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Esta sebenta foi desenvolvida com base nas aulas do Professor Doutor Caridade Freitas e nos
livros “Lições de História do Direito Romano” do Professor Doutor Eduardo Vera-Cruz.
Essa sebenta não tem a finalidade de substituir qualquer manual.
Autoria de Iago Leal e Caio Escobar
Ano letivo de 2018/2019
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Autoria de Iago Leal e Caio Escobar
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Três séculos depois, numa disputa dinástica pelo poder, a herdeira Reia Sílvia, filha do último
rei albano, é obrigada pelo seu tio usurpador a entrar para a Ordem das Vestais e permanecer
virgem, garantindo assim que não geraria nenhum herdeiro.
Reia Sílvia não mantém o voto de castidade e enfrenta a punição (ser enterrada viva), porém,
antes disso, o Deus Marte a engravida no cárcere e nascem assim os gêmeos Rómulo e
Remo. O usurpador ordena que os gêmeos sejam afogados.
Assim, os gêmeos são lançados no rio Tibre dentro de um cesto. Eles flutuam pela
correnteza do rio até ficarem presos junto a uma figueira. Lá, são encontrados por uma loba
que passa a os alimentar. Algum tempo depois, Fáustulo, um pastor, os descobre e os cria
como se fossem seus filhos.
Anos depois, a identidade dos gêmeos é revelada e eles derrubam o usurpador e colocam no
trono o avô deles, Numitor. Após esse episódio, os gêmeos decidem por fundar uma cidade
próximo do lugar onde foram encontrados pela loba. Como ambos tinham a mesma idade, a
decisão de quem fundaria a cidade foi deixada aos augúrios divinos. Assim, ficou decidido
pelo voo das aves que Rómulo iria fundar a cidade, sendo feito assim, Roma é fundada por
Rómulo em 753 a.c.
Após um sorteio entre os gêmeos, Rómulo é escolhido para ser o primeiro rei de Roma.
Esse, logo após, marca os limites invioláveis do território divino da urbs, traçando um
quadrado que não deveria ser cruzado por ninguém. Remo então, desafia o irmão e salta
sobre a linha sagrada feita por Rómulo, que mata o irmão em retribuição pelo seu desafio.
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Monarquia –
Rómulo então reina entre os anos de 753 a.c. a 715 a.c. e durante este tempo funda o Senado
com 100 patres, cujo descendentes passariam a ser conhecidos como patrícios (os clãs
patrícios se denominavam gentes).
Diante da escassez de mulheres e pela necessidade de povoar Roma, acontece nessa época o
episódio denominado como “rapto das sabinas”. Rómulo atrai os sabinos até a cidade de
Roma com o pretexto de festas e após tal, ordena o rapto das mulheres sabinas. Nesse dia,
cerca de seiscentas virgens e uma mulher casada (Hersília, que se tornaria a mulher de
Rómulo) foram raptadas.
Após tal, os sabinos, revoltados, declaram guerra a Roma e capturam a fortificação do Monte
Capitolino. Rómulo reage, mas as mulheres sabinas interrompem a batalha sob o preceito de
que deviam lealdade aos seus pais sabinos e aos esposos romanos. Seguindo esse episódio,
Rómulo se aproveita para integrar os sabinos como cidadãos romanos para assim alcançar de
forma temporária a paz.
Já ao final do reinado de Rómulo, os romanos são divididos em trinta cúrias e três tribos. O
rei que o sucede é Numa Pompílio, de origem sabina. Seu reinado se estende por 43 anos e é
marcado pelo domínio dos sacerdotes.
O rei que sucedeu era chamado Tulo Hostílio, que teve um reinado marcado por guerras
contra os vizinhos de Roma. Quem assume o reinado a seguir foi Anco Márcio, que constrói
a primeira prisão romana.
O rei que assume em seguida foi o Lúcio Tarquinío, que antes era conselheiro do rei Anco.
O seu reinado é conhecido pelas grandes reformas realizadas com a intenção de modernizar
a cidade. Exemplos das reformas dessa época foram o início da construção do Circo
Máximo, do templo de Júpiter e do forum. Tarquínio morre depois assassinado a mando dos
filhos do rei Anco como vingança por ter “usurpado” o trono.
O sucessor ao trono então foi Sérvio Túlio, filho de escravos. Seu reinado foi reconhecido
por ter organizado o censo e o exército, por ter construído a muralha para a proteção da
cidade e por ter aumentado o poder da plebe. Sob tal pretexto, o seu genro (Arrunte, neto de
Tarquínio) convence que uma de suas filhas o assassine e assim usurpa o poder.
Depois de tal, Arrunte assume o nome de Tarquínio, o soberbo. Foi conhecido por ser um
rei cruel e despótico, chegando a sequer sepultar o rei que havia sido assassinado. Isso resulta
numa rebeldia dos plebeus, que prestaram homenagens ao rei morto. Isso foi pretexto o
suficiente para que Tarquínio suspendesse todos os direitos que o rei anterior os tinha
concedido. Além disso, Tarquínio fechou todas as instituições e concentrou todo o poder na
sua própria figura, sempre protegida por uma guarda pessoal.
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República –
Os primeiros cônsules da república, Lúcio Juno Bruto e Lúcio Tarquínio Colatino fazem um
juramento junto com o povo para que nunca mais fosse permitido que algum rei reinasse em
Roma (odium regnum), terminando assim com a Monarquia de dinastia etrusca.
Os anos seguintes de Roma são marcados por guerras contra os etruscos (liderados por
Tarquínio e Lars Porcena) e os latinos, até a batalha do lago Regilo, sendo essa a última
tentativa de Tarquínio, o soberbo, de voltar a reinar em Roma. Também é após essa batalha
que se pode dizer que Roma ganha sua independência política, apesar de ainda se encontrar
em guerra com os seus vizinhos.
Aos poucos, Roma vai se tornando uma república instituída por regras que os patrícios
estabeleciam para controlar os conflitos com os plebeus. Esses que lutavam por igualdade de
direitos políticos e maior proteção jurídica. Quando a violência não resultava, acordos eram
firmados entres os dois grupos para que se pudesse apaziguar a situação.
Muitos plebeus se encontravam em dívidas com patrícios, chegando a serem colocados em
situação análoga a escravidão. Uma das razões que tais dívidas se davam era por conta da
apropriação das terras plebeias por patrícios, uma vez que os plebeus serviam no exército e
assim acabavam por ter sua terra confiscada em períodos de guerra.
Em diversos momentos de paz os acordos entre plebeus e patrícios não eram respeitados, o
que resultava em diversas revoltas plebeias. Um habitual meio que os plebeus utilizavam para
fazer valer suas reinvindicações eram as secessio, aonde os plebeus abandonavam a cidade
como forma de protesto, não trabalhando nem exercendo suas atividades. A mais notória
secessio foi realizada em 451 a.c. e resultou em decênviros que acabariam por redigir as leis das
XII Tábuas.
Com os avanços das reinvindicações dos plebeus, alguns marcos foram alcançados: em 445
a.c. é suspensa a proibição de casamentos mistos; em 444 a.c. são instituídos os tribuni
militium; no início do século IV a.c., os plebeus passam a ter o direito de nomear um cônsul;
em 351 a.c. os plebeus passam a ter o direito de ascender ao cargo de censor.
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Reformas como estas trouxeram mudanças grandes aos equilíbrios políticos e sociais em
Roma, mas não chegaram a mudar a dinâmica do poder oligárquico patrício, com a exceção
de alguns plebeus que enriqueceram.
Após as guerras púnicas e a conquista da Macedónia e da Grécia, Roma passa a tomar uma
dimensão imperial que demandavam grandes reformas sociais e políticas que passavam pela
reorganização institucional da República.
As tensões internas após tais conquistas e a crescente militarização da política foram
acentuadas. A concentração dos Aristocratas patrícios no “partido” optimate e dos plebeus no
“partido” populares demonstra a problema fulcral que se torna a questão da propriedade de
terra na luta entre os plebeus e os patrícios. Isso se mostra ainda mais na guerra civil que se
deu na metade do século II a.c. que pôs de um lado os irmãos Graco (tribunos da plebe) e os
patrícios, juntamente ao senado.
Os Gracos propunham a distribuição de terra aqueles que não possuíam, limites a
propriedade que uma só pessoa poderia possuir, extensão da cidadania romana aos aliados
da república e a expulsão dos juízes e políticos corruptos. O assassinato do tribuno da plebe
Tibério Graco permitiu assim uma reação dos patrícios e do senado em defesa dos seus
privilégios e riquezas, em defesa do status quo. Dessa maneira a aristocracia conseguiu impedir
a reforma agraria em curso no ager publicus romano e promover o retorno do poder de
julgamento ao senado (ou seja, aos patrícios).
Algum tempo depois, Caio Graco é assassinado junto com três mil de seus seguidores, tendo
sido esse massacre legitimado por uma lei do Senado. Após esse episódio as tensões se
acentuaram a ponto de culminar na guerra civil (“guerra social”) que se deu entre 91 e 88 a.c.
e dando abertura a um período de sucessivas violações a regras da república, tanto na
questão organizacional quanto ao exercício do poder político, resultando no descrédito das
instituições.
Outra questão que surge logo em seguida é a revolta dos italianos, que acabam por se rebelar
após o assassinato do tribuno Lívio Druso, esse havia proposto que a cidadania romana
fosse estendida para todos os habitantes da Itália. Essa questão só é resolvida pelo cônsul
Lúcio Júlio César em 90 a.c., quando é oferecida a cidadania romana para todos que se
mantivessem leais a Roma (lex Iulia e lex Plautia papira de civitate danda), resultando assim na
rendição dos itálicos.
O próximo ponto marcante na história republicana romana se da com a eleição de Cornélio
Sila (melhor conhecido como Sula) para ditador, sendo esse um resultado direto do caos
político trazido pela guerra.
Sula então promove grandes reformas: duplica o número de senadores, limita o intercessio dos
tribunos da plebe e impõe a submissão dos plebiscitos ao senado para entrarem em vigor
(auctoritas senatus), submissão essa que só seria revogada em 70 a.c. por uma lei proposta por
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Pompeu e Crasso. Além disso, a Itália passa ser organizada em municípios de cidadãos
romanos que seguiam um padrão de organização muito semelhante à de Roma em si.
Com o tempo, surge uma tendência em Roma de substituição do plano institucional pelo
pessoal de maneira em que, a lealdade dos soldados romanos deixa de ser para com o senado
e passa para os seus próprios generais. Uma explicação para tal seriam as reformas
promovidas por Caio Mário, que permitiriam o acesso de plebeus não proprietários de terras
ao exército, conseguiria a distribuição de terras à veteranos de exército que necessitassem,
promoveriam uma maior profissionalização dos soldados romanos, surgindo daí um forte
vínculo dos soldados para com os seus generais, tanto político quanto pessoal. Se percebe
assim uma forte subversão institucional da república oligárquica romana.
No ano de 87 a.c. Mário retorna de África, para onde havia fugido anteriormente por conta
do domínio de Sula sobre Roma. Ao retornar, Mário se alia com o senador Lúcio Cornélio
Cina e retoma o controle de Roma. Já no ano de 86 a.c. os dois aliados se tornam cônsules e
Mário se aproveita da situação para massacrar seus inimigos políticos. Somente após
intervenção de Cina que tais excessos são cessados. Pouco tempo após, Mário morre.
Cina então continua a comandar Roma e em boa parte de seu exército, mas ainda conta com
a oposição de Sula, que comandava o exército do oriente, dividindo o poder de Roma. Sula
então, após vencer Mitridates em 82 a.c., retorna vitorioso a Roma e é nomeado ditador.
Com plenos poderes então, Sula massacra seus opositores e inicia uma reforma conservadora
para reforçar os poderes do senado e dos patrícios. Após implementar tais medidas, se retira
do poder em 79 a.c. e morre pouco tempo depois.
É notório então um agravamento nas crises que passava república, principalmente nos anos
de 79 a.c. à 59 a.c. aonde Roma enfrenta as denominadas “guerras de escravos”, sendo a
terceira delas a mais grave (guerra de Espártaco, de 73 a.c. à 71 a.c.). Na rebelião de
Espártaco, 120 mil homens (sendo a maioria escravos e gladiadores) chegaram até as portas
de Roma, após várias batalhas. Isso causou um grande desespero tanto na população quanto
aos representantes das instituições. Como um último recurso, o senado convoca o experiente
Marco Licínio Crasso, que já havia servido no exército de Sula na guerra contra Caio Mário.
Crasso consegue ganhar diversas batalhas até encurralar. Nessa altura Pompeu é enviado
para auxiliar Crasso na batalha final, entretanto, Crasso, prevendo os respaldos políticos que
a participação de Pompeu na batalha final da rebelião traria, atacou e acabou com a rebelião
antes que o mesmo pudesse chegar para o auxiliar. Apesar de tal, Pompeu chegar a perseguir
os fugitivos da batalha e envia uma carta ao senado tomando o crédito pelo fim da rebelião,
ou seja, tomando o crédito para si de uma batalha que não havia participado. Desde esse
momento, Pompeu se torna inimigo de Crasso.
Ao retornarem a Roma, tanto Crasso quanto Pompeu utilizam a vitória para promover seus
fins políticos, não dissolvendo as suas legiões. Por outro lado, as rebeliões escravas cravam
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em Roma um temor constante, tendo como reação para tal a substituição de escravos por
homens livres sem-terra num regime de parceria.
Em 70 a.c. Crasso e Pompeu são eleitos cônsules, entretanto Pompeu não havia preenchido
as condições necessárias para ocupar o cargo (Era jovem demais e não havia sido pretor ou
questor, não cumprindo o cursus honorum demandado para tal). Além de tal desrespeito pelas
regras da república, tanto Crasso quanto Pompeu exercem o cargo de cônsul sem limites ou
qualquer tipo de controle institucional.
O triunvirato composto por Pompeu, Júlio César e Crasso seria prova de uma tentativa em
vão de evitar o confronto entre os interesses que cada um representava. Júlio César é eleito
consul em 59 a.c. e utiliza sua origem familiar e suas conquistas militares (campanhas na
Hispânia e em Gália) para se firmar como senhor de poder absoluto e imprescindível a
Roma.
Em 63 a.c., Cícero é eleito cônsul e, se apercebendo da grave crise política presente na
república romana, propõe uma reforma político-institucional no sistema republicano. Assim,
o governo de Roma seria entregue a um forte líder político, com apoio militar, mas
preservando ainda compromissos anteriores firmados em lei (isto acabaria com a eleição
anual de dois cônsules). Dessa maneira Cícero posteriormente não hesita em apoiar Pompeu
quando um conflito entre o mesmo e Júlio César se desencadeia.
O triunvirato acaba por ser desfeito em 54 a.c., com a morte de Júlia, a filha de Júlio César.
Pompeu, apoiado pelo senado, se prepara para mover contra Júlio César quando seu
segundo mandato como governador acabasse, mas este rebela-se e, em 44 a.c., toma Roma e
é nomeado ditador vitalício.
O governo de Júlio César é marcado por uma tentativa velada de substituir a república
romana por uma monarquia com características helênicas, fundada e legitimada no culto
divinizado do governante. Para César essa era a melhor maneira de administrar um império
como o de Roma. Seu governo termina então quando, com medo de que César instituísse
uma monarquia absoluta disfarçada de ditadura perpetua, Cícero e mais 60 senadores, sem
outros meios políticos ou militares, apoiam o assassinato de seu governante. Júlio César
então é apunhalado até a morte pelos senadores no próprio senado.
A morte de César abre um momento de muita instabilidade política e de incertezas na
república (principalmente durante 44 e 30 a.c.). Neste cenário, se destaca a figura de Caio
Júlio César Octaviano, que havia sido sobrinho neto e filho adotivo de Júlio César.
Octaviano então junta uma milícia privada para combater António, que também estava a se
declamar sucessor de Júlio César. Através de tal, consegue fazer com que António recuasse e
se torna cônsul de Roma.
Apesar de tais manobras, Octaviano não consegue fazer com que o senado o conceda
poderes absolutos e assim é criado mais um triunvirato com o objetivo de reformar a
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república, adaptando-a a realidade do império. Tal triunvirato era composto pelo próprio
Octaviano, por António e por Marco Lépido (governador da Gália).
Este acordo se finda no evento que acontece no ano de 32 a.c., quando António repudia o
casamento com Octávia, irmã de Octaviano, (casamento esse que fazia parte do acordo
político celebrado entre António e Octaviano no ano de 40 a.c.) para assim poder se casar
com Cleópatra, a rainha do Egito. Dessa forma, a rivalidade entre Octaviano e António, que
já era latente dentro do próprio triunvirato, voltar a se escalar num nível militar. A guerra
entre ambos já se torna inevitável. Com a derrota das forças navais de António e Cleópatra
em 31 a.c., o destino do casal fica virtualmente selado. A vitória de Octaviano em Alexandria
acaba por se dar com facilidade e em face da derrota, os amantes se suicidam. Octaviano
passa a governar Roma com poder absoluto, tendo vencido António se se consagrado o
herdeiro de Júlio César.
Principado –
Em relação às causas da queda da república romana, vale a pena citar diretamente a análise
do Professor Vera-Cruz:
“[...] Foram mais importantes para esse fim: a inobservância das regras institucionais, das
virtudes cívicas e das tradições; a helenização sem resistência; os entrangeirismos adoptados
sem medir os efeitos; a acumulação de riqueza por poucos e a pauperização de muitos com
as correspondentes tensões sociais; o descrédito das instituições políticas pelo
comportamento dos seus titulares; a tolerância para com as constantes violações às regras
instituidoras da República e a impunidade dos seus violadores.”
Somente em 30 a.c. que as reformas propostas por Cícero tiveram um cenário propício para
serem incrementadas, de maneira a concretizar um regime híbrido entre a república e a
monarquia, por meio do princeps, que concentraria o poder militar absoluto, governo das
províncias e autoridade máxima em Roma. Esse sistema político se denominaria
“principado”.
Após Octaviano (que viria a ser conhecido como Augusto), os imperadores Tibério e
Cláudio procuraram manter o caminho do Principado. Por outro lado, Calígula e Nero
iniciariam um desvio monárquico que se aproximaria de despotismo. O imperador a seguir,
Tito Flávio Vespasiano (ano 68), marca o final da dinastia Júlio-claudiana e marca o início da
dinastia flávio-antoniana. Vespasiano promoveu reformas no senado e estendeu a latinidade
por todo o império. Após Vespasiano, Roma vive um período de paz que dura até o ano de
180, passando assim por diversos outros imperadores.
A paz é interrompida no reinado de Cómodo, filho de Marco Aurélio, que tem o seu
governo marcado por um constante abandono dos assuntos do estado. A reação em sentido
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contraio do seu sucessor, Septímio Severo se mostra insuficiente para regular a crise que o
império passava. O filho de Septímio, Caracala o sucede e fracassa como princeps,
contribuindo ainda mais para a crise do império com a sua tentativa de unificação da
comunidade política do império (constitutio Antoniniana, do ano de 212).
Diante de um cenário de rebeliões frequentes, assassinatos de imperadores, militarização do
governo e das ameaças externas causam uma grande decadência nas já enfraquecidas
instituições. Além disso, a fuga da vida pública dos mais capazes, da participação cívica e a
crescente força do misticismo religioso e do radicalismo político puseram um fim ao modelo
político do Principado.
Dominado –
A dinastia dos Severos acaba por cair no ano de 235, deixando um cenário de desordem e
crise por todo o império. Neste cenário, o general Aureliano (270-275) implementa uma
monarquia absoluta violenta para assim poder gerir todo o império de modo a reagir contra
o estado caótico que imperava em Roma. Outro general que o sucede, Diocleciano,
aprofunda as mudanças e consolida a monarquia romana com características próprias. Esse
sistema viria a ser denominado de “Dominado”.
Com uma clara influência oriental, Diocleciano (284-305) modifica os procedimentos
políticos, a organização administrativa e o protocolo do império. Tais mudanças viriam no
sentido de exacerbar a natureza monárquica do poder imperial e de promover uma maior
orientalização da cultura jurídica.
Com a abdicação de Diocleciano em 305, a questão da sucessão volta a trazer uma crise
política ao império. Esta só é resolvida com a prevalência de Constantino sobre os seus rivais
em 324, com isso, o exercício do poder político absoluto volta as mãos do imperador. O
governo de Constantino (324-337) é marcado por características despóticas. Além disso, o
mesmo funda a cidade de Constantinopla para ser a nova capital do império, amplia a
autoridade imperial, reforça a intervenção política do imperador através de leis e se utiliza do
cristianismo para levantar a possibilidade de uma maior unidade política no império por via
de uma maior uniformidade religiosa. Fixando na própria Constantinopla a sua residência,
Constantino afasta cada vez mais o Império Romano de todos os traços de romanidade e
latinidade política que ainda subsistiam no mesmo.
Seguindo algo que já era quase que destino da morte de um imperador, a morte de
Constantino desencadeia um período de instabilidade e de guerra entre os pretendentes a
sucessão, até que Constâncio consegue vencer os seus adversários e nomeia Juliano como o
seu sucessor. Juliano tinha grande talento militar e através de tal consegue pacificar a Gália e
restaurar a fronteira do Reno. Justamente por conta dessas vitórias, se iniciou um
movimento para depor Constâncio por parte dos soldados, que já haviam proclamado
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Juliano Imperador (355). Entretanto esse movimento não chega a atingir o seu objetivo, uma
vez que Constâncio morre e Juliano segue aclamado como seu sucessor.
Juliano além de um competente militar, também foi conhecido como um homem culto.
Fascinado pelos clássicos gregos, este se converte misticismo grego e abandona o
cristianismo. Ao assumir o trono, revela sua religião e tem a sua proposta de retomar o culto
pagão dos antigos romanos recusada. Em seu breve governo (361-363), Juliano retira os
privilégios que haviam sido concedidos a igreja cristã, mas não chega a promover uma
perseguição contra os cristãos. Juliano morre numa campanha contra os sassânidas (Pérsia).
A divisão do Império (ocidente e oriente), apesar de ser uma formalidade para manter a
união do Império Romano (imperium coniunctissimum) se mostra definitiva após a morte de
Teodósio I em 395.
Já no início do século V, Roma não consegue resistir ao ataque de Alarico, rei dos visigodos.
A cidade se encontrava num completo estado de fragilidade militar e moral. Depois, em 451,
Roma cai nas mãos de Átila, o huno. Já em 455, os vândalos capturam Roma e finalmente
em 476, Odoacro toma Roma e depõe o seu último Imperador, Rómulo Augusto e assim
acaba com o que restava do Império Romano do Ocidente.
A romanidade ainda persiste de algum modo no Império do Oriente, mas sempre em
decadência, num processo de perda de identidade. O governo de Justiniano (527-565) pode
ter sido a última expressão de algo verdadeiramente romano no Império Romano do
Oriente.
• Direito Romano –
O que é?
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envolvidos. Tais regras são seguidas pela comunidade e aplicadas pelos jurisprudentes e
respeitadas por todos, pois estão convencidos que são as mais adequadas e justas.
O Direito é uma «régua lésbica» - uma régua maleável - que garante a aequitas
(equidade), a solução justa. O ius é a busca pela solução justa de cada caso, produzido em
Roma, utilizando-se da equidade (aequitas). A lex (lei) é produto do poder legislativo, o poder
político. O direito em Roma é um ato de justiça, pragmático, aplicado da forma mais correta
caso a caso.
Foram os Romanos os primeiros a separar na Antiguidade Clássica o Direito (ius) da
religião (fas). O Direito Romano é o fundamento do Direito Comum Europeu. Só o ensino
do Direito Romano nas universidades permite a existência de um ius europaeum commune. É
cultura jurídica; não ciência social e, como direito de juristas, é ars boni et aequi (arte do bom e
do equitativo).
Direito (ius) = Lei (lex) + Costume1 + Doutrina + Jurisprudência
1- Produção jurídica da própria sociedade por imposição de valores. Prática reiterada acompanhada
de convicção e obrigatoriedade. Gênese do Direito, o “Direito não escrito”. Torna-se lei se registado
por um veículo que pode conferir diploma legal (legislador).
Periodificação Romana:
1. Monarquia (753 - 509 a.C.)
2. República (509 - 27 a.C.)
3. Principado (27 a.C. - 285 d.C.)
4. Dominato (285 d.C. adiante)
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Sendo o mais antigo dos períodos de estudo, é aquele cujas informações tem mais
fragilidade. As fontes coevas são escassas e imprecisas e as fontes posteriores são de
credibilidade discutível. Sua fiabilidade é, assim, muito débil e a verossimilhança possível
entre o que realmente aconteceu e o que sabemos está na construção comparada no
cruzamento de dados coevos relevantes.
Composto por 3 órgãos principais (Civitas Quiritium - governo quiritário):
1. Rex
2. Senatus
3. Comitia Curiata
Todos eram ocupados exclusivamente por patrícios1, com exceção dos Comitia, que podiam
ser ocupados por plebeus2.
1– Principais famílias, possuidoras de terras. Conectadas à fundação de Roma. Detém plenos
poderes de cidadania (ser rei, senador, participar dos Comitia). Defensores dos Mores Maiorum, defesa
que se dava maioritariamente no Senatus.
2– Livres, mas sem plenitude de direitos. Terras in precarium concedidas pelos patrícios. Não podiam
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Rex -
Senatus -
Competências:
Δ - Órgão consultivo do Rei, constituído por Patrícios. Representava a aristocracia.
Δ - Poder de interregnum (poderes de imperium durante a vacância régia e de leitura dos
auspícios).
Δ - Conceder Auctoritas Patrum (garantir a conformidade das deliberações dos outros órgãos
com os Mores Maiorum).
Δ - Ius Belli et pacis (direito da guerra e da paz, além de concluir os foedera – tratados
internacionais)
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As Comitia Curiata -
Jurisprudência na Monarquia
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Magistrados são eleitos pelos Comitia Centuriata (ou Tributa), se propondo à eleição e
apresentado ideias para seus mandatos (anuais). Faz-se uso do princípio da dualidade para
combater a corrupção: são eleitos sempre dois (ou mais, dependendo do cargo)
representantes para cada magistratura.
o Magistraturas maiores (imperium + potestas) - Eleitos nas Comitia Centuriata
I. Ditador - o mais poderoso, mas apenas em tempos de exceção
II. Censor – a maior dignidade do Estado, mas não possuía imperium
III. Cônsul
IV. Pretor
o Magistraturas menores (apenas potestas) - Eleitos nas Comitia Tribuna
I. Edil
II. Questor
As magistraturas seguem uma ordem hierárquica assim como disposta acima. A posição
hierárquica do Censor, porém, é discutida.
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emanar e fazer publicar no forum os seus edicta. Exercido no âmbito das competências próprias
(criar taxas, mandado de prisão).
3 – Poder de administrar a justiça (criar direito novo para situações concretas)
Magistraturas ordinárias -
Δ - Permanentes, aonde o titular está sempre em funções (pretores, cônsules, edis, questores)
Δ - Não permanentes, aonde o titular exercia funções não contínuas (censores)
Magistratura extraordinária -
São sempre não permanentes, os ditadores tinham poderes para reger fora da normalidade
legal e aplicação normal da justiça.
Tribuno da plebe –
o O objetivo tribuno da plebe tinha como proteger os plebeus, com imunidade absoluta
e direito de veto sobre todos os magistrados.
o Mandato de 1 ano
o Eleito nos concilia da plebe, não sendo considerado um magistrado
o Poderes sobre todos os magistrados, no âmbito do intercessio. Não tinha, assim,
imperium, mas apenas o tribunitia potestas
o A partir de III a.C., pode convocar e presidir o senatus e todos os concilia da plebe
o Rapidamente se torna um poderosíssimo magistrado
Questor -
o Eleitos nas Comitia tribuna
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Edil -
o Plebeu – eleito nos concílios da plebe
o Curul – eleito nos comitia tribuna e possuía imperium
o Eram um passo opcional do cursus honorum
o Apenas 4 vagas
o Manutenção da vida pública na cidade de Roma 1
1 – Guarda de arquivos, gestão de tesouro, funções de polícia, organizar festas e espetáculos
públicos, limpeza da cidade, atividade dos mercados, abastecimento de água e cereais.
Pretor – seu poder foi sendo alterado, sempre aumentando durante a república
o Inicialmente unitário, mas depois chegando a oito no total (César aumentou seu
número para 16)
o Imperium e Potestas. Âmbito de atuação essencialmente jurídico. Também seria o
segundo em comando de um cônsul em assuntos militares
o Poderia substituir o cônsul no governo civil da cidade
o Era um aplicador da justiça, tem seu tribunal. Após 160 a.C. tem iurisdictio.
o Pode convocar comitia, também pode submeter projetos de lei a serem aprovados
o Comandar exércitos fora de Roma
o Era dividido em dois tipos:
Δ - Pretor peregrino – Tinha sua aplicação pautada fora de Roma e era aplicador do Ius
Gentium1.
Δ - Pretor Urbano – Tinha sua aplicação pautada dentro de Roma e era aplicador do Ius
Civile2.
1 – Paralelo ao ius civile e menos formal, utilizado para não cidadãos e suas relações. Tem como
fontes o ius civile (simplificado) e os direitos dos povos conquistados.
2 – Mais formal, segue ritos específicos e é o direito dos cidadãos em todas as suas relações jurídicas.
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Cônsul –
o Possuía Imperium -
Δ - Domi – atos coercitivos para se fazerem obedecer pelos cidadãos e magistrados menores.
Estava sujeito a regras (não poderia exercer o iurisdictio dentro da cidade de Roma, pois era
competência do pretor)
Δ - Militae – supremo comando militar e respetivo poder coercitivo
o Direito de convocar e presidir órgãos colegiais: senado e assembleias (ius agendi cum
populus, ius agendi cum patribus) Isso garantia iniciativa legislativa, apresentando
propostas de lei aos comícios para serem aí votadas (era o processo de rogatio)
o Função colegial (os dois cônsules iriam alternar os meses em que agiam), mas não
perderiam seus poderes nos meses que não agissem
o Anualidade
o Exercia as competências residuais das outras magistraturas
o Poder coercitivo e indicativo – Acusar, julgar e executar sentenças
o Intercessio – Veto sobre decisões de magistrados menores
o Passaria legislações, presidiria eleições, ler os auspícios, decidir feriados públicos
Censor -
o Mandato de 5 anos (com exercício efetivo de poder nos primeiros 18 meses de
mandato)
o A partir de 339 a.C. (Lex Publilia Philonis), um dos censores deveria ser plebeu
o A partir de 312 a.C. (Plebiscito Ovíneo), nomeia novos nomes ao Senado
o Única magistratura que não permitia repetição
o Recenseamento (mulheres, homens, escravos servos)
o Registrar as propriedades privadas (patrimônio predial)
o Potestas – controlar1 a aplicação dos Mores Maiorum. Não possuía imperium.
1 – O comportamento moral, podendo retirar o estatuto de cidadão (capitus diminutio), destituir de
cargos, retirar do senado.
Não se tinha certeza se alguém controlava as ações do censor (é possível que o tribuno da
plebe sim)
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Ditador -
o Extraordinário com limitação temporal (6 meses) em tempos de crise interna ou
externa
o Seus atos não estavam sujeitos ao povocatio ad populum1
o Podia ser nomeado:
Δ - Dictator in optimo iure – Plenos e indefinidos poderes
Δ - Dictator in imminuto iure – Poderes específicos em matérias sacrais, mas com grande
relevância política.
1- Apelação nas comitia centuriata contra um ato de um magistrado.
Órgãos Políticos -
Comitia Centuriata1 -
o Todos os cidadãos têm assentos
o Mais importantes assembleias populares da república
o Organizados em blocos de 100 homens, as centúrias
o Aprovação de declaração de guerra (no início da monarquia apenas tratavam de
assuntos militares)
o Competências de natureza financeira e fiscal
o Eleição de cônsules, censores e pretores - os mais importantes cargos
o Confirmar censores
o Confirmar o imperium dos magistrados, através da lex curiata de imperium - inclusive do
ditador
o Aprovação das leis impostas pelos magistrados e os tratados de paz
o Decidir sobre vida/morte dos acusados (iudicium)
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1 – Lenta absorção dos poderes políticos da comitia curiata (que viraram um órgão de caráter
principalmente religioso) para comitia centuriata.
Comitia Tribuna -
o Mais restritivos e menores, de caráter territorial (tribus), mas hereditária
o Leis de menor importância
o Poderes de natureza civil
o Leis sobre assuntos de menor relevância
o Eleição de magistrados menores (Edil curule, Questor, Tribuno Militar) e o pontifex
maximus
o Fixação de penas pecuniárias para infrações locais (de impacto menor)
Concilia plebis -
o Apenas para plebeus
o Era presidido pelo tribuno da plebe
o Eleição dos magistrados plebeus (Edil plebeu e Tribuno da Plebe)
o Aprovação ou reprovação de legislação do senado
o Aprovação dos plebiscita, que vinculavam unicamente os plebeus (até 287 a.C.)
o Após 287 a.C. os concilia plebis ganham maior importância, por a Lex Hortensia de
plebiscites garantir que os plebiscitos sejam vinculativos aos patrícios também
o Exercer iudicium para os crimes puníveis com multa
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1– A partir da lex publilia philonis (339 a.c.), passa a ter caráter preventivo, sendo aposta antes de se
submeter à votação popular, evitando ser formalizado e entrar em vigor sem a auctoritas dos patres.
Leges -
Lex -
o Não é fonte romana de direito por excelência, mas uma delas
o Toda norma que pode ser lida
o Declaração solene, com valor normativo baseado num acordo (expresso ou tácito)
entre declarante (magistrado) e destinatário (populus)
o Vincula quem declara e os destinatários
o Tipos -
Δ - Lex privata - declaração solene com valor normativo, que tem por base um negócio
privado. Cria direito privado (Ius privatum)
Δ - Lex publica – feita pelo povo ao aprovar, em comum, com autorização responsável, a
proposta apresentada pelo magistrado. Surge cronologicamente após a lex privata
Δ - Lex data - recentemente a categoria entrou em decadência. Não se sabe se existiram
Δ - Lex dicta - lei proferida por um magistrado em virtude dos seus próprios poderes
Δ - Lex rogata – exemplo paradigmático de lex publica (e sua única forma até 242 a.C.).
Proposta pelo magistrado e votada pelos comitia. Identificada pelo nome dos dois
magistrados e assunto da lex.
Processo de formação -
1. Promulgatio - Enunciação da lei e afixação em praça pública por três semanas
2. Conciones - Discussão da proposta em praça pública sem carácter oficial ou jurídico,
podendo alterá-la. A pessoa que presidia que concedia a palavra a cada um
3. Rogatio – Apresentação e pedido de aprovação do projeto finalizado, após as três
semanas de espera, feito nos comitia, com os devidos ritos e palavras sacramentais
4. Votação - Oral, fazendo também uso de palavras sacramentais (a partir de 131 a.c. é
secreto)
5. Aprovação pelo senado1 - Verificação senatorial da concordância da lei com os mores
maiorum, concessão do auctoritas patrum
6. Afixação - No fórum, em tábuas de madeira ou bronze
1 - Após a lex publilia philonis (339 a.c.), a auctoritas patrum é concedida antes da votação, depois das
conciones. O senatusconsultus também era regularmente pedido antes das propostas de lei.
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Plebiscitum -
o Apresentados pelos tribuna da plebe e votados nos concilia da plebe
o As Lex Valeria Horacia de plebicitis (449 a.C.), Lex Publilia Philonis (339 a.C.) e Lex
Hortensia de plebiscitis (287 a.C.) - curiosamente – conferem o mesmo poder: força
vinculativa igual a de leges. Não é claro o motivo. É possível que houvessem
obstáculos para que fossem aprovados tais plebiscitos, paulatinamente derrubados
com cada uma dessas leis.
o Identificados com o nome de um magistrado
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Tal pacote legislativo introduziu a possibilidade de uma reforma social necessária para
o fortalecimento de Roma como potência na Antiguidade, mas sobretudo supôs uma
profunda mudança nas mentalidades com efeitos na estrutura da organização do acesso ao
poder. É, dessa forma, vista por alguns autores como o momento final da transição da
Monarquia para a República.
O Pretor em detalhe -
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O Tribunal do Pretor -
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Litis Contestatio
o É o momento final da fase In Iure, em que o pretor concede a parte a fórmula que lhe
vai permitir denunciar alguém perante o Iudex
o Momento de escolha do Iudex
o Equivalente à tradição da coisa (no caso a fórmula)
Expedientes do Pretor -
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O Edictum do Pretor -
Para a concessão dos seus expedientes, o pretor podia utilizar duas formas: o decretum
(quando resolvia imperativamente um caso particular) ou o edictum (anúncio público, com
antecedência, da concessão de certos expedientes integrado um programa geral das suas
atividades). A segunda forma era a mais comum e a que daremos maior importância.
Eram chamadas de edicta as comunicações - em forma escrita - de caráter
programático geral perante as assembleias do populus. Eram seus programas de ação, as
atitudes que tomariam e os actos que praticariam no exercício das suas funções.
Eram afixados publicamente no fórum, para que pudessem ser lidos pelo populus.
Inicialmente o pretor, em teoria, não era vinculado às disposições contidas no seu edictum,
não havendo uma obrigação por lei (apesar de existirem diversas formas de controlar a
atividade do pretor durante a Res Publica). Todavia, em 67 a.C., a Lex Cornelia de edictis
praetorum impôs ao pretor a vinculação ao próprio edito.
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Ius Honorarium - Criado por magistrados, materializados pelos edicta - Composto por:
▫ Ius Praetorium (75%) - introduzido pelos pretores com a finalidade de ajudar ou suprir
ou corrigir o Ius Civile, por motivo de utilidade pública.
▫ Resto (25%) - feito pelos pretores peregrinos, edís curúis e governadores das
províncias
Tanto o Ius Civile quanto o Ius Honorarium são parte do Ius Romanum. O Ius Honorarium não
derroga o Ius Civile, ele completa-o, sobretudo adaptando a sua estática à dinâmica das
condições sociais e econômicas reais.
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O Princeps -
Seus principais poderes eram dois: imperium proconsulare maius et infinitum e a tribunitia
potestas.
O primeiro garantia-lhe a administração de todo o vasto território romano, com a
capacidade de nomear funcionários. Também permitia o comando supremo militar e o
governo de todas as províncias. É este poder que será a o motor de transformação para a
funcionalização das magistraturas. Tal transição de magistrados para funcionários, somado à
construção de carreiras burocráticas instituídas, muitas vezes vitalícias, mais tardiamente (por
Adriano) leva à uma cada vez maior dependência do Princeps e foi um fator determinante
para a construção do Dominato.
O segundo confere-o a faculdade de paralisar qualquer procedimento ou ação dos
magistrados ou do senatus quando julgasse necessário. Tal foi essencial para o descrédito do
tribuno da plebe, que não mais tinha intercessio contra o Princeps.
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O senado ganha, pela primeira vez, poder legislativo, mas de forma acidental. No ano
de 10 d.C., o Senatusconsultum Siloninanum1 passa a ser seguido pelo populus, com caráter
vinculativo. Tal «acidente» levou ao senatus ter sempre tal vinculatividade. Os cidadãos
poderiam, através de uma oratio e um respetivo programa, propor um Senatusconsultum ao
senado, que agora passa a ter caráter vinculativo. As orationes do príncipe passam a ser
aprovadas automaticamente, sem discussão.
A partir do séc. II, o Senatusconsultum passa a ser chamado de Oratio Principis [in senatu
habita], entregando a função legislativa inteiramente ao príncipe. Tal dá origem, mais
tardiamente, às constituições imperiais (tratadas adiante).
As comitia, após a perda das funções legislativas para o senado, são convocadas menos
vezes e os magistrados param de propor leis a elas. Perdem importância e entram em
decadência. Passam a ser presididos pelo príncipe, que os controla totalmente. Mais
tardiamente não votam individualmente nos magistrados, mas sim em listas com os nomes
elegíveis apresentadas pelo Princeps ou o Senado. É o fim da Lex Rogata.
1 - É importante lembrar que anteriormente tinham apenas caráter consultivo.
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Sendo ele uma ameaça à concentração de poderes, a magistratura receberá dois golpes
duríssimos durante o Principado: a criação do tribunal do Princeps e o Edictum Perpetuum
Augusto cria o tribunal do Princeps, que conta com um iudex togado e indicado pelo
príncipe, que é conhecedor do Direito. Utiliza-se do sistema processual de cognitio extra
ordinem1. O novo tribunal começa a ser preferível, pois é respaldado pelo Imperium do
príncipe. De tal forma, o tribunal do pretor entra em decadência, já que não há mais procura.
Assim, cria-se menos direito, os editos passam a ser essencialmente translatícios.
Mais tardiamente (130 d.C.), Adriano promulga o Edictum Perpetuum, uma compilação
dos edicta de todos os pretores passados, cristalizando o Ius Praetorium e o codificando. Após
tal, os pretores não podem mais criar direito, é o fim do Iurisdictio.
1 - Este procedimento já existia na Res Publica, para casos especiais em que o magistrado resolvia
diretamente sem intervenção de um iudex privado, como de processo fiscal. No Principado, porém,
o processo vai ganhando maior notoriedade. No séc. III já é institucionalizado como único modelo.
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Com o passar dos séculos, há uma consolidação do poder imperial e uma perda do
poder do Senado. É uma absolutização jurídico-política de Roma, passando a existir alguns
tipos novos de constituições imperiais:
Após o sec. IV d.C.:
Edicta – Leis gerais de aplicação em todo o Império
Rescripta - Leis especiais de aplicação em todo Império
Adnotationes – Substituem as subscriptiones.
Decreta – Já mal resolve casos, agora geridos pelo tribunal do príncipe.
Pragmatica sanctiones - Aplicação apenas territorial, caráter regional.
É uma dicotomia presente a partir do século IV, referente ao direito velho (ius vetum)
e o direito novo (ius novum). O primeiro diferencia-se do segundo pela pluralidade de fontes
criadoras de ius. O velho tem várias fontes para a sua criação, enquanto o novo é assente
principalmente nas constituições imperiais, embora não se esgote nesta fonte.
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Nota-se uma tentativa de tornar a jurisprudência cada vez mais dependente do poder
político. Será uma construção paulatina, sendo necessárias quatro leis para que se conclua
essa agenda, sendo as três primeiras promulgadas no reinado de Constantino e a última no
reinado de Valentiniano III. É o caminho para o tribunal dos mortos.
Em 322 d.C. aprova um rescriptum que determina que não se pode invocar
constituições imperiais sem se dizer a data e o texto original. Os juízes eram obrigados a
apresentar a lei original que citavam, e não a citação de outros autores.
Em 325 (?) d.C. proíbem-se os comentários de Paulo e Ulpiano aos textos de
Papiniano, sempre que conflitassem com a opinião de Papiniano.
Em 328 d.C. ordena que os juízes aceitem as sentenças de Paulo (Pauli Sententiae) com
força legal, desde que não contrariem a de Papiniano.
Em 7/11/426 d.C. é promulgada a Lei das Citações por via da constituição imperial
precedida pelo Oratio Princeps. A lei fixa os jurisprudentes que podem ser seguidos – Paulo,
Gaio, Ulpiano, Modestino, Papiniano – e mantém as considerações antes levantadas pelas
leis de Constantino, não sendo aplicadas em tribunal as notas críticas a Papiniano. Confirma
a autoridade das Pauli Sententiae. Utiliza-se de um critério quantitativo e qualitativo para casos
em que os cinco juristas divergissem sobre determinado assunto: seguir-se-ia a opinião mais
perfilhada pelos juristas; se divididos, irá prevalecer o lado com o suporte de Papiniano; em
casos em que Papiniano não expressasse opinião, o julgador poderá escolher qual posição
tomar.
A partir de agora, a jurisprudência é totalmente dependente do imperium. É o
derradeiro momento da morte da jurisprudência como atividade de livre pensamento do
Direito.
Compilações -
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