INTERPRETAÇÃO

DE TEXTO
SEMANA 4
 • INTERPRETAÇÃO DE TEXTO •
PROF. CLEMILSON
Questão 01
Evidências
Quando eu digo que deixei de te amar
É porque eu te amo
Quando eu digo que não quero mais você
É porque eu te quero
Eu tenho medo de te dar meu coração
E confessar que eu estou em tuas mãos
Mas não posso imaginar o que vai ser de mim
Se eu te perder um dia
Eu me afasto e me defendo de você,
Mas depois me entrego
Faço tipo, falo coisas que eu não sou,
Mas depois eu nego
Mas a verdade é que eu sou louco por você
E tenho medo de pensar em te perder
Eu preciso aceitar que não dá mais
Pra separar as nossas vidas
E nessa loucura
De dizer que não te quero
Vou negando as aparências
Disfarçando as evidências
Mas pra que viver fingindo
Se eu não posso enganar meu coração
Eu sei que te amo
(...)
AUGUSTO, J.
Amor e medo
Quando eu te vejo e me desvio cauto
Da luz de fogo que te cerca, ó bela,
Contigo dizes, suspirando amores:
— “Meu Deus! que gelo, que frieza aquela!”
Como te enganas! meu amor, é chama
Que se alimenta no voraz segredo,
E se te fujo é que te adoro louco...
És bela — eu moço; tens amor, eu — medo...
Tenho medo de mim, de ti, de tudo,
Da luz, da sombra, do silêncio ou vozes.
Das folhas secas, do chorar das fontes,
Das horas longas a correr velozes.
(...)
Vampiro infame, eu sorveria em beijos
Toda a inocência que teu lábio encerra,
E tu serias no lascivo abraço,
Anjo enlodado nos pauis da terra.
Depois... desperta no febril delírio,
— Olhos pisados — como um vão lamento,
Tu perguntaras: que é da minha coroa?...
Eu te diria: desfolhou-a o vento!...
Oh! não me chames coração de gelo!
Bem vês: traí-me no fatal segredo.
Se de ti fujo é que te adoro e muito!
És bela — eu moço; tens amor, eu — medo!...
ABREU, C.
1
Os textos anteriores pertencem a momentos diferentes, mas
ambos se aproximam no que se refere ao(à)
A) contradição entre o que o eu lírico sente e a forma como ele
expõe esse sentimento pela amada.
B) linguagem culta padrão da língua para atingir o objetivo,
que é conquistar a mulher amada.
C) uso de palavras de conotação mórbida, como o vampiro
(texto II) e loucura e aparências (texto I).
D) visão machista tão comum no século XIX, que defendia a
ideia de que a mulher tinha necessidade de casar.
E) equilíbrio do eu lírico ao mostrar seu amor racional, con-
ceitual, bem como sua indiferença ao fato de a mulher
desejar ou não ficar com ele
Questão 02
A água salgada sob a superfície de Marte poderia
conter oxigênio suficiente para sustentar o tipo de vida
microbiana que emergiu e floresceu na Terra bilhões de anos
atrás, reportaram cientistas nesta segunda-feira
(22.10.2018).
Em alguns locais, a quantidade de oxigênio disponível
poderia até mesmo manter vivo um animal primitivo
multicelular como uma esponja, escreveram na revista
científica Nature Geosciences.
“Nós descobrimos que a salmoura” – água com altas
concentrações de sal – “em Marte pode conter oxigênio
suficiente para que micróbios possam respirar”, afirmou
Vlada Stamenkovic, principal autor do estudo, físico teórico
do Laboratório de Propulsão a Jato da Califórnia.
“Isto revoluciona completamente nossa compreensão
do potencial da vida em Marte, hoje e no passado”, declarou
à AFP.
Até agora, presumia-se que a quantidade de oxigênio
em Marte fosse insuficiente para sustentar a vida microbiana.
(https://istoe.com.br. Adaptado)
Na construção linguística da notícia, o site recorre
A) à expressão de uma hipótese, no último parágrafo, para
certificar os leitores de que Marte não tem oxigênio
suficiente para sustentar a vida microbiana e, portanto, nem
a humana.
B) aos depoimentos do físico Vlada Stamenkovic para que os
leitores tenham certeza de que Marte contém oxigênio
suficiente para acolher muitas espécies, inclusive a
humana.
C) ao emprego da forma verbal “poderia”, no futuro do pretérito
do indicativo, para deixar claro aos leitores que as
informações apresentadas são ainda hipóteses sobre o
assunto tratado.
D) a informações de estudos de um grupo de cientistas para
apresentar aos leitores a ideia de que é possível que o
planeta Terra tenha surgido de Marte há bilhões de anos.
E) à referência à revista científica Nature Geosciences para
sugerir aos leitores que o tema já faz parte de uma série de
estudos sistemáticos que comprovaram a vida em Marte.
Questão 03 É possível reconhecer, em textos de diferentes gêneros,
recursos verbais e não verbais utilizados com a finalidade de
Uma língua, múltiplos falares criar e mudar comportamentos e hábitos. Esse é o caso da peça
apresentada, na qual se observa
Desde suas origens, o Brasil tem uma língua dividida
A) associação de expressões não verbais e palavras,
em falares diversos. Mesmo antes da chegada dos
destacando o sentido punitivo desses códigos.
portugueses, o território brasileiro já era multilíngue. Havia
B) inclusão de verbos no imperativo como recurso único para
cerca de 1,2 mil línguas faladas pelos povos indígenas. O
o entendimento da mensagem.
português trazido pelo colonizador tampouco era uma língua
C) uso da imagem de uma personalidade conhecida para
homogênea, havia variações dependendo da região de
reforçar a mensagem do cartaz.
Portugal de onde ele vinha. Há de se considerar também que
D) referência à personalidade da música, como forma de
a chegada de falantes de português acontece em diferentes
amenizar seu caráter imperativo.
etapas, em momentos históricos específicos. Na cidade de
E) utilização da variedade linguística informal, reforçando a
São Paulo, por exemplo, temos primeiramente o encontro
linguagem não verbal.
linguístico de portugueses com índios e, além dos negros da
África, vieram italianos, japoneses, alemães, árabes, todos
Questão 05
com suas línguas. “Todo este processo vai produzindo
diversidades linguísticas que caracterizam falares
diferentes”, afirma um linguista da Unicamp. Daí que na Falar, falar
mesma São Paulo pode-se encontrar modos de falar
distintos como o de Adoniran Barbosa, que eternizou em Se conviver é conversar,
suas composições o sotaque típico de um filho de imigrantes
este falatório sem pausa,
italianos, ou o chamado erre retroflexo, aquele erre dobrado
que, junto com a letra i, resulta naquele jeito de falar “cairne” onde o silêncio é mais temido
e “poirta” característico do interior de São Paulo.
MARIUZZO, P. Disponível em: www.labjor.unicamp.br. Acesso em: 30 jul. 2012 que palavrão dentro de casa,
(adaptado).

A partir desse breve histórico da língua portuguesa no Brasil, um faz da vida inteira um entulho
dos elementos de identidade nacional, entende-se que a
de vozes de bar, de barulho;
diversidade linguística é resultado da

A) imposição da língua do colonizador sobre as línguas

neste metralhado lugar,
indígenas.
B) interação entre os falantes de línguas e culturas diferentes. tão atulhado de palavras,
C) sobreposição das línguas europeias sobre as africanas e
que não se pode caminhar,
indígenas.
D) heterogeneidade da língua trazida pelo colonizador.
E) preservação dos sotaques característicos dos imigrantes.
onde do corpo só a paz
Questão 04 do amor calado satisfaz.
(Alberto da Cunha Melo - Poesia completa, 2017.)

Por meio da linguagem figurada, o eu lírico sugere que

A) a conversa é o que torna o convívio cotidiano mais

saudável.
B) a verdadeira paz resultará da tentativa incessante de
conversar.
C) o silêncio deve ser evitado tanto quanto uma palavra
ofensiva.
D) o amor não pode durar se não for alimentado com palavras.
E) o excesso de palavras é um obstáculo para a convivência
harmônica.

2
Questão 06
O trabalhador brasileiro produz, em média, somente
um quarto do que produz o trabalhador americano.
Baixa eficiência está associada a fatores
institucionais e excesso de distorções, como má regulação e
burocracia, barreiras comerciais, e à adoção de tecnologias
estrangeiras, estrutura tributária distorciva e trabalhosa e
intervenções discricionárias do governo nos mercados e
preços.
Some-se a isso a baixa qualificação da nossa mão
de obra, que faz não só que se produza de forma menos
eficiente uma dada tarefa, como impossibilita que muitas
tarefas, métodos e mesmo produtos possam ser levados a
cabo devido à escassez de mão de obra especializada.
Em outras palavras, o trabalhador pouco educado
ou especializado produz menos que outro mais qualificado.
A falta de adequação do Ensino Médio com a
realidade do jovem faz com que este o abandone antes de
terminá-lo e aqueles que o terminam pouco aprendam de útil
para a sua vida profissional futura.
A expansão do Ensino Técnico é um alento, mas o
Ensino Médio na forma atual e a baixa qualidade em geral de
nossa educação ainda são entraves à qualificação adequada
do trabalhador brasileiro.
No caso do Brasil, adicione-se ainda uma legislação
trabalhista que estimula a rotatividade e, consequentemente,
não incentiva as empresas a investir no treinamento de seus
trabalhadores.
Assim, com a alta ineficiência econômica, a baixa
qualificação e educação de má qualidade, não é surpresa
que a produtividade do trabalhador brasileiro seja baixa.
FERREIRA, Pedro Cavalcanti. Por que a produtividade do trabalhador brasileiro é tão
baixa?
.
De acordo com o texto, o Brasil é um país que
A) apresenta um panorama revelador de deficiências,
propiciando a baixa qualificação da mão de obra que
possui.
B) está viabilizando os meios para requalificar seus
trabalhadores, a fim de obter melhor produção e vencer os
vários desafios do presente.
C) acredita na força do empresariado, que,
independentemente da legislação trabalhista, começou a
investir pesado no treinamento do seu quadro funcional.
D) tenta suprir a deficiência do Ensino Médio, incrementa e
difunde o Ensino Técnico na tentativa de que a nação saia
do marasmo econômico em que se encontra.
E) começa a buscar parcerias com os diferentes segmentos
sociais, procurando reverter sua situação e concorrer em
melhores condições com seus adversários internacionais.
Questão 07
O texto é uma charge que foi publicada no dia 24 de maio de
2014, ano de Copa do Mundo no Brasil, e faz referência ao dia
em que a taça da competição começou a ser exibida em
Pernambuco. Ela foi levada a várias cidades do país e muitos
torcedores foram vê-la de perto. Sabendo disso, conclui-se que,
nessa charge, há uma
A) crítica à relevância que se dá ao futebol no Brasil, o que é
representado pela posição de reverência dos personagens
com relação à taça da Copa.
B) mensagem otimista sobre a conquista da Copa do Mundo
de 2014, o que é representado pela devoção dos
personagens à taça.
C) mensagem pessimista sobre a conquista da Copa do
Mundo de 2014, o que é representado ironicamente pelas
súplicas ao Fuleco (mascote) e à Brazuca (bola).
D) construção de sentido que se apoia na devoção dos
personagens à taça para mostrar que os torcedores
estavam inseguros com o desempenho da seleção
brasileira.
E) crítica bem-humorada sobre os contrastes sociais e
problemas políticos que são esquecidos em períodos de
Copa do Mundo no Brasil.
Questão 08
Em um mundo marcado pela força da imagem e da
mídia eletrônica, práticas e ideais escolares ligados à leitura
e ao domínio da norma culta parecem fadados a
desaparecer. Não se trata de mera obsolescência de
recursos didáticos e metodológicos. O que se encontra em
crise é o próprio ideal formativo que marcou a criação e o
desenvolvimento dos sistemas nacionais de ensino a partir
do século XIX. Uma crise que não se origina nas instituições
escolares, mas que as afeta diretamente. Os fatores que a
condicionam são complexos e variados e incluem desde o
enfraquecimento da noção de Estado nacional até o
predomínio da linguagem imagética sobre a conceitual. Este
último, por sua vez, implica o aumento de poder de outras
instituições ou organizações sociais – notadamente da mídia
eletrônica – no estabelecimento de valores e princípios
éticos, estéticos e políticos.
CARVALHO, José Sérgio Fonseca. Para além dos muros da escola. Revista Educação.
Disponível em: <revistaeducacao.uol.com.br>. Acesso em: 28 ago. 2018. (adaptado)
Os usos sociais que são feitos das linguagens e dos sistemas
de comunicação e informação estão sujeitos a críticas. O texto,
ao abordar essa questão, tem como propósito principal
A) convencer sobre a necessidade de fortalecer o Estado
nacional, buscando alternativas de comunicação além do
padrão imagético.
B) enfatizar o caráter multifatorial que explica a aparente perda
de prestígio de algumas vertentes de saberes escolares.
C) esclarecer a crise dos sistemas nacionais de ensino,
originada na escola, influenciando outras organizações
sociais.
D) isentar as mídias eletrônicas e a linguagem imagética da
responsabilidade de ter reforçado a crise relatada.
E) defender e ratificar a valorização dos profissionais da
educação como símbolos da cultura letrada.

SAMUCA – Diario de Pernambuco – 24 de maio de 2014.

Disponível em: < http://blogs.diariodepernambuco.com.br/esportes/2014/05/16
/ilustrando-em-charges-o-pais-da-copa/comment-page-1/>. Acesso em: 5 maio 2018.

3
 Questão 10
Questão 09
As informações textuais deixam evidente que
Uso de inteligência artificial pode aumentar
desemprego no Brasil, diz FGV A) o melhor cenário para a economia brasileira é o mais
agressivo, no qual não haverá impactos negativos com
Responsável por reduzir burocracias, automatizar redução de postos de trabalhos.
processos e aumentar a eficiência, o uso de inteligência B) a inteligência artificial aumentará a desigualdade social,
artificial (IA) pode aumentar o desemprego no País em quase principalmente em um cenário agressivo com projeção
4 pontos porcentuais nos próximos 15 anos. Os dados são otimista de crescimento econômico.
de um estudo desenvolvido pelo professor Felipe Serigatti, C) a pesquisa mostra que o desemprego será o mesmo nos
da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em parceria com a próximos 15 anos, independentemente da forma como a
Microsoft. inteligência artificial seja adotada.
Para simular o impacto da adoção de IA na economia D) a adoção da inteligência artificial na economia poderá
brasileira, a pesquisa estipulou três cenários: um conserva - trazer desemprego, mas, paradoxalmente, trará
dor, no qual a taxa de crescimento da adoção de IA pelo crescimento financeiro à população em geral.
mercado brasileiro é de 5%, durante 15 anos. Nesse E) o impacto do desemprego gerado pela adoção da
panorama, a economia também cresce menos do que o inteligência artificial é igual nos seis segmentos diferentes
estimado para os próximos anos. No cenário intermediário, o da economia, de acordo com a pesquisa da FGV.
número é de 10%, com crescimento estável. Já no mais
agressivo, em um mundo em que a economia tem projeção Questão 11
otimista de crescimento, a adoção de IA subiria 26% no
período – é nesse último que o desemprego pode aumentar Texto 1
em 3,87 pontos porcentuais, no saldo geral da população.
No mais severo dos cenários, os mais afetados serão
os trabalhadores menos qualificados, que poderão ver o
desemprego aumentar em 5,14 pontos porcentuais; já o
número de vagas qualificadas pode subir com a adoção
massiva de inteligência artificial, em até 1,56 ponto
percentual. “A inteligência artificial aumentará a
desigualdade”, alertou Serigatti, que é professor de
Economia da FGV.
A pesquisa analisou seis segmentos diferentes da
economia: agricultura, pecuária, óleo e gás, mineração e
extração, transporte e comércio e setor público (educação, Disponível em: www.uol.com.br. Acesso em: 18 dez. 2018.
saúde, defesa e administração pública). Os trabalhadores
mais afetados no cenário mais agressivo são os mais Texto 2
qualificados dos setores de óleo e gás e de agricultura, dois
dos principais pilares da economia brasileira. O primeiro tem
redução nos empregos de 23,57%, e o segundo, de 21,55%.
(Bruno Romani, “Uso de inteligência artificial pode aumentar desemprego no Brasil, diz
FGV”. https://link.estadao.com.br. Adaptado)

A leitura comparativa entre a charge de Duke e o texto do

Estadão permite afirmar que

A) o recrudescimento do desemprego vivido no presente do

país é uma realidade que tende a se estender pelos
próximos anos.
B) a redução do desemprego é uma realidade remota que Disponível em: http://portalms.saude.gov.br. Acesso em: 18 dez. 2018.
privilegiará eventualmente os trabalhadores menos
qualificados.
Veiculados em plataformas de comunicação distintas, os textos
C) a piora na economia continuará a tirar com mais vigor
acima apresentam
postos de trabalho, já que nenhuma projeção prevê
crescimento econômico.
A) objetivos comunicacionais e recursos de linguagem
D) o cenário desolador do desemprego no Brasil será
idênticos.
plenamente revertido em até 15 anos, graças ao
B) objetivos comunicacionais e funções sociais idênticos.
crescimento econômico.
C) funções sociais e recursos de linguagem diferentes.
E) o desemprego tende a se manter estável nos próximos
D) assuntos e recursos de linguagem idênticos.
anos, já que existe uma projeção otimista de crescimento.
E) assuntos e funções sociais diferentes.

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Questão 12 Questão 14

Subamos os degraus, que conduzem ao alpendre, TEXTO I

todo engrinaldado de viçosos festões e lindas flores, que
Por “complexo de vira-latas” entendo eu a
serve de vestíbulo ao edifício. Entremos sem cerimônia.
inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente,
Logo à direita do corredor, encontramos aberta uma larga
em face do resto do mundo. Isto em todos os setores e,
porta, que dá entrada à sala de recepção, vasta e
sobretudo, no futebol. Dizer que nós nos julgamos “os
luxuosamente mobiliada. Acha-se ali sozinha e sentada ao
maiores” é uma cínica inverdade. Em Wembley, por que
piano uma bela e nobre figura de moça. As linhas de perfil
perdemos? Porque, diante do quadro inglês, louro e
desenham-se distintamente entre o ébano da caixa do piano,
sardento, a equipe brasileira ganiu de humildade. Jamais foi
e as bastas madeixas ainda mais negras do que ele. São tão
tão evidente e, eu diria mesmo, espetacular o nosso vira-
puras e suaves essaslinhas, que fascinam os olhos, enlevam
latismo [...]. É um problema de fé em si mesmo. O brasileiro
a mente, e paralisam toda análise. A tez é como o marfim do
precisa se convencer de que não é um vira-latas.
teclado, alva que não deslumbra, embaçada por uma nuança RODRIGUES, N. À sombra das chuteiras imortais. São Paulo: Cia. das Letras, 1993.
delicada, que não sabereis dizer se é leve palidez ou cor-de-
rosa desmaiada. O colo donoso e do mais puro lavor TEXTO II
sustenta com graça inefável o busto maravilhoso. Os cabelos
soltos e fortemente ondulados se despenham caracolando A melhor banda de todos os tempos da última semana
pelos ombros em espessos e luzidios rolos, e como franjas As músicas mais pedidas
negras escondiam quase completamente o dorso da cadeira, Os discos que vendem mais
que se achava recostada. Na fronte calma e lisa como As novidades antigas
mármore polido, a luz do ocaso esbatia um róseo e suave Nas páginas dos jornais
reflexo; di-la-íeis misteriosa lâmpada de alabastro guardando Um idiota em inglês
no seio diáfano o fogo celeste da inspiração. Tinha a face Se é idiota, é bem menos que nós
voltada para as janelas, e o olhar vago pairava-lhe pelo Um idiota em inglês
espaço. É bem melhor do que eu e vocês
(Bernardo Guimarães. A Escrava Isaura. In: Massaud Moisés (org.).
A literatura brasileira através dos textos, 2004.) A melhor banda de todos os tempos da última semana
QUESTÃO 10 O melhor disco brasileiro de música americana
A personagem apresentada no trecho pelo narrador é Isaura, O melhor disco dos últimos anos de sucessos do
uma escrava que foi criada e educada fora da senzala. No texto, passado
essa figura feminina é descrita O maior sucesso de todos os tempos entre os dez
maiores fracassos
TITÃS. A melhor banda de todos os tempos da última semana.
A) de modo sensual, como uma escrava que se destaca das São Paulo: Abril Music, 2001 (fragmento).
demais e inspira o amor.
B) com ênfase em sua simplicidade, que se opõe à O verso do Texto II que estabelece a adequada relação temática
suntuosidade da casa onde mora. com “o nosso vira-latismo”, presente no Texto I, é:
C) pelo espírito misterioso que a envolve e que desperta a
atenção do narrador. A) “As novidades antigas”.
D) como dona de uma beleza superior, idealização que se B) “Os discos que vendem mais”.
opõe à sua condição de escrava. C) “O melhor disco brasileiro de música americana”.
E) em função de sua nativa tristeza, que não se justifica em D) “A melhor banda de todos os tempos da última semana”.
função do quanto é bela. E) “O maior sucesso de todos os tempos entre os dez maiores
fracassos”.
Questão 13
Questão 15

Nas passagens “São tão puras e suaves essas linhas, que A rua nasce, como o homem, do soluço, do espasmo.
fascinam os olhos, enlevam a mente” e “O colo donoso e do mais Há suor humano na argamassa do seu calçamento. Cada
puro lavor sustenta com graça inefável o busto maravilhoso”, os casa que se ergue é feita do esforço exaustivo de muitos
termos sublinhados significam, respectivamente: seres, e haveis de ter visto pedreiros e canteiros, ao erguer
as pedras para as frontarias, cantarem, cobertos de suor,
A) perturbam e exótica. uma melopeia tão triste que pelo ar parece um arquejante
B) arrebatam e contumaz. soluço. A rua sente nos nervos essa miséria da criação e, por
C) encantam e indescritível. isso, é a mais igualitária, a mais socialista, a mais niveladora
D) enfraquecem e indecifrável. das obras humanas.
E) dispersam e impoluta. RIO, João do. A alma encantadora das ruas. Disponível em:
<http://www.dominiopublico.gov.br>. Acesso em: 20 ago. 2018.

O narrador do texto personifica a rua para evidenciar o seu

caráter
A) rude, que impõe aos passantes um esforço impossível de
suportar.
B) entristecedor, que faz com que os transeuntes se cansem
e solucem.
C) esotérico, que provoca sentimentos transcendentais
naqueles que passam.
D) democrático, que possibilita até mesmo a passagem dos
menos favorecidos.
E) estático, em que as construções se perpetuam da forma
como foram concebidas.

5
Questão 16 Sobre o assunto principal dessa capa de revista, é correto
afirmar:
Desde sempre, em todos os tempos e lugares,
A) A área médica valida e utiliza tratamentos ainda sem a
teóricos e praticantes têm dito o que pensam da tradução, do
devida comprovação científica, o que tem sido questionado
que ela é ou do que deveria ser. São opiniões que em muitos
pelos maiores hospitais no mundo todo.
casos se contradizem, se desdizem, não só no acessório
B) A medicina, na contemporaneidade, não só admite, mas
como no essencial; contradições que enfim não bastam para
também passa a aderir a tratamentos alternativos que
impedir que os tradutores continuem a fazer o seu trabalho,
contam com o respaldo dos estudos científicos.
com a sua prática muitas vezes desmentindo a teoria.
C) A ciência, hoje em dia, valoriza os recursos optativos, como
Há quem diga, como o alemão Herder, que o melhor
musicoterapia, acupuntura, ficoterapia, dentre outros, em
dos tradutores há de ser o melhor dos explicadores;
detrimento dos convencionais.
diametralmente oposta é a opinião do americano Vázquez-
D) Os países subdesenvolvidos são os que mais optam por
Ayora, para quem traduzir não é explicar nem comentar coisa
outros tipos de cuidados com a saúde, além dos conhecidos
alguma. O fato é que, como dizem, não há povo tão isolado
tradicionalmente.
que possa dispensar os serviços da tradução. E as traduções
E) Os cientistas, a partir de estudos, sugerem que a medicina
afinal estão aí mesmo, pondo em xeque as afirmações de
alternativa possa substituir, aos poucos, tratamentos tidos
quem diz que tradução é impossível, que tradução não
como tradicionais.
existe, coisas assim...
Pode-se comparar a tradução ao voo do besouro. O
Questão 18
besouro é um animal que tem tudo para não poder voar: o
corpo é rombudo, as patas não se recolhem, as asas são
enfiadas num estojo de cascas duras... mas, apesar de todos Parece-lhe então que o que se deu comigo em 1860
os pesares, o besouro voa e muito. Com o tradutor dá-se a
pode entrar numa página de livro? Vá que seja, com a
mesma coisa: cada texto é um complexo de obstáculos e
dificuldades aparentemente intransponíveis, linguísticas e condição única de que não há de divulgar nada antes da
não linguísticas; entender o que o autor disse e o que ele quis
minha morte. Não esperará muito, pode ser que oito dias, se
dizer, na língua dele, é difícil; dizer na língua da gente o que
se entendeu na língua do original, não é fácil... mas o tradutor não for menos; estou desenganado. Olhe, eu podia mesmo
traduz e muito. E quanto mais difícil parece um texto, maior
contar-lhe a minha vida inteira, em que há outras coisas
é o número de tradutores que se candidatam.
(Geir Campos - O que é tradução, 2004. Adaptado.) interessantes, mas para isso era preciso tempo, ânimo e
O 08
O voo do besouro, assim como a tradução, papel, e eu só tenho papel; o ânimo é frouxo, e o tempo
assemelha-se à lamparina de madrugada. [...] Adeus, meu
A) é tanto mais eficiente quanto maiores forem as
dificuldades. caro senhor, leia isto e queira-me bem; perdoe-me o que lhe
B) fracassa em virtude das inúmeras dificuldades. parecer mau, e não maltrate muito a arruda, se lhe não cheira
C) aparenta ser difícil, mas na verdade é fácil.
D) acontece, ainda que pareça ser improvável. a rosas. Pediu-me um documento humano, ei-lo aqui. Não
E) cumpre sua função, ainda que de maneira precária. me peça também o império do Grão-Mogol. Nem a fotografia

Questão 17 dos Macabeus; peça, porém, os meus sapatos de defunto, e

não os dou a ninguém mais.
ASSIS, M. de. O enfermeiro. In: ______. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar,
1994.

O trecho do conto apresenta a história de um homem que

A) fica espantado ao perceber que, no leito de morte, guarda

um segredo.
B) pretende escrever um livro para se redimir de um erro do
passado.
C) aproveita o leito de morte para fazer confissões a um
interlocutor.
D) acredita na possibilidade de ficar famoso após a morte.
E) gostaria de ver sua história publicada ainda em vida.

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Questão 19 Questão 21

Lápide do Hipocondríaco!

Amancio Oliveira Filho @amanciooliveirafilho Nov 2

(http://chargeonline.com.br)
José Simão @jode_simao Nov 2
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH
As informações da charge permitem concluir que AHAHAHAH
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH
A) o gênio é mais um na estatística do desemprego e, por isso, AHAHAHAH
quer ajudar o homem. HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH
B) o homem faz pedidos comuns e parecidos ao gênio, o que AHAHA
o deixa bem irritado.
C) a capacidade de realizar os pedidos existe, mas o gênio Afonso Custodio Dias @acdrj Nov 2
não quer atendê-los.
D) o gênio se declara incapaz de resolver a situação de José Simão @jose_simao Nov 2
desemprego, que também o afeta. Não tem um só aí não.
E) a imprecisão dos pedidos ao gênio faz com que ele desista
de realizá-los. Eudoro Sousa Lima @EusousaLima82 Nov 2
Questão 20 José Simão @jose_simao Nov 2
Zé das Dores !!!
“O maior instrumento da globalização cultural na
sociedade tem sido certamente o conjunto das redes de unha @prefiroalicate Nov 2
comunicação de massa. A abrangência, extensão e eficácia
dessas redes estão na raiz das maiores transformações na José Simão @jose_simao Nov 2
virada do século.” oia tu
Revista Contracampo
. lskydiver @lskydiver8 Nov 2
A partir da leitura do texto acima, percebemos que se trata de
um texto argumentativo. Analisando os argumentos expostos no Pedro @faroldebarbados Nov 2
trecho, é correto dizer que
José Simão @jose_simao Nov 2
A) as grandes redes de comunicação são responsáveis pela Tipo eu!
globalização. Disponível em: https://twitter.com/jose_simao. Publicado em: 2 nov. Acesso em: 7 nov.
2018.
B) as redes de comunicação se uniram para formar um
monopólio da comunicação.
C) as redes de comunicação em massa estão nas raízes das As manifestações na publicação do jornalista José Simão,
maiores transformações dos últimos tempos. apresentada anteriormente, são exemplos de
D) as transformações na virada do século foram responsáveis
por criar um conjunto de redes de comunicação em massa. A) mensagens ao autor ou a outros leitores na forma de e-
E) as redes de comunicação em massa representam a mails.
totalidade dos instrumentos da globalização cultural. B) “curtidas” em uma publicação do gênero notícia digital.
C) comentários a um texto do gênero (micro) blogue.
D) compartilhamentos de um fotolog.
E) memes de um hipertexto.

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Questão 22
● Leia o trecho da entrevista da historiadora Marina Vaz ao blog
“Nós”.
NÓS – Um estudo sobre os perennials afirma que a
maneira como se envelhece — boa ou má — depende da
maneira como se encara a velhice. Se você é pessimista,
envelhece mal e vive menos, em resumo. Você concorda?
MARINA – Quem envelhece mal é quem não se
preparou para isso. Principalmente os homens, que não
conseguem aproveitar a vida depois que deixam de
trabalhar. As mulheres da minha geração têm sempre
alguma coisa para fazer. Eu, por exemplo, cozinho. Planto
minhas verduras, hortaliças, na minha segunda casa, em
São Francisco Xavier (interior de São Paulo). Eu acompanho
o ciclo da vida. Colho, cozinho, como ou sirvo para amigos.
Adoro fazer isso. Adoro fazer doce com as frutas das minhas
árvores e dar as compotas de presente. Também voltei a
bordar, estudar música. E nunca deixei de ler. Além de
conviver com a roça, tem uma coisa muito importante que
explica o fato de eu estar tão bem. Eu não tenho marido
(risadas). Me separei aos 50 anos. Sofri pra burro, mas agora
vejo que tive muita sorte. Casamento é uma merda.
Absolutamente, eu jamais me casaria de novo.
(Brenda Fucuta. “‘Tem velho que inferniza os filhos’, diz historiadora de 88
anos”. https://nos.blogosfera.uol.com.br, 07.04.2019. Adaptado.)
A linguagem empregada pela historiadora
A) marca-se pelo emprego de expressões fora do uso
corrente, o que lhe confere a plena formalidade.
B) apresenta o uso de baixo calão, inadequado para a situação
comunicativa de entrevista.
C) reveste-se de informalidade, sobretudo quando começa a
discorrer sobre sua condição matrimonial.
D) mantém o estilo formal, o que demonstra estar pouco à
vontade na situação de entrevista.
E) expressa a sua ironia, com termos coloquiais, em relação à
pergunta confusa a que foi exposta.
Questão 23
Deserto de sal
O silêncio ajuda a compor a trilha que se ouve na
caminhada pelo Salar de Atacama.
Com 100 quilômetros de extensão, o Salar de
Atacama é o terceiro maior deserto de sal do mundo. De
acordo com estudo publicado pela Universidade do Chile, o
Salar de Atacama é uma depressão de 3 500 quilômetros
quadrados entre a Cordilheira dos Andes e a Cordilheira de
Domeiko. Sua origem está no movimento das placas
tectônicas. Mais tarde, a água evaporou-se e, desta forma,
surgiram os desertos de sal do Atacama. Além da crosta de
sal que recobre a superfície, há lagoas formadas pelo degelo
de neve acumulada nas montanhas.
FORNER, V. Terra da Gente, n. 96, abr. 2012.
Os gêneros textuais são textos materializados que circulam
socialmente. O texto Deserto de sal foi veiculado em uma revista
de circulação mensal. Pelas estratégias linguísticas exploradas,
conclui-se que o fragmento apresentado pertence ao gênero
A) relato, pela apresentação de acontecimentos ocorridos
durante uma viagem ao Salar de Atacama.
B) verbete, pela apresentação de uma definição e de
exemplos sobre o termo Salar de Atacama.
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C) artigo de opinião, pela apresentação de uma tese e de
argumentos sobre o Salar de Atacama.
D) reportagem, pela apresentação de informações e de dados
sobre o Salar de Atacama.
E) resenha, pela apresentação, descrição e avaliação do Salar
de Atacama.
Questão 24
Especialistas estão céticos quanto ao vício em video
games ser uma doença
Para a OMS, pode ser diagnosticado como viciado em
games aquele que prefere fortemente jogar em vez de fazer
outras atividades, não parando de jogar mesmo quando há
consequências negativas em sua vida pessoal e profissional,
com tudo isso acontecendo há pelo menos um ano. Mas,
entre os argumentos que defendem que não existe vício em
games como sendo uma doença está a ideia de que um
diagnóstico mais amplo, como o da depressão, pode ser
mais assertivo.
“Você pode eliminar facilmente a palavra ‘jogo’ e
colocar ‘sexo’ ou ‘comida’ no lugar”, na hora de falar em
vícios do tipo, segundo o psicólogo do Instituto de Internet de
Oxford, Andrew Przybylski. [...] O especialista acredita que a
definição da OMS “pode levar a uma espécie de
patologização de todos os aspectos da vida”.
GNIPPER, Patrícia. Canaltech, 20 jun. 2018. Disponível em: <https://canaltech.com.br>.
Acesso em: 6 jul. 2018.
Para construir um texto, é necessário adotar estratégias que
promovam a ligação entre as diversas partes dele, de forma que
haja progressão das ideias. No texto apresentado, uma ideia
previamente expressa é retomada com as palavras
A) “viciado em games”.
B) “pelo menos um ano”.
C) “diagnóstico mais amplo”.
D) “na hora de falar”.
E) “definição da OMS”.
Questão 25
● Trecho de uma entrevista com o cineasta francês Jean
Renoir (1894-1979), filho do conhecido pintor Pierre-Auguste
Renoir, datada de novembro de 1958.
Cheguei mesmo a me perguntar se toda obra humana
não é provisória – mesmo um quadro, mesmo uma estátua,
mesmo uma obra arquitetônica, mesmo o Partenon. Seja
qual for a solidez do Partenon, o que resta dele é muito pouco
e não temos nenhuma ideia do que era quando acabara de
ser construído. Mesmo o que resta vai desaparecer. Talvez
se consiga, a custa de tanto colocar cimento nas colunas,
mantê-lo por cem anos, duzentos anos, digamos quinhentos
anos, digamos mil anos. Mas, enfim, chegará um dia em que
o Partenon não existirá mais. Pergunto-me se não seria mais
honesto abordar a obra de arte sabendo que ela é provisória
e irá desaparecer, e que, na verdade, relativizando, não há
diferença entre uma obra arquitetônica feita em mármore
maciço e um artigo de jornal, impresso em papel e jogado
fora no dia seguinte.
(Jean Renoir apud Jorge Coli. O que é arte, 2013. Adaptado.)
Neste trecho da entrevista, Jean Renoir reflete sobre
A) a materialidade dos objetos artísticos.
B) a finalidade dos objetos artísticos.
C) o significado dos objetos artísticos.
D) a origem dos objetos artísticos.
E) o conteúdo dos objetos artísticos.
Questão 26 Questão 27

HOJE NA HISTÓRIA: 1913 – IGOR STRAVINSKY

ESTREIA EM
PARIS SEU POLÊMICO BALÉ 'A SAGRAÇÃO DA
PRIMAVERA'

Disponível em: <https://www.barrazine.com.br/2012/03/futebol-sem-violencia-novo-modelo-

administrativ/>.
Acesso em: 5 maio 2018.

O texto faz parte de uma campanha contra a violência nos

Quando as cortinas do recém-inaugurado – e estádios de futebol. A principal estratégia utilizada para
arquitetonicamente controverso – Teatro de Champs- conquistar a adesão do público alvo à campanha é
Elysees se abriram, parecia que toda a sociedade parisiense
ali estava. Havia uma grande expectativa cercando a nova A) a relação entre a palavra “guerra” e a imagem central da
produção. A publicidade do espetáculo dizia ser arte real e bola/bomba.
verdadeira que desprezava os tradicionais limites de espaço B) o uso da negação antes dos verbos no indicativo, como em
e tempo. “não deixe” e “não leve”.
Assim que os primeiros acordes e os primeiros C) o emprego de verbos no imperativo, como “deixe”, “virar” e
passos se viram e ouviram, a plateia começou a reagir “leve”.
ruidosamente com assobios, vaias e gritos. Originalmente D) a oposição entre dois campos semânticos: o do futebol e o
intitulado A Vítima, o balé de Stravinsky representava uma da paz.
celebração pagã em que uma virgem se sacrifica ao deus da E) a sinonímia entre arma e guerra, futebol e paz.
primavera. A música era dissonante e estranha, enquanto a
coreografia de Nijinsky marcava um radical afastamento do Questão 28
balé clássico, os bailarinos dobrando os dedões dos pés e
seus membros movimentando-se mecanicamente em
A Coruja mestra de canto
ângulos em vez de suaves e sinuosos movimentos.
A incontrolável plateia tornou-se tão participante do A Majestade Dona Águia
espetáculo quanto os bailarinos e músicos. Cerca de um Quis aprender a cantar,
quarto dos que protestavam foram levados para fora à força, E mandou por seus arautos
porém não foi suficiente para sufocar o distúrbio. As luzes do Os bons mestres convocar.
auditório foram totalmente acesas, mas o barulho continuou.
A dançarina Piltz representava a moça do sacrifício Piam logo as andorinhas
executando sua estranha dança de histeria religiosa num Que o canário vencerá,
palco ofuscado pelas luzes fulgurantes da plateia, Pondo as honras outras aves
aparentemente acompanhando os desconexos desvarios de No canoro sabiá.
uma multidão de homens e mulheres encolerizados. A Foi preferida a coruja
cobertura pela imprensa do balé – que hoje é considerado Dando-se como razão:
uma das grandes realizações musicais do século 20 – foi Que tinha um ar mais sisudo,
gritantemente negativa. A música foi qualificada como mero Na vista certa expressão.
barulho e a dança como uma paródia horrivelmente feia do
balé tradicional. [...] Mire-se bem neste espelho
<http://operamundi.uol.com.br/ . Acesso em: 06 nov. 2015. Quem lugares pretender,
Agrade, nisto vai tudo,
O evento referido pelo texto, a estreia do ballet A Sagração da Largue aos tolos o saber.
TEIXEIRA, Joaquim José. Fábulas. Rio de Janeiro:
Primavera, de Igor Stravinsky, ocorreu em 1913. A partir das Tipografia Episcopal de Antônio Gonçalves Guimarães & Ca, 1864. p. 1-2.
informações do texto, é possível ler esse evento como um dos
mais emblemáticos exemplos de A fábula anterior tem como principal diferencial em relação a
outros textos de mesmo gênero o(a)
A) necessidade de os teatros se adequarem às propostas da A) encorajamento do esforço e do mérito, tema incomum em
arte moderna. produções desse tipo.
B) subordinação das obras e dos artistas à flutuação de gosto B) desfecho moralizante, que induz o leitor a uma mudança de
e exigência de seus públicos. comportamento.
C) desaprovação de um contratante estatal a um conjunto de C) estruturação em versos e estrofes, padrão incomum em
obras artísticas encomendadas. produções similares.
D) desconexão conceitual, nas montagens de ballet, entre a D) ensinamento politicamente incorreto, divergente do padrão
coreografia e a música composta. virtuoso típico.
E) descompasso entre as expectativas conservadoras do E) linguagem predominantemente conotativa, avessa à
público e as inovações formais de algumas obras. objetividade.

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Questão 29 Questão 30

Humanoide perde a vez entre robôs A respeito do texto, é correto afirmar que o autor

Discretamente, o Google está reformulando seu A) confronta diferentes pontos de vista de especialistas que
ambicioso programa de robótica. Lançado em 2013, o projeto atuam na área de robótica.
incluía duas equipes especializadas em máquinas que B) emprega linguagem figurada para ressaltar sua admiração
pareciam e se moviam como seres humanos. No entanto, pelo mundo dos robôs.
pouco sobrou desse projeto. A proposta agora é de usar C) descreve, com ceticismo, os experimentos com os robôs
robôs mais simples, que possam aprender por si mesmos não humanoides.
certas habilidades. D) é objetivo e claro ao transmitir aos leitores as informações
“O New York Times” foi o primeiro jornal a conhecer sobre o programa de robótica.
parte da tecnologia na qual a companhia vem trabalhando. E) expõe sua opinião crítica a respeito da validade dos projetos
Embora as máquinas não sejam tão atraentes visualmente desenvolvidos pelo Google.
quanto os robôs humanoides, os pesquisadores acreditam
que a tecnologia sutilmente mais avançada no interior delas
tem mais potencial no mundo real. Os robôs aprendem
sozinhos habilidades como organizar um conjunto de objetos
não familiares ou locomover-se no meio de obstáculos
inesperados.
Muitos acreditam que o aprendizado de máquinas – e
não a criação de novos equipamentos extravagantes – será
a chave para o desenvolvimento da robótica voltada para
manufatura, automação de depósitos de materiais,
transporte e outras atividades.
Numa tarde no novo laboratório, um braço robótico
pairava sobre uma lata cheia de bolas de pingue-pongue,
cubos de madeira, bananas de plástico e outros objetos
escolhidos ao acaso. Em meio a essa confusão, o braço
robótico pegou com dois dedos uma banana de plástico e,
com um suave movimento de punho, jogou-a numa lata
menor que estava a vários centímetros de distância. Foi um
feito admirável. Na primeira vez que viu os objetos, o braço
não sabia como pegar uma única peça. Porém, equipado
com uma câmera que “olhava” dentro da lata, o sistema
aprendeu depois de 14 horas de tentativa e erro.
O braço mais tarde aprendeu a jogar itens nas latas
certas, com 85% de acerto. Quando os pesquisadores
tentaram executar a mesma tarefa, a média foi de 80%.
Parece uma tarefa muito simples, todavia criar um código de
computador para dizer a uma máquina como fazer isso é algo
extrema - mente difícil.
O braço que joga objetos numa lata não é uma
máquina desenhada pelos pesquisadores. Fabricado pela
Universal Robots, ele é comumente usado em manufatura e
outras atividades. O que o Google está fazendo é treiná-lo
para que faça coisas que, de outro modo, ele não faria. “O
aprendizado está nos ajudando a superar o desafio de
construir robôs de baixo custo”, diz Vikash Kumar, supervisor
do projeto.
(Cade Metz. The New York Times. Publicado pelo jornal O Estado de São Paulo em
14.04.2019. Tradução de Roberto Muniz. Adaptado)

De acordo com o texto, o programa de robótica citado

A) pretende criar robôs humanoides que sejam de bai - xo

custo e visualmente chamativos a fim de atrair os
consumidores.
B) investe maciçamente em especialistas cuja única função é
desenhar novas máquinas, como o braço que pega os
objetos.
C) está trabalhando códigos de computador para que os robôs
adquiram por si mesmos certas habilidades.
D) tem divulgado enfaticamente, por meio de diversos veículos
de comunicação, os resultados obtidos nos laboratórios.
E) vê com sucesso o braço que aprendeu a jogar obje - tos em
uma lata, embora ele ainda não tenha superado os
humanos nessa tarefa.

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