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FICHAMENTO

“OLIVEIRA, Amurabi. Revisitando a história do ensino de Sociologia na Educação


Básica: Revista Acta Scientiarum. Universidade Estadual de Maringá. Maringá, v. 35,
n. 2, p. 179-189, July-Dec.,2013.” (p.171).

“O presente trabalho visa repensar o histórico da Sociologia enquanto disciplina


escolar, não apenas reconstituindo o seu percurso, marcado por ausências e
presenças no currículo da escola, como também refletindo sobre as razões de sua
intermitência, apontando para outros argumentos ainda não desenvolvidos por
pesquisadores deste campo de investigação. “Coloca a importância do alcance da
pesquisa desenvolvida com objetivo de romper barreiras acadêmicas através da
prática crítica e propositiva, que são os fundamentos capazes de interferir nas
dinâmicas societárias e nas condições de vida do cidadão” (p. 179).

“Refere-se à Sociologia como uma ciência bastante recente se comparada a outras


do campo das Ciências Humanas, remetendo ao século XIX, ainda que possamos
pensar a existência de precursores da Sociologia, como nos aponta Durkheim (2008
[1892]) ao se referir a Rousseau e a Monstesquieu.” (p. 179).

“Destacado, também, que mesmo depois da criação dos primeiros cursos de


Ciências Sociais, ainda nos anos 30 do século passado, a formação de professores
não chega a ser uma prioridade. Assim, ainda que possamos apontar para a
existência de uma preocupação por parte dos intelectuais deste período com o seu
ensino, o que se esboça por meio da publicação de trabalhos acadêmicos em
periódicos (SILVA et al., 2010), de diversos manuais de Sociologia (MEUCCI, 2011),
“[...] repensar as razões de sua intermitência no currículo escolar questionando,
principalmente, algumas leituras simplistas realizadas” (p. 180).

“Destaca com isso o caráter contraditório presente no processo de introdução do


Ensino de Sociologia, que diverge das explicações post factum, elaboradas por
pesquisadores que tendem a interpretar as ausências e presenças da Sociologia no
currículo escolar como um fenômeno atrelado ao caráter ideológico da disciplina,
eminentemente crítica, deixando de lado o caráter conservador que a mesma pode
assumir em termos teóricos.” (p. 181).

“[...] O que vislumbramos neste cenário é que a introdução da Sociologia se deu em


meio a um processo contraditório e sua própria consolidação por meio da Reforma
Francisco Campos, que a introduz como obrigatória no segundo ano dos cursos
complementares, voltada para a formação das elites que buscavam o ingresso nos
cursos superiores se deu em meio a um contexto dúbio. Essa situação de
contradição seguiu-se sob a égide do mesmo governo, o de Vargas, de uma
Reforma Responsável pela retirada da Sociologia dos currículos escolares, o que
ocorreu em 1942 com a Reforma Capanema desenvolvida durante o denominado
Estado Novo.” (p. 182).

“Longe disso, a Sociologia ensinada neste interstício, entre os anos de 1925 e 1942,
tinha ainda fortes dilemas a serem enfrentados em sua docência, que dizia respeito
aos próprios programas selecionados. Guelfi (2001), ao analisar os programas de
Sociologia do Colégio Pedro II, sobre o qual as reformas educacionais incidiam de
forma direta, aponta para a dificuldade de delimitar, claramente, nos programas da
disciplina os limites com outras áreas já consolidadas no currículo escolar, em
especial nos primeiros anos. Além dessa questão a autora aponta para o caráter
enciclopédico que é dado à disciplina neste período. Esse aspecto, também, é
criticado por Delgado de Carvalho que lecionara esta disciplina neste Colégio,
(SOARES, 2012).” (p. 182).

“Ainda segundo o autor, chama a atenção o fato de que muitas disciplinas que
constam nos currículos escolares, cuja permanência não é questionada, não são
citadas na LDB, situação inversa à vivenciada pela Sociologia, de modo que a
ausência desta se justifica de forma mais incisiva pela falta de tradição da mesma no
ensino escolar.” (p. 185).

“Dentro desta perspectiva, enquanto a Sociologia mostrou-se como uma disciplina


abstrata, longe da realidade social do aluno, constituiu-se essencialmente como um
saber elitizado, voltado para a formação de dirigentes que ingressariam nos cursos
superiores (GUELFI, 2001; MEUCCI, 2011), e valorizado no currículo escolar. Em
contrapartida, na medida em que se aproximou do debate político público, das
questões sociais e culturais que constituem a realidade de seus alunos mostra-se
como um saber dispensável, que pode ser ‘ensinado de forma interdisciplinar’ por
outras disciplinas, por outros professores sem formação acadêmica específica.” (p.
186).

“É emblemática para nós a elaboração das Orientações Curriculares Nacionais


publicadas em 2006, que afirmam mais enfaticamente o caráter disciplinar desta
ciência no currículo Um avanço fundamental é dado com as Orientações
Curriculares Nacionais – OCN “[...] não apenas pelo caráter afirmativo com relação
ao ensino de Sociologia, mas também ao sentido atribuído à ela, considerando a sua
finalidade na Educação Básica correlacionada ao processo de desnaturalização e
estranhamento da realidade social, explicitando como estes podem ser
operacionalizados por meio da articulação entre temas, teorias e conceitos
sociológicos.” (p. 186).

“A simples utilização do argumento de que a Sociologia formaria ‘consciências


críticas’, ou que, ‘prepararia os alunos para a cidadania’ mostram-se insuficientes
para compreender os sentidos a esta atribuídos, em especial se desconsiderarmos
os dilemas existentes na escola brasileira, uma vez que, por mais que a disciplina
possua particularidades, que tangenciam desde a falta de tradição de seu ensino na
escola, passando pela identidade dos profissionais dos cursos de formação de
professores de ciências sociais (OLIVEIRA, 2011), muitos de suas questões
referem- se à Educação Básica como um todo.” (p. 187).

“Finaliza dizendo que Este trabalho ainda que breve buscou contribuir para uma
reflexão mais apurada em torno do histórico do Ensino de Sociologia na Educação
Básica, considerando alguns aspectos até então negligenciados por pesquisadores
na área, realizando outra leitura do percurso desta ciência no universo escolar
brasileiro.” (p. 187).
Aluno: 2021201783 - EDUARDO JOSE DOS SANTOS
Período: 2º Semestre – 2021
Curso: 762 L - Ciências Sociais - Licenciatura - Noturno

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