Você está na página 1de 3

LUÍS, O POETA,

SALVA A NADO O
POEMA
Almada Negreiros
Dados biográficos
Luís, o poeta, salva a nado o poema
há de salvar. Ao
Era uma vez Dias e dias naufragar,
Nada que nada
um português grande pensar salvou Os
sempre a nadar Lusíadas
de Portugal. juntou Luís Escreveu livro perdido a nado.
O nome Luís a recordar. Os
Lusíadas no alto mar.
há de bastar Ficou um livro
- Mar ignorante
toda a nação ao terminar
que queres roubar?
ouviu falar. muito importante
a minha vida
Estala a guerra para estudar.
ou este cantar?
e Portugal Embarcou Ia num barco
A vida é minha
chama Luís para Ceuta, ia no mar
cumprindo ta posso dar
para embarcar. e a tormenta
serviço mas este livro
Na guerra andou vá d'estalar.
militar e aí há de ficar.
a guerrear perdeu um Mais do que a vida
Estas palavras
e perde um olho olho há de guardar
hão de durar
por Portugal. o barco a pique
por minha vida
Livre da morte Luís a nadar.
quero jurar.
pôs-se a contar Fora da água
Tira-me as forças
o que sabia um braço no ar
podes matar
de Portugal. na mão o livro
Tópicos referentes à opinião de Camões sobre Portugal
a minha alma mas não o livro
sabe voar. Rege-se saudade é vida
pelo se há de molhar. sem se lograr.
Sou português Estas palavras
de Portugal amor à A minha vida
pátria e à vão alegrar Encara o vai acabar
depois de morto a minha gente povo
não vou mudar. nação mas estes versos
de um só pensar. português hão de gravar.
Sou português À nossa terra de uma O livro é este A sua obra
de Portugal irão parar forma é este o cantar reflete essa
acaba a vida lá toda a gente nacional e assim se pensa gente e essa
e sigo igual. há de gostar. coletiva em Portugal. pátria.
Meu corpo é Terra Só uma coisa
de Portugal Depois de pronto
vão olvidar: faltava dar
e morto é ilha o seu autor
no alto mar. a minha vida
aqui a nadar. para o salvar.
Há portugueses É fado nosso
a navegar é nacional
por sobre as ondas Almada Negreiros, in
não há portugueses Obras Completas –
me hão de achar. há Portugal. Poesia, Ed. Estampa,
A vida morta Saudades tenho 1971
aqui a boiar mil e sem par

Você também pode gostar