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PROPOSTA 12 – MODELO FUVEST

TEXTO 1: Nada é mais dramaticamente parecido com a realidade dos direitos dos povos escravos, índios,
camponeses, mulheres e outros segmentos discriminados da sociedade latinoamericana do que o conto de Kafka,
"Diante da Ley". Um homem passa a vida inteira diante da porta da Lei esperando para entrar, sempre há um
impedimento, uma ressalva, uma proibição momentânea, uma ameaça, até que o homem morre. No momento de sua
morte, vê que o porteiro fechará a porta e, interrogando a razão do fechamento, descobre que a porta estivera aberta
somente para ele durante todo o tempo, e já que ele não entrara, não havia mais razão para a porta permanecer aberta.
Assim os oprimidos quando chegam à porta da lei encontram um obstáculo, dificuldade, impedimento ou ameaça, mas
o Estado e o Direito continuam afirmando que a porta está aberta, que a lei faz de todos os homens iguais, que as
oportunidades, serviços e possibilidades de intervenção do Estado estão sempre presente para todos, de forma
isonômica e cega. E a sistemática, usual, crônica injustiça da sociedade é apresentada como exceção, coincidência ou
desventura. O Estado e seu Direito não conseguem aceitar as diferenças sociais e as injustiças que elas engendram e
na maior parte das vezes as omitem ou mascaram, ajudando em sua perpetuação.
O DIREITO ENVERGONHADO (O DIREITO E OS ÍNDIOS NO BRASIL). C. F. Marés de Souza Filho Procurador Geral do Estado do Paraná. Diretor do Núcleo de Direitos Indígenas, Brasil.
Disponível em <https://www.corteidh.or.cr/tablas/r06852-5.pdf> Acesso em out. 2021.

TEXTO 2: TEXTO 3:

TEXTO 4: Quando vocês falam que foram mortos aproximadamente seis milhões de pessoas nos campos de
concentração, das quais, grande parte se sabe o nome e dia da morte, nós indígenas lembramos os quase seis milhões
de irmãos nossos exterminados sem que se tenha, na maioria dos casos, qualquer informação sobre esses massacres.
Foi um extermínio silencioso e contínuo, que continua até hoje.
Nailton Pataxó numa visita a um campo de concentração Nazista, Alemanha, 2000. Disponível em
<https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/28713/1/Genocidio%20indigena%20no%20Brasil.pdf> Acesso em out. 2021.

TEXTO 5: Esse vírus está discriminando a humanidade. Basta olhar em volta. O melão-de-são-caetano continua a
crescer aqui do lado de casa. A natureza segue. O vírus não mata pássaros, ursos, nenhum outro ser, apenas humanos.
Quem está em pânico são os povos humanos e seu mundo artificial, seu modo de funcionamento que entrou em crise.
É terrível o que está acontecendo, mas a sociedade precisa entender que não somos o sal da terra. Temos que
abandonar o antropocentrismo; já muita vida além da gente, não fazemos falta na biodiversidade. Pelo contrário. Desde
pequenos, aprendemos que há listas de espécies em extinção. Enquanto essas listas aumentam, os humanos
proliferam, destruindo florestas, rios e animais. Somos piores que a Covid-19.
Ailton Krenak. O amanhã não está à venda. São Paulo: Companhia das Letras, 2020.

Considerando as ideias apresentadas nos textos e também outras informações que julgar pertinentes, redija uma
dissertação em prosa, na qual você exponha seu ponto de vista sobre o tema: um olhar para os povos indígenas
brasileiros.

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