RESENHA CRÍTICA
ALFABETIZAÇÃO
É sabido que não existe uma correspondência exata entre letra e som, quer
dizer, entre letra e fonema. As letras simbolizam sons da fala, então é preciso
perceber as diferenças linguísticas proeminentes entre os sons, de maneira que se
possa optar pela letra certa para simbolizar cada som. Depois de entender o que são
os risquinhos pretos no papel, e que cada um deles equivale a um símbolo da fala, a
criança precisa fazer a discriminação das formas das letras. Uma vez que algumas
letras do nosso alfabeto são muito parecidas. Nem sempre o som corresponde a
letra que ele aprendeu. Em alguns casos, na Língua Portuguesa não há o que
podemos pedir emprestado da matemática que é a Correspondência biunívoca,
aquela em que um elemento de um conjunto corresponde a apenas um elemento de
outro conjunto e corresponde a apenas um elemento de outro conjunto.
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Existe uma subdivisão dos tipos de relação existentes em nossa língua entre
sons da fala e letras do alfabeto.
Relação de um para um: cada letra com seu som, cada som com sua letra;
Relação de um para mais de um, determinadas a partir da posição: cada letra
com um som numa dada posição, cada som com uma letra numa dada
posição;
Relações de concorrência: mais de uma letra para o mesmo som na mesma
posição.
colá-las no outro lado da folha. O mesmo será feito com a letra “c” que tem som
igual ao da palavra “cinco” e o “c” que tem o som igual ao da palavra “casa”. Depois,
faremos a mesma coisa com o “e” com som de [i] e com o “e” com som de [e]; com o
“o” com som de [u] e o “o” com som de [o]. Também é conveniente que se alterne:
que letras servem para representar o som de [g]? A letra “g”, se estiver na frente de
“a”, “o”, “u” e o dígrafo “gu” se estiver na frente de “e” e “i”; na frente de “e” ou “i”,
apenas, a letra “g” equivale ao som [3]. O som [ão] pode ser representado na escrita
por “ão” como em “balão”, ou então por “am” como em “falam”. Colar todos esses
exemplos separados no cartaz.
O erro de leitura característico do alfabetizando que encalhou na ideia da
monogamia entre sons e letras é a pronúncia artificial das palavras, com a escansão
de letra. Os erros de escrita característicos dos alfabetizandos que ainda se
encontram na etapa monogâmica, é escreverem a palavra exatamente como a
pronunciam foneticamente. A lógica desses erros é sempre a mesma: falta a
aprendizagem das restrições que a posição na palavra impõe à distribuição das
letras e dos sons.
A transição entre a primeira e a segunda etapa de alfabetização está
completa quando o alfabetizando não comete mais erros que demonstram o
desconhecimento das restrições de ocorrência das letras conforme a posição na
palavra.
O alfabetizador deve ajudar o aprendiz a perceber que em certas palavras,
dependendo da posição da letra, o som não é fiel à mesma, como ocorre, por
exemplo, com a letra [l] que em “lua” tem um som lateral, mas em sol apresenta o
som de /u/. Dessa maneira, o aprendiz vai perceber que a hipótese da monogamia é
inviável, sendo essa nova etapa denominada de “hipótese da poligamia
condicionada pela posição”. Um dos erros de leituras frequentes característicos do
alfabetizando que encalhou na ideia da monogamia entre sons e letras é a pronúncia
artificial das palavras, com a escansão da letra. Como exemplo, temos a palavra
[gato], pronunciada por alguns como/gato/ em vez do natural /gatu/. Então, acontece
de os professores incentivarem essas pronúncias artificiais, considerando serem a
forma certa da língua. Assim, corre-se o risco de se criar um novo dialeto na sala de
aula, um universo linguístico foneticamente distinto do mundo lá fora. Sendo assim,
é de suma importância que o professor ajude o alfabetizando a se desvincular da
teoria da monogamia entre os sons e as letras.
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FALHAS DE 1ª ORDEM
FALHAS DE 2ª ORDEM
FALHA DE 3ª ORDEM