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INTERPRETAÇÃO

DE TEXTO
SEMANA 6
• INTERPRETAÇÃO DE TEXTO • Questão 03
PROF. CLEMILSON
esse cão que me segue
Questão 01 é minha família, minha vida
ele tem frio mas não late nem pede
ele sabe que o que eu tenho
Mito, na acepção aqui empregada, não significa divido com ele, o que eu não tenho
mentira, falsidade ou mistificação. Tomo de empréstimo a também divido com ele
formulação de Hans Blumenberg do mito político como um ele é meu irmão
processo contínuo de trabalho de uma narrativa que ele é que é meu dono
responde a uma necessidade prática de uma sociedade em
determinado período. Narrativa simbólica que é, o mito bicho se é por destino sina ou sorte
político coloca em suspenso o problema da verdade. Seu só faltando saber se bicho decente
discurso não pretende ter validade factual, mas também não bicho de casa, bicho de carro, bicho
pode ser percebido como mentira (do contrário, não seria no trânsito, se bicho sem norte na fila
mito). O mito político confere um sentido às circunstâncias se bicho no mangue, se bicho na brecha
que envolvem os indivíduos: ao fazê‐los ver sua condição se bicho na mira, se bicho no sangue
presente como parte de uma história em curso, ajuda a
compreender e suportar o mundo em que vivem. catar papel é profissão, catar papel
ENGELKE, Antonio. O anjo redentor. Piauí, ago. 2018, ed. 143, p. 24.
revela o segredo das coisas, tem
muita coisa sendo jogada fora
De acordo com o texto, o “mito político” muita pessoa sendo jogada fora
OLIVEIRA, V. L. O músculo amargo do mundo. São Paulo: Escrituras, 2014.
A) prejudica o entendimento do mundo real.
B) necessita da abstração do tempo. No poema, os elementos presentes do campo de percepção
C) depende da verificação da verdade. do eu lírico evocam um realinhamento de significados, uma vez
D) é uma fantasia desvinculada da realidade. que
E) atende a situações concretas.
A) emerge a consciência do humano como matéria de
Questão 02 descarte.
B) reside na eventualidade do acaso a condição do indivíduo.
C) ocorre uma inversão de papéis entre o dono e seu cão.
D) se instaura um ambiente de caos no mosaico urbano.
E) se atribui aos rejeitos uma valorização imprevista.

Questão 04

Que já houve um tempo em que eles conversavam,


entre si e com os homens, é certo e indiscutível, pois que
(Adão Iturrusgarai, “A vida como ela yeah”. Em: Folha de S.Paulo, 21.10.2018) bem comprovado nos livros das fadas carochas. Mas, hoje-
em-dia, agora, agorinha mesmo, aqui, aí, ali, e em toda parte,
Segundo Carmelino, Taffarelo, Lima e Ramos (em Elias, Lino poderão os bichos falar e serem entendidos, por você, por
& Marquesi [orgs.], Linguística Textual e ensino), “a tira mim, por todo o mundo, por qualquer um filho de Deus?!
cômica trabalha com os conhecimentos prévios do leitor. E, — Falam, sim senhor, falam!… — afirma o Manuel
nesse sentido, é esperado que ele depreenda algumas Timborna, das Porteirinhas, – filho do Timborna velho,
informações, além de também inferir as relações entre um pegador de passarinhos, e pai dessa infinidade de
quadrinho e outro. Inferências são processos cognitivos que Timborninhas barrigudos, que arrastam calças compridas e
contribuem muito para a construção do sentido do texto pelo simulam todos o mesmo tamanho, a mesma idade e o
fato de levarem o leitor (ou o ouvinte), a partir das mesmo bom-parecer; – Manuel Timborna, que, em vez de
informações textuais explicitamente veiculadas e do caçar serviço para fazer, vive falando invenções só lá dele
contexto, a construir novas representações semânticas”. mesmo, coisas que as outras pessoas não sabem e nem
querem escutar.
ROSA, João Guimarães. Conversa de bois. In: ______. Sagarana. Rio de Janeiro: Nova
Com base nessas informações, é correto depreender como Fronteira, 2015. p. 268.
inferência autorizada pela tira:
O conto apresenta um narrador que
A) o cliente menospreza a perspectiva de ter um bom salário
que lhe permita fazer grandes aquisições. A) procura contar uma história atestando com provas aquilo
B) a previsão da vidente sugere a economia marcada pela que sustenta no início do texto.
alta da inflação nos próximos anos. B) conversa com o leitor para sugerir que este não deveria
C) a vidente pressupõe que o cliente quer ouvir uma ler o conto se tiver outro serviço.
promessa de futuro de bom salário e satisfaz a C) duvida do interesse do leitor pelo assunto que vai tratar,
expectativa dele. mas decide narrar mesmo assim.
D) um alto salário poderá garantir que o cliente terá, nos D) dá voz à personagem para confirmar a história, mas
próximos dois anos, condições de comprar o que quiser. duvida da veracidade desse depoimento.
E) cliente e vidente nutrem expectativas positivas quanto ao E) utiliza linguagem rebuscada para representar o registro
futuro: ele porque é confiante, ela porque diz o que ele formal do ambiente em que se encontra.
quer ouvir.

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Questão 05 Questão 07

TV a Serviço da Tecnologia e do Racismo Mudança tecnológica e emprego

Os meios de comunicação, todos eles, têm sido braço (1) A relação entre progresso tecnológico e emprego
direito e esquerdo da propagação das tecnologias da é fundamentalmente dinâmica no capitalismo. O apogeu e o
estrutura racista. Isso é uma verdade que se pode confirmar declínio de setores sob o impacto de novos produtos e
com absoluta facilidade em todos os veículos de técnicas influenciam diretamente a criação e a destruição de
comunicação disponíveis, em especial a televisão. postos de trabalho.
O poderoso e influente jornalista Assis Chateaubriand (2) As mudanças que se processam, nas últimas
foi o responsável pela primeira transmissão televisiva no décadas, no mercado de trabalho brasileiro, refletem, até
Brasil, em 18 de setembro de 1950, pela TV Tupi, em São certo ponto, as mudanças que ocorrem no mundo do
Paulo. No ano seguinte, seria a vez de o Rio de Janeiro ser trabalho nos países industrializados mais adiantados. O
contemplado com essa novíssima ferramenta, viabilizada por padrão "crescimento sem empregos", que foi característico
recursos importados dos Estados Unidos. O Brasil, então, da agricultura por tanto tempo, pode, nos tempos atuais, se
passou a ser o quarto país do mundo a operar esse tipo de tornar o padrão normal de desenvolvimento da indústria de
veículo, ficando atrás apenas da Inglaterra, França e dos transformação das economias industriais maduras.
próprios Estados Unidos. O país seguia pouco mais de meio Claramente, este fato significa uma transformação estrutural
século de pós-abolição. Uma pós-abolição que ora tentava da maior relevância nestas economias, que, por si só,
se livrar das sobras humanas, cuja exploração explícita já justifica, certamente, o estudo da influência da tecnologia
não era mais permitida pela lei, ora se valia da fragilidade sobre o emprego.
dessas sobras vivas para prosseguir com os acúmulos de (3) A partir dos anos 1980, nas economias
riqueza construída à custa da exploração histórica e não industrializadas avançadas, a perda de participação do
reparada. [...] emprego industrial foi acompanhada pelos níveis de
(Joice Beth, Le Monde Diplomatique Brasil, junho/2017, p. 38. Adaptado.) desemprego mais altos e longos do pós-guerra, pela
destruição virtual de várias ocupações e pelo aumento do
Com relação à palavra “sobras” citada na última frase do texto, emprego precário, que não entra nas estatísticas de
é correto afirmar que refere: desemprego convencionais. Houve também uma
progressiva erosão dos direitos dos trabalhadores, da
A) os recursos humanos da TV. previdência social e de outros benefícios que eram
B) os negros pós-abolição. elementos importantes dos direitos de cidadania social
C) a sociedade manipulada pela TV. estabelecidos como parte do consenso do pós-guerra. São
D) os profissionais da tecnologia televisiva. tempos de mudança. Não apenas em termos econômicos e
E) os líderes abolicionistas. tecnológicos, mas também na forma da identidade social
num contexto de crescente desemprego.
Questão 06 (4) O impacto da mudança tecnológica e da
tecnologia de informática afetou a natureza do trabalho em
vários setores, tornou obsoletas algumas ocupações e criou
novas, exigiu outro tipo de formação e qualificação para o
trabalhador e reduziu o número de postos de trabalho em
grande número de setores. Outra mudança no mundo do
trabalho foi o decréscimo relativo da ocupação nos setores
produtores de bens e o crescimento do emprego nos
serviços. As mudanças na organização da produção e na
atividade produtiva estão relacionadas, até certo ponto, às
mudanças tecnológicas em curso.
MILLER, L. M. Mudança tecnológica e o emprego. Revista da ABET, v. II, n. 2. 2002.
Disponível em: <http://periodicos.ufpb.br/index.php/abet/article/viewFile/15473/8844>.
Acesso em: 20 out. 2018 (adaptado).

ROBERTO Carlos & ERASMO Carlos. É preciso saber viver.


O texto é a introdução de um artigo científico. Nele, a autora
Esses versos do poema-canção “É preciso saber viver” faz, prioritariamente,
A) permitem que a pessoa adote um comportamento
operante voltado para mitigar mais as dores de seus A) um levantamento de vantagens e desvantagens que
semelhantes que as suas próprias. demonstram o impacto da mudança tecnológica e da
B) revelam a imperfeição de todas as criaturas, mostrando tecnologia de informática nos postos de trabalho.
que, por isso, precisam se relacionar até com aquelas que B) uma crítica às economias industrializadas, por terem
são desagradáveis para aprender a viver. provocado os níveis de desemprego mais altos e longos
C) falam sobre a necessidade que tem o homem de vivenciar do pós-guerra.
as contingências diárias, a fim de entender o que é viver C) apoio aos países industrializados mais adiantados, os
desfrutando de tudo que é belo e de tudo que é prazeroso. quais refletem uma transformação estrutural da maior
D) levam o indivíduo a pensar nas situações de conflito relevância na economia mundial.
enfrentadas no dia a dia para adotar um comportamento D) uma contraposição entre o que ocorreu nos anos 1980 e
de complacência com o outro, anulando-se, se preciso, o que ocorre atualmente no que diz respeito à influência
diante dele objetivando a paz. da tecnologia no mercado de trabalho.
E) possibilitam ao ser humano uma reflexão sobre o curso de E) a defesa de que mudanças na organização do trabalho e
suas ações, de modo que aprenda a separar o joio do trigo na atividade produtiva estão relacionadas às mudanças
e faça as escolhas certas, a fim de aproveitar melhor os acarretadas pelo progresso tecnológico.
pequenos prazeres da vida.

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Questão 08 Questão 10

Textos podem ser escritos de maneira mais ou menos formal, Cineastas discutem se o pop merece categoria no
a depender de diversos fatores, como contexto de circulação, Oscar
público a quem se destina, entre outros. Em relação ao tipo de
registro em que foi escrito o texto, assinale a alternativa O que merece mais um Oscar: o Pantera Negra, herói
CORRETA. que evoca a justiça racial, ou a Mulher-Maravilha, que
A) É escrito em linguagem formal e demonstra adequação às propaga o poder feminino? A pergunta não é mero devaneio
regras da norma culta da língua portuguesa, característica de fórum geek. Ela irá martelar a cabeça dos mais de 6 000
comum em textos acadêmico-científicos. membros da Academia. A entidade, responsável pela
B) Por possuir um interlocutor específico e manter frequente entrega da maior premiação do cinema hollywoodiano, quer
diálogo com ele no TEXTO 2, a autora aproxima-se da criar a nova categoria de melhor filme popular. A decisão,
linguagem coloquial e privilegia os usuários de uma única anunciada na semana passada, não esclarece os
variedade linguística. parâmetros que serão considerados para definir o que faz um
C) Embora seja escrito em linguagem predominantemente longa ser popular. Afinal, já não é popular toda a produção
formal, o trecho "crescimento sem empregos" (2º que chega ao Oscar? [...]
GENESTRETI, Guilherme. Folha de S.Paulo, São Paulo, 12 ago. 2018.
parágrafo), que está entre aspas por ser uma expressão Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 29 ago. 2018.
coloquial, confere tom informal ao texto.
D) A utilização de palavras como “apogeu”, “erosão” e Ao noticiar a criação, por parte da Academia responsável pela
“obsoletas” (1º, 3º e 4º parágrafos, respectivamente) premiação do Oscar, de mais uma categoria de premiação, o
aproxima o texto escrito do que se praticaria na oralidade, autor do texto se mostra
o que demonstra o uso da norma culta.
E) Por possuir um interlocutor específico e pela autora A) apreensivo com as novas possibilidades de indicações.
interagir com esse público, o TEXTO 2 se distancia da B) eufórico pelos filmes que podem receber a nova
norma culta da língua, que exige certo distanciamento do premiação.
interlocutor. C) inconformado com a falta de premiações a filmes
populares.
Questão 09 D) contente pela decisão da Academia, considerada justa
por ele.
E) desconfiado sobre os critérios de avaliação da nova
categoria.

Questão 11

http://crjvitoria.blogspot.com/2011/08/charge-espelho-
espelho-meu-nao-e-conto.html

A repetição pode ser usada como um recurso fundamental na Na charge, o personagem formula uma pergunta cuja resposta
construção de sentido de um texto. Na campanha, o uso está sugerida pela imagem refletida no espelho.
proposital da repetição restringe a significação do enunciado
com o objetivo de A partir dos elementos contidos na imagem, trata-se de uma
A) contestar um discurso que objetifica a mulher e a resposta que expressa o seguinte posicionamento:
culpabiliza para justificar atitudes machistas.
B) promover uma reflexão sobre o uso inadequado de roupas A) recusa de uma denúncia.
femininas curtas em situações formais. B) refutação de uma avaliação.
C) conscientizar as mulheres sobre a importância de priorizar C) silenciamento de uma crítica.
o uso de roupas curtas como forma de protesto. D) confirmação de uma hipótese.
D) corroborar a fala de pessoas que procuram explicar a E) contemplação de uma imagem.
violência contra a mulher com atitudes da própria vítima.
E) reiterar a vontade das mulheres de serem definidas pelas
suas vestimentas nos diversos ambientes sociais que
frequentam.

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Questão 12 Questão 13

Drogas e mortes Um dos recursos utilizados no editorial para convencimento do


público em relação ao tema tratado é o emprego dos dados
As taxas de homicídios dolosos e de mortes de estatísticos. Outra estratégia é o uso de linguagem figurada
trânsito no Brasil, é notório, situam o país entre os mais que acentua a problemática, como na passagem:
violentos do planeta. No ano passado, registraram-se quase
56 mil assassinatos intencionais, ou 27 por 100 mil A) Diante dessa carnificina cotidiana, deve-se exigir das
habitantes. Em 2016, pelo dado mais recente, 38 mil vidas autoridades nada menos que a busca de estratégias mais
foram ceifadas em ruas e estradas nacionais, cerca de 19 efetivas para a prevenção desses óbitos.
por 100 mil. B) Estudo recente conduzido por pesquisadores da
Diante dessa carnificina cotidiana, deve-se exigir das Faculdade de Medicina da USP e noticiado por esta Folha
autoridades nada menos que a busca de estratégias mais jogou luz sobre tal questão na cidade de São Paulo.
efetivas para a prevenção desses óbitos. Países C) Tome-se o exemplo da associação entre a ingestão de
desenvolvidos, já há algumas décadas, passaram a adotar álcool e o aumento da violência interpessoal (homicídios
com sucesso políticas públicas ancoradas em evidências e agressões) e dos acidentes de trânsito.
empíricas. Nem sempre é o que ocorre por aqui, no entanto. D) As taxas de homicídios dolosos e de mortes de trânsito no
Tome-se o exemplo da associação entre a ingestão Brasil, é notório, situam o país entre os mais violentos do
de álcool e o aumento da violência interpessoal (homicídios planeta.
e agressões) e dos acidentes de trânsito. Embora a relação E) Os pesquisadores analisaram amostras de sangue de 365
esteja bem estabelecida na literatura da área, praticamente vítimas de crimes violentos. Constatou-se que, em 55%
inexistem no país dados sobre o consumo da substância dos casos, havia traços de álcool ou outras drogas.
pelas vítimas.
Estudo recente conduzido por pesquisadores da Questão 14
Faculdade de Medicina da USP e noticiado por esta Folha
jogou luz sobre tal questão na cidade de São Paulo. Cores do Brasil
Os pesquisadores analisaram amostras de sangue de
365 vítimas de crimes violentos. Constatou-se que, em 55% Ganhou nova versão, revista e ampliada, o livro
dos casos, havia traços de álcool ou outras drogas.
Também entre as vítimas de acidentes de trânsito lançado em 1988 pelo galerista Jacques Ardies, cuja
analisadas no trabalho, chama a atenção o alto percentual proposta é ser publicação informativa sobre nomes do
de casos (43%) que mostraram resquícios de álcool no
sangue. “movimento arte naïf do Brasil”, como define o autor. Trata-
Embora o país conte há uma década com severa se de um caminho estético fundamental na arte brasileira,
legislação sobre o tema, a taxa indica que o diploma deveria
ser mais efetivo em seu propósito. Leis como essa não assegura Ardies. O termo em francês foi adotado por
devem ter a meta de apreender transgressores, mas de criar designar internacionalmente a produção que no Brasil é
a percepção de que aqueles que a infringirem serão pegos e
punidos. chamada de arte popular ou primitivismo, esclarece Ardies.
O estudo deveria servir de exemplo para que o país O organizador do livro explica que a obra não tem a
invista na geração contínua de dados como esses. Assim
será possível identificar as causas dos problemas, avaliar a pretensão de ser um dicionário. “Falta muita gente. São
efetividade das políticas públicas adotadas e orientar a muitos artistas”, observa. A nova edição veio da vontade de
formulação de novas estratégias.
(Editorial. Folha de S.Paulo, 20.10.2018. Adaptado) atualizar informações publicadas há 26 anos. Ela incluiu
QUESTÃO 14
artistas em atividade atualmente e veteranos que ficaram de
As informações apresentadas permitem concluir corretamente
que o objetivo do editorial é fora do primeiro livro. A arte naïf no Brasil 2 traz 79 autores
A) questionar os resultados do estudo conduzido pela
de várias regiões do Brasil.
Faculdade de Medicina da USP, uma vez que os dados
WALTER SEBASTIÃO. Estado de Minas, 17 jan. 2015 (adaptado).
coletados não permitem uma associação entre aumento
da violência e uso de drogas ou álcool.
B) mostrar a problemática do trânsito no Brasil, com base nos O fragmento do texto jornalístico aborda o lançamento de um
estudos da Faculdade de Medicina da USP, enfatizando livro sobre arte naïf no Brasil. Na organização desse trecho
que, apesar da diminuição dos casos de morte em predomina o uso da sequência
acidentes em relação a anos anteriores, a situação ainda
é preocupante. A) injuntiva, sugerida pelo destaque dado à fala do
C) criticar o governo pela falta de incentivo a pesquisas que, organizador do livro.
assim como o estudo da Faculdade de Medicina da USP, B) argumentativa, caracterizada pelo uso de adjetivos sobre
permitam entender efetivamente a relação entre uso de o livro.
drogas e álcool e aumento da violência. C) narrativa, construída pelo uso de discurso direto e indireto.
D) discutir, à luz de estudos da Faculdade de Medicina da D) descritiva, formada com base em dados editoriais da obra.
USP, os perigos decorrentes do uso de drogas ou de E) expositiva, composta por informações sobre a arte naïf.
álcool, que funcionam como potencializadores de
homicídios e mortes no trânsito.
E) posicionar-se de forma contrária ao estudo promovido
pela Faculdade de Medicina da USP, uma vez que a
relação entre violência e uso de drogas e álcool está bem
estabelecida na literatura da área.

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Questão 15 Na essência, nós humanos não somos diferentes de
ratos, golfinhos ou chimpanzés. Como eles, tampouco temos
alma. Como nós, eles também têm consciência e um
complexo mundo de sensações e emoções. É claro que todo
animal tem traços e talentos exclusivos. Os humanos têm
suas aptidões especiais. Não deveríamos humanizar os
animais desnecessariamente, imaginando que são apenas
uma versão mais peluda de nós mesmos. Isso não só
configura uma ciência ruim, como igualmente nos impede de
compreender e valorizar outros animais em seus próprios
termos.
(Yuval Noah Harari, Homo Deus, 2016.)

Segundo os céticos, os ratos

A) respondem aleatoriamente aos estímulos externos, não


havendo correspondência entre seu comportamento e o
comportamento humano nas mesmas situações.
B) optam por um comportamento que evite problemas
sociais em eventuais relações futuras com outros
indivíduos.
C) fazem suas escolhas motivados pelo interesse coletivo,
ainda que escolhas egoístas pudessem beneficiá-los
ITURRUSGARAI, Adão. A vida como ela yeah. Folha de S.Paulo, São Paulo, 14 set. individualmente.
2018.
D) agem por motivações egoístas, buscando aumentar as
sensações agradáveis e diminuir as desagradáveis.
A tirinha estabelece o seu efeito cômico a partir de dois E) preferem um comportamento que parece solidário, mas
conceitos. Para tanto, considera o que na verdade concretiza uma intenção de agredir outros
indivíduos.
A) fator psicológico para explicar a diferença física entre os
oponentes. Questão 17
B) valor de ambos como igual, utilizando o ponto de vista
semântico.
C) contraste físico como elemento que complementa o [...] Coriolano vem esperando esse dia há uma
sentido metafórico. cerrada de anos! E pode dizer mesmo que, nos últimos
D) juiz como elemento fundamental, pois é nele que a dezoito meses, mais acabrunhado, a morte de Virgulino pelo
metáfora se manifesta. tempo desejada nunca lhe deserdou dos sentidos.
E) boxe como exemplo, já que tais conceitos são oriundos Aguardara essa noite como uma mulher que traz na barriga
desse esporte. um feto chupa-sangue voraz e odiento, e só agora se
desobriga de coração descansado, visto que expeliu o
Questão 16 carnegão, vomitou o refugado. Enfim, sarjou o diabo do
tumor!
Mas eis que mal começa a esbaldar euforia, corre-
Em 2010, cientistas realizaram um experimento lhe um vinco indagativo na testa, lhe atalhando esse cheiro
especialmente tocante com ratos. Eles trancaram um rato de promessa. A perna adoentada já começara a coçar e a
numa gaiola minúscula, colocaram-na dentro de um doer, lhe passando o aviso de que uma alegria assim tão
compartimento maior e deixaram que outro rato vagasse aquinhoada não pode ser muito duradoura, nem vai
livremente por esse compartimento. O rato engaiolado desentortar o seu jeito acabadinho. Justo agora, vem se
demonstrou sinais de estresse, o que fez com que o rato chegando esta moleza, este recuo de suas forças, esta
solto também demonstrasse sinais de ansiedade e estresse. sensação de que a vida se reduz a titica de galinha.
Na maioria dos casos, o rato solto tentava ajudar seu DANTAS, Francisco J. C. Os desvalidos.
companheiro aprisionado e, depois de várias tentativas,
conseguia abrir a gaiola e libertar o prisioneiro. Os O provérbio que melhor sintetiza a mensagem contida nas
pesquisadores repetiram o experimento, dessa vez pondo ideias veiculadas nesse fragmento de “Os Desvalidos” é o
um chocolate no compartimento. O rato livre tinha de transcrito na alternativa
escolher entre libertar o prisioneiro e ficar com o chocolate
só para ele. Muitos ratos preferiram primeiro soltar o A) “Não adianta chorar o leite derramado.”
companheiro e dividir o chocolate (embora uns poucos B) “Quando a esmola é grande o cego desconfia.”
tenham mostrado mais egoísmo, provando com isso que C) “Só percebemos o valor da água depois que a fonte seca.”
alguns ratos são mais maldosos que outros). D) “Não há bem que sempre dure nem mal que nunca se
Os céticos descartaram essas conclusões, alegando acabe.”
que o rato livre liberta o prisioneiro não por ser movido por E) “Uma grama de exemplos vale mais que uma tonelada de
empatia, mas simplesmente para parar com os conselhos.”
incomodativos sinais de estresse apresentados pelo
companheiro. Os ratos seriam motivados pelas sensações
desagradáveis que sentem e não buscam nada além de
exterminá-las. Pode ser. Mas poderíamos dizer o mesmo
sobre nós, humanos. Quando dou dinheiro a um mendigo,
estou reagindo às sensações desagradáveis que sua visão
provoca em mim? Realmente
me importo com ele, ou só quero me sentir melhor?
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Questão 18 Questão 20

Uma personagem de Clarice Lispector indaga: “Você O primeiro contato dos suruís com o homem branco
sabe que a pessoa pode encalhar numa palavra e perder foi em 1969. A população indígena foi dizimada por
anos de vida?”. doençase matanças, mas, recentemente, voltou a crescer.
Vejam só: encalhar numa palavra. A pessoa vai no Soa contraditório, mas a mesma modernidade que quase
seu barquinho vida adentro e, de repente, encalha numa dizimou os suruís nos tempos do primeiro contato promete
palavra. Pode ser “marxismo”, “Deus”, “pai”, “vanguarda”, salvar a cultura e preservar o território desse povo. Em 2007,
“revolução”, “Paris”, “aposentadoria”. As palavras são o líder Almir Suruí, de 37 anos, fechou uma parceria inédita
paralisantes. O Brasil, por exemplo, no princípio do século, e levou a tecnologia às tribos. Os índios passaram a valorizar
estava encalhado na “febre amarela”. Nos últimos anos, a história dos anciãos. E a resguardar, em vídeos e fotos on-
reencalhou na “ditadura” e na “censura”. Tem hora que line, as tradições da aldeia. Ainda se valeram de
encalha na “inflação”. Agora encalhou no “desemprego”. E smartphones e GPS para delimitar suas terras e identificar
está difícil desencalhar da “reforma agrária”, da “corrupção” os desmatamentos ilegais.
e do “subdesenvolvimento”. Revista Época, n. 718, 20 fev. 2012 (adaptado).
SANT’ANNA, Affonso Romano de; COLASANTI, Marina. Com Clarice. São Paulo: Unesp,
2013.
Considerando-se as características históricas da relação entre
índios e não índios, a suposta contradição observada na
As palavras normalmente são utilizadas como uma relação entre suruís e recursos da modernidade justifica-se
representação para fazer referência às coisas do mundo. No porque os índios
texto, ao atribuir às palavras o poder de paralisar as pessoas
e até o país, o autor A) aderiram à tecnologia atual como forma de assimilar a
cultura do homem branco.
A) distancia a língua da função social que lhe é própria. B) fizeram uso do GPS para identificar áreas propícias a
B) anula a relação entre a forma gráfica e o significado desta. novas plantações.
C) relaciona as formas linguísticas ao modo de pronunciá- C) usaram recursos tecnológicos para registrar a cultura do
las. seu povo.
D) confere à palavra o valor do conteúdo por ela D) fecharam parceria para denunciar as vidas perdidas por
representado. doenças e matanças.
E) associa o poder da palavra ao que ocorre de ruim no E) resguardaram as tradições da aldeia à custa do
mundo. isolamento provocado pela tecnologia moderna.
Questão 19 Questão 21

FUJA DO "BRANCO" NO CONCURSO

Esforço, preparo, dedicação e estudo intenso são


elementos que podem ser considerados a fórmula infalível
de aprovação para o candidato que pretende enfrentar uma
Disponível em: <https://www.portalodia.com/blogs/jotaa/charge-a-animacao-com-quaresma-
acaba-a-medida-que-a-fome-aumenta-197566.html>. Acesso em: 12 maio 2018. seleção pública. Mas o que fazer quando o conteúdo não é
lembrado justamente na hora da prova? O conhecido
Existem diversos motivos pelos quais uma pessoa pode "branco", problema que acomete muitos candidatos, não é
vivenciar o jejum, como por questões religiosas, medicinais ou, tido como um simples imprevisto. Ele pode acontecer por
até mesmo, políticas. Durante a Quaresma (período de influência de fatores diversos que ocorrem antes ou durante
quarenta dias, contabilizado a partir da Quarta-feira de o exame.
Jornal do Commercio. Emprego e Concurso. 07 de julho de 2014. p.10.
Cinzas), por exemplo, fiéis católicos praticam o jejum como
forma de preparação para a Páscoa, na qual é celebrada a
ressurreição de Cristo. Com o auxílio dessas informações, Sobre o "branco" na hora da prova, depreende-se que
analise o texto e, acerca dele, assinale a alternativa correta.
A) atinge, sobremodo, pessoas portadoras de problemas de
A) A charge retrata o fato de as crianças não saberem bem o memória.
início e o fim de períodos festivos. B) é algo que atinge uma fatia irrisória de candidatos.
B) Uma das personagens, certamente, não se refere ao jejum C) resulta, apenas, de problemas que antecederam o exame.
que antecede a Quaresma, mas à ausência de alimentos D) não é concebido como algo que surge inesperadamente.
à qual é submetida cotidianamente. E) atinge, apenas, candidatos portadores de distúrbios
C) No texto, ambas as personagens mostram-se psicóticos.
desinteressadas por informações sobre “o período do
jejum”.
D) O texto em questão tende a despertar o humor, já que se
trata de uma charge.
E) Apesar de parecerem pertencer à mesma classe social, as
personagens têm experiências diferentes com o ato de
jejuar.
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Questão 22
Na crônica, a incidência do contexto social sobre a voz
narrativa manifesta-se no(a)

A) decepção com o progresso da cidade de São Paulo.


B) sentimento de nostalgia causado pela demolição das
casas antigas.
C) percepção de uma descaracterização da identidade do
bairro.
D) necessidade de uma autocrítica em relação aos próprios
hábitos.
E) descontentamento com os estrangeirismos da nova
(Duke. www.otempo.com.br, 20.02.2019.)
geografia urbana.
Na fala da personagem, identifica-se
A) crítica ao uso do aplicativo para disseminação de
mensagens de ódio, reforçada pelo jogo de palavras Questão 24
“áudio” e “ódio”.
B) descaso com o uso do aplicativo, considerando-se que Política é palavra de todo dia. Na mídia jornalística é
ele regularmente apresenta problemas, o que gera “ódio”
nas pessoas. categoria que recorta a realidade em editoriais. Repetida,
C) opinião contraditória em relação ao compartilhamento de portanto, em todos os jornais, ao lado de economia,
áudio, só aceitável para veiculação de mensagens de
“ódio”. esportes, cidades, cultura etc. Sua importância se traduz em
D) reconhecimento de que mensagens de áudio são mais páginas e segundos televisivos. E sua presença na
necessárias, o que se comprova com a relevância desse
recurso para disseminar o “ódio”. agenda pública cresce paralelamente. A despeito da
E) ambiguidade, pois não se sabe ao certo o que é problema, pulverização de relatos e opiniões ensejados pelos novos
devido ao trocadilho provocado pelo uso de “áudio” e
“ódio”. meios digitais, os temas mais recorrentes nas pautas

Questão 23 jornalísticas ainda estruturam a agenda pública, autorizando


interações a partir de assuntos de conhecimento presumido
Vez por outra, indo devolver um filme na locadora ou
por qualquer um.
almoçar no árabe da rua de baixo, dobro uma esquina e tomo
um susto. Ué, cadê o quarteirão que estava aqui? Onde na CORTELLA, Mario Sergio. Quixotismo necessário! In: BARROS FILHO, Clóvis de et al.
Política: nós também sabemos fazer. Petrópolis: Vozes, 2018. p. 13.
véspera havia casinhas geminadas, roseiras cuidadas por
velhotas e janelas de adolescentes, cheias de adesivos, há Inferindo-se o seu objetivo, o texto procura

apenas uma imensa cratera, cercada de tapumes. [...]


Em breve, do buraco brotará um prédio, com grandes A) contextualizar a presença da política também no aspecto

garagens e minúsculas varandas, e será batizado de Arizona cotidiano.

Hills, ou Maison Lacroix, ou Plaza de Marbella, e isso me B) reafirmar a importância do sistema partidário para o

entristece. Não só porque ficará mais feio meu caminho até contexto político.

a locadora, ou até o árabe na rua de baixo, mas porque é C) repensar a política tendo como base as novas mídias de

meu bairro que morre, devagarinho. Os bairros, como os cunho digital.

homens, também têm um espírito. [...] D) compreender a política em seu aspecto mais básico: a

Às vezes, no fim da tarde, quando ouço o sino da disputa eleitoral.

igreja da Caiubi badalar seis vezes, quase acredito que estou E) negar a visão política como alternativa por causa dos

numa cidade do interior. Aí saio para devolver os vídeos, olho índices de corrupção.

para o lado, percebo que o quarteirão desapareceu e me dou


conta de que estou em São Paulo, e que eu mesmo tenho
minha cota de responsabilidade: moro no segundo andar de
um prédio. [...] Ali embaixo, onde agora fica a garagem, já
houve uma cratera, e antes dela o jardim de uma velhota e a
janela de um adolescente, cheia de adesivos.
PRATA, A. Perdizes. In: Meio intelectual, meio de esquerda. São Paulo: Editora 34, 2010.

7
Questão 25 Questão 27

As pesquisas de intenção de voto bateram todos os


Quando digo que os antigos gregos não conheciam a
recordes de erros na eleição do primeiro para o segundo
preguiça, isso não significa que fossem mais trabalhadores
turno. Quando uma pesquisa apontava um crescimento
do que nós. Pelo contrário, eu diria. Isso significa que, para
significativo para um candidato [...], a imprensa que defendia
eles, o gosto pelo trabalho não era uma virtude: portanto, o
abertamente outro candidato [...] caía em cima com críticas
fato de não gostar de trabalhar nem querer trabalhar não era
de toda natureza contra esse ou aquele instituto. Falavam
um vício. As virtudes
até em uma fictícia compra de votos, que usavam para atiçar
e os vícios não são universais. Por exemplo, o voyeurismo é
os ânimos dos eleitores. E nenhuma fiscalização era
um vício – a menos que você esteja em uma sociedade de
exibicionistas, onde os voyeurs são bem-vindos. Ocorre o exercida pelas autoridades competentes. Corria “frouxo”,
como se diz no adágio popular, influenciando o eleitor na
mesmo com a preguiça. Nós a consideramos um vício
hora de votar.
porque acreditamos que o trabalho (o gosto pelo trabalho)
[...]
seja uma virtude. Mas,
As críticas e a desmoralização das pesquisas
em uma sociedade que visse o trabalho como uma
acabaram influenciando no voto do eleitor, revertendo o
calamidade, ou o gosto pelo trabalho como perversão, não
resultado final de um para o outro candidato de 3,08%. O
pensaríamos a preguiça como um vício. Acharíamos que ela
percentual de diferença entre os dois candidatos no dia da
é uma virtude ou, pelo menos, uma disposição sadia do
eleição permitiu, então, que ocorresse o descrédito dos
caráter. Na verdade, até ignoraríamos a ideia de preguiça. O
institutos de pesquisas, maculando o brilho de uma eleição
que restaria dessa repugnância ao trabalho, que
verdadeiramente democrática.
denominamos preguiça, se não mais a condenássemos? Disponível em: <http://www.jornaldeluzilandia.com.br>. (Fragmento adaptado)
Restariam apenas as emoções positivas: o gosto pelo
repouso, por exemplo. E, de fato, por que preferir o Considerando as características de um texto jornalístico, o
movimento ao repouso? Por que escolher a excitação, em objetivo do autor é
geral, vã? Aliás, seria preciso acreditar que somos
A) divulgar a sua opinião sobre os candidatos que estão em
indispensáveis para achar que o mundo necessita de nossa
disputa na eleição para cargos municipais.
atividade. Amanhã, estaremos mortos e o mundo girará
B) exaltar o processo político existente em uma sociedade
igualmente bem (ou igualmente mal) sem a nossa agitação.
democrática que defende uma imprensa livre.
E, por fim, se não fizermos nada além de ir levando a vida,
C) induzir os leitores quanto ao uso político que se faz das
será que não estaremos mais disponíveis para as coisas
pesquisas de intenção de voto em parceria com as
realmente importantes: o amor, a amizade, a cultura de si, o
empresas de mídia.
divertimento, o desenvolvimento de nossas faculdades
D) influenciar os leitores na escolha dos candidatos que
físicas e mentais? Finalmente: por que preferir a submissão
representam o jornal que ele está apoiando.
ao trabalho diante da possibilidade de nada fazer, ou melhor,
E) mostrar como uma mídia mal intencionada e fracos
diante da liberdade de fazer o que bem nos aprouver?
(Adauto Novaes (org.). Mutações: elogio à preguiça, 2012. Adaptado.) institutos de pesquisa podem influenciar no resultado de
uma eleição.
De acordo com o autor, Questão 28

A) a carga de trabalho dos antigos gregos era maior que a Não existem bons racismos. O Brasil pratica uma
dos homens atuais. política de eufemismos: nossa ditadura foi melhor, foi uma
B) a sociedade atual subestima o valor do trabalho. ditabranda, nosso racismo é melhor, nossa escravidão é
C) a avaliação do que seja virtude ou vício varia de sociedade melhor. Essa política de negação é muito clara. O Hino da
para sociedade. República, feito em 1890, tem um momento em que diz: “Nós
D) a condenação da preguiça é algo que aproxima os nem cremos que escravos outrora tenha havido em tão nobre
homens atuais dos antigos gregos. país”. Ora, a Abolição tinha se dado há um ano e meio. É
E) a propensão ao ócio seria uma constante na história da uma política de não ver. No centenário da Abolição, fizemos
humanidade. uma pesquisa em que perguntamos aos brasileiros se eles
tinham preconceito, e 96% disseram que não. Quando
Questão 26 perguntamos se conheciam alguém que tem preconceito,
99% disseram que sim. A terceira questão era qual o grau de
Em sua argumentação, o autor utiliza, de modo reiterado, relacionamento com essas pessoas. As respostas foram pai,
perguntas dirigidas ao leitor e os seguintes recursos mãe, irmão, avó. Os brasileiros se sentem uma ilha de
argumentativos: democracia racial cercada de racistas de todos os lados. É
uma modalidade de preconceito silencioso.
SCHWARCZ, Lilia Moritz. Gauchazh.
A) repetição e utilização de dados. Disponível em: <https://gauchazh.clicrbs.com.br>. Acesso em: 2 ago. 2018. (adaptado)
B) hipótese e relativização de conceitos.
C) hipótese e utilização de dados. No texto, a autora remete-se a uma figura de linguagem para
D) citação e repetição. sugerir que os brasileiros costumam
E) citação e relativização de conceitos. A) reconhecer que fazem uso de um discurso negacionista
em relação à sua história.
B) entender a ditadura e a escravidão como problemas
graves na história do país.
C) envergonhar-se de fazer parte de uma sociedade
reconhecidamente racista.
D) minimizar os problemas sociais e políticos que fazem
parte da sua história.
E) discutir o preconceito racial com frequência em seu círculo
de convivência.

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Questão 29 Questão 30

Sempre achei ridículos os “excelentíssimos”, Ela deixou um bilhete, dizendo que ia sair fora
“ilustríssimos” e “meritíssimos”. Uma vez, no conselho Levou meu coração, alguns CDs e o meu livro mais
diretor, recordei um texto evangélico. Um jovem, dirigindo-se da hora
a Jesus, chamou-o de “bom mestre”. Levou logo uma Mas eu não sei qual a razão, não entendi por que ela
reprimenda. “Por que me chamas bom? Bom há um só, que foi embora
é Deus.” Pois nossos políticos, magistrados e membros de E eu fiquei pensando em como foi e qual vai ser agora
conselhos não se contentam com o “bom”. Exigem ser
tratados por “excelentíssimo”. Quando ouço tais palavras É que pena, pra mim tava tão bom aqui
sinto-me transportado para a corte dos reis antigos, com Com a nega mais teimosa e a mais linda que eu já vi
suas roupas brilhantes, minuetos, saltos altos, perucas e pó- Dividindo o edredom e o filminho na TV
de-arroz. [...] O espírito democrático se contentaria com um Chocolate quente e meus olhar era só pro cê
simples “senhor”. “Senhor reitor...”: para que mais que isso? Mas cê não quis, eu era mó feliz e nem sabia
Trata-se de uma medida de honestidade linguística: de uma Beijinho de caramelo que recheava meus dia
universidade não se pode esperar nada menos que isso –
(Luccas Carlos, Bilhete 2.0 [fragmento]. Em: https://www.letras.mus.br)
que cada palavra seja usada em seu justo sentido. E esse
programa de assepsia linguística, iniciado com a eliminação Na canção de Luccas Carlos, encontram-se expressões e usos
do “Magnífico”, deveria se transformar em um programa linguísticos comuns na fala informal dos jovens
geral de limpeza na universidade, pois a vida universitária contemporâneos, como se pode comprovar nas seguintes
sofre de uma infecção generalizada provocada por palavras expressões destacadas:
suntuosas e ocas. Muitos nomes solenes só servem para
encobrir o vazio. A) ... não entendi por que ela foi embora / É que pena, pra
ALVES, Rubem. “Magnífico...”: carta ao reitor da Unicamp. In: ______.
Entre a ciência e a sapiência: o dilema da educação. São Paulo: Edições Loyola, 2008. mim tava tão bom aqui.
(adaptado)
B) Levou meu coração, alguns CDs e o meu livro mais da
Ao contrapor-se ao uso de algumas formas de tratamento, o hora / Mas cê não quis, eu era mó feliz e nem sabia.
autor do texto direciona uma crítica ao(à) C) Ela deixou um bilhete, dizendo que ia sair fora / Beijinho
de caramelo que recheava meus dia.
A) influência de histórias bíblicas no uso do tratamento D) E eu fiquei pensando em como foi e qual vai ser agora /
formal. ... e a mais linda que eu já vi.
B) utilização de uma linguagem informal dentro das E) Mas eu não sei qual a razão... / Chocolate quente e meus
universidades. olhar era só pro cê.
C) excesso de formalidade e rebuscamento no ambiente
universitário.
D) uso da norma-padrão por autoridades como políticos e
magistrados.
E) simplificação linguística em ambientes que requerem o
uso da norma culta.

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