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FONÉTICA E FONOLOGIA

Por que e para que devemos aprender fonética? Qual é a diferença entre fonética e fonologia? Essas são as perguntas mais comuns que alunos
fazem quando têm de aprender essa parte da gramática. É claro que, objetivamente, você deve estudar a matéria porque é listada na relação de
conteúdos dos editais de concursos militares. Mas, na verdade, o estudo da fonética e da fonologia nos permite conhecer mais profundamente
como as palavras faladas são representadas pela escrita, para que possamos, simplesmente, aprender a separar as sílabas. E para quê? Para
translinear as palavras quando a linha em que escrevemos termina antes de a palavra acabar. Assim:

carro-

cinha

Primeiro, vamos conhecer a diferença entre fonética e fonologia, para depois sistematizarmos nossos estudos.

FONÉTICA FONOLOGIA

• Estuda todos os sons possíveis de serem produzidos pelo aparelho • Estuda os sons distintivos que alteram a palavra (o signo verbal) e,
fonador humano. por conseguinte, o significado da palavra.
• É uma ciência de laboratório e se ocupa de transcrever com desenhos • Ex: bala - mala – fala
os sons que o homem produz na fala, em todas as suas minúcias de
emissão e todas as variantes individuais e regionais.
• É uma ciência que faz parte da gramática e ocupa-se dos fonemas
• Não faz parte da gramática, mas dos estudos linguísticos. (os sons da fala humana).

Cabe a nós, pelo exposto no quadro acima, o estudo da fonologia. Palato


É comum, no entanto, haver confusão entre um e outro termo, e é
possível que você veja o termo fonética em vários livros ou mesmo Alvéolos Cavidade nasal
gramáticas escolares. Mas não se importe com isso e nem discuta: não
vale a pena. O que realmente interessa é saber o que cai nas provas e
como a matéria é cobrada nesses exames. Véu palatino

FONEMAS
São os sons da fala humana.
Corpo
Têm valor opositivo e, por isso, constituem sons distintivos
Apex
elementares, porque a troca de um fonema por outro que se opõe a Lábios
Raiz
ele pode determinar uma nova palavra: pata/bata; caro/carro; selo/ Faringe
zelo. Língua

O conjunto de fonemas forma o sistema fônico da língua; os


idiomas têm um número considerável de fonemas, mas as 26 letras
do alfabeto da Língua Portuguesa não bastam para representá-los na Dentes
escrita, por isso existem as combinações, tais como NH, CH, LH, AI,
ÕE, RR, SS etc.
Epígiote
APARELHO FONADOR Esôfago
O aparelho fonador, na verdade, forma-se com órgãos Laringe (cordas vocais)
“emprestados” de outros aparelhos. Veja a imagem representativa:

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CLASSIFICAÇÃO DOS FONEMAS Semivogais: são sons vocálicos átonos (/ i / e / u /) representados


pelas letras e, i, o, u, quando se juntam a uma vogal na mesma
Os fonemas são produzidos na cavidade bucal pela corrente
sílaba. NUNCA estão sozinhas na sílaba. Elas têm a pronúncia quase
de ar que vem dos pulmões, atravessando a laringe, onde se faz
imperceptível ou até mesmo anulada.
ou não vibrarem as cordas vocais, fonemas sonoros ou surdos
respectivamente. Exemplo:
A corrente de ar pode penetrar toda na cavidade da boca -
fonemas orais -, ou dividir-se, atravessando, parte da voz, as fossas CAIXA
nasais - fonemas nasais.
cai xa
Os sons da linguagem (os fonemas) são vogais ou consoantes.
As vogais são fonemas sonoros em cuja produção as cordas vocais ai - vogal e semivogal vogal
vibram e a corrente de ar não encontra obstáculo. As consoantes
resultam de um obstáculo parcial ou total que se forma contra a
corrente expiratória em um ponto qualquer da mesma via.
Informações que você não pode esquecer!
• Toda sílaba deve ter uma vogal.
CLASSIFICAÇÃO DAS VOGAIS
• Só pode haver uma vogal em cada sílaba.
Vogais Nasais: são as vogais pronunciadas quando o véu
palatino permanece abaixado, e a corrente de ar ressoa também nas • A letra A é sempre vogal.
fossas nasais. Na escrita, essas vogais recebem algumas marcas dessa
nasalidade, tais como til sobre a vogal, m ou n posteriores à vogal ou ENCONTROS VOCÁLICOS
à semivogal no final da sílaba ou nh na sílaba seguinte.
Exemplo: DITONGO
a vi ão - cam po - ra i nha
Ao encontro de uma vogal e uma semivogal na mesma sílaba
damos o nome de DITONGO. Os ditongos podem ser:
Vogais Orais: são as vogais pronunciadas com o véu palatino
totalmente levantado, o que impede a passagem do ar para as fossas NASAIS Têm marca de nasalidade (til - Exemplo: cão)
nasais. A representação gráfica dessas vogais não possui nenhum
indicador de nasalidade. ORAIS Não têm marca de nasalidade (Exemplo: cai)
Exemplo:
cai xa - pé - li mo (a letra m no início da sílaba é consoante e não São compostos por SEMIVOGAL + VOGAL
CRESCENTES
símbolo de nasalidade da vogal) (Exemplo: série)

São compostos por VOGAL + SEMIVOGAL


Vogais Tônicas, Subtônicas, Átonas: a vogal em que incide DECRESCENTES
(Exemplo: peixe)
“o acento tônico” (maior força de enunciação) chama-se tônica; as
demais vogais da palavra são átonas. Nas palavras derivadas, a vogal
que na primitiva era tônica passa a ter tonacidade secundária e torna-se
subtônica. ProBizu
Exemplo:
Você deve tomar cuidado na análise fonológica dos vocábulos
terminados por -EM, -EN, -AM ou -EN. Nesses casos, há ditongo
CASA CAFÉ em que, graficamente, não se percebe.
ca sa ca fé Exemplo:
também, cantam.
tônica átona átona tônica
Nas sílabas finais aparece um ditongo decrescente nasal. O som
da letra -m não se classifica como consoante; essa letra representa,
graficamente, a nasalidade da vogal anterior, como se fosse um
CAFEZINHO til; a semivogal /i/ do ditongo que se forma na fala não possui
ca fe zi nho representação gráfica.

átona subtônica tônica átona


TRITONGO
Ao encontro de uma vogal e duas semivogais, na mesma sílaba,
O Timbre das Vogais: somete nas vogais tônicas ou subtônicas damos o nome de TRITONGO.
é mais clara a distinção do timbre (som aberto ou fechado); nas vogais
átonas, essa distinção pode ser reduzida e até anulada, chamando-se, Semivogal + Vogal + Semivogal
nesses casos, vogais reduzidas.
Exemplo: Os tritongos podem ser:

CORRENTE NASAIS Têm marca de nasalidade saguão

cor ren te ORAIS Não têm marca de nasalidade iguais

átona tônica átona final

reduzida fechada reduzida

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HIATO • Grupos impróprios em que o segundo elemento não é L


Quando uma sílaba termina com vogal ou semivogal e a sílaba nem R = separáveis: bd, ct, ft, tm, bs, dv, pt etc., em que cada
seguinte é iniciada por um desses fonemas, o produto desse som é um consoante pertence a uma sílaba.
efeito acústico ao qual damos o nome de HIATO. Exemplo:
rit-mo, ap-to, af-ta, ab-du-zir.
Exemplo:

sa í da DÍGRAFOS
Dígrafo é o grupo de duas letras usadas para representar um
vogal vogal único som (fonema): folha, ninho, carro.
hiato Há dígrafos para representar vogais nasais e consoantes.
a) dígrafos vocálicos

goi a ba
EM FINAL DE SÍLABAS OU SEGUIDOS DE CONSOANTE NA
vogal e semivogal = ditongo vogal MESMA SÍLABA

hiato am - an =ã cam po - tan to


~
em - en =e tem po - den te
cai ais*
im - in = ~i lim po - tin ta
vogal e semivogal = ditongo vogal e semivogal = ditongo
om - on =õ tom bo - ton ta
hiato ~
um - un =u tum ba - tungs tê nio

* verbo caiar flexionado no presente do indicativo, 2ª pessoa do plural.


Observação
Observação
Atenção aos dígrafos -AM, -AN, -EM e -EN! Em final de palavras,
Alguns autores, cuja bibliografia é amplamente usada em
constituem ditongos nasais, conforme já aprendemos anteriormente.
concursos, têm pensamento e teoria diferentes do que foi exposto.
Do encontro de um ditongo decrescente no fim de uma sílaba e
de uma vogal na sílaba seguinte, esses autores afirmam que surge,
b) dígrafos consonantais
na fala, o som intermediário de uma semivogal igual à da sílaba
anterior. A essa ocorrência sonora dão o nome de “glide”. É como
se a semivogal dobrasse assim: goi-ia-ba. Isso só acontece na fala. INSEPARÁVEIS SEPARÁVEIS

ch cha-ve xc ex-ce-ção

lh bo-lha rr car-ro
CLASSIFICAÇÕES DAS CONSOANTES
Você sabia que as vogais também são chamadas de SOANTES? nh ba-nho ss pás-sa-ro
Isso porque o som delas é produzido sozinho e sem obstáculos. Enfim,
elas soam! *gu guel-ra sc pis-ci-na
Aos fonemas que resultam do choque da corrente expiratória *qu qui-lo sç des-ça
contra um obstáculo da cavidade bucal damos o nome de
CONSOANTES. Esses fonemas não podem estar sozinhos em uma
sílaba, pois a base desta é sempre a vogal (soante). Agora você pode QU e GU só são dígrafos quando seguidos de E e I e quando a
entender o nome deste fonema: CONSOANTE, ou seja, só pode ser letra U não for pronunciada.
emitido com uma soante, uma vogal.
GUERRA ≠ ÁGUA
Veja um esquema das sílabas de uma palavra da língua portuguesa:
GU - dígrafo UA - ditongo
ar cá dia
Observação
v+c c+v c + sv + v
Com o desaparecimento do trema, só podemos saber se a letra u
c = consoante v = vogal sv = semivogal é ou não pronunciada nesses grupos se conhecermos a pronúncia
da palavra.
Chamam-se consoantes sonoras as que, em sua produção,
vibram as cordas vocais; e surdas as que, em sua produção, não
QUILO TRANQUILO
fazem vibrar as cordas vocais.
QU UI
ENCONTROS CONSONANTAIS dígrafo ditongo
Como as vogais, as consoantes também podem encontrar-se U = não pronunciado U = pronunciado
agrupadas nos vocábulos. Desses encontros, distinguem-se:
• Grupos reais ou próprios (consoantes + L ou R) = A segunda letra do dígrafo consonantal não representa um
inseparáveis: pl, pr, bl, br, tl, tr, dr, cl, cr, gl, gr, fl, fr e vr. fonema, pois somente existe para indicar uma modificação no som
Exemplo: da primeira letra do grupo. A ela damos o nome de letra diacrítica e
plano, prado, bloco, grande. não de consoante ou vogal.

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EXERCÍCIOS DE
A SÍLABA
A sílaba é uma divisão da palavra meramente formal, do ponto de
vista gráfico, mas sugerida pela emissão dos fonemas. Assim, em cada
FIXAÇÃO
sílaba há um fonema ou uma combinação de fonemas pronunciados
em uma só emissão de voz.
01. “Desse jeito, você nunca vai terminar de ler um livro tão grosso!”
Não se esqueça de que toda sílaba deve ter uma vogal. Portanto,
se perguntamos quantas vogais há num vocábulo, a resposta é sempre Observe as palavras desse, jeito e livro. Assinale a alternativa que
o mesmo número de sílabas que há nele. identifica, respectivamente, o dígrafo e o encontro consonantal e
Exemplo: vocálico presentes nas palavras destacadas.
sapato = 3 sílabas = 3 vogais (a - a - o) a) Encontro consonantal, ditongo oral crescente e dígrafo.
iguais = 2 sílabas = 2 vogais (i - a)
b) Dígrafo, encontro consonantal e ditongo oral crescente.
c) Dígrafo, ditongo oral decrescente e encontro consonantal.
CLASSIFICAÇÃO DAS PALAVRAS QUANTO AO
d) Encontro consonantal, ditongo oral decrescente e dígrafo.
NÚMERO DE SÍLABAS
As palavras recebem classificações segundo o número de sílabas 02. Assinale a alternativa que apresenta apenas palavras que contêm
que possuem. dígrafos consonantais.
Uma só sílaba monossílabas pó - mar - sol a) reação – quaisquer – paradoxo
b) chegar – rebaixada – deixar
Duas sílabas dissílabas casa - ninho - trigo
c) chegar – convicção – linguística
Três sílabas trissílabas português - clássico - umbigo d) chave – nenhuma – necessários
Quatro ou mais bicicleta - transgênico - e) exprimir – explicava – externos
polissílabas
sílabas paralelepípedo
03. Um mesmo fonema pode ser representado por letras diferentes.
A sequência de palavras que ilustra esse conceito é:
CLASSIFICAÇÃO DAS PALAVRAS QUANTO À
a) taxa - máxima - afixar.
SÍLABA TÔNICA
b) oficina - praça - cela.
Toda palavra tem uma sílaba que é pronunciada com maior força
expiratória. Só há um grupo de palavras que não possuem essa sílaba, c) presídio - lazer - execução.
as monossílabas átonas, como os pronomes oblíquos átonos, por d) exercício - inexorável - exórdio.
exemplo, (me, te, se, nos, vos, lhe, lhes, o, a, os, as). e) preso - sangue - asa.
Algumas pessoas têm dificuldade em perceber qual é a sílaba
tônica de uma palavra. Como você pode descobri-la, sem erro? 04. “Diante dos fatos marcantes da infância, eu não podia acreditar
Observe a dica abaixo: na inocência de meu pai.”
As palavras podia e pai apresentam, respectivamente,
ProBizu
a) ditongo crescente e hiato.
Chame a palavra, como se fosse para almoçar. Isso mesmo!
b) hiato e ditongo crescente.
Assim:
c) hiato e ditongo decrescente.
– Sapato! Vem almoçar!
d) ditongo decrescente e ditongo crescente.
Ao pronunciá-la com força de chamado, você dará maior tempo em
uma das sílabas. Percebeu? A sílaba mais forte de sapato é PA.
05. Em português, frequentemente, o mesmo fonema (som) pode
ser representado de maneiras diferentes na escrita. Por exemplo, o
Também há uma classificação específica para as palavras, quanto fonema /z/ pode ser representado pelas letras x, z e s, como ocorre nas
à posição da sílaba tônica. palavras “exame”, “natureza” e “rosa”, respectivamente.
A possibilidade de se registrar graficamente o mesmo fonema,
antepenúltima penúltima sílaba última sílaba tônica empregando-se diferentes letras ou dígrafos pode gerar dúvidas que,
sílaba tônica tônica às vezes, resultam em erros de ortografia.
Considerando a ortografia, analise as frases a seguir e assinale a
proparoxítona paroxítona oxítona alternativa correta.
lâm pa da cai xo te per gun tar a) A limpesa dos tanques consome dezenas de litros de detergente.
b) Se ela soube-se a data da viajem, poderia antecipar o envio da bagajem.
c) Após duas semanas de paralização, os petroleiros retomaram o projeto.
Observação d) A visualização da trajetória do projétil só seria possível à noite.
Há muitos anos, essa matéria quase não é cobrada em concursos e) Não sei por que você não desisti logo e exclue seu primo da equipe.
militares. Mas é sempre bom entendê-la, porque nunca sabemos
quando as bancas poderão voltar a cobrar, e também, porque 06. “As perdas também foram grandes para os coronéis, pois haviam
alguns desses conhecimentos te ajudarão a compreender melhor gasto uma enorme quantidade de dinheiro investindo nos escravos, e
outros fatos da língua. o governo, após a abolição, não pagou nenhuma indenização a eles.”

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Sobre a palavra quantidade, afirma-se que: 10. Assinale a letra correspondente à alternativa que preenche
a) tem o mesmo número de letras e de fonemas. corretamente as lacunas da frase apresentada abaixo.
b) tem um dígrafo vocálico. ________ e ________ são palavras em que ocorre um ditongo.
c) possui um encontro consonantal. a) Maus - Uruguai
d) possui dois dígrafos. b) Herói - hiato
e) tem oito fonemas. c) País - mamãe
d) Cautela - adeus
07. Segundo estudiosos da gramática da língua portuguesa, em e) Tio - rio
quase todo território brasileiro, e e o átonos, em final de palavra,
correspondem, respectivamente, aos fonemas /i/ e /u/. Esse
fenômeno é conhecido como redução da vogal. Entretanto, se e e o EXERCÍCIOS DE
forem tônicos, o fenômeno da redução não ocorre.
(FARACO e MOURA, 2003) TREINAMENTO
A alternativa em que ambas as palavras apresentam condições para a
ocorrência do fenômeno redução da vogal é
01. Na fala, frequentemente fazemos acréscimos ou supressões
a) “vermelho” e “displicentemente”. de fonemas nas palavras. Tais fatos de pronúncia, contudo, não
b) “até” e “sabe”. são registrados na escrita. Todas as palavras a seguir, considerando
c) “ambiente” e “pavor”. sua pronúncia na linguagem coloquial, encaixam-se nesse caso, À
EXCEÇÃO DE:
d) “vovó” e “afeto”.
a) verdadeira.
e) “lobo” e “vocês”.
b) tampouco.
08. Leia: c) capturado.
d) balé.
e) ficção.

02. “Tinha dezessete anos; pungia-me um buçozinho que eu forcejava


por trazer a bigode. Os olhos, vivos e resolutos, eram a minha feição
verdadeiramente máscula. Como ostentasse certa arrogância, não se
distinguia bem se era uma criança com fumos de homem, se era um
homem com ares de menino. Ao cabo, era um lindo garção, lindo
e audaz, que entrava na vida de botas e esporas, chicote na mão e
sangue nas veias, cavalgando um corcel nervoso, rijo, veloz, como o
corcel das antigas baladas, que o romantismo foi buscar ao castelo
medieval, para dar com ele nas ruas de nosso século. O pior é que
o estafaram a tal ponto, que foi preciso deitá-lo à margem, onde o
Assinale a alternativa que contém a resposta correta em relação à
realismo o veio achar, comido de lazeira e vermes e, por compaixão, o
grafia e aos fonemas dos quadrinhos 3 e 4.
transportou para seus livros.”
a) A palavra aqui tem um ditongo crescente, quatro letras e três fonemas. (Fragmento de Memórias póstumas de Brás Cubas.)
b) No terceiro quadrinho, a letra s representa um só fonema.
c) Nas palavras acho e questão, há dois dígrafos e dois ditongos Assinale a alternativa em que a palavra apresente um hiato:
decrescentes. a) arrogância
d) Sempre e pegadinha têm o número de sílabas diferentes, mas, b) distinguia
quanto à tonicidade, recebem a mesma classificação. c) mão
e) Na separação silábica das palavras do quarto quadrinho, as letras d) lazeira
que representam os dígrafos ficam juntas na mesma sílaba.
e) transportou

09. Na língua portuguesa escrita, quando duas letras são empregadas


03. Dígrafo é o grupo de duas letras formando um só fonema.
para representar um único fonema (ou som, na fala), tem-se um
Ditongo é a combinação de uma vogal com uma semivogal, ou vice-
“dígrafo”. O dígrafo só está presente em todos os vocábulos de
versa, na mesma sílaba. Nas palavras “também” e “ontem”, observa-
a) pai, minha, tua, esse, tragar. se que há, para cada palavra, respectivamente,
b) afasta, vinho, dessa, dor, seria. a) dígrafo – dígrafo/dígrafo – dígrafo.
c) queres, vinho, sangue, dessa, filho. b) ditongo nasal – ditongo nasal/ditongo nasal – ditongo nasal.
d) esse, amarga, silêncio, escuta, filho. c) dígrafo – ditongo nasal/ditongo nasal – dígrafo.
e) queres, feita, tinto, melhor, bruta. d) ditongo nasal – dígrafo/dígrafo – ditongo nasal.
e) dígrafo – ditongo nasal/dígrafo – ditongo nasal.

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04. Leia: d) a palavra tranquilo tem um dígrafo vocálico e não apresenta


dígrafo consonantal.
e) a palavra borracha tem dois dígrafos consonantais.

08. Segundo as normas do vocabulário oficial, a separação silábica


está corretamente efetuada em ambos os vocábulos das opções:
a) to-cas-sem, res-pon-dia
b) mer-ce-ná-ri-o, co-in-ci-di-am
c) po-e-me-to, pré-dio
d) ru-i-vo, pe-rí-o-do
e) do-is, pau-sas

Analise as afirmações relacionadas a “Às vezes, o rei concede ao 09. A alternativa que apresenta uma incorreção é:
prisioneiro redução da pena por bom comportamento”. a) “chapéu” possui um dígrafo e um ditongo decrescente.
I. A fala expressa-se por meio de uma frase, um período composto b) “guerreiro” possui dois dígrafos e um ditongo decrescente.
e duas orações.
c) “mangueira” possui dois dígrafos e um ditongo decrescente.
II. O fonema /z/ aparece representado por duas letras diferentes.
d) “enxaguei” possui dois dígrafos e um tritongo.
III. O fonema /s/ aparece representado por uma mesma letra.
e) “exato” não possui dígrafos e nem encontro vocálico.
Está(ão) correta(s):
a) apenas I. 10. Observe:
b) apenas II. “Quanto tempo
c) apenas III. Mina d’água do meu canto
Manso
d) apenas I e II.
Piano e voz
e) apenas I e III. Vento...”
As palavras destacadas no texto acima representam, respectivamente,
05. Assinale verdadeira (V) ou falsa (F) em cada uma das afirmações
relacionadas à análise fonológica e gráfica do segmento a seguir. a) ditongo decrescente e hiato.
“Ele é especialmente sensível sobre seu excesso de peso.” b) ditongo crescente e hiato.
( ) O fonema /s/ está representado pelas letras (s), (c) e dois dígrafos, c) tritongo e ditongo crescente.
ao passo que o fonema /z/ está representado apenas pela letra (s). d) hiato e ditongo decrescente.
( ) A letra (n) junta-se ao (e) formando um dígrafo para representar
a vogal nasal.
( ) As palavras “sobre” e “seu” apresentam, respectivamente, um EXERCÍCIOS DE
encontro consonantal e um ditongo decrescente.
A sequência correta é: COMBATE
a) V - F - F.
b) F - V - V. (UNIFESP 2003) As questões 01 e 02 são relacionadas a uma passagem
c) F - F - F. bíblica e a um trecho da canção “Cálice”, realizada em 1973, por
d) V - V - V. Chico Buarque (1944-) e Gilberto Gil (1942-).
e) V - F - V. TEXTO BÍBLICO:
Pai, se queres, afasta de mim este cálice! Contudo, não a minha
06. Assinale a alternativa que inclui palavras da frase abaixo que
vontade, mas a tua seja feita! (Lucas, 22)
contêm, respectivamente, um ditongo oral crescente e um hiato.
(in: Bíblia de Jerusalém. 7ª impressão. São Paulo: Paulus, 1995)
“As mágoas de minha mãe, que sofria em silêncio, jamais foram
compreendidas por mim e meus irmãos.”
TRECHO DE CANÇÃO
a) foram – minha
Pai, afasta de mim esse cálice!
b) sofria – jamais Pai, afasta de mim esse cálice!
c) meus – irmãos Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue.
d) mãe – silêncio
e) mágoas – compreendidas Como beber dessa bebida amarga,
Tragar a dor, engolir a labuta,
07. Observe os encontros vocálicos e os dígrafos e assinale a única Mesmo calada a boca, resta o peito,
afirmativa incorreta: Silêncio na cidade não se escuta.
a) a palavra discente tem dígrafo consonantal e um dígrafo vocálico. De que me vale ser filho da santa,
Melhor seria ser filho da outra,
b) a palavra entranhas tem um dígrafo vocálico e um dígrafo
Outra realidade menos morta,
consonantal.
Tanta mentira, tanta força bruta.
c) a palavra também tem dois dígrafos vocálicos. (in: www.uol.com.br/chicobuarque/)

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01. Na língua portuguesa escrita, quando duas letras são empregadas 07. (ESPCEX) Assinale a alternativa que apresenta tritongo, hiato,
para representar um único fonema (ou som, na fala), tem-se um ditongo crescente e dígrafo:
dígrafo. O dígrafo só está presente em todos os vocábulos de: a) coqueiro, Itaú, pai, nascer
a) pai, minha, tua, esse, tragar. b) queijo, saúde, perdoe, álcool
b) afasta, vinho, dessa, dor, seria. c) Paraguai, mauzinho, quais, psique
c) queres, vinho, sangue, dessa, filho. d) quão, mais, baú, quieto
d) esse, amarga, silêncio, escuta, filho. e) saguão, ruim, mágoa, chato
e) queres, feita, tinto, melhor, bruta.
08. Quanto à separação silábica, assinale a alternativa correta.
02. Entendendo-se por rima a identidade ou semelhança de sons em a) trans-a-tlân-ti-co; hi-dre-lé-tri-ca; su-bes-ti-mar; in-te-rur-ba-no;
lugares determinados dos versos, nota-se, nas linhas pares da segunda bi-sa-vô
estrofe de “Cálice”, que o único verso que frustra a expectativa de
b) ist-mo; ma-gnó-lia; ap-ti-dão; felds-pa-to; sols-tí-cio; a-fta; sub-
rima é:
lin-gual; téc-ni-co; rép-til; rit-mo
a) Como beber dessa bebida amarga.
c) e-clip-se; trans-tor-no; de-cep-ção; of-tal-mo-lo-gis-ta; ra-diou-
b) Silêncio na cidade não se escuta. vin-te
c) De que me vale ser filho da santa. d) ra-di-ou-vin-te; pre-en-cher; pers-pi-caz; de-sa-ten-to; in-te-rur-
d) Melhor seria ser filho da outra. ba-no
e) Tanta mentira, tanta força bruta.
09. Dígrafo é o grupo de duas letras formando um só fonema.
03. (FGV 2004) Assinale a alternativa em que as palavras sejam, Ditongo é a combinação de uma vogal com uma semivogal, ou vice-
respectivamente: oxítona, oxítona, paroxítona, proparoxítona, versa, na mesma sílaba. Nas palavras “também” e “ontem”, observa-
proparoxítona e oxítona. se que há, para cada palavra, respectivamente:
a) papel - sagu - andrajo - xenófobo - redondo - saci a) dígrafo – dígrafo / dígrafo – dígrafo.
b) sabia - interessar - anjo - borrego - íntimo - saúde b) ditongo nasal – ditongo nasal / ditongo nasal – ditongo nasal.
c) canavial - superar - novel - cádmio - contíguo - interesseiro c) dígrafo – ditongo nasal / ditongo nasal – dígrafo.
d) Saci - sagu - indelevelmente - pródigo - bígamo - sinal d) ditongo nasal – dígrafo / dígrafo – ditongo nasal.
e) tizio - anéis - móvel - esperançoso - código - colher e) dígrafo – ditongo nasal / dígrafo – ditongo nasal.

04. Indique a alternativa cuja sequência de vocábulos apresenta, na 10. Assinale a proposição em que estão presentes nos vocábulos
mesma ordem, o seguinte: ditongo, hiato, hiato, ditongo. somente dígrafos.
a) jamais - Deus - luar - daí a) irresponsável – manhã – palha
b) joias - fluir - jesuíta - fogaréu b) carro – pneu – aquário
c) ódio - saguão - leal - poeira c) assado – campo – mnemônico
d) quais - fugiu - caiu - história d) quero – onda – tem
e) istmo – secção – digno
05. Assinale a alternativa que não apresenta todas as palavras
separadas corretamente.
a) de-se-nho, po-vo-ou, fan-ta-si-a, mi-lhões GABARITO
b) di-á-rio, a-dul-tos, can-tos, pla-ne-ta
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
c) per-so-na-gens, po-lí-cia, ma-gia, i-ni-ci-ou
01. C 04. C 07. A 10. D
d) con-se-guir, di-nhei-ro, en-con-trei, ar-gu-men-tou
02. D 05. D 08. D
e) pais, li-ga-ção, a-pre-sen-ta-do, au-tên-ti-co
03. C 06. B 09. D
06. Observando os trechos, numerados ordinariamente, marque a EXERCÍCIOS DE TREINAMENTO
opção que traz uma afirmativa correta. 01. D 04. B 07. C 10. B
1º. “Primeiro, como laço afetivo.” 02. B 05. D 08. C
2º. “... pode-se pôr sentimento numa mensagem eletrônica.” 03. E 06. E 09. D
3º. “Além do lado afetivo, há outro: a carta como documento histórico...” EXERCÍCIOS DE COMBATE
4º. “Mas o tom é absolutamente íntimo.” 01. C 04. B 07. E 10. A
02. D 05. C 08. D
a) Há dígrafos nos dois primeiros trechos. 03. D 06. C 09. E
b) Não há encontro consonantal no quarto trecho.
c) Não se observa a ocorrência de hiato em nenhum dos quatro
trechos.
d) Há ditongo somente no primeiro trecho.

PROMILITARES.COM.BR 15
FONÉTICA E FONOLOGIA

ANOTAÇÕES

16 PROMILITARES.COM.BR
ORTOGRAFIA

ORTOGRAFIA Quando a palavra termina em A, E, O (acrescida ou não de S),


EM, ENS, a tonicidade recai naturalmente sobre a penúltima sílaba
O respeito à ortografia é requisito elementar de qualquer texto, da palavra. Todas as demais terminações tendem a fixar a tonicidade
e ainda mais importante quando se trata de textos oficiais. Muitas na última sílaba. Dessa forma, a acentuação gráfica só será necessária
vezes, uma simples troca de letras pode alterar o sentido da palavra quando for preciso desviar a tonicidade natural da palavra.
e, consequentemente, de toda uma frase. O que na correspondência
particular seria apenas uma variante coloquial, no texto oficial, como o de 1. Se as palavras paroxítonas terminam em A(S), E(S), O(S), EM
sua prova de redação, por exemplo, pode ter repercussões indesejáveis. ou ENS, não devem ser acentuadas. Todas as paroxítonas com
Assim, toda revisão que se faça em determinado texto deve sempre levar outras terminações são acentuadas.
em conta a correção da grafia. 2. Em oposição, as oxítonas com essas terminações são TODAS
Para compor textos sem desvios ortográficos, é preciso que se acentuadas.
conheçam algumas regras básicas, além de boa memorização de algumas 3. TODAS as proparoxítonas são acentuadas, independente da
palavras com empregos de letras que incitam dúvidas na escrita. terminação.
Veja:
Observação
Este material já foi redigido com base no Novo Acordo Ortográfico TONICIDADE DESVIO DA
TERMINAÇÕES
(2009). NATURAL TONICIDADE

esta está
A
fabrica fábrica
MUDANÇAS NO ALFABETO
O alfabeto passa a ter 26 letras, introduzindo às 23 anteriores as breve brevê
E
letras k, w e y. Assim, temos: analise análise

ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ camelo camelô


O
negocio negócio
As letras k, w e y não tinham desaparecido da maioria dos
dicionários da nossa língua, já que, no passado, elas faziam parte do contem contém
alfabeto. Agora elas voltaram e são usadas em várias situações: Em / ens
hifens parabéns
a) Na escrita de símbolos de unidades de medida: km (quilômetro),
kg (quilograma), W (watt). caqui cáqui
Outras
b) Na escrita de palavras e nomes estrangeiros (e seus derivados): caracter caráter
terminações
show, playground, Wilson, Kaiser. xerox xérox

O TREMA Acentuam-se ainda:


O trema foi completamente abolido sobre a letra U, quando 1. Monossílabos tônicos terminados em: A(S), E(S), O(S).
pronunciada nos grupos GU e QU seguidos de E ou I. Note
que a pronúncia das palavras não foi alterada, conforme já disse Exemplo: má, pé, nós.
anteriormente. Você não vai pronunciar LINGUIÇA de forma diferente
do que já fazia, antes da retirada do trema. 2. Ditongos orais abertos tônicos em monossílabos e oxítonos:
Veja algumas modificações: ÉU, ÉI, ÓI.
bilingüe - bilingue Exemplo: céu, papéis, herói.
lingüística - linguística
cinqüenta - cinquenta 3. As vogais I e U, quando formam sílaba sozinhas (ou
O trema permanece, porém, nas palavras estrangeiras: Müller, por acompanhada de S) no interior das palavras, tônicas e orais.
exemplo.
ASSIM, ACENTUAM-SE:
ACENTUAÇÃO GRÁFICA Pronunciado separadamente, tônico,
dis – tri – bu – í
Em português, toda palavra possui uma sílaba tônica, à exceção sozinho na sílaba.
de alguns monossílabos (os pronomes oblíquos átonos: me, te,
se, o(s), a(s), nos, vos, lhe, lhes) e de raros dissílabos átonos (as
contrações: pelo, pelo; o artigo uma; as conjunções como e porque
e as preposições para e pera (arcaico)).

PROMILITARES.COM.BR 17
ORTOGRAFIA

7.3. Monossílabos quando terminam em –E.


MAS NÃO SE ACENTUAM:
Verbos CRER, VER, LER e DAR.
Não é pronunciado separadamente, pois
dis – tri – bui Ele crê Presente do indicativo
se trata de ditongo

Pronunciado separadamente, mas não Ele vê Presente do indicativo


dis – tri – bu – ir
está sozinho na sílaba
Ele lê Presente do indicativo
A vogal “i” está sozinha na sílaba, mas,
ba – i – nha por vir antes de “nh”, é nasal. Sendo
Ele dê Presente do subjuntivo
assim, não será acentuada.

8. Palavras paroxítonas terminadas em ditongo oral crescente ou


decrescente.
ProBizu
Exemplo: água, área, planície, sindicância, história.
Para pertencer à regra do hiato, este precisa ser formado por vogais
diferentes, senão não será acentuado. Em “xiita”, por exemplo,
não se acentua o segundo “i” porque a vogal anterior é igual. 9. As formas verbais terminadas em –a, -e, -o tônicos, seguidas
dos pronomes lo, la, los, las.
Exemplo: comprá-los, fazê-lo.
4. Pôde (pretérito perfeito) para diferenciar de pode (presente) -
acento diferencial de timbre.
Observação
Exemplos:
Como você pôde (timbre fechado - passado) fazer isso comigo? Se o verbo estiver no futuro, poderá haver dois acentos:
Como você pode (timbre aberto - presente) fazer isso comigo? comprá-los-íamos, fá-la-íamos, pô-lo-ás.

ProBizu
É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as Cuidado!
palavras forma/fôrma. Em alguns casos, o uso do acento deixa
a frase mais clara. Atenção a algumas palavras que podem ter desvio de tonicidade.
Veja alguns casos a seguir:
Veja dois exemplos:
1. Qual é a forma do pudim? / Qual é a fôrma do pudim? (acento Contem = verbo contar
necessário) Contém/contêm = verbo conter
2. Comprei um pão de forma. (acento desnecessário) Ate = verbo atar
Até = preposição
5. Todas as proparoxítonas são acentuadas.
Exemplo: lâmpada, ínterim, sólido. Amem = verbo amar
Amém = interjeição

6. Acento diferencial de intensidade entre o verbo PÔR e a Numero = verbo numerar


preposição POR.
Número = substantivo
Exemplos:
Vamos pôr uma pedra sobre este assunto.
Por hoje é só! Não se acentuam mais:
1. Hiatos dobrados com a primeira vogal tônica ee, oo.
7. A 3ª pessoa de alguns verbos. Exemplo: veem (ver), creem (crer), leem (ler), deem (dar),
voo, enjoo.
7.1. Monossílabos quando terminam em –EM.
Verbos TER e VIR.
2. Não se acentuam os ditongos orais abertos ÉU, ÉI, ÓI em
paroxítonas: eu apoio (verbo), ideia, heroico.
3ª PESSOA DO SINGULAR 3ª PESSOA DO PLURAL

Ele tem Eles têm 3. Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no
u tônicos quando vierem depois de um ditongo.
Ele vem Eles vêm Como era:
baiúca - bocaiúva - cauíla - feiúra
7.2. Oxítonos quando terminam em –EM. Como fica:
baiuca - bocaiuva - cauila - feiura
Derivados de TER e VIR.
Atenção: Se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem
em posição final (ou seguidos de s), o acento permanece.
3ª PESSOA DO SINGULAR 3ª PESSOA DO PLURAL Exemplos: tuiuiú, tuiuiús, Piauí.

Ele mantém Eles mantêm


4. Palavras homônimas das preposições não recebem mais
Ele intervém Eles intervêm acento diferencial de intensidade.

18 PROMILITARES.COM.BR
ORTOGRAFIA

Exemplo: 5. Não se usa hífen entre prefixo terminado em vogal e palavra


iniciada por R ou S. Nesses casos, dobram-se estas letras, para
PREPOSIÇÃO OUTRA CLASSE manter a pronúncia original da palavra base.
Exemplo: minissaia, cosseno, biorritmo, macrossistema,
para O guarda para o trânsito. contrarregra, ultrassom.

pelo Tenho alergia a pelo de gato.


6. Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra
iniciada por r.
pera Comprei uma pera para o lanche.
Exemplo: sub-região, sub-raça etc.

Exceção: verbo PÔR / preposição POR


7. Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de
palavra iniciada por m, n e vogal.
EMPREGO DO HÍFEN Exemplo: circum-navegar, pan-americano.
Por se tratar ainda de matéria polêmica em muitos aspectos, para
facilitar a compreensão, apresentarei apenas um resumo das regras
que orientam o uso do hífen com os prefixos mais comuns, bem como 8. Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré,
as novas orientações estabelecidas pelo Acordo Ortográfico vigente. pró, usa-se SEMPRE o hífen.
1. Usa-se SEMPRE o hífen para separar prefixos de palavras Exemplo: ex-governador, sem-teto, além-mar, recém-casados,
iniciadas por H. pós-graduação, pré-vestibular, pró-cultura.
Exemplo: mini-hospedaria, super-homem, co-herdeiro.
Exceção: subumano (o segundo elemento perde a letra H inicial). 9. Usa-se o hífen com os sufixos de origem tupi-guarani: açu,
guaçu e mirim.
2. Não se usa o hífen entre prefixo terminado por vogal e palavra Exemplo: amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-açu.
iniciada por vogal diferente.
Exemplo:: coautor, autoestrada, infraestrutura, semiaberto 10. Deve-se usar o hífen para ligar duas ou mais palavras que,
Exceção: o prefixo CO– une-se ao segundo elemento sem ocasionalmente, se combinam, formando não propriamente
hífen, mesmo que este comece com a letra O: cooperar, vocábulos, mas encadeamentos vocabulares.
cooptar, coordenar. Exemplos: ponte Rio-Niterói, direção Centro-Itaipava.

3. Usa-se hífen entre prefixo terminado por vogal e palavra


11. Não se usa hífen em palavras que perderam a noção de
iniciada por vogal igual.
composição e permanecem apenas com uma sílaba tônica.
Exemplo:: contra-atacar, anti-inflamatório, micro-ondas.
Exemplo: paraquedas, paraquedista, pontapé, mandachuva.

4. Não se usa hífen entre prefixo terminado em vogal e palavra Observação


iniciada por consoante ou vice-versa.
Nos demais casos NÃO SE USA HÍFEN.
Exemplo: coparticipação, autopiedade; hiperatividade,
interestadual, superaquecido. Exemplo: supermercado, superinteressante, hipermetrofia,
superpromoção.
Exceção: Com o prefixo VICE– usa-se SEMPRE o hífen: vice-reitor.

PROBLEMAS GERAIS DA LÍNGUA PADRÃO


Embora a melhor maneira de aprender ortografia seja o exercício e a leitura constantes, algumas regras podem ser úteis. Consideraremos
algumas questões — dentre as muitas — que costumam trazer dúvidas.
Algumas regras práticas:

EMPREGA-SE “Z”

REGRA PRÁTICA EXEMPLO

HUMANO → HUMANIZAR
1. No sufixo “IZAR” formador de verbo.
Porém: PESQUISA + AR = PESQUISAR

2. Nos sufixos -ez e -eza acrescentados a adjetivos. FRANCO → FRANQUEZA

TONEL → TONELZINHO
3. Nas terminações “ZINHO” dos diminutivos. Porém, acrescenta-se -inho quando este já ocorre anteriormente.
Veja: (parafuso → parafusinho)

4. Nos verbos em -zer e -zir. TRAZER – PRODUZIR

5. Nos derivados, mantém-se o z da palavra-base. BALIZA – ABALIZADO

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ORTOGRAFIA

EMPREGA-SE “S”

REGRA PRÁTICA EXEMPLO

PUS → PUSEMOS
1. Nas formas verbais de “PÔR” e “QUERER” e seus derivados1:
QUIS → QUISEMOS

2. Nos adjetivos com sufixo “OSO” - “OSA”. BRILHO → BRILHOSO

3. Nas palavras derivadas de verbos que possuem D ou ND no final. SUSPENDER → SUSPENSÃO

4. Nas palavras derivadas de verbos que possuem terminação TIR ou DEMITIR → DEMISSÃO
TER. INVERTER → INVERSÃO

EMPREGA-SE “S” E “R”

REGRA PRÁTICA EXEMPLO

subseção
S ou R são usados entre vogal e consoante
ensaio

assegurar - associada
SS ou RR são usados somente entre duas vogais
ocorrência

EMPREGA-SE “E” OU “I”

REGRA PRÁTICA EXEMPLO

Verbos terminados em -oar ou -uar recebem “E” no final das formas


Continuar → É necessário que a empresa continue o processo seletivo.
verbais.

Verbos terminados em -uir recebem “I” no final das formas verbais. Contribuir → Todos sabemos que você contribui muito com a equipe.

“PORQUE”, “POR QUE”, “PORQUÊ” OU “POR QUÊ”?

REGRA PRÁTICA EXEMPLO

PORQUE = Conjunção Não compareceu à reunião quadrimestral porque estava viajando a


É usado quando for possível substituí-lo por pois serviço. (= pois)

Este é o caminho por que passamos. (PELO QUAL)


POR QUE = Preposição e pronome
Precisamos saber por que não foi enviada uma cópia do formulário
É usado quando for possível substituir por PELO(A) QUAL,
ao cliente. (POR QUE MOTIVO)
POR QUE MOTIVO e em início de perguntas.
Por que você não veio?

POR QUÊ = Preposição e pronome Não sabe quando virás por quê?
É usado no final de uma pergunta ou sozinho. Não foram enviadas as cópias ao cliente. Por quê?

PORQUÊ = Substantivo
Descobriram o porquê de ele não ter vindo.
É usado sempre que vier precedido de determinante (o, um).

Observe, porém, que os verbos que possuem Z na forma infinitiva, também o terão nas formas conjugadas. Ex.: fazer: fiz, fizesse, fez...

20 PROMILITARES.COM.BR
ORTOGRAFIA

“MAL” OU “MAU”?

“MAU” = ADJETIVO

REGRA PRÁTICA EXEMPLO

Ele é mau redator.


Seu antônimo é “BOM”. (Ele é bom redator.)
É variável: possui a forma feminina “MÁ” e o plural “MAUS”. (Ela é má redatora.)
(Eles são maus redatores.)

“MAL” = SUBSTANTIVO

REGRA PRÁTICA EXEMPLO

Esse é um mal pelo qual não esperávamos.


Seu antônimo é “BEM ”.
(Esse é um bem pelo qual não esperávamos.)
É variável. Possui o plural “MALES”.
(Esses são males pelos quais não esperávamos.)

“MAL” = ADVÉRBIO

REGRA PRÁTICA EXEMPLO

O objetivo está mal redigido.


Seu antônimo é BEM.
(O objetivo está bem redigido.)
É invariável. Não possui plural nem feminino.
(Os objetivos estão mal redigidos.)

“MAL” = CONJUNÇÃO TEMPORAL

REGRA PRÁTICA EXEMPLO

Mal começou a falar, foi interrompido. (Logo que começou a falar,


É sinônimo de “LOGO QUE”.
foi interrompido.)
É invariável, não possui PLURAL nem FEMININO.
Mal começaram a falar...

“HÁ” = VERBO

REGRA PRÁTICA EXEMPLO

Pode ser substituído por “FAZ”. É usado sempre para tempo passado. Há (faz) dois meses, a apostila do professor chegou.

Pode ser substituído por “EXISTE OU EXISTEM”. Na escola, há (= existem) salas para estudo individual.

“A” = ARTIGO FEMININO/ PREPOSIÇÃO/ PRONOME

REGRA PRÁTICA EXEMPLO

Artigo definido feminino - acompanha substantivo feminino. A porta estava aberta. (Artigo)

Moramos a três quilômetros da escola. (Preposição = relação de distância)


Estabelece relação entre dois termos na frase.
Sairemos daqui a quinze minutos. (Preposição = tempo futuro)

Pronome oblíquo átono equivalente ao pronome reto “ela”. Comprei uma blusa e usei-a na festa. (Pronome)

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ORTOGRAFIA

“ONDE” OU “AONDE”?

SIGNIFICADO EXEMPLO

AONDE equivale a PARA ONDE e é usado com verbos que exigem a


Aonde vão os alunos? (Para onde vão os alunos?)- IR A
preposição A.
Esta é a sala onde estudamos à tarde. (ESTUDAR EM)
ONDE é usado com verbos que exigem a preposição EM.

Observação
Somente use o pronome relativo onde (sinônimo de no qual, em que) depois de palavras que indicam lugar. Veja:
Certo: Esta é a sala onde estudamos. (= na qual, em que)
Certo: Este é o momento em que mais precisamos de sua ajuda.
Errado: A adolescência é o período da vida onde somos mais felizes. (CORRETO: em que)

“SENÃO” OU “SE NÃO”?

SIGNIFICADO EXEMPLO

SENÃO = caso contrário Venha logo senão iniciaremos os trabalhos sem você.
SENÃO = defeito Não havia um senão em seu trabalho?
SE NÃO = caso não Se não estudar, não saberá a matéria.

“AO INVÉS DE” OU “EM VEZ DE”?

SIGNIFICADO EXEMPLO

Em vez de = no lugar de (também pode ser usado com ideias Em vez de terminar o trabalho, ficou conversando com o amigo.
contrárias)
Ao invés de subir, como todos esperavam, o dólar caiu.
OU
Ao invés de = ao contrário de (é necessário que haja ideia de
oposição) Em vez de subir, como todos esperavam, o dólar caiu.

“IR AO ENCONTRO DE” OU “IR DE ENCONTRO A”?

SIGNIFICADO EXEMPLO

Ir ao encontro de = estar a favor Felizmente, esses são valores que vão ao encontro da filosofia da
escola.
Suas atitudes iam de encontro à filosofia da escola, por isso foi
Ir de encontro a = ir contra expulso.

EXERCÍCIOS DE

FIXAÇÃO
01. Assinale a alternativa que contém vocábulos que obedecem à 02. Indique o vocábulo de grafia incorreta:
mesma regra de acentuação da palavra TÊNUE: a) gratuíto
a) agrônomo - índex - fóssil - dispar b) avaro
b) boêmia - herói - amáveis - imundice c) álibi
c) amêndoa - mágoas - supérfluo - bilíngue d) rubrica
d) míope - ímã - médiuns - volúvel e) crisântemo
e) argênteo - viúvo - baía - corrói

22 PROMILITARES.COM.BR
ORTOGRAFIA

03. O grupo em que ambas as palavras devem ser acentuadas é: 10. As associações que seguem estão corretas, EXCETO em:
a) rubrica - maquinaria a) seção = corte/divisão; sessão = reunião.
b) interim - prototipo b) espiar = espreitar; expiar = sofrer pena ou castigo.
c) gratuito - fuido c) cinemático = relativo aos estames; sistemático = relativo ao
d) totem - item movimento mecânico.
e) açai - ruim d) concertar = harmonizar/combinar; consertar = remendar; reparar.
e) incipiente = principiante; insipiente = ignorante.
04. Nas séries abaixo, assinale a alternativa em que todas as palavras
são acentuadas pelo mesmo motivo:
EXERCÍCIOS DE
a) saí - egoísmo - daí
b) epitáfio - aliás - inconsolável
c) anônima - epitáfio - daí
TREINAMENTO
d) egoísmo - inconsolável - anônima
e) saí - aliás - egoísmo 01. Estão corretamente empregadas as palavras na frase:
a) A vida competitiva que a jente leva.
05. Assinale a alternativa em que ocorre um termo grafado de modo b) Tentando levar vantagem sobre o outro.
incorreto:
c) Ninguém da sua família está sendo chingado.
a) úmido - ojeriza – Teresinha
d) Crianças gostam de salxicha.
b) Luís - hélice - pesaroso
e) Ela possui um geito angelical.
c) albatroz - aéreo - fusível
d) altivez - tragetória - extremidade 02. Todas as palavras são escritas com “x” pela mesma regra:
e) fuzil - concessão - hesitar a) enxame - graxa - êxodo
b) xaruto - broxa - coxa
06. A alternativa que apresenta erro(s) de ortografia é:
c) peixe - faixa - caixote
a) O experto disse que fora óleo em excesso.
d) champu - ameixa - colxa
b) O assessor chegou à exaustão.
e) mechido - flecha - chicara
c) A fartura e a escassez são problemáticas.
d) Assintosamente apareceu enxarcado na sala. 03. “Marcos e João __________ a bola para __________ e, depois,
e) Aceso o fogo, uma labareda ascendeu ao céu. tomaram uma ________ de açaí, antes da _________ para ________.”
A alternativa que preenche corretamente as lacunas é:
07. Assinale a alternativa em que a frase esteja gramaticalmente a) chutaram - longe - tigela - viagem - caxambu
correta:
b) chutaram - longe - tijela - viajem - caxambu
a) Foi graças à interseção do diretor que consegui renovar a matrícula.
c) chutaram - longe - tigela - viagem - caxambu
b) Entre os índios, a pior ofensa era ser tachado de covarde.
d) xutaram - lonje - tigela - viagem - caxambu
c) Li, na sessão policial do matutino, que “o criminoso cozera o
desafeto a faca”. e) chutaram - longe - tigela - viagem - cachambu

d) Apresentadas aquelas provas concludentes, o réu foi absorto.


04. São exceções à regra da utilização da letra “x”:
e) A falsificação de minha rúbrica não convenceu a ninguém.
a) peixe, charuto.

08. Assinale a opção que apresenta todas as palavras escritas b) caixa e xurros.
corretamente: c) faixa, fachada.
a) embarcação - havaria - guarnissão d) encher e mecha.
b) viajem (substantivo) - comissão - faxina e) chope, cachaça.
c) náufrago - bússula - serviço
05. Assinale a opção que completa corretamente as lacunas da frase
d) hâncora - atracassão - menssageiro
abaixo:
e) marinharia - legislação - militarismo
Certas transformações __________ passou a nossa arquitetura não
teriam ocorrido, _________ houvesse a intervenção de certos fatores
09. Para completar corretamente as palavras “búss __ la”, “aterri __ agem, como a diferença de clima e de condições de vida.
“catali __ ar”, “tre __ eito” e “pu __ ar”, você utiliza, respectivamente:
a) por que - se não
a) o – ss – s -j – x.
b) porque - senão
b) u – s – z – j – x.
c) porquê - senão
c) o – ss – s – g – ch.
d) porque - se não
d) u – ss – z – j – x.
e) por que - senão
e) o – s – s – g – ch.

PROMILITARES.COM.BR 23
ORTOGRAFIA

06. Observe o termo em destaque no trecho a seguir e assinale a Tendo como referência as palavras em destaque no texto anterior,
alternativa que traz a correta consideração a seu respeito quanto à assinale a frase que apresenta grafada corretamente a palavra
justificativa de sua grafia. destacada.
“Por isso os antigos sabiamente pintaram o amor menino; porque a) Causou espanto o ULTRA-REALISMO usado pelo cronista.
não há amor tão robusto que chegue a ser velho.” b) Houve tumulto pela SUPER-LOTAÇÃO daquela zona eleitoral.
(Pe. Antônio Vieira)
c) Dados EXTRAOFICIAIS indicam a vitória do candidato oposicionista.
a) Trata-se de uma interrogativa indireta. d) É preciso AUTO-CONSCIÊNCIA para uma decisão sensata.
b) Porque é uma conjunção explicativa, e somente neste caso e) Ao secretário cabe a responsabilidade pela INFRA-ESTRUTURA do
justifica-se tal grafia. evento.
c) Busca-se explicitar o motivo do que se afirma na primeira oração.
d) A palavra porque introduz um enunciado afirmativo, e, neste
caso, faz-se uso de conjunção, seja explicativa, seja causal. EXERCÍCIOS DE

07. Assinale a alternativa que complete corretamente as lacunas do trecho:


“Eles ____ entraram em casa e perceberam que as coisas iam ____.
COMBATE
Ficaram ____ assustados quando ouviram murmúrios e resolveram
enfrentar a situação.” 01. As palavras que recebem acento gráfico pela mesma razão que o
a) mal – mau – mas justifica em “agrária” e “países” são, respectivamente:
b) mal – mal – mais a) sufrágio e possível. d) constituída e salário.
c) mau – mal – mas b) média e obrigará. e) histórico e torná-los.
d) mau – mau – mais c) domínio e saído.

08. Marque a alternativa em que as três palavras, dentre as seis 02. Califórnia / prevê / água / até / período / consequência são
sublinhadas, estão escritas corretamente no segmento abaixo. os vocábulos que recebem acento gráfico no texto; tais acentos se
justificam devido a:
“Derrepente, ouviu-se um barulho estranho e os policiais
quiseram saber de onde vinha, para evitar que o mau-estar e o pânico a) uma só regra de acentuação.
se estalassem entre os espectadores da sessão circense.” b) duas regras de acentuação.
a) Derrepente - mau-estar - sessão c) três regras de acentuação.
b) quiseram - espectadores - sessão d) quatro regras de acentuação.
c) quiseram - mau-estar - espectadores e) cinco regras de acentuação.
d) Derrepente - estalassem - espectadores
e) mau-estar - estalassem - sessão 03. Assinale o vocábulo que, necessariamente, deve receber acento
gráfico:
09. Leia: a) contem d) ate.
b) amem e) egoísta
c) historia

04. (AFA 2011) Assinale a alternativa em que configura INCORREÇÃO


ortográfica.
a) um de quarenta e nove por cento dos brasileiros, cinquenta e
dois por cento dos europeus e [...] sessenta e cinco por cento dos
americanos.
Na imagem acima, o cartunista brinca com a reforma ortográfica. b) Os ideais de nossa geração ípsilon [...]
Com relação ao emprego do hífen, todas as palavras estão de acordo
c) [...] uma pesquisa da consultoria americana Universum, feita em
com as novas regras, exceto:
vinte e cinco países e publicada [...]
a) mega-empresa.
d) [...] exibido pela Rede Globo em mil novecentos e cetenta e sete.
b) autorretrato.
c) autoajuda. 05. Leia.
d) micro-ondas.
DE ONDE VÊM AS PALAVRAS
e) anti-inflamatório.
Os vocábulos latinos petra, pedra, e oleum, óleo, foram
10. Observe o seguinte texto: juntados para formar petróleo, originalmente óleo de pedra. O
“Infelizmente, ao aprovar a MINIRREFORMA eleitoral, o Congresso sufixo -eiro indica ofício, profissão. E os empregados das refinarias
não foi rigoroso o suficiente na fixação de gastos, por exemplo. passaram a ser chamados assim: petroleiros. A corporação ampliou
Os críticos falam em PSEUDORREFORMA, e a oposição ensaia uma consideravelmente as profissões que abrigava, a ponto de hoje ser
CONTRARREFORMA já para as próximas eleições”. difícil conceber o presidente de uma empresa como a Esso ou a
Petrobras e seus empregados como petroleiros.
(Deonísio da Silva)

24 PROMILITARES.COM.BR
ORTOGRAFIA

No título do texto, o vocábulo vêm aparece com acento porque: 10. Assinale a série em que todos os vocábulos devem receber acento
a) é necessário mostrar a diferença com a forma da terceira pessoa gráfico (questão adaptada pela autora para acomodar o último acordo
do singular. ortográfico).
b) todo monossílabo tônico terminado em em leva acento gráfico. a) Troia - item - Venus
c) concorda com seu sujeito as palavras. b) hifen - estrategia - albuns
d) é necessário destacar que sua pronúncia é nasal. c) por (preposição) - reune - faisca
e) para distinguir o verbo ver do verbo vir. d) nivel - orgão - tupi
e) pode (pret. perf.) - obte-las - tabu
06. Assinale a opção em que as palavras destacadas recebem,
respectivamente, a mesma classificação quanto à acentuação gráfica
que as palavras sublinhadas em “Se está difícil para nós, adultos [...]. GABARITO
Elas já nasceram neste mundo de profusão de estímulos [...].”
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
a) “Ela precisa estar atenta aos veículos que vêm atrás, ao lado e à
01. C 04. A 07. B 10. C
frente, à velocidade média dos carros [...].”
02. A 05. D 08. E
b) “Aliás, não é a combinação e a sucessão das palavras que dá
sentido a um texto?” 03. B 06. D 09. A
c) “[...] às informações de alguma emissora de rádio que comenta o EXERCÍCIOS DE TREINAMENTO
trânsito, ao planejamento mental [...].” 01. B 04. D 07. B 10. C
d) “[...] quando precisam focar a atenção e organizá-lo para que seja 02. C 05. A 08. B
favorável a tal exigência. E é preciso lembrar [...].” 03. A 06. D 09. A
e) “[...] profusão de estímulos [...]; elas são exigidas, desde o início EXERCÍCIOS DE COMBATE
da vida, a dar conta de várias coisas [...].”
01. C 04. D 07. B 10. B
07. (CN 2014) Assinale a opção em que o termo destacado está 02. C 05. C 08. D
grafado corretamente, de acordo com o contexto em que foi utilizado. 03. E 06. D 09. E
a) Ela precisa estar atenta às informações de algumas emissoras de
rádio a cerca do trânsito. ANOTAÇÕES
b) Com o advento da tecnologia, são tantos os estímulos e tanta
pressão por que passam as pessoas.
c) Uma pessoa dirigindo precisa estar mas atenta aos veículos que
vêm atrás, ao lado e à frente.
d) Os adultos mau conseguem focar sua atenção em uma única
coisa.
e) As crianças, afim de dar conta de várias coisas ao mesmo tempo,
são muito exigidas desde o início da vida.

08. Assinale a opção correta quanto à grafia da palavra em destaque.


a) Eduardo saiu de casa, definitivamente, mas não disse porque.
b) Estudo porquê a concorrência no mercado de trabalho é grande.
c) Alguém sabe o porque de a loja de calçados estar fechada hoje?
d) O biólogo explicou o motivo por que as plantas estão ressecadas.
e) Por que as crianças ficaram gripadas, não viajaremos esta semana.

09. Assinale a opção na qual as palavras foram acentuadas pelo


mesmo motivo que “aritméticos”, “prioritária”, “cálculos” e
“Taubaté”, respectivamente.
a) rotatória - cólica - vermífugo - Maringá
b) hebdomadário - ausência - andrógino - Itajaí
c) farmacêutico - ípsilon - síndrome, Piauí
d) alaúde - húngaro - déspota - Grajaú
e) anêmona - glúten - nômade - Tribobó

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ORTOGRAFIA

26 PROMILITARES.COM.BR
SEMÂNTICA:
SIGNIFICADO E SENTIDO

Para entendermos melhor a diferença entre sentido e significado,


tomemos como exemplo o verbo comer. No dicionário, o significado
deste verbo aparece somente na sua forma infinitiva, não nas flexões
“como, comes, comi, comerei”. Não há registro, pois, no dicionário,
das formas que uma palavra assume nas frases, mas apenas uma
forma padrão de referência. É no discurso, então, que as palavras
adquirem sentido. Os sentidos podem variar dependendo do contexto
em que são empregados.
Há sentidos referenciais (denotação) e metafóricos (conotação).

Cada qual deve limitar-se às suas próprias atribuições. Então, “cada macaco no seu galho” é mais concreto. Este tipo de
sentido, o concreto que aciona uma imagem, é o literal, denotativo.
Cada macaco no seu galho. O sentido conotativo, figurado, é mais abstrato.
CONCLUSÃO: Todo sentido metafórico é imagético.
Qual dos dois enunciados é mais concreto? Ainda que seja mais concreto, o sentido conotativo propicia múltiplas
A resposta certa é: aquele que nos remete diretamente a uma interpretações pelo seu caráter associativo. Essas interpretações são
imagem. mais variadas na linguagem poética que na cotidiana.

LINGUAGEM POÉTICA LINGUAGEM COTIDIANA

CONOTAÇÃO “Iracema, a virgem dos lábios de mel” Todos os dias, enfrento engarrafamento na
METÁFORA (José de Alencar) Praça da Bandeira, às 19h.

CONCRETO
IMAGEM

Lábios...
Doces
ASSOCIAÇÃO
Dourados Muitos carros entrando em uma só via.
INTERPRETAÇÃO
Naturais
Selvagens

Observação
A metáfora poética aciona uma quantidade maior de interpretações possíveis.

Para melhor compreensão de um texto, seu autor deve, portanto, fazer uso de um vocabulário mais adequado, a fim de conferir mais precisão
ao seu projeto de comunicação. Essas escolhas dependem do conhecimento de alguns eventos linguísticos tratados pela semântica: sinonímia,
antonímia, hiperonímia, hiponímia, paronímia, homonímia, polissemia e ambiguidade.

PROMILITARES.COM.BR 27
SEMÂNTICA: SIGNIFICADO E SENTIDO

SINONÍMIA E ANTONÍMIA Veja outros exemplos:

SINÔNIMOS HIPÔNIMOS HIPERÔNIMOS


São vocábulos cujos significados possuem certa semelhança.
Tartaruga, jacaré, cobra, lagarto réptil
Exemplo: preto e negro.
A identidade dos sinônimos é relativa, pois os vocábulos assumem Rosa, palma, gerânio, margarida flor
sentidos contextuais que nem sempre nos possibilitam uma troca. Isso
prova que o sentido das palavras é determinado pelo contexto.
Cadeira, mesa, cama, guarda-roupa mobília
Exemplo: Gosto de comer feijão preto.
Nesse contexto, o uso não permite a troca de “preto” por
“negro”, apesar de serem sinônimos.
HIPÔNIMO
ANTÔNIMOS Vocábulo ou sintagma de sentido mais específico em relação ao
São vocábulos de significados opostos. de outro mais geral, em cuja classe está contido.
Exemplo: Claro e escuro; bom e mau; velho e novo.
Exemplos:
HIPERONÍMIA E HIPONÍMIA RIO - Adilson Rocha foi ferido pelo próprio carro após um trem
de carga atingir o veículo em uma passagem de nível, na Estrada
do Teixeira, em Itaguaí, na Região Metropolitana do Rio, no início
Martelo
da tarde desta quinta-feira. Ele está internado em estado grave no
Hospital Salgado Filho, no Méier.
Alicate Ferramentas
(JB Online - [21:16] - 09/10/2008)
Chave de fenda

CARRO TREM VEÍCULO


As palavras do grupo (martelo, alicate, chave, serrote...) pertencem
ao mesmo campo semântico, ou seja, ao universo da mecânica. A Espécie Espécie Gênero
palavra ferramenta possui um sentido mais amplo e, por isso,
engloba todas as outras. Nesses casos, as palavras de mesmo campo
semântico são os hipônimos, e as generalizadoras, que nomeiam um Hipônimo Hipônimo Hiperônimo
conjunto, são os hiperônimos.

HIPERÔNIMO Observação
Vocábulo ou sintagma de sentido mais genérico em relação a outro.
A classificação de um vocábulo como hipônimo ou hiperônimo é
Exemplos: sempre relativa.
Inseto, nome comum de qualquer animal pertencente a uma
classe do filo dos artrópodes. Formam a maior classe do Reino
Animal, sendo mais numerosos que todos os outros grupos, pois estão
descritas pelo menos 800.000 espécies. Estão distribuídos por todo PARONÍMIA
o mundo, das regiões polares aos trópicos e englobam espécies que Parônimos são vocábulos com semelhança gráfica e sonora.
vivem em terra firme, águas doces, salgadas e termais.
Exemplo: docente e discente.
Os insetos como as abelhas, as formigas e os cupins possuem
Exemplos:
complexas estruturas sociais, nas quais as diversas atividades
necessárias para a alimentação, abrigo e reprodução dentro da colônia DIFERENÇA VOCÁLICA
estão distribuídas entre indivíduos adaptados especificamente para RATIFICAR = CONFIRMAR
desempenhá-las.
RETIFICAR = EMENDAR
(www.vestibular1.com.br/revisao/moscas)

DIFERENÇA CONSONATAL
Observe o quadro:
INFLAÇÃO = AUMENTO

ARTRÓPODES INSETOS ABELHAS, FORMIGAS, CUPINS INFRAÇÃO = DESRESPEITO

Gênero Espécie HOMONÍMIA


Palavras que têm forma igual, mas significado (SDO), classe
Hiperônimo Hipônimo gramatical (CG) e função sintática (FS) diferentes.
“Quem casa¹ quer casa².”
Gênero Espécies

Hiperônimo Hipônimo

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SEMÂNTICA: SIGNIFICADO E SENTIDO

FORMA CG FS SDO FORMAS SIGNIFICADOS

forma núcleo do predicado contrai espaço de tempo durante o qual um espetáculo


casa1 SESSÃO
verbal verbal matrimônio cinematográfico, teatral etc. é apresentado

casa2 subst. objeto direto moradia, lar divisão ou subdivisão feita em uma obra escrita por
SEÇÃO capítulos ou artigos, para melhor compreensão de
sua disposição interior

HOMÓFONOS CESSÃO transferência de posse ou direito


Vocábulos que se pronunciam da mesma forma que outro, mas
cujo significado e grafia são diferentes.
Exemplos:
Terminou a sessão / Quatrocentos cruzeiros / Velhos compram
HOMÓGRAFOS
com medo / Ele e a namorada / Ela não pensa em nada / Ele pensa Vocábulos que têm a mesma grafia, mas significados e prosódias
em segredo. diferentes.
(Rita Lee, “Trem Fantasma”) Exemplo:

Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela Uma meta existe para ser um alvo / Mas quando o poeta diz
haver notícia, se não houver deixado representante ou procurador meta / Pode estar querendo dizer o inatingível / Por isso, não se meta
a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de a exigir do poeta / Que determine o conteúdo em sua lata.
qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e (Fragmento de “Metáfora”, de Gilberto Gil)
nomear-lhe-á curador.
(Fragmento – Cap. III – Da ausência – Seção I – Da curadoria dos bens do ausente –
Código Civil) FORMA PRONÚNCIA EXEMPLOS SIGNIFICADO

A cessão de direitos hereditários, contrato através do qual opera- Essa é a minha


se a transmissão de direitos provenientes de sucessão, enquanto não meta /méta/ Alvo, objetivo
meta.
dados a partilha que declarará a partição e deferimento dos bens
da herança entre os herdeiros (legítimos ou testamentários) e aos Não quero que se
cessionários, não encontrava dispositivo específico que a contemplasse Forma verbal
meta /mêta/ meta na minha
diretamente no Código Civil de 1916. de meter-se
vida.
(“A cessão de direitos hereditários no novo Código Civil”, de Ricardo Guimarães
Kollet – in Jus Navegandi.)

ALGUMAS PALAVRAS PARÔNIMAS


absolver: inocentar, perdoar absorver: sorver, consumir, esgotar
acidente: acontecimento casual incidente: episódio, aventura
aprender: tomar conhecimento apreender: apropriar-se, assimilar mentalmente
acostumar: contrair hábito costumar: ter por hábito
amoral: indiferente à moral imoral: contra a moral, libertino, devasso
aprender: instruir-se apreender: assimilar
arrear: pôr arreios arriar: abaixar, descer
assoar: limpar o nariz assuar: vaiar, apupar
cavaleiro: aquele que sabe andar a cavalo cavalheiro: homem educado
delatar: denunciar dilatar: alargar, ampliar
despercebido: que não foi percebido; que não se viu ou não se ouviu desapercebido: desprevenido
destrato: maltrato com palavras distrato: rescisão ou anulação de contrato
discente: referente a alunos docente: referente a professores
destinto: que se destingiu distinto: diverso, diferente
eminente: ilustre, excelente iminente: que ameaça acontecer
emergir: vir à tona imergir: mergulhar
migrar: mudar periodicamente emigrar: sair da pátria
imigrar: entrar num país estranho para nele morar
enfestar: aumentar, exagerar, roubar no jogo infestar: causar danos

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SEMÂNTICA: SIGNIFICADO E SENTIDO

flagrante: evidente fragrante: perfumado


fluir: correr fruir: gozar, desfrutar
fusível: aquele que funde fuzil: arma
história: narrativa de fatos reais ou fictícios estória (origem inglesa): narrativas de fatos fictícios
inflação: desvalorização do dinheiro; aumento de preços. infração: violação, transgressão
infligir: cominar ou aplicar pena infringir: violar, desrespeitar
lista: relação, rol listra: risca, traço
mandado: ordem judicial mandato: procuração
ótico: relativo ao ouvido óptico: relativo à visão
peão: aquele que anda a pé pião: brinquedo; mastro de escada caracol
procedente: proveniente, oriundo precedente: antecedente
prescrito: estabelecido proscrito: desterrado, emigrado
recrear: proporcionar recreio a; divertir, alegrar recriar: criar novamente
sortir: abastecer surtir: produzir efeito
tráfego: movimento, trânsito tráfico: comércio lícito ou não
vadear: passar ou atravessar a pé ou a cavalo vadiar: vagabundear
vultoso: volumoso vultuoso: atacado de congestão na face

ALGUMAS PALAVRAS HOMÓFONAS (MESMO SOM - ESCRITA DIFERENTE)


acender: pôr fogo, alumiar ascender: subir
acento: tom de voz, sinal gráfico assento: lugar de sentar-se
acerca de: sobre, a respeito de a cerca de: aproximadamente
há cerca de: faz aproximadamente
afim de: semelhante a, parente de a fim de: para, com a finalidade de
apreçar: procurar o preço; ajustar o preço; ter apreço por apressar: tornar rápido; acelerar
bucho: estômago buxo: arbusto
caçar: apanhar animais ou aves cassar: anular
calda: xarope cauda: rabo
conserto: reparo concerto: sessão musical, acordo
coser: costurar cozer: cozinhar
cheque: ordem de pagamento xeque: lance de jogo no xadrez
cédula: documento, chapa eleitoral sédula: ativa, cuidadosa (feminino de sédulo)
cela: pequeno quarto de dormir sela: arreio
censo: recenseamento senso: raciocínio, juízo claro
cerração: nevoeiro denso serração: ato de serrar, cortar
sexto: numeral ordinal relativo a seis cesto: balaio
despensa: local onde se guardam mantimentos dispensa: licença ou permissão
chá: bebida xá: título do ex-imperador do Irã
esperto: ativo, inteligente, vivo experto: perito, entendido
espiar: observar, espionar expiar: sofrer castigo
estático: firme, imóvel extático: admirado, pasmado
estrato: tipo de nuvem; camada extrato: resumo, essência
espiar: observar, espionar expiar: sofrer castigo

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SEMÂNTICA: SIGNIFICADO E SENTIDO

intercessão: ato de interceder, de intervir interseção/intersecção: ato de cortar


incerto: impreciso inserto: introduzido, inserido
incipiente: principiante insipiente: ignorante
laço: nó lasso: frouxo, gasto, bambo, cansado, fatigado
mal: antônimo de bem mau: antônimo de bom
passo: passada; 1ª pessoa do singular do presente do indicativo do paço: palácio
verbo passar
ruço: grisalho, desbotado russo: da Rússia
sexta: numeral cesta: utensílio de transporte
sesta: descanso depois do almoço
tacha: pequeno prego taxa: tributo
tachar: censurar, pôr defeito taxar: estipular
vale (s.): 1. acidente geográfico; 2. Escrito sem formalidade legal, vale (f.v.): 3ª pessoa do singular do presente do indicativo do verbo
representativo de dívida, por empréstimo ou por adiantamento valer
viagem: substantivo: ato de ir de um a outro lugar relativamente viajem: 3ª pessoa do plural do presente do subjuntivo do verbo
afastado viajar
xácara: narrativa popular em verso chácara: pequena propriedade campestre

POLISSEMIA

Linha do trem Linha de bordado

À diversidade de significados que uma mesma palavra possui numa língua dá-se o nome de POLISSEMIA.
Há discussões entre gramáticos e linguistas sobre a distinção entre homonímia e paronímia. Um dos critérios propostos para aclarar o tema é
o seguinte:
POLISSEMIA – a mesma palavra com mais de um significado; mesma classe gramatical.
HOMONÍMIA – palavras distintas pelo critério histórico-etimológico com fonemas idênticos.

Exemplo:
Ponto de ônibus Polissemia Sessão = ato de assistir
Ponto de bordado ponto = substantivo com mais de Cessão = ato de ceder homonímia
Dormiu no ponto um significado Seção = compartimento

PROMILITARES.COM.BR 31
SEMÂNTICA: SIGNIFICADO E SENTIDO

EXERCÍCIOS DE Podemos observar, nessa frase:

FIXAÇÃO a) que as palavras “esquerda” e “direita” não são empregadas com


exploração da polissemia.
b) que se explora o sentido político antagônico das palavras
“esquerda” e “direita” e o valor ético que a polissemia permite
01. A variação de grau das palavras é, muitas vezes, utilizada para inferir nesta última.
expressar outras ideias que não o aumento ou diminuição das c) que autor a constrói com base em uma visão previamente
proporções. Assim, elas são utilizadas para expressar depreciação, apregoada, que considera a esquerda naturalmente contrária
carinho, simpatia, intensificação etc. à ética.
Assinale a alternativa em que o diminutivo expressa uma ideia d) que o vocábulo “nem” configura uma inclusão esperada de um
DIFERENTE das demais. elemento entre os não confiáveis politicamente.
a) “...tirou uma saia que estava dentro, toda embrulhadinha...” e) que ela pretende incluir os setores da chamada “direita” entre
b) “Provavelmente completou baixinho...” aqueles que mais agem incorretamente.
c) “A mocinha chegou, comprou a entrada...”
d) “...condição que seu traje apertadinho...” 07. “Da viagem, que durou dias, ele guardara aturdidas lembranças,
embaraçadas em sua cabecinha”.
02. Homônimos e parônimos podem provocar equívocos de ordem Em um exercício de paráfrase, a expressão sublinhada na passagem
semântica na construção de frases. Isso ocorre, por exemplo, na acima poderia ser substituída por:
seguinte alternativa: a) boas recordações.
a) Mariana estava ansiosa, esperando a sessão das dez começar. b) perturbadas impressões.
b) O patrão deferiu o pedido de férias do seu empregado. c) agradáveis notícias.
c) O bandido conseguiu abrir sua cela e fugir. d) tristes memórias.
d) Está eminente o desfecho do julgamento. e) certas decepções.
e) O político se orgulhava de ter um mandato popular.
08. Leia.
03. Assinale a alternativa em que a mudança de posição do termo
sublinhado não implique a possibilidade de mudança de sentido do IDEOLOGIA
enunciado.
a) Belo Horizonte já foi uma linda cidade. Meu partido É um coração partido
Belo Horizonte já foi uma cidade linda. E as ilusões Estão todas perdidas
Os meus sonhos Foram todos vendidos
b) Filho meu não irá para o exército.
Tão barato Que eu nem acredito Ah! eu nem acredito...
Meu filho não irá para o exército.
Que aquele garoto Que ia mudar o mundo
c) Meu carro novo é maior. (Mudar o mundo)
Meu novo carro é maior. Freqüenta agora as festas do “Grand Monde”
d) Por algum dinheiro ele seria capaz de vender a casa. (Cazuza)
Por dinheiro algum ele seria capaz de vender a casa.
Nos primeiros versos, a palavra partido é empregada com significados
e) Com uma simples dose do medicamento ficou curada.
diferentes.
Com uma dose simples do medicamento ficou curada.
Esta repetição produz, no texto, o seguinte sentido:
04. A caracterização das palavras homônimas varia, em função de a) revela o nível de alienação do sujeito poético.
aspectos gráficos ou fonéticos. Assim, pode-se dizer que: b) reafirma a influência coletiva na esfera pessoal.
a) as palavras “eminente” e “iminente” são homófonas e c) acrescenta elementos pessoais a um tema social.
heterógrafas.
d) projeta um sentimento de desencanto sobre a política.
b) “seção”, “sessão” e “cessão” são heterófonas e heterógrafas.
c) “jogo” (subst.) e “jogo” (verbo) são homógrafas e heterófonas. 09. “DOIS PEQUENOS GOLES DE VINHO E UM CALÇADO CERTO
d) “nada” (pron. indef.) e “nada” (verbo) não são homônimos DEIXAM QUALQUER MULHER ALTA.”
perfeitos. O duplo sentido é, muitas vezes, um recurso de expressividade na
e) “infligir” e “infringir” são homógrafos e heterófonos. construção das mensagens. A leitura atenta da frase acima permite a
adequada observação de que:
05. “Apresentou argumentos contra os quais não há o que alegar”. a) ele se constrói com ambiguidade não intencional, o que prejudica
A oração grifada equivale a: os objetivos do seu emissor.
a) incontornáveis. b) o adjetivo “alta” é a palavra que provoca o duplo sentido que se
b) inigualáveis. pode atribuir à frase.
c) inegáveis. c) a inversão de posição do adjetivo “certo” em relação a “calçado”
manteria o significado da frase.
d) irrefutáveis.
d) ambos os sentidos que se podem atribuir à palavra que está
e) indispensáveis. em ambiguidade pertencem ao registro estritamente formal da
língua.
06. Na sua coluna diária no Jornal Folha de São Paulo de 17 .08 .05,
e) a palavra “qualquer”, pela posição que ocupa no texto, apresenta
o jornalista José Simão escreve: “No Brasil, nem a esquerda é direita”.
conotação pejorativa.

32 PROMILITARES.COM.BR
SEMÂNTICA: SIGNIFICADO E SENTIDO

10. “Ali estava, quieta, verde, ortóptera, saltadora mais imóvel, d) inexequível – que não se pode fazer.
mimética, mas em sua cor natural, estridulante, mas silenciosa, e) indefensável – que se pode ultrapassar.
guardando todas as potencialidades: simplesmente esperança,
esperança para servi-los.”
05. Assinale a alternativa em que a palavra sublinhada foi empregada
As palavras sublinhadas podem ser substituídas respectivamente, sem erroneamente:
prejuízo de sentido, por
a) O Diretor-Geral retificou a Portaria 601 que fora publicada com
a) estridente e imitada. incorreções.
b) imitadora e estridente. b) Este fiscal vai trabalhar na Seção de Tributação.
c) imitadora e extenuante. c) O Superintendente da Receita Federal deferiu aquele nosso pedido.
d) paralisada e estridente. d) Recuso-me a defender aquele réu, pois foi pego em flagrante.
e) imitante e acidulada. e) Este assunto é confidencial; conto, portanto, com sua descrição.

06. Leia:
EXERCÍCIOS DE
“Amar solenemente as palmas do deserto,
TREINAMENTO o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o cru, um vaso sem flor,
um chão vazio, e o peito inerte,
e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.”
01. Indique a alternativa na qual as palavras completam, corretamente,
os espaços das frases abaixo. Nos versos de Carlos Drummond de Andrade, as palavras sublinhadas
significam, respectivamente:
I. O adultério foi _________ do Código Penal.
a) radiante, seco, sem atividade.
II. O congestionamento na Avenida Paulista paralisou o _________
de veículos por duas horas. b) que espera, inabitável, sem atividade.
III. Ao beber e dirigir, o condutor está _________ as leis de trânsito. c) incondicional, inabitável, sem forças.
IV. Os condenados foram presos em _________ ao tentarem assaltar d) que espera, sem finalidade, sem forças.
uma residência.
a) I. descriminado – II. tráfego – III. infringindo – IV. flagrante 07. Dizer “coisa santa” não é o mesmo que dizer “santa coisa”. O
item abaixo em que a posição anteposta ou posposta do adjetivo
b) I. descriminado – II. tráfico – III. infringindo – IV. fragrante modifica o seu significado é:
c) I. discriminado – II. tráfego – III. infligindo – IV. fragrante a) quantia razoável / razoável quantia.
d) I. descriminado – II. tráfego – III. infligindo – IV. flagrante b) mulher elegante / elegante mulher.
e) I. discriminado – II. tráfico – III. infligindo – IV. fragrante. c) situação caótica / caótica situação.
d) menina risonha / risonha menina.
02. Em “O orador ratificou o que afirmara.”, o termo destacado
pode ser substituído sem prejuízo de sentido por: e) funcionário alto / alto funcionário.
a) negou.
08. É importante, na expressão culta da língua, o emprego correto
b) corrigiu. das palavras também do ponto de vista semântico, como ocorre, por
c) frisou. exemplo, em:
d) confirmou. a) “A polícia pegou o bandido em fragrante”.
e) enfatizou. b) “O comprimento da lei é importante para que se mantenha a
ordem”.
03. Assinale a alternativa que possa substituir, pela ordem, as partículas c) “O tráfego anda muito perigoso, haja vista o número de mortes
de transição dos períodos abaixo, sem alterar o significado delas: em acidentes”.
“Em primeiro lugar, observemos o avô. d) “Veja que linda sesta Maria recebeu para o café da manhã!”.
Igualmente, lancemos um olhar para a avó. e) “Eles queriam ir à festa, mais o cansaço foi mas forte”.
Consequentemente a filha também será morena e alta.”
09. A palavra tráfico não deve ser confundida com tráfego, seu
a) primeiramente, ademais, em suma parônimo. Em que item a seguir o par de vocábulos é exemplo de
b) acima de tudo, também, finalmente homonímia e não de paronímia?
c) primordialmente, similarmente, portanto a) estrato - extrato
d) antes de mais nada, da mesma forma, por conseguinte b) flagrante - fragrante
e) sem dúvida, intencionalmente, com efeito c) eminente - iminente
d) inflação - infração
04. Em “[...] é inevitável que registremos uma certa satisfação [...]”, o e) cavaleiro - cavalheiro
adjetivo sublinhado significa “o que não se pode evitar”; a alternativa
em que o adjetivo destacado tem seu significado correto é: 10. Leia as frases:
a) infalível – que não se pode comentar. I. Estava morto de sede.
b) indelével – que se pode lavar. II. O ouro é um metal nobre.
c) intragável – que não se pode trazer. III. O luar cor de prata é romântico.

PROMILITARES.COM.BR 33
SEMÂNTICA: SIGNIFICADO E SENTIDO

Analisando as três orações acima, pode-se afirmar que a linguagem 05. (CN 2014) Assinale a opção em que está expressa a ideia de
conotativa: consequência.
a) aparece só na terceira. a) “E quando elas não conseguem, reclamamos, levamos ao médico,
b) aparece só na primeira. arriscamos hipóteses de que sejam portadoras de síndromes [...]”
c) aparece só na segunda. b) “Sofremos de uma tentação permanente de pular palavras e
frases inteiras, apenas para irmos direto ao ponto.”
d) aparece nas três.
c) “Mas, nos estudos, queremos que elas prestem atenção no que é
e) não aparece em nenhuma delas. preciso, e não no que gostam.”
d) “O que pode ajudar, por exemplo, é analisarmos o contexto [...] e
organizá-lo para que seja favorável a tal exigência.”
EXERCÍCIOS DE e) “São tantos os estímulos e tanta pressão [...] que aprendemos a

COMBATE ver e/ou fazer várias coisas ao mesmo tempo [...].

06. (EPCAR 2012) Ao substituir a palavra sublinhada por aquela que


se encontra entre parênteses, mantém-se a significação original do
01. Em que opção ocorre apenas o uso denotativo da linguagem? texto em
a) “acariciou-me o rosto e disse que eu estava lindo de uniforme.” a) “Ensimesmados em seus delírios de perseguição ou de grandeza
b) “a cada passo havia um novo esforço esperando e, depois [...]” (acabrunhados).
dele, [...].” b) “A infantilização eterna cria a seguinte e horrenda lógica [...]”
c) “Por isso sou marinheiro, porque sei o que é espírito de navio.” (ingenuidade).
d) “[...] a lembrança me retorna aos dias da ativa e morro de c) “A facada ignóbil no professor Kássio dói no peito de todos nós.”
saudades.” (desprezível).
e) “Minha vida, agora que olho para trás, foi toda de pequenos d) “[...] repensarmos a educação brasileira e abrirmos mão dos
sucessos.” modismos e invencionices.” (artificialidades).

02. (EPCAR 2009) Dentre as figuras de linguagem sublinhadas abaixo, 07. (CN 2014) Assinale a opção que indica corretamente o valor
assinale aquela que foi corretamente substituída pela palavra entre semântico da preposição em destaque.
parênteses: a) “[...] pular palavras e frases inteiras, apenas para irmos direto ao
a) “Da mesma maneira, algumas formas do português local, desse ponto [...]” – lugar.
português inchado de expressões indígenas e africanas, também b) “[...] para buscar textos sobre um tema [...]” – posição superior.
passam da massa para a elite.” (contaminado) c) “[...] após um dia de intenso trabalho no retorno para casa [...]”
b) “Em 1808, o Rio se torna um caldeirão social e cultural: cerca de – modo.
15 mil portugueses desembarcam em pouco tempo, fugidos das d) “Aí, um belo dia elas vão para a escola.” – origem.
tropas de Napoleão [...]” (uma referência)
e) “Elas já nasceram neste mundo de profusão de estímulos” –
c) “Era antes na ponta da língua que Portugal, abandonado às delimitação.
pressas, ainda se manifestava, de forma mais corriqueira e
insistente, do lado de cá do oceano.” (língua portuguesa) 08. (CN 2015) Assinale a opção em que o termo destacado apresenta
d) “A principal bagagem que trazem de Lisboa é a linguagem, esse o mesmo valor semântico que “Muitos reconhecem que o Brasil é um
português castiço distinto do que era falado aqui.” (novidade) dos países emergentes que estão melhorando, a duras penas, a sua
distribuição de renda.”
03. (CN 2014) Em “[...] o ensino desse quesito no mundo de hoje é a) Quando estava na universidade, eu ia a livrarias semanalmente,
um processo lento e gradual.”, o termo grifado pode ser substituído, em busca de novidades.
sem mudança de sentido, por
b) A plateia ficou em silêncio quando divulgaram que muitas crianças
a) detalhamento. não assimilam as informações devido à desnutrição.
b) preceito. c) Todos estavam bem entusiasmados com as mudanças propostas
c) item. pelo ministro da educação.
d) comando. d) Por causa do trânsito, alguns pais chegaram à reunião às pressas,
e) mandamento. mas conversaram com os educadores.
e) Li em algum livro que o nível de aprendizagem está diretamente
04. (CN 2014) Considerando os termos grifados em “[...] por causa relacionado aos estímulos recebidos.
de nossa ganância em relação a novas e diferentes informações.” e
“Elas já nasceram neste mundo de profusão de estímulos de todos os 09. O orador “ratificou” o que afirmara. O termo destacado pode
tipos”, a antonímia dos termos grifados foi indicada de forma correta, ser substituído sem prejuízo de sentido por:
respectivamente, em qual opção? a) negou.
a) avidez - insuficiência b) corrigiu.
b) abnegação - exuberância c) frisou.
c) desapego - escassez d) confirmou.
d) altruísmo - afluência e) enfatizou.
e) concupiscência - falha

34 PROMILITARES.COM.BR
SEMÂNTICA: SIGNIFICADO E SENTIDO

10. Reconheça as relações semânticas no léxico a partir da ligação estabelecida entre os vocábulos do primeiro par, preencha as lacunas dos
seguintes, de modo a manter o nexo proposto.

PAPEL RASGAR EMBARCAR DESEMBARCAR

lata sair

vidro aterrissar

ferro caminhar

madeira zarpar

ESCRITOR CANETA AVIÃO PILOTO

pintor carro

escultor trem

maestro foguete

baterista barco

NOTÍCIA PUBLICAR NEGÓCIO EXPANDIR

boato crise

casamento preço

discurso esforços

testemunho questão

PROFESSOR ALUNO NAVIO ESQUADRA

político quadros

médico médicos

padre aviões

mestre atores

GABARITO
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01. C 04. A 07. B 10. B
02. D 05. D 08. D
03. A 06. B 09. B
EXERCÍCIOS DE TREINAMENTO
01. A 04. D 07. E 10. B
02. D 05. E 08. C
03. D 06. B 09. A
EXERCÍCIOS DE COMBATE
01. C 04. C 07. E 10. DISCURSIVA
02. C 05. E 08. E
03. C 06. C 09. D

PROMILITARES.COM.BR 35
SEMÂNTICA: SIGNIFICADO E SENTIDO

ANOTAÇÕES

36 PROMILITARES.COM.BR
FIGURAS DE LINGUAGEM

Dentre as formas de enriquecimento vocabular, destaca-se a Exemplo:


conotação, que é a criação de significados novos para palavras ou “...As forças, restaurai, perdidas” (G. Dias)
expressões que já existem e circulam com acepções já convencionadas.
Segundo outra perspectiva, as figuras podem ser classificadas
A criação de novas significações encontra sua plenitude nos quanto:
recursos estilísticos, e estes são pródigos quando se trata de figuras.
a) ao som (melopeia)
Passemos então pelas figuras de linguagem que se dividem em:
Exemplo:
I. Figuras de palavra (ou TROPOS): utilização de uma palavra
com o sentido de outra (por semelhança, metáfora; ou por Café com pão! Café com pão! Café com pão! (Trem de
contiguidade, metonímia). Ferro – Manuel Bandeira)

Exemplo:
Em meio à discussão, bebendo cicuta, a raiva desapareceu. b) à estrutura, função e ordem (fanopeia)
Exemplo:
II. Figuras de pensamento: expressão de uma ideia, de um
pensamento, de forma diferente, inovadora. ...da laranja, quero um gomo; do limão, quero um
pedaço... (Terezinha de Jesus – anônimo)
Exemplo:
“Você deságua em mim, e eu oceano.” (Djavan)
c) ao sentido (logopeia)
III. Figuras de construção (ou de sintaxe): subversão da estrutura Exemplo:
canônica de orações e períodos.
embebendo-a de sentimento

ESTUDANDO AS FIGURAS DE PALAVRAS


Baseado em Warren & Wellek, Tavares (1981) propõe a seguinte divisão e classificação:
TROPOS DE SIMILARIDADE
TROPOS DE SIMILARIDADE NASCEM DO USO DE PALAVRAS EM LUGAR DE OUTRAS,
PARTINDO DE ALGUM SEMA (TRAÇO SEMÂNTICO) QUE AS ASSEMELHE, APROXIME.

Imagem concreta O mar beija a praia.


IMAGEM Reprodução verbal da realidade;
Imagem abstrata O dólar caiu.

"E o Universo, – Bíblia imensa


Reprodução verbal e estética Que Deus no espaço escreveu?" (Castro Alves)
de uma realidade por analogia
METÁFORA
explícita (comparação) ou "O mar – lago sereno, / O céu – um manto azulado, /
subentendida (metáfora) O mundo – um sonho dourado, / A vida – um hino d'amor"
(Casimiro de Abreu)

Metafórico: O cordeiro é símbolo do Cristianismo.


SÍMBOLO Imagem que vale por um sinal
Metonímico: A cruz é símbolo do Cristianismo.

Emprego impróprio de Embarcar num avião. // Enterrar uma agulha no dedo. // Aterrisar no mar. //
CATACRESE
uma expressão Folhas de livro. // Barriga da perna. // Cabeça de prego.

ALEGORIA
OBS.: A ALEGORIA A nau do Estado segue por mares bravios e
PRECISA DE UM Sequência de metáforas
pode naufragar antes de avistar um porto seguro.
CONTEXTO FRASAL
PARA SE CONSTRUIR

PROMILITARES.COM.BR 37
FIGURAS DE LINGUAGEM

TROPOS DE CONTIGUIDADE

"Vem, vem, vem, vem / Vem sentir o calor / Dos lábios meus /
Metáfora pautada em relação de À procura dos teus" (Pixinguinha e João de Barro)
METONÍMIA
contiguidade "Pise machucando com jeitinho / Esse coração que ainda é seu"
(Adelino Moreira e Enzo de Almeida Passos)

Metonímia que promove


SINÉDOQUE a ampliação do âmbito de
Almocei Spoletto e pretendo lanchar Bob's. (Produtor pelo produto)
OBS.: MUITOS significação de uma palavra
ou expressão, partindo de Os insetos danificaram-me os livros. (Gênero pela espécie)
AUTORES NÃO
ESTABELECEM uma relação objetiva entre o O bronze já não soa. (Matéria pelo artefato)
DISTINÇÃO ENTRE significado próprio e o figurado.
Comi uma caixa de bombom. (Continente pelo conteúdo)
METONÍMIA E Pode-se entender que a
Li Machado de Assis e gostei. (Autor pela obra)
SINÉDOQUE sinédoque se realiza pelos
hiperônimos ou hipônimos.

Águia de Haia (em substituição a Rui Barbosa)


Metonímia que promove a
ANTONOMÁSIA substituição de um nome Toquinho e o Poetinha, apesar dos diminutivos,
próprio por um epítero. formaram uma das grandes parcerias da música brasileira.
(Antônio Pecci Filho e Vinícius de Moraes)

FIGURA DE BASE SENSORIAL

SINESTESIA
Reunião ou agrupamento de sensações originárias de diferentes “Eu fujo ou não sei não, mas é tão duro este infinito espaço
órgãos do sentido, por suposta semelhança que haja entre elas. ultrafechado.” (Carlos Drummond de Andrade)
Consiste na fusão de impressões sensoriais diferentes. “Fecha a luz, apaga a porta, vem me carinhar.” (Kleiton e Kledir)
Exemplos:
“Os carinhos (tato) de Godofredo não tinham mais o gosto IRONIA (OU ANTÍFRASE)
(paladar) dos primeiros tempos.” Expressão de uma ideia que assume significado oposto ao seu
“O doce afago materno.” (paladar + tato). significado habitual. É utilizada como recurso para satirizar ou
ridicularizar uma pessoa, uma instituição ou um comportamento.
“Esse corpo moreno cheiroso e gostoso que você tem.” (olfato
+ paladar) Exemplos:
“Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir /
A certidão pra nascer, e a concessão pra sorrir / Por me deixar respirar,
ESTUDANDO FIGURAS DE por me deixar existir / Deus lhe pague “ (Chico Buarque)
PENSAMENTO “Fazer samba não é contar piada / E quem faz samba assim não é
de nada /O bom samba é uma forma de oração” (Vinicius de Moraes
FIGURAS DE PENSAMENTO POR OPOSIÇÃO / Baden Powell)
“Agonizou no meio do passeio público / Morreu na contramão
ANTÍTESE atrapalhando o tráfego” (Chico Buarque)
Consiste no confronto de ideias opostas entre si, o qual não
produz um ABSURDO LÓGICO. FIGURA DE PENSAMENTO POR
Exemplos: ABRANDAMENTO OU DIMINUIÇÃO
“Uns tomam éter, outros cocaína. / Eu já tomei tristeza, hoje tomo
alegria”. (Manuel Bandeira) EUFEMISMO
Os cavalinhos correndo, / E nós, cavalões, comendo... / Consiste em abrandar, amenizar, aliviar uma ideia chocante,
O sol tão claro lá fora, assustadora.
E em minh’alma - anoitecendo! (Manuel Bandeira) Exemplos (para não dizer MORTE):
“É melhor ser alegre que ser triste / Alegria é a melhor coisa que Esticou as canelas / Bateu as botas / Passou desta para a melhor
/ Descansou / Vestiu paletó de madeira etc.
existe” (Vinícius de Moraes e Baden-Powell)
“Quando oiei a terra ardendo / qual fogueira de São João / Eu
perguntei, ai a Deus do céu, ai / Por que tamanha judiação.” (Luiz
PARADOXO Gonzaga e Humberto Teixeira)
Confronto de ideias opostas entre si, que produz um absurdo lógico. “Maringá, Maringá, / Depois que tu partiste, / Tudo aqui ficou tão
Exemplo: triste, / Que eu garrei a maginá.” (Joubert de Carvalho)
“Amor é fogo que arde sem doer.” (Camões)

38 PROMILITARES.COM.BR
FIGURAS DE LINGUAGEM

FIGURA DE PENSAMENTO POR EXAGERO “Ei! Al Capone / Vê se te emenda / Já sabem do teu furo, nego /
OU AUMENTO No imposto de renda” (Raul Seixas e Paulo Coelho)
“lua, / manda a tua luz prateada / despertar a minha amada”
(Cândido das Neves)
HIPÉRBOLE
Consiste em exagerar, aumentar uma ideia, destacando-a.
MELOPEIA
Exemplos:
A camada sonora dos textos também constrói figuras. Estas são as
“Vem matar esta paixão / Que me devora o coração” (Pixinguinha melopeias, pois constroem o ritmo, a melodia do texto. Seja
e João de Barro)
I. a repetição de sons iguais (aliteração);
“Amou daquela vez como se fosse a última /Beijou sua mulher como
se fosse a última / E cada filho seu como se fosse o único” (Chico Buarque) II. ou semelhantes (coliteração), os efeitos sonoros se prestam a
construir harmonias sugestivas (indiciais) ou imitativas (icônicas).
“Ai, amor eu vou morrer / Buscando o teu amor / (Eu vou morrer
buscando o teu / amor) / (Eu vou morrer de muito amor)” (Sérgio Exemplo de harmonia sugestiva (o barulho do trem):
Bittencourt) “Vem sujo da Leopoldina /Correndo, correndo, parece dizer /Tem
gente com fome, tem gente com fome / Tem gente com fome, tem
gente com fome / Tem gente com fome, tem gente com fome / Tem
OUTRAS FIGURAS gente com fome” (João Ricardo/ Solano Trindade)
Exemplo de harmonia imitativa (a risada):
GRADAÇÃO
“Quaquaraquaquá, quem riu /
Expressão de um raciocínio por meio da disposição de ideias em
ordem descendente ou ascendente (do maior para o menor ou vice- Quaquaraquaquá, fui eu /
versa). Quaquaraquaquá, quem riu
Exemplos: Quaquaraquaquá, fui eu“ (Baden Powell e Paulo César Pinheiro)
GRADAÇÃO ASCENDENTE
“É pau, é pedra, é o fim do caminho” (Tom Jobim) FIGURAS DE CONSTRUÇÃO POR INVERSÃO
“A gente faz o amor / Por telepatia / No chão, no mar, na lua / Na DA ORDEM DOS TERMOS
melodia” (Roberto de Carvalho e Rita Lee)
HIPÉRBATO
GRADAÇÃO DESCENDENTE Inversão da ordem natural dos termos na oração.
“É o vento ventando, é o fim da ladeira, É a viga, é o vão, fresta Exemplo:
da cumeeira” (Tom Jobim)
“Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
“Aquele que conhece o jogo / Do fogo das coisas que são / É o
De um povo heroico o brado retumbante.”
sol, é o tempo, é a estrada / É o pé e é o chão...” (Caetano Veloso)
Ordem direta: As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado
“Cada cara representa uma mentira /Nascimento, vida e morte,
retumbante de um povo heroico.
quem diria” (Luiz Melodia)

ANÁSTROFE
PROSOPOPEIA
Hipérbato atenuado em que a inversão se dá entre as palavras
(personificação, animismo): atribuição de características de seres
relacionadas entre si.
animados a seres inanimados, ou características humanas a animais
ou objetos. Exemplo:
Exemplos: “Tão leve estou, que nem sombra tenho” (Mário Quintana)
“Brasil, mostra a tua cara / Quero ver quem paga / pra a gente (Estou tão leve...)
ficar assim “ (Cazuza)
“Agora eu era o herói / E o meu cavalo só falava inglês.” (Chico FIGURAS DE CONSTRUÇÃO POR REPETIÇÃO
Buarque)
“Boemia, sabendo que andei distante / Sei que essa gente falante PLEONASMO
vai agora ironizar” (Adelino Moreira) Repetição de um termo sintático por meio de um pronome
oblíquo.
APÓSTROFE Exemplo:
Consiste em interpelar, chamar alguém ou algo (geralmente de Dinheiro, não o dou a você. (O termo “o” é objeto direto
forma emotiva). Na sintaxe, esta figura é reconhecida pela função de pleonástico, pois repete a função do termo “dinheiro”, colocado em
vocativo. posição de destaque e separado por vírgula do restante da oração.)
Exemplos:
“Venha me beijar / Meu doce vampiroooo / Ou ouuuuu / Na luz ANÁFORA
do luar /Ãh ahãããããh“ (Rita Lee) Palavra ou expressão que se repete no início das orações, dos
“Oh, tristeza, me desculpe / Tô de malas prontas / Hoje, a poesia, versos etc.
veio ao meu encontro / Já raiou o dia, vamos viajar “ (João de Aquino Exemplo:
e Paulo César Pinheiro)
“Qualquer coisa além de beleza / Qualquer coisa de triste /
“Amiga, perdoa se eu me meto em sua vida /Mas sinto que você Qualquer coisa que chora / Qualquer coisa que sente saudade”
vive esquecida /De se lembrar que tudo terminou” “ (Roberto Carlos (Vinicius de Moraes / Baden Powell)
e Erasmo Carlos)

PROMILITARES.COM.BR 39
FIGURAS DE LINGUAGEM

EPÍSTROFE EXERCÍCIOS DE

Repetição das mesmas palavras no início e no fim de cada um dos


membros da frase. FIXAÇÃO
Exemplo:
Não, já disse não.
01. Em que opção NÃO há ideias que se opõem?
a) “E o pequeno cavaleiro, destemido e intimidado, tomou de uma
ANTANÁCLASE
espada ou pedaço de pau qualquer [...].”
Repetição de homônimos.
b) “[...] é uma forma de domar as vagas do presente convertendo-o
Exemplo: num cristal passado.”
Em pós de um sonho vão, em vão se cansa. c) “E o mar eu conheci, quando pela primeira vez aprendi que a vida
(Observe que os vocábulos repetidos são de classe e função não é a arte de responder, mas a possibilidade de perguntar.”
distintas.) d) “É quando atrás do verde-azul do instante o desejo se alucina
num cardume de flores no jardim.”
POLISSÍNDETO e) “O mar é isso: é quando os vagalhões da noite se arrebentam na
Repetição do mesmo conectivo entre elementos coordenados. aurora do sim.”
Exemplo:
02. Assinale a alternativa em que o vocábulo grifado está no sentido
“E a névoa e flores
denotativo.
e o doce ar cheiroso
a) Estava imerso em profunda tristeza.
do amanhecer na serra.
b) Não sejas escravo da moda.
E o céu azul e
c) Quebrei o galho da árvore.
o manto nebuloso
d) Sofria de amargas desilusões.
do céu de minha terra.” (Álvares de Azevedo)
e) Tive uma ideia luminosa.

FIGURAS DE CONSTRUÇÃO POR OMISSÃO DE 03. Assinale a única alternativa que contém a figura de linguagem
UM DOS TERMOS presente no trecho sublinhado:
As armas e os barões assinalados,
ELIPSE Que da ocidental praia lusitana,
Omissão ou apagamento de um termo sintático, passível de Por mares nunca dantes navegados,
recuperação semântica. Passaram ainda além da Taprobana,
Exemplo: a) metonímia
Cheguei a casa e uma bagunça: louça suja na pia, lixo no chão, b) eufemismo
roupas espalhadas, mesa bagunçada. Tudo fora do lugar! c) ironia
(Omissão do verbo haver: havia louça suja na pia, havia lixo no d) anacoluto
chão, havia roupas espalhadas, mesa bagunçada.)
e) polissíndeto

ZEUGMA 04. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Nessa
Uma palavra, expressa em determinada parte do período, é passagem a figura de estilo que aparece sublinhada é
subentendida em outra(s) parte(s), posterior(es) ou anterior(es) àquela.
a) catacrese.
Exemplo:
b) oximoro. (paradoxo)
João foi ao mercado e José, à feira.
c) metonímia.
(Omissão do verbo ir: João foi ao mercado e José foi à feira.)
d) hipérbole.
e) metáfora.
FIGURAS DE CONSTRUÇÃO POR RUPTURA
SINTÁTICA 05. No trecho “É do leitor o prazer.”, a autora usa uma figura de
linguagem. Assinale a opção que a identifica corretamente essa figura.
ANACOLUTO a) Metáfora.
Emprego de um relativo sem antecedente, ou na mudança b) Elipse.
abrupta de construção; frase quebrada; anacolutia.
c) Metonímia.
Exemplo:
d) Hipérbato.
Aquela árvore, ela nem devia estar ali.
e) Anacoluto.

SILEPSE 06. No trecho “Há quase 50 anos, experimentei um misto de


A concordância das palavras se faz de acordo com o sentido e não angústia, tristeza e ansiedade que meu jovem coração de adolescente
segundo as regras da sintaxe. soube suportar com bravura”, o autor usou uma figura de linguagem
Exemplo: denominada
A turma estava muito barulhenta; o professor colocou-os de castigo.

40 PROMILITARES.COM.BR
FIGURAS DE LINGUAGEM

a) catacrese. EXERCÍCIOS DE
b) eufemismo.
c) hipérbole. TREINAMENTO
d) prosopopeia.
e) paradoxo. 01. No trecho “ao doar Volkswagens para os campeões do mundo
de 1970” é possível perceber um exemplo de metonímia. Dentre as
07. Assinale a alternativa que apresenta a figura de linguagem alternativas a seguir, assinale a única em que esse procedimento não
anacoluto. está presente.
a) Eu não me importa a desonra do mundo. a) “O bonde passa cheio de pernas: / pernas brancas pretas amarelas.
b) Passarinho, desisti de ter. / Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração. / Porém
meus olhos / não perguntam nada.” (Poema de Sete Faces, Carlos
c) O que não tenho e desejo é que melhor me enriquece.
Drummond de Andrade).
d) De todas, porém, a que me cativou logo foi uma... uma... não
b) “É pau, é pedra, é o fim do caminho” (Águas de Março, Tom
sei se digo.
Jobim).
e) E espero tenha sido a última.
c) “Camisas verdes e calções negros corriam, pulavam, chocavam-
se, embaralhavam-se, caíam, contorcionavam-se, esfalfavam-
08. O autor faz uso de uma figura de linguagem, a metonímia, na se, brigavam. Por causa da bola de couro amarelo que não
passagem: parava, que não parava um minuto, um segundo. Não parava.”
a) “(...) ao pensar nelas, as pipocas, meu pensamento se pôs a (Corínthians (2) vs. Palestra (1), Antônio de Alcântara Machado).
dar estouros e pulos como aqueles das pipocas dentro de uma d) “Todo o lenho mortal, baixel humano / Se busca a salvação, tome
panela.“ hoje terra, / Que a terra de hoje é porto soberano.” (Gregório de
b) “Um bom pensamento nasce como uma pipoca que estoura, de Matos).
forma inesperada e imprevisível.” e) “Beba Coca-Cola”.
c) “Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo da panela ficam
os piruás que não servem para nada.” 02. Leia a tirinha:
d) “Alguns, inclusive, acharam que era gozação minha, que piruá é
palavra inexistente. Cheguei a ser forçado a me valer do Aurélio
para confirmar o meu conhecimento da língua.”
e) “Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá
dentro ficando cada vez mais quente, pense que sua hora chegou:
vai morrer.”

09. Leia o poema abaixo:

PARA AS ESTRELAS DE CRISTAIS GELADOS

As ânsias e os desejos vão subindo, No diálogo transcrito anteriormente, constata-se:


Galgando azuis e siderais noivados
a) Pleonasmo vicioso, pois associa-se aprendizagem com óbvia
De nuvens brancas a amplidão vestindo...
facilidade.
(Cruz e Sousa)
b) Redundância, pois explicita-se a sinceridade com um comentário
Assinale a opção em que expresse incorretamente a análise do repetitivo e desnecessário.
poema: c) Paradoxo, pois contrapõem-se duas ideias antagônicas:
a) As “nuvens brancas” mencionadas sugerem as vestes tradicionais fingimento e sinceridade.
de noiva. d) Ironia, pois desdenha-se a falta de conhecimento do padre sobre
b) A aliteração do /s/ em “As ânsias e os desejos vão subindo” sucesso e liderança.
produz cacofonia. e) Eufemismo, pois suaviza-se a resposta ante uma pergunta tão
c) Os “cristais gelados” estão de acordo com a frialdade do espaço ingênua.
sideral.
d) As “Estrelas”, com maiúscula alegorizante, podem significar uma 03. Leia o texto abaixo:
dimensão humana superior. “Minha terra tem palmeiras
e) Galgar “azuis e siderais noivados” é imagem que remete ao Onde canta o sabiá;
anseio de atingir um mundo espiritual. As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
10. A frase que expressa um conceito paradoxal é: (Gonçalves Dias)

a) “para cobrir a minha costela conservadora de um horror herético.”


“Não gorjeiam como lá (gorjeiam)”. Observe que na segunda oração o
b) “Cocei o crânio com pasmo neandertal...” verbo vem subentendido, precisamente porque já aparece na primeira
c) “Hoje, levo uma vida dupla.” - fenômeno a que chamamos:
d) “as livrarias continuarão a ser os únicos templos laicos que a) pleonasmo
frequento com religioso fervor.” b) zeugma
e) “Espero apenas que poupem o meu gato.” c) anacoluto
d) hipérbole
e) prosopopeia

PROMILITARES.COM.BR 41
FIGURAS DE LINGUAGEM

04. Leia o seguinte trecho do poema: a) metáfora, símile e prosopopeia


b) pleonasmo, silepse e antítese
BARCOS DE PAPEL
c) catacrese, símile e antítese
(...) d) pleonasmo, símile e antítese
Fazia de papel toda uma armada
e) pleonasmo, metáfora e metonímia
e, estendendo meu braço pequenino,
eu soltava os barquinhos, sem destino,
ao longo das sarjetas, na enxurrada... 09. Em “Naquele dia foi fácil: comeu duas tigelas e encontrou o teto
aconchegante que não esperava”, temos:
Fiquei moço. E hoje sei, pensando neles, a) duas metonímias
que não são barcos de ouro os meus ideais: b) duas metáforas
são feitos de papel, tal como aqueles,
c) uma onomatopeia
(Guilherme de Almeida)
d) dois paradoxos
Barcos de ouro / Barcos de papel. Expressões contrárias a que a Língua e) um eufemismo
dá o nome de:
a) antítese 10. Assinale a única sentença que apresenta sinestesia.
b) zeugma a) “A noite estava muito negra. E havia sobre
c) pleonasmo a cidade um silêncio côncavo, de abóbada.”
(Eça de Queirós)
d) anacoluto
b) “E a tua boca anda mentindo
e) polissíndeto
Enganada pelos teus sentidos.”
(Cecília Meireles)
05. “Quincas Borba ganiu INFINITAMENTE...”. A palavra em
c) “Precisamos descobrir o Brasil!
maiúsculo é exemplo de:
Escondido atrás das florestas,
a) hipérbole com a água dos rios no meio.”
b) hipérbato (Carlos Drummond de Andrade)
c) antítese d) “Sobre a nudez forte da verdade o manto diáfano da fantasia /
d) sinédoque ou sobre a nudez forte da fantasia o manto diáfano da verdade.”
(José Saramago)
e) pleonasmo

06. “O professor usava paletó curto demais”. A Língua conhece o


objeto direto pleonástico: EXERCÍCIOS DE
a) Ao paletó curto demais usava o professor
b) Paletó curto demais usava o professor
COMBATE
c) Paletó curto demais usava-o o professor
d) Paletó curto demais era usado pelo professor
e) O professor - ele mesmo - usava paletó curto demais 01. (EPCAR 2015) Assinale a alternativa correta quanto à classificação
das figuras de linguagem presentes nos versos abaixo.
07. Observe o texto abaixo: a) “O ontem – o hoje – o agora.” – Gradação
A neve anda a branquear lividamente a estrada, b) “as vozes mudas caladas” – Sinestesia
e a minha alcova tem a tepidez de um ninho. c) ”rimas de sangue e fome” – Paradoxo
Entra, ao menos até que as curvas do caminho
d) “A voz de minha filha” – Catacrese
se banhem no esplendor nascente da alvorada.
(Alceu Wamosy)
02. (EPCAR 2016) Sobre figuras de linguagem é correto afirmar que,
“A neve anda a branquear lividamente a estrada, e a minha alcova no período
tem a tepidez de um ninho.” Ambos os versos, de certa forma, se a) “Melhor é acender o fósforo que lamentar a escuridão.”, a
opõem: a neve e o frio da estrada e o calor da alcova, figura a que metáfora corrobora a ideia de que pensamento negativo não
chamamos: soluciona problemas.
a) pleonasmo b) “A pessoa alegre tem o dom de alegrar o ambiente em que vive.”,
b) antítese a metonímia traduz a ideia de que quem está feliz é capaz de levar
esse sentimento a outras pessoas do seu convívio social.
c) prosopopeia
c) “O diálogo, a fala, a palavra é um poderoso remédio e excelente
d) onomatopeia terapia.”, a gradação e o eufemismo reforçam a ideia de que
e) anacoluto emoções e sentimentos reprimidos causam doenças possíveis de
serem tratadas.
08. As figuras de linguagem presentes nos trechos são, respectivamente: d) “O bom humor nos salva das mãos do doutor”, a catacrese
“E quem se priva a si mesmo do mais belo sentimento [...]” explicita a ideia de que quem não se previne com atitudes positivas
diante da vida acaba por precisar de atendimento médico.
“Ela imperava em mim como soberana absoluta.”
“[...] e fazia em minha alma a luz e a treva.”
(José de Alencar)

42 PROMILITARES.COM.BR
FIGURAS DE LINGUAGEM

03. (EEAR 2009) Em qual das alternativas há eufemismo? d) comparação, antítese, ironia e metáfora.
a) [...] Árvores encalhadas pedem socorro e) metáfora, comparação, antítese e ironia.
[...]
O céu tapa o rosto.
08. “As burocracias são atraídas pelo fetichismo do papel. Existe uma
b) O amor é o poço onde se despejam lixo e brilhantes. ânsia de buscar o carimbo atrasado, o papel esquecido em casa, a
c) Devolva o Neruda que você me tomou nova versão do comprovante, a firma reconhecida. Tudo gira em torno
E nunca leu. do papel. As blitze são cartórios ao ar livre. Em paralelo a tal purismo
d) [...] legalista, quase nada se faz para evitar acidentes. Os pneus relincham de
Levamos-te cansado ao teu último endereço madrugada. O radar multa os distraídos, não os irresponsáveis da noite.”
Vi com prazer (Cláudio de Moura Castro. Veja, 13 dez. 2006)
Que um dia afinal seremos vizinhos.
No período: “Os pneus relincham de madrugada”, qual a figura de
pensamento predominante?
04. (EEAR 2010) Assinale a alternativa em que a linguagem, mesmo
poética, pode não caracterizar conotação. a) Ironia.
a) “Não tinha havido pássaros, nem flores o ano inteiro. b) Eufemismo.
Nem guerras, nem aulas, nem missas, nem viagens c) Antítese.
E nem barca e nem marinheiro.” d) Hipérbole.
b) “... dezenas de pálpebras sobre pálpebras e) Prosopopeia.
tentando fazer das minhas trevas
alguma coisa a mais
09. Eu amo a rua. Esse sentimento de natureza toda íntima não vos
que lágrimas.”
seria revelado por mim se não julgasse, e razões não tivesse para
c) “Quem faz um poema abre uma janela julgar, que este amor assim absoluto e assim exagerado é partilhado
(...) por todos vós. Nós somos irmãos, nós nos sentimos parecidos e iguais;
para que possas, enfim, profundamente respirar. nas cidades, nas aldeias, nos povoados, não porque soframos, com a
Quem faz um poema salva um afogado.” dor e os desprazeres, a lei e a polícia, mas porque nos une, nivela e
d) “A muié do Lampião agremia o amor da rua. É este mesmo o sentimento imperturbável e
quase morre de uma dor indissolúvel, o único que, como a própria vida, resiste às idades e às
porque não fez um vestido épocas. Tudo se transforma, tudo varia – o amor, o ódio, o egoísmo.
da fumaça do vapor.” Hoje é mais amargo o riso, mais dolorosa a ironia. Os séculos passam,
deslizam, levando as coisas fúteis e os acontecimentos notáveis. Só
05. (EPCAR 2014) Ao referir-se à correspondência entre Machado de persiste e fica, legado das gerações cada vez maior, o amor da rua.
Assis e Joaquim Nabuco, o locutor afirma que o diálogo nas cartas (João do Rio. A alma encantadora das ruas.)
entre ambos “Tem sabor de um velho vinho do Porto.” (l.57 e 58).
Em “nas cidades, nas aldeias, nos povoados”, “hoje é mais amargo
Essa frase assume, nesse parágrafo, a função de uma figura de o riso, mais dolorosa a ironia” e “levando as coisas fúteis e os
linguagem denominada: acontecimentos notáveis” ocorrem, respectivamente, os seguintes
a) metonímia. recursos expressivos:
b) hipérbole. a) eufemismo, antítese, metonímia.
c) metáfora. b) hipérbole, gradação, eufemismo.
d) sinestesia. c) metáfora, hipérbole, inversão.
d) gradação, inversão, antítese.
06. “Estamos nós, seres vivos, mais perto do fim do começo”; a figura
e) metonímia, hipérbole, metáfora.
que se pode identificar nesse segmento do texto é a:
a) antítese. 10. Leia o texto.
b) paradoxo. — Não refez então o capítulo? – indagou ela logo que entrei.
c) personificação. — Oh, não, Miss Jane. Suas palavras abriram-me os olhos.
d) metáfora. Convenci-me de que não possuo qualidades literárias e não quero
e) metonímia. insistir – retruquei com ar ressentido.
— Pois tem de insistir – foi sua resposta (...) Lembre-se do esforço
07. Leia os seguintes trechos: incessante de Flaubert* para atingir a luminosa clareza que só a sábia
“Os homens com suas más e perversas cobiças, vêm a ser como simplicidade dá. A ênfase, o empolado, o enfeite, o contorcido, o
os peixes.” rebuscamento de expressões, tudo isso nada tem com a arte de escrever,
porque é artifício e o artifício é a cuscuta** da arte. Puros maneirismos
“uma é louvar o bem, outra é repreender o mal.” que em nada contribuem para o fim supremo: a clara e fácil expressão
“mas ah sim, que me não lembrava! Eu não prego a vós, prego da ideia.
aos peixes.” — Sim, Miss Jane, mas sem isso fico sem estilo...
“onde permite Deus que estejam vivendo em cegueira tantos Que finura de sorriso temperado de meiguice aflorou nos lábios
milhares de gente.” da minha amiga!
Nos fragmentos extraídos do Sermão de Santo Antônio têm-se, — Estilo o senhor Ayrton só o terá quando perder em absoluto a
respectivamente, preocupação de ter estilo. Que é estilo, afinal?
a) paralelismo, anáfora, comparação e metáfora. — Estilo é ... – ia eu responder de pronto, mas logo engasguei,
b) comparação, metáfora, ironia e paralelismo. e assim ficaria se ela muito naturalmente não me definisse de gentil
c) comparação, paralelismo, metáfora e antítese. maneira.

PROMILITARES.COM.BR 43
FIGURAS DE LINGUAGEM

— ... É o modo de ser de cada um. Estilo é como o rosto: cada


qual possui o que Deus lhe deu. Procurar ter um certo estilo vale tanto GABARITO
como procurar ter uma certa cara. Sai máscara fatalmente.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
— Essa horrível coisa que é a máscara ...
01. D 04. B 07. A 10. D
— Mas o meu modo natural de ser não tem encantos, Miss Jane,
02. C 05. D 08. D
é bruto, grosseiro, inábil, ingênuo. Quer então que escreva desta
maneira? 03. A 06. D 09. B
— Pois perfeitamente! Seja como é, e tudo quanto lhe parece EXERCÍCIOS DE TREINAMENTO
defeito surgirá como qualidades, visto que será reflexo da coisa única 01. B 04. A 07. B 10. A
que tem valor num artista – a personalidade. 02. C 05. A 08. D
(Monteiro Lobato, O presidente negro.) 03. B 06. C 09. A
*Gustave Flaubert (1821–1880), escritor realista francês considerado um dos EXERCÍCIOS DE COMBATE
maiores do Ocidente.
** planta parasita. 01. A 04. A 07. D 10. A
02. A 05. C 08. E
No último parágrafo do texto, Miss Jane tenta convencer Ayrton
fazendo uso de uma figura chamada 03. D 06. A 09. D
a) paradoxo.
b) elipse.
c) ironia.
d) eufemismo.
e) pleonasmo.

ANOTAÇÕES

44 PROMILITARES.COM.BR
MORFOLOGIA I

MORFOLOGIA Nas palavras primitivas, o radical se diz primário e coincide com


a raiz. Nas palavras não primitivas, o radical é secundário e, pelo
A morfologia é tradicionalmente concebida como a parte da decréscimo dos elementos constitutivos, se chega à raiz.
gramática que estuda a estrutura das palavras, dividindo-se em
morfologia derivacional, que estuda os processos de formação das Exemplo:
palavras, e em morfologia flexional, que estuda os processos de flexão es clar ec i mento > es clar ec e r > clar o
das palavras por razões gramaticais. base = claro
O termo morfologia vem da língua grega e significa o estudo das raiz = clar
formas. De fato, os gregos foram, até onde se sabe, os primeiros a
radical primário = clar
classificarem as palavras e a descreverem suas variações de tempo,
gênero, número, caso, voz, modo etc. radical secundário = esclarec

ESTRUTURA DAS PALAVRAS TEMA


As palavras são unidades complexas, constituídas de mais de Normalmente, é a soma do radical com a vogal temática; é o
um elemento. Há, no entanto, palavras formadas a partir de outras elemento básico para formar novas palavras. Quando não há vogal
palavras (e, por isso, constituídas de vários elementos), como infeliz = temática, o próprio radical é o tema da palavra.
in + feliz, e palavras indivisíveis como boi, sal, mar. São consideradas casa < casinha - tema casa
monomorfêmicas, isto é, constituídas de um só elemento. vender < vendemos - tema vende
conto < contos - tema conto
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS pé < pezinho - tema pé
Dizemos que as palavras são constituídas de um ou mais
morfemas, que são unidades constitutivas de significação. Os
VOGAL TEMÁTICA
morfemas são classificados como:
É a vogal do tema, que facilita a afixação de um elemento flexional
ou derivacional ao radical.
RAIZ
Na flexão verbal, a vogal temática serve para classificar as três
É o elemento básico da estrutura da palavra e tem um significado
conjugações:
permanente. As palavras que têm a mesma raiz formam uma família
léxica e se dizem cognatas. 1. primeira conjugação - vogal temática -a-
Exemplos: 2. segunda conjugação - vogal temática -e-
mar - maremoto - maresia - marujo 3. terceira conjugação - vogal temática -i-

Diferenças fonéticas, que não alteram a significação da raiz, Em algumas formas verbais essa vogal não existe:
constituem variantes ou alomorfes da raiz. 1. Na 1ª pessoa do singular do presente do indicativo:
Exemplo: canto, vendo, parto (a desinência - o liga-se diretamente ao
fazer - faríamos radical)

Observação
2. No presente do subjuntivo: cante, venda, parta (ao radical
Em muitos casos, só se podem conhecer as variantes da raiz por segue-se diretamente a característica temporal, ou seja, a
meio de análise histórica (etimológica, diacrônica). As bancas não desinência modo-temporal)
pedem essa informação.
No verbo pôr e derivados, a vogal temática -e- falta no
infinitivo, mas aparece em algumas formas como põe,
puseste, dispuseram.
RADICAL
Como a raiz, é a parte lexical da palavra que se opõe à parte Em algumas formas verbais, os índices temáticos de cada
correspondente à flexão, que se liga, muitas vezes, por uma vogal conjugação apresentam variantes sistemáticas:
chamada temática, pois se junta à raiz para formar o tema da palavra, 1. Na 1ª conjugação, -a- se transforma em -e- e em -o- no
ou a base. pretérito perfeito do indicativo, 1ª e 3ª pessoas do singular,
Exemplo: respectivamente: cantar - eu cantei, ele cantou.
menino < meninos 2. Na 2ª conjugação, -e- se transforma em -i- no pretérito
menin + o + s imperfeito do indicativo (vendia) e no particípio (vendido).
radical + vogal temática + flexão de número

PROMILITARES.COM.BR 45
MORFOLOGIA I

Nos nomes, menos sistematicamente do que nos verbos, a vogal vogal temática = -e-
temática serve para distribuí-los em grupos, com as vogais -a-, -e-, -o-, desinência modo-temporal = -ria-
átonas e finais:
desinência número-pessoal = -mos
casa, estante, livro
Os nomes terminados em vogal tônica são atemáticos e, se for a
forma primitiva, toda a palavra constitui seu radical: AFIXOS

café, tatu, tatuí Elementos que se acrescentam à raiz para formar novas
palavras. São morfemas portadores de significado.
Assim, o radical de café é café.
Os afixos subdividem-se em:
PREFIXOS - acrescentam-se antes do radical (reler)
Os nomes terminados no singular em l, r, s e z devem considerar-
se como de tema em -e no plural, reduzido a zero no singular; a vogal SUFIXOS - acrescentam-se depois do radical (barzinho)
temática só aparece no plural:
bar - bares VOGAL E CONSOANTE DE LIGAÇÃO
cônsul - cônsules São letras desprovidas de significação que aparecem para facilitar
a pronúncia da palavra formada (eufonia).
revés - reveses
I. VOGAL DE LIGAÇÃO - aparecem principalmente nos
gravidez - gravidezes compostos por aglutinação, entre a consoante final de um
radical e a consoante inicial de outro radical ou de sufixo.
Observação
Exemplo: frutífero, horticultura, cafeicultura
1. Na maioria dos nomes terminados em -l, a vogal temática
II. CONSOANTE DE LIGAÇÃO - aparecem entre a vogal final de
-e, com a queda do -l, passa a -i semivogal para formar um
um radical e a vogal do elemento seguinte. Normalmente, ela
ditongo com a vogal anterior:
desfaz um hiato. É muito comum nos derivados e compostos
animal (animales > animaes > ) animais de palavras atemáticas.
2. Nos nomes terminados em -il átono, o -i passa previamente* Exemplo: cafeteria, paulada, tricotar
a -e e a vogal temática -e se modifica para -i, como nos outros Observação
casos:
Nas terminações - zinho, -zada, -zeiro, -zal, -zão etc, muitos
fácil (* faceles > facees > ) fáceis
autores consideram o -z uma consoante de ligação. Mas a maioria
3. Se a terminação -il é tônica, apenas se acrescenta -s após a já concebe essa consoante incorporada ao sufixo, representando,
queda do -l final, não havendo reposição da vogal do tema, ou assim, uma variante do mesmo sufixo sem o -z.
seja, essas palavras são atemáticas.
barril > barris PROCESSOS DE FORMAÇÃO DAS PALAVRAS
A principal razão de formarmos palavras é a mudança de classe
gramatical, mantendo o mesmo significado lexical da base. Por
exemplo, acrescenta-se o sufixo -são ao verbo compreender com o
DESINÊNCIAS
objetivo de torná-lo um substantivo: compreensão. Ou seja, temos
São morfemas de flexão. Podem ser nominais ou verbais. uma palavra de uma classe gramatical e precisamos usá-la em outra.
I. DESINÊNCIAS NOMINAIS - indicam a flexão de número Mas temos muitos processos que não mudam a classe das
(plural) e gênero (feminino). palavras. O caso dos diminutivos, por exemplo. O sufixo adiciona ao
Exemplo: significado de uma palavra uma referência a uma dimensão pequena,
garoto (VT) - garotos (DN) - garota (DG) uma linguagem afetiva ou uma expressão pejorativa. Mas o diminutivo
sempre acompanha a classe básica da palavra.
No masculino e no singular a desinência se reduz a zero.
Exemplo:
A oposição masculino/feminino e singular/plural se opera
pelo contraste ausência/presença de morfema. Então, se uma carro - carrinho (ambas são substantivos)
palavra terminada em -o não fizer o contraste com outra em
-a, não podemos dizer que se trata de desinência de gênero:
barato / barata CONCLUSÃO
barco / barca Há dois motivos básicos para formarmos palavras:
jarro / jarra I. a utilização da ideia de uma palavra em uma outra classe
Nesses casos, ambas as vogais finais são classificadas como gramatical;
vogal temática. II. a necessidade de um acréscimo semântico numa significação
VT = vogal temática lexical básica.

DG = desinência de gênero Em última análise, formamos palavras pela mesma razão por
que formamos frases. Essa flexibilidade nos permite contar com
DN = desinência de número um número gigantesco de elementos básicos de comunicação sem
sobrecarregarmos nossa memória.
II. DESINÊNCIAS VERBAIS - indicam o modo e o tempo (modo-
temporais) e o número e a pessoa (número-pessoais). PROCESSOS DE FORMAÇÃO
Exemplo: Nossa língua possui dois processos gerais para a formação de
venderíamos novos vocábulos e, portanto, para o enriquecimento de nosso léxico:
a derivação e a composição.
radical = vend-

46 PROMILITARES.COM.BR
MORFOLOGIA I

resultado de ação.
DERIVAÇÃO
Exemplo:
É quando, a partir de uma palavra de determinada classe
gramatical, forma-se outra de classe diferente. Dividimos esse balançar > balanço, desenhar > desenho, combater >
processo em grupos: combate
I. Derivação propriamente dita, que se faz com o acréscimo II. Derivação imprópria ou conversão, que se faz sem
de sufixos, certos prefixos e vogais temáticas. acréscimo de afixos, mas pela mudança da classe gramatical
da palavra em uma frase. Portanto, a palavra não sofre
Subdivide-se em:
qualquer alteração de sua forma.
a) DERIVAÇÃO SUFIXAL - consiste no acréscimo de
Exemplo:
sufixos ao radical:
Quem ama o feio, bonito lhe parece. (feio é adjetivo
- de palavras de outras classes formam-se substantivos,
convertido em substantivo pela anteposição do artigo)
adjetivos, verbos e advérbios:
Procedeu segundo o costume da tribo. (segundo é numeral
belo < beleza; forma < formoso; real < realmente;
convertido em preposição acidental)
canal < canalizar.
O caso mais comum de conversão é a substantivação: qualquer
- de substantivos que formam outros substantivos para
palavra que venha anteposta de um artigo converte-se em
diferentes usos nas frases:
substantivo: O jantar está servido. (jantar é verbo convertido
pão < padeiro (agente) < padaria (local). em substantivo)

b) DERIVAÇÃO PREFIXAL - consiste no acréscimo de um ou COMPOSIÇÃO


mais prefixos a um radical. Com a prefixação, obtêm-se É a formação de palavras novas por associação de:
novos significados de uma palavra, mas se mantém a classe
a) duas ou mais palavras da língua, cujas significações se
gramatical.
complementem para formar uma significação nova: guarda-
Exemplo: chuva, pontapé, aguardente.
desnutrido, relembrar, intercâmbio b) um radical latino ou grego e uma palavra portuguesa:
aeroclube, agricultura, lobisomem
c) DERIVAÇÃO PARASSINTÉTICA - com o acréscimo de c) dois ou mais radicais que só aparecem em compostos:
prefixos e sufixos simultaneamente, para formar verbos, agrícola, puericida, claustrofobia, protozoário
quase sempre a partir de nomes.
Exemplo: Do ponto de vista fonológico, a composição pode ser feita por
joelho < ajoelhar, maduro < amadurecer, quarto < justaposição ou aglutinação.
esquartejar
Observe que não há possibilidade de retirar um dos 1. por justaposição, quando as palavras componente
elementos derivacionais. Sem um deles, o derivado não conservam sua pronúncia original, mantendo o acento tônico
existe na língua: maduro - amaduro ou madurecer. (mais forte, no entanto, no último elemento):
Quando isso acontece, temos uma parassíntese. guarda-roupa, pontapé, bem-te-vi.

d) DERIVAÇÃO PREFIXAL E SUFIXAL - com o acréscimo 2. por aglutinação, quando as palavras perdem a delimitação
não simultâneo de prefixo e sufixo a um radical. fonética dos elementos originais (o primeiro elemento é o que
Nesses casos, podemos retirar qualquer um dos elementos mais se altera):
de derivação e teremos uma palavra existente na língua. vinagre (vinho que se tornou acre), embora (em boa hora),
Ex.: infelicidade > feliz fidalgo (filho de algo = homem de posse, com foros de
nobreza).
feliz < felicidade
feliz < infeliz
OUTROS PROCESSOS
Com o acréscimo de alguns sufixos latinos, há uma
1. Hibridismo - associação de radicais de línguas diferentes.
tendência de a palavra base voltar à sua forma original
do latim. Exemplo:
Vejamos alguns exemplos: sociologia (latim e grego), televisão (grego e latim), abreugrafia
(português e grego).
PALAVRA SUFIXO NOVA PALAVRA
PORTUGUESA LATINO PALAVRA LATINA 2. Abreviação - uso de palavras abreviadas com o mesmo
sentido das formas plenas.
fiel -dade fidelidade fidele Exemplo:
foto por fotografia, pneu por pneumático, cine por cinema
pobre -érrimo paupérrimo paupere

amável -íssimo amabilíssimo amabile 3. Onomatopeia - palavra que sugere o som característico do
que representa.
e) DERIVAÇÃO DEVERBAL (também chamada de Exemplo:
regressiva) - neste processo de formação, não se reco-reco, cacarejar, miar
utilizam sufixos, mas vogais temáticas nominais (-a,
-e, -o): a partir de verbos, se formam substantivos
sem oposição de gênero. O derivado exprime ação ou 4. Reduplicação - palavra formada pela duplicação de sílabas.

PROMILITARES.COM.BR 47
MORFOLOGIA I

Exemplo: e) “Não é que um cidadão saca seu iPad e passa um tempão


mamãe, papai, corre-corre, xixi checando os e-mails, dedinhos nervosos para cima e para baixo,
com a tela iluminando a penumbra indispensável para a fruição
plena do espetáculo?”
5. Sigla - siglas usadas como palavras autônomas de tanto que
se popularizaram. 04. Entre os vocábulos extraídos do texto, aquele no qual a sílaba “re”
Exemplo: funciona como um prefixo que traduz ideia de repetição é:
Petrobras, Detran, ONU, Uerj a) “recusa”. d) “relevantes”.
b) “refletir”. e) “reconfigurar”.
OS CONSTITUINTES IMEDIATOS c) “recuperar”.
Examinando o processo de formação de algumas palavras,
chegamos à conclusão de que houve um processo gradual, formando 05. Leia o fragmento:
uma palavra derivada ou composta de cada vez, para chegar à “[...] a relação entre o Eu e o Universo [...]”
formação final. Vejamos:
Assinale a opção em que a palavra sublinhada foi formada pelo
DESEMBARQUE mesmo processo que a palavra destacada acima.
a) O beija-flor voou feliz até o ninho.
barco embarcar embarque* desembarque
b) Infeliz aquele que não ama o próximo.
1º 2º 3º c) – Silêncio! Pediu o professor à turma.
base d) O resgate dos feridos aconteceu normalmente.
parassíntese regressão prefixação
e) A falta cometida pelo jogador foi desleal.
Portanto, o constituinte imediato da palavra desembarque
é o radical secundário embarc-, o que nos permite concluir que 06. (EN 2019) Assinale a opção cujo termo destacado exemplifica o
desembarque é formado por prefixação. mesmo processo de formação de palavras observado em: 
*A variante embarqu- foi realizada para manter a fonética “Há também os grandes clássicos, os romances que todos
original da palavra, com o fonema /k/. Se mantivesse a grafia original, amamos e queremos ter ao alcance da mão.”
haveria alteração do som diante de vogais como -e ou -i (embarce). a) Ler, sem dúvida, é uma atividade prazerosa e de esforço
intelectual. 
b) Os estudantes apreciaram o vídeo com entrevistas de antigos
EXERCÍCIOS DE
escritores.

FIXAÇÃO c) Seria lamentável, realmente, a morte dos livros impressos em


papel.
d) Um livro escolar de boa qualidade consegue esclarecer as dúvidas
dos estudantes.
01. Os vocábulos “aprimorar” e “encerrar” classificam-se, quanto ao
processo de formação de palavras, respectivamente, em: e) Acreditamos que a leitura de um bom livro seja um dos melhores
passatempos.
a) parassíntese / prefixação.
b) parassíntese / parassíntese. 07. Chegou então o momento da grande decisão – para onde
c) prefixação / parassíntese. navegar. Um sugeria as geleiras do sul do Chile, outro os canais dos
d) sufixação / prefixação e sufixação. fiordes (...).
e) prefixação e sufixação / prefixação. Todas as palavras pertencem à classe gramatical da palavra sublinhada
na passagem acima, EXCETO a da alternativa
02. As palavras ESQUARTEJAR, DESCULPA e IRRECONHECÍVEL foram a) São muitos os saberes necessários para se navegar.
formadas, respectivamente, pelos processos de: b) (...) a galera navega em direção ao progresso, a uma velocidade
a) sufixação - prefixação - parassíntese cada vez maior, e ninguém questiona a direção.
b) sufixação - derivação regressiva - prefixação c) E conclui: ‘E em todas essas perguntas sentimos o eco otimista:
c) composição por aglutinação - prefixação - sufixação não preciso de me preocupar com o todo, ele tomará conta de si
mesmo’.
d) parassíntese - derivação regressiva - prefixação
d) O ritmo das remadas aceleram. Sabem tudo sobre a ciência do
e) parassíntese - derivação imprópria - parassíntese remar.
e) E foi então que compreenderam que, quando o assunto era a
03. O emprego do diminutivo nos termos em destaque NÃO tem
escolha do destino, as ciências que conheciam para nada serviam.
valor irônico em:
a) “O mundinho virtual exige estado de êxtase permanente.”
08. No que tange ao processo de formação de palavras, o termo
b) “Os quadrinhos exploraram o assunto também na série do Mundo destacado que se enquadra como formação-regressiva aparece na
bizarro, do Super-Homem.” opção
c) “Nada que essas maquininhas onipresentes possam registrar, a) As comidas, para mim, são entidades oníricas. Provocam a minha
elas que jamais entenderiam a fina ironia de Fernando Pessoa no capacidade de sonhar.
Poema em linha reta ...”
b) Um bom pensamento nasce como uma pipoca que estoura, de
d) “Ele, que procurava a poesia nos pequenos gestos, no cotidiano forma inesperada e imprevisível.
que se desdobrava em surpresas, nos reflexos impensados, jamais
empilharia a coleção de sorrisinhos forçados que caracteriza a c) É que a transformação do milho duro em pipoca macia é símbolo
obsessão pelos clics.” da grande transformação (...)

48 PROMILITARES.COM.BR
MORFOLOGIA I

d) O estouro das pipocas se transformou, então, de uma simples 02. Observe os termos destacados das frases a seguir:
operação culinária (...) I. É bom lembrar que os CÉSARES contemporâneos vêm
e) O milho da pipoca somos nós: duros, quebra-dentes, impróprios efetivamente tentando impor uma ruptura conservadora diante
para comer (...) de grave impasse socioeconômico.
II. Os críticos, mesmo os mais autorizados, refugiam-se,
09. Assinale a opção em que o processo de formação da palavra superficialmente, em considerações de moral política
sublinhada é diferente dos demais. (FISIOLOGISMO, oportunismo, narcisismo, ilegitimidade...).
a) Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias III. A laranja ajuda a regular o metabolismo e a combater a anemia.
gostaria de ter: um pai dono de livraria.
Muita gente DESCONFIA do valor nutritivo do suco pronto para
b) Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre beber em comparação com a laranja espremida na hora.
mim uma tortura chinesa.
IV. Sabemos que Minas, Paraná e São Paulo, os estados que levaram
c) Mas que talento tinha para a crueldade. mais a sério o DESAFIO de melhorar suas escolas primárias, são
d) Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. justamente aqueles que estão disparando na frente.
e) Como casualmente, informou-me que possuía “As reinações de Os vocábulos destacados são formados pelos processos:
Narizinho”, de Monteiro Lobato. a) I. sufixação; II. aglutinação; III. sufixação; IV. derivação imprópria.
b) I. sufixação; II. justaposição; III. parassíntese; IV. prefixação.
10. A palavra “desamparada” é formada por
c) I. derivação imprópria; II. sufixação; III. sufixação; IV. derivação
a) derivação prefixal e sufixal.
regressiva.
b) derivação prefixal.
d) I. derivação imprópria; II. sufixação; III. prefixação; IV. derivação
c) derivação parassintética. regressiva.
d) composição por aglutinação. e) I. sufixação; II. justaposição; III. sufixação; IV. prefixação.
e) composição por justaposição.
03. “Há anos o Itaú investe na cultura brasileira e é desse compromisso
com o país que nasceu o Itaúbrasil”.
EXERCÍCIOS DE (“Veja”, 09.07.2008)

TREINAMENTO Assinale a alternativa CORRETA.


a) Considerando os sentidos da frase, está correto quanto à
concordância o enunciado: “muitos bancos, como o Itaú, veem
01. Leia o texto. investindo na cultura brasileira”.
b) A expressão “Itaúbrasil” funciona sintaticamente como objeto
ANTES DO NOME
direto do verbo “nascer”.
Não me importa a palavra, esta corriqueira. c) Na frase, poder-se-ia substituir “Há anos” por “Fazem anos”,
Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe, mantendo-se o registro padrão da língua.

os sítios escuros onde nasce o “de”, o “aliás”, d) Na frase, o pronome esse, em desse “compromisso”, não tem sua
referência explícita.
o “o”, o “porém” e o “que”, esta incompreensível
e) O processo de formação de palavras de “Itaúbrasil” é o mesmo
muleta que me apóia. que ocorre com “norte-americano”.
Quem entender a linguagem entende Deus
cujo Filho é Verbo. Morre quem entender. 04. Após séculos de melancolia, gastos a olhar obsessiva e
A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda, nostalgicamente para seu passado de glórias, os portugueses parecem
estar olhando também para o futuro. O país se informatiza, se
foi inventada para ser calada. “internetiza”, se sintoniza com as tendências da vida internacional.
Em momentos de graça, infrequentíssimos, (“Folha de São Paulo”, 5/10/95)
se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mão.
Sobre a palavra “internetiza”, é correto afirmar que
Puro susto e terror.
(Adélia Prado - Bagagem)
a) é um neologismo; é uma palavra formada por derivação sufixal;
refere-se à palavra Internet.
As palavras INCOMPREENSÍVEL e INFREQUENTÍSSIMOS possuem o b) é formada por derivação prefixal; refere-se à internacionalização.
mesmo prefixo com valor semântico idêntico. Porém, seus sufixos c) é formada por derivação parassintética; refere-se à
apresentam funções distintas, uma vez que - (í)vel forma adjetivo a internacionalização.
partir de:
d) está entre aspas porque é gíria; refere-se à União Europeia.
a) verbo e -íssimo atribui um valor de grau ao adjetivo.
e) não está no dicionário, portanto, não tem validade linguística.
b) verbo e -íssimo atribui um valor de grau ao substantivo.
c) substantivo e -íssimo atribui um valor de grau ao adjetivo.
d) substantivo e -íssimo forma adjetivo a partir de adjetivo.
e) adjetivo e -íssimo forma adjetivo a partir de verbo.

PROMILITARES.COM.BR 49
MORFOLOGIA I

05. Certas palavras, como “possível”, apresentam o sufixo “-vel” e, Quanto à formação das palavras por ele criadas, pode-se dizer que:
ao receberem um novo sufixo, têm “-vel” substituído por “bil”. Isso a) todas obedecem perfeitamente ao processo de composição
ocorre em todos os casos a seguir, à EXCEÇÃO de por justaposição, o que as torna legítimas do ponto de vista
a) amabilidade. gramatical.
b) habilidade. b) o efeito irônico é obtido pela transformação de seus prefixos e
c) mobilidade. sufixos.
d) miserabilidade. c) se trata de neologismos que sofreram o processo de derivação
imprópria, pois houve uma mudança da classe gramatical das
e) vulnerabilidade. palavras primitivas.
d) se trata de neologismos criados pelo autor, que resultaram do
06. Classifique como verdadeira (V) ou falsa (F) cada uma das
acoplamento de duas palavras, sendo que uma das duas está
afirmações abaixo sobre a estrutura mórfica das palavras.
truncada, a fim de produzir significados especiais.
I. O elemento “i” destacado em “decidir” é do mesmo tipo que
aquele destacado em “felicidade”. 10. Assinale a série cujos processos de formação de palavra são,
II. As palavras “ficaram” e “deram” apresentam desinências respectivamente, parassíntese, derivação regressiva, derivação
modo temporais que podem ser usadas em dois tempos verbais regressiva e hibridismo:
diferentes. a) embarcar – abandono – enriquecer – televisão
III. “Indenização” e “abandonada” são palavras formadas a partir b) encestar – porquê – infelizmente – sociologia
de substantivos.
c) enfraquecer – desafio – deslealdade – burocracia
IV. No texto, a palavra “comprado” tem as mesmas possibilidades de
flexão que “abandonada”. d) enlatar – castigo – desafio – geologia
V. Os sufixos de “motorista” e “costureira” apresentam o mesmo e) entrega – busca – inutilidade – sambódromo
valor semântico.
a) F - F - V - V - F
b) F - V - F - F - V EXERCÍCIOS DE

c) V-F-V-F-V
d) V - V - V - F - F
COMBATE
e) V - F - F - F - V
01. (CN 2007) Assinale a opção em que a palavra destacada NÃO
07. Observe o texto abaixo: sofre modificação na forma, NÃO muda de categoria gramatical,
ocorrendo, apenas, a mudança de sentido.
O despertar no campo me deixou renovado. O canto dos pássaros
despertou em mim a sensação de liberdade, mas infelizmente tenho a) “O aluno computador”
que voltar à realidade: amanhã é segunda-feira, e a vida retoma seu b) “Era uma vez um jovem casal muito feliz.”
ritmo normal. c) “...ela deu à luz um lindo computador!“
Assinale a alternativa que apresenta uma informação incorreta. d) “Deram-lhe o nome de Memorioso...”
a) As palavras liberdade e realidade possuem sufixos. e) “...uma memória perfeita é o essencial...”
b) Segunda-feira é uma palavra formada pelo processo de
composição por justaposição. 02. (ESPCEX 2014) Assinale a opção em que todas as palavras
c) A palavra infelizmente é formada pelo processo de derivação correspondem à mesma origem.
parassintética. a) Do árabe: algodão, almofada, alagamento.
d) Despertar é um exemplo de derivação imprópria, e canto é uma b) Do inglês: xampu, esporte, futebol.
palavra formada pelo processo de derivação regressiva.
c) Do japonês: judô, gueixa, ameixa.
08. Assinale a alternativa em que todas as palavras destacadas são d) Do chinês: chá, nanquim, mirim.
formadas pelo mesmo processo. e) Do francês: toalete, tricô, licor.
a) “Queria ir embora, queria ficar. Incessante luta.”
03. (EN 2016) Em que opção encontra-se uma palavra, cujo processo
b) “Incrível, mas é possível queimar calorias sentado.”
de formação é o mesmo do termo destacado em “[...] o tão sonhado
c) “Nos quadros de Dalí, residem o ilogismo e o enigmático.” embarque [...].
d) “Antigamente, as moças chamavam-se ‘mademoiselles’ e eram a) “[...] circundam minha terra [...].”
todas mimosas e prendadas.
b) “[...] não seriam certamente em vão.”
09. Observe, abaixo, alguns verbetes criados por Millôr Fernandes, c) “E o sentimento de perda [...].”
humorista, jornalista e dramaturgo. d) “Seis anos entremeados de aulas, [...].”
e) “[...] o notável escritor-marinheiro [...].”
“DICIONOVÁRIO”

• Abacatimento: redução no preço do abacate.


• Anãofabeto: pequenininho que nem sabe assinar o nome.
• Cãodução: carrocinha de cachorro.
• Cartomente: uma adivinha que nunca diz a verdade.

50 PROMILITARES.COM.BR
MORFOLOGIA I

04. (EN 2014) Em que opção o comentário sobre as palavras 09. As gramáticas normativas de língua portuguesa ensinam que
sublinhadas está correto? alguns advérbios de modo são resultantes da junção da forma
a) “E o irmão lá atrás, respeitoso, [...].” - o sufixo “-oso” forma o feminina do adjetivo com o sufixo –mente. O advérbio derivado de
adjetivo sublinhado a partir de um substantivo. adjetivos do texto em que isso se pode constatar claramente é:
b) “Não, não enchi a garrafinha de água salgada para [...].” - em a) nacionalmente.
“garrafinha”, o sufixo de diminutivo tem valor pejorativo. b) fascinantemente.
c) “[...] o carioca, com esse modo natural de ir à praia, desvaloriza c) religiosamente.
o mar.” - o prefixo “des-” denota repetição em “desvalorizar”. d) internacionalmente.
d) “Ele vai ao mar com a sem-cerimônia que o mineiro vai ao quintal.” e) ineficazmente.
- “sem-cerimônia” é um neologismo formado por aglutinação.
e) “[...] que surpresas ondearão entre a lareira e a mesa de vinhos e 10. “com o passar dos anos”; nesse segmento, o verbo passar está
queijos!” - o verbo sublinhado é formado por prefixação. substantivado (derivação imprópria); a frase abaixo em que aparece
um outro vocábulo substantivado é:
05. (EEAR 2014) Quanto ao processo de formação de palavras, a) “VEJA traz uma reportagem sobre um aspecto fascinante do
relacione as duas colunas e, a seguir, assinale a alternativa com a capitalismo americano”
sequência correta.
b) “o segundo homem mais rico do mundo”
( 1 ) sufixação ou derivação sufixal ( ) entristecer
c) “mais pessoas doam a projetos sociais do que votam em eleições”
( 2 ) prefixação ou derivação prefixal ( ) imoral
( 3 ) composição por justaposição ( ) hidrelétrico d) “Calcula-se que 89% dos americanos façam algum tipo de
( 4 ) composição por aglutinação ( ) passatempo contribuição”
( 5 ) parassíntese ( ) sapataria e) “restrições legais quase intransponíveis dificultam a doação
individual”
a) 1 – 2 – 4 – 3 – 5
b) 5 – 2 – 4 – 3 – 1
c) 2–5–4–3–1
GABARITO
d) 5 – 1 – 3 – 2 – 4
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
06. (CN 2014) Que opção está correta em relação aos aspectos 01. A 04. E 07. C 10. A
morfossintáticos dos fragmentos?
02. D 05. C 08. B
a) Nos fragmentos “Aumenta o número de adultos que não
03. B 06. A 09. B
consegue [...].” e “Não basta mandarmos que elas prestem [...].”,
os termos destacados pertencem a mesma categoria gramatical. EXERCÍCIOS DE TREINAMENTO
b) Em “As crianças precisam de nós, pais e professores, para começar 01. A 04. A 07. C 10. D
a aprender isso.” e “Se está difícil para nós, adultos, [...]”, os 02. D 05. B 08. D
termos em destaque exercem funções sintáticas distintas. 03. E 06. B 09. D
c) Os vocábulos destacados em “[...] isso de nada as ajuda.” e EXERCÍCIOS DE COMBATE
“Nós nos tornamos, à semelhança [...].” apresentam a mesma
classificação sintática. 01. C 04. A 07. E 10. D

d) Na oração “Se está difícil para nós, adultos, focar nossa atenção, 02. B 05. B 08. D
imagine, caro leitor[...].” os termos em destaque exercem a 03. C 06. D 09. C
mesma função sintática.
e) Os termos destacados em “[...] isso de nada as ajuda” e “Quando ANOTAÇÕES
me vejo em tal situação [...].“ pertencem a categorias gramaticais
distintas.

07. A alternativa que mostra uma correspondência ERRADA entre


substantivo e verbo correspondente é:
a) submissão / submeter
b) autoridade / autorizar
c) tendência / tender
d) mente / mentalizar
e) providência / provir

08. Em todas as palavras abaixo há prefixos; assinale a opção em que


o valor do prefixo é dado ERRADAMENTE:
a) ex-mulher (anterioridade)
b) pré-título (antes)
c) subtítulo (abaixo de)
d) amarelado (oposição)
e) assustador (aproximação)

PROMILITARES.COM.BR 51
MORFOLOGIA I

52 PROMILITARES.COM.BR
MORFOLOGIA II

Neste módulo, estudaremos as flexões das palavras, o emprego Observação


de algumas classes e casos particulares que devem ser bem estudados.
A estas formações, não podemos dar o nome de flexão, pois não
há acréscimo de desinência, mas troca de radical.
FLEXÃO DAS PALAVRAS
Chamamos de flexão o acréscimo de sufixos formadores de plural
e feminino, nos nomes e tempo, modo, número e pessoa nos verbos.
SUBSTANTIVOS UNIFORMES
Assim temos:
São os que apresentam uma única forma para ambos os gêneros.
Epiceno – designa o masculino e o feminino de certos animais,
FLEXÕES NOMINAIS - EXEMPLOS com auxílio dos adjetivos macho e fêmea (concordando em gênero e
PLURAL número com o substantivo).
Menino – meninos Exemplos:
Animal – animais
Flor – flores Jacaré macho / jacaré fêmea
Borboleta macho / borboleta fêmea
FEMININO
Menino – menina Sobrecomum – designa pessoas, apresentando uma forma
Patrão – patroa única tanto para o masculino quanto para o feminino (inclusive o
Cônsul – consulesa artigo e o adjetivo, que devem concordar em gênero e número com
o substantivo sobrecomum). Só pelo contexto podemos distinguir o
gênero desses substantivos.
FLEXÕES VERBAIS - EXEMPLOS
Exemplos:
INDICATIVO, PRETÉRITO IMPERFEITO
A criança mimada.
Eu cantava, tu cantavas, ele cantava
A vítima atropelada.
Nós cantávamos, vós cantáveis, eles cantavam
O indivíduo tristonho.
Como há várias possibilidades de flexão, incluindo as formas
regulares e as irregulares, para cada classe de palavras variáveis, O cônjuge solitário.
estudaremos as possíveis flexões.
Comum de dois gêneros – com apenas uma forma, designa os
FLEXÃO DOS SUBSTANTIVOS indivíduos de dois sexos, sendo a distinção de gênero feita com artigo,
adjetivo ou pronome adjetivo.

FLEXÃO EM GÊNERO Exemplos:

Os substantivos possuem a propriedade de indicar, pela forma, o O estudante / a estudante


masculino e o feminino. O artigo anteposto a um substantivo pode Artista famoso / artista famosa
indicar seu gênero: o dentista, a dentista; o garoto, a garota (os que Esse pianista / essa pianista
possuem variação de gênero) e o lápis, a alface, a cal, o giz (os que só
possuem um gênero).
CASOS ESPECIAIS DE GÊNERO
1. ESTABELECIDO POR PALAVRA OCULTA
FORMAÇÃO DO FEMININO
Algumas palavras masculinas como rio, mar, oceano, monte,
1. REGULAR
lago, ponto cardeal, mês etc. podem ficar subentendidas, deixando os
Quando os substantivos trocam a vogal temática –o pela nomes com o gênero também masculino.
desinência de feminino –a.
Exemplos:
Menino – menina
Pato – pata O (rio) Amazonas.
Médico – médica O (mês) abril quente dos trópicos.
O (oceano) Atlântico.
2. IRREGULAR
Quando o feminino tem forma bem distinta da do masculino. 2. MUDANÇA DE GÊNERO IMPLICANDO MUDANÇA DE SENTIDO
Genro – nora Algumas palavras, quando mudam de gênero, mudam também o
Homem – mulher sentido. Nessas palavras, o gênero nunca significa a mudança de sexo.
Pai – mãe
Frei – sóror

PROMILITARES.COM.BR 53
MORFOLOGIA II

Exemplos: 3. Terminados em –l
A cabeça (parte do corpo) a) Terminados por –al, -el, -ol, -ul – trocam –l por –is
O cabeça (líder) Exemplos:
A capital (cidade principal) Jornal – jornais
O capital (dinheiro) Papel – papéis
Lençol – lençóis
A lente (vidro) Azul – azuis
O lente (professor)
A caixa (recipiente de armazenamento) b) Terminados em –il
O caixa (responsável financeiro) ÁTONO – trocam –il por -eis
A moral (parte da filosofia) Exemplo:
O moral (ânimo) fóssil – fósseis
O rádio (aparelho de transmissão)
A rádio (estação transmissora) TÔNICO – trocam –il por –is
Exemplo:
NOMES QUE PODEM SUSCITAR DÚVIDA barril – barris
QUANTO AO GÊNERO
1. SÃO MASCULINOS
EXCEÇÕES:
Os nomes de letras do alfabeto.
Mal – males
Exemplos: Grama (unidade de peso), clã, dó, formicida, lança-perfume,
Cônsul – cônsules
milhar, pijama, proclama, saca-rolha, sanduíche, sósia, telefonema.
Mel – meles ou méis
Fel – feles ou féis
2. SÃO FEMININOS
Os nomes terminados em “gem” (exceto personagem que pode
ser masculino ou feminino, indiferentemente do sexo). 4. Terminados em – r ou z – acréscimo de -es
Exemplos: Aguardente, cal, alface, cataplasma, cólera, dinamite, Exemplos:
elipse, faringe, variante. Amor – amores
Flor – flores
FLEXÃO EM NÚMERO Giz – gizes
Há dois números gramaticais em português: singular e plural. Gravidez – gravidezes
A característica do plural é a desinência –s no final da palavra.
Os substantivos flexionam-se em número de diferentes maneiras, NOTA: caráter faz plural com caracteres
conforme sua terminação no singular.
Hífen faz hifens ou hífenes
1. Terminados em vogal (oral ou nasal) ou ditongo oral: acréscimo
de -s
5. Terminados por –s
Exemplos:
Mesa – mesas a) Os paroxítonos ou proparoxítonos são invariáveis.
Irmã – irmãs O plural é indicado pela flexão do artigo.
Série – séries Exemplos:
o lápis – os lápis
2. Terminados em –ão
o ônibus – os ônibus
ão átono – acréscimo de –s
Exemplo: b) Os oxítonos ou monossílabos tônicos – acréscimo de –es
Órfão – órfãos
Exemplos:
inglês – ingleses
ão tônico – acréscimo de –s, ou substituição de ão por ões ou ães
Cós – coses
Exemplos:
Rês – reses
Cidadão – cidadãos
Balão – balões Ás – ases
Pão – pães
6. Terminados em –x
Observação
–x com valor de –s trocam-se por –ces (com variante em –ice)
Há muitos substantivos cujo plural pode oscilar, como:
Exemplos:
Aldeão – aldeões, aldeães, aldeãos.
Anão – anões, anãos. Cálix (ou cálice)– cálices
Corrimão – corrimões, corrimãos. Hélix (ou hélice)– hélices
Charlatão – charlatões, charlatães. Apêndix (ou apêndice) – apêndices
Guardião – guardiões, guardiães.

54 PROMILITARES.COM.BR
MORFOLOGIA II

–x com valor de –cs : são invariáveis (o plural se depreende do artigo) b) Analítico – com auxílio de adjetivo (grande, pequeno e similares).
Exemplos: Corpo grande – corpo pequeno
O tórax – os tórax Homem enorme – homem pequeno
O pólex – os pólex Boca imensa – boca miúda
Pé gigante – pé pequenino
7. Terminados por –zinho: põem-se no plural os dois elementos e
suprime-se o –s do substantivo. PARTICULARIDADES SOBRE GRAU DOS
Exemplos: SUBSTANTIVOS
Flor + zinha = florzinha Certos substantivos no grau aumentativo ou diminutivo podem
não exprimir aumento ou diminuição, mas conferir uma ideia afetiva,
Flores + zinhas = florezinhas
pejorativa, crítica, carinhosa ou irônica, dependendo do contexto.
Bar + zinho = barzinho
Exemplos:
Bares + zinhos = barezinhos
Não gosto dessa gentalha!
É uma mulherzinha muito desclassificada!
PLURAL DOS SUBSTANTIVOS COMPOSTOS
Que menininho lindo!
1. AMBOS OS ELEMENTOS VÃO PARA O PLURAL – quando forem
Alguns aumentativos são fictícios, ou seja, apesar de apresentarem
palavras variáveis, não havendo preposição entre eles nem o
a forma aumentativa, não exprimem nenhum sentido de aumento:
segundo elemento indicar finalidade do primeiro.
Exemplos:
Exemplo:
cartão, portão, calção.
couve-flor – couves-flores

2. APENAS O PRIMEIRO ELEMENTO VAI PARA O PLURAL – com FLEXÃO DOS ADJETIVOS
preposição aparente ou subentendida entre os elementos; com
o segundo elemento indicando finalidade do primeiro. FLEXÃO DE GÊNERO
Exemplos: Quanto ao gênero, os adjetivos se classificam em:
pé de moleque – pés de moleque Uniformes – apresentam forma única tanto para o masculino
Livro-caixa – livros-caixa (livros de caixa) quanto para o feminino.
Pombo-correio – pombos-correio Exemplo:
Navio-escola – navios-escola
homem simples – mulher simples
3. APENAS O ÚLTIMO ELEMENTO VAI PARA O PLURAL
a) Quando o primeiro elemento for verbo: Biformes – apresentam duas formas, uma para o masculino e
outra para o feminino.
Exemplo:
Exemplo:
beija-flor – beija-flores
professor bom – professora boa

b) Quando o primeiro elemento for palavra invariável ou prefixo.


NOTA: Nos adjetivos compostos, apenas o último elemento se flexiona
Exemplos: no gênero feminino:
sempre-viva – sempre-vivas sapato azul-claro – blusa azul-clara
ave-maria – ave-marias
ex-diretor – ex-diretores
FLEXÃO DE NÚMERO
GRAU DOS SUBSTANTIVOS 1. Os adjetivos simples fazem o plural seguindo as mesmas regras
do plural dos substantivos simples.
É a propriedade que o substantivo possui de indicar, pela forma,
ideia de maior ou menor do ser, em relação ao seu tamanho natural. Exemplos:
livro igual – livros iguais
Mala – malinha menino gentil – meninos gentis
Pé – pezão professor bom – professores bons
São dois os graus: aumentativo e diminutivo.
1. Aumentativo – exprime um aumento do tamanho natural do 2. Os adjetivos compostos fazem o plural com a flexão do último
ser, objeto ou lugar. elemento.
Exemplo:
2. Diminutivo – exprime uma diminuição do tamanho natural do festas luso-brasileiras.
ser, objeto ou lugar.
Os graus aumentativo e diminutivo podem ser feitos por dois NOTAS: Havendo a ideia de cor no adjetivo composto, o plural será
processos: feito de acordo com as regras seguintes:
a) Sintético – com acréscimo de sufixo.
Corpo – corpanzil – corpúsculo ou corpinho a) Cor + adjetivo = flexiona o último elemento
Homem – homenzarrão - homenzinho Exemplos:
Boca – bocarra - boquinha olho verde-claro - olhos verde-claros
Pé – pezão – pezinho Tecido azul-escuro – tecidos azul-escuros

PROMILITARES.COM.BR 55
MORFOLOGIA II

b) Cor + substantivo = invariável c) Comparativo de superioridade:


Exemplo: Maria é mais atenta que sua irmã.
blusa verde-piscina – blusas verde-piscina
2. Grau superlativo – indica que uma qualidade é elevada ao seu
mais alto grau de intensidade.
EXCEÇÕES:
Surdo-mudo – ambos os elementos variam a) Superlativo absoluto analítico:
Meninos surdos-mudos Maria é muito atenta.
Azul-marinho – é invariável
b) Superlativo absoluto sintético:
GRAU DOS ADJETIVOS Maria é atentíssima.
Os adjetivos apresentam dois graus: o comparativo e o superlativo.
1. Grau comparativo – indica se um ser é superior ou inferior a c) Superlativo relativo de superioridade:
outro, naquilo em que é adjetivado. Maria é a mais atenta de todos os alunos.
a) Comparativo de inferioridade:
Maria é menos atenta que sua irmã. d) Superlativo relativo de inferioridade:
Maria é a menos atenta de todos os alunos.
b) Comparativo de igualdade:
Maria é tão atenta quanto sua irmã.

VEJA OS QUADROS RESUMITIVOS

de superioridade mais ………. (do) que

COMPARATIVO de igualdade tão ………. quanto (como)

de inferioridade menos ……. (do) que

analítico Com advérbio de intensidade: bastante, muito etc.


absoluto
sintético Com sufixo: -íssimo, -érrimo, -ílimo
SUPERLATIVO
de superioridade o mais ….… de
relativo
de inferioridade o menos ….. de

COMPARATIVO DE SUPERIORIDADE SUPERLATIVO ABSOLUTO

ANALÍTICO SINTÉTICO ANALÍTICO SINTÉTICO

Bom (mais bom) melhor muito bom ótimo


Mau (mais mau) pior muito mau péssimo
Grande (mais grande) maior muito grande máximo
Pequeno (mais pequeno) menor* muito pequeno mínimo
Alto mais alto superior muito alto supremo
Baixo mais baixo inferior muito baixo ínfimo

*Atenção ao adjetivo MENOR. Apesar de semanticamente Exemplo:


sermos inclinados a pensar em caracterização inferior, sua forma é de O rio São Francisco é menos barrento que o Amazonas.
superioridade, pois equivale a MAIS PEQUENO.
Exemplo:
2. Só se empregam as formas analíticas mais bom, mais mau,
O rio São Francisco é menor que o Amazonas. (comparativo de mais grande e mais pequeno, quando a comparação é feita
superioridade, porque, na pequenez, o São Francisco é superior ao com duas qualidades para um só substantivo.
Amazonas)
Exemplos:

NOTAS: Maria é mais boa do que má.

1. O comparativo de inferioridade é feito exclusivamente com o Meu cachorro é mais pequeno do que bravo.
advérbio menos.

56 PROMILITARES.COM.BR
MORFOLOGIA II

FLEXÃO DOS VERBOS


Os verbos se flexionam em modo, tempo, número e pessoa:

MODOS TEMPOS SIMPLES TEMPOS COMPOSTOS

COMO? QUANDO?

Presente (faço) –

Pretérito imperfeito (fazia) –

INDICATIVO Pretérito perfeito (fiz) Pretérito perfeito composto (tenho feito)


(em referência aos fatos reais) Pretérito mais-que-perfeito (fizera) Pretérito mais-que-perfeito composto (tinha feito)

Futuro do presente (farei) Futuro do presente composto (terei feito)

Futuro do pretérito (faria) Futuro do pretérito composto (teria feito)

Presente (faça) –

SUBJUNTIVO Pretérito imperfeito (fizesse) –


(em referência aos fatos – Pretérito perfeito composto (tenha feito)
duvidosos, prováveis, hipotéticos,
possíveis) – Pretérito mais-que-perfeito composto (tivesse feito)

Futuro (fizer) Futuro composto (tiver feito)

IMPERATIVO Afirmativo –
(exprime ordem, pedido, súplica,
convite, conselho) Negativo –

PESSOAS VERBAIS NÚMERO PRONOMES

1ª pessoa Singular EU
Quem fala Plural NÓS

2ª pessoa Singular TU
Com quem se fala Plural VÓS

3ª pessoa Singular ELE (A)


De quem se fala Plural ELES (AS)

NOTA: Assim, no discurso, a primeira pessoa é a que fala e a segunda é a pessoa com quem se fala. Num diálogo, esses papéis se alternam. A
terceira pessoa é, por assim dizer, o assunto da conversa, portanto ela é considerada a não pessoa do discurso, pois não se encontra no ato de fala.
Por isso, os verbos impessoais se flexionam na terceira pessoa, por não serem relacionados com ninguém do discurso.

PROMILITARES.COM.BR 57
MORFOLOGIA II

QUADRO DAS DESINÊNCIAS MODO-TEMPORAIS FORMAÇÃO DO IMPERATIVO


O imperativo é constituído de duas formas do presente do
1ª 2ª 3ª
CONJUGAÇÃO CONJUGAÇÃO CONJUGAÇÃO indicativo e de três formas do presente do subjuntivo. Observe:
TEMPO E MODO
DMT DMT DMT
PRESENTE DO IMPERATIVO PRESENTE DO IMPERATIVO
Presente – – – INDICATIVO AFIRMATIVO SUBJUNTIVO NEGATIVO

Pretérito
Eu faço – Eu faça –
-VA (-VE*) -A (-E) -A (-E)
imperfeito
Tu fazes Faze (tu) Tu faças Não faças (tu)
INDICATIVO

Pretérito
– – –
perfeito Ele faz Faça (você) Ele faça Não faça (você)
Pretérito mais- Nós fazemos Façamos (nós) Nós façamos Não façamos (nós)
-RA (-RE*) átono -RA (-RE*) átono -RA (-RE*) átono
que-perfeito

Futuro do Vós fazeis Fazei (vós) Vós façais Não fazei (vós)
-RA (-RE*) tônico -RA (-RE*) tônico -RA (-RE*) tônico
presente
Eles fazem Façam (vocês) Eles façam Não façam (vocês)
Futuro do
-RIA (-RIE*) -RIA (-RIE*) -RIA (-RIE*)
pretérito
NOTAS:
Presente -E -A -A
1 - A 2ª pessoa do singular e a do plural do imperativo afirmativo são
SUBJUNTIVO

derivadas das mesmas pessoas do presente do indicativo, com


Pretérito
-SSE -SSE -SSE supressão do –s final.
imperfeito
2 - As demais pessoas do imperativo afirmativo são derivadas das
Futuro -R -R -R mesmas pessoas do subjuntivo.
3 - Todas as pessoas do imperativo negativo são derivadas do
*Estas desinências são chamadas de alomorfes, pois são variantes da forma original. presente do subjuntivo.
Normalmente, elas se aplicam à segunda pessoa do plural, exceto no futuro do 4 - Em nenhuma das formas de imperativo há a 1ª pessoa do
presente, em que se aplica às seguintes pessoas: eu, nós, vós.
singular, porque não há a possibilidade de se dar uma ordem
para si mesmo.
QUADRO DAS DESINÊNCIAS NÚMERO-PESSOAIS
5 - O verbo SER tem suas formas de imperativo nas pessoas tu e vós
PRETÉRITO FUTURO DO diferentes da formação do esquema: sê (tu), sede (vós).
PESSOAS MAIORIA
PERFEITO IND.* SUBJUNTIVO

Eu – -i – FORMAS NOMINAIS
As formas nominais, quando sozinhas, não estão relacionadas
Tu -s -ste -es com nenhum tempo e modo verbal. Podem desempenhar funções
exercidas por nomes, como substantivos, adjetivos e advérbios. As
Ele – -u – formas nominais são: o infinitivo (pessoal e impessoal), o particípio
e o gerúndio.
Nós -mos -mos -mos
1. INFINITIVO
Vós -is -stes -des Pode assumir a função de um substantivo.
Eles -m -ram -em O infinitivo impessoal deverá ser usado:
a) quando não houver um sujeito definido;
*As desinências número-pessoais do pretérito perfeito do indicativo são ditas b) quando o verbo tiver regência de uma preposição, com
acumulativas, pois também são marcas do tempo e do modo, já que são exclusivas, sentido imperativo;
exceto da 1ª pessoa do plural (nós).
c) quando o sujeito da segunda oração for igual;
Exemplos: d) em locuções verbais;
PRETÉRITO IMPERFEITO DO INDICATIVO e) com alguns verbos que não formam locução verbal (ver,
sentir, mandar etc).
PESSOAS R VT DMT DNP

Eu cant a va O infinitivo pessoal deverá ser usado:


a) sempre que há um sujeito definido;
Tu cant a va s
b) quando se quiser definir o sujeito;
Ele cant a va c) quando o sujeito da segunda oração for diferente;
d) para indicar uma ação recíproca.
Nós cant á va mos

Vós cant á ve is 2. GERÚNDIO


Eles cant a va m Pode assumir a função de um advérbio ou de um adjetivo. Indica
uma ação ainda não terminada, bem como um prolongamento da
ação no tempo.
Exemplo:
Estudando com afinco, garantirás seu futuro.

58 PROMILITARES.COM.BR
MORFOLOGIA II

3. PARTICÍPIO SOBRE OS PRONOMES POSSESSIVOS


Pode assumir a função de um adjetivo. Permite a formação de 1. O pronome adjetivo possessivo deve concordar em número e
tempos verbais compostos e transmite a noção da conclusão da ação gênero com a coisa possuída.
verbal, ou seja, o estado da ação depois de terminada. Exemplo:
Exemplo: Esta é minha caneta. Estas são minhas canetas. Estes são meus cadernos.
Realizadas suas tarefas, ficou em casa descansando.
2. Nas redações, devem-se observar rigorosamente as correlações
entre os pronomes pessoais e possessivos.
EMPREGO DE ALGUMAS CLASSES Exemplo:
Vim para teu aniversário, e tu me recebes assim?
PRONOMES
3. Usam-se elegantemente certos pronomes oblíquos com o valor
de pronome possessivo.
SOBRE OS PRONOMES PESSOAIS
1. Os pronomes pessoais do caso reto são, em regra, usados como Exemplos:
sujeito do verbo. Por isso, é errado dizer: Pisou-me o pé. = Pisou o meu pé.
Admiro-lhe a inteligência. = Admiro a inteligência dele ou dela.
Isto é para mim fazer.
O correto é:
Isto é para eu fazer. SOBRE OS PRONOMES DEMONSTRATIVOS
O pronome EU funciona como sujeito do verbo no infinitivo. 1. Os pronomes o, a, os, as, quando seguidos do relativo que ou
da preposição de, equivalem a aquele, aquela, aqueles, aquelas,
aquilo e, como estes, são também pronomes demonstrativos.
2. Os pronomes pessoais do caso oblíquo são usados como
complementos do verbo. São classificados como objeto direto ou Exemplo:
indireto conforme a transitividade do verbo. De todas as professoras ela era a que todos mais amavam. =
aquela que todos mais amavam.
Exemplo:
Ganhei flores de meu namorado e coloquei-as num lindo vaso.
O verbo colocar é transitivo direto e o pronome as funciona 2. O pronome o é invariável, quando equivale a isto, e, estando
como objeto direto. em lugar de uma palavra ou de toda uma frase, é também
Verifique a tabela: demonstrativo.
Exemplo:
FUNÇÃO PRONOMES Acha que somos palhaços? Com certeza não o somos. (o = isto
= palhaços)
Objeto direto o, a, os, as

Objeto indireto lhe, lhes 3. Os artigos definidos (o, a, os, as), quando estão desacompanhados
dos substantivos que determinam, passam a ser classificados de
Depende da transitividade do pronomes demonstrativos, equivalendo a aquele (s) e aquela (s).
me, te, se, nos, vos
verbo que completa
Exemplo:
Mesmo tendo vários amigos, prefiro os (amigos) de mais idade.
3. Os pronomes eu e tu, quando regidos de qualquer preposição, (= aqueles)
devem passar para as formas oblíquas correspondentes mim e ti.
Exemplo: SOBRE OS PRONOMES RELATIVOS
Maria ficou entre eu e tu. (ERRADO) 1. Emprega-se o qual, os quais, a qual, as quais em lugar de
Maria ficou entre mim e ti. (CERTO) que, quando o antecedente estiver muito distante ou resultar
ambiguidade.
4. Os pronomes si e consigo são exclusivamente reflexivos (a pessoa Exemplo:
gramatical do sujeito é agente e paciente da ação verbal).
O professor se dirigiu à aluna mais estudiosa da classe, a qual é
Exemplo: excelente.
Ele levou a mala consigo. (= com ele próprio)
Se usasse o pronome que, poderia causar ambiguidade,
Paulo tomou para si o conselho que eu dei a todos.
pois poderia se referir ao professor ou à aluna.

5. Os pronomes o, a, os, as sofrem o fenômeno da assimilação,


quando precedidos de formas verbais terminadas por –r, -s e –z, 2. A forma quanto é pronome relativo, quando vem precedida do
havendo a supressão dessas consoantes: indefinido tudo.
vender + o = vendê-lo; fiz + a = fi-la Exemplo:
Comprei tudo quanto queria.
6. Os pronomes o, a, os, as sofrem modificação na forma para no,
na, nos, nas quando complemento de verbos terminados em
3. O pronome adjetivo relativo cujo e flexões revelam a posse de
–am, -em, -ão, -õe: cantam + a = cantam-na; mantém + o =
um substantivo sobre outro. Esses pronomes concordam com
mantém-no; pões + as = pões-nas
o termo subsequente em gênero e número e nunca podem ser
seguidos de artigo.
7. Empregam-se as formas com nós e com vós, quando seguidos de
ERRADO: Eis a menina cujo o pai é professor.
próprios, todos, outros, mesmos.
CERTO: Eis a menina cujo pai é professor.
Exemplo:
Ele foi mal-educado conosco. OU Ele foi mal-educado com nós = pai da menina
todos.

PROMILITARES.COM.BR 59
MORFOLOGIA II

4. O pronome relativo será precedido de preposição, sempre que o (pretérito), no momento da fala do enunciador (presente) e posterior à
verbo subsequente exigir. fala do enunciador (futuro). Porém, uma forma verbal, ao ser inserida
Exemplo: em um determinado contexto, pode, muitas vezes, não exprimir uma
única noção semântica temporal. A forma do presente do Indicativo
Eis a menina de que te falei. (quem fala, fala DE) é um exemplo disso, pois pode ser utilizada para exprimir ações
passadas e até mesmo futuras. Vejamos a frase abaixo, em que o
5. O pronome relativo quem só pode ser usado se precedido de verbo comprar, ao lado do advérbio amanhã, está empregado no
preposição. presente do Indicativo, mas indica uma ação futura ao momento da
fala do enunciador.
Exemplo:
Exemplo:
Esta é a menina a quem dei um presente. (quem dá, dá algo A
alguém) Amanhã eu compro o convite.

Quando o verbo não exigir preposição, usa-se o pronome O presente do Indicativo exprime, entre outros, os seguintes
que ou o qual (e flexões). aspectos:
a) Habitualidade ou frequência. É o presente durativo, o presente
Exemplo:
universal, com que se expressam fatos permanentes ou notórios,
Esta é a menina que sabia matemática muito bem. (quem sabe, teorias, conceitos filosóficos, sentenças, provérbios; enfim, sem
sabe algo) limitação no tempo (atemporais). Não é coincidência que o
presente do indicativo não tenha as desinências modo-temporais.
SOBRE OS PRONOMES INDEFINIDOS Exemplos:
1. Os indefinidos certo, certos, certa, certas, vários, várias precedem A lua é o satélite da Terra.
substantivos.
As abelhas fazem o mel.
Se estiverem pospostos aos substantivos, serão adjetivos e não
Escovo os dentes todos os dias.
pronomes indefinidos, com alteração do sentido.
Quem com ferro fere, com ferro será ferido.
Exemplo:
Certo homem X homem certo
Pronome indefinido X adjetivo b) Ação próxima, decisão tomada (presente com ideia de futuro):
Exemplos:
2. O pronome nada é advérbio de intensidade, quando modifica um As aulas começam em março.
adjetivo. Vou a Brasília na próxima semana.
Exemplo:
Esse pedreiro não é nada bom. c) Presente histórico. É empregado em lugar do pretérito perfeito,
para dar realce a fatos passados, que são descritos como se
VERBOS ocorressem no momento em que se fala:
Exemplos:
EMPREGO DAS FORMAS VERBAIS Pedro Álvares Cabral chega ao Brasil em 1500 e encontra índios.

O MODO INDICATIVO d) Presente por Imperativo. É usado para traduzir delicadeza,


É o modo do verbo que apresenta o processo verbal como uma interesse:
realidade. Exemplo:
São tempos do indicativo: Corres lá para trazer os doces.
1) o presente = eu canto
2) o pretérito imperfeito = eu cantava PRETÉRITO IMPERFEITO
3) o pretérito perfeito simples = eu cantei O pretérito imperfeito do Indicativo designa, em princípio, um
4) o pretérito perfeito composto = eu tenho cantado fato passado, mas não concluído. Assim, pode denotar:
a) Duração:
5) o mais-que-perfeito simples = eu cantara
Maria cortava as frutas para a salada.
6) o mais-que-perfeito composto = eu tinha cantado
7) o futuro do presente simples = eu cantarei b) Ação passada habitual ou repetida:
8) o futuro do presente composto = eu terei cantado “Antigamente a gente fugia para a praia.” (Rubem Braga)
9) o futuro do pretérito simples = eu cantaria c) Emprega-se, ainda, por delicadeza, timidez, em lugar do
10) o futuro do pretérito composto = eu teria cantado presente do Indicativo:
Desejava que você fosse meu assistente.
PRESENTE Podia me fazer um favor?
O presente do Indicativo é um dos tempos verbais mais utilizados
no português, tanto na sua modalidade escrita quanto na falada. d) Usa-se, também, pelo futuro do pretérito:
Serve para expressar temporalmente o presente, o passado e o futuro, Se me dessem dinheiro, eu aceitava.
podendo até nos levar a afirmar que se trata de uma das formas
verbais mais versáteis de nossa Língua Portuguesa. e) O verbo ser, com sentido existencial, é usado no início de certos
contos de fadas, fábulas, lendas, na forma do Imperfeito:
Segundo a Gramática Tradicional, as formas verbais de pretérito,
presente e futuro são usadas para expressar fatos que ocorreram Era uma vez um rei ...
cronologicamente antes do momento da fala do enunciador Como o Imperfeito encerra uma ideia de continuidade, de

60 PROMILITARES.COM.BR
MORFOLOGIA II

duração, usa-se, geralmente, nas descrições e narrações de fatos Exemplo:


passados, alternando com o Pretérito Perfeito, para os fatos pontuais, Soneto nº 8 de Camões
e com o Mais-Que-Perfeito, para ações anteriores:
“Começou a servir outros sete anos,
Exemplos:
Dizendo: Mais servira, senão fora
“A feira se desmanchava; escurecia; o homem da iluminação,
trepando numa cadeira, acendia os lampiões.” Para tão longo amor tão curta a vida.”
(Graciliano Ramos) = Mais serviria se não fosse

“Da primeira vez que tivemos em casa um mico foi perto do


3 - Na linguagem corrente do Brasil, não tem uso a forma simples
Ano-Novo. Estávamos sem água e sem empregada, fazia-se fila para
do Mais-Que-Perfeito, que acaba sendo substituída pela forma
carne, o calor rebentara — e foi quando, muda de perplexidade, vi
composta com o auxiliar ter. Seu uso limita-se a certas frases
o presente entrar em casa, já comendo banana, já examinando tudo
exclamativas como “–Quem me dera!”, ou “–Tomara!”.
com grande rapidez e um longo rabo. Mais parecia um macacão
ainda não crescido, suas potencialidades eram tremendas. Subia pela Exemplo:
roupa estendida na corda, de onde dava gritos de marinheiro, e jogava Eu já tinha feito o exercício há muito tempo! = Eu já fizera.
cascas de banana onde caíssem.”
(Macacos. Clarice Lispector)
FUTURO DO PRESENTE SIMPLES
1 - Indica basicamente um fato que deve realizar-se num tempo
PRETÉRITO PERFEITO SIMPLES
futuro em relação ao momento em que se fala:
O pretérito perfeito do Indicativo apresenta um fato já concluído
Exemplos:
numa época passada:
O filme chegará ao cinema no próximo mês.
Exemplo:
Domingo próximo haverá eleições.
No mês passado, comprei um carro novo.

PRETÉRITO PERFEITO COMPOSTO 2 - Exprime também probabilidade, dúvida, incerteza:


Forma-se com o presente do Indicativo do verbo ter ou haver e Exemplos:
o particípio do verbo principal. Será que ele vem?
Exemplo: Quando acontecerão essas coisas?
Tenho comprado; hei comprado. Maria terá uns 40 anos ou menos.

Traduz um fato que iniciou no passado prolongando-se até o


momento em que se fala; ou um fato habitual. 3 - Na língua falada, o Futuro do Presente Simples tem emprego
relativamente raro. É substituído, comumente, pelo Presente do
Exemplo:
Indicativo do verbo ir mais o Infinitivo do verbo principal:
Temos pedido a mesma comida no almoço há três dias.
Exemplo:
Tenho estudado para concurso público há muito tempo.
Vou comprar mais doces para o aniversário.
MAIS-QUE-PERFEITO SIMPLES
Exprime um fato passado, anterior a outro igualmente passado. 4 - Também são usuais, com o valor de futuro, locuções com haver
Exemplo: de, ter de, dever e outras:
Quando meu pai chegou, eu já jantara. Exemplos:
Tenho de estudar mais. (exprime obrigação);
MAIS-QUE-PERFEITO COMPOSTO Devo fazer mais comida para o jantar. (exprime probabilidade);
Exprime o passado anterior, igualmente ao simples; forma-se com Hei de passar na prova. (exprime resolução)
o pretérito imperfeito do indicativo do verbo ter (usual) ou haver e o
particípio do verbo principal.
FUTURO DO PRESENTE COMPOSTO (ou ANTERIOR)
Exemplo:
É constituído do Futuro do Presente Simples dos verbos ter ou
Quando meu pai chegou, eu já havia jantado. haver com o particípio do verbo principal, para indicar:
A forma grifada pode ser substituída pela equivalente: tinha (ou 1. que uma ação futura será concluída antes de outra:
havia) jantado por jantara. Exemplo:
Quando o professor chegar, já terei realizado a prova.
NOTAS:
1 - Observe que a 3ª pessoa do plural do Mais-Que-Perfeito
(exemplo: cantaram – cant- + a + ra + m) é igual à do Pretérito Linha do tempo
Perfeito Simples (exemplo: cantaram – cant + a + ram), e o uso
da forma composta “tem a vantagem de desfazer a dúvida entre Já terei realizado a prova quando o professor chegar.
pretérito perfeito e pretérito mais-que-perfeito” (Said Ali).
Eles chegaram antes de eu começar a falar. 2. a possibilidade de ter ocorrido um fato passado:
Eles haviam chegado antes de eu começar a falar. Exemplo:
Terá sido do presidente essa atitude?
2 - Na linguagem literária pode-se empregar o Mais-Que-Perfeito
Simples em lugar do Futuro do Pretérito e do Pretérito Imperfeito
do Subjuntivo, por vezes simultaneamente na mesma frase:

PROMILITARES.COM.BR 61
MORFOLOGIA II

FUTURO DO PRETÉRITO SIMPLES – Em orações subordinadas, um fato eventual:


Esta forma verbal Exemplos:
1 - refere-se a um fato posterior (futuro do pretérito) a um dado Não há quem ignore esse fato.
momento já passado (pretérito perfeito) de que se fala; é, pois, Não há ninguém que aceite esse encargo.
um futuro dentro do passado.
Não admito que se faça greve.
Exemplo:
Meu professor avisou que chegaria atrasado. Procure agir de maneira que agrade a todos.
Deixe que as crianças brinquem à vontade.

2 - denota, junto com o Imperfeito do Subjuntivo, uma condição que Receio que aconteça o pior.
não se sabe ainda se acontecerá. É provável que surja outra oportunidade.
Exemplo:
Se eu tivesse dinheiro, faria uma viagem para o exterior. NOTA: observe a presença da palavra que antes de quase todas as
formas do Subjuntivo dos exemplos. Esse evento linguístico nos leva,
COMPARE: quase que automaticamente, a usá-la na conjugação desse tempo
farei uma viagem verbal: que eu faça, que tu faças etc. Ocorre também o pronome
Se eu ganhar um bom dinheiro, quem (= aquele que). Toda oração iniciada por que e com verbo
para o exterior
conjugado no subjuntivo é classificada como oração subordinada.
Futuro do presente
Futuro do subjuntivo
do indicativo
PRETÉRITO IMPERFEITO SIMPLES
Este tempo se usa nas orações subordinadas, quando a principal
FUTURO DO PRETÉRITO COMPOSTO (ou ANTERIOR)
tiver o verbo num tempo do pretérito. Exprime ideia de condição.
É constituído do Futuro do Pretérito dos verbos ter ou haver mais
Exemplos:
o particípio do verbo principal. Exprime fato de uma época passada a
que nos referimos, mas já acabado antes de outro fato futuro. Não encontrou ninguém que aceitasse o encargo.
Exemplos: Não encontrou quem aceitasse o encargo.
Estava previsto que, às 10 horas, a prova já teria terminado. Procurava agir de maneira que agradasse a todos.
Se eu tivesse obtido o empréstimo, teria comprado o apartamento. Deixou que os alunos fizessem prova com consulta.
Eu o teria esperado ontem, caso não tivesse um compromisso. PRETÉRITO PERFEITO
Só possui a forma composta: verbo ter (ou haver) no Presente do
O MODO SUBJUNTIVO Subjuntivo mais particípio do verbo principal. Pode exprimir:
O Subjuntivo é o modo do verbo que apresenta o processo a) um fato passado já presumivelmente terminado:
verbal como duvidoso, ou possível, ou como simples desejo. Embora
apareça também em orações independentes e principais, é o modo Não sei se podemos dizer que ele tenha ido para a Europa.
por excelência da oração subordinada. b) um fato futuro já terminado em relação a outro:
Exemplos: Quando chegarmos amanhã, é possível que a aula já tenha
Gostaria que viessem ao casamento. acabado.
Quero que façam o exercício agora.
PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO
Se estudares mais, poderás passar no concurso.
Só possui a forma composta: verbo ter (ou haver) no Imperfeito
Embora estude, não consegue aprender. do Subjuntivo mais particípio do verbo principal. Exprime, dentro das
características de possibilidades próprias do Subjuntivo:
São tempos do Subjuntivo: a) uma ação anterior à outra já passada:
1) presente; Se ele houvesse escutado os conselhos da mãe, teria evitado o
acidente.
2) pretérito imperfeito simples;
3) pretérito perfeito (composto); b) um fato eventual no passado:
4) pretérito mais-que-perfeito (composto); Não acreditei que ele tivesse perdido a partida.
5) futuro simples;
6) futuro composto. FUTURO DO SUBJUNTIVO SIMPLES
Exprime uma ocorrência futura possível, eventual. É um tempo
PRESENTE verbal que ocorre sobretudo:
O Presente do Subjuntivo pode exprimir a) nas orações subordinadas adverbiais temporais iniciadas por uma
– Em orações absolutas ou principais: conjunção subordinativa temporal:
a) desejo: Quando puderes, vem visitar-nos.
Deus te guie. Assim que ele se desocupar, virá atendê-lo.

b) nas orações subordinadas adverbiais condicionais iniciadas por


b) hipótese, concessão:
uma conjunção subordinativa condicional:
Nada de cerimônias: suponham que estão em casa.
Se (ou caso) ele puder, te trará o livro.

c) dúvida (geralmente precedido de talvez): c) em certas orações iniciadas por quem:


Talvez a realidade seja mais forte que a ficção. Quem viver verá.

62 PROMILITARES.COM.BR
MORFOLOGIA II

FUTURO DO SUBJUNTIVO COMPOSTO Assinale a alternativa em que o termo destacado classifica-se,


É formado pelo Futuro Simples do Subjuntivo do verbo ter (ou morfologicamente, da mesma maneira que o sublinhado no recorte
haver) mais o particípio do verbo principal. Indica um fato futuro acima.
dado como concluído em relação a outro fato futuro, dentro das a) “[...] Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), a pedido do MEC
características de eventualidade próprias do subjuntivo: [...]”
Só é capaz de responder quem tiver lido o livro recomendado. b) “Enquanto a educação não enfrentar essas questões [...]”
c) “É muito comum agredir verbalmente as pessoas chamando-as
NOTAS SOBRE O EMPREGO DO SUBJUNTIVO de retardadas.”
1. Sempre que se trate de uma possibilidade, de uma eventualidade, d) “O grande desafio para a educação é descobrir este currículo [...]”
e não de uma certeza, usa-se o subjuntivo. Veja:
04. Nas passagens que se seguem aparece em cada uma delas
O cidadão que ama sua pátria engrandece-a. (realidade) um pronome átono sublinhado. Assinale a alternativa em que esse
O cidadão que ame sua pátria engrandece-a. (conjectura) pronome tem valor possessivo.
(Bechara, Moderna Gramática) a) Viviam como todos nós: moscas presas na enorme teia de aranha
que é a vida da cidade. Tosos os dias a aranha lhes arrancava um
2. Nas orações iniciadas pelas conjunções embora, ainda que, mesmo pedaço.
que, conquanto, posto, posto que e outras, usa-se o subjuntivo.
b) Os computadores não têm preferências – falta-lhes essa sutil
Ainda que eu não saiba a matéria da prova, não a entregarei em capacidade de ‘gostar’, que é a essência da vida humana.
branco.
c) Perguntados sobre o porto de sua escolha, disseram que não
3. Nas orações introduzidas por antes que, assim que, até que, entendiam a pergunta, que não lhes importava para onde
enquanto, depois que, logo que, quando ocorrem nas indicações estavam indo.
de possibilidade (e não de realidade, caso em que ocorre o
indicativo), usa-se o subjuntivo: d) Quando se lhes pergunta: ‘Para onde seu barco está navegando?’,
eles respondem: ‘Isso não é científico’.
Cuide dessa gripe, antes que ela se transforme em pneumonia.
e) E assim ficam os homens comuns abandonados por aqueles que,
Só sairei depois que ele chegar. por conhecerem mares e estrelas, lhes poderiam mostrar o rumo.
Logo que termine esta carta, vou atendê-lo.
05. Assinale a opção em que a palavra sublinhada PERTENCE a uma
COMPARE: classe diferente de pronome.
Assim que terminou a carta foi atendê-lo. a) Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias
gostaria de ter (...)
Amaram-se até que a morte os separou.
b) Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da
Nosso amor foi grande enquanto durou. alegria (...)
(Nessas três frases, não se trata de uma eventualidade, mas de c) (...) disse-me que havia emprestado o livro a outra menina (...).
um fato real, acontecido.)
d) (...) andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.
e) Acho que eu não disse nada.
EXERCÍCIOS DE
06. Assinale a opção em que a expressão sublinhada NÃO tem valor
FIXAÇÃO de adjetivo.
a) (...) continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não
lia.
01. Assinale a alternativa na qual a palavra QUE tem a mesma b) (...) o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife.
classificação morfológica que a destacada em: c) (...) entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai.
“[...] baseados em estatísticas que têm pouca ou nenhuma d) Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho.
importância.”
e) (...) eu nadava devagar num mar suave (...)
a) “[...] ambiente bélico em que se transformou o futebol.”
b) “É óbvio que informações e estatísticas são importantíssimas.” 07. No trecho “correspondentes a sistemas de pensamento e
c) “Se dizem que a imagem vale mais que mil palavras [...]” linguagens”, a palavra destacada é
d) “[...] para achar que todas as faltas violentas são involuntárias.” a) um artigo definido feminino que concorda com o substantivo sistemas.
b) um pronome possessivo referente ao substantivo pensamento.
02. No contexto do seguinte trecho, analise a classe gramatical a que c) uma conjugação no presente do indicativo para o verbo haver.
pertencem os termos grifados:
d) uma preposição regida pelo adjetivo correspondentes.
“[...] para saber quem grita gol mais alto e prolongado.”
e) um adjetivo para destacar o advérbio linguagens.
Assinale a alternativa em que o termo sublinhado pertence àquela
mesma classe. 08. Em que opção o plural do substantivo composto segue a mesma
a) “Não suporto mais ver tantas tragédias, crimes, violências [...]” regra de flexão do termo destacado em “[...] o tão sonhado embarque
b) “Fala-se muito, mesmo com a bola rolando.” no Navio-Escola.”?
c) “Outra discussão chata, durante e após as partidas [...]” a) água-marinha valiosa
d) “Muitas parecem iguais, mas não são.” b) obra-prima da Natureza
c) vitória-régia da Amazônia
03. Leia o excerto abaixo: d) salário-família irrisório
“Há pessoas que tiveram acesso a todos os estudos possíveis...” e) carta-bilhete do Aspirante

PROMILITARES.COM.BR 63
MORFOLOGIA II

09. Assinale a alternativa em que o particípio sublinhado está utilizado 04. Assinale a opção que completa corretamente as lacunas das frases
de acordo com a norma culta. a seguir.
a) O policial tinha pego o bandido. I. __________ uma semana que telefono e não consigo contato.
b) O condenado foi prendido por dez anos. II. __________ muito tempo que a amiga o procurava sem sucesso.
c) A pena fora suspendida pelo juiz. III. Passara no concurso__________ pouco tempo.
d) Foi terrível o juiz ter aceitado aquela denúncia. IV. Iniciou os estudos __________ poucos dias.
e) O preso tinha ganho a liberdade. V. Estávamos ali __________ quatro horas.

10. Assinale a alternativa em que a forma verbal sublinhada tem um a) havia – há – havia – há – havia
valor significativo, nocional. b) há – havia – há – há – havia
a) Todos os dias a aranha lhes arrancava um pedaço. Ficaram c) há – há – há – há – há – há
cansados. d) havia – havia – havia – havia – havia
b) Assim, eles se tornaram cientistas, especialistas, cada um na sua e) há – havia – havia – há – havia
– juntos para navegar.
c) Os computadores, coitados, chamados a dar o seu palpite, ficaram 05. Assinale a alternativa que contém a classificação do modo verbal,
em silêncio. dos verbos grifados nas frases abaixo, respectivamente.
d) Nos porões estão os remadores. Remam com precisão cada vez — Esse seu lado perverso, eu o conheço faz tempo.
maior.
— Anda logo, senão chegarás só amanhã.
e) (...) os rios se transformam em esgotos de fezes e veneno, o ar se
— Se você chegar na hora, ganharemos um tempo precioso.
enche de gases, os campos se cobrem de lixo – e tudo ficou feio
e triste. — Acabaríamos a tarefa hoje, se todos ajudassem.
a) indicativo – imperativo – subjuntivo – subjuntivo – indicativo –
subjuntivo – indicativo
EXERCÍCIOS DE
b) subjuntivo – indicativo – indicativo – subjuntivo – indicativo –

TREINAMENTO c)
subjuntivo – indicativo
subjuntivo – imperativo – indicativo – infinitivo – indicativo –
subjuntivo – indicativo
d) indicativo – imperativo – indicativo – subjuntivo – indicativo –
01. Observe: indicativo – subjuntivo
“Gosto mesmo é de brincar e) indicativo – subjuntivo – indicativo – subjuntivo – indicativo –
faça chuva ou faça sol. subjuntivo – subjuntivo
Namorar não quero mais:
eu prefiro o futebol!” 06. Assinale a opção em que, de acordo com a variante padrão
brasileira, o verbo indicado entre parênteses segue a mesma flexão da
Assinale a alternativa em que todas as palavras se classificam como forma verbal observada em:
substantivo.
“[...] a atividade semântica que intermedeia a conexão dos seres
a) gosto – brincar – namorar humanos com o mundo dos objetos [...]”
b) prefiro – chuva – futebol a) Queremos que ele (confiar) em sua competência.
c) faça – sol – mesmo b) Acredita no aluno que (ansiar) por novas leituras.
d) chuva – sol – futebol c) Encontrou uma empresa que (premiar) as boas ideias.
d) Ele quer uma leitura que (ampliar) seus conhecimentos.
02. Assinalar a alternativa que completa os espaços em branco,
levando em conta a correlação dos tempos verbais e a concordância: e) Todos procuramos um exercício que (afiar) nossa memória.
“A polícia desses países não _____________ prendê-los, porque
o governo brasileiro não _________________ o pedido formal de 07. “E toda ânsia nos mantém reféns.”. Em que opção o verbo
captura.” “manter” está empregado corretamente, de acordo com a norma
padrão?
a) pôde – fizera
a) O funcionário sabia que, se mantesse o celular ligado durante o
b) pode – têm feito expediente, alguém poderia reclamar.
c) puderam – tinha feito b) Meu pai e minha mãe manteem os mesmos telefones celulares
d) podia – fazem desde 2012 e não pretendem comprar aparelhos novos este ano.
c) “Pedro, mantenhas teu celular desligado durante o filme.” –
03. Leia a frase: pediu um colega.
“Na última edição, encerrada em março, com a participação de d) “Enquanto mantiverem seus celulares ligados, não começaremos
75 grupos das Américas, da Ásia e da Europa, duas equipes mineiras a reunião,” reclamou o chefe.
alcançaram o segundo lugar, em diferentes categorias: a Uirá, da
e) O fiscal solicitou aos candidatos que mantivéssem os celulares
Universidade Federal de Itajubá (Unifei), na classe “regular”, e a Trem
desligados durante a prova.
Ki Voa, da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), na “micro”.
Na frase acima, “micro” exerce a função de adjetivo. Entretanto, não 08. Na frase: “Sei que quando minha hora chegar, no último instante,
está explicito o substantivo que ele qualifica, que seria: verei, em velocidade desconhecida, o navio [...].”, em que opção está
a) classe. c) edição. e) equipe. corretamente justificado o emprego do tempo verbal destacado nesse
b) avião. d) grupo. fragmento?

64 PROMILITARES.COM.BR
MORFOLOGIA II

a) Indica um desejo que será realizado de forma irresoluta em muito 03. (EFOMM 2012) A única alternativa em que há verbo na segunda
pouco tempo. conjugação é:
b) Marca a probabilidade de uma ação que, tudo indica, é iminente. a) “A terrível mistura é sorvida com dificuldade e repugnância (...)”.
c) Sugere a esperança improvável de uma condição que se deseja. b) “A enfermaria dá um grito de horror e começa a chorar
d) Expressa a certeza de um acontecimento que ainda está por vir. nervosamente”.
e) Enfatiza a necessidade de um fato pelo qual se espera c) “(...) os instrumentos para exame e cirurgia saem duma caixinha
desesperadamente. de brinquedos”.
d) “Novos clientes desfilam pela clínica (...)”.
09. Marque a opção em que o vocábulo sublinhado tenha exatamente e) “A operação durou um quarto de hora”.
a mesma classificação gramatical que “o” em destaque no trecho: “...
de tudo o que aparecer”. 04. (EFOMM 2012) O elemento mórfico da palavra sublinhada NÃO
a) “Eu também gosto de você” tem valor diminutivo na opção:
b) “que saiba dizer” a) “(...) ei-lo, grave, aplicando sobre o peito descoberto duma criancinha
c) Para reforçar essa filosofia, foi criado. (...)”.
d) “... se esbaldou com suas coleguinhas.” b) “(...) saem duma caixinha de brinquedos”.
e) “... o quarto não fica em sua casa.” c) “(...) se ela não quiser, NE, vai ficar muito magrinha. (...)”.
d) “(...) e aplica no menino uma palmadinha carinhosa (...)”.
10. O adjetivo assinalado está empregado no grau comparativo de e) “(...) conte uma história ou lhe compre um carneirinho de
superioridade em: verdade”.
a) “Por baixo da pasteurização crescente nas rádios FM, uma nova
tendência se forma.” 05. Assinale a opção em que se analisou ERRONEAMENTE a classe
b) “Um trio animadíssimo cruzava com um lento afoxé.” gramatical da palavra sublinhada.
c) “Os trios ganharam mecânica mais sofisticada.” a) (...) e só não ponho a mão na cabeça porque, afinal das contas, o
correr dos anos nos dá uma certa filosofia. – substantivo.
d) “Os três ou quatro trios elétricos dos primeiros carnavais tinham
um ritmo muito acelerado.” b) (...) quando ficou lendo Carlos Drummond de Andrade até às
tantas, como prova este “Poesia até agora” (...) – conjunção
e) “Ficavam mais imponentes que os carros alegóricos das escolas subordinativa conformativa.
do Rio.”
c) (...) o correr dos anos nos dá uma certa filosofia. – pronome
indefinido.
d) Umas acham que um dia dá um estalo de Padre Vieira na cabeça
EXERCÍCIOS DE desses moleques (...) – artigo indefinido.

COMBATE e) Dizer que peregrinei por antiquários para descobrir nobres


jacarandás, de boa estirpe (...) – adjetivo.

06. (ESPCEX) Assinale a alternativa em que ocorre o emprego


01. Assinale a alternativa em que o pronome você exerça a função de adequado do artigo antes dos substantivos:
sujeito do verbo sublinhado.
a) o sósia - o elipse - a omoplata
a) Cabe a você alcançar aquela peça do maleiro.
b) a champanha - o telefonema - a motocicleta
b) Não enchas o balão de ar, pois ele pode ser levado pelo vento.
c) o anátema - o diabete - o saca-rolhas
c) Ao chegar, vi você perambulando pelo shopping center da Mooca.
d) o cal - o formicida - a libido
d) Ei, você, posso entrar por esta rua?
e) o lança-perfume - a cataplasma - a dó
e) Na Estação Trianon-Masp desceu a Angelina; na Consolação,
desceu você. 07. Assinale a opção em que houve erro, ao se substituir a expressão
sublinhada pelo pronome oblíquo:
02. (AFA 2010) Assinale a opção cuja justificativa para o uso dos
a) “antecederam a Segunda Guerra Mundial” / antecederam-lhe.
termos sublinhados está correta.
b) “iniciando a série de science-fiction” / iniciando-a.
a) No trecho “Em Viagens de um naturalista ao redor do mundo
(...), em que faz um detalhado registro...”, a expressão em que c) “procuraram descrever a sociedade do futuro” / procuram
pode ser trocada por em cujo, já que ambas são compostas de descrevê-la.
pronomes relativos. d) “presenciava todos os atos individuais” / presenciava-os.
b) Em “Charles Robert Darwin... cujo nome seria sinônimo de e) “caracterizam as modificações / caracterizam-nas.
evolucionismo...”, o pronome relativo cujo traz uma ideia de
posse e sempre concorda em gênero e número com a palavra que 08. Assinale o par de vocábulos que formam o plural como balão e
o antecede. caneta-tinteiro, respectivamente:
c) No período “A incursão começou em 8 de abril, formada por a) vulcão / abaixo-assinado
uma equipe de sete pessoas.”, o verbo formar está no particípio e
introduz uma oração substantivada reduzida. b) questão / manga-rosa

d) Em “Um personagem, que a história tornaria o passageiro mais c) razão / guarda-chuva


importante a bordo do Beagle...”, o tempo do verbo denota um d) irmão / salário-família
estado não concluído no passado. e) bênção / papel-moeda

PROMILITARES.COM.BR 65
MORFOLOGIA II

09. (EFOMM 2014) Assinale a opção em que a forma verbal sublinhada


NÃO se encontra no pretérito mais-que-perfeito.
a) Certamente já me haviam feito representar esse papel (...).
b) Irritada, ferira-me à toa, sem querer.
c) Se não fosse ele, a flagelação me haveria causado menor estrago.
d) Ainda que tivesse escondido o infame objeto, emudeceria (...).
e) Estivera sem bulir, quase sem respirar.

10. Assinale a alternativa em que uma forma verbal foi empregada


incorretamente
a) O superior interveio na discussão, evitando a briga.
b) Se a testemunha depor favoravelmente, o réu será absolvido.
c) Quando eu reouver o dinheiro, pagarei a dívida.
d) Quando você vier a Campinas, ficará extasiado.
e) Ele trará o filho, se vier a São Paulo.

GABARITO
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01. A 04. A 07. D 10. D
02. B 05. B 08. D
03. A 06. D 09. D
EXERCÍCIOS DE TREINAMENTO
01. D 04. E 07. D 10. E
02. A 05. D 08. D
03. A 06. B 09. C
EXERCÍCIOS DE COMBATE
01. E 04. C 07. A 10. B
02. D 05. D 08. B
03. A 06. C 09. C

ANOTAÇÕES

66 PROMILITARES.COM.BR
SINTAXE I

A sintaxe é o componente central da linguagem. A essência da FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO


linguagem é a relação entre elementos de expressão (por exemplo,
sons) e elementos de conteúdo (conceitos, ideias). Sintaxe é relação, Frase é todo enunciado com sentido completo. Pode ter ou não
concatenação de categorias. A origem da palavra é o grego. Syn verbo.
significa, em grego, reunir, juntar e taxe indica categoria. Então, Exemplos:
sintaxe, etimologicamente, significa reunir categorias. Não falamos Como você está bonito hoje!
(ou pensamos) utilizando vocábulos isolados, mas estruturas em
Lindo dia este.
que juntamos itens lexicais pertencentes a categorias morfológicas,
como estudamos nos módulos 5 e 6, ou seja, nomes, verbos, adjetivos Socorro!
etc. Pela sua importância na organização da língua, o componente Como está você?
sintático é bastante complexo, admitindo várias abordagens.

Oração é um enunciado com um verbo ou uma locução verbal.


AS ESTRUTURAS SINTÁTICAS Pode ou não ter sentido completo. As orações podem ser:
Quando pensamos em análise sintática, vem-nos à mente 1 - absolutas: quando compostas de apenas um verbo ou
encontrar os componentes, os constituintes das frases. Assim, uma locução verbal e têm sentido completo.
frase como “Aquela bola de futebol caiu no terreno da vizinha.” é Exemplo: Hoje o dia está lindo.
constituída por nove palavras. As palavras agrupam-se em blocos, os 2 - principais: quando encerram a ideia principal de um
chamados sintagmas, que são os constituintes imediatos das frases. enunciado que será complementado sintaticamente por outra
Os sintagmas podem ser definidos como estruturas formadas por um oração.
núcleo sozinho ou acompanhado de outros elementos dependentes
dele (os termos determinantes e modificadores) que funcionam como Exemplo: Queria dizer [que você está muito bonita hoje].
uma unidade. As palavras são encadeadas para formar os sintagmas, 3 - coordenadas: ligam-se umas às outras, estabelecendo uma
isto é, juntam-se duas ou mais palavras de cada vez, para formar noção de adição, alternância, oposição, conclusão ou explicação.
uma frase. Para isso, temos de juntar vocábulos de diferentes classes Exemplo: Sei que gostas de frutas, mas não tenho nenhuma a te
gramaticais: oferecer. (noção de oposição)
4 - subordinadas: ligam-se a uma outra oração, dita principal,
AQUELA BOLA AMARELA CAIU NO TERRENO DA VIZINHA para completar-lhe sintaticamente. Têm valor de substantivo,
preposição preposição adjetivo ou advérbio.
pronome subst. adjetivo verbo EM + subst. DE + subst.
artigo O artigo A Exemplo: Devias saber que não gosto de chocolate. (função de
substantivo)

Ao juntarmos Aquela + bola + amarela, formamos um sintagma Período é todo enunciado de sentido completo que contém uma
nominal (SN), cujo núcleo é o substantivo bola; ao juntarmos em + ou mais orações, terminado por uma pausa bem definida, marcada
o + terreno, formamos o sintagma preposicional (SP) no terreno. por ponto, ponto de exclamação, ponto de interrogação, reticências
Ao juntarmos terreno + de + a + vizinha, formamos o sintagma ou dois-pontos.
nominal (SN) terreno da vizinha, cujo núcleo é o substantivo Assim se classificam os períodos:
terreno, associado ao sintagma preposicional da vizinha. O verbo
caiu forma um sintagma verbal (SV). Observe que os sintagmas 1 - simples: quando é formado de apenas uma oração dita absoluta.
podem ser constituídos por uma ou mais palavras, organizadas em 2 - composto: quando é formado de mais de uma oração de mesmo
torno de um núcleo. No caso do sintagma nominal, as palavras estão valor e independentes sintaticamente (coordenadas) ou orações
organizadas em torno de um núcleo nominal. No caso do sintagma sintaticamente dependentes (subordinadas). Assim, subdividem-se
verbal, as palavras estão organizadas em torno de um núcleo verbal. em período composto por coordenação ou por subordinação.
No caso de um sintagma preposicional, a preposição é quem define o 3 - misto: quando têm mais de uma oração de diferentes tipos
sintagma, mostrando sua dependência a outro termo da frase. Cada (coordenadas e subordinadas).
sintagma representa uma função dentro da oração. Nesta oração
4 - complexo: quando têm mais de uma oração de diferentes tipos,
temos:
mas uma ou mais se classificam duplamente como coordenada
Aquela bola amarela = sintagma nominal = sujeito em relação a uma oração e subordinada ou principal em relação
caiu = sintagma verbal = núcleo do predicado à outra.
no terreno = sintagma preposicional = adjunto adverbial
da vizinha = sintagma preposicional = adjunto adnominal (por SINTAXE DE COLOCAÇÃO
estar dentro de um sintagma nominal = terreno da vizinha, cujo
núcleo é um nome) Veja a seguinte sequência de palavras:
De gostava futebol rapaz o.

PROMILITARES.COM.BR 67
SINTAXE I

Qualquer falante do português sabe que isso nada quer dizer. João tinha perdido muito dinheiro.
Todos sabemos que não basta juntar palavras para se ter uma frase. O orvalho vem caindo. (Noel Rosa)
Colocá-las numa ordem lógica faz-se necessário. Dizemos, por
exemplo:
b) Predicado nominal: neste tipo de construção, a ideia nova
O rapaz gostava de futebol. é fornecida por outro termo do predicado que não o verbo.
Podemos reconhê-lo pela presença do verbo de ligação, tipo de
Na sintaxe de colocação (ou sintaxe de ordem) estudamos as verbo cuja função é unir duas palavras ou expressões de caráter
combinações possíveis para as palavras na formação de frases. Se, nominal. Os verbos de ligação mais comuns são “ser”, “estar”,
por um lado, há sequências impossíveis, também são aceitas certas “permanecer”, “continuar”, “torna-se”, “ficar”.
variações. O aluno parece cansado hoje.
Se tomarmos, em Machado de Assis, a oração: Minha avó está doente.
Três horas depois cerca de cinquenta convivas sentavam-se em O pai dela é muito rico.
volta da mesa de Simão Bacamarte.

Podemos reescrevê-la de vários modos: c) Predicado verbo-nominal: neste caso, há um verbo significativo,
1 - Em volta da mesa de Simão Bacamarte sentavam-se, três complementado por objeto acompanhado de um predicativo.
horas depois, cerca de cinquenta convivas. A sociedade considerou sua atitude uma imoralidade.
2 - Sentavam-se cerca de cinquenta convivas, três horas depois, Os alunos entraram na sala felizes.
em volta da mesa de Simão Bacamarte.
3 - Três horas depois, em volta da mesa de Simão Bacamarte, PREDICAÇÃO VERBAL
cerca de cinquenta convivas sentavam-se.
Chama-se predicação (ou regência) verbal ao tipo de conexão
entre sujeito e verbo, entre verbo e complementos.
OS TERMOS DA ORAÇÃO Quanto à predicação os verbos podem ser: intransitivos, transitivos
Os termos da oração são as partes em que esta pode ser diretos, transitivos indiretos e de ligação.
dividida. Definem-se por uma função no enunciado. Para entender
esse conceito, podemos comparar a frase a uma casa; cada termo VERBOS INTRANSITIVOS
seria uma das partes da casa, a parede, o telhado etc. Naturalmente,
cada uma dessas partes tem uma função na estruturação da frase. Intransitivos são os que podem conter em si toda a significação do
A natureza dessa função é sintática, pois, como vimos, chamamos predicado sem acréscimo de “objeto”. São frequentemente intransitivos:
sintaxe ao conjunto de processos segundo os quais construímos frases a) os verbos de fenômenos naturais: chover, ventar, nascer, viver,
dentro de uma determinada língua. morrer, acontecer, cair, surgir, acordar, dormir, brilhar, girar etc.:
Normalmente, os termos da oração são classificados em essenciais, Choveu muito ontem.
integrantes e acessórios. b) certos verbos de ação, que exprimem fatos causados por um ser
capaz de executá-los, um AGENTE: andar, trabalhar, correr, voar
etc.: As crianças andam. Os pássaros voam.
TERMOS ESSENCIAIS DA ORAÇÃO c) Verbos de movimento ou situação: chegar, partir, ir, seguir, vir,
morar, estar, ficar etc.: Moro no Rio de Janeiro. Fiquei em casa.
SUJEITO
Sujeito é o termo sobre o qual se diz alguma coisa. Para reconhecê-lo Transitivos: exigem o acréscimo de um “objeto” que integre
numa frase, fazemos, ao verbo, a pergunta quem? o sentido do predicado. Classificam-se em transitivos diretos e
O jornalista olhava o acidente sem entender. transitivos indiretos.
Pergunta: Quem olhava?
Resposta: O jornalista (sujeito). VERBOS TRANSITIVOS DIRETOS
Transitivos diretos são os que têm seu sentido integralizado por
Pedro e Paulo foram discípulos de Jesus. um complemento não introduzido por preposição OBRIGATÓRIA, ou
Pergunta: Quem foi discípulo de Jesus? ocasionalmente pela preposição a, denominado objeto direto.
Resposta: Pedro e Paulo (sujeito). Os verbos transitivos diretos, quando pessoais (isto é, com sujeito),
têm as seguintes características próprias:
1) Exprimem ação e, por isso, têm um ‘agente’, que na ‘voz ativa’ é
PREDICADO o sujeito da oração. Ex.: As crianças leram o livro.
Predicado é aquilo que geralmente se diz sobre o sujeito. É o termo 2) O objeto direto representa o ser que, recebendo a ação, é o seu
no qual, necessariamente, está contido o verbo da frase. Determinamo-lo ‘paciente’. Ex.: Meu filho comeu uma maçã.
por exclusão: o que não for sujeito é predicado. Nos exemplos anteriores,
3) Pelo fato de possuírem agente e paciente (este sem preposição
os predicados são, respectivamente, “olhava o acidente sem entender“ e
NECESSÁRIA), admitem, além da construção habitual de ‘voz
“foram discípulos de Jesus“.
ativa’, outra forma, a ‘voz passiva’, em que o paciente passa a
Há três tipos de predicado: exercer a função de sujeito. Ex.: Paulo leu a carta. X A carta foi
a) Predicado verbal: o núcleo deste predicado é um verbo lida por Paulo.
significativo, isto é, um verbo que traz uma ideia nova ao sujeito:
Marta comprou uma casa. VERBOS TRANSITIVOS INDIRETOS
Minha família tem uma padaria. Transitivos indiretos são os verbos que têm seu sentido integralizado
por um ‘objeto indireto’, isto é, um complemento que, quando
Pode ocorrer também de, em lugar de um verbo, termos uma substantivo, ou pronome substantivo, vem OBRIGATORIAMENTE
locução verbal: regido de preposição sem valor circunstancial:

68 PROMILITARES.COM.BR
SINTAXE I

Escrevi A meus pais. AGENTE DA PASSIVA


Perdoa A teus inimigos. É o termo que expressa o ser que pratica a ação, quando a
Discordava DE tudo. oração está na voz passiva analítica. Normalmente, vem precedido da
preposição POR e combinações (pelo, pela, pelos, pelas) ou, menos
Pensei muito EM ti.
comum, da preposição DE e combinações (do, dos, da, das). Podemos
reconhecer esse tipo de construção (voz passiva analítica), quando há
VERBOS TRANSITIVOS DIRETOS E INDIRETOS uma locução verbal composta do verbo auxiliar SER (ou ESTAR) e do
Há verbos transitivos que, além do objeto direto, exigem verbo principal no particípio (Ex.: era feita, foi composta, está cercada
simultaneamente o acréscimo de outro complemento, objeto indireto, etc.). O agente da passiva pode ser um termo apagado, se não houver
que, quando substantivo, vem obrigatoriamente precedido de preposição interesse em explicitar quem praticou a ação.
(a, mais raramente para), e que designa o ser a quem a ação beneficia ou Exemplos:
prejudica (dar, devolver, entregar, mostrar, oferecer, pedir etc.):
As maçãs foram comidas pelas crianças.
Deu tudo Aos pobres.
A terra era habitada de selvagens.
Para o filho reservara os melhores livros.
O prédio está cercado de policiais.
OBS.: Voz passiva será um tema mais amplamente estudado em
TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO outro módulo.

OBJETO DIRETO PREDICATIVO DO SUJEITO


Este termo complementa o sentido dos verbos chamados Termo que está no predicado, mas exprime um atributo do sujeito.
transitivos diretos e não é precedido de preposição necessária. Para Pode aparecer em predicados nominais ou em verbo-nominais.
reconhecer o objeto direto, fazemos as perguntas ao verbo: o quê? ou Exemplos:
quem?, para coisa e pessoa respectivamente. Essas perguntas devem
ser feitas ao sujeito e ao verbo simultaneamente. A escola era moderna. (predicado nominal, verbo de ligação)
Exemplo: O aluno chegou assustado. (predicado verbo-nominal, verbo de
ação, intransitivo)
As árvores dão sombra.
Pergunta - O que as árvores dão?
PREDICATIVO DO OBJETO
Resposta - sombra (objeto direto)
Esse termo só aparece no predicado verbo-nominal.
Exemplos:
OBJETO DIRETO PREPOSICIONADO
Deixem as crianças sossegadas.
Quando o objeto direto vem precedido de preposição, sem que
haja necessidade ou exigência do verbo. Tenho minha consciência tranquila.
Exemplos:
Louve a Deus!
COMPLEMENTO NOMINAL
Este termo complementa o sentido de um substantivo abstrato,
Estimo a meus pais.
de um adjetivo ou de um advérbio com valor transitivo, ou seja,
Pegou da faca. incompleto em sua significação. O complemento nominal é um termo
Bebeu do vinho e comeu do bolo. (ideia partitiva) necessariamente preposicionado e não pode se classificar como
locução adjetiva.
OBJETO INDIRETO Exemplos:
Complementa os verbos transitivos indiretos e são precedidos de Estou com medo do escuro.
preposição necessária, exigida pelo verbo. Para reconhecer o objeto Faz levantamento de peso.
indireto, fazemos as perguntas ao verbo: de quê? ou de quem?, para Ele está certo de sua inteligência.
coisa e pessoa respectivamente, trocando a preposição de acordo com
a exigência do verbo. Essas perguntas devem ser feitas ao sujeito e ao Estamos longe de casa.
verbo simultaneamente.
Exemplos: TERMOS ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO
João precisou de muito dinheiro.
Pergunta - João precisou de quê? ADJUNTO ADNOMINAL
Resposta - de muito dinheiro (objeto indireto) O adjunto adnominal é um termo que acompanha qualquer
nome, em qualquer função substantiva. Pode ser um adjetivo, um
artigo, um pronome adjetivo ou uma locução adjetiva.
Os filhos devem obedecer aos pais.
Exemplos:
Pergunta - Os filhos devem obedecer a quem?
Os alunos desta classe vão ingressar na escola militar.
Resposta - aos pais (objeto indireto)
Tenho comprado muitos ovos de granja.
OBJETOS PLEONÁSTICOS
Sempre que houver necessidade expressiva de reforço, de ênfase,
ADJUNTO ADVERBIAL
o objeto pode vir repetido. Essa repetição recebe o nome de pleonasmo Advérbios ou locuções adverbiais que acrescentam circustâncias a
e pode ocorrer, na verdade, com qualquer função sintática. verbos ou intensificam a ideia expressa pelo verbo, adjetivo ou outro
advérbio recebem o nome de adjuntos adverbiais.
Exemplo:
Dinheiro, não o devo a ninguém.

PROMILITARES.COM.BR 69
SINTAXE I

Alguns exemplos de classificações dos adjuntos adverbiais: ORDEM DIRETA NAS ORAÇÕES
a - acréscimo - Além da leitura, tem o hábito de escrever muito.
Nas orações, a ordem direta é expressa por:
b - assunto - Falávamos de música clássica.
c - causa - Não saímos de casa por precaução. sujeito + verbo + complementos
d - companhia - Sairemos com os pais da noiva.
e - direção - Iremos para o leste. Note-se que o lugar do verbo pode ser ocupado por uma locução
f - dúvida - Provavelmente iremos ao seu casamento. verbal; por “complementos”, entendemos os objetos, o complemento
g - fim - Vive para o trabalho. nominal e os predicativos (do sujeito e do objeto).
h - instrumento - Pintava quadros a óleo. Esse modelo realiza-se de modo diferente, conforme o tipo de
i - intensidade - Dormia muito. predicado da oração. Observe:
j - lugar - Venho da cidade. a) Predicado verbal na voz ativa: sujeito + verbo + objeto direto
l - meio - Voltaremos de trem. + objeto indireto.
m - modo - Ficamos todos de pé.
n - substituição ou troca - Em lugar de Raquel recebeu Lia. O padeiro queria levar aqueles pãezinhos a todos os clientes.
o - tempo - Durante o inverno, tomamos chocolate quente. S V OD OI

APOSTO b) Predicado verbal na voz passiva: sujeito + verbo + agente da


Este termo de valor substantivo exprime uma ideia continuada, passiva.
explicada de um outro termo da oração, também necessariamente
O professor José foi aplaudido pela turma.
substantivo.
Conforme seu valor na oração, pode ser: S V AP
a) explicativo - Amanhã, domingo, iremos à missa.
b) enumerativo - Fomos ao mercado e compramos três frutas: c) Predicado nominal: sujeito + verbo + predicativo do sujeito.
maçã, mamão e banana. A Terra é um planeta do sistema solar
c) resumitivo ou recapitulativo - Estudo, leitura, dedicação, S V PS
tudo é decisivo para a aprovação.
d) especificativo - O rio Amazonas é o maior do Brasil.
d) Predicado verbo-nominal: sujeito + verbo + objeto direto +
predicativo do objeto.
APOSTO DE ORAÇÃO
O juiz julgou o réu culpado.
O aposto pode também se referir a toda uma oração.
S V OD PO
Exemplo:
Os alunos decidiram não fazer mais festa de formatura,
ideia que foi reprovada pelos pais. Observação
1ª) Quando não aparece algum dos termos da oração, não se
VOCATIVO altera a posição dos demais:
À parte do sujeito e do predicado, o vocativo é o termo que ocorre Nós merecemos a morte.
para interpelar o ouvinte.
S V OD
Exemplo:
“Pai, afasta de mim este cálice”. Obedecemos aos nossos mestres.
V OI
A ORDEM DOS TERMOS 2ª) Nesse caso, enquadram-se as orações com verbos impessoais,
nas quais não há sujeito:
ORDEM DIRETA E ORDEM INVERSA Houve uma pausa.
Já vimos, no módulo anterior, que uma mesma frase pode ser V OD
escrita em várias ordens. Vejamos mais um exemplo dessas variações,
a partir de uma frase de Graciliano Ramos: 3ª) Os adjuntos adverbiais são os termos que têm mais mobilidade
dentro da oração. Apesar disso, dizemos que sua posição em
1. O inferno devia estar cheio de jararacas e suçuaranas. ordem direta é após os complementos:
2. De jararacas e suçuaranas devia o inferno estar cheio.
O mar estava calmo naquelas alturas.
3. Cheio o inferno devia estar de jararacas e suçuaranas.
S V PS AADv
Lendo essas frases, qual delas você diria que está escrita na ordem
mais comum, no modo como normalmente ouvimos e falamos? A 4ª) Todas as demais disposições são chamadas ordem inversa:
frase número um, não é verdade? É esta a que soa mais naturalmente É muito esperto o seu gatinho.
aos nossos ouvidos. Nota-se também que é nela que a ideia é
transmitida de modo mais claro. Nas demais, a compreensão fica um V PS S
pouco mais complicada.
De música todo mundo gosta.
Essa ordem mais lógica nas línguas é chamada ordem direta. É a
que preferimos, quando pretendemos informar ou apenas dizer algo OI S V
de modo mais simples e claro.
As outras frases são possíveis e corretas, mas são menos usuais. O advogado recebeu, no tribunal, as testemunhas.
Elas acabam também deixando mais obscuro, mais incompreensíveis S V AADv OD
o sentido de uma frase. Por isso, dizemos estarem escritas em ordem
inversa.

70 PROMILITARES.COM.BR
SINTAXE I

ORDEM DIRETA NOS GRUPOS DE PALAVRAS Só ela gosta de mim.


Acabamos de ver as disposições mais comuns dos termos de uma Ela gosta só de mim.
oração. Dentro desses mesmos termos, também podemos perceber Até Maria perdoou a Pedro.
uma ordem direta e outra inversa. Observe estas frases:
Maria até perdoou a Pedro.
Filhos nossos são muito educados.
Maria perdoou até a Pedro.
Nossos filhos são muito educados.
Nas duas, os termos estão dispostos na mesma ordem: sujeito + B - ORDEM E SIGNIFICADO NOS GRUPOS DE PALAVRAS
verbo + predicativo. Mesmo assim, podemos perceber que a segunda
frase soa melhor aos ouvidos, parece mais comum. Por quê? Porque Há casos de grupos de palavras que merecem destaque especial,
é mais natural dizer “nossos filhos” que “filhos nossos”. Isso mostra já que neles uma inversão de ordem altera o sentido do conjunto.
que também as palavras podem organizar-se de várias maneiras nos
termos da oração, isto é, nos grupos de palavras. C - COMPOSTOS DE SUBSTANTIVO E ADJETIVO
Vejamos, então, quais são as disposições mais comuns das Tais grupos de palavras têm, às vezes, um sentido com o adjetivo
palavras ao se organizarem em grupos: anteposto e outro com ele posposto. Isso ocorre, por exemplo, com o
a) Adjetivos e locuções adjetivas vêm após o substantivo: adjetivo “pobre” destas orações:
Os pés descalços de Dora se queimam no asfalto ardente. (J. Am.) A cidade pobre estava assolada de bexiga. (J.Am.)
S SS A Sempre lhe causara mal-estar aquela companhia de um pobre
homem. (J.L.R.)
O capitão tomou seu terceiro copo de cachaça. (E.V.)
No primeiro caso, “pobre” significa “de poucas posses”; no
S LA segundo, equivale a ‘‘desgraçado”.
O mesmo se dá com “grande”, “simples” e alguns outros:
b) Pronomes demonstrativos, indefinidos e possessivos vêm • Essa é uma obra muito grande para uma criança ler.
normalmente antes do nome: • (= “uma obra muito extensa”, “volumosa”)
E desde este dia que lhe deu esta dor que não passa. (J.L.R.) • Quincas Borba leu-me daí a dias a sua grande obra. (M.A.) ( =
PD S PD S “obra de grande valor”)
• Pedro é um homem simples. (= “um homem sem muito luxo”)
Outros comentários levianos se faziam ouvir. (F.S.) • Pedro é um simples homem. (= “um homem sem muito
PI S valor”)

Onde estão teus amigos, teus companheiros? (R.B.) D - COMPOSTOS DE SUBSTANTIVO E PRONOME
PP S PP S Merecem destaque os seguintes casos, em que uma mudança de
ordem corresponde a uma mudança de sentido:
ORDEM E SIGNIFICADO a) ALGUM. Quando anteposto ao nome, o indefinido “algum” tem
valor positivo (é o oposto de “nenhum”); quando posposto, tem
Em muitos casos, a disposição das palavras tem importância
significação negativa:
fundamental para a estruturação do sentido de um enunciado. Isso
pode ser observado tanto nas orações quanto nos grupos de palavras. As aventuras tinham de render-lhe alguma coisa. (M.L.)
A - ORDEM E SIGNIFICADO NAS ORAÇÕES Ninguém lhe dizia coisa alguma, era só caçoada que sabiam
fazer. (J Ant.)
Em uma oração como:
Paulo matou o leão.
b) CERTO. Anteposto, é pronome indefinido; posposto, é adjetivo de
a ordem é o único fator que nos diz qual o sujeito e qual o objeto
significação vária, geralmente equivalente a “exato”, “preciso”,
do enunciado. Uma alteração de ordem — “O leão matou Paulo” —
“inevitável” etc.:
mudaria todo o sentido da oração.
Deixe esta ruga, que me empresta um certo ar de sabedoria.
Diferenças de ordem podem corresponder, portanto, a diferenças
(C.M.)
de significado.
Dizei-me se é morte certa. (C.M.)
Vejamos este outro exemplo: Tenho um caixeiro que nunca faz as contas certas.
Deixei a porta um pouco aberta. Conheço o homem certo para esse trabalho.
O advérbio “um pouco” está, claramente, modificando o adjetivo
“aberta”. Essa constatação é possível devido à ordem dos termos na c) TODO. Anteposto ao substantivo, sem a presença do artigo,
oração. Confrontemos agora a frase anterior com esta outra, com que significa “qualquer”, “cada”.
as mesmas palavras estão dispostas em outra ordem:
Todo dia o sol levanta
Deixei um pouco a porta aberta.
e a gente canta
Conforme está graficamente indicado, a função do advérbio “um
o sol de todo dia. (C.V.)
pouco” é, nesse caso, modificar o sentido do verbo “deixar”. Em
ambos os casos, foi a distribuição dos termos que permitiu a correta Quando posposto, dá a ideia de totalidade:
análise e interpretação do sentido das frases. O dia todo espiava os movimentos das pessoas. (G.R.)
O mesmo se dá com a posição de palavras do tipo de “assim”,
“até”, “mesmo”, “só”, “também” e outras, em frases como as
seguintes:

PROMILITARES.COM.BR 71
SINTAXE I

AMBIGUIDADES DE SENTIDO Esse tópico, a pontuação, não faz parte da área de interesse
deste módulo — a ordem das palavras na frase. Mas como estamos
estudando a construção de orações, bem como os problemas de
ORDEM E AMBIGUIDADE ambiguidades de sentido, seria útil vermos mais um aspecto que
Quanto ao significado, é necessário ainda que prestemos aproxima a pontuação e o significado das frases.
atenção à ordem das palavras para que a oração não fique dúbia. Por
exemplo, na frase:
Ele me ouviu discursar entusiasmado. MUDANÇA DE PONTUAÇÃO E
MUDANÇA DE SIGNIFICADO
Muitas vezes, um sinal de pontuação trocado muda todo o sentido
A disposição dos termos não permite saber quem estava
de uma oração. Por exemplo: a maioria das religiões cristãs escreve
“entusiasmado”, se a pessoa que discursou (“eu”) ou a pessoa que
da seguinte maneira o versículo 43, capítulo 23, do Evangelho de São
ouviu o discurso (“ele”). Na primeira hipótese, poderíamos assim
Lucas, que reproduz a fala de Cristo, na cruz, ao “bom ladrão”:
reescrever a frase:
“Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no paraíso.”
Ele ouviu quando discursei entusiasmado.
Para outros, no entanto, que creem que apenas no Dia do Juízo
Final se poderá estar no paraíso, o versículo é:
Mas na segunda, um simples rearranjo dos termos resolveria o “Em verdade te digo hoje: estarás comigo no paraíso.”
problema: A mesma coisa acontece nos seguintes períodos:
Entusiasmado, ele me ouviu discursar. Os clientes, que atendo com simpatia, sempre voltam ao meu
estabelecimento.
Outro exemplo: antes da oitava etapa do Campeonato Mundial Os clientes que atendo com simpatia sempre voltam ao meu
de Fórmula 1, um repórter de televisão dizia: “O campeonato chega estabelecimento.
na metade com oito corridas disputadas aqui na Inglaterra. Algum No primeiro caso, a pessoa diz que os seus clientes sempre
desavisado poderia muito bem imaginar que os ingleses já haviam voltam, porque são todos tratados com simpatia. Mas no segundo
sediado sete corridas. Outra ordem seria, portanto, mais aconselhável. período está subentendida a ideia de que há clientes que não são
Por exemplo: “Aqui na Inglaterra, o campeonato chega na metade, tratados com simpatia, e só aqueles que são tratados desse modo
com oito corridas disputadas”; ou: “Com oito corridas disputadas, o voltam ao estabelecimento.
campeonato chega na metade aqui na Inglaterra”.
Noutras vezes, a ambiguidade advém do duplo sentido que
se pode atribuir a um termo. Vejamos esta frase, de um teste de ORDEM E CLAREZA
vestibular:
O menino viu o incêndio do prédio. DISTÂNCIA
Outro ponto da relação entre ordem e sentido é a clareza do
Nesse caso, a preposição “de” pode tanto estar indicando o local enunciado. A excessiva distância entre um termo e seu complemento
de origem da ação de “ver” — “o menino viu do prédio” como estar pode tornar difícil a compreensão de uma frase, como esta:
introduzindo um complemento nominal — “incêndio do prédio”. Temos pago um duro, difícil, às vezes constrangedor, e quase
Podemos resolver a ambiguidade reescrevendo a frase. Na sempre perigoso preço pelo nosso sucesso.
primeira hipótese, diríamos:
Há tantos termos intercalados entre a locução verbal — “temos
O menino viu o incêndio a partir do prédio. pago” — e seu objeto — “preço” — que quase se perde a ideia geral
ou da oração.
O menino, do prédio, viu o incêndio.
INVERSÕES DE ORDEM
O emprego de complexas inversões também dificulta a leitura
Na segunda hipótese:
de uma frase. Um exemplo disso é o trecho inicial de nosso Hino
O menino viu o prédio incendiar-se. Nacional, com letra de Osório Duque Estrada:
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
AMBIGUIDADE E AUSÊNCIA DE PONTUAÇÃO De um povo heroico o brado retumbante.
Em certas orações, a ambiguidade pode estar sendo causada pela
ausência de pontuação adequada. Nesta frase de Mário Palmério:
Você saberia dizer qual é o sujeito dessa frase, ou colocá-la na
Difícil uma mulher assim socada por aqueles fundos. ordem direta? Em ordem direta, a frase ficaria da seguinte maneira:
Não podemos ter certeza se a palavra “assim” é um adjetivo, As margens plácidas do Ipiranga ouviram
relacionado ao substantivo “mulher”, ou um advérbio modificador
do particípio “socada”. Vejamos graficamente: O brado retumbante de um povo heroico.
Difícil uma mulher assim socada por aqueles fundos. O sujeito da frase, então, é as margens plácidas, portanto, não
caracterizam um discurso elegante, mas, simplesmente, um discurso
Difícil uma mulher assim socada por aqueles fundos. confuso.

Na fala esse problema não existe, pois uma pausa no lugar


apropriado tira qualquer dúvida. Na escrita, podemos resolver a
ORDEM E EXPRESSIVIDADE
ambiguidade com o uso da vírgula. No primeiro caso, escreveríamos:
ÊNFASE E EXPRESSIVIDADE
Difícil uma mulher assim, socada por aqueles fundos.
Analisemos o seguinte período, de Jorge Amado:
“No Corredor da Vitória, coração do mais chique bairro da
E no segundo: cidade, se eleva a vivenda do Comendador José Ferreira.”
Difícil uma mulher, assim socada por aqueles fundos. No grupo de palavras destacado, notamos que a informação
nova é fornecida pelo adjetivo. Não importa tanto que o Comendador

72 PROMILITARES.COM.BR
SINTAXE I

more em um “bairro”, mas que este seja “o mais chique” da cidade. EXERCÍCIOS DE
Daí que o adjetivo apareça anteposto, isto é, antes do substantivo.
Sempre que se deseja destacar um elemento da oração ou de
um grupo de palavras, ele é deslocado de sua posição mais comum.
FIXAÇÃO
Chamamos de expressividade de um enunciado a parte do sentido
transmitida não pelo significado das palavras, mas pela ênfase que
01. Em todas as alternativas, o termo em negrito exerce a função de
se põe sobre este ou aquele termo da oração. A ordem das palavras,
sujeito, exceto em:
pois, pode obedecer à expressividade que se quer dar ao enunciado.
a) Quem sabe de que será capaz a mulher de seu sobrinho?
b) Raramente se entrevê o céu nesse aglomerado de edifícios.
ÊNFASE DOS ELEMENTOS DE UM
GRUPO DE PALAVRAS c) Amanheceu um dia lindo, e por isso todos correram às piscinas.
Para enfatizar os elementos de um grupo de palavras, usam-se, d) Era somente uma velha, jogada num catre preto de solteiros.
normalmente, os seguintes expedientes: e) É preciso que haja muita compreensão para com os amigos.
a) O destaque do adjetivo e das locuções adjetivas, como vimos,
ocorre com sua anteposição ao substantivo: 02. Em “Eu era enfim, senhores, uma graça de alienado.”, os
termos da oração grifados são respectivamente, do ponto de vista
Paulo arriou-se no duro banco de jacarandá. (M.P)
sintático:
Adj.+ subst
a) adjunto adnominal, vocativo, predicativo do sujeito.
Locuções adjetivas dificilmente aparecem deslocadas de sua b) adjunto adverbial, aposto, predicativo do objeto.
posição original, ou seja, posposta ao nome que modifica. Casos c) adjunto adverbial, vocativo, predicativo do sujeito.
assim são mais comuns na poesia de autores clássicos, como vemos
d) adjunto adverbial, vocativo, objeto direto.
neste verso de Gonçalves Dias:
e) adjunto adnominal, aposto, predicativo do sujeito.
O incenso aspiraram dos seus maracás. (ordem direta = Aspiraram
o incenso dos seus maracás).
03. Das expressões sublinhadas abaixo, com as ideias de tempo ou
lugar, a única que tem a função sintática do adjunto adverbial é:
b) O destaque dos pronomes ocorre com sua posposição, isto é, seu a) “Já ouvi os poetas de Aracaju”.
posicionamento após o substantivo:
b) “atravessar os subúrbios escuros e sujos”.
Filho meu não faz essa espécie de coisa.
c) “passar a noite de inverno debaixo da ponte”.
Dinheiro nenhum me compra.
d) “Queria agora caminhar com os ladrões pela noite”.
e) “sentindo no coração as pancadas dos pés das mulheres da
ÊNFASE DOS TERMOS DA ORAÇÃO noite”.
Quanto aos termos da oração, podem aparecer enfáticos nos
seguintes casos:
04. A classificação dos verbos sublinhados, quanto à predicação, foi
a) O destaque do sujeito se dá com sua posposição ao verbo: feita corretamente em:
Chegava para a festa o pai e o filho. a) “Não nos olhou o rosto. A vergonha foi enorme.” - transitivo
Tinha ela no pescoço um lenço amarrado. direto e indireto
b) “Procura insistentemente perturbar-me a memória.” - transitivo
Por vezes, o sujeito é mesmo o último termo do enunciado. direto

Parecia trem de carga, o trem de Maguari. (A.A.M.) c) “Fiquei, durante as férias, no sítio de meus avós.” - de ligação

Entrou mais cedo na sala o aluno aplicado. d) “Para conseguir o prêmio, Mário reconheceu-nos
imediatamente.” - transitivo indireto
e) “Ela nos encontrará, portanto é só fazer o pedido.” - transitivo
Os demais termos da oração são normalmente enfatizados pela indireto
sua colocação no início do período:
• Objeto direto: 05. Observe os termos sublinhados na passagem: “O rio vai às
Enxoval a criança já tem. margens. Vem com força de açude arrombado.” Os termos
sublinhados são, respectivamente:
• Objeto indireto:
a) predicativo do sujeito e adjunto adnominal de modo.
Ao mestre dedicamos todo nosso afeto.
b) adjunto adverbial de modo e adjunto adnominal.
• Predicativo do sujeito: c) adjunto adverbial de lugar e adjunto adverbial de modo.
Palhaço não sou. d) adjunto adverbial de modo e objeto indireto.
• Predicativo do objeto: e) adjunto adverbial de lugar e complemento nominal.
Bonita eu a considerarei sempre.
06. “O corpo, a alma do carpinteiro não podem ser mais brutos do
• Agente da passiva: que a madeira.” A função sintática dos termos sublinhados é, pela
Por ninguém eu fui enganado. ordem:
• Adjuntos adverbiais: a) objeto direto e predicativo do sujeito.
Ao cabo de sete dias expiraram as festas públicas. (M.A.) b) sujeito e sujeito.
Nas casas pobres as mulheres choravam. (J.Am.) c) predicativo do sujeito e sujeito.
Pela liberdade o pai de Pedro Bala morrera. ( J.Am.) d) objeto direto e predicativo do sujeito.
e) predicativo do sujeito e predicativo do sujeito.

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SINTAXE I

07. Em “E quando o brotinho lhe telefonou, dias depois, comunicando EXERCÍCIOS DE


que estudava o modernismo, e dentro do modernismo sua obra,
para que o professor lhe sugerira contato pessoal com o autor, ficou
assanhadíssimo e paternal a um tempo”, os verbos assinalados são,
TREINAMENTO
respectivamente:
a) transitivo direto, transitivo indireto, de ligação, transitivo direto 01. Assinale a opção em que se constata a presença de um período
e indireto. composto.
b) transitivo direto e indireto, transitivo direto, transitivo indireto, de a) Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a grande transformação
ligação. acontece: pum!
c) transitivo indireto, transitivo direto e indireto, transitivo direto, de b) Cheguei mesmo a dedicar metade de um livro poético-filosófico a
ligação. uma meditação sobre o filme A festa de Babette (...)
d) transitivo indireto, transitivo direto, transitivo direto e indireto, de c) Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada.
ligação.
d) O estouro das pipocas se transformou, então, de uma simples
e) transitivo indireto, transitivo direto e indireto, de ligação, transitivo operação culinária, em uma festa, brincadeira, molecagem, para
direto. os risos de todos, especialmente as crianças.
e) Na simbologia cristã o milagre do milho de pipoca está
08. Observe as estruturas sintáticas abaixo. representado pela morte e ressurreição de Cristo (...)
I. “Coube-me fazer uma pesquisa com dez adolescentes...”
II. “Acontece que nossa sociedade seleciona um determinado 02. Assinale a opção em que a expressão sublinhada NÃO é o sujeito
corpo como modelo...” da oração.
III. “Existe a visão de que a diferença se identifica com a a) Como contar o que se seguiu?
desigualdade.” b) Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre
IV. “Há pessoas que dizem que só a educação é capaz de salvar e mim uma tortura chinesa.
desenvolver um país.” c) Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro (...)
V. “Há um padrão de ser humano estandardizado...” d) No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso
Assinale a alternativa em que o comentário apresentado está de e o coração (...)
acordo com as regras gramaticais para uma norma padrão da língua. e) Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras (...)
a) Os termos sublinhados em I, II, III, IV e V representam o sujeito dos
verbos que os antecedem. 03. Assinale a opção em que aparece mais de uma oração no período.
b) Em IV encontram-se cinco orações que estão coordenadas entre a) Como essa menina devia nos odiar (...)
si. b) (...) continuava a implorar-lhe emprestados os livros (...)
c) O pronome me em I é um pronome oblíquo e desempenha a c) Não me mandou entrar.
função de Objeto Indireto do verbo caber. d) Eu já começara a adivinhar que ela (...)
d) Os verbos ‘acontecer’, ‘existir’ e ‘haver’ em II, III, IV e V são e) Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela
intransitivos nas orações em que aparecem. menina (...)

09. Mas o coração humano, lugar dos sonhos, ao contrário da ciência, 04. Quando se quer chamar atenção para o Objeto Direto que
é coisa imprecisa. precede o verbo, costuma-se repeti-lo. É o que se chama Objeto Direto
Na passagem acima, a expressão sublinhada cumpre determinada Pleonástico, em cuja constituição entra sempre um pronome pessoal
função sintática que aparece nas opções abaixo, EXCETO em átono.
a) Não só os poetas: C. Wright Mills, um sociólogo sábio, comparou (Celso Cunha e Lindley Cintra. Nova gramática do português contemporâneo, 2000.)
a uma galera que navega pelos mares.
Verifica-se a ocorrência de objeto direto pleonástico em:
b) Infelizmente a ciência, utilíssima, especialista em saber como as
coisas funcionam, tudo ignora sobre o coração humano. a) “As que o viveram ou são, como eu, os mortos-vivos, ou – apenas
– os desencantados”
c) Mas há um pesadelo que me atormenta: o deserto.
b) “Esses dez anos esvoaram-se-me como dez meses.”
d) O paraíso é jardim, lugar de felicidade, prazeres e alegrias
para os homens e mulheres. c) “Por tudo isso, independentemente do belo discurso de defesa, o
júri concedeu-me circunstâncias atenuantes.”
e) Sugiro aos educadores que pensem menos nas tecnologias do
ensino – psicologias e quinquilharias – e tratem de sonhar, com d) “Simplesmente, este momento culminante raras são as criaturas
os seus alunos, sonhos de um Paraíso. que o vivem.”
e) “Atingido o sofrimento máximo, nada já nos faz sofrer.”
10. Em “Tales também previu um eclipse solar que ocorreu no dia 28
de maio de 585 a.C.”, o termo destacado exerce função de 05. Nós criamos produtos; fixamos preços; definimos os locais onde
a) adjunto adnominal. vendê-los; e fazemos anúncios. Nós controlamos a mensagem.
b) adjunto adverbial. Nas orações que compõem os dois períodos transcritos, os termos
destacados exercem a função de
c) sujeito.
a) sujeito.
d) objeto indireto.
b) objeto direto.
e) objeto direto.
c) objeto indireto.
d) predicativo do sujeito.
e) predicativo do objeto.

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SINTAXE I

06. Observe a frase que segue: EXERCÍCIOS DE


“Não posso lhe garantir QUE TODOS ESTARÃO PRESENTES À SUA
FESTA DE FORMATURA”. COMBATE
Do enunciado acima, pode-se afirmar que a parte destacada
desempenha a função de:
a) sujeito de POSSO. 01. (AFA-2010) Os termos abaixo destacados representam lugar.
Porém, apenas um deles NÃO pode ser classificado como circunstância
b) objeto direto de POSSO. adverbial. Assinale-o.
c) objeto indireto de POSSO. a) “... para uma viagem de quatro anos e nove meses ao redor do
d) objeto direto de GARANTIR. mundo.”
e) objeto indireto de GARANTIR. b) “... à exceção de uma mulher, já velha, que se atira contra as
rochas.”
07. “Era inútil abrigar-SE na dor de cada caso,” c) “Em Viagens de um naturalista ao redor do mundo, (...) em que
“... que a deslocava para fora de seu centro, fazia-A vacilar...” faz um detalhado registro de sua longa exploração...”
“... para agora sentir-LHE o perfume?” d) “Com a lua cheia, que nasce cedo no céu, o grupo decide
prosseguir viagem para dormir na Lagoa de Maricá...”
Assinale a opção que determina correta e respectivamente a função
sintática dos pronomes destacados no trechos indicados anteriormente.
02. (EFOMM 2014) Considerando a predicação das formas verbais
a) objeto direto - sujeito - adjunto adnominal
sublinhadas que se seguem, aquela que se DISTINGUE das demais
b) objeto direto - sujeito - objeto indireto está na opção
c) objeto indireto - objeto indireto - objeto indireto a) (...) da Inglaterra até aqui, para que nos aqueça nas noites de
d) objeto indireto - objeto direto - adjunto adnominal inverno, não devia ser largada no chão (...)
e) objeto indireto - adjunto adnominal - adjunto adnominal b) Guardo os chinelos, que ficam sempre emborcados.
c) Abro as venezianas na alegria do sol desta manhã (...)
08. Na frase de Otto Lara Resende, “Mineiro só é SOLIDÁRIO NO d) (...) tenho trocado confidências com amigas e há várias opiniões
CÂNCER”, a expressão em destaque é: a respeito.
a) predicativo do sujeito. e) Vejo eu, olho em roda para saber por onde começar.
b) aposto.
c) objeto direto. 03. (EFOMM 2012) Em uma das opções a palavra “que” NÃO cumpre
função sintática. Assinale-a.
d) adjunto adverbial de modo.
a) (...) e depois a injeção que a enfermeira lhe passa.
e) adjunto adnominal de MINEIRO.
b) (...) a criancinha é uma boneca de olhos cerúleos, mas já
09. O esporte é bom pra gente, fortalece o corpo e emburrece A meio careca, que atende pelo nome de Rosinha (...).
MENTE. – Antes que o primeiro corredor indignado atire UM TÊNIS c) O médico apanha o pincernê, que escorreu de seu nariz (...).
em minha direção (...) – Quando estamos correndo, não há PREVISÃO d) ‘- O senhor pode dar injeção que eu faço ela tomar de
DE PAGAMENTO. qualquer jeito (...)’.
Os termos grafados com letras maiúsculas nas passagens acima e) (...) é um cometa indo tinir no ouvido da cozinheira, um
identificam-se pelo fato de exercerem a mesma função sintática nas vaso quebrado, uma cortina que se despenca (...).
orações de que fazem parte. Indique essa função:
a) sujeito 04. (EFOMM 2012) Assinale a opção em que se encontra sublinhado
b) predicativo do sujeito um aposto.
c) predicativo do objeto a) (...) os bigodes foram pintados por sua irmã, a enfermeira (...).
d) objeto direto b) (...) a criancinha é uma boneca de olhos cerúleos, mas já
meio careca, que atente pelo nome de Rosinha (...).
e) complemento nominal
c) (...) eu já disse tanto, meu Deus, para essa garota (...).
10. Ao se analisar sintaticamente a oração sublinhada, cometeu-se d) - Tem de tomar, senão quem acaba no médico é você
um erro, que aparece em qual alternativa? mesmo, doutor.
a) É necessário ensinar os precisos saberes da navegação enquanto e) Ainda sob o efeito das vitaminas, preso na solidão escura do
ciência. (predicativo) mal, desatento a qualquer autoridade materna ou paterna, com
b) Chegou então o momento da grande decisão – para onde o diabo no corpo (...).
navegar. (aposto)
05. (EN 2012) Que afirmativa está correta em relação aos aspectos
c) “Navegar é preciso. Viver não é preciso”. (sujeito)
morfossintáticos do texto?
d) É inútil ensinar a ciência da navegação a quem mora nas
a) Em “Silverstein teve uma filha, Shoshanna.” (3°§) e “No meio
montanhas... (objeto indireto)
da transformação, há desafios.” (11°§), os termos sublinhados
e) (...) compraram um barco capaz de atravessar mares e sobreviver exercem a mesma função sintática.
tempestades. (complemento nominal)
b) Em “Depois, livros começaram a ser publicados na língua que as
pessoas falavam na rua: italiano, francês, alemão, [...].” (7°§) e
“A primeira vítima da imprensa foi a Igreja, que na Idade Média
tinha o monopólio da informação.” (8°§), os termos sublinhados
exercem a mesma função sintática.

PROMILITARES.COM.BR 75
SINTAXE I

c) Em “As regras se perdem.” (5°§) e “E ela se foi com 11 [...].”


(3°§), os termos sublinhados tem a mesma classe gramatical. GABARITO
d) Em “Era a burguesia.” (7°§) e “Se acesso a cinema era difícil nas EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
cidadezinhas [...].” (9°§), os termos sublinhados tem a mesma
01. D 04. B 07. D 10. C
classe gramatical.
02. C 05. E 08. C
e) Em “Tesarac, o neologismo foi criado pelo poeta americano [...].”
(2°§) e “Silverstein teve uma filha, Shoshanna.” (3°§), os termos 03. D 06. C 09. B
sublinhados exercem funções sintáticas distintas. EXERCÍCIOS DE TREINAMENTO
01. C 04. B 07. A 10. A
06. (EFOMM 2014) Assinale a opção em que o adjetivo sublinhado
02. E 05. B 08. A
cumpre função sintática diferente dos demais.
03. C 06. D 09. D
a) Irritada, ferira-me à toa, sem querer.
EXERCÍCIOS DE COMBATE
b) Tentei ansiosamente fixar-me nessa esperança frágil.
01. A 04. A 07. A 10. A
c) Devo ter pensado nisso, imóvel, atrás dos caixões.
02. B 05. A 08. C
d) Ninguém veio, meu pai me descobriu acocorado e sem fôlego,
colado ao muro (...). 03. D 06. B 09. C
e) Solto, fui enroscar-me perto dos caixões, coçar as pisaduras (...).
ANOTAÇÕES

07. Assinale a opção em que a inversão da ordem dos termos altera o


sentido fundamental do enunciado:
a) era uma poesia simples / era uma simples poesia.
b) possuía um sentimento vago / possuía um vago sentimento.
c) olhava uma parasita mimosa / olhava uma mimosa parasita.
d) havia um contraste incrível / havia um incrível contraste.
e) comprei um belo vestido / comprei um vestido belo.

08. Assinale a opção em que o pronome oblíquo NÃO exerce a função


de objeto direto.
a) Agora sei por que não vieste, depois de tanto e tanto te esperar.
b) Todas as manhãs te aguardava. Ao meio-dia já (...)
c) Via-te aparecer em sonho e fechava os olhos como quem (...).
d) Cismava que te recebera havia longos anos, mas era menino (...).
e) Todas as manhãs te aguardava.

09. Assinale a opção em que o termo sublinhado NÃO exerce a


função de sujeito.
a) Era o equívoco mais consolador, afinal não se perderia a
mensagem.
b) (...) pessoas se afastavam ou escondiam tão finamente tua posse,
que a dúvida ficava enrodilhada à minha esquerda.
c) O desengano, à direita. E não havia combate entre eles.
d) Restam – se restarem – fragmentos que nada contam ou explicam,
senão (...).
e) Eu indagava os rostos, pesquisava neles a furtiva luminação, o
traço de beatitude, que indicasse conhecimento de teu Segredo.

10. (EFOMM 2017) Ao longo do texto o autor se vale de diferentes


tipos de aposto. Assinale a única opção em que NÃO se encontra essa
construção sintática:
a) Sabedor das minhas limitações e competências, nunca escrevi
como chef.
b) A pipoca, milho mirrado, grãos redondos e duros, me pareceu
uma simples molecagem, brincadeira deliciosa (...)
c) Lembrei-me, então, de lição que aprendi com a Mãe Stella, sábia
poderosa do candomblé (...)
d) Já escrevi sobre as mais variadas entidades do mundo da cozinha:
cebolas, ora-pro-nóbis, picadinho de carne com tomate feijão e
arroz, bacalhoada, suflês, sopas, churrascos.
e) Meu amigo William, extraordinário professor-pesquisador da
Unicamp, especializou-se (...)

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SINTAXE II

PERÍODO COMPOSTO POR CLASSIFICAÇÃO DAS


COORDENAÇÃO ORAÇÕES COORDENADAS
Você já sabe que chamamos de período composto aquele que é
formado de mais de uma oração, e que as orações que o compõem ORAÇÃO COORDENADA ADITIVA
podem ser de três tipos: independentes, principais e subordinadas. Quando as orações coordenadas estão apenas em sequência,
Se todas as orações do período são independentes, isto é, se têm sem o acréscimo de uma ideia. Nas sindéticas, utilizam-se conjunções
sentido por si mesmas e podem constituir cada uma um período, diz- coordenativas aditivas e, nem ou com correlação usando as locuções
se que são coordenadas. não só...mas também, não só...como também, tanto…como, não
Ex.: O sábado está ensolarado, por isso as crianças saíram para só…mas ainda, não só...bem como, assim...como, e outras análogas.
o parque. Exemplos:
Observe que as duas orações apresentam suas estruturas sintáticas Eu e Joaquim jantamos num bom restaurante e fomos ao teatro.
independentes uma da outra: Não só foi mal educado, como também agiu de má fé.
• O sábado está ensolarado. Não queria jogar bola nem andar de bicicleta.
• As crianças saíram para o parque.
Então, as duas orações se coordenam pelo sentido, mas não ORAÇÃO COORDENADA ADVERSATIVA
dependem uma da outra, porque têm independência sintática, ou Exprime uma ideia de contraste, compensação à oração anterior.
seja, são completas do ponto de vista sintático. Neste caso, elas É obrigatório o uso de vírgulas antes das orações coordenadas sindéticas
apenas são interdependentes do ponto de vista semântico, já que o adversativas. Nas sindéticas, utilizam-se conjunções ou locuções
motivo pelo qual as crianças foram para o parque é o sábado estar conjuntivas coordenativas adversativas: mas, porém, contudo,
ensolarado. todavia, entretanto, no entanto, não obstante, antes, ainda
assim etc.
Oração coordenada é uma oração sintaticamente Exemplos:
independente, mas que se liga à outra pelo sentido.
Eu queria ir à festa, mas minha mãe não deixou.
Entrei naquela festa sem convite, no entanto ninguém reparou
Quando um período é composto por coordenação, as orações em mim.
independentes que o formam são chamadas de coordenadas uma à
outra. Essa coordenação se organiza:
ORAÇÃO COORDENADA ALTERNATIVA
POR JUSTAPOSIÇÃO Estabelece uma opção entre dois fatos, pensamentos que
se alternam ou que se excluem. Caso haja apenas uma oração
Colocadas lado a lado, sem qualquer conectivo (conjunção),
coordenada sindética alternativa o uso da vírgula é opcional. A única
separadas apenas por pausa, que se indica na escrita por vírgula,
conjunção coordenativa típica que pode aparecer apenas na última
ponto e vírgula ou dois-pontos. Neste caso, as orações do período se
oração é ou. As outras conjunções alternativas ou palavras de outras
dizem assindéticas (sem a presença de um síndeto, uma conjunção).
classes que são usadas com esse valor, sempre ocorrem repetidas:
Exemplo: ora...ora, já...já, quer...quer, seja...seja etc.
“Nosso céu tem mais estrelas, Exemplos:
Nossas várzeas têm mais flores, Faça o que o juiz determinou ou será indiciado.
Nossos bosques têm mais vida, Ora você come muito, ora não come nada.
Nossa vida mais amores.” Quer festeje hoje, quer festeje amanhã, conte comigo em seu
(Gonçalves Dias, Canção do exílio) aniversário.

COM O AUXÍLIO DE UMA ORAÇÃO COORDENADA CONCLUSIVA


CONJUNÇÃO COORDENATIVA Exprime uma ideia de conclusão ou de consequência lógica
expressa na oração anterior. É obrigatório o uso de vírgulas antes das
A oração que possui a conjunção, o síndeto, se diz coordenada
orações coordenadas sindéticas conclusivas. São utilizadas conjunções
sindética.
ou locuções coordenativas conclusivas: logo, pois, portanto, assim,
Exemplo:
por isso, por conseguinte, de modo que, desse modo, então etc.
A noite estava muito fria, mas as crianças brincavam na rua. Exemplos:


 


Reprovei na quinta série, portanto não seremos mais da mesma
oração coordenada oração coordenada turma.
assindética sindética Ela fez um belíssimo trabalho, por isso será contratada novamente.
Nós presenciamos o acidente; seremos, pois, chamados para depor.

PROMILITARES.COM.BR 77
SINTAXE II

Observação ORAÇÕES INTERCALADAS


1 - O par seja...seja não está de todo gramaticalizado, motivo pelo Essas orações não se enquadram na classificação de coordenadas
qual aparece ainda flexionado em pessoa, por manter seu valor nem subordinadas. Elas são chamadas de intercaladas, interferentes
verbal: ou justapostas, visto que não exercem nenhuma função sintática na
frase a que se justapõem. Representam um comentário subjetivo, uma
Exemplo:
ressalva, um desabafo do autor, de valor antes expressivo, estilístico,
Sejam as paredes brancas, sejam coloridas, sempre devemos do que coordenado ou sintático, gramatical.
limpá-las.
Exemplos:
2 - É interessante observar que, embora também de valor
• DE CITAÇÃO = indica a pessoa que proferiu a oração anterior.
verbal, o par quer...quer já está inteiramente gramaticalizado,
permanecendo sempre invariável. Exemplo:
Exemplo: A ciência é o único campo do conhecimento humano com
características progressistas – disse Michael Sermer, Diretor da
Quer as paredes estejam pintadas de branco, quer pintadas
ONG contra superstições.
coloridas, sempre devemos limpá-las.
3 - Não é boa sintaxe combinar ora, já, quer e seja com ou.
• DE ADVERTÊNCIA = esclarece algo que o enunciador julga
Exemplo: necessário.
Seja uma panela de alumínio, ou de ferro, devemos sempre Exemplo:
mantê-las limpas.
“Um menino sem pai nem mãe, sem o que comer nem onde
dormir – isto é um menor abandonado.” (Fernando Sabino)
ORAÇÃO COORDENADA SINDÉTICA EXPLICATIVA
A segunda oração coordenada exprime o motivo, a justificativa de • DE OPINIÃO = enuncia a opinião do autor.
se ter feito a declaração anterior. É obrigatório o uso de vírgulas antes Exemplo:
das orações coordenadas sindéticas explicativas. Quando sindéticas, “(...)se você advogar a tese de que a água deveria ser
são introduzidas pelas conjunções porque, porquanto, que, pois explorada por particulares, todos se voltarão contra você,
(sempre antes do verbo). pois − com toda razão − jamais poderiam admitir essa
Exemplos: hipótese(...)” (Millôr Fernandes)
Não consegui sair hoje de casa, pois chovia demais.
Saiu cedo do trabalho, porque precisava ir ao médico. • DE DESEJO OU EXCLAMAÇÃO = o autor exprime um
desejo.

VALORES NÃO ADITIVOS Exemplo:


O espantoso é que Mariana – feliz seja para sempre! – casou-
ASSUMIDOS PELA CONJUNÇÃO “E” se com o homem mais rico da cidade.
A conjunção e, tipicamente aditiva, pode assumir valores
semânticos diversos, inclusive subordinativos, pois é uma conjunção
primitiva, ou seja, desprovida de qualquer significado. A seguir, • DE ESCUSA = pedido de desculpas do autor.
apontamos alguns desses valores mais comuns: Exemplo:
Nossa preocupação – perdoem-me os ambientalistas de
VALOR ADVERSATIVO plantão – não era só controlar a exploração das florestas e
Exemplo: evitar a morte de muitos animais silvestres. Era também a de
tirar as mais belas fotografias da paisagem.
João puxou a carteira para pagar a conta, e logo se arrependeu.
(=mas)

O mais simples será considerar essas orações intercaladas


VALOR CONCLUSIVO
como períodos à parte, justapostos, que podem ser
Exemplo: analisados lado a lado com aquele em que se inserem.
Paulo estudou muito para a prova e tirou nota alta. (=logo, por isso)

VALOR CONSECUTIVO EXERCÍCIOS DE


Exemplo:
Segue o meu conselho e não te arrependerás. (=que) FIXAÇÃO
Observação
01. Assinale a alternativa que pode substituir corretamente o trecho
Das conjunções conclusivas, umas só se usam antes do verbo
sublinhado sem alterar-lhe o sentido:
(logo, de modo que); a conjunção pois é usada exclusivamente
após o verbo, separada por vírgulas, e a oração sindética separada “... O que esperar de um sistema que propõe reabilitar e reinserir
por ponto e vírgula da assindética; as demais, podem ser usadas aqueles que cometerem algum tipo de crime, mas nada oferece,
antes ou depois, indiferentemente. para que essa situação realmente aconteça.”
Exemplos: a) “..., onde nada oferece...”
Teu amigo está sem recursos financeiros, logo deves ajudá-lo. b) “..., conforme o que oferece...”
Teu amigo está sem recursos financeiros; deves, pois, ajudá-lo. c) “..., porque nada oferece...”
Teu amigo está sem recursos financeiros; deves, portanto, ajudá-lo. d) “..., a fim de oferecer algo...”
Teu amigo está sem recursos financeiros, portanto deves ajudá-lo.
e) “..., embora nada ofereça...”

78 PROMILITARES.COM.BR
SINTAXE II

02. “Pela primeira vez na história, pesquisadores conseguiram projetar 06. Analise o trecho a seguir.
do zero o genoma de um ser vivo (uma bactéria, para ser mais exato) e “[...] – comprei, é meu.”
instalá-lo’ com sucesso numa célula, como quem instala um aplicativo
no celular. Que relação semântica a segunda oração estabelece com a primeira?

É um feito e tanto, sem dúvida. Paradoxalmente, porém, o próprio a) adição c) conclusão e) conformidade
sucesso do americano Craig Venter e de seus colegas deixa claro o b) explicação d) causa
quanto ainda falta para que a humanidade domine os segredos da
vida. Cerca de um terço do DNA da nova bactéria (apelidada de 07. Leia o trecho a seguir:
syn3.0) foi colocado lá por puro processo de tentativa e erro – os “[...] como fez o comandante naval Temístocles, em 480 a.C. ao
cientistas não fazem a menor ideia do porquê ele é essencial.” atrair as forças persas para a baía de Salamina [...]”
(Folha de S. Paulo, 26/03/2016.)
De acordo com a orientação argumentativa do texto, assinale a opção
O texto informativo acima, que apresenta ao público a criação de uma em que o significado discursivo da palavra destacada acima está
bactéria apenas com genes essenciais à vida, contém vários conectivos, correto.
propositadamente destacados. Pode-se afirmar que a) comparação d) exemplificação
a) para inicia uma oração adverbial condicional, pois restringe o b) generalização e) confirmação
genoma à condição de bactéria.
c) explicação
b) e introduz uma oração coordenada sindética aditiva, pois adiciona
o projeto à instalação do genoma.
08. “Não há como negar, contudo, que esta utilização constante do
c) como introduz uma oração adverbial conformativa, pois exprime aparelhinho tem causado desconforto sociais.” Em que opção há um
acordo ou conformidade de um fato com outro. substituto adequado para o termo sublinhado, a fim de que o sentido
d) porém indica concessão, pois expressa um fato que se admite em do texto seja mantido?
oposição ao da oração principal. a) ademais c) consoante e) todavia
e) para que exprime uma explicação: falta muito para a humanidade b) portanto d) porquanto
dominar os segredos da vida.
09. “Sou marinheiro e, portanto, sou corporativista.” Em que opção o
03. Assinale a alternativa que contém uma coordenativa conclusiva: termo sublinhado pode ser substituído pelo elemento coesivo abaixo
a) Sérgio foi bom filho; logo será um bom pai. sem prejuízo do sentido?
b) Os meninos ora brigavam, ora brincavam. a) malgrado d) posto
c) Jaime trabalha depressa, contudo produz pouco. b) por conseguinte e) consoante
d) Os cães mordem, não por maldade, mas por precisarem viver. c) não obstante
e) Adão comeu a maçã, e nossos dentes até hoje doem.
10. Leia:
04. Leia os versos abaixo e assinale a alternativa que apresenta o “Pastora de nuvens, fui posta a serviço por uma campina tão
mesmo emprego das vírgulas no primeiro verso. desamparada que não principia nem também termina, e onde nunca
é noite e nunca madrugada.
“Torce, aprimora, alteia, lima
Pastores da terra, vós tendes sossego, que olhais para o sol e
A frase; e, enfim,”
encontrais direção. Sabeis quando é tarde, sabeis quando é cedo. Eu,
(Olavo Bilac)
não.
a) “E, ao vir do sol, saudoso e em pranto” (Cecília Meireles, intitulado Destino, uma espécie de profissão de fé da autora.)

b) “O alvo cristal, a pedra rara,/ O ônix prefiro.” O conjunto das duas orações coordenadas que compõem o segundo
c) “Acendeu um cigarro, cruzou as pernas, estalou as unhas,...” verso da segunda estrofe - “que olhais para o sol e encontrais direção”
d) “Uns diziam que se matou, outros, que fora para o Acre.” - tem sentido
e) “Mocidade ociosa, velhice vergonhosa.” a) explicativo. c) condicional. e) temporal.
b) comparativo. d) concessivo.
05. Observe o emprego da conjunção “e” nos enunciados abaixo,
considerando o contexto de onde foram recortados, e as respectivas
análises. EXERCÍCIOS DE

I. “Ele sequer imaginaria que não seria a televisão a grande


responsável pela interligação mundial absoluta, e sim a internet...” TREINAMENTO
– A conjunção é aditiva.
II. “O tempo passou, e essa revolução não se instaurou.” – A relação
estabelecida é de adversidade. 01. O trabalho é bom para o homem _______ distrai-o da própria vida
_______ desvia-o da visão assustadora de si mesmo; _______, impede-o
III. “A internet mudou definitivamente a maneira como nos
de olhar esse outro que é ele e que lhe torna a solidão horrível.
comunicamos e percebemos o mundo.” – A conjunção estabelece
uma relação de finalidade. Assinale a alternativa em que o emprego de elementos de ligação
sintática e de sentido nas lacunas mostra-se, pela ordem, adequado
IV. “...copiar e colar, e depois partilhar.” – A repetição da conjunção
ao contexto.
visa enfatizar o automatismo das ações.
a) porque - portanto - no entanto
Estão corretas as análises apresentadas apenas nos itens
b) pois - e - assim
a) I e III. c) I e II.
c) portanto - desde que - todavia
b) III e IV. d) II e IV.
d) por que - também - por isso
e) visto que - entretanto - logo

PROMILITARES.COM.BR 79
SINTAXE II

02. Observe os períodos adiante, diferentes quanto à pontuação. 06. A fim de alcançar seus propósitos comunicativos, o autor utiliza
- Adoeci logo; não me tratei. algumas relações sintático-semânticas. Acerca dessas relações,
assinale a alternativa CORRETA.
- Adoeci; logo não me tratei.
a) No trecho: “constatando nossos ‘bens’, eles reconheceriam
A observação atenta desses períodos permite dizer que: nosso valor social.”, podemos reconhecer uma relação de
a) no primeiro, LOGO é um advérbio de tempo; no segundo, uma proporcionalidade.
conjunção causal. b) No trecho: “À primeira vista, faz sentido. Mas, antes de
b) no primeiro, LOGO é uma palavra invariável; no segundo, uma desenvolver o raciocínio, uma palavra em defesa da
palavra variável. modernidade.”, o termo destacado sinaliza mudança na
c) no primeiro, as orações estão coordenadas sem a presença de orientação argumentativa do texto.
conjunção; na segunda, com a presença de uma conjunção c) No trecho: “as sociedades nas quais o que importa é o
conclusiva. ‘ter’ são sociedades nas quais a mudança é possível, se
d) no primeiro, as orações estão coordenadas com a presença de não encorajada.”, o segmento destacado esclarece ao leitor o
conjunção; na segunda, sem conjunção alguma. significado do termo “sociedades”.
e) no primeiro, a segunda oração indica alternância; no segundo, a d) No trecho: “Em outras palavras, os bens que desejamos são
segunda oração indica a consequência. indiferentes;”, a expressão destacada sinaliza para o leitor que o
autor pretende concluir o texto.
03. A relação lógica estabelecida pela expressão em destaque, nas e) No trecho: “Somos (e não estamos) insatisfeitos porque o
frases abaixo, está explicitada adequadamente entre colchetes em: reconhecimento dos outros é imaterial, difícil de ser medido
a) “A transformação trazida pela tecnologia, no entanto, não e nunca suficiente.”, o conectivo destacado introduz uma
pode ser confundida com ruptura com tudo o que havia antes.” condição.
[contraposição]
07. Com o portão enguiçado, e num convite a ladrões de livros, a
b) “O respeito aos direitos autorais na era da internet é questão vital
garagem de casa lembra uma biblioteca pública permanentemente
porque o mercado de CDs só faz encolher.” [finalidade]
aberta para a rua. Mas não são adeptos de literatura os indivíduos que
c) “O mesmo raciocínio se aplica à propriedade intelectual de ali se abrigam da chuva ou do sol a pino de verão.
músicas, textos, filmes e quaisquer outras obras, que ganham (Chico Buarque. O irmão alemão. 1 ed. São Paulo.
novas formas de exposição com a internet, mas continuam a ter Companhia das letras. 2014. p. 60-61.
donos.” [condição]
d) “A agilidade e a onipresença da rede podem — e devem — servir “Mas não são adeptos de literatura os indivíduos que ali se abrigam da
para trazer mais recursos ao compositor, e não o contrário.” chuva ou do sol a pino de verão.”
[causa] O “mas” que inicia o período introduz uma oposição
e) “Se as novas tecnologias facilitam o entretenimento e aumentam a) à ideia, explicitada na superfície textual, de que o portão da
a oferta de bens culturais a consumidores no mundo inteiro, elas garagem estava enguiçado.
são bem-vindas.” [concessão] b) à ideia implícita de que os frequentadores de uma biblioteca são
adeptos da literatura.
04. Leia:
c) à expressão “ladrões de livros”.
(...) É pelo egoísmo que se devem agarrar os indivíduos para
d) à ideia implícita de que os frequentadores de uma biblioteca não
arrebanhá-los, pois é o meio mais econômico e racional de ampliar
são ladrões de livros.
sempre mais as bases do consumo de um conjunto de pessoas
permanentemente levadas para necessidades reais ou, quase sempre,
supostas. 08. No seguinte enunciado — “Cheguei ao Santos Dumont, o voo
estava atrasado, decidi engraxar os sapatos” — a relação entre
(DUFOUR, Dany-Robert. O divino mercado: a revolução cultural liberal.
Rio de Janeiro: Cia de Freud, 2008. p. 23-24. - Adaptado.) as orações está implícita. Marque a única alternativa que explicita o
sentido que esse enunciado tem no texto.
O conectivo “pois” expressa no texto um sentido a) Quando cheguei ao Santos Dumont, o voo estava atrasado;
a) explicativo. mesmo assim, decidi engraxar os sapatos.
b) concessivo. b) Quando cheguei, havia engraxate no Santos Dumont porque o
voo estava atrasado; então, decidi engraxar os sapatos.
c) condicional.
c) Cheguei ao Santos Dummont quando o voo estava atrasado,
d) proporcional.
porém decidi engraxar os sapatos.
05. Leia: d) Cheguei ao Santos Dumont, mas o voo estava atrasado, por isso
decidi engraxar os sapatos
(…)
Tive ouro, tive gado, tive fazendas. 09. Cláudia da Silva Pereira [...] também acredita que na internet
Hoje sou funcionário público. se cria um espaço para que as pessoas vivam outros personagens e
Itabira é apenas uma fotografia na parede. consigam, deste modo, uma espécie de autorrealização pessoal.
Mas como dói! A expressão em destaque pode ser substituída, sem mudança de
sentido, por:
(Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo.)
a) por sua vez. c) consequentemente.
Na última estrofe, a expressão que justifica o uso da conjunção b) assim. d) na verdade.
sublinhada no verso “Mas como dói!” é:
a) “Hoje”. d) “fotografia”. 10. O período “Desta vez Paulo não só ficou sem a sobremesa como
b) “funcionário público”. e) “parede”. foi proibido de jogar futebol durante quinze dias” foi corretamente
parafraseado em
c) “apenas”.

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SINTAXE II

a) Desta vez Paulo ficou sem a sobremesa porque foi proibido de 05. (EFOMM 2017) Assinale a opção em que se constata a presença
jogar futebol durante quinze dias. de um período composto.
b) Desta vez Paulo não ficou sem a sobremesa, contudo foi proibido a) Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a grande transformação
de jogar futebol durante quinze dias. acontece: pum!
c) Desta vez Paulo não ficou sem a sobremesa, portanto foi proibido b) Cheguei mesmo a dedicar metade de um livro poético-filosófico a
de jogar futebol durante quinze dias. uma meditação sobre o filme A festa de Babette (...)
d) Desta vez Paulo ficou sem a sobremesa e foi proibido de jogar c) Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada.
futebol durante quinze dias.
d) O estouro das pipocas se transformou, então, de uma simples
e) Desta vez Paulo ficou sem a sobremesa, quando foi proibido de operação culinária, em uma festa, brincadeira, molecagem, para
jogar futebol durante quinze dias. os risos de todos, especialmente as crianças.
e) Na simbologia cristã o milagre do milho de pipoca está
representado pela morte e ressurreição de Cristo (...)
EXERCÍCIOS DE

COMBATE
06. (EFOMM 2017) Mas o fato é que sou mais competente com
as palavras que com as panelas. Por isso tenho mais escrito sobre
comidas que cozinhado. O termo destacado nessa passagem exprime
ideia de
01. Identifique as frases em que o grupo de palavras destacado está a) condição. d) causalidade.
disposto em ordem direta: b) conclusão. e) comparação.
a) Felicitei o novo síndico. c) oposição.
b) Parece que despertei a simpatia dos guardas para a minha pressa.
c) Homem este que não conheço. 07. Assinale a alternativa que apresenta ideia equivalente à da oração
d) Certo dezembro vieram passar as férias com “Santa” Inácia duas grifada a seguir:
sobrinhas suas. “O professor não proíbe, antes estimula as perguntas em aula.”
e) Ele ouviu as injúrias todas. a) As abelhas não apenas produzem mel e cera, mas ainda polinizam
f) E a virtuosa dama voltou contente da vida para o trono. as flores.
g) Todo menino loiro se parece com o menino Jesus. b) Os livros ensinam e divertem.
c) Vestia-se bem, embora fosse pobre.
02. Reescreva as frases seguintes dispondo seus termos em ordem d) Não aprovo nem permitirei essas coisas.
direta:
e) Quis dizer mais alguma coisa e não pôde.
a) Entrava na cozinha o Gerôncio com os outros companheiros.
b) Tontura gostosa dava a pinga forte do Gerôncio. 08. Assinale a alternativa em que está destacada uma oração
c) Entrou no quarto com o café o José Turco. coordenada explicativa.
d) Pouca influência tinha o padre José Pedro. a) Peço que te cales.
e) Aracne foi meu nome e na trama ilusória. b) O homem é um animal que pensa.
c) Ele não esperava que a mãe o perdoasse.
03. Antes das frases a seguir aparece uma palavra entre parênteses.
d) Leve-a até o táxi, que ela precisa ir agora.
Ponha-a em dois lugares diferentes no enunciado. Em cada uma
e) É necessário que estudes.
dessas posições a palavra deve modificar de modo distinto o sentido
da frase. 09. Assinale a alternativa que melhor corresponde a pois no trecho
a) (agora) Um menino pobre e órfão viera bater à sua porta. transcrito abaixo, sem alterar seu sentido.
b) (só) Eu gostava do que tocava. “... o enxerto de estrangeirismos em textos oficiais é prova do
c) (também) Dinheiro não faltava aos Rochas. despreparo de algumas pessoas para exercerem cargos públicos,
pois sendo colonizadas e subservientes — a preferência pelo inglês
d) (só) A mulher o chateava. não é gratuita — acabam por contribuir para que, no processo de
globalização, entremos completamente desqualificados, sem rosto,
04. Reconheça o termo enfatizado nas frases que seguem: sem contribuição cultural...”
a) Dos candidatos a vereador a gente não pode esperar nada. a) como c) logo
b) Bom é um escalda-pé bem esperto. b) porque d) então
c) A vida daquele povo da casa-grande ninguém pode compreender.
d) Entram mulheres de negros véus nas igrejas. 10. “Lá penso em me eleger deputado. Já entrei em contato com
membros do Partido Verde que me apoiarão.”
e) Não achou Crispim Soares melhor saída.
Assinale a alternativa que apresenta a expressão que poderia ser usada
para relacionar as duas orações, mantendo as relações de sentido.
a) por isso c) mas
b) porque d) como

PROMILITARES.COM.BR 81
SINTAXE II

GABARITO
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01. E 04. C 07. D 10. A
02. B 05. D 08. E
03. A 06. C 09. B
EXERCÍCIOS DE TREINAMENTO
01. B 04. A 07. B 10. D
02. C 05. C 08. D
03. A 06. B 09. B
EXERCÍCIOS DE COMBATE
01. DISCURSIVA 04. DISCURSIVA 07. E 10. A
02. DISCURSIVA 05. C 08. D
03. DISCURSIVA 06. B 09. B

ANOTAÇÕES

82 PROMILITARES.COM.BR
SINTAXE III

PERÍODO COMPOSTO 2. Quanto à função que desempenham na oração principal


• substantivas;
POR SUBORDINAÇÃO • adjetivas;
No período composto por subordinação, há uma oração principal • adverbiais.
que traz presa a si, como dependente, outra ou outras. Dependentes
porque cada uma tem seu papel como um dos termos da oração
principal.
ORAÇÕES SUBORDINADAS
As diferentes funções sintáticas são exercidas pelo substantivo, SUBSTANTIVAS
pelo adjetivo e pelo advérbio, conforme a seguinte distribuição: As orações subordinadas substantivas desenvolvidas (conexas) são
a) Funções desempenhadas pelo substantivo (e pelo pronome substantivo): introduzidas pelas conjunções integrantes QUE e SE.
• sujeito; As orações subordinadas substantivas, conforme a função que
• objeto direto; desempenham, podem ser assim classificadas:
• objeto indireto;
• complemento nominal; SUBJETIVAS
• aposto e, às vezes, predicativo. Exercem a função de sujeito.
Exemplos:
b) Funções desempenhadas pelo adjetivo: Convém que estudem muito para a prova.
• adjunto adnominal;
• predicativo. Parece que ele chegou.

NOTA: É bom saber os verbos e expressões que geralmente têm por


c) Função desempenhada pelo advérbio: sujeito uma oração subordinada substantiva. São, entre outros:
• adjunto adverbial.
• verbos usados na 3ª pessoa do singular e seguidos de que e
se, ou de verbo no infinitivo - convir, cumprir, importar, urgir,
Se as orações subordinadas representam termos da oração ocorrer, acontecer, suceder, parecer, constar, admirar;
principal, vão figurar com funções próprias do substantivo, do adjetivo • expressões na voz passiva - sabe-se, soube-se, conta-se, diz-
e do advérbio. se, é sabido, foi anunciado, estava decidido, e similares;
Classificam-se como orações subordinadas, então, de acordo com • verbos de ligação seguido de predicativo - é bom, é
dois critérios conjugados: conveniente, é claro, está visto, parece certo e similares.
1. Quanto à forma e ao modo como se articulam com a oração
principal OBJETIVAS DIRETAS
• desenvolvidas Exercem a função de objeto direto.
As orações desenvolvidas trazem o verbo em forma Exemplos:
conjugada e são iniciadas por conjunção ou pronome relativo. Não me perguntem quem esteve aqui.
Exemplos: Eu vi que as ondas do mar estavam altas.
Todos deviam saber que Sr. João viria mais cedo.
Eis a menina que tirou a nota máxima na redação. NOTA: Os verbos auxiliares transitivos diretos sensitivos e causativos
(ver, ouvir, sentir, deixar, mandar e fazer) podem vir seguidos de outro
• reduzidas verbo no infinitivo ou no gerúndio (com que não formam locução
verbal), provido de sujeito próprio e constituindo oração subordinada
As orações reduzidas trazem o verbo numa das formas
substantiva objetiva direta reduzida, cujo sujeito será o pronome
infinitas ou nominais: o infinitivo, o gerúndio ou o particípio.
oblíquo: Deixei - os sair.
Exemplo:
Ao chegar ao Brasil, os turistas logo querem conhecer o Rio OBJETIVAS INDIRETAS
de Janeiro.
Exercem a função de objeto indireto.
Exemplo:
• justapostas
Lembro-me de que sairíamos mais cedo hoje.
As orações justapostas se ligam à principal sem a mediação
de um conectivo, ou são iniciadas por um pronome indefinido,
pronome ou advérbio interrogativo ou exclamativo. COMPLETIVAS NOMINAIS
Exemplos: Exercem a função de complemento nominal.
Não sei quantas meninas têm no time. Exemplo:
Todos sabem como a beleza é efêmera. Tenho a sensação de que já nos conhecíamos.

PROMILITARES.COM.BR 83
SINTAXE III

PREDICATIVAS CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES ADVERBIAIS


Exercem a função de predicativo. Essas orações se classificam de acordo com a circunstância que
Exemplo: exprimem.
Quem mais reclama é quem menos sabe.
CAUSAIS
APOSITIVAS Equivalem a um adjunto adverbial de causa. As conjunções ou
locuções conjuntivas causais são: porque, pois, como, porquanto,
Exercem a função de aposto.
uma vez que, visto que, já que etc.
Exemplo:
Exemplo:
Ela me disse apenas isto: que não estudaria mais comigo.
Como estava chovendo, não fomos à praia.

COM FUNÇÃO DE AGENTE DA PASSIVA


COMPARATIVAS
Essas orações são sempre justapostas, sem conjunção, introduzidas
Equivalem a um adjunto adverbial de comparação. As conjunções
por pronome indefinido regido de por ou de.
ou locuções conjuntivas comparativas são: como, que, do que,
Exemplo: quanto (algumas em correlação com palavra de intensidade na oração
Este trabalho foi feito por quem sabia fazer. principal).
Exemplo:
Observação
Este aluno é tão inteligente quanto seu irmão. (É frequente a
Para efeito puramente didático, pode-se substituir a oração elipse, nas orações comparativas, do verbo que já figura na oração
substantiva pelo pronome ISTO e proceder à análise sintática do principal.)
pronome. Assim se saberá a classificação da oração.
Exemplo: CONCESSIVAS
Peça-lhe que faça o exercício. = Peça-lhe ISTO. - Objeto Direto Equivalem a um adjunto adverbial de concessão. As conjunções
Logo, a oração substantiva se classifica como objetiva direta. ou locuções conjuntivas concessivas são: embora, ainda que, mesmo
que, conquanto, se bem que, sem que (=embora não), nem que,
apesar de que, que.
Exemplo:
ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS Ainda que tivesse estudado a noite toda, não sabia bem a matéria.
As orações subordinadas adjetivas têm o valor de um adjetivo e
exercem a função sintática de adjunto adnominal de um substantivo CONDICIONAIS
ou pronome substantivo. Quando desenvolvidas, são iniciadas por
um pronome relativo, precedido ou não de preposição, conforme a Equivalem a um adjunto adverbial de condição. As conjunções
regência do verbo da oração. O pronome relativo sempre exerce uma ou locuções conjuntivas condicionais são: se, caso, sem que (=se
função sintática dentro da própria oração subordinada. não), contanto que, salvo se, exceto se, desde que (seguido de verbo
conjugado no modo subjuntivo), a menos que, a não ser que.
Exemplos:
Exemplo:
Há livros que não se podem ler na infância.
Podem dizer o que quiserem, contanto que não mintam.
Essa é a menina de cujo talento te falei.
CONFORMATIVAS
CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES ADJETIVAS Equivalem a um adjunto adverbial de conformidade. As
conjunções ou locuções conjuntivas conformativas são: conforme,
RESTRITIVAS como, consoante, segundo.
São as que delimitam ou definem mais claramente o substantivo Exemplo:
antecedente e, por isso, são indispensáveis à significação total de todo
Cada um colhe, conforme semeia.
o período. Sem elas, a oração principal tem seu sentido incompleto
ou alterado.
NOTA: As orações conformativas iniciadas pela conjunção como se
Exemplo:
assemelham às comparativas e nem sempre conseguimos identificá-
“Ama com fé e orgulho a terra em que nasceste.”(Olavo Bilac) las facilmente. Por isso, aconselho o seguinte processo: se a conjunção
como for substituível por conforme, a oração será conformativa; e
EXPLICATIVAS será comparativa, quando o como corresponder a assim como, qual.
Além disso, o verbo da oração comparativa costuma ser o mesmo da
Exprimem o sentido geral do substantivo antecedente e sua
oração principal, o que não ocorre com as conformativas.
eliminação não traz prejuízo lógico ao sentido geral do período. São
sempre separadas por vírgulas da oração principal.
Exemplo: CONSECUTIVAS
Os homens, que são imortais, cometem muitos erros. Equivalem a um adjunto adverbial de consequência. As conjunções
ou locuções conjuntivas consecutivas são: que, de forma que, de
modo que, de sorte que, tanto que, sem que (=que não) etc. Podem
ORAÇÕES SUBORDINADAS apresentar-se simples ou correlatas.
ADVERBIAIS Exemplos:
As orações subordinadas adverbiais exercem a função de adjuntos O carro corria de modo que saía de lado nas curvas. (simples)
adverbiais e podem apresentar-se desenvolvidas, iniciadas por O carro corria tanto que saía de lado nas curvas. (correlata)
conjunções, ou reduzidas de gerúndio, infinitivo ou particípio.

84 PROMILITARES.COM.BR
SINTAXE III

FINAIS 02. As pessoas, que nos maltratam, devem ser ignoradas, mesmo que
Equivalem a um adjunto adverbial de fim. As conjunções ou essa atitude seja difícil.
locuções conjuntivas de finalidade são: a fim de que, para que, que, Para que a oração grifada conserve seu sentido original, ela poderia
porque (=para). ser redigida da seguinte forma:
Exemplo: a) [...] desde que essa atitude seja difícil.
Fiz-lhe sinal para que parasse. b) [...] porque essa atitude é difícil.
c) [...] a menos que essa atitude seja difícil
TEMPORAIS d) [...] por mais que essa atitude seja difícil.
Equivalem a um adjunto adverbial de tempo. As conjunções
ou locuções conjuntivas temporais são: quando, enquanto, antes 03. A ideia de explicação está presente em apenas uma das orações
que, depois que, desde que (seguido de verbo conjugado no modo sublinhadas, nas alternativas abaixo.
indicativo), mal, tão logo, sempre que etc. a) “[...] detentos, que podem comprar alimentos no mercado
Exemplo: interno para abastecer seus refrigeradores.”
Mal cheguei, minha mãe serviu o jantar. b) “Partem do pressuposto que, ao mostrarem respeito, os outros
também aprenderão a respeitar.”
PROPORCIONAIS c) “[...] é de cerca de 16% entre os homicidas, estupradores e
Equivalem a um adjunto adverbial de proporcionalidade. As traficantes que por ali passaram.”
conjunções ou locuções conjuntivas proporcionais são: à medida que, d) “[...], tendo como obrigação fundamental mostrar respeito a
à proporção que, ao passo que. todos que ali estão.”
Exemplo: e) “[...], reinserir aqueles que cometerem algum tipo de crime [...]”
À medida que o céu clareava, os pássaros começavam a cantar.
04. (EN 2010) Em que opção a reescritura do período “Apesar de
ser um passarinho tem dias que acorda de mau humor.” manteve o
EXEMPLOS DE ORAÇÕES REDUZIDAS mesmo valor sintático-semântico?
a) Por ser um passarinho, há dias que levanta de mau humor.
ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS b) Embora seja um passarinho, às vezes acorda de mau humor.
SUBJETIVAS - Não me agrada lembrar o passado.
c) Ainda que seja como um passarinho, há dias acorda de mau
OBJETIVAS DIRETAS - Todas as noites ouvíamos rodarem os ônibus. humor.
OBJETIVAS INDIRETAS - Esqueceram-se de comprar as carnes para d) Às vezes acorda de mau humor assim como um passarinho.
o churrasco.
e) Tal qual um passarinho, às vezes, acorda de mau humor.
COMPLETIVAS NOMINAIS - Foi desrespeitada a recomendação de
se preservar a natureza. 05. (EN 2010) Em que opção o valor da oração sublinhada está
PREDICATIVAS - Sua resposta foi chutar-me as canelas. correto?
APOSITIVAS - Uma coisa me assustava: eles terem mentido. a) “Se não sentir fome ou dor, ele curte.” - concessão
b) “Como não tem nada, pode ver tudo.” - causa
ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS c) “Depois que começou o medo da violência, ele ficou mais visível.”
Recebemos instruções dos aparelhos a serem comprados. - finalidade
Ouvimos uma voz bradando aflita. d) “Mesmo em quem não o olha, ele nota um fremir quase
imperceptível à sua presença.” - proporção
ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS e) Porém, normalmente mães e pais evitam explicações, para não
despertar uma curiosidade infantil [...].” - consequência
CAUSAL - Por ser honesto, nunca passava ninguém para trás.
CONCESSIVA - Mesmo estando doente, foi trabalhar. 06. Em “A velha disse-lhe que descansasse”, do conto Noite de
CONDICIONAL - Na hipótese de ser feriado amanhã, iremos à praia. Almirante, de Machado de Assis, a oração grifada é uma subordinada
CONSECUTIVA - Não podia vê-lo, sem rir. a) substantiva objetiva indireta.
FINAL - Foram para a Inglaterra, para estudar na Universidade de b) adverbial final.
Cambridge. c) adverbial conformativa.
TEMPORAL - Entrando em casa, vi um papel posto por debaixo da d) adjetiva restritiva.
porta.
e) substantiva objetiva direta.

EXERCÍCIOS DE 07. Assinale a alternativa que apresenta uma circunstância de tempo.

FIXAÇÃO a) Varrendo o quarto, não encontraste nada.


b) Seguindo o hábito, passearam juntos.
c) Sendo eu rei, não faria outra coisa.
d) Voltando cedo, você pode sair.
01. Em “Meu maior desejo é que ela volte logo”, a oração grifada
exerce a função sintática de: e) Sendo dos que correm, detesta o esporte.
a) sujeito. d) predicativo.
b) objeto direto. e) complemento nominal.
c) objeto indireto.

PROMILITARES.COM.BR 85
SINTAXE III

08. No período “Ninguém sabe como ela aceitará a proposta”, a c) subordinada adverbial causal e subordinada adjetiva explicativa.
oração grifada é uma subordinada d) subordinada substantiva subjetiva e subordinada adverbial
a) adverbial comparativa. consecutiva.
b) substantiva completiva nominal. e) subordinada adjetiva restritiva e subordinada substantiva
c) substantiva objetiva direta. completiva nominal.
d) adverbial modal.
03. Ao se analisar sintaticamente a oração sublinhada, cometeu-se
e) adverbial causal. um erro, que aparece em qual alternativa?
a) É necessário ensinar os precisos saberes da navegação enquanto
09. Leia a frase abaixo e assinale a alternativa que substitui ciência. (predicativo)
corretamente a oração grifada.
b) Chegou então o momento da grande decisão – para onde
“Vejo que sabes tanto quanto nós, se bem que tenhas estado navegar. (aposto)
no local dos acontecimentos.”
c) “Navegar é preciso. Viver não é preciso”. (sujeito)
a) “[...], porque tenhas estado no local dos acontecimentos.”
d) É inútil ensinar a ciência da navegação a quem mora nas
b) “[...], porquanto tenhas estado no local dos acontecimentos.” montanhas... (objeto indireto)
c) “[...], posto que tenhas estado no local dos acontecimentos.” e) (...) compraram um barco capaz de atravessar mares e sobreviver
d) “[...], para que tenhas estado no local dos acontecimentos.” tempestades. (complemento nominal)
e) “[...], sem que tenhas estado no local dos acontecimentos.”
04. Assinale a alternativa em que a oração sublinhada é subordinada
10. Assinale a alternativa que analisa corretamente a oração sublinhada substantiva predicativa:
na frase a seguir. a) A comida é preparada pelos próprios detentos, que podem
“Os animais que se alimentam de carne chamam-se carnívoros.” comprar alimentos no mercado interno.
a) A oração adjetiva sublinhada serve para explicar como são b) Ele é fundamentado na ideia de que a prisão é a privação da
chamados os animais que se alimentam de carne e, portanto, por liberdade.
ser explicativa, deveria estar separada por vírgulas. c) Se o indivíduo não comprovar que está totalmente reabilitado, a
b) Como todos os animais carnívoros alimentam-se de carne, não pena será prorrogada.
há restrição. Nesse caso, a oração sublinhada só poderá ser d) A diferença do sistema de execução penal norueguês em relação
explicativa e, portanto, deveria estar separada por vírgulas. ao brasileiro é que ele é pautado na reabilitação.
c) Trata-se de uma oração evidentemente explicativa, pois ensina e) Uma sinistra cultura de que bandido bom é bandido morto.
como são chamados os animais que se alimentam de carne.
Sendo assim, a oração adjetiva sublinhada deveria estar separada 05. Assinale a opção em que se analisou ERRONEAMENTE a oração
por vírgulas. sublinhada.
d) A oração adjetiva sublinhada tanto pode ser explicativa, pois a) Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do
esclarece, em forma de aposto, o termo antecedente, quanto “dia seguinte” com ela ia se repetir (...) – conformidade
pode ser restritiva, por limitar o sentido do termo “animais”.
b) (...) e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo – finalidade
e) A oração adjetiva sublinhada só pode ser restritiva, pois reduz
a categoria dos animais e é indispensável ao sentido da frase: c) Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o
somente os que comem carne é que são chamados de carnívoros. livro a outra menina (...) – tempo
d) (...) mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra
menina. – consequência
EXERCÍCIOS DE e) Até que essa mãe boa entendeu. – tempo

TREINAMENTO 06. “Existem tantos em redor da minha casa, que até agora não tive
(...) tempo de saber seus nomes...” // “ No entanto, bem sei que os
pássaros estão conversando.”
01. Em “Não sei, sequer, se me viste [...]”, a alternativa que classifica As orações introduzidas pelos conectivos destacados classificam-se,
corretamente a palavra em destaque é respectivamente, como subordinadas:
a) conjunção subordinativa condicional. a) adverbial consecutiva e substantiva objetiva direta.
b) conjunção substantiva subjetiva. b) adverbial causal e adjetiva restritiva.
c) conjunção subordinativa temporal. c) adverbial concessiva e adverbial conformativa.
d) conjunção coordenativa explicativa. d) adjetiva explicativa e adverbial causal.
e) conjunção subordinativa integrante. e) adjetiva restritiva e substantiva subjetiva.

02. Considere as palavras destacadas no período a seguir: 07. “A gente tem que se divertir ao máximo, porque amanhã
“Começou a fatigar-se com a importância que o reumatismo assumira podemos estar mortos.”
na vida do marido. E não se amolou muito quando ele anunciou que Porque amanhã podemos estar mortos é uma oração:
ia internar-se no hospital Gaffré e Guinle...” a) subordinada adverbial conformativa.
Elas introduzem, respectivamente, orações b) subordinada adverbial causal.
a) subordinada adjetiva restritiva e subordinada substantiva objetiva c) subordinada adverbial concessiva.
direta.
d) subordinada adverbial temporal.
b) subordinada adjetiva explicativa e subordinada substantiva
subjetiva.

86 PROMILITARES.COM.BR
SINTAXE III

08. No período, “Para controlar o ócio, oferecer muitas 03. Em qual das orações a seguir, a conjunção coordenativa POIS
atividades, de educação, de trabalho e de lazer, é a estratégia”, as estabelece uma conclusão?
duas orações destacadas são subordinadas reduzidas de infinitivo e
a) Venha logo, pois sua presença é importante.
classificam-se, respectivamente, como
b) As matrículas foram encerradas; nada pode ser feito, pois.
a) substantiva apositiva e substantiva subjetiva.
c) Fale mais alto, pois a ligação está ruim.
b) adverbial final e substantiva subjetiva.
d) Não demore, pois não gosto de ficar sozinha.
c) adverbial final e substantiva completiva nominal.
e) Choveu, pois as ruas estão molhadas.
d) substantiva objetiva indireta e adverbial consecutiva.
e) adverbial consecutiva e substantiva apositiva.
04. Assinale a opção que o termo sublinhado NÃO exerce a função
de sujeito.
09. No trecho: “Isso se acentua ainda mais numa corporação
a) Era o equívoco mais consolador, afinal não se perderia a
composta de muitos membros, embora todos tenham recebido
mensagem.
praticamente a mesma formação geral...”, temos:
b) (...) pessoas se afastavam ou escondiam tão finamente tua posse,
a) oração principal e oração subordinada substantiva objetiva direta.
que a dúvida ficava enrodilhada à minha esquerda.
b) oração principal e oração subordinada adverbial concessiva.
c) O desengano, à direita. E não havia combate entre eles.
c) oração principal e oração subordinada substantiva completiva
d) Restam – se restarem – fragmentos que nada contam ou explicam,
nominal.
senão (...).
d) oração principal e oração subordinada substantiva apositiva.
e) Eu indagava os rostos, pesquisava neles a furtiva luminação, o
e) oração principal e oração subordinada substantiva objetiva traço de beatitude, que indicasse conhecimento de teu Segredo.
indireta.
05. “Chovesse ou fizesse sol, o Major não faltava.”
10. Até o Diabo, quando está satisfeito, é boa pessoa.
Assinale a alternativa que apresenta a oração subordinada com a
Quanto mais próxima está a Europa, mais negra é a noite. mesma ideia das orações grifadas acima.
À proporção que os alunos entregavam as provas, o professor a) Você não sairá sem antes me avisar.
as ia corrigindo.
b) Aprendeu a ler sem ter frequentado escola.
As orações grifadas nos períodos acima classificam-se, respectivamente
c) Retirei-me discretamente, sem ser percebido.
como orações subordinadas:
d) Não podia fitá-lo sem que risse.
a) adverbial temporal – adverbial proporcional – adverbial proporcional.
e) Aqui viverás em paz, sem ser incomodado.
b) adjetiva restritiva – adverbial proporcional – adverbial proporcional.
c) adjetiva restritiva – adverbial temporal – adverbial proporcional.
06. A oração sublinhada no período “Maltratado pela civilização
d) adverbial temporal – adverbial final – adverbial proporcional. branca, o índio refugiou-se nos mais distantes pontos do país”. Pode
e) adverbial temporal – adverbial final – adverbial proporcional. ser substituída, sem alteração fundamental de sentido, por:
a) Mesmo tendo sido maltratado pela civilização branca.
b) Por ter sido maltratado pela civilização branca.
EXERCÍCIOS DE c) Apesar de ter sido maltratado pela civilização branca.

COMBATE d) Antes de ser maltratado pela civilização branca.


e) Até sendo maltratado pela civilização branca.

07. “Muitos resultados são imprevisíveis, mas os dados já obtidos,


01. Assinale a alternativa que apresenta ideia equivalente à da oração diz a pesquisadora, ‘sem dúvida permitirão um desenvolvimento
grifada a seguir: extraordinário, tanto na medicina e na biotecnologia quanto na
“O professor não proíbe, antes estimula as perguntas em aula.” bioinformática’.”
a) As abelhas não apenas produzem mel e cera, mas ainda Os conectivos grifados podem ser substituídos, sem alteração do
polinizam as flores. significado, respectivamente, por:
b) Os livros ensinam e divertem. a) porém – não só – mas também.
c) Vestia-se bem, embora fosse pobre. b) entretanto – ora – ora.
d) Não aprovo nem permitirei essas coisas. c) portanto – não só – mas também.
e) Quis dizer mais alguma coisa e não pôde. d) porque – seja – seja.
e) contudo – ora – ora.
02. “Lá penso em me eleger deputado. Já entrei em contato com
membros do Partido Verde que me apoiarão.” 08. Analise os dois fragmentos abaixo.
Assinale a alternativa que apresenta a expressão que poderia ser usada “nossos bisnetos vão passear ou, um dia, viver em Marte.”
para relacionar as duas orações, mantendo as relações de sentido. “quando teremos robôs escravos, máquinas de orgasmos ou naves
a) por isso para viajar no tempo”.
b) mas O vocábulo ou expressa, respectivamente, ideia de:
c) porque a) adição e exclusão.
d) como b) alternância e exclusão.
c) exclusão e adição.
d) adição e alternância.

PROMILITARES.COM.BR 87
SINTAXE III

09. Reúna cada par de orações em um único período, usando uma


conjunção coordenativa que explicite a relação de sentido entre elas.
A seguir, indique essa relação.
a) Nós, humanos, sabemos muita coisa sobre o universo. Às vezes,
não sabemos o nome de nosso vizinho.
b) Conversei com eles ontem à noite. Mostrei-lhes a vantagem de
nossa proposta.
c) Com a falta de chuvas, a vegetação rasteira secou. O perigo de
incêndio era constante.
d) O trânsito deve estar congestionado na rodovia. Eles não
chegaram até agora.
e) Lute com toda disposição do mundo. Desista de seus maiores
sonhos.
f) Lute com toda disposição do mundo. A realização de seus sonhos
depende só de você.

10. Dadas as orações a seguir, faça o que se pede:


Os dias já eram quentes.
A água do mar ainda estava muito fria.
As praias permaneciam quase desertas.
a) Usando conjunções adequadas ao sentido, sem alterar a ordem das
orações, reúna-as em um só período composto por coordenação.
b) Classifique as orações do período que você compôs.

GABARITO
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01. D 04. B 07. A 10. E
02. D 05. B 08. C
03. A 06. E 09. C
EXERCÍCIOS DE TREINAMENTO
01. E 04. D 07. A 10. A
02. A 05. A 08. B
03. A 06. A 09. B
EXERCÍCIOS DE COMBATE
01. E 04. C 07. A 10. DISCURSIVA
02. A 05. B 08. C
03. B 06. B 09. DISCURSIVA

ANOTAÇÕES

88 PROMILITARES.COM.BR
AS PALAVRAS QUE E SE

ESTUDO DA PALAVRA QUE Exemplos:


Temos que estudar muito para os exames. (= Temos de)
SUBSTANTIVO Primeiro que (= de) tudo direi o problema.
É acentuado e substituível por alguma coisa, qualquer coisa etc.;
vem precedido de artigo ou numeral. INTERJEIÇÃO
Exemplos: É acentuada e exprime espanto.
Este professor tem um quê de filósofo. Exemplo:
Sublinhei três quês na frase. Quê! Vocês ainda acreditam nesses planos econômicos do
Ela tem um quê de elegância. Governo?

PRONOME SUBSTANTIVO RELATIVO ADVÉRBIO DE INTENSIDADE


É facilmente substituível por o qual e variações; refere-se a um Modifica o adjetivo ou o próprio advérbio.
termo antecedente e encabeça uma oração subordinada adjetiva. Exemplos:
Exemplos: Que maravilhoso é ouvir a orquestra sinfônica tocar! (=muito,
Os jogadores que (= os quais) foram convocados já se apresentaram quão)
ao técnico. Que longe vocês moram! (=tão, muito).
Pedro comprou o (aquilo) que (= o qual) quis no shopping. Que belo dia para um piquenique!
Esse é o caminho por que (pelo qual) passamos.
Visitei a cidade em que (= na qual) nasceste. CONJUNÇÃO
Desempenha papel de conectivo coordenativo ou subordinativo:
PRONOME SUBSTANTIVO INTERROGATIVO • Coordenativa explicativa: “Não chores, meu filho, que a
Ocorre nas perguntas diretas ou indiretas; pode ser substituído vida é luta renhida.”. Estuda, que terás êxito nos exames.
por qual, que coisa etc. • Coordenativa aditiva: Marina dança que dança. (=e)
Exemplos: • Coordenativa adversativa: Acuse-os, que não a mim!
De que você precisa? (=mas)
Quero saber que dia você nasceu. • Coordenativa alternativa: Que ele venha, que não venha,
partiremos hoje.
• Subordinativa temporal: Agora que íamos sair, chove.
PRONOME ADJETIVO INTERROGATIVO E
(=quando)
PRONOME ADJETIVO EXCLAMATIVO
• Subordinativa final: Ela fez um sinal que ficássemos
Aparece nas perguntas diretas ou indiretas, ou nas exclamações, calados. (=para que)
referindo-se a um substantivo.
• Subordinativa consecutiva: É tão delicada que a todos
Exemplos: encanta. / Tamanha era a certeza, que apostou tudo.
A que dias você se refere? (= quais dias) • Subordinativa concessiva: Longe que fosse a casa dela, iria
Que livro você leu nessas férias? (= qual livro) até lá. (=embora)
Que ideia maluca! • Subordinativa comparativa: Sou mais alto que meu irmão.
• Subordinativa integrante: Só lhes peço que sejam mais
PRONOME ADJETIVO INDEFINIDO atenciosos. (A segunda oração, que é substantiva, pode ser
substituída pelo demonstrativo isso.)
Aparece em frases exclamativas, determinando um substantivo.
• Subordinativa causal: Irei à praia mais tarde que parou de
Exemplos:
chover. (=porque)
Que brilho vejo em seu olhar! (= quanto)
Que beleza! (= quanta) PARTÍCULA EXPLETIVA OU DE REALCE
Pode ser retirada sem qualquer prejuízo; aparece, também, na
PREPOSIÇÃO ACIDENTAL locução expletiva é que.
Substituível por de; normalmente aparece nas locuções verbais Exemplos:
com o verbo ter.
Que que vocês desejam?
Quase que caio.

PROMILITARES.COM.BR 89
AS PALAVRAS QUE E SE

Nunca que eu diria isso! PRONOME APASSIVADOR


Os homens é que estão destruindo o planeta. A oração de voz passiva sintética pode ser transformada na
Ele é que é um gênio. correspondente passiva analítica. Nesses casos, o verbo é sempre
transitivo direto e concorda em número com o sujeito.
Naturalmente que aceitei o convite.
Exemplos:
Viu-se o cometa. (= O cometa foi visto.)
ESTUDO DA PALAVRA SE
Constataram-se as ocorrências. (= As ocorrências foram constatadas.)
PRONOME PESSOAL OBLÍQUO ÁTONO Devem-se refazer as contas. (= As contas devem ser refeitas.)
REFLEXIVO
É facilmente substituível por a si mesmo; indica que a ação parte
PRONOME OU PARTE INTEGRANTE DE
do sujeito e retorna a ele próprio. VERBO
Exemplos: O pronome, sem qualquer função sintática, vem junto de verbos
pronominais (aqueles que se empregam sempre ou eventualmente
A bela menina olha-se demoradamente no espelho.
com o pronome: abster-se, apaixonar-se, arrepender-se, indignar-
A criança se machucou. se, queixar-se, regozijar-se, suicidar-se, queixar-se, zangar-se
etc.).
FUNÇÕES SINTÁTICAS DO PRONOME REFLEXIVO: depende da Exemplos:
transitividade do verbo da oração. Absteve-se de fazer qualquer declaração.
• Sujeito de infinitivo: com verbo sensitivo ou causativo. Indignou-se com os maledicentes.
Exemplos: Suicidou-se em plena madrugada.
Maria deixou-se ficar à janela por algum tempo. Queixou-se de dor.
Em sonho, ela viu-se entrar no paraíso.
PARTÍCULA EXPLETIVA
• Objeto direto e objeto indireto: complemento de verbo Pronome enfático, que não exerce qualquer função sintática e se
transitivo direto, transitivo indireto ou transitivo direto e junta a verbos intransitivos (ir-se, partir-se, morrer-se etc.).
indireto: Exemplos:
Exemplos: A amiga partiu-se chorando.
O menino cortou-se (OD). Ela se foi há pouco.
Ela se (OI = a si) dá muito valor. Passaram-se anos e ele não veio.
Mauro sempre se (OI = a si) pergunta isso.

EXERCÍCIOS DE
PRONOME PESSOAL OBLÍQUO ÁTONO
RECÍPROCO
Modalidade do pronome reflexivo, é substituível por um ao outro
FIXAÇÃO
ou uns aos outros. Nestes casos, o sujeito é sempre plural.
Exemplos: 01. Marque o item em que se é símbolo de indeterminação do sujeito.
Os amigos se cumprimentaram. a) Transportavam-se grandes quantidades de petróleo.
Os convidados se abraçaram. b) Assiste-se ao processo da indústria petrolífera brasileira.
c) Não sei se eles virão hoje.
CONJUNÇÃO d) Foi-se embora sem nos avisar.
• Subordinativa integrante: Não sei se todos estão e) Deixou-se abraçar pelo adversário.
preparados. (A segunda oração pode ser substituída pelo
demonstrativo isso e funciona sempre como SUBORDINADA 02. Analise a frase e classifique o termo destacado:
SUBSTANTIVA). Era necessário que atravessássemos o rio.
• Subordinativa condicional: Se ficares famoso, perderás tua a) pronome relativo
liberdade. Passarás, se estudares. (= caso)
b) partícula expletiva
c) conjunção integrante
ÍNDICE DE INDETERMINAÇÃO DO SUJEITO
d) conjunção subordinativa consecutiva
Sempre acompanha verbo de ligação, transitivo indireto ou
intransitivo, que fica sempre na terceira pessoa do singular. e) pronome indefinido
Exemplos:
03. Leia: “O candidato, no final da campanha, tinha plena convicção
É-se feliz em paz com Deus. de que ganharia as eleições”.
Assistiu-se aos espetáculos. A conjunção destacada na frase acima é
Aqui se vive muito bem. a) subordinativa adverbial consecutiva.
b) subordinativa adverbial causal.
c) subordinativa integrante.
d) coordenativa explicativa.

90 PROMILITARES.COM.BR
AS PALAVRAS QUE E SE

04. Assinale a opção que contém um pronome relativo: c) em “...se é católico...”, o “se” é uma conjunção integrante.
a) O que esperar de um sistema desses? d) a conjunção “ou” exprime, não a exclusão de um dos termos, mas
b) O sistema nada oferece para que tal situação realmente aconteça. a equivalência entre eles, como em “Tanto faz quem compareça,
você ou ele”.
c) Uma cultura sinistra, mas que diverte muitas pessoas.
e) os termos “católico” e “protestante” exercem a função de objeto
d) A pena será prorrogada até que a reintegração dos presos seja direto (de é).
comprovada.
e) Dessa forma, o detento deve provar que pode ter o direito de 10. “Na ata da reunião, registraram-se todas as opiniões dos presentes.”
exercer sua liberdade.
Assinale a alternativa que apresenta corretamente a classificação da
partícula SE, na frase acima.
05. A classificação morfológica do vocábulo QUE na frase “A visita na
casa que a Gente sentava no sofá” é de pronome relativo. a) índice de indeterminação do sujeito
Marque a opção em que o uso do elemento QUE assinalado não b) pronome reflexivo (objeto direto)
corresponde a essa classificação: c) partícula apassivadora
a) Max Weber, [...], observou que o fenômeno que marcava o d) conjunção subordinativa integrante
nascimento do novo capitalismo era a separação [...]” e) palavra de realce
b) Max Weber, [...], observou que o fenômeno que marcava o
nascimento do novo capitalismo era a separação [...]”
c) “[...] era a separação entre atividade econômica e atividade EXERCÍCIOS DE
doméstica – em que o doméstico significava a densa rede de
direitos e obrigações [...]” TREINAMENTO
d) “[...] significava a densa rede de direitos e obrigações mútuas
mantidas pelas comunidades rurais e urbanas, pelas paróquias
ou grupos de artesãos, em que as famílias e vizinhos estavam 01. Leia:
estreitamente envolvidos.” REFLEXIVO
e) ”[...] reclamaram essa terra de ninguém que o mundo dos O que não escrevi, calou-me.
negócios considerava de sua exclusiva propriedade.” O que não fiz, partiu-me.
O que não senti, doeu-se.
06. Na passagem “[...] executava não sei que peça.”, a palavra que O que não vivi, morreu-se.
tem função de: O que adiei, adeus-se.
(Affonso Romano de Sant’Anna)
a) pronome relativo - sujeito.
b) pronome adjetivo - adjunto adnominal. Assinale a classificação gramatical correta para os vocábulos ‘O’ e ‘se’:
c) pronome relativo - adjunto adnominal. “O que adiei, adeus-se”
d) conjunção integrante - conectivo. a) artigo - pronome reflexivo
b) pronome pessoal oblíquo - pronome apassivador
07. (...) “em seguida retornaram à patrulha que faziam”.
c) pronome pessoal oblíquo - pronome reflexivo
O pronome relativo QUE desempenha a mesma função sintática a ele
d) pronome demonstrativo - palavra de realce
atribuída em:
e) pronome demonstrativo - pronome apassivador
a) “baratas como a tripa de porco QUE sobrava na casa do compadre
maneiro”.
02. Leia as orações abaixo:
b) “um pedaço de sebo de boi achado no lixo e QUE aumentaria o
volume da sopa,”. I. “O velho sorriu-SE, deixando apenas escapar em tom de dúvida
um significativo - Qual...”
c) “Pequeno aproveitou para perguntar pelos amigos QUE fizera no
morro,”. II. “Nada (...) SE conseguiu com a receita; o mal continuou.”
d) “pelas tias QUE faziam um mocotó saboroso nos sábados à III. “- Só lhe direi, respondeu a comadre depois de alguma hesitação,
tarde,”. SE me prometerdes guardar todo o segredo, que o caso é muito
sério.”
08. Em qual das alternativas a seguir o pronome relativo “que”, ao IV. “As três velhas conversaram por largo tempo, não porque muitas
retomar a expressão anterior, NÃO desempenha o papel de sujeito? coisas SE tivessem a dizer...”
a) “[...] uma série importada que enaltece os grupos de extermínio.” Aponte a sequência correta quanto à classificação morfológica da
palavra SE nessas frases de Manuel Antônio de Almeida.
b) “[...] um vampiro bom que sai pela cidade eliminando vampiros maus.”
a) I - partícula expletiva, II - partícula apassivadora, III - conjunção
c) “[...] da emissora, que nem fez muito alarde com o filme.”
subordinativa condicional, IV - pronome reflexivo
d) “[...] os bandidos que tinha sido obrigado a inocentar [...]”
b) I - partícula apassivadora, II - partícula expletiva, III - conjunção
e) “[...] polícias e justiças paralelas, que usem as mesmas armas [...]” subordinativa condicional, IV - pronome reflexivo
c) I - pronome reflexivo, II - partícula apassivadora, III - conjunção
09. “Não se pergunta a um atleta da Irlanda se é católico ou subordinativa integrante, IV - pronome reflexivo
protestante.”
d) I - partícula expletiva, II - partícula reflexivo, III - conjunção
Na frase acima, subordinativa condicional, IV - pronome reflexivo
a) o verbo “perguntar” foi empregado de forma a exigir unicamente e) I - partícula apassivadora, II - partícula apassivadora, III - conjunção
o objeto indireto. subordinativa condicional, IV - partícula apassivadora
b) “da Irlanda” exerce a função de adjunto adverbial de lugar.

PROMILITARES.COM.BR 91
AS PALAVRAS QUE E SE

03. Assinale o item que contém uma análise correta sobre a palavra Assinale a alternativa que apresenta a sua classificação correta.
QUE sublinhada. a) I. pronome relativo; II. advérbio; III. partícula de realce; IV. pronome
a) “Transmitir às futuras gerações valores, tradições e instituições adjetivo
que apoiem, em longo prazo (...)” – classifica-se como pronome b) I. conjunção subordinativa; II. pronome relativo; III. pronome
relativo e refere-se ao termo “gerações”. interrogativo; IV. interjeição
b) “(...) especial preocupação pela diversidade biológica e pelos c) I. pronome relativo; II. pronome adjetivo; III. pronome interrogativo;
processos naturais que sustentam a vida.” – classifica-se como IV. conjunção subordinativa
pronome relativo e refere-se aos termos “diversidade biológica” e
d) I. conjunção coordenativa; II. partícula de realce; III. pronome
“processos naturais”.
relativo; IV. pronome adjetivo
c) “Controlar e erradicar organismos não nativos ou modificados
geneticamente que causem dano às espécies (...)” – classifica-se
08. Assinale a opção em que “se” exerce a função de índice de
como conjunção integrante e introduz oração adjetiva.
indeterminação do sujeito:
d) “produtos florestais e vida marinha (...) de forma que não
a) Gosta-se muito de doces por aqui.
excedam as taxas de regeneração e que protejam a sanidade
dos ecossistemas.” – classifica-se como conjunção integrante e b) Comprou-se um novo prédio para a loja.
introduz oração substantiva. c) Emprestou-se o dinheiro ao professor.
d) Deixou-se sentar na soleira da porta.
04. Analise as construções sintáticas a seguir.
e) As roupas, os varais, tudo se foi, levado pela correnteza.
I. “mais bonito que o pôr do sol, mais improvável que a girafa, mais
grandioso que o relâmpago” 09. Em todas as orações abaixo, a palavra “se” aparece como
II. “Se eu fosse Javé, chamava uma dessas consultorias pronome reflexivo, exceto em:
especializadas”. a) Os namorados beijavam-se calorosamente.
Assinale a alternativa que apresenta a relação semântica veiculada b) Mãe e filha queriam-se muito.
pela conjunção destacada em cada período, respectivamente:
c) Alimentou-se no restaurante.
a) comparação – condição
d) Era-se feliz na fazenda.
b) causa – consequência
e) Cortou-se a pobre menina no arame farpado.
c) conformidade – causa
d) consequência – adversidade 10. Leia as passagens abaixo:
e) condição – causa “Li que a espécie humana é um sucesso sem precedentes.”
“Isso nos deu mobilidade e a sociabilidade que nos salvaram do
05. “É bom lembrar que a ciência cria modelos que descrevem a processo de seleção... “.
realidade; esses modelos não são a realidade, só nossas representações
dela. As “verdades” que tanto admiramos são aproximações do que Sobre os vocábulos grifados nas passagens acima, podemos afirmar
de fato ocorre”. que:
As ocorrências do QUE no período acima classificam-se corretamente a) possuem valores morfológicos diferentes, mas introduzem
como: orações de mesmo valor sintático.
a) conjunção - pronome relativo - pronome relativo - pronome b) possuem valores morfológicos idênticos, mas introduzem orações
relativo de valor sintático diferente.
b) conjunção - pronome relativo - conjunção - conjunção c) introduzem, ambos, orações de natureza coordenada.
c) conjunção - pronome relativo - pronome relativo - conjunção d) introduzem, ambos, orações de natureza subordinada.
d) pronome relativo - conjunção - pronome relativo - conjunção e) apenas o primeiro tem função conectiva.
e) pronome relativo - conjunção - pronome relativo - pronome
relativo
EXERCÍCIOS DE
06. Assinale a única alternativa em que “que” é uma conjunção
subordinativa integrante.
a) Que notícia animadora você acaba de me dar!
COMBATE
b) Ele me olhou com um quê de ironia.
c) Que estúpido fui em acreditar naquela proposta! 01. (ESPCEX 2001) Assinale a alternativa cuja palavra sublinhada
esteja corretamente classificada morfológica e sintaticamente.
d) Queremos que todos compareçam ao casamento.
a) “Essas poucas vozes, de homem e de mulher,  que  respondem
e) Ficamos tão contentes com a música, que não nos importamos
alegremente à minha...” (pronome relativo – objeto direto)
com o ambiente da apresentação.
b) “Desembrulho a garrafa que um amigo teve a lembrança de me
07. Observe o uso do vocábulo que nos enunciados dos itens abaixo. mandar ontem...” (pronome relativo – objeto direto)

I. “[...] o igualmente imenso vazio que carregamos em nosso c) “...dizemos e creio  que  sentimos...” (conjunção integrante –
espírito.” objeto direto)
II. “[...] nele instalada pelo ato da leitura, que escândalos [...]” d) “Está tão carregado,  que  nem se pode fechar...” (conjunção
subordinativa consecutiva – sujeito)
III. “Em um século dominado pelo virtual e pelo instantâneo, que
poder resta à literatura?” e) “É certamente a ela  quem  procura o motorista retardatário...”
(pronome relativo – sujeito)
IV. “[...] e você verá que rombo se abre em seu espírito.”

92 PROMILITARES.COM.BR
AS PALAVRAS QUE E SE

02. “Vocês têm que se esforçar mais, se realmente pretendem vencer.” b) conjunção subordinativa concessiva - interjeição de admiração
Foram destacados, no período acima, respectivamente: - substantivo - pronome relativo - conjunção subordinativa
consecutiva
a) conjunção e pronome. d) advérbio e conjunção.
c) conjunção subordinativa consecutiva - advérbio de intensidade
b) preposição e conjunção. e) conjunção e advérbio. - substantivo - pronome relativo - conjunção subordinativa
c) conjunção e conjunção. consecutiva
d) conjunção subordinativa concessiva - advérbio de intensidade
03. (U. Bauru-SP) Assinale a alternativa em que o se indica indeterminação - substantivo - conjunção coordenativa adversativa - conjunção
do sujeito. subordinativa consecutiva
a) Comenta-se, após as provas, cada uma das questões. e) conjunção subordinativa comparativa - interjeição de admiração -
b) Comunicaram-se por telefone, antes da decisão final. pronome indefinido - palavra expletiva - conjunção subordinativa
c) Numa tarde de maio, casou-se naquela igrejinha. consecutiva.
d) Pensa-se, novamente, em mudança no plano inicial.
08. Assinale a proposição em que a classificação do termo em
e) Julgava-se, apesar de tudo, um excelente governador. destaque está correta.
a) Não sei se alguma vez tiveste dezessete anos (Machado de Assis)
04. (EFOMM 2015) Assinale a opção em que aparece no período uma - conjunção condicional
locução expletiva.
b) Sumiu-se por entre as matas e a cena não se pôde descrever -
a) Essa rapaziada parece que é mesmo toda assim. partícula de realce / pronome apassivador
b) Também uma manta escocesa, de suaves lãs macias, que a mãe c) Ainda que você se case com outra, cumprirei meu juramento
da gente trouxe (...) (Machado de Assis) - partícula de realce
c) Como é que gente que gosta de ler pode deixar os próprios livros d) Precisa-se de mais bibliotecas e muito, muito mais livros - pronome
(...) reflexivo
d) E em que mundo isso é possível? e) Vive-se mal nas grandes cidades - partícula apassivadora
e) Já lhe disse que isso é atraso de vida. E ele morre de rir.
09. Falhou a identificação morfológica em:
05. Analise o código em referência, atribuindo-o corretamente, tendo a) Não há dúvida de que os brasileiros são pacíficos. (conjunção
em vista as orações propostas: subordinativa integrante)
A. conjunção subordinativa integrante b) Sua casa fica tão perto que é possível irmos a pé. (conjunção
B. conjunção subordinativa condicional subordinativa consecutiva)
C. partícula apassivadora c) Os jornais noticiam que há riscos de hiperinflação. (pronome
D. pronome reflexivo substantivo indefinido)
E. partícula integrante do verbo d) Que interessantes foram as suas observações! (advérbio de
intensidade)
( ) A maioria dos alunos se queixaram do professor.
e) Muito pobre que fosse, ajudaria os flagelados. (conjunção
( ) Irei à festa, se você resolver acompanhar-me.
subordinativa concessiva)
( ) Jamais soube se isto era mesmo verdade.
( ) Alugam-se apartamentos para temporada. 10. “Ao saber que iria viajar de madrugada, pediu ao guarda que
( ) Ela se atrapalhou durante a explicação. estava de plantão que o chamasse às três horas.” As palavras que
são, respectivamente:
06. (EFOMM 2017) Para enfatizar ou reforçar uma ideia, o autor se a) conjunção - pronome - conjunção.
vale de uma locução expletiva. Esse tipo de locução se encontra na b) conjunção - pronome - preposição.
opção:
c) pronome - pronome - conjunção.
a) Pois o fato é que, sob o ponto de vista do tamanho, os milhos da
d) pronome - conjunção - conjunção.
pipoca não podem (...)
e) preposição - conjunção – conjunção.
b) Não sei como isso aconteceu, mas o fato é que houve alguém
que teve (...)
c) E o que é que isso tem a ver com o candomblé? GABARITO
d) É que a transformação do milho duro em pipoca macia é símbolo
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
da grande transformação (...)
01. B 04. C 07. C 10. C
e) O milho da pipoca não é o que deve ser.
02. D 05. A 08. D
07. Leia o conjunto de frases a seguir e responda, na sequência, quais 03. C 06. B 09. C
funções são assumidas pela palavra “que”. EXERCÍCIOS DE TREINAMENTO
I. Cinco contos que fossem, era um arranjo menor... 01. D 04. A 07. D 10. D
II. Que bom seria viver aqui! 02. A 05. A 08. A
III. Leio nos seus olhos claros um quê de profunda curiosidade. 03. B 06. D 09. D
IV. A nós que não a eles, compete fazê-lo. EXERCÍCIOS DE COMBATE
V. Falou de tal modo que nos empolgou. 01. B 04. C 07. D 10. A
a) conjunção subordinativa consecutiva - interjeição de admiração 02. B 05. E, B, A, C, D 08. B
- pronome indefinido - conjunção subordinativa comparativa -
03. D 06. C 09. C
conjunção subordinativa consecutiva

PROMILITARES.COM.BR 93
AS PALAVRAS QUE E SE

ANOTAÇÕES

94 PROMILITARES.COM.BR
CONCORDÂNCIA VERBAL

Com objetivos muito próprios, as regras gramaticais têm QUADRO 1


especial importância na estruturação das frases que formam o
texto. O conhecimento dessas regras possibilita que os propósitos EX. SUJEITO VERBO
comunicativos do sujeito autor sejam específicos e próprios para que
1 Uma mãe e um bebê camelo estavam
façam sentido a escrita, o relato, a descrição, a argumentação etc.
Neste módulo, estudaremos as regras de concordância verbal, que 2 o bebê camelo perguntou
vão auxiliá-lo a construir orações, obedecendo a modelos formais que
constituem os padrões estruturais da nossa língua. 3 os camelos têm
É importante dizer que os conteúdos de concordância verbal
circunscritos às provas das bancas examinadoras de vestibulares 4 nós somos
militares são bem delimitados e não correspondem ao conjunto total
5 ∅ Precisamos, somos
de regras estabelecidas pelas gramáticas da língua. Por isso, vamos
tratar apenas das regras principais que interferem na produção textual 6 Nossas pernas são
do texto dissertativo e na resolução das provas objetivas.
7 elas são
REGRA GERAL 8 Eu mantenho
Começaremos a abordagem teórica com a regra geral de
concordância: o verbo concorda em número e pessoa com o 9 ∅ fico
sujeito. Com sujeito simples e singular ou substantivo coletivo, o
verbo irá para o singular; com sujeito simples e plural, o verbo irá para 10 eu posso
o plural. Para mostrar a relação que há entre sujeito e verbo, Walmirio
11 A mãe disse
Macedo diz o seguinte:
“O sujeito se atualiza no verbo. Essa atualização chega a tal nível 12 Nossos cílios são
que a omissão do sujeito é suprida pela desinência verbal.”
13 Eles atrapalham

VEJAMOS UM EXEMPLO: 14 Esses cílios longos e grossos são


Uma mãe e um bebê camelo estavam por ali, à toa, quando de
repente o bebê camelo perguntou: 15 eles ajudam

- Por que os camelos têm corcovas? 16 A mãe respondeu


- Bem, meu filhinho, nós somos animais do deserto; precisamos
das corcovas para reservar água e, por isso mesmo, somos conhecidos 17 A corcova é
por sobreviver no deserto.
18 Os cílios são
- Certo, e por que nossas pernas são longas e nossas patas,
arredondadas? 19 ∅ estamos
- Filho, certamente elas são assim para permitir caminhar no
deserto. Sabe, com essas pernas longas, eu mantenho meu corpo
mais longe do chão do deserto, que é mais quente que a temperatura COMENTÁRIOS:
do ar, e assim fico longe do calor. Com as patas arredondadas, eu Esse quadro demonstra que os verbos concordam com os sujeitos.
posso me movimentar melhor na consistência da areia! - disse a mãe. Nos exemplos 5, 9 e 19 há omissão dos sujeitos, mas facilmente
- Certo! Então, por que nossos cílios são tão longos? De vez em reconhecidos pelas desinências verbais:
quando eles atrapalham minha visão. Precisamos, somos, estamos = nós
- Meu filho! Esses cílios longos e grossos são como uma Fico = eu
capa  protetora para os olhos. Eles ajudam a proteger seus olhos,
quando atingidos pela areia e pelo vento do deserto! - respondeu a No exemplo nº 1, temos um sujeito composto, o que leva o verbo
mãe com orgulho. ao plural.
- Tá. Então a corcova é para armazenar água enquanto cruzamos Para identificar os sujeitos, deve-se, primeiramente, destacar os
o deserto, as pernas, para caminhar através do deserto e os cílios são verbos a fim de identificar-lhes as desinências número-pessoais.
para proteger meus olhos do deserto. Então o que é que estamos Feito isso, busca-se, pela semântica verbal, o termo que se adapta
fazendo aqui no zoológico??? ao projeto de dizer inscrito no verbo em estudo. Para realizar esse
tipo de estratégia, é preciso sempre um olhar minucioso no texto. Isso
MORAL DA HISTÓRIA: habilidade, conhecimento, capacidade e porque, em alguns casos, o sujeito está oculto, ou seja, implícito na
experiências, só são úteis se você estiver no lugar certo! desinência verbal.

PROMILITARES.COM.BR 95
CONCORDÂNCIA VERBAL

VEJAMOS UM EXEMPLO: 1. a voz passiva analítica apresenta o verbo em qualquer pessoa,


Caberia aos cidadãos ocidentais, cujas leis se estabeleceram em ao passo que a passiva pronominal só se constrói na 3ª pessoa
sua própria tradição, o direito de reclamar. com o pronome se (apassivador):
Esse período foi retirado de uma questão em que figurava como Eu fui reconhecido pelo professor.
a opção correta. A inversão do sujeito com o verbo e a intercalação Nós fomos reconhecidos pelos professores.
de uma oração subordinada adjetiva entre eles são dificuldades que 2. a passiva analítica pode seguir-se de agente da passiva, enquanto
se enfrenta para o reconhecimento das relações sintáticas entre esses a pronominal, no português contemporâneo, dispensa-o:
termos. Por conta dessa dificuldade, a busca pela resposta certa fica
comprometida. Eu fui reconhecido pelo professor.

Muitas vezes, o fato gerador dessa dificuldade é a explicação Vende-se uma casa. (não se diz: vende-se uma casa pelo
de um aspecto gramatical por meio de um só critério – o sintático. proprietário)
A identificação do sujeito e do predicado, por exemplo, pode ser
trabalhada também pelo critério nocional (ou semântico), conforme O modo como se decide usar uma ou outra construção depende
já explicitamos anteriormente. É preciso chamar a atenção para a necessariamente do propósito comunicativo do enunciador. Se o
necessidade de se recorrer a vários critérios no tratamento dos fatos enunciador pretende esclarecer ao interlocutor quem é o agente do
gramaticais: os que operam nas formas, nas noções, nas articulações processo verbal, então deve optar pela construção analítica. Essa
etc. Pode-se concretizar essa integração na junção tema/rema ou é uma construção icônica, porque o verbo auxiliar de passiva só
tópico/comentário, formando a estrutura temática e a estrutura de aparece em construções de passividade. Ele é a marca de voz mais
informação. representativa. Tanto é verdade que dizemos que um verbo está na voz
O texto deve ser entendido como um conjunto de informações ativa quando não possui nenhuma marca de voz, ou seja, a voz
compartilhadas entre o enunciador e o interlocutor. No texto, ativa não possui marca icônica, mas indicial. No entanto, se a intenção é
introduzem-se elementos novos que se integram aos já conhecidos. omitir o agente, a melhor redação será a de passiva pronominal.
Esse processo é responsável pelo encadeamento das estruturas do É preciso também levar em conta que a escolha por uma ou outra
texto e está diretamente relacionado à estruturação sintática. Assim formulação de frase pela categorização de voz verbal se dá não só no
se dá a sintonia entre semântica e sintaxe. aspecto sintático, mas igualmente no semântico.1
Na frase citada como exemplo, o aluno que conhece a relação A rigor, somente os verbos transitivos diretos admitem
tema/rema reconhece que o tema da frase é “o direito de reclamar“; construção de voz passiva. Isso porque o objeto direto da ativa
a seguir, detecta o que se acrescentou como informação nova sobre passa a sujeito da passiva, e o sujeito da ativa, a agente da passiva.
ele, ou seja, o comentário: “caberia aos cidadãos”. Então, pelo É importante observar que o tempo verbal da voz ativa deverá ser
encadeamento das informações estarão reconhecidas as funções repetido pelo verbo auxiliar da voz passiva.
de sujeito e predicado, fundamentais para a flexão que compõe a Exemplos:
concordância entre o verbo “caber” e o sujeito “direito”.
A raposa foi morta
O caçador matou a raposa.
pelo caçador.
SUJEITO COMPOSTO
1. Se o sujeito for composto, o verbo irá, normalmente, para o
plural, qualquer que seja a sua posição em relação ao verbo. verbo principal no verbo auxiliar no
2. Pode dar-se a concordância com o núcleo mais próximo, pretérito perfeito pretérito perfeito
principalmente se o sujeito vem depois do verbo.
3. Pode ocorrer o verbo no singular ainda nos casos seguintes: A seguir, apresentamos uma formulação prática de transformação
a) se a sucessão dos substantivos indicar gradação de um mesmo fato; de voz ativa em passiva.
b) se se tratar de substantivos sinônimos ou assim considerados; e
o segundo substantivo exprimir o resultado ou a consequência Todos os apartamentos
do primeiro. compraram
funcionários novos

Organizamos as informações num quadro:


VERBO
SUJEITO ATIVO OBJETO DIRETO
TRANSITIVO
Sujeito composto Verbo no plural DIRETO
Verbo no plural ou singular
Sujeito composto
(atrativa)

Substantivos em gradação Verbo no plural ou singular

Substantivos sinônimos Verbo no plural ou singular


Apartamentos foram pelos
novos comprados funcionários
Substantivos em causa/efeito Verbo no plural ou singular

Eu + Tu ou Ele Verbo em P4 SUJEITO LOCUÇÃO AGENTE DA


PACIENTE VERBAL PASSIVA
Tu + Ele Verbo em P5

VOZ PASSIVA Bechara (2005, p. 222) enfatiza a necessidade de distinguir voz passiva
1

de passividade. Na frase O menino levou uma surra do pai, pode-se ver


A concordância na voz passiva merece destaque, pois há uma nitidamente a passividade do sujeito diante do sentido passivo do verbo,
tendência a formular a frase de voz passiva pronominal com verbo no ainda que indicado por uma voz ativa. Não há, neste caso, nenhuma marca
singular, impessoalizando o sujeito. Vamos recordar: morfológica de voz em levou.

96 PROMILITARES.COM.BR
CONCORDÂNCIA VERBAL

Note-se que: VEJA OS QUADROS EXPLICATIVOS:


1. o que era sujeito ativo transformou-se em agente da passiva;
2. o verbo de tempo simples passou a locução verbal; VERBO TRANSITIVO DIRETO + SE
SUJEITO PACIENTE
3. o objeto direto transformou-se em sujeito paciente; CONCORDA COM O SUJEITO
4. surgiu, na voz passiva, a preposição por (em alguns casos Aluga-se casa.
aparecerá no lugar de por a preposição de - Estava rodeado de
várias pessoas). Compraram-se vários carros.
Na voz passiva pronominal, o verbo concordará normalmente com
o sujeito passivo.
VERBO TRANSITIVO INDIRETO + SE PREPOSIÇÃO +
Exemplos: OBJETO INDIRETO
SEMPRE NA 3ª PESSOA DO SINGULAR
Vendem-se apartamentos.
Faz-se chave. Precisa-se de uma casa.

Observação Aspira-se aos cargos de poder.

Embora haja nomenclaturas diferentes para as construções frasais


com verbo associado à palavra “se” (voz passiva sintética e voz A CONCORDÂNCIA COM AS EXPRESSÕES
ativa com índice de indeterminação do sujeito), os desvios de “UM E OUTRO” E “NEM UM NEM OUTRO”
concordância são frequentes. A flexão inadequada dos verbos a) A expressão um e outro pode deixar, indiferentemente, o verbo
dessas frases deve-se à palavra “se” que acaba sendo um signo no singular ou no plural.
desorientador, já que pode ser pronome apassivador ou índice de
indeterminação do sujeito. A posição do sujeito-paciente em frases Exemplos:
com verbo na passiva pronominal também se torna um signo “Um e outro contiveram-se.” (M. de Assis, “Quincas Borba”)
desorientador, visto ser idêntica à das frases com verbo na voz ativa “Um e outro acompanharam com os olhos o par de valsistas.” (ibidem)
acrescido de índice de indeterminação do sujeito. Isso pode ser fato
determinante para a confusão do falante no momento de realizar a
concordância. O sujeito da passiva é confundido, por seu papel de b) Com a expressão nem um nem outro, o verbo ficará rigorosa-
paciente e pela posição posterior ao verbo, com o objeto direto. A mente no singular.
partir desse evento, torna-se natural que se realize a concordância Exemplo:
de forma a indeterminar ou até mesmo impessoalizar o sujeito. Nem um nem outro aluno saiu da sala.

A CONCORDÂNCIA DE VERBOS EM UTILIZAÇÃO IMPESSOAL:


SER, FAZER, HAVER (ESTE ÚLTIMO EM OPOSIÇÃO AO “EXISTIR”)
Nas orações sem sujeito o verbo assume a forma de 3ª pessoa do singular:
Havia muitas dúvidas entre os alunos.
Deve haver dez lápis no estojo.
Não vejo Maria há três meses.
Não vejo Maria faz três meses.

Vamos a uma exposição mais didática:

VERBO USO IMPESSOAL CARACTERÍSTICA SINTÁTICA EXEMPLOS

Designações de hora, Concorda com a expressão São dez horas?


SER
distância, data. numérica. Hoje são 15 de agosto.
Designações de hora, Era perto de quatro horas quando ele
Concorda com a expressão
SER distância, data acompanhada saiu.
numérica OU fica no singular.
da expressão perto de Eram perto de dez quilômetros.
CHOVER, GEAR, NEVAR, No sentido denotativo,
Ficam sempre na Chove sempre no fim do dia.
ALVORECER, AMANHECER, designam os fenômenos
3ª pessoa do singular. No verão, amanhece mais cedo.
ANOITECER ETC. naturais.
CHOVER, GEAR, NEVAR,
Em sentido figurado, eles Choveram lágrimas após sua declamação.
ALVORECER, AMANHECER, Concordam com o sujeito.
podem se personalizar. Os dias amanhecem nublados no inverno.
ANOITECER ETC.
Indica fenômenos devidos a
Fica sempre na
FAZER fatos astronômicos No verão, faz sol todos os dias.
3ª pessoa do singular.
(faz sol, frio, calor etc.)
Fica sempre na
3ª pessoa do singular. Faz quatro meses que meu filho nasceu.
FAZER Indica tempo decorrido. Combinando-se a um "Vai fazer cinco anos que ele se
auxiliar, transmite a este sua doutorou." (Antônio Vieira)
impessoalidade.
Significando a existência de Fica sempre na
HAVER Havia muitas casas naquela vila.
uma pessoa ou coisa. 3ª pessoa do singular.

PROMILITARES.COM.BR 97
CONCORDÂNCIA VERBAL

A impessoalidade deste verbo estende-se também aos auxiliares que com ele formam perífrases, como se vê nos exemplos seguintes:
Exemplos:
Então, senhores, pode haver questões mais difíceis de resolver.
Claro que deverá haver candidatos bem preparados.

No caso de o verbo principal ser o existir, o auxiliar concordará com o sujeito.


Exemplo:
Claro que deverão existir candidatos bem preparados.

“Então convosco também, senhores meus,


HAVER “Então convosco também, senhores meus, há pactos?”
pode haver pactos?”
“Então convosco também, senhores “Então convosco também, senhores
EXISTIR
meus, podem existir pactos?” meus, existem pactos?”

CONCORDÂNCIA COM O PRONOME RELATIVO


Se o sujeito da oração é o pronome relativo que, o verbo varia de acordo com o número e a pessoa do antecedente do pronome.
Exemplos:
Alguns animais marinhos têm dentes que brilham no escuro.
Nesse exemplo, já que o antecedente do que é dentes, o verbo ocorre na terceira pessoa do plural.
Para facilitar o entendimento, vamos analisar os quadros abaixo:

Período composto Separação das orações Desdobramento Análise

O relógio é sujeito de foi,


O relógio foi presente
portanto leva o verbo
do meu pai.
a concordar com ele.
O relógio que quebrou
foi presente do meu pai.
O relógio é sujeito de
que quebrou O relógio quebrou. quebrou, portanto
leva o verbo a
concordar com ele.

Quando o antecedente é um pronome demonstrativo, o verbo da oração adjetiva vai para a 3ª pessoa do singular ou do plural, conforme seja
o antecedente.

Período composto Separação das orações Desdobramento Análise

Os livros é sujeito de são,


Os livros são
portanto leva o verbo
interessantes.
a concordar com ele.
São interessantes os
livros que o aluno leu.
O aluno é sujeito de leu,
que o aluno leu. O aluno leu o livro. portanto leva o verbo
a concordar com ele.

Se o antecedente do pronome relativo funciona como predicativo, o verbo da oração adjetiva pode concordar com o sujeito de sua principal
ou ir para a 3ª pessoa.

Período composto Separação das orações Desdobramento Análise


Aqueles é sujeito de
Aqueles acreditam acreditam, portanto
num futuro melhor. leva o verbo a
Aqueles que trabalham
concordar com ele.
acreditam num
futuro melhor.
Aqueles é sujeito de
que trabalham Aqueles trabalham trabalham, portanto
leva o verbo a
concordar com ele.

98 PROMILITARES.COM.BR
CONCORDÂNCIA VERBAL

Em expressões de tipo sou eu que, és tu que, foste tu que etc. o


Nós somos irmãos verbo concorda rigorosamente com o sujeito do ser.

Fomos nós que fizemos o trabalho.


que entramos juntos que entraram juntos
no negócio. no negócio.
= =
Se ocorrer o pronome relativo quem, o verbo da oração
Nós entramos Irmãos entraram subordinada vai para a 3ª pessoa do singular, qualquer que seja o
antecedente do relativo, ou concorda com este antecedente:
Nós (sujeito) como Irmãos (predicativo)
antecedente como antecedente
Eram os alunos quem fazia o trabalho.

A CONCORDÂNCIA DO VERBO “SER” COM O PREDICATIVO


Sabe-se que, pela regra geral, sujeito e verbo concordam em número. Diferente não seria com o verbo ser. Assim, o usual é dizer “Paulinho era
um menino educado”. Não obstante, há casos em que o verbo ser se acomoda à flexão do predicativo especialmente quando se acha no plural.
Abaixo, relacionamos os casos:

SUJEITO COMPORTAMENTO DO VERBO SER PREDICATIVO EXEMPLOS

Pronomes
Concorda com o sujeito ou com o Plural Aquilo eram manifestações de alegria.
isso, isto, aquilo, tudo, predicativo. Singular Aquilo era manifestações de alegria.
ninguém, nenhum

Pronomes interrogativos Quem são essas pessoas?


Concorda com o predicativo. Plural
Quem, que, o que O que eram aqueles sinais?

Plural Eu sou as expectativas de ascensão da família.


Pronome pessoal Concorda com o sujeito.
Singular Eles são a única alegria da mãe.

Plural Pronome
Concorda com o predicativo. Aqui em casa, o chefe sou eu.
singular pessoal

Pessoa Concorda com o sujeito. Qualquer caso O menino era as alegrias da família.

É importante que, além das regras básicas do verbo ser, conheçam-se também alguns comentários necessários. Para isso, apresentamos as
palavras do professor Bechara2.
Na expressão, que introduz narrações do tipo de era uma princesa, o verbo ser é intransitivo, com o significado de existir, funcionando como
sujeito o substantivo seguinte, com o qual concorda:
Era uma princesa muito formosa que vivia num castelo de cristal.
Eram quatro irmãs tatibitates e a mãe delas tinha muito desgosto com esse defeito [CC.l, 292].
Com a expressão era uma vez uma princesa, continua o verbo ser como intransitivo e o substantivo seguinte como sujeito; todavia, como diz
A.G.Kury, “a atração fortíssima que exerce o numeral uma, da locução uma vez”, leva a que o verbo fique no singular ainda quando o sujeito seja
um plural:
Disse que era uma vez dois ( ... ) compadres, um rico e outro pobre [CC.l, 31].
Era uma vez três moças muito bonitas e trabalhadeiras [CC.l, 120].
A moderna expressão é que, de valor reforçativo de qualquer termo oracional, aparece em geral com o verbo ser invariável em número:
Nós é que somos brasileiros / Nós somos brasileiros.
Esses livros é que não compraremos agora.
Afastado do que e junto do termo no plural, aparece às vezes o verbo no plural:
São de homens assim que depende o futuro da pátria / De homens assim é que depende o futuro da pátria.
Foram nesses livros que estavam as respostas / Nesses livros foi que estavam as respostas.
Este último caso pode levar o candidato a se confundir quando separa orações. Se não souber identificar a expressão de realce, facilmente vai
marcar o verbo ser como sintagma verbal de uma das orações do suposto período composto, entendendo o que, constante da expressão, como
pronome relativo. Para dirimir essa dúvida, o professor pode retirar a expressão de realce e mostrar que a frase se mantém com integridade sintática
e semântica.

2
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa, 2005, pp.559 e 560. Ed. Lucerna. Rio de Janeiro.

PROMILITARES.COM.BR 99
CONCORDÂNCIA VERBAL

USO DO INFINITIVO NÃO FLEXIONADO


CASOS EXEMPLOS

Verbo nominalizado com valor indeterminado, sem se referir a nenhum sujeito. “Viver é lutar.” (GONÇALVES DIAS)

Com sentido de imperativo. Abrir as comportas!

Regido da preposição de com sentido passivo de complemento de um adjetivo. As regras de concordância são difíceis de decorar.

Os alunos estavam a estudar na sala de aula.


Em locução com um verbo auxiliar, precedido da preposição a, equivalendo a um
=
gerúndio.
Os alunos estavam estudando na sala de aula.

Quando forma com um verbo auxiliar uma unidade semântica.3 Todos já podem sair.

Mandei-os sair da sala.


Quando seu sujeito é um pronome pessoal oblíquo átono, concomitantemente
servindo de complemento a um dos cinco verbos - ver, ouvir, deixar, fazer e mandar.
O professor viu-nos chegar atrasados.

USO DO INFINITIVO FLEXIONADO


Emprega-se obrigatoriamente o infinitivo flexionado quando este verbo apresenta sujeito próprio, diferente do sujeito da oração principal.4
Exemplo:
Recebemos a notícia de estarem aprovados os candidatos com nota acima de oito.

CASOS QUE ADMITEM DUPLA CONSTRUÇÃO:


CASOS EXEMPLOS

Devem os professores de cursos preparatórios, sempre no final do


Quando o infinitivo estiver afastado do auxiliar.
mês, aplicarem um teste simulado.

O professor ouviu os alunos chamarem.


O sujeito do infinitivo é um substantivo que serve ao mesmo tempo de
OU
complemento a um dos cinco verbos: ver, ouvir, deixar, fazer e mandar.
O professor fez estudar os alunos.

Apesar de possuir sujeito igual ao da oração principal, há necessidade


Saíram dois alunos da sala, a fim de chamarem o diretor da escola.
ou propósito em evidenciar o agente da ação.

Na maioria dos casos, o uso do infinitivo flexionado ou não flexionado é mais uma questão de estilo do que propriamente de Gramática.

A CONCORDÂNCIA NAS EXPRESSÕES DE PORCENTAGEM


Se o sujeito é quantificado por expressão de porcentagem, o verbo vai regularmente à terceira pessoa do plural:
Exemplo:
Estima-se que, no Brasil, 23% dos analfabetos nasceram em condições de pobreza extrema.

Mas o verbo pode, opcionalmente, ficar na terceira pessoa do singular se o substantivo que denota a coisa quantificada estiver no singular:
Exemplo:
Desde 2001, cerca de 40% do corpo administrativo desta empresa é composto de empregados mal qualificados.

A CONCORDÂNCIA COM OS PRONOMES DE TRATAMENTO


Esta é uma regra bem simples e de fácil memorização. O verbo, cujo sujeito é um pronome de tratamento, flexiona-se em 3ª pessoa do singular
ou do plural.
Exemplo:
Vossa Excelência quer que levemos seus documentos para o cartório?
Uma dificuldade nesta regra surge de um signo desorientador – o pronome vossa – que induz o falante a usar o verbo flexionado em 2ª pessoa
do plural, supondo estar assim usando a norma culta.
Note que os pronomes de tratamento equivalem a você.

3
Em português, esses verbos auxiliares são os seguintes: Poder / Saber / Querer / Dever (auxiliares modais) e Ir / Principiar a / Começar a / Costumar / Acabar de / Cessar
de / Tornar a / etc.(auxiliares acurativos).
4
Salvo o caso dos verbos ver, ouvir, deixar, fazer e mandar.

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CONCORDÂNCIA VERBAL

Se o núcleo do sujeito está no singular, representado por um 03. De acordo com a norma culta padrão de concordância verbal, está
substantivo, um pronome de 3ª pessoa ou um pronome de tratamento, correta a frase da opção
o verbo flexiona-se normalmente no singular: a) Deve existir outras formas de se conquistar um grande amor.
Exemplos: b) Aqui, precisam-se de vendedoras.
O amigo chegou cedo. c) Vende-se casas de veraneio em Fortaleza.
Ninguém sairá da sala. d) Cada um de nós derramamos o café no vestido de Laura.
Vossa Excelência governa este país com dedicação. e) Os Estados Unidos ainda são uma nação poderosa.

A CONCORDÂNCIA COM A EXPRESSÃO 04. A questão a seguir deve ser respondida de acordo com a gramática
“A MAIORIA DE” E SIMILARES normativa. Assinale a alternativa correta quanto à concordância verbal.
Esta é uma regra que tem sido muito cobrada nos concursos. Com a) Meus irmãos põe os óculos de grau toda vez que precisam dirigir
a expressão a maioria de e similares, o verbo poderá concordar com o carro.
a expressão núcleo do sintagma, ficando no singular, ou com o termo b) As óticas mantém uma variedade de modelos de óculos à
partitivo, ficando no plural. disposição dos clientes.
Exemplos: c) Em breve, pode surgir novos equipamentos que se assemelhem
A maior parte dos candidatos não soube a matéria. ao Google Glass.
Grande parte dos professores já viram que tem de estudar d) Alguns oftalmologistas alegam que nem sempre a cirurgia convêm
todos os dias para se atualizarem. aos pacientes.
e) Houve muitos voluntários interessados em testar os aplicativos do
VAMOS ANALISAR OUTROS CASOS: novo equipamento.
1. O sujeito pode ser uma oração.
a) Iniciada por uma conjunção: 05. Leia a notícia e faça o que se pede.
Deve espantar-nos que sejam consideradas crimes, na Nigéria, EM ALAGOAS, 24% DA POPULAÇÃO VIVE À REVELIA
atitudes... DA LEITURA E DA ESCRITA.
“[...] Nesse “universo paralelo” dos que vivem à revelia da
b) Iniciada por um verbo no infinitivo: leitura e da escrita, restam1 o mercado informal como sobrevida, e o
Não ocorre aos cientistas imaginar que os leigos não entendam distanciamento exponencial de uma sociedade cada vez mais gráfica,
suas teorias. onde a necessidade de se decifrar2 os velhos e os novos códigos
da língua, como a informática, por exemplo, vem transformando
Nos dois casos – em que o sujeito de um verbo é uma oração a educação formal, ao longo dos tempos, num verdadeiro funil de
– o verbo da oração principal ficará na 3ª pessoa do singular. acesso ao mundo sócio, econômico e culturalmente ativo.”
O Jornal, de 17/10/2010, seção Cidades, pág117.
É necessário que haja mudanças na economia brasileira.
Com relação à concordância verbal, apenas uma alternativa está
errada. Marque-a.
EXERCÍCIOS DE
a) O verbo pode ficar no singular, concordando com o termo
FIXAÇÃO preposicionado “da população”, após a expressão numérica na
manchete.
b) Segundo a norma gramatical, o verbo, ainda nessa manchete,
01. A concordância verbal está de acordo com a norma-padrão da poderia ficar no plural, concordando com o número percentual,
língua portuguesa em que é o núcleo do sujeito.
a) O peão e o agricultor, por motivo de força maior, plantará o milho c) A concordância do verbo “viver”, nesse trecho, está correta, o
aqui. que se pode justificar com o seguinte exemplo: “Somente 1% dos
objetos roubados foi recuperado.”
b) Falta setenta dias para começar a colheita do café nas encostas.
d) O verbo “restar” (ref. 1) poderia ficar no singular, concordando
c) O engenheiro ou arquiteto visitará o loteamento amanhã.
com o sujeito mais próximo: “o mercado informal”.
d) São uma hora e quarenta e nove minutos precisamente.
e) O verbo “decifrar” (ref. 2) deveria estar no plural, concordando
e) Vende-se terras extensas naquelas regiões longínquas. com o sujeito composto: “os velhos e os novos códigos da língua”.

02. Em “Há, nesse contexto, dois tipos de ignorância [...].” a 06. Das alterações efetuadas em “Há livros que apenas terão isso
concordância verbal, de acordo com a variedade padrão da língua, é de seus autores...”, assinale a única que transgride a regra de
feita na 3ª pessoa do singular. concordância verbal.
Em que opção isso também deve ocorrer? a) Pode haver muitos livros.
a) Cresce, no mundo, os casos de rejeição à leitura e consequente b) Hão de existir muitos livros.
valorização de outros meios.
c) Devem existir muitos livros.
b) Nas escolas, assiste-se a mudanças no que diz respeito ao prazer
d) Há de haver muitos livros.
de pensar a partir da experiência da linguagem.
e) Pode existir muitos livros.
c) Devia existir mais programas de incentivo à leitura, uma vez que
ela ensina a desenvolver raciocínios.
07. Quanto à concordância verbal, a frase inteiramente correta é:
d) Do lado de fora da sala, ouvia-se os gritos dos alunos, extasiados
com a história lida pela professora. a) Cada um dos participantes, ao inscrever-se, deverão receber as
orientações necessárias.
e) Já é comum, na vida cotidiana, os meios tecnológicos de
comunicação.

PROMILITARES.COM.BR 101
CONCORDÂNCIA VERBAL

b) Os que prometem ser justos, em geral, não conseguem sê-lo sem 02. O trecho “[...] os dois permanecemos trancados durante toda a viagem
que se prejudiquem. que realizamos juntos, [...]” apresenta, quanto à concordância verbal,
c) Já deu dez horas e a entrega das medalhas ainda não foram feitas. a) respectivamente, silepse ou concordância ideológica e indicação
d) O que se viam era apenas destroços, cadáveres e ruas do sujeito pela flexão verbal.
completamente destruídas. b) em ambos os casos, indicação do sujeito apenas pela flexão verbal.
e) Devem ter havido acordos espúrios entre prefeitos e vereadores c) em ambos os casos, concordância ideológica ou silepse.
daqueles municípios. d) respectivamente, concordância ideológica e silepse.
e) respectivamente, indicação do sujeito pela flexão verbal e silepse
08. Assinale a alternativa correta quanto à concordância verbal. ou concordância ideológica.
a) Uma única plataforma, onde estão integrados dois sistemas de
navegação – sistemas inerciais e Sistema de Posicionamento 03. A única frase que NÃO apresenta desvio em relação à concordância
Global (GPS) –, vão dar mais segurança e precisão aos voos de verbal recomendada pela norma culta é:
aviões de pequeno porte.
a) A lista brasileira de sítios arqueológicos, uma vez aceita pela
b) A plataforma integrada, chamada de Sistema Modular de Altitude Unesco, aumenta as chances de preservação e sustentação por
e Navegação, foi concebida para suprir falhas que possam meio do ecoturismo.
existirem nos dois sistemas quando usados isoladamente.
b) Nenhum dos parlamentares que vinham defendendo o colega nos
c) Quarenta famílias moradoras de áreas rurais isoladas já têm últimos dias inscreveram-se para falar durante os trabalhos de ontem.
acesso à luz elétrica, rádio, televisão, telefonia e bombeamento
de água, graças a um novo modelo de utilização de energia solar, c) Segundo a assessoria, o problema do atraso foi resolvido em
desenvolvido pelo engenheiro gaúcho Fábio Luís de Oliveira Rosa. pouco mais de uma hora, e quem faria conexão para outros
Estados foram alojados em hotéis de Campinas.
d) Um estudo do Ideaas, de Porto Alegre, apontou que, das famílias
pesquisadas, 70% gastavam cerca de US$10 com energias não d) Eles aprendem a andar com a bengala longa, o equipamento que
renováveis, como querosene, vela de parafina e pilhas. os auxilia a ir e vir de onde estiver para onde entender.

e) Um aplicativo permite que diabéticos, após fazer as medições de e) Mas foram nas montagens do Kirov que ele conquistou fama,
glicemia - o nível de açúcar no sangue - passe os resultados por especialmente na cena “Reino das Sombras”, o ponto alto desse
telefone ou internet a um banco de dados da IDVida, empresa trabalho.
que trabalha com cartões de identificação e informação na área
da saúde. 04. Observe a concordância verbal nos trechos abaixo:
(Trechos adaptados da revista “Pesquisa”, n0. 106, dez. 2004, p. 68/69.) 70% da nossa população não sabem ler.
9% não leem letra de mão.
09. Algumas cenas do filme “Carandiru”, exibido recentemente por
uma emissora de televisão, mostrava que, no presídio, haviam normas 70% dos cidadãos votam do mesmo modo que respiram.
internas criadas pelos detentos, às quais não foram dadas a devida os 30% nos ouvem.
atenção. Sobre o assunto, assim se expressa Evanildo Bechara:
No período acima, há desvios em relação à (ao) “Nas linguagens modernas em que entram expressões numéricas
a) regência verbal. c) concordância verbal. de porcentagem, a tendência é fazer concordar o verbo com o termo
b) emprego da crase. d) concordância nominal. preposicionado que especifica referência numérica.”
(BECHARA, Evanildo. “Moderna gramática português”.
Rio de Janeiro: Lucerna, 1999.)
10. Em “[...] são necessários pelo menos OITO ANOS de estudo [...]”,
o termo destacado (sujeito) levou o verbo para o plural. Considerando essa lição gramatical, pode-se concluir que também
A concordância verbal só NÃO está dentro dos padrões da norma estaria adequada a seguinte construção:
culta na opção: a) 70% do nossa população não sabe ler.
a) Mais de um brasileiro ganhou medalha de ouro. b) 9% não lê letra de mão.
b) Os Estados Unidos são o carrasco do mundo. c) 70% dos cidadãos vota do mesmo modo que respira.
c) Qual de nós estaremos na competição? d) os 30% nos ouve.
d) Está havendo muitos problemas na competição.
e) Somos nós quem fica com o prejuízo. 05. A concordância verbal está plenamente respeitada na frase:
a) Nem mesmo um vestígio dos livros que lhe emprestamos há dez
dias foram encontrados.
EXERCÍCIOS DE
b) Entre todas as obras expostas, impressionou-nos mais a que vocês

TREINAMENTO c)
trouxeram.
Ainda não havia chegado nem os tios, nem os primos, quando a
festa começou.
d) Se fôssemos para levar em conta tudo o que ela diz, ficaríamos
01. O texto encontra-se repleto de expressões próprias do padrão ofendidos o tempo todo.
coloquial. A passagem que apresenta inadequação ao padrão culto da
e) Acho que qualquer uma dessas roupas poderiam me servir.
língua, quanto à concordância verbal, é:
a) “Tá, tia. Bota mais”. 06. (ESPCEX 2019) No excerto “A maioria das pessoas não pensa
b) “Você vai esquecer elas todas”. nas consequências que o simples ato de pegar ou aceitar um canudo
c) “Quando a gente não quiser mais ser escravo dos ricos (...)”. plástico tem em suas vidas”, o verbo sublinhado está no singular
porque o autor:
d) “(...) pros ricos ficar tudo pobre?”.
a) quis colocar-se como o único que pensa nas consequências da
e) “Você sabe qual é a coisa mais melhor do mundo?”.
utilização de canudos plásticos.

102 PROMILITARES.COM.BR
CONCORDÂNCIA VERBAL

b) preferiu a concordância enfática com a ideia de pluralidade EXERCÍCIOS DE


sugerida pelo sujeito.
c) efetuou a concordância erroneamente, já que o núcleo do sujeito
anteposto está no plural.
COMBATE
d) optou por uma concordância ideológica, já que se refere a um
número pequeno de pessoas. 01. Assinale a opção em que há concordância inadequada.
e) efetuou a concordância estritamente gramatical com o coletivo a) A maioria dos estudiosos acha difícil uma solução para o problema.
singular.
b) A maioria dos conflitos foram resolvidos.
07. (ESA) Das frases a seguir, a única inteiramente de acordo com as c) Deve haver bons motivos para a sua recusa.
regras de concordância verbal é: d) De casa à escola é três quilômetros.
a) A rede de coleta e de tratamento de esgoto possuem tubulações e) O professor ou o aluno resolveram questão difícil.
mais estreitas que as galerias pluviais nas ruas.
b) Na sala de aula, haviam inúmeros quadros de artistas renomados 02. Assinale a opção em que há erro de concordância.
c) Ocorreram, naquele mesmo ano, acontecimentos extraordinários. a) Não eram caras a canetinha e o balãozinho que o camelô vendia.
d) Podem trazer sérias consequências ao planeta a falta de cuidados b) O camelô vendia barato canetas e balões coloridos.
com o ambiente c) O camelô vendia, baratos, os balõezinhos e as canetinhas.
e) O técnico e o presidente da empresa chegou muito cedo ao local d) Os balões e as canetas vendidos pelo camelô eram baratíssimos.
do acidente.
e) Os pequeninos balões e canetas, que o camelô vendia, não eram
caros.
08. Assinale a única alternativa INCORRETA quanto à concordância
verbal.
03. Assinale a única frase em que há erro de concordância verbal.
a) A causa da tristeza de Maria eram as ausências dele.
a) O engenheiro com a mulher e os filhos foram para o interior a fim
b) Se não houvessem cometido muitos erros no passado, hoje não de construir algumas estradas para o D.N.E.R.
haveria tantos problemas.
b) Eu com minha mulher chegamos ontem de Paquetá.
c) Nossos costumes provêm, em parte, da África.
c) O general com seus soldados defendeu até a morte a posição.
d) Se não existissem motoristas irresponsáveis, deveriam haver
d) O policial e “leão de chácara” foi autuado por desacato.
menos acidentes fatais.
e) Era um “cabeça-dura”; medos, ameaças, castigos, nada o convenceu.
e) Quem de nós, na próxima reunião do Conselho Administrativo,
apresentará as propostas?
04. Assinale a opção em que há erro de concordância em relação à
norma culta da língua.
09. O medicamento impede que a nicotina – componente do tabaco
que causa dependência – chegue ao cérebro. Em ratos vacinados, até a) O trabalho do cientista é um dos que mais merece o reconhecimento
64% da nicotina injetada deixou de atingir o sistema nervoso central. da sociedade.
(O Globo,18/12/99) b) Um grande número de cientistas trabalha em condições precárias.
c) Deve existir condições especiais para o trabalho do cientista.
Com relação à concordância verbal no último período do texto, é
correto afirmar que d) Valorizem-se os cientistas, oferecendo-lhes condições especiais de
trabalho.
a) o verbo teria de ficar no plural concordando com o número
percentual, que é núcleo do sujeito e está no plural. e) Quer-se criar condições especiais para o trabalho do cientista.

b) é admissível a concordância no singular, porque o substantivo que


05. Assinale a alternativa correta quanto ao emprego do verbo haver.
especifica o número está no singular.
a) Eu não sei, doutor, mas devem haver leis.
c) a concordância só é admitida no singular, haja vista “nicotina” ser
o núcleo do sujeito. b) Também a mim me hão ferido.
d) a concordância no singular está errada, uma vez que o sujeito é c) Haviam tantas folhas pelas calçadas.
“Em ratos vacinados”. d) Faziam oito dias que não via Guma.
e) o verbo fica necessariamente no plural, independentemente da e) Não haverão umas sem as outras.
flexão do substantivo que o especifique, se o sujeito é um número
percentual acima de 1%. 06. Assinale a alternativa que apresenta uma oração correta quanto
à concordância.
10. Segundo a regra geral de concordância verbal, o verbo deve a) Sobre os palestrantes tem chovido elogios.
concordar em número e pessoa com seu sujeito. Verbos impessoais,
como os que indicam fenômenos naturais e tempo decorrido, pela b) Só um ou outro menino usavam sapatos.
ausência do sujeito, são normalmente conjugados na terceira pessoa c) Mais de um ator criticaram o espetáculo.
do singular. Com base nessas informações, assinale a alternativa na d) Vossa Excelência agistes com moderação.
qual o verbo está conjugado CORRETAMENTE, segundo a norma
e) Mais de um deles se entreolharam com espanto.
padrão.
a) Aconteceu alguns fatos curiosos em nossa última viagem.
07. Em “[...] são necessários pelo menos OITO ANOS de estudo [...]”,
b) Se houvessem meios de ajudá-lo, eu certamente o faria. o termo destacado (sujeito) levou o verbo para o plural.
c) A inércia dos governantes trazem graves males à educação. A concordância verbal só NÃO está dentro dos padrões da norma
d) Quantos anos fazem que dona Eudóxia morreu? culta na opção:
e) Não poderia haver dúvidas quanto a sua inocência.

PROMILITARES.COM.BR 103
CONCORDÂNCIA VERBAL

a) Mais de um brasileiro ganhou medalha de ouro. d) Colocam-se em questão, neste século, aspectos importantes
b) Os Estados Unidos são o carrasco do mundo. acerca da sobrevivência do planeta.
c) Qual de nós estaremos na competição? e) Decorre do bem-estar - de que ninguém mais quer abrir mão -
vários dos problemas que hoje atingem a humanidade.
d) Está havendo muitos problemas na competição.
e) Somos nós quem fica com o prejuízo.

GABARITO
08. A única frase que NÃO apresenta desvio em relação à concordância
verbal recomendada pela norma culta é: EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
a) A lista brasileira de sítios arqueológicos, uma vez aceita pela 01. C 04. E 07. B 10. C
Unesco, aumenta as chances de preservação e sustentação por
02. B 05. C 08. D
meio do ecoturismo.
03. E 06. E 09. C
b) Nenhum dos parlamentares que vinham defendendo o colega
nos últimos dias inscreveram-se para falar durante os trabalhos EXERCÍCIOS DE TREINAMENTO
de ontem. 01. D 04. A 07. C 10. E
c) Segundo a assessoria, o problema do atraso foi resolvido em 02. A 05. B 08. D
pouco mais de uma hora, e quem faria conexão para outros
03. A 06. E 09. B
Estados foram alojados em hotéis de Campinas.
EXERCÍCIOS DE COMBATE
d) Eles aprendem a andar com a bengala longa, o equipamento que
os auxilia a ir e vir de onde estiver para onde entender. 01. D 04. C 07. C 10. D
e) Mas foram nas montagens do Kirov que ele conquistou fama, 02. A 05. B 08. A
especialmente na cena “Reino das Sombras”, o ponto alto desse 03. A 06. E 09. B
trabalho.
ANOTAÇÕES
09. O texto que OBEDECE às regras de concordância verbal é:
a) “Com a alta dos juros, o saldo devedor dos financiamentos
habitacionais deverão aumentar cerca de 6% caso a TR permaneça
elevada por seis meses. Isso significa que uma dívida de R$62.867
aumentará para R$66.432 no período de dozes meses.”
(O GLOBO - 13/9/98)

b) “Dos dois mil eleitores de todo o país consultados pelo Ibope


entre 6 e 10 de agosto, 22% disseram que costumam assistir ao
programa até o fim e 30 %, algumas partes. Mas 33% desligam a
TV e 9% mudam para o canal a cabo ou para o vídeo. Os maiores
índices dos que assistem a todo o programa estão entre os de
menor grau de instrução...”
(A GAZETA - 16/7/98)

c) A utilização competente destes instrumentos processuais têm


permitido que o judiciário, principalmente nos casos de vícios
presumíveis nos editais de venda e transferência de controle das
empresas estatais para empresas privadas, decidam (pre)liminarmente
pela suspensão dos editais ou de cláusulas específicas.”
(O GLOBO - 26/7/98)

d) “O Ministério da Saúde lançou ontem, no Rio, o Programa de


Combate ao Câncer de Colo Uterino, que pretende atingir pelo
menos 4 milhões de mulheres este ano. Entre as metas do programa
estão a redução de incidência da doença e do número de óbitos
motivados principalmente pela falta de um diagnóstico precoce.”
(O ESTADO DE MINAS - 1/8/98)

e) A redução das alíquotas do IPI vinha sendo pleiteada pelas


montadoras desde novembro passado, quando foram elevadas
em cinco pontos, dentro do pacote de ajuste fiscal do governo. Na
época havia estimativas de que o aumento do IPI dos carros, em cinco
pontos percentuais, e das bebidas, em dez pontos, proporcionariam
uma arrecadação extra de R$800 milhões neste ano.”
(O ESTADO DE MINAS - 1/8/98)

10. A frase em que a concordância verbal respeita a norma culta é:


a) Não basta, para entendermos o século XX, referências às
conquistas tecnológicas e científicas.
b) Foi herdado do passado muitos traços dos comportamentos atuais,
inclusive o que permitiu, neste século, a perseguição aos judeus.
c) Quanto mais separados os saberes, mais se fortalecerá, com toda
certeza, os que estão no poder.

104 PROMILITARES.COM.BR
CONCORDÂNCIA NOMINAL

Consiste no estudo de relações entre adjetivo e substantivo, Exemplos:


pronome e substantivo, artigo e substantivo, numeral e substantivo. Considero o chapéu e o colete supérfluo(s).
É, enfim, a relação entre nomes.
Considero a gravata e a blusa supérflua(s).
Comi uva e carne frita.
CONDIÇÃO GERAL:
Considero supérflua(os) a gravata e o terno.
1. O nome impõe seu gênero e seu número a seus determinantes e
aos pronomes que o substituem.
Exemplos: 5. Um substantivo para mais de um adjetivo: se o substantivo estiver
no plural, não use artigo ou qualquer adjunto adnominal antes do
Meu irmão, minhas irmãs, dois reis, duas rainhas, este tronco, segundo adjetivo; se o substantivo estiver no singular, é necessário
estas árvores. o emprego de artigo ou de qualquer adjunto adnominal antes do
Comprei alguns livros e já os li. segundo adjetivo, pois será o ícone a deixar implícito o substantivo
antes empregado no singular.
2. Um determinante se referindo a mais de um substantivo. Exemplos:
Ele conhece bem as línguas grega e latina.
2.1. Dois ou mais substantivos do mesmo gênero equivalem a um do Ele conhece bem a língua grega e a latina.
mesmo gênero no plural:
Exemplos:
6. Embora o predicativo deva concordar com o sujeito, há casos em
Vinho e pão velhos; que isso não ocorre, e ele assume o gênero masculino. Aparentemente,
Mãe e filha teimosas. porque, na realidade, trata-se de uma reminiscência do gênero
neutro em latim. Isso ocorre quando a palavra feminina aparece sem
nenhuma determinação, tomando um sentido vago, abstrato. Assim:
2.1.1. Dois ou mais substantivos de gêneros diferentes equivalem a
um masculino plural: Exemplos:
Exemplo: Pinga não é bom para a saúde.
“Tinha a cabeça rachada, uma perna e o ombro partidos.” É proibido entrada.
Cerveja é bom.
2.2. Quando o determinante vier antes dos nomes: a concordância será É necessário coragem.
com o substantivo mais próximo. Todavia, se os substantivos forem
nomes de pessoa, o adjetivo concordará com todos os núcleos, apenas. Tão logo esses substantivos recebam uma determinação, a
Exemplos: concordância passa a ser com o gênero do substantivo.
Sua mulher e filhos tinham viajado. Exemplos:
Você escolheu má hora e lugar para o nosso encontro A cerveja é boa.
Você escolheu mau lugar e hora para o nosso encontro. Esta pinga não é boa para a saúde.
Os destemidos César e Napoleão... É ardida a pimenta.

3. Um determinante [predicativo do sujeito]: observe a concordância 7. O particípio concorda com seu substantivo.
verbal e acompanhe com a concordância nominal.
Exemplos:
Exemplos:
Estabelecidas essas premissas, vamos à conclusão.
O clima e a água eram ótimos.
Postos estes fundamentos, pode-se afirmar que...
Eram ótimos o clima e a água.
Era ótimo o clima e a água.
Era ótima a água e o clima. Todavia, se o particípio integrar uma locução verbal, apenas se
flexiona o particípio da locução de voz passiva (verbos ser, estar, ficar
+ particípio).
4. Um determinante [predicativo do objeto]: a concordância será com Exemplos:
o substantivo mais próximo ou com todos os substantivos. Porém, se
o contexto não permite a concordância com todos os núcleos, claro Ele tem participado.
que a concordância será apenas com o mais próximo (exemplo “c”). Elas têm participado.
Estão sendo elaboradas as provas.

PROMILITARES.COM.BR 105
CONCORDÂNCIA NOMINAL

8. ANEXO / INCLUSO / APENSO / JUNTO 14. MAL / MAU


Concordam com quem se relacionam. Porém, ANEXO, precedido MAL: advérbio (invariável) *O advérbio mantém relação com um
da preposição EM, não varia. verbo, com um adjetivo ou com outro advérbio.
Exemplos: Conjunção Subordinada Adverbial Temporal (invariável)
As estatísticas vão anexas ao relatório. Substantivo (variável) *O mal / os males
Os gráficos inclusos esclarecem a tese. MAU: adjetivo (variável: mau/má/maus/más)
O formulário e a carta estão apensos. Exemplos:
À ficha está anexo o ofício. Mal chegamos, pediram satisfações. [conjunção subordinada
As fichas seguem em anexo. adverbial temporal]
Conduzimos mal os trabalhos. [advérbio]
9. MEIO Ele é mau. [adjetivo]
Pode ser substantivo, adjetivo, numeral e advérbio. Só não se Ela é má. [adjetivo]
flexiona quando advérbio. Más pessoas assaltaram aquele homem idoso. [adjetivo]
Exemplos: O mal destrói o homem; o bem edifica-o [substantivo]
O que ela disse é apenas meia verdade.
Ela ficou meio tonta. 15. QUITE / ALERTA
Ao meio-dia e meia, saímos. * QUITE varia em número, apenas.
Ao meio-dia e meio defronte à farmácia, ficamos. * ALERTA só varia quando for substantivo.
Meias palavras bastam. Exemplos:
Bebi meia chávena de café. Ela está quite, mas nós não estamos quites.
Ela está alerta.
10. MENOS / PSEUDO / A OLHOS VISTOS Elas estão alerta.
São sempre invariáveis. Alerta e preocupadas continuam as garotas.
Exemplos: Os americanos estão alerta aos alertas.
Há menos pessoas aqui.
Ela é uma pseudoadvogada. 16. CARO / BARATO
As crianças continuam a olhos vistos. Quando advérbios, são invariáveis; quando adjetivos, flexionam-se.
Exemplos:
11. TAL ... QUAL: “tal” concorda com o substantivo posposto As laranjas custaram caro.
imediatamente a ele; “qual” concorda com o substantivo posposto
As cebolas foram caras.
imediatamente a ele.
Aquelas caras mangas custaram barato, naquela outra loja.
Exemplos:
Champanhe é caro, amigo.
Tal pai, qual filho.
Tal pai, quais filhos.
17. O PRONOME RELATIVO “CUJO”
Flexiona-se em gênero e número.
12. OBRIGADO / GRATO / AGRADECIDO concordam com o gênero
do emissor (feminino = obrigada / masculino = obrigado). Exemplos:
Exemplos: O livro a cuja página me referi está sobre a mesa.
“Obrigada!” – disse Eliane aos coordenadores. A revista cujos textos li ontem sumiu.
- Nós estamos gratos. A menina a cuja beleza aludiram com entusiasmo viajou.
“Obrigados!” – falaram os convidados.
Agradecidos estão Lourdes e Marcos. Não use artigo após o pronome relativo “cujo”.
O pronome relativo “cujo” concorda em gênero e número com o
substantivo subsequente.
13. SÓ / SÓS / A SÓS
Caso o verbo da oração que se inicia com o pronome “cujo” peça
Exemplos:
preposição, use-a antes do pronome relativo.
Só estamos nós. (invariável, pois o termo grifado é advérbio)
Sós, estamos nós. (o termo grifado é predicativo do sujeito,
concordando com o sujeito)
Elas estão sós. (trata-se de um adjetivo, concordando com seu
sujeito)
Elas estão a sós. (a locução “a sós” não se flexiona)
Só estudamos Contabilidade. (trata-se de um advérbio de
limitação, não se declinando)
Sós, estudamos Contabilidade. (flexiona-se, pois é adjetivo/
predicativo do sujeito)

106 PROMILITARES.COM.BR
CONCORDÂNCIA NOMINAL

EXERCÍCIOS DE 07. Assinale a opção que preenche as lacunas:

FIXAÇÃO I.
II.
Vão _________ aos processos várias fotografias.
Paisagens as mais belas ________.
III. Ela estava _________ narcotizada.
a) anexas - possíveis - meio
01. Assinale a alternativa em que a concordância nominal NÃO é
adequada. b) anexas - possível - meio

a) A temperatura do Sol obrigava a cuidado e proteção obrigatória. c) anexo - possíveis - meia

b) A temperatura do Sol obrigava a cuidado e proteção obrigatórios. d) anexo - possível - meio

c) A temperatura do Sol obrigava a cuidado e proteção forçadas. e) anexo - possível - meia

d) A temperatura do Sol obrigava a obrigatório cuidado e proteção.


08. Assinale a opção com erro de construção:
e) A temperatura do Sol obrigava a obrigatória proteção e cuidado.
a) São duas nações todo poderosas.

02. (UFSM 2007) “A partir da eleição deste ano, a votação portando b) É vedado cópia deste livro.
a bandeira do partido ou estampando a camiseta com o nome e o c) Mais trabalho e menas palavras.
número do candidato está _______ pela Justiça Eleitoral. As novas d) Alguns cientistas dizem que cebola é ótimo para o sangue.
regras, em razão da minirreforma eleitoral _______ pelo TSE, deixaram
e) A literatura provençal e a portuguesa apresentaram alguns pontos
a campanha mais rígida e _______ resultar em cidades mais limpas.”
de contato.
Assinale a alternativa que contemple as formas adequadas para
completar as lacunas. 09. Assinale a opção cujo adjetivo NÃO se flexiona como latino-
a) proibida - aprovada - vão d) proibida - aprovadas - vão americano (“países latino-americanos”):
b) proibido - aprovado - vão e) proibida - aprovada - vão a) sociocultural d) cívico-religioso
c) proibido - aprovada - vai b) histórico-geográfico e) vermelho-sangue
c) herói-cômico
03. Assinale a alternativa que apresenta a concordância nominal
correta nos períodos 1 e 2. 10. A concordância nominal está correta, EXCETO em:
a) 1. Seguem anexas as cópias requeridas. a) O vento agitou as flores lilases da paineira.
2. Seguem anexo ao contrato os recibos.
b) Esperança é necessário para viver.
b) 1. Visitei um bairro e uma rua exótica.
2. Visitei um vilarejo e uma cidade exóticos. c) A candidata estava meio nervosa.
c) 1. É proibido a entrada de animais de grande porte. d) Os filhos são tais qual o pai.
2. É proibida a entrada de crianças menores de sete anos. e) As crianças estavam alerta.
d) 1. “Muito obrigado”, disse Carolina, “adorei o presente.”
2. “Muito obrigado”, disse o rapaz, “você nos ajudou muito.”
EXERCÍCIOS DE

04. Há concordância inadequada em:


a) clima e terras desconhecidas
TREINAMENTO
b) clima e terra desconhecidos
c) terras e clima desconhecidas 01. Assinale a opção com erro de construção:
d) terras e clima desconhecido a) Ele comprou livros e revistas bastante antigos.
e) terras e clima desconhecidos b) Os filhos são tais qual a mãe.
c) Todos os soldados do quartel estavam alertas.
05. Assinale a opção em que há erro de concordância:
d) Sua opinião é um crime de lesa-inteligência.
a) Não eram caras a canetinha e o balãozinho que o camelô vendia.
e) Estudamos profundamente a língua inglesa e a francesa.
b) O camelô vendia barato canetas e balões coloridos.
c) O camelô vendia, baratos, os balõezinhos e as canetinhas. 02. Há erro de concordância na opção:
d) Os balões e as canetas vendidos pelo camelô eram baratíssimos. a) calças e chapéus surradas
e) Os pequeninos balões e canetas, que o camelô vendia, não eram b) poder e força mágica
caros.
c) arreios e sela velhos

06. Assinale a alternativa correta quanto à concordância nominal. d) rifles e alpercata nova

a) Os idosos precisam de pessoas que o ajudem a enfrentar seus e) cangaceiros e capitão temidos
problemas.
03. Assinale a opção que apresenta erro de concordância:
b) São pequenas atitudes que tornam grandes o bem-estar das
crianças. a) palavras e exemplos dignos
c) É necessário a criação de projetos que visem à qualidade de vida b) palavra e exemplo digno
da população carente. c) exemplo e palavra dignos
d) Bastantes providências já foram tomadas a fim de amenizar o d) exemplo e palavra dignas
problema das enchentes na cidade. e) dignas palavras e exemplos

PROMILITARES.COM.BR 107
CONCORDÂNCIA NOMINAL

04. Na frase: “Analfabetismo, saneamento básico e pobreza combinados EXERCÍCIOS DE


explicam 62% da taxa de mortalidade das crianças com até cinco anos no
Brasil.” (O Estadão), o termo em negrito:
a) transgride as normas de concordância nominal.
COMBATE
b) concorda em gênero e número com o elemento mais próximo.
c) faz uma concordância ideológica, num caso de silepse de número. 01. Assinale a opção que preenche as lacunas:

d) poderia ser substituído pelo termo “combinadas”. I. Vai _________ à carta minha fotografia.

e) concorda com todos os termos a que se refere, prevalecendo o II. Essas pessoas cometeram crime de ________ patriotismo.
masculino plural. III. Elas __________ não quiseram colaborar.
a) incluso – leso – mesmo d) incluso – leso – mesmas
05. Assinale o erro de concordância nominal: b) inclusa – leso – mesmas e) inclusa – lesa – mesmo
a) Desertos estavam a casa, a vila e o templo. c) inclusa – lesa – mesmas
b) Desertos estavam o templo, a casa e a vila.
c) Desertas a casa, a vila e o templo. 02. Tendo em vista as regras de concordância, assinale a opção em
d) Deserto o templo, a casa e a vila. que a forma entre parêntese NÃO completa corretamente a lacuna
da frase:
e) Deserta a vila, o templo e a casa.
a) Devem ser bem ________ engenho e habilidades daqueles que
integram uma mesma comunidade. (coordenadas)
06. Embora se utilize de um registro linguístico coloquial na passagem
“se divertissem e passassem meia hora rachando o bico”, o cronista b) Os países pobres e os países ricos possuem recursos e necessidades
estabelece, no trecho destacado, a concordância nominal de acordo com muito _______. (diversos)
as regras gramaticais. Assinale a alternativa em que o uso da palavra c) É preciso que Ciência e Tecnologia estejam __________ às
“meia” ou ”meio” NÃO está de acordo com a norma culta da língua. aspirações da comunidade. (subordinadas)
a) É meio-dia e meia. d) Em muitos países, estão intimamente _________ o fenômeno
b) Eu estou meia cansada. científico e o social. (ligados)
c) As frutas estão meio caras. e) Os mecanismos e intenções que determinam a pesquisa nos
países ricos são erroneamente __________ para os países pobres.
d) Acolheu-me com palavras meio ríspidas.
(transferidos)
e) Não me venha com meias palavras.
03. Considerando a concordância nominal, assinale a frase correta.
07. Assinale a opção em que há desvio na concordância nominal:
a) Ela mesmo confirmou a realização do encontro.
a) Anexos vão o recibo e a fatura.
b) Foi muito criticado pelos jornais a reedição da obra.
b) Anexo vão o recibo e a fatura.
c) Ela ficou meia preocupada com a notícia.
c) Anexa vai a fatura e o recibo.
d) Muito obrigada, querido, falou-me emocionada.
d) Anexo vai o recibo e a fatura.
e) Anexo, remeto-lhes nossas últimas fotografias.
e) Anexos vão a fatura e o recibo.
04. Há concordância nominal inadequada em:
08. Em que alternativa, segundo a norma culta, ocorre erro com
a) clima e terras desconhecidas.
relação à concordância nominal?
b) clima e terra desconhecidos.
a) Ela ficou, depois de tantos desencontros amorosos, meia descrente
a respeito do amor. c) terras e clima desconhecidas.
b) Havia, naquela manifestação, bastantes repórteres ávidos por um d) terras e clima desconhecido.
furo jornalístico.
c) Envie, anexas ao currículo, duas fotos 3x4. 05. Indique a alternativa que NÃO apresenta erro de concordância
nominal.
d) Muito obrigadas, agradeceram as moças, com ar de contentamento.
a) O acontecimento derrubou a bolsa brasileira, argentina e a espanhola.
09. Assinale o erro de concordância nominal: b) Naquele lugar ainda vivia uma pseuda aristocracia.
a) A própria aluna confessou o erro. c) Depois de tudo o que ela me fez acho que ficamos quite.
b) Eles mesmos trouxeram as sementes. d) Como não tinham outra companhia, os irmãos viajaram só.
c) Estamos conforme com tua opinião. e) Simpáticos malabaristas e dançarinos animavam a festa.
d) Usava sapatos areia e luvas pérolas.
e) As crianças feriram-se a si mesmas. 06. “A elevação da temperatura no terceiro planeta do sistema
solar tornará inviável a sobrevivência de qualquer criatura”. Sobre os
aspectos da concordância nominal e verbal dessa frase, podemos dizer
10. (EEAR CFS 1 2018) Todas as alternativas completam a frase
que:
seguinte com concordância nominal correta, exceto uma. Assinale-a.
a) O adjetivo inviável concorda com criatura.
A casa situava-se numa região cujo
clima era bastante saudável. b) A forma verbal tornará concorda com o sujeito posposto.
Nessa região, havia c) O pronome qualquer é invariável.
a) belo bosque e montanha. c) bela montanha e bosque. d) O numeral terceiro não concorda com o substantivo planeta.
b) belos montanha e bosque. d) belas montanhas e bosques. e) No plural, quaisquer criaturas não modificaria a forma do adjetivo
inviável.

108 PROMILITARES.COM.BR
CONCORDÂNCIA NOMINAL

07. Em: “Cerca de 75% do total de recursos doados nacionalmente


vem de pessoas físicas”, a respeito da concordância verbal e nominal ANOTAÇÕES
presente nessa frase, pode-se verificar que:
a) a forma verbal concorda com a porcentagem.
b) o adjetivo “doados” deveria estar no singular, concordando com
“total”.
c) a forma verbal concorda com “recursos”.
d) a forma verbal concorda com a porcentagem ou com “total”.
e) a forma verbal concorda com “total”.

08. “Gates e Buffett doaram eles ________ ________ recursos para


homens e mulheres ________”. A alternativa cuja sequência preenche
adequadamente as três lacunas desse período é:
a) mesmos – bastantes – desabrigados
b) mesmo – bastante – desabrigadas
c) mesmo – bastantes – desabrigados
d) mesmos – bastante – desabrigadas
e) mesmo – bastante – desabrigado

09. A alternativa em que há ERRO de concordância quanto à norma


culta é:
a) Terminadas as doações, os milionários viajaram.
b) A situação das doações foi considerada meia tranquila.
c) O rosto dos necessitados era de uma coloração vermelho-escura.
d) Dinheiro, equipamentos, nada podia ser dado.
e) Ajudaram as fundações empresários e políticos.

10. A alternativa abaixo em que ocorre a presença de um só adjetivo


que se refere a um só substantivo é:
a) “hierarquias, estruturas nem códigos canônicos”.
b) “lutas sociais e políticas”.
c) “disciplina mental e espiritual”.
d) “diferentes tradições religiosas”.
e) “vaidades e ambições desmedidas”.

GABARITO
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01. E 04. C 07. A 10. C
02. A 05. A 08. C
03. B 06. D 09. E
EXERCÍCIOS DE TREINAMENTO
01. C 04. E 07. B 10. B
02. A 05. C 08. A
03. D 06. B 09. D
EXERCÍCIOS DE COMBATE
01. B 04. C 07. E 10. A
02. A 05. E 08. A
03. D 06. E 09. B

PROMILITARES.COM.BR 109
CONCORDÂNCIA NOMINAL

110 PROMILITARES.COM.BR
REGÊNCIA

Na construção de uma unidade significativa, algumas palavras Trata-se de uma piada. (parte integrante do verbo transitivo
exigem o acompanhamento de outros elementos da língua. Essa indireto = impessoal pronominal)
relação de dependência com vistas à formação de um significado
é chamada regência. A regência pode ser direta, quando a
relação de dependência é realizada por justaposição de termos, ou OUTRAS DIFICULDADES
indireta, quando a coesão entre os termos é feita por conexão, ou
seja, por meio de preposições. A regência do substantivo sobre o VERBO ARRASAR
adjetivo (como em escola tradicional), ou do verbo transitivo direto Observe a letra da canção “Política voz”, gravada pelo Barão
sobre seu complemento (Maria ama Pedro) se dá de forma direta, Vermelho:
enquanto a regência do substantivo sobre outro substantivo (como
em “levantamento de peso”) ou de um verbo transitivo indireto sobre “Eu não sou um mudo balbuciando querendo falar
seu complemento (Maria gosta de Pedro) se faz necessariamente por Eu sou a voz, a voz do outro, que há dentro de mim
meio de uma preposição. Guardada, falante, querendo arrasar
Nos casos de regência indireta, é preciso observar que o uso de com o teu castelo de areia
uma ou outra preposição pode provocar alterações de significado
bastante consideráveis. Que é só soprar, soprar Soprar,

Exemplo: soprar e ver tudo voar...”

Chegar ao trabalho.
Chegar do trabalho. Você notou alguma coisa diferente na letra? Nós vimos, a certa
altura: “Arrasar com o teu castelo de areia”.
Existe aí um fenômeno linguístico chamado contaminação. Em
A REGÊNCIA E OS VERBOS tese, o verbo arrasar é transitivo direto: uma coisa arrasa outra.
PRONOMINAIS “O furacão arrasou a cidade.”
Os verbos pronominais são transitivos indiretos ou intransitivos. Muitas vezes, encontramos o verbo acabar sendo usado com o
São considerados verbos pronominais aqueles que se apresentam mesmo sentido:
sempre com um pronome oblíquo átono como parte integrante do “O furacão acabou com a cidade.”
verbo (ex.: queixar-se, suicidar-se).
Assim, o que acontece é a transferência da regência do verbo
Exemplo: acabar - com esse sentido de destruir, que requer a preposição “com”
(A) Naquele momento os fiéis arrependeram-se dos seus pecados. - para o verbo arrasar. Os sinônimos de certas palavras acabam
(B) Os biólogos do zoológico local dedicam-se às experiências recebendo a companhia da preposição que, na verdade, não devia
genéticas. existir. Os linguistas podem argumentar que essa variante deve ser
aceita, mas em nosso programa temos sempre a preocupação de
Note que, no exemplo (B), o verbo “dedicar-se” não é ensinar o padrão formal e mostrar o que acontece nas variantes.
essencialmente pronominal, mas eventualmente pronominal. Isto é, No texto formal, quando você for escrever uma dissertação, utilize
esse verbo pode se apresentar sem o pronome oblíquo e, nesse caso, o verbo arrasar sem a preposição. Em provas objetivas, você deve
deixa de ser pronominal. manter esse mesmo raciocínio.
Exemplo:
Ele dedicou sua vida (OD) aos pobres (OI). USO DO PRONOME OBLÍQUO ÁTONO
COMO COMPLEMENTO DO VERBO
Casos como esse demonstram que alguns verbos podem se tornar
pronominais e, portanto, possuir um complemento preposicionado.
São pronominais eventuais: Verbos transitivos
o. a. os. as
diretos
1. Lembrar e esquecer
“Lembrar algo”, mas “lembrar-se de algo”
Eu lembrei o seu aniversário. (OD).
Eu me lembrei do seu aniversário (OI). Verbos transitivos lhe, lhes
indiretos (pessoa)
2. Tratar
Ele trata o cão com carinho. (Transitivo Direto = dar cuidados)
Ele se (OD) trata com homeopatia. (Transitivo direto com pronome
reflexivo = cuidar)

PROMILITARES.COM.BR 111
REGÊNCIA

Exemplos:
“ ... a estratégia neoliberal convoca esses sonhos, atribui a esses sonhos um valor incomensurável ... “
OD OI
Correto: CONVOCA-OS / ATRIBUI A ELES
Para coibir o tráfico de drogas, as autoridades responsáveis montam barreiras nas estradas.
OD
Correto: PARA COIBI-LO
Os candidatos à presidência vão dar aos repórteres uma entrevista.
OI
Correto: VÃO DAR-LHES UMA ENTREVISTA
Veja as modificações dos pronomes oblíquos átonos e dos verbos na colocação proclítica.

TERMINAÇÃO DO VERBO PRONOMES MODIFICAÇÃO RESULTADO

Retira-se do verbo a última consoante e o pronome Cantar + o


R-S-Z o(s); a(s)
ganha nova forma: Lo(s); La(s) = cantá-lo

Penteamos + nos
-mos (1ª p.pl.) nos Retira-se o “s” final do verbo
= penteamo-nos

Põe + o = põe-no
Ditongo nasal o(s); a(s) O pronome ganha nova forma: no(s); na(s)
Cantam + a = cantam-na

Listam-se, abaixo, alguns verbos cuja mudança de regência implica mudança de significado:

VERBO REGÊNCIA SIGNIFICADO EXEMPLO


Os quase mil candidatos aspiravam à única vaga
transitivo indireto almejar, desejar
disponível.
ASPIRAR
Eu era obrigado a aspirar o mau cheiro dos
transitivo direto respirar, cheirar, inalar
esgotos.
Os mais velhos insistiam em querer assistir ao
transitivo indireto presenciar, ver, observar
jogo em pé.
caber (direito a alguém), Assiste ao médico (OI) o direito de solicitar as
transitivo indireto
ASSISTIR pertencer informações sobre seu cliente (sujeito).
Tua equipe assistiu os processos de forma
transitivo direto socorrer, prestar assistência
brilhante e participativa.
intransitivo morar Ele assiste em Ipanema.
Custou (3ªp. sing.) ao aluno (OI) aceitar o fato
transitivo indireto (unipessoal) ser custoso, ser difícil
CUSTAR (sujeito oracional).
intransitivo Custo financeiro A blusa custou cem reais.
Os apuradores procederam à contagem dos votos
transitivo indireto realizar, efetuar
das escolas de samba.
PROCEDER
Espantei-me com aquela mulher que procedeu
intransitivo comportar-se, agir
com firmeza diante da acusação.
pretender, ter por objetivo, ter Os estudantes visam a uma melhor colocação
transitivo indireto
em vista profissional.
VISAR
Os combatentes visavam os territórios ocupados
transitivo direto mirar, apontar
recentemente.

transitivo direto convocar, mandar vir O técnico chamou os jogadores.


CHAMAR Chamei Pedro de tolo.
transitivo direto ou indireto cognominar, dar nome
Chamei a Pedro de tolo.
transitivo direto acarretar Sua atitude implicará demissão.
IMPLICAR
transitivo indireto amolar, provocar, chatear O irmão mais velho implica com o menor.

transitivo direto desejar Eu quero uma casa no campo.


QUERER
transitivo indireto estimar, ter afeto Quero a meus pais.

112 PROMILITARES.COM.BR
REGÊNCIA

Verbos que apresentam algumas dificuldades na regência: ACREDITAR, PENSAR


VERBO REGÊNCIA EXEMPLO Estes verbos são transitivos indiretos, pois exigem complementos
que a eles se ligam com o auxílio de uma preposição.
transitivo direto e Meus alunos preferem o Exemplos:
PREFERIR
indireto brinquedo ao livro.
Acredite e pense em mim, em nós, em todos aqueles que gostam
CHEGAR intransitivo Chegamos ao colégio. de você e, principalmente, em si mesmo.
Acredite em sua capacidade de resolver todos os problemas. Pense
NAMORAR transitivo direto Maria namora Pedro. sempre no recebimento de boas notícias, resultado de seu esforço e
dedicação.
OBEDECER transitivo indireto O filho obedece ao pai.
No entanto, quando recebem uma oração como complemento,
PAGAR - transitivo direto e Paguei o livro. (coisa) = o dispensam a preposição.
PERDOAR indireto Paguei ao livreiro. (pessoa) = lhe Assim:
Acredite que você possa resolver todos os problemas.
Pense que você receberá uma boa notícia, resultado de seu
ALGUNS VERBOS COM esforço e dedicação.
MAIORES DIFICULDADES
ATENDER
INFORMAR, AVISAR No sentido de recepcionar, receber, acolher ou ouvir com atenção,
Informar algo a alguém ou Informar alguém de algo use a construção direta para pessoas, e indireta, para objetos, coisas
Pedem dois complementos, um sem e outro com preposição. (chamadas, exigências, intimações, pedidos, reivindicações etc.):
Admite duas construções: Exemplos:
Informei a nota ao aluno = Informei-lhe a nota = Informei-a ao O prefeito atendeu a população.
aluno = Informei-lha O médico atendeu o paciente.
Informei o aluno da (ou sobre a) nota. = Informei-o da nota. O prefeito atendeu aos clamores da população.
Cuidado! As escolas públicas não atendem às necessidades dos jovens.

Informei-lhe da nota. (inadequado) = dois objetos indiretos Quando se tratar de campainha, telefone, bairro, cidade etc.,
Informei-o a nota. (inadequado) = dois objetos diretos prefira a forma direta, pois está implícito na frase que alguém atendeu
Comunicar algo a alguém = Comuniquei-lhe a nota = Comuniquei quem tocou a campainha ou fez a ligação, e alguma pessoa deu
a nota ao aluno. atendimento aos moradores de uma dada região:
Pessoa = objeto indireto Exemplos:
Coisa = objeto direto Paulo, atenda o telefone.
Alguém está tocando a campainha.
Você pode atendê-la (ou atendê-lo, concordando com alguém)?
HAVER
CONSTRUÇÃO FUNÇÃO SENTIDO Neste caso, pode-se usar o verbo sem o complemento pessoa
(está subentendido):
Eu hei pensado, Auxiliar de Dependente do
1 Alguém está tocando a campainha.
ele havia dito tempo composto verbo principal
Você pode atender?
Como você houve
2 principal conseguir O prefeito atenderá o bairro da Mooca e a Vila Sônia. (os
tanto dinheiro?
moradores)
Como nós nos
3 principal comportar-se
houvemos na festa?
COMUNICAR
Tu vais haver-te
Sempre comunique algo a alguém, mas nunca comunique alguém
com ela.
sobre ou de alguma coisa:
CUIDADO!
Assim:
4 Você vai se ver principal ajustar contas O diretor comunicou as decisões do conselho aos professores. (correto)
comigo! = Você vai
ser visto comigo. O diretor comunicou-lhes as decisões do conselho. (correto)
Você há de se haver Comunicou-se a decisão aos professores. (correto)
comigo. O diretor comunicou os professores sobre as ou das decisões do
conselho. (errado)
Hei admiração por
5 principal ter Em hipótese alguma diga:
você. (arcaico)
Eles haviam por Os professores foram comunicados das decisões do conselho.
6 principal considerar
correta aquela fala. Lembre-se de que ninguém pode ser comunicado (e sim
Ele houve por bem informado, cientificado, avisado) de algo.
7 principal dignar-se Portanto,
concordar.
Havia vários alunos Os professores foram informados, avisados das decisões do conselho.
8 principal existir
interessados. A comunidade foi cientificada ou avisada de que as enchentes
seriam inevitáveis.

PROMILITARES.COM.BR 113
REGÊNCIA

CUSTAR NAMORAR
Tome cuidado com o emprego de custar no sentido de ser difícil, Não se atreva a namorar com alguém; namore sem a preposição,
custoso, moroso, pois o que se vê no emprego desse verbo são as pois só assim você poderá desfrutar bons momentos ao lado de quem
marcas da oralidade: lhe dedica amor, sem nenhuma interferência (mesmo que seja a da
Exemplos: preposição):
Paulo custou a entender a matéria. Exemplos:
Ele custa para resolver os problemas propostos pelo professor. Paula namora Marcos.
Quero namorá-la.
Para evitar esse desvio normativo, siga estes passos: Hermengarda namorava Eurico.
a) O que foi difícil, custoso a Paulo?
OBSERVE AGORA ESTES VERBOS
Entender a matéria.
Para consulta rápida:
Portanto,
Confraternizar
custou a Paulo entender a matéria; custou a ele entender a
matéria; custou-lhe entender a matéria. Não aceita o pronome SE:
Exemplos:
b) O que é difícil, custoso a ele? Eles confraternizaram no fim de semana.
Resolver os problemas propostos pelo professor. Paulo confraterniza com os colegas de trabalho.
Portanto,
custa-lhe resolver os problemas propostos pelo professor. Simpatizar
Não aceita o pronome SE:
VEJA MAIS ESTES: Exemplo:
Custa-lhe enxergar o bom caminho. Glória simpatiza com todos os alunos da sala.
Não me custa lutar por uma boa causa.
Sobressair
IMPLICAR Sempre sem o SE:
No sentido de acarretar, envolver, pressupor, utiliza-se a forma Exemplo:
direta (sem a preposição em): Ele é um dos que mais sobressaem durante o debate.
Exemplos:
A isenção do IPI implicará perda de receita para a União. REGÊNCIA NOMINAL
Ser bom profissional implica agir com responsabilidade e competência. Para os falantes da língua medianamente preparados, para aqueles
que convivem em ambientes de linguajar mais próximo da gramática
Observação
normativa, a sintaxe de regência nominal não é problema muito sério,
Usa-se preposição nestes casos: uma vez que já assimilaram bons hábitos linguísticos. Contudo, é
Indivíduos inescrupulosos implicaram o adolescente em crime de sempre necessário consultar os dicionários de regência nominal ou
tráfico de drogas. (Envolver alguém em algo) estudar as listas inseridas nas gramáticas mais recomendadas.
Jeremias implica com os colegas de turma. (Ter implicância)
REGÊNCIAS MAIS USADAS
PARA ALGUNS NOMES
LEMBRAR E ESQUECER Substantivos: admiração a, por; atentado a, contra; aversão a,
Você deve sempre lembrar ou esquecer alguma coisa ou alguém para, por; avidez por; bacharel em; capacidade de, para; devoção a,
(sem preposição): por; doutor em; dúvida acerca de, em, sobre; horror a; impaciência
com; ojeriza a, por; respeito a, com, para com.
Exemplos:
Adjetivos: acessível a; acostumado com, a; afável com, para com;
Lembre os bons tempos.
agradável a; alheio a; análogo a; ansioso de, por; apto a, para; ávido
Amigos, lembremos que manter a unidade linguística é reforçar de, por; benéfico a; capaz de, para; compatível com; contemporâneo
os valores do cidadão. de, a; contíguo a; entendido em; hábil em; habituado a; indeciso em,
“Esqueça que ele não ‘te’ ama”. para; liberal com; morador em; nocivo a, para; parco de, em; preferível
a; prejudicial a; propício a; próximo a, de; residente em; semelhante a;
sensível a, com; sito em; suspeito de; socorrido em; vazio de.
Entretanto, quando lembrar e esquecer estiverem acompanhados
de pronome, a preposição de se imporá:
Exemplos:
Lembre-se de que é preciso reconhecer-se no outro.
Não se esqueça de que só existe crescimento, se houver
comprometimento, vontade e competência.
Lembremo-nos de nosso compromisso maior: amar.
Esqueci-me de que estarias à porta na esperança de conquistar
novos amigos.

114 PROMILITARES.COM.BR
REGÊNCIA

EXERCÍCIOS DE c) Vendo-a ferida pelos espinhos, encharcou o lenço com água


fresca e ofereceu-lho.
FIXAÇÃO d) Ele foi bastante simples no falar, mas persuadiu os jovens a
voltarem depois.
e) Estavam habilitados para discutir o fato e, além disso, eram muito
01. Assinalar a alternativa correta com relação à regência verbal e à competentes naquela matéria.
concordância nominal.
a) Somente alguns alunos desobedeceram as regras e aos horários 07. Observe os enunciados a seguir quanto à regência verbal.
predeterminados. 1. Ao rei, os relatos da viagem informaram-lhe as novas descobertas.
b) Agradeci-o o presente e as flores enviadas. 2. Os conhecimentos marítimos em que os europeus confiavam
c) As regras e os padrões convencionados, todos devem respeitá-los. estão ultrapassados.
d) Ele pagou aos pecados e às faltas cometidas. 3. Para os índios, o tempo se divide em AB (“antes do branco”) e
DB (“depois do branco”), marca que os lembra a usurpação de
02. Quanto à regência verbal, nos trechos abaixo: sua terra.
I. Aquela antiga foto lembrou-me os tempos felizes de criança. 4. As comemorações dos 500 anos pouco aludem a quase total
extinção das línguas indígenas.
II. Quero muito meus amigos como a uma família.
Estão corretos apenas:
III. Informou-lhes de que deveriam partir cedo.
a) 1 e 2. c) 2 e 3. e) 3 e 4.
IV. O comunicado visa esclarecer quaisquer dúvidas sobre o novo
regime. b) 1, 2 e 3. d) 2, 3 e 4.
Estão corretas as proposições
08. A frase em que a regência (verbal ou nominal) está correta é:
a) I e IV somente. c) II e III somente.
a) Nem sempre é fácil distinguir a voz do escritor com a do narrador.
b) II, III e IV. d) I, II, III e IV.
b) O abandono do fumo está sendo atribuído, em grande parte, aos
constrangimentos sociais que os fumantes veem experimentando.
03. Indique a alternativa em que a preposição “de” foi empregada
conforme as exigências da variedade padrão da língua: c) Muitas pessoas associam a Aids como comportamentos promíscuos.
a) Certas pessoas acreditam de que sorrir tira-lhes a seriedade e d) Esta falha nas estatísticas se deve, talvez, pelas mulheres não
credibilidade. admitirem sua condição de chefe de família.
b) Este ano o Natal vai cair de domingo. e) A discordância insuperável entre os invasores com os proprietários
da terra acabou por exigir interferência de grupos não-
c) Muitos alunos ficaram de recuperação, no final do ano.
governamentais.
d) Pela natural arrogância de que somos dotados, julgamos que
somos hábeis para entender a complexidade do relacionamento 09. A única frase que NÃO apresenta desvio em relação à regência
humano. (nominal e verbal) recomendada pela norma culta é:
e) Em alguns calendários não dá de ver as fases da Lua. a) O governador insistia em afirmar que o assunto principal seria
“as grandes questões nacionais”, com o que discordavam líderes
04. Na oração “a humanidade ASSISTIA atônita ao holocausto nuclear pefelistas.
em Hiroshima e Nagasaki”, o verbo em destaque tem o sentido de
b) Enquanto Cuba monopolizava as atenções de um clube, do qual
‘ver’, ‘observar’. Sabe-se, porém, que esse verbo pode ter outros
nem sequer pediu para integrar, a situação dos outros países
significados caso haja:
passou despercebida.
a) mudança da posição que os termos ocupam na oração.
c) Em busca da realização pessoal, profissionais escolhem a dedo
b) inclusão de um sujeito indeterminado. aonde trabalhar, priorizando à empresas com atuação social.
c) inclusão de um adjunto adverbial. d) Uma família de sem-teto descobriu um sofá deixado por um
d) mudança da regência do verbo. morador não muito consciente com a limpeza da cidade.
e) mudança da grafia do verbo. e) O roteiro do filme oferece uma versão de como conseguimos
um dia preferir a estrada à casa, a paixão e o sonho à regra, a
05. Segundo os princípios da norma culta, a passagem do trecho em aventura à repetição.
que falta preposição é
a) “(...) aquele malvado de operário que viera, cachorro! dizer que 10. (EEAR CFS 1 2018) Leia: 
estava com má sorte” E lá estão elas novamente, as quatro cachorrinhas amáveis. Rose,
b) “Eu corri pra chorar (...), abafando os soluços no travesseiro a mais serelepe, sempre chama as outras para brincar. Ruth, latindo
sozinho desaforos, prefere uma boa corrida pelo gramado ao marasmo de
um sono tranquilo. Ciça, no aconchego próprio da idade que avança,
c) “era impossível saber o que havia em mim” obedece o chamado de sua caminha e lá se vai deitar com o olhar
d) “um gosto maltratado (...) que eu sofria arrependido” lânguido da indiferença. Já Vilma é mais pacata e aspira ao sossego
e) “(...) justamente a que eu gostava.” das tardes quentes com que o verão nos presenteia.
Está com a regência verbal incorreta o verbo referente a 
06. A frase em que a regência verbal e a regência nominal estão a) Rose. b) Ruth. c) Ciça. d) Vilma.
INCORRETAS é:
a) Angustiada contra o sofrimento do filho, imaginou de recorrer a
outro especialista.
b) A hesitação em defendê-la contra as maledicências propiciou a ela
um bom motivo para romper o noivado.

PROMILITARES.COM.BR 115
REGÊNCIA

EXERCÍCIOS DE 06. Em todas as frases a seguir há transgressões relacionadas à

TREINAMENTO regência verbal, segundo a norma culta, exceto em uma. Assinale a


única correta:
a) Embraer namora mercado de aviação executiva.
01. Observe: b) Paulistano dirige e “sonha” com o Gol, carro líder de vendas há
19 anos.
“Os funcionários implicavam com os novos, pois estes, segundo
comentários, aspiravam os cargos de chefia. Mas precisaram de seu c) Os investimentos terão de passar obrigatoriamente pela conta
trabalho e acabaram aceitando-os.” corrente, o que implica na cobrança de CPMF.
No texto acima, há um verbo cuja regência está INCORRETA. Identifique-o: d) Deputados admitem e concordam com urgência de reforma fiscal.
a) implicar b) aspirar c) precisar d) aceitar e) Altas taxas de juros fazem empresários interessarem-se e
desinteressarem-se pelo mercado externo.
02. Aquela, sim, era a morte que eu almejava, morte heroica, esplêndida
justificativa para uma vida miserável, de monstro encurralado. (...) 07. Numere a 1ª coluna de acordo com a 2ª:
Adaptado de: SCLIAR, M. O centauro no jardim. 9. ed. Porto Alegre: L&PM, 2001.
( ) ___ pretende você chegar? (1) onde
( ) Você sabe ___ fica a Rua das Flores? (2) aonde
Se a forma verbal almejava fosse substituída por aspirava em
( ) ___ será que se esconderam os meninos?
“Aquela, sim, era a morte que eu almejava”, qual das alternativas
( ) Veja bem ___ eles se dirigem.
abaixo estaria gramaticalmente correta?
a) Aquela, sim, era a morte a que eu aspirava. Assinale a alternativa que contém a sequência correta:
b) Aquela, sim, era a morte para a qual eu aspirava. a) 1, 2, 1, 2 c) 1, 2, 2, 1 e) 1, 1, 1, 2
c) Aquela, sim, era a morte que eu aspirava. b) 2, 1, 2, 1 d) 2, 1, 1, 2
d) Aquela, sim, era a morte de que eu aspirava.
08. Observe as frases incompletas:
e) Aquela, sim, era a morte com a qual eu aspirava.
I. Os elementos _____ se dispõe não permitem tirar grandes conclusões.
03. A televisão tem de ser vista _____ um prisma crítico, principalmente II. Com certeza existem pessoas _____ poucas vezes nos lembramos.
as telenovelas, _____ audiência é significativa. Temos de procurar III. Há provocações _____ não é possível resistir.
saber _____ elas prendem tanto os telespectadores. IV. Essa foi uma das perguntas _____ não consegui responder.
Preenchem de modo correto as lacunas do texto, respectivamente, Assinale a alternativa que preenche corretamente os espaços,
a) a nível de - as quais a - por que. completando as frases.
b) sobre - que - porquê. a) a que, que, a que, a que
c) sob - cuja - por que. b) de que, de quem, a que, a que
d) em nível de - cuja a - porque. c) de que, das quais, que, de que
e) sob - cuja a - porque. d) a que, de que, das quais, que
e) com que, que, que, a qual
04. Embora de ocorrência frequente no cotidiano, a gramática normativa
não aceita o uso do mesmo complemento para verbos com REGÊNCIAS 09. A regência verbal e a nominal estão conforme a norma padrão em:
DIFERENTES. Esse tipo de transgressão só NÃO ocorre na frase:
a) O povo parece desejoso de que se encontre uma saída para a crise
a) “Pode-se concordar ou discordar, até radicalmente, de toda a que o Brasil está submetido no momento.
política externa brasileira.” (Clóvis Rossi)
b) O texto permite o leitor a verificação, por meio de números, da
b) “Educador é todo aquele que confere e convive com esses situação do turismo no Brasil.
conhecimentos”. (J. Carlos de Sousa)
c) Custamos perceber que o Brasil tem progredido, pois a imprensa,
c) Vi e gostei muito do filme “O Jardineiro Fiel” cujo diretor é um em geral, parece ter aversão com notícias boas.
brasileiro.
d) Quanto aos brasileiros, anima-lhes o ânimo ler textos tão otimistas
d) A sociedade brasileira quer a paz, anseia por ela e a ela aspira. como esse, ao alcance de qualquer leitor.
e) Interessei-me e desinteressei-me pelo assunto quase que e) Sabemos que nem sempre é possível aliar à vontade de progredir
simultaneamente. à ação efetiva.

05. O trecho “O país perde, crescentemente, o respeito à vida, a 10. As formas destacadas nos quatro fragmentos são usuais no
valores básicos, ao convívio civilizado” apresenta uma clara obediência português culto falado no Brasil. Três delas, porém, ainda são evitadas
à regência do substantivo “respeito”. A alternativa que também por escritores mais conservadores e puristas. Ao escrever, estes escritores
apresenta esta mesma obediência é: preferem as variantes que se acham entre parênteses.
a) O país perde, crescentemente, o respeito à vida, à valorização do A forma destacada e a colocada entre parênteses que são aceitas sem
que é básico, à convivência civilizada. restrição por esses escritores, como formas da escrita culta padrão,
b) O país perde, crescentemente, o respeito à vida, a valorizações estão indicadas em:
básicas, a convivência civilizada. a) “Lembrando que HAVIA (existiam) vários tipos de mulheres não-
c) O país perde, crescentemente, o respeito a vida, à valores básicos, escravas,”
ào convívio civilizado. b) “na seca de 1877, mulheres famintas, esquálidas, CHEGARAM
d) O país perde, crescentemente, o respeito à vida, a valores básicos, NA (chegaram à) casa do major Selemérico,”
à conviver civilizadamente. c) “OSTENTAVA-SE (ostentavam-se) longos cabelos”
e) O país perde, crescentemente, o respeito a vida, aos valores d) “Mesmo as mulheres ricas costumavam SE VESTIR (vestir-se) com
básicos, a convivência civilizada. uma certa simplicidade”

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REGÊNCIA

EXERCÍCIOS DE 06. Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas da


frase abaixo, respectivamente.
COMBATE “Em virtude de investigações psicológicas ______que me referi,
nota-se crescente aceitação de que é preciso pôr termo ______
indulgência e ______inação dos que têm assistido ______escalada da
01. É adequado o emprego da expressão sublinhada na seguinte pornoviolência”.
frase: a) à - a - à - a d) à - à - a - a
a) O jornal de cujo o Sr. Matter se valeu para contar sua história foi b) a - à - a - à e) a - à - à - à
lido pelo cronista.
c) a-a-a-à
b) A noticia à qual se deparou o cronista estimulou-o a escrever uma
crônica.
07. Assinale a frase em que há erro de regência verbal.
c) O índio jivaro, com cuja reação o Sr. Matter não contava,
a) A notícia carece de fundamento.
espantou-se com a proposta.
b) O chefe procedeu ao levantamento das necessidades da seção.
d) A barbaridade com cuja se espantou o czar era a caça de
andorinhas e borboletas. c) Os médicos assistiram o simpósio e acharam-no muito interessante.
e) A barbaridade à qual serviu ao poeta de tema não costuma d) É necessário que todos obedeçam às diretrizes estabelecidas.
espantar os civilizados. e) Daqui posso ver-lhe o passo oblíquo e trôpego.

02. “Quando lhe disseram que também se caçam borboletas e 08. “[...] cujas belezas naturais despertaram os fazendeiros para as
andorinhas [...]” oportunidades do turismo”.
A frase abaixo cujo verbo, também grifado, apresenta regência O termo grifado na frase acima está corretamente substituído pelo
idêntica à do grifado na frase acima é pronome correspondente em
a) [...] que fez uma viagem de exploração à América do Sul [...] a) lhes despertaram.
b) [...] que sabem reduzir a cabeça de um morto [...] b) despertaram eles.
c) Queria assistir a uma dessas operações [...] c) despertaram-lhes.
d) [...] que ele tinha contas a acertar [...] d) despertaram-los.
e) Ele não me fez nenhum mal. e) os despertaram.

03. [...] por imagens de ianomâmis seminus na selva, corresponde 09. Assinale a alternativa em que as normas de regência, verbal e
à realidade? nominal, não foram inteiramente cumpridas.
O mesmo tipo de complemento exigido pelo verbo grifado acima está a) O vocabulário e a sintaxe de que se utilizavam muitos autores
na frase modernistas constituem, muitas vezes, uma linguagem mais difícil
a) [...] que ainda povoa nosso imaginário. do que a linguagem culta.
b) E se os índios da Amazônia fugirem de nossos mitos etnocêntricos. b) Alguns dos modernistas não repudiavam aos clássicos, nem lhes
imitavam, mas conseguiam renovar o idioma sob a influência da
c) O futuro dessas terras é crucial para a conservação da Amazônia.
língua falada.
d) [...] há várias pressões sobre as terras indígenas.
c) No Brasil há muitas literaturas regionais que exibem as
e) [...] do que imagina o senso comum. características da fala local a que procuram ser fiéis.
d) Os defensores de uma literatura regional procuram sempre
04. As leis muçulmanas são rigorosas, mas muitos julgam as leis apresentar explicações e evidências que lhes apoiem os
muçulmanas especialmente draconianas com as mulheres, já que se argumentos.
reflete nas leis muçulmanas a hierarquia entre os sexos, hierarquia que
deriva de fundamentos religiosos. e) A aprendizagem de uma língua se faz, também, lendo-se autores
com que se possa aprimorar e fortalecer a experiência pessoal.
Evitam-se as repetições do período acima substituindo-se os elementos
sublinhados por, respectivamente
10. Assinale a única frase cuja regência verbal esteja correta segundo
a) julgam-as - se lhes reflete - a qual. a norma culta.
b) julgam-nas - se reflete nesta - o que. a) Não somos candidatos mas sabemos como agradar nosso
c) julgam-nas - naquelas se reflete - a qual. eleitorado. Sky, TV sem limites.
d) julgam-lhes - nas quais se reflete - a qual. b) A perda do cartão de consumo implica numa multa de R$ 500,00.
e) julgam-lhes - naquelas se reflete - à qual. c) A diretoria custou a perceber os verdadeiros problemas da equipe.
d) Novo Mercedes-Benz Classe C. A sinalização vai obedecer você.
05. A expressão de que preenche corretamente a lacuna da frase: e) Segundo pesquisas, as brasileiras preferem os morenos do que
a) As três morais _____ o autor enuncia ao final do texto fazem os loiros.
pensar no Brasil.
b) As responsabilidades ____ deveríamos assumir ficam sempre num
segundo plano.
c) A indignação _______ o motorista está tomado é, na verdade,
inconsequente.
d) As acusações _____ o motorista lança aos sonegadores também
o incriminam.
e) A sugestão ______ o texto nos transmite é a de que o nosso
liberalismo é hipócrita.

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REGÊNCIA

GABARITO
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01. C 04. D 07. A 10. C
02. A 05. E 08. B
03. D 06. A 09. E
EXERCÍCIOS DE TREINAMENTO
01. B 04. D 07. D 10. A
02. A 05. A 08. B
03. C 06. A 09. D
EXERCÍCIOS DE COMBATE
01. C 04. C 07. C 10. A
02. E 05. C 08. E
03. E 06. E 09. B

ANOTAÇÕES

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CRASE

REGRAS GERAIS Observação


1ª) Quando o termo anterior exigir preposição “a”, antes de um Se a hora estiver determinada com uma preposição diferente da
topônimo (nome de lugar), para saber se existe artigo, use a dica do preposição “a” ou “até”, a crase não poderá ser usada. Vejamos:
verbo VOLTAR:
Estou aqui DESDE às 12 horas. → Estou aqui desde o meio-dia.
VOLTO DE
Chegarei APÓS às 12 horas. → Chegarei após o meio-dia.
(Somente Preposição)
Vou a Fortaleza. → Volto DE Fortaleza.
Não ocorre crase, pois não há artigo antes da palavra Fortaleza.
CASOS DE CRASE PROIBIDA
1º) Não ocorre crase antes de palavra masculina:
VOLTO DA(de + a) Eu comprei o livro a prazo.
(Prep. “de” + Art. “a”)
Vou à Itália. (a + a) → Volto DA Itália. 2º) Não ocorre crase antes de verbo:
Ocorre crase, pois há artigo antes da palavra Itália. Eu estou a esperar o resultado.

3º) Não ocorre crase entre palavras repetidas que não admitem
2ª) Quando se consegue trocar a palavra feminina por uma soma de “a” + “a”:
masculina e aparece “ao”, teremos crase obrigatória:
Ficamos cara a cara com o inimigo.
Eu aspiro à aprovação. → Eu aspiro ao sucesso.
4º) Não ocorre crase antes do artigo indefinido “uma”:
REGRAS ESPECIAIS Eu assisti a uma novela ontem.

CASOS DE CRASE OBRIGATÓRIA 5º) Quando um “a” sem o “s” de plural aparecer antes de uma
1º) Quando houver a presença dos pronomes demonstrativos palavra no plural, não ocorrerá crase:
aquele(s), aquela(s) e aquilo, se o termo anterior exigir a preposição Não assisto a novelas.
“a”:
Eu me refiro àquele homem. / Eu me refiro àquela mulher. CASOS DE CRASE FACULTATIVA
1º) Antes de nome próprio feminino:
2º) Quando houver a presença das palavras “casa”, “terra”, Eu me referi a(à) Joana. → Eu me referi a(ao) João.
“distância” especificadas ou “Terra” com sentido de planeta, se o
termo anterior exigir a preposição “a”: 2º) Antes de pronome adjetivo possessivo feminino no singular:
Vou à casa do José. / Chegou cedo a casa e dormiu. / O astronauta Fui a(à) sua fazenda pela manhã. → Fui a(ao) seu bosque pela
retornou à Terra. manhã.
O marinheiro retornou a terra. / O marinheiro retornou à terra
onde nascera. 3º) Depois da preposição Até:
Vou até a(à) escola amanhã de manhã. → Vou até o(ao) curso
3º) Quando as palavras “moda” ou “maneira” estiverem de manhã.
subentendidas ou explícitas antes de uma palavra masculina ou
feminina, a crase será obrigatória: Cuidado
Eu escrevi à Machado de Assis. / Comprei a camisa à vista. 1º) Não ocorre crase antes de pronomes, salvo: DONA, SENHORA,
SENHORITA, MADAME, MADAMA, MESMA, PRÓPRIA, OUTRA.
4º) Nas locuções femininas adverbiais, prepositivas e conjuntivas, Eu me referi a você. / Eu me referi à Dona Maria.
a crase será obrigatória:
Ontem à noite eu estudei muito. / Estávamos à procura de uma 2º) Cuidado com o PARALELISMO:
saída.
A reunião terá duração de duas a três horas. (Só preposição antes
À medida que estudava, aprendia mais. dos dois numerais).
A aula será das duas às três horas. (Preposição + artigo antes dos
5º) Antes de hora determinada, a crase será obrigatória: dois numerais).
Estarei aqui às 12 horas. / Estarei aqui ao meio-dia.

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CRASE

EXERCÍCIOS DE 07. Das alternativas abaixo, só há uma em que houve erro no uso da

FIXAÇÃO crase. Assinale-a:


a) Todos devemos obedecer à lei.
b) À partir de hoje, todos sairão cedo.
c) Vestia-se à moda mineira.
01. Uma situação de crase facultativa aparece na opção:
d) Ela estava à margem da lagoa.
a) Irritada, ferira-me à toa, sem querer.
e) A aula seria às três horas.
b) Não guardei ódio a minha mãe: o culpado era o nó.
c) A pergunta repisada ficou-me na lembrança: parece que foi 08. Assinale a alternativa em que não se deve colocar nenhum acento
pregada a martelo. grave (crase).
d) Se meu pai se tivesse chegado a mim, eu o teria recebido sem o a) A chegada do professor, os alunos levantaram-se respeitosamente.
arrepio que a presença dele sempre me deu.
b) Esta questão de crase é semelhante a que vimos ontem.
e) Antes de adormecer, cansado, vi meu pai dirigir-se à rede (...).
c) “E seria bonita a pedra? Nada, uma pedra a-toa, de nome geral,
porém [...]”
02. A possibilidade da presença de um acento grave ocorre na opção:
d) “[...] não gosta da cor do homem, a qual se mistura a todos os
a) Podemos cortar folhas de pita, ir para o outro lado do morro e
verdes naturais [...] das folhas [...]”
descer escorregando no capim até a beira do açude.
b) Mas eu a levarei para a beira do ribeirão, na sombra fria do 09. Observe:
bambual; ali pescarei piaus.
I. Se você for aquele quiosque, traga-me mais um acarajé.
c) Ou nadar mar afora até não poder mais e depois virar e ficar
olhando as nuvens brancas. II. Não fale tal assunto a determinadas pessoas.

d) (...) olhos daquele menino feio do segundo ano primário que III. Eles estão cara a cara.
quase não tinha coragem de olhar a menina um pouco mais alta IV. Não falo aquilo que me contaste.
da ponta direita do banco. Quanto ao acento grave, indicador de crase, deduzimos que ele deve
e) O menino da roça que pela primeira vez vê as algas do mar se ocorrer em:
balançando sob a onda clara, junto da pedra. a) apenas III. b) I e III. c) II e IV. d) apenas I.

03. Em que opção o acento grave, indicativo de crase, ocorre pelo 10. Assinale o único item incorreto quanto ao emprego do acento
mesmo motivo encontrado em: “[...] a nos prevenir contra os riscos da indicativo da crase:
estima e da ternura devotada às pessoas [...].”?
a) Os alunos assistiram à aula em silêncio.
a) Dedicou-se às criaturas que lhe tinham amizade.
b) Ele correu às cegas pelo campo.
b) À beira do precipício, foi salvo pelos amigos.
c) Sentou-se à máquina e pôs-se a escrever.
c) Tinha amor às amigas queridas e mais próximas.
d) Prefiro esta oferta àquela.
d) Não se referiu às amizades que tivera na infância.
e) A decisão ficará à critério da banca.
e) Sempre convidava à noite as amigas para dançar.

04. Assinale a opção em que o uso do acento grave, indicativo da EXERCÍCIOS DE


crase, é facultativo.
a) “[...] novos rumos à minha vida.” TREINAMENTO
b) “[...] resistir à sedução e ao fascínio [...].”
c) “[...] às nossas caras famílias de origem [...].”
01. Assinale a alternativa que preenche adequadamente o período
d) “[...] às respectivas cidades de nascimento [...]” “Ele está sempre ___ disposição de todos, fique ___ vontade para
e) “[...] às vezes totalmente diversos [...].” procurá-lo ___ qualquer hora.”
a) à – à – a b) à – a – a c) a–à–a d) a – à – à
05. Marque a opção em que o acento indicativo de crase é facultativo.
a) “[...] sagrados, o direito à opinião [...].” 02. Assinale a opção em que o emprego do acento indicativo de crase
b) “[...] não leva à opinião; leva à análise está correto:
c) “[...] respeito à nossa opinião” a) O velho marinheiro referia-se à viagens inesquecíveis que fizera
naquele navio.
d) “[...] importância à opinião alheia [...].”
b) A construção da fragata crescia à olhos vistos.
e) “[...] atribuir à opinião sua verdadeira
c) O jovem oficial escreve à Rui Barbosa.
06. Assinalar a alternativa correta que completa, respectivamente, as d) Os tripulantes do navio retornavam à terra entusiasmados.
lacunas: “Os latinos referem-se _____ terra natal sempre com amor. e) Os inimigos ficaram lado à lado.
E o amor _____ língua é uma das mais sublimes formas de amor para
com _____ terra que nos foi berço.” 03. Assinale a alternativa em que o emprego do acento grave,
a) a – à – à indicador de crase, está correto.
b) à – à – a a) Peça desculpas à seu mestre.
c) à–a–à b) Atribuiu o insucesso à má sorte.
d) a – a – a c) Quando a festa acabou, voltamos à casa felizes.
d) Daqui à quatro meses muita coisa terá mudado.

120 PROMILITARES.COM.BR
CRASE

04. Assinale a opção em que o termo destacado deve ser acentuado, 09. Tomando como exemplo o trecho “Um exemplo disso é São Paulo,
conforme ocorre na expressão “à primeira leitura”. às sete da noite”, em relação ao uso da crase em língua portuguesa,
a) Veio, finalmente, a primeira vitória de sua carreira. é correto afirmar:
b) Conheceram-se numa biblioteca: foi amor a primeira vista. I. Usa-se crase quando há contração da preposição “a” com artigo
c) Não será a primeira e nem a segunda leitura que o convencerá. definido feminino “a”.
d) Foi a primeira vez que viajei a Portugal, e já quero retornar. II. Seu uso será facultativo na indicação de horas e nas locuções
e) Não peça informações a qualquer primeira pessoa que encontrar. adverbiais femininas.
III. Não se usa crase antes de verbos e de pronomes relativos.
05. Assinale a alternativa correta quanto ao acento indicador de crase.
IV. Usa-se crase nas locuções formadas de elementos repetidos.
a) Em tempos de doenças transmitidas à seres humanos pelo
Assinale a alternativa correta.
mosquito Aedes aegypti, médicos de todo o país dirigem-se à
Curitiba para estudar temas transversais relacionados a dengue, a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
a chikungunya e ao zika. b) Somente as afirmativas I e III são corretas.
b) Convém não confundir a habitação voltada a moradia própria, c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
mesmo que irregular, com a ação de especuladores, que, às vezes,
d) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.
invadem às áreas de preservação permanente e vendem até
barracos prontos. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
c) Temos que aprender à punir com o voto todos os corruptores, da
direita a esquerda, ano a ano, independentemente da cor partidária. 10. No trecho “[...] o carioca, com esse modo natural de ir à praia,
desvaloriza o mar.”, há um exemplo do uso do acento grave, indicativo
d) Rosamaria recebeu do Juizado Militar a opção da liberdade vigiada de crase. Em que opção o acento grave está corretamente empregado,
e pôde sair da cadeia, embora a liberação tivesse fortes limitações de acordo com a norma padrão?
como proibição de deixar a cidade, de chegar a casa após as 22h
e de trabalhar. a) Para conhecer o mar, foi à pé até Copacabana.
b) É uma grande alegria comparecer à esta festa na praia.
06. Em “Gosto de perceber o tamanho de um livro à primeira vista.”, c) Sempre desejou mostrar o mar às suas queridas irmãs.
o acento indicativo de crase foi utilizado corretamente. Assinale a
opção em que isso também ocorre. d) Quando voltava da escola, viu às amigas na praia.

a) Submeteram o amor à provações complicadas. e) Tinha um importante trabalho à concluir antes de velejar.

b) Pintou o quadro à óleo.


c) É viável combinarmos um pagamento à prazo?
EXERCÍCIOS DE
d) O curso é de 2 à 8 de maio.
e) Por favor, entregue o caderno àquela professora.
COMBATE
07. Leia as duas construções linguísticas a seguir:
I. Transitar em velocidade superior à máxima permitida.
01. É POSSÍVEL colocar acento grave indicativo de crase em uma
II. Desobedecer a ordens de autoridades. palavra que aparece na opção:
Sobre essas construções, é correto afirmar que, a) Imaginei, às vezes, que foras ter a outra porta e alguém se
a) em I e em II, a presença e a ausência do acento grave, beneficiava de ti.
respectivamente, não infringem a norma padrão da língua b) Eu indagava os rostos, pesquisei neles a furtiva iluminação (...).
portuguesa.
c) E infinito, a envolver minha finitude.
b) em I, a ocorrência do acento grave não segue a norma padrão da
d) (...) desejei que fogo ou água te liquidassem, já que te esquivavas
língua portuguesa e, em II, a ausência desse acento justifica-se
a tua missão.
pela regência do verbo.
e) (...) foi escrita em alguma parte do mundo e não chegou a destino
c) em I, a ocorrência do acento grave segue a norma padrão da
(...).
língua portuguesa e, em II, a ausência desse acento justifica-se
pela regência do nome.
02. Uma situação de crase facultativa aparece na opção
d) em I e em II, o uso do acento grave, segundo a norma padrão da
língua portuguesa, é facultativo. a) (...) que devemos encaminhar ao destino conveniente as roupas
da véspera.
08. Releia este excerto: “Foi então, meus caros, que eu vi a luz – e a b) (...) rubro de vergonha de ter sido largado no chão junto a este
luz veio na forma de um livro”. cinzeiro transbordante e às meias azuis de náilon.
Nas duas ocorrências, o “a” não recebe acento grave, indicador de c) E não gosto que mexa, hein, senão depois não acho as minhas coisas!
crase. Isso ocorre porque d) (...) para você, sozinho, que é provido de cabides, que não têm
a) há uma falha gramatical: sempre há crase em locuções adverbiais outro destino senão abrigar as suas calças?
femininas como “à luz”. e) Mas não faço mais nada, porque abri um caderno, de letra muito
b) se trata de um caso de crase facultativa: a junção de preposição ruim, até a metade com os seus versos.
com artigo é uma opção estilística.
c) nunca se emprega acento indicador de crase no “a” diante de
palavras masculinas.
d) o novo acordo ortográfico em vigor aboliu acentos como trema
e acento grave.
e) os termos regentes associados ao substantivo “luz” rejeitam a
presença de preposição.

PROMILITARES.COM.BR 121
CRASE

03. Uma situação de crase FACULTATIVA aparece na opção: III. Não contei a você a verdade sobre o final do livro para não
a) (...) lá estava eu à porta de sua casa (...) estragar a surpresa.
b) Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde (...) a) Somente em I. d) Somente em I e II.
c) (...) perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em b) Somente em II. e) Somente em II e III.
pé à porta (...) c) Somente em III.
d) Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer.
10. Assinale a alternativa que apresenta a quantidade adequada de
e) Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o
acento grave para que o texto abaixo atenda às exigências normativas.
livro a outra menina (...)
Dercy Gonçalves, Jô Soares e Ana Maria Braga vão se somar,
04. Assinale a alternativa correta, quanto ao emprego do acento daqui a pouco, a Caetano, Gil e Paulo Coelho (na falta de Raul Seixas)
grave. como ícones de uma geração de velhinhos “prafrentex”. Como a
psicanalista Angela Mucida mostrou em O sujeito não envelhece:
a) As nações juntam-se a Assembleia da ONU, para eliminarem psicanálise e velhice (Autêntica, 2004), para essa geração, não
progressivamente os problemas de gestão do serviço. envelhecemos, desde que possamos reconhecer o desejo e conferir
b) A Secretaria de Saneamento e as Conferências das Cidades foram dignidade a ele como centro e razão de uma vida bem realizada.
criadas com vistas à diminuir as desigualdades de acesso a esse Nossa condição de sujeito se impõe a de pessoa, que gradualmente
serviço. perde suas prerrogativas, a condição de indivíduo, que gradualmente
c) Pode-se caminhar alguns passos no sentido de garantir que a essa se perde na massa, e a condição de corpo que se degrada.
tarefa alinhe-se a participação social. a) duas d) cinco
d) A gestão dos serviços deve ser acrescentada uma visão de b) três e) seis
saneamento básico como direito à cidadania. c) quatro
e) O marco legal estabelece que a prestação dos serviços tem como
foco à garantia do cumprimento das metas.

GABARITO
05. Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas da
frase abaixo. Quando se aproximava ___ tarde, logo depois do almoço, EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
___ moça largava ___ roupas secando, para, ___ cinco, voltar com o
01. B 04. A 07. B 10. E
ombro entulhado, ___ casa, direto ___ engoma ___ ferro de carvão.
02. A 05. C 08. D
a) a - a - às - as - a - à - à d) à - à - as - às - à - a - a
03. C 06. B 09. D
b) à - à - às - as - à - a - à e) a - a - as - às - a - à - a
EXERCÍCIOS DE TREINAMENTO
c) a - a - as - às - a - à - à
01. A 04. B 07. A 10. C
06. Assinale a única alternativa que completa corretamente as lacunas 02. C 05. D 08. E
do texto abaixo. 03. B 06. E 09. B
Daqui ____ pouco terá início ___ aula inaugural, e deverei comparecer EXERCÍCIOS DE COMBATE
____ cerimônia; _____ tempo não vou ____ escola, por isso prometo
01. A 04. C 07. E 10. B
assistir ____ todas as aulas.
02. E 05. E 08. B
a) a - a - à - há - à - a d) a - à - à - há - na - à
03. D 06. A 09. D
b) há - à - na - a - à - à e) a - a - à - há - na - a
c) à-a-a-à-à-a ANOTAÇÕES

07. Assinale a alternativa em que a sentença está de acordo com as


regras da gramática normativa:
a) Os estudantes conversaram à cerca da nova direção.
b) É necessário estar atento as novas demandas.
c) O pelotão foi a cidade capturar os insurgentes.
d) As crianças não conseguiram andar à cavalo ontem.
e) Os documentos serão enviados em domicílio.

08. Assinale a alternativa em que o uso da crase é facultativo.


a) Ele vendeu o carro a quem pagou mais.
b) Tentei contar a Simone toda a verdade, mas não consegui.
c) Fiquei a esperar por eles por horas a fio.
d) Naquela noite, ela ficou cara a cara com o assaltante.
e) Provas respondidas a lápis não serão corrigidas.

09. O uso da crase é facultativo.


I. Na cerimônia de casamento, meu marido referiu-se a minha mãe
muito emocionado.
II. Retomarei a casa de meus avós no interior de Sergipe assim que
possível.

122 PROMILITARES.COM.BR
COLOCAÇÃO PRONOMINAL

PRONOMINAIS Exemplos:
Dê-me um cigarro
Diz a gramática BRASIL (FALA E ESCRITA) PORTUGAL (FALA E ESCRITA)
Do professor e do aluno Me contaram um segredo. Contaram-me um segredo.
E do mulato sabido
Os amigos querem te desejar Eles querem-te desejar boas
Mas o bom negro e o bom branco boas vindas. vindas.
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias O cão se esconderá na O cão esconder-se-á na
casinha. casinha.
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
“Infelizmente, certos gramáticos nossos, esquecidos de que esta
(ANDRADE, Oswald de. Poesias Reunidas. 5ª ed.
São Paulo: Civilização Brasileira, 1971. p.125.) variação posicional, em tudo legítima, representa uma inestimável
riqueza idiomática, preconizam, no particular, a obediência cega às
A colocação dos pronomes oblíquos átonos em relação ao verbo atuais normas portuguesas, sendo mesmo inflexíveis no exigirem o
de quem é complemento foi motivo de polêmica no Modernismo no cumprimento de algumas delas, que violentam duramente a realidade
Brasil. Como a linguagem oral do povo brasileiro se tornava mais e mais linguística brasileira.”
distante do falar português, os poetas antropofágicos deflagraram as (Celso Cunha)
diferenças desse falar, dando ênfase às colocações pronominais.
Vejamos como se devem colocar os pronomes oblíquos átonos
(os clíticos): COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ÁTONOS
Pro + clítico = o pronome na frente do verbo
Exemplo: EM RELAÇÃO A UM SÓ VERBO:
Ninguém os convidou para a festa. • Não se inicia período por pronome átono.
Exemplo:
En + clítico = o pronome depois do verbo. Dei-te as flores mais belas.
Exemplo:
Disseram-me que ele saiu. • Antepõe-se, em geral, o pronome átono a verbo flexionado
em oração subordinada.
Meso + clítico = o pronome no meio do verbo. Exemplo:
Exemplo: Os professores desejam que se façam bons exames. (oração
Poder-te-ia dizer a verdade, mas não vou. subord. substantiva objetiva direta)

No Brasil, os pronomes oblíquos átonos (os clíticos) se colocam • Antepõe-se o pronome átono a verbo modificado por
de forma bem diversa da que adotam os portugueses ou adotava- advérbio.
se no Brasil do passado. Essas colocações foram alvo de críticas de Exemplo:
poetas modernistas, que pretendiam uma linguagem mais próxima
Os corajosos nunca se desesperam.
do falar do povo. Para nós, hoje, soam curiosos em frases como a de
Machado de Assis em Dom Casmurro:
“Entrou a achar em Capitu uma porção de graças novas, de dotes • Antepõe-se o pronome átono a verbo em orações negativas.
finos e raros; deu-lhe um anel dos seus e algumas galanterias. Não Exemplos:
consentiu em fotografar-se, como a pequena lhe pedia, para lhe dar
Ainda não me convenci da existência de seres extraterrestres.
um retrato; mas tinha uma miniatura, feita aos vinte e cinco anos, e,
depois de algumas hesitações, resolveu dar-lha.” Nada nos deixa mais irritados do que sua atitude.
Pelé o não encontrou.
lha = lhe + a (a Capitu + uma miniatura)
Neste último caso, antepôs-se o pronome ao advérbio – colocação
Precisamos estudar com cautela os casos de próclise em início de predileta de Machado de Assis.
frase, de próclise ao verbo principal de locução verbal, de rejeição à “Se ainda o não disse, aí fica. Se disse, fica também.”
mesóclise e de oscilações proclíticas e enclíticas em verbos precedidos (Dom Casmurro)
de palavras “atrativas” (termo inadequado, porque as palavras
não são imantadas, mas bastante empregado).

PROMILITARES.COM.BR 123
COLOCAÇÃO PRONOMINAL

• Antepõe-se o pronome átono a verbo flexionado, em oração EM RELAÇÃO A UMA LOCUÇÃO VERBAL, COM
iniciada por palavra interrogativa ou exclamativa. PARTICÍPIO (APENAS NOS CASOS EM QUE OS ITENS
Exemplos: ANTERIORES NÃO FOREM CONTRARIADOS):
Quem lhes dirá a verdade? • Antepõe-se ou pospõe-se (com hífen) o pronome átono ao
MAS verbo auxiliar. JAMAIS ENCLÍTICO AO PRINCIPAL!
Ele dir-lhes-á a verdade? Exemplos:
Pedro nos tem deixado feliz.
Como nos tratam bem naquela casa!
Pedro tem-nos deixado feliz.
MAS Errado: Pedro tem deixado-nos feliz.
Ele nos trata bem naquela casa!
CASOS DE MESÓCLISE
• Antepõe-se o pronome átono a verbo no subjuntivo, nas Só se usa o pronome mesoclítico combinado com verbo no Futuro
orações exclamativas e optativas. do presente ou Futuro do pretérito (apenas nos casos em que os itens
anteriores não forem contrariados).
Exemplo:
Exemplo:
Deus te guie!; Bons ventos o levem!
“Capitu confirmava a suspeita; se ela vivia alegre é que já
namorava a outro, acompanhá-lo-ia com os olhos na rua, falar-lhe-
• Antepõe-se o pronome átono a verbo no gerúndio precedido ia à janela, às ave-marias, trocariam flores e...”
da preposição em. (Machado de Assis – Dom Casmurro)
Exemplos:
Os nosso fãs, em nos vendo por aqui, ficaram esperando. Vejamos como os modernistas abordavam em seus textos a crítica
ao uso da mesóclise.
Em se tratando de alunos, sempre procuramos ensinar o
melhor. Crítica de Graciliano Ramos à colocação pronominal mesoclítica:
“Mocinha está lendo uma carta, deixada pelo pai ao fugir, a uma
criança.
• Não se pospõe nem antepõe pronome átono a verbo no
futuro do presente e futuro do pretérito. Na carta o pai dá conselhos ao filho pequeno para que sejam
válidos na fase adulta:
Exemplo: ‘Lê muito, instrui-se e ter-te-ão por alguém.’
Os congressistas apresentar-se-ão (mesóclise) no salão de O menino pergunta à Mocinha:
convenções. – Mocinha, quem é esse tal de Terteão?”

EM RELAÇÃO A UMA LOCUÇÃO VERBAL, COM


EXERCÍCIOS DE
INFINITIVO OU GERÚNDIO (EXCETO NOS CASOS
EM QUE NÃO SE CONTRARIEM OS PRINCÍPIOS DO
PRIMEIRO ITEM):
FIXAÇÃO
• Antepõe-se ou pospõe-se (com hífen) o pronome átono
ao verbo auxiliar ou ao verbo principal, nas locuções sem 01. Indique a alternativa em que há erro gramatical:
preposição intermediária. A próclise ao verbo principal (uso a) Disse que daria o recado a ele e lho dei.
brasileiro) tem abono recente nas gramáticas.
b) Prometeu a resposta a nós e no-la concedeu.
Exemplo:
c) Já vo-los mostrarei, esperai.
Pedro deve lhe dizer a verdade. (próclise ao verbo principal)
d) Procuravam João, encontraram-no.
Pedro deve-lhe dizer a verdade. (ênclise ao verbo auxiliar) =
Use este na sua redação. e) Quando lhe vi, espantei-me.

02. Escolha a frase que apresenta erro de colocação pronominal.


• Antepõe-se ou pospõe-se o pronome átono ao verbo
a) Arremataram-nas, num leilão online, os que deram os maiores lances.
principal, nas locuções com preposição intermediária.
b) Se pudesse, explicaria-lhe tudo.
Exemplos:
c) Meu filho tem-se interessado pelos negócios da família.
Pedro começou a me dizer a verdade.
d) Ele preparou-se para a entrevista de emprego.
Pedro começou a dizer-me a verdade.
e) Sinto-me lisonjeado pelo elogio de tão ilustre professor.
Observação
03. Assinale a opção em que o uso da ênclise se dá pelo mesmo
Não cabe o emprego dos pronomes o, a, os, as em posição
motivo observado em: “Naquela ocasião, despedia-me dos amigos de
intermediária nas locuções verbais.
infância e da família (...)”
ERRADO = Os alunos estavam-no vendo.
a) Os Aspirantes sentiam-se orgulhosos de suas conquistas acadêmicas.
CERTO = Os alunos o estavam vendo.
b) Aqui, instalaram-se comodamente os atletas brasileiros, durante
OU os Jogos Olímpicos.
Os alunos estavam vendo-o. c) A mãe da jovem Aspirante tinha-lhe observado a importância da
escolha profissional.
d) Relatou-nos, com detalhes, as aventuras e desventuras de sua
última viagem de barco.
e) Os alunos não estavam gostando do livro, mas continuavam a lê-lo.

124 PROMILITARES.COM.BR
COLOCAÇÃO PRONOMINAL

04. Em que opção o verbo destacado permite apenas o uso da 10. Em qual opção ocorre um desvio da norma padrão da língua na
próclise, de acordo com a norma padrão? colocação do pronome destacado?
a) “Me lembro dessa cena: um adolescente [...].” a) “Quando me vejo em tal situação, [...].”
b) “[...], que se assentou no banco do calçadão, [...].” b) “Nós nos tornamos, à semelhança dos computadores, [...].”
c) “[...], mas eu devo lhes revelar: [...].” c) “[...] e, de repente, me dei conta de que estava [...].”
d) “Ver o mar a primeira vez, lhes digo, [...].” d) “[...] temas que em nada se relacionavam [...].”
e) “Ele se desfolha em ondas e não para de brotar.” e) “[...] analisarmos o contexto [...] e organizá-lo [...].”

05. O trabalho tem mais isso de excelente: distrai NOSSA vaidade,


engana NOSSA falta de poder. Também há ocorrência de pronome EXERCÍCIOS DE
empregado com sentido de posse em:
a) O trabalho afasta de nós três grandes males: o tédio, o vício e a
necessidade.
TREINAMENTO
b) [O trabalho] impede-o de olhar um outro que é ele e que lhe torna
a solidão horrível. 01. No trecho “[...] um garoto humilde de 16 anos o esperava sentado
no muro.”, é também correta, de acordo com a norma-padrão
c) [O trabalho] desvia-o da visão assustadora de si mesmo.
brasileira, a colocação enclítica do pronome o.
d) Vagabundo é quem não tem o que fazer, nós temos, só não o
Assinale a opção em que também ocorre essa dupla possibilidade –
fazemos.
próclise e ênclise – na colocação do pronome destacado.
e) [O trabalho] faz-nos sentir a esperança de um bom acontecimento.
a) Ana me emprestou este livro.

06. Na letra da canção “Não lhe solto mais” de Antônio de Barros b) Não lhe emprestarei o livro de novo.
e Cecéu, um dos versos que representa uma forma não aceita pela c) Prefiro que me traga as publicações depois.
norma padrão é: d) Sempre o vê sozinho na frente da biblioteca.
a) “Lhe castigo na esteira”. e) Em lhe chegando a vez, termino de contar a história de ontem.
b) “Você é duro, bem maduro”.
c) “Já cortaram meu umbigo”. 02. Assinale a alternativa em que o pronome colocado entre
parênteses NÃO preenche corretamente as lacunas.
d) “Se juntar com o meu tempero”.
a) O mal-entendido _____ aborreceu demais. (os)
07. Que opção obedece, plenamente, à modalidade padrão da língua b) Não fiquem preocupados: nós _____ ajudaremos. (lhes)
portuguesa? c) Na verdade, em muito pouco ____ ajudaríamos. (as)
a) Já percebeu-se, desde o período de formação marinheira, que d) Admiro_____ a dedicação para com o irmão. (lhe)
eram ingentes as dificuldades enfrentadas no mar pelos jovens
e) Posso dizer que ainda não __ conheço bem. (a)
nautas.
b) Por que infringiram regras internacionais de navegação, alguns 03. Assinale a opção que preenche correta e respectivamente as
navios estrangeiros pagarão multas extraordinárias e serão lacunas.
impedidos de sair do porto.
I. ________ os amigos, jamais ________ sua atenção e confiança.
c) Pode existir conceitos de corporativismo, os quais privilegiam ao
bem de cada um e podem ser responsáveis pela derrocada da II. ________ dos políticos que dizem que os recursos públicos não
instituição militar. __________ do povo.
d) Mal se apresentaram à nova comissão, formada por oficiais, os a) I. Destratando - se granjeiam; II. Divirjamos - provêm
jovens marinheiros passaram por um árduo e acurado treinamento. b) I. Distratando - se granjeiam; II. Divirjamos - provêm
e) Houveram velhos marinheiros que preferiam permanecer em seus c) I. Distratando - granjeamos; II. Diverjamos - proveem
navios, mesmo durante longo tempo, a serem afastados do mar. d) I. Destratando - grangeamos; II. Divirjamos - proveem
e) I. Distratando - se granjeia; II. Diverjamos - provêm
08. Assinale a alternativa em que a nova colocação do pronome
destacado na frase é aceita pela norma culta.
04. Nos excertos “o mal que te crucia”, “que a amarás um dia” e
a) É um capítulo dos mais delicados, para tratar do qual não sinto- “pede humildemente a Deus que a faça”, os pronomes em negrito
me completamente habilitado. estão, adequadamente, em posição proclítica, haja vista a força
b) Quanto mais incompreensível é ela, mais admirado é o escritor atrativa exercida pelo vocábulo “que”, presente nos referidos trechos.
que escreve-a. De acordo com a norma padrão, qual das sentenças abaixo também
c) Mas todo esse folk-lore não tem sido coligido e escrito, de modo se compõe de maneira adequada quanto à colocação do pronome
que, dele, pouco posso comunicar-lhes. átono?
d) Porém, um canto popular que foi narrado-me. a) Nada mantinha-se como antes.
e) Me lembrei, porém, de que as minhas notícias daquela distante b) Se permita sempre amar os outros.
república não seriam completas. c) Trataria-se de uma nova vitória do time.
d) Quando falará-se em ética na política?
09. O pronome destacado tem valor de possessivo em:
e) Aqui também se fazem boas ações.
a) O pai dizia-LHE para testar o aparelho depois da tempestade.
b) A moça olhava para a colega que LHE estava de costas.
c) A comissão pediu-LHE mais informações pessoais.
d) Cobria-LHE as pernas com a colcha de retalhos.

PROMILITARES.COM.BR 125
COLOCAÇÃO PRONOMINAL

05. Com relação à colocação pronominal e ao emprego dos pronomes, 08. Observe a tirinha:
observe a tirinha abaixo.

I. No primeiro quadrinho, o pronome “mim” foi utilizado de forma


incorreta, no que tange à norma padrão da Língua Portuguesa e
de acordo com a gramática normativa.
II. No terceiro quadrinho, a frase: “Eu sei, estes momentos nos
deixam sem palavras...”, para seguir a regra da colocação
pronominal, deveria ter sido escrita da seguinte maneira: “Eu sei,
estes momentos deixam-nos sem palavras...”.
III. A frase: “Beije-me como nunca beijou alguém antes!” pode ser
reescrita da seguinte maneira, sem que haja prejuízo semântico:
“Beije-me como nunca beijou ninguém antes!”.
É correto o que se afirma em Assinale a alternativa correta, tendo como referência todas as falas do
a) II, apenas. c) I e III, apenas. e) III, apenas. menino Calvin.
b) II e III, apenas. d) I, II e III. a) O emprego de termos como gente e tem é inadequado, uma
vez que estão carregados de marcas da linguagem coloquial
06. Leia as frases a seguir. desajustadas à situação de comunicação apresentada.
I. As lentes, primeiramente, permaneciam sobre o material de b) Calvin emprega o pronome você não necessariamente para
leitura mas, com o tempo, os homens ________ dos olhos. marcar a interlocução: antes, trata-se de um recurso da linguagem
coloquial utilizado como forma de expressar ideias genéricas.
II. Os óculos devolveram a boa visão a muitas pessoas, embora
algumas sentissem vergonha de ________. c) O emprego de termos de significação ampla - como noção, tudo,
normal - prejudica a compreensão do texto, pois o leitor não
III. A indústria tem investido bastante na criação de óculos
consegue entender, com clareza, o que se pretende dizer.
diferenciados e, hoje, ________ tanto por necessidade física como
por valorização estética. d) O pronome eles é empregado duas vezes, sendo impossível, no
contexto, recuperar-lhe as referências.
De acordo com a gramática normativa, as lacunas das frases devem
ser preenchidas, correta e respectivamente, por e) O termo bem é empregado com valor de confirmação das
informações precedentes.
a) aproximaram-nas - usá-los - os adquirimos.
b) aproximaram-nas - usar-lhes - lhes adquirimos.
09. Leia as orientações que uma empresa, preocupada com o meio
c) aproximaram-se - usá-los - os adquirimos. ambiente, passou aos seus funcionários.
d) aproximaram-lhes - usar-se - lhes adquirimos. - Avalie se é mesmo necessário imprimir algo que já está gravado em
e) aproximaram-lhes - usar-lhes - os adquirimos. seu computador.
- Utilize melhor as folhas, NÃO JOGUE AS FOLHAS FORA e aproveite o
07. “COLOCAÇÃO DO PRONOME - É menos difícil colocar-se verso para fazer anotações e rascunhos.
um sujeito no Ministério da Fazenda do que um pronome no seu - Retire seu nome do ‘mailing’ de empresas que não interessam.
competente lugar.” Sem a carnavalização dos exemplos colhidos,
- Leve os papéis já aproveitados para nosso posto de coleta seletiva.
diríamos que a colocação pronominal está adequada em:
Assinale a alternativa em que o trecho, em destaque, está reescrito de
a) O advérbio não repele [...] o pronome, pospondo-o ao verbo. Ex.:
acordo com a norma padrão da língua portuguesa.
Não doute as rosas da face / Nem as que tenho na mão... (Afonso
Celso) a) ... não jogue-as fora... d) ... não jogue-lhes fora...
b) Também deve sempre preceder o verbo o pronome que forma b) ... não as jogue fora... e) ... não lhes jogue fora...
adjetivos numerais. Não é correto dizer-se: “senta-se e quatro” c) ... não jogue elas fora...
ou “tenta-se e oito”; e sim: “sessenta e quatro”, “setenta e oito”.
c) O pronome precede sempre o verbo quando se trata de nomes 10. O verso - “Tomas-me o corpo. E que descanso me dás”- é base
próprios. Assim ninguém diz, por exemplo, “o Dr. Queira-se”, ou para a questão. No poema, a informação é dada do ponto de vista do
“o Dr. Abra-se”; e sim: “o Dr. Sequeira”, “o Dr. Seabra”. eu-lírico em relação à pessoa amada. Caso se invertessem os papéis, o
d) Fosse Jesus no Horto das Oliveiras qualquer pessoa, teria verso assumiria a seguinte forma:
completado a oração de outro modo que não “Faça-se a vossa a) Tomo-te o corpo. E que descanso lhe dou.
vontade...” b) Tomo-lhe o corpo. E que descanso dou a ti.
e) Em via de regra, em certos utensílios e objetos de uso doméstico c) Tomo o teu corpo. E que descanso me dás.
ou agrário, o pronome é sempre posposto ao verbo. Não é correto
dizer-se: “um se cale de licor” ou “a se foi do lavrador” e sim “um d) Tomo-te o corpo. E que descanso te dou.
cálice de licor” e “a foice do lavrador”. e) Tomo o meu corpo. E que descanso te dá.

126 PROMILITARES.COM.BR
COLOCAÇÃO PRONOMINAL

EXERCÍCIOS DE 07. Assinale a opção em que o pronome destacado também pode


aparecer em posição enclítica.
COMBATE a) Para muitos, sucesso está atrelado a bens materiais, mas isso não
me interessa. Aspiro à felicidade plena.
b) Nossos pais sempre nos disseram que o melhor presente é a
01. Assinale a frase redigida com clareza, correção e coerência. amizade sincera.
a) Quando nos vermos de novo, eu te cumprimentarei. c) Muitos amigos me ajudaram a resolver os problemas estruturais
b) Quando nos vermos de novo, eu cumprimentar-te-ei. da casa que aluguei.
c) Quando virmo-nos de novo, eu te comprimentarei. d) Quem me dará as informações necessárias sobre o congresso que
ocorrerá mês que vem?
d) Quando nos virmos de novo, eu te cumprimentarei.
e) Eu tenho lhe falado sobre a minha trajetória de vida e os meus
e) Eu te cumprimentarei quando nos vermos de novo.
gostos pessoais.

02. As frases a seguir mostram uma mesma ideia escrita de cinco


08. Assinale a opção em que o uso da ênclise se dá pelo mesmo
formas distintas. Você deve assinalar a forma mais adequada, levando
motivo observado em: “Naquela ocasião, despedia-me dos amigos de
em consideração sua correção, precisão, clareza e elegância.
infância e da família.
a) Se liga aos teus amigos para sobreviveres.
a) Os Aspirantes sentiam-se orgulhosos de suas conquistas
b) Ligue-se aos teus amigos para sobreviver. acadêmicas.
c) Liga-te aos teus amigos para sobreviver. b) Aqui, instalaram-se comodamente os atletas brasileiros, durante
d) Liga-se aos seus amigos para sobreviveres. os Jogos Olímpicos.
e) Se ligue a teus amigos para sobreviver. c) A mãe da jovem Aspirante tinha-lhe observado a importância da
escolha profissional.
03. Em que opção, de acordo com a norma padrão, o verbo destacado d) Os alunos não estavam gostando do livro, mas continuavam a
também permite o uso da ênclise? lê-lo.
a) “[...] elas são frutos da sua época, os amigos se comunicam assim
[...].” 09. Assinale a alternativa que apresenta um erro de colocação pronominal.
b) “[...] e que se vê hoje diante da escolha entre cortar seus passeios a) Alguns alunos fizeram a lição, outros se fizeram de desentendidos.
de bicicleta [...].” b) Contar-lhe-emos toda a verdade sobre o assunto.
c) Não me interessa que elas existam pra Tati, pra Rô, pro Cauê.” c) Me perdi porque anotei seu endereço de maneira errada!
d) “Já se fala em ‘saturação social’, inspirado pelo recente d) Por favor, peça-lhe que venha ao meu escritório.
depoimento [...].”
e) Nunca se queixou dos problemas, era resignado e otimista.
e) “São garotos e garotas que não se sentem com a existência
comprovada [...].” 10. O uso do pronome átono no início das frases é destacado por um
poeta e por um gramático nos textos abaixo.
04. Em que opção o verbo destacado permite apenas o uso da
PRONOMINAIS
próclise, de acordo com a norma padrão?
Dê-me um cigarro
a) “Me lembro dessa cena: um adolescente [...].” Diz a gramática
b) “[...], que se assentou no banco do calçadão, [...].” Do professor e do aluno
c) “[...], mas eu devo lhes revelar: [...].” E do mulato sabido
Mas o bom negro e o
d) “Ver o mar a primeira vez, lhes digo, [...].” bom branco da Nação Brasileira
e) “Ele se desfolha em ondas e não para de brotar.” Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
05. Em que opção o verbo destacado também permite o uso da Me dá um cigarro
ênclise, segundo a modalidade padrão da língua? (ANDRADE, Oswald de. Seleção de textos. São Paulo: Nova Cultural, 1988)
a) “Algumas de que nos orgulhamos e outras de que nem tanto.”
“Iniciar a frase com pronome átono só é lícito na conversação
b) “Meu amigo Adamastor, [...], não me deu as causas [...].” familiar, despreocupada, ou na língua escrita quando se deseja
c) “Com o que jogamos fora [...], poder-se-ia alimentar [...].” reproduzir a fala dos personagens (...).”
d) “Nossa cultura de mosaico nos tirou a capacidade [...].” (CEGALLA, Domingos Paschoal.
Novíssima gramática da língua portuguesa. São Paulo: Nacional, 1980)
e) “[...] jornal onde se liam estatísticas indecentes.”
Comparando a explicação dada pelos autores sobre essa regra, pode-
06. Assinale a alternativa em que a colocação do pronome átono se afirmar que ambos:
destacado não obedece à norma culta. a) condenam essa regra gramatical.
a) Nunca a vejo serena e obstinada no dia a dia. b) acreditam que apenas os esclarecidos sabem essa regra.
b) Que o vento te leve os meus recados de saudade! c) criticam a presença de regras na gramática.
c) Devo mostrar-lhe a mais bela paisagem da cidade. d) afirmam que não há regras para uso de pronomes.
d) Em pondo-se o sol, vão-se os belos e alegres pássaros. e) relativizam essa regra gramatical.

PROMILITARES.COM.BR 127
COLOCAÇÃO PRONOMINAL

GABARITO
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01. E 04. B 07. D 10. C
02. B 05. B 08. C
03. B 06. A 09. D
EXERCÍCIOS DE TREINAMENTO
01. A 04. E 07. D 10. D
02. B 05. B 08. B
03. A 06. A 09. B
EXERCÍCIOS DE COMBATE
01. D 04. B 07. C 10. E
02. C 05. D 08. B
03. A 06. D 09. C

ANOTAÇÕES

128 PROMILITARES.COM.BR
TEORIA DA COMUNICAÇÃO

COMUNICAÇÃO Estes devem, também, conhecer, ao menos parcialmente, o código


usado para descodificar a mensagem, que precisa ainda trafegar por
Segundo o linguista M. A. K. Halliday, a linguagem tem duas um canal físico, estabelecendo uma conexão psicológica entre o
grandes funções básicas. Uma é responsável pela relação entre remetente e o destinatário, facultando a ambos entrar e permanecer
o indivíduo e o conjunto de suas experiências com a realidade; em comunicação.
outra, mais evidente, está intimamente relacionada ao aspecto
social da comunicação. Comunicação é o ato ou efeito de emitir,
transmitir e receber mensagens por meio de métodos e/ou processos REFERENTE
convencionados, quer por meio da linguagem falada ou escrita, quer
(função referencial)
de outros sinais, signos ou símbolos, quer de aparelhamento técnico
especializado, sonoro e/ou visual. A comunicação, portanto, é um
processo que envolve a transmissão e a recepção de mensagens entre MENSAGEM
uma fonte emissora e um destinatário receptor, no qual as informações, (função poética)
transmitidas por intermédio de recursos físicos (fala, audição, visão DESTINADOR DESTINATÁRIO
etc.) ou de aparelhos e dispositivos técnicos, são codificadas na fonte (função expressiva)
essiva) CONTATO (função conativa)
e decodificadas no destino com o uso de sistemas convencionados (função fática)
de signos ou símbolos sonoros, escritos, iconográficos, gestuais etc.
A comunicação verbal é uma propriedade exclusiva do homem,
e, nesse caso, o código utilizado é o idioma que se manifesta na CÓDIGO
linguagem falada ou na linguagem escrita.
(função metalinguística)
Como dissemos, segundo Jakobson, o enfoque em cada um
ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO desses seis fatores determina uma diferente função da linguagem, a
Elementos da comunicação são as instâncias necessárias e saber:
fundamentais para que a comunicação ocorra. Em conjunto, eles formam
a cadeia da comunicação, pois são os fatores constitutivos de todo FUNÇÃO EMOTIVA (OU EXPRESSIVA)
processo linguístico, de todo ato de comunicação humana. Basicamente,
o processo de comunicação humana envolve seis elementos: É a função que predomina em frases com as quais um “eu
enunciador” expressa os seus estados emocionais. A linguagem coloca
• Emissor (remetente ou transmissor) – é o elemento que fala, em evidência o emissor da mensagem e visa a uma expressão direta da
que emite a mensagem. atitude do falante em relação àquilo de que está falando. Mostra as
• Receptor (destinatário) – é o elemento que recebe e impressões verdadeiras ou simuladas, indicando a atitude de alguém
decodifica a mensagem. diante de um fato. Representa, em síntese, uma exteriorização psíquica.
• Referente – é o elemento extralinguístico a que se faz A função emotiva da linguagem encontra nas frases exclamativas
referência na mensagem. É o assunto sobre o qual se fala. seu meio mais típico de expressão. Predominam nesta função os
• Canal – é o suporte físico da mensagem, o veículo transportador. elementos de 1ª pessoa gramatical ou qualquer elemento denunciador
Na escrita, o canal é o papel e a intensidade dos raios luminosos de um estado de espírito.
que chegam à retina. Na comunicação direta, o canal é a “Que horror, meu Deus! Quanta devastação e tristeza!”
corrente de ar através da qual o som percorre. “Da vez primeira que me assassinaram,
• Código – é o sistema de signos comuns ao transmissor e ao Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.”
receptor. Na linguagem verbal, é o idioma.
(Mário Quintana)
• Mensagem – é a manifestação da informação através de
um código, é o conjunto de sinais emitidos no processo de
comunicação. É o conjunto de palavras e frases emitidas na FUNÇÃO CONATIVA (OU APELATIVA)
comunicação para formalizar em linguagem o que se diz,
É a função própria dos enunciados com os quais o emissor da
aquilo que se transmite.
mensagem busca produzir comportamentos em nossos interlocutores.
Coloca em evidência o destinatário da mensagem, pois a linguagem é
AS FUNÇÕES DA LINGUAGEM empregada com o intuito de persuadir o destinatário.
Tem sua expressão mais pura no vocativo e no imperativo,
SEGUNDO JAKOBSON caracterizando ordem, pedido ou sugestão etc. Predominam os
O linguista russo Roman Jakobson propôs o esquema a seguir, que elementos de 2ª pessoa gramatical.
sistematiza os elementos constitutivos de todo ato de comunicação
“Por favor, não me deixe sozinho nessa empreitada.”
verbal, argumentando que a ênfase em cada um desses elementos
caracteriza uma função linguística específica. Um remetente ou emissor “Volta, vem viver outra vez ao meu lado.”
envia uma mensagem a um destinatário. A mensagem deve referir-se a (Lupicínio Rodrigues)
um contexto ou referente para ser recebida pelo destinatário ou receptor.

PROMILITARES.COM.BR 129
TEORIA DA COMUNICAÇÃO

FUNÇÃO REFERENCIAL “A chuva nas poças d’água são as estrelas da terra.”


É a função da linguagem que se manifesta para a comunicação “É sua lâmpada de Aladino a bicicleta e, ao sentar-se no selim,
de conteúdos de consciência. São exemplos típicos dessa função o ato liberta o gênio acorrentado ao pedal. Indefeso homem, frágil máquina,
de dar ou receber informações. A linguagem coloca em evidência o arremete impávido colosso, desvia de fininho o poste e o caminhão; o
referente, o assunto do qual se fala. Assim, a função referencial está ciclista por muito favor derrubou o boné.”
em quase todo enunciado, pois dificilmente existe ato comunicativo (Dalton Trevisan)
desprovido de informação.
Como se apoia na significação básica da linguagem, caracteriza- Observação
se por expressões claras e objetivas. Predominam os elementos
gramaticais de 3ª pessoa. As funções da linguagem não são estanques; portanto, em
um único texto pode-se encontrar mais de uma função da
“O Congresso votará amanhã a reforma tributária.” linguagem. Haverá, contudo, a predominância de uma delas, que
“Não há fenômeno teatral sem a conjunção da tríade ator, texto, está relacionada à intencionalidade discursiva do enunciador. A
público.” estrutura verbal da mensagem depende basicamente dessa função
predominante.
FUNÇÃO FÁTICA
É a função da linguagem presente nos atos comunicativos cuja
finalidade pode ser testar a existência ou não de contato durante o
processo comunicativo, ou manter um ambiente de relacionamento
ARTE, LITERATURA E LINGUAGEM
afetiva ou socialmente favorável, tais como cumprimentos e Para estabelecer melhor a oposição entre a função referencial
saudações em geral. Assim, ela se manifesta para estabelecer, manter e a função poética da linguagem, desenvolvemos aqui o conceito
ou encerrar o processo de comunicação. Além disso, testa o canal de de arte literária, em que a função poética da linguagem tem sua
comunicação. Por conta disso, coloca em evidência o meio de contato manifestação mais legítima, construindo-se sem finalidade pragmática,
do processo comunicativo entre o emissor e o receptor. sem evidenciar propriamente o conteúdo proclamado.
Uma das marcas linguísticas da função fática são os Arte é a criatividade em busca de valores estéticos. Literatura é a
marcadores conversacionais, tais como “entende?”, “sei...”, “estou arte da palavra. A linguagem literária, portanto, deve ser elaborada
entendendo...” , “está ouvindo?” etc. como material estético, com criatividade, buscando, sobretudo,
surpreender pela forma da expressão. Assim, frequentemente, a
“Bom dia senhores. Estão me ouvindo bem?”
linguagem literária se constrói sobre as ruínas da linguagem intelectiva.
“Alô! quem está falando? Fale mais alto.”
Em consequência disso, a linguagem pode se apresentar como
expressividade artística ou de forma intelectiva habitual. Como vimos
FUNÇÃO METALINGUÍSTICA nas suas funções, a linguagem apresenta variações significativas,
Nessa função a linguagem é utilizada para explicar o próprio em consequência do uso que dela fazemos e do propósito com que
código linguístico ou discutir o próprio processo discursivo. Por isso, a empregamos. É a partir dessas variações, do uso e do propósito
considera-se função metalinguística a metanarrativa e os metapoemas. linguístico que se estabelece a linguagem literária e não literária:
É comum apresentar definições, que explicitam o valor semântico
do próprio signo linguístico. LINGUAGEM LITERÁRIA
“Ratificar é confirmar; retificar é corrigir.” É a linguagem que apresenta recursos expressivos que chamam a
atenção para o modo como ela própria está construída.
“Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
CARACTERÍSTICAS:
Tristeza esparsa... remorso vão...
• uso da conotação;
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
• tem por objetivo emocionar esteticamente o leitor;
Cai, gota a gota, do coração.”
(Manuel Bandeira) • predomínio da função poética da linguagem;
• importância à elaboração da mensagem;
• várias interpretações a partir da plurissignificação.
FUNÇÃO POÉTICA
A função poética da linguagem se manifesta pela utilização da
linguagem para produzir mensagens que se impõem à atenção do Exemplos:
leitor/ouvinte pela forma como elas estão construídas. Normalmente “E, se atravessara o amor e o seu inferno, penteava-se agora
na função poética, a linguagem tem finalidade estética, e a mensagem diante do espelho, por um instante sem nenhum mundo no coração.
torna-se importante não pelo que ela proclama, mas pelo modo como Antes de se deitar, como se apagasse uma vela, soprou a pequena
ela proclama seus significados. Assim, ela põe em evidência a própria flama do dia.”
mensagem enunciada, valorizando a forma de expressão. É o que (Clarice Lispector)
acontece, em particular, na linguagem poética e, em segundo plano,
na linguagem publicitária. “Não era uma angústia dolorosa; era leve, quase suave. Como
Como há preocupação com os aspectos estéticos, a linguagem se eu tivesse de repente o sentimento vivo de que aquele momento
apresenta recursos estilísticos, conotações, linguagem figurada etc., luminoso era precário e fugaz, a grossa tristeza da vida, com seu gosto
que buscam traduzir criação estética. de solidão subiu, um instante dentro de mim, para me lembrar que
eu devia ser feliz naquele momento, pois aquele momento ia passar.”
“Da vez primeira que me assassinaram, (Rubem Braga)
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.”
(Mário Quintana)
LINGUAGEM NÃO LITERÁRIA
“Vida, vento, vela leva-me daqui.”
É a linguagem construída em obediência aos padrões da
(Belchior) linguagem meramente intelectiva na comunicação.

130 PROMILITARES.COM.BR
TEORIA DA COMUNICAÇÃO

CARACTERÍSTICAS: Os textos I e II trazem certas semelhanças entre si. Que há em comum


• uso da denotação; nos textos acima?
• tem por objetivo a informação; a) A temática.
• predomínio da função referencial da linguagem; b) A organização da linguagem.
• importância ao referente, ao assunto; c) A forma de abordagem do tema.
• interpretação única, sem ambiguidades. d) A intenção discursiva.
e) O posicionamento no narrador diante da matéria narrada.
Exemplos:
02. Que aspectos distinguem os textos I e II, a partir da análise dos
“Sexo é o melhor remédio contra celulite. É o que diz pesquisa mesmos, considerando sua linguagem?
publicada ontem na revista alemã “Glamour”.
a) Denotação – função referencial. (Texto II)
(Jornal do Brasil 20 de janeiro de 2002 – Informe JB)
b) Função poética – ênfase no assunto. (Texto II)
“O PT age a favor da fidelidade partidária ao dar prioridade ao c) Criatividade linguística – função poética. (Texto II)
programa da legenda, deixando em plano secundário projetos e visões
d) Ênfase na mensagem – função referencial. (Texto I)
ideológicas individuais.”
(O Globo. 13 de dezembro de 2003 – Editorial) e) Texto jornalístico - ênfase no leitor. (Texto I)

03. As funções da linguagem predominantes no texto acima se


justificam pelos seguintes fatores:
EXERCÍCIOS DE
a) criatividade linguística e informatividade.

FIXAÇÃO b) metadiscursividade e informatividade.


c) ênfase no assunto e apelo ao leitor.
TEXTOS PARA AS QUESTÕES DE 01 A 03. d) impressões pessoais e interpelação.

01. Observe os textos a seguir: 04. Leia a estrofe abaixo:


Texto I Oh! Ter vinte anos sem gozar de leve
MULHER ASSASSINADA A ventura de uma alma de donzela!
E sem na vida ter sentido nunca
Policiais que faziam a ronda no centro da cidade encontraram, na
Na suave atração de um róseo corpo
madrugada de ontem, perto da Praça da Sé, o corpo de uma mulher
Meus olhos turvos se fechar de gozo!
aparentando 30 anos de idade. Segundo depoimentos de pessoas que
(Álvares de Azevedo)
trabalham nos bares próximos, trata-se de uma prostituta conhecida
como Poe Nenê. Ela foi assassinada a golpes de faca. A polícia descarta
A abundância de adjetivos, as exclamações, a 1ª pessoa identificam no
a hipótese de assalto, pois sua bolsa, com a carteira de dinheiro,
texto a função da linguagem:
foi encontrada junto ao corpo. O caso está sendo investigado pelo
delegado do 2º distrito policial. a) conativa. d) metalinguística.
(Jornal da Cidade, 10 set. 1994) b) emotiva. e) fática.
c) poética.
Texto II
PEQUENA CRÔNICA POLICIAL 05. Leia o texto abaixo:
Jazia no chão, sem vida,
Nunca mais andarei de bicicleta
E estava toda pintada!
Nem conversarei no portão
Nem a morte lhe emprestara
Com meninas de cabelos cacheados
A sua grave beleza...
Adeus valsa Danúbio Azul!
Com fria curiosidade,
Adeus tardes preguiçosas
Vinha gente a espiar-lhe a cara,
Adeus cheiros do mundo sambas
As fundas marcas da idade,
Adeus puro amor
Das canseiras, da bebida...
Triste da mulher perdida (Murilo Mendes)
Que um marinheiro esfaqueara!
As funções da linguagem predominantes nos versos 4 e 7 são:
Vieram uns homens de branco,
Foi levada ao necrotério. a) metalinguística/conativa. d) poética/fática.
E quando abriam, na mesa, b) fática/emotiva. e) poética/metalinguística.
O seu corpo sem mistério,
c) conativa/emotiva.
Que linda e alegre menina
Entrou correndo no Céu?!
Lá continuou como era 06. Leia o texto a seguir:
POR QUE AS LISTRAS DA PASTA DE DENTE NÃO
Antes que o mundo lhe desse SE MISTURAM NO TUBO?
A sua maldita sina: Primeiro, porque os ingredientes de cores diferentes ficam
Sem nada saber da vida, armazenados em compartimentos separados. Segundo, porque
De vícios ou de perigos, as listras só aparecem perto da boca do tubo. A bisnaga inteira é
Sem nada saber de nada... preenchida por creme dental comum, de cor branca. Nas laterais
Com a sua trança comprida, superiores do tubo, encontramos o gel colorido que dá forma às listras.
Os seus sonhos de menina, O segredo é que o gel e o creme seguem por “estradas” exclusivas
Os seus sapatos antigos! até bem perto da saída. A parte branca sobe por um duto que tem
(Mário Quintana – Prosa & Verso)

PROMILITARES.COM.BR 131
TEORIA DA COMUNICAÇÃO

pouco mais de meio centímetro de diâmetro, a mesma dimensão da 09. Leia os textos a seguir:
pasta que chega até a escova. O gel, por sua vez, flui por quatro
buraquinhos de 1 milímetro que desembocam no duto principal. Lá
Texto 1
dentro, as pequenas saídas de gel interceptam o fluxo de pasta branca
e as listras coloridas começam a se espalhar pelo creme. Como isso PROFUNDAMENTE
acontece a apenas 1,5 centímetro da saída, os filetes coloridos saem Quando ontem adormeci
quase intactos. Eles só vão se juntar dentro da boca, na hora em que Na noite de São João
a gente escova os dentes. Havia alegria e rumor
(Leonardo Menezes, Rio de Janeiro, RJ)
Estrondos de bombas luzes de Bengala
Vozes cantigas e risos
Sabemos que a linguagem desempenha determinada função, de Ao pé das fogueiras acesas.
acordo com a ênfase que se queira dar a cada um dos componentes No meio da noite despertei
do ato de comunicação. Qual a função da linguagem está presente Não ouvi mais vozes nem risos
no texto acima? Apenas balões
Passavam errantes
a) emotiva c) referencial e) poética
Silenciosamente
b) conativa d) metalinguística Apenas de vez em quando
O ruído de um bonde
07. Leia o texto abaixo e, a seguir, assinale a opção adequada sobre Cortava o silêncio
as funções da linguagem, considerando sua ordem de predominância. Como um túnel.
“Sentia um medo horrível e ao mesmo tempo desejava que um grito Onde estavam os que há pouco
me anunciasse qualquer acontecimento extraordinário. Aquele silêncio, Dançavam
aqueles rumores comuns, espantavam-me. Seria tudo  ilusão? Findei a Cantavam
tarefa, ergui-me, desci os degraus e fui espalhar no quintal os fios da E riam
gravata. Seria tudo ilusão?... Estava doente, ia piorar, e isto me alegrava. Ao pé das fogueiras acesas?
Deitar-me, dormir, o pensamento embaralhar-se longe daquelas porcarias.
Senti uma sede horrível... Quis ver-me no espelho. Tive preguiça, fiquei - Estavam todos dormindo
pregado à janela, olhando as pernas dos transeuntes.” Estavam todos deitados
Dormindo
(Graciliano Ramos)
Profundamente
a) Função emotiva e função poética.
b) Função referencial e função emotiva. Quando eu tinha seis anos
Não pude ver o fim da festa de São João
c) Função poética e função referencial. Porque adormeci
d) Função poética e função metalinguística.
e) Função emotiva e função referencial. Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo
Minha avó
08. (ESPCEX 1995) Leia o texto e assinale a alternativa correta. Meu avô
Totônio Rodrigues
A UM PASSARINHO Tomásia
Para que vieste Rosa
Na minha janela Onde estão todos eles?
Meter o nariz?
Se foi por um verso - Estão todos dormindo
Não sou mais poeta Estão todos deitados
Ando tão feliz! Dormindo
Se é para uma prosa Profundamente.
Não sou Anchieta (Manuel Bandeira)
Nem venho de Assis
Deixa-te de histórias Texto 2
Some-te daqui. Os principais problemas da agricultura brasileira referem-se muito
(Vinicius de Morais) mais à diversidade dos impactos causados pelo caráter truncado da
modernização, do que à persistência de segmentos que dela teriam
Quanto à análise do texto acima, pode-se afirmar que: ficado imunes. Se hoje existem milhões de estabelecimentos agrícolas
a) a facilidade com que se pode reconstituir o fato narrado e as marginalizados, isso se deve muito mais à natureza do próprio processo
informações precisas veiculadas pelo texto provam a não existência de modernização, do que à sua suposta falta de abrangência.
de elementos ficcionais; a função de linguagem predominante é a (Folha de São Paulo, 13/09/94, 2-2)
denotação ou referencial.
b) no quinto verso, o próprio autor esclarece que seu texto não tem Nos textos 1 e 2, respectivamente, a função da linguagem é
caráter poético, o que confere ao texto a função metalinguística a) apelativa e referencial. d) fática e apelativa.
da linguagem. b) fática e metalinguística. e) emotiva e metalinguística.
c) apesar de escrito em versos, o texto acima não é literário, porque, c) emotiva e referencial.
nos dois últimos versos, o próprio autor diz claramente não querer
contar histórias; neles, ocorre a função apelativa ou conativa,
10. (ITA 1999) Assinale a opção que apresenta a função da linguagem
própria da linguagem de propaganda.
predominante nos fragmentos abaixo.
d) no sétimo verso, o próprio autor esclarece que seu texto também
não está escrito em prosa; é, portanto, um texto não literário. Texto 1
e) apesar das referências a fatos da realidade, o texto é literário, e a Maria Rosa quase que aceitava, de uma vez, para resolver a
função de linguagem predominante é a emotiva. situação em que se achavam. Estiveram um momento calados.

132 PROMILITARES.COM.BR
TEORIA DA COMUNICAÇÃO

– Gosta de versos? a) a invasão de sites de segurança máxima por hackers especializados.


– Gosto... b) o processo de comunicação em rede que despreza fronteiras
– Ah! físicas.
Pousou os olhos numa olegrafia. c) o armazenamento de dados humanos para o avanço da ciência.
– É brinde de farmácia?
–É d) a propagação de discursos de ódio via sistema operacional
– Bonita... invadido.
– Acha? e) o desenvolvimento de robôs capazes de tomar as próprias
– Acho... Boa reprodução... decisões.
(Orignenes Lessa. O feijão e o sonho)
03. Na sociologia e na literatura, o brasileiro foi por vezes tratado como
cordial e hospitaleiro, mas não é isso o que acontece nas redes sociais: a
Texto 2 democracia racial apregoada por Gilberto Freyre passa ao largo do que
Sentavam-se no que é de graça: banco de praça pública. acontece diariamente nas comunidades virtuais do país. Levantamento
E ali acomodados, nada os distinguia do resto do nada. Para a inédito realizado pelo projeto Comunica que Muda [...] mostra em
grande glória de Deus. números a intolerância do internauta tupiniquim. Entre abril e junho, um
Ele: Pois é. algoritmo vasculhou plataformas [...] atrás de mensagens e textos sobre
Ela: Pois é quê? temas sensíveis, como racismo, posicionamento político e homofobia.
Ele: Eu só disse “pois é!” Foram identificadas 393.284 menções, sendo 84% delas com abordagem
Ela: Mas “pois é” o quê? negativa, de exposição do preconceito e da discriminação.
Ele: Melhor mudar de conversa porque você não me entende. (Disponível em: https://oglobo.globo.com. Acesso em: 6 dez. 2017 - adaptado.)
Ela: Entender o quê?
Ele: Santa Virgem, Macabéa, vamos mudar de assunto e já. Ao abordar a postura do internauta brasileiro mapeada por meio de
uma pesquisa em plataformas virtuais, o texto
(Clarice Lispector. A hora da estrela)
a) minimiza o alcance da comunicação digital.
a) poética c) referencial e) conativa b) refuta ideias preconcebidas sobre o brasileiro.
b) fática d) emotiva c) relativiza responsabilidades sobre a noção de respeito.
d) exemplifica conceitos contidos na literatura e na sociologia.
EXERCÍCIOS DE e) expõe a ineficácia dos estudos para alterar tal comportamento.

TREINAMENTO 04. Leia:


– Famigerado? [...]
– Famigerado é “inóxio”, é “célebre”, “notório”, “notável”...
01. Leia a tirinha: – Vosmecê mal não veja em minha grossaria no não entender.
Mais me diga: é desaforado? É caçoável? É de arrenegar? Farsância?
Nome de ofensa?
– Vilta nenhuma, nenhum doesto. São expressões neutras, de
outros usos ...
– Pois ... e o que é que é, em fala de pobre, linguagem de em dia
de semana?
– Famigerado? Bem. É: “importante”, que merece louvor,
A internet proporcionou o surgimento de novos paradigmas sociais e respeito...
impulsionou a modificação de outros já estabelecidos nas esferas da (ROSA, G. Famigerado. In: Primeiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.)
comunicação e da informação. A principal consequência criticada na
tirinha sobre esse processo é a Nesse texto, a associação de vocábulos da língua portuguesa a
determinados dias da semana remete ao
a) criação de memes.
a) local de origem dos interlocutores.
b) ampliação da blogosfera.
b) estado emocional dos interlocutores.
c) supremacia das ideias cibernéticas.
c) grau de coloquialidade da comunicação.
d) comercialização de pontos de vista.
d) nível de intimidade entre os interlocutores.
e) banalização do comércio eletrônico.
e) conhecimento compartilhado na comunicação.
02. Considere o texto a seguir.
05. Observe o texto:
FUTURO INCERTO
TEM ÁGUA NA FERVURA
O futuro das inteligências artificiais – como está na literatura –
pode ser desenhado e projetado, em grande medida, por elas mesmas. O cinema produzido em Santa Catarina vive atualmente uma fase
O que vale dizer que elas poderão evoluir independentemente de de efervescência. (...) A Antropologa, de Zeca Pires, concorreu à vaga
nós. Se é capaz de aprender, tem êxito na primeira geração, retoma para representar o Brasil entre os filmes que desejavam disputar o Oscar.
e otimiza a segunda geração, sem que nenhuma pessoa tenha Sandra Alves filmou Rendas no Ar. O diretor Penna Filho foi contemplado
tido influência alguma no processo. Desse modo vão se criando no edital referente a 2010, com o projeto Das Profundezas.
efetivamente organismos quase biológicos. Os vencedores do prêmio estadual foram anunciados pelo
(Sociologia, ed. 69, jun/17, p. 77. Excerto.) Secretário Estadual de Turismo, que desenhou um quadro animador
para o cinema. Em seu discurso de anúncio dos vencedores, o
O texto revela uma análise sobre as inteligências artificiais. Um Secretário foi enfático. Ofereceu garantias de que o edital não será
exemplo que ilustra a projeção descrita no texto é mais interrompido e seguirá com realização anual, “acompanhando

PROMILITARES.COM.BR 133
TEORIA DA COMUNICAÇÃO

o ritmo de crescimento do Estado”. (...) E não só de longas vive o Com base na leitura do poema, a respeito do uso e da predominância
cinema catarinense. O curta-metragem Qual Queijo Você Quer?, de das funções da linguagem no texto de Drummond, pode-se afirmar
Cíntia Domit Bittar, produzido com o prêmio de R$ 30 mil, do edital do que
Fundo Municipal de Cinema da Prefeitura Municipal de Florianópolis, a) por meio dos versos “Ponho-me a escrever teu nome” (v. 1) e
foi selecionado para cinco importantes festivais brasileiros. “esse romântico trabalho” (v. 5), o poeta faz referências ao seu
(Fonte: LIMA, Fifo. (Colaboração de Felipe Alves). Tem água na fervura. próprio ofício: o gesto de escrever poemas líricos.
Diário Catarinense - Caderno Variedades. 14/08/2011. p. 4 - adaptado.)
b) a linguagem essencialmente poética que constitui os versos “No
Em relação à linguagem usada no texto, é CORRETO afirmar que: prato, a sopa esfria, cheia de escamas e debruçados na mesa
todos contemplam” (v. 3 e 4) confere ao poema uma atmosfera
a) se tratando de um texto publicado no jornal, a linguagem
irreal e impede o leitor de reconhecer no texto dados constitutivos
utilizada é a popular, ou coloquial, com o objetivo de atingir o
de uma cena realista.
maior número possível de leitores.
c) na primeira estrofe, o poeta constrói uma linguagem centrada na
b) a linguagem predominante no texto é denotativa, mas o título do
amada, receptora da mensagem, mas, na segunda, ele deixa de
texto, assim como a expressão “desenhou um quadro animador”
se dirigir a ela e passa a exprimir o que sente.
apresentam linguagem conotativa (ou figurada).
d) em “Eu estava sonhando...” (v. 10), o poeta demonstra que está
c) o texto contém uma variedade de substantivos apropriadamente
mais preocupado em responder à pergunta feita anteriormente
coletivos, como os títulos dos filmes, por exemplo.
e, assim, dar continuidade ao diálogo com seus interlocutores do
d) o vocabulário apresenta termos específicos da área que em expressar algo sobre si mesmo.
cinematográfica, caracterizando-o como um texto técnico.
e) no verso “Neste país é proibido sonhar.” (v. 12), o poeta
e) por apresentar expressões diferenciadas e poéticas, como os abandona a linguagem poética para fazer uso da função
títulos dos filmes, a linguagem do texto se caracteriza como referencial, informando sobre o conteúdo do “cartaz amarelo” (v.
linguagem literária. 11) presente no local.

06. A palavra serve para comunicar e interagir. E também para criar 09. Assinale a única alternativa incorreta sobre o que se pode afirmar
literatura, isto é, criar arte, provocar emoções, produzir efeitos estéticos. da leitura do poema de Mário Serenata.
(Português: linguagens: volume 1: ensino médio / William Roberto Cereja,
CRONOMETRADO
Thereza Cochar Magalhães. – 5.ed. – São Paulo: Atal, 2005. p. 27.)
Um poema segundos
A partir da definição anterior, pode-se afirmar que a linguagem e seus que correm
literária seis Um
a) pressupõe objetividade e clareza diante da sua função utilitária. segundos poema
b) não permite que haja dupla interpretação a respeito do assunto em transe e seus
tratado. Um dezoito
poema segundos
c) é organizada de modo que a plurissignificação esteja presente no e seus exaustos
texto. doze
d) tem por objetivo esclarecer acerca de um assunto relacionado à
realidade. a) Os dezoito segundos, descritos na terceira estrofe, sugerem o
tempo total que o poema levou para ser construído, e essa é uma
07. Na frase “A variedade da vida há de conduzi-lo por um bom das relações estabelecidas com o título, que significa “tempo
caminho; é função do cronista encontrar algum por onde possa transitar medido”.
acompanhado de muitos e, de preferência, bons leitores”, fica ressaltado b) A exaustão cantada na última estrofe corresponde não só ao fim
o seguinte aspecto essencial do gênero literário de que se está tratando: do poema, como ao cansaço do próprio poeta, pois a construção
a) intenção moralizante da narrativa, de modo a garantir a boa de cada verso consome-lhe um segundo de êxtase e abstração.
formação do leitor/cidadão. c) A oração adjetiva “que correm”, na segunda estrofe, insinua-nos
b) exploração de um tema de interesse geral colhido entre que o tempo passa muito rápido com relação à fluidez das ideias,
experiências da vida comum. que só acometem o poeta num estado de transe, de lentidão do
pensamento.
c) multiplicação dos mais variados estilos num mesmo texto pedagógico.
d) A cronometragem e a repetição dos versos “Um poema e seus
d) investimento no caráter experimental e de vanguarda da
[...] segundos”, em cada uma das estrofes do poema, indica-nos
linguagem literária.
que dar corpo à poesia é, para o poeta, algo difícil e inquietante.
e) submissão do texto à realidade de alguma política a ser tomada
e) As funções da linguagem que se destacam neste poema são a
como paradigma.
poética e a referencial, em que se podem perceber os sentimentos
e as emoções do eu lírico.
08. Leia.
SENTIMENTAL
10. Leia.
Ponho-me a escrever teu nome
DESABAFO
Com letras de macarrão.
No prato, a sopa esfria, cheia de escamas Desculpem-me, mas não dá pra fazer uma cronicazinha divertida
e debruçados na mesa todos contemplam hoje. Simplesmente não dá. Não tem como disfarçar: esta é uma típica
esse romântico trabalho. manhã de segunda-feira. A começar pela luz acesa da sala que esqueci
Desgraçadamente falta uma letra, ontem à noite. Seis recados para serem respondidos na secretária
uma letra somente eletrônica. Recados chatos. Contas para pagar que venceram ontem.
para acabar teu nome! Estou nervoso. Estou zangado.
— Está sonhando? Olhe que a sopa esfria! CARNEIRO, J.E. Veja, 11 set. 2002 (fragmento)
Eu estava sonhando...
E há em todas as consciências este cartaz amarelo: Nos textos em geral, é comum a manifestação simultânea de várias
“Neste país é proibido sonhar.” funções da linguagem, com predomínio, entretanto, de uma sobre as
(ANDRADE, C. D. Seleta em Prosa e Verso. Rio de Janeiro: Record, 1995.)

134 PROMILITARES.COM.BR
TEORIA DA COMUNICAÇÃO

outras. No fragmento da crônica Desabafo, a função de linguagem c) As mensagens podem ser elaboradas com vários códigos,
predominante é a emotiva ou expressiva, pois formados de palavras, desenhos, números etc.
a) o discurso do enunciador tem como foco o próprio código. d) Para entender bem um código, é necessário conhecer suas regras.
b) a atitude do enunciador se sobrepõe àquilo que está sendo dito. e) Conhecendo os elementos e regras de um código, podemos
c) o interlocutor é o foco do enunciador na construção da mensagem. combiná-los de várias maneiras, criando novas mensagens.
d) o referente é o elemento que se sobressai em detrimento dos demais.
06. Leia o texto.
e) o enunciador tem como objetivo principal a manutenção da
comunicação. NOVA POÉTICA
Vou lançar a teoria do poeta sórdido.
Poeta sórdido:
EXERCÍCIOS DE Aquele em cuja poesia há a marca suja da vida.

COMBATE Vai um sujeito,


Sai um sujeito de casa com a roupa de brim branco [muito bem
engomada, e na primeira esquina passa [um caminhão, salpica-lhe o
paletó de uma nódoa de [lama.
01. (FEI) Assinalar a alternativa em que a função apelativa da linguagem É a vida.
é a que prevalece. O poema deve ser como a nódoa no brim:
a) Trago no meu peito um sentimento de solidão sem fim... Fazer o leitor satisfeito de si dar o desespero. (...)
b) “Não discuto com o destino / o que pintar eu assino”. (Manuel Bandeira)
c) Machado de Assis é um dos maiores escritores brasileiros.
As funções da linguagem predominantes na “Nova Poética” são:
d) Conheça você também a obra desse grande mestre.
a) metalinguística - referencial.
e) Semântica é o estudo da significação das palavras.
b) conativa - metalinguística.
02. (AFA 2003) Leia atentamente o trecho abaixo de Oswald de Andrade. c) poética - conativa.
“E tia Gabriela sogra grasnadeira grasnou graves grosas de d) emotiva - conativa.
infâmia.” e) referencial - fática.
Trata-se de um texto literário porque:
a) o plano do conteúdo prevalece, priorizando, assim, o que se diz, 07. (AFA 2001) Leia o excerto abaixo extraído de uma suposta
em vez de o modo como se diz. entrevista de Riobaldo, personagem de Grande Sertão: Veredas:

b) é possível fazer um resumo do texto, sem perder o essencial em “Mire e veja o leitor e a leitora: se não houvesse Brasil, não haveria
nenhum dos planos. Grande sertão: veredas, não haveria Riobaldo. Deviam ter pensado
que pelo menos para isso serviu. E o resto é silêncio ou melhor, mais
c) o plano da expressão (sons) articula-se com o plano do conteúdo, uma pergunta senhor Riobaldo. O que é silêncio?”
contribuindo para a significação global.
R – O senhor sabe o que o silêncio é? É a gente mesmo, demais.”
d) o uso estético da linguagem é sacrificado em função de uma
(Roberto Pompeu de Toledo – Veja)
abordagem mais denotativa.
No trecho acima predominam as seguintes funções da linguagem:
03. (AFA 2003) Assinale a afirmativa correta sobre texto literário e
a) poética e fática.
texto não literário.
b) fática e conativa.
a) O texto literário tem função estética, enquanto o não literário tem
função utilitária. c) expressiva e poética.
b) Conhece-se um texto literário pelo seu conteúdo, pelos temas d) conativa e metalinguística.
abordados.
c) Só pode ser considerado um texto literário um texto ficcional. 08. (ENEM) A biosfera, que reúne todos os ambientes onde se desenvolvem
os seres vivos, divide-se em unidades menores chamadas ecossistemas, que
d) Predomina, no texto não literário, a linguagem conotativa, que podem ser uma floresta, um deserto e até um lago. Um ecossistema tem
mais expressiva. múltiplos mecanismos que regulam o número de organismos dentro dele,
controlando sua reprodução, crescimento e migrações.
04. Assinale a alternativa que associa corretamente o trecho do texto (DUARTE, M. O guia dos curiosos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.)
à função da linguagem em predominância.
a) “Procure ver o lado bom das coisas ruins.” – (função emotiva) Predomina no texto a função da linguagem:
b) “Um indivíduo bem-humorado sofre menos porque produz mais a) emotiva, porque o autor expressa seu sentimento em relação à
endorfina...” – (função conativa) ecologia.
c) “Agora você se interessou, né?” – (função Fática) b) fática, porque o texto testa o funcionamento do canal de
comunicação.
d) “Nos anos 60, ele contraiu uma doença degenerativa que ataca a
coluna vertebral ...” – (função expressiva) c) poética, porque o texto chama a atenção para os recursos de
linguagem.
05. Assinale a alternativa incorreta. d) conativa, porque o texto procura orientar comportamentos do leitor.
a) Só existe comunicação quando a pessoa que recebe a mensagem e) referencial, porque o texto trata de noções e informações
entende o seu significado. conceituais.
b) Para entender o significado de uma mensagem, não é preciso
conhecer o código.

PROMILITARES.COM.BR 135
TEORIA DA COMUNICAÇÃO

09. (CESUPA/CESAM/COPERVES) Segundo o linguista Roman Jakobson,


“dificilmente lograríamos (...) encontrar mensagens verbais que ANOTAÇÕES
preenchem uma única função... A estrutura verbal de uma mensagem
depende basicamente da função predominante”.
“Meu canto de morte
Guerreiros, ouvi.
Sou filho das selvas
Nas selvas cresci
Guerreiros, descendo
Da tribo tupi.”
No texto acima, de Gonçalves Dias, manifestam-se que funções da
linguagem?
a) Poética, conativa e referencial.
b) Poética, referencial e fática.
c) Poética, fática e emotiva.
d) Emotiva, fática e referencial.
e) conativa, fática e metalinguística.

10. (AFA 2002 ADAPTADO) Relacione a 2ª coluna à 1ª e, a seguir,


assinale a alternativa correta.
1ª coluna
1. Função referencial
2. Função expressiva
3. Função conativa
4. Função metalinguística

2ª coluna
( ) Só levo uma saudade – é dessas sombras
Que eu sentia velar nas noites minhas...
De ti, ó minha mãe! pobre coitada
Que por minhas tristezas te definhas!
( ) O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
( ) O coração é composto de três tipos principais de músculo cardíaco:
músculo atrial, músculo ventricular e fibras musculares condutoras
excitatórias especializadas.
( ) Vantagens exclusivas do assinante EXAME.
Assine e ganhe: Negócios EXAME.
a) 1 - 3 - 2 - 4
b) 2 - 4 - 1 - 3
c) 3-2-4-1
d) 4 - 1 - 3 - 2

GABARITO
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01. A 04. B 07. E 10. B
02. C 05. D 08. E
03. B 06. C 09. C
EXERCÍCIOS DE TREINAMENTO
01. D 04. C 07. B 10. B
02. E 05. B 08. A
03. B 06. C 09. E
EXERCÍCIOS DE COMBATE
01. D 04. B 07. D 10. B
02. C 05. B 08. C
03. A 06. A 09. A

136 PROMILITARES.COM.BR
ESTUDO DE TEXTO

CONCEITO DE TEXTO MODOS DE ORGANIZAÇÃO DISCURSIVA


Os textos são objetos da língua capazes de exercer uma função O modo narrativo organiza ações em sequência cronológica;
social no “jogo” de trocas verbais estabelecido pelas relações o descritivo mostra um momento “congelado” na história,
humanas, em que os sujeitos interagem como emissor e receptor da caracterizando-se por meio de palavras, cenas, personagens,
mensagem veiculada. cenários; o dissertativo-expositivo diz respeito à explanação de
Há uma integração entre as funções sociocomunicativas dos constatações e generalizações; o dissertativo-argumentativo
textos e a sua formatação, ou seja, dependendo do objetivo com que mostra a intervenção do produtor no intuito de modificar a opinião,
o texto será utilizado pelos interlocutores, o emissor escolherá o modo a atitude ou o comportamento do interlocutor; o injuntivo é o texto
de organização discursiva, o gênero textual, o registro da língua, o que incita à ação, característico da ordem, do pedido, do conselho,
vocabulário, o estilo. da orientação.
Então, cada evento comunicativo estabelece entre os seus Ocorre que um texto, dependendo de algumas características,
interlocutores um contrato de comunicação – um conjunto de acaba por assumir uma e outra feição, tendo uma organização
convenções estipuladas pelo contexto sociocomunicativo e usadas hierárquica de suas partes. Em textos predominantemente narrativos,
pelos sujeitos como regras de construção do sentido. a dissertação e a descrição aparecem em doses menores. Dizemos,
então, que, num texto, há sequências discursivas.
Dependendo de cada contrato de comunicação, o texto adquire
um “valor interlocutivo” determinado pelo conteúdo e pelas Leia os textos abaixo com atenção ao modo de organização
informações nele presentes. Os classificados do jornal, por exemplo, discursiva.
detêm um valor interlocutivo diferente do que se atribui a um “scrap”
num site de relacionamentos. TEXTO 1 - PREDOMINANTEMENTE NARRATIVO
COM PASSAGENS DESCRITIVAS
1. Classificados APELO
Precisa-se de copeiros para hotel de luxo. Amanhã faz um mês que a Senhora está longe de casa. Primeiros
dias, para dizer a verdade, não senti falta, bom chegar em casa tarde,
esquecido na conversa da esquina. Não foi ausência por uma semana:
2. Scrap
o batom ainda no lenço, o prato na mesa por engano, a imagem de
Oi, amiga! relance no espelho.
Na festa de ontem, q vc perdeu, falaram muito mal de você! Com os dias, Senhora, o leite pela primeira vez coalhou. A notícia
da sua perda veio aos poucos: a pilha de jornais ali no chão, ninguém
Observação os guardou embaixo da escada. Toda a casa era um corredor deserto,
Embora nos dois casos tenham-se usado orações de sujeito e até o canário ficou mudo. Para não dar parte de fraco, ah, Senhora,
indeterminado (precisa-se e falaram), o “contrato de comunicação” fui beber com os amigos.
de cada gênero faz com que o interlocutor opte pelo que é mais (TREVISAN, Dalton.In: Bosi, A(org.). O conto brasileiro Contemporâneo.
usual, ou seja, o que já está condicionado e convencionado pelas São Paulo: Cultrix, 1997.)
partes.
Precisa-se = para classificados de busca. TEXTO 2 - DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO
Falaram = para tom de fofoca. A conscientização da importância da água para a qualidade
de vida da população impõe a necessidade de disseminação de
Chegamos, então, à conclusão de que todo texto acaba por dados, informações, conhecimentos e boas práticas - tanto para a
concretizar um modelo de composição próprio para a situação sociedade em geral, quanto para segmentos específicos - sobre como
de comunicação em curso. Esse modelo é o veículo, o suporte do melhor aproveitar esse recurso disponível, conservá-lo em termos
texto e se chama gênero textual. Constituem diferentes gêneros quantitativos e qualitativos e gerenciar os seus diversos usos, visando
textuais: carta, e-mail, ata, telegrama, bula de remédio, manual de à sua sustentabilidade.
instrução, lei, notícia de jornal, classificados etc. Uns possuem formas
mais rígidas que outros. Ainda que sujeitos a modelos, os gêneros TEXTO 3 - DISSERTATIVO-EXPOSITIVO
apresentam aspectos estilísticos e temáticos pertinentes a cada evento A água cumpre uma função fundamental na dinâmica dos
de comunicação. Associados a um determinado registro de língua, os processos globais do ecossistema, estabelecendo a conexão entre
gêneros são peças fundamentais do contrato de comunicação. a atmosfera, a litosfera e a biosfera mediante o intercâmbio de
Por causa de sua ampla capacidade comunicativa, os textos se substâncias e permitindo que se produzam as reações químicas
organizam internamente conforme modelos de encadeamento textual necessárias.
ou modos de organização: narração, descrição, dissertação (expositiva
ou argumentativa) e injunção.

PROMILITARES.COM.BR 137
ESTUDO DE TEXTO

Observação • 1 xícara de leite


• 6 colheres de sopa cheias de chocolate em pó
Note que no primeiro texto há uma história com fatos em
sequência. No segundo, o autor expôs considerações a respeito • 1 colher de sopa de fermento em pó
de alguns elementos (água, qualidade de vida, sustentabilidade) • 6 ovos
para defender seu ponto de vista sobre o assunto com a finalidade
de persuadir (convencer) o interlocutor. Depois de manifestar seu
ponto de vista, o autor passa a fundamentá-lo com argumentos. Modo de preparo:
1. Bata as claras em neve, acrescente as gemas e bata
novamente. Coloque o açúcar e bata outra vez.
Então, a narração conta o mundo e a vida, e a dissertação os comenta
2. Coloque a farinha, o chocolate em pó, o fermento, o leite e
(ou explica). Nos textos narrativos são empregadas, em grande número,
bata novamente.
as chamadas figuras que são a representação dos seres do mundo e suas
ações. São seres concretos, vistos em ações e acontecimentos concretos. 3. Unte um tabuleiro e coloque para assar por aproximadamente
Os textos dissertativos são muito menos figurativos. Em vez de figuras, 40 minutos em forno médio.
empregam-se temas, abstrações criadas pelo homem. Um exemplo é 4. Enquanto o bolo assa, faça a cobertura com 2 colheres de
o tema “sustentabilidade” (não é um ser, mas uma qualidade abstrata chocolate em pó, 1 colher de margarina, meio copo de leite e
que se pode estabelecer na relação homem/natureza/progresso). leve ao fogo até começar a ferver.
Embora as diferenças entre o narrar e o dissertar sejam bastante 5. Jogue quente sobre o bolo já assado.
claras, normalmente essas duas formas de organizar significados
e transmiti-los estão ligadas à argumentação. Argumentar significa
convencer, persuadir ou influenciar o leitor (ou ouvinte). Por meio Neste último texto, observamos duas sequências discursivas
da argumentação, procuramos formar a opinião de pessoas a quem distintas: a primeira, descritiva, discrimina os itens que devem ser
nos dirigimos em palavra. Esse tipo de técnica faz parte, portanto, usados na receita; a segunda, injuntiva, determina o modo de ação
de qualquer tipo de texto. Quando dissertamos, a argumentação para a preparação do bolo.
fica bastante visível. Quando narramos, a situação de argumentação
pode estar presente um pouco mais implícita. Por trás dos fatos
narrados, encontram-se ideias que conduzem o leitor a aceitar certas
VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS
proposições que estão mais ocultas. Os textos possuem, na sua organização interna, maior ou menor
espontaneidade de sua enunciação, variando do discurso mais
O grau de argumentação pode variar de um texto para outro.
coloquial e descontraído ao mais rígido e formal.
Alguns textos que classificamos como dissertativos não precisam
necessariamente ser argumentativos. Se o tema é “O que é a água?”, Essas variações são perfeitamente naturais no interior de uma
por exemplo, a dissertação não precisará de argumentos para ser mesma língua e decorrem de fatores como diferenças regionais,
construída. No entanto, se o tema for “Como usar a água com temporais, profissionais, culturais e socioeconômicas, e diferentes
consciência?”, a explicação necessitará de argumentos que defendam graus de formalidade sugeridos pela situação comunicativa.
a ideia do escritor. Todas as variedades constituem sistemas da língua
Concluímos que ambas as estruturas, narração e dissertação, têm totalmente aceitáveis. Cada uma com a adequação linguística
como característica geral mostrar mudanças de estado, transformações. definida pelo gênero textual em que se insere o texto verbal e pelas
Quando essas mudanças de estado são suspensas, ocorre a descrição. necessidades de comunicação entre seus atores, dadas as práticas
sociais e os hábitos culturais de sua sociedade.
Na história clássica de A Bela Adormecida, as transformações vão-se
dando por meio da progressão dos fatos no tempo. A dissertação não O nível de rigidez gramatical de uma petição judicial, por exemplo,
mostra as transformações ocorrendo no tempo. Quem quisesse abordar não pode ser igual ao de um e-mail cujo destinatário compartilha
o mesmo tema da história dessa jovem numa dissertação para mostrar certo grau de intimidade com o emissor.
os perigos da desobediência, deveria usar outra estrutura textual. Poderia Portanto, antes de redigir um texto, o enunciador consciente deve
ser algo assim: quem desobedece aos conselhos dos pais acaba se eleger a modalidade linguística adequada ao gênero textual em que se
envolvendo em perigo e causando mal a si e a outras pessoas. insere sua produção. Quando o enunciador usa o discurso apenas no
Nesse caso, a transformação é feita por meio das relações de causa ato de comunicação, sem pensar na modalidade de língua adequada
e efeito. O tipo de texto que decorre de razões, opiniões, exemplos e a tal propósito, o faz de forma coloquial e descontraída.
raciocínios deve caracterizar-se pelos cuidados na ordenação lógica.
O encadeamento do raciocínio deve organizar-se de tal forma que REGISTRO COLOQUIAL INCULTO
leve o leitor, no caso da dissertação-expositiva, a compreender a ideia
“Oje de manhã, fui à fera. Antes de sair, meu patrão me pediu
defendida e, na argumentativa, a convencer-se da veracidade de uma
preu trazê figo. Aí eu preguntei:
determinada posição tomada.
- Figo fruta ou bife de figo?
A descrição, sob o critério das transformações de estados,
caracteriza-se por mostrar um momento “parado” no tempo, isto é, O homi ficô uma fera. Gente fina, seu Adamastor, num ligo não.
não mostra mudanças. A narração ou a dissertação são interrompidas Ele tem sistema nelvoso. Também, com um emprego chato daqueles,
pela descrição. Observe, no texto 1, as passagens descritivas: “o vô ti contá. Ele é Fiscal da Receita. Deve sê um saco ficá confirino
batom ainda no lenço, o prato na mesa por engano, a imagem de receita de médico o dia inteiro. Depois chegou o Adamastorzinho, o
relance no espelho.”; “a pilha de jornais ali no chão, ninguém os filho mais novo dele. Acabou de ganhá um carro todo quipado. Tem
guardou embaixo da escada. Toda a casa era um corredor deserto, e roda de maionese, farol de pilha, teto ensolarado e trio elétrico. Não
até o canário ficou mudo.” sei praquê trio elétrico num carro, deve ser proque ele gosta de música
baiana.”
TEXTO 4 - DESCRITIVA E INJUNTIVA
RECEITA DE BOLO REGISTRO CULTO ERUDITO
Ingredientes: “... esta minha a que por aí chamam prolixidade, bem fora estaria
de merecer os desprezilhos, que nesse vocábulo me torcem o nariz.
• 2 xícaras de farinha de trigo A mais copiosa das orações não é, ainda assim, difusa, quando o
• 2 xícaras de açúcar assunto não comportara menos dilatado tratamento. Não haverá

138 PROMILITARES.COM.BR
ESTUDO DE TEXTO

prolixidade, em não havendo sobejidão; e o discurso não entra a cair FITA VERDE NO CABELO
no vício de sobejo, senão quando excede a medida à matéria do seu
tema. Só principia a superabundância, onde se começa a descobrir a Havia uma aldeia em algum lugar, nem maior nem menor, com
superfluidade”. velhos e velhas que velhavam, homens e mulheres que esperavam,
(Ruy Barbosa)
e meninos e meninas que nasciam e cresciam. Todos com juízo,
suficientemente, menos uma meninazinha, a que por enquanto.
Aquela, um dia, saiu de lá, com uma fita verde inventada no cabelo.
Prolixo = que usa palavras em demasia ao falar ou escrever; que
não sabe sintetizar o pensamento. Sua mãe mandara-a, com um cesto e um pote, à avó, que a
amava, a uma outra e quase igualzinha aldeia.
Desprezilho = sinal de desprezo; desdém.
Fita-Verde partiu, sobre logo, ela a linda, tudo era uma vez. O
Copiosa = qualidade do que é copioso; abundância, cópia, fartura.
pote continha um doce em calda, e o cesto estava vazio, que para
Difuso = que se espalha largamente por todas as direções; buscar framboesas.
disseminado, divulgado.
Daí, que, indo, no atravessar o bosque, viu só os lenhadores,
Dilatado = aprazado, extenso. que por lá lenhavam; mas o lobo nenhum, desconhecido nem
Sobejo = audaz, ousado. peludo. Pois os lenhadores tinham exterminado o lobo.
Então, ela, mesma, era quem se dizia:
– Vou à vovó, com cesto e pote, e a fita verde no cabelo, o tanto
O TEXTO NARRATIVO E que a mamãe me mandou.
SEUS ELEMENTOS A aldeia e a casa esperando-a acolá, depois daquele moinho,
Uma das formas mais primitivas de o homem lidar com a linguagem que a gente pensa que vê, e das horas, que a gente não vê que
é a narração. Contar e ouvir histórias inunda o universo humano, dentro não são.
do qual o homem – narrador – cria cenas, articulando o espaço físico, E ela mesma resolveu escolher tomar este caminho de cá, louco
os personagens e as ações, e as dispõe na linha do tempo com relações e longo, e não o outro, encurtoso. Saiu, atrás de suas asas ligeiras,
de causa e consequência, conferindo progressão à narrativa e criando sua sombra também vindo-lhe correndo, em pós.
expectativas que se resolvem ou se frustram no final.
Divertia-se com ver as avelãs do chão não voarem, com
Entende-se por narrativa, então, todo discurso constituído de uma inalcançar essas borboletas nunca em buquê nem em botão,
história imaginária, construída por uma pluralidade de personagens, e com ignorar se cada uma em seu lugar as plebeinhas flores,
cujos episódios de vida se organizam num espaço e num tempo princesinhas e incomuns, quando a gente tanto por elas passa.
determinado. Vinha sobejadamente.
Uma obra literária é chamada de FICÇÃO, pois sua história não
Demorou, para dar com a avó em casa, que assim lhe respondeu,
existe na realidade, mas no universo imaginário de seu criador. O
quando ela, toque, toque, bateu:
ambiente imaginário e os seres ficcionais possibilitam uma verdade
própria da ficção; pessoas metamorfoseadas em animais, cidades – Quem é?
fantásticas, bichos que falam, castelos assombrados. – Sou eu… – e Fita-Verde descansou a voz. – Sou sua linda
A recriação da realidade, porém, tem relação significativa com netinha, com cesto e pote, com a fita verde no cabelo, que a
o mundo real. Não se pode criar uma história a partir do nada. A mamãe me mandou.
sociedade, as ideologias e a língua fornecem ao artista material Vai, a avó, difícil, disse: – Puxa o ferrolho de pau da porta, entra
sobre o qual ele constrói o mundo imaginário. Quando uma obra e abre. Deus te abençoe.
possui equivalência com a verdade, diz-se ter VEROSSIMILHANÇA, Fita-Verde assim fez, e entrou e olhou.
característica indicadora do “PODE SER, PODE ACONTECER”. O
gênero FANTÁSTICO não possui VEROSSIMILHANÇA, ou seja, não A avó estava na cama, rebuçada e só. Devia, para falar agagado
tem semelhança com o mundo real. São histórias de fadas, duendes, e fraco e rouco, assim, de ter apanhado um ruim defluxo. Dizendo:
bruxas, unicórnios, fantasmas e outras criaturas do mundo mágico. – Depõe o pote e o cesto na arca, e vem para perto de mim,
enquanto é tempo.
No entanto, se o fato narrado tiver perfeita correspondência com
a verdade, temos História ou biografia. Mas agora Fita-Verde se espantava, além de entristecer-se de
ver que perdera em caminho sua grande fita verde no cabelo atada;
e estava suada, com enorme fome de almoço. Ela perguntou:
As cenas criadas pelo narrador estruturam-se em quatro etapas:
– Vovozinha, que braços tão magros, os seus, e que mãos tão
1. Apresentação. trementes!
2. Complicação. – É porque não vou poder nunca mais te abraçar, minha neta…
3. Clímax. – a avó murmurou.
4. Desfecho ou desenlace. – Vovozinha, mas que lábios, aí, tão arroxeados!
– É porque não vou nunca mais poder te beijar, minha neta…
Vejamos a narrativa abaixo e suas etapas: – a avó suspirou.
– Vovozinha, e que olhos tão fundos e parados, nesse rosto
Legenda para identificação das sequências discursivas: encovado, pálido?
– É porque já não te estou vendo, nunca mais, minha netinha…
Apresentação – a avó ainda gemeu.
Complicação Fita-Verde mais se assustou, como se fosse ter juízo pela
primeira vez. Gritou:
Clímax
– Vovozinha, eu tenho medo do Lobo!…
Desfecho
Mas a avó não estava mais lá, sendo que demasiado ausente, a
não ser pelo frio, triste e tão repentino corpo.
(ROSA, João Guimarães. Fita verde no cabelo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1992.)

PROMILITARES.COM.BR 139
ESTUDO DE TEXTO

Na apresentação, o cenário é composto, as personagens são SELETIVO


apresentadas e inicia-se, a partir de então, o enredo que se vai
O narrador interpreta com palavras suas as ideias e os sentimentos
construir ao longo da narrativa.
das personagens. Neste caso, é comum o discurso indireto.
Exemplo:
NARRATIVA EM DIVERSOS “Conta um velho manuscrito beneditino que o Diabo, em certo
GÊNEROS TEXTUAIS dia, teve a ideia de fundar uma igreja. Embora os seus lucros fossem
contínuos e grandes, sentia-se humilhado com o papel avulso que
O conceito da narrativa não se restringe apenas ao romance ou
exercia desde séculos, sem organização, sem regras, sem cânones,
ao conto. Dependendo de seu formato, um texto adquire feições
sem ritual, sem nada. Vivia, por assim dizer, dos remanescentes
diferentes e acaba por constituir gêneros distintos que se organizam
divinos, dos descuidos e obséquios humanos. Nada fixo, nada regular.
narrativamente: sonetos, contos de fada, letras de música, crônicas,
Por que não teria ele a sua igreja? Uma igreja do Diabo era o meio
anedotas etc.
eficaz de combater as outras religiões, e destruí-las de uma vez.”
Outras formas de linguagem podem ser narrativas como fotografia (Machado de Assis – A Igreja do Diabo)
e pintura, charge, história em quadrinhos etc.

ELEMENTOS DA NARRATIVA CÂMERA


Há elementos constitutivos da narrativa que nos ajudam a Só relata o que se pode ver; não fala do passado, não pode estar
identificar propósitos do autor e desenvolvimento do enredo. São eles: em vários lugares ao mesmo tempo, não pode penetrar na consciência
foco narrativo, enredo, espaço, tempo e personagens. das personagens.
Exemplo:
FOCO NARRATIVO “Um rato que morava na cidade, foi dar um passeio ao campo.
Numa narrativa de ficção, o narrador nunca é o autor, mas um Recebeu-o e agasalhou-o um amigo que o levou para os seus palácios
papel por este criado, com a função de contar a história. O narrador é subterrâneos, e deu-lhe um banquete de ervas e raízes. Maldizendo
um ser ficcional e o autor pertence ao mundo da realidade histórica. em presença de tais iguarias a louca lembrança do seu rústico passeio,
Para melhor entender, analisemos este aspecto no romance Memórias o rato da cidade, obrigado a jejuar, disse por fim: “Amigo, tenho dó
Póstumas de Brás Cubas. Neste caso, o autor é Machado de Assis, mas de ti; como te podes resignar a semelhante passadio? vem comigo
o narrador é Brás Cubas. O EU do narrador não é o EU do escritor. para a cidade, verás o que é fartura, o que é viver”. O outro aceitou.”
(Trecho de O rato da cidade e o do campo. Fábulas de Esopo)
Partindo-se da premissa de que qualquer fator narrado precisa
de um narrador, há de se verificar quem e como está contando a
história. Para isso, há dois tipos básicos de narrador. O onisciente e o
onipresente. O narrador onipresente, ou narrador-personagem, fala em
primeira pessoa porque vive os fatos narrados. Este ponto de vista
Eles representam o ponto de vista (também chamado de mostra uma visão parcial e particularizada da história por ser contada
foco narrativo ou perspectiva) sob o qual ocorreu a enunciação sob a perspectiva de um de seus personagens. É uma narrativa de
(narrativa) e a recepção do enredo da obra (leitura). visão limitada e, por isso, pouco esclarecedora dos fatos gerais.
O narrador onisciente fala em terceira pessoa e em sua narrativa
predomina a função referencial. Seu objetivo é transmitir os fatos de
forma imparcial. Ele pode ser:
ENREDO
A trama da história vivida pelas personagens caracteriza o enredo.
NEUTRO
Narração neutra, impessoal, sem tomar partido nem defesa de um ESPAÇO
ponto de vista ou de um personagem. O espaço é o conjunto de elementos da paisagem em que as
Exemplo: personagens realizam suas ações. Não funciona apenas como cenário;
pode ser determinante para o desenvolvimento do enredo. Em Vidas
ANEDOTA BÚLGARA Secas, por exemplo, o cenário hostil e inóspito do sertão nordestino é
Era uma vez um czar naturalista que caçava homens. Quando lhe o que determina a saga da família de Fabiano e Sinhá Vitória. Pode-se
disseram que também se caçam borboleta e andorinhas ficou muito dizer, inclusive, que o cenário é o antagonista.
espantado e achou uma barbaridade.
(Carlos Drummond de Andrade, Alguma poesia)
TEMPO
O tempo da narrativa pode ser cronológico – quando os fatos são
INTRUSO apresentados numa ordem lógica de acontecimentos – ou psicológico
– quando a logicidade dos fatos no tempo de desenvolvimento da
Narra os fatos tecendo considerações e emitindo juízo de valor. A
narrativa é interrompida pela lembrança (flashback).
intervenção é moralizante, satírica ou irônica.
Exemplos:
Exemplo:
Tempo cronológico =
“Quais as razões que induziram o Dr. Mendonça a fazer coleção
Uma ideia toda azul (Trecho - Marina Colasanti).
de cães, é cousa que ninguém podia dizer; uns queriam que fosse
simplesmente paixão por esse símbolo da fidelidade ou do servilismo; “Um dia o rei teve uma ideia.(1)
outros pensavam antes que, cheio de profundo desgosto pelos Era a primeira da vida toda, e tão maravilhado ficou com aquela
homens, Mendonça achou que era de boa guerra adorar os cães. ideia azul, que não quis saber de contar aos ministros(2). Desceu com
Fossem quais fossem as razões, o certo é que ninguém possuía ela para o jardim(3), correu com ela nos gramados(4), brincou com
mais bonita e variada coleção do que ele. [...] ela de esconder entre outros pensamentos(5), encontrando-a sempre
com igual alegria, linda ideia dele toda azul.
O leitor superficial conclui daqui que o nosso Mendonça era um
homem excêntrico. Não era. Mendonça era um homem como os Brincaram até o rei adormecer encostado numa árvore(6).
outros; gostava de cães como outros gostam de flores.” Foi acordar tateando a coroa e procurando a ideia para perceber
(Machado de Assis – Miss Dollar em Contos Fluminenses) o perigo(7).”

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ESTUDO DE TEXTO

LINHA DO TEMPO O herói do realismo e do naturalismo não é superior à média


humana, mas um ser normal que carrega o peso dos problemas e
injustiças sociais e das misérias biopsíquicas.
Os heróis inferiores são protagonistas dos romances de temas
1 2 3 4 5 6 7 satíricos e picarescos. Enquadram nesse caso os heróis dionisíacos,
fracos a paixões e lutadores pela própria vida e seus valores individuais,
Tempo psicológico = com visão carnavalesca do mundo; os heróis de romances picarescos,
Dom Casmurro (Trecho do capítulo 2 – Machado de Assis). expressando rebeldia dos valores individuais contra as opressões e
hipocrisias da vida (Dom Quixote); herói problemático, considerado
“Agora que expliquei o título, passo a escrever o livro. Antes disso,
um sujeito agente ou paciente das ações, representante da camada
porém, digamos os motivos que me põem a pena na mão.
sem prestígio na sociedade, injustiçado e resignado, lutando contra
Vivo só, com um criado. A casa em que moro é própria; fi-la as adversidades da vida pela própria sobrevivência (Fabiano de Vidas
construir de propósito, levado de um desejo tão particular que me Secas, Severino de Morte e Vida Severina, Macabéia de A Hora da
vexa imprimi-lo, mas vá lá. Um dia, há bastantes anos, lembrou-me Estrela); o anti-herói, de caráter duvidoso, preguiçoso, sem consistência
reproduzir no Engenho Novo a casa em que me criei na antiga Rua de individual ou social (Macunaíma; Brás Cubas).
Mata-cavalos, dando-lhe o mesmo aspecto e economia daquela outra,
A tendência do romance contemporâneo é valorizar um herói no
que desapareceu. Construtor e pintor entenderam bem as indicações
sentido tradicional, mas com uma visão mais moderna, trocando a
que lhes fiz: é o mesmo prédio assobradado, três janelas de frente,
espada pelos aparelhos bélicos sofisticados, um microscópio ou um
varanda ao fundo, as mesmas alcovas e salas. [...] Uso louça velha e
computador.
mobília velha.
Enfim, agora, como outrora, há aqui o mesmo contraste da vida
ANTAGONISTA
interior, que é pacata, com a exterior, que é ruidosa. O meu fim evidente
era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência. É o personagem cujas ações (intencionais ou não) são prejudiciais
ao protagonista. Sua atuação determina o início da complicação que
Pois, senhor, não consegui recompor o que foi nem o que fui. Em
levará o enredo ao clímax. O desenlace ocorre quando suas ações são
tudo, se o rosto é igual, a fisionomia é diferente. Se só me faltassem
desvendadas e neutralizadas.
os outros, vá um homem consola-se mais ou menos das pessoas que
perde; mais falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo. Secundários = são personagens que auxiliam no desenvolvimento
da trama.
[...]
Ora, como tudo cansa, esta monotonia acabou por exaurir-me
também. Quis variar, e lembrou-me escrever um livro. Jurisprudência. A INTERLOCUÇÃO
Filosofia e política acudiram-me, mas não me acudiram as forças necessárias. Quando o narrador se dirige ao interlocutor diretamente, a fim
Depois, pensei em fazer uma “História dos Subúrbios” menos seca que as de homenageá-lo, induzir-lhe a conclusão ou influenciá-lo, ou ainda
memórias do Padre Luís Gonçalves dos Santos relativas à cidade; era obra conduzir-lhe a reação, usa uma estratégia linguística a que damos o
modesta, mas exigia documentos e datas como preliminares, tudo árido e nome de interlocução. Os recursos linguísticos que melhor evidenciam
longo. Foi então que os bustos pintados nas paredes entraram a falar-me este processo são:
e a dizer-me que, uma vez que eles não alcançavam reconstituir-me os
• verbos e pronomes de 2ª pessoa;
tempos idos, pegasse da pena e contasse alguns.
• verbos no Imperativo;
[...]
• vocativo (apóstrofe).
Fiquei tão alegre com esta ideia, que ainda agora me treme a pena
na mão. Sim, Nero, Augusto, Massinissa, e tu, grande César, que me
incitas a fazer os meus comentários, agradeço-vos o conselho, e vou Veja alguns exemplos.
deitar ao papel as reminiscências que me vierem vindo. Deste modo,
viverei o que vivi, e assentarei a mão para alguma obra de maior tomo. “Deitado eternamente em berço esplêndido
Eia, comecemos a evocação por uma célebre tarde de novembro, que Ao som do mar e à luz do céu profundo
nunca me esqueceu. Tive outras muitas, melhores, e piores, mas Fulguras1, ó Brasil2, florão da América
aquela nunca se me apagou do espírito. É o que vais entender, lendo.” Iluminando o Sol do Novo Mundo.
Do que a terra mais garrida,
Teus3 risonhos lindos campos têm mais flores
PERSONAGENS Nossos bosques têm mais vida
São seres criados no contexto da ficção, representando as pessoas Nossa vida no teu seio mais amores
no mundo real ou seres fantasiosos, sem representação da realidade. Ó Pátria Amada4, idolatrada
Por sua importância e papel no enredo, caracterizam-se como: Salve! Salve!5
(Hino Nacional Brasileiro)
PROTAGONISTA 1
- Verbo na 2ª pessoa
Personagem principal, em torno do qual se desenvolvem as ações
2/4
- Vocativo
dos outros personagens.
3
- Pronome em 2ª pessoa
5
- Homenagem
Os personagens principais se subdividem em superiores e inferiores
conforme seu papel na narrativa. Os protagonistas superiores são
seres acima da média humana, investidos de atributos eufóricos “Abane a cabeça, leitor1; faça2 todos os gestos de incredulidade.
(beleza, nobreza de sentimentos, valores morais, virilidade, força). Chegue2 a deitar fora este livro, se o tédio já o não obrigou a isso
Enquadram-se nesse tipo os heróis clássicos qualificados para uma antes, tudo é possível. Mas, se o não fez antes e só agora, fio que
nobre missão, estabelecer a ordem, desvendar mistérios, apaziguar os torne a pegar do livro e que o abra2 na mesma página, sem crer por
homens; os heróis medievais dos romances de cavalaria e da poesia isso na veracidade do autor. Todavia, não há nada mais exato. Foi
épica, símbolos dos valores nacionais (Robin Hood; El Cid; Vasco da assim mesmo que Capitu falou, com tais palavras e maneiras. Falou
Gama); os heróis românticos que expressam a revolta do indivíduo do primeiro filho, como se fosse a primeira boneca.”
contra valores institucionalizados pela religião oficial, pelos costumes (Machado de Assis – Dom Casmurro)
sociais, pelo Estado (Dom Juan, Iracema, I-Juca Pirama). 1
- Vocativo
2
- Imperativo

PROMILITARES.COM.BR 141
ESTUDO DE TEXTO

TIPOS DE DISCURSOS Exemplo:


Em um texto narrativo, o narrador apresenta a fala dos Rousseau disse que “o homem nasce bom; a sociedade é que o
personagens de três maneiras distintas: corrompe.”
• reproduzindo-a textualmente (discurso direto);
• transmitindo-a com suas próprias palavras (discurso indireto);
DISCURSO INDIRETO LIVRE
“Certa noite, caiu uma tempestade horrível. Trovejava e chovia
• misturando os dois outros tipos (discurso indireto livre).
a cântaros. De repente, bateram à porta do castelo, e o rei foi
pessoalmente abrir. No umbral havia uma princesa. Mas, Santo Céu,
Leia os trechos a seguir e os comentários a respeito de cada um como havia ficado com o tempo e a chuva! A água escorria por
dos discursos apresentados. seu cabelo e roupas, seu sapato estava desmanchando. Apesar disso,
ela insistia que era uma princesa real e verdadeira.”
(João sem medo – Irmãos Grimm)
DISCURSO DIRETO
“[...] Da cozinha veio a informação:
Comentário
— Tem bacalhau à Gomes de Sá. Quer?
— É, pode ser isso – concordou Seu Adelino, sem entusiasmo. O trecho em negrito representa o discurso indireto livre, pois, pela
palavra do narrador, sabe-se aquilo que o personagem pensa. Neste
Ao cabo de dez minutos, veio o garçom brandindo o Gomes de
tipo de discurso, a fala ou pensamento do personagem não são
Sá. A freguesa olhou o prato, invejando-o, e, para estimular o apetite
marcados por travessão, aspas ou verbo “dicendi”; é introduzido
de Seu Adelino:
na fala do narrador como um desabafo, um questionamento, uma
— Está uma beleza! exclamação do personagem. Normalmente, aparecem marcados e
— Não acho muito não – retorquiu, inapetente” delimitados por interrogações, exclamações ou reticências.
(Carlos Drummond de Andrade em O Dono.)

Este tipo de discurso é brilhantemente utilizado por Graciliano


Comentário Ramos em seus romances São Bernardo e Angústia, mas alcança a
magnitude em Vidas Secas.
Observe que a fala dos personagens aparece representada
fielmente pelo narrador. O recurso linguístico responsável pela “Se não fosse isso... Ah! Em que estava pensando? Meteu os
indicação dessas falas é o travessão e, em alguns casos, os verbos olhos pela grade da rua. Chi! Que pretume! O lampião da esquina
de introdução de fala ou de expressão de pensamento e sentimento se apagara, provavelmente o homem da escada só botara nele
(os chamados verbos dicendi). No trecho acima, esses verbos são meio quarteirão de querosene.” (Vidas Secas)
“concordou” e “retorquiu”.
MUDANÇA DE DISCURSO
Na mudança do discurso direto para o indireto, as orações
Observação intercaladas passam a constituir a oração principal cujas
subordinadas, introduzidas pelo conectivo que (para o verbo dizer
É importante dizer que as orações de verbo dicendi indicam com e equivalentes) e se (para o verbo perguntar e equivalentes), são a
que interlocutor está a palavra e classificam-se sintaticamente fala do personagem traduzidas pelo narrador. Em algumas ocasiões,
como orações intercaladas de citação, ou seja, não se subordinam as orações subordinadas podem ser introduzidas por advérbio ou
nem se coordenam a nenhuma outra, apenas se intercalam à fala pronomes interrogativos (como, quando, quem).
dos personagens.
Exemplo:
DISCURSO DIRETO

DISCURSO INDIRETO ORAÇÃO INTERCALADA ORAÇÃO ABSOLUTA


“Foi então que ela, sem saber que traduzia Hamlet em vulgar,
disse-lhe que havia muita cousa misteriosa e verdadeira neste O pai interrompeu a mãe Quando ele vai fazer prova,
mundo. Se ele não acreditava, paciência; mas o certo é que a questionando: afinal?
cartomante adivinhara tudo.”
(Machado de Assis – A Cartomante) A professora perguntou
Você fez o trabalho de casa?
para Paulinho:

Comentário O padre disse aos fiéis: Ide em paz!


O narrador transmite com suas próprias palavras o que o
personagem proferiu. Nestes casos, o leitor tem sua opinião MUDANÇA
direcionada pelo narrador, já que não conhece fielmente as palavras
dos personagens. É induzido a pensar conforme o narrador quer
que o faça. Observe que neste trecho somos induzidos a pensar ORAÇÃO PRINCIPAL ORAÇÃO SUBORDINADA
que a personagem falava de forma “vulgar” as palavras de Hamlet.
O pai interrompeu a mãe quando ele ia fazer prova,
questionando-a afinal.
Há uma outra maneira de expressar a fala de alguém no discurso
indireto: usa-se a construção da subordinação com o verbo “dicendi” A professora perguntou se ele fizera o trabalho
na oração principal e, após a conjunção integrante, cita-se o texto do para Paulinho de casa.
outro isolado por aspas.
O padre disse aos fiéis que eles fossem em paz.

142 PROMILITARES.COM.BR
ESTUDO DE TEXTO

Comentário Conclui-se, pois, que os discursos direto, indireto e indireto


livre constituem um caso de polifonia, com “vozes” mescladas do
Por vezes, o discurso indireto ou direto é colocado dentro da fala narrador e personagens.
de um personagem quando ele mesmo está contando um caso
A inserção do ponto de vista de um enunciador no texto pode
do passado em que outra pessoa (ou ele próprio) teria dito algo.
ser indicada por alguns sinais de pontuação: aspas, travessão, dois-
Nesses casos, o personagem se transforma durante a fala em
pontos e parênteses.
narrador onipresente das ações relatadas por ele.
Leia o exemplo abaixo, retirado do conto A Cartomante, de
Machado de Assis, em que Rita conversa com Camilo e narra a ele SEMIÓTICA
o que aconteceu no dia em que foi à cartomante.
A vida se manifesta em linguagens, e os seres precisam conhecê-las
“[...] para que possam utilizá-las com propriedade, com eficiência. Para
— Ria, ria. Os homens são assim; não acreditam em nada. Pois tanto, é preciso perceber que as linguagens se materializam por
saiba que fui, e que ela adivinhou o motivo da consulta, antes meio de sinais, e estes precisam ser compreendidos pelos seres que
mesmo que eu lhe dissesse o que era. Apenas começou a botar se comunicam. Em outras palavras, é indiscutível a necessidade da
as cartas, disse-me: “A senhora gosta de uma pessoa...”1 comunicação entre os seres. Os usuários deverão utilizar meios
Confessei que sim2, e então ela continuou a botar as cartas, que lhes sejam comuns para que se entendam mutuamente. O
combinou-as, e no fim declarou-me que eu tinha medo de que entendimento depende do domínio do sinal e de sua transformação
você me esquecesse, mas que não era verdade...3“ em signo.
(Machado de Assis - A Cartomante) A semiótica é a ciência geral dos signos. Ela estuda a semiose
que é o processo de produção da significação.
1
- Discurso direto da fala da cartomante com narração de Rita.
2
- Discurso indireto de Rita como personagem com narração da
própria Rita. SINAL, SIGNO E TEXTO
3
- Discurso indireto da cartomante com narração de Rita. Então o que é signo? É algo que representa outra coisa que
ali não está. Portanto, é um sinal que significa algo para alguém.
Assim sendo, a semiose se dá quando o sinal ganha significação.
POLIFONIA
Leia o texto abaixo: Ilustrando
COM QUE CORPO EU VOU? O sinal vermelho do trânsito representa uma ordem para
Maria Rita Kehl, Folha de São Paulo, 30/06/2002 interrupção do fluxo dos veículos ou dos transeuntes. Terá um
ou outro significado, segundo o contexto em que esteja inserido.
“O cuidado de si volta-se para a produção da aparência, segundo Se nas calçadas em posição perpendicular ao fluxo do trânsito,
a crença já muito difundida de que a qualidade do invólucro muscular, comanda os pedestres; se nas esquinas, em posição dianteira para
a textura da pele e a cor dos cabelos revelam o grau de sucesso de os veículos, comanda os motoristas.
seus “proprietários”. Numa praia carioca, escreve Stéphane Malysse, (...)
as pessoas parecem “cobertas por um sobrecorpo, como uma 1 – Quanto tempo!
vestimenta muscular usada sob a pele fina e esticada...” 2 – Pois é...quanto tempo!
São corpos em permanente produtividade, que trabalham a 3 – Tanta coisa que eu tinha a dizer, mas eu sumi na poeira das ruas...
forma física ao mesmo tempo em que exibem os resultados entre os 4 – Eu também tenho algo a dizer, mas me foge à lembrança!
passantes. São corpos-mensagem, que falam pelos sujeitos. O rapaz 5 – Por favor, telefone - Eu preciso beber alguma coisa, rapidamente...
“sarado”, a loira siliconada, a perna musculosa ostentam seus corpos 6 – Pra semana...
como se fossem aqueles cartazes que os homens sanduíches carregam 7 – O sinal...
nas ruas do centro da cidade. “Compra-se ouro”. “Vendem-se cartões 8 – Eu procuro você...
telefônicos”. “Belo espécime humano em exposição”. 9 – Vai abrir, vai abrir...
10 – Eu prometo, não esqueço, não esqueço...
A cultura do corpo não é a cultura da saúde, como quer parecer...
11 – Por favor, não esqueça, não esqueça...
É a produção de um sistema fechado, tóxico, claustrofóbico. Nesse
12 – Adeus!
caldo de cultura insalubre, desenvolvem-se os sistemas sociais da
13 – Adeus!
drogadição (incluindo o abuso de hormônios e anabolizantes), da
14 – Adeus!
violência e da depressão. Sinais claros de que a vida, fechada diante
do espelho, fica perigosamente vazia e sem sentido.”
Comentário
O semáforo comanda o tráfego e, às vezes, promove encontros
Comentário
fortuitos. O fragmento da letra da MPB reconstrói um diálogo
O texto lido apresenta várias “vozes”, ou seja, num mesmo corriqueiro no dia a dia das metrópoles. O que identifica o diálogo
enunciado há mais de um locutor, mais de um ponto de vista é a organização do texto em uma série de frases iniciadas pelo
sobre o tema abordado. Em vermelho, a voz da autora Maria travessão. O que determina a duração do encontro (e do diálogo) é
Rita; em laranja, a citação de Stéphane Malysse; em verde, os o tempo do sinal. A fala 7 é índice de que a conversa tem de acabar.
corpos-mensagem e em azul, os cartazes. Esse evento linguístico A fala 9 completa a 7 e alerta o interlocutor sobre o comando do
recebe o nome de POLIFONIA. sinal. Ambos entendem a mensagem, despedem-se e partem.

Sabendo-se que intertextualidade é a presença de um texto em


Observação
outro, pode-se afirmar que os casos de intertextualidade explícita
(discurso relatado, referências a outros autores, citações, argumentos Vale lembrar que a semiótica não precisa ser ensinada na escola
de autoridade, opiniões de outrem diluídas no texto) correspondem para que você circule bem na sociedade. Isto porque a educação
ao conceito de polifonia. No entanto, a recíproca não é verdadeira, semiótica começa na vida intrauterina. O bebê começa a aprender
porque há polifonias que não podem ser vistas como manifestação a linguagem ainda no ventre materno. Identifica a fala da mãe, do
de intertextualidade. Por exemplo, os textos narrativos com presença pai e de mais alguém que lhe seja próximo.
de diálogo (discurso direto) ou de discursos indireto e indireto livre
são polifônicos, mas não intertextuais.

PROMILITARES.COM.BR 143
ESTUDO DE TEXTO

Aprende a dar sinal de desconforto, movimentando-se. E a Comentário


gestante vai aos poucos aprendendo a decifrar a comunicação de O fragmento da CF/88 apresenta uma estrutura especial por se
seu bebê, da mesma forma que cria códigos de interação com ele. tratar de um texto legislativo. O texto que segue o indicador
Acalma-o acariciando a barriga, bebendo ou comendo algo, entrando Art. 14 é do tipo dissertativo por relatar um dispositivo legal.
em posição de descanso ou relaxamento, e assim por diante. Os três itens seguintes, marcados por numerais romanos, são
do tipo injuntivo porque especificam formas de cumprimento do
dispositivo legal. Denominam-se incisos.
O que ensina a semiótica? Com ela aprende-se a desfrutar
dos sentidos biológicos como antenas de captação de sinais; e da Surge então outro modelo, marcado como § 1º e que inclui uma
inteligência e raciocínio para traduzi-los em mensagens que organizam especificação mais rigorosa da forma de cumprimento da ordem
as ações, as relações, enfim, a sociedade. legal. Esse parágrafo apresenta duas subdivisões, novamente
identificadas com numerais romanos. O segundo item desta última
Cada sinal pode ser interpretado quanto à sua função e ao seu
série ainda se subdivide em três subitens marcados pelas letras a, b
valor. A interpretação se faz por meio do texto. Assim sendo, do sinal
e c. São, portanto, alíneas.
se passa ao signo que, em última análise, é um texto.

ORGANIZAÇÃO INTERNA DO TEXTO Outros recursos tipográficos devem ser observados; pois, mesmo
quando não são signos em si, interferem na produção de signos.
Partindo da premissa de que o signo é um texto, é preciso
dominar os tipos de signo para poder identificar e produzir com
Ilustrando
adequação os variados gêneros e tipos de texto. Deve-se então
partir das potencialidades icônica e indicial. Esta funciona como uma Em física, matéria (vem do latim materia, substância física) é
seta, um vetor, um indicador. Conduz o sujeito na produção do texto qualquer coisa que possui massa, ocupa espaço e está sujeita à
ou da leitura. Deflagra as deduções e induções. Aquela se busca trazer inércia. A matéria é aquilo que existe, aquilo que forma as coisas
ao texto uma imagem do que representa. Assim sendo, a faixa no canto e que pode ser observado como tal; é sempre constituída de
interno da estrada é ícone da largura e do trecho permitido para rodar; partículas elementares com massa não nula (como os átomos, e
enquanto as tabuletas ao longo da rodovia são índices das informações em escala menor, os prótons, nêutrons e elétrons).
necessárias aos que por ali passam. Assim se faz o texto não verbal. (Trecho extraído de http://pt.wikipedia.org/wiki/Matéria)

FONTES E RECURSOS TIPOGRÁFICOS Comentário


Também é icônica a organização do texto verbal. As fontes, Esse novo excerto traz marcações indispensáveis ao
ou tipos de letras utilizadas na materialização visual do texto, devem desenvolvimento da leitura e da compreensão da informação nele
ser usadas segundo o que representam no texto, em conformidade contida. A palavra matéria aparece negritada por ser um signo
com a seção: títulos, subtítulos, itens etc. exigem uma seleção de em menção, uma palavra-objeto, uma vez que é um termo
tamanhos e estilos específicos, que funcionam como ícones e índices, científico. Nessa parte, a palavra materia aparece em itálico por
auxiliando a produção e a leitura do texto. ser então uma palavra estrangeira, um termo latino.
Também é fonte o texto lido anteriormente e que oferece ideias O parágrafo é aberto pela locução Em física, que está separada
para a produção ou para a leitura de outro texto. por vírgula por ser um termo deslocado, fora da ordem lógica,
portanto em destaque para situar a informação em determinado
Assim sendo, há dois entendimentos para o termo fonte: 1) tipo âmbito. No caso, da física.
de letra, de número ou de símbolo (recurso tipográfico); 2) texto
de suporte às ideias a serem desenvolvidas (recurso intelectual).
Este é também conhecido como endosso teórico, quando transcrito Como se pode ver, tudo no texto significa. Logo, produzir um
ou parafraseado em novo texto. texto implica domínio não só do código verbal, como também dos
Logo, ao produzir/ler um texto é preciso ficar atento à combinação códigos não verbais subsidiários, como a pontuação, a paragra-
dos recursos tipográficos e intelectuais a empregar. fação etc.
Para objetivar, veja que o trecho de “Sinal fechado” foi logo
identificado como um diálogo porque há marcas no texto: os PARAGRAFAÇÃO
travessões. O mesmo ocorre com o texto legislativo, por exemplo, que Assim como os textos legislativo e técnico-científico, cada gênero
contém marcações diferenciadas, segundo a hierarquia de seus tópicos. terá marcações próprias que lhes servirão de identificação.
Além de marcas apontadas, deve ser considerada a divisão em
CAPÍTULO IV parágrafos. No interior destes, dividem-se os períodos que, por sua
DOS DIREITOS POLÍTICOS vez, dividem-se em orações ou frases.
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e
pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos O parágrafo é uma característica diagramática, portanto é
da lei, mediante: icônico. Representa o início e, quase sempre, a conclusão de uma
ideia-núcleo.
I. plebiscito;
O parágrafo é identificado por uma forma semelhante a
II. referendo; uma caixa de texto. Inicia-se com letra maiúscula e termina com
III. iniciativa popular. ponto. No seu interior, as ideias subsidiárias (partes da ideia-núcleo)
separam-se por pontos simples (quando se completam) ou por
ponto e vírgula (quando ainda inconclusas). Terminado o parágrafo,
§ 1º - O alistamento eleitoral e o voto são:
usa-se o ponto parágrafo que indica mudança de linha.
I. obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
Essa troca de linha quase sempre representa mudança de ideia-
II. facultativos para: núcleo. Mas há casos em que esta é tão complexa que exige o seu
a) os analfabetos; desdobramento em mais de um parágrafo.
b) os maiores de setenta anos; Como os tipos textuais sempre surgem combinados, um texto
pode apresentar trechos narrativos, descritivos, dissertativos ou
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
injuntivos. Além disso, dependendo do gênero, pode ser necessário
(Trecho da Constituição Federal de 1988.)

144 PROMILITARES.COM.BR
ESTUDO DE TEXTO

pode ser necessário inserir tabelas, gráficos, planilhas, imagens etc.


Logo, é preciso ler os textos com atenção para que essas marcações Comentário
especiais sirvam de orientação ao leitor, da mesma forma que se O texto “Carne moída básica” está subdividido em três partes,
impuseram ao autor, para que atingisse a clareza. cujos subtítulos são: ingredientes, modo de fazer e dica. Cada uma
dessas partes apresenta uma organização particular em função do
tipo. Os ingredientes se mostram de forma injuntiva; o modo de
TÍTULOS E SUBTÍTULOS
fazer é dissertativo; a dica é também injuntivo, contudo do subtipo
Tudo o que se põe na superfície do texto poderá orientar ou instrucional.
desorientar o leitor. Por isso, deve-se ter muita cautela na organização
do conteúdo do texto, de modo a permitir uma condução lógica do
raciocínio e assim facilitar a leitura. Não é difícil identificar as partes do texto, como também não é
A divisão do texto em seções internas é uma das formas de difícil produzir a receita nele contida.
fornecer pistas de leitura. Um texto de extensão curta a média deverá Essa é uma mostra de texto conciso, claro, correto e de alta
apresentar, no mínimo, um título. Este será algo que resuma o assunto iconicidade, uma vez que é fácil de ler, compreender e realizar a
que se trata no texto. Logo, deve ser conciso, preciso e objetivo. Assim atividade nele proposta.
como o nome das pessoas e das instituições, o título é o nome do
texto. Assim sendo, deverá seguir a grafia das frases e iniciar-se com IMAGENS E LEGENDAS
letra maiúscula, além de, geralmente, vir destacado pela caixa alta,
Dependendo da natureza do texto, pode haver necessidade
pelo negrito ou mesmo por ambos.
de nele inserir figuras especiais, para aumentar-lhe a clareza
Nos textos mais longos, é preciso subdividir o tema (ou assunto) e a iconicidade. Entre essas figuras destacam-se as imagens e as
em itens ou tópicos, para que a redação se faça organizada. Nesse legendas. Cumpre esclarecer que uma é consequência da outra, isto
caso, além do título, dever-se-á “batizar” partes internas do texto – é, quando se usa imagens no texto, impõe-se a inclusão de legendas
seções. O nome de cada seção será um subtítulo. que àquelas identifiquem.
Cumpre lembrar ainda que essa organização exige marcas de Entende-se por imagem qualquer inserção figurativa que possa
natureza gráfica, como: título centralizado no topo da página ilustrar, exemplificar, objetivar o que se diz verbalmente. Trata-se de
e em caixa alta; subtítulo alinhado à esquerda e com apenas inserções verbais, não verbais ou mistas.
a inicial maiúscula. Caso no interior dos subtítulos haja nomes
A imagem com componentes verbais pode ser exemplificada
próprios, estes serão grafados também com inicial maiúscula.
pelas tabelas.
Ilustrando A imagem não verbal é a que se constrói com signos diferentes
das palavras, assim como os gráficos.
CARNE MOÍDA BÁSICA
Ingredientes: A imagem mista (com signos verbais e não verbais) pode ser aqui
500g de carne moída representada, por exemplo, pelas charges, pelas partituras etc.
2 dentes grandes de alho amassados
1 cebola média cortada em pedaços pequenos Para exemplificar:
1 xícara de cheiro verde picado (cebolinha verde e salsa ou SEUS ALUNOS SABEM LER GRÁFICOS E TABELAS?
coentro)
1 folha de louro (...) Os alunos responderam a um questionário, em forma de
1 colher (sopa) de extrato de tomate múltipla escolha, sobre o número de pessoas que moravam com eles,
1 colher (chá) de mostarda amarela o tipo de abastecimento de água que tinham em casa (encanada, poço
1 pitada de cominho ou pimenta do reino ralada ou outro) e a coleta de esgotos (rede da Sabesp, fossa ou particular).
sal a gosto No quadro-negro, Alfia organizou os dados de cada classe em tabelas
e depois mediou uma discussão. Na aula de Matemática, os estudantes
construíram gráficos de barras e de setores (em percentual) com base
Modo de Preparo: no total de residências pesquisadas. (...)
Em uma panela média, doure a cebola picada e o alho
amassado no óleo quente. A seguir, acrescente a carne moída, aos REDE DE ESGOTO / TABELA
poucos (em bolões). Então, com uma colher de pau, vá mexendo
a carne até que ela esteja mais ou menos misturada com a cebola FAMILIARES FAMILIARES
e o alho. Tampe a panela por cerca de 1 minuto em fogo baixo. SERVIÇO TOTAL DE
DOS ALUNOS DOS ALUNOS
Junte o cheiro verde, a folha de louro, o extrato de tomate, a QUE UTILIZA PESSOAS
DA 5ª A DA 5ª B
mostarda e a pitada de cominho, mexendo levemente (se a carne
não tiver liberado água suficiente para o cozimento, acrescente um Fossa 0 3 3
pouco de água). Tampe novamente a panela por cinco minutos e
então coloque uma pitada de sal. Deixe cozinhar por mais 5 minutos Esgoto
20 16 36
com a panela tampada e experimente se o sal está satisfatório. Sabesp
Caso não esteja, coloque mais.
Esgoto
Continue cozinhando em fogo baixo até que a água evapore 2 4 6
particular
quase totalmente, ficando praticamente apenas a carne na
panela. Mexa eventualmente. Total 22 23 45

Dica: faça a receita em dobro, em uma panela maior, separe em


várias porções individuais e as congele. Assim, quando você quiser,
basta retirá-la do freezer e levar ao micro-ondas. Em minutos, ela
estará pronta para ser consumida.

PROMILITARES.COM.BR 145
ESTUDO DE TEXTO

REDE DE ÁGUA E ESGOTO / GRÁFICO Essa modalidade de texto – o hipertexto – propicia uma dinâmica
de leitura diferente da que se habituou fazer no texto impresso; ou
50 45 45 mesmo no texto escrito e gravado legível na tela, mas que não permite
intervenção.
40 36
O hipertexto dá ao leitor uma sensação de autoria e de autoridade,
30 uma vez que ele é livre para compor o itinerário de sua leitura de
modo independente.
20 Entretanto, é preciso lembrar que a leitura eficiente demanda
domínio do código verbal e dos recursos não verbais que participam
10 6 do texto em leitura. Caso contrário, estaremos diante de um novo tipo
3 de analfabetismo: a não leitura de hipertextos.
0 Residências Água Esgoto Esgoto
Fossa
pesquisadas tratada Sabesp particular
HUMOR
Dois tipos de informação em um mesmo gráfico feito pelos alunos As origens da palavra humor assentam-se na medicina humoral
de Alfia: em forma de barras, dados presentes em duas tabelas podem dos antigos gregos, que é uma mistura de fluidos, ou humores,
ser comparados. controlados pela saúde e emoção humanos.
(Fragmento extraído de Revista Escola – Seção SALA DE AULA – Edição set/2005) O humor é uma das chaves para a compreensão de culturas,
religiões e costumes das sociedades num sentido amplo, sendo
elemento vital para a condição humana. O homem é o único animal
FORMAS DE HIPERTEXTO que ri, e esse riso se transforma através do tempo, acompanhando
A entrada na era digital trouxe o computador pessoal (PC) os costumes e as correntes de pensamento. De época para época, os
para o convívio cotidiano. Máquina que, quando de seu surgimento, pensamentos se assemelham ou se diferem, e o humor acompanha
parecia algo de outro mundo, principalmente por ter sido nomeada na essa tendência, e um texto humorístico como as comédias gregas de
época como cérebro eletrônico, torna-se hoje um eletrodoméstico Plauto ou as comédias de costumes do brasileiro Martins Pena são
quase tão necessário quanto o telefone ou a televisão. retratos fiéis de uma época.
A intromissão do PC no ambiente escolar, por exemplo, vem (Wikipédia - http://pt.wikipedia.org/wiki/Humor)
trazendo relevante contribuição no aprendizado da língua, em
especial no seu uso escrito. Cada portal ou sítio (cf. site) visitado Há ainda que acrescentar-se que ao humor correspondem: (1) a
contém vínculos (cf. links) que levam o leitor — nesse caso navegador disposição do espírito. Ex.: Está de mau humor. (2) veia cômica; graça,
— a visitar (abrir) outras páginas do mesmo portal ou páginas que espírito. Ex.: Todos riem de suas histórias: conta-as sempre com muito
abrem novos portais. humor. (3) capacidade de perceber, apreciar ou expressar o que é
cômico ou divertido. [cf. Dicionário Aurélio]
Essa dinâmica gerou a criação de um novo modelo textual: o
hipertexto. Este consiste na criação eventual de textos constituídos O humor é um exercício de inteligência, um exercício mergulhado
de textos ou fragmentos de vários portais, que se coligam na realidade e que fornece uma certa perspectiva sobre a verdade, e
eventual e tematicamente. Tecnicamente, escritores e leitores de é tão mais cômico quanto a seriedade do tema envolvido e tão mais
hipertexto dependem de um esquema organizacional baseado no empenhado quanto for a comicidade atingida.
computador que lhes permita moverem-se, rápida e facilmente, de (cf. BERGSON, F. H.. O riso. Rio de Janeiro, Zahar, 1980)
uma seção de texto (...) para outras seções a ele relacionadas. O autor
do hipertexto tem de prever ligações possíveis entre segmentos, Como nosso interesse é a produção de textos, deve-se prestar
que se tornam opções para os sujeitos-navegadores. Cada leitor faz atenção na elaboração dos enunciados, para que passagens
suas escolhas, e seus caminhos não são similares ao de outro leitor. humorísticas só ocorram quando fizerem parte do projeto de dizer;
Isto gera uma vantagem para os textos literários, por oferecerem caso contrário, o humor inadvertido torna-se defeito textual grave.
múltiplas possibilidades de leitura. Assim sendo, o hipertexto difere Exemplo:
do texto linear, comumente encontrado em livros, jornais e revistas (...) Aí, quando tem uma crise... Filho, quando tem dor de barriga
impressos, segundo a possibilidade de diferentes caminhos de leitura, volta para casa, quando tem gripe volta para casa, quando não tem
além das interferências diretas em tempo real. dinheiro volta para casa, aí o pai é “paizinho”, “mãezinha”. O que
aconteceu com o famoso mercado onipotente? Quando o mercado
Ilustrando teve a dor de barriga, que não foi uma dor de barrigazinha, foi
Wikipédia[3] é uma enciclopédia multilíngue online livre, uma diarreia daquelas, (inaudível), insuportável... Quando o
colaborativa, ou seja, escrita internacionalmente por várias pessoas mercado teve essa diarreia, quem é que eles chamaram para salvá-
comuns de diversas regiões do mundo, todas elas voluntárias. los? O Estado, que eles negaram durante 20 anos. (...)
Por ser livre, entende-se que qualquer artigo dessa obra pode (Fragmento do Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na
ser transcrito, modificado e ampliado, desde que preservados cerimônia de lançamento das linhas de ação do Fundo Setorial do Audiovisual - Rio
de Janeiro - RJ, 04 (de dezembro de 2008)) [grifos nossos]
os direitos de cópia e modificações, visto que o conteúdo da
Wikipédia está sob a licença GNU/FDL (ou GFDL).
Criada em 15 de Janeiro de 2001, baseia-se no sistema wiki (do Comentário
havaiano wiki wiki = “rápido”, “veloz”, “célere”). Um discurso de autoridade não pode permitir-se o uso de palavras
(Extraído do portal Wikipédia. Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre) chulas ou mesmo extremamente populares.
No trecho transcrito do discurso do presidente Lula, grifamos
Comentário
as expressões que, por serem inadequadas ao gênero do texto,
Como é visível nesse fragmento, os elementos em azul são os produzem efeito humorístico totalmente inadequado a um
vínculos (links) que, acionados, levam o leitor para outras páginas pronunciamento oficial de um órgão como a Presidência da
ou portais (sites) correlatos. República.

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ESTUDO DE TEXTO

Outro exemplo:
Na escola de treinamento para homem-bomba, os alunos
estão todos reunidos, muito concentrados na aula, quando o professor
explica:
– Olha aqui, vocês prestem muita atenção porque eu só vou
fazer uma vez!

Observação
Grifamos os elementos responsáveis por deflagrar o riso, em
decorrência do sentido óbvio que estabelecem.

Comentário
Os elementos grifados nesse texto são as chaves para abrir o riso.
Como se trata de uma piada, o humor que provoca o riso é bem-
vindo, pois é este o efeito esperado. Segundo o Dicionário Aurélio Eletrônico, charge é:
Ao mesmo tempo que se promove momento lúdico com o uso “a representação pictórica, de caráter burlesco e caricatural,
de textos humorísticos, incentiva-se a reflexão sobre os recursos em que se satiriza um fato específico, em geral de caráter
semióticos (verbais e não verbais) com que se constrói o humor. político e que é do conhecimento público.”
Seja pelo trocadilho de palavras, seja de pela troca de imagens,
o texto pode deflagrar boas gargalhadas e, simultaneamente,
estimular a análise do signos ativados no texto e dos quais brota Já a enciclopédia digital Wikipédia diz:
o riso e o cômico. “Charge é um estilo de ilustração que tem por finalidade
satirizar, por meio de uma caricatura, algum acontecimento
Mais um exemplo: atual com uma ou mais personagens envolvidas. (...)
– Estou com vontade de ganhar na loteria de novo! Mais do que um simples desenho, a charge é uma crítica
– O quê? Você já ganhou? político-social em que o artista expressa graficamente sua
visão sobre determinadas situações cotidianas através do
– Não. Mas já tive essa vontade antes. humor e da sátira. Para entender uma charge não precisa ser
necessariamente uma pessoa culta, basta estar por dentro do
HISTÓRIA EM QUADRINHO que acontece ao seu redor. A charge tem um alcance maior do
que um editorial, por exemplo, por isso a charge, como desenho
Não apenas as palavras transmitem ideias ou comunicam um crítico, é temida pelos poderosos. Não é à toa que quando se
pensamento. As imagens também falam. As histórias em quadrinhos estabelece censura em algum país, a charge é o primeiro alvo
utilizam duas formas de comunicação: uma visual e outra com dos censores. (...)”
palavras. O desenho e o colorido conseguem traduzir, juntamente
com a escrita, o que o autor da história em quadrinho quer transmitir. Apesar de ser, eventualmente, confundida com o cartum, a charge
contém sempre uma crítica contundente, enquanto o cartum retrata
Segundo Maria Beatriz Rahde (Professora FAMECOS/PUCRS), situações mais corriqueiras do dia a dia da sociedade.
a HQ é também conhecida como arte sequencial (EISNER, 1989)
ou imagem imaterial (MAFFESOLI, 1995), por ser uma forma de O cartum é um desenho caricatural que apresenta uma situação
expressão visual além da matéria, isto é, oriunda do imaginário e humorística, utilizando, ou não, legendas.
do sonho. Acentua-se que as histórias em quadrinhos nasceram Mais do que um simples desenho, a charge é uma crítica
do desenho narrativo. Sua técnica de contar histórias por meio de político-social na qual o artista expressa graficamente sua visão sobre
sequências imagísticas possibilitaram a leitura iconográfica e se determinadas situações cotidianas, usando recursos do humor e da
firmaram como meio de comunicação. sátira. Para entender uma charge não precisa ser necessariamente
(Revista FAMECOS - Porto Alegre - nº 5 - novembro 1996 - semestral) uma pessoa culta, basta estar atualizada sobre o que acontece ao
seu redor.
Segundo Elyssa Soares Marinho (UNITAU-SP), as histórias em
quadrinhos são enredos narrados quadro a quadro por meio de Comentário
desenhos e textos que utilizam o discurso direto, característico Assim como os demais gêneros, a charge tem características que a
da língua falada. Assim, justifica-se a pesquisa pelo interesse de individualizam em relação aos demais gêneros textuais. Importante
demonstrar como as estratégias de organização de um texto falado lembrar que o texto da charge é construído com dados verbais
são utilizadas na construção da história em quadrinhos, que possui (linguísticos) e não verbais (desenhos, figuras etc.).
em seu texto escrito, características próximas a uma conversação
face a face, além de apresentar elementos visuais complementadores
à compreensão, tornando este estudo bastante prazeroso, pois a
leitura de uma HQ causa no leitor um determinado fascínio devido à
combinação de todos esses elementos.
OBJETIVOS COMUNICACIONAIS
(In História em quadrinhos: a oralidade em sua construção.
Para que se possa deduzir o potencial comunicativo de um texto,
http://www.filologia.org.br/viiicnlf/anais/caderno12-11.html) é preciso que este tenha os seus objetivos claros. Para tanto, cumpre
estruturar um roteiro que oriente o desenvolvimento do texto.
Com isso, o redator não se perde e garante ao leitor uma leitura linear.
CHARGE No exemplo a seguir, fica claro o objetivo comunicacional do
Charge é um estilo de ilustração que tem por finalidade satirizar, enunciador, configurado na escolha dos vocábulos e expressões.
por meio de uma caricatura, algum acontecimento atual com uma ou
mais personagens envolvidas. A charge é uma representação pictórica,
de caráter burlesco e caricatural, em que se satiriza um fato específico,
em geral de caráter político e que é do conhecimento público.

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ESTUDO DE TEXTO

Esta propaganda do Novo Dicionário Aurélio foi estruturada


a partir de uma expressão popular que, nesse contexto, tornou-se
ambígua. No uso cotidiano, a expressão bom pra burro significa
que algo é excelente. No entanto, ao lado de um dicionário, que
recebe o epíteto de pai dos burros, aquela expressão ganha novo
significado, pois no uso vulgar da língua, burro é sinônimo de
ignorante. Destarte, o novo Dicionário Aurélio é duplamente bom.
O que se tem de estilo? Eleger a expressão bom pra burro é
uma estratégia para alcançar o maior número possível de
compradores para o dicionário, uma vez que o afasta de qualquer
hipótese de erudição. Ou seja, apresenta o dicionário como um
livro para qualquer um.
Cuidado com a cacofonia, que é o efeito sonoro desagradável
que resulta do encontro inadequado da sílaba final de um
vocábulo com a inicial do seu subsequente.

Ilustrando

TEXTO COM PROBLEMA CACÓFATO SOLUÇÃO TEXTO CORRIGIDO

O chefe determinou que não se pague mais Cada pacote de papel não pode custar mais que
porcada Inverter a ordem dos termos.
de R$30,00 por cada pacote de papel. R$30,00, conforme determinou o chefe.

Preciso escrever uma só linha no teor do Preciso escrever apenas uma linha no teor do
solinha Substituir o advérbio.
ofício. ofício.
Espero que o Diretor já queira assinar meu Espero que o Diretor já tenha decidido assinar
jaqueira Substituir o verbo.
contrato. meu contrato.
Esse é o mesmo problema apontado na vez Esse é o mesmo problema apontado em ocasião
vespa assada Substituir a expressão.
passada. anterior.
De acordo com a situação como a Substituir a locução prepositiva e alterar
Como-a com sebo Segundo concebo a situação.
concebo... a ordem dos termos.
Faltou à reunião já que tinha de .... jaquetinha de Substituir a expressão de causa. Faltou à reunião porque precisava...

Esses são apenas exemplos de construções cacofônicas que Outros procedem de maneira diversa. Em vez de buscarem
prejudicam a comunicação, especialmente em instâncias públicas, os preciosismos de linguagem, recorrem às expressões mais
uma vez que geram expressões risíveis e causam constrangimento ao comuns e já desgastadas. Fazem uso de grupos semânticos fixos.
enunciador. Com certeza, você já ouviu estas séries de substantivos e adjetivos:
Outro problema é repetição de expressões comuns, as ditas “inconsolável viúva”, “amarga decepção”, “doce esperança”,
frases feitas. “luar prateado”, “infame caluniador”, “silêncio sepulcral”.
Não se deve empregar frase ou expressão que, de tanto ser usada, Nem é preciso dizer que o emprego dessas expressões
perdeu sua beleza original e tornou-se completamente banal. É um empobrece o texto. São consideradas clichês ou lugares-
defeito de estilo que deve ser evitado, pois empobrece e vulgariza o comuns. Na maioria dos casos, têm origem imprecisa, mas é fato que
texto. Também pode ser considerado clichê o final feliz dos relatos. os meios de comunicação de massa são grandes divulgadores
O clichê pode ser chamado também de lugar-comum, frase feita e até criadores de modismos linguísticos, que nada mais são que
e chavão. chavões cujo uso se intensifica em dado momento. Um espetáculo
“acontece” ou é “imperdível”, a Bolsa de Valores “despenca”,
Trata-se de expressões como: nos dias atuais, o mundo em uma questão é “colocada”.
crise, devido a problemas da globalização, com a evolução da
tecnologia, como consequência do avanço cibernético etc. Criam-se verdadeiras receitas. Para reclamar, é só “botar a
boca no trombone”; para alertar a população sobre o aumento
Veja o que diz Thaís Nicoleti de Camargo (consultora de da criminalidade, lança-se mão da “escalada da violência”; se o
Língua Portuguesa, da Folha de S. Paulo) sobre o lugar-comum na problema são os preços altos, basta dizer que “pesam no bolso do
comunicação. consumidor”. Para indicar o prenúncio de algo, saca-se o “fantasma”,
que pode ser o da inflação, o da recessão, ou do desemprego.
FUJA DOS LUGARES-COMUNS NA REDAÇÃO
A falta de imaginação, às vezes, é tanta que o redator apela
Você certamente já ouviu muitos conselhos sobre como fazer para o dicionário e começa o texto citando alguma definição
uma boa redação. A maior preocupação costuma ser o conteúdo extraída de lá, que, invariavelmente, é antecedida da fórmula
do texto, que vem das leituras que você faz e da sua capacidade “segundo o mestre Aurélio...”. A palavra “novela”, em sentido
de articulação e hierarquização de ideias. Mas isso ainda não figurado, é outro clichê de largo uso na imprensa (a novela da
é tudo. venda das estatais, a novela da fusão das cervejarias etc.).
Alguns redatores, em geral principiantes, parecem acreditar que Revitalizar um clichê, tirando-o de seu contexto habitual é uma
o texto ganha em beleza ou elegância quando se empregam prática que pode render bons resultados. A verdade é que o melhor
termos pouco usuais. E, depois de alguma pesquisa, substituem o estilo é o original. É bom treinar e aperfeiçoar-se todos os dias.
“viajante” pelo “viajor” e o “estridente” pelo “estrídulo”. No lugar
de “escurecer”, cravam “obnubilar”. Muitas vezes, o resultado da Observação
experiência é desastroso, pois as escolhas soam artificiais, sem
vínculo com as sensações e os pensamentos de quem escreve. Destacamos trechos de altíssima relevância para nosso estudo.

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ESTUDO DE TEXTO

Comentário Trata-se de um exemplo clássico do intercâmbio de classes entre


substantivo e adjetivo. Nas expressões um autor defunto & um
Sempre que se lê um texto com expressões desse tipo, aventa-se defunto autor, Machado de Assis tira proveito da relação determinante
a possibilidade de estar-se diante de um “nariz de cera”, que e determinado em que se definem as funções de regente e regido,
consiste num “modelo de redação”, como se fosse uma fôrma do que resulta a definição dos papéis de substantivo e adjetivo.
que se presta a desenvolver qualquer tema. Esse é um caso Tanto autor quanto defunto são originalmente substantivos,
em que a redação poderá receber uma avaliação negativa. contudo, ao combiná-los num mesmo sintagma, o primeiro passa
a ser definido pelo segundo, assim temos:
Um toque de estilo: o adjetivo qualifica, completa e valoriza
o substantivo. SUBSTANTIVO ADJETIVO INTERPRETAÇÃO
Segundo a técnica de redação de textos jornalísticos, não é Autor Defunto Autor Que Já Morreu
recomendável a utilização de adjetivos na estrutura das sentenças,
pois este texto se reserva à qualidade de ser objetivo e de conter Defunto Autor Defunto Que Compõe
somente informações e não opiniões.
O uso de adjetivos atribui juízo de valor aos textos, por isso, Mas não é só na literatura que se vê tal coisa.
ao contrário do que se disse sobre o texto jornalístico, nos textos Passemos pelo campo do Direito.
argumentativos, o uso do adjetivo tem força retórica. Sob o
ponto de vista da frase, o adjetivo agrega um significado. Já no viés Uma posição convencionalista exige ademais que se
do enunciado, o mecanismo opera como estratégia argumentativa considerem os diferentes ângulos de uma análise linguística.
que ultrapassa as fronteiras da estrutura sintática e do significado Quando definimos o conceito de direito é, pois, importante saber se
semântico e articula os sentidos em um campo em que interagem estamos preocupados em saber se se trata de um substantivo
linguagem e sociedade, portanto, ideologias. ou de um adjetivo, ou de um advérbio, tendo em vista seu
Antes de entrar nos exemplos, convém lembrar que a categoria relacionamento formal (gramatical) numa proposição. Ou se estamos
dos nomes engloba substantivos, adjetivos e advérbios. Por isso, preocupados em saber aquilo que queremos comunicar com seu
há determinados contextos frasais em que certa palavra parece flutuar uso, ou seja, se queremos saber se direito se refere a um conjunto de
entre uma ou outra classe. Também há frequentemente a mudança de normas ou a uma faculdade, ou a uma forma de controle social. Ou
classe em que substantivo passa a adjetivo e vice-versa; ou advérbio ainda se nos preocupa a repercussão desse uso para aqueles que se
funciona como adjetivo e a recíproca é verdadeira. valem da expressão quando, por exemplo, alguém proclama: “o direito
é uma realidade imperecível”. No primeiro caso, a análise é sintática,
Ilustrando isto é, estamos preocupados em definir o uso do termo tendo em
vista a relação formal dele com outros vocábulos (por exemplo, direito
(...) A sintaxe é uma questão de uso, não de princípios. Escrever
é uma palavra que qualifica (adjetivo) um substantivo, digamos o
bem é escrever claro, não necessariamente certo. Por exemplo:
comportamento humano, ou direito modifica um modo de agir - agir
dizer “escrever claro” não é certo mas é claro, certo? (...)
direito: advérbio). No segundo caso, a análise é semântica, isto é,
[Fragmento de O Gigolô das Palavras, de Luis Fernando Veríssimo.] queremos definir o uso do termo tendo em vista a relação entre ele e o
objeto que comunica (por exemplo: direito designa um comportamento
Comentário
interativo ao qual se prescreve uma norma). No terceiro, definimos o
O trecho Escrever bem é escrever claro, não necessariamente uso do termo tendo em vista a relação do termo por quem e para
certo. Por exemplo: dizer “escrever claro” não é certo mas é quem o usa e, nesse caso, a análise é pragmática (por exemplo: a
claro, certo? Demonstra o quanto adjetivos e advérbios trocam de palavra direito serve para provocar atitudes de respeito, temor).
papéis no movimento do texto. [Fragmento de material de apoio a aula de Introdução ao Estudo do Direito - Prof.
Sérgio Abreu – In http://direitodoctum.spaceblog.com.br/42525/Para-proxima-aula-
Introducao-ao-Estudo-do-Direito-Prof-Sergio-Abreu/]
Veja-se o quadro analítico:
Observação
BEM CLARO NÃO NECESSARIAMENTE CERTO
Grifamos o que diz respeito aos nossos comentários.
Adv. de modo
Adv. de Adv. de
= claramente, Adv. de modo Adj.
modo negação Por que buscar um texto do direito? Porque é comum o
com clareza
pensamento de que gramática só tem lugar nas aulas de língua. No
entanto, docentes como Sérgio Abreu desfazem esse equívoco e
conduzem os alunos ao entendimento adequado da palavra do
CLARO NÃO CERTO CLARO CERTO
direito, em prol do exercício competente das funções no mundo
Adv. de modo = jurídico. Por isso, dá atenção à estruturação do texto, porque
Adv. de
claramente, com Adj. Adj. Adj. considera suas repercussões no plano pragmático-comunicativo
negação
clareza ou semântico-discursivo.
Do campo da Biologia, veja-se uma definição de vírus.
Observe-se que o vocábulo claro transita entre as classes de
advérbio e adjetivo (respectivamente), funcionando ora como Ser vivo submicroscópico (somente visualizado em microscópio
adjunto adverbial de modo, ora como predicativo. eletrônico) e acelular (não é composto por células) formado por uma
Por isso é importante saber lidar com as palavras. ou duas moléculas de ácido nucleico (DNA ou RNA), envolta por um
capsídeo proteico. Apresenta-se sob diferentes formas: oval, esférica,
Vejamos outro exemplo muito conhecido.
cilíndrica, poliédrica ou de bastonete. Por ser incapaz de realizar todas
(...) Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas as funções vitais, é sempre um parasita celular, ou seja, necessita de
considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é um animal, planta ou bactéria para multiplicar-se e desenvolver-se. Ao
que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto se reproduzir dentro de uma célula, acaba por lesá-la. Na reprodução,
autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito qualquer modificação no DNA ou no RNA provoca uma mutação,
ficaria assim mais galante e mais novo. (...) gerando novos tipos de vírus.
[fragmento de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis] [http://www.mundosites.net/biologia/virus.htm]

PROMILITARES.COM.BR 149
ESTUDO DE TEXTO

Observem-se os adjetivos presentes no texto: Parece ficar claro neste esquema a diferença do eixo de
modificação de que participam os adjetivos. No primeiro caso, seriam
ADJETIVO três adjetivos no mesmo nível, modificando o substantivo ser; no
ADJETIVO SUBSTANTIVO
(E LOCUÇÃO ADJ) entanto, no plano do texto, o substantivo em questão é designado
[DETERMINANTE] [DETERMINADO]
[DETERMINANTE] pelo sintagma nominal ser vivo, que especifica um tipo de ser
Ser vivo em detrimento de tantos outros (bruto, animal, vegetal, mineral
etc.) a considerar no âmbito da biologia. Por isso, no quadro inicial, o
submicroscópico e substantivo ser apresenta dois níveis de modificação hierarquicamente
acelular ordenados:
microscópio eletrônico O adjetivo vivo determina o substantivo ser e com ele forma um
novo substantivo: ser vivo.
ácido nucleico
O substantivo ser vivo é então modificado pelos adjetivos
capsídeo proteico submicroscópico e acelular.
diferentes formas Como se pode ver, a ordenação dos dados num texto é
fundamental para o entendimento da mensagem, logo, cumpre
oval, elaborar o texto com a máxima atenção.
esférica,
[forma] cilíndrica, CARACTERIZAÇÃO DE
poliédrica, DIFERENTES GÊNEROS
de bastonete (locução) Reitera-se neste item a relação entre gênero e estilo textual.
Cada gênero tem sua morfologia particular e nela está contida a
de realizar variedade linguística adequada. Portanto, não se escreve um
incapaz
(= da realização) bilhete de amor com a mesma linguagem de um relatório ou de um
funções vitais ensaio técnico. O mesmo ocorre em relação a uma dissertação em
confronto com uma carta comercial.
celular
A identificação dos gêneros é muito simples, uma vez que
novos tipos de vírus (locução) cada gênero cumpre uma função social específica. Ou seja,
quando se quer dar uma notícia urgente por escrito, hoje se recorre ao
correio eletrônico, cujo texto é popularmente conhecido como e-mail
A disposição desses nomes no quadro tem por meta demonstrar
(anglicismo). No entanto, há algum tempo, o gênero que cumpria
a importância não só da seleção do adjetivo, mas também da
essa função era o telegrama. Este ainda existe, mas fica reservado
sua posição no sintagma. Conforme já estudamos na organização
para comunicações que tenham implicações jurídicas, uma vez que
da oração, na ordem lógica o substantivo antecede o adjetivo.
o telegrama pode funcionar como peça nos autos de um processo.
No entanto, a inversão dessa ordem é índice de que a descrição
ganha ênfase, dá relevo aos atributos em detrimento do dado a que Voltando à identificação, não há como confundir um e-mail e um
descreve. telegrama (ainda que já exista o telegrama digital). A forma desses
textos é distinta desde sua arrumação no papel; a diagramação do
Assim sendo, a colocação do adjetivo à direita do nome segue
texto segue modelos específicos.
o cânone da ordem lógica. Entretanto, sua colocação à esquerda
denuncia a intervenção da função expressiva (ou emotiva) da qual Veja-se um e-mail:
advém o destaque, a ênfase sobre o termo deslocado.
Temos então nos itens 6, 8 e 11, o adjetivo topicalizado à
esquerda, funcionando assim com carga emocional que aumenta seu
valor semântico em relação ao substantivo a que modifica.
Vale notar ainda, no item 1, a colocação especial dos adjetivos. No
quadro, veem-se duas linhas de adjetivos, em princípio, relacionados
ao substantivo ser. No entanto, a segunda linha não mais se refere a
ser, senão a ser vivo.
Vejam-se os esquemas a seguir:

VIVO 


1. SER  Ser é um

SUBMICROSCÓPIO  nome
 genérico


ACELULAR 





SUBMICROSCÓPIO 

 Ser vivo
1. SER VIVO 
 é específico a

 uma classe
ACELULAR 




150 PROMILITARES.COM.BR
ESTUDO DE TEXTO

Agora, vejam-se os telegramas:

TELEGRAMA POSTAL TELEGRAMA ELETRÔNICO OU DIGITAL

ENVELOPE

TEXTO
(http://www.quatrocantos.com) (http://www.sinop.mt.gov.br) (http://www.quatrocantos.com)

Essas imagens dão conta da morfologia externa, ou seja, do aspecto não verbal, diagramático dos textos. Todavia, também há
diferenças marcantes no plano verbal, linguístico.
Desde a seleção da variedade linguística até a eleição do tipo de composição: narração, descrição, dissertação ou injunção. Há quem
distinga entre dissertação e argumentação.
De antemão, cumpre dizer que não há texto construído em nenhum tipo exclusivo. Os tipos combinam-se entre si. Contudo, é possível
identificar o tipo predominante, daí dizer-se que um relatório, por exemplo, é predominantemente narrativo-descritivo. Uma receita médica é
redigida quase totalmente no tipo injuntivo. Já uma bula de remédio reunirá todos os tipos distribuídos pelas diversas seções que a constituem.
Bula de remédio – frente e verso

(https://www.farmadelivery.com.br)

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ESTUDO DE TEXTO

A primeira página de uma bula de remédio costuma ser a do III. A enumeração de nomes de localidades (v. 11 e 12) demonstra a
medicamento, assim como as contraindicações e a posologia pouca importância desses vilarejos.
(modo de administrar ou usar). IV. As expressões debaixo d’àgua (v. 13) e por cima (v. 14) denotam
A bula usada como exemplo traz ainda um item com as reações as transformações no cotidiano provocadas pela construção da
adversas, que são efeitos inesperados, porém possíveis, para os quais barragem.
o médico e o paciente devem estar alertas. Estão corretas apenas
No verso desta bula, aparecem partes dissertativas e descritivas a) I e III. b) II e IV. c) II e III. d) III e IV.
que compõem o conjunto de dados que o médico deve conhecer, para
que prescreva adequadamente o medicamento e a posologia.
04. Assinale a opção cuja análise morfossintática está correta.
a) Todos os verbos presentes nos versos “O homem chega e
O gênero dissertação argumentativa é o que interessa já desfaz a natureza/ Tira gente põe represa” necessitam de
aos candidatos aos processos seletivos. No entanto, é bom complementação direta.
dar atenção aos demais gêneros circulantes na sociedade, para
b) Em “Adeus Remanso, Casa Nova, Sento Sé, Adeus Pilão Arcado vem
que não sejam surpreendidos com uma questão que trate, por
o rio te engolir”, o pronome pessoal, além de resgatar os nomes
exemplo, de um ofício ou de um diário de viagem.
próprios citados, funciona como complemento direto do verbo vir.
c) Em “O povo vai se embora com medo de se afogar” as duas
EXERCÍCIOS DE ocorrências do pronome se servem de realce, podendo ser
retiradas sem prejuízo semântico.
FIXAÇÃO d) A palavra mar nos versos “O sertão vai virar mar” e “O mar
também vire sertão” é, respectivamente, predicativo e sujeito.
TEXTO PARA AS QUESTÕES DE 01 A 04.
TEXTO PARA AS QUESTÕES 05 A 10.
SOBRADINHO
O homem chega e já desfaz a natureza O SILÊNCIO INCOMODA
Tira gente põe represa, diz que tudo vai mudar Como trabalho em casa, assisto a um grande número de jogos e
O São Francisco lá pra cima da Bahia programas esportivos, alguns porque gosto e outros para me manter
Diz que dia menos dia vai subir bem devagar atualizado, vejo ainda muitos noticiários gerais, filmes, programas
E passo a passo vai cumprindo a profecia culturais (são pouquíssimos) e também, por curiosidade, muitas coisas
Do beato que dizia que o sertão ia alagar ruins. Estou viciado em televisão.
O sertão vai virar mar Não suporto mais ver tantas tragédias, crimes, violências,
Dá no coração falcatruas e tantas politicagens para a realização da Copa de 2014.
O medo que algum dia
O mar também vire sertão Estou sem paciência para assistir a tantas partidas tumultuadas no
Adeus Remanso, Casa Nova, Sento Sé Brasil, consequência do estilo de jogar, da tolerância com a violência
Adeus Pilão Arcado, vem o rio te engolir e do ambiente bélico em que se transformou o futebol, dentro e fora
– Debaixo d’água lá se vai a vida inteira do campo.
Por cima da cachoeira o Gaiola vai subir Na transmissão das partidas, fala-se e grita-se demais. Não há
Vai ter barragem no Salto do Sobradinho um único instante de silêncio, nenhuma pausa. O barulho é cada dia
E o povo vai se embora com medo de se afogar maior no futebol, nas ruas, nos bares, nos restaurantes e em quase
(http://letras.terra.com.br/sa guarabyra/) todos os ambientes. O silêncio incomoda as pessoas.
É óbvio que informações e estatísticas são importantíssimas. Mas
exageram. Fala-se muito, mesmo com a bola rolando. Impressiona-me
01. Pode-se inferir do texto acima que como se formam conceitos, dão opiniões, baseados em estatísticas
a) o povo se retira do sertão quando o beato prediz o que vai ocorrer que têm pouca ou nenhuma importância.
por lá. Na partida entre Escócia e Brasil, um repórter da TV Globo deu
b) o homem quando chega anuncia que o sertão vai virar mar em a “grande notícia”, que Neymar foi o primeiro jogador brasileiro a
detrimento do mar virar sertão. marcar dois gols contra a Escócia em uma mesma partida.
c) tudo no sertão vai mudar conquanto o povo compreenda a Parece haver uma disputa para saber quem dá mais informações
necessidade de colocar represa no lugar onde moram ribeirinhos. e estatísticas, e outra, entre os narradores, para saber quem grita gol
d) a barragem do Salto do Sobradinho é a causa do êxodo dos mais alto e prolongado. Se dizem que a imagem vale mais que mil
sertanejos. palavras, por que se fala e se grita tanto?
Outra discussão chata, durante e após as partidas, é se um
02. Sobre o Texto, assinale a alternativa correta. jogador teve a intenção de colocar a mão na bola e de fazer pênalti,
e se outro teve a intenção de atingir o adversário. Com raríssimas
a) O eu-lírico personifica todos os lugarejos e estabelece uma
exceções, ninguém é louco para fazer pênalti nem tão canalha para
interlocução com cada um deles.
querer quebrar o outro jogador.
b) Há o predomínio da função poética da linguagem.
O que ocorre, com frequência, é o jogador, no impulso, sem
c) O nível linguístico utilizado é a norma padrão da língua. pensar, soltar o braço na cara do outro. O impulso está à frente da
d) Em “[...] a profecia do beato que dizia que o sertão ia alagar”, consciência. Não sou também tão ingênuo para achar que todas as
há ambiguidade, que não poderá ser evitada pela simples faltas violentas são involuntárias.
substituição do pronome relativo. Não dá para o árbitro saber se a falta foi intencional ou não. Ele
precisa julgar o fato, e não a intenção. Eles precisam ter também bom
03. Leia as assertivas abaixo relativas ao texto Sobradinho. senso, o que é raro no ser humano, para saber a gravidade das faltas.
I. As formas verbais põe (v. 2), vai mudar (v. 2), diz (v. 4) têm como Muitas parecem iguais, mas não são. Ter critério não é unificar as
sujeito a expressão o homem. diferenças.
II. Na expressão o homem (v. 1), o artigo o define o substantivo. (Tostão, Folha de S.Paulo, caderno D, “esporte”, p. 11, 10/04/2011.)

152 PROMILITARES.COM.BR
ESTUDO DE TEXTO

05. Assinale a opção que NÃO apresenta um argumento utilizado EXERCÍCIOS DE


pelo autor para justificar que, no futebol, “o silêncio incomoda as
pessoas.”
a) Há excessiva informação e estatística durante os jogos.
TREINAMENTO
b) Disputa-se qual narrador grita gol mais alto e prolongado.
01. Leia o texto a seguir:
c) Há muita discussão em torno dos temas polêmicos. MIGUILIM
d) Os árbitros precisam de bom-senso na hora de julgar o fato, e “De repente lá vinha um homem a cavalo. Eram dois. Um senhor
não a intenção. de fora, o claro de roupa. Miguilim saudou, pedindo a bênção. O
homem trouxe o cavalo cá bem junto. Ele era de óculos, corado, alto,
06. Sobre as informações que o autor apresenta sobre si mesmo, só com um chapéu diferente, mesmo.
NÃO se pode afirmar que
— Deus te abençoe, pequenino. Como é teu nome?
a) nem todos os programas a que assiste agradam-no.
— Miguilim. Eu sou irmão do Dito.
b) não se limita apenas a se informar sobre esportes.
— E o seu irmão Dito é o dono daqui?
c) apresenta uma visão crítica sobre os programas de televisão a que
— Não, meu senhor. O Ditinho está em glória.
assiste.
O homem esbarrava o avanço do cavalo, que era zelado,
d) prefere os noticiários e filmes aos programas culturais.
manteúdo, formoso como nenhum outro. Redizia:
— Ah, não sabia, não. Deus o tenha em sua guarda... Mas que é
07. Assinale a opção que traz uma informação pertinente ao texto.
que há, Miguilim?
a) A relação semântica estabelecida entre o período “Como trabalho
Miguilim queria ver se o homem estava mesmo sorrindo para ele,
em casa, assisto a um grande número de jogos e programas
por isso é que o encarava.
esportivos [...]” (l. 01 e 02) é de causa.
— Por que você aperta os olhos assim? Você não é limpo de vista?
b) Em “fala-se e grita-se demais” o sujeito da ação verbal está oculto.
Vamos até lá. Quem é que está em tua casa?
c) O estilo de jogar, a tolerância com a violência e com as armas é
— É Mãe, e os meninos...
consequência das partidas tumultuadas no futebol.
Estava Mãe, estava tio Terez, estavam todos. O senhor alto e claro
d) Os conceitos e as opiniões baseados em estatísticas sempre têm
se apeou. O outro, que vinha com ele, era um camarada.
pouca importância no futebol.
O senhor perguntava à Mãe muitas coisas do Miguilim. Depois
08. Encontram-se exemplos de emprego de linguagem coloquial nos perguntava a ele mesmo: — ‘Miguilim, espia daí: quantos dedos da
seguintes trechos do texto, EXCETO: minha mão você está enxergando? E agora?”
(ROSA, João Guimarães. Manuelzão e Miguilim.
a) “Fala-se muito, mesmo com a bola rolando.” 9ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.)
b) “[...] para saber quem grita gol mais alto e prolongado [...]”
c) “[...] ninguém é louco para fazer pênalti nem tão canalha para Esta história, com narrador observador em terceira pessoa, apresenta
querer quebrar o outro jogador.” os acontecimentos da perspectiva de Miguilim. O fato de o ponto de
vista do narrador ter Miguilim como referência, inclusive espacial, fica
d) “[...] o jogador, no impulso, sem pensar, soltar o braço na cara explicitado em:
do outro.”
a) “O homem trouxe o cavalo cá bem junto”.
09. Considere o seguinte trecho, extraído do 6º parágrafo: “[...] um b) “Ele era de óculos, corado, alto (...)”.
repórter da TV Globo deu a ‘grande notícia’ [...]”. c) “O homem esbarrava o avanço do cavalo, (...)”.
O uso de aspas na expressão grande notícia tem por objetivo chamar d) “Miguilim queria ver se o homem estava mesmo sorrindo para
a atenção do leitor para ele, (...)”.
a) uma informação sobre a qual o autor não tem certeza. e) “Estava Mãe, estava tio Terez, estavam todos”.
b) a ênfase sobre a grande importância da notícia citada.
c) uma ironia do autor em relação à informação apresentada. 02. Leia o que disse João Cabral de Melo Neto, poeta pernambucano,
sobre a função de seus textos:
d) a citação direta da fala do repórter de televisão.
“Falo somente com o que falo: a linguagem enxuta, contato
denso; falo somente do que falo: a vida seca, áspera e clara
10. Sobre o fragmento do texto “O que ocorre, com frequência, é o
do sertão; falo somente por quem falo: o homem sertanejo
jogador, no impulso, sem pensar, soltar o braço na cara do outro.”, é
sobrevivendo na adversidade e na míngua. Falo somente para quem
correto afirmar que
falo: para os que precisam ser alertados para a situação da miséria no
a) todas as locuções adverbiais do período acima possuem um Nordeste”.
advérbio correspondente.
Para João Cabral de Melo Neto, no texto literário,
b) encontram-se, nesse período, pronomes demonstrativo, relativo
a) a linguagem do texto deve refletir o tema, e a fala do autor deve
e indefinido.
denunciar o fato social para determinados leitores.
c) há, no período, três circunstâncias adverbiais.
b) a linguagem do texto não deve ter relação com o tema, e o autor
d) o período possui somente orações substantiva e adverbial. deve ser imparcial para que seu texto seja lido.
c) o escritor deve saber separar a linguagem do tema e a perspectiva
pessoal da perspectiva do leitor.
d) a linguagem pode ser separada do tema, e o escritor deve ser o
delator do fato social para todos os leitores.
e) a linguagem está além do tema, e o fato social deve ser a
proposta do escritor para convencer o leitor.

PROMILITARES.COM.BR 153
ESTUDO DE TEXTO

03. Observe a tirinha a seguir:

OH. não! Tudo


subitamente se
tornou neocubista!

Tudo começou quando Calvin


participou de um pequeno debate
com o seu pai! Logo Calvin podia
ver os dois lados da questão! Então
o pobre Calvin começou a ver os
dois lados de TUDO!

O tradicional único ponto As visóes múltiplas fornecem Deu certo! Você


de vista foi abandonado! informação demais! É impossível O mundo cai ainda
se mover! Calvin rapidamente numa ordem está
A perspectiva foi fraturada!
tenta eliminar todas as reconhecível! errado,
perspectivas, exceto uma! papai!

“Tudo começou quando Calvin participou de um pequeno debate com o seu pai! Logo Calvin podia ver os dois lados da questão! Então o pobre
Calvin começou a ver os dois lados de tudo!”
No trecho citado, a opção do personagem pelo foco na 3ª pessoa – ainda que para referir-se a si mesmo – tem como principal justificativa:
a) seu desejo de ser uma pessoa realista.
b) seu medo de tornar o discurso subjetivo.
c) sua vontade de se identificar com a fala paterna.
d) sua incapacidade de lidar com a situação narrada.

04. O trecho a seguir é parte do poema “Mocidade e morte”, do poeta romântico Castro Alves:
Oh! eu quero viver, beber perfumes
Na flor silvestre, que embalsama os ares;
Ver minh’alma adejar pelo infinito,
Qual branca vela n’amplidão dos mares.
No seio da mulher há tanto aroma...
Nos seus beijos de fogo há tanta vida...
–– Árabe errante, vou dormir à tarde
À sombra fresca da palmeira erguida.
Mas uma voz responde-me sombria:
Terás o sono sob a lájea fria.
(ALVES, Castro. Os melhores poemas de Castro Alves. Seleção de Lêdo Ivo. São Paulo: Global, 1983.)

Esse poema, como o próprio título sugere, aborda o inconformismo do poeta com a antevisão da morte prematura, ainda na juventude. A imagem
da morte aparece na palavra
a) “embalsama”.
b) “infinito”.
c) “amplidão”.
d) “dormir”.
e) “sono”.

154 PROMILITARES.COM.BR
ESTUDO DE TEXTO

TEXTO PARA AS QUESTÕES 05, 06 E 07. a) O celular há tempos não é uma necessidade, as pessoas é que
insistem em usá-lo o tempo todo.
O REINADO DO CELULAR
b) O celular é um aparelho desnecessário, que acabou modificando
De alto a baixo da pirâmide social, quase todas as pessoas que sobremaneira as relações interpessoais.
eu conheço possuem celular. É realmente um grande quebra-galho.
Quando estamos na rua e precisamos dar um recado, é só sacar o c) O celular tem sido usado mais para atender a ânsia de falar a toda
aparelhinho da bolsa e resolver a questão, caso não dê pra esperar hora do que para fins necessários.
chegar em casa. Pra isso – e só pra isso – serve o telefone móvel, na d) O celular passou a ser usado por pessoas ansiosas, que esqueceram
minha inocente opinião. o caráter utilitário do aparelho.
Ao contrário da maioria das mulheres, nunca fui fanática por e) O celular é responsável pela síndrome que leva as pessoas a
telefone, incluindo o fixo. Uso com muito comedimento para resolver quererem falar o tempo todo.
assuntos de trabalho, combinar encontros, cumprimentar alguém,
essas coisas realmente rápidas. Fazer visita por telefone é algo para 07. Que opção NÃO justifica explicitamente o título do texto?
o qual não tenho a menor paciência. Por celular, muito menos.
a) “Quando estamos na rua e precisamos dar um recado, é só sacar
Considero-o um excelente resolvedor de pendências e nada mais.
o aparelhinho da bolsa [...].” (1º parágrafo)
Logo, você pode imaginar meu espanto ao constatar como essa
b) “Ao término do show, as luzes do teatro mal tinham acendido
engenhoca se transformou no símbolo da neurose urbana. Outro dia
quando todos voltaram a ligar seus celulares [...]. (3º parágrafo)
fui assistir a um show. Minutos antes de começar, o lobby do teatro
estava repleto de pessoas falando ao celular. “Vou ter que desligar, c) “Quando vejo alguém checando suas mensagens a todo minuto
o espetáculo vai começar agora”. Era como se todos estivessem se [...] imagino estar diante de uma pessoa [...] rendida [...].” (4º
despedindo antes de embarcar para a lua. Ao término do show, as parágrafo)
luzes do teatro mal tinham acendido quando todos voltaram a ligar d) “Adultos e adolescentes estão virando dependentes de um
seus celulares e instantaneamente se puseram a discar. Para quem? aparelho telefônico [...].” (6º parágrafo)
Para quê? Para contar sobre o show para os amigos, para saber o e) “Os celulares estão cada dia menores e mais fininhos. Mas são eles
saldo no banco, para o tele-horóscopo?? Nunca vi tamanha urgência que estão botando muita gente na palma da mão” (7º parágrafo)
em se comunicar à distância. Conversar entre si, com o sujeito ao lado,
quase ninguém conversava. TEXTO PARA AS QUESTÕES 8, 9 E 10.
O celular deixou de ser uma necessidade para virar uma O Português é, sem sombra de dúvida, uma das quatro grandes
ansiedade. E toda ânsia nos mantém reféns. Quando vejo alguém línguas de cultura do mundo, não obstante outras poderem ter mais
checando suas mensagens a todo minuto e fazendo ligações triviais falantes. Nessa língua se exprimem civilizações muito diferentes, da
em público, não imagino estar diante de uma pessoa ocupada e África a Timor, da América à Europa — sem contar com milhões de
poderosa, e sim de uma pessoa rendida: alguém que não possui pessoas em diversas comunidades espalhadas pelo mundo.
mais controle sobre seu tempo, alguém que não consegue mais ficar
em silêncio e em privacidade. E deixar celular em cima de mesa de Essa riqueza que nos é comum, que nos traz uma literatura com matizes
restaurante, só perdoo se o cara estivar com a mãe no leito de morte derivados de influências culturais muito diversas, bem como sonoridades
e for ligeiramente surdo. e musicalidades bem distintas, traz-nos também a responsabilidade de
termos de cuidar da sua preservação e da sua promoção.
Isso tudo me ocorreu enquanto lia o livro infantil O menino
que queria ser celular, de Marcelo Pires, com ilustrações de Roberto A Língua Portuguesa não é propriedade de nenhum país, é de
Lautert. Conta a historia de um garotinho que não suporta mais a falta quem nela se exprime. Não assenta hoje – nem assentará nunca –
de comunicação com o pai e a mãe, já que ambos não conseguem em normas fonéticas ou sintáticas únicas, da mesma maneira que as
desligar o celular nem por um instante, nem no fim de semana – palavras usadas pelos falantes em cada país constituem um imenso
levam o celular até para o banheiro. O menino não tem vez. Aí a ideia: e inesgotável manancial de termos, com origens muito diversas, que
se ele fosse um celular, receberia muito mais atenção. só o tempo e as trocas culturais podem ajudar a serem conhecidos
melhor por todos.
Não é história da carochinha, isso rola pra valer. Adultos e
adolescentes estão virando dependentes de um aparelho telefônico e Mas porque é importante que, no plano externo, a forma escrita
desenvolvendo uma nova fobia: medo de ser esquecido. E dá-lhe falar do Português se possa mostrar, tanto quanto possível, uniforme,
a toda hora, por qualquer motivo, numa esquizofrenia considerada, de modo a poder prestigiar-se como uma língua internacional de
ora, ora, moderna. referência, têm vindo a ser feitas tentativas para que caminhemos na
direção de uma ortografia comum.
Os celulares estão cada dia menores e mais fininhos. Mas são eles
que estão botando muita gente na palma da mão. Será isso possível? Provavelmente nunca chegaremos a uma
Língua Portuguesa que seja escrita de um modo exatamente igual
(MEDEIROS, Martha. O reinado do celular. In:__. Montanha Russa;
Coisas da vida; Feliz por nada. Porto Alegre, RS: LPM, 2013. p. 369-370.) por todos quantos a falam de formas bem diferentes. Mas o Acordo
Ortográfico que está em curso de aplicação pode ajudar muito a evitar
que a grafia da Língua Portuguesa se vá afastando cada vez mais.
05. Qual a estratégia argumentativa utilizada pela autora, no 3º
parágrafo, para defender sua tese? O Acordo Ortográfico entre os então “sete” países membros da
CPLP (Timor-Leste não era ainda independente, à época) foi assinado
a) Argumento de autoridade.
em 1990 e o próprio texto previa a sua entrada em vigor em 1 de
b) Exemplificação. janeiro de 1994, desde que todos esses “sete” o tivessem ratificado
c) Causa e consequência. até então.
d) Senso comum. Quero aproveitar para sublinhar uma realidade muitas vezes
e) Dados estatísticos. escamoteada: Portugal foi o primeiro país a ratificar o Acordo
Ortográfico, logo em 1991. Se todos os restantes Estados da CPLP
tivessem procedido de forma idêntica, desde 1994 que a nossa escrita
06. Leia o trecho abaixo:
seria já bastante mais próxima.
“O celular deixou de ser uma necessidade para virar uma
Porque assim não aconteceu, foi necessário criar Protocolos
ansiedade.” (4º parágrafo)
Adicionais, o primeiro para eliminar a data de 1994, que a realidade
Em que opção a reescritura desse trecho mantém a significação, em ultrapassara, e o segundo para incluir Timor-Leste e para criar a
relação ao seu uso no texto? possibilidade de implementar o Acordo apenas com três ratificações.

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ESTUDO DE TEXTO

Na votação que o parlamento português fez, há escassos meses, 10. Em que opção o significado do termo sublinhado está correto?
desse segundo Protocolo, apenas três votos se expressaram contra. a) “O Português é, sem sombra de dúvida, uma das quatro
Isto prova bem que, no plano oficial, há em Portugal uma firme grandes línguas de cultura do mundo [...].” (1º parágrafo) –
determinação de colocar o Acordo em vigor, não obstante existirem, impreterivelmente.
na sociedade civil portuguesa – como, aliás, acontece em outros países,
mesmo no Brasil -, vozes que o acham inadequado ou irrelevante. b) “[...] as palavras usadas pelos falantes em cada país constituem um
imenso e inesgotável manancial de termos, [...].” (3º parágrafo) -
O Governo português aprovou, recentemente, a criação de um efêmero.
fundo para a promoção da Língua Portuguesa, dotado com uma verba
inicial de 30 milhões de euros e aberto à contribuição de outros países. c) “[...] desde que todos esses ‘sete’ o tivessem ratificado até então.”
Esperamos que esta medida, ligada às decisões comuns que agora (6º parágrafo) – corrigido.
saíram da Cúpula de Lisboa da CPLP, possa ajudar a dar início a um d) “Quero aproveitar para sublinhar uma realidade muitas vezes
tempo novo para que o Português se firme cada vez mais no mundo, escamoteada: [...].” (7º parágrafo) - exibida.
como instrumento de poder e de influência de quantos o utilizam. e) “Na votação que o parlamento português fez, há escassos meses,
A Língua Portuguesa é um bem precioso que une povos que o desse segundo Protocolo, [...].” (9º parágrafo) - parcos.
mar separa mas que a afetividade aproxima. Como escrevia o escritor
lusitano Vergílio Ferreira:
Da minha língua vê-se o mar. EXERCÍCIOS DE
Da minha língua ouve-se o seu rumor,
como da de outros se ouvirá o da floresta COMBATE
ou o silêncio do deserto.
Por isso a voz do mar foi a da nossa inquietação. 01. Leia o texto a seguir:
(COSTA, Francisco Seixas da. A língua do mar. O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na
Jornal O Globo, 28 jul. 2008. Texto adaptado.)
velhice a adolescência. Pois, senhor, não consegui recompor o que foi
GLOSSÁRIO: nem o que fui. Em tudo, se o rosto é igual, a fisionomia é diferente. Se
CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa só me faltassem os outros, vá; um homem consola-se mais ou menos
das pessoas que perde; mas falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo. O
08. A partir da argumentação desenvolvida no texto, assinale a opção que aqui está é, mal comparando, semelhante à pintura que se põe na
que explicita corretamente a tese defendida pelo autor. barba e nos cabelos, e que apenas conserva o hábito externo, como se
a) O fortalecimento do idioma no mundo globalizado justifica diz nas autópsias; o interno não aguenta tinta. Uma certidão que me
a importância e a necessidade do Acordo Ortográfico, cujas desses vinte anos de idade poderia enganar os estranhos, como todos
deliberações contam com a anuência de Portugal. os documentos falsos, mas não a mim. Os amigos que me restam
são de data recente; todos os antigos foram estudar a geologia dos
b) A criação de um fundo para a promoção da Língua Portuguesa,
campos santos. Quanto às amigas, algumas datam de quinze anos,
aprovado pelo governo de Portugal e aberto à contribuição de outros
outras de menos, e quase todas creem na mocidade. Duas ou três
países, consolida a união entre os povos falantes desse idioma.
fariam crer nela aos outros, mas a língua que falam obriga muita vez
c) O Português se destaca no mundo como uma língua formada a consultar os dicionários, e tal frequência é cansativa.
a partir de diferentes origens e que sofreu múltiplas influências
Entretanto, vida diferente não quer dizer vida pior; é outra
culturais.
coisa. A certos respeitos, aquela vida antiga aparece-me despida de
d) A despeito do Acordo, é improvável que a forma escrita do muitos encantos que lhe achei; mas é também exato que perdeu
Português atinja um grau de uniformidade absoluto, uma vez que muito espinho que a fez molesta, e, de memória, conservo alguma
são muito diversos os países falantes dessa língua. recordação doce e feiticeira. Em verdade, pouco apareço e menos
e) A uniformidade na escrita da Língua Portuguesa desencadeia falo. Distrações raras. O mais do tempo é gasto em hortar, jardinar e
movimentos reacionários contra a independência dos países ler; como bem e não durmo mal.
membros da CPLP. Ora, como tudo cansa, esta monotonia acabou por exaurir-
me também. Quis variar, e lembrou-me de escrever um livro.
09. Em que opção a afirmação feita está correta? Jurisprudência, filosofia e política acudiram-me, mas não me acudiram
a) O vocábulo “então” significa “em momento futuro” em “O as forças necessárias. Depois, pensei em fazer uma História dos
Acordo Ortográfico entre os então ‘sete’ países membros da CPLP Subúrbios menos seca que as memórias do padre Luís Gonçalves dos
[...]” (6º parágrafo). Santos relativas à cidade; era obra modesta, mas exigia documentos e
datas como preliminares, tudo árido e longo. Foi então que os bustos
b) No trecho “[...] Portugal foi o primeiro país a ratificar o Acordo pintados nas paredes entraram a falar-me e a dizer-me que, uma vez
Ortográfico, logo em 1991.” (7º parágrafo), o termo destacado que eles não alcançavam reconstituir-me os tempos idos, pegasse da
estabelece uma relação de conclusão. pena e contasse alguns. Talvez a narração me desse a ilusão, e as
c) No trecho “Se todos os restantes Estados da CPLP tivessem sombras viessem perpassar ligeiras, como ao poeta, não o do trem,
procedido de forma idêntica, desde 1994 que a nossa escrita seria mas o do Fausto: Aí vindes outra vez, inquietas sombras?...
já bastante mais próxima.” (7º parágrafo), o termo sublinhado (ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. Capítulo II,
exprime a noção de concessão. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1971, v. 1, p. 810-11.)
d) Em “[...] o parlamento português fez, há escassos meses, [...].” “A certos respeitos, aquela vida antiga aparece-me despida de
(9º parágrafo) e “[...] há em Portugal uma firme determinação muitos encantos que lhe achei; mas é também exato que perdeu
[...].” (9º parágrafo), o verbo “haver” indica tempo decorrido e muito espinho que a fez molesta, e, de memória, conservo alguma
existência, respectivamente. recordação doce e feiticeira.”
e) Em “[...] sonoridades e musicalidades bem distintas [...].” Em relação à posição do narrador, expressa no fragmento acima,
(2º parágrafo) e “[...] é um bem precioso que une [...].” (11º conclui-se que:
parágrafo), os termos sublinhados têm a mesma classe gramatical,
mas significados diferentes. a) a narrativa é feita a partir das mesmas ideias sobre si que o
narrador possuía no momento mesmo em que os episódios da
vida antiga ocorreram.

156 PROMILITARES.COM.BR
ESTUDO DE TEXTO

b) O narrador aspira a uma reconstrução textual do passado, 04. Veja a tirinha abaixo:
ignorando o ponto de vista do momento em que o texto é escrito. Esses caras aí dentro
c) O julgamento sobre a vida antiga não é o mesmo que o narrador devem achar que a
tinha, no tempo em que os eventos narrados ocorreram. gente é reflexo deles!
d) O narrador, em determinado momento de sua vida, pretende
reconstituir os eventos ocorridos em seu passado, tal como
ocorreram então.
e) A análise dos encantos da vida antiga parte dos mesmos
pressupostos que o narrador tinha, na época em que antigamente
vivia.

02. (NCE/UFRJ 2005) Numa revista antiga – Pif-Paf -, a apresentação


do humorista Fortuna, um dos colaboradores da revista, era feita do
seguinte modo:
“Fortuna é realmente um humorista nato. Muita gente preferia Que deu Querem
que ele fosse um humorista morto, mas ele ainda chega lá. Em criança nesses ter certeza de
também tinha mania de fazer brincadeiras com os pais, das quais dois? que o mundo
ainda conserva inúmeras cicatrizes. Até hoje continua roxo por uma é real!
piada, sobretudo no dia seguinte”.
O comentário INCORRETO sobre os constituintes desse pequeno texto
é:
a) a oposição entre nato X morto provoca humor, mas não há, de
fato, oposição de sentido entre esses adjetivos, em seus contextos.
b) a expressão “ele ainda chega lá” refere-se às possibilidades de
sucesso profissional do humorista Fortuna.
c) as cicatrizes a que se refere o texto mostram, no plano humorístico,
más consequências das brincadeiras do humorista com os pais;
d) a expressão “continua roxo” mostra desejo intenso. Na tira de Ziraldo, os personagens mudam de atitude do primeiro
quadrinho para o segundo. Pelo terceiro quadrinho, pode-se deduzir
e) a referência ao “dia seguinte” faz referência a possíveis o que não está escrito: um pensamento teria provocado a mudança.
consequências de agressões em razão das piadas, no plano
humorístico. Esse pensamento poderá ser traduzido como: “E se os caras dentro
do espelho
03. Analise a imagem abaixo: a) estivessem rindo deles?”.
b) fossem reais e eles o reflexo?”.
c) pudessem trocar de lugar com eles?”.
d) duvidassem da realidade do mundo?”.

05. Considerando-se os elementos verbais e visuais da tirinha, é


correto afirmar que o que contribui de modo mais decisivo para o
efeito de humor é

a) a ingenuidade dos personagens em acreditarem na existência de


poderes sobrenaturais.
(In: DE NICOLA, José. Língua, literatura e redação. São Paulo: Scipione, 1998.) b) o contraste entre os personagens que representam diferentes
classes sociais.
As sequências textuais e as imagens das propagandas destacam a
violência característica do dia a dia da prática jornalística. c) o duplo sentido do substantivo “super-herói”, no contexto do 1º
quadrinho.
Dos recursos das propagandas abaixo apresentados, aquele que não d) a tentativa fracassada do personagem ao fazer um discurso
está corretamente justificado é: panfletário.
a) mensagem de denúncia de abusos – motiva o armamento contra e) a quebra de expectativa produzida, no último quadrinho, pelo
a opressão. termo “invisibilidade”.
b) informação estatística sobre vítimas – revela a dificuldade de
trabalho seguro.
c) lápis quebrado com sangue – indica a morte de profissionais da
imprensa.
d) pássaro de jornal com asa rasgada – alude à prisão de jornalistas.

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ESTUDO DE TEXTO

TEXTO PARA AS QUESTÕES 06, 07 E 08. Se Cousins saiu do hospital em busca do humor, hoje há muitos
O BOM HUMOR FAZ BEM À SAÚDE profissionais de saúde que defendem a entrada das risadas no dia-
a-dia dos pacientes internados. O mais radical deles é Patch Adams,
“Procure ver o lado bom das coisas ruins.” Essa frase poderia estar um médico americano que começou no mês passado a construir o
em qualquer livro de autoajuda ou parecer um conselho bobo de um primeiro “hospital bobo” do mundo. Adams quer que os doentes
mestre de artes marciais saído de algum filme ruim. Mas, segundo os dêem risadas enquanto se recuperam. Uma boa gargalhada é
especialistas que estudam o humor a sério, trata-se do maior segredo um método ótimo de relaxamento muscular. Isso ocorre porque
para viver bem. Não é difícil encontrar exemplos que comprovam que os músculos não envolvidos no riso tendem a se soltar – está aí a
eles têm razão. Como um palmeirense poderia manter o alto-astral explicação para quando as pernas ficam bambas de tanto rir ou para
depois que seu time perdeu a final da Taça Libertadores da América, quando a bexiga se esvazia inadvertidamente depois daquela piada
em 2000? Fácil. É só lembrar que o Palmeiras eliminou o arquirrival genial. Quando a risada acaba, o que surge é uma calmaria geral.
Corinthians nas semifinais da competição. Inversamente, a mesma Além disso, se é certo que a tristeza abala o sistema imunológico,
situação pode servir para manter o bom humor do corinthiano. Afinal, sabe-se também que a endorfina, liberada durante o riso, melhora a
embora seu time tenha sido eliminado, o Palmeiras acabou morrendo circulação e a eficácia das defesas do organismo.
na praia. Não se trata de ver o mundo com os olhos róseos de Pollyanna.
Esse tipo de flexibilidade para encarar os acontecimentos ruins não A alegria também aumenta a capacidade de resistir à dor, graças
garante apenas algumas risadas: pode fazer bem para a saúde. também à endorfina. Vários estudos já comprovaram isso, alguns
deles bem engraçados. Uma dessas pesquisas colocou um grupo com
O bom humor é, antes de tudo, a expressão de que o corpo está as mãos dentro de um balde de água gelada enquanto passava um
bem. Ele depende de fatores físicos e culturais e varia de acordo com filme humorístico. Essas pessoas ficavam com as mãos na água mais
a personalidade e a formação de cada um. Mas, mesmo sendo o tempo que outros sem estímulo divertido.
resultado de uma combinação de ingredientes, pode ser ajudado com
uma visão otimista do mundo. “Um indivíduo bem-humorado sofre Evidências como essa fundamentam o trabalho dos Doutores da
menos porque produz mais endorfina, um hormônio que relaxa”, diz Alegria, que já visitaram 170 000 crianças em hospitais. As invasões de
o clínico geral Antônio Carlos Lopes, da Universidade Federal de São quartos e UTIs feitas por 25 atores vestidos de “palhaços-médicos” não
Paulo. Mais do que isso: a endorfina aumenta a tendência de ter bom apenas aceleram a recuperação das crianças, mas motivam os médicos
humor. Ou seja, quanto mais bem-humorado você está, maior o seu e os pais. A psicóloga Morgana Masetti acompanha os Doutores há
bem-estar e, consequentemente, mais bem-humorado você fica. Eis sete anos. “É evidente que a trabalho diminui a medicação para os
aqui um círculo virtuoso, que Lopes prefere chamar de “feedback pacientes”, diz ela.
positivo”. A endorfina também controla a pressão sanguínea, melhora O princípio que torna os Doutores da Alegria engraçados tem a
o sono e o desempenho sexual. (Agora você se interessou, né?) ver com a flexibilidade de pensamento defendida pelos especialistas
Mas, mesmo que não houvesse tantos benefícios no bom humor, em humor – aquela ideia de ver as coisas pelo lado bom. “O clown
os efeitos do mau humor sobre o corpo já seriam suficientes para não segue a lógica à qual estamos acostumados”, diz Morgana.
justificar uma busca incessante de motivos para ficar feliz. Novamente “Ele pode passar por um balcão de enfermagem e pedir uma pizza
Lopes explica por quê: “O indivíduo mal-humorado fica angustiado, ou multar as macas por excesso de velocidade.” Para se tornar um
o que provoca a liberação no corpo de hormônios como a adrenalina. membro dos Doutores da Alegria, o ator passa num curioso teste de
Isso causa palpitação, arritmia cardíaca, mãos frias, dor de cabeça, autoconhecimento: reconhece o que há de ridículo em si mesmo e
dificuldades na digestão e irritabilidade”. A vítima acaba maltratando ri disso. “Um clown não tem medo de errar – pelo contrário, ele se
os outros porque não está bem, sente-se culpada e fica com um diverte com isso”, diz Morgana. Nem é preciso mencionar quanto mais
humor pior ainda. Essa situação pode ser desencadeada por pequenas de saúde haveria no mundo se todos aprendêssemos a fazer o mesmo.
tragédias cotidianas – como um trabalho inacabado ou uma conta (Fábio Peixoto)
para pagar –, que só são trágicas porque as encaramos desse modo.
Evidentemente, nem sempre dá para achar graça em tudo. Há 06. (EPCAR 2016) Assinale a alternativa que associa corretamente o
situações em que a tristeza é inevitável – e é bom que seja assim. “Você trecho do texto à função da linguagem em predominância.
precisa de tristeza e de alegria para ter um convívio social adequado”, a) “Procure ver o lado bom das coisas ruins.” – (Função Emotiva)
diz o psiquiatra Teng Chei Tung, do Hospital das Clínicas de São Paulo. b) “Um indivíduo bem-humorado sofre menos porque produz mais
“A alegria favorece a integração e a tristeza propicia a introspecção endorfina [...]” – (Função Conativa)
e o amadurecimento.” Temos de saber lidar com a flutuação entre
esses estágios, que é necessária e faz parte da natureza humana. O c) “Agora você se interessou, né?” – (Função Fática)
humor pode variar da depressão (o extremo da tristeza) até a mania (o d) “Nos anos 60, ele contraiu uma doença degenerativa que ataca a
máximo da euforia). Esses dois estados são manifestações de doenças coluna vertebral [...]” – (Função Expressiva)
e devem ser tratados com a ajuda de psiquiatras e remédios que
regulam a produção de substâncias no cérebro. Uma em cada quatro 07. (CN 2014) De acordo com o texto, é correto afirmar que:
pessoas tem, durante a vida, pelo menos um caso de depressão que a) acidentes de trânsito ocorrem devido ao excesso de estímulos nas
mereceria tratamento psiquiátrico. ruas.
Enquanto as consequências deletérias do mau humor são estudadas b) o uso da internet em vez de livros impressos prejudicou a
há décadas, não faz muito tempo que a comunidade científica passou compreensão da leitura de textos.
a pesquisar os efeitos benéficos do bom humor. O interesse no assunto
surgiu há vinte anos, quando o editor norte-americano Norman c) o foco da atenção das crianças está naquilo de que gostam e têm
Cousins publicou o livro Anatomia de uma Doença, contando um interesse, mas nem sempre no que é necessário.
impressionante caso de cura pelo riso. Nos anos 60, ele contraiu uma d) adultos que não conseguem focar a atenção em uma única coisa
doença degenerativa que ataca a coluna vertebral, chamada espondilite foram crianças que não tiveram estímulos desde o início da vida.
ancilosa, e sua chance de sobreviver era de apenas uma em quinhentas. e) crianças e adultos apresentam deficiência de atenção porque
Em vez de ficar no hospital esperando para virar estatística, ele resolveu pertencem a gerações diferentes.
sair e se hospedar num hotel das redondezas, com autorização dos
médicos. Sob os atentos olhos de uma enfermeira, com quase todo o
08. (CN 2014) Qual é a opção que explicita uma ideia defendida no
corpo paralisado, Cousins reunia os amigos para assistir a programas
texto?
de “pegadinhas” e seriados cômicos na TV. Gradualmente foi se
recuperando até poder voltar a viver e a trabalhar normalmente. a) Pais e professores devem motivar as crianças a se interessarem
Cousins morreu em 1990, aos 75 anos. pelas coisas de que gostam.

158 PROMILITARES.COM.BR
ESTUDO DE TEXTO

b) Com a profusão de estímulos a que estão sujeitas, as crianças As frases citadas pela personagem Mafalda no início de sua fala foram
tornam-se criteriosas e autodisciplinadas. extraídas de
c) Pessoas multitarefa são comparadas a computadores por serem a) um anúncio publicitário. d) uma cartilha escolar.
capazes de executar as atividades de forma seletiva. b) um livro sobre culinária. e) um guia turístico.
d) O uso da internet torna as pessoas mais detalhistas e concentradas c) uma peça de teatro.
em diferentes atividades ao mesmo tempo.
e) Há um contraste entre o que a escola exige da criança e a forma
como esta foi estimulada a se comportar desde o inicio da vida.
GABARITO
09. Na criação do texto, o chargista Iotti usa criativamente um EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
intertexto: os traços reconstroem uma cena de Guernica, painel
01. D 04. D 07. A 10. B
de Pablo Picasso que retrata os horrores e a destruição provocados
pelo bombardeio a uma pequena cidade da Espanha. Na Charge, 02. B 05. D 08. B
publicada no período de carnaval, destaca a figura do carro, elemento 03. B 06. D 09. C
introduzido por Iotti no intertexto. EXERCÍCIOS DE TREINAMENTO
01. A 04. E 07. A 10. E
02. A 05. B 08. A
03. D 06. C 09. D
EXERCÍCIOS DE COMBATE
01. C 04. B 07. C 10. D
02. B 05. E 08. E
03. A 06. C 09. E

ANOTAÇÕES

Além dessa figura, a linguagem verbal contribui para estabelecer um


diálogo entre a obra de Picasso e a charge ao explorar:
a) uma referência ao contexto, “trânsito no feriadão”, esclarecendo-
se o referente tanto ao texto de Iotti quanto da obra de Picasso.
b) uma referência ao tempo presente, com o emprego da forma
verbal “é”, evidenciando-se atualidade do tema abordado tanto
pelo pintor espanhol quanto pelo chargista brasileiro.
c) um termo pejorativo, “trânsito”, reforçando-se a imagem negativa
de mundo caótico presente, tanto em Guernica quanto na charge.
d) uma referência temporal, “sempre”, referindo-se à permanência
de tragédias retratadas tanto em Guernica, quanto na charge.
e) uma expressão polissêmica, “quadro dramático”, remetendo-se
tanto à obra pictórica quanto ao contexto de trânsito brasileiro.

10. Leia.
"Victor vê a uva da vinha
– Esta uva é boa, Sr. Bráulio.
– Sim, Victor, esta uva é boa.
– Sr. Bráulio, veja os barris de bom vinho!"
Acho que deveriam construir um monumento a
esses autores sacrificados que, em vez de escreverem
coisas inteligentes, preferem nos ensinar a ler.

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ESTUDO DE TEXTO

ANOTAÇÕES

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ASPECTOS ESTILÍSTICOS E SEMÂNTICOS
NA ORGANIZAÇÃO TEXTUAL E NOS
PROCESSOS ARGUMENTATIVOS

Para começar, cumpre lembrar que estão sendo estudados Ilustrando


conteúdos que subsidiam a produção de textos compreensíveis.
Assim sendo, ao entrar a tratar de aspectos estilísticos e semânticos, é
patente que se estará cuidando de recursos que podem tornar o texto
não apenas eficiente quanto à comunicação, mas também agradável
de ler e produtivo para quem deseja desenvolver suas habilidades
redacionais.
Estudar aspectos estilísticos e semânticos significa buscar a
precisão do dizer. Durante muito tempo, a escola furtou-se a tratar
das questões estilísticas, por força do equívoco de que o estilo só
interessaria ao artista literário, mais especificamente aos poetas. No
Comentário
entanto, o estado atual dos estudos de língua cobra atenção sobre o
aspecto estilístico – assim como sobre o semântico – pelo simples fato Lançando mão da homonímia entre classe e subclasse, o publicitário
de que a preocupação com os gêneros textuais impõe deitar os olhos divulga a qualidade da fruta – manga – que a empresa-cliente –
sobre fatos estilísticos, uma vez que o gênero se caracteriza também Hortifruti – comercializa e promove um trocadilho: o substantivo
pelo estilo. comum mangueira – designativo da árvore de onde vem a manga
– também denomina, então como substantivo próprio intitulativo,
O estudo do estilo penetra nos recursos verbais, como estes
Mangueira, que tem por referente a escola de samba verde e rosa.
fossem observados com lupa. Segundo a elaboração, pode-se ter
um estilo simplesmente gramatical ou um estilo literário. Neste se Observe-se que a simples mudança de subclasse – de nome comum
observam recursos de alindamento da expressão. Naquele busca-se para nome próprio – é suficiente para chamar a atenção do leitor-
tão somente a clareza. cliente potencial para o texto, uma vez que ele se torna engraçado
em consequência do trocadilho.
O estilo gramatical, por visar à inteligibilidade, prima pela
correção, concisão e clareza. A partir dessas características, é possível Aproveitamos para chamar a atenção para os epítetos,
identificar-se o estilo de um gênero textual ou de uma pessoa. Nesse que são designações distintas para um mesmo referente.
estilo não são permitidos os desvios. No caso do Grêmio Recreativo Escola de Samba Estação Primeira
de Mangueira, têm-se outras formas de falar dessa instituição,
O estilo literário, ao contrário, tem por meta a expressividade. Por
tais como: A Verde e Rosa, A Estação Primeira, A Escola de
isso, os recursos da língua – aliados a outros não verbais – reinventam
Cartola e Dona Zica etc.
a expressão, embebendo-a de sentimento, para dizer de modo novo
tudo o que se vive empiricamente e usando o mesmo código de Veja-se que nesse pouco tempo de conversa sobre recursos
comunicação: a língua. semânticos, já se pode verificar a produtividade da homonímia –
mangueira e Mangueira – e do epíteto.
Nesses dois estilos – gramatical e literário – é possível identificarem-
se estratégias organizacionais, com as quais a expressão se torna mais
eficiente, mais bela ou ambas. Associam-se aos recursos de estilo,
estratégias semânticas que atuam como garantidoras da adequação Outro exemplo
do vocabulário ao tema e aos objetivos comunicativos.

ESTRATÉGIAS DISCURSIVAS
As estratégias discursivas reúnem componentes estilísticos e
semânticos. Iniciemos, então, uma apreciação dos recursos semânticos.
A língua portuguesa é pródiga em recursos semânticos que
se oferecem ao falante, para que atinja seus objetivos discursivo-
comunicativos. É por meio da flexibilidade semântica do português que
a publicidade brasileira (ao lado de sua competência com a produção
de dados não verbais) vem liderando na área, em nível internacional.
Aproveitemos para explorar essa área da produção discursivo-textual.

PROMILITARES.COM.BR 161
ASPECTOS ESTILÍSTICOS E SEMÂNTICOS NA ORGANIZAÇÃO TEXTUAL E NOS PROCESSOS ARGUMENTATIVOS

Comentário Comentário
Nessa peça publicitária, é a palavra massas que funciona como A chamada aos potenciais alunos de cursos de pós-graduação se
coringa semântico. Onde seria o lugar de possível aclamação mostra nessa peça publicitária de forma muito inteligente. O jogo
para o tomate, pensando-o como uma personagem? A resposta permitido pela lexicalização dos prefixos (ou radicais, para
seria as massas. E ainda se perguntaria quais? E então surge o alguns gramáticos), ou seja, seu uso como palavras, gera um
desdobramento: excelente trocadilho com a hipótese de viver na pré-história
1. aclamação pelas massas – pode funcionar como índice de quem não buscar uma pós-graduação.
aplauso de muitos apreciadores. Nesse caso, massas significaria A ideia de pré-história é construída pela parceria entre a forma
multidões; verbal pré e a figura do homem das cavernas, portanto pasta
2. o molho de tomate é também popularmente conhecido de executivo e massa (arma do período paleolítico).
como massa de tomate. Logo, se o tomate é bom, será O uso estratégico das palavras e construções pode resultar em
efetivamente aclamado, pelos gourmês (< fr. gourmets), pela benefício ou malefício, dependendo do projeto comunicativo
qualidade das massas que dele resultam; em pauta. Se a intenção é informar, as palavras deverão ser
3. pastas em geral – macarrão, lasanha, talharim etc. – em colocadas para facilitar o entendimento, a compreensão.
relação direta com o item 2, é a terceira significação para No entanto, se o objetivo é confundir, despistar, o texto será
massas. construído de modo a levar o leitor a entender uma coisa,
quando na verdade se diz outra subjacentemente; ou mesmo
O fenômeno da “aclamação das massas (multidões) às massas ao não entendimento, do qual resulta a perda de tempo do
(molhos de tomate) e por meio das massas (macarrões em leitor, em contraponto com o ganho de tempo pelos mal-
geral)” é possível em decorrência da polissemia. Esta consiste intencionados enunciadores.
em fenômeno linguístico, por meio do qual um vocábulo
pode se realizar como várias palavras distintas, ainda que
colocado no mesmo lugar do enunciado, por conseguinte Ilustrando a correlação entre o que se diz e a manipulação, temos:
tendo a mesma classe gramatical e desempenhando a mesma
função sintática. (...) O interesse em abortar os trabalhos constituintes da primeira
república brasileira que resultaram na redação dos artigos sobre o
Como é fácil perceber, a língua portuguesa deixa à disposição estado de sítio é refletir sobre o processo de elaboração de uma
do falante um sem-número de vocábulos que, usados com maestria, palavra normativa jurídica. Não se trata de pensar as mudanças
produzem enunciados capazes de capturar o leitor, mesmo sem que gramaticais como alterações numa essência verdadeira de um
ele o perceba. Por conseguinte, no âmbito da publicidade, ele compra instituto jurídico, o que se pretendeu foi discutir como o jogo de
o produto. palavras é determinado pelos jogos de poder que disputam as
representações de mundo. (...)
Com a frase Aqui a natureza é a estrela, Cascas declara
(Fragmento da conclusão do artigo “A elaboração da palavra: os trabalhos
textualmente sua relação, por inferência, com a Revista Caras. constituintes sobre o estado de sítio e a redação dos arts. 34, n. 21; 48, n. 15 e
Mas não se pode parar por aí. Veja-se o nome da revista que 80 da Constituição brasileira de 1891, de Priscila Maddalozzo Pivatto, - In http://
www.conpedi.org/manaus/arquivos/Anais/Priscila%20
divulga essas propagandas: Cascas. Vem à cena então um outro
Maddalozzo%20Pivatto.pdf.)
plano da língua que, quando explorado adequadamente, gera
consequências semânticas relevantes.
Parodiando a Revista Caras, que divulga acontecimentos na vida Buscando conduzir o estudo para o plano estilístico, veja-se mais
de celebridades. O publicitário cria a Revista Cascas que se ocupa da este fragmento:
divulgação de vegetais apresentados como celebridades no espaço da (...) A linguagem própria dos homens é rica, variadíssima… em
alimentação natural. mentiras e subterfúgios. A lei da moda é aprender a dizer a maior
O que é que se explora nesse caso? É a camada fônica da língua quantidade possível de palavras sem dizer nada, ou dizendo o
que se põe a serviço dos efeitos semântico-discursivos. A substituição contrário do que se quer dizer.
do modelo de sílaba /k a/ para /k a s/ e do fonema /r/ pelo /k/ se Embora nos surpreenda e assuste o processo de empobrecimento
incumbe de promover o riso com a criação de um par opositivo: caras das linguagens, que se vão reduzindo em vocábulos para se refugiarem
para pessoas famosas e cascas para vegetais de boa qualidade. Nesse em vulgares exclamações ou palavras inventadas, de múltiplos
jogo de sons e significados, o autor produz um caso de antônimos significados, não deixa de maravilhar-nos o fato de, com tão escasso
inusitado, totalmente inesperado pelo leitor, destinatário do anúncio número de termos, ser possível mentir tão bem.
publicitário que fica exposto em grandes painéis (outdoors) em pontos Não queremos afirmar com isto que a mentira seja a linguagem
estratégicos da cidade. própria do homem, mas sim que todos os homens sabem jogar
com a linguagem, adaptando-a ao que lhes convém dizer, coisa
Ilustrando
que não podem fazer as pedras, as plantas nem os animais. É uma
lástima que esta plasticidade não se ponha ao serviço da inteligência,
em lugar da astúcia. Dizer a verdade costuma ser perigoso e não entra
no jogo das sociedades “civilizadas”.
(Fragmento de “Por que mentem os humanos”, de Délia S. Guzmán -
In http://www.nova-acropole.pt/Artigos/artigo_porque_mentem_os_humanos.htm)

Observação
Grifamos a parte a discutir.

162 PROMILITARES.COM.BR
ASPECTOS ESTILÍSTICOS E SEMÂNTICOS NA ORGANIZAÇÃO TEXTUAL E NOS PROCESSOS ARGUMENTATIVOS

Comentário Neste fragmento, o poeta fala de uma luta insana e ininterrupta


com as palavras, das quais ele tira o seu sustento.
Délia Guzmán aborda um tema delicado: o da capacidade
Mais um trecho poético: “Das Palavras Aéreas”, de Cecília
humana de manipulação da linguagem. Isto é relevante para
Meireles:
o estudante de nossa língua, porque a malemolência desta
nos permite brincar com as palavras e mesmo tripudiar sobre Ai, palavras, Ai, palavras,
conceitos graves, quando não se quer de fato contribuir com o que estranha potência, a vossa!
aperfeiçoamento do modelo social. Assim sendo, na preparação Ai, palavras, ai, palavras,
de redatores que se submeterão a uma avaliação quanto a sua sois de vento, ide no vento,
capacidade de dizer, cumpre abrir-lhes os olhos para as seguintes no vento que não retorna,
máximas: e, em tão rápida existência,
tudo se forma e se transforma!
Pelas palavras que usas, te dirão quem és.
Sois de vento, ides no vento,
Pelas construções que fazes, perceberão teu domínio verbal. e quedais, com sorte nova!
Pela clareza de teus enunciados, concluirão por sua habilidade de
dizer. Ai, palavras, ai, palavras,
Pela beleza de tua expressão, aplaudirão o teu texto. que estranha potência, a vossa!
Todo o sentido da vida
principia à vossa porta;
Logo, convém dedicar tempo ao estudo da língua, o qual o mel do amor cristaliza
consiste em prática incansável de leitura e de produção textual, seu perfume em uma rosa;
para que se desenvolva a habilidade de expressão vernácula, da qual sois o sonho e sois a audácia,
depende o sucesso social e profissional dos sujeitos. calúnia, fúria, derrota.......

Agora é Cecília Meireles que, num poema histórico, fala da palavra


Veja-se então como a estilística pode contribuir para o sucesso com arma, que dá vida e que mata; que liberta, aprisiona e condena.
textual.
Cada um a seu modo vem mostrando a importância do
Quando mencionamos no início deste tópico que o gênero domínio das palavras. A imperícia no uso verbal pode prejudicar
textual tem correlação com o estilo, os dados considerados seriam a definitivamente uma vida, um povo etc.
forma do texto (modelo diagramático) e a variedade linguística
correspondente. Assim sendo, quando se decide escrever uma carta A despeito disso, é frágil o trabalho didático com a palavra. Diante
para um parente próximo, a eleição será pelo uso coloquial; ao das mudanças sociais refletidas nos processos de interação verbal
passo que, se a carta fosse para um superior hierárquico, o estilo informais, cada dia mais truncados, o trabalho escolar em torno da
seria o formal, pois quem determina essas escolhas é o grau de palavra se mostra insuficiente. Paulatinamente os textos produzidos
intimidade entre os interlocutores. pelos estudantes demonstram o empobrecimento lexical.

Entretanto, não é apenas o modelo do texto e o uso verbal O desinteresse pelo vocabulário da língua cresce à medida que o
eleito que constituem o estilo. Este tem outros componentes tão falante se satisfaz com comunicações pseudotelegráficas, pobres de
relevantes quanto aqueles. A seleção de palavras, a ordem dos detalhamento e cheias de imprecisão.
termos na oração, a extensão dos períodos e dos parágrafos, o (SIMÕES, Darcilia; KAROL, Luiz & SALOMÃO, Any Cristina. (orgs.)
Português se aprende cantando. Estratégias para o ensino da língua nacional.
tipo de coesão etc., tudo é considerado numa apreciação estilística. Rio de Janeiro: Dialogarts, 2007. [p. 43])

Veja-se o que diz o poeta:


Comentário
Chega mais perto e contempla as palavras
Cada uma Poetas e professores se associam numa mesma ideia: saber
Tem mil faces secretas sob a face neutra a língua implica domínio vocabular; e este demanda
E te pergunta, sem interesse pela resposta habilidades gramaticais e estilísticas que propiciem a
Pobre ou terrível, que lhe deres: produção de enunciados compreensíveis, informativos e,
Trouxeste a chave? preferencialmente, agradáveis de ler.
(Fragmento de “Procura da Poesia”, de Carlos Drummond de Andrade) Para tanto, é preciso conviver com os textos, sorver as palavras
e as construções, para, após a apropriação das formas da
Carlos Drummond de Andrade, incansavelmente, adverte o leitor língua, praticar a produção de textos, primeiro curtos, depois
acerca da riqueza e da força da palavra. mais longos, mas que sejam oferecidos à leitura de outrem, para
Em “O Lutador”, Drummond reitera o árduo trabalho da produção que seja avaliada a sua potencialidade comunicativa.
poética, em relação com a rebeldia das palavras.
Lutar com palavras
EXERCÍCIOS DE
é a luta mais vã.
Entanto lutamos
mal rompe a manhã.
São muitas, eu pouco.
FIXAÇÃO
Algumas, tão fortes
como o javali. 01. Leia o texto a seguir:
Não me julgo louco. FRAUDADOR É PRESO POR EMITIR
Se o fosse, teria ATESTADOS COM ERRO DE PORTUGUÊS
poder de encantá-las. Mais um erro de português leva um criminoso às mãos da
Mas lúcido e frio, polícia. Desde 2003, M.O.P., de 37 anos, administrava a empresa
apareço e tento MM, que falsificava boletins de ocorrência, carteiras profissionais e
apanhar algumas atestados de óbito, tudo para anular multas de trânsito. Amparado
para meu sustento pela documentação fajuta de M.O.P., um motorista poderia alegar
num dia de vida. às Juntas Administrativas de Recursos de Infrações que ultrapassou o
limite de velocidade para levar uma parente que passou mal e morreu
a caminho do hospital.

PROMILITARES.COM.BR 163
ASPECTOS ESTILÍSTICOS E SEMÂNTICOS NA ORGANIZAÇÃO TEXTUAL E NOS PROCESSOS ARGUMENTATIVOS

O esquema funcionou até setembro, quando M.O.P. foi indiciado. b) os termos “saíram” (ref. 2) e “notável” (ref. 14) são acentuados
Atropelara a gramática. Havia emitido, por exemplo, um atestado graficamente seguindo as mesmas regras gramaticais.
de abril do ano passado em que estava escrito aneurisma “celebral” c) em: “de Detroit a Istambul” (ref. 7) e “em pleno furdunço das
(com l no lugar de r) e “insulficiência” múltipla de órgãos (com um ruas de junho” (ref. 8) existem dois adjuntos adverbiais.
l desnecessário em “insuficiência” – além do fato de a expressão
médica adequada ser “falência múltipla de órgãos”). d) os termos “ávidas” (ref. 13) e “discrepâncias” (ref. 3) estão
utilizados no sentido denotativo.
M.O.P. foi indiciado pela 2ª Delegacia de Divisão de Crimes de
Trânsito. Na casa do acusado, em São Miguel Paulista, zona leste e) a expressão “que tira poderes do Ministério Público” (ref. 5)
de São Paulo, a polícia encontrou um computador com modelos de refere-se ao termo “o protesto” (ref. 4).
documentos.
*(Língua Portuguesa, n. 12, set. 2006 - adaptado.) 03. Analise o texto abaixo:
PREFÁCIO
O texto apresentado trata da prisão de um fraudador que emitia São os primeiros cantos de um pobre poeta. Desculpai-os. As
documentos com erros de escrita. Tendo em vista o assunto, a primeiras vozes do sabiá não têm a doçura dos seus cânticos de amor.
organização, bem como os recursos linguísticos, depreende-se que
esse texto é um(a) É uma lira, mas sem cordas; uma primavera, mas sem flores; uma
coroa de folhas, mas sem viço.
a) conto, porque discute problemas existenciais e sociais de um
fraudador. Cantos espontâneos do coração, vibrações doridas da lira interna
que agitava um sonho, notas que o vento levou, – como isso dou a
b) notícia, porque relata fatos que resultaram no indiciamento de lume essas harmonias.
um fraudador.
São as páginas despedaçadas de um livro não lido...
c) crônica, porque narra o imprevisto que levou a polícia a prender
um fraudador. E agora que despi a minha musa saudosa dos véus do mistério
do meu amor e da minha solidão, agora que ela vai seminua e tímida
d) editorial, porque opina sobre aspectos linguísticos dos documentos por entre vós, derramar em vossas almas os últimos perfumes de seu
redigidos por um fraudador. coração, ó meus amigos, recebei-a no peito, e amai-a como o consolo
e) piada, porque narra o fato engraçado de um fraudador descoberto que foi de uma alma esperançosa, que depunha fé na poesia e no
pela polícia por causa de erros de grafia. amor – esses dois raios luminosos do coração de Deus.
(AZEVEDO, Álvares de. Lira dos vinte anos. In: Obra completa.
02. Leia. Organização de Alexei Bueno. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000. p. 120.)
AS VOZES DO PROTESTO: A TRUCULÊNCIA POLICIAL
CONTRA AS VOZES À PROCURA DE UMA CAUSA Os aspectos linguísticos e enunciativos do texto demonstram que se
trata do gênero prefácio, pois o autor
A onda de protestos que varreu o país em junho de 2013 teve
por impulso o aumento nas tarifas de transporte, mas esteve longe a) apresenta sua visão de mundo, explorando o uso de metáforas
de ter uma motivação unificadora da multidão. 1Desnudou, de como recurso persuasivo.
quebra, a capa da civilidade que disfarça a truculência de policiais e b) comenta a obra, apresentando justificativas e explicações sobre
governadores saudosos da ditadura militar. sua autoria.
As pessoas 2saíram às ruas descontentes com 3discrepâncias como c) narra uma história pessoal, explicitando os conflitos vividos por
a que há entre a qualidade de um serviço público tão básico como o quem escreve poesia.
transporte e a farra dos empresários da Copa com o erário, que em d) descreve sua infância, justificando o caráter ingênuo que marca
dado momento havia sido justificada por conta de benfeitorias que a obra.
não vieram.
e) critica a falta de erudição dos jovens da época, antecipando as
Mas o 4protesto da gota d’água foi às ruas avolumando gente dificuldades de leitura.
com todo tipo de bandeira, da tolerância zero a políticos ao fim da
PEC 5que tira poderes do Ministério Público.
04. Considere o texto a seguir.
Em todo mundo, 7de Detroit a Istambul, pipocaram movimentos
6
DARÍN NA PATAGÔNIA
populares apartidários, horizontais, sem líderes. Para o sociólogo
espanhol Manuel Castells, que foi entrevistado pelo jornal Valor Principal nome do cinema argentino contemporâneo, Ricardo
Econômico quando no Brasil, 8em pleno furdunço das ruas de junho, Darín está à frente do surpreendente Neve Negra, longa-metragem
9
o ponto em comum na onda de protestos do planeta é a internet. que estreou na última quinta-feira no circuito de cinemas da Capital.
Rodada na Patagônia, a produção que conta com uma arrebatadora
10
Há a visão de que a política é corrupta e os partidos monopolizam
fotografia é assinada por Martin Hodara (que, em 2007, dividiu com
o poder com um modelo de representação que está esgotado. 11A
Darín a direção de O Sinal) e traz no elenco nomes como Leonardo
rede mundial tornou as relações mais horizontais, apartidárias e sem
Sbaraglia, Laia Costa e Federico Luppi. Em Neve Negra, Darín
lideranças formais – 12as que se apresentam sofrem a reação avessa
interpreta Salvador, homem que há décadas vive isolado, cercado
dos participantes.
quase exclusivamente por neve, árvores e animais.
As pessoas saíram às ruas 13ávidas por expressão, mesmo sem
A calmaria na vida de Salvador termina quando ele recebe a visita
saber o que, juntas, expressariam. Foi o mais 14notável movimento
inesperada do irmão e da cunhada (interpretados por Sbaraglia e Laia),
de vozes cujo mérito é não terem uma voz em comum. A mera
que tentam convencê-lo a vender para uma grande empresa as terras
existência da forma – a insatisfação, seja ela qual for – já era seu
que os irmãos receberam como herança. Com a recusa do homem,
melhor conteúdo.
eles entram em conflito e passam a reviver traumas do passado.
(Revista Língua Portuguesa, Ano 8, nº 93, julho de 2013.)
(Zero Hora, Segundo caderno, 11/06/17, p. 2. - adaptado.)

Em relação aos aspectos linguísticos presentes no texto, é possível


A resenha é um gênero comum nos cadernos de cultura dos jornais,
afirmar que
empregado para divulgar filmes, livros, peças teatrais entre outros.
a) as orações “A rede mundial tornou as relações mais horizontais, Uma característica comum ao gênero resenha, como se pode
apartidárias e sem lideranças formais.” (ref. 11) e “as que se identificar no texto sobre o filme Neve Negra, é
apresentam sofrem a reação avessa dos participantes.” (ref. 12)
possuem os mesmos sujeitos oracionais.

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ASPECTOS ESTILÍSTICOS E SEMÂNTICOS NA ORGANIZAÇÃO TEXTUAL E NOS PROCESSOS ARGUMENTATIVOS

a) o clima de suspense em torno do qual a sequência de informações máquinas de macarrão a manivela. Cresci à base de farinha de trigo.
é construída, como nas características atribuídas ao longa e à Aí, do nada, comecei a ter alergias respiratórias que também pareciam
fotografia. estar ligadas à minha dieta. Comecei a peregrinar por médicos. Os
b) o predomínio da argumentação em lugar da descrição, observado exames diziam que não tinha nada errado comigo. Mas eu sentia, pô.
na caracterização do elenco bastante famoso presente na película. Encontrei a resposta numa nutricionista: eu tinha intolerância a glúten
e a lactose. Arrivederci, pizza. Tchau, cervejinha.
c) a combinação entre trechos de resumo da película e juízo de
valor, como em “passam a reviver traumas do passado” e Notei também que as prateleiras dos mercados de repente ficaram
“arrebatadora”, respectivamente. cheias de produtos que pareciam ser feitos para mim: leite, queijo
e iogurte sem lactose, bolo, biscoito e macarrão sem glúten. E o
d) a sequência de ações empregadas para qualificar o filme encontra- mais incrível é que esse setor do mercado parece ser o que está mais
se embaralhada, o que se evidencia pela flagrante transgressão cheio de gente. E não é só no Brasil. Parece ser em todo Ocidente
cronológica. industrializado. Inclusive na Itália.
e) o processo de divulgação da película, concentrado na elaboração O tal glúten está na boca do povo, mas não está fácil entender a
de uma narrativa pouco convencional pelas características real. De um lado, a imprensa popular faz um escarcéu, sem no entanto
geográficas do país. explicar o tema a fundo. De outro, muitos médicos ficam na defensiva,
insinuando que isso tudo não passa de modismo, sem fundamento
05. Leia a tirinha: científico. Mas eu sei muito bem que não é só modismo – eu sinto
na barriga.
O tema é um vespeiro – e por isso julgamos que era hora de meter
a colher, para separar o joio do trigo e dar respostas confiáveis às
dúvidas que todo mundo tem.
(Superinteressante, n. 335, jul. 2014 - adaptado.)

O gênero editorial de revista contém estratégias argumentativas para


convencer o público sobre a relevância da matéria de capa. No texto,
considerando a maneira como o autor se dirige aos leitores, constitui
uma característica da argumentação desenvolvida o(a)
a) relato pessoal, que especifica o debate do assunto abordado.
b) exemplificação concreta, que desconstrói a generalidade dos
fatos.
c) referência intertextual, que recorre a termos da gastronomia.
d) crítica direta, que denuncia o oportunismo das indústrias
alimentícias.
e) vocabulário coloquial, que representa o estilo da revista.

07. Acho que educar é como catar piolho na cabeça de criança. É


preciso ter confiança, perseverança e um certo despojamento. É
preciso, também, conquistar a confiança de quem se quer educar,
para fazê-lo deitar no colo e ouvir histórias.
(MUNDUKURU, D. Disponível em: http://caravanamekukradja.
blogspot.com.br. Acesso em: 5 dez. 2012.)

Concorrem para a estruturação e para a progressão das ideias no texto


os seguintes recursos:
Levando em consideração os elementos verbais e não verbais da
a) Comparação e enumeração. d) Narração e retomada.
charge e tomando como ponto de partida o discurso “longe de mim
ter preconceito, mas...”, o conectivo “mas” apresenta, como efeito b) Hiperonímia e antonímia. e) Pontuação e hipérbole.
de sentido, c) Argumentação e citação.
a) o contrassenso dos questionamentos presentes no discurso da
interlocutora do indivíduo, que defende sua tese quanto ao que é 08. Nosso pensamento, como toda entidade viva, nasce para se vestir
transgressão das leis. de fronteiras. Essa invenção é uma espécie de vício de arquitetura, pois
b) uma restrição feita pela jovem ao ponto de vista explicitado pelo não há infinito sem linha do horizonte. A verdade é que a vida tem
homem em relação ao tratamento dispensado aos homoafetivos fome de fronteiras. Porque essas fronteiras da natureza não servem
ou aos heteroafetivos. apenas para fechar. Todas as membranas orgânicas são entidades vivas
e permeáveis. 1São fronteiras feitas para, ao mesmo tempo, delimitar e
c) a contradição na própria lógica argumentativa do personagem que negociar: o “dentro” e o “fora” trocam-se por turnos.
generaliza a ideia de crime, sem o encadeamento de premissas
plausíveis para que delas se tire uma conclusão cabível. Um dos casos mais notáveis na construção de fronteiras acontece
no mundo das aves. É o caso do nosso tucano, o tucano africano, que
d) uma ressalva apresentada pela mulher diante da opinião emitida fabrica o ninho a partir do oco de uma árvore. 2Nesse vão, a fêmea
pelo falante que se pronunciou primeiro sobre a forma como a se empareda literalmente, erguendo, ela e o macho, um tapume de
sociedade vê a homoafetividade. barro. 3Essa parede tem apenas um pequeno orifício, ele é a única
e) uma oposição ao conceito de gênero enunciado pela voz janela aberta sobre o mundo. Naquele cárcere escuro, a fêmea arranca
masculina e o manifesto na contra-argumentação da ouvinte. as próprias penas para preparar o ninho das futuras crias. 4Se quisesse
desistir da empreitada, ela morreria, sem possibilidade de voar.
06. Este mês, a reportagem de capa veio do meu umbigo. Ou melhor, 5
Mesmo neste caso de consentida clausura, a divisória foi inventada
veio de um mal-estar que comecei a sentir na barriga. Sou meio para ser negada.
italiano, pizzaiolo dos bons, herdei de minha avó uma daquelas velhas Mas o que aqueles pássaros construíram não foi uma parede:
6

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ASPECTOS ESTILÍSTICOS E SEMÂNTICOS NA ORGANIZAÇÃO TEXTUAL E NOS PROCESSOS ARGUMENTATIVOS

foi um buraco. Erguemos paredes inteiras como se fôssemos tucanos mundo batendo na minha memória / tem o caminho pro trabalho. Do
cegos. De um e do outro lado há sempre algo que morre, truncado outro lado tem outras vidas vivendo da minha vida / tem pensamentos
do seu lado gêmeo. Aprendemos a demarcarmo-nos do Outro e do sérios me esperando na sala de visitas / tem minha noiva definitiva me
Estranho como se fossem ameaças à nossa integridade. Temos medo esperando com flores na mão / tem a morte, as colunas da ordem e
da mudança, medo da desordem, medo da complexidade. 7Precisamos da desordem.”.
de modelos para entender o universo (que é, afinal, um pluriverso ou 4
Faltou ao poeta acrescentar: tem uns gramáticos do tempo da
um multiverso), que foi construído em permanente mudança, no meio onça / de antes do tempo em que se começou a andar pra frente.
do caos e do imprevisível.
Não vou citar Drummond de Andrade, com seu por demais
A própria palavra “fronteira” nasceu como um conceito militar, conhecido “Tinha uma pedra no meio do caminho...”, nem o Chico
era o modo como se designava a frente de batalha. 8Nesse mesmo Buarque de “Tem dias que a gente se sente / como quem partiu ou
berço aconteceu um fato curioso: um oficial do exército francês morreu...”.
inventou um código de gravação de mensagens em alto-relevo. Esse
código servia para que, nas noites de combate, os soldados pudessem Mas acho que vou citar “Pronominais”, do glorioso Oswald de
se comunicar em silêncio e no escuro. Foi a partir desse código que se Andrade: Dê-me um cigarro / Diz a gramática / Do professor e do
inventou o sistema de leitura Braille. No mesmo lugar em que nasceu aluno / E do mulato sabido / Mas o bom negro e o bom branco / Da
a palavra “fronteira” sucedeu um episódio que negava o sentido nação brasileira / Dizem todos os dias / Deixa disso camarada / Me dá
limitador da palavra. um cigarro.

A fronteira concebida como vedação estanque tem a ver com o Quero insistir: 5ao contrário do que se poderia pensar (e vários
modo como pensamos e vivemos a nossa própria identidade. 9Somos disseram), não sou anarquista, defensor do tudo pode, ou do vale
um pouco como a tucana que se despluma dentro do escuro: temos tudo. Nem estou dizendo que “Nós vai” é igual a “Tem muito filho
a ilusão de que a nossa proteção vem da espessura da parede. Mas que obedece os pais”. O que estou fazendo é cobrar coerência,
seriam as asas e a capacidade de voar que nos devolveriam a segurança um pouquinho só: 6se o padrão vem da fala dos bacanas, se os
de ter o mundo inteiro como a nossa casa. mais bacanas são os poetas consagrados, por que, antes das dez,
numa aula de literatura, podemos curtir seu estilo e em outra aula,
(MIA COUTO. Adaptado de fronteiras.com, 10/08/2014.)
depois das onze, 7dizemos aos alunos e aos demais interessados:
“Precisamos de modelos para entender o universo (que é, afinal, um viram o Drummond, o Murilo, o Machado, o Guimarães Rosa? Que
pluriverso ou um multiverso),” (ref. 7) criatividade!!! Mas vocês não podem fazer como eles.
(POSSENTI, Sírio. A cor da língua e outras croniquinhas de linguística.
Campinas: Mercado de Letras, 2001. p. 111-112. - Adaptado).
Nesse trecho, o conteúdo entre parênteses propõe uma reformulação
da palavra universo, em função da argumentação feita pelo autor.
Considerando-se suas características retóricas, o texto de Sírio Possenti
Essa reformulação explora o seguinte recurso: realiza predominantemente a seguinte tipologia textual:
a) Contraste de morfemas de sentidos distintos. a) narração d) exposição
b) Citação de neologismos de valor polissêmico. b) descrição e) injunção
c) Comparação de conceitos relacionados ao tema. c) argumentação
d) Enumeração de sinônimos possíveis no contexto.
10. Os dois textos a seguir foram publicados na seção Painel do leitor,
09. Examine o texto: do jornal Folha de S. Paulo.
NORMA E PADRÃO Texto 1
Uma das comparações que os estudiosos de variação linguística A desculpa dada pelos provedores para o fim da internet ilimitada
mais gostam de utilizar é a da língua com a vestimenta. Esta, como de que a rede não aguenta o volume de dados é esfarrapada. Se a
sabemos, é bastante variada, indo da mais formal (longo e smoking) rede não aguenta, aumentem a rede! O que deve estar acontecendo
à mais informal (biquíni e sunga, ou camisola e pijama). A ideia dos é a perda significativa de assinantes de TV a cabo para serviços como
que fazem essa comparação é a seguinte: não existem, a rigor, formas a Netflix. A solução óbvia para os provedores é tentar barrar essa
linguísticas erradas, existem formas linguísticas inadequadas. Como tendência. No Brasil, a Anatel faz o jogo das grandes empresas, e não
as roupas: assim como ninguém vai à praia de smoking ou de longo, o dos consumidores.
também ninguém casa de biquíni e de sunga, ou de camisola e de (R. R. – São Paulo, SP.)
pijama (sem negar que estas sejam vestimentas, e adequadas!), assim
ninguém diz “me dá esse troço aí” num banquete público e formal Texto 2
nem “faça-me o obséquio de passar-me o sal” numa situação de
O Brasil possui rede de banda larga com capacidade reduzida,
intimidade familiar.
velocidade ridícula e qualidade medíocre de sinal. Em lugar de utilizar
1
Os gramáticos e os sociolinguistas, cada um com seu viés, as receitas oriundas dos preços exorbitantes pagos por seus usuários
costumam dizer que o padrão linguístico é usado pelas pessoas para aumentar a infraestrutura da rede e a qualidade e a velocidade
representativas de uma sociedade. Os gramáticos dizem isso, mas do sinal, as operadoras, em abjeto conluio com a espúria agência
acabam não analisando o padrão, 2nem recomendando-o de fato. dita reguladora, vão pelo caminho obviamente mais fácil: limitar a
Recomendam uma norma, uma norma ideal. Vou dar uns exemplos: quantidade de dados movimentados.
se o padrão é o usado pelos figurões, então deveriam ser considerados (A. O. B. N. – Ribeirão Preto, SP. Folha de S. Paulo, 26/04/2016, p. A3.)
padrões o verbo “ter” no lugar de “haver”; a regência de “preferir x
do que y”, em vez de “preferir x a y”; o uso do anacoluto (A inflação, A leitura das duas opiniões de leitores sobre o mesmo tema permite
ela estará dominada quando...); a posição enclítica dos pronomes inferir CORRETAMENTE que
átonos. O que não significa proibir as mais conservadoras. Algumas
a) enquanto o primeiro levanta uma hipótese para o motivo da
dessas formas “novas” aparecem em muitíssimo boa literatura, em
limitação de dados na rede, o segundo limita-se a reclamar da
autores absolutamente consagrados, que poderiam servir de base
situação.
para que os gramáticos liberassem seu uso – para os que necessitam
da licença dos outros. b) os dois textos perdem a validade argumentativa pela linguagem
de baixo calão empregada para caracterizar os provedores de
Vejam-se esses versos de Murilo Mendes: “Desse lado tem meu
3
banda larga.
corpo / tem o sonho / tem a minha namorada na janela / tem as ruas
gritando de luzes e movimentos / tem meu amor tão lento / tem o c) ambos creditam à agência reguladora da telefonia um comporta-
mento que vai de encontro às necessidades do consumidor.

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d) o primeiro texto sugere uma solução para o problema do volume como amor à liberdade, mas da parte de uma pobre negra, limitaram-
de dados e o segundo apresenta uma argumentação mais se a dizer que não passou de um gesto bruto.
complacente com os provedores. (CAPAZZOLI, Ulisses. Scientfic American Brasil. Fev. 2009,
no 81, ano 7. Edição Especial. Pág.90. Adaptado.)
e) serviços como a Netflix, referida no primeiro texto, são nocivos
aos consumidores, pois impedem a manutenção da banda larga.
Da leitura do texto, conclui-se que
a) a viagem iniciada em 27 de dezembro foi longa e sem transtornos,
EXERCÍCIOS DE contudo revolucionária.

TREINAMENTO b) em 1832, apesar de bastante jovem, Darwin já acumulava alguns


sucessos profissionais.
c) a exuberante natureza tropical fez com que Darwin se apaixonasse
por Salvador.
01. (AFA 2010) Leia. d) a estada no Rio de Janeiro foi o momento mais marcante da viagem,
DARWIN NO BRASIL - ENCANTO COM A NATUREZA E por despertar em Darwin intensos sentimentos.
CHOQUE COM A ESCRAVIDÃO
Na passagem pelo Brasil, especialmente no Rio de Janeiro, 02. Assinale a alternativa que apresenta a relação INCORRETA entre
Darwin descobre um mundo novo de sedução e horrores. o parágrafo e a ideia nele contida.
a) O 1º parágrafo justifica a hipótese de que o Brasil não estava nos
Em 27 de dezembro de 1832, depois de ser deslocado duas ou
planos de Darwin, que somente chegou aqui por um desvio de
três vezes por ventos contrários, o HMS Beagle, um brigue com 10
percurso.
canhões sob o comando do capitão Fitz-Roy deixou a localidade de
Davenport, no sudoeste da Inglaterra, para uma viagem de quatro b) O 2º parágrafo apresenta o grande cientista da teoria do
anos e nove meses ao redor do mundo. evolucionismo.
Um personagem, que a história tornaria o passageiro mais c) No 3º parágrafo, fica patente o encanto de Darwin diante da
importante a bordo do Beagle, tinha pouco mais de 22 anos e havia diversidade da natureza do Rio de Janeiro.
sofrido alguns reveses profissionais antes de se envolver com a história d) No 6º parágrafo, o autor descreve a paisagem e os ruídos da mata.
natural. Charles Robert Darwin (Shrewsbury, 12 de fevereiro de 1809
– Downe, Kent, 19 de abril de 1882), cujo nome seria sinônimo de 03. De acordo com o texto, entende-se que Darwin
evolucionismo, ainda era um criacionista despreocupado, quando o
a) era, desde a mocidade, um evolucionista convicto.
Atlântico se abriu a sua frente para a viagem que reformularia não
apenas suas convicções pessoais, mas mudaria profundamente toda b) se encantou com o Brasil, escandalizando-se apenas com
a história da ciência. questões de natureza antropológica.
Darwin fez uma parada no arquipélago de Cabo Verde, onde c) presenciou um ato aterrador: a morte de uma velha que se
registrou minuciosamente suas observações e se impressionou com o atirou contra as rochas.
arquipélago de São Pedro e São Paulo, antes de passar por Fernando d) desejou permanecer no Brasil, depois de se surpreender com
de Noronha. Mas foi no Rio de Janeiro, especialmente por uma a natureza e a vida social intensa.
incursão de alguns dias pelo interior, que pôde sentir a diversidade
de Natureza que deveria conhecer antes de, inteiramente contra a 04. Leia o trecho abaixo, considerando-o no parágrafo em que ele
vontade, tornar-se um evolucionista. se insere.
Em Viagens de um naturalista ao redor do mundo (Voyage of a “Praticado por uma matrona romana esse ato seria interpretado e
naturalist round the world), em que faz um detalhado registro de sua difundido como amor à liberdade, mas da parte de uma pobre negra,
longa exploração, Darwin dedica menos de dez páginas a Salvador, na limitaram-se a dizer que não passou de um gesto bruto.”
Bahia, aonde chegou em 29 de fevereiro de 1833, para uma estada
curta, mas já fascinado pela exuberância da natureza tropical. Em É possível afirmar que, no fragmento acima, o autor utiliza uma
4 de abril, o Beagle atracou no Rio de Janeiro e aí começaram as estratégia argumentativa denominada
descobertas que, do ponto de vista natural, seduziram e encantaram a) especificação. c) exemplificação.
o jovem naturalista, ainda que, do ponto de vista social, tenham b) conceituação. d) citação.
sido motivo de frustração, desencanto e, em alguns momentos, de
completo horror. 05. Eu começaria dizendo que poesia é uma questão de linguagem.
(...) A importância do poeta é que ele torna mais viva a linguagem. Carlos
A incursão começou em 8 de abril, formada por uma equipe de Drummond de Andrade escreveu um dos mais belos versos da língua
sete pessoas. Darwin conta que, em 45 meio a um calor intenso, o portuguesa com duas palavras comuns: cão e cheirando.
silêncio da mata é completo, quebrado apenas pelo voo preguiçoso Um cão cheirando o futuro
de borboletas. A vista e as cores na passagem de Praia Grande (atual (Entrevista com Mário Carvalho. Folha de SP, 24/05/1988. adaptação)
Niterói) absorvem toda a atenção de Darwin ao menos até o meio-dia,
quando o grupo para, para almoçar em “Ithacaia”, aldeia cercada de O que deu ao verso de Drummond o caráter de inovador da língua foi
choças ocupadas por negros escravos. a) o modo raro como foi tratado o “futuro”.
Com a lua cheia, que nasce cedo no céu, o grupo decide prosseguir b) a referência ao cão como “animal de estimação”.
viagem para dormir na Lagoa de Maricá e, no trajeto, passam por
regiões escarpadas, entre elas uma meseta em torno de onde escravos c) a flexão pouco comum do verbo “cheirar” (gerúndio).
formaram quilombos, a que Darwin se refere genericamente como d) a aproximação não usual do agente citado e a ação de “cheirar”.
refúgio. Aí, reproduz um relato que diz ter ouvido de alguém. Um e) o emprego do artigo indefinido “um” e do artigo definido “o”
grupo de soldados teria sido enviado para recuperar esses fugitivos e na mesma frase.
todos se renderam, à exceção de uma mulher, já velha, que se atira
contra as rochas. Então, ele faz uma das observações que revelam sua
profunda repulsa à escravidão que tem diante dos olhos: “Praticado
por uma matrona romana esse ato seria interpretado e difundido

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ASPECTOS ESTILÍSTICOS E SEMÂNTICOS NA ORGANIZAÇÃO TEXTUAL E NOS PROCESSOS ARGUMENTATIVOS

06. Observe o poema. 08. A palavra falada é um fenômeno natural; a palavra escrita é um
CIDADE GRANDE fenômeno cultural. O homem natural pode viver perfeitamente sem
Que beleza, Montes Claros ler nem escrever. Não o pode o homem a que chamamos civilizado:
Como cresceu Montes Claros por isso, como disse, a palavra escrita é um fenômeno cultural, não da
natureza, mas da civilização, da qual a cultura é a essência e o esteio.
Quanta indústria em Montes Claros
Pertencendo, pois, a mundos (mentais) essencialmente diferentes,
Montes Claros cresceu tanto
os dois tipos de palavra obedecem forçosamente a leis ou regras
ficou urbe tão notória,
essencialmente diferentes. A palavra falada é um caso, por assim
prima-rica do Rio de Janeiro
dizer, democrático. Ao falar, temos que obedecer à lei do maior
que já tem cinco favelas
número, sob pena de ou não sermos compreendidos ou sermos
por enquanto e mais promete
inutilmente ridículos. Se a maioria pronuncia mal uma palavra, temos
(Carlos Drummond de Andrade) que a pronunciar mal. Se a maioria usa de uma construção gramatical
errada, da mesma construção teremos que usar. Se a maioria caiu
Entre os recursos expressivos empregados no texto, destaca-se a em usar estrangeirismos ou outras irregularidades verbais, assim
a) metalinguagem, que consiste em fazer a linguagem referir-se à temos que fazer. Os termos ou expressões que na linguagem escrita
própria linguagem. são justos, e até obrigatórios, tornam-se em estupidez e pedantaria,
se deles fazemos uso no trato verbal. Tornam-se até em má-criação,
b) intertextualidade, na qual o texto retoma e reelabora outros
pois o preceito fundamental da civilidade é que nos conformemos o
textos.
mais possível com as maneiras, os hábitos, e a educação da pessoa
c) ironia, que consiste em se dizer o contrário do que se pensa, com com quem falamos, ainda que nisso faltemos às boas maneiras ou à
intenção crítica. etiqueta, que são a cultura exterior.
d) denotação, caracterizada pelo uso das palavras em seu sentido (Fernando Pessoa. A língua portuguesa, 1999. Adaptado.) Em
sua
próprio e objetivo. argumentação, o autor estabelece que
e) prosopopeia, que consiste em personificar coisas inanimadas,
atribuindo-lhes vida. a) a palavra escrita se espelha na palavra falada. Dessa forma, a boa
comunicação implica reconhecer que fala e escrita são de mesma
natureza.
07. Analise o texto: b) as diferenças entre fala e escrita são muitas. Dessa forma, a boa
comunicação está relacionada ao valor cultural da linguagem.
A ARTE DE ENGANAR
c) o fenômeno cultural está contido no natural. Dessa forma, a boa
Em seu livro Pernas pro ar, Eduardo Galeano recorda que, na era
comunicação diz respeito ao uso que cada pessoa faz, de acordo
vitoriana, era proibido mencionar “calças” na presença de uma jovem.
com as necessidades cotidianas.
Hoje em dia, diz ele, não cai bem utilizar certas expressões perante a
opinião pública: “O capitalismo exibe o nome artístico de economia d) os fenômenos naturais precedem os culturais. Dessa forma, a
de mercado; imperialismo se chama globalização; suas vítimas se boa comunicação depende de ajustar aqueles às especificidades
chamam países em via de desenvolvimento; oportunismo se chama destes.
pragmatismo; 1despedir sem indenização nem explicação se chama e) fala e escrita são domínios distintos. Dessa forma, a boa
flexibilização laboral” etc. comunicação implica conhecer e empregar os recursos específicos
A lista é longa. Acrescento os inúmeros preconceitos que de cada um deles.
carregamos: ladrão é sonegador; lobista é consultor; 2fracasso é crise;
especulação é derivativo; latifúndio é agronegócio; desmatamento 09. Nota a letra da música a seguir:
é investimento rural; lavanderia de dinheiro escuso é paraíso fiscal; VOZES DA SECA
3
acumulação privada de riqueza é democracia; socialização de Seu doutô os nordestino têm muita gratidão
bens é ditadura; governar a favor da maioria é populismo; tortura Pelo auxílio dos sulista nessa seca do sertão
é constrangimento ilegal; invasão é intervenção; 4peste é pandemia; Mas doutô uma esmola a um homem qui é são
5
magricela é anoréxica. Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão
Eufemismo é a arte de dizer uma coisa e acreditar que o público É por isso que pidimo proteção a vosmicê
escuta ou lê outra. É um jeitinho de escamotear significados. De tentar Home pur nóis escuído para as rédias do pudê
encobrir verdades e realidades. Pois doutô dos vinte estado temos oito sem chovê
Posso admitir que pertenço à terceira idade, embora esteja na Veja bem, quase a metade do Brasil tá sem cumê
cara: sou velho. 6Ora, poderia dizer que sou seminovo! Como carros Dê serviço a nosso povo, encha os rio de barrage
em revendedoras de veículos. Todos velhos! Mas o adjetivo seminovo Dê cumida a preço bom, não esqueça a açudage
os torna mais vendáveis. Livre assim nóis da ismola, que no fim dessa estiage
Lhe pagamo inté os juru sem gastar nossa corage
Coitadas das palavras! Elas 7são distorcidas para que a realidade, Se o doutô fizer assim salva o povo do sertão
escamoteada, permaneça como está. Não conseguem, contudo, Quando um dia a chuva vim, que riqueza pra nação!
escapar da luta de classes: pobre é ladrão, 8rico é corrupto. Nunca mais nóis pensa em seca, vai dá tudo nesse chão
Pobre é viciado, rico é dependente químico. Como vê nosso distino mercê tem na vossa mão
Em suma, eufemismo é um truque semântico para tentar amenizar
(Luiz Gonzaga e Zé Dantas. Disponível em: http://letras.mus.br/luiz-gonzaga/47103.
os fatos. Acesso em: 17/07/2013.)
(Frei Betto. Adaptado de O Dia, 21/03/2015.)
O texto é uma canção que foi lançada em 1953, ano em que houve
Frei Betto inicia seu texto com uma citação do escritor uruguaio uma grande seca no Nordeste. Sobre a voz que se manifesta no texto,
Eduardo Galeano, recorrendo a recurso comum de argumentação. analise as proposições a seguir.
Esse recurso constitui um argumento de: I. Dirige-se a um interlocutor que lhe é hierarquicamente superior,
a) comparação. c) contestação. se considerada a escala social.
b) causalidade. d) autoridade. II. Mostra uma postura de humildade diante dos desígnios divinos e
de aceitação da boa vontade dos poderosos.

168 PROMILITARES.COM.BR
ASPECTOS ESTILÍSTICOS E SEMÂNTICOS NA ORGANIZAÇÃO TEXTUAL E NOS PROCESSOS ARGUMENTATIVOS

III. É destituída de argumentação lógica, já que recusa ajuda para uma população em situação de calamidade.
IV. Constitui uma manifestação de resistência a soluções pífias que não resolvem definitivamente o problema da seca.
V. Revela um cidadão altivo, que tem propostas concretas para o problema da seca no Sertão nordestino.
Estão CORRETAS apenas:
a) I, II e IV. b) I, III e V. c) I, IV e V. d) II, III e IV. e) II, III e V.

10. Leia a tira abaixo.

Sobre a argumentação de Calvin, considere as seguintes afirmativas:


1. Ao se dirigir à professora, Calvin faz uma simulação do discurso jurídico, tanto no vocabulário quanto na organização dos argumentos.
2. A argumentação de Calvin está fundada na premissa de que a ignorância é uma condição necessária para a felicidade.
3. Calvin questiona a eficiência da professora quando diz que sua aula é uma tentativa deliberada de privá-lo da felicidade.
4. Ao gritar “Ditadura!” no último quadrinho, Calvin protesta contra o desrespeito à Constituição, que lhe garante o direito inalienável à
felicidade.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras. d) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.
b) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras. e) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.

EXERCÍCIOS DE

COMBATE
01. Leia.
BILHETE COMPLICADO
O Gumercindo, quando jovem, era daqueles cavalheiros à moda antiga, que gostava de tudo certinho e no seu devido tempo. Namorava uma
linda donzela, por quem estava realmente apaixonado.
Um dia, quando fazia uma viagem de negócios, Gumercindo entrou em uma loja e comprou um presente para a namorada: finíssimo par de
luvas de pelica. Só que na hora do embrulho, a balconista se enganou e colocou na caixa uma calcinha de renda, e o pacote foi despachado pelo
correio com o seguinte bilhete:
“Estou mandando este presente para fazer-lhe uma surpresa. Sei que você não usa, pois nunca a vi usar. Pena não estar aí para ajudá-la a
vestir. Fiquei em dúvida com a cor, no entanto a balconista experimentou na minha frente e me mostrou que era a mais bonita. Achei meio larga
na frente, mas ela me explicou que era para a mão entrar mais fácil e os dedos mexerem bem. Você não deve lavar em casa por recomendação do
fabricante. Depois de usar, passe talco e vire do avesso para não dar mau cheiro. Espero que goste, pois este presente vai cobrir aquilo que vou lhe
pedir muito em breve. Receba um afetuoso abraço do seu Gumercindo.”
(Marcos Vinícius Ribeiro, Humor na Mirabilândia – Paraguaçu – MG

Julgue os itens seguintes (verdadeiro ou falso) de acordo com o texto.


( ) Percebe-se claramente que as consequências não serão agradáveis e que certamente o relacionamento com a linda donzela chegará ao fim.
( ) Mesmo diante do acontecimento inesperado, o personagem deixa claro que as suas intenções são as mais apaixonadas possíveis e que, mesmo
numa viagem de negócios, lembrou a amada.
( ) “Estou mandando este presente para fazer-lhe um surpresa.” – A expressão “este presente” e o pronome oblíquo “lhe” retomam, no texto,
respectivamente “luva de pelica” e “namorada”.

PROMILITARES.COM.BR 169
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02. Observe o poema: (...) – e há indagações minuciosas


Engenho de febre Atrás de portas fechadas, dentro das casas fronteiras.
Sono e lembrança à luz de velas acesas, “Que estão fazendo, tão tarde?
Que arma entre sigilo e espionagem, Que escrevem, conversam, pensam?
E desarma minha morte acontece a Inconfidência. Mostram livros proibidos?
Em armadura de treva. (...) Lêem notícias nas Gazetas?
liberdade, ainda que tarde, Terão recebido cartas
A ausência de pontuação nessa estrofe do poema pode nos levar a ouve-se em redor da mesa. de potências estrangeiras?”
diferentes leituras do texto. E a bandeira já está viva, (...)
A única interpretação incoerente desse trecho é apresentada em: e sobe, na noite imensa. Ó vitórias, festas, flores
a) Engenho de febre e de sono, e lembrança que arma e desarma E os seus tristes inventores das lutas da Independência!
minha morte em armadura de treva. já são réus – pois se atreveram Liberdade – essa palavra
a falar em Liberdade que o sonho humano alimenta:
b) Engenho de febre, de sono e de lembrança, a qual arma e desarma
(que ninguém sabe o que seja). que não há ninguém que explique,
minha morte em armadura de treva.
e ninguém que não entenda!
c) Engenho de febre, de sono e de lembrança, o qual arma e Através de grossas portas, (...)
desarma minha morte em armadura de treva. sentem-se luzes acesas,
d) Engenho de febre, engenho que é sono e lembrança, e que arma (MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência.
e desarma minha morte em armadura de treva. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989.)

03. Os únicos versos que não apresentam explicitamente a referência


QUALQUER CANÇÃO histórica estão transcritos na seguinte alternativa:
Qualquer canção de amor Porém, inda é melhor a) “entre sigilo e espionagem, / acontece a Inconfidência.”
É uma canção de amor Sofrer em dó menor b) “Liberdade, ainda que tarde, / ouve-se em redor da mesa.”
Não faz brotar amor Do que você sofrer
c) “– e há indagações minuciosas / dentro das casas fronteiras.”
E amantes Calado
Porém, se essa canção Qualquer canção de bem d) “Ó vitórias, festas, flores / das lutas da Independência!”
Nos toca o coração Algum mistério tem
O amor brota melhor É o grão, é o germe, é o gen 06. (…) e tudo ficou sob a guarda de Dona Plácida, suposta, e, a
E antes Da chama certos respeitos, verdadeira dona da casa.
Qualquer canção de dor E essa canção também
Não basta a um sofredor Corrói como convém Custou-lhe muito a aceitar a casa; farejara a intenção, e doía-lhe
Nem cerze um coração O coração de quem o ofício; mas afinal cedeu. Creio que chorava, a princípio: tinha nojo
Rasgado Não ama de si mesma. Ao menos, é certo que não levantou os olhos para mim
(CHICO BUARQUE In: CHEDIAK, Almir. durante os primeiros dois meses; falava-me com eles baixos, séria,
Chico Buarque song book 3. Rio de Janeiro: Lumiar.) carrancuda, às vezes triste. Eu queria angariá-la, e não me dava por
Vocabulário: ofendido, tratava-a com carinho e respeito; forcejava por obter-lhe a
dó menor – um dos tons musicais
benevolência, depois a confiança. Quando obtive a confiança, imaginei
gen – relativo a origem, nascimento
uma história patética dos meus amores com Virgília, um caso anterior
A coerência é determinada, entre outros fatores, por elementos que
ao casamento, a resistência do pai, a dureza do marido, e não sei que
contribuam para a progressão do texto.
outros toques de novela. Dona Plácida não rejeitou uma só página
Na letra da canção de Chico Buarque, a coerência do texto decorre da
da novela: aceitou-as todas. Era uma necessidade da consciência. Ao
utilização dos seguintes recursos:
cabo de seis meses quem nos visse a todos três juntos diria que Dona
a) marcação rítmica, repetição vocabular, paralelismo sintático.
Plácida era minha sogra.
b) marcação rítmica, repetição vocabular, multiplicidade temática.
Não fui ingrato; fiz-lhe um pecúlio de cinco contos, – os cinco
c) repetição vocabular, paralelismo sintático, multiplicidade temática.
contos achados em Botafogo, – como um pão para a velhice. Dona
d) marcação rítmica, paralelismo sintático, multiplicidade temática. Plácida agradeceu-me com lágrimas nos olhos, e nunca mais deixou
de rezar por mim, todas as noites, diante de uma imagem da Virgem,
04. Somos poetas. Utópicos. Lutamos contra o desespero, contra a
que tinha no quarto. Foi assim que lhe acabou o nojo.
injustiça. Esperança acumulada. Teimosia necessária.
O trecho acima exemplifica um modo de escrita que emprega muitas (Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas)
frases curtas mas poucas palavras de ligação. Tais frases, no entanto,
A expressão que retrata de modo mais depreciativo o comportamento
não poderiam ser consideradas fragmentos dispersos, sem unidade.
de Dona Plácida é
A unidade e a coerência entre elas é garantida pelo fato de:
a) “farejara”. d) “não levantou os olhos”.
a) haver uma sequência fixa na ordem de aparecimento no trecho.
b) “doía”. e) “falava-me (…), carrancuda”
b) manterem uniformidade nas formas verbais flexionadas no
c) “tinha nojo”.
presente.
c) apresentarem-se como uma justaposição marcada pelo uso do
07. Em relação a “Custou-lhe muito a aceitar a casa”, as formas
ponto.
verbais farejara e doía expressam, respectivamente,
d) possuírem inter-relações de sentido indicadas pelo contexto
a) posterioridade e simultaneidade.
linguístico.
b) simultaneidade e anterioridade.
05. O poema de Cecília Meireles a seguir enfoca um momento c) posterioridade e anterioridade.
específico de tensão política e de oposição aos poderes estabelecidos d) anterioridade e simultaneidade.
na história do Brasil.
e) simultaneidade e posterioridade.

170 PROMILITARES.COM.BR
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08. Observe o texto: Não há como negar, contudo, que esta utilização constante do
O OLHAR TAMBÉM PRECISA APRENDER A ENXERGAR aparelhinho tem causado desconfortos sociais. Comenta a Danuza
Há uma historinha adorável, contada por Eduardo Galeano, Leão: “Outro dia fui a um jantar com mais seis pessoas e todas elas
escritor uruguaio, que diz que um pai, morador lá do interior do seguravam um celular.
país, levou seu filho até a beira do mar. O menino nunca tinha visto Pior, duas delas, descobri depois, trocavam torpedos entre
aquela massa de água infinita. Os dois pararam sobre um morro. O elas.” Me sinto muito constrangido quando, num grupo, em torno
menino, segurando a mão do pai, disse a ele: “Pai, me ajuda a olhar”. de uma mesa, tem alguém, do meu lado, falando, sem parar, pelo
Pode parecer uma espécie de fantasia, mas deve ser a exata verdade, celular. Pior, bem pior, quando estou só com alguém, e esta pessoa
representando a sensação de faltarem não só palavras mas também fica atendendo ligações contínuas, algumas delas com aquela voz
capacidade para entender o que é que estava se passando ali. abafada, sussurrante... Pode? É frequente um casal se sentar a uma
Agora imagine o que se passa quando qualquer um de nós para mesa colada à minha, em um restaurante e, depois, feitos os pedidos
diante de uma grande obra de arte visual: como olhar para aquilo e aos garçons, a mulher e o homem tomam, de imediato, os seus
construir seu sentido na nossa percepção? Só com auxílio mesmo. Não respectivos celulares.
quer dizer que a gente não se emocione apenas por ser exposto a um
E ficam neles conversando quase o tempo todo, mesmo após
clássico absoluto, um Picasso ou um Niemeyer ou um Caravaggio. Quer
o início da refeição. Se é um casal de certa idade, podem me
dizer apenas que a gente pode ver melhor se entender a lógica da criação.
argumentar, não devia ter mais nada para conversar. Afinal, casados
(Luís Augusto Fischer, Folha de S. Paulo)
há tanto tempo! Porém, vejo também casais bem mais jovens, com a
Relacionando a história contada pelo escritor uruguaio com “o que se mesma atitude, consultando, logo ao se sentarem, os celulares para
passa quando qualquer um de nós para diante de uma grande obra ver o movimento nas redes sociais, ou enviando torpedos, a maior
de arte”, o autor do texto defende a ideia de que: parte do tempo. Clima de namoro, de sedução, é que não brotava
dali. Talvez, alguém parece ter murmurado em meu ouvido, assim
a) o belo natural e o belo artístico provocam distintas reações de
nossa percepção. os casais encontraram uma maneira eficiente de não discutirem.
Falando com pessoas não presentes ali. A tecnologia a serviço do bom
b) a educação do olhar leva a uma percepção compreensiva das entendimento, de uma refeição em paz.
coisas belas.
Mas vivencio sempre outras situações em que o uso do celular
c) o belo artístico é tanto mais intenso quanto mais espelhe o belo
me prende a atenção. Entrei em um consultório médico, uma
natural.
senhora aguardava sua vez na sala de espera. Deu para perceber
d) a lógica da criação artística é a mesma que rege o funcionamento que ela acabava de desligar seu aparelho. Mas, de imediato, fez
da natureza. outra chamada. Estava sentado próximo a ela, que falava bem alto.
e) a educação do olhar devolve ao adulto a espontaneidade da A ligação era para uma amiga bem íntima, estava claro pela conversa
percepção das crianças. desenrolada, desenrolada mesmo. Em breves minutos, não é por
nada não, fiquei sabendo de alguns “probleminhas” da vida desta
TEXTO PARA AS QUESTÕES 09 E 10. senhora. Não, não vou aqui devassar a vida dela, nem a própria me
OS CELULARES deu autorização para tal... Afinal, sou uma pessoa discreta.

Resolvi optar pela forma de plural, pois vejo tanta gente agora Não pude foi evitar escutar o que minha companheira de sala de
com, pelo menos, dois. O que me pergunto é como se comportaria espera... berrava. Para não dizer, no entanto, que não contei nada,
a maioria das pessoas sem celular, como viver hoje sem ele? Uma também é discrição demais, só um pequeno detalhe, sem maior
epidemia neurótica grave atacaria a população? Certamente! Quem surpresa: ela estava a ponto de estrangular o marido. 0 homem, não
não tem seu celular hoje em dia? Crianças, cada vez mais crianças, posso afiançar, aprontava as suas. Do outro lado, a amigona parecia
lidam, e bem, com ele. Apenas uns poucos retrógrados, avessos ao estimular bem a infortunada senhora. De repente, me impedindo de
progresso tecnológico. A força consumista do aparelho foi crescendo saber mais fatos, a atendente chama a senhora, chegara a sua hora
com a possibilidade de suas crescentes utilizações. Me poupem de de adentrar ao consultório do médico. Não sei como ela, bastante
enumerá-las, pois só sei de algumas. De fato, ele faz hoje em dia de exasperada, iria enfrentar um exame, na verdade, delicado. Não deu
um tudo. Diria mesmo que o celular veio a modificar as relações do ser para vê-la sair pela outra porta. É, os celulares criaram estas situações,
humano com a vida e com as outras pessoas. propiciando já a formação do que poderá vir a ser chamado de
auditeurismo, que ficará, assim, ao lado do antigo voyeurismo.
Até que não custei tanto assim a aderir a este telefoninho! Nem
(UCHÔA, Carlos Eduardo Falcão. Os celulares. In:___ . A vida e o tempo
posso deixar de reconhecer que ele tem me quebrado uns galhos em tom de conversa. Ia ed. Rio de Janeiro: Odisséia, 2013. p. 150-153.)
importantes no corre-corre da vida.
Mas me utilizo dele pouco e apenas para receber e efetuar ligações. 09. (EN 2015) Em sua linha argumentativa, o autor do texto,
Nem lembro que ele marca as horas, possui calendário. É verdade, a) considera improcedente o número de celulares que as
recebi uns torpedos e, com dificuldade, enviei outros, bem raros. pessoas carregam, sobretudo as crianças, uma vez que esse
Imagine tirar fotos, conectá-lo à internet, ao Facebook! Não quero comportamento reforça os valores consumistas que dominam a
passar por um desajustado à vida moderna. Isto não! No computador, sociedade.
por exemplo, além dos e-mails, participo de rede social, digito (mal), b) revela que ele também se tornou mais um usuário submisso ao
é verdade, meus textos, faço lá algumas compras e pesquisas... Fora celular, já que esse aparelho facilita-lhe a resolução de muitas
dele, tenho meus cartões de crédito, efetuo pagamentos nas máquinas questões do cotidiano.
bancárias e, muito importante, sei de cabeça todas as minhas senhas,
c) reconhece os aspectos favoráveis do celular, mas destaca a
que vão se multiplicando. Haja memória!
tendência a um isolamento social, decorrente do uso inoportuno
Mas, no caso dos celulares, o que me chama mesmo a atenção desse telefone móvel.
é que as pessoas parecem não se desgrudar dele, em qualquer
d) ressalta que, no mundo moderno, o uso imperativo do celular
situação, ou ligando para alguém, ou entrando em contato com a tornou-se uma espécie de “epidemia neurótica”.
internet, acompanhando o movimento das postagens do face, ou
mesmo brincando com seus joguinhos, como procedem alguns e) observa que as pessoas ainda contrárias aos avanços tecnológicos
condenam, veementemente, o uso do celular.
taxistas, naqueles instantes em que param nos sinais ou em que o
trânsito está emperrado.

PROMILITARES.COM.BR 171
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10. Em que opção o autor utiliza um neologismo?


a) “Nem posso deixar de reconhecer que ele tem me quebrado uns
galhos importantes no corre-corre da vida.” (2° parágrafo)
b) “No computador, por exemplo, além dos e-mails, participo de
rede social, digito (mal), é verdade, meus textos, faço lá algumas
compras [...].” (2° parágrafo)
c) “Não há como negar, contudo, que esta utilização constante do
aparelhinho tem causado desconfortos sociais.” (4° parágrafo)
d) “Talvez, alguém parece ter murmurado em meu ouvido, assim os
casais encontraram uma maneira eficiente de não discutirem.”
(4° parágrafo)
e) “É, os celulares criaram estas situações, propiciando já a formação
do que poderá vir a ser chamado de auditeurismo, que ficará,
[...].” (5° parágrafo)

GABARITO
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01. B 04. C 07. A 10. C
02. D 05. C 08. A
03. B 06. A 09. C
EXERCÍCIOS DE TREINAMENTO
01. D 04. D 07. D 10. D
02. A 05. A 08. E
03. B 06. C 09. C
EXERCÍCIOS DE COMBATE
01. F - V - V 04. D 07. D 10. E
02. A 05. C 08. B
03. A 06. A 09. C

ANOTAÇÕES

172 PROMILITARES.COM.BR
VERSIFICAÇÃO

“É a técnica de fazer versos ou de estudar-lhes os expedientes Há rima perfeita tanto entre sul e azul, como entre as formas
rítmicos de que se constituem.” trouxe, doce e fosse, que apresentam a mesma terminação grafada
(Evanildo Bechara) de três maneiras diferentes.
O ritmo poético é caracterizado pela repetição e consiste na
divisão perceptível do espaço e do tempo em intervalos iguais. Quando RIMA IMPERFEITA
um poema se constitui de unidades rítmicas idênticas, dizemos que a Nem sempre há identidade absoluta entre os sons dispostos em rima:
versificação é regular; quando não, a versificação é irregular ou livre.
Exemplo:
Pensar eu que o teu destino
TIPOS DE VERSO Ligado ao meu outro fora,
• Monossílabos • Heptassílabos Pensar que te vejo agora,
• Dissílabos • Octossílabos Por culpa minha, infeliz...
(Gonçalves Dias)
• Trissílabos • Eneassílabos
• Tetrassílabos • Decassílabos
• Pentassílabos • Hendecassílabos
RIMA POBRE
Consideram-se POBRES as rimas feitas com terminações de
• Hexassílabos • Dodecassílabos palavras da mesma classe gramatical.
Exemplos:
A RIMA infinitivos em –ar;
Identidade ou semelhança de sons em lugares determinados dos particípios em –ado;
versos. gerúndios em –ando;
Oh, que saudades que tenho diminutivos em – inho;
da aurora da minha vida advérbios em – mente.
da minha infância querida
que os anos não trazem mais RIMA RICA
(Casimiro de Abreu)
São as rimas que se fazem com palavras de classe gramatical
diversa ou de finais pouco frequentes.
A RIMA E O ACENTO
Exemplo:
Quanto à posição do acento tônico, as RIMAS, como as palavras,
podem ser: O teu olhar, Senhora, é a estrela da alva
Que entre alfombras de nuvens irradia:
a) AGUDAS - terminam em palavras oxítonas.
Salmo de amor, canto de alívio, e salva
Vinhos dum vinhedo, frutos dum pomar, De palmas a saudar a luz do dia...
Que no céu os anjos regam com luar... (Alphonsus de Guimaraens)
(Guerra Junqueiro)
irradia = verbo
b) GRAVES - terminam em palavras paroxítonas. dia = substantivo

Calçou as sandálias, tocou-se de flores, As disposições mais frequentes de rimas são as seguintes:
Vestiu-se de Nossa Senhora das Dores.
(António Nobre)
RIMA CRUZADA
c) ESDRÚXULAS - terminam em palavras proparoxítonas. Poesia é carne e é flores, (A)
No ar lento fumam gomas aromáticas, é suor cristalizado, (B)
Brilham as navetas, brilham as dalmáticas. trepidação de motores (A)
(Eugénio de Castro)
num céu diurno e estrelado. (B)
(António Gedeão)

RIMA PERFEITA
A rima é uma coincidência de sons, não de letras: RIMA EMPARELHADA
Céu puro que o Sol trouxe Ora, se o filho do alfaiate qualquer dia (A)
Claro de norte a sul, Inaugurava ainda a Quinta dinastia!... (A)
O teu olhar é doce,
Eu sentado no trono!... Eu rei de Portugal!... (B)
Negro assim, qual se fosse
Inteiramente azul. Que, rei ou presidente, enfim é tudo igual... (B)
(Alphonsus de Guimaraens) (Guerra Junqueiro)

PROMILITARES.COM.BR 173
VERSIFICAÇÃO

RIMA INTERPOLADA 02. A questão seguinte é relacionada a uma passagem bíblica e a


Quando perderes o gosto humilde da tristeza, (A) um trecho da canção Cálice, realizada em 1973, por Chico Buarque
(1944-) e Gilberto Gil (1942-).
Quando, nas horas melancólicas do dia, (B)
Não ouvires mais os lábios da sombra (C) TEXTO BÍBLICO
Murmurarem ao teu ouvido (D) Pai, se queres, afasta de mim este cálice! Contudo, não a minha
As palavras de voluptuosa beleza (A) vontade, mas a tua seja feita! (Lucas, 22)
(In: Bíblia de Jerusalém. 7ª impressão. São Paulo: Paulus, 1995)
Ou de casta sabedoria; (B)
(Manuel Bandeira) TRECHO DE CANÇÃO

Não raro, a rima está ausente do texto poético. Os versos tomam Pai, afasta de mim esse cálice!
então o nome de versos brancos ou soltos. Pai, afasta de mim esse cálice!
Pai, afasta de mim esse cálice
Exemplo: De vinho tinto de sangue.
Roseira magra
em seiva ardendo Como beber dessa bebida amarga,
sem folhas Tragar a dor, engolir a labuta,
defende com espinhos Mesmo calada a boca, resta o peito,
áspera Silêncio na cidade não se escuta.
a pequenina flama De que me vale ser filho da santa,
do coração exposto. Melhor seria ser filho da outra,
(Henriqueta Lisboa)
Outra realidade menos morta,
Tanta mentira, tanta força bruta.
(In: www.uol.com.br/chicobuarque/)
ESTROFE
Numa composição poética, os versos distribuem-se habitualmente Entendendo-se por rima a identidade ou semelhança de sons em lugares
por pequenos conjuntos-estrofes ou estâncias. determinados dos versos, nota-se, nas linhas pares da segunda estrofe
De acordo com o número de versos agrupados, as estrofes tomam de “Cálice”, que o único verso que frustra a expectativa de rima é
nomes particulares: a) “Como beber dessa bebida amarga.”
estrofes de dois versos – dísticos ou parelhas b) “Silêncio na cidade não se escuta”.
estrofes de três versos – tercetos c) “De que me vale ser filho da santa”.
estrofes de quatro versos – quadras d) “Melhor seria ser filho da outra”.
estrofes de cinco versos – quintilhas e) “Tanta mentira, tanta força bruta”.
estrofes de seis versos – sextilhas
03. Leia.
estrofes de sete versos – sétimas
MEU SONHO
estrofes de oito versos – oitavas
Eu
estrofes de nove versos – nonas Cavaleiro das armas escuras,
estrofes de dez versos – décimas Onde vais pelas trevas impuras
Com a espada sanguenta na mão?
Por que brilham teus olhos ardentes
EXERCÍCIOS DE E gemidos nos lábios frementes
Vertem fogo do teu coração?
FIXAÇÃO Cavaleiro, quem és? o remorso?
Do corcel te debruças no dorso...
E galopas do vale através...
01. Leia. Oh! da estrada acordando as poeiras
3 DE MAIO Não escutas gritar as caveiras
Aprendi com meu filho de dez anos E morder-te o fantasma nos pés?
Que a poesia é descoberta Onde vais pelas trevas impuras,
Das coisas que eu nunca vi Cavaleiro das armas escuras,
(Oswald de Andrade) Macilento qual morto na tumba?...
Assinale a alternativa correta. Tu escutas... Na longa montanha
Um tropel teu galope acompanha?
a) O poema é uma radical defesa da oralidade literária, pois o verso E um clamor de vingança retumba?
Das coisas que eu nunca vi (v.3) é entendido pelo leitor como “Das
coisas que eu nunca li”. Cavaleiro, quem és? - que mistério,
b) A referência à infância no primeiro verso e o próprio título do Quem te força da morte no império
poema afastam qualquer possibilidade de metalinguagem. Pela noite assombrada a vagar?
c) A crítica elitista contra modos de pensamento inovadores assume
em “3 de Maio” uma acentuada expressão. O FANTASMA
d) A ausência de complexidade formal do poema impede-o de ser Sou o sonho de tua esperança,
considerado um exemplar típico da primeira fase modernista. Tua febre que nunca descansa,
e) A poesia nos propõe uma visão renovada da experiência do O delírio que te há de matar!...
mundo, revelando facetas daquilo que não estava evidente em (AZEVEDO, A. de. Lira dos vinte anos. São Paulo:
um primeiro olhar. FTD, 1994. p. 209. (Coleção Grandes Leituras)

174 PROMILITARES.COM.BR
VERSIFICAÇÃO

O ritmo de um poema é determinado pelo número e pela acentuação 06. Observe o texto:
de suas sílabas poéticas; já as rimas implicam igualdade sonora, NAMORADOS
especialmente ao final dos versos. O rapaz chegou-se para junto da moça e disse:
Por isso, é correto afirmar sobre “Meu sonho” que: — Antônia, ainda não me acostumei com o seu corpo, com a
a) o ritmo e as rimas irregulares figuram o mistério a envolver o sua cara.
cavaleiro dentro daquele clima sombrio.
A moça olhou de lado e esperou.
b) o ritmo regular e as rimas irregulares mostram as alternâncias — Você não sabe quando a gente é criança e de repente vê uma
entre visões da vida e da morte. lagarta listrada?
c) o ritmo e as rimas regulares assemelham-se ao galope do cavaleiro
na sua aventura misteriosa. A moça se lembrava:
d) o ritmo irregular e as rimas regulares apontam as diferenças de — A gente fica olhando...
postura entre o “Eu” e o “Fantasma”. A meninice brincou de novo nos olhos dela.
O rapaz prosseguiu com muita doçura:
04. Observe o poema:
CANÇÃO DO EXÍLIO — Antônia, você parece uma lagarta listrada.
(...) A moça arregalou os olhos, fez exclamações.
Minha terra tem palmeiras, Minha terra tem primores, O rapaz concluiu:
Onde canta o Sabiá; Que tais não encontro eu cá; — Antônia, você é engraçada! Você parece louca.
As aves, que aqui gorjeiam, Em cismar - sozinho, à noite - (Manuel Bandeira. Poesia completa & prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985.)
Não gorjeiam como lá. Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras, No poema de Bandeira, importante representante da poesia modernista,
Nosso céu tem mais estrelas, Onde canta o Sabiá. destaca-se como característica da escola literária dessa época
Nossas várzeas têm mais flores, a) a reiteração de palavras como recurso de construção de rimas
Nossos bosques têm mais vida, Não permita Deus que eu morra, ricas.
Nossa vida mais amores. Sem que eu volte para lá; b) a utilização expressiva da linguagem falada em situações do
Sem que desfrute os primores cotidiano.
Em cismar, sozinho, à noite, Que não encontro por cá;
c) a criativa simetria de versos para reproduzir o ritmo do tema
Mais prazer encontro eu lá; Sem qu’inda aviste as palmeiras,
abordado.
Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá.
Onde canta o Sabiá. d) a escolha do tema do amor romântico, caracterizador do estilo
(Antônio Gonçalves Dias, Primeiros Cantos) literário dessa época.
e) o recurso ao diálogo, gênero discursivo típico do Realismo.
Os versos da “Canção do exílio” são construídos nos moldes da
redondilha maior, com predominância dos acentos de intensidade 07.
nas terceiras e sétimas sílabas métricas. Um verso que não segue esse Óia eu aqui de novo xaxando
padrão de tonicidade é Óia eu aqui de novo pra xaxar
a) “Minha terra tem palmeiras”.
b) “As aves, que aqui gorjeiam”. Vou mostrar pr’esses cabras
Que eu ainda dou no couro
c) “Nosso céu tem mais estrelas”. Isso é um desaforo
d) “Em cismar, sozinho, à noite”. Que eu não posso levar
e) “Onde canta o Sabiá”. Que eu aqui de novo cantando
Que eu aqui de novo xaxando
05. Leia. Óia eu aqui de novo mostrando
Como se deve xaxar.
Essa vida por aqui
é coisa familiar; Vem cá morena linda
mas diga-me retirante, Vestida de chita
sabe benditos rezar? Você é a mais bonita
sabe cantar excelências, Desse meu lugar
defuntos encomendar? Vai, chama Maria, chama Luzia
sabe tirar ladainhas, Vai, chama Zabé, chama Raque
sabe mortos enterrar? Diz que tou aqui com alegria.
(João Cabral de Melo Neto, Morte e vida Severina)
(BARROS, A. Óia eu aqui de novo. Disponível em:
<www.luizluagonzaga.mus.br > Acesso em 5 mai 2013)
O número de sílabas métricas (ou poéticas) dos versos do excerto é o
mesmo do seguinte provérbio: A letra da canção de Antônio Barros manifesta aspectos do repertório
a) A bom entendedor / meia palavra basta. linguístico e cultural do Brasil. O verso que singulariza uma forma do
falar popular regional é
b) Água mole em pedra dura / tanto bate até que fura.
a) “Isso é um desaforo”.
c) Quem semeia vento / colhe tempestades.
b) “Diz que eu tou aqui com alegria”.
d) Quem dorme com cães / amanhece com pulgas.
c) “Vou mostrar pr’esses cabras”.
e) Cabeça de vadio / hospedaria do diabo.
d) “Vai, chama Maria, chama Luzia”.
e) “Vem cá, morena linda, vestida de chita”.

PROMILITARES.COM.BR 175
VERSIFICAÇÃO

08. Observe o texto: Que saudade ingrata


Nasce o Sol, e não dura mais que um dia, Dar banda por aí
Depois da Luz se segue a noite escura, Fazendo grandes planos
Em tristes sombras morre a formosura, E chutando lata
Em contínuas tristezas a alegria. Trocando figurinha
Matando passarinho
Porém, se acaba o Sol, por que nascia? Colecionando minhoca
Se é tão formosa a Luz, por que não dura? Jogando muito botão
Como a beleza assim se transfigura? Rodopiando pião
Como o gosto da pena assim se fia? Fazendo troca-troca
(Chico Buarque)
Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância, Quanto aos aspectos formais dos poemas, marque a opção INCORRETA.
E na alegria sinta-se tristeza. a) O único com versos metrificados é o texto 1, versos redondilhos
maiores ou heptassílabos.
Começa o mundo enfim pela ignorância, b) A presença de rimas ricas nos texto 1 e 2 (mais/laranjais) aproxima
E tem qualquer dos bens por natureza os respectivos autores ao Parnasianismo.
A firmeza somente na inconstância.
c) O vocabulário antiacadêmico dos textos 3 e 4 são marcas bem
(Gregório de Matos - Poemas escolhidos, 2010.)
características de fases do Modernismo.
A exemplo do verso “A firmeza somente na inconstância.” (4ª estrofe), d) Apesar de modernistas, os textos 2, 3 e 4 apresentam algumas
verifica-se a quebra da lógica em: rimas, elemento nem sempre valorizado por seus contemporâneos.
a) “Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,”. (3ª estrofe) e) A ausência de pontuação dos textos 2 e 4 e a falta de concordância
b) “Se é tão formosa a Luz, por que não dura?”. (2ª estrofe) em “nenhum laranjais” são características do antiacademicismo
do séc. XX.
c) “Depois da Luz se segue a noite escura,”. (1ª estrofe)
d) “Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,”. (1ª estrofe) 10. Analise os seguintes textos:
e) “E na alegria sinta-se tristeza”. (3ª estrofe) Texto 1:
Perante a Morte empalidece e treme,
09. Note os textos a seguir: Treme perante a Morte, empalidece.
Texto 1: Coroa-te de lágrimas, esquece
O Mal cruel que nos abismos geme.
Oh! que saudades que tenho
(Cruz e Souza, Perante a morte.)
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida, Texto 2:
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores, Tu choraste em presença da morte?
Naquelas tardes fagueiras Na presença de estranhos choraste?
À sombra das bananeiras Não descende o cobarde do forte;
Debaixo dos laranjais! Pois choraste, meu filho não és!
(Casimiro de Abreu) (Gonçalves Dias, I Juca Pirama.)

Texto 2: Texto 3:
Oh que saudades que eu tenho Corrente, que do peito destilada,
Da aurora de minha vida Sois por dous belos olhos despedida;
Das horas E por carmim correndo dividida,
De minha infância Deixais o ser, levais a cor mudada.
Que os anos não trazem mais (Gregório de Matos, Aos mesmos sentimentos.)
Naquele quintal de terra!
Da Rua de Santo Antônio Texto 4:
Debaixo da bananeira Chora, irmão pequeno, chora,
Sem nenhum laranjais Porque chegou o momento da dor.
(Oswald de Andrade) A própria dor é uma felicidade...
(Mário de Andrade, Rito do irmão pequeno.)
Texto 3:
O chi sodades che io tegno Texto 5:
D’aquillo gustoso tempigno Meu Deus! Meu Deus! Mas que bandeira
Ch’io satava o tempo intirigno é esta,
Brincando c’oas mulecada. Que impudente na gávea tripudia?!...
Che brutta insgugliambaçó, Silêncio! ... Musa! Chora, chora tanto
Che troça, che bringadêra, Que o pavilhão se lave no teu pranto...
Imbaxo das bananêra, (Castro Alves, O navio negreiro.)
Na sombra dus bambuzá.
(Juó Bananere) Um dos textos tem sua musicalidade garantida pela presença da rima
em todos os finais dos versos e, ao mesmo tempo, pela repetição
Texto 4: dessas rimas em seu interior, sem exceção. Esse texto é o:
Ai que saudades eu tenho a) I. d) IV.
Dos meus doze anos b) II. e) V.
c) III.

176 PROMILITARES.COM.BR
VERSIFICAÇÃO

EXERCÍCIOS DE 03. Analise o poema:


“DISSOLUÇÃO”
TREINAMENTO Carlos Drummond de Andrade (1902-1987

Escurece, e não me seduz


tatear sequer uma lâmpada.
01. Leia. Pois que 1aprouve ao dia findar,
Crescia naturalmente aceito a noite.
Fazendo estripulia,
Malino e muito arguto, E com ela aceito que brote
Gostava de zombaria. uma ordem outra de seres
A cabeça duma escrava e coisas não figuradas.
Quase arrebentei um dia. Braços cruzados.

E tudo isso porque Vazio de quanto amávamos,


Um doce me havia negado, mais vasto é o céu. Povoações
De cinza no tacho cheio surgem do vácuo.
Inda joguei um punhado, Habito alguma?
Daí porque a alcunha
De “Menino Endiabrado”. E nem destaco minha pele
da confluente escuridão.
Prudêncio era um menino Um fim unânime concentra-se
Da casa, que agora falo. e pousa no ar. Hesitando.
Botava suas mãos no chão
Pra poder depois montá-lo: E aquele agressivo espírito
Com um chicote na mão que o dia 2carreia consigo,
Fazia dele um cavalo. já não oprime. Assim a paz,
(Varneci Nascimento. Memórias póstumas de Brás Cubas em cordel.) destroçada.

Considere as seguintes afirmações: Vai durar mil anos, ou


I. Os versos do poema possuem sete sílabas poéticas. extinguir-se na cor do galo?
Esta rosa é definitiva,
II. O poema é composto por três sextilhas.
ainda que pobre.
III. As três estrofes obedecem ao esquema de rimas ABCBDB.
Está correto o que se afirma em Imaginação, falsa demente,
já te desprezo. E tu, palavra.
a) I, apenas. d) I e II, apenas.
No mundo, perene trânsito,
b) II, apenas. e) I, II e III. calamo-nos.
c) III, apenas. E sem alma, corpo, és suave.
(Claro enigma, 2012.)
02. Observe o texto: 1
aprazer: causar ou sentir prazer; contentar(-se).
Alma minha gentil, que te partiste
2
carrear: carregar.
tão cedo desta vida descontente, O pronome “te”, empregado no segundo verso da última estrofe,
repousa lá no Céu eternamente, refere-se a
e viva eu cá na terra sempre triste. a) “imaginação”. d) “mundo”.
Se lá no assento etéreo, onde subiste, b) “palavra”. e) “corpo”.
memória desta vida se consente, c) “rosa”.
não te esqueças daquele amor ardente
que já nos olhos meus tão puro viste. 04. Considere o poema a seguir:
MÃOS
E se vires que pode merecer-te
alguma coisa a dor que me ficou Mãos de veludo, mãos de mártir e de santa,
da mágoa, sem remédio, de perder-te, o vosso gesto é como um balouçar de palma;
o vosso gesto chora, o vosso gesto geme, o vosso gesto canta!
roga a Deus, que teus anos encurtou, Mãos de veludo, mãos de mártir e de santa,
que tão cedo de cá me leve a ver-te, rolas à volta da negra torre da minh’alma.
quão cedo de meus olhos te levou.
(Sonetos, 2001.)
Pálidas mãos, que sois como dois lírios doentes,
Caridosas Irmãs do hospício da minh’alma,
No soneto, o eu lírico O vosso gesto é como um balouçar de palma,
Pálidas mãos, que sois como dois lírios doentes...
a) suplica a Deus que suas memórias afetivas lhe sejam subtraídas.
b) expressa o desejo de que sua amada seja em breve restituída à Mãos afiladas, mãos de insigne formosura,
vida. Mãos de pérola, mãos cor de velho marfim,
c) expressa o desejo de que sua própria vida também seja abreviada. Sois dois lenços, ao longe, acenando por mim,
d) suplica a Deus que sua amada também se liberte dos sofrimentos Duas velas à flor duma baía escura.
terrenos.
Mimo de carne, mãos magrinhas e graciosas,
e) lamenta que sua própria conduta tenha antecipado a morte da
Dos meus sonhos de amor, quentes e brandos ninhos,
amada.

PROMILITARES.COM.BR 177
VERSIFICAÇÃO

Divinas mãos que me heis coroado de espinhos, Uma característica do gênero diário que aparece na letra da canção de
Mas que depois me haveis coroado de rosas! Chico Buarque é o(a)
a) diálogo com interlocutores próximos.
Afilhadas do luar, mãos de rainha,
Mãos que sois um perpétuo amanhecer, b) recorrência de verbos no infinitivo.
Alegrai, como dois netinhos, o viver c) predominância de tom poético.
Da minha alma, velha avó entrevadinha. d) uso de rimas na composição.
(Eugênio de Castro (1869-1944-Obras poéticas, 1968.)
e) narrativa autorreflexiva.
Verifica-se certa liberdade métrica na construção do poema. Na
primeira estrofe, tal liberdade comprova-se pela 07. Analise o poema:
O ÚLTIMO POEMA
a) construção do hendecassílabo fora dos rígidos modelos clássicos.
b) variedade do verso decassílabo e do verso alexandrino. Assim eu queria o meu último poema
c) presença de um verso com número menor de sílabas que os Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
alexandrinos. Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
d) desobediência aos padrões de pontuação tradicionais do
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
decassílabo.
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.
e) presença de dois versos com número maior de sílabas que os
(BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa.
alexandrinos. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996, p. 223.)

05. Leia o poema: De acordo com o poema acima, assinale a alternativa correta.
PORTÃO a) Neste poema de versos regulares, o eu lírico emprega o
O portão fica bocejando, aberto metadiscurso, debruçando-se sobre seu próprio fazer poético.
para os alunos retardatários. b) Neste poema de versos livres, o eu poético lança mão da
Não há pressa em viver metalinguagem para refletir sobre o seu próprio processo criativo.
nem nas ladeiras duras de subir,
1
quanto mais para estudar a insípida cartilha. c) Neste poema de versos brancos, o eu lírico, pelo processo
Mas se o pai do menino é da oposição, metalinguístico, compara a poesia ao suicídio.
à 2ilustríssima autoridade municipal, d) Neste poema de versos rimados, o eu lírico, pelo processo da
prima por sua vez da 3sacratíssima metapoesia, compara o fazer poético ao diamante.
autoridade nacional,
4
ah, isso não: o vagabundo 08. Leia.
ficará mofando lá fora
Onde estou? Este sítio desconheço:
e leva no boletim uma galáxia de zeros.
Quem fez tão diferente aquele prado?
Tudo outra natureza tem tomado;
A gente aprende muito no portão
E em contemplá-lo tímido esmoreço.
fechado.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. In: Carlos Drummond de Andrade:
Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço
Poesia e Prosa. Editora Nova Aguilar:1988. p. 506-507.)
De estar a ela um dia reclinado;
Considere as seguintes afirmações sobre os dois versos finais. Ali em vale um monte está mudado:
Quanto pode dos anos o progresso!
I. A separação desses dois versos em uma estrofe é um recurso
que enfatiza as ideias de exclusão, parcialidade e preconceito Árvores aqui vi tão florescentes,
presentes no poema. Que faziam perpétua a primavera:
II. Os dois versos constituem um enunciado que expressa uma Nem troncos vejo agora decadentes.
afirmação de valor individual ou particular.
III. Esse enunciado apresenta a estrutura linguística do axioma Eu me engano: a região esta não era;
(máxima, provérbio, anexim): é breve, expressa um conceito sobre Mas que venho a estranhar, se estão presentes
a realidade, tem o objetivo de ensinar e emprega o presente do Meus males, com que tudo degenera!
indicativo. (Cláudio Manuel da Costa - Obras, 1996.)

Está correto o que se afirma apenas em


Nesse soneto, são comuns as inversões, como se vê no verso – Quanto
a) II. c) II e III. pode dos anos o progresso! – que, em ordem direta, assume a
b) I e III. d) I. seguinte redação:
a) Quanto dos anos o progresso pode!
06. Considere a letra de música: b) O progresso quanto pode dos anos!
QUERIDO DIÁRIO c) Pode quanto dos anos o progresso!
Hoje topei com alguns conhecidos meus d) Quanto o progresso dos anos pode!
Me dão bom dia, cheios de carinho
Dizem para eu ter muita luz, ficar com Deus e) Pode quanto o progresso dos anos!
Eles têm pena de eu viver sozinho
[...] 09. Note o texto abaixo:
Hoje o inimigo veio me espreitar O NADA QUE É
Armou tocaia lá na curva do rio Um canavial tem a extensão
Trouxe um porrete a mó de me quebrar ante a qual todo metro é vão.
Mas eu não quebro porque sou macio, viu
(HOLANDA, C. B. Chico. Rio de Janeiro: Biscoito Fino, 2013 - fragmento.) Tem o escancarado do mar
que existe para desafiar

178 PROMILITARES.COM.BR
VERSIFICAÇÃO

que números e seus afins c) Já a lágrima triste choraram teus filhos.


possam prendê-lo nos seus sins. Teus filhos que choram tão grande tardança
d) Índio gigante adormecerá um dia.
Ante um canavial a medida Junto aos Andes por terra era prostrado.
métrica é de todo esquecida,
02. Leia.
porque embora todo povoado
povoa-o o pleno anonimato COLAR DE CAROLINA
Com seu colar de coral,
que dá esse efeito singular: Carolina
de um nada prenhe como o mar. Corre por entre as colunas
(João Cabral de Melo Neto. Museu de tudo e depois, 1988.)
Da colina
O poema está organizado em versos de O colar de Carolina
Colore o colo de cal,
a) dez sílabas poéticas que traduzem a visão de uma poesia
descaracterizada pela falta de emoção. Torna corada a menina
E o sol, vendo aquela cor
b) oito sílabas poéticas que traduzem a visão de uma poesia de
expressão emocional contida. Do colar de Carolina
Põe coroas de coral
c) doze sílabas poéticas que traduzem a visão de uma poesia que
prima pela razão, mas sem abrir mão da emoção. Nas colunas da colina
(Cecília Meirelles)
d) cinco sílabas poéticas que traduzem a visão de uma poesia de
expressão sentimental exagerada. Pode-se afirmar a respeito do texto:
e) sete sílabas poéticas que traduzem a visão de uma poesia de a) São versos para crianças, tratando-se portanto, de literatura de
equilíbrio entre razão e sentimentalismo. caráter didático.
b) todas as palavras estão empregadas em sentido denotativo, o que
10. Considere o poema abaixo:
por vezes acontece em textos poéticos.
APÓSTROFE À CARNE
c) Os versos não têm valor estético porque não exprimem um
Quando eu pego nas carnes do meu rosto, pensamento profundo.
Pressinto o fim da orgânica batalha:
d) As sonoridades dos vocábulos foram habilmente manipuladas, o
– Olhos que o húmus necrófago estraçalha,
que revela o virtuosismo do autor.
Diafragmas, decompondo-se, ao sol-posto.
e) É uma composição tipicamente modernista, visto que os versos
E o Homem – negro e heteróclito composto, não têm medida certa nem rima.
Onde a alva flama psíquica trabalha,
Desagrega-se e deixa na mortalha 03. Analise o poema:
O tacto, a vista, o ouvido, o olfato e o gosto! CANÇÃO AMIGA
Eu preparo uma canção
Carne, feixe de mônadas bastardas,
Em que minha mãe se reconheça,
Conquanto em flâmeo fogo efêmero ardas,
Todas as mães se reconheçam
A dardejar relampejantes brilhos,
E que fale com dois olhos
Caminho por uma rua
Dói-me ver, muito embora a alma te acenda,
Que passa em muitos países
Em tua podridão a herança horrenda,
Se não me vem, eu vejo
Que eu tenho de deixar para os meus filhos!
E saúdo velhos amigos
(Augusto dos Anjos. Obra completa, 1994.)
Eu distribuo um segredo
Como quem ama ou sorri
No plano formal, o poema é marcado por
Dois carinhos se procuram
a) versos brancos, linguagem obscena, rupturas sintáticas. Minha vida, nossa vida
b) vocabulário seleto, rimas raras, aliterações. Formam um só diamante.
c) vocabulário antilírico, redondilhas, assonâncias. Aprendi novas palavras
E tornei outro mais belas.
d) assonâncias, versos decassílabos, versos sem rimas. Eu preparo uma canção
e) versos livres, rimas intercaladas, inversões sintáticas. Que faça acordar os homens
E adormecer as crianças.
(Carlos Drummond de Andrade)

EXERCÍCIOS DE Observando a métrica do texto proposto, conclui-se que predominam

COMBATE versos:
a) hexassílabos.
b) octossílabos.
01. Assinale a alternativa em que o primeiro verso é um decassílabo. c) decassílabos.
a) fruto, depois de ser semente humilde e flor, d) heptassílabos.
Na alta árvore nutriz da vida, amadureço. e) eneassílabos.
b) A dor de quem recorda os tempos idos
Fere como um punhal envenenado

PROMILITARES.COM.BR 179
VERSIFICAÇÃO

04. Leia. 07. (ESPCEX 2011)


“De tudo, ao meu amor serei atento “Foram-se os deuses, foram-se, em verdade;
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Mas das deusas alguma existe, alguma
Que mesmo em face do maior encanto Que tem teu ar, a tua majestade,
Dele se encanto mais meu pensamento”. Teu porte e aspecto, que és tu mesma, em suma.”
(Soneto da Felicidade - Vinícius de Morais) O fragmento acima, quanto à versificação, está classificado correta-
mente em qual das alternativas?
Sendo a primeira estrofe de um soneto, o texto acima
a) rima alternada - verso livre
a) é obrigatoriamente de quatro versos.
b) rima emparelhada - verso branco
b) pode ser de três ou quatro versos.
c) rima interpolada - verso tradicional
c) poderia ter sido escrito com liberdade quanto ao número de versos.
d) rima rara - verso branco
d) necessita de outra estrofe de quatro versos par terminar a poesia.
e) rima alternada - verso tradicional
e) necessita de outra estrofe de três versos para terminar a poesia.
08. (ESSA 2013) Em poesia, para determinar a medida de um verso,
05. (EPCAR 2012/2013) divide-se o verso em sílabas poéticas. Esse procedimento tem o nome de
A FELICIDADE
a) redondilha. c) escansão. e) quintilha.
Tristeza não tem fim
Felicidade sim b) dístico. d) métrica.

A felicidade é como a pluma 09. (ESSA 2014) A forma fixa caracterizada por versos heroicos ou
Que o vento vai levando pelo ar, alexandrinos dispostos em duas quadras e dois tercetos é chamada:
Vão tão leve, a) haicai. c) soneto. e) espinela.
Mas tem a vida breve b) oitava. d) décima.
Precisa que haja vento sem parar.
10. Só há uma saída para a escola se ela quiser ser mais bem-sucedida:
A felicidade do pobre parece
aceitar a mudança da língua como um fato. Isso deve significar que
A grande ilusão do carnaval
a escola deve aceitar qualquer forma de língua em suas atividades
A gente trabalha o ano inteiro
escritas? Não deve mais corrigir? Não!
Por um momento de sonho
Para fazer a fantasia Há outra dimensão a ser considerada: de fato, no mundo real
De rei ou de pirata ou jardineira da escrita, não existe apenas um português correto, que valeria para
E tudo se acabar na quarta-feira. todas as ocasiões: o estilo dos contratos não é o mesmo dos manuais
de instrução; o dos juízes do Supremo não é o mesmo dos cordelistas;
[...] o dos editoriais dos jornais não é o mesmo dos dos cadernos de
cultura dos mesmos jornais. Ou do de seus colunistas.
A felicidade é como a gota (POSSENTI, S. Gramática na cabeça. Língua Portuguesa,
De orvalho numa pétala de flor, ano 5, n. 67, maio 2011 – adaptado).
Brilha tranquila
Depois de leve oscila Sírio Possenti defende a tese de que não existe um único “português
E cai como uma lágrima de amor. correto”. Assim sendo, o domínio da língua portuguesa implica, entre
outras coisas, saber
A minha felicidade está sonhando a) descartar as marcas de informalidade do texto.
Nos olhos da minha namorada b) reservar o emprego da norma padrão aos textos de circulação ampla.
É como esta noite,
c) moldar a norma padrão do português pela linguagem do discurso
Passando, passando
jornalístico.
Em busca da madrugada
Falem baixo, por favor d) adequar as formas da língua a diferentes tipos de texto e contexto.
Para que ela acorde alegre como o dia e) desprezar as formas da língua previstas pelas gramáticas e
Oferecendo beijos de amor. manuais divulgados pela escola.
(MORAES, Vinicius e JOBIM, Tom. As mais belas serestas Brasileiras.
9º Ed. Belo Horizonte: Barvalle Indústria Gráfica Ltda, 1989) GABARITO
Sobre o texto, pode-se afirmar que EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
a) é um soneto com versos tradicionais. 01. E 04. B 07. C 10. A
b) possui rimas ricas e raras. 02. D 05. B 08. E
c) a função da linguagem predominante é a conativa. 03. C 06. B 09. B
d) se trata de um poema com versos livres. EXERCÍCIOS DE TREINAMENTO
01. D 04. E 07. B 10. B
06. (EPCAR 2012/2013) De acordo com a 3ª estrofe, só NÃO se pode
02. C 05. B 08. D
afirmar que
03. A 06. E 09. D
a) o eu-lírico possui felicidade no sonho com sua enamorada.
EXERCÍCIOS DE COMBATE
b) nessa estrofe, observa-se a presença marcante do tempo.
01. B 04. A 07. A 10. D
c) a duração da felicidade percorre a noite, a madrugada e alcança
o dia. 02. D 05. D 08. C
d) para o eu-lírico a felicidade é um estado permanente. 03. D 06. D 09. C

180 PROMILITARES.COM.BR
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

A Língua Portuguesa encontra-se em constante alteração, VARIAÇÃO SITUACIONAL


modificação, evolução e atualização, como todas as línguas ainda faladas.
Um mesmo falante de uma dada língua deve ser capaz de
Elas não são um sistema fechado e estático, por isso se modificam o
variar sua maneira de se expressar dependendo da situação em que
tempo todo, conforme são usadas pelos falantes. O uso faz a regra e os
se encontra. Por exemplo, ao se dirigir a um velho amigo em uma
falantes fazem uso da língua de modo a suprir todas as suas necessidades
festa, certamente o falante deverá usar a linguagem de modo distinto
de comunicação, adaptando-a conforme suas intenções.
daquele que usaria se estivesse em uma entrevista de emprego.
Sendo uma sociedade complexa, formada por diferentes
Variantes situacionais de fala também são denominadas de
grupos sociais, com hábitos linguísticos distintos e diferentes graus
registros ou níveis de fala: o ambiente físico, o contexto social ou
de escolarização, ocorrem variações na forma de usar a língua,
cultural, o tema da fala, o grau de intimidade entre os interlocutores,
principalmente de caráter local, temporal e social.
os elementos emocionais.
Nem todas as variações linguísticas usufruem do mesmo prestígio,
Exemplos de variações situacionais:
sendo algumas consideradas incultas e vulgares. No entanto, todas
as formas de uso da língua devem ser encaradas como fator de • linguagem formal, considerada mais prestigiada e culta,
enriquecimento cultural e não como erros. São apenas variações no usada quando não há familiaridade ou intimidade entre os
uso da língua. falantes ou em situações em que se exige mais seriedade e
(Evanildo Bechara)
formalidade de tratamento;
• linguagem informal, considerada menos prestigiada, usada
quando há familiaridade e descontração entre os falantes ou
TIPOS DE VARIAÇÃO em situações mais descontraídas.

Embora não haja uma escala padronizada de registros, costuma-


VARIAÇÕES REGIONAIS se diferenciar os seguintes: formal, coloquial tenso, coloquial distenso
(DIATÓPICAS OU DIALETAIS) e informal.
As variações diatópicas ocorrem de acordo com o local onde Exemplos:
vivem os falantes, sofrendo sua influência. Este tipo de variação Formal – Há os que insistem em se locupletarem em detrimento
acontece porque cada região geográfica tem suas manifestações de seus pares.
culturais, com diferentes hábitos, modos e tradições, estabelecendo,
Coloquial tenso – Existem aqueles que teimam em se beneficiar
assim, diferentes estruturas linguísticas para a comunicação.
em prejuízo dos demais.
Exemplos de variações regionais:
Coloquial distenso – Tem gente que não para de se aproveitar
• diferentes palavras para os mesmos conceitos; das pessoas.
• diferentes sotaques, dialetos e falares; Informal – Tem uns caras que vivem se dando bem em cima dos
• reduções de palavras ou perdas de alguns fonemas. outros.

VARIAÇÕES SOCIAIS (DIASTRÁTICAS) VARIAÇÃO DIACRÔNICA


Uma língua também apresenta variações verticais, ou seja, no Já vimos que uma língua está em constante transformação. Não
âmbito de uma comunidade específica localizada em uma mesma falamos hoje como falávamos há alguns anos; em todas as gerações,
região geográfica, caracterizando o que se tem chamado de dialetos os jovens sempre falam diferente dos velhos, têm outras preferências
sociais ou socioletos. Essas variantes ocorrem em todas as sociedades vocabulares e de construção frasal e até pronúncias distintas.
e estão diretamente relacionadas às categorias por meio das quais a A mudança linguística é inexorável, afetando todos os níveis de
sociedade se organiza. organização das línguas, que vão se transformando, abandonando
Exemplos de variações sociais: certas pronúncias, palavras e construções, adotando novos itens
• gírias próprias de um grupo com interesses comuns; lexicais e estruturas sintáticas.
• jargões próprios de um grupo profissional. Assim, em cada momento da história de uma língua, encontram-
se arcaísmos e neologismos.
Entre esses vários fatores de estratificação social, costuma-se Os arcaísmos são vocábulos ou construções sintáticas que
distinguir os seguintes: deixaram de ser usados.
• idade; Os neologismos são os novos vocábulos que não ocorriam em
• sexo; gerações anteriores, ou pelo menos com o mesmo significado, ou que
são recuperados com diferentes valores semânticos.
• profissão;
• posição social;
• graus de escolaridade;
• local de residência.

PROMILITARES.COM.BR 181
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

EXERCÍCIOS DE Como fazer isso? Como garantir a disseminação dessa cultura na

FIXAÇÃO escola e pela escola, considerando que a sociedade em que essa escola
existe não reconhece sua cara linguística e não só discrimina impunemente
pela língua, como dá sustento explícito a esse tipo de discriminação? Em
suma, como construir uma pedagogia da variação linguística?
(Adaptado de: ZILLES, A. M; FARACO, C. A. Apresentação. In: ZILLES,
01. Veja a tirinha abaixo: A. M; FARACO, C. A, orgs., Pedagogia da variação linguística:
língua, diversidade e ensino. São Paulo: Parábola, 2015.)

02. Considere as afirmações abaixo, sobre a construção de uma


educação de qualidade.
I. Uma educação de qualidade deve, no que concerne à variação
linguística, questionar as reações sociais advindas da percepção
da língua como fenômeno homogêneo.
II. O desafio, para uma educação de qualidade, está em preparar
a escola para combater a discriminação que tem origem nas
diferenças entre as variedades linguísticas.
No último balão da tirinha de Maurício de Sousa, o autor escreveu III. As variedades linguísticas próprias ao domínio da leitura, escrita e
“mais” em vez de “mas” na tentativa de representar, na escrita, a fala nos espaços públicos, que devem ser ensinadas pela escola,
forma como a personagem Chico Bento, supostamente, pronunciaria são as que não sofreram variações sociais.
a conjunção adversativa. Existem diversas formas e níveis de variação Segundo o texto, quais estão corretas?
linguística, justamente, porque somos influenciados por diversos
a) Apenas I. c) Apenas I e II. e) I, II e III.
fatores, tais como: região, escolaridade, faixa etária, contexto
comunicativo, papel social etc. b) Apenas II. d) Apenas II e III.
Com base nesses pressupostos, assinale a alternativa que representa
uma variante linguística característica do falar popular mineiro. 03. Assinale a alternativa que contém uma afirmação correta, de
acordo com o sentido do texto.
a) “Aquele fi duma égua só me deixou aperreado”.
a) O senso comum costuma perceber a língua como um fenômeno
b) “Protesto, meritíssimo! A testemunha não havia falado da heterogêneo que alberga grande variação e está em mudança
agressão.” contínua.
c) “Capaz, guri! Só tava de bobeira contigo, bagual!” b) Os gestos de grande violência simbólica constituem-se em fatos
d) “Uai? Cê já chegô, sô? Peraí, que eu já tô saíno!” de variação linguística.
e) “Aquela mina é firmeza, mano!” c) O conceito de norma culta e suas características no Brasil
contemporâneo são alvos de explosões de ira diante de fatos de
variação linguística.
TEXTO PARA AS QUESTÕES 02 E 03.
d) Uma pedagogia que regule o domínio das variedades ditas
A variação linguística é uma realidade que, embora 1razoavelmente
populares deve ser privilegiada.
bem estudada pela sociolinguística, pela dialetologia e pela linguística
histórica, provoca, 2em geral, reações sociais muito negativas. O senso e) A heterogeneidade linguística do Brasil deve ser compreendida
comum 3tem 4escassa percepção de que a língua é um fenômeno para que se possa construir uma cultura escolar aberta à crítica da
heterogêneo, que 5alberga grande variação e 6está em mudança discriminação pela língua.
contínua. Por isso, 7costuma 8folclorizar a variação regional; 9demoniza
a variação social e 10tende a interpretar as mudanças como sinais de 04. Contam, numa anedota, que certo dia Rui Barbosa saiu às ruas
11
deterioração da língua. O senso comum não se 12dá bem com a da cidade e se assustou com a quantidade de erros existentes nas
variação linguística e 13chega, 14muitas vezes, a 15explosões de ira e placas das casas comerciais e que, diante disso, resolveu instituir um
a gestos de grande violência simbólica diante de fatos de variação. prêmio em dinheiro para o comerciante que tivesse o nome de seu
Boa parte de uma educação de 16qualidade tem a ver 17precisamente estabelecimento grafado corretamente. Dias depois, Rui Barbosa
com o 18ensino de língua – um ensino que garanta o 19domínio das saiu à procura do vencedor. Satisfeito, encontrou a placa vencedora:
práticas socioculturais de leitura, escrita e fala nos espaços públicos. “Alfaiataria Águia de Ouro”. No momento da entrega do prêmio, ao
E esse domínio inclui o das variedades linguísticas historicamente dizer o nome da alfaiataria, Rui Barbosa foi interrompido pelo alfaiate
20
identificadas como as mais próprias a essas práticas – isto é, as premiado, que disse:
21
variedades escritas e faladas que devem ser identificadas como – Sr. Rui, não é “águia de ouro”; é “aguia de ouro”!
constitutivas da chamada norma culta. Isso pressupõe, 22inclusive, (O caráter político do ensino de língua portuguesa no Brasil.
uma ampla discussão sobre o próprio conceito de norma culta e suas Disponível em: http://rosabe.sites.uol.com.br. Acesso em: 2 ago. 2012.)
efetivas 23características no Brasil contemporâneo.
Parece claro hoje que o 24domínio 25dessas variedades caminha A variação linguística afeta o processo de produção dos sentidos no
junto com o domínio das respectivas práticas socioculturais. Parece texto. No relato envolvendo Rui Barbosa, o emprego das marcas de
claro também, por outro lado, que não se trata apenas de desenvolver variação objetiva
uma 26pedagogia que garanta o domínio das práticas socioculturais a) evidenciar a importância de marcas linguísticas valorizadoras da
e das respectivas variedades linguísticas. Considerando o grau de linguagem coloquial.
rejeição social das variedades ditas 27populares, parece que o que b) demonstrar incômodo com a variedade característica de pessoas
nos 28desafia é a construção de 29toda uma cultura escolar aberta à pouco escolarizadas.
crítica da 30discriminação pela língua e preparada para combatê-31la, o
que pressupõe 32uma adequada 33compreensão da 34heterogeneidade c) estabelecer um jogo de palavras a fim de produzir efeito de humor.
linguística do país, sua história social e suas características atuais. d) criticar a linguagem de pessoas originárias de fora dos centros
35
Essa compreensão deve alcançar, em primeiro lugar, os próprios urbanos.
educadores e, em seguida, os educandos. e) estabelecer uma política de incentivo à escrita correta das palavras.

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VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

05. Motivadas ou não historicamente, normas prestigiadas ou a) As estrofes fazem oposição entre as modalidades falada e escrita
estigmatizadas pela comunidade sobrepõem-se ao longo do território, da língua.
seja numa relação de oposição, seja de complementaridade, sem, b) Para o poeta, a modalidade escrita é mais valorizada, complexa e,
contudo, anular a interseção de usos configuram uma norma nacional portanto, letrada; daí a sua dificuldade em entendê-la.
distinta da do português europeu. Ao focalizar essa questão, que
opõe não só as normas do português de Portugal às normas do c) As estrofes focalizam o fenômeno da variação linguística, isto é,
português brasileiro, mas também as chamadas normas cultas Iocais às das variedades coloquial e poética.
populares ou vernáculas, deve-se insistir na ideia de que essas normas d) As estrofes sugerem que a língua não é homogênea nem uniforme
se consolidam em diferentes momentos da nossa história e que só sob o ponto de vista de seu uso.
a partir do século XVIII se pode começar a pensar na bifurcação das e) O poeta sugere que há melhor desempenho do usuário em uma
variantes continentais, ora em consequência de mudanças ocorridas modalidade linguística que em outra.
no Brasil, ora em Portugal, ora, ainda, em ambos os territórios.
(CALLOU, D. Gramática, variação e normas. In: VIEIRA, S. R.; BRANDÃO, S. (orgs). 08. Leia.
Ensino de gramática: descrição e uso. São Paulo: Contexto, 2007 - adaptado.)
ATÉ QUANDO?
O português do Brasil não é uma língua uniforme. A variação Não adianta olhar pro céu
linguística é um fenômeno natural, ao qual todas as línguas estão Com muita fé e pouca luta
sujeitas. Ao considerar as variedades linguísticas, o texto mostra Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer
que as normas podem ser aprovadas ou condenadas socialmente, E muita greve, você pode, você deve, pode crer
chamando a atenção do leitor para a Não adianta olhar pro chão
Virar a cara pra não ver
a) desconsideração da existência das normas populares pelos
Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus
falantes da norma culta.
Sofreu não quer dizer que você tenha que sofrer!
b) difusão do português de Portugal em todas as regiões do Brasil só
a partir do século XVIII. (GABRIEL, O PENSADOR. “Seja você mesmo (mas não seja sempre o mesmo)”.
Rio de Janeiro: Sony Music, 2001 - fragmento.)
c) existência de usos da língua que caracterizam uma norma nacional
do Brasil, distinta da de Portugal. As escolhas linguísticas feitas pelo autor conferem ao texto
d) inexistência de normas cultas locais e populares ou vernáculas em a) caráter atual, pelo uso de linguagem própria da internet.
um determinado país. b) cunho apelativo, pela predominância de imagens metafóricas.
e) necessidade de se rejeitar a ideia de que os usos frequentes de c) tom de diálogo, pela recorrência de gírias.
uma língua devem ser aceitos.
d) espontaneidade, pelo uso da linguagem coloquial.
06. Quando vou a São Paulo, ando na rua ou vou ao mercado, e) originalidade, pela concisão da linguagem.
apuro o ouvido; não espero só o sotaque geral dos nordestinos,
onipresentes, mas para conferir a pronúncia de cada um; os paulistas 09. Considere o texto:
pensam que todo nordestino fala igual; contudo as variações são mais CATAR FEIJÃO
numerosas que as notas de uma escala musical. Pernambuco, Paraíba, Catar feijão se limita com escrever:
Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí têm no falar de seus nativos muito joga-se os grãos na água do alguidar
mais variantes do que se imagina. E a gente se goza uns dos outros, e as palavras na folha de papel;
imita o vizinho, e todo mundo ri, porque parece impossível que um e depois, joga-se fora o que boiar.
praiano de beira-mar não chegue sequer perto de um sertanejo de Certo, toda palavra boiará no papel,
Quixeramobim. O pessoal do Cariri, então, até se orgulha do falar água congelada, por chumbo seu verbo:
deles. Têm uns tês doces, quase um the; já nós, ásperos sertanejos, pois para catar esse feijão, soprar nele,
fazemos um duro au ou eu de todos os terminais em al ou el – e jogar fora o leve e oco, palha e eco.
carnavau, Raqueu... Já os paraibanos trocam o l pelo r. José Américo
só me chamava, afetuosamente, de Raquer. Ora, nesse catar feijão entra um risco:
(Queiroz, R. O Estado de São Paulo. 09 maio 1998 - fragmento adaptado.) o de que entre os grãos pesados entre
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
Raquel de Queiroz comenta, em seu texto, um tipo de variação um grão imastigável, de quebrar dente.
linguística que se percebe no falar de pessoas de diferentes regiões. Certo não, quando ao catar palavras:
As características regionais exploradas no texto manifestam-se a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
a) na fonologia. d) na organização sintática. obstrui a leitura fluviante, flutual,
b) no uso do léxico. e) na estruturação morfológica. açula a atenção, isca-a como o risco.
(João Cabral de Melo Neto, A educação pela pedra.)
c) no grau de formalidade.
A comparação escolhida por João Cabral de Melo Neto para
07. Em relação às duas estrofes do poema “Aula de Português”, de caracterizar o ato de escrever
Carlos Drummond de Andrade, assinale a alternativa INCORRETA:
a) recupera para a literatura as concepções de poesia que orientavam
A linguagem a literatura de folhetos do Nordeste, ou “cordel”.
na ponta da língua,
b) inverte certa concepção erudita da poesia, que a vê como
tão fácil de falar
atividade elevada, sublime, separada do cotidiano banal.
e de entender.
c) inscreve a poética do autor no Regionalismo literário, por vincular
A linguagem a representação literária a práticas locais bem determinadas.
na superfície estrelada das estrelas, d) reata com a tradição parnasiana, que concebia a arte poética
sabe lá o que ela quer dizer? como ofício de artesão ou artífice.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Boitempo. e) contrapõe-se ao elitismo do Modernismo paulista, que repudiava
In: “Poesia e Prosa”. Rio: Nova Aguilar, 1988.)
o primitivismo e as culturas rústicas.

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VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

10. O texto a seguir corresponde ao capítulo 92, chamado “Estelário”, 02. Observe os textos a seguir:
das Memórias sentimentais de João Miramar, obra representativa da Texto I
primeira fase da literatura modernista brasileira. BARREIRA DA LÍNGUA
Coração esperançava o esperançoso Cenário: um posto de saúde no interior do Maranhão.
Começo claro da noite cidadina
Retalhos grandes de nuvens – Buenos dias, señor, o que siente? – pergunta o médico.
E duas estrelas vivas – Tô com dor no bucho, comi uma tapioca reimosa, me deu um
Trem rolava com minha estrela empachamento danado. Minha cabeça ficou pinicando, deu até um
Bordando a vida fabricadora farnizim no juízo.
Do Brás à Luz – Butcho? Tapiôka? Empatchamiento? Pinicón? Far new zeen???
Rolah estrelava o Hotel Suíço
O trecho acima é de uma piada que circula no Hospital das Clínicas
(Oswald de Andrade)
de São Paulo sobre as dificuldades de comunicação que os médicos
estrangeiros deverão enfrentar nos rincões do Brasil. (...)
No texto, encontram-se vários traços de inovação estética, entre os
(Claúdia Colucci, Folha de S. Paulo, 03/07/2013.)
quais NÃO ESTÁ
a) o emprego constante de regionalismos. Texto II
b) a influência das vanguardas europeias. No texto “Barreira da língua”, a jornalista Cláudia Collucci
c) a abolição da pontuação convencional. reproduz uma piada ouvida no Hospital das Clínicas, em São Paulo,
d) a valorização dos neologismos. para criticar a iniciativa do governo de abrir a possibilidade de que
médicos estrangeiros venham a trabalhar no Brasil. Faltou dizer duas
e) o fim das fronteiras entre prosa e poesia. obviedades ululantes para qualquer brasileiro:
1) A maioria dos ilustres médicos que trabalham no Hospital das
EXERCÍCIOS DE
Clínicas teria tantas dificuldades quanto um estrangeiro para entender
uma frase recheada de regionalismos completamente desconhecidos

TREINAMENTO nas rodas das classes média e alta por onde circulam;
2) A quase totalidade deles não tem o menor interesse em mudar
para uma comunidade carente, seja no interior do Maranhão, seja
num vilarejo amazônico, e lá exercer sua profissão. (...)
01. No dia 21 de setembro de 2015, Sérgio Rodrigues, crítico literário,
(José Cláuver de Aguiar Júnior, “Painel do leitor”, Folha de S. Paulo, 04/07/2013)
comentou que apontar no título do filme Que horas ela volta? um
erro de português “revela visão curta sobre como a língua funciona”. De acordo com o Texto II, os regionalismos usados na piada transcrita
E justifica: no Texto I
“O título do filme, tirado da fala de um personagem, está em a) seriam de difícil compreensão para qualquer brasileiro.
registro coloquial. Que ano você nasceu? Que série você estuda? e
frases do gênero são familiares a todos os brasileiros, mesmo com b) demonstram variações geográficas e sociais do idioma.
alto grau de escolaridade. Será preciso reafirmar a esta altura do c) são imprecisos, pois são usados apenas em comunidades carentes.
século 21 que obras de arte têm liberdade para transgressões muito d) dificultam a comunicação apenas entre brasileiros e estrangeiros.
maiores? Pretender que uma obra de ficção tenha o mesmo grau de
e) indicam que o português é falado do mesmo modo em qualquer
formalidade de um editorial de jornal ou relatório de firma revela um
lugar.
jeito autoritário de compreender o funcionamento não só da língua,
mas da arte também.”
(Adaptado do blog Melhor Dizendo. Post completo disponível em:
03. Leia.
http://www.melhordizendo.com/a-que-horas-ela-volta-em-que-ano-estamos- Agora eu era herói
mesmo/. Acessado em: 08/06/2016.) E o meu cavalo só falava inglês.
A noiva do cowboy
Entre os excertos de estudiosos da linguagem reproduzidos a seguir, Era você, além das outras três.
assinale aquele que corrobora os comentários do post. Eu enfrentava os batalhões,
a) “Numa sociedade estruturada de maneira complexa a linguagem Os alemães e seus canhões.
de um dado grupo social reflete-o tão bem como suas outras Guardava o meu bodoque
formas de comportamento”. (MATTOSO CÂMARA JR., Joaquim. História da E ensaiava o rock para as matinês.
Linguística. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1975.)
(CHICO DUARQUE. João e Maria, 1977 - fragmento.)
b) “A linguagem exigida, especialmente nas aulas de língua
portuguesa, corresponde a um modelo próprio das classes Nos terceiro e oitavo versos da letra da canção, constata-se que o
dominantes e das categorias sociais a elas vinculadas”. (CAMACHO, emprego das palavras cowboy e rock expressa a influência de outra
Roberto Gomes. O sistema escolar e o ensino da língua portuguesa. Alfa, São Paulo, realidade cultural na língua portuguesa. Essas palavras constituem
29, p. 1-7, 1985.)
evidências de
c) “Não existe nenhuma justificativa ética, política, pedagógica
a) regionalismo, ao expressar a realidade sociocultural de habitantes
ou científica para continuar condenando como erros os usos
de uma determinada região.
linguísticos que estão firmados no português brasileiro”. (BAGNO,
Marcos. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação linguística. São b) neologismo, que se caracteriza pelo aportuguesamento de uma
Paulo: Editorial, 2007.)
palavra oriunda de outra língua.
d) “Aquele que aprendeu a refletir sobre a linguagem é capaz c) jargão profissional, ao evocar a linguagem de uma área específica
de compreender uma gramática – que nada mais é do que o do conhecimento humano.
resultado de uma (longa) reflexão sobre a língua”. (GERALDI, João
Wanderley. Linguagem e ensino: exercícios de militância e divulgação. Campinas, SP: d) arcaísmo, ao representar termos usados em outros períodos da
Mercado das Letras; Associação de Leitura do Brasil, 1996.) história da língua.
e) estrangeirismo, que significa a inserção de termos de outras
comunidades linguísticas no português.

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VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

04. Leia. Quando ocorre uma expressão literária comprometida com a realidade
CARNAVÁLIA que acima se descreve, os textos ficcionais que resultam desse
Repique tocou compromisso têm como principal traço o
O surdo escutou a) nacionalismo. d) regionalismo.
E o meu corasamborim b) universalismo. e) cosmopolitismo.
Cuíca gemeu, será que era meu, quando ela passou por
mim? c) intimismo.
[…]
(ANTUNES, A.; BROWN, C.; MONTE, M. Tribalistas, 2002 - fragmento.) 07. Observe o texto:
A VELHA CONTRABANDISTA
No terceiro verso, o vocábulo “corasamborim”, que é a junção coração Stanislaw Ponte Preta
+ samba + tamborim, refere-se, ao mesmo tempo, a elementos que
compõem uma escola de samba e a situação emocional em que se Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia
encontra o autor da mensagem, com o coração no ritmo da percussão. ela passava pela fronteira montada na lambreta, com um bruto saco
atrás da lambreta. O pessoal da Alfândega – 1tudo malandro velho –
Essa palavra corresponde a um(a)
começou a desconfiar da velhinha.
a) estrangeirismo, uso de elementos linguísticos originados em
Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal
outras línguas e representativos de outras culturas.
da Alfândega mandou ela parar. A velhinha parou e então o fiscal
b) neologismo, criação de novos itens linguísticos, pelos mecanismos perguntou assim pra ela:
que o sistema da língua disponibiliza.
– Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia, com
c) gíria, que compõe uma linguagem originada em determinado esse saco aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse saco?
grupo social e que pode vir a se disseminar em uma comunidade
A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais
mais ampla.
os outros, que ela adquirira no odontólogo e respondeu:
d) regionalismo, por ser palavra característica de determinada área
– É areia!...
geográfica.
(PRETA, Stanislaw Ponte. Primo Altamirando e elas.
e) termo técnico, dado que designa elemento de área específica de São Paulo: Agir, Martins Fontes, 2008.)
atividade.
No texto de Stanislaw Ponte Preta, aparecem com frequência
05. Sinhá Vitória desejava possuir uma cama igual à de seu Tomás da expressões da fala popular, a exemplo de “tudo malandro velho”
bolandeira. Doidice. (referência 1), “muamba” (referência 2) e “manjo...pra burro”
(referência 4). Sobre esta questão, leia as afirmações que seguem.
Não dizia nada para não contrariá-la, mas sabia que era doidice.
Cambembes podiam ter luxo? E estavam ali de passagem. I. Este tipo de linguagem revela, no texto, uma escrita marcada
Qualquer dia o patrão os botaria fora, e eles ganhariam o mundo, por um estilo coloquial através do uso consciente de gírias e
sem rumo, nem teria meio de conduzir os cacarecos. Viviam de trouxa expressões tiradas da fala informal.
amarrada, dormiriam bem debaixo de um pau. II. Expressões da fala coloquial, como as usadas no texto A velha
Olhou a caatinga 4amarela, 5que o poente avermelhava. Se a contrabandista, são próprias da crônica, que é um gênero que
seca chegasse, não ficaria planta 2verde. Arrepiou-se. Chegaria, se utiliza de alguns recursos típicos da oralidade para dar maior
naturalmente. Sempre tinha sido assim, desde que ele se entendera. dinamicidade ao texto.
E antes de se entender, antes de nascer, 8sucedera o mesmo - anos III. As expressões coloquiais utilizadas no texto, na verdade, mostram
bons, misturados com anos ruins. A desgraça estava em caminho, uma escrita desleixada do autor que não domina o registro padrão
talvez andasse perto. Nem valia a pena trabalhar. Ele marchando para da língua portuguesa.
casa, trepando a ladeira, espalhando 6seixos 9com as alpercatas - ela
se avizinhando 10a galope, com vontade de matá-lo. IV. O emprego destes coloquialismos podem contribuir para o caráter
humorístico da crônica.
(Vidas Secas - Graciliano Ramos)
Está correto o que se afirma em
Graciliano Ramos é um dos integrantes da segunda geração do a) I e III apenas. c) I, II e IV apenas.
Modernismo, ou Modernismo de 1930. Nas opções a seguir, assinale
b) II, III e IV apenas. d) I, II, III e IV.
a que apresenta o principal caminho desse estilo de época:
a) A poesia destruidora da tradição.
08. Considere o texto abaixo:
b) A prosa introspectiva. ESCREVER
c) A linguagem revolucionária. A estudante perguntou como era essa coisa de escrever. Eu fiz o
d) O regionalismo nordestino. gênero fofo. Moleza, disse.
e) A prosa de tendências fantásticas. Primeiro evite esses coloquialismos de “fofo” e “moleza”, passe
longe das gírias ainda não dicionarizadas e de tudo mais que soe mais
06. Em sua obra, acentuam-se os contrastes de requinte e fartura falado do que escrito. Isto aqui não é rádio FM. De vez em quando,
das casas-grandes com a promiscuidade e a miséria das senzalas, aplique uma gíria como se fosse um piparote de leve no cangote do
a sensualidade desenfreada e a subserviência dos homens do eito. texto, mas, em geral, evite. Fuja dessas rimas bobinhas, desses motes
Mas há também o homem e a paisagem. Certamente a observação sonoros. O leitor pode se achar diante de um rapper frustrado e dar
se concentra na zona açucareira do Nordeste, rica de tradições cambalhotas. Mas, atenção, se soar muito estranho, reescreva.
que datam do século XVI, no momento em que se decompõe essa Quando quiser aplicar um “mas”, tome fôlego, ligue para o 0800
estrutura tradicional por força de uma nova ordem econômica. do Instituto Fernando Pessoa, peça autorização ao sábio de plantão,
(Antonio Candido & José Aderaldo Castello. Presença da Literatura Brasileira - e, por favor, volte atrás. É um cacoete facilitador. Dele deve ter vindo a
Modernismo. 6ª ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Difel, 1977). expressão “cheio de mas-mas”, ou seja, uma pessoa cheia de “não é
bem assim”, uma chata que usa o truque para afirmar e depois, como
se fosse estilo, obtemperar.
(SANTOS, J. F. O Globo, 10 jan. 2011 - adaptado.)

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VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

A língua varia em função de diferentes fatores. Um deles é a situação c) Pode existir conceitos de corporativismo, os quais privilegiam ao
em que se dá a comunicação. Na crônica, ao ser interrogado sobre a bem de cada um e podem ser responsáveis pela derrocada da
arte de escrever, o autor utiliza, em meio à linguagem escrita padrão, instituição militar.
condizente com o contexto, d) Mal se apresentaram à nova comissão, formada por oficiais, os
a) definições teóricas, para permitir que seus conselhos sejam úteis jovens marinheiros passaram por um árduo e acurado treinamento.
aos futuros jornalistas. e) Houveram velhos marinheiros que preferiam permanecer em seus
b) gírias não dicionarizadas, para imitar a linguagem de jovens de navios, mesmo durante longo tempo, a serem afastados do mar.
baixa escolaridade.
c) palavras de uso coloquial, para estabelecer uma interação 02. Encontram-se exemplos de emprego de linguagem coloquial nos
satisfatória com a interlocutora. seguintes trechos, EXCETO:
d) termos da linguagem jornalística, para causar boa impressão na a) “Fala-se muito, mesmo com a bola rolando.”
jovem entrevistadora. b) “[...] para saber quem grita gol mais alto e prolongado...”
e) vocabulário técnico, para ampliar o repertório linguístico dos c) “[...] ninguém é louco para fazer pênalti nem tão canalha para
jovens leitores do jornal. querer quebrar o outro jogador.”

09. “LELÉU: Oxente! Tô feito super-homem?! Dona Inaura, minha d) “[...] o jogador, no impulso, sem pensar, soltar o braço na cara
bandeira... pernambucana! Eu nem sei como lhe agradecer. do outro.”

INAURA: Nem precisa. O amor que lhe tenho é de graça. Da outra


03. Que opção obedece, plenamente, à modalidade padrão da língua
vez que você salvou Leléu de Frederico, eu tive bem muita inveja do
portuguesa?
seu amor por ele. E foi por inveja do seu amor por ela que eu mandei
Frederico acabar com você. a) Para muitas pessoas, o barulho das ondas do mar ao mesmo
tempo fascinam e assustam.
Mas eu senti uma dor tão grande, que entendi que meu amor é
maior do que qualquer inveja. b) Os jovens e os sonhadores, costumam, escrever seus nomes nas
areias da praia, indelevelmente.
LISBELA: Você matou seu marido pra salvar o meu.”
Extraído de Lisbela e o prisioneiro (1964, Lins, Osman, p.31)
c) É extraordinário a alegria e o medo de uma criança, ao lembrar da
Disponível em https://www.wattpad.com/153512056-lisbela-e-oprisioneiro. primeira vez que viu o mar.
d) As pessoas urbanas e apressadas não vêm nada demais nas
Uma das personagens faz menção a uma região do Brasil em que paisagens marítimas.
possivelmente vivem as personagens, trata-se da região:
e) Prudência é necessário quando se entra no mar, transmutado pela
a) Amazonas. ressaca.
b) Nordeste.
c) Pará. 04. Leia esta tirinha do Chico Bento.
d) Bandeira.
e) Paraíba.

10. (DISCURSIVA) Tendo em vista que “as gírias” compõem o quadro


de variantes linguísticas ligadas ao aspecto sociocultural, analise os
excertos a seguir, indicando o significado de cada termo destacado de
acordo com o contexto:
a) Possivelmente não iremos à festa. Lá, todos os convidados são
patricinhas e mauricinhos!
b) Nossa! Como meu pai é careta! Não permitiu que eu assistisse
àquele filme.
c) Os namoros resultantes da modernidade baseiam-se somente no Na transposição das palavras em destaque para uma variante de uso
ficar. social urbana, temos, respectivamente:
d) E aí mano? Estás a fim de encontrar com uma mina hoje? A a) heaven e ambidestro.
parada vai bombar! b) heaven e up grade.
e) Aquela aula de matemática foi péssima, não saquei nada daquilo c) (festa) rave e up crazy.
que o professor falou.
d) (festa) rave e up grade.

05. Um professor discutia com os alunos questões ligadas à boa


EXERCÍCIOS DE redação de um texto formal. Ele mostrou alguns textos para a turma e

COMBATE pediu que os julgassem. Foram eles:


I. O computador tornou-se um aliado do ser humano, mas este nem
sempre realiza todas as tarefas necessárias para que tudo dê certo.
II. Os alunos da classe de alfabetização precisam tomar o sol matinal
01. (EN 2013) Que opção obedece, plenamente, à modalidade padrão de todas as manhãs, no recreio.
da língua portuguesa?
III. A gente deve se preocupar com isso, sim. É muito maneiro cuidar
a) Já percebeu-se, desde o período de formação marinheira, que eram do próximo. Dá uma sensação ótima.
ingentes as dificuldades enfrentadas no mar pelos jovens nautas.
João disse: “O texto I tem um problema de ambiguidade, o que
b) Por que infringiram regras internacionais de navegação, alguns dificulta sua compreensão”.
navios estrangeiros pagarão multas extraordinárias e serão
impedidos de sair do porto.

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VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

Ana disse: “O texto II tem um problema de redundância, o que 08.


deve ser evitado na linguagem escrita”. EM BOM PORTUGUÊS
Carlos disse: “O texto III tem um problema de linguagem. Não é No Brasil, as palavras envelhecem e caem como folhas secas. Não
adequado usar gírias no texto escrito formal”. é somente pela gíria que a gente é apanhada (aliás, não se usa mais a
O professor, então, disse que estava(m) correto(s) o(s) julgamento(s) primeira pessoa, tanto do singular como do plural: tudo é “a gente”).
de: A própria linguagem corrente vai-se renovando e a cada dia uma parte
do léxico cai em desuso.
a) João. d) João e Ana.
Minha amiga Lila, que vive descobrindo essas coisas, chamou
b) João e Carlos. e) João, Carlos e Ana. minha atenção para os que falam assim:
c) Ana e Carlos. – Assisti a uma fita de cinema com um artista que representa
muito bem.
06. Observe a letra da música abaixo:
Os que acharam natural essa frase, cuidado! Não saber dizer
Óia eu aqui de novo xaxando que viram um filme que trabalha muito bem. E irão ao banho de mar
Óia eu aqui de novo pra xaxar em vez de ir à praia, vestido de roupa de banho em vez de biquíni,
Vou mostrar pr’esses cabras carregando guarda-sol em vez de barraca. Comprarão um automóvel
Que eu ainda dou no couro em vez de comprar um carro, pegarão um defluxo em vez de um
Isso é um desaforo resfriado, vão andar no passeio em vez de passear na calçada. Viajarão
Que eu não posso levar de trem de ferro e apresentarão sua esposa ou sua senhora em vez de
Que eu aqui de novo cantando apresentar sua mulher.
Que eu aqui de novo xaxando (SABINO, F. Folha de S. Paulo, 13 abr. 1984)
Óia eu aqui de novo mostrando
Como se deve xaxar. A língua varia no tempo, no espaço e em diferentes classes socioculturais.
Vem cá morena linda O texto exemplifica essa característica da língua, evidenciando que
Vestida de chita
a) o uso de palavras novas deve ser incentivado em detrimento das
Você é a mais bonita
antigas.
Desse meu lugar
Vai, chama Maria, chama Luzia b) a utilização de inovações do léxico é percebida na comparação
Vai, chama Zabé, chama Raque de gerações.
Diz que tou aqui com alegria. c) o emprego de palavras com sentidos diferentes caracteriza
(BARROS, A. Óia eu aqui de novo. Disponível em: diversidade geográfica.
<www.luizluagonzaga.mus.br> Acesso em 5 maio 2013)
d) a pronúncia e o vocabulário são aspectos identificadores da classe
A letra da canção de Antônio Barros manifesta aspectos do repertório social a que pertence o falante.
linguístico e cultural do Brasil. O verso que singulariza uma forma do e) o modo de falar específico de pessoas de diferentes faixas etárias
falar popular regional é é frequente em todas as regiões.
a) “Isso é um desaforo”.
09. Observe a imagem:
b) “Diz que eu tou aqui com alegria”.
c) “Vou mostrar pr’esses cabras”.
d) “Vai, chama Maria, chama Luzia”.
e) “Vem cá, morena linda, vestida de chita”.

07. Só há uma saída para a escola se ela quiser ser mais bem-sucedida:
aceitar a mudança da língua como um fato. Isso deve significar que
a escola deve aceitar qualquer forma de língua em suas atividades
escritas? Não deve mais corrigir? Não!
Há outra dimensão a ser considerada: de fato, no mundo real
da escrita, não existe apenas um português correto, que valeria para
todas as ocasiões: o estilo dos contratos não é o mesmo dos manuais
de instrução; o dos juízes do Supremo não é o mesmo dos cordelistas;
o dos editoriais dos jornais não é o mesmo do dos cadernos de cultura
dos mesmos jornais. Ou do de seus colunistas.
(POSSENTI, S. Gramática na cabeça.
Língua Portuguesa, ano 5, n. 67, maio 2011 – adaptado).

(BESSINHA. Disponível em: http://pattindica.files.wordpress.com/2009/06bessinha


Sírio Possenti defende a tese de que não existe um único “português 458904-jpg-image_1245119001858.jpeg. Adaptado. - Foto: Reprodução/Enem)
correto”. Assim sendo, o domínio da língua portuguesa implica, entre
outras coisas, saber As diferentes esferas sociais de uso da língua obrigam o falante a
a) descartar as marcas de informalidade do texto. adaptá-la às variadas situações de comunicação. Uma das marcas
b) reservar o emprego da norma padrão aos textos de circulação linguísticas que configuram a linguagem oral informal usada entre o
ampla. avô e o neto neste texto é
c) moldar a norma padrão do português pela linguagem do discurso a) a opção pelo emprego da forma verbal “era” em lugar de “foi”.
jornalístico. b) a ausência de artigo antes da palavra “árvore”.
d) adequar as formas da língua a diferentes tipos de texto e contexto. c) o emprego da redução “tá” em lugar da forma verbal “está”.
e) desprezar as formas da língua previstas pelas gramáticas e d) o emprego da contração “desse” em lugar de “de esse”.
manuais divulgados pela escola. e) a utilização do pronome “que” em lugar de frase exclamativa.

PROMILITARES.COM.BR 187
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

10. Considere o texto abaixo:


S.O.S PORTUGUÊS
Por que pronunciamos muitas palavras de um jeito diferente da
escrita? Pode-se refletir sobre esse aspecto da língua com base em
duas perspectivas. Na primeira delas, fala e escrita são dicotômicas, o
que restringe o ensino da língua ao código. Daí vem o entendimento
de que a escrita é mais complexa do que a fala, e seu ensino restringe-
se ao conhecimento das regras gramaticais, sem a preocupação com
situações de uso. Outra abordagem permite encarar as diferenças
como um produto distinto de duas modalidades da língua: a oral e a
escrita. A questão é que nem sempre nos damos conta disso.
(S.O.S Português. Nova Escola. São Paulo: Abril,
Ano XXV, nº 231, abr. 2010 - fragmento adaptado)

O assunto tratado no fragmento é relativo à língua portuguesa


e foi publicado em uma revista destinada a professores. Entre as
características próprias desse tipo de texto, identificam-se as marcas
linguísticas próprias do uso
a) regional, pela presença de léxico de determinada região do Brasil.
b) literário, pela conformidade com as normas da gramática.
c) técnico, por meio de expressões próprias de textos científicos.
d) coloquial, por meio de registro de informalidade.
e) oral, por meio do uso de expressões típicas da oralidade.

GABARITO
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01. D 04. C 07. B 10. A
02. D 05. C 08. D
03. A 06. A 09. B
EXERCÍCIOS DE TREINAMENTO
01. C 04. B 07. C
02. B 05. D 08. C
03. E 06. D 09. B

10.
a) Os termos em evidência representam garotos e garotas
pretensiosos, isentos de características condizentes a um bom 
relacionamento interpessoal.
b) conservador, sistemático, que não aprova as mudanças oriundas
da sociedade.
c) manter um relacionamento sem compromisso.
d) amigo, companheiro / garota / um evento grandioso que promete
grandes surpresas.
e) compreender, assimilar o conteúdo.
EXERCÍCIOS DE COMBATE
01. D 04. D 07. D 10. C
02. B 05. E 08. B
03. E 06. C 09. C

ANOTAÇÕES

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