-
gramas, abordando temáticas variadas, ten- - Com pessoas com mais de 40 anos:
do como público prioritário, mas não ex- Como era o rádio na sua infância?

3. A série Encontros com Paulo Freire foi uma co-produção Rádio CulturaISP - Rádio MECIRJ, tendo como entre-
vistadores Toninho de Moraes e Marlene Blois. Além das duas emissoras, o Grupo VeredasJSP também possui cópia dos 15
programas de 30 minutos de duraçáo.
4. Para maiores informações sobre as produções educativas acima citadas, contatar diretamente: DNRERPFRP - Praça da Re-
pública, 141 A, Rio de JaneiroIRJ, CEP 20211-350.TeVFax.: (021)242 6328.
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Que programas tinham maior audiência? dono ou um dono detém mais de um meio? A
Que lembranças o(a) Sr.(a) guarda do rádio rádio ou TV são filiadas a algum sistema ou
e de seus artistas? não? A comunidade dispõe de algum meio,
comojornal ou serviço de alto-falante?)
- Com jovens - Jomais/revista: periodicidade (jornal diário,
Quando você ouve rádio? semanal, mensal; matutino, vespertino; revis-
Você sintoniza sempre a mesma emissora? ta mensal, bimensal); aquisição (venda, dis-
Por quê? tribuição gratuita); público (aberto, dirigido)
Na sua casa, quem ouve rádio? Que emisso- - Rádios: AM? FM? OC? OT?; localização
r a ( ~preferem?
) no dial; pública; comercial, educativa ou
Você estuda ouvindo rádio? comunitária; horário de veiculação.
E você, o que gosta no rádio?
Qual o seu programa preferido? 4. Estudo da programação (AMiFMlOClOT)
Quanto tempo, por dia, você ouve rádio? - Escuta de faixas horárias
Ex.: de 7 às 10h; 10 às 13 etc.
- Com homens e mulheres (ouvintes) - Levantamento dos programas veiculados
O(A) Sr.(a) ouve rádio? nas faixas horárias identificando: apresenta-
Que emissora prefere? Por quê? dor(a) ou locutor(a), público, formato dos
Em que horário ouve rádio? programas, anunciantes, recursos utilizados
Quantos aparelhos de rádio tem em sua casa? etc.
O(A) Sr.(a) gosta dos programas especial-
mente dirigidos ao público masculino/femi- 5. Radiojornalismo
nino? Por quê? - Duração do programa
Qual o seu programa preferido? - Abrangência do noticiário: local, regional,
Que programa o(a) Sr.(a) gostaria que fosse nacional, internacional
oferecido pelas nossas rádios? - Reportagenslrepórter
O rádio tem a sua credibilidade? - Seqüências de notícias
- Recursos sonoros utilizados
- Com anunciantes - Inserções na programação
Por que o(a) Sr.(a) anuncia no rádio? No caso do Radiojornalismo, depois
Qual o retomo comercial que o veículo do estudo indicado, é interessante cotejar o
apresenta? que foi noticiado e como foi, com o que irá
ser publicado no jornal do dia seguinte ou
3. Levantamento dos meios de comunicação mesmo levado ao ar pela TV.
disponíveis
- Jornais1 revistas 6. Rádio-recreio
- Emissoras de rádio - Produção de programas pelos alunos (no-
- Emissoras de TV ticiário, reportagens, entrevistas, prestação
- Serviços de alto-falante de serviços, utilidade pública, informativos
diversos, música) para veiculação por alto-
Informação a levantar: falante para os alunos de cada turno.
- Nome/endereço/telefone -Ampliação do tempo de veiculação (antes
- Vinculação (ex.: Cada meio pertence a um da entrada, na mudança de turno, na hora da
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saída, em dias de festa) como decorrência


do interesse e das condições de produção. ...
Agora se ligue nesta pergunta fi-
- Análise do processo de produção, desde a na' - há Uma emissora educativa em
"linha editorial-, passando pela ~ s e l e ç ã o ~seu município? Não? E você sabe se no
dos assuntos, escolha do formato mais ade- Plano Básico de Distribuição de Canais
quado, censura aberta ou velada, cornpetên- em FM existe um cana1 reservado Para
cia de cada "profissional", elaboração do finseducativos?
roteiro (script),criação de vinhetas, créditos
(identificação da equipe) e agradecimentos.
Muito mais se tem para trabalhar, Se você considera importante ter uma
quando o meio é o rádio. Algumas indica- FM com essa característica, procure se in-
ções podem ser tiradas do próprio texto, formar. Com certeza, mobilizar a comunida-
principalmente nos pontos referentes à lin- de para viabilizar esta proposta não será coi-
guagem radiofônica e à criação de imagens. sa do outro mundo. Afinal, o rádio tem a cre-
Sem descuidar de levar os alunos à leitura dibilidade da maioria, todos querem um qua-
da intencionalidade do que é veiculado, seja dro verde-esperança para a Educação e ex-
aumentar as vendas do refrigerante em pro- periências em muitos países - inclusive o
moção no supermercado - a mais clara- nosso - provam que o rádio pode informar,
mente decodificada - há muitas outras, educar, ensinar e entreter. Então? O que
que dão aos meios de comu- você está esperando? Lem-
nicação tal força que re-se sempre: "o bra-
são considerados o sileiro não vive
sem rádio". Ima-

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