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sistema simbólico para expressar ideias. É muito mais uma forma de vida e uma forma de ação,
ou ainda uma forma de organização dos pensamentos e das atitudes.
Quando queremos exercer qualquer tipo de poder ou de influência, recorremos ao discurso;
ninguém fala só para exercitar as próprias cordas vocais ou os tímpanos alheios. Na realidade,
o meio em que o ser humano vive e no qual se acha imerso é muito maior que seu ambiente
físico, já que está envolto também por sua história, pela sociedade que o criou e pelos seus
discursos. Nesse contexto, é central a ideia de que a língua é uma atividade ‘sociointerativa’.
O funcionamento de uma língua no dia a dia é, mais do que tudo, um processo de integração
social. Claro que não é a língua que discrimina ou que age, mas nós que com ela agimos e
produzimos sentidos.”
Luiz Antônio Marcuschi, Produção textual, análise de gêneros e compreensão.
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Português - Felipe Pereira 2
5) Dígrafos salientar que as letras “M” e “N”, quando estiverem de-
pois de uma vogal, representam a Nasalização da mes-
Toda vez em que temos duas letras para represen-
ma. Assim, a sequência “AM” em “CAMPO” representa
tar um único som, um único Fonema, temos um Dígra-
um único som /ã/; temos um dígrafo.
fo. Por exemplo, “SS”, “NH”, “LH”, “RR”. É importante
5) PAROXÍTONAS E OXÍTONAS
3)Hiato Tônico ( I e U ) Essas duas amigas formam uma única regra. Não,
Acentuam-se as letras I e U se... você não precisava ter decorado tanta coisa!
• Forem Tônicos orais Exceto as
REGRA GERAL
terminadas em
• Vierem depois de uma vogal diferente (HIATO)
• Vierem sozinhas na sílaba, ou acompanhadas de “S”. PARoXÍToNAS Todas têm acento A, E, o, EM, ENS
Exercício 4) Todas as palavras abaixo são oxítonas; use o Atenção: a Trema (sinal que era usado para marcar
acento quando convier. a pronúncia do “U” quando estivesse nos cenários:
URUBU FEBRIL VELOZ MENOR LUCIDEZ PORTUGUES Q_I, Q_E, G_I, G) não existe mais, segundo o “novo”
INTERVEM CAQUI URETER COCO PARA ANEL LUAU acordo ortográfico.
ANZOL CORONEL
Exercício 5) Coloque o acento nos lugares certos.
Sua rubrica era gratuita para os avaros que fossem gen-
6) Palavras Terminadas em Ã, ÃO tis, compreensiveis e amaveis. Compra-la-iamos se não
fosse cliche, atroz e arcaico. Sim... alias, não! O texto
Essas palavras seguem a regra geral: as Paroxítonas não faz sentido algum. Distorça o nariz; acentue: ‘virus’,
são acentuadas; as Oxítonas não. ‘dolar’, ‘humus’, ‘raiz’, ‘refem’... ‘Hoteis’ ainda tem? E os
ÍMÃ, ÓRGÃO, ÓRFÃO, AMANHÃ, COMPRARÃO, hoteis ainda tem vagas? Hãn?... Vagas não, mas jiboias
COMERÃO. ainda vem. Isso importa a alguem? Intervemvarios alu-
nos indignados nesse interim.. e gritam: Xerox!!! Clovis,
onde voce foi?
G RAFIA D OS P ORQUÊS
Antes de tudo, é preciso deixar claro que, apesar de serem quatro as formas dos porquês (por que, por
quê, porque e porquê), são apenas três as regras que determinam a grafia correta.
Aqui, se você relembrar como identificamos uma Palavra Átona, determinar o uso do acento se tornará
tarefa fácil.
1) POR QUE - Não vou ao Alternativo porque namoro.
Usa-se o porquê separado quando ele for equivalente Lembre-se de que esse porquê não é acentuado por-
às expressões: que é uma palavra ÁTONA.
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Português - Felipe Pereira 4
Exercício 1) Preencha as lacunas com os porquês, usan- - Esses são os objetivos ........... lutas?
do as regras há pouco estudadas: - ........... ela foi para o mato com ele?
- Ninguém sabia ............ ele fazia aquilo. Ninguém que- - Todos querem saber ..........
ria saber ........... - TOOODOS querem saber o ..........
- ........... alguém gosta de uma poema? Não entendo - Desististe da carreira de atriz ............ ?
............ - Não falou ............. estava mudo.
- ........... queres ir para casa? Só ......... ela ficou com ou- - ........... não ficas com ela? .......... ela não tem dentes?
tro na tua frente? - Não entendi ........... querem me prender.
- ........... ele chegou, tu vais embora?
MORFOLO G IA
Classes Gramaticais
É importante estar ciente de que tratar de classes é uma forma de separar as palavras em grupos teorica-
mente fechados. Afinal, quando chamamos uma palavra de substantivo, essa é uma classificação definiti-
va. Por exemplo, não importa a frase em que a palavra “casa” se encontra - ela será sempre um substanti-
vo. Na verdade, ela não precisa estar em frase nenhuma para que a chamemos de ‘substantivo’. Estamos,
aqui, na morfologia, estudo da forma da palavra. Usaremos frases, mas a classificação independe delas.
} {
No Português, as palavras são distribuídas em dez Classes Gramaticais, que assim se dividem:
Substantivos Advérbios
Adjetivos PALAVRAS PALAVRAS Preposições
Artigos VARIÁVEIS INVARIÁVEIS Conjunções
Verbos Interjeições
Pronomes
Numerais } PALAVRAS VARIÁVEIS
e INVARIÁVEIS
Produtivas Improdutivas
Substantivos (Internet, DVD, computador) Artigo
Adjetivos (Lunático, Machadiano) Numeral
Verbos (Pagodear, Farrear, Pilhar) Pronomes
Advérbios (Adjetivo + -Mente) Preposições
Conjunções
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Português - Felipe Pereira 6
Exercício 2) Identifique os Adjetivos das frases abaixo e - Você precisa de um médico.
indique a que Substantivo se referem: - Você precisa de um médico, não de quatro.
- Aquele homem cachorro vai levar um grande chute na
pequena bunda.
- O estojo cinza foi pintado de cinza forte. 4) PRONOME
- A cinza fedida caiu do cinzeiro cinza. A verdade é que essa é uma classe gramatical sem
- Um cachorro amigo vale mais do que um amigo ca- identidade. De uma forma geral e grosseira, PRO + NO-
chorro. MES são aqueles que trabalham “pro” nome, isto é,
- Homem santo só existe no berçário. para os substantivos – as palavras que nomeiam. De
- Meu santo forte não me abandona nas minhas notó- que forma eles trabalham? Ou acompanham um subs-
rias bebedeiras. tantivo (Pronomes Adjetivos) ou se comportam como
Adjetivos x Locução Adjetiva se fossem um substantivo (Pronomes Substantivos). O
problema é existem seis tipos de pronomes: Interroga-
A palavra “Locução” é usada quando temos duas ou
tivos, Indefinidos, Demonstrativos, Possessivos, Rela-
mais palavras exercendo o papel de uma única Classe
tivos e Pessoais. Todos são tão diferentes entre si que
Gramatical. Assim, a Locução Adjetiva exerce o papel
nem parecem constituir uma só classe. Por isso, são
de um Adjetivo; a Locução Verbal exerce o papel de
estudados separadamente. Aqui, falaremos somente
um Verbo e assim por diante. É preciso ter em mente
de quatro: Interrogativos, Indefinidos, Demonstrativos
que uma Locução Adjetiva é formada normalmente
e Possessivos.
por PreP. + SubSTANTivo. Por um erro do destino,
nem sempre temos Adjetivo na Locução Adjetiva.
4.1 Pronomes Indefinidos
Observe:
Esses são pronomes que, como o próprio nome su-
- Cabeça de bagre [“bagre” é um Substantivo]
gere, dão ideia incerta. Podem acompanhar um subs-
Loc. Adj.
tantivo, sendo um Pronome Indefinido Adjetivo. Por
- Cavalo do pampa gaúcho [“pampa” é um Subst., e
exemplo: “Qualquer homem serve para ele”. Ou ainda
Loc. Adj. “gaúcho”, um Adj.]
podem fazer as vezesde um substantivo, sendo um Pro-
nome Indefinido Substantivo. Por exemplo: “Tudo lhe
- Homem de ferro [“ferro” é um Substantivo]
faz mal”.
Loc. Adj.
Formas Variáveis Formas Invariáveis
Exercício 3) Identifique os Substantivos, os Adjetivos e (P. Ind. Adjet.) (P. Ind. Subst.)
as Locuções Adjetivas do trecho abaixo: Algum, alguma, nenhum, nenhuma alguém, algo
Os silenciosos, os mudos, os calados são os melhores muito, muita, muitos, muitas ninguém
alunos do mundo inteiro. Pessoas barulhentas não fa- pouco, pouca, todo, toda tudo, quem
zem sucesso, nem promovem o progresso da nação bra- e etc. e etc.
sileira. Portanto, saiba que estar entre os melhores da
sala exige compenetração, ausência de preguiça e fome
de conhecimento. 4.2 Pronomes Interrogativos
Pronomes Interrogativos são pronomes indefinidos
empregados em uma pergunta (direta ou indireta). Por
3) ARTIGOS E NUMERAIS exemplo: “Quem é você?” (pergunta direta); “Não sabe-
mos quem é você!” (pergunta indireta).
Tanto os Artigos quanto os Numerais são palavras
acessórias que acompanham sempre um Substanti- Formas Variáveis Formas Invariáveis
vo ou uma palavra Substantivada. (P. Int. Adjet.) (P. Int. Subst.)
Os Artigos se dividem em DEFINIDoS (o, a, os e as) Qual, Quais Que
e INDEFINIDoS (um, uma, uns, e umas). Quanto, quanta Quem
Numeral é toda palavra que, de alguma forma, ex- Quantos e quantas e etc.
e etc.
presse uma contagem: ou numérica (um, dois, três),
ou ordinal (primeiro, segundo, terceiro), ou fracionária
(meio, um terço).
4.3 Pronomes Demonstrativos
Exercício 4) Sublinhe os Artigos e circule os Numerais Esses pronomes fazem exatamente o contrário dos
das frases abaixo: Indefinidos, pois de certa forma especificam o subs-
- Um garoto roubou dois ovos tantivo a que se referem. Os demonstrativos localizam
- Uma menina levou meia sacola de pães. os nomes em três aspectos: espaço, tempo e discurso
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Português - Felipe Pereira 8
Exercício 6) Identifique a Classe Gramatical das palavras no. Nos demais casos, o “A” é só uma Preposição.
destacadas: Mais: os Artigos são variáveis; as Preposições, in-
O menino que era meio feio ficou no meio do ca- variáveis.
minho, sem saber muito sobre o muito que viu. Nessa
tarde, ele saiu bemtarde de casa; vestiu-se melhor; foi Exercício 7) Diferencie o “A” Artigo do “A” Preposição
à escola e tornou-se o melhor aluno da sala; depois se nas frases abaixo:
tornou o bonito da sala. Voltou para casa, comeu meio
A gasolina está A preço de banana.
salame, uma rodela de mortadela e enxergou uma me-
A qualquer momento ele pode pedir A mão A ela.
nina bonita. Deu um salto, depois dois. Cumprimentou
o defuntoamigo, seu vizinho, e foi sentar-se ao lado da A nossa pequena garota entregou seu currículo A este
mulher mais linda da rua. O mais, para ele, agora era empresário.
besteira. Quanto menos pessoas por perto, menos ele Façam A prova A lápis
falava. Somente beijava. A dona Enilzete deve dinheiro A garçonetes.
A Joana voltou A este emprego imundo?
Vou ir A uma massagista.
6) PREPOSIÇÕES Queres A mim ou A ele?
As Preposições são palavras que, isoladas, não Queres A gasolina ou A margarina?
fazem sentido algum. Toda Preposição sempre está en-
tre duas palavras, unindo-as. Por isso, diz-se que essa
Classe Gramatical tem como função ligar palavras. As 7) INTERJEIÇÕES
Preposições são primas das Conjunções: essas ligam
frases, aquelas ligam vocábulos. Por muitos, inclusive por mim, essa classe não é
- Casa de madeira - Café com leite - Guerra con- considerada uma classe. É uma anomalia gramatical
tra o terrorismo que, por falta de opção, foi aqui encaixada. Escutemos
O termo que vem antes da preposição é chamado Celso Cunha: “Interjeição é uma espécie de grito com
de termo Regente, e o que vem depois, de termo Re- que traduzimos de modo vivo nossas emoções”. Por
gido. exemplo: “Ah! Ai meu Deus! Cruzes! Bravo! Psiu!” e as-
Existe um grupo que forma o que chamamos de sim por diante. Vejam, quase não há regularidade quan-
Preposições Essenciais (Preposições que aceitam, após to ao modo de comportamento dessas palavras; elas
elas, os Pronomes Pessoais “mim” e “ti”): podem expressar as mais variadas ideias. No entanto,
merecem valor e já o tiveram nessas sete linhas.
A – ANTE – APÓS – ATÉ – COM – CONTRA– DE – DESDE
– EM – ENTRE – PARA – PERANTE – POR – SEM – SOB
– SOBRE
8. CONJUNÇÕES, VERBOS e
PRONOMES (Pessoais e Relativos)
6.1 Preposições “problemáticas”
Com esses ‘caras’, o buraco é mais embaixo. O
ATÉ: A Palavra “ATÉ” pode comportar-se como
estudo dessas classes envolve muito conhecimento
uma Preposição, unindo vocábulos, ou como um Advér-
sintático; é preciso saber muito sobre estrutura frasal
bio (equivalendo à palavra ‘INCLUSIVE’), modificando
para compreender seu funcionamento. Portanto,
um verbo. Note:
acalme-se, ainda não estamos prontos, mas estaremos.
“Caminharam até(prep.) a br-116.” Para que você se organize, vou informar-lhe que as
“João até(adv.) perdeu as calças.” Conjunções somente serão vistas juntamente com
A (Prep.) x A (Artigo) As diferenças entre Ar- o período composto (temos uma longa caminhada
tigo e Preposição são gritantes. O Artigo só existe ao até lá); os Verbos serão vistos isoladamente, e esses
lado de um Substantivo. Nosso Artigo “A” é ainda mais dois Pronomes restantes serão vistos logo depois das
específico: só pode existir antes de Substantivo Femini- funções sintáticas.
MORFOLO G IA
Estrutura e formação de palavras
Este é um momento bastante singular no estudo da Radical são os Prefixos, e os que aparecem depois, Sufi-
língua. Deixamos de lado o uso da Língua e passamos xos. Observe o Afixo “-EIRO(A)”, que pode indicar planta
a analisar a estrutura interna de cada palavra. Agora, (limoeiro, laranjeira, bananeira), agente (açougueiro,
ela será nosso objeto de estudo. A frase não nos arruaceiro, encrenqueiro, enfermeira), lugar onde se
importa mais; olharemos para dentro das palavras e as guarda (açucareiro, saleiro, roupeiro) e etc.
analisaremos individualmente. É um momento íntimo e 3) Vogal Temática – Essa é uma vogal especial,
totalitário! Precisamos, em primeiro lugar, ter a noção que se junta ao Radical, preparando-o para receber
de que é possível dividi-las, fragmentá-las. Assim, os Afixos e as Desinências. Existem Vogais Temáticas
chegaremos a “pedaços de palavra”, pedaços esses Verbais e Nominais. As Verbais são responsáveis por
que têm carga semântica; chegamos, enfim, à unidade determinar a conjugação verbal: Vogal “A” – 1° conjug.
mínima significativa do Português, ao que damos o (estudando, passarás e viajarás); Vogal “E” – 2° conjug.
nome de MoRFEMA. (crer, ler, fazer) e Vogal “I” – 3° conjug. (cair, partir,
sair). As Vogais Temáticas Nominais são um pouco mais
ESTRUTURA complexas; são elas “A”, “E” e “O” átonas em fim de
Existem quatro tipos de Morfema, quais sejam: Substantivos e Adjetivos. Por exemplo: “mesa”, “triste”.
Note que a vogal “A” em “mesa” é diferente da vogal “A”
Radical, Afixo, Desinência e Vogal Temática.
em “aluna”. Essa última é uma Desinência que marca
1) Radical – Este é o primeiro morfema a ser visto
o gênero; podemos comprovar isso trocando o “A” de
por ser o mais importante. Além disso, ele é também
“aluna” pela Desinência “O”, que marca o masculino
o mais fácil de ser compreendido. O Radical (também
(aluno). Isso não ocorre em “mesa”, nem em “dia”, nem
chamado de Raiz ou Base) é o morfema responsável por
em “poeta”.
guardar a base significativa da palavra. Segundo Evanil-
do Bechara: “Radical é o núcleo do vocábulo onde re- OBS.: Existem letras que são simples adaptações
pousa a significação externa da palavra”. Palavras que fonológicas que aparecem no interior das palavras para
têm o mesmo Radical compartilham sua significação que a leitura se dê de forma mais agradável. Por serem
mais íntima; são, por isso, chamadas de palavras de meros sons destituídos de significado, não são conside-
mesma família, ou palavras cognatas. Observe, a seguir, rados Morfemas. São eles Vogais e Consoantes de Liga-
os Radicais destacados e note como os vocábulos man- ção. Veja: CHÁ + L + EIRA.
têm um significado em comum: (a) espera, esperando, (rad.) (cons. de lig.) (sufixo)
(eu) espero, esperança, esperançoso, desesperado.
Observe que a palavra não é feita só de Radical. A FORMAÇÃO
esse, grudam-se morfemas periféricos. Vamos a eles:
Existem duas grandes modalidades de formação:
2) Desinências – Esses morfemas são responsáveis Composição e Derivação. Na primeira, temos dois Ra-
pela FLEXÃO. Dividem-se em Desinências Nominais dicais (uma palavra Composta). Na segunda, temos um
(Gênero, Número e Grau) e Desinências Verbais (Tem- único Radical, e a esse se juntam Afixos.
po, Modo, Número e Pessoa). Observe a letra “–S”, que
pode ser uma Desinência Nominal que marca PLURAL Tipos de Derivação
nas palavras “aulas”, “estudos” e “vagas”, mas pode Derivação Prefixal – Ex: Impróprio, reler, despro-
também ser uma Desinência Verbal que marca a 2° P. porcional.
do SINGULAR (tu) nos verbos “estudas”, “te dedicas” e Derivação Sufixal – Ex: realmente, amável, braçada.
“passarás”. Derivação Prefixal e Sufixal – Ex: inexplicável,
3) Afixos – Entre todos, aqui está o Morfema mais deslealdade, infelicidade.
versátil e imprevisível. Estamos lidando com o respon- Derivação Parassintética – Essa merece descrição.
sável pela DERIVAÇÃO. Ou seja, é ele que forma novas Nesse tipo de formação, temos o auxílio simultâneo
palavras, dilata a Língua, a enriquece. Diferente das De- de prefixo e sufixo para a formação do vocábulo. Nor-
sinências, os Afixos podem significar muita coisa (qual- malmente, esse processo forma verbos derivados de
quer coisa, eu diria). Os Afixos que aparecem antes do Substantivos ou Adjetivos. Ex: anoitecer, endurecer,
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Português - Felipe Pereira 10
enriquecer. Note o Radical “preso” entre o Prefixo e bo) perde o “R” e forma “Costura” (Substant.), “Caçar”
o Sufixo, de forma que nenhum desses dois morfemas (verbo) forma “a caça” (Substant.).
pode ser retirado da palavra sem que essa perca com-
pletamente seu significado. Tipos de Composição
Derivação Imprópria – Nessa derivação, não há Aglutinação – Como o próprio nome sugere, te-
acréscimo de nenhum morfema. A palavra não é vista mos aqui a fusão de dois Radicais. Eles literalmente se
quanto à sua constituição, mas quanto a seu comporta- grudam, se aglutinam, formando um novo vocábulo.
mento na frase. Ocorre Derivação Imprópria quando al- Por exemplo: Petróleo (pedra + óleo), Planalto (Plano +
guma palavra pertence a determinada classe gramatical Alto),Vinagre (vinho + acre).
e funciona, se comporta como se fosse outra. Explico.
Um Substantivo que se comporte como Adjetivo, ou vi- Justaposição – Veja que os nomes são didáticos.
ce-versa. A palavra não é vista de dentro (estrutura do Nesse tipo de formação, os Radicais não mais se mo-
vocábulo), mas sim de fora (estrutura frasal). Por exem- dificam; ficam lado a lado, respeitando-se mutuamen-
plo: A palavra “amanhã” é originalmente um Advérbio; te, sem nenhum dos dois (ou mais) perder letras. Por
no entanto, na frase: “o amanhã a Deus pertence”, exemplo: “Guarda-chuva”, “Passatempo”.
“amanhã” comporta-se como um Substantivo; é um Ad-
A nossa Língua é filha de dois pais: do Grego e do
vérbio Substantivado (até exerce a Função de Sujeito!).
Latim. Isso quer dizer que as palavras do Português,
Derivação Regressiva – Nesse fenômeno, a palavra
em sua maioria, originaram-se gregas ou latinas e
diminui, encolhe, “regride”. É importante saber que,
foram se transformando, até chegar à forma como
na Derivação Regressiva, só se formam Substantivos
conhecemos hoje. O que faremos a seguir é conhecer
Abstratos. O que ocorre é que algumas palavras (ge-
de onde vieram muitas das palavras com as quais
ralmente verbos) perdem um pedaço, são decepadas,
lidamos com naturalidade.
formando novas palavras. Por exemplo: “Costurar” (ver-
Radicais Gregos
VERBOS
Modos e Tempos
Os verbos são grandes guerreiros da língua portu- Eu estudo todo dia. Eles roubam todo ano. Ela
guesa; eles são verdadeiros “carregadores de piano”. está sempre linda.
Sozinhos, levam uma série de informações: um único
verbo pode-nos revelar muito. Por exemplo, quando PASSADoS (3 tempos)
você escuta a forma verbal “Estudei”, você sabe quem Pretérito Perfeito – Esse tempo verbal expressa
agiu (EU) e quando agiu (PASSADO). Por isso, o estudo ações concluídas que não se repetem no passado.
dos verbos é bastante fragmentado. Falaremos sobre Observe:
verbos até o fim do ano - isso provoca reação alérgica Eu estudei um dia durante o ano passado. Nós
em alguns alunos. fizemos bobagem. Maria quebrou o pé.
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Português - Felipe Pereira 12
FUTURoS (2 tempos) tivo, Primeira Pessoa. Mais... É possível expressar uma
Futuro do Presente ( -rei Tônico ) – Esse tempo ordem no Futuro com apenas uma forma verbal?... E no
verbal, como seu próprio nome diz, expressa ações que Passado? Não! Assim, só há o tempo presente no modo
ocorrerão no futuro. Observe: verbal da “ordem”.
Eu estudarei amanhã. Passaremos na prova. É importante salientar que o Imperativo não
Realizarão o debate no mês que vem. expressa somente ordens. Para pedir, orientar, suplicar,
também usamos o Imperativo. Observe: “Sorria, você
Futuro do Pretérito ( - ria ) – Aqui, os verbos expres- está sendo filmada”, “Vem pra Caixa”, “Me desculpe”.
sarão uma hipótese no passado.
Se me cobrassem no colégio, eu estudaria. Eu
teria feito a inscrição se tivesse me lembrado. Formação do Imperativo:
Todo o Imperativo deriva dos Presentes
(Indicativo e Subjuntivo)
MoDo SUBJUNTIVo (3 tempos)
É muito complicado definir qual a ideia que os
verbos desse modo expressam; por isso, estudaremos Formação do Imperativo Afirmativo
mais a forma verbal do que a ideal verbal dos três
seguintes tempos. Verbo ESTUDAR
Presente do Imperativo Presente do
Presente Indicat. Afirm.
Subjunt.
Espero que meu aluno passe (passar).
Eu estudo - Que eu estude
Desejo que vocês dirijam (dirigir) sem beber.
Tu estudas Estuda tu Que tu estudes
Pretérito Imperfeito ( - sse )
Se você fizesse os temas, as coisas mudariam. Ele estuda Estude você Que ele estude
Caso nós comprássemos uma casa, teríamos gastos. Nós estudamos Estudemos nós Que nós estudemos
Futuro – Esse tempo verbal merece descrição, pois, Vós estudais Estudai vós Que vós estudeis
para nós, é o mais importante de todos os tempos. Por
Eles estudam Estudem vocês Que eles estudem
uma questão de lógica, o Futuro do Subjuntivo expres-
sa uma Hipótese no Futuro.
Se os alunos forem à festa, perder-se-ão no copo. Formação do Imperativo Negativo
Se eu ganhar na Loteria, serei mais feliz.
Verbo ESTUDAR
Presente do Imperativo
Subjuntivo Negativo
Formação do
Que eu estude -
Futuro do Subjuntivo:
Que tu estudes Não estudes tu
3° Pessoa do Plural do Pret. Perfeito
Que ele estude Não estude você
João / se perdeu
Sujeito Predicado Verbos Impessoais (não têm Sujeito)
A) HAVER
João e Maria / se perderam no mato B) FAZER [indicando tempo – meteorologia/crono-
Sujeito Predicado logia]
C) Verbos que indiquem fenômenos meteorológi-
Ontem / todos os alunos / estiveram no mato. cos
Predicado Sujeito Predicado E as expressões:
D) BASTAR DE
É importante destacar que, na frase 3, não temos E) CHEGAR DE
dois Predicados, mas um mesmo Predicado dividido. F) PASSAR DE (Indicando tempo decorrido)
o que é o Sujeito? Já ouvimos muita coisa sobre G) TRATAR-SE DE
esse elemento sintático, o que torna a tarefa de defi-
ni-lo muito delicada e complicada. “Aquele que exerce É preciso cuidado quando estivermos lidando com
a ação”, “Aquele a quem o verbo se refere”. Meia dúzia Locuções Verbais; se o Verbo Principal for um Impes-
de exemplos tornaria essas duas definições ridículas. soal, a locução deve ficar no singular.
Enfim, definir o Sujeito semanticamente é impossível; Exemplo: Parece (e não Parecem) haver problemas
o que se pode afirmar com certeza é que o Sujeito é Deve (e não Devem) fazer dias frios.
aquele com quem o Verbo concorda; ele (sujeito) de-
termina o comportamento verbal. Sujeito é o termo Transitividade Verbal
frasal que DETERMINA A CoNCoRDÂNCIA VERBAL.
VERBoS TRANSITIVoS – Necessitam de Comple-
mento (verbos incompletos)
1.1) Tipos de Sujeito
VERBoS INTRANSITIVoS – Não necessitam de
A) Sujeito Simples – Aquele que tem somente um Complemento (verbos completos)
Núcleo. VERBoS DE LIGAÇão – Esses verbos não repre-
Uns alunos gostam de estudar. sentam uma ação exercida; apenas ligam uma caracte-
Aquele pequeno aluno moreno prefere escrever rística a seu Sujeito.
redação.
B) Sujeito Composto – Aquele que tem dois, ou Obs.: Não esqueça que estamos lidando com a
mais, Núcleos. Sintaxe, o estudo da FRASE. E o que seria a frase senão
Pedro Ernesto e seus filhos estiveram em Mada- uma infinidade de possibilidades de construção?
gascar. Podemos formar frases de muitas formas, e por isso
O destino e a vontade me trouxeram até aqui. os verbos podem significar de diversas formas, o
que quer dizer que não é tão simples determinar
C) Sujeito Indeterminado – Verbo Conjugado na 3ª
a transitividade de um verbo: um mesmo verbo
pessoa do singular sem antecedente.
pode ter diferentes transitividades, dependendo da
Roubaram todos os diamantes.
FRASE em que se encontra.
Construíram tudo isso em três meses.
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Português - Felipe Pereira 14
1.2) Tipos de Predicado DIRETAMENTE), e Complementos que exigem uma pre-
A) Predicado Verbal – Aquele que tem como Nú- posição para que haja a ligação (ligando-se INDIRETA-
cleo um Verbo Transitivo ou Intransitivo MENTE).
2) Surge um Verbo Auxiliar (SER/ESTAR), e Você vê Sujeitos diferentes nas orações acima? Eu
o Verbo Principal da Voz Ativa passa para o também não! Acontece que, na frase 1, temos um V.T.D.
Particípio. apassivado, e “muito jornal” é, na verdade, o Sujeito
AGENTE DA da Oração, Sujeito esse que RECEBE a ação verbal: “não
3) SUJEITO PASSIVA (prep. lê”, mas “é lido”; sujeito que recebe ação (VoZ PASSIVA,
‘POR’ ou ‘DE’) na modalidade SINTÉTICA). Enquanto na frase 2, temos
um termo preposicionado (“com afinco”) que exerce a
função de Adj. Adverbial. Na frase 2, o Sujeito é Inde-
terminado.
Essa determinação da nossa tradição gramatical
Voz Ativa gera frases estranhíssimas, como “Comem-se legumes”,
UM NoVo “Amam-se os animais”. Nessas duas frases, ‘legumes’ e
JoCÉLIA ENCoNTRoU
EMPREGo. ‘animais’ são Sujeitos dos verbos ‘comer’ e ‘amar’, res-
(Sujeito) (Pret. Perf.) (o.D.) pectivamente.
Voz Passiva
UM NoVo EM- FoI ENCoNTRA-
PoR JoCÉLIA.
PREGo Do
[Verbo “ser”
(Agente da Pas-
(Sujeito) (Pret. Perf.) +
siva)
Particípio]
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PONTUAÇÃO
Os sinais de pontuação existem SoMENTE NA ES- C) Separar o Aposto (se esse não for Restritivo/Es-
CRITA e representam uma evolução na comunicação pecificativo). Exemplos:
gráfica. A função deles é deixar claro, para o leitor, a
,
“Ali está Eugênia a flor da moita.”
relação entre os termos de uma frase; é muito simples
notar a diferença que uma vírgula pode fazer, observan-
, ,
“Luan Santana o melhor cantor está de férias.”
Vírgula
“Cuide da água , a qual preenche 70% da Terra e
do seu corpo.” (o. Sub. Adj. Explic.)
Esse sinal aparece naquilo que chamamos de
Período Simples (Oração Única). Sua função é avisar o
leitor que há algo anormal na frase - algo deslocado, Esse é o único caso em que o uso da vírgula não
intercalado. Nunca esqueça: frase normal [S – V – o – depende da estrutura frasal (ou seja, da Sintaxe). Nesse
(A.ADV.)] não tem vírgula! momento, o que determina a presença ou a ausência da
A vírgula é empregada para: vírgula é a Semântica. Isto é, a interpretação!
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Português - Felipe Pereira 18
REG ÊNCIA
Reger significa coordenar, mandar. Estudamos aqui VTD – cognominar, denominar, apelidar: “Chama-
o modo como algumas palavras mandam, exigem. Exi- ram Ronaldinho de mercenário”
gem o quê? A presença ou a ausência de preposições (a, Nesse uso, surge um termo acompanhado da prepo-
ante, após até, com, contra, de, desde e etc). Sabemos sição “de”; esse termo caracteriza o Objeto Direto (“Ro-
que muitas são as palavras exigentes. Explico: palavras naldinho”, no caso). É por isso o predicativo do objeto.
que não entram na frase de qualquer modo. Explico VTI – invocar, pedir auxílio: “Maria chamava pelo
melhor: palavras que, sempre que aparecem, apare- marido”
cem acompanhadas (de preposição). Quem concorda,
concorda com; quem precisa, precisa de; quem sente 4) CHEGAR
vontade, sente vontade de; quem tem afinidade, tem VI – atingir algum local: “Chegamos cedo ao hotel”
afinidade com. Observe que tivemos quatro palavras Nesse uso, o verbo chegar exige sempre a prepo-
exigindo preposições: concordar, precisar, vontade e sição “a”, que forma o Adjunto Adverbial (“ao hotel”,
afinidade: dois verbos e dois nomes, respectivamente. nesse caso). No entanto, sabemos que esse adjunto é
É por isso que a regência são duas: a verbal e a nominal. muito importante para o sentido do verbo; é um adjun-
to diferente, chamado por Luft de Complemento Adver-
Regência Verbal bial, lembra?
Nessa regência, estaremos lidando com o modo VI – bastar, ser suficiente: “Meio milhão não chega
através do qual o verbo se relaciona com seu comple- para comprar minha casa”, “Chega de preguiça!”
mento. Se ele se ligar ao complemento sem preposição,
será um verbo transitivo direto; se exigir uma preposi- 5) ESQUECER
ção, será um verbo transitivo indireto. Sim, o assunto é VTD (não pronominal): “Você já esqueceu a maté-
velho. O que é novo é que um mesmo verbo pode ter ria?”
diferentes regências, alterando seu significado. VTI (pronominal): “Você já se esqueceu da maté-
ria?”
1) AGRADAR Note que, aqui, a diferença é puramente sintática,
VTD – contentar, mimar, acariciar: “Ela agradou não semântica, como em quase todos os outros.
seu cachorro”, “Eles agradaram seu professor”
VTI (prep. A) – satisfazer: “A aula agradou aos alu- 6) IMPLICAR
nos”, “Agradaremos ao corretor”. VTD – resultar, causar: “O estudo implica a apro-
Desagradar é sempre VTI! vação”
Aqui, você e eu ficamos com uma vontade danada
2) ASPIRAR de inserir a preposição “em”, o que causaria a constru-
VTD – sorver, haurir, inalar, absorver: “O motoquei- ção “na aprovação”. Pois é... Mais uma vez, a norma gra-
ro aspirou uma mosca”, “Aspirei o ar do campo”. matical vai contra a intuição linguística da maioria dos
VTI (prep. A) – almejar, ambicionar, desejar: “Aspi- falantes. Um dia ela aprende...
ramos a uma vaga”, “Aspiro ao 1° lugar” VTI (prep. CoM) – antipatizar, ter implicância,
o famoso “enticar”: “Não implique com seu irmão,
3) ASSISTIR menina!”
VTD – prestar assistência, socorrer, ajudar: “Assisti- 7) LEMBRAR
mos um idoso na estrada” VTD (não pronominal): “Nós lembramos onde você
VTI (prep. A) – ver, olhar, ser espectador: “Assisti- mora”
mos à novela e, depois, ao jogo” VTI (pronominal): “Nós nos lembramos de onde
Na língua falada, hoje em dia, o verbo “assistir” so- você mora”
mente é usado como VTD. A grande maioria de nós fala: Mais uma vez, a diferença mora na sintaxe, não na
“Eu assisti o jogo”. Esse verbo foi tão usado como VTD semântica. O mesmo acontece com o verbo “esquecer”.
que até Passiva já aceita: “O jogo foi assistido por mim”. Você já tinha se esquecido dele? Eu sei que não.
Aqui, temos um clássico exemplo de como a gramática VTD – fazer recordar, causar lembrança: “Você lem-
normativa impõe normas (com o perdão da redundân- bra meu ex”, “Ao fazer esse gesto, ela lembrou a Kelly Key”
cia) que não encontram respaldo no uso atual da língua. VTDI – advertir, recordar: “Lembrei ao meu namo-
rado o dia do meu aniversário”
3) CHAMAR Na linguagem falada (errada para a gramática e
VTD – chamar para perto de si, convocar: “A mãe para a redação), vê-se usado assim: “Lembrei meu na-
chamou os três filhos” morado do dia do meu aniversário”.
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Português - Felipe Pereira 28
Consulta: a (fazer consulta ao dicionário) Ódio: a, contra (ter ódio aos parentes pobres)
Contemporâneo: a (ser contemporâneo aos dinossau- Passagem: por (a passagem dos tanques pelo território
ros) inimigo)
Equivalente: a (ser equivalente a perder um ente que- Passível: de (ser passível de análise)
rido) Preferência: a, por (demonstrar preferência ao filho me-
Falta: a (sua falta à aula foi prejudicial) nor)
Guerra: a, com, contra, entre (haver guerra com os pais) Propenso: a (ser propenso à preguiça)
Gosto: de, em, por (ter gosto de estudar) Próximo: a, de (estar próximo ao/do fim)
Horror: a, de (ter horror às exatas) Respeito: a, entre, com, por (haver respeito pelos mais
Igual: a (ser igual ao Shrek) velhos)
Impróprio: a, para (ser impróprio a menores de idade) Saudade: de (sentir saudade do “ex”)
Incompatível: com (ser incompatível com a verdade) Semelhante: a (ser semelhante ao papai-noel)
Invasão: de (a invasão dos bárbaros foi violenta) Sito/Situado: em (casa sita/situada na Redenção)
Medo: de (ter medo de química)
CRAS E
Crase é uma palavra grega (krasis) que significa femininas. Enfim, esse caso de crase só ocorre antes
“junção, união”. Ela não se restringe ao uso do acento de Palavras Femininas!!!
grave na letra A (À), e ocorre também em outros con-
textos. Por exemplo, a união entre a prep. “DE” e os ar- Exemplos:
tigos ou pronomes é uma crase (Do, DoS, DAQUELE, • Nada declarava quanto à sogra.
DAQUELES...). Durante a fala, quando temos dois sons • Dê valor às redações.
vocálicos idênticos lado a lado, dificilmente pronuncia- • Refiro-se a redações de alunos de pré-vestibular.
mos os dois. Mais comum é unir esses dois sons numa • Temos aversão às primas do interior.
única emissão: “DEEM, CREEM, LEEM”. Isso pode ser • Ninguém fez mensão à igreja.
chamado de crase fonética.
Enfim, o que precisa ficar claro é que estamos li- Aquele(s) Àquele(s)
dando com um “fenômeno” duplo, anfíbio; e que usar o 2) A + Aquela(s) = Àquela(s)
acento grave (`) significa assinalar que dois AS estão se Aquilo Àquilo
encontrando. Portanto, precisamos conferir se ambos
estão presentes antes de usar o acento. Em primeiro lugar, é preciso ter consciência de que,
nesse caso, não há mais o A artigo feminino; somen-
1) A + A/AS = À / ÀS te o A preposição, que se junta à primeira letra (A) dos
(prep.) (artigo) pronomes demonstrativos. Nosso trabalho se resume a
saber se há ou não preposição; ou seja, voltamos à sin-
Visto que estramos tratando do artigo A – que é De- taxe; na verdade mesmo, nunca saímos dela.
finido e Feminino –, algumas informações nunca podem
ser abandonadas. Esse artigo tem certa propensão se- Exemplos:
mântica, uma particularidade no efeito gerado ao apro- • Preciso ir àquelas ruínas.
ximar-se de um substantivo: “o aluno aprovado”, “a pro- • Muitas pessoas têm apego àquele time.
va de hoje”, “os problemas sociais”. Particularidade essa • Ele não se referiu a isso, mas àquilo.
que dá nome ao artigo: Definido. Quando se aproxima • Todos devem obedecer àquelas ordens.
de substantivos ou palavras substantivadas, os definidos • Assisti àqueles filmes.
nos dão uma ideia mais específica, mais restrita; parece
que temos mais conhecimento sobre o substantivo refe- 3) A + A QUAL/AS QUAIS = À QUAL / ÀS QUAIS
rido, e também mais proximidade com esse. Basta con-
trastar pares como: “A garota de ontem”, “UMA garota O termo A QUAL (ou AS QUAIS) funciona como um
de ontem”. “Queremos aula com o professor”,”Quere- Pronome Relativo, que retoma palavras ou sintagmas
mos aula com UM professor”. Portanto, a presença do que já tenham aparecido no texto. Por exemplo, “A ma-
artigo definido é uma presença semântica; é preciso por téria sobre a qual eu falo é difícil”. Veja que “a qual”
isso cuidado. refere-se à “matéria”. Bom, o fato é que esses pronomes
A outra informação, tão importante quanto essa relativos (A QUAL e AS QUAIS) carregam sempre consi-
(porém muito mais óbvia e simples), é que estamos go o nosso bom e velho artigo feminino definido (no
diante de um artigo feminino, e ele só precede palavras singular ou no plural), e mais uma vez nossa tarefa é
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ordens do professor... Além disso, como o texto é meu, a passadas largas tudo que o professor escrevia, a sua
aproveito a vontade, a liberdade e a oportunidade de vontade, o que lhe viesse a cabeça... crueldade!
começar frases e não terminá-las; rimo isso com salas, A essa altura, ficar em dúvida se vai ou não acen-
com malas. E volto a minha linha de raciocínio formal, a to grave nesse “A” que inicia o parágrafo, é uma sinal
qual – como já avisei – não deem bola. Esqueçam o sen- preocupante. Afinal, acabando vai o texto, a medida
tido: pensem em crase, acento grave, espaçonave... Oi? que acaba também o conteúdo, e junto com esse, o
Não cito as vezes que andei de uma sala a outra, su- ano. Anexa a esse, a vida. Cruzes! Falando em finalizar
jeito a crítica, pregando a palavra, até que por completo as frases, é preciso que você se conscientize que as
passou a vontade de ensinar... De um texto sem sen- besteiras lidas você deve voltar, crasear e descrasear.
tido, passamos a confissão. Voltemos a nossa ‘anexia’, Quando a bandida é facultativa, você também precisa
palavra criada a revelia, a qualquer maneira, só pra enu- indicar, uma a uma. Releia, esqueça o sentido; não
merar adjuntos adverbiais e te fazer respeitar aquele há algum; parabéns a memória e a Suzete – meu
conteúdo que parecia inofensivo. Lembre-se do dia da heterônimo, a quem recorri. Já avisei a Vossa Senhoria:
prova. Aquela hora tão esperada. Aquela hora em que só vise as crases aqui.
é tudo ou nada. Aquela hora você vai lembrar de mim,
rindo da prova e pensando: é fácil assim. Difícil era ler Suzete Crasias
REDAÇÃO
AVALIAÇÃO HOLÍS TICA
Esse é um tipo de avaliação que tenta perceber o e, desse modo, classificar a pertinência (o sucesso) da
texto na sua complexidade, na sua totalidade. Vê o tex- unidade semântico-pragmática resultante em forma de
to como algo uniforme e busca analisar todos os tópi- texto a partir dos três parâmetros (tema, modo compo-
cos gramaticias, todas as exigências a que uma redação sicional e adequação ao uso da norma culta).
deve obedecer, de uma forma contínua, não fragmenta- Tema
da. A palavra “HOLÍSTICA” justamente é escrita com “H”
Trata-se aqui de verificar o grau de compatibilida-
porque temos aí o radial grego “HOLO”, que significa
de da abordagem feita pelo candidato com a propos-
‘por completo, inteiro’ – radical esse que se faz presen-
ta da prova de redação, isto é, se a abordagem repre-
te em palavras como “HOLOCAUSTO” e “HOLOFOTE”.
senta uma interpretação qualificada da proposta e se
Para entender melhor essa avaliação pela qual todos,
responde a esta interpretação; se o texto explicita um
invevitavelmente, passarão, vamos escutar aquilo que
ponto de vista identificável com relação à questão colo-
a banca da UFRGS diz a seus corretores, orientando-os
cada pela proposta, optando por uma solução possível
para corrigir o teu texto.
entre um conjunto de soluções e sustentando sua esco-
“Avaliar holisticamente significa ver o texto como
lha. Sustentar uma escolha do ponto de vista significa
uma unidade. Na avaliação da prova de Redação, orien-
justificá-la, pela argumentação e pela exemplificação.
tamo-nos por três parâmetros, que contribuem para
Em resumo, você deve considerar a qualidade da abor-
assegurar a textualidade (qualidade de um bom texto).
dagem do tema apresentado; o encadeamento lógico
Cada um desses parâmetros receberá um conceito que
das ideias relativamente ao tema; e a manutenção, ao
expressa sua contribuição para o texto visto como um longo do texto, da abordagem eleita.
todo, em função do propósito e dos(s) interlocutor(es)
a que se destina.
Modo Composicional
Na avaliação de redação de vestibular, tanto o ob-
jetivo (ser classificado para ingressar na Universidade) Trata-se de observar se as relações estabelecidas
quanto o interlocutor (Examinador) estão bem claros são adequadas, tanto no que diz respeito ao desenvol-
para todos os envolvidos. A prova propõe uma temática vimento interno dos parágrafos quanto em relação à
que deve ser assumida pelo canditado para redigir um transição entre os parágrafos, se a divisão de parágra-
texto de certo tipo dentro de um limite preestabelecido fos é pertinente. Em resumo, você deve avaliar a quali-
de linhas. A seguir, ele adota um ponto de vista, sele- dade dos aspectos coesivos do texto; a separação das
ciona argumentos que lhe deem sustentação e contrói partes; a distribuição e correlação das ideias na frase,
seu texto. no parágrafo e no texto, relacionando causas e efeitos,
Você, como avalidador, deverá, então, ler o tex- tempo de fatos e ações, circunstâncias adverbiais, com-
to mais de uma vez para compará-lo com a proposta parações, contrastes, etc.
S INTAX E E X TE RNA
(Período Composto)
A partir de agora, passaremos para o nível “hard” cas). Evidentemente, às vezes, a ausência ou a presença
da Sintaxe. Aqui, entenderemos perfeitamente o que de conector muda o sentido original do período.
significa a classificação Oração Subordinada Substanti-
va Objetiva Direta (bizarra para a maioria). Em primeiro Orações Coordenadas Aditivas
lugar, saiba que estamos analisando a relação estabele- Conjunções: E, NEM
cida entre as orações. Ou seja, não há Sintaxe Externa Locuções Conjuntivas: Não só... mas (como) tam-
em uma única oração; precisamos de, no mínimo, duas. bém..., Além disso, outrossim.
Existem duas formas possíveis de duas (ou mais) orações Exemplos:
se relacionarem: elas podem respeitar-se mutuamente, “A banda Racionais escreve “raps” e já tocou de
de formar que sejam independentes entre si (CooRDE- costas ao público.”
NAÇão), ou então pode haver uma mais importante – e “D. Tonica nunca casou, nem acredita na possibili-
outra menos, obviamente (SUBoRDDINAÇão). dade.”