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UAB – UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

FUESPI – FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ


NEAD – NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
LICENCIATURA PLENA EM LETRAS INGLÊS

LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO COM ÊNFASE EM


GÊNEROS DISCURSIVOS
Elias Maurício da Silva Rodrigues
Silvana da Silva Ribeiro

FUESPI
2011
R6961l Rodrigues, Elias Maurício da Silva.
Leitura e produção de texto com ênfase em gêneros discursivos
/Elias Maurício da Silva Rodrigues, Silvana da Silva Ribeiro. –
Teresina: UAB/FUESPI/NEAD, 2011.
107 p.

ISBN: 978-85-61946-28-9

1. Leitura – gêneros discursivos. 2. Leitura e produção de textos


. I. Elias Maurício da Silva Rodrigues II. Silvana da Silva Ribeiro. III.
Título.

CDD: 418.4
Presidente da República
Dilma Vana Rousseff

Vice-presidente da República
Michel Miguel Elias Temer Lulia

Ministro da Educação
Fernando Haddad

Secretário de Educação a Distância


Carlos Eduardo Bielschowsky

Diretor de Educação a Distância CAPES/MEC


Celso José da Costa

Governador do Piauí
Wilson Nunes Martins

Secretário Estadual de Educação e Cultura do Piauí


Átila de Freitas Lira

Reitor da FUESPI – Fundação Universidade Estadual do Piauí


Carlos Alberto Pereira da Silva

Vice-reitor da FUESPI
Nouga Cardoso Batista

Pró-reitor de Ensino de Graduação – PREG


Marcelo de Sousa Neto

Coordenadora da UAB-FUESPI
Márcia Percília Moura Parente

Coordenador Adjunto da UAB-FUESPI


Raimundo Isídio de Sousa

Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação – PROP


Isânio Vasconcelos de Mesquita

Pró-reitora de Extensão, Assuntos Estudantis e Comunitários – PREX


Francisca Lúcia de Lima

Pró-reitor de Administração e Recursos Humanos – PRAD


Acelino Vieira de Oliveira

Pró-reitor de Planejamento e Finanças – PROPLAN


Raimundo da Paz Sobrinho

Coordenadora do curso de Licenciatura Plena em Letras Inglês – EAD


Maria do Socorro Baptista Barbosa
Edição Revisão
UAB - FNDE - CAPES Teresinha de Jesus Ferreira
FUESPI/NEAD
Diagramação
Diretora do NEAD Luiz Paulo de Araújo Freitas
Márcia Percília Moura Parente
Capa
Diretor Adjunto Luiz Paulo de Araújo Freitas
Raimundo Isídio de Sousa

Coordenadora do Curso de Licenciatura


Plena em Letras Inglês
Maria do Socorro Baptista Barbosa UAB/FUESPI/NEAD

Coordenadora de Tutoria Campus Poeta Torquato Neto (Pirajá),


Lucirene da Silva Carvalho NEAD, Rua João Cabral, 2231, bairro
Pirajá, Teresina (PI). CEP: 64002-150,
Coordenadora de Produção de Material Telefones: (86) 3213-5471 / 3213-1182
Didático
Cândida Helena de Alencar Andrade Web: ead.uespi.br
E-mail:eaduespi@hotmail.com
Autores do Livro
Elias Maurício da Silva Rodrigues
Silvana da Silva Ribeiro

MATERIAL PARA FINS EDUCACIONAIS


DISTRIBUIÇÃO GRATUITA AOS CURSISTAS UAB/FUESPI
SUMÁRIO

UNIDADE 1
1 Concepções de leitura e o ato de ler ................................................ 13
1.1 A leitura na era digital ......................................................................... 18
1.2 A importância da leitura para aquele que escreve .............................. 20
1.3 A importância do ato de escrever no ensino da Língua Portuguesa .... 26
Leituras complementares ..................................................................... 29
Resumindo ............................................................................................ 30
Atividades de aprendizagem ................................................................ 32

UNIDADE 2
2 O que é um texto? .............................................................................. 37
2.1 O que é textualidade? ........................................................................ 42
2.2 O que são tipos e gêneros textuais? .................................................. 51
2.2.1 Tipos textuais .................................................................................. 52
2.2.2 Gêneros do discurso ....................................................................... 60
Resumindo... .......................................................................................... 63
Leituras complementares ..................................................................... 64
Atividades de aprendizagem ................................................................ 65

UNIDADE 3
3 Gêneros acadêmicos ......................................................................... 73
3.1 Resumo ............................................................................................. 73
3.1.1 Sumarização: processo essencial para a produção de resumos ..... 74
3.2 Resenha ............................................................................................ 83
3.2.1 Como fazer uma resenha? .............................................................. 83
3.3 Fichamento ........................................................................................ 88
3.3.1 Modelo de fichamento de citações .................................................. 89
3.4 Gêneros virtuais ................................................................................. 90
3.5 Outros gêneros .................................................................................. 96
Resumindo... ........................................................................................ 101
Atividades de aprendizagem .............................................................. 101

Referências .......................................................................................... 103


FUESPI/NEAD Letras Inglês

PARA COMEÇAR...

O presente livro está dividido em três unidades. A primeira trata sobre


as Concepções de leitura e o ato de ler e devido ao momento em que estamos
vivendo no que concerne ao desenvolvimento das tecnologias da comunicação
e informação e da febre da internet, trata também sobre as concepções de
leitura na era digital. A segunda unidade trata sobre o texto e suas configurações,
bem como sobre os seus critérios de textualidade. Para complementar essas
noções serão abordadas também as noções de tipo e gênero de texto que,
em nosso entendimento, não é uma questão tão bem resolvida como alguns
linguistas podem colocar em seus manuais de estudos linguísticos. Em nossa
terceira unidade passaremos, a partir dos estudos realizados sobre o texto, a
pôr em prática nossos conhecimentos, praticando... Lembra-se da nossa
conversa inicial, na produção textual como no ato de dirigir, quanto maior for a
nossa prática melhor será a nossa habilidade de redigir um texto. Vamos
estudar, praticar e descobrir o mundo maravilhoso da arte de nos expressar
por meio de textos. Neles, podemos mostrar nossa alegria por algo que
realizamos, a nossa revolta com relação a algo de que discordamos, podemos
mudar determinadas situações produzindo textos de repúdio e a depender do
alcance da abrangência e veiculação das informações por meio da internet
podemos fazer os nossos protestos visitarem o mundo inteiro em segundos.
Como você pode perceber, caro aluno, o ato da escrita é uma arma
poderosíssima que não machuca ninguém, não contamina rios e mares, mas
pode transformar o mundo no qual vivemos. Aproveite esta capacidade que
você recebeu de Deus para usá-la em seu benefício e de seu próximo, sem é
claro, deixar de seguir a ética e a seriedade que devem nortear uma produção
textual e qualquer ação em nossas vidas. Aproveite bem e bons estudos!!

Os autores

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UNIDADE 1
Concepções de leitura e o ato de ler

OBJETIVOS

• Identificar as concepções de leitura refletindo sobre sua relevância


para a realização plena do ato de ler.
• Correlacionar as concepções de leitura com os vários momentos
em que nos deparamos com a necessidade de ler.
FUESPI/NEAD Letras Inglês

1 Concepções de Leitura e o ato de ler

Fonte: planetaeducacao.com.br

Ler pode ter as mais diversificadas acepções. Podemos ler a


expressão do rosto de uma pessoa, o significado de uma bela obra de arte, a
bula de remédio, e até o silêncio de alguém. E embora não seja sob essas
perspectivas tão poéticas que nos reportaremos à leitura, precisaremos que
você se abra para esse processo de aprender a ler de uma forma completa e
complexa. Complexa, e não complicada, porque ler não é complicado e torna-
se algo muito interessante se nos habituamos a ver além das letras que estão
grafadas no papel.
Exercitando a leitura:
1 Observe a imagem da escultura, a seguir, por uns cinco minutos e
responda. O que esta imagem suscita em sua mente. Como você a
descreveria? Aventure-se. Escreva um breve comentário sobre a impressão
que esta imagem te passa.

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Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

Fonte: pt.artesanum.com

Ler pode ter as mais diversificadas acepções. Podemos ler a


expressão do rosto de uma pessoa, o significado de uma bela obra de arte, a
bula de remédio, e até o silêncio de alguém. E embora não seja sob essas
perspectivas tão poéticas que nos reportaremos à leitura, precisaremos que
você se abra para esse processo de aprender a ler de uma forma completa e
complexa. Complexa, e não complicada, porque ler não é complicado e torna-
se algo muito interessante se nos habituamos a ver além das letras que estão
grafadas no papel.
Exercitando a leitura:
1 Observe a imagem da escultura, a seguir, por uns cinco minutos e
responda. O que esta imagem suscita em sua mente. Como você a
descreveria? Aventure-se. Escreva um breve comentário sobre a impressão
que esta imagem te passa.

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FUESPI/NEAD Letras Inglês

Geraldi (2003) define a leitura como um processo de interlocução entre


leitor e autor. Nesta perspectiva, é o leitor que constrói o texto a partir de sua
leitura, atribuindo-lhe as sua significações. Esses significados são
estabelecidos tomando como base as suas leituras anteriores e as suas
experiências de vida.
O autor destaca dentre as concepções de leitura: A leitura-busca de
informações, a leitura-estudo do texto, a leitura do texto-pretexto e a leitura-
fruição do texto. Acreditamos que você, caro aluno já realizou a leitura em
cada um dos modos enunciados nessas concepções.
Você já leu aquele capítulo inteiro de um livro de história, por exemplo,
para encontrar a resposta para aquela questão de um exercício? Pois é,
quando fazemos esse tipo de busca, estamos realizando a leitura como
busca de informações.
A leitura-estudo do texto pode ser entendida como a que você está
fazendo agora, lendo esse material com uma finalidade específica, leitura de
uma disciplina. O que diferencia esse tipo de concepção é a finalidade, o
objetivo faz com que o leitor procure assimilar o máximo o que leu porque o
conteúdo lhe será útil para a realização de atividades, para responder a uma
avaliação, por exemplo.
Mas, também há a situação em que você já procurou um texto que
tivesse uma fundamentação para um texto que você está elaborando, como
por exemplo, um resumo, uma resenha. Ou então você já fez aquela prova de
português na qual se solicita que você leia um determinado texto para responder
algumas questões acerca desse texto, que podem ser de interpretação ou de
gramática? É isso que reflete a leitura do texto-pretexto. Se pensarmos,
essa leitura é bem parecida com a leitura-busca de informações, mas nesse
caso, o termo pretexto de certa forma avalia a ação de usar um texto de forma
reducionista.
Já a leitura-fruição, refere-se a um tipo de leitura que realizamos por
prazer, porque nos faz bem, nos faz felizes. É isso mesmo, podemos ler um

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Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

texto sem buscar nenhuma informação, sem estarmos fazendo um estudo ou


sem nenhum pretexto. Podemos estar fazendo isso apenas pelo prazer que
nos dá a sua leitura. Quer vivenciar esta situação? Leia o poema Felicidade,
de Fernando Pessoa, a seguir.

Felicidade

Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!

Fonte: http://pensador.uol.com.br/poesia_felicidade_fernando_pessoa/

Bom, mas além das concepções de leitura, há outras informações


que são relevantes para prepará-lo para a maravilhosa aventura de ler e
escrever. Você já deve ter se perguntado como fazer para ler, para redigir um
bom texto. A primeira ações que se faz necessária é se desfazer de algumas
crenas como a de que você não sabe escrever ou de que você não gosta de
escrever. Às vezes, devido a forma como tivemos o nosso primeiro contato
com o ato de ler ou de escrever (e esse contato às vezes é doloroso) ficamos
traumatizados, e chegamos a detestar alguma tarefa que nos é solicitada no
sentido de ler ou escrever algum texto. Nesse caso, o que se deve pensar é
que a linguagem é a moeda de maior valor para conquistarmos poder. As
pessoas que têm a capacidade de falar em público, de escrever bons textos
já tem muito a seu favor num mundo como o nosso em que todos os dias
temos que nos expressar, seja na oralidade seja na escrita.

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FUESPI/NEAD Letras Inglês

Fausltich (2005) trata sobre a leitura e redação de textos enfatizando


a forma de elaboração e estrutura de textos argumentativos (explicando a
estrutura dos parágrafos que os compõem). A autora destaca algumas técnicas
de leitura como, por exemplo: sublinhar, destacar as ideias principais do texto
e trata sobre os tipos de leitura, que subdivide em leitura informativa e leitura
interpretativa. Para tanto, oferece pistas sobre como se pode aprimorar a
leitura informativa, aprendendo a fazer "leitura seletiva", que consiste em
identificar as palavras-chave (palavras mais importantes) em um parágrafo;
e como um segundo passo para facilitar a leitura do texto a autora sugere a
identificação das palavras-secundárias, que são utilizadas para desenvolver
o parágrafo, como os exemplos, as ilustrações. E a partir do momento em
que o leitor está habituado a fazer este exercício de depreensão1 das ideias
principais e das ideias secundárias de um texto o fechamento para uma leitura
informativa e interpretativa ocorre com a capacidade de resumir um texto, que
o leitor já terá adquirido sem perceber. Pois, se resumir um texto é extrair as
suas ideias principais, para resumir o texto bastará descartar de seu resumo
as ideias secundárias. Daí para produção do resumo faz-se necessária apenas
a organização textual observando a outros detalhes do ato de escrever.

Exercitando...
1 Identifique somente as ideias principais do parágrafo anterior e
destaque-as como no modelo:
[Ideia principal - Fausltich (2005) trata sobre a leitura e redação de
textos enfatizando a forma de elaboração e estrutura de textos argumentativos
(explicando a estrutura dos parágrafos que os compõem).
[ Ideia Principal - Fausltich (2005) trata sobre a leitura e redação de
textos enfatizando] [Ideia secundária - enfatizando a forma de elaboração e
estrutura de textos argumentativos...]
1
Depreensão. s. f. Acto, Ato de depreender. Depreender: v.t. Chegar à compreensão ou ao
conhecimento de; perceber, inferir, induzir. Disponível em: http://www.priberam.pt/dlpo/Default.aspx

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Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

2 Identifique somente as ideias secundárias do parágrafo anterior e


destaque-as como no modelo:
[ Ideia Secundária (explicando a estrutura dos parágrafos que os
compõem)...]
Viu só como é fácil? Continue o exercício com o mesmo parágrafo e
depois você poderá utilizar com qualquer texto que necessite estudar. Esta é uma
excelente maneira de assimilar melhor as informações em suas leituras e de fazer
resumos, sínteses que são textos que você sempre necessitará produzir no
decorrer de seu curso. O resumo e a resenha são atividades muito solicitadas
num curso superior. Reportaremos-nos, especificamente a esses e outros gêneros
textuais na unidade 3 deste livro, em separado, dada a sua relevância.
Entendemos que há outras concepções de leitura e embora
reconheçamos a sua relevância não as apresentaremos nesta obra pela
limitação do espaço de que dispomos, além de as concepções já
apresentadas terem cumprido os nossos objetivos imediatos.
Trataremos a seguir sobre a leitura em outra perspectiva, um pouco
diferente das quais estamos habituados, a leitura na era digital.

1.1 A leitura na era digital

As inovações tecnológicas e
o desenvolvimento das tecnologias da
comunicação da informação – TIC,s
fizeram surgir novas maneiras de ler
e de estudar. Algumas dessas
maneiras são bem mais dinâmicas e
interativas do que jamais se imaginou que seria possível.
As inovações tecnológicas e o desenvolvimento das tecnologias da
comunicação da informação – TIC,s fizeram surgir novas maneiras de ler e de
estudar.

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Gouveia (2010) destaca que o perfil do “leitor médio” no Brasil difere


daqueles observados em outros países, e que os hábitos de leitura de um
brasileiro diferem dos hábitos de outro leitor de diferente classe social ou
faixa etária, também nascido no Brasil. A autora destaca que de acordo com
a pesquisa encomendada pelo Instituto Pró-Livro, Retratos da Leitura no Brasil,
cujo lançamento ocorreu em maio de 2008, sob a coordenação do Observatório
do Livro e da Leitura - OLL, a maior parcela de brasileiros não-leitores (que
não leram um livro nos três meses anteriores à pesquisa) está entre os adultos
de 30 a 39 anos (15%) e de 40 a 49 (15%). E defende que em se tratando da
dimensão tecnológica, houve uma mudança importante observável através
do tempo.
Há alguns estudiosos que percebem avanços no modo de leitura
digital, entretanto há também aqueles que destacam alguns problemas nesse
modo de leitura. A autora supracitada refere-se a Vogt e Pellegrini, que estão
no segundo grupo dos estudiosos que avaliam a leitura digital como um
mecanismo de transformação crucial e de certo modo arriscada nos modos
de ler. Outros estudiosos da linguagem também se preocupam com a leitura
digital como, por exemplo, Marcuschi, que em aulas do nosso curso de
Mestrado em 2001, falava-nos sobre o perigo de o leitor perder o foco de sua
leitura e alertava para as informações em cascata, que vão surgindo quando
o leitor está diante de um computador conectado à internet.
Segundo Gouveia (2010), a limitação da imaginação e a dispersão
da concentração representam dois riscos apontados por Vogt, conforme o
aumento da leitura de textos na internet.
Entretanto, a leitura digital tem as suas vantagens. Melhor dizendo, as
informações veiculadas no meio digital têm também suas vantagens, pois não
é porque um texto está disponibilizado no ambiente digital que ele somente
poderá ser lido no referido ambiente. A impressão ainda é um recurso muito
utilizado, mesmo por parte daqueles alunos que fazem um curso em ambientes
virtuais de aprendizagem – AVA. Embora entendamos que os leitores aqui

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Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

citados se refiram ao processo de leitura digital em computadores conectados


à internet fazemos esta ressalva porque entendemos que a leitura digital ainda
não é tão digital assim. E nos arriscamos a afirmar que a leitura digital muitas
vezes é apenas uma leitura seletiva e não uma leitura final. Ou seja, o leitor lê
no ambiente digital aquilo que ele pode ir selecionando, copiando, arquivando,
mas quando este precisa reler, ou produzir resumos, textos a partir dos textos
que está lendo, ele usará outros recursos como a impressão, salvo aqueles
casos em que o leitor já desenvolveu um grau de letramento digital que lhe
permite ir produzindo, de modo digital, isto é no próprio computador, a partir
do que vai selecionando e armazenando, sem, no entanto necessitar de utilizar-
se do recurso de impressão.

1.2 A Importância Da Leitura Para Aquele Que Escreve

A informação é necessária para as


pessoas que têm necessidade de produzir um
texto. Pois o aluno pode dominar todas as
técnicas de leitura e de produção de textos, as
senão tiver informações não tem como escrever,
produzir um texto. Desse modo, entendemos a
informação a respeito do tema que se deseje
produzir um texto como um elemento essencial.
E o meio mais adequado para a aquisição de
informações é sobretudo a leitura, que por sua
vez não deve ser realizada apenas quando
precisamos escrever algo, mas também, para
nosso próprio enriquecimento cultural.
Para que "o leitor se informe é
necessário que haja entendimento daquilo que ele lê" (FAULSTICH, 2002, p.
13). A autora afirma desse modo que a inteligibilidade textual é imprescindível

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FUESPI/NEAD Letras Inglês

ao leitor; caso contrário, ele não conseguirá absorver as informações


necessárias à elaboração do seu próprio texto.
Escrever não é tarefa reservada apenas a intelectuais, a escritores, a
jornalistas, a advogados ou a professores de português. A escrita como meio
de comunicação é para todos e é questão bem definida e planejada em vários
concursos públicos e vestibulares de maneira geral. Por tudo o que foi exposto
até aqui, é perceptível que a leitura e a escrita andam juntas, e uma capacidade
subsidia a outra, pois a leitura nos capacita a escrever melhor e a escrita nos
faz perceber recursos de leitura que somente lendo não absorveríamos. Você
já deve ter percebido isso quando escreve algo, lê buscando-lhe o sentido, a
coerência, a coesão e não conseguindo encontrar ou para tornar a leitura mais
compreensível, você reescreve. Se estiver digitando, isso fica ainda mais fácil,
pois tem-se o recurso de recortar um trecho que estava lá para o final do
período, da oração, deslocando-lhe para o meio, para o início, para o fim até
que se percebe a leitura mais agradável, mais objetiva, mais direta.

Exercitando...
1 O poema a seguir está com os versos em posição trocada, mas
pela cronologia das ações você pode reordená-lo mesmo sem conhecê-lo.
Faça este exercício e o reorganize, reescrevendo-o no espaço reservado para
isso.
E ter paciência para que a vida faça o resto...
Posso apenas dar boas razões para que gostem de mim...
Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém...

William Shakespeare

William Shakespeare

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Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

A leitura é tão relevante para aquele que pretende desenvolver estudos


sistemáticos que nos próprios processos de seleção para o vestibular, por
exemplo, são “cobradas” as leituras de várias obras. E se para entrar na
universidade são cobradas do universitário, a leitura e reflexão não é correto
que, ao longo do curso universitário, não seja ele capaz de refletir e escrever
de forma crítica sobre vários pontos estabelecidos, em diferentes matérias.
Somente escreve mal aquele quem não tem o que dizer porque não aprendeu
a organizar seu pensamento, pois somente o domínio das regras gramaticais,
ou saber selecionar as palavras para cada ocasião não nos fará escrever
bem, visto que assim sempre nos faltará o conteúdo acerca do tema.
Antes do ato da escrita faz-se necessária a reflexão, e o melhor
estímulo para a reflexão é a leitura, é ler o que outros já escreveram a respeito
do que leram de outros e assim sucessivamente, pois a escrita está sempre
impregnada de outras escritas, ou seja, a leitura é diálogo direto ou indireto
com outras leituras.
Passada a fase de ler, escrever e refletir sobre o texto que vai produzir
o aluno deve voltar sua atenção para os tipos e os gêneros de textos que irá
produzir também, pois quando lhe for solicitada a produção de algum texto
será determinado o tipo do texto a escrever, por exemplo, um texto dissertativo
argumentando sobre um assunto. Por isso, é importante refletir rapidamente
sobre essas nomenclaturas: dissertação e argumentação. Há algumas
diferenças entre as noções de tipo e gênero que serão tratadas na unidade 2
deste livro, por isso trabalharemos aqui apenas com a noção de tipo.
Como a dissertação é o tipo de texto mais solicitado e utilizado no
meio acadêmico a tomaremos como parâmetro de escrita, nesse livro.
É relevante que o aluno saiba a diferença entre dissertação e
argumentação, uma vez que essas nomenclaturas costumam ser tomadas,
muitas vezes, como sinônimas. Uma das distinções básicas que pode ser
estabelecida entre a dissertação e a argumentação é o fato de que no primeiro
tipo de teto as idéias do autor são expostas, a título de informação sobre um

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FUESPI/NEAD Letras Inglês

determinado assunto, enquanto que na argumentação, além de se expor o


que se pensa/sabe sobre um determinado assunto, faz -se isso de forma
persuasiva, tentando convencer o leitor de seu texto.
Argumentar sobre algo que não se conhece é muito difícil. Imagine,
Poe exemplo um vendedor conseguir vender um produto sem conhecer as
suas características, as qualidades do produto que precisará mostrar, enfim
as informações que serão utilizadas para convencer ao consumidor para
comprá-lo. Isso é tão importante que temos as empresas de propaganda que
se encarregam de fazer a publicidade de produtos utilizando-se de linguagem
determinada para isso, de elementos de persuasão. Para expor as idéias ou
para convencer alguém, é preciso conhecer o assunto tratado, uma vez que,
ninguém consegue escrever bem, se não conhece o que vai escrever. É
preciso, antes de qualquer movimento, conhecer profundamente o objeto de
reflexão. Para escrever, assim, a respeito de qualquer assunto, é necessário,
antes, ler e refletir, procurando argumentos que serão apresentados como
elementos de sustentação temático-textual.
Argumentar
No dicionário disponível em http://www.dicio.com.br,

Argumentar: v.t. e v.i. Usar de argumentos; discutir apresentando e


contrapondo razões que, através do raciocínio lógico, levem a uma
conclusão.

Pela própria definição do termo tem-se que “se discute apresentando


e contrapondo razões”. E isso somente é possível com o conhecimento daquele
objeto sobre o qual se monta uma argumentação. No texto argumentativo
ocorre o mesmo, há a mesma necessidade de apresentar argumentos de
posição ou contraposição. A construção da posição ou contraposição ocorre
a parti de verbos que o escritor, ou autor do texto utiliza, ou ainda por meio de
modalizadores que podem destacar o posicionamento do autor do texto.
Vejamos um exemplo a seguir.

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Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

I. INTRODUÇÃO
Embora seja um desenvolvimento relativamente recente no campo dos estudos
aplicados do discurso, a análise de gêneros tem se tornado extremamente popular
nos últimos anos. O interesse pela teoria dos gêneros e suas aplicações não se restringe
mais a um grupo específico de pesquisadores de uma área em particular ou de um
setor qualquer do globo terrestre, mas cresceu a ponto de assumir uma relevância
muito mais ampla do que jamais foi imaginado.
Candlin (1993) indaga com propriedade:

O que há com o termo e com a área de estudos que ele representa,


para que atraia tanta atenção? O que lhe permite agrupar sob o
mesmo abrigo terminológico críticos literários, retóricos, sociólogos,
cientistas cognitivistas, especialistas em tradução automática,
linguistas computacionais e analistas do discurso, especialistas em
Inglês para Fins Específicos e professores de língua? O que é isso
que nos permite reunir sob o mesmo rótulo publicitários,
especialistas em comunicação empresarial e defensores do Inglês
Comum? (Candlin, 1993).

Fonte: BHATIA, Vijay K. ANÁLISE DE GÊNEROS HOJE*.Tradução de Benedito Gomes


Bezerra.Rev. de Letras - N0. 23 - Vol. 1/2 - jan/dez. 2001

Como se pode perceber a partir da análise do texto do exemplo, tem-


se duas argumentações. A primeira é a do tema do qual se está tratando e a
segunda, o que se percebe a partir da observação dos elementos destacados
apenas com sublinhados estão sendo utilizados para caracterizar o referente
análise de gêneros, que por sua vez está em negrito e em sublinhado,
exatamente porque ele é o termo mais importante, do qual se está enunciando
as informações: Embora/ desenvolvimento/ recente/estudos aplicados do
discurso. Esta argumentação é de quem está produzindo o texto. Ou seja, é o
autor do texto que considera que: “Embora seja um desenvolvimento
relativamente recente no campo dos estudos aplicados do discurso, a análise
de gêneros tem se tornado extremamente popular nos últimos anos.”

24
FUESPI/NEAD Letras Inglês

Já a segunda argumentação que se tem é a que o autor do texto faz


da apresentação que o segundo autor, aquele que é citado no texto que
tomamos como exemplo, para trazer mais informações sobre o assunto em
tela, o que temos então é o autor do texto Bathia (2001) citando Candlin (1993),
como se pode corroborar na informação da fonte após o texto. Muitas vezes,
por uma questão de você não estar acostumado a esse tipo de leitura não
consegue atentar muito bem para esse tipo de processo argumentativo, mas
isso não é um problema, porque uma vez familiarizado com esse tipo de
marcação, nome do autor no texto, forma de citar tudo isso vai ficando mais
claro para o leitor e como são marcas bem visuais a leitura torna-se bem mais
fácil.
No processo de redação existe um plano estruturado para ligação
lógica do que o emissor codificador quer transmitir ao receptor ou decodificador
da mensagem, ou melhor, temos uma sequência de idéias que geram um
diálogo entre duas pessoas (escritor e leitor/ vestibulando e examinador) por
meio de idéias que são tecidas por meio do tema proposto e delimitado.
Como principais partes do texto tem-se:
• Introdução, que é o início de uma idéia geral e importante (objeto
principal do trabalho). Constrói o núcleo-frasal que será desenvolvido, na parte
do texto que é chamada de desenvolvimento;
• Desenvolvimento, que é a manifestação do tema em todos os seus
elementos (afirmação ou negação). Nesta parte são desenvolvidos os
elementos extrínsecos ou formais e os intrínsecos (conceitos e argumentos)
observando a clareza e a concisão do parágrafo.
• Conclusão, que é o sintetizador do desenvolvimento e criador do
elo final com a idéia geral que já fora mencionada na introdução.
A ordenação no Desenvolvimento do Parágrafo pode ocorrer:
a) com indicações de espaço: "... não muito longe da capital...".
Utilizam-se advérbios e locuções adverbiais de lugar e certas locuções
prepositivas, e adjuntos adverbiais de lugar;

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Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

b) com informações de tempo e espaço: por meio de advérbios e


locuções adverbiais de tempo, certas preposições e locuções prepositivas,
conjunções e locuções conjuntivas e adjuntos adverbiais de tempo;
c) com enumeração: citação de características que vem normalmente
depois de dois pontos;
d) com contrastes: estabelece comparações, apresenta-se paralelos
e evidencia diferenças; conjunções adversativas, proporcionais e comparativas
podem ser utilizadas nesta ordenação;
e) por causa-consequência: conjunções e locuções conjuntivas
conclusivas, explicativas, causais e consecutivas;
f) com explicitação: esclarece o assunto com conceitos elucidativos e
justificativos dentro da idéia que construída.
Mattoso Camara (2001, p.62) dividiu os problemas de redação em dois
grupos: o primeiro: o dos problemas essenciais e o segundo, dos secundários.
Os problemas essenciais referem-se à composição, ou seja, ao plano
do texto e à escolha vocabular, mais especificamente à técnica de formulação
verbal, que dispensa os elementos extralinguísticos e locucionais, participantes
da exposição oral.
Já os problemas secundários, que são a pontuação, a ortografia, a
concordância, a acentuação, isto é, os elementos gramaticais constituem os
problemas que, para Mattoso, são de mais fácil solução.
Os erros mais frequentemente abordados são os gramaticais, isto é,
erros de pontuação, acentuação, ortografia, concordância verbal e nominal,
regências verbal e nominal, etc. Entretanto estes não representam o aspecto
mais importante para o texto.

1.3 A importância do ato de escrever no ensino de Língua Portuguesa

Escrever no ensino da língua portuguesa na universidade, levando-se


em consideração que a modalidade escrita é muito mais utilizada no exercício

26
FUESPI/NEAD Letras Inglês

profissional de várias pessoas é muito relevante. Atualmente, exige-se do


profissional redação própria, ou seja, a capacidade de expressar no papel,
na escrita, o seu trabalho, isto é, o profissional deve se comunicar com outras
empresas a partir da modalidade escrita, de forma clara, objetiva e direta.
Contudo, é necessária muita leitura e conhecimento das possibilidades da
língua, pois até mesmo um texto prosaico pode ser original, no sentido de
expressar àquele que lê traços característicos da personalidade de quem o
escreve.
No entanto, sabe-se que, para muitos, o ato de escrever não encarado
com como uma tarefa muito fácil, principalmente para aqueles para quem a
pouca ou total ausência da modalidade escrita, foi uma das lacunas deixadas
pelos ensinos fundamental e médio. Antes a ênfase nas nomenclaturas reduzia
o espaço da interpretação, da leitura e da escrita, e assim, o aluno não
conseguia, quando lhe era solicitado, utilizar os recursos gramaticais
ensinados. Não cabe à universidade resolver as lacunas deixadas pelos
ensinos fundamental e médio, mas sim despertar aqueles que têm dificuldade
ao escrever, fazendo com que esses leiam, escrevam bastante e consigam,
ao longo dos anos e com a prática, sanar suas dificuldades de escrita. Por
isso mesmo, a produção de textos deve fazer parte da rotina acadêmica. Após
a leitura de um poema, de um trecho de um romance, de um texto científico, de
uma reportagem, ou, até mesmo, após um debate, o educando deverá ser
estimulado a elaborar um texto sobre o tema sugerido.
Com tudo isso, a importância deste estudo está ligada à possibilidade
de orientar a organização de programas de língua portuguesa, no que diz
respeito à relevância da produção de textos dentro e fora das aulas de
produção textual.
Não se pode esquecer de que, durante muitos anos, o ensino da língua
não se destinou à produção, à leitura e à interpretação de textos, mas sim se
limitou a exigir do aluno as nomenclaturas gramaticais, uma vez que essas
eram, e continuam sendo, exigidas pelo vestibular e pelos concursos em geral.

27
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

O resultado de tal postura foi um universitário que mal sabe escrever e, o pior,
que pode passar quatro anos na universidade sem saber produzir um bom
texto. Para que você não passe por essa experiência vexatória, atente para
os aspectos formais (que já se viu que não precisam ser tão formais assim),
para os aspectos contextuais (para quem você está produzindo um
determinado texto, isto é, quem é o seu destinatário; qual o seu objetivo com
o texto que está produzindo e por último, o que você tem para informar no
texto, o que você sabe sobre o assunto sobre o qual lhe foi solicitado que você
produza um texto. O professor quando pede a um aluno que produza um texto
sobre um determinado assunto deve em primeiro lugar verificar se esse aluno
tem informação suficiente sobre o assunto, e se o resultado da verificação for
negativo, deve ajudar seu aluno no sentido de encontrar informações.
Entretanto, como nem todas as vezes que lhe for solicitado que produza você
terá a ajuda de seu professor, como no caso de provas de vestibulares, a
produção de texto que lhe é pedida, é feita com base a pressuposição de que
você já tem informação suficiente para produzir aquele texto e é por isso que
a leitura é um dos principais requisitos para que se aprenda a produzir bons
textos. Isso se deve ao fato de que por meio dela você adquirirá informações
para a sua produção textual.
Não se pode deixar de lado o estudo linguístico, que é importante
para a elaboração de um "bom" texto. Assim, para se escrever "bem" o texto
deve-se saber utilizar, corretamente, os sinais de pontuação, deve-se saber
ortografia, acentuação; deve-se saber o uso da crase; deve-se fazer as
concordâncias verbal e nominal; deve-se saber regências verbal e nominal;
além de se fazer um texto com os dois elementos mais importantes: coesão e
coerência. Sem estes dois elementos, o texto perde a intenção de
comunicação, ou melhor, de intercomunicação.
Bechara (2001) defende que o enunciado não se constrói com um
amontoado de palavras e orações. Elas se organizam segundo princípios
gerais de dependência e independência sintática e semântica, recobertos

28
FUESPI/NEAD Letras Inglês

por unidades melódicas e rítmicas que sedimentam estes princípios. Dessa


forma, pode-se afirmar que no ato de produção textual, não se deve somente
escrever diversas frases, é necessário também que se tenha unidade, ou seja,
faz-se necessário também que estas frases sejam coesas e coerentes e então
formem um texto.
Relembrando... e sintetizando, para não esquecer. Faça um breve
exercício de retomada das informações que leu até aqui, tente perceber do
que você ainda lembra e anote no espaço a seguir. Isso servirá para que você
vá guardando informações para o fichamento que deverá fazer ao final da
leitura deste livro. Mas por enquanto, anote somente o que você aprendeu até
aqui. Você pode fazer a anotação em tópicos, pois quando você reler o tópico,
com certeza a ideia lhe virá à mente.

Leituras complementares: indicação de leituras (livros ou páginas


da web) relacionadas ao tema de cada unidade);
• Associação Nacional de Livrarias: www.anl.org.br/web/index.php
• Câmara Brasileira do Livro: www.cbl.org.br
• Revista Panorama Editorial: www.panoramaeditorial.com.br
• Biblioteca Brasiliana USP: www.brasiliana.usp.br
• Portal Domínio Público: www.dominiopublico.gov.br

29
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

• http://www.webartigos.com/articles/59876/1/Como-ler-entender-e-
redigir-um-texto/pagina1.html#ixzz1OMnNAjpq
• http://www.cintiabarreto.com.br/

Atividade complementar

Crie um blog de seu curso e destine a cada uma das disciplinas um


espaço para arquivar seus textos, resumos, resenhas, fichamentos, enfim, o
resultado de seus estudos. Com a continuidade, você verá que tem um espaço
de estudo e consulta dinâmico e prazeroso. Além disso, este espaço pode
ser usada por alguns colegas de sua turma que pode constituir o conselho
editorial do blog. Eles podem ajudar você a alimentar a página, a editar os
textos e tomar todos os cuidados do seu blog.

Resumindo...

Bom, nesta unidade tratamos das concepções de Leitura, do ato de


ler e nesta perspectiva vimos que ler pode ter as mais diversificadas acepções.
Podemos ler a expressão do rosto de uma pessoa, o significado de uma bela
obra de arte, a bula de remédio, e até o silêncio de alguém.
Vimos que Geraldi (2003) define a leitura como um processo de
interlocução entre leitor e autor. E que o autor destaca dentre as concepções
de leitura: A leitura-busca de informações, a leitura-estudo do texto, a leitura
do texto-pretexto e a leitura-fruição do texto.
Para desenvolver as habilidades de ler, de redigir um bom texto, a
primeira ação que se faz necessária é se desfazer de algumas crenças como
a de que você não sabe escrever ou de que você não gosta de escrever.
De acordo com Fausltich (2005) há algumas técnicas de leitura como,
por exemplo: sublinhar, destacar as ideias principais do texto. A autora divide
a leitura em leitura informativa e leitura interpretativa. Para tanto, oferece

30
FUESPI/NEAD Letras Inglês

pistas de como se deve fazer "leitura seletiva", que consiste em identificar as


palavras-chave e as palavras-secundárias do texto.
Sobre a leitura na era digital, você viu que as inovações tecnológicas
e o desenvolvimento das tecnologias da comunicação da informação – TIC,s
fizeram surgir novas maneiras de ler e de estudar. A respeito da leitura na era
digital Gouveia (2010) destacou que o perfil do “leitor médio” no Brasil difere
daqueles observados em outros países, e que os hábitos de leitura de um
brasileiro diferem dos hábitos de outro leitor de diferente classe social ou
faixa etária, também nascido no Brasil.
Viu ainda, que há alguns estudiosos que percebem avanços no modo
de leitura digital, como há também aqueles que destacam alguns problemas
nesse modo de leitura.
Um dos fatores relevante para a produção de texto é a informação. E
desse modo, escrever não é tarefa reservada apenas a intelectuais, a
escritores, a jornalistas, a advogados ou a professores de português.
Outro fator relevante para desenvolver a habilidade de ler, escrever e
refletir sobre a produção de texto é saber distinguir tipos e os gêneros de
textos.
É relevante também atentar para as principais partes do texto:
• Introdução, que é o início de uma idéia geral e importante (objeto
principal do trabalho). Constrói o núcleo-frasal que será desenvolvido, na parte
do texto que é chamada de desenvolvimento;
• Desenvolvimento, que é a manifestação do tema em todos os seus
elementos (afirmação ou negação). Nesta parte são desenvolvidos os
elementos extrínsecos ou formais e os intrínsecos (conceitos e argumentos)
observando a clareza e a concisão do parágrafo.
• Conclusão, que é o sintetizador do desenvolvimento e criador do elo
final com a idéia geral que já fora mencionada na introdução.
E vimos ainda, a relevante contribuição de Mattoso Camara (2001,
p.62), que dividiu os problemas de redação em dois grupos: o dos problemas

31
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

essenciais e o dos secundários. Destacando que os problemas essenciais


referem-se à composição, ou seja, ao plano do texto e à escolha vocabular,
(técnica de formulação verbal); e que os secundários são constituídos pela
pontuação, pela ortografia, pela concordância, pela acentuação, isto é, pelos
elementos gramaticais, que na opinião do autor não são os mais importantes.
Escrever é muito relevante no ensino da língua portuguesa na
universidade, embora durante muitos anos, o ensino da língua não se destinou
à produção, à leitura e à interpretação de textos, mas sim se limitou a exigir
do aluno as nomenclaturas gramaticais, uma vez que essas eram, e continuam
sendo, exigidas pelo vestibular e pelos concursos em geral.
Como nós estamos em tempos diferentes na academia, dedique-se
às habilidades de leitura e produção de textos e sucesso na empreitada!!

Atividades de aprendizagem

1 Leia o poema a seguir e produza um texto dissertativo-argumentativo


sobre o tema aprendizado na perspectiva que o autor está tratando no mencionado
texto.
Eu aprendi...
...que ignorar os fatos não os altera;
Eu aprendi...
...que quando você planeja se nivelar com alguém, apenas esta permitindo
que essa pessoa continue a magoar você;
Eu aprendi...
...que o AMOR, e não o TEMPO, é que cura todas as feridas;
Eu aprendi...
...que ninguém é perfeito até que você se apaixone por essa pessoa;
Eu aprendi...
...que a vida é dura, mas eu sou mais ainda;
Eu aprendi...
...que as oportunidades nunca são perdidas; alguém vai aproveitar as que
você perdeu.
Eu aprendi...

32
FUESPI/NEAD Letras Inglês

...que quando o ancoradouro se torna amargo a felicidade vai aportar em


outro lugar;
Eu aprendi...
...que não posso escolher como me sinto, mas posso escolher o que
fazer a respeito;
Eu aprendi...
...que todos querem viver no topo da montanha, mas toda felicidade e
crescimento ocorre quando você esta escalando-a;
Eu aprendi...
...que quanto menos tempo tenho, mais coisas consigo fazer.
......................................................................................................
William Shakespeare
Fonte: http://pensador.uol.com.br/eu_aprendi/

Título:

33
UNIDADE 2
O texto e sua textualidade

OBJETIVO

• Proporcionar aos alunos a habilidade necessária para o


desenvolvimento de textos acadêmicos e o conhecimento da
estrutura dos mais variados gêneros usados no contexto
universitário e fora dele.
FUESPI/NEAD Letras Inglês

2 O que é o texto?

Você deve está se perguntando o


que é um texto, não é mesmo? O que
caracteriza um texto ou mesmo o que faz um
texto ser um texto? A palavra texto tem a
origem latina “textu” e significa literalmente,
“tecido”. Vejamos o que diz Fávero e Koch
(2001) sobre esse assunto:

“texto, em sentido amplo, designa toda e qualquer manifestação da capacidade


textual do ser humano (uma música, um filme, uma escultura, um poema etc.), e,
em se tratando de linguagem verbal, temos o discurso, atividade comunicativa de
um sujeito, numa situação de comunicação dada, englobando o conjunto de
enunciados produzidos pelo locutor (ou pelo locutor e interlocutor, no caso dos
diálogos) e o evento de sua enunciação” (Fávero e Koch, 2001, p. 7).

Como se pode observar na citação acima, o texto consiste em


qualquer passagem falada ou escrita que forma um todo significativo
independente de sua extensão. Trata-se, pois, de um contínuo comunicativo
contextual caracterizado pelos fatores de textualidade. Nesse sentido, concorda
Costa Val (1992) quando define o texto como “ocorrência linguística falada
ou escrita, de qualquer extensão, dotada de unidade sociocomunicativa,
semântica e formal”.
Sendo a linguagem considerada como forma de inter(ação) entre os
interlocutores, cuja função básica é persuadir e convencer e não apenas
comunicar, então, os estudos da língua já não podem mais estar ancorados,
apenas, nos campos da estrutura linguística: da morfologia, da fonética e da
sintaxe frasal. Torna-se necessário uma reatualização sobre a concepção de
texto em contextos mais amplos, que levem em consideração pressupostos
advindos de áreas como a Linguística Textual, a Análise do Discurso dentre

37
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

outras, para que se possa dar conta de explicar certos fenômenos linguísticos
que ocorrem entre os enunciados e sequências enunciativas.
Nessa perspectiva pode-se considerar texto uma frase, um fragmento
de um diálogo, um provérbio, um verso, uma estrofe, um poema, um romance
e também expressões situadas em contextos específicos como “Socorro!”,
“Silêncio!”, “Fogo!”, etc.

(Exemplo 1)

Perceba, caro aluno, que o texto acima (exemplo 1) deve ser entendido
como um todo significativo, levando-se em consideração não apenas a palavra
isolada por ela mesma, mas o contexto comunicativo em que se insere. Há de
se considerar na leitura desse texto o pedido de socorro refere-se ao nosso
próprio planeta que não cabe aqui discutir todos os seus problemas: miséria,
fome, guerra, terrorismo, desmatamento só para citar alguns.

38
FUESPI/NEAD Letras Inglês

(Exemplo 2)

Este segundo exemplo pode ser considerado um texto? Com certeza


todos vocês reconhecem ao ver tal imagem que se trata de um pedido de
silêncio. Mas pensemos, então, em que contexto isso pode ocorrer, pois não
se trata de um pedido de silêncio qualquer. Na realidade é um pedido de
silêncio em contexto específico: num hospital, em um posto de saúde.
Compreendemos assim pelas marcas que a imagem nos traz, a posição do
dedo indicador na boca, as roupas na qual a personagem se veste nos indicam
que se trata de um pedido de silêncio num contexto comunicativo específico.

(Exemplo 3)
L1. e você nunca saiu do brasil?
L2. nunca saí do brasil
L1. e tu mais ah:: de propósito como é que é?
[
L2. olha ((tosse)) aconte
[
L1. ou é por causa do
assento flutuante?

Fonte: Rodrigues & Azevedo (2010)

39
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

O terceiro exemplo é um excerto de um texto conversacional. Trata-se


de uma entrevista de televisão. Com suas características próprias, o texto
conversacional é reconhecido como um todo significativo se levarmos em
consideração o contexto em que o mesmo se insere. Veja-se que os falantes
vão se revezando nos turnos conversacionais e utilizando-se de marcas
próprias da modalidade oral da língua (voltaremos a esse assunto no terceiro
capítulo com mais detalhes e exercícios).

A idéia de turno está ligada às várias situações em que os membros de um


grupo se alternam ou se sucedem na consecução de um objetivo comum: jogo
de xadrez, corrida de revezamento, mesa-redonda, de acordo com Preti (2003).
Assim, na análise da conversação, podemos entender turno como aquilo que
um falante faz ou diz enquanto tem a palavra, incluindo também a possibilidade
de silêncio. O turno se trata de qualquer intervenção do interlocutor.

PRETI, Dino (org.). Análise de textos orais. São Paulo: Humanitas, 2003.

(Exemplo 4)

40
FUESPI/NEAD Letras Inglês

O quinto exemplo é um texto pertencente à esfera lexicográfica2 : um


verbete de um dicionário. Veja que um texto nunca está isolado de um contexto
mais amplo. Ele pertence a uma esfera social, tendo, portanto, uma função
sociocomunicativa.
Um texto, nessa perspectiva, pode ser, então, uma amostra de
comportamento linguístico-textual e comunicativo encontrados nos mais
diversos gêneros textuais presentes em nossa sociedade. Nessa perspectiva
até mesmo o silêncio pode ser considerado um texto, desde que tenha uma
intenção interativa. No texto conversacional as formas do silêncio, por exemplo,
são bastante frequentes e podem servir como estratégias textual-interativas
para que o interlocutor conceda a passagem do turno conversacional dentre
outras.
Vamos ver como Louis Hjelmslev3 concebe a palavra texto? Para o
autor, a palavra texto é tomada em um sentido mais amplo, designando um
enunciado qualquer, falado ou escrito, longo ou curto, velho ou novo. “Silêncio!”
como vimos no exemplo 2 é um texto tanto quanto o é um conto de Machado
de Assis.
Utilizamos diariamente a palavra texto em vários contextos
enunciativos, na escola ou mesmo fora dela. Quem nunca ouviu os seguintes
enunciados na sua vida:

- Você terminou o texto?


- Que texto complicado!
- Não gostei desse texto.
- Você decorou o texto?
- Peguem o texto do autor tal.
- Os atores já receberam seus textos.
2
A Lexicografia é uma disciplina intimamente ligada à Lexicologia. Ela se ocupa da descrição do
léxico de uma ou mais línguas, a fim de produzir obras de referência, principalmente dicionários,
em formato papel ou eletrônico, e bases de dados lexicológicas.
3
Veja a biografia do de Louis Hjelmslev em http://pt.wikipedia.org/wiki/Louis_Hjelmslev

41
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

Como se observa, conceituar a palavra texto é bem mais complexo


do que se pode pensar dada a abrangência de termos que se ligam a sua
significação. Mesmo assim, podemos dizer que a configuração de um texto
deve levar em consideração alguns critérios de textualidade (tessitura) que
garanta a organização do sentido e a completude da mensagem num dado
contexto sociocomunicativo.
Enfim, é por meio de textos que o discurso se manifesta e qualquer
passagem no plano verbal e não-verbal, independentemente de sua extensão,
que constitua um todo significativo, efetiva-se em um texto.

2.1 O que é textualidade?

Para falarmos sobre textualidade


precisamos muito de sua atenção. Se chegamos até
aqui é porque iremos ainda mais longe
redescobrindo o fascinante mundo do texto. Afinal,
uma das coisas que fazemos todos os dias é
produzir e entrar em contato com textos quando
conversamos, ao pegarmos um ônibus, ao
pagarmos as compras no caixa do supermercado,
ao irmos à escola, ao falarmos ao telefone, ao assinarmos um contrato dentre
muitas outras atividades durante nossa vida.
O texto é uma unidade de linguagem em uso. Como uma ocorrência
linguística falada ou escrita deve apresentar três propriedades básicas:
• a primeira é sua função sociocomunicativa, tais como as intenções
do autor, o contexto sociocultural;
• a segunda propriedade é o fato de constituir-se como uma unidade
semântica, em que o texto seja um todo significativo, ter coerência;
• a terceira propriedade é a sua unidade formal, as palavras se
integram para formar um todo coeso.

42
FUESPI/NEAD Letras Inglês

Os autores que tratam da textualidade tomam esse termo como o


conjunto de características que fazem com que um texto seja um texto e não
apenas uma sequência de frases isoladas do seu contexto de uso. Lembram-
se das perguntas iniciais desse capítulo?
Beaugrade e Dressler (1983) apontam sete fatores responsáveis pela
textualidade, que se dividem em linguísticos e pragmáticos, conforme o quadro
seguinte:

FATORES DE TEXTUALIDADE
LINGUÍSTICOS PRAGMÁTICOS
• coerência • Intencionalidade
• coesão • Informatividade
• Aceitabilidade
• Situacionalidade
• Intertextualidade

A) FATORES LINGUÍSTICOS:

a) Coerência

É importante ressaltar que a coerência textual não está no texto, mas


se constrói a partir do texto. Lembremo-nos de que a construção do sentido
vai envolver o autor, que detém experiências de vida e que criou o texto em
determinada situação e com um propósito, e o leitor, que também possui
experiências prévias e que vai receber o texto em situação e tempo diferentes
dos da produção.
A coerência textual está ligada ao sentido empregado no texto e
também ao sentido construído pelo interlocutor (que são aspectos mentais,
ou seja, tudo aquilo que é processado no cérebro), como se refere Koch e
Travaglia (2004 p.21): a coerência está diretamente ligada à possibilidade de

43
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

estabelecer um sentido para o texto, ou seja, ela é o que faz com que o texto
faça sentido para os usuários, devendo, portanto, ser entendida como um
princípio de interpretabilidade, ligada à inteligibilidade do texto numa situação
de comunicação e à capacidade que o receptor tem para calcular o sentido
deste texto.
Ainda para Koch e Travaglia (2004) a coerência não está somente no
texto, mas também deve ser construída a partir dele. Vejamos um exemplo
retirado do “A coerência textual” de Koch & Travaglia (2004, p. 1):

(Exemplo 5)

“Maria tinha lavado a roupa quando chegamos, mas ainda estava lavando
a roupa”.
Fonte: KOCH, Ingedore Vilaça; TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A coerência textual. São Paulo:
Contexto, 2004

Percebe-se que no quinto exemplo há falta de sentido na frase do


ponto de vista que não há possibilidade de conter uma mesma realização
acabada em um primeiro momento e ao mesmo tempo não acabada num
segundo, o que fatalmente acarreta incoerência inaceitável na construção
textual para o entendimento do texto.
Outro exemplo de uma sequência sem elementos linguísticos coesivos,
mas que mantém coerência textual pode ser encontrado no texto o show no
seguinte exemplo:

(Exemplo 6)
O Show

O cartaz O estádio
O desejo A multidão
A expectativa

44
FUESPI/NEAD Letras Inglês

O pai A música
O dinheiro A vibração
O ingresso A participação

O dia O fim
A preparação A volta
A ida O vazio

Fonte: KOCH, Ingedore Vilaça; TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A coerência textual. São Paulo:
Contexto, 2004

O texto acima foi criado a partir de uma proposta de um modelo de


Affonso Romano de Sant’Anna mostrando que mesmo uma lista de palavras
sem nenhuma ligação sintática e sem nenhuma explicação quanto à relação
entre elas, pode-se perceber a unidade de sentido estabelecido pelos seus
componentes. O que faz com que o texto tenha sentido é o conhecimento
prévio que o leitor tem do que seja um show, ou seja, está arquivado em sua
memória um modelo de um show, desde a divulgação, até o sentimento de
vazio quando tudo acaba e o espectador volta para sua casa.

b) Coesão

A coesão textual aborda os fenômenos sintático-semânticos entre os


enunciados, ou seja, os fenômenos que descrevem a relação das frases entre si
e o significado das palavras respectivamente. Segundo Koch (2007, p.45) podemos
conceber a coesão como fenômeno relacionado ao modo como os elementos
linguísticos presentes na superfície textual se encontram interligados, por meio de
recursos também linguísticos, formando sequências veiculadoras de sentidos.
Pode-se salientar que a coesão é o conjunto de conectores que, ao
serem inseridos de forma correta no texto, dá a ele a coerência esperada. Em
Koch (2005, p.13), há um exemplo que define bem a importância da coesão
textual para um texto:

45
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

(Exemplo 7)

Os urubus e sabiás

Tudo aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam... Os


urubus, aves por natureza becadas, mas sem grandes dotes para o canto,
decidiram que, mesmo contra a natureza, eles, haveriam de se tornar grandes
cantores. E para isso fundaram escolas e importaram professores, gargarejaram
dó-ré-mi-fá, mandaram imprimir diplomas, e fizeram competições entre si, para
ver quais deles seriam os mais importantes e teriam a permissão de mandar
nos outros...

Fonte: Koch (2005, p.13)

No sétimo exemplo, pode-se perceber que o texto não é um


amontoado de frases sem nexo, ou uma soma de frases isoladas, essas frases
são entrelaçadas por chamados recursos de coesão textual. Conforme Halliday
& Hassan: “a coesão ocorre quando a interpretação de algum elemento no
discurso é dependente da de outro”, ou seja, para que haja coesão é necessário
que os enunciados tenham ligação entre si. Os conectores estabelecem a
relação entre elementos do texto, correlacionam o que está para ser dito com
o que já foi dito. A coesão divide-se em duas ramificações: a coesão referencial
e a coesão sequencial.
Basicamente, a coesão referencial está ligada à disposição dos
elementos coesivos no texto, em que um elemento faz remissão a outro no
texto. O primeiro elemento é chamado forma referencial ou remissiva e o
segundo elemento de referência ou referente textual. O elemento de referência/
referente textual pode ser representado por um nome, um sintagma, um
fragmento da oração ou um todo enunciado.
Vejamos como isso ocorre no exemplo 8, a seguir:

46
FUESPI/NEAD Letras Inglês

(Exemplo 8)

O homem subiu rapidamente as escadas. Lá em cima ele descobriu que estava


no andar errado.

No oitavo exemplo, “homem” é o elemento denominado de forma


referencial e “ele” é o elemento de referência, ou seja, remete a um elemento
que já foi dito.
A coesão sequencial subdivide-se em sequenciação parafrástica e
sequenciação frástica. A sequenciação parafrástica dá-se quando o autor
utiliza de formas diferentes a serem percebidas pelos leitores. Para isso utiliza-
se de alguns artifícios chamados de elementos de recorrência que, segundo
Koch (2000 p. 51 a 54), são:
• Recorrência de termos: reiteração de um mesmo item lexical
geralmente usado para idéia de continuidade ou enfatização. Por exemplo:
“E o cavalo corria, corria, corria...”.
• Recorrência de estruturas: usa-se as mesmas estruturas sintáticas,
preenchidas com itens lexicais diferentes”. Como o exemplo encontadode
Gonçalves Dias:
(1) Nosso céu tem mais estrelas, (2)
(1) Nossas várzeas tem mais flores, (2)
(1) Nossos bosques tem mais vida, (2)
(1) Nossa vida mais amores. (2)
Em (1) tem-se a mesma estrutura sintática e em (2) são os itens lexicais
diferentes usados no preenchimento da estrofe.
• Recorrência de conteúdos semânticos-paráfrase: mesmo
conteúdo semântico apresentado sob formas estruturais diferentes, significa
que o autor usa o texto de um outro, com palavras diferentes, o que é muito
recorrente em trabalhos acadêmicos.

47
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

• Recorrência de recursos fonológicos segmentais e/ou supra-


segmentais: o autor utiliza características da poesia como: o ritmo, a rima, a
assonância, a aliteração, etc.
• Recorrência de tempo e aspecto verbal: é fator coesivo a partir do
momento em que o autor indica ao leitor/ouvinte que se trata de uma sequência,
principalmente temporal, a partir do modo em que a sequência verbal é
utilizada.
A sequenciação frástica se dá pelas relações gramaticais formadas
por marcas linguísticas, que são os elementos coesivos, tornando o texto mais
rápido e de leitura mais eficiente.

B) FATORES PRAGMÁTICOS:

a. Intencionalidade

A intencionalidade tem relação estrita com o que se tem chamado de


argumentatividade. Se considerarmos que não existem textos neutros, que há
sempre alguma intenção ou objetivo da parte de quem produz um texto, e que
este não é jamais uma “cópia” do mundo real, pois o mundo é recriado no
texto através da mediação de nossas crenças, convicções, perspectivas e
propósitos, então somos obrigados a admitir que existe sempre uma
argumentativiade subjacente ao uso da linguagem.
Para Koch & Travaglia (2004) a intencionalidade está atrelada aos
propósitos comunicativos do interlocutor. Veja o que diz os autores:

“[...] o produtor de um texto tem, necessariamente, determinados objetivos ou


propósitos, que vão desde a simples intenção de estabelecer ou manter o
contato com o receptor até a de levá-lo a partilhar de opiniões ou a agir ou
comportar-se de determinada maneira.” Dessa forma, a intencionalidade refere-
se ao modo como os emissores usam textos para perseguir e realizar suas

48
FUESPI/NEAD Letras Inglês

intenções, produzindo, para tanto, textos adequados à obtenção dos efeitos


desejados. É por esta razão que o emissor procura, de modo geral, construir
seu texto de modo coerente e dar pistas ao receptor que lhe permitam constituir
o sentido desejado. [...]

b. Aceitabilidade

A aceitabilidade está relacionada à atitude do receptor frente aos


textos, se tem relevância ou utilidade para ele. Tal princípio depende da
intencionalidade, relacionada à atitude do autor que busca apresentar um texto
coerente e coesivo. Quem produz um texto tenta criá-lo com sentido para que
o interlocutor assim o receba. Há quem considere que não existe texto
incoerente, uma vez que, pelo princípio da cooperação, o receptor esforça-se
para dar um sentido ao texto e tenta encontrar coerência nele.
Assim, a aceitabilidade de um texto dependeria menos de sua
correção em termos de correspondência ao “mundo real” e mais da
credibilidade e relevância que lhe são atribuídas numa determinada situação.
(Sobre o assunto, consultar Koch, 1996,1997 e Costa Val, 1996).

c. Informatividade

A informatividade é avaliada em função das expectativas e dos


conhecimentos dos usuários. Para Beaugrande e Dressler (1981) esse fator
de textualidade tem a ver com grau de novidade e de previsibilidade, pois
quanto mais previsível, menos informativo será o texto para determinado
usuário, porque acrescentará pouco às informações que o recebedor já tinha
antes de processá-lo.
Os usuários tenderiam a rejeitar tanto os textos que têm, para eles,
informatividade alta demais, porque são muito difíceis (ou impossíveis) de

49
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

serem entendidos quanto aqueles que lhes parecem óbvios, porque pouco
acrescentam aos conhecimentos já adquiridos pelo interlocutor do enunciado.
Segundo os autores, um grau mediano de informatividade seria o mais
confortável, porque permitiria ao recebedor apoiar-se no conhecido para
processar o novo. Por outro lado, para os autores, funcionaria melhor um texto
que alternasse zonas de baixa informatividade com zonas de alta
informatividade, porque, no processamento desse texto, o recebedor teria que
agir no sentido de alçar ou rebaixar informações, levando-as ao nível mediano,
para integrá-las no sentido que está produzindo para o texto, e esse trabalho
o manteria envolvido com o texto, interessado no texto.
Nessa perspectiva, a informatividade não é pensada como
característica absoluta nem inerente ao texto em si, mas como um fator a ser
considerado em função dos usuários e da situação em que o texto ocorre. O
princípio da informatividade mostra até que ponto uma informação é nova ou
não no texto. Tanto o excesso como a escassez de informações novas podem
prejudicar o entendimento do texto. Cabe destacar que é nova a informação
não recuperável no texto e que constitui um dado a que pode ser recuperada.
Facilita a compreensão do texto o conhecimento partilhado, o conhecimento
de mundo, com algum grau de similaridade, do remetente e do destinatário.

d. Situacionalidade

A situacionalidade refere-se a fatores que dão relevância a um texto


numa dada situação comunicativa. O texto vincula-se às circunstâncias em
que interagimos com ele e sua configuração aponta a utilidade e a pertinência
dos nossos objetivos. Assim, a situacionalidade se configura como um princípio
importante para a constituição da textualidade, já que a coesão, a coerência,
a informatividade e as atitudes/disposições de produtor e recebedor
(intencionalidade e aceitabilidade) são função do modo como os usuários

50
FUESPI/NEAD Letras Inglês

interpretam as relações entre o texto e sua situação de ocorrência: o sentido


e o uso do texto são decididos via situação (Beaugrande e Dressler, 1981, p.
10).
Esse conceito não se resume às circunstâncias empíricas em si, mas
de atividade dinâmica, que envolve monitoramento e gerenciamento contínuos
da interação comunicativa, por parte do produtor e do recebedor, uma vez
que as ações discursivas não se prendem só às evidências perceptíveis, mas
sobretudo às perspectivas, crenças, planos e metas dos usuários.
(Beaugrande e Dressler, 1981, p. 179).

e. Intertextualidade

De acordo com Kristeva (1966) a intertextualidade seria o encontro


de duas vozes, ou seja, quando ocorre um diálogo entre os muitos textos de
uma (ou várias) cultura(s) que se instala no interior de cada texto e o define
ocorre tal fenômeno, que vem a ser um ponto de intersecção de muitos diálogos,
cruzamento de vozes oriundas de práticas da linguagem socialmente
diversificadas, que têm no texto sua realização.
Na perspectiva da Linguística textual, a intertextualidade sempre foi
vista como um dos critérios de textualidade de considerável relevância. Muitos
trabalhos já deram conta desse fenômeno como coadjuvante na construção/
reconhecimento da tipologia textual e do estabelecimento de novos sentidos.
Dentre estes trabalhos, destacam-se aqueles produzidos por Koch (1986, 1991,
1994, 1997), Portela (1999) os quais procuram estabelecer critérios para uma
melhor compreensão desse fenômeno.

2.2 O que são tipos e gêneros textuais?

Você sabe o que são tipos e gêneros textuais? Uma questão que
tem sido bastante debatida é a aproximação das noções de gêneros e tipos.

51
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

Mas até que ponto gêneros e tipos podem ser aproximados? Convido você a
realizar a leitura desse texto para refletirmos um pouco sobre o assunto.

2.2.1 Tipos Textuais

a) Tipologia Textual

Os textos, independentemente do gênero a que pertencem, se


constituem de sequências com determinadas características linguísticas, como
classe gramatical predominante, estrutura sintática, predomínio de
determinados tempos e modos verbais, emprego de vocativo, etc. Dessa
forma, dependendo dessas características, configuram-se os diferentes tipos
textuais que podem ser: narrativo, descritivo, argumentativo, explicativo ou
expositivo, injuntivo ou instrucional.

b) Sequência Narrativa

Marcada pela temporalidade, como seu material é o fato e a ação, a


progressão temporal é essencial para seu desenrolar, ou seja, desenvolve-se
necessariamente numa linha de tempo e num determinado espaço.
Gramaticalmente, percebe-se o predomínio de:
• frases verbais indicando um processo ou ação;
• formas verbais no pretérito;
• advérbios de tempo e de lugar.

São exemplos de gêneros em que predomina a sequência narrativa:


relato, crônica, romance, fábula, conto de fada, piada , etc. Veja a fábula
seguinte:

52
FUESPI/NEAD Letras Inglês

URUBUS E SABIÁS

Tudo aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam... Os


urubus, aves por natureza becadas, mas sem grandes dotes para o canto,
decidiram que, mesmo contra a natureza eles haveriam de se tornar grandes
cantores. E para isto fundaram escolas e importaram professores, gargarejaram
dó-ré-mi-fá, mandaram imprimir diplomas, e fizeram competições entre si, para
ver quais deles seriam os mais importantes e teriam a permissão para mandar
nos outros. Foi assim que eles organizaram concursos e se deram nomes
pomposos, e o sonho de cada urubuzinho, instrutor em início de carreira, era
se tornar um respeitável urubu titular, a quem todos chamam de Vossa
Excelência. Tudo ia muito bem até que a doce tranqüilidade da hierarquia dos
urubus foi estremecida. A floresta foi invadida por bandos de pintassilgos
tagarelas, que brincavam com os canários e faziam serenatas para os sabiás...
Os velhos urubus entortaram o bico, o rancor encrespou a testa , e eles
convocaram pintassilgos, sabiás e canários para um inquérito.
— Onde estão os documentos dos seus concursos? Perguntaram os urubus.
E as pobres aves se olharam perplexas, porque nunca haviam imaginado que
tais coisas houvessem. Não haviam passado por escolas de canto, porque o
canto nascera com elas. E nunca apresentaram um diploma para provar que
sabiam cantar, mas cantavam simplesmente...

Fonte: http://www.fabulasecontos.com.br

c) Sequência Descritiva

Não há sucessão de acontecimentos no tempo, de sorte que não


haverá transformações de estado da pessoa, coisa ou ambiente que está
sendo descrito, mas sim apresentação pura e simples do estado do ser descrito
em um determinado momento.
Gramaticalmente, percebe-se o predomínio de:
• frases nominais e orações centradas em predicados nominais;
• formas verbais no presente ou no imperfeito;

53
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

• adjetivos, que ganham expressividade tanto na função de adjunto


adnominal quanto na de predicativo;
• períodos curtos e coordenação;
• advérbios de lugar que ganham destaque identificando a dimensão
e/ou disposição espacial do objeto descrito.
São exemplos de gêneros em que predomina a sequência descritiva:
folheto turístico, (auto)-retrato, anúncio classificado, lista de compras, lista de
ingredientes de uma receita, cardápio, etc.

Fonte: http://www.efetividade.net

Pode-se, ainda, observar que as sequências narrativa e descritiva


apresentam focos diferentes. Veja o quadro seguinte e compare o foco com
os dois exemplos apresentados (fábula e lista de compras):

SEQUÊNCIA NARRATIVA SEQUÊNCIA DESCRITIVA

Foco no fato e na ação. Foco no ser.


Foco processual, de progressão Noção estática, de permanência
temporal. temporal.
Predominância de verbos de ação, Predominância de verbos de estado,
circunstanciais espaço-temporais. adjetivos e circunstanciais espaciais.

54
FUESPI/NEAD Letras Inglês

d) Sequência Argumentativa

É aquela por meio da qual se faz a defesa de um ponto de vista, de


uma idéia, ou em que se questiona algum fato. Ao expressar um parecer sobre
alguma pessoa, acontecimento ou coisa, intenta-se persuadir o leitor ou o
ouvinte, fundamentando o que se diz com argumentos de acordo com o assunto
ou tema, a situação ou o contexto e o interlocutor.

Gramaticalmente caracteriza-se pela:

• progressão lógica de idéias e linguagem mais sóbria, objetiva,


denotativa;
• polifonia (ou seja, presença de várias vozes que se integram ao
texto, seja por citações, seja por menções, seja por referências intertextuais),
geralmente introduzida por sinais de pontuação (dois-pontos, parênteses,
aspas, travessões), funcionando de apoio para a argumentação;
• presença de palavras valorativas (positivas ou negativas) e
expressões modalizadoras (geralmente, advérbios de enunciação:
sinceramente, cá entre nós, etc.), que manifestam o posicionamento do falante;
• emprego de orações subordinadas adverbiais causais, introduzidas
pelas conjunções visto que, pois, porque, para a apresentação da relação de
causa consequência;
• emprego de perguntas retóricas, prevendo possíveis interrogações
por parte do interlocutor.
São exemplos de gêneros em que se predomina a sequência
argumentativa: sermão, ensaio, editorial de um jornal ou revista, crítica,
monografia, redações dissertativas, resenhas, etc. Observe o editorial
publicado no jornal “O Globo” sobre a Lei de Biossegurança:

55
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

Dificilmente a Câmara dos Deputados conseguirá aprovar a curto prazo a Lei


de Biossegurança que precisa votar por ter sido modificada no Senado.
É muito longa a pauta de projetos à espera de apreciação: além de outras
importantes leis, há projetos de emendas constitucionais e uma série de
medidas provisórias, que trancam a pauta.
Mas, com tudo isso, é importante que os deputados tenham consciência da
necessidade de conceder aos cientistas brasileiros, o mais rapidamente
possível, a liberdade de que eles necessitam para desenvolver pesquisas na
área das células-tronco embrionárias.
Embora seja este um novo campo de investigação, já está fazendo surgir
aplicações práticas concretas, que demonstram seu potencial curativo
fantasticamente promissor.
Não é por outro motivo que os eleitores da Califórnia aprovaram a emenda 71,
que destina US$ 3 bilhões às pesquisas com células-tronco, causa defendida
com veemência por seu governador, o mais do que conservador Arnold
Schwarzenegger.
O caso chama a atenção porque o ex-ator, ao contrário de outros republicanos
(como Ron Reagan, cujo pai sofria do mal de Alzheimer), não tem interesse
pessoal no desenvolvimento de tratamentos médicos para doenças
degenerativas hoje incuráveis.
Apenas o convívio com pessoas como o recentemente falecido Christopher
Reeve, que ficou tetraplégico após um acidente, ou Michael J. Fox, que sofre
do mal de Parkinson, parece ter sido suficiente para convencer
Schwarzenegger de que é fundamental apoiar a pesquisa.
O projeto que retornou do Senado ainda inclui graves restrições à ciência, como
a limitação das pesquisas às células de embriões congelados há pelo menos
três anos nas clínicas de fertilização — embriões descartados que, com qualquer
tempo de congelamento, vão acabar no lixo.
Também algum dia será preciso admitir a clonagem com fins terapêuticos,
hoje vedada, e que é particularmente promissora.
Ainda assim, comparado com o projeto proibitivo que veio originalmente da
Câmara, o novo texto da Lei de Biossegurança é um importante passo à frente.
Merece ser apreciado com rapidez e aprovado pelos deputados.
(O Globo, 5/11)
Fonte: http://www.jornaldaciencia.org.br

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FUESPI/NEAD Letras Inglês

e) Sequência Explicativa Ou Expositiva

Intenta explicar ou dar informações a respeito de alguma coisa. O


objetivo é fazer com que o interlocutor adquira um saber, um conhecimento
que até então não tinha. É fundamental destacar que, nos textos explicativos,
não se faz a defesa de uma idéia, de um ponto de vista, características básicas
do texto argumentativo. Os textos explicativos tratam da identificação de
fenômenos, de conceitos, de definições. Predomina a função referencial da
linguagem. Por isso, é o texto que predomina nos livros didáticos, nas aulas
expositivas, por exemplo.
Gramaticalmente, os textos explicativos apresentam várias marcas,
como:
• distanciamento do falante em relação àquilo que fala, resultando
num texto objetivo, escrito, geralmente, em terceira pessoa;
• predicados organizados em torno de verbos como ser, ter, conter,
consistir, compreender, indicar, significar, constituir, denominar, designar;
• sinais de pontuação que introduzem explicações ou citações (dois-
pontos, parênteses, aspas, travessões);
• orações coordenadas explicativas introduzidas pelas conjunções
pois e porque;
• orações adjetivas explicativas;
• marcas de reiteração e reformulação (isto é, ou seja, melhor dizendo,
em outras palavras), com o objeto de aclarar, esclarecer, dirimir dúvidas;
• marcas de comparação (assim, igualmente, contrariamente, como,
ao contrário de, da mesma maneira que, etc.), com o objetivo de esclarecer
conceitos por meio do confronto de informações, de analogias;
• emprego de exemplificações (por exemplo, como é o caso de, etc.);
• emprego de definições, ressaltando o significado de palavras ou
expressões;

57
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

• emprego de organizadores textuais (em resumo, até aqui, como já


foi falado, etc.) e ordenadores da informação (em primeiro lugar, em segundo
lugar, por um lado, por outro, etc.).
São exemplos de gêneros em que predomina a sequência explicativa
ou expositiva: textos de divulgação científica, de manuais, de revistas
especializadas, de cadernos de jornais, de livros didáticos, de verbetes de
dicionários e enciclopédias, etc.

f) Sequência Injuntiva ou Instrucional

A marca fundamental é o verbo no imperativo (injuntivo é sinônimo de


obrigatório, imperativo); predomina a função conativa da linguagem.
Gramaticalmente, algumas marcas dos textos injuntivos são:
• verbos no imperativo;
• formas verbais que indicam ordem, orientação, pedido, como dever
+ infinitivo, ter que/de + infinitivo, gerúndio, infinitivo, etc;
• advérbios de modo;
• advérbios de negação;
• explicitação do interlocutor por meio do vocativo;
• emprego das expressões (é proibido, não é permitido, (é) obrigatório,
etc.)
São exemplos de gêneros em que predomina a sequência injuntiva
ou instrucional: propaganda, receita culinária (modo de fazer), manual de
instruções de um aparelho, horóscopo, livros de auto-ajuda, etc. Observe as
marcas que apontam o texto abaixo como injutivo.

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FUESPI/NEAD Letras Inglês

Fonte: http://www.ritchie.com.br

SEQUÊNCIA EXPLICATIVA SEQUÊNCIA ARGUMENTATIVA SEQUÊNCIA INJUNTIVA

É apresentado um saber já Apresenta-se a construção de Apresenta-se uma ordem, uma


construído e legitimado novos conceitos a partir do imposição, uma orientação
socialmente ou um saber teórico próprio desenvolvimento
discursivo.
Evitam-se as marcas de 1ª O falante se manifesta e O falante se apresenta como a
pessoa, em função da confronta a sua opinião com a voz da autoridade ou como
objetividade dos outros mediador dela

As citações são explicitas e Introduzem-se diferentes vozes *******


demarcadas de diferentes maneiras
Propõe-se informar e esclarecer Propõe-se persuadir o Propõe-se a influir na conduta
interlocutor, conseguir adesão do interlocutor
Centra-se na divulgação do A organização da mensagem A mensagem centra-se no
conhecimento, portanto, a volta-se para o encadeamento interlocutor
mensagem volta-se para o lógico dos argumentos, a
referente. coerência textual

59
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

É importante considerar que, com a tipologia apresentada, não


queremos dizer que um texto seja totalmente argumentativo, descritivo ou
narrativo. Na realidade, o que devemos ter em mente é que os textos
apresentam sequências predominantes e essa configuração pode ser
observada em gêneros e não apenas em sequências isoladas.

2.2.2 Gêneros do discurso

A referência a gêneros do discurso remete diretamente a textos


verbais ou não-vebais concretizados em eventos comunicativos. Essas
entidades empíricas são as diferentes práticas discursivas que fazem parte
de nossa vida nos diferentes âmbitos sociais que estamos inseridos, são textos
definidos por sua composição, estilo e, principalmente por seus propósitos
comunicativos, nascentes da união de forças históricas, sociais e culturais. A
noção de gênero está ligada aos pressupostos bakhitinianos, que apontam
os gêneros discursivos como componentes culturais e históricos que ordenam
e estabilizam nossas relações na sociedade.
Para Koch (2002, p. 53) a competência discursiva dos falantes/
ouvintes leva-os à detecção do que é adequado ou inadequado nas práticas
sociais. Conforme a autora, essa competência acaba estimulando a
diferenciação de determinados gêneros de textos, portanto, há o conhecimento,
pelo menos indutivo, de estratégias de construção e interpretação de um texto.
Dessa forma, os gêneros do discurso podem ser considerados a
materialização das várias práticas sociais que permeiam a sociedade,
articulados de tal forma que são imprescindíveis à vida em sociedade.
Resumindo, os gêneros são a efetiva realização da linguagem oral ou escrita.
Segundo Bakhtin (2000) qualquer enunciado considerado
isoladamente é, claro, individual. No entanto, cada esfera de utilização da
língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, sendo por
isso denominado gêneros do discurso. Já Marcuschi (2003) afirma que os

60
FUESPI/NEAD Letras Inglês

gêneros são fenômenos históricos profundamente vinculados à vida cultural e


social. Fruto de trabalho coletivo, os gêneros contribuem para ordenar e
estabilizar as atividades do dia a dia. São entidades sociais e discursivas e
formas de ação social incontáveis em qualquer situação comunicativa.

Lembre-se que a nossa vida diária nos coloca em contato com inúmeros gêneros
discursivos: e-mail, bilhete, cartaz, classificados, horóscopo, ofícios, contrato,
resumo, resenha, artigo científico, relatório, etc. Os gêneros são incontáveis e
estão surgindo a medida com a sociedade vai se modificando e exigindo novas
formas de práticas sociais.

A produção de discursos não ocorre no vazio. Todo texto se organiza


dentro de um determinado gênero discursivo. Sob esta perspectiva, os PCNs
(1998) apresentam os vários gêneros que, por sua vez, constituem formas
relativamente estáveis de enunciados. Pode-se ainda afirmar que a noção de
gêneros refere-se a “famílias” de textos que compartilham algumas
características comuns, embora heterogêneas, como visão geral da ação à
qual o texto se articula, tipo de suporte comunicativo, extensão, grau de
literariedade, por exemplo, existindo em número quase ilimitado. Sendo assim,
denominam-se gêneros textuais, formas verbais de ação social relativamente
estáveis, realizadas em textos situados em comunidades de práticas sociais
típicas e em domínios discursivos específicos.
Outro ponto importante que não devemos esquecer, quando o assunto
é gênero do discurso, é o papel do suporte na definição do gênero. De acordo
com Marcuschi (2003, p.8), o suporte é um “locus físico ou virtual com formato
específico que serve de base ou ambiente de fixação do gênero materializado
como texto”. Assim, os suportes, além de ampararem a mensagem, auxiliam
na delimitação e apresentação de um gênero do discurso.
Dessa forma, podemos dizer, por exemplo, que o suporte outdoor é
um dos fatores que definem o anúncio de outdoor, tanto na apresentação,
quanto na formatação e na composição da mensagem, uma vez que esta

61
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

deve ser curta, objetiva, usar tipos de letras grandes, buscar imagens e outros
recursos para se chamar a atenção do público-alvo potencial. Neste caso, a
influência do suporte é tão importante que o gênero recebe o seu próprio nome,
como uma forma de distingui-lo de outros gêneros.

Fonte: http://www.thiagovictor.com.br

Suporte pode ser compreendido, então, como instrumento utilizado


para “suportar”, "comportar" o texto, como por exemplo, papel, paredes ou
muros, pele, computador, monitor de computador, etc.
Os gêneros textuais podem se encontrados em diversos suportes,
como por exemplo, revistas e jornais, que suportam os gêneros reportagem,
matéria, coluna, resenha, charge, quadrinho, classificados entre outros gêneros.
Cada um desses gêneros tem uma finalidade específica:
• a reportagem e a matéria de jornal possuem a função de incluir o
leitor dentro de um determinado contexto, dependendo da seção temática
(policial, esporte, TV e Cinema, Saúde, infantil etc);
• a coluna pode ser um texto de opinião ou texto de experiência pessoal
do autor;

62
FUESPI/NEAD Letras Inglês

• a resenha, na revista e no jornal, é um tipo de texto que faz uma


análise de livros, filmes ou álbuns de música lançados recentemente ou que
causam algum impacto;
• a charge e o quadrinho se destacam pela linguagem não-verbal (a
imagem) que adiciona ou é chave para entender a piada ou estória, sem falar
que a sua função específica é provocar o riso;
• os classificados são velhos conhecidos que possuem como
característica a linguagem abreviada ao máximo e função de apresentar
produtos, imóveis, veículos, serviços e empregos. Viu quanta coisa se pode
encontrar numa revista e num jornal.
É necessário, no entanto atentarmos para o fato de que os estudos
sobre gênero e suporte são ainda bastante recente o que acaba propiciando
uma série de discussão sobre o que realmente é suporte e gênero. Daí se
ouvir muito, por exemplo, Orkut como gênero, quando na realidade é um
suporte.

Resumindo...

Nessa unidade tivemos a oportunidade de refletir sobre a configuração


do texto enfocando os fatores linguísticos e pragmáticos de textualidade:
coerência, coesão, intencionalidade, informatividade, aceitabilidade,
situacionalidade e intertextualidade. Esses fatores, tão importantes para a
configuração do texto, são imprescindíveis para garantir a sua inteligibilidade.
Conforme Koch e Travaglia (2004) “[...] o produtor de um texto tem,
necessariamente, determinados objetivos ou propósitos, que vão desde a
simples intenção de estabelecer ou manter o contato com o receptor até a de
levá-lo a partilhar de opiniões ou a agir ou comportar-se de determinada
maneira.”
Vimos também que a produção de discursos não ocorre no vazio.
Todo texto se organiza dentro de um determinado gênero discursivo. Sendo

63
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

assim, a noção de gênero discursivo se torna imprescindível para


reconhecermos que o texto não é isolada de um contexto mais amplo. Segundo
Bakhtin (2000) qualquer enunciado considerado isoladamente é, claro,
individual. No entanto, cada esfera de utilização da língua elabora seus tipos
relativamente estáveis de enunciados, sendo por isso denominado gêneros
do discurso. Já Marcuschi (2003) afirma que os gêneros são fenômenos
históricos profundamente vinculados à vida cultural e social. Fruto de um
trabalho coletivo, os gêneros contribuem para ordenar e estabilizar as
atividades do dia a dia.
São inúmeros os gêneros discursivos a ponto de não conseguirmos
conferir-lhes uma quantidade exata. Eles circulam em várias esferas sociais e
estão em nossa volta diariamente: quando vamos à casa bancária, à escola,
ao supermercado ou mesmo quando estamos na rua. Daí a necessidade de
estarmos permanentemente em contato com os gêneros existentes e com os
que vão surgindo para podermos nos situar de forma mais participativa em
sociedade.

Leituras complementars

BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. Estética da criação verbal. São Paulo:


Martins Fontes, 1987, p.261-305

DANTAS, Daniel & GOMES, Adriano Lopes. Questões de letramento e de


gênero do discurso em blogs. Disponível: http://www.ufjf.br/revistagatilho/files/
2009/12/ARTIGO1.-Questes-de-letramento.pdf. Acesso em 25/05/2011.

KOCH, Ingedore Vilaça; TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A coerência textual. São


Paulo: Contexto, 2004

64
FUESPI/NEAD Letras Inglês

MARCUSCHI, L.A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In; Gêneros


textuais e ensino. Rio de Janeiro: Lucena, 2003, p. 20-36

PAULINO, Graça; WALTY, Ivete; et al. Tipos de texto, modos de leitura. Belo
Horizonte: Formato Editorial, 2001.

SOUZA, Aguinaldo Gomes de. Gêneros virtuais: algumas observações.


Disponível http:// www.letramagna.com/generos_virtuais_revista_aguinaldo.pdf.
Acesso em 25/05/2011.

Atividades de aprendizagem

a) Essa atividade tem o objetivo de levar você a conhecer a estrutura de um


artigo científico e elaborar um resumo. Você fará a leitura do artigo
“Propagandas impressas, educação e leitura” e depois resumirá o texto.
Lembre-se que o resumo não deverá conter alguma opinião ou impressão
sobre o que você leu. Ele deverá conter apenas uma síntese do assunto que
foi abordado. Acesse o link abaixo da Revista PróLíngua e procure o artigo
(copie e cole no seu navegador da Internet):

http://www.revistaprolingua.com.br/revista-prolingua-vol-5-%E2%80%93-
numero-2-%E2%80%93-dezembro2010/

Importante: Antes de realizar o resumo, observe a estrutura de um artigo


científico. É importante saber que ele sempre vai seguir as normas da revista
em que será publicado.

b) Destaque a estrutura do artigo científico que você leu.

65
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

Glossário

Linguística Textual: é um ramo da Linguítica que começou a


desenvolver-se na década de 60, na Europa, e de modo especial, na
Alemanha. Sua hipótese de trabalho consiste em tomar como objeto de
investigação, não mais a palavra ou a frase, mas sim o texto, por serem os
textos a forma específica de manifestação da linguagem.
Pragmática: é o ramo da linguística que estuda a linguagem no
contexto de seu uso na comunicação.

66
FUESPI/NEAD Letras Inglês

Textualidade: Textualidade é um conjunto de características que fazem


com que um texto seja considerado como tal, e não como um amontoado de
palavras e frases.
Turno conversacional: O turno conversacional é “a participação de
cada um dos interlocutores”, ou seja, é o exercício da fala, quando um
interlocutor passa de ouvinte a falante ele dá início ao seu turno.

Saiba mais...

A todo o momento deparamo-nos com uma grande diversidade de


textos, mas por razões diversas não nos atemos para uma análise mais
detalhada no que concerne aos mesmos. O cartaz, por exemplo, compõe o
quadro de mais um dos gêneros textuais que circundam o nosso
cotidiano. Podemos encontrá-lo nas ruas, repartições públicas,
estabelecimentos comerciais, em cinemas, teatros, dentre outros. Como todo
texto, ele também possui funções específicas, tanto serve para instruir,
informar, quanto para persuadir. Para que possamos entender melhor sobre
tais funções, tomemos como exemplo os seguintes casos:
- Ao adentrarmos em um evento, podemos identificá-los em locais
estratégicos, funcionando como uma espécie de guia. Sua ocorrência se dá
no sentido de informar ao público a indicação de salas, horários, entre outros
aspectos ligados à tal ocorrência.
- Cita-se como outro exemplo, o caso de cartazes geralmente fixados
em locais públicos informando-nos sobre uma loja em liquidação, sobre o
lançamento de um produto no comércio e até mesmo sobre a realização de
um show artístico.
Diante dos referidos exemplos percebemos a intencionalidade
discursiva presente entre ambos, principalmente pelo emprego da função
apelativa. No que se refere aos recursos linguísticos, o cartaz possui uma
linguagem sintética, amplamente objetiva, contendo todas as informações

67
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

necessárias para alcançar os objetivos pretendidos por meio do discurso.


Imagens e criatividade também são pertinentes, no caso da característica
persuasiva.

Atividade complementar

ATIVIDADE 1:

A partir da leitura do tópico "GÊNEROS DO DISCURSO", responda e discuta


com seus colegas as seguintes questões iniciais:
a) Em que situações um suporte pode definir um gênero?
b) Quais as diferenças entre suporte e gênero? Depois, tente aprofundar o
tema, sugerindo e debatendo outras questões sobre o assunto. Recorra às
referências das leituras complementares e aprofunde o seu conhecimento sobre
o tema.
Comente no FÓRUM DISCUSSÃO

ATIVIDADE 2:

Você já tinha observado que falamos através de textos? Esses textos são
estabelecidos pela sociedade para facilitar e permitir nossa comunicação. Você
já observou como nós usamos textos para as mais variadas situações? Os
tipos mais comuns são os diálogos, conversas telefônicas, notícias de jornais
e revistas, cartazes promocionais, outdoors, além de recibos e cupons fiscais,
etc.

Comente isso no FÓRUM DE DISCUSÃO


a) Tipos de texto e vida cotidiana

ATIVIDADE 3:

• Observe os seguintes gêneros e comente no Fórum:


Passe por cada um e pergunte-se:
Onde este gênero circula?

68
FUESPI/NEAD Letras Inglês

A quem eles servem?


E qual o papel de cada um na sociedade?
Qual o suporte de cada um?

Para saber mais

BARRETO, Cíntia. A importância do ato de escrever. Disponível em: http://


w w w . c i n t i a b a r r e t o . c o m . b r / a r t i g o s /
aimportanciadoatodeescrever_03.shtml#ixzz1OF6ppka5. Acessado em
20.08.2010.

69
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

BAKHTIN, M. & VOLOSCHINOV, V. N. (2004). Marxismo e filosofia da


linguagem: Problemas fundamentais do método sociológico na ciência da
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BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes,
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Bonini, A. (2002). Metodologias do ensino de produção textual: A perspectiva


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Bussarelo, J. M. (2005). O ensino aprendizagem da produção textual escrita


na perspectiva dos gêneros do discurso: A crônica. Dissertação de mestrado.
Universidade Federal de Santa Catarina.

CAMARA JR, Joaquim Mattoso. Manual de expressão oral e escrita. 21 ed.


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FEITOSA, Vera Cristina. Redação de textos científicos. 4. Ed. São Paulo:


Papirus, 1991.

GERALDI, João Wanderley (org.). O texto na sala de aula: leitura e produção.


3.ed. Cascavel: Assoeste, 1984.

SILVA, V. L. P. Forma e função nos gêneros de discurso. Alfa, 42, 1997.

SILVA, J. Q. G. Gênero discursivo e tipo textual. Scripta 2, n. 4, 9, 87-106,


1999.

70
UNIDADE 3
Da leitura à Produção Textual

OBJETIVOS

• Identificar os principais tipos e gêneros textuais.


• Produzir textos em diversas esferas sociocomunicativas.
FUESPI/NEAD Letras Inglês

DA LEITURA À PRODUÇÃO TEXTUAL

Chegamos ao momento em que trabalharemos numa perspectiva


mais prática. Esperamos que você tenha conseguido assimilar as estruturas
trabalhadas para a produção textual e possa agora, além de identificar os
propósitos comunicativos do texto (configurados nos diversos gêneros do
discurso), também desenvolver as habilidades necessárias para produzi-los.

3 Gêneros Acadêmicos

3.1 Resumo

A elaboração de resumo é uma das propostas didáticas mais


frequentes do meio acadêmico. Ao transformar um texto em um outro, o resumo
acadêmico, o aluno realiza uma retextualização (cf. MARCUSCHI 2001), ou
seja, empreende uma série de operações textuais-discursivas na
transformação de um texto em outro.
O resumo é um exercício que combina a capacidade de síntese e a
objetividade. É um texto que apresenta as ideias ou fatos essenciais
desenvolvidos num outro texto, expondo-os de um modo abreviado e
respeitando a ordem pela qual surgem.

73
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

Resumir um texto é condensar as ideias principais, respeitando o sentido,


a estrutura e o tipo de enunciação, isto é, os tempos e as pessoas, com ajuda do
vocabulário de cada um. É, assim, apresentar um raciocínio objetivamente, escolher
o essencial dos dados de um problema, as características de uma situação, as
conclusões de uma análise, sem nenhum comentário.

3.1.1 Sumarização: processo essencial para a produção de resumos

Vamos trabalhar com um dos processos mentais essenciais para a


produção de resumos, o processo de sumarização, que sempre ocorre durante
a leitura, mesmo quando não produzimos um resumo oral ou escrito. Esse
processo não é aleatório, mas guia-se por uma certa lógica, que buscaremos
identificar nas atividades que seguem abaixo. Vejam os exemplos.
a. No supermercado, Paulo encontrou Margarida, que estava usando
um lindo vestido azul de bolinhas amarelas.
Sumarização: Paulo encontrou Margarida.
Informações excluídas: circunstâncias que envolvem o fato (no
supermercado), qualificações/ descrições de personagens (que estava usando
um lindo vestido de bolinhas amarelas).
b. Você deve fazer as atividades, pois, do contrário, não vai aprender
e vai tirar nota baixa.
Sumarização: Você deve fazer as atividades.
Informações excluídas: justificativas para uma afirmação.
1. Sumarize os períodos abaixo, quando possível. À medida que for
fazendo cada exemplo, assinale no quadro o procedimento que você utilizou,
pre¬enchendo os parêntesis com as letras dos períodos correspondentes.
( ) Apagamento de conteúdos facilmente inferíveis a partir de nosso
conhecimento de mundo.
( ) Apagamento de sequências de expressões que indicam sinonímia ou
explicação.

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FUESPI/NEAD Letras Inglês

( ) Apagamento de exemplos.
( ) Apagamento das justificativas de uma afirmação.
( ) Apagamento de argumentos contra a posição do autor.
( ) Reformulação das informações, utilizando termos mais genéricos. (ex:
homem, gato, cachorro, mamíferos)
( ) Conservação de todas as informações, dado que elas não são resumíveis.

a) Maria era uma pessoa muito boa. Gostava de ajudar as pessoas.


b) Discutiremos a construção de textos argumentativos, isto é, aqueles textos
nos quais o autor defende determinado ponto de vista por meio do uso de
argumentos, procurando convencer o leitor da sua posição.
c) Não corra tanto com seu carro, pois, quando se corre muito, não é possível
ver a paisagem e, além disso, o número de acidentes fatais aumenta com a
velocidade.
d) De manhã, lavou a louça, varreu a casa, tirou o pó e passou roupa. À tarde,
foi ao banco pagar contas, retirar talão de cheques e extrato e, à noite, preparou
aula, corrigiu os trabalhos e elaborou a prova.
e) No resumo de uma narração, podem-se suprimir as descrições de lugar,
de tempo, de pessoas ou de objetos, se elas não são condições necessárias
para a realização da ação. Por exemplo, descrever um homem como ciumento
pode ser relevante e, portanto, essa descrição não poderá ser suprimida, se
esta qualidade é que determinará que o homem assassine sua esposa. Já a
sua descrição como alto e magro poderá nesse caso ser suprimida.
2. Resuma os períodos abaixo ao mínimo, pensando que o seu
destinatário é o seu professor e que ele vai avaliar a sua compreensão das
idéias globais desses trechos. Use os procedimentos de sumarização acima.
a) Com a evolução política da humanidade, dois valores fundamentais
consolidaram o ideal democrático: a liberdade e a igualdade, valores que
foram traduzidos como objetivos maiores dos seres humanos em todas as
épocas. Mas os avanços e as conquistas populares em direção a esses

75
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

objetivos nem sempre se desenvolveram de forma pacífica. Guerras,


destituições e enforcamentos de reis e monarcas, revoluções populares e
golpes de Estado marcaram a trajetória da humanidade em sua busca de
liberdade e igualdade. (Clóvis Brigagão & Gilberto M. A. Rodrigues. 1988.
Globalização a olho nu: o mundo conectado. São Paulo: Moderna).
b) A cultura indígena é complexa, como a de qualquer outra sociedade. Seu
grande diferencial, porém, que foge à regra geral de todas as outras, é a não-
existência de desníveis econômicos. Na sociedade indígena não existem
também normas estabelecidas que confiram a alguém as prerrogativas de
mandante ou líder do núcleo populacional. Aquele que é chamado de cacique
não tem privilégios de autoridade, tem somente os de conselheiro. Não é um
escolhido, é ligado, até quando possível, a uma linhagem lendária. E, quando
essa condição desaparece, passa a responder como con¬selheiro da aldeia
aquele que pelo número de aparentados alcança essa posição mais
respeitada(...). (O. Villas-Bôas. 2000. A arte dos pajés. Impressões sobre o
universo espiritual do índio xinguano. São Paulo: Globo. p. 25).
c) Na linguagem comum e mesmo culta, ética e moral são sinônimos. Assim
dizemos: "Aqui há um problema ético" ou "um problema moral". Com isso
emitimos um juízo de valor sobre alguma prática pessoal ou social, se boa, se
má ou duvidosa. Mas aprofundando a questão, percebemos que ética e moral
não são sinônimos. A ética é parte da filosofia. Considera concepções de
fundo, princípios e valores que orientam pessoas e sociedades. Uma pessoa
é ética quando se orienta por princípios e convicções. Dize¬mos, então, que
tem caráter e boa índole. A "'ora e parte da vida concreta. Trata da prática real
das pessoas que se expressam por costumes, hábitos e valores aceitos. Uma
pessoa é moral quando age em conformidade com os costumes e valores
estabelecidos que po¬dem ser, eventualmente, questionados pela ética. Uma
pessoa pode ser moral (segue costumes) mas não necessariamente ética
(obedece a princípios). (http://www.leonardoboff.com/)

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1 Leia o TEXTO 1 e responda as questões 1 - 5, a seguir.

TEXTO 1 - Posição de pobre

Proprietários e mendigos: duas categorias que se opõem a qualquer


mudança, a qualquer desordem renovadora. Colocados nos dois extremos
da escala social, temem toda modificação para bem ou para mal: estão
igualmente estabelecidos, uns na opulência, os outros na miséria. Entre eles
situam-se – suor anônimo, fundamento da sociedade – os que se agitam,
penam, perseveram e cultivam o absurdo de esperar. O Estado nutre-se de
sua anemia: a ideia de cidadão não teria nem conteúdo nem realidade sem
eles, tampouco o luxo e a esmola: os ricos e os mendigos são os parasitas do
pobre.
Há mil remédios para a miséria, mas nenhum para a pobreza. Como
socorrer os que insistem em não morrer de fome? Nem Deus poderia corrigir
sua sorte. Entre os favorecidos da fortuna e os esfarrapados, circulam esses
esfomeados honoráveis, explorados pelo fausto e pelos andrajos, saqueados
por aqueles que, tendo horror ao trabalho, instalam-se, segundo sua sorte ou
vocação, no salão ou na rua. E assim avança a humanidade: com alguns ricos,
com alguns medingos e com todos os seus pobres...
Rocco, 1989. p. 113-114

1 Quais as palavras-chave do texto?

77
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

2 Retire do texto dados que caracterizam cada uma dessas palavras.

3 Elabore um gráfico com as palavras-chave de texto.


4 Com as características encontradas no texto, redija uma frase para cada
uma das palavras-chave.

5 Sintetize o texto. Use o espaço a seguir para fazê-lo.

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FUESPI/NEAD Letras Inglês

2 Leia o TEXTO 2 e responda as questões A e B.

TEXTO 2 - Ética e jornalismo

O jornalista não pode ser despido de opinião política. A posição que


considera o jornalista um ser separado da humanidade é uma bobagem. A
própria objetividade é mal-administrada, porque se mistura com a
necessidade de não se envolver, o que cria uma contradição na própria
formulação política do trabalho jornalístico. Deve¬-se, sim, ter opinião, saber
onde ela começa e onde acaba, saber onde ela interfere nas coisas ou não. É
preciso ter consciência. O que se procura, hoje, é exatamente tirar a
consciência do jornalista. O jornalista não deve ser ingênuo, deve ser cético.
Ele não pode ser impiedoso com as coisas sem um critério ético. Nós não
temos licença especial, dada por um xerife sobrenatural, para fazer o que
quisermos.
O jornalismo é um meio de ganhar a vida, um trabalho como outro
qualquer; é uma maneira de viver, não é nenhuma cruzada. E por isso você faz
um acordo con¬sigo mesmo: o jornal não é seu, é do dono. Está subentendido

79
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

que se vai trabalhar de acordo com a norma determinada pelo dono do jornal,
de acordo com as ideias do dono do jornal. É como um médico que atende
um paciente. Esse médico pode ser fascista e o paciente comunista, mas ele
deve atender do mesmo jeito. E vice-versa. Assim, o totalitário fascista não
pode propor no jornal o fim da democracia nem entrevistar alguém e pedir: “O
senhor não quer dizer uma palavrinha contra a de¬mocracia?”; da mesma
forma que o revolucionário de esquerda não pode propor o fim da propriedade
privada dos meios de produção. Para trabalhar em jornal é pre¬ciso fazer um
armistício consigo próprio.
ABRAMO, Cláudio. A regra do jogo: o jornalista e a ética do marceneiro. São

Paulo: Companhia das Letras, 1993. p. 109-11.

A. Quais as duas ideias-chave do texto?

B. Sintetize o texto a partir de suas ideias-chave.

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FUESPI/NEAD Letras Inglês

3 Leia o TEXTO 3 e responda as questões A e B.

TEXTO 3 - Uma escola para os ricos e outra para os pobres

A Escola da Nobreza durou até que as estruturas do mundo feudal,


rígidas e hierarquizadas, se tornassem anacrônicas por causa do
desenvolvimento do capita¬lismo industrial.
A face do mundo transformou-se pela invenção da máquina e a
utilização de novas fontes de energia. Com a revolução tecnológica, novas
classes sociais emergi¬ram: a nascente burguesia industrial, responsável pelo
progresso técnico, tomou o poder da velha aristocracia rural; uma classe
operária formada pela concentração, em torno dos novos centros de produção,
de uma mão-de-obra pobre e desqualificada.
Neste panorama de um mundo em mudança, a escola mantinha-se
reservada às elites. No entanto, o desenvolvimento industrial requer um número
muito maior de quadros técnicos e científicos. Essa exigência econômica leva
a uma mudança radi¬cal nos conteúdos da escola. Ela é forçada a se
modernizar.
As disciplinas científicas adquiriram importância crescente ao lado
dos antigos conteúdos clássicos e literários.
Por outro lado, a burguesia dominante começou também a perceber
a necessida¬de de um mínimo de instrução para a massa trabalhadora que
se aglomerava nos grandes centros industriais. Os “ignorantes” deveriam
socializar-se, isto é, deveriam ser “educados” para tornar-se bons cidadãos e
trabalhadores disciplinados.
Foi assim que, paralelamente à escola dos ricos, foi surgindo uma
outra escola, a escola dos pobres.
Sua função era dar aos futuros operários o mínimo de cultura
necessário a sua integração por baixo na sociedade industrial.

81
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

A coexistência desses dois tipos de escola cria uma situação de


verdadeira segregação ¬social. As crianças do “povo” frequentavam a “escola
primária”, que não é concebida para dar acesso a estudos mais aprofundados.
As crianças da elite seguiam um caminho à parte, com acesso
garantido ao ensino de ¬nível superior, monopólio da burguesia.
HARPER, Babette et al. Cuidado, escola! São Paulo: Brasiliense, s/d. p. 29.
A. As palavras-chave do texto são: revolução tecnológica, escola para
os ricos e escola para os pobres. Indique as frases que as desenvolvem.

B. Com base na resposta anterior, complete os seguintes tópicos


com o número de ideias-chave solicitado entre parênteses:
• revolução tecnológica (três ideias-chave)
• escola para os ricos (duas ideias-chave)
• escola para os pobres (duas ideias-chave)

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3.2 Resenha

O que é uma resenha? E uma resenha acadêmica? Se você tiver de


escrever uma resenha, o que deve constar do texto? Nos deteremos agora
nesse gênero tão usado no meio acadêmico.
A resenha é um gênero textual que desempenha um importante papel
na divulgação de trabalhos entre a comunidade acadêmica e de obras em
diferentes veículos. Além disso, pode ser vista como um texto que dá crédito
ao trabalho desenvolvido pelos produtores de textos e de obras de uma
determinada área. É uma atividade que exige do produtor conhecimento sobre
o assunto para estabelecer comparações e maturidade intelectual do produtor,
fazer avaliações e emitir juízo de valor (Andrade apud Medeiros, 2000, p. 137).

3.2.1 Como fazer uma resenha?

É importante saber que não há fórmulas mágicas, macetes ou receitas


prontas sobre como fazer uma resenha. Como todos os outros tipos de texto,
é alguma coisa que aprendemos por experiência e erro, treinando, fazendo.
Serão muitos exercícios de resenha até você poder produzir boas resenhas,

83
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

e o importante é não desanimar nesse trajeto. Para aqueles que, apesar de


tudo o que viram, ainda não sabem por onde começar, seguem-se algumas
dicas úteis para a produção de uma resenha:
1) Leia o texto que serve de ponto de partida para a resenha. É o primeiro
passo e o fundamental. A qualidade da sua resenha depende, em grande
medida, da qualidade da leitura que você fizer desse texto. Se necessário,
leia mais de uma vez.
2) Faça um resumo do texto. Selecione as idéias principais do autor do texto
e monte um outro texto, seu. Mas cuidado: resumo não é cópia de alguns
trechos do texto, com as palavras do autor. Resumo é um outro texto, um texto
seu, em que você diz o que entendeu do texto, e quais são as idéias principais
do autor. Se você não sabe ainda como resumir um texto, pense em como
você o apresentaria para alguém que estivesse acabando de chegar em sala
e lhe perguntasse: Sobre o que é esse texto que você está lendo? Outra
estratégia interessante é ler o texto em um dia e tentar resumi-lo alguns dias
depois. As idéias de que você conseguir lembrar serão seguramente as
principais idéias do autor. Se você não conseguir se lembrar de nada a respeito
do texto, você não o entendeu. Volte ao texto e o leia novamente.

84
FUESPI/NEAD Letras Inglês

3) Eleja uma entre as principais idéias do texto. Todo texto contém várias
idéias, que estão postas em uma hierarquia. Há idéias principais e há idéias
secundárias, periféricas.

Eleja uma idéia principal.

4) Analise a idéia escolhida. Procure traçar quais são os seus pressupostos,


o que o autor pressupõe para formular essa idéia. Procure traçar também as
suas implicações, as consequências que se pode retirar dessa idéia. Verifique
quais as relações que a idéia estabelece no texto, com quais outras idéias
ela dialoga.

85
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

5) Emita um julgamento de verdade a respeito dessa idéia. Ela é verdadeira


ou não? Se é verdadeira, por quê? Se é falsa, por quê? Procure responder a
essas perguntas com outros argumentos que não os usados pelo autor do
texto. Por exemplo, se o autor diz que "ninguém é normal" e usa como
argumento a colocação de que "o conceito de "normal" é muito relativo", não
responda que essa idéia é verdadeira porque "o conceito de normal é muito
relativo"; você estaria apenas repetindo o autor do texto. É crucial que o
julgamento seja "seu", e não uma mera reprodução do que o autor pensa.
Olhe para a maneira como o autor usa os conceitos, procure definir o que
significa "relativo" para o autor e, aí sim, decida. Os espaços em branco são
para você anotando as ideias úteis para seu texto. Use-os, à vontade.
6) Faça tudo isso antes de começar a redigir o texto. Use um rascunho, se
necessário. Apenas depois de resolvidos os passos de 1 a 5 é que você
estará pronto para escrever o texto, e decidir sobre a sua organização. Não
há ordem predeterminada: você pode começar o texto pela sua conclusão, e
depois explicá-la para o leitor (através da análise) e terminar por uma
apreciação mais genérica do texto (o resumo); ou você pode começar pelo
resumo, passar à análise e, em seguida, ao julgamento; ou você pode misturar
as três coisas. É você que decide. O importante é que seu texto tenha
organização, e unidade. Enfim, que não seja apenas um amontoado de
parágrafos sobre o texto que está sendo resenhado.

Importante:

Para fazer uma resenha você pode realizar primeiramente a sumarização do


texto a ser resenhado como visto nos exercícios sobre o resumo. A diferença
entre um resumo e uma resenha acadêmica consiste no fato de que aquele
deve ser apresentado sem comentários, juízo de valor; enquanto a resenha
além do resumo sobre determinado objeto (livro, artigo, etc.) você deverá
mostrar a sua posição sobre o assunto. Ao iniciar a resenha coloque a referência
bibliográfica no início, não esqueça!

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FUESPI/NEAD Letras Inglês

Use o espaço a seguir para fazer o rascunho completo de seu texto.

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Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

ATIVIDADE

1 Considerando o que já estudamos até agora sobre o processo de


produção textual, elabore uma resenha do tópico “o que é textualidade”,
encontrado na segunda unidade deste livro. Após a elaboração da resenha,
envie-e ao seu tutor.

Passemos agora para um texto que também pode servir como método
de estudo, o fichamento.

3.3 Fichamento

Segundo Severino (2002), os trabalhos didáticos exigidos, sobretudo,


nos cursos de graduação, seguem um caráter universal de estruturação lógica
e de organização metodológica, ou seja, são procedimentos que ainda fazem
parte intrínseca da formação técnica ou científica do estudante. Os trabalhos,
desde então, segundo o autor, dependerão “principalmente de seus objetivos
e de natureza do próprio objeto abordado, assim como em função de
exigências específicas de cada área do saber humano” (SEVERINO 2002 p.
129).
O fichamento é o ato de registrar os estudos de um livro e/ou um texto.
O trabalho de fichamento possibilita ao estudante, além da facilidade na
execução dos trabalhos acadêmicos, a assimilação do conhecimento. De
acordo com diversos autores, o fichamento deve conter a seguinte estrutura:
cabeçalho indicando o assunto e a referência da obra, isto é, a autoria, o
título, o local de publicação, a editora e o ano da publicação. Existem três
tipos básicos de fichamentos: o fichamento bibliográfico, o fichamento de
resumo ou conteúdo e o fichamento de citações. Cada professor pode seguir
um modelo de fichamento, tendo em vista, que não existe um modelo pronto
e/ou determinado. Assim sendo, os modelos apresentados são sugestões.

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FUESPI/NEAD Letras Inglês

3.3.1 Modelo de fichamento de citações

Conforme a ABNT (2002), a transcrição textual é chamada de citação


direta, ou seja, é a reprodução fiel das frases que se pretende usar como
citação na redação do trabalho.

a) Modelo de fichamento de citação


Educação da mulher: a perpetuação da injustiça (pp. 30 – 132).
Segundo capítulo.
TELES, Maria Amélia de Almeida. Breve história do feminismo no Brasil.
São Paulo: brasiliense, 1993.
“uma das primeiras feministas do Brasil, Nísia Floresta Augusta, defendeu a
abolição da escravatura, ao lado de propostas como educação e a emancipação
da mulher e a instauração da República” (p.30)
“na justiça brasileira, é comum os assassinos de mulheres serem absolvidos
sob a defesa de honra” (p. 132)
“a mulher buscou com todas forças sua conquista no mundo
totalmente masculino” (p.43)

b) Modelo de fichamento de resumo ou conteúdo


É uma síntese das principais idéias contidas na obra. O aluno elabora
com suas próprias palavras a interpretação do que foi dito.
Educação da mulher: a perpetuação da injustiça (pp. 30 – 132) segunda capítulo.
TELES, Maria Amélia de Almeida. Breve história do feminismo no Brasil. São
Paulo: brasiliense, 1993.
O trabalho da autora baseia-se em análise de textos e na própria vivência nos
movimentos feministas, como relato de uma prática.
A autora divide seu texto em fases históricas compreendidas entre Brasil Colônia
(1500 – 1822), até os anos de 1975 em que foi considerado o Ano Internacional
da Mulher.
A autora trabalha ainda assuntos como mulheres da periferia de São Paulo, a
luta por creches, violência, participação em greves, saúde e sexualidade.

89
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

c) Modelo de fichamento bibliográfico


É a descrição, com comentários dos tópicos abordados em uma obra
inteira ou parte dela.

TELES, Maria Amélia de Almeida. Breve história do feminismo no Brasil. São


Paulo: brasiliense, 1993.
A obra insere-se no campo da história e da antropologia social. A autora utiliza-
se de fontes secundárias colhidas por meio de livros, revistas e depoimentos.
A abordagem é descritiva e analítica. Aborda os aspectos históricos da condição
feminina no Brasil a partir do ano de 1500. A autora descreve em linhas gerais
todo s processo de lutas e conquistas da mulher.

ATIVIDADE
1. Agora que você já sabe o que é um fichamento, retorne a primeira
e Faça um fichamento por citação sobre a concepção de leitura e o ato de ler.
Passaremos agora ao estudo dos gêneros virtuais, bem como de
outros gêneros comuns em nosso cotidiano.

3.4 Gêneros virtuais

Os gêneros virtuais se apóiam na


estrutura de outros gêneros e nem sempre
são de fato gêneros, visto que muitas vezes
o que é chamado gênero é apenas o
suporte no qual o gênero propriamente dito
está sendo disponibilizado. Há algumas
posições divergentes quanto a isso. Fonte: asasdamem
oria.blogspot.com

a) Fóruns e Salas de bate-papo


Pulino Filho (2009) defende que os Fóruns e Salas de bate-papo (chat)
fornecem meios de comunicação entre o professor e os alunos fora da sala

90
FUESPI/NEAD Letras Inglês

de aula, ressaltando que os fóruns permitem mais tempo para reflexão antes
que a participação aconteça e permitem manter uma discussão por um período
longo de tempo.
O autor destaca que os fóruns são uma ferramenta de comunicação
poderosa em um curso em Moodle. Pode-se imaginá-los como quadros de
mensagem online onde alunos e professores colocam mensagens para o grupo
e podem facilmente acompanhar o desenvolvimento de discussões sobre um
determinado tópico. Quanto ao aspecto técnico da criação, os cursos no formato
Tópicos ou Semanal, quando criados, já apresentam um fórum chamado Fórum
de notícias, que por sua vez é denominado fórum especial e
é usado pelo professor para enviar mensagens ao grupo de Para saber mais:
participantes como em um quadro de avisos normal. No Asynchronous
entanto, num mesmo curso, outros fóruns, podem ser criados
Assíncrono - Forma de
pelo professor autor com objetivos e funções diferentes. transmissão de dados, a
informação é enviada em intervalos
Fóruns são ferramentas de comunicação irregulares. Operação que se
desenrola de forma independente
assíncrona. Ao contrário dos chats, em que todos os
de qualquer mecanismo de
participantes devem estar ao mesmo tempo online, nos sincronização em tempo ou
comunicação que se processa em
fóruns o debate acontece ao longo do tempo. E esse é modelos de transferência de
dados distintos para o upload e
um aspecto muito enriquecedor desta ferramenta, pois dá
download, como o ADSL. Os
ao aluno a condição de elaborar sua resposta, modems funcionam normalmente
transferindo dados entre si de
enriquecendo-a com comentários, citações, textos forma “assíncrona”, uma vez que
dependem deles próprios para
interessantes e exemplos. Ou seja, esta ferramenta permite
enviarem e receberem sinais que
a elaboração que é peculiar à escrita, produzir, revisar, lhes permitem transferir os dados.
ATM - Asynchronous Transfer
reelaborar e somente publicar aquilo que já considera Mode
É a tecnologia baseada na
digno de ser publicado.
transmissão de pequenas
Além disso, um outro ponto positivo do fórum é unidades de informação baseada
em células, que são transmitidas
que como a comunicação é assíncrona estabelecida em em circuitos virtuais, onde a rota
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
é conhecida no momento da
fóruns permite que cada participante, antes de manifestar
conexão. Fonte: http://
uma opinião, acompanhe a discussão já em andamento e dicionariodainternet.com.br/cgi-
bin/wiki.pl?Assincrono
elabore com mais cuidado sua participação. Isso elimina

91
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

a pressão da comunicação síncrona estabelecida nos chats, por exemplo.


Alunos que não tenham como primeiro idioma aquele em que o curso é
ministrado e, também, alunos com um certo grau de timidez em aulas
presenciais têm a oportunidade (e, de fato, isto é constatado em experiências
reais) de se manifestarem com mais precisão e clareza.
As informações a seguir são direcionadas a quem vai criar um fórum,
mas são úteis também ao aluno que faz um curso a distância e pretende
aproveitar plenamente este recurso que lhe é disponibilizado no AVA.
Pulino Filho (2009) ressalta que antes do início da criação de um fórum,
é importante estabelecer um vocabulário comum. O autor sugere que seu
criador o imagine como sendo uma festa. E assim, cada fórum representa
uma sala na festa: existe a sala de estar, a cozinha e a sala de jantar. Em cada
um desses ambientes há grupos de pessoas conversando, discutindo e
trocando ideias. Como é comum nas interações sociais cada discussão tem
um tema com as pessoas intervindo e dando sua opinião ou comentando a
opinião de outros participantes da conversa. Sem a participação das pessoas,
um fórum é um ambiente vazio e silencioso. Para aumentar o leque de assuntos
cada fórum pode ter uma ou mais discussões.
Quanto à estrutura do fórum, ele é dividido em tópicos e cada tópico
contém participações. Os fóruns em Moodle, por sua vez, permitem também
que os participantes de um curso se inscrevam neles. Quando um usuário se
inscreve em um fórum, todas as novas mensagens nele postadas são
automaticamente enviadas por e-mail a ele. Isto permite que a conversa em
um fórum seja acompanhado pelo participante. Sempre que houver novidades
ele é convidado a aparecer no ambiente e observar as novas inserções e
decidir se deve ou não contribuir. Temos a seguir, um exemplo de página pronta
para a criação de um fórum com algumas de suas opções, mas esta é uma
atividade que é realizado pelo pessoal de apoio técnico. A você cabe aproveitar
a partir das informações aqui disponibilizadas todas as vantagens desta
importante ferramenta do ambiente virtual de aprendizagem – AVA.

92
FUESPI/NEAD Letras Inglês

Figura 4.8: Configurando um fórum


Fonte:Pulino Filho (2009, p.43)

b) E- mail

O e-mail é um tipo de correspondência eletrônica, dos mais usados


atualmente. Paiva (2004) apresenta um histórico sobre a transmissão de
mensagens desde o século 190 A.C. e destaca suas vantagens e desvantagens.
A principal característica desta ferramenta de comunicação virtual é o
assincronismo4 das mensagens e o fato de possibilitar o envio de sons e
imagens rapidamente.
Esse gênero agrega características de alguns gêneros bem
conhecidos de todos: da carta, do memorando, do bilhete, da conversa informal,
das cartas comerciais e até mesmo de um telegrama. No entanto, mesmo
que haja a segurança do envio, pode ocorrer várias limitações que impeçam
o retorno ou feedback da correspondência. O destinatário pode estar com

4
assincronismo (as-sin-cro-nis-mo) s. m. Ausência de sincronismo; ocorrência em tempos
distintos. Disponível em http://www.dicionarioweb.com.br/

93
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

sua caixa de correio lotado de mensagens lidas ou não lidas, ocasionando a


recusa de outras novas. Esse atualmente é um problema que não se observa
mais, pois o espaço para arquivamento de e-mail é cada vez maior.
Paiva (2004) elenca algumas vantagens do correio eletrônico,
essenciais na educação, tais como: o envio de textos, com vários tipos de
dados, para várias pessoas ao mesmo tempo e as discussões de grupos de
trabalhos numa forma de aprendizagem colaborativa entre comunidades do
mundo inteiro. Dentre as desvantagens elencadas pela autora está o fato de
os e-mail se assemelharam as mensagens tipo mala direta que chegam, sem
solicitação, em caixas de correio particulares, representado uma invasão de
privacidade. Além disso, algumas dessas mensagens podem ser
inconvenientes, não disponibilizando possibilidade de bloqueio de novos
envios. Por último, a autora ainda lista o caso das mensagens que contêm
vírus, dificultando todo o sistema de comunicação e prejudicando a máquina,
causando prejuízos para os usuários.

c) Chat - Salas de bate-papo (chats)

Fonte: downloadsoftwarestore.com

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FUESPI/NEAD Letras Inglês

As salas de bate-papo, diferentemente dos fóruns, fornecem uma


forma de comunicação rápida e instantânea com professores, tutores e alunos.
Podem ser usadas para uma discussão aberta, com tema livre, ou até mesmo
para uma aula virtual.
O módulo chat de Moodle, de acordo com Pulino Filho (2009) é uma
ferramenta simples de comunicação síncrona que permite que alunos e
professor tenham uma conversa em tempo real. É uma ferramenta semelhante
a AOL, MSN ou ichat.
Ao contrário dos fóruns (descritos em outra seção desta unidade) a
comunicação é síncrona, o que obriga professores e alunos a estarem
presentes no ambiente no mesmo momento. Esse termo se refere ao original
em inglês que significa conversa ou bate papo informal. Em contexto digital,
via internet, denominamos bate-papo virtual.
Este gênero tornou-se um dos mais populares, praticado pelo mundo
inteiro no dia-a-dia, principalmente por adolescentes. Possui como
característica, uma linguagem própria, repleta de abreviações e netiquetas,
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○


e ainda o uso de emoticons. Geralmente, as interações ocorrem em salas




(aberta ou fechada) que podem ser escolhidas de acordo com o tema de



interesse da conversa e de acordo com a faixa etária do participante. Em




geral, não há uma identificação pessoal verdadeira e as pessoas usam um



pseudônimo ou nickname (apelido) para se comunicar.



○ ○ ○ ○
Para saber mais sobre Netiqueta

INTRODUÇÃO À NETIQUETA
Ao conjunto de regras de etiqueta (comportamento) na Internet, chamamos Netiqueta.
Essas regras refletem normas gerais de bom senso para a convivência dos milhões de
usuários na rede. Esta página contém um resumo de Netiqueta para comunicação via
E-mail, úteis para trocas de e-mail, participação em listas e newsgroups.

Como escrever E-mail


Listas & News
PROPAGANDA COMO ESCREVER NA INTERNET
FALE, NÃO GRITE!

95
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

Combine letras maiúsculas e minúsculas, da mesma forma que na escrita comum. Cartas
em papel não são escritas somente com letras maiúsculas; na Internet, escrever em
maiúsculas é o mesmo que gritar!
Para enfatizar frases e palavras, use os recursos de _sublinhar_ (colocando palavras ou
frases entre sublinhados) e *grifar* (palavras ou frases entre asteriscos). frases em
maiúsculas são aceitáveis em títulos e ênfases ou avisos urgentes. sorria :-)
pisque ;-) chore &-( ...
Os emoticons (ou smileys) são ícones formados por parênteses, pontos, vírgulas e outros
símbolos do teclado. Eles representam carinhas desenhadas na horizontal, e denotam
emoções. É difícil descobrir quando uma pessoa está falando alguma coisa em tom de
brincadeira, se está realmente bravo ou feliz, ou se está sendo irônico, em um ambiente
no qual só há texto; por isso, entram em cena os smileys. Comece a usá-los aos poucos
e, com o passar do tempo, estarão integrados naturalmente às suas conversas on-line.
E-mail
QUAL O ASSUNTO?
A linha Assunto ou Subject deve estar sempre preenchida com o assunto tratado em sua
mensagem de e-mail.
Por quê? Imagine uma pessoa que abre sua caixa de e-mail (mailbox), e encontra todo
dia uma média de 60 mensagens. Quais ela lerá primeiro? Certamente, aquelas cujo
assunto seja de maior interesse (as outras serão lidas mais tarde, ou apagadas!). A linha
de assunto deve ser relacionada ao assunto tratado na mensagem.
Quando for inevitável uma mensagem mais longa, avise na linha de assunto. Por exemplo:
SUBJECT: REUNIAO DE SEXTA (MSG LONGA!) ARQUIVOS ANEXADOS
(ATTACHMENTS)
Envie arquivos anexados apenas quando solicitado, e jamais para listas.
PARÁGRAFOS
É boa prática deixar linhas em branco entre blocos de texto. Dessa forma, o texto fica
organizado e mais fácil de ler, mesmo que a mensagem seja longa.
vejam primeiro a mensagem a que você está respondendo e, logo abaixo, sua resposta.
Mantenha sempre essas mensagens de FAQ; no caso de perdê-las, envie e-mail pessoal
para a pessoa responsável, ou então para algum participante da lista, solicitando uma cópia.

Fonte:http://www.icmc.usp.br/manuals/BigDummy/netiqueta.html

3.5 Outros gêneros

a) Bilhete
Celica, amiga minha:

Vou para longe de casa, mas aqui deixo


plantadas três palavras que nunca deixarei dormir:família,
amizade e saudade. São pequenas, mas grandes em amor.
Até um dia...
Patrícia.
20/11/95.
Fonte: Português.Ensino Fundamental – Fase I I - CADERNO 2.
Educação de Jovens e Adultos. Paraná.Apostila, p.21.

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FUESPI/NEAD Letras Inglês

O bilhete é um gênero textual geralmente empregado para


comunicações rápidas, por isso nele não se deve alongar demais o texto.
Este texto funciona como um lembrete de algo a se fazer, uma atenção para
com aquela pessoa que chegará em casa quando você não estiver e merece
uma saudação, coordenadas para agir em sua ausência, ou uma despedida
como a que você viu no exemplo anterior.
O exemplo a seguir mostra um bilhete um tanto inusitado com relação
à ideia pré-concebida de bilhete. Veja a ilustração para entender melhor esta
variação do gênero bilhete, que é destinada a um evento mais formal do que
aqueles nos quais costumamos usar o bilhete.

Fonte: todaoferta.uol.com.br

O exemplo anterior de bilhete mostra um bilhete institucional, como


se pode observar em sua leitura, as características como especificações
técnicas, as orientações nele contidas. O texto é informativo destinado a quem
vai instalar o sinalizador sonoro para pisca-pisca de motocicleta.

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Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

c) Carta

Atualmente, com o avanço do desenvolvimento das tecnologias as


cartas se limitaram quase que exclusivamente ao uso empresarial. As cartas
pessoais foram substituídas por outras formas mais interativas de comunicação
como o e-mail e a conversa via internet, com o auxílio de uma webcam, por
exemplo.

Fonte: http://www.blogbrasil.com.br/modelo-de-carta-formal-e-informal/

d) Carta comercial

Carta comercial é a correspondência tradicionalmente utilizada pela


indústria e comércio. Existem duas modalidades para a disposição
datilográfica de cartas: o sistema em bloco e o sistema de encaixe. No sistema
em bloco, não há marcação de parágrafo. Todas as linhas são iniciadas a
partir da margem esquerda, observando-se pauta simples. Entre os períodos,
deixa-se pauta dupla. Havendo tópicos em maiúsculas, a segunda linha é
indicada após sua última letra, para evitar que as da linha anterior fiquem sem

98
FUESPI/NEAD Letras Inglês

estética. E No sistema de encaixe, o texto é feito com pauta dupla do início ao


fim. O parágrafo será de 10 espaços, a partir da margem esquerda. O
destinatário, a invocação, o fecho da carta e a assinatura obedecem a uma
disposição idêntica nos dois sistemas. Vejamos agora um exemplo de carta
comercial.

Fonte: solucaofacil.com.br

e) Contrato

O Contrato é um acordo entre duas ou mais pessoas (físicas ou


jurídicas) para estabelecer, modificar ou anular uma relação de direito. O
assunto pode ser o mais variado possível: compra, venda, prestação de serviço,
etc. Um contrato de maior seriedade e com implicações jurídicas deve ser
feito por um advogado.

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Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

Exemplo de contrato:

f) Bula: texto técnico-científico que oferece informação sobre um


medicamento que acompanha. A sua leitura importante sempre que se tome
um medicamento pela primeira vez, porque por meio deste texto você saberá
quais são as reações adversas, os seus componentes, os possíveis efeitos
colaterais, o que lhe dará mais segurança para um uso adequado.
Ex.:

Fonte: itnet.com.br

100
FUESPI/NEAD Letras Inglês

Resumindo...

Nesta unidade você aprendeu um pouco sobre gêneros tais como o


resumo, descobrindo a sua relevância para as suas atividades na vida
acadêmica. Aprendeu sobre a Sumarização, que é um processo essencial
para a produção de resumos acadêmicos; ainda aprendeu como fazer uma
resenha, um fichamento e fechou este leque de novos conhecimentos
adquiridos e ampliados tomando contato com a parte mais técnica dos
gêneros virtuais que usa todos os dias, mas às vezes não tem muito tempo
para pensar sobre eles. Esperamos que este livro lhe tenha sido útil e que
você possa, por meio dele, ter descoberto o prazer de estudar lendo e
produzindo textos, que é uma forma de participação ativa na sociedade.
Sucesso!

Atividade de Aprendizagem

1 Produza um fichamento sobre o livro no qual você acabou de estudar.


Não se esqueça de empregar os conhecimentos que você adquiriu sobre os
gêneros textuais, pois eles lhe serão muito úteis nesse momento de produção
criativa.

Para finalizar...

Finaliza-se mais uma etapa de seu curso. Mais uma disciplina, mais
conhecimento e conhecimento a mais, esperamos, pois esta disciplina é uma
dentre as demais, mas é também aquela cujo livro sempre lhe será necessário
recorrer. E embora esperemos que você um dia nem precise mais abri-lo
para lembrar-se das informações contidas nele o fizemos com todo o cuidado
com a pertinência teórica e atualização em se tratando dos conteúdos aqui
tratados. Desejamos sucesso a você nas empreitadas vindouras. Sucesso e

101
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

não desanime, quem desiste de trilhar o caminho inteiro não vai até o fim da
jornada e nunca saberá se teria conseguido.

102
FUESPI/NEAD Letras Inglês

REFERÊNCIAS

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científico: elaboração de trabalhos na graduação. 8. ed. – São Paulo: Atlas.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724 –


Trabalhos Acadêmicos; NBR 10520 - Citações; NBR 6023 - Referências; NBR
15287 – Projeto pesquisa.

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Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

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SOARES, Magda Becker & CAMPOS, Edson Nascimento. Técnica de


redação. 2. ed. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico S/A - Indústria e
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Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos

SOUZA, Aguinaldo Gomes de. Gêneros virtuais: algumas observações.


Disponível http:// www.letramagna.com/generos_virtuais_revista_aguinaldo.pdf.
Acesso em 25/05/2011. textuais e ensino. Rio de Janeiro: Lucena, 2003, p.
20-36.

- Você terminou o texto?


- Que texto complicado!
- Não gostei desse texto.
- Você decorou o texto?
- Peguem o texto do autor tal.
- Os atores já receberam seus textos.

108
AVALIAÇÃO DO LIVRO

Prezado(a) cursista:

Visando melhorar a qualidade do material didático, gostaríamos que


respondesse aos questionamentos abaixo, com presteza e discernimento.
Após, entregue a seu tutor esta avaliação. Não é necessário identificar-se.

Unidade:____________ Município: _________________


Disciplina:___________ Data: ____________________

1. No que se refere a este material, a qualidade gráfica está visualmente


clara e atraente
( ) ÓTIMO ( ) BOM ( ) RAZOÁVEL ( ) RUIM

2. Quanto ao conteúdo, está coerente, contextualizado à sua prática de


estudos
( ) ÓTIMO ( ) BOM ( ) RAZOÁVEL ( ) RUIM

3. Quanto às atividades do material, estão relacionadas aos conteúdos


estudados e compreensíveis para possíveis respostas.
( ) ÓTIMO ( ) BOM ( ) RAZOÁVEL ( ) RUIM

4. Coloque abaixo suas sugestões para melhorar a qualidade deste e de


outros materiais.
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