Você está na página 1de 102

Língua Inglesa III

Newton Gonçalves Garcia

Renata de Oliveira Souza Carmo


© 2019 by Universidade de Uberaba

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser


reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico
ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de
armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito,
da Universidade de Uberaba.

Universidade de Uberaba

Reitor
Marcelo Palmério

Pró-Reitor de Educação a Distância


Fernando César Marra e Silva

Coordenação de Graduação a Distância


Sílvia Denise dos Santos Bisinotto

Editoração e Arte
Produção de Materiais Didáticos-Uniube

Revisão textual
Erlane Silva Nunes

Diagramação
Jessica de Paula

Projeto da capa
Agência Experimental Portfólio

Edição
Universidade de Uberaba
Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário

Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Central Uniube

Garcia, Newton Gonçalves.


G165l Língua inglesa III / Newton Gonçalves Garcia, Renata de Oliveira Souza Carmo.
– Uberaba: Universidade de Uberaba, 2019.
93 p.
Programa de Educação a Distância – Universidade de Uberaba.
Inclui bibliografia.
ISBN

1. Língua inglesa. 2. Língua inglesa – Semântica. I. Carmo, Renata de Oliveira Souza.


II. Universidade de Uberaba. Programa de Educação a Distância. III. Título.

CDD 428
Sobre os autores
Newton Gonçalves Garcia

Mestrado em Ensino de Inglês como Língua Estrangeira, pela Universidade


de Jaén (UJAEN), Espanha. Especialização em Metodologia do ensino
de língua inglesa pela Universidade de Uberaba(Uniube). Licenciado
em Letras Português/ Inglês pela Universidade de Uberaba (Uniube).
Licenciatura em História Natural pela Faculdade de Filosofia, Ciências e
Letras “Santo Tomás de Aquino” de Uberaba (Fista).

Renata de Oliveira Souza Carmo

Mestrado em Educação pelo Programa de Pós-graduação em Educação


da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Especialização em
Língua e Literatura Inglesas pela Universidade Ribeirão Preto (Unaerp).
Graduação em Letras Português/ Inglês pela Universidade de Uberaba
(Uniube). Atualmente é professora de língua portuguesa e língua
inglesa, suas literaturas e sua metodologia de ensino. Tem experiência
na área de Letras, com ênfase em Línguas Estrangeiras Modernas e
Literatura.
Sumário

Apresentação.......................................................................................VII

Capítulo 1 Sintaxe – II: ampliando o conhecimento das relações


entre palavras e frases ........................................................ 1
1.1 Word order: a ordem das palavras na frase..............................................................4
1.2 Organização textual...................................................................................................9
1.3 Collocation: colocação.............................................................................................14
1.4 A correta construção gramatical..............................................................................15
1.5 A leitura de textos autênticos...................................................................................15

Capítulo 2 Introdução à semântica – I.................................................. 19


2.1 O conceito de semântica e outros conceitos relativos à área.................................20
2.2 A linguagem e sua importância................................................................................23
2.3 Características semânticas: semantic features.......................................................25
2.4 Análise das características semânticas: semantic feature analysis........................26
2.5 Sinônimos e antônimos: synonyms and antonyms.................................................28
2.6 Características como formas auxiliares nas definições..........................................31
2.7 A gramática e as características semânticas..........................................................32
2.8 Análise do campo semântico versus análise das características
semânticas...............................................................................................................35
2.9 Core meaning..........................................................................................................37
2.10 Vocabulário temático: thematic vocabulary...........................................................38
2.11 Semântica lexical: lexical semantics......................................................................39
2.12 Expressões idiomáticas: os idioms........................................................................41

Capítulo 3 Introdução à semântica – II................................................ 51


3.1 Coesão e coerência: cohesion and coherence.......................................................53
3.2 Coesão semântica: semantic cohesion...................................................................56
3.3 Coerência pragmática: pragmatic coherence.........................................................58
3.4 Leitura e variedades textuais...................................................................................60
3.5 Tipos de leitura.........................................................................................................61
3.6 Intertextualidade......................................................................................................62
3.7 Adverbial clauses (time, place, manner).................................................................64
3.8 Conjunctive adverbs................................................................................................66
3.9 Compound conjunctive adverbs..............................................................................68
VI UNIUBE

Capítulo 4 Introdução à semântica – III............................................... 73


4.1 Inference (Inferência)...............................................................................................76
4.2 Discourse/ speech (discurso)..................................................................................79
4.3 Problematic pairs: pares problemáticos..................................................................82
4.4 The comparison of adverbs (a comparação dos advérbios)...................................84
4.5 Comment adverbs ..................................................................................................87
Apresentação

Caro(a) aluno(a), é um prazer tê-lo(a) conosco.

Apresentamos a você o livro relativo aos modos de organização dos


textos em língua inglesa, do curso de Letras Português-Inglês, da
Universidade de Uberaba, oferecido na modalidade a distância.

Este livro contém quatro capítulos, assim distribuídos:

• capítulo 1: seu tema é a sintaxe, com a proposta de uma ampliação


do conhecimento das relações entre palavras e frases. Aqui,
daremos continuidade às noções iniciadas anteriormente;
• capítulo 2: aqui, iniciamos as noções de semântica e a importância
da linguagem para a comunicação, vocabulário temático, provérbios
e ditados em língua inglesa;
• capítulo 3: esse capítulo é a continuidade do capítulo 2, portanto,
apresentando mais noções de semântica, leitura e variedades
textuais;
• capítulo 4: esse capítulo é a terceira parte das noções de semântica.
Seus temas são inferência, discurso, pares problemáticos, a
comparação dos advérbios e os “comment adverbs”.

Esperamos que sua participação seja cada vez mais ampla, porém com
a objetividade que o aluno da educação a distância precisa.

Empenhamos muito, também, na sua integração com os colegas como


iniciativa de socialização e troca de conhecimentos. Mais do que nunca,
o mundo de hoje valoriza e precisa de profissionais que têm esse espírito
de coletividade, de trabalho em grupo e cooperação entre as partes.

Que o seu trabalho seja bastante produtivo. É o que esperamos de você!


Capítulo
Sintaxe – II: ampliando o
conhecimento das relações
1
entre palavras e frases

Newton Gonçalves Garcia


Renata de Oliveira Souza Carmo

Introdução

Em continuidade ao estudado anteriormente sobre as noções


iniciais de sintaxe, iremos abordar, neste capítulo, a mesma
temática, porém vista com mais detalhes. Nossa abordagem
será mais prática e contextualizada, mas sem perder de vista as
noções teóricas tão necessárias para o nosso trabalho.

Esperamos que você tenha aproveitado bastante as noções


desenvolvidas no estudos anteriores, para que você siga adiante
em sua formação como professor(a).

Antes de mais nada, vamos nos dirigir


Thomas Alva Edison
às famosas palavras atribuídas a (1847-1931)
Thomas A. Edison, “genius is one Inventor, cientista e
empresário norte-
per cent inspiration and ninety-nine -americano. É o
per cent perspiration”, que nos levam inventor da lâmpada
incandescente. Seus
a refletir sobre a questão do esforço inventos revolucionaram
o século XX.
na nossa vida. Como ele diz: “gênio é
um por cento de inspiração e noventa
e nove por cento de transpiração”. Assim, por mais sábios que
sejamos, temos de nos esforçar, como se diz popularmente:
“suar a camisa”. Não devemos jamais confiar apenas na nossa
2 UNIUBE

inteligência e sabedoria – é preciso, também, trabalharmos, nos


direcionarmos rumo à vitória, às conquistas, de forma consciente
e constante. Só, assim, conseguiremos atingir as nossas metas.

IMPORTANTE!

Caro(a) aluno(a), lembre-se disso: o sucesso só depende do nosso


esforço, ou seja, de nós mesmos!

Sabemos, todos, da importância do estudo da sintaxe para


uma melhor compreensão da estrutura e da dinâmica da
língua inglesa. Dessa forma, continuaremos, neste capítulo, a
desenvolver o conteúdo sobre sintaxe, bem como desenvolver
aquelas noções direcionadas à ordem das palavras e à
organização da frase e do texto como um todo. Nossa meta é
procurar levá-lo(a)à leitura e à compreensão do texto de uma
forma gradual, porém substancial e proveitosa. Assim, nosso
intuito é que você tenha sua independência em termos de
leitura, sendo capaz de ler com desenvoltura, com apoio das
bases de sustentação da organização textual.

Outra aspiração nossa é que você também possa escrever


eficientemente, uma vez que, conhecedor da estrutura do
texto, certamente terá melhores condições de escrever. Temos
certeza de que as noções de sintaxe previamente estudadas,
juntamente com aquelas aqui abordadas, servirão de apoio para
as suas pretensões de leitura e escrita.

Você, caro(a) aluno(a), futuro(a) professor(a) do ensino


fundamental e médio, deverá se preparar bem em termos de
leitura e escrita – fundamentos essenciais no ensino de qualquer
UNIUBE 3

idioma. Você deve estar seguro(a) para ter condições plenas de


organizar, preparar, aplicar e avaliar suas futuras aulas. Como
já tivemos oportunidade de dizer, devemos repassar aos nossos
alunos a orientação capaz de propocionar-lhes, pelo menos, o
mínimo, porém produtivo, conhecimento da língua.

Estamos certos de que este novo capítulo de sintaxe poderá


ajudá-lo(a) nessa empreitada, que é o ensino do idioma inglês.

Objetivos
Nossa meta, neste momento, é que você possa, após o estudo
deste capítulo, ser capaz de:

• estruturar uma frase, em inglês, levando em consideração a


disposição das palavras e a correta construção gramatical;
• estruturar um parágrafo, em inglês, levando em consideração
a relação lógica entre as frases em um dado contexto;
• estruturar um texto de forma coerente e coesa, levando em
consideração os preceitos ditados pela sintaxe;
• organizar adequadamente as palavras na frase;
• organizar adequadamente as frases no texto, estabelecendo
uma relação lógica entre elas;
• valorizar a correta construção gramatical como forma de
estruturar textos de boa qualidade.
4 UNIUBE

Esquema
1.1 Word order: a ordem das palavras na frase
1.2 Organização textual
1.3 Collocation: colocação
1.4 A correta construção gramatical
1.5 A leitura de textos autênticos

1.1 Word order: a ordem das palavras na frase

A respeito da ordem das palavras em inglês, vejamos as palavras de


Dixson (1969, p.132):
[...] Because English is not an inflected language, it
makes limited use of case or word endings to convey
meaning. Instead, word order is often used in English
to convey meaning. English word order thus becomes
important, it is also more rigid than in most foreign
languages [...].

De uma forma bem livre, as palavras de Dixson (1969, p.132) nos dizem que:

[...] Pelo fato de o inglês não ser uma língua rica em


palavras que mudam sua forma de acordo com o seu
significado ou uso, ele faz uso limitado de como tais
palavras mudam (case endings) ou terminações de
palavras para expressar significados. Dessa forma, a
ordem das palavras é usada frequentemente em inglês
para expressar significados. A ordem das palavras em
inglês torna-se, assim, importante; ela é ainda mais
rígida do que na maioria das línguas estrangeiras [...].

Como pudemos acompanhar, Dixson ressalta a importância da


ordem das palavras no discurso em inglês dadas as características
peculiares de modulação dessa língua. Chamamos sua atenção para
essa questão, uma vez que estando acostumados às características
da nossa língua, o português, podemos nos esquecer de detalhes
inerentes ao inglês.
UNIUBE 5

Vimos que, nessa língua estrangeira, a ordem das palavras é usada


para expressar significados, algo muito importante dentro do contexto
linguístico.

Em relação ao fato da ordem das palavras na frase, continua Dixson


(1969, p.132):

[...] Normal word order in English is as follows: subject,


verb, indirected object, direct object, adverbial modifiers.
The student should be particularly careful not to separa-
te a verb and its direct object by an adverbial modifier.
Thus, one should not say, “I saw yesterday my friend” or
“She is taking now her music lesson”. The correct forms
are, “I saw my friend yesterday” and “She is taking her
music lesson now”.

Ou seja, Dixson (1969, p.132) nos explica que:


[...] A ordem normal das palavras em inglês é a
seguinte: sujeito, verbo, objeto indireto, objeto direto
e os modificadores adverbiais. O aluno deveria ser
especialmente cuidadoso em não separar um verbo e
seu objeto direto por um modificador adverbial. Assim,
alguém não poderia dizer “Eu vi ontem meu(minha)
amigo(a)” ou “Ela está tendo agora sua aula de música”.
As formas corretas são “Eu vi meu(minha) amigo(a)
ontem” e “Ela está tendo sua aula de música agora”.

Veja, caro(a) aluno(a), quanta diferença faz a ordem, a disposição


das palavras nas frases da língua inglesa, assim, também como em
qualquer outro idioma. Algo que pode ser ‘correto’ em português, não o
é em inglês. Portanto, devemos respeitar essas normas, se quisermos
ser bons usuários da língua.

AGORA É A SUA VEZ

A fim de verificar sua compreensão acerca destes estudos, leia as frases, a


seguir. Identifique o problema sintático que cada frase apresenta e indique
a ordem correta.
6 UNIUBE

a) Of course, always I go to the movies on Saturdays.


b) I have every day to do my English homework.
c) Please repeat slowly the whole exercise.
d) She said that she already had sung that song.

Agora, confira se você identificou e corrigiu devidamente as frases


anteriores. As frases ficam corretas da seguinte maneira:

a) Of course, I always go to the movies on Saturdays.


b) I have to do my English homework every day.
c) Please, repeat the whole exercise slowly.
d) She said that she had already sung that song.

Sobre a relevância das estruturas gramaticais em inglês, assim como


o interesse do aprendiz em relação ao léxico, Gairns e Redman (1993,
p.55) esclarecem que “[...] for with few exceptions, most learners
perceive the relevance of grammatical structures whatever their field of
interest and reasons for learning the language, how it is presented is a
different issue” (1993, p. 55).

Para os autores, “[...] com poucas exceções, a maior parte dos


alunos percebe a relevância das estruturas gramaticais seja qual for
o seu campo de interesse e razões de aprender a língua; como ela é
apresentada é uma questão diferente” (1993, p. 55).

Analisando, portanto, essas palavras, reafirmam-se as ponderações


sobre a importância das estruturas de uma língua para o seu
conhecimento pleno, não importando as razões e o campo de interesse
de nossos alunos. Ou seja, todos os aprendizes, de diferentes
propósitos, devem se importar com as normas da língua a ser
aprendida, uma vez que essas normas conduzem o aluno a um bom e
correto aprendizado.
UNIUBE 7

Agora, como se vê nas palavras finais de Gairns e Redman, a forma


como a língua e suas estruturas são apresentadas é o que importa.

Vimos insistindo que a forma de aprendizagem contextualizada é, hoje,


a melhor opção.

Ainda sobre o assunto em foco, vejamos, novamente, as palavras de


Gairns e Redman (1993, p.55):

[...] The same cannot be said of vocabulary which is


much more context-specific; items that are essential to
an understanding of one field of interest may be quite
irrelevant to students who are not interested in that
particular subject [...].

Em tradução livre:

[...] O mesmo não pode ser dito a respeito do


vocabulário, que é muito mais específico em
relação ao contexto; itens que são essenciais à
compreensão de um campo de interesse podem ser
totalmente irrelevantes a alunos que não estejam
interessados naquela específica matéria [...].

O que sempre temos dito manifesta-se claramente nessas palavras de


Gairns e Redman, ou seja, o contexto no uso do vocabulário é um fator
determinante ao bom desenvolvimento do aprendizado em inglês. É fato
que os alunos têm campos de interesse específicos, isso não importa,
o que fala mais alto é a contextualização do vocabulário. Assim, nosso
aluno deve aprender a procurar as palavras certas e aplicá-las no exato
momento da necessidade. Acima de tudo, essas palavras também
devem ocupar o seu lugar correto na frase, como vimos no início deste
estudo.

Em um país onde se fala o inglês, o aluno, por meio do “aprendizado de


rua” irá escolher, revelar o seu vocabulário, de acordo com o interesse.
Já, o aluno aprendiz em uma escola, vivencia outra realidade, e estará
8 UNIUBE

sujeito ao vocabulário desenvolvido naquele momento, naquela situação


específica.

Gostaríamos, aqui, de ressaltar a importância das palavras certas,


de sua organização no discurso (texto) para uma boa condução do
aprendizado, para uma expressão correta dos significados. Para tanto,
a “análise do discurso” nos esclarece muito sobre isso. Vejamos as
palavras de Cook (1989, p.09) a respeito desse tema:

Discourse analysis examines how streches of language,


considered in their full textual, social, and psychological
context, become meaningful and unified for their users.
It is a rapidly expanding field, providing insights into
the problems and processes of language use and
language learning, and is therefore of great importance
to language teachers. Traditionally, language teaching
has concentrated on pronunciation, grammar, and
vocabulary, and while those remain the basis of foreign
language teaching knowledge, discourse analysis can
draw attention to the skills needed to put this knowledge
into action and to achieve successful communication.

Desse modo, de acordo com Cook (1989, p.09), temos que:


A análise do discurso examina como partes da língua,
consideradas no seu pleno contexto psicológico,
social e textual, tornam-se significativas e unificadas
para os seus usuários. É um campo que se expande
rapidamente, fornecendo visões em relação aos
problemas e processos de aprendizagem e uso da
língua, e é, dessa forma, de grande importância para os
professores de línguas. Tradicionalmente, o ensino de
línguas tem se concentrado em pronúncia, gramática e
vocabulário, e enquanto esses itens permanecem como
a base do conhecimento de uma língua estrangeira,
a análise do discurso pode chamar a atenção para
as habilidades necessárias para se colocar esse
conhecimento em ação e conseguir uma comunicação
de sucesso.

Podemos verificar, a partir dessas palavras, a importância de associar


o conhecimento integrado de pronúncia, gramática e vocabulário às
UNIUBE 9

habilidades necessárias a uma boa comunicação. É dessa forma que


a análise do discurso pode contribuir para o desempenho de sucesso
do aluno no manuseio da língua. Isso porque as palavras e as frases
usadas de forma adequada, dentro do contexto de cada língua,
podem fazer a diferença. Ao contrário, quando mal-usadas, provocam
distorções, incompreensões e situações estranhas à correta estrutura
da língua, prejudicando, sobremaneira, a compreensão dos diálogos.

IMPORTANTE!

A análise do discurso tem se desenvolvido muito no sentido de facilitar a


compreensão, a relação das estruturas do texto. As frases são organizadas
dentro de um contexto, com uma estreita relação entre elas, portanto
desempenhando uma relação funcional lógica.

1.2 Organização textual

Mas qual a razão de estudarmos a sintaxe de uma língua?


Qual será sua utilidade?

O texto escrito, ao ser construído, obedece a certa organização já


conhecida de todos, que consiste em introdução, desenvolvimento – 2 a
3 parágrafos, em média – e o fechamento ou conclusão.

Na introdução, o autor apresenta o tema, ou seja, o assunto a ser


trabalhado. No desenvolvimento, acontece o desenrolar do enredo,
que, dependendo da necessidade, pode chegar a 2 ou 3 parágrafos.
Evidentemente que não há uma regra geral, uma receita infalível e que
deva ser seguida ao pé da letra, quando da necessidade de se escrever
um texto. O importante é que o autor não se perca no enredo. A redação
deve ser atraente, usando as palavras corretas para o momento e uma
boa escolha do tema. Nada de complexo, coisas enfadonhas – o texto
10 UNIUBE

deve ser atraente e ir direto ao assunto proposto. O fechamento ou


conclusão deve fazer um apanhado da história, sucinto, sem exageros,
e, evidentemente, que o autor saiba fechar o texto, sob pena de torná-lo
ininteligível.

É importante dizer que as sentenças de um texto se unem por meio de


links, permitindo a passagem de parágrafo para parágrafo sem perder-
se a ideia geral.

Assim, a análise do discurso estuda a maneira como uma frase sucede


a outra no contexto. O discurso, então, em outras palavras, demonstra
que certa parte da língua pode ser considerada como “tendo unidade”,
perfazendo uma sentença, quando se observam certas características
fora da língua propriamente dita, como a situação, as pessoas
envolvidas, o que elas sabem e o que fazem (COOK, 1989, p.14).

Os links fazem, nesse momento, um papel importante no discurso –


“ajudar a explicar por que uma sucessão de frases se torna um discurso,
e não apenas algo desconexo” (COOK, 1989, p.14).

Muitas vezes, não se concede o real valor dos links no contexto, na


organização textual. É fundamental que os professores observem e
procurem passar aos alunos essa importante noção sobre a ordem das
palavras na frase, assim como o significado peculiar de cada estrutura.

Sobre essa questão, vejamos, novamente, as palavras de Cook (1989,


p.61), esclarecedoras, pois apresentam um exemplo prático:
If we want to tell somebody a fact about the world – let´s
say that John ate fish and chips – we have a number of
ways in which we can put this into a sentence. We could
say simply – John ate fish and chips but there are many
other ways of saying the same thing:
UNIUBE 11

• It was John who ate fish and chips.


• What John did was eat fish and chips.
• The person who ate fish and chips was John.
• Fish and chips were eaten by John.
• Fish and chips is what John did.
• Fish and chips John ate.
• Fish is what John ate – and chips.

Some of these seem very strange, and many people


feel, when first confronted with examples like the last
three, that they are odd, unlikely, or just downright
wrong. But actual discourse provides a surprising
number. Odd they may seem, but occur they do! Like
this one!

O autor nos mostra que:

Se quisermos contar a alguém um fato sobre o mundo


– vamos dizer que John comeu peixe e batatas fritas
– temos uma variedade de formas como colocar isso
em uma frase. Poderíamos simplesmente dizer: John
comeu peixe e batatas fritas, mas há muitas outras
maneiras de se dizer o mesmo:

• Foi John quem comeu peixe e batatas fritas.


• O que John comeu foi peixe e batatas fritas.
• A pessoa que comeu peixe e batatas fritas foi o John.
• Peixe e batatas fritas foram comidos por John.
• Comer peixe e batatas fritas é o que fez John.
• Peixe e batatas fritas John comeu.
• Peixe é o que John comeu – e batatas fritas.
Alguns desses exemplos parecem muito estranhos,
e muitas pessoas sentem, quando pela primeira vez
se confrontam com exemplos como os últimos três,
que eles são peculiares, improváveis, ou, apenas,
totalmente errados. Mas o discurso corretamente
fornece um número surpreendente. Estranhos eles
podem parecer, mas ocorrem! Como este!
12 UNIUBE

Nada mais esclarecedor que este exemplo que acabamos de ver. As


várias possibilidades de expressar uma mesma ideia nos levam à
comprovação de quanto é rica a linguagem.

A combinação das palavras em uma frase pode levar a diferentes


modos de escrevê-la.

A sintaxe – que estuda as normas sobre como as palavras se


combinam para formar expressões – é providencial para os que
escrevem, possibilitando-lhes um recurso incrível, diríamos até
imensurável na arte da escrita e da literatura.

Esse jogo de cintura providencia um largo espectro quanto ao estilo,


técnicas de redação e, de um modo geral, ao aproveitamento das
palavras na expressão das ideias.

Vejamos um exemplo:

• John was studying when she phoned.


John estava estudando quando ela telefonou.

• When John was studying, she phoned.


Quando John estava estudando, ela telefonou.

• She phoned when John was studying.


Ela telefonou quando John estava estudando.

Outro exemplo:

• They went to Paris last month.


Eles/ elas foram a Paris mês passado.

• Last month, they went to Paris.


Mês passado, eles/ elas foram a Paris.
UNIUBE 13

O posicionamento das formas verbais se modifica, possibilitando


expressar a mesma ideia de uma forma diferente.

No segundo exemplo, a locução adverbial apareceu no final e no


começo da frase sem causar prejuízo da ideia transmitida.

Um fato interessante é o caso dos advérbios. Já vimos que


a colocação dessas palavras, em língua inglesa, admite, pelo
menos, três possibilidades. Você saberia apontá-las?

Vejamos esses exemplos em que os advérbios de modo apresentam


bastante flexibilidade na sua posição na frase.

• Carefully she did her homework.


• Cuidadosamente, ela fez sua tarefa de casa.
• She carefully did her homework.
• Ela, cuidadosamente, fez sua tarefa de casa.
• She did her homework carefully.
• Ela fez sua tarefa de casa cuidadosamente.

RELEMBRANDO

A respeito do uso dos advérbios em inglês, lembre-se:

• a maioria possui terminação – ly: quickly, seriously, carefully, usually


etc.;
• esse grupo de palavras pode modificar um verbo (She speaks English
fluently), um adjetivo (It cost reasonably cheap) ou outro advérbio (He
types incredibly quickly);
• os advérbios de frequência – always, often, usually, frequently,
sometimes, seldom, rarely, never – antecedem o verbo principal.
Porém, esses mesmos advérbios são colocados após o verbo to be.
Por exemplo: Mark often forgets his homework that´s why he is always
having extra classes.
14 UNIUBE

1.3 Collocation: colocação

O conhecimento da sintaxe nos conduz a outra importante


temática de estudos da língua inglesa, as chamadas
collocations. Você sabe a que isso se refere?

Quando dois itens ocorrem conjuntamente ou são usados juntos,


frequentemente diz-se que “se colocam”, daí o termo collocation.

Há certas situações em que as palavras podem combinar-se, e, em


outras, isso pode não acontecer. Isso não deixa de ser uma questão
de sintaxe, resguardadas as devidas exceções.

Vejamos um exemplo. Quando Gairns e Redman (1993, p.37) nos


dizem: ““pass” and “salt” collocate because people often want other
people to pass them the salt.”

Ou seja, segundo os autores, as palavras “passe” e “sal” colocam-se


porque as pessoas frequentemente querem que outras pessoas lhes
passem o sal.” Eles vão além em relação às colocações:

• a) subject noun + verb: The earth revolves around the


sun.
• b) verb + object noun: She bites her nails.
• c) adjective + noun: a loud noise; heavy traffic…
• d) adverb + past participle: badly dressed; fully insured…
UNIUBE 15

1.4 A correta construção gramatical

O bom usuário da língua inglesa deve, sistematicamente, observar a


construção gramatical como um item a ser praticado. Por isso, justifica-
se este estudo da língua em que abordamos a sintaxe, a ordem das
palavras e as collocations.

Além das anteriormente mencionadas, devemos nos atentar para a


concordância, os plurais, a função de cada classe de palavras do léxico
etc... tudo isso é de extrema importância para o bom trânsito da língua.

Imaginemos algumas considerações sobre a linguagem formal e a


informal. São duas formas com especificidades próprias. Por exemplo,
na linguagem formal, devemos selecionar aquele vocabulário que
melhor se coloca na temática a ser trabalhada – outro ponto, não se
deve usar contrações, expressões populares, o trabalho deve estar bem
pontuado etc. Já, na linguagem informal, isso não se faz necessário.
Não há, aqui, exigência de rigor ou formalidade.

Trabalhar com comunicação exige certas particularidades linguísticas


que o usuário deve sempre ter em mente. A língua inglesa tem as suas
particularidades que, às vezes, a língua portuguesa não apresenta.

Além do estudo da sintaxe, o que mais podemos fazer para


assimilar tais particularidades da construção da língua inglesa?

1.5 A leitura de textos autênticos

A resposta para nossa pergunta anterior é a leitura de textos


autênticos. Todos sabem da importância do uso de tais textos para
a leitura e desenvolvimento do domínio vocabular, das normas e
do estilo, detalhes que devem fazer do estudante um constante
questionador, sempre à procura do aperfeiçoamento nos estudos
do inglês.
16 UNIUBE

Sobre esta questão, vejamos o que dizem Gairns e Redman (1993, p. 115):

Written texts are often one of the major sources through


which language learners meet new vocabulary, so it
is only logical that they should be used extensively in
classroom teaching. They have the great advantage of
contextualizing new language items for the learner, and
an interesting text also serves to make that language
more memorable.

Vejamos a tradução livre do fragmento anterior:


Os textos são frequentemente uma das maiores fontes
por meio das quais os aprendizes de línguas encontram
novo vocabulário, dessa forma é apenas lógico que
eles sejam usados extensivamente no ensino na sala
de aula. Eles têm a grande vantagem de contextualizar
novos itens da língua para o aprendiz, e um texto
interessante também serve para tornar aquela língua
mais memorável.

O professor, quando for relacionar os textos para o trabalho de sala


de aula, deve optar por aqueles cujo tamanho e complexidade sejam
adequados à realidade do grupo – melhores são os textos atraentes
em temática dentro do nível trabalhado até então, também não muito
longos. A ferramenta pode ser boa e aconselhável, mas deve estar
ajustada para que não represente um obstáculo intransponível, tornando
os resultados negativos tanto para o professor quanto para os alunos.

Onde encontrar textos autênticos?

Eles estão presentes em jornais, nas revistas, na internet, mídias que


trabalham com as notícias mais recentes, mais representativas do dia
a dia.

Você, futuro(a) professor(a) de língua inglesa, tem, hoje em dia, uma


vasta gama de bons veículos onde buscar esses recursos pedagógicos.

A língua inglesa é muito rica em materiais pedagógicos. O professor tem


à sua disposição o que há de melhor para uma boa aula, um bom curso.
UNIUBE 17

Uma observação importante é que os temas dos textos devem ser


variados procurando abordar temáticas atuais, de várias procedências,
com particularidades diferentes, o que, certamente, irá enriquecer o
conhecimento linguístico dos alunos.

O texto é, sem dúvida, a melhor base de estudo de uma língua. Ali se


encontram as estruturas e organização de uma língua.

Nosso estudo sobre a sintaxe da língua inglesa nos revela a


necessidade de dominar a estrutura desse idioma estrangeiro a fim de
que nossa comunicação seja bem-sucedida. O contato com diferentes
textos nos proporciona a visualização de como se estrutura essa língua.
A leitura gradual e constante aliada ao estudo da sintaxe são atividades
que concorrem para a aprendizagem da língua inglesa.

Resumo

Este capítulo deu continuidade ao estudo da sintaxe da língua


inglesa, conhecimento fundamental para a boa organização textual
oral ou escrita. Dentre os assuntos de destaque deste capítulo, você
deve dedicar especial atenção à ordem das palavras no texto e às
collocations. De posse de tal conhecimento, você será capaz de
organizar textos coesos e coerentes em inglês. Além do estudo dos
itens mencionados, o contato com produções textuais autênticas do
idioma nos mostra como a língua é usada pelos nativos, contribuindo,
assim, com o nosso desenvolvimento.

Referências

BRITO, Marisa M. Jenkins de; GREGORIN, Clóvis O. Michaelis SOS


inglês: guia prático de gramática. São Paulo: Cia. Melhoramentos de
São Paulo, 1995.
18 UNIUBE

COOK, Guy. Discourse. Oxford: Oxford University Press, 1989.

DIXSON, Robert J. Graded exercises in English. Rio de Janeiro:


Ao Livro Técnico S.A., 1969.

GAIRNS, Ruth; REDMAN, Stuart. Working with words: a guide to


teaching and learning vocabulary. Cambridge: Cambridge University
Press, 1993.

MURPHY, Raymond. English grammar in use. 2. ed. Cambridge:


Cambridge University Press, 1994.
Capítulo Introdução à semântica – I
2

Newton Gonçalves Garcia


Renata de Oliveira Souza Carmo

Introdução

Primeiramente, vamos comentar algo a


Hamilton Mabie
respeito das palavras de Hamilton Mabie, (1846-1916)

que dizem: “don´t be afraid of opposition. Ensaísta e crítico


norte-americano.
Remember, a kite rises against, not with
the wind”, ou seja, “não tenha medo da
oposição. Lembre-se de que a pipa sobe contra o vento, e não
a favor dele.” Muitas vezes, encontramos oposição, dificuldades
e obstáculos na nossa vida. Seriam eles justificativa para a
interrupção do nosso trabalho ou projeto de vida? Certamente
que não, pois, ao enfrentarmos as dificuldades, rejuvenescemo-
nos para a caminhada que continua. Quem acredita em si,
normalmente, encontra forças para a superação e caminha rumo
à realização de seus ideais.

Neste capítulo 2, iniciaremos o estudo semântico na língua


inglesa. Estamos passando do estudo sintático nos dois capítulos
anteriores para outro campo do conhecimento linguístico, que é
a semântica.
20 UNIUBE

Objetivos
Ao final dos estudos deste capítulo, você deverá ser capaz de:

• explicar o que é semântica;


• argumentar sobre o uso da linguagem e o sentido dos
enunciados;
• formular exemplos práticos sobre o uso da linguagem e sua
significação.

Esquema
2.1 O conceito de semântica e outros conceitos relativos à área
2.2 A linguagem e sua importância
2.3 Características semânticas: semantic features
2.4 Análise das características semânticas: semantic feature
analysis
2.5 Sinônimos e antônimos: synonyms and antonyms
2.6 Características como formas auxiliares nas definições
2.7 A gramática e as características semânticas
2.8 Análise do campo semântico versus análise das
características semânticas
2.9 Core meaning
2.10 Vocabulário temático: thematic vocabulary
2.11 Semântica lexical: lexical semantics
2.12 Expressões idiomáticas: os idioms

2.1 O conceito de semântica e outros conceitos relativos à


área

Você sabe qual o objeto de estudo da semântica? Qual a sua


importância?
UNIUBE 21

O estudo semântico se impõe por uma razão bastante simples, porém


de incontestável importância. Vejamos o conceito de semântica, para
melhor compreensão:
Estudo sincrônico

Estudo linguístico considerado


1 LING estudo sincrônico ou diacrônico num momento dado,
da significação como parte dos sistemas independente de sua evolução
histórica. (HOUAISS, 2009,
das línguas naturais. p.1748)

Estudo diacrônico
2 LING num sistema linguístico, o componen- Relativo à abordagem dos
estudos linguísticos que
te do sentido das palavras e da interpretação focalizam a evolução histórica
das sentenças e dos enunciados. (HOUAISS, dos fatos de uma língua.
(HOUAISS, 2009, p.678)
2009, p.1724-1725)

Vejamos a definição de semântica, segundo Hatch e


Brown, “the term semantics refers to the study of meaning
and the systematic ways those meanings are expressed in
language”. Ou seja, “o termo semântica refere-se ao estudo
do significado e dos modos sistemáticos em que esses
significados são expressos na linguagem” (1995, p.1).

Podemos, agora, observar com mais detalhes o significado do que é


semântica. Ao falarmos em “significado”, já estamos fazendo alusão a
esse campo dos estudos linguísticos.

Como vimos nos conceitos anteriores, o estudo dos significados é a


principal função da semântica, por exemplo, quando dizemos o “sentido
das palavras” e a “interpretação das sentenças e dos enunciados”.

PARADA PARA REFLEXÃO

Diante disso, qual é a real importância dessa disciplina para um idioma e


seus falantes?

Por que tamanha dedicação a esse estudo?


22 UNIUBE

Conhecer o sentido das palavras e poder interpretar as sentenças e


os enunciados nos leva ao patamar da capacidade de poder transitar
pela língua tomando conhecimento pleno de suas mensagens,
compreendendo o que ali se encontra escrito.

Cada palavra tem seu significado específico, porém ele pode mudar
dependendo do contexto, da situação. Essa pluralidade em relação ao
significado das palavras é que dá a beleza, a magia às línguas. O termo
“sinônimo” reflete essa multiplicidade de significados. E isso enriquece
a língua – faz a “alegria” dos escritores, pois eles podem contar com
mais esse recurso.

Vejamos os termos enunciado e signo:

ENUNCIADO s.m – 1.2 LING frase, parte de um discurso (oral ou


escrito) em associação com o contexto em que é enunciado.

1.3 – LING. EST segmento da cadeia falada produzida por um falante


de uma determinada língua que é delimitado por certas marcas formais:
da introdução, de silêncios (expressão oral), de pontuação (expressão
escrita). E o conjunto dos enunciados constitui o corpus utilizado para
a descrição e a análise de uma língua.
(Dicionário Houaiss da língua portuguesa, 2009, p.776)

SIGNO s.m LING unidade linguística constituída pela união de um


conceito, ou significado, de uma imagem acústica, ou significante,
geralmente através de uma relação arbitrária.
(Dicionário Houaiss da língua portuguesa, 2009, p.1743)

Observando essas definições, podemos melhor compreender o


processo de comunicação por meio da linguagem.
UNIUBE 23

2.2 A linguagem e sua importância

A linguagem é usada para a comunicação entre as pessoas. As mensagens


podem apresentar significações as mais variadas. Sobre o funcionamento
das mensagens, vejamos as palavras de Chalhub (2006, p.5):

O funcionamento da mensagem ocorre tendo em vista


a finalidade de transmitir – uma vez que participam
do processo comunicacional: um emissor que envia
a mensagem a um receptor, usando do código para
efetuá-la; esta, por sua vez, refere-se a um contexto. A
passagem da emissão para a recepção faz-se através
do suporte físico que é o canal.

Dessa forma, alinham-se os fatores ligados ao modelo de comunicação:


• emissor;
• receptor;
• canal;
• código;
• referente;
• mensagem.

Sabe-se que a linguagem também se manifesta de outras formas, e não


apenas pelo verbo (linguagem verbal). A manifestação de comunicação
pelo corpo, sons, escultura, pintura, arquitetura etc.

Esses modos singulares de comunicação são plenamente difundidos


na sociedade.

Ainda segundo Chalhub (2006, p.7):


essas mensagens possuem um modo singular de
formarem um organismo, uma organização própria que
as significa como mensagem: um conjunto de signos
arquitetônicos não se confunde, evidentemente, com
a estrutura musical, que por sua vez se diferencia da
escultura.
24 UNIUBE

Vimos, então, que os signos são determinantes na concepção de uma


mensagem. A significação dos signos é, portanto, fator primordial no
processo de comunicação.

A significação é o objeto de estudo da semântica, proporcionando, dessa


forma, mais facilidade na compreensão dos enunciados, do texto e,
consequentemente, das mensagens.

No estudo da semântica é importante conhecer também o significado


dos termos léxico, morfologia e vocabulário, todos pertinentes à área de
Letras.

Durante seus estudos, neste curso, você já ouviu falar neles?

Segundo Hatch e Brown (1995, p.1-3), as definições são as seguintes:

LEXICON: “the term lexicon refers to the overall system of word forms", ou
seja: “o termo léxico refere-se a todo o sistema das formas das palavras”.

MORPHOLOGY: “the study of word formation in languages”, ou seja: “o


estudo da formação das palavras nas línguas.”

O termo ainda pode ser usado para se referir a (o):

[...] the way forms might be systematically represented in the brain, that is,
the mental lexicon.” Ou seja, “[...] ao modo com que as formas poderiam
ser sistematicamente representadas no cérebro, isto é, o léxico mental”.

VOCABULARY: “the term vocabulary refers to a list or set of words for a


particular language or a list or set of words that individual speakers of a
language might use.” Ou seja, “o termo vocabulário refere-se a uma lista ou
conjunto de palavras para uma língua específica ou uma lista ou um conjunto
de palavras que os falantes individuais de uma língua possam usar.”
UNIUBE 25

IMPORTANTE!

O termo sistema (system) refere-se à definição dada pelos livros de


linguística, que é a linguagem.

A finalidade do linguista, ainda segundo Hatch e Brown (1995, p.3), é


“[...] to discover and describe system (the sound system, the semantic
system, the lexical system, the morphology system, the syntactic system,
the discourse system, and their many subsystems.”

Traduzindo, temos que “[...] descobrir e descrever o sistema (o sistema


de som, o sistema semântico, o sistema morfológico, o sistema sintático,
o sistema do discurso, e seus muitos subsistemas’.

Ainda sobre os linguistas, os autores continuam: “Linguists approach their


task in different ways and, depending on their theoretical orientation, may
stress one type of description more than another”.

Em uma tradução livre, temos que: “os linguistas aproximam sua tarefa
de diferentes modos e, dependendo da sua orientação teórica, podem
salientar um tipo de descrição mais do que o outro”.

AGORA É A SUA VEZ

Antes de prosseguirmos com nossos estudos, faça um resumo sobre os


principais termos ligados aos estudos semânticos. Em seguida, relacione
os estudos semânticos à aprendizagem de língua estrangeira.

2.3 Características semânticas: semantic features

Iniciemos este item pela definição do que são características


semânticas:
26 UNIUBE

As características semânticas ou componentes são


importantes para a determinação do significado das
palavras, separar os vários significados das palavras
individuais, e nos auxiliam a analisar as relações entre
palavras semelhantes (HATCH; BROWN, 1995, p.14).

Compreendeu? Se não, vejamos um exemplo.

EXEMPLIFICANDO!

Para chegarmos ao que uma palavra significa precisamos apontar algumas


de suas características: “serve para escrever, possui grafite, feito de madeira,
longo, etc...” Certamente, estamos falando de um “lápis”, não é mesmo?

Se dissermos que um determinado objeto é feito de couro, tem solado e


salto, usado para a proteção dos pés, facilmente chegaremos às palavras
“calçado ou sapato”.

Uma vez compreendidas as características semânticas, passemos à sua


análise.

2.4 Análise das características semânticas: semantic


feature analysis

Você já deve ter visto e, até mesmo, resolvido o exercício que colocamos,
a seguir:

Da relação de três palavras, a seguir, retire aquela


que não se relaciona ao grupo:

professor, médico, vocação

A palavra que não pertence ao grupo é “vocação”. Sabe por quê?


Façamos, então, a análise das características semânticas das palavras
relacionadas ao grupo.
UNIUBE 27

Primeiramente, a palavra “vocação” não corresponde a uma profissão


como as duas outras. Além do mais, não é uma palavra que se refere
a um substantivo concreto e, sim, a um substantivo abstrato.

E, agora, qual a palavra que não pertence ao próximo grupo?

Sydney Sheldon, Barack Obama, Ernest Hemingway

Os três exemplos se referem a nomes de importantes figuras


norte-americanas. Porém, Sheldon e Hemingway, ambos falecidos, são
eminentes escritores estadunidenses. Já Obama tornou-se conhecido
por ter sido um dos presidentes da história recente dos EUA.

A análise das características semânticas nos ajudam a separar as


palavras das listas, uma vez que temos a noção de quem foram aquelas
pessoas, ao considerarmos sua função na sociedade, nacionalidade e
outras características.

Essas características perceptivas nos ajudam a escolher entre grupos


de palavras, como no caso descrito anteriormente, e também têm uma
conotação gramatical, como no caso da palavra “vocação”, substantivo
abstrato que difere dos substantivos concretos, como “professor” e
“médico”.

Outra característica interessante da semântica é a polissemia – palavra


ou locução que apresenta mais de um sentido.

Vejamos um exemplo. O que lhe vem à mente quando dizemos a palavra


“prato”?

Vasilha, comida, iguaria, receptáculo de balança, instrumento musical...?


28 UNIUBE

As possibilidades são diversas. Então, trata-se de uma palavra


polissêmica.

Em inglês, temos a palavra “plant”, que pode significar:

• planta (vegetal);
• conjunto de máquinas;
• instalação de aparelhos, máquinas.

Há, nesse caso da palavra “plant”, uma multiplicidade de sentidos. Veja


que a palavra apresenta sentidos bem distintos uns dos outros.

Assim, você percebeu as relações possíveis de serem estabelecidas


entre as palavras a partir de seus significados e suas características.
Porém, há, ainda, outras formas de relação semântica. Vejamos!

2.5 Sinônimos e antônimos: synonyms and antonyms

Outra característica semântica são os sinônimos, ou seja, palavras cujos


significados são semelhantes. Podem ser usadas uma no lugar da outra
sem prejuízo do sentido. Por exemplo:

• pretty – beautiful (bonito, lindo)

• strange – weird (estranho)

• cease – stop (parar)

Os antônimos são palavras cujos significados são contrários. Por exemplo:

• beautiful x ugly (bonito x feio)

• cheap x expensive (barato x caro)

• friend x enemy (amigo x inimigo)


UNIUBE 29

Mas é interessante dizer que as palavras sinônimas nem sempre são


usadas de modo recíproco em qualquer situação – isso vai depender do
contexto. Por exemplo, a expressão “pare com isso”, em inglês, é:

• “Cease that!”

ou

• “Stop that!”

Mas e agora? Quando usar uma ou outra? Em que contexto?

O primeiro exemplo - “cease that!” - é mais formal, usado no discurso


legal. No caso de uma situação informal, não usaríamos esta expressão,
e sim, “stop that!”, que é mais comum.

Veja as locuções: “sort of”, “ kind of”, “type of”.

Todas significam “tipo” ou “espécie de”. Portanto, podem ser consideradas


sinônimas. São usadas em momentos em que não conseguimos ter
certeza de algo que queremos expressar. Quando dizemos, “É uma
espécie de ferramenta”, não estamos conseguindo produzir o termo
exato, para nos referirmos àquele objeto imaginado. Não é interessante?
Hatch e Brown (1995, p.19) nos alertam para algo também muito
interessante sobre os sinônimos. Veja:
Although dictionaries list synonyms as words with
similar meanings, the fact that X is a synonym for Y
does not mean that Y is necessarily a synonym for X.
For example, the Dictionary of American Synonyms lists
murder as a synonym of kill but does not list kill as a
synonym for murder. Powerful is listed as a synonym for
strong but not vice versa.

Veja a tradução:
30 UNIUBE

Embora os dicionários listem os sinônimos como


palavras com significados semelhantes, o fato de que X
seja um sinônimo para Y não significa necessariamente
que Y seja um sinônimo para X. Por exemplo, o
Dictionary of American Synonyms lista murder como
sinônimo de kill, mas não lista kill como sinônimo para
murder. Powerful é listado como sinônimo para strong,
mas não vice-versa.

Por que isso acontece? Certamente, há diferenças semânticas


sutis entre esses sinônimos. Algo muito interessante a ser
pesquisado, não é mesmo?

Outros casos interessantes acontecem com os antônimos, que, apesar


de significarem o oposto, o contrário, podem apresentar problemas que
podem e devem ser analisados à luz da semântica. Vejamos alguns
casos.

Segundo Hatch e Brown (1995, p.20):

• Hot and cold – refer to the poles of a temperature


dimension; one is positive and the other negative.
• Long and short - refer to poles of a length dimension.
• North and south – refer to direction in relation to
a magnetic point, one pointing to north and the other
pointing away from it.

Traduzindo, temos:

• Quente e frio – referem-se aos polos de uma dimensão


de temperatura; um é positivo e o outro negativo.
• Comprido e curto – referem-se a polos de uma
dimensão de comprimento.
• Norte e sul – referem-se a uma direção em relação a
um ponto magnético, um apontando para o norte e o
outro apontado para fora (contrário) dele.

Observamos, então, que muitos opostos são aparentes. Na verdade,


são pontos extremos em escalas graduadas. É o caso de hot e cold,
UNIUBE 31

que parecem ser opostos, mas a temperatura é escalonada; nós é que


fazemos o juízo sobre a situação e usamos hot, warm, cool, cold ao longo
da escala (HATCH; BROWN, 1995, p. 20).

2.6 Características como formas auxiliares nas definições

Se alguém nos perguntar o que é uma ferramenta, como um serrote,


por exemplo, iremos lançar mão das características desta ferramenta,
certamente unindo-as à sua função, para tentar responder à pessoa
que nos perguntou.

Iríamos dizer que é uma peça com um suporte (cabo) de madeira,


uma lâmina de aço serrilhada, usada para serrar madeira, em geral.
Portanto, a pessoa logo ficaria convencida de que o serrote é um tipo
de serra manual. Associamos as características físicas do objeto à(s)
sua(s) função(ões).

Sabemos que, na definição, algumas características são obrigatórias,


como no exemplo dado por Hatch e Brown (1995, p.23):

[...] for example, a tree must have a trunk and roots,


but branches and leaves may be optional at different
periods in a tree´s life. In reality though, people are
more likely to define trees in terms of their branches
and leaves than they are in terms of trunks or roots. The
best definitions seem to be those which is most salient in
perceptual terms.

Em uma tradução livre, temos:

[...] Por exemplo, uma árvore deve ter um tronco e


raízes, mas os galhos e as folhas podem ser opcionais
nos diferentes períodos de vida de uma árvore. Na
realidade, porém, as pessoas tendem mais a definir
árvores em relação aos seus galhos e folhas do que
em relação ao tronco ou raízes. As melhores definições
parecem ser aquelas ligadas ao que é mais visível em
termos perceptivos.
32 UNIUBE

Essas palavras reforçam a importância das características quando se


quer fornecer uma definição a alguém. Porém, essas características,
como no caso da árvore, podem variar conforme a época, ou as pessoas
usarem-nas conforme o seu ideário de definição, ou seja, nem todos
precisam usar as mesmas características de um objeto para defini-lo.
Uma questão muito importante e interessante nas definições é o
exemplo advindo das crianças. Se chamadas a definir um objeto,
conforme sua idade, elas vão enumerando características diferentes.
Por exemplo, as mais jovens lançam mão das características visuais,
como, por exemplo, a cor, o tamanho e a forma. Já, as crianças mais
velhas associam as características visuais com a utilidade do objeto.

Essas percepções nos levam a admitir que as definições são resultados


que podem variar dependendo da maturidade da pessoa, do ângulo sob
o qual a pessoa se apoiou para definir o objeto - no caso de árvores
(folhas e galhos, por exemplo), da época, do momento etc., ou seja,
são muitas as variáveis. Podemos ter várias definições, todas elas são
válidas, de acordo com uma série de subjetividades.

A semântica explica tudo isso sob a luz da ciência, após pesquisas


conduzidas por estudiosos e comprovadas mediante fatos linguísticos.

2.7 A gramática e as características semânticas

As características semânticas são importantes no que tange às palavras


e seus significados. Em relação à gramática, parece ser menor o
número de características semânticas que têm a ver com suas normas,
pois isso vai depender das línguas. A maioria das línguas parece ter
sistemas próprios e arbitrários para as suas explicações gramaticais.
Portanto, nem todas as características semânticas de uma língua
podem ser aplicadas a outras línguas.
UNIUBE 33

Porém, uma coisa é certa: as características semânticas que apresentam


consequências no campo da gramática são fundamentais para as
descrições linguísticas.

Por exemplo: os substantivos contáveis e incontáveis do inglês:


seriam eles os mesmos de outras línguas?

Possivelmente, não! O que acontece é que as línguas usam uma


classificação própria para seus objetos e, depois, lançam mão de
marcadores de gramática próprios àquela situação de classificação. Já
vimos que a classificação gramatical, características, fatos etc. podem
ser arbitrários de língua para língua. Isso, pode-se dizer, é normal.

Um fato indiscutível, porém, é que, ao lado dos fatos arbitrários, há


aqueles que aparecem em muitas línguas, como por exemplo, as
famosas oposições binárias, como as que se seguem, segundo Hatch
e Brown (1995, p. 25):

singular v.s plural


count v.s mass
human v.s nonhuman
animate v.s inanimate
male v.s female
vertical v.s horizontal
rigid v.s flexible
liquid v.s solid

Segundo, ainda, os mesmos autores:

Distinctions such as < + / - human >, < +/ - count >,


< + / - animate, < + / - concrete > have important
consequences for English, and in many European
languages as well. However, this does not mean that
all languages will necessarilly attend gramatically to the
same features.
34 UNIUBE

Traduzindo:
As distinções como < + / - human >, < + / - count >,
< + / - animate>, < + / - concrete > têm importantes
consequências para o inglês, e para muitas línguas
europeias também, entretanto, isso não significa que
todas as línguas tenham que atender gramaticalmente
às mesmas características.

Essas palavras comprovam a diversidade das línguas em relação às


suas normas gramaticais e semânticas. São as peculiaridades de cada
língua, que devem ser respeitadas.

Vejamos, para completar, o caso do francês, em que há uma notação


própria em relação ao gênero dos substantivos. Exemplos:

La mer – o mar, porém, aqui o artigo é feminino: la = a, portanto, mar,


em francês, é considerado feminino.

Le oiseau – o pássaro - até aqui tudo bem, porém, em francês, não


há o correspondente feminino para pássaro, não considerando, dessa
forma, os representantes femininos da espécie.

A língua húngara não classifica os substantivos em gêneros (masculino


e feminino).

Outros exemplos são os substantivos ship (navio) e moon (lua),


considerados palavras femininas. Vejam os exemplos, segundo Britto
e Gregorin (1995, p.19):

The ship struck a big rock which almost destroyed her. O navio bateu
numa grande rocha que quase o destruiu.

The moon and her glorious beams enchanted everyone. A lua e seus
raios gloriosos encantaram a todos.
UNIUBE 35

Os dois casos representam casos atípicos, pois, também em inglês,


os substantivos que indicam seres inanimados, são todos do gênero
neutro. Por exemplo: tree (árvore), book (livro) etc.

2.8 Análise do campo semântico versus análise das


caracterítcas semânticas

Aqui, faremos uma breve, mas clara observação sobre estes dois
tipos de análises no campo da semântica, importantes para que
possamos separar as duas vertentes desse conhecimento tão
específico.

Faremos, na verdade, uma pequena, concisa avaliação desses


dois campos da semântica.

Vejamos, primeiramente, o que nos dizem Hatch e Brown (1995,


p.41) sobre o assunto:

Semantic field analysis uses features to identify the field


relationship of lexical items within the discovering how
terms whitin this field or domain differ from each other.
In semantic feature analysis, by contrast, the primary
goal is to find those features that are distinctive, for the
grammar of the language, and that help to clarify the
various meanings of a single word.

Para melhor compreensão, veremos o que dizem tais palavras:

A análise do campo semântico usa as características


para identificar o relacionamento dos itens lexicais em
um campo, com a finalidade de descobrir como os
termos nesse campo ou no seu domínio diferem um
do outro. Na análise das características semânticas,
em contraste, a principal finalidade é encontrar aquelas
características distintivas, para a gramática da lingua, e
que ajudam a esclarecer os vários significados de uma
única palavra.

Apesar de trabalharem no campo das significações, estes dois ramos


da semântica têm suas peculiaridades, como acabamos de ver nas
36 UNIUBE

palavras anteriores. Vejamos dois exemplos, para melhor compreensão,


segundo, ainda, Hatch e Brown (1995, p.33):

For example, if we studied the word iron, we would also


look at toaster, vacuum cleaner, and other items in the
household tools domain. Or, we would study it along
with copper, zinc, and other items in the metal domain.
Because each field is examined separately, polysemy
is not an issue (as it is semantic feature analysis).
Bachelor (as an unmarried man, a graduate with a B.A.
degree, a person who serves a knight, or a sea animal)
would be considered four different words and each
defined within its own domain.

Observando a tradução deste trecho:

Por exemplo, se estudarmos a palavra iron, daríamos


também uma olhada em toaster, vacuum cleaner e
em outros itens do domínio de utensílios domésticos.
Ou, iríamos estudá-lo juntamente com copper, zinc e
outros itens do domínio dos metais. Pelo fato de cada
campo ser examinado separadamente, a polissemia
não se constitui em um assunto (como na análise das
características semânticas). Bachelor (como um homem
solteiro, alguém formado com grau de B.A., uma pessoa
que serve a um cavaleiro, ou um animal marinho) seria
considerado como quatro palavras diferentes e cada
qual definida no seu próprio domínio.

SAIBA MAIS

Para facilitar a compreensão do texto, veja o significado de algumas


palavras:

Iron: ferro de passar ou metal


Toaster: torradeira
Vacuum cleaner : aspirador de pó
Copper: cobre
Zinc: zinco
Bachelor: bachelor of Arts (B. A.), título dado à graduação em áreas
como História ou Línguas. No sentido de um animal marinho, refere-se
à foca macho não acasalada.
UNIUBE 37

Após todas essas observações, chegamos à conclusão de que a


semântica tem muito a oferecer em termos das significações, e, muitas
vezes, situações até mesmo inimaginadas, como é este caso da foca.
Interessante, não?

2.9 Core meaning

Poderíamos traduzir este termo como “significado central ou principal”,


no sentido de oposto ou periférico. Os psicólogos cognitivos e linguistas
usam dois termos core e prototype, na tentativa de se compreender a
maneira pela qual atribuímos significados às palavras.

Hatch e Brown (1995, p.47) falam sobre os dois termos:

Core (as opposed to periphery) relates to meanings of


a particular word which are most central, primary, or
invariant. The core meaning of break is that of breaking
an object such as a cup, not the breaking of waves on
the shore. A prototype is a best instance example of a
concept. Thus, robin might be a prototype best instance
of the concept BIRD and oak might be a prototype best
instance of TREE.

Vejamos a tradução:
Core (como oposto a periferia) refere-se aos significados
de uma palavra específica que são mais centrais,
primários ou invariáveis. O significado central de break
é aquele quando se quebra um objeto como uma
xícara, não o quebrar de ondas na praia. Um prototype
é o melhor exemplo momentâneo de um conceito.
Assim, robin (pintarroxo) pode ser o melhor exemplo
momentâneo para o conceito BIRD (pássaro) e oak
(carvalho) poderia ser o melhor exemplo de protótipo
(prototype) do conceito TREE (árvore).
38 UNIUBE

SAIBA MAIS

Há, também, core meanings para os verbos, assim como vimos o exemplo
anterior para quebrar, embora sejam mais comuns os core meanings para
objetos.

Temos palavras correlatas ou periféricas à palavra central, principal (core),


que são usadas dentro de um contexto que se refere àquela palavra. Por
exemplo, quando falamos em quebrar, não seria extravagante falarmos em
quebra-gelo, quebra-luz, quebra-cabeça, quebra-galho etc.

2.10 Vocabulário temático: thematic vocabulary

Aqui, o aprendizado de vocabulário refere-se a um tema específico


e está relacionado ao que acabamos de estudar – as core words ou
expressions.

O tema ou assunto é escolhido – por exemplo, naufrágio – e, então,


o vocabulário girará em torno dele. As palavras relacionadas ao tema
podem ser destacadas para uma melhor visualização. Ainda podemos
acrescentar o que chamamos de extended vocabulary (vocabulário
extendido, ou seja, aumentado), para que o aluno, ao estudar, possa
ver ampliado o seu domínio de vocabulário. As palavras do extended
vocabulary são todas, também, relacionadas ao que se fala no
momento, às vezes da mesma família de palavras (word family).

Como se vê, o estudo das palavras e do vocabulário se reveste de


várias oportunidades de aprendizado, de modo que o aluno possa ter
condições de aprimorar o seu estudo da língua inglesa, um idioma
que nos presenteia com um vocabulário vastíssimo, portanto pronto
para ser estudado a qualquer momento. Fontes para os estudos não
faltarão. Como vimos sempre alertando nos capítulos anteriores, é
importante aquela consciência bem-formada de leitura, pela busca do
aprimoramento do léxico, suas normas e peculiaridades.
UNIUBE 39

Dessa forma, você, futuro(a) professor(a) de línguas, poderá passar


todas estas descobertas para os seus alunos. Poderá ter uma
capacidade maior de observação e elaboração de aulas mais dinâmicas,
interessantes e proveitosas.

O aluno do ensino fundamental e do médio é o pré-adolescente ou


adolescente, que, por natureza e força da idade, é inquieto e está
sempre à procura de novidades, algo que possa surpreendê-lo e
mantê-lo interessado na sala de aula.

Sabemos, todos, da dificuldade de trabalhar com essa faixa de idade,


dadas as características anteriormente relacionadas, mas o que temos
a fazer é encarar o desafio de forma altaneira, sempre vislumbrando
metas que podem ser alcançadas, cumpridas a médio e a longo prazo.
Assim sendo, estaremos cumprindo bem o nosso papel de informar e
quem sabe, ajudar a formar melhor nossos alunos.

2.11 Semântica lexical: lexicals semantics

Em relação a este tema, iremos abordar, ainda que de modo superficial,


mas dentro da nossa intenção, de maneira clara o suficiente para
despertar sua atenção, caro(a) aluno(a), algumas relações semânticas
interessantes, como os multi-word verbs ou the two-word verbs e os
idioms.

O two-word verb (o verbo de “duas palavras”) é um verbo seguido


geralmente de uma preposição. Dessa forma, a união do verbo e da
preposição formará uma nova unidade semântica diferente da soma dos
significados do verbo à preposição (BRITTO; GREGORIN,1995, p. 341).

Como exemplos, os autores citam e explicam:


40 UNIUBE

• The inspector is looking over the entire place.


• The inspector is examining the entire place.
• O inspetor está examinando o lugar todo.

No exemplo, looking over foi substituído por examining, sem alterar


o resultado. O verbo to look over é “separável”, isto é, entre os seus
componentes (look e over) temos o objeto direto. Vejamos:
• The inspector is looking the entire place over.

Outro exemplo, agora, como verbo inseparável.


• The detectives will look into the crime soon (verbo e preposição
inseparáveis).
• Os detetives investigarão o crime brevemente.

Britto e Gregorin (1995, p.342) também falam sobre os the two-word


verbs que tanto podem ser “separáveis” ou “inseparáveis”, sem
mudança de significado:

Exemplos:
to call up (telefonar), to put on (pôr, vestir), to take off (tirar, despir-se),
to turn on (ligar, acender), to turn off (desligar, apagar)...

Vejamos no contexto:

• He´ll call Joan up.


• He´ll call up Joan.
• Ele telefonará para Joan.
UNIUBE 41

2.12 Expressões idiomáticas: os idioms

Segundo Gomes e Collins (1964, Introduction):


English, as every other language, is constantly changing.
While there are established grammatical rules and
forms, the usage of certain expressions and patterns of
speech have come into the language frequently as slang,
and have become so firmly established that they have
become acceptable in all social classes.

Em tradução livre, temos:


O inglês, como qualquer outra língua, está constantemente
mudando. Embora existam regras e formas gramaticais
definidas, o uso de certas expressões e modos de falar
entraram para o idioma, com frequência, sob a forma
de gírias, fixando-se tão firmemente que se tornaram
aceitáveis por todas as classes sociais.

Aqui, vimos a origem dessas expressões que acabam por renovar a


língua ­­­­- as gírias – e sua fixação subsequente às mudanças correntes
que são consideradas normais em qualquer idioma, isso porque uma
língua é uma entidade viva.

“Many expressions come into the language and


disappear while others remain and become an
established part of the colloquial speech. These we call
idiomatic expressions”.

“Muitas expressões entram para a língua e desaparecem


enquanto outras ficam e se tornam parte estável do
discurso coloquial. A isso chamamos de expressões
idiomáticas”.

Temos, nesse segundo trecho, o conceito de expressões idiomáticas,


ou seja, aquelas expressões que chegam e permanecem no idioma,
originariamente, como gírias.

Continuando com a explicação de Gomes e Collins (1964, Introduction):


42 UNIUBE

It is for this reason that students of English find that they


have difficulty understanding the people of an English
speaking country, when they visit it, even though they
have studied well in school.

Vamos à tradução:

É por essa razão que os estudantes de inglês encontram


dificuldade em entender as pessoas de um país onde
se fala o inglês, quando o visitam, mesmo que tenham
estudado bastante na escola.

Os professores de inglês sempre recebem reclamações ou afirmações


de pessoas/alunos que visitam os países de língua inglesa, dizendo
sobre a dificuldade que encontraram na viagem em termos de
compreensão do inglês.

Segundo os autores que estamos tomando como referência, isso


acontece por causa das expressões idiomáticas amplamente difundidas
nas ruas ou “na boca do povo”.

Para finalizar, Gomes; Collins (1964, Introduction) relatam:

Often they fail to realize that the spoken language is not


always the same as the written language. The language
of the people is full of practical expressions which carry
meaning in a few words. These expressions are not
generally learned in school.

Em tradução livre, temos:

Com frequência, eles falham ao verificar que a língua


falada nem sempre é a mesma que a escrita. A língua
do povo é cheia de expressões práticas que carregam
significados em poucas palavras. Estas expressões não
são geralmente aprendidas na escola.

Fechamos estas palavras com a observação de que as pessoas, quando


no país estrangeiro de fala inglesa, encontram dificuldades em entender,
e porque não dizer, de se fazerem entender. Como vimos, a língua do
povo, falada no dia a dia, está impregnada de expressões populares, as
UNIUBE 43

chamadas expressões idiomáticas, nem sempre aprendidas a contento


nas escolas.

O que fazer então?

Não há outra saída, só a integração com os falantes nativos, o exercício


oral frequente, o contato com filmes e séries estrangeiras e, também, a
ajuda de uma escola, de alguém experiente no idioma. Ao dedicar-se,
o aprendizado acontece naturalmente.

Outra observação que pode ser evidenciada é a seguinte: as escolas


nacionais de inglês têm uma parte de seu currículo dedicada ao
ensino das expressões idiomáticas. Mas, como essas expressões são
numerosas e os alunos nem sempre as praticam como deveriam, o seu
domínio fica severamente prejudicado, em grande parte pela dificuldade
que os alunos encontram em treinar a conversação quando saem da
escola. Essa é a dificuldade generalizada em um país cuja língua oficial
não é o inglês, como no Brasil.

Veremos, agora, algumas expressões idiomáticas americanas no


contexto, relacionadas por Gomes e Collins (1964):

• against the rain – contrário à disposição ou natureza de uma pessoa.


It goes against the rain to go out on a rainy might.
• again and again – frequentemente. I don´t know why he keeps asking
those silly questions again and again.
• go bad – deteriorar-se; corromper-se.

1) After only six hours the milk went bad.

2) Some boys go bad if they keep company with a criminal element.


44 UNIUBE

• turn one´s back on – abandonar, recusar auxílio a.


When I most needed her help, she turned her back on me.

• hold a candle to someone – comparar-se com.


He´s a good student but he can´t hold a candle to James.

• go down the drain – ir por água abaixo.


All his money went down the drain when the business failed.

Essas expressões idiomáticas continuam a entrar e a sair do idioma. Elas


são parte, portanto, como já dissemos, de uma entidade viva, a língua,
e estão sujeitas a modificações ao longo do tempo.

Por essa razão, são, muitas vezes, difíceis de serem assimiladas e


compreendidas por um não nativo.

Interessante dizer que mesmo dentro do país de origem, há expressões


idiomáticas regionalizadas, o que causa dificuldade também para
os nativos. Expressões do norte, leste, oeste, sul podem não ser as
mesmas para cada região.

Isso acontece aqui no Brasil e nos países chamados “continentais” por


sua grande extensão territorial.

A respeito dos provérbios, podemos dizer que eles, também, são


admirados e citados com frequência. Fazem parte da cultura linguística
de cada idioma.

Muitos provérbios têm equivalentes em muitas e diferentes línguas,


como os exemplos, a seguir:
UNIUBE 45

português: O amor é cego.


inglês: Love is blind.
espanhol: El amor es ciego.

Os provérbios (proverbs) e ditos populares (sayings), normalmente,


transmitem lições de moral e alusões. São frequentes em todas as
línguas.

Vejamos mais alguns exemplos:

• A little is better than none. É melhor pouco do que nada.


• All is fish that comes to the net. Tudo o que cai na rede peixe.
• After a storm comes a calm. Depois da tempestade, vem a bonança.
• Lies have short legs. A mentira tem perna curta.
• Hell is full of good will. O inferno está cheio de boas intenções.
• Never put off till tomorrow what you can do today. Nunca deixe para
amanhã o que você pode fazer hoje.
• The devil is not as bad as he is painted. O diabo não é tão feio como
pintam.

Resumo

Concluímos o capítulo 2, apresentando a você as primeiras noções


de semântica da língua inglesa, em que procuramos, neste início de
estudo da matéria, selecionar alguns tópicos importantes, que viessem
a esclarecer o significado das palavras como algo imprescindível para
a compreensão e a interpretação dos enunciados e das sentenças.

Elaboramos uma sequência que acreditamos ser bem didática para


quem ainda não se iniciou nessa disciplina tão significativa. Partimos
de seu conceito, passando por outros tópicos não menos importantes
para a compreensão da temática, como léxico, morfologia, vocabulário,
46 UNIUBE

enunciado e signo. Vimos, também, a importância de linguagem para


a comunicação.

Continuando nosso estudo, falamos um pouco sobre as características


semânticas e sua análise, a análise do campo semântico, sinônimos e
heterônimos, polissemia, o estudo das características para a definição, a
gramática e as características semânticas, o core meaning, vocabulário
temático, semântica lexical (two-word verbs e idioms).

Finalmente, algumas noções sobre ditados e provérbios, com suas


lições de moral e alusões.

Ao desenvolver estas noções, não tivemos a intenção de nenhum


aprofundamento na matéria, mesmo porque voltaremos a falar do
assunto nos dois próximos capítulos.

Esperamos que você tenha despertado seu interesse pela semântica,


uma disciplina importantíssima no campo das letras, indispensável para
o futuro professor de línguas. Além do interesse, esperamos, também,
que tenha aprendido boas noções, conceitos e exemplificações sobre
a necessidade de bem interpretar os textos.

A comunicação, hoje, é sem dúvida, o trampolim para o intercâmbio


entre os povos e precisamos estudar as nuances de cada idioma,
no nosso caso, português e inglês, disciplinas em que você, caro(a)
aluno(a), será diplomado(a) para o exercício do magistério.

Bons estudos!
UNIUBE 47

Referências

BRITO, Marisa M. Jenkins de; GREGORIN, Clóvis O. Michaelis S.O.S. Inglês: guia
prático de gramática. São Paulo: Companhia Melhoramentos, 1995

CHALHUB, Samira. Funções da linguagem. 12. ed. São Paulo: Ática, 2006.

DICIONÁRIO Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.

GOMES, Luiz L.; COLLINS, Donald E. Dicionário de expressões idiomáticas


americanas: a dictionary of American idioms. São Paulo: Pioneira, 1964.

HATCH, Evelyn; BROWN, Cheryl. Vocabulary, semantics, and language education.


Cambridge: Cambridge University Press, 1995

MACMILLAN ENGLISH DICTIONARY FOR ADVANCED LEARNERS. Oxford:


Macmillian Publishers Limited, 2002
Capítulo Introdução à semântica – II
3

Newton Gonçalves Garcia


Renata de Oliveira Souza Carmo

Introdução
As palavras do escritor norte-americano
Ralph Waldo
Ralph Waldo Emerson, “shallow men believe Emerson (1803-
1882)
in luck”, ou seja, “os homens superficiais
Escritor, filósofo
acreditam na sorte”, são oportunas e nos e poeta norte-
americano.
levam a acreditar na nossa superação,
trabalho e esforço, e não apenas na sorte.
Não devemos simplesmente deixar as coisas acontecerem, é
preciso buscá-las, oportunizar condições para que aconteçam.

Neste capítulo sobre o estudo da semântica, vamos abordar, a


princípio, um pouco mais sobre a palavra, como veículo portador
e produtor de significados. A palavra tem a mágica do sentido.
Uma vez emparelhada à outra do lado adquire aquele sentido de
intercâmbio tão necessário à tessitura do texto.

O trabalho com as palavras é sempre significativo, não só com


aquelas já consagradas, existentes no léxico, mas também
aquelas palavras que são criadas a partir de outras para expressar
uma nova ideia, ou mesmo aquelas simplesmente “inventadas”.

Sabe-se que Guimarães Rosa usou e abusou do direito de


50 UNIUBE

“inventar” palavras que pudessem expressar suas ideias, também


novas, e por que não dizer fantasiosas, exóticas, mas necessárias
à sua criatividade ilimitada.

A linguagem usa de recursos de produção e reprodução


de palavras na busca infinita de reafirmações de sentidos,
apresentando sentidos emergentes, novos. Essa riqueza torna a
literatura bela com os seus jogos de palavras e sentidos.

Algumas construções, os discursos nossos do dia a dia, muitas


vezes ficam, outros vão-se embora, mas o fato é que o homem
está sempre se renovando por meio da palavra, da linguagem
verbal ou escrita, o que não importa. O que realmente importa
são os significados, as mensagens que tocam a sensibilidade do
homem, ou o fazem crescer como pessoa.

Baccega (2007, p.7) diz que a raiz de tudo é mesmo a palavra,


a linguagem verbal que, enquanto ação humana, constrói/
reconstrói/ destrói realidades”.

Ainda, Baccega (2007, p.21) nos fala sobre os discursos:

A sociedade funciona no bojo de um número


infindável de discursos que se cruzam, se
esbarram, se anulam, se completam: dessa
dinâmica nascem os novos discursos, os quais
ajudam a alterar os significados dos outros e
vão alterando seus próprios significados. Essa
dinâmica tem seu momento mais importante
quando a materialidade do discurso – texto
que circula é captada pelo “receptor”.
UNIUBE 51

Este “lê” o discurso a partir do seu universo, também constituído


pelo diálogo estabelecido entre discursos. O embate entre os
discursos ocorre tanto em nível sincrônico como diacrônico.
A permanência histórica, muitas vezes sob a forma de mitos,
provérbios, estratégias, valores “positivos” ou “negativos”,
também constitui parte importante desse diálogo.

Na primeira fala de Baccega, pudemos observar o quão forte


é o seu conceito de palavra, que lhe dá a propriedade, a força
de construir, destruir e reconstruir realidades, assinalando ser
a palavra raiz de tudo.

Disso, concluímos que a palavra é uma ferramenta poderosa, da


qual podemos lançar mão para que possamos exprimir nossos
sentimentos, sejam quais forem esses sentimentos. A palavra pode
classificá-los, sem sombra de dúvida.

Na segunda fala, Baccega faz um raciocínio de como os


discursos se integram na vida das pessoas, constituindo-se
em veículos de informação plenos em significados, que podem
variar conforme a situação, o momento e, principalmente,
conforme a subjetividade do “receptor”.

Sobre o indivíduo, Baccega (2007, p.22) nos relata:

Portador de uma subjetividade plural, o


indivíduo tem condições de reelaborar, de
inovar os discursos da sociedade, que são
muitos produzindo outros muitos discursos.
Daí sujeito. É essa condição de paciente/
agente que nos leva a designá-lo indivíduo/
sujeito.

Neste fragmento, podemos analisar o indivíduo como uma força


plural, uma subjetividade plural, que tem a capacidade para
reelaborar, inovar e produzir discursos na sociedade onde vive.
52 UNIUBE

É um agente produtor, criador, transformador.

A palavra é sua arma, é seu escudo, é sua ferramenta de produção


e transformação dos discursos.

Neste capítulo, pretendemos, ainda, abordar noções de


intertextualidade, coesão e coerência nas variedades textuais,
como forma de mostrar a importância desses dois fatores de
textualidade, para a boa redação e interpretação textual.

Objetivos
Ao final deste capítulo, espera-se que você seja capaz de:

• avaliar a palavra como veículo portador e produtor de


significados;
• estimar o discurso como elemento de comunicação na
sociedade;
• precisar a coesão e a coerência como recursos para a clareza
dos enunciados;
• avaliar a importância da leitura intensiva como forma de
aperfeiçoamento linguístico e da cultura.

Esquema
3.1 Coesão e coerência: cohesion and coherence
3.2 Coesão semântica: semantic cohesion
3.3 Coerência pragmática: pragmatic coherence
3.4 Leitura e variedades textuais
3.5 Tipos de leitura
3.6 Intertextualidade
3.7 Adverbial clauses (time, place, manner)
UNIUBE 53

3.8 Conjunctive adverbs


3.9 Compound conjunctive adverbs

3.1 Coesão e coerência: cohesion and coherence

Você, estudante deste curso de Letras Português/ Inglês, já se dedicou,


ao longo de seus estudos às noções de coesão e coerência. Ambos são
conceitos fundamentais aos estudiosos das letras, pois essas noções
se fazem presentes nos diversos idiomas.

Vejamos, então, como esses conceitos se aplicam aos nossos estudos


de língua inglesa. Halliday e Hassan (1976, p.2 apud FÁVERO 1997,
p.8) dão como exemplo de coesão o seguinte texto:

Wash and care six cooking apples. Put them into a fireproof dish.

Como se vê, este texto é composto de suas sentenças. Para os


referidos autores, “o que permite determinar se uma série de sentenças
constituem ou não um texto são as relações coesivas com e entre as
sentenças, que criam a textura”, e continuam “um texto tem uma textura
e é isto que o distingue de um não texto. O texto é formado pela relação
semântica de coesão” (HALLIDAY; HASSAR 1976, p.2 apud FÁVERO,
1997, p.9).

Retocando o texto de duas sentenças, os autores explicam:


54 UNIUBE

“Them” se refere a “six cooking apples”. Essa função


anafórica de “them” é que dá coesão às duas
sentenças, que constituem juntas um texto. Ou seja, a
textura seria criada por esses itens linguísticos e pela
relação de coesão que existe entre eles. (HALLIDAY;
HASSAN, 1976, p.2 apud FÁVERO, 1997, p.9)

SAIBA MAIS

Função anafórica: refere-se à anáfora. O processo pelo qual um ter-


mo gramatical retoma a referência de um sintagma anteriormente usa-
do na mesma frase. (HOUAISS, 2009, p.124).

Vemos, após este exemplo, que a coesão se dá pela relação existente


entre as sentenças. Se não há essa relação, não existe coesão.

Os conceitos de coesão e coerência, por Beaugrande e Dressler (1981)


apud Fávero (1997, p.10) nos mostram que “a coesão, manifestada
no nível microtextual, refere-se aos modos como os componentes
do universo textual, isto é, as palavras que ouvimos ou vemos, estão
ligados entre si dentro de uma sequência.”

A coerência, por sua vez, manifestada em grande parte


macrotextualmente, refere-se aos modos como os componentes do
universo textual, isto é, os conceitos e as relações subjacentes no texto
de superfície, se unem numa configuração, de maneira reciprocamente
acessível e relevante. Assim, a coerência é o resultado de processos
cognitivos operantes entre os usuários e não mero traço dos textos.

A fim de finalizarmos essa explanação, vejamos o que nos mostra


O´Connel (1999, p.65) a respeito da coerência e da coesão:

• coherence: a piece of writing is coherent if it is clearly


organised and has a logical sequence of ideas.
UNIUBE 55

• cohesion: a paragraph or section of text is cohesive


if the sentences are well constructed and well linked
together, and there is no unnecessary repetition.

Em uma tradução livre, temos:

• coerência: uma peça de escrita é coerente se ela


estiver claramente organizada e tiver uma sequência
lógica de ideias.

• coesão: um parágrafo ou seção de texto é coeso se


as sentenças estiverem bem construídas e bem ligadas,
não havendo repetição desnecessária.

Ainda segundo a autora (1999, p. 65):

Writers use a variety of methods to make a text cohesive.


Those include the use of:

• Reference words like the relative pronouns which


and that, the personal pronouns he, it, them, her or
expressions like the one, the person or the company
to avoid repeating names.
• Linking devices like and, although, while and
however to provide a logical link between sentences
and paragraphs.
• Synonyms and parallel expressions e.g. people/
humans beings.
• Ellipsis or emission – leaving out part of a sentence
to avoid repetition, e.g. John got 98% in the exam but
I only got 70. (= I got 70% in the exam);
• I didn´t want a big wedding, but my parents did. (=
my parentes did want a big wedding).

Em uma tradução livre, temos:

Os autores usam uma variedade de métodos para


tornar um texto coeso. Incluem o uso de:
Palavras referenciais como os pronomes relativos
which e that, os pronomes pessoais he, it, them, her ou
56 UNIUBE

expressões como the one, the person, ou the company,


para evitar repetir nomes.
Estruturas de ligação como and, although, while e
however para fornecer uma ligação lógica entre as
sentenças e os parágrafos.
Sinônimos e expressões paralelas, por exemplo,
pessoas/ seres humanos.
Elipse ou emissão – omitir parte de uma sentença
para evitar repetição, por exemplo, John obteve 98% no
exame, mas eu obtive apenas 70% (= eu obtive 70% no
exame);
Eu não queria um grande casamento, mas meus pais
queriam. (= meus pais queriam um grande casamento).

Na explicação e nos exemplos de O´Connell, temos uma esclarecedora


lição da coesão e coerência na língua inglesa.

Pudemos deduzir que, tanto em português quanto em inglês,


os referenciais de coesão e coerência são indispensáveis para
promover não só a beleza e arte dos textos, mas também uma melhor
oportunidade de interpretação, portanto de compreensão na leitura.
Estes recursos também são peças fundamentais para a boa escrita,
denotando clareza, correção e inteligibilidade.

3.2 Coesão semântica: semantic cohesion

Tivemos a oportunidade de dizer o quanto as palavras se relacionam


umas com as outras por meio de links (instrumentos coesivos), que
promovem a coesão semântica entre as partes no sentido de manter o
texto, como um todo, também coeso.

Esses links são, portanto, marcadores de discurso. Além da coesão,


promovem a beleza de um discurso bem redigido, evitando redundâncias,
repetições ou qualquer outra figura que possa dificultar o bom andamento
da redação e, por conseguinte, da compreensão do leitor.
UNIUBE 57

Outra figura importante no ambiente linguístico é a metáfora, que


carrega consigo um significado semântico cultural muito abrangente
e que aparece também em outras línguas. Hatch e Brown (1995, p.
86) dizem que “metaphorical processes are as fundamental as literal
reference in semantics”, ou seja, “os processos metafóricos são tão
fundamentais quanto a referência literal na semântica”.

Sabemos que as metáforas estão constantemente no nosso discurso.


Usamos termos que pertencem ao campo concreto para falarmos de
coisas que estão no campo abstrato.

Outro modo de demonstrar o que seja metáfora nos é dado por Lakoff e
Johnson (1980) apud Hatch e Brown (1995, p.86) que fazem referência
a esse recurso com o seguinte exemplo:

We use terms from a concrete source field to talk about


an abstract target field. For example, IDEA is an abstract
concept. It is difficult to give a precise definition of the
word Idea. So, we turn to other source fields.

Source  Target
Plants  Ideas
Ideas are planted
even in a barren mind
ideas grow from seeds
ideas bud, flower, or die on the vine.

Traduzindo:
Nós usamos termos de um campo-fonte concreto para
falarmos de um campo-alvo abstrato. Por exemplo,
IDEA (IDEIA) é um conceito abstrato. É difícil dar uma
definição precisa para a palavra IDEA (IDEIA). Então,
nos dirigimos a outros campos-fonte.

Fonte  Alvo
Plantas  Ideias
58 UNIUBE

Ideias são plantadas


até mesmo numa mente estéril
ideias crescem de sementes
ideias germinam, florescem, ou morrem na vinha.

Estas palavras são metáforas incontestes. Veja a beleza das palavras


e seu significado. Pode-se dizer que é um recurso poético, nesse caso,
tão belos e sensíveis são os termos usados.

3.3 Coerência pragmática: pragmatic coherence

Para que você compreenda melhor o que vem a ser coerência


pragmática, veremos os conceitos de pragmática e coerência, dois
termos que compõem o título desta seção.

PRAGMATICS n. linguistics the study of how particular words in a language


are chosen and used. (Macmillan, 2002, p. 263)

Em uma tradução livre, pragmática é “o estudo de como palavras


específicas numa língua são escolhidas e usadas”.

Ou seja, a arte de colocar a palavra certa no lugar certo para expressar


uma determinada função ou exprimir uma ideia desejada. Quem
escreve, escolhe as palavras para que possam, por meio delas,
expressar suas ideias, o que pensam para um momento ou outro.

COHERENCE n. the state of being coherent. (Macmillan, 2002, p.263).

Assim, coerência é o estado de ser coerente. Assim, veremos o que


vem a ser coerente.

COHERENT adj. 2 in which all the different parts fit together in a sensible
or pleasing way. (Macmillan, 2002, p. 263).
UNIUBE 59

Ou seja, coerente é um adjetivo que se refere às diferentes partes que


se unem de um modo agradável e sensato.

Quando se escreve algo, é indispensável que o texto possa ser


entendido e organizado de forma agradável ao leitor, como também
de um modo sensato. As palavras não podem ser colocadas de
modo aleatório na sentença sob pena de ter o resultado totalmente
incompreendido. As próprias sentenças precisam ser organizadas no
texto para que possam transmitir as mensagens corretamente e que
todos os leitores possam apreciar esse texto, obviamente a partir da
compreensão.

Sobre a coerência pragmática, vejamos o que nos diz Kramsch (1998, p. 28):

Efforts to make the words uttered meaningful within


the situational and cultural context of the exchange are
efforts to establish pragmatic coherence.

Coherence is not given in speakers utterances, it is


created in the minds of speakers and hearers by the
inferences they make based on the words they bear.
Thus, whereas semantic cohesion relates word to word,
pragmatic coherence relates speaker to speaker within
the largest cultural context of communication.

Em tradução livre, temos que a coerência pragmática refere-se aos:

esforços para tornar as palavras expressas


significativas dentro do contexto cultural e situacional da
troca para se estabelecer a coerência pragmática.

A coerência não é dada pelo modo de falar dos


falantes, ela é criada nas mentes dos falantes e dos
ouvintes pelas inferências que eles fazem baseados
nas palavras que ouvem. Assim, enquanto a coesão
semântica relaciona palavra com palavra, a coerência
pragmática relaciona falante com falante dentro de um
contexto cultural maior de comunicação.
60 UNIUBE

Dessa forma, as palavras com seus plenos poderes de significância


circulam de pessoa a pessoa no contexto social de comunicação como
forma de intercâmbio de conhecimentos.

Para que essa comunicação se processe de maneira efetiva, a coesão


e coerência nos textos (orais e escritos) facilitam a inteligibilidade das
mensagens.

3.4 Leituras e variedades textuais

A leitura se impõe como uma das habilidades mais importantes para


o aluno de línguas. Já tivemos a oportunidade de falar sobre essa
temática em momentos anteriores, quando assinalamos ser a leitura
uma atividade imprescindível para a aquisição de vocabulário, de
conhecimentos os mais variados possíveis e informações generalizadas,
desde uma instrução em uma placa de rua a um manual de aparelho.
O exercício mental da leitura é, pois, algo que o professor de línguas
deve, desde muito cedo, colocar em prática nas suas aulas. O professor
deve incentivar a leitura entre seus alunos.

Quando se fala em leitura, não há como não falar, também, nos tipos de
texto que devem ser trabalhados na sala de aula. A primeira situação
está relacionada à segunda (leitura tipos de texto).

Os textos variam dependendo de sua intencionalidade. Eles oscilam dos


relacionados ao dia a dia àqueles mais sofisticados, como relatórios,
romances, poesias, textos científicos etc.

Nós, como leitores, precisamos de todos os textos, pois as informações


são variadas e, dessa forma, provêm de fontes variadas também. Os
jornais, as revistas, a Internet, panfletos, livros etc., todos são ricas
fontes de leitura.
UNIUBE 61

O professor de inglês deve, então, procurar por todas elas. As escolas,


também, deveriam tê-las na sua biblioteca. Um esforço que compensa
e que certamente resultará em benefícios para os professores e alunos,
consequentemente, também para a própria escola.

A escolha do tema a ser trabalhado é muito importante para o sucesso


da leitura. É preciso que haja interação do aluno com o texto. Caso
contrário, acontece o desinteresse, o que leva a resultados ineficientes.

A leitura como atividade formadora do indivíduo é inquestionável.


Porém, você, como educador, pode expandir ainda mais os benefícios
a serem obtidos com a leitura. Veja como, na sequência.

3.5 Tipos de leitura

Você já estudou sobre esse assunto em capítulos anteriores.


Lembra-se de quais são os dois tipos de leitura?

Conforme já abordado durante o curso, os dois tipos de leitura são: a


extensiva e a intensiva.

Mas você sabe as características de cada uma delas?

A extensiva é aquela leitura normalmente fora da sala de aula, em casa,


por prazer, deleite. É importante dizer que a leitura extensiva também
promove cultura, portanto aquisição de conhecimento.

Nessa forma de leitura, o leitor simplesmente lê o que gosta; quando


não gosta, desiste.

A intensiva é a leitura praticada na sala de aula, principalmente. Nesse


tipo de leitura, há maior empenho, esforço, o aluno procura informações
62 UNIUBE

específicas, portanto, detalhes. Por isso, é praticada na sala de aula,


pois o professor prepara exercícios relativos ao texto, explorando várias
possibilidades de trabalho, especialmente, as relações semânticas das
palavras com o texto.

Por ser uma leitura mais exigente, o aluno precisa ser bem orientado,
e, acima de tudo, bastante estimulado, para que possa ter gosto pela
leitura.

Ao tornar-se leitor assíduo, nosso aluno terá ampliada sua vivência de


mundo. Isso inclui seu conhecimento a respeito de autores, gêneros,
estilos, histórias, épocas... Com isso, ao deparar-se com um novo texto,
poderá encontrar nele semelhanças com outras leituras.

PARADA PARA REFLEXÃO

Esse ponto de interseção entre histórias constitui um recurso muito usado


entre escritores. Você sabe qual é ele?

Para confirmar sua resposta, continue a leitura deste capítulo.

3.6 Intertextualidade

Terminamos o tópico anterior, com uma pergunta. Pois bem, a


intertextualidade também pode contribuir sobremaneira para a sua
aprendizagem de uma língua estrangeira. Você saberia dizer como?

Enquanto pensa a respeito do assunto, vejamos o que Houaiss (2009,


p.1100) nos diz sobre esse recurso linguístico:

Intertextualidade é: s.f LIT 1. superposição de um


texto literário a outro. 2. influência de um texto sobre
outro que o toma como modelo ou ponto de partida,
e que gera a atualização do texto citado (Mensagem
de Fernando Pessoa, apresenta i. com a épica
UNIUBE 63

camoniana). 3. utilização de uma multiplicidade de


textos ou de partes de textos preexistentes de um ou
mais autores, de que resulta a elaboração de um novo
texto literário. 4. em determinado texto de um autor,
utilização de referências ou partes de obras anteriores
deste mesmo autor.

Por estas definições, percebemos que a intertextualidade é uma relação


entre textos. É um recurso muito usado para realçar o estilo de certo
escritor ou mesmo sua temática ou quando outro autor toma essas obras
como referência, realçando-na em sua nova obra, praticamente como
uma homenagem.

SAIBA MAIS

O intertexto ocorre não apenas com textos, mas com outras formas de
expressão como os filmes, as letras de música, as pinturas etc.

Grandes mestres da pintura mundial já fizeram trabalhos tendo a


intertextualidade como referência.

Por exemplo, o quadro Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, obra de arte mais
famosa do mundo, já foi, várias vezes, modelo para intertextualidade.

Para visualizar algumas releituras da famosa pintura de da Vinci, acesse os


seguintes endereços eletrônicos:

<http://www.qesign.com/products/graphics/mona-lisa6.jpg>

<http://umcaio.files.wordpress.com/2009/05/monalisa_bombril.jpg>

<http://www.lablaa.org/blaavirtual/todaslasartes/ferbo/images/15.jpg>Acesso
em: 16 mar. 2010.

Acreditamos ter mostrado a relevância da leitura para a formação


integral do educando. Ainda assim, especificamente em relação à
64 UNIUBE

aprendizagem de língua estrangeira, a leitura pode oferecer amostras


de como o idioma estrangeiro é utilizado pelos nativos, ou seja, seu uso
no contexto. A seguir, apresentamos mais três importantes variantes da
língua inglesa:

• adverbial clauses – time, place, manner;


• conjunctive adverbs;
• compound conjunctive adverbs.

3.7 Adverbial clauses (time, place, manner)

Neste capítulo, vamos falar um pouco sobre as adverbial clauses


(locuções adverbiais), de tempo (time), lugar (place) e modo (manner),
estruturas muito importantes no campo da semântica. Segundo Britto
e Gregorin (1995, p.233), “as locuções adverbiais são expressões que
têm a natureza e a função de advérbio”.

EXEMPLIFICANDO!

Modo (manner)

• as soon as possible: (tão logo possível)

I´d like to have an answer as soon as possible.


Eu gostaria de ter uma resposta tão logo possível.

• at random: (de modo aleatório)

All the names were chosen at random.


Todos os nomes foram escolhidos de modo aleatório.

• in a hurry: (com pressa)


She´s in a hurry because she´s late.
Ela está com pressa porque está atrasada.
UNIUBE 65

Lugar (place)
• near (perto)
He lives near the hospital.
Ele mora perto do hospital.

• at: (no, em)


They will meet at the park.
Eles/elas se encontrarão no parque.

• at home: (em casa)


I like being at home.
Eu gosto de ficar em casa.

Tempo (time)

• in the afternoon: (à tarde)


I don´t have classes in the afternoon.
Eu não tenho aulas à tarde.
• after lunch: (depois do almoço)
It´s not advisable to sleep after lunch.
Não é aconselhável dormir depois do almoço.

• in a short time: (dentro de pouco tempo)


I hope to get a job in a short time.
Eu espero conseguir um emprego dentro de pouco tempo.

Essas locuções adverbiais devem obedecer a uma posição na sentença,


que é a seguinte:

PLACE, MANNER, TIME

He went home immediately yesterday.


(place) (manner) (time)

Ele foi para casa imediatamente ontem.


66 UNIUBE

Caso não haja todos os indicadores, você deve construir a sentença


obedecendo a esta sequência. Por exemplo: I studied chemistry
yesterday. Nessa sentença, só há a locução adverbial de tempo.

3.8 Conjunctive adverbs

Essas conjunções são, assim, descritas por Britto e Gregorin (1995,


p. 283) da seguinte maneira: “em inglês, duas ideias podem também
ser ligadas por advérbios que têm força conjuntiva. Diferentemente
do que ocorre com as conjunções que ligam palavras ou orações, os
“conjunctive adverbs” ligam apenas orações ou períodos”.

Nestas palavras, podemos observar a importância desses “conjunctive


adverbs”, pois ligando as orações ou períodos, pode-se ter sua
força coesiva evidenciada, contribuindo, dessa forma, para a melhor
inteligibilidade do texto.

Você sabe diferenciar as conjunções propriamente ditas dos


“conjunctive adverbs”?

Outra diferença desses advérbios em relação às conjunções


propriamente ditas é a questão da posição na frase. As conjunções
aparecem sempre entre os elementos que ligam, ao passo que os
“conjunctive adverbs” podem variar o seu posicionamento.

EXEMPLIFICANDO!

John bought a new car; however, he didn´t like the colour.


John comprou um carro novo; entretanto, ele não gostou da cor.

John bought a new car; he didn´t like the colour, however.


John comprou um carro novo; ele não gostou da cor, entretanto.
UNIUBE 67

Conforme a relação estabelecida entre as orações, os “conjunctive


adverbs” se dividem em grupos:

• adição;
• contraste;
• realce, reforço;
• causa e resultado;
• tempo.

Essas ideias são fundamentais dentro do contexto, uma vez que


estabelecem noções precisas entre as frases.

a) Adição
“Rio is called the wonderful city; moreover, its citizens are hospitable”.

“O Rio é chamado de a cidade maravilhosa; além disso, seu povo é


hospitaleiro”.

Outros advérbios desse grupo são also, likewise, besides e furthermore,


todos com o significado de além disso, além do mais.

b) Contraste

“I liked that plane very much; however, I wouldn´t buy it.

“Eu gostei bastante daquele avião; entretanto, eu não o compraria”.

Outros advérbios desse grupo são otherwise, yet, nevertheless, still,


com os significados de ainda assim, todavia, entretanto, contudo etc.

c) Realce, reforço

She´s not sick; indeed, she´s very well!

Ela não está doente; na verdade, ela está muito bem!


68 UNIUBE

Outros advérbios do grupo são anyway e anyhow, com o significado de


“de qualquer modo”.

d) Causa e resultado

I was in a hurry; therefore, I arrived early for the bus.

Eu estava com pressa; por isso, cheguei cedo para o ônibus.


Outros advérbios desse grupo são consequenthy, thus, hence, com
significado de consequentemente; assim sendo; e daí, por isso,
respectivamente.

e) Tempo

She visited us yesterday and then she went home.

Ela nos visitou ontem e depois foi para casa.

Outros advérbios desse grupo são later(on), afterward(s) e meanwhile,


com os significados de mais tarde, depois, e enquanto isso,
respectivamente.

3.9 Compound conjuctive adverbs

Segundo Britto e Gregorin (1995, p.288-289), alguns conjunctive


adverbs consistem em mais de uma palavra, porém exercem as
mesmas funções dos outros”.
Alguns exemplos desses advérbios são:

• in fact – de fato;
• as a matter of fact – de fato, na verdade;
• on the contrary – pelo contrário;
• on the other hand – por outro lado;
UNIUBE 69

• as a result – como resultado, em consequência;


• in the meantime – enquanto isso.

EXEMPLIFICANDO!

She´s a beautiful girl. In fact, she´s the most beautiful girl in town.

Ela é uma moça bonita. De fato, ela é a moça mais bonita da cidade.

They´re not good students. As a result, they failed the exam.


Eles/Elas não são bons(as) alunos(as). Em consequência, não passaram
no exame.

She doesn´t like school very much. On the other hand, she´s a hard worker.

Ela não gosta muito de escola. Por outro lado, ela é muito trabalhadora.

Os “conjunctive adverbs”, ao ligarem duas orações, podem ser precedidos de


ponto-e-vírgula (;) ou de ponto (.). Após esses advérbios, usa-se a vírgula (,).

AGORA É A SUA VEZ

Caro(a) aluno(a), vamos trabalhar alguns exercícios sobre “conjunctive


adverbs”, para que você os entenda melhor.

Consideraremos os seguintes exemplos:

Cars pollute the environment; however, people use them without considering
this fact.

Temos, neste exemplo, duas afirmativas refletindo duas considerações


diferentes: a primeira, “cars pollute the environment”; a segunda “people
use them without considering this fact”.

A função do “conjunctive adverb” – however – é ligar essas duas ideias,


estabelecendo um fluxo entre as duas frases, tornando-as bem claras.
70 UNIUBE

Nesse caso, however estabeleceu uma ideia de contraste, ou seja, apesar


de os carros poluírem o ambiente, as pessoas ignoram esse fato, usando-os
normalmente. Ou seja, ficou implícito que os carros geram um mal (pollute),
mas as pessoas não se importam com isso.

Some students do not attend classes regularly; besides, they do not do their
homework.

Neste exemplo, houve uma adição, porque a primeira afirmativa, foi


adicionada, acrescentada a outra, relacionada ao assunto.

O “conjunctive adverb”, besides, foi encarregado de unir as duas frases,


expressando a ideia de adição. Ficou claro que alguns alunos, além de não
frequentarem as aulas regularmente, também não fazem suas tarefas.

Tendo esses dois exemplos como parâmetros, podemos avaliar a função


semântica dos “conjunctive adverbs”.

Vejamos, agora, alguns exemplos sobre as “adverbial clauses”.

You will receive the proposal as soon as possible.

Nesse exemplo, há uma ideia clara sobre a locução “as soon as possible”,
ela transmite uma noção de modo (manner), portanto, uma função
semelhante a dos advérbios.

Outra observação que se pode fazer é que as locuções apresentam mais


de uma palavra.

A horrible crime was committed near the zoo yesterday.

Aqui, a locução near the zoo (próximo ao zoológico) é um determinante de


lugar (place).

A semântica destaca-se por ser um dos campos mais representativos


dos estudos linguísticos. Seu estudo nos permite, em linhas gerais, a
compreensão do significado das palavras. Portanto, desenvolver essa
habilidade se torna um grande auxílio no estudo da língua estrangeira.
UNIUBE 71

Resumo

Neste capítulo, fizemos, logo na introdução, uma abordagem sobre a


palavra, como veículo portador e produtor de significados. Abordamos,
na oportunidade, a importância e a seriedade do trabalho com a
linguagem para a comunicação. Não importa se as ideias foram
transmitidas pela linguagem oral ou escrita. O que importa, realmente,
é a eficiência dos significados contidos na palavra.

A seguir, fizemos um breve apanhado, não menos importante, sobre


coesão e coerência, abordando, também, a coesão semântica e
a coerência pragmática, procurando mostrar ao aluno a posição de
estudiosos dos assuntos, para uma compreensão mais embasada.

Como se sabe, a coesão e a coerência são fundamentais para a clareza


do texto, ou seja, sua inteligibilidade. O aluno precisa conhecer, pelo
menos, as primeiras noções sobre coesão e coerência na língua
inglesa, fatos quase sempre omitidos nos livros didáticos, muitas vezes,
até mesmo nos manuais de nível superior.

Passamos pela figura da metáfora, outra questão sempre presente nos


textos. Também, apesar da noção superficial, é uma oportunidade de
despertar o aluno para o assunto, evidenciando a importância dessa
figura para quem pretende e precisa ler bem.

Continuando o capítulo, passamos para a leitura e variedades textuais.


Já tivemos a oportunidade de falar sobre a temática, mas, aqui, no
campo da semântica, procuramos tratar do que pode ser feito pelo
professor na sala de aula, especialmente nas aulas de leitura intensiva.

Outras noções evidenciadas, neste capítulo, foram as de


intertextualidade, numa relação entre textos muito praticada e
importante para o mundo das artes literária, pictórica, da escultura etc.
72 UNIUBE

Nosso próximo passo foi a abordagem das adverbial clauses (locuções


adverbiais) de tempo (time), lugar (place), e modo (manner). As
locuções são essenciais na estruturação de um texto, por isso, estão
presentes em todos os níveis no aprendizado da língua inglesa.

E, para finalizar, fizemos um breve apanhado dos advérbios com força


conjuntiva (conjunctive adverbs), suas características e exemplificações,
para que você possa perceber sua relação na frase como elementos
importantes do contexto.

Referências

BACCEGA, Maria Aparecida. Palavra e discurso: história e literatura. 2. ed. São Paulo:
Ática, 2007.

BRITTO, Marisa M. Jenkins de: GREGORIN, Clóvis O. Michaelis S.O.S Inglês: guia
prático de gramática. São Paulo: Companhia Melhoramentos, 1995.

FÁVERO, Leonor Lopes. Coesão e coerência textuais. 4. ed.


São Paulo: Ática, 1997.

HATCH, Evelyn; BROWN, Cheryl. Vocabulary, semantics, and language education.


Cambridge: Cambridge University Press, 1995.

HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da língua


portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.

KRAMSCH, Claire. Language and Culture. Oxford: Oxford


University Press, 1998.

MACMILLAN ENGLISH DICTIONARY FOR ADVANCED LEARNERS. Oxford: Macmillan


Publishers Limited, 2002.

O´CONNELL, Sue. Focus on advanced English: C.A.E. Essex: Longman, 1999.


Capítulo Introdução à semântica – III
4

Newton Gonçalves Garcia


Renata de Oliveira Souza Carmo

Introdução
Neste começo do capítulo 4, vamos refletir um pouco sobre as
palavras de James W. Kennedy, que, em nossa opinião, são
riquíssimas na sua essência, “what really matters is what happens
in us, not to us” (“o que realmente importa é o que acontece em
nós, e não a nós”). Uma vez que tenhamos tomado uma decisão,
aquilo que realmente acontece no nosso âmago, no nosso interior,
na nossa mente, é o que realmente nos interessa e nos faz
seguir nessa caminhada rumo à realização dos nossos ideais.
O que acontece a nós, ou seja, aquilo que provém do exterior,
as dificuldades, as angústias, as afrontas, tudo isso pode e deve
ser sobrepujado, com a nossa determinação, o nosso esforço.
Sejamos, pois, firmes e resolutos frente àquilo que queremos para
nós.

O capítulo 4, é uma continuação dos capítulos 2 e 3 desta nossa


etapa, ou seja, a temática semântica continua em foco, mas
visualizando novas facetas.

Agora, vamos falar sobre a inferência textual, um assunto muito


interessante quando praticamos a leitura em um nível mais
elevado, mais exigente. Já tivemos oportunidade de falar sobre os
74 UNIUBE

textos autênticos, aqueles que refletem a visão e a vivência do dia


a dia, normalmente reportados nas revistas, nos jornais, nos sites,
ou seja, fontes que nos viabilizam os textos recentes, portadores
do que anda acontecendo a cada momento, sem máscaras ou
preparados artificialmente para a leitura. Por isso, estes textos são
normalmente preferidos e indicados para a atividade de reading
(leitura).

Preferencialmente, iremos usar os textos autênticos e indicá-


los para sua prática docente. Já foi comprovado, por meio de
resultados, que os alunos se sentem mais motivados e rendem
melhor quando trabalham com esses textos. Ao contrário, os textos
escritos para certas circunstâncias pedagógicas não oferecem
a mesma eficácia em termos de aprendizado. Procuramos
desenvolver algumas noções sobre o discurso/análise do discurso.

A leitura intensiva, aquela desenvolvida principalmente na sala de


aula, precisa de textos receptivos, que ofereçam aos alunos cultura,
conhecimento, oportunidades de enriquecimento linguístico. Cabe,
então, ao professor, a boa escolha para os trabalhos de leitura.
A leitura extensiva, aquela desenvolvida fora da sala de aula,
em casa, normalmente já se caracteriza pela leitura de obras
escolhidas de acordo com o interesse dos leitores. Por sua própria
natureza, então, produz resultados altamente satisfatórios, porque
já se situa ao nível do prazer, do deleite, portanto já encerra uma
alta dose de entusiasmo, de vontade.

Neste caso, os leitores são os próprios condutores da ação desde


o princípio, quando eles próprios escolhem as obras, os textos que
irão ler. Quando percebem que a obra que estão lendo não provoca a
satisfação esperada, os leitores simplesmente interrompem a leitura.
UNIUBE 75

Nas salas de aula, já há os professores que permitem e até


incentivam os alunos a escolherem as obras literárias segundo
sua preferência. É uma tentativa de fazer aflorar a vontade de ler.

Queremos deixar claro que o simples fato de exigir certo retorno de


interpretação por parte dos professores não deve se construir em
impedimento ou entrave para o exercício da leitura. Os exercícios
contextualizados são de alta eficiência, e devem ser conduzidos
de forma mais frequente possível.

Neste capítulo, ainda vamos estudar as formas comparativas dos


advérbios e as conditional sentences, alguns pares problemáticos,
por oferecerem dúvida em relação ao significado, ao uso, conforme
o momento. Veremos também noções sobre os “comment
adverbs”; “viewpoint adverbs” e “focus adverbs”, todos muito
importantes dentro do contexto semântico.

Para concluir, veremos algo sobre o discurso (discourse, speech),


simples noções, mas revestidas de grande importância para quem
está se iniciando no estudo da linguística.

Objetivos
Ao término do estudo deste capítulo, você deverá ser capaz de:

• interpretar textos diversos, usando a inferência;


• reconhecer as clauses (locuções), conforme a sua função na
sentença e saber usá-las segundo o contexto;
• diferenciar a leitura intensiva da leitura extensiva, avaliando
seus resultados para o leitor;
• avaliar o discurso (speech), conforme a situação de uso.
76 UNIUBE

Esquema
4.1 Inference (inferência)
4.2 Discourse/speech (discurso)
4.3 Problematic pairs (pares problemáticos)
4.4 The comparison of adverbs (a comparação dos advérbios)
4.5 Comment adverbs (advérbios relacionados ao comentário, à
explicação).

4.1 Inference (Inferência)

O termo inferência provém do verbo inferir, que significa “formar opinião


sobre algo com base em informação que já temos”.

Tomando a definição anterior, gostaríamos que você, futuro(a)


professor(a) de inglês na escola básica, fizesse, conosco, uma pausa
para pensarmos sobre as informações que nos são apresentadas – as
explícitas e as implícitas.

As explícitas, como o nome nos diz, estão à vista, claras, não


oferecendo dificuldade para uma tomada de posição. Por exemplo: “A
casa é branca”; se perguntarmos qual é a cor da casa, a resposta seria
“branca” – não há outra possibilidade e, acima de tudo, essa resposta é
inquestionável; se perguntarmos: “O que é branca?”, diríamos, “a casa”.

Por outro lado, as informações implícitas não estão tão aparentes, tão
à vista como as explícitas. Teríamos como definição de inferência, o
ato de formar uma opinião a respeito da questão – isso não quer dizer
que tenhamos de “inventar” uma resposta. Nada disso, pelo contrário,
já existe uma informação anterior; ela só precisa ser trabalhada.
UNIUBE 77

EXEMPLIFICANDO!

Tomemos alguns fragmentos do texto “Julia comes to the rescue” (Mitrano


Neto, at al, 2009, p. 42). Mas, antes de trabalhá-los propriamente, vejamos
o título do texto.

Se perguntarmos, por exemplo, qual situação descrita no texto - o qual


ainda não lemos - justificaria o uso da palavra “rescue” (resgate, socorro)?
Teríamos uma “informação” que nos levaria a um “acidente”, por exemplo,
“um naufrágio”, “um incêndio”, “um terremoto” etc. Isso é “inferência”.

No nosso texto, o acidente é um incêndio.

Vejamos os fragmentos e questões sobre eles:

“John Coleman, a firefighter, says: without her help some people would not
be here to thank her.”
“She pounds on the door of 89-year-old Willian Bennett, who is hard of
hearing.”
“Louise Barnes, who lives on the second floor said, ‘She saved me and my
three kids, we love her for that.’
“Mayor Tony Hyde is also considering awarding her a certificate of recognition
for her bravery.”
Na referida atividade, há as perguntas como:

Which of the characters...


Is almost deaf?
Has children?
Has a political post?
Is trained to extinguish fires?

Vamos à análise.

Para a pergunta “a”: “Qual dos personagens é quase surdo?”, a resposta


está no fragmento “b”, que diz: “Ela bate na porta de Willian Bennett, de 89
anos de idade, que tem dificuldade de audição.” Se Bennett, tem dificuldade
de audição (hard of hearing), ele é quase surdo (almost deaf). Houve,
portanto, uma inferência, nesse caso.
78 UNIUBE

Para a pergunta “b”: “Qual dos personagens tem filhos?”, a resposta está no
fragmento “c”, que diz: “Louise Barnes, que mora no segundo andar, disse,
“Ela me salvou junto com meus três filhos”. Nós a amamos por isso.” Quando
Barnes diz “meus três filhos” “my three kids”, temos a resposta. Neste caso
children, da pergunta, e kids, do texto, perfazem o mesmo significado, ou
seja, “filhos”. Portanto, temos uma inferência na questão.

Para a pergunta “c”: qual dos personagens tem um cargo político?”,


veremos a resposta no fragmento “d”, que diz: “O prefeito Tony Hyde está
também considerando premiá-la com um certificado de reconhecimento por
sua bravura.” O texto não nos diz diretamente quem tem um cargo político,
mas todos sabem que “prefeito” é um cargo político, portanto, por inferência,
chegamos à resposta que é “Tony Hyde”.

Para a pergunta “d”: “Qual dos personagens é treinado para apagar


incêndios?”, veremos a resposta no fragmento “a”, que diz: “John Coleman,
um bombeiro, diz que sem a ajuda dela algumas pessoas não estariam aqui
para agradecê-la.” Quando se fala “Coleman, um bombeiro,...”, já temos,
então, a resposta. Aqui não se fala diretamente que Coleman foi treinado
para apagar incêndios, mas todos sabem que o “bombeiro” tem essa função.

É um caso de inferência.

Após esses exemplos, esperamos que você tenha entendido com mais
clareza o que vem a ser inferência textual. O que é necessário, nesse
tipo de exercício, é uma leitura recorrente. Se necessário, leia o texto
mais de uma vez e procure analisar com calma o teor das palavras,
a organização das sentenças, para que sua interpretação possa ser
correta.
UNIUBE 79

4.2 Discourse/speech (discurso)

O discurso é importante no processo ensino-aprendizagem de inglês,


pois ele está ligado à comunicação, à escolha das palavras corretas,
à sua ordem nas sentenças, ou seja, saber trabalhar com a palavra é
a chave da questão.

Existe em todos nós uma preocupação constante em relação à


capacidade de escrever bem. E isso está correto, sempre devemos
aprimorar nossa escrita, procurando aperfeiçoar a maneira de nos
expressar, para que o nosso leitor possa entender as mensagens da
melhor forma possível. Mas, por outro lado, sabemos que nem sempre
produzimos sentenças corretas.

A comunicação oral, por exemplo, acontece de modo eficiente, sem


que necessariamente as pessoas sejam fluentes na sua língua-mãe
ou língua estrangeira. Nota-se que muitos erros se evidenciam quando
ouvimos duas ou mais pessoas conversando. Porém, os interlocutores
se entendem bem. E isso é muito importante – a boa comunicação.
O aperfeiçoamento linguístico acontece com o tempo, advindo dos
estudos das línguas, somado ao esforço de cada um. A preocupação
constante com a linguagem produzirá efeitos extremamente positivos.

Vejamos as palavras de Cook (1989, p.3) sobre o assunto em questão:

Not all sentences are interesting, relevant, or suitable;


one cannot just put any sentence after another and hope
that it will wear something. People do not always speak
– or write – in complete sentences, yet they still succeed
in communicating.
80 UNIUBE

Em uma tradução livre, temos:


Nem todas as sentenças são interessantes, relevantes,
ou adequadas; alguém não pode simplesmente
colocar qualquer sentença após a outra e esperar que
signifique alguma coisa. As pessoas nem sempre falam
– ou escrevem – em sentenças completas, ainda que
tenham sucesso na comunicação.

Como se vê, Cook explica que as sentenças devem se organizar


para que possam conter significado. Uma amostragem de palavras
não conseguirá transmitir ideias, ser portadora de significados. Assim,
podemos inferir, por essas palavras, que a comunicação escrita é mais
rigorosa quanto à sintaxe, ou seja, à capacidade de posicionamento
e organização das palavras na sentença, assim como dessa no texto.

IMPORTANTE!

Muito interessante no campo da linguagem é que tanto a pessoa analfabeta


quanto a letrada podem se comunicar. O desnível cultural entre as duas é
gigantesco, mas isso não as impede de se comunicarem.

A coerência é algo indispensável ao processo comunicativo, muito


importante para o aprendizado de uma língua estrangeira. A coerência
é a característica que torna as sentenças portadoras de significado,
portanto um quesito absolutamente necessário na comunicação efetiva.
Portanto, discurso é o tipo de linguagem que usamos para
comunicação. Aqui, aproveitamos para conceituar análise de discurso,
que é a procura daquilo que dá coerência ao discurso.

O contexto também está ligado à unidade do discurso. Estamos


todos em certo contexto, e somos influenciados pela situação em que
recebemos as mensagens. Há fatores que também se inter-relacionam
no processo da comunicação, como os culturais e os sociais. As
pessoas sofrem influências advindas do meio, daí as divergências
quanto às diferentes linguagens.
UNIUBE 81

No processo de comunicação, é importante também observarmos os


dois acessos à língua: a linguística da sentença (sentence linguistics)
e a análise do discurso (discourse analysis). Ambas as situações são
indispensáveis à língua – uma precisa da outra. A situação comunicativa
é, às vezes, complicada, por isso costuma-se dizer que não falamos
apenas com as regras gramaticais e da semântica, tampouco podemos
nos comunicar sem elas.

Segundo Cook (1989, p.12), as diferenças entre os dados referentes à


linguística da sentença e os da análise do discurso são:

Sentence linguistics data Discourse analysis data

• any stretch of language felt to


• isolated sentences
be unified

• grammatically well-formed • achieving meaning

• without context • in context

• invented or idealized • observed”

Em tradução livre, temos:

Dados da linguística da
Dados da análise do discurso
sentença

• qualquer faixa (parte) da língua a


• sentenças isoladas
ser unificada

• gramaticalmente bem-formada • alcançando significado

• descontextualizada • contextualizada

• inventada ou idealizada • observada”


82 UNIUBE

Esses “acessos” ou “aproximações” linguísticas trabalham juntos,


um procurando explicar o outro – por exemplo, a análise do discurso
procura explicar a unidade das estruturas para gerar os significados, a
coerência do discurso.

4.3 Problematic pairs (pares problemáticos)

Na linguagem, as palavras podem se apresentar de modo a provocar


equívocos, até mesmo erros de interpretação quanto ao seu verdadeiro
significado, e, portanto, merecem toda a atenção possível por parte dos
usuários da língua.

Em inglês, isso não é diferente. Há muitos casos ilustrativos dessa


situação e que estão ligados à semântica. Por isso, estamos
relacionando alguns exemplos para melhor compreensão do aluno. Não
pretendemos esgotar o assunto. A nossa intenção é expor a questão,
para depois, durante o curso, você ir percebendo tais situações durante
seus estudos.

EXEMPLIFICANDO!

Problematic pairs (pares problemáticos)

Esses pares podem pertencer às várias partes do discurso, como verbo,


adjetivo, substantivo, advérbio etc. Veja:

a) among (entre vários elementos)/ between (entre dois apenas)

• He is among the crowd.


(Ele está no meio da multidão.)

• There’s much difference between you and me.


(Há muita diferença entre você e eu.)
UNIUBE 83

b) Client/patient

That grocery store has many clients.


(Aquela mercearia tem muitos clientes.)

That hospital has many patients.


(Aquele hospital tem muitos pacientes)

SAIBA MAIS

Pacientes (patients) são próprios de hospitais, clínicas e profissionais da


saúde.

c) Discover/invent
• Cabral discovered Brazil in 1500.
(Cabral descobriu o Brasil em 1500.)

• Santos Dumont invented the plane.


(Santos Dumont inventou o avião.)

SAIBA MAIS

No primeiro exemplo, Cabral encontrou o país (Brasil) que já existia. No


segundo exemplo, Santos Dumont criou algo novo.

d) Earn/win

• She earns a lot of money as an actress.


(Ela ganha muito dinheiro como atriz.)
• I’m sure I’ll win the lottery soon.
(Estou certo de que ganharei na loteria em breve.)
84 UNIUBE

SAIBA MAIS

O verbo to earn é usado para expressar o ganho de dinheiro como salário,


pelo trabalho. O verbo to win é usado para expressar o ganho em jogos,
concursos ou qualquer outra competição, não pelo trabalho.

e) Ingenious/ingenuous

• Peter’s brother is very ingenious.


(O irmão de Peter é muito inventivo.)
• I am a very ingenuous person.
(Eu sou uma pessoa muito ingênua.)

Estes são apenas alguns exemplos. Como estes, há outros na


língua inglesa. Assim, à medida que for conduzindo seus estudos,
anote-os e observe a situação em que cada um se aplica.

4.4 The comparison of adverbs (a comparação dos advérbios)

Temos três graus de comparação para os advérbios: superioridade,


igualdade e inferioridade.

a) Grau comparativo de superioridade: comparative degree of


superiority

• advérbio + er + than: para os advérbios de uma sílaba e alguns de


duas sílabas.

Exemplos:
• Peter reads faster than Paul.
Peter lê mais rápido do que Paul.

• John walks slower than his brother.


UNIUBE 85

John anda mais devagar do que seu irmão.

• more + advérbio + than: para os advérbios de duas ou mais sílabas.

Exemplos:

• Maria works more carefully than her sister.


Maria trabalha mais cuidadosamente do que sua irmã.

• Tom travels more frequently than his father.


Tom viaja mais frequentemente do que seu pai.

b) Grau comparativo de igualdade: comparative degree of equality

• as + advérbio + as: esta fórmula se aplica às frases afirmativas e


interrogativas, não importando o advérbio.
Exemplo:

• She plays tennis as well as her sister.


Ela joga tênis tão bem quanto sua irmã.

• Do they sing as well as professionals?


Eles/Elas cantam tão bem quanto os profissionais?

• not as + advérbio + as: esta fórmula se aplica às frases negativas,


com qualquer advérbio.
Exemplos:
• Jane doesn’t play the piano as well as Mary.
Jane não toca piano tão bem quanto Mary.

• They don’t travel as frequently as their neighbours.


Eles/ Elas não viajam tão frequentemente quanto meus vizinhos.
86 UNIUBE

c) Grau comparativo de inferioridade: comparative degree of


inferiority

• less + advérbio + than: neste caso, pode-se aplicar esta regra para
qualquer advérbio.

Exemplos:

• She swims less frequently than her colleagues.


Ela nada menos frequentemente do que suas colegas.

• George doesn’t drive less carefully than Bill.


George não dirige menos cuidadosamente do que Bill.

Uma questão que se deve colocar com mais cautela em relação aos
advérbios são as comparações irregulares (irregular comparisons).
Não que ofereçam dificuldade, mas como o nome diz, são irregulares,
portanto, diferentes.

Colocaremos, a seguir, o Quadro 1 com os três graus: positivo,


comparativo, superlativo.

Quadro 1: Os três graus de comparação


Positivo Comparativo Superlativo
well better best
badly worse worst
far farther/further farthest/furthest
little less least
much more most
Fonte: Britto e Gregorin (1995, p.225).
UNIUBE 87

Ainda segundo Britto e Gregorin (1995), é importante observar as formas


“farther/farthest” e “further/furthest”. Os referidos professores alertam
para suas aplicações, principalmente em relação ao inglês formal.
Nesse caso, “farther/farthest” são aplicadas quando há referência a
distância.
Exemplo:

• He entered farther and farther into the forest.


Ele entrou mais e mais na floresta.

Further/ furthest são usados quando não há referência a distância.

Exemplo:

• If you go any further with your type of behavior, you will be in trouble.
Se você prosseguir com esse tipo de comportamento, você se
meterá em confusão.

4.5 Comment adverbs

Estes advérbios comentam, explicam atitudes, ações, pontos de vista,


nossos pensamentos em relação a alguma coisa.

Eles se dividem em:

• os que indicam como possivelmente pensamos que algo é. Como


exemplos, temos certainly, probably, obviously, clearly etc.

• os que indicam nossa atitude em relação a alguma coisa ou opinião


sobre o que é dito. Por exemplo, frankly, luckily, naturally, to be
honest, seriously, personally etc.

• os que mostram nosso julgamento (apreciação) em relação às ações


de alguém. Exemplos: kindly, wrongly, wisely, carelessly.
88 UNIUBE

Algumas expressões ou locuções podem ser usadas de maneira seme-


lhante aos “comment adverbs”, também expressando nossas atitudes em
relação a algo, nossa opinião, o que é/foi dito. (HEWINGS, 2002, p.186)

Exemplos: to my disappointment, to my surprise, to my astonishment, to


be frank, to be honest, to be fair etc.

Viewpoint adverbs (advérbios relacionados ao ponto de vista): de acor-


do com Hewings (2002, p.186), “we use these adverbs to make it clear
from what point of view we are speaking”, ou seja, “nós usamos estes
advérbios para tornar claro de qual ponto de vista estamos falando”.

Exemplos: logically, morally, politically, technically, visually etc.

Ainda de acordo com Hewings (2002, p.186), “a number of phrases are


used in a similar way: morally speaking, in political terms, from a tech-
nical point of view, as far as the environment is conserved, etc.”

Assim, temos que “muitas locuções são usadas de maneira semelhante:


moralmente falando, em termos políticos, sob o ponto de vista téc-
nico, até o ponto em que diz respeito ao ambiente etc.” Exemplos:

• From a technical point of view, the new airplane is perfect.


Sob o ponto de vista técnico, o novo avião é perfeito.

• In political terms, the new law is a failure.


Em termos políticos, a nova lei é um fracasso.

Focus adverbs: estão ligados ao foco da ação do sujeito.

Veja os exemplos: even, only, alone.

a) My teacher has only taught sciences. (= He/She hasn’t taught


anything else)
Meu/minha professor(a) somente lecionou Ciências. (= Ele/Ela
não lecionou outra disciplina.)

b) Only my father has exercised lately (= my father and nobody


else).
UNIUBE 89

Apenas meu pai se exercitou ultimamente (= meu pai e


ninguém mais).

c) Even Jane can cook well. (= you might not expect her to).
Até mesmo Jane sabe cozinhar bem. (= você não imaginaria
que ela soubesse).

d) Jane can even swim well. (= in addition to everything else she


can do).
Jane também sabe nadar bem. (= em adição a tudo mais que
ela sabe fazer).

Adverbial clauses of purpose, reason and result: locuções adverbiais


de finalidade, razão e resultado

– Purpose (finalidade)

Usamos as locuções in order to e so as to.Vejamos os exemplos:

• She went to Europe last year in order to study arts.


Ela foi à Europa ano passado a fim de estudar artes.

• New learning methods are being introduced in schools so as


to reduce disinterest among the students. Novos métodos de
aprendizado estão sendo introduzidos nas escolas com a finalidade
de reduzir o desinteresse entre os alunos.

Para expressar finalidade, ainda podemos usar as locuções in order


that e so that. Vejamos os exemplos:

• She called her mother in order that/ so


that she could know the recent good news.
Ela telefonou para sua mãe para que ela soubesse das recentes
notícias.
90 UNIUBE

– Negative
Para escrevermos uma frase negativa com in order/ so as + to infinitive,
colocamos not antes do to infinitive. Exemplo:

• She stayed in Paris in order not to travel alone.


Ela ficou em Paris para não viajar sozinha.

– Result
Para ligar uma causa a um resultado, pode-se usar a locução so...that.
Veja o exemplo:

• The plane cost so much that he couldn’t afford it.


O avião custava tão caro que ele não pôde comprá-lo.

– Reason (razão)
Veja os exemplos:

• Because he was ill, he had to take medicine three times a day. Pelo
fato de ele estar doente, ele teve que tomar remédio três vezes ao
dia.

• As it was getting dark, stars could be seen in the sky.


Pelo fato de estar escurecendo, as estrelas podiam ser vistas no céu.

– Because of, due to, owing to


Segundo Hewings (2002, p. 192), “these prepositions can also be used
to give a reason for something. Because of is used before a noun or
noun phrase.”

Traduzindo: “essas preposições podem também ser usadas para dar


razão para algo. Because of é usada antes de um substantivo ou locução
substantiva.”

Due to e owing to também têm o significado de because of.


UNIUBE 91

Exemplos:

• She was late yesterday because of the traffic.


Ela se atrasou ontem por causa do tráfego.

• Due to its wings a bird can fly.


Em razão das asas, um pássaro pode voar.

Conditional sentences (sentenças ou frases condicionais)


Quando tratamos de situações no condicional, elas podem ser reais ou
irreais.

Reais: as situações são ou foram verdadeiras, ou podem se tornar


verdadeiras.

Exemplos:

• If you really want to learn English, you need to go to England


or other English-speaking country. Se você quiser realmente
aprender inglês, você precisa ir para a Inglaterra ou para outro
país falante do inglês.

Normalmente, as conditional clauses começam com if, daí serem


chamadas de if clauses.

Irreais: neste caso, as situações são imaginárias ou não verdadeiras


(improváveis).

Exemplos:

• If you won the lottery, would you buy a new house?


Se você ganhasse na loteria, você compraria uma casa nova?

Neste caso, poderíamos mudar a ordem da if clause, passando-a para


o final da frase, sem alterar o conteúdo, a essência do significado.
92 UNIUBE

O assunto referente a essa temática, as sentenças no condicional, serão


retomados novamente, em outra oportunidade.

Resumo

Como este capítulo é uma continuação dos capítulos 2 e 3, procuramos


abordar temas que completassem o conteúdo dos referidos dois
capítulos anteriores. Também já dissemos anteriormente que não
pretendíamos aprofundar os assuntos aqui tratados, uma vez que
a verdadeira finalidade desses capítulos seria poder despertar sua
atenção para certos tópicos da língua inglesa e que, por falta de tempo,
ou outra causa qualquer, não constam da programação regular dos
cursos de inglês, em geral.

Começamos este capítulo com noções de inferência textual, uma


estratégia de leitura muito importante, portanto necessária, quando se
lê textos mais densos.

Na questão estrutural, procuramos enfocar aqueles tópicos relacionados


à semântica, a sua integração/ posição gramatical na língua e
respectivas posturas em relação à semântica. Há vezes em que não se
consegue, à primeira vista, a natureza semântica de certas estruturas.

Analisamos rapidamente os seguintes assuntos:

- formas comparativas dos advérbios;


- pares problemáticos;
- comment adverbs;
- discourse/ speech.
UNIUBE 93

Referências

BRITTO, Marisa M. Jenkius; GREGORIN, Clóvis O. Michaelis S.O.S. Inglês: guia


prático da gramática. São Paulo: Companhia Melhoramentos, 1995.

COOK, Guy. Discourse. Oxford: Oxford University Press, 1989.

HEWINGS, Martin. Advanced grammar in use. 7. ed. Cambridge:Cambridge University


Press, 2002.

MACMILLAN ENGLISH DICTIONARY FOR ADVANCED LEARNERS. Oxford:


Macmillan Publishers Limited, 2002.

NETO, N. Mitrano; LOUREIRO, Marise; ANTUNES, M. Alice. Insight worldwide. 2. ed.


São Paulo: Moderna, 2009.

Você também pode gostar