Nome: Gabrielly Heringer

No. USP: 11774874

Prova de Fonética Acústica e Articulatória FLL 117

Primeiro semestre de 2021

• A prova deve ser feita com consulta à bibliografia/referências pertinentes.

• Você deve baixar este documento neste formato, ou seja, docx, que é editável e redigir as respostas
nele. Ao finalizar as respostas, deverá salvar o documento em formato pdf e enviá-lo pelo Moodle.
• Atenção: Para as respostas, utilize apenas o espaço no interior das caixas de texto.
• Importante: sua reposta será avaliada também pela clareza textual. Textos confusos, ambíguos, mesmo
que contenham designações que tem a ver com o fenômeno em questão, não serão considerados.
• Boa prova!

1. Abra no Praat o arquivo sonoro o_jarro.wav (O jarro é de ouro, bate no touro) e faça o seguinte:
(a) encontre a primeira fricativa, nomeie-a e descreva suas características acústicas e sua duração
(b) encontre a africada vozeada (palatalizada), nomeie-a, explique por que ela é diferente da fricativa e dê sua
duração.

(a) A primeira fricativa encontrada no áudio é o [] da palavra ‘jarro’, consoante fricativa palatoalveolar
sonora, a qual também se caracteriza como ruidosa e estridente. Ao analisarmos tal fricativa no Praat,
observamos que há uma barra de vozeamento, o que a caracteriza como sonora. Sua duração é de
aproximadamente 85 ms e sua faixa de frequência está aproximadamente entre 2535 Hz – 8470 Hz.
(b) Ao analisar o áudio no Praat, encontramos a palatalização da consoante [d], a qual é pronunciada
como [d͡ʒ], caracterizando-se como uma africada palatoalveolar sonora. A principal diferença entre
uma fricativa e uma africada é a obstrução do trato vocal: na fricativa, há uma obstrução parcial
seguida de uma fricção. Já a africada é a junção de um som oclusivo e um som fricativo, ou seja,
primeiro há uma obstrução total do trato vocal (oclusiva) e depois a fricção (fricativa). Isso pode ser
observado no Praat através da comparação da duração de ambas as consoantes – a fricativa analisada
na letra (a) tem duração de aproximadamente 85 ms, enquanto a africada tem duração de 135 ms, ou
seja, por ser constituída de um silêncio antes da fricção, a africada tem uma duração maior.

2. Usando o mesmo arquivo sonoro da questão 1, faça o seguinte:

(a) encontre a oclusiva desvozeada, nomeie-a e extraia as medidas de duração de suas duas diferentes fases
acústicas, explicando-as
(b) encontre o tap mais longo, extraia sua duração e tente elaborar uma hipótese explicativa de por que ele é
mais longo e mais fácil de visualizar que o último tap do enunciado
 (a) A oclusiva desvozeada existente no áudio é o [t] da palavra ‘touro’, caracterizada como oclusiva
linguodental desvozeada. A principal característica de uma oclusiva é a obstrução total do trato vocal
acompanhada de uma explosão, nesse caso, sem vibração das cordas vocais. Portanto, ao analisar tal
consoante no Praat, podemos dividir sua duração em silêncio (obstrução total), composto por ~123
ms, e explosão, com ~22 ms (145 milissegundos no total).
(b) O tap mais longo é o da palavra ‘ouro’, com aproximadamente 35 milissegundos, e o mais breve é o
tepe de ‘touro’, com aproximadamente 22 milissegundos. A diferença de duração do tepe em ambas
as palavras pode ser justificado pela prosódia: a palavra ‘touro’, por ser localizada no final da frase,
apresenta uma entonação mais fraca, resultando num tepe com duração menor, enquanto ‘ouro’, por
estar no meio da frase, é reproduzido com mais força.

3. Abra no Praat o arquivo o_buraco.wav (O buraco é fundo acabou-se o mundo) e faça o seguinte:

(a) encontre a primeira vogal pré-tônica, apresente seu símbolo do IPA, explique sua articulação e diga
porque seu F2 é muito baixo

(b) encontre o encontro vocálico em fronteira de palavra, e diga quais vogais o compõe; meça sua duração
total e em seguida segmente as duas vogais envolvidas e dê a duração de cada uma.

(a) A primeira vogal pré-tônica é a vogal [u] da palavra ‘buraco’, cujo símbolo fonético é ‘u’. Tal
vogal é composta pelos traços alta, posterior e arredondada. Ao calcularmos o F2 dessa vogal no
Praat, observamos que ele é muito baixo pelo fato dessa medida ser diretamente proporcional ao
movimento da língua (anterioridade/posterioridade), ou seja, quanto mais recuada/posterior a
língua estiver, mais baixo será o F2 e, nesse caso, a vogal analisada é produzida com a língua
bastante recuada, o que justifica sua medida baixa do segundo formante.
(b) Ao analisar o áudio no Praat, encontramos três encontros vocálicos em fronteira de palavra, mas
irei analisar o ‘o buraco é fundo acabou-se o mundo’. Tal encontro vocálico é composto pelas
vogais [] e [a]. Sua duração total é de ~201 ms, sendo dividida em ~108 ms para [] e ~93 para
[a].
4. Usando o arquivo sonoro da questão anterior (questão 3), segmente a consoante nasal da palavra
“mundo”, descreva-a acusticamente e diga como fez para diferenciá-la dos fones adjacentes.

Ao segmentar a consoante nasal bilabial vozeada [m] da palavra “mundo” e fazer uma análise no Praat,
observamos uma duração de ~108 ms. Ao observarmos o espectrograma, podemos diferenciar essa
consoante nasal do fones adjacentes pela trajetória de F2: na vogal anterior a essa consoante, vemos
uma diminuição desse formante na transição para o [m], e na vogal posterior a consoante nasal, o F2
também decai, enquanto o F2 do [m] mantém-se quase constante e retilíneo, já que é nasal e, por isso,
não tem obstrução nenhuma no trato vocal. Além disso, apesar de parecer muito com uma vogal, os
formantes do [m] são mais claros do que os das vogais, o que também auxilia na diferenciação.

5. Meça os 3 primeiros formantes da vogal [] de XXX do arquivo que se encontra na pasta indicada.

[m]

5. Abra o arquivo pede.wav e extraia os 3 primeiros formantes da vogal tônica da palavra. Escreva os
formantes e dê a duração desta vogal. Dê seu símbolo do IPA e seus traços fonéticos.

A vogal tônica da palavra “pede” é o [], vogal média-baixa, anterior e não-arredondada, cujos três
primeiros formantes são: F1= ~540 Hz, F2= ~2202 Hz e F3= ~2922 Hz. Sua duração é de
aproximadamente 161 ms.