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Os lusíadas

Canto 1
Estância 1
Plano do poeta - Proposição - propor o tema. “cantar o peito ilustre lusitano” – glorificar
os feitos do povo português (estância 1-3)
O Poeta diz que vai falar de todos os guerreiros, “armas” e de todos os Homens
ilustres “Barões”, nomeadamente os navegadores que enfrentaram marés
desconhecidas que até então chegaram à Índia onde construíram um Império.
Estância 2
Diz que também falará dos reis ilustres que espalharam a fé cristã e expandiram o
Império de África até Ásia e daqueles que se tornaram imortais devido aos seus
feitos grandiosos, termina dizendo que enaltecerá todos estes mas que precisa de
talento, inspiração e eloquência (engenho e arte)
Estância 3
O Poeta diz para pararem de falar dos heróis antigos porque ele agora vai falar
dos heróis portugueses a quem os Deuses dominaram.
Narrador: poeta
Plano da Viagem – Início da narração – a armada já navega no Oceano Índico
(estância 19)
Estância 19:
Plano do maravilhoso – Consílio dos deuses – o Olimpo (estância 20-41)
Est.20-21: partida dos deuses e sua chegada ao Olimpo, local onde se realizará a reunião.
Os deuses irão decidir acerca do futuro dos portugueses no Oriente. São convocados por
Mercúrio, a mando de Júpiter.
Est.22-23: descrição de Júpiter e da ordem pela qual estavam sentados os deuses no
Olimpo.
Est.24-29: discurso de Júpiter. Razoes que determina, para que se protejam os
portugueses. Argumentos. Valor do povo português demonstrado contra os mouros,
castelhanos e romanos; determinação do destino; coragem revelada pelos Lusos
(portugueses) ao navegar sem condições no mar desconhecido.
Est.30 (versos. 1-4): os deuses apresentam os seus argumentos.
Est.31 (v.5-8) a est.32: Oposição se Baco. Argumentos: Baco não quer perder o seu
domínio no Oriente, como está previsto no destino; receia que os seus feitos sejam
esquecidos.
Est.33-34 (v.1-4): Razoes pelas quais Vénus está a favor dos portugueses. Argumentos:
Povo luso (povo português) é parecido com os Romanos na coragem e na língua; sabe que
será sempre celebrada por onde passarem os portugueses.
Est.34 (v.5-8) a est.35: os deuses discutem. Tumulto entre os deuses que se divide em dois
partidos.
Est.36-37: descrição da figura de Marte e das razoes pelas quais está a favor de Vénus: ou
pelo amor à deusa, ou pela bravura dos portugueses.
Est.38-40: discurso de Marte que contradiz as razões de Baco e pede a Júpiter que envie
Mercúrio em auxílio dos portugueses.
Est.41: Júpiter aceita a sugestão de Marte e resolve o consílio a favor dos portugueses.
Narrador: Vasco da Gama
Canto 3
Plano História de Portugal – Inês de Castro (estância 118-135)
Est.118-119: introdução: localização temporal da acção e apresentação do caso da morte
de Inês de Castro. O amor é responsabilizado e culpabilizado pela sua trágica morte.
Est.120-121: situação inicial de felicidade, ainda que a estrutura trágica se anuncie desde o
início.
Est.122-124: razoes que levam D. Afonso IV à decisão de mandar matar Inês: D. Pedro
recusa-se a casar de novo e o murmurar do povo. A morte de Inês é, para o rei, a única
forma de terminar com o amor que a unia a D. Pedro. Inês é trazida diante do rei e prepara-
se para suplicar ao rei que lhe poupe a vida.
Es.126-129: discurso de Inês de castro: compara a crueldade dos seres humanos a animais
selvagens capazes de maior piedade. Baseia a sua argumentação na humanidade do rei
(perante os netos); refere não ter cometido qualquer crime; pede a substituição do castigo
da morte pelo castigo do desterro, esta teme deixar os filhos órfãos.
Est.130-132: o rei é apresentado como estando comovido com as palavras de Inês, disposto
a perdoá-la. O povo e o destino são apresentados como culpados da decisão final. Inês é
comparada a Polycena. A estrofe 132 descreve o culminar da tragédia: a morte de Inês de
Castro.
Est.133-135: consequências da morte de Inês de Castro na natureza. Reflexões do
narrador.
interna Est. Resumo Interpretação

O poeta depois de ter


cantado a bravura de D.
Afonso IV na vitória de
Salado, volta-se para um
Conclusão do episódio caso com carga socio trágica
da Batalha do Salado e de um amor infeliz da
118
introdução do episódio "misera e mesquinha / que
de Inês de Castro. despois de morta foi rainha".
É após esta referência
histórica que é
"desenterrado" o caso "triste
Exposição: e dino" de D. Inês. de Castro.

O poeta apresenta-nos o
Amor como o grande
Identificação e culpado da morte de Inês,
caracterização do como se fosse a sua pior
119
culpado do fim trágico inimiga. Dizem que a sede de
de Inês amor nem com lágrimas se
satisfaz: ela exige sacrifícios
humanos nos seus altares.

Inês estava a viver


tranquilamente os anos da
sua juventude e o seu amor
por Pedro nos saudosos
Amor despreocupado de campos do Mondego onde
Inês. (há indícios confessava à natureza o
120 e
trágicos como sinais de amor que pelo dono do seu
121
alerta - 120, vv. 3, 4 e coração. Na ausência do seu
121, vv. 5, 6) amado socorre-se das
lembranças: de noite em
sonhos; de dia em
Conflito pensamentos. Para ele isto
eram memórias de alegria.

Pedro recusa-se a casar com


outras belas senhoras e
princesas porque o seu amor
122 (vv. por Inês fá-lo desprezar os
Amor de D. Pedro
1-4) outros. Vendo esta conduta
apaixonada e estranha, o pai,
D. Afonso IV, considerando o
murmurar do povo e a
atitude do filho que não se
queria casar...

... decide a morte de Inês


para desse modo libertar o
filho, preso pelo amor,
Reação de D. Afonso IV julgando que o sangue de
. 122 (note-se a influência do uma morte infamante
(vv. 5- povo - 122, e a pergunta apagasse o fogo desse amor.
8) e 123 de retórica do poeta - Que loucura foi essa, que
123, vv. 5-8) permitiu que a mesma
espada que combateu os
Mouros se levante contra
uma dama delicada?

O rei inclina-se a perdoar a


Inês quando é levada pelos
carrascos à sua presença,
mas o povo, com razões
falsas e firmes, exige a
morte. Ela, com palavras
Inês é levada à presença inspiradas mais pela por de
124 e do rei. (repare-se nos deixar os filhos e o seu
125 sentimentos que o texto príncipe que pelo receio da
transmite) própria morte... .. levanta os
olhos (as mãos estavam a ser
atadas pelos carrascos) e
depois de olhar
comovidamente os filhinhos
que estavam junto de si,
disse para o rei e avô:

Discurso de Inês perante Se até os animais ferozes,


o rei. 126- referência à que a natureza fez cruéis, e
piedade que animais nas aves selvagens que só
selvagens já pensam em caçar, vimos
demonstraram com haver piedade para com
seres humanos 127- Inês crianças pequenas como
. 126 a pede ao rei que tenha o aconteceu com a mãe de
129 mesmo sentimento pelos Nino e com Rómulo e Remo,
seus filhos (netos dele) ... tu que és humano (se é
128- 1ª- apelo à humano matar uma donzela
capacidade do rei de fraca e sem força, só por
perdoar 128 (2ª) e129- amar quem a ama), tem em
alternativa à morte de consideração estas
Inês criancinhas. Decide
compaixão delas e minha
pois não te impressiona a
minha inocência. E se na
guerra contra os Mouros
mostraste saber dar a morte,
sabe, agora, dar a vida a
quem não cometeu nenhum
erro para a perder. Mas
mesmo assim se achas que a
minha inocência merece
castigo, desterra-me para a
fria Cítia ou a Líbia ardente
onde viverei em sofrimento
para sempre. Manda-me
para onde haja tigres e leões
(animais selvagens) e verei
se encontro entre eles a
piedade que não encontrei
entre humanos; e aí criarei
estas criancinhas, a minha
única consolação, a pensar
em Pedro que amo.

O rei queria perdoar-lhe,


impressionado com aquelas
palavras, mas o pertinaz
povo e o Destino não
O rei vacila, mas o povo e
perdoam. Os que
o Destino (Fado) não
aconselharam a morte e
. 130 deixam (pergunta de
julgando que estavam a fazer
retórica do poeta - vv. 7-
um grande feito
8)
desembainharam as espadas.
É contra uma dama indefesa
que vos amostrais valentes e
cavaleiros?

Do mesmo modo que Pirro


prepara o ferro para matar a
jovem Policena, que se
oferece ao sacrifício, com os
olhos postos em sua mãe, de
Morte de Inês quem era a sua única
131 -
comparada à de consolação... ... assim os
132
Policena algozes de Inês, sem se
preocuparem com a
vingança de D. Pedro, se
encarniçavam contra ela,
espetando as espadas no
colo de alabastro, que
sustinha as obras que
fizeram Pedro apaixonar-se
por ela, e banhando em
sangue o colo de alabastro já
regado com lágrimas suas.

Bem puderas, ó Sol, não


ter brilhado naquele dia,
como aconteceu com o
sinistro banquete em que
Reação do Sol -
Atreu deu a comer a Tiestes
133 comparação com outro
os filhos deste. E vós,
caso hediondo
côncavos vales, que ouvistes
o nome de Pedro, na sua voz
agoniante, por muito tempo
fizestes eco do nome.

Assim como a bonina que é


Desenlace cortada antes do tempo por
uma menina descuidada
Comparação de Inês fazendo com que a flor
134
morta com a bonina murche rapidamente,
também aconteceu o mesmo
a Inês que perdeu a cor e a
vivacidade da pele.

A natureza e as mulheres de
Coimbra choraram durante
Reação da Natureza à
135 muito tempo a sua morte e
morte de Inês
quis eternizá-la na fonte das
lágrimas que ainda existe.

D. Pedro após ter subido ao


torno decidiu vingar-se
fazendo um acordo com D.
Pedro de Castela para
136 - recuperar os algozes de Inês
Vingança de D. Pedro
137 que aí se tinham refugiado. A
partir daí D. Pedro foi
imperdoável com aqueles
que fizessem qualquer tipo
de crime, aplicando a justiça.

Análise da obra
Tipologia do episódio: Lírico
Plano narrativo em que se insere o episódio: plano da história de Portugal
Narrador: Vasco da Gama
Contextualização: Vasco da Gama conta a história de Portugal ao rei de Melinde
Características das personagens (Inês de Castro e D. Afonso IV) : modeladas ou dinâmicas
Características da tragédia clássica que se encontram presentes no episódio:
. Estrutura interna (exposição, conflito e desenlace)
. Lei das três unidades -(ação - morte de Inês; tempo - menos de um dia e espaço - Coimbra)
. Sentimentos trágicos (terror e piedade)
. Presença dos destino que se verifica ao longo da peça.
. Coro (que neste caso são as considerações do poeta)
. Catástrofe – (morte de Inês)
Caraterização de Inês

Física Psicológica Estrofe

125, v.
Bela: "linda Inês"; "fermosos olhos" Perturbada e receosa
7

124, v.
Jovem: "De teus anos colhendo doce fruito." Triste e suplicante
5

124, v.
Pesarosa e saudosa
6

Evolução psicológica do rei


. No início toma a decisão de mandar matar Inês, devido ao “murmurar do povo”;
. Quando os “horríficos algozes” trazem Inês à sua presença, já está inclinado a perdoar (“já
movido a piedade”);
. Mas o povo incita-o a matá-la;
. No fim do discurso de Inês, comovido pelas suas palavras “ Queria perdoar-lhe o rei benigno”,
mas o povo e o destino não o deixaram.
Recursos estilísticos
As figuras de estilo são recursos que tornam a linguagem mais expressiva, permitindo condensar
múltiplas ideias em poucas palavras. Deste modo, o escritor /o poeta, sugere ao leitor várias
interpretações para os seus textos / poemas e leva-o, por vezes, a associá-los a outros textos ou
temas do conhecimento geral.
Figura de estilo Exemplo Expressividade

Tu, só tu, puro Amo Realçar o significado de


r(est. 119, v1) amor.
Personificação - atribuição de
características humanas, a
animais, coisas ou ideias Dar-nos uma ideia de
Nos saudosos campos do
como eram os “campos
Mondego
do Mondego”

Adjetivação expressiva áspero e tirano Caracterizar.

A morte sabe dar com


Antítese - Apresentação de fogo e ferro / Sabe
uma oposição ou contraste também dar vida, com
entre duas ideias ou coisas clemência (est. 128, vv.
2-3

Destaca a crueldade da
Eufemismo - suavizar uma Tirar Inês ao mundo
decisão de D. Afonso IV
ideia ou expressão determina
de matar Inês

Que do sepulcro os
Hipérbole – exagero de uma Dar-nos uma ideia mais
homens desenterra (est.
expressão clara da realidade.
118 v. 6)

Apóstrofe - Interpelação de
"Tu só, tu, puro Amor,
uma pessoa, entidade ou coisa
com força crua, (est. 119,
personificada, no meio de
v1)
uma narração

Comparação – relação de
semelhança por meio de uma Como se fora pérfida O amor é comparado a
palavra ou expressão inimiga. (est. 119, v 4) uma "pérfida inimiga".
comparativa

Perífrase - Uso de um número As obras com que Amor


de palavras maior do que o matou de amores Aquele Tudo isto para nos dizer
necessário para exprimir que despois a fez Rainha que era D. Pedro.
determinada ideia. (est.132, v3-4)
Narrador: Vasco da Gama
Canto 4
Plano História de Portugal e Plano da Viagem- Despedidas em Belém (estância 84-93)
(narrador participante, narrando na 1ª pessoa)
Est.84: Localização espacial da acção (Belém). Vasco da Gama revela que os seus
marinheiros e guerreiros estão dispostos a todo o tipo de esforços para conquistar os
objectivos da viagem.
Est.85: Preparação das naus para a partida, preparam-se também todos os que nela
participam.
Est.86: Preparação espiritual: Os soldados rezam, implorando a Deus que os guie e os
favoreça.
Est.87: Os soldados e marinheiros abandonam a Ermida de Nossa Senhora de Belém.
Vasco da Gama confessa ao Rei de Melinde o receio e a dúvida que sentiu neste momento.
Est.88-89: Descrição dos sentimentos vividos por todos aqueles que ficavam.
Est.90(discurso de sofrimento)-91: É feita, em discurso directo, uma referência ilustrativa
do discurso de uma mãe e de uma esposa, dirigida ao filho e ao marido respectivamente.
Est.92: Referencia aos velhos e às crianças, únicos elementos, do sexo masculino que não
partiam para os descobrimentos.
Est.93: Vasco da Gama decide partir sem que sejam feitas as costumadas despedidas. As
naus partem para a Índia.
Ideias importantes:

• Este episódio está inserido no Plano da Viagem.


• Os marinheiros portugueses partiram de Lisboa no dia 8 de Julho de 1497
• D. Manuel I primeiro incentiva os marinheiros oferecendo-lhes uma pequena renume-
ração
• D. Manuel I elogia os marinheiros, dando-lhes palavras de alento e de coragem
• Depois de preparadas as naus, os marinheiros preparam-se espiritualmente
• As pessoas que estão a assistir à partida sentem-se tristes, desesperadas, receosas e
saudosas
• Os marinheiros também partem com dúvidas e receios
• Os marinheiros partem sem as despedidas habituais, para evitar maior sofrimento e
para não haver desistências.
• (Estrofe 84) Estado de espírito: ansiosos, felizes
• (Estrofe 86) Preparação espiritual
• Objectivo da Viagem (estrofe 85): “Pera buscar do mundo novas partes”
• (Estrofe 87) Mostra que o narrador é Vasco da Gama e o receptor/ narratário é o Rei
de Melinde
• (Estrofe 88) Reacção das pessoas à partida dos marinheiros
• (Estrofe 89) Descrição dos sentimentos (medo)
• (Estrofe 90) Discurso de uma mãe que vê o filho partir
• (Estrofe 91) Discurso de uma esposa que vê o marido partir
• (Estrofe 92) Reacção da Natureza (triste, comovida e chora)
• (Estrofe 93) Sofrimento é mais para quem fica mas, os marinheiros partem sem as des-
pedidas habituais
• O narrador é participante e quanto à sua posição é autodiegético
*Este episódio está divido em três partes:
1ª Parte (estrofe 83 à estrofe 86)
• Localização da acção no tempo e no espaço (Reinado de D. Manuel I; Lisboa)
• Preparação das naus
• Preparação espiritual dos marinheiros (oração e pedido de auxílio)

2ª Parte (estrofe 87 à estrofe 92)


• Descrição da procissão solene até às naus
• Reacções das pessoas que assitem à partida
• Reacções da Natureza à partida dos marinheiros

3ª Parte (estrofe 93)


• Partida para a Índia sem as despedidas habituais

Figuras de estilo
Es- Nome da figura de
Exemplo
trofe Estilo

84 Perífrase “Porque a gente marítima e a de Marte”

“ Que sempre as nautas ante os olhos anda/ Pera o


86 Perífrase
sumo Poder, que a etérea Corte”

“ Que nas praias do mar está assentado,/ Que o


87 Anáfora
nome tem da terra, pêra exemplo,”

87 Apóstrofe “ Certifico-me, ó Rei, que, se contemplo”

89 Enumeração “Mães, Esposas, Irmãs, que o temeroso”

90 Apóstrofe “ Qual vai dizendo: - “ó Filho, a quem eu tinha”

90 Dupla Adjectivação “ Que em choro acabará, penoso e amaro”

“ Porque me deixas, mísera e mesquinha?/ Porque


90 Anáfora
de mim te vas, ó filho caro”
Apóstrofe/ Dupla
91 “ Qual em cabelo:”ó doce e amado esposo”
Adjectivação

91 Aliteração “Quereis que com as velas leve o vento?”

“A branca areia as lágrimas banhavam,/ Que em


92 Personificação
multidão co elas se igualavam.”

Canto 5
Plano do maravilhoso e Plano da Historia de Portugal– o Adamastor (estância 37- 60)
Est.37-38: Localização geográfica e temporal da acção. Criação do ambiente para o
aparecimento do gigante (nuvem negra), reacções provocadas por esta mudança súbita.
Est.39-40: Aparecimento do gigante e sua descrição física e psicológica. Efeitos provocados
pela sua presença.
Est.41-48: 1ª parte do discurso do Adamastor: de carácter profético e ameaçador. O gigante
anuncia os castigos e danos que reserva para o povo português. Considera o povo luso
atrevido e ousado e pretende vingar-se de determinadas figuras da nossa história:
Bartolomeu Dias, D. Francisco de Almeida e Manuel de Sousa Sepúlveda. Todos os castigos
que prevê e profetiza estão relacionados com os limites marítimos que governa.
Est.49: O gigante Adamastor é interrompido por Vasco da Gama que o questiona acerca da
sua identidade.
Est.50-59: 2ª parte do discurso do gigante Adamastor: Em resposta à questão feita por
Vasco da Gama, o Adamastor começa por se referir a si do ponto de vista geográfico. Relata
a sua trágica história de amor e o castigo recebido por se ter revoltado contra Júpiter. Na
estrofe 59 este castigo é descrito através da transformação do gigante num cabo.
Est.60: Desaparecimento do gigante, chorando. A nuvem negra desfaz-se e Vasco da Gama
pede a Deus que as profecias e ameaças do gigante não se realizem.
Nota: “O Adamastor” é um episódio simbólico. Ideias importantes:

• O Adamastor sente-se lesado por os seus mares estarem a ser invadidos por aquela
gente
• Glorificação/ elogio dos feitos dos Portugueses pela sua coragem e confiança
• Ameaças (naufrágios, tempestades, perdições de toda a sorte, morte)
• Discurso autobiográfico (quem é, o que fazia, história de amor não correspondida)

Caracterização do Adamastor: Tem/é:

• Aspecto aterrador;
• Grande e disforme;
• Pernas e braços imensos;
• Olhos encovados;
• Cabelos crespos e sujos;
• Boca negra;
• Dentes amarelos;
• Ar medonho;
• Rosto sombrio;
• Postura agressiva;
• Voz horrenda e grossa;
• Sensível;
• Apaixonado;
• Solitário;
• Triste

Acções importantes no episódio:

• Preparação do ambiente para o aparecimento do Gigante (cenário);


• Visão do Gigante (retrato físico e psicológico) / reacção dos marinheiros;
• Discurso do Adamastor (elogios e profecias/ameaças)
• Interpelação de Vasco da Gama (pergunta quem ele é)
• Desaparecimento do Gigante e do cenário que o enquadra

Divisão do episódio em partes: Introdução (37 a 40)

• Preparação do ambiente para o aparecimento do Adamastor;


• Descrição física e psicológica

Desenvolvimento (41 a 59)

• Discurso do Gigante num tom de voz ameaçador (ameaças e profecias);


• Retrospetivas autobiográficas
• Confissão dos seus insucessos amorosos

Conclusão (60)

• Desaparecimento do Adamastor e agradecimento de Vasco da Gama

Principais contrastes no episódio:

• Prosperamente os ventos sopravam # uma nuvem carregada e assustadora;


• Aspecto gigantesco do Adamastor # pequenez dos marinheiros;
• Tom de voz horrendo e grosso # voz pesada e amarga;
• Ameaças e profecias trágicas # história do amor não correspondido;
• O Gigante que ameaça e assusta # O Gigante que ama e chora;
• Força brutal do Gigante # Fragilidade da ninfa Tétis

Figuras de estilo

Estrofe Figura de Estilo Exemplo

• “Bramindo, o negro mar de longe brada”


• 38 • Aliteração • “Se nos mostra no mar, robusta e válida”
• 39 • Dupla Ad- • “Que pareceu sair do mar profundo”
• 40 jectivação
• “E disse “Ó gente ousada mais que quan-
• Compara-
• 41 tas”
ção
• 45 • “E do primeiro Ilustre, que a ventura”
• Apóstrofe
• 48 • “… as almas soltarão”/ “Da fermosa e mi-
• Perífrase sérrima prisão”
• 57
• Eufe- • “Ó Ninfa, a mais bela fermosa do Oceano”
• 57
mismo
• “Ou fosse monte, nuvem, sonho ou nada?”
• Hipérbole
• Gradação

Canto 6
Plano da Viagem e Plano do Maravilhoso – Tempestade e chegada à Índia ( estância 70-
94)
1º momento (est.70 à 84): Camões terá aproveitado a sua própria experiência de viajante e nau-
fragou para descrever de uma forma bastante realista a tempestade. Na impossibilidade de fazer
o que quer que fosse Vasco da Gama pede ajuda a Deus.
2º momento (est. 85 à 91): Vénus desce ao mar e manda as Ninfas embelezarem-se. Estas, sedu-
zindo os ventos, conseguiram acalmar a tempestade.
3º momento (est. 92/93): Quando a tempestade termina, os portugueses avistam a Índia. Vasco
da Gama, de joelhos, agradece a Deus a ajuda prestada.

Es-
Nome da figura de Estilo Exemplo
trofe

75 Perífrase “Aquele que a salvar o mundo veio”

“Em pedaços a fazem cum ruído/ Que o Mundo pa-


71 Anáfora
receu ser destruído”

“… os ventos, que lutavam/ como touros indómi-


84 Comparação
tos”

81 Apóstrofe “Divina Guarda, angélica, celeste”

78 Antonomásia “O grão ferreiro sórdio que obrou”

“…os ventos, que lutavam/..bramando…/Pela exá-


84 Personificação
rcia, assoviano.”

“Alija (disse o mestre rijamente),/ Alija tudo ao


72 Anáfora
mar”

86 Hipérbole “Estas obras de Baco são, por certo,”

“…o segundo/Povoador do alagado e vácuo


81 Dupla Adjectivação
mundo”

71 Dupla Adjectivação “Quanto se dá a grande súbita procela”


Ilha dos Amores (canto IX, estrofes 68 a 95)

Quando a esquadra completa a viagem Vênus os recompensa com um momento de


descanso na Ilha dos Amores, paraíso natural que era a imagem que se tinha do
Brasil, recém descoberto.
É lá que a Máquina do Mundo é apresentada aos portugueses com inúmeras
profecias.

Neste canto acompanhamos o encontro do plano mítico dos deuses com o plano
histórico dos homens. Os portugueses são elevados à condição de deuses.

Nessa ilha eles encontram ninfas que foram flechadas pelo cupido. Vendo os
portugueses ficam apaixonadas. Eles recebem também um banquete e cada um
ouve a previsão para o seu futuro. Vênus mostra ainda, a Vasco da Gama, uma
esfera perfeita e mágica: a Máquina do Mundo.

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