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Curso
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do
do Brasil
Brasil

HISTÓRIA
HISTÓRIA
Primeira República - República
da
da espada
espada
Professor
Professor Gabriel
Gabriel Kelly
Kelly
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Curso ESA
2021

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PRIMEIRA REPÚBLICA: “A REPÚBLICA DA ESPADA”


O governo provisório (1889 – 1891)
A república foi proclamada no Brasil sem a participação popular, em um clima
de ordem marcado por poucos incidentes violentos.
Na noite de 15 de novembro de 1889, formou-se um governo republicano
provisório para comandar o país até que uma Constituição fosse elaborada: esse
governo era constituído pelos grupos que haviam apoiado o golpe republicano
(militares, cafeicultores e profissionais liberais) e comandado pelo marechal
Deodoro da Fonseca.
A principal preocupação desse governo era manter a ordem pública e defender
os direitos de propriedade privada – algo que agradava as elites cafeicultoras do
país e os proprietários e investidores estrangeiros.
O governo provisório também assumiu o compromisso de pagar a dívida
externa brasileira com credores estrangeiros, de modo a agradar as potências
capitalistas da época (Inglaterra, EUA, França).

As principais medidas adotadas pelo governo provisório foram as seguintes:

Instituição do federalismo: o antigo império foi transformado em uma


república federativa, e as antigas províncias foram transformadas em
estados da federação que teriam autonomia em relação ao governo federal. O
município do Rio de Janeiro, capital do país, tornou-se o Distrito Federal,
território autônomo e separado do resto da província homônima.
Separação entre Igreja e Estado: o catolicismo deixou de ser a religião
oficial do Brasil e o Estado brasileiro tornou-se laico (sem religião oficial) –
como consequências disso, foram criados o registro civil de nascimento e o
casamento civil.
Criação de novos símbolos nacionais: foi criada uma nova bandeira
nacional, sem o brasão da Família Real e com o lema positivista “ordem e
progresso”. O governo republicano investiu também na criação de novos
heróis nacionais, como a figura de Tiradentes – que se tornou a partir dali um
mártir da causa republicana.
Promulgação da lei da grande naturalização: em dezembro de 1889, uma
lei declarou que todos os estrangeiros residentes no Brasil seriam declarados
cidadãos brasileiros. Essa lei teve por objetivo amenizar o sentimento anti-
lusitano que existia entre várias camadas da população, as quais se sentiam
exploradas pelos imigrantes portugueses que controlavam o comércio e os
alugueis de imóveis.

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A crise do Encilhamento
Em 1890, o ministro da fazenda Rui Barbosa deu início a uma reforma
financeira que teria o objetivo de estimular o crescimento econômico do país e
permitir a expansão da indústria.
O governo permitiu que bancos privados da Bahia, do Rio de Janeiro, de São
Paulo e do Rio Grande do Sul emitissem grandes quantidades de moeda, de modo
a aumentar o dinheiro em circulação para que este fosse usado pelos
empresários para a abertura de novas indústrias.
Contudo, a reforma foi um fracasso e mergulhou a economia brasileira em
uma crise.
Os bancos emitiram muito mais dinheiro que o necessário, e o aumento da
quantidade de moeda em circulação gerou uma inflação altíssima (os preços
aumentaram muito).
Muitos golpistas criaram empresas-fantasmas (empresas que existiam apenas
no papel) para obter o dinheiro fácil dos bancos: muito do dinheiro gerado,
portanto, não foi convertido na abertura de novas indústrias e não contribuiu
para o crescimento econômico.
Essa reforma estimulou também uma especulação financeira excessiva na
Bolsa de Valores do Rio de Janeiro: em busca de lucro fácil, muitas pessoas
compravam ações de empresas que valorizavam rapidamente apenas para
vender essas ações por um preço maior, sem reinvestir esse lucro na
produtividade.
Ao invés de fazer a economia prosperar, a reforma de Rui Barbosa causou
inflação, especulação financeira excessiva e desorganização econômica,
mergulhando o país em crise econômica.
Graças à especulação desenfreada, a crise econômica foi apelidada de
Encilhamento: “encilhar” significa preparar o cavalo para uma corrida, e os
especuladores da Bolsa pareciam apostadores que tentavam a sorte nas corridas
de cavalo do Jockey Clube.
Os cafeicultores brasileiros, além de obterem prejuízos com a crise, ficaram
descontentes com a reforma porque ela – caso desse certo – faria com que a
indústria obtivesse mais importância do que o café, algo que lhes traria
desvantagens.
A crise resultante da reforma fez com que Rui Barbosa passasse a ser criticado
até mesmo entre os outros ministros republicanos: pressionado, ele se demitiu do
cargo em janeiro de 1891.

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Constituição de 1891
Em 15 de novembro de 1890, reuniu-se no Rio de Janeiro uma Assembleia
Constituinte que teria a missão de elaborar uma constituição republicana para o
país. A primeira constituição da república foi promulgada em 24 de fevereiro de
1891, e determinou que:
O Brasil seria uma república presidencialista, cujo chefe de Estado e de
governo seria o presidente da República auxiliado por seus ministros;
O Brasil adotaria o federalismo: as antigas províncias tornariam-se estados
da federação que teriam autonomia para eleger seus governadores (à época
chamados de “presidentes dos estados”) e seus deputados estaduais. Cada
estado teria sua própria constituição, que não poderia contrariar as normas
da Constituição Federal;
O Estado brasileiro teria três poderes independentes: o Poder Executivo
(exercido pelo presidente da República e pelos ministros de Estado), o Poder
Legislativo (exercido pelo Congresso Nacional composto pela Câmara dos
Deputados e pelo Senado Federal) e o Poder Judiciário (cujo órgão máximo
era o Supremo Tribunal Federal);
Teriam direito ao voto, no Brasil, os indivíduos do sexo masculino maiores
de 21 anos que não fossem mendigos, analfabetos, soldados ou religiosos.
O voto seria aberto, ou seja, os eleitores seriam obrigados a revelar
publicamente em quem haviam votado.
Como mulheres não podiam votar e a maioria da população era analfabeta na
época, grande parte da população brasileira continuou impedida de participar
dos processos políticos.

O governo constitucional de Deodoro da Fonseca (1891)


A Assembleia Constituinte, após elaborar a Constituição de 1891, transformou-
se no Congresso Nacional – pela constituição, cabia a esse órgão eleger
indiretamente o primeiro presidente e o primeiro vice-presidente da República
(na época, eles eram eleitos em separado).
Houve duas chapas principais nessas eleições indiretas:
os setores militares apoiaram o marechal Deodoro da Fonseca para a
presidência e o almirante Eduardo Wandenkolk para a vice-presidência;
as oligarquias cafeeiras do estado de São Paulo apoiaram o civil Prudente de
Morais para a presidência e o marechal Floriano Peixoto para a vice-
presidência.
Para presidente, venceu o marechal Deodoro da Fonseca; e para vice-
presidente, venceu o marechal Floriano Peixoto.

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Os cafeicultores paulistas, que constituíam a elite econômica do país na época,


temiam o autoritarismo de Deodoro e o culpavam pela crise do Encilhamento, e
por isso fizeram ferrenha oposição a seu governo.
Muitos deputados e senadores do Congresso Nacional representavam os
interesses dos cafeicultores paulistas, e por isso passaram a se opor aos projetos
do governo.
Sem conseguir lidar com a oposição dos parlamentares, em novembro de 1891
Deodoro cometeu um ato de grave desrespeito à nova Constituição: fechou o
Congresso Nacional e prendeu os principais líderes da oposição.
Por conta desse ato autoritário, a sociedade civil organizou uma forte
resistência ao governo de Deodoro: os trabalhadores da Estrada de Ferro Central
do Brasil, por exemplo, entraram em greve.
Alguns setores da marinha também se rebelaram contra o autoritarismo de
Deodoro e realizaram a Primeira Revolta da Armada: liderados pelo almirante
Custódio de Melo, marinheiros ameaçaram usar os navios de guerra ancorados
no porto do Rio de Janeiro para bombardear a capital federal, caso o presidente
não recuasse.
Para evitar uma guerra civil, Deodoro renunciou ao cargo de presidente no dia
23 de novembro de 1891.
No lugar de Deodoro, assumiu a presidência o então vice-presidente, marechal
Floriano Peixoto.

O governo de Floriano Peixoto (1891 – 1894)


O marechal Floriano Peixoto, de início, tinha apoio tanto dos setores militares
quanto das elites cafeicultoras de São Paulo.
O novo presidente reabriu o Congresso Nacional e afastou seus adversários
políticos dos governos de alguns estados.
Floriano também queria estimular a industrialização do Brasil: para isso, seu
governo facilitou a importação de equipamentos industriais e concedeu
financiamentos a empresários.
Contudo, ao fazer isso, ele perdeu o apoio dos cafeicultores paulistas, que
temiam que a indústria se destacasse e diminuísse a importância do café para a
economia do país.
O novo governo empreendeu uma reforma bancária: proibiu que os bancos
particulares emitissem dinheiro e autorizou apenas o governo federal a fazer
isso, de modo a garantir maior controle do Estado sobre o dinheiro em
circulação.
Floriano também adotou medidas econômicas populares, de modo a ganhar
apoio das classes médias urbanas e do operariado urbano: abaixou o preço da
carne e dos aluguéis residenciais e aprovou uma lei que previa a construção de
casas populares.

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Floriano, contudo, também tinha uma faceta autoritária, e reprimia seus


adversários de maneira enérgica – por isso, seu apelido era “marechal de ferro”.
O autoritarismo de Floriano fez surgir, em pouco tempo, uma forte oposição a
seu governo, e muitos grupos políticos passaram a defender a convocação de
novas eleições presidenciais.
No dia 31 de março de 1892, treze generais enviaram ao presidente uma carta-
manifesto, exigindo que ele convocasse novas eleições para a presidência – os
generais alegavam que essa era a única maneira de restabelecer a ordem no país.
Floriano, ao receber o documento, não acatou o pedido: pelo contrário, puniu
os generais, colocando-os na reserva das forças armadas.

A Segunda Revolta da Armada (1893-1894)


Em setembro de 1893, liderados novamente pelo almirante Custódio de Melo,
marinheiros se revoltaram contra o governo de Floriano Peixoto.
Os revoltosos tomaram o controle de quinze navios de guerra ancorados na
Baía de Guanabara e ameaçaram bombardear o Rio de Janeiro caso Floriano não
convocasse novas eleições.
Como Floriano se recusou a convocar novas eleições, os revoltosos
bombardearam a capital federal a cidade vizinha de Niterói.
Apoiado pelo Partido Republicano Paulista (que representava a elite cafeeira
de São Paulo), Floriano conseguiu se impor: as tropas do exército reprimiram os
marinheiros revoltosos, que foram derrotados.
Alguns rebeldes fugiram para o Desterro (atual Florianópolis) e tentaram lutar
por lá, mas foram novamente derrotados pelas tropas do governo em março de
1894.

A Revolução Federalista (1893-1895)


Ao final do século XIX, dois grupos rivais dominavam a política no Rio Grande
do Sul:
os republicanos ou “pica-paus” do Partido Republicano Rio-grandense,
liderados por Júlio de Castilhos, que defendiam um governo republicano e
presidencialista forte e centralizador no Brasil, eram adeptos do Positivismo e
tinham o apoio do presidente Floriano Peixoto;
os federalistas ou “maragatos” do Partido Federalista, liderados por Gaspar
Silveira Martins, que defendiam a instalação de um governo republicano
parlamentarista no Brasil e a revogação da Constituição do Rio Grande do Sul,
que permitia a reeleição infinita para os presidentes daquele estado;
Em 1893, os federalistas não aceitaram a chegada de Júlio de Castilhos à
presidência do estado do Rio Grande do Sul e iniciaram uma revolta, exigindo a
destituição de Castilhos e um plebiscito para que o povo gaúcho decidisse o tipo
de governo que queria.

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Apoiados pelos grandes proprietários de terra gaúchos (estancieiros), os


federalistas venceram as primeiras batalhas no Rio Grande do Sul.
Em seguida, os federalistas se aliaram aos rebeldes da Revolta da Armada
e invadiram, com apoio destes, os estados de Santa Catarina e do Paraná.
Os rebeldes ameaçaram atacar o estado de São Paulo, cuja elite cafeeira
apoiava o governo do presidente da república Floriano Peixoto, que era inimigo
dos federalistas.
Em resposta, o governo federal enviou tropas ao sul, para combater os
revoltosos.
Os conflitos duraram dois anos, causaram a morte de cerca de 10 mil pessoas
e terminaram apenas em agosto de 1895, com a vitória dos republicanos “pica-
paus”.

Fim da “república da espada”


A “república da espada” é o nome dado ao período inicial da Primeira
República (1889-1894), no qual dois presidentes militares governaram o Brasil.
Esse período chegou ao fim em 1º de março de 1894, quando foi eleito para a
presidência da república o paulista Prudente de Morais, primeiro presidente
civil do país.
A partir daí, o país seria governado pelos representantes das oligarquias
cafeeiras dos estados de São Paulo e Minas Gerais – período que ficaria conhecido
como “república oligárquica” e duraria de 1894 a 1930.

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