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Estudo do episódio
Verdade Histórica
D. Pedro casa com Dona Constança de Castela em 1340, mas
apaixona-se por uma das suas damas, Dona Inês;
119 Apóstrofe,
"Tu só, tu, puro Amor, com força crua, Personificação,
Que os corações humanos tanto obriga, Antítese,
Deste causa à molesta morte sua, Comparação,
Como se fora pérfida inimiga. Personificação,
Se dizem, fero Amor, que a sede tua Adjectivação
Nem com lágrimas tristes se mitiga, dupla, Perífrase,
É porque queres, áspero e tirano,
Tuas aras banhar em sangue humano.
Figuras de estilo realçam a 1ª parte
crueldade e responsabilidade do circunstâncias,
Amor, único responsável pela condições em que
morte de Inês (afastamento em se deu a morte
relação à verdade histórica e (est.118);
causa dessa
nota lírica do episódio). Inês
morte – o Amor
vítima do Amor, de si própria e (est.119)
da sua beleza.
120
"Estavas, linda Inês, posta em sossego, Retrato físico e
De teus anos colhendo doce fruto, psicológico de D.
Naquele engano da alma, ledo e cego, Inês (situação
Que a fortuna não deixa durar muito, inicial e estado de
Nos saudosos campos do Mondego, espírito)
De teus fermosos olhos nunca enxuto,
Aos montes ensinando e às ervinhas
O nome que no peito escrito tinhas. Antítese ,
Personificação ,
121 Hipérbato e
"Do teu Príncipe ali te respondiam Metáfora
As lembranças que na alma lhe moravam,
Que sempre ante seus olhos te traziam,
Realçam estado
Quando dos teus fermosos se apartavam:
De noite em doces sonhos, que mentiam, de espírito
De dia em pensamentos, que voavam. (ingénuo e
E quanto enfim cuidava, e quanto via, desprevenida) e
Eram tudo memórias de alegria. papel da
natureza como
122 confidente.
"De outras belas senhoras e Princesas
Os desejados tálamos enjeita,
Que tudo enfim, tu, puro amor, despreza, Anúncio da
Quando um gesto suave te sujeita. tragédia
Vendo estas namoradas estranhezas
O velho pai sesudo, que respeita
Sentimentos
O murmurar do povo, e a fantasia
Do filho, que casar-se não queria, correspondidos
por Pedro
2ª parte
Sentimentos dominantes: tranquilidade, despreocupação,
alegria e saudade
122
"De outras belas senhoras e Princesas
Os desejados tálamos enjeita,
Que tudo enfim, tu, puro amor, despreza,
Quando um gesto suave te sujeita.
Vendo estas namoradas estranhezas D. Afonso IV
O velho pai sesudo, que respeita dividido (vontade
O murmurar do povo, e a fantasia Interrogação
1 do filho e razões
Do filho, que casar-se não queria, retórica,
123 do estado) e
adjectivação
"Tirar Inês ao mundo determina, antítese confirmam
Por lhe tirar o filho que tem preso, a subjectividade e a
Crendo co'o sangue só da morte indina intervenção do
Matar do firme amor o fogo aceso. Condenação:
poeta,
matarvisando criar
Inês para
Que furor consentiu que a espada fina,
Que pôde sustentar o grande peso terror
libertar e piedade
D. Pedro. e
Do furor Mauro, fosse alevantada matar o amor que
Contra uma fraca dama delicada? sente por ela
124
"Traziam-na os horríficos algozes
Ante o Rei, já movido a piedade: 2 O povo, perante a
Mas o povo, com falsas e ferozes
hesitação de D.
Razões, à morte crua o persuade.
Ela com tristes o piedosas vozes, Afonso IV
Saídas só da mágoa, e saudade persuade-o
Do seu Príncipe, e filhos que deixava,
Que mais que a própria morte a magoava,
125
Alteração do
"Para o Céu cristalino alevantando estado de espírito
Com lágrimas os olhos piedosos, (mágoa e temor).
Os olhos, porque as mãos lhe estava atando Preocupação com
Um dos duros ministros rigorosos; D. Pedro e com os
E depois3ª nos meninos
Parte atentando,
(est.122 filhos.
à 125) : decisão do rei , razões para a
Que tão queridos tinha, e tão mimosos, Súplica e descrição
condenação, atitude de súplica de D. Inês
Cuja orfandade como mãe temia,
da postura.
Para o avô cruel assim dizia:
126
— "Se já nas brutas feras, cuja mente 1º argumento: até as
Natura fez cruel de nascimento,
E nas aves agrestes, que somente feras mais cruéis já
Nas rapinas aéreas têm o intento, demonstraram
Com pequenas crianças viu a gente
Terem tão piedoso sentimento,
piedade perante as
Como coa mãe de Nino já mostraram, crianças.
E cos irmãos que Roma edificaram;
poder real;
Inês.
ELEMENTOS
DA TRAGÉDIA
CLÁSSICA
Estrutura
Exposição: est. 118 e 119
tripartida Apresentação do caso e atribuição de
responsabilidades ao Amor.
Lei das Conflito:deest. 120 a 129
Três
Unidade Tempo: um dia
Unidades Amores felizes
Unidade e correspondidos;
de Lugar: Coimbra
Decisão do
Unidade derei;
Acção: morte de Inês
Apelo e argumentos de Inês.
Presença Desenlace: est. 130 a 137
do Presença do Destino:
Desfecho trágico “Mas
– morte o pertinaz
de Inês;
Destino povo e seu destino
Reprovação / (Que desta sorte o
do poeta;
quis) lhe não
Reacções perdoam.” (est.130).
da natureza.
Sentimen
tos
trágicos
Presença de sentimentos de terror e piedade
que concedem uma dimensão trágica ao
conflito. Sentimentos despertados graças a
contrastes:
• Alegria e sossego - súbita desgraça;
Presença •Fragilidade e inocência de Inês – brutalidade
do Coro
dos algozes;
Considerações, comentários e interrogações do
•Súplica – castigo;
poeta-narrador.
•Humanização das feras – desumanidade dos
homens;
•Dor da condenada que implora perdão.
Retrato de Inês
Inês era uma mulher jovem e formosa, que vivia
intensamente o amor que a unia ao infante D. Pedro e aos
filhos de ambos.
De tez muito branca, faces rosadas, olhar meigo, Inês
aparentava uma grande serenidade e uma delicadeza
frágil. Essa tranquilidade era apenas aparente pois as
longas ausências do amado deixavam-na triste, saudosa e,
possivelmente, insegura, pois decerto não desconhecia a
animosidade do povo e do Rei, pai de D. Pedro, contra este
relacionamento amoroso que, talvez por isso, não podia
ser oficializado. A aparente fragilidade não a impediu de
enfrentar, com as armas de que dispunha, o Rei e os
carrascos que, cruelmente, a preparavam para a morte.
Defende a vida sem se humilhar e sem renegar o amor que
a condena. E se, com as suas palavras, não consegue
salvar-se nem salvar os filhos da orfandade, consegue
sensibilizar o Rei. Também ele, que a queria perdoar, terá
sentido pena e admiração por esta mulher que sacrificou a
vida por amor.
Comentário
Lê as estrofes 122 e 123 do Canto III de Os Lusíadas e
responde, de forma completa e bem estruturada, à
questão.
nelas mencionadas;
esse sentimento.
Cenário de resposta
Identifica o episódio:
(a) «Inês de Castro»…
Identifica inequivocamente as três personagens históricas
mencionadas:
(b) Inês de Castro, D. Pedro e o rei (D. Afonso IV / o pai de D.
Pedro).
Indica a decisão referida na segunda estrofe:
(c) o rei determina a morte de Inês.
Indica as razões que, segundo o narrador, conduziram o rei
a tomar tal decisão:
(d) «o murmurar do povo»;
(e) a recusa de D. Pedro em casar / a relação de D. Pedro com
Inês de Castro;
(f) a eliminação de Inês de Castro ser, para o rei, a única
forma de acabar com a ligação entre ambos.
Refere o sentimento expresso pelo narrador com a
interrogação final:
(g) indignação / revolta.
Refere a razão que originou o sentimento expresso pelo
narrador:
(h) o facto de o rei usar, contra Inês de Castro, a mesma força
que usou contra os Mouros.
Texto lírico
«Toldam-se os ares,
Murcham-se as flores;
Morrei, Amores,
Que Inês morreu.
«Mísero esposo,
Desata o pranto,
Que o teu encanto
Já não é teu.
«Sua alma pura
Nos Céus se encerra;
Triste da Terra,P
Porque a perdeu.
«Contra a cruenta
Raiva ferina,
Face divina
Não lhe valeu.
«Tem roto o seio
Tesoiro oculto,
Bárbaro insulto
Se lhe atreveu.
«De dor e espanto
No carro de oiro
O Númen loiro
Desfaleceu.
«Aves sinistras
Aqui piaram
Lobos uivaram,
O chão tremeu.
«Toldam-se os ares,
Murcham-se as flores:
Morrei, Amores,
Que Inês morreu.»
Este poema tal como tantos outros é dedicado à morte de Dª. Inês de
Castro e retrata o sofrimento que esse triste incidente causou. A sua
morte mudou tudo, todo o mundo, e a natureza está em sintonia
com essa dor.
O sujeito poético começa por anunciar a morte de D. Inês e
diz que a partir daqui tudo muda: as flores murcham e os ares
toldam-se.
Na 2ª estrofe, o poeta faz referência à dor inconsolável por parte de
D. Pedro.
Os versos seguintes retratam uma hipérbole pois quando o sujeito
poético diz “triste da terra" significa que toda a terra fica sentida pois
a castelhana partiu.
De seguida escreveu que nem Deus, ou seja a divindade, lhe
valeu e a raiva de D. Afonso IV não se apagou.
A 5º estrofe fala da espada que lhe trespassou o peito deixando
roto o seio. O coração é, o seu tesouro escondido. Um bárbaro a
matou sem dó nem piedade.
A penúltima estrofe fala de elementos da natureza que significam
dor, o sofrimento como as aves sinistras e os lobos. A última quadra é
igual à primeira.
Este poema é formado por oito estrofes, todas quadras.Em todas as
quadras podemos observar rimas emparelhadas nos dois versos do
meio. São quatro as sílabas tónicas em todos os versos do poema.