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FONOLOGIA
Introdução
A fonologia recorre aos estudos da fonética para interpretar o repositório
de sons possíveis e disponíveis em cada uma das línguas. Dessa forma, a
compreensão de fenômenos envolvidos em propriedades articulatórias
dos sons de uma determinada língua permite um domínio maior do
sistema fonológico nela disponível.
Neste capítulo, você vai refletir sobre elementos relacionados com o
sistema fonológico da língua portuguesa falada no Brasil. Nessa reflexão,
conhecerá detalhes desse sistema, incluindo seus segmentos fonológicos
e tipos de sílabas.
1 Fonemas e alofones
A fonologia dedica-se aos estudos dos sons da língua, sendo:
mala bala
bala vala
moer roer
vela vê-la
saco soco
soco suco
delas nelas
velas telas
Sistema fonológico do português brasileiro 3
Você sabia que sem vogais não existe sílaba em língua portuguesa? Veja alguns
exemplos:
ca-sa;
es-tu-dar;
a-mar;
pro-ble-ma;
so-lu-ção;
fo-né-ti-ca;
fo-no-lo-gi-a.
1) Som vozeado e seu correspondente não vozeado, como pode ser visto em:
cato e gato.
2) Sons oclusivos e sons fricativos e africados com o mesmo ponto de articu-
lação, como em: tapo e sapo.
3) Sons fricativos com ponto de articulação muito próximo, como por exemplo
em: faca e saca.
4) As nasais entre si, como em: lenha e lema ou entre mata e nata.
5) As laterais entre si, como entre: pala e palha.
6) As vibrantes entre si, como entre caro (vibrante simples) e carro (vibrante
múltipla).
7) Sons laterais, vibrantes e o tepe (tap), conforme se pode ver em terra e tela,
ou entre torra e tora, ou ainda entre tala e tara.
8) Sons com propriedades articulatórias muito próximas.
9) Sons vocálicos que se diferenciam por uma propriedade articulatória, como
[ o ] e [ ᴐ ], que se distinguem apenas em altura (o primeiro é alto e o segundo
baixo), como em avô e avó.
semelhantes representa, então, um par suspeito. Para esse par suspeito de sons,
devemos procurar um exemplo de par mínimo, pois apenas mediante esse
procedimento será possível identificar e atestar o status real de fonema para os
segmentos que estão sendo analisados. Observe o exemplo do Quadro 2, a seguir,
em que são apresentados pares mínimos e sons foneticamente semelhantes.
Pares mínimos
Pato [ 'patʊ ] Lenha [ ' lẽɲɐ ]
Bato [ 'batʊ ] Lema [ ' lẽmɐ ]
Ambiente comum
____at ʊ lẽ____ɐ
Sons diferentes p ɲ
b m
Cada um desses elementos citados (V, C e V’) vai ocupar uma posição
estratégica nas sílabas, sendo que a presença da vogal é obrigatória em todas.
O espaço ocupado pelas sílabas recebe um nome específico: núcleo ou pico
silábico (SEARA; NUNES; LAZZAROTTO-VOLCÃO, 2011). Já as consoantes
e as semivogais vão marcar presença periférica nas sílabas.
De acordo com Seara, Nunes e Lazzarotto-Volcão (2011, p. 95) “[...] a
posição periférica pré-vocálica, correspondente à parte anterior ao núcleo, é
chamada de ataque [...] silábico e pode não ser preenchida por nenhum seg-
mento”. Por sua vez, coda silábica é o nome conferido para a posição periférica
pós-vocálica, ou seja, parte posterior ao núcleo. Muitas vezes, porém, essa
posição não chega a ser preenchida.
É importante reforçar que cada língua apresenta sua própria estrutura
silábica. Dessa forma, o núcleo silábico pode envolver elementos que não são
aceitos na língua portuguesa, por exemplo. Seja como for, em todas as línguas
a sílaba representa o primeiro nível de organização fonológica.
Como o foco deste capítulo é a língua portuguesa, considere que a presença
da vogal é obrigatória para que exista uma sílaba. Logo, você deve contabilizar
o número de vogais em uma palavra para identificar o número possível de
sílabas. Observe o Quadro 3.
Fonética 4 Fo – né – ti – ca 4
Fonologia 5 Fo – no – lo – gi – a 5
Vogal 2 Vo – gal 2
Consoante 4 Con – so – an – te 4
Semivogal 4 Se – mi – vo – gal 4
Beijo 3 Bei – jo 2
Queijo 4 Quei – jo 2
Sabe por que temos maior número de vogais do que de sílabas nesse caso?
Pois ao contabilizar, devemos observar o número de vogais, e não de semi-
vogais. Repare que nos dois exemplos, “beijo” e “queijo”, o “i” é semivogal.
Em ambos, o “e” é pronunciado com mais destaque, e a sílaba é concluída
por “i” bem curto. De acordo com Câmara Junior (2005, p. 53), dessa análise:
V (sílaba simples);
CV (sílaba complexa crescente);
VC (sílaba complexa crescente-decrescente).
Ainda de acordo com Câmara Junior (2005, p. 54), “[...] conforme a ausência
ou a presença de travamento silábico (isto é, V e CV, de um lado, e, de outro
lado, VC e CVC), temos a sílaba aberta, ou melhor, livre, e a sílaba fechada,
ou melhor, travada”.
A sílaba do tipo CV é encontrada, por exemplo, em “to-ca” e “ga-to”. Já
as sílabas do tipo V podem ser encontradas em “u-va” e “á-gua”. Por fim,
a estrutura CVC pode ser encontrada nos seguintes exemplos: “far-do” e
8 Sistema fonológico do português brasileiro
Leituras recomendadas
OLIVEIRA, S. G. de; BRENNER, T. de M. Introdução à fonética e à fonologia da língua
portuguesa: fundamentação teórica e exercícios para o 3o Grau. Florianópolis: Edição
dos Autores, 1988.
SEARA, I. C.; NUNES, V. G.; LAZZAROTTO-VOLCÃO, C. Para conhecer: fonética e fonologia
do português brasileiro. São Paulo: Contexto, 2015.
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