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com o devido cuidado profissional, e nos traz à deríamos perguntar se toda a história da filosofia
mente, com uma nova luz, esta representação não seria nada mais do que uma tradução de
A REPÚBLICA
Que Platão tenha escrito com A República
A REPÚBLICA DE PLATÃO
cenográfica de nossa “história do espírito”: uma obra que, para além de seu tempo histórico, Platão. A começar pela República, em grego
uma rica casa no porto de Atenas, em um dia estará não mais na ágora, mas nas mesas, nas Politéia, indiscutivelmente sua obra maior. En-
de festa dedicado a uma deusa oriental, onde
um ancião comenta sua riqueza e fala da justiça,
tribunas e nos foros de discussão em todos os
tempos, algo comprovado pela sorte que lhe foi
DE PLATÃO tre seus primeiros “tradutores” podemos incluir
Cícero, que preferiu res publica e assim dire-
onde os presentes lembram versos de poetas • cionou os rumos de nosso pensamento político.
reservada até agora, é fora de dúvida. Reafirmá-lo
antigos e onde um estrangeiro nos obriga a obras i Bastaria que Cícero tivesse escolhido politéia,
é um truísmo, mas com ele também ressurge sem-
pensar na violência que permeia todas nossas pre a pergunta: qual a sua atualidade? Pergunta como ocorreu, em latim, com retórica, poética
relações “humanas”, os interesses dos mais que cada época fez nos seus termos e que, com – ou monarquia –, e hoje todos nós teríamos
fortes e a imposição do poder; como resposta, razão, podemos repropor. Se o centro nevrálgico
J. GUINSBURG (ORG.) um outro modo para falar da política. Foi pro-
Sócrates delineará uma sociedade “ideal”. Os da discussão e investigação desenvolvidas por vavelmente a partir de uma tradução árabe que
primeiros leitores desta formidável construção Platão é, por certo, a cidade, a polis, e as formas o aristotélico Averroés escreveu seu comentário
em palavras de uma cidade sabiam que, não e estruturas de relacionamento e governo de seus à República, por sua vez traduzido em hebraico
muitos anos depois, o anfitrião daquele encon- cidadãos, os padrões de moral e de justiça que os pelo tradutor de Maimônides. No primeiro
tro – que trazia a guerra em seu nome – seria conduzem e regulam o embate de seus interes- século que foi, inteiramente, da impressão, o
assassinado pelos “tiranos” de Atenas, e que, ses e a perfeita solução que lhes pode ser dada maior editor resolveu publicar, junto ao texto
após alguns anos, o protagonista daquela cena numa politeia ideal, não é menos verdade que os grego platônico, a tradução latina: era um pro-
seria condenado, pelo povo reunido em tribunal, argumentos aduzidos em torno do problema da jeto grandioso, mas Henri Estienne optou pela
a se envenenar. tirania e da democracia encontram-se na pauta tradução do huguenote Jean de Serres, e não
Sabiam estes leitores que então, também dos conflitos e dos debates de nossa contempora- pela do humanista Marsílio Ficino, que lhe era
neste dia de festa, a cidade estava em guerra. neidade, com uma atualidade que tem a extensão superior. Para ficarmos nos casos mais eviden-
J. GUINSBURG (ORG.)
Conscientes desta cena e de seu desfecho, pre- global do mundo em que vivemos. tes, é preciso lembrar que, nesta longa história
paravam-se para este jogo através das palavras textos 19 da interpretação, devemos nossa modernidade a
J.Guinsburg
– o diálogo escrito –, que falava para eles, e con- um alemão, Schleiermacher, que traduziu todo
tinua a nos falar – por meio destes seus novos Platão e que preferiu a língua grega, mesmo
metteurs en scène, como Jacó Guinsburg – da possuindo o latim interpretatio, para dizer o
arte e da política, da justiça e do conhecimento, que simboliza nossa relação com esta tradição.
e da distância entre este conhecimento e a vida Chegamos assim ao capítulo final, preenchido
dos homens em sociedade. desta vez por filólogos e professores de grego,
incansáveis “atravessadores” das fronteiras en-
Paulo Butti de Lima tre as línguas e os textos, levando-nos consigo
através do texto original e reconduzindo-nos às
nossas formas próprias de expressão.
É extremamente significativo que, na histó-
ria bem mais breve das traduções em português,
um momento desta longa interpretatio seja
agora preenchido por um dos nossos maiores
estudiosos do teatro. Que atravessa o texto em
J. GUINSBURG
Tradução e Organização
06-5871 CDD-184
2a edição – 2a reimpressão
Cronologia ..........................................................................................5
Sobre esta Edição ...............................................................................9
Introdução ........................................................................................15
Livro I ..............................................................................................21
Livro II .............................................................................................61
Livro III ............................................................................................97
Livro IV...........................................................................................139
Livro V ............................................................................................179
Livro VI...........................................................................................223
Livro VII ........................................................................................263
Livro VIII .......................................................................................301
Livro IX ..........................................................................................339
Livro X ...........................................................................................373
Anexo .............................................................................................417