2011
REVISTA PEDAGÓGICA
LÍNGUA PORTUGUESA - 3º ANO DO ENSINO MÉDIO REGULAR E EJA
Seções
A importância dos resultados
A escala de proficiência
Padrões de desempenho estudantil
O trabalho continua
ISSN 2238-0264
Vice-Governador
José Melo de Oliveira
Secretária Executiva
Sirlei Alves Ferreira Henrique
14 OS INTERVALOS DA ESCALA
DE PROFICIÊNCIA
15
32
Detalhamento das habilidades presentes nos níveis de proficiência
A leitura e a função sociocultural da língua
38 Abaixo do Básico
37 Padrões de Desempenho
Estudantil
40
48
Básico
Proficiente
54 Avançado
63 PRODUÇÃO DE TEXTO
73
75
Algumas considerações
Com a palavra, o professor
77 O TRABALHO CONTINUA
6
7
2. Participação
Informa o número estimado de alunos para a realização do teste e
quantos, efetivamente, participaram da avaliação no estado, na sua
coordenadoria e na sua escola.
Apresenta o percentual de acerto no Cada aluno pode ter acesso aos seus re-
teste para cada uma das habilidades sultados no SADEAM. Nesse boletim, é
avaliadas. Esses resultados são apre- informado o padrão de desempenho alcan-
sentados por coordenadoria, escola, çado e quais habilidades ele possui desen-
turma e aluno. volvidas em Língua Portuguesa para o 3º
ano do Ensino Médio regular e EJA. Essas
são informações importantes para o acom-
panhamento, pelo aluno e seus familiares,
de seu desempenho escolar.
14
Localizam informações explícitas em anúncios que contenham informação verbal e não verbal.
De 300 a 350
pontos
Localizam informações explícitas em textos narrativos mais longos, em textos poéticos,
informativos e em anúncio de classificados.
16
De 300 a 350
Identificam o conflito gerador de um conto de média extensão.
pontos
Identificam marcas linguísticas que evidenciam os elementos que compõem uma narrativa
(conto de longa extensão).
Interpretam textos com material gráfico diverso e com auxílio de elementos não verbais
em histórias em quadrinhos, tirinhas e poemas, identificando características e ações
dos personagens.
Interpretam textos com auxílio de elementos não verbais e verbais em histórias em quadri-
nhos, tirinhas, identificando características, estados psicológicos e ações dos personagens.
Reconhecem elementos que compõem uma narrativa com temática e vocabulário complexos
(a solução do conflito e o narrador).
De 350 a 400 Identificam o interlocutor de um texto informativo com linguagem simples voltado para o
pontos público infantil.
Identificam palavras sinônimas que estabelecem a coesão lexical entre partes distantes
de um texto narrativo.
Identificam os efeitos de sentido de humor decorrentes do uso dos sentidos literal e co-
notativo das palavras e de notações gráficas.
Compreendem textos que associam linguagem verbal e não verbal (textos multisemióticos),
tendo como base informações explícitas.
De 400 a 450
pontos
Reconhecem, com base em informações implícitas, não só características dos personagens
de uma narrativa, mas também as intenções pretendidas com uma ação particular.
Percebem que o ponto de exclamação também tem a função de realçar determinados sentidos.
De 450 a 500
Localizam informação em texto instrucional de vocabulário complexo.
pontos
Inferem o sentido de uma expressão em textos longos com estruturas temática e lexical
complexas (carta e história em quadrinhos).
20
Estabelecem relação entre as partes de um texto, pelo uso do “porque” como conjunção
causal em texto não verbal e em narrativa simples.
Localizam informações em textos narrativos com traços descritivos que expressam sen-
timentos subjetivos e opinião.
Identificam, entre fragmentos de um texto, qual expressa o modo como um fato ocorreu.
Compreendem o sentido de uma palavra ou expressão de acordo com seu emprego no texto.
De 450 a 500 Identificam um trecho em texto narrativo simples (crônica/fábula), onde está expressa
pontos uma opinião.
De 500 a 550
Identificam valor semântico de conjunção condicional em uma tirinha.
pontos
Reconhecem o efeito de sentido do uso de aspas como recurso para destacar uma expressão
em crônicas.
Interpretam textos com linguagem verbal e não verbal, inferindo informações marcadas
por metáforas.
Identificam a tese com base na compreensão global de artigo jornalístico cujo título, em
forma de pergunta, aponta para a tese.
De 550 até
Reconhecem o efeito de sentido de frase interrogativa como recurso para provocar reflexão.
600 pontos
Reconhecem o efeito de sentido causado pelo uso de recursos gráficos em textos poéticos
de organização sintática complexa.
Identificam a que se referem os pronomes demonstrativos “isso”, “isto”, quando eles re-
tomam um trecho anterior do texto.
De 600 a 650 Reconhecem o efeito de sentido de frase exclamativa como recurso para expres-
pontos sar determinação.
Identificam a tese de textos argumentativos com temática muito próxima da realidade dos
alunos, o que exige um distanciamento entre a posição do autor e a do leitor.
De 650 a 700
pontos
Reconhecem formas linguísticas típicas da linguagem formal ou da linguagem informal a
partir de uma estrutura morfossintática e da escolha de uma palavra no texto.
Reconhecem o efeito de humor provocado pelo jogo de palavras com duplo sentido.
Reconhecem o efeito poético provocado pela associação entre duas expressões vizinhas
que têm sentidos opostos (por exemplo: “um contentamento descontente”).
Identificam o uso de um texto inserido como argumento para sustentar a tese de outro texto.
Reconhecem o efeito de sentido do uso de aspas como recurso para destacar expressões
em textos técnicos longos.
Estabelece relação entre uma letra de música contemporânea e uma pintura clássica.
De 700 a 750
Identificam a tese de um texto argumentativo de tema e vocabulário complexos.
pontos
Identificam, entre várias opiniões, aquela que é atribuída a uma determinada personagem.
Reconhecem o efeito de sentido do uso de aspas como recurso para destacar expressões
em língua estrangeira.
Reconhecem o conflito gerador de uma história dentro de um texto híbrido que conjuga
expositivos e narrativos.
De 750 a 800 Recuperam o referente de um pronome oblíquo de terceira pessoa (lo, por exemplo), num
pontos contexto de diálogo em que esse referente é o interlocutor.
31
De 750 a 800
Estabelecem a relação de causa e consequência entre as ideias de ensaios jornalísticos.
pontos
Reconhecem o efeito de sentido de uma expressão metafórica de acordo com seu emprego
em poema.
Identificam tema ou ideia principal em textos literários que focalizam temas abstratos.
Reconhecem o efeito de sentido de frase interrogativa como recurso retórico para expressar
uma situação de impasse em textos poéticos.
De 800 a 850
pontos
Identificam, em artigo jornalístico, o uso de parênteses como recurso para inserir
uma explicação.
Reconhecem o uso de imagens e sons marcados por intenso apelo lúdico como elemento
caracterizador da literariedade de um poema modernista.
32
Os textos-fins recobrem toda a produ- Essa ideia vem desenvolvida nas três
ção textual que não se propõe a atender estrofes seguintes, em que se ilustram
a uma demanda social estabelecida, as coisas não vistas pelo bem-te-vi –
mas, pelo contrário, a existir como um ondas, nuvens, letras – mas singu-
35
Engraçado, de repente eu comecei a ver a tia Zilah com outros olhos. Ela não era só do bem,
a tia viúva e sozinha que tinha ficado cuidando de mim. Ela era legal, uma super-mais-velha!
Nossa, eu deixei ela quase louca! Em vez dos coroas, foi ela quem me contou toda a sua
viagem pela Europa... Eu fazia uma ideia tão errada, diferente: ela contando, ficou tudo
5 tão legal, um barato mesmo.
Só pra dar uma ideia, fiquei vidrado no museu de cera da Madame Tussaud, que era
uma francesa que viveu na época da Revolução. Ela aprendeu a fazer imagens de cera,
e se inspirava em personagens célebres que eram levados para a guilhotina em praça
pública. Depois ela mudou para a Inglaterra, e ficou famosa por lá. E hoje existe em Londres
10 um museu de cera com o seu nome, que tem imagens de personagens famosos do mundo
inteiro em tamanho natural.
Foi tão gozado quando a tia Zilah também contou que, quando ela ia saindo do museu,
perguntou pra uma mulher fardada onde era a saída. E todo mundo caiu na gargalhada,
porque tinha perguntado pra uma figura de cera que era sensacional de tão perfeita, parecia
15 mesmo uma policial.
NICOLELIS, Laporta. Pássaro contra a vidraça. São Paulo: Moderna, 1992. (P090409B1_SUP)
(P090409B1) Nesse texto, palavras como “legal” ( . 5), “barato” ( . 5), “vidrado” ( . 6), “gozado” ( . 12)
evidenciam um falante que também usa
A) expressões de gíria.
B) expressões regionais.
C) linguagem culta.
D) linguagem técnica.
Quem mora em cidade com praia já deve ter notado: quando chega o inverno, o mar
costuma ficar mais bravo e com ondas enormes! Isso acontece porque é justamente nessa
época do ano que se intensificam os ventos causadores das “ressacas”, nome que se
costuma dar a esse movimento rápido e violento das ondas do mar.
5 Quanto mais velozes forem esses ventos, maiores serão as ondas, e mais forte será a
ressaca. “No inverno, a frequência e os riscos de ressacas são maiores. Isso porque há
um maior encontro das massas de ar quente com as massas de ar frio, gerando diferenças
de pressão atmosférica que originam os ventos formadores das ressacas.”, explica o
oceanógrafo David Zee, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
10 Outro fator que pode aumentar a força das ressacas são as marés. “O impacto das ondas
e ressacas depende das marés, pois elas elevam o nível do mar e, portanto, permitem que
as ondas cheguem a regiões do litoral que antes não eram alcançadas.”, diz David.
Mas não só isso influencia a ocorrência das ressacas do mar. As alterações climáticas que
nosso planeta tem sofrido nas últimas décadas também têm intensificado este fenômeno!
15 “Devido ao efeito estufa, acontece um maior acúmulo de energia do Sol na atmosfera,
energia esta que é transferida ao mar sob a forma de ondas”, explica o oceanógrafo.
E essas ressacas são perigosas! Elas podem causar naufrágios, afogamentos e até
mesmo derrubar construções que estejam próximas da costa. Inclusive animais e plantas
podem ser afetados pela força das ondas. “As ressacas podem provocar o colapso de
20 organismos que se fixam em costões rochosos e vegetação costeira como manguezais,
restingas, etc. Peixes e mamíferos tendem a fugir e se abrigar.”, diz David Zee.
Agora você já sabe: as ressacas podem ser muito bonitas de assistir, mas nada de ficar
muito perto do mar quando ele estiver agitado!
TURINO, Fernanda. Disponível em: <Mares Ressacas http://chc.cienciahoje.uol.com.br/noticias/2011/junho/quando-o-mar-nao-esta-para-peixe>.
Acesso em: 01 jul. 2011. (P100263C2_SUP)
Quem mora em cidade com praia já deve ter notado: quando chega o inverno, o mar
costuma ficar mais bravo e com ondas enormes! Isso acontece porque é justamente nessa
época do ano que se intensificam os ventos causadores das “ressacas”, nome que se
costuma dar a esse movimento rápido e violento das ondas do mar.
5 Quanto mais velozes forem esses ventos, maiores serão as ondas, e mais forte será a
ressaca. “No inverno, a frequência e os riscos de ressacas são maiores. Isso porque há
um maior encontro das massas de ar quente com as massas de ar frio, gerando diferenças
de pressão atmosférica que originam os ventos formadores das ressacas.”, explica o
oceanógrafo David Zee, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
10 Outro fator que pode aumentar a força das ressacas são as marés. “O impacto das ondas
e ressacas depende das marés, pois elas elevam o nível do mar e, portanto, permitem que
as ondas cheguem a regiões do litoral que antes não eram alcançadas.”, diz David.
Mas não só isso influencia a ocorrência das ressacas do mar. As alterações climáticas que
nosso planeta tem sofrido nas últimas décadas também têm intensificado este fenômeno!
15 “Devido ao efeito estufa, acontece um maior acúmulo de energia do Sol na atmosfera,
energia esta que é transferida ao mar sob a forma de ondas”, explica o oceanógrafo.
E essas ressacas são perigosas! Elas podem causar naufrágios, afogamentos e até
mesmo derrubar construções que estejam próximas da costa. Inclusive animais e plantas
podem ser afetados pela força das ondas. “As ressacas podem provocar o colapso de
20 organismos que se fixam em costões rochosos e vegetação costeira como manguezais,
restingas, etc. Peixes e mamíferos tendem a fugir e se abrigar.”, diz David Zee.
Agora você já sabe: as ressacas podem ser muito bonitas de assistir, mas nada de ficar
muito perto do mar quando ele estiver agitado!
TURINO, Fernanda. Disponível em: <Mares Ressacas http://chc.cienciahoje.uol.com.br/noticias/2011/junho/quando-o-mar-nao-esta-para-peixe>.
Acesso em: 01 jul. 2011. (P100263C2_SUP)
(P100265C2) No trecho “... pois elas elevam o nível do mar...” ( . 11), o pronome destacado refere-se ao termo
A) massas.
B) ondas.
C) marés.
D) regiões.
E) alterações.
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Quem mora em cidade com praia já deve ter notado: quando chega o inverno, o mar
costuma ficar mais bravo e com ondas enormes! Isso acontece porque é justamente nessa
época do ano que se intensificam os ventos causadores das “ressacas”, nome que se
costuma dar a esse movimento rápido e violento das ondas do mar.
5 Quanto mais velozes forem esses ventos, maiores serão as ondas, e mais forte será a
ressaca. “No inverno, a frequência e os riscos de ressacas são maiores. Isso porque há
um maior encontro das massas de ar quente com as massas de ar frio, gerando diferenças
de pressão atmosférica que originam os ventos formadores das ressacas.”, explica o
oceanógrafo David Zee, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
10 Outro fator que pode aumentar a força das ressacas são as marés. “O impacto das ondas
e ressacas depende das marés, pois elas elevam o nível do mar e, portanto, permitem que
as ondas cheguem a regiões do litoral que antes não eram alcançadas.”, diz David.
Mas não só isso influencia a ocorrência das ressacas do mar. As alterações climáticas que
nosso planeta tem sofrido nas últimas décadas também têm intensificado este fenômeno!
15 “Devido ao efeito estufa, acontece um maior acúmulo de energia do Sol na atmosfera,
energia esta que é transferida ao mar sob a forma de ondas”, explica o oceanógrafo.
E essas ressacas são perigosas! Elas podem causar naufrágios, afogamentos e até
mesmo derrubar construções que estejam próximas da costa. Inclusive animais e plantas
podem ser afetados pela força das ondas. “As ressacas podem provocar o colapso de
20 organismos que se fixam em costões rochosos e vegetação costeira como manguezais,
restingas, etc. Peixes e mamíferos tendem a fugir e se abrigar.”, diz David Zee.
Agora você já sabe: as ressacas podem ser muito bonitas de assistir, mas nada de ficar
muito perto do mar quando ele estiver agitado!
TURINO, Fernanda. Disponível em: <Mares Ressacas http://chc.cienciahoje.uol.com.br/noticias/2011/junho/quando-o-mar-nao-esta-para-peixe>.
Acesso em: 01 jul. 2011. (P100263C2_SUP)
(P100264C2) De acordo com as informações desse texto, o termo “ressaca” é usado para nomear o fenômeno
Neste padrão de desempenho, encon- e dos indefinidos, acrescentem-se os morfossintáticos e do efeito de sentido
tram-se habilidades mais elaboradas, pronomes demonstrativos e os posses- decorrente do uso de linguagem figura-
exigindo dos alunos uma autonomia de sivos). Recuperam, ainda, informações da. Observa-se, assim, uma ampliação
leitura em face das atividades cognitivas referenciais baseadas na omissão de das ações inferenciais realizadas pelos
que lhes são exigidas e, também, dos um item, elipse de uma palavra, um alunos que apresentam um desempe-
textos com os quais irão interagir. Esses sintagma ou uma frase. nho que os posiciona neste padrão.
alunos já interagem com textos expo-
sitivos e argumentativos de temáticas Quanto à variação linguística, os alu- Com relação à leitura global de tex-
conhecidas e são capazes de identificar nos identificam expressões próprias de tos, os alunos conseguem identificar
informações parafraseadas e distinguir linguagem técnica e científica. a tese e os argumentos que a susten-
a informação principal das secundárias. tam; reconhecem a função social de
No que se refere à intertextualidade, textos fabulares e de outros com te-
Em relação ao conhecimento das re- fazem a leitura comparativa de textos mática científica, identificando, ainda,
lações que conjunções, preposições, que tratam do mesmo tema, revelando sua finalidade.
pronomes e advérbios estabelecem um avanço no tratamento das informa-
para que o texto se construa coeso ções presentes no texto. Percebe-se, pois, que os alunos que
e coerente, produzindo os efeitos de se localizam neste padrão de desem-
sentido pretendidos pelo autor, os O processo inferencial, durante a penho já desenvolveram habilidades a
alunos reconhecem essas relações leitura, é feito por esses alunos pelo uma leitura autônoma, inclusive intera-
estabelecidas no texto, expressas por reconhecimento do tema do texto; do gindo com textos literários, de forma a
advérbios e por conjunções, inclu- sentido de expressões complexas; do estabelecer relação entre um poema e
sive as de causa e de consequência. efeito de sentido decorrente do uso os aspectos do contexto histórico, social
Também recuperam informações em de notações em textos que conjugam e político do período de sua produção.
textos por meio de referência prono- duas ou mais linguagens; do efeito de
minal (além dos pronomes pessoais sentido decorrente do uso de recursos
49
Um burro selvagem, como visse um burro doméstico tomando sol, aproximou-se e o felicitou
por sua constituição física e pelo proveito que tirava da forragem. Mas depois, ao vê-lo carregando
um fardo, tendo atrás o asneiro que lhe batia com um cacete, disse: “Ah! Não mais te felicito, pois
vejo que tens coisas em abundância, mas não sem grandes males!”.
Um burro selvagem, como visse um burro doméstico tomando sol, aproximou-se e o felicitou
por sua constituição física e pelo proveito que tirava da forragem. Mas depois, ao vê-lo carregando
um fardo, tendo atrás o asneiro que lhe batia com um cacete, disse: “Ah! Não mais te felicito, pois
vejo que tens coisas em abundância, mas não sem grandes males!”.
Nesse texto, no trecho “Mas depois, ao vê-lo carregando um fardo,...”, o advérbio destacado
(P100275C2)
estabelece com o período anterior uma relação de
A) afirmação.
B) causa.
C) companhia.
D) lugar.
E) tempo.
Extinguir significa fazer com que uma coisa desapareça para sempre. Essa palavra, infelizmente,
está sendo muito usada para descrever a triste situação de muitos animais na face da Terra. Você,
com certeza, já ouviu dizer que as baleias, os tigres, as onças estão correndo risco de extinção. [...]
Muitas vezes, a extinção é causada pela introdução, em uma certa região, de uma espécie que
5 não vivia lá. Se essa espécie for agressiva poderá acabar com os outros animais da região. Por
isso, não é aconselhável introduzirmos animais de um certo país em outro, sem antes sabermos
quais as consequências que isso pode acarretar.
Um exemplo de extinção é o dodô, uma ave grande que vivia na Ilha Maurício, no Oceano Índico.
Com a chegada dos colonizadores europeus, as populações dessa ave começaram a diminuir.
10 Ela era grande e não conseguia voar, por isso se tornou um alvo fácil para os caçadores. O
homem, sem se preocupar em preservá-la, acabou eliminando essa ave preciosa. O último dodô
foi visto em 1681. [...]
Bragança Jornal Diário. 29 mar. 2000. Suplemento infantil. *Adaptado: Reforma Ortográfica. (P090022A8_SUP)
Como se estivesse atendendo a um chamado que nem fora feito, Manuela entrou no
quarto onde a mãe escrevia. Um raio de sol adolescente e de pijama, fazendo tudo em volta
brilhar mais e mais bonito.
– Está ocupada, mãe?
5 – Só um pouquinho. Mas dá para interromper. Aconteceu alguma coisa?
Uma espreguiçada dengosa e sorridente.
– Não... Só queria te contar da festa de ontem.
– Pode contar. Eu tinha mesmo feito uma pausa, não vai me atrapalhar.
Antônia se levantou da cadeira em frente ao teclado e sentou no sofá ao lado da filha.
10 – Então, a festa foi boa? [...]
– Conheci um garoto, mãe... Demais... [...]
– Foi maaaravilhoso! A gente conversou a noite toda, parecia que se conhecia a vida
inteira. Ou desde uma vida passada, como falou a Mariana. Mãe, parecia até que um lia o
pensamento do outro...
15 Como se não bastassem os sorrisos e a espreguiçada lânguida, Manuela suspirou. Em
plena era tecnológica! Antônia riu:
– Puxa, você ficou mesmo animada, hein? Será que vocês vão se encontrar de novo?
– Claro, mãe! Daqui a pouco ele vai me telefonar pra gente ir à praia. E depois vamos
pegar um cineminha...
20 – Não vão cansar, hein?
– Mãe, é impossível cansar do Bruno...
MACHADO, Ana Maria. Para sempre: amor e tempo. Rio de Janeiro: Record, 2001. (P100298C2_SUP)
Como se estivesse atendendo a um chamado que nem fora feito, Manuela entrou no
quarto onde a mãe escrevia. Um raio de sol adolescente e de pijama, fazendo tudo em volta
brilhar mais e mais bonito.
– Está ocupada, mãe?
5 – Só um pouquinho. Mas dá para interromper. Aconteceu alguma coisa?
Uma espreguiçada dengosa e sorridente.
– Não... Só queria te contar da festa de ontem.
– Pode contar. Eu tinha mesmo feito uma pausa, não vai me atrapalhar.
Antônia se levantou da cadeira em frente ao teclado e sentou no sofá ao lado da filha.
10 – Então, a festa foi boa? [...]
– Conheci um garoto, mãe... Demais... [...]
– Foi maaaravilhoso! A gente conversou a noite toda, parecia que se conhecia a vida
inteira. Ou desde uma vida passada, como falou a Mariana. Mãe, parecia até que um lia o
pensamento do outro...
15 Como se não bastassem os sorrisos e a espreguiçada lânguida, Manuela suspirou. Em
plena era tecnológica! Antônia riu:
– Puxa, você ficou mesmo animada, hein? Será que vocês vão se encontrar de novo?
– Claro, mãe! Daqui a pouco ele vai me telefonar pra gente ir à praia. E depois vamos
pegar um cineminha...
20 – Não vão cansar, hein?
– Mãe, é impossível cansar do Bruno...
MACHADO, Ana Maria. Para sempre: amor e tempo. Rio de Janeiro: Record, 2001. (P100298C2_SUP)
(P100298C2) Ao usar a expressão “Em plena era tecnológica!” ( . 15-16), o autor quis evidenciar a
A) compreensão da mãe em relação ao envolvimento da filha.
B) crítica da mãe pelo comportamento da filha.
C) modernidade dos envolvimentos amorosos atuais.
D) relação de cumplicidade entre mãe e filha.
E) repetição das histórias de amor ao longo do tempo.
57
Texto 1 Texto 2
Vamos Fugir
Vamos fugir!
Deste lugar
Baby!
Vamos fugir
5 Tô cansado de esperar
Que você me carregue... [...]
Um burro selvagem, como visse um burro doméstico tomando sol, aproximou-se e o felicitou
por sua constituição física e pelo proveito que tirava da forragem. Mas depois, ao vê-lo carregando
um fardo, tendo atrás o asneiro que lhe batia com um cacete, disse: “Ah! Não mais te felicito, pois
vejo que tens coisas em abundância, mas não sem grandes males!”.
PRODUÇÃO DE TEXTO
Na análise de resultados das produções global. Aprender a escrever diz respeito de ordem social, voltada ao ambien-
textuais do SADEAM, deve-se tomar ao domínio de uma determinada lingua- te escolar.
como ponto de partida o ato de escrever, gem escrita e, portanto, de uma deter-
associado a práticas de oralidade e leitu- minada cultura ou de diversas culturas, Para realizar a correção dos textos,
ra. Sobre essas práticas, surge a ques- que podem ser bastante diferentes das os corretores/avaliadores partiram do
tão: por que avaliar o processo cognitivo que são aprendidas com a linguagem princípio de que o texto constitui-se por
implementado pelos alunos durante o uso falada no grupo familiar, mas que sub- uma unidade estruturada, a partir de
do código escrito da Língua Portuguesa? O sidiam o ato de escrever. As culturas fatores que garantam sua textualida-
desafio é pensar essa dimensão tríade são construídas nas interações do dia de, ou seja, os aspectos semânticos,
(oralidade, leitura e escrita), a partir de a dia dos grupos humanos e, portanto, formais e pragmáticos.
seus usos, suas funções e seus efeitos também nas salas de aula.
para o indivíduo e para a sociedade em A avaliação da escrita por meio de uma
situações de interação. É pela influência mútua que o ser hu- produção textual temática, como no caso
mano se constrói, transforma-se, cria do SADEAM, permite aferir a proficiência
O objetivo deste texto é identificar e e recria a si mesmo, dialogando e atri- dos alunos quanto ao uso da língua escrita,
problematizar o processo de apreen- buindo significados para os seus atos desde a leitura da proposta de produção
são da escrita dos alunos do 3º ano do e falas. Na escola, as palavras fun- textual até a elaboração do texto, uma vez
Ensino Médio Regular e finalistas da cionam como meio de comunicação, que, ao produzir um texto que atenda ao
EJA do Ensino Médio da rede estadual como modo de organização das ações solicitado pela proposta, os alunos estavam
de ensino do Amazonas, com base nas e de interações, como portadoras de demonstrando domínio entre os processos
competências elencadas pela Matriz de novos conhecimentos e como objeto de oralidade, leitura e escrita.
Referência elaborada pelo Centro de Po- de ensino. Dessa forma, refletir sobre
líticas Públicas e Avaliação da Educação o que se escreveu, como e sob que Tendo o Bullying nas escolas como
da Universidade Federal de Juiz de Fora condições se aprendeu esse bem cul- temática, a proposta de produção es-
(CAEd/UFJF), em parceria com o corpo tural, assim como sobre a finalidade crita foi sustentada por 3 (três) textos
pedagógico da Secretaria de Estado da da escrita, pode promover a tomada motivadores pertencentes a gêneros
Educação e Qualidade do Ensino. de consciência dos alunos quanto ao distintos. Esse eixo constituiu o tema
funcionamento da linguagem escrita. no qual os alunos deveriam produzir
“O DESAFIO DE CONVIVER COM AS DI- os seus textos.
FERENÇAS1”: percursos de encontro O desenho da avaliação de escrita do
com a escrita como prática social SADEAM: observações gerais Para realizar a tarefa de produção de
texto, esses alunos precisariam ler
Os alunos percebem a importância A proposta de produção textual do SA- atentamente os textos motivadores,
do ato de escrever se depreenderem DEAM foi elaborada de modo a oferecer atentando-se ao fato de que cada um
a pertinência dos conceitos escolares aos alunos elementos para realizarem deles apresentava objetivos comunicati-
e do processo de construção desses uma reflexão acerca de uma temática vos distintos. A proposta pode ser veri-
conceitos para o seu desenvolvimento ficada na imagem apresentada a seguir.
PRODUÇÃO DE TEXTO
Leia os textos motivadores abaixo e, em seguida, produza um texto que atenda à proposta de reda-
ção.
Texto 1 Texto 3
Bullying é um termo da língua inglesa (bully= A brincadeira que não tem graça
“valentão”) que se refere a todas as formas
de atitudes agressivas, verbais ou físicas, [...] Quem nunca foi zoado ou zoou alguém na
intencionais e repetitivas, que ocorrem sem escola? Risadinhas, empurrões, fofocas, apelidos como
motivação evidente e são exercidas por um ou “bola”, “rolha de poço”, “quatro-olhos”. Todo mundo
mais indivíduos, causando dor e angústia, com o já testemunhou uma dessas “brincadeirinhas”
objetivo de intimidar ou agredir outra pessoa sem ou foi vítima delas. Mas esse comportamento,
ter a possibilidade ou capacidade de se defender, considerado normal por muitos pais, alunos e até
sendo realizadas dentro de uma relação desigual professores, está longe de ser inocente. Ele é tão
de forças ou poder. comum entre crianças e adolescentes que recebe
até um nome especial: bullying. Trata-se de um
CAMARGO, Orson. Disponível em: < http://www.brasilescola.com/
termo em inglês utilizado para designar a prática
sociologia/bullying.htm>. Acesso em: 6 set. 2011. Fragmento.
de atos agressivos entre alunos. Traduzido ao pé
da letra, seria algo como intimidação. Trocando
Texto 2
em miúdos: quem sofre com o bullying é aquele
aluno perseguido, humilhado, intimidado.
E isso não deve ser encarado como brincadeira
de criança. Especialistas revelam que esse
fenômeno, que acontece no mundo todo,
pode provocar nas vítimas desde diminuição
na autoestima até o suicídio. [...] Vale lembrar
que os episódios que terminam em homicídio
ou suicídio são raros e que não são poucas as
vítimas do bullying que, por medo ou vergonha,
sofrem em silêncio. Além de haver alguns casos
com desfechos trágicos, como os citados, esse
tipo de prática também está preocupando por
atingir faixas etárias cada vez mais baixas, como
crianças dos primeiros anos da escolarização. [...]
Com base nos textos motivadores apresentados acima e nos seus conhecimentos individuais, redija um
texto dissertativo-argumentativo em norma culta escrita da língua portuguesa, sobre o tema Bullying
nas escolas: tortura silenciosa, discutindo os motivos pelos quais esse tipo de violência vem ganhando
cada vez mais espaço no ambiente escolar, apresentando ações sociais e/ou educacionais que possam
reverter esse quadro. Não se esqueça de organizar o seu pensamento de forma coesa e coerente, com
argumentos e fatos que o auxiliem na defesa do seu ponto de vista.
Pode-se dizer que, os alunos condu- três textos, ele também está presente que concerne a hipóteses que pude-
ziram seus textos principalmente em nas produções daqueles que optaram ram ser inferidas, a partir da corre-
torno de redações dissertativas na qual por outras linhas discursivas, pois como ção, sobre o processo de significação
buscavam defender algum posiciona- foi dito, esses textos são motivadores dessa escrita.
mento acerca do tema, fazendo uso de e o que prevaleceu nas avaliações de
relatos pessoais como argumentos de cada corretor foi o encadeamento lógico Notou-se que, diante das perspectivas
autoridade. Contudo, ao olharmos os das ideias de forma coesa e coerente, oferecidas pelos textos motivadores e o
motivadores, individualmente, em rela- dentro da temática e da tipologia tex- conhecimento individual de cada avalian-
ção às produções, é possível notar três tual definidas, além do atendimento do, os alunos conduziram seus textos,
linhas discursivas básicas, oferecidas à norma culta da Língua Portuguesa, principalmente, em torno da exposição de
por cada texto. desde que o texto apresentasse marcas características típicas da cultura baiana,
de autoria do seu redator. difundidas em diferentes práticas sociais,
O Texto 1 é um verbete enciclopédico principalmente em campanhas publici-
que apresenta a definição objetiva do Essa modalidade de avaliação é aqui tárias veiculadas na mídia.
que se tratar o bullying, buscando eluci- concebida para fins de análise, con-
dar esse tipo de situação para aqueles forme discutido anteriormente, como Essas produções foram avaliadas
que desconheciam essa terminologia. uma atividade verbal interacional, que sobre 2 (duas) perspectivas – situação
Já o Texto 2, reprodução do cartaz é resultado de operações e estratégias de texto e competências linguístico-
de uma campanha social que visa à cognitivas a serviço de fins sociais, que, -textuais –, observando as especifici-
conscientização dos jovens para esse nesse caso, apresenta-se através da dades teóricas que subsidiam cada um
tipo de prática. Quanto ao Texto 3, frag- escolha de gêneros textuais ancora- desses eixos, considerando, sobretudo,
mento de uma reportagem, apresenta da em uma tipologia textual, sem a os pontos de entrelaçamento de forma
colocações e suscita discussões sobre definição de um único gênero para a simultânea, atentos às informações que
essa prática que vem ganhando espa- elaboração do texto, gerando diálogos permitiram compreender o processo de
ço no ambiente escolar e até mesmo com o conhecimento de mundo des- escrita numa perspectiva ampliada.
fora dele. ses alunos.
Para analisar as produções dos alu-
Era esperado que os alunos conse- Avaliação das produções textuais: o nos na dimensão relativa à situação de
guissem captar a mensagem de cada que mostraram os alunos? texto, foram verificados, num primeiro
texto e, criativamente, construir textos momento, se as produções textuais es-
que conjugassem as ideias dos três su- efeito do cálculo da proficiência em tavam aptas para a correção, ou seja,
portes com marcas de autoria próprias leitura. Entretanto, o desempenho dos se não apresentavam:
bem definidas e coerentes. Contudo, alunos nessa avaliação pode oferecer
esse êxito argumentativo não se restrin- subsídios para analisarmos o processo
giu a esses elunos que conjugaram os de consolidação do código escrito no
Os alunos cuja produção textual atendia aos critérios para que não fosse anulada ou desconsiderada tiveram seus textos
classificados como SEM PROBLEMA, pois os eventuais desvios foram devidamente pontuados na segunda etapa de correção.
Veja, na sequência, exemplos de textos classificados dessa forma.
67
O percentual de alunos alocados em cada situação de texto pode ser acompanhado pela observação das informações do
Quadro 2, apresentado a seguir.
1 Nenhum texto ficou sem correção por problemas na imagem, pois todos os casos foram novamente digitalizados e encaminhados para os avaliadores.
Os números que estruturam esse qua- dapode não corresponder à realidade Além disso, a avaliação não conside-
dro apontam para o fato de que a maio- desses alunos. rou apenas os aspectos formais de um
ria dos alunos, 96,2%, teve seu texto texto, buscou, especialmente, captar os
avaliado sem restrições. Cabe destacar A avaliação das competências linguísti- sentidos atribuídos por cada aluno ao
que, nos textos desconsiderados, 2,9%, co-textuais, que se consolida aqui como escrever, vendo-o como uma unidade
a maioria das ocorrências diz respeito segundo ponto de análise, fora estrutura- repleta de significação. Para que isso
à fuga ao tema ou à tipologia textual, da conforme descrito na Matriz de Com- fosse concretizado, cada nível (faixa
principalmente, porque os textos moti- petências para Produção de Texto, em 5 de pontuação) foi nomeado de acordo
vadores possuem alguns apontamentos (cinco) competências de escrita divididas com o perfil de escritor que nele se
subjetivos e, ao tentarem basear-se em 6 (seis) níveis de classificação, sendo encontra. Essa mesma classificação é
nesses aspectos, muitos alunos não avaliadas as habilidades mínimas exigi- utilizada para alocar o resultado geral
conseguiram acompanhar a linha dis- das a um escritor proficiente dessa etapa de cada aluno. Veja, na sequência, o
cursiva, já que a mesma exigiria uma de escolaridade. Essa matriz encontra-se Quadro 3 com a delimitação, descrição
proficiência maior de leitura, que, ain- presente na Revista do Sistema. e faixa de cada perfil:
69
NÍVEL II básica, desenvolvendo a temática proposta a partir de argumentos do senso comum, 2,1 a 4,0
utilizando cópias recorrentes de trechos dos textos motivadores, demonstrando pouco
domínio do tipo textual argumentativo, sinalizado, pela mistura dos tipos textuais e
desconhecimento da estrutura do tipo argumentativo. Sua argumentação baseia-se
em informações, fatos e opiniões com pouca articulação e/ou com contradições. Neste
nível, o aluno limita-se a reproduzir os argumentos constantes nos textos motivadores
(principalmente os expositivos e argumentativos) em defesa de seu ponto de vista, pois
percebe-se que seu repertório cultural ainda não está bem desenvolvido. O texto é
articulado com certa organização, porém com muitas inadequações na utilização dos
recursos coesivos.
70
Perfil Corresponde
do aos alunos Descrição sintética Pontuação
escritor que estão no
Um escritor Interativo distingue-se do escritor Ativo por ter mais experiência de leitura,
permitindo-lhe estabelecer estratégias mais eficazes na e para a construção de sentidos
de sua produção escrita. Esse aluno já se encontra em um nível considerado básico,
INTERATIVO
ou seja, o mínimo esperado para essa etapa de escolaridade, iniciando o seu processo
de consolidação da escrita, porque demonstra domínio adequado da norma-padrão,
NÍVEL III contudo ainda apresenta alguns desvios gramaticais e de convenções da escrita. Quanto 4,1 a 6,0
ao tema e à tipologia textual delimitados, ele apresenta adequação argumentativa, mas
seu texto ainda apresenta ideias previsíveis, ou seja, argumentação pertinente ao tema
proposto, porém pouco organizados e relacionados de forma pouco consistente em defesa
de seu ponto de vista, pois a progressão textual ainda se revela deficiente. Além disso,
esse aluno ainda apresenta algumas inadequações na utilização dos recursos coesivos.
INTERATIVO AVANÇADO
Escritores neste nível realizam inferências mais complexas, a partir dos textos motivadores,
em consonância com a proposta de produção textual. Além disso, já estão em vias de se
tornar escritores proficientes, pois dominam bem a norma-padrão, com poucos desvios
gramaticais e de convenções da escrita, que ainda geram algum prejuízo à inteligibilidade
do texto. No entanto, apresentam argumentação consistente e bom domínio do tipo
NÍVEL IV textual argumentativo, pois já conseguem selecionar, organizar e relacionar informações,
6,1 a 8,0
fatos, opiniões e argumentos pertinentes ao tema proposto de forma consistente, com
indícios de autoria, em defesa de seu ponto de vista, articulando suas ideias com poucas
inadequações na utilização dos recursos coesivos, ou seja, a progressão textual realiza-se
por meio de sucessivos encadeamentos.
Proficiente é aquele escritor que consegue perceber que, para a produção de um texto,
é necessário mobilizar uma série de conhecimentos (de língua, de gênero textual e de
mundo) e considerar esses conhecimentos na construção de sentido de sua produção, que
passa pela interação entre oralidade, leitura e escrita. O escritor proficiente demonstra
PROFICIENTE
Na sequência das análises deste boletim, considera-se as competências linguístico-textuais aferidas de acordo com as infor-
mações apresentadas no Quadro 4, a fim de obter o seguinte resultado geral:
Quadro 4 – Resultado geral dos alunos de acordo com as competências linguístico-textuais aferidas
NÍVEIS (% de alunos)
Iniciante Interativo
COMPETÊNCIAS Iniciante Ativo Interativo Proficiente TOTAL
Avançado Avançado
Numa síntese dos dados apresenta- detectado que os alunos avaliados ainda o momento tenta-se expressar nossos
dos nesse quadro, pode-se dizer que estão em processo de consolidação dos pontos de vista em busca do conven-
a análise desses resultados evidencia tempos verbais mais complexos, como cimento do nosso interlocutor. Quanto
um percurso de encontros significativos os do modo subjuntivo. ao tema, cabe destacar sua relevância
de alguns alunos do 3º ano do Ensino social e contemporaneidade, fatos que
Médio Regular e finalistas da EJA do Sobre a competência II (Tema), é possí- possibilitaram uma boa fluência argu-
Ensino Médio dessa rede de ensino vel dizer que os alunos ainda se apoiam mentativa, mesmo havendo produções
com a apreensão e consolidação da em algumas ideias do senso comum, nas quais os alunos apenas transpuse-
escrita. Observa-se, no entanto, que as contudo, já conseguem expor seu ponto ram, por meio de paráfrases, os textos
habilidades de Registro e de Coesão/ de vista pessoal, mas de maneira um motivadores ou limitaram-se a relatar
Coerência apontam para uma falta de pouco superficial em boa parte das experiências pessoais.
familiaridade e de domínio da norma produções. Desses alunos, 38,5%
culta escrita, no primeiro caso, e pouco conseguiram compreender a propos- Para que a avaliação abrangesse a
uso de elementos que imprimem pro- ta, elaborando textos que atenderam maior parcela de textos (e, por conse-
gressão ao texto, no segundo. de forma satisfatória à Competência guinte, de alunos), padronizou-se a ti-
III (tipologia textual), mesmo com o pologia argumentativa como referência.
A análise dos dados relativos à compe- predomínio de sequências tipológicas Nesse percurso, os critérios de avalia-
tência I (Registro) aponta para o fato expositivas e descritivas. ção consideraram, inclusive, o caráter
de que a maioria dos alunos – 40,3% híbrido que alguns gêneros apresen-
– ainda apresenta muitos desvios gra- Pensar no tema implica em refletir, de tam, quando em diálogo com contextos
maticais, principalmente no que con- forma articulada, nas especificidades socioculturais, desde que a produção
cerne à escolha do registro (vocábulos do gênero escolhido pelo aluno para apresentasse sequências tipológicas
empregados fora do contexto semântico sustentar sua produção. Em outras que pudessem ser compreendidas, a
permitido pelo termo), pontuação (des- palavras, torna-se relevante destacar partir de características discursivas
taque para o uso incorreto das vírgulas), ao leitor deste boletim que há um en- que tornassem o texto compreensivo.
incorreções na aplicação das regras trelaçamento das competências II e III
básicas de concordância verbal/nomi- e essa relação foi considerada para fins A opção por definir a tipologia argu-
nal, ortografia de palavras com sílabas de análise. No caso das produções tex- mentativa para a materialização dessa
complexas, supressão de desinências tuais do SADEAM, nota-se que, mesmo proposta de produção textual se deu
de número e utilização do “r” final (eco- discretamente, os alunos apresentaram devido ao papel fundamental dessa ti-
nomia linguística) e marcas de oralida- maior manejo quanto à construção dos pologia no ensino focado na formação
de (gírias, interjeições e onomatopeias). tipos textuais, uma vez que a argumen- cidadã dos alunos. Argumentar é uma
Em relação às formas verbais, pode ser tação faz parte do cotidiano, pois a todo forma de ação pela linguagem, através
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da qual o falante sustenta uma posição ao lugar de produção, ao momento de segue afetado, uma vez que as suas
sobre determinada questão polêmi- produção e às características relativas colocações não conseguem se interli-
ca, utilizando meios de convencer o ao emissor e ao receptor. gar de forma plena.
leitor ou ouvinte sobre determinado
ponto de vista, mediante a apresen- A escola, sobretudo o professor de Já a competência V (Proposta de in-
tação de razões. Para produzir um Língua Portuguesa, deve assumir o tervenção) sinaliza que os alunos ainda
discurso argumentativo, o indivíduo compromisso de desenvolver situa- apresentam certa dificuldade para in-
pode dispor, como forma de justifica- ções reais de uso da língua, para que terligar o seu ponto de vista com ações
tiva na defesa de sua proposição ou o aluno se construa como sujeito ativo que possam ter um impacto social.
posição, de exemplos, comparações, na sociedade. Esses jovens sabem o que deve ser
causas e consequências, entre ou- mudado para reverter essa situação,
tras possibilidades. Os alunos que participaram dessa mas não sabem propor intervenções de
avaliação produziram, em sua maioria, forma direta e prática, como revelam os
Diferentes ações de linguagem estão textos opinativos simples, adequados 34,5% de alunos que se encontram no
presentes no discurso, quando optamos à tipologia textual proposta. Uma par- nível III, sendo a menor concentração
por gêneros da ordem do argumentar: cela significativa deles construiu suas entre os demais grupos alocados no
sustentação, refutação, negociação de redações baseadas em gêneros afins à perfil interativo.
tomadas de posição, persuasão, con- tipologia expositivo-argumentativa, mas
vencimento. Considerando as ações com forte teor persuasivo. Observando- No que se refere ao resultado geral, a
que envolvem o argumentar, traba- -se, ainda, aqueles alunos que não grande maioria dos alunos avaliados
lhar com o discurso argumentativo apresentaram em suas produções obteve notas entre 4 (quatro) e 7 (sete)
nas aulas de Língua Portuguesa, já no traços dessa tipologia, o que eviden- pontos, sendo obtida a média 6 (seis),
Ensino Fundamental, é afirmar que a cia a necessidade da presença mais considerando que a maioria dos alunos
argumentação é uma atividade discur- frequente de textos argumentativos na ficou alocada no nível III. Em síntese,
siva que possibilita a defesa de pontos esfera escolar, possibilitando o diálogo pode-se aferir que esses números
de vista, independente da faixa etária desses alunos com diversos contextos. apontam para o fato de que os alunos
ou da etapa de escolaridade. já interagem discursivamente com
A competência IV (Coesão/Coerência), situações-problema de seu cotidiano,
O exercício da argumentação está conforme sinalizado na introdução conseguindo expor seu ponto de vista,
presente no cotidiano das pessoas. Os desta análise, representou um ponto mesmo com embasamento precário,
argumentos são usados para negociar de entrave que influenciou diretamente já que é necessário que estabeleçam
direitos e deveres, para defender posi- nos resultados ora apresentados. Foi relações mais objetivas com múltiplos
ções ou para divulgar ideias sobre os evidenciado que os alunos demonstram eventos de letramento. No entanto,
mais variados assuntos. Ainda assim, possuir dificuldades para utilizar os esse resultado aponta para a conso-
as estratégias comunicativas podem elementos coesivos, mesmo já tendo lidação das expectativas existentes
variar de acordo com o ouvinte ou o acesso a uma gama maior de conec- antes da avaliação, pois acreditava-se
leitor que se pretende atingir. tivos. Quanto às demais habilidades que os alunos estivessem, no mínimo,
que compõem essa competência, alocados no nível considerado inte-
Para elaborar um discurso argumen- foi constatado que 43,8% dos jovens rativo avançado, tendendo-se para o
tativo, os alunos devem ser levados a avaliados já fazem uso adequado das proficiente. Destaca-se, sobretudo,
refletir sobre as finalidades e as esferas conjunções subordinativas de adição, que esses alunos, ainda, precisam as-
sociais em que os diversos textos argu- explicação e oposição, mas ainda não similar a estrutura linguística e lexical
mentativos circulam. A produção deve conseguem empregar corretamente da modalidade escrita culta da Língua
partir do tema proposto e o contexto outras conjunções (como as de finalida- Portuguesa, que deve ser inserida no
de produção deve favorecer a defesa de e proporcionalidade, dentre outras), trabalho com os gêneros textuais e na
do ponto de vista do aluno. Entende-se além de algumas locuções verbais e as produção de textos.
que todo texto resulta de um compor- vírgulas, quando as mesmas servem
tamento verbal concreto, no qual esta- como elemento coesivo. Com isso, o
riam implícitos aspectos relacionados encadeamento das ideias (coerência)
73
Algumas considerações
Após a observação dos dados da avaliação pelas informações aferidas nas avalia- ros textuais na escola é consolidar o
de escrita e sua consecutiva interpreta- ções desses alunos, assinalam para a ensino da Língua Portuguesa, insti-
ção pedagógica, pode-se concluir que os necessidade de uma sistematização tuindo práticas pedagógicas voltadas
alunos que se encontram nessas etapas cuidadosa, que ofereça aos alunos, ao para pensar o uso contextualizado do
de escolaridade da rede pública estadual mesmo tempo, autonomia de pensa- léxico, assim como dos elementos de
de ensino do Amazonas já conseguem mento e avanços cognitivos. Trata-se coerência e coesão que dão sentido
estabelecer comunicação através do de atividades mediadas por situações ao texto, numa perspectiva de obser-
código linguístico escrito, mas ainda de desafio para pensar a temática dos
vação, análise, realização, discussão
estão no meio de uma caminhada cujo textos, a forma composicional como são
e reflexão. De forma concomitante,
principal condutor é o professor, já que apresentados e o estilo caracterizador
para implementar as ações descri-
ele é o agente educacional diretamente dos gêneros. Através da familiariza-
tas, é fundamental que o ambiente
ligado ao universo aqui considerado. No ção com gêneros formais e informais,
entanto, essa caminhada nem sempre explorando-se as diferentes linguagens escolar esteja receptivo aos discursos
é simples, uma vez que inúmeras são e considerando aspectos como a in- que circulam nas diferentes esferas
as variáveis que perpassam o cotidiano tencionalidade e especificidades das sociais, em diálogo com o espaço de
escolar e que interferem de maneira esferas sociais, constituindo, dessa experiências e o horizonte de expec-
contundente nas práticas cotidianas. A forma, sentidos outros aos eventos tativa do sujeito leitor/escritor.
iniciativa da Secretaria de Estado de Edu- de letramento.
cação e Qualidade do Ensino de avaliar Torna-se importante refletir, sobretudo,
a escrita dos alunos deve ser aqui des- Nessa perspectiva de compreensão, que problematizar relações temáticas
tacada, por oportunizar que discussões torna-se fundamental pensar em um e estruturais com a escrita implica
sobre essas produções textuais possam professor que não apenas conheça os pensar nos indícios oferecidos pelos
ser sistematizadas e analisadas, com o gêneros que circulam na sociedade resultados como potências gerativas de
objetivo de encontrar caminhos outros como utilizador, mas que seja capaz pistas riquíssimas para o espaço edu-
para a construção do saber. de analisar as funções e características cacional. É esse o papel da avaliação
formais desses gêneros e se abra para proposta pelo CAEd e pela Secretaria:
Em linhas gerais, destaca-se a ação possibilidades criadoras que emanam
pensar coletivamente processos cogni-
fundamental dos professores de criar das interações cotidianas, conside-
tivos instituídos em dimensões plurais,
ocasiões, nas quais os alunos possam rando seu caráter híbrido. Em outras
atento a singularidades que possam
conhecer e dominar práticas de lin- palavras, não é a adoção de uma me-
emergir da relação com práticas sociais
guagens reais, ligadas à esfera social, todologia fixa de trabalho garantindo o
que consolidem percursos de escrita.
interagindo com o saber linguístico ensino bem sucedido de determinado
intuitivo, refletindo criticamente sobre gênero em sala de aula, mas, sobretu-
práticas linguísticas de controle social, do, o encaminhamento escolhido pelo Retomam-se aqui as palavras in-
como as que circulam na mídia impres- profissional da educação que ocupa trodutórias, que destacam o ponto
sa e oral e, aos gestores, oportunizar as um lugar estratégico na sociedade: o de vista fixado à possibilidade de
condições de realização dessas ações. de formador de opiniões. pensar na relação tríade entre orali-
dade, leitura e escrita, a fim de que
A possibilidade de refletir sobre essas À guisa de conclusão, pode-se afirmar o ponto de chegada esteja, então,
situações de ensino, evidenciadas que o papel do trabalho com os gêne- aberto a reinícios.
74
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ANDRADE, Adriana de Lourdes Ferreira de; FINAMORE, Rachel Garcia; FULCO, Roberta; MACHADO, Maika Som; MARTINS, Leila Márcia
Mafra; MICARELLO, Hilda Aparecida Linhares da Silva; OLIVEIRA, Camila Fonseca de; PIFANO, Higor Evérson de Araújo; SILVA, Josiane
Toledo Ferreira (coord.); SILVA, Maria Diomara da; TAVARES, Ana Letícia Duin.
ISSN 2238-0264
CDU 373.3+373.5:371.26(05)
ISSN 2238-0264
2011
REVISTA PEDAGÓGICA
LÍNGUA PORTUGUESA - 3º ANO DO ENSINO MÉDIO REGULAR E EJA
Seções
A importância dos resultados
A escala de proficiência
Padrões de desempenho estudantil
O trabalho continua