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ISSN 1948-560X

SAEPE

2011
revista pedagógica
4ª série/5º ano do Ensino Fundamental - Língua Portuguesa

Seções
A importância dos resultados
A escala de proficiência
Padrões de desempenho estudantil
O trabalho continua
ISSN 1948-560X

sAEPE2011
Sistema de Avaliação Educacional de Pernambuco

revista pedagógica
Língua Portuguesa 4ª série/5º ano do Ensino Fundamental
GOVERNADOR DO ESTADO DE PERNAMBUCO
Eduardo Henrique Accioly Campos
VICE-GOVERNADOR
João soares Lyra Neto
SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO
Anderson Stevens Leônidas Gomes
SECRETÁRIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
Ana Coelho Vieira Selva
SECRETÁRIA EXECUTIVA DE GESTÃO DA REDE
Margareth Costa Zaponi
SECRETÁRIO EXECUTIVO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
Paulo Fernandes de Vasconcelos Dutra
GERÊNCIA DE AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS
Maria Epifânia de França Galvão Valença
7 A importância dos
resultados
8 Os resultados da escola

13 A Escala de Proficiência 14
16
A estrutura da Escala de Proficiência
Domínios e Competências
34 Como formar um leitor proficiente?

40 Elementar I

39 Padrões de Desempenho
Estudantil
42
46
Elementar II
Básico
54 Desejável
61 Com a palavra, o professor

63 O TRABALHO CONTINUA
6
7

A importância dos resultados

As avaliações em larga escala realizadas pelo Sistema


de Avaliação Educacional de Pernambuco (SAEPE), ao
oferecer medidas acerca do progresso do sistema de
ensino como um todo e, em particular, de cada escola,
atendem a dois propósitos principais: o de prestar contas
à sociedade sobre a eficácia dos serviços educacionais
oferecidos à população, e o de fornecer subsídios para
o planejamento das escolas em suas atividades de
gestão e de intervenção pedagógica. Para as escolas,
a oportunidade de receber os seus resultados de forma
individualizada tem como finalidade prover subsídios
para o planejamento de suas ações de aprendizagem.
A Revista Pedagógica, portanto, foi criada para atender
ao objetivo de divulgar os dados gerados pelo SAEPE de
maneira que eles possam ser, efetivamente, utilizados
como subsídio para as diversas instâncias gestoras,
bem como por cada unidade escolar.

Nesta Revista Pedagógica você encontrará os resultados


desta escola em Língua Portuguesa para a 4ª série/5º
ano do Ensino Fundamental. Para a interpretação pe-
dagógica desses resultados, a escala de proficiência,
com seus domínios e competências, será fundamental.
Com ela, torna-se possível entender em quais pontos os
estudantes estão em relação ao desenvolvimento das
habilidades consideradas essenciais ao aprendizado da
Língua Portuguesa. Como você verá, o detalhamento dos
níveis de complexidade das habilidades, apresentado nos
domínios e competências da escala, prioriza a descrição
do desenvolvimento cognitivo ao longo do processo de
escolarização. Essas informações são muito importantes
para o planejamento dos professores, bem como para
as intervenções pedagógicas em sala de aula.

Os padrões de desempenho oferecem à escola os sub-


sídios necessários para a elaboração de metas coletivas.
Assim, ao relacionar a descrição das habilidades com o
percentual de estudantes em cada padrão, a escola pode
elaborar o seu projeto com propostas mais concisas e
eficazes, capazes de trazer modificações substanciais
para o aprendizado dos estudantes com vistas à pro-
moção da equidade.

Também são apresentados, nesta revista, alguns artigos


importantes sobre o ensino de Língua Portuguesa e
depoimentos de professores que, como você, fazem toda
a diferença nas comunidades em que atuam.
8

OS RESULTADOS DA ESCOLA

Os resultados desta escola no


SAEPE 2011 são apresentados
Resultados impressos nesta revista
sob seis aspectos, quatro deles
estão impressos nesta revista. Os
outros dois, que se referem aos 1. Proficiência média
resultados do percentual de acerto Apresenta a proficiência média desta escola. Você pode comparar
no teste, estão disponíveis no CD a proficiência com as médias da GRE e do município. O objetivo é
(anexo a esta revista) e no Portal proporcionar uma visão das proficiências médias e posicionar a escola
da Avaliação, pelo endereço ele- em relação a essas médias.
trônico www.saepe.caedufjf.net.

2. Participação
Informa o número estimado de estudantes para a realização do teste e
quantos, efetivamente, participaram da avaliação na GRE, no município
e na escola.

3. Evolução do percentual de estudantes por padrão de desempenho


Permite que você acompanhe a evolução do percentual de estudantes
nos padrões de desempenho das avaliações realizadas pelo SAEPE em
suas últimas edições.
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4. Percentual de estudantes por nível de proficiência e padrão de desempenho


Apresenta a distribuição dos estudantes ao longo dos intervalos de pro-
ficiência na GRE e na escola. Os gráficos permitem que você identifique
o percentual de estudantes para cada padrão de desempenho. Isso será
fundamental para planejar intervenções pedagógicas, voltadas à melhoria
do processo de ensino e promoção da equidade escolar.

Resultados DISPONíVEIS NO CD e no Portal da avaliação

5. Percentual de acerto por descritor 6. Resultados por estudantes

Apresenta o percentual de acerto no Cada estudante pode ter acesso aos seus
teste para cada uma das habilidades resultados no SAEPE. Neste boletim, é
avaliadas. Esses resultados são apre- informado o padrão de desempenho al-
sentados por GRE, município, escola, cançado e quais habilidades ele possui
turma e estudante. desenvolvidas em Língua Portuguesa para
a 4ª série/5º ano do Ensino Fundamental.
Essas são informações importantes para o
acompanhamento, pelo estudante e seus
familiares, de seu desempenho escolar.
12
13

A Escala de Proficiência

U ma escala é a expressão da medida


de uma grandeza. É uma forma de
apresentar resultados com base em
uma espécie de régua em que os va-
lores são ordenados e categorizados.
Para as avaliações em larga escala da
educação básica realizadas no Bra-
sil, os resultados dos estudantes em
Língua Portuguesa são dispostos em
uma escala de proficiência definida
pelo Sistema Nacional de Avaliação da
Educação Básica (SAEB). As escalas do
SAEB permitem ordenar os resultados
de desempenho em um continuum,
ou seja, do nível mais baixo ao mais
alto. Assim, os estudantes que alcan-
çaram um nível mais alto da escala,
por exemplo, mostram que possuem
o domínio das habilidades presentes
nos níveis anteriores. Isso significa que
o estudante do último ano do Ensino
Médio deve, naturalmente, ser capaz de
dominar habilidades em um nível mais
complexo do que as de um estudante da
4ª série/5ºano do Ensino Fundamental.

As escalas apresentam, também, para


cada intervalo, as habilidades presentes
naquele ponto, o que é muito importan-
te para o diagnóstico das habilidades
ainda não consolidadas em cada etapa
de escolaridade.

A grande vantagem da adoção de uma


escala de proficiência é sua capacidade
de traduzir as medidas obtidas em diag-
nósticos qualitativos do desempenho
escolar. Com isso, os educadores têm
acesso à descrição das habilidades dis-
tintivas dos intervalos correspondentes
a cada nível e podem atuar com mais
precisão na detecção de dificuldades de
aprendizagens, bem como planejar e
executar ações de correção de rumos.
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Domínios Competências Descritores

Identifica letras. *

Reconhece convenções gráficas. *


Apropriação do
sistema da escrita
Manifesta consciência fonológica. *

Lê palavras. *

Localiza informação. D6

Identifica tema. D9
Estratégias de Leitura
Realiza inferência. D7, D8, D11, D22 e D23

Identifica gênero, função, e


D12 e D13
destinatário de um texto.

Estabelece relações lógico-discursivas. D16, D17 e D18

Identifica elementos de
D21
um texto narrativo.

Processamento do Texto Estabelece relações entre textos. **

Distingue posicionamentos. D10

Identifica marcas linguísticas. D26

* As habilidades relativas a essas competências são avaliadas nas séries iniciais do Ensino Fundamental.
** As habilidades envolvidas nessa competência são avaliadas na 8ª série/9º ano do Ensino Fundamental
e no 3º ano do Ensino Médio.

A estrutura da Escala de Proficiência


Na primeira coluna da escala são As habilidades, representadas por diferen- Na primeira linha da escala estão di-
apresentados os grandes domínios do tes cores, que vão do amarelo claro ao ver- vididos todos os intervalos em faixas
conhecimento em Língua Portuguesa melho, estão dispostas nas várias linhas da de 25 pontos, que vão do zero a 500.
para toda a educação básica. Esses escala. Essas cores indicam a gradação de Em tons de verde, estão agrupados
domínios são agrupamentos de com- complexidade das habilidades pertinentes os padrões de desempenho defini-
petências que, por sua vez, agregam a cada competência. Assim, por exemplo, a dos pela Secretaria da Educação de
as habilidades presentes na matriz de cor amarelo clara indica o primeiro nível de Pernambuco para a 4ª série/5º ano
referência de Língua Portuguesa. As complexidade da habilidade, passando pelo do Ensino Fundamental. Os limites
colunas seguintes mostram a relação laranja e indo até o nível mais complexo, entre os padrões transpassam a es-
entre a escala e a matriz, para cada representado pela cor vermelha. A legenda cala, no sentido vertical, da primeira
competência, trazendo os descritores explicativa das cores informa sobre essa à última linha.
que lhes são relacionados. gradação na própria escala.
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ESCALA DE PROFICIÊNCIA

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

Elementar II
Elemntar I

Desejável
Básico

A gradação das cores indica a complexidade da tarefa.

PADRÕES DE DESEMPENHO ESTUDANTIL PARA A 4ª série/5º ano do Ensino Fundamental


16

Domínios e Apropriação do sistema da escrita


Competências
Professor, a apropriação do sistema
de escrita é condição para que o es-
tudante leia com compreensão e de
Os domínios da escala de proficiência
forma autônoma. Essa apropriação é
agrupam as competências básicas ao
o foco do trabalho nos anos iniciais
aprendizado de Língua Portuguesa para
do Ensino Fundamental, ao longo dos
toda a educação básica.
quais se espera que o estudante avan-
Ao relacionar os resultados da escola ce em suas hipóteses sobre a língua
a cada um dos domínios da escala de escrita. Neste domínio, encontram-se
proficiência e aos respectivos interva- reunidas quatro competências que en-
los de gradação de complexidade da volvem percepções acerca dos sinais
habilidade, é possível diagnosticar, com gráficos que utilizamos na escrita – as
grande precisão, dois pontos principais: letras – e sua organização na página e
o primeiro se refere ao nível de desen- aquelas referentes a correspondências
volvimento obtido no teste e o segundo entre som e grafia. O conjunto dessas
ao que é esperado dos estudantes nas competências permite ao alfabetizando
etapas de escolaridade em que se en- ler com compreensão.
contram. Com esses dados é possível
implementar ações em nível de sala de
aula com vistas ao desenvolvimento das
habilidades ainda não consolidadas, o
que, de certo, contribuirá para a me-
lhoria do processo educativo da escola.
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IDENTIFICA LETRAS

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

Uma das primeiras hipóteses que a criança formula com relação à língua escrita é a de que escrita e desenho são uma mesma
coisa. Sendo assim, quando solicitada a escrever, por exemplo, “casa”, a criança pode simplesmente desenhar uma casa.
Quando começa a ter contatos mais sistemáticos com textos escritos, observando-os e vendo os ser utilizados por outras
pessoas, a criança começa a perceber que escrita e desenho são coisas diferentes, reconhecendo as letras como os sinais
que se deve utilizar para escrever. Para chegar a essa percepção, a criança deverá, inicialmente, diferenciar as letras de
outros símbolos gráficos, como os números, por exemplo. Uma vez percebendo essa diferenciação, um próximo passo será
o de identificar as letras do alfabeto, nomeando-as e sabendo identificá-las mesmo quando escritas em diferentes padrões.

Os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 75 pontos, ainda não desenvolveram
as habilidades relacionadas a esta competência.

Estudantes que se encontram em níveis de proficiência entre 75 e 100 pontos são capazes de diferenciar
letras de outros rabiscos, desenhos e/ou outros sinais gráficos também utilizados na escrita. Esse é
um nível básico de desenvolvimento desta competência, representado na escala pelo amarelo claro.

Estudantes com proficiência entre 100 e 125 pontos são capazes de identificar as letras do alfabeto. Este
novo nível de complexidade desta competência é indicado, na escala, pelo amarelo escuro.

Estudantes com nível de proficiência acima de 125 pontos diferenciam as letras de outros sinais gráficos
e identificam as letras do alfabeto, mesmo quando escritas em diferentes padrões gráficos. Esse dado
está indicado na escala de proficiência pela cor vermelha.
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RECONHECE CONVENÇÕES GRÁFICAS

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

Mesmo quando ainda bem pequenas, muitas crianças que têm contatos frequentes com situações de leitura imitam gestos
leitores dos adultos. Fazem de conta, por exemplo, que leem um livro, folheando-o e olhando suas páginas. Esse é um primeiro
indício de reconhecimento das convenções gráficas. Essas convenções incluem saber que a leitura se faz da esquerda para a
direita e de cima para baixo ou, ainda, que, diferentemente da fala, se apresenta num fluxo contínuo e na escrita é necessário
deixar espaços entre as palavras.

Os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 75 pontos, ainda não desenvolveram
as habilidades relacionadas a esta competência.

Estudantes que se encontram em níveis de proficiência de 75 a 100 pontos reconhecem que o texto é
organizado na página escrita da esquerda para a direita e de cima para baixo. Esse fato é representado
na escala pelo amarelo claro.

Estudantes com proficiência acima de 100 pontos, além de reconhecerem as direções da esquerda para
a direita e de cima para baixo na organização da página escrita, também identificam os espaçamentos
adequados entre palavras na construção do texto. Na escala, este novo nível de complexidade da com-
petência está representado pela cor vermelha.
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MANIFESTA CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

A consciência fonológica se desenvolve quando o sujeito percebe que a palavra é composta de unidades menores que ela
própria. Essas unidades podem ser a sílaba ou o fonema. As habilidades relacionadas a esta competência são importantes
para que o estudante seja capaz de compreender que existe correspondência entre o que se fala e o que se escreve.

Os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 75 pontos, ainda não desenvolveram
as habilidades relacionadas a esta competência.

Os estudantes que se encontram em níveis de proficiência entre 75 e 100 pontos identificam rimas e sílabas
que se repetem em início ou fim de palavra. Ouvir e recitar poesias, além de participar de jogos e brinca-
deiras que explorem a sonoridade das palavras, contribuem para o desenvolvimento dessas habilidades.

Estudantes com proficiência entre 100 e 125 pontos contam sílabas de uma palavra lida ou ditada. Este
novo nível de complexidade da competência está representado na escala pelo amarelo escuro.

Estudantes com proficiência acima de 125 pontos já consolidaram esta competência, e esse fato está
representado na escala de proficiência pela cor vermelha.
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LÊ PALAVRAS

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

Para ler palavras com compreensão, o alfabetizando precisa desenvolver algumas habilidades. Uma delas, bastante elemen-
tar, é a de identificar as direções da escrita: de cima para baixo e da esquerda para direita. Em geral, ao iniciar o processo
de alfabetização, o alfabetizando lê com maior facilidade as palavras formadas por sílabas no padrão consoante/vogal, isso
porque, quando estão se apropriando da base alfabética, as crianças constroem uma hipótese inicial de que todas as sílabas são
formadas por esse padrão. Posteriormente, em função de sua exposição a um vocabulário mais amplo e a atividades nas quais
são solicitadas a refletir sobre a língua escrita, tornam-se hábeis na leitura de palavras compostas por outros padrões silábicos.

Os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 75 pontos, ainda não desenvolveram
as habilidades relacionadas a esta competência.

Na escala de proficiência, o amarelo claro indica que os estudantes que apresentam níveis de proficiência
entre 75 e 100 pontos são capazes de ler palavras formadas por sílabas no padrão consoante/vogal, o
mais simples, e que, geralmente, é objeto de ensino nas etapas iniciais da alfabetização.

O amarelo escuro indica, na escala, que estudantes com proficiência entre 100 e 125 pontos alcançaram
um novo nível de complexidade da competência de ler palavras: a leitura de palavra formadas por sílabas
com padrão diferente do padrão consoante/vogal.

A cor vermelha indica que estudantes com proficiência acima de 125 pontos já consolidaram as habili-
dades que concorrem para a construção da competência de ler palavras.
21
22

ESTRATÉGIAS DE LEITURA

A concepção de linguagem, que funda-


menta o trabalho com a língua materna
no Ensino Fundamental, é a de que a
linguagem é uma forma de interação
entre os falantes. Consequentemente,
o texto deve ser o foco do ensino da
língua, uma vez que as interações entre
os sujeitos, mediadas pela linguagem,
se materializam na forma de textos de
diferentes gêneros. O domínio “Estraté-
gias de Leitura” reúne as competências
que possibilitam ao leitor utilizar recur-
sos variados para ler com compreensão
textos de diferentes gêneros.
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LOCALIZA INFORMAÇÃO

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

A competência de localizar informação explícita em textos pode ser considerada uma das mais elementares. Com o seu
desenvolvimento, o leitor pode recorrer a textos de diversos gêneros, buscando neles informações de que possa necessitar.
Esta competência pode apresentar diferentes níveis de complexidade - desde localizar informações em frases, por exemplo,
até fazer essa localização em textos mais extensos - e se consolida a partir do desenvolvimento de um conjunto de habilidades
que devem ser objeto de trabalho do professor em cada período de escolarização. Isso está indicado, na escala de proficiência,
pela gradação de cores.

Os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 100 pontos, ainda não desenvolveram
as habilidades relacionadas a esta competência.

Estudantes que se encontram em um nível de proficiência entre 100 e 125 pontos localizam informações
em frases, pequenos avisos, bilhetes curtos, um verso. Essa é uma habilidade importante porque mostra
que o leitor consegue estabelecer nexos entre as palavras que compõem uma sentença, produzindo sentido
para o todo e não apenas para as palavras isoladamente. Na escala de proficiência, o desenvolvimento
dessa habilidade está indicado pelo amarelo claro.

Os estudantes, que apresentam proficiência entre 125 e 175 pontos, localizam informações em textos
curtos, de gênero familiar e com poucas informações. Esses leitores conseguem, por exemplo, a partir
da leitura de um convite, localizar o lugar onde a festa acontecerá ou ainda, a partir da leitura de uma
fábula, localizar uma informação relativa à caracterização de um dos personagens. Essa habilidade está
indicada, na escala, pelo amarelo escuro.

Os estudantes com proficiência entre 175 e 225 pontos localizam informações em textos mais extensos,
desde que o texto se apresente em gênero que lhes seja familiar. Esses leitores selecionam, dentre as
várias informações apresentadas pelo texto, aquela(s) que lhes interessa(m). Na escala de proficiência,
o laranja claro indica o desenvolvimento dessa habilidade.

Os estudantes com proficiência entre 225 e 250 pontos, além de localizar informações em textos mais
extensos, conseguem localizá-las, mesmo quando o gênero e o tipo textual lhe são menos familiares.
Isso está indicado, na escala de proficiência, pelo laranja escuro.

A partir de 250 pontos, encontram-se os estudantes que localizam informações explícitas, mesmo
quando essas se encontram sob a forma de paráfrases. Esses estudantes já consolidaram a habilidade
de localizar informações explícitas, o que está indicado, na escala de proficiência, pela cor vermelha.
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IDENTIFICA TEMA

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

A competência de identificar tema se constrói pelo desenvolvimento de um conjunto de habilidades que permitem ao leitor
perceber o texto como um todo significativo pela articulação entre suas partes.

Os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 125 pontos, ainda não desenvolveram
as habilidades relacionadas a esta competência.

Estudantes que apresentam um nível de proficiência entre 125 e 175 pontos identificam o tema de um
texto, desde que esse venha indicado no título, como no caso de textos informativos curtos, notícias de
jornal ou revista e textos instrucionais. Esses estudantes começam a desenvolver a competência de
identificar tema de um texto, fato indicado, na escala de proficiência, pelo amarelo claro.

Estudantes com proficiência entre 175 e 225 pontos fazem a identificação do tema de um texto valendo-
-se de pistas textuais. Na escala de proficiência, o amarelo-escuro indica este nível mais complexo de
desenvolvimento da competência de identificar tema de um texto.

Estudantes com proficiência entre 225 e 275 pontos identificam o tema de um texto mesmo quando
esse tema não está marcado apenas por pistas textuais, mas é inferido a partir da conjugação dessas
pistas com a experiência de mundo do leitor. Justamente por mobilizar intensamente a experiência de
mundo, estudantes com este nível de proficiência conseguem identificar o tema em textos que exijam
inferências, desde que os mesmos sejam de gênero e tipo familiares. O laranja claro indica este nível
de complexidade mais elevado da competência.

Já os estudantes com nível de proficiência a partir de 275 pontos identificam o tema em textos de tipo
e gênero menos familiares que exijam a realização de inferências nesse processo. Esses estudantes já
consolidaram a competência de identificar tema em textos, o que está indicado na escala de proficiência
pela cor vermelha.
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REALIZA INFERÊNCIAS

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

Fazer inferências é uma competência bastante ampla e que caracteriza leitores mais experientes, que conseguem ir além
daquelas informações que se encontram na superfície textual, atingindo camadas mais profundas de significação. Para realizar
inferências, o leitor deve conjugar, no processo de produção de sentidos para o que lê, as pistas oferecidas pelo texto aos seus
conhecimentos prévios, à sua experiência de mundo. Estão envolvidas na construção da competência de fazer inferências as
habilidades de: inferir o sentido de uma palavra ou expressão a partir do contexto no qual ela aparece; inferir o sentido de
sinais de pontuação ou outros recursos morfossintáticos; inferir uma informação a partir de outras que o texto apresenta ou,
ainda, o efeito de humor ou ironia em um texto.

Os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 125 pontos, ainda não desenvolveram
as habilidades relacionadas a esta competência.

O nível de complexidade desta competência também pode variar em função de alguns fatores: se o texto
apresenta linguagem não verbal, verbal ou mista; se o vocabulário é mais ou menos complexo; se o
gênero textual e a temática abordada são mais ou menos familiares ao leitor, dentre outros. Estudantes
com proficiência entre 125 e 175 pontos apresentam um nível básico de construção desta competên-
cia, podendo realizar inferências em textos não verbais como, por exemplo, tirinhas ou histórias sem
texto verbal, e, ainda, inferir o sentido de palavras ou expressões a partir do contexto em que elas se
apresentam. Na escala de proficiência, o amarelo claro indica essa etapa inicial de desenvolvimento da
competência de realizar inferências.

Aqueles estudantes que apresentam proficiência entre 175 e 225 pontos inferem informações em textos
não verbais e de linguagem mista, desde que a temática desenvolvida e o vocabulário empregado lhes
sejam familiares. Esses estudantes conseguem, ainda, inferir o efeito de sentido produzido por alguns
sinais de pontuação e o efeito de humor em textos como piadas e tirinhas. Na escala de proficiência, o
desenvolvimento dessas habilidades pelos estudantes está indicado pelo amarelo escuro.

Estudantes com proficiência entre 225 e 275 pontos realizam tarefas mais sofisticadas, como inferir
o sentido de uma expressão metafórica ou efeito de sentido de uma onomatopeia; inferir o efeito de
sentido produzido pelo uso de uma palavra em sentido conotativo e pelo uso de notações gráficas e,
ainda, o efeito de sentido produzido pelo uso de determinadas expressões em textos pouco familiares
e/ou com vocabulário mais complexo. Na escala de proficiência, o desenvolvimento dessas habilidades
está indicado pelo laranja claro.

Estudantes com proficiência a partir de 275 pontos já consolidaram a habilidade de realizar inferências,
pois, além das habilidades relacionadas aos níveis anteriores da escala, inferem informações em textos de
vocabulário mais complexo e temática pouco familiar, valendo-se das pistas textuais, de sua experiência
de mundo e de leitor e, ainda, de inferir o efeito de ironia em textos diversos, além de reconhecer o efeito
do uso de recursos estilísticos. A consolidação das habilidades relacionadas a esta competência está
indicada na escala de proficiência pela cor vermelha.
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IDENTIFICA GÊNERO, FUNÇÃO E DESTINATÁRIO DE TEXTOS DE DIFERENTES GÊNEROS

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

A competência de identificar gênero, função ou destinatário de um texto envolve habilidades cujo desenvolvimento permite ao
leitor uma participação mais ativa em situações sociais diversas, nas quais o texto escrito é utilizado com funções comunicativas
reais. Essas habilidades vão desde a identificação da finalidade com que um texto foi produzido até a percepção de a quem ele
se dirige. O nível de complexidade que esta competência pode apresentar dependerá da familiaridade do leitor com o gênero
textual, portanto, quanto mais amplo for o repertório de gêneros de que o estudante dispuser, maiores suas possibilidades de
perceber a finalidade dos textos que lê. É importante destacar que o repertório de gêneros textuais se amplia à medida que
os estudantes têm possibilidades de participar de situações variadas, nas quais a leitura e a escrita tenham funções reais e
atendam a propósitos comunicativos concretos.

Os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 100 pontos, ainda não desenvolveram
as habilidades relacionadas a esta competência.

Estudantes que apresentam um nível de proficiência de 100 a 175 pontos identificam a finalidade de
textos de gênero familiar, como receitas culinárias, bilhetes, poesias. Essa identificação pode se fazer
em função da forma do texto, quando ele se apresenta na forma estável em que o gênero geralmente
se encontra em situações da vida cotidiana. Por exemplo, no caso da receita culinária, quando ela traz
inicialmente os ingredientes, seguidos do modo de preparo dos mesmos. Além de identificarem uma
notícia. Na escala de proficiência, esse início de desenvolvimento da competência está indicado pelo
amarelo claro.

Aqueles estudantes com proficiência de 175 a 250 pontos identificam o gênero e o destinatário de textos
de ampla circulação na sociedade, menos comuns no ambiente escolar, valendo-se das pistas oferecidas
pelo texto, tais como: o tipo de linguagem e o apelo que faz a seus leitores em potencial. Na escala de
proficiência, a maior complexidade desta competência está indicada pelo amarelo escuro.

Os estudantes que apresentam proficiência a partir de 250 pontos já consolidaram a competência de


identificar gênero, função e destinatário de textos, ainda que estes se apresentem em gênero pouco
familiar e com vocabulário mais complexo. Esse fato está representado na escala de proficiência pela
cor vermelha.
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28

PROCESSAMENTO DO TEXTO

Neste domínio, estão agrupadas com-


petências cujo desenvolvimento tem
início nas séries iniciais do Ensino
Fundamental, progredindo em grau
de complexidade até o final do Ensino
Médio. Para melhor compreendermos o
desenvolvimento destas competências,
precisamos lembrar que a avaliação
tem como foco a leitura, não se fixando
em nenhum conteúdo específico. Na
verdade, diversos conteúdos traba-
lhados no decorrer de todo o período
de escolarização contribuem para o
desenvolvimento das competências e
habilidades associadas a este domí-
nio. Chamamos de processamento do
texto as estratégias utilizadas na sua
constituição e sua utilização na e para
a construção do sentido do texto. Neste
domínio, encontramos cinco compe-
tências, as quais serão detalhadas
a seguir, considerando que as cores
apresentadas na escala indicam o início
do desenvolvimento da habilidade, as
gradações de dificuldade e sua conse-
quente consolidação.
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ESTABELECE RELAÇÕES LÓGICO-DISCURSIVAS ENTRE PARTES DE UM TEXTO

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

A competência de estabelecer relações lógico-discursivas envolve habilidades necessárias para que o leitor estabeleça relações
que contribuam para a continuidade, progressão do texto, garantindo sua coesão e coerência. Essas habilidades relacionam-se,
por exemplo, ao reconhecimento de relações semânticas indicadas por conjunções, preposições, advérbios ou verbos. Ainda
podemos indicar a capacidade de o estudante reconhecer as relações anafóricas marcadas pelos diversos tipos de pronome.
O grau de complexidade das habilidades associadas a esta competência está diretamente associado a dois fatores: a presença
dos elementos linguísticos que estabelecem a relação e o posicionamento desses elementos dentro do texto, por exemplo, se
um pronome está mais próximo ou mais distante do termo a que ele se refere.

Os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 150 pontos, ainda não desenvolveram
as habilidades relacionadas a esta competência.

Os estudantes que se encontram no intervalo amarelo claro, de 150 a 200, começam a desenvolver a
habilidade de perceber relações de causa e consequência em texto não verbal e em texto com linguagem
mista, além de perceberem aquelas relações expressas por meio de advérbios ou locuções adverbiais
como, por exemplo, de tempo, lugar e modo.

No intervalo de 200 a 250, indicado pelo amarelo escuro, os estudantes já conseguem realizar tarefas
mais complexas, como estabelecer relações anafóricas por meio do uso de pronomes pessoais retos, e
por meio de substituições lexicais. Acrescente-se que já começam a estabelecer relações semânticas
pelo uso de conjunções, como as comparativas.

No laranja claro, intervalo de 250 a 300 pontos na escala, os estudantes atingem um nível maior de
abstração na construção dos elos que dão continuidade ao texto, pois reconhecem relações de causa e
consequência sem que haja marcas textuais explícitas indicando esta relação semântica. Esses estudantes
também reconhecem, na estrutura textual, os termos retomados por pronomes pessoais oblíquos, por
pronomes demonstrativos e possessivos.

Os estudantes com proficiência acima de 300 pontos na escala estabelecem relações lógico-semânticas
mais complexas, pelo uso de conectivos menos comuns ou mesmo pela ausência de conectores. A cor
vermelha indica a consolidação das habilidades associadas a esta competência. É importante ressaltar
que o trabalho com elementos de coesão e coerência do texto deve ser algo que promova a compreensão
de que os elementos linguísticos que constroem uma estrutura sintática estabelecem entre si uma rede
de sentido, o qual deve ser construído pelo leitor.
30

IDENTIFICA ELEMENTOS DE UM TEXTO NARRATIVO

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

Os textos com sequências narrativas são os primeiros com os quais todos nós entramos em contato e com os quais mante-
mos maior contato, tanto na oralidade quanto na escrita. Daí, observarmos a consolidação das habilidades associadas a esta
competência em níveis mais baixos da escala de proficiência, ao contrário do que foi visto na competência anterior. Identificar
os elementos estruturadores de uma narrativa significa conseguir dizer onde, quando e com quem os fatos ocorrem, bem
como sob que ponto de vista a história é narrada. Esta competência envolve, ainda, a habilidade de reconhecer o fato que deu
origem à história (conflito ou fato gerador), o clímax e o desfecho da narrativa. Esses elementos dizem respeito tanto às nar-
rativas literárias (contos, fábulas, crônicas, romances...), como a narrativas de caráter não literário, uma notícia, por exemplo.

Os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 150 pontos, ainda não desenvolveram
as habilidades relacionadas a esta competência.

Os estudantes cuja proficiência se encontra entre 150 e 175 pontos na escala nível marcado pelo amarelo
claro, estão começando a desenvolver esta competência. Esses estudantes identificam o fato gerador de
uma narrativa curta e simples, bem como reconhecem o espaço em que transcorrem os fatos narrados.

Entre 175 e 200 pontos na escala, há um segundo nível de complexidade, marcado pelo amarelo escuro.
Nesse nível, os estudantes reconhecem, por exemplo, a ordem em que os fatos são narrados.

A partir de 200 pontos, os estudantes agregam a esta competência mais duas habilidades: o reconhe-
cimento da solução de conflitos e do tempo em que os fatos ocorrem. Nessa última habilidade, isso
pode ocorrer sem que haja marcas explícitas, ou seja, pode ser necessário fazer uma inferência. A faixa
vermelha indica a consolidação das habilidades envolvidas nesta competência.
31

ESTABELECE RELAÇÕES ENTRE TEXTOS

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

Esta competência diz respeito ao estabelecimento de relações intertextuais, as quais podem ocorrer dentro de um texto ou entre
textos diferentes. É importante lembrar, também, que a intertextualidade é um fator importante para o estabelecimento dos
tipos e dos gêneros, na medida em que os relaciona e os distingue. As habilidades envolvidas nesta competência começam a
ser desenvolvidas em níveis mais altos da escala de proficiência, revelando, portanto, tratar-se de habilidades mais complexas,
que exigem do leitor uma maior experiência de leitura.

Os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 225 pontos, ainda não desenvolveram
as habilidades relacionadas a esta competência.

Os estudantes que se encontram entre 225 e 275 pontos na escala, marcado pelo amarelo claro, co-
meçam a desenvolver as habilidades desta competência. Esses estudantes reconhecem diferenças e
semelhanças no tratamento dado ao mesmo tema em textos distintos, além de identificar um tema
comum na comparação entre diferentes textos informativos.

O amarelo escuro, 275 a 325 pontos, indica que os estudantes com uma proficiência que se encontra
neste intervalo já conseguem realizar tarefas mais complexas ao comparar textos, como, por exemplo,
reconhecer, na comparação entre textos, posições contrárias acerca de um determinado assunto.

A partir de 325 pontos, temos o vermelho, que indica a consolidação das habilidades relacionadas a
esta competência. Os estudantes que ultrapassam esse nível na escala de proficiência são considerados
leitores proficientes.
32

DISTINGUE POSICIONAMENTOS

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

Distinguir posicionamentos está diretamente associado a uma relação mais dinâmica entre o leitor e o texto.

Os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 200 pontos, ainda não desenvolveram
as habilidades relacionadas a esta competência.

Esta competência começa a se desenvolver entre 200 e 225 pontos na escala de proficiência. Os estu-
dantes que se encontram no nível indicado pelo amarelo claro, distinguem fato de opinião em um texto
narrativo, por exemplo.

No amarelo escuro, de 225 a 275 pontos, encontramse os estudantes que já se relacionam com o texto
de modo mais avançado. Neste nível de proficiência, encontram-se as habilidades de identificar trechos
de textos em que está expressa uma opinião e a tese de um texto.

O laranja claro, 275 a 325 pontos, indica uma nova gradação de complexidade das habilidades associadas
a esta competência. Os estudantes cujo desempenho se localiza neste intervalo da escala de proficiência
conseguem reconhecer, na comparação entre textos, posições contrárias acerca de um determinado
assunto.

O vermelho, acima do nível 325, indica a consolidação das habilidades envolvidas nesta competência.
33

IDENTIFICA MARCAS LINGUÍSTICAS

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

Esta competência relaciona-se ao reconhecimento de que a língua não é imutável e faz parte do patrimônio social e cultural
de uma sociedade. Assim, identificar marcas linguísticas significa reconhecer as variações que uma língua apresenta, de
acordo com as condições sociais, culturais, regionais e históricas em que é utilizada. Esta competência envolve as habilidades
de reconhecer, por exemplo, marcas de coloquialidade ou formalidade de uma forma linguística e identificar o locutor ou
interlocutor por meio de marcas linguísticas.

Os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 125 pontos, ainda não desenvolveram
as habilidades relacionadas a esta competência.

Os estudantes que se encontram no intervalo amarelo claro, de 125 a 175 pontos na escala, começam
a desenvolver essa competência ao reconhecer expressões próprias da oralidade.

No intervalo de 175 a 225, amarelo escuro, os estudantes já conseguem identificar marcas linguísticas
que diferenciam o estilo de linguagem em textos de gêneros distintos.

No intervalo de 225 a 275, laranja claro, os estudantes apresentam a habilidade de reconhecer marcas
de formalidade ou de regionalismos e aquelas que evidenciam o locutor de um texto expositivo.

Os estudantes que apresentam uma proficiência de 275 a 325 pontos, laranja escuro, identificam mar-
cas de coloquialidade que evidenciam o locutor e o interlocutor, as quais são indicadas por expressões
idiomáticas.

A faixa vermelha, a partir do nível 325 da escala de proficiência, indica a consolidação das habilidades
associadas a esta competência. O desenvolvimento dessas habilidades é muito importante, pois implica
a capacidade de realizar uma reflexão metalinguística.
34

Como formar um leitor proficiente?

O s resultados das avaliações ex-


ternas em Língua Portuguesa
apontam que, apesar da melhoria do
ler é uma atividade complexa, pois o
sentido não está nas palavras e frases;
não está dado no texto. Só é possível
desempenho dos estudantes em leitura ler e compreender quando os leitores
ao longo da última década, uma das relacionam as informações dadas com
dificuldades da escola brasileira que os conhecimentos que já têm armaze-
Ler é uma
persiste é desenvolver habilidades de nados, fruto de suas vivências sociais,
atividade leitura para a plena participação so- culturais e afetivas, resultantes de sua
cognitiva, que cial dos estudantes. Segundo dados interação com o mundo.
do Sistema Nacional de Avaliação da
exige operações Educação Básica (SAEB), em 2009, da Sendo assim, ler é uma atividade cog-
mentais que amostra dos estudantes avaliados em nitiva, que exige operações mentais
Língua Portuguesa, apenas 34,2% e que vão além da decodificação. Para
vão além da compreender um texto, é preciso as-
26,3% apresentaram aprendizado ade-
decodificação. quado, respectivamente, ao 5º e 9º anos sociar várias informações, ou seja,
do Ensino Fundamental. ter uma postura de leitor ativo, capaz
Para compreender
de mobilizar conhecimentos para
um texto, Apesar dos avanços, parcelas significa- construir o sentido.
tivas do alunado permanecem em níveis
é preciso Mais além da superfície
de proficiência aquém dos esperados
associar várias para a série/ano ou idade. Mas como as
Em qualquer tipo de texto, numa propa-
informações, ou habilidades de leitura podem ser desen-
ganda, por exemplo, sempre há várias
volvidas? O que pode ser feito, no âmbito
seja, ter uma pistas que nos conduzem ao sentido: o
da escola e da sala de aula? Essa refle-
local onde ele é publicado ou veiculado
postura de leitor xão exige, antes de tudo, que docentes e
(revista, TV, rádio etc.); a existência do
demais atores que estão envolvidos no
ativo, capaz processo educacional na escola tenham
nome ou da logomarca da empresa
responsável pelo serviço ou produto
de mobilizar clareza do que é a leitura. Assim, cabe
perguntar: o que é ler? ofertado. Se a empresa atua na região
conhecimentos onde a propaganda é veiculada, a fami-
para construir Ao contrário do que se imagina, o ato liaridade das pessoas com seu nome
de ler e compreender não se resume ajuda na compreensão de que se trata
o sentido. de um anúncio – e não de uma matéria
a passar os olhos pelas páginas de
um livro ou um jornal. Ler, no senti- jornalística, por exemplo. Além disso,
do amplo, significa construir sentido. em anúncios impressos é comum se
Quando construímos sentido para o que relacionar o texto verbal a imagens,
lemos, então compreendemos. Mais do ampliando os sentidos – desde que o
que isso, é preciso ter em mente que leitor do anúncio tenha familiaridade
35

com o repertório de imagens e situ- -o em contato com diversos tipos de


ações apresentadas. Ou seja, para textos e materiais de comunicação, a
compreender a mensagem, é preciso fim de que ele amplie, cada vez mais,
associar uma série de informações, suas possibilidades de compreensão de
nem sempre apresentadas de maneira textos e, como consequência, do mundo
explícita no texto. que o cerca. Cabe ao professor atuar
em sala de aula no sentido de desenvol-
A compreensão de um texto como ver, em seus estudantes, habilidades de
um todo, muitas vezes, ocorre rapi- caráter inferencial, e não meramente
damente, assentando-se não apenas de identificação de informações. Dessa
na dimensão linguística (palavras e maneira, a escola enfoca os aspectos
frases), mas na dimensão discursiva discursivos do texto, propiciando ao
(os interlocutores, o meio de circulação estudante uma relação direta com a
e o objetivo do texto). Esse é o mo- sociedade. Para isso, é preciso que o
vimento: associar o que o texto traz trabalho escolar com a língua materna
na sua superfície ao que já temos de relacione o conhecimento discursivo,
conhecimento acumulado. Essa asso- textual e linguístico, associando-os às É importante que
ciação é que produz o sentido. Por isso, atividades de compreensão. a escola amplie
a linguista Ingedore Grunfeld Villaça
Koch afirma que a leitura é uma inte- Esse tipo de trabalho, contudo, só é o conhecimento
ração entre autor-texto-leitor. possível se houver uma preocupação e
do estudante,
uma ênfase no letramento do professor:
Sempre que se lê com compreensão também ele deve ampliar seu conhe- colocando-o
– seja o texto verbal ou não –, se está cimento geral e especifico da área de
em contato com
associando informações dadas na conhecimento na qual atua. Ademais,
superfície do texto com outras já ar- é fundamental que saibamos, com cla- diversos tipos de
mazenadas, oriundas das interações reza, as estratégias necessárias para
textos e materiais
sociais: as pessoas conhecem ditados ensinar a ler.
populares, palavras e frases, músicas, de comunicação,
poemas, conhecem diversos tipos de Caminhos para ensinar a ler
a fim de que ele
textos, estão ligadas a informações do
Existem alguns procedimentos, apon-
cotidiano, conhecem ações típicas rea- amplie, cada
tados em pesquisas, úteis para ampliar
lizadas no dia a dia (pegar um ônibus, vez mais, suas
e fortalecer a capacidade de leitura dos
abrir a porta, encontrar com pessoas
estudantes no contexto de um traba-
no elevador, pedir uma bebida num possibilidades de
lho pedagógico sério e sistemático de
bar, chegar atrasado a uma palestra). compreensão de
investigação, análise e ação na escola,
Enfim, uma infinidade de conheci-
apresentados a seguir: textos e, como
mentos científicos e vivências sociais,
culturais, interpessoais acumulados na 1. Como o conhecimento prévio é uma consequência,
memória e que são ativados pela leitura condição para que haja a compreen-
de um texto. Por isso, alguns autores, são, o ponto de partida é, justamente, do mundo que
muito apropriadamente, estabelecem expandir a visão de mundo dos estu- o cerca.
uma metáfora para o texto: a metáfora dantes, suas vivências culturais, sociais
do iceberg. Um iceberg tem na superfí- e científicas. Cabe à escola atuar em
cie da água apenas uma pequena por- prol da ampliação do contato com as
centagem de seu corpo, ficando imersa mais diversas formas de interação
uma grande quantidade de massa de por meio da linguagem, estimulando
gelo. A parte de cima representa o a interação das crianças e jovens com
texto, ou seja, as informações “dadas”. diversos textos e mídias.
A parte “submersa” representa todo o
conhecimento prévio acumulado na Os gêneros geralmente possuem um
memória. A compreensão é fruto das certo formato; então, quanto mais fami-
relações estabelecidas entre as duas liarizado com a diversidade deles, mais
partes: a que emerge da superfície e o estudante é capaz de reconhecer as
a submersa. regularidades textuais, auxiliando-o na
compreensão. Alargando esse conhe-
É importante que a escola amplie o cimento, ampliam-se as possibilidades
conhecimento do estudante, colocando- de compreensão. Nessa direção, as
36

vivências extraescolares contribuirão emergem do texto. Para exemplificar,


sobremaneira para isso. Ademais, a numa experiência realizada em sala
valorização da cultura da comunidade de aula, foi solicitado aos estudantes
dos estudantes é uma forma de aproxi- que formulassem algumas hipóteses
mar a escola da realidade e vice-versa. a partir do título “Barbárie e cida-
dania”. Inicialmente, os estudantes
2. Cabe ao professor ativar todo co- disseram que poderiam aparecer
nhecimento prévio do estudante sobre palavras como sociedade, violência,
determinado tema, antes mesmo da lei- convivência, polícia, escola, aprendi-
tura do texto. Ou seja, é preciso fazer zagem, dentre outras.
uma contextualização. Há algumas
sugestões para ajudar nesse proces- Como num jogo de adivinhação, foi dito
so: apresentar, aos poucos, o título, a à turma que o texto estava alocado na
seção do jornal ou revista, o subtítulo. seção esportiva de um jornal, o que
Neste momento, o professor pode, in- levou à modificação do escopo das
clusive, antecipar o gênero textual que sugestões: os estudantes passaram
será lido, para que sejam lembradas a mencionar palavras relacionadas
também suas características. a esportes - futebol, violência entre
torcidas, punições etc. Em seguida, foi
Esse procedimento permite que o es- informado que se tratava de texto do
tudante mobilize uma série de conhe- domínio do argumentar, o que levou a
cimentos, abrindo-se o caminho da formulação de hipóteses como: o autor
o professor compreensão: nessa antecipação são vai defender a extinção das torcidas
relembrados vários acontecimentos
desempenha um organizadas ou o autor vai sugerir for-
e ocorrências, palavras, vivências, mas de punir os torcedores que geram
papel central enfim, fundamentais no momento violência, dentre outras bastante plau-
ao promover a da leitura. síveis para o texto. Essa capacidade de
circulação do formular hipóteses facilita a leitura,
3. Outra dimensão é o acesso a
pois ajuda a prever que tipo de infor-
saber, conduzindo materiais diversos e de qualidade –
mação pode aparecer no texto. Desse
fundamental para que o estudante
o trabalho de modo, o leitor processa a informação
desenvolva seu senso crítico, sua
mais rapidamente, não se atendo ao
modo a aguçar capacidade de compreensão e abs-
visual, mas ao sentido.
tração, além de habilidades mais
o interesse e a
sofisticadas. No entanto, de pouco Diante do texto, então, à medida que
curiosidade dos vale o acesso a materiais de quali- o estudante lê, vai testando, aos pou-
dade sem uma orientação adequada
estudantes. cos, suas hipóteses. Não é necessário
para as atividades. Ou seja, o profes- “acertá-las”. Contudo, o leitor maduro
sor desempenha um papel central tem mais possibilidades de acertá-
ao promover a circulação do saber, -las, tamanho é o conhecimento que
conduzindo o trabalho de modo a agu- tem sobre o tema. Sua capacidade de
çar o interesse e a curiosidade dos prever é maior quando já conhece o gê-
estudantes, fazendo-os sanar suas nero, o jornal, a posição política de um
próprias dúvidas. Ele faz a mediação autor, o objetivo do texto etc. Ao longo
entre o estudante e o texto de forma da leitura, é interessante que o leitor
experiente: ao mesmo tempo em que monitore sua compreensão, confirman-
“conduz” a leitura, deixa que o estu- do suas hipóteses ou reformulando-as
dante faça suas próprias descobertas, a cada momento em que encontra in-
abrindo espaço para que o estudante formações inusitadas, não previamente
dialogue com o texto de forma cada reconhecidas.
vez mais autônoma. Essa tarefa não
é fácil, mas como leitor maduro, o 5. Outro aspecto a se levar em conta
professor saberá interferir apenas é o fato de que a leitura torna-se mais
quando necessário. proveitosa quando o professor traça
objetivos para ela.
4. O professor pode, antes de ler o
texto, pedir que os estudantes for- Ao se estabelecer um objetivo, é pos-
mulem hipóteses. Deve-se, nesse sível focar determinados aspectos de
momento, ficar atento às pistas que interesse para a atividade que realizada
37

em sala de aula, ou para um projeto um instrumento que propicia ao es-


pedagógico em andamento na escola. tudante uma conscientização sobre
A adoção dessas estratégias favorece a seus processos de compreensão e
leitura fluente e compreensão integral de aprendizagem. Ademais, permite
do texto. Após a leitura propriamente que os professores detectem o estado
dita, há duas estratégias que podem ser real de cada estudante em relação
adotadas: a construção de esquemas a esses processos, podendo, então,
e a “reação” aos textos. interferir de maneira mais eficaz no
seu desenvolvimento.
1. A construção de esquemas envolve a
percepção e a organização do conteúdo Esse conjunto de estratégias evidencia
apresentado. Assim, é possível elabo- que há uma constante necessidade de
rar uma lista dos tópicos e subtópicos se retomar alguns princípios centrais
citados no texto. No exemplo citado e basilares sobre a leitura, referendan-
anteriormente (o texto argumentativo do alguns conceitos talvez difusos em
sobre esportes), os estudantes per- virtude do uso corrente no cotidiano
ceberam que o autor apresentou um escolar.
fato do cotidiano (um confronto entre
torcedores); em seguida, apresentaram Da sala de aula para toda a escola
algumas soluções propostas pelo senso
comum para resolver o problema enfo- Em termos do processo pedagógico,
cado. Mais à frente, apresentaram sua a organização do currículo, somada à
própria solução para o problema (sua formação e qualificação docente, são
tese). Em seguida, sustentaram sua aspectos relevantes para a formação do
proposta com comentários plausíveis leitor. Afinal, a maneira como o currí-
em relação à sugestão feita. A utilização culo se estrutura pode favorecer uma
desse esquema favorece a internaliza- percepção mais ampla dos processos
ção ao mesmo tempo em que tem uma sociais inerentes à leitura, favorecendo
compreensão global do texto. a aprendizagem. Nessa linha, o desen-
volvimento de projetos pode dar bons
2. Outra estratégia para a formação resultados, na medida em que são
do leitor proficiente é o momento de desenvolvidas atividades socialmente
reação frente ao texto. São inúmeras relevantes e engajadas.
as reações que um texto pode provocar,
fazendo com que as pessoas exerci- Ainda nessa direção, a interdisciplina-
tem o senso de humor, a capacidade ridade também contribui, pois promove
de argumentar, contra-argumentar, de uma integração temática e metodoló-
propor soluções, de comparar fatos. gica entre áreas do conhecimento, por
Todas essas atividades fazem com que meio de atividades conjuntas do corpo
o estudante cresça intelectualmente. docente, já que a leitura permeia todas
as áreas do conhecimento.
Um gênero textual que focaliza essas
reações e tem o objetivo de registrá-las Outro aspecto decorre da constatação
é o chamado “diário de leitura”, pouco que o desenvolvimento das habilida-
conhecido em escolas e universidades, des de leitura é progressivo. Assim, as
mas bastante útil para que o leitor crianças com dificuldades podem ser
tenha uma atitude ativa e analítica dian- agrupadas em atividades extraclasse,
te da leitura. Os exercícios de escrita a partir da verificação das habilidades
no diário (anotações que se faz durante não desenvolvidas, para um trabalho
e depois da leitura) proporcionam um complementar a fim de avançar na
movimento contínuo de reflexão, o que direção do leitor proficiente.
colabora para a formação do cidadão
crítico e participativo que tanto enfati- Como se constata, muito já foi produ-
zamos na educação. zido no campo do ensino de língua e
já existe um corpo de conhecimento,
Em outras palavras, não basta escre- produzido inclusive a partir dos resulta-
ver sobre o que foi lido: o estudante dos das avaliações, que pode colaborar
precisa, para além de descrever, fortemente para a construção de uma
analisar e avaliar o texto. De fato, é escola de qualidade.
38
39

Padrões de Desempenho Estudantil

P ara uma escola ser considerada


eficaz, ou seja, para fazer a dife-
rença na vida de seus usuários, ela
deve proporcionar altos padrões de
aprendizagem a todos, independente
de suas características individuais,
familiares e sociais. Se apenas um
grupo privilegiado consegue aprender
com suficiente qualidade o que é ensi-
nado, aumentam-se as desigualdades
intraescolares e, como consequência,
elevam-se os indicadores de repetên-
cia, evasão e abandono escolar. Na
verdade, criam-se mais injustiças.
Esse é um cenário que, certamente,
nenhum professor gostaria de ver em
nenhuma escola.

O desempenho escolar de qualidade


implica, necessariamente, a realização
dos objetivos de ensino propostos. Os
padrões de desempenho estudantil,
nesse sentido, são balizadores dos
diferentes graus de realização edu-
cacional alcançados pela escola. Por
meio deles é possível analisar a dis-
tância de aprendizagem entre o per-
centual de estudantes que se encontra
nos níveis mais altos de desempenho
e aqueles que estão nos níveis mais
baixos. A distância entre esses extre-
mos representa, ainda que de forma
alegórica, o abismo existente entre
aqueles que têm grandes chances de
sucesso escolar e, consequentemente,
maiores possibilidades de acesso aos
bens materiais, culturais e sociais; e
aqueles para os quais o fracasso es-
colar e a exclusão social podem ser
mera questão de tempo, caso a escola
não reaja e promova ações com vistas
à promoção da equidade. Para cada
padrão, são apresentados exemplos
de item* do teste do SAEPE.

* O percentual de brancos e nulos não está


contemplado nesses exemplos.
40

Elementar I

As habilidades presentes neste padrão


de desempenho são muito elementa-
res e relacionam-se, essencialmente,
à apropriação do código alfabético.
Apesar disso, estudantes neste padrão
revelam ter desenvolvido algumas ha-
bilidades indicativas da participação
em eventos sociais e escolares de
letramento. Eles leem frases e, nelas,
localizam informações. Também, iden-
tificam a finalidade e o gênero de textos
que circulam em contextos ligados à
vida cotidiana, como bilhetes, receitas
e convites. Isso mostra que ainda não
podem ser considerados leitores au-
tônomos, pois necessitam, para isso,
desenvolver habilidades que lhes per-
mitam interagir com textos.
41

Até 125 pontos


42

Elementar II

Neste padrão, manifestam-se habilida-


des que evidenciam uma maior autono-
mia de leitura de textos de alguns gê-
neros que circulam no contexto escolar
e que apresentam temáticas familiares
aos estudantes. Nota-se que, neste
padrão, eles começam a desenvolver
habilidades básicas de leitura como
localização de informações explícitas,
de elementos de narrativas e assunto.
Ademais, realizam operações relativas
à inferência de sentido de palavra ou
expressão, de uso de pontuação, de
informações em textos com estrutura
simples e de efeitos de humor. Também,
identificam a finalidade de textos.

No que se refere à variação linguística,


reconhecem expressões características
da linguagem coloquial. Constata-se,
assim, que começam a desenvolver um
leque de habilidades que lhes permitirá
avançar para um nível mais complexo
de leitura.
43

de 125 até 175 pontos


44

Leia o texto abaixo.


Feijoada

Nasceu nas senzalas que abrigavam os escravos no Rio de Janeiro no final do século XIX.
Quando os nobres matavam um porco, os restos indesejados – pés, orelhas, rabo e tripas – eram
dados aos escravos. Eles misturavam tudo isso ao feijão durante o cozimento e colocavam farinha
assada por cima antes de comer.
DUARTE, Marcelo. O guia dos curiosos. Companhia das Letras. (P060029A8_SUP)

(P060031A8) O que os escravos faziam com os restos do porco?


A) Davam aos nobres.
B) Jogavam fora.
C) Misturavam ao feijão.
D) Misturavam com farinha.

A habilidade avaliada por este item é


a de localizar informação explícita em
Os estudantes que assinalaram a opção
A (10,8%), possivelmente, fizeram uma A 10,8%
um texto. leitura parcial do comando e conside-

O suporte traz um texto curto, de cunho


raram os nobres como sendo os su-
jeitos da ação por ele descrita. Essa
B 9,5%
opção pode ter sido feita porque, a ação
C 56,6%
informativo, que apresenta uma curiosi-
dade acerca do surgimento da feijoada, contida no comando, de acordo com o
no Brasil, ao final do século XIX. texto, também poderia ser atribuída

Para chegarem ao gabarito, os estu-


aos nobres.
D 20,3%
dantes precisam ler o texto na íntegra, Aqueles que escolheram a letra B
(9,5%) podem ter limitado sua leitu-
considerando a sequência narrativa dos
ra às duas primeiras linhas do texto,
fatos, para perceberem, na penúltima
considerando a expressão “os restos
linha, a resposta ao comando do item.
indesejados”, como sendo lixo, ou deje-
tos que poderiam ter sido jogados fora.
Os estudantes que marcaram a alterna-
tiva C (56,6%), gabarito, demonstraram
Os demais estudantes, D (20,3%), pro-
ter desenvolvido a habilidade avaliada
vavelmente, levaram em conta somente
pelo item proposto. Embora a resposta a segunda atitude dos escravos em
esteja clara no texto, para reconhecê- relação aos restos do porco, descrita
-la, esses estudantes precisaram nas duas últimas linhas do texto – “e
identificar o referente “eles”, no início colocavam farinha por cima antes de
da última frase que retoma o termo comer.”. Essa escolha afasta-se da
“escravos” presente na frase anterior. habilidade avaliada porque, apesar de
Dessa forma, concluíram que a ação estar explícita no texto informativo, não
do referencial é a mesma competente dialoga com a ideia central solicitada
aos escravos e chegaram ao gabarito. pelo comando.
45
46

BÁSICO

Analisando-se as habilidades represen- opinião. Acrescente-se ainda que inter-


tativas deste padrão de desempenho, pretam textos que integram linguagem
observa-se que há indícios de apro- verbal e não verbal cuja temática se
priação de elementos que estruturam relaciona ao cotidiano do estudante.
o texto, manifestada em operação de
retomada de informações por meio de Percebe-se que, neste padrão, os estu-
pronomes pessoais retos, por subs- dantes revelam estar em contato mais
tituição lexical e por reconhecimento intenso com eventos de letramento,
de relações lógico-discursivas no texto, pois conseguem identificar a finalidade
marcadas por advérbios e locuções ad- de alguns textos que circulam em uma
verbiais e por marcadores de causa e sociedade letrada.
consequência.
Uma das habilidades que melhor evi-
Com relação às operações inferenciais, denciam a ampliação da complexidade
eles depreendem informações implíci- das operações cognitivas realizadas
tas, o sentido de palavras ou expres- pelos estudantes que se encontram
sões, o efeito do uso de pontuação e neste padrão é a capacidade de cons-
de situações de humor. truir relações de intertextualidade,
comparando textos que tratam do
No que diz respeito ao tratamento das mesmo tema.
informações globais, esses estudan-
tes identificam o assunto de textos Constata-se, assim, que os estudantes
que abordam temáticas que lhes são que se encontram neste padrão conse-
familiares. guem mobilizar habilidades para atuar
sobre o texto, indo além das informa-
Neste padrão, constata-se também ções apresentadas em sua superfície,
que, no que se refere às informações da atingindo camadas mais profundas de
base textual, identificam elementos da significado.
estrutura narrativa e distinguem fato de
47

de 175 até 225 pontos


48

Leia o texto abaixo.


A águia e a raposa
Certa vez, uma águia roubou duas raposinhas e as levou para alimentar seus filhotes num
ninho feito numa árvore bem alta. A raposa, ao saber disso, correu até a árvore e implorou para
a águia devolver as raposinhas. Mas o pássaro nem ligou e disse que aquele era o almoço dos
seus filhotes. Muito esperta, a raposa começou a juntar galhos e folhas secas em volta do tronco
da árvore e ateou fogo, formando uma grande fogueira. Apavorada com a fumaça, a águia jogou
de volta os filhotes da raposa e ainda por cima quase se queimou com o fogo.
Recreio. ano 2, n. 94, p. 29, 27 dez. 2001. (P050023EX_SUP)

(P050023EX) De acordo com esse texto, a águia jogou os filhotes da raposa de volta, porque
A) a raposa estava desconfiada da águia.
B) a raposa implorou para a águia soltá-los.
C) ficou apavorada com a fumaça do fogo.
D) queria alimentar seus pequenos filhotes.

A habilidade avaliada pelo item é a de


estabelecer relação de causa e conse-
taram a desconfiança da raposa como
sendo sinônimo de dúvida em relação a
A 9,1%
quência entre partes de um texto. Nesse sua estratégia para recuperar os seus
caso, o suporte apresenta uma fábula,
que tem por características discursivas
filhotes – a raposa estava “desconfiada” B 16,9%
que seu plano daria certo, a águia teria
a narração factual e a personificação
de animais.
medo do fogo e entregaria seus filhotes.
Essa escolha se distancia do gabarito C 51,6%
porque não responde à solicitação do
Para resolverem o item, os estudantes
precisam ler todo o texto, acompanhan-
comando.
D 20,9%
do a evolução dos fatos, para ao final
Os estudantes que escolheram a letra
perceberem a resposta explicitada na
B (16,9%), possivelmente, fizeram uma
penúltima linha do suporte. O fato de
leitura parcial do texto, considerando
os estudantes poderem encontrar essa
as informações das três linhas iniciais
informação apresentada de forma clara
e encontrando na primeira atitude da
no texto pode ser um facilitador para a
resolução do item. raposa a razão para a recuperação dos
filhotes.
Os estudantes que marcaram a letra
C (51,6%), gabarito, demonstraram ter Assim como aqueles estudantes que
desenvolvido a habilidade avaliada pelo marcaram a opção D (20,9%) podem
item. ter pode ter se pautado na interpreta-
ção do comando, ao trocarem o verbo
Os estudantes que optaram pela alter- “jogou” por “roubou” – o que justificaria
nativa A (9,1%), possivelmente, interpre- a resposta incorreta.
49

Leia o texto abaixo.

João Feijão

Quando um pé de feijão nasce, ele nasce todo enroscado. Foi assim que nasceu João, o pé
de feijão.
João nasceu, logo quis água. Só que feijão bebe água da terra, puxando a água pelas raízes.
João quis beber, fez força... mas cadê água? A terra estava seca.
ORTHOF, Sylvia. João Feijão. (P050265B1_SUP)
(P050265B1) Nesse texto, a palavra “enroscado” significa
A) aguado.
B) enraizado.
C) enrolado.
D) puxado.

Este item avalia a habilidade de inferir


sentido de palavra a partir do contexto
Os estudantes que escolheram a letra
A (15,3%), possivelmente, associaram
A 15,3%
e apresenta, no suporte, o fragmento as referências feitas ao nascimento de
de um texto narrativo do gênero conto.
um pé de feijão, prescritos na primeira B 19,3%
linha do texto, onde aparece a palavra
Para realizar essa tarefa, os estudantes
precisam inferir o sentido da palavra “enroscado”, à descrição também do
nascimento de João Feijão e seu dese-
C 41,1%
em destaque no comando. Não se trata
de verificar se o estudante conhece o
vocabulário dicionarizado, mas se ele
jo por água logo ao nascer, na quarta
linha. D 22,6%
é capaz de reconhecer o significado da
palavra no contexto. Aqueles estudantes que assinalaram a
opção B (19,3%) podem ter focalizado
Os estudantes que marcaram a letra C
sua atenção no fato de que a maioria
(41,1%), gabarito, associaram cada uma
das respostas às situações da narrativa, das plantas desenvolve primeiramente
relacionando os verbos apresentados as raízes para depois crescerem o caule
nas opções a palavras do texto que são e as folhas, e distanciando-se assim do
da mesma raiz semântica. Dessa forma que o comando solicita.
perceberam que três desses verbos
são ações que não estão diretamente Os estudantes que escolheram a letra
relacionadas ao feijão. Além disso, pau- D (22,6%), provavelmente, relacionaram
tados em seus conhecimentos prévios
o sinônimo de enroscar ou torcer, com
de mundo e entendendo que um pé de
puxar ou arrancar, extrair. Essa escolha
feijão tem a característica de planta
trepadeira, que apoia seu caule em pode ter sido feita pela proximidade que
alguma base para crescer, concluíram há na realização dos movimentos em
que a resposta certa é “enrolado”. si e se afastaram do gabarito.
50

Leia o texto abaixo.

Disponível em: <http://tirinhastdm.blogspot.com>. (P050190CE_SUP)

(P050190CE) De acordo com esse texto, a mãe do Cebolinha


A) comeu as bolachas com leite.
B) duvidou da existência do bicho-papão.
C) ficou com medo do bicho-papão.
D) preparou uma armadilha para o bicho.
51

A habilidade avaliada pelo item é a


de interpretar textos que articulam
com a bandeja e a sua expressão facial
quando vê Cebolinha preparando a ar-
A 16,1%
elementos verbais e não verbais. No madilha, como sendo uma declaração
caso deste item, o suporte apresenta
o gênero história em quadrinhos, com
de culpa pelo roubo das bolachas com
leite.
B 47,8%
oito cenas permeadas por falas dos
personagens. Os estudantes que assinalaram a opção C 8,4%
C (8,4%), possivelmente, leram o texto
Para responderem ao item, os estu-
dantes precisam ler quadro a quadro
somente até o terceiro quadrinho e con-
sideraram a expressão de espanto no
D 26,7%
isoladamente e na sequência para
rosto da mãe como sendo uma reação
perceberem que uma cena dá origem
de medo do bicho-papão.
a outra. Dessa forma podem interpretar
a sequência narrativa através da articu-
Já aqueles que marcaram a letra D
lação dos quadros e concluir o gabarito.
(26,7%), provavelmente, ao lerem o
quarto quadrinho, consideraram que a
Aqueles estudantes que marcaram
o gabarito, letra B (47,8%) fizeram mãe havia terminado de abrir a arataca
uma leitura competente do texto e de- para pegar o bicho-papão. Essa escolha
monstraram o domínio da habilidade também pode ter sido feita pelo fato
avaliada. de que, segundo a história do bicho-
-papão, quem o espanta ou vence é um
Os estudantes que escolheram a letra A adulto, protetor das crianças, nesse
(16,1%) podem ter lido o texto de forma caso, a mãe. Escolha que apesar de
desordenada, fora da sequência, e in- demonstrar conhecimento de mundo,
terpretaram a movimentação da mãe não atende a habilidade avaliada.
52

Leia o texto abaixo.

Raiozinho de Sol

Um raiozinho fugiu do sol e ficou escondido. Ele queria ver o que aconteceria na floresta,
quando acabava o dia.
Dentro da noite, o raiozinho parecia um sol. Por isso os passarinhos não foram para os ninhos,
as abelhas zumbiam sobre as flores e as formigas carregavam alimentos. Eles diziam cansados:
– Que dia comprido! Não tem fim!
Quando amanheceu de verdade, as aves dormiam fora dos ninhos, as abelhas fora da colmeia
e as formigas no caminho do formigueiro.
O raiozinho viu que a sua curiosidade havia atrapalhado a vida da floresta, não deixando os
bichos descansarem.
Arrependido, voltou para o seu pai sol.
Souza, Isa Ramos de Azevedo. Disponível em: <www.anossaescola.com/eb1/>. *Adaptado: Reforma Ortográfica. (P050357A8_SUP)

(P050358A8) Quem conta essa história?


A) As abelhas.
B) As formigas.
C) O narrador.
D) O raio de sol.

Este item avalia a habilidade de reco-


nhecer os elementos de uma narrativa,
Os estudantes que escolheram a al-
ternativa A (7,3%) e B (10,8%) se dis-
A 7,3%
nesse caso, um narrador que conta a tanciaram do gabarito, provavelmente,
história em terceira pessoa do singular.
porque não dominam a habilidade ava- B 10,8%
O suporte apresenta uma narrativa em liada e se pautaram na ideia de que o
forma de conto, de extensão curta e narrador deveria ser, no caso desse C 36,9%
linguagem simples. texto, um animal personificado, que

Para resolver este item, os estudantes


teria o dom de falar, podendo contar
a história. Além disso, podem perce-
D 44,1%
precisam identificar os elementos da
ber que o narrador deveria ser alguém
narrativa como personagem principal,
lugar, tempo e narrador. Ao fazerem que presenciou a história e pensaram
essa análise, os estudantes podem con- ser importante escolher quem tivesse
cluir que há um narrador onisciente, feito parte dela, como as abelhas e as
ou seja, aquele que sabe de tudo. De formigas.
acordo com esse texto, o narrador co-
nhece todos os aspectos da história e Aqueles que assinalaram a opção D
até os sentimentos dos personagens.
(44,1%), possivelmente, confundiram o
Os estudantes que marcaram a letra C narrador com o personagem principal,
(36,9%) demonstraram ter desenvolvido demonstrando que ainda não dominam
a habilidade avaliada pelo item. a habilidade avaliada.
53

Leia o texto abaixo.


Geografia moderna

Joãozinho estava estudando Geografia e sua mãe lhe perguntou:


– Joãozinho, onde fica a Inglaterra?
Ele respondeu:
– Na página 53!
Clubinho das piadinhas para as crianças se divertirem. Case Editorial. ed. 05. p. 21. (P050222B1_SUP)

(P050222B1) Na última frase desse texto, o uso do ponto de exclamação indica uma
A) pausa na leitura.
B) pergunta imprópria.
C) reclamação exagerada.
D) resposta inesperada.

A habilidade avaliada por este item é a


de identificar efeitos de sentido decor-
o valor semântico dos sinais de pontu-
ação num texto, mas, nesse caso, con- A 24,7%
rentes do uso de pontuação. fundiram a função da exclamação com

O suporte traz um texto curto, do gênero


os dois pontos que foram utilizados na
frase anterior para marcar uma pausa.
B 21,6%
piada, que apresenta uma situação coti-
diana com desfecho surpreendente, de Do mesmo modo, aqueles que opta- C 11,4%
sentido humorístico. A pontuação é um ram pela alternativa B (21,6%), prova-
recurso linguístico explorado pelo autor
para auxiliar no processo de inferência.
velmente, não relacionaram o nome
do sinal indicado no comando ao seu
D 41,0%
símbolo e, consequentemente, des-
Ao resolverem essa tarefa, os estudan- consideraram a função do mesmo, se
tes podem perceber a relevância do uso distanciando do gabarito. Essa escolha
dos sinais de pontuação para marcar também pode ter sido feita, em função
as pausas, melodia e entonação das da interpretação equivocada do texto,
frases, proporcionando à estrutura pois os estudantes possivelmente en-
textual maior sentido e fluidez. E para tenderam que a mãe estava fazendo
chegarem ao gabarito, os estudantes um teste para ver se o filho realmente
precisam ler o texto, localizar nele o estava estudando.
sinal de exclamação, identificar a sua
função no contexto e relacioná-lo às si- Os demais estudantes que assinalaram
tuações apresentadas nas alternativas. a opção C (11,4%) podem ter realizado
uma leitura superficial do texto, consi-
Os estudantes que marcaram a letra D derando a alternativa como sendo uma
(41,0%) demonstram o conhecimento resposta do menino, em tom de protes-
desses recursos ortográficos e os seus to, à arguição da mãe. Esses estudantes
efeitos de sentido. desconsideraram o efeito de sentido da
exclamação no contexto, que acentua a
Os estudantes que escolheram a letra entonação da fala do menino pontuando
A (24,7%), possivelmente, já conhecem a sua displicência ao responder à mãe.
54

Desejável

Neste padrão, os estudantes demons-


tram uma maior capacidade de interagir
com textos de estrutura mais complexa
e de temática menos familiar.

No que diz respeito aos textos narrati-


vos, eles conseguem identificar perso-
nagens e, também, o conflito gerador
e o desfecho.

Na dimensão relativa à apropriação


de elementos que estruturam o texto,
manifestam habilidades de realizar
operações de retomada de informações
por meio de pronomes demonstrativos,
possessivos, por substituição lexical e
por reconhecimento de relações lógico-
-discursivas no texto, marcadas por
expressões adverbiais.

No campo da variação linguística, neste


padrão, os estudantes identificam in-
terlocutores por meio de marcas lin-
guísticas.

No que concerne à realização de infe-


rências, reconhecem o efeito de humor
produzido pelo uso de ambiguidade e do
emprego de notações.

As habilidades desenvolvidas neste


nível revelam um leitor mais maduro,
capaz de lidar com uma maior gama de
gêneros textuais.
55

acima de 225 pontos


56

Leia o texto abaixo.

O dente

O Junim era pequenininho e um dia ficou sem ir à aula. No dia seguinte, a professora perguntou
pra ele a razão da ausência.
– É que o meu dente estava doendo.
– Coitadinho... – disse a professora. – E agora, parou de doer?
E o Junim:
– Não sei, professora. Ele ficou lá no dentista.
ZIRALDO. O livro de riso do Menino Maluquinho. São Paulo: Melhoramentos, p. 102. (P050316B1_SUP)

(P050317B1) Esse texto serve para


A) descrever um objeto.
B) divertir o leitor.
C) informar o leitor.
D) relatar um fato.

A habilidade avaliada pelo item é a de


identificar a finalidade de diferentes
se tivesse vida própria. Assim sendo,
puderam concluir a finalidade do texto
A 5,0%
gêneros textuais. ao identificarem a sua função social.

O suporte apresenta um texto de ex- Os estudantes que marcaram a alter-


B 55,7%
C 7,9%
tensão curta, do gênero piada, que nativa A (5,0%) podem ter focalizado
circula na comunidade escolar e tem sua atenção no título, deduzindo que
uma função específica: divertir o leitor. o objetivo do texto é descrever as ca-

Para realizar essa tarefa, os estudantes


racterísticas de um dente.
D 30,8%
precisam analisar a estrutura do texto, Processo semelhante pode ter ocorrido
ler o seu conteúdo e entender o humor com aqueles que assinalaram a opção
presente na piada. Dessa forma, pau- C (7,9%), possivelmente, fizeram uma
tados nessas informações recolhidas, leitura superficial do suporte e pensa-
podem concluir qual é o objetivo do ram ser esse o formato de um texto
texto e chegar ao gabarito. informativo, cujo objetivo é trazer orien-
tações sobre higiene bucal e cuidado
Os estudantes que escolheram a letra com os dentes.
B (55,7%) demonstraram ter desenvol-
vido a habilidade avaliada. Ao fazerem Já os que optaram pela letra D (30,8%),
a leitura completa do texto, esses es- provavelmente, confundiram a forma do
tudantes perceberam o lado cômico texto e sua extensão com a estrutura
do texto ao se surpreenderem com o de uma notícia, desconsiderando as in-
final inesperado do menino conside- formações apresentadas na sequência
rando que o dente doía sozinho, como narrativa.
57

Leia o texto abaixo.

O MUNDO É REDONDO

É graças à roda que trens, carros, barcos e aviões funcionam. Ela também é usada na construção
de máquinas fotográficas, calculadoras, celulares e computadores. Desde os primeiros modelos
de rodas em madeira, o invento evoluiu tanto que hoje é possível fabricar rodas com diâmetro
menor do que o de um fio de cabelo, usadas em computadores modernos.
Recreio. n. 359, p. 17. (P050115B1_SUP)

(P050115B1) Na frase “Ela também é usada...”, a palavra destacada substitui a palavra


A) calculadora.
B) construção.
C) máquina fotográfica.
D) roda.

A habilidade avaliada por este item é


a de reconhecer relações entre partes
Os estudantes que escolheram as letras
A (16,7%), B (22,9%) e C (24,8%) podem
A 16,7%
de um texto, identificando os recursos ter relacionado o pronome oblíquo do
coesivos que contribuem para sua con-
tinuidade, como nesse caso, a substi-
caso reto “ela” às palavras femininas B 22,9%
das alternativas, que aparecem na
tuição da palavra “roda” pelo referente
“ela” – pronome oblíquo do caso reto. mesma frase do texto e que poderiam
ser substituídas também pelo prono-
C 24,8%
O suporte apresenta um texto informa-
tivo, de extensão curta, sobre a roda e
me em outra situação. O aparecimento
dessas palavras na mesma linha pode
D 33,7%
as curiosidades acerca de sua utilização ter sido um fator preponderante na es-
nos mais variados meios tecnológicos,
colha dessa alternativa. Essas escolhas
desde a sua invenção.
afastam-se da habilidade avaliada por-
Os estudantes que marcaram a letra que demonstram que o estudante não
D (33,7%), gabarito, demonstraram ter estabeleceu relações sequenciais ao
desenvolvido a habilidade avaliada. ler o texto.
58

Leia o texto abaixo.


Geografia moderna

Joãozinho estava estudando Geografia e sua mãe lhe perguntou:


– Joãozinho, onde fica a Inglaterra?
Ele respondeu:
– Na página 53!
Clubinho das piadinhas para as crianças se divertirem. Case Editorial. ed. 05. p. 21. (P050222B1_SUP)

(P050223B1) Esse texto é engraçado, porque


A) a mãe desconhecia onde ficava a Inglaterra.
B) a mãe impedia que Joãozinho olhasse a resposta.
C) o menino dá uma resposta que confunde a mãe.
D) o menino entende que sua mãe precisa estudar.

A habilidade avaliada por este item é a


de identificar efeitos de humor no texto.
de Joãozinho, fazendo perguntas sobre
Geografia, que ele deveria responder
A 25,6%
sem consultar o livro. Podem também
O suporte traz um texto curto, do gênero
piada, que apresenta uma situação coti-
ter interpretado que Joãozinho usou de
esperteza, pois não sabia a resposta
B 16,1%
diana com desfecho surpreendente, de
C 32,4%
e quis pelo menos dizer o número
sentido humorístico. A pontuação é um da página onde havia a informação
recurso linguístico explorado pelo autor correta, para se livrar do julgamento
para auxiliar no processo de inferência. da mãe. Essa escolha pode ter sido
feita, baseada numa prática bastante
D 23,0%
Para resolver este item os estudantes comum de mães auxiliarem seus filhos
precisam considerar todo o texto e não
nos deveres de casa, o que demonstra
somente um ou outro trecho. Também
conhecimento de mundo, mas se afasta
precisam ativar seus conhecimentos
da habilidade avaliada.
prévios para entender o final surpre-
endente.
Aqueles que escolheram a letra D
(23,0%), provavelmente, desconside-
Os estudantes que marcaram a letra
raram a ideia cômica do texto e pen-
C (32,4%), gabarito, demonstraram ter
saram que o menino realmente estava
desenvolvido a habilidade avaliada pelo
item. indicando para a mãe onde ela poderia
encontrar a resposta. Esses estudantes
Os estudantes que marcaram a alterna- não perceberam o humor do texto, que
tiva A (25,6%), possivelmente, leram o reside no fato de que o menino indicou
texto até a segunda linha e entenderam a página para safar-se de responder a
que a mãe estava mesmo querendo pergunta sobre Geografia.
saber a localização geográfica da Ingla-
terra para seu próprio conhecimento. Os estudantes que optaram pelas letras
A, B e D desconhecem a figura enigmá-
Os estudantes que assinalaram a opção tica de “Joãozinho”, um anti-herói bra-
B (16,1%) podem ter confundido a atitu- sileiro, que por sua esperteza, promove
de da mãe com uma arguição, através situações de humor em piadas muito
da qual ela testava os conhecimentos difundidas em variados meios sociais.
59

Leia o texto abaixo.

JOÃO CABRAL DE MELO NETO

João Cabral de Melo Neto (9 de janeiro de 1920, Recife – 9 de outubro de 1999, Rio de
Janeiro) foi um poeta e diplomata brasileiro. Sua obra poética, caracterizada pelo rigor estético,
com poemas avessos a confessionalismos e marcados pelo uso de rimas toantes, inaugurou uma
nova forma de fazer poesia no Brasil. Irmão do historiador Evaldo Cabral de Melo e primo do poeta
Manuel Bandeira e do sociólogo Gilberto Freyre, João Cabral foi amigo do pintor Juan Miró e do
poeta Joan Brossa. Membro da Academia Pernambucana de Letras e da Academia Brasileira de
Letras, foi agraciado com vários prêmios literários. Quando morreu, em 1999, especulava-se que
era um forte candidato ao Prêmio Nobel de Literatura.
Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Cabral_de_Melo_Neto>. Acesso em: 9 abr. 2010. (P050146EX_SUP)

(P050146EX) Esse texto é


A) uma notícia.
B) uma biografia.
C) um poema.
D) um aviso.

Este item avalia a habilidade de iden-


tificar o gênero do texto, que no caso
Os estudantes que escolheram a alter-
nativa A (34,2%) podem ter confundido A 34,2%
apresentado pelo suporte, trata-se a estrutura da biografia com a de um
da biografia de um consagrado poeta
brasileiro.
texto jornalístico, por conta de sua ex-
tensão e de informações como datas e
B 24,8%
locais – dados muito comuns aos dois
Para realizar essa tarefa os estudantes gêneros. C 23,3%
precisam ler o texto, na íntegra, reco-
nhecendo não só a sua organização
estrutural ou forma, como também o
Aqueles que assinalaram a opção C
(23,3%), possivelmente, fizeram uma
D 16,6%
seu conteúdo, para concluírem a que leitura superficial do texto, conside-
gênero ele pertence. rando as cinco ocorrências da palavra
“poesia”, associando, em função do
Os estudantes que marcaram a letra campo semântico, ao gênero poema.
B (24,8%), gabarito, demonstraram ter
domínio da habilidade avaliada. Esses Já os demais estudantes, que marca-
estudantes identificaram as caracterís- ram a letra D (16,6%), provavelmente,
ticas discursivas da narrativa factual e confundiram-se ao considerarem as
objetiva. Além disso, puderam concluir características da obra do poeta como
que no texto há informações a respeito parte de um aviso sobre a realização
da história de vida do artista, do seu de uma palestra ou o lançamento de
nascimento até a morte. um livro.
60
61

Com a palavra, o professor

Motivação para seguir em frente


Para professora, heterogeneidade é principal desafio

A professora de Língua Portuguesa Lu-


ciene Viana Santo diz que lecionar não
era sua primeira opção. “Na realidade,
sua opinião, é preciso observar as pre-
ferências de cada estudante, mas “não
existe uma fórmula para estimulá-los, eu
foi a carreira que me escolheu. Minha busco uma todos os dias quando entro
pretensão era cursar Serviço Social”, na sala e descubro lá mesmo, quando
revela. Com treze anos de atuação, Lu- falo com eles”.
ciene adaptou-se à profissão: “comecei a
me envolver em trabalhos diferenciados, Avaliação
projetos pedagógicos e adquirindo mais
experiência.” Outro fator que destaca De acordo com a educadora, os resulta-
na carreira é o relacionamento pessoal. dos das avaliações externas beneficiam
“Não deixei de estar perto de pessoas, a aprendizagem em sua área de conhe-
isso me faz sentir bem, ajudar ao próximo, cimento, ajudando a planejar novas es-
entender suas carências; aprender com tratégias pedagógicas. “Através desses
os jovens é maravilhoso”. resultados, avaliamos o nosso trabalho
em sala de aula, nos atualizamos com
Segundo ela, as dificuldades da profissão assuntos em provas e concursos que,
vão desde a pouca prática de leitura ao possivelmente, nossos estudantes
Luciene Viana Santo acompanhamento familiar. “Hoje, meu terão que fazer futuramente”, explica.
maior desafio é tentar conciliar o ensino As informações geradas também são
da língua portuguesa com as dificuldades utilizadas para executar novas formas
dos estudantes que, por sinal, são muitas. de aplicar o conteúdo diante das metas
Os estudantes escrevem mal, leem pouco. não atingidas.
Existem problemas de comportamentos
inadequados decorrentes de famílias de- A professora acredita que aplicar itens de
sestruturadas e pais ausentes que não múltipla escolha aos estudantes contribui
acompanham a vida escolar dos filhos para adequá-los às exigências dos con-
ou mesmo a falta de uma família”, relata. cursos e vestibulares. Ela explica que os
testes são uma forma mais complexa de
Luciene, que leciona em cinco turmas, avaliar o conhecimento dos estudantes e
acredita que a função da escola é ser a saber se eles entenderam o enunciado de
ponte de sustentação entre o estudante forma correta.
e o conhecimento. A professora diz que
o elevado número de estudantes, cerca Os padrões de desempenho determinados
de 45 por turma, é um desafio, pois nem pelo estado são, segundo Luciene, úteis
todos são interessados na disciplina. Em para a prática pedagógica.
A consolidação de uma escola de qualidade
é uma exigência social. A aprendizagem
de todos no tempo e idade certos é um
dever dos governos democráticos.
Para tanto, as unidades escolares devem ser
autônomas, capazes de planejar e executar
seus projetos com o objetivo de garantir a
aprendizagem dos estudantes. Tanto mais
eficazes serão as ações desenvolvidas pelas
escolas quanto mais informações acerca
de si próprias elas tiveram à disposição.
Nesse contexto, a avaliação se insere
como forte instrumento provedor de dados
sobre a realidade educacional. Portanto,
os resultados apresentados nesta revista,
para atingir o fim a que se destinam, devem
ser socializados, estudados, analisados e
debatidos à exaustão em suas múltiplas
possibilidades de uso pedagógico. Temos
certeza que isso já está acontecendo em
todas as escolas de Pernambuco.
Reitor da Universidade Federal de Juiz de Fora Coordenação Geral do SAEPE
Henrique Duque de Miranda Chaves Filho Maria Epifania de França Galvão Valença

Coordenação Geral do CAEd Equipe Pedagógica


Eliezer Carlos Pires
Lina Kátia Mesquita Oliveira
Herocilda de Oliveira Alves
Coordenação Técnica do Projeto Jeanne Amália de Andrade Tavares
Marcos Antônio Heleno Duarte
Manuel Fernando Palácios da Cunha Melo
Maria José Ferreira França
Coordenação da Unidade de Pesquisa Rosângela Benevides Carneiro Correia
Vânia Rodrigues Pereira
Tufi Machado Soares
Coordenação de Análises e Publicações Equipe de Estatística, Análise e Divulgação dos Resultados
André Luiz Maia de Sena Melo
Wagner Silveira Rezende Isabella de Fátima Silva Guedes
Coordenação de Instrumentos de Avaliação Josué Paulo Santiago Junior
Patrícia Dantas Barbosa
Verônica Mendes Vieira
Pedro Alvino Barata
Coordenação de Medidas Educacionais Joanna D’arc Costa de Barros e Silva
Wellington Silva
Coordenação de Operações de Avaliação
Rafael de Oliveira
Coordenação de Processamento de Documentos
Benito Delage
Coordenação de Produção Visual
Presidente Estadual
Hamilton Ferreira
Maria do Socorro Ferreira Maia
Responsável pelo Projeto Gráfico
Comissão da UNDIME- PE
Edna Rezende S. de Alcântara Maria do Socorro de Araújo Gomes
Leila Maria Lopes Loureiro
Ficha Catalográfica
VOLUME 3 – LÍNGUA PORTUGUESA – 4ª série/5º ano Ensino Fundamental
PERNAMBUCO. Secretaria da Educação. SAEPE – 2011 / Universidade Federal de Juiz de Fora, Faculdade de Educação, CAEd. v. 3 (jan/
dez. 2011), Juiz de Fora, 2011 – Anual

ANDRADE, Adriana de Lourdes Ferreira de; FINAMORE, Rachel Garcia; FULCO, Roberta; MACHADO, Maika Som; MARTINS, Leila Márcia
Mafra; MICARELLO, Hilda Aparecida Linhares da Silva; OLIVEIRA, Camila Fonseca de; PIFANO, Higor Evérson de Araújo; SILVA, Josiane
Toledo Ferreira (coord.); SILVA, Maria Diomara da; TAVARES, Ana Letícia Duin.

Conteúdo: 4ªsérie/5º ano do Ensino Fundamental – Língua Portuguesa

ISSN 1948-560X
CDU 373.3+373.5:371.26(05)
ISSN 1948-560X

SAEPE

2011
revista pedagógica
4ª série/5º ano do Ensino Fundamental - Língua Portuguesa

Seções
A importância dos resultados
A escala de proficiência
Padrões de desempenho estudantil
O trabalho continua

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