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Correio dos Açores

Domingo, 24 de Dezembro de 2023
www.correiodosacores.pt
Director: Américo Natalino Viveiros - Director-Adjunto: Santos Narciso Diário fundado em 1920 por José Bruno Carreiro e Francisco Luís Tavares Ano 104 n.º 33214 Preço: 1 Euro
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Editorial
O Natal e a Comunicação Social
1- Estamos na véspera do Natal, e segundo o que se sabe
pelos testemunhos que nos deixaram os apóstolos, José e
Maria viajaram para Belém pouco antes do nascimento de
Jesus, depois de Maria ter sido visitada por um anjo tra-
zendo a mensagem de que ela daria à luz o filho de Deus.
Porém, José e Maria tiveram, antes do nascimento, de via-
jar até Belém, porque José havia sido “intimado” a ter de
participar no censo que decorria na sua cidade natal, por-
que todos os judeus tinham de ser registados, para que o
Império Romano pudesse determinar o quanto recolheria
deles em impostos.
2- José e Maria enfrentaram uma longa e árdua viagem
de 150 kms a partir de Nazaré, atravessando o vale do rio
Jordão, passando por Jerusalém até chegar a Belém. Maria
viajou em cima de uma mula, para guardar energia para o
parto.
3- Mas, ao chegarem a Belém, souberam que a hospedaria
local estava repleta. O dono deixou-os, então, permanecer
numa caverna rochosa debaixo da casa, e que era usada
como um estábulo.
4- Neste relato verificamos que a política imposta pelos
“Para mim é muito
complicado saber
Deus Menino, mas como é território palestiniano da
Cisjordânia, o Presidente da Câmara decretou o cancela-
mento das festividades, alegando que “não podiam cele- que há crianças
brar o NATAL enquanto o povo daquele território está a
ser martirizado até à morte.”
8- Este é um dos exemplos mais dolorosos, ao qual junta-
que não têm Natal”
mos o sofrimento que vai na guerra da Ucrânia e na falta
de habitação condigna para milhões de famílias em todo o Jorge Rita em família págs. 14 e 15
mundo, mas com especial relevância em todo o território
da “União Europeia”.
9- Não podemos esquecer nesta quadra festiva as centenas Estudo feito na Região
de profissionais da Comunicação Social em Portugal e nos
Açores, que estão na iminência de serem despedidos pelo
Os Açores vão ter
maior Grupo de Comunicação Social escrita que está na mais dias secos
iminência de um “colapso financeiro”.
10- Em 2017, o Presidente da República, Marcelo Rebelo e um aumento
de Sousa, disse que existia uma “situação de emergência
da Comunicação Social em Portugal” que “de, ano para
de noites tropicais
ano, vai sendo cada vez mais grave”, na rádio, na impren- com as alterações
sa, na televisão, e que está “a criar problemas já democrá-
ticos. Problemas de regime”. climáticas última

Romanos ao obrigarem todos os naturais de Belém a fazer
o recenseamento para que fosse controlado o pagamento
de impostos, revela que desde há mais de dois mil anos
que os impostos são uma imposição aos cidadãos que têm
de pagar o que é determinado nas leis, que são, no caso,
“cegamente decretados pelos Estados, sem compaixão
para os pagadores.
5- Quanto ao local de nascimento do Menino na manje-
doura, é um exemplo de que se pode nascer pobre e em
qualquer lugar, e depois ser sublime pelo saber e pela
acção que se desenvolve ao longo da vida, e pela forma
como se olha e ajuda quem precisa.
6- Belém, tal como Jerusalém, são pertença de todos os
milhões de crentes que seguiram e seguem a vida e obra de
Jesus até à morte reclamada por aqueles que se sentiram
e ainda hoje se sentem, ameaçados pela “revolução” que
Ele conduziu através da pregação da boa nova, e da acção
que teve ao longo da vida, desfazendo mitos e apelando à
descoberta da verdade.
7- Hoje, Belém devia estar a celebrar o nascimento do
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11- Esta semana, a Presidente da Entidade Reguladora
para a Comunicação Social defendeu na Assembleia da Goreti Freitas
República uma nova política de apoio financeiro público
para a Imprensa escrita que é indispensável para a De- “Acredito que
mocracia, sendo por isso um pilar importante do regime através do
democrático, e como se sabe, não é fácil gerir uma empre-
sa privada de comunicação social, enquanto as empresas coaching se
públicas têm o Estado como suporte financeiro, quer nos
Açores como no País.
pode elevar
12- Este deve ser um tema que merece entrar no debate os Açores a um
público para as eleições em Fevereiro, já que importa aos
profissionais da Imprensa escrita, bem como às respectivas
nível superior...”
empresas, saberem o que pensam e propõem os partidos
políticos nos Açores relativamente à Comunicação Social,
por ser um sector empresarial diferente dos demais, na ac-
tividade que está regulada por lei, e porque cabe-lhe ter
tratamento igual para todos, combater a falsidade, e agir
perante a verdade dos factos.
Américo Natalino Viveiros
págs. 4 e 5
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2 sociedade Correio dos Açores, 24 de Dezembro de 2023

Maria Corisca
RECADOS COM AMOR...

Meus Queridos! Este ano resolvi ir no dia de Natal deixar uma prenda no sapatinho dos políticos
da nossa praça, e fui comprar uma dúzia de livros para oferecer consoante o perfil de cada um.
Certamente nem todos ficarão satisfeitos com o livro que lhes coube, mas acontece a quem anda
na política… Comecei por oferecer o romance de Eça de Queirós “A Tragédia na Rua das Flores”
ao Governo Regional no seu todo, pela forma como terminou o primeiro mandato da coligação
depois do chumbo do Orçamento para 2024. Para o Presidente da Assembleia Legislativa vai o
livro “ Aqui Dentro Faz Muito Barulho”, obra de Bruno Nogueira, para lembrar as vezes que
teve de se impor com os Deputados durante os debates exaltados, mas sem conteúdo. Para os
Deputados que foram eleitos pelo “Chega” vai o livro “ E Não Viveram Felizes para Sempre”, o
que aconteceu pela ruptura entre os dois eleitos, ficando cada um para o seu canto. Para o Partido
Socialista ofereci o livro intitulado “O Pintor de Almas” de Ildefonso Falcones. Para o PAN coube
o livro “Coisa que Não Edifica Nem Destrói ”, de Ricardo Araújo Pereira. Para o IL vai o livro
“Nenhum Caminho Será Longo”, enquanto ao BE coube o livro “Oferta Irrecusável” de Lauren
Asher. Não me esqueci dos eleitores que terão de ir às urnas a 4 de Fevereiro e para eles recomendo
logo depois do Natal a leitura do livro “A Estranha Ordem das Coisas”, da autoria de António
Damásio. Meus Queridos e perante todo o cenário político quer nos Açores quer no Pais, só me
resta aconselhar aos cidadãos a leitura do livro “Durante a queda aprendi a voar”, da autoria de
Raul Minh’alma.

Meus Queridos, a todos os meus leitores e admiradores
deixo aqui os votos de um Santo Natal com muita saúde
e que ele traga uma esperança renovadora para o mundo
que está com as mãos sujas de sangue das mortes causadas
pelas guerras que continuam e pela fome que geram nas
periferias que precisam de calor e amor!
Ricos! Quando por esta altura o mundo devia estar a
preparar-se para a celebração do Natal com alegria, somos
todos os dias confrontados com violência e morte que re-
cordam os tempos de perseguição e deslocação de pesso-
as de continente para outro, para serem vendidas como se
vende gado… Hoje, tudo é mais sofisticado, mas o ímpeto
humano persiste. Hoje Belém devia estar em festa, cele-
brando o nascimento de Jesus, mas como Belém é territó-
rio palestiniano da Cisjordânia o Presidente da Câmara de-
cretou o cancelamento das habituais festividades, alegando
que “não podiam celebrar o Natal enquanto o povo daque-
le território está a ser morto”… todos os dias entram pela
porta dentro imagens impróprias para acontecerem neste
segundo milénio… que está a ser um período manchado
por sangue inocente, já que os mandantes da guerra estão
geralmente protegidos… Como mulher crente, espero que
o Natal traga uma chama de amor e esperança, capazes de
mexer com a consciência de quem manda e faz a guerra,
de modo a que no virar de 2023 e inicio de 2024 nasça uma
nova ordem global…
Ricos! O meu querido Director-adjunto do jornal que
tão generosamente me acolhe no seu seio, José Manuel
Santos Narciso está em convalescença depois de uma in-
tervenção cirúrgica realizada há poucos dias no Hospital
do Divino Espírito Santo e que o impede agora de comu-
nicar com as pessoas e amigos, através das vias habituais,
assim como o envio de notícias e jornais… assim sendo,
neste período de festa ele pediu-me para que eu noticias-
se a impossibilidade de manter o contacto regular com as
pessoas com quem se relaciona, incluindo a recepção e o
envio dos votos de um Santo Natal e Feliz Ano Novo…
Aqui fica a notícia, com votos do rápido restabelecimento
do meu querido Director-adjunto José Manuel Santos Nar-
ciso, a quem envio um repenicado beijinho com os votos
de um Santo Natal com melhoras!
Ricos: Fiquei muito feliz porque o neto da minha pri-
ma Esmeralda acabou, finalmente, o seu curso, depois
de alguns anos de interregno. Não precisou de ir até ao
continente para apresentar a sua tese de mestrado na sua
universidade, porque agora, com as novas tecnologias,
os alunos podem optar por expor o seu trabalho científi-
co através das plataformas digitais. Felizmente que teve
uma boa nota para alegria dos pais, pois pensavam que
nunca mais lá chegaria. No entanto, fiquei menente com
esta história de apresentação de uma tese sem o cerimo-
nial correspondente, que tradicionalmente se cumpria
com rigor, pois toda a liturgia que envolvia um momento
charneira na vida de um estudante era escrupulosamen-
te observada, em que os trajes doutorais se exibiam com
toda a pompa, e de acordo com a circunstância…. em
que o douto e implacável júri envergava as suas togas e
faziam daquela ocasião um momento único na vida dos
novos doutorados. Tudo isto é passado e temos que nos
habituar a este mundo novo, sem o esplendor de outrora
em que se valorizava o momento inquisitorial e o estu-
dante era acompanhado pelos familiares e amigos e até
se interrompiam as aulas para se assistir à apresentação
de uma tese do colega de estudo. Enfim, o canudo já nin-
guém o tira.
Meus Queridos! Sexta-feira o PS/A e a coligação PSD/
CDS/PPM entregaram no Tribunal as novas listas de can-
didatos a Deputados às eleições de 4 de Fevereiro de 2024,
assim como a generalidade dos demais partidos que se
apresentam às eleições, sendo que o prazo para entrega das
candidaturas decorre até ao dia 26 de Dezembro. A minha
prima Maria da Praia telefonou-me para lembrar que o mês
de Fevereiro é conhecido pelo mês de grande agitação polí-
tica, sobretudo em São Miguel, e falamos do que aconteceu
a 27 de Fevereiro de 1933, com a revolta de protesto con-
tra o Governo nacional, durante a operação de embarque e
desembarque de passageiros do navio “Carvalho Araújo”,
junto ao Cais Novo (ou Caia do Mar), em Ponta Delgada
ilha de São Miguel, Açores, manifestação que ocorreu na
sequência do pedido de demissão do Governador Civil do
Distrito Autónomo de Ponta Delgada, Jaime Rezendes do
Couto no dia 25 de Fevereiro, quando ele se encontrava
em Lisboa, num encontro com o Governo central, para
bater-se pelos interesses e aspirações do distrito e reclamar
pelo recuo da autonomia das Juntas Distritais Açorianas,
na sequência da entrada em vigor da Constituição portu-
guesa de 1933. Nesse período houve várias manifestações
de apoio e solidariedade para com o governador que ocor-
reram em Ponta Delgada, uma das quais aconteceu no dia
27 de Fevereiro, contra os “continentais”, à chegada do
navio “Carvalho Araújo”, e, uma foi no dia 28, quando
um grande número de pessoas invadiu as ruas de Ponta
Delgada e no Largo da Misericórdia, actual Largo Vasco
Bensaúde tomaram de assalto a estação dos correios en-
tão ali existia. Seguiu-se um confronto com os militares,
que tentavam conter os ânimos exaltados dos manifestan-
tes e evitar o alastramento da violência… Nesse confronto
houve dois mortos e sete feridos no Largo da Misericórdia,
e outra morte na Rua Machado dos Santos, perfazendo 3
mortes e sete feridos. A revolta de 27 e 28 de Fevereiro
levou a que o Governo Republicano mandasse entregar o
Governo do distrito temporariamente à autoridade militar
local, que na atura era comandada pelo coronel de infan-
taria Alfredo Humberto dos Anjos Câmara. O Governador
Civil Jaime Rezendes do Couto, que tinha ido a Lisboa
defender os interesses dos Açoreanos foi levado a Tribunal
e enfrentou um processo judicial, que o levou à prisão no
dia 6 de Fevereiro de 1934, por um período de dois anos.
A minha Prima Maria da Praia diz que é bom lembrar fac-
tos históricos que afinal são actuais, já que a República
continua a maltratar as Ilhas e com o avivar a memória de
tempos e actos passados… só se espera que nas próximas
eleições regionais os candidatos tenham presente o que se
passou em Fevereiro de 1933, e façam um debate sério e
centrado no futuro dos Açores e dos Açoreanos, para que
o povo possa ir votar pensando que há razões para reforçar
a democracia.
Ricos! Quando li no Jornal que tão generosamente me
acolhe no seu seio que a Câmara Municipal de Ponta Del-
gada tinha determinado que no próximo ano os prédios
de habitação que estejam devolutos e os inabitáveis, vão
ter o IMI agrado em três vezes, mais os valores que têm
pago até agora. É uma medida que merece ser saudada,
porque vai certamente permitir que se resolvem as parti-
lhas entre herdeiros que estão emperradas anos atrás de
anos, assim como aqueles que em vez de porem à ven-
da os imóveis devolutos deixam-nos apodrecer…. E já
agora, muitos dos donos dos prédios abandonados são os
próprios bancos, que ficaram donos por insuficiência fi-
nanceira dos antigos proprietários, devendo os serviços
camarários pedir a cada banco a relação dos prédios que
eles têm inabitáveis e dar-lhes prazos para procederem à
sua arrematação!

Bombeiros de Vila Franca
reivindicam actualização
dos valores pagos pelo HDES
e Serviço de Protecção Civil
Bombeiros de Vila Franca do Campo empenhados em transformar dificuldades em oportunidades
A Assembleia-geral da Associação dos Bombei-
ros Voluntários de Vila Franca do Campo aprovou
o Orçamento para 2024 no valor de 1,3 milhões de
euros, 67% dos quais destinam-se a despesas corren-
tes com pessoal. Os combustíveis representam 7% do
orçamento e os gastos com conservação e reparação
12%.
A Associação assume, no Orçamento para 2024,
que já tem liquidada a dívida de 11,4 mil euros aos
bombeiros de 2.176 horas de trabalho entre 2015 e
2021.
As Actividades do Plano e Orçamento são consi-
deradas pela Associação Humanitária dos Bombeiros
de Vila Franca do Campo “instrumentos marcados
por medidas de contenção, tendo em consideração a
instabilidade governativa prevista a nível regional e
nacional”. Realça a Associação que a “inflação pre-
vista, aumento dos vencimentos (8%), nomeadamen-
te o ordenado mínimo, que sobe novamente mais do
que a taxa de inflação, o alto custo dos combustíveis e
as despesas provenientes da reparação e manutenção
de viaturas, estão imparáveis”.
“As nossas receitas terão de ser escrupulosamente
aplicadas sem desvios,” salienta.
O Seguro de Saúde continua activo para os bom-
beiros, com o apoio da Câmara Municipal de Vila
Franca do Campo.
A Associação dos Bombeiros de Vila Fran-
ca do Campo continua, entretanto, “a reivindicar a
actualização dos valores pagos” pelo Hospital Divino
Espírito Santo e Serviço Regional de Protecção Civil
e Bombeiros dos Açores, “designadamente no trans-
porte de doentes urgentes e não urgentes”.
Anuncia que 2024 será o ano em que irão avançar
o Estatuto de Carreira e Social dos Bombeiros Assa-
lariados e Voluntários e o novo modelo de financia-
mento das associações, já que as propostas aprovadas
pelo Conselho do Governo Regional, encontram-se
para aprovação na Assembleia Legislativa Regional
dos Açores.
“Também esperamos que termine a revisão do
Regulamento de Fardamento”, refere a Associação.
“Considerando que foi abatida no passado mês
de Outubro a viatura ATP 1, ficamos com a justa es-
perança que será substituída na próxima entrega de
Correio dos Açores, 24 de Dezembro de 2023
viatura que se encontra a decorrer o concurso. Iremos
continuar a recuperação do edifício da sede da Asso-
ciação com substituição dos alumínios, de janelas, de
portas e pinturas”, assume.
Entretanto, a Associação está a aguardar a aprova-
ção, para avançar com a valorização energética, com
instalação de painéis fotovoltaicos.
“Continuaremos a proceder à renovação e mo-
dernização de equipamentos e fardamentos do nosso
corpo de bombeiros (…) e a proceder à “expansão
das novas tecnologias com a vontade de eliminar o
papel”, adianta
Queremos que as nossas funcionárias participem
em acções de formação para se valorizarem.
A escritura da aquisição do terreno, vai concreti-
zar-se em 2024, “para permitir ampliação e remodela-
ção do quartel, junto à sede da Associação, moderno
com as exigências legais”.
Com a conclusão do Estudo Prévio “ficamos a
condições de avançar para a elaboração do Projecto”.
Um Plano e Orçamento que “contempla verbas
para continuar a melhorar e disponibilizar mais luga-
res nos transportes de doentes não urgentes” e a para
“manter os apoios à nossa charanga, fomentando o
intercâmbio regional, nacional e internacional.”
A nossa Escola de Infantes e Cadetes “continuará
a contar com incentivos à sua consolidação e promo-
ção”, prosseguem a Associação antes de referir que
“vamos continuar a negociar em baixa tudo o que
compramos e gastamos.”
Prevê-se “um possível aumento das cotas, taxas e
dos serviços prestados face ao valor da inflação e dos
custos com os vencimentos”.
A Associação Humanitária conta com “o impres-
cindível” apoio à nossa actividade pelo município de
Vila Franca do Campo.
Mostra-se convicta de que 2024,” será um ano
de grandes dificuldades, com atrasos nos recebimen-
tos dos nossos pareceres, hospital, Centro de Saúde
e SRPCBA, proveniente dos actos eleitorais previs-
tos, logo teremos de ter uma atenção redobrada para a
nossa tesouraria”.
“Como sempre, haveremos de transformar difi-
culdades em oportunidades”, conclui a Associação
dos Bombeiros de Vila Franca.
regional/opinião 3
Açores Amanhã
Pobres empedernidos
e esquecidos
Por: Álvaro Dâmaso
Na passada semana, o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias
Transformadoras, SITACEHTT, através dum comunicado, manifestou publi-
camente a sua preocupação com as famílias mais vulneráveis nos Açores, que
nestas singulares ilhas atlânticas habitam, sublinhando a existência de “graves
situações de pobreza e de exclusão social”.
Um dia escreverei sobre a singularidade geográfica e social deste Arquipé-
lago… Que ninguém sabe dizer com fundamento o que é. A “açorianidade” é
um termo adotado de que se gosta, poético, derivado de um outro originário da
américa do Sul como reconhece o genial poeta açoriano ao qual é devidamente
atribuído o qualificativo. A açorianidade não é cultura própria, por muito que
doa, a açorianidade é a geografia agreste e dominante que os habitantes por
ação e empenho de muitas gerações conseguiram vencer, sofrendo a exploração
e o domínio colonial do prolongado poder de Estado e, cinco séculos depois
dele se libertaram para iniciar uma nova era, a autonómica.
Refere o Sindicato que são cada vez mais as pessoas que procuram no Ban-
co Alimentar, na Cáritas e noutras instituições regionais ajuda para satisfazer
necessidades alimentares vitais. Ainda há açorianos a sofrer as dores morais e
físicas da fome de eterna rotina feita; a ausência de um teto, a promiscuidade
dum único quarto de dormir onde na mesma cama se deitam pai, mãe e filhos,
é como se não existisse ser humano nem presente nem futuro para além do
estar, sem ser nem ter…Apenas corpos ávidos que a inconsciência e as ca-
rências impedem a verdadeira identificação, uma realidade que os narcóticos
agravam.
Acrescenta o mesmo Sindicato que segundo dados estatísticos divulgados
pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) o risco de pobreza nos Açores subiu
recentemente atingindo agora o valor de 26,1%. A preocupação do Sindicato
tem fundamento. É necessário preparar um programa público global e integrado
que tenha por objetivo travar o risco de pobreza antes que ele progrida ainda
mais…A tendência, infelizmente, ainda é de crescimento.
Portugal está acima da média da União Europeia nos indicadores taxa de
risco de pobreza ou exclusão social e de taxa de privação material e social.
Cerca de 30 açorianos em 100 encontram-se abaixo da linha da pobreza, o que
é a relação mais negativa de Portugal, em conjunto com a Madeira.
De acordo com a informação prestada pelo INE, em 2022, o risco de po-
breza ou exclusão social diminuiu em todas as regiões do Continente, todavia,
aumentou nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira para 29,6%.A taxa
do risco de pobreza já tinha crescido nos Açores 3,2 pontos percentuais entre
2020 e 2021, pulando, então, na Região para 25,%. Outros indicadores devem
ser ponderados: o PIB per capita dos Açores é de 18,690€ e o de Portugal é de
20,698€; nos Açores, 8,5% da população com 15 ou mais anos é beneficiária do
Rendimento Social de Inserção (RSI), enquanto a média nacional é de 2,9%.
Para a manutenção ou agravamento da pobreza concorrem mais fatores: a
taxa de abandono escolar precoce que nos Açores é de 27% e de 6% a nível
nacional; as condições habitacionais adversas diminuíram no Continente, mas
aumentaram nos Açores. Os resultados do Inquérito às Condições de Vida e
Rendimento indicam ainda que 9,2% das pessoas viviam em 2022 nos Açores
em alojamentos em que o número de divisões habitáveis era inferior ou igual
a 4 metros quadrados. Manifestamente, insuficiente para o número e o perfil
demográfico dos membros do agregado. Daí o 3º parágrafo deste escrito.
A sobrelotação habitacional afetava essencialmente os residentes na região
do Algarve (13,5% dos residentes), nos Açores (13,5%) e na Madeira (13%).
Habitar num alojamento sobrelotado era, em 2022, uma condição que recaía
sobre as famílias em risco de pobreza (19,2%) e as famílias residentes em áreas
densamente povoadas (10,8%). Para o mesmo ano, a taxa de sobrelotação da
habitação era mais elevada para as pessoas mais jovens (15,6% para o grupo
etário até aos 17 anos), diminuindo com o aumento da idade.
Paro de escrever para não me comover mais.
4 entrevista
Goreti Freitas, Directora-geral da Best Advisor
“Acredito que através do coaching pode elevar-se
os Açores a um nível superior em resultados
escolares, em autoconfiança pessoal e profissional”
Correio dos Açores - A Best Advisor é
uma empresa que presta serviços na área de
Consultoria, Formação & Coaching. Qual é a
história da empresa?
Goreti Freitas - A Best Advisors é uma em-
presa que surge em Setembro de 2020, em plena
pandemia.
Provém de uma marca desenhada e concebi-
da pela empresa Azores Five Project – Serviços
Turísticos, Lda, em meados de 2019, com vista
a trabalhar empresas e profissionais na área do
Turismo, nomeadamente no que respeita ao de-
senvolvimento das competências pessoais e emo-
cionais.
Enquanto gerente da Azores Five Project e
entidade acolhedora de estagiários de diferentes
escolas profissionais, percebi que os mesmos es-
tavam dotados de excelentes competências técni-
cas, mas necessitavam desenvolver as capacida-
des comportamentais.
Ora, tendo como princípio que, ao integrar
estagiários na empresa, importa acrescentar valor
aos seus currículos, decidi procurar o conheci-
mento necessário para fazê-lo com assertividade,
pelo que encontrei no coaching ferramentas efi-
cazes e poderosas para trabalhar o comportamen-
to humano, dos referidos estagiários, da própria
equipa, mas principalmente a nível pessoal.
De uma forma genérica, decidi crescer para
poder contribuir, ou melhor, fiz formação na área
do coaching, para conseguir trabalhar o desen-
volvimento comportamental, as conhecidas soft
skills.
Integrei a primeira turma de Coaching Inte-
gral Sistémico da Europa, através da Febracis.
Um programa bastante completo e interessante,
uma experiência deveras enriquecedora, pelo que,
de imediato, decidi realizar todas as formações na
área do coaching, passando pelo business, execu-
tive, entre outras, todas elas de extrema importân-
cia para o desenvolvimento humano.
Bem… o que não imaginava é que tempos de-
pois, o mundo ia ser dominado por uma pandemia
e que o self coaching e a auto-motivação ajuda-
riam a olhar para o contexto de forma diferente,
com a certeza de que era possível transformar di-
ficuldades em oportunidades.
Foram meses difíceis, a incerteza era trans-
versal, as adversidades eram constantes, pelo que
obrigava a ser resiliente.
Entendi que, com a crise epidémica, o co-
aching seria importante não apenas para a área
do Turismo, mas para a sociedade no geral, daí a
marca ter sido redesenhada, tendo surgido a Best
Advisors – Azorean Coaching, Consulting &
Training em meados de Setembro de 2020.
Como procura atender às necessidades es-
pecíficas dos clientes?
É importante perceber que através do coa-
ching conseguimos trabalhar as diferentes áreas
da vida, assentes em onze pilares. O ser humano é
um todo, se um ou algum destes pilares não estão
bem, vão influenciar os demais, daí ser necessá-
rio identificar as áreas que estão mais debilitadas,
trabalhá-las, para que o todo esteja bem.
Numa primeira fase e sem qualquer tipo de
compromisso, passa por fazer uma análise ao
Correio dos Açores, 24 de Dezembro de 2023
Goreti Freitas, numa sessão de formação e coaching: “A Best Advisors desenvolveu
projectos para implementação do coaching nas escolas(...) e nas empresas”
estado actual. Um encontro, uma reunião, uma
simples conversa e/ou se necessário, a realização
do questionário de perfil comportamental. Neste
momento, e através de algumas perguntas, é pos-
sível identificar as necessidades e posteriormente
apresentar o plano de acção, que não é mais do
que uma caminhada mensurável, cujo ponto de
partida é o estado actual, e a meta o estado de-
sejado.
“Um processo coaching
é uma caminhada”
Como o coaching pode ser uma ferramenta
eficaz para ajudar indivíduos a atingir os seus
objectivos?
Um processo de coaching é uma caminhada,
que pode ser reajustada durante o percurso. Daí
que a eficácia das ferramentas utilizadas pelo co-
aching, deve-se, sobretudo, à clareza inicial dos
objectivos, daquilo que o indivíduo deseja, efec-
tivamente, alcançar. Também a identificação dos
obstáculos, que podem ser internos, tais como
crenças limitantes e padrões de pensamento nega-
tivos, mas também externos, como por exemplo
a falta de recursos. Por sua vez, permite, ainda,
que os indivíduos desenvolvam e aprimorem as
habilidades necessárias para atingir os seus objec-
tivos, mantenham o foco, disciplina e compromis-
so, trabalhem o auto-conhecimento, por forma a
conhecerem-se bem e a explorar o seu potencial
máximo.
O coach ajuda o coachee a ter uma visão mais
clara dos seus desejos, levando-o a definir metas
específicas e mensuráveis, a superar os obstácu-
los, a ter a percepção das habilidades necessárias,
a fornecer recursos para desenvolver estas capa-
cidades. Em suma, auxilia-o no desenvolvimento
de um plano de acção realista e eficaz, num am-
biente de suporte, orientação e responsabilidade,
por forma a garantir que os passos dados são os
necessários para atingir os objectivos.
Que tipos de serviços de coaching a Best
Advisor oferece e de que forma estes são adap-
tados às necessidades individuais?
De uma forma geral, a missão da Best Advi-
sors prende-se com a utilização de ferramentas de
coaching, quer nos processos de coaching na sua
génese, quer na actuação na área da consultoria e
formação profissional.
Um processo de consultoria pressupõe uma
reunião inicial, na qual são identificados os objec-
tivos a atingir, mas também as dificuldades, pelo
que traçar o plano de acção e proceder ao acom-
panhamento do mesmo torna-se crucial para a sua
eficácia. No que respeita à formação profissional,
todas os programas e conteúdos a apresentar, de-
senvolvem as temáticas, de forma a despoletar um
verdadeiro diálogo interno e, por conseguinte, a
trabalhar o auto-conhecimento.
O Projecto coaching
nas escolas açorianas
Pode desenvolver um pouco mais o projec-
to do coaching nas escolas… Que balanço faz?
Acredito que só conseguimos mudar verda-
deiramente o mindset das pessoas, se começarmos
pelos mais jovens, e quando falo em mais jovens,
falo já no pré-escolar.
Quantos jovens têm insucesso na vida e são
infelizes, porque carregam consigo crenças de
não merecimento e incapacidade, porque na sua
infância, alguém lhes proferiu repetidamente que
“Tu não és capaz!”, “Isto não é para ti!”, “Tens de
ser isso ou aquilo…”, e a criança vai crescendo
infeliz, certa de que não é capaz e que não merece,
e que a sua vida está predestinada a ser o que os
outros querem que seja?
Quantos jovens poderiam ser jovens de suces-
so e felizes, se pudessem ver estas crenças traba-
lhadas, ultrapassadas e conseguissem realizar os
seus sonhos?
Acredito que através do coaching educativo,
teríamos uma sociedade muito mais saudável a
nível emocional. Tenho consciência que aplicá-lo
em toda a Região não é tarefa fácil, até porque im-
plica trabalhar com todos os agentes de educação,
mas é possível!
A Best Advisors desenvolveu um projecto
para implementação do coaching nas escolas, em
todos os ciclos escolares, tem uma equipa de pro-
fissionais preparados e formados para a sua rea-
lização, e acredita ser um projecto a realizar em
breve.
Quanto ao balanço do que já foi desenvolvi-
do, há experiências muito enriquecedoras, quer de
eventos pontuais em algumas escolas, quer de de-
senvolvimento e implementação de cronograma
de sessões no âmbito da disciplina de Cidadania e
Desenvolvimento ao 12º ano.
Os resultados não são imediatos, principal-
mente quando não há consistência, mas a expe-
riência é de alguma relutância ao novo e de satis-
fação no final.
Conseguir vestir
a camisola da empresa
E nas empresas?
No que respeita às empresas, o processo come-
çou com a criação da Best Advisors. Desenhado o
Pack Empresarial, foi necessário apresentá-lo ao
tecido empresarial. Após reunião de apresentação
e identificação das necessidades, é esboçado um
pack à medida de cada empresa, num misto de
sessões de coaching para líderes e/ou trabalhado-
res referenciados, momentos formativos e sessões
de team coaching. Um trabalho conjunto com a
liderança, em que a motivação, inspiração e adap-
tação das equipas é a causa principal.
Apresentamo-nos às empresas, também, com
serviços na área do cliente mistério, recrutamento
de recursos humanos, arquitectura organizacional,
enfim… um estudo de caso, com percepção do es-
tado actual, conhecimento do estado desejado e
criação do programa com a caminhada necessária
para que a empresa alcance as metas desejadas.
A empresa fornece serviços de Formação
Corporativa. De que forma os programas edu-
cacionais personalizados para empresas aju-
dam no desenvolvimento das equipas?
O serviço de Formação Corporativa implica
uma relação de conhecimento aprofundado da re-
alidade de cada empresa, pelo que só é possível
personalizar o programa num verdadeiro trabalho
conjunto com a empresa.
Contudo, há temáticas que até são transver-
sais, pelo que importa na parte prática desenvolver
exercícios específicos para colmatar as necessida-
des elencadas. O objectivo é apresentar os conte-

údos e envolver as equipas em casos realistas, por
forma a que consigam solucionar problemas do
dia-a-dia, e assim dar-se-á a aprendizagem e, por
conseguinte, a mudança.
Já tivemos situações em que as equipas cria-
ram o trilho de sucesso da empresa, e em momen-
to oportuno apresentaram-no ao líder, outras em
que conseguiram “vestir a camisola” da empresa,
outras, ainda, em que a própria liderança percebeu
que pensava estar a fazer o seu melhor, mas afinal
também tinha de mudar. Uma panóplia de verda-
des que podem surgir, apenas porque há oportuni-
dade de se pensar e repensar todo o contexto.
Qual é a relevância do team building para
os colaboradores de uma empresa?
O team building é de extrema relevância para
os trabalhadores de uma empresa, pois melhora
a comunicação dentro da equipa, incentiva a tro-
ca de ideias e resolução de problemas, aumenta
a confiança entre todos o que eleva a motivação
e eficácia, estimula a entreajuda e o trabalho em
equipa, alinhando os objectivos e aumentando a
cooperação, reduz o stress o que aumenta a produ-
tividade, diminui os conflitos, entre outros.
Em suma, o team building contribui para
melhorar a comunicação dentro da equipa, para
promover um ambiente harmonioso, logo mais
saudável e produtivo.
Quais são os principais benefícios para
as empresas que investem em formação
corporativa?
Existem vários benefícios para as empresas
que investem em formação corporativa, nomea-
damente: a melhoria do desempenho dos trabalha-
dores, o aumento da produtividade, a atractividade
para novos trabalhadores e a retenção dos actuais,
a inovação, a adaptação e capacitação para lidar
com as adversidades, o que se traduz em maior e
PUB.
Correio dos Açores, 24 de Dezembro de 2023
“Felizmente existem já alguns profissionais nos Açores, bons profissionais...”
melhores resultados.
A formação corporativa, é, sem dúvida, um
excelente investimento para as empresas, pois
contribui para o crescimento e sucesso. Contudo,
ressalvo a importância na formação não apenas a
nível técnico, mas, sobretudo, das competências
pessoais e emocionais, pois colaboradores saudá-
veis a nível emocional, comprometidos e felizes,
são colaboradores de alta performance, que con-
tribuirão para gerar resultados fantásticos.
Quais são os principais desafios e/ou difi-
culdades que enfrentaram ou enfrentam actu-
almente na Best Advisor?
Verdadeiramente, ao criar a empresa e apre-
sentar os serviços oferecidos, pensei deparar-
me com o desconhecimento sobre o que é o
coaching. No entanto, fiquei surpreendida pela
positiva, ao perceber que há conhecimento, há
consciencialização da necessidade no meio cor-
porativo, educativo e social e que o único entrave
colocado é a falta de liquidez para o investimento
necessário.
O facto do site não estar online, é também uma
dificuldade sentida, mas que será suprida com o
lançamento, que será muito em breve e a falta de
consistência devido a projectos paralelos.
Contudo, com a premissa de que dificuldades
podem ser convertidas em oportunidades, com
um olhar sempre atento sobre a realidade e com
um site que será lançado em breve www.abbaco-
ach.pt recheado de informação e já com algumas
formações disponíveis online, a Best Advisors
posicionar-se-á na sua visão extraordinária de fu-
turo.
entrevista/pub. 5
Como a empresa consegue conciliar os
diversos serviços e manter-se actualizada em
relação às mudanças nas diversas áreas de ac-
tuação?
Existem alguns hábitos que fazem parte da
dinâmica da empresa, nomeadamente a busca
constante do conhecimento, quer através da pre-
sença em formações inovadoras sobre a área de
actuação, quer pela pesquisa online de conteúdos
fidedignos e, até mesmo, pela leitura recorrente de
grandes obras literárias sobre o desenvolvimento
humano. Só assim é possível ter o conhecimento
necessário e actualizado e crescer para contribuir.
Qual o futuro do coaching nos Açores?
É uma questão interessante! Espero, sincera-
mente, que nos Açores se replique o que já se faz
noutras realidades, como por exemplo nos Esta-
dos Unidos, Inglaterra e grandes potências a nível
mundial, em que 80% das empresas, atletas e pes-
soas de sucesso têm coachs.
Reitero, é uma caminhada que se faz, em que
é possível traçar metas, trilhar o caminho, elimi-
nar obstáculos e potenciar habilidades, para se
chegar ao destino pretendido.
Felizmente existem já alguns profissionais
nos Açores, bons profissionais, alguns deles fa-
zem parte da equipa da Best Advisors. Admito
que em sinergia conseguir-se-á elevar o coaching
mais rápido e com mais eficácia.
Acredito que através do coaching pode elevar-
se a Região a um nível superior, em resultados es-
colares, em autoconfiança pessoal e profissional,
com melhores resultados empresariais e sobretu-
do, para um novo mindset, em que cada qual é o
único responsável pela sua vida, pela sua história,
pela sua felicidade.
Em suma, uma entrada modesta… resultados
à vista, uma realidade implementada!
Carlota Pimentel
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“Há presépios
que ninguém vê, mas
que estão montados
o ano inteiro...”
Por: Ricardo Pimentel
Aproxima-se a passos largos a única
festa que tem o condão de nos revestir dos
sentimentos mais nobres: o Natal.
A tradição cristã diz-nos que o presé-
pio foi criado por São Francisco de Assis,
na cidade de Greccio, Itália, em 1223. São
800 anos do primeiro presépio que se tor-
nou numa das mais belas e eloquentes tra-
dições natalícias.
O presépio mostra-nos que o Natal é o
grande ato de fé da Trindade na Humani-
dade: Deus confia-nos o seu único Filho.
Segundo a Teologia, não se trata de uma
simples recordação, mas de uma profecia.
Em Belém, Deus “recomeça a recriar” a
partir dos últimos.
Olhando o presépio, emocionamo-nos
ao ver o Menino-Deus nos braços de Sua
Mãe: acredita nela, tem fé nela, abandona-
se nela.
E eis que se faz luz: Jesus nasce Homem
e assume a nossa Humanidade para que o
Homem se torne mais divino. O Criador e
a criatura voltam a abraçar-se!
A vivência do Natal nos Açores é mís-
tica de tão humana e natural que é. Nas
ilhas, ano após ano, encantamo-nos com
as manifestações de alegria que nasce no
coração das famílias reunidas à volta do
Menino Jesus: os ranchos de homens e
mulheres, crianças e jovens a visitarem os
presépios numa imitação sublime dos pas-
tores, abordando os donos das casas com
a famosa pergunta: “o Menino Mija?”. O
acolhimento que se recebe dos familiares,
amigos e conhecidos com o saboroso “vi-
nho abafado” ou outros licores tradicio-
nais, a visita do Menino a cada lar que se
realiza em várias freguesias do arquipéla-
go, acompanhado pela melodia incompa-
rável das violas e violões e pela voz dos
cantadores. Nos Açores a alegria do Natal
é palpável e não se esconde. A Missa do
Galo à Meia-noite, os presépios tradicio-
nais em lugar de destaque nos lares e o Te
De um na Passagem de Ano têm lugar de
destaque nas comunidades.
Correio dos Açores, 24 de Dezembro de 2023
Mas, se o espírito de Natal é portador
de alegria e de tantas manifestações de
piedade e tradição, também nos toca forte
nas feridas mais dolorosas. Se Deus “re-
começa a recriar a partir dos últimos”,
quem são os últimos para onde a estrela
de Belém aponta? Lia por esses dias com
tristeza que, segundo os dados do INE, a
pobreza aumentou, em Portugal, 17% no
ano 2022. São 1,8 milhões de pessoas que
vivem com 591,00€ por mês, sendo que os
Açores permanecem a região mais pobre
do país (19,9%). Noticiava o Jornal Ex-
presso que “Portugal é um país desigual
no que à distribuição de rendimentos diz
respeito e que há claramente uma grande
disparidade entre o território continental e
os dois arquipélagos.” São notícias que não
nos podem deixar indiferentes. A quadra
natalícia deve-nos oxigenar o pensamento
e a visão. É triste quando a Sociedade, a
Igreja e as Instituições Políticas se resig-
nam à normalização da pobreza. Talvez
seja fácil ficar escudado ou anestesiado
na frieza dos números e das estatísticas. O
Presépio de Jesus deve-nos fazer estreme-
cer por nos mostrar que, por detrás desses
números e estatísticas estão pessoas que
trabalham, mas que não conseguem sus-
tento digno para si e para os seus, mesmo
exercendo uma profissão. Oportunamente
dizia o Papa Paulo VI: “quando alguém
trabalha sem ganhar, alguém está a ganhar
sem trabalhar.” De facto, “há presépios
que ninguém vê, mas que estão montados o
ano inteiro...” Se a Igreja não se coloca ao
lado dos últimos, pelo menos denuncian-
do as injustiças, acolhendo sem reservas e
limpando as feridas, estará, uma vez mais,
do lado errado da História.
Em Belém ou se acredita ou não se acre-
dita! E os que acreditam não o podem fazer
sem amar e sem se comover. Não é possí-
vel desejar as “Boas Festas” e em seguida
acender um cigarro, beber um “calzins” e
continuar a viver sem ver “as alegrias e as
esperanças, as tristezas e as angústias dos
homens da época atual, sobretudo os po-
bres e afligidos de todas as classes.” (GS)
Nestes dias de Natal é insuportável
pensar nas guerras que vão por este mundo,
especialmente na Terra Santa e na Ucrânia.
Fica a impressão que Jesus veio há dois mil
anos, mas Herodes é que continua a reinar
no mundo; quem tem poder não aprende
com Belém e tem medo da Paz.
E Belém é tão fácil de aprender, é o
ganir de uma Criança Doce que “recomeça
a recriar”.
Santo e Feliz Natal para todos.
opinião 7
Levar alegria
à periferia
Por: António Pedro
Costa
Tive oportunidade de, mais uma vez, nesta quadra natalícia, participar
em alguns concertos do grupo de Cantares Vozes do Mar do Norte, des-
tinados a idosos e acamados, também eles considerados periferia, e pôde
aperceber-me do quão encantador é proporcionar instantes especiais aos que
frequentam lares ou serviços de saúde.
É comum muitos idosos experimentarem emoções intensas ao ouvir
músicas antigas de Natal, dado que a música tem o poder único de evocar
memórias e sentimentos profundos, muitas vezes associados a eventos e ex-
periências passadas e as músicas de Natal têm o condão de serem um apelo
nostálgico e trazerem lembranças de celebrações familiares, momentos es-
peciais e até mesmo de épocas mais simples e felizes.
Por isso, foi para mim comovente observar a emoção genuína de como
a música pôde impactar positivamente nas pessoas, especialmente nos
acamados. A música consegue tocar as emoções, despertar memórias e pro-
porcionar conforto e isto confirmei nestes dias.
Vi uma jovem amparar uma mãe numa cadeira de rodas, com a face
regada pelas lágrimas, apercebendo-se de como a progenitora se comovera a
tentar soletrar as letras e a música das melodias natalícias que o meu grupo
entoava para alegria de todos quantos nos escutavam.
Há várias razões pelas quais um concerto de Natal pode levar os idosos
às lágrimas, sobretudo as músicas natalícias conhecidas há décadas e que
evocam memórias e criam uma sensação de nostalgia que arrepia quem ouve
e quem canta, porque abordam temas como o amor, a esperança, a paz e a
compaixão, temática que toca no coração, mormente dos mais fragilizadas
pela doença ou pela idade avançada.
Especialmente para idosos acamados, a música pode ser uma companhia
reconfortante, pelo que o concerto de Natal criou uma atmosfera acolhedora,
ajudando a aliviar sentimentos de solidão e segundo os entendidos pode pro-
porcionar benefícios terapêuticos, como efeitos positivos na saúde mental,
emocional e física, contribuindo para o bem-estar do idoso ou do doente.
Apercebi-me nos concertos do Grupo Vozes do Mar do Norte de Rabo
de Peixe que estávamos a transmitir uma energia e a emoção falou mais alto
e ressoou profundamente junto dos que assistiam, os enfermeiros, os volun-
tários e os familiares presentes.
Estou convicto de que esta foi uma maneira maravilhosa de melhorar o
ambiente natalício das instituições, pois foi possível proporcionar experiên-
cias enriquecedoras para os residentes, cujo impacto emocional positivo foi
inestimável.
As lágrimas e os sorrisos incontidos, ao ouvir as melodias do Natal, fo-
ram uma manifestação de uma mistura de sentimentos, como a saudade, a
alegria, a gratidão, e até mesmo a melancolia, pois à medida que se enve-
lhece, as memórias de eventos passados tornam-se mais significativas, e as
músicas têm o poder de resgatar essas lembranças e criar uma atmosfera
festiva.
A contextualização que se iam fazendo das músicas entoadas tiveram o
condão de despertar histórias antigas e foi uma maneira valiosa de criar li-
gações e enriquecer a experiência do Natal de 2023 para os idosos, dado que
o repertório foi ajustado ao gosto e à sensibilidade dos pacientes, possibili-
tando, assim, elevar o espírito e criar o ambiente certo, bem como contribuir
de forma positiva para o bem-estar daqueles que estão a enfrentar desafios
de saúde.
Esta experiência inolvidável foi possível, graças à generosidade de to-
dos que foram incitados a poderem cantar conjuntamente connosco, a bater
palmas ou simplesmente apreciar a música, criando-se uma experiência in-
terativa e inclusiva.
Ao proporem-nos estes concertos, as equipas responsáveis pelos estabe-
lecimentos visitados demonstram o seu grande respeito e cuidado pelos resi-
dentes e pacientes e foi uma forma muito enriquecedora para o Grupo Vozes
do Mar do Norte sentir que vale a pena continuar com os propósitos de levar
alegria e contagiar os idosos com o espírito natalício. O objetivo principal
era criar um ambiente acolhedor e festivo que pudesse levar um pouco de
alegria e conforto durante a época de Natal, o que foi plenamente atingido
para contentamento de todo o grupo de cantares de Rabo de Peixe.
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Um dia, um dia
diferente
Foto: I.A./José Cabral
Por: Padre Júlio da Rosa
É Natal
Os sinos estão tocando
Enquanto nos seus lares
Famílias vão rezando.
Chegava, então, a árvore de Natal a
casa. Uma criptoméria nova, ramos ain-
da claros da juventude, a inundar tudo
com aquele cheiro a infância. Montava-
se a árvore com os caixotes que estavam
no sótão e aquele sótão, aonde só o pai
subia – porque era uma “falsa” – conti-
nha todos os mistérios passados da casa
paterna: nenhum dos quatro filhos sabia
bem o que se escondia naquele misterio-
so vazio por cima das nossas cabeças.
Bolas de vidro fininho, vindas de lon-
ge, nos sacos e caixotes do Padrinho da
América, eram presas cuidadosamente
nos ramos, sob o olhar superior da mãe.
Lembro-me de uns conjuntos de dois si-
ninhos vermelhos, sem badalos, enfeita-
dos com uma espécie de lantejoulas, a
refletir o brilho intermitente das luzes de
Natal, dois conjuntos, algumas luzinhas
fundidas, as fitas a descer pela árvore
abaixo. À noite rezava-se e era a única
quadra do ano em que nós rezávamos e
cantávamos com vontade, de pé ou de
joelhos diante da árvore, cada um segu-
rando, à vez, o Amédio, o gato que se
excitava abundantemente diante do tre-
meluzir das luzes e das bolas e das fitas
e de tudo. Amédio foi o responsável pela
destruição maciça de bolas de Natal.
É Natal
Alegram-se as crianças
O Pai Natal voltou
Com montes de lembranças.
Não havia Pai Natal. Havia, sim, um
São Nicolau que acabou por vegetar sem
graça num canto do quarto de jantar.
As prendas, essas eram na “amassaria”,
na cozinha, quase debaixo da chaminé,
onde ponteavam quatro sapatinhos não
muito novos, à espera do Menino Jesus.
Esse era o momento mais difícil para os
pais, à espera que nós dormíssemos e
nós, nada, nós à espera do Menino Jesus,
um som, um barulhinho, nada, e os pais
à espera do silêncio para o Menino Jesus
Correio dos Açores, 24 de Julho de 2023
chegar. No outro dia, às seis ou sete da
manhã, o Menino Jesus não tinha falha-
do.
É Natal
Jesus vem-nos dizer
Que só para perdoar
Vale a pena nascer.
Ó meu Menino Jesus, que vieste do
norte, no seio de Maria, nascer em Belém
da Cisjordânia, bem soubeste o que é não
ter lugar onde nascer, ser um apátrida e
migrante, não ter onde reclinar a cabeça
e, mesmo assim, passar a vida a servir e
a amar, ensina-nos, outra vez, o que é a
paz. Nessa terra onde viveste, o ódio tem
um preço bem tabelado, o ódio é cuida-
do com amor, com o amor com que uma
mãe amamenta uma criança. Aí o ódio é
respeitado, considerado, amado, o ódio é
uma tábua de salvação. Corre sangue nas
ruas, ò Menino Jesus. O sangue dos ou-
tros. Como é possível perdoar, quantas
vezes terias ainda que morrer para que o
perdão voltasse a ser semeado?
É Natal,
Nasceu o Deus Menino,
O mundo, que era grande,
Tornou-se pequenino.
Então montávamos o presépio, saben-
do que todos os homens eram irmãos.
Trazíamos as leivas do mato, húmidas
e fofas, sabendo que Jesus era o Deus-
Menino da Paz. Íamos buscar farelo de
madeira com a certeza de que todos os
homens se amavam e se queriam bem.
Casinhas de papel, amorosamente re-
cortadas, coladas, posicionadas, com-
punham uma aldeia, um mundo: entre
as ovelhas e as vacas passeavam índios
e cowboys de plástico, soldadinhos de
chumbo, pastores e magos, elefantes e
girafas, era o mundo inteiro, ali represen-
tado, a confluir para a gruta de Belém.
É Natal,
Ó Deus que me escutais
Fazei que os outros dias
Sejam todos Natais.
Amor e Morte não cabem no mesmo
saco. Não gosto do soneto “Mors Amor”
de Quental, não me juntem a Morte e
o Amor. A Morte é o nada, o Amor é
o tudo. Ou a Morte mata o Amor ou o
Amor mata a Morte. O presépio é o iní-
cio da morte da Morte. É o princípio do
sentido da Vida: tudo está certo quando,
numa manjedoura, abandonado e esque-
cido, nasce o Salvador do mundo. O Bem
não faz barulho, o barulho não faz bem.
Feliz Natal.
opinião/religião 11
Para Francisco: “É
bom ficar em frente
do presépio para
reorganizar a vida”
Sobriedade e alegria são características
do presépio de Greccio, de São Francisco
de Assis, hoje necessárias.
O Papa destacou ontem a sobriedade e a alegria do presépio, a partir da
iniciativa de São Francisco de Assis, alertando para que o risco de perder-
se o que é importante na vida “e paradoxalmente aumenta perto do Natal”.
“O presépio foi criado para nos trazer de volta ao que importa: a Deus
que vem morar entre nós, mas também às outras relações essenciais, como
a família, presente em Jesus, José e Maria, e os entes queridos, represen-
tados pelos pastores”, disse Francisco, na audiência pública semana, no
Vaticano.
“As pessoas antes das coisas, as pessoas assim como são”, acrescentou
o Papa, indicando que as personagens do presépio “são simples, pobres, e
estão em harmonia com a criação”, a paisagem ocupa o maior espaço e o
boi e o burro nunca faltam”.
“É bom ficar em frente do presépio para reorganizar a vida voltando ao
essencial. É como entrar num oásis para escapar da agitação diária, para
encontrar a paz na oração e no silêncio, numa ternura impoluta. Penso nas
crianças e nos jovens, que correm o risco de indigestão de imagens virtuais
e violentas: no presépio podem encontrar genuinidade e criatividade.”
O presépio de Gréccio foi o tema da catequese de Francisco. Destacan-
do que o santo italiano, fundador dos Franciscanos, não quer criar uma bela
obra de arte, o Papa explicou que o propósito foi “suscitar a maravilha pela
extrema humildade do Senhor, pelas dificuldades que sofreu, por amor, na
pobre gruta de Belém”, por isso, a primeira característica é que “o presépio
nasceu como escola de sobriedade”.
“Sublinhei uma palavra: maravilha. Isso é importante. Se nós cristãos
olharmos o presépio como uma coisa bonita, como uma coisa histórica e
também religiosa e rezarmos, isto não é suficiente. Diante do mistério da
encarnação do Verbo, diante do nascimento de Jesus é necessária a atitude
religiosa da maravilha. Se eu diante dos mistérios não chego a esta mara-
vilha, a minha fé é simplesmente superficial. Uma fé de informática. Não
se esqueçam disso.”
O Papa observou que “o frenesi de comprar presentes” acaba por atrair
a atenção para outro lado “e não há aquela sobriedade do Natal”, “não há
espaço interior para a maravilha”, e assinalou que está “tudo bem” com as
festas, fazem compras, mas perguntou com que “espírito” se organizam.
A “alegria” é a segunda característica do presépio de São Francisco em
Greccio, e o Papa afirma que “essa extraordinária alegria natalícia” não
teve origem nos “presentes ou por ter vivido celebrações sumptuosas”, mas
foi a alegria que “transborda do coração” quando se toca, com as próprias
mãos, “a proximidade de Jesus, a ternura de Deus”. I.A./A.E.
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14 entrevista Correio dos Açores, 24 de Dezembro de 2023

Jorge Rita em família

“Para mim é muito complicado saber
que há crianças que não têm Natal”
“Gosto muito de me sentar no sofá a contemplar o presépio, dá-me uma certa nostalgia e relembro-me do passado,
fico com os sentimentos à flor da pele, pelas saudades dos meus ente-queridos e amigos que já não estão presentes.”
É o outro lado de Jorge Rita, numa entrevista sobre o seu Natal, o Natal em família e o Natal de quem o rodeia.
“Como católico, o significado mais profundo do Natal, para mim, é a celebração do nascimento de Cristo, mas para
além disto, como crente, gosto de acreditar na magia do Natal”, releva numa entrevista em que se afirma solidário:
“Nesta época, há uma maior sensibilidade, cresce a vontade de ajudar os outros, abre-se um espírito de entreajuda
em nós e que nos ajuda a perceber que há à nossa volta muita gente com muitas necessidades e dificuldades, e mui-
tos deles não conseguem viver o Natal…”

Correio dos Açores - Como costuma ce- “O Natal toca-me sempre…”

lebrar o Natal? Existem tradições familiares
que se mantêm e que são particularmente
especiais para si?
Jorge Rita: Festejamos o Natal sempre em
família e claro que tento manter as tradições
dos meus antepassados. No tempo de solteiro
comemorava esta época com a minha família
directa. Depois de casado, passei a celebrar
a ceia de Natal junto da família da minha es-
posa, e actualmente costumamos juntar toda
a família na casa de um sobrinho nosso que
comprou a casa dos meus sogros e fazemos
lá a consoada. Não esquecendo também a tra-
dição da ida à Missa do Galo, que apesar de
nem sempre nos ser possível participar, é uma
tradição que gostamos de manter e faz com que
a festa de Natal fique completa.
Que memórias tem dos Natais em famí-
lia dos seus tempos de criança?
Da minha infância, guardo memórias in-
críveis, e ao chegar a esta minha idade, estas
memórias tornam-se ainda mais acentuadas.
Recordo-me dos meus tempos em criança,
quando íamos à Missa do Galo, onde por ve-
zes acabávamos a dormir na igreja. E, depois,
ao chegarmos a casa, cheios de entusiasmo,
dirigíamo-nos directamente até à lareira para
ver se tínhamos alguma oferta, dentro daquilo
que era possível na altura, visto que eram ou-
tros tempos, não havia luz eléctrica e a pouca
iluminação acentuava a magia da época. Nes-
tes dias, as próprias famílias tinham a tradição
de se visitar, faziam as “mijinhas”, e em rapaz,
na minha adolescência, fazíamos o “menino
mija”, entre amigos pelas ruas, e todas estas
memórias que culminaram numa infância es-
plêndida e que, para mim, fazem do Natal a
melhor festa.
Gosta mais do Natal de hoje ou do Natal
do seu tempo de criança? Porquê?
Gosto muito do Natal de hoje e gosto de
igual modo do meu Natal em criança e de toda
a evolução do Natal, pois a magia actual do
Natal, embora as lembranças ainda se troquem
com alguma normalidade, não tem o mesmo
efeito surpresa que tinha quando éramos mais
novos. Contudo, sublinho que o dar e receber é
sempre algo que nós gostamos e acarinhamos.
E somos pessoas diferentes no Natal, que nos
disponibiliza emocionalmente para que a dá-
diva ou a recolha tenha sempre uma sensação
diferente e única, que hoje ainda mantenho.
“Sou muito tradicional e não sou muito de modernismos, sou a favor de mantermos
a tradição e aquilo que é nosso...”
Pode partilhar alguma tradição de Natal
especial que seja única para a sua família?
Na casa em que me criei, ao longo dos
anos, tínhamos uma tradição enraizada na ali-
mentação: O meu pai era caçador e, no nosso
jantar de Natal, havia sempre as codornizes,
que faziam parte da ementa de Natal em famí-
lia. Eu e os meus irmãos vivíamos ainda todos
na casa dos meus pais e a minha mãe, no seu
apogeu, na qual recordo sempre o seu sorriso
e o seu gosto particular de acolher bem e de
gostar de cozinhar para os filhos. Estes são mo-
mentos e tradições muito marcantes. Um outro
momento marcante no Natal eram as visitas às
casas de família, isto porque, como trabalhava
e estudava à noite, nem sempre possibilitava
as visitas diárias. E em jovem, numa noite de
Natal, a minha avó paterna fez muita questão
que a visitasse e fiz-lhe a vontade, fui a casa
dela com todos os meus irmãos, o que foi uma
acção, para mim e para ela, muito especial que
resultou numa sensação muito boa para todos
nós. Não esqueço também os meus primos e
amigos que eram, na altura, meus amigos de
infância e optaram por emigrar, e com quem
ainda hoje mantenho amizade. Tudo isto resul-
ta numa nostalgia, e são lembranças que con-
De que forma as tradições influenciam
a experiência natalícia de hoje?
Sou muito tradicional e não sou muito de
modernismos, sou a favor de mantermos a tra-
dição e aquilo que é nosso. Mantenho os hábitos
enraizados no Natal, que me foram incutidos
em criança, desde estarmos juntos em família,
distribuir e receber lembranças, espalhar a ma-
gia de Natal. Acredito que hoje, infelizmente,
por questões comerciais e de marketing, come-
çamos a celebrar o Natal demasiado cedo. No
entanto, o Natal toca-me sempre, e sinto-me,
por vezes, numa ambiguidade de sentimentos:
por um lado, sinto alegria pela magia de Natal
em si, mas também a tristeza por já não ter
presente fisicamente na ceia de Natal alguns
os meus entes queridos.
É fácil juntar a família nuclear neste pe-
ríodo natalício?
Sim, penso que acabamos todos por fa-
zer um esforço, apesar dos núcleos estarem
maiores, nascem os filhos, depois chegam os
netos e alguns optam por fazer os seus próprios
núcleos, visto que se junta muita gente. Com
a passagem dos anos é normal as famílias cres-
cerem, mas penso que esta magia de festa em
família mantém-se.
“Na casa em que me
criei, ao longo dos Têm por hábito comer algum prato es-
pecial na noite e no dia de Natal?
anos, tínhamos uma Como já referi, durante muitos anos tí-
tradição enraizada na nhamos um prato muito especial presente na
nossa mesa, confeccionado pela minha mãe,
alimentação: O meu que eram as codornizes. Actualmente, nesta
pai era caçador e no época natalícia, claro que não pode faltar o
tradicional bacalhau pois, na minha opinião, as
nosso jantar de Natal festas devem ser feitas com aquilo que são as
havia sempre as co- verdadeiras tradições, e sendo eu guloso, prezo
igualmente a típica doçaria de Natal.
dornizes, que faziam
parte da ementa de Trocam os presentes a 24 ou só os abrem
na manhã do dia 25? Porquê?
Natal em família...” Normalmente, entre a família mais próxima
trocamos os presentes na consoada, no dia 24
antes de irmos para a Missa do Galo. Com a
restante família, trocamos os presentes no dia
servo sempre porque, apesar das dificuldades 25 ou 26, conforme nos conseguimos juntar.
da época, - que graças a Deus, na nossa casa, Durante muitos anos, tínhamos o costume de
existiam, mas não eram assim tão grandes -, passar a noite de 24 com a família da minha
conseguíamos ter uma festa com dignidade, esposa e o almoço no dia 25 era passado com
dado que para mim, honro muito mais quan- a minha família, na casa dos meus pais.
do as pessoas têm pouco e com pouco fazem
muito. Quem faz o presépio? E a árvore de

“Actualmente, lá em
casa, quem faz o presé-
pio é a minha esposa,
por vezes faz sozinha ou
com a ajuda das minhas
filhas. Quanto a mim,
gosto muito de me sen-
tar no sofá a contemplar
o presépio, dá-me uma
certa nostalgia e relem-
bro-me do passado, fico
com os sentimentos à
flor da pele...”
Natal que, durante muitos anos era de
criptoméria, pinho ou cedro, hoje é artifi-
cial…
Na casa onde cresci partilhávamos todos
um grande entusiasmo em fazer o presépio.
Fazíamos um presépio enorme lá em casa, com
muito agrado. Normalmente, era feito pelos
meus irmãos mais velhos e nós, mais novos,
ficávamos responsáveis em apanhar o musgo
e as verduras. Actualmente, lá em casa, quem
faz o presépio é a minha esposa, por vezes
faz sozinha ou com a ajuda das minhas filhas.
Quanto a mim, gosto muito de me sentar no
sofá a contemplar o presépio, dá-me uma certa
nostalgia e relembro-me do passado, fico com
os sentimentos à flor da pele, pelas saudades
dos meus entes queridos e amigos que já não
estão presentes. Quanto à árvore de Natal, que
hoje é artificial, tal como na maioria das casas,
por razões práticas e ambientais, embora eu e a
minha esposa optamos sempre por ter ramos de
cedro junto da árvore, por gostarmos daquele
cheirinho característico da época e para lem-
brar sempre o encanto do Natal.
“Pelo Natal, somos pessoas diferentes”
Em sua opinião, qual é o significado mais
profundo do Natal? Que valores considera
essenciais durante esta celebração?
Como católico, o significado mais profundo
do Natal para mim é a celebração do nascimen-
to de Cristo, mas, para além disto, como crente,
gosto de acreditar na magia do Natal. E, no
Natal, creio que somos pessoas diferentes e eu
sou uma destas pessoas. Nesta época há uma
maior sensibilidade, cresce a vontade de ajudar
os outros, abre-se um espírito de entreajuda em
nós e que nos ajuda a perceber que há à nossa
volta muita gente com muitas necessidades e
dificuldades, e muitos deles não conseguem
viver o Natal, por razões monetárias, de saú-
de, e até mesmo de solidão, e por todas estas
razões acredito que o Natal é a festa que mais
nos sensibiliza. E todos os dias deveriam ser
Natal para que todas as pessoas tivessem a
oportunidade de ter alguma felicidade.
Há quem diga que há demasiado ma-
terialismo nos Natais de hoje. Qual a sua
opinião?
Entendo claramente esta questão do ma-
terialismo, mas na minha óptica, esta é uma
realidade do nosso dia-a-dia. Os pais de hoje,
com as exigências do trabalho, têm menos tem-
po para estarem com os filhos e, geralmente,
gostam de compensar os filhos com bens ma-
teriais. Óbvio que para mim, apesar da parte
material ser importante, dado que todos nós
gostamos de receber algo, o melhor que po-
demos dar aos nossos filhos é a nossa atenção
e o nosso coração, e no meu ponto de vista,
Correio dos Açores, 24 de Dezembro de 2023
“Gostamos de ser solidários todo o ano e quando chega ao Natal gostamos de mostrar a nossa solidariedade de igual modo”
as famílias de hoje devem reflectir que o mais
importante que podemos dar aos nossos filhos,
é todo o amor que investimos neles.
Como encontra tempo para desfrutar
das festividades em família? Como concilia
o trabalho com a época festiva?
Nem sempre é fácil, mas gosto de tirar
um tempo para a família. Uma questão que
me inquieta é o facto das minhas filhas terem
crescido demasiado rápido, e por motivos pro-
fissionais não dei todo o acompanhamento que
gostava de lhas ter dado, mesmo que ninguém
me cobre absolutamente nada, pois as minhas
filhas também cresceram com uma mãe in-
crível, dedicada a todos os níveis e que está
sempre a meu lado. E hoje em dia, apesar de
cada uma delas viverem as suas vidas, gostam
de nos visitar praticamente todos os dias. Nesta
época, como não me é possível estar em todos
os eventos, visto que tenho alguns cargos acu-
mulados, selecciono os que consigo ir e o meu
restante tempo livre dedico à minha família,
nem que seja para dar um conselho, uma con-
versa amiga ou um simples abraço”.
“Gosto de estar próximo
dos colaboradores…”
Que relação tem a Associação Agrícola
de São Miguel com os seus trabalhadores
neste período de Natal?
Sou apaixonado pelo que faço, vivo com
a Associação e para os agricultores, e é bom
que as pessoas percebam que não gosto de ver
um colaborar da casa com dificuldades, tenho
sempre preocupação em perceber se está tudo
bem. Gosto de envolver e juntar as famílias
no nosso tradicional jantar de colaboradores,
em que há grande adesão pelos trabalhado-
res, o que me conforta, por saber que o su-
cesso da Associação e Cooperativa deve-se
também a eles. Uma instituição, para além
da parte material, faz-se também com a parte
humana e quem me conhece, sabe que gosto
de ter sempre uma relação próxima com os
colaboradores e em particular nesta festividade
por que, como líder, gosto de dar um ombro
amigo a quem precisa e tenho sempre a minha
pessoa e o meu gabinete disponível para um
aconselhamento”.
Em sua opinião, qual deve ser o papel do
Natal em regiões afectadas pela guerra?
Esta é uma questão com uma resposta di-
fícil. Para já, pergunto-me porque é que há
guerra? E o que devem pensar estas pessoas
que sofrem com as consequências diárias da
guerra nestes dias? Pessoas estas que nada têm
a haver com o se está a passar. Tudo por ques-
tões políticas, de egoísmo, ganância, onde os
grandes líderes pretensiosos ficam resguarda-
dos e confortáveis nas suas casas. Neste Natal,
faço um apelo para que cada um de nós reflicta
e se coloque na situação de uma pessoa que
está a sofrer por uma guerra, sem ceia de Natal,
nem brinquedos para os filhos e, claramente,
sem segurança.
Que desejos tem para o Natal na Ucrânia
e na Palestina?
Na Palestina, infelizmente, estas guerras
são seculares e são regiões que já se habitu-
aram com a guerra. Portanto, o que desejo é
que estas guerras terminassem tanto na Ucrânia
como no Médio Oriente e que as crianças ti-
vessem a possibilidade de vivenciar a magia
do Natal, sem guerras, sem fomes, sem des-
truição e sem mortes e que, neste Natal, haja
um momento de reflexão pelos grandes líderes
políticos, para que haja paz no mundo.
“Gostamos de ser solidários
todo o ano…”
Há crianças sem Natal. Que mensagem
lhes deixa?
Para mim é muito complicado saber que
há crianças que não têm Natal. Se estivesse
perto destas crianças, faria de tudo para que
entrevista 15
tivessem um bom Natal, pois, para mim, é
impensável que nos dias de hoje, uma criança
não viva o seu Natal. Quero deixar para estas
crianças uma mensagem para que tenham no
mínimo esperança e que acreditem que há de
chegar ao dia que vivem a verdadeira experi-
ência natalícia.
De que forma a Associação Agrícola é
solidária nesta época de Natal?
Gostámos de ser solidários todo o ano e
quando chega o Natal gostamos de mostrar a
nossa solidariedade de igual modo. Embora
prezamos em respeitar o anonimato, somos
solidários com alguns colaboradores e insti-
tuições carenciadas.
Acredito que este espírito de ajuda e par-
tilha faz parte das associações e creio que a
classe que representamos, que é a classe dos
agricultores, que é das classes mais generosas,
com uma dimensão humana incrível. Todos os
lavradores gostam de ajudar, mesmo com as
suas dificuldades.
Desta forma, a Associação está sempre
muito atenta a estas questões e a muitas famí-
lias, e gostamos de colaborar de forma directa
e indirecta.
E qual a reflexão que faz neste período
de Natal?
Para mim, o período de Natal é um momen-
to em que todos deveríamos parar para pensar,
sentarmo-nos junto ao presépio e reflectir sobre
tudo o que se fez e tudo aquilo que ainda se
pode fazer à nossa volta e pelo mundo inteiro.
E o meu grande desejo de Natal é que todos
nós fizéssemos na nossa vida com que todos
os dias sejam Natal.
João Paz
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18 opinião
Dos Ginetes
Era uma vez Natal
Por: Alberto Ponte
Durante as várias décadas que encerram a história da
minha vida conheci muitos Natais.
Do primeiro presépio e igualmente pequena árvore
de Natal que a memória felizmente não destruiu, teria eu
talvez dois ou três anos, mantenho uma “luz muito vaga
desse tempo”. Morava na Rua do Moio aqui nos Ginetes,
na altura ainda filho único no seio de uma família com-
posta mais tarde por outros três irmãos que certamente
desejados trouxeram todos mais amor, alegria e algum
barulho no interior de uma casa demasiado silenciosa
apenas com a minha presença junto dos meus pais. Fo-
mos sempre acarinhados pelos mesmos que tudo fizeram
para que nada de essencial nos faltasse e a alegria desse
tempo de Natal fosse parte das mais belas recordações
a guardar para sempre. É verdade que como todas as fa-
mílias não éramos nem somos perfeitos, cada qual com
temperamento muito próprio, mas direi que como tantas
outras famílias, mesmo bastante carenciadas, éramos nes-
sa época todos mais felizes. Os pobres se aproximavam
mais dos que chamávamos ricos e estes igualmente cami-
nhavam sem supremacias, salvo pequenas excepções, dos
humildes. Afinal fazíamos todos parte da grande família
dos Ginetes.
Os meus pais já partiram para um mundo supostamen-
te melhor, e nós filhos por cá andamos de certo modo di-
vididos, cada qual igualmente constituiu família própria,
valendo as novas tecnologias para nos unir virtualmente
neste tempo aproximando-nos mais uns dos outros, em-
bora nada substitua a presença física que sobretudo pais e
avós já idosos sentem muita falta.
Aqui nos Ginetes participei desde a minha infância em
várias formas de viver Natal.
Tive a sorte de nascer após a Segunda Guerra mun-
dial, portanto num período bastante calmo em que apesar
da escuridão da noite, porque electricidade não havia, a
alegria iluminava os corações. Era Natal na humildade
das nossas casas, nas tradicionais visitas aos familiares,
vizinhos ou amigos que serviam alegremente o que ainda
hoje chamamos de “mijinha do Menino”. Com a chegada
aos Ginetes do Padre António Ferreira Leite em 1958 os
Correio dos Açores, 24 de Dezembro de 2023
Natais passaram a ter ainda mais um “sabor especial”. Era
Natal na Igreja que se iniciava com a tradicional “novena”
onde a participação das gentes na altura era bem visível
sem esquecer os igualmente tradicionais cânticos religio-
sos de Natal. No Salão Paroquial dos Ginetes, repleto de
crianças, idosos e respectivas famílias a anteceder a Missa
do Galo era o grande Convívio da noite de Natal animado
sobretudo com Teatro Infantil que marcou várias gerações
que hoje, uns poucos como eu, recordam com saudade.
No momento o Salão Paroquial na prática não existe pois
não é mais que um barracão sem qualquer vocação útil
para a Comunidade ao contrário da Sala que já foi ponto
de referência entre todas as Salas que existiam para estes
lados da Ilha de São Miguel.
Quanto à vivência na Igreja é evidente que tudo mu-
dou e a culpa não é mais dos sacerdotes que se têm su-
cedido pois sei que os mesmos tudo têm dado para que
as gentes sintam um pouquinho mais de motivação para
saírem do sono profundo que mergulhou muita gente na
indiferença.
Outrora recebíamos pequenas prendas que ao contrá-
rio do que sucede neste tempo nos diziam oferecidas pelo
“Menino Jesus” e postas no sapatinho que inocentemente
colocávamos no canto da Cheminé.
Pouco se ouvia falar do “Pai Natal” pois esse velhote
de barbas brancas inventado por uma multinacional ame-
ricanapraticamente não existia nestes lugares pequenos.
Quando passou ser moda veio tudo transformar. O Meni-
no foi sendo esquecido enquanto o “pai natal cresceu.”
Hoje Natal não é igual. A paz foi substituída pela
guerra e os cânticos de Natal pelo barulho ensurdecedor
e violento das armas que diariamente retiram a alegria de
viver a muitos jovens deixando famílias destroçadas, au-
mentando o número de órfãos e viúvas, e em muitos casos
até viúvos, que nem querem ouvir falar em Natal. Os Reis
magos deixaram de seguir a estrela e transformaram-se
em doutores da lei deste tempo, senhores e donos de um
mundo pleno de riqueza que deveria permitir a todos vi-
ver por igual. Mas não é assim. Formaram-se sociedades
distintas com direitos diferentes, camuflando injustiças,
atirando ao ar promessas que actualmente nunca chegam,
o que faz desconfiar se estamos mesmo caminhando para
um mundo melhor.
Resta-me desejar a todos os meus amigos dos Ginetes
e não só, pois sei que muitos outros me vão seguindo, um
Santo e Feliz Natal. Não quero esquecer os nossos emi-
grantes, alguns fiéis leitores das minhas crónicas no Cor-
reio dos Açores.
A todos os que vão beneficiar de um merecido des-
canso, mas também os que irão trabalhar, sobretudo nesta
noite de Natal, que sintam a gratidão dos que sofrem pela
doença, mas igualmente os que são vítimas da solidão. Es-
ses sim…eles sabem o que é Natal.
Umas Santas e felizes festas para todos.
É hora de voltar
para casa
Por: Judith Teodoro
Advogada
A chegada de cada ano vem sempre acompanhada de
muitos planos ou pelo menos intenções não faltam. Tenho
assistido e até mesmo patrocinado, ao longo do ano que fin-
dou, o sonho de muitos conterrâneos, que regressam a Por-
tugal vindos da nossa diáspora. Mas há quem tenha adiado
a concretização desse sonho para o novo ano de 2024 e o
legislador está ao lado de quem regresse a Portugal este ano
e nos anos que se seguem.
O Programa Regressar, desde a data da sua criação ocor-
rida há cerca de 4 anos, tem como objetivo principal ser
uma linha mestra de apoio para todos aqueles que decidem
que é altura de voltar para casa. O programa pretende asse-
gurar as condições para que os nossos emigrantes possam
adaptar-se dentro da maior brevidade possível a Portugal.
O Programa Regressar estabelecia um regime fiscal be-
néfico para ex-residentes que regressam a Portugal entre
2019 e 2023, na medida em que estavam excluídos de tribu-
tação de 50% dos seus rendimentos do trabalho dependente
e dos rendimentos empresariais e profissionais, desde que
abrangidos pelo regime previsto no artigo 12.º-A do Código
do Imposto sobre Rendimentos de Pessoas Singulares. O
regime previsto Lei nº 12/2022 de 27/06, estipulava que:
“1 - São excluídos de tributação 50 % dos rendimentos
do trabalho dependente e dos rendimentos empresariais e
profissionais dos sujeitos passivos que, tornando-se fiscal-
mente residentes nos termos dos n.os 1 e 2 do artigo 16.º em
2019, 2020, 2021, 2022 ou 2023.”
a) Não tenham sido considerados residentes em territó-
rio português em qualquer dos três anos anteriores;
b) Tenham sido residentes em território português antes
de 31 de dezembro de 2015, no caso dos sujeitos passivos
que se tornem fiscalmente residentes em 2019 ou 2020, e
antes de 31 de dezembro de 2017, 2018 e 2019, no caso dos
sujeitos passivos que se tornem fiscalmente residentes em
2021, 2022 ou 2023, respetivamente;
c) Tenham a sua situação tributária regularizada.
2 - Não podem beneficiar do disposto no presente artigo
os sujeitos passivos que tenham solicitado a sua inscrição
como residente não habitual.”
A Lei do Orçamento de Estado para 2024 procede à al-
teração, do ‘Programa Regressar’. Nesse sentido, para que
possa o requerente beneficiar desse regime fiscal, já não
é necessária a residência anterior em Portugal, ao regime
atual em vigor abrangendo do mesmo modo todos os que
optarem por residir nos anos de 2024 a 2026, no nosso país.
Para tal, não poderão ter sido considerados residentes em
território português em qualquer dos cinco anos anteriores.
No entanto, é imposto como limite à exclusão da tributação
o montante anual de €250.000,00.
Este regime tem um limite temporal de cinco anos, ini-
ciando-se a sua contagem no ano em que o cidadão efetiva-
mente fixou novamente residência em Portugal.
O regime cujas alterações entram em vigor com a Lei do
Orçamento de Estado para o ano de 2024 poderá ter refle-
xos na contratação de futebolistas internacionais que pri-
vilegiavam no momento da escolha os clubes portugueses,
movidos também pelo regime fiscal mais atrativo no nosso
país, ora revisto, que limita a isenção fiscal até ao indicado
valor de € 250.000,00 €. A consequência poderá ou não ser
a alteração do mapa humano nos principais clubes portu-
gueses.
Votos de um Feliz Ano Novo
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Pub.
20 opinião
Crónica da Madeira
Olhem para isto: Assim vai
a democracia portuguesa
Por: João Carlos Abreu
Suspendi para férias os noticiários
das televisões e assim terei um mereci-
do descanso. Deixarei de ouvir as trocas
de galhardetes dos políticos portugue-
ses (qual deles o melhor!) que por este
andar, até às próximas eleições, vão dar
oportunidade de se esvaírem em um pa-
lavreado muito educativo e muito pró-
prio para uma democracia! Guardado-
res de raivas e orgulhos mal colocados
e sobretudo de uma falta de humildade
Pub.
Correio dos Açores, 24 de Dezembro de 2023
flagrante, mais vão consciencializar os
eleitores a se absterem. Enfim é o que
temos, uma linguagem sem nível e por
isso vai-se ganhando desinteresse.
A democracia pede-nos que respei-
temos uns aos outros, que discordemos
quando acharmos conveniente, mas que
nos unamos quando se tratar de cons-
truir iniciativas que beneficiem as po-
pulações e as terras, tendo em conta que
na parte social deve haver unanimida-
de.
Há cada vez mais pobres neste país,
territorialmente pequeno, mas cada vez
maior na pobreza extrema e na pobreza
envergonhada.
Felizmente que uma boa parte da po-
pulação tem espírito solidário. Juntam-
se as Associações e grupos de pessoas
privadas, que organizam, nesta altura,
os cabazes de Natal.
Isto são gestos bonitos, mas não re-
solvem os problemas daqueles que tanto
necessitam e são estes assuntos de cariz
social e outros que os políticos deviam
estudar a fundo: analisá-los e procurar
resolvê-los.
Ouvir atentamente os leitores e aju-
dá-los, não esquecendo que vivemos ao
abrigo uns dos outros. O mal de alguns
políticos é não terem tempo de ouvirem
os que os elegeram; é não responderem
às cartas que lhes enviam; é não aceita-
rem e respeitarem as opiniões dos de-
mais.
Enquanto for assim a democra-
cia portuguesa não se solidifica. Estas
guerras entre políticos não conduzem a
lugar algum; antes pelo contrário, afas-
tam as pessoas da política e ficam mais
recetivos a enveredarem por caminhos
menos recomendáveis. Pelo andar da
procissão, neste momento vamos ter até
março muitos insultos e campeonatos
de esgrima.
No panorama Internacional as coisas
mais se complicam. Se não fosse um as-
sunto tão sério dava para gargalhar, a
moral do ditador Putin a criticar a guer-
ra entre Israel e o Hamas, aconselhando
que terminassem com os tiroteios em
Gaza!
Um outro político que incentivou
o assalto ao Capitólio, Trump, disse
ontem, que o Biden é um Presidente
corrupto! Realmente a palavra moral
perdeu o sentido nas bocas destas duas
perigosíssimas personagens.
Espero que o ano que vai começar
traga mais sossego e que os políticos se-
jam mais conscientes e atuem de forma
a que os problemas que assolam as po-
pulações, muitas delas vivendo em con-
dições miseráveis, se resolvam ou pelo
menos sejam atenuadas, que as questões
do ambiente não fiquem em palavras de
conferências anuais; que acabem com
as guerras.
Não esperemos que hajam mila-
gres, os que governam o mundo podem
melhorá-lo, porque só depende deles
salvá-lo.
 Correio dos Açores publicidade

Pub.
22 reportagem
Natal: «É angustiante ver quem passa com
prendas a caminho de casa», afirma João
Ribeiro, após ter passado esta quadra na rua
O apoio da Comunidade Vida e Paz foi fundamental
para «renascer para uma vida nova»
João Ribeiro teve a rua como abrigo e,
com a ajuda da Comunidade Vida e Paz,
conseguiu “renascer para uma vida nova”
e agora recorda a quadra natalícia como
“angustiante” para quem vive a condição
de sem-abrigo.
“É angustiante ver quem passa com as
prendas a caminho de casa! Só apetece fu-
gir para um canto para evitar estas imagens
que nos recordam o que já fomos e que
perdemos”, disse João Ribeiro à Agência
ECCLESIA.
Ex-utente da Comunidade Vida e Paz
(CVP), habitou a rua e teve o apoio e a for-
ça que lhe permitiram “renascer para uma
vida nova”.
João Ribeiro é o que se pode chamar
um “caso de sucesso” no esforço diário da
CVP e o processo de recuperação permitiu
a abertura a outra vida e o acesso a uma
profissão.
“Temos que acreditar em nós, que temos
sentimentos e que temos algo de bom para
oferecer à sociedade”, afirma João Ribeiro,
que hoje tem a sua profissão, uma nova fa-
mília e a certeza de que nunca é tarde para
mudar.
Histórias de acolhimento e reinserção
de pessoas em situação de sem-abrigo com
“final feliz”, só possíveis pela dedicação de
centenas de voluntários que asseguram os
percursos na noite, a formação nos centros
de acolhimento e as festas de Natal.
A família e o afecto dos que habitam a
rua e apontam para a “esperança” de um dia
dela saírem.
“Fazemos a diferença...”
Para o coordenador da Festa de Natal,
o facto do número de pessoas em situação
de sem-abrigo estar a aumentar não é moti-
vo de “desânimo”, mas incentiva a “fazer a
diferença” diante de uma população que é
muitas vezes esquecida.
“Assumimos que vamos fazer a diferen-
ça com aqueles que conseguirmos e, com
esses, temos que o fazer bem e com quali-
dade”, disse Celestino Cunha.
Entre os dias 16 e 18 de Dezembro, a
Comunidade Vida e Paz promoveu a Festa
de Natal, na Cantina da Cidade Universi-
tária, em Lisboa, para acolher pessoas em
situação de sem-abrigo.
De acordo com um comunicado envia-
do à Agência ECCLESIA, a 35ª Festa de
Natal da Comunidade Vida e Paz, acolheu
1.720 pessoas sem-abrigo ou em condição
de vulnerabilidade social, um crescimento
de 36% face ao ano anterior.
Segundo os dados, a área mais procura-
da foi a da alimentação, tendo sido servidas
4.030 refeições, um aumento de 40% com-
parativamente a 2022.
Correio dos Açores, 24 de Dezembro de 2023
João Ribeiro passa o Natal na rua...
A solidariedade repete-se: Festa de Natal dos sem-abrigo em Lisboa
Além disso, durante os três dias de
Festa de Natal, foram distribuídas cerca
de 10.200 peças de roupa, realizados 109
rastreios dentários, 173 consultas médicas,
168 rastreios cardiovasculares e 139 ba-
nhos quentes.
Aumento de pessoas na rua
A Comunidade Vida e Paz, do Patriar-
cado de Lisboa, alertou para o aumento de
pessoas nas ruas, um número que superar
os 25%, face a igual período em 2022, na
véspera da Festa de Natal para pessoas em
situação de sem-abrigo e em situação de
vulnerabilidade.
“Nós temos vindo a acompanhar cada
vez mais pessoas, através das equipas vo-
luntárias de rua, todas as noites, que fazem
os circuitos em Lisboa e na Amadora, vão
a mais de 100 pontos, estão a contactar com
mais de 500 pessoas”, disse a Directora-
geral da Comunidade Vida e Paz, Renata
Alves, em entrevista à Agência ECCLE-
SIA.
A CVP, Instituição Particular de Soli-
dariedade Social do Patriarcado de Lisboa,
realiza a Festa de Natal 2023 para pessoas
em situação de sem-abrigo e para pessoas
em situação e vulnerabilidade, entre o pas-
sado sábado e segunda-feira.
“Tivemos a possibilidade de distribuir
convites a todas as pessoas que vamos
acompanhando ao longo do ano, e estamos
bastante expectantes no que diz respeito à
participação das pessoas”, explica Renata
Alves.
Comunidade Vida e Paz considera
“preocupante” aumento
dos sem-abrigo
Nesta 35ª edição da Festa de Natal, a Co-
munidade Vida e Paz vai elaborar uma carta
aberta com depoimentos dos seus convida-
dos para entregar às entidades competentes,
a Directora-geral da instituição afirma que
“é preocupante” o aumento do número de
pessoas que acompanham “diariamente”.
“Comparativamente ao ano anterior
estamos com mais 25% de pessoas. Con-
sideramos que este ano devemos dar mais
ênfase e criar momentos em que possamos
auscultar as pessoas em situação de sem-
abrigo”, explica Renata Alves.
Neste contexto, adianta a responsável,
durante os três dias da festa, vão perceber
quais são as razões para que as pessoas
se encontrem nessa situação, “perceber as
dificuldades, os problemas do dia-a-dia,
todas as queixas”, e reunir esses testemu-
nhos para elaborar “uma carta” que possam
“dirigir às entidades competentes para que as
soluções que são pensadas para as pessoas em
situação de sem-abrigo sejam pensadas com e
para as pessoas”.
A Directora-geral da Comunidade Vida e
Paz aponta vários factores para que os núme-
ros de pessoas em situação de sem-abrigo não
diminuam, como a pandemia Covid-19, duas
guerras e “todas as consequências das mes-
mas, o aumento do custo de vida, a inflação,
o acesso à habitação que é muito difícil”, o
desemprego, “o aumento de consumo de subs-
tância psicoactivas” e muitos migrantes.
Agência ECCLESIA

Correio Desportivo Correio dos Açores, 24 de Dezembro de 2023
Aulas de hidroginástica
regressam a 3 de Janeiro
A vereadora Cristina do Canto
Tavares, participou, Quarta-feira,
numa aula de hidroginástica bem
natalícia, que serviu para assinalar
o encerramento anual do projecto
municipal “exercício e saúde na ter-
ceira idade”.
Juntamente com 30 seniores,
dos 90 inscritos, Cristina do Can-
to Tavares mostrou que “a prática
da actividade física não tem idade
e promove tanto a saúde, como o
convívio e a boa disposição”.
“Foi um gosto, pessoal e institucional, participar nesta
aula, que faz parte de uma estratégia do município de com-
bate ao sedentarismo e ao isolamento, implementando nos
nossos seniores estilos de vida mais saudáveis e momentos
únicos de convívio e lazer”, adiantou.
Recorde-se que este projecto do município de Ponta
Opinião
Ralis em contramão
Os ralis na ilha de São Miguel andam em contramão
nos últimos anos. Têm sido perdas sucessivas que retiram
interesse à enorme massa adepta. A quebra de receitas é
grande porque o Azores Rallye, quando pontuava para os
campeonatos da Europa e de Portugal, tinha um significa-
tivo impacto económico nesta ilha.
Como não bastasse o que se passa por cá, o calendá-
rio do Campeonato dos Açores de Ralis de 2024 volta a
não privilegiar o que os concorrentes, que disputam as sete
provas, reivindicaram e conseguiram-no nos anos de 2022
e de 2023. Os três ralis em pisos de terra no início, seguin-
do-se os quatro nos pisos de asfalto.
O campeonato do novo ano começa no asfalto da ilha
Terceira (5/6 Abril), passa para a terra da Ilha do Faial
(24/25 Maio), continua em terra na ilha de S. Miguel (28/29
Junho), para, depois, realizarem-se os três em asfalto nas
ilhas Santa Maria (9/10 Agosto), da Terceira (27/28 Agos-
to) e do Pico (18/19 Outubro), retornando à terra na ilha do
Arcanjo com o Azores Rallye (8/9 Novembro), finalizando
também o campeonato Tour European Rally (TER), que
volta a integrar e considerado de categoria inferior.
Desde 2017 que o campeonato regional não começava
na ilha Terceira.
O regresso a um calendário intercalando terra e asfalto
desagrada os concorrentes que pretendem marcar presença
em todo o campeonato. Criam-lhes muitos constrangimen-
tos porque têm de modificar as preparações dos carros por
três vezes. Já se manifestaram contra, advertindo da possi-
bilidade de não alinharem num ou noutro rali.
Admira-me ser o calendário formalizado, com a chan-
cela da Federação Portuguesa de Automobilismo e Kar-
ting, sem ser ouvida a Associação Açoriana do Pilotos de
Ralis. É um desprezo pela classe que alimenta uma moda-
lidade que tem vindo a perder peso na comunidade.
Por outro lado, fica a sensação de que os clubes não se
entendem e olham para as datas que melhor lhes convém
sem terem em conta a necessidade de as equipas prepara-
rem as viaturas para pisos de terra e terem de operaciona-
lizá-las a seguir para os pisos de asfalto, com períodos de
tempo curtos. São duas semanas apenas entre o rali do Pico
e o Azores Rallye, realizados em pisos diferentes. Se este
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Delgada está em funcionamento
desde 2001 e foi incluído no Pla-
no Municipal para o Envelheci-
mento Activo, que contempla 50
medidas a pensar na população
sénior do concelho, das quais 13
são direccionadas para a área das
saúde e bem-estar, 17 para a par-
ticipação cívica, 6 para a aprendi-
zagem ao longo da vida e 14 na
área da segurança, mobilidade e
conforto.
O projecto municipal “exercí-
cio e saúde na terceira idade” de 2023 encerra assim para
uma curta pausa nesta época natalícia e regressa a 3 de
Janeiro de 2024, continuando a promover a qualidade de
vida dos seniores através da prática da actividade física,
em específico da hidroginástica (exercício aeróbico feito
em piscina).
Foto Henrique Barreira
Época 2023/2024
CUD Porto Formoso
campeão de São Miguel
em ténis de mesa
ano as viaturas demoraram duas semanas a saírem na ilha
montanha, o problema que advirá se repete-se o atraso.
É pena este retrocesso que não valoriza o campeonato,
desmotivando os concorrentes.
TREINADOR DO JUVENTUDE LAJENSE: É con-
fortante quando as opiniões e sugestões apresentadas são
corroboradas por pessoas entendidas nas matérias, reforça-
das quando se tratam de agentes desportivos que vivem os
problemas que vou referindo.
João Abel Cruz falou no programa Teledesporto, da
RTP-Açores, do passado domingo, do que referenciei no
artigo de há uma semana sobre a forma de disputa da Taça
das Regiões da UEFA ao nível de selecções associativas O Clube União Desportiva do Porto Formoso revalidou o tí-
de futebol. tulo de campeão de equipas seniores masculinos da ATMISM,
Destaquei ser impróprio para jogadores estritamente após triunfo sobre o CED Arrifes, por 4-0.
amadores efectuarem três jogos com intervalos de 18 e de No encontro disputado no pavilhão desportivo do Porto For-
22 horas. Houve desgaste, houve lesões que penalizaram moso, a equipa do concelho da Ribeira Grande venceu pela mar-
os atletas e os clubes que representam pela impossibilida- gem máxima, obtendo 4 pontos para a classificação, o que permi-
de de darem o contributo nas partidas seguintes. tiu alcançar já o título de campeão, quando ainda falta disputar a
O treinador da equipa da ilha Terceira disse que tor- última jornada (CUD Porto Formoso recebe o CDE Ginetes).
neios com aquele modelo “não privilegiam o futebol” e ser Desta forma, os atletas Francisco Furtado, Henrique Graça,
uma “competição criada sem pensar na prioridade que são Hugo Mendonça, Jhunior Briceno, Paulo Medeiros e Ronaldo
os jogadores e os clubes”. Tavares e os treinadores David Mendonça e Emanuel Furtado
Acredito que dentro de dois anos, aquando da nova edi- estão de parabéns pelo título já conquistado.
ção da Taça das Regiões da UEFA, tudo se manterá como O CUD Porto Formoso será o representante da ATMISM no
está. É tradição. campeonato regional de equipas seniores masculinos. Esta prova
vai realizar-se no dia 21 de Janeiro, na Madalena do Pico, e con-
José Silva tará, igualmente, com os campeões das associações de ténis de
mesa da ilha do Pico e da ilha Terceira.
24 publicidade Correio dos Açores, 24 de Dezembro de 2023

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01:47 Atlântida - Ep. 27
03:17 Angra Do Mundo
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04:32 Hora Dos Portugue-
ses T9 - Ep. 45
05:13 Visita Guiada T11 -
Ep. 18
06:03 Scroll T1 - Ep. 11
06:59 Portugueses Pelo
Mundo - Comuni-
dades T10 - Ep. 2
07:30 Zig Zag T21 - Ep.
191
07:45 Zig Zag T21 - Ep.
193
08:00 Zig Zag T21 - Ep.
194
08:15 Zig Zag T21 - Ep.
195
08:30 Rumos T14 - Ep. 45
09:02 Todas As Palavras
T7 - Ep. 47
09:30 Eucaristia Domi-
nical
10:24 Biosfera T21 - Ep. 12
10:51 Volta Ao Mundo
Em Cem Livros -
Ep. 81
11:00 RTP3 / RTP Açores
16:00 Notícias do Atlân-
tico
16:25 Jardins Históricos
- Ep. 1
16:54 Inesquecível T10 -
Ep. 34
18:30 O Mundo Nos Aço-
res T1 - Ep. 5
18:56 Mercado De Natal
20:00 Telejornal Açores
20:33 Mensagem De Natal
Do Presidente Do
Governo Regional
Dos Açores
20:41 Mercado De Natal
22:57 Missa Do Galo -
Açores 2023
Qualquer alteração à programação que publicamos é da responsabilidade das respectivas estações
Previsão do estado do tempo nos Açores
Informação do Instituto Português do Mar e da Atmosfera
Frente fria Frente quente
GRUPO OCIDENTAL
Períodos de céu muito nublado com boas abertas,
tornando-se encoberto. Períodos de chuva a partir da
tarde, passando a aguaceiros para a noite. Vento sul mo-
derado a fresco (20/40 km/h) com rajadas até 60 km/h,
rodando para norte a partir da noite.
ESTADO DO MAR
Mar cavado.
Ondas sudoeste 2 a 3 metros, passando a noroeste e
aumentando para 3 a 4 metros.
01:12 Janela Indiscreta T15 08:15 A Minha Cena -
Calendário do
- Ep. 51
01:57 Janela Global T4 - Advento - Ep. 24
Ep. 41 08:20 Molang T5 - Ep. 14
08:25 O Hotel Felpudo
02:27 Televendas
T3 - Ep. 16
04:42 Todas as Palavras
08:50 Ernest e Celestine
T8 - Ep. 47
T2 - Ep. 10
05:00 Zig Zag 09:00 Um Conto de Natal
07:00 Bom Dia Portugal
Desafinado
Fim de Semana 09:20 Molang T6 - Ep. 1
09:30 Eucaristia Dominical 09:25 A Minha Cena -
10:33 Festa de Natal Calendário do
(Manhã) Advento - Ep. 24
09:30 Senhor Pau
11:59 Jornal da Tarde
09:55 Molang T6 - Ep. 17
13:15 Festa de Natal
(Tarde)
10:00 O Caracol à Boleia
na Cauda da
16:12 10.º Festival Interna-
Baleia
cional do Circo de
10:25 A Minha Cena -
Bayeux Calendário do
A magia do circo com Advento - Ep. 24
atuações de artistas 10:30 Acorda Ângelo! É
de todo o mundo. Natal!
11:30 Snow: Os Domí-
Desde 2005 que o
Festival Internacional nios Do Espelho
do Circo de Bayeux 12:55 As Regras da
convida o público Flora - Especial
Natal
a conhecer as
13:05 Floor Rules Espe-
atuações de artistas
cial: Surpresa
oriundos das mais
13:15 Stalk T2 - Ep. 1
variadas regiões
13:40 Stalk T2 - Ep. 2
do mundo. Uma
14:10 Folha de Sala
semana de festa e 14:15 O Direito à Felici-
de circo para todos. dade
18:15 Missão: 100% Portu- 15:40 Natal em Todos os
Andares
guês T4 - Ep. 13
18:59 Telejornal 17:25 Folha de Sala
17:30 Missa do Galo
20:01 Mensagem de Natal
18:50 Temos Programa
do Cardeal Patriar-
ca de Lisboa
T2 - Ep. 47
19:20 Programa a de-
O Senhor Cardeal
signar
Patriarca de 20:00 Folha de Sala
Lisboa, D. Rui 20:05 Cesária Évora
Valério endereça aos 21:00 Paquete - Ep. 6
portugueses a sua 21:50 Folha de Sala
mensagem de Natal. 21:55 Jonas Kaufmann:
20:14 Circo de Natal É Natal
Centro Centro
Frente Oclusa Frente Estacionária de Alta Pressão de Baixa Pressão
GRUPO CENTRAL
Períodos de céu muito nublado com abertas, aumen-
tando de nebulosidade para o fim do dia. Aguaceiros
fracos e pouco frequentes. Vento sul fraco a bonançoso
(05/20 km/h), rodando para sudoeste e tornando-se
moderado (20/30 km/h).
ESTADO DO MAR
Mar encrespado, tornando-se de pequena vaga.
Ondas sul de 1 a 2 metros, passando a oeste e aumen-
tando para 2 a 3 metros.
Correio dos Açores, 24 de Dezembro de 2023
Morangos com Açúcar 2023 - TVI a
signos
Astrólogo Luís Moniz
site: http://meiodoceu-com-sapo-pt.webnode.pt
CARNEIRO BALANÇA
(21/03 a 20/04) (23/09 a 23/10)
Durante esta época natalícia, provavel- Abre-se aqui uma etapa proveitosa em
mente vai aliar a força à sua capacidade que vai pretender renovar a sua vida
a tomar iniciativas de modo a conseguir amorosa. O período é ideal para proje-
01:10 O Jardim Secreto 02:00 GTI Plus
tar abertamente o seu romantismo.
03:05 Harry & Meghan: 02:25 Doida Por Ti - Ep. concretizar os seus planos.
A Fuga Do 140
Palácio
03:25 Mistura Fina - Ep. TOURO
05:00 Camilo, O Presi- ESCORPIÃO
dente T1 - Ep. 1 91 (21/04 a 20/05) (24/10 a 21/11)
04:30 TV Shop
05:35 Olhá SIC! Espe-
cial Natal 05:45 Todos Iguais
O momento é propício para expandir o A conjuntura proporciona-lhe a possibi-
08:05 Casa Feliz - Espe- 06:15 Diário Da Manhã
ciais T4 - Ep. 34
seu lado amável e protetor. Neste sentido, lidade de harmonizar o seu misterioso
06:45 O Rei Juliano
11:10 Vida Selvagem preste atenção a um membro da sua famí- mundo interior. Trata-se de um ciclo de
07:15 Campeões E De-
12:00 Primeiro Jornal lia que necessita de apoio. grande estabilidade emocional.
13:15 O Quebra-Nozes, tectives
A Verdadeira 08:00 Inspetor Max
História 10:00 As Grandes Maravi-
Em Viena dos GÉMEOS SAGITÁRIO
lhas do Mundo
anos 20, uma me- 11:00 Missa (21/05 a 20/06) (22/11 a 20/12)
nina recebe uma
12:00 Querido, Mudei A
boneca mágica na
Casa! - Especial
Surgem oportunidades de estabelecer Ao longo desta fase, as atividades do-
véspera de Natal. contactos agradáveis que lhe permitem
Na noite de Natal, Natal mésticas estão em evidência. Contudo,
algo inesperado 12:58 TVI Jornal conversar e partilhar as suas ideias. As use o seu otimismo para melhorar as
acontece e o brin- 14:00 Somos Portugal deslocações estão favorecidas. energias das pessoas circundantes.
quedo transforma- Um programa que
se num príncipe.
leva Portugal a todo
Os dois embar-
o país, através das CARANGUEJO CAPRICÓRNIO
cam numa viagem
suas festas e roma- (21/06 a 22/07) (21/12 a 19/01)
mágica para um
reino fantástico. rias, das tradições, A ocasião é bastante oportuna para criar Atravessa a etapa certa para levar por
15:15 Um Natal De da gastronomia, da
Loucos um ambiente tranquilo e acolhedor no diante um projeto de âmbito particular
música e da boa
17:15 Um Presente Do seu lar. No entanto, deixe fluir o seu espi- que possa contribuir de alguma maneira
disposição.
Gato Bob rito poético e sonhador. para a sua realização pessoal.
19:58 Jornal Nacional
18:57 Jornal Da Noite
20:50 Sozinho Em Casa 21:30 Morangos com
Kevin, de 8 anos, Açúcar 2023 - Ep.
LEÃO AQUÁRIO
foi acidentalmente 10
(23/07 a 22/08) (20/01 a 19/02)
deixado para trás O novo ano lectivo
quando a família no Colégio da Barra
foi de férias para Aproveite a sua natureza entusiástica e É imprescindível sincronizar os seus
começa com dois
França. No início, bondosa para manifestar os seus senti- valores e os seus pensamentos com a
fica contente por grandes grupos: os
mentos às pessoas que ama e de forma consciência Superior para poder re-
estar no sozinho influencers, popula-
em casa e aos co- res e mainstream, e
especial às crianças à sua volta. construir a sua verdadeira felicidade
mandos de tudo,
os alternativos que
mas quando dois
procuram novos
ladrões tentam
rumos e novas VIRGEM PEIXES
invadir a sua casa
parece que fica ideias. (23/08 a 22/09) (20/02 a 20/03)
ainda mais feliz! 22:30 Festa É Festa - Ep.
22:30 Cinderela, O 801 Embora esta seja uma etapa particular- É a altura indicada para aumentar a sua fé.
Musical 23:45 Big Brother X mente imprevisível em termos afetivos, Porém, eleve o seu amor-próprio, cuide
procure desenvolver a sua relação através de si e crie uma sintonia compatível com
de uma postura compreensiva. “Ordem do Universo”
ESTATUTO
EDITORIAL
1 - O Correio dos Açores de-
fine-se como um órgão de comuni-
cação social de grande informação
regional.
2- O Correio dos Açores
orienta-se por critérios de rigor e
criatividade editorial, sem qual-
quer dependência de ordem ideo-
lógica, política e económica.
3- O Correio dos Açores
afirma-se ainda como um porta-
voz dos princípios e valores defen-
didos e aceites pelos Açoreanos
na defesa da sua Autonomia e no
integral respeito pelos princípios
consagrados na Constituição da
República.
4 - O Correio dos Açores
procurará veicular temas sociais,
políticos e culturais diversificados,
correspondendo às motivações e
GRUPO ORIENTAL interesses de um público plural,
Períodos de céu muito nublado com abertas. Agua- debatendo ideias suscetíveis de
promoverem o enriquecimento da
ceiros fracos para o fim do dia. Vento sueste fraco a opinião pública, sempre norteados
bonançoso (05/20 km/h), rodando gradualmente para pelos valores éticos e cívicos.
sudoeste e tornando-se moderado (20/30 km/h).
5 - O Correio dos Açores com-
promete-se a assegurar o respeito
pelos princípios deontológicos e
ESTADO DO MAR
pela ética profissional dos jornalis-
Mar encrespado, tornando-se de pequena vaga. tas, assim como a boa-fé dos seus
Ondas leste de 1 metro, passando a oeste. leitores.
 Correio dos Açores, 24 de Dezembro de 2023 agenda 27

INFORMAÇÕES DE UTILIDADE PÚBLICA

Ribeira Grande
FARMÁCIAS Museu Municipal MOVIMENTO AÉREO MOVIMENTO MARÍTIMO TABELA DAS MARÉS
Ponta Delgada – Farmácia Associação Socorros Mútuos Museu “Casa do Arcano”
Azores Airlines NAVIOS DA MONTE BRASIL –
R. Dr. Friedman Museu da Emigração Açoriana Chegada a Ponta Delgada de:
Museu Vivo do Franciscanismo TRANSINSULAR Em viagem de Ponta 5:23 - Baixa-mar
Telefone: 296 650 860 Funchal: 12:50
Casa Lena Gal Lisboa: 07:30, 15:35, 19:20 Delgada para Lisboa e 11:30 - Preia-mar
Ribeira Grande - Farmácia Ribeirinha Aberto de 2ª a 6ª - 09h00/17h00 Porto: 14:10, 23:25
Toronto: 06:50
Leixões 17:43 - Baixa-mar
Rua Direita 1ª Parte, Nº1 Museu Municipal do Nordeste MONTE DA GUIA –
Boston: 06:15
Telefone: 296 479 202
Aberto de 2.ª a 6.ª das 09h00 Em viagem de Lisboa para Ponta Delgada,
HOSPITAIS às 12h00 e das 13h00 às 16h00 Partida de Ponta Delgada para:
chegando amanhã TEATRO MICAELENSE
Funchal: 09:15
Povoação Lisboa: 08:35, 09:50, 13:40, 20:15 PONTA DO SOL – Em viagem de Leixões
Ponta Delgada - 296 203 000 Porto: 08:25, 17:45 SINFONIETTA DE
Nordeste - 296 488 318 - 296 488 319 Museu do Trigo para Ponta Delgada, chegando amanhã
De Segunda a Sexta das 09h00 às 17h00 Toronto: 16:50
S. JORGE – Em Ponta Delgada
PONTA DELGADA
Vila Franca - 296 539 420 Sábados, Domingos e Feriados das Boston: 17:55
R. Grande - 296 470 500 MARGARETHE – Em Ponta Delgada 7 DE JANEIRO - 17H00
11h00 às 16h00
Povoação - 296 585 197 - 296 585 155 Air Açores
Chegada a Ponta Delgada de: COLISEU MICAELENSE
POLÍCIA SERVIÇOS CULTURAIS Flores: 13:10
Corvo: 15:55
Horta: 16:50
GRANDE BAILE DE RÉVEILLON
Ponta Delgada - 296 282 022, Ponta Delgada
INSULAR - Em
296 205 500 e 296 629 630 Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Pico: 19:35
São Jorge: 11:50
1 DE JANEIRO - 01H00
Trânsito - 296 284 327 Ponta Delgada Lisboa
Horário de inverno (Outubro a Junho) Santa Maria: 07:55, 17:50, 19:45, 20:35
R. Grande 296 472 120, 296 473 410 LAURA S - Na
Lagoa - 296 960 410 De 2.ª a 6.ª das 9h00 às 19h00 Terceira: 07:40, 14:10, 14:15, 18:40, 19:25,
Praia da Vitória
TÁXIS
Sábado das 14h00 às 19h00 22:15
Vila Franca - 296 539 312 Horário de Verão (Julho a Setembro)
Furnas - 296 549 040, 296 540 042 De 2.ª a 6.ª das 9h00 às 17h00 Partida de Ponta Delgada para:
Povoação - 296 550 000, 296 550 001, 296 Sábado encerrado Flores: 08:25
550 005 e 296 550 006 Biblioteca Municipal Ernesto do Canto Corvo: 09:35 NAVIOS CORVO – Em viagem
Nordeste - 296 488 115, 296 480 110, Rua Ernesto do Canto s/n 9500-313 Horta: 14:40 DA MUTUALISTA
296 480 112 e 296 480 118 Tel: 296 286 879; Fax: 296 281 139 de Ponta Delgada para
Pico: 17:20 AÇOREANA
Maia - 296 442 444, 296 442 996 Email: biblioteca@mpdelgada.pt São Jorge: 09:30 Leixões
R. Peixe - 296 491 163, 296492033 Horário: 2ª a 6ª feira das 10h00 às 18h00 Santa Maria: 06:30, 16:25, 18:20, 19:10 FURNAS – Em viagem
Capelas - 296 298 742, 296 989 433 Horário de verão (durante as férias Terceira: 08:40, 12:20, 13:40, 20:05, 20:15
Santa Maria - 296 820 110, escolares): 2ª a 6ª feira das 8h30 às 16h30 de Lisboa para Ponta
296 820 111, 296 820 112 e 296 820 110
Ribeira Grande
Delgada 296 38 2000
TAP
Arquivo Municipal; Biblioteca Municipal
GNR De 2ª a 6ª feira das 9h00 às 17h00
Chegada a Ponta Delgada de:
BAÍA DOS ANJOS: 96 29 59 255
Lisboa: 08:40, 18:25, 23:45
Largo Dr. Manuel Carreiro, 9504-514 Ponta Delgada Transporte Marítimo
De Ponta Delgada
Tel.Fixo: 296 306 580 / Fax: 296 306 598 Povoação Partida de Ponta Delgada para: Parece Machado, Lda
para Vila do Porto
91 82 52 777
Email: ct.acr@gnr.pt Biblioteca: Lisboa: 06:30, 09:30, 19:25
De Segunda a Sexta das 09h00 às 17h00
POLÍCIA MUNICIPAL PRAÇA DE TÁXIS
Ribeira Grande EFEMÉRIDES
Rua Manuel da Ponte, n.º 34 Centro Comunitário e de Juventude 296 20 50 50
9500 – 085 Ponta Delgada de Rabo de Peixe
Tel. 296 304403/91 7570841
2008 - O líder do grupo que desenca- guitarrista da banda Status Quo.
Teatro Ribeiragrandense
Fax: 296 304401 Horário da 2ª a 6ª das 9h00 às 17h00
deou um golpe de estado na Guiné-Co- TRANSFERES
E-Mail: policiamunicipal@mpdelgada.pt nacri, o capitão Moussa Dadis Camara, - Morre, aos 95 anos, em Madrid, Ma-
BOMBEIROS MISSAS autoproclama-se o novo “presidente da nuel Gil Parrondo y Rico, diretor artís- 919 501 266
República” do país. tico, vencedor de dois óscares, pelo seu
Semana - 08.00 – Santuário Senhor Santo Cristo
Ponta Delgada - Urgência 296 301 301
dos Milagres; 09.00 - Santuário Senhor Santo
trabalho em “Patton” e “Nicholas and JOGOS SANTA CASA
Normal 296 301 313 - Morre, com 78 anos, Harold Pinter, Alexandra”.
Ginetes - 296950950 Cristo dos Milagres, à Sexta-feira); 12.30 – Igreja Euromilhões
Nordeste - 296488111 Paroquial da Matriz (São Sebastião); 18.00 –
Prémio Nobel da Literatura de 2005.
Próximo Sorteio Sexta-feira
Vila Franca - 296539900 Igreja Imaculado Coração de Maria e Igreja
Ribeira Grande: 296 472318, Paroquial de São José; 18.30 – Igreja Paroquial da 2011 - Emídio Pinto, antigo ciclista, Este é o tricentésimo quinquagésimo oi- € 53.000.000
296 470100 Matriz (São Sebastião); 19.00 – Igreja Paroquial diretor desportivo e selecionador nacio- tavo dia do ano. Faltam sete dias para o Último sorteio 19/12/2023
Lomba da Maia - 296446017, 296446175 de São Pedro, Igreja de Nossa Senhora de Fátima, nal, conhecido como “Velha Raposa” termo de 2023. 10 20 41 43 45 + 2 12
Povoação - 296 550050, 296 550052
Centro de Enfermagem Bombeiros de
(de terça-feira à sexta feira) e Igreja Paroquial morre aos 79 anos.
Ponta Delgada de Santa Clara (de Quarta-feira à sexta feira); M1lhão
Todos os dias das 17h00 – 20h00 (Terça-feira e Quinta-feira às 19 horas), Igreja de - Morre, aos 108 anos, Johannes Hees- Pensamento do dia: “Duvidar sempre
Nossa Senhora da Oliveira - Fajã de Cima
Próximo sorteio Sexta-feira
Incluindo Sábados, Domingos e Feriados ters, o cantor de operetas de origem ho- para saber o pouco que pode saber-se € 1.000.000
MARINHA Sábado - 08.00 – Santuário Senhor Santo Cristo landesa que fez carreira na Alemanha e e para não presumir do que se não sabe
Último sorteio 15/12/2023
dos Milagres; 12.30 - Igreja Paroquial da Matriz considerado o artista em atividade mais nem saberá jamais”. Ricardo Jorge
Centro de Coordenação de Busca e Salvamento (São Sebastião); 16.00 – Igreja Nª Sra. Das RHT 30926
velho do mundo. (1858-1939), médico, cientista, histo-
Marítimo (MRCC Delgada) Mercês; 16,30 - Nossa Sra. de Fátima; 17.00 – riador e investigador português.
Tel. 296 281 777 Clínica do Bom Jesus (Suspensa); 17.30 – Igreja Totoloto
2016 - Morre, com 68 anos, Rick Parfitt,
Polícia Marítima de Ponta Delgada (PM Delgada) Imaculado Coração Maria (S. Pedro); 18.00 – Próximo Sorteio Sábado
Tel. 296 205 246 Igreja Paroquial de S. JOSÉ e Igreja Paroquial
€ 2.900.000
PORTO DE ABRIGO
de Santa Clara; 19.00 - Igreja Paroquial de São
Pedro, Igreja Nossa Senhora Fátima e Igreja de
CINEMA Último Sorteio 20/12/2023
Estação Costeira Porto de Abrigo Nossa Senhora da Oliveira - Fajã de Cima 3 8 10 25 31 + 1
Tel. 296 718 086
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Domingo - 08.00 – Santuário Senhor Santo
Cristo dos Milagres; 09.30 – Clínica Do Bom Lotaria clássica
GABINETE DE APOIO À VÍTIMA Jesus (Suspensa); 10.00 – Igreja Matriz e Igreja The Hunger Games: A Balada dos Pássaros e As Marvels - 2D Próxima Extração 26/12/2023
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707 20 00 77 (número único) Paroquial Santa Clara; 10.30 – Casa de Saúde Nª Seg. a Qua.: 21:40
apav.pontadelgada@apav.pt Última Extração 18/12/2023
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2.ª a 6.ª das 9:30 às 12:00 e das 13:00 Five Nights At Freddy’s Feriado Sangrento - 2D 1º Prémio 13077
(Suspensa); 11.00 – Igreja Paroquial São Pedro
às 17:30 e Igreja Paroquial de São José; 11:30 - Igreja de
Seg. a Qua.: 16:00 Seg. a Qua.: 19:30 / 21:50

MUSEUS Nossa Senhora da Oliveira - Fajã de Cima; 12.00 Napoleão - 2D Lotaria popular
– Igreja Matriz, Santuário Santo Cristo e Igreja Próxima Extração 28/12/2023
Ponta Delgada Seg. a Qua.: 18:20 / 21:30 Wish: O Poder Dos Desejos - 2D VP
Nossa Senhora Fátima; 12.15 – Ermida de São Seg. a Qua.: 15:00 / 17:30 € 150.000
Museu Carlos Machado
Inverno (de 1 de Outubro a 31 de Março) Gonçalo (São Pedro)*; 17.00 – Igreja Paroquial Pompeia - Cidade do Pecado - 2D
da Matriz (São Sebastião); 18.00 – Igreja
Última Extração 21/12/2023
Terça a Domingo, das 9h30 às 17h00 Seg. a Qua.: 13:20
Verão (de 1 de Abril a 30 de Setembro) Paroquial São José **; 19.00 – Igreja Paroquial 1º Prémio 94221
* VP = Versão Portuguesa
Terça a Domingo, das 10h00 às 17h30 São Pedro
Museu Hebraico Sahar Hassamaim de
Ponta Delgada - Portas do Céu (Sinagoga) Centro Municipal de Cultura de Ponta Delgada Totobola
* Não há no mês de Agosto
Segunda a Sexta, das 13h00 às 16h30 Próximo concurso Domingo
Museu Militar dos Açores ** Nos meses de Julho e Agosto não haverá
Horário das Exposições
De 2ª a 6ª feira das 10h00 às 18h00 Eucaristia Dominical às 18h00, na Igreja de São Sábados: € 349.000
Sábado e Domingo das 10h00 às 13h30 José. Esta será retomada no 1º Domingo do mês das 14h00 às 17h00 Último concurso 17/12/2023
e das 14h00 às 18h00 de Setembro.
2.ª feira a 6.ª feira:
das 9h00 às 17h00 2XX 121 X22 11X2 X
Encerrado aos feriados

Director: Américo Natalino Viveiros - Director-adjunto: Santos Narciso - Sub-director: João Paz- Chefe de Redacção: Nélia Câmara - Redacção: Marco Sousa; Luís Lobão; Carlota Pimentel - Cor-
reio Económico: Coordenador - Óscar Rocha; Colaboradores: António Pedro Costa - Fotografia: Pedro Monteiro - Revisão: Rui Leite Melo - Paginação, Composição e Montagem: João Sousa
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José Luís Tavares; Judith Teodoro.
Propriedade Gráfica Açoreana, Lda.
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de Viveiros; Dinis Ponte Rua Dr. João Francisco de Sousa, n.º 16 PROMEDIA III - Programa Regional
Capital Social 473.669,97 Euros 9500-187 Ponta Delgada – S. Miguel – Açores de Apoio à Comunicação Social Privada
Sócios com mais de 5% do Capital da Empresa Américo Natalino Pereira Viveiros; Contactos: Redacção: 296 709 882 / 296 709 883 / jornal@correiodosacores.pt; desporto@correiodosacores.pt.
Octaviano Geraldo Cabral Mota; Paulo Hugo Falcão Pereira de Viveiros Marketing e Publicidade: 296 709 889 296 709 885 pub@correiodosacores.pt
Estatuto Editorial disponível em www.correiodosacores.pt
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ÚLTIMA

Correio dos Açores 24 de Dezembro de 2023

Fundado em 1920

www.correiodosacores.pt
Rua Dr. João Francisco de Sousa nº 16
9500-187 Ponta Delgada - São Miguel - Açores

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Os Açores vão ter mais dias secos

e um aumento de noites tropicais,
segundo um estudo feito na Região

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Foi publicado, recentemente,
o artigo científico “Climate Change
and Extreme Events in Northeast
Atlantic and Azores Islands Region”,
da autoria dos meteorologistas do
IPMA, Fernanda Carvalho, Diaman-
tinho Henriques e Patrícia Navarro,
entre outros, refere o IPMA.
O trabalho, publicado na plata-
forma científica MDPI, contou ainda
com as colaborações dos investigado-
res Maria Gabriela Meirelles, da Fa-
culdade de Ciências e Tecnologia da
Universidade dos Açores (FCT-UAc)
e do OKEANOS, João Porteiro (FCT-
UAc) e Helena Cristina Vasconcelos,
do OKEANOS e do Laboratorio de
Instrumentação, Engenharia Biomé-
dica e Radiação Física da Universi-
dade Nova de Ciência e Tecnologia
(LIBPhys-UNL).
No artigo são abordadas os efeitos
das mudanças climáticas em particu-
lar nas pequenas regiões insulares,
como é o caso dos Açores.
Nas pequenas regiões insulares,
os efeitos da mudança climática
assumem particular relevância. No
arquipélago dos Açores, a geografia,
o oceano, a dispersão territorial, o
modelo de ocupação do solo e outras
condicionantes fisiográficas refor-
çam e potenciam a vulnerabilidade
das ilhas às mudanças dos padrões
climáticos actuais.
Neste trabalho são utilizadas
as projecções da 6ª fase da Inter-
comparação de Modelos Acoplados
(CMIP6) para a região do Atlântico
Nordeste, com vista avaliar alguns
índices climáticos extremos na região
dos Açores.
Os resultados mostram alterações
no número máximo anual de dias
secos consecutivos, no número anual
de dias húmidos e, especialmente, no
número anual de noites tropicais.
Apesar das limitações devido à
falta de resolução espacial, o quadro
de larga escala sugere mudanças
que poderão ser potenciadas pela
topografia, particularmente no que
respeita à precipitação.

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2 Correio dos Açores, 24 de Dezembro de 2022
Boas Festas a todos
os açorianos!
Natal é tempo de paz, amor e alegria. Palavras
que sentimos de forma particular nesta quadra fes-
tiva e repetimos até à exaustão, enviando votos de
boas festas e trocando abraços calorosos com quem
nos vamos cruzando na rua.
Na impossibilidade de o fazer pessoalmente,
aproveito esta mensagem para enviar o meu abraço
sentido a todos os açorianos, de Santa Maria ao Cor-
vo, mas também a todos aqueles que vivem espalha-
dos por esse mundo fora, desejando que tenham uma
quadra festiva repleta de saúde e harmonia.
Mas porque o Natal é também tempo de refletir
e de dar graças, saibamos aproveitar estes dias para
partilhar com os outros o que a vida nos vai trazendo
de bom.
Sejamos gratos e reconhecidos pelos caminhos
facilitados que encontramos no nosso dia-a-dia e na
nossa Região, sobretudo numa altura em que tantos
por esse mundo fora vão enfrentando dificuldades
maiores e os horrores inimagináveis da fome e da
guerra.
Quero deixar ainda uma palavra de agradecimen-
to e reconhecimento público a todos os que, nesta
época, dedicam muito do seu tempo aos outros, or-
ganizando festas e cabazes de Natal, distribuindo
prendas e alegria a quem pouco ou nada tem.
Em todas as ilhas e comunidades açorianas per-
didas por esse mundo fora, há gente assim, que dá
mais do que alguém pode pedir, sem esperar nada em
troca, trabalhando de forma incansável em prol dos
outros, fazendo sorrir quem enfrenta agruras maiores
e devolvendo a esperança a quem a perdeu. Muito
obrigado pelo que entregam se si!
Que em 2024 saibamos todos ser assim, mais
solidários e abertos às necessidades dos outros, que
saibamos tirar um pouco do nosso tempo para ir ao
encontro de quem precisa.
Termino esta mensagem desejando a todos os
Açorianos, em meu nome pessoal e em nome da
Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos
Açores, uma quadra festiva repleta de amor, paz e
alegria.
Feliz Natal e Próspero Ano de 2024!
O Presidente da Assembleia Legislativa da Região
Autónoma dos Açores
Luís Carlos Correia Garcia
 Correio dos Açores, 24 de Dezembro de 2023 3

D. Armando Esteves Domingues, lembra

Paulo VI em Fátima “Homens sede homens”
O Jornal “Correio dos Açores” escolheu como tema
do Natal de 2023 algo que mexa com as consciências de
cada um, apontando como paradigma “A Fé que agita a
nossa esperança”. Num mundo conturbado e sangrento
que todos os dias nos chega a casa, como podemos e de-
vemos vivenciar o NATAL quando em Belém em vez de
festejar a vida, chora-se pela morte dos que são vitimas
da vingança?
Vivemos, de facto, dias muito difíceis, incompreensíveis
até se nos detivermos na reflexão sobre esta capacidade des-
truidora que o homem tem em relação ao seu irmão. Lem-
bramo-nos, hoje uma vez mais, como são atuais as palavras
do Papa Paulo VI em Fátima, em maio de 1967, quando o
mundo vivia sob a ameaça nuclear e a guerra fria:“Homens
sede homens”... É muito forte este apelo. Apetece repeti-lo
todos os dias. “Sede bons, cordatos, abri-vos à considera-
ção do bem total do mundo(...) não penseis em projetos de
destruição e de morte, de revolução e de violência; pensai
em projetos de conforto comum e de colaboração solidá-
ria. Homens, pensai na gravidade e na grandeza desta hora,
que pode ser decisiva para a história da geração presente
e futura; e recomeçai a aproximar-vos uns dos outros com
intenções de construir um mundo novo; sim, um mundo de
homens verdadeiros, o qual é impossível de conseguir se
não tem o sol de Deus no seu horizonte”.
É esta luz, este dom que nos é oferecido no Natal que
temos de saber ser. E a grande questão do Natal é justa-
mente esta: como usamos esta luz, para iluminar o nosso
coração e o coração dos outros, para fazermos a paz em vez
da guerra...O Verbo fez-se homem e veio habitar connosco,
lembra-nos São João. Somos parte com Ele. Teríamos obri-
gação de fazer mais e melhor... sem descurar, naturalmente, a oração colocando a humani- de está confrontada com o crescimento dos sem abrigo
Por isso, olhando para as imagens na Terra de Jesus, mas dade inteira nos braços amorosos de Deus. Numa expressão que deambulam pelas periferias assim como daqueles
também para outras geografias, como a Ucrânia, que também que o Papa tem repetido muitas vezes: precisamos de desen- que se tornam “escravos” da droga. Como é que isso se
são terras de Jesus, só podemos envergonharmo-nos de não volver mesmo uma cultura do cuidado. compagina essas realidades com as celebrações do Na-
sermos capazes de fazer a paz. O Natal exige que façamos tal?
mais... Que transformemos as nossas quotidianas armas de As Igrejas estão vazias, mas os fiéis existem, e isso No Natal, porque é a festa da família, ficamos mais to-
guerra em relhas de arado, como diz o Profeta Isaías. leva-nos a pensar na necessidade de uma mudança que cados com essas situações e portanto as ações de solidarie-
a Igreja TEMde empreender na forma e no conteúdo da dade e as que são desenvolvidas para tornar visíveis essas
Nesta conjuntura, como podemos recriar e espalhar a prática do Culto Católico. As medidas e a doutrinação feridas da humanidade, são mais frequentes. Mas aquilo a
esperança provinda do NATAL, perante o modus vivendi do Papa Francisco abrem a porta a uma mudança e a que o Papa nos convoca é diferente: a nossa ação não pode
da sociedade pós moderna, que assenta entre outros, no pergunta que deixamos é como fazê-la, quando e como confinar-se a um tempo, tem de se prolongar no tempo, por-
individualismo, na indiferença, na recusa de deveres, devemos levar a mensagem às pessoas? que estas pessoas precisam de nós 365 dias no ano.
princípios que entre outros tornaram o NATAL prisio- Ainda na semana que passou, o nosso cardeal D. José Ainda não fomos capazes enquanto humanidade de defi-
neiro da economia que ele gera, esquecendo que foi pelo Tolentino de Mendonça, que ganhou o prémio Pessoa, razão nir políticas integradas de combate à pobreza que vão para
nascimento de Jesus que se espalhou a fé e a esperança para o felicitarmos, lembrava que Deus era um problema além da assistência imediata, que é precisa, sobretudo para
que depois mudou a história, que tem sofrido transmuta- até para os crentes. Portanto, a pergunta que me faz não é estas pessoas que não têm nada;mas é preciso mais. É pre-
ções ao longo dos anos. O que devem por isso os cristãos de fácil resposta. Não há poções mágicas para resolver esta ciso trabalhar estas pessoas por dentro, dar-lhes esperança
e a Igreja fazer para que seja revisitado o nascimento de questão. de serem gente, com a sua dignidade respeitada. Quem não
Jesus, o percurso que ele fez até à crucifixão e passar das Estamos de acordo: a sociedade hoje já não é uma so- tem esperança desiste e nós desistimos também das pessoas.
palavras aos actos promovendo a evangelização adequa- ciedade maioritariamente cristã, com prática religiosa do- É preciso inverter isto. No Natal e nos outros dias do ano. Os
da à realidade da sociedade em que vivemos? minical; e também nos Açores, onde a religiosidade popular cristãos têm especiais responsabilidades: não podem fingir
Na luta que travamos entre o bem e o mal, há uma figura ainda tem uma força gigante, muito maior que no continente. que não veem. Na Quaresma foquei-me muito na questão
que nos acompanha especialmente neste tempo, que é Ma- Mas, até aqui, vivem-se hoje os estilhaços dessa cultura da habitação. Pedi a cada comunidade cristã que se respon-
ria, que nunca nos deixa sós. Está sempre connosco e luta mais secularizada, menos religiosa, mais afastada da Igreja. sabilizasse por duas três famílias carenciadas, ajudando-as
connosco: põe em nós a esperança de vencer e não sucumbir Mas as pessoas continuam a dizer que precisam de Deus. a crescer na sua dignidade. Temos de continuar. Ninguém
à força do mal. Põe em nós a confiança incondicional em Levemo-Lo, então, de forma simples como Ele nos ensinou se salva sozinho, mas para nos salvarmos temos de começar
Deus, que nos leva a esperar confiadamente no futuro que a olhá-Lo através de Jesus. É deste Deus frágil e próximo pelo que está à beira da nossa porta.
Deus reserva para nós. Ele vem ao nosso encontro e nós que as pessoas têm sede e fome e a Igreja tem a obrigação
temos de ser capazes de o levar aos outros. Isso remete- de o mostrar. No acolhimento, na liturgia, na vivência co- Como se pode no mundo de hoje, fazer oração e ser
nos, entre outras coisas, para o exercício de uma cidadania munitária, contando e caminhando com todos, todos, todos, católico, quando as pessoas estão cercadas pelo domínio
que nos implica num verdadeiro compromisso social e até como nós dizemos no nosso Itinerário Pastoral, “Caminhar dos mercados, do desemprego, da fome, da miséria, da
político. O que é isso senão a prática da caridade, que hoje na Esperança”. Crer não é ter as soluções nem ter encontrado falta de habitação, ao que acresce o terrorismo e a in-
preferimos chamar de solidariedade? Já vivemos outros na- as respostas. Crer é habitar o caminho, viver da procura. segurança?
tais igualmente difíceis, como o Natal de 2020, em plena Estou muito confiante de que podemos fazer este caminho Jesus veio para todos mas veio sobretudo para os fra-
pandemia. Fomos capazes de nos mobilizar na urgência do juntos. Não se trata de converter toda a gente, mas de fazer cos, para os doentes, para os necessitados... Não veio com
apoio aos que estavam sozinhos, aos que passavam por di- entender que todos os batizados estão convocados para este certeza para os fortes nem para os que querem dominar.
ficuldades porque tinham perdido o emprego; os que não caminho. E muito menos para aqueles que querem fazer guerra em
tinham, e se calhar hoje, continuam ser ter ainda um tecto... nome dele...
Tudo isto nos impele a não ficarmos fechados em nós, no O Papa Francisco em muitas das suas mensagens, E, no seu tempo também encontrou muitas dificuldades,
nosso egoísmo, mesmo que vivamos o Natal junto da nossa tem feito um apelo para que a prática religiosa seja muitas resistências ao projecto do seu Pai; ainda assim não
família. Temos de olhar à volta mas num perímetro mais centrado na pessoa humana e na inter-ajuda aos neces- desistiu apesar das noites escuras, apesar de todas as arma-
alargado; temos de sair do conforto e ver as dificuldades, sitados e desamparados pela sociedade. Hoje a socieda- dilhas que lhe apresentaram.
4 Correio dos Açores, 24 de Dezembro de 2022
A grande lei da vida cristã é o amor fraterno, que convida
a lançarmos o olhar de amor para este nosso mundo, para
tornarmos este mundo mais fraterno. Se calhar, o que nos
estará a faltar diante dos desafios do mundo é renovarmos
a nossa vida: a nível pessoal, familiar e comunitário, fa-
zendo uso de três regras de ouro, por assim dizer: o diálogo
fraterno, a oração e a reconciliação. Porventura teremos de
ser mais persistentes e competentes no cumprimento deste
itinerário. É um facto de que a nossa vida está muito marcada
pela indiferença, pelo vazio de valores, pela guerra, a que
é feita pelas armas e a que é feita pelas palavras. Mesmo
dentro da família, o distanciamento a que nos sujeitamos
deteriora as nossas relações.
Que nova mensagem pode a Igreja enviar aos cris-
tãos para que eles sejam os novos evangelizadores dos
ensinamentos, por palavras e obras, da doutrina que Je-
sus deixou como legado da sua presença na Terra?
Ide e anunciai... Continua a ser um `mandamento´ e a
ser atual. Mas para ir e anunciar precisamos de conhecer.
Há hoje, por variadas razões, um déficit de formação dos
cristãos; temos menos gente empenhada na missão e pre-
cisamos de mobilizar os jovens, implicando-os na vida da
Igreja. Diria, em geral que a Igreja precisa de um novo élan
missionário, que parta de uma maior comunhão.
Todos contam, todos são precisos, todos são indispen-
sáveis. O papa tem-lo dito repetidamente e nós, nas nossas
igrejas locais, vemos e vivemos isso. Há falta de leigos di-
zemos repetidamente, mas também há falta de padres. Nos
Açores também começamos a sentir isso. Já vem de trás:
os operários da Messe são sempre em menor número que o
necessário. Neste sentido, diria, também que este tempo de
sinodalidade que vivemos é uma oportunidade que o Espí-
rito Santo nos oferece. Apesar dos problemas e da crescente
secularização da sociedade, a Igreja tem em Jesus Cristo o
fundamento da sua identidade. Isso não mudou nem muda;
o que tem de mudar é a nossa atitude e a forma como che-
gamos às pessoas. Um novo élan missionário traduzir-se-á
num anúncio alegre do Evangelho, pregar por obras e por
palavras, onde a Igreja se encontre.
Nos Açores, temos também iguais desafios, que nos per-
mitam mitigar desde logo a geografia, olhando para o mar
que nos envolve como um elemento de comunhão e não de
divisão. Sabemos com Nemésio que a geografia vale outro
tanto como a história, mas a história da nossa igreja foi
feita de grandes missionários. Homens que partiram jovens
e que se dedicaram ao estudo da Palavra, ao anúncio do
Evangelho. Hoje, não se trata de sair para essas paragens,
porque somos menos, mas de um novo ímpeto e de um novo
fervor cá dentro.
D. Armando Esteves Domingues completará no dia
15 de Janeiro o seu primeiro ano como Bispo da Diocese
dos Açores e nesses meses tem feito uma pastoral de pro-
ximidade com as pessoas e nas diversas Ilhas. Essa proxi-
midade tem dado frutos no clero dos Açores que nalguns
casos parece distante da realidade que vivemos, quando
pela palavra e pela acção deviam ser também os arautos
da nova mensagem que a Região precisa?
A dimensão profética da Igreja vem da palavra que anun-
cia. E todos estamos comprometidos com o anúncio dessa
Palavra, de Santa Maria ao Corvo. A Igreja não governa nem
faz política, mas tem uma ação com consequências políticas.
Desde logo, a opção pelos mais pobres, pelos excluídos, por
aqueles a quem a sociedade teima em por de lado. Tenho a
certeza que todo o presbitério está empenhado e comprome-
tido nesta missão.
Sabe, a história também diz muito do que fomos e do
que somos e a Igreja nos Açores tem sido fundamental para
garantir a unidade das ilhas. Aliás, historicamente podemos
dizer que a Igreja é a primeira e mais antiga instituição que
exprime e promove a unidade e autonomia açorianas. Basta
lembrar o povoamento que se fez em torno das comunidades
eclesiais, que têm o seu centro na Igreja, onde celebram e
vivem a fé. Gostava de destacar, ainda, o contributo dos
padres nas diversas ilhas, sobretudo nas mais pequenas e
periféricas. A sozinhês também gera dificuldades e estar no
Corvo ou na Graciosa não é a mesma coisa que estar em
São Miguel ou na Terceira. A Igreja é a mesma e a vontade
também, mas há dificuldades que resultam da nossa própria
condição humana. Quando falta gente, quando falta mundo...
Somos seres relacionais e precisamos dessa ajuda. Por isso,
torna-se ainda mais premente nestas ilhas a sinodalidade;
compreendermos que todos devemos participar, cada um no
seu carisma, no seu serviço. Portanto, diria que a Igreja está
a fazer o seu caminho. É suficiente? Não sei, mas caminha-
mos e queremos caminhar com todos, independentemente
das suas circunstâncias.
Que mensagem pode o Biso dos Açores deixar neste
NATAL a todos quantos os cristãos espalhados pelas Ilhas
e por este mundo, e que se preparam para a celebração
do NATAL?
A mensagem só pode ser de esperança.
Jesus nasceu num estábulo, e Maria colocou-o numa
manjedoura embrulhado apenas nuns paninhos. O calor vi-
nha dos animais. Assim veio ao mundo o príncipe da paz,
o Rei do Universo. E foram para um estábulo porque não
havia outro lugar para eles.
A gruta de Belém, na sua simplicidade, ajuda-nos a com-
preender o essencial: Cristo nasceu e veio para todos, todos,
todos. Não permite que deixemos alguém para trás, margina-
lizado, abandonado, descartado. Apesar das dificuldades que
são enormes. Tivemos uma pandemia cujos efeitos ainda são
devastadores, temos várias guerras, uma delas no coração da
Europa e outra cujo desfecho é difícil de prever, mas que se
desenrola num espaço, em que o que sobre de dois milhões
de pessoas, vive à mingua privado de tudo, mas tudo mesmo.
Também nos Açores há dificuldades de emprego, sobretudo
para os jovens qualificados, carências materiais de tantas
famílias porque os salários são baixos... O tempo é difícil,
mas desafia-nos a redescobrir a esperança cristã.
O Natal cristão não pode ser apenas feito de bonecos de
barro no presépio ou ser reduzido a uma festa social. Tem
que ser festa marcada pela Esperança.
No cuidado ao outro, como Maria e José cuidaram de
Jesus naquela noite em que todas as portas foram fechadas;
no amor confiante, de nos sabermos filhos acolhidos nos
braços amorosos de Deus Pai; na ajuda ao próximo, com a
coragem de nos abrirmos a uma solidariedade concreta, na
certeza de que a Estrela de Belém, do Natal de Jesus, irra-
diam luzes de amor e confiança que continuam a ser mais
poderosas que as trevas.
A esperança cristã abre sempre caminho a outra vida: a
gestos gratuitos de amor, de ternura e de compaixão, que
alimentam uma cultura do cuidado.
Precisamos de renascer porque o presépio ensina-nos
essa audácia de nascer na fragilidade, na contrariedade e na
dificuldade. Precisamos de ser como os pastores e comos os
reis magos, viver do seu entusiasmo. A alegria de ter nascido
o Salvador não pode esgotar-se no por do sol do dia 25.
A encarnação de Deus, que se faz Deus connosco, é o
grande presente, é a grande luz que se acende na nossa vida
e por conseguinte na vida da humanidade inteira.
ANP V - Correio dos Açores
 Correio dos Açores, 24 de Dezembro de 2023 5

Uma Mulher e um Menino

É boa a sensação de que nos chega por uma Mulher, Maria, a
estar na Noite de Natal, Senhora do Advento e Rainha de toda a
a Noite do Zero dos Sé- doçura.
culos, depois do mistério Mulher do Tempo Novo, ela é-me
do tempo mais doce do berço e colo, e sem ela e o seu Sim, não
ano, que é o tempo do teríamos a dita de celebrar Natal.
Advento, infelizmente Uma Mulher e um Menino é a aliança
ainda mais marcado por perfeita entre a humanização de Deus e
sinais de penitência do a divinização da Humanidade. Ainda há
que por gestos de ale- dias, em pleno dia 8 de Dezembro, tive-
gria. Francamente, não mos a dita de celebrar a graça de uma
me revejo nas vestes pa- Mulher que faz todo o sentido nesta con-
ramentárias roxas deste tínua espera messiânica que se concretiza
tempo e muito gostava em pleno no Domingo da Ressurreição.
que um dia a Igreja pu- Uma Mulher e um Menino, símbolos de
desse mudar a cor destes caminho que vai de sonho de presépio a
quatro domingos para o crepúsculo da cruz, como se dia e noite da no sorriso de Mãe que aquela bela imagem da Senhora da
cor-de-rosa do Domingo Gaudete, uma cor tão bela de ale- humanidade se fundissem neste maravilhoso amplexo que Conceição nos proporciona, o caminho para a candura do
gria contida e esperança renascida… nos deslumbra e nos cativa. mais belo Menino, Bom Jesus, que em Natal, com todo o
Bem sei que o Natal deixou de ser um Dia para se tornar E recordo-me sempre que, na Ouvidoria de Vila Franca esplendor agora celebramos!.
uma longa quadra. Bem sei que mais do que festa da família do Campo, na sua mais pequena paróquia, é este o momento Cale-se, pois, todo o Natal comercial e fantasioso, cria-
fizeram dele um grande acontecimento social e comercial, marcante do Advento: Uma Mulher e um Menino! E, cada do para destronar o verdadeiro sentido da festa! Erga-se o
com todos os ingredientes para satisfação do hedonismo, vez mais, na Ribeira das Tainhas, vai-se criando este sentido estandarte do verdadeiro ser humanista e generoso, porque
mas – sem querer generalizar – esquecendo o centro e a comunitário, e a festa desta Mulher, Senhora da Conceição, se um Menino nos foi dado, só faz sentido darmo-nos sem
razão do Dia e, agora, da longa quadra: Eis que um Menino vai-se tornando festa de toda a Ouvidoria, que ali acorre, medida a quem mais precisa e espera. E mesmo sabendo que
nos foi dado. em momentos diferentes do dia, desde a Alvorada à Procis- palavra não enche estômagos vazios, saibamos aliar aquilo
Um Menino que viria a revolucionar o mundo, criando são, num verdadeiro testemunho de religiosidade popular que damos ao sorriso que tantas vezes falta, à esperança que
a civilização do Amor… que os homens (e mulheres) se que não deixa de ser medida cheia de Fé das vivências de muitas vezes se esfuma no tempo.
encarregariam de tornar na civilização do valor e da com- Advento. Uma Mulher e um Menino é mais que um presente de
petição. Uma Mulher e um Menino (nesta bela foto de Luís Ma- amor em tempo de Natal! Uma Mulher e um Menino é um
Um Menino que não caiu do Céu, mas faz parte do pro- tos) ali estão, já atravessando três séculos, num misto de Hino de Esperança e Futuro num Natal que se quer dife-
jecto de Amor de uma Trindade que cria, salva e renova e ternura e fantasia que nos torna crianças, derramando tor- rente!
que, na mais bela antropomorfização da história, chamamos rentes de saudade de tempos diferentes, adubo e fermento Boas Festas!
de Pai, Filho e Espírito Santo. Um Menino, projecto de Deus no novo tempo e das novas gerações que continuam a ver Santos Narciso

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6 Correio dos Açores, 24 de Dezembro de 2022
Guerra atroz
na terra de Jesus
As imagens que diariamente nos chegam pela
televisão, relativas ao conflito em curso no Médio
Oriente, são verdadeiramente chocantes. Na terra
por onde andou Jesus, há por estes dias guerra,
destruição, morte, luto, fome e sede, ódio à solta,
como pensávamos já ser impossível existir.
É especialmente comovedor o olhar atónito das
crianças perante o triste e desolador espectáculo
que lhes é proporcionado. Isto, claro, para as que
sobrevivem aos cruéis bombardeamentos, porque
são muito numerosas as que morrem soterradas entre
os escombros dos edifícios derrubados e para essas
já se acabaram todos os sofrimentos e também as
esperanças que qualquer vida sempre alberga.
Gaza é um estreito corredor entre Israel e o Egipto
e por ele terá certamente passado Jesus infante, levado
nos braços de sua Mãe, quando tiveram de fugir da
perseguição de Herodes. Tudo isso vem narrado no
Evangelho de São Mateus, logo a seguir ao episódio da
adoração dos Reis Magos, vindos do Oriente, guiados
por um singular fenómeno astronómico.
Pois bem, o episódio evangélico tem um fim feliz,
porque, morto o rei, a Sagrada Família regressa do
exílio e instala-se em Nazaré, onde Jesus vem a ter
uma infância normal, crescendo entre os seus e as
famílias da localidade, sem grandes surpresas pelo
meio.
Mas as pobres crianças de Gaza, tal como os seus
pais e demais parentes, parece que não têm futuro.
Precisamos todos
uns dos outros
Nestes dias, que são de Natal, desejo a todos os
Açorianos de coração ou de nascimento, em meu nome
pessoal e, em nome do Partido Socialista dos Açores,
um Santo e Feliz Natal e um excelente Ano Novo.
A todos os nossos conterrâneos, que estão a viver
fora da nossa terra, no continente português, na
diáspora, ou em qualquer outra parte do mundo; a todos
os nossos conterrâneos, que por diversas circunstâncias,
por questões de saúde ou de trabalho, não vão poder
passar o Natal nos Açores, ou nas suas casas, junto das
suas famílias e amigos, como desejariam, deixo também
uma mensagem de esperança e a certeza de que estarão
sempre no nosso pensamento e no nosso coração, unidos
por esta força maior, que é ser-se Açoriano aqui ou em
qualquer outra parte!
Precisamos todos uns dos outros. Não prescindimos
de ninguém! Dos que trabalharam uma vida inteira
na nossa terra e pela nossa terra e, agora, já estão na
reforma; dos que trabalham todos os dias para fazer dos
Açores, ou pelos Açores, o melhor que podem e sabem;
dos que estão ainda a estudar e a preparar-se para novos
desafios; dos que escolheram outros lugares para viver,
Muitas serão já órfãs de pai ou mãe ou até de ambos,
porventura vítimas inocentes desta vingança de todo
desrazoável. Porque é muito difícil não reconhecer
que os limites do fundamento da legitimidade da
operação militar em causa foram há muito totalmente
ultrapassados.
Os apelos para um cessar fogo, ao menos
humanitário, têm caído em orelhas moucas. E assim
não vai haver este ano Natal, nem em Gaza, nem
na Cisjordânia, nem em qualquer outra parte sob
a Autoridade Nacional Palestiniana, tal é a sanha
com que os fundamentalistas fazem coro com os
militares e vão colaborando na chacina em curso. E
ao contrário do que pode parecer, nem todos os árabes
são muçulmanos, pois entre eles há também cristãos,
injustamente agora privados da alegria da celebração
anual do nascimento de Jesus, Deus feito homem para
nos garantir salvação eterna.
Ao menos nas nossas paragens atlânticas dos
Açores tal não vai acontecer. Feliz Natal e Bom Ano
Novo para todos!
João Bosco Mota Amaral
(Por convicção pessoal, o Autor não respeita o
assim chamado Acordo Ortográfico.)
mas não deixam de nos visitar sempre que podem; dos
que não sendo dos Açores, optaram por aqui ficar.
Para 2024, desejo uns Açores unidos e coesos,
prontos a enfrentar todos os desafios; uns Açores unidos
e coesos, onde seja possível viver com estabilidade,
ajudando as famílias e as empresas; ouvindo as pessoas;
as suas vontades e as suas necessidades. Ajudando e não
ignorando; dando a mão, ajudando a levantar.
Num mundo em constantes mudanças, com tanta
guerra e desunião, precisamos de voltar a acreditar
que só a união, a coesão e a esperança de uns Açores
inteiros, ligados por ar e mar, nos darão a confiança
necessária para de olhos no futuro, caminharmos no
novo ano, lado a lado, sem hesitar e, sobretudo, sem
deixar ninguém para trás!
Feliz Natal e um excelente Ano Novo para todos!
Vasco Cordeiro, Presidente do PS/Açores
Correio dos Açores, 24 de Dezembro de 2023 7

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8 Correio dos Açores, 24 de Dezembro de 2022

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O Natal de Madalena Motta
“O grande exemplo do meu pai foi
alargar a família e receber quem quiser
viver o calor do Natal”
“Hoje, queremos muito e exigimos muito, um Natal com coisas e mais coisas. O Natal é simples, não cheio
de coisas, mas de espírito. E é este o esforço que temos que fazer, viver mais o espírito”, afirma Madalena
Motta, que, nesta entrevista, partilha as tradições de Natal que aquecem a sua casa. Neste relato repleto
de memórias, a gestora da Gorreana realça a simplicidade e a alegria que envolvem esta quadra festiva,
deixando transparecer o espírito generoso que define o Natal para si e para a sua família.
Como costuma celebrar o Natal? Existem tradições fa-
miliares que mantém e que são particularmente especiais
para si?
Madalena Motta - Celebro o Natal em família. Nunca passei
o Natal fora de casa em 52 anos. Fazemos o presépio com os
bonecos da Lagoa, rodeado de ervilhaca e tangerinas. Na noite
de Natal, de 24 para 25, a minha mãe faz sempre um Plum
Puding e no final do jantar este chega à mesa regado com uma
bebida que faz lume e cantamos ao menino Jesus que nasceu.
Lembro-me sempre do meu pai - que adorava o momento assim
como do pudim -, e da minha bisavó Julieta. Agradecemos com
alegria o dom da vida que é uma bênção.
Que memórias tem dos Natais em família dos seus tem-
pos de criança?
O Natal vai-se modificando ao longo da vida e nós vamo-
nos moldando a ele. Os Natais em criança tinham tanta “gente”,
era uma família muito grande. Eram Natais quentes onde os
espaços eram poucos. A luz que habita na minha memória era
amarela e a ternura vivia no rosto das avós e muitas tias e tios,
dos meus irmãos e muitos primos que me alegravam a noite.
Depois, fui crescendo e o tempo vai-se encarregando de fazer
um a um ir deixando-nos a sentir tanta saudade. E vamo-nos
moldando, tomando o lugar de quem já partiu e fazendo com
que os nossos filhos e sobrinhos sintam o mesmo calor e luz
que tivemos o privilégio de ter.
Que imagens tem dos Natais que passava com o seu p
ai?
O meu pai partiu um mês antes do Natal. No Natal, o pai
colocava os seus discos de vinil a rodar. Jazz era a música de
eleição. Bossa nova, Frank Sinatra, Armstrong, ecoavam na
casa. Acendia as lareiras para nos aquecer e esperava a sua fa-
mília e amigos. Se sabia de alguém que, por alguma razão, não
tinha para onde ir, convidava-os logo e a partir daquela noite
já faziam da nossa família para sempre. Na primeira noite de
Natal em que a música já não tocava, apetecia fechar a porta
de casa e deixar passar o Natal. Mas, para nos moldarmos à sua
falta que até hoje fez um buraco sem fim, fizemos o inverso e
fizemos o Natal como se o meu pai estivesse connosco. Foi o
Natal mais triste da minha vida e sei que todos nós comunga-
mos do mesmo sentimento, uma tristeza imensa que não sei
onde acaba e onde começa. A sua falta é muito sentida todos
os Natais, mas como nos deu o dom da vida, fazemos tudo,
tudo! Espero que no dia da minha partida o meu filho e os
meus sobrinhos sigam os nossos exemplos, e sejam gratos e
generosos.
Gosta mais do Natal de hoje ou do Natal do seu tempo
de criança?
Tenho muitas saudades do Natal em criança porque sinto
saudades imensas das pessoas que já partiram. O Natal de hoje
é também muito sentido com o meu filho e os meus sobrinhos,
que são muito queridos, e com todos nós. Era bom ter os dois
mundos num só.
Correio dos Açores, 24 de Dezembro de 2023
Pode partilhar alguma tradição de Natal especial que
seja única para a sua família?
A nossa tradição é ter sempre lugar na mesa para todos. Este
foi o grande exemplo do meu pai, alargar a família e receber
quem quiser viver o calor do Natal e cantar ao redor do Plum
Puding, agradecendo o ano cheio de graças.
De que forma as tradições influenciam a experiência
natalícia para si e para o seu filho?
Penso que o facto de os meus pais terem um espírito muito
aberto no Natal, onde a porta estava e está sempre aberta a
todos, fez com que o meu filho percebesse que a bondade e ge-
nerosidade não é uma “coisa” forçada, nem algo que só se vive
naquela noite, mas sim um acto que tem que viver connosco
todos os dias da nossa vida.
O que costumam comer na noite da Consoada? Há al-
gum prato ou sobremesa que não pode faltar?
Na noite de Natal a nossa ceia é muito tradicional: baca-
lhau, peru e leitão, e as sobremesas, o Plum Puding, o Pudim
Abade Priscos, Pão de Rala, Mont Blanc e Queimada de Ovos,
são de ir ao céu. Como diz a minha prima Pilar, “uma loucura
louca!”
Têm por hábito trocar os presentes no dia 24 ou só os
abrem na manhã do dia 25? Porquê?
Sempre abrimos os presentes no dia 24, quando estamos
todos juntos. Não somos pessoas de prendas caras. Damos só
lembranças, coisas simples. Sempre foi assim, nada de coisas
caras que tornem o Natal pesado e complicado. O Natal é para
ser vivido de forma alegre e leve.
Sendo gestora da Gorreana, como encontra tempo para
desfrutar das festividades em família durante esta épo-
ca tão ocupada? No fundo, como concilia trabalho com a
época festiva?
A fabrica ocupa o meu tempo todo mas consigo, com muita
“ginástica, chegar ao dia com tudo feito, casa enfeitada, pre-
sentes na árvore, comidinha na mesa e muita alegria, assim
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como as minhas colegas da Gorreana. Nós, mulheres, fazemos
milagres com o tempo!
Que relação tem a Gorreana com os seus trabalhadores
neste período de Natal?
Fazemos um jantar de Natal. O nosso jantar é muito alegre
e vivido. Começa com uma oração e agradecemos estarmos
todos juntos. Jantamos e depois é uma alegria, com música,
dança e, muitas vezes, acaba já com o sol à espreita. Esta
festa é um momento de pausa na nossa Gorreana, para nos
olharmos com espírito de reconciliação, agradecimento e co-
meçar um novo ciclo. O Natal tem destas coisas, a magia dos
recomeços.
Na sua perspectiva, qual é o significado mais profundo
do Natal? Que valores considera essenciais durante esta
celebração?
Para mim, o Natal significa família, reconciliação, gratidão,
recomeço, consciência. A pausa na vida para o nosso exame
de consciência. O Natal dá a oportunidade de parar e pensar.
Por vezes, não conseguimos estar em paz completa, mas ter
a consciência das nossas faltas, daquilo que temos que con-
sertar para estarmos em paz, são caminhos longos, de perdão
e aceitação.
Há quem diga que há demasiado materialismo nos Na-
tais de hoje. Qual a sua opinião?
Verdade. Hoje, queremos muito e exigimos muito, um Na-
tal com coisas e mais coisas. O Natal é simples, não cheio de
coisas, mas de espírito. E é este o esforço que temos que fazer,
viver mais o espírito.
Em sua opinião, qual é o papel do Natal em regiões
afectadas pela guerra?
Natal para nós é uma época de família, de reconciliação e
de ensinar às crianças o verdadeiro sentido da vida. Com esta
vergonha humana, que estão a ser estas guerras, que valores
estamos a ensinar? Que adultos estamos a formar? Que futuro
estamos a criar?!
Que desejos tem para o Natal na Ucrânia e na Pales-
tina?
Desejo o mais simples e o mais difícil: que a paz entre nos
seus países e que possam viver em paz.
Há crianças sem Natal. Que mensagem lhes deixa?
Que pergunta difícil esta que me fez e que me deixa sem
palavras. O que se diz a uma criança que sofre? E são tan-
tas…
De que forma a Gorreana é solidária nesta época de
Natal?
A Gorreana é uma empresa que nesta época e em outras é
muito solidária com várias causas. A solidariedade faz parte
da génese da Gorreana.
Carlota Pimentel
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0 Correio dos Açores, 24 de Dezembro de 2022

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 Correio dos Açores, 24 de Dezembro de 2023
NATAL: Tempo e dever
de fazermos uma profunda
reflexão
Ao caminhar pela cidade e freguesias de Ponta Delgada sentimos que algo de di-
ferente se instalou no ar. As luzes, as verduras, os laços coloridos a decorar as montras
cuidadas das lojas e as janelas de muitas casas, envolvidas no tempo frio e nebuloso
que se faz sentir, revelam que o Natal chegou.
Nesta época tão especial do ano, em que sentimos a azáfama das pessoas con-
centradas nos preparativos da festa, entusiasmando as crianças para a chegada do Pai
Natal, temos o dever de fazermos uma profunda reflexão sobre o nosso contributo na
partilha de valores tão essenciais para a boa vivência em comuni-dade.
Neste tempo em que celebramos o nascimento do menino Jesus, exige-se que
fa-çamos mais e melhor pela instituição dos valores universais do amor, respeito
e solidariedade que contribuem para uma sociedade mais harmoniosa, onde deve
imperar um sentimento coletivo deveras positivo.
Nos últimos tempos temos constatado uma realidade que muito nos entristece e que
nos obriga a ponderar sobre o nosso modo de ser e de estar num mundo conturbado
por diversos conflitos bélicos com consequências devastadoras em todos os domínios
que conhecemos. Um mundo que, infelizmente, passa por tempos excecionais que nos
obriga a ser mais solidários para ultrapassarmos as dificuldades que encontramos nos
nossos dias. Temos, assim, a obrigação de amparar os incapacitados, de estar ao lado
dos mais pobres, de mostrar novos caminhos de vida aos dependentes das drogas, de
contribuir com a nossa atuação para o verdadeiro bem comum.
Para o ano de 2024, renovamos o nosso empenho em soluções que garantam uma
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sociedade mais inclusiva, com o objetivo de avançarmos juntos para o desenvolvi-
mento social e económico que tanto ambicionamos.
Continuaremos o nosso percurso de proteger socialmente quem tem poucos re-
cursos, de criar oportunidades aos nossos jovens, de apoiar o investimento, de in-
centivar a criação de postos de trabalho e de reduzir a carga fiscal sobre as famílias
e as empresas.
É com este propósito que a Câmara Municipal de Ponta Delgada continuará a
desenvolver a sua atuação, reforçando a sua relação de proximidade com a comu-
nidade.
É na convicção colocada na Paz que dirijo esta mensagem de Boas Festas aos
nossos munícipes. Fazendo votos para que, juntos, festejemos este tempo de Natal
com sentido da partilha e sentimento fraterno e solidário.
Nos tempos mais difíceis temos de manter bem viva a determinação de cumprir
com o objetivo que nos une, enquanto cidadãos de Ponta Delgada, que passa por
desenvolver o concelho para novos índices de desenvolvimento que exigimos e me-
recemos!
Um Santo Natal e um Feliz Ano de Novo!
Pedro do Nascimento Cabral
Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada
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2 Correio dos Açores, 24 de Dezembro de 2022

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 Correio dos Açores, 24 de Dezembro de 2023 13

Natal tempo para planear o futuro

Quase que sem nos apercebemos, estamos a festejar mais um Natal e
mais um fim de ano.
Chegamos até aqui com a sensação de missão cumprida!
Concorde-se ou não, esta é uma altura propícia a partilhas, reflexões,
avaliações ou começar a planear o futuro.
Nesse sentido, quero começar por endereçar o meu mais sincero agra-
decimento a todos os colaboradores da Câmara Municipal de Vila Franca
do Campo pelo vosso trabalho e empenho demonstrado ao longo de um ano
desafiante.
Foi também o vosso esforço que nos permitiu fazer uma gestão rigorosa,
equilibrada e conseguir realizar obra que resolve os problemas concretos do
nosso dia a dia e melhora a nossa qualidade de vida.
O Pai Natal não consegue satisfazer todos os nossos desejos de um ano
para o outro. Por isso, devemos continuar a ser pacientes, mas diligentes para
vencer os novos desafios que temos pela frente.
Em Vila Franca do Campo, contamos com todos. E fazendo fé no ver-
dadeiro sentido e significado da palavra família, vamos continuar a receber
todos de braços abertos.
Vila Franca é uma terra de futuro!
Aproveito mais esta oportunidade para desejar um Santo e Feliz Natal
a todos os vila-franquenses, estejam onde estiverem, e um próspero Ano
Novo!

Ricardo Rodrigues,
Presidente da Câmara Municipal de Vila Franca do Campo

Natal tempo Tempo de solidariedade

para superar
de reflexão e balanço as adversidades da vida.

Aproxima-se mais uma quadra natalícia e com ela mais um final de ano, que para
muitos é a melhor época do ano.
Natal é sempre tempo de reflexão e de balanço. É a época, por excelência, da alegria
e da solidariedade.
Natal é também tempo de convívio, de recolhimento em família e de reencontro
com amigos, embora haja quem, por circunstâncias diversas esteja só, para quem dirijo
uma palavra de conforto.
É imbuídos deste espírito, que devemos prosseguir, não só durante o Natal, mas
hoje, amanhã e sempre.
A todos, votos de um Natal Feliz e de um Ano Novo repleto de saúde e prosperi-
dade.
Cristina Calisto”
É com um sentimento de grande alegria que me dirijo a todos Vós, nesta que é a “Quadra
Festiva”, que releva o melhor de cada um de nós.
No Natal celebramos a amizade e o amor pelo próximo, privilegiando a família e os
amigos, mas também renovando o sentimento de pertença à comunidade.
Que a solidariedade de todos, para com todos, esteja sempre presente todos os dias e
que possamos ter a disponibilidade para nos ajudarmos uns aos outros e assim superar as
adversidades da vida.
Principalmente aos que vivem momentos de maior dificuldade desejo que consigam
as forças necessárias para as ultrapassar e que possam manter a esperança de uma vida
melhor.
Aos nossos Emigrantes e a todos aqueles que não poderão partilhar esta época com
os que mais amam, envio um abraço fraterno e solidário... mesmo longe, estou certo que
estarão sempre nas nossas lembranças.
Aproveito para desejar a todos e em particular aos Povoacenses, que o Espírito
Natalício,permita que este seja um Natal de amor, esperança e saúde, e que junto dos
amigos e dafamíliapossam reforçar os afetos para um Novo Ano.
Que a magia desta época transforme os Vossos corações e encha os vossos lares de
alegria
Para todos ...um abraço com amizade e votos de Festas Felizes
O Presidente da Câmara Municipal
Pedro Nuno Melo
14
4 Correio dos Açores, 24 de Dezembro de 2022

PUB.
 Correio dos Açores, 24 de Dezembro de 2023 15

Espalhar alegria e generosidade

Nesta edição especial de Natal, o Correio dos Açores reuniu uma série de mensagens natalícias, cujos testemunhos
demonstram com emoção como esta quadra cheia de magia deve ser celebrada, tanto no aconchego do lar, juntos
dos que mais amamos ou longe da terra natal.
O Natal é uma data que suscita, em todos nós, sentimentos profundos emersos pela magia e encanto próprio
do clima festivo dessa data deslumbrante, promotores de encontros com a história maravilhosa do nascimento do
Menino.
Por isso, celebrar a magia do Natal é uma experiência maravilhosa que envolve compartilhar momentos especiais
com entes queridos, cultivando a generosidade e expressão de gratidão. Por isso, importa criar um ambiente
acolhedor em cada lar, pelo que é imprescindível decorar a casa com o presépio e com a árvore de Natal, uma
tradição clássica que cria memórias duradouras.
Assim, em cada lar, de forma festiva, é tempo de cumprir a tradição de troca de presentes, numa demonstração
de apreço pelos sentimentos compartilhados com os nossos entes queridos. Se a consoada é sempre um momento especial de celebração,
ela só será completa se a família reunida optar por incutir nos mais novos o hábito de cantar aquelas melodias mágicas natalícias que nos
embalaram desde a infância.
Celebrar o Natal é também procurar partilhar alegria e generosidade para com os que mais precisam ou com organizações de caridade,
participando em eventos de beneficência e assim espalharmos a alegria própria das celebrações deste tempo de solidariedade ativa.
É tempo também de ir à missa do galo ou outro evento religioso com significado espiritual relativo ao nascimento do Menino Jesus, nunca
esquecendo a tradição açoriana de ir beijar o Menino ou visitar os amigos, cumprindo a tradição do “Menino Mija”.
Nos nossos dias, caiu em desuso o envio cartões de Natal ou mensagens de boas festas para amigos e familiares, mas as novas tecnologias
vieram ajudar a espalhar saudações natalícias que seguramente irão alegrar o dia de alguém.
Pretendemos nesta edição enfatizar com estes testemunhos que esta magia natalícia tem um propósito em nada despiciente e que diz
respeito à aproximação das pessoas daquilo que a vida tem de melhor para ser sonhado, usufruído e partilhado e incita ao envolvimento
quanto aos princípios como a solidariedade, a justiça, a equidade, a inclusão e o respeito pelo próximo e pelo meio ambiente. Princípios
que andam demasiadamente ofuscados pela pressa do mundo contemporâneo e que clamam, cada vez mais, pela necessidade de uma maior
união entre todos nós
Desejamos a todos os leitores do Correio dos Açores umas Boas Festas cheias das maiores bênçãos do Menino Jesus, saudação dirigida
especialmente aos que estão mais longe dos seus entes queridos e que o Príncipe da paz traga a esperança que nos ajude a viver atentos às
necessidades deste Mundo.

António Pedro Costa

E apetecia sonhar
Apetecia sonhar que é Natal para TODOS. Esta esperança
não pode morrer. Sonhar não pode ser ignorar, mas desejar
que em cada casa brilhem luzes de todas as cores, que em
cada mesa haja pão doce e que em cada coração haja alegria
e AMOR. Nem TODOS podem contemplar o presépio com o
Menino Jesus a sorrir, cheio de amor e de esperança, sem se
interrogarem sobre o mundo em que vivemos; sobre o poder
das armas; sobre a igualdade que não chega a todos, sobre
o constante desinteresse pela Vida; sobre a fuga continua de
quem procura Paz, Pão, Solidariedade e Amor.
NATAL é também refletirmos e sentirmos, que o presépio
de Belém nos ensina que Jesus nasceu com quase nada, mas
com muito amor: o amor de Maria, de José e dos pastores.
Eram todos pobres, mas unidos pelo afeto e pelo amor,
não por riquezas e nem por grandes ideologias. A pobre man-
jedoura ensina-nos que as verdadeiras riquezas da vida, não
são o dinheiro, nem o poder, mas as relações, os afetos com
as pessoas que estão à nossa volta.
O melhor presente que podemos dar a alguém, nesta época,
não é material, mas sim o afeto, a atenção, a solidariedade,
a partilha e a esperança. Procuremos estender este afeto às
pessoas mais necessitadas, com proximidade humana e com o
calor de um sorriso. Deste modo, mesmo que não consigamos
solucionar nem a pobreza material, nem a guerra, nem a dor,
sabemos que mais pessoas experimentarão a riqueza de se
sentirem estimadas e amadas.
É este, o Espírito de Natal que devemos alimentar: Amar
quem está perto de nós. Se cada um de nós cumprir este pro-
pósito, este Espírito chegará a todos. Que este seja, não um
sonho, mas uma feliz realidade.
Enquanto nos reunimos com entes queridos e trocamos
Feliz Natal para TODOS. presentes, não devemos esquecer aqueles que enfrentam di-
ficuldades e solidão. A generosidade e a bondade devem ser
Ana Isabel D`Arruda estendidas a todos, especialmente àqueles que mais necessi-
tam. Neste Natal, vamos lembrar que um gesto de compaixão
pode fazer toda a diferença na vida de alguém.
O Espírito Natalício: Tempo de É fundamental lembrar-nos do impacto que as nossas
ações têm sobre o planeta. Optemos por presentes sustentáveis
Solidariedade e Compaixão e celebremos de forma consciente, reduzindo o desperdício e
protegendo a natureza que nos rodeia.
À medida que as luzes cintilantes adornam as ruas e os Que esta época festiva seja um lembrete do poder da união
aromas de especiarias preenchem o ar, é inegável que a quadra e da empatia. Independentemente das nossas diferenças, o
natalícia está mais uma vez à porta. Este é um momento de espírito natalino une-nos num sentimento de esperança e amor.
reflexão e renovação, em que a solidariedade e a compaixão Vamos espalhar alegria e calor humano, criando memórias que
brilham intensamente. perdurarão para além da temporada das festas.
16
6 Correio dos Açores, 24 de Dezembro de 2022
Que o verdadeiro significado do Natal ressoe em cada um
de nós, inspirando-nos a sermos melhores e a construirmos
um mundo mais gentil e inclusivo. Que a luz desta quadra
ilumine não apenas as nossas casas, mas também os corações
daqueles que encontramos no nosso caminho.
Desejo a todos um Natal repleto de paz, amor e harmonia.
Que esta seja uma época de renovadas esperanças e de gestos
altruístas, onde o espírito natalino perdure ao longo de todo
o ano que se avizinha.
Cati Martins
Música da Esperança
Que o Natal traga consigo a música da esperança, a me-
lodia do amor e a harmonia da paz. Que seja um ano com
365 novas oportunidades, sobretudo saúde e que ,acima de
tudo, sejam felizes!
Feliz Natal e um próspero Ano Novo a todos!
Helder Cunha
Nesta Quadra Festiva quero desejar que:
Tenham um Feliz Natal, e que deixem o vosso coração
ser iluminado pela estrela de Belém que anuncia a vinda do
Deus Menino;
Tenham um Feliz Natal, e que celebrem esta época com
muita alegria e junto dos familiares e dos amigos: eles são o
verdadeiro presente de Natal;
Tenham um Feliz Natal, e que possam pendurar uma estre-
la brilhante sobre o galho mais alto da árvore de Natal e que
cada estrela em cada uma das árvores possa ser luz para os
corações atribulados e entristecidos das crianças, dos idosos,
dos feridos e necessitados de cuidados de saúde e de todas
as pessoas que sofrem as agruras da Guerra, em Gaza, em
Israel, na Ucrânia e na Rússia e em tantos outros países que
nos são mais distantes;
Tenham um Feliz Natal, e que possam olhar o mundo
com mais amor e que esse amor leve alento aos doentes, aos
pobres e sem abrigo, aos imigrantes, aos que vivem sós e a
todos os que, de uma ou de outra forma, não têm felicidade
nesta quadra.
Desejo ainda que o Ano Novo, que se aproxima, a todos
traga os maiores sucessos pessoais e profissionais, a todos faça
percorrer um caminho sem sobressaltos e que seja pródigo
em Saúde, Paz e Amor!
Boas Festas!
Helena Oliveira
Professora Coordenadora e Diretora do Curso do
Departamento de Enfermagem, Saúde da Família
e Comunidade
O Natal - um estado de espírito
A celebração do Natal, com a sua aura de magia e encanto,
transcende o tempo e o espaço, unindo pessoas num espírito
de alegria, paz e amor. Embora seja uma data específica no
calendário, o Natal traz consigo uma mensagem profunda e
atemporal cuja verdadeira essência pode e deve ser vivida
diariamente.
O Natal é muito mais do que uma data comemorativa, é um
estado de espírito, uma celebração da vida, do amor e da so-
lidariedade. É com este espírito de generosidade e compaixão
que devemos refletir sobre o amor ao próximo e a importância
de estender a mão aos menos afortunados, reforçando a men-
sagem de que o verdadeiro espírito de Natal reside no ato de
compartilhar com os outros.
Num mundo em constantes desafios, desejo-vos que este Natal
seja um momento de luz, amor e renovação para todos e que
este espírito natalino seja uma chama constante nas nossas
vidas!
Um Santo Natal e Próspero Ano Novo repleto de esperança,
oportunidades e conquistas!
Maria de Fátima Pereira
De Toronto – Canadá
O Natal está à porta. De volta, chegam as listas de prendas e
afazeres para o dia mais lindo e feliz de todo o ano. Os en-
feites e as decorações não faltam em todas as casas que com
sua alegria enfeitam os seus lares.
Num tempo agitado por guerras e desuniões, o mundo se
reúne à volta da mesa recheada de doces e iguarias que lhes
trazem um momento mais doce na vida. As mensagens de paz
e de amor multiplicam-se, as luzes brilham ainda mais, muitas
vezes esquecendo que é no presépio que habita a maior luz.
Numa pequenina e humilde manjedoura de palhinhas tão po-
bres e sob a luz da candeia nascia aquele que viria realmente
salvar o nosso mundo. Sim, este mundo que chamamos nosso
meu e teu. O mundo que hoje se esquece de que é no presépio
que ainda vive a lembrança do mesmo Jesus que morreu por
todos nós.
Hoje, é tempo de dar as mãos. Que este Natal seja mais Fe-
liz e mais aconchegado junto dos braços de cada família,
perdoando verdadeiramente e amando intensamente. E num
gesto de ternura partilhe; estenda a mão e não tenha medo de
amar. Abra o seu coração e não tenha medo de dar. O mundo
precisa. Feliz Natal.
Nuno Ventura
Família…
Estamos na época mais feliz do ano cristão em quem se
celebra a chegada do Menino Jesus.
Lembro-me de colocar o sapatinho na janela à espera que
o Menino Jesus que me trouxesse uma prenda… Recordo-
me de comer alguns figos passados antes de ir para a Missa
do Galo à meia-noite e de conviver depois com os familiares
após a celebração eucarística. Ainda consigo saborear a alegria
que sentia nessa altura do ano, quando tudo parecia ser mais
simples e tão diferente de hoje em dia. O sapatinho à janela
foi substituído pela meia na lareira e os figos passados pelos
chocolates, mas o essencial manteve-se: a família.
Com a interrupção letiva, as crianças também participam
nos preparativos, desde a montagem da árvore de Natal e do
presépio até à preparação da ceia de Natal, transformando-
se num momento de partilha, mas também numa espécie de
ritual de passagem de tradições entre gerações, o que acaba
por assegurar que as mesmas não se percam com o passar
dos tempos.
Quer seja participando na tradicional “Missa do Galo”,
quer seja juntando-se à volta da mesa na Ceia de Natal, tudo
é feito na companhia dos familiares. Afinal, por alguma razão
o Natal é também chamado de “Festa da Família”.
Paula Teodoro
É Natal, adoremos
o Senhor Deus de amor
É Natal, quadra festiva que nos leva a confraternizar com
maior frequência, que nos leva a repensar a vida e como de-
vemos ter respeito por ela, bem como pelo nosso próximo.
Num mundo moderno, mas virado para variados tipos de
guerras, há que repensar muito bem em tudo o que nos rodeia.
Felizmente que ainda vivemos num cantinho onde andamos,
aparentemente, afastados de muitas crueldades e barbáries.
Mas, há que ter muita atenção, porque num cantinho peque-
no e afastado de grandes confusões como o nosso, também
haverá debilidades de outros tipos, muitas delas cruéis e que
permanecem silenciadas.
Noite feliz, ó Senhor Deus de amor…, assim se inicia
um dos muitos cânticos desta quadra festiva. Que a noite

deste Natal seja feliz para todos os açorianos e açorianas, em
especial os doentes que estão nos hospitais num sofrimento
agravado por estarem afastados das suas casas e famílias. Aos
idosos, nos lares, que da mesma forma sentem a saudade das
suas casas e das calorosas reuniões familiares. A todos aqueles
que por força da sua profissão têm de manter-se a trabalhar
e ficam estas noites desacompanhados das suas famílias. Es-
pecialmente para estes, desejo que o Senhor Deus os abençoe
com o seu amor, os dê esperança, os conforte.
Num mundo cada vez mais desfragmentado, necessitamos
de nos amar, de nos respeitar e de entendermos que somos
todos irmãos. Em verdade precisamos uns dos outros, somos
filhos do mesmo Pai, ele sim é sabedoria, luz, misericórdia,
justiça e acima de tudo amor!
Da Vila da Povoação, berço do povoamento desta ilha de
São Miguel, desejo a todos um Feliz Natal.
Pedro Damião Ponte
Caminhamos no Tempo do Natal.
Tempo do sonho e do encanto. Tempo (apenas vivido para
uns e tão sonhado para outros) do frenesim das luzes e deco-
rações, das compras e das mesas cheias, dos momentos de
rever familiares e amigos… Tempo da nostalgia de dias idos…
Tempo de refletir novos desejos e sonhos…
Com a chegada deste Tempo do Natal ressoam as bonitas
baladas, paira a magia e o encanto das cores, avultam-se os
apelos ao Amor, à Paz, à Alegria, à Partilha…
É um tempo de Esperança na renovação! E é tão bom quan-
do há esperança!
Nós, todo o Mundo, precisamos tanto de esperança e de ver
os sonhos realizados, de ver a nitidez da luz e das cores, de ver
acontecer a magia!
Neste mundo real, não idealizado, onde o presente encon-
tra feridas, guerras, solidão, pobreza… ressoam os corações
insatisfeitos que gritam por sair da escuridão, por decifrar a
alegria plena.
Que o Natal seja este tempo de abrir o coração, de nos
inspirarmos pela revelação.
Sejamos ouvidos atentos ao apelo e mãos prontas para a
construção da Paz e da Partilha.
Correio dos Açores, 24 de Dezembro de 2023
Sejamos fermento de Esperança, sejamos pés a caminhar
com rumo certo. Sejamos calorosos braços abertos.
Como nos diz o poeta Cardeal D. José Tolentino de Mendon-
ça: “O Natal deixa-nos com um presente nas mãos: confia-nos
um verbo para todos os dias do ano. E esse verbo é nascer!”
Mantenhamos o espírito missionário do Presépio sempre
acordado em nós, todos os dias!
Sejamos o sorriso do Menino Jesus!
Tenhamos a audácia de (re)nascer, sempre! E sermos Paz,
Esperança e Luz!
Um Santo e Feliz Natal para todos!
Ricardo J. Andrade Botelho
O maior presente de Natal
O natal é a quadra mais calorosa do ano. É a época onde o
ar se enche de aroma de bolos e bolachas confecionados nos
lares e onde o frio que se faz sentir, que é minimizado pelo
som dos risos e sorrisos das crianças, ao olharem as brilhan-
tes e coloridas luzes que enfeitam as cidades, e que tanto nos
aquece o coração.
Mas, o culminar desta simbólica festa também é a mesa.
A mesa onde toda a família se reúne para conviver. A mesa
que nos torna saudosos, mas felizes, e nos faz relembrar as
histórias, os momentos vividos e as gargalhadas partilhadas.
A mesa que, tão repleta de tudo, está repleta do maior presente
de natal: o amor que irradia do presépio.
E que o amor, seja, sempre, o alimento da Humanidade!
Votos de umas alegres e doces festas, que a esperança se
fomente nos nossos corações e floresça em atos de bondade e
caridade.
Romina Cardoso
Votos do Brasil
O Natal é uma época de festividade, mas também é uma
oportunidade para refletir sobre seu significado mais profundo
que é o nascimento de Jesus.
Enquanto trocamos presentes, participamos da ceia nata-
lícia, não podemos esquecer que esta é uma celebração que
trouxe ao mundo a mensagem de amor, compaixão e perdão.
No Natal, somos chamados a imitar essas virtudes em
nossas vidas, estendendo a mão aos necessitados, perdoando
aqueles que nos magoaram e nutrindo os laços familiares que
nos unem.
17
Desejo um Natal repleto de amor e fraternidade no coração
de todos os Açordescendes, estendo a todas as pessoas desse
grande mundo!
Ronaldo Augusto Pires
Historiador e Presidente da Casa Açoriana Freguesia
Sant’Anna de Villa Nova, Imbituba, Santa Catarina, Brasil
Cuidemos do nosso coração
No Natal, acompanhamos o mundo que nos rodeia, que nos
entra nas nossas casas, pela rádio e pela televisão. Vivemos num
mundo louco, num mundo em guerra, onde tudo acontece, mas
não é por isso que deixaremos de viver o Natal, no aconchego
da nossa família.
Por isso, cuidemos do nosso coração, pois é nele que vive
a solidariedade, a caridade, o respeito pelos outros, a fé num
mundo melhor e a esperança de que o Deus Menino faça um
milagre de paz e amor, um milagre de emprego para todos, um
teto para quem dorme ao relento, com frio e chuva.
A verdade é que cada um de nós tem de fazer a sua parte
e não ficar à espera que seja o nosso vizinho a dar o primeiro
passo!
Desejo que este Natal seja para todos a festa da família e
que os abraços natalícios se prolonguem por todo o ano de
2024. Boas Festas
Rosa Margarida
Os meus votos
Nesta época festiva, quero desejar a todos um feliz Natal é
um próspero ano novo e que neste natal nada falte às pessoas:
não falte união; não falte harmonia; não falte o bom senso e
a entre ajuda ao próximo. Todos nós precisamos de alguma
coisa no Natal nem que seja um abraço e por esta mesma
razão deixo aqui esse pequeno texto.
Por outro lado, formulo votos de paz no mundo e que
acabem as guerras e os homens sejam mais solidários e que
acima de tudo sejam felizes.
Desejo também um feliz Natal a toda a minha família
principalmente a minha filha Vitória que tanto gosta do Natal
e a todos sem exceção.
E, por fim, que não falte muita música que é sinal de uma
boa animação.
Feliz Natal é um ano de 2024 cheio de coisas boas
Rui Açoriano
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8 Correio dos Açores, 24 de Dezembro de 2022

Na solidariedade está
o verdadeiro sentido de Natal
Aproxima-se a altura do ano em que
mais seapela à solidariedade para com os
concidadãos que, por razões diversas, seja
por situação de desemprego, por dificul-
dades económicas, desintegração social
ououtros motivos, esperam por uma mão
amiga e um conforto.
A conjuntura de dificuldades que o
país atravessa, provocada pela guerra na
Ucrânia, tem trazido desafios às famílias
e a cada açoriano, a todos os níveis, mas
com maior impacto naquilo que são direitos
essenciais como sejam a habitação e a ali-
mentação, sendo as famílias e concidadãos
economicamente mais frágeis os mais pe-
nalizados.
Consciente das dificuldades, o municí-
pio, em parceria com outras instituições lo-
cais, deu o seu contributo, neste Natal e tal
como nos anos anteriores, para que as fa-
mílias que mais precisamtenhamuma festa
condigna, distribuindo, por 150 agregados
familiares, um cabaz com bens essenciais.
Não se esgotando aqui o trabalhoda
autarquia no campo da ação social, ao lon-
go do ano, são canalizados apoios diretos
para a aquisição ou melhoria de habitação
própria das famílias,assim como, prestado
apoioao abrigo do fundo de emergência
social, e aumentada substancialmente a
disponibilização de habitação social.
Imbuídos de sentido solidário para
com aqueles que mais necessitam,e sendo
tão próprio da quadra que se aproxima,
aproveito para enviar os meus votos, e da
vereação que compõe a Câmara Municipal
do Nordeste, de umas festas felizes a todos
os Nordestenses, aosAçorianos e à nossa
Diáspora.
António Miguel Soares
Presidente da Câmara Municipal
do Nordeste

Natal - Os pingos da verdade !

1. A seguir à Páscoa, a grande festa dos cristãos é, sem rés-
tea de dúvida, o NATAL, que para nós enche- nos da alegria
exuberante do nascimento de um ser vivo, obra maravilhosa
do Deus Criador, que se fez Homem e por Maria e pela força
do Espírito Santo nasceu em Belém, Terra Santa, que agora
passa por uma estrondosa e horrível guerra entre povos divi-
didos por religiões e marcas de um passado tenebroso , isto
quando há dois mil anos a grande notícia era o nascimento
do EMANUEL, DEUS CONNOSCO, em alegria esfuziante
que marcou a época e a história, estrelou o céu e espalhou
a jubilosa mensagem “ Glória a Deus nas alturas e Paz na
Terra aos homens de boa vontade “.
Uma alegria inebriante que não se explica a não ser pela
fé de acreditarmos na vinda do Salvador que nos causa um
ambiente de felicidade e de paz, capaz de unir as famílias
à volta de um qualquer Presépio com a gruta representando
o estábulo com o MENINO nascido entre palhas e aquecido
(Eduardo de Medeiros)
pelo bafo de dois animais domésti-
cos diante do olhar terno de Maria
e José . E assim começou o Mundo
com a nova história da SALVAÇÃO
. les que mais sofrem, da solidão ao abandono frio e ingrato ,
2. E nós, passados estes longos
séculos , enfrentamos com dor e
angústia e impotência as guerras
que destroem e matam na Ucrânia
e agora também na Terra onde nas-
ceu Jesus, irmãos como são os cris-
tãos, contra irmãos filhos do mes-
mo Deus e com o mesmo coração
sedento de Paz , sem esquecer os
pobres de alguns países de África
onde se guerreiam por razões po-
líticas e de crença na mesma terra
onde nasceram seus pais e parentes.
E nem a voz do Papa e de alguns
políticos moderados e mais equili-
brados conseguem calar a voz das
armas porque outros “ valores mais altos “ se levantam de
jogos de interesses mesquinhos, agressivos e envolvidos de
políticas corruptivas que alardeiam no mundo ! Mas nem por
isso deixamos de nos abeirar do PRESÉPIO feito com amor
e ternura e olhamos fixamente o MENINO da manjedoura
com a fé que nos corre nas veias pedimos que haja diálogo
em aturadas conversações de Paz, sem a qual as pessoas de
todas as latitudes não são felizes !
3. Apesar de nos queixarmos, nós que somos povo nasci-
do nestas ilhas de bruma onde a terra treme com frequência,
isolados pelo mar que nos rodeia, vivemos no céu da terra,
onde há leite e mel, sem armas e sem guerras a não ser aque-
las provindas dos nossos corações entorpecidos ! E assim,
há presépios por todo o lado e bonitas árvores com luz e cor,
cheiro a cedro e mesa posta e os sinos ainda tocam a convidar
para a Missa do Galo , no salutar convívio das crianças e da
restante família, no ambiente jubiloso da mais quente noite
do ano !
4. Claro que neste Natal não nos podemos esquecer daque-
da pobreza na mesa e no teto , dos que vivem com pouco, de
pensões miseráveis que ás vezes até lhes falta para pagar os
medicamentos na farmácia para os aguentar vivos, daqueles
que estão abandonados mesmo a nosso lado , dos que têm
uma vida ingrata e dos que por excessos vão morrendo aos
poucos e que nem os governos conseguem acudir. Muitos
de nós ainda somos uns felizardos neste muito turbulento e
ingrato e, neste espírito, estamos sempre a renascer como
pastores que vão a caminho de Belém, sempre à procura do
Deus Menino.
5. Esta quadra é propícia ao antigo pensamento que “ re-
cordar é viver “ e fazemos memória de tantas coisas e tantos
acontecimentos e de projetos que bailam na nossa sociedade
e na nossa comunidade. A SINODALIDADE na Igreja do
Emanuel que nasce é uma gigantesca tarefa sempre inacabada
porque está envolvida de muito diálogo e acolhimento, muita
capacidade de ouvir e de olhar, sempre a caminhar juntos ,
até porque o diagnóstico da nossa Diocese já foi elaborado,
necessitando apenas de atualização e melhorias para não se
bater sempre na mesma tecla : que sem acolhimento, proximi-
dade e diálogo e muita tolerância e disponibilidade, NADA
FEITO !
O senhor bispo dos Açores afirmou há pouco tempo
que “ estamos a criar um estilo de ser Igreja “. D.Armando
tem sido o exemplo da coragem e da mudança e do aturado
sacrifício de saltar de ilha em ilha. Como ele próprio anunciou
, nos três meses do último verão , o nosso bispo diocesano
fez 43 viagens de avião ! Que o Menino de Belém sempre o
proteja neste caminhar no meio das ovelhas do seu rebanho,
são os nossos sinceros votos.
E a todos um bom NATAL.
Correio dos Açores, 24 de Dezembro de 2023 19

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0 Correio dos Açores, 24 de Dezembro de 2022
Natal, uma luz nas trevas
Este Natal de 2023 está sendo celebrado por nós em paz,
enquanto algures na Terra Santa ecoam os estrondos das
explosões de mísseis, obuses computorizados de artilharia
e de carros de combate, num cenário dantesco sobrevoado
por drones e supervisionado do espaço por satélites de alta
tecnologia. Os resultados desta catástrofe cifram-se em milha-
res de vítimas, entre elas inocentes crianças que ficarão para
sempre marcadas por um conflito que, por muito boa vontade
que alguns decisores políticos tenham, se irá prolongar num
tempo de dimensão agravada pela intervenção de forças ex-
teriores. Um breve olhar no retrovisor histórico, mostra-nos
como há 146 anos a I Guerra Mundial ditou os destinos da
Palestina, quando em dezembro de 1917 o Exército Britâ-
nico, sob o comando do General Allenby, tomou Jerusalém
Apontar as luzes da
época noutra direcção
A primeira celebração de Natal de que há registo data de
meados do século IV, com o Papa Júlio I a ser o primeiro a
declarar o dia 25 de Dezembro como a data do feriado. O dia
25 de Dezembro era o dia mais escuro do ano no calendário
juliano então em uso - um dia apropriado para celebrar o
nascimento da “grande luz” (cf. Isaías 9:2). Se é correcta a
data, se é apropriada, se foi escolhida para tentar contrariar/
apagar as festividades pagãs de Inverno, como a celebração
de uma semana das Saturnais (renascer do ano) ou a Festa do
Sol Invicto? Na minha opinião tem pouca relevância prática.
Importa mesmo é a celebração do nascimento do Menino
Jesus (da Nazaré) e a sua importância na nossa Vida.
Contudo, a história do Natal do Menino Jesus, desde que
foi instituída, não é a história de uma festa outrora sagrada
aos alemães, que prudentemente retiraram da cidade antes da
investida inglesa. O domínio britânico na Palestina conferiu
uma especial responsabilidade à Coroa Britânica, acentuando
clivagens e situações que o plano anglo-francês Sykes-Picot,
destinado a retalhar o Império Otomano, aliado da Alema-
nha na guerra de 1914-18, veio permitir. Foi com base nesse
acordo que se formou em 1948 o Estado de Israel, apenas
resolvendo na aparência questões de fundo. A confirmá-lo
estão os conflitos violentos que assolam a região desde que as
Nações Unidas exercem mandato sobre a Palestina, fechando
os olhos a muito atropelo lá existente. O caso de Jerusalém é
emblemático, sendo reavivado em cada Natal e Páscoa, sem
que surja uma solução -milagre.
A corrente época natalícia vem deixando entender que,
quando os cristãos celebrarem o nascimento do Jesus, a situ-
ação estará atingindo o clímax de gravidade, uma vez que as
forças armadas israelitas não abrandam o seu ímpeto ofensivo,
perfeitamente justificado pelas atitudes traiçoeiras do Hamas,
um verdadeiro grupo terrorista que nada respeita. As tenta-
tivas de pausas e de alcançar uma paz, ainda que provisória,
esbarrarão nas notícias que, de um e de outro lado, dão conta
do assustador aumento do número de vítimas mortais. Está
instalado um crescente desejo mútuo de vingança, o que po-
derá pôr em causa uma suspensão das hostilidades, as quais
claramente dão muito jeito aos russos de Putin, assim livres
de prosseguir a “operação especial” ucraniana – tão especial,
que lhes corrói a imagem desde há quase 2 anos. Adensam-se
assim as trevas no leste europeu, enquanto a União Europeia
continua esperando que o Pai Natal americano, entretanto
enredado nas mui democráticas trapalhadas políticas, se deci-
da mais uma vez a abrir o guarda-chuva securitário habitual,
substituindo-se a um poderio militar europeu que tarda demais
em ver a luz do dia. Dividida como nunca, fragilizada pela
estúpida saída do Reino Unido, a União Europeia perdeu e
perde demasiado tempo a consolidar-se, correndo o risco de
abrir mais brechas com os avanços para junto da fronteira rus-
sa. Nem o número esmagador de baixas civis e militares, que
que está a ser cada vez mais corrompida pelo
secularismo e pelo comercialismo. O sagrado
e o sacrílego, o profundo e o banal sempre se
encontraram no Natal, desde o início que se
entrelaçam. Devemos interrogar-nos se mui-
tas das tradições e costumes que recebemos,
ou que vão aparecendo, se de facto dizem
alguma coisa sobre Jesus. Ao considerarmos
o que deve ficar e o que pode ir embora, fa-
ríamos bem em lembrar a nota dominante na
versão bíblica da história: a adoração alegre e
atónita. “Glória a Deus nas alturas!” gritaram
os anjos do céu (Lucas 2:14).
Os pastores, depois de testemunharem
a maravilha com os seus próprios olhos,
“voltaram glorificando e louvando a Deus”
(Lucas 2:20). Pouco depois, Simeão e Ana
ergueram as suas vozes para o céu ao verem
o Menino Jesus (Lucas 2,28-32, 38). E sem-
pre que os magos viam a sua estrela, “exultavam de grande
alegria” (Mateus 2:10).
Para purificar o Natal não podemos suspender o mesmo,
ou até cancelar ou mesmo proibir, como já o fizeram em di-
versos locais no século XVII, até porque a maioria de nós não
o quereria fazê-lo (falo por mim). Mas enquanto os cânticos
seculares enchem os centros comerciais e a loucura do co-
umas contas de várias fontes estimam em mais de 1 milhão,
das quais 50% de mortos, é suficiente para deter a hecatombe.
Piorando o cenário desde outubro, a guerra Hamas – Israel
veio vitimar20.000 pessoas, incluindo cerca de 6.500 crianças.
Isto em pleno século XXI, onde o “parlapié” comum cita
os Direitos Humanos por tudo e por nada. Mas 10 séculos
atrás, quando os cavaleiros cristãos da I Cruzada tomaram
Jerusalém, foram mortos 100.000 muçulmanos e judeus, o
que deixou na memória coletiva uma marca profunda.
Estas e outras marcantes razões levam o mundo católico,
pela voz do Papa Francisco, a apelar ao consenso entre etnias
e religiões, mensagem que certamente irá enfatizar na sua
aguardada intervenção de Natal.
Contrariamente à sensata e sábia palavra do Santo Padre,
os falcões fanáticos de um e do outro lado da contenda, a úni-
ca saída que procuram é pela via violenta, porque mesmo ao
dizerem que pretendem a paz, só pensam na guerra. Não são
os terroristas do Hamas que afirmam negar a Israel o direito
a existir? E não são os acólitos do Primeiro-Ministro israelita
que pretendem arrasar Gaza, numa espécie de “solução fi-
nal” idêntica à do holocausto nazi? Extremadas as posições
a este ponto, seria apenas com a aniquilação de total um dos
inimigos que a guerra terminaria definitivamente, o que não
parece provável, nem viável. Gorados os esforços da ONU,
sucessivamente demonstrativos da sua ineficácia internacio-
nal, resta a países como Portugal manter uma discreta posição
de “neutralidade colaborante”, seguindo o modelo praticado
pelos governos de Salazar. Ainda que fascista, ditador e tudo
o que mais possa ter sido, o homem e seus governantes tinha
uma linha de rumo que defendia a nação, objetivo que devia
estar mais claro nas mentes erráticas que hoje nos governam.
Se nós, cá pelos Açores, preparássemos com mais visão o
futuro, em vez de nos digladiarmos internamente, não seria
necessário hipotecar tanto a Autonomia ao peso dos dinheiros
externos. Todavia, se a luz do Natal rasgar as trevas e iluminar
caminhos, Jesus terá realizado o esperado milagre.
Feliz Natal 2023!
mercialismo atropela a época como um carro desgovernado,
temos mais uma vez a oportunidade de apontar as luzes da
época noutra direcção: para Deus encarnado, o Infinito como
criança, Eu Sou como Emanuel.
Adaptado de S.H.
Paulo Jorge Amaral
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2 Correio dos Açores, 24 de Dezembro de 2022
Natal em tempo de Guerra e Paz
O Natal é por excelência a festa dos Cristãos que celebra o
nascimento de Jesus de Nazaré, com um profundo significado
de aproximação entre as pessoas, do encontro, de convivência,
de perdão, de partilha, da família, marcada pelo presépio, a
árvore de Natal, a ceia de Natal, os presentes e até entre nós
pelo “menino mija”. Ao Natal também está associada a música,
a missa do galo, a alegria, e a Paz.
No entanto, e mais uma vez este Natal fica ensombrado
por este mundo fora com conflitos de guerra que tem causado
milhares de mortos, feridos, refugiados, com dramas profundos
a afetar seres humanos, e na sua maioria inocentes.Nesta dura
realidade como podemos ficar indiferentes a esta tragédia que
Carta ao Menino Jesus
Caríssimo Menino Jesus
Desculpa-me por, nesta altura do ano, em que celebra-
mos os 2023 anos do Teu nascimento - data convencionada
por se desconhecer a verdadeira – vir incomodar-Te com
dois pedidos que alguns leitores poderão considerar des-
nos entra todos os dias pela casa a dento através dos écrans
da televisão, pela rádio, redes sociais e jornais? é impossível,
pois só um ser insensível ou muito desinformado pode não
ficar tocado por estas disputas, que não raras vezes assumem
proporções de carnificina e num quadro de desrespeito abso-
luto pelos Direitos Humanos.
Não deixa de ser irónico que um dos mais sangrentos con-
flitos armados esteja presentemente a ocorrer na Palestina,
um território profundamente ligado à origem do cristianismo,
mesmo aceitando que ele tenha nascido na Judeia como de-
fendem muitos historiadores e teólogos. Um conflito que se
prolonga há décadas e que assumiu proporções sangrentas com
o recente ataque cruel do Hamas em 7 de outubro em território
israelita, deixando um rasto de terror e de mortos civis, incluin-
do vítimas inocentes raptadas. Como sempre a resposta de
Israel não se fez esperar e com uma intensidade cujos efeitos
ainda estão por descortinar e como acontece nestas situações
provocando danos colaterais a que também não escapam os
inocentes. Que melhores presentes de Natal não poderiam ter
estes povos, se o coração dos responsáveis políticos e militares,
a geoestratégica, permitissem a Paz nestes territórios e a convi-
vência pacífica e de cooperação nesta Região. É confrangedor
assistir ao não entendimento entre os membros do Conselho
de Segurança, mas também da própria Assembleia Geral das
Nações Unidas a propósito deste conflito, mas também do
da guerra provocada pela invasão da Ucrânia pela Rússia, e
outros conflitos de grande intensidade que estão a acontecer
por este mundo fora e designadamente na Ásia. As guerras
como consequência da ganância, conflitos religiosos e étnicos
e a ameaça da crise climática estão a pôr em causa de uma
forma rápida e dramática a própria sustentabilidade do Planeta
Terra, sem que os seus principais protagonistas façam uma
profunda reflexão sobre os seus comportamentos e como se o
futuro fosse algo que não os preocupa, numa junção perfeita
propositados. Todavia, eu como sou partidário da paz e da
concórdia, atrevo-me a escrever-Te estas mal alinhavadas
linhas.
Como muito bem sabes, desde há uns poucos anos a
esta parte tudo serve para atacar a Igreja que fundaste;
contudo, usam e abusam das benesses que tua igreja pro-
porciona aos povos aquando das festividades e celebrações
de datas marcantes (como o Natal, por exemplo)que ori-
ginam pausas e descansos laborais.
Mas, o propósito desta carta não é fazer queixinhas,
mas sim, para pedir a Tua intervenção nas situações que
a seguir relato.
Primeiro queria pedir-Te que incutisses juízo e bom
senso àqueles que, ao abrigo do estatuto da denúncia anó-
nima (muito conveniente para aqueles que não querem
dar a cara) se põem a denegrir a imagem deste ou daquele
membro da Igreja Católica Apostólica Romana, com casos
de abusos sexuais, eventualmente praticados por padres,
bispos ou mesmo cardeais, um pouco por todo o mundo.
Pelo que tenho observado, só a Igreja que fundaste com
os Teus apóstolos é que tem sido notícia, talvez porque as
outras só têm seguidores cumpridores. Paciência!
Faço notar que, muitos dos casos que têm vindo a pú-
blico, têm décadas de existência, alguns até com protago-
nistas já falecidos.
Para aqueles que estão com os seus processos em anda-
mento se, por mero acaso, vierem provar que estão inocen-
tes, não impede que a sua honorabilidade fique manchada
para o resto da sua vida.
O segundo pedido que Te queria fazer está relacionado
com a situação actual da terra onde nasceste.
Como tens conhecimento, a terra na qual as escritu-
da ganância, com o egoísmo e do desprezo pelo futuro.
Com a globalização, as novas tecnologias, o poder de al-
cance bélico de alguns países, o que ficava longe, hoje está
mesmo ao pé da porta e não podemos pensar que a desgraça
dos outros por ficar geograficamente afastada, também não
nos toca, porque isto é pura ilusão e a prová-lo tivemos o
Covid 19 que se converteu aceleradamente em Pandemia por
todo o mundo, bem como os efeitos acrescidos na subida dos
preços das matérias primas, bens intermédios e finais e nas
taxas de juro provocados pela invasão da Ucrânia pela Rússia
com efeitos em todos os países. Hoje tudo se propaga a uma
velocidade impressionante e principalmente o mal.
Sendo assim, a melhor prenda de Natal que podíamos ter,
mesmo aqui nos Açores era a Paz no mundo, em que a coo-
peração substituísse os conflitos e que os Senhores da Guerra
e da degradação do meio ambiente fossem tocados pela fé e
pela razão da construção de um mundo melhor.
Poder-se-á dizer que isto é uma utopia, e que não passa de
uma esperança, mas o mundo também se constrói com causas
e perseverança, e certamente se nos demitirmos, então é que
batemos mesmo no fundo. Haja esperança num mundo melhor,
mas para tal não podemos cruzar os braços e esperar que as
coisas aconteçam.
Cá por casa, que nesta Consoada o Pai Natal nos coloque
no sapatinho uma prenda que também sirva para iluminar as
nossas mentes e corações rumo à construção de uns Açores
melhores, sem pobreza, com mais educação, menores depen-
dências, incluindo o álcool e as drogas, menos abandono esco-
lar precoce, erradicação da violência doméstica, igualdade de
género em oportunidades e deveres, mais cooperação, partilha
e também mais sustentabilidade.
Natal de 2023
Gualter Furtado
ras dizem ter sido o lugar do Teu nascimento, anda a ser
martirizada com sucessivos ataques dos israelitas porque
houve um doido que, agora na qualidade de chefe de um
grupo de terroristas fortemente armado e apoiado por na-
ções vizinhas também elas inimigas de Israel, resolveu
raptar umas quantas pessoas, entre adultos e crianças, as
quais estavam numa festa perto duma fronteira entre Israel
e a faixa de Gaza, nome actual de parte da antiga Palestina
que bem conheces.
Os mortos desta guerra fratricida já vão em dezenas
de milhar, maioritariamente mulheres e crianças. Porquê
tanta criança?
Confesso que não sei até que ponto são verdadeiras as
notícias emitidas pelos vários jornalistas porque, quando
aconteceu o ataque e rapto de homens, mulheres e crianças
que estavam na festa, o primeiro-ministro israelita infor-
mou - Urbi et Orbi - que Israel não descansaria enquanto
não eliminasse o tal grupo terrorista de nome Hamas.
Perante esta irredutibilidade de posições não é crível
que a guerra acabe em breve.
A não ser que haja uma mão divina. Daí, o meu segundo
pedido, caríssimo Menino Jesus: por favor pede ao nosso
Pai celeste que interceda por nós, acabando com aquela
mortandade.
Um Santo Natal e um feliz Ano Novo para todos.
CARLOS REZENDES CABRAL
P.S. Texto escrito pela antiga grafia
DEZEMBRO 2023
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4 Correio dos Açores, 24 de Dezembro de 2022
Ana Sofia Silva Amaral cresceu, estudou e vive no Porto Formoso
“A quadra natalícia era
mais vivida na véspera”
A nossa entrevistada é professora do 3.º ciclo e secundário,
já foi Presidente da Casa do Povo do Porto Formoso, mas no
momento é a Presidente da Assembleia-Geral. Já foi catequista
e já fez teatro, canta no grupo coral e integra o Grupo Folcló-
rico de Nossa Senhora da Graça do Porto Formoso.
Ana Sofia Silva Amaral, de 43 anos é uma cara bem conhe-
cida na Freguesia do Porto Formoso, no Concelho da Ribeira
Grande.
A nossa entrevistada cresceu, estudou e vive na terra onde
nasceu. Neste momento é professora do 3.º ciclo e secundário,
no Concelho do Nordeste, embora também já tenha trabalha-
do, durante muitos anos, no Porto Formoso.
Desde 2015, que andou a trabalhar na Escola Profissional
do Nordeste, mas este ano decidiu leccionar numa escola
do sector público, também no Nordeste, “porque é um local
que gosto de trabalhar e gosto da vivência das pessoas no
Concelho do Nordeste, daí também ter feito esta escolha”,
relevou.
Dois mandatos que “passaram depressa”
Durante dois mandatos de quatro anos cada, Ana Sofia
Silva Amaral foi Presidente da Direcção da Casa do Porto
do Porto Formoso terminando esta ligação, como Presiden-
te da Direcção, o ano passado, embora mantenha-se ligado
às vivências da Casa do Povo, agora como Presidente da
Assembleia Geral.
“Os oito anos correram bem, passaram depressa e foram
muitas dificuldades que encontramos, numa Instituição Parti-
cular de Solidariedade Social (IPSS) pequena, numa Freguesia
também relativamente pequena, sem grandes financiamentos,
mas ainda assim conseguimos alguns apoios do Instituto de
Acção Social. Sugiram também apoios da Junta de Freguesia
do Porto Formoso, mas como se sabe, numa IPSS nunca há
muito financiamento, onde até tínhamos apenas uma funcioná-
ria, que foi para a reforma e a sua vaga não foi preenchida”.
Maria Branco foi alvo de uma justa homenagem no dia 1
de Outubro pelos seus 47 anos de dedicação à Casa do Povo
do Porto Formoso e às pessoas da terra.
“Vivia-se mais o Natal naquele tempo”
Desafiada a recordar o Natal de outros tempos no Porto
Formoso, Ana Sofia Silva Amaral relembra, que quando era
pequenina a família enfeitava a casa na véspera. “Todos os
arranjos florais, a decoração da árvore com postais, às vezes
com balões, outras vezes com pequeninos enfeites, que tí-
nhamos, tudo era na véspera de Natal, nos dias 23 ou 24 de
Dezembro.
“Vivemos cada vez mais num casulo”
Esta quadra natalícia era só mesmo vivida nesses dias, e
nunca como agora, no início do mês de Dezembro ou finais de
Novembro. Por outro lado, a parte religiosa também tinha um
peso enorme, ou seja, vivia-se mais o Natal naquele tempo,
porque as vivências também eram diferentes. Faziam-se as
visitas a todas as casas dos familiares, das pessoas mais pró-
ximas e o dia 25 ficava reservado para as visitas do ‘Menino
Mija’. Hoje em dia são contadas as casas que se visitam nesta
quadra natalícia, e a culpa não é só da pandemia da Covid-19,
mas a culpa não morre solteira, porque vivemos, cada vez
mais num casulo, onde há cada vez menos socialização e só
vivemos com a família, cada vez mais restrita e depois estas
tradições vão-se perdendo ao longo do tempo”.
“Nestas guerras não há vencedores e todos perdem”
Veio a pandemia, que afectou o mundo, mas depois vieram
os conflitos, a guerra na Ucrânia e a guerra Israel-Hamas.
“Cada vez mais, nas celebrações religiosas pede-se pela paz,
porque as pessoas têm consciência que as guerras existem,
afectam o quotidiano social e económico das sociedades, ape-
sar de relegarem para um cantinho da memória esta questão,
porque consequências trazem. No entanto, como estamos mais
afastados não sentimos o peso delas, mas nestas guerras não
há vencedores e todos perdem. São situações, que infelizmen-
te, as pessoas não aprendem com a história, porque a história
repete-se, volta a acontecer, todos manifestam-se contra, mas
ninguém faz nada”.
Muitos outros cargos e vivências…
Fora da esfera do trabalho, Ana Sofia Silva Amaral per-
tence ao Grupo de Folclore de Nossa Senhora da Graça do
Porto Formoso “há 25 anos e já pertenceu ao grupo de tea-
tro que chegou a existir no Porto Formoso, que entretanto
ficou sem espaço e deixou de haver, revivido agora através
do Grupo de Folclore de Nossa Senhora da Graça do Porto
Formoso. A Freguesia tem, de resto, essa apetência natural
para o teatro, que sempre foi muito característico no Porto
Formoso, até mesmo nos corsos carnavalescos, tradições, que
infelizmente foram-se perdendo. Com o Grupo Folclórico de
Nossa Senhora da Graça voltamos a reviver e a reactivar esta
tradição do teatro. Para além disto, canto no grupo coral, do
qual faço parte, já fui catequista e ainda faço parte da Direcção
da Casa do Povo do Porto Formoso, agora como Presidente
da Assembleia-Geral. E vamos participando e fazendo estas
actividades, porque o Grupo Folclórico de Nossa Senhora
da Graça do Porto Formoso ocupa-nos bastante tempo, onde
temos vindo a participar em diversos festivais, e para quem
tem três filhos já é muita coisa”.
De entre os festivais, o Grupo de Folclore de Nossa Se-
nhora da Graça do Porto Formoso participou em Novembro,
em França, no festival “Les Régions du Portugal”.
Para além do mais, a Freguesia do Porto Formoso, recebeu
ainda este ano mais um Festival Internacional de Folclore. A
16.ª edição contou com três grupos estrangeiros (Brasil, Eslo-
váquia e Equador) e assinalou os 25 anos do Grupo Folclórico
de Nossa Senhora da Graça do Porto Formoso.
A participação na II Gala CIOFF Portugal, em Coimbra,
foi outro marco importante para o Grupo de Folclore de Nossa
Senhora da Graça do Porto Formoso.
Marco Sousa
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6 Correio dos Açores, 24 de Dezembro de 2022
“Em criança não trocávamos presentes,
íamos buscá-los ao sapatinho”
Veio para Portugal ainda muito jovem, onde se deparou com uma realidade diferente da qual vivenciou em
na sua infância. Depois de se estabelecer nos Açores, João Miranda conta-nos como era a época natalícia
em Angola na altura da guerra e das diferenças que encontrou ao chegar cá e que se foram desenvolvendo
ao longo dos tempos.
Existem tradições familiares que mantém e que são
particularmente especiais para si e que memórias tem dos
Natais em família dos seus tempos de criança?
João Miranda - Falar do Natal desencadeia em mim um
conjunto diversificado de sentimentos, tendo todos eles um
denominador comum: a família.
Nasci em Angola, onde o Natal foi levado pela igreja ca-
tólica e as tradições, nomeadamente gastronómicas, têm um
vínculo às de Portugal continental. A principal diferença era
que a quadra natalícia era com calor, sem pijamas e sem larei-
ras. Na noite de consoada, juntávamos a família, onde muitos
percorriam mais de 300 quilómetros até ao local de encontro.
No caso da minha família, andávamos 350 quilómetros em
estradas onde muitas vezes os carros ficavam enterrados e
onde o medo de sermos atacados pelos movimentos de liber-
tação, na altura apelidados de terroristas, era uma constante.
À ceia não se comia carne. O bacalhau, cozido ou no forno,
era o rei dos manjares. Finda a ceia, deixávamos os sapatos
ao lado da árvore de Natal, de cedro, com a carta ao menino
Jesus ou ao Pai Natal (aos 6 anos um vizinho meu, de chofre,
como quem destrói um sonho, e destruiu mesmo, lançou-me:
“o Pai Natal não existe, é o teu pai que põe os presentes na
árvore de Natal!”). No dia seguinte, acordávamos muito cedo
para ir a correr abrir os presentes. No dia de Natal, comíamos
caldeirada de cabrito, sendo que os doces eram tantos que
davam para os dois dias: véspera e dia de Natal. A maldita
guerra civil angolana interrompeu estes momentos felizes.
O primeiro Natal, após ter fugido de Angola, passei-o em
Coimbra, em casa dos meus tios. Dormi numa quinta onde o
frio era tanto, que a água congelava nos canos. Pela primeira
vez, vesti um pijama para dormir. Foi um Natal marcado pela
ausência do meu pai, entretanto assassinado em Angola, e pela
família e amigos espalhados por diferentes locais.
Gosta mais do Natal de hoje ou do Natal do seu tempo
de criança? Porquê?
Hoje o Natal é mais consumista. As ofertas são feitas nas
grandes superfícies ou através de encomendas pela net. As
árvores de Natal são artificiais e na noite de Natal dão-se os
presentes, acabando com o mistério de abrir as ofertas no dia
seguinte. Ganharam-se hábitos alimentares mais saudáveis
e continua a ser um momento para a família. Na Lombinha
da Maia aprendi a associar o Natal ao cheiro agradável a
tangerinas e nos Açores a ser visitado e a visitar os amigos
no “menino mija”. Sinto saudades dos natais de Angola, com
calor, muita festa e muito misticismo.
Pode partilhar alguma tradição de Natal especial que
seja única para a sua família?
Uma tradição, que não é única da minha família, mas
que fazemos questão em se manter, é a solidariedade. Temos
por hábito oferecer um cabaz, brinquedos e roupas a pessoas
carenciadas no dia anterior, ou semana anterior ao Natal. Uma
tradição que deveria ser mantida todo o ano.
De que forma as tradições influenciam a experiência
natalícia para si e para a sua família?
A influência está na reunião familiar e nas ofertas ou pre-
sentes de Natal. Na Lombinha, apesar de não ser católico
praticantes, cheguei a ir à missa do galo, para respeitar a
tradição familiar.
O que costumam comer na noite da Consoada e no dia
25? Há algum prato ou sobremesa que não pode faltar?
Gosto de comer, num desses dias, um bom camarão e
como sobremesa, à falta de filhoses, um bom arroz-doce.
“Troca de presentes
depende do ano e do sono”
Têm por hábito trocar os presentes no dia 24 ou só os
abrem na manhã do dia 25? Porquê?
Como expliquei anteriormente, em criança não trocáva-
mos presentes, íamos buscá-los ao sapatinho, agora depende
do ano e do sono de cada um, umas vezes a 24 à meia-noite,
outras a 25 ao almoço.
Na sua perspectiva, qual é o significado mais profun-
do do Natal? Que valores considera essenciais durante
esta celebração?
Aprendi a associar ao Natal a dois valores humanistas: à
solidariedade com quem está mais necessitado, quer finan-
ceiramente, quer psicologicamente, e à amizade. Considero
que é um momento para se procurar como seres humanos,
a melhoria e como povos a conquista de fatores que favo-
reçam a paz e a tolerância entre todos os povos, raças e
religiões.
Há quem diga que há demasiado materialismo nos
Natais de hoje. Qual a sua opinião?
É uma verdade objectiva. Somos inundados de publi-
cidade e apelos ao consumismo. Na televisão, na rádio,
nos jornais, nas redes sociais e noutros meios somos bom-
bardeados por publicidade apelando ao consumo de bens
materiais e a prova está no dinheiro que cada família gasta
nesta época.
Como celebram a época natalícia no Colégio do Cas-
tanheiro?
No Colégio, o espírito é a solidariedade, o humanismo e
fazer com que as crianças se divirtam. Este ano, como nos
anos anteriores, cada turma do 5.º ao
12.º ano ofereceu um cabaz a famílias carenciadas.Os
alunos prepararam ofertas para crianças que estão internadas
no hospital, peças de teatro para essas crianças, visitaram
lares de idosos e participaram no programa “Make a Wish”.
Este ano organizamos uma festa para a família, com jogos,
zumba, espetáculos com palhaços, músicos, pula-pula e
um carrocel. Em diferentes espaços, avós, pais e crianças
puderam divertir-se.
Tendo em conta a diversidade de religiões, sendo que
algumas não têm Natal, é difícil conciliar esta época no
quadro escolar?
Temos 93 alunos estrangeiros. São 12 nacionalidades.
Muitas não comemoram o Natal e outras comemoram-no de
forma diferente da nossa. Tivemos o cuidado de envolver to-
dos, com músicas de várias nacionalidades, participações no
concurso das bolachas e do bolo de Natal e preparamos uma
sala onde cada família estrangeira gravou um vídeo com
músicas e tradições desta época relativas ao seu país.
Em sua opinião, qual é o papel do Natal em regiões
afetadas pela guerra?
O Natal é o momento Zen, o momento para se pensar
na paz e para se olhar para o outro com tolerância, algo
extremamente difícil de concretizar. A verdade é que todos
conhecemos histórias passadas em guerra onde inimigos se
conciliaram e respeitaram no dia de Natal, pena essa magia
não ser perpetuada.
Que desejos tem para o Natal na Ucrânia e na Pa-
lestina?
Que as crianças e idosos tenham um dia de Natal em
paz, com saúde e alegria e que a guerra termine a breve
trecho.
Há crianças sem Natal. Que mensagem lhes deixa?
Que tenham esperança em melhores dias, que não de-
sistam dos seus sonhos e que lutem por uma vida melhor,
sempre em paz, com tolerância e com muita paciência.
Frederico Figueiredo

O Natal de Carolina Rêgo Costa
“O significado do Natal é só um, que é a alegria
pela celebração do nascimento de Cristo e a
mensagem de salvação e de esperança que este
trouxe a toda a humanidade.”
Carolina Rêgo Costa, Assessora Jurídica da Agência Espacial Portuguesa, relembra os natais “épicos”
passados em casa dos avós e afirma que o verdadeiro significado do Natal é a celebração do nascimento de
Cristo e a partilha dessa “alegria” com aqueles que nos são próximos: “Presentes e a comida “mais especial”
são, ou deviam ser, uma mera expressão física e simbólica da alegria dessa partilha, dessa lembrança do
outro”.
Correio dos Açores - Fez grande parte do seu percurso
profissional fora dos Açores. Para si o que representa o
Natal?
Carolina Rêgo Costa - O Natal representa a celebração do
nascimento de Cristo! E também um regresso a casa, a São
Miguel e à família. Neste período volto para casa dos meus
pais, pelo menos ano sim, ano não, e comemoramos juntos o
Natal! Mesmo quando, por organização familiar, não posso vir
mesmo nos dias de Natal, tento vir no Ano Novo. Isto já faz
parte da tradição da minha família e todos, sejam açorianos
ou não, gostam muito de a cumprir.
Como costuma celebrar a época de Natal? Existem tra-
dições familiares que mantém e que são particularmente
especiais para si nesta época?
Celebro com a família mais próxima, de forma muito
tranquila. Temos várias tradições, desde o cantar ao Menino
Jesus, a alguns bonecos do presépio que já têm vidas maiores
que as nossas e que todos os anos contam a mesma história
com representações diferentes, ou mesmo alguns dos enfeites
da árvore de Natal que, ano após ano, não podem mudar de
sítio! E alguma gulodice também, pois há alguns doces que
só temos no Natal, como fatias de nozes ou umas bolachinhas
recheadas com doce, ou mesmo licor de tangerina! Quando
passamos o Natal no continente, sempre no Ribatejo, mesmo
que as tradições sejam outras, o espírito é o mesmo.
Que memórias guarda dos Natais em família dos seus
Correio dos Açores, 24 de Dezembro de 2023
tempos de criança?
Os meus Natais de criança eram épicos, pois em casa dos
meus avós juntava-se a família toda e as famílias eram muito
grandes! Estava tudo muito bonito e eu tinha sempre alguma
tarefa especial destinada. O que mais gostava era de um bolo
que vinha a arder! Baixavam as luzes e lá vinha o bolo, com
as labaredas todas, e isso era um espectáculo verdadeiramente
impressionante para quem acabava de chegar com o queixo à
altura da mesa!! As minhas duas Avós faziam presépios alta-
mente elaborados, pelo que tudo era motivo de admiração até
que chegava a altura dos presentes, que também era sempre
muito bem-vinda!
O que costumam comer na noite da Consoada e no dia
25? Há algum prato ou sobremesa que não pode faltar
nestes dias?
Canja de galinha e ananás não pode faltar! O resto é mais
ou menos estável, mas varia sem grande problema.
Têm por hábito trocar presentes no dia 24 ou só os
abrem na manhã do dia 25? Qual é a razão por trás dessa
escolha?
Trocamos presentes na noite de 24, depois de cantarmos
algumas canções de Natal ao Menino Jesus. Há razões de
ordem prática, mas, sobretudo, porque a troca de presentes
não deixa de ter como razão principal a alegria pelo dia de
anos Dele!
Como concilia o trabalho com o espírito festivo?
Com o espírito festivo concilio muito bem! Já com o que
tenho para fazer da parte mais prática da festa, nem sempre.
Há anos melhores que outros, e uns dias de férias ajudam
a equilibrar tudo, às vezes mesmo na recta final. Mas nem
sempre se pode tirar férias e tem mesmo de se conseguir os
impossíveis. Se alguma coisa ficar para trás, acontece, também
faz parte e, se não tem remédio, remediado está!
Na sua perspectiva, qual é o significado mais profundo
do Natal? Que valores considera essenciais durante esta
celebração?
O significado do Natal é só um, que é a alegria pela cele-
bração do nascimento de Cristo e a mensagem de salvação e
de esperança que este trouxe a toda a humanidade. É a partir
desta alegria maior que se retira a de poder estar com quem se
ama, a família e os amigos, e festejarmos juntos a esperança
da vida, a partilha da vida e da nossa sorte. De festejarmos
juntos mais um ano do nascimento do Menino Jesus. Os pre-
sentes e a comida “mais especial” são, ou deviam ser, uma
mera expressão física e simbólica da alegria dessa partilha,
dessa lembrança do outro.
Para si qual poderá ser o papel do Natal em regiões
afectadas pela guerra?
Na I Guerra Mundial houve um episódio muito curioso.
2
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As linhas inimigas estavam muito próximas umas das ou-
tras, de modo que cada um via muito bem o inimigo e podia
alvejá-lo com facilidade, caso saísse da trincheira. Sucede
que, na véspera e dia de Natal, alguns soldados começaram
a andar, desarmados, no espaço entre as trincheiras e foram
até ao outro lado, desejaram “Feliz Natal” e trocaram entre
si o que poderia ser trocado, como bebida, ou tabaco. Esta
trégua, espontânea e informal, foi seguida por muitos outros
soldados, tendo estes mesmo cantado juntos várias canções
de Natal. Depois, os oficiais foram repreendidos e a guerra
continuou, mas creio que este episódio mostra que o Natal,
o significado do nascimento de Cristo dentro do coração de
todos nós, está lá sempre. Assim o saibamos ouvir.
Que desejos tem para o Natal na Ucrânia e na Palesti-
na, considerando a situação de guerra nestas regiões?
Para qualquer região em guerra, não creio que haja muito
outros desejos relevantes para além do que uma paz verda-
deira possa vir a acontecer e a perdurar.
Para as crianças que passam o Natal em circunstâncias
difíceis, que mensagem gostaria de transmitir?
Que uma das fortalezas da vida é saber que a Alegria existe
sempre, por mais dificeis que sejam as circunstâncias. E que as
coisas melhoram por muito que, por vezes, não encontremos
motivo para acreditar nisso. E também que, sabendo onde
procurar, às vezes dentro de nós, há sempre ajuda!
De que forma contribui para a solidariedade nesta
época de Natal, especialmente considerando a comuni-
dade local?
A solidariedade não deve ter épocas de calendário nem
ser exibida, mas há alturas em que podemos ajudar mais ou
menos, conforme a nossa própria vida. Por isso, cá em casa, já
demos contribuições fixas a determinadas instituições e, outras
vezes, estas variam consoante as causas e as circunstâncias.
Daniela Canha
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8 Correio dos Açores, 24 de Dezembro de 2022
História e curiosidades do Natal, desde os
evangelhos e tradições pagãs até “Papai Noél”
CRÉDITO,GETTY IMAGES
Os Evangelhos não mencionam a data do nascimento de
Jesus, que foi estabelecida pelo papa só no século 4º
A BBC consultou livros históricos para reunir factos e
curiosidades que passaram a ser parte no Natal .
Dos evangelhos a costumes pagãos incorporados pela
Igreja Católica, passando por tradições criadas na Era Vito-
riana britânica, o Natal passou de uma celebração de inverno
a uma festa que, para muitos, junta a tradição religiosa ao
secularismo dos dias actuais.
O nascimento de Jesus
O Natal - que para os cristãos marca o nascimento de
Jesus, o filho de Deus - é celebrado em 25 de Dezembro ou
7 de Janeiro, no caso dos cristãos ortodoxos.
A natividade é descrita no Novo Testamento da Bíblia,
mas os evangelhos de Mateus e Lucas dão versões diferentes
para o evento. Ambas as narrativas vão no sentido de que
Jesus nasceu de Maria, que era noiva de José, um carpintei-
ro, e os evangelhos afirmam que Maria era virgem quando
engravidou.
Segundo a tradição cristã, José e Maria viajaram para
Belém pouco antes do nascimento de Jesus, e de acordo com que as pessoas costumavam realizar nessa época do ano.
a descrição de Lucas, Maria foi visitada por um anjo trazen- No ano de 529, o 25 de Dezembro já havia se considerado
do a mensagem de que ela daria à luz o filho de Deus, e na como um feriado e, em 567, os 12 dias entre o 25 de Dezem-
versão de Mateus ele diz que José foi visitado por um anjo bro e o Dia de Reis - considerado o dia em que os reis magos
que o persuadiu a casar com Maria em vez de dispensá-la ou
expor a origem de sua gravidez.
Mateus fala também de um grupo de sábios (os reis magos)
que seguiram uma estrela até chegar ao local de nascimento
de Jesus, para presenteá-lo com ouro, incenso e mirra.
Lucas, por sua vez, conta que pastores foram guiados por
um anjo até Belém.
Segundo a tradição, José e Maria viajaram pouco antes do
nascimento de Jesus. José havia sido ordenado a participar no
censo que decorria na sua cidade natal, que era Belém e todos
os judeus tinham de ser contabilizados, para que o Império
Romano pudesse determinar o quanto recolheria deles em
impostos. Esse recenseamento tinha por objectivo que todos
aqueles que se haviam mudado de Belém, como era o caso de O Natal começou como uma festividade de inverno e continha
José, fossem obrigados a regressar para serem registados. fortes elementos pagãos.
José e Maria enfrentaram a longa e árdua viagem de 150
km a partir de Nazaré, atravessando pelo vale do rio Jordão,
passando por Jerusalém até chegar a Belém. Maria viajou em chegaram até Jesus - eram feriados públicos.
cima de uma mula, para guardar energia para o parto. O Natal não é apenas uma festa cristã. A celebração tem
Mas, ao chegarem a Belém, souberam que a hospedaria raízes no feriado judaico de Hanuká (festa de luzes celebra-
local estava repleta. O dono do local deixou – os permanecer da ao longo de oito dias), nos festivais dos gregos antigos,
numa caverna rochosa sob a casa, usada como um estábulo. nas crenças dos druidas (sacerdotes celtas) e nos costumes
Foi ali, próximo ao barulho e à sujeira dos animais, que folclóricos europeus.
Maria deu à luz o seu filho e colocou-o na manjedoura. No hemisfério Norte, o Natal é uma festa invernal, próxi-
ma do período do solstício de inverno - depois desse período,
O primeiro Natal a luz do sol aumenta e os dias começam, gradativamente, a
serem mais dilatados. Ao longo da história, essa já era uma
Os evangelhos não mencionam a data do nascimento de época de festividades.
Jesus. Só no século 4, isto é, 400 anos depois, é que o papa Isto porque os nossos antepassados que se dedicavam so-
Júlio 1º estabeleceu o dia 25 de Dezembro como o dia de bretudo à caça, passavam a maior parte do tempo em ambien-
Natal. Era uma tentativa de cristianizar as celebrações pagãs tes externos. Portanto, as estações do ano e o clima tinham

uma importância enorme nas suas vidas, a ponto de eles re-
verenciarem o sol. Povos do norte europeu viam o sol como
uma roda que mudava as estações.
Os romanos também tinham o seu festival para marcar o
solstício de inverno: a Saturnália (dedicado ao deus Saturno)
durava sete dias, a partir de 17 de Dezembro. Era um período
em que as regras do quotidiano eram alteradas. Os homens
vestiam-se de mulher, e os patrões fantasiavam-se de servos.
O festival também envolvia procissões, decorações nas casas,
velas acesas e distribuição de presentes.
O azevinho, arbusto típico usado hoje nas griladas, é um
dos símbolos mais associados ao Natal - por ter sido transfor-
mado pela Igreja no símbolo da coroa de espinhos de Jesus.
Segundo o relato da época, galhos de azevinho foram entran-
çados formando uma dolorosa coroa e colocados na cabeça
de Cristo pelos soldados romanos desafiando-o na via até ao
Calvário dizendo: "Salve o rei dos judeus".Diz a crença que as
frutas do azevinho eram brancas, mas foram tingidas de ver-
melho permanentemente pelo sangue do Messias Cristão.
Diz a lenda que um pequeno órfão que vivia com os pas-
tores quando os anjos vieram anunciar o nascimento de Jesus,
o menino fez uma coroa de azevinhos para a cabeça do bebé
recém-nascido. Mas, ao oferecê-la, ele ficou envergonhado
do seu presente e começou a chorar.
O menino Jesus tocou a coroa, que começou a brilhar,
fazendo com que as lágrimas do órfão se transformassem em
frutinhas vermelhas.
Mas o significado religioso do azevinho precede o cris-
tianismo: o arbusto era associado inicialmente ao deus Sol e
considerado importante nos costumes pagãos. Algumas reli-
giões antigas usavam o azevinho para protecção, e as portas
e janelas eram decoradas com as suas folhas para proteger as
casas de espíritos ruins.
Do ponto de vista histórico, o Natal sempre foi uma curio-
sa combinação de tradições cristãs, pagãs e folclóricas. Se vol-
tarmos no tempo de 389 d.C., São Gregório Nazianzeno (um
dos quatro patriarcas da Igreja Grega) fez uma advertência
contra "os excessos nas festividades, nas danças e decorações
nas portas". Nessa época, a Igreja já tinha dificuldades em
eliminar os traços pagãos dos festivais de inverno.
Na Era Medieval (cerca de 400 anos d.C. a 1400 d.C.),
o Natal já era conhecido como um período de banquetes e
diversões. Era um festival predominantemente secular, mas
continha alguns elementos religiosos.
O Natal medieval durava 12 dias, entre o dia 24 de Dezem-
bro ao dia 6 de Janeiro - dia da "Epifania do Senhor". Epifania
vem da palavra grega que significa aparição, em referência
ao momento em que Jesus foi revelado ao mundo. Até os
anos 1800, a Epifania era uma celebração tão grande quanto
a do Natal. Ao longo da história, a Igreja tentou restringir as
celebrações pagãs e dar um sentido cristão a costumes popu-
lares. Os cânticos natalinos, por exemplo, eram originalmente
músicas para comemorar colheitas ou a metade do verão, até
serem incorporadas pelos religiosos. Elas tornaram-se uma
tradição natalina no final do período medieval.
Proibições ao Natal
Até ao século 19, a data não era uma celebração familiar
– era comum as pessoas beberem e saírem comemorando
pelas ruas. A festa costumava ser tão efusiva, que de meados
do século 17 até ao início do século 18, os puritanos cris-
tãos suprimiram as festas natalinas na Europa e no continente
americano.
O movimento puritano havia começado durante o reinado
da rainha britânica Elizabeth 1ª (1558-1603) que se baseava
em severos códigos de conduta moral, muita oração e numa
interpretação rígida das escrituras do Novo Testamento.
Correio dos Açores, 24 de Dezembro de 2023 2
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Como a data do nascimento de Cristo não consta dos galhos de pinheiros e quatro velas - uma para cada Domingo
evangelhos, os puritanos acreditavam que o Natal era muito do Advento.
relacionado aos festivais pagãos romanos e opunham-se à
sua celebração, sobretudo ao seu aspecto festivo, regado de Papai Noél
comida e bebida, como herança da Saturnália.
Algumas tradições ao redor do Pai Natal também prece-
A representação da natividade dem o cristianismo. O seu trenó, puxado por renas, vem da
mitologia escandinava. A prática de deixar tortas e leite ou
A descrição de histórias tornou-se uma parte importante conhaque para o Papai Noel pode ser um remanescente dos
da cristianização do Natal, por exemplo por intermédio do
presépio, como uma representação do estábulo onde Jesus
nasceu.
Os Corais de Natal eram originalmente músicas para comemo-
rar colheitas ou a metade do verão, até serem depois incorpo-
rados pelos religiosos
A tradição de montar presépios é antiga: já em 400 d.C.,
o Papa Sisto 3º ordenou que fosse construído um presépio
em Roma. No século 18, em muitas partes da Europa, a mon-
tagem de presépios era considerada uma forma importante
de artesanato.
Peças de natividade também eram apresentadas em igre-
jas, com a intenção de ilustrar a história natalina contada sacrifícios pagãos que marcavam a chegada da primavera.
pela Bíblia. Nos Estados Unidos, a figura do Santa Claus tem seu nome
derivado de São Nicolau, que, segundo a tradição, costumava
A Era Vitoriana e o Natal actual entregar anonimamente sacos de ouro para um homem que
não tinha dinheiro para pagar o dote de casamento da sua filha.
O Natal chegou a ser vetado em Inglaterra, mas voltou Algumas versões da história afirmam que o santo atirava as
com força na Era Vitoriana (1837-1901), com forte carácter sacolas de ouro pela chaminé.
nostálgico.
A obra clássica de Charles Dickens, Um Conto de Natal, O Natal hoje
de 1843, inspirou ideias de como o Natal deveria ser, captu-
rando a imaginação das classes médias britânica e americana O Dia de Natal é a festa cristã mais celebrada pelas pes-
- que tinham dinheiro para gastar e vontade de fazer da festa soas que não frequentam igrejas, e estas, ao mesmo tempo,
um momento especial para toda a família, dando início ao costumam ficar repletas para a missa natalina.
Natal da forma como o conhecemos hoje. No entanto, para muitas pessoas, o Natal hoje tornou-se
Ainda que a intenção vitoriana fosse reproduzir práticas uma festa secular, centrada na reunião familiar e na troca de
natalinas da Inglaterra medieval, muitas das novas tradições presentes.
eram invenções anglo-americanas. A partir dos anos 1950, Se em séculos passados a Igreja temia a influência pagã
os corais de Natal foram estimulados por sacerdotes, sobre- sobre a festa cristã, as preocupações actuais são o consumismo
tudo nos EUA, que os incorporaram depois nas celebrações e os excessos que marcam as festas de fim de ano.
natalinas religiosas.
Os ingleses foram os precursores dos cartões de Natal,
mas os americanos - muitos deles migrantes - adoptaram a
prática e a popularizaram, graças a um serviço postal barato e
à possibilidade de manter contacto com parentes fisicamente
distantes.
Já a árvore de Natal era uma tradição germânica, leva-
da à Inglaterra e popularizada pela família real. Em 1834, o
príncipe Albert, marido da rainha Vitória, ganhou uma árvore
da rainha da Noruega e exibiu-a na praça Trafalgar, ponto
importante de Londres.
Celebração moderna
O Advento é um período de preparação das comemorações
do nascimento de Jesus e começa no Domingo mais próximo
ao dia 30 de Novembro. A palavra vem do latim adventus,
ou chegada. Tradicionalmente, é uma época de penitência,
mas não mais tão rígida quanto a Quaresma, uma vez que os
cristãos não fazem mais jejum nesse período.
As grinaldas do Advento são populares na Europa e nos Este texto foi originalmente publicado em Dezembro de
Estados Unidos, sobretudo em igrejas. Elas são feitas com 2017 e republicado após actualização.
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0 Correio dos Açores, 24 de Dezembro de 2022

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“O Natal é sempre tempo de nos sentirmos
gratos por quem somos e gratos pelos avós,
tios, pais, sogros que um dia tivemos.”
“Se formos a ver, o que nos marca mais é o tempo que os outros nos dedicam, os sorrisos, as gargalhadas,
os abraços, as pequenas cumplicidades,” sente Isabel Hintze D’Almeida, médica de família no Centro De
Saúde da Povoação, que lembra os natais da sua infância e juventude e da presença dos seus avós nesta
quadra. A médica conta que já passou alguns dias festivos a trabalhar, mas que encara “o ter que trabalhar
nestas épocas como uma missão para a qual sou chamada a fazer o meu melhor.”
Correio dos Açores - Como celebra o Natal? Existem
tradições familiares que mantém e que são particularmente
especiais para si? Tem o hábito de enfeitar a casa?
Isabel Hintze D’Almeida (médica de família) - Costumo
celebrar o Natal em família. Há um preparar o Natal que se inicia
no 1º Domingo do Advento. Sim, o semear o trigo e a ervilhaca
para colocar junto ao Menino Jesus no Presépio. É uma das tra-
dições que me acompanha desde criança e que ainda mantenho.
O fazer a árvore de Natal e o presépio. Gosto particularmente
de enfeitar a casa em família. É um trabalho de todos e de cada
um , é mais divertido e são momentos de partilha que criam
memórias, boas memórias em cada um de nós.
Como recorda os natais em família na sua infância e
juventude?
Recordo-me da alegria, da presença, sobretudo dos meus
avós. Os meus avós maternos moravam na Vila do Nordeste
e vinham para nossa casa, passar as festas, em Ponta Delgada
com a minha tia Maria de Deus, irmã da minha mãe. Chegavam
a estar um mês em nossa casa. Eu e o meu irmão ficávamos
felizes da vida de os termos em nossa casa. Contavam histó-
rias, tinham tempo de qualidade para nós e isso deixa muito
boas lembranças. Se formos a ver o que nos marca mais é o
tempo que os outros nos dedicam, os sorrisos, as gargalhadas,
os abraços, as pequenas cumplicidades. A alegria de estarmos
juntos de sermos família.
Gosta mais do Natal de hoje ou do Natal do seu tempo de
criança? Porquê? Há algo que se perdeu desde então?
O Natal é sempre tempo de nos sentirmos gratos por quem
somos. Gratos pelos avós, tios, pais, sogros que um dia tivemos.
Sermos agradecidos por podermos estar reunidos à volta da
mesma mesa celebrando a alegria do Natal juntos. A vida muda
e nem todos os que um dia amámos e continuamos a amar estão
entre nós. Nada permanece para além do amor.
O meu Natal preferido é este. Pois é o que vivo no agora
Correio dos Açores, 24 de Dezembro de 2023
e neste tempo, com quem está. Só neste tempo posso amar os
outros e ser amada. O meu Natal preferido é este pois só neste
posso fazer algo pelos outros, pela minha família, pelos ami-
gos.
O que se vai perdendo talvez seja o sentido do essencial
do Natal, que é o nascimento do Menino Jesus. Incomoda-me
particularmente, ver em algumas cidades o grande rebuliço de
decorações de Natal já em outubro, cada vez mais cedo, quando
para tudo há um tempo certo.
Para si, que significado tem o Natal?
É um tempo de graça. É um tempo que a Igreja nos con-
cede para fazermos caminho. O Tempo do Natal é um tempo
privilegiado no calendário litúrgico em que somos convidados
a fazermos caminho num processo de maturidade humana e
espiritual e nos preparamos para o nascimento de Jesus Menino
que a cada ano quer nascer em nós. Quer que O acolhamos e
quer nascer no coração de todos e de cada um de nós, no meu
no teu. Porque o melhor lugar para Jesus nascer é mesmo no
coração de cada um de nós. Este é o significado mais belo do
Natal: um Deus que se faz Menino e quer estar no meio de nós.
É o Emanuel, Deus connosco.
É uma quadra de maior partilha, uma época privilegiada
de estar e ser presença junto da minha família, com os amigos,
com os que me são queridos. É um tempo em que Deus se faz
menino entre os homens. O nosso Deus humaniza-se entre nós.
Faz-se homem entre os homens. Deus quer ter essa proximidade
connosco ao ponto de nascer criança. Isso transporta-nos para
estarmos atentos ao que mais de precioso há em nós, a nossa
humanidade. Daí que este tempo de Natal é um tempo em que
há um apelo do coração a sermos presença na vida dos outros
e, se pudermos termos gestos de bondade, de carinho, de ser-
mos fraternos. É um tempo especial de nos descentrarmo-nos
e olharmos os outros com olhos de criança, como o Menino da
manjedoura que quer ser acolhido no nosso colo, no aconchego
do nosso coração.
Há quem considere que há muito materialismo no Natal
de hoje, o que faz com que muitas pessoas se esqueçam do
que realmente importa. Qual a sua opinião?
As decorações, a troca de presentes e toda a envolvência
do Natal, remetem-nos para um sentimento de partilha e estar
com os outros em festa. Tem toda a razão quando fala no ma-
terialismo, há todo um marketing no que diz respeito ao Natal.
Bem vistas as coisas, isso só será menos bom se não me con-
duzir à essência do Natal: a partilha, a alegria de celebrar o
nascimento do Amor, Jesus Menino. Afinal, foram os Pastores
que visitaram primeiro o Menino Jesus. Os Pastores, que sim-
bolizam os mais simples, os mais humildes que na sua bondade
e simplicidade levaram ao Menino o que de melhor tinham. É
isso que nos ensina o Natal, a levarmos aos outros o melhor
de nós. Se nos centramos nisso, certamente saberemos viver a
essência do Natal.
Considera que participar na Missa do Galo é importante
para este espírito do Natal? Costuma ir?
Sim, sempre que posso vou. É importante na medida que a
Eucaristia nos congrega a participarmos, em comunidade nesse
Nascimento. É celebrarmos a alegria do Deus Menino entre nós.
Se celebramos o aniversário do nascimento de Jesus Menino,
nada mais natural fazermos festa em comunidade e a melhor
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forma de o fazermos é participarmos nessa Eucaristia em que
se celebra o Amor de Deus encarnado num Menino deitado na
manjedoura. Deus faz-se Menino para o levarmos para a vida.
Enquanto médica, já teve de trabalhar na véspera de
natal ou no próprio dia 25, por motivos de trabalho? Como
é passar este dia longe dos que mais gosta?
Sim já passei alguns dias festivos a trabalhar. Este ano estarei
a trabalhar na quadra festiva mas não será no Natal. Mas para
que eu possa passar o Natal em casa com os meus, há sempre
colegas e uma equipa a trabalhar. Gosto de ser Médica de Famí-
lia e encaro o ter que trabalhar nestas épocas como uma missão
para a qual sou chamada a dar o meu melhor. É passado em
equipa pois ninguém trabalha sozinho. São dias em que a equi-
pa se aproxima mais pois todos deixamos quem mais amámos
em casa (filhos, marido/esposa, pais). A família quando pode
vem dar um beijinho, um abraço e claro, somos imensamente
mimados pelos nossos utentes e colegas que nos telefonam.
Normalmente o nosso Conselho de Administração nessas alturas
faz-nos chegar miminhos que nos aquecem a alma.
É médica de família no Centro de Saúde da Povoação
desde 2010. O Natal também é celebrado em contexto hos-
pitalar? De que forma?
Normalmente decoramos o Centro de Saúde. Fazemos uma
árvore de Natal natural que nos oferecem e também fazemos
um presépio na nossa entrada principal. Saliento que a orna-
mentação do Centro de Saúde é um momento em que muitos
dos colaboradores se envolvem, cada um com o seu talento. São
momentos muito ricos. Pois do pouco que cada um dá, surge o
belo. É a prova de que quando cada um dá o melhor de si e do
que tem, o efeito é multiplicador. O sentido do Natal também
é esse, é partilharmos e valorizarmos o melhor de cada um.
Como alguém me ensinou “ Ninguém é tão rico que não possa
aprender ou receber dos outros nem ninguém é tão pobre que
não tenha algo a partilhar”. Sempre que possível fazemos um
almoço partilhado de Natal em que do pouco de cada um se
faz muito. Como uma amiga muito querida me costuma dizer
“Ninguém é tão bom como nós todos”.
Esta é uma altura que gostamos de passar em paz, com
quem nos é mais querido. No entanto, com tantos conflitos
a acontecer agora no mundo, nem toda a gente tem a sorte
de poder celebrar o Natal desta forma. Que desejos e men-
sagem deixaria para estas pessoas que estão a sofrer com
a guerra?
A paz é um dom com um valor inestimável. Falar de Natal
é falar de Paz. Jesus é o Príncipe da Paz. Infelizmente, há tan-
tos e tantas que vivem e irão viver este Natal destroçados sem
poderem viver essa paz. Que mesmo nessas condições a luz de
Belém reine nos corações dessas pessoas e que Jesus Menino
os conforte com o seu imenso amor.
Que os homens percebam que o Amor é o elo mais forte e
que tudo o que une só pode vir de Deus e isso permanece. Haja
paz em cada um de nós. Que este Natal seja mais uma oportu-
nidade de sermos construtores da Paz.
Que os homens percebam que o Amor é o elo mais forte e
que tudo o que une só pode vir de Deus e isso permanece. Haja
paz em cada um de nós. Que este Natal seja mais uma oportu-
nidade de sermos construtores da Paz.
Mariana Rovoredo
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2 Correio dos Açores, 24 de Dezembro de 2022

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