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Cliina e Oceania
Não estava isto na intenção do Macaense, sa, senão para o logar vago onde quer que incêndio, dado pela fortaleza do Monte,
fazernos-lhe essa justiça. Se o vemos to- elle tivesse ficado ? causou pânico aos lojistas, obrigando-os a
mado de apprehensões pelo dia de amanhã, As leis do equilíbrio economico haviam collocar novamente as trancas nos seus
se o vemos prognosticando a tempestade de salvar-nos. porta es.
que ha de converter o nosso bazar em um A Lapa e outros pontos da China, relati-' Foi rebate falso. Para fazer ceder o go-
deserto de boticas e de mercadorias, o erro vãmente insignificantes, sujeitos á auctori- verno da provincia tem-se espalhado o ter-
não provem de má fé, mas simplesmente dade arbitraria dos mandarins, tendo tam- ror de incêndios no bazar, dizendo-se que
de não consultar os barómetros mais exa- bém já o que comportam e vivendo mal, os piratas não deixarão de aproveitar esse
ctos, para os quaes tomamos a liberdade de não podem offerecer um refugio ao commer- meio, muito do seu uso, para praticarem
chamar a sua attenção. cio de Macau. Sustentam-se com as exu- roubos. Não pode porem haver tal receio
Quer o collega saber se os chinas aban- berancias dos grandes centros, e hão de sim- dos piratas, que em dias de menor vigilân-
donam Macau por causa da adjudicação do plesmente ser ramos d'esses centros. cia não pensam em atacar a cidade, e que
liu-pun ? Temos pressa de concluir, e não nos pa- muito menos se aventurariam agora a em-
Pois bem ; esfregue um pouco os olhos rece que haja necessidade de dizer mais. presas d'essa ordem, quando tudo está bem
da memoria, e veja os proprios chinas, dois Se porem não logramos convencer intei- policiado no mar e em terra, quando a for-
ou tres dias depois d'aquella adjudicação, ramente o collega quanto á futilidade dos ça publica está de prevenção, quando era
exactamente no meio da effervescencia a seus receios, só nq^ resta deixal-o a tractos mais diíficil lançar o fogo, e quasi impossí-
que ella deu logar, não a ausentarem-se, com um problema um tanto diíficil. vel commetter os roubos.
mas a comparecerem na arrematação de ou- Estando infelizmente já hoje a proprie- Se houver incêndios, só podem attribuir-
tro exclusivo, o da loteria pa-cap-piu, fazen- dade de Macau quasi toda nas mãos dos chi- se aos grevistas, e, como são elles os que
do pela sua competência entrar nos cofres nas, e propondo-se elles emigrar,—o que se- teem mais a perder com isso, podemos
da fazenda um augmento de cinco mil e seis- rá dos bens de raiz que aqui adquiriram, e estar descançados.
centas patacas. que seguramente "não podem levar comsi- Dizem que a companhia de Hongkong fire
Outro barómetro: o dofantán na Taipa go 1 . . . communicou que não pagaria indemnisa-
e Colovane. Antes de ser adjudicado o Em conclusão: os chinas ficam e fica o ções por incêndios durante a gróve. Ou-
liu-pun, ninguém tinha offereeido por aqueí- liu-pun. tros dizem que não houve tal communica-
le exclusivo um preço que satisfizesse a fa- O edital do governo da provincia foi um ção, pois não a receberam em geral os pro-
zenda. Começa o movimento, rompem os medicamento de effeito, e até luxuoso de prietários que teem os seus prédios assegu-
protestos, delibera-se o abandono de Macau, mais para accessos de tão pouca monta. rados n'aquella companhia.
—o preço do fantán sobe e o contracto rea- A policia não tem tido acréscimo de tra- Em nossa opinião, que já manifestámos,
lisa-se! balho, e o negocio pode dar-se por concluído, a pavorosa ideia dos incêndios era um ba-
Estes dois factos por si sós, esta alta de se o collega voltar os seus conselhos para o lão de ensaio para fazer capitular a aucto-
fundos a zombar de todos os comícios e de outro lado. ridade superior da provincia.
todas as despedidas ;> bandeira portugueza, Não cremos que o Macaense tente comba- Não cremos porem que esta ceda a impo-
não são bastantes para fazer baquear os ar- ter a nossa incredulidade com a peça tra- sições de qualquer natureza, e até nos
gumentos, os prognósticos e os receios do gi-comica da deserção dos chinas do peixe, consta que, com o voto do conselho do go-
Macaense ? representada ha annos em Macau e na La- verno, resolveu hoje tomar medidas enér-
Mas ha mais. pa. Teriainos de correr pressurosos a rei- gicas e decisivas.
Emquanto se jurava nos pagodes esse vindicar o argumento, que é todo nosso, e Houve esta tarde uma reunião de chinas
pacto calamitoso, que devia deixar a cidade de muito valor, porque traz impresso o cu- no edifício do seu hospital, com assistência
sem uma chupa de arroz, parece naturalís- nho de uma experiência assás dura. da auctoridade e de um interprete. Como
simo que os arrematantes de outros exclu- Despcdindo-ncs, collega, esperamos que tinha sido pedida licença, indicando-se o
sivos e rendas fiscaes, como são os do fan- nos acredite animados do mais sincero fiin pacifico da reunião, o sr. procurador
tan em Macau, os do vai-seng, opio cozido, desejo de boa camaradagem jornalística,
dos negocios sinicos entendeu muito bem
sal, peixe, carne de porco, etc. etc., fizessem não suppondo que viéssemos ao seu encon-
que não devia ir eorcado de força publica,
ao governo representações, tendentes a por tro pot mero capricho ou má vontade. pois com ella seguramente afugentaria a
em relevo a enormidade dos perigos que E' que ainda hoje, na metrópole, a deser- concorrência dos comyierciantes. IIouv&
corriam os seus interesses, assim como os ção dos chinas causa terror, e isso faz-nos
porem tumulto, que o obrigou a retirar-se
do lheeouro publico, em presença da emi- mal algumas vezes.
quando já não tinha interprete indo procu-
^nente retirada do commercio chinez. E' que ainda hoje, lá ao longe, se acredi-
rar força, com a qual voltou, mas encon-
E nada ! . . E' que também elles sabiam, tam os mais extraordinários absurdos, á for-
trando já deserto o local.
como os do pa-cap-piu, como os do fantán ça de se ignorarem as mais simples verda-
Uma força de dez marinheiros conduzi-
na Taipa, como os do proprio liu-pun, que des, com respeito ao regimen das colonias,
da pelo administrador o sr. Pacheco, tinha
os freguezes dos seus artigos batiam as e isto provem principalmente das falsas co-
já dissolvido o grande ajuntamento, e pelas
azas para fazerem estrondo, e não para res, com que de cá são viciadas as informa-
voarem. ruas viam-se sapatos chinezes, denuncian-
ções.
Digam o que disserem, emquanto houver a pressa da fuga.
O mal todo está ahi. De resto, temero-
tão avultados capitães empregados na ex- Mais uma vez a plebe chineza demon-
sas em Macau, é muito fácil preparadas,
ploração dos diversos ramos de commercio strou que é valente, quando pode oppôr cem
mas não é mais diíficil destruil-as.
e industria, que a fazenda usa collectar por contra um, ou então por meios traiçoeiros.
*
meio de uma ligação dos seus interesses Fique pois prevenido o sr. procurador, ao
21 de abril.
com os dos particulares, o commercio e in- qual devemos render elogios, por não ter
Manifestou-se emfim a gréve geral dos
dustria de Macau, mais ou menos unidds lojistas chinezes, que hontem de manhã não consentido que disparassem as armas dois
em todos os seus elos, hão de ter sempre abriram as suas boticas. únicos soldados que estavam ao seu lado na
amarras seguríssimas. A deliberação era já ante-hontein conhe- occasião do tumulto, evitando assim der-
O Macaense foi sem duvida colhido de cida, e foi tomada em uma reunião que te- ramamento de sangue, e talvez um princi-
improviso pelos clamores e protestos dos ve logar na povoação da Lapa, do territó- pio de matança, que a exaltação dos nossos
despeitados do liu-pun, pois só assim se ex- rio chinez. soldados podia tornar barbara.
plica o facto de ter o nosso esclarecido Não se manifestou ainda, nem é de recei- Continuamos a crer que os chinas não
collega acreditado verdadeiros absurdos. ar qualquer alteração da ordem publica, querem sair de Macau, tanto mais que ago-
E' na verdade absurdo suppòr que esse porque visivelmente os chinas não preten- ra nos dizem terem elles cedido por con-
exclusivo, disputado em praça e nem assim dem inedir-se com a força da policia e guar- vénio feito com um particular, e sem exi-
elevado a mais de sete mil oitocentas e dez nição, e sobre tudo porque não querem pra- girem que acabe de vez o exclusivo do liu-
patacas, pudesse destruir o grosso de um ticar actos prejudiciaes á sua .permanência pun.
trafico mercantil, que orça por alguns vin- em Macau. Como a auctoridade não capitula, bem
te milhões da mesma moeda. Não retiraram as suas mercadorias, não vai tudo.
Outro absurdo é acreditar que os com- se despediram das casas arrendadas, não Ainda assim a gréve não acabou sem
merciantes de Macau, logo que esse capri- teem deixado de servir mais ou menos ás uma nota para nós desagradável.
cho se apodere das suas cabeçal, removem claras os seus freguezes ; querem ficar em O,leal senado publicou esta tarde um
todo o seu negocio para Hongkong, com a summa. edital exhortando os chinas a desistirem
mesma facilidade com que o dizem. Muitos dizem que se resolveram a acom- dos seus intentos, e n'esta parte procedeu
Já o nosso presado collega do Extremo panhar os outros por mêdo de vinganças muito bem. Preferiríamos porem que em
Oriente destruiu essa illusão, com um laco- ou simples reparos ; alguns declaram que tal documento não se fizessem referencias,
nismo de palavras digno da exactidão da só esperam um aviso da policia para terem nas quaes os chinas podem ver uma espe-
ideia. pretexto de abrirem as suas lojas ; todos os cie de satisfação.
Hongkong está abarrotado de commer- que as auctoridades administrativas fize- Em confirmação do que anteriormente
cio chinez, e este de encargos, de concor- ram abrir obedeceram immediatamente, se pensávamos, vamos resumir os motivos pe-
rência, de mal-estar. bem que passado algum tempo tornassem a los quaes acaba a gréve, que apenas durou
Onde havia de installar-se o trafego de fechar muitos d'elles ; emfim esta tarde, dois dias, e ainda assim com interrupções.
Macau, na sua invasão total ou parcial, sem pelos esforços das auctoridades e seus agen- A gréve acaba:
expulsar uma parte equivalente do que já tes, estava muito adeantadó o restabeleci- lo. Porque é esse o desejo geral dos chi-
lá existe 1 E para onde iria a parte expul- mento do viver normal, quando o signal de nas, sendo os que mais soffrem no seu com-
O ORIENTE PORTUGUEZ—ABRIL 20, 1892 3
mercio, e vendo que os generos da primei- ção! Diz-se que o governador faltou a a sua acção por toda a ilha, sem que ninguém lhes
ra necessidade são facilmente abastecidos um Te Deum official, que destituiu um possa pôr cobro.
pelo governo, muito mais baratos ; regulo por ser catholico e amigo das mis- Muitas veses os povos do bairro de Bidáu teem vindo
sollicitar do administrador do concelho que lhes pusse
2o. Porque a auctoridade superior não sões, que o governador não reza e o regulo uma rusga á malandragem dos reinos, que infecta o
mostrou a brandura em que alguns acredi- reza muito, etc. etc. bairro e circumvisinhanças. O actual administrador
tavam, e portanto o fim da gréve está frus- Com franqueza: similhantes allegações, substituto já por varias vezes a tem dado e sempre
trado ; mesmo quando provadas, seriam mais de d'ella tem colhido resultados. Na ultima, por ser
molde a despertar os odios pessoaes dos fa- ainda recente, nos lembra ter-se descoberto uma asso-
3o. Porque a sua prolongaçao começava ciação dc^malfeitores, que todas as noites vinha exercer
a offerecer perigos amanhã, visto niro esta- náticos, do que a causar impressão nos es- o seu mister na cidade de Dilly, havendo processo
rem já em segredo as medidas enérgicas, píritos despreoccupados. ainda affecto ao poder judicial. Os associados eram
com que o governo provincial ia mostrar Nós não acreditamos na guerra do gover- todos de yarios reinos do interior, que, achando o tra-
nador á missão, porque esse facto não se balho agrícola penoso, vinham dcdicar-se a outro
aos chinas quanto lhes convém conserva- menos pesado e mais lucrativo.
rem-se nos limites da lei, para não serem manifesta aos nossos sentidos ; acreditamos Normalmente os roubos e assassinatos praticados
considerados fóra da lei; pelo contrario na guerra feita em nome da em Dilly e seus subúrbios, são commeltidos por gen-
4o. Porque, bem ponderadas as razões missão ao governador, porque a vemos, e te dos reinos que, não querendo trabalhar, e não se
precedentes, houve quem facilitasse aos com profundo sentimento. alimentando de ar, se entrega ao crime.
Acha o governador d'ahi que o direito de liberda-
grevistas um pretexto qualquer para cede- Ainda ultimamente a esclarecida reda- de individual do cidadão fica coarctado por se exigir
rem com algum pretexto, antes de serem cção da Voz do Crente, interrompendo as pro- que, antes de seguir viagem para onde lhe aprouver,
obrigados a ceder por outros meios. mettidas tréguas, veio recomtnendar como peça no cominando respectivo uma licença, que lhe 6
O que se nos offereceu de novidade foi o oiro de lei uma aggressão feita pelo seu passada gratis em papel commum ?
correspondente de Timor á primeira au- A nós parcce-nos exactamente o contrario. Sem
facto do poderem os chinas de Macau ir licenças é que não ha direito de transito livre para a
para a Lapa conspirar contra as leis do nos- ctoridade do districto.. Qual não é porem gente honesta.
so paiz. Cremos porem que o governo a decepção do leitor, quando examina Ver-se-ha quanto a portaria ha de estorvar a boa
provincial, de harmonia com o direito das essa peça de accusação, sem encontrar administração do districto.
mais que uma ou outra allusão fugitiva, Amanhã vem o regulo do Montael pedir para que
gentes, e escorado nos princípios de reci- lhe mandem para o sçu reino o povo que está refugia-
procidade internacional, conseguirá facil- á mistura com o emprego de alcunhas do na praça e mais reinos, para se esquivar ao serviço ;
mente evitar a repetição de similhantes ordinárias e com outras pieguices sem e o governador, mettido na sua cadeira, que tanta 6
abusos, porque as auctoridades chinezas valor ! hoje a sua amplitude de jurisdicção, diz-lhe :
A vida de Dilly deve ser muito folgada, "Não pode ser, porque a portaria n.° 16 do go-
não podem negar o que já teem obtido, verno provincial prohibe-o terminantemente ".
nem são as que teriam menos a soffrer com para que se torne necessário occupar o E como é natural, o regulo responde : " pois bem;
a recusa. tempo em escrever írioleiras, que só reve- se o meu reino não dér carregadores e cavallos a qual-
Por ultimo devemos declarar, em home- lam geitos de espionagem e de denuncia. quer funccionario de estado, e não pagar a finta, por
0 nosso collega, com a incontestável in- não ter com que o fazer, a responsabilidade não me
nagem á verdade, que a gréve se estendeu, deve ser tomada."
pela primeira vez ha muitos annos, a todo o fluencia da sua palavra, pode prestar uin
Depois vem o regulo de Manatuto sollicitar para
commercio chinez. bom serviço a Timor. Basta para isso re- que não seja permittido o transito de todo o estranho
Mas também foi a primeira vez em que comtnendar aos seus correspondentes mais pelo seu reino, para evitar roubos.
um jornal portuguez a precedeu de perto respeito pela auctoridade e por elles pró- O governador responde o que já disse ao outro.
prios. E o pobre D. Matheus, ainda que bem contra á sua
com a propaganda de que a gréve é licita, brandura de costumes, diz : " pois bem, senhor, se no
o que é significativo. Se a Voz do Crente quizer ser justa, leia meu reino o povinho lhes cortar a cabeça, a responsa-
Continuaremos no proximo numero, e o escripto que abaixo publicamos e con- bilidade não deve ser tomada a quem lhe não pode dar
então veremos se o mal todo proveio de se fronte aquella linguagem coin a dos seus providencias."
ter creado o exclusivo do liu-pun, ou de informadores, decidindo depois em sua con-
não ter sido adjudicado aos que primeira- j scincia se é mais natural que a razão este- Isto vai sem commentaries e é verdade,
mente fizeram propostas á fazenda, para ja do lado dos que aggridem com virulen- digam o que disserem. O sr. governador
poderem comer o pomo ... da discórdia, e lencia, ou dos que relatam poin serenidade da província e os jornaes que atacam o sr.
só depois de vencidos é que protestaram e cordura. Forjaz teem andado inal informados.
contra o imposto bftiçado sobre um genero Para o mesmo confronto chamamos tam-
de primeira necessidade, constituindo-se bém a attenção do sr. governador da pro-
NOTICIAS DIVERSAS.
em gréve. víncia, cujo espirito se deve ter muitas ve-
Em Macau dão-se coisas muito extraor- zes mortificado, pela forma deplorável como
Expediente.
dinárias. se pretende defender os seus actos, e não
menos pela appropriação extravagante que Distribuímos o Oriente Portuguez á corarau-
nidade portugueza e estrangeira d'esta cidade,
d'elles fazem os apaixonados, deturpando a
de Hongkong e dos portos da China e Japão, e
intenção que os dictou. pedimos aos cavalheiros que não desejem ser
mhm t mm.
A carta do nosso amigo é muito sensata, seus assignantes a fineza de devolver este pri-
e esclarece perfeitamente as principaes meiro numero á redacção do jornal, a fim de po-
Recebemos, ha já algumas semanas, noticias
questões de administração, que ultimamen- ermos regular o numero de exemplares que
de Timor, e por ellus folgamos de ver justi- evem ser extrahidos.
ficados certos factos, de que na imprensa de te teem dado materia para artigos de fundo
Macau se tem feito, nem sempre com a devi- e para providencias officiaes. Mala.
da correcção de forma, arma de combate Em presença das razões que ahi são pro- Espera-se na quinta-feira, 28, a mala ameri-
contra o governador d'aquelle districto. cedenteinente adduzidas, é de esperar que cana, pelo City of Rio de Janeiro.
E' de crêr que também ao governo da o sr. governador da província, ouvindo o Fecha na terça-feira, 26, a mala ingleza, pelo
chefe d'aquelle districto, estabeleça de Pekin.
província tenham chegado informações offi-
accordo com elle um modus vivendi na ques- —Recebe o correio correspondências :
ciaes, oriundas de fontes competentes, e Para Singapura, pelo Hespéria, até ás 6.30'
que d'ahi resulte estabelecer-se um salutar tão das licenças, para evitar attritos fáceis
а.m. do dia 28.
accordo com o governo subalterno sobre os de prever. Para Yokohama e San Francisco, pelo Ocea-
negocios da administração do menino dis- Consta-nos que o sr. Forjaz requereu ao nic, até ás 6.30 a.m. do dia 28.
tricto. governo da metrópole uma syndicancia aos Para Nagasaki, Kobe e Yokolrama, pelo Ve-
Vamos publicar parte de uma carta que seus actos, julgando-se desprestigiado pelo rona, até ás 6.30 a.m. do dia 29.
nos foi dirigida, e que lança a maior luz na seu superior iinmediato, mas se este, como Para a Europa, etc., pelo Preussen, até ás
sinceramente acreditamos, não teve tal in- б.30 a.m. do dia 30.
questão das licenças para transito, assim
como em outra que com esta tem a maior tuito, é ainda tempo de se restabelecer a Declaração.
connexão, qual é a da ordem de regresso ás harmonia, que tão necessária se torna, en- Enviando esta folha a muitos jornaes da me-
terras da sua naturalidade, dada a alguns tre o governo provincial e districtal. trópole, cuja publicação é diaria, pedimos aos
indígenas. Segue-se a parte da carta a que temos que não quizerem trocar com um semanário, que
Antes porem de publicarmos o referido alludido. ao menos nos enviem os números em que haja
documento, para o que pedimos vénia ao seu escriptos de interesse directo para o ultramar e
" Se o (sr.) Custodio Borja, já tivesse servido ou em especial para esta província.
auctor, seja-nos licito expór em breves governado ein Timor, com certeza não abuliria as
palavras o nosso juizo sobre as accusações licenças, que a pratica sempre tem demonstrado de Outra.
feitas ao sr. Forjaz pelo nosso illustrado indispensáveis, c de que todo o individuo se devia Não podendo concluir boje a publicação do
collega da I oz do Crente, sem nos referirmos munir, quando tivesse que sair de Dilly para os reinos, nosso artigo com respeito ao exclusivo do liu-
ou vice versa. pun, responderemos no proximo numero ao arti-
em especial ao Macaense, que apenas adhe- Pensa por ventura elle que a sua medida <5 sympa-
riu. go recente do nosso collega do Macaense sobre o
thies aos povos de Timor ?
O primeiro d'estes jornaes tem sido mais Se o pensa pode desilludir-se. Nem ao povo con- mesmo assumpto.
vém viajar sem licença, nem ao regulo convém que os Fica porem já acceita a sua declaração sobre
escasso na producção de provas, do que na os perigos gravíssimos que acaba de correr a co-
seus súbditos vão para onde lhes aprouver.
severidade de linguagem. Os primeiros, porque teem receio de ficar sem cabe- lónia, mas somente como lenha para o collega
Começa por attribuir ao governador do ça ou serem roubados ; os segundos, porque não teriam queimar as suas theorias com respeito ás medi-
districto de Timor o proposito de fazer jamais um homem que os auxiliasse nos trabalhos a- das approvadas pelo conselho do governo.
guerra á missão, e isto não é de presumir, gricolas, donde tiram o seu sustento, finta para pagar
ao governo, etc. etc. Procissão.
nem está demonstrado. Quaes são os fa-
Os únicos a quem a portaria aproveita são os Teve hontem logar, com a solemnidade do cos-
ctos que se adduzem em abono de tal asser- malfeitores, porque d'hoje em deante poderão estender tume, a procissão de N. S. dos Remedios.
4 O ORIENTE PORTUGUEZ-ABRIL 20, 1802
Cliina o Oceania
do no ultimo numero do Boletim official. zes ou os estrangeiros, hão de começar a vir os factos consummados, é porque desejáva-
Parece-nos que emfim está aberta para fornecer-se em Macau, por causa do bonus mos que reflectisse sobre o caso, para lhe
Macau uma era nova e feliz, em que as suas de 50 por cento, que é muito convidativo. servir de lição no futuro, tanto mais que
relações commerciaes com a metrópole po- Esta questão merece bem ser estudada e estava annunciada nova gréve para 1 de
dem estreitar-se consideravelmente, com discutida, porque é de grande importância maio.
para a colonia, e vamos dar-nos a esse es- #
vantagem reciproca. # #
Quem conhece o valor dos productos da tudo. Vamos agora definir os pontos em que o
China nos mercados da producção, e os O assumpto prende muito estreitamente collega se collocou de accordo comnosco,
preços pelos quaes elles são expostos á com a questão do porto de Macau, mas a para que se archive e se não toque mais
venda em Lisboa e Porto, fica verdadeira- esse respeito nada carecemos de acrescen- em tal, podendo ser.
mente assombrado com a grande differença tar ao que em outro logar dizemos. Confessa o Macaense:
de valor venal, que os mesmos productos Registamos com louvor e gratidão o va- 1". Que aconselhou o governo da pro-
alli attingem. lioso serviço que acabam de prestar-nos o víncia a abolir o exclusivo do liu-pun, de-
Isto provem um pouco, quanto a alguns, illustre deputado do circulo, a sociedade de pois de adjudicado ;
de não haver grande concorrência na sua geographia, a commissão das pautas e todos 2°. Que os chinas estão ligados a Ma-
offerta, constituindo apenas objectos de lu- os que concorreraK^para que sobre o por- cau pelo seu interesse e querem aqui per-
xo, mas principalmente, e quanto a todos, to de Macau não continuasse a pesar o op- manecer—o que justifica a nossa asserção
de serem muito sobrecarregados de direi- probrio de ser na metrópole considerado de que a ameaça da retirada dos chinas,
tos aduaneiros. porto estrangeiro. tantas vezes propalada, é mais fácil de se
traduzir ein palavras do que em obras.
O chá, por exemplo, que é hoje objecto
de consumo geral, mesmo de primeira ne- 3J. Que os grevistas " apenas encontra-
MSM 0 "Uffi-HBX." ram uma tangente aproveitaram-se d'ella e
cessidade para as classes mais elevadas, pa-
acabaram com a gréve.
ga por kilo 900 reis, se bem nos recordamos,
o que é muito importante, e para todos as Ao interrompermos o assumpto no ultimo Registado,
numero, dissemos que era muito significa- #
mais artigos os direitos são elevadíssimos. # #
tivo o facto de ter a insólita gréve geral E' preciso que se note uma circumstan-
Portanto, ficando reduzidos a metade as
dos chinas coincidido com a defesa do di- cia. Nós não dissemos ainda que o exclu-
despesas inherentes ao despacho nas al-
reito da gréve feita por um jornal da loca- sivo do liu-pun deve ser conservado ou
fandegas, necessariamente a importação
lidade. abolido. Havemos de tratar essa questão,
ha de augmentar, porque a maior coinmo-
Este facto envolve responsabilidade mo- quando tivermos colhido os dados sufficien-
didade dos preços deve determinar o alar-
ral, que o collega de certo assumiu consci- tes.
gamento do consumo. Mas como a redu-
entemente, e com hombridade bastante Não nos convencem porem, e isso dize-
cção dos direitos a metade está dependen-
para a sustentar de animo 6ereno, quando inol-o já, as razões adduzidas pelo collega
te de ser a exportação feita pelo porto de
outros jornaes usassem do seu incontestá- para condemnar aquella fonte de receita.
Macau, claro está que esta colonia pode e
vel direito, chamando-o para esse campo. O facto de tributarmos um genero de
deve vir a ser muito favorecida com a no-
Pois bem. Nós estamos convencidos de consumo não tem corno resultado necessá-
va ordem de coisas.
que as doutrinas do Macaense podem acar- rio retirar-se de Macau a industria e com-
A clausula de ser portuguez o navio im-
retar perigos ao socego e bem-estar d'esta mercio relativos ao mesmo genero. Pode
portador é diversamente interpretada, e
colonia, não obstante ser a sua indole na- até influir para que n'esse ramo se estabe-
até já vimos um jornal do reino considerar
turalmente pacifica. leça prosperidade, quando ha um arrema-
eSsa restricção como equivalente á nega-
No collega domina precisamente a con- tante das rendas fiscaes, que tem o exclusi-
ção do beneficio dos 50 por cento. vo do fabrico, e que, estando ao abrigo de
vicção contraria, sem o que é mais que cer-
Nós porem não o entendemos assim, e, competições, produzindo em grande escala,
to ter antes quebrado a penna, dó que con-
se isso fosse verdade, nem a imprensa em e'attendendo á melhoria da qualidade, pos-
vertel-a em instrumento de males para a
geral, nem uma corporação tão illustrada, sa vender mais barato ou mollior, annul lar
sua putaia-, a quakjwta ía-nto-e tanto, que
como é á sociedade de g'eographia, desper-
chega a ser injusto para com os outros, no preço a taxa do imposto, adquirir gran-
diçariam tempo em encómios e congratula- de «freguezia, pagar á fazenda e ganhar
suppondo o seu amor mais entranhado que
ções por uma coisa sem valor. muito dinheiro.
o d'elles. Quem dera que todas as injus-
A nacionalidade do navio podia realmen- O collega não mette em linha de conta
tiças brotassem de tão santo affecto !
te prejudicar-nos, porque os capitães por-
O certo porem é que o collega coinmu- que os arrematantes são grandes econo-
tuguezes não se dedicam ainda, tanto quan- mistas, 8aidos das escólas da pratica, que
nicou ao publico, em 7 de abril, terem os
to era para desejar, a empresas de navega- para muitas coisas são as melhores.
chinas desistido de fazer gréve por causa
ção, é não podemos infelizmente alimentar O do liu-pun, como todos os outros, não
do liu-pun, em vista dos bons conselhos que
^ esperanças de ver muito breve estabelecer ha de querer perder no negocio, e não lhe
lhes deram e da sua indole pacata.
carreiras regulares entre o porto de Ma- faltarão recursos para o explorar por uma
O certo porem é que não considerou in-
cau e o da capital do reino. E' esse o nos- forma vantajosa.
opportuno sustentar no mesmo artigo a
so desejo, mas a sua realisação afigura-se- A concorrência de fabricas na Lapa ou
legalidade das gréves.
nos bastante demorada. em outro ponto do território chinez não
O certo porem é que, antes de duas se-
Tendo pois de con tentar-nos com a na- manas, os cominerciantes chinezes, a prin- pode prejudicar muito a cidade de Macau,
vegação estrangeira para continuar a levar cipio dóceis aos bons conselhos, resolveram porque as circumstancias d'esta localidade
chá e outros productos aos mercados da constituir-se em gréve geral. são mais desafogadas incontestavelmente.
metrópole, parece-nos ainda assim que es- Os factos são estes. Agora as aprecia- Cessará esta vantagem por causa do im-
ta colonia vai da mesma forma gosar do be- ções. posto do liu-pun, ou subsistirá ainda, embo-
neficio resultante da nova lei, visto que re- O collega não teve seguramente intuitos ra em menor escala 1 E' o que resta pro-
salvou muito expressamente as conven- de promover ou apoiar esta manifestação; var, e isso deixamos nós ao tempo.
ções internacionaes. mas diga-nos: ainda não acredita que te- A attitude tomada pelos chinas n'esta
O tratado de commercio com a Gran- nha dado força, posto que involuntaria- questão não pode servir de padrão seguro
Bretanha, datado de 3 de julho de 1842 e mente, aos promotores das deploráveis oc- para se aferir a gravidade do mal que se
confirmado pelo de 9 de julho de 1882, correncias que acabava de collocar sob a attribue ao novo exclusivo.
contem uma disposição, segundo a qual os égide do direito e da lei 1 Foi realmente uma colligação geral, mas,
navios de qualquer das duas nações encon- Nós estamos persuadidos do contrario, quando se realisou, estava já desvirtuado
tram nos portos da outra egualdade nos porque temos os chinas como sufficiente- por factos muito significativos o seu valor
direitos, quanto aos generos que levam mente hábeis e discretos, para não toma- logico, para poder attribuir-se única, di-
das colonias de uma para esses portos da rem uma resolução tão extraordinariamen- recta e exclusivamente ao facto de se esta-
ou ra. te grave, sem espiarem a opinião dos vul- belecer o exclusivo do liu-pun.
Estas convenções estão denunciadas, tos da nossa . . . politica, deixe-nos assim Senão, vejamos.
mas vai celebrar-se novo tratado, em que chamar-lhe, e sem aproveitarem, para ven- Quando se publicou o decreto pelo qual
seguramente apparecerá a mesma clausula, cer as resistências que encontrassem entre foi creado este exclusivo, publicação que
como ja demonstrou a inefficaz resistência os seus, as animadoras theorias de um jor- appareceu nas duas.línguas, portugueza e
do governo ao parecer da commissão das nal confiado a cavalheiros illustrados. sitiica, não se notou o menor abalo nas
pautas, pois denota influencia ingleza. Os chinas não lêem jornaes portuguezes, classes commerciaes de Macau.
Por conseguinte os navios inglezes hão é verdade, mas teem quem lhes diga o que Seguiu-se um longo período de investi-
de conduzir o chá e outros productos de n'elles se publica a respeito das suas ques- gações por parte da inspecção de fazenda
Macau com as mesmas vantagens que esti- tões, e difficilmente se fará acreditar que provincial, a fim de se fazer um calculo
verem estabelecidas para os navios portu- desconheciam a opinião do Macaense, quan- aproximado, quanto ao preço que rasoa-
guezes, e o mesmo diremos dos navios de do se constituíram em gréve. velmente poderia toinar-se para base da
outras nações em idênticas circumstancias. N'uma palavra, as theorias do nosso es- adjudicação do exclusivo, e entretanto rei-
E' isto o que nos parece mais conforme clarecido collega, divulgadas em tal occa- nava por toda a parte a mesma indiíferen-
áletra e espirito das leis, de modo que, sen- siáo, não podiam fazer bem algum e po- ça, comquanto os estabelecimentos do liu-
do já bastante considerável o consumo dos diam fazer algum mal. Que foi um acto pun tivessem sido despertados desde logo
productos da China na metrópole, temos de inadvertência é innegavel, e, se a notá- pelo pedido de informações, as quaes pres-
esperança de que, ou os navios portugue- mos quando já não havia remedio para taram.
O ORIENTE PORTUGUEZ—-MAIO 3, 1892 S
Depois a arremataçã.0 foi annunciada turbações da ordem publica, muitas mais meio de se discutir sem quebra do respeito
duas vezes, porque se gorou a primeira, e famílias haviam de retirar-se ( 7 ) e o com- mutuo, ou pelo menos sem que deixe de ser
tudo isto levou muito tempo. Em summa, mercio de Macau ficaria completamente respeitoso um dos polemistas.
quando foi adjudicado o exclusivo havia arruinado." Traç.ámo'-nos esta linha de procedimento,
contra elle algumas representações dirigi- Nada mais eloquente para demonstrar a e inútil será toda a provocação, com que se
das ao governo provincial, mas nem estas, necessidade e urgência de se pôr termo á intente arrastar-nos para outro caminho.
nem os signaes de desgosto que sempre se gréve, por bem ou por mal. Era o caso Se ao Macaense faz sombra esta altura
notam nos povos, quando está eminente em que o fim justificava os meios. de plano, para nos egualar basta seguir os
um tributo vexatório, se tornaram tilo no- Já vê o collega que, em presença d'esta mesmos passos, para nos exceder basta re-
táveis. que merecessem sequer attrahir as sua opinião, era inadmissível o seu alvitre frear os ímpetos do seu amor proprio, dei-
attenções da imprensa local. de deixar os grevistas entregues ao seu ca- xando funccionar serenamente a intelli-
Fizeram os seus depósitos os pretenden- pricho, até se cançarem. gencia que Deus lhe deu,
tes do exclusivo, abriu-se a praça, fechou- Para cançar a força publica, que chega Podemos assegurar ao collega que, na
se, e só então, i. é, só quando se soube para manter a ordem, mas não para estar sua longa carreira jornalística,—felizmen-
quem logrou obter o liu-pun, é que se apre- muitos dias em aturado serviço, sem a ne- te ainda muito distante do occaso—, rarís-
sentaram alguns chinas a reclamar peran- cessária folga, o expediente não era mau. simas vezes ha de ter encontrado antago-*
te a primeira auctoridade e em seguida Em resumo: estamos de accordo, nós e nistas que o tratassem com a mesma urba^
perante o leal senado. o collega, quando náo em muitas conse- nidade e correcção, de que nós usámos. A
E' por isso que geralmente se attribue a quências, ao menos em quasi todas as pre- paga foi má, mas também estamos quites
greve, não ao exclusivo em si, como se missas.
com a consciência, sendo o collega quem
pretende fazer acreditar, mas ao facto de Até mesmo na parte em que o collega tem de arrepender-se.
não ser concedido aos concorrentes de Ma- justifica o seu zelo pelo socego e pelos in- Não conhecemos os motivos pelos quaes
cau. Não pode dizer-se que estes concor- teresses da terra que lhe foi berço, nós não o Macaense tanto se empenha em fazer
rentes preteridos julgassem mau o liu-pun. podemos deixar de o louvar, com tan to que
crer que temos intuitos de " ayassallar o
em quanto o pretendiam para si. O certo náo attribua aos filhos da metrópole menos
pobre (sic) governador."
porem é que depois entraram na gréve. zelo e dedicação, pelo facto de não terem Pensa o collega, por si proprio, que d'alu
Porque 7 aqui a mesma estabilidade.
pudesse advir-nos alguma vantagem? Se
Porque depois já era mau, quando esta- O zelo vem principalmente da consciên-
va nas mãos de outro, e nós estamos incli- o não pensa quanto a si, qual é critério de
cia, e a nossa patria, em toda a parte,
nados a pensar que toda a questão provem que usa para avaliar as intenções alheias?
é Portugal.
d'ahi; mas procedamos ainda a investiga- Nós approvámos, ainda assim sem des-
Para que todos possamos viver em paz,
ções para emfim nos decidirmos definitiva- pesa de vocábulos encomiaslicos, a attitu-
tanto os portuguezes como os chinas e os
mente. de do sr. governador na occasião da gréve,
hospedes das diversas nacionalidades, é que
Foi o exclusivo ou foi a adjudicação a se torna indispensável dar sempre força á porque s, exa. procedeu por forma a satis-
causa verdadeira do movimento 7 E' ques- fazer a opinião do publico desapaixonado,
auctoridade e manter o povo em respeito.
tão que fica de pé. e d'isso dá testemunho toda a imprensa
D'outra sorte, os proprios que hoje fol-
# gariam com uma transigência do poder, portugueza de Macau e Hongkong, incluin-
# * do o Macaense, no qual ha apenas a desem-
Ernprasa-nos o Macaense para lhe dizer- começariam amanhã a notar a falta de uma
mos quaes são os indivíduos, com excepção coisa muito importante, sem a qual esta- maranhar algumas incoherencias a este
dos nossos collegas na redacção e dos vo- riam constantemente a estremecer pela respeito.
gues do conselho do governo, que não da- segurança das suas pessoas e propriedades. Mas note o collega que no mesmo nume-,
riam ao sr. governador o conselho de abo- Cremos ter respondido ás considerações ro do nosso jornal, sobre outro assumpto,
lir o exclusivo do liu-pun, depois de adju- do nosso illustrado collega, salvo na parte I se encontra um artigo, que de modo algum
dicado. intratável. pode ser tomado por s. exa. como expres-
Vai ser sntisfwito. São as redacções do são de accordo com todos os seus actos.
Independente, do Extremo Oriente, e ... a do Seremos sempre respeitosos para com a
proprio Macaense, pois até esta se póz de M "MMÍMSB." auctoridade, porque isso é essencial em to-
accordo em que o governo provincial não da a sociedade bem constituída, mas jamais,
devia, por seu prestigio, transigir perante Se nós tivéssemos entrado na questão do renunciaremos ao direito de livre aprecia-;
a gréve, o que equivale a dizer que não de- liu-pun com o proposito do fazer guerra ao ção, quanto a assumptos sujeitos á critica da
via annullar o contrato, como pretendiam Macaense, estaríamos a estas horas cantando imprensa.
os chinas. victoria. Aproveitamos esta occasião para decla-
Esta conformidade no voto da imprensa Se em nosso coração se abrigasse um rarmos terminantemente o seguinte:
exprime bem o sentimento da opinião pu- sentimento de vingança, estaríamos já bera Quem se julgar offendido ou melindrado ^
blica entre a população portugueza. vingados do collega, que se apresentou pe- em algum escripto d'este jornal, pode diri-.
0 leal senado também não aconselhou o rante a opinião publica coino um perfeito gir-se por carta á sua redacção, na certeza
governo provincial a desistir de pôr em selvagem da imprensa, pela ferocidade da de que todas as explicações lhe serão da-
execução um decreto do governo, á face do aggressão, e pelas settas envenenadas, de das.
qual, diga-se de passagem, não sabemos que se serviu contra nós. Felo facto porem de outro jornal dizer
porque se falia tanto na franquia do porto. Confessamos que ha uma grande dese- que nós offendemos um ou outro cavalhei-
O leal senado entende que é um mal para gualdade entre dois polemistas, dos quaes ro, uma ou outra corporação, nós não fica-
o município o estabelecimento do liu-pun, um argumenta por uma fornia serena e at- remos entendendo que esse cavalheiro, ou
e o que deliberou foi representar contra tenciosa, sem empregar uma só palavra corporação, se dá por offendido, nem por-
elle, no que não só exerce um direito, mas que possa ferir melindres, ao passo que o tanto nos occuparemos a combater moinhos
cumpre um dever. outro concentra todas as suas forças no de vento.
E já que falíamos n'esta corporação, dei- campo do descrédito ao adversário, vibran- Fica o collega conhecendo a norma das
xe-nos o collega rectificar o seu artigo, on- do-lhe expressões descortezes, imputando- nossas relações com os outros jornaes, e
de diz que nós estranhámos ao leal senado lhe infâmias imaginarias, attribuindo-lhe creia que será invariável.
ter dado uma satisfação aos chinas com intrigas de bastidores, declamando contra Pelo que fica dito, e muito mais pelo que
o seu edital. Os illustres vereadores sa- falsos amigos e formando uma lista nominal não vê dito, já o Macaense pode convencer-
bem ler e entender. Nós dissemos que de cavalheiros, que forçosamente quer dar se de que as suas affrontas não nos desnor-
preferíamos vêr excluídas do edital algu- por offendidos com as mais inoffensivas de- teiam, nem nos provocam a retaliações.
mas referencias que, n'aquella occasião, os clarações, contidas em um escripto mera- Para seu castigo bastaria o confronto
chinas podiam tomar como uma especie de sa- mente doutrinário e narrativo. curioso dos artigos que publicou nos últi-
tisfação. A tarefa, pelo lado das difficuldades, é mos números, mas nem isso faremos.
Não carecemos de dar as razões pelas tão desvantajosa para o primeiro, que tem
quaes assim pensamos, e folgamos agora de combater de luva branca, cingindo-se
de poder affirmar que nem o officio do sr. aos assumptos de ordem publica, armado r M wmvx"
governador, nem a promessa do leal senado apenas de princípios e sem ferir com as con-
em representar contra o exclusivo, servi- clusões, quanto coinmoda para o segundo, Já esperávamos uma resposta do nosso es-,
ram de pretexto aos influentes da gréve que a cada passo desapparece por uma por- olarecido collega, com respeito ás questões
para dizerem que só por essas razões cede- ta falsa, empurrando para a arena indivi- de Timor, porque uma redacção illustrada
ram. O que nós receiavamos não se veri- dualidades que o antagonista respeita, e toma sempre a responsabilidade do que es-
ficou. que náo devem ser envolvidas na questão. creve, e acceita a discussão franca das suas
*
# # Todavia nós consideramo'-nos muito bem opiniões.
O Macaense poupou-nos ao trabalho de na primeira d'estas situações, porque, se Já esperávamos egualmente que a res-;
defendermos as medidas de rigor que o sr. não agrada aos amadores do epitheto pican- posta fosse concebida em termos dignos e
governador da província apresentou ao te e da politica individual, cujo favor repel- cortezes, porque um jornal que sabe discu-
conselho do governo e que este approvou, limos, é de certo a que mais convém a um tir, e que usa de boa fé, recebe sempre as
segundo o collega expõe. jornal, cujo ponto de mira é o bem publico, visitas dos seus collegas com urbanidade,
Bastam-nos estas palavras do seu artigo ; o conceito de todas as pessoas illustradas ainda quando vão significar-lhe divergência,
" Se a colligação durasse, haveria per* e sérias, a demonstração pratica de que ha de pensar.
i o OR TENTE PORTUGUEZ —MAIO 3, 1892
Collocamo'-nos pois em campo opposto j Não desejando fatigar o collega, conclui- vel, quanto o collega foi minucioso em nomes»
ao da Voz do Crente, acerca de um assumpto, remos dizendo que o nimis probat também sobrenomes, appellidos e até profissões.
E o peior é que isto se dá depois de nós ter-
com a certeza de não irritar o antagonista, está em nosso favor, quanto á repatriação mos jurado não declarar nunca se este ou aquel-
pois só podia dar-se este caso, se o logar dos timores que se refugiam em Dilly. le cavalheiro faz parte da redacção, a não ser a
destinado ao saber e á consciência das dou- Esta cidade "tem tudo a ganhar com o pedido directo dos interessados e por demonstra-
trinas que sustenta, estivesse occupado augmento dos seus moradores." Sim, mas da conveniência.
pelas vaidades d'este mundo. quando não faltem aos trabalhos agrícolas Ahi tem o collega como a melhor boa fé pode
Acceite o nosso illustrado collega a ex- das suas terras. Não cheguemos á conclu- conduzir á peior das situações. O que vale é
pressão do nosso inais vivo reconhecimen- são de que Dilly lucraria em absorver a que nós temos tento na penna . . .
Já que o Macaense mostra tanto desejo de in-
to, pelas palavras amaveis que nos dirige, população de toda a ilha. formar a nosso respeito, pode lá dizer que a lista
e permitta-nos que em poucas linhas nos Est modus in rebus. Deve acceitar-se a está errada. Quem são então os collaborudores
occupemos ainda dos negocios de Timor, immigração, mas também permittir-se a re- do Oriente Portuguez ?
n8o com intuito de prolongar a questão, patriação, segundo as conveniências. Tantos e tantos, que se passam mezes sem
mas para se vêr que não entrámos n'ella Despedindo-nos do nosso presado collega, chegar a vez a alguns.
sem fundamento. temos a declarar que, se o molesta o termo Não fallando nos de fóra, nós contamos coin a
Começamos por concordar com o collega —virulência — , fica 'retirado. cooperação de todos os cavalheiros illustrados
em que " um estylo poderá ser forte para que, sympathisando com a indole do jornal, re-
conhecendo que elle não envergonha ninguém, e
quem vê as cousas por um prisma, em-
NOTICIAS DIVERSAS. sendo dados a discorrer sobre assumptos de in-
quanto que será fraco para quem as vê teresse publico, desejam naturalmente concorrer
por outro." Mala. para a sua sustentação.
Plenamente de necordo, e até folgamos E' vago, não é ? Pois é exacto.
Espera-se na quinta-feira, 5, a mala franceza,
de vêr fallar assim quem pode ser citado pelo Sydney. Elogio
como auctoridade. Deixe-nos porem acres- Recebe o correio correspondências para Yoko- O Boletim official traz um elogio aos comman-
centar que também ha prismas que enga- hama e San Francisco, pelo City of Rio de Ja- dantes das foiças, officiaes e praças, ás auçtorU
nam, e nós não affirmamos, mas suspeita- neiro, até ás 6.30 a.m. do dia 10. dades administrativas e a outros funccionarios
mos, que o collega está vendo algumas Agradecimento. públicos pelo modo como cumpriram o seu de-
coisas por um d'esses prismas. Vamos a ver durante a gréve.
Ao nosso illustrado collega do Independente Merecido.
exemplos. agradecemos o cordial acolhimento que nos fez,
A Voz do Crente allegou factos com que e a que procuraremos corresponder com provas Venda de 3Iacau.
não nos conformámos, e agora dá-se por de boa camaradagem. Um correspondente do Daily Press de Hong-
Ao Macaense agradecemos também, com o kong commuuica a este jornal que o tsung-ly-
satisfeita, dizendo-nos :—" negar não é pro- yamên de Pekim pensa em comprar Macau, ou
var." Mas a prova não incumbe a quem mesmo proposito, o seu cumprimento, mas sal- pelo menos em propor um arrendamento a longo
affirma factos, a não ser que estejam inver- va a redacção. praso, para não despertar susceptibilidades.
tidas as regras da dialetica. Aos cavalheiros que por cartas ou verbalmen-
Qual será a quantia em que o governo chi noz
te nos teem dirigido palavras animadoras, con-
O collega é que tem por dever provar o signamos aqu a expressão do uosso reconheci- avalia a recuperação de Macau ?
que assevera, quanto á paga das licenças mento. Deve ser curioso isso.
e do seu visto pelas auctoridades, assim Anniversaries. Desmentido.
como quanto aos actos pouco patrióticos, Fiz -ram annos : O sr. conselheiro Agostinho Guilherme Roma-
que attribue ao governador de Timor. No dia 1, o sr. Demétrio Cinatti, distincto e no, nosso consul em Hongkong, sempre muito
Se accusa esta auctoridade e não exhibe zeloso consul de Portugal em Cantão. solicito em velar pelos interesses e bom credito
No dia 2 : do paiz que representa, obteve do Daily Press
provas, applica-se a regra—auclore non pro- um desmentido aos boatos de que Portugal in-
bante reus absolvitur. A exma. sra. D. Maria Fernandes de Mene-
zes, esposa do sr. Fernando Celie de Menezes ; tenta alienar Macau ou outras colónias. Fez
Ao testemunho dos seus correspondentes l,elu
À exma. sra. D. Casimira M. da Silva Mar- - Declarações.
oppomos nós o dos nossos, e como o con-
ques ; Relatando os acontecimentos de 20 e 21 de
fronto dos depoimentos é necessário para o O sr. Augusto Os :qr Marques. abril, escrevemos ;
descobrimento da verdade, foi por isso que A s. exas. e s as exmas. familias os nossos pa- " Dizem que a companhia do Hongkong fire commu-
nós pedimos ao collega a benevolência de rabéns. nicou que não pagaria indemnisaçâo por incêndios du-
se dar a esse confronto. Enlace. rante a gréve. Outros dizem que não houve tal com-
Alem d'isso, se arbitrariamente«se exigia Noticiamos com sincero jubilo o enlace matri- munienção, pois não a receberam em geral os proprie-
um emolumento pelas licenças de transito, monial de dois distinctissimos ornamentos da tários que trem os seus prédios assegurados n'aquella
o processo mais curial era accusar ao go- nossa sociedade, os exmos. srs. José Antonio companhia."
A noticia é rigorosamente exacta, porque uns
vernador do distrieto os subalternos que Arantes Pedroso Junior, digno official da auna- diziam que sim, outros que não.
assim abusavam, e de modo algum accusar da, e D. Amalia d'Albuquerque e Castro Fel- A final de contas tinham razão os que affir-
o proprio governador. ner, gentil e sympathica filha de exmo. major
Julio Luiz Felner. mavam, porque houve uma comniunicação,
Mas passemos adeante. Unidos ha muito por um santo amor, foram á também a tinham os que negavam, porque nun-
O collega não acha sério dizer-se que a sé cathedral, pelas 11£ horas da manha de 2 do ca se podia suppôr que a companhia avisasse
abolição das licenças só aproveita aos mal- corrente', unir-se perante o altar, servindo de pa- só um, despresando tantissimos outros.
feitores, porque taes creaturas nunca se for- drinhos s. exa. o governador, sr. Custodio de Occupámo'-nos do facto, porque, ter.do no
Borja, e capitão do porto, sr. Alves Branco. mesmo artigo manifestado a opinião de que não
neceram de licenças.
Apezar de não correrem cartões de convite, os havia fundamento para se espalhar o terror dos
A razão é contraproducente. Por isso incêndios, podia alguém atalhar-nos com o argu-
mesmo que os malfeitores nunca se muni- amigos do noivo e da familia da noiva eram em mento d'aquelle aviso terrorista. Fechámos
ram de licenças é que ellas devem tornar- grande numero, havendo muitas senhoras, e no- pois a porta a esse argumento, mencionando os
tando-se no aspecto de todos os traços d'essa ale-
se obrigatórias, para haver um distinctivo gria intima, que sentem as boas almas ao pre- boatos e fazendo sentir que em geral os proprie-
entre as pessoas honestas e os crimiôosos. sencearem a felicidade alheia. tários não receberam communicação.
Dispensadas as licenças, a nenhum estra- Os noivos retiraram para Hongkong no vapor Mais abaixo, relatando as occorrencias do hos-
nho pode perguntar-se por ellas e os cri- das 2 horas, indo passar no Victoria Peak os pital chinez, dissemos que, havendo tumulto, o
primeiros dias da lua de mel. sr. procurador dos negocios sinicos " foi obriga-
minosos folgam com isso. do a retirar-se, quando já não tinha interpre-
Sendo porem exigidas, quando apparece Desejando-lhes todas as venturas de que são
dignos, enviamos-lhes os nossosparabens, nos te ... "
uru individuo desconhecido, exige-se-lhe o Não dissemos que fugiu a auctoridade, ou o
quaes écornprehendidb o nosso amigo, o sr. Fel-
passe, e fica preso, não o apresentando, ner, e sua exma. esposa. interprete. O que nos afirmaram é que o sr. pro-
como suspeito de malfeitor, até que depois curador quiz de dentro fallar aos chinas, e não o
se averigue o contrario. A nossa redacção. fez por não ter alli quem interpretasse.
Os malfeitores nunca se forneceram de O Macaense houve por bem dar informações, Nada mais natural do que, ao abrigarem-se
precedidas de um " Dizem," quanto aos redacto- contra tão inesperada aggressão, iicasse o procu-
licenças. Logo ellas eram úteis, porque
res do nosso jornal, e formou uma lista dos se- rador separado do interprete. Mas, para mos-
eram a salvaguarda da gente boa, e agora trarmos que nem mesmo considerávamos covar-
guintes nomes :
todos se confundem, coin grave risco mes- dia <a fuga de quatro ou cinco homens, na maior
" Sr. dr. Antonio Marques d'Oliveira, juiz de direi-
mo para os bons, por lhes faltar o docu- to d'esta comarca. parte desarmados, ante centenas ou milhares do
mento abonatorio. Sr. João Gregorio Duarte Ferreira, secretario par- apedrejadores, nós diremos que, se lá estivésse-
Mas diz mais o collega : ticular de s. exa. sr. governador. mos, seriamos o primeiro a dar o exemplo, ju-
"As licenças só se passam onde ha auctoridades Sr. capitão Eduardo Lourenço, inspector do mate- rando voltar em breve.
portuguesas; ora como a maior parte de Timor não rial de guerra. Fizemos bem sentir que a covardia estava da
tem taes auctoridades, quem impede os malfeitores de Sr. Ignacio Cabral da Costa Pessoa, major do ba- parte dos que, vendo-se na proporção de cem
andarem livremente pelo interior da ilha ? Quod nimis talhão nacional." contra um, aggrediram traiçoeiramente os pou-
probat, nihil probat O collega ha de permittir-nos uma correcção cos portuguezes presentes. Quem assim se ex-
Tudo isto nos serve, e até o latim. amigável pela leviandade que commetteu. prime não podia imputar covardia a estes últi-
O que se vê é que, com auctoridades e Pois não viu que aquelles cavalheiros são to- mos, por se resguardarem das pedradas, juntan-
com as licenças, os malfeitores podem ser dos funccionarios do estado, e alguns d'elles até do-se em um só sitio, separando-se, ou mesmo
professores do seminario-lyceu, ficando por isso fugindo.
impedidos de transitar livremente. Fazemos estas declarações para mostrarmos
expostos a incommodos, se o jornal desagiadar
E não é mesmo licito argumentar com o com .exemplos que nos attribuem intuitos de
ao sr. ministro, ao sr. governador, ou ao sr. rei-
que se passa 110 território onde não ha tor do seminário, e se s. exas. por uma aberração ferir personalidades, sem razão alguma, e só por
auctoridades portuguezas ; a questão das li- da justiça, aliás improvável, forem intoleran- um proposito, ou por se interpretarem inconse-
cenças não tem ahi applicação, quer se exi- j tes P ! quentemente as nossas palavras, do que não te-
jam, quer não exijam. A indiscrição torna-se tanto mais imperdoá- mos culpa.