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Para Jennifer, a razão de tudo

Índice
Capa
Página Título
Dedicatória
Índice
Direitos Autorais
Dramatis Personae

Prólogo
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Quatorze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Capítulo Vinte Um
Capítulo Vinte Dois
Capítulo Vinte Três
Capítulo Vinte Quatro
Capítulo Vinte Cinco
Capítulo Vinte Seis
Capítulo Vinte Sete
Capítulo Vinte Oito
Capítulo Vinte Nove
Capítulo Trinta
Capítulo Trinta Um
Capítulo Trinta Dois
Capítulo Trinta Três
Epílogo

Sobre o Ebook
Agradecimentos
Sobre o Autor
A Velha República - Aniquilação é uma obra de ficção. Nomes, lugares, e
outros incidentes são produtos da imaginação do autor ou são usadas na
ficção. Qualquer semelhança a eventos atuais, locais, ou pessoas, vivo ou
morto, é mera coincidência.Direitos Autorais © 2012 da Lucasfilm Ltd. ®
TM onde indicada. Todos os direitos reservados. Publicado nos Estados
Unidos pela Del Rey, uma impressão da Random House, um divisão da
Penguin Random House LLC, Nova York. DEL REY e a HOUSE colophon
são marcas registradas da Penguin Random House LLC. ISBN 978-0-
345-53567-2
randomhousebooks.com/starwars.com/Facebook.com/starwarsbooks

TRADUTORES DOS WHILLS


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de Star Wars e com o único propósito de compartilhá-lo com outras que
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DRAMATIS PERSONAE
Theron Shan: Agente do Serviço de Informações Estratégicas da
República (humano)
Marcus Trant: Diretor do Serviço de Informações Estratégicas da
República (humano)
Jace Malcom: Supremo Comandante Militar da República (humano)
Satele Shan: Grã Mestra da Ordem Jedi (humana)
Gnost-Dural: Mestre Jedi (Kel Dor)
Teff'ith: contrabandista da Irmandade da Antiga Tion (Twi'lek feminino)
Gorvich: contrabandista da Irmandade da Antiga Tion (humano)
Darth Karrid: Lorde Sith (Falleen feminino)
Darth Marr: Lorde Sith (humano)
Ministro Davidge: Ministro Imperial de Logística (humano)
O AR DENTRO DA CAVERNA estava frio, mas um fino brilho de suor
cobria a pele de Satele Shan. A pedra dura e irregular escavou em suas
costas e nos ombros através do cobertor em que estava deitada. Ela se
mexeu e torceu para escapar do desconforto, a luz fraca dos bastões
luminosos lançando as sombras de seus membros contorcidos em uma
dança grotesca na parede oposta.
— Tente ficar parada, Satele.
Mestre Ngani Zho, o mentor que a levou ao santuário desta caverna,
falou baixinho, mas a sua voz profunda ainda ressoava nos limites estreitos
de seu refúgio escondido.
Lá fora, a galáxia foi tragada pela guerra. Os Sith, antigos inimigos da
Ordem Jedi os quais estavam extintos há muito tempo, haviam retornado
para ameaçar a existência da República o qual existia há milhares de anos-
padrão.
Satele Shan vira os horrores dessa guerra em primeira mão, lutando com
seus companheiros Jedi ao lado dos soldados da República contra as hordas
inimigas. Ela viu mundos queimarem. Viu amigos morrerem. Sofreu mais
do que jamais imaginara que poderia e sobrevivera. No entanto, a dor que
estava experimentando neste momento era algo completamente diferente.
Não há emoção, há paz.
O mantra dos Jedi a ajudou a se concentrar, e fechou os olhos enquanto
tentava recorrer à Força para se acalmar. Mas o seu corpo se recusou a
obedecer a sua mente e, em vez de um lento padrão de inspiração e
expiração, a sua respiração continuou a sair em suspiros irregulares e
rápidos.
Os Mestres da academia Jedi nunca a haviam preparado pra isso. Como
poderiam?
— Satele! Você pode me ouvir? Você está bem?
Os seus olhos se abriram em resposta à voz de Ngani Zho. Cerrando os
dentes enquanto outra onda de agonia a inundava, ela só assentiu em
resposta, com os dedos apertando a mão dele enquanto tentava extrair
forças para se sustentar nessa provação.
— Estamos quase terminando, Satele. Só mais um empurrão.
A contração final parecia que a estava rasgando, mas seguiu as
instruções de seu Mestre e empurrou apesar da dor. Satele gritou e, de
repente, a dor se foi. Um instante depois, os gritos altos de uma criança,
o seu filho, encheram a caverna.
— É um menino, Satele. — disse Mestre Zho enquanto cortava o cordão
umbilical. — Você tem um filho.
Satele sabia que a criança a qual carregava era do sexo masculino há
meses; ela o sentiu através da Força enquanto a sua vida se tornava mais
forte dentro dela. Mas ouvir as palavras ditas em voz alta de alguma forma
fez tudo parecer mais real. Ela trouxe vida para uma galáxia oprimida pela
morte.
— Aqui, Satele. — Mestre Zho sussurrou, segurando a criança para ela.
Exausta, lutou para encontrar forças suficientes para alcançá-lo com seus
braços cansados. Ngani embrulhou o bebê em um cobertor quente e o
envolveu como se estivera no útero, ele não estava mais chorando.
Puxando a criança para perto do peito, não pôde deixar de imaginar que
destino a Força havia escolhido para o filho. Não tinha dúvida de que o
caminho dele seria difícil, pois nesses tempos sombrios nenhum caminho
era fácil. Que papel ele jogaria no destino da galáxia?
Conhecia bem o seu próprio papel: Satele Shan, herói da República,
modelo da Ordem Jedi. Forte na força. Era uma defensora da luz; um
símbolo; um ícone.
A hierarquia a via como a personificação de tudo o que os Jedi e a
República representavam. E foi por isso que foi forçada a esconder a sua
gravidez. Nos primeiros meses, tinha sido simples, as roupas Jedi folgadas
cobriam facilmente o inchaço da barriga. Mas, nos meses posteriores, era
necessário um ardil mais elaborado.
Não poderia ter feito isso sem a ajuda do Mestre Zho. Quando a sua
condição se tornou impossível de ocultar e foi forçada a se esconder, ele
havia dito ao Conselho Jedi e aos líderes das forças armadas da República
que havia enviado Satele em uma missão vital, algo que não podia falar por
medo de pôr em perigo a vida dela. Dada a reputação impecável do mestre
Zho, ninguém o questionou.
Agora, porém, a missão terminara. Estava na hora dela voltar; a
República lutou muito tempo sem a sua campeã. O avanço implacável do
Império Sith tinha ido longe demais. Não podia mais ignorar a necessidade
da República.
— Você tem certeza disso, Satele? Você não quer reconsiderar?
Satele olhou para o bebê descansando tão pacificamente em seus braços
e percebeu que apreciaria esse momento pelo resto da sua vida. Sempre que
estava assustada, sozinha ou consumida pela dor, poderia puxar pela
memória a primeira vez que segurou o seu filho.
Nos estágios iniciais de sua gravidez, lutou contra os seus sentimentos
maternos ao sentir a vida crescendo dentro dela. Tentou racionalizar os seus
instintos protetores como nada mais que um imperativo biológico, um
mecanismo evolutivo para garantir a propagação das espécies. Mas, com o
passar das semanas e meses, percebeu que o seu amor pelo feto era mais do
que apenas biologia e hormônios. O vínculo emocional era real, e o seu
desejo de fazer qualquer coisa, correr qualquer risco ou cometer qualquer
ato, para proteger o seu filho era quase irresistível.
Ela faria tudo ao seu alcance para protegê-lo, até coisas terríveis e
violentas. Colocaria as necessidades dele acima de todas as outras, mesmo
que isso significasse que um planeta inteiro deveria sofrer para poupá-lo da
dor. Dada a sua posição e poder, isso era inaceitável.
— Você prometeu que iria levá-lo. — disse Satele suavemente, olhando
para os olhos arregalados da criança.
— Vou. — Ngani assegurou. — Se ainda é o que você quer.
— O que eu quero não tem nada a ver com isso. — ela murmurou
enquanto relutantemente entregava a criança de volta ao seu mestre. — Pelo
bem da galáxia, é isso que deve ser.
Quando tirou a criança de seus braços, o momento de maior alegria que
jamais conheceria terminou. A criança começou a choramingar, então
Ngani se levantou e começou a atravessar rapidamente o chão irregular da
caverna. O movimento pareceu acalmar a criança, para grande alívio de
Satele.
— E você tem certeza de que não quer contar ao pai? — perguntou o
Mestre, enquanto andava.
— Não. Ele é um homem bom, mas há trevas nele.
Ngani assentiu, aceitando a sua decisão.
— Qual o nome dele? — Ele perguntou.
Satele ficou momentaneamente surpreso. Ele nunca perguntou o nome
do pai antes, e nunca o ofereceu. Então percebeu que estava falando sobre o
bebê.
— Você vai criá-lo. — disse ela balançando a cabeça. — Você deveria
escolher o nome dele.
O Mestre Jedi parou de andar e encarou-a com um olhar que lembrava
de seus dias como Padawan.
Você é a mãe dele. O nome dele deve vir de você.
Satele virou a cabeça para o lado e fechou os olhos quando a exaustão
tomou conta dela.
— Theron. — ela murmurou. — O nome dele é Theron.
THERON SHAN ANDOU RAPIDAMENTE PELAS ruas
movimentadas do passeio marítimo de Nar Shaddaa. As suas feições
despretensiosas, pele pálida, cabelos castanhos, olhos castanhos,
constituição mediana, permitiram a ele se que misturasse facilmente à
multidão. Os implantes cibernéticos visíveis ao redor do olho esquerdo e da
orelha direita eram as suas características mais marcantes, mas não era o
único que os usava em Nar Shaddaa, e eles normalmente não chamavam a
atenção indesejada.
A lua controlada pelos Hutt era uma paisagem de expansão urbana sem
restrições, marcada por torres imensas abarrotadas de pessoas muito
próximas umas das outras e berrantes cartazes brilhantes que dominavam o
horizonte até onde os olhos podiam ver em todas as direções. Às vezes
chamado Pequena Coruscant, era difícil aceitar Nar Shaddaa como uma
verdadeira homenagem ao mundo da capital da República; aos olhos de
Theron, era mais parecido com uma paródia grotesca.
O Coruscant havia sido projetado tendo em vista a estética: havia um
fluxo agradável para a paisagem urbana e um estilo consistente e
complementar para a arquitetura. A cidade foi cuidadosamente dividida em
vários distritos, facilitando a navegação. Os passeios para pedestres estavam
lotados, mas limpos, o fluxo interminável de velocidades no ar permanecia
nas faixas de tráfego designadas. Em Coruscant, havia um inconfundível
senso de ordem e propósito. Às vezes, Theron achava isso positivamente
sufocante.
Ali na Lua dos Contrabandistas, no entanto, era um glorioso salve-se-
quem-puder. Prédios residenciais degradados estavam espalhados ao acaso
entre estruturas comerciais de aparência decadente; as fábricas confinavam
com restaurantes e clubes, sem levar em consideração as nuvens tóxicas de
sujeira que derramavam sobre os clientes. Sem regras de trânsito em vigor,
swoops bikes velozes disparavam e mergulhavam em direções
aparentemente aleatórias, às vezes voando tão baixo que os pedestres se
abaixavam e cobriam a cabeça.
Quando Theron virou uma esquina, percebeu que alguém o estava
seguindo. Na verdade, não tinha visto ninguém atrás dele, mas podia sentir.
Podia sentir os olhos observando-o, examinando-o, medindo-o como um
alvo.
Mestre Ngani Zho, o Jedi que o criou, provavelmente teria afirmado que
a consciência de Theron veio através da Força. Mas, apesar de vir de uma
longa linhagem de famosos Jedi, Theron não pertencia à Ordem. De fato,
não tinha nenhuma conexão especial com a Força.
O que teve foi uma década de experiência trabalhando para o Serviço de
Informações Estratégicas da República. Foi treinado para perceber detalhes
minuciosos; estar sempre atento ao seu entorno. E mesmo que a sua mente
consciente estivesse distraída com os detalhes de a sua missão futura, o seu
subconsciente instintivamente percebeu algo que provocou alarmes em sua
cabeça. Sabia que não deveria ignorá-los. Cuidadoso para não diminuir a
passada, virar a cabeça ou fazer qualquer outra coisa que possa dar um
impulso ao perseguidor, Theron usou a sua visão periférica para examinar a
área.
No nível da rua, tudo era uma confusão caótica de cores vivas e
reluzentes. Um ataque constante de um exército de placas e cartazes rosa,
roxos, verdes e azuis os quais forneciam a camuflagem perfeita para quem o
estivesse seguindo. Felizmente, a intensidade do inevitável néon foi abafada
pela camada de sujeira que se agarrava a todas as superfícies, um lembrete
da poluição não controlada da atmosfera que acabaria por transformar Nar
Shaddaa em um deserto inabitável.
Não era fácil escolher alguém que parecesse desconfiado na multidão. A
população da Lua dos Contrabandistas era tão variada, imprevisível e
decadente quanto os arredores. Nos anos desde a assinatura do Tratado de
Coruscant, os Hutts permaneceram firmemente neutros na guerra fria em
curso entre a República e o Império Sith, tornando Nar Shaddaa um local de
encontro comum para elementos criminosos de todos os cantos da galáxia:
escravos do Sol Negro, batedores de carteira Rodianos, Twi’leks golpistas,
traficantes Chevin. Toda e qualquer atividade ilícita era tolerada em Nar
Shaddaa, desde que os Hutts recebessem a sua parte.
Ainda assim, haviam aqueles muito gananciosos ou estúpidos para
interromper os Hutts em suas ações. Quando isso acontecia, havia
consequências. As coisas ficavam feias.
É disso que se trata? Theron se perguntou. Morbo está comigo? Ele
enviou alguém pra me levar embora?
Passou pela estátua de Karragga, o inflexível que dominava o Calçadão.
Embora tivesse estado em Nar Shaddaa muitas vezes, não pôde deixar de
fazer uma pausa por um segundo e balançar a cabeça em descrença: um
Hutt de trinta metros de altura, feito de ouro maciço, era ostensivo demais
para ignorar. Balançar a cabeça também lhe deu a chance de olhar
rapidamente de um lado para o outro para vislumbrar alguém entrando pela
porta à sua esquerda. Ele não deu uma boa olhada em quem quer que fosse,
mas o movimento repentino não era natural o suficiente para se destacar.
Alguém trabalhando sozinho. Pode ser um assaltante. Ou um assassino
treinado.
Theron estava com um cronograma apertado; estava na hora de forçar a
ação. Virou uma rua lateral estreita, deixando pra trás a pior das multidões,
e a relativa segurança que elas proporcionam. Na rua principal haviam
menos luzes de neon e mais cantos sombrios. Se a sua sombra tentaria
alguma coisa, este era o lugar perfeito para fazer uma jogada.
Um ligeiro zumbido do implante cibernético em sua orelha direita o
alertou para uma transmissão recebida. Havia só uma pessoa que conhecia a
sua frequência particular. Theron teve que atender a ligação.
— Aceite a ligação. — ele sussurrou. Mais alto, ele disse: — Diretor.
— Theron. — O chefe do Serviço de Informações Estratégicas, como
sempre, parecia irritado. — Onde você está?
— Estou de férias. — respondeu Theron. — Eu dedico alguns R e R.
Lembra?
Theron percebeu que a ligação do diretor poderia funcionar a seu favor.
Quem o seguisse pensaria que estava distraído, vulnerável. Tudo o que
tinha que fazer era fingir estar inconsciente enquanto ouvia o seu
perseguidor se aproximar, e de repente virar a mesa.
— Férias, hein? — o diretor resmungou em seu ouvido enquanto Theron
continuava mais adiante no beco deserto. — Isso é engraçado, porque tenho
um relatório de que um de nossos agentes de campo de que foi flagrado
bisbilhotando Nar Shaddaa.
— Você está me vigiando?
— O que você está fazendo com Nar Shaddaa? — Exigiu o diretor.
— Talvez eu só goste do clima.
— Das nuvens de fumaça e chuva ácida? Não é provável. Você está
tramando algo.
Bem, agora estou prestes a ser emboscado em um beco escuro, pensou
Theron.
— Estou cuidando de alguns assuntos pessoais. — ele disse em voz alta.
— No que Teff'ith está metido agora? — o diretor perguntou com um
suspiro.
Mesmo que ele não pudesse ver o homem do outro lado da ligação,
Theron podia imaginar seu chefe esfregando as têmporas, exasperado.
— Teff'ith não é uma garota má. — insistiu Theron. — Ela só tende a
cair com a gente errada.
— Acho que isso explica como ela acabou trabalhando com você. —
resmungou o diretor.
Theron parou de andar e estava de pé com uma mão até o link
cibernético no ouvido, olhando pra frente.
Pode muito bem estar usando uma placa que diz: venha e me pegue!
Está na hora de agir, quem você for.
— Ngani Zho viu algo especial nela. — disse Theron ao diretor.
— Eu sei que o mestre Zho criou você, mas quando ele conheceu
Teff'ith, ele estava... perturbado.
Você quase disse louco, não é?
— Ela tem contatos importantes no submundo. — explicou Theron. — e
sabe como lidar consigo mesma em uma situação difícil. Podemos precisar
de um favor dela algum dia. Estou apenas procurando um ativo em
potencial.
— O que faz você pensar que ela poderia nos ajudar? Teff'ith não disse
que o mataria se o visse novamente?
— Então vou garantir que ela não me veja.
— Odeio fazer isso, Theron. — disse o diretor com outro suspiro. —
Mas estou ordenando que você saia de Nar Shaddaa. É para o seu próprio
bem.
Theron sentiu a forma inconfundível da ponta de uma lâmina vibratória
pressionando contra as suas costas e uma voz profunda rosnou:
— Mova-se e você está morto! — disse em seu outro ouvido.
— Você se preocupa demais. — disse Theron ao diretor, mantendo a voz
leve. — Tudo está sob controle. — Em um sussurro, ele acrescentou: —
Desconecte. — e o comunicador em seu ouvido encerrou.
— Levante as mãos! — rosnou o seu agressor invisível.
Theron lentamente levantou os braços no ar, xingando-se
silenciosamente por deixar o seu agressor chegar tão perto.
Nunca o ouvi chegando. Eu era realmente tão desleixado ou ele é tão
bom?
— Solte a arma.
As palavras estavam em básico, mas a voz definitivamente não era
humana, era muito profunda, muito estridente. O orador era grande, mas
sem se virar, não havia como Theron identificar com que espécie estava
lidando.
O comunicador em seu ouvido tocou novamente, mas desta vez Theron
ignorou a ligação do diretor. Apertou os dentes duas vezes, desligando
temporariamente a cibernética para que pudesse se concentrar em sair vivo
do beco.
— Eu disse para largar a arma!
A ordem foi acentuada por um golpe da lâmina nas costas de Theron.
Abaixando-se devagar, Theron deslizou a pistola blaster do coldre no
quadril e a deixou cair no chão. Considerou brevemente fazer um
movimento; havia uma dúzia de maneiras pelas quais poderia tentar
surpreender e desarmar o seu oponente. Mas sem saber exatamente quem
ou o que estava enfrentando, era muito arriscado.
Paciência. Analise a situação. Aguarde a sua chance.
— Esses são alguns protetores de pulso sofisticados que você tem.
Talvez tenha um dardo envenenado ou um determinado blaster, certo?
Solte-os.
Qualquer esperança a qual Theron teve de pegar seu agressor de
surpresa com as armas em seus braceletes personalizados desapareceu
quando soltou as faixas de metal de seus antebraços e as deixou cair aos
seus pés.
O fato de o agressor ter marcado as braçadeiras como armas em
potencial também significava que não era um assaltante comum. Um agente
imperial provavelmente reconheceria as braçadeiras, mas não fazia sentido
que alguém visasse Theron em um mundo controlado por Hutts...
especialmente agora que a Inteligência Imperial havia sido oficialmente
dissolvida. Isso deixou apenas uma outra opção provável, e perturbadora:
um caçador de recompensas ou assassino trabalhando para Morbo o Hutt.
— Agora vire-se, bem devagar.
A pressão da lâmina diminuiu quando o emboscador deu um passo pra
trás. Theron virou-se para ver um Houk de pele violeta pairando sobre ele,
com o seu torso pesado e membros musculosos e grossos, parecendo
preencher toda a largura do beco estreito. As suas feições de sapo estavam
fixas em uma carranca sombria, com os olhos fixos intensamente na vítima.
Tinha certeza de que o Houk não tinha nenhum apoio, teria notado se
houvesse mais de uma pessoa seguindo-o. Mas mesmo se estivesse agindo
sozinho, Theron não era páreo para o musculoso bruto. Em condições
normais, conseguia recuperar o que lhe faltava em força com rapidez, mas
nos confins do beco estreito, evitar a vibrante lâmina mortal pode ser
difícil... especialmente se o Houk fosse treinado em combates de curta
distância. Dada a sua escolha de arma, Theron teve que assumir que estava
enfrentando um oponente capaz e mortal.
— Qual é o seu interesse no Morbo? — Perguntou o Houk.
— Não faço ideia do que você está falando. — disse Theron, a sua
hipótese anterior sobre seu emboscador trabalhando para o Hutt
aparentemente confirmada.
— Vi você explorando a casa de Morbo nos últimos três dias. — o Houk
rosnou. — Minta pra mim de novo, e não vai gostar de ver isso. —
acrescentou, acenando com a lâmina vibratória pra trás e pra a frente para
enfatizar.
A ameaça não incomodou Theron quase tanto quanto a percepção de que
havia sido feito durante as suas viagens de reconhecimento ao clube de
Morbo.
— Nunca te vi no Morbo. — admitiu Theron. — Acho que ninguém me
viu também.
— Fui treinado para saber o que procurar. — respondeu o Houk.
Treinado? Theron se perguntou. Por quem? Inteligência Imperial?
Como se estivesse ecoando seus próprios pensamentos, o Houk
perguntou:
— Para quem você está trabalhando?
Theron não estava disposto a revelar a sua conexão com o SIE e
suspeitava que outra resposta evasiva seria recebida com violência.
— Atire! — Theron gritou, como se estivesse chamando um cúmplice
invisível.
A cabeça do Houk virou apenas uma fração enquanto reagiu ao blefe de
Theron.
Aproveitando a distração, Theron atacou com um chute rápido no meio
do Houk. O impacto não causou nenhum dano real, mas momentaneamente
derrubou o grande alienígena, dando a Theron mais espaço para operar.
Já estava recuando em antecipação ao contra-ataque; mesmo assim mal
evitou a investida esperada de seu oponente. Como temia, o Houk não era
só um brigão desajeitado, ele era mais rápido do que parecia.
Enquanto o Houk se mexeu, Theron tentou desarmá-lo com uma trava
de pulso, alcançando a mão a qual segurava a lâmina. O Houk rebateu,
torcendo o corpo e jogando o ombro oposto em Theron, fazendo-o recuar.
Incapaz de pousar os pés, Theron foi forçado a ficar na defensiva. O
beco era muito estreito para se esquivar de um lado para o outro, então a
sua única opção era recuar em grande escala, recuando rapidamente
enquanto o Houk avançava, a lâmina cortando e esfaqueando o ar vazio
centímetros do peito de Theron. Theron de repente parou e caiu no chão,
rolando nas pernas grossas de seu inimigo que avançava. O movimento
pegou o Houk de surpresa; tropeçou em Theron e caiu no chão, a queda
derrubando a lâmina vibratória de suas mãos.
Um dos joelhos nodosos do Houk pegou Theron no queixo quando caiu
sobre ele, dividindo os lábios e fazendo-o ver estrelas. Tonto, Theron
ignorou a dor e se levantou e, no seu primeiro passo, cambaleou de lado
para o lado do beco antes de cair de volta no chão.
Uma mão enorme se fechou em torno de seu tornozelo quando o Houk,
ainda inclinado, tentou arrastar Theron para perto o suficiente para acabar
com ele. Theron bateu com a perna livre, batendo o pé duas vezes no rosto
corpulento do Houk. As garras visuais escorregaram apenas o suficiente
para Theron se libertar com um giro contorcido, e se ajoelhou para onde o
seu blaster e braçadeiras estavam no chão.
O Houk lutou para se levantar, mas, quando estava em pé, Theron pegou
uma das braçadeiras, bateu no antebraço direito e mirou.
— Toxicidade sete. — ele murmurou, apertando a mão em um punho
fechado.
Um pequeno dardo foi lançado de um cano fino embutido no braçadeira
e enterrou-se no peito do Houk. O poderoso alienígena ficou rígido quando
uma poderosa carga elétrica surgiu através dele. Convulsionou por vários
segundos e depois caiu no chão, se contorcendo um pouco com os efeitos
posteriores.
Theron pensou no que fazer com o Houk imobilizado, mas ainda
consciente, enquanto rapidamente reunia seu equipamento. Não demorou
muito para que os efeitos do tiro elétrico passasse, mas pelos próximos
minutos o Houk estava basicamente desamparado. Theron não estava
disposto a executar um oponente indefeso... mas não estava acima de
interrogá-lo.
— Toxicidade dois. — ele sussurrou, disparando outro dardo na coxa do
Houk à queima-roupa.
Esperou trinta segundos para que a droga que confunde a mente tivesse
efeito antes de começar a fazer perguntas.
— Como você me viu? — Ele perguntou. — Você disse que foi treinado.
Por quem?
O Houk sacudiu a cabeça, grogue, lutando para resistir aos produtos
químicos que passavam por seu sistema. Em alguns minutos, eles o
deixariam inconsciente, Theron precisava obter respostas antes que isso
acontecesse.
— Ei! — Theron estalou, dando um tapa na bochecha carnuda do Houk.
— Quem treinou você?
— Serviço de Informação da República. — murmurou Houk.
— SIE da República? — Theron repetiu, com a sua mente lutando para
aceitar o que acabara de ouvir.
— Vigilância encoberta. — confirmou o grogue Houk, com a língua
solta pelo soro da verdade de Theron. — Observando Morbo. Parte da
operação Transom.
O SIE está de olho em Morbo. Não admira que o diretor soubesse que
eu estava aqui.
Theron nunca tinha ouvido falar de Transom, mas isso não era incomum.
O SIE tinha missões em andamento em toda a galáxia, e apenas o diretor e
os agentes envolvidos estariam cientes dos detalhes.
Minha sorte de tropeçar em uma missão ativa do SIE.
— O que você vai fazer comigo? — O Houk perguntou, arrastando as
suas palavras e lutando para manter os olhos abertos enquanto o sono o
arrastava lentamente.
— Relaxe, grandão. — disse Theron. — Estamos do mesmo lado.
O diretor ordenou a Theron que se desligasse de Nar Shaddaa;
obviamente estava preocupado com ele interferindo com o Transom,
qualquer que fosse. Mas a vida de Teff'ith estava em risco e Theron não a
abandonaria, mesmo que isso significasse desafiar uma ordem direta.
O Houk começou a roncar alto, encerrando qualquer esperança de que
Theron lhe pedisse mais detalhes sobre a Operação Transom.
Tem que estar nos estágios iniciais, pensou Theron. Eles ainda estão
apenas observando o alvo. Se eu entrar e sair rapidamente, não deverá ter
nenhum impacto significativo na missão.
Sabia que o diretor nunca compraria esse argumento como justificativa
para o que estava prestes a fazer. Mas sempre foi mais fácil pedir perdão do
que permissão.
Agarrando os braços do Houk, ele arrastou o alienígena adormecido para
um canto do beco, escondendo-o atrás de várias lixeiras. Ele iria acordar em
algumas horas com uma dor de cabeça latejante, mas por outro lado ileso.
Bastante tempo para Theron se encontrar com Morbo e barganhar pela vida
de Teff'ith.
Partiu pelo beco apressadamente, tentando não pensar no fato de que
estava colocando toda a sua carreira em risco.
O LÁBIO DE THERON COMEÇOU A INCHAR com o golpe do
joelho do Houk; se sentiu como se tivesse sido esmagado com o capacete de
um ciclista. Tinha alguns pequenos kits médicos enfiados no cinto, mas não
parecia valer a pena. A ferida era dolorosa, mas não debilitante.
Em vez disso, realizou uma série simples de exercícios mentais que
Ngani Zho havia lhe ensinado a acalmar o corpo e a mente. Era um truque
que os Jedi usavam para ajudá-los a recorrer à Força para se curarem, mas
Theron descobrira que haviam benefícios até para alguém como ele.
Reconheceu a dor no lábio, abraçou-a e depois a deixou escapar de sua
consciência. Quase instantaneamente a dor diminuiu, embora o dano
permanecesse. Estava bom o suficiente até que a missão terminasse e
pudesse conseguir um droide médico para consertá-lo adequadamente.
Percorrendo as ruas do interior sem maiores incidentes, emergiu no
canto de uma pequena praça no Distrito da Luz Vermelha. Haviam menos
pessoas ali do que no Calçadão, mas estava lotado o suficiente para Theron
ficar de olho nos batedores de carteira quando atravessou a praça. Um trio
de adolescentes em swoops bikes agitou a multidão, voando nas cores de
uma das gangues de rua locais. Eles riram dos gritos raivosos dos pedestres,
circulando zombeteiramente logo acima de suas cabeças antes de se
afastarem para desaparecer na esquina.
Theron prestou pouca atenção a eles quando se aproximou de seu
destino: um prédio baixo, de dois andares, do outro lado da praça de
propriedade de Morbo, o Hutt, um dos muitos senhores da criminalidade
local da lua. Na frente do prédio havia um pequeno bar do cassino chamado
Paraíso de Morbo; na parte de trás havia um armazém para armazenar
quaisquer bens ilegais que o Hutt estivesse traficando, junto com o
escritório particular de Morbo.
O plano era simples: Ir até o clube, entregar um punhado de créditos ao
gerente e pedir por uma reunião com Morbo. Uma vez lá dentro, Theron
usaria os seus poderes de persuasão, e a ganância e do interesse do próprio
do Hutt, para convencer Morbo a cancelar o golpe contra Teff'ith e da sua
tripulação. Rápido, limpo e simples não era o estilo usual de Theron, mas
não estava com disposição para nenhuma surpresa.
O clube estava mais cheio que o normal. Isso provavelmente era
irrelevante, mas Theron não pôde deixar de notar. Após a emboscada no
beco, os seus sentidos estavam em alerta máximo. Rapidamente examinou o
clube em busca de alguém que parecesse deslocado, se o SIE tivesse
designado o Houk para ficar de olho em Morbo, poderia haver outros
agentes no caso.
Não viu ninguém que chamasse a sua atenção, mas notou algo incomum.
A maioria dos clientes não estava apostando. Bebiam um gole, sentados
sozinhos ou em pares nas mesas e no bar como se esperassem algo. Alguns
o estudaram abertamente enquanto caminhava em direção a Rers Shallit, o
gerente Neimoidiano do clube, o qual estava parado em um canto perto da
parte traseira. Atrás dele, um par de seguranças Gamorreanos ficava de cada
lado de uma porta que dava para os aposentos nos fundos do clube.
No início de suas investigações preliminares, Theron havia aprendido
que Rers era o segundo em comando de Morbo. O Hutt dava as ordens; o
Neimoidiano estava encarregado de cumpri-las. Theron também aprendeu
que Rers era burro o suficiente para dar golpes quando Morbo não estava
olhando, mas era inteligente o suficiente para mantê-los pequenos e
imperceptíveis.
Ansioso neste momento para terminar a missão, Theron pulou todo o
fingimento.
— Preciso falar com o Morbo.
— Esqueça. Vá esperar com os outros.
A resposta pegou Theron desprevenido. Esperava que Rers dissesse algo
como: ninguém fala com Morbo. Fale comigo e eu vou passar adiante. Ou
talvez, o que há pra mim?
A resposta inesperada alimentou a curiosidade já acesa de Theron; que
lutou para permanecer no roteiro.
— Entre em contato com o seu chefe e farei valer a pena.
O Neimoidiano segurou-o com um olhar fulminante.
— Morbo realiza um leilão legal. Sem espiada na mercadoria. Vá se
sentar antes que isso fique feio.
Os Gamorreanos se viraram pra ele, com os focinhos de porco ondulado
em antecipação, revelando as suas presas salientes.
— Não se pode culpar um cara por tentar. — disse Theron com um
encolher de ombros enquanto as peças se encaixavam no lugar. Os clientes
extras do clube não estavam apostando porque estavam ali procurando
comprar. Theron não ouvira nada sobre um leilão nos três dias em que
esteve em Nar Shaddaa. Deve ter sido criado semanas antes; potenciais
compradores já entraram em contato muito antes dele chegar. E Theron
podia pensar em apenas uma razão para todo o sigilo.
Morbo está leiloando prisioneiros de guerra capturados da República.
A escravidão era legal no Império Sith e nos mundos controlados por
Hutts. A República geralmente ignorava o comércio de escravos dos Hutts,
mas havia uma exceção notável. Qualquer Hutt que leiloasse soldados
capturados da República inevitavelmente se tornaria alvo de retaliação
secreta da República: corsários apreendendo carga em trânsito, vândalos
anônimos mirando as propriedades e armazéns dos Hutts em vários
planetas, funcionários da alfândega dos Mundos Centrais realizando
inúmeras inspeções "aleatórias" nas remessas que chegavam parceiros de
negócios do Hutt.
Vender prisioneiros de guerra como escravos era um mau negócio, e a
maioria dos Hutts evitava. Mas Morbo era ganancioso, mesmo para a sua
espécie notoriamente avarenta, e um leilão secreto de prisioneiros da
República estava acima de sua especialidade.
Consciente de que Rers ainda o observava, Theron caminhou até uma
mesa vazia perto da entrada e se sentou. Os seguranças Gamorreanos
observaram a sua retirada, com os focinhos desapontados com a chance
perdida de espancar um cliente aparentemente desamparado.
Sentou-se em seu assento e refletiu sobre as suas opções. Todo mundo
provavelmente presumiu que representava um comprador que desejava
permanecer anônimo e que teria que concordar se não quisesse levantar
suspeitas. Podia esperar o leilão, fazer alguns lances baixos para fazer a sua
parte e tentar se encontrar com Morbo depois de barganhar pela vida de
Teff'ith. Esse seria o curso de ação mais prudente. Mas a ideia de ficar
sentado à toa enquanto os seus companheiros soldados eram leiloados como
bens móveis irritava Theron.
E se eu não sou o único que não está disposto a deixar isso acontecer?
É disso que trata a Operação Transom?
Por outro lado, se o SIE tivesse ouvido sobre o leilão secreto de Morbo,
o diretor poderia ter reunido uma operação especial para tentar libertar os
seus companheiros soldados.
E eu poderia ter estragado tudo, eliminando o agente da Operação
Transom.
O primeiro instinto de Theron foi fazer o que fosse necessário para
libertar os prisioneiros da República, se estragou a missão, deveria corrigi-
la. Por outro lado, se a Transom ainda estava ativa, a última coisa que
Theron queria era atrapalhar.
Não havia como saber qual era a decisão certa; não sem mais
informações. Infelizmente, entrar em contato com o SIE e isso não era uma
opção. Como todos os cassinos do Distrito da Luz Vermelha, o clube de
Morbo estava equipado com equipamentos de segurança de primeira linha.
Qualquer transmissão de entrada ou saída em um raio de três blocos seria
interceptada e analisada, uma precaução padrão para impedir que os
trapaceiros se comuniquem com um parceiro fora do cassino que poderia
estar usando um computador para calcular as probabilidades dos jogos.
Theron examinou a multidão, procurando novamente por algum sinal de
que o SIE tinha outro agente no lugar como comprador. Mas ninguém se
destacou da multidão... é claro. Se o fizessem, a missão seria destruída.
Tenho que fazer a ligação. Aguarde ou fique de pé e fique em
movimento.
Para Theron, não era difícil chegar a uma decisão. Rers e os outros
clientes haviam mudado o seu foco dele para os outros recém-chegados, lhe
facilitando de se levantar e deslizar para fora sem chamar a atenção.
Na frente do clube, lançou um rápido olhar para se certificar de que
ninguém estava olhando, depois entrou casualmente no beco lateral e foi
para o armazém construído na parte de trás. Não precisava ver o interior
para retratar a cena: guardas armados vigiando prisioneiros infelizes prestes
a serem leiloados.
Havia uma única porta de duraço nos fundos, com um par de janelas
escurecidas de mentira. Ele abriu a porta; tomar a entrada óbvia daria aos
guardas tempo para reagir. Era improvável que as janelas estivessem com
alarmes ou protegidas por um campo de segurança, a dificuldade de
alcançá-las era suficiente para defesa. Considerou escalar a parede para
chegar às janelas, mas estaria exposto se algum dos guardas vagasse pelo
beco dos fundos. Melhor ir sobre eles de cima, onde era menos provável
que fosse notado.
Theron voltou para a frente do clube e se fundiu com o fluxo de
pedestres que vagavam pela praça. Caminhou no meio do quarteirão,
passou por três prédios do mesmo lado da rua e parou na entrada de uma
faixa estreita ao lado de um prédio de três andares; a julgar pela sinalização,
era uma combinação de casa de penhores e salão de dança. Verificou se
havia alguém assistindo.
Os três bandidos nas speeders que vira antes voltaram a subir, voando
tão baixo que os pedestres tiveram que se abaixar para evitar serem mortos.
Eles gritaram e bateram antes de subir em segurança para fora do alcance e
acelerar a distância. Theron aproveitou a distração e entrou no beco,
caminhando para a parte de trás do prédio. Puxou as luvas de escalada de
onde estavam enfiadas na parte de trás do cinto, puxou-as pelas mãos e
flexionou os dedos. Testou a aderência na lateral do prédio; um milhão de
nanofibras em forma de agulha tecidas no tecido das luvas presas nas
imperfeições invisíveis da superfície aparentemente lisa, dando-lhe a
atribuição.
Movendo-se com a destreza símia de um tacômetro de Kashyyyk, correu
para o lado da parede exterior da loja de penhores e para o telhado. Não
parou nem para recuperar o fôlego, dando três passos rápidos e saltando
pelo beco estreito que separava a casa de penhores do prédio de dois
andares ao lado. Aterrissou suavemente, dando uma pirueta para absorver o
impacto. O beco antes do prédio seguinte era um pouco mais largo, e mais
uma vez correu pelo telhado e pulou sem hesitar. No telhado do prédio
adjacente ao clube de Morbo, parou e contemplou a distância de quase dez
metros entre eles.
Você já fez saltos mais longos antes. E se você cair, você já sobreviveu a
coisa pior.
Preparando-se, correu em direção à borda. Meio passo antes de pular, os
três adolescentes corriam alegremente pelo beco à sua frente, sem perceber
que Theron estava pulando pelos telhados logo acima deles.
Distraído, Theron tropeçou, com a sua bota escorregando na superfície
irregular do telhado quando plantou o pé para o salto final. A memória
muscular de seu corpo reagiu instintivamente à súbita perda de equilíbrio e
de momento, lançando-se pra frente para compensar o seu centro de
gravidade variável; Theron ainda era capaz ganhar impulso para fora da
borda. No meio do caminho, percebeu que não iria conseguir. Jogou o braço
esquerdo pra fora em uma tentativa desesperada de agarrar a borda. As
pontas dos dedos de sua luva de escalada roçavam contra a superfície, as
nanofibras travaram no permacreto a meio metro abaixo do telhado.
O seu mergulho chegou a uma parada abrupta e chocante, quase
arrancando o ombro esquerdo de seu encaixe e o seu corpo torceu com tanta
força que bateu no prédio. Ele grunhiu de dor quando o vento foi arrancado
de seus pulmões. Apoiado por seu único, membro dolorido, balançava na
brisa e lutava para recuperar o fôlego.
Depois de alguns segundos, Theron se recuperou o suficiente para
alcançar e bater a palma da mão direita contra o prédio, permitindo que o
outro braço suportasse parte do peso. Ignorando o protesto do ombro
esquerdo, ergueu-se por cima da borda e deitou-se de bruços sobre o
telhado do clube de Morbo. Levantando-se, testou o ombro com uma rápida
variedade de movimentos. A dor o fez cerrar os dentes, mas nada parecia
gravemente danificado.
Ao mesmo tempo, Theron ouviu qualquer som indicando que a sua
chegada deselegante havia atraído a atenção de alguém dentro do clube.
Não ouvindo nada além do barulho dos adolescentes que se desviavam para
longe, agachou-se e correu pelo telhado até a beira da parede traseira. Tirou
do cinto um pedaço de fio fino e flexível, com um pequeno cortador a laser
de precisão e uma câmera em miniatura.
Theron ligou a câmera e a imagem que foi inserida em sua lente foi
transmitida para uma tela de visualização embutida no implante cibernético
em seu olho esquerdo. Usando a imagem retransmitida da câmera para
guiar a sua mão, cuidadosamente abaixou o fio sobre a borda até ficar no
canto superior esquerdo de uma das janelas escurecidas. Com uma série de
comandos sussurrados, Theron passou a câmera pelos espectros visível,
infravermelho e ultravioleta, procurando nos vários comprimentos de onda
o brilho fraco e cintilante que indicaria a presença de algum tipo de campo
de segurança que protegesse as janelas.
Não ficou surpreso ao descobrir que as janelas estavam limpas; mesmo
Morbo não podia se dar ao luxo de investir em caros campos de segurança
eletrônica em todos os pontos de acesso possíveis.
Theron torceu a base do fio e o laser foi ativado, derretendo um pequeno
orifício no canto do vidro e permitindo que trabalhasse a câmera para dar
uma olhada dentro do armazém. Haviam caixas espalhadas e contêineres.
No canto de trás, quatro Cathar estavam amontoados no chão, três homens e
uma mulher. Os prisioneiros estavam com as mãos cruzadas atrás das
costas, a cabeça erguida, embora os seus traços felinos estivessem em uma
resignação sombria. Uma dupla de guardas armados, ambos humanos, os
vigiava, com as suas posturas relaxadas e expressões desinteressadas
revelando o seu tédio enquanto esperavam que Morbo iniciasse o leilão.
Movendo o laser em círculos lentos, Theron derreteu a janela num
buraco circular até que fosse grande o suficiente para passar a mão, mas
esperançosamente ainda pequeno o suficiente para escapar da atenção.
Retraiu o fio, guardou-o com segurança no cinto e depois se abaixou
cuidadosamente sobre a borda até que seus pés descansassem no parapeito
da janela.
Usando a luva de escalada da mão esquerda para ajudar a manter o
equilíbrio, espiou pelo buraco, identificando a localização de cada guarda
com o implante automático de mira no olho esquerdo. Ele se mexeu para
poder deslizar a mão direita pelo buraco no copo. Embora disparando às
cegas, os seus aprimoramentos cibernéticos o mantiveram preso aos seus
alvos quando sussurrou "Toxicidade seis" e lançou os dois últimos dardos
de seu braço.
Quando espiou pelo buraco da janela, viu que os dois guardas estavam
caídos e saídos. Os cativos no chão olhavam em volta com uma mistura
confusa de medo e esperança. Sabendo que era improvável que alguém no
cassino na frente do clube ouvisse, Theron virou a cabeça pro lado e deu um
soco no resto do vidro com o punho.
Movendo-se rapidamente, apertou a moldura da janela e deixou-se cair
no chão abaixo, dobrando e rolando para absorver o impacto. Ficou de pé e
levou um dedo aos lábios. A Cathar fêmea, membro sênior do grupo com
base nas suas listras de sargento, assentiu bruscamente, entendendo.
Theron vasculhou os bolsos dos inconscientes, encontrando uma
pequena chave no segundo guarda. Momentos depois, os Cath estavam
livres de suas algemas e de pé. Theron foi até a saída do outro lado do piso
do armazém. Garantiu que a porta do beco não estivesse trancada e que a
abertura não disparasse nenhum alarme, pois os Cath esfregavam os pulsos
para restaurar a circulação.
— Quem é você? — Perguntou a mulher cátara.
— SIE da República. — disse Theron. — Nós cuidamos dos nossos.
— Essa porta leva ao beco dos fundos. — acrescentou, apontando para a
saída. — Vocês dão conta daqui?
O Cath assentiu enquanto ela se abaixava e pegava o rifle do guarda a
seus pés. Um de seus companheiros pegou o outro blaster do segundo
guarda.
— Obrigado. — disse, antes que ela e os outros acelerassem em direção
à liberdade.
Uma vez que os Cath estavam em segurança, vasculhou o restante do
armazém até localizar a porta que dava para os escritórios particulares entre
o armazém na parte de trás do prédio e o clube do cassino em frente.
Theron abriu a porta com cuidado, espiando pela porta para descobrir que o
corredor estava vazio. Imaginou que os bandidos de Morbo provavelmente
estavam na frente, observando os possíveis compradores que esperavam o
leilão.
O corredor seguia em duas direções. Parado, Theron ouviu o murmúrio
inconfundível de um bar lotado saindo da direita, então se virou e seguiu na
direção oposta. Não precisou ir muito longe antes de encontrar o que
procurava: uma cortina grossa de contas pendurada em uma arcada no final
do corredor.
Theron entrou e ficou cara a cara com o dono do clube. O escritório
particular de Morbo era uma prova da gula, vaidade e avareza de sua
espécie. O volume do senhor do crime estava envolto em um luxuoso sofá
feito sob medida, e o resto da sala estava cheio de estátuas de ouro
opulentas, pinturas berrantes e outros objetos de arte extravagantes à
imagem do próprio senhor do crime. Várias servas Twi'lek correram pela
sala com os olhos abatidos enquanto levavam os restos do que parecia ser
um banquete exótico e luxuoso para uma dúzia de pessoas, mas Theron
percebeu que era só a refeição pré-leilão do Hutt.
Morbo olhou pra ele com desdém inconfundível. Claramente não via
Theron como uma ameaça, embora todos os seus servos tivessem se
retirado e se encolhido nos cantos distantes da sala.
— Eu disse ao Rers sem visitantes antes do leilão. — ele rosnou em
Huttês, com a sua voz tão profunda que Theron podia senti-la tremer pelo
chão e ficar em pé. — No próximo leilão, devo colocar esse Neimoidiano
inútil à venda.
Como todos os agentes do SIE, Theron era fluente em Huttês. Mas a
linguagem pressionava as cordas vocais humanas, então ficou com a
linguagem Básica para sua resposta.
— Eu não estou aqui para o leilão.
— Não? Volte mais tarde. — A língua comprida e grossa de Morbo
disparou para lamber uma mancha de graxa que escorria pelas bochechas do
queixo. — Tenho que mostrar minha mercadoria em dez minutos.
Theron não achou prudente mencionar que, por causa dele, o leilão
havia sido adiado indefinidamente.
— Serei rápido, grande e poderoso Morbo. O que tenho a dizer pode ser
muito lucrativo pra você.
A combinação de acariciar o ego de Hutt e soltar a palavra mágica
chamou a atenção de Morbo.
— Fale. É bom que valha a pena o meu tempo.
— Sei sobre o golpe contra os membros da Irmandade da Antiga Tion.
— disse Theron, pulando ao ir direto ao ponto.
Morbo riu, batendo com as mãos carnudas contra os rolos de gordura
que cobriam seu peito.
— Você está muito atrasado. Contratei outra pessoa pra esse trabalho.
— Não estou oferecendo o contrato. Quero que você cancele.
— Impossível. A Irmandade contrabandeava especiarias pelo meu
território sem pagar minha comissão. Já devia saber disso.
. — Eu não estou com a Irmandade. — assegurou Theron. —
Represento outros interesses.
— Então por que você se importa?
— Esta não é uma jogada inteligente de negócios. — continuou Theron,
evitando a pergunta enquanto a sua mente corria para chegar a um
argumento convincente que não revelaria quem era ou para quem
trabalhava. — Ir à guerra com a Irmandade pode ser caro. Mas cancele o
ataque e encontrarei os créditos para cobrir a sua comissão.
— Não se trata de créditos, — disse Morbo, com o seu corpo parecido
com uma lesma tremendo de raiva. — Desde que a Zedania assumiu, a
Irmandade da Antiga Tion vem se expandindo. À procura de um novo
território. Preciso enviar uma mensagem a ela, ninguém mexe com Morbo!
— A Zedania não autorizou esta missão. — explicou Theron. — Os
contrabandistas estão trabalhando por conta própria.
— Então ela não se importará se eu os eliminar.
— Um deles trabalha pra mim. — mentiu Theron. — Se você machucá-
la, eu vou me importar.
— Ela. — disse Morbo com um sorriso astuto. — Você quer dizer a
Twi'lek.
Theron não via muito sentido em negar. Ele assentiu.
— Você diz que ela trabalha pra você, — continuou Morbo, com o rabo
tremendo levemente. — Mas quem é você, exatamente?
— Alguém que quer ver a Zedania falhar. — mentiu Theron. —
Trabalhei duro para conseguir o meu contato perto dela. Se você não
cancelar esse ataque, tenho que começar de novo.
Morbo riu, com os rolos de gordura tremendo de prazer. Claramente, ele
apreciava a ideia de um espião dentro da organização criminosa de outra
pessoa. Os seus olhos se estreitaram enquanto tentava reunir os pedaços
aleatórios de verdade e ficção da história de Theron juntos em uma única
teoria.
— Você representa um rival que quer tomar o lugar de Zedania? Outra
gangue querendo derrubar a Irmandade? Aplicação da lei da hegemonia
de Tion?
— Eu realmente não posso dizer.
— Não importa de qualquer maneira. — disse Morbo com um suspiro
arrependido. — Os seus amigos estão prontos para sair. Eles estão
carregando a especiaria em sua nave. O meu pessoal já está indo para o
espaçoporto. Você está muito atrasado.
Theron xingou em Antigo Gamorrês quando girou nos calcanhares e
correu de volta pelo corredor. Enquanto corria em direção à porta que dava
para o armazém, ouviu gritos de surpresa vindo do outro lado; alguém
encontrou os guardas caídos.
Continuou passando pela porta do armazém, com as suas pernas
engolindo o chão em passos longos e rápidos enquanto continuava pelo
corredor e irrompeu pela porta que dava para o clube. Os seguranças
Gamorreanos de ambos os lados ficaram surpresos demais para tentar detê-
lo; o trabalho deles era impedir as pessoas de entrar por trás, não impedir
que alguém aparecesse.
Theron não olhou pra trás enquanto corria pela porta e para a rua, em
direção ao espaçoporto.
ENQUANTO SE MEXIA E SE MISTURAVA pela multidão, Theron
percebeu que nunca chegaria ao espaçoporto a pé. Felizmente, o
inconfundível gemido de motores de swoop deu-lhe uma ideia.
Correndo para o meio da praça onde seria mais visível, sacudiu o punho
e gritou para os jovens membros da gangue que circulavam de volta para
agitar a multidão mais uma vez.
— Pegue os seus brinquedos voadores e voltem pra casa, seus punks!
Como esperava, os três motoqueiros fizeram as suas investidas e foram
direto para ele, atraídos por seu desafio.
Theron se abaixou e cobriu a cabeça quando a primeira investida passou
zunindo alguns metros acima. O segundo chegou ainda mais perto. Theron
virou-se e correu em direção à cobertura do prédio mais próximo, lançando
olhares rápidos por cima do ombro enquanto fingia fugir aterrorizado. O
terceiro motoqueiro mordeu a isca e o perseguiu, acelerando para cortar a
frente de Theron antes que pudesse chegar em segurança. Ele voou muito
mais baixo que os outros dois, tentando forçar Theron a prostrar-se no chão
para evitar ser atingido por sua investida.
Theron desempenhou o seu papel se agachando como se estivesse
encolhido de medo; então, no último momento, levantou-se e agarrou o
braço do motoqueiro enquanto a swoop o atingiu por pouco.
Pego de surpresa, o jovem bandido foi arrancado de seu assento. Theron
o segurou por um instante, torcendo para que o motoqueiro caísse com
força de costas e não com a sua cabeça desprotegida. O motoqueiro rolou
pela praça quando a swoop se desviou e girou loucamente fora de controle
até que os estabilizadores internos a endireitaram; os protocolos de
segurança incorporados na swoop detectaram a ausência do piloto e
levaram o veículo para uma aterrissagem segura do outro lado da praça.
A multidão processou o que acabara de acontecer em um silêncio
atordoado, interrompido pelo som das outras duas investidas correndo, seus
motoqueiros desconhecendo o destino de seus amigos. Então todo mundo
explodiu em uma rodada espontânea de aplausos e aplausos.
Theron os ignorou e correu para verificar o motoqueiro caído. O jovem
rolou de costas, onde estava deitado, atordoado e gemendo. Vários pedaços
de pele em seus braços e mãos nus haviam sido arranhados pela queda, mas
por outro lado parecia bem.
— Ei garoto, da próxima vez, use um capacete. — disse Theron, dando-
lhe um tapinha na bochecha.
O adolescente apenas gemeu em resposta, embora tenha conseguido
exibir um gesto obsceno. Theron tomou isso como um sinal de que estava
bem.
O som dos motores da swoop mudou de tom: os outros dois bandidos
estavam circulando de volta. Theron virou-se e correu para a rampa do
motoqueiro caído, pulou e ligou o motor.
Ao decolar, esperava que os outros dois parassem para cuidar do amigo
em vez de persegui-los. Olhando por cima do ombro, no entanto, não ficou
surpreso ao vê-los bem próximo. Theron apertou o acelerador, forçando o
seu veículo a toda velocidade enquanto subia para a altitude, os edifícios e
as ruas eram um borrão de cores enquanto passou voando.
Nos dias antes de ingressar no SIE, Theron havia conquistado a
reputação nos circuitos da liga menor de Manaan; duvidava que os pilotos
em perseguição eram páreo para as suas habilidades. Mas estava em uma
máquina desconhecida, correndo pelas ruas que conheciam como as palmas
das mãos. Perdê-los não seria fácil.
Não se preocupou com eles o pegarem com blasters; as speeders bikes
eram notoriamente instáveis em alta velocidade, mesmo os pilotos mais
experientes precisam das duas mãos para manter o controle. Mas se fossem
imprudentes o suficiente, poderiam tentar abatê-lo com as suas próprias
swoops para tentar causar um acidente.
— Sobreposição de navegação para a localização atual. — ele sussurrou,
e a tela de visualização frontal em seu implante de olho esquerdo respondeu
sobrepondo um mapa da área circundante à sua visão. O ponto azul que
indicava a sua localização estava se movendo muito rapidamente pelo mapa
para Theron procurar atalhos, então traçou um percurso pelas principais
vias. Duvidava que os seus perseguidores fizessem o mesmo.
A swoop que tomou era inadequadamente equilibrada, e levaria um
tempo para sentir realmente a moto. Dobrou com força a esquina,
esforçando-se para manter a linha reta enquanto tentava adernar para a
esquerda. Jogando o seu peso na direção oposta, conseguiu ficar de pé, mas
o movimento estranho custou-lhe velocidade.
Olhando por cima do ombro, Theron viu apenas um membro da gangue
em perseguição. Alarmes soaram em sua cabeça, e se concentrou no mapa
que cobria a sua visão. Viu o beco lateral no mapa a uma fração de segundo
antes de aparecer à esquerda, dando-lhe tempo suficiente para diminuir a
velocidade. A desaceleração precoce permitiu que Theron evitasse uma
colisão por pouco, enquanto o segundo piloto saiu do beco bem na frente
dele, na tentativa de derrubá-lo. Theron mergulhou para a esquerda e a
acentuada mudança de direção sobrecarregou os estabilizadores do veículo
desequilibrado. Em vez de lutar para ficar de pé, inclinou-se e pressionou o
acelerador, empurrando a swoop em uma derrapada firme o qual o levou
sob o piloto que cortou a sua frente.
O piloto a seguir não foi capaz de imitar o movimento de Theron; a
única maneira de evitar bater no parceiro era pisar no freio de emergência,
travando o motor enquanto as outras duas swoops as quais passavam a
frente o deixando pra trás.
O espaçoporto estava a poucos quilômetros de distância, bem fora do
território da gangue do piloto. Com os seus amigos não mais à vista, Theron
imaginou que o seu perseguidor só precisava de um pouco mais de
incentivo para desistir da perseguição. Tirou a mão direita do punho
enquanto pegava o blaster em seu quadril. A swoop deu um pulo e oscilou
assim que soltou, mas agora que estava acostumado às idiossincrasias da
máquina, Theron conseguiu manter o controle por tempo suficiente para se
virar e disparar dois tiros rápidos em seu perseguidor.
Os raios não chegaram nem perto do alvo. Voar de swoop bike com uma
mão era uma façanha em si; mantê-la firme o suficiente para mirar com
precisão era quase impossível. Independentemente disso, os raios tiveram o
efeito desejado: o outro piloto decidiu que já tinha o suficiente e se afastou,
encerrando a perseguição.
Theron diminuiu a velocidade do veículo e colocou o blaster de volta no
coldre, lutando para manter a swoop ligada o tempo todo. Depois que
colocou as duas mãos no guidão novamente, voltou a toda velocidade pelo
resto da jornada. Chegou ao espaçoporto a menos de um minuto depois,
levando o veículo a parar perto das portas principais que levavam às Baías
dos hangares onde Teff'ith e a sua tripulação haviam atracado a nave.
Uma pequena multidão circulava do lado de fora da entrada. Curioso,
Theron bateu no ombro de um Sullustano de aparência agitada.
— O que está acontecendo aqui, amigo?
— Mau Negócio. — respondeu o Sullustano em sua língua nativa. —
Negócio com Hutt.
— Qual Hutt? Morbo? — Theron perguntou em linguagem Básica. Ele
tinha um mau pressentimento que já sabia a resposta.
O Sullustano encolheu os ombros.
— Não sei. Homens armados aparecem, mandando todos das Baías sete
a doze para sair. Eu não faço perguntas.
O som característico de um blaster de repetição ecoou dentro do hangar.
A multidão recuou coletivamente e deu alguns passos pra trás, deixando um
caminho aberto para Theron enquanto corria para dentro.

Teff'ith estava no meio das caixas de carga de especiarias bem embaladas na


nave quando de repente foi atingida com uma sensação avassaladora de que
algo não estava certo. Nada específico, só meio que imaginando o motivo
do formigamento nas pontas de seu lekku. Com base na experiência
passada, sabia que não deveria ignorá-la.
— Algo ruim está chegando. — disse na linguagem Básica, com sotaque
forte, sacando os blasters gêmeos que mantinha ao lado e examinando o
espaçoporto em busca de algo suspeito.
Gorvich, o humano que havia feito o acordo das especiarias em Nar
Shaddaa, bufou ao terminar a sua inspeção antes do voo no exterior da
nave.
— Você está reclamando desde que chegamos, Raio de Sol.
Os lábios de Teff'ith se curvaram em um sorriso de escárnio. Gorvich
originalmente lhe dera o apelido por causa de sua pele amarela e disposição
"ensolarada"; estava convencida de que ele continuava usando só para a
irritar.
Também tinha um apelido pra ele: Idiota. Não era original, mas correto.
Nos seus vinte e tantos anos-padrão, havia trabalhado como segurança e
capanga para escória de baixo nível em toda a galáxia, tentando ganhar a
vida à margem da chamada sociedade decente. Havia lidado com ladrões,
assassinos, escravos e sociopatas, mas ninguém lhe embrulha o estômago
como Gorvich, nem mesmo aquele agente do SIE que a confundiu em uma
louca missão suicida há quase dois anos.
Era tentador tirar Gorvich de sua miséria com um tiro certeiro entre os
olhos, mas isso significaria se afastar da Irmandade da Antiga Tion, e
Teff'ith não estava pronta para fazer isso. A Irmandade estava crescendo
rapidamente, e Teff'ith já estava ganhando reputação. Se jogasse as suas
cartas da maneira certa, nos próximos anos seria vista subindo na hierarquia
até que era ela quem daria as cartas em vez de receber ordens de idiotas.
Frinn, outro membro da tripulação, grunhiu quando desceu a rampa de
embarque da nave para se juntar a eles na plataforma de carregamento.
— Parece que você está apenas tentando não carregar essas caixas. —
disse ele.
Teff'ith o ignorou. Ele era quase tão estúpido quanto Gorvich, mas não
estava no comando. Não precisava convencê-lo de nada.
— Esqueça a carga. Tenho que ir. Vamos partir agora.
— Você está louca, Raio de Sol? Você sabe quanto vale esse produto? —
Disse Gorvich.
— Não pode gastar se você estiver morto.
— Você sabia que ela era tão paranoica quando você decidiu trazê-la? —
Frinn perguntou a Gorvich, sorrindo.
— Acha que o Morbo nos enganou? — Teff'ith perguntou. — Enviados
capangas para pegar a nossa carga?
Gorvich riu.
— Não é provável. Morbo nem sabe que estamos aqui.
Os olhos de Teff'ith se arregalaram.
— O que você quer dizer?
— Não estou cortando essa lesma inchada no nosso acordo só porque ele
pensa que é dono deste distrito. Achamos que nós mesmos lidaríamos com
o negócio e ganharíamos vinte por cento a mais.
— Idiota! — Teff'ith cuspiu, suprimindo o desejo de soltar uma
saraivada de tiros em seu peito à queima-roupa. — Morbo sabe! Vai nos
matar!
Gorvich revirou os olhos, mas Vebb, o quarto membro da tripulação,
largou a caixa que estava carregando e entrou na conversa.
— Talvez ela esteja certa. — disse o Rodiano. — Eu também sinto isso.
Algo está errado.
Assim que ele falou, Teff'ith percebeu o que estava errado. O
espaçoporto estava sempre cheio de atividades: tripulações carregando ou
descarregando suas naves; mecânicos fazendo reparos. Mas, em vez dos
sons familiares, agora ela só ouvia silêncio. Todas as docas de carregamento
ao redor da nave estavam desertas.
— Pra baixo! — ela gritou, mergulhando pra frente, atacando Gorvich e
arrastando os dois pro chão, atrás de uma pilha de caixas ainda à espera de
serem carregadas na nave.
Vebb seguiu o seu exemplo, o seu corpo magro se escondendo atrás da
caixa que ele tinha acabado de deixar cair no chão. Frinn, no entanto,
apenas ficou onde estava, olhando pra eles com um olhar de perplexidade
cética. Um segundo depois, um pesado blaster de repetição ecoou pelo
espaçoporto deserto e o corpo de Frinn caiu no chão, os olhos mortos
abertos e o rosto congelado na mesma expressão estúpida.
Teff'ith levantou a cabeça e se abaixou quase instantaneamente atrás de
seu bunker improvisado quando outra saraivada entoou. Pelo som,
conseguiu identificar pontos de origem gerais dos tiros.
— Dois atiradores. — disse ela a Gorvich, inclinando a cabeça em cada
direção. — Lá e ali.
Gorvich levantou a cabeça brevemente e depois se abaixou quando os
assassinos abriram fogo.
— Não posso vê-los.
Teff'ith nem se incomodou em lhe dizer que as suas ações eram um
desperdício de esforço. O outro lado do hangar estava envolto em sombras
espessas e cheio de máquinas pesadas para carregar e descarregar cargas
das naves que chegavam; os assassinos estavam bem protegidos e bem
escondidos.
— Talvez possamos fazer uma fuga pra nave. — sugeriu Gorvich,
enquanto verificava a carga em cada um de seus blasters.
Ela quase o deixou tentar, mas então percebeu que precisaria da ajuda
dele para sair viva disso.
— Os atiradores estão no ângulo da nave. Vão nos pegar se formos até
ela.
— Então qual é o plano?
Teff'ith pensou em todos os possíveis cenários em sua mente. Os
atiradores escolheram as suas posições para prendê-los e impedir que
chegassem à segurança da nave, mas havia uma porta na parte traseira do
hangar a qual poderiam alcançar. Se atravessasse a porta, poderia abrir
caminho pelas Baías de ancoragem adjacentes do espaçoporto e tentar
flanquear os seus atacantes.
— Venha escondido por trás, pela Baia Sete. Circular pela Baia Nove.
Chegar por trás.
— Parece arriscado. — disse Gorvich, olhando o trecho aberto entre a
posição atual e a porta na parte traseira do hangar. — Quer que eu envie o
Vebb?
Teff'ith olhou para o Rodiano, ainda encolhido atrás do caixote. Ele era
um bom piloto, mas não era muito útil em uma luta; nem tinha sacado a
pistola.
— Você está brincando?
— E se houver mais do que apenas dois atiradores? — Perguntou
Gorvich.
Teff'ith ficou surpresa que o seu líder idiota fosse capaz de antecipar
uma armadilha, embora já tivesse considerado a possibilidade. Se tivesse
planejado essa emboscada, teria tentado empurrar os alvos para longe da
nave e pela porta traseira que levava ao hangar adjacente... e diretamente na
mira de um terceiro atirador. A Baía 7 não estava em uso; as luzes estavam
apagadas e, por mais que tentasse, não sabia dizer se havia alguém
esperando na escuridão para armar uma armadilha. Mas não viu outras
opções. Melhor ir em frente e esperar que houvesse só dois assassinos.
— Cubra-nos. — disse ela, preparando as pernas longas para uma
corrida rápida até a porta.
Gorvich assentiu, depois apareceu por trás dos caixotes, gritando furioso
ao disparar uma rajada selvagem de tiros para atrair o fogo dos inimigos.
Teff'ith saiu, agachada mas moveu-se rapidamente quando abriu a porta
e a escuridão além dela.

Theron correu pelos hangares desertos, indo em direção à Baía 8, onde a


tripulação de Teff'ith atracou a nave. Ouviu outra rodada de tiros e tomou
isso como um bom sinal, não haveria mais tiros a menos que Teff'ith e seu
pessoal estivessem lutando contra eles.
Entrar no meio do tiroteio na Baía 8 era muito arriscado, mesmo para
Theron, então desviou através do hangar adjacente. Mergulhou na escuridão
da Baía 7 não utilizada, quase derrubando uma figura fortemente blindada,
meio escondida nas sombras. Um chifre único e grosso se projetava do
centro de sua cabeça careca, marcando-o claramente como um Advozse,
mesmo na escuridão próxima.
Ele estava parado no meio da sala, com um rifle apoiado no ombro, de
volta à entrada pela qual Theron passara, a atenção concentrada na porta
que levava ao hangar de Teff'ith. Ouvindo os passos batendo atrás dele, o
Advozse começou a se virar em direção à nova chegada, mas Theron estava
com ele antes que pudesse reagir. Com um chute frontal, bateu no rifle
blaster das mãos do alienígena, depois deu uma rápida enxurrada de socos
em seu rosto. No entanto, o assassino não era um desajeitado; abaixou-se
sob os golpes e derrubou Theron com uma rasteira.
Theron rolou para fora do caminho quando o seu inimigo bateu com um
cotovelo no chão, onde a sua cabeça estivera um instante antes. Ainda
propenso, atacou com a bota, mas o Advozse se virou e, em vez de colidir
com o queixo, olhou por cima do ombro.
O assassino alcançou o cinto para pegar a sua arma de reserva. Theron
foi mais rápido, erguendo o braço enquanto rosnava:
— Toxicidade dez. — soltando a única arma não utilizada ainda em seu
braço. Ao contrário do arsenal de dardos incapacitantes, o laser pontual de
tiro único era letal a um alcance inferior a três metros. A intensidade
luminosa do feixe fino como uma agulha perfurou a escuridão e atingiu o
Advozse logo abaixo do chifre saindo do centro da testa, matando-o
instantaneamente.
O corpo tombou pra frente, prendendo momentaneamente Theron sob
seu corpo. Antes que tivesse a chance de tirar o assassino caído dele, outra
pessoa entrou correndo pela sala do outro lado da porta.

Teff'ith ouviu os assassinos devolvendo os tiros de Gorvich enquanto corria,


exposta, pelo chão do hangar. Um par de raios ricocheteou no chão ao lado
dela enquanto mergulhava pela porta aberta e entrava na sala apagada do
outro lado, fora da linha de fogo.
Deslizou pelo chão e se levantou, preparando-se para o impacto mortal
de um raio de blaster do possível terceiro assassino esperando nas sombras.
Mas a armadilha nunca foi lançada, e Teff'ith sorriu quando percebeu que
ainda poderiam sair vivos disso.
Assassinos não queriam dividir a recompensa em três. Gananciosos.
Estúpidos.
Ansiosa para fazê-los pagar pelo erro, correu pela sala e saiu pela porta
do outro lado. Nunca notou as duas figuras, uma viva, uma morta, caídas
nas sombras no chão, a poucos metros de lado.

Theron observou Teff'ith passar correndo, alheio à sua presença. Depois que
ela se foi, saiu de baixo do cadáver do Advozse e se levantou. Preferia
derrubar os oponentes quando possível, mas às vezes isso não era uma
opção. De qualquer forma, não estava prestes a derramar lágrimas por um
assassino contratado.
Salvou Teff'ith de andar em uma armadilha mortal, e fez isso sem se
entregar. Mas haviam outros assassinos para lidar, e embora Teff'ith pudesse
ter ganho vantagem graças à sua intervenção, não estava disposto a deixar o
destino dela ao acaso.
Movendo-se com mais cautela e mantendo-se nas sombras, afastou-se na
direção em que a jovem Twi'lek havia desaparecido.
TEFF'ITH EMERGIU DA ESCURIDÃO da Baía 7 para a sala de
suprimentos central, servindo aos hangares de 7 a 12. O seu plano original
era passar pela sala de suprimentos para a Baía 9 e tentar atacar os
assassinos por trás. Mas quando seus olhos caíram no carregador pesado e
um núcleo de combustível danificado descansando no canto, então teve uma
ideia melhor.
O núcleo era de forma cilíndrica, com um metro de espessura e dois
metros de altura, e pesava mais de uma tonelada. Não era incomum as
naves fazerem pequenos reparos enquanto atracavam em um espaçoporto,
mas substituir o núcleo de combustível de um motor era uma tarefa
importante. Não era apenas o tamanho que dificultava os reparos. O
combustível residual preso dentro do núcleo era altamente inflamável. O
núcleo estava envolto em uma espessa caixa de proteção, mas se a caixa
estivesse rachada e o líquido dentro exposto ao ar, ele poderia inflamar.
Teff'ith inspecionou o núcleo. O invólucro estava totalmente intacto;
provavelmente fora substituído por causa de um bloqueio na canalização.
Ao garantir que o núcleo do motor não explodiria inesperadamente, pulou
no assento do operador da a carregadeira e acionou o motor de partida. O
potente motor do veículo compacto tossiu, soltou um ruído e soltou uma
espessa nuvem de fumaça negra antes de finalmente ser capturado. A
carregadeira tinha visto dias melhores, mas seria bom o suficiente para o
que ela havia planejado. Podia sentir as vibrações dos degraus ressoando no
chão e subindo pela cadeira enquanto manobrava a carregadeira até o
núcleo do combustível.
Com um toque de alguns botões, manipulou os braços de carga para que
agarrassem o núcleo de combustível em cada extremidade e o içasse no ar,
segurando-o longitudinalmente. Baixou os braços levemente até que o
núcleo estivesse nivelado com o assento, permitindo que mal visse por cima
do cilindro em direção aonde estava indo. Girou a carregadeira no lugar e a
enviou de volta pela porta em que acabara de entrar.

Theron ouviu o motor da carregadeira e rapidamente se escondeu nas


sombras, enquanto passava, carregando um núcleo de combustível
descartado da nave estelar. Vendo Teff'ith nos controles, sabia exatamente o
que ela estava planejando e decidiu que era hora de sair. Esperou até a
máquina desaparecer pela porta, voltando para a Baía 7, depois entrou na
sala de suprimentos e saiu por uma das Baías do lado oposto, confiante de
que ela poderia cuidar dos assassinos restantes sem mais ajuda dele.

Teff'ith viu os olhos de Gorvich se arregalarem quando o carregador roncou


através da porta na parte traseira do hangar. Os assassinos ainda escondidos
do outro lado abriram fogo contra o novo alvo, mas Teff'ith teve o cuidado
de manter a cabeça escondida por trás do núcleo do combustível, e os tiros
se desviaram inofensivamente da espessa carcaça do cilindro. Gorvich
aproveitou a oportunidade para aparecer por trás de sua cobertura e disparar
alguns tiros contra os seus atacantes, enquanto Teff'ith dirigia o carregador
para onde Vebb estava escondido.
— Hora de ir. — ela gritou por cima do motor.
Posicionou seu veículo para impedir que os assassinos conseguissem um
tiro certeiro, permitindo que o Rodiano passasse rapidamente pela rampa de
carregamento da nave e desaparecesse no porão.
Quando girou o carregador na direção de Gorvich, um dos assassinos
finalmente se escondeu e mudou-se para uma nova posição para dar um tiro
em Teff'ith. A Twi'lek não conseguiam distinguir a espécie através do
capacete e da armadura de corpo inteiro, mas a figura parecia feminina.
Finalmente apresentado a um alvo o qual podia ver, Gorvich aproveitou
a oportunidade. Os seus blasters gêmeos atacaram com precisão mortal,
deixando o assassino exposto em seu caminho antes que ela desse dois
passos.
— Bom tiro. — observou Teff'ith, admitindo de má vontade que
Gorvich não era completamente inútil.
— Bela máquina. — respondeu Gorvich, erguendo uma sobrancelha
para o carregador.
O assassino solitário remanescente disparou outra rodada; mais uma vez,
desviou inofensivamente no núcleo maciço do motor. O motor da nave atrás
deles rugiu para a vida, e o teto do hangar se abriu lentamente com um
guincho alto enquanto Vebb se preparava para decolar.
— É melhor o pele verde parasita não nos abandonar. — cuspiu
Gorvich.
É o seu estilo, não o dele, pensou Teff'ith. Em voz alta, disse:
— Vai pra nave.
Gorvich sacudiu a cabeça.
— Não vou deixar a metade da nossa remessa pra trás. Livre-se desse
último assassino e podemos demorar o tempo que quisermos carregando o
resto da especiaria.
Teff'ith estava prestes a dizer o quão estúpido ele estava sendo quando
viu algo pequeno e redondo voando pelo ar em direção a eles.
— Detonador! — Ela gritou, abaixando-se no assento.
Gorvich mergulhou para trás do carregador quando o detonador
explodiu. Houve um repentino brilho de luz e som, e então tudo ficou preto.
Quando a sua consciência retornou, Teff'ith abriu os olhos lentamente.
Estava deitada no chão, coberta de um pó fino, e o único som que ouviu foi
um gemido penetrante. Examinou a cena ao seu redor, lutando para
entender o que havia acontecido.
Grande parte da onda de choque de concussão do detonador escapou
através do telhado, mas a explosão ainda era forte o suficiente para causar
estragos no hangar. Os caixotes haviam sido explodidos em pedaços,
espalhando o hangar e tudo o que havia nele em uma poça de especiarias e
pedaços de madeira lascados. O carregador estava deitado ao seu lado,
derrubado pela força da explosão.
Os corpos de Frinn e do caçador de recompensas que Gorvich atirou
haviam sido arremessados até a parte traseira do hangar, onde aterrissaram
em montes retorcidos. Teff'ith percebeu que o carregador a protegera do
pior da explosão; foi a única razão pela qual sobreviveu. Ela perguntou se
Gorvich teria tido a mesma sorte que quando levantou.
Seus ouvidos ainda estavam zumbindo e seu equilíbrio estava fora
condições; era tudo o que podia fazer para não tombar. Do outro lado da
sala, viu um homem de armadura rastejando sobre as mãos e os joelhos, o
assassino que jogara o explosivo. Ele estava claramente abalado e
desorientado, mas estava se movendo lentamente em direção aonde o seu
rifle estava no chão próximo.
Teff'ith pegou a pistola no quadril, mas o movimento repentino foi
demais em seu estado vacilante, e cambaleou pro lado e caiu no chão. Os
seus movimentos desajeitados chamaram a atenção do assassino quando ele
passou os dedos em torno de sua arma.
Ele puxou-a lentamente e mirou em Teff'ith. Antes que pudesse disparar,
um único tiro veio por cima ombro dela, atingindo-o no peito. A sua
armadura absorveu o pior do golpe, mas o impacto o fez cair pra trás e a
arma caiu de sua mão.
Teff'ith se virou e viu Vebb descendo a rampa de embarque da nave, com
a pistola na mão e um olhar sombrio nos olhos enquanto avançava em seu
oponente vulnerável.
Em uma luta justa, o piloto não teria chance, mas Vebb estava dentro da
nave quando o detonador partiu, ele era o único que não cambaleava. O
assassino sentou-se e remexeu no cinto, pegando a sua arma de reserva
enquanto Vebb continuava em sua direção. O Rodiano disparou mais três
tiros à queima-roupa, pondo fim aos seus esforços desesperados e
desajeitados.
Ele se virou para Teff'ith e segurou o braço dela, arrastando-a para os
seus pés.
— Não tão rápido. — ela resmungou, balançando instável, mesmo com
o apoio dele.
— Tem que se apressar. — ele disse, com a sua voz soando distante e
vazia.
Teff'ith olhou na direção que estava apontando e viu que o núcleo da
nave havia sido gravemente danificado pela explosão.
— O invólucro está quebrado. — disse ele. — A coisa pode explodir a
qualquer segundo.
Teff'ith assentiu. Com a ajuda de Vebb, tropeçou na nave que esperava e
meio cambaleou, meio subiu a rampa de embarque. Para a sua surpresa,
Gorvich já estava esperando por eles no porão.
— Dê uma olhada nela. — disse Vebb, enquanto a abaixava suavemente
no chão. Então apertou o botão para retrair a rampa antes de correr para a
cabine.
Gorvich estava coberto de arranhões e hematomas, e mancou
acentuadamente enquanto caminhava lentamente até o kit médico da nave.
Mas por outro lado ele parecia estar bem; claramente o carregador o
protegera do pior da explosão também.
A sorte favorece os tolos, pensou Teff'ith quando a nave foi ao ar.
Houve um estrondo profundo vindo de algum lugar bem abaixo deles,
quando a carcaça rachada no núcleo do motor cedeu. A explosão fez a nave
girar e balançar, fazendo com que Gorvich caísse com força no chão, onde
caiu com um grunhido pesado.
— Rodiano estúpido não pode nem voar direito. — ele murmurou
enquanto se levantava.
Em sua mente, Teff'ith podia imaginar o dano causado pela detonação do
núcleo de combustível. As Baías 7 a 12 ficariam fora de serviço por
semanas, pois as equipes limpavam a bagunça e faziam reparos estruturais.
Os Hutts não ficariam felizes com a receita perdida; eles procurariam
alguém para culpar. Morbo pode acabar tendo que pagar a conta, foi ele
quem organizou o golpe que azedou. Decidiu que seria sensato ficar longe
de Nar Shaddaa no futuro próximo.
Gorvich sentou-se cautelosamente ao lado dela e abriu o kit médico.
— Mostre-me onde dói, Raio de Sol. — disse ele com um sorriso
lascivo.
— Não preciso de ajuda. — ela rosnou, afastando a mão dele enquanto
estendia pra ela.
— Por que você está tão brava? Podemos ter deixado metade da
especiarias pra trás, mas ainda é uma boa resultado.
— Frinn está morto. — ela lembrou. — Por sua culpa. Deveria ter pago
o Morbo.
Gorvich deu de ombros.
— Nunca gostei muito de Frinn. Além disso, agora temos que dividir a
parte dele. Tudo correu bem.
Teff'ith não estava tão pronta para simplesmente descartar tudo o que
tinha acontecido. Agora que estavam livres, tinha uma forte sensação de
que não estavam vendo todas as peças do quebra-cabeça.
— Tem algo estranho. — ela murmurou. — Por que apenas dois
assassinos? Se enviar três e não teríamos chance.
— Tivemos sorte. Às vezes acontece. Tente aproveitar isso.
— Não confie na sorte. Ela pode virar.
— É sempre desgraça e pessimismo com você, não é, Raio de Sol? —
disse Gorvich, balançando a cabeça enquanto se levantava e se dirigia para
a cabine.
Sozinha no porão, Teff'ith não podia deixar passar. Continuou rodando a
luta repetidamente em sua cabeça, tentando entender por que Morbo não
tinha tomado a simples precaução de enviar um terceiro assassino para
interromper a sua retirada. Quanto mais lutava com o problema, mais se
convencia de ter esquecido algo muito, muito óbvio.

Theron já estava do lado de fora do espaçoporto, andando com o resto da


multidão além das portas, quando ouviu a primeira explosão. Resistiu à
vontade de voltar para dentro; não queria chamar atenção indesejada para
si, mas não pôde deixar de se perguntar se algo dera errado com o plano de
Teff'ith. Quando viu a nave dela decolando após um curto período de
tempo, deu um profundo suspiro de alívio.
A segunda explosão ocorreu um instante depois, muito maior que a
primeira. Gritos de desespero brotaram da multidão, a maioria de pilotos e
capitães imaginando que dano poderia ter sido causado a suas naves.
— Em qual hangar você está? — Theron perguntou ao Sullustano com
quem estava falando antes.
— Baía dez. — ele respondeu tristemente em sua língua nativa. Então os
seus olhos se estreitaram. — Você correu para dentro. Por quê?
— Tinha que verificar a minha carga. — mentiu Theron. — Verificar se
tudo estava seguro.
— Você volta, grandes explosões. — continuou o Sullustano. —
Suspeito.
— Não tente me culpar por isso. — disse Theron defensivamente. —
Você mesmo disse. Negócios do Hutt. Se você tem um problema, fale com
eles.
O Sullustano continuou a encarar Theron por alguns segundos, depois
finalmente se virou.
— Só estou preocupado com a minha nave.
— Eu também. — disse Theron. Quando continuou, falou alto o
suficiente para os outros na multidão ouvirem. — Essa explosão parecia
ruim. Os Hutts provavelmente vão querer desativar o espaçoporto inteiro
enquanto fazem os reparos.
— Desativar? — Ecoou o Sullustano, a ideia de repente se enraizando
em sua cabeça.
— Sim. Eles provavelmente colocarão em quarentena toda a área e
aproveitarão tudo como evidência enquanto investigam o que aconteceu.
Houve um momento de silêncio atordoado enquanto a multidão
ponderava as implicações de suas palavras, então uma mulher gritou:
— De jeito nenhum estou deixando aquelas lesmas gananciosas botarem
as suas patas na minha nave!
O seu protesto desafiador provocou uma debandada enquanto todos
tentavam entrar de uma vez, empurrando um ao outro para na intenção de
pegar qualquer carga que pudessem e decolar antes que os Hutts entrassem
e fechassem o espaçoporto.
Theron esperou alguns segundos até que a pequena multidão
desaparecesse completamente no espaçoporto. Confiante de que não
haveriam testemunhas por perto para dar a sua descrição aos Hutts e causar
problemas para a SIE, caminhou na outra direção, assobiando uma antiga
música Mantelliana.
MARCUS TRANT TINHA MUITO EM QUE PENSAR. Como diretor
do Serviço de Informações Estratégicas da República, isso não era
incomum, estava sempre equilibrando as operações diárias do braço de
inteligência da República com os jogos políticos necessários para qualquer
agência governamental permanecer à tona. Ao contrário de algumas das
instituições mais tradicionais da República, os Jedi, ou o Senado Galáctico,
por exemplo, o SIE ainda precisava justificar a sua existência a cada
momento para não ser fechado ou ter o seu financiamento cortado por um
senador em campanha pela reeleição em uma plataforma de "gastos
responsáveis do governo".
Ao contrário dos militares, a maior parte do que o SIE fez foi nos
bastidores e confidencial. Marcus gostava de dizer a seus agentes que, se
fizessem o trabalho corretamente, ninguém saberia o que haviam feito.
Infelizmente, essa resposta não decolava ao enfrentar uma audiência sobre o
orçamento. Os burocratas que finalmente decidiram o destino de sua
organização queriam mostrar algo pelos créditos que despejavam no SIE.
Esperavam que o diretor revelasse detalhes da missão altamente secretas,
ignorando o fato de que isso colocaria em risco o seu povo.
Resistir aos pedidos ridículos deles era exaustivo; as coisas seriam muito
mais fáceis com um forte aliado político que pudesse garantir o valor do
que o SIE fez. Alguém poderoso e importante demais para ser questionado
pelos políticos e burocratas. Alguém como Jace Malcom, o Supremo
Comandante da República militar. Jace era um herói de guerra altamente
respeitado e universalmente admirado; tê-lo no lado do SIE ajudaria os
burocratas a se afastarem. O recém-nomeado Comandante Supremo havia
solicitado ao SIE uma missão especial. Tudo estava indo bem até Theron se
envolver nela.
O diretor não tinha notícias de Theron desde ontem, quando ele
interrompeu a conversa sobre o que estava fazendo com Nar Shaddaa.
Desde então, Theron desapareceu, mas não antes de incapacitar um colega
agente do SIE, causando um acidente de trabalho em um dos espaçoportos
de Nar Shaddaa e revelando três meses de vigilância secreta.
Apesar de tudo isso, o diretor estava esperando antes de apresentar seu
relatório oficial. Theron era um dos seus melhores agentes; ele ganhou o
benefício da dúvida. O mínimo que Marcus podia fazer era esperar para
ouvir seu lado da história antes de encerrar a sua carreira.
A recepcionista atrás da mesa na sala de espera de Jace olhou para sua
chegada e Marcus foi imediatamente atingido por seus notáveis olhos
verdes.
— Entre, diretor. — disse ela, dando-lhe um sorriso deslumbrante
enquanto pressionava o botão para abrir a porta do escritório na parede atrás
dela. — O comandante está esperando por você.
Passou pela recepcionista e entrou no escritório, tentando se concentrar
em como ele poderia explicar o que tinha dado errado para o Comandante
Supremo sem levar Theron a corte marcial.
Jace Malcom estava sentado atrás de uma mesa, estudando atentamente
o monitor do computador. A sua pele era mais clara que a tonalidade de
ébano do próprio diretor, embora ainda bronzeada e desgastada, a pele de
um homem que passara a maior parte de sua vida ao ar livre. Haviam
indícios de sua idade nos pés de galinha ao redor dos olhos e o ligeiro
acinzentado nas têmporas de seus cabelos escuros, embora fosse difícil
notar com o curto corte militar o qual usava. Mas o seu corpo ainda estava
em forma de luta: ombros largos e peito grosso, pareciam que poderia se
manter no campo de batalha.
A sua característica mais notável era a horrenda colcha de retalhos de
cicatrizes e carne derretida que cobria a maior parte do lado direito do rosto.
Ele havia sido ferido por um detonador há muitos anos na Batalha de
Alderaan enquanto servia como líder da lendária unidade das forças
especiais do Esquadrão Havoc.
Olhando para as cicatrizes, o diretor não pôde deixar de pensar em
Theron novamente. Tinha sido a mãe de Theron, a Mestra Satele Shan,
agora a Grão-Mestre da Ordem Jedi, que liderou os Jedi que lutaram ao
lado do Esquadrão Havoc naquele dia. Juntos, Satele e Jace lutaram com o
Lorde Sith Darth Malgus no campo de batalha, virando a maré do conflito.
Embora Malgus tenha sobrevivido ao encontro, a República venceu o dia e
recuperou Alderaan do Império.
— Feche a porta, diretor. — Jace disse, se afastando da tela. — E sente-
se.
Marcus fez uma saudação curta, depois se sentou na cadeira em frente
ao Comandante Supremo.
— A sua mensagem dizia que tínhamos que conversar sobre o painel de
popa. — disse Jace. — Suponho que algo deu errado.
— Alguém entrou e libertou os prisioneiros antes do leilão. — explicou
o diretor. — Roubaram eles debaixo do nariz de Morbo.
— E explodiu um espaçoporto também. — observou Jace.
— E isso. — Marcus admitiu timidamente.
Transom é o projeto de estimação de Jace. Deveria ter adivinhado que
estaria seguindo mais de perto do que o habitual.
— Pensei que o plano era esperar até depois do leilão. — pressionou
Jace. — Trazer o nosso povo de volta depois de deixarem Nar Shaddaa para
que Morbo não soubesse que descobrimos sobre a sua rede de tráfico de
escravos.
— Tivemos um colapso na comunicação. — disse Marcus, escolhendo
as suas palavras com cuidado. — Dois agentes seguindo diferentes agendas
se interpuseram. Ainda estamos tentando resolver os detalhes.
— Não é seu trabalho garantir que os seus agentes fiquem fora do
caminho um do outro? — Perguntou o Comandante Supremo.
As opções do diretor eram claras, contar a Jace sobre Theron desafiando
ordens para agir por conta própria, ou fique calado e assuma a culpa.
— Você está certo, senhor. Eu aceito total responsabilidade. Isso não vai
acontecer novamente.
O Comandante Supremo não respondeu. Em vez disso, apenas olhou
para Marcus em silêncio, fazendo com que o diretor mudasse
desconfortavelmente em seu assento.
Ele sabe que estou escondendo algo. Cobrindo alguém.
Ansioso por sair do olhar penetrante de Jace, o diretor quebrou o
silêncio.
— Eu sei o quão importante a Operação Transom era pra você, senhor.
— disse Marcus. — E conseguimos resgatar os soldados da República que,
de outra forma, teriam passado a vida como escravos.
— Talvez o que aconteceu em Nar Shaddaa envie uma mensagem. —
continuou ele. — Faça os Hutts pensarem duas vezes antes de vender os
prisioneiros de guerra da República. Lembre-os de que cuidamos dos
nossos.
— Vamos torcer que sim. — Jace disse, com o seu olhar suavizando. —
Talvez seja melhor assim mesmo. Libere os recursos para outra coisa. Algo
grande.
Algo maior do que salvar os seus companheiros soldados da
escravidão? Marcus se perguntou silenciosamente.
— Quais são os seus sentimentos sobre o estado atual do esforço de
guerra? — Perguntou o Comandante Supremo, parecendo mudar de assunto
de repente.
A pergunta era familiar o suficiente; o diretor havia respondido centenas
de vezes em várias reuniões ao longo dos anos. Geralmente dava a resposta
que achava que o ouvinte estava procurando para tornar a reunião mais
tranquila. Mas Jace não era como os políticos com quem costumava lidar, e
decidiu que ser franco e honesto valia o risco.
— O Império está cambaleando. Pela primeira vez em décadas, temos a
vantagem. Quando o Imperador caiu, deixou um vazio no topo da estrutura
de poder dos Sith. Malgus tentou preenchê-lo, mas quando o seu golpe
falhou e ele foi morto, o Império ficou sem um líder claro para reuni-los.
Depois de uma breve pausa, acrescentou:
— A Inteligência Imperial desmoronou. Sem a sua contribuição, a
estratégia militar imperial tornou-se ineficaz e sem foco. Não se pode
executar uma guerra sem boas informações.
— Você não precisa me vender o SIE. — Jace disse a ele, com um toque
de sorriso nos lábios. — Aprecio o que você traz para à tona. Acredite ou
não, eu realmente leio todos os relatórios que você me envia.
— Desculpe, comandante. Acho que estou acostumado a lidar com
políticos e burocratas.
— Tenho estudado a sua análise das ameaças imperiais de perto. —
continuou Jace. — Há um em particular que chamou minha atenção: a
Lança Ascendente.
Mais uma vez os pensamentos de Marcus retornaram a Theron. A Lança
Ascendente era um protótipo de cruzador de batalha de longo alcance
desenvolvido pela brilhante Darth Mekhis como parte de um programa
secreto de armas imperiais. Theron, com a ajuda de seu mentor Mestre Jedi
Ngani Zho, aprendeu sobre o programa e quase o terminou ao matar Darth
Mekhis. De todas as suas criações mortais, só a Lança Ascendente ainda
sobreviveu.
Zho morreu nessa missão, Marcus pensou. Deu a sua vida para salvar
Teff'ith. É por isso que Theron se sente responsável por ela agora.
Todas as conexões com Theron estavam começando a parecer mais do
que apenas coincidência. Sua mãe provavelmente diria algo sobre a Força
trabalhando de maneiras misteriosas, mas o diretor sabia que Theron não
estava em sintonia com a Força. Não é como um Jedi.
— Algo errado, diretor?
Marcus balançou a cabeça, tentando sair de seus próprios pensamentos.
— Estava pensando na Lança Ascendente.
— Dê-me mais detalhes.
— A maior parte do que sabemos é teoria e conjecturas, reunidas a partir
de relatórios do campo de batalha. Tem algum tipo de hiperdrive
revolucionário, provavelmente a nave mais rápido já construído. Poder de
fogo suficiente para acabar com uma frota inteira.
— Os seus relatórios estimam que a Lança Ascendente é responsável por
mais baixas na República do que os próximos dez cruzadores de batalha
imperiais mais eficazes combinados.
— O Lança é muito mais avançado do que qualquer outra nave que
ainda não conhecemos todas as suas capacidades. — admitiu o diretor.
E a comandante? Darth Karrid?
— A aprendiz de Darth Malgus. — disse o diretor. — Ela é uma Falleen.
Costumava estar do nosso lado. Treinada com os Jedi antes de desertar para
os Sith.
— Estou surpreso que eles a aceitaram. — disse Jace. — Pensei que
acreditavam que apenas humanos e Sith de puro sangue eram dignos de se
juntar a eles.
— Malgus era diferente. — Marcus explicou, antes de acrescentar. —
Karrid é um gênio tático, e ela é completamente implacável. Toda batalha
em que a Lança Ascendente esteve envolvido foi um massacre do nosso
lado. Se não fosse por Karrid e a Lança, talvez já tivéssemos vencido esta
guerra.
Jace assentiu, e o diretor teve a impressão de que o Comandante
Supremo já sabia de tudo isso. Era quase como se Jace o estivesse testando.
— Estou montando uma força-tarefa para derrubar a Lança Ascendente .
— disse o Comandante Supremo.
Marcus ficou impressionado com a ousadia do plano, mas o seu
entusiasmo foi moderado pela realidade. Por mais que ele quisesse
expressar o seu apoio para se dar bem com Jace, sentiu que devia ao
Comandante Supremo ser honesto.
— O SIE já investigou essa opção antes. — disse Marcus. — Não
conseguimos encontrar uma maneira de fazê-lo funcionar.
— Isso não vai ser uma operação do SIE. — Jace disse a ele. — Quero
uma missão conjunta com a total cooperação dos militares, dos Jedi e do
SIE.
— O SIE está à sua disposição. — assegurou o diretor, embora por
dentro fosse cético. As missões conjuntas eram ótimas em teoria, mas, na
prática, tendiam a se tornar guerras por território, à medida que as
diferentes agências lutavam para receber todo o crédito e transferir toda a
culpa.
— Sei o que você está pensando. — disse Jace. — Mas isso é muito
grande para alguém lidar sozinho. A única maneira de conseguir isso é
trabalharmos juntos.
O Comandante Supremo levantou-se e deu a volta por trás da mesa,
movendo-se rapidamente. Segurou os ombros de Marcus com suas mãos
enormes, o seu aperto de aço quase não era doloroso. Inclinando-se para a
frente, ele aproximou o rosto. Os seus olhos sem piscar pareciam penetrar
profundamente no diretor, como se Jace estivesse procurando as
profundezas de seu coração e mente.
— Não me diga o que eu quero ouvir. — ele insistiu. — Acredito que
podemos fazer isso e preciso que você acredite também. Você está comigo,
Marcus? Sério, verdadeiramente comigo?
— Estou com você, comandante. — prometeu o diretor, com as suas
reservas sendo varridas pela intensidade e convicções brutas do
Comandante Supremo.
— Bom homem. — Jace disse, dando-lhe um tapinha nos ombros
quando ele soltou o punho e se levantou. — Eu sabia que podia contar com
você.
Ele voltou para o outro lado da mesa e recostou-se na cadeira.
— Estou lhe enviando tudo o que tenho sobre a Lança e Darth Karrid.
— Jace disse a ele. — Relatórios secretos de todos os compromissos
militares em que a nave esteve envolvida, avaliações confidenciais
preparadas pelos treinadores de Karrid e pelos mestres da academia Jedi.
Tudo. Estude tudo em detalhes e envie-me uma lista de agentes que você
recomendaria para este trabalho. Quero esses dossiês até a próxima semana.
— Sim, senhor. — disse Marcus.
— Lembre-se, esta é a nossa principal prioridade. — disse Jace. — a
Lança Ascendente é a maior ameaça à República, às nossas frotas e aos
nossos cidadãos. Pretendo destruí-lo e quero que você me diga como.
— ISTO É UM ULTRAJE! — Darth Ravage exclamou. — Malgus foi um
traidor que tentou usurpar o trono do Imperador! Agora você espera que
concedamos um assento a sua aprendiz no Conselho Sombrio?
Darth Marr, membro de alto escalão do Conselho Sombrio, recusou-se a
responder em espécie ao ataque agressivo de Ravage. Em vez disso, avaliou
cuidadosamente as reações dos seis outros membros que se reuniram na
câmara de reuniões nas profundezas da Cidadela do Imperador, em
Dromund Kaas. Ao contrário de Ravage, eles permaneceram calmos,
embora pelas expressões deles estivesse claro que eles compartilhavam suas
reservas.
— Nenhum de nós pode fazer exigências aos outros. — garantiu-lhes
Marr. — Mas vou lembrá-lo que o Darth Karrid deu as costas para Malgus
quando deu as costas para nós. E a morte prematura de Darth Hadra deixou
a Esfera da Tecnologia vaga. Tudo o que estou pedindo é que você a
considere uma candidata ao cargo.
— Ela é uma Falleen. — objetou Darth Mortis. Darth Rictus, o membro
mais antigo do Conselho, assentiu para mostrar que compartilhava a opinião
de Mortis.
Marr lutou contra o desejo de protestar contra o seu fanatismo. Malgus
exagerou quando tentou se proclamar o novo Imperador, mas estava certo
sobre uma coisa: se o Império quisesse derrotar a República, não poderiam
mais se apegar ao seu preconceito evidente contra espécies menores.
Manter mundos inteiros subjugados pressionou demais os recursos militares
imperiais; era muito mais eficiente tentar alistá-los como aliados dispostos
na guerra contra a República.
Mas Marr sabia que os argumentos só empurrariam o já frágil Conselho
Sombrio para uma cisão completa. Agora não era hora de brigas. A
República os colocou em retirada pela galáxia; uma frente unida era sua
única esperança de sobrevivência. A Defesa do Império era a sua Esfera de
Influência oficial, então coube a ele diminuir as divisões entre os seus
colegas membros do Conselho.
— Nossos números diminuem. — Marr lembrou a eles. — Precisamos
de aliados. Elevar um Falleen ao Conselho mostra a outras espécies que há
um lugar para elas em nosso Império.
— Talvez o problema seja que as outras espécies tenham esquecido seu
lugar apropriado. — respondeu Mortis.
— Bem pensado, Mortis. — Darth Vowrawn falou, deixando suas
palavras pairarem no ar por um momento dramático antes de acrescentar:
— No entanto, não devemos dispensar Darth Karrid tão rapidamente.
Marr esperava o apoio de Vowrawn. Um Sith de puro sangue que se
deleitava com as intrigas da corte, a política astuta e o hedonismo
desenfreado da nobreza imperial, ele também era responsável pela Esfera de
Influência da produção e logística. Ele conhecia números melhor que
ninguém; a República tinha mais soldados, mais recursos e mais aliados que
o Império, e se o Império não pudesse recrutar mais mundos para o lado,
perderia.
— Darth Karrid provou ser bastante valiosa para o nosso esforço de
guerra. — Vowrawn lembrou a todos. — Sem ela, nossa situação seria
insustentável, e não apenas precária.
Darth Ravage resmungou, não convencido. — Você está dando o crédito
a ela, quando todos sabemos que realmente deve ir para a nave. Qualquer
um de nós poderia ter o sucesso dela se controlássemos a Lança
Ascendente.
— E aí está o problema. — continuou Vowrawn. — Nós não
controlamos isso. Ela faz. E duvido que ela o entregue apenas porque você
pediu.
— A nave faz parte da equação. — admitiu Marr. — Darth Mekhis
controlou a Esfera Tecnológica quando desenvolveu a Lança Ascendente.
Há alguma lógica em dar o portfólio àquele que agora controla a última de
suas criações.
— Você está com medo dela? — Darth Rictus perguntou, terminando
sua pergunta com uma gargalhada alegre.
Marr ignorou a pergunta, recusando-se a morder a isca do velho.
— Estou disposto a considerar os outros candidatos para a vaga. —
continuou ele. — Se algum de vocês tem uma sugestão digna.
— Darth Gravus. — ofereceu Mortis, e houve um murmúrio geral de
concordância do resto do grupo.
Por dentro, Marr se encolheu. Não que Gravus não fosse adequado para
a posição. O Lorde Sombrio provou o seu valor, minando com sucesso a
campanha da República para restaurar o mundo devastado de Taris. Mas
Gravus era um elo com os costumes antigos. Ambicioso e cruel, ganhou
muitos aliados influentes nos escalões superiores da sociedade imperial... e
tantos inimigos. Trazê-lo para o Conselho abriria a porta para mais disputas
internas, à medida que os velhos ressentimentos seriam reavivados, e não
faria nada para convencer outras espécies a se unirem à causa imperial. Pior
de tudo, a sua seleção certamente irritaria Darth Karrid. Felizmente, a
vitória de Gravus em Taris foi ofuscada quando as suas frotas perderam o
controle do mundo rico em minerais de Leritor, sendo um revés caro para o
Império.
— Gravus falhou em manter a República afastada na Orla Central. —
ele lembrou.
— Ele voltou a Bothawui para se reagrupar. — respondeu Mortis. — Em
breve lançará uma contraofensiva e recuperará Leritor para o Império.
— Se ele for bem-sucedido, não vejo motivo para se opor a ele como
candidato. — admitiu Marr, de má vontade.
— Então estamos todos de acordo. — empurrou Mortis. — Quando
Leritor voltar ao controle imperial, Gravus deve ter um assento no Conselho
Sombrio e o controle sobre a Esfera Tecnológica.
Marr falou rapidamente, antes que mais alguém pudesse interferir.
— Eu disse que não me oporia a Gravus como candidato. — disse ele,
com voz firme. — Ele deveria ser considerado. Como deveria Karrid.
Devemos dedicar algum tempo para pensar nos dois candidatos antes de
tomar uma decisão final.
— Mais uma vez, todos somos humilhados por sua sabedoria, Darth
Marr. — disse Vowrawn, com a sua voz pairando na linha entre sinceridade
e zombaria. — Proponho que adiemos esta reunião para que todos
possamos refletir sobre essa decisão muito importante.
Quando os membros do Conselho Sombrio deixaram a sala, Marr só
conseguiu imaginar como Darth Karrid reagiria quando soubesse a notícia.
Decidiu que seria melhor se ele contasse a ela.
Foram necessários menos de vinte minutos para que o transporte
particular de Marr o levasse da Cidadela para o patamar particular de sua
fortaleza pessoal nos arredores da cidade de Kaas. Um guarda de honra de
meia dúzia de soldados imperiais de armadura completa ficou atento
enquanto descia a rampa de embarque, e um par de criados curvados
vestidos com suas cores pessoais abriu as portas maciças que levavam do
patamar para as câmaras interiores.
Parte do domicílio, parte da fortaleza, os salões da fortaleza estavam
ocupados com funcionários da casa e militares correndo para lá e para cá,
cada um cuidando de seus respectivos deveres. Eles se curvaram ou
saudaram apropriadamente quando Marr passou, seus longos passos o
levando diretamente para a sala de comunicações.
— Coloque-me em contato com a Darth Karrid. — disse ele à oficial
responsável.
— Imediatamente, meu senhor. — disse ela, depois gritou uma rápida
série de ordens para a sua equipe de três pessoas.
Marr teria preferido entregar pessoalmente os detalhes da reunião do
Conselho Sombrio a Karrid, mas o tempo era essencial. Queria falar com
ela antes que ouvisse os sussurros e rumores do que havia acontecido para
que ele pudesse mitigar a reação dela.
— a Lança Ascendente recebeu nosso sinal, Darth Marr. — confirmou o
oficial. — A descriptografia pode levar alguns segundos.
Marr assentiu, sabendo que não havia como os outros membros do
Conselho, ou alguém da República, ouvir o que estava para ser dito. Mesmo
que de alguma maneira interceptassem o sinal que estava transmitindo, seria
impossível decodificar sem um código sombrio, o dispositivo de
criptografia do Império.
Desenvolvido pela Inteligência Imperial antes do colapso da
organização, os códigos sombrios eram as máquinas de criptografia mais
avançadas já criadas. Além dos que estavam instalados nas quinze maiores
naves principais do Império, incluindo a Lança Ascendente, havia apenas
dois outros: um no escritório do Ministro Imperial de Logística e um na
posse de Darth Marr.
A holoimagem cintilou e se materializou diante dele quando o código
decifrou o sinal de retorno para revelar Darth Karrid. A sua pele esmeralda
brilhante e longos cabelos negros, alguns reunidos em um topete, outros
escorrendo pelas costas, foram silenciados pelo holo sinal azul tingido. Ela
tinha maçãs do rosto salientes e proeminentes, uma pele impecável e nariz e
queixo afiados e bem proporcionais. Mas havia uma sugestão reptiliana
vagamente desconcertante em suas feições exóticas, particularmente ao
redor de seus olhos frios e mortos. E no caso de Karrid, a requintada
perfeição simétrica tão comum em sua espécie foi marcada pelas tatuagens
proeminentes e implantes cibernéticos que cobriam completamente o lado
esquerdo do rosto.
— Darth Marr. — disse ela em cumprimento. — Estava esperando sua
ligação.
Da holo, Marr reconheceu que havia transmitido o sinal recebido para a
reclusão de sua cápsula de comando particular nas profundezas da Lança
Ascendente. A complexa rede de interfaces biomecânicas que permitiram
que Karrid se unisse ao maravilhosa nave de guerra de Darth Mekhis
emoldurava a sua imagem: dezenas de fios longos e finos saindo das
paredes e do teto para a parte de trás do pescoço e crânio de Karrid.
— Deixe-nos. — ordenou Marr, e o oficial de comunicação e a sua
equipe desapareceram da sala.
— Você falou com os outros membros do Conselho Sombrio? — Karrid
perguntou quando eles estavam sozinhos.
— Os que importam. — disse Marr.
— E qual foi a reação deles?
— Eles concordaram que você é uma candidata forte. — disse Marr,
escolhendo as palavras com cuidado. — Mas há quem expresse
preocupação.
— Quem? — Karrid exigiu, seu rosto se contorcendo de raiva. —
Ravage? Aquele velho tolo, Rictus?
— Não importa. — explicou Marr. — O Conselho deve chegar a um
consenso para atrair um novo membro.
— É porque eu sou uma Falleen?
— Há outras preocupações. — disse Marr, fugindo da pergunta. — Você
foi aprendiz de Malgus por muitos anos; as ações dele sempre
engrandecerão a sua reputação.
— Malgus era um traidor. — Karrid cuspiu, com a sua pele verde
brilhante assumindo uma tonalidade avermelhada refletindo o seu estado
emocional elevado. — Mas eu fiz mais para apoiar o esforço imperial de
guerra do que qualquer um!
— Aqueles de nós que dedicamos as nossas vidas a serviço do Conselho
Sombrio podem discordar. — Marr respondeu friamente.
— Não quis desrespeitar, Darth Marr. — disse Karrid, com sua voz
deslizando em um ronronar sedutor.
Marr sabia que a sua reação era instintiva; a Falleen haviam
desenvolvido maneirismos abertamente sensuais como um mecanismo de
sobrevivência para a espécie. Marr foi inteligente o suficiente para
reconhecer e descartar os sentimentos sutis de excitação que a sua voz
provocou nele, mas indivíduos da maioria das espécies humanoides
achavam difícil resistir aos encantos das Falleen.
— Provei a minha lealdade ao Império inúmeras vezes. — continuou
Karrid, defendendo o seu caso. — Não achei que o Conselho simplesmente
me deixaria de lado.
— Você não foi deixado de lado. — ele assegurou. — Você ainda é
candidata. Mas há outros.
— Quem?
Marr hesitou, depois decidiu que acabaria descobrindo de qualquer
maneira.
— Darth Gravus.
— Gravus? — Ela assobiou. — Então Mortis está por trás disso; ele e
Gravus são unha e carne.
— Mortis apoia Gravus, — Marr admitiu. — mas muitos outros
membros do Conselho também. O seu trabalho em Taris mostra que se
sairia bem no comando da Esfera Tecnológica.
— O Império afirma ser uma meritocracia, — disse Karrid. — Punimos
o fracasso e recompensamos o sucesso. Só tenho vitórias em meu nome,
mas Gravus perdeu Leritor para a República. Como o Conselho pode
preferir ele a mim?
— Gravus está planejando recapturar Leritor. — disse Marr. — Mas,
mesmo que tenha sucesso, a decisão não é definitiva. — acrescentou,
esperando acalmá-la. — Vocês dois serão considerados para o cargo.
— Então ainda há uma chance, — respondeu Karrid, aproveitando o fio
de esperança. Ela levou uma mão delicada aos lábios enquanto contemplava
a possibilidade de vitória.
— Supondo que ele possa derrotar a frota da República sobre Leritor, a
maior parte do Conselho provavelmente apoiará Gravus. — advertiu Marr,
não querendo que ela tenha muitas esperanças, apenas para que sejam
frustradas.
— E você, Marr? — ela perguntou, sua voz deslizando mais uma vez no
ronronar sedutor.
— Eu preferiria que a posição fosse sua, — Marr garantiu a ela. — A
longo prazo, você pode ter mais valor para o Império do que Gravus. Mas
não correrei o risco de destruir o Conselho Sombrio desafiando os outros se
eles o apoiarem.
— Então você não vai lutar por mim?
— Nós devemos escolher as nossas batalhas sabiamente, — ele a
lembrou. — Às vezes é melhor ser paciente.
— Eu tenho sido paciente. — ela respondeu, sua expressão um beicinho
sensual.
— Existem outros assentos no Conselho. Outras Esferas de Influência
que precisam ser preenchidas. Gravus pode ser o candidato principal, mas
você é a próxima da fila.
Houve uma longa pausa antes que Karrid assentisse com a cabeça.
— Entendo, Darth Marr. Mesmo sendo aliados, não posso esperar que
você lute contra essa batalha em meu nome.
Marr sentiu uma grande sensação de alívio, apesar de ter cuidado para
não demonstrar a sua reação. Parte dele temia que Karrid pudesse reagir
com raiva cega ao ser preterida. Se ela se voltasse contra o Império, a
Lança Ascendente aleijaria a frota imperial, abrindo caminho para uma
vitória rápida e certa da República na guerra.
— A sua hora chegará. — Marr garantiu a ela. — É inevitável.
— Pelo menos concordamos em algo. — disse ela com um sorriso.
THERON DEU UM SOCO NO COMUNICADOR no seu pequeno
transporte, abrindo uma frequente saudação com a torre de controle em uma
das centenas de espaçoportos na superfície de Coruscant.
— Aqui é a Peregrino, solicitando autorização de pouso.
— Entendido, Peregrino. Transmitir registro de envio para autenticação.
— Transmitindo.
Houve uma pausa mais longa do que o habitual do outro lado do
comunicador antes que a voz respondesse:
— Peregrino, você precisa redirecionar para outro espaçoporto.
Enviando coordenadas agora.
Theron não se incomodou em protestar; sabia o que estava acontecendo.
Acho que eu deveria ter chamado o diretor depois daquela bagunça em
Nar Shaddaa.
— Entendido. — disse ele, sem se preocupar em olhar para as novas
coordenadas. Já sabia exatamente aonde eles o ordenariam ir.
— Uma escolta de segurança está aguardando a sua chegada. —
acrescentou a torre.
— Aposto que estão. — respondeu ele, desconectando a chamada.
Quando trouxe a nave para a terra, Theron notou dois homens vestindo
uniformes da Força de Segurança Coruscant em pé ao lado de uma speeder
que esperava. Duvidava que realmente fizessem parte da força de segurança
oficial em todo o planeta. O diretor não envolveria uma organização civil a
menos que precisasse, e era comum o pessoal do SIE adotar os uniformes
das autoridades locais quando estavam esperando problemas, mas queria
evitar chamar atenção extra.
— Theron Shan? — Um dos homens disse enquanto descia do
transporte.
— E se eu disser não?
— Não cause nenhum problema. — alertou o outro. — O diretor não
está de bom humor.
Theron pensou brevemente em fazer uma jogada. Não que estivesse
realmente preocupado com o que o diretor havia planejado, mas estava
ansioso para se testar contra os dois agentes enviados para trazê-lo. Mas, no
final, percebeu que estava sendo tolo. Os agentes estavam apenas seguindo
ordens; não há necessidade de machucar alguém.
— Estamos todos do mesmo lado aqui. — assegurou-lhes.
A viagem para a sede do SIE foi realizada em completo silêncio. As
escoltas de Theron pareciam calmas e relaxadas, mas percebeu que o
observavam de perto o caminho inteiro. Ao desembarcar, o levaram ao
prédio, um marchando na frente dele, o outro atrás. Eles não interromperam
a formação até chegarem ao escritório do diretor.
Um dos homens estendeu a mão e apertou a campainha na porta. Em
resposta, ela se abriu e o diretor gritou:
— Irei levá-lo daqui.
Theron deu um aceno alegre a cada um de seus guardas e entrou na sala.
Quando a porta se fechou atrás dele, o diretor olhou de trás da mesa e
balançou a cabeça.
— Importa-se de me dizer por que eu não deveria ser processado por
agredir fisicamente um colega agente?
— Esse Houk veio até mim primeiro. — lembrou Theron. — Eu estava
apenas cuidando dos meus assuntos com Nar Shaddaa quando ele
pressionou a faca nas minhas costas. Como deveria saber que ele era um
dos nossos?
— Uma comissão disciplinar pode acreditar nisso. — admitiu o diretor.
— Até que eles se lembrem da parte em que eu ordenei que você saísse de
Nar Shaddaa!
— Só pensei que você estava sendo superprotetor. — protestou Theron.
— Teria levado você um pouco mais a sério se soubesse que você está no
meio de uma missão. Mas você realmente não explicou a situação.
— Eu não tenho que explicar as coisas! — O diretor retrucou. — Eu sou
o chefe, lembra? Dou-lhe uma ordem e você a segue.
Theron se mexeu desconfortavelmente em seu assento.
— Pelo menos eu consegui resgatar os prisioneiros.
— Mas você fez de uma maneira que comprometeu toda a operação.
Você acha que é a primeira vez que o Morbo leiloa o nosso pessoal? Nós o
observamos há meses. Rastreando os seus fornecedores e marcando os seus
compradores, reunindo lentamente todos as partes de toda a operação. A
Operação Transom não era sobre resgatar quatro Cath; tratava-se de pôr fim
a todo o tráfico de escravos prisioneiros de guerra!
— Qual é, diretor. — respondeu Theron, erguendo uma sobrancelha
incrédula. — Nós dois sabemos que isso nunca aconteceria. Mesmo que
você pare todo mundo com quem Morbo já lidou, alguém entraria em seu
lugar.
— Talvez. — o diretor admitiu. — Mas pelo menos nós os atrasaríamos
por um tempo. Fazer o tráfego se esgotar.
— Morbo e todo mundo no leilão acham que a explosão no espaçoporto
tem algo a ver com a venda dos prisioneiros de guerra. — respondeu
Theron. — Eles não vão começar a perseguir carne fresca tão cedo.
— Ouvi dizer que houve vítimas. — disse o diretor.
— Quatro mortos. — admitiu Theron. — Três foram assassinos
contratados. O tipo que pede por entrar nessa linha de trabalho. O quarto era
um bandido de baixo escalão que trabalhava para a Irmandade da Antiga
Tion. Eu vi ele; não fará falta.
— Então Teff'ith se saiu bem?
— Mais ou menos.
— Então acho que tudo valeu a pena pra você. — O diretor suspirou. —
Ela sabia que você estava lá?
— Acho que não.
— Com todas as vezes que você a ajudou, ela pode não ser tão brilhante
se não notou você até agora.
Theron sorriu.
— Talvez eu seja tão bom assim.
— Ainda acho que você deveria deixá-la saber que está em dívida com
você. Pode torná-la mais propensa a nos ajudar mais à frente.
— Não é assim que a mente de Teff'ith funciona. — disse Theron,
balançando a cabeça. — Ela é... complicada.
O diretor levantou-se de trás da mesa e deu a volta para o outro lado,
cruzando os braços enquanto se sentava na beira.
— Theron... ela se tornou mais problemática do que vale. — disse o
diretor. — Já era ruim o suficiente quando você só estava gastando os seus
dias de férias para ajudá-la. Agora está interferindo nas missões do SIE em
andamento. Não posso permitir isso.
— Eu sei que você acha que isso é só uma obsessão maluca. — disse
Theron. — Mas no final da estrada isso vai valer a pena. Mais cedo ou mais
tarde, o SIE precisará da ajuda dela.
— Como você sabe disso? Você está falando, ou Ngani Zho? Você está
tendo visões através da Força agora?
As palavras doeram, mas Theron não iria recuar.
— Mestre Zho costumava me dizer que o que a maioria das pessoas
chama de instinto é realmente só a Força que está chegando até nós. Ele
disse que estaríamos melhor se o ouvíssemos com mais frequência. E eu
tenho um pressentimento sobre Teff'ith.
— E eu tenho um pressentimento sobre você. — disse o diretor. — Um
sentimento ruim.
Virou-se e voltou a se sentar atrás de sua mesa. Respirou fundo e soltou
um suspiro longo e lento. Então estendeu as mãos e as colocou em cima da
mesa, com os dedos bem abertos, como se estivesse se preparando para o
que estava prestes a dizer.
— Theron, estou transferindo você para o departamento de análise. Com
efeito imediato.
— Análise? — Theron exclamou, incrédulo. — Você está tentando me
transformar em algum tipo de burocrata contador?
— Não posso simplesmente ignorar o que aconteceu em Nar Shaddaa.
— disse o diretor. — Você é um bom agente e quero mantê-lo no redil, mas
você precisa aprender que as suas ações têm consequências. — Além disso.
— acrescentou. — é bom ter experiência em outros departamentos. Acho
que um período de três meses com análises fará de você um agente mais
completo.
— Eu já sou bastante completo. — disse Theron.
— Você precisa de uma pausa no trabalho de campo. — insistiu o
diretor. — Como você não consegue ficar longe de problemas, mesmo
quando deveria estar de férias, esta é a única opção que me resta.
— Não sou um profissional de escritório. — disse Theron. — Você viu o
meu perfil pessoal.
— As nossas avaliações dizem que você é altamente inteligente,
intuitivo e adaptável. Acho que vai se encaixar muito bem.
Theron mordeu o lábio em silêncio furioso antes de dizer:
— E se eu me demitir?
— Você não vai. — o diretor respondeu. — Você se preocupa demais
com a República para simplesmente abandonar a causa.
— Eu poderia trabalhar para os militares. — ameaçou.
— Saudando oficiais superiores? Seguindo ordens? Gritar "Senhor, sim,
senhor" vinte vezes por dia? Certo.
— Tudo bem então. — disse Theron. — Vou só me dedicar ao resto do
meu tempo de férias.
— Pedido negado. — respondeu o diretor. — Consegui um projeto
especial, por ordem do Supremo Comandante da República. Com todos os
jogadores disponíveis. Nada pessoal.
Theron suspirou e inclinou a cabeça em derrota.
— Você começa amanhã de manhã. — continuou o diretor. — O Setor
Analítico fica no terceiro andar. Preciso enviar outra escolta para garantir
que você apareça?
— Eu estarei lá. — prometeu Theron. — Mas não ficarei feliz com isso.
— Dê uma chance à análise. — sugeriu o diretor. — Eles fazem um
trabalho importante e estamos realmente trabalhando em uma tarefa
especial para Jace Malcom. Estamos chamando de Operação Fim de Jogo.
— Confie em mim, Theron. — acrescentou. — Você quer fazer parte
disso.
SENTADO NA CADEIRA DE COMANDO na ponte da Lança
Ascendente, Darth Karrid lutou para manter o seu desprezo à distância
enquanto o seu olhar percorreu através das duas dúzias de oficiais e equipes
imperiais que trabalhavam em seus postos ao redor dela. Encolhidos em
consoles e telas de computador, os seus dedos voaram sobre os controles
enquanto reagiam ao fluxo constante de dados recebidos, enquanto a nave
corria pelo vazio vazio do hiperespaço. A ineficiência de seu método
desajeitado e arcaico de interagir com a nave a encheu de nojo.
— Dez minutos até chegarmos a Leritor, minha Lorde. — disse Moff
Lorman do seu lugar no lado oposto da ponte.
— Certifique-se de sair do hiperespaço além do alcance dos sensores da
República. — alertou ela.
Era improvável que Lorman cometesse um erro tão descuidado e óbvio;
o Moff era um oficial capaz. Mas, como quase todo Imperial designado para
a Lança Ascendente, era um intruso em sua nave, um parasita insignificante
agarrado ao ventre, e não confiava nele para não cometer um erro que
colocaria a sua nave em perigo.
Darth Mekhis havia projetado a embarcação com numerosos sistemas
automatizados, e a Lança exigia que uma tripulação de apenas três mil
operasse com eficiência máxima, menos da metade do que seria
normalmente atribuído a uma nave capital imperial. Karrid passou a aceitá-
los como um inconveniente necessário, embora houvesse momentos, como
agora, em que se ressentia da presença deles.
Quando estava conectada ao painel de comando da Lança, tinha acesso
total a todos os sistemas e sensores da embarcação, mas o esforço de
controlar uma nave capital inteira sozinho era mental e fisicamente
desgastante. Não tinha escolha a não ser recorrer a Moff Lorman e a sua
tripulação durante viagens de rotina e outras atividades igualmente
mundanas, permitindo que operassem a embarcação usando meios
convencionais, enquanto economizava as suas energias para a alta
intensidade da batalha.
— Quando enviaremos uma mensagem a Darth Gravus dizendo que os
reforços estão a caminho, minha Lorde? — perguntou Moff Lorman.
Karrid levantou-se da cadeira.
— Irei contactar Gravus. — disse ela. — Depois de assumir o comando
da minha nave.
Atravessou a ponte com passos rápidos e decididos, dirigindo-se ao
turboelevador. As portas se abriram e entrou, pressionando o botão que a
levava de andar em andar até chegar ao nível mais interno da embarcação.
Saiu do elevador e caminhou pelo pequeno corredor que levava a uma porta
fortemente trancada. Um exame de retina confirmou a sua identidade e a
porta se abriu para revelar o verdadeiro coração da Lança Ascendente.
A câmara circular tinha quase trinta metros de diâmetro, mas o interior
estava vazio, exceto pelo console de controle no perímetro, os dois
aprendizes de Karrid, um humano, e outra Sith fêmea de puro sangue, e a
grande esfera de cristal no centro. Os aprendizes estavam sentados de
pernas cruzadas no chão, em ambos os lados da esfera, meditando para
focar as suas mentes em preparação para a batalha que se aproximava.
— Está na hora. — disse Karrid enquanto se aproximava da esfera.
Colocou a mão no exterior frio e a esfera se separou verticalmente no
meio, com as duas metades se abrindo ao seu toque para revelar a
verdadeira genialidade de Darth Mekhis.
O interior da cápsula de comando isolada da Lança Ascendente
apresentava uma única cadeira cercada por dezenas de monitores e telas.
Uma delicada teia de fios entrelaçados estava suspensa um metro acima da
cadeira. Uma dúzia de fios soltos pendia da rede, cada um com uma agulha
longa e fina.
Abaixando-se na cadeira, os dedos de Karrid bateram nos painéis de
controle embutidos nos braços. A cápsula se fechou lentamente,
envolvendo-a no casulo brilhante quase indestrutível. Os dedos da mão
esquerda traçaram um padrão complexo sobre o painel de controle, ligando
o painel de comando e fazendo com que a trama de fios pendurados acima
da cabeça ganhasse vida. Torcendo e se contorcendo, eles deslizaram para
baixo para se envolverem no rosto de Karrid e na parte de trás de seu
crânio.
Karrid fechou os olhos em antecipação, permitindo que o lado sombrio
da Força fluísse através dela. Fora da esfera, ela sentiu seus aprendizes
profundamente em meditação, abrindo-se a ela para que ela pudesse
aproveitar suas forças enquanto assumia o comando da Lança.
Os fios acariciaram suavemente o seu pescoço e bochechas com as
agulhas de ponta fina na ponta, provocando um arrepio na espinha da
Falleen. Então uma das agulhas mergulhou no implante cibernético na parte
de trás do pescoço, fazendo-a ofegar em voz alta. Outro deslizou para
dentro do implante atrás da orelha esquerda e mais dois escavaram o lado
esquerdo do crânio em ambos os lados da têmpora. Dois se conectaram à
testa e mais cinco perfuraram a parte de trás do crânio. O fio final deslizou
pela pálpebra de seu olho ainda fechado antes de deslizar para a pequena
abertura da interface cibernética implantada na bochecha esquerda.
Abriu os olhos, com sua visão agora uma amálgama do que via nas telas
e monitores, além de tudo ao alcance dos sensores da nave. O campo estelar
cintilou rapidamente à vista quando a Lança Ascendente saiu do
hiperespaço na orla do setor de Yucrales, um pouco além do alcance dos
sensores das frotas Imperial e da República envolvidas na batalha pelos
céus de Leritor. Embora os outras naves não pudessem detectar a sua
presença nesse intervalo, os sistemas avançados da Lança deram a Karrid
uma perfeita percepção do que estava acontecendo.
Uma combinação de suas habilidades de Força e os implantes
cibernéticos que retransmitiam dados dos escâneres de longo alcance da
Lança Ascendente permitiram a Karrid ver instantaneamente que, embora a
batalha tivesse acabado de começar, Darth Gravus já estava em vantagem.
A República tinha um única nave principal na briga, a Mardorus, um
cruzador de classe D. Com mais de quinhentos metros de comprimento, a
qual tinha um casco largo e plano coberto com uma espessa camada de
blindagem, como se a nave estivesse escondido sob uma concha em forma
de corcunda. Era apoiada por duas Hammerheads com metade do seu
tamanho, facilmente identificáveis pelas pontes dianteiras que se estendiam
perpendicularmente acima e abaixo do corpo principal mais longo da nave,
e por três corvetas CR-12 ligeiramente menores, naves elegantes e estreitas,
equipadas com arcos em forma de aríete para executar bloqueios inimigos e
motores traseiros externos proeminentes para aumentar a velocidade e a
capacidade de manobra. A frota era completada por meia dúzia de caças
BT-7 Trovoada. A mais recente encarnação da República em arte de ataque
pessoal, os Trovoadas eram ágeis pareciam de lado um Y, com a cabine
situada na dobra dos dois braços menores.
Em contraste, o Encouraçado pessoal de Gravus, a Exemplar, tinha
quase oitocentos metros de comprimento. A nave principal em forma de
cunha era ladeado por três Destroiers de classe C em forma de garra, que
eram quase tão grandes quanto a nau capitânia da República. Cada
Destroier era apoiado por um complemento de seis Interceptadores, de
resposta ágil e com asas presas, como a resposta do Império a Trovoada da
República.
Gravus havia planejado um plano de batalha que minimizaria o risco
para a sua própria nave. Os Destroiers haviam sido mobilizados para
envolver as corvetas e os caças Trovoada, liberando os rápidos e ágeis
Interceptadores para bombardear continuamente as Hammerheads e a
Mardorus fortemente blindados. Isso permitiu que a Exemplar
permanecesse a uma distância segura, disparando com as suas baterias nas
naves da República, sem medo de qualquer ataque de retorno. Infelizmente,
a menos que Gravus se aproximasse da ação, estava se limitado a causar
danos mínimos nos escudos defletores e no casco reforçado da nave capital
inimiga. Por fim, os imperiais prevaleceriam, mas seria uma batalha de
desgaste.
Karrid não tinha paciência nem temperamento para essa estratégia. Com
um movimento do dedo mindinho, abriu um canal de contato para a
Exemplar, acelerando a Lança Ascendente em direção as outras naves ao
mesmo tempo.
— Darth Gravus, aqui é a Darth Karrid. A Lança Ascendente está à sua
disposição.
A resposta de Gravus foi rápida e certa.
— Retire-se, Karrid! Não pedimos reforços. Esta é a minha batalha para
vencer, não sua!
Karrid ignorou as suas ordens; os motores da Lança Ascendente já
haviam acelerado a nave para 70% da velocidade máxima da subluz,
trazendo-os ao alcance dos sensores da República. O projeto triangular da
Lança era comum entre as naves imperiais capitais, mas o seu tamanho
imenso, mais que o dobro de qualquer outro participante da batalha, era
instantaneamente reconhecível.
Como Karrid esperava, a chegada da Lança deu uma resposta imediata
quando uma das Hammerheads da República se retirou e passou a enfrentar
a nova ameaça. Dois dos caças Trovoada também se viraram, girando e
mergulhando para evitar os canhões Destroiers, enquanto aceleravam para
apoiar a Hammerhead.
Os turbolasers da Hammerhead abriram fogo um segundo depois. Em
um nível profundo em seu subconsciente, Karrid sentiu o calor quando os
defletores da Lança repeliram facilmente o primeiro tiro. Um instante
depois, os Trovoadas entraram, um do a bombordo, o outro do estibordo.
Sem poder de fogo suficiente para infligir danos significativos a uma nave
do tamanho da Lança Ascendente além do alcance à queima-roupa, os
pilotos confiavam na velocidade e na capacidade de manobra para chegar
perto o suficiente para estreitar a superfície da embarcação maior.
Para Karrid, eles eram como insetos irritantes zumbindo em seu ouvido;
a única resposta lógica foi tirá-los da existência. Ela concentrou a sua mente
nas torres de defesa a estibordo, usando os sensores da Lança para rastrear
o Trovoada em movimento rápido antes de querer que as armas
disparassem. Uma série rápida de tiros de íons atingiu o caça em rápida
sucessão, cada um atingindo o seu alvo com precisão não natural,
possibilitada apenas pela fusão perfeita entre a máquina e o orgânico.
O Trovoada explodiu em uma bola de calor e luz, mas Karrid mal
percebeu. Estava de olho no segundo caça. O piloto estava fazendo
manobras evasivas desesperadas, girando, rodando e mergulhando em
ângulos loucos. Contra as reações aumentadas derivadas do vínculo
simbiótico de Karrid com a nave dela, ele também pode ter ficado parado.
As torretas a bombordo dispararam e o segundo Trovoada se desintegrou.
A Hammerhead abriu fogo novamente, e Karrid mais uma vez teve a
sensação de calor distante, enquanto os defletores repeliam as rajadas
recebidas. A Hammerhead ainda estava longe demais para representar
qualquer ameaça real; confiava nos caças para ocupar o inimigo até que ele
chegasse perto o suficiente para perfurar os escudos da Lança. Sem a
escolta, estavam vulneráveis e expostos.
Karrid aproveitou a oportunidade, abrindo fogo com as principais armas
da Lança Ascendente. A escuridão do espaço era iluminada por uma
barragem ardente de raios de energia vermelhos concentrados. Eles
rasgaram os escudos defletores da Hammerhead e rasgaram o casco
revestido de blindagem. No interior, os sistemas de emergência seriam
sobrecarregados, pois os sistemas automatizados da embarcação tentavam,
de alguma forma, mantê-la funcional por tempo suficiente para a tripulação
evacuar. Uma segunda saraivada de tiros da Lança acabou com essa fraca
esperança, enquanto os lasers perfuravam a unidade de contenção do núcleo
do motor, e a Hammerhead desapareceu em uma violenta explosão.
A voz de Gravus soou mais uma vez, ecoando simultaneamente nos
ouvidos de Karrid e na parte do cérebro que estava ligada aos sistemas de
comunicação da nave.
— Você acha que isso vai virar o Conselho Sombrio contra mim,
Karrid? — Ele zombou. — Você poderia eliminar todas as naves da
República neste quadrante, mas quando chegar a hora de escolher alguém
para se juntar a eles, eles ainda me escolherão em vez de uma Falleen!
— Você não entende o perigo em que está, Gravus. — ela respondeu
friamente. — Você poderia ser morto nesta batalha. Estou aqui para garantir
um resultado desejável para o Império.
A ameaça foi velada, mas como qualquer verdadeiro Sith, o seu rival
imediatamente entendeu as implicações sinistras de suas palavras: apenas
um deles deixaria essa batalha vivo.
— Ignore as naves da República! — Gravus comandou sua frota,
esquecendo em pânico que as novas ordens estavam sendo transmitidas na
mesma frequência imperial padrão que Karrid estava usando. — Fogo na
Lança Ascendente! Destruam-na a todo custo! Não deixem...
A suas palavras foram cortadas no meio da frase quando Gravus, ou
alguém sob o seu comando, teve o bom senso de passar para um canal de
comunicação auxiliar. Mas Karrid sabia que apenas as palavras não seriam
suficientes para justificar a morte de Gravus para o Conselho; ela precisava
dele para dar o primeiro passo.
A mudança inesperada dos alvos da República para a Lança Ascendente
lançou a frota imperial em desordem. Os Interceptadores que invadiram a
Mardorus e as Hammerheads abandonaram os seus ataques, partindo para
se reagrupar para um ataque coordenado ao seu novo alvo. Os Destroiers
desligaram dos Trovoadas e das corvetas da República, se afastando
enquanto se moveram para se posicionar entre o Exemplar e a retaliação de
Karrid.
A frota da República, sem saber que agora compartilhavam um inimigo
comum com os seus inimigos imperiais, aproveitou a vantagem. Sete
Interceptadores foram destruídos pelas baterias da Hammerhead e da
Mardorus, e um fluxo constante de fogo das corvetas atacou os Destroiers
em retirada, sobrecarregando os seus escudos defletores, para que os
Trovoadas fossem capazes de infligir danos pesados.
Karrid assistiu à mudança tática repentina com uma fome intensa,
instantaneamente ciente da posição e situação do escudo de cada nave
através dos sensores avançados da Lança, as informações transmitidas
diretamente através dos fios pulsantes do pod de comando e em seus
implantes cibernéticos. Percebendo que as naves da República estavam
focadas nas naves subitamente vulneráveis da frota de Gravus, enviou a
Lança para o coração da briga.
Nem Gravus nem o comandante da República anteciparam a sua
estratégia. As naves principais permaneciam à distância, sabendo que as
suas armas poderosas poderiam desgastar as embarcações menores a uma
distância segura. Ao avançar para o alcance das frotas, Karrid estava
assumindo um risco; se coordenassem os seus esforços, poderiam dominar a
Lança. Mas Karrid sabia que o elemento surpresa impediria que isso
acontecesse e, nas proximidades, os turbolasers da Lança poderiam
atravessar os defletores e obliterar qualquer outra embarcação em segundos.
Começou com a Mardorus.
Quando a Lança atacou a nave da República, a batalha caiu no caos.
Uma das corvetas e dois dos Trovoadas alteraram o curso para tentar salvar
a sua nau capitânia; o resto continuou atacando os Destroiers aleijados. Oito
Interceptadores voaram de volta para tentar salvar os Destroiers; o resto
arremessou na direção da Lança. A Hammerhead fechou o Exemplar
enquanto tentava fugir para a extremidade mais distante do conflito.
A Mardorus tentou afastar a Lança Ascendente, mas antes que pudesse
carregar as suas armas, Karrid abriu fogo com toda as baterias voltadas para
frente. Os turbolasers e canhões de íons rugiram, combinando uma gloriosa
sinfonia de destruição, praticamente vaporizando a Mardorus em questão de
segundos.
Karrid apreciou a matança, sentindo o terror da tripulação moribunda
através da Força. Um instante depois, sentiu uma pontada aguda de dor
cortando através dela, como se alguém tivesse deslizado uma lâmina
vibratória entre seus ombros. Gravus havia mordido a isca, ordenando que o
Exemplar atirasse na Lança.
O impacto penetrou nos escudos defletores e chamuscou o casco
externo, causando danos a nave registrando na mente de Karrid como uma
ferida em seu próprio corpo. O Exemplar estava muito longe para causar
algum dano sério, mas ao disparar o primeiro tiro, Gravus deu a Karrid a
justificativa de que precisava para atingir as suas naves sem ter que
responder ao Conselho Sombrio por destruir uma frota imperial.
Os caças que tentaram socorrer a Mardorus foram atacados pela Lança,
com o seu ataque enviando milhares de picadas nos braços de Karrid. Ela os
matou antes que pudessem fazer um segundo ataque. A Hammerhead havia
pego o Exemplar, forçando Gravus a se concentrar na ameaça imediata e
impedindo-o de disparar um segundo tiro na Lança.
Um dos Destroiers danificados havia sido derrotado pelas corvetas, que
agora estavam sendo pressionadas por uma falange de Interceptadores. O
segundo esquadrão de Interceptador estava se aproximando da Lança.
Karrid abriu fogo com os seus turbolasers, mas só conseguiu acertar dois
deles enquanto o resto continuava sem ser detido.
Os dedos de Karrid cintilaram e dançaram no painel de controle, e a
Lança se inclinou em um ângulo impossível, diretamente no caminho da
horda que chegava. A Lança tinha a capacidade de manobra de uma
embarcação com metade do seu tamanho, e a mudança inesperada de
direção aconteceu muito rapidamente para que os Interceptadores
reagissem. Os minúsculos caças foram esmagados em pedacinhos contra o
gigantesco casco da nave de guerra.
O movimento também alinhava a frente da Lança com os Destroiers e
Interceptadores sobreviventes, ainda travados em batalha com as corvetas.
Os olhos de Karrid brilharam sobre as telas do pod enquanto descia sobre a
escaramuça, a enorme nave capital superando os outros jogadores.
Bateu no painel de controle, com os seus dedos num borrão enquanto
selecionava os seus alvos em rápida sucessão. Os Interceptadores, muito
engajados com as naves da República para tomar medidas evasivas, foram
exterminados no primeiro voleio. As corvetas foram as próximas, seus
defletores inúteis contra o ataque à queima-roupa da Lança. Os Destroiers,
já bastante danificados, foram uma mera reflexão tardia. Várias naves
foram engolidas por explosões do fogo, outros renderam pedaços de sucata
sem vida, com os seus cascos perfurados com inúmeros buracos abertos.
Mas Karrid não teve tempo de saborear a carnificina enquanto voltava a sua
atenção para o seu objetivo final.
A Hammerhead restante ainda estava atirando no Exemplar. Trancado
em combate próximo com a nave da República, Gravus não conseguiu
preparar a sua embarcação para o salto no hiperespaço, abaixar os escudos
para fazer o salto não era uma opção quando um inimigo estava atirando em
você. Havia uma breve janela para os dois escaparem enquanto a Lança
estava varrendo os outras naves, mas o comandante da República não
conseguiu entender completamente a situação. Em vez de voo mútuo, havia
escolhido para continuar a batalha ao invés de arriscar uma tentativa de
retirada que iria deixá-lo vulnerável ao Exemplar. Agora era tarde demais
para ambos.
a Lança Ascendente fechou-se rapidamente nos duas naves restantes.
Concentrando os seus turbolasers no centro da Hammerhead, a qual cortou
em dois. Corpos e destroços se espalharam da nave destruída da República
para o frio e escuro vazio do espaço.
Ao mesmo tempo, sentiu uma assinatura de energia maciça emanando
do Exemplar: Gravus estava tentando dar um último salto desesperado para
o hiperespaço. Ele baixou os escudos e deixou a sua nave vulnerável ao
ataque, mas sabia que não tinha esperança de derrotar a arma mais temida
do Império se continuasse lutando. Baseando-se nos sistemas de mira
automatizados da Lança, Karrid disparou um ataque de precisão para
desativar o hiperdrive do Exemplar, deixando Gravus à sua mercê.
Um bipe repentino em seu ouvido lhe disse que Gravus estava tentando
abrir um canal de contato, mas ela não tinha interesse em ouvi-lo trocar
informações e implorar por sua vida. Em vez disso, ela mirou e atirou pela
última vez. Com o Exemplar desprotegido explodiu em uma bola
espetacular de chamas azuis, matando instantaneamente a todos a bordo.
Karrid enviou a Lança em um longo e lento círculo, examinando os
destroços e detritos de toda a batalha em busca de sinais de vida, mas não
encontrou nada. Satisfeita, entrou em contato com a ponte.
— Moff Lorman, prepare-se para retomar o comando.
— Sim, minha Lorde. — ele respondeu.
Karrid bateu nos controles sob os dedos mais uma vez, cortando a sua
conexão com a Lança. Estremeceu quando os fios se retraíram, as agulhas
das interfaces biossintéticas se retirando lentamente de seus implantes
cibernéticos. Uma onda de exaustão tomou conta dela, juntamente com uma
sensação avassaladora de perda intensa e insubstituível. Cada vez que
rompia a sua conexão com a nave, parecia como perder um membro.
A esfera de cristal se abriu lentamente para revelar os seus dois
aprendizes ainda sentados de pernas cruzadas no chão de ambos os lados.
Com os seus rostos estavam abatidos e abatidos, as sobrancelhas cobertas
de suor por apoiarem os esforços da Mestra. Mas embora eles
compartilhassem do seu cansaço, só ela sabia a glória de se tornar um com a
Lança, e só ela podia entender o vazio que a envolvia quando a conexão era
interrompida.
— Diga ao Moff Lorman para transmitir o registro da batalha ao
Conselho Sombrio. — disse ela, com a voz cansada. — Deixe-os ver que
Gravus era um traidor do Império.
Para si mesma, acrescentou: E deixe-os ver o que acontece com aqueles
que ficam no meu caminho.
O ESCRITÓRIO DE FUNÇÕES ANALÍTICAS era uma sala
superlotada e sem janelas, cheia de terminais de computador e 23 agentes
do SIE, reunindo, organizando e analisando dados dos milhares de
relatórios que chegavam todos os dias.
Na semana passada, o escritório apertado poderia muito bem ter sido a
casa de Theron, pois ele e o restante do pessoal era insuficiente,
trabalhavam em turnos duplos para tentar ficar por dentro de tudo o que
estava chegando. No entanto, apesar de fazer um esforço sincero para
contribuir, não podia deixar a sensação de que estava perdendo tempo.
Não que não acreditasse no que a análise estava fazendo; entendeu que
eles eram um componente vital do SIE. Mas Theron havia desenvolvido um
conjunto único de habilidades especializadas, quase nenhuma das quais
aplicável à sua posição atual.
Isso o fez querer gritar. Vinte vezes por dia, um pedaço de informação
pequena, mas incomum, que exigia mais atenção, passava por sua mesa: um
possível caminho para o que poderia ser uma missão crítica à segurança da
República. Em vez de ser capaz de agir de acordo com essas orientações,
teve que escrever relatórios com recomendações sobre como proceder,
depois encaminhá-los aos seus superiores para revisão, sabendo muito bem
que, quando um agente de campo fosse designado para o caso, a
oportunidade provavelmente estaria perdida.
E mesmo quando não estava no escritório, ainda estava preso em
Coruscant, provavelmente o planeta mais seguro da República, e o último
lugar absoluto em que Theron queria estar.
Temia estar perdendo a vantagem, pois dia após dia de trabalho chato na
mesa havia embotado os seus instintos de sobrevivência. O diretor o
sentenciara a três meses nessa prisão e, se cumprisse o seu tempo integral,
talvez nunca os recuperasse.
Se não saísse das análises logo, algo ruim estaria prestes a acontecer.
Talvez se demitisse em desagrado. Ir renegado e decolar em uma missão
sem a aprovação ou apoio do SIE. Ou talvez simplesmente ficasse furioso
por todo o escritório de análise, esmagando todos os monitores e estações
de computadores que pudesse antes que as autoridades o arrastassem para
longe. Ou, o mais assustador de tudo, talvez só aprendesse a aceitar a labuta
de seu novo cargo.
A única coisa que o mantinha são até agora eram as poucas horas por dia
em que era capaz de trabalhar na Operação Fim de Jogo, o projeto especial
de Jace Malcom. A Lança Ascendente era o último vestígio do programa de
pesquisa de armas de Darth Mekhis, um último fio solto da missão que
custou a vida a Ngani Zho. Theron não teve nenhum problema em gastar
seu tempo tentando elaborar um plano para derrubar a Lança. O que o
incomodou foi o pensamento de que algum outro agente seria o único a
efetivar esse plano.
Ele sentiu um tapinha no ombro quando a voz do supervisor disse:
— Está na hora de ir embora, Theron.
Surpreso, Theron olhou para o cronógrafo na parede.
— Acho que perdi a noção do tempo. — disse ele.
Outro sinal de que você está perdendo a sua razão. Os dias costumavam
se arrastar para sempre; você podia sentir cada indivíduo, agonizando o
segundo deslizando. Agora você está tão acostumado a ficar preso na
cadeira que nem percebe quando é hora de sair. Você está entorpecido.
— Vá para casa e durma um pouco. — ordenou seu supervisor. — Os
relatórios ainda estarão aqui amanhã.
Isso deveria me fazer sentir melhor? Theron perguntou-se
silenciosamente enquanto se levantou e voltou para o seu apartamento.
Uma vez lá dentro, considerou brevemente fazer um trabalho fora do
expediente na Operação Fim de Jogo, mesmo em casa, tinha acesso aos
arquivos com o mais alto nível de autorização de segurança. Mas a labuta
de análises consumiu a sua energia física e mental. Tudo o que ele queria
era cair na cama.
Eles estão esmagando você, pouco a pouco.
Ignorando a voz dentro de sua cabeça, Theron foi até o quarto nos
fundos do apartamento, tirou a roupa, apagou a luz e se arrastou para
debaixo das cobertas. Assim como estava prestes a se afastar, no entanto,
foi acordado pela campainha de uma holochamada.
— Aceitar a entrada. — ele murmurou grogue, parando um momento
para perceber que a ligação não estava chegando em seu implante
cibernético.
Ele se virou e bateu o holocomunicador na mesa de cabeceira ao lado da
cama, apoiando-se no cotovelo para ter uma visão melhor. Para a sua
surpresa, uma imagem de Teff'ith se materializou diante dele, com o brilho
do holo se espalhando fracamente pela sala de outra maneira escura.
— Por que você está na cama? — a Twi'lek perguntou, arqueando as
sobrancelhas em surpresa. — Você está dormindo ou está com alguém?
— Estou... estou sozinho. — Theron gaguejou, com a sua mente girando
enquanto tentava entender a situação.
Por que ela está ligando? De onde ela está ligando? Como ela sabia
onde eu estou ficando?
— Não achei que você estivesse em casa. — disse Teff'ith. — Ia deixar
uma mensagem.
Theron percebeu que não era o único surpreso pela conversa inesperada.
Saber que Teff'ith estava um pouco perturbada também o ajudou a recuperar
parte de sua compostura.
— Então me dê a mensagem.
Após um momento de hesitação, Teff'ith respirou fundo e soltou:
— Saiba que você estava lá em Nar Shaddaa. Não preciso de você nos
seguindo. Não quero que você nos siga. Afaste-se ou vai se arrepender!
— Como você conseguiu esse número? — Theron perguntou, não se
incomodando em responder ao seu ultimato.
— Não é tão difícil. — respondeu Teff'ith. — Você acha que é o único
que pode encontrar pessoas?
— Então você teve todo o trabalho de me rastrear só pra me dizer para
deixá-la em paz?
— Não pedi a sua ajuda. — Teff'ith retrucou, ignorando a sua
observação. — Não preciso dela. Cuide-se.
— Sério? Pareceu-me que se eu não tivesse entrado, você seria um
cadáver apodrecido em um aterro de Nar Shaddaa agora.
— Acha que devemos a você agora? — Teff'ith zombou. — É por isso
que você nos ajuda?
— Eu estava na área. Pensei em ajudá-la pelos velhos tempos.
— Mentiroso. Não estava só em Nar Shaddaa, certo? Você estava em
Korriban? Belsavis? Ziost?
— Nunca estive em Ziost na minha vida. — respondeu Theron com
sinceridade.
— Chega de vigiar. — continuou Teff'ith. — Pare de nos seguir.
Entendeu?
— Não se preocupe com isso. — respondeu Theron. — Fico em
Coruscant por um tempo. Fazendo uma pausa do trabalho de campo. Estou
focando em relatórios e papelada agora.
Por que você diria isso a ela? Você está se tornando um daqueles
Drones de escritório que reclamam com quem quer ouvir?
— Você está atrás de uma mesa? — O rosto de Teff'ith abriu um sorriso.
— Engraçado.
— A escolha não foi realmente minha. — disse Theron, a sua voz
traindo mais raiva do que pretendia.
— Sempre tenho uma escolha. — Teff'ith fungou. — Parece que você é
apenas um derrotista.
— Por que você se importa? — Theron exigiu.
— Não, — disse Teff'ith com um encolher de ombros. — Seja chato.
Nós não nos importamos. Só nos deixe em paz.
A holo se desligou abruptamente, deixando Theron sozinho no escuro.
Ele rolou, fechou os olhos e tentou dormir. Mas algo que Teff'ith havia dito
se alojou dentro de sua cabeça e, em vez de cair na terra dos sonhos, ele
continuou circulando de volta.
Ela mencionou Ziost. A Irmandade da Antiga Tion deve ter começado a
se mudar para lá quando o Império começou a permitir que estranhos
visitassem o mundo.
O fato simples pode parecer insignificante, mas Theron sabia que havia
um motivo para ele deixar isso pra lá. O seu subconsciente havia se
apegado a ele por algum motivo; agora tinha que extrair pra fora.
Ziost. Essa é a chave. Ziost.
Em um lampejo de inspiração, tudo se juntou, a Operação Fim de Jogo.
Inflamada pelo catalisador, a última semana de pesquisa e análise se fundiu
no início de um plano para derrubar a Lança Ascendente.
Theron saltou da cama, ansioso para registrar os detalhes enquanto ainda
estavam frescos em sua mente.
E com um pouco de sorte, isso também me levará de volta ao campo.

Darth Marr foi o último dos membros do Conselho Sombrio reunidos a


chegar à sua câmara secreta sob a Cidadela. Ele agendou a reunião,
entrando em contato com os outros apenas horas depois de saber da morte
de Darth Gravus. Mas mesmo que os tivesse convocado, ainda não fazia
ideia do que ia dizer.
Revisou os registros oficiais da batalha sobre Leritor, incluindo as
transcrições das comunicações entre Gravus e Karrid nos relatórios de
campo arquivados por Moff Lorman.
a Lança Ascendente saiu do hiperespaço além do alcance dos escâneres
da República, quando Darth Karrid informou Darth Gravus de nossa
chegada.
— Darth Gravus, aqui é Darth Karrid. A Lança ascendente está à sua
disposição.
— Retire-se, Karrid! Não pedimos reforços. Esta é a minha batalha
para vencer, não a sua!
Darth Karrid desconsiderou o pedido de Darth Gravus, optando por
ajudar o esforço de guerra imperial ao envolver a frota inimiga. Depois
que a Lança Ascendente descartou uma das Hammerheads da República,
Darth Gravus e Darth Karrid tiveram a seguinte diálogo:
— Você acha que isso vai virar o Conselho Sombrio contra mim,
Karrid? Você poderia eliminar todas as naves da República neste
quadrante, mas quando chegar a hora de escolher alguém para se juntar a
eles, eles ainda me escolherão em vez de uma Falleen!
— Você não compreende o perigo em que está, Gravus. Você poderia ser
morto nesta batalha. Estou aqui para garantir um resultado desejável para
o Império.
— Ignore as naves da República! Fogo na Lança Ascendente! Destrua a
todo custo! Não deixem...
Nesse momento, Gravus mudou para um canal de comunicação auxiliar.
Pouco depois, ele atirou na Lança Ascendente, enquanto continuávamos a
atacar a frota da República. Darth Karrid foi forçado a destruir Gravus e a
sua frota para defender a sua nave e tripulação.
A revisão militar oficial mostraria claramente que Gravus estava errado.
No entanto, era óbvio para Marr, assim como seria óbvio para todos no
Conselho Sombrio, que Karrid intencionalmente o levou a disparar o
primeiro tiro.
O fato de Karrid ter desafiado descaradamente as instruções de Marr e
minado as suas tentativas de unificar os Sith eliminando um rival era
perturbador; ele estava começando a se perguntar se lhe conceder um
assento no Conselho Sombrio seria mais problema do que valia a pena. A
sua preocupação imediata, no entanto, foi lidar com as consequências dos
outros Lordes Sith reunidos na sala.
— Darth Marr. — disse Vowrawn como forma de cumprimento. — é
indelicado manter todos nós esperando.
Marr ignorou as palavras sarcástico do Sith.
— Vocês todos sabem o que aconteceu com Gravus. — disse ele, indo
direto ao assunto em questão. — Vocês todos sabem por que estamos aqui.
— Parece que Gravus não é mais um candidato viável. — disse
Vowrawn com um sorriso tímido. — Isso significa que Karrid é a nossa
escolha por padrão?
— Essa pergunta deve ser respondida por todo o Conselho Sombrio. —
respondeu Marr, preparando-se para a indignação e protestos dos outros.
Houve um silêncio inesperado antes que o antigo Darth Rictus falasse.
— Karrid respondeu a pergunta por nós. — proclamou. — Ela superou o
seu rival com força, mas foi esperta o suficiente para fazer parecer que
estava certa. Essas são as características de um verdadeiro Sith.
Darth Marr ficou momentaneamente sem palavras na inesperada
demonstração de apoio. Dados os muitos anos de Rictus no Conselho
Sombrio, a sua aprovação ajudaria muito a conquistar os outros.
— Estávamos dispostos a dar o lugar a Gravus se derrotasse a República
em Leritor. — concordou Mortis. — Desde que Karrid reivindicou a vitória,
ela merece o prêmio.
Marr ficou ainda mais surpreso com o apoio de Mortis. A sua Esfera de
Influência eram as leis e a justiça. E mesmo que a versão da justiça do
Império pudesse ser resumida como 'o poder torna correto' ele supôs que
Mortis ficaria indignado com o que Karrid fizera.
— Gravus era o seu candidato. — disse ele, procurando esclarecimentos.
— Você não quer se vingar de sua morte?
— Pensei que Gravus era mais poderoso que Karrid. — ele respondeu.
— Mas a morte dele prova o contrário. Ela lançou um desafio, e ele aceitou
atirando em sua nave... um erro fatal. Parece que subestimei a Falleen.
— Ela tomou uma atitude ousada. — acrescentou Darth Ravage. — Viu
o que queria e aproveitou. Se mais dos outros Lordes Sith abaixo de nós
seguissem o seu exemplo, a República não nos faria correr como covardes.
A suas palavras momentaneamente pegaram Marr de surpresa. Embora
as ações de Karrid estivessem perfeitamente alinhadas com as formas
tradicionais dos Sith, pensara que levaria mais tempo para o resto do
Conselho Sombrio para superar o seu preconceito inerente e receber um
membro de uma espécie menor em suas fileiras.
No entanto, entendeu que a vontade de abraçar Karrid ainda era
motivada pela única característica que todos compartilhavam,
autopreservação. Como Lordes Sombrios dos Sith, eles entendiam o poder
da nave de Karrid e a oportunidade a qual representava. A Lança era vital
se eles esperassem mudar a maré da guerra galáctica... e no caminho Karrid
poderia ser um poderoso aliado a ser usado não apenas contra a República,
mas também contra os outros membros do Conselho Sombrio.
Por enquanto eles a convidavam para entrar de braços abertos, cada um
expressando o seu apoio publicamente para tentar conquistá-la enquanto
esperavam o seu tempo. Esperando pacientemente, jogavam os seus jogos
políticos, tentando distorcer a sua lealdade, para que pudessem usá-la e sua
nave para a sua própria vantagem, mesmo quando lentamente planejavam a
sua destruição. Em outras palavras, eles a veriam como cada um dos
membros do Conselho Sombrio: simultaneamente um aliado em potencial e
um inimigo em potencial.
Marr suspirou interiormente. Karrid não hesitou em exterminar um
companheiro Lorde Sombrio para avançar em sua própria carreira, embora
a perda de Gravus tenha tornado o Império mais vulnerável à República.
Ele esperava que a Falleen estivesse mais aberta aos seus esforços para
unificar os Sith contra um inimigo em comum, mas se provou ser uma
estudiosa dos costumes antigos, como todos os outros.
Apesar de seus esforços, a cultura de punição e brigas internas ainda
prevalecia. O Imperador a mantinha sob controle em virtude de sua própria
posição e poder inatacáveis, mas na sua ausência estava corroendo o cerne
do império. E Marr estava começando a duvidar se ele, ou qualquer um dos
grandes Lordes Sith, seria capaz de detê-lo.
MARCUS SE MOVEU RAPIDAMENTE através dos corredores do
enorme prédio do Senado de Coruscant, em direção ao escritório de Jace
Malcom na ala militar. Quarenta anos antes, os senadores ficariam
horrorizados se um oficial militar, mesmo o Comandante Supremo de todas
as forças da República, tivesse um escritório no mesmo prédio. Naquela
época, a maioria dos políticos haviam pedido abertamente uma queda
maciça no tamanho da frota da República e uma redução no número de
soldados. A ideia de uma guerra galáctica em grande escala parecia
absurda, e o desejo de diminuir o alcance e o orçamento das forças armadas
era praticamente unânime.
Quatro décadas de guerra contra o império Sith ressurgido haviam
mudado as coisas significativamente. Quando o Tratado de Coruscant foi
imposto à República anos antes, alguns acreditavam que uma paz duradoura
com o Império era possível. Mas nos últimos dezoito meses a trégua
desconfortável entrou em colapso, e o retorno às hostilidades em grande
escala silenciou toda conversa sobre a paz nos corredores do Senado.
Quando a maré da guerra mudou a favor da República, a ideia de acabar
com a ameaça imperial de uma vez por todas começou a ganhar apoio.
A crescente resolução militar da República foi defendida pelo recém-
eleita chanceler Saresh. Ex-governadora de Taris, poucos a viram como
candidata à mais alta posição política da República, mas ela chegou ao
poder em uma onda de sentimentos agressivos anti-imperiais. Ao contrário
de outros que disputavam o cargo de chanceler, Janarus não havia
prometido trazer a paz à República; ela prometeu a vitória.
Dias depois de sua eleição, promulgou todas as 36 disposições de guerra
listadas na Constituição Galáctica, expandindo enormemente os poderes e
responsabilidades de seu escritório e permitindo que fizesse importantes
nomeações políticas sem a aprovação do Senado. Houve algumas queixas
nos bastidores com o aumento repentino do poder executivo, mas Saresh
rapidamente acalmou os dissidentes, nomeando o popular Jace Malcom
como o novo Comandante Supremo.
O diretor estudara a rápida ascensão de Saresh ao poder com cuidado;
era impossível não ficar impressionado com a sua ambição e o seu brilho
político. Indicar Jace para o Supremo Comandante tinha sido uma jogada
particularmente astuta. Ninguém se manifestaria contra um herói da
República tão antigo; sua seleção legitimava todos os compromissos que
vieram depois. Saresh encontrou o candidato perfeito para solidificar o seu
apoio e colocou os militares sob o comando de um homem que estava tão
ansioso para acabar com os inimigos imperiais da República quanto ela.
Não que o diretor se importasse. Ele também acreditava que esmagar o
Império era a chave para garantir a República e estava pronto para mostrar
o quanto o SIE seria valioso para essa causa. A Operação Transom não
terminou como planejado; A Operação Fim de Jogo foi a sua chance de
compensar.
Ao se aproximar do escritório de Jace, Marcus se permitiu um sorriso.
Haviam apresentado ao Comandante Supremo um esboço básico da
Operação Fim de Jogo ontem, e Jace já havia agendado uma reunião para
discuti-lo em mais detalhes. Claramente, ele ficou impressionado.
O diretor ficou mais do que um pouco impressionado. A equipe de
análise foi além do esperado neste projeto. Eles conseguiram reunir tudo em
pouco mais de uma semana, graças em grande parte às contribuições de
Theron.
Marcus estava preocupado com o impacto potencialmente perturbador
de Theron quando o designou para a equipe, embora esperasse que a
natureza da pesquisa deles pudesse facilitar a transição do trabalho de
campo. Para grande alívio do diretor, assim que Theron percebeu que a
análise estava trabalhando para acabar com o legado de Darth Mekhis de
uma vez por todas, ele se jogou no trabalho.
Talvez ele esteja amadurecendo, Marcus pensou.
O diretor não era normalmente um homem otimista, mas não podia
deixar de se perguntar se as coisas estavam melhorando. Se Theron
aprendesse a ficar longe de problemas e Jace pudesse garantir o
financiamento futuro do SIE a longo prazo, talvez não acordasse todas as
manhãs com uma enxaqueca incapacitante.
— Bem-vindo de volta, diretor. — a recepcionista o cumprimentou, com
as suas feições abrindo um sorriso.
— Você sentiu minha falta? — Ele perguntou, respondendo com um
sorriso próprio.
— Conto todos os segundos de todos os dias que você não está aqui. —
ela respondeu, enquanto o animava.
Como antes, Jace Malcom estava sentado atrás de sua mesa quando o
diretor entrou em seu escritório.
— Já comecei a reunir os recursos que você solicitou para a Operação
Fim de Jogo. — disse o Comandante Supremo, indo direto ao ponto. —
Você terá tudo o que precisa.
— Vou agradecer à equipe de análise. — respondeu Marcus. — Eles
estavam fazendo turnos duplos a semana toda para conseguir isso. As horas
extras consumiram muito do nosso orçamento, mas achamos que valia a
pena.
— Posso dar uma dica. — Jace disse com um sorriso, indicando para o
diretor se sentar na cadeira em frente a ele. — Vou garantir que o seu
departamento receba todos os créditos necessários para o futuro.
Marcus assentiu em agradecimento enquanto se sentava.
— Fiquei contente por te ver a chamar a atenção para a necessidade dos
Jedi estarem envolvidos no seu relatório. — disse Jace. — Eu sei que
algumas pessoas não gostam de trabalhar com eles.
— Eles são um recurso valioso para a República. — respondeu o diretor.
— Nós apenas temos que aprender a usá-los adequadamente.
— Eles ofereceram que o Mestre Gnost-Dural se juntasse à nossa
equipe.
— Uma boa escolha. — disse o diretor, lembrando os arquivos que a
Ordem havia enviado ao SIE. — Darth Karrid foi aprendiz de Gnost-Dural
antes que decidisse estudar com Malgus.
— Eu não acho que eles iriam se expressar assim. — Jace disse a ele
com um sorriso irônico. — Eles provavelmente diriam que ela caiu nas
tentações do lado sombrio.
Marcus franziu a testa.
— Você acha que os Jedi estão enviando Gnost-Dural para que ele possa
tentar resgatá-la?
— Gnost-Dural é um pragmatista. — Jace assegurou. — Bem, tanto
quanto qualquer Jedi pode ser. Ele não fará nada que possa pôr em risco a
missão.
Quando Marcus não respondeu imediatamente, Jace perguntou:
— Isso vai ser um problema para o seu pessoal?
— Não senhor. Todo nome nessa lista que te dei é um profissional.
Qualquer um dos meus agentes o qual selecionar para a missão trabalhará
ao lado do Gnost-Dural sem reclamar.
— Na verdade. — Jace disse. — Eu queria falar com você sobre essa
lista.
Por alguma razão, os pelos da nuca de Marcus se arrepiaram.
— Os arquivos foram todos muito impressionantes. Mas por que Theron
Shan não estava entre eles?
Por um momento, o diretor ficou atordoado demais para responder. O
SIE manteve as identidades de seus agentes de campo em segredo. Por
razões de segurança, apenas algumas pessoas tinham acesso aos registros do
pessoal do departamento, e o Supremo Comandante não era um deles. O
diretor havia lhe dado uma lista de seis agentes que poderiam ser adequados
para a Operação Fim de Jogo, mas essa lista não incluía Theron.
— Você conhece Theron? — Ele perguntou, imaginando onde o
Comandante Supremo havia inventado o nome.
— Somente a partir do relatório de análise. — Jace admitiu. — Ele foi
listado como o agente que descobriu a pesquisa de Darth Mekhis.
O diretor balançou a cabeça, confuso. Ele revisou o relatório antes de ser
enviado para Jace. O nome de Theron havia sido retirado dos arquivos, ele
tinha certeza. Alguém na análise deve ter alterado o relatório final antes de
enviá-lo para Jace... e Marcus tinha uma boa ideia de quem era o culpado.
Não é de admirar que Theron estivesse tão feliz por trabalhar neste
relatório, pensou o diretor, rangendo os dentes ao sentir uma das
enxaquecas ameaçando continuar.
Jace percebeu o desconforto do diretor.
— Algo está errado? Theron Shan não está mais no SIE?
Marcus pensou em mentir, mas não queria arriscar prejudicar o seu
relacionamento com o Comandante Supremo se a verdade surgisse.
— Theron ainda está conosco.
— Ele é um bom agente?
— Um dos nossos melhores. — admitiu o diretor. — Mas todos os
agentes da lista que eu lhe dei são igualmente capazes.
— Se Theron Shan começou isso, você não acha que ele ganhou o
direito de continuar?
— Theron pode não ser o melhor candidato para essa missão em
particular. — respondeu Marcus. — Esta é uma operação conjunta com os
Jedi. Ele trabalha melhor por conta própria.
— O relatório diz que ele estava trabalhando com um Jedi quando foi
atrás de Darth Mekhis. Alguém chamado Ngani Zho.
— Essa era uma situação única.
Jace arqueou a sobrancelha no lado bom do rosto, surpreso.
— Você não acha que a Operação Fim de Jogo é uma situação única?
— Os métodos de Theron às vezes podem ser pouco... elegantes. —
explicou Marcus, escolhendo as suas palavras com cuidado.
— De que jeito?
— Ele prefere atravessar a janela em vez de uma porta perfeitamente
boa.
— Eu conheço o tipo. — Jace disse, assentindo. — Lidou com mais do
que alguns deles nas forças armadas. Ficar viciado em adrenalina. Sempre
procurando ação. Faz com que dispararem o gatilho. Eles gostam demais de
matar e derramar sangue.
— Theron não é assim. — assegurou o diretor, não querendo manchar a
reputação de seu agente, mesmo que sentisse vontade de jogar Theron em
um compactador de lixo no momento.
— Você obviamente está preocupado com alguma coisa. — Jace
continuou. — Você está preocupado que possa nos trair?
— A sua lealdade à República é absoluta. — disse o diretor
enfaticamente. — Ele está só... está sem foco. Ele vê algo que não se
encaixa bem com ele e precisa se envolver, mesmo que não faça parte da
missão. Ele gosta de improvisar em vez de seguir os planos.
— Parece-me que ele está indo além. — disse o Comandante Supremo.
— Poderíamos usar alguém assim para esta missão.
Percebendo que a discussão já estava perdida, o diretor conteve um
suspiro e perguntou:
— Você quer que eu envie o arquivo dele?
— Duvido que haja algo lá dentro que você não possa me dizer agora.
— O que você quer saber?
— O nome dele é Shan. Alguma relação com a Grã Mestra Jedi?
— Shan é um nome muito comum. Provavelmente há dez milhões deles
só em Coruscant.
— Você não respondeu minha pergunta. — Jace disse, fixando Marcus
com um olhar penetrante.
— Theron é filho dela. — Marcus admitiu.
Jace piscou surpreso.
— Satele Shan... teve um filho?
— Só um punhado de pessoas sabe. — explicou Marcus. —
Obviamente, isso é algo que queremos manter em sigilo. Os Jedi não
deveriam ter filhos.
— Quem é o pai? Outro Jedi?
— Eu não sei. Acho que nem Theron sabe.
O Comandante Supremo ficou quieto por alguns momentos.
— Acho que Theron não está em sintonia com a Força. — disse ele
finalmente. — Caso contrário, ele estaria na Ordem, em vez do SIE.
— Verdade.
— Mas isso ainda pode ser bom para a missão. — disse Jace, falando
rapidamente. — Trabalhar com Jedi não é fácil. O relacionamento dele com
Satele pode facilitar a coordenação de nossos esforços com a Ordem.
— Theron realmente não tem um relacionamento com Satele. — alertou
o diretor. — Ela o abandonou no nascimento. Eu nem sei se eles já se
conheceram.
— Entendo. — Jace disse, franzindo a testa. — Parece estranho que não
gostaria de conhecê-la, já que ambos servem à República.
— O relacionamento de Theron com os Jedi é complicado. — explicou
o diretor. — Ele foi criado em segredo pelo mestre Ngani Zho, mentor de
Satele. Ensinou-lhe tudo o que os jovens Padawans aprendem na academia,
disciplina mental, filosofia Jedi. Acho que Zho apenas assumiu que seguiria
os passos de Satele quando ficasse mais velho. Mas os Jedi se recusaram a
levá-lo. Acontece que ele não era sensível à Força.
— Ele puxou o pai. — Jace murmurou.
— Provavelmente. — Marcus concordou. — Meio que fez Theron
repensar todas as lições que aprendeu quando criança.
— Você acha que ele guarda algum ressentimento em relação aos Jedi
porque o rejeitaram?
— Ele respeita o que os Jedi fazem pela República. — respondeu
Marcus. — Mas viu em primeira mão que não são perfeitos. Isso o deixou
um pouco cínico quando se trata de algumas de suas crenças mais fortes.
Houve um longo silêncio enquanto o Comandante Supremo pesava essa
nova informação.
— Eu o quero para esta missão. — Jace declarou de repente, batendo a
mão em cima da mesa para enfatizar. — Servi com Satele Shan durante a
guerra. Se Theron tem alguma coisa de sua mãe nele, é o homem perfeito
para este trabalho.
— Theron é bom. — disse o diretor, fazendo um esforço final para
mudar a mente do Supremo Chanceler. — mas acho que seria melhor irmos
com um dos agentes da minha lista original.
Jace balançou a cabeça.
— Theron é o escolhido.
— Sim, senhor. — respondeu o diretor, embora a sua resposta não
tivesse nenhum entusiasmo real. — Vou enviar o arquivo dele para que
possa dar uma olhada e eu vou deixar Theron saber.
— Não fique carrancudo, Marcus. — Jace disse com um sorriso. —
Tenho um pressentimento sobre esse garoto e aprendi a confiar no meu
instinto.
O MINISTRO DAVIDGE, o Ministro Imperial de Logística, bateu no
console do computador, folheando entre as telas de números organizados
em colunas, tabelas, gráficos e tabelas.
A totalidade do Império estava representada nesses números: todo
cidadão, todo soldado, todo subjugado e todo escravo em todo mundo. Cada
nave em toda frota, bem como todos os recursos produzidos em todos os
sistemas e setores sob controle imperial, foram contabilizados com detalhes
e precisão alucinantes. O domínio totalitário do Imperador levou a um
sistema muito eficiente e organizado de inventários e censos que mediram
tudo sob o seu controle. E embora tivesse ido embora, para grande alívio do
ministro Davidge, a rede burocrática o qual instalou ainda permanecia.
As muitas telas de números eram a força vital de que Davidge precisava;
sem dados precisos e atualização diária, não poderia fazer o seu trabalho, e,
em sua mente, isto era claramente o trabalho mais importante do Império. A
logística, em uma meta-análise, era o princípio e o fim da sobrevivência do
Império. Os recursos e a mão de obra ditava suprimentos e o trabalho, que
ditavam a produção potencial e o consumo esperado de tudo.
Sem ele, o Império não tinha planos de guiar o seu curso. Sem ele, o
Ministro da Guerra não saberia quantas naves ou tropas enviar para cada
setor, ou por quais mundos valia a pena lutar e quais não valiam os recursos
para defender. Até os membros do Conselho Sombrio confiaram nele para
lhes dar uma noção da força relativa do Império em comparação com a
República.
Infelizmente, o ministro carecia de números concretos na República.
Desde o colapso da Inteligência Imperial, os dados sobre o inimigo vinham
de estimativas, premissas e suposições. Acrescentava variação às suas
equações, e o ministro Davidge odiava a variação. Exigia que ele fornecesse
previsões para as extremidades de alta e baixa do espectro, dobrando a sua
carga de trabalho ao oferecer modelos preditivos que monitoravam o fluxo
e refluxo da guerra galáctica.
Mesmo usando as estimativas mais baixas dos recursos da República, a
verdade era inevitável. A maré virara contra o Império, e se algo não
mudasse radicalmente nos próximos anos, a sua derrota seria inevitável. Era
matemática simples.
O ministro terminou a sua revisão final dos dados, reuniu o seu relatório
e levantou-se da mesa, esticando-se para relaxar os músculos cansados e
apertados. Estava encolhido na cadeira por quase doze horas, mas Darth
Marr havia lhe apresentado uma pergunta, e Davidge precisava ter certeza
da resposta antes de responder.
Confiante em sua análise, virou-se e seguiu para a porta trancada no
fundo do escritório. Digitou o código de dezesseis dígitos para destravá-lo,
entrou e fechou a porta atrás de si. Foi rapidamente para o console de
comunicações no centro da sala e ativou o código sombrio para enviar uma
mensagem criptografada para Darth Marr.
O Senhor Sith respondeu imediatamente; claramente ele estava
esperando a ligação de Davidge.
— Meu Senhor. — disse o ministro. — Revi a situação no sistema
Boranall, como você ordenou.
— Eu imaginei isso quando vi a sua ligação. — Marr respondeu, com a
sua voz calma e fria como uma sepultura.
Davidge suprimiu o desejo de estremecer. Não gostava de lidar com o
Conselho Sombrio, os Lordes Sith eram criaturas estranhas além de sua
compreensão. Eram movidos por emoção e paixão, e não por lógica e
análise cuidadosa. Frequentemente contavam com visões e profecias
recolhidas através da Força, permitindo que algum poder místico e
quantificável guiasse as suas ações, em vez da inegável verdade dos
números. E às vezes se recusavam teimosamente a acreditar no que tentava
dizer a eles, especialmente quando lhes dava notícias que não queriam
ouvir.
Marr era melhor que alguns dos outros; ele não se enfureceu nem gritou
com Davidge quando não conseguiu a resposta que procurava, como
Ravage, e não parecia eviscerar o ministro com os olhos como Mortis. O
mais importante, Marr entendeu que as projeções do ministro não eram
garantias. Variáveis imprevistas podem alterar a equação, tornando
obsoletos os números do ministro. Mas ainda havia algo perturbador na
calma gelada com a qual Marr sempre se dirigia a ele.
— Qual é a sua análise? — Marr pressionou, e Davidge percebeu que os
Sith estavam esperando ele dar o seu relatório.
— Uh... dado o nível estimado de resistência apoiada pela República e a
crescente onda de sentimentos anti-imperiais entre a população nativa,
devemos abandonar a nossa campanha no sistema Boranall.
— Existem três mundos habitáveis nesse sistema. — disse Marr. —
Quase vinte bilhões de pessoas.
— Sim, meu senhor. Mas nenhum dos planetas tem a abundância de
recursos necessários para compensar as perdas que inevitavelmente
sofreremos se tentarmos manter a população sob controle imperial.
— Qual é a taxa de perda?
— Extrapolado em seis meses, há uma redução líquida de 2% na
produção imperial total, se deixarmos o sistema funcionar.
— E se tentarmos segurá-lo?
— As estimativas conservadoras colocam a perda no ponto quatro por
cento. — Depois de um momento, ele acrescentou às pressas: — No pior
cenário, as perdas podem atingir zero ponto sete por cento.
Para alguns, os números podem parecer pequenos, mas Davidge sabia
que Marr era sábio o suficiente para entender o incrível alcance de até dois
centésimos de por cento do total de recursos do Império.
— O custo é alto. — reconheceu Marr, mas acrescentou. — mas o
sistema Boranall não é o único lugar no Império que ameaça romper com
nosso controle. Esmagar este levante enviará uma mensagem para outros
sistemas.
— Claro, meu senhor. — disse Davidge, embora silenciosamente
suspirasse.
Entendeu o raciocínio de Marr, gastou recursos extras no sistema
Boranall na esperança de compensar as perdas futuras. Mas, na experiência
do ministro, esse plano raramente funcionava. Sentimentos anti-imperiais
ainda surgiriam em outros sistemas, alimentados e impulsionados pela
República e as suas promessas de libertação.
Eles nunca recuperariam os décimos extras de um percentual que lhes
custaria manter o sistema. Na mente de Davidge, é assim que o Império
cairia, não em uma batalha épica, mas por pequenas margens sangrando. A
morte de um milhão de cortes microscópicos. Mas ele não ousou discutir
com Darth Marr.
— Vou providenciar para que uma de nossas frotas próximas envie
reforços ao sistema. — disse o ministro.
— Acredito que Darth Karrid ainda esteja nesse setor. — disse Marr. —
A chegada da Lança Ascendente deve acabar rapidamente com a revolta.
O ministro lutou contra outro suspiro. Estava familiarizado demais com
Darth Karrid e os seus métodos. Sempre que a Lança Ascendente entrava
em conflito, as vítimas e os danos colaterais aumentavam
exponencialmente. Não havia dúvida de que a taxa de perda agora
avançaria em direção à mais alta de suas estimativas.
Contra o seu melhor julgamento, o ministro decidiu falar.
— Ainda estou tentando absorver o custo da intervenção de Darth
Karrid em Leritor. A perda da frota de Gravus impactou negativamente as
nossas projeções. Nesse caso, seria melhor se pedisse para outra pessoa ir.
— Darth Karrid é um membro do Conselho Sombrio agora. — Marr
lembrou. — Ela não recebe ordens de mim. Ou de você.
— Perdoe-me, meu senhor. Não quis ofender.
— Escolha as suas palavras com mais cuidado ao entrar em contato com
Darth Karrid para solicitar a sua assistência neste assunto.
Davidge entendia os números melhor do que qualquer um, mas era
óbvio o que Marr esperava conseguir. Era sabido que ele apoiara a
candidatura da Falleen desde o início, e pedir ao Ministro de Logística que
pedisse pessoalmente a Darth Karrid por ajuda no sistema Boranall
legitimaria ainda mais a sua nova posição. E convencê-la a empreender uma
missão em um sistema remoto manteria ela e a Lança Ascendente longe das
maquinações de quaisquer outros membros do Conselho Sombrio que
estivessem procurando recrutar a sua lealdade, pelo menos por um tempo.
Não era a primeira vez que o ministro foi forçado a se curvar à política do
Conselho Sombrio. Pelo menos desta vez o custo para o Império era menor
do que em outras ocasiões.
— Entendo, meu senhor. Vou entrar em contato com ela imediatamente.
— Tente ser convincente quando pedir ajuda. — advertiu Marr antes de
desconectar o sinal.
A partir de seus relatórios, o ministro conhecia todos os detalhes
potencialmente significativos sobre Boranall e os outros mundos no
sistema: a sua geografia e clima; os seus cidadãos e cultura; os seus
recursos e indústria. E sabia exatamente como apresentaria essa proposta a
Darth Karrid.
Compôs uma breve mensagem resumindo a situação, passando-a pelo
código antes de transmiti-lo à Lança Ascendente com uma classificação de
prioridade mais alta. Apesar disso, levou quase trinta minutos para receber a
sua resposta. O atraso foi preocupante; deu a entender que a Falleen, como
muitos outros senhores de alto escalão dos Sith, tinham pouca consideração
pelo papel crucial que o Ministro de Logística desempenhava na guerra
galáctica em andamento.
Afastando os seus medos, o ministro Davidge respondeu ao holograma
que chegava. O rosto de Darth Karrid se materializou diante dele. Cada vez
que a via, Davidge não podia deixar de notar a sua beleza desfigurada. A
sua pele perfeita fora desfigurada pelas tatuagens no rosto que
representavam a sua devoção aos caminhos Sith; os implantes cibernéticos
que dominavam o seu lado esquerdo transformaram as suas feições em uma
mistura grotesca de carne e aço.
— Recebi a sua mensagem, ministro Davidge. — disse Darth Karrid,
com o seu tom em algum lugar entre aborrecimento e desprezo. — Essa
tolice em Boranall é realmente digna da Lança Ascendente?
Não, não é, Davidge pensou. Mas Marr quer você lá.
Em voz alta, ele disse:
— Temos relatos de um acúmulo constante das naves da República na
região em conjunto com numerosos relatos de crescente sentimento anti-
imperial entre os habitantes locais. As minhas projeções mostram que, se
esse levante potencial não for tratado rapidamente, poderá ter um efeito
cascata por todo o Império.
Ela torceu o rosto com um sorriso de escárnio.
— E o que faz você pensar que esse sistema insignificante era
importante o suficiente para incomodar um membro do Conselho Sombrio?
Sabendo que Marr ficaria descontente se Karrid descobrisse o seu
envolvimento, o ministro seguiu com uma justificativa cuidadosamente
fabricada ao entrar em contato com ela.
— Existe uma estação de pesquisa sobre hipermatéria em Boranall. —
disse Davidge.
Havia alguma verdade em sua afirmação: havia uma antiga estação de
pesquisa sobre hipermatéria em Boranall, a maior e mais densamente
povoada planeta do mesmo nome. Mas omitiu o fato de que era uma
bobagem inútil do governo criada gerações antes por políticos corruptos
recebendo pagamentos da família rica que possuía a empresa de pesquisa. O
equipamento arcaico havia caído em ruínas, e os técnicos que supostamente
trabalhavam lá eram principalmente parentes de nobres influentes, sem
treinamento adequado.
— Como agora você está supervisionando a Esfera Tecnológica de
Influência. — continuou Davidge, apelando descaradamente ao ego dela. —
pensei que você poderia querer lidar com isso pessoalmente. Não podemos
deixar a estação de pesquisa ficar sob o controle da República.
Karrid o favoreceu com um sorriso tímido, uma expressão que no auge
de sua beleza teria feito os joelhos de Davidge se dobrarem de anseio e
desejo. Agora, no entanto, o seu rosto horrível apenas agitava o seu
estômago.
— Talvez Marr esteja certo sobre você. — ela ronronou. — Talvez você
seja de alguma utilidade para o Império, afinal.
Davidge permaneceu em silêncio.
— Você está com sorte, Ministro. — disse ela após um breve momento
de contemplação. — Estabelecerei um curso para o sistema Boranall e porei
um fim às oscilações da rebelião.
— Agradeço em nome do Império. — respondeu Davidge.
Karrid não se incomodou em responder quando encerrou a ligação.
Aliviado, o ministro desligou o código, levantou-se da cadeira e saiu da sala
de comunicações. Fechou a porta duraço atrás dele, esperando o bipe único
o qual confirmava que estava trancado e o código mais adiante estava
seguro. Então retornou para a sua mesa e voltou a estudar as suas tabelas,
tabelas e gráficos.
THERON NÃO TINHA INTENÇÃO de chegar atrasado para o seu
informe com o Comandante Supremo. O diretor já estava furioso com ele
por colocar o seu nome no relatório resumido da Operação Fim de Jogo;
não faz sentido adicionar combustível ao fogo. Como resultado, chegou ao
escritório de Jace vinte minutos antes.
— Sente-se. — instruiu a recepcionista, apontando para uma das várias
cadeiras contra a parede. — O Comandante Supremo verá você quando
todos estiverem aqui.
Não havia nada em seu tom para indicar que isso não passava de um
protocolo padrão, mas Theron não pôde deixar de se perguntar se o diretor
havia dado instruções explícitas para não deixá-lo falar com Jace Malcom
sem escolta. No entanto, olhar o comportamento da jovem profissional, mas
não de maneira alguma cauteloso o convenceu de que estava só sendo
paranoico. Sorriu para si mesmo quando se sentou, Fico feliz em ver que
suas habilidades de sobrevivência estavam operando a todo o vapor mais
uma vez. Para um agente de campo, um pouco de paranoia era uma coisa
boa: às vezes eles realmente queriam te pegar.
O diretor chegou cerca de quinze minutos depois. Deu um aceno
superficial a Theron, depois um sorriso caloroso e piscou para a
recepcionista. A jovem corou e sorriu, fingindo não ter visto o gesto.
Parece que o diretor está procurando a esposa número três, pensou
Theron.
— Algum conselho para esta reunião? — Theron perguntou calmamente
enquanto o seu chefe se sentava ao lado dele para esperar.
— Desde quando alguma coisa que eu já te disse importa? — Ele
respondeu em um sussurro agudo, baixo o suficiente para impedir a
recepcionista de ouvir. — Você simplesmente faz o que quiser de qualquer
maneira.
— Mas eu tenho resultados. — lembrou Theron. — É por isso que você
me mantém por perto.
O diretor não respondeu, e Theron percebeu que ele estava mordendo a
língua para não desencadear um discurso explícito na frente da
recepcionista.
— Jace é um militar. — o diretor finalmente disse depois de recuperar a
compostura. — Ele gosta de disciplina e ordem. Puxe uma de suas
acrobacias típicas e imprudentes enquanto ele está dando os tiros e ele vai
esmagá-lo.
— Vou me lembrar disso. — prometeu Theron.
Eles passaram os minutos seguintes em um silêncio desconfortável, até
que o Mestre Gnost-Dural, o seu contato Jedi, chegou. O Kel Dor era um
pouco mais alto que Theron, embora parecesse mais magro, possivelmente
por causa de seu robusto traje Jedi. A sua pele áspera e enrugada era de um
tom desbotado de marrom amarelado. Como todos os Kel Dor que se
aventuraram na atmosfera rica em hélio de seu mundo natal, os seus olhos
estavam protegidos por óculos adequados e a metade inferior do rosto foi
parcialmente obscurecida por uma máscara de aço. A máscara cobria o
abismo carnoso que Kel Dor possuía no lugar do nariz e da boca, embora
deixasse expostas as suas presas salientes de dez centímetros de
comprimento.
Dada a sua aparência, a máscara, as presas e o crânio de formato
estranho típico da espécie, a aparência do Mestre Gnost-Dural era
intimidadora e perturbadora. Mas Theron sabia que o Jedi eram um dos
Mestres mais respeitados da Ordem.
Ele era o principal especialista da República nos Sith; ele os estudou em
detalhes por muitos anos em seu papel de guardião dos arquivos Jedi.
Depois de revisar o arquivo que os Jedi enviaram, no entanto, Theron sabia
que era mais do que um mero historiador. Gnost-Dural também foi um
guerreiro consolidado; estava lutando contra os Sith desde o seu
surpreendente ressurgimento no palco galáctico, mais tempo do que Theron
estava vivo.
Theron se perguntou o que Kel Dor pensava da Grã Mestra Satele Shan.
Embora não houvesse registros deles servindo diretamente juntos, ele
certamente conhecia pessoalmente a chefe da Ordem Jedi. Ele também
perguntou se Gnost-Dural sabia que Satele era sua mãe. Não que Theron
realmente se importasse de qualquer maneira. A conexão de Satele com ele
era puramente biológica. A sua linhagem não tinha influência sobre quem
era ou o que havia se tornado; o único pai de verdade o qual teve foi o
mestre Zho.
— Saudações, diretor. — disse o alienígena, com a sua voz profunda e
ressonante, mesmo através de sua máscara. — E para você, agente Shan.
— Me chame de Theron.
— Como quiser. Eu conhecia o mestre Zho; ele falava de você
frequentemente. Fiquei triste ao ouvir sua perda, apesar de me consolar
sabendo que ele se tornou um com a Força.
Theron estava familiarizado o suficiente com a filosofia Jedi para não se
ofender com as palavras bem-intencionadas. Também notou o fato de que
Gnost-Dural mencionou Zho, mas não Satele... embora pudesse estar
exercendo discrição.
— O Comandante Supremo vai vê-lo agora. — disse a jovem,
pressionando um botão atrás de sua mesa que fez a porta se abrir. Os três
homens se levantaram como um e entraram na sala onde Jace estava
esperando. O Comandante Supremo levantou-se quando entraram,
aproximando-se rapidamente para fechar a porta atrás deles.
— Diretor. Mestre Gnost-Dural. — disse ele, acenando para cada um
deles. — É bom finalmente conhecê-lo, Theron.
A suas palavras vieram rapidamente, como se estivesse nervoso. Theron
atribuiu isso à excitação pela missão.
— Quero que todos falem livremente. — continuou Malcom. — Posição
não significa nada aqui, somos todos iguais nesta reunião. Se você tem algo
a dizer, basta dizer.
— Acha que pode lidar com isso, Theron? — o diretor perguntou
sarcasticamente.
— Vou tentar superar a minha timidez natural.
— Talvez devêssemos nos atualizar. — sugeriu Mestre Gnost-Dural. —
Você pode me falar mais sobre a Operação Fim de Jogo, e eu posso falar
sobre a comandante da Lança Ascendente. Ela já foi minha Padawan,
embora tivesse o nome de Kana Terrid naquela época.
— Ajudei a montar o relatório de análise. — lembrou Theron. —
Estudei tudo o que estava nos arquivos em detalhes. Estou mais interessado
no que não estava nos arquivos.
O Jedi assentiu.
— Kana se mostrou uma grande promessa durante o treinamento,
embora sempre tenha cuidado com a ambição dela. Ela raramente se
limitava às tarefas que a designava; gostava de sair sozinha. Assumir riscos.
Sempre procurando o próximo desafio.
— Parece familiar. — murmurou o diretor, mas Theron o ignorou.
— Em vez de tentar mudar a sua natureza, procurei orientar e direcionar
a sua curiosidade natural. Eu a incentivei a explorar e se ramificar.
— Isso não parece familiar. — interrompeu Theron, arqueando uma
sobrancelha na direção de seu chefe.
— Pode ser minha culpa que ela tenha caído no lado sombrio. —
admitiu Gnost-Dural. — Pensei que o treinamento dela havia lhe dado a
disciplina para mantê-la segura, mas talvez dar tanta liberdade a ela fosse
um erro.
Theron entrou na conversa antes que o diretor pudesse dizer qualquer
coisa.
— Algumas pessoas são atraídas para o lado sombrio. Forçá-la a seguir
um conjunto rígido de regras poderia tê-la feito abandonado a Ordem Jedi
ainda mais cedo.
— Ela não abandonou a Ordem Jedi. — respondeu Gnost-Dural. — Não
como você pensa. Queria levar um dos meus para os Sith; alguém para
ajudar a derrubá-los por dentro. Fui eu quem a enviou para estudar com
Darth Malgus. Sabia que era um risco. Se ela fosse descoberta, sofreria
torturas incalculáveis e uma morte terrível e dolorosa. Pior ainda, sabia que
a tentação do lado sombrio a testaria: Malgus era ao mesmo tempo
poderoso e carismático.
Theron não tinha muita certeza de que o risco de cair no lado sombrio
era pior do que tortura e morte, mas conseguiu manter a boca fechada.
— Durante vários anos, ela trabalhou disfarçada, estudando aos pés de
Malgus enquanto secretamente transmitia informações de volta para mim.
Muito do que sabemos sobre a Lança Ascendente veio de seus relatórios
iniciais, e as suas informações levaram a várias vitórias importantes na
República.
— Deixe-me adivinhar o que aconteceu depois. — disse Theron. — A
informação continuou fluindo, mas se tornou menos valiosa. As
informações ainda eram precisas, mas não eram tão estrategicamente
importantes.
— Ela se tornou agente dupla. — confirmou Kel Dor. — Ela estava nos
alimentando com insignificantes fragmentos dos planos do Império,
enquanto transmitia informações críticas da República a Darth Malgus.
— Antes que ela nos abandonasse, aprendemos que todo o potencial da
nave só pode ser desbloqueado por aqueles com uma poderosa conexão
com a Força. — acrescentou o Jedi. — Mas também requer implantes
cibernéticos especiais para interagir com os sistemas de controle. É essa
união de nave e Sith que faz da Lança uma arma tão formidável.
— Acredito que Malgus convenceu a minha Padawan a se submeter à
cirurgia dos implantes cibernéticos para que pudesse assumir o comando da
embarcação. Essa foi provavelmente a tentação final que a atraiu para o
lado sombrio.
A insistência dos Kel Dor em encontrar alguma razão identificável para
a traição de Karrid não se encaixava bem com Theron.
— Você não está nesta missão para tentar resgatar a sua antiga Padawan,
está? — Ele perguntou. — Sei que vocês Jedi acreditam que ninguém está
além da redenção, mas derrubar a Lança já será difícil o suficiente.
— As minhas ações desencadearam Darth Karrid na galáxia. —
explicou Gnost-Dural. — É minha responsabilidade detê-la. Essa é a minha
única preocupação.
Theron assentiu. Cuidar de negócios inacabados era algo que conseguia
entender.
— De qualquer forma, Kana mudou seu nome para Darth Karrid, e eu
não tive contato com ela desde então. — concluiu Gnost-Dural. — Tudo o
que sei sobre ela agora vem de outras fontes, como o SIE.
— Acabamos de saber que Darth Karrid foi recentemente nomeada para
o Conselho Sombrio. — afirmou o diretor.
— Isso não muda nada. — Jace insistiu. — Só significa que derrubar
Karrid e a Lança terá um impacto ainda maior no Império. É por isso que a
Operação Fim de Jogo é tão importante.
— Depois de revisar todas as análises de cenários oferecidas,
percebemos que não podemos parar o Lança, a menos que tenhamos um
sabotador a bordo. — disse o Comandante Supremo ao Gnost-Dural. — O
plano é que Theron se afaste na nave enquanto estiver atracado em um
espaçoporto imperial para a tripulação sair.
— a Lança nunca fica no porto por muito tempo. — acrescentou Theron.
— Conseguir um sabotador a bordo requer preparação e planejamento.
Teríamos que saber para qual espaçoporto Karrid está indo, para que
possamos chegar lá primeiro para organizar tudo.
— Temos uma fonte nas comunicações da frota imperial. — disse o
diretor. — E ela pode desviar cópias de todas as mensagens que estão sendo
transmitidas para ou da Lança Ascendente para nós. Mas essas mensagens
estão codificadas.
— Então não muda nada. — observou Theron. — A menos que
tenhamos um código sombrio.
— A aquisição de um código sombrio não é uma prioridade da
República há meses? — Perguntou Gnost-Dural, impressionando Theron
com o seu conhecimento de algo que não se enquadrava no âmbito típico da
Ordem.
— O Império tomou todas as precauções para impedir que isso
acontecesse. — respondeu Jace. — Em duas ocasiões, até recuperamos um
código danificado dos destroços de uma nave principal imperial, na
esperança de repará-la ou fazer engenharia reversa.
— Infelizmente, os códigos são projetados com uma função de
autodestruição. Quando uma nave principal é destruída, os códigos
automaticamente queimam os seus núcleos de descriptografia. Sem um
núcleo funcional, o código é apenas uma caixa de metal sem valor.
— Então, como você propõe que adquiramos um? — Perguntou Theron.
— O Ministro Imperial de Logística usa um para se comunicar com as
naves principais em toda a galáxia. — explicou o diretor. — Está em seu
escritório no Centro de Comando de Defesa Orbital em Ziost.
— Portanto, precisamos invadir um dos edifícios mais bem guardados
em um dos mundos mais críticos e bem defendidos do Império e roubar o
código sem desencadear a sequência de autodestruição? — Perguntou o
Jedi, certificando-se de que estava claro o plano.
— É mais complicado que isso. — disse Theron. — Se um código em
funcionamento desaparecer, o Império apenas reprogramará todos os seus
códigos.
Theron sabia que não era tão simples quanto estava fazendo parecer. Os
códigos sombrios eram projetadas para impedir que alguém as adulterasse;
eles não podiam ser reprogramados em campo. Alterar os códigos de
criptografia exigiria que o Império recuperasse as suas naves principais para
que os técnicos pudessem sincronizar as alterações em cada embarcação.
Seria caro e demorado, mas ainda era uma opção melhor do que deixar o
inimigo ouvir as suas transmissões secretas.
— Mas o Império não vai se dar ao trabalho de mudar os códigos se não
achar que o código está faltando. — explicou o diretor. — Precisamos
entrar no gabinete do ministro e trocar o núcleo do código de trabalho por
um dos núcleos queimados dos códigos danificados que recuperamos. Faça-
os pensar que o que está no gabinete do Ministro foi de alguma forma
danificado, fazendo com que desencadeie a sequência de autodestruição.
— Eles não suspeitarão se o código for misteriosamente danificado? —
Perguntaram os Jedi.
— Não, eles acharão que foi danificado em um ataque terrorista. —
Theron comentou. — Muitas instalações imperiais em outros mundos foram
alvejadas no passado. Trocamos os núcleos e detonamos alguns explosivos
dentro do edifício. Faça parecer que os separatistas anti-imperiais locais
desencadearam uma explosão que desencadeou a sequência de
autodestruição do código.
— Poderiam ter baixas civis pesadas se não tomarmos cuidado. —
observou o Jedi.
— Faremos tudo o que pudermos para minimizar os danos colaterais. —
prometeu Jace.
— Vamos precisar dos projetos arquitetônicos do Centro de Comando de
Defesa Orbital. — acrescentou Gnost-Dural. — Juntamente com uma lista
de todos os seus protocolos de segurança. O SIE tem um contato no Ziost o
qual podemos usar?
— Ainda não conseguimos entrar no Ziost. — admitiu o diretor.
— Conheço alguém que pode ajudar. — disse Theron. — Um autônomo
com quem trabalhei antes. — A parte mais difícil será convencê-la a
trabalhar comigo novamente.
— Mesmo que o amigo de Theron nos ajude. — advertiu o diretor. —
ainda estamos trabalhando em um bom disfarce para entrar no Ziost sem
chamar a atenção.
— Posso cuidar disso. — ofereceu Gnost-Dural.
Theron levantou uma sobrancelha em surpresa.
— O SIE não é o único que precisa se infiltrar nos mundos imperiais. —
explicou Kel Dor.
— Então está resolvido. — disse Theron. — Então, quando vamos
embora?
Sabia que eles poderiam continuar repassando a missão de frente pra
trás, detalhando todos os detalhes, mas não entendia o objetivo. Parte do
que o tornava um bom agente era a capacidade de pensar e agir
rapidamente. Quaisquer detalhes que surgissem agora seriam pura
especulação. Era inevitável que as coisas mudassem durante a missão real, e
o planejamento excessivo apenas tornaria mais difícil a adaptação e a
improvisação.
— Dê-me tempo para plantar o nosso disfarce no local. — disse Gnost-
Dural. — Podemos nos encontrar no meu hangar particular em dois dias.
Vou te enviar a localização.
— Estou feliz que vocês dois estejam ansiosos para começar. — Jace
disse. — Mas não vamos nos apressar em nada.
— Você queria Theron nesta operação. — disse Marcus, vindo em
defesa de seu agente. — Aprendi que, quando ele estiver pronto, o melhor é
sair do caminho.
— Eu posso fazer isso. — Jace prometeu. — Senhores, a Operação Fim
de Jogo começou oficialmente. Que a sorte, e a Força, estejam com vocês.
Percebendo que haviam sido dispensados, Theron, o diretor e Gnost-
Dural saíram do escritório do Comandante Supremo e entraram na área de
recepção do lado de fora.
— Vocês dois vão em frente. — disse o diretor, lançando um rápido
olhar para a recepcionista enquanto a porta do escritório se fechou atrás
deles. — Preciso falar com essa jovem sobre papelada. Coordenar os
recursos do SIE com os militares... preciso tornar tudo oficial.
Theron suspeitava que o que quer que o diretor quisesse falar
decididamente não era oficial, mas tinha tato o suficiente para não dizer
nada, enquanto ele e Gnost-Dural continuavam no corredor sozinhos.
— Estou ansioso para trabalhar com vocês. — dissera o Jedi quando
chegaram a uma divisão no corredor onde se separariam. — E posso
garantir que os meus sentimentos pela minha ex-Padawan não interferirão
em nossa missão.
— É bom saber. — disse Theron, pensando: se for necessário, você será
capaz de matá-la? Ou você vai hesitar?
— Vejo você em dois dias. — disse Gnost-Dural, depois se virou e
seguiu na outra direção.
Enquanto o observava partir, o holocomunicador pessoal no cinto de
Theron começou a apitar. Curioso, ele atendeu. Para a sua surpresa, o rosto
do Comandante Supremo se materializou diante dele.
— Theron, gostaria de falar com você novamente antes da missão.
Sozinho. Na minha residência particular.
— Claro, senhor. — disse Theron, surpreso demais para pensar em outra
coisa.
— Bom. Vou lhe enviar o endereço. Esteja lá amanhã à noite.
A ligação terminou antes que Theron pudesse fazer alguma pergunta,
deixando-o imaginando o que o Supremo Comandante da República
poderia querer discutir.
JACE MALCOM MUDOU A SUA POSIÇÃO, incapaz de se sentir
confortável no sofá da sala de estar de seu apartamento modestamente
mobiliado enquanto esperava a chegada de Theron. O Comandante
Supremo normalmente não era tão inquieto. Durante a sua carreira militar,
passou muitas horas sentado e esperando; a vida de um soldado eram
longos trechos de tédio interrompidos por breves interlúdios de ação
intensa. Havia aprendido há muito tempo como ficar calmo e relaxado
enquanto os minutos passavam. Mas essa situação era diferente de tudo o
que já havia lidado antes.
Quando a campainha na porta tocou, realmente se levantou e fez uma
pausa para se recompor antes de abrir a porta.
— Obrigado por vir, Theron. — disse ele ao jovem do outro lado.
— Não vou perder uma reunião com o Comandante Supremo. —
respondeu Theron.
— Isso não era uma ordem. — Jace assegurou. — Apenas um pedido.
— Vindo de alguém em sua posição, eles são basicamente a mesma
coisa.
Jace assentiu. Era um oficial no comando de outras pessoas por muitos
anos, mas a sua recente promoção ao Supremo Comandante havia levado as
coisas a um nível que ainda não estava acostumado.
— Entre e sente-se. — disse ele. — Por favor. — acrescentou, na
esperança de fazer parecer um convite.
Theron se sentou em uma das duas cadeiras em frente ao sofá. Jace não
pôde deixar de notar a sua escolha de assento, de frente para a porta e a
posição mais distante, longe de onde mais alguém poderia se sentar.
— Lugar legal que você tem aqui, comandante. Meio que esperava que
as paredes fossem cobertas com todas as suas medalhas e condecorações.
— Eles entraram em conflito com as cortinas. — Jace explicou. —
Posso pegar algo para você beber? Eu tenho uma boa safra Alderaaniana, se
você gosta de vinho. Ou da Reserva Corelliana, se você preferir conhaque.
— Não, obrigado, senhor.
— Que tal um kri'gee Mandaloriano?
— Sempre quis experimentar coisas pesadas. — disse Theron. — Claro,
eu vou tomar um copo.
Jace caminhou até o armário de bebidas no canto e serviu uma dose para
os dois, depois levou-o a seu convidado antes de se sentar no sofá de frente
pra ele. À luz do apartamento, viu que Theron se parecia mais com a mãe;
ele conseguia distinguir algumas dicas fracas de Satele Shan nas feições do
jovem, embora se ele não soubesse quem era a sua mãe, isso não seria
perceptível.
— Pela República? — Theron perguntou, segurando o seu copo.
— A República. — Jace concordou, e ambos beberam as suas bebidas
em um único gole.
Theron tossiu e engasgou por alguns segundos, uma reação comum
naqueles que experimentavam kri'gee pela primeira vez.
— Quer outro? — Jace perguntou. — Vai crescer pelo em você.
— Estou bem. — Theron engasgou, com o seu rosto ainda vermelho por
engasgar com o primeiro copo.
Eles colocaram os copos vazios na mesa de café entre eles, e um silêncio
desconfortável se instalou na sala. Jace sabia que Theron estava esperando
ele falar, mas honestamente não sabia por onde começar.
— Eu servi com a sua mãe. — ele finalmente disse. — Em Alderaan.
Ela era uma mulher notável.
Ele viu uma mudança surgir no rosto de Theron, ele foi subitamente
vigiado e cauteloso.
— Imaginei que você soubesse. — disse ele. — É por isso que você me
escolheu para esta missão?
— Eu vi o seu registro de serviço, Theron. Você mereceu isso.
— Você não respondeu a minha pergunta.
— Eu me perguntei se havia alguma coisa de sua mãe em você. — Jace
admitiu.
— Não quero ser rude, comandante, mas se você me trouxe aqui para
perguntar sobre Satele, está sem sorte. Eu mal a conheço.
Houvia uma brevidade na resposta de Theron. Não era exatamente raiva
ou amargura; mais como exasperação. Como se tivesse ou imaginado essa
conversa tantas vezes antes, ou estava simplesmente cansado dela.
— Então você nunca a procurou? Ou ela por você?
Theron deu de ombros.
— Nunca vi nenhum motivo. Quando eu nasci, ela desistiu de mim para
se dedicar à República. Entendo por que ela fez isso, e respeito a sua
escolha. Também escolhi servir a República. Por isso entrei para o SIE.
Torná-la parte da minha vida agora apenas complicaria as coisas para nós
dois; vai dificultar os nossos trabalhos. Eu não vejo um objetivo.
— Você parece bem certo disso. — Jace observou.
— Ngani Zho me ajudou a entender por que Satele fez o que fez.
Cheguei a um acordo com isso. Eu segui em frente.
— Mas e o seu pai? Você nunca quis perguntar a Satele sobre ele?
Mestre Zho era meu pai. Ele me criou. Me fez quem eu sou.
A conversa não estava indo tão bem quanto Jace esperava. Ele estava
dançando o problema real e percebeu que estava com medo. Ele enfrentou a
morte muitas vezes para contar, mas aqui estava ele, com muito medo de
dizer a Theron por que ele realmente estava aqui. Respirando fundo, o
Comandante Supremo decidiu que era hora de atacar a brecha.
— Theron, eu não sabia que Satele tinha um filho. Só descobri há alguns
dias quando vi o seu nome no relatório e perguntei ao diretor se você era
parente dela.
— Seria melhor se tivesse mentido pra você, resmungou Theron. —
Poderia ter evitado toda essa conversa estranha.
Jace o ignorou e continuou, determinado a divulgar a verdade.
— Ele me deu seu arquivo pessoal. Eu verifiquei quando você nasceu,
confirmando o que eu já suspeitava. Theron, acredito que sou o seu pai.
Houve um longo silêncio antes de Theron finalmente falar.
— Eu já te disse. — ele disse friamente. — Mestre Zho era meu pai.
— Theron, você precisa acreditar que eu não fazia ideia. Quando Satele
rompeu o nosso relacionamento, pensei que fosse por causa da proibição da
Ordem Jedi contra apegos emocionais. Não sabia que estava grávida.
Theron levantou-se de repente.
— Comandante, desculpe-me por ela ter mentido. Mas isso é entre você
e ela. Você precisa falar com Satele.
— Essa é a última coisa que eu preciso agora. — Jace respondeu. — Ela
mentiu pra mim. Escondeu você de mim. Estou tão bravo que nem sei o que
dizer a ela.
— Mas saberia o que dizer para você. — disse Theron com simpatia. —
Os Jedi sempre têm uma explicação.
— Exatamente. Não estou com disposição para ouvi-la falar sobre paz e
controlar as suas emoções. Por isso vim até você.
— Eu ainda não sei o que você quer de mim. — disse Theron,
balançando a cabeça. — Por que me diz isso?
— Por quê? — Jace se levantou. Você é meu filho. Isso não significa
nada para você?
— Não! — Theron retrucou, dando um passo para trás. — Somos
apenas estranhos que compartilham uma conexão biológica.
— Esse é o meu ponto. — Jace insistiu, resistindo ao desejo de dar um
passo à frente. — Não precisamos ser estranhos.
— Não preciso que alguém me leve para pescar ou me ensine a andar de
hoverbike.
— Não foi isso que eu quis dizer. — Jace disse, balançando a cabeça em
frustração. — Eu só quero te conhecer melhor. Talvez tenhamos mais em
comum do que você pensa.
Theron suspirou e levantou a mão para esfregar as têmporas.
— A sua escolha de momento é realmente terrível, Comandante. —
disse ele.
— Eu poderia ter lidado melhor com isso. — Jace admitiu. — Eu só
pensei que você tinha o direito de saber. Ainda estou tentando entender tudo
isso.
— É justo. — disse Theron, com o seu tom suavizando. — Tenho lidado
com a decisão de Satele a vida toda, mas você acabou de descobrir. Acho
que vai levar algum tempo para você entender.
Jace ficou em silêncio, sentindo que Theron estava indo para algum
lugar.
— Tenho muito respeito e admiração por você e pelo que você faz. —
disse Theron. — E talvez tenhamos muito em comum. Nós dois dedicamos
as nossas vidas a ajudar a República. Talvez, quando voltar do Ziost,
possamos tentar nos conhecer melhor.
— Não se preocupe. — Jace assegurou. — Podemos ir devagar.
— Se estivéssemos indo devagar, você não teria jogado esta bomba em
nossa primeira visita.
— Desculpe por isso. — disse Jace. — Pensei que você merecia saber
antes da missão... só por precaução.
O soldado profissional nele percebeu o quão mal havia lidado com toda
a situação, embora não houvesse muito que pudesse fazer sobre isso agora.
— Você e o mestre Gnost-Dural estão programados para partir amanhã.
Você precisa que eu adie a missão por alguns dias enquanto processa isso?
— Dê-me um pouco de crédito, comandante. — respondeu Theron.
Estou mais preocupado com você. Saber que sou o seu filho pode afetar o
seu julgamento sobre a Operação Fim de Jogo.
— Você não pode ser Comandante Supremo a menos que possa deixar
de lado os sentimentos pessoais pelo bem maior da República. —
respondeu Jace.
— Fico feliz em ouvir isso.
Houve outro silêncio longo e desconfortável antes de Theron finalmente
dizer:
— Eu deveria ir. Ainda tenho algumas coisas para arrumar antes de sair.
— Certo. Claro.
Jace acompanhou Theron até a porta. Pouco antes de sair, o jovem
virou-se para ele.
— Podemos conversar novamente quando eu voltar.
— Estou ansioso por isso. — Jace respondeu com um sorriso.
A porta se fechou e Jace lentamente voltou para desabar no sofá. Com o
seu coração estava batendo forte e o seu corpo parecia simultaneamente
conectado e exausto, a mesma reação que tinha ao final de uma intensa
batalha. Fechou os olhos para tirar uma soneca e adormeceu imediatamente,
uma habilidade útil que a maioria dos soldados aprendeu rapidamente.
Jace ficou imóvel com os olhos fechados na cama enquanto a
consciência retornava lentamente, flutuando em uma nuvem de kolto.
Ele podia ouvir a comemoração do lado de fora da barraca; O
Esquadrão Havoc havia conquistado uma grande vitória hoje sobre o
Império. A República vinha cedendo terreno desde que os Sith
reapareceram e tomaram Korriban; recuperar Alderaan foi um
impulso moral o qual as tropas precisavam desesperadamente.
As canções e o riso dos soldados do lado de fora da tenda pareciam
estar vindo de uma grande distância, abafados pelas drogas que
entorpeciam a dor de seu rosto desfigurado.
A explosão da granada que havia agarrado em sua mão ao
enfrentar Darth Malgus o assustou por toda a vida, mas as suas ações
desesperadas salvaram a vida de Satele Shan... assim como a sua
chegada inesperada o salvou da execução nas mãos dos Sith no início
da batalha.
— Como você está se sentindo? — Uma voz suave murmurou em seu
ouvido, e ele abriu os olhos para ver Satele pairando sobre ele.
— Confuso, — Jace disse com um sorriso. — Kolto está me
deixando um pouco tonto.
Podia sentir sua pele queimada se esticando e rachando com o
gesto, e ele meio que esperava que Satele recuasse ao perceber que
visão horrível deve estar.
Em vez disso, ela devolveu o sorriso e estendeu a mão para colocar
uma mão macia no braço nu dele. O seu toque enviou um arrepio ao
longo de sua espinha.
— O que você está fazendo aqui? — Ele perguntou. — Em Alderaan,
quero dizer?
— Eu tive uma visão. — ela disse a ele. — A Força me mostrou que
você precisaria da minha ajuda em Alderaan, e solicitei ao Conselho
que enviasse reforços.
— Posso ter que repensar minha opinião sobre essas bulhufas
místicas. — brincou Jace. — Esses Impes estavam prestes a me deixar
com a cabeça um pouco mais curta antes de você chegar. Acho que te
devo uma.
— Depois de todas as batalhas que travamos juntos, parei de
acompanhar quem deve a quem. — disse Satele. — Você sabe que eu
sempre estarei lá por você, e sei que você estará lá por mim.
— Nós fazemos uma boa equipe. — Jace admitiu. — Eles já
encontraram o corpo de Malgus?
Satele balançou a cabeça.
— Estou começando a pensar que ele sobreviveu à batalha.
— Você deixou cair uma montanha nele. — Jace grunhiu em
descrença. — Como alguém poderia sobreviver a isso?
— Ele é um poderoso Lorde Sith. É possível que tenha usado o lado
sombrio para sobreviver ao meu ataque final. Mas você não deve
deixar isso prejudicar a partir deste momento. Todo Alderaan está te
chamando de herói esta noite. Se você quiser, posso levá-lo para
desfrutar das celebrações.
— Prefiro ficar aqui na minha tenda... sozinho com você.
Satele tentou descartar o seu comentário com uma risada, mas havia
um nervosismo em sua reação que Jace podia sentir mesmo através
da fuga dos analgésicos em seu sistema.
— Estou falando sério, Satele. — disse ele. — Você sabe como me
sinto por você. Eu me sinto assim há anos, desde que nos
conhecemos.
— Esse é o kolto falando. — disse ela, embora parecesse insegura.
— O kolto está me dando coragem para dizer o que senti o tempo
todo. — insistiu Jace, sentando-se e apertando a mão dela. — Ou
talvez seja saber que eu estava a apenas alguns segundos da morte.
Seja qual for o motivo, não posso continuar jogando este jogo.
— Não posso ignorar o que está no meu coração. — continuou ele,
as palavras vindo rapidamente, com a sua mente de repente focada e
clara. — E eu sei que você sente algo por mim também.
Satele balançou a cabeça, mas não afastou a mão dele.
— Eu sou uma Jedi. Precisamos nos libertar da emoção e da paixão
para encontrar a paz.
— Que paz você pode encontrar quando a galáxia é consumida pela
guerra? — Jace perguntou. — Em vez de negar o que sentimos,
devemos abraçá-lo. Juntos, são maiores que cada um de nós. Você
não pode negar.
— Eu sou uma Jedi. — ela repetiu, embora Jace pudesse dizer que a
sua resolução estava enfraquecendo.
— Houveram Jedi que se apaixonaram. — disse ele. — A Ordem
finge que isso nunca acontece, mas nós dois sabemos que isso não é
verdade.
Satele ficou em silêncio por vários momentos. Quando ela falou, a
sua voz era pouco mais que um sussurro.
— Eu temia esse momento desde que nos conhecemos. — ela disse a
ele.
Ela se inclinou e deu um beijo gentil nos lábios de Jace, tomando
cuidado para não encostar na carne exposta e macia de suas feridas.
Jace acordou assustado, quase se entornar do sofá.
Ele não sonhava com Satele há anos. Pensou que as lembranças e a dor
que elas lhe traziam haviam sido guardadas em segurança. Falar com
Theron, falando com o seu filho, reabriu velhas feridas.
Olhando para o relógio, viu que quase duas horas haviam se passado
desde que Theron partira. Isso explicaria o problema no pescoço dele. O
sofá era bom para uma breve soneca, mas não era o lugar para passar a
noite.
Grunhindo como um homem a décadas mais velho, ele se levantou e
cambaleou para a cama, imaginando se suas noites seriam agora
assombradas pela única mulher que já amou.

De volta ao apartamento, Theron não parava de andar de um lado para o


outro. A conversa com Jace, com o seu pai, o afetou mais do que ele queria
admitir. Logicamente, tudo o que disse a Jace era verdade: Ngani Zho o
criou, e a única conexão real que tinha com o Comandante Supremo era
algum DNA compartilhado.
Emocionalmente, no entanto, não podia simplesmente ignorar a
revelação. Isso reacendeu sentimentos há muito esquecidos de raiva e
traição em relação a sua mãe: sentimentos com os quais pensava que havia
chegado a um acordo há muito tempo. Mas quando se tratava de Jace, não
tinha certeza do que sentia.
Não estava bravo; não era justo culpar o Comandante Supremo pelo que
Satele havia feito. Não estava se sentindo feliz, excitado ou aliviado: nunca
sentira a necessidade de conhecer o seu pai biológico antes, então não era
como se um grande vazio em sua vida tivesse sido preenchido de repente.
No entanto, mesmo que não pudesse descrevê-lo, estava sentindo alguma
coisa.
Você não vai descobrir isso em uma noite.
Theron parou de andar e balançou a cabeça, tentando recuperar o foco.
A Operação Fim de Jogo tinha que ser a sua principal prioridade; não podia
se dar ao luxo de se distrair com esse inesperado drama familiar. Teve que
deixar de lado todos os pensamentos de seus pais e se concentrar na missão.
Respirou fundo algumas vezes para recuperar a compostura, um truque
simples que aprendeu com Ngani Zho.
O seu verdadeiro pai.
Ignorando a voz dentro de sua cabeça, caminhou até o holo terminal no
centro da sala. Ele montou seu apartamento para que todas as chamadas de
entrada fossem seguidas e rastreadas automaticamente. Pegou os dados de
sua última ligação, Teff'ith, e emitiu um sinal de saudação, sem se
preocupar em esconder a etiqueta de identidade na transmissão.
Se ela estiver decidida a não falar comigo, ela simplesmente ignorará a
ligação.
A holo apitou várias vezes antes de Teff'ith finalmente responder.
— Disse para você nos deixar em paz. — ela rosnou quando a sua
imagem se materializou diante dele.
— Você não precisava atender.
— Apitar a holo é irritante. O que você quer?
— Preciso de um favor.
Theron esperava que ela interrompesse a ligação logo ali. Em vez disso,
ela deu um suspiro exasperado.
— Sabia que você estava nos seguindo por um motivo.
— É um pequeno favor. — assegurou Theron. — Só preciso que você
faça uma ligação.
— Pra quem? — Ela perguntou, estreitando os olhos suspeitosamente.
Theron considerou isso um bom sinal de que ela não havia dito não.
— Tenho alguns negócios em Ziost. Preciso de um contato lá que pode
pegar a um pacote importante por alguns dias até que eu o pegue. Também
pode precisar dele para me conseguir algumas coisas. Plantas. Informações.
Talvez alguns explosivos. Você conhece alguém assim?
— Pensei que você tivesse dito que não estava nos seguindo no Ziost!
— Ela disse, com o seu tom pingando de acusação.
Theron levantou as mãos defensivamente.
— Nunca pisei naquele planeta na minha vida. Só sei que você estava lá
porque o mencionou em nossa última ligação.
Os rabos de cabeça de Teff'ith tremeram enquanto ela debatia se
acreditava nele ou não.
— Sobre o que é isso? — Ela finalmente exigiu.
— Não posso dizer. — respondeu Theron. — Ultra secreto. Mas isso
não causará nenhum problema para você ou para a Irmandade da Antiga
Tion.
— Vai causar problemas pro Império?
Theron deu de ombros.
— Isso realmente importa pra você?
— Tenho um contato que trabalha com a FLZ. — disse Teff'ith. —
Talvez pudesse fazer isso.
Theron lera vários relatórios sobre a Frente de Libertação de Ziost, um
grupo separatista radical que prometeu libertar o seu mundo natal do
controle imperial. Baseando-se principalmente em violentos ataques de
guerrilha, eles alvejaram alvos militares e civis, tornando-os tecnicamente
uma organização terrorista. A FLZ era extrema demais para a República
apoiá-los oficialmente, mas para esta missão era exatamente o que ele
precisava.
E você não terá que se preocupar com nenhum deles
sendo simpatizantes do Império.
— Isso deve funcionar. — disse Theron. — Você pode marcar uma
reunião?
— Nunca disse que o ajudaríamos ainda. — Teff'ith lembrou. — Tenho
que resolver os termos.
— Duzentos créditos. — abriu Theron.
— Mil. — ela respondeu.
— Não estou lhe dando mil créditos só para marcar uma reunião. —
disse Theron com uma risada. — Trezentos, é pegar ou largar.
Teff'ith mordeu o lábio por um minuto enquanto considerava a oferta.
— Quatrocentos. — disse ela. — Antecipadamente. E isso nos deixa
quite por Nar Shaddaa.
Antes que Theron pudesse concordar, ela acrescentou rapidamente:
— Montamos isso e você nos deixa em paz a partir de agora. Vemos
você nos seguindo novamente, matamos você.
— Achei que isso faria parte do acordo. — disse ele. — Quatrocentos
créditos, com antecedência, e você nunca mais me verá.
Satisfeito, Teff'ith disse:
— Tudo bem, estamos combinados.
THERON FICOU IMPRESSIONADO com a nave que Gnost-Dural
havia adquirido para a sua jornada a Ziost. O transporte executivo TZ-6 era
uma das naves de produção em massa mais luxuosas da Corporação de
Engenharia Corelliana; a nave valia facilmente cinco vezes o valor de
qualquer embarcação que Theron já tinha possuído. O nome escrito ao lado,
PROSPERIDADE, parecia particularmente adequado.

— Os Jedi devem pagar melhor do que pensava. — disse ele, passando a


mão apreciativamente pelo casco reluzente.
— Farei o papel de um industrial rico. — explicou Gnost-Dural. —
Pareceria incomum se estivéssemos viajando em uma embarcação precária.
— Ei, você não precisa me convencer. — disse Theron. — Gosto de
viajar em grande estilo.
Theron deu dois passos rápidos na rampa de embarque, ansioso para
conferir o interior... e tão ansioso para deixar Coruscant pra trás. Sabia por
experiência passada que, uma vez que a missão estivesse em andamento, a
sua mente estaria concentrada demais para continuar pensando no fato de
que Jace Malcom era o seu pai.
— Então, conte-me mais sobre a nosso disfarce. — disse Theron,
acomodando-se em um dos seis luxuosos assentos reclináveis de
passageiros. As almofadas felpudas cederam momentaneamente o sob seu
peso antes de se remodelar para se adaptar perfeitamente a todos os
contornos de seu corpo.
— Farei o papel de Ess Drellid, um nobre rico que possui várias fábricas
no setor de Deadalis. — explicou Gnost-Dural. O Jedi escolheu ficar de pé
em vez de se juntar a Theron em um dos assentos adjacentes.
— Você será o meu chefe de segurança, procurando atualizar armas e
armaduras para meus guarda-costas pessoais; Ziost possui um próspero
mercado negro para ambos.
— Tudo a bordo de nossa nave apoiará essa história, caso as autoridades
aduaneiras decidam realizar uma busca aleatória na nave.
— E se alguém suspeitar e se aprofundar em nossa história? —
perguntou Theron, relutantemente se levantando e deixando para trás o
conforto da cadeira do passageiro.
— O meu pessoal semeou os vários bancos de dados aos quais o Império
tem acesso com documentos que apoiarão a nossa história. A menos que
alguém realmente viaje para o setor de Deadalis para investigar
pessoalmente as fábricas, nossa história continuará.
— Você tem uma percepção boa em detalhes. — disse Theron,
apreciativo. — Para um historiador Jedi, você é um bom espião.
— Como disse antes, o SIE não é o único que coleta inteligência sobre o
nosso inimigo. — lembrou Gnost-Dural, seguindo logo atrás, enquanto
Theron se dirigia para a cabine. — Mas os seus esforços estão concentrados
principalmente nas operações militares e no dia a dia do Império. O meu
pessoal está mais interessado naqueles que seguem o lado sombrio da
Força: os Lordes Sith, o Conselho Sombrio e até o Imperador.
— Eu ouvi sobre a morte do Imperador. — observou Theron, sentando-
se na cadeira do copiloto.
— É nisso que muitos acreditam. — disse Gnost-Dural, enigmático,
sentando-se na cadeira do piloto ao lado dele.
— Você acredita nessa baboseira?
Theron ficou satisfeito ao descobrir que, como os assentos de
passageiros na parte traseira do transporte, as cadeiras na cabine se
ajustavam para oferecer o máximo de conforto e apoio. Isso seria útil para o
longo voo para Ziost.
— Existem muitas possibilidades que ainda não descartei. O Imperador
pode estar morto. Pode estar escondido. Ou pode nunca ter existido... pelo
menos não no verdadeiro sentido da palavra.
— Nunca ouvi isso antes. — admitiu Theron.
— Há alguma evidência para apoiar a teoria de que o Imperador Sith, de
mil anos de idade, era meramente um mito. — explicou Gnost-Dural ao
passar por uma verificação padrão de voo na sua nave.
— É possível que o Imperador seja realmente apenas o membro mais
forte do Conselho Sombrio. Quando ele ou ela morre, o próximo mais forte
secretamente assume esse papel, perpetuando o mito de um ser eterno e
todo-poderoso para manter as massas e outros Lordes Sith alinhados.
— Se for esse o caso, então por que todos os rumores de que o
Imperador está morto? — Theron perguntou, cruzando os instrumentos e as
leituras. — Por que um deles não entrou em suas vestes e fez uma rápida
aparição pública?
— O Conselho Sombrio, como o resto do Império, está em fluxo. Pode
haver discordância entre eles sobre quem deve ser o próximo a assumir o
papel do Imperador.
— Ou. — acrescentaram os Jedi. — todos os rumores poderiam ser
verdadeiros, e o Imperador era na verdade um ser antigo de poder
insondável que desapareceu recentemente, deixando os seus seguidores
tropeçando em sua ausência.
— Qualquer que seja a verdade. — prometeu Gnost-Dural. — um dia
vou descobrir. O conhecimento é a chave para parar os Sith.
— Eu pensei que tirar a Lança Ascendente era a chave. — brincou
Theron.
— a Lança é a chave para derrotar o Império e pôr um fim rápido à
guerra galáctica. — esclareceu Gnost-Dural, elevando a voz para ser ouvido
enquanto ligava os motores da nave. — Mas os Sith são outra questão
completamente. Mesmo que o Império caia, os seguidores do lado sombrio
continuarão a existir escondidos.
— É por isso que me dediquei ao estudo dos Sith. Estou determinado a
encontrar uma maneira de limpar a galáxia de sua influência corrupta,
pondo fim à eterna luta entre os lados claro e escuro da Força.
— Uhum... certo. Espero que você se dêe bem.
Theron podia sentir o assento embaixo dele se ajustando quando a força
da decolagem o pressionou em sua cadeira. O impulso da Prosperidade foi
impressionante.
— Você zomba de mim. — disse Gnost-Dural. — O Mestre Zho não
falou com você da Força e da batalha entre as forças da luz e das trevas?
— Ele estava mais interessado em me ensinar as habilidades que
precisava para sobreviver. — respondeu Theron. — Acho que ele esperava
que os instrutores da academia Jedi me informassem esse tipo de coisa. —
acrescentou. — Mas quando não demonstrei afinidade pela Força, eles se
recusaram a me aceitar.
— A Força se manifesta de várias maneiras. — assegurou Gnost-Dural.
— Ela flui através de todos os seres vivos. Não ser um Jedi não diminui o
seu valor.
— Nunca disse que sim. — respondeu Theron, um pouco mais do que
pretendia.
— Preciso inserir o nosso destino no computador de navegação. — disse
Gnost-Dural, talvez sentindo que estava na hora de pôr um fim à conversa.
Theron estava muito feliz em deixar o assunto morrer. Em suas poucas
semanas na academia, experimentou o suficiente da superioridade
injustificada e não-intencional, mas inconfundível, dos Jedi para durar uma
vida.
Poderia ter sido pior, pensou Theron. Pelo menos não me perguntou
sobre minha mãe. Mais uma vez, Theron se perguntou se Kel Dor sabiam
da vergonha secreta de Satele.
O resto da viagem se passou em relativo silêncio, os dois homens se
retirando para a contemplação interior enquanto seguiam as rotinas
mundanas das viagens no espaço profundo. Theron realmente apreciou a
falta de conversa; deu-lhe tempo para se preparar mentalmente para a
missão vindoura. Quando eles estavam no meio do caminho para Ziost,
havia banido com sucesso a todos os pensamentos sobre Jace e Satele,
deixando a sua mente clara e focada.
Os procedimentos de liberação para as naves que se aproximavam de Ziost
eram regulamentados demais para serem realmente eficazes, mas passaram
pela manobra de alfândega e segurança com pouca dificuldade e receberam
a permissão para desembarcar. Depois que a Prosperidade aterrissou, os
guardas sem rosto encarregados de autorizar sua presença no mundo
controlado pelo Império simplesmente fizeram algumas perguntas rotineiras
ao Gnost-Dural, fizeram uma rápida verificação do registro de sua nave e
fizeram uma busca superficial do interior antes de acenar para eles. através.
Com a segurança fora do alcance da voz, Theron não pôde deixar de
sussurrar:
— Se soubéssemos que a alfândega iria nos deixar passar, não teríamos
que enviar o núcleo de descriptografia aqui antes do tempo.
— O Império tem ouvidos em todos os lugares. — alertou Gnost-Dural.
Devidamente alertado, Theron decidiu manter quaisquer outros
comentários espertinhos pra si mesmo.
Enquanto caminhavam da área de desembarque para um speeder
esperando do lado de fora do espaçoporto para levá-los ao contato de
Teff'ith, Theron não pôde deixar de se maravilhar com a sensação
cosmopolita da multidão. Contou pelo menos uma dúzia de espécies
diferentes de todos os cantos da galáxia, incluindo setores em que
incontáveis soldados da República deram as suas vidas para salvar as
populações locais de serem conquistadas e escravizadas pelos Sith.
A cena era ainda mais difícil de entender quando se considerava a
história de Ziost. Os Sith fugiram para cá a mais de vinte mil anos antes,
quando uma guerra de sucessão reduziu Korriban a um terreno baldio
inabitável. Eles adotaram Ziost como o seu novo mundo natal e, até certo
tempo, até serviu como a capital do Império Sith.
Ninguém da República jamais havia pisado oficialmente em Ziost; desde
a sua fundação, permaneceu sob o controle absoluto do xenófobo Império
Sith. Até há uma década, os únicos puros sangues não-humanos e não-Sith
do mundo seriam escravos em cadeias ou gaiolas. Agora, no entanto, o
planeta havia sido reinventado como a porta de entrada para o Império: o
lugar onde qualquer pessoa que buscasse uma alternativa para lidar com a
República era bem-vindo para fazer negócios com os Sith.
Enquanto alguns podem ver a abertura recente de Ziost como prova de
que o Império se tornou mais tolerante e aceitável, Theron não se deixou
enganar. Os imperiais estavam perdendo a guerra; estavam desesperados.
Tão desesperados que estavam dispostos a engolir o seu fanatismo para
receber as chamadas espécies menores de braços abertos, pelo menos neste
planeta.
Os pensamentos de Theron foram interrompidos por uma cutucada sutil
de Gnost-Dural. O Mestre Jedi estava olhando para uma holotela próxima,
executando uma reportagem oficial. As imagens mostravam principalmente
o amálgama de destroços de várias naves de tamanho médio da República,
o tipo usado em ataques de choque e fuga de frotas imperiais. A voz de um
fantoche imperial brincava com as imagens da morte e de destruição.
— Uma recente tentativa da República e dos separatistas anti-imperiais
de conquistar os cidadãos leais do sistema Boranall foi facilmente repelida
pelo poder dos defensores imperiais.
Uma imagem em particular chamou a atenção de Theron, as duas
metades de uma nave da República flutuando lado a lado, o casco dividido
claramente entre o arco e a popa, como se uma serra gigante o tivesse
cortado. Conhecia apenas uma nave da galáxia com canhões a laser
poderosos o suficiente para causar esse tipo de dano.
As imagens mudaram para mostrar vários quarteirões da cidade na
superfície planetária que haviam sido nivelados por um bombardeio orbital.
A maioria dos edifícios foi reduzida a escombros; os poucos que ainda
estavam de pé tinham pedaços enormes arrancados para expor as vigas
dobradas e torcidas de duraço que sustentavam as suas armações. As ruas
eram intransitáveis, cheias de escombros e corpos de civis inocentes.
— Antes da chegada de seus salvadores imperiais, os cidadãos de
Boranall eram submetidos a um ataque covarde da frota da República
orbitando o seu mundo.
Theron não pôde evitar balançar a cabeça negando a flagrante
propaganda imperial. O bombardeio orbital de civis não era algo praticado
pela República, e nenhuma das naves vencidas da República que
mostravam tinha poder de fogo para causar esse tipo de destruição.
A explicação mais provável era que a Lança havia exterminado as naves
da República e depois apontado as armas para Boranall. Se Karrid estava
eliminando a resistência no solo ou simplesmente punindo o planeta por
ousar abrigar separatistas anti-imperiais, não importava para Theron, não
havia desculpa para o tipo de massacre que ela desencadeara.
Viu Gnost-Dural endurecer e percebeu que o Mestre Jedi havia chegado
às mesmas conclusões que ele. Theron esperava ver os horrores de que a
sua ex-aprendiz era capaz de convencer Gnost-Dural a abandonar a sua
esperança de que pudesse ser resgatada, embora soubesse o suficiente sobre
os Jedi em geral para perceber que isso provavelmente não mudaria nada.
Os dois homens continuaram em silêncio pelo espaçoporto até onde
Gnost-Dural havia combinado que um speeder os aguardasse. Ao sair,
Theron foi atingido por uma rajada de vento frio. Tremendo, puxou a capa
com mais força ao redor do corpo. O ar era seco e arenoso, com pequenas
partículas de sujeira e poeira varridas pela brisa, e apertou os olhos,
desejando ter uma cobertura para o rosto. Kel Dor, com os seus óculos de
proteção e máscara de respiração, não parecia incomodado pelo vento forte,
embora Theron sentisse alguma satisfação ao vê-lo também tremendo de
frio.
Felizmente, o speeder era tão luxuoso quanto o transporte, com uma
cúpula selada e climatizada para protegê-los do elementos. Mais uma vez,
Gnost-Dural sentou-se na cadeira do piloto e Theron sentou-se ao lado dele.
Theron não era de seguir, mas estava feliz em ceder para o parceiro essas
pequenas coisas.
Eles atravessaram as ruas movimentadas do distrito de mercado de
Ziost, o seu speeder os levando acima da multidão. Ainda haviam várias
horas de luz do dia, e Theron era claramente capaz de ver as pessoas abaixo
deles à luz do distante e desvanecido sol laranja do mundo. Embora tenha
apenas uma breve visão de cima, o distrito do mercado tinha a mesma
sensação vibrante e cosmopolita que o espaçoporto. Assim que entraram no
bairro residencial vizinho, tudo mudou.
Ainda estava lotado, Ziost era uma metrópole densamente povoada. Mas
a vida e a cor pareciam desaparecer em um instante. Tudo estava monótono
e cinza, os prédios, as ruas e até as roupas das pessoas na multidão.
— Você pode sentir a opressão deste lugar. — disse Gnost-Dural. — O
desespero indefeso de toda a cidade.
Theron assentiu, sabendo que os Jedi não estavam se referindo a algo
que sentiu através da Força. Sob o domínio imperial, haviam severas
penalidades por infrações menores, e não era difícil ver o impacto. Ao
contrário do caos de Nar Shaddaa, ali haviam um fluxo ordenado e quase
rígido do tráfego, tanto no solo quanto no ar. Os pedestres se moviam com
um propósito rápido, de cabeça baixa, ansiosos para sair da rua e voltar à
segurança anônima de suas casas. Os speeders permaneceram nas faixas
designadas e ninguém se atreveu a ir mais rápido que o limite estabelecido.
Em nenhum lugar eram encontradas swoop bikes e, se houvesse gangues
em Ziost, Theron imaginou que teriam o cuidado de permanecer bem
escondidas.
Era uma boa propaganda imperial; eles alegaram que os seus mundos
eram livres de todos os pequenos crimes. Mas Theron aceitaria alegremente
alguns batedores de carteira e alguns grafites por uma existência estéril e
sem vida sob um governo completamente totalitário.
— Estamos quase chegando. — informou Gnost-Dural ao deixar o
bairro residencial e passar para uma área industrial povoada por armazéns
quadrados e sem janelas. — Espero que o contato da sua amiga chegue até
nós.
— Eu também.
Ele soltou o acelerador do lado de fora da porta de um dos prédios. Aos
olhos de Theron, parecia exatamente como qualquer outra estrutura na rua,
mas confiava que o Jedi o deixaria no endereço que Teff'ith havia fornecido.
Apoiando-se no vento forte, eles correram do speeder para a porta. Ela
abriu quando chegaram, e correram para dentro. Do outro lado da porta
havia um pequeno escritório ao ar livre e uma área de recepção. Quatro
mesas estavam dispostas ao redor da sala, embora nenhuma delas estivesse
ocupada. Uma única porta na parede oposta levava ao armazém nos fundos.
— É bom sair do frio, não é? — O anfitrião disse alegremente.
Era um humano de meia idade. A coroa da cabeça careca estava cercada
por um anel de cabelos castanhos encaracolados. O seu rosto estava
vermelho, as suas feições claras. As suas roupas largas não eram dignas de
nota, mas Theron podia dizer que foram selecionadas em parte para
esconder o peito flácido e a barriga saliente do homem.
Sem pretensões e sem ameaças. O homem de apoio perfeito para um
grupo brutal como a FLZ.
— O nome é Vinn. — disse ele, estendendo a mão carnuda. — Você
deve ser amigo de Teff'ith.
Theron apertou a mão do homem, mas não ofereceu o seu nome. Gnost-
Dural seguiu atrás.
— Tudo o que você enviou antes está aqui, são e salvo. — disse Vinn,
indo direto aos negócios. — Escondi tudo com segurança no armazém. Até
aquele núcleo de computador queimado.
— Meio curioso para o que você precisa disso. — acrescentou com uma
risada.
— O que você descobriu sobre o Centro de Comando de Defesa Orbital?
— disse Theron, sem se preocupar em satisfazer a curiosidade de Vinn.
— Consegui as plantas arquitetônicas aqui. — disse ele, retirando um
datapad. — E tudo o que alguém poderia querer saber sobre os sistemas de
segurança que possui.
Ele hesitou por um segundo, como se estivesse debatendo o quanto
estava disposto a compartilhar com esses estranhos com base apenas na
indicação de Teff'ith.
— Você sabe. — disse ele, puxando as palavras lentamente. — se você
está procurando causar problemas ao Império, tenho alguns amigos que
podem estar interessados em ajudar.
Aposto que sim, pensou Theron. Mas se algum de seus irmãos da FLZ
for capturado, os interrogadores imperiais os farão cantar. Não posso
arriscar.
Em voz alta, ele simplesmente disse:
— Preferimos trabalhar sozinhos.
— Entendido. — disse Vinn com um aceno alegre. — Só falei por falar.
Theron pegou o datapad e folheou brevemente o conteúdo.
— Sistema top de linha; cofres de segurança redundantes. — ele
murmurou. — Nenhuma surpresa lá. Provavelmente vou precisar de algum
equipamento extra de alta tecnologia. — continuou ele sem erguer os olhos.
— Se eu montar uma lista, você pode me conseguir tudo o que eu preciso?
— Isso vai custar mais. — disse o anfitrião gordinho se desculpando.
— Nós podemos pagar. Contanto que você entregue as mercadorias.
O peito de Vinn inchou com orgulho.
— Hardware e equipamento é a minha especialidade. Se alguém fabrica,
eu posso encontrá-lo.
— No entanto, pode demorar alguns dias. — acrescentou.
— Até então, devemos tentar nos manter discretos. — disse Gnost-
Dural. — Ficar longe de problemas.
Você está conversando com o diretor, pensou Theron.
— Não se preocupe. — disse ele, segurando o datapad. — Tenho muita
coisa para me manter ocupado.
MANTENDO O SEU DISFARCE como um industrial rico, o Gnost-
Dural havia alugado para eles uma suíte de dois quartos em Ziost, a qual
tinha o auge do luxo e do conforto, quase o dobro do tamanho do
apartamento de Theron em Coruscant. Levou uma boa hora para vasculhar
completamente o local em busca de escutas e dispositivos de gravação.
A cama no quarto de Theron era a mais confortável em que já dormira,
mas nunca conseguiu descansar mais do que algumas horas durante uma
missão. Quando Gnost-Dural emergiu de seus próprios aposentos, Theron já
estava debruçado sobre o balcão da copa, estudando as informações no
datapad que Vinn havia lhe dado.
— Você acordou cedo. — comentou o Jedi.
— Estive pensando sobre a missão. — disse Theron, os olhos na tela. —
Acho que precisamos mais do que um simples bombardeio para distrair o
Império do que realmente estamos fazendo. Para que essa simulação
funcione, precisamos sacudir a gaiola. Dar a eles algo com o que realmente
se preocupar.
O Jedi sentou na cadeira em frente a Theron.
— Parece que você já tem algo em mente.
— Precisamos fazer com que isso pareça uma tentativa fracassada de
assassinato do Ministro de Logística. — disse Theron, finalmente
levantando os olhos do datapad. — Convencer o Império de que o código
foi danificado acidentalmente quando os assassinos foram descobertos
tentando instalar explosivos no escritório do ministro.
— Isso certamente lhes daria algo mais para se concentrar. — concordou
Gnost-Dural. — Então, como fazemos isso?
— Eu entro no gabinete do ministro e troco os núcleos do código. Então
começo a arrumar explosivos embaixo da mesa dele. Você envia uma dica
anônima aos imperiais sobre o que está acontecendo, para que entrem e me
peguem em flagrante. Os explosivos explodem 'acidentalmente' durante a
minha fuga e eles acham que a explosão causou o disparo da sequência de
autodestruição do código.
— No segundo em que eu avisar os imperiais, todos os guardas daquele
lugar estarão invadindo o escritório de todas as direções. — alertou Gnost-
Dural. — Você não terá uma chance.
— Não necessariamente. — respondeu Theron. — Estive examinando
os planos de segurança. A principal função do Centro de Comando de
Defesa Orbital é se proteger contra uma frota da República atacando Ziost.
O maior medo é que uma força inimiga assuma a estação durante uma
invasão planetária em grande escala.
— Por causa disso, eles têm um estado de bloqueio de emergência o
qual é acionado automaticamente se certos protocolos forem atendidos,
indicando uma possível invasão da República. Durante o bloqueio, todos os
andares do prédio entram em quarentena para restringir o movimento de
qualquer tropa inimiga que possa ter se infiltrado na instalação.
— Todas as portas e elevadores do local é trancada e desativada. E o
Império está tão preocupado em ser traído por dentro, que nem os soldados
imperiais dentro do prédio podem abri-los. Não há como anular o bloqueio
até que uma unidade especial de resposta a emergências tenha vasculhado o
prédio e verificado que não há hostis.
— Como devemos simular uma invasão da República a Ziost? —
Perguntou o mestre Gnost-Dural.
— Qual é a primeira coisa que uma frota faz quando tenta colocar tropas
no chão em uma cidade inimiga fortemente defendida?
— Derruba a energia. — respondeu Gnost-Dural após um momento de
consideração. — Deixar o seu inimigo a vaguear no escuro.
— Exatamente. Se houver um blecaute em toda a cidade, os geradores
auxiliares do CCDO entram em ação para manter o local funcionando e
toda a instalação é bloqueada automaticamente. Mesmo depois de você
avisar ao Império que há um assassino no gabinete do ministro, eles não
poderão enviar reforços em minha direção até que restaurem a energia
primária ou a equipe de resposta a emergências termine a sua varredura.
— Se os atingirmos à noite, quando o ministro e a sua equipe não
estiverem trabalhando, esse andar terá apenas um punhado de guardas
patrulhando. Não há nada que não posso resolver.
— Se todo o lugar estiver fechado. — perguntou Kel Dor. — então
como você vai sair?
— A equipe de resposta a emergências ainda pode usar as portas e os
elevadores durante o bloqueio, basta um crachá de identificação e um
exame de retina correspondente de um de seus oficiais.
— Você acha que Vinn poderia colocar as mãos em algo assim?
— Talvez, mas ele já sabe mais do que eu gostaria. Dê a ele muitas
peças e poderá montar todo o quebra-cabeça.
— Você acha que ele vai nos trair?
— Provavelmente não, mas prefiro não me arriscar. O FLZ tem a sua
própria agenda, e não quero que isso se misture a Operação Fim de Jogo
mais do que o absolutamente necessário.
— Então, como você vai obter o crachá e a retina?
— Não se preocupe. — assegurou Theron. — Eu tenho isso sob
controle.

De uma mesa no canto de trás do bar, Theron observou o seu alvo de perto
enquanto jogava outra bebida pra dentro com os seus companheiros
soldados. O Martelo e o Prego estava localizado a apenas alguns quarteirões
do Centro de Comando de Defesa Orbital, tornando-o um ponto de encontro
popular para as tropas ali estacionadas. Era fácil identificá-los na multidão,
pois eles costumavam usar os seus uniformes mesmo quando estavam de
folga, principalmente os oficiais.
O Império era uma sociedade marcial, e haviam situações e vantagens
concedidas àqueles de maior patente. A garçonete fazia visitas mais
frequentes às mesas onde os oficiais se reuniam; o barman encheu os copos
até a borda. Ele até mesmo viu um punhado de fregueses civis e tropas
alistadas renderem as suas mesas se não houvesse assentos vazios quando
os oficiais entravam, embora a maneira pela qual se afastassem fizesse
parecer mais medo do que um sinal de respeito.
Theron estava de olho em um homem chamado Capitão Pressik,
comandante de uma das equipes de resposta a emergências do CCDO. Alto,
loiro e bonito, o oficial de ombros largos carregava o ar privilegiado de
alguém que havia sido ensinado que era melhor que todos os outros. Mesmo
entre os outros membros de sua unidade de elite, ele se carregava com um
ar de arrogância e superioridade.
As investigações de Theron descobriram a reputação de Pressik de ser
um bebedor de bebidas alcoólicas quando não estava de serviço. E quando
ele ficou bêbado, ficou violento, embora fosse esperto o suficiente para
brigar com civis para evitar quaisquer consequências que pudessem
prejudicar a sua carreira militar.
O turno de Pressik terminou várias horas antes; desde então, estava ali
no bar bebendo com alguns outros oficiais. Mas enquanto a maioria deles
bebia copos de vinho ou cerveja, ele virava um Nova Branco de forma
imprudente. Não que Theron se importasse; quanto mais Pressik bebesse,
mais fácil seria.
Ele disse algo para os outros em sua mesa, provocando uma rodada de
risadas irreverentes. Então se levantou e caminhou em direção à reciclagem.
Theron se moveu rapidamente para interrompê-lo, andando com um
pronunciado cambalear bêbado. Ele esbarrou no soldado enquanto ambos
tentavam entrar na reciclagem ao mesmo tempo, usando o contato para se
aproximar o suficiente para o escâner no bolso ler os dados codificados no
crachá de identificação, bem visível no bolso esquerdo do uniforme de
Pressik.
— Desculpe. — resmungou Theron.
— Cuidado para onde você está indo! — O homem retrucou,
empurrando Theron de volta com o ombro e o antebraço.
— Se importa se eu for primeiro? — Theron perguntou, dando um passo
em direção à reciclagem, parando para dar ao escâner os trinta segundos
necessários para baixar os dados do crachá de Pressik. — Meio que é uma
emergência.
O soldado não respondeu quando passou por Theron e entrou na
reciclagem, a porta se fechando atrás dele.
Theron permaneceu parado do lado de fora da porta, considerando as
suas opções. Sabia que o escâner não teve tempo suficiente para terminar o
trabalho. E o hologravador no implante do olho esquerdo não havia
capturado uma imagem suficientemente clara do rosto de Pressik para
duplicar a varredura da retina. Não teve escolha a não ser tentar novamente.
A porta se abriu alguns momentos depois e Pressik saiu, dando a Theron
um olhar perigoso quando o viu ainda esperando na porta.
— Qual é o seu problema, Subjugado? — Ele disse, usando o termo
imperial para aqueles sem situação de cidadão.
A implicação na palavra era clara: aqui em Ziost, se você não tem posto.
Você não tem direitos. Volta pra baixo.
— Eu estava aqui primeiro. — disse Theron, arrastando as palavras e
inclinando-se para a frente como se estivesse tendo problemas para manter
o equilíbrio. — Você cortou a fila.
Pelo canto do olho, Theron notou os clientes nas mesas próximas
recolhendo as suas bebidas e rapidamente se retirando para uma distância
segura.
O lábio de Pressik se curvou em um grunhido de desprezo quando fixou
os seus penetrantes olhos azuis sobre o verme à sua frente.
Perfeito, pensou Theron. Dê-me uma imagem clara desses lindos
olhinhos.
Para surpresa de Theron, Pressik se virou depois de alguns segundos.
— Sente-se, Subjugado. — disse ele.
Theron não sabia por que Pressik estava recuando. Talvez tivesse visto
algo nos olhos de Theron que o fez perceber que essa não era a típica vítima
encolhida que estava acostumado a intimidar. Talvez os seus superiores,
estavam fartos das suas altercações fora de serviço, o tivessem levado à
tarefa e o avisado para manter o seu temperamento sob controle.
Uma coisa sobre a qual Theron tinha certeza, no entanto, ainda precisava
de mais tempo para o escâner fazer o seu trabalho.
— Você é o suj-u-grado. — Theron cuspiu, cambaleando sobre a palavra
em seu estupor de bêbado fingido. Estendeu a mão e empurrou Pressik
pelas costas enquanto se afastava.
Pressik girou sobre ele, com a mão direita fechada. Ele se encolheu
enquanto lançou um poderoso gancho de direita na barriga de Theron.
Theron viu isso acontecer, foi um soco desajeitado de um brigão. Mas
resistiu aos seus instintos naturais de bloquear ou fugir do ataque.
Permanecendo no personagem de um civil embriagado, tudo o que pôde
fazer foi se preparar quando o golpe desceu.
O ar que saía dele e os seus joelhos se dobraram. Cambaleou para frente
e passou os braços em torno de Pressik em um abraço de urso, usando o
outro homem para suportar o seu peso, para que pudesse ficar de pé... e para
impedi-lo de recuar e sair do alcance limitado do escâner.
— Saia de cima de mim! — gritou Pressik, lutando para afastá-lo.
Theron lutou desajeitadamente com o homem maior, conseguindo
prender os braços e ganhando um breve descanso de mais punições. Os
outros oficiais correram do outro lado do bar para se juntar à briga.
Só mais alguns segundos, Theron pensou, ainda segurando Pressik por
tudo o que valia.
Sentiu as mãos dos outros soldados o agarrando enquanto tentavam
libertá-lo do amigo. Alguém estava descendo golpes no pescoço e nos
ombros por trás.
Quatro contra um, Theron pensou enquanto girava e se virava, fazendo
o possível para absorver a surra. O tipo de probabilidades que o Império
simplesmente ama.
Eles conseguiram tirar Theron de Pressik no momento em que sentiu o
escâner no bolso vibrar para indicar que o download estava completo.
Quando Pressik cambaleou pra trás, Theron ficou mole e caiu no chão.
— Coloque-o de pé! — Pressik gritou, e dois de seus companheiros
agarraram Theron sob as axilas e o colocaram de pé.
E agora o grande final, Theron pensou enquanto Pressik terminava e
deu um nocaute em sua mandíbula.
Tudo ficou branco quando as estrelas explodiram na visão de Theron.
Quando os homens que o seguravam o largaram, caiu no chão,
semiconsciente. Tentou não desmaiar quando alguém agarrou os seus
tornozelos e o arrastou de bruços para a porta, com a sua bochecha
raspando bruscamente pelo chão sujo e pegajoso.
A sua cabeça ainda estava girando quando o ergueram no ar, o
balançaram algumas vezes para ganhar impulso e depois o jogaram na rua.
Ele caiu desajeitadamente em seu ombro, agravando a lesão que sofreu
durante o seu último trabalho em Nar Shaddaa.
De alguma forma, rolou para o lado, bem a tempo de receber um chute
forte de Pressik nas costelas. O soldado se inclinou e cuspiu nele, depois,
rindo, ele e seus amigos se viraram e voltaram para o bar.
Theron estava deitado na posição fetal na rua, avaliando os seus
ferimentos. A parte interna do lábio foi cortada onde o soco de Pressik
havia esmagado contra os dentes, enchendo a boca de sangue. Enquanto
cuspia, podia sentir uma brecha com a língua onde um dos dentes havia
sido arrancado. O lado do rosto raspado no chão era duro e ardia, e uma dor
aguda toda vez que respirava era provavelmente um sinal de uma costela
quebrada.
Poderia ter sido pior, ele pensou, diminuindo a respiração e executando
alguns exercícios mentais básicos para ajudá-lo a lidar com o pior da dor.
Eles poderiam ter me conduzido até o centro de concentração mais
próximo. Ou o necrotério.
Depois de alguns minutos, Theron levantou-se cautelosamente e
caminhou lentamente pela rua em direção ao quarto que dividia com Gnost-
Dural, tomando o cuidado de manter uma marcha vacilante e embriagada,
caso alguém o estivesse observando.
— Tem certeza de que está pronto pra isso, Theron? — perguntou
Gnost-Dural.
— Estou bem. — disse Theron, tentando não estremecer enquanto
amarrava a mochila carregando o núcleo do código queimado e todos os
outros suprimentos.
Três dias se passaram desde que foi espancado no bar. O seu rosto ainda
estava machucado e as costelas e o ombro ainda estavam sensíveis, mas
pelos ferimentos não valiam a pena atrasar a missão.
Usava uma roupa preta e capuz para esconder o rosto. A roupa de Gnost-
Dural era mais elaborada, uma túnica preta folgada com um capuz pesado e
uma máscara de tecido para ocultar as suas feições alienígenas. Theron deu
uma última olhada em sua lista mental, certificando-se de que tudo estava
resolvido.
— É melhor você ir. — disse Theron a seu companheiro Jedi depois de
terminar a sua verificação final. — Dê-me trinta minutos para me
posicionar antes de apagar as luzes e outros noventa antes de você avisar o
Império. Isso deve me dar tempo de sobra para trocar os núcleos do código
e preparar os explosivos antes que soem o alarme.
Mestre Gnost-Dural assentiu.
— Estarei esperando por você no local de encontro quando terminar
dentro do CCDO. — disse ele. Pouco antes de Theron sair pela porta,
Gnost-Dural acrescentou: — Que a Força esteja com você.
VENTO GELADO E IMPLACÁVEL DE ZIOST golpeou o corpo de
Theron enquanto se aconchegava na borda do telhado do prédio do outro
lado da rua, em frente ao Centro de Comando de Defesa Orbital. Ele usava
óculos de noite e já havia ancorado o tripé de sua arma de agarrar com
segurança. Ele até selecionou cuidadosamente o seu alvo, um ponto logo
abaixo das câmeras de vigilância montadas na lateral do prédio CCDO sem
janelas. Agora estava só esperando que Gnost-Dural fizesse a sua parte.
O blecaute em toda a cidade desativaria temporariamente as câmeras de
vigilância, mas levaria apenas alguns segundos para os geradores auxiliares
acelerarem e voltarem a funcionar. Theron teria que agir rápido se não
quisesse ser visto invadindo; a sua adrenalina estava bombeando, a sua
mente concentrada e alerta, com os seus músculos prontos para entrar em
ação. Mas não pôderia fazer nada até que Gnost-Dural cortasse a energia.
É por isso que eu gosto de trabalhar sozinho, pensou ele, agachando-se
no telhado enquanto outra rajada de vento soprava pela superfície.
Confiava no Jedi, e seu papel na missão era bastante simples. Mas no
fundo de sua mente não pôde deixar de se perguntar se o seu parceiro estava
pronto para a tarefa.
Acho que vou saber em alguns minutos. Ou as luzes se apagam e a
missão começa, ou perco os meus dedos em um grave caso de
congelamento.
Ao contrário dos mundos da República, onde a eletricidade era fornecida
por empresas privadas, a principal central elétrica de Ziost era uma
instalação controlada pelo governo, sob supervisão militar. Para defendê-la
de ataques orbitais, havia sido construído em um bunker reforçado vinte
metros abaixo da superfície do planeta. A única entrada era um
turboelevador fortemente defendido, tornando praticamente impossível
alguém entrar sem ser visto.
Felizmente, o Mestre Gnost-Dural não precisou entrar na estação
principal para causar estragos na fonte de alimentação de Ziost. A
eletricidade gerada nas instalações fortemente defendidas teve que ser
dispersa por toda a cidade através de uma rede de subestações e
transformadores, que eram divididas e subdivididas para alimentar os
milhões de usuários conectados à rede elétrica. E embora a rede tenha sido
projetada com redundâncias para redirecionar a energia em caso de linhas
ou subestações danificadas, era uma impossibilidade logística garantir
totalmente o serviço ininterrupto. Era por isso que lugares como o CCDO
tinham os seus próprios geradores de emergência.
Vinn lhes forneceu plantas para a rede elétrica, permitindo que eles
identificassem os três principais pontos de junção que precisavam ser
retirados para eliminar a fonte de alimentação de seu alvo. Ao plantar
explosivos em cada local e detoná-los simultaneamente, eles poderiam
causar um apagão maciço que levaria horas para ser restaurada.
Os dois primeiros locais eram pequenas subestações auxiliares; nenhuma
das duas estavam guardadas, e era simples o Jedi plantar as cargas de
detonite e acertar os temporizadores. O terceiro local, no entanto, era uma
das cinco principais subestações da cidade. Teria sido proibitivamente caro
para o Império replicar as defesas quase inexpugnáveis da principal usina
elétrica em cada uma das subestações, mas eram necessárias algumas
precauções. O pequeno prédio era cercado por uma cerca de arame
eletrificado de três metros de altura. Havia meia dúzia de guardas
estacionados nas instalações; a cada vinte minutos eles se revezavam
circulando o perímetro em pares, enquanto os outros ficavam sentados
dentro da minúscula sala de descanso da subestação, jogando sabacc e
tentando se aquecer.
Gnost-Dural poderia facilmente usar o seu sabre de luz para atravessar a
cerca e despachar todos os seis soldados antes que pudessem pedir ajuda.
Mas a arma icônica dos Jedi deixaria marcas características na carne e no
aço. Deixar pra trás as evidências que apontam para o envolvimento de um
Jedi acabava com o disfarce de que era o trabalho de um grupo de
resistência anti-imperial local. Em vez disso, ele se escondeu nas sombras e
esperou os dois guardas em patrulha passarem, depois correu para a cerca.
Usando um par de alicates isolantes, abriu um buraco grande o suficiente
para passar sem tocar a cerca mortal, depois correu para o lado do edifício.
Seguindo no mesmo sentido horário dos guardas de patrulha, circulou o
perímetro até chegar à única entrada do edifício. Em vez das modernas
portas automáticas de segurança que se abriram com o toque de um botão, o
edifício foi equipado com uma placa de metal arcaica que se abriu nas
dobradiças quando a maçaneta era girada.
Pressionando-se contra o lado da porta, o Jedi girou cuidadosamente a
maçaneta e a abriu alguns centímetros. A luz se espalhou na noite escura,
junto com a conversa e o riso dos guardas na sala de descanso do outro
lado. Agachado, rolou uma latinha pelo chão e entrou na sala antes de
fechar a porta.
Invocando a Força, entortou, torceu e arrancou a maçaneta. Um segundo
depois, houve gritos de alarme de dentro quando uma fumaça negra e
nociva saiu das bordas imperfeitamente seladas da porta. Ouviu os pés
correndo, seguidos pelo som de alguém lutando freneticamente com a
maçaneta da porta do outro lado, sem saber que havia sido desativada.
Houve um barulho alto quando alguém jogou seu corpo na porta, então uma
mulher gritou:
— Afastem-se!
Três ferrolhos perfuraram a porta em rápida sucessão, rasgando orifícios
do aço do tamanho de um dedo. Então houve um barulho alto quando
alguém chutou a porta, mais uma vez sem sucesso. A essa altura, os dois
guardas em patrulha haviam ouvido a comoção. Ainda no papel de um
terrorista anti-imperial, Gnost-Dural agachou-se sobre um joelho, sacou o
blaster e atirou no primeiro enquanto corria pela esquina, matando-o
instantaneamente.
Como sempre, o Jedi sentiu uma pontada de tristeza por tirar a vida de
outra pessoa. Mas décadas de guerra contra um inimigo brutal e implacável
forçaram Gnost-Dural, como muitos outros da Ordem, a enfrentar a
ambiguidade moral de matar um inimigo em busca de uma paz que salvaria
a vida de trilhões.
O parceiro da guarda que Gnost-Dural atirou conseguiu se esconder
atrás da cobertura do limite do edifício. Gnost-Dural levantou-se e estendeu
a mão com a Força, usando-a para pegar a soldado sobrevivente e puxá-la
para o campo aberto. Ela voou vários metros no ar antes de pousar no chão
exposto; Gnost-Dural atirou nela antes que pudesse se levantar.
Voltando para a porta, colocou uma fina tira de detonite ao longo da
borda, retirou-se para uma distância segura e em seguida, detoná-lo. A
explosão abriu a porta danificada. Levou alguns segundos para o gás
venenoso do detonador limpar a sala e revelar os corpos dos quatro guardas
do lado de fora da porta. Gnost-Dural foi lembrado do valor dos
ensinamentos Jedi. Se os soldados tivessem ficado calmos durante o ataque,
poderiam ter se retirado para a pequena sala de controle nos fundos do
prédio para escapar da fumaça. Mas o medo obscureceu as suas mentes e,
em pânico, eles se reuniram em torno da única saída para o mundo exterior,
condenando-se.
O Jedi passou por cima dos soldados caídos e atravessou a sala até a
porta dos fundos. Estava trancada, mas outra faixa de detonite lhe deu
acesso à sala de controle. Ajustou os explosivos, sincronizando o
temporizador para disparar em três minutos, exatamente no mesmo horário
das cargas nos outros dois locais. Então se virou e saiu do prédio, passou
pelo buraco que havia cortado na cerca do perímetro e foi em direção ao
ponto de encontro onde Theron se encontraria com ele mais tarde.

Theron não ouviu as explosões das subestações, mas sabia exatamente


quando aconteceram. Tudo em uma área de seis quarteirões quadrados ficou
instantaneamente e completamente escuro; um segundo depois, os seus
óculos de visão noturna se ajustaram à falta de iluminação, permitindo que
visse tudo através de um filtro verde nebuloso.
Disparou a sua arma de ganchos, com o arpão de três pontas embutido
no lado permacreto do Centro de Comando de Defesa Orbital cinco metros
abaixo da altura do telhado em que estava posicionado. Prendeu uma polia
deslizante, puxou a corda e pulou da borda, deixando a gravidade puxá-lo
para baixo na tirolesa.
Demorou apenas alguns segundos até chegar ao fim da linha. Apertando
a polia, diminuiu a velocidade para não bater na lateral do CCDO. Ele se
certificou de que a polia estivesse presa no final do gancho que se projetava
da parede e soltou a linha.
O fio fino disparou para longe dele, retraído a uma velocidade incrível
pelas molas que recuavam na pistola ancorada no telhado do outro lado da
rua. Um segundo depois, os geradores auxiliares entraram em ação e as
luzes de emergência do CCDO iluminaram a noite. Ouviu o zumbido suave
das câmeras de vigilância saindo do lado do prédio, alguns metros acima
dele, enquanto retomavam a busca automática do escâner na área
circundante. Mas as câmeras não estavam posicionadas para olhar
diretamente para baixo; ele estava seguro.
Forçado a balançar com uma das mãos na polia do gancho, usou o braço
livre para puxar um pequeno tubo de gel de plasma inerte. Apertando o
tubo, cobriu um quadrado de um a um metro na lateral do prédio com a
substância branca pastosa. Depois, enfiou o tubo meio vazio de volta no
cinto e tirou uma pequena haste com um par de pinos elétricos.
Esperou alguns segundos até o gel endurecer, depois pressionou as
pontas no gel na parede e apertou o gatilho. A haste zumbiu ao descarregar
uma corrente poderosa, catalisando o plasma inerte suspenso na pasta.
Theron virou a cabeça para o lado e fechou os olhos quando a substância
começou a arder e brilhar. Quando abriu os olhos, alguns segundos depois,
o gel havia aberto um buraco na parede de permacreto.
Ainda pendurado no gancho, Theron se levantou para poder passar as
pernas pelo buraco antes de se soltar. O esforço agravou o ombro esquerdo
machucado, mas foi mais irritante do que inconveniente.
Ele se viu em um escritório vazio no terceiro andar do CCDO. Theron
jogou a mochila do ombro no chão. O brilho suave das luzes de emergência
do prédio fez com que seus óculos noturnos fossem desnecessários, então
os guardou na mochila e depois tirou a camada externa de suas roupas. Por
baixo da roupa preta, usava uma réplica exata do uniforme de capitão de
uma equipe de emergência, estava completo com um crachá de
identificação codificado como o que havia escaneado no bar. De dentro da
mochila, puxou um fuzil de assalto pesado, com mais poder de fogo do que
provavelmente precisava, mas caberia na história de um grupo terrorista
militante. Enfiou as roupas externas descartadas na mochila antes de
colocá-las nas costas novamente.
Pelos diagramas arquitetônicos que Vinn havia fornecido, sabia que
estava no mesmo andar do gabinete do ministro, embora estivesse no lado
oposto da instalação. Infelizmente, o seu ponto de acesso havia sido
limitado pelos prédios vizinhos; não haviam estruturas altas o suficiente no
outro lado do CCDO para ele ficar alto o suficiente para usar a tirolesa.
Com as instalações ainda trancadas, no entanto, não precisava se preocupar
com nenhum guarda patrulhando a área.
A porta que dava para o escritório e saía para o corredor estava trancada;
percebeu pela luz vermelha piscando acima do pequeno painel de acesso ao
lado. Quando se aproximou, o painel começou a piscar em amarelo quando
o sistema de segurança examinou automaticamente o seu crachá. Inclinou-
se pra frente, afastando os olhos só alguns centímetros do painel para
permitir que examinasse as lentes de contato que havia colocado antes da
missão. As lentes não afetaram a sua visão, mas imitaram o padrão da retina
do capitão Pressik.
A luz acima do painel mudou de amarelo para verde e a porta se abriu.
Theron enfiou a cabeça no corredor, olhando tanto para a esquerda quanto
para a direita, mas sem ver ninguém. Entrou no corredor e foi rapidamente
para a porta do outro lado, que o levaria à ala adjacente.
Mais uma vez, deixou o sistema ler o seu distintivo e examinar os seus
olhos, e o situação da porta mudou de vermelho para amarelo para verde
antes que ela se abrisse. Do outro lado, dois guardas sentados casualmente
no chão do corredor, passando o tempo à toa enquanto esperavam o
bloqueio terminar.
Eles olharam surpresos quando Theron entrou pela porta. Vendo o
uniforme do capitão, o primeiro instinto deles foi ficar de pé e ficar em
guarda. Mas, embora Theron estivesse vestido como um oficial, havia
muitas outras coisas que não se encaixavam. O bloqueio tinha apenas
alguns minutos; era muito cedo para a equipe de resposta a emergências já
estar no terceiro andar. Além disso, deveria ter vindo de outra direção,
subindo do andar principal e da entrada da frente. Por fim, oficiais imperiais
carregavam blasters, não mochilas e rifles de assalto.
Tudo isso passou por suas cabeças em uma fração de segundo, e embora
já estivessem pego as suas armas quando começaram a se levantar, o atraso
momentâneo deu a Theron tempo para derrubá-los.
Enquanto estava de pé sobre os corpos dos dois soldados, Theron sabia
que teria que ser mais cauteloso a partir deste momento. Em algum
momento este par seria esperado para a verificação e, quando não o
fizerem, os outros guardas saberão que algo está errado. Também era
possível que alguém tivesse ouvido o som dos tiros e, embora o bloqueio os
impedisse de investigar, ficariam alertas e em guarda a partir deste
momento. Não ia entrar por mais portas para encontrar os seus inimigos
descansando no chão.
O corredor em que estava deu uma volta de noventa graus à direita antes
de se deparar com outra porta selada. Dessa vez, Theron foi mais
cuidadoso, agachando-se ao lado da porta enquanto tirava a mochila e
colocava o rifle de assalto no chão ao lado dele. Procurou até encontrar o
que queria, um par de detonadores, depois se inclinou e deixou o escâner ler
a sua assinatura da retina.
Quando a porta se abriu, Theron pressionou-se contra a parede,
escondendo-se atrás da borda do batente da porta. Apontou a cabeça apenas
o suficiente para ver o corredor e depois a puxou para trás quando os
guardas em espera dispararam uma saraivada de raios na sua direção.
Dessa vez, haviam três, espalhados estrategicamente em vários pontos
ao longo do corredor. Theron apertou o pequeno botão no primeiro
detonador para acioná-lo, depois jogou-o pelo corredor com um movimento
do pulso, tomando cuidado para não se expor à linha de fogo do inimigo.
Mesmo antes da inevitável explosão, já estava preparando o segundo
detonador. A primeira explosão ocorreu e Theron fez a sua jogada. Queria
jogar esse até o final do corredor, então teve que se inclinar para obter
vantagem suficiente para o arremesso, momentaneamente deixando aberto.
Ao fazê-lo, viu um dos guardas caídos no chão, vítima da primeira
explosão. Os outros dois estiveram longe o suficiente no corredor para
sobreviver, mas a explosão os deixou distraídos e desorientados, e nenhum
deles conseguiu dar um tiro certeiro no breve segundo em que Theron foi
exposto.
Após a explosão do segundo detonador, Theron pegou o seu rifle de
assalto e espiou pela borda do batente da porta. Outro soldado caiu e o
terceiro se recuperou das explosões. Ele atirou em Theron, mas os seus tiros
passaram alto. Theron permaneceu calmo enquanto mirava com cuidado e
atingiu o inimigo com uma pequena rajada.
Jogou a mochila mais uma vez e continuou no corredor, contando as
portas à esquerda. Quando alcançou a terceira parta, parou e passou pela
rotina necessária para destravá-la. Entrou no gabinete do ministro e depois
trancou a porta atrás dele, só por precaução.
O escritório era grande, dez por dez metros na estimativa de Theron.
Várias cadeiras de aparência confortável estavam dispostas em torno de
uma pequena mesa circular perto da frente. Nos fundos havia uma mesa
enorme feita de madeira marrom escura. Desenhos intrincados foram
esculpidos na frente e nas laterais, e as pesadas pernas foram esculpidas em
curvas ornamentadas e amplas. Theron esperava encontrar pôsteres de
propaganda ou um autorretrato do ministro, mas as paredes estavam
surpreendentemente vazias.
Segundo as plantas de Vinn, a sala de comunicações particular do
ministro passava por uma saída nos fundos, o lugar mais lógico para
guardar código sombrio. Mas, enquanto Theron olhava para a enorme porta
duraço na parte traseira do escritório, percebeu que as plantas de Vinn não
tinham mostrado tudo.
Ele se aproximou do painel de segurança da porta trancada e
rapidamente determinou que um simples distintivo e um exame de retina
não o pegariam neste momento. Havia um teclado numerado ao lado da
porta, e Theron imaginou que apenas o próprio ministro sabia o código de
acesso.
Theron revisou rapidamente as suas opções. Ainda tinha um pouco de
gel de plasma, mas não o suficiente para queimar através da pesada porta de
aço. Tinha o seu equipamento de fatiar; provavelmente poderia decifrar a
senha, mas isso levaria o tempo o qual não tinha. E mesmo que tivesse sorte
e decifrasse a senha rapidamente, era possível que a porta nem se abrisse
até que o bloqueio terminasse.
— Isso vai ser um problema. — murmurou Theron.
O MESTRE GNOST-DURAL não precisava de um cronômetro para
saber que era hora de enviar a dica anônima; estar em sintonia com a Força
tornava o seu relógio interno tão preciso quanto qualquer relógio fabricado.
Apertou um botão no holocomunicador preso na cintura para embaralhar
o sinal, o que distorcia a imagem e dificultava o rastreamento. Então enviou
uma transmissão para a guarnição imperial ao lado do Centro de Comando
de Defesa Orbital.
Por causa do misturador, quando eles responderam, o sinal era uma
bagunça de estática, imagens tremulantes em baixa resolução e áudio ruim.
— Guarnição Imperial Três Quarenta e Três. — Ele mal conseguia
distinguir a voz de uma mulher por entre os estalos e assobios. — Verifique
as suas configurações de holo. — ela aconselhou. — Estamos recebendo
forte interferência.
— A vida do ministro está em perigo. — disse Gnost-Dural. — Eles
estão colocando explosivos em seu escritório.
— Quem é você? — A voz do outro lado exigiu bruscamente. — Como
você conseguiu essa frequência?
— Sou amigo do Império. — mentiram os Jedi. — Se você se apressar,
poderá detê-los. — De repente, terminou a ligação.
Mesmo que a mulher do outro lado suspeitasse que a ligação era uma
farsa, não podiam se dar ao luxo de ignorá-la... não com o blecaute da
cidade.
— O seus amigos estão a caminho, Theron. — Gnost-Dural sussurrou
para si mesmo. — Espero que você esteja pronto pra eles.

Theron correu pelo corredor do lado de fora do escritório do ministro


Davidge, dirigindo-se para a escada com o rifle de assalto na mão e a
mochila com o núcleo do código danificado dentro ainda amarrada às
costas.
A mochila estava muito mais leve agora que terminara de plantar os
explosivos e acertar o temporizador no escritório do ministro Davidge, mas
estava atrasado. Graças à dica anônima de Gnost-Dural, não demorou muito
para que a equipe de resposta a emergências convergisse no terceiro andar
para tentar capturar os possíveis assassinos em flagrante.
Se tudo tivesse saído conforme o planejado, já teria o núcleo do código e
tudo o que teria que fazer era ficar longe o suficiente do escritório para ficar
longe do raio de explosão. Quando a equipe aparecesse, a detonita
dispararia "acidentalmente" e escaparia no caos que se seguia.
Infelizmente, a porta de segurança de duraço entre ele e a sala de estar
tinha jogado água fria em seus planos. Theron a encarou por vários
minutos, com a sua mente tentando desesperadamente descobrir uma
solução. Não conseguiu abri-la e não conseguiu passar por ela. Mas,
percebeu, que ainda poderia contornar isso.
As paredes da sala de comunicações do ministro provavelmente eram
reforçadas com o mesmo acabamento da porta, mas o teto teria que ser
fabricado com materiais de construção mais convencionais para permitir
que o ministro transmitisse e recebesse sinais da sala.
Theron não tinha gel de plasma suficiente para derreter o duraço, mas se
entrasse no escritório logo acima da sala, poderia fazer um buraco no chão e
cair.
Enquanto corria em direção à escada, viu a luz de situação mudar de
vermelho para amarelo, embora ainda estivesse longe demais para o escâner
ler o seu distintivo. No momento em que mudou para verde, percebeu o que
estava acontecendo e, quando a porta se abriu, caiu no chão em uma rolada,
preparando-se para a colisão com o homem do outro lado.
O soldado imperial estava curvado e inclinado pra frente, para que o
escâner da retina pudesse confirmar a sua identidade, os outros cinco
membros de sua equipe se posicionaram logo atrás dele, alertas e prontos.
Dois estavam vigiando as escadas acima e abaixo, protegendo-se de uma
emboscada inimiga. Os outros três tiveram as suas armas apontadas para o
corredor, prontas para disparar sobre qualquer alvo disponível no instante
em que a porta se abriu. Mas as suas armas e seu foco estavam na altura do
peito; não esperavam que alguém entrasse como uma bola de demolição
humana.
Na fração de segundo antes da colisão, Theron reconheceu o homem do
outro lado da porta, o seu velho amigo Capitão Pressik. Theron ajoelhou-se,
enviando os dois ao chão. Nos estreitos limites da escada, o impulso de seus
corpos agitados exercia um efeito dominó sobre os outros guardas, e toda a
equipe foi derrubada. O mais distante da porta caiu pela escada, enquanto
os outros foram derrubados em uma pilha de membros se debatendo.
O impacto de Theron atingiu o seu ombro dolorido e a dor o fez perder o
controle do rifle de assalto. Apesar disso, ainda foi o primeiro a se
recuperar. Os olhos de Pressik se arregalaram em reconhecimento ao ver
quem era o responsável pela carnificina.
Quando Pressik pegou a pistola no quadril, Theron deu um chute forte
na mandíbula, atordoando-o. Então pegou o seu rifle de assalto no chão e
saltou para trás no corredor.
Um dos outros soldados conseguiu se recompor o suficiente para
disparar um tiro a queima roupa com a sua própria arma. O tiro zumbiu pelo
ouvido de Theron quando bateu no painel, fechando a porta com um agudo
whoosh. Ouviu o ricochete de um segundo tiro desviar do painel da porta
quando se virou e correu de volta para o escritório do ministro. Conseguiu
se esconder assim que a porta da escada se abriu novamente e uma
enxurrada de tiros percorreu o corredor.
Theron jogou a mochila dos ombros para não impedir o seu movimento.
Ficando baixo no chão, ele enfiou a cabeça na esquina para devolver o fogo.
Sabendo que apresentaria um alvo muito tentador se tomasse o tempo
necessário, deu uma rajada de tiros a queima roupa, na esperança de ter
sorte.
Não ouviu nenhum grito de dor, mas também não ouviu o som de pés
correndo pelo corredor em sua direção. Pode não ter atingido os seus alvos,
mas pelo menos os fez pensar duas vezes antes de ir atrás dele.
Infelizmente, eles o prenderam e sabiam disso. O corredor estava cheio de
uma enxurrada constante de tiros, suprimindo o fogo para impedir Theron
de disparar de volta.
Enfiou a mão na mochila e puxou um pequeno espelho reflexivo.
Cuidadosamente, inclinou-o para poder ver o corredor sem se expor à chuva
interminável de tiros inimigos. O que viu não o encheu de incentivo.
O capitão Pressik estava de pé novamente; ele e outros membros de sua
equipe estavam agachados e avançavam pelo corredor, pressionando-se
contra as paredes opostas do corredor. Os outros estavam posicionados
vários metros atrás deles, armas apontadas para a porta do escritório,
prontos para disparar com os seus rifles de assalto se Theron se expusesse
novamente.
Theron percebeu que a sua situação era desesperadora. Se ainda tivesse
os seus detonadores, seria capaz de atirar um pelo corredor. Mesmo que se
inclinar na esquina para fazer o lançamento seria a última coisa que já fez,
ao menos levaria um pouco da escória imperial com ele.
Na verdade, Theron percebeu, posso levá-los todos comigo.
Correu para os explosivos perto da mesa do ministro, sabendo que
poderia desencadear toda a carga apenas puxando o fio errado no
temporizador. Com a quantidade de detonite que usou, a explosão mataria
todo o time... e os reduziria a cinzas e poeira.
Respirou fundo, preparando-se para a morte de um mártir. Sabia que os
homens lá fora estavam chegando perto; em mais alguns segundos tudo
terminaria.
Acho que Jace e eu não vamos nos conhecer melhor depois de tudo.
O som de um único rifle de assalto ecoou pelo corredor. Um segundo
depois, juntou-se a gritos de dor e surpresa, e depois o som de várias armas
disparando. Mas, para surpresa de Theron, os raios não estavam
ricocheteando no chão e nas paredes ao redor da porta ainda aberta do
gabinete do ministro.
Foi até a porta e enfiou a cabeça na esquina, com a arma pronta. Dois
dos homens de Pressik estavam caídos; o capitão e os outros haviam
voltado a sua atenção para uma figura que disparava contra eles das
sombras logo depois da porta que dava para a escada. Aproveitando a
chance, Theron se abriu com sua própria arma. Em questão de segundos, o
fogo cruzado derrubou os imperiais presos.
— Sou eu. — a voz do mestre Gnost-Dural chamou, tomando cuidado
para não usar nenhum nome. — Você está ferido?
— Estou bem. — Theron chamou de volta, saindo para o corredor.
Um segundo depois, o Jedi emergiu da escuridão da escada. À luz das
luzes de emergência, Theron podia ver que ainda estava usando o seu
disfarce, com as suas feições cuidadosamente escondidas por seu manto e
capuz. Mas por cima do tecido que ocultava seu rosto, usava uma lente tipo
monóculo e, presa à frente da túnica, havia um crachá de identificação
idêntico ao do uniforme de Theron.
— Sele essa porta. — disse Theron.
O Kel Dor se inclinou o suficiente para o escâner da retina ler a
holoimagem do monóculo, depois apertou o botão para fechar a porta
quando a luz de condição ficou verde.
— Algum motivo para você não me dizer que fez cópias do crachá e da
imagem da retina para si mesmo? — perguntou Theron.
— Você parecia achar que a missão seria mais fácil se você fosse
sozinho. — disse Gnost-Dural. — Não vi o motivo para discutir.
— Então você estava planejando aparecer o tempo todo? — Theron
perguntou. — O que, a Força deu a você uma visão de que eu precisaria de
ajuda?
— Não funciona assim. — disse Kel Dor, não se ligando no fato de que
Theron estava brincando. — Quando você se atrasou ao ponto de encontro,
temi que algo desse errado. Felizmente, você deixou a arma de gancho
instalada no prédio do outro lado da rua. Consegui usá-lo para seguir o seu
caminho e entrar.
— Bem... obrigado. — disse Theron. — Eu devo-te uma.
— Os Jedi não guardam essas coisas. — respondeu ele, e Theron se
perguntou se os Kel Dor estavam tentando ser engraçados.
— Não demorará muito para que enviem outra equipe de resposta a
emergências para este andar. — continuou Gnost-Dural. — Precisamos sair
daqui.
— Um problema. — disse Theron. — Me siga.
Ele levou o Jedi ao escritório do ministro e mostrou a porta de duraço.
— Então... existe alguma chance de você usar a Força para abrir essa
coisa pra mim?
— Alguns dos grandes mestres da lenda podem ter esse tipo de poder,
mas esse feito está além de mim.
— Eu tinha medo que você dissesse isso. Certo, novo plano. Preciso
chegar ao quarto andar, mas como você disse: pode haver outra equipe de
resposta a emergências subindo as escadas a qualquer momento. Sei que a
porta de duraço é muito grossa para o seu sabre de luz cortá-la, mas aposto
que você pode fazer um buraco no teto deste escritório para eu me
esgueirar, certo?
— Eu poderia, mas deixaria uma marca muito distinta.
— Não se preocupe com isso. — disse Theron. — Quando esse detonite
explodir o que vai restar deste escritório serão lascas e cinzas.
O Jedi assentiu. Puxou o punho do sabre de luz e acendeu a lâmina.
Estendendo a mão, ele lentamente esculpiu um círculo perfeito no teto
acima deles. Azulejos, gesso e uma chuva de isolamento caíram.
— Os reforços imperiais estão chegando. — disse Gnost-Dural. — Eu
posso senti-los.
— Quão perto?
— Próximo. Vou segurá-los para ganhar um tempo pra você.
Theron assentiu e pegou a sua mochila no chão, jogando-a pra cima e
através do buraco no teto. Então pulou, com os seus dedos envolvendo o
lábio enquanto se erguia no escritório do quarto andar acima deles,
grunhindo com o esforço e a explosão de dor que queimava em seu ombro
ferido.
O escritório do ministro era maior do que aquele em que estava agora.
Depois de colocar a mochila no ombro bom, teve que sair para o corredor e
entrar no escritório ao lado antes de ficar em cima da sala de comunicações.
Puxou a haste de ignição e o tubo de gel de plasma, usando o último
para derreter um buraco no teto, ao ouvir o som de um tiro subindo do
andar de baixo. Sabendo que Gnost-Dural não seria capaz de manter os
reforços imperiais afastados por muito tempo, caiu na sala de
comunicações.
O código sombrio estava no console de comunicações no centro da sala.
Extrair o núcleo sem desencadear a sequência de autodestruição foi um
processo delicado, um movimento errado e a missão inteira seria nada além
de um desperdício de tempo e recursos. Felizmente, Theron havia praticado
o procedimento centenas de vezes nos códigos danificadas que a República
havia recuperado. Quando começou, levou quase dez minutos. Mas a cada
tentativa, ficava cada vez mais rápido, diminuindo o tempo para menos de
um minuto.
Não há necessidade de tentar um registro pessoal, lembrou a si mesmo
enquanto os seus dedos ágeis trabalhavam a sua mágica.
Noventa segundos depois, o prêmio era dele. Ele o embrulhou em uma
camada protetora de tecido de micro-ondas e puxou uma maleta protetora
da mochila. Ele abriu e removeu o núcleo danificado, colocando-o no
código. Depois colocou o núcleo na caixa de proteção, fechou-a e enfiou-a
na mochila.
— É hora de partir. — A voz de Gnost-Dural veio de cima dele.
Olhando pra cima, viu o Jedi o espiando pelo buraco no teto da sala de
comunicações.
Theron se levantou e agarrou a mão oferecida por Gnost-Dural,
permitindo que o Jedi o ajudasse a levantá-lo, para que não tivesse que
pressionar mais seu ombro dolorido. A articulação ferida passou de dolorida
a dolorosa, mas Theron afastou todos os pensamentos sobre o assunto.
— O que aconteceu com os reforços? — Ele perguntou.
— Eu era incapaz de impedi-los de avançar para a sala. — disse o Jedi.
— Quando estavam próximos, não tinha escolha a não ser usar o meu sabre
de luz.
— Está tudo bem. — disse Theron. — A explosão encobrirá as
evidências. O tempo está passando, temos que sair.
— Quanto tempo nós temos?
Theron verificou o seu temporizador.
— Sessenta segundos, corra!
Theron liderou o caminho, com a sua mente traçando a rota de fuga ideal
de sua memória dos diagramas arquitetônicos do CCDO.
Levou dez segundos para chegar à escada do quarto andar e usar o
combo crachá e digital da retina para abrir a porta. Mais dez para pular para
o sexto andar e para o acesso de emergência ao telhado. Mais dez para
correr até o outro lado do telhado.
Lá Theron percebeu que um deles não conseguiria.
— Coloquei um tubo de emergência na minha mochila. — disse ele,
lutando para tirá-lo para poder entregá-lo ao Gnost-Dural. — Dê um pulo
correndo da borda e puxe este cabo para ativar.
— Não seja tolo. — o Jedi disse a ele. — A Força vai me proteger.
E com isso, desapareceu sobre a borda. Theron piscou surpreso, depois
se esforçou para colocar a mochila com segurança novamente.
O seu temporizador apitou, avisando que só tinha cinco segundos até a
detonação. Deu três passos em direção à beirada e pulou, puxando a corda
para acionar o paraquedas quando o prédio entrou em erupção atrás dele.
Uma onda de ar quente impulsionada pela explosão tomou seu paraquedas,
lançando-o no ar e fazendo-o girar e cair fora de controle. Os fios guia se
enroscaram, desmoronando parcialmente a calha. Em vez de flutuar
suavemente no chão, ele começou a ganhar velocidade, com as pernas e os
braços agitando enquanto tentava controlar a sua rápida descida.
Dez metros acima do solo, os fios subitamente se desembaraçaram, e o
dossel de tecido se desenrolou sobre ele. Isso retardou a sua queda, mas
Theron ainda estava caindo com força. Apoiou as pernas e flexionou os
joelhos ao bater no chão, absorvendo a aterrissagem esmagadora com os
grandes músculos da parte inferior do corpo e do núcleo, enquanto tentava
rolar com o impacto. Os seus dentes bateram e sentiu uma dor aguda
atingindo os seus tornozelos e todo o caminho até o topo da cabeça
enquanto o seu corpo se desmoronava com a força da aterrissagem.
A rolagem não foi muito melhor, quando desceu sobre o ombro já
machucado, fazendo com que o braço se soltasse do encaixe. Teria gritado
de dor se todo o ar não tivesse sido arrancado de seu corpo, deixando-o
ofegante.
Ficou lá por alguns segundos, espantado por estar vivo. Ele se forçou a
levantar quando Gnost-Dural emergiu da escuridão da noite para vê-lo. Ver
que o Jedi estava mancando muito depois de sua queda de seis andares deu
a ele um pouco de satisfação.
— Acho que nós dois tivemos uma aterrissagem mais dura do que o
esperado. — disse Theron, gritando para ser ouvido acima das sirenes que
agora enchiam a noite.
— Deixe-me ajudá-lo. — disse Gnost-Dural, erguendo o braço esquerdo
de Theron balançando inutilmente ao seu lado.
Theron assentiu, então se preparou quando o Jedi segurou o seu braço
pelo pulso e cotovelo. Com um rápido giro e puxão, colocou o ombro de
volta na junta. Theron soltou um grito alto. Felizmente, as sirenes que
chiavam abafavam o som para que não cedesse a sua posição a nenhum
imperial próximo.
— Equipes de emergência estão respondendo à explosão. — disse
Gnost-Dural. — Precisamos sair daqui. Você pode andar?
Theron assentiu e os dois homens mancaram para as sombras, apoiando-
se um no outro em busca de apoio.
O MINISTRO DAVIDGE ACHOU DIFÍCIL se concentrar em seu
trabalho. Em parte, estava se mudando para um escritório temporário no
lado oeste do Centro de Comando de Defesa Orbital, uma circunstância
inevitável, considerando que o seu antigo escritório e uma dúzia de outras
salas na ala leste do edifício haviam sido reduzidos a escombros na noite
anterior.
Os guardas extras postos do lado de fora da porta, e dentro da sua porta,
e o seguindo mesmo quando voltava para casa à noite, não ajudavam,
embora entendesse o motivo por trás da segurança extra.
O mais preocupante de tudo, porém, foi o fato dele ter sido o alvo de
assassinato. Sempre se considerara uma mera engrenagem na máquina
imperial, uma engrenagem chave, com certeza, mas não alguém que jamais
atrairia esse tipo de atenção. Os Lordes Sith e Grão Moffs eram a face do
Império; ele era apenas o homem que mantinha os transportes chegar a
tempo. Ele sempre acreditou que estava protegido por seu anonimato;
realmente não fazia parte da guerra, ele era apenas um analista analisando
números.
Essa ilusão reconfortante foi destruída em pedaços tão seguramente
quanto tudo em seu escritório. Embora não tenha nenhum rancor em
particular com os inimigos do Império, o atentado à sua vida a fez entender
que eles o odiavam e o desprezavam. Era inquietante. Perturbador. E tornou
extremamente estressante lidar com todo o negócio desagradável.
Revisou o relatório mais recente dos investigadores imperiais várias
vezes; examinando os fatos reunidos nas últimas trinta e seis horas várias
vezes enquanto tentava entender o caso todo... e se preparava para fazer o
seu próprio relatório a Darth Marr.
A sala de comunicações o qual haviam criado pra ele em seu escritório
temporário não tinha a porta de duraço de seu escritório original; era
separado do resto da sala por uma simples porta deslizante. Mas ainda lhe
dava a privacidade que precisava. O mais importante, também tinha um
código sombrio para garantir que ninguém pudesse ouvir as suas
comunicações mais sensíveis.
Ativou o código e esperou a holo de Darth Marr se materializar ao
receber e decodificar a chamada com o seu próprio código.
— Não esperava ter que esperar um dia e meio para obter um relatório
de situação seu, ministro Davidge. — disse Marr ao abrir a conversa.
— Não queria entrar em contato com você até ter certeza de que a
conversa seria segura. — explicou ele.
O código em seu antigo escritório havia sido destruído, e havia apenas
um outro em Ziost, um reserva inativo que havia sido armazenado no cofre
subterrâneo de segurança máxima sob o CCDO. Com tudo o que estava
acontecendo, levou algum tempo até que os engenheiros o conectassem ao
equipamento de comunicação em seu novo escritório.
— Cauteloso como sempre. — observou Marr, embora Davidge não
soubesse dizer se era um elogio, um insulto ou simplesmente uma
observação superficial.
— Eu tenho os detalhes do relatório, meu Lorde. — disse ele.
— Presumi que sim quando me ligou.
Percebendo que estava testando a paciência de Marr, o ministro
mergulhou nisso.
— Nenhum suspeito de terrorismo foi capturado. — disse ele, abrindo
com as más notícias. — Acreditamos que pode haver até seis envolvidos,
mas nossas câmeras de vigilância foram capazes de capturar apenas um
deles.
— Presumo que você tenha autoridades procurando essas pessoas?
— Ele, ou possivelmente ela, estava coberto da cabeça aos pés em
roupas pesadas. Até o rosto estava obscurecido por um capuz e uma
máscara.
— Portanto, não temos pistas. — disse Marr.
— Sabemos que a Frente de Libertação Ziost estava por trás disso. —
disse o ministro. — Eles reivindicaram responsabilidade.
— E os nossos protocolos de segurança? Como eles falharam tão
completamente?
— Na verdade, meu Lorde, não falharam. Os protocolos foram
projetados para impedir que as forças inimigas assumissem o controle do
CCDO, não para impedir uma tentativa de assassinato. Mesmo com todo o
dano, os sistemas de defesa orbital nunca foram comprometidos ou corriam
o risco de serem interrompidos.
— E o código no seu escritório. Foi comprometido?
— Recuperamos o código dos destroços. — disse o ministro. — A
explosão o danificou gravemente e desencadeou a sequência de
autodestruição do núcleo, mas pelo menos é contabilizado.
Na opinião do ministro, esta era a melhor notícia de todas. Se não
tivessem conseguido encontrar o código nos escombros e nas cinzas, teriam
que mudar as codificações do código. Pensar que todas as naves principais
equipadas com um código sombrio fosse reprogramada e sincronizada teria
reduzido a eficiência imperial em quase um por cento no trimestre, uma
taxa de perda que o ministro nem gostava de contemplar.
— Então, qual é a sua recomendação daqui pra frente? — Marr queria
saber.
— O impacto geral desse ataque terrorista no esforço de guerra imperial
é insignificante. — assegurou o ministro. — Recursos e pessoal
representam uma taxa de perda inferior a um milésimo de um por cento. Já
requisitei tropas para substituir aqueles que morreram durante o ataque, e os
reparos na seção danificada do CCDO estão em andamento.
— Então você propõe que devemos simplesmente continuar exatamente
como antes?
— Ordenei que a segurança aumentasse para todos os ministros
imperiais. — admitiu Davidge. — Novamente, o impacto geral no Império
é quase pequeno demais para ser calculado. Mesmo com minhas estimativas
mais altas...
Marr levantou a mão para cortá-lo.
— Poupe-me os detalhes. Não há necessidade de justificar os seus
detalhes de proteção pessoal. O Conselho Sombrio está ciente do valor que
você e os outros ministros tem ao contribuir para o Império.
O elogio deveria ter feito Davidge se sentir bem. Em vez disso, apenas
reforçou a sua recente epifania de que não era um contador de grãos
anônimo. As implicações do Conselho Sombrio, compreendendo a sua
importância para o Império, eram ainda mais aterradoras do que a tentativa
de sua vida. Os Lordes Sith não ignoravam as coisas de valor. Eles lutavam
para controlá-las... ou destruí-las se pertencessem a outra pessoa.
— Obrigado meu Lorde. É bom saber que sou apreciado.
— Acho que esse ataque deve sinalizar uma mudança em nossa política.
— disse Marr.
— Que tipo de mudança?
— Quando essa guerra começou, nós éramos os agressores. Agora
continuamos a ceder à República.
— Não é uma questão de escolha, meu Lorde. É uma questão de ter
recursos. A República tem mais naves em sua frota e mais soldados em seu
exército.
— Retirar nos faz parecer fracos. Vulnerável. — continuou Marr, como
se não tivesse ouvido Davidge. — Isso encoraja grupos como a FLZ. Faz
com que se atrevam a planejar o assassinato de altas autoridades imperiais.
— Este foi um incidente, meu Lorde. Mas no geral não vimos um
aumento estatisticamente relevante nas atividades anti-imperiais.
— Você entende de números, ministro. Eu entendo a mente de nossos
seguidores e inimigos. Esse ataque anuncia uma mudança de atitude que
não podemos ignorar.
— Precisamos avançar em várias frentes. Recuperar alguns dos mundos
que perdemos para a República. Atacar novos mundos que nunca tremeram
antes do poder imperial.
Davidge gemeu por dentro. Não havia sentido discutir com as ordens de
Marr, mas o ministro sabia que o lançamento de novas campanhas de
conquista contra a República aumentaria a taxa de perdas do trimestre.
— Estou enviando uma lista de possíveis alvos para análise. Descubra
onde podemos obter a maior recompensa por nossos esforços. — disse
Marr.
— Claro, meu Lorde. — respondeu Davidge. — Você sabe o que é
melhor para o Império.
— Eu recomendo que usemos Moff Nezzor. — disse Marr. — Parece
que ele não faz nada de vital no momento.
Isso porque ele é um sociopata não profissional e sedento de sangue,
sem consideração pela vida do inimigo ou de seus próprios soldados.
— Certificarei-me de escolher os alvos da sua lista que tirarão melhor
proveito dos talentos únicos de Moff Nezzor. — disse Davidge em voz alta,
embora a ideia tenha causado queimação de azia na garganta.
— Eu sei que você vai. — Marr disse a ele. — É por isso que acho você
tão útil.

— A primeira etapa do plano foi um sucesso total. — disse Jace aos três
colegas conspiradores que se reuniram em seu escritório para a reunião. —
Acho que devemos comemorar com uma bebida!
— Eu concordo. — disse o diretor. — Mestre Gnost-Dural, nós temos
um pouco de dorin.
— Uma oferta agradável, mas vou recusar.
— Fique à vontade. — o diretor disse com um encolher de ombros. —
Theron, qual é a sua preferência?
— Eu não tenho nenhum kri'gee aqui no escritório. — Jace disse com
um sorriso. — Mas tenho um pouco da Reserva Corelliana de que falei.
— Parece bom. — respondeu Theron.
Fazia cinco dias desde que ele e Gnost-Dural haviam pulado da beira do
prédio do CCDO. Passaram os primeiros três dias aguardando em Ziost,
depois que as autoridades locais fecharam todos os espaçoporto e proibiram
temporariamente qualquer nave civil de pousar ou deixar o planeta.
Não que Theron tivesse se importado na época. Passou os dias se
recuperando, enquanto Gnost-Dural fazia algumas investigações discretas
sobre as investigações imperiais. Felizmente, a FLZ ficou muito feliz em
assumir a responsabilidade pelo ataque. Embora realmente não tivessem
nada a ver com isso, os seus membros estavam ansiosos para receber o
crédito por dar um golpe contra o odiado Império.
Com os imperiais focados em caçar os membros da FLZ responsáveis,
era simples o suficiente para Theron e Gnost-Dural partirem assim que os
espaçoporto reabrissem.
Porém, azar para qualquer membro que for pego, pensou Theron na
época. Mas o destino de um pequeno grupo de anti-imperiais radicais em
Ziost não era algo com que pudesse se preocupar.
Depois de deixar Ziost, eles retornaram diretamente a Coruscant para
entregar o núcleo de criptografia a Jace, que prontamente o entregou ao
diretor e ao SIE. Agora, dois dias depois, Theron e o seu parceiro estavam
no escritório do Comandante Supremo, sendo esperados por dois dos
homens mais importantes da República.
— Nós já interceptamos várias transmissões imperiais importantes. —
disse o diretor, trazendo a bebida de Theron para ele quando Jace terminou
de servir. — Parece que estão aumentando a sua presença militar em vários
setores contestados.
Theron tomou um gole de sua bebida antes de falar, saboreando o
líquido quente e doce enquanto ela traçava o seu caminho pela garganta.
— Se o SIE for cuidadoso, poderíamos usar as informações a nosso
favor sem que o Império suspeitasse que estamos ouvindo as suas
mensagens criptografadas.
— Parece arriscado. — Jace advertiu. — Estamos mais perto de parar a
Lança Ascendente do que nunca. Não vou deixar escorregar por entre os
dedos porque ficamos gananciosos.
— O SIE sabe ser discreto. — assegurou o diretor. — Dê à equipe de
análise acesso a essas transmissões. Vamos executar os nossos cenários.
Tenho certeza de que encontraremos algo que possamos explorar sem avisar
ninguém.
Jace ainda estava relutante.
— O que você acha, mestre Gnost-Dural?
— Uma ferramenta é inútil se você nunca a pegar. — disse o Jedi.
Mestre Zho não poderia ter dito melhor, pensou Theron, erguendo um
copo para o falecido amigo querido antes de tomar outro gole do delicioso
conhaque.
— Prometo que não agiremos sem a sua aprovação. — acrescentou o
diretor.
— Parece que estou em menor número. — Jace disse com um sorriso.
— Só seja cuidadoso. E não esqueça o que realmente estamos procurando.
— Passamos para a fase dois do nosso plano. — declarou. —
Monitoramos as transmissões imperiais e esperamos que a Lança envie a
notícia de que está entrando no porto.
Ele se virou para Theron.
— Uma vez atracada, você entra a bordo, entra nos sistemas da Lança
programa um vírus adormecido para interromper o hiperdrive e as defesas
da nave e sai da nave antes que ela retorne ao serviço.
— Parece fácil quando você fala assim. — disse Theron.
— Não pode ser mais difícil do que roubar o código. — observou o
diretor.
— Quando tudo está no lugar, rastreamos os movimentos da Lança e
fazemos uma emboscada. — continuou Jace. — Bater nela com tudo o que
temos. Durante a batalha, enviamos um sinal para ativar o vírus adormecido
e levamos Darth Karrid e sua nave pra baixo.
— O SIE ainda está tentando reunir os recursos necessários. — alertou o
diretor.
— a Lança atracará em uma estação espacial militar, não em algum
espaçoporto civil. Precisamos de um transporte militar imperial,
documentos de identificação, uniformes, documentos de liberação... está se
mostrando mais difícil do que pensávamos.
— Talvez o contato de Theron possa nos ajudar novamente. — sugeriu
Gnost-Dural.
— A Irmandade da Antiga Tion contrabandeia para estações espaciais
imperiais há anos. — concordou Theron. — Eles conhecem todos os
truques do livro para superar a segurança.
— Conseguir que Teff'ith agende uma reunião com Ziost é uma coisa. —
alertou o diretor. — Mas não gosto de você trazê-la para um papel ativo
nesta missão.
— Por que não? — Jace queria saber. — Não podemos confiar nela?
— Sim. — disse Theron, mesmo quando o diretor respondeu: — Não.
Jace olhou de um lado para o outro entre eles, mas nenhum dos dois
estava disposto a recuar.
— Eu tenho isso sob controle. — assegurou Theron ao Comandante
Supremo. — Comparado com pegar ao código, este trabalho é brincadeira
de criança.
— Você teve ajuda para obter o código. — lembrou o diretor.
— Estou disposto a acompanhar Theron novamente quando ele
encontrar o seu contato. — ofereceu Gnost-Dural.
Antes que Theron pudesse objetar, Jace falou.
— Então está resolvido. Deixamos Theron e o Mestre Gnost-Dural
chegarem a esta Teff'ith.
— Vou fazer com que o SIE continue trabalhando para conseguir o que
precisamos. — disse o diretor. — Caso o contato de Theron não dê certo.
— Vamos pegar a Prosperidade novamente. — disse Theron ao Jedi,
ignorando a falta de confiança do diretor. — É melhor viajar com conforto.
— Podemos sair amanhã. — concordou o Jedi.
O Comandante Supremo ergueu o copo no ar.
— Pela República!
Theron e o diretor ecoaram a sua fala e os três homens beberam o que
restava em seus copos.
Com a reunião finalizada Theron, Gnost-Dural e o diretor deixaram o
escritório de Jace. A jovem atrás da recepção acenou agradavelmente para
as duas primeiras, depois lançou um olhar tão cheio de raiva venenosa que
o diretor realmente fez Theron estremecer.
— Uh, vocês dois vão em frente. — o diretor sussurrou. — Preciso
agendar alguns outros compromissos com o Supremo Comandante.
Talvez ela não seja sua terceira esposa, afinal, Theron pensou enquanto
ele e Gnost-Dural continuavam pelo corredor.
— Theron. — disse o Jedi, uma vez que estavam fora do alcance dos
outros. — Tenho uma mensagem para você. Da Grã Mestra Satele Shan.
— Oh? — Theron disse, tentando parecer indiferente. Mais uma vez, ele
se perguntou se os Jedi sabiam sobre o relacionamento deles.
— Ela deseja falar com você hoje à noite. Nos aposentos particulares
dela.
— Ela disse por quê?
— Não. Ela só pediu que você não mencionasse isso ao Comandante
Supremo.
Ótimo, pensou Theron. Mamãe e papai estão brigando. Não é divertido
fazer parte de uma família?
— Não tenho certeza se vou ter tempo. — disse Theron. — Algumas
coisas que eu preciso resolver antes de partirmos amanhã.
— Entendo. — disse Gnost-Dural. — Mas se você mudar de ideia, a Grã
Mestra Shan estará esperando por você.
A ÚLTIMA VEZ QUE Theron falou com Satele tinha estado em Tython.
Aquela reunião fora ideia dele; invadiu os aposentos particulares dela para
contar sobre a morte de Ngani Zho. Zho era o seu mestre e mentor, e
merecia ouvir as notícias pessoalmente, não por uma holo ou em algum
relatório.
Na época, fingiu não saber que era sua mãe, e ela não fez nenhuma
menção de reconhecê-lo como seu filho. Mas tinha a sensação de que
ambos sabiam a verdade, embora nenhum deles estivesse disposto a
reconhecer isso. Desta vez seria diferente, Theron decidiu. Estava cansado
de jogos.
Bem, a maioria dos jogos. Apesar de ser convidado, ainda estava
invadindo o apartamento dela. Parte disso era o desafio, ele só queria provar
que podia fazer isso. Mas também não queria que os outros descobrissem
que ele e Satele eram parentes. Shan era um sobrenome comum, mas era
incomum um agente de campo do SIE se encontrar pessoalmente com a Grã
Mestra da Ordem Jedi. Não era como se estivesse sendo seguido, mas na
pequena chance de alguém o ver na porta dela, não queria que ninguém
começasse a fazer conexões. Theron estava convencido de que a sua vida
ficaria muito mais complicada se o relacionamento deles fosse público.
Provavelmente é ruim pra ela também, Theron assegurou a si mesmo.
Fazendo um favor a ela invadindo.
Os Jedi ainda condenavam oficialmente os apegos emocionais do
casamento e dos filhos. Se as pessoas descobrissem que Satele tinha um
filho, pensariam que era uma hipócrita.
Se soubessem que ela passou a vida inteira agindo como se eu nem
existisse, pensou Theron, isso tornaria as coisas melhores ou piores?
Desabilitar os sensores de perímetro do prédio e escalar a parede levou
apenas alguns minutos, e deu a Theron a chance de exercitar o seu ombro
ferido. Estivera tratando dele nos últimos cinco dias; estava na hora de ver
como estava se curando.
Quando passou as pernas por cima da grade da varanda do terceiro
andar, estava satisfeito por ter se recuperado completamente. O seu ombro
estava um pouco cansado, mas por outro lado se sentiu bem. Mais uma
semana e voltaria a cem por cento.
As portas de vidro que davam para a varanda e para o apartamento
estavam escancaradas, apesar do ar frio da noite. Claramente, Satele estava
esperando por ele.
Quando entrou no apartamento, levantou-se da cadeira em que estava
sentada.
Ela usava as túnicas marrons simples de um Jedi, com o capuz jogado
pra trás. O seu cabelo na altura dos ombros era castanho com alguns
reflexos cinza prateado que lhe davam um ar majestoso. Theron não viu
muita semelhança familiar em seus traços, mas ele não estava olhando
muito. A sua pele era surpreendentemente lisa e clara; embora tivesse quase
sessenta anos, parecia pelo menos duas décadas mais jovem.
Isso é porque a Força flui através dela, ou são apenas bons genes?
— Obrigado por vir. — disse ela. — Por favor, entre e feche a porta.
Theron obedeceu, fechando as portas do pátio enquanto os seus olhos
olhavam ao seu redor. O apartamento estava completamente mobilado e
decorado, nada excessivamente luxuoso ou opulento, mas era óbvio que
mais do que alguns créditos foram gastos.
— Pensei que os Jedi não acreditavam em bens materiais.
— O apartamento estava mobilado quando me mudei. — disse Satele.
— E é importante fazer com que os visitantes se sintam confortáveis. Você
realmente pensa mal de mim porque não estou vivendo em uma cabana
vazia, com nada em meu nome, a não ser as roupas do corpo e um tapete de
meditação?
— Era assim que o mestre Zho viveu a maior parte de sua vida. — disse
Theron.
— Ele nunca foi Grão-Mestre. Ele gostava de uma existência mais
simples. Tenho certas expectativas e obrigações que devo cumprir, mesmo
que sejam contrárias ao que escolheria para mim.
— Você queria me ver. — disse Theron, mudando de assunto. Depois de
uma breve pausa, ele acrescentou um sarcástico: — Mãe.
— Você tem todo o direito de ficar com raiva de mim. — respondeu
Satele, com a sua voz calma, mas também tingida de tristeza. — Não espero
que você entenda completamente por que eu desisti de você, mas você deve
saber que foi a coisa mais difícil que já fiz.
— É por isso que você queria me ver? — Theron perguntou. — Para me
dizer que você cometeu um erro?
— Eu não disse isso. — ela respondeu. — Por mais difícil que tenha
sido, desistir de você foi a escolha certa. Eu faria de novo.
Theron suspirou.
— Eu entendo melhor do que você pensa. — disse ele, com a sua voz
suavizando. Não estou com raiva de você. Respeito o que você fez. Você
fez um sacrifício pelo bem da República.
— E por você, Theron. — disse Satele, vindo em sua direção e
colocando a mão em seu braço. — Eu sabia que Ngani Zho o criaria bem.
Você estava melhor com ele do que comigo.
Theron não encolheu a mão, embora endurecesse desconfortavelmente
com o toque dela. Sentindo isso, ela se afastou, embora a sua expressão
serena nunca mudasse.
— Quando eu vejo o que você se tornou. — ela continuou. — eu sei que
tomei a decisão certa. Ngani Zho ficaria orgulhoso de você, Theron. Estou
orgulhoso de você.
— Eu não preciso da sua aprovação. — disse Theron, apesar de ter o
cuidado de impedir que qualquer veneno colore as suas palavras.
— Claro que não. — disse ela, virando-se e voltando para o centro da
sala antes de se virar para encará-lo novamente. — Mas você a tem mesmo
assim.
— Havia mais alguma coisa que você queria dizer? — Theron
perguntou. — Mestre Gnost-Dural e eu vamos embora amanhã de manhã.
— Sei que você está trabalhando com Jace Malcom.
— Você quer dizer o meu pai?
— Suponho que era inevitável que ele descobrisse. — disse ela. —
Talvez eu devesse ter contado a ele antes.
— Isso é entre você e ele. — insistiu Theron. — Estou feliz com minha
vida. Estou confortável com quem eu sou. Nada disso importa pra mim.
— Mas isso importa para o Jace. — disse ela. — Você pode não ter
nenhuma amargura em seu coração em relação a mim, mas temo que ele
tem.
— Posso ver como isso pode ser um problema. — disse Theron. — Para
a República, quero dizer.
Não precisava de um relatório da análise para entender que qualquer
coisa que pudesse afetar negativamente o relacionamento entre a líder dos
Jedi e o Comandante Supremo de todas as forças da República era um
motivo potencial de preocupação.
— Jace é um bom soldado. — assegurou Satele. — Ele não colocará
seus sentimentos pessoais à frente de seus deveres e responsabilidades. Nós
temos isso em comum.
— Sério? Pensei que poderia ser a razão pela qual você nunca a ele
sobre mim. Você não achou que ele seria capaz de lidar com o fardo
emocional de uma criança.
— Não foi isso. — disse ela, falando devagar. — Conheço Jace há
muitos anos. Lutamos lado a lado e realmente nos importamos um com o
outro. Mas enquanto a guerra continuava, senti algo mudar nele. Eu temia
que ele caísse no lado sombrio.
Theron realmente riu alto.
— Você temia que Jace Malcom, o Comandante Supremo, traísse a
República?
— Claro que não. — respondeu ela, com uma pitada de frustração
aparecendo em seu exterior calmo. — Jace sempre será leal à República.
Mas você não precisa seguir os Sith para ser um agente do lado sombrio.
Jace é um homem bom, mas a guerra deixou a sua marca nele. Há tanta
raiva e amargura dentro dele. Tanto ódio.
— O ódio leva ao lado sombrio. — disse Theron, divulgando as palavras
antes que ela pudesse. — Ngani Zho me ensinou todas as chavões Jedi. —
acrescentou.
— Você zomba, mas há verdade em nossos ensinamentos. — ela o
repreendeu.
— Uau, você soa como minha mãe. — brincou Theron.
— Jace luta essa guerra por vingança. — ela continuou, tentando fazê-lo
ver a urgência de seu aviso. — Nubla o seu julgamento. Isso pode fazer
com que ele faça coisas terríveis se acreditar que são necessárias para salvar
a República.
— Isso não parece tão errado para mim. — respondeu Theron. — Às
vezes, os fins justificam os meios.
— O lado sombrio é insidioso. — alertou ela. — O ódio transformará
você no mal que está lutando tanto.
— Eu sei que o mestre Zho lhe ensinou esta lição. — acrescentou ela
suavemente.
— Ele me ensinou muitas coisas. — respondeu Theron, seu sangue
fervendo repentinamente. — Quando ele pensou que eu seria um Jedi. Mas
não sou Jedi e o meu pai também não.
Estava claro pra ele agora o que estava acontecendo. Satele estava com
medo de que Jace o corrompesse de alguma forma, e estava determinada a
salvar seu filho compartilhando a sua sabedoria gloriosa. A sua arrogância
condescendente resumia tudo o que havia de errado com os Jedi.
— Lado claro, lado sombrio, estas são apenas palavras vazias. —
continuou ele, com a sua voz subindo a um grito. — Existem apenas dois
lados que me interessam: nós e eles. República ou Império!
— Não era minha intenção incomodá-lo. — disse ela.
— Claro que não. — respondeu Theron. — Isso significa que eu estava
mostrando alguma emoção. E todos sabemos que não há emoção, apenas
paz.
Certo?
Ele esperou que Satele oferecesse outro mantra Jedi pré-embalado em
resposta, mas a Grã Mestra o pegou desprevenido.
— Theron, eu sei que você não me quer como parte de sua vida. — disse
ela, aparentemente abandonando a discussão no meio do processo e
mudando de assunto. — Eu respeito sua escolha. Mas você sabe onde me
encontrar se precisar de minha ajuda. Chame-me e eu estarei lá. Eu
prometo.
— É melhor esperar sentado. — disse Theron. — Já terminamos aqui?
— Eu disse o que tinha de dizer. — ela disse a ele.
Theron deu as costas pra ela e marchou até as portas da varanda. Ele as
abriu e subiu no parapeito, aliviado por deixar Satele e sua insípida filosofia
Jedi pra trás.

Satele observou Theron partir, esperando que não tivesse feito mais mal do
que bem.
A reunião tinha sido uma batalha constante entre a parte lógica de sua
mente e os sentimentos poderosos que sentiu brotando dentro dela. Não
esperava ser tão profundamente afetada meramente por falar com Theron;
mesmo que ele fosse seu filho biológico, mal o conhecia. Ele não fazia mais
parte da vida dela, não em nenhum sentido real. E, no entanto, foi preciso
todo o seu treinamento para negar as emoções que ameaçavam dominá-la.
A restrição Jedi contra os vínculos familiares fazia mais sentido para ela
agora do que nunca. Não conseguia nem imaginar o quanto mais difícil teria
sido permanecer calma e concentrada se tivesse criado Theron. Todos os
sentimentos dela teriam aumentado mil vezes, tornando impossível não
responder à raiva dele com a raiva dela.
Mesmo agora, vários minutos depois que ele se foi, ainda podia sentir os
efeitos do confronto. O seu coração estava batendo rápido demais em
resposta à adrenalina que inundou o seu sistema.
— Não há emoção, há paz. — ela sussurrou, buscando consolo nas
mesmas palavras que Theron jogou em seu rosto.
Esperava que ao ser criado por Ngani Zho, o seu antigo mestre, tivesse
preparado Theron para compreender e apreciar melhor os seus temores
sobre Jace. E era possível que ele ainda seguisse o aviso dela. Satele
suspeitava que a raiva de seu filho era mais um produto do estresse
emocional de confrontar a sua mãe do que uma resposta aos seus
argumentos reais. Uma vez que se acalmasse, ainda havia uma chance de
que ele entendesse o que dizia.
Ou talvez ele apenas tenha muito do pai nele.
Talvez conhecer Theron tenha sido um erro. Talvez ela tenha piorado as
coisas. Talvez estivesse errada ao falar com Theron pelas costas do pai.
Por causa de sua história, tentou manter o seu relacionamento com Jace
estritamente profissional. Concentrando-se exclusivamente em seus deveres
para com a República, evitavam arrastar lembranças e sentimentos
dolorosos. Mas talvez negar o passado nem sempre fosse a resposta.
Talvez fosse hora de conversar com Jace, não como Grã Mestra e
Comandante Supremo, mas como um homem e uma mulher que já haviam
compartilhado de um amor profundo e poderoso.
Satele balançou a cabeça. Estava inquieta, incapaz de encontrar uma
sensação adequada de calma e equilíbrio. Sentiu as memórias há muito
negadas rastejando em torno de sua consciência, despertadas pela presença
de Theron. Em vez de afastá-las, como costumava fazer no passado, fechou
os olhos e sentou-se de pernas cruzadas no chão, abrindo-se para elas. Por
mais dolorosas que fossem, precisava aceitar e reconhecer a existência
delas, esperava se concentrar e acalmar os seus pensamentos.
A tenda de comando de Jace era um burburinho de atividades, com
soldados entrando e saindo, entregando relatórios de situação ao
recém-promovido general e transmitindo às suas ordens às tropas.
Estava de pé sobre uma pequena mesa, olhando por cima de um mapa
do campo de batalha coberto de marcadores vermelhos e azuis,
indicando a posição respectiva das tropas inimigas e aliadas,
— General Malcom. — disse Satele, ao entrar na tenda e se
aproximar da mesa, — preciso falar com você. Sozinho.
Poderia ter esperado até a noite cair; Na maioria das noites, Jace
ainda conseguiu escapar e vê-la em particular. Mas o que tinha a
dizer não podia esperar.
Até agora, eles conseguiram manter o seu amor em segredo, e o seu
caso de seis meses. Abordá-lo abertamente carecia de discrição, mas
não era inédito para um general da República e um mestre Jedi
discutir a estratégia em particular, de modo que o seu pedido
provavelmente não suscitaria suspeitas.
— Você ouviu a Mestra Shan. — Jace latiu. — Saiam.
Os soldados na tenda, juntamente com a meia dúzia de oficiais que
serviam como os seus conselheiros no campo, se moveram com
precisão e eficiência militares típicas, esvaziando a tenda em questão
de segundos.
— O que foi, Satele? — Jace perguntou, largando o discurso formal
o qual tinha usado na frente dos outros.
Ouviu a preocupação e preocupação em seu tom. Não tinha dito a
ele que estava grávida ainda. Só sentiu a vida de um dia crescendo
dentro dela por causa de sua poderosa conexão com a Força;
levariam meses até que o seu corpo começasse a mostrar sinais
físicos de sua condição.
Jace deve ter lido algo em sua expressão, depois de seis meses
compartilhando de seus momentos mais íntimos, era difícil esconder
algo um do outro. Mas Satele não veio falar com ele sobre a gravidez.
Ainda não. Havia algo mais que tinha que lidar primeiro.
— Ouvi dizer que você está enviando tropas para as montanhas em
busca dos imperiais que fugiram da batalha.
Jace assentiu.
— Alguns deles se renderam quando quebramos as suas fileiras,
mas a maioria deles está tentando chegar aos espaçoportos perto de
Gell Mattar para que possam escapar mundo a fora.
— Deixe-os ir. — disse Satele. — Você não precisa caçá-los como
animais.
— Se eles se renderem às patrulhas, não faremos mal a eles.
— Eles não sabem disso. — lembrou Satele. — Eles lutarão por suas
vidas com medo, e o seu pessoal não terá escolha a não ser revidar.
Cancele as patrulhas e muitas vidas serão poupadas.
— Não vou permitir que os soldados inimigos escapem e voltem ao
Império para podermos enfrentá-los em outra batalha em outro
mundo! — Protestou ele.
— Quantos deles realmente voltarão ao Império? — Satele rebateu.
— A maioria deles escapará para outros mundos e desaparecerá na
vida civil.
— Discordo. — disse ele. — E é a minha decisão, e não sua.
— Esta decisão é guiada pela raiva e pelo ódio. — alertou Satele.
— Claro que sim! — Jace gritou. — Você viu do que eles são
capazes. Você viu a morte e o horror que desencadearam em mundos
inocentes. Devemos odiá-los! Eles são o inimigo!
Houve um silêncio repentino, a fúria de suas palavras
momentaneamente chocando os dois em silêncio. Então Jace veio por
trás da mesa e colocou as mãos nos ombros de Satele.
— Sinto muito, Satele. Não quis dizer isso do jeito que soou. Mas
não posso fazer o que você faz. Não posso simplesmente afastar toda
a dor que o Império causou.
— A vingança não aliviará essa dor, Jace.
— Quando a guerra começou, eu costumava manter uma lista de
todos os amigos que tinha visto morrer em batalha. — Jace disse a
ela. — Recitava os nomes deles todas as noites antes de dormir,
tentando lembrar os rostos deles. Apegando-me às memórias deles.
— À medida que a guerra se arrastava, a lista cresceu mais. Depois
de alguns anos, era muito longa pra recitar todas as noites. Então, ela
ficou tão longa até para eu mesmo lembrar de todos eles. Centenas e
centenas de bons homens e mulheres, com as suas vidas tiradas pelo
Império.
— E todo soldado imperial que não é capturado ou morto é alguém
que pode adicionar outro nome a essa lista. — continuou Jace. — É
por isso que tenho que enviar as minhas patrulhas. É por isso que
temos que caçar o inimigo como animais. Devo isso aos nomes dessa
lista.
Satele permaneceu em silêncio enquanto falava, mas as suas
palavras a encheram de horror e pavor. Sabia que Jace era leal, mas
nunca imaginou que a sua lealdade a seus amigos caídos seria o
catalisador de tanta raiva.
— Matar imperiais não pode trazê-los de volta as pessoas da lista.
— ela disse a ele.
— Matar imperiais é como vencemos esta guerra. — ele disse a ela.
— E vencer a guerra é a única maneira de parar de adicionar nomes
à minha lista.
— Este é um caminho perigoso, Jace. Você está pegando o amor
pelos seus amigos e o transformando em algo sombrio e distorcido.
Algo que o levará ao mal.
— Não vemos as coisas da mesma maneira. — explicou Jace. — Eu
não sou um Jedi.
— E se algo acontecer comigo? — Satele se perguntou. — O que
acontece se um dia você adicionar o meu nome à sua lista? —
Silenciosamente, ela acrescentou: Ou do seu filho?
A expressão de Jace era sombria.
— Eu faria chover a destruição no Império. — disse ele em voz
baixa. — Eu destruiria as suas cidades e queimaria os seus mundos.
— Não é isso o que eu gostaria.
— Eu sei. — Jace respondeu. — Mas não posso evitar quem sou. —
Depois de alguns segundos, ele acrescentou: — E não acho que
somos tão diferentes assim. Se algo acontecesse comigo, não acredito
que você pudesse fingir que não importa. Acho que na sua tristeza e
raiva você atacaria o Império também.
— Esse não é o caminho Jedi. — ela disse, mas enquanto falava as
palavras, ela se perguntou se Jace estava certo.
Como não podia odiar o Império se eles levaram o homem que
amava? Como não podia odiá-los se eles tinham o sangue de seu filho
ainda não nascido em suas mãos?
— Eu sou... eu não sou um soldado. — disse ela, com a sua voz
incerta quando deu um passo atrás dele. — Eu sou uma Jedi.
— Está tudo bem, Satele. — Jace disse, dando um passo em sua
direção e estendendo a mão.
Ela se virou e correu da tenda, ignorando-o enquanto ele gritava
para esperar. Fugiu para além do perímetro do acampamento e para
a cobertura da escuridão da noite, onde finalmente parou e caiu no
chão. Sua respiração estava saindo em suspiros irregulares que
rapidamente se transformaram em soluços enquanto se afogava em
uma inundação de emoções poderosas. As lágrimas vieram a seguir, e
não tentou detê-las.
Chorou por vários minutos antes de se recompor lentamente. O fluxo
de lágrimas secou e os seus soluços se tornaram um ritmo suave de
inspiração e expiração.
Reconheceu que parte de sua reação se devia aos hormônios que
corriam por seu corpo de grávida, e parte disso se deve a ela ainda
lutando para aceitar o fato de que iria ter um filho. Mas isso não
poderia explicar tudo.
Havia sentido o ódio e a escuridão dentro de Jace antes, embora
tivesse levado o nascimento iminente de seu filho para fazê-la
confrontá-lo com isso. O que não tinha percebido era que o mesmo
potencial de ódio e raiva espreitava dentro dela também.
Os seus sentimentos por Jace eram muito fortes. Se algo acontecesse
com ele, temia que todo o seu treinamento Jedi não fosse capaz de
salvá-la de buscar vingança contra o Império. Com o filho, sabia que
seria ainda pior.
— Esse caminho leva ao lado sombrio. — disse ela, e naquele
momento de clareza, Satele sabia o que tinha que fazer.
Satele abriu os olhos quando as memórias desapareceram. Elas ainda
doem, mesmo três décadas depois. Por mais que quisesse acreditar que
podia dominar e controlar as suas emoções, quando se tratava de Theron e
Jace, tinha que reconhecer que isso simplesmente não era possível. Eles
sempre evocavam uma reação poderosa nela; era uma fraqueza a qual tinha
que reconhecer.
Se confrontasse Jace sobre a sua influência potencialmente prejudicial
do filho deles, isso só pioraria as coisas. Como Theron, reagiria à
interferência dela com raiva, e inevitavelmente responderia da mesma
forma. Melhor não se envolver mais.
Ela os cortou da vida por um motivo: era a única maneira de servir
plenamente a República. Havia sacrificado a sua chance de ter uma família
e uma vida comum quando escolheu a Ordem, e, por mais difícil que fosse,
não podia voltar atrás nessa decisão agora.
GNOST-DURAL JÁ ESTAVA ESPERANDO por ele quando Theron
chegou ao transporte. Esperava que perguntasse se havia falado com Satele,
mas os Kel Dor não falou nisso.
— Então, onde vamos encontrar esse seu contato?
— Porto Jigani. — disse Theron. — No Desevro.
Rastrear Teff'ith não era difícil; o SIE tinha uma rede bem estabelecida
de informantes em todos os principais espaçoportos que não estavam sob
controle imperial. Obter informações sobre os movimentos de pessoas que
atravessam os portos nos mundos dos Hutt ou em setores não afiliados,
como a Hegemonia de Tion, era um procedimento de rotina, desde que o
alvo não estivesse tomando medidas incomuns para ocultar a sua
identidade.
O objetivo da rede não era realmente permitir que Theron recebesse
atualizações regulares de um pequeno criminoso que trabalhava para a
Irmandade da Antiga Tion, mas não era o único agente que utilizava os
recursos do SIE para rastrear indivíduos por motivos não oficiais. O diretor
normalmente ignorava essas pequenas violações se os agentes não
abusassem excessivamente do sistema, embora agora que Teff'ith pudesse
realmente ser útil à República, não havia motivo para se preocupar em ser
discreto.
Enquanto o Jedi pressionava as coordenadas do computador de
navegação da Prosperidade, a mente de Theron continuava voltando ao
encontro com Satele e aos avisos dela sobre Jace. Não era dele perder a
compostura. Satele não tinha feito ou dito nada que não se encaixava com o
que ele esperava de um mestre Jedi. Realmente não deveria tê-lo
desencadeado como aconteceu.
— Prepare-se para a decolagem. — disse Gnost-Dural.
Theron entendeu que, no grande esquema das coisas, os Jedi eram bons
de se ter por perto, a República não teria sobrevivido sem eles. E, embora
possa haver diferenças entre como eles perceberam a guerra contra o
Império e como o resto da República a viu, no final eles estavam todos do
mesmo lado. Então, por que atacou tão intensamente Satele? Seria porque,
como Grã Mestra, todos os traços estereotipados dos Jedi os quais achava
mais irritantes eram amplificados nela? Ou era apenas porque ela era sua
mãe?
O transporte voou para o céu, rompendo a atmosfera de Coruscant
alguns segundos depois. Uma vez que estava livre das pistas orbitais do
planeta, o Gnost-Dural apertou o botão e eles saltaram para o hiperespaço.
Quando o campo estelar pela janela da cabine se tornou um borrão branco,
Theron decidiu que poderia passar o tempo descobrindo se seu parceiro
compartilhava as opiniões de Satele sobre o Supremo Comandante.
— Eu me encontrei com a Grã Mestra Shan. — disse ele.
— Bom. — respondeu Gnost-Dural. — Espero que a reunião tenha
corrido bem?
Theron ainda não sabia se os Kel Dor sabiam que Satele era sua mãe,
então ele decidiu não falar disso.
— Tem algumas preocupações com Jace Malcom. Ela está preocupada
que ele seja dirigido por ódio e vingança. Ela tem medo que ele possa
deslizar para o lado sombrio.
— a Grã Mestra Shan o conhece melhor do que eu. — admitiu Gnost-
Dural. — Eles serviram juntos muitas vezes. É possível que ela tenha visto
algo nele que a incomodou.
— Você não parece muito preocupado com isso.
— É um medo comum em nossa Ordem quando trabalhamos com os
militares. — explicou Gnost-Dural. — Os Jedi não são soldados; não
abordamos a guerra com a mesma mentalidade. Tempos de luta e
sofrimento galáctico inevitavelmente forçarão a República a lutar entre as
trevas e a luz. Como Jedi, é nosso papel tentar manter a República no
caminho certo.
— Às vezes, isso pode levar a tensões e conflitos, principalmente
quando se lida com alguém tão determinado como Jace Malcom. Mas isso
não significa que nem todos estamos trabalhando para alcançar os mesmos
objetivos.
— Parece bastante razoável quando você diz assim. — disse Theron.
— Estou surpreso que a Grã Mestra Shan não tenha explicado isso para
você.
— Talvez ela tenha tentado. — admitiu Theron. — mas as palavras que
ela usou não foram realmente aprovadas.
— Às vezes, personalidades se chocam. Mesmo a Grã Mestra não é a
professora certa para todos os alunos. — observou Gnost-Dural.
Theron se irritou momentaneamente com a implicação de que estava
aprendendo aos pés de Gnost-Dural, mas rapidamente afastou a sua
irritação. O Kel Dor não quis dizer nada com as suas palavras; era
exatamente dessa maneira estranha que os Jedi falavam que faziam as
pessoas normais sentirem que estavam sendo condescendentes.
Talvez metade do problema seja você, ele se repreendeu. Tenho que
parar de ser tão sensível.
Bocejou, subitamente consciente de como estava cansado. Não dormiu
bem depois de sua reunião com Satele.
— Vou tirar um cochilo, — disse ele. — Me acorde quando chegarmos a
Desevro.

As autoridades aduaneiras do porto de Jigani não eram nada como a


segurança imperial em Ziost. Não exigiram documentos ou aprovações ou
mesmo um registro oficial da nave. Tudo o que eles queriam era alguém
para pagar a taxa de cinquenta créditos e um depósito de cem créditos no
hangar.
Theron os pagou do próprio bolso, sem se incomodar em receber um
recibo para poder solicitar o reembolso mais tarde. Não tinha certeza de
quanto dessa missão estava saindo do orçamento do SIE, mas, considerando
que os Jedi haviam fornecido a nave, não se importava em pagar a conta do
estacionamento.
— Para onde agora? — Gnost-Dural perguntou a Theron enquanto
pagava ao funcionário da alfândega.
— Se eu conhecer Teff'ith, ela estará no lugar mais sujo, desagradável e
mais perigoso para se bebir neste lugar.
— Este seria o Dedo Torto. — o agente aduaneiro respondeu. — Não
tenho certeza de que é o seu tipo de lugar, pessoal. — disse ele, olhando
para o transporte de luxo do Jedi. — Quer que eu organize uma escolta de
segurança?
Não foi difícil entender a sua preocupação. Gnost-Dural usava vestes
indescritíveis em vez de suas roupas Jedi, e o seu sabre de luz estava
escondido. Theron vestiu as suas braçadeiras personalizadas, com um
conjunto completo de dardos de toxinas e um laser pontual recarregado.
Mas nem todo mundo perceberia que eles eram mais do que apenas uma
escolha elegante de guarda-roupa, e o único blaster em seu quadril parecia
lamentavelmente fraco para o tipo de pessoa o qual encontrariam a vaguear
no Porto sórdido de Jigani.
— Sabemos cuidar de nós mesmos — assegurou Theron. — Apenas nos
aponte na direção certa.
Quando chegaram ao Dedo Torto, era tudo o que Theron esperava:
pouco iluminado para esconder a sujeira e a gordura, e transbordando com
uma variedade heterogênea de bandidos e criminosos fortemente armados.
A música de uma banda ao vivo um pouco fora do ritmo espalhou pela
porta, junto com o clamor dos clientes gritando para serem ouvidos acima
da música.
Um par de Nikto grandes, sentados ao lado da porta, surgiu quando eles
entraram, barrando o caminho.
— Devem pagar uma taxa para entrar. — disse o maior dos dois. —
Cinquenta créditos cada.
Theron duvidava que eles realmente trabalhassem no bar, mas não viu
motivo de começar algo. Antes que pudesse desenterrar mais créditos,
Gnost-Dural interveio.
— Sem taxa para nós. — disse ele, acenando com a mão na frente dele
em um gesto quase hipnótico. — Somos amigos do proprietário.
— Acho que podemos deixar você passar. — respondeu o Nikto menor
enquanto ele e seu amigo se aproximavam. — Já que conhece o dono.
Assim que entraram, Theron se inclinou o suficiente para Gnost-Dural
ouvi-lo acima da música e do barulho geral da multidão.
— Você sabe o quanto minha vida seria mais fácil se eu pudesse
aprender esse truque? — Ele disse. — A melhor coisa de ser um Jedi, se
quer saber.
— Não funciona com todo mundo. — lembrou Gnost-Dural. —
Somente naqueles com mentes fracas. Nikto são particularmente
suscetíveis.
Eles fizeram caminho através do labirinto de mesas e cadeiras, os olhos
de Theron procurando no bar por um Twi'lek de pele amarela. Ele a viu
sentada em uma mesa no canto de trás com um Rodiano de aparência
magricela.
Theron esperava que ela estivesse sentada sozinha; Teff'ith normalmente
não fazia amigos.
— Lá está ela. — disse ele ao companheiro. — Melhor me deixar falar.
Quando se aproximaram, pôde ver que o Rodiano estava conversando
animadamente com Teff'ith. Não conseguiu entender as palavras, mas os
lábios do Rodiano estavam se movendo, com os seus ouvidos tremendo e as
suas mãos gesticulando loucamente. Teff'ith, por outro lado, mal prestava
atenção. Ela parecia entediada, ou talvez bêbada, sentada caída pra frente
em seu assento, com as mãos cruzadas no colo embaixo da mesa.
— Olá, Teff'ith. — disse Theron quando chegaram à mesa. — Se
importa se nos sentarmos?
A sua postura descontente desapareceu quando ela ergueu um blaster de
debaixo da mesa; claramente ela o tinha no colo o tempo todo. Os olhos do
Rodiano se arregalaram, depois voltaram ao normal quando percebeu que
ela não estava apontando a pistola pra ele.
— Vi você do outro lado da sala. — disse Teff'ith a Theron. — Muito
cheio para atirar esperei até chegar você perto.
Apesar de suas palavras, Theron sabia que ela não tinha nenhuma
intenção de realmente puxar o gatilho. A menos que ele lhe desse uma
razão.
— Você conta até três para ir embora. — disse ela, seu estranho sotaque
Básico ainda tão impossível de colocar quanto Theron se lembrava.
— Não há necessidade da pistola. — disse Gnost-Dural, sua mão
fazendo a mesma onda lenta que ele usara no Nikto na porta. — Somos
todos amigos aqui.
Um olhar estranho cruzou o rosto de Teff'ith e a ponta do seu blaster
mergulhou momentaneamente, apenas para voltar e apontar para a barriga
de Theron.
— Um. Não somos amigos.
— Não estou aqui checando você. — Theron a tranquilizou. — Estou
aqui apenas para conversar sobre negócios.
— Dois. Não estou interessada. O negócio era você nos deixar em paz.
— O trabalho paga bem. — continuou Theron. — Se você pode lidar
com ele.
— Talvez devêssemos ouvi-lo. — o Rodiano entrou na conversa.
Teff'ith olhou pra ele, antes de voltar o olhar para Theron.
— Vebb nos convenceu. — disse ela, colocando o blaster sobre a mesa.
— Sente-se. Você fala. Nós ouvimos. Então atiramos em você.
Theron e Gnost-Dural se acomodaram nos dois assentos abertos à mesa.
— Cabeçorra tem nome? — Teff'ith perguntou, acenando com a cabeça
para o Kel Dor.
— Gnost-Dural. — respondeu ele, nem um pouco ofendido pelo insulto.
— Mestre Gnost-Dural. — Theron esclareceu. Ele é um Jedi. Como o
mestre Zho.
— Zho não é como os outros Jedi. — grunhiu Teff'ith, e Theron não
podia discutir disso.
— A sua ajuda no Ziost foi bastante útil. — disse o Kel Dor, tentando
entender o lado bom dela.
— Você está fazendo acordos com forasteiros pelas costas de Gorvich?
— perguntou Vebb, balançando a cabeça. — Isso é um negócio ruim, Teff.
Teff'ith lançou um olhar zangado para Gnost-Dural antes de voltar a sua
atenção para Theron.
— Você disse que conseguiu outro emprego?
— Todo mundo sabe que a Irmandade contrabandeia para as estações
espaciais imperiais. — disse Theron, falando rapidamente. — Você tem os
contatos, os códigos de liberação e as naves.
— Nós sabemos o que temos. Você tem um objetivo?
— Quero que você nos ajude a entrar em uma das estações espaciais.
— Qual?
— Nós realmente não sabemos ainda. Vai ser uma coisa de última hora
quando acontecer.
Teff'ith balançou a cabeça.
— Não posso ajudar.
— Do que você está falando, Teff? — o Rodiano exclamou. — Gorvich
pode fazer isso sem problemas.
— Cale a boca, Vebb, — Teff'ith rosnou. Virando-se para Theron, ela
disse: — Isso é muito perigoso. É outra missão maluca. — Acenando na
direção de Gnost-Dural, ela acrescentou: — Esse é outro Jedi maluco.
— Vamos lá, Teff'ith. Você nem precisará se envolver. Basta marcar
outra reunião com alguém que possa nos ajudar.
— Já marquei uma reunião pra você. — disse ela. — Um por cliente.
— Não faça isso por mim, então. — disse Theron, pegando uma última
carta para jogar. — Faça porque é a coisa certa. Faça isso porque Ngani Zho
gostaria que você nos ajudasse. É o mínimo que você pode fazer por ele,
agora que ele se foi.
— A dívida de Zho é intransferível. — disse ela, mas Theron podia vê-la
resolver abrandar com a menção de seu velho amigo. Teff'ith não tinha
estado perto de Zho por muito tempo, mas sabia que eles formaram um
vínculo poderoso. O seu mentor tinha esse efeito nas pessoas.
— Vou dar créditos suficientes para sufocar um bantha. — ofereceu
Theron.
— Certo. — ela finalmente concordou. — Nós o levamos para o
Gorvich, mas é isso. Então você desaparece. De verdade desta vez.
— Claro. — Theron prometeu a ela. — Não faria de outra forma.
ENCOLHIDO COM GNOST-DURAL na parte de trás do airspeeder,
levando-os do porto de Jigani para a cidade vizinha de Maslovar, Theron
estava convencido de que cairiam do céu a qualquer momento. O gemido
constante e agudo do motor tornava a conversa impossível, e a cada poucos
minutos o piloto tinha que baixá-los a uma altura de apenas alguns metros
acima da superfície pantanosa de Desevro para impedir que o repulsor se
superaquecesse. Os estabilizadores não estavam muito melhores, e cada vez
que uma rajada de vento os atingia, o speeder ameaçava virar.
O voo durou apenas vinte minutos, mas quando pousaram no centro da
cidade, o estômago de Theron estava tentando rastejar pra cima e pra fora
da garganta.
— Melhor hotel de Maslovar! — Proclamou o piloto enquanto os seus
passageiros desciam do banco de trás.
Olhando para o prédio em ruínas diante deles, Theron estava convencido
de que havia uma opção melhor. Mas não estava ansioso para voltar ao
speeder tão cedo.
Talvez não seja tão ruim quanto parece, esperava silenciosamente
enquanto pegavam as suas malas e seguiam para dentro.
Teff'ith concordou em marcar uma reunião com Gorvich dentro de três
dias. Theron não estava feliz com o atraso, mas ela insistiu que levaria
algum tempo para reunir tudo o que precisavam para passar pela segurança
imperial em qualquer estação espacial que acabasse sendo o seu destino.
Até então, não havia nada para Theron e Gnost-Dural fazer senão esperar.
Eles pediram a Teff'ith que recomendasse um lugar para ficar; vendo
para onde os havia enviado deixou claro que ainda não estava feliz em
trabalhar com ele.
— Precisamos de um quarto. — disse Theron no balcão de registro. —
Três noites. Duas camas.
A mulher atrás do balcão não falou quando apertou os botões no
console. Eventualmente, ela produziu um par de cartões chave.
— Sessenta créditos por noite. Pague com antecedência.
Theron deslizou os créditos pelo balcão e recebeu os cartões chave.
— Nível seis. Piso superior. O turboelevador está quebrado.
Theron se preparou para o pior quando entrou na sala e não ficou
desapontado. Um odor não identificável, mas nitidamente desagradável,
veio à tona para encontrá-los quando a porta se abriu, e Theron teve certeza
de que ouviu o ruído de vermes correndo para se esconder enquanto acendia
as luzes.
— Não há conforto, só sujeira. — ele murmurou.
— Poderíamos voltar ao transporte. — sugeriu Gnost-Dural. — Existem
quartos de dormir, um chuveiro e uma reciclagem a bordo.
— Acho que o piso do transporte seria mais confortável do que este
lugar. — concordou Theron. — Mas eu preciso de alguns minutos antes que
eu possa lidar com o último passeio de speeder.
— Você e Teff'ith têm um relacionamento interessante. — disse Gnost-
Dural.
— Não é realmente um relacionamento. — explicou Theron. — Ela é só
um dos meus contatos.
— Ela é claramente mais do que isso. — rebateu Gnost-Dural.
— Ngani Zho viu algo nela. Ele a levou sob a sua asa. Acho que me
sinto responsável por ela agora que ele se foi.
— Você tem sentimentos por ela?
Theron riu.
— Não como você está implicando. Ela é mais como uma irmã mais
nova. Irritante, sempre se metendo em problemas, mas você sabe que há
coisas boas enterradas em algum lugar no fundo.
— Deve estar enterrado muito fundo. — observou o Jedi. — para que
ela o envie a um lugar como este.
— Ela não vai nos enganar. — garantiu Theron.
— Por causa de seu respeito pelo mestre Zho?
— Não é só isso. Ela tem honra.
— Ela poderia ter me abandonado na capitânia de Darth Mekhis.
Poderia ter pego o meu transporte e me deixado morrer lá quando se
destruiu. Mas ela não fez isso. Ela esperou enquanto todo o lugar estava
desmoronando ao seu redor. Deu-me tempo para voltar ao transporte.
— Não é à toa que ela é hostil. — disse o Jedi. — Ela salvou a sua vida,
e agora você vem e pede outro favor a ela. Você é quem está em dívida com
ela.
Antes que Theron pudesse responder, o implante cibernético em sua
orelha direita tocou.
— Espere. — disse ele a Gnost-Dural, erguendo a mão para pedir
silêncio. — Chamada recebida do diretor.
Ele sussurrou:
— Aceite a chamada. — antes de dizer mais alto: — Diretor, alguma
notícia?
— O pássaro está voltando para o ninho. — disse o diretor. — O da
árvore manax.
Pelo relatório de análise, Theron sabia que havia apenas algumas
estações espaciais imperiais grandes o suficiente para acomodar uma
embarcação do tamanho da Lança. Só um estava localizado em um sistema
que começava com a mesma letra que manax, a Estação Ceifador no
sistema Marranis na Orla Exterior.
— Entendido. Qual é a programação?
— Pousando amanhã. Deveria mergulhar no banho de passarinho por
dois dias antes de voar para o sul no inverno.
— Entendi. Algo mais?
— Nada relevante. — disse o diretor após uma breve pausa. — Boa
sorte. — acrescentou, encerrando a ligação antes que Theron pudesse fazer
mais perguntas.
— Desconectar. — Theron sussurrou quando a estática do canal aberto
sibilou suavemente em seu ouvido.
Esperou que o comunicador desligasse antes de dizer ao Gnost-Dural:
— a Lança está atracada na Estação Ceifador para dar à tripulação dois
dias.
— Quando?
— Amanhã. Quando nos encontrarmos com o contato de Teff'ith, eles já
estarão de volta ao serviço ativo.
— Pode levar semanas, talvez até meses, antes que a Lança apareça
novamente. — alertou Gnost-Dural.
— Precisamos convencer o Gorvich a se mover um pouco mais rápido.
— concordou Theron.
Theron não acreditava que isso fosse possível, mas o speeder que os
levou de volta ao porto de Jigani estava ainda pior do que o anterior. Mas o
seu estômago não estava revirando quando aterrissaram dessa vez; ele
estava muito focado na missão.
Voltando ao Dedo Torto, encontraram Teff'ith e o seu amigo Rodiano
ainda sentados à mesma mesa onde os haviam deixado uma hora antes.
— Não gostou do hotel? — Teff'ith perguntou quando os viu se
aproximando.
— Mudança de planos. — disse Theron. — Precisamos ver Gorvich
hoje. Agora mesmo.
Os Twi'lek balançaram a cabeça.
— Impossível. Três dias, lembra?
— Eu não estou brincando, Teff'ith.
Algo em sua voz a fez notar, e ela soltou um longo suspiro.
Levamos você a Gorvich. Siga-nos.

No instante em que Gorvich abriu a porta do apartamento, Theron não


gostou dele. Estava vestido com roupas caras e excessivamente elegantes,
calças escuras e uma camisa estampada feita de seda de Saava cara sob
medida. Usava vários anéis ostensivos e uma grossa corrente de ouro
pendia do pescoço. O seu cabelo era loiro, os seus traços eram médios, mas
havia algo de desagradável em seu olhar, uma expressão em seu rosto e no
modo como se comportava, que provocava uma poderosa sensação de
repulsa. Quando ele abriu a boca para falar, não fez nada para compensar a
primeira impressão, com a sua voz arrogante, zombeteira e obcecada por si
mesma, tudo ao mesmo tempo.
— Ei, Raio de Sol. — disse ele a Teff'ith por meio de cumprimentos,
dando-lhe um sorriso lascivo que fez Theron querer dar um soco no nariz
dele. — Esses são os grandes gastadores que você me contou?
— Gorvich, Theron. — disse Teff'ith, tornando a sua introdução o mais
breve possível. Vocês dois conversam. Já acabamos.
Gorvich riu.
— Raio de Sol ainda não sucumbiu aos meus encantos, mas ela vai
mudar. Todas mudam. Eu tenho um relacionamento especial com as
mulheres.
— Continue achando. — disse Teff'ith, batendo na alça do seu blaster.
— Isso faz com que você nunca mais tenha um relacionamento especial
novamente.
Ele respondeu com uma piscadela e outra risada antes de voltar sua
atenção para Theron.
— Entrem. Vamos conversar sobre negócios.
Os três o seguiram até a sala de estar. Embora o apartamento fosse
pequeno, estava bem mobiliado. Theron notou que todas as peças pareciam
novas e pareciam mais adequadas para um lugar muito maior.
Ele está tendo um gostinho do sucesso, pensou Theron. Acho que ele vai
passar para coisas maiores e melhores num futuro próximo..
Gorvich acomodou-se em uma poltrona de grandes dimensões, mas não
convidou os seus convidados a se sentarem. Em vez disso, ele os deixou em
pé sem jeito no centro da sala.
Tentando nos fazer sentir desconfortáveis. Inferior. Como se fossemos
criados esperando por ele.
— Ouvi dizer que você precisa subir a bordo de uma estação espacial
imperial. — começou Gorvich. — Teremos que juntar os documentos de
liberação para todos, já que você não sabe qual deseja visitar. Preciso cobrar
mais por isso.
— Sabemos para onde estamos indo agora. — disse Theron. — Estação
Ceifador.
— Ainda tenho que cobrar mais, receio. — disse Gorvich com um
encolher de ombros afetado. — Começou a papelada quando Teff'ith ligou
pela primeira vez.
— Bem. Tanto faz. — disse Theron, sabendo que não tinha tempo para
discutir. — Mas precisamos sair hoje ou o acordo está cancelado.
— Você deve estar inspirando um pouco da atmosfera do seu amigo Kel
Dor. Esse material vai apodrecer o seu cérebro. De jeito nenhum eu posso
juntar tudo hoje.
— É hoje ou nunca. — insistiu Theron.
— Você sabe como isso é complicado? Precisamos de uniformes.
Identidades. Documentos de autorização. Uma nave imperial.
— A Irmandade da Antiga Tion transfere milhares de créditos em
especiarias contrabandeadas e percorre estações espaciais imperiais toda
semana. — disse Theron. — Você está me dizendo que não tem essas coisas
em mãos e pronto pra usar?
— Eu poderia ser capaz de embaralhar algo em algumas horas. —
admitiu Gorvich. — Mas vou ter que cobrar um ágio pelo prazo curto.
— Não é um problema. — assegurou Theron, embora não tivesse
certeza de que isso era verdade. Eles tinham um cofre cheio de trinta mil
créditos escondidos em um compartimento de segurança secreto no
transporte de Gnost-Dural, mas Gorvich tinha toda a vantagem e ele sabia
disso. Era possível que tivesse um preço ridículo o qual não pudessem
encontrar fundos disponíveis. E autorizar mais créditos do SIE levaria
tempo... para não mencionar, uma transferência desse tamanho para
qualquer conta em um planeta cheio de gangues como Desevro estava
fadada a atrair todos os tipos de atenção de qualquer pessoa envolvida na
transação.
Theron decidiu não trazer isso à tona, no entanto. Melhor negociar o
acordo, depois tentar convencer Gorvich a pagar um preço mais baixo
depois que ele já tiver feito o trabalho para deixar tudo pronto.
— Você sabe que não posso fazer nada pelo seu amigo lá. — disse
Gorvich. — Não há Kel Dor no exército Imperial. Ele irá se diferenciar
entre os outros.
— Vou ficar fora de vista no transporte. — assegurou-lhe Gnost-Dural.
— Presumo que o tipo de identificação que você obtém nos permita evitar
uma busca em nossa embarcação.
— Temos algumas pessoas da segurança que pagamos para olhar pro
outro lado.
— Então, temos um acordo? — Theron queria saber.
— Você não sabe o meu preço ainda.
— Só basta dizer.
— Quarenta mil créditos.
— Feito. — disse Theron sem hesitar, confiando em seu parceiro para
ser inteligente o suficiente para jogar junto. Felizmente, o Gnost-Dural não
mostrou nenhuma reação.
Duas horas depois, estavam no hangar particular de Gorvich enquanto os
acompanhava ao transporte imperial o qual havia adquirido. Teff'ith ainda
estava por ali, embora não tivesse dito mais de duas palavras o tempo todo.
— Número padrão da frota imperial. — disse Gorvich, apontando para
um uniforme estendido sobre a cadeira do piloto. — Fez de você um cabo.
Qualquer classificação superior a essa começa a atrair muita atenção. Você
sabe a quem saudar e quando? Se não souber você estraga tudo e as pessoas
vão notar.
— Acho que posso lidar com isso. — disse Theron. Não seria a primeira
vez que se disfarçaria como combatente inimigo.
— Os seus códigos de liberação foram programados no computador da
nave. Tudo o que precisa fazer é enviá-los quando solicitarem a verificação.
Eles vão te atracar na ala C. Temos um entendimento com segurança lá.
Não deveria lhe dar nenhum problema. Depois disso, você estará por sua
conta.
Gorvich coçou a barba por fazer e apontou um olho para Theron.
— Teff'ith nunca disse por que você estava indo lá. Você não está
vendendo nada, está? Porque a Irmandade não ficará muito feliz se você a
cortar.
Da maneira como você tentou cortar Morbo do seu acordo em Nar
Shaddaa? Theron pensou.
— Tem um primo estacionado em uma das naves principais. — disse
Theron em voz alta. — Acoplar na Estação Ceifador. Ele cansou da guerra.
Quer que eu vá buscá-lo.
— Deserção e abandono do dever. — disse Gorvich com um aceno de
cabeça. — Isso eu posso entender.
— Mais alguma coisa que precisamos saber? — perguntou Theron.
— Acho que não. Apenas entregue os créditos e você estará a caminho.
— Eles estão na nossa nave. — disse Theron.
— Ótimo. — disse Gorvich, esfregando as mãos em emoção. — Vamos
buscá-los.
Quando chegaram ao hangar da Prosperidade, Gorvich deixou escapar
um longo assobio de apreciação.
— Boa viagem. — Teff'ith admitiu de má vontade.
— Espere aqui. — disse Theron enquanto digitava o código para abrir a
rampa de embarque, depois subiu e entrou no transporte.
Gnost-Dural não se incomodou em ir com ele; Theron ficou satisfeito ao
ver que os Jedi não tiveram nenhum problema em deixá-lo assumir a
liderança quando era apropriado. Ainda melhor, sabia que o seu parceiro
estava na retaguarda se algo desse errado, como aconteceu no CCDO em
Ziost.
Abriu o painel de segurança oculto e arrastou o cofre, depois o carregou
de volta pela rampa de embarque, colocou-o aos pés de Gorvich e o abriu.
— Não é uma visão bonita, Raio de Sol? — Disse Gorvich.
— Só entregue a nossa parte. — respondeu Teff'ith.
— Dê-me um minuto para contar. Certifique-se de que os seus amigos
não sejam rápidos.
— Sobre isso. — disse Theron. — Existem apenas trinta mil créditos lá.
É tudo o que temos.
— Então vá buscar mais. — rosnou Gorvich.
— Não temos tempo. — disse Theron. — Não tenho certeza se eu
confiaria em alguém por aqui com esse tipo de transação de qualquer
maneira.
Theron estava observando o outro homem de perto, pronto para o caso
de ele pegar sua arma. Atirar em Gorvich pode atrapalhar o plano, os
guardas corruptos da Estação Ceifador podem ser seus amigos, mas ele não
deixaria que Gorvich o deixasse cair. No fundo de sua mente, ele se
perguntou de que lado Teff'ith estaria se as coisas ficassem feias.
— Combinamos os quarenta. — lembrou-lhe Gorvich.
— Eu sou bom nisso. — assegurou Theron. — Trinta e dez quando
voltarmos.
— Não estou convencido de que você voltará. — disse Gorvich. —
Preciso de créditos suficientes para cobrir o custo do transporte, caso você
erre e os Imperiais não os deixem sair.
De maneira nenhuma o transporte simples de suprimentos Imperial o
qual o Gorvich estava lhe emprestando valer qualquer coisa acima de vinte
mil créditos, mas Theron não ia discutir o assunto.
— Vou te dizer uma coisa. — ele disse. — Nós voltaremos, nós lhe
daremos outros vinte em vez de dez.
Gorvich ficou calado enquanto considerava a oferta.
— Bom grana, Gorvich. — Teff'ith entrou na conversa. — Dinheiro
fácil.
— Certo, aqui está o acordo. — ele finalmente disse. — Trinta
adiantado. Vinte quando você voltar. E você me deixa os códigos de
comando do seu transporte como garantia.
— A Prosperidade vale pelo menos cinquenta mil créditos por conta
própria! — Theron protestou. Sem mencionar que o Gnost-Dural pode ter
informações confidenciais a bordo.
— Bom incentivo para voltar. — disse Gorvich. — Não gostaria que
você "resgatasse o seu primo" e depois partisse para algum lugar.
Pelo seu tom, ficou claro que não comprou o disfarce de Theron.
Theron olhou para Gnost-Dural, que assentiu levemente.
— Certo, nós temos um acordo.
— Deixe-me colocar um último percalço. — disse Gorvich com um
sorriso. — Você leva a Teff'ith com você.
— O quê? — Exclamou a Twi'lek. — Por quê?
— Não sei ao certo o que esses dois estão fazendo. — disse Gorvich. —
mas quero que alguém fique de olho neles. Certifique-se de que eles não
façam nada que possa causar problemas para a Irmandade.
— Então você vai. — Teff'ith cuspiu.
— Parece um pouco arriscado pra mim. Além disso, foi você quem
intermediou este acordo. Você é a pessoa certa para esses dois.
— Só queria os créditos. — protestou Teff'ith.
Gorvich deu de ombros. — Esse é o negócio, Raio de Sol. Você vai com
eles ou cancelamos a coisa toda.
Teff'ith olhou para Theron, depois para Gorvich.
— Quero um lucro mais alto. Adicional de periculosidade.
— Claro, Raio de Sol. — disse Gorvich. — Eu jogarei mais três mil
quando você voltar... se você voltar.
Ela ligou Theron.
— Você está nos arrastando para outra missão suicida?
Ele balançou sua cabeça.
— Entramos e saímos rápido. — prometeu. — Só algumas horas e você
está voltando. Grana fácil.
— Gaste os créditos antes de voltarmos. — ela alertou Gorvich. — e
você acorda sem um dedo.
— Parece que temos um acordo. — disse ele com um sorriso.
EM COMPARAÇÃO COM A PROSPERIDADE, o interior da nave
imperial de suprimentos era apertado e desconfortável. Tinha capacidade
para quatro pessoas, mas como a maior parte da retaguarda estava ocupada
pelo compartimento de carga, as cadeiras estavam congestionadas de duas
em duas na cabine, praticamente sem espaço para as pernas.
Quando Theron tentou sentar- se no banco do piloto, Teff'ith o empurrou
para o lado.
— Você senta lá atrás. — ela ordenou.
Sabendo que ainda estava furiosa por ter sido forçada a acompanhá-los
na missão, não se deu ao trabalho de discutir. Gnost-Dural sentou-se na
cadeira do co-piloto ao lado de Teff'ith sem comentar.
Pelo menos esse uniforme imperial serve, pensou Theron, enquanto se
apertava no assento atrás de Teff'ith.
Mas, embora fosse do tamanho certo, sabia, por experiência sob disfarce
no passado, que o material barato dos punhos e gola ainda acabariam
irritando a sua pele.
Apenas mais uma razão pela qual ninguém deveria se alistar no
Império.
Poucos minutos depois, estavam a caminho da Estação Ceifador, numa
jornada que o transporte levaria cerca de dez horas na velocidade máxima
no hiperespaço. Theron teria ficado bem em passar a jornada em silêncio,
mas Gnost-Dural parecia ter outras ideias.
— O seu amigo Gorvich é um homem desagradável. — disse ele a
Teff'ith.
— Gorvich não é amigo. Só trabalho pra ele. O pagamento é bom.
— Então essa é a sua motivação na vida? — Perguntou Kel Dor. —
Riqueza material?
— Diga ao cara feia para não vir com uma pregação Jedi. — disse
Teff'ith por cima do ombro para Theron.
— Desculpe. — respondeu Theron. — Os Jedi não podem deixar de
tentar salvar alguém a quem acham que precisa de orientação moral. É
como uma compulsão pra eles.
— Não preciso que me salvem. — disse Teff'ith a Gnost-Dural.
— Você não se importa de passar a vida cercada por pessoas como
Gorvich?
— É só um trampolim. Não vai durar para sempre. Estarei subindo nas
fileiras da Irmandade.
— E quando o fizer, verá que aqueles no comando são ainda mais
egoístas, brutais e cruéis que Gorvich. — assegurou-lhe o Jedi.
— Por que realmente estamos indo para a Estação Ceifador? — Teff'ith
perguntou, mudando de assunto.
— Para livrar a galáxia de um grande mal. — respondeu Gnost-Dural.
Teff'ith bufou.
— Gorvich é muito mau. Deveria livrar a galáxia dele.
— Se você o odeia tanto. — Theron perguntou por trás. — por que você
o salvou em Nar Shaddaa?
— Não deixe os parceiros para trás. Mesmo a escória como Gorvich.
Isso é ser parte de ser um time.
Os minutos seguintes se passaram em silêncio antes dela retornar à sua
linha de investigação anterior.
— O que está acontecendo na Estação Ceifador? Preciso saber se as
coisas ficam feias.
— Não se preocupe. — assegurou Theron. — Você só precisa me deixar
e esperar dentro do transportes com o Mestre Gnost-Dural por algumas
horas enquanto eu cuido de alguns negócios. É isso. Fácil.
— Fácil demais. — respondeu Teff'ith. — Não é o seu estilo.
— Talvez eu tenha mudado.
Outro bufo de Teff'ith terminou toda a conversa até chegarem ao seu
destino, e Theron se permitiu entrar em um transe meditativo leve, mais um
truque útil o qual havia aprendido com Ngani Zho, para descansar e se
preparar para o que estava por vir.
Quando finalmente saíram do hiperespaço, tinham uma visão clara da
Estação Ceifador; o enorme espaçoporto era do tamanho de uma pequena
lua. Lutando para olhar por cima do ombro de Teff'ith, Theron conseguiu
distinguir uma enorme nave capitânia atracada do outro lado, a Lança
Ascendente.
— Vá em frente e abra uma frequência de saudação. — disse Theron,
em seguida acrescentou: — É melhor me deixar falar.
Teff'ith clicou no botão de transmissão no painel de controle da nave,
mas não lhe deu a chance de falar.
— Estação Ceifador, aqui é o transportes imperial TK-37059,
solicitando permissão para atracar. — disse ela, com a sua linguagem
Básica com forte sotaque desaparecendo enquanto a sua voz entrava na
cadência precisa e cortada comum aos cidadãos do Império.
— Entendido, TK-37059. Pronto para receber os códigos de liberação.
— Transmitindo códigos agora. — disse ela antes de clicar no canal de
comunicação.
— Você já fez isso antes. — observou Gnost-Dural, claramente tão
impressionado e surpreso quanto Theron. — O seu sotaque é impecável.
— É fácil fingir a conversa chique de Imperial. — disse ela, afastando o
elogio.
O console apitou e ela apertou o botão para reabrir o canal.
— TK-37059, você tem autorização para pousar. — disse a voz do outro
lado. — Prossiga para o Hangar Quatorze na ala D.
— Entendido, Estação Ceifador. — respondeu Teff'ith, depois desligou o
canal pela segunda vez.
— Pensei que Gorvich disse que deveríamos pousar na ala C. — disse
Theron.
— Normalmente sim, — Teff'ith respondeu.
— Então, por que a mudança?
— Talvez Gorvich tenha nos vendido. Quer voltar?
— Não. — disse Theron após uma rápida deliberação. — Vá em frente e
atraque.
Teff'ith levou o transporte para o hangar aberto para um pouso e as
portas com trava de ar se fecharam atrás deles. Um par de guardas, ambos
humanos, emergiu de uma porta que dava para a estação, mas eles não
agiram como se esperassem algo fora do comum.
— Espere aqui. — disse Theron aos outros dois. — Mas esteja pronto
para sair se algo der errado.
Saindo do transporte, ele se aproximou dos dois guardas, tentando
parecer casual, mesmo quando a sua mente estava disparada. Não havia
emboscada esperando por eles, então Gorvich não os traiu. Mas se esses
guardas não estivessem a postos, eles poderiam querer inspecionar a nave, e
Theron não podia deixar isso acontecer.
— Gorvich não disse nada sobre mandar um cara novo nessa corrida. —
disse um dos guardas.
Theron deixou escapar um suspiro de alívio.
— Ele me disse que deveríamos atracar na ala C. — disse Theron,
esquentando a parte de um bandido que trabalhava para a Irmandade da
Antiga Tion. — Me preocupou.
— A ala C está reservada para aquela nave gigante que você viu no
caminho. Tinha que mudar algumas coisas.
— Poderia ter nos avisado. — disse Theron.
— Eu disse ao Gorvich. — respondeu o guarda. — Acho que ele não
passou adiante.
— Acho que ele queria fazer o novo cara suar. — o outro guarda disse
com uma risada.
— Onde está a sua amiga? — Perguntou o primeiro. — Aquela com
aquela voz sexy?
— Ficou no transporte. — disse Theron. — De olho na carga.
— É? Qual é a carga dessa vez? Estimulantes? Especiaria? Holovídeos
proibidos?
— Isso faz parte do trote do novato? — Theron perguntou. — Gorvich
disse para você gastar o meu tempo com todas essas perguntas?
— Só estou tentando ser amigável. — disse um dos guardas. — Talvez
você possa nos deixar uma amostra grátis quando você se for.
— Acho que terminamos aqui. — disse Theron. — Continuamos
conversando e alguém vai ficar desconfiado.
— Certo. — disse o primeiro guarda, finalmente entendendo a dica. —
Temos outros transportes chegando, de qualquer maneira.
— Só abaixe a cabeça e não faça nada estúpido, novato. — o segundo o
alertou. — Se for pego, nós não o conhecemos.
Theron esperou que os guardas saíssem antes de retornar ao transporte.
— Está tudo bem. — disse ele, dando uma rápida atualização da
situação. — Aguentem firme. Se tudo correr bem e volto em algumas horas.
— Que a Força esteja com você, Theron. — disse Gnost-Dural.
— Não estrague tudo. — disse Teff'ith, oferecendo as suas próprias
palavras de apoio.
Theron deixou a nave e saiu do hangar, dirigindo-se para a Estação
Ceifador, maravilhado com o tamanho e o alcance.
O Império compreendeu a necessidade de deixar o pessoal militar gozar
de uma folga em sua rotina diária, mas, diferentemente da República, era
paranoico o fato de soldados desertarem sempre que desembarcavam em
um mundo. Para compensar isso, eles projetaram a Estação Ceifador para
ter todas as comodidades que alguém esperaria em uma cidade portuária
planetária, dando aos soldados um lugar para relaxar, mas não lhes
deixando outra opção senão retornar a nave quando a licença terminasse.
Espalhados pelos quatro níveis da estação, havia uma grande variedade de
lojas, bares, restaurantes, holoteatros, cassinos, quadras esportivas e clubes,
todos cheios de homens e mulheres ansiosos para se libertar antes de voltar
à labuta e disciplina de seus postos designados em suas respectivas naves.
O plano de Theron era bastante simples: esgueirar-se para a Lança
Ascendente enquanto estava ancorado, penetrar nos sistemas de
computadores e plantar o vírus adormecido. Em seguida, montar os
protocolos de comunicação para receber uma transmissão especial da
República que acionaria o vírus na hora certa. Então descia da nave, voltava
para o transporte e saía da estação sem ninguém saber.
O fato da Estação Ceifador ser uma instalação militar segura só
facilitaria as coisas. As únicas pessoas a bordo serviam nas forças armadas
ou tinham autorização especial para estar ali. Por causa disso, a segurança
das naves atracadas na estação estava fadada a ser negligente. Para uma
embarcação do tamanho da Lança, haveria um fluxo constante de homens e
mulheres entrando e saindo, entrando na estação para se divertir, depois
tropeçando de volta para os seus beliches na nave para descansar por
algumas horas antes de seguir para fora novamente. No máximo, teriam que
apresentar uma identificação de embarque aos guardas estacionados na
entrada do hangar, um aceno para o fato de que ninguém seria capaz de
lembrar os nomes e rostos de todas as pessoas que estavam estacionadas na
nave.
Tudo o que Theron tinha que fazer era pegar emprestado o cartão de
embarque de alguém muito bêbado ou despreocupado para perceber que
estava faltando para que ele pudesse forjar uma cópia. Mas primeiro ele
teve que descobrir onde os membros da tripulação da Lança Ascendente
estavam reunidos.
Os laços entre os que serviam juntos em uma nave eram fortes, e a
maioria do pessoal de licença tendia a sair com as mesmas pessoas que
trabalhavam dia após dia. Eles se reuniam na mesma área geral da estação,
o seu grande número afastava a maioria das pessoas na estação que serviam
em embarcações menores.
Caminhou em direção a um estande de informações localizado perto das
Baías do hangar.
— Bem-vindo à Estação Ceifador, cabo. — disse a mulher atrás da
mesa.
A sua voz era alegre e ela tinha um sorriso largo estampado no rosto,
mas havia algo em seus olhos que fez Theron pensar que a sua alegria era
apenas uma fachada, o resultado do treinamento imperial para aumentar a
moral dos homens e mulheres que chegavam para uma festa. alguns dias
preciosos de férias.
— Acabei de entrar no suprimentos. — disse Theron. — É minha
primeira vez aqui. Estou procurando um bom lugar para comer um pouco
de comida.
— Normalmente eu sugiro o Cozinha Dourada. — disse ela. — Ótima
comida, bons preços, e você pode fazer com que eles retirem da sua folha
de pagamento se você tiver um pouco de crédito. Mas você não quer ir lá
hoje.
— Por que não? — Theron perguntou, fingindo ignorância.
— Chegou hoje uma nave capitânia cheio hoje. Eles atacaram aquele
lugar como um enxame de fefze.
— Não estou com pressa. — disse Theron. — Gostaria de me dizer
como chegar lá?
Seguindo as instruções da mulher, eventualmente levou Theron ao seu
destino. a descrição da mulher na cabine de informações de um enxame de
fefze mortal estava correta, o restaurante e todos os outros estabelecimentos
ao redor estavam cheios de homens e mulheres de uniforme. Eles se
espalharam pelas ruas, formando filas aleatórias para esperar do lado de
fora de qualquer local que servisse comida ou bebida.
Theron caminhou lentamente pela multidão, procurando por um alvo
fácil que pudesse lhe fornecer um documento de identidade. Muitos dos
bares por onde passava projetavam a transmissão da holo oficial de notícias
imperiais, onde a multidão do lado de fora podia assistir como uma maneira
de impedir que as pessoas na fila se tornassem impacientes e
indisciplinadas.
Era difícil ouvir os apresentadores sobre o barulho da multidão, mas o
trinado agudo que indica uma história importante chamou a atenção de
Theron. Ele parou e virou a cabeça para ouvir a mais recente propaganda
imperial.
— O Império obteve uma grande vitória poucas horas atrás, com um
ataque surpresa ao mundo agrícola da República de Ruan.
Uma alegria surgiu na multidão, mas Theron ficou chocado demais para
participar. Ruan era um grande produtor de alimentos para Coruscant e
vários outros mundos da Ecumenópolis. Também estava dentro do espaço
da República, um planeta considerado muito além do alcance do Império.
— As baixas inimigas são estimadas em milhares, pois uma frota
imperial sob o comando de Moff Nezzor desencadeou um bombardeio
orbital que devastou as instalações de produção na superfície.
E matou milhares de civis inocentes no processo.
— A frota da República na área foi destruída, com reforços inimigos
chegando tarde demais para afetar o resultado da batalha. Um comunicado
de imprensa oficial do gabinete do Ministro da Guerra diz o seguinte:
— A vitória retumbante de Moff Nezzor em Ruan demonstra a força do
Império e expõe a vulnerabilidade da República. Aqueles que dizem que
nosso inimigo ganhou vantagem na guerra galáctica devem reconhecer
claramente este dia como prova de que o Império está mais forte do que
nunca. A República é incapaz de defender os seus próprios mundos e os
seus cidadãos tremem diante do poder da frota imperial. A sua derrota e
eventual rendição são inevitáveis. Todos saúdam o Imperador Imortal.
Theron se afastou da holo, ignorando as celebrações estridentes das
pessoas ao seu redor. Tão ruim quanto o ataque em si, o que representava
era muito pior. A holo alegou que as naves principais estavam envolvidas
no ataque; isso significava que os pedidos deveriam ser transmitidos usando
código sombrio. O SIE deveria saber que o ataque estava chegando, mas de
alguma forma a República foi pega completamente despreparada. Não fazia
nenhum sentido.
A menos que nosso código não esteja mais funcionando.
A realização fez Theron se sentir fisicamente doente. Precisava falar
com o diretor. Precisava saber o que havia dado errado. Se houve um
vazamento nas análises do SIE, eles podem ter que descartar toda a missão.
Abandonando a multidão ainda aplaudindo ao redor do Cozinha
Dourada, ele correu de volta para o hangar onde eles haviam atracado e
subido no transporte.
— Por que você voltou tão cedo? — Teff'ith exigiu quando Theron
irrompeu neles.
— Algo está errado. — disse ele, dirigindo-se ao Gnost-Dural. —
Preciso falar com o diretor. Ou Jace. Talvez os dois.
— Impossível. — disseram os Jedi. — Não temos um canal seguro.
Theron correu para a cabine. Examinou rapidamente o hangar pela
janela até avistar um terminal de comunicações no canto.
— Posso entrar nos canais de comunicação imperiais. — disse ele. —
Girar o nosso sinal na rede segura da estação. Embaralhar com uma
criptografia básica do SIE e saltar através de meia dúzia de relés para que
ninguém saiba de onde se originam.
— Deve nos dar um ou dois minutos de tempo seguro.
— Parece arriscado. — disse Teff'ith.
— Não temos escolha. — insistiu Theron, ainda falando com o Gnost-
Dural.
— Faça o que precisa fazer. — disse o Jedi.
Theron saiu do transporte e correu para o terminal de comunicação,
puxando o seu ponto hackeador personalizado do bolso do quadril do
uniforme. O ponto hackeador era pequeno, aproximadamente o dobro do
tamanho e da espessura de uma caneta, com um pequeno cabo de interface
que se estendia vários centímetros a partir do fundo. Ele conectou o cabo a
uma das portas de acesso do terminal e ligou o pico. Um segundo depois, o
sinal de curto alcance do pico sincronizou-se com os implantes cibernéticos
de Theron, permitindo a interface direta com a rede de comunicações da
Estação Ceifador.
Os seus dedos voaram sobre o teclado enquanto o pico transmitia fluxos
de dados para seus implantes. Levou apenas um minuto para ele percorrer
os vários níveis de segurança eletrônica e obter acesso irrestrito ao sistema
operacional principal da rede. Demorou mais alguns minutos para
configurar a criptografia e o complicado sistema de saltos de retransmissão,
mas era uma precaução necessária. Ele os usava para comprar alguns
minutos de transmissão segura antes que os sistemas de rede automatizados
da estação respondessem à invasão não autorizada e os desligassem.
Ele correu de volta para o transporte e entrou.
— Entendi. — ele disse enquanto se sentava no assento do piloto.
Gnost-Dural e Teff'ith se amontoavam em cada lado dele.
Theron ligou o transmissor do transporte, ligando-o na mesma
frequência que o terminal no hangar. Ele tinha que trabalhar rápido, então
disparou um sinal de prioridade de emergência para o SIE, sabendo que os
protocolos o transmitiam imediatamente ao diretor onde quer que estivesse.
Alguns segundos depois, a voz do diretor veio pelo alto-falante da nave;
adicionar vídeo ao sinal apenas tornaria as coisas mais complicadas.
— Theron, o que há de errado?
— Você ouviu sobre o ataque a Ruan?
— É claro. — disse o diretor. — Estou em uma conversa com o
Comandante Supremo agora.
— Está tudo bem, Theron? — A voz de Jace entrou na conversa. — De
onde você está ligando?
— Estação Ceifador.
— Você está louco? — O diretor cuspiu.
— Está tudo bem. O sinal está seguro. Por enquanto.
— Você não pode saber disso. — insistiu o diretor. — E se o...
— Eu não tenho muito tempo. — disse Theron, interrompendo-o. —
Acho que a missão foi comprometida.
— Por quê? — Jace exigiu.
— O Império deveria ter usado os códigos sombrios para transmitir as
ordens das naves principais. Deveríamos saber sobre o ataque.
Houve um momento de silêncio do outro lado da linha antes de Jace
dizer:
— Nós sabíamos.
— Vocês... você sabiam? — Theron disse, com a sua mente lutando para
entender o que estava ouvindo. — Por que não estávamos melhor
preparados? Por que você não fez nada?
— Enviamos suprimentos médicos, alimentos e voluntários de
emergência. — respondeu Jace.
— E os reforços? Por que estavam muito longe para chegar lá a tempo?
Deveríamos ter escalado uma de nossas frotas.
— Não poderíamos. — disse Jace. — O risco de dar uma dica ao
Império era muito grande. Se encontrassem uma frota esperando por eles
em Ruan, saberiam que estávamos interceptando as suas transmissões
codificadas.
O horror lentamente ocorreu em Theron quando entendeu o que Jace
estava dizendo.
— Você sabia que o Império acabaria com nossas naves em Ruan. Você
sabia que eles bombardeariam o planeta. Milhares de civis estão mortos e
você não fez nada para ajudá-los!
— Não tive escolha. — Jace disse, com a sua voz fria. — Se não
pararmos a Lança Ascendente, não paramos esta guerra. Você está
preocupado com milhares de vidas inocentes, mas estou preocupado com
milhões.
Theron não disse nada. Estava sentado na cadeira do piloto, sem
palavras quando o aviso de Satele passou por sua mente:
Jace luta essa guerra por vingança. Nubla o seu julgamento. Isso pode
fazer com que faça coisas terríveis se acreditar que são necessárias para
salvar a República.
— Theron? — Jace disse do outro lado da transmissão. — Theron, você
ainda está aí?
— Estamos aqui. — Gnost-Dural falou.
— Você tem que ver o quadro geral, Theron. — Jace disse: — Temos
que esperar a nossa chance de parar a Lança. Não importa o quão horríveis
esses ataques possam ser.
— Ataques? — Theron disse, saindo do transe. — Ruan não era o
único?
— Theron. — a voz do diretor estalou. — O seu trabalho é embarcar no
Lança! Isso não diz respeito a você.
— Onde eles atacarão a seguir? — Theron exigiu, ignorando o diretor.
— Jace, onde?
— Duro. — disse o Comandante Supremo com um suspiro pesado. —
Eles chegarão aos estaleiros em trinta e seis horas padrão.
Duro era um mundo fortemente industrializado e densamente povoado.
Embora o próprio planeta estivesse poluído demais para sustentar a vida,
bilhões viviam nas cidades orbitais acima dele. Um ataque imperial a Duro
teria um valor estratégico mínimo a longo prazo para o Império, mas as
baixas para a República seriam quase catastróficas demais para serem
compreendidas.
— Você precisa detê-los. — disse Theron. — Faça uma emboscada.
Ataque a frota imperial assim que entrarem no sistema.
— Isso não vai acontecer. — Jace disse a ele. — a Lança não vai se
envolver no ataque.
— Estamos aumentando as patrulhas da República no setor. —
acrescentou o diretor. — mas se as aumentarmos muito rápido, o Império
ficará desconfiado.
— Theron, às vezes sacrifícios precisam ser feitos. — disse Jace.
— Mas você tem que que colocar um limite em algum lugar!
— O Império não vai. Nós também não podemos.
Satele estava certo sobre você, pensou Theron, lembrando-se de seu
argumento final: o ódio o transformará no mal que está lutando tanto.
— Não há nada que você possa fazer para impedir isso, Theron. — disse
o diretor. — Faça o seu dever. Complete a sua missão. A República está
contando com você.
A transmissão terminou abruptamente, embora Theron não tivesse
certeza se eles o interromperam ou se os sistemas de segurança
automatizados da Ceifador finalmente haviam desvendado os seus truques e
desconectado o sinal.
THERON LEVANTOU-SE do assento do piloto lentamente, com o corpo
e a mente dormente.
— Theron. — Gnost-Dural perguntou. — você está bem?
— O diretor estava certo. — respondeu Theron. — Não há nada que
possamos fazer. Uma frota imperial vai atingir Duro, e não podemos
impedir.
— Ligue de volta. — sugeriu Teff'ith. — Diga a eles que você desiste.
— Pode haver outra maneira. — disse Gnost-Dural. — Se a Lança fizer
parte da frota imperial que vai atacar Duro, Jace estaria disposto a armar
uma emboscada.
— Mas não é. — disse Theron, com a sua mente incapaz de seguir para
onde os Jedi estavam indo. — a Lança ainda estará aqui quando Duro for
atacado.
— Talvez não. Você pode enviar outra mensagem?
Theron sacudiu a cabeça.
— Usei todos os truques da manga para fazer isso. Os programas de
segurança de rede se ajustam e se adaptam automaticamente a ataques
fatiados. Eles poderão me bloquear quase instantaneamente se eu tentar
novamente. Provavelmente até rastreie a localização deste hangar.
— Então precisamos de alguém para entregá-lo. — Gnost-Dural virou-
se para Teff'ith. — Nós precisamos da sua ajuda.
— Não tentamos nada que pode nos matar. — alertou ela.
— Tudo o que você precisa fazer é entregar uma mensagem. — disse a
ela. — Diga a Jace Malcom que a Lança Ascendente estará em Duro.
— Ela nunca será capaz de enviar uma mensagem para o Comandante
Supremo da República. — disse Theron, subitamente entendendo para onde
estava indo o Gnost-Dural. — Mas eu sei quem pode, Satele!
— Eu deveria ter pensado nela. — concordou o Jedi.
— Vá para o enclave Jedi em Coruscant. — disse a Teff'ith, falando
rapidamente. — Peça pela Grã Mestra Satele Shan. Conte a ela tudo o que
aconteceu aqui.
— Se voarmos com o transporte imperial para Coruscant, seremos
explodidos no céu! — Protestou Teff'ith.
— Volte ao porto de Jigani e pegue meu transporte. — disse Gnost-
Dural. — É mais rápido de qualquer maneira.
— Vamos embora, vocês dois vão ficar presos na Estação Ceifador. —
Teff'ith os lembrou.
Pelo seu tom, Theron não tinha certeza se ela estava preocupada com
eles, ou sarcasticamente apontando algo óbvio que ela pensou que eles
estavam tolamente esquecendo.
— Theron e eu podemos cuidar de nós mesmos. — assegurou o Jedi.
— Diga às autoridades que eu te enviei. — disse Theron. — a Grã
Mestra Shan vai ouvir se você mencionar o meu nome.
— Grã Mestra Shan. — disse Teff'ith, estreitando os olhos
suspeitosamente enquanto juntava dois e dois. — Theron Shan. Você é
parente dela?
— Ela é minha mãe. — disse Theron, a situação urgente demais para
que ele se importasse se Gnost-Dural já sabia.
Ele esperava que Teff'ith fizesse algum tipo de comentário, talvez
perguntasse por que não era um Jedi. Mas tudo o que ela disse foi:
— O que ganhamos com isto?
— Mais dez mil créditos. — prometeu Theron. — E um cartão para sair
da cadeia, se você for presa no espaço da República.
— Combinado.
Gnost-Dural voltou a sua atenção para Theron.
— Você ainda precisa pegar a Lança. Se você não sabotar os sistemas,
Karrid poderá escapar da emboscada da República.
— Estou trabalhando nisso. — disse Theron. — E você?
— Vou convencer a minha antiga aprendiz a levar a nave para Duro.
Puxando o capuz da capa sobre a cabeça para obscurecer as suas feições,
o Jedi saiu da nave e partiram, movendo-se com a velocidade sobrenatural
de alguém dirigido pela Força. Theron o observou até que ele desapareceu
pela porta do hangar, deixando ele e Teff'ith sozinhos.
— Posso confiar em você nisso? — Ele perguntou ao Twi'lek. —
Milhões de vidas inocentes estão em risco.
— Dez mil créditos para entregar uma mensagem? Seria estúpida se não
fizesse isso.
— Boa. Diga a Satele Shan tudo o que aconteceu aqui. Ela tem que
convencer ao Jace a enviar a frota da República para Duro.
Theron se perguntou o que o diretor ou Jace dirão quando souberem que
uma Twi'lek capanga da Irmandade da Antiga Tion agora conhece todos os
detalhes críticos de sua missão secreta. Provavelmente seria levado à corte
marcial, e com razão. Mas confiava em Teff'ith. Mais importante, não tinha
outras opções. Não se quisesse impedir que Duro fosse o local de um dos
massacres mais sangrentos da guerra.
Ele começou a deixar a nave, depois parou para dizer uma última coisa a
Teff'ith.
— Lembre-se, — ele a avisou. — Nos traia e você não será paga.
— Entendi. — disse ela, seu lekku sacudindo em aborrecimento. — Eu
disse que Seria estúpida se não fizesse isso. Nós não somos estúpidos.

Gnost-Dural era pouco mais que um borrão de movimento enquanto corria


pelos corredores da Estação Ceifador. Os soldados imperiais pelos quais
atacou reagiram com uma mistura de surpresa, curiosidade e alarme, mas
foi tão rápido que nenhum deles percebeu o que havia acontecido. Deixados
em seu rastro, eles trocaram alguns olhares perplexos com os seus amigos,
depois riram do encontro estranho, mas aparentemente inofensivo, quando
as suas mentes os convenceram de que a pessoa que acabara de fugir não
poderia estar se movendo tão rápido.
Não sabia exatamente para onde estava indo, mas deixou a Força o
guiar. Quando chegou à Estação Ceifador, gentilmente estendeu a cabeça
até sentir a antiga Padawan. Agora estava usando a presença familiar dela,
envolta no lado sombrio, mas ainda inconfundível depois de tantos anos,
como um farol para guiá-lo até ela.
Ao mesmo tempo, teve o cuidado de mascarar sua própria presença para
não avisá-la de sua vinda. À medida que ele se aproximava, seria
impossível se esconder completamente da consciência dela, se ela de
repente decidisse concentrar seus pensamentos em encontrá-lo, mas não
havia motivo para fazê-lo. Não até ele estar tão perto que não importava
mais.
Ao se aproximar do hangar da Lança Ascendente, ele diminuiu o passo.
Havia mais pessoas aqui, homens e mulheres retornando ou saindo de
licença em terra. Mas nenhum dos soldados de folga prestou-lhe atenção
especial. Os que voltaram para a nave estavam cansados e embriagados, e
os que estavam partindo estavam ansiosos demais para começar a sair para
prestar bastante atenção às feições ocultas da figura encapuzada para
perceber que não era humano.
Isso mudou quando se alcançou sobre os dois guardas de plantão em
uma das muitas rampas de embarque que levavam do chão do hangar até a
própria Lança.
— Quem é você? — Um exigiu, entrando em seu caminho.
Ela se moveu com uma confiança segura que o Gnost-Dural reconheceu
muito bem; sabia que haveria pouca chance de usar a Força para convencê-
la a deixá-lo passar. Se necessário, estava pronto para recorrer à violência
para entrar, mas achou que ainda poderia haver outro caminho.
Jogou o capuz pra trás, revelando as suas feições alienígenas. Respirou
fundo e lentamente através de sua máscara, que soltou um assobio profundo
e zangado em resposta enquanto inclinava a cabeça para trás ligeiramente
para tornar suas presas mais proeminentes.
— O meu nome é Darth Malitiae. — disse ele, baixando sua voz já
barítona uma oitava completa mais baixa. — Tenho negócios com Darth
Karrid.
O guarda hesitou, mas manteve-se firme, e percebeu que ela precisaria
de mais convencimento. O Kel Dor estendeu a mão enquanto procurava
simultaneamente a Força para aplicar uma leve pressão na traqueia.
Ela jogou as mãos na garganta e os seus olhos se arregalaram de terror
quando o suprimento de ar foi cortado. Depois de alguns instantes, soltou,
fazendo com que caísse de joelhos enquanto ela respirava profundamente e
desesperadamente goles de oxigênio.
— Quando um superior quer passar. — ele rosnou. — você seria sábia
so se afastar.
— Perdoe-me, meu Lorde. — a guarda ofegou enquanto se arrastou para
fora de seu caminho. Mantendo os olhos cuidadosamente voltados para o
chão, ela disse: — Vou informar Darth Karrid de sua chegada.
— Darth Karrid está me esperando. Eu me recuso a esperar para que
minha presença possa ser anunciada por algum verme rastejante, zombou
enquanto passava por ela.
O segundo guarda não fez nenhum movimento para detê-lo. Em vez
disso, ele se encolheu no lado, tentando muito não ser notado.
O Jedi subiu rapidamente a rampa de embarque e entrou na Lança, sem
saber por quanto tempo o ardil funcionaria. Embora os guardas não
tivessem ousado detê-lo, uma vez que partisse, quase certamente informaria
alguém a bordo da nave sobre a chegada de seu honrado hóspede. Não
demorou muito tempo para alguém perceber que algo estava errado e
ordenar que a segurança caçasse o invasor.
Ainda guiado pelo poder da Força que emana de Darth Karrid, avançou
cada vez mais fundo na nave. Podia sentir o mal e a corrupção o
envolvendo, ficando cada vez mais forte durante a sua descida, e sabia que
não era por causa da presença de sua ex-Padawan. Quando Darth Mekhis
criou a Lança Ascendente, usou uma combinação de tecnologia
experimental e alquimia Sith para imbuir na nave as energias do lado
sombrio. Quando Gnost-Dural entrou no turboelevador que o levaria ao
coração sombrio da embarcação, o Jedi estava se sentindo fisicamente
enjoados com os efeitos. Mas também sentiu que estava se aproximando de
seu objetivo.
Quando caiu nas entranhas da nave, a sensação claustrofóbica do lado
sombrio o pressionando por todos os lados era tão forte que quase não
sentiu os soldados esperando no corredor logo depois das portas
do turboelevador. No último instante possível, a Força lhe concedeu uma
repentina premonição da armadilha letal. Puxando o sabre de luz de lâmina
verde do cinto, caiu no chão, pressionando-se de bruços no chão enquanto o
turboelevador parava no nível mais baixo da Lança.
Os tiros dos guardas rasgaram as portas do elevador quando elas
abriram, ricocheteando sobre a cabeça de Gnost-Dural enquanto faziam um
arco na altura da cintura. O Jedi respondeu atacando com a Força, atirando
os quatro soldados fortemente blindados a vários metros de volta no
corredor. Antes que chegassem ao chão, levantou-se, atacando em direção
a eles quando jogou o seu sabre de luz. A lâmina giratória atingiu o mais
próximo de seus inimigos, cortando a placa torácica de sua armadura de
batalha e entrando na carne vulnerável abaixo.
Os três guardas sobreviventes não tentaram se recuperar, atirando
violentamente contra ele de onde estavam caídos no chão. O Kel Dor
inclinou o seu peso em direção à parede lateral, saltando e plantando um pé
na metade da superfície para dar-lhe alavancagem para uma rotação alta e
contorcida que raspava o teto, os braços dobrados perto do peito e o corpo
horizontal perfeitamente paralelo ao chão.
O movimento inesperado novamente pegou os soldados desprevenidos,
com os seus raios zunindo abaixo dele. Caiu de pé no meio de seus
adversários ainda propensos, com o seu sabre de luz voando de volta para
as suas mãos enquanto reconvocou a Força. Ele se virou de lado, evitando o
fogo do soldado mais próximo, enquanto um par de movimentos rápidos
com o seu sabre de luz desviava os tiros dos outros dois, inofensivamente,
para ambos os lados.
O calcanhar duro de sua bota bateu no capacete ao seus pés. Ao mesmo
tempo, usou a Força para pegar os outros dois e jogá-los no teto antes de
deixá-los cair de volta no chão. Momentaneamente atordoados, todos os
três ficaram indefesos contra a rápida série de cortes e golpes de seu sabre
de luz que os finalizaram.
Sabendo que os reforços não estavam muito atrás, correu pelo corredor e
atravessou a porta no final, ficando cara a cara com Darth Karrid e os seus
dois aprendizes.
Eles estavam em pé em uma grande câmara circular: a antiga Padawan
dele no centro, com um humano à direita e uma Sith mulher de puro sangue
à esquerda. Atrás de Karrid, viu uma grande esfera de cristal e, na parede
lateral, viu um pequeno controle. Caso contrário, o quarto estava vazio.
Todos os três de seus adversários usavam armadura negra e exibiam as
cruéis tatuagens faciais tão comuns naqueles que seguiam o lado sombrio.
Os seus sabres de luz estavam desembainhados e prontos, as lâminas
cintilantes lançando um brilho carmesim sobre a sala mal iluminada.
Claramente eles estavam esperando por ele, embora se eles sentissem a sua
presença através da Força ou tivessem sido simplesmente avisados pelos
guardas do lado de fora, ele não sabia dizer.
— Sabia que você viria me buscar um dia, Gnost-Dural. — disse Karrid,
com os seus lábios se curvando em um sorriso de antecipação. — Mas até
você deveria saber que não deveria me desafiar aqui em minha própria
nave.
— Um Jedi persegue o lado sombrio, não importa onde se esconda. —
ele respondeu.
— Nobre e tolo como sempre. — ela zombou. — Você não faz ideia de
quão poderosa eu me tornei. Malgus me mostrou o verdadeiro poder. —
disse ela, com a sua voz subindo lentamente a cada palavra. — Ele me
levou pelo caminho da grandeza. Ele me revelou os segredos que você não
ousou enfrentar! Ele me ensinou a abraçar todas as coisas que os Jedi
temem! — Ela gritou, sua voz ecoando nas paredes da câmara circular. —
Agora eu vou usá-los para destruir você e a todos os seguidores que você
trouxe para a minha nave!
— Eu vim sozinho. — respondeu Gnost-Dural, mantendo a calma diante
de sua crescente raiva. — Foi minha decisão mandá-la para Darth Malgus.
Eu te iniciei neste caminho; ninguém mais tem culpa.
— Que singular. — disse ela com um sorriso de escárnio. — Pensei que
você tivesse liderado uma equipe de ataque aqui para me matar, mas você
só quer salvar a sua Padawan dos perigos do lado sombrio.
— Purificarei a galáxia do mal que desencadeou sobre ela. — disse ele,
com a sua voz traindo nada além de uma resolução firme. — Se isso acaba
em redenção ou morte é uma decisão sua, não minha.
Karrid casualmente girou o seu sabre de luz, esculpindo longos e
preguiçosos círculos no ar enquanto os seus aprendizes se espalhavam pelos
dois lados, movendo-se lentamente na posição de flanquear o Jedi.
— Ouvi histórias de suas grandes proezas em batalha enquanto estava
em Tython. — ela disse a ele. — Mas durante todos os meus anos como
Padawan, nunca vi nenhuma evidência disso. Estou curioso para ver o
quanto a sua reputação foi exagerada.
Gnost-Dural sentiu os reforços imperiais se aproximando. Girando de
volta para a porta atrás dele, enfiou o sabre de luz no painel de acesso na
parede, enviando uma chuva de faíscas enquanto fritava os circuitos,
selando a porta para que ninguém mais pudesse entrar na sala.
Virou-se para encarar Karrid e os seus aprendizes e circulou lentamente
para a esquerda, mantendo as costas contra a parede enquanto tentava
avaliar a força de seus oponentes.
— Você se entregou aa Lança Ascendente. — advertiu Gnost-Dural a
sua ex-Padawan, segurando a sua própria arma firme à sua frente, com as
duas mãos no punho em uma postura defensiva clássica. — Consumiu os
seus pensamentos e o treinamento. Ao aprender a dominar esta nave, as
suas outras habilidades se atrofiaram.
— É por isso que não pretendo encará-lo sozinho. — disse Karrid.
Um leve aceno de cabeça da Falleen fez os seus aprendizes se
apressarem ao ir pra frente, e o Mestre Gnost-Dural se preparou para
enfrentar o seu ataque.
THERON NÃO TINHA IDEIA DO que Gnost-Dural estava planejando,
mas sabia que tinha que entrar na Lança Ascendente rapidamente. Em vez
de voltar para o Cozinha Dourada, onde poderia roubar um cartão de
embarque, seguiu para o hangar onde a nave havia atracado.
A cena era de caos, centenas de tripulantes circulavam pelo hangar,
claramente agitados. Seis guardas estavam armados, alinhados na base de
cada meia dúzia de rampas que levavam a nave, bloqueando o caminho.
Theron entrou na multidão, estudando os guardas. Ele rapidamente
percebeu que eles não estavam permitindo que ninguém deixasse a nave.
Qualquer um que tentasse embarcar estava sujeito a um longo interrogatório
e inspeção de sua identidade antes de poder passar; o atraso estava
causando um aumento constante da multidão esperando impacientemente
para poder voltar.
O que quer que o Gnost-Dural tenha feito, causou um aperto na
segurança.
— O que está acontecendo? — Theron perguntou a uma mulher alta ao
lado dele.
— Sei tanto quanto você. — respondeu ela, claramente irritada e não
totalmente sóbria. — Só quero voltar para o meu beliche.
Havia murmúrios de raiva na multidão, e um punhado de pessoas na
verdade empurrou para confrontar verbalmente os guardas na base das
rampas de embarque, algo que nunca teria acontecido um ano antes. Os
cidadãos imperiais eram criados em uma cultura militar que os treinou para
respeitar a autoridade. Mas a disciplina tradicional das tropas imperiais
havia sido desgastada pelos recentes contratempos na guerra. E com
centenas de tripulantes cansados e bêbados voltando do descano, os ânimos
eram altos.
Uma ideia ocorreu a Theron. Era louco, impulsivo e arriscado... em
outras palavras, apenas o estilo dele.
Percorreu a multidão, saindo do hangar e retornando à Estação Ceifador.
Lembrou-se de passar por um pequeno posto de segurança: uma sala onde
os soldados responsáveis pela inspeção das naves que chegavam podiam
passar o tempo enquanto esperavam pela chegada. Com a ala C fechada
para outro tráfego por causa da presença da Lança, o posto de guarda não
foi atingido.
Theron parou na porta, olhando rapidamente ao redor, e se certificou de
que ninguém na multidão passasse prestando atenção nele; eles estavam
muito envolvidos em seus próprios pensamentos e conversas, ou
concentrados em se encontrar com os amigos para aproveitar o seu breve
tempo na estação, longe de qualquer embarcação em que servissem.
Puxou o ponto hackeador do bolso, escondendo-o na palma da mão
enquanto o prendia no painel de acesso na parede. Teve o cuidado de ficar
ereto e em posição, com os ombros pra trás e com a cabeça erguida
enquanto rapidamente cortava a porta trancada; curvar-se e outros
comportamentos furtivos atrairiam muito mais atenção das pessoas que
passavam do que alguém que parecia claramente que tinha todo o direito de
estar ali.
A porta se abriu e Theron entrou confiante na pequena sala, além de
fechá-la atrás dele. O posto de guarda estava cheio, com quatro cadeiras
reunidas em torno de um grande console de controle, com telas de vídeo
exibindo os vários hangares do outro lado da estação: DESOCUPADO; CHEGADA
PENDENTE; VERIFICAÇÃO DE SEGURANÇA EM ANDAMENTO; AUTORIZAÇÃO A SUBIR A BORDO. Todos os

hangares da ala C tinham a mesmo situação: INATIVA.


Como a segurança do hangar precisava saber o número e o tamanho das
naves que chegavam para que pudessem lidar adequadamente com as
inspeções, o posto de guarda tinha acesso aos escâneres externos da Estação
Ceifador e aos faróis de alerta precoce. Os faróis eram a primeira linha de
defesa, estrategicamente posicionada para detectar as embarcações que
chegavam muito antes da Estação Ceifador.
Não demorou muito tempo para Theron entrar no sistema. Atualmente,
os escâneres mostravam algumas dezenas de embarcações imperiais do
setor, chegando, partindo ou aguardando a liberação da torre central para o
desembarque.
Rapidamente verificou que Teff'ith se fora; a exibição de situação do
hangar onde estavam ancorados agora exibia DESOCUPADO. Satisfeito, fez um
pequeno ajuste em uma das configurações do seu ponto hackeador e
começou a alimentar um fluxo constante de dados falsos no sistema.
Várias dúzias de embarcações de tamanho variado, desde caças de um só
piloto até embarcações principais cheias de repente se materializaram nos
escâneres, surgindo perto dos faróis de alerta precoce. Os dados imitavam o
efeito de uma frota grande e bem coordenada que saía do hiperespaço de
uma só vez nas extremidades do setor. Alguns segundos depois, os alarmes
começaram a soar através da Estação Ceifador, alertando sobre o ataque
simulado da República.

O chiado e o zumbido das lâminas ecoavam nas paredes da câmara


cavernosa enquanto os aprendizes de Karrid enfrentavam Gnost-Dural. Os
seus ataques eram variações básicas do estilo Makashi, uma forma precisa e
econômica de sabre de luz projetada para obter resultados máximos com o
mínimo movimento, salientando os golpes rápidos e fortes, especialmente
com o punho e estocadas.
As suas habilidades eram grosseiras; como Karrid, grande parte de seu
treinamento se concentrou no desenvolvimento das habilidades únicas
necessárias para ajudar a sua Mestra a comandar a Lança Ascendente. Eles
ainda eram capazes de convocar a fúria do lado sombrio para se mover com
força e velocidade surpreendentes, mas não dominavam a arte sutil de
permitir que a Força guiasse as suas lâminas. Eles estavam empunhando a
arma em vez de permitir que ela se tornasse uma extensão de si mesmos.
No entanto, eles eram implacáveis em seus ataques, e haviam dois deles.
Gnost-Dural foi forçado a ficar na defensiva para evitar os seus ataques,
ocasionalmente escorregando em manobras rápidas retiradas da forma mais
agressiva da forma Ataru para mantê-los desequilibrados.
Darth Karrid apenas observou a batalha a princípio, mantendo uma
distância segura da lâmina mortal de seu antigo Mestre, enquanto o seu foco
e energias eram drenados por seus aprendizes.
Percebendo que acabaria se desgastando se permitisse que a batalha se
tornasse um duelo de atrito, o Kel Dor rebateu com Djem So, a quinta das
sete formas reconhecidas de sabre de luz. Concentrando os seus contra-
ataques exclusivamente na fêmea Sith fisicamente menor, desencadeou uma
série de golpes selvagens, levando-a a um tropeço de recuo.
Por um instante, ficou completamente exposto ao companheiro humano,
mas a inesperada ferocidade da súbita mudança de tática de Gnost-Dural o
pegou despreparado. Ele hesitou uma fração de segundo antes de
pressionar, dando ao Jedi tempo suficiente para saltar para o lado, mesmo
quando a sua oponente Sith tropeçou nos próprios pés e caiu no chão.
Gnost-Dural se lançou para frente para dar um golpe de misericórdia,
mas o seu impulso foi subitamente revertido e se viu indo para trás quando
Darth Karrid o atingiu com um poderoso empurrão da Força. Conseguiu dar
uma cambalhota de costas quando bateu no chão e se levantou, mas a sua
breve vantagem foi perdida.
Os dois aprendizes o fechou novamente, interrompendo-o antes que
pudesse pensar em atacar a Karrid. Quando se aproximaram, sentiu os
reforços imperiais no corredor do lado de fora, lutando para restaurar a
força da porta selada para que pudessem se juntar à briga.
Sabendo que o tempo estava acabando, o Gnost-Dural mudou de tática
novamente. Ele se lançou com uma poderosa onda da Força, varrendo os
dois. Mas antes que pudesse acabar com os seus oponentes suscetível,
Karrid lançou uma explosão de energia do lado sombrio crepitante em sua
direção. Gnost-Dural saltou, o relâmpago azul mortal queimou o chão onde
estava parado um momento antes.
Jogou o sabre de luz na direção de Karrid, mandando-o girar no ar em
uma linha direta com seu alvo. A Falleen aparou o ataque com a sua própria
lâmina, embora tenha sido forçada a recuar um passo para absorver o
impacto. Gnost-Dural já estava em movimento, passando por seus
aprendizes antes que eles pudessem se levantar. O seu sabre de luz voou de
volta para a palma da mão estendida quando caiu sobre Karrid.
Ele a treinara em Niman, a sexta e mais equilibrada forma de combate
ao sabre de luz. Malgus poderia ter lhe ensinado outros estilos, mas, diante
do ataque furioso de Gnost-Dural, ela instintivamente recaiu no que
aprendeu antes de todos os outros. Niman prestava-se bem aos costumes
Jedi, evitando a agressão nua por equilíbrio e economia de movimento que
dependiam de foco e precisão. Como uma Lorde Sith que extraia a sua
força ao canalizar a fúria emocional bruta do lado sombrio, o estilo
comprometeu as habilidades de Karrid. O efeito foi mínimo, mas foi mais
do que suficiente para o Gnost-Dural explorar.
Usou um empurrão rápido na Força para deixá-la desequilibrada e
trouxe o seu sabre de luz alto para golpear seu ombro. Quando ela ergueu a
sua própria lâmina para bloquear o golpe, abaixou-se e deu uma rasteira
nela com um movimento de sua perna.
Karrid tombou, mas o Jedi foi forçado a dar lhe as costas para atacar a
fêmea Sith enquanto pulava em socorro de Karrid. Eles trocaram uma série
rápida de golpes, dando muito tempo para Karrid se levantar. Em vez de
tentar acabar com Gnost-Dural atacando pelo flanco dele, ela se retirou da
confusão, colocando a preservação de sua própria vida acima da
oportunidade de acabar com o seu oponente.
O aprendiz masculino juntou-se a eles em um segundo mais tarde, e
Gnost-Dural mudou para a forma defensiva de Soresu. Podia sentir a fadiga
penetrando em seus músculos: o número de batalhas o estava desgastando,
diminuindo a velocidade de sua lâmina e deixando-o mais vulnerável aos
ataques da Força de seus inimigos. Um instante depois, a porta se abriu e
uma dúzia de guardas imperiais adentrou no quarto.
Karrid levantou a mão para indicar que deveriam não atirar.
— O resultado é inevitável. — gritou Karrid, enquanto lutava contra os
ataques gêmeos de seus aprendizes. — Sinto a sua exaustão. Abaixe a sua
arma e eu vou deixar você implorar por misericórdia.
Gnost-Dural não esperava vencer a batalha. Desde o momento em que
decidiu embarcar na Lança Ascendente, soube que derrotar Karrid era quase
impossível. Mas não estava disposto a se render e rastejar aos pés dela, se
por nenhuma outra razão que não fosse essa, ele suspeitaria o que o seu
verdadeiro plano nunca funcionaria.
— Não vim aqui em busca da vitória. — disse ele.
A cabeça de Karrid inclinou para o lado enquanto ela procurava o
significado por trás das palavras dele. Não conseguindo entender, ela se
virou para os soldados dispostos do lado de fora da porta.
— Quero-o vivo. — disse ela ao capitão.
Gnost-Dural usou o que restava de sua força cada vez menor para
convocar a Força para um salto desesperado final que o lançou sobre as
cabeças dos aprendizes em direção a sua antiga Padawan.
O ataque estava fadado ao fracasso; havia uma dúzia de maneiras pelas
quais Karrid poderia evitar ou repelir o ataque. Mas ela nem precisou reagir
quando os soldados abriram fogo com uma dúzia de blasters prontos para
atordoar. Os raios derrubaram o Jedi no ar e o lançaram com força no chão.
O seu sabre de luz caiu de seus dedos paralisados, com a lâmina apagada
enquanto o punho caiu no chão.
Enquanto estava deitado de bruços, lutando para se manter consciente,
Karrid se aproximou e pegou seu sabre de luz, enfiando-o no cinto como
um caçador reivindicando um troféu por uma morte premiada. Ela o rolou
de costas com a bota, depois se agachou para olhar o seu rosto mascarado.
— Você sabia que não poderia vencer esta batalha. — disse ela. —
Então, por que você realmente veio aqui?
Gnost-Dural não tinha a menor intenção de responder à pergunta dela,
mas mesmo que tivesse a voz abafada pelos sons de um alarme tocando na
nave.
Karrid virou a cabeça na direção do capitão da guarda, que estava
ouvindo atentamente uma mensagem que chegava ao receptor em seu
ouvido.
— Estação Ceifador está sob ataque! — Ele deixou escapar. — Uma
frota da República foi detectada no setor. ETA a dezesseis minutos!
— Ative os nossos escudos. — respondeu Karrid, preocupada, mas não
em pânico. — Chame toda a equipe para os seus postos. Saímos da doca em
doze minutos. Quem não estiver a bordo será deixada para trás e enfrentará
uma corte marcial completa.
Enquanto o capitão transmitia seus comandos para a pessoa do outro
lado da transmissão, Karrid se virou e olhou para Gnost-Dural.
— Esse era o seu plano? Sacrificar-se para que a República possa nos
pegar no porto e despreparados? Ou há mais no seu plano?
Gnost-Dural ficou em silêncio, com os cantos de seus olhos ficando
mais escuros à medida que se fechavam, os alarmes estridentes ficando
mais fracos e mais distantes.
Pouco antes de finalmente perder a consciência, ouviu Karrid dizer:
— Esta é outra batalha que você não pode vencer. Os interrogadores
imperiais farão você me contar tudo.

A Estação Ceifador estava em caos. Os alarmes que ecoavam pela estação


foram rapidamente correspondidos pelos alarmes de todas as naves
ancoradas nos hangares, quando a torre central espalhou a notícia que a
frota da República estava se aproximando.
Homens e mulheres corriam de volta para as suas naves, lutando para
chegar aos seus postos de batalha antes que o inimigo chegasse. Theron
não sabia quanto tempo levaria para que seu ardil fosse descoberto, mas
sabia que tinha que agir rápido.
Correu do posto de guarda, juntando-se à debandada de soldados
chegando no hangar onde a Lança Ascendente estava atracado. Quando
entrou na Baía, foi arrastado pela multidão e levado-o em direção às
rampas. Os guardas que impediam a tripulação de embarcar na nave haviam
desaparecido, seja chamado de volta para a Lança ou oprimidos pelo súbito
esmagamento de pessoas lutando para chegar ao seus postos.
Theron continuou a deixar a multidão carregá-lo, subindo a rampa e
entrando na embarcação. Uma vez a bordo, a multidão diminuiu
rapidamente quando as pessoas pararam em direções diferentes, indo para
as estações designadas.
Theron fez o possível para parecer que sabia para onde estava indo,
embora na verdade não fazia ideia. Só teve tempo de para planejar como
entraria na nave. Agora que estava a bordo, precisava descobrir algo novo, e
era difícil se concentrar devido ao barulho incessante do alarme de aviso da
Lança.
Não era inédito para os novos tripulantes se perderem quando
designados a uma nave tão grande quanto a Lança Ascendente, e haviam
diagramas do layout básico da nave publicados em vários lugares ao longo
das anteparas. Parou para verificar um, memorizando rapidamente o layout
antes de escolher o seu destino. Precisava de um lugar com acesso aos
principais sistemas da nave para poder hackear e plantar o vírus, mas tinha
que ser isolado o suficiente para trabalhar em particular.
Os seus olhos caíram na sala de máquinas perto da retaguarda da nave.
Separado do resto da nave por uma antepara fortemente blindada para
proteção contra explosões e descargas radioativas, só era acessível através
de uma única escotilha de manutenção.
Movendo-se com um novo senso de propósito, percorreu a nave em
direção ao elevador que levava ao nível mais baixo da nave. Encontrou cada
vez menos pessoas e, quando chegou ao elevador, estava sozinho.
Antes que pudesse pressionar o botão, as portas se abriram para revelar
uma mulher baixa e pesada, vestindo um uniforme de major.
— Cabo! — Ela retrucou ao ver Theron esperando o elevador. — Onde
você pensa que está indo?
— Dessssculpe, senhoraaa. — disse Theron, pronunciando as suas
palavras e fazendo uma saudação desleixada. Apertou os olhos, enquanto
balançava instável. — Tenho que chegar ao meu posto.
— Este elevador é reservado! — Ela latiu, com a sua voz ainda mais alta
que os alarmes incessantes. — Apenas pessoal autorizado!
— Alarmexxx me acordou. — murmurou Theron. — Tenho que ir a en-
ge... en-ge... en-ge-nharia.
— Você está bêbado! — Ela cuspiu, sua voz cheia de nojo. — Você está
programado para o serviço?
— Às zero nove zero zero. — respondeu ele.
— Isso não é por mais seis horas. — disse ela com um aceno exasperado
de cabeça. — Volte e durma no seu beliche.
— Obrigado Senhoraa. — disse Theron, tentando outra saudação
desajeitada.
Ele se virou e cambaleou na direção oposta, pelo corredor e na esquina.
Uma vez que estava fora de vista, desistiu do ato e se moveu rapidamente
pela passagem, dando uma série de voltas e mais voltas que eventualmente
o dobraram de volta ao turboelevador.
Olhando ao virar da esquina, ele se certificou de que a major se foi antes
de correr para o elevador. Esperou impacientemente que as portas se
abrissem, depois entrou e apertou o botão para Deque G, esperando que não
encontrasse mais ninguém.
A sorte estava com ele. Não viu ninguém enquanto se dirigia do
elevador para a escotilha de acesso da sala de máquinas. Ao contrário das
portas automatizadas controladas pelos painéis de acesso, este era um
modelo antigo de dobradiça duraço, aberto girando uma roda pesada no
centro da escotilha.
A roda estava rígida devido à falta de uso e, apesar de seus esforços,
Theron não conseguiu movê-la. Percebeu que a equipe de manutenção
provavelmente usava uma chave para obter a alavancagem necessária, mas
tudo o que tinha era sua pistola. Olhou ao redor do corredor vazio, tentando
encontrar outra coisa que pudesse usar. Não vendo nada, deu de ombros e
puxou o blaster do coldre no quadril, enfiando-o nos raios da roda da porta.
Agarrando o punho da pistola com uma mão e o cano com a outra,
puxou por tudo o que podia. As veias em seu pescoço incharam quando os
seus músculos se contraíram. Assim que pensou que estava prestes a
desmaiar do esforço, a roda soltou um gemido e deu um quarto de volta.
Theron ajeitou a pistola e puxou novamente. A roda se moveu mais
facilmente dessa vez; mais um quarto de volta. Ele se arrependeu pela
terceira vez e puxou. A roda terminou a sua rotação e a porta se abriu com
um barulho alto.
Permanecendo imóvel, esperou pra ver se alguém responderia ao
barulho, mas tudo o que ouviu foi o alarme estridente. Quando retirou a
pistola dos raios da roda, notou que o cano estava dobrado. A arma estava
inutilizada.
Por hábito, enfiou-o no coldre da perna, depois entrou pela escotilha,
puxando a pesada porta de duraço ao fechá-la por trás dele. Girou a roda
por um quarto de volta, o suficiente para impedir que a escotilha se abrisse,
mas não tão preso ao ponto de ter que lutar para abri-la quando estivesse
pronto para sair.
Estava parado em uma passagem estreita de metal que percorria os
quarenta metros de comprimento da casa das máquinas. À esquerda, havia
uma antepara reforçada; à direita, o enorme propulsor da Lança e os
enormes motores de íons que impulsionavam a nave quando ele se movia
em velocidades baixas. As paredes e o teto estavam cobertos por um
labirinto de canos, tubos, cordas e fios que corriam entre centenas de caixas
elétricas aparentemente aleatórias, painéis de fusíveis e relés de chips de
computador.
Além dos alarmes que ainda podia ouvir e sentir através das vibrações
na passarela, havia um zumbido constante e baixo vindo dos motores de
íons. O ar na casa das máquinas estava vinte graus mais quente que o
corredor para onde acabara de entrar e cheirava a ozônio e plástico
queimado.
Se o calor não me fazer desmaiar, a fumaça vai.
Não haviam painéis de controle ali embaixo nas entranhas da nave, mas
Theron sabia que poderia cortar a Lança batendo diretamente no sistema
principal. Tudo o que precisava fazer era descobrir qual das centenas de fios
e relés conectava a sala de máquinas ao console de comando principal na
ponte.
Não deve demorar mais do que algumas horas, certo?
Para o seu alívio, os alarmes finalmente pararam. O abençoado silêncio
foi quebrado por duas longas rajadas de uma buzina distante, e o chão
tremeu os sob seus pés quando a Lança Ascendente se desengatou da
Estação Ceifador.
Acho que você não vai embora tão cedo, ele pensou. Pode muito bem
começar a trabalhar.
A VIAGEM DE DEZ HORAS da estação imperial da Estação Ceifador
de volta ao Porto de Jigani deu a Teff'ith tempo suficiente para pensar em
seu acordo com Theron. Não tinha certeza do que havia acontecido, mas os
detalhes básicos eram claros, Theron e o Jedi de aparência estranha estavam
tentando algo louco e tolo, e se não entregasse sua mensagem a Grã Mestra
Satele Shan, muitas pessoas poderia morrer.
Tentou dizer a si mesma que realmente não se importava com o que
aconteceria com um monte de pessoas que nunca conhecera, mas durante o
longo voo a sua mente continuou a evocar imagens de cidades orbitais em
ruínas, corpos de homens, mulheres e crianças. espalhadas entre os
destroços. Tinha visto muitas fotos de morte e destruição nos holovídeos e
nunca pensou muito nisso, mas isso era diferente. Essas pessoas já estavam
mortas; não havia motivo para se preocupar com elas. As pessoas de Duro
ainda estavam vivas.
Não adiantava deixá-los morrer, pensou ela, lembrando-se por que
estava realmente fazendo isso. Theron havia prometido a ela um pagamento
grande e gordo quando tudo terminava, e não era como se estivesse
correndo algum risco real. Concordar com o trabalho realmente a tirou da
Estação Ceifador antes que o Jedi e Theron fizessem qualquer golpe maluco
o qual estavam planejando.
O único risco é que Theron não consiga, ela pensou.
Percebeu que o pensamento dele morrendo na Estação Ceifador
realmente a incomodava mais do que pensar em todas as vítimas sem nome
em Duro. Por mais que tentasse, não conseguia se convencer de que era
inteiramente porque ele não seria capaz de pagá-la.
Dormiu por algumas horas, deixando o piloto automático do transporte
navegar pelo hiperespaço. Sonhava com Ngani Zho, o velho e louco Jedi
que se jogara na frente de um tiro destinado a ela, sacrificando a sua vida
pela dela. Mas não sonhou com o tempo que passaram juntos ou com a
morte dele; em seus sonhos, era como se o velho nunca tivesse partido.
Teff'ith estava no transporte imperial, voltando para o porto de
Jigani. Ngani Zho estava sentado no banco ao lado dela. Os cabelos
grisalhos e as sobrancelhas espessas estavam desgrenhados, olhando
para ele, não seria difícil imaginar que ele nunca tinha um pente em
sua vida. Ele usava uma túnica Jedi velha, enrugada e manchada,
com o capuz jogado pra trás. Haviam vários buracos carbonizados
em seu peito, onde os blasters o tinha atravessado, mas os seus olhos
azuis eram afiados e brilhantes.
— Eu esperava mais de você, Teff'ith. — disse ele. — Você acha que
eu desisti da minha vida só para você continuar trabalhando para o
Sol Negro?
— Trabalho para a Irmandade da Antiga Tion agora.
— Essa não é a questão.
— Há grandes coisas a nossa frente.
— Pelo menos concordamos com isso.
— Por que você nos salvou? a Um bipe do piloto automático
alertando-a de que eles estavam se preparando para sair do
hiperespaço a acordou antes que o homem em seu sonho pudesse lhe
dar uma resposta.
— Jedi estúpido. — Teff'ith murmurou enquanto trocava o transporte
para o controle manual.
Saiu do hiperespaço no sistema Desevro, traçou um percurso para o
transporte para levá-la ao porto de Jigani, depois abriu um canal de holo.
— Bem-vinda de volta, Raio de Sol! — Disse Gorvich quando a holo foi
conectado. — Retorno rápido. Acho que tudo deve ter corrido bem.
— Não tão bem assim. Deixei o Jedi e Theron na Estação Ceifador.
Gorvich riu.
— Parece uma boa história. Conte para mim.
— Não por aqui. Encontre-me no sofisticado transporte de Jedi. Você
chegou a movê-lo?
— Não, ainda está no hangar no porto de Jigani. Quanto tempo até você
chegar lá?
— Trinta minutos. — disse ela, desligando a holo para não precisar lidar
com Gorvich por um segundo a mais do que o absolutamente necessário.
Quando chegou ao hangar onde a Prosperidade estava estacionada,
Gorvich já estava esperando por ela.
— Certo, Raio de Sol. Estou aqui. Então, qual é o problema? Por que
você abandonou os outros?
Ela hesitou, escolhendo suas palavras com cuidado. Queria contar o
mínimo possível a Gorvich. Se soubesse que Theron havia lhe oferecido
dez mil créditos, iria querer uma parte.
— Não os abandonei. Ele nos disse para irmos. Precisa de nós para
entregar uma mensagem.
— Eu não entendo. — disse Gorvich, coçando a cabeça. — Você vai
buscá-los mais tarde?
— Não faz parte do plano.
— Então, como eles vão sair da Estação Ceifador?
Teff'ith encolheu os ombros.
— Nunca nos disse. Apenas disse para pegar o transporte. E ir entregar a
mensagem.
Gorvich sacudiu a cabeça.
— Sabia que estavam tramando algo estranho. Isso não voltará mais
tarde e me morderá quando não estiver olhando, não é?
— Você está seguro. — assegurou o Twi'lek.
Gorvich cruzou os braços e olhou para Teff'ith, com os seus olhos
ficando acima do pescoço para variar.
— Sei que você está escondendo algo de mim, Raio de Sol. Mas vou
deixar passar desde que você costurou todo esse acordo.
— Você ainda nos deve a nossa parte. — ela lembrou.
— Não se preocupe, eu guardei os créditos em um lugar seguro. —
Gorvich riu, num tom maldoso. — Acho que não conseguiremos os créditos
extras que seu amigo prometeu.
— Ele ainda pode sair da Estação Ceifador. — disse Teff'ith, um pouco
mais defensivamente do que pretendia.
— Só vou supor que, no caso ele não volte. — disse Gorvich. — Ainda
bem que tomamos este transporte como garantia. Já há alguns compradores
alinhados.
Vendo a carranca de Teff'ith, ele acrescentou:
— Ei, não achei que nenhum de vocês conseguiria voltar.
— Por que você me enviou com eles? Deseja manter todos os créditos
pra si mesmo?
— Águas passadas não movem moinho, Raio de Sol. — disse ele com
um encolher de ombros indiferente. — Agora que você voltou, estou feliz
em compartilhar.
— Não é possível vender o transporte. — ela disse, já cansada da
conversa. — Preciso entregar a mensagem.
— Eita, espere um segundo. Do que você está falando? Você acha que
eu vou deixar você decolar com a minha garantia? — Os olhos de Gorvich
se estreitaram. — Como eu sei que você e seus amigos não estão tentando
me enganar? Você diz que eles ainda estão na Estação Ceifador, mas pelo
que sei, você os deixou em algum resort de luxo. Então eles te mandam de
volta aqui para pegar a Prosperidade, para que todos possam se encontrar
mais tarde e deixar de me pagar o restante dos créditos que me foram
prometidos!
— Idiota. — Teff'ith disse com um aceno de cabeça, afastando-se dele e
indo em direção ao transporte.
— Mais um passo e explodo sua linda caveira, Raio de Sol.
Virou-se devagar para ver que Gorvich havia sacado a pistola e estava
apontando para ela.
— Salvei a sua vida em Nar Shaddaa. — ela assobiou.
— É por isso que não atirei em você pelas costas. — ele admitiu. —
Mas não gosto de que façam pouco de mim. Então pare de esperar e me
diga o que realmente está acontecendo.
Teff'ith mordeu o lábio, tentando encontrar uma maneira de se convencer
disso sem ter que interromper Gorvich. No final, ela não conseguiu.
— Theron ofereceu dez mil créditos para entregar a mensagem a
Coruscant. Preciso pegar o transporte chique para chegar a tempo.
— Dez mil créditos, hein? — Gorvich abaixou o blaster, embora não o
guardasse.
— Te dou um terço. — disse Teff'ith.
— Espere um segundo, Raio de Sol. — disse ele, levantando a mão
livre. — Você realmente acredita que receberá dez mil créditos só pra
entregar uma mensagem a Coruscant? Você está sonhando.
— O acordo está bom. — ela insistiu, não querendo entrar em detalhes.
— Você não acha que a alfândega de Coruscant tem acesso aos registros
da Prosperidade? Eles vão jogar você na cadeia por roubo no momento em
que você pousar.
Teff'ith não tinha considerado isso. Esperançosamente, seria capaz de
convencer as autoridades de que realmente tinha uma mensagem urgente
para a Grã Mestra Satele Shan.
— Hah, não pensou nisso, pensou? Gorvich exultou, reconhecendo a
razão do seu silêncio. — Veja, é por isso que você precisa de mim cuidando
de você.
— Vale o risco. — argumentou Teff'ith. — Dez mil créditos é bons
demais para deixar passar.
— Se ele pagar você. Ele já nos deve outros vinte em crédito. E lembra
como renegociou o acordo original? Ele diz dez agora, mas quando chega a
hora de pagar quem sabe quanto ele realmente estará disposto a gastar.
Talvez zero.
— Não será zero. — Teff'ith resmungou.
— Mesmo que ele cumpra os dez que prometeu e os vinte que já nos
deve, tenho um acordo melhor para você. — disse Gorvich. — Esqueça a
mensagem. Vendemos a Prosperidade e dividimos o lucro. Nós dois saímos
à frente nesse jogo.
Teff'ith não ficou surpreso com o plano de Gorvich; ele era um homem
desprezível sem honra. Mas ele sabia como obter lucro. E tudo o que ele
disse sobre Theron era verdade, Theron havia renegado o acordo original. E
mesmo que entregasse a mensagem e ele não a enganasse, havia uma boa
chance de que qualquer plano maluco que ele estivesse tentando executar
não funcionasse. Se ele fosse morto ou capturado pelos Sith, poderia se
despedir de seus créditos.
— Bem, Raio de Sol, o que vai ser?
— Quanto ganhamos pelo transporte?
— Cinquenta mil, fácil. Além disso, ainda tenho a sua parte dos trinta
que guardei.
Se tentasse ajudar Theron, Gorvich poderia atirar nela onde ela estava.
Mesmo que o enganasse ou o dominasse, os seus dias com a Irmandade da
Antiga Tion terminariam. E havia uma boa chance de não ser paga de
qualquer maneira.
Ou poderia abandonar a Theron, continuar trabalhando com Gorvich e
continuar subindo nas fileiras da Irmandade enquanto fazia quarenta mil
créditos fáceis.
— Bom dinheiro, Raio de Sol. — insistiu Gorvich. — O suficiente para
aliviar qualquer culpa por trair um amigo.
E quanto tempo até você nos trair?
Teff'ith entrou em ação, esperando pegar Gorvich desprevenido
enquanto esperava a sua resposta. Ele estava parado a três passos dela, com
a sua arma ainda apontada casualmente para o chão. Seu primeiro passo foi
tranquilo. No segundo dela, olhos dele se arregalaram com a percepção do
que estava acontecendo. No terceiro, ele estava erguendo a arma, mas só
conseguiu pegá-la no meio do caminho antes que ela a derrubasse da mão
dele com um chute nas costas. Ela o seguiu com um chute frontal,
balançando o pé o mais forte que pôde e pegando-o bem entre as pernas.
Gorvich caiu no chão, enrolado-se na posição fetal, gemendo baixinho.
Teff'ith pegou a pistola caída dele, apontou pra ele e decidiu não puxar o
gatilho. Em vez disso, enfiou no cinto e correu para o transporte. Digitou o
código de acesso e a rampa de embarque da Prosperidade desceu com um
assobio suave da cabine pressurizada. Correu, voltando-se para olhar para
Gorvich de volta.
Ele ainda estava no chão, mas estava rastejando em direção a nave. Ele
encontrou os olhos dela com um olhar cheio de ódio. Algo naquele olhar
fez Teff'ith perceber que ele ainda não havia terminado. Reagindo por puro
instinto, jogou-se para trás e para o lado, agarrando um dos suportes da
rampa de embarque para não cair. Ao mesmo tempo, a mão de Gorvich
cintilou, pegando a lâmina afiada a qual mantinha amarrada à coxa e
arremessando-a na direção dela com um único movimento bem praticado,
quase rápido demais para o olho seguir.
A lâmina se enterrou profundamente no ombro de Teff'ith, quase a
derrubando da rampa de embarque. Usando o suporte como alavanca, se
arrastou para dentro da nave e apertou o botão para fechar a rampa de
embarque atrás dela, ciente de que, se não tentasse sair do caminho, a
lâmina agora saliente em seu ombro teria sido enterrada profundamente em
suas costas. Ignorando o ferimento, correu para a cabine, ligou o motor,
enviou o sinal para abrir as portas do hangar e tomou o ar.
De volta ao chão, Gorvich se arrastou até o painel de controle e se
levantou, apertando o botão para fechar as portas do hangar com o punho.
Teff'ith viu as portas do hangar pararem na metade do caminho e depois
lentamente começaram a fechar novamente. Cerrou os dentes, puxou com
força o manche para enviar a nave para a frente e se preparou para o
impacto.
O casco da Prosperidade, como tudo mais na embarcação, era de
primeira linha. As múltiplas camadas de revestimento duraço e a armação
reforçada atingiram as portas do hangar e as arrancaram das dobradiças,
fazendo-as voar enquanto os propulsores acionavam a nave através do céu.
Subindo em direção à atmosfera superior, Teff'ith sentiu um sutil tremor
na viagem anteriormente suave a veludo do transporte, mas verificar o
painel de instrumentos da nave não mostrou danos significativos. Poucos
minutos depois, estava longe o suficiente do campo gravitacional do planeta
para acionar a unidade do hiperespaço e ativar o piloto automático
avançado para levá-la a Coruscant.
Só então cuidou do ombro ferido, retirando o kit médico por baixo do
assento do piloto. Inspecionou a lâmina, certificando-se de que não
sangraria se a puxasse. Felizmente, atingiu os músculos e os ossos em vez
de uma artéria principal, e foi capaz de removê-la sem nenhuma dificuldade
real... embora isso a fizesse inclinar a cabeça pra trás e gritar.
Bloqueando a dor, tratou da ferida com a eficiência de alguém muito
familiarizado com a administração de remédios nas ruas. Inspecionou o seu
trabalho uma última vez antes de tomar um par de hipodérmicas cheias de
kolto e espetá-las em sua coxa.
A dor desapareceu quase instantaneamente, e sentiu um calor agradável
se espalhando por ela. Mexeu-se no assento e a cadeira respondeu,
ajustando-se automaticamente à sua nova posição, envolvendo-a em um
conforto luxuoso.
Virou a cabeça para o lado e viu Ngani Zho mais uma vez sentado no
banco ao lado dela.
— Estou orgulhoso de você, minha garota. Por poupar Gorvich e por
fazer a escolha certa.
— Agora, talvez o Jedi idiota nos deixe em paz. — ela murmurou, com
as suas palavras se arrastando para um ressonar suave.

— Tenho as últimas estimativas de baixas para o ataque de amanhã a Duro.


— disse o diretor.
— Você realmente acha que quero vê-las? — Jace perguntou. O
Comandante Supremo estava caído na cadeira atrás de sua mesa, com a sua
mão segurando um copo vazio. Ele se inclinou pra frente e agarrou o longo
gargalo da garrafa meio cheia na frente dele e encheu novamente sua bebida
para o que Marcus adivinhou não foi a primeira vez naquela noite.
— As patrulhas extras que você está enviando ajuda. Não é muito, mas
ajuda um pouco.
— Economizamos algumas centenas. — Jace resmungou amargamente.
— Mas ainda sacrificamos milhares.
— Poderíamos tentar inventar uma desculpa para ter uma frota real
orbitando o planeta. — sugeriu o diretor. — Invente uma honra para dar a
um dos cidadãos de Duro. Tenha as naves lá como parte da celebração.
— Imagine que você é o ministro imperial de logística. — disse Jace,
com as suas palavras claras, apesar do álcool que consumiu. — O que você
pensaria se encontrasse uma frota cerimonial estacionada em Duro quando
lançou o seu ataque surpresa? Você acreditaria que era só coincidência?
O diretor suspirou
— Não. Acho que os códigos cifrados foram comprometidos.
Jace ergueu a bebida em um brinde silencioso à sua honestidade, depois
a engoliu em um único gole.
— Pegue um copo. — disse ele, acenando com a cabeça para o bar no
canto enquanto se enchia novamente.
O diretor fez exatamente isso antes de sentar em uma das cadeiras do
lado oposto da mesa do Comandante Supremo. Jace levantou a garrafa e
Marcus estendeu o copo.
— Você acha que Theron vai seguir adiante na missão? — Jace
perguntou enquanto servia.
Marcus bebeu a metade da bebida antes de responder:
— Ele é meu melhor agente.
— Você costumava dizer que ele era 'um dos melhores'. — observou
Jace.
— Eu atualizei isso depois que ele trouxe o código sombrio.
— E o Gnost-Dural? Ele é um Jedi. — Jace esvaziou seu copo
novamente. — Eles nem sempre são bons em seguir as ordens que não se
encaixam na compreensão do universo.
— Acho que ele é inteligente o suficiente para entender por que tivemos
que fazer isso. E abortar a missão de não ajudar a Duro.
— Então você acha que eles vão seguir em frente?
— Acho que sim. Os dois se importam demais com a República para
deixar isso sair dos trilhos.
— E depois que isso acabar, depois de derrubarmos a Lança e
finalmente acabar com essa guerra feroz, você acha que Theron vai me
perdoar?
O diretor não respondeu; em vez disso, ele apenas sugou o que restava
da bebida.
— Você apoia a minha decisão? — Jace queria saber.
— Apoio. — disse Marcus. — É a decisão certa. Mas não sei se eu
poderia ter conseguido. E não sei como é que nós dois devemos viver com
isso.
Jace pegou a garrafa e encheu os copos novamente.
— Tomar uma decisão como essa é brutal. — concordou o Comandante
Supremo. — Mas viver com isso é pior.
ESCONDIDO EM UM DOS MUITOS painéis de retransmissão de
computador na sala de máquinas da Lança Ascendente, Theron enxugou o
suor da testa antes de escorrer e arder nos olhos. Com a ajuda do seu
cortador, bateu no painel e fez uma pesquisa de diagnóstico para mapear os
vários sistemas aos quais estava conectado.
Theron estava escondido na sala de máquinas desde que a Lança saiu da
Estação Ceifador. Não tinha como sair da nave até que ela atraque
novamente, a menos que roube uma pod de fuga, o que acionaria um alarme
de emergência e o mate. Felizmente, as horas em que ficou preso na
passarela estreita na sala de máquinas sufocante e fedorenta realmente se
mostraram benéficas. Percebendo que não iria a lugar nenhum tão cedo,
Theron passara o seu tempo tentando entender melhor o funcionamento
interno da embarcação.
Mapear cada relé individualmente era um processo simples, mas
demorado, que já havia repetido mais de uma dúzia de vezes. Mas o
trabalho exaustivo era a chave para reunir uma imagem completa dos
sistemas de controle da Lança. Não havia uma única rede central
conectando tudo; cada sistema era controlado de forma independente,
vinculado a vários relés diferentes que podiam permitir que a
funcionalidade fosse redirecionada por vários caminhos, se algo desse
errado.
A sua exploração da casa das máquinas estava se mostrando
simultaneamente cansativa, fascinante e desanimadora. A complexidade da
nave era incompreensível. Era a principal conquista do programa
experimental de armas de Darth Mekhis. O SIE suspeitava há muito tempo
que havia algum tipo de ligação entre a própria embarcação e quem estava
no comando; Mekhis se especializou em combinar biologia e cibernética.
Mas todo o escopo da relação simbiótica foi muito além de qualquer coisa
que tivessem teorizado.
Sempre que Theron entrava em um terminal de computador, os seus
implantes cibernéticos lhe permitiam interagir diretamente com a rede. Mas
ainda havia um muro de separação, uma clara distinção entre usuário e
dispositivo. Mekhis encontrou uma maneira de derrubar esse muro; quando
Karrid estava no comando da Lança, a nave se tornou parte dela... ou talvez
ela se tornou parte da nave. Eram inseparáveis. A conexão deu a ela a
capacidade de ler e reagir quase instantaneamente durante uma batalha, os
sensores da Lança transmitindo informações diretamente para a sua
consciência e respondendo imediatamente aos seus comandos.
Também lhe deu uma maior consciência de tudo o que estava
acontecendo com os sistemas da embarcação enquanto estava ligada à nave.
Theron teria que ser extremamente cauteloso com qualquer coisa que
fizesse, tomando cuidado extra para usar um toque leve para que Karrid não
sentisse a sua presença. E percebeu que o plano original de plantar um vírus
adormecido provavelmente não funcionaria.
Mesmo que Karrid não percebesse a invasão, a Lança tinha várias
camadas de salvaguardas e redundâncias que isolariam e desativariam
rapidamente o vírus, os relés cortando o programas malicioso enquanto
redirecionavam as funções danificadas por um novo caminho.
A única esperança de sabotar efetivamente a nave era se Theron
haqueasse ativamente o sistema enquanto a Lança estava em batalha,
mudando e alternando os seus ataques eletrônicos para ficar um passo à
frente dos protocolos de segurança da embarcação. O dilema de como
deveria realmente sair da nave, se o estava sabotando ativamente no meio
de uma batalha, era algo que tentava não se preocupar no momento.
Pelo lado positivo, o design exclusivo da Lança permitiu que os
implantes cibernéticos da Theron operassem com eficiência máxima
enquanto estava conectado a nave, proporcionando um nível de acesso
diferente de tudo o que havia experimentado antes. Já havia conseguido se
conectar às comunicações internas da nave, permitindo que o implante em
seu ouvido recebesse todas as transmissões.
— Patrulha Vermelha fazendo registro. — uma voz soou em seu ouvido.
— O Deque E está limpo. Prosseguindo para o convés F.
Theron suspirou e desconectou o seu ponto hackeador do painel. Ficou
em pé, esticando-se para aliviar um torcicolo nas costas.
Entrar nos sistemas de comunicação permitiu que seguisse o progresso
das patrulhas de segurança que Karrid havia despachado uma vez que
percebeu que a frota da República realmente não existia. Theron os
acompanhava de perto enquanto eles sistematicamente avançavam em cada
nível da nave, asa por asa. Odiava interromper o seu trabalho, mas era hora
de se mover se não queria ser descoberto.
Foi até escotilha de manutenção duraço e girou lentamente o volante
para abri-la. Houve um tinido agudo quando a escotilha se soltou e um
guincho suave das dobradiças quando se abriu. Theron enfiou a cabeça no
corredor, não esperando ver ninguém, mas também não estava disposto a
arriscar. A sua única arma era o blaster que enfiara no coldre do uniforme,
mas não tinha intenção de dispará-lo depois de dobrar o cano para abrir a
porta de segurança da casa de máquinas.
Felizmente, o corredor estava deserto, então desceu e fechou a escotilha
atrás dele, tentando não fazer barulho. Caminhou pelo corredor, ouvindo
atentamente os passos de qualquer um que se aproximasse. Não era
provável que encontrasse alguém; O convés G consistia principalmente na
sala de máquinas e, no extremo oposto, na câmara de comando particular da
Lança. Além da segurança, ninguém tinha nenhum motivo para estar no
mesmo nível. Mesmo Karrid não se aventuraria a menos que a Lança
estivesse prestes a entrar em batalha.
Dois turboelevadores, um perto da sala de máquinas na popa e o outro
perto da câmara de comando na proa, eram as únicas maneiras de acessar o
nível mais baixo da nave. Theron sabia que as patrulhas de segurança
trabalhavam da popa à proa, então caminhou cuidadosamente em direção à
popa, longe do elevador que havia tomado quando embarcou pela primeira
vez na nave.
Devido ao tamanho e ao formato irregular das unidades de íons e
hipermatéria, os dois lados do Deque G não estavam conectados por um
único corredor reto. O corredor torceu e virou. A cada curva, Theron parava
e olhava ao virar uma esquina, sabendo que se o descobrissem, teria
dificuldade em explicar a sua presença. Depois de vários minutos de
cuidadosas manobras, ele finalmente alcançou o elevador de turbo perto da
frente da nave. O salão continuou mais trinta metros antes de finalmente
terminar em uma grande porta selada.
Theron sabia que a câmara de comando da Lança estava além, mas
resistiu à vontade de ir investigar. A sala de máquinas era onde ele poderia
causar o maior dano; não adianta arriscar a exposição bisbilhotando só para
satisfazer a sua curiosidade. Bateu no painel do turboelevador,
contemplando o seu próximo passo enquanto esperava que chegasse. Em
seu ouvido, ouvia o progresso da equipe de segurança, que relatava cada
vez que limpavam outra seção do convés acima dele.
Theron pensou em ir para o alojamento da tripulação no Deque C. Podia
procurar uma cabine não cuidada, onde podia trocar o seu uniforme sujo por
roupas limpas, deixando-o menos propenso a chamar a atenção se
precisasse se deslocar pela nave. Podia até ter a chance de trocar o seu
blaster por um que funcionasse. Mas de quem quer que fosse o uniforme e a
arma emprestados provavelmente notaria se um ou outro estava faltando, e
isso poderia reforçar as suspeitas sobre um clandestino a bordo. A última
coisa com da qual precisava se preocupar era outra rodada de varreduras de
segurança.
Quando o turboelevador chegou, percebeu que teria mais sorte indo para
a lavanderia no Deque E. Também poderia tentar roubar algo para comer
nas áreas de preparação de alimentos próximas nas cozinhas estreitas, e a
sua aparência suada e de má qualidade atraía menos a atenção da equipe
que passava os dias trabalhando em máquinas de lavar roupa, fornos para
defumar e panelas e caldeirões espalhados. Apertando o botão, respirou
fundo várias vezes para entrar no personagem, reunindo mentalmente uma
série de possíveis desculpas e explicações, caso alguém o pegasse se
vestindo de uniforme ou roubando comida extra.
Saindo do elevador, viu que não precisava se preocupar. O Deque E era
um centro de atividade frenética, os homens e mulheres designados para os
papéis essenciais, mas muitas vezes esquecidos, dos serviços militares,
correndo de um lado para o outro com a energia e o foco de uma equipe de
operações especiais altamente treinada. Absortos demais em suas próprias
tarefas para se preocupar com um oficial subalterno, nenhum deles prestou
atenção a Theron. No fone de ouvido, ouviu outra atualização da equipe de
segurança; pela estimativa de Theron, eles estavam no meio do caminho do
Deque F.
Entrando na lavanderia, Theron pegou um par de calças e uma blusa que
parecia que caberiam e as colocou debaixo do braço. Cuidadoso para não
suspeitar, foi até um canto escondido ao lado de uma das máquinas de lavar,
escondeu-se atrás dela e tirou as roupas sujas. Depois de vestir o novo
uniforme, ficou agradavelmente surpreso ao ver que fora promovido a
capitão. Dadas as duras penalidades por insubordinação no Império, era
improvável que alguém abaixo de seu posto quisesse chamar a atenção para
si, confrontando-o.
Se eu conseguisse encontrar uma roupa de Grão Moff, seria capaz de
entrar na ponte e tomar o comando.
Embora fosse apenas uma piada, o pensamento deu a Theron uma pausa.
Se pudesse, de alguma maneira, pôr as mãos em alguns explosivos,
digamos do arsenal, poderia plantá-los na sala de máquinas e causar danos
significativos. Tão rapidamente quanto a ideia veio à mente, ele a
descartou. A segurança ao redor do arsenal seria muito mais rigorosa do que
o que enfrentava ali, e até mesmo um oficial que requisitava vários quilos
de explosivos era obrigado a esclarecer as questões as quais não podia
responder.
Seguindo o seu plano original, entrou nas cozinhas, jogando o seu
uniforme sujo em uma cesta meio cheia de roupa suja. Como esperava, os
homens e mulheres alistados fizeram o possível para evitar fazer contato
visual com ele enquanto passava, com o seu peito inchado com o que
esperava ser o nível apropriado de arrogância e privilégio imperial.
Na cozinha, resistiu à vontade de ir atrás da comida quente que estava
sendo preparada para a próxima refeição da tripulação, apesar do estômago
roncar. Em vez disso, entrou nos armários de armazenamento de trás e
pegou um par de pacotes de ração. Um jovem vestido de cozinheiro lançou-
lhe um olhar curioso, mas quando Theron estreitou os olhos para o soldado,
o seu olhar se voltou para o chão. Sem dizer nada, Theron marchou com seu
prêmio e voltou para o corredor.
Outra atualização em seu ouvido informou que a equipe de segurança
havia completado a varredura do Deque F e estava seguindo em frente.
Theron caminhou de volta para o corredor e desceu o comprimento da nave
em direção ao elevador na popa. Ao alcançá-lo, ouviu outra atualização da
equipe de segurança.
— A sala de máquinas está limpa. Se movendo.
Chamou o turboelevador, entrou e apertou o botão do Deque G para
completar a sua rota tortuosa e devolvê-lo para onde começou.
O corredor estava vazio quando desceu do elevador; a patrulha de
segurança já havia se mudado para o outro lado da nave. Desta vez, a roda
da escotilha de acesso ficou mais fácil, afrouxada pelo uso recente.
De volta à sala de máquinas, tirou o uniforme do capitão, dobrando-o
cuidadosamente e o colocando na passarela de metal dentro da escotilha,
junto com a pistola dobrada, o ponto hackeador e um dos pacotes de ração
que roubara. Levou alguns minutos para consumir o conteúdo do segundo
pacote de rações. Quando terminou de comer, já estava coberto de suor.
Esperava que o calor fosse mais suportável usando apenas roupas íntimas e
botas. Não era, mas pelo menos o seu novo uniforme não acabaria coberto
de manchas de sujeira e suor.
Recuperando o seu ponto hackeador, ele voltou à árdua tarefa de
aprender tudo o que podia sobre a Lança Ascendente.

Um choque de lancinante de dor chacoalhou Gnost-Dural de volta à


consciência. Parecia que estava sendo cozido vivo por dentro. Os seus olhos
se arregalaram, aumentando o seu sofrimento. Alguém havia removido os
seus óculos de proteção, e a atmosfera rica em oxigênio da nave parecia
ácido em suas pupilas. Apertando os olhos torturados, soltou um grito, o
som abafado por sua máscara respiratória.
— Ele está acordado. — ouviu Darth Karrid dizer, e a agonia ardente
parou de repente.
Embora ainda não conseguisse abrir os olhos, o Kel Dor conseguiu fazer
um balanço de seu entorno. Estava deitado em uma plataforma rígida ou
mesa posta em um ângulo de 45 graus, com os pulsos e tornozelos
firmemente amarrados, de modo que estava esparramado contra a
superfície. A sua túnica e a maioria de suas roupas haviam sido despidas,
deixando-o quase nu.
Além de Karrid, havia outros na sala com ele. Reconheceu a presença da
aprendiz Sith, embora não pudesse sentir o seguidor de Karrid em nenhum
lugar por perto. E haviam outros dois. Não conseguia sentir o lado sombrio
emanando deles, então assumiu que não eram Sith, mas soldados imperiais:
guardas ou interrogadores especialmente treinados. Ouviu passos se
aproximando, depois o som da voz de Darth Karrid, muito mais perto do
que antes.
— Sabemos que o ataque à Estação Ceifador foi encenado. — disse ela,
com a sua voz cheia de uma calma gelada. — Mas não entendo o porquê.
Qual era o propósito de acionar um alarme falso?
O Jedi não sabia do que ela estava falando, mas suspeitava que Theron
tivesse algo a ver com isso. O que quer que o seu parceiro estivesse
fazendo, esperava que funcionasse, se Theron não tivesse plantado com
sucesso o vírus nos sistemas da Lança, o plano de Gnost-Dural estava
fadado ao fracasso.
— Bata nele de novo. — disse Darth Karrid, cansada de esperar que ele
respondesse a sua pergunta.
Dessa vez, o seu corpo não sentiu calor, mas um tipo estranho de pressão
internalizada. Os seus pulmões e estômago se expandiram, como se
rapidamente se enchessem de ar; com as suas artérias e veias inchadas de
sangue; os seus braços e pernas incharam com líquido, as restrições nos
pulsos e tornozelos mordendo com força a carne inchada.
Os seus olhos esbugalharam-se contra as pálpebras e todos os órgãos do
corpo pareciam esticados e distendidos, prontos para explodir ou se
despedaçar. Gnost-Dural gritou novamente através de sua máscara. A dor
era diferente de tudo que já sentira antes, a experiência horrivelmente
singular... e então de repente desapareceu. O corpo de Gnost-Dural ficou
mole, como um balão parcialmente vazio. Um segundo depois, começou a
tremer, com cada músculo tremendo involuntariamente. O espasmo durou
vários segundos antes que finalmente conseguisse acalmar a sua mente e
recuperar o controle de seu corpo físico.
— Darth Mekhis era uma verdadeira gênio. — disse Karrid com óbvia
admiração. — Ela entendeu que os métodos normais de tortura tinham
pouco valor contra aqueles que podem recorrer à Força para sustentá-los.
Mas até mesmo um mestre Jedi é impotente contra a sua máquina notável.
Ataca a mente e o espírito. — explicou ela. — mas deixa o corpo intacto.
Qualquer horror imaginável pode ser infligido simplesmente estimulando os
receptores do cérebro. A dor parecerá completamente real, mas a carne não
está ferida.
Gnost-Dural entendeu as implicações sombrias do que ela estava
dizendo. A tortura convencional acabaria ultrapassando os limites da
resistência física; além de um certo ponto, o sujeito pereceria. Mas com a
máquina infernal de Mekhis, não importa o quanto a vítima sofra, a agonia
nunca terminará.
Pensar no horror sem fim é outra parte da tortura, lembrou-se o Jedi.
Fique calmo. Concentre-se no que você precisa fazer.
Quando recuperou a consciência, Gnost-Dural não tinha noção de
quanto tempo estava fora. Apesar da tortura de Karrid, no entanto, sentiu a
sua percepção do tempo e do espaço, uma consciência nascida de estar
intimamente sintonizada com o poder universal da Força, retornando. Pouco
mais de dez horas se passaram desde o confronto no santuário interno de
Karrid; o ataque a Duro ainda estava muito longe. Precisava esperar mais
algumas horas para que o seu plano desse certo.
— Você não pode me quebrar. — disse ele, com a sua voz embargada
pela tensão que já havia passado.
— Nós dois sabemos que posso. — sussurrou Karrid bem ao lado dele,
passando os dedos longos sedutoramente pela pele áspera da bochecha do
Kel Dor. — Mas eu não preciso. Eu sei que você não estava agindo sozinho.
Uma varredura de segurança da nave capturou os seus amigos. Se você
quiser poupá-los desse sofrimento, me dirá o que quero saber.
Gnost-Dural teve que admirar a manobra, mas sabia que ela estava
blefando. Era possível que Theron estivesse em algum lugar da nave,
esperava que fosse verdade, mas confiava que o seu parceiro fosse
habilidoso o suficiente para evitar qualquer tipo de patrulha de segurança. E
Theron estava trabalhando sozinho. Karrid havia dito 'amigos' no plural,
como se houvesse mais de um.
— Sei que você está mentindo. — disse a ela. — Porque eu vim
sozinho.
Karrid afastou a mão do rosto dele, frustrada.
— Mais uma vez. — disse ela.
Desta vez, parecia que um milhão de agulhas finas estavam empalando
cada centímetro de seu corpo. Elas perfuraram a sua carne completamente,
deslizando através da pele, músculos, tendões e ossos antes de deslizar para
o outro lado. Elas perfuraram os seus órgãos internos; os olhos dele; até o
crânio dele, apunhalando o cérebro.
Lutou contra isso, tentando convocar a Força para aliviar o seu
sofrimento. Abriu a boca para recitar o Código Jedi para concentrar a sua
mente e energia, mas, em vez das palavras suaves, tudo o que emergiu foi
outro grito sem fim.
As agulhas desapareceram, desaparecendo instantaneamente, assim
como o calor e a pressão. E mais uma vez, não houve nenhum dano real ao
seu corpo, embora as lembranças da dor persistissem.
— O ataque da República à Estação Ceifador não foi real. — disse Darth
Karrid, sua voz finalmente revelando uma pitada de sua impaciência. —
Então, qual era o sentido de um alarme falso? Uma invasão real virá a
seguir? Um que dispensaremos porque achamos que é só mais um mau
funcionamento do equipamento?
— Sim. — Gnost-Dural resmungou. — É isso. Você descobriu.
— Ou foi um truque para causar confusão? — Karrid continuou,
ignorando sua confissão obviamente falsa. — Uma distração para que seus
aliados que já estão na Estação Ceifador possam armar algum tipo de
armadilha? Algo que estará esperando por nós se voltarmos ao porto?
— O lado sombrio a deixou paranoica. — o Jedi sussurrou. — Ela a
cega para a verdade. Rejeite os ensinamentos dos Sith e você terá clareza e
compreensão.
— A clareza vem do sofrimento. — disse Karrid. — Você aprenderá
essa lição em breve.
Ouviu passos enquanto ela se afastava dele, depois a ouvia falar com
outra pessoa, provavelmente a sua aprendiz Sith de puro sangue.
— Fique aqui com os interrogadores. Vigiem o Jedi. Não o subestime, e
tomem cuidado com as trapaças através da Força.
— Como desejar, Mestra. — respondeu uma voz feminina.
— Falaremos novamente quando eu voltar. — Karrid gritou para ele. —
Depois de algumas horas na mesa, ficará mais cooperativo.
Gnost-Dural não estava ciente de sua partida enquanto os interrogadores
ligavam a máquina e seu mundo se tornava dor.

No corredor do outro lado da sala de interrogatório, Karrid fez uma pausa


longa o suficiente para saborear os gritos de seu ex-mestre antes de
continuar. A segurança dela não tinha encontrado nenhum outro
clandestino, embora não tinha esperança de encontrar. Entrar furtivamente
em sua nave era uma missão fadada ao fracasso, como evidenciado pela
captura de Gnost-Dural. Sentiu que era muito mais provável que a presença
dele fosse um subterfúgio; um sacrifício suicida para desviar a sua atenção
da ameaça real.
Esperava que o Kel Dor poderia se dobrar mais facilmente, mas não
esperava assim, também. Até o maravilhoso dispositivo de Darth Mekhis
precisaria de tempo para desgastar um Mestre Jedi. Mas, eventualmente, ele
lhe contou tudo o que ela queria saber: com quem estava trabalhando; como
sabia encontrá-la na Estação Ceifador; por que encenaram o falso ataque da
República. Até então, ela manteria a Lança Ascendente em patrulha
profunda, a salvo de qualquer conspiração que a República tivesse
preparado para destruí-la. Mas essa não era a única precaução que estava
tomando.
Pegou o turboelevador até o convés A, onde os oficiais de mais alto
escalão tinham os seus aposentos particulares. Lá, encontrou as novas
adições à sua equipe prontas e aguardando por sua chegada.
Lorde Quux era um puro sangue de pele vermelha; Lorde Ordez era um
humano de pele escura. Eles haviam chegado à Estação Ceifador para jurar
lealdade a mais nova membro do Conselho Sombrio, embora Karrid
inicialmente relutasse em recebê-los a bordo de sua nave, por medo de que
um dia ficassem tentados a tentar tirá-la dela.
No entanto, o ataque de Gnost-Dural a fez reconsiderar a sua posição.
Agora que estava no Conselho Sombrio, esperava que houvesse outras
tentativas contra sua vida, se não pelos Jedi, então pelos rivais dentro do
Império. Percebendo que seria sensato manter um par de guerreiros bem
treinados ao seu lado o tempo todo, enviou um transporte para a estação
para recuperá-los.
— Confio que as suas acomodações são do seu agrado?
— Requintado. — respondeu Lorde Quux, enquanto Lorde Ordez só
inclinava a cabeça para mostrar que aprovava.
— Venha comigo. — ela disse a eles. — Nós devemos começar o seu
treinamento.
— Treinamento, Darth Karrid? — perguntou Lorde Quux.
— Se você quer me servir, deve aprender a servir também o minha nave.
— disse ela. — Prometo que você achará a experiência... gratificante.
A FERIDA DE FACA NO OMBRO DE TEFF'ITH mal a incomodou
enquanto trabalhava nos controles da Prosperidade, trazendo o transporte
para fora do hiperespaço para além da sombra massiva projetada pelo poço
de gravidade de Coruscant.
O mundo capital da República pairava diante dela em toda a sua glória,
um mundo urbano com quase um trilhão de pessoas na superfície. As quatro
luas que orbitam o planeta estavam quase perdidas entre os satélites
artificiais que rodopiavam ao redor dele. Estações espelhadas maciças
coletavam e redirecionavam a luz e o calor do sol de Coruscant para os
polos, transformando cada centímetro quadrado da superfície em terra
habitável. As esferas de habitação ponderadas circularam lentamente o
mundo, aumentando a população oficial em outros cem bilhões. E as
estações espaciais gigantes direcionavam o fluxo interminável de milhares
das naves chegando e partindo.
Teff'ith apenas olhou pela janela da cabine. Fazia quase dois anos desde
que ela esteve aqui pela última vez... não desde o seu primeiro encontro
com Theron. Tinha esquecido o quão avassalador o planeta mais
densamente povoado da galáxia poderia ser quando visto de cima. O bipe
incessante do comunicador do transporte finalmente a tirou do nevoeiro e
ela estendeu a mão para abrir o canal.
— Prosperidade, está na escuta? — A voz de um homem estalou. —
Aqui é a estação de controle de voo 473 de Coruscant. Prosperidade, por
favor, confirme.
— Aqui é a Prosperidade — respondeu Teff'ith, percebendo que o
transponder automático do transporte deve ter transmitido o registro
diretamente à estação espacial mais próxima para liberação após sua
chegada. — O que há de errado?
— Estou tentando te saudar por quase dois minutos completos. Pode
querer verificar o seu equipamento de comunicação.
— Entendido. — respondeu Teff'ith, sem saber o que mais dizer. Sabia
como contrabandear uma nave para Coruscant, mas não tinha ideia de quais
eram os protocolos para um desembarque legal na superfície.
— Você está procurando a superfície para pousar? — O homem
perguntou a ela depois de alguns segundos de silêncio.
— Entendido. — Teff'ith concordou.
Mais alguns segundos se passaram antes que o homem perguntasse:
— Você tem o seu destino? — Ele estava claramente ficando irritado.
— Os Jedi. — Teff'ith deixou escapar. — a Grã Mestra Satele.
Houve uma longa pausa do outro lado antes de o homem responder:
— Você está liberada para pousar no espaçoporto diplomático 27-B.
Transmitindo coordenadas agora.
— Entendido. — disse Teff'ith novamente.
— Câmbio e desligo.
Aliviada por pôr um fim à conversa embaraçosa, Teff'ith entregou a nave
ao piloto automático, permitindo que traçasse o seu próprio curso até a
superfície. Ficou surpresa por não ter que esperar em algum tipo de fila ou
pousar em uma das estações espaciais orbitais para algum tipo de
verificação antes do pouso. Mas então se lembrou de qual transporte estava
voando e percebeu que provavelmente recebera algum tipo de serviço
prioritário especial.
A nave mergulhou na atmosfera de Coruscant, com o piloto automático
saindo na rota de voo oficialmente designada para a mais próxima,
enquanto a acelerava rapidamente para a superfície. A nave sacudiu um
pouco quando entrou, resultado do dano sofrido ao atravessar as portas do
hangar durante a sua fuga do porto de Jigani. Mas Teff'ith mal percebeu,
com a sua atenção focada na queda inimaginável de edifícios, velozes e
pessoas na superfície.
Coruscant era verdadeiramente uma maravilha da galáxia. Haviam
outros mundos com paisagens urbanas intermináveis, como a lua de Nar
Shaddaa, controlada pelos Hutt, mas nenhum deles rivalizava com a capital
da República. Os prédios mais altos e grandiosos do mundo, os Hutt teriam
ficado empequenecidos até mesmo pelas menores torres do céu de
Coruscant. A sensação geral de Nar Shaddaa era de claustrofobia: apertada
e cheia. O efeito de Coruscant foi quase exatamente o oposto, as torres
erguendo-se para sempre no céu e os fluxos intermináveis de tráfego que
desapareciam no horizonte fizeram o mundo parecer ainda maior e mais
grandioso do que realmente era.
O piloto automático tocou suavemente, indicando que estava chegando
ao seu destino. Teff'ith mudou para o controle manual quando viu o
espaçoporto abaixo dela. Não confiava em pilotos automáticos para descer
uma nave sem problemas na melhor das hipóteses, e temia que o casco
danificado da Prosperidade pudesse atrapalhar os seus sistemas
precisamente calibrados.
O espaçoporto diplomático 27-B era um arranjo de meia dúzia de
plataformas de aterrissagem circulares em círculo sobre um prédio muito
grande e com teto plano. No centro dos patamares, havia uma pequena
estrutura que Teff'ith supunha abrigar um elevador que levava ao interior do
edifício, junto com um punhado de seguranças. Um par de pequenos
speeder estava estacionado em um canto do lugar, com espaço suficiente
para acomodar vários outros speeders.
A nave pousou com um leve baque e Teff'ith desligou os motores. Viu
dois homens de uniforme oficial, um carregando um rifle blaster, o outro
armado com uma pistola, saindo da estrutura central em direção da sua
embarcação, confirmando que pelo menos metade de sua hipótese estava
certa.
Assim como Gorvich disse. Estão vindo para nos prender.
Considerou brevemente ligar o transporte novamente e decolar, mas
tinha chegado longe demais para voltar agora. Esperou que os guardas
estejam dispostos a ouvir a razão.
Quando desceu a rampa de embarque, os dois homens estavam
esperando pacientemente. Entendeu como um bom sinal de que nenhum
deles havia se preocupado em preparar sua arma ainda.
— Senhorita, há mais alguém no seu transporte? — Perguntou o que
estava com a pistola.
Teff'ith balançou a cabeça. Podia ver os guardas trocando um olhar de
conhecimento, e ela viu os seus músculos tensos um pouco.
— Este é o seu transporte, senhorita? — O segundo quis saber.
— Não é nossa. Pertence a um Jedi. Gnost-Dural.
— E onde está o Mestre Gnost-Dural, senhorita?
Se os guardas tivessem tentado intimidá-la ou intimidá-la, não teria
problemas para lidar com eles. Mas achava essa polidez implacável, com a
sua corrente de suspeita pouco velada, estranhamente alarmante.
— Gnost-Dural não está aqui. Deu transporte para nós. Temos uma
mensagem urgente para a Grã Mestra Satele Shan.
— Quem somos nós, senhorita? — perguntou aquele com a pistola. —
Eu pensei que você disse que estava sozinho.
Teff'ith revirou os olhos.
— Nós somos eu. Ninguém mais. Só eu. — Ela colocou uma ênfase
excessivamente pesada no pronome final.
— Você tem alguma identificação, senhorita?
— Nós... eu... não tivemos tempo para perguntas estúpidas. — ela
retrucou, com a sua compostura finalmente deslizando. — Tenho que ver a
Grã Mestra Shan agora.
Os guardas se entreolharam, depois de volta para ela.
— Se você tem uma mensagem para ela, pode nos dar. Vamos garantir
que ela entenda.
Teff'ith balançou a cabeça.
— Tem que ser dada pessoalmente. Agora!
Os guardas devem ter trocado algum tipo de sinal tácito, porque de
repente os dois estavam com as armas apontadas para ela.
— Senhorita, por favor, remova o seu blaster e coloque-o no chão.
Lentamente.
Teff'ith fez como instruída.
— Senhorita, você precisa vir conosco.
— Nós vamos com você. — disse Teff'ith, tentando parecer calmo em
vez de um lunático delirante. — Mas você envia uma mensagem para a Grã
Mestra Shan. Diga a ela que Theron nos enviou.
Enquanto o guarda com o rifle blaster mantinha a arma apontada pra ela,
o outro guardou a pistola no coldre e veio pegar a arma no chão. Então deu
um rápido tapinha nela, tomando cuidado para evitar o ferimento no ombro
dela. Para a sua surpresa, não deu um tapa em suas algemas, apenas a pegou
pelo cotovelo e a levou para dentro da pequena estrutura no meio do
espaçoporto, com o seu parceiro seguindo atrás com a arma ainda em
prontidão. Ficou claro que eles não confiavam nela, mas desde que chegara
no transporte do Mestre Jedi, hesitavam em tratá-la como uma criminosa
comum.
Como Teff'ith suspeitava, havia um elevador na parte traseira da
estrutura, junto com duas cadeiras e um holo terminal. A única porta era a
que eles tinham acabado de entrar, embora houvesse duas pequenas janelas
em cada uma das paredes laterais.
— Sente-se, senhorita. — disse o guarda em seu cotovelo.
Ainda esperando poder argumentar com eles, fez o que instruiu.
— Envie uma mensagem para a Grã Mestra Shan. — ela o lembrou. —
Você nos prometeu.
— Apenas tente se manter a calma, senhorita. Nós vamos resolver isso.
— Não há nada pra resolver. — disse ela, levantando-se da cadeira. —
Ligue para a Shan!
O guarda com o rifle blaster deu um passo pra trás, com a arma
levantada, enquanto o outro avançava e segurava o cotovelo dela
novamente.
— Vamos fazer um pedido pelos canais adequados. — disse ele,
esperando acalmá-la enquanto tentava guiá-la de volta à cadeira. — Apenas
sente-se e relaxe. Alguém está a caminho.
Teff'ith deixou os ombros caírem e inclinou a cabeça quando começou a
se abaixar na cadeira. Pensando que estava resignada com o seu destino, o
guarda em seu cotovelo relaxou em seu aperto.
Em vez de se sentar, Teff'ith se soltou, puxando a pistola do coldre com
uma mão enquanto deslizava atrás dele, usando o corpo dele para protegê-la
do guarda com o rifle. Ao mesmo tempo, agarrou o pulso dele com a outra
mão, torcendo o braço para cima e para trás, enquanto apertava a pistola na
lateral do pescoço.
Aconteceu num piscar de olhos; o outro guarda nem teve tempo de gritar
de surpresa antes de Teff'ith ter seu parceiro à mercê dela.
— Deixe-o ir! — Ele disse, erguendo o rifle.
Teff'ith torceu o braço de seu escudo humano ainda mais atrás dele. Ele
grunhiu de dor quando olhou para o outro homem por cima do ombro.
— Você vai pra fora. Feche a porta. Volte, e seu amigo morre!
O guarda hesitou, e Teff'ith pressionou ainda mais a pistola no pescoço
do cativo.
— Escute ela! — Implorou. — Faça o que ela diz!
Mantendo a arma alta, o outro guarda recuou lentamente até ficar do
lado de fora do pequeno prédio. Ele esperou um momento, depois se
abaixou para o lado e saiu da linha de fogo de Teff'ith. Ela se preparou,
temendo que ele aparecesse no canto para dar um tiro nela. Mas a porta se
fechou quando ele bateu no painel de acesso na parede externa.
Teff'ith a empurrou em cativeiro pelas costas, fazendo-o tropeçar para
longe dela. Levantou o blaster e disparou, fritando o painel do
turboelevador e fazendo com que o homem soltasse um grito agudo quando
ele caiu no chão.
Recuando para o canto mais distante da sala, Teff'ith disse:
— Levante-se. Use a holo. Ligue para a Grã Mestra Shan.
— Eu... eu não sei como alcançá-la. — disse ele. — Não tenho esse tipo
de autoridade.
Ligue para o seu chefe. Ligue para o chefe do chefe. Coloque a Shan na
holo ou você morre.
— Tudo bem. — disse ele, levantando-se. — Certo, eu vou tentar.
Teff'ith não tinha ideia se o plano dela funcionaria. Sabia no Império que
eles preferiam deixar um refém morrer do que perturbar um Lorde Sith com
esse tipo de pedido. Esperava que as coisas fossem diferentes na República.
Nos cinco minutos que levou o guarda para executar o seu pedido até
uma cadeia de superiores, explicando a sua situação de cada vez, três
speeders vieram pousar no telhado do lado de fora, cada um carregando
mais quatro agentes de segurança armados.
Teff'ith ficou de olho no guarda na holo, enquanto o outro disparava de
um lado para o outro na direção das janelas, reunindo o poder de fogo,
imaginando quanto tempo ela teria até que tentassem invadir o prédio.
Quando estava prestes a desistir da esperança de acabar com isso sem
derramamento de sangue, o homem na holo disse:
— Eu a achei! Ela está aqui!
Teff'ith olhou para o rosto de uma mulher na holograma. Não tinha ideia
de como era a Grã Mestra Shan, embora pensasse que podia ver uma leve
semelhança no rosto de Theron.
— No canto. — disse ela, apontando com a arma. — Cara para baixo.
Você se mover, eu atiro.
— Não há necessidade de violência. — disse a mulher na holo, enquanto
o guarda cumpria as suas instruções. — Vamos tentar manter a calma.
— Eu tentei isso. — disse Teff'ith, mantendo a arma apontada para o
guarda no canto. — Ninguém ouviu. Violência é a única maneira de obter
resultados.
— Estou aqui agora. — disse a mulher, obviamente tentando acalmá-la.
— Estou ouvindo.
— Você é a Grã Mestra Satele Shan?
— Sou.
— Mensagem de Theron. Precisa de sua ajuda. Me enviou para lhe
contar.
Pela expressão no rosto da mulher, Teff'ith sabia que Satele era quem
alegava ser. Também sabia que Satele não tinha dúvida de que estava
dizendo a verdade.
— O que aconteceu? O que há de errado?
— Não aqui. — disse Teff'ith, balançando a cabeça. — Tem muitos
ouvidos. Em algum lugar privado.
— Você quer vir até mim? — Satele perguntou. — Ou devo ir até você.
Teff'ith olhou pela janela e viu mais de vinte guardas armados esperando
no telhado do lado de fora.
— Você vem aqui. Nós não vamos a lugar algum.
Trinta segundos depois de terminar a sua chamada de holo com Satele,
Teff'ith viu os guardas do lado de fora recuando e abaixando as armas,
embora nenhum deles tenha saído. Cinco minutos depois, outro speeder
pousou, este carregando uma única figura em uma túnica marrom.
Ignorando os guardas armados, ela pulou do speeder e caminhou
rapidamente na direção de onde Teff'ith estava escondida. Quando ela se
aproximou, a Twi'lek a reconheceu como a mulher da chamada holo. Ela
parou na porta.
— Sou a Grã Mestra Satele Shan. — disse ela.
— Levante-se. — disse Teff'ith ao homem ainda deitado no chão. —
Abra a porta.
Ele fez como instruído. Satele olhou da guarda, para Teff'ith, depois de
volta para a guarda antes de entrar.
— Vai. — disse ela ao guarda. — E leve o resto de seus amigos do CSF
com você. Este é um negócio Jedi.
O homem olhou para Teff'ith, depois fugiu para a liberdade quando ela
assentiu.
Satele fechou a porta atrás dele, selando os dois sozinhos na sala.
— Você não precisa mais dessa pistola. — disse ela.
Teff'ith olhou para a mão dela, surpreso ao perceber que ela ainda estava
segurando o blaster. Ela rapidamente colocou na cadeira ao lado dela.
— Você disse que Theron enviou você. — disse o Jedi. — Ele precisa da
minha ajuda.
— Gnost-Dural também. Tentei contar aos guardas. Não me ouviram.
— Conte-me tudo. — disse Satele. — Começando com o seu nome.
THERON ESTOUROU OS COMPRIMIDOS DE SAL E bebeu a
última água do seu segundo kit de ração, esperando que fosse suficiente
para manter o seu corpo hidratado e os seus músculos longe de cãibras por
mais algumas horas na sala de máquinas sufocante.
Estava quase terminando de mapear os sistemas de controle da Lança
Ascendente; só tinha um punhado de relés para descobrir. E, ao se
familiarizar cada vez mais com os sistemas, começou a escrever sub-rotinas
pré-programadas para interromper as operações da nave: uma para desativar
o hiperdrive; outra para derrubar os escudos; um terceiro para tirar fora os
sistemas de mira dos canhões a laser. Salvou cada sub-rotina quando a criou
em seu implante cibernético, armazenando-as eletronicamente para
referência posterior, da mesma maneira que pode memorizar uma lista de
nomes ou números usando a sua memória orgânica. Mais tarde, poderia
chamá-las e implantá-las em rápida sucessão contra Karrid e a sua nave,
dando à frota da República uma chance de lutar quando enfrentassem a
Lança sobre Duro.
Havia apenas um problema em seu plano: até agora não ouvira nada
sobre a Lança fazendo os preparativos para ir a Duro. Mestre Gnost-Dural
havia garantido a Theron que convenceria Karrid a ir para lá, mas Theron
não tinha como saber se o seu amigo estava vivo ou morto. E ouvia os
comandos emitidos de e para a ponte da embarcação desde que entrara nos
canais de comunicação, mas até agora não ouvira uma palavra sobre o Jedi,
e as únicas ordens que Karrid havia dado ao Lança eram: permanecer no
espaço profundo até que soubessem mais sobre o ataque fingido à Estação
Ceifador.
O seu ponto hackeador tocou, notificando-o de que havia terminado de
mapear o relé atual. Theron o desconectou e digitalizou os dados, as
informações transmitidas sem fio do ponto hackeador ao implante no olho
esquerdo, sobrepondo a imagem à visão normal.
Reconheceu um padrão familiar de um relê anterior, um que indicava
uma célula de retenção, completa com câmeras de segurança que forneciam
imagens ao vivo. A cela anterior pela qual Theron havia tropeçado estava
vazia. Bateu nas câmeras na esperança de ver Gnost-Dural, apenas para se
deparar com uma sala vazia. Não tinha pensado em procurar outra cela, no
entanto. Recolocando o ponto hackeador no relé, estabeleceu uma conexão
com as câmeras de segurança, projetando a imagem em sua sobreposição
visual. Desta vez, encontrou o que procurava.
Gnost-Dural estava vivo, amarrado a algum tipo de mesa. O seu roupão
e a maioria de suas roupas haviam sido arrancados; mesmo na imagem de
baixa qualidade, não havia como confundir o corpo exposto do Kel Dor.
Theron usou cuidadosamente o seu elo com a câmera para que se
movesse lentamente pela sala. O Jedi não estava sozinho. Além de um par
de soldados imperiais, havia também uma Sith fêmea puro sangue na sala o
vigiando. Por suas vestes negras e tatuagens faciais, não era difícil supor
que era uma seguidora do lado sombrio. Ela provavelmente era aprendiz de
Darth Karrid, encarregada de garantir que o prisioneiro não escapasse.
Movendo a câmera de volta à sua posição original, Theron cortou a
alimentação. Não tinha ideia se os Sith seriam capazes de senti-lo
espionando-os através da Força, mas não queria se arriscar. Além disso, viu
tudo o que precisava ver.
A sua mente rapidamente percorreu as suas opções. Poderia tentar ajudar
o Jedi escapar, mas era isso que Gnost-Dural queria? Ele disse a Theron que
iria convencer Darth Karrid a ir para Duro; estava sendo capturado como
parte do plano? Ele conhecia a sua ex-Padawan bem o suficiente para
pensar que poderia manipulá-la para ir a Duro, permitindo que ela o
interrogasse? Era uma tática usada pelo SIE no passado, embora a taxa de
sucesso não fosse alta. Às vezes, o alvo via através do estratagema e se
recusava a morder a isca. Outras vezes, eles simplesmente matavam o seu
prisioneiro antes que a informação falsa pudesse ser fornecida a eles.
Não havia como saber se ser pego era, na verdade, uma aposta calculada
por seu parceiro ou se algo simplesmente deu errado com seu plano
original. Mas se algo desse errado, Theron percebeu que não havia muito
que pudesse fazer para ajudar. Poderia dominar os guardas ou os Sith
individualmente, mas duvidava que pudesse lidar com todos eles juntos. E
mesmo que tivesse, romper Gnost-Dural de sua prisão só alertaria Karrid
que o seu antigo mestre não era o único que se infiltrara na Lança. A nave
inteira entraria em confinamento até que ambos fossem encontrados.
Mais importante ainda, resgatar Gnost-Dural não fez nada para resolver
o problema de levar a Lança a Duro nas próximas doze horas. Se ser
capturado fosse parte de seu plano, resgatá-lo arruinaria tudo. Se não fosse,
eles estavam condenados de qualquer maneira. Por mais difícil que tenha
sido, Theron teve que deixar Gnost-Dural em mãos inimigas, confiando que
o seu parceiro sabia o que estava fazendo.
Tentando não pensar no que os imperiais fariam com os Kel Dor, voltou
ao trabalho, prendendo o ponto hackeador no próximo relê. Mas era
impossível afastar completamente o Jedi de sua mente. Se Gnost-Dural faria
algo para entregar a Karrid e a Lança nas mãos da República, ele teria que
fazê-lo em breve. O tempo estava se acabando.

Dessa vez, o tormento de Gnost-Dural foi frio. Não o frio do vento amargo
ou de um mundo congelado, mas o frio sombrio como sepultura. Podia
sentir a sua carne apodrecer e se deteriorar, a sua pele ficando tensa, os seus
ossos se tornando ocos e quebradiços antes de desmoronar em pó.
Quando o sofrimento terminou abruptamente e com misericórdia, a
mente de Gnost-Dural oscilou à beira da loucura, abalada por horas e horas
de tormentos indescritíveis. Enquanto procurava refúgio em um oceano de
demência e ilusão, uma pequena parte dele lutava para se agarrar aos
últimos fios de sua sanidade.
Se os Sith tivessem ordenado outro ataque imediato de tortura, iria
sucumbir, afundando nas profundezas da loucura. Em vez disso, ela
ordenou que os interrogadores parassem, talvez sentindo o quão perto ele
estava de estar perdido para sempre e sabendo das punições que Darth
Karrid infligiria se ela não descobrisse os seus segredos.
— Você está pronto para conversar agora, Jedi? — Ela perguntou.
Ainda lutando para separar a realidade das alucinações enlouquecidas de
dor que rastejavam nos cantos de sua mente, Gnost-Dural só podia
sussurrar:
— Chega. Chega.
— Você pode acabar com isso. — disse o Sith. — Diga a Darth Karrid o
que ela quer saber e o seu sofrimento acabará.
— Eu vou falar. — prometeu. — Chega... eu vou falar... chega... eu vou
falar... chega...
Afastando-se do murmurante Kel Dor, a aprendiz disse:
— Informe a Darth Karrid que o prisioneiro está pronto para ela.

Quando Darth Karrid chegou alguns minutos depois, Gnost-Dural havia


recuperado grande parte da compostura, apesar de ter o cuidado de
continuar fazendo o papel de uma vítima quebrada. Dado o seu estado atual,
era fácil entrar nesse papel.
— Chega... eu vou falar. — ele murmurou ao ouvir os passos familiares
de Karrid se aproximando. — Eu falarei.
— Eu disse que quebraria você. — A Falleen sussurrou em seu ouvido.
— Agora que você experimentou o poder do lado sombrio, pode entender
por que deixei os Jedi para seguir a Malgus.
— Eu vou falar. — respondeu o Jedi. — Chega... eu vou falar.
— Por que você veio a bordo do minha nave? — Karrid perguntou. —
Por que enfrentar a mim e aos meus aprendizes? Por que entrar em uma
batalha que você sabia que não poderia vencer?
— Uma distração. — Gnost-Dural respirou. — Manter você longe.
— Longe? Longe do que?
— Duro. O ataque a Duro.
— Como você sabe disso?
Embora cego sem os óculos de proteção, sabia que Karrid o observava
atentamente. Estudando ele; analisando as suas palavras para ver se estava
mentindo. A melhor maneira de impedir que ela reconhecesse seu engano
era misturar fato e ficção; semeie suas mentiras com pedaços de verdade.
— O código sombrio. Nós deciframos as codificações.
Ele sentiu Karrid de repente se endireitar, chocada com a notícia.
— Foi assim que a encontramos. — continuou Gnost-Dural. —
Interceptamos uma mensagem de que você estava indo para a Estação
Ceifador.
— Há quanto tempo você tem o código? — ela exigiu, agachando-se ao
lado dele novamente.
— Desde Ziost.
Não precisava dizer mais nada para ela saber do que estava falando. E
quanto menos ele dissesse, mais difícil seria para ler ele.
— Você veio para a estação, me atacou na minha nave, encenou uma
invasão falsa da Frota da República... tudo para garantir que não
estivéssemos em Duro?
— Estávamos com medo de você. — disse Gnost-Dural, alimentando o
seu ego. — A República está fazendo uma emboscada em Duro.Mas não
temos naves suficientes para derrubar a Lança. Você viraria até a batalha
contra nós.
— A minha nave nunca fez parte da frota em direção a Duro. — disse
Karrid, e ouviu a suspeita em sua voz.
— Você está no Conselho Sombrio. Você escolhe o seu próprio caminho.
— explicou Gnost-Dural, lembrando-se de como ela era tão obstinada como
a sua Padawan era quanto tocava ainda mais o orgulho dela. — Temíamos
que você desafiasse a vontade do Ministro da Guerra e viesse a Duro para
reivindicar a sua parte da glória.
— Então por que você está me dizendo isso agora? — Karrid pergunta.
— Você está esperando que eu lhe mostre piedade?
Gnost-Dural tentou rir, mas tudo o que saiu foi uma respiração oca e
assombrada.
— O meu plano deu certo. — ele disse, oferecendo a última parte da
isca. — É tarde demais. Estamos muito longe. Você nunca chegará a Duro a
tempo da batalha.
Agora foi a vez de Karrid rir.
— Você está errado, mestre — ela zombou. — Você não tem ideia de
quão rápido minha nave realmente é. Quando a República colocar a sua
armadilha em Duro, estaremos lá!
Karrid levantou-se e foi em direção à porta.
— Vigiem ele. — disse ela. — Chega de tortura. Quero-o vivo e são,
para que ele possa testemunhar a destruição de Duro e da frota da
República.
— Devemos enviar uma mensagem para avisar a Moff Nezzor sobre a
emboscada? — Perguntou a aprendiz.
— A República quebrou os códigos cifrados. — retrucou Karrid. —
Enviar a mensagem agora permitirá que saibam que estamos chegando. Eles
podem até abandonar o seu plano. Melhor sacrificar algumas de nossas
naves do que deixar a frota da República escapar.
— Perdoe-me, Mestra. — respondeu a aprendiz. — Ainda há muito o
que aprender.
— Diga a Moff Lorman para definir um curso para Duro, velocidade
máxima. — ela ordenou antes de sair da sala.
Fiz tudo o que posso, Theron, o velho Jedi pensou. Agora depende de
você.

No fundo das entranhas da sala de máquinas, Theron finalmente ouviu as


ordens que esperava da ponte.
— Defina um curso para Duro.
Uma sirene tocou três vezes na nave, o sinal para a tripulação se
preparar para o salto para o hiperespaço. Um instante depois, o núcleo do
hiperdrive começou a uivar à medida que aumentava na sua potência total.
Ele conseguiu! De alguma forma, o Mestre Gnost-Dural conseguiu!
Theron redobrou seus esforços, sabendo que tinha que terminar de
mapear os relés para que a emboscada tivesse alguma chance de derrubar a
Lança Ascendente.. supondo que realmente houvesse uma emboscada.
Gnost-Dural havia feito o seu trabalho, e Theron estava ocupado
fazendo o dele. Mas nada disso importaria se Teff'ith e Satele não
conseguissem convencer Jace a enviar uma frota da República para Duro.
— NÃO! — JACE DISSE, batendo com o punho na parte de trás do sofá
em que estava parado. — Isso é uma loucura!
A ligação de Satele o acordou no meio da noite. Quando lhe disse a ele
que estava vindo imediatamente para vê-lo, ainda estava muito confuso com
os drinks que compartilhou com Marcus antes para fazer qualquer pergunta
ou protestar. Não que tivesse recusado o pedido dela. Ele e Satele haviam
conversado muitas vezes desde que ela terminara o relacionamento, dado os
respectivos papéis na República e na Ordem Jedi, isso era inevitável. Mas
as suas reuniões sempre eram oficiais, realizadas em escritórios ou salas de
reunião. Ela nunca tinha ido ao apartamento dele antes, então sabia que
qualquer negócio que ela tivesse era urgente; a Grã Mestra da Ordem Jedi
não era uma mulher propensa a reação exagerada.
Quando ela apareceu na porta dele, a mente de Jace estava certa o
suficiente para adivinhar do que se tratava, de alguma forma, ela descobriu
sobre Theron, a Lança e o iminente ataque a Duro que estava a menos de
dez horas de distância. Esperava que ela tentasse convencê-lo a desistir de
seu plano. O que ele não esperava era a bandida de rua Twi'lek desalinhada
a qual acompanhava a Grã Mestra, nem a história louca que contou.
— Você sabe quantas leis e regulamentos que Theron violou ao te
prender nisso? — Ele gritou pra ela.
Satele e a Twi'lek estavam de pé lado a lado no meio da sala, uma frente
unida se opondo a ele.
— Theron pode ser submetido a corte marcial. — Jace continuou, saindo
de trás do sofá e se movendo em direção a eles enquanto a sua voz ficava
cada vez mais alta. — Preso. Isso está chegando à traição!
— Você grita com ele, não eu! — Teff'ith retrucou, mantendo-se firme e
recusando-se a ser intimidada por sua tagarelice.
— Nada disso importa agora. — disse Satele. — Theron e o Mestre
Gnost-Dural levarão a Lança Ascendente a Duro. Você precisa estar lá
esperando por eles.
— Você não sabe disso. — Jace disse. — Você acabou de conhecer essa
Twi'lek. Pelo que sabemos, ela é uma agente imperial que nos leva a algum
tipo de armadilha.
— Eu posso sentir a verdade em suas palavras. — assegurou Satele.
Jace bufou.
— E você não poderia estar errada, porque nenhum Jedi na história
jamais foi traído por alguém próximo a eles. Você Jedi pode ver mais do
que o resto de nós, mas não vê tanto quanto pensa.
— Às vezes somos cegos quando se trata de pessoas próximas a nós. —
admitiu Satele. — Mas estou certa sobre isso. — acrescentou ela com a
calma resoluta que Jace achou tão irritante quando estavam juntos. —
Podemos confiar em Teff'ith.
— Mesmo que ela esteja do nosso lado, ainda não sabemos se a Lança
realmente aparecerá em Duro. Ela não pode nem nos dizer o que Theron e
Gnost-Dural estavam planejando.
— Não havia plano. — explicou Teff'ith. — Estão improvisando pelo
caminho.
— Isso é ainda pior! — Jace gritou, afastando-se deles para andar pela
sala de estar. — Você não pode simplesmente improvisaro o seu caminho
com algo assim.
— Não subestime o Mestre Gnost-Dural. — alertou Satele. — Darth
Karrid foi a sua aprendiz por muitos anos. Ele conhece a sua mente e
personalidade melhor do que ela.
— Então por que ele não sabia que ela iria desertar para os Sith? — Jace
desafiou.
— Nós conhecíamos o risco. Mas decidimos que valia a pena aproximar
alguém de Malgus. — disse Satele. — O Gnost-Dural encontrará uma
maneira de fazer Darth Karrid levar a Lança para Duro.
— Eu gostaria de ter sua confiança. — Jace disse, balançando a cabeça.
— Mas mesmo que ele a mande enviar a Lança, não podemos enfrentá-la
com força total. Theron deveria sabotar a nave, mas não temos ideia do que
fez. Mesmo que consiga plantar o vírus nos sistemas da Lança, não temos
como ativá-lo sem saber em que frequência transmitir o código.
— Theron vai encontrar um jeito. — assegurou Satele. — Talvez ele
próprio desencadeie o vírus.
— E talvez ele não faça. Se eu enviar uma frota para Duro e a Lança
aparecer com força total, seremos massacrados junto com os civis do
planeta.
— Envie duas frotas! — Teff'ith deixou escapar. — Envie cinco. Envie
dez! Até a Lança não pode vencer então.
— Não temas naves suficientes no setor. — disse Jace. — E mesmo se o
fizéssemos, enviar ordens para que todos convergissem para Duro ao
mesmo tempo daria uma dica ao Império. Eles saberiam que estávamos lá e
cancelariam o ataque.
— Pelo menos Duro seria poupado. — Satele entrou na conversa.
— Duro é irrelevante. — disse Jace. — Trata-se de parar a Lança. É
sobre vencer a guerra.
— A República não vence se não protegermos o nosso povo. — disse
Satele. — Nós não somos o Império. Você costumava entender a diferença.
Jace se irritou com as suas palavras.
— Foi por isso que você me deixou? Foi por isso que você não me disse
que Theron era nosso filho?
Ele ouviu um leve suspiro de Teff'ith quando ela reagiu à revelação, mas
ignorou a Twi'lek, com a sua atenção focada na Grã Mestra Shan.
— Vi a guerra mudar você. — disse Satele. — Eu vi você seguindo um
caminho que não podia seguir. Tentei ajudá-lo, mas percebi que só estava
sendo arrastada com você.
— Então você me abandonou.
— Eu pensei que os nossos sentimentos um pelo outro estavam piorando
as coisas. Eu tinha medo que, se você soubesse que tinha um filho, o seu
desejo de protegê-lo a qualquer custo o levaria para ainda mais longe
naquele caminho sombrio.
— É assim que você realmente me vê? — Jace perguntou. — Como
algum tipo de monstro?
Satele balançou a cabeça.
— Nem sempre eu concordo com as suas decisões, mas sei que você é
um bom homem. O ódio e a raiva fazem parte de você, mas não o
consumiram.
A Jedi suspirou.
— Eu costumava acreditar que era por causa do que havia feito.
Afastando-me de você, escondendo o seu filho de você, eu costumava dizer
a mim mesma que essas ações o salvavam de si mesmo.
— E o que você acha agora?
Satele hesitou, com os seus olhos mudando do chão momentaneamente,
como se não pudesse suportar encontrar o olhar de Jace.
Ela tem vergonha? Jace se perguntou.
— Agora eu não sei. — disse ela.
Ela olhou pra ele novamente, lutando para manter a reserva apropriada
para um Grã Mestra Jedi. Mas Jace a conhecia bem o suficiente para ver o
que havia sob a sua máscara estoica: arrependimento, incerteza,
insegurança.
— Talvez eu estivesse errado em esconder Theron de você. Talvez eu
tenha piorado as coisas.
Houve um longo silêncio, finalmente quebrado por Teff'ith.
— Mãe Grã-Mestra Jedi, pai Supremo Comandante. Agora entendemos
por que o Theron é tão confuso. Então você está enviando uma frota, ou
não?
Quando Jace não respondeu, Satele falou.
— Você não pode deixar Duro ser saqueada. — disse ela. — Eu te
conheço, Jace. Você nunca será capaz de viver consigo mesmo. Isso vai te
destruir.
— Vale a pena se segurar a nossa frota o que significa que ainda temos
uma chance de derrubar a Lança — disse ele teimosamente.
— Se você enviar a frota e a Lança Ascendente não estiver lá, salve
Duro. — disse Satele, tentando argumentar com ele. — Se você não enviar
uma frota, e Karrid estiver lá, perderá Duro e a sua melhor chance de
derrubar a Lança.
— Escolha fácil. — concordou Teff'ith.
— Você está esquecendo da terceira opção. — Jace disse a eles. —
Enviamos uma frota, a Lança está lá, mas Theron falha em sua missão.
Então perdemos tudo, a nossa chance com a Lança, Duro e a nossa frota.
Você está me pedindo para arriscar tudo isso com uma fé cega de que
Theron terá sucesso. O Comandante Supremo não tem o luxo da fé cega.
— Não é fé cega. — assegurou Satele. — É fé em Theron. Fé em nosso
filho.
Jace olhou para o chão, apertando e soltando as mãos. Ele sabia o que
queria fazer, mas essa era a decisão mais importante que já tomou. Não
podia se dar ao luxo de estar errado.
— Suponho que você não tenha tido algum tipo de visão. — Ele disse a
Satele. — Algo nos dizendo o que devemos fazer?
— A Força não me mostrou o que vai acontecer. — admitiu Satele. — O
futuro está sempre em movimento.
— Poderia ter mentido. — Teff'ith murmurou.
— Confie no seu coração. — disse Satele.
— Não é uma coisa muito Jedi de dizer. — Jace disse.
— Você não é um Jedi. — ela o lembrou.
O Comandante Supremo respirou fundo e depois soltou o ar lentamente.
Ele lutava contra os Sith por quarenta anos: lutando pela República, lutando
pelos homens e mulheres que entraram em batalha ao lado dele, lutando
pelo futuro de toda a galáxia. Mas agora que ele sabia que tinha um filho,
ele tinha outra coisa pela qual lutar. Theron estava contando com ele, e ele
não iria decepcioná-lo.
— Vou enviar a frota. — disse ele. — Agora saia do meu apartamento
para que eu possa me trocar. Preciso estar na minha capitânia dentro de uma
hora ou não chegaremos lá a tempo.
— Você está liderando a frota? — Teff'ith perguntou, claramente
surpresa.
— Se Darth Karrid não aparecer, a chanceler Saresh exigirá a minha
renúncia por estragar esta missão de qualquer maneira. Poderia muito bem
sair nas chamas da glória.
— Também vou. — declarou Satele.
— Esqueça. — Jace respondeu. — Não estamos arriscando o
Comandante Supremo e a Grã Mestra da Ordem Jedi na mesma missão.
— Servimos a República. — ela lembrou. — e essa missão é crítica para
o esforço de guerra. Se houver uma chance de eu poder ajudar, preciso estar
lá.
— E a Ordem é forte o suficiente para sobreviver à minha perda se algo
acontecer. — ela assegurou. — Assim como os militares podem sobreviver
aos seus.
— Boa sorte. — disse Teff'ith.
— Você está vindo também. — Jace disse a ela.
— O que? Por que nós?
— Estou arriscando tudo com a sua história, mas ainda sou o
Comandante Supremo da República. Eu ainda tenho responsabilidades. Se
você for realmente uma espiã imperial armando pra nós, deixá-la ir tornaria
as coisas ainda piores. Então não vou deixar você longe da minha vista até
que tudo isso acabe, só por precaução.
— É melhor Theron estragar a Lança muito bem. — resmungou Teff'ith.
— Não quero explodir em pedaços.
— Você não é a única. — Jace concordou.

Os uivos do hiperdrive dificultavam a concentração, mas Theron ainda era


capaz de explorar os sistemas de navegação da Lança para ter uma ideia de
onde eles estavam. A princípio, pensou que não havia como chegar a Duro
a tempo, mas a nave estava se movendo a velocidades que estava tendo
problemas para acreditar. Checou e checou de novo os dados, imaginando
se havia algum erro em algum lugar. Estudou os sistemas de hiperdrive, e
não deveria ter sido possível que estivessem se movendo tão rápido. Não
sem alguma fonte de energia externa impulsionasse o sistema.
Darth Karrid.
Acompanhando o seu progresso de antes, percebeu que a velocidade da
nave havia saltado quando os sistemas de seu comando pessoal se ativaram.
Os motores estavam realmente drenando mais energia dela, o elo simbiótico
entre Sith e a nave canalizando energias do lado sombrio através de Karrid
para aumentar as habilidades da Lança.
Com um pressentimento, percebeu que, mesmo com todo o tempo que
passara mapeando as redes e estudando a nave, ainda não tinha nenhum
conceito real do potencial total da Lança Ascendente. A nave de Darth
Karrid pode ser um inimigo formidável demais para a frota da República.
Theron esperava que a chance de vitória da República não estivesse
perdida.
ENCERRADA DENTRO DA ESFERA DE CRISTAL da sua cápsula de
comando, Darth Karrid podia sentir o poder da Lança Ascendente
percorrendo os fios presos aos implantes em seu pescoço, rosto e crânio. Os
fios se contorceram e torceram como se estivessem vivos, pulsando com
energia e combinando com o ritmo de seu coração acelerado, que enviou
sangue correndo por suas veias.
A sua excitação era mais do que a antecipação da batalha que se
aproximava. Guiar a nave pela paisagem extra-dimensional do hiperespaço
era emocionante, uma emoção além de qualquer outro prazer físico ou
mental. Transcendeu a sua concha de carne e osso, tornando-se uma com a
Lança Ascendente, enquanto planetas e estrelas passavam por ela por todos
os lados, mais sentidos do que vistos, desaparecendo de sua consciência em
segundos, enquanto eram deixados trilhões de quilômetros atrás dela.
Podia sentir a presença de seu aprendiz e de seus dois novos
companheiros fora dos limites do casulo, enquanto se alimentava deles para
melhorar e aumentar sua conexão com o lado sombrio... e com a nave. No
entanto, ela percebeu que, ansiosa como ela estava em chegar a Duro, ela
precisava andar sozinha. Seu segundo aprendiz ainda estava vigiando
Gnost-Dural, e embora Lorde Quux e Lorde Ordez fossem fortes, eles ainda
não estavam acostumados à tensão única de apoiá-la enquanto ela
controlava a Lança. Ela tinha que tomar cuidado para não esgotá-los antes
da batalha.
A nave diminuiu um pouco em resposta à sua diretriz tácita, permitindo
que conservasse as suas forças enquanto continuavam a chegar ao seu
destino.

Moff Nezzor, comandante da nave imperial Extempus, aproveitou os


momentos antes de liderar sua frota para a batalha. O ataque ao mundo
agrícola de Ruan foi uma vitória gloriosa, mas ficaria pálido em
comparação com a devastação que planejava desencadear contra Duro.
Como no ataque anterior a um mundo da República desavisado e
levemente defendido, o plano era elegante em sua simplicidade. Bater nos
estaleiros de Duro para prejudicar a produção, bombardeiar as cidades em
órbita para causar o máximo de danos e baixas e, em seguida, recuar antes
que os reforços da República no setor possam responder à ameaça.
Nezzor aprovou essa recente mudança nas táticas imperiais. Enquanto
alguns, como Davidge, o imponente Ministro da Logística, podem
argumentar que o Império ganha pouco benefício tangível com um ataque a
Duro, o Grão Moff entendeu o valor psicológico de atingir alvos fáceis com
o objetivo principal de massacre e caos. E, pessoalmente, preferia um
ataque sem oposição contra um mundo civil densamente povoado a um
longo envolvimento contra os defensores da República sobre um planeta
rico em recursos e com alto valor estratégico a longo prazo.
— Dois minutos para Duro, Moff Nezzor. — informou o navegador
sentado do outro lado da ponte.
— Prepare um canal de comunicação geral. — ordenou Nezzor, ansioso
para começar a emitir ordens para direcionar o ataque de sua frota no
instante em que saírem do hiperespaço.
— Sim, senhor.
Um sorriso apareceu nos lábios finos e rachados de Nezzor.
Sentiu a familiar onda de desaceleração, e o campo de estrelas do lado
de fora da janela da ponte se transformou do branco sólido em campo de
estrelas do espaço real. Eles chegaram às margens do sistema Duro, longe o
suficiente da gravidade do sol, mas ainda a poucos minutos do próprio
mundo. Mas, em vez de ver o planeta homônimo e as suas cidades em
órbita à distância, impotentes e à mercê deles, Moff Nezzor se viu diante de
uma frota inteira da República estendida diante dele, preparada para a
batalha.
Impossível! ele pensou, gritando.
— Escudos completos! — mesmo enquanto o inimigo abriu fogo.

Jace Malcom manteve os olhos cuidadosamente focados nos monitores de


batalha a bordo da ponte da Égide nos momentos antes do início da batalha.
Das transmissões cifradas interceptadas, sabia que o Império estava
enviando uma frota projetada para um ataque covarde: com a nave principal
de Moff Nezzor a Extempus, um transporte da classe Delta com um
conjunto completo de duas dúzias de Interceptadores, dois Encouraçados e
três Destroiers.
No lado da República, Jace convocou todas as naves militares do setor:
três naves principais, incluindo a Égide, quatro Hammerheads, seis corvetas
e quatro esquadrões de apoio de oito caças Trovoada cada. O Império foi
superado por uma margem maior que três para um, mas Jace não estava se
arriscando. Se a Lança Ascendente estava com eles, o Império tinha
vantagem.
Já havia dado aos comandantes das outras naves principais a ordem de
concentrar seu fogo exclusivamente na Lança no instante em que saísse do
hiperespaço, na esperança de causar algum dano significativo antes que
Karrid pudesse ativar os seus escudos. Ao mesmo tempo, o resto de sua
frota se concentraria na Extempus e nos imperiais restantes.
O monitor começou a piscar com as embarcações imperiais piscando no
escâner enquanto saíram do hiperespaço. As Hammerheads e as corvetas
abriram fogo contra o inimigo, mas, por ordem de Jace, as naves principais
pararam, esperando a Lança.
A Extempus sofreu vários ataques diretos antes de seus escudos
aparecerem, dando-lhe um alívio momentâneo. Um Destroier explodiu
quando um tiro de sorte de uma das corvetas rompeu o núcleo de
hipermatéria. Os outros Destroiers, os Encouraçados e o transporte
conseguiram escapar de danos significativos no ataque inicial.
Jace continuou olhando fixamente para a tela, tentando fazer a Lança
Ascendente se materializar. Os Trovoadas mergulharam na briga, dois
esquadrões enxamearam a Extempus enquanto os outros dois foram para um
dos Encouraçados. As corvetas desceram sobre o transporte, tentando
desativá-la antes que pudesse implantar os Interceptadores em seu porão.
— Comandante Supremo Jace. — O almirante Gorwin transmitiu por
rádio de uma das outras naves principais. — Nenhum sinal da Lança
Ascendente. Permissão para envolver outros alvos.
— Permissão concedida. — Jace rosnou, com as suas mãos segurando
os braços da cadeira de comando com tanta força que os nós dos dedos
ficaram brancos.
Ele se virou para onde Satele e Teff'ith estavam em um canto da ponte.
— Darth Karrid está chegando. — assegurou a Jedi.
— Não podemos esperar mais. — Jace respondeu. — Não, se queremos
minimizar as baixas da República.
Virou-se para o terminal de comunicação que o ligava às outras seções
da nave. — Concentre o fogo na Extempus. Faça Nezzor pagar pelo que ele
fez com Ruan.

A ponte da Extempus estava escura, iluminada apenas pela fraca iluminação


de emergência e pelo brilho dos painéis dos consoles que ladeavam o
perímetro.
— Acabamos de perder a Dravilla — informou o seu primeiro oficial.
Do lado de fora da janela, Moff Nezzor podia ver o Destroier
condenado, envolvido em uma série de explosões.
— Situação do escudo. — ele exigiu.
— Menos de vinte por cento.
Nezzor viera esperando um massacre. Ele encontrou um, mas não havia
como negar que estava do lado errado. Mesmo sem a vantagem da surpresa,
a força da República que estava enfrentando teria esmagado a sua frota.
Mas se ele ia morrer, não seria ao tentar recuar.
— Defina um curso para a cidade orbital mais próxima. — ele ordenou.
— Velocidade máxima a frente.
O timoneiro hesitou antes que uma vida inteira de treinamento imperial
o obrigasse a obedecer à ordem de suicídio.
— Sim, senhor.
Se essa era a batalha final de Nezzor, ele levaria o maior número
possível de vidas da República.

Jace viu a Extempus mudar de rumo e acelerar, embora tenha levado alguns
segundos para perceber o que Nezzor estava planejando.
— Todos as naves, concentre-se totalmente na Extempus! — Ele gritou,
transmitindo suas ordens por toda a frota da República. — Eles estão
tentando colidir com as cidades!
Seguindo o seu comando, toda a frota da República, menos seis caças
que eram perdidos durante a batalha, se soltou de seus alvos e virou-se para
a capitânia imperial. Vendo a oportunidade, o resto da frota imperial
começou a recuar na direção oposta, tentando desesperadamente colocar
distância suficiente entre eles e as naves da República para ativar com
segurança os seus hiperdrives e escapar com vida.

Karrid se preparou para um momento de desorientação enquanto a Lança


Ascendente saiu do hiperespaço no sistema Duro. Embora demorasse só
uma fração de segundo para que os sensores se ajustassem às leis e
dimensões físicas do espaço real e voltassem a ficar ativos, em seu estado
de maior acuidade, o atraso pareceu uma eternidade. No instante em que
sua cegueira induzida pelo hiperespaço passou, conseguiu identificar a
localização de todos as naves em todo o campo de batalha.
A Lança apareceu bem além das margens do sistema Duro, e não onde
esperava que a emboscada da República envolvesse a frota de Nezzor. Os
restos sem vida de várias naves imperiais flutuavam silenciosamente ao
longe. Além deles, uma única embarcação, a Extempus de Nezzor, estava
correndo na direção a Duro, com naves da República os perseguindo. Os
remanescentes sobreviventes da frota imperial, um Encouraçado, um
Destroier e um punhado de Interceptadores, seguiam na direção oposta, em
direção a Karrid e às margens do sistema. Enfrentando enormes
probabilidades, escolheram abandonar o seu comandante e fugir da batalha.
Os dedos de Karrid bateram levemente no painel de controle no braço de
sua cadeira, enviando sinais disparando pelos fios ligados aos implantes
cibernéticos e indo para o própria nave. a Lança Ascendente respondeu aos
seus comandos mirando as naves imperiais que se aproximavam enquanto
abaixavam os seus escudos em preparação para o salto para o hiperespaço,
nunca suspeitando que um deles atiraria neles. Os canhões de íons da Lança
rompeu as naves indefesas, lançando-as em pó cósmico como recompensa
por sua covardia.
A Lança mudou de rumo quando Karrid a acelerou em direção as naves
da República. Ainda muito longe, mesmo para as suas armas
incomparáveis, mirou a nau capitânia inimiga e se preparou para disparar
assim que chegasse ao alcance.

Theron sentiu a Lança sair do hiperespaço, com o motor principal gritando


misericordiosamente como ele. Quando os sensores da nave ficaram ativos,
já estava conectado, à espreita nos cantos da rede, além da consciência de
Karrid.
Mesmo recebendo os dados em tempo real, ainda foi pego de surpresa
quando ela atirou nas naves imperiais que avançavam. Não que tivesse feito
qualquer coisa para detê-la, mesmo que estivesse esperando. Mas a
velocidade e precisão com que ela despachou os seus alvos reforçaram os
seus medos anteriores de que a Lança venceria a batalha, apesar de seus
melhores esforços.
Afastou os pensamentos negativos de Karrid, avançando na frota da
República à distância. Seu vínculo com a nave deu a Theron uma ideia
aproximada dos números da República, mas os dados estavam chegando
rápido demais para processá-los completamente. Não que isso importasse, a
sua atenção precisava se concentrar no funcionamento interno da Lança, se
tinha alguma esperança de desacelerar Karrid.
Quando os sistemas de direcionamento ficaram ativos, Theron usou seu
hackeados para carregar uma de suas sub-rotinas do vírus, rezando para que
funcionasse.

A tentativa desesperada de suicídio de Nezzor nunca teve chance de


acontecer, mas isso não impediu Jace de xingar baixinho quando a frota da
República bombardeou a capitânia imperial. Quando os escudos da
Extempus caíram, exaustos pelos constante tiros do fogo inimigo, ele deu
um soco. Um segundo depois, ele se levantou e soltou um rugido primitivo
de vitória, enquanto uma série de explosões rasgava a nave, eliminando a
ameaça.
— Darth Karrid está aqui! — Satele declarou de repente, encerrando
abruptamente a sua celebração.
Jace bateu de volta em sua cadeira, seus olhos passando rapidamente
para frente e para trás sobre a tela representando o campo de batalha.
— Onde? Eu não vejo!
Um segundo depois, uma nave apareceu no limite do alcance do escâner,
e não precisou da confirmação do timoneiro para saber que era a Lança
Ascendente.
— Nunca duvide. — ele ouviu Teff'ith dizer, embora parecesse mais que
ela estava falando sozinha.
— Todos as naves, preparem-se para a batalha. — ele latiu. — Fazemos
o que for preciso para derrubar o Lança!
As naves da frota se afastaram dos destroços fumegantes da Extempus,
esculpindo um amplo arco enquanto circulavam ao redor para seguir na
direção oposta. A Lança estava se aproximando deles rapidamente, embora
ainda estivesse muito longe para se envolver.
— Olhe o tamanho daquela besta! — O timoneiro ofegou quando os
sensores elevaram as dimensões da embarcação inimiga em sua leitura.
— Escudos levantados. Prepare-se para disparar no segundo em que
chegarmos ao alcance. — ordenou Jace, sabendo muito bem que as armas
da Lança seriam capazes de separá-las muito antes que chegassem perto o
suficiente para retaliar.
Vamos lá, Theron. Não nos decepcione!
— Senhor! — Advertiu o timoneiro. — Fogo inimigo chegando!
— Prepare-se para o impacto! — Jace gritou quando a sua tela mostrou
os tiros de íons recebidos.
Ele rezou para que os escudos se sustentassem, mas, para sua surpresa, a
explosão voou alto e largo.
— Ela errou. — disse o timoneiro, chocado. — Não nos acertou em
cheio!
— Alvo no alcance. — disse o artilheiro.
Jace arreganhou os dentes em um sorriso feroz.
— Acerte-a de volta com tudo o que temos!

Darth Karrid viu o seu tiro errar o alvo, mas levou um segundo para
entender o que havia acontecido. O alvo não havia tomado nenhuma
manobra evasiva ou desviado o ataque dos escudos... ela acabara de errar.
Fez uma rápida verificação de diagnóstico de sua matriz de
segmentação, apenas para descobrir que estava totalmente mal calibrada.
Levou só alguns segundos para corrigir o erro, mas naquele tempo as naves
da República haviam chegado perto o suficiente para carregar as suas
próprias armas.
Sentindo o fogo que entrava, redirecionou a energia dos escudos de popa
para reforçar os defletores de frente para a frota que avançava. Os tiros
recebidos foram desviados inofensivamente, e Karrid mirou pela segunda
vez, só para vê-la disparar mais uma vez. Quando as naves da Repúblico
lançaram uma segunda salva, Karrid reanalisou os diagnósticos na matriz de
alvos, isolou outro erro e o ajustou.
Um instante antes da segunda rodada de fogo da República chegar, os
escudos de popa subitamente atingiram a sua capacidade total, drenando
toda a energia dos defletores avançados. Em vez de serem facilmente
repelidos, os raios laser e os canhões de íons atingiram o casco da Lança,
fazendo Karrid gritar de dor. O dano foi significativo e ela bateu
freneticamente no painel de controle para redirecionar os sistemas afetados
através de novos relés e restaurar a eficiência ideal, começando com as
proteções do defletor.
As naves da República estavam se espalhando à medida que se
aproximavam, procurando cercar a sua nave para que pudessem atacar por
todos os lados. Karrid engatou os propulsores do subluz e virou
bruscamente para estibordo, inclinando o nariz da Lança para baixo em um
ângulo de 45 graus e acelerando rápido demais para que as naves da
República pudessem acompanhar. Ela mergulhou pra baixo e pra longe,
ganhando tempo para consertar os seus sistemas com defeito.
Ela viu as naves da República tentando em vão persegui-la e, de repente,
desapareceram quando toda a rede externa de sensores caiu.
Completamente cega para o que estava do lado de fora de sua nave, Karrid
entrou em pânico momentaneamente, com os seus braços agitando
loucamente e a sua cabeça batendo violentamente de um lado para o outro.
A sensação dos fios que a conectavam à sua nave batendo no rosto e nos
ombros a fez voltar aos sentidos, e naquele instante ela o sentiu.
Um intruso. Um intruso. Um sabotador em sua nave, hackeando a sua
rede privada.
A violação a enfureceu. Gritando um rugido, Karrid se lançou na tarefa
de encontrar e destruir o inimigo no interior. A sua fúria a energizou,
alimentando o fogo do lado sombrio que ardia dentro dela e da sua nave.
Fora da esfera de cristal de sua cápsula de comando, sentiu o Lorde Quux e
Lorde Ordez quase romperem a tensão crescente, embora seu aprendiz
nunca vacilasse. Mas, o mais perto que eles conseguiram falhar com ela,
eles conseguiram, de alguma forma, permanecer em seu transe meditativo,
permitindo que Karrid se valesse de seu poder de empurrar a si mesma e a
Lança para além dos limites anteriores.
Em segundos, redirecionou todos os sistemas de batalha primários para
novos caminhos, selando os antigos para isolar qualquer vírus em potencial
e impedi-lo de se espalhar. Os sensores voltaram a ficar ativos, assim como
os escudos e sua matriz de alvos. Agora que sabia que o hacker estava lá,
foi capaz de sentir o próximo ataque dele, desativá-lo antes que ele pudesse
entrar em vigor e rastreá-lo de volta à origem.
— Segurança para a sala de máquinas. — ela sussurrou no comunicador
do pod. Ela percebeu que o hacker provavelmente poderia ouvi-la, mas não
havia nada que ela pudesse fazer sobre isso.
O hacker tentou atrapalhar outro sistema, mas agora que sabia de onde
vinham os ataques, era fácil impedi-los de causar algum dano real. Com a
ameaça interna neutralizada, ela voltou a sua atenção para a batalha bem a
tempo de erguer os escudos para evitar outro ataque. A sua manobra
evasiva a separara da frota da República, mas estavam se aproximando mais
uma vez. Ela mirou a nave mais próximo, uma das Hammerheads, e
disparou.

Quando a Lança Ascendente de repente se afastou da frota e partiu em uma


direção inesperada, Jace sabia que eles tinham colocado Karrid em fuga.
— Ela é vulnerável. — disse ele. — Finalize com ela. Agora!
Todas as naves da frota da República lutavam para interceptar a nave
inimiga em seu novo curso. Encorajados pelas armas que deram errado e
pelos escudos em falha, eles entraram com força e rapidez, procurando pôr
um fim rápido à batalha. A Égide atirou novamente, assim como muitas
outras naves, mirando o mesmo local em que haviam perfurado os escudos
e perfurado o casco da Lança em seu ataque anterior.
Em vez de causar ainda mais dano, a totalidade de seus ataques foi
desviada. Os canhões da Lança abriram fogo novamente, mas desta vez, em
vez de errar, atingiram diretamente uma das Hammerheads. O poder
combinado dos canhões de íons precisamente apontados e turbolasers
rasgou os escudos e destruiu a Hammerhead, paralisando a nave com um
único ataque devastador.
— Recuar! — Jace ordenou, percebendo que sua vantagem havia sido
perdida. — Recar e reagrupar!
Uma das corvetas foi perdida quando a frota da República abortou a sua
investida, apagada pelas torres de defesa da Lança quando ela se aproximou
demais. Outro tiro dos canhões de íons balançou a Égide enquanto tentava
recuar a uma distância segura, fazendo Teff'ith e Satele se espalharem pelo
chão e quase derrubando Jace de seu lugar de comando.
— Relatório de danos!
— Os escudos levaram a pior. Nenhum sistema crítico foi atingido.
Perdemos energia no Setor Quatro. As equipes médicas estão a caminho.
— Escudos?
— Abaixo de setenta por cento.
Escudos drenaram 30% de um único ataque? Jace ficou maravilhado.
Um instante depois, foi atingido com a constatação preocupante de que
não tinham chance. A guerra começou em toda a galáxia; a República havia
trazido só as naves que estavam na vizinhança.
— Chame reforços. — disse ele, sabendo que levaria horas para que
qualquer nave estacionado em outras partes da galáxia pudesse alcançá-los.
— Tome medidas evasivas. — ele ordenou o resto de sua frota. —
Mantenha distância.
Mesmo que não pudessem derrotar a Lança, poderiam pelo menos tentar
arrastar a batalha o maior tempo possível para dar a Theron e Gnost-Dural a
chance de realizar um milagre.
THERON CORRIA PARA TRÁS E PARA A FRENTE pelas passarelas
estreitas da sala de máquinas, correndo de relê em relê enquanto carregava
as suas sub-rotinas do vírus. Os primeiros funcionaram
perfeitamente, enviando os tiros do Lança para longe, derrubando os
escudos e desativando os sensores. Então Karrid descobriu.
Tentou desesperadamente encontrar novas vulnerabilidades para
explorar, mas cada vez que fazia isso levava apenas dois ou três segundos
para ela neutralizar so seus esforços. Ainda conectado ao sistema de
comunicação e aos escâneres da nave, ele a ouviu enviar a segurança para a
sala de máquinas e soltou um grito de frustração quando ela destruiu a
Hammerhead.
Ela é boa demais. Muito rápido. Muito inteligente. Isso não vai
funcionar.
Mas ela também estava lutando contra uma frota inteira da República. O
seu foco estava nas armas e escudos; sensores e comunicações: tudo o que a
Lança precisava para sobreviver à batalha. Ela ainda não tinha percebido
que ele havia desativado os turboelevador que levava ao Deque G para
ganhar mais tempo.
Ela também está no Deque G. O outro lado.
Se não pudesse parar Karrid remotamente cortando os sistemas da
Lança, talvez pudesse pará-la cara a cara. Afinal, ele parou a Darth Mekhis.
Isso foi diferente. Você a pegou desprevenida. Enganou ela. Karrid
estará pronto. E ela pode não estar sozinha. Você vai precisar de ajuda.
Mesmo que Karrid não percebesse que havia desativado os
turboelevador, só tinha mais alguns minutos antes que os sistemas de reparo
automatizados da nave os fizessem funcionar novamente. Teria que
trabalhar rápido.
Agarrando o seu ponto hackeador, bateu no relé que controlava a cela de
Gnost-Dural. Karrid ainda estava focada em proteger os sistemas críticos de
batalha, E era capaz de se infiltrar.

Gnost-Dural passou as horas desde a última visita de Darth Karrid em


meditação silenciosa e reflexiva. De acordo com as instruções da Lorde
Sith, os interrogadores lhe pouparam mais tortura com a máquina infernal
de Mekhis. A trégua permitiu ao Jedi acalmar e concentrar a sua mente,
sutilmente inspirando a Força a refrescar e restaurar o seu corpo e o seu
espírito devastado.
O poder do lado sombrio ao redor dele era impossível de ignorar; vazava
das próprias paredes da Lança Ascendente, uma criação distorcida de uma
mente brilhante, mas doente. No entanto, mesmo ali, cercado pela
escuridão, o poder da luz brilhava. A Força fluía por todos os seres vivos e
haviam vários milhares de tripulantes na nave. A maioria deles eram
homens e mulheres comuns, soldados do Império por causa do nascimento
e educação, não por causa de algum mal inerente.
Cuidadoso para não fazer nada que possa chamar a atenção da aprendiz
de puro sangue a qual sentiu na sala com ele, Gnost-Dural recorreu à Força
para lhe dar uma imagem de seu entorno. A primeira coisa que sentiu foi a
batalha travada fora da nave; a frota da República chegara a Duro! Mas não
demorou muito para perceber que eram superados, e sabia que se não
fizesse algo, a batalha estaria perdida.
Voltou a sua percepção elevada para dentro, permitindo que construísse
uma imagem altamente detalhada de sua cela. Os interrogadores estavam
sentados em cadeiras do outro lado da sala de tamanho médio, ao lado do
painel que podia desencadear horrores insuportáveis em seu prisioneiro com
um simples toque de botão. Ambos eram do sexo masculino e ambos
carregavam pistolas ao lado. Os seus óculos de proteção, roupão Jedi e
outras roupas foram descartados no canto de trás da sala, jogados de lado
depois que foi despido e amarrado à mesa.
No canto oposto da sala estava a aprendiz Sith, sentado de pernas
cruzadas no chão. Ela estava girando o punho de um sabre de luz
repetidamente em suas mãos, como se de algum modo estivesse atraída por
ele. Gnost-Dural reconheceu a arma que havia forjado enquanto ainda era
um Padawan em Coruscant. Ela testemunhou as suas habilidades com o
sabre de luz durante a batalha; agora parecia que pretendia encontrar
alguma explicação na arma dele. Gnost-Dural sentiu e simpatizou com a
sua confusão: fora criada para acreditar que o poder do lado sombrio
diminuía o da luz, e não conseguia se convencer de que um Jedi poderia
facilmente superá-la em combate sem algum tipo de vantagem inerente.
— Eu poderia te ensinar como usar isso. — disse ele.
Assustada, ela olhou para o prisioneiro, parando um momento so
perceber que ele estava recorrendo à Força para "vê-la".
— Eu sei usar um sabre de luz. — disse ela na defensiva.
— Eu poderia te ensinar como usá-lo corretamente. — explicou. — Não
como uma arma desajeitada guiada por ódio e raiva, mas como uma
extensão de si mesmo que protege e defende aqueles em necessidade.
Os interrogadores olharam por cima, com a sua curiosidade despertada
pela troca. Percebendo-os, a Sith se levantou, subitamente constrangida em
sentar no chão como se fosse serva deles.
— Karrid me avisou para observar os seus truques. — disse ela.
— Isso não é truque. Karrid tem medo de mim, você sentiu. Mas não
tenho medo dela.
— Porque você é mais forte? — Ela zombou.
— Porque o lado da luz nos ensina a não ter medo. Você não quer viver
livre do medo? E raiva? E ódio?
Por um segundo, Gnost-Dural sentiu uma conexão com ela, e pensou
que poderia alcançá-la. Então uma parede de escuridão caiu entre eles, e a
conexão se foi.
— Os seus amigos estão morrendo por aí. — disse ela, com a sua voz
cheia de raiva e veneno. — Pode sentir isso? Darth Karrid e a sua nave
estão os destruindo. Eu deveria estar ao lado dela para que essa vitória
compartilhasse a glória, mas em vez disso estou aqui cuidando de você!
— Então vai. — disse Gnost-Dural. — Não sou eu quem está segurando
você.
Um dos interrogadores riu e a Sith os silenciou com um olhar gelado.
— Não preciso de você ou de sua arma. — disse ela a Gnost-Dural,
jogando o sabre de luz no canto da sala com o resto de suas propriedades
descartadas. Então ela cruzou os braços e ficou de costas para a porta,
encarando-o desafiadoramente.
O Jedi suspirou, sabendo que a oportunidade estava perdida. Mas antes
que a esperança pudesse desaparecer completamente, os grilhões nos pulsos
e tornozelos se abriram com um clique agudo, deixando-o cair no chão.
Theron!
Gnost-Dural reagiu com os reflexos superiores e a velocidade ofuscante
de um verdadeiro mestre Jedi, já em movimento antes que os outros
percebessem que algo havia dado errado. Ele caiu de pé, com o seu sabre de
luz voando do canto e na palma estendida da mão direita, a lâmina
ganhando vida com um assobio agudo. Ao mesmo tempo, os seus óculos de
proteção voaram para a mão esquerda e os puxou para o lugar.
Um dos interrogadores bateu no botão para ativar a máquina, mas com o
prisioneiro já livre de suas restrições, nada aconteceu. O seu parceiro reagiu
com mais sentido, puxando a pistola. A aprendiz de Darth Karrid fez a
escolha mais sábia de todas. Ela se virou e saiu correndo pela porta.
O guarda com a pistola disparou, mas Gnost-Dural rebateu com o raio
para o lado. Viu o segundo guarda estendendo a mão para tocar o alarme e o
repeliu com um poderoso empurrão da Força. Dois passos rápidos
diminuíram a distância entre eles na pequena sala, e terminou a vida deles
com um par de cortes limpos e eficientes com a sua lâmina brilhante. Então
correu da sala em busca da aprendiz de Karrid, ignorando o manto Jedi e as
roupas ainda no canto de trás da sala.
Ele a viu desaparecer em uma esquina no final de um corredor de vinte
metros e a perseguiu. Ela estava esperando por ele quando dobrou a
esquina, com o seu próprio sabre de luz desembainhado. Ela tentou empalá-
lo, esperando que o seu impulso, quando ele aparecesse na esquina, o
levasse diretamente para a ponta mortal de sua lâmina estendida. Mas
Gnost-Dural a torceu para o lado; o seu impulso apenas traçou uma linha
fina através da camada superior de pele do peito nu. Ignorando o cheiro de
sua própria carne carbonizada, retaliou enfiando um cotovelo na mandíbula
da Sith, fazendo-a tropeçar de volta.
Ela lançou o sabre de luz em uma posição defensiva para segurá-lo, mas
cara a cara não era páreo para o Kel Dor. Ele a atacou com uma enxurrada
de intensos ataques de Juyo, a sétima forma altamente agressiva de combate
com sabre de luz, projetada especificamente para derrotar um oponente só
em um duelo individual. Os padrões caóticos e as sequências aleatórias
separaram as defesas da Sith em questão de segundos, com a batalha
terminando com o Mestre Gnost-Dural mergulhando o sabre de luz no peito
dela e atravessando outro lado, empalando-a como ela originalmente tentara
fazer com ele.
Quando o seu cadáver caiu no chão, Gnost-Dural já estava em
movimento, dirigindo-se diretamente para a sala de controle da Lança para
enfrentar Darth Karrid mais uma vez.

Theron não fazia ideia se seu plano para libertar Gnost-Dural funcionaria ou
não. Assim que terminou de cortar os sistemas da cela e liberou as
restrições do Jedi, Darth Karrid o cortou, redirecionando o caminho através
de outro relê.
Percebendo que ela logo faria o mesmo com o turboelevador, decidiu se
mexer ou acabaria preso na sala de máquinas. Agarrando o ponto hackeador
e colocando-a na parte superior da bota, correu até o uniforme do capitão
que cuidadosamente dobrara e colocara no chão. Considerou que
rapidamente rejeitou a ideia de gastar tempo para usá-lo; um uniforme
roubado não iria enganar as equipes de segurança que convergiam para a
sua localização.
Agarrando a pistola com o cano dobrado, por precaução, girou a roda e
abriu a escotilha de manutenção. O corredor lá fora estava abençoadamente
fresco; realmente tremeu quando o ar condicionado passou por seu corpo
encharcado de suor.
Ouviu o som do turboelevador nas proximidades, quando entrou em
operação, ele o colocou em movimento. Tinha alcançado a primeira curva
na passagem que leva ao lado mais distante do Convés G quando ouviu a
porta abrir.
Olhando pra trás, ele viu vários seguranças fortemente blindados saírem.
Felizmente, levaram um momento para notar o homem de cueca fugindo
deles no outro extremo do corredor. Theron teve tempo suficiente para dar a
volta na esquina quando os raios atingiram o chão e a parede ao lado dele,
sentindo a falta dele pelas margens mais restritas.
Theron não achou que teria problemas em ficar à frente dos Imperiais
em sua armadura pesada. Mas depois de meia dúzia de degraus mais altos,
parou mancando e gritou de dor, pulando com um pé enquanto a panturrilha
esquerda repuxou. Apesar de seus esforços para se manter hidratado durante
seu tempo na sala de máquinas, o corpo estava se rebelando. O músculo se
contraiu, uma contração tão forte e brutal que parecia que ia se despedaçar.
Qualquer movimento dos dedos dos pés ou tornozelos fazia com que raios
de fogo irradiassem pelo seu corpo, e tentar colocar algum peso nele quase
o fazia desmaiar.
De repente, os soldados da armadura não pareciam tão lentos. Apoiando-
se com a mão esquerda contra a parede, pulou pelo corredor com o pé só
bom, os dentes cerrados contra a agonia que emanava de seu músculo tenso.
Ouviu os passos pesados de seus perseguidores se aproximando, e se virou
para disparar três tiros rápidos de volta pelo corredor.
Ele não se deu ao trabalho de mirar; o cano deformado do seu blaster
teria impossibilitado adivinhar para onde os tiros estavam indo. Tudo o que
queria fazer era enviar um aviso aos perseguidores, esperançosamente os
atrasando. A pistola emitiu sons estranhos quando disparou. Em vez do
familiar som agudo e reverberante, os tiros pareciam quase molhados, com
um tom mais baixo. Com os tiros impedidos pelo cano deformado, a fonte
de energia do blaster não conseguiu descarregar completamente o intenso
acúmulo de energia gerado a cada tiro. Podia sentir o calor irradiando da
fonte de energia na mão e sabia que não poderia continuar atirando sem
arriscar uma sobrecarga do a fonte de energia e uma explosão mortal de gás
superaquecido.
Pelo lado positivo, a cãibra estava diminuindo quando dobrou a outra
esquina, e foi capaz de pisar com cuidado o pé esquerdo novamente,
embora ainda não conseguisse correr a toda velocidade. Seguiu em frente,
mancando e esperando que a equipe de segurança atrás dele fosse a única
com quem deveria se preocupar. Se houvesse outra equipe descendo o
elevador perto da câmara de comando de Karrid, ficaria preso entre eles
sem esperança de escapar. Para o seu alívio, quando deu a volta final, viu o
longo corredor que levava à entrada da câmara de comando se estendendo
diante dele, totalmente vazio. Cambaleou pelo corredor, mas, assim que
passou pelo turboelevador, a porta se abriu.
Theron tentou dar a volta e dar um chute giratório no primeiro guarda
que passava pela porta, mas quando plantou a perna esquerda e tentou se
afastar, a panturrilha paralisou novamente. A sua perna cedeu sob ele e, em
vez de fazer um deslumbrante movimento de artes marciais que deixaria o
seu oponente incapacitado, ele terminou em uma pilha suada no chão.
— Theron! — disse uma voz familiar, e ele olhou pra cima e viu Gnost-
Dural em pé sobre ele, com o sabre de luz na mão.
— Pensei que você fosse outra patrulha de segurança. — Theron
grunhiu através da dor quando o Jedi estendeu a mão para ajudá-lo.
— Encontrei com eles no caminho para o elevador. — respondeu o Jedi,
com a sua voz sombria. Em um tom mais claro, ele acrescentou: — Por que
você está de cueca?
— Não queria que você se sentisse constrangido. — disse Theron,
acenando com a cabeça para a quase nudez do Kel Dor, enquanto se
apoiava nele em busca de suporte.
Pisou cautelosamente com a perna dolorida e estremeceu de dor. Antes
que o Jedi pudesse perguntar sobre isso, um par de guardas da patrulha de
segurança que o perseguia enfiou a cabeça na esquina e atirou. O Jedi pisou
na frente de Theron e afastou os raios antes de usar a Força para lançar os
guardas na esquina. Pelos grunhidos e gemidos, ficou claro que bateram nos
outros membros da equipe com força o suficiente para causar danos reais.
— Vamos lá. — Gnost-Dural disse, usando uma mão para ajudar a
segurar Theron na posição vertical, enquanto a outra segurava firme em seu
sabre de luz.
Juntos, eles cambalearam os últimos vinte metros até a porta selada à
frente deles. Theron caiu de joelhos para aliviar a pressão sobre a perna
machucada, puxou o ponto hackeador da bota e começou a trabalhar na
porta.
Ao mesmo tempo, Gnost-Dural arremessou o seu sabre de luz pelo
corredor, atingindo um guarda que ousara espiar pela esquina.
— Não posso segurá-los para sempre, Theron. — disse ele. — E
reforços estão a caminho.
Como se fosse convocada por suas palavras, a porta do turboelevador se
abriu novamente, derramando mais meia dúzia de soldados imperiais
blindados.
— Entendi. — disse Theron, soltando o hackeador e avançando sobre as
mãos e os joelhos quando a porta se abriu.
Gnost-Dural estava logo atrás dele, e quando os guardas no corredor
abriram fogo, os dois homens rolaram para se esconder em ambos os lados
do interior da porta. Com os tiros ricocheteando no chão, o Jedi esticou o
braço e enfiou o sabre de luz no painel de acesso na parede, emitindo uma
chuva de faíscas enquanto a porta se fechava.
Para surpresa de Theron, a sala estava vazia, exceto por um painel de
controle ao longo da periferia, uma grande esfera de cristal opaca no centro
e três figuras com tatuagens faciais e roupões pretos sentados de pernas
cruzadas no chão ao redor da esfera. Dois eram humanos, um mais jovem
com pele branca, o outro mais velho com pele escura. O terceiro era um
Sith macho puro sangue de pele vermelha. Os seus olhos estavam fechados
e pareciam estar perdidos profundamente na meditação.
Gnost-Dural levantou-se e jogou o sabre de luz, mas não estava mirando
nenhuma das figuras no chão. A lâmina giratória voou sobre as suas
cabeças e ricocheteou na esfera de cristal antes de retornar à mão dos Jedi,
sem deixar marcas na superfície.
Simultaneamente, os olhos das três figuras no chão se abriram e se
levantaram, com as suas armas ascendo à vida. Em vez de armas
convencionais, os Sith seguravam um par de lâminas roxas ligeiramente
mais curtas, uma em cada mão, enquanto o homem de pele escura
empunhava um sabre de luz longo e de lâmina dupla que parecia mudar
entre vermelho e preto.
— Vejo que você tem novos amigos. — disse Gnost-Dural a aprendiz
que havia enfrentado antes.
Quando ele não respondeu, os Jedi disseram a Theron:
— Deixe-me lidar com eles. Você encontra uma maneira de entrar na
cápsula de comando de Karrid e impedi-la de destruir a frota da República!
DARTH KARRID TEVE QUE ADMIRAR o comandante da frota da
República. Percebendo que não podiam trocar golpes com a Lança
Ascendente, eles haviam mudado de tática, espalhando-se para prejudicá-la
à distância, empregando uma série de ataques e fuga para a frustrar e
prolongar a batalha.
A estratégia defensiva não lhes deu nenhuma esperança de infligir algum
dano real à Lança, mas impediu que Karrid os matasse em um único ataque
glorioso. Em vez disso, foi forçada a caçar cada nave, uma por uma.
Começou com uma das naves principais, virando a Lança em um curso de
interceptação, enquanto o seu alvo usava uma série de mudanças aleatórias
e inesperadas de direção para tentar evitá-la. As outras naves da frota da
República tentaram distraí-la de seu objetivo, disparando contra os seus
flancos, mantendo o que parecia uma distância segura.
Mas com a Lança não havia distância segura. Mesmo quando ela se
fechou no primeira nave principal, escolhendo um dos três de forma
aleatória, ela foi capaz de mirar em uma das corvetas que mergulhavam do
lado de estibordo. As armas da Lança rugiram quando a corveta tentou se
desviar no último segundo, mas os canhões de íons foram capazes de
penetrar nos escudos, devastando o casco e derrubando todo o poder que
não fosse o suporte emergencial à vida.
Em vez de mudar de rumo para acabar com a agora desamparada
corveta, Karrid continuou a atacar a nave principal, perseguindo-a
incansavelmente enquanto martelava com os seus turbolasers, drenando
rapidamente o que restava de seus escudos em preparação para o golpe de
misericórdia.
As outras duas naves principais convergiram sobre ela, atirando para
todo lado. Mesmo os defletores da Lança não aguentaram por muito tempo
contra o seu ataque coordenado, e Karrid foi forçado a romper com a sua
presa original... mas não antes de disparar uma saraivada final que
danificou os motores.
Mudou de rumo e acelerou, circulando para cima e para longe das as
outras duas naves principais antes de vir para encará-las. As naves
sabiamente se romperam em direções opostas, então escolheu uma
aleatoriamente e retomou a sua busca, sabendo que ela não seria salvo por
uma intervenção prematura dos outros... não com um deles forçado a se
arrastar a uma fração de sua velocidade máxima.
Antes que pudesse entrar na segunda nave principal, no entanto, sentiu
uma queda repentina no poder, e a Lança desacelerou visivelmente. Levou
um momento para reconhecer o que havia acontecido, e então percebeu que
não podia mais sentir Quux, Ordez e o seu aprendiz. Algo os separara de
seu transe meditativo, forçando Karrid a confiar apenas em seu próprio
poder para controlar a embarcação.
Voltando brevemente o foco do campo de batalha para o ambiente
imediato, sentiu uma batalha travando na câmara de comando fora de sua
esfera de cristal impermeável. Gnost-Dural havia escapado e procurado por
ela. Karrid voltou a sua atenção para a batalha, confiante de que os seus
novos seguidores seriam mais do que um desafio para o Jedi. E embora
fosse mais difícil tentar controlar a Lança sozinha, como já havia feito isso
antes.
Ao mesmo tempo, sentiu outra tentativa de invasão do sabotador, essa
vindo do controle do console fora de seu de sua cápsula de comando.
Evitou a tentativa desajeitada, sabendo que ele tentaria novamente, mais
uma distração para desacelerá-la ainda mais. Embora agora levasse mais
tempo para acabar com a frota da República, Karrid sabia que a vitória
ainda era inevitável.
Jace já havia provado da derrota antes, mas nunca tão amarga quanto essa.
Embora a batalha se prolongasse, já sabia que tinha terminado. As baixas da
República estavam aumentando; havia perdido várias embarcações de
apoio, e uma de suas naves principais era pouco móvel. Agora Karrid
estava vindo atrás da Égide.
A Lança estava se aproximando deles, embora mais devagar do que
antes. Não sabia se Karrid estava sendo cautelosa, ou se ela estava apenas
brincando com eles, mas isso não importava. A sua nave ainda era muito
rápido e manobrável para eles fugirem. E com apenas uma nave principal
ainda capaz de ajudá-lo, não haveria ameaça suficiente para forçá-la a
interromper o seu ataque.
— Inimigo chegando. — observou o timoneiro.
Jace percebeu que queria dizer que estavam agora ao alcance da Lança...
ainda que estavam muito longe para a Égide reagir.
— Desvie toda a energia disponível para os defletores. — disse ele,
sabendo que os compraria apenas mais alguns minutos. — Desligue tudo,
exceto o suporte de vida e os sensores. Até os sistemas de armas.
A ponte ficou subitamente escura, iluminada apenas pelo brilho das
telas.
— Vai acabar mal? — Teff'ith perguntou de algum lugar na escuridão.
— Muito mal — Jace respondeu.

Gnost-Dural apressou os seus três oponentes, na esperança de pôr um fim


rápido à batalha. A sua lâmina cintilou e dançou quando o seu corpo entrou
em uma série de giros e saltos. O aprendiz de Karrid, aquele com quem ele
havia lutado antes, recuou, mas os dois recém-chegados enfrentaram o seu
ataque de frente, levando-o de volta aos seus agressivos contra-ataques.
Percebendo que não estava apenas enfrentando aprendizes brutos dessa
vez, o Jedi voltou para uma estratégia mais defensiva enquanto os seus
inimigos avançavam. As lâminas roxas gêmeas do Sith vieram contra ele de
todos os ângulos, um corte alto da direita; um corte baixo da esquerda; um
par de linhas diagonais. O enorme sabre de luz de duas lâminas humano era
mais direto, caindo em uma série repetida de ataques por mão, enquanto
tentava abrir caminho pela guarda de Gnost-Dural.
O Mestre Jedi enfrentou e repeliu todos os ataques, mantendo-se atrás de
um muro de defesa quase impenetrável. Mesmo com o aprendiz entrando na
briga, não vacilou, o estilo Soresu, quando executado perfeitamente, podia
manter inúmeros atacantes com uma variedade de estilos indefinidamente...
ou pelo menos até a exaustão e a fadiga forçarem Gnost-Dural a cometer
um erro.
Essa era a grande desvantagem de Soresu: exigir um papel passivo,
poderia atrasar a derrota, mas não poderia trazer vitória. E aos três contra
um, os seus inimigos não precisariam de muito tempo para desgastá-lo.
Felizmente, apesar da impressionante habilidade individual de dois de seus
três oponentes, os seus inimigos não o estavam atacando como um grupo.
Eles não tinham unidade de propósito. Não cronometravam ou
coordenavam os seus ataques, ocasionalmente até atrapalhava um ao outro.
Gnost-Dural era capaz de explorar esta única falha em seu proveito,
atraindo ambos os seus oponentes mais habilidosos ao mesmo tempo,
mergulhando o ombro direito e deixando a sua lâmina deslizar uma fração
muito à frente enquanto ele assistiu a um dos seus três inimigos se
impulsionar desajeitado.
Ambos aproveitaram a chance de atacá-lo com força, procurando
explorar a vulnerabilidade percebida, permitindo que o Gnost-Dural se
afastasse rapidamente na direção oposta. Subitamente desprovidos de seu
objetivo comum, os dois Sith foram forçados a recuar e abortar os seus
ataques para não se envolverem, deixando momentaneamente o aprendiz à
mercê de Gnost-Dural.
Não perdeu tempo em se desfazer de seu oponente menor. O aprendiz
bloqueou os dois golpes de direita por cima do ombro, mas depois se
exaltou quando o Kel-Dor fingiu um terceiro golpe, deixando-se vulnerável
em baixo. O Jedi girou o pulso e girou para a esquerda, invertendo a direção
da lâmina muito rapidamente para o aprendiz se recuperar, e o retirou da
batalha com um golpe profundo no meio do corpo que quase cortou o
jovem em dois.
A sequência inteira levou menos de um segundo, mas mesmo assim
Gnost-Dural mal voltou a tempo de afastar a próxima onda de ataques dos
dois guerreiros mais perigosos. Mais uma vez, recorreu aos movimentos
precisos e eficientes de Soresu para combatê-los até parar. Mas já podia
sentir o cansaço se aproximando, a intensidade do combate acabando com
ele, apesar do poder de sustentação da Força.

Theron trabalhou furiosamente no console de comando ao longo da borda


da sala, sabendo que o seu ponto hackeador não duraria muito mais tempo
antes de queimar. Tinha uma sobrecarga de cento e cinquenta por cento da
capacidade quando se metia no labirinto digital, procurando uma maneira
de entrar na invulnerável esfera de cristal de Karrid.
Isso era diferente de cortar os relés na sala de máquinas. O console
estava diretamente ligado ao painel de comando de Karrid, uma substituição
de emergência que os seus aprendizes poderiam usar para tirá-lo se algo
desse errado, digamos, se a embarcação sofria grandes danos enquanto ela
estava nos controles, deixando-a em coma e presa dentro do cristal esfera.
Mas toda vez que Theron tentava ativar a substituição de emergência,
Karrid frustrava os seus esforços. Ela não estava três passos à frente dele
neste momento; sem o apoio de seus seguidores meditativos, ela diminuiu o
nível de Theron. Mas ela tinha a vantagem em campo; ela conhecia o
funcionamento interno de sua nave melhor do que ele jamais teria.
Theron continuou tentando, travando uma guerra digital com ela,
dolorosamente consciente de que o tempo estava acabando. Gnost-Dural
não conseguiria segurar os seus guarda-costas com sabre de luz por muito
mais tempo; o pessoal de segurança no corredor usava uma tocha de plasma
para entalhar a porta desabilitada e, do lado de fora da Lança, estava
apanhando as naves da República, uma por uma.
Ele amaldiçoou quando Karrid o arrancou do sistema, forçando-o a
recomeçar tudo de novo.

— Os escudos caíram para dez por cento. — disse o timoneiro enquanto


outro atingiu a Égide, fazendo com que ele se movesse e se movesse.
Jace sabia que já haviam sofrido grandes danos; a única razão pela qual
os alarmes não estavam soando pela nave era porque ele havia desviado a
energia dos sistemas de resposta a emergências para os defletores. Com os
seus escudos nos níveis críticos, mais um golpe era o suficiente para acabar
com eles.
— Sinto muito, Jace. — disse Satele, emergindo da escuridão para
colocar a mão em seu ombro.
Ele estendeu a mão e cobriu a mão dela com os dedos grossos e
calejados.
— Pelo menos lutamos a boa luta. — respondeu ele, apertando a mão de
Satele enquanto se preparavam para o fim.

Theron percebeu o que estava fazendo de errado. Estava tentando obter o


controle da substituição de emergência da cápsula, basicamente tentando
tirar o controle de um sistema vital do alcance de Karrid. Mas não precisava
controlar a substituição de emergência para acioná-la.
Em vez de tentar assumir o controle do sistema, ele a inundou com uma
avalanche de dados falsos. Relatos de danos críticos de todos os setores da
embarcação chegaram, as falhas catastróficas de toda a nave disparou os
alarmes de evacuação de emergência.
Ao mesmo tempo, ouviu um silvo alto quando a esfera de cristal
hermética se abriu. Darth Karrid estava sentada em uma cadeira no meio,
cercada por uma massa contorcida de fios soltos e pendurados que em só
alguns segundos antes a haviam ligado a nave.
Os olhos da Falleen se arregalaram e ela gritou quando a conexão foi
interrompida, um lamento agudo de perda e sofrimento. Vendo Theron, ela
se levantou do assento, puxou o sabre de luz e avançou lentamente sobre ele
com assassinato nos olhos.

— Relatório de situação! — Moff Lorman gritou quando os alarmes de


evacuação soaram na ponte da Lança Ascendente.
— Tem que haver um mau funcionamento do sistema, senhor! — Disse
um dos tripulantes. — De acordo com isso, estamos todos mortos.
— Darth Karrid renunciou ao controle da embarcação. — alguém o
informou.
O Moff hesitou, sabendo que a sua próxima decisão poderia alterar para
sempre o curso de sua carreira... e possivelmente lhe custaria a vida. Darth
Karrid nunca entregou o controle da Lança para ele durante a batalha. Nem
uma vez. Se ela estava incapacitada, ele claramente precisava intervir. Mas
era difícil imaginar como algo assim poderia ter acontecido.
E se ela não tivesse abandonado o controle? E se isso fosse apenas outra
avaria? Ou algum tipo de truque para enganar a República? Se ele tentasse
assumir o controle da nave contra os seus desejos, ela o esfolaria vivo.
— Senhor? Você quer assumir o comando?
— Não. — ele disse. — Ainda não. Não até sabermos o que está
acontecendo.

Na escuridão que envolvia a ponte da Égide, cada segundo gasto esperando


o ataque final da Lança parecia uma eternidade. Satele tinha colocado a
mão no ombro de Jace para que ela pudesse segurá-lo com mais força, Jace
a sentiu apertando o mais forte que pôde. Ele não se importava; pelo menos
nos momentos finais eles se conheciam.
Mais alguns eternos momentos se passaram. Então Teff'ith disse:
— Ainda não estou morta.
Não, Jace pensou. Mas deveríamos estar. A menos que...
— Esta é a nossa chance! Transfira toda a força para as armas de ataque!
Todos as naves disparam à vontade! Fogo à vontade!

Enquanto a Lança Ascendente balançava e tremia sob o implacável ataque


da República, Moff Lorman percebeu que os alarmes soavam não eram
mais devido a um mau funcionamento do sistema. A sua relutância em
assumir o comando da Lança a deixou vulnerável e a frota da República
aproveitou o momento.
Ao seu redor, as pessoas estavam gritando, transmitindo relatórios de
danos de todos os conveses. Não fazia ideia se Darth Karrid ainda estava
viva, mas não hesitaria pela segunda vez.
— Abandonem a nave! — Ele gritou, apertando o botão para transmitir
os seus pedidos para toda a tripulação. — Por ordem do Moff Lorman,
abandonem a nave!
Então pulou da cadeira e juntou-se à pressa aos homens e mulheres
correndo da ponte em direção aos pods de fuga mais próximos.
EM TODOS OS SEUS ANOS, aprendendo os caminhos do lado
sombrio, Karrid nunca sentira uma raiva assim. Os alarmes que ecoavam
pela nave apenas aumentaram a sua fúria; pra ela, eram como os gritos de
seu próprio filho. O verme rastejando para longe dela em sua cueca havia
causado isso. A larva havia violado a sua nave, com a sua invasão
corrompendo a Lança. Ele havia confundido a criação perfeita de Darth
Mekhis. Ele a afastou de seu segundo eu, cortando o vínculo que a fazia
inteira. Por isso, não ia apenas matá-lo. Não estava indo para capturá-lo e
amarrá-lo à máquina de interrogatório. Ela o separaria pedaço por pedaço,
ouvindo-o gritar e implorar por misericórdia enquanto cortava os seus
membros um por um antes de estripá-lo e deixá-lo se contorcendo em
agonia no chão.

Theron não se incomodou em pedir ajuda a Gnost-Dural enquanto Karrid


avançava lentamente sobre ele; o Jedi já estava ocupado. Ele também não
tentou argumentar com a agressora, podia ver a loucura nos olhos dela.
Ela lançou o sabre de luz e Theron rolou para fora do caminho,
agarrando o seu blaster danificado de onde ele descansou no chão ao lado
dele enquanto ele fazia isso. A lâmina cortou o painel de controle que usara
para hackear a Lança e forçá-la a partir de sua cápsula, e percebeu que ela
não estava mirando nele, ela estava apenas destruindo o que usou contra
ela.
O sabre de luz voou de volta para a mão dela e se virou para Theron, que
ainda estava deitado no chão. Ergueu o blaster e apontou pra ela, um gesto
vazio, considerando que não poderia dispará-lo novamente sem causar a
explosão da fonte de energia sobrecarregada.
Ela deu outro passo à frente, erguendo a lâmina para arremessá-la
novamente, e desta vez Theron sabia que seria o alvo. Assim que a lâmina
foi liberada de sua mão, a nave inteira foi sacudida, deixando Karrid
desequilibrado e interrompendo a sua mira por alguns centímetros
preciosos. A lâmina mortal esculpia um sulco no chão, ao lado da mão
direita de Theron.
A sala tremeu de novo e Theron ouviu o som distante de uma explosão,
audível até por causa dos alarmes estrondosos. Foi seguida rapidamente por
várias outras detonações, e a nave inteira começou a estremecer quando a
frota da República choveu sobre eles. Karrid gritou e se afastou de Theron,
correndo de volta para a sua cápsula de comando para que pudesse retomar
o controle e salvar a sua preciosa nave. Ela se jogou no assento, com os fios
pendurados ganhando vida, as suas pontas enterrando nos implantes de sua
carne.
Theron apertou o gatilho no seu blaster defeituoso. Nenhum raio saiu,
mas a fonte de energia gritou em sinal de protesto. Jogou o aparelho na
direção de Karrid. Ele pousou perto e deslizou pelo chão, deslizando contra
a base da cadeira de comando quando as duas metades da esfera se
fecharam.
Mesmo através do cristal impermeável, a explosão foi alta o suficiente
para fazer os seus ouvidos zumbirem. Era impossível ver através do cristal
opaco para testemunhar a carnificina horrenda lá dentro, mas Theron não
achava necessariamente que isso era uma coisa ruim. Por mais que quisesse
derrotar Darth Karrid, não queria vê-la espalhada por todas as paredes da
cabine de comando.
Mas, embora a Mestra deles estivesse morto, os seus aprendizes
continuaram lutando.
Mestre Gnost-Dural viu Darth Karrid deixar a sua cápsula e seguir na
direção de Theron, mas não foi capaz de se separar de seu duelo com os
dois Lordes Sith. Como o cansaço diminuiu a velocidade e a concentração
dos Jedi, ele parou de ser capaz de se manter firme. A pressão implacável
de seus oponentes lentamente o empurrou para trás até que eles o tinham
encurralado contra a parede.
A despeito do que estava acontecendo ao seu redor, a batalha deles se
arrastava inabalável. Com o foco obstinado, os seus inimigos ignoraram os
alarmes quando começaram a tocar. As explosões que abalaram a nave e
fizeram toda a sala tremer não lhes deram nenhuma pausa. Mas a explosão
de dentro da cápsula de comando de Karrid foi tão próxima e tão alta que
realmente chamou a atenção dos três combatentes para longe do duelo.
Sobre o alto-falante, uma voz se elevou acima dos alarmes, dando ordem
para abandonar a nave. Gnost-Dural sabia que os soldados imperiais do
lado de fora, estavam tentando abrir a porta, atenderiam ao chamado, mas
não tinha tanta certeza dos dois Sith na sala.
— Você pode ficar e acabar comigo enquanto esta nave desmorona em
torno de nós. — disse o Kel Dor, ofegando. — Ou podemos chamar isso de
empate e fazer uma pausa para os pods de fuga.
O puro sangue levantou as suas lâminas roxas como se estivesse pronto
para continuar a luta, mas rapidamente mudou de ideia quando seu parceiro
se virou e correu em direção da saída. Uma poderosa explosão da Força
enviou o painel da porta encravada para o corredor agora vazio do outro
lado. Um segundo depois eles se foram, desaparecendo no corredor.
Outra explosão fez a Lança começar a tombar para o lado. Os sistemas
de gravidade artificial deveriam ter reagido e se recalibrado
automaticamente. Mas o dano infligido pela frota da República deve ter
sido grande demais e, de repente, Gnost-Dural se viu escorregando pelo
chão inclinado. Ele deslizou pela porta e entrou no corredor, juntado um
segundo depois por Theron. O Mestre Jedi usou a Força para não bater
contra a parede; o agente do SIE não teve tanta sorte.
— Acho que superamos as boas-vindas. — disse Theron.
— Lidere o caminho. — ofereceu os Jedi.
A nave continuou a tombar lentamente, e logo a parede lateral serviu
como piso. Eles chegaram ao turboelevador sem ver nenhum sinal dos dois
Lordes Sith, ou de nenhum dos soldados com quem haviam encontrado
antes.
— Parece que somos os últimos na festa. — disse Theron quando as
portas do elevador se abriram e eles se arrastaram desajeitadamente para
dentro. — É melhor lembrar de apagar as luzes.
— Acho que a República está fazendo isso por nós. — responderam os
Jedi, enquanto outra série de explosões emborcava completamente a Lança
e o turboelevador estremecia.

A bordo da ponte da Égide, Jace observou o êxodo em massa de quase mil


pods de fuga enquanto os Imperiais fugiam da Lança Ascendente. Por sua
ordem, a frota ainda estava atirando na nave de Karrid. Pensou em cancelar
o ataque; não fazia ideia se o seu filho, e o Mestre Gnost-Dural, ainda
estavam a bordo. Mas o risco de uma retaliação final, mesmo quando a nave
estava morrendo, era muito grande. Como Comandante Supremo da
República, não podia pôr em risco a vida de todos a bordo das naves sob o
seu comando, pelo bem de uma única pessoa, nem mesmo de seu próprio
filho.
Tentou se tranquilizar argumentando que na verdade não tinha nenhuma
prova de que Theron estivesse na nave durante a batalha, mas, dado tudo o
que havia acontecido, era provável. Esperançosamente ele tinha de
encontrar alguma maneira de escapar vivo, embora pelo que sabia do filho,
não ter uma estratégia de evacuação pré planejada não o tivesse detido.
Os pods de fuga continuaram a ser lançados, disparando em centenas de
direções diferentes. Seria impossível rastrear todos eles... embora não fosse
difícil virar as armas da frota contra eles e acabar com praticamente todos
eles.
— Você só tá deixando todos irem? — Teff'ith perguntou.
— Você se importa? — Jace estalou.
— Não. — o Twi'lek disse com um encolher de ombros. — Apenas
estou surpresa. Achei que você odiava Imperiais.
Na falta de hiperdrives, o alcance dos pods era limitado; a maioria
acabaria desembarcando nas cidades orbitais de Duro, onde as autoridades
os levariam sob custódia. Alguns seguiriam na direção oposta, tentando
chegar aos mundos menos populosos do sistema. Lá eles se esconderiam,
contando com os transponders para liderar uma equipe de resgate imperial
para sua localização para o resgate, mas o número que realmente iria voltar
para o Império era o mínimo.
Além disso, Jace pensou, Theron poderia estar entre um deles.
Olhou para Satele e viu que os olhos dela estavam olhando para longe,
sem nada em particular. Reconheceu o olhar; ela estava entrando em
contato com a Força para tentar encontrar Theron e Gnost-Dural.
— Eles estão lá fora?
— Não sei. — disse ela finalmente, inclinando a cabeça em derrota. —
As energias do lado sombrio da Lança dificultam a visão. Talvez se
tivéssemos um vínculo especial... — Ela se calou.
— Não se preocupe. — disse Teff'ith. — Theron é durão. Apenas
lembre-se de nos pagar quando isso acabar.
Apesar de sua atitude aparentemente descuidada, até Jace podia dizer
que estava tão perturbada quanto o resto deles.

Theron havia deixado o seu ponto hackeador pra trás no console de controle
do santuário interno de Karrid; no momento em que ia recuperá-lo tinha
ficado em segundo plano para evitar ser cortado ao meio por seu sabre de
luz voador. Sem ele, no entanto, não conseguiu entrar no turboelevador para
tentar reiniciá-lo. Forçado a confiar em métodos mais cruéis, chutou a
parede duas vezes e um gemido profundo veio do poço abaixo, ou talvez
agora estivesse acima. Lentamente, o elevador começou a se mover
novamente.
— Estou surpreso que funcionou. — comentou o Jedi.
— Eu e esta nave temos um pouco de história agora. — disse Theron
com uma piscadela.
Quando chegaram ao convés D, as portas do elevador se abriram vários
centímetros e depois pararam. Theron chutou a parede novamente, mas
nada aconteceu.
— Você pode, uh, você sabe? — Theron perguntou ao companheiro,
girando os dedos no ar.
— Usar a força é mais cansativo do que você pensa. — disse o Jedi. —
Agarre-se. — Gnost-Dural segurou a beirada de uma das portas, Theron a
outra. Grunhindo e se esforçando, eles conseguiram abrir espaço suficiente
para se espremer. O corredor a frente estava escuro, até a iluminação de
emergência havia falhado. Quando eles subiram no chão, o que havia sido o
teto antes da Lança se virar, o Jedi acendeu a sua lâmina verde para
iluminar o caminho. A nave estremeceu novamente e ouviram um estrondo
profundo, distintamente diferente do som das explosões causadas pelo
bombardeio da República.
— Sala de máquinas. — disse Theron. — Os sistemas de refrigeração
devem ter sido desligados.
Sabia que o Gnost-Dural não precisava dele para explicar o que
aconteceria quando a unidade de contenção de hipermatéria superaquecesse,
a explosão resultante vaporizaria toda a nave. Subindo pelo corredor,
chegaram aos pods de fuga.
— Vazio. — Theron murmurou quando passaram pela primeira Baía. —
Vazia. Vazia. Vazia. Ah... aí está!
— O pod de fuga privado de Karrid. — disse Theron com um sorriso. —
Imaginei que ninguém seria burro o suficiente para pegá-lo.
Eles se amontoaram quando a nave começou a tremer ainda mais
violentamente do que antes. Theron apertou o botão para selar as portas e
Gnost-Dural apertou os controles para lançá-los no espaço.
Theron olhou de volta para a Lança moribunda através da janela traseira
enquanto flutuavam para longe. A nave explodiu em uma explosão de fogos
de artifício, cada um aparentemente mais brilhante e maior que o anterior. E
então a nave foi consumida em um flash branco brilhante, pontuado pelo
anel de energia brilhante que se expandia rapidamente e que caracterizava
uma enorme explosão de hipermatéria.

Um silêncio opressivo pairou sobre a ponte do Égide. O som dos dedos


batendo nos controles dos consoles e os bipes eletrônicos suaves das
estações de trabalho enfatizavam apenas a completa falta de conversa.
Passou-se muito tempo, pensou Jace. Ninguém a bordo poderia
sobreviver à última explosão.
Olhou para Satele, mas ela não retornou o olhar. Ela estava de pé com os
olhos fechados e as mãos cruzadas na frente do peito. Jace não tinha como
saber se ela ainda estava tentando usar a Força para encontrar Theron, ou se
ela estava apenas tentando se segurar.
— Sinal vindo de um dos pods de fuga, senhor!
A voz do tripulante quebrou o silêncio. Assustado, Jace soltou um
suspiro que nem sabia que estava segurando.
— Passe a chamada. — ordenou o Comandante Supremo, com o
coração batendo forte com uma mistura de esperança e pavor.
— Ei, Égide — a voz de Theron veio pelo alto-falante. — Alguma
chance de eu e meu amigo Jedi aqui podermos pegar uma carona?

Cinco minutos depois, Jace, Satele e Teff'ith estavam no cais de atracação,


junto com outros vinte membros da tripulaçã da Égide,quando a porta do
pod de fuga se abriu. Mestre Gnost-Dural saiu primeiro, seguido por
Theron. Todos reunidos em uma rodada de aplausos espontâneos e
aplausos. Jace juntou-se, batendo suas mãos grandes cordialmente juntos
como uma onda inesperada de orgulho e alegria que não tinha sentido em
anos correu através dele. Era tudo o que podia fazer para não avançar e
abraçar os dois heróis em um feroz abraço de urso.
— Bem-vindos de volta. — disse ele, fazendo uma saudação aguda.
— Parece que todo mundo apareceu para dizer oi. — disse Theron, com
os seus olhos mudando da multidão, para Jace, para Teff'ith e, finalmente,
para Satele. — E eu quero dizer todo mundo mesmo.
— A República lhe deve uma dívida que nunca poderá pagar. — disse
Satele, e Jace poderia dizer que ela também estava lutando para permanecer
reservada na frente do resto das tropas reunidas.
Foi a irreprimível Twi'lek quem finalmente disse o que todos estavam
pensando, mas não tiveram coragem de falar.
— Você sabe que os dois estão nus, certo?
JACE TENTOU PROJETAR uma demonstração externa de calma
autoritária enquanto se sentava na cadeira atrás de sua mesa, mas dentro de
seu estômago estava agitado.
Isso é loucura. Você fez um milhão de perguntas. Isto não é diferente.
Mas era diferente, simplesmente por causa de quem estava envolvido.
Satele e Mestre Gnost-Dural já estavam lá, sentados em duas das quatro
cadeiras que foram colocadas do outro lado da mesa de Jace. Os outros dois
assentos estavam vazios, reservados para o diretor e, é claro, para Theron.
Três dias se passaram desde a vitória em Duro. Naquela época, Jace não
havia falado com Satele ou Theron, além de algumas palavras, enquanto
apresentava Theron, Gnost-Dural e Teff'ith com a Cruz da Glória, a maior
honra da República, em uma cerimônia semi-privada observada por várias
dezenas de dignitários e funcionários. Do outro lado da porta, ouviu a risada
alegre e aguda da recepcionista; alguns segundos depois a porta se abriu e
Marcus entrou, fechando-a atrás deles.
— Onde está Theron? — Jace perguntou.
—Ele disse que não podia vir. — disse o diretor, claramente
desconfortável. — Ele me deu o relatório dele. Podemos entrar em contato
com ele após o depoimento, se tivermos alguma dúvida.
Jace estava atordoado. Cancelar o depoimento não era um ato oficial de
insubordinação; tecnicamente, Theron respondeu ao diretor, não a Jace.
Marcus poderia ter ordenado que viesse, é claro, mas isso seria totalmente
contraproducente. Ainda assim, Jace esperava vê-lo.
— Tudo bem então. — disse ele, cobrindo a sua decepção com um
profissionalismo severo. — Vamos começar.
O depoimento não demorou tanto tempo quanto Jace esperava para uma
tarefa dessa natureza e complexidade. Poderia ter se gabado de como toda a
missão foi posta em risco porque Theron e Gnost-Dural não seguiram as
ordens, mas teria sido apenas para se mostrar. Todos na sala sabiam a
verdade, e Jace confiou em Satele e Marcus para sabia melhor como lidar
com o pessoal daqui para frente. Em vez disso, eles se apegaram a fatos e
análises, e tudo terminou em menos de uma hora.
Enquanto todos se levantavam para sair, Jace disse:
— Grã Mestra Satele, você pode ficar um momento?
Gnost-Dural e o diretor saíram rapidamente, fechando a porta atrás deles
sem serem solicitados.
— Você não é o único que esperava que Theron estivesse aqui. — disse
Satele quando estavam sozinhos.
— Isso é tão óbvio? — Ele perguntou, saindo de trás da mesa para tentar
diminuir um pouco de sua frustração.
— É para mim. — disse Satele, parado imóvel enquanto o observava ir e
voltar. — Mas eu posso entender o motivo que ele não estaria com
disposição para uma reunião de família.
— Você acha que ele ainda me culpa?
— Você fez a coisa certa. Você trouxe a frota para Duro.
— Isso compensa deixar o Império atacar Ruan?
— Nem sempre podemos consertar os nossos erros. — disse ela. — Só
podemos aprender com eles.
Jace franziu a testa, como sempre, não achou a sabedoria típica dos Jedi
particularmente útil. Parou de andar e virou-se para Satele, parado bem na
frente dela.
— Como faço para corrigir isso?
Satele balançou a cabeça.
— Você o conhece tão bem quanto eu.
— Esse é o problema. — disse ele. — Eu quero conhecê-lo melhor.
— Então espere ele vir até você. — disse ela.
— Isso não parece estar funcionando muito bem para você. — Jace
apontou.
— As circunstâncias do seu relacionamento com nosso filho são
diferentes das minhas. — observou Satele, e Jace sentiu um profundo
arrependimento por trás de suas palavras.
— Você nunca quer ir falar com ele?
— Existem muitas coisas que queremos que não podemos ter. —
respondeu ela, com a sua expressão ilegível. — É o fardo da liderança.
Ela estendeu a mão e colocou uma mão macia no ombro dele. Ela
deixou lá por um longo momento, depois se afastou e se virou para ir
embora.
— Adeus, Comandante Supremo.
— Adeus, Grã Mestra. — ele respondeu.
Quando ela se foi, ele se sentou em sua mesa e ligou a sua estação de
trabalho, determinado a se perder na montanha interminável de relatórios
que sempre pareciam precisar de sua atenção. Para a sua surpresa, viu que
havia uma hologravação à sua espera.
— Desculpe, eu perdi o depoimento, comandante. — disse Theron
quando ele abriu a mensagem. — Tinha algo que eu precisava cuidar. Mas
talvez mais tarde possamos pegar a bebida de que falamos. Nos dê a chance
de só... eu não sei... conversar, eu acho.
Jace desligou a mensagem, que terminou com um pequeno sorriso
satisfeito.

Escondido nas sombras no canto de trás do quarto de hotel de Teff'ith,


Theron observou a mochila Twi'lek, ouvindo as queixas divertidas que ela
resmungava enquanto vasculhava a sala em busca de algo que valesse a
pena roubar.
— A República estúpida nos dá uma medalha estúpida! Não se pode
gastar a medalha. Nem vale a pena derreter.
— Procurando por algo? — Ele perguntou, entrando em vista.
Como que por mágica, o seu blaster apareceu de repente na mão.
— Como você entrou?
— Acredite ou não, esses hotéis de alta classe não têm realmente muita
segurança.
Teff'ith baixou o blaster, mas lhe lançou um olhar maldoso.
— Você nunca nos pagou. — ela o acusou.
— Tenho aqui os teus créditos. — disse Theron, apontando para uma
bolsa no canto onde estava parado.
— Créditos reais? Não é uma chipe da República?
— Dez mil créditos reais. Não achei que uma chipe de crédito da
República tivesse muito valor para onde você está indo.
— Dez mil? — Ela protestou. — E os créditos que Gorvich roubou de
nós?
— Isso é entre você e ele. — disse Theron com um encolher de ombros.
— Sabia que não podíamos confiar em você. — Teff'ith disse com uma
careta enquanto ela se aproximou e pegou a bolsa.
— Eu posso conseguir mais alguns milhares se você ficar por aqui. —
ele ofereceu.
— Não vou ficar. — disse ela, depositando os créditos na cama do
quarto do hotel para poder contar. — Odeio isso aqui. É brilhante demais.
Eu sei o que você quer dizer, pensou Theron. Em voz alta, ele perguntou:
— Então, qual é o seu plano?
— Não sei. Dar um jeito. Não posso voltar para a Irmandade da Antiga
Tion graças a você.
— Aposto que o diretor poderia encontrar uma posição para você no SIE
como agente de campo.
— Passo. — disse ela, pegando os créditos e colocando-os de volta na
bolsa. — Não estou interessada em apresentar relatórios para um chefe atrás
de uma mesa. Trabalhamos apenas para nós mesmos.
Ela jogou a bolsa por cima do ombro e foi em direção à porta. Antes de
sair, ela voltou-se para Theron.
— Chega de nos espionar. — ela disse, balançando o dedo na direção
dele. — Não preciso de você me observando por cima do ombro como
irmão mais velho.
Theron a observou partir, sem dizer nada até a porta se fechar atrás dela.
— Você pode não precisar de mim olhando por cima do seu ombro, mas
eu estarei lá de qualquer maneira. — ele jurou suavemente. — É isso que a
família faz.
STAR WARS / A VELHA REPÚBLICA - ANIQUILAÇÃO
TÍTULO ORIGINAL: Star Wars / The Old Republic - Annihilation
COPIDESQUE: TRADUTORES DOS WHILLS
REVISÃO: TRADUTORES DOS WHILLS
DIAGRAMAÇÃO: TRADUTORES DOS WHILLS
ARTE E ADAPTAÇÃO: TRADUTORES DOS WHILLS
ILUSTRAÇÃO: TRADUTORES DOS WHILLS
GERENTE EDITORIAL: TRADUTORES DOS WHILLS
DIREÇÃO EDITORIAL: TRADUTORES DOS WHILLS
ASSISTENTES EDITORIAIS: TRADUTORES DOS WHILLS

COPYRIGHT © & TM 2012 LUCASFILM LTD.


COPYRIGHT © TRADUTORES DOS WHILLS, 2021
(EDIÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA PARA O BRASIL)
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.
PROIBIDA A REPRODUÇÃO, NO TODO OU EM PARTE, ATRAVÉS DE QUAISQUER MEIOS.

VELHA REÚBLICA - ANIQUILAÇÃO É UM LIVRO DE FICÇÃO. TODOS OS PERSONAGENS, LUGARES E


ACONTECIMENTOS SÃO FICCIONAIS.
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
TDW CRB-1/000
K93d Karpyshyn, Drew
STAR WARS - VELHA REÚBLICA - ANIQUILAÇÃO [recurso eletrônico] / Drew Karpyshyn;
traduzido por Abraão Godinho.
400 p. : 4.0 MB.
Tradução de: The Old Republc - Annihilation
ISBN: 978-0-345-52988-6 (Ebook)
1. Literatura norte-americana. 2. Ficção científica. I. GODINHO, ABRAÃO CF. II. Título.
2017.352

ÍNDICES PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO:

Literatura : Ficção Norte-Americana 813.0876


Literatura norte-americana : Ficção 821.111(73)-3

tradutoresdoswhills.wordpress.com
Agradecimentos

Embora meu nome seja o destaque na capa deste livro, como em qualquer
romance de Star Wars, não poderia estar ali sem as contribuições de muitas
outras pessoas. Theron Shan e Teff'ith foram introduzidos pela primeira vez
na série de quadrinhos Star Wars: A Velha República: Sóis Perdido, então
eu tenho que agradecer a Alexander Freed e o pessoal da Dark Horse
Comics por criarem personagens divertidos e memoráveis. Da mesma
forma, Jace Malcolm, Satele Shan e vários outros personagens apresentados
em Aniquilação foram criados originalmente pela equipe de Star Wars: A
Velha República na BioWare, então devo-lhes também uma dívida de
gratidão.
Também gostaria de agradecer a todos da Del Rey e LucasBooks,
particularmente meus editores, Frank Parisi e Jennifer Heddle. A inserção
de uma nova história em um ambiente colaborativo como o universo Star
Wars é sempre uma proposta delicada, e eu não poderia ter feito isso sem
todo o respaldo e ajuda deles.
Finalmente, gostaria de dar um agradecimento especial a todos os fãs da
minha escrita: sem o seu apoio, eu não estaria onde estou hoje.
Sobre o Autor

DREW KARPYSHYN é o autor do mais vendido de Star Wars


com A Velha República: Revan e a trilogia Star Wars:
Darth Bane: Caminho da Destruição, Regra de Dois e
Dinastia do Mal. Ele também escreveu a aclamada série de
romances Mass Effect e trabalhou como escritor e designer
em vários videogames premiados. Depois de passar a
maior parte de sua vida no Canadá, ele finalmente se
cansou dos invernos longos e frios e rumou para o sul em
busca de um clima mais propício para o golfe o ano todo.
Drew Karpyshyn agora mora no Texas com sua esposa,
Jennifer, e seu gato.

paulskemp.net
Twitter: @paulskemp
Instagram: @paulsvantekemp
Star Wars: Guardiões dos Whills
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No mundo do deserto de Jedha, na Cidade Santa, os amigos Baze e


Chirrut costumavam ser Guardiões das colinas, que cuidavam do
Templo de Kyber e dos devotos peregrinos que adoravam lá. Então
o Império veio e assumiu o planeta. O templo foi destruído e as
pessoas espalhadas. Agora, Baze e Chirrut fazem o que podem
para resistir ao Império e proteger as pessoas de Jedha, mas nunca
parece ser suficiente. Então um homem chamado Saw Gerrera
chega, com uma milícia de seus próprios e grandes planos para
derrubar o Império. Parece ser a maneira perfeita para Baze e
Chirrut fazer uma diferença real e ajudar as pessoas de Jedha a
viver melhores vidas. Mas isso vai custar caro?

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STAR WARS: Episódio VIII: Os Últimos Jedi
(Movie Storybook)
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Um livro de imagens ilustrado que reconta o filme Star Wars: Os


Últimos Jedi.

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Chewie e a Garota Corajosa
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Um Wookiee é o melhor amigo de uma menina! Quando Chewbacca


conhece a jovem Zarro na Orla Exterior, ele não tem escolha a não
ser deixar de lado sua própria missão para ajudá-la a resgatar seu
pai de uma mina perigosa. Essa incrível Aventura foi baseada na
HQ do Chewbacca… (FAIXA ETÁRIA: 6 a 8 anos)

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Star Wars: Ahsoka
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Esse é o Terceiro Ebook dos Tradutores dos Whills com uma


aventura emocionante sobre uma heroína corajosa das Séries de
TV Clone Wars e Rebels: Ahsoka Tano! Os fãs há muito tempo se
perguntam o que aconteceu com Ahsoka depois que ela deixou a
Ordem Jedi perto do fim das Guerras Clônicas, e antes dela
reaparecer como a misteriosa operadora rebelde Fulcro em Rebels.
Finalmente, sua história começará a ser contada. Seguindo suas
experiências com os Jedi e a devastação da Ordem 66, Ahsoka não
tem certeza de que possa fazer parte de um todo maior de novo.
Mas seu desejo de combater os males do Império e proteger
aqueles que precisam disso e levará a Bail Organa e a Aliança
Rebelde….

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Star Wars: Kenobi Exílio
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A República foi destruída, e agora a galáxia é governada pelos


terríveis Sith. Obi-Wan Kenobi, o grande cavaleiro Jedi, perdeu
tudo… menos a esperança. Após os terríveis acontecimentos que
deram fim à República, coube ao grande mestre Jedi Obi-Wan
Kenobi manter a sanidade na missão de proteger aquele que pode
ser a última esperança da resistência ao Império. Vivendo entre
fazendeiros no remoto e desértico planeta Tatooine, nos confins da
galáxia, o que Obi-Wan mais deseja é manter-se no completo
anonimato e, para isso, evita o contato com os moradores locais. No
entanto, todos esses esforços podem ser em vão quando o “Velho
Ben”, como o cavaleiro passa a ser conhecido, se vê envolvido na
luta pela sobrevivência dos habitantes por uma Grande Seca e por
causa de um chefe do crime e do povo da areia. Se com o Novo
Cânone pudéssemos encontrar todos os materiais disponíveis aos
anos de Exílio de Obi-Wan Kenobi em um só Lugar? Após o Livro
Kenobi se tornar Legend, os fãs ficaram sem saber o que aconteceu
com o Velho Ben nesse tempo de reclusão. Então os Tradutores dos
Whills também se fizeram essa pergunta e resolveram fazer esse
trabalho de compilação dos Contos, Ebooks, Séries Animadas e
HQs, em um só Ebook Especial e Canônico para todos os Fãs!!

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Star Wars: Dookan: O Jedi Perdido
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Esse é o Quarto Ebook dos Tradutores dos Whills com uma


aventura emocionante sobre um Vilão dos Filmes e da Série de TV
Clone Wars: Conde Dookan! Mergulhe na história do sinistro Conde
Dookan no roteiro original da emocionante produção de áudio de
Star Wars! Darth Tyranus. Conde de Serenno. Líder dos
Separatistas. Um sabre vermelho, desembainhado no escuro. Mas
quem era ele antes de se tornar a mão direita dos Sith? Quando
Dookan corteja uma nova aprendiz, a verdade oculta do passado do
Lorde Sith começa a aparecer. A vida de Dookan começou como um
privilégio, nascido dentro das muralhas pedregosas da propriedade
de sua família. Mas logo, suas habilidades Jedi são reconhecidas, e
ele é levado de sua casa para ser treinado nos caminhos da Força
pelo lendário Mestre Yoda. Enquanto ele afia seu poder, Dookan
sobe na hierarquia, fazendo amizade com Jedi Sifo-Dyas e levando
um Padawan, o promissor Qui-Gon Jinn, e tenta esquecer a vida
que ele levou uma vez. Mas ele se vê atraído por um estranho
fascínio pela mestra Jedi Lene Kostana, e pela missão que ela
empreende para a Ordem: encontrar e estudar relíquias antigas dos
Sith, em preparação para o eventual retorno dos inimigos mais
mortais que os Jedi já enfrentaram. Preso entre o mundo dos Jedi,
as responsabilidades antigas de sua casa perdida e o poder sedutor
das relíquias, Dookan luta para permanecer na luz, mesmo quando
começa a cair na escuridão.

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Star Wars: Discípulo Sombrio
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Esse é o Quinto Ebook dos Tradutores dos Whills com uma


aventura emocionante sobre um Vilões e Heróis dos Filmes e da
Série de TV Clone Wars! Baseado em episódios não produzidos de
Star Wars: The Clone Wars, este novo romance apresenta Asajj
Ventress, a ex-aprendiz Sith que se tornou um caçadora de
recompensas e uma das maiores anti-heróis da galáxia de Star
Wars. Na guerra pelo controle da galáxia entre os exércitos do lado
negro e da República, o ex-Mestre Jedi se tornou cruel. O Lorde Sith
Conde Dookan se tornou cada vez mais brutal em suas táticas.
Apesar dos poderes dos Jedi e das proezas militares de seu
exército de clones, o grande número de mortes está cobrando um
preço terrível. E quando Dookan ordena o massacre de uma flotilha
de refugiados indefesos, o Conselho Jedi sente que não tem
escolha a não ser tomar medidas drásticas: atacar o homem
responsável por tantas atrocidades de guerra, o próprio Conde
Dookan. Mas o Dookan sempre evasivo é uma presa perigosa para
o caçador mais hábil. Portanto, o Conselho toma a decisão ousada
de trazer tanto os lados do poder da Força de suportar, — juntar o
ousado Cavaleiro Quinlan Vos com a infame acólita Sith Asajj
Ventress. Embora a desconfiança dos Jedi pela astuta assassina
que uma vez serviu ao lado de Dookan ainda seja profunda, o ódio
de Ventress por seu antigo mestre é mais profundo. Ela está mais
do que disposta a emprestar seus copiosos talentos como caçadora
de recompensas, e assassina, na busca de Vos.Juntos, Ventress e
Vos são as melhores esperanças para eliminar a Dookan, — desde
que os sentimentos emergentes entre eles não comprometam a sua
missão. Mas Ventress está determinada a ter sua vingança e,
finalmente, deixar de lado seu passado sombrio de Sith.
Equilibrando as emoções complicadas que sente por Vos com a
fúria de seu espírito guerreiro, ela resolve reivindicar a vitória em
todas as frentes, uma promessa que será impiedosamente testada
por seu inimigo mortal… e sua própria dúvida.

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Star Wars: Episódio IX: A Ascensão do Skywalker:
Edição Expandida

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Leia o épico capítulo final da saga Skywalker com a novelização


oficial de Star Wars: A Ascensão Skywalker, incluindo cenas
ampliadas e conteúdo adicional não visto nos cinemas! A
Resistência renasceu. Mas, embora Rey e seus companheiros
heróis estejam de volta à luta, a guerra contra a Primeira Ordem,
agora liderada pelo líder supremo Kylo Ren, está longe de terminar.
Assim como a faísca da rebelião está reacendendo, um sinal
misterioso é transmitido por toda a galáxia, com uma mensagem
assustadora: o Imperador Palpatine, há muito pensado derrotado e
destruído, está de volta dos mortos. O antigo Senhor dos Sith
realmente voltou? Kylo Ren corta uma faixa de destruição pelas
estrelas, determinado a descobrir qualquer desafio ao seu controle
sobre a Primeira Ordem e seu destino para governar a galáxia – e
esmagá-la completamente. Enquanto isso, para descobrir a
verdade, Rey, Finn, Poe e a Resistência devem embarcar na
aventura mais perigosa que já enfrentaram. Apresentando cenas
totalmente novas, adaptadas de material nunca visto, cenas
excluídas e informações dos cineastas, a história que começou em
Star Wars: O Despertar da Força e continuou em Star Wars: Os
Últimos Jedi chega a uma conclusão surpreendente.

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Star Wars: Os Segredos Dos Jedi

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Descubra o mundo dos Jedi de Star Wars através desta experiência


de leitura divertida e totalmente interativa. Star Wars: Jediografia é o
melhor guia do universo Jedi para o universo dos Jedi,
transportando jovens leitores para uma galáxia muito distante,
através de recursos interativos, fatos fascinantes e ideias cativantes.
Com ilustrações originais emocionantes e incríveis recursos
especiais, como elevar as abas, texturas e muito mais, Star Wars:
Jediografia garante a emoção das legiões de jovens fãs da saga.

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Star Wars:Thrawn: Alianças

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Palavras sinistras em qualquer circunstância, mas ainda mais


quando proferidas pelo Imperador Palpatine. Em Batuu, nos limites
das Regiões Desconhecidas, uma ameaça ao Império está se
enraizando. Com a sua existência pouco mais que um vislumbre, as
suas consequências ainda desconhecidas. Mas é preocupante o
suficiente para o líder imperial justificar a investigação de seus
agentes mais poderosos: o impiedoso agente Lorde Darth Vader e o
brilhante estrategista grão almirante Thrawn. Rivais ferozes a favor
do Imperador e adversários francos nos assuntos imperiais,
incluindo o projeto Estrela da Morte, o par formidável parece
parceiros improváveis para uma missão tão crucial. Mas o
Imperador sabe que não é a primeira vez que Vader e Thrawn
juntam forças. E há mais por trás de seu comando real do que
qualquer um dos suspeitos. No que parece uma vida atrás, o
general Anakin Skywalker da República Galáctica e o comandante
Mitth’raw’nuruodo, oficial da Ascensão do Chiss, cruzaram o
caminho pela primeira vez. Um em uma busca pessoal
desesperada, o outro com motivos desconhecidos... e não
divulgados. Mas, diante de uma série de perigos em um mundo
longínquo, eles forjaram uma aliança desconfortável, — nem
remotamente cientes do que seus futuros reservavam. Agora,
reunidos mais uma vez, eles se veem novamente ligados ao planeta
onde lutaram lado a lado. Lá eles serão duplamente desafiados, —
por uma prova de sua lealdade ao Império... e um inimigo que
ameaça até seu poder combinado.

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Star Wars: Legado da Força: Traição

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Esta é a era do legado de Luke Skywalker: o Mestre Jedi unificou a


Ordem em um grupo coeso de poderosos Cavaleiros Jedi. Mas
enquanto a nova era começa, os interesses planetários ameaçam
atrapalhar esse momento de relativa paz, e Luke é atormentado
com visões de uma escuridão que se aproxima. O mal está
ressurgindo “das melhores intenções” e parece que o legado dos
Skywalkers pode dar um ciclo completo.A honra e o dever colidirão
com a amizade e os laços de sangue, à medida que os Skywalker e
o clã Solo se encontrarem em lados opostos de um conflito
explosivo com repercussões potencialmente devastadoras para
ambas as famílias, para a ordem Jedi e para toda a galáxia. Quando
uma missão para descobrir uma fábrica ilegal de mísseis no planeta
Aduman termina em uma emboscada violenta, da qual a Cavaleira
Jedi Jacen Solo e o seu protegido e primo, Ben Skywalker, escapam
por pouco com as suas vidas; é a evidência mais alarmante ainda
que desencadeia uma discussão política. A agitação está
ameaçando inflamar-se em total Rebelião. Os governos de vários
mundos estão se irritando com os rígidos regulamentos da Aliança
Galáctica, e os esforços diplomáticos para garantir o cumprimento
estão falhando. Temendo o pior, a Aliança prepara uma
demonstração preventiva de poder militar, numa tentativa de trazer
os mundos renegados para a frente antes que uma revolta entre em
erupção. O alvo modelado para esse exercício: o planeta Corellia,
conhecido pela independência impetuosa e pelo espírito renegado
que fizeram de seu filho favorito, Han Solo, uma lenda. Algo como
um trapaceiro, Jacen é, no entanto, obrigado como Jedi a ficar com
seu tio, o Mestre Jedi Luke Skywalkers, ao lado da Aliança
Galáctica. Mas quando os Corellianos de guerra Lançam um contra-
ataque, a demonstração de força da Aliança, e uma missão secreta
para desativar a crucial Estação Central de Corellia; dão lugar a
uma escaramuça armada. Quando a fumaça baixa, as linhas de
batalha são traçadas. Agora, o espectro da guerra em grande escala
aparece entre um grupo crescente de planetas desafiadores e a
Aliança Galáctica, que alguns temem estar se tornando um novo
Império. E, enquanto os dois lados lutam para encontrar uma
solução diplomática, atos misteriosos de traição e sabotagem
ameaçam condenar os esforços de paz a todo momento.
Determinado a erradicar os que estão por trás do caos, Jacen segue
uma trilha de pistas enigmáticas para um encontro sombrio com as
mais chocantes revelações… enquanto Luke se depara com algo
ainda mais preocupante: visões de sonho de uma figura sombria
cujo poder da Força e crueldade lembram a ele de Darth Vader, um
inimigo letal que ataca como um espírito sombrio em uma missão de
destruição. Um agente do mal que, se as visões de Luke
acontecerem, trará uma dor incalculável ao Mestre Jedi e a toda a
galáxia.

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Star Wars: Battlefront II: Esquadrão Inferno

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Após o humilhante roubo dos planos da Estrela da Morte e a


destruição da estação de batalha, o Império está na defensiva. Mas
não por muito. Em retaliação, os soldados imperiais de elite do
Esquadrão Inferno foram chamados para a missão crucial de se
infiltrar e eliminar os guerrilheiros, a facção rebelde que já foi
liderada pelo famoso caça pela liberdade da República, Saw
Gerrera. Após a morte de seu líder, os guerrilheiros continuaram seu
legado extremista, determinados a frustrar o Império, não importa o
custo. Agora o Esquadrão Inferno deve provar seu status como o
melhor dos melhores e derrubar os Partisans de dentro. Mas a
crescente ameaça de serem descobertos no meio de seu inimigo
transforma uma operação já perigosa em um teste ácido de fazer ou
morrer que eles não ousam falhar. Para proteger e preservar o
Império, até onde irá o Esquadrão Inferno. . . e quão longe deles?
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Star Wars: Catalisador: Um Romance de Rogue One

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A guerra está destruindo a galáxia. Durante anos, a República e os


Separatistas lutaram entre as estrelas, cada um construindo uma
tecnologia cada vez mais mortal na tentativa de vencer a guerra.
Como membro do projeto secreto da Estrela da Morte do Chanceler
Palpatine, Orson Krennic está determinado a desenvolver uma
super arma antes que os inimigos da República possam. E um velho
amigo de Krennic, o brilhante cientista Galen Erso, poderia ser a
chave para a tentativa de vencer a guerra. Como membro do projeto
secreto da Estrela da Morte do Chanceler Palpatine, Orson Krennic
está determinado a desenvolver uma super arma antes que os
inimigos da República possam. E um velho amigo de Krennic, o
brilhante cientista Galen Erso, poderia ser a chave. A pesquisa
focada na energia de Galen chamou a atenção de Krennic e de seus
inimigos, tornando o cientista um peão crucial no conflito galáctico.
Mas depois que Krennic resgata Galen, sua esposa, Lyra, e sua
filha Jyn, de sequestradores separatistas, a família Erso está
profundamente em dívida com Krennic. Krennic então oferece a
Galen uma oportunidade extraordinária: continuar seus estudos
científicos com todos os recursos totalmente à sua disposição.
Enquanto Galen e Lyra acreditam que sua pesquisa energética será
usada puramente de maneiras altruístas, Krennic tem outros planos
que finalmente tornarão a Estrela da Morte uma realidade. Presos
no aperto cada vez maior de seus benfeitores, os Ersos precisam
desembaraçar a teia de decepção de Krennic para salvar a si
mesmos e à própria galáxia.

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Star Wars: Ascensão Rebelde

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Quando Jyn Erso tinha cinco anos, sua mãe foi assassinada e seu
pai foi tirado dela para servir ao Império. Mas, apesar da perda de
seus pais, ela não está completamente sozinha, — Saw Gerrera, um
homem disposto a ir a todos os extremos necessários para resistir à
tirania imperial, acolhe-a como sua e dá a ela não apenas um lar,
mas todas as habilidades e os recursos de que ela precisa para se
tornar uma rebelde.Jyn se dedica à causa e ao homem. Mas lutar ao
lado de Saw e seu povo traz consigo o perigo e a questão de quão
longe Jyn está disposta a ir como um dos soldados de Saw. Quando
ela enfrenta uma traição impensável que destrói seu mundo, Jyn
terá que se recompor e descobrir no que ela realmente acredita… e
em quem ela pode realmente confiar.

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Star Wars: A Alta República: A Luz dos Jedi

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Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo


da Ameaça Fantasma . . . Os Jedi iluminaram o caminho para a
galáxia na Alta República. É uma era de ouro. Os intrépidos
batedores do hiperespaço expandem o alcance da República para
as estrelas mais distantes, mundos prosperam sob a liderança
benevolente do Senado e a paz reina, reforçada pela sabedoria e
força da renomada ordem de usuários da Força conhecidos como
Jedi. Com os Jedi no auge de seu poder, os cidadãos livres da
galáxia estão confiantes em sua habilidade de resistir a qualquer
tempestade. Mas mesmo a luz mais brilhante pode lançar uma
sombra, e algumas tempestades desafiam qualquer preparação.
Quando uma catástrofe chocante no hiperespaço despedaça uma
nave, a enxurrada de estilhaços que emergem do desastre ameaça
todo o sistema. Assim que o pedido de ajuda sai, os Jedi correm
para o local. O escopo do surgimento, no entanto, é o suficiente
para levar até os Jedi ao seu limite. Enquanto o céu se abre e a
destruição cai sobre a aliança pacífica que ajudaram a construir, os
Jedi devem confiar na Força para vê-los em um dia em que um
único erro pode custar bilhões de vidas. Mesmo enquanto os Jedi
lutam bravamente contra a calamidade, algo verdadeiramente
mortal cresce além dos limites da República. O desastre do
hiperespaço é muito mais sinistro do que os Jedi poderiam
suspeitar. Uma ameaça se esconde na escuridão, longe da era da
luz, e guarda um segredo.

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Star Wars: A Alta República: O Grande Resgate Jedi

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Conheça os nobres e sábios Jedi da Alta República!Quando um


desastre acontece no hiperespaço, colocando o povo de Hetzal
Prime em grave perigo, apenas os Jedi da Alta República podem
salvar o dia! Esse ebook é a forma mais incrível de introduzir as
crianças nessa nova Era da Alta República, pois reconta a história
do Ebook Luz dos Jedi de forma simples e didática para as crianças.
(FAIXA ETÁRIA: 5 a 8 anos)

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Star Wars: A Alta República: Na Escuridão

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Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo


da Ameaça Fantasma... Os Jedi iluminaram o caminho para a
galáxia na Alta República. Padawan Reath Silas está sendo enviado
da cosmopolita capital galáctica de Coruscant para a fronteira
subdesenvolvida, e ele não poderia estar menos feliz com isso. Ele
prefere ficar no Templo Jedi, estudando os arquivos. Mas quando a
nave em que ele está viajando é arrancada do hiperespaço em um
desastre que abrange toda a galáxia, Reath se encontra no centro
da ação. Os Jedi e seus companheiros de viagem encontram refúgio
no que parece ser uma estação espacial abandonada. Mas então
coisas estranhas começaram a acontecer, levando os Jedi a
investigar a verdade por trás da estação misteriosa, uma verdade
que pode terminar em tragédia...

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Star Wars: A Alta República: Um Teste de Coragem

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Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo


da Ameaça Fantasma... Vernestra Rwoh é mais nova Cavaleira Jedi
com dezesseis anos, mas a sua primeira missão de verdade parece
muito com ser babá. Ela foi encarregada de supervisionar a
aspirante a inventora Avon Starros, de 12 anos, em um cruzador
rumo à inauguração de uma nova estação espacial maravilhosa
chamada Farol Estelar. Mas logo em sua jornada, bombas explodem
a bordo do cruzador. Enquanto o Jedi adulto tenta salvar a nave,
Vernestra, Avon, o droide J-6 de Avon, um Padawan Jedi e o filho
de um embaixador conseguem chegar a uma nave de fuga, mas as
comunicações acabam e os suprimentos são poucos. Eles decidem
pousar em uma lua próxima, que oferece abrigo, mas não muito
mais. E sem o conhecimento deles, o perigo se esconde na selva…

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Star Wars: A Alta República: Corrida para Torre
Crashpoint

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Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo


da Ameaça Fantasma... Padawan Ram Jomaram quer cuidar das
suas atividades em paz, mas o droide V-18 vem trazer notícias
sobre a queda das comunicações. Contudo osoutros Jedi estão
resolvendo outros problemas e ele é o único disponível para
resolver a situação.

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Star Wars: Velha República: Enganados

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“Nossa hora chegou. Durante trezentos anos nos preparamos;


ficamos mais fortes enquanto você descansava em seu berço de
poder... Agora sua República cairá.”Um guerreiro Sith para rivalizar
com o mais sinistro dos Lordes Sombrios da Ordem, Darth Malgus
derrubou o Templo Jedi em Coruscant em um ataque brutal que
chocou a galáxia. Mas se a guerra o coroasse como o mais sombrio
dos heróis Sith, a paz o transformará em algo muito mais hediondo,
algo que Malgus nunca gostaria de ser, mas não pode parar de se
tornar, assim como ele não pode impedir a Jedi desobediente de se
aproximar rapidamente. O nome dela é Aryn Leneer - e o único
Cavaleiro Jedi que Malgus matou na batalha feroz pelo Templo Jedi
era seu Mestre. Agora ela vai descobrir o que aconteceu com ele,
mesmo que isso signifique quebrar todas as regras da Ordem.

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Star Wars: Thrawn: Traição

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Essa foi a promessa que o Grão Almirante Thrawn fez ao Imperador


Palpatine em seu primeiro encontro. Desde então, Thrawn tem sido
um dos instrumentos mais eficazes do Império, perseguindo os seus
inimigos até os limites da galáxia conhecida. Mas por mais que
Thrawn tenha se tornado uma arma afiada, o Imperador sonha com
algo muito mais destrutivo. Agora, enquanto o programa TIE
Defender de Thrawn é interrompido em favor do projeto
ultrassecreto conhecido apenas como Estrelinha, do Diretor Krennic,
ele percebe que o equilíbrio de poder no Império é medido por mais
do que apenas perspicácia militar ou eficiência tática. Mesmo o
maior intelecto dificilmente pode competir com o poder de aniquilar
planetas inteiros. Enquanto Thrawn trabalha para garantir o seu
lugar na hierarquia Imperial, seu ex-protegido Eli Vanto retorna com
um terrível aviso sobre o mundo natal de Thrawn. O domínio da
estratégia de Thrawn deve guiá-lo através de uma escolha
impossível: dever para com a Ascendência Chiss ou a fidelidade
para com o Império que ele jurou servir. Mesmo que a escolha certa
signifique cometer traição.

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Star Wars: Mestre e Aprendiz

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Um Jedi deve ser um guerreiro destemido, um guardião da justiça e


um erudito nos caminhos da Força. Mas talvez o dever mais
essencial de um Jedi seja transmitir o que aprenderam. Mestre Yoda
treinou Dookan o qual treinou Qui-Gon Jinn; e agora Qui-Gon tem
um Padawan próprio. Mas enquanto Qui-Gon enfrentou todos os
tipos de ameaças e perigos como um Jedi, nada o assustou tanto
quanto a ideia de falhar com seu aprendiz. Obi-Wan Kenobi tem
profundo respeito por seu Mestre, mas luta para entendê-lo. Por que
Qui-Gon deve tantas vezes desconsiderar as leis que obrigam os
Jedi? Por que Qui-Gon é atraído por antigas profecias Jedi em vez
de preocupações mais práticas? E por que Obi-Wan não disse que
Qui-Gon está considerando um convite para se juntar ao Conselho
Jedi - sabendo que isso significaria o fim de sua parceria? A
resposta simples o assusta: Obi-Wan falhou com seu Mestre.
Quando Jedi Rael Aveross, outro ex-aluno de Dookan, solicita sua
ajuda em uma disputa política, Jinn e Kenobi viajam para a Corte
Real de Pijal para o que pode ser sua missão final juntos. O que
deveria ser uma tarefa simples rapidamente se torna obscurecido
por engano e por visões de desastre violento que tomam conta da
mente de Qui-Gon. Conforme a fé de Qui-Gon na profecia cresce, a
fé de Obi-Wan nele é testada - assim como surge uma ameaça que
exigirá que o Mestre e o Aprendiz se unam como nunca antes, ou se
dividam para sempre.

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Star Wars: Legado da Força: Linhagens de Sangue

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Uma nova era de aventuras emocionantes e revelações chocantes


continua a se desenrolar, à medida que a lendária saga Star Wars
avança em um novo território surpreendente. A guerra civil se
aproxima enquanto a incipiente Aliança Galáctica enfrenta um
número crescente de mundos rebeldes... e a guerra que se
aproxima está separando as famílias Skywalker e Solo. Han e Leia
retornam ao mundo natal de Han, Corellia, o coração da resistência.
Os seus filhos, Jacen e Jaina, são soldados na campanha da
Aliança Galáctica para esmagar os insurgentes. Jacen, agora um
mestre completo da Força, tem os seus próprios planos para trazer
ordem à galáxia. Guiado por sua mentora Sith, Lumiya, e com o filho
de Luke, Ben, ao seu lado, Jacen embarca no mesmo caminho que
o seu avô Darth Vader fez uma vez. E enquanto Han e Leia
assistem o seu único filho homem se tornar um estranho, um
assassino secreto emaranha o casal com um nome temido do
passado de Han: Boba Fett. Na nova ordem galáctica, amigos e
inimigos não são mais o que parecem...

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Star Wars: A Sombra da Rainha

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Quando Padmé Naberrie, Rainha Amidala de Naboo, deixa sua


posição, ela é convidada pela rainha recém-eleita para se tornar a
representante de Naboo no Senado Galáctico. Padmé não tem
certeza sobre assumir a nova função, mas não pode recusar o
pedido para servir seu povo. Junto com suas servas mais leais,
Padmé deve descobrir como navegar nas águas traiçoeiras da
política e forjar uma nova identidade além da sombra da rainha.

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Star Wars: Amanhecer dos Jedi - No vazio

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No planeta Tython, a antiga ordem Je'daii foi fundada. E aos pés de


seus sábios Mestres, Lanoree Brock aprendeu os mistérios e
métodos da Força, e encontrou seu chamado como um de seus
discípulos mais poderosos. Mas tão fortemente quanto a Força fluiu
dentro de Lanoree e seus pais, ela permaneceu ausente em seu
irmão, que passou a desprezar e evitar os Je'daii, e cujo
treinamento em seus métodos antigos terminou em tragédia. Agora,
de sua vida solitária como um Patrulheira mantendo a ordem em
toda a galáxia, Lanoree foi convocada pelo Conselho Je'daii em
uma questão de extrema urgência. O líder de um culto fanático,
obcecado em viajar além dos limites do espaço conhecido, está
empenhado em abrir um portal cósmico usando a temida matéria
escura como chave - arriscando uma reação cataclísmica que
consumirá todo o sistema estelar. Porém, mais chocante para
Lanoree do que até mesmo a perspectiva de aniquilação galáctica
total, é a decisão de seus Mestres Je'daii de incumbi-la da missão
de evitá-la. Até que uma revelação surpreendente deixa claro por
que ela foi escolhida: o louco brilhante e perigoso que ela deve
rastrear e parar a qualquer custo é o irmão cuja morte ela lamentou
por muito tempo, e cuja vida ela deve temer agora.

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Star Wars: Thrawn: ASCENDÊNCIA (Livro I – Caos
Crescente)

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Além do limite da galáxia estão as Regiões Desconhecidas:


caóticas, desconhecidas e quase intransitáveis, com segredos
ocultos e perigos em igual medida. E aninhada em seu caos
turbulento está a Ascendência, lar dos enigmáticos Chiss e das
Nove Famílias Regentes que as lideram. A paz da Ascensão, um
farol de calma e estabilidade, é destruída após um ousado ataque à
capital de Chiss que não deixa vestígios do inimigo. Perplexo, a
Ascendência despacha um de seus jovens oficiais militares para
erradicar os agressores invisíveis. Um recruta nascido sem título,
mas adotado na poderosa família de Mitth e que recebeu o nome de
Thrawn. Com o poder da Frota Expansionista em suas costas e a
ajuda de sua camarada Almirante Ar'alani, as respostas começam a
se encaixar. Mas conforme o primeiro comando de Thrawn investiga
mais profundamente a vasta extensão do espaço que seu povo
chama de Caos, ele percebe que a missão que lhe foi dada não é o
que parece.

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