MARCIO FLORES
GUSTAVO CHAVES LOPES
Jornalista, documentarista,
escritor e ex-secretário
nacional do Audiovisual
SOCIEDADE & COMPORTAMENTO
A reconquista do Brasil
N a minha última coluna aqui falei do res-
surgimento da direita, ressalvando que ela
jamais deixou de existir, senão que estava
apenas em estado de letargia, imposto por toda sorte
de autoritarismos de nosso período alexandrino. No
entanto, nós brasileiros, conservadores por natureza,
não nos deixamos abater. Logo após o trauma da
divulgação do resultado das eleições, começamos a
nos reerguer e agora voltamos a dar mostras inequí-
vocas de que somos a maioria.
Mas esse despertar vai muito além da “base
bolsonarista”, como insiste em chamar a velha
imprensa. Ele já se expande para além do eleitorado
de direita e alcança, inclusive, aquele “isentão” que,
por nojinho ou frescura, votou contra o Brasil. Até a
própria mídia já não consegue esconder a decepção
que, afinal de contas, era previsível.
Não havia dúvida que um governo, que sempre se
declarou fiscalmente irresponsável provocaria um
rombo gigantesco nas contas públicas. Para usar o
bom português: assumiu com R$ 60 bilhões em caixa
e já torrou mais de R$ 200 bilhões. Sabe-se lá como,
embora se possa imaginar. Assim como era esperado
que um candidato festejado nos presídios traria de
volta os piores índices de violência e criminalidade.
Da mesma forma, era presumível que uma
ideologia que entende a democracia como relativa
perseguisse, prendesse e matasse seus adversários
políticos. Não é surpresa, também, que um governo
sem compromisso com o Brasil voltasse às velhas
práticas do compadrio político, cujo resultado inevi-
tável é a corrupção.
E o resultado mais do que previsível do que se
ouve sobre os desmandos de Brasília é sentido nas
cidades, país afora. São as pessoas que estão sentin-
do na pele a queda gigantesca na geração de empre-
go (se comparada ao ano passado, essa queda varia
entre 20% e 30%); que estão sentindo os efeitos da
inflação no supermercado, sobretudo nos alimentos
(e mesmo assim não há um dia em que esse governo
não bata no agronegócio, aqui e lá fora).
Os cortes bilionários no orçamento na Saúde e
da Educação, para ficar apenas nos mais óbvios, se
farão sentir no curto prazo. E mesmo que parte da
imprensa siga fazendo de conta que está tudo bem,
o despertar é cada vez maior e irreversível. O econo-
mista Stephen Kanitz havia profetizado esse cenário
em artigo logo após o segundo turno de 22: “Não
é o povo facilmente enganado por políticos popu-
listas que prometem picanha que são os culpados
desse desastre eleitoral. Foram vocês, os mais escla-
recidos e bem informados, que destruíram o futuro
do país pensando em interesses de curto prazo.”
Mas, apesar de toda essa bagunça
previsível, esse é o recado após o
primeiro ano deste descalabro: não
apenas não desaparecemos, como
nos tornaremos cada mais fortes.
Não apenas não nos calarão, como
faremos cada vez mais barulho. Não
apenas vamos resistir, mas reconquis-
taremos o Brasil para os brasileiros.
Os textos publicados neste espaço não expressam necessariamente a opinião do jornal
DIÁRIO DE SANTA MARIA
Membro da ONG Igualdade
Diretor do Museu da Diversidade do RS/ MUDI
PLURAL Coordenador do Sistema Municipal de
Museus de Santa Maria
Direitos Humanos X Fórum
Municipal da Diversidade LGBTQIAPN+
H oje pela manhã você acorda, vai até a
geladeira, e faz sua escolha do dia para o seu
café, ao mesmo tempo que desliza o dedo
pelos botões do controle da televisão percorrendo os
canais em busca de algo para visualizar, mas acaba
por optar em escutar sua música favorita, que é in-
terrompida rapidamente porque o horário denuncia
que seu dia está só começando, ainda há muito o que Na
Não apenas não fazer, escolher, viver... como andar livremente pela contemporaneidade
cidade. Todas essas ações fazem parte do cotidiano
nos calarão, de muitos brasileiros, mas poucos percebem que nossos direitos
como faremos essas e outras práticas do dia a dia, percorrem o uni- estão mesmos
cada vez mais verso dos nossos direitos, garantidos pela Declaração garantidos?
Universal dos Direitos Humanos.
barulho. Esta lei foi criada em 10 de dezembro de 1948, por
representantes de diversos segmentos da sociedade,
na Assembleia Geral da Organização das Nações
Unidas (ONU), sendo assim um marco na história
dos direitos humanos, onde foi estabelecida uma
norma comum a todas as nações em proteção
universal dos direitos e liberdades, individuais e
coletivas. Este documento determinou e garantiu os
direitos básicos de todos os seres humanos, indepen-
dentemente de nacionalidade, cor, sexo e orientação
sexual, política e religião inclusive.
Como forma de celebrar a elaboração do docu-
mento que protege a dignidade humana, é comemo-
rado no dia 10 de dezembro o DIA INTERNACIO-
NAL DOS DIREITOS HUMANOS.
Mas a pergunta que não quer calar, será que ainda
hoje na contemporaneidade nossos direitos estão
mesmos garantidos?
O que podemos observar é que cada vez mais a
intolerância religiosa, a LGBTFobia e a discriminação
racial e ideológica está cada vez mais presente em
nossa sociedade. São inúmeros os casos, é possível
verificar todos os dias nos jornais e meios de comu-
nicação, inclusive bem perto de nós aqui na nossa
Santa Maria das bocas dos montes...
A boa notícia é que no último dia 10 de de-
zembro, na Estação Rodoviária de Santa Maria,
foi apresentado a comunidade da nossa cidade, o
Fórum Municipal da Diversidade LGBTQIAPN+
de Santa Maria, sendo ele um espaço de debates
de entidades da sociedade civil e grupos sociais,
com o intuito de discutir os temas relacionados aos
direitos LGBTQIAPN+.
A Diversidade só pode ser protegida e promovida
ao reconhecer, como princípio fundador, o diálogo
e o respeito entre as civilizações e as culturas, indo
além de sexo, idade, nacionalidade, pertencimento
cultural, religião, etnia ou qual- fotos divulgação
quer outro denominador, para a
construção de um futuro de paz
numa sociedade em que a plu-
ralidade desempenha papel de
enriquecimento mútuo, reconhe-
cimento e respeito às diferenças.
TERÇA-FEIRA, 12 DE DEZEMBRO DE 2023 20