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Para todas as rainhas que estão lutando sozinhas:

Querida, você não está dançando sozinha.


Star Wars - A Esperança da Rainha é uma obra de ficção. Nomes, lugares,
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Capa
Página Título
Direitos Autorais
Dedicatória
Índice
Epígrafo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Sobre o Ebook
Agradecimentos
Sobre a Autora
Era uma vez uma menina que não tinha nada, e não estava contente.
O mundo dela era duro e desolador. Cresceu cercada de poeira e
abandonada, e estava sempre com fome porque nunca havia o suficiente
para comer. A suava desconfortavelmente enquanto trabalhava sob os sóis
do deserto e congelava à noite quando o calor evaporava. A sua família se
foi, e não havia ninguém para consolá-la desde que era pequena.
Mas a garota tinha algo, uma crença que ninguém poderia tirar dela.
Tinha fé na bondade inerente da galáxia e nas forças que fazia isto
funcionar. Embora ninguém se importasse com os sentimentos ou o futuro
dela, importava-se com as pessoas ao seu redor e mostrava isto a elas de
pequenas maneiras. Não sabia, mas isso a tornava especial. Outra pessoa
pode ter se transformado sob a mesma pressão e conhecido apenas ódio.
Sempre foi generosa, sempre oferecendo ajuda a quem precisava, porque
não conseguia manter o seu espírito contido.
À medida que crescia, aprendeu mais sobre como a galáxia deveria
funcionar. Os Jedi e a cruzada deles para manter o equilíbrio. A República
e as suas leis que não podiam protegê-la. O que conseguiu em vez disso foi
um criminoso atrás do outro, aqueles que usaram o seu poder apenas para
servir a si mesmos. Outra garota poderia ter desistido, resignado ao seu
destino e se amargurado com isso. Conhecia muitos que tinham, e não os
culpou. Eles fizeram o que precisavam fazer para sobreviver. Mas havia
algo nela que sempre a afastava da escuridão, não importa o quão tentador
fosse.
A menina ficou mais velha. O deserto marcou o seu rosto antes do
tempo e rachou a pele de suas mãos. Trabalhava sem parar, até mesmo
mexendo em projetos em seu tempo livre para afastar a solidão. Poderia
vender o seu trabalho, embora nunca tivesse dinheiro suficiente para
comprar a sua liberdade. Ninguém a notou, pelo menos ninguém em
Tatooine.
Não foi algo que ouviu, não exatamente. Foi um chamado, mas foi o
tipo de chamado que você sente. Em algum lugar, na galáxia, algo estava
lhe esperando. Não entendia e não tinha muito tempo para tentar descobrir,
mas quando sonhava, ouvia uma música e se sentia menos sozinha.
A música lhe prometia algo que, pelo menos por um tempo, seria só
dela. Não haveria propriedade, nenhuma obrigação pressionada. Apenas
amor e conexão e a sensação de um lar. A garota não se sentiu manipulada,
mesmo que o poder que cantava para ela estivesse além da sua percepção.
A garota sabia que nada era permanente. Até as cicatrizes nas suas
costas poderiam ser devidamente curadas se alguém se importasse o
suficiente com ela para fazê-lo. A estava sendo oferecida uma chance de
alegria, uma chance de pertencer a alguém porque escolheu, e não porque
foi roubada. Uma chance de ter alguém que a olharia e sentiria amor. Algo
pelo qual vale a pena lutar.
Shmi Skywalker estendeu as mãos para as estrelas e disse:
— Sim.
Por uma das poucas vezes na sua vida, Padmé Amidala não tinha ideia do
que fazer. Guardava segredos o tempo todo, mas este era diferente.
Normalmente, as garotas com quem compartilhava os seus segredos
também a ajudavam a mantê-los. Elas não eram apenas as suas confidentes;
elas mantinham a sua teia de segredos juntas. E desta vez estava sozinha.
Um leve zumbido no canto da sala a lembrou que isso não era
inteiramente verdade. Havia outros seres que guardavam esse segredo com
ela, embora não muitos. O único problema era que nenhum deles poderia
ajudá-la agora. Ao menos, tinha certeza disso. Mas não custa perguntar.
— Eu suponho que você não sabe nada sobre confecção de vestidos? —
ela perguntou à pequena unidade R2 azul.
Ele virou a sua cúpula de um lado para o outro, imitando um humanoide
balançando a cabeça, e bipou talvez mais tristemente do que a situação
realmente exigia. Padmé agradeceu de qualquer maneira. Não havia razão
para ser rude.
Voltou à contemplação do tecido em seu colo. Não havia o suficiente
para um vestido totalmente novo, mas não esperava por isso. O pano estava
na sua família há várias gerações, cada pessoa recebeu um pedaço dele para
incorporar nas suas roupas de casamento. A sua irmã, que havia optado por
não se casar, havia usado a parte dela para fazer roupas para as filhas,
mostrando que aceitava novas adições à família.
Doeu, um pouco, estar fazendo isso sozinha. Anakin não entendia, mas
não podia esperar que ele entendesse. Ele entendia de família, é claro, e
queria manter uma tradição. Era uma roupa com a qual ele estava um pouco
menos familiarizado. Apreciou que a sua compaixão o levou a dar-lhe
tempo e espaço para trabalhar em uma solução. Eles estavam com um
pouco de pressa.
R2-D2 chilreou novamente, e quando ele teve a atenção dela, ele
projetou uma imagem holográfica entre eles. Era uma arte familiar, uma das
janelas do palácio de Theed que havia sido substituída após a Batalha de
Naboo. Isto a mostrava, quando ainda era rainha, cercada por as suas aias
de manto laranja. A sugestão do droide era clara.
— Eu não posso, R2, — Padmé disse a ele. Causava-lhe uma dor quase
física ao dizer isso. — O que estamos fazendo tem que ser um segredo. Eu
não posso trazê-las pra isso.
A projeção mudou para uma imagem da holonet tirada durante as
comemorações da vitória há dez anos. A Rainha Amidala estava de branco
ao lado do líder Gungan, Boss Nass, cercado por membros da sua corte. R2-
D2 deu um zoom em uma aia em particular e apitou encorajadoramente.
— Eu não sei, R2, — Padmé ponderou. — Não parece justo pedir ajuda
e não dar detalhes.
O droide fez um som que de alguma forma conseguiu replicar um
encolher de ombros, e a imagem desapareceu.
Padmé considerou a sua sugestão. Não estava pedindo ajuda como
rainha ou senadora desta vez. Isso teria sido normal e fácil. Estava pedindo
ajuda como Padmé, e de alguma forma isso tornava tudo confuso e
complicado. Achava que sabia onde estavam os limites, mas raramente os
testava. Não era muito boa em pedir às garotas que a ajudassem como
amigas. Elas passaram muito tempo a seu serviço.
Mas elas eram amigas. O que compartilhava com as suas aias, atuais e
antigas, era uma amizade tão profunda que incluía grandes partes do seu
coração. Lamentou por Cordé e Versé, mesmo quando se regozijou com os
sucessos que as outras haviam encontrado além da sua esfera de influência.
Certamente ela, Padmé, poderia pedir isso.
Decisão tomada, pegou o tecido para não tropeçar nele, levantou-se e
foi até o console de comunicações.

Saché havia ligado para ela várias horas antes, dizendo que não estaria em
casa em uma hora razoável e que não a esperasse acordada. Isso foi, pensou
Yané, o melhor que podia acontecer. A cama delas estava cheia de crianças
dormindo. Um deslizamento de terra em uma das regiões orientais do
continente secundário de Naboo havia destruído a maior parte de uma vila
quatro dias antes. Os únicos sobreviventes foram oito crianças que estavam
em um transporte escolar no momento do desastre. Enquanto Saché e outros
representantes do governo trabalhavam para estabilizar o deslizamento e
calcular a extensão total dos danos, Yané abriu a casa delas para as crianças.
Quatro delas haviam sido acolhidas por outros membros da família, mas
as quatro restantes, todas primas, pareciam ter perdido todos. Yané estava
fazendo o possível para que elas se sentissem seguras e bem-vindas, mas
sabia que o trauma não era tão fácil de lidar. Se elas quisessem dormir
amontoadas na cama que dividia com Saché, eram bem-vindas. Era grande
o suficiente.
Como sempre fazia quando tinha um momento pra si mesma, Yané foi
para o seu tear. Não tinha muito tempo para fazer tecidos hoje em dia,
embora ainda fizesse a maioria das roupas das crianças, assim como as suas
e as de Saché. Era sempre bom voltar ao início da sua forma de arte, então
quase decidiu ignorar o console de comunicações quando chamou a sua
atenção, antes que o bom senso se reafirmasse. Quando viu quem estava
chamando, ela estremeceu de emoção.
— Senadora! — ela disse quando Padmé apareceu na frente dela. — A
que devo o prazer?
Sabia que Padmé estava em Naboo, é claro. Chegou após o incidente
com Geonosis e foi diretamente para a casa do lago com um pedido para
que não fosse incomodada. Saché havia relatado que a guerra estava se
espalhando e que Naboo quase certamente estaria envolvido, mas os
detalhes eram poucos e distantes entre si. Ainda assim, Yané ficou feliz em
ver Padmé.
— Olá, Yané, — Padmé respondeu. — Lamento ligar tão tarde. Eu
esperava que você estivesse disponível.
— A sua sincronia é perfeita, — Yané disse a ela. — Saché ainda está
trabalhando, lidando com o desastre do deslizamento de terra, e todos os
sobreviventes estão dormindo em nossa cama. Estou completamente à sua
disposição.
— Ah, — Padmé disse. — Eu sinto muito. Eu tinha esquecido do
deslizamento de terra. Você tem tudo o que precisa para as crianças a mais?
Você deve estar tão ocupada.
— Você tem muitas outras coisas com que se preocupar, — Yané
observou. — E eu também, para ser perfeitamente honesta, mas no
momento, eu poderia ter uma distração. Sobre o que você queria falar?
Padmé hesitou e, naquele momento, Yané soube que era um favor
pessoal. Se fosse relacionado ao trabalho, teria simplesmente declarado o
motivo da ligação.
— Eu gostaria do seu conselho sobre um vestido, — Padmé disse
finalmente.
Yané reconheceu imediatamente o pano, ou melhor, a sua função, senão
o seu uso particular. Este ia ser um vestido de noiva. Para Padmé.
Aparentemente do nada, mas agora que a senadora passava tanto tempo fora
do mundo, não era de surpreender que fizesse coisas que Yané desconhecia.
No entanto, isso ainda doía. Yané deixou um pouco disso transparecer
em seu rosto e viu Padmé reconhecê-lo pelo que era. Elas não precisavam
de palavras. Isso era o suficiente.
— Você deveria usá-lo como o seu véu, — Yané sugeriu, indo direto ao
assunto agora que elas limparam o incomodo entre elas. — Há alguns anos,
o estilo era incorporar o tecido na cauda ou na faixa, mas acho que um véu
será mais uma peça de afirmação para você.
O tecido de casamento de Yané foi incorporado tanto na cauda quanto
na faixa, já que usou o seu próprio tecido e o de Saché no desenho. O
figurino de Saché era o espelho do dela, com calças largas no lugar da saia
para o seu gosto pessoal. Isso foi há quase dois anos.
— Isso faz sentido, — Padmé disse. — Eu posso lidar com tanta costura
aqui. Você tem uma sugestão para o vestido em si?
Yané olhou atentamente para o pano nas mãos de Padmé e depois para o
chão até onde estava seu tear. Padmé merecia mais do que um vestido que
pudesse montar com qualquer peça que tivesse com ela. Merecia algo feito
pelas mãos de uma amiga. Se Yané pegasse os teares mecanizados e
bebesse um bule inteiro de café, conseguiria. Saché não voltaria para casa
esta noite de qualquer maneira.
— Eu vou cuidar disso, — ela respondeu.
Todo o rosto de Padmé se transformou enquanto sorriu. Não era o
sorriso da rainha ou da senadora, mas o pessoal que Yané via com pouca
frequência e valorizava todas as vezes. O que quer que Padmé estivesse
fazendo, estava feliz, e Yané não podia negar que a felicidade de Padmé era
uma de suas coisas favoritas. Isso fez tudo valer a pena, até mesmo os
segredos guardados enquanto Padmé se afastava delas.
— Obrigada, — Padmé agradeceu. — Muito obrigada.
Elas não se demoraram no canal, embora ambas tivessem muitas coisas
sobre as quais adorariam falar. Elas tinham trabalho a fazer.

Padmé encontrou o robô de costura exatamente onde esperava, em uma das


salas de trabalho da casa do lago. Era uma casa de artistas, como a maioria
das casas da área, mas esta foi criada especificamente para os talentos das
garotas que ela trouxe aqui ao longo dos anos. As luzes na sala de trabalho
eram a suaves e bem orientadas, e Padmé imediatamente começou a
trabalhar.
Perguntou-se brevemente o que Anakin estaria fazendo. Não o veria
novamente até amanhã à tarde, embora ele fosse o único outro humano na
casa. Ele podia senti-la, sabia, e provavelmente sentiu a sua excitação e as
suas preocupações. Esperava que ele entendesse que os seus sentimentos
eram normais. Nem todos tinham treinamento Jedi para controlar as
emoções que projetavam. Ele provavelmente estava meditando ou
trabalhando no C-3PO, que ainda precisava ser limpo antes que o seu
revestimento final pudesse ser concluído. O droide esteve em Tatooine e
depois em Geonosis. As suas juntas provavelmente estavam cheias de areia.
A agulha brilhou enquanto trabalhava, terminando as bordas e
modificando as pregas do véu. Estava quieto, e isso era estranho. Mesmo
que ninguém estivesse falando, as salas em que trabalhava estavam sempre
cheias de pessoas. Geralmente estava cercada.
A dor da ausência de Sabé a atravessou de repente e sem aviso prévio.
Sentia falta de todas as garotas, é claro, mas de Sabé era de quem mais
sentia falta. Nem tinha certeza para onde a sua amiga tinha ido. Elas não
tinham falado sobre isso, com Padmé correndo por toda a Orla Exterior e
então a guerra começando. Não havia tempo. Sabé tinha executado uma
variedade de missões fora do mundo para a senadora Amidala desde que foi
para Coruscant, mas Padmé sempre deu a ela o tempo que precisava para
seguir os seus próprios interesses. O Tráfico de Escravos levava aos cantos
sombrios da República, e Sabé nem sempre conseguia mandar um recado.
Agora, mesmo que este casamento fosse um segredo que deve ser
preservado da galáxia em geral, Padmé sentia falta dela.
Padmé afastou a culpa e a tristeza que estava sentindo e se concentrou
nas coisas boas. Estava segura. A Batalha de Geonosis havia sido vencida,
mesmo que o custo fosse alto. Anakin Skywalker a amava.
E amanhã ela iria se casar.
Desta vez ia ser diferente. Sabé tinha decidido isso anos antes, quando a sua
primeira operação em Tatooine tinha dado errado. Desde então, não
retornou ao planeta, mas trabalhou na construção de uma lista de contatos e
identidades para ela e para o Capitão Tonra que permitiriam que eles
voltassem e tentassem libertar as pessoas novamente. Ambos tecnicamente
ainda estavam a serviço da senadora de Naboo, mas a sua atribuição de
longo prazo não havia mudado. Na falta de outras ordens, Sabé decidiu que
era hora.
A maioria das pessoas na Orla Exterior realmente não se importava com
a escalada do conflito Separatista dentro da República. Não afetou as suas
vidas cotidianas e não envolveu os seus governos. Eles tinham
preocupações muito mais imediatas. No entanto, para aqueles que lucravam
com a dor e o sofrimento, os senhores do crime e os traficantes, qualquer
guerra era uma oportunidade para mais negócios. Sabé estava aqui para
fazer o que pudesse para impedir.
— Eles estão chamando isso de Guerra dos Clones, — Tonra disse, na
cadeira do copiloto.
Eles tinham passado mais tempo longe um do outro do que juntos nos
últimos seis anos. Estava construindo a sua rede e ele estava trabalhando
muito mais de perto com Typho e Mariek Panaka, protegendo a senadora.
Quando eles se encontravam, geralmente era para uma operação específica
que Padmé estava executando, ou porque Sabé precisava de apoio.
Contudo, a sua voz era tão tranquilizadora como sempre, e a sua presença
tão sólida. Sabé tinha muitas dúvidas sobre muitas coisas hoje em dia, mas
Tonra nunca foi uma delas.
— Criativo, — Sabé disse.
— Eles têm que chamar isso de alguma coisa, — Tonra observou. —
Ou então como eles venderiam hologramas de notícias sobre isso?
— Dois exércitos manufaturados, — Sabé disse. Ela balançou a cabeça.
— Eu não gosto disso. O nosso lado tem almas. Não podemos
simplesmente jogá-los em máquinas produzidas em massa.
— Há um debate significativo sobre isso, — Tonra disse. Olhou pra ele,
e ele ergueu a mão defensivamente. — Mas eu concordo com você.
Sabé olhou para o cronômetro da nave. Ainda estava com as suas roupas
brilhantes e elegantes e precisava se trocar antes que eles chegassem.
Parecia muito bem para um dia passado como assessora de alto nível nos
salões sagrados do Senado da República ou para se envolver em
importantes negociações comerciais no Núcleo, mas não era mais quem ela
era. Transferiu o controle da nave para a estação de Tonra e foi para o
compartimento traseiro.
Tecnicamente, uma pessoa da sua posição social alegada não teria a sua
própria nave. Eles deveriam pegar um transporte público para Tatooine,
para que tudo fosse perfeito. Mas Sabé estava relutante em abrir mão da
liberdade e flexibilidade que uma nave particular lhe permitia, então
conseguiu espremer isso em seu disfarce.
Sabon e Arton Dakellen seriam comerciantes de sucesso mediano,
especializados em viagens de curta distância com mercadorias específicas
de alto valor e baixo volume. Com o início da guerra, eles venderam a sua
participação no negócio e encontraram empregos em terra que seriam mais
estáveis durante o conflito. Já que Sabon era a dona absoluta da nave, a
manteve. A dupla estava se mudando para Tatooine, onde Sabon
administraria a logística de uma empresa de exportação de água e Arton
manteria a cadeia de suprimentos para uma das cantinas locais. A nave
deles estaria geralmente disponível para aluguel e, embora não fosse a
principal fonte de renda deles, explicaria quaisquer ausências do planeta.
A última vez que vieram a Tatooine, eles simplesmente apareceram.
Eles tinham feito muitas perguntas. Desta vez, eles seriam membros da
comunidade. Isso levaria mais tempo, e eles não poderiam ajudar tão
diretamente, mas Sabé sabia em seu coração que era um plano melhor.
Despiu-se da sua elegância de Coruscant de nível superior, mas deixou
as suas roupas de baixo no lugar. Ninguém iria vê-las, e certamente não iria
se livrar de roupas práticas que permaneceriam escondidas de qualquer
maneira. Puxou uma camisa leve sobre a cabeça. Cobria-a até os pulsos,
para manter o sol longe da sua pele, mas era feito de um material respirável.
Vestiu calças robustas de cor avermelhada. Elas tinham muitos bolsos para
qualquer ferramenta que precisasse. Em seguida veio a túnica, um colete
sem mangas que descia até a metade de suas coxas, embora as fendas
fossem cortadas na cintura para que pudesse se movimentar. Era de cor
laranja desbotada, dando-lhe uma aparência geralmente empoeirada. Se
encaixaria perfeitamente. Por último vinha um cinto largo, onde carregava a
sua bolsa, cantil e vibrolâmina.
Guardou as roupas extravagantes no fundo do baú, deixando as suas
outras roupas apropriadas para Tatooine no topo para facilitar o acesso. Eles
tinham um apartamento esperando por eles, teoricamente, mas não havia
como dizer como seria o armazenamento. Calçou as botas e abriu o baú de
Tonra. Ele era perfeitamente capaz de arrumar as suas próprias roupas, mas
os velhos hábitos são difíceis de acabar.
— A sua vez, — ela disse, voltando para a cabine de comando e
tomando o seu assento.
— Devemos sair do hiperespaço a qualquer momento, — Tonra
informou, devolvendo o controle a ela.
Sabé preparou a sua permissão de pouso e autorização de atracação
enquanto Tonra trocava de roupa. As roupas dele eram mais parecidas com
as dela, só que maiores. Ele portava um blaster abertamente, uma
engenhoca deselegante em preto e cinza que eles adquiriram em algum
lugar. Ele estava recostando na sua cadeira quando o comunicador estalou e
uma voz veio.
— Cargueiro Um Dezessete, aqui é o controle do porto. Declare as suas
intenções. — Não era um droide falando, apenas uma pessoa incrivelmente
desinteressada.
— Enviando as nossas licenças agora, — Sabé respondeu, alimentando
primeiro os documentos de desembarque e depois a licença de atracação.
— Entendido, Cargueiro, — a voz disse. — A baia trinta e um é sua.
— Obrigado, Controle, — Sabé disse. A conexão já havia sido cortada,
mas ainda tinha boas maneiras.
— Aqui vamos nós, — Sabé disse. Começou a sequência de pouso.
— De novo, — Tonra acrescentou enquanto examinava a lista de
verificação do copiloto.
Sabé expirou com um pouco de aborrecimento. Eles não tinham falado
sobre isso, não realmente, mas sabia que os dois ainda estavam um pouco
magoados sobre como as coisas tinham acontecido na última vez que eles
tentaram fazer isso. Eles destruíram completamente os seus disfarces e mal
salvaram a operação usando os seus próprios fundos para comprar um
carregamento de pessoas escravizadas. As pessoas foram imediatamente
libertadas e levadas para Karlinus, um planeta que acolhia trabalhadores e
os pagava bem, mas isso não foi o estrondoso sucesso que Sabé desejava.
Nada a irritava como o fracasso e os negócios inacabados.
— Estou feliz que você possa vir comigo, — ela apontou. — Eu sei que
a guarda de escolta de Coruscant poderia ter usado você, e você
provavelmente é bem gabaritado o suficiente para conseguir um emprego
regular no palácio em Theed, se quisesse.
— Você também não precisa estar aqui, — Tonra a lembrou. — Nós
dois estamos aqui porque deixamos algo por fazer e queremos tentar
novamente.
— Agora que somos mais espertos, — Sabé acrescentou.
— Mais sábios, — Tonra corrigiu gentilmente. — Não tenho certeza se
a galáxia poderia lidar com você se você ficasse muito mais esperta.
Sabé riu e desceu a nave sobre Mos Eisley. A cidade não havia
melhorado desde a última vez que a vira. Prédios atarracados e marrom
esbranquiçados se estendiam abaixo deles. Havia pouca evidência de
infraestrutura pública. As ruas estavam dispostas ao acaso e não tinham
largura fixa. Fios e tanques de água estavam pendurados por toda parte.
Sabia que isto não era possível, não com os circuladores de ar da nave, mas
sentia como se já pudesse sentir o cheiro disso: calor, poeira e muita gente.
Tonra estendeu a mão e colocou a mão levemente em cima da dela. Não
estava sozinha. Eles trouxeram a nave juntos.

A lista na qual Dormé estava trabalhando era muito curta. Não tinha certeza
de quanto tempo Padmé estava planejando ficar em Naboo, e não queria
saber o que estava fazendo, mas Dormé tinha a sua própria tarefa enquanto
isso. Era um pouco mórbido, substituir as suas colegas de trabalho, mas
tinha que ser feito. Cordé e Versé se foram, e Dormé não podia fazer tudo
sozinha. Elas precisavam de mais aias.
— Eu acho que deveria ser diferente desta vez, — Padmé observou.
Dormé estava voltando para Theed com Typho. Padmé já havia
desembarcado e partiu para a Região dos Lagos. — Quando trouxemos
você e as outras, estávamos procurando talentos específicos. A primeira
vez, eu estava atrás de sósias e amigas. Acho que desta vez, estou
precisando mais...
A sua voz havia sumido, mas Dormé sabia para onde estava indo. Não
era apenas a dor falando, também. Era praticidade.
— Você precisa de assessoras no Senado, — Dormé disse. — Você
precisa de aias para realmente fazer o que todo mundo pensa que aias fazem
de qualquer maneira. Eles não serão tão multi-talentosas quanto as suas
equipes anteriores, mas ainda podemos encontrar pessoas leais e que
desejam servir.
— É justo pedir para elas fazerem isso? — Padmé questionou. Serviço
sem amizade parecia frio pra ela. — Ofereci ao apoio de vocês muito mais
em troca, em termos de um relacionamento comigo e um desafio em seu
trabalho.
— Elas não vão entender de outra maneira, Senadora, — Dormé
apontou. — E você ainda vai me ter, é claro.
— Vou deixar com você, então, — Padmé disse a ela. — Obrigada.
— As minhas mãos são as suas, — Dormé murmurou, e a conexão foi
cortada.
Agora, sentada com a lista de nomes, Dormé estava satisfeita com o
andamento das entrevistas. As aias eram basicamente lendárias. Todo
mundo sabia que apenas a melhor das melhores poderia ser uma, ninguém
sabia exatamente o que elas faziam, e a maioria das pessoas nunca pensou
que teria a chance de descobrir. Três das entrevistadas eram claramente
mais aptas para a vida na própria corte de Theed. Dormé já havia enviado
uma recusa educada e uma carta de recomendação ao palácio. A quarta era
muito parecido com Dormé no conjunto de habilidades, dado o que Padmé
estava procurando por agora. Mesmo três meses antes, teria sido perfeita.
Compartilhou o nome com Saché, caso Saché precisasse.
Isso a deixou com duas. Tinha gostado de ambas as candidatas quando
as entrevistou e ficou satisfeita que ambas voltaram para a conversa
secundária. Elas sabiam que estavam substituindo as aias que haviam
morrido, e Dormé não as culparia se elas decidissem desistir.
— A Senadora está ansiosa para conhecê-las, — Dormé disse depois
que elas terminaram de assinar os seus contratos. — A agenda dela pode ser
um pouco imprevisível, mas está com a família no momento, então vocês
têm algum tempo para ir para casa e fazer os seus arranjos para deixar
Naboo. Eu recomendo trazer apenas alguns itens pessoais. Vamos equipá-
las com todo o resto, e é mais fácil se mover rapidamente.
Ambas as garotas assentiram e então trocaram olhares. Dormé decidiu
esperá-las.
— E os nossos nomes? — Elleen perguntou finalmente.
Dormé ficou agradavelmente surpreendida. Não era uma regra que as
aias mudassem de nome, e não tinha planejado trazer isso à tona a menos
que elas o fizessem, mas era sempre um bom sinal. Já, em toda Naboo, as
crianças estavam sendo nomeadas com a terminação é em homenagem a
Padmé. Era uma moda, como os mantos com capuz na corte, mas ainda
fazia parte do seu legado.
— Nós somos de Naboo, — Dormé disse a elas. — Eu vou chamá-las
do que vocês quiserem ser chamadas.
— Eu serei Ellé então, — disse a garota. Claramente estava pensando
sobre isso. Dormé olhou para a segunda.
— Moteé, — ela disse. Não era particularmente tímida; ela apenas
preferia deixar os outros falarem se eles fossem fazer isso de qualquer
maneira.
— Vou alterar os arquivos, — Dormé informou. — Em nome da
Senadora Padmé Amidala, estou feliz em dar-lhes as boas-vindas.
As novas aias foram embora, e Dormé enviou os arquivos delas para
Padmé para que pudesse se familiarizar com elas. Não houve resposta, e
Dormé não esperava uma. Contanto que não soubesse o que Padmé estava
fazendo, não poderia pedir a sua opinião sobre isso, e a sua opinião não era
da conta de ninguém de qualquer maneira. Padmé lhe diria eventualmente.
Era assim que acontecia.
Um toque suave indicou uma mensagem recebida. Dormé sorriu: era
Typho.
— Você terminou então? — ele perguntou, com o seu rosto holográfico
aparecendo na frente dela. Sempre ficava feliz em vê-lo, mesmo quando ele
estava azul e quase transparente.
— Sim, — ela respondeu. — Uma equipe completa para a viagem de
volta a Coruscant.
— Excelente, — ele disse. — Eu tenho uma mesa reservada naquele
lugar de macarrão para o qual Eirtaé está cultivando algas. Você quer ir
comer arte?
Dormé riu e disse que adoraria. O seu trabalho era importante e muito
gratificante, mas às vezes era bom estar em casa.
Saché veio trabalhar esperando um longo dia de debates e discussões
enquanto a legislatura de Naboo trabalhava para lidar com as consequências
do deslizamento de terra no continente secundário. Sabia que Yané tinha a
parte mais importante da situação sob controle: os sobreviventes estavam
em segurança e sendo atendidos. Cabia a todos os outros avaliar a situação
e fazer o possível para garantir que nada parecido acontecesse novamente.
Demorou algumas horas, mas a legislatura avançou em um ritmo
razoável na sua lista de tarefas. Equipes de pesquisa foram enviadas para o
local do deslizamento e para as regiões vizinhas. Engenheiros foram
chamados para desenvolver novos mecanismos de segurança. Os
agricultores foram consultados sobre a melhor forma de avançar com mais
terraços das colinas. Fundos médicos foram reservados para as crianças
órfãs, para garantir que seriam cuidadas se precisassem de algo além do que
os seus cuidadores pudessem fornecer. Embora a sua agenda estivesse
enraizada no desastre, a legislatura realmente teve um dia muito bom. Eles
fizeram todo o seu trabalho e ninguém saiu muito do assunto ou tentou
manipular os procedimentos para ganho pessoal. Na verdade, eles estavam
prestes a encerrar a noite quando um jovem legislador de Theed se levantou
e pediu a palavra.
— Honrados colegas, sei que tivemos um longo dia, — começou o
jovem. Saché se preparou para um longo discurso. — Mas agora que
lidamos com a nossa própria crise no planeta, sinto que devemos voltar a
nossa atenção para a situação galáctica.
Houveram alguns resmungos sobre isso. Todo mundo sabia que era
importante, mas era tarde, e eles não podiam fazer nada até amanhã de
qualquer maneira.
— Eu sei, meus amigos, — continuou o jovem homem. — Mas já
estamos aqui e um assunto de alguma importância foi trazido à minha
atenção, porque afeta não só Naboo, mas todo o setor Chommell.
Isso chamou a atenção de Saché. As relações com os outros planetas do
setor Chommell eram cordiais, mas não haviam progredido tão bem quanto
a rainha Amidala esperava depois do seu reinado.
— Em face da Guerra dos Clones, — disse o jovem, experimentando as
palavras pelo que parecia ser a primeira vez, — eu recorro à orientação de
um profissional militar para aconselhar a legislatura e me rendo ao Capitão
Quarsh Panaka.
Agora a sala zumbia com interesse. Quarsh Panaka raramente falava em
público. Os seus pedidos por mais militarização depois que o canhão de
íons foi construído foram quase totalmente rejeitados, e a maior parte da sua
credibilidade com a coroa foi gasta. Porém, ele ainda tinha amigos na
legislatura, e sempre que aparecia, era invariavelmente algum tipo de
evento. Saché aproveitou a distração de todos para anotar para ligar para
Yané no próximo intervalo e dizer para ela não esperar acordada.
Panaka caminhou até o centro da sala. Esta era um odeon, e pequena o
suficiente para que a acústica funcionasse sem o auxílio da tecnologia. O
que quer que Panaka dissesse seria ouvido perfeitamente nítido, desde que
ele não andasse de um lado para o outro.
— Legisladores, — ele começou, — não estou interessado em mantê-
los acordados até além da hora de dormir sem motivo, mas com o início da
Guerra dos Clones, há coisas com as quais Naboo deve lidar.
A resposta murmurada àquilo foi de levemente ofendida, mas todos
foram educados demais para gritar com ele.
— Aparecendo nas suas telas agora está uma cópia de um projeto de lei
antigo, uma vez aprovado nestes mesmos salões, — Panaka disse. Saché
olhou para a sua tela pessoal e começou a ler, dividindo o foco. — Como
vocês verão, remonta à época em que Naboo se expandiu para os planetas
desabitados do setor. Como parte do seu acordo, os colonos assinaram um
contrato que permanece válido até hoje.
— Apenas nos diga o que diz o contrato, Capitão. — O Governador
Bibble estava claramente se irritando.
— Claro, Governador, — Panaka disse. — Em troca do empréstimo dos
custos iniciais de Naboo, os colonos concordaram em ser chamados a suprir
Naboo em tempos de emergência. Não o fizemos durante a Ocupação
porque não tivemos tempo, mas poderíamos ter solicitado. Eles seriam
legalmente obrigados a nos dar o que decidíssemos que precisávamos.
Um silêncio mortal saudou a sua declaração. Saché encostou-se no
botão do alto-falante com tanta força que pensou que poderia quebrá-lo.
— Legisladora Saché? — o droide de protocolo a reconheceu.
— Governador, — ela disse, e se levantou. — Capitão, os termos do
contrato são tão vagos assim?
— Sim, temo que sejam. — Ele não se dirigiu a ela com um título
honorífico, e o rosto dele suavizou um pouco quando ele falou com ela,
mesmo quando os olhos dele se demoraram nas cicatrizes que ele não
conseguiu evitar de olhar. Depois de todo esse tempo, ele ainda não
entendia completamente o que havia construído. — Uma vez que as
colônias estivessem economicamente estáveis, e agora estão, Naboo poderia
cobrar o empréstimo.
— Os planetas do setor sabem disso? — ela perguntou.
— Eles sabem, Vossas Excelências, — ele respondeu. Panaka se afastou
dela para se dirigir ao plenário geral novamente. — Devemos considerar
cuidadosamente o que faremos a seguir. A guerra chegará até nós, de uma
forma ou de outra, em breve. Naboo tem a reputação de fornecer ajuda. Se
tivermos os planetas Chommell para nos recorrer, também, isso afetará a
forma como abordaremos a distribuição de recursos nos dias que virão.
— E se eles não puderem se sustentar tão bem quanto nós? — Saché
ainda tinha a vez de falar, ao que parecia, embora ela não fosse a única
pessoa que gritou uma variação desta pergunta.
— É por isso que eu trouxe isto para vocês, — Panaka respondeu.
— Você tem os meus agradecimentos, Capitão, — Bibble disse. — Se
todos vocês tomarem os seus assentos novamente e retornarmos à ordem,
anotarei as recomendações sobre como proceder.
Saché não se incomodou em tentar acessar o alto-falante novamente.
Alguém se levantou para recomendar um recesso de quarenta minutos para
eles lerem o projeto de lei e formularem os seus pensamentos, e fazerem um
lanche, ou pelo menos isso estava implícito, e Bibble concedeu. Saché tinha
nove mensagens de aliados quando chegou ao seu escritório e três dos seus
adversários habituais, todos perguntando o que ia fazer. Por dez minutos,
ignorou tudo.
Todos se lembravam da Ocupação. Todos se lembravam de ficar sem
comida e depois, porque a Federação do Comércio se assegurou disso, não
ser capaz de distribuir a comida que eles tinham. A maioria deles estava em
acampamentos. Mas apenas Saché foi torturada.
As lembranças daquela experiência horrível a assombrava com pouca
frequência. Normalmente teria um pesadelo, e então Yané a acalmava para
voltar a dormir, e isso era tudo. Às vezes, se a menção da Ocupação a
pegasse desprevenida, a sua respiração ficava presa no peito e se lembrava
da dor com muita clareza. Isso não era nenhuma dessas duas coisas.
Lembrava-se, mas isso não a consumia. Este era um fogo que podia
canalizar.
Saché respirou fundo e olhou para o espelho que guardava na gaveta da
escrivaninha. Rabé desenhou duas versões da mesma maquiagem para ela.
Uma era um encobrimento que a suavizava a sua pele para um tom
uniforme. Quase nunca usava. A segunda, era que usava quase todos os
dias, destacava a diferença gritante entre a sua pele pálida e a vermelhidão
crua de suas cicatrizes. Ela as merecia, e elas doeram muito, então iria usá-
las. Quando falasse esta noite, todos a veriam e saberiam.
Saché voltou ao plenário trinta minutos depois, tendo entrado em
contato com a sua esposa e dado boa-noite a tantos dos seus filhos que
passaram pela transmissão. A mesma campainha convocou a todos os
outros. A noite se prolongou enquanto os legisladores falavam e as facções
se formavam. Panaka não voltou a falar, mas ficou o tempo todo no
plenário, e Saché se perguntou como ele se deparou com informações tão
vitais naquele exato momento. Ele não era do tipo que vasculhava arquivos
antigos da política de Naboo por diversão. Se houvesse uma guerra, talvez
ele estivesse procurando um caminho de volta às boas graças da Rainha.
Afinal, ele sempre teve o bem de Naboo perto do seu coração, mesmo que
discordasse de todos os outros sobre como fazer isso.
Finalmente, chegou a vez de Saché falar, e se levantou para se dirigir ao
legislativo. Não expressou nenhuma de suas especulações, ainda não. Era
hora de encontrar boas perguntas, não espúrias. E sempre poderia descobrir
mais se ninguém soubesse o que realmente estava procurando.
— O meus amigos, estamos em uma encruzilhada, — ela disse. — E
nós temos uma escolha. Podemos ser ditatoriais e implacáveis e garantir as
nossas próprias necessidades antes das dos outros. Ou podemos cancelar
este projeto de lei sem rodeios e declará-lo águas passadas. Eu acho que
todos vocês sabem a minha posição sobre isso.
Houveram alguns aplausos na sala com a sua declaração.
— O que não muda é isso, — ela concluiu. — Devemos chegar nos
outros planetas e ver se há uma maneira de trabalharmos juntos. Todos nós
temos recursos que os outros planetas precisam, e não há razão para não
cooperar. Mas isso deve ser feito sob os auspícios de uma boa governança,
não com uma lei ultrapassada, assinada por nossos ancestrais em tempos
desesperados.
Eram quase três da manhã quando Bibble solicitou um intervalo os
procedimentos. O discurso de Saché foi recebido de forma mais favorável,
mas havia um contingente maior do que o confortável de legisladores que
não queria que o projeto fosse revogado. Eles estavam tão preocupados com
as dificuldades que os afligiam que não conseguiam entender, ou não se
importavam, como isso afetaria os outros para manterem o seu padrão de
vida. Eles não podiam aceitar que Naboo pudesse sofrer ao lado dos seus
vizinhos, como uma escolha deliberada de se juntar a eles em vez de
explorá-los. O seu medo os tornaram egoístas e míopes. Então, depois de
tudo isso, não houve votação de qualquer maneira. Bibble os liberou com
instruções para retornarem ao debate no dia seguinte ao meio-dia.
Saché pensou em tentar alcançar Panaka na saída, mas foi cercada pelos
legisladores que queriam manter o projeto, e não aguentou falar com
nenhum deles, então voltou para o seu escritório. Enviou uma mensagem à
governadora de Karlinus, uma velha amiga, e a Harli Jafan, que geralmente
era pelo menos um aliado razoável. Havia uma foto de Yané em uma cama
familiar cheia de crianças e uma mensagem de Dormé sobre uma pessoa
que poderia ser uma boa assistente. Saché definitivamente precisava disso,
mas decidiu esperar até uma hora mais razoável para agir.
Deixando todo o resto até depois que tivesse um pouco de descanso,
Saché se enrolou no sofá que Yané comprara exatamente para isso e foi
dormir.

O quarto de Quarsh Panaka no quartel era frio, como ele preferia. Mariek
sempre aumentava o calor e, embora ficasse feliz sempre que ela estava
feliz, isso também era muito bom. A noite na legislatura foi quase
exatamente como ele havia imaginado: muita conversa e nenhuma
resolução. Mais legisladores do que ele esperava eram na verdade a favor
de manter o projeto como estava. Eles seriam anulados, é claro, mas haveria
concessões e compromissos quando isso acontecesse, e Panaka poderia usar
isso para fortalecer as defesas de Naboo.
Antes de dormir, ele disparou uma mensagem rápida para Coruscant. O
Chanceler Palpatine era um homem ocupado, mas ele ainda tinha tempo
para escrever para Panaka de vez em quando. Ele disse que ler a história de
Naboo e conversar sobre isso com amigos de casa o ajudava a se concentrar
e o lembrava do seu propósito, mesmo quando a galáxia se transformou em
guerra. Ele ficaria satisfeito em saber que Panaka havia agido de acordo
com a sua última mensagem e que o seu planeta natal, como sempre, estaria
tão seguro quanto eles pudessem mantê-lo.
O sol havia nascido, mas ainda não havia clareado as montanhas quando
Padmé mergulhou no lago. Era a sua hora favorita de nadar, aquele
momento em que havia luz suficiente para enxergar antes que o dia
realmente começasse. A água estava clara e fria, como sempre. O lago era
alimentado por riachos da montanha, e o povo de Naboo tomava o cuidado
de não poluí-lo com o escoamento agrícola. Antes que o calor do dia
aquecesse as águas, nadar era um despertar abrupto. Padmé queria uma
cabeça limpa.
Não que se sentisse confusa ou insegura no que estava fazendo. Se
ainda tinha alguma coisa, a sua conversa com Yané na noite anterior e as
horas meditativas passadas costurando a deixaram mais segura. O que a
incomodava era que sempre se considerava uma pessoa direta e honesta.
Sim, guardava segredos, mas eram pelo bem do seu planeta, do seu povo. E
sempre haviam alguns que conheciam toda a história. Agora as suas
verdades estavam divididas, entre aqueles com quem se importava, e
nenhum deles tinha o quadro completo. Só ela, sozinha e no centro da sua
própria vida.
Gostava disso. Mesmo que sofresse por os seus amigos e sentisse a falta
dos seus pais e da irmã, adorava a solidão daquele momento, de saber que a
sua decisão era somente dela. Era contraditório, outra coisa que nunca tinha
sido, mas estava crescendo, e isso iria mudá-la.
Por muito tempo, a sua vida girou em torno da percepção de outras
pessoas sobre ela. O que devia fazer e como devia se vestir. Como as suas
decisões afetariam as massas de pessoas que nunca conheceu. Era um fardo
tremendo, e o carregava desde criança. Não se importava, às vezes se
divertia com a responsabilidade, mas com a liberdade de ser desconhecida
na frente dela, sentiu uma onda de excitação. Anakin seria dela, e ela seria
dele, e quase ninguém em toda a galáxia compartilharia isso com eles.
Padmé mergulhou o mais fundo que pôde, ficando debaixo d'água onde
estava quieto pelo maior tempo possível. Quando os seus pulmões
queimaram por ar, impulsionou de volta, rompendo a superfície com uma
cascata de gotas de água brilhando ao sol da manhã. Tudo era perfeito. O
lago, a casa, o seu espírito. Construiu tantas coisas na sua vida, casas,
hospitais, alianças e acordos; e agora teria algo que era só pra ela. Bem, só
pra ela e pro Anakin. Seria algo novo. E mesmo que eles guardassem isso
para si mesmos, Padmé sabia que o amor deles iria brilhar intensamente.
O dia estava começando. Teria que voltar para a vida real
eventualmente. Mas o lago a lembrava, como sempre, da paz e
tranquilidade do lar e da promessa de lugares que ninguém mais poderia
alcançar. Seguiu em direção ao cais, revigorada e pronta para enfrentar o
dia.

Anakin Skywalker não estava totalmente pronto para isso. O que, ele
percebeu, não era uma surpresa. O seu treinamento se concentrou
inteiramente no altruísmo e no desapego. Isso pode ser suficiente para a
maioria dos Jedi, mas não era o suficiente para ele.
Verdade seja dita, Anakin decidiu se casar com Padmé na cozinha da
casa do seu padrasto. Ele observou a maneira como Owen e Beru se
moviam ao seu redor enquanto preparavam o almoço, entregando coisas um
ao outro antes de serem solicitadas e rindo enquanto esbarravam um no
outro. Era uma conexão que não tinha nada a ver com a Força, e Anakin
queria isso. A sua mãe deve ter tido algo assim com Cliegg também. Ficou
claro pela maneira como todos falavam de Shmi que ela não tinha sido uma
reflexão tardia na família Lars. Tinha sido o centro. E ele não tinha feito
parte disso.
Isso não era verdade. Eles souberam quem ele era no momento em que
o viram e imediatamente o levaram para a casa deles. Ela deve ter falado
sobre ele com frequência e deixou claro que se ele viesse visitá-la, ele
deveria ser incluído. E eles o incluíram. Como se isso não fosse nada.
Como se ele fosse da família. Os Jedi nunca lhe deram isso. E agora ele
poderia construir a sua própria família.
Havia um santuário para a memória de Qui-Gon Jinn em Naboo. Dez
anos se passaram, mas ainda era um local de peregrinação popular. Não era
a época certa do ano para memoriais, então quando Anakin conduziu o
speeder da casa e saiu para vê-lo naquela manhã, esse estava quase deserto.
Anakin sentou-se no meio do chão de pedra e apoiou as mãos nos
joelhos. A mão de metal era algo a que ele ainda estava se adaptando, uma
protuberância, ainda não uma prótese verdadeira. Medicamente, tudo estava
bem e, do ponto de vista da engenharia, a mão estava perfeita. Anakin podia
sentir a diferença, porém, mais do que as sensações estranhas que às vezes
emanavam dos nós dos dedos e articulações que não estavam mais lá. Ele já
tinha uma lista de modificações que faria quando voltasse para a sala de
trabalho do Templo. A mão era dele, e ele iria se certificar de que era
exatamente o que ele queria.
Ele ignorou as suas preocupações mundanas e se conectou com a Força.
Ele tinha ouvido a voz de Qui-Gon no deserto, implorando para que ele
ouvisse a sua melhor natureza, não cedesse ao seu ódio. Ele não tinha
ouvido. Na época, ele disse a si mesmo que estava imaginando isso, mas ele
sabia que estava mentindo pra si mesmo. Se Qui-Gon estivesse lá fora, de
alguma forma, Anakin lhe devia um pedido de desculpas. E ele sempre
apreciaria o conselho do Mestre.
Mas ele não encontrou nada. Anakin olhou mais fundo. Havia tanta luta
em seu futuro, mas era tudo pelo bem da República, pela ordem. Talvez
fosse isso que Qui-Gon queria que ele visse. Sempre havia uma maneira
para ele fazer isso direito.
Ele se sentiu centrado. Em paz. Sim, havia uma guerra, e não, ele não
sabia muito sobre ser casado, mas ele podia ver o caminho a seguir, e ele
não teria que andar sozinho. Olhando para as suas vestes Jedi, se perguntou
pela primeira vez se deveria ter pedido ao C-3PO para encontrar uma roupa
melhor para se casar. Ele tinha certeza de que Padmé teria alguma coisa.
Vestidos incríveis pareciam acontecer apenas em Naboo. Mas não: ele era
um Jedi se casando. Seria pelo menos fiel a si mesmo sobre isso. Havia
segredos suficientes em seu futuro. Se casaria como quisesse.
— Obrigado, Mestre, — Anakin disse, embora não soubesse se Qui-
Gon tinha sido responsável por qualquer coisa que ele tinha acabado de ver
e sentir.
Enquanto se preparava para voltar para a casa do lago, seus
pensamentos se voltaram para Padmé novamente. Ele gostava quando ela
estava feliz, e ela parecia tão feliz desde que eles voltaram para Naboo. Era
um lado dela que ele nunca tinha visto antes: despreocupada e casual.
Mesmo quando eles vieram para a casa do lago antes, ela se agarrou à
formalidade como um escudo. Agora ela estava totalmente relaxada, e eles
podiam estar absorvidos um no outro de uma forma que não seria possível
em nenhum outro lugar.
Anakin saiu do santuário, um homem em uma missão. Era o dia do seu
casamento, e tudo ia ficar perfeito.

Padmé não estava com muita pressa para fazer nada, então ficou em seu
roupão confortável enquanto o seu cabelo secava ao sol da manhã. Havia
vários assentos confortáveis na varanda exatamente para esse propósito, e
estava feliz em aproveitá-los. Tinha uma lista de coisas para fazer, mas
tinha muito tempo. Enquanto observava o sol ficar mais brilhante na
superfície do lago, ouviu o zumbido baixo de uma nave se aproximando.
Anakin pegou o speeder naquela manhã, então não pensou muito até que a
nave apareceu.
Mesmo à distância, Padmé podia reconhecer uma nave real Naboo. Esta
era para pequenos grupos de viajantes, algo que a Rainha poderia usar para
uma fuga rápida da cidade ou para enviar membros do seu círculo em uma
missão oficial. Só poderia estar indo para a casa do lago, Padmé sabia. Não
haviam outras casas na área onde o esquife pudesse atracar. Prendeu o seu
roupão e enrolou o seu cabelo úmido em um coque baixo na parte de trás da
sua cabeça antes de fazer o seu caminho até o píer.
A Rainha Jamillia desembarcou sozinha, deixando os seus guardas e
aias para trás para poder conversar com Padmé em particular. Estava
vestida com um pesado veludo vermelho-escuro, mas o seu rosto estava
exposto, e não tinha uma tiara elaborada sobre o cabelo. Qualquer que fosse
o assunto da sua visita, não era exatamente formal.
— Vossa Majestade, — Padmé disse, inclinando a cabeça. — A que
devo a honra?
— Senadora, — Jamillia cumprimentou, — peço desculpas por me
intrometer enquanto você está se curando. Você está bem?
— Ainda um pouco dolorida, — Padmé admitiu. — Mas nenhuma
reclamação além disso. Você virá até a varanda comigo? Ainda não tomei
café da manhã.
— Não posso ficar tanto tempo, — Jamillia respondeu. — Tenho um
favor a lhe pedir, se estiver disposta a ouvir. É um pouco sensível, e é por
isso que eu precisaria que você lidasse com isso não oficialmente.
Nunca ocorreu a Padmé recusá-la. Sabia que Anakin entenderia. Ele
também servia a um propósito maior do que ele mesmo.
— Estou feliz em fazer o que puder, — Padmé disse. — Por favor, me
diga do que você precisa.
— Vários membros do Coletivo Torada estavam fora do planeta quando
a guerra começou, — Jamillia disse. — Isso não é incomum, é claro, mas
cinco deles em particular estão atrás das linhas Separatistas, e os seus pais
gostariam que eles fossem recuperados.
O Coletivo Torada era uma variedade de artistas de Naboo que não se
encaixavam particularmente bem com os seus colegas. Alguns queriam
mais riqueza e reconhecimento do que poderiam obter das comunidades
artísticas de Naboo, alguns tinham ideais políticos que não eram
representados na legislatura e alguns só queriam se rebelar contra os desejos
de suas famílias. Eles tinham alguns condomínios no planeta onde podiam
viver e trabalhar em paz, mas muitos optavam por viajar com frequência.
— Eles estão todos juntos? — Padmé perguntou.
— Sim, — Jamillia respondeu. — Posso lhe enviar as coordenadas. É
possível que eles ainda não estejam em perigo, mas eu gostaria de estar o
mais preparada possível. Eu sei que você teve uma escolta Jedi na volta a
Naboo, e não posso enviar os meus próprios seguranças para fazer isso.
Existem pessoas de Naboo por toda a galáxia, e eu não posso ser vista como
a favor desse grupo.
— Claro, — Padmé disse. Sabia que havia algo que Jamillia não estava
dizendo, alguma razão pela qual a Rainha estava desesperada o suficiente
para vir a Padmé em vez de usar os canais oficiais. Mas Padmé também
sabia quando não fazer perguntas. Estava na política há muito tempo, e
Jamillia era uma pessoa em quem confiava. — Posso levar uma equipe
pequena e trazê-los de volta em segurança a tempo do jantar.
Era um pouco otimista, mas e Anakin planejaram uma cerimônia ao pôr
do sol de qualquer maneira. A vida das pessoas era o mais importante.
— Obrigado, senadora, — Jamillia agradeceu. — Se você me der
licença, devo voltar para a capital.
— Viaje bem, Vossa Majestade, — Padmé disse.
— Você também, Senadora, — Jamillia respondeu.
A Rainha voltou para o esquife real, que decolou imediatamente. A
embarcação desapareceu em instantes, deixando apenas ondulações na
superfície do lago para marcar o seu caminho. Padmé sentiu como se
tivesse sonhado a coisa toda, exceto que tinha um chip de dados da Rainha,
marcado como prioridade um, com todos os detalhes que iria precisar para a
viagem.
Outro zumbido se tornou audível no ar da manhã, e Padmé viu Anakin
voltando pelo lago em seu speeder. C-3PO estava determinado a mantê-los
separados antes da cerimônia, mas de jeito nenhum Padmé iria realizar essa
missão sem a ajuda de Anakin. Não havia outros guardas para levar com
ela, em primeiro lugar, e mais importante, ela estava emocionada com a
ideia de trabalhar com ele novamente. Observou enquanto ele acoplava o
speeder e saltava graciosamente para o píer à sua frente.
— O que é isso? — ele perguntou. — Senti algo inesperado.
— Nós temos que fazer uma viagem rápida, — ela disse a ele, um
sorriso brincando em os seus lábios. A boca dele se contraiu em resposta.
— Um pouco de heroísmo, e depois voltar aqui para o casamento.
— Vou dar a notícia para 3PO enquanto você se veste, — Anakin disse.
Ele lhe ofereceu o braço, e eles entraram na casa juntos.
Nooroyo se estendia abaixo deles, um planeta biodiverso de selvas
exuberantes e praias rochosas. Eles estavam indo para a parte mais quente
do mundo, o que era uma sorte porque o único equipamento de aventura
que Padmé tinha em mãos na casa do lago era uma nova versão daqueles
brancos triturados na arena Geonosis, e aqueles eram projetados para climas
quentes. Anakin usava a sua túnica e tabardo, mas deixou o seu manto
pendurada em um compartimento a bordo da nave.
Padmé adorou a expressão em seu rosto quando ele viu um novo planeta
pela primeira vez. Mesmo Geonosis, que não tinha sido exatamente uma
viagem de prazer, suavizou os olhos dele e apagou um pouco do estresse
dos seus ombros. Nooroyo, verde e bonito, iluminava os olhos dele com
uma curiosidade juvenil e um deleite irreprimível. Estava feliz em dar-lhe o
momento.
Uma voz cortou o silêncio:
— Nave não identificada, este é o controle primário de pouso do
Nooroyo. Por favor, identifique-se imediatamente.
— Olá, Controle, somos uma nave civil de Naboo e estamos aqui para
ver alguns dos nossos artistas. Eles vivem em um assentamento ao norte de
Cidade de Nooro, — Padmé disse.
Houve uma pausa, e Padmé suspeitou que eles estivessem examinando a
nave. A sua nave senatorial estava desarmada e eles não vieram com uma
escolta de caças. Se eles tivessem problemas, a pilotagem de Anakin teria
que ser suficiente para tirá-los disso.
— Situação confirmada, — disse a voz. — Por favor, siga a trajetória de
voo e a designação de pouso atribuídas. Todas as naves são registrados.
— Isso é novo, — Padmé disse depois que o canal foi fechado. —
Nooroyo é ainda mais acolhedor que Karlinus, lá no setor Chommell. Eles
geralmente não registram naves.
— Nós provavelmente temos que agradecer aos nossos amigos
Separatistas por isso, — Anakin disse. — Não gosto de toda essa
furtividade em vez de apenas dizer o verdadeiro motivo de estarmos aqui,
mas provavelmente é mais seguro para todos se pudermos acabar com isso
rapidamente.
Padmé concordou com o acenar da cabeça e voou com a nave ao longo
da rota prescrita para a comuna dos artistas. Anakin, apesar de toda a sua
grosseria sobre os Separatistas, passou o tempo todo olhando pela janela
para novas plantas e formações rochosas. Pousou a nave no cais designado,
pousando o mais levemente que pôde para não perturbar a flora local.
A comuna dos artistas era uma coleção bem conservada de prédios na
margem de um rio largo e caudaloso. Os prédios eram todos pintados de
azul brilhante, e flores estavam por toda parte, nos jardins ao longo das
calçadas e preenchendo quase todos os espaços disponíveis dentro da cerca
de metal esculpida. O cheiro era incrível quando Padmé saiu da nave, uma
brisa quente afastando o ar viciado do espaço e substituindo-o pelo frescor
de um novo crescimento. R2-D2 apitou apreciativamente.
Uma mulher humana alta caminhou na direção deles. Não parecia estar
com pressa. Padmé não sabia dizer se ela era uma dos Naboo que eles
foram enviados para resgatar, mas haveria tempo para isso depois das
apresentações.
— Saudações, viajantes, — a mulher disse. — O meu nome é Celena, e
esta é minha propriedade. Vocês são bem-vindo aqui, desde que cumpram
as nossas regras. Vocês vieram para ficar muito tempo?
— Olá, — Padmé disse. — Nós não viemos para ficar muito tempo,
embora a sua casa seja tão bonita, eu gostaria que tivéssemos mais tempo.
Estamos aqui em nome da Rainha de Naboo. Alguns dos seus súditos estão
aqui, e ela queria ter certeza de que eles estavam seguros, devido aos
eventos recentes.
O rosto de Celena endureceu, a sua pele de porcelana apertando ao
redor dos seus olhos enquanto ela piscava lentamente.
— Isso é compreensível, — ela disse. — Somos todos cidadãos
galácticos, independentemente de nossas afiliações políticas.
Os seus olhos pousaram em Anakin, observando as suas roupas e
penteados distintos, mas não disse nada para chamar a atenção para isso.
— Venham, — ela disse. — Vou levá-los para ver aqueles que vocês
procuram.
— Obrigada, — murmurou Padmé. Anakin disse a R2-D2 para
permanecer com a nave, e eles seguiram pelo caminho bem cuidado.
— Nós damos as boas-vindas a todos aqui, — Celena disse enquanto
caminhavam. Parecia ser o seu tom padrão. — Qualquer um que quiser
fazer arte sem supervisão pode ficar.
— Você mencionou regras? — Anakin indagou. — Que tipo de coisas
as pessoas que ficam aqui têm que fazer?
— Somos antiviolência, então o conflito não é permitido, — Celena
esclareceu. — Qualquer disputa deve ser resolvida por mim. Os moradores
não podem ser excessivamente bagunçados em os seus aposentos, e devem
ajudar a manter os jardins e coisas do tipo enquanto estiverem aqui.
— Isso parece mais do que justo, — Anakin observou com aprovação.
— Existem outras regras sobre comida e afins, mas isso não será
relevante para vocês se não ficarem, — Celena disse.
Era um convite para parar de fazer perguntas, e Padmé foi gentil o
suficiente para aceitar.
Eles caminharam sob um longo arco enfeitado com flores de cores
vibrantes, e Celena parou no final dele.
— Vocês vão esperar aqui, — ela disse. Não esperou por uma resposta
antes de ir para uma das casinhas azuis.
Padmé virou o rosto para o caramanchão e respirou fundo. As flores
cheiravam tão coloridas quanto pareciam, e fazia um tempo desde que
esteve em um jardim tão bonito.
— Você acha que o seu pai me mostraria como fazer esse tipo de flor...
coisa? — Anakin perguntou. — Quando o visitamos, notei o jardim dele e o
quanto você gostou. Eu sei que não podemos fazer nada assim agora, mas
talvez algum dia?
— A parte difícil é fazê-lo parar, — Padmé respondeu. Sorriu ao pensar
em Anakin construindo um jardim para ela, aprendendo os costumes de
carpintaria de Naboo da mesma forma que tinha feito quando era criança.
— Vou adicioná-lo à nossa lista, — Anakin apontou.
— É uma lista muito longa, — Padmé disse. Não pôde deixar de soar
um pouco ressentida quando disse isso.
— Mas é nossa, — Anakin apontou. Ele pegou uma flor caída do chão e
colocou atrás da orelha dela, sorrindo enquanto sorria pra ele.
Os seus momento de silêncio foi encerrado pelo som abafado de vozes
levantadas dentro da casa. Era impossível entender as palavras, mas pelo
menos uma pessoa estava claramente muito zangada com alguma coisa.
Depois de mais alguns momentos, Celena surgiu com um jovem macho
humano atrás dela. Ele estava vestido com roupas de Naboo, de ombros
largos e salpicados de tinta de cores vivas. Ele tinha um par de aparelhos
exoesqueléticos nas pernas e andava apoiado em duas bengalas. Celena
voltou pra dentro de casa.
— Deve haver cinco deles, — Anakin disse calmamente.
— Nós temos que começar em algum lugar, — Padmé disse. Se virou
para o jovem. — Olá. Meu nome é Padmé. A Rainha me pediu para vir aqui
e ter certeza de que vocês estavam bem.
— O meu nome é Kharl e sei por que você está aqui, — ele disse. —
Jamillia quer dizer aos nossos pais que estamos seguros em casa. Eu tenho
que te dizer, vai ser difícil convencer. Os outros realmente não querem
voltar.
— Mas pode ser perigoso aqui. — Anakin se inclinou para frente. —
Naboo é a sua casa.
— Esta é a nossa casa. — Kharl abriu os braços para incluir todo o
complexo. Padmé dificilmente poderia culpá-lo. Era maravilhoso, mesmo
que a guerra estivesse se aproximando.
— Kharl, nós sabemos que você escolheu morar aqui, e nós respeitamos
isso, — Padmé disse. — Mas a Rainha Jamillia não pode protegê-los aqui.
Os seus pais não podem protegê-lo aqui. Nós só queremos que você esteja
seguro.
Kharl piscou lentamente para eles, com os seus olhos ficaram vidrados
por um momento antes de limpá-los. Foi o suficiente para Anakin.
— Você está sob efeito de especiaria! — ele disse, uma carga pesada de
acusações por trás de suas palavras. — É por isso que você não vai voltar
para Naboo? Porque você precisa continuar recebendo a sua dose?
— Eu tomo as coisas de grau médico, — Kharl respondeu friamente.
Todos os sinais de simpatia bem-vinda desapareceram dele. — Eu tenho
uma condição crônica que me causa imensa dor. A Especiaria torna
tolerável. Não consigo comprar em Naboo, por causa das leis de lá. Mal
consigo fazer alguma coisa quando estou em casa e, em Nooroyo, posso
fazer o meu trabalho.
O sistema médico de Naboo era bom, mas não era perfeito. Haviam
algumas coisas que não podiam ser curadas. Os médicos discutiam sobre os
melhores tratamentos enquanto os seus pacientes esperavam, desesperados
por alívio. A especiaria era geralmente desaprovada, descartada como uma
droga recreativa que causava mais danos do que resolvia, mas as suas
habilidades para anestesiar a dor eram inegáveis.
— Todo mundo está aqui por especiaria? — Padmé perguntou o mais
gentilmente que pôde. Não queria julgar, mas tinha que saber.
— Não, — Kharl respondeu. — Mas os Separatistas certamente estão. E
eles não querem isso para o controle da dor.
Padmé apertou a ponta do seu nariz. Isso era muito mais complicado do
que tinha sido levada a esperar. Não podia culpar Jamillia, no entanto. Era
provável que ninguém em Naboo entendesse completamente a razão pela
qual esses artistas escolheram Nooroyo como a sua casa.
— A nossa tarefa é levar todos vocês de volta para Naboo, — Padmé
disse. — Eu posso entender que você esteja relutante, mas se os
Separatistas estão aqui por especiaria, é apenas uma questão de tempo até
que este planeta seja inundado com lutas. Não serão apenas os droides e a
República também. Criminosos vão se envolver. Não podemos forçá-lo a
fazer nada, mas eu agradeceria se você apresentasse o nosso caso para os
seus amigos.
Kharl pensou por alguns momentos e depois assentiu com relutância.
— Vai ser difícil de convencer, — ele disse novamente. — A maioria de
nós deixou Naboo por um motivo, mesmo que os motivos não sejam todos
iguais.
— Já vi muitos lugares terríveis, — Anakin observou. — Naboo é bom.
— Eu sei, — Kharl disse. — É tão bom que às vezes esquece que nem
todo mundo na galáxia tem isso tão fácil. A maioria de nós está aqui porque
não queremos esquecer.
Anakin estreitou os olhos enquanto absorvia a declaração de Kharl, mas
não disse nada.
— Você é exatamente o tipo de pessoa que precisamos em Naboo, —
Padmé disse ao jovem. — Para trabalhar pela mudança, não nos deixar ficar
complacentes. Mas não é o tipo de trabalho que todos querem fazer.
— Só quero pintar, Kharl concordou. — A ideia de falar em público me
dá vontade de vomitar. No entanto, eu gosto de ensinar. Há crianças aqui, e
eu as ensino sobre como fazer tintas e preservar plantas.
Padmé sorriu, tomando banho de sol. Kharl a olhou atentamente para
ela por um momento, e então toda a cor sumiu do seu rosto.
— O que é isso? — Anakin disse, detectando instantaneamente a
mudança emocional.
— Você não é apenas uma representante da Rainha, — Kharl, disse
horrorizado. — Você é Amidala.
— Sim, — Padmé disse. Não esperava ser reconhecida, mas não havia
necessidades de negar isso.
— Você não pode estar aqui, — Kharl disse. — Você não pode estar
aqui.
Os seus alarme estava saindo dele em ondas. Era óbvio, mesmo sem a
Força. Anakin agarrou o braço de Padmé, pronto para arrastá-la de volta
para a nave. Ela o sacudiu.
— Por que não? — Padmé perguntou.
— Gunray está aqui, — Kharl sibilou. — Em pessoa. Para as
negociações de especiarias. A sua nave deve ter sido marcada. Ele pode não
a reconhecer como a sua, mas ele definitivamente a reconhecerá como de
Naboo e enviará alguém para verificar. Você tem que ir. Agora.
Anakin agarrou o braço dela novamente, e desta vez Padmé não lutou
com ele. Nute Gunray havia escapado da justiça tantas vezes, e agora ele
estava inalcançável pela autoridade da República. E ele estava aqui. Gunray
a viu lutar até a morte e aplaudiu quando foi ferida. Padmé não era uma
pessoa violenta, ou vingativa, mas por um breve momento ela entendeu
completamente o que Anakin sentiu quando estava naquela vila Tusken em
Tatooine.
— Diga aos outros, — Padmé esbravejou enquanto Anakin a puxava de
volta para a nave. — Se eles quiserem vir, eles têm que vir agora. Vou me
certificar de que a Rainha Jamillia entenda a situação quando eles chegarem
em casa. Vamos colocá-los em algum lugar isolado, se vocês quiserem.
Basta falar com eles.
Kharl assentiu e começou a voltar para a casa. Padmé parou de resistir à
condução de Anakin e o seguiu de volta pelo caminho até a nave. As flores
ainda enchiam o ar com o seu perfume glorioso. A Federação de Comércio
não poderia arruinar tudo.
— Isso realmente não é como eu pensei que este dia seria, — Anakin disse.
Ele estava na cadeira do piloto, preparando-se para partir. Nunca presumiu
faria isso a bordo da nave de Padmé, mas ambos perceberam que isso era
uma exceção.
— Achei que nosso maior problema seria lidar com R2 ficando
superexcitado com flores ou algo assim.
— Eu quero te dizer que provavelmente não é um presságio, — Padmé
retrucou. Fez a sua metade das verificações de pré-voo o mais rápido
possível. Atrás dela, ouviu R2-D2 zumbindo enquanto ele reforçava os
escudos. — Mas tenho certeza de que coisas como essa vão continuar
acontecendo.
Do lado de fora, um caça estelar droide zumbia perto da coleção de
casas. Ele pairava entre a comuna e a nave deles.
— Atenção, moradores de Nooroyo, — ele transmitia. — Uma nave de
fora do mundo foi registrada neste local. Por favor, esperem a equipe de
inspeção chegar.
— Não adianta tentar destruí-la, — Anakin apontou. — Ele já terá
registrado o local e enviado uma mensagem de volta.
— Concordo, — Padmé disse. — Temos que estar prontos para partir o
mais rápido possível.
— Não podemos esperar que eles decidam, — Anakin observou. —
Com razão ou não, Kharl é um usuário de especiarias, e o resto deles
provavelmente são encrenqueiros também. Se eles não querem sair, eles
merecem tudo o que receberem.
— Eu não vou abandonar as pessoas para os Separatistas se eu puder
ajudá-las, — Padmé rebateu.
— Você vai ter que começar a olhar para o quadro geral desta guerra,
Padmé. — Anakin parecia estranhamente calmo quando disse as palavras,
como se estivesse usando a Força para se estabilizar. — Haverá perdas.
— E eu vou lutar por cada uma, — Padmé disse a ele.
Anakin suspirou, mas não insistiu mais. Os motores zumbiam quando o
painel de controle indicava que poderiam decolar quando quisessem.
Através do visor, Padmé pôde ver duas figuras se aproximando da nave, e
voltou para a rampa para encontrá-las.
Kharl não estava carregando nenhuma bagagem e nem parecia ter um
dispositivo que fazia isso por ele. A garota ao lado dele tinha duas mochilas
grandes e uma maleta de instrumentos. Tinha pele morena e longos cabelos
escuros. Padmé era uma das poucas pessoas que tinha visto a Rainha
Jamillia sem maquiagem, e a semelhança era inconfundível. A urgência de
Jamillia ficou clara, assim como a sua necessidade de manter a discrição.
Uma missão para salvar uma pessoa era um movimento político arriscado,
mas um passo pessoal completamente compreensível. Resgatar a irmã da
Rainha, mesmo com as eleições se aproximando e Jamillia saindo do poder,
era importante.
— Esta é Antraya, — Kharl disse. — Ela está pronta para ir.
Padmé ficou de lado para que Antraya pudesse embarcar. Podia dizer
que a irmã da rainha estava descontente por deixar Nooroyo e os seus
amigos lá. Estava fazendo isso por Jamillia, que era outra coisa que Padmé
podia entender.
— Eu não posso prometer que haverá outra chance de vir buscar o resto
de vocês, — Padmé apontou. — Esta pode ser a sua única oportunidade de
voltar para Naboo.
— Nós sabemos, — Kharl disse. — Não tivemos muito tempo para
falar sobre isso, obviamente, mas todos sabemos no que estamos nos
metendo. E é importante que vocês saiam antes que a equipe de varredura
chegue aqui.
— Isso vai causar problemas para o resto de vocês? — Padmé
perguntou.
— Nós ficaremos bem, — Kharl disse. — Não estamos mais em casa
em Naboo, mas ainda é de onde viemos. Não é perfeito, mas é um bom
lugar. Só que não é para nós. Talvez, aqui, possamos tornar o resto da
galáxia um pouco mais parecida com ela.
— Que a Força esteja com você, — Padmé disse. Os motores rugiram, e
ela sabia que Anakin estava ansioso para sair.
— Vão! — Kharl disse.
Padmé subiu correndo pela rampa e fechou a porta. Assim que o
vedante foi colocado, Anakin trouxe a nave para cima, e quando Padmé e
Antraya chegaram ao convés de voo, eles estavam na atmosfera superior.
— Estamos sendo escaneados, — Anakin informou, com os seus dedos
voando ligeiros pelo painel de controle. — Contudo eles não vão nos
alcançar antes de saltarmos.
— Eu aprecio que você fazendo isso por minha irmã, — Antraya disse.
— Mesmo que não seja o caminho que eu teria escolhido.
— Eu sei, — Padmé disse. — E lamento que você tenha que fazer esse
sacrifício.
Anakin tirou a nave da gravidade do planeta e das luas, terminou os
cálculos e deu o salto para o hiperespaço. Assim que o espaço passou
rapidamente pela janela, ele soltou uma lufada de ar e recostou-se no
assento do piloto.
— Eu não posso acreditar que não tivemos que lutar contra ninguém, —
ele observou.
— Estou feliz que não, — Padmé disse.
— Não gosto de não poder controlar o resultado, — Anakin apontou. —
Não havia nada que eu pudesse fazer para ajudar.
— É por isso que você me leva em missões, — Padmé disse. Ela
esqueceu que eles tinham companhia e disse isso com mais flerte do que
deveria.
— Quem são vocês, afinal? — Antraya perguntou.
— Amigos da Rainha, — Padmé respondeu, e não explicou mais nada.
Antraya, aparentemente não mais confortável com política do que
Anakin, bufou com desdém e afundou na sua cadeira. Ela deixou as suas
grandes mochilas no porão, mas embalou a caixa de instrumento
protetoralmente contra o peito. Padmé não sabia o que ela tocava, mas
claramente significava muito pra ela.
— Nós vamos deixar você em casa em breve, — Anakin disse a ela.
— Qual é a pressa? — Antraya perguntou. — Vocês tem planos?
— Algo assim, — Padmé disse. Não pôde deixar de rir de suas próprias
palavras.
Anakin não desembarcou de nave senatorial enquanto Padmé entregava
Antraya à Rainha. Pouquíssimas pessoas sabiam que estava em Naboo, e
estava feliz em manter isso assim. Observou pela janela enquanto Padmé
falava brevemente com Jamillia, e então as duas irmãs se abraçaram.
Antraya poderia ter relutado em voltar para Naboo, mas não havia
relutância em como ela se sentia em relação à irmã. Anakin se perguntou
como Obi-Wan estava se virando. Eles não costumavam passar longos
períodos de tempo separados.
Padmé desapareceu da janela e Anakin pôde ouvi-la voltando para o
convés de voo através da nave. Foi um voo rápido de volta para a casa do
lago, e eles ainda tinham cerca de duas horas antes do pôr do sol, mas sabia
que Padmé provavelmente precisaria de bastante tempo para se trocar, já
que não havia ninguém para ajudá-la. Ainda assim, havia algumas coisas
sobre as quais queria falar com ela, então estabeleceu um caminho um tanto
tortuoso na volta para a casa.
— Sinto muito por ter sido tão rude enquanto estávamos voltando de
Nooroyo, — ele disse quando ela se sentou ao lado dele. Ela estendeu a
mão e pegou a mão dele, entrelaçando os dedos dela com os de metal dele
como se nada tivesse mudado.
— Está tudo bem, — ela disse. — Até os Jedi têm adrenalina.
— Não é só isso. — Ele levou os dedos dela aos seus lábios. — Nós
dois fomos treinados de forma diferente para fazer um trabalho semelhante,
e ambos os trabalhos são diferentes agora, por causa da guerra. Eu deveria
ser mais paciente com você enquanto você se ajusta. Eu sei que você seria
paciente comigo, se a situação fosse invertida.
— Você está preocupado em assumir o comando das tropas? — Padmé
perguntou. — Eu sei que nós dois fizemos isso em Geonosis, mas isso foi
diferente. Agora isso vai ser a longo prazo.
— Eu não diria que estou preocupado, — Anakin respondeu. — Estou
preocupado com a reação dos Jedi ao ter um exército, mas sei que posso
lidar com isso. Vai ser bom ir para a batalha com mais pessoas, não apenas
eu e Obi-Wan.
A nave deslizou pela atmosfera inferior de Naboo, com um arco-íris
dançando no casco prateado enquanto a condensação se agarrava aos
painéis.
— Você vai contar a ele? — Padmé perguntou.
— Não, — Anakin respondeu. — Ele não entenderia. Nenhum deles
entenderia.
— Sinto muito, — ela disse. — Eu sei que esconder as coisas não é
natural para você.
— Bem, eu tenho o melhor professor, — ele disse. Ele estava tentando
soar despreocupado sobre isso, mas não deu certo.
Atrás deles, R2-D2 chilreou.
— 3PO enviou quantas mensagens? — Anakin perguntou. — E você
reteve todas elas?
Padmé riu enquanto a primeira das várias mensagens do seu droide de
protocolo ansioso começou a tocar na frente dela.
— Temos muito tempo, — ela disse. — Tenho certeza de que é isso que
R2 tem dito a ele.
R2-D2 apitou afirmativamente quando a casa do lago apareceu abaixo
deles. Anakin estava sorrindo enquanto descia a nave, olhando pra ela como
se ela fosse um planeta que ele estivesse vendo pela primeira vez.
A Guerra dos Clones havia começado. Era inegável, e mesmo que ninguém
realmente parecesse saber exatamente o que isso significava, a guerra
finalmente chegara à pequena bolha de tranquilidade de Padmé Amidala na
casa do lago em Naboo. C-3PO não era a única pessoa que lhe enviou
várias mensagens enquanto estava em Nooroyo. O fluxo constante de
atualizações de Bail não diminuiu, e até mesmo Mon Mothma enviou
algumas comunicações curtas na sua direção. Ainda assim, manteria a sua
paz um pouco mais, porque queria. Padmé fechou as mensagens que Bail
estava mandando para ela sem responder a nenhuma delas. Era quase pôr do
sol e era o dia do seu casamento.
Padmé só trabalhou brevemente com os clone troopers em Geonosis. As
emoções estavam altas, e ela estava cheia de adrenalina, então só depois ela
teve tempo para pensar sobre isso. Os troopers a tinham olhado em busca
ordens e as seguiram quando falou. Eles tinham sido educados e
preocupados com o seu bem-estar físico. Eles não a questionaram. Era
quase como as equipes com as quais Padmé estava acostumada a trabalhar,
mas não exatamente.
Tinha sido fácil. E isso a aterrorizou.
Padmé nunca foi de decisões espontâneas. Planejava. Antecipava os
resultados e as consequências que eles trariam. Nem sempre compartilhava
o seu processo de pensamento, é claro, mas tinha um processo, e até mesmo
as suas decisões mais imprudentes eram consideradas. Isso a serviu bem
profissionalmente por mais de uma década, desde antes da sua eleição como
Rainha de Naboo. Para ser perfeitamente honesta, estava um pouco cansada
de viver para outras pessoas, de sempre considerar os outros antes de si
mesma. Queria algo que fosse dela. Certamente poderia administrar os dois
ao mesmo tempo.
Era fácil se apaixonar por Anakin Skywalker. E isso a aterrorizava
também.
Achava-se imune a tais assuntos. Sim, teve paixões de adolescente, e
sim, haviam pessoas que achava atraentes, mas nada disso tinha entrado na
sua cabeça do jeito que Anakin fez. Sempre foi capaz de passar por isso,
rapidamente, evitando emaranhados e voltando ao trabalho. Tentou fazer a
mesma coisa quando percebeu para onde os seus sentimentos por Anakin a
estavam levando, e quase conseguiu, mas diante da morte, decidiu jogar a
cautela ao vento.
E isso era amor, não era? Não era como se houvesse alguém que
pudesse perguntar.
O segredo não a incomodava. Manteve segredos toda a sua vida. Este
era de Anakin, principalmente, porque ele perderia mais se eles fossem
expostos, mas estava feliz por fazer parte disso.
C-3PO, recém-dourado, entrou na sala, tirando-a do seu devaneio. O
droide era oficioso e estranho, não podia deixar de se perguntar como a
programação dele acabou em Tatooine para Anakin vasculhar, mas ele era
eficiente. Uma vez que ela e Anakin decidiram ter um casamento de
verdade, o droide entrou em ação, insistindo em todos os tipos de costumes
antigos de Naboo e Tatooine. Padmé teria protestado, mas Anakin
genuinamente parecia gostar da atenção que o droide estava dando a ele,
então deixou C-3PO fazer toda a organização. Eles tinham o resto de suas
vidas.
— É hora de se vestir, minha Lady, — C-3PO disse. — R2 me disse que
você costuma ter ajuda para essa parte dos eventos formais e, como não
tem, fiz o que pude para organizar o seu camarim para tornar tudo o mais
acessível possível.
— Obrigada, 3PO, — Padmé agradeceu.
— Você precisa de mim para alguma coisa? — o droide perguntou sem
jeito. — Receio que a minha programação não inclua cuidados pessoais,
mas suponho que posso segurar algo para você?
Uma imagem do droide de protocolo tentando trançar o seu cabelo
passou pela mente de Padmé, e fez o possível para não rir. C-3PO se levava
muito a sério e a oferta foi feita de boa fé.
— Vou ficar bem, 3PO, — ela disse. — Anakin está bem?
O droide estalou para ela.
— Você não vai conseguir nada de mim, minha Lady! — ele respondeu.
— Mas parece que nada vai impedir a minha agenda, se essa for uma
resposta aceitável.
Ele caminhou rigidamente para fora da sala, uma característica da sua
construção, não do seu comportamento, e Padmé se permitiu um sorriso
quando ele saiu. O droide de protocolo deve ter sido um sucesso absoluto
com os vaporizadores de umidade na propriedade dos Lars. Estava feliz por
Anakin tê-lo trazido quando eles deixaram Tatooine. Além de ser a última
coisa que ligava Anakin à sua mãe e mundo natal, ele também estava
rapidamente se tornando indispensável. Padmé nunca teve sorte com
droides de protocolo, mas talvez este, construído por um garotinho que
queria ajudar a sua mãe, fosse exatamente o tipo de droide que a galáxia
precisava.
O vestido de Yané já estava estendido na sua cama. Este chegou na hora
do almoço, e 3PO o desembalou imediatamente porque não queria que ele
amassasse. Olhando pra ele, Padmé não tinha ideia de como Yané
conseguiu fazer um trabalho tão requintado tão rapidamente, mesmo com a
ajuda dos seus teares mecânicos. O vestido era uma combinação perfeita
para o tecido que Padmé havia transformado em seu véu, além disso era
absolutamente deslumbrante. O drapeado elegante e a miríade de pérolas
eram apenas o começo. As rendas e bordados quase tiraram o fôlego de
Padmé. Era bonito.
Já havia decidido por maquiagem e cabelo simples, mesmo antes de C-
3PO lembrar a ela que teria que fazer isso sozinha. Não estava se casando
como senadora ou representando o planeta Naboo. Isso era só pra ela e pro
Anakin. O véu cobriria a maior parte da sua cabeça de qualquer maneira, e
entre o vestido, o lago e o que estava se tornando um perfeito pôr do sol de
Naboo, estava mais do que certa de que ficaria bem.
Começou a trabalhar rapidamente, torcendo o cabelo em mechas
simples que prenderiam todos os grampos do seu véu. Então fez o seu rosto,
certificando-se de destacar as suas feições em vez de silenciá-las, como
costumava fazer. Quando isso foi feito e definido, colocou a sua camisola e
roupa de baixo. Tarde demais, percebeu que o vestido de Yané abotoava nas
costas, cerca de um milhão de minúsculos botões de pérolas que não
conseguiria alcançar sozinha.
Por um momento, a sua solidão ameaçou esmagá-la. Os seus amigos
estavam todos longe. Nem sabia onde Sabé estava. Os seus pais não sabiam
que estava no planeta. Os seus colegas no Senado sabiam apenas as
generalidades de onde tinha ido quando desapareceu depois de Geonosis.
Mas Anakin estava aqui.
Lembrou a si mesma que tinha escolhido isso. Queria isso. Estava
fazendo isso, não por o seu planeta ou o seu povo, mas por o seu coração. Ia
entrar neste vestido. E então ela iria se casar.

No que dizia respeito a Anakin, tudo estava perfeito. C-3PO finalmente


estava convencido de que os seus preparativos eram suficientes e estava em
pé ao lado com R2-D2. O oficiante, um homem que Anakin conhecera
apenas alguns momentos antes, mas que parecia bastante agradável, estava
elogiando o droide por um arranjo de flores em particular que Anakin nem
havia notado. Tinha olhos apenas para o lago e o céu, e para Padmé.
Quando ela saiu para a varanda, sentiu como se estivesse em uma
câmara de ar que havia sido ventilada. Todo o seu mundo se fechou em
torno da sua visão dela, pálida e perfeita no sol poente. O véu que cobria
seu cabelo era além de intrincado, e as suas delicadas tramas se
derramavam na sua cauda, carregando o que pareciam constelações inteiras
de estrelas, brilhando na luz. Sempre foi a coisa mais linda que ele já tinha
visto, mas agora ela desafiava a descrição.
A princípio, ele mal ouviu as palavras que o oficiante disse, unindo-os
para fins legais e espirituais. Os Jedi não tinham palavras de casamento, é
claro, mas os Naboo sim, e quando a atenção de Anakin se alargou da
presença de Padmé para o orador ao lado deles, ele ouviu e inscreveu as
palavras em seu coração.
Quando o oficiante se afastou, Anakin alcançou Padmé com a mão
esquerda. Depois de um momento de hesitação, uma hesitação que ela não
compartilhava, ele estendeu a mão direita também. Se aproximou, com o
seu rosto virado para o dele. Estava tão solene agora, mas ele podia sentir a
alegria dela borbulhando sob a superfície. Assim seria com eles. Um rosto
para o público e um rosto para o outro. Ele aceitaria isso. Ele iria gostar
disso.
Anakin Skywalker inclinou a cabeça e beijou a sua esposa.
O Conselho Jedi se dispersou rapidamente, mas Mestre Yoda permaneceu
na sua cadeira. Os seus compatriotas já estavam viajando pela galáxia com
o exército que de alguma forma eles haviam adquirido, respondendo às
ameaças Separatistas em todos os cantos da República. Quatro deles
fizeram parte da reunião via holograma, e Yoda sabia que esse número só
aumentaria nos próximos dias. Até ele sairia, eventualmente. Ele tinha visto
isto.
Mas, por enquanto, permaneceria. Em Coruscant, sim. No Templo, com
certeza. Nesta cadeira, pelo maior tempo possível. Podia ser velho, mas a
sua teimosia se mostrava de tempos em tempos, e de tempos em tempos se
entregava a ela.
Ao seu redor, o grande planeta cidade fervilhava de vida. Alguns Jedi
achavam Coruscant fria e estéril, mas Yoda nunca teve problemas em seguir
as conexões da Força entre os inúmeros seres que viviam lá. Havia muito
pouco do pulso confiável da natureza, mas a multidão de seres sencientes
transitando em os seus dias mais do que compensava isso. Às vezes Yoda
achava muito barulhento e se voltava para dentro de si, mas esta noite
queria sentir a cidade inteira ao mesmo tempo.
As janelas da sala do conselho eram largas e as luzes de Coruscant
brilhavam. Havia as linhas constantes do prédio do Senado e os vários
outros prédios altos que rompiam os níveis mais altos do planeta. Havia
também as linhas móveis de tráfego, tecendo uma rede através de cada
comunidade e ocasionalmente descendo em espiral em direção aos níveis
mais baixos da cidade. Tudo estava ligado aqui, tanto quanto na
exuberância das selvas Felucianas, e Yoda podia sentir tudo.
Sentia falta dos dias em que a Ordem o deixava levar os Younglings em
aventuras, além da busca usual por os seus cristais kyber. Gostava da
viagem, da companhia de mentes jovens e da maneira como todos se
moviam ao seu redor na Força. Isso era perigoso agora, e estava velho, mas
ainda desejava aqueles tempos mais simples.
Balançou a sua cabeça. Nada de bom viria da distração, ou de morar no
passado. Acabaria se voltando para a meditação antes de sair do quarto para
passar a noite, mas antes disso, tinha um trabalho a fazer. Estendeu a mão
para o seu apoio de braço e digitou uma chamada em seu holoprojetor.
— Mestre Yoda? — veio a voz de Bail Organa quando o senador
apareceu diante dele. — Em que posso ajudá-lo esta noite?
Bail Organa era um dos melhores aliados que os Jedi tinham no Senado.
Eles haviam trabalhado mais com ele, e a sua facção de legalistas era
altamente respeitada. Se havia uma missão furtiva que precisava ser
realizada, Organa era quem a organizava. Ele estava muito relutante em
participar da guerra, embora não tivesse retido nenhum dos recursos
consideráveis de Alderaan e estivesse na vanguarda da organização da
maioria dos esforços de socorro, ajuda e reabastecimento. Yoda achou isso
particularmente reconfortante.
— Uma pista estranha nós temos, Senador, — Yoda respondeu. — Do
seu interesse, pode ser.
O senador ergueu as sobrancelhas.
— É sobre aquela empresa de reabastecimento que nós sinalizamos? —
Bail perguntou. — Não encontramos nada durante a nossa investigação,
mas não tivemos tempo para ser muito precisos.
— E é, — Yoda respondeu a ele. — Muito suspeito, uma das empresas
é. Muito suspeito de nós! Exigiram um contato, eles solicitaram, mas
nenhum Jedi eles verão. Apenas um senador, enviado em segredo.
Essa parte deixou Mace Windu tão perto de enfurecido quanto o homem
já esteve. Foi o oposto do que deveria ter sido. Os Jedi eram os confiáveis.
O Senado sempre foi extremamente imprevisível, especialmente com
missões delicadas como essa.
— Isso vai ser difícil de arranjar, — Bail apontou. — A minha facção
está quase perdendo o controle para tentar manter os legalistas juntos. Se
um deles desaparecesse, definitivamente não passaria despercebido.
— Sim, sim, — Yoda concordou. — O Senado em movimento sempre
está, mas especialmente quando o Senado em guerra está. Maior atenção, eu
vou dar a isso, e você também, eu acho.
— Obrigado, Mestre Yoda, — Bail disse. Ele parecia cansado. — As
suas informações são sempre apreciadas, mesmo que levemos algum tempo
para agirmos sobre elas.
Yoda desligou a ligação e voltou a sua atenção para a paisagem urbana à
sua frente. Ao fechar os olhos e se conectar a Força, pensou novamente em
crianças e em coisas novas, e em encontrar caminhos de luz através da
escuridão.

Bail Organa beliscou a ponta do nariz e depois esfregou o rosto. Esteve


acordado pelo que pareceram horas, tentando percorrer todas as políticas do
que o Chanceler agora tinha o direito de fazer e acompanhar as novas
políticas que a sua facção esperava aprovar. Os seus assessores estavam
igualmente ocupados, lendo outros documentos e atualizações de notícias e
destilando as coisas pra ele, mesmo que o seu cérebro já parecesse que
estava prestes a explodir. Sabia que Mon Mothma ainda estava no escritório
dela, fazendo a mesma coisa que ele. Não tinha ideia de onde Padmé
Amidala tinha ido e não sabia quando ela voltaria. No entanto, a manteve
atualizada. Foi ferida em Geonosis e merecia algum tempo de recuperação,
mas precisava muito dela de volta.
Na cadeira de convidados, bem fora da linha de tráfego, sentou-se o
Representante Binks. Jar Jar trabalhava no Senado há mais de meia década
e era excelente em organizar arquivos e lembrar o que as pessoas diziam em
conversas aleatórias, mas a sua ingenuidade não havia desaparecido. O
discurso bem-intencionado do Gungan no Senado havia permitido ao
Chanceler poderes que Bail não aprovava, mas era suficientemente realista
para admitir que teria acontecido de qualquer maneira. O Chanceler
Palpatine tinha um jeito de conseguir o que queria, mas ter vindo da sua
facção doeu um pouco e colocou Bail com o pé de trás enquanto tentava
seguir em frente. Pelo menos o Chanceler devia um favor a eles agora, e
não a outra pessoa.
As novas informações do Mestre Yoda eram boas demais para deixar
passar. Havia uma empresa de reabastecimento que alguém em Alderaan
havia subcontratado, bastante normal, especialmente com a galáxia se
mobilizando nessa escala, mas a empresa era definitivamente estranha. O
pessoal de Bail tinha investigado o máximo que podia, assim como o da sua
esposa, mas eles estavam todos sobrecarregados. Essa nova dica, dada pelos
Jedi, mas ainda insistente no envolvimento senatorial, era a única pista que
eles tinham. Bail só tinha que descobrir onde isto estava na sua lista de
prioridades.
Uma xícara de caf apareceu na sua mesa, um pouco caindo na lateral
quando Jar Jar a colocou na mesa.
— Ops, — disse o Gungan.
— Está tudo bem, — Bail disse, limpando a bagunça ele mesmo. — Eu
agradeço.
— Yousa está precisando dormir, não de caf, — Jar Jar disse.
— Você está absolutamente certo, meu amigo, — Bail concordou. Então
bebeu a maior parte da xícara em um gole, embora estivesse bem quente. —
Infelizmente, acho que tenho mais chances de conseguir caf.
— Todo mundo está fazendo o seu trabalho, trabalhando duro, — Jar Jar
observou. Ele bateu em seu nariz comprido. — O que nós precisa é de
alguém que esteja em dois lugares ao mesmo tempo.
Bail piscou. Jar Jar voltou para a sua cadeira e tentou ficar fora do
caminho. Derrubou uma pilha de datapads, cacarejou consigo mesmo e
começou a reorganizá-los. Bail principalmente o perdoou.
— Obrigado, Representante Binks, Bail disse. — Esse é exatamente o
tipo de solução que eu esperava encontrar.
Enviou outra mensagem para a Senadora Amidala. Nada específico, é
claro, mas uma sugestão muito dissimulada de que ela retornasse a
Coruscant assim que pudesse. Fez o comissário enviar jantar suficiente para
todos da sua equipe, e algumas das iguarias aquáticas que sabia que Jar Jar
gostava. Assim fortalecido, voltou aos documentos que delineavam os
novos poderes do Chanceler e tentou imaginar como iria trabalhar em torno
deles.

Às vezes, nas suas fantasias mais simples, o Chanceler Palpatine imaginava


queimar o Senado até o chão. Era mesquinho e tolo, e não resolveria
nenhum dos seus problemas, mas gostava da ideia de todo mundo correndo
gritando de medo e confusão enquanto assistia. O que estava acontecendo
agora era quase tão satisfatório, embora um pouco menos imediatamente
destrutivo. O Senado estava às voltas com o novo exército deles e os seus
novos poderes, tentando descobrir onde poderiam obter vantagens como
indivíduos e como facções, e ainda tentando administrar as operações
cotidianas da República. Se esperasse o suficiente, eles poderiam iluminar o
prédio pra ele.
Palpatine gostava da adrenalina que vinha com a manipulação das
pessoas. Tinha sido uma de suas maiores habilidades desde que era um
menino, e a aprimorou em uma lâmina tão afiada que as pessoas raramente
notavam que as cortava até que perdessem muito sangue. Não havia
nenhuma cauterização sancionada pelos Jedi para as feridas que escolheu
infligir. Eles sangravam e espalhavam a infecção de maneiras que às vezes
o surpreendia, mas sempre o encantavam. Era a sua maneira favorita de
expandir o seu próprio poder, a única maneira segura com tantos Jedi por
perto. Tinha outras opções, é claro, coisas que aprendera quando jovem na
galáxia, mas essas mantinha perto do seu peito.
No entanto, poderia recorrer a elas de maneira silenciosa. Agora, por
exemplo, podia sentir os sentimentos de um grande número de senadores e
das suas equipes enquanto corriam ao redor do prédio, respondendo às
novas ameaças de guerra. Foi quando se sentiu mais supremo. Não quando
agia com a sua raiva, mas quando a reunia, usava-a como foco para crescer.
Haviam poderes na galáxia aos quais não tinha acesso, e isso o irritava, mas
tinha isso, e isso o tornava forte.
Mas Amedda entrou na sala, tirando a atenção de Palpatine do turbilhão
de emoções que percorria os andares abaixo.
— O que é isso? — ele perguntou.
— O Jedi Skywalker está em Naboo, — Amedda respondeu a ele. —
Kenobi voltou com os outros, mas Skywalker não está com eles.
O garoto não tinha ido a Naboo por causa do clima. Isso era óbvio.
— Certifique-se de que ele venha me ver quando voltar, — instruiu
Palpatine. — Não imediatamente, é claro. Ele pode ir ao Templo primeiro.
Mas eu quero falar com ele antes de mandá-lo para algum lugar.
— Vou me certificar disso, — disse Amedda. — Você precisa de mais
alguma coisa?
A lista de coisas que Palpatine precisava era longa e incrivelmente
secreta. Mas Amedda tinha uma ideia geral do que o seu chanceler estava
fazendo, mas Palpatine não o sobrecarregou com detalhes. Tinha maneiras
de manter os seus ajudantes sob o seu controle. O Chagriano era muito útil
quando se tratava de lidar com políticos que Palpatine não tinha tempo para
conversar, e perdê-lo seria profundamente inconveniente.
— Não, obrigado, — ele agradeceu. Isto foi a sua única dispensa. Pegou
a reverência respeitosa da cabeça de Amedda com o canto do olho e ouviu a
porta chiar quando o seu ajudante saiu.
Fosse o que fosse que Skywalker estava fazendo em Naboo, ele voltaria
em breve. Ele estaria faminto por vingança contra Darth Tyranus e ansioso
para restaurar a ordem na República. Os Jedi ainda não o arruinaram
completamente por sentimentos apaixonados e ação obstinada, e Palpatine
sabia exatamente qual caminho queria enviar o garoto em seguida.
Convocou as especificações do novo droide que os Separatistas
supostamente possuíam e sorriu. A verdade era muito melhor do que o
boato. Tudo estava acontecendo como ele esperava e, em breve, seria capaz
de dar os próximos passos.

Sabé fechou o arquivo das requisições de água desta semana para as


fazendas periféricas e fechou os olhos. Era fácil se perder no processamento
de dados aqui, a simples movimentação de recursos de pessoas que os
possuíam para pessoas que precisavam deles. Não podia fingir que isto
alterava a galáxia, mas era um trabalho necessário, especialmente para um
lugar como Tatooine que rastreava cada gota de água. E isso a acalmou.
Eram problemas que poderia resolver, pessoas que poderia ajudar. Era fácil
se perder nisso, ir para casa no final do seu turno e fingir que era tudo o que
era.
Nunca se sentiu assim antes, tão tranquila e contente fazendo tão pouco.
Passou os seus anos mais jovens se empurrando para frente e a sua
adolescência intencionalmente se colocando de lado. Tinha dominado em
ser a segunda melhor, ao ser a pessoa que ninguém nunca viu ou se
lembrou. Ainda a surpreendia quando os seus vizinhos a chamavam
enquanto voltava para casa do trabalho à noite. Poderia se acostumar a ser a
senhora de si, fazendo o seu próprio trabalho. Gostou disso muito mais do
que esperava.
No entanto, a missão sempre viria em primeiro lugar. Padmé sempre
vinha em primeiro lugar. Elas haviam prometido uma à outra mais de uma
década antes, e Sabé não era de voltar atrás na sua palavra sem uma razão
muito boa. Continuaria o trabalho do coração de Padmé aqui em Tatooine
porque Padmé não podia, e se ela gostasse, tanto melhor. Mas ela sempre
estaria pronta para ir se Padmé precisasse dela. Tonra entendia isso, e o seu
chefe também, mesmo que o seu chefe não soubesse exatamente quem era o
seu “contato fora do mundo”.
Eles estavam fazendo um bom progresso em Tatooine. Eles estavam se
tornando membros confiáveis da comunidade. Mesmo que Sabé tivesse que
sair, Tonra poderia ficar e administrar as coisas por conta própria por um
tempo. Estaria pronta para qualquer coisa, como sempre.
Sabé abriu os olhos. Era hora de encontrar Tonra na cantina. O seu
trabalho diário havia acabado, e agora o seu outro trabalho poderia começar.
O console de comunicações de Padmé tocou, e desta vez se obrigou a
atender.
— Eu não sei por que você não pode ignorá-lo por apenas mais algumas
horas, — Anakin disse quando voltou. Ele estava sentado em um divã,
olhando para o lago. Eles não estavam conversando nem nada. Só curtindo
o silêncio.
— Eu os ignoro há dias, — a sua esposa lembrou a ele. — No mínimo,
tenho que verificar e ver se é uma emergência.
Os últimos dias tinham sido gloriosos. Eles foram nadar em um dos
promontórios rochosos perto da casa do lago, evitando a praia, e passaram
horas no sol e na água sem nada com que se preocupar, exceto um com o
outro e reaplicando o protetor solar. Eles escalaram uma das montanhas
atrás da casa, e Padmé apontou os pontos de referência visíveis daquela
grande altura. Eles ficaram deitados na varanda no escuro, observando as
estrelas, e Anakin contou a ela sobre os lugares que ele esteve enquanto ela
passava todo o seu tempo trabalhando no Senado. Ele ainda não havia
visitado todas as estrelas, mas estava acumulando um total impressionante.
— Eu imagino, — Anakin disse. — que o Mestre Obi-Wan
provavelmente está se perguntando o que está me retendo tanto.
— Você não disse a ele para onde estava indo? — Padmé perguntou.
— Eu disse que estava te escoltando de volta para Naboo e então eu iria
a algum lugar para meditar um pouco, — Anakin respondeu. — Isso é mais
ou menos verdade. Ele não vai se preocupar comigo, e eu saberia se algo
estivesse errado.
— Ainda assim, não podemos ficar aqui pra sempre, — Padmé apontou.
Anakin queria provocá-la e perguntar por que não, mas não o fez. Sabia
que era umas férias, e que isto tinha que acabar logo.
— Eu sei, — ele disse. — Mas foi bom enquanto durou.
Sentou-se, trazendo seu foco e lentamente esculpindo todas as coisas
que o distraíam da realidade.
— O que o Senador Organa quer? — ele perguntou.
— Como você sabe que é ele? Padmé perguntou. — Recebo mensagens
de todos os tipos de pessoas.
— Sim, mas as do Senador Organa sempre fazem você ficar mais
pensativa, — Anakin respondeu. — Você torce o nariz e há uma pequena
linha entre as sobrancelhas.
— Eu não torço, — ela disse, mas estava rindo.
Havia realmente apenas dois políticos que Anakin gostava. Padmé,
porque ela era linda e gentil e o amava, e o Chanceler, porque ele fazia
muito sentido. Anakin tolerava principalmente os outros, mas de todos na
facção de Padmé, Bail Organa era o favorito dele. O homem era direto e
não dado à prevaricação para conseguir o que queria.
— Há uma missão, — Padmé admitiu. — É bastante sensível, pelo que
entendi, e não pode haver nenhum Jedi envolvido. Não sei os detalhes. Bail
não pode compartilhá-los por meio de uma conexão insegura. Mas acho que
será importante e devo voltar a Coruscant para ajudá-los a lidar com isso.
— Tudo bem então, — Anakin disse. — Aqui está o que eu acho que
devemos fazer. Podemos fazer uma última refeição em particular juntos esta
noite, e então pela manhã você pode voltar para Theed e pegar uma nave do
governo para Coruscant. Farei o meu caminho de volta separadamente.
— Por que separadamente? — Padmé questionou. — Podemos viajar
juntos. Ninguém vai notar.
— Eu vou notar, — Anakin respondeu. — Quero que o nosso trabalho e
as nossas vidas sejam tão separados quanto possível. Isso faz sentido? Eu
sei que você vai ler toda a viagem pelo hiperespaço, por exemplo. Isso não
conta como o tempo que você passa comigo.
— Eu gosto disso, — Padmé disse. Caminhou de volta para o divã e se
enrolou ao lado dele. — Você leu isso em algum lugar?
— Sim. — Anakin corou. — Eu tinha algumas lacunas na minha
educação para preencher.
— Eu te amo, — Padmé disse.
— Eu também te amo, — ele disse a ela.
Eles se sentaram assim, bem juntos por todas as vezes que não estariam
e completamente absorvidos na companhia um do outro, até que C-3PO
veio para dizer que era hora do jantar.

A viagem de volta a Coruscant foi como acordar de um sonho. Mesmo até


Theed, que normalmente parecia acolhedor e pequeno para ela naqueles
dias, tinha sido uma bagunça agitada de barulho e pessoas, quando tudo o
que ela queria era a paz do que ela tinha à beira do lago. A sua definição de
lar havia mudado, ela percebeu. Isso não era mais um lugar, não era mais
um local para onde ela pudesse ir. Era uma pessoa. E o lar seria
indescritível enquanto ele estivesse longe dela.
Não era tudo ruim. Typho e Dormé estavam lhe esperando no
espaçoporto. As suas novas aias, Ellé e Moteé, também estavam lá. Elas
usaram a viagem para colocar tudo em dia sobre a política atual, ou seja:
Padmé e Dormé tentaram ler o máximo humanamente possível, e Ellé e
Moteé foram jogadas parte mais funda, descobrindo onde se encaixavam no
sistema. C-3PO veio com Padmé, e deixou R2-D2 com Anakin. Sentiria
falta do pequeno astromecânico, mas todos concordaram que seria melhor
para Anakin ter um droide em quem ele confiasse quando os Jedi fossem
para a guerra, e era mais seguro para C-3PO se juntar ao serviço dela.
— Eu não posso acreditar o quão rápido a luta se espalhou, — Padmé
disse, dando uma pausa nos incontáveis arquivos que Bail havia enviado
para ela. — Estamos em conflito com a Federação de Comércio há algum
tempo, de uma forma ou de outra, e sempre pareceu tão pequeno, como se
isso fosse apenas um problema de Naboo ou apenas meu. Isso é tão grande.
— Tenho a impressão de que os Separatistas estavam esperando para
fazer uma grande jogada, — Dormé apontou. — Geonosis deveria ter sido
uma vitória para eles, então as suas forças já estavam prontas para terminar
o trabalho.
— Exceto que temos um exército de clones para a República, — Padmé
meditou. — E ninguém sabe realmente de onde veio.
— Ouvi em um holo de notícias que um Jedi havia encomendado anos
atrás, — disse Ellé. — Reconhecidamente, o holo é um pouco menos do
que respeitável, e ninguém parece saber por que um Jedi faria isso, mas é a
única teoria razoável que surgiu até agora.
— O Chanceler parece bastante satisfeito, — Moteé acrescentou. — Ele
deu o comando do exército para os Jedi, porque a República não podia
fornecer generais suficientes, mas parece um movimento para manter o
Senado fora da linha direta de poder, e os Separatistas poderiam.. . apreciar
isso se isso viesse de negociação.
— Os Jedi sabem o que fazer com um exército? — Dorme perguntou.
— Eles vão saber em breve, — Padmé respondeu. — Estou mais
preocupada em manter a República unida enquanto a guerra é travada.
Quando as coisas estão difíceis, os Separatistas aparecem com soluções
fáceis. Não quero que os planetas sejam vítimas deles.
— Pelo menos sabemos o que defendemos, — Typho observou por
cima do ombro, na cadeira do piloto. — Isso é um começo.
Isso era melhor do que nada.

A senadora Amidala mandou a nave desembarcar diretamente no porto do


Senado, e não na sua residência. Estava longe o suficiente para querer ir
direto ao trabalho. Ellé e Moteé a ajudaram a se vestir, orientadas por
Dormé, com um vestido mais elaborado do que costumava usar quando vai
ao Senado. Era hora de lembrar a todos quem era, de onde veio e que falava
sério.
O seu cabelo estava torcido em dois coques logo abaixo das orelhas e
um terceiro na base do pescoço. Uma fina tampa de metal estava sobre a
sua cabeça, decorada com flores e trepadeiras. O seu rosto estava pálido,
não o branco tradicional da rainha de Naboo, mas definitivamente inclinado
nessa direção. Os seus lábios estavam manchados de vermelho e os seus
olhos estavam sombreados com pó cor de vinho.
O vestido era feito em três partes. Um vestido de seda Karlini que
chegava abaixo dos joelhos e a cobria até os pulsos era encimado por um
vestido estilo túnica mais pesado de veludo vinho. Era sem mangas e se
estendia dos ombros até o chão em uma única linha ininterrupta que era
sustentada por leves reforços de aço costurados no tecido. Finalmente, uma
faixa branca elaboradamente dobrada com quase meio metro de largura foi
colocada em volta da cintura e estendida atrás dela como uma cauda.
Ellé e Moteé receberam mantos roxos com capuz para usar sobre os
vestidos combinando. A cabeça de Dormé estava descoberta, mas usava as
mesmas cores. Typho vestia o seu uniforme, o chapéu bem enfiado debaixo
do braço. C-3PO, polido até brilhar, caminhou com eles pelos corredores do
Senado e comentou que, de fato, fora feito para isso.
Dormé e Typho se separam, indo para o escritório de Padmé para
começar a trabalhar na agenda dela. Elas levaram o droide com eles. Ellé e
Moteé seguiram Padmé pelos corredores enquanto caminhava determinada
até seu destino. Algumas pessoas a saudaram, mas não parou para nenhuma
delas. Em pouco tempo, elas chegaram ao escritório do Senador Organa.
— Ah, Senadora Amidala, — Bail a cumprimentou. — É maravilhoso
ver você. Você se recuperou dos seus ferimentos em Geonosis, então?
Padmé apreciou a ajuda dele na divulgação da sua história de cobertura,
mesmo que ele não soubesse que era isso que estava fazendo. Tudo dito,
estava muito perto da verdade, exceto por uma omissão gritante.
— Sim, obrigada, Senador, — Padmé agradeceu. — As feridas não
eram profundas, mas estavam em um lugar muito estranho.
— Estamos felizes em tê-la de volta, — Mon Mothma disse. Se
levantou elegantemente da sua cadeira para vir e apertar a mão de Padmé.
Como de costume com as aias, ninguém fez menção a Ellé e Moteé, que
permaneceram na porta.
— Eu entendi que há uma missão de alguma sensibilidade para
considerar? — Padmé disse, ansiosa para começar.
— É infinitamente complicado. — Mon Mothma respondeu. Ela
enlaçou o seu braço com o de Padmé e a conduziu até uma cadeira.
Apenas Bail e Mon Mothma estavam presentes, o que surpreendeu
Padmé. Eles sabiam que estava vindo, e esperava que mais membros da sua
facção estivessem presentes.
— A missão em si é bastante direta, — Mon Mothma continuou. —
Temos que colocar um senador e um ou dois guardas em uma nave
específica, e então eles esperam o contato. A questão é que tem que ser um
senador. Qualquer um da nossa facção poderia ir, mas estamos todos
ocupados. Além disso, a natureza sensível do empreendimento exige que o
senador não seja digno de ser notado, e qualquer pessoa que possamos
enviar certamente fará falta. Somos todos muito proeminentes, aqui. E
nenhum de nós pode estar em dois lugares ao mesmo tempo.
Bail Organa era um político experiente demais para reagir se não
quisesse. Ele não perguntaria diretamente a ela e não revelaria os seus
segredos. Sempre confiou nele, mas agora sabia com certeza que a sua
confiança tinha sido bem colocada. Ele encontrou o seu olhar
uniformemente, não revelando nenhum dos seus segredos. Ele estava dando
a ela a escolha.
— Senadores, — ela disse cruzando as mãos, — se vocês estão
procurando alguém que possa fazer isso, eu tenho a solução perfeita para
vocês.
Era uma vez uma garota que trabalhou duro a vida toda, e essa era a
parte que mais odiava.
Foi pura sorte que a levou até a porta de Shmi Skywalker. O seu
navegador portátil, útil para evitar os perigos dos desertos de Tatooine,
funcionou mal enquanto estava em busca de suprimentos na cidade, e o
comerciante com quem estava negociando havia recomendado um lugar
para consertá-lo por um preço baixo. Shmi fez o trabalho e foi paga, e a
garota voltou pra casa incapaz de tirar da cabeça a imagem da mesa de
Shmi, coberta de peças para mexer, fora de si.
A rede deles estava interessada. Cliegg Lars, depois da sua primeira
conversa com Shmi, ainda mais.
Nas semanas seguintes, Shmi contou a eles todas as fraquezas do
Toydariano e as maneiras que ele trapaceava para contorná-las. Passava a
maior parte do tempo com Cliegg, sob o pretexto de ser contratada para
ajustar os seus vaporizadores de umidade, e ele sempre a fazia rir. No resto
do tempo, ela e a garota trabalhavam em dispositivos de rastreamento,
projetados para encontrar um chip muito particular.
— Encontrá-lo é apenas metade do problema, — a garota disse. — Se
não podemos desativá-lo, qual é o objetivo?
— Tudo é resolvido passo a passo, — Shmi respondeu. Estava
acostumada a pequenas vitórias.
Finalmente, chegou o dia: Cliegg atraiu Watto para um jogo e o
derrotou, e Shmi foi o preço prometido. Estava livre quando eles voltaram
para a casa de Lars, mas o seu chip ficou onde estava.
Foram quase três meses de tentativa e erro. Shmi teria morrido se o seu
chip estivesse sob o controle de um escravizador e não de alguém que se
importasse com ela. Era aterrorizante assistir, pensar sobre isso, mas todos
os dias se levantava e tentava de novo. A garota fez o que pôde para ajudar,
mas as habilidades de engenharia de Shmi eram as melhores disponíveis
em seu círculo.
— Espero que você conheça o meu filho algum dia, — Shmi disse. —
Ensinei a ele tudo o que sabia, mas ele era muito talentoso. Ele queria um
aparelho assim. É bom terminar o sonho dele.
Finalmente, o desprogramador estava pronto. E tudo o que eles tinham
que fazer era testá-lo.
Cliegg não podia assistir. Owen o levou para o outro lado da
propriedade e tentou mantê-lo distraído. A garota colocou o dispositivo no
braço de Shmi e seguiu o escâner até localizar o chip: fundido na parte
inferior da coluna dela. Uma vez que o chip foi localizado, o tempo delas
era precioso. Ele teve que ser desativado antes que o dispositivo de
monitoramento no escritório de Cliegg percebesse que este estava sendo
adulterado. Shmi não seria morta se elas falhassem, mas a próxima pessoa
em que tentassem isso não teria a vantagem de ser livre.
Os cortes foram rápidos e limpos, e logo a garota segurou o chip na
mão. Ela enfaixou as costas de Shmi e garantiu que a perda de sangue não
fosse significativa. Elas tinham conseguido. Tinha funcionado.
Isso não funcionou todas as vezes.
Houve um momento antes da ativação da proteção contra falhas de um
chip em que todos sabiam que havia dado errado. Alguns gritaram. Alguns
fecharam os olhos e esperaram. Sempre era terrível. Shmi trabalhou
incansavelmente para melhorar o escâner, melhorar a programação, mas
não conseguia se manter à frente.
E então ela morreu.
Cliegg estava desolado. Owen ficou furioso, embora a sua fúria
empalidecesse em comparação com a do filho de Shmi, que chegou tarde
demais para ajudar e foi embora quase imediatamente. A menina fez a
única coisa que podia: levantava-se todos os dias e tentava de novo. Outros
assumiram os aspectos técnicos de libertar pessoas escravizadas em
Tatooine, mas era a garota que os alimentava quando não estavam mais
presos. Era a garota que os confortava se a tragédia acontecesse. A
maioria dos seres recém-libertados deixava Tatooine, e a garota não podia
culpá-los. Não foram as suas mãos que os libertaram, e eles podem nunca
saber o nome dela, mas foi a sua bondade que os fez seguir o seu caminho.
Beru Whitesun sabia que o seu trabalho nunca estaria terminado, mas
esperava que fosse o bastante.
A questão sobre o negócio de exportação de água era que era sazonal e, se a
estação tivesse sido ruim, não havia água para exportar. Normalmente, isso
resultava em uma perda indesejada de um emprego, mas como Sabé não
estava realmente em Tatooine para enviar os seus recursos já limitados para
fora do mundo para obter lucro, estar desempregada era muito bom para
ela. O seu chefe, um tipo decente que parecia genuinamente arrependido de
tê-la trazido até aqui para nada, foi capaz de lhe dar um dia de trabalho por
semana monitorando as projeções deste ano. Isso significava que Sabé e a
sua nave tinham algum tempo livre.
O primeiro contato para alcançá-los veio através do trabalho de Tonra
na cantina. Alguém precisava de algumas derrapadas nos produtos enviados
para uma das fazendas mais distantes e estava procurando transporte que os
Tuskens não conseguiam alcançar. Sabé fez a entrega com facilidade e se
organizou para que fosse uma ocorrência mensal e, depois disso, os
trabalhos começaram a aparecer.
Não teria sido suficiente para mantê-la se estivesse sozinha. O salário de
Tonra na cantina e o seu escasso salário no depósito de água pagavam a
maior parte de suas contas. Mas os créditos nunca foram o objetivo. Ser
conhecida como confiável era o mais importante.
O seu primeiro trabalho fora do mundo foi transportar uma família para
fora do setor. Em vez de esperar por um transporte público, eles optaram
por pagá-la para levá-los ao centro de transporte mais próximo, de onde
poderiam fretar viagens para onde precisassem ir. A família estava muito
quieta, muito desnutrida e quase não carregava pertences com eles. Sabé
não fez perguntas, mas realmente não precisava. Esperava que os seus
trabalhos no mundo tivessem sido ensaios para este. No final, entregou a
família em segurança no centro, colocou algumas moedas extras nas mãos
dos adultos assustados e voltou para Tatooine.
Tonra fez a próxima corrida para fora do mundo e relatou uma série
semelhante de eventos. A sua carga eram três irmãs e os seus filhos, todos
esqueléticos e queimados de sol. Desta vez, Sabé havia embalado um kit de
rações alimentares e suprimentos médicos para os evacuados levarem. Não
sabia se as pessoas que eles transportavam entrariam em contato com os
seus contatos de Tatooine novamente, mas estava fazendo isso apenas pela
metade para construir a sua reputação.
E isso foi tudo o que precisou. Duas semanas de viagens
cuidadosamente organizadas, e Sabon e Arton eram conhecidos portos
seguros em Mos Eisley. Era frustrante mover-se tão devagar e não ver o
quadro todo, mas Sabé disse a si mesma que desta vez estava fazendo um
trabalho melhor ajudando um sistema ativo. Ainda não tinha ideia com
quem eles estavam trabalhando, mas sabia que eles eram necessários e
estavam fazendo um bom trabalho.
Tonra tinha o jantar esperando por ela quando chegou em casa da sua
terceira corrida para fora do mundo. A comida na cantina onde ele
trabalhava era realmente decente, embora ele tendesse a adicionar os seus
próprios temperos quando levava comida para casa.
— Isso cheira incrível, — Sabé disse, encolhendo os ombros para fora
da sua jaqueta. — Quero saber o que é?
— Você não vai querer, — Tonra respondeu a ela. — Apenas concentre-
se em como cheira bem.
Havia muitos animais estranhos de aparência reptiliana em Tatooine, e
Sabé não tinha vontade de saber qual deles ela havia comido.
— Eu posso fazer isso, — ela disse, e sentou-se. — Outra corrida
tranquila hoje. Esses pareciam menos tímidos? Talvez esteja se espalhando
a notícia de que somos seguros. Um deles quase falou comigo.
— Eles sempre falam comigo, — Tonra observou, colocando uma tigela
na frente dela. Ela resistiu ao desejo de mostrar a língua para ele. — Você
tem uma mensagem de Coruscant.
Apenas uma pessoa a ligaria de Coruscant, e não era provável que
Padmé só quisesse conversar. Parte dela estava emocionada. O trabalho que
fazia em Tatooine era bom, mas um pouco chato. Sentia falta dos altos
riscos da política e da emoção de trabalhar em um nível galáctico. Uma
parte maior dela estava desapontada, o que a surpreendeu. Estava
construindo algo aqui, e desta vez eles estavam no caminho certo. Não
queria deixar isso de novo.
— Vou comer primeiro, — Sabé disse. — Aconteceu alguma coisa
emocionante enquanto eu estava fora?
— Houve uma briga na cantina esta tarde, — Tonra respondeu a ela. —
Dois comerciantes de longa distância da mesma nave. Ninguém ficou muito
ferido. Acho que eles só queriam desabafar.
Ele passou a descrever a luta em detalhes cômicos, tentando duplicar as
vozes dos participantes e do seu chefe, que tentou evitar que eles fizessem
uma bagunça. Sabé riu enquanto contava a história e comeu o seu jantar
sem reservas quanto ao que era.
— Se ela precisar de mim, você pode ficar aqui, — Sabé disse quando
ele terminou de contar a sua história e tentou comer antes que a comida dele
esfriasse. Ele não respondeu imediatamente. — Quero dizer, se você quiser.
Se você preferir estar em outro lugar, eu entendo. Mas eu, Sabon, quero
dizer, poderia apenas... ter ido em uma corrida de abastecimento mais
longa. E você poderia continuar com o que estamos fazendo aqui, e então,
quando eu terminar, eu poderia voltar.
— O pensamento ocorreu, — Tonra disse. Ele colocou a colher na
mesa. — Eu poderia deixá-la no centro de transporte e ficar com a nave.
Poderíamos inventar uma história. Dessa forma, eu poderia continuar
fazendo as corridas e apenas vir buscá-la quando você estiver pronta.
— Gosto dessa ideia, — Sabé disse. Agora que ela sabia que ele estava
na mesma página, ela estava ainda menos disposta a encerrar a operação em
Mos Eisley. — No entanto, deixe-me ver o que ela quer antes de tomar
qualquer decisão.
Sabé pegou o prato vazio dela e o de Tonra e foi até a cozinha lavá-los.
Antes, uma ligação de Padmé a teria feito correr para o holoprojetor,
ansiosa para ouvir o que a sua amiga queria que fizesse. Mas algo havia
mudado. Depois de Geonosis, Padmé ficou estranhamente reticente,
escondendo tudo até mesmo de Sabé. Desapareceu na casa do lago em
Naboo e não entrou em contato com ninguém por semanas. E por outro
lado, a própria Sabé nem sempre era fácil de rastrear, mas Padmé era uma
senadora. Se era importante, encontraria uma maneira. E agora ela
precisava de Sabé novamente, e Sabé ficou alarmada ao descobrir que ela
estava um pouco ressentida. O que estava acontecendo com elas?
Quando tudo estava limpo, foi até o holoprojetor e o ligou. Não fazia
ideia de que horas eram em Coruscant, e não tinha certeza de quanto tempo
teria que esperar para Padmé atender, mas alguém estaria do outro lado da
linha, e eles lhe diriam o que esperar.
— Sabé! — Para a sua surpresa, o rosto de Padmé apareceu na frente
dela quase imediatamente. A senadora parecia bem, claramente tendo se
recuperado de tudo o que aconteceu com ela na fundição de droides, e o seu
tom era normal. — Ah, estou tão feliz em te ver. Eu senti tanto a sua falta.
— Também senti a sua falta, — Sabé disse. E era verdade. Sentir falta
de Padmé era como sentir falta do sol, e ela estava atualmente em um
planeta com dois deles.
— Como está Tatooine? — Padmé perguntou.
— Quente, seco e empoeirado, — Sabé respondeu a ela. — Mas
estamos fazendo um progresso real. Os locais, aqueles com quem me
importo, estão começando a confiar em nós. Já fizemos algumas corridas
para fora do mundo pra eles.
— Isso é bom. — Padmé mordeu o lábio. Com certeza ia pedir a Sabé
que deixasse o planeta.
— Tonra sugeriu que se encaixa no nosso disfarce se eu desaparecer em
uma missão mais longa, — Sabé disse. O alívio de Padmé foi imediato. —
Ele ficará com a nave, mas posso chegar a Coruscant a partir do centro de
transporte daqui. Quando terminarmos, posso voltar.
— Vou mandar a Capitã Mariek te buscar, — Padmé ofereceu, feliz em
tornar tudo o mais fácil possível. — Isso tornará a sua viagem um pouco
mais fácil, e eu não vou me preocupar com você o tempo todo.
— O que você precisa que eu faça? — Sabé perguntou. Se recostou na
cadeira, quase relaxada com o quão familiar isso era.
— Essa é complicado, — Padmé respondeu. — Há uma missão que a
minha facção no Senado está executando, e tem que ser eu quem precisa ir.
Só que não posso sumir do Senado, porque as pessoas vão notar. Preciso
que você venha para Coruscant e seja a Senadora Amidala.
Todos os pensamentos de relaxamento fugiram. A Senadora Amidala
era tão diferente. Não havia maquiagem para se esconder, nem vestidos
volumosos para usar como barreira física. Este não seria uma mudança
normal. Teria que imitar Padmé no plenário do Senado Galáctico.
— Quem sabe? — Sabé perguntou.
— O Senador Organa, — Padmé respondeu. Não foi uma surpresa. Ele
tinha visto através do seu disfarce desde o início, mas nunca havia contado
a ninguém sobre isso. Sabé gostava bastante dele. — E Mon Mothma.
Essa era uma lista muito curta, e o Chanceler não estava nela.
— Isso vai ser um desafio, — Sabé apontou.
— Pelo lado bom, acabei de trazer duas novas aias, — Padmé disse. A
sua voz estremeceu um pouco se referindo à tragédia como um lado
positivo. — Você pode trocar com uma delas com facilidade suficiente para
reaprender o seu caminho no Senado, e então você e eu podemos trocar de
lugar por alguns dias antes de eu partir.
Sabé já estava mentalmente arrumando o seu baú.
— Vou encontrar Mariek no centro de transporte amanhã, se ela puder
vir, — ela disse.
— Eu vou fazer os arranjos, — Padmé disse a ela. Ela hesitou, então
sorriu. — Estou tão feliz que vamos nos ver novamente por um tempo.
— Eu também, — Sabé disse. Era a verdade. — Será como nos velhos
tempos. É melhor eu ir fazer as malas.

Padmé tinha a intenção de contar a Sabé toda a história, tudo, desde ver
Anakin novamente até o tempo na propriedade dos Lars e o seu cativeiro
em Geonosis, incluindo o casamento. Mas então Sabé disse “como nos
velhos tempos”, e a sua determinação desmoronou.
Anakin não conseguiu vê-la quando voltou para Coruscant. Só estava no
planeta tempo o suficiente para ver o Chanceler e para receber a sua
próxima missão antes que ele e Obi-Wan fossem para a frente de batalha.
Eles ainda não tinham estabelecido uma maneira de se comunicar
clandestinamente, e Padmé não tinha motivos para contatá-lo pelos canais
oficiais. Sabia que esse tipo de coisa era de se esperar; era por isso que eles
tinham viajado separadamente de volta da casa do lago, mas ainda doía.
Aceitou que ele teria um trabalho a fazer, assim como ela, mas não esperava
que a realidade jogasse tudo na sua cara tão rapidamente. Quando tinha um
momento, perguntava a C-3PO se havia uma maneira de ele poder se
conectar com segurança a R2-D2.
Desta vez com Sabé era exatamente o que precisava. Usaria isso para
encontrar o seu caminho a seguir, equilibrando o antigo com o novo. Isto
seria como nos velhos tempos. Elas aprenderiam a ser o espelho uma da
outra novamente, algo que não faziam há anos e nunca haviam tentado
nessa escala. Elas passariam um tempo juntas e seria fácil e divertido, e elas
teriam o seu trabalho para mantê-las ocupadas. Quando elas tivessem que se
separar para que Padmé fosse na missão, saberia que Sabé estaria a
esperando quando voltasse.
Quando Sabé chegou, Padmé a cumprimentou com um sorriso.
Apresentou-a a Ellé e Moteé, e todas se sentaram com Dormé, Typho,
Mariek e os outros guardas para o jantar estilo Naboo que Padmé planejara
para receber Sabé de volta. Havia pimentões recheados de cores vivas e pão
de cinco flores, e frutas da região dos lagos embebidas em creme de rum.
Enquanto observava suas amigas comerem, rindo e conversando umas com
as outras, Padmé estava feliz.
Desejou que Anakin estivesse aqui. Essa era a única coisa que impediu
que a noite fosse perfeita. Sentia falta dele, e nem mesmo Sabé conseguia
fazê-la se sentir melhor. Era estranho amar tanto duas pessoas, forma tão
diferente. Não entendia muito bem e não tinha certeza de como fazê-lo
funcionar.
Algum dia, descobriria como juntar as duas metades da sua vida. Algum
dia, tornaria o político e o pessoal mais coesos. Algum dia, não os manteria
tão divididos. Algum dia, Anakin também se sentaria nesta mesa. Havia
uma guerra, e eles estavam sempre em perigo com isso, mas não havia
razão para não planejar um futuro otimista, onde cada pessoa que trouxesse
para a sua vida fosse tão feliz quanto qualquer outra.
O voo para Karlinus era sempre longo o suficiente para ser reconfortante.
Era muito curto para fazer qualquer trabalho real, então Saché sempre usava
o tempo para ouvir música e pensar. Se fosse mais curto, e ela teria
problemas entender. Maior, e ela insistiria em usar o tempo de forma
produtiva. Não, a viagem foi perfeita, e sempre chegava revigorada, mesmo
quando pegava o transporte público, como fazia agora.
Ao lado dela, a sua nova assessora, Tepoh, folheava um guia de Karlini.
Já havia saído de Naboo antes, mas nunca havia visitado Karlinus. Era uma
curva de aprendizado íngreme para esse tipo de missão diplomática, mas
Saché sabia que qualquer um que viesse recomendado por Dormé estava à
altura. Quando elas se conheceram, Tepoh estava vestindo uma saia verde
esvoaçante, mas hoje estava vestido com uma calça azul escura e um blazer
prateado com bordado combinando.
— O que fez você querer ser uma aia? — Saché havia lhe perguntado na
entrevista.
— Eu não queria, necessariamente, — respondeu. — Quero dizer, eu
não sabia que era uma possibilidade. Mas quando fui recomendada para o
cargo, admito que fiquei curiosa o suficiente para fazer a entrevista.
— Alguém do gabinete do senador fica de olho em todos no corpo
diplomático, — Saché apontou. — Se o conjunto de habilidades adequado
aparecer, ela receberá uma notificação.
— Eu não quis dizer o meu conjunto de habilidades, minha senhora, —
Tepoh esclareceu. — Na época, eu pensei que eles estavam apenas
procurando por garotas.
Isso deu a Saché uma pausa. Eles tinham estado procurando garotas
quando Saché foi contratada. Mas se alguém estava disposto a desempenhar
o papel às vezes, não importava realmente com que gênero eles se
identificavam. Seria um trabalho, um disfarce. Quem era fora do capuz
mudou ao longo dos anos, mas sempre foi Saché, mesmo quando servia a
rainha.
— Quando a Rainha era mais jovem, era importante que as suas aias
fossem parecidas com ela na aparência, — Saché explicou. — Isso mudou
ao longo dos anos. A semelhança física com ela não é mais a qualificação
primária. Acho que você teria sido uma excelente aia, e estou feliz por você
ter escolhido se juntar a mim.
— Também fiquei satisfeita, — disse. — Às vezes eu acordo e quero ser
percebida como uma mulher, mas às vezes não.
— Bem, — Saché disse. — Nós nos vestíamos assim naquela época
para desaparecer à vista de todos. Talvez a Senadora Amidala quisesse que
você desaparecesse de outras maneiras que fizessem mais sentido para o seu
personagem. Ela nunca me pediu para fazer nada que fosse contra o meu,
por exemplo, mesmo quando éramos jovens e ainda nos descobríamos.
Tepoh parou para pensar nisso e sorriu.
— Acho que eu teria gostado, — disse. — Talvez eles me deixassem
usar um uniforme de guarda às vezes. Esses são bem arrojados. Mas acho
que vou ser mais feliz com você. Levei algum tempo para me entender, e
acho que servirei melhor a Naboo dessa maneira. Eu gosto de ser eu
mesma.
— Eu tinha apenas doze anos quando o Capitão Panaka me recrutou, —
Saché disse. Às vezes, aqueles dez anos pareciam uma vida inteira. Ela
mudou muito desde então. — Na época, fazer parte da comitiva da Rainha
era tudo que eu queria. Lamentei deixá-la, quando os seus mandatos
terminaram, embora eu tivesse acabado de ganhar minha própria eleição.
Mas agora acho que você está certa. Há muito a ser dito sobre ser você
mesma. Nem todo mundo é feito para ser uma sombra.
Tepoh sorriu.
Na frente deles, Karlinus ficou cada vez maior. As suas águas eram de
um tom de azul diferente das de Naboo, mas eram verdes e aumentavam. O
planeta era um pouco mais quente e muito mais úmido, o que significava
que grandes partes dele poderiam ser usadas para cultivar o chá e criar os
bichos-da-seda pelos quais Karlinus era conhecido. Ainda havia muito
espaço para os campos de grãos também. Karlinus era, de todos os planetas
do setor Chommell, o mais próximo de ser autossuficiente. Até Naboo
contava com um influxo de trabalhadores, enquanto Karlinus podia se
sustentar se fosse necessário.
Saché não esperava que a Governadora Kelma os encontrasse na
plataforma do espaço público, e de fato ela não esperava, mas Saché ficou
agradavelmente surpresa ao ver a pessoa que estava lá para cumprimentá-
los.
— Harli Jafan! — ela disse, estendendo a mão para a outra jovem
apertar. — Eu não vejo você há uma eternidade.
— É Saché, correto? — Harli perguntou. — Perdoe-me, mas eu sempre
misturo vocês.
— Isso é perfeitamente compreensível, — Saché respondeu. —
Tivemos muitos problemas para fazer com que isso acontecesse.
— Tenho certeza de que tentei beijar a pessoa errada uma vez, — Harli
apontou. — E como eu era adolescente, reagi mal à rejeição.
Saché se lembrou daquele incidente com bastante clareza e estremeceu.
— É tudo águas passadas agora, — Harli assegurou a ela. — Quem é
esta?
— Esta é Tepoh, minha nova assessora, — Saché disse. — Nunca
esteve em Karlinus antes, mas tenho grandes esperanças.
— Um prazer, — Harli cumprimentou, apertando a mão de Tepoh. — O
que quer que ela diga sobre eu ser uma má influência, não é verdade.
— Oh, então foi outra pessoa que providenciou para que saíssemos
furtivamente do palácio de Theed para ver aquele show? — Saché
perguntou. — Eu tive a noite mais mortificante da minha vida como
resultado daquela travessura. Tenho certeza que me lembro de quem teve a
ideia.
— Ei, eu apenas de disse que tinha os ingressos. — Harli riu. Tepoh
estava olhando para as duas com algo parecido com choque no rosto. —
Vocês são aquelas que conseguiram sair do palácio.
— Essa parte é verdade, — Saché concordou. Faziam séculos desde que
pensou naquela noite. Em retrospectiva, foi muito engraçado. A expressão
no rosto de Panaka quando ele percebeu do que o sangue era resultado!
— Acho que estamos escandalizando a sua assessora, — Harli
observou. — Todos nós sabemos que a Rainha Amidala nunca faria isso.
Saché riu, o que não tranquilizou Tepoh, e pegou a sua mala de viagem.
Harli liderou o caminho para o transporte dela e elas foram para a casa
da governadora, onde ficariam. Harli também foi alojada lá, é claro.
Tecnicamente, superava Saché um pouco, sendo a herdeira da família
governante do seu planeta, mas os Jafans nunca agiam muito formalmente,
a menos que precisassem de algo.
As ruas da Cidade de Karlini eram avenidas largas, com muito espaço
para veículos e tráfego de pedestres. Os prédios eram ladeados por ripas de
metal, que refletiam o calor do sol e mantinham o interior um pouco mais
fresco. Todo o efeito era bastante deslumbrante, pois a luz brilhava nos
prédios. Saché descobriu que não conseguia olhar para nada muito
diretamente e se perguntou se ela havia embalado óculos de proteção ou
algo assim. Jurava que não estava tão brilhante assim na última vez que
esteve aqui. Pelo menos a estrada à frente delas era fácil de olhar.
Tepoh estava olhando para tudo. Não parecia se importar com o brilho e
olhava curiosamente para os prédios, lojas e infraestrutura da rua com
níveis de interesse iguais. Saché estava geralmente feliz com a sua vida,
mas naquele momento sentia falta de viajar para novos mundos e conhecer
novos lugares.
A casa da governadora não era revestida de metal, mas construída em
um estilo mais antigo. A sua arquitetura era bastante semelhante à de Naboo
à primeira vista, com todas as curvas arrebatadoras e cúpulas suaves. Uma
visão mais próxima, no entanto, imediatamente tornou as diferenças
aparentes. A rocha nativa em Karlinus era menos densa do que o granito
usado para construir em Naboo, então eles poderiam fazer os seus edifícios
de formas diferentes sem os mesmos contrafortes de suporte externo. Havia
uma delicadeza na arquitetura de Karlini que Naboo só poderia alcançar
trapaceando e usando tecnologia.
E então, claro, havia a seda. Todas as janelas estavam cobertas com ela,
cortinas de todas as cores imagináveis, e havia bandeiras no telhado. A
combinação de seda macia soprada pelo vento e rocha firme e dura deu a
toda a casa uma sensação bastante etérea, como se coisas reais e não reais
se sobrepusessem para mantê-la de pé. O efeito era maravilhoso.
A Governadora Kelma estava esperando por elas no topo da escada.
Também estava uma década mais velha, mas a sua pele castanho dourada
ainda não tinha rugas, e os seus longos cabelos ainda eram escuros e
grossos como sempre. Sorriu enquanto elas se aproximaram.
— Representante Saché, que bom revê-la, — a governadora declarou.
— Bem-vinda a Karlinus e à minha casa. E bem-vindo, também, jovem.
Como posso me dirigir a você?
— O meu nome é Tepoh, — a assessora respondeu, claramente surpresa
por ser falado diretamente. Afinal, era o seu primeiro dia de trabalho. —
Sou a nova assessora da representante.
— Tepoh é uma nova adição à minha equipe, — Saché explicou, —
mas, honestamente, não sei como consegui viver sem. A viagem para cá,
sozinha, foi muito mais organizada do que o normal, e as minhas coisas
estavam todas empacotadas antes que soubesse que estava partindo.
Isso foi um pequeno exagero, mas Tepoh ainda se preocupou em ouvir.
— Por favor, por favor, entre, — Kelma disse. — Vou mandar o meu
pessoal levar as suas coisas para os seus quartos, mas se não se importa, eu
gostaria de ir direto ao trabalho. Eu já pedi um almoço.
— Tudo bem, — Saché disse. — Quero chegar ao fundo disso o mais
rápido possível também. Tepoh, você poderia pegar o meu...
Ela se virou e encontrou a sua assessora já segurando o dispositivo de
registro legislativo oficial que estava prestes a solicitar, junto com o seu
datapad pessoal e caneta.
— Veja, — ela lhe disse, — eu disse a você.
Eles seguiram a governadora pelos amplos corredores da parte pública
da sua casa. Saché sabia que havia um salão de baile e uma extensa
biblioteca, que abrigava principalmente documentos públicos, além de um
centro recreativo e um teatro. Havia também várias salas de reuniões, e foi à
maior delas que elas foram levadas. A sala não estava cheia, felizmente.
Parecia que a governadora ia manter essas conversas relativamente restritas.
Mas este era o lugar mais seguro da casa pública. Uma mesa foi montada
com dez talheres. Harli tinha uma equipe com ela, é claro, e Kelma tinha
vários auxiliares também. Saché não se sentiu em menor número.
Enquanto comiam, a Governadora Kelma delineou as principais
preocupações do seu planeta com o antigo projeto de lei. Nada disso era
uma surpresa especial, mas Saché ficou mais do que feliz em ouvir a
perspectiva dela.
— Fizemos algumas investigações, — Kelma disse. — Acontece que o
projeto de lei foi contestado desde o dia em que foi assinado. Os colonos de
Karlini, e os de outros planetas, sentiram que os termos eram injustos. Em
particular, a parte em que isto nunca expira.
— Jafan, como você pode imaginar, também não está feliz com isso, —
Harli apontou. — Algo assim pode nos levar à falência da noite pro dia.
— Estou aqui para garantir que isto nunca seja invocado, — Saché
disse. — Não me importo de dizer a vocês que acho isso abominável e
nunca votaria para apoiá-lo. Naboo não é autossuficiente, mas não há uma
boa razão para explorar outro planeta para cobrir os nossos próprios pontos
fracos em uma crise. O meu objetivo é acabar com o projeto de lei por
completo.
— No entanto, você tinha que vir aqui, — a governadora disse. — Em
vez de apenas nos dizer o que foi feito.
Saché rangeu os dentes.
— Há uma facção, pequena, que está permitindo que o medo os
governe, — ela admitiu. — Eles não querem que o projeto de lei desapareça
completamente. Eles se lembram do sofrimento durante a Ocupação e
querem poder evitar isso durante a escalada da Guerra dos Clones.
— Jafan não se deixará explorar, — Harli declarou. — E também
defenderá outros planetas.
— Não duvido, — Saché disse. — O que estou aqui para fazer é
elaborar um plano com vocês que eu possa levar de volta ao meu governo e
apresentar como um compromisso. Eu não acho que eles realmente se
importam com o que eu acabe apresentando. Eles só querem ter algo para
substituir o projeto de lei que estamos descartando.
— Não gosto muito disso, — Kelma apontou.
— Eu também não, — Sach disse é. — Mas estou escolhendo olhar para
isso como uma oportunidade. Naboo, de tempos em tempos, se aproveitou
de todos os planetas do setor Chommell. Podemos acabar com isso, se
colocarmos nossas mentes nisso. Podemos chegar a algo mutuamente
benéfico, que o governo de Naboo vai implorar para assiná-lo, e então você
estará a salvo de nós enquanto ainda desfruta das coisas que podemos
produzir.
— Eu senti falta do seu otimismo agressivo, — Harli disse. — Sabé
também era assim.
— Era uma exigência de trabalho, — Saché disse. Ela estendeu a mão e
Tepoh lhe passou a caneta e o datapad. — Vamos trabalhar?
Coruscant não melhorou desde a última vez que Sabé esteve lá. Assim que
aterrissaram, sentiu o peso opressivo de todas as pessoas, a estranha
dicotomia de tanta vida sem nada natural. Tudo em Coruscant era uma
construção, construída em camadas do que tinha vindo antes: apagar, cobrir,
destruir, tudo em nome de alcançar cada vez mais alto. Podia dizer que
Padmé estava feliz, então colocou a sua melhor aparência e descobriu que
realmente gostou do jantar de boas-vindas. Era bom ver todo mundo de
novo, bom fazer parte de uma grande equipe novamente, mesmo que alguns
dos rostos não fossem familiares.
Ellé e Moteé eram, é claro, garotas brilhantes com um amplo traço
independente. Elas não tinham medo de mostrar iniciativa, mas não
prosperavam com o reconhecimento disso. Isso era algo com o qual Sabé
estava intimamente familiarizada. Ellé era uma ex-assessora do Governador
Bibble, bem-humorada, roubada do serviço dele. Moteé era recém-formada
na academia política de Theed. Dormé tinha feito um excelente trabalho
recrutando-as. Sabé notou que as duas novas auxiliares eram mais
politicamente inclinadas do que as aias anteriores. Ela disse tanto quanto
para Dormé, calmamente é claro, enquanto o novo droide de protocolo de
Padmé limpava os pratos.
— Sim, — Dormé disse. — Decidimos que era necessário um foco no
serviço do Senado. Tenho uma pequena equipe própria, agora, para lidar
com o lado mais doméstico da vida da senadora aqui. Elas se vestem e
parecem aias, mas Padmé decidiu separar um pouco o seu lar, daqui pra
frente.
Fazia sentido. O antigo esquema delas, a rainha isca, foi inteiramente
construído em torno da necessidade de despistar. Padmé havia mudado
quando se tornou senadora, e mudar de novo conforme as suas necessidades
mudavam era lógico. No entanto, isso tornou o trabalho de Sabé mais
difícil. Sabé precisava aprender um novo sistema que não foi projetado para
uma dublê de corpo, e então teria que ser uma dublê de corpo sem nenhum
dos truques de maquiagem de rosto inteiro que costumavam usar. A sua
pele queimada pelo sol e pelo vento era o menor dos seus problemas.
Conforme ela e Padmé envelheciam, elas se tornavam mais distintas
fisicamente. Felizmente, Dormé era incrivelmente habilidosa com
contornos.
O novo sistema também, Sabé percebeu, permitiria que Padmé
separasse a sua vida profissional do seu tempo em casa. Antes, ela vivia e
respirava política o tempo todo, com as suas aias sempre prontas para
apoiá-la. Agora, com Dormé como o único ponto de passagem, poderia
deixar o trabalho no prédio do Senado, tanto quanto quisesse. Era uma
liberdade que Padmé nunca havia buscado antes, e Sabé só podia imaginar
o que havia mudado.
Porque ela havia mudado. Isso era certo. O sorriso de Padmé era um
pouco brilhante demais, com os seus olhos muito engajados nas conversas
ao redor da mesa. Sabé conhecia o rosto de Padmé tão bem quanto conhecia
o seu próprio, e podia dizer que, por alguma razão, Padmé estava
desempenhando um papel esta noite. Geralmente não era algo que fazia
entre amigos. Talvez tivesse algo a ver com a missão que Bail a estava
enviando. De qualquer forma, Sabé não perguntaria. Padmé diria a ela, se
ela precisasse saber, e elas incorporariam no disfarce, como antes.
Padmé chamou a sua atenção através da sobremesa, com a máscara
caindo por um momento enquanto sorria. Era bom estar em casa.

Levou três dias para Padmé arranjar tempo suficiente para informar Sabé
adequadamente. Queria fazer isso em particular e, como todo o processo era
clandestino, não podia desistir de nenhum dos seus compromissos
anteriores. Haviam longos dias no Senado e longas noites em reuniões de
comitês ou, pior, em festas que angariavam apoio. Com Dormé para
garantir que ela encarnasse papel, e Ellé e Moteé para gravar, observar e
memorizar, Padmé foi capaz de planejar a sua missão mesmo fingindo que
tudo estava normal. Ainda assim, a sua distração significava que a maior
parte do trabalho físico cabia ao Capitão Typho.
— Você é perturbadoramente boa nisso, — Typho observou enquanto
Sabé o apresentava uma identificação falsa tanto para ele mesmo quanto
para a senadora.
— Você aprende algumas coisas quando está tentando combater os
traficantes, — Sabé retrucou. Piscou pra ele. Ele não fazia ideia do quanto.
Quando não estava ajudando Typho, Sabé estava longe de ficar ociosa.
Aprendeu como funcionavam os dois aspectos da nova vida de Padmé,
dando treinamento de sósia para as suas aias residentes e acompanhando a
senadora ao trabalho. Passava horas com Dormé, aprendendo rostos, nomes
e afiliações. Até falou com o Senador Organa duas vezes. Ambas as
ligações foram aparentemente inócuas, uma para dar as boas-vindas em
Coruscant e outra para saber quantas pessoas a Senadora Amidala levaria
para um jantar.
Pensou que poderia arranhar o seu caminho para fora da sua máscara.
Em algum lugar em Tatooine, Tonra estava tão perto de uma grande
operação, e estava aqui, girando em torno de convites. Sabia que as tarefas
de Padmé eram importantes, mas era estranho voltar ao papel de senadora
quando tinha acabado de se acostumar com o seu lugar em Tatooine.
Por fim, no terceiro dia, Padmé chegou do Senado sem planos para a
noite e decidiu dormir cedo. Ela dispensou todo mundo menos Sabé, e as
duas sentaram para conversar.
— Você está muito mais popular do que da última vez que estive aqui.
— Sabé estava com um pente na mão e domava cuidadosamente os
rosnados deixados pelos vários grampos de cabelo de Padmé, tentando
preservar os seus cachos. — Eu não li uma única história absurda sobre
você em três dias.
— Graças aos deuses por isso, — Padmé disse. — Embora as notícias
sejam sobre a guerra, hoje em dia. Eu quase desejo que os meus supostos
escândalos fossem as únicas coisas para os maquinadores falarem.
Relaxou na cadeira enquanto as mãos cuidadosas de Sabé
desembaraçavam os seus cabelos. Talvez depois de tudo isso, ela mudasse
completamente para estilos simples. Ou, pelo menos, desista das tiaras.
— Gosto do cara novo, — Sabé disse. — A sua voz é calmante, embora
as suas manchetes sejam todas sensacionalistas. Eu sei que parte disso é
propaganda, mas ele se sente consistente.
Começou a trançar o cabelo de Padmé. Não foi fácil encontrar um
penteado prático que Padmé pudesse fazer sozinha e colocar sob um
capacete de voo, então elas estavam praticando. Multitarefa. Realmente era
como nos velhos tempos.
— Uma coroa pequena seria o mais fácil, mas não posso colocá-la sob o
capacete, — Padmé resmungou. — Talvez devêssemos cortá-lo?
— Dormé me mataria, — Sabé respondeu. — Dê-me mais de cinco
minutos e, se ficar muito ruim, enviaremos uma mensagem para Rabé.
— Eu nunca sonharia em interromper um músico importante para um
conselho sobre cabelos. — Padmé riu.
Sabé começou a fazer uma segunda trança.
— Eu acho que já peguei um pouco da informação sobre a missão, —
ela disse. — Entre o que você foi capaz de me dizer na ligação e o que eu
recebi das perguntas que o Senador Organa não me fez, de qualquer
maneira.
— Eu ainda queria te contar o plano completo, — Padmé disse. — Sem
interrupção, se possível.
— Eu aprecio isso, — Sabé disse. — Apesar de termos treinado em
espionagem juntas.
— Há um monte de novas corporações que estão transportando
suprimentos e artigos essenciais através da zona de guerra, particularmente
na Orla Média, — Padmé disse. — Muitos deles são apenas comerciantes
regulares que se reaproveitaram quando a guerra espasseiou, mas tudo
aconteceu tão rápido que ninguém sabe realmente quem trabalha pra quem.
— Você quer dizer, você suspeita que alguns deles estão com dupla
venda? — perguntou Sabé. — Vendendo para os dois lados e obtendo
lucro?
— Isso é basicamente inevitável. — Padmé fez uma careta. — Não
podemos parar isso ou controlar isso, mas esperamos poder direcionar
contratos para pessoas em quem confiamos.
Sabé amarrou a segunda trança e começou a terceira.
— E quanto às armas? — ela perguntou. — E o contrabando?
— Tem isso também, é claro, — Padmé respondeu. — O Senador
Organa pensou que teríamos que conduzir uma investigação oficial
eventualmente. Nós simplesmente não temos tempo agora, porque estamos
tentando reunir todos os outros.
O dispositivo de comunicação pessoal de Padmé estava piscando sem
parar desde que a senadora se sentou, e ela o ignorou resolutamente. Teria
que voltar ao trabalho eventualmente, mas quando ela disse sem
interrupções, ela quis dizer isso.
— E então nós recebemos, por falta de um termo melhor, um convite,
— Padmé disse. — Os Jedi receberam uma dica sobre uma das corporações
que queria se encontrar com um senador pessoalmente, mas em particular. É
uma oportunidade boa demais para deixar passar, ver o funcionamento
interno de nossa cadeia de suprimentos de maneira tão direta, mas ainda
temos que ser discretos sobre isso.
— E é aí que entramos, — Sabé disse. — Como você sabe que a dica é
boa?
— Nós não sabemos, — Padmé respondeu. — Mas é uma boa pista, e a
nave que o Capitão Typho encontrou para nós é a mais segura possível.
Costumava ser de um contratado independente que fazia transporte médico
de curta distância, mas agora foi convertida para transportar suprimentos
médicos e eles trabalham como autônomos para a corporação.
— Estou apenas imaginando a úlcera que Quarsh Panaka estaria tendo
agora, — Sabé disse. Ainda era estranho pra ela que ele não estivesse por
perto.
— Mariek Panaka está bem com isso, — Padmé disse. Se estava
chateada, não parecia. — Além disso, o capitão é um Wookiee. Eu sempre
me sinto segura perto dos Wookiees por algum motivo.
Sabé terminou uma quarta trança e começou a enrolá-las em mechas
que repousavam na nuca de Padmé. O espaço entre a gola do seu traje de
voo e a parte inferior do seu capacete era tudo o que elas tinham para
trabalhar, então as espirais estavam apertadas. Padmé tocou a bandeja de
contas que ela costumava usar quando seu cabelo estava arrumado para
voar. Era o estilo mais fácil, mas não era o mais fácil de fazer na parte de
trás da sua própria cabeça. Sentia falta de Cordé. As joias que a sua aia
havia deixado para trás eram um substituto frio para a sua presença.
— Onde está seu capacete? — Sabé perguntou quando ela terminou.
— No armário, — Padmé respondeu. Ela esperou enquanto Sabé o
recuperava e depois o experimentava.
— Bem, isso é o melhor que vamos conseguir, eu acho, — Sabé disse,
fazendo alguns ajustes rápidos nas espirais. — Agora tire isso e veremos se
você pode replicá-lo.
Padmé pretendia dizer a ela. Realmente queria. Mas era tão confortável.
Tão familiar. Elas estavam planejando e trabalhando juntas, e Padmé estava
relutante em estragar isso com novas informações, especialmente algo tão
volátil. Haveria tempo mais tarde. Sempre haveria tempo para elas juntas.

— Você nunca se cansa disso? — Obi-Wan Kenobi perguntou enquanto a


sua lâmina de sabre de luz desaparecia no punho. Ao seu redor, o som da
luta não cessou. Havia vários combates nas proximidades, e o cheiro de
ozônio queimado indicava que a batalha aérea também prosseguia.
— Por que eu deveria? — Anakin estava cercado por metal
semifundido, enquanto vários droides de batalha desmembrados estavam
amassados no chão ao seu redor.
Este não foi o seu primeiro encontro com as forças separatistas neste
planeta. Não foi nem o primeiro encontro deles hoje. E ainda assim, todas
as vezes, Anakin saltou para o meio da batalha, com o seu sabre de luz
aceso e os seus movimentos mortalmente afiados. Obi-Wan o seguiu, mas
não tinha o mesmo entusiasmo que o seu Padawan parecia sentir. Talvez
eles se equilibrassem. Os seus clone troopers estavam terminando a sua
própria escaramuça a poucos metros de distância. Combinar táticas ainda
era um trabalho em andamento.
— Você poderia pelo menos parecer menos alegre sobre isso, — Obi-
Wan aconselhou.
— Estamos fazendo nosso trabalho, Mestre, — Anakin observou. —
Estamos ajudando as pessoas que precisam e restaurando a justiça e a
ordem. O que tem para não gostar?
Quatro clones não se levantaram. Isso escureceu o rosto de Anakin. Um
quinto trooper foi ficar perto dos seus companheiros caídos. Tirou o
capacete, longas tranças escuras se soltando. Anakin observou enquanto
colocava as mãos de cada soldado no peito deles.
— Podemos pegá-los na saída, — ele disse.
— Obrigada, senhor, disse a trooper. — Deixamos os capacetes de
nossos irmãos onde eles caem.
Anakin observou enquanto ela pegava cada capacete e os alinhava
embaixo de uma árvore próxima. Não era muito um monumento, mas era
melhor do que nada. A armadura dos clones levava muito tempo para se
degradar. Qualquer um que viesse por aqui na próxima década saberia.
— Qual é o seu nome, soldada?
— Irmã, — ela disse. — É como os meus irmãos dizem a todos que eu
faço parte.
— Fazer parte é importante, — disse Anakin. Sabia disso melhor do que
a maioria.
— Eu estava com medo, antes de sair de Kamino, — a Irmã disse. —
Nós realmente não sabemos o que acontece com clones incomuns. Mas
meus irmãos nunca me deixaram duvidar. Eu não tinha certeza se os Jedi
entenderiam.
— Os Jedi são sobre transcender as coisas, — Anakin disse. — Acho
que não podemos reclamar se você transcendeu o gênero.
— Gênero transcendido, — a Irmã disse. — Vamos trabalhar nisso, mas
eu gosto para onde está indo.
Anakin riu. Gostava dos clones, todos eles. Eles estavam desenvolvendo
a individualidade rapidamente, e isso fez Anakin se sentir mais confortável
lutando ao lado deles. Ele entendia os droides e sabia melhor do que a
maioria como trabalhar com eles, mas preferia as pessoas agora que estava
em posição de protegê-los. Além disso, eles eram muito mais divertidos do
que os Jedi, e a abordagem deles da vida, da guerra, era muito mais
parecida com a dele.
— Vamos voltar antes que o General Kenobi pense que desertamos, —
ele disse.
Obi-Wan tinha ido falar com o Comandante Cody, R2-D2 seguindo
atrás dele. O droide não parecia se importar com o terreno rochoso,
andando devagar, mas com segurança.
— Gostaria que tivéssemos uma cobertura melhor, — Obi-Wan
meditou, olhando para a planície rochosa e desejando mais do que um
pedregulho ocasional do tamanho de um bantha. — Eu odeio perder
soldados assim.
Cody assentiu. A produção de clones continuou agora que a guerra
estava totalmente engajada. A República precisava de mais tropas. A
República também, na opinião de Obi-Wan, precisava de mais generais,
mas ninguém havia perguntado a ele sobre isso. No mínimo, ele poderia
dizer ao Conselho Jedi que Anakin estava pronto para os testes. Eles ainda
ficariam juntos tanto quanto possível se Obi-Wan conseguisse, mas Anakin
teria seus próprios soldados e um posto mais alto. Isso não era feito com
muita frequência, mas essas eram circunstâncias incomuns, e Obi-Wan
tinha certeza de que Anakin estava à altura da tarefa.
O Comandante Cody soou um alarme ao longo da comunicação segura
deles: mais droides Separatistas estavam chegando. Obi-Wan observou
enquanto Anakin levantava uma das enormes rochas. Um dos troopers de
Cody lhe deu cobertura. Anakin jogou a rocha diretamente nas fileiras que
se aproximavam como a sua salva de abertura. Foi eficaz, embora um
pouco vistoso.
Eles falariam sobre isso mais tarde.
A nave que o Capitão Typho havia selecionado para a missão deles era uma
nave Wookiee chamada Namrelllew. Padmé e Typho deveriam se apresentar
a bordo em mais dois dias. O trabalho oficial deles era garantir a entrega
segura dos suprimentos que a Namrelllew estava carregando: os mercadores
a bordo eram espaçadores experientes, mas menos acostumados a lutar.
Assim, Padmé e Typho seriam responsáveis pela segurança física da
tripulação e da carga, enquanto a tripulação se encarregaria das operações.
Padmé podia facilmente imaginar a expressão no rosto do Capitão Panaka
com a ideia deles estarem à mercê de seres desconhecidos para levá-los em
segurança ao seu destino. Mas estava mais velha agora, e mais experiente, e
sabia como tomar precauções sem a supervisão dele.
Assim, Padmé selecionou o seu uniforme de piloto Naboo para viajar.
Não era uma farda particularmente reconhecível e ainda menos depois que
tirou todos os elementos de design específicos de heráldica e de Naboo.
Passou uma noite desgastando as calças de couro e a túnica, fazendo com
que parecessem mais gastas do que eram sem comprometer o seu design de
defesa. Typho ficou bastante satisfeito em deixar o seu chapéu de uniforme
para trás, também escolhendo o equipamento de piloto Naboo modificado.
Eles poderiam usar capacetes na pequena chance de encontrar alguém que
reconhecessos seus rostos, e eles teriam uma comunicação segura apenas
entre os dois. Padmé tentou muito não pensar no que tinha acontecido na
última vez que ela e Typho usaram esses disfarces. Pelo menos desta vez ela
estava colocando apenas ele em risco, sem mais ninguém.
Intencionalmente não usou C-3PO para entrar em contato com Anakin.
Considerou o assunto por algum tempo, tentando chegar a um código
adequado e até mesmo redigindo algumas mensagens, mas no final decidiu
não o fazer. Sim, ele era o seu marido, mas ela era senadora, e esse era o
trabalho dela. A missão era necessária e, estritamente falando, ele não
precisava saber. A única razão que tinha para contar a ele era porque eles
eram casados, e o seu casamento era um segredo. Iria tratá-lo do jeito que
faria se eles não fossem nada um para o outro. Não era uma ligação fácil de
fazer, e tinha certeza que não seria a última vez que faria isso. Sabia que ele
entenderia. Ele teria que manter as missões Jedi em segredo dela também, e
entendia isso perfeitamente.
Era mais difícil do que pensava, equilibrar um novo casamento com o
seu trabalho. Não tinha muito tempo para estabelecer novos hábitos e,
portanto, era mais fácil manter tudo em segredo. Uma vez que começasse a
explicar as coisas, para Anakin ou para Sabé, sentiu que nunca poderia
parar. Não tinha tempo para isso agora, então optou por guardar tudo.
Depois dessa missão, com certeza, as coisas ficariam quietas por tempo
suficiente para que pudesse acertar alguns detalhes com Anakin sobre os
seus procedimentos e contar a Sabé todas as suas boas notícias.
Não gostava de guardar segredos daqueles que amava, é claro, mas era
o caminho mais fácil por enquanto. A guerra não poderia durar muito
tempo. A República ajudaria os planetas Separatistas a entender que
pessoas como a Federação de Comércio não tinham os seus melhores
interesses em mente, e então o conflito estaria acabado. Muitas pessoas
boas estavam trabalhando em soluções, muitas pessoas boas queriam paz,
para que a guerra não se arrastasse. Era uma idealista e não estava disposta
a mudar isso agora. O artista Kharl estava certo: era hora de trazer um
pouco de Naboo para o resto da galáxia.

Na noite anterior à partida, a Senadora Amidala assistiu à ópera com o


Senador Organa. Trouxe duas aias com ela, ambas encapuzadas em tons
suaves de verde e bordô. A senadora usava um vestido verde-escuro,
bordado com reflexos verde-mar que teciam trepadeiras de alguma planta
imaginária em torno da sua forma. A saia longa era pesada, sustentada por
baixo por uma anágua à prova de blaster. O corpete era um pouco menos
formal do que qualquer coisa que ela pudesse ter usado no andar do Senado,
deixando os topos dos seus ombros expostos, mesmo que o corpete
ricamente ornamentado chegasse até suas clavículas. O seu cabelo estava
solto, mas entrelaçados nele estavam as mesmas videiras do seu vestido,
fazendo parecer que estavam todos presos na raiz.
A senadora falou com todos com toda a graça e paixão de sempre, não
deixando ninguém dar lhe respostas fáceis, mesmo estando reunidos para
uma noite de apreciação de arte. Qualquer um que esperasse obter dela uma
sugestão dos procedimentos do Senado ficou em falta, e qualquer um a
quem pedisse uma atualização sobre os seus esforços para a guerra
respondeu plenamente. Não tinha um fio de cabelo ou uma pincelada fora
do lugar, o símbolo vivo perfeito de tudo que a República poderia ser se
todos lutassem para ficar juntos.
Sabé estava profundamente desconfortável o tempo todo, mesmo com
Bail para cobrir qualquer apresentação com a qual pudesse se atrapalhar.
Dormé tinha feito um trabalho maravilhoso com a maquiagem. Sabé
ainda era um pouco como um solo arenoso grosseiro desnudado pelo vento
do seu tempo em Tatooine, mas a cor e o contorno transformaram o seu
rosto no par perfeito para a Senadora Amidala. Elas adicionaram extensões
para o cabelo dela, fundindo os novos comprimentos perfeitamente com o
estilo mais curto que preferia nos dias de hoje. Esta era a Sabé como
poderia ser, se quisesse, sempre ao lado da vibração do poder galáctico.
Durante o intervalo, meia dúzia de desconhecidos de Sabé encheram o
camarote do Senador Organa para prestar as suas homenagens. Como
Amidala, era graciosa e educada, talvez um pouco distante. Quando as luzes
começaram a escurecer novamente, Sabé ficou aliviada, e não apenas
porque havia perdido as três últimas temporadas da ópera de Alderaan e
estava animada para recuperar o atraso.
— Isso fica melhor, — Bail sussurrou em seu ouvido. A princípio, não
tinha certeza se ele se referia à ópera ou às manobras políticas.
Possivelmente ele quis dizer ambos. Estava mais fora de prática com as
sutilezas da política do que pensava que estava. Ou, mais precisamente,
talvez estivesse começando a superar a sua tolerância para com elas. —
Você está fazendo um excelente trabalho.
Sabé estendeu uma mão para onde as aias estavam sentadas, e Padmé
apertou os seus dedos. Logo estariam separadas, movidas pela missão, seus
deveres e lealdades. Confiava em Bail. Confiou na visão de Padmé. Estava
começando a confiar em Coruscant, por mais que isso a irritasse. Era bom
estar trabalhando com os seus amigos novamente.
Primeiro o vaporizador espasseioou uma vedação, e então o refrigerante
vazou das unidades de refrigeração, e então seis desordeiros de corrida de
pod apareceram quinze minutos antes do horário da cantina fechar. A
comédia de erros não ajudou o Capitão Tonra a se passar por Arton
Dakellan, mas não o impossibilitou de manter o seu disfarce. Na maioria
das vezes, ele apenas fazia o que podia para salvar os seus estoques de
comida enquanto assegurava ao cozinheiro que tudo ficaria bem se os
cabeças quentes pudessem ter apenas um cardápio limitado. Ele poderia tê-
los ameaçado. Só um pouco.
Quando tudo foi dito e feito, Tonra estava tão atrasado para voltar ao
apartamento que só parou para jogar uma túnica comprida por cima do
uniforme de trabalho. Havia planejado mudar completamente e também
comer alguma coisa, mas agora tudo o que podia fazer era pegar um pacote
de suas rações de emergência e seguir para a nave.
Finalmente chegou às coordenadas da coleta, quase uma hora e meia de
atraso. Ninguém o estava esperando, mas pousou de qualquer maneira.
Talvez houvesse uma mensagem.
Como todos os seus pontos de encontro em Tatooine, era uma duna de
areia em um mar de dunas. Tonra sabia que o planeta tinha rochas e
penhascos e esse tipo de coisa, mas por alguma razão todos os seus contatos
os encontravam no deserto. Desistiu de limpar as suas botas.
No momento em que desembarcou, um droide o estava esperando na
parte inferior da rampa. Nunca houve um droide antes. Era um modelo
humanoide simples da cintura para cima e colocado em degraus triangulares
em vez de pernas. Claramente caseiro, ou, pelo menos, altamente
modificado. Tonra ficou parado enquanto o droide o examinava,
confirmando a sua identidade. Então ele falou.
— Sinto muito, — ele disse. — Eu não podia sair da cidade sem causar
confusão, e não achei que seria... desejado.
— A sua discrição é apreciada, — o droide disse.
Isso era algo, pelo menos. Estava acostumado com a cadeia de
comando, mas não ter informações suficientes para saber quando uma
pequena quebra de regra criativa seria justificada o estava levando ao
extremo.
— É possível você me dizer por que a linha do tempo é tão apertada? —
ele perguntou. — Isso pode me ajudar a evitar que isso aconteça
novamente, isso é tudo.
— Eu sou incapaz de fazer isso, — o droide respondeu. — Por favor
espere um momento.
Tonra esperou. Uma figura saiu de trás de uma das dunas e caminhou na
direção dele. Eles pareciam humanos, ou pelo menos humanoides. Eles
estavam profundamente encapuzados, o que não era incomum no deserto, e
Tonra nem tentou dar uma olhada no rosto deles.
— Arton Dakellan, — a figura disse através de um modulador de voz.
— Você e a sua esposa são relativamente recém-chegados a Tatooine.
— Nós somos, — Tonra disse. Não tinha ideia de quanto tempo você
tinha que viver aqui antes de ser considerado um local, mas supôs que era
mais do que o tempo que ele e Sabé haviam passado.
— Você veio aqui para nos ajudar? — eles perguntaram.
Era uma pergunta estranhamente geral que poderia significar quase
qualquer coisa, mas Tonra sabia o que ele queria que significasse, e essa foi
a resposta que ele deu.
— Nós viemos, — ele respondeu. — Sabíamos que era uma
possibilidade quando chegamos aqui e esperávamos ser úteis.
A figura o considerou por um momento e então pareceu chegar a uma
decisão.
— Cada ser escravizado em Tatooine foi implantado com um chip,
capaz de matá-los instantaneamente se quebrarem alguma regra ou tentarem
se libertar. — Tonra assentiu e a figura continuou. — Temos um dispositivo
que permite desativar os chips, mas é complicado. O que funciona no
primeiro chip não funcionará mais no décimo.
— Minha carga! — Tonra ficou alarmado. — Eles estão...
— Eles estão bem o suficiente, — a figura disse a ele. — Devemos
reprogramar o dispositivo do nosso lado, antes de fazer outra tentativa,
qualquer outra tentativa. Você ou a sua esposa são hackers?
— Temos alguma habilidade, — Tonra respondeu. — E temos acesso a
equipamentos muito bons.
A figura não perguntou que tipo de recursos estes poderiam ter. O
trabalho clandestino era igualmente emocionante e frustrante, e agora Tonra
estava em algum lugar entre os dois. Mas, novamente, sabia que era melhor
não pressionar. Eles pressionaram da primeira vez que estiveram em
Tatooine, e isso fez fechar as portas para eles. Desta vez, eles haviam
prometido um ao outro, que iriam devagar e deixariam os locais virem até
eles.
— Pegue isso. — A figura passou pra ele um aparelho de varredura de
aparência tosca e uma bolsa que tiniu baixinho quando Tonra a moveu. — É
um dos nossos desativadores de chip e alguns testes em branco. Veja se
você pode fazer alguma modificação para melhorá-lo.
— Faremos o nosso melhor, — Tonra disse. Ele virou o aparelho nas
suas mãos. Era bem duvidoso.
— Você deveria tê-lo visto o primeiro, — a figura disse. — Era feito
principalmente de utensílios de cozinha.
— As necessidades fazem a ocasião, — Tonra observou calmamente.
— De fato, — a figura disse. — Entraremos em contato, Arton
Dakellan.
— Obrigado por a sua confiança, disse Tonra.
A figura assentiu e desapareceu novamente atrás da duna. Tonra não
ouviu nenhum speeder, mas havia muitas outras maneiras de atravessar as
areias de Tatooine, especialmente se alguém preferisse a furtividade à
velocidade.
Entrou na nave e verificou o crono. Era tarde em Theed, mas não tarde
demais para ele tentar. Ele ativou o holoprojetor e esperou, desejando
profundamente que Versé ainda estivesse acordada para ele ligar. Várias das
aias eram hackers, mas Versé tinha sido incontestavelmente a melhor.
— Capitão? — a forma familiar da sensação musical de Rabé Tonsort
surgiu à sua frente.
— Olá, Rabé, — ele disse com carinho. — Você tem um momento?
— Eu sempre tenho um momento para velhos amigos, — ela respondeu.
— O que você conseguiu?
— Você está ciente do nosso projeto atual? — ele perguntou.
— Sim, — ela respondeu. — E que você está atualmente operando
sozinho.
— Certo, — ele disse. — Este dispositivo é usado para desprogramar
chips, mas os chips têm um código defensivo autorreplicante. Toda vez que
é usado, ele só funciona por algum tempo. Esperamos torná-lo mais flexível
e mais poderoso.
— Isso é um par de tesouras de poda? — Rabé apertou os olhos
enquanto ela olhava para o objeto que ele segurava na mão.
— Possivelmente, — Tonra respondeu. — Eles trabalham com o que
conseguem para os aspectos mecânicos, e isso os ajuda a esconder o que
estão fazendo. É no lado técnico que o dispositivo é fraco.
— Envie-me as especificações e verei o que posso fazer, — Rabé disse.
— Obrigado, — Tonra agradeceu. — Eu sei que você tem um monte de
coisas para fazer agora.
— Por favor, — Rabé disse. — O dia em que eu não puder me preparar
para um show em todo o planeta e hackear um código ao mesmo tempo é o
dia em que me aposentarei. Diga olá para Sabé por mim quando ela voltar.
Diga-lhe que eu a amo.
— Tenho certeza que ela diria o mesmo para você, — Tonra disse, e
desligou a ligação.
Sem a luz azul do holograma de Rabé, o compartimento de carga ficou
subitamente muito escuro, então Tonra subiu até o convés de voo, onde o
luar entrava pelas janelas. Examinou o dispositivo nas suas mãos
novamente. Era brilhante, realmente. Simples e basicamente eficaz. Fácil de
esconder. Se pudesse melhorar, mesmo que um pouco, faria a diferença. E
foi por isso que eles voltaram para Tatooine. O que eles esperavam. Era
assim que eles fariam da galáxia um lugar melhor.
A única coisa que faltava era Sabé.
O primeiro dia de reuniões em Karlinus não foi tão produtivo quanto Saché
esperava. No entanto, não estava totalmente surpresa. Estava na política há
muito tempo e sabia exatamente que tipo de líder Harli Jafan era. Além
disso, estava em uma missão de apuração de fatos tanto quanto qualquer
outra coisa, então não era realmente um problema ouvir pacientemente
enquanto os outros líderes do setor Chommell expressavam as suas queixas.
Era apenas frustrante.
Pelo menos a Governadora Kelma não passou a tarde gritando com ela.
Harli era apaixonada e impetuosa, e só aumentava o tom quando se tratava
de falar em público. Estava determinada que o seu planeta não seria
aproveitado novamente, e enquanto Saché ouvia os detalhes do que Naboo
havia tomado como seu sob o contrato existente, podia entender a raiva. A
abordagem de Kelma foi um pouco mais plácida, mas igualmente
condenatória. Não havia como negar: a legislação que existia favorecia
Naboo ao extremo, e teria que ser mudada o mais rápido possível, ou o
conflito destruiria o setor.
Eles pararam para um jantar mais cedo, uma vez que Kelma decidiu que
roupa suja suficiente já havia sido lavada para o dia.
— Isso lhe dará uma ideia da resposta que as suas emendas receberão,
— ela disse a Saché enquanto se levantava. — Qualquer coisa que não seja
uma remoção completa será recebida com ira considerável.
— Eu entendo, — Saché disse. — Obrigada por me dar um tempo extra
para pensar sobre isso.
Ao lado dela, Tepoh tomava notas quase à velocidade da luz no seu
datapad. A ajudante de Saché estava de calça novamente hoje, mas a túnica
que usava por cima era comprida e esvoaçante, caindo quase até os joelhos.
Tepoh sempre tinha um número aparentemente inesgotável de bolsos e era
capaz de armazenar e monitorar todos os dispositivos, bem como os de
Saché enquanto eles trabalhavam, liberando Saché para se envolver
completamente com os outros delegados. Era um sistema muito eficiente.
Saché esperava que nunca planejasse desistir.
— Representante Saché? — Kelma disse, antes que Saché pudesse
decidir o que fazer a seguir. — Se você não se importa, tenho um motivo
secundário para encerrar as palestras de hoje um pouco curtas. Há algo que
eu gostaria que você visse. Como... uma amiga da Rainha.
— Claro, — Saché disse. — Tepoh, por que você não volta para os
nossos aposentos. Você passou muito tempo olhando para as telas hoje.
Descanse um pouco, e depois talvez fazer um passeio pelos jardins?
Tepoh era nova na política, mas não era tão ingênua. Não se ofendeu
com a dispensa abrupta.
— Claro, — disse, e saiu da sala.
Harli também estava sozinha agora, tendo dispensado os seus ajudantes.
Claramente não tinha ideia do que Kelma estava falando e claramente não
iria perder.
— Então, se você puder me seguir, — Kelma disse, e liderou o caminho
pela casa até a saída dos fundos e do seu hangar de veículos particulares.
— Houveram duas grandes mudanças na economia de Karlini desde o
início da guerra, — Kelma disse. Ela destravou o speeder e todos entraram.
Saché colocou um par de óculos protetores, embora as outras duas mulheres
tenham optado por não fazê-lo. — Nossa exportação de chá quase dobrou e
não está indo para o Núcleo como de costume.
— Quem é o comprador? — Harli perguntou, apertando o seu cinto de
segurança.
— Não tenho certeza, — Kelma respondeu. — As compras são feitas
diretamente com os agricultores, o que é interessante, porque garante um
lucro maior pra eles.
— Você não se importa de ser cortada? — Harli perguntou.
— Eles pagam os seus impostos, — Kelma respondeu. — E isso os
deixa felizes. Tudo se equilibra eventualmente.
Ela colocou o acelerador na ré, e elas saíram do hangar e entraram na
estrada principal.
— A sua força de trabalho pode dar conta? — Sache perguntou.
Apesar da iniciativa colocada em movimento quando Amidala era
rainha, o número de artistas de Naboo que optaram por fazer os seus
créditos iniciais colhendo chá e seda em Karlinus estava diminuindo. Sem
esse influxo de trabalhadores, mais e mais da produção caiu para a força de
trabalho droide. Eles eram competentes, mas sem supervisão orgânica, a
delicadeza do chá e da seda seria prejudicada.
— Essa seria a segunda mudança, — Kelma respondeu. — Também
estamos tendo um fluxo a mais de trabalhadores.
— De onde eles são? — Saché perguntou, e então se corrigiu. —
Desculpe, eu sei que a sua política de imigração não funciona dessa
maneira.
Karlinus aceitava todos os que chegavam para trabalhar como cidadãos
imediatamente, então eles não mantinham registros de onde as pessoas
vinham.
— Está tudo bem, — Kelma respondeu. Elas atravessaram os portões da
cidade e entraram no campo. Kelma virou para o leste e acelerou. — Houve
alguma conversa sobre mudar o processo de entrada apenas por razões
fortuitas, mas está demorando porque a maioria das legislaturas sente que é
uma violação de privacidade.
— Alguém perguntou? — Harli disse secamente.
— Não. — Kelma respondeu. — É meu primeiro dia dirigindo um
planeta.
Harli bufou.
— São grupos familiares na sua maior parte, — Kelma apontou. —
Nem sempre são as mesmas espécies, mas tendem a chegar em
aglomerados. Eles são tímidos. Eles têm medo do governo. E eles estão
profundamente, profundamente surpresos com o quanto são pagos.
— Eles foram escravizados, — Saché disse. — E agora eles estão livres.
— Essa é a minha hipótese operacional, — Kelma apontou. — Evitei
visitas oficiais, mas já que vocês duas estão aqui, eu queria que vocês
soubessem disso.
— E a Sabé que está mandando-os para você? — Saché perguntou.
Os olhos de Harli se arregalaram.
— Não — Kelma respondeu. — Ou, pelo menos, ela não disse nada.
Não tenho notícias dela desde os vinte e cinco originais que ela trouxe aqui,
foi o que, uns seis anos atrás?
— Algo assim, — Saché disse.
— Por que Sabé está envolvida de alguma forma? — Harli perguntou.
— Isto começou como um projeto especial da Senadora Amidala, —
Saché respondeu. — Ela estava em Tatooine quando Padmé se juntou ao
Senado pela primeira vez. Teve que sair, mas passou um bom tempo lá nos
anos seguintes. Ela disse que já havia um sistema em Tatooine, e que
ignorá-lo da primeira vez a colocou em apuros, então desta vez ela iria
devagar.
O speeder chegou a um pequeno vilarejo bem arrumado à beira de um
amplo platô de plantas de chá. Droides de irrigação pairavam sobre os
campos. Não havia droides de colheita. Era muito cedo para a temporada.
As casas eram pequenas, mas bem cuidadas, e a maioria delas tinha
pequenos jardins com flores brilhantes ou janelas de vidro pintadas para que
a luz no interior fosse caleidoscópica. Quando saíram do speeder, uma
mulher Rodiana alta se aproximou delas.
— Sabé? — ela disse, surpresa. Uma criança passou por ela, indo direto
para Saché, apenas parando quando percebeu o seu erro.
— Você não é Sabé, — a garotinha disse.
— Não, — Saché confirmou. — O meu nome é Saché. Sabé é uma das
minhas melhores amigas.
— Bem, isso é bom, — a criança disse, e voltou para a mãe.
— Saché também é casada com Yané, — Kelma disse gentilmente. —
Uma das pessoas que ajudaram você a se estabelecer.
— Ah, eu me lembro dela, — a Rodiana disse. — Foi encantadora.
— Gosto bastante dela, — Saché disse, e sorriu.
— O meu nome é Harli, se alguém estiver interessado, — Harli disse.
Então ela se lembrou de suas maneiras. — Você tem uma vila muito
adorável.
— Obrigada, — a Rodiana. — O meu nome é Xeebi e moro aqui há seis
anos. Presumo que você esteja aqui por causa dos recém-chegados?
— Não oficialmente, eu te garanto, — Kelma respondeu. — Você sabe
melhor do que a maioria que Amidala tem um interesse pessoal em seu
povo aqui, e embora ela seja agora a senadora de Naboo, ela pensa em
vocês como a sua responsabilidade.
— Nesse caso, estou feliz em convidar todas vocês para a minha casa,
— Xeebi disse. — Embora, é claro, o que os meus vizinhos desejam dizer a
você depende deles.
— Eu entendo, — Saché disse. — Obrigada pela acolhida.
Saché desejou que Tepoh a tivesse acompanhado, ou, pelo menos, que
estivesse disponível visivelmente para tomar notas. Isso teria sido rude,
para não mencionar profundamente intrusivo, então, em vez disso, tentou
memorizar cada nome, rosto e situação.
Os novos cidadãos de Karlini vieram de todos os lugares. Não havia
poesia ou razão que Saché pudesse determinar, exceto que todos haviam
sido escravizados na Orla Exterior e agora estavam livres em Karlinus. Fez
o possível para lembrar os nomes dos planetas, ou, pelo menos, os sistemas,
enquanto ouvia cada pessoa contar a sua história. Alguns foram comprados
e liberados imediatamente por um desconhecido. Alguns foram
“sequestrados”. Alguns conseguiram escapar por conta própria e se
encontraram com os recém-libertados por acaso. Todos eles chegaram em
transporte civil regular.
— Ficamos nervosos no começo, é claro, — disse um macho Mon
Calamari. — Este planeta é obviamente um centro de produção, mas Xeebi
e os outros nos ajudaram a entender que só estamos aqui se quisermos e que
podemos pegar os nossos créditos e partir quando quisermos.
— Vocês são cidadãos, — Kelma disse com firmeza.
— Demora um pouco para se acostumar, — Xeebi disse.
— Não sei exatamente como você sofreu, — Saché disse. Ela abaixou a
gola da sua túnica, revelando mais das cicatrizes que cobriam todo o seu
corpo. — Mas eu posso simpatizar com você um pouco, eu acho. Ainda
tenho pesadelos. Eu sei que não é tão fácil apenas continuar seguindo em
frente.
O Mon Calamari assentiu e bebeu o seu chá.

— Acho que descobri, — Tepoh disse algumas horas depois, após de traçar
todos os nomes de planetas que Saché conseguia lembrar em um mapa
galáctico.
— Bem, estamos sem caf, então o seu momento é excelente, — Saché
disse. Estava começando a se sentir nervosa, mas sabia que não dormiria
bem com um quebra-cabeça para resolver.
Era quase meia-noite e elas estavam trabalhando desde que Saché
voltou para a cidade.
— É na frente de batalha, — Tepoh disse. Projetou o mapa para fora da
mesa em que estava trabalhando de modo que flutuasse no ar entre si e
Saché em três dimensões. — Ou um pouco disso, de qualquer maneira.
— Você está certa, — Saché elogiou. — Todos esses planetas tiveram
incursões Separatistas e uma resposta do Exército da República. O traço
comum é que eles são planetas da Orla Exterior onde os Separatistas
tentaram estabelecer uma base, lugares onde a lei da República não alcança.
— Mas as corporações fornecedoras sim, — Tepoh apontou. — Não as
principais. Essas são focadas na Orla Média e no Núcleo. Mas as empresas
menores, aquelas que costumavam ser comerciantes e tiveram que se
reaproveitar para a guerra. Elas não têm a mesma proteção legislativa, mas
ainda estão tentando lucrar.
— Não há lucro em libertar pessoas escravizadas, — Saché apontou. —
Não em créditos de qualquer maneira. Moralmente, é maravilhoso, mas é
um pouco incomum, você não acha?
— Talvez alguém esteja esperando por uma oportunidade, — Tepoh
rebateu. — Não estou reclamando, e acho que a Governadora Kelma
também não.
— Certamente não estou chateada com isso, — Saché disse. — Só um
pouco perplexa. Vai contra, bem, você se lembra da Ocupação. Não estou
acostumada a pensar bem nas corporações.
— Eles não podem ser todas terríveis, — Tepoh considerou. — Os Jedi
têm uma regra ou algo sobre equilíbrio.
— Tenho certeza de que não é assim que funciona, — Saché retrucou.
— Mas como você disse, eu vou considerar isso.
Tepoh bocejou, com o seu rosto se abriu e Saché o mandou para a cama.
Antes que mesma pudesse dormir, Saché enviou duas mensagens. A
primeira foi diretamente para Sabé, para que soubesse que o trabalho que
começou em Tatooine havia continuado, mesmo que não soubesse do
alcance. A segunda foi para Sabé, também, mas mais formalmente, para ser
compartilhada com Padmé como um interesse para o setor que Sabé estava
sendo informada como uma cortesia.
— Alguém no alto de uma corporação está trabalhando fora do que
esperávamos de algo como o procedimento operacional normal da
Federação do Comércio, — ela resumiu na sua gravação. — Não conheço
nenhum detalhe, mas é algo a se considerar. Podemos ter um aliado. Ou
pode ser uma armadilha. Ou pode ser uma coincidência. Mas é incomum, e
pensei que você gostaria de investigar se tivesse a chance.
Com a mensagem enviada, Saché disparou mais um holo rápido para
Yané, transmitindo o seu amor pelas crianças, e então foi se sentar no
jardim. Estava cansada, sim, mas havia muito em que pensar.
A Namrelllew era uma nave antiga, mas sendo de construção e design
Wookiee, era muito bem construída. Os sistemas de filtragem de ar, em
particular, eram notavelmente superiores a qualquer coisa que Naboo
pudesse fabricar. Não havia partículas no ar reciclado e, de alguma forma,
quase cheirava a fresco. Padmé rapidamente decidiu que era sua parte
favorita de suas novas acomodações.
O resto da nave era estranhamente luxuoso, embora um pouco incomum
para humanos. Embora tivessem sido avisados de que as suas cabines
seriam apertadas, o beliche de Padmé era hilariamente longo. Foi capaz de
manter a sua mala inteira no final da sua cama, liberando o espaço limitado.
O Capitão Typho, que tinha a cabine em frente à dela, relatou que era maior
do que qualquer quartel em que já viveu, e talvez os Wookiees estivessem
no caminho certo. Os chuveiros tinham secadores de corpo inteiro a ar
quente em vez de toalhas, e Padmé precisava de um banquinho para
alcançar a parte de trás da pia.
A missão para Hebekrr Menor não seria desconfortável. Pelo menos,
não até que as partes de espionagem esquentassem. A Namrelllew era muito
mais habitável do que o transporte que Padmé e Typho tinham pegado para
se encontrar com ele. Eles pararam na estação de Kebro para receber mais
passageiros e finalmente desembarcaram no terminal de Emoh, onde se
encontraram com a nave mercante que seria a casa deles durante a viagem.
Embora a nave fosse de propriedade de Wookiee, havia apenas dois a
bordo. O piloto, Naijoh, e a sua esposa, Rayyne, que era a navegadora.
Ambos entendiam a linguagem Básica, e o droide de protocolo da nave,
uma unidade bípede envelhecida designada G-1FY, cuidava do resto. O
quarto membro da tripulação permanente era o engenheiro. Padmé não a
encontrou no início da viagem e quase tropeçou nela na tarde seguinte no
refeitório.
— Oh, eu sinto muito, — Padmé disse. Ficou tão acostumada a olhar
para as coisas na altura dos Wookiees que se esqueceu de olhar para baixo
também.
— Está tudo bem, — gorjeou a engenheira. Falava Básico com sílabas
curtas e agudas, mas era fácil de entender. — Deve ser a nova guarda.
— Eu sou metade disso, — Padmé respondeu. — O meu parceiro está
inventariando a nossa carga.
— Tem Droide pra isso, — a engenheira observou. — Mas os guardas
devem guardar. Devem verificar primeiro.
— Algo assim, — Padmé disse. A missão era clandestina, afinal.
Ambos prefeririam que não houvesse surpresas naquelas caixas. — O meu
nome é Padmé.
— Idda, — a engenheira se apresentou. Se virou para olhar para a mesa
onde as rações da tarde estavam dispostas.
Idda era uma Mriss e raramente saía da sala de máquinas, exceto para
comer. Era incrivelmente pequena, e Padmé se perguntou como conseguia
alcançar qualquer coisa na nave do tamanho de um Wookiee. Enquanto
observava, a pequena engenheira subiu acrobaticamente na mesa,
selecionou a comida que queria e então desceu graciosamente segurando a
sua bandeja em uma mão e uma lata de suco de Meiloorun no bico. Estava
vestindo macacão que restringia suas asas, presumivelmente por segurança.
O olho afiado de Padmé para o design detectou o que pensou ser
provavelmente a escotilha de escape do macacão. A Mriss não voava, mas
usava as asas para se equilibrar. Se Idda precisasse delas, ela poderia
libertá-las rapidamente.
— Você vai se juntar a mim para o almoço? — Padmé perguntou,
gesticulando para um assento vazio.
— Coma no trabalho, — Idda respondeu. Ela inclinou a cabeça para o
lado, e Padmé pensou que isso poderia ser o que um sorriso pareceria
quando uma pessoa não tinha lábios. — O guarda também vem?
— Eu gostaria disso, — Padmé respondeu. Ainda não havia turnos
designados para os guardas, exceto um pedido geral para que um deles
ficasse acordado o tempo todo. Isso significava que Padmé passava muito
tempo sozinha, e enquanto ansiava por solidão, sabia por experiência
anterior que muito seria insuportável em pouco tempo.
Recolheu a sua refeição. Apenas um dos pacotes estava aberto, então foi
fácil o suficiente para ser arrumado. Seguiu a Mriss pela porta do refeitório
e por um corredor até a escotilha da sala de máquinas. Idda abriu a escotilha
e desceu usando a mesma técnica que usou para almoçar. Manipular os
grandes equipamentos não era problema pra ela. Padmé estava um pouco
mais desajeitada, esticando-se entre os degraus da escada e tentando
equilibrar a sua bandeja na mão livre.
— A prática leva à perfeição, — exclamou Idda, dando uma risada de
ave. Padmé não se ofendeu. Estava bem ciente de que parecia ridícula.
Comeram em relativo silêncio. De vez em quando, Idda olhava pra
cima, estalava o bico de frustração e desaparecia nas peças do motor por
alguns minutos. Padmé não conseguia detectar nenhum dos problemas que
a Mriss conseguia ver, mas toda vez que Idda voltava, tinha uma nova
marca de graxa em seu macacão e parecia satisfeita consigo mesma.
— Naves Wookiee são como a vida. Pequenos movimentos, — Idda
explicou após a quarta ou quinta interrupção da sua refeição. — Boa, mas
funciona.
— Você sempre trabalhou na Namrelllew? — Padmé perguntou.
— Não, nave Mriss primeiro, — Idda respondeu. — Muito barulho.
O motor era cacofônico, então Padmé só podia supor que Idda se referia
à tripulação, não à nave. Ela entendia isso muito bem. Às vezes o Senado
era tão barulhento que ela mal conseguia se ouvir pensar. A nave, pelo
menos, fazia barulho com um propósito.
Padmé terminou o seu almoço e relutantemente se despediu da sala de
máquinas. O seu único trabalho, até que estivessem em um planeta em
algum lugar, era ficar alerta quando fosse a sua vez de estar no turno. A
nave não poderia ser atacada no espaço. Ainda assim, nunca foi de
ociosidade e respeitava demais o trabalho das outras pessoas para distraí-
las. Pegou a bandeja e o lixo de Idda junto com os dela de volta para o
refeitório. No momento em que estava na metade da escada, pode ouvir
Idda cantando pra si mesma, metade em Básico e metade em gorjeios. Era
uma música exageradamente otimista sobre uma família de grandes peixes
predadores, e se viu à beira de rir novamente. Às vezes era bom fugir do
Senado.
Typho estava no refeitório quando chegou, carregando uma bandeja
com a sua própria refeição do meio-dia. Se desfez de suas bandejas e se
sentou em frente a ele.
— Então, Capitão? — ela perguntou.
Eles estavam usando os seus próprios nomes, mais ou menos, e guardas
tecnicamente mercenários também tinham capitães. Conseguir que Typho
largasse a “minha senhora” tinha sido mais um desafio.
— Suprimentos médicos bastante básicos, na sua maior parte, — ele
respondeu. Ele abriu o pacote contendo a sua ração proteica e fez uma
careta. Wookiees tinham estômagos muito fortes e, embora a sua comida
fosse tecnicamente segura para humanos, a sua consistência deixava um
pouco a desejar na forma de ração. Padmé tendia a beber a maior parte da
sua proteína, mas Typho preferia algo que pudesse mastigar. — Nada muito
surpreendente ou valioso.
— Suprimentos médicos geralmente só são valiosos quando são mais
necessários, — Padmé observou. Nenhum bacta ou especiaria era um alívio.
Poderia lutar com um blaster, e o fazia, mas não era o seu método preferido
de contato. Com carga de alvo mais baixo, eles tinham menos chance de
serem atacados por ameaças sérias. Padmé tinha quase certeza de que
poderia conversar com alguém desesperado o suficiente para roubar
bandagens e antissépticos.
— Isso é verdade, — ele concordou. — Também estamos carregando
grandes quantidades de shurgrain de Raadan, chá de Karlini e rum
Chadiano.
Isso era incomum. A galáxia era nova na guerra em larga escala, e
Padmé não ficou totalmente surpresa ao encontrar uma carga inesperada a
bordo. Talvez alguém só precisasse se livrar dela e tivesse aproveitado a
oportunidade que a Namrelllew ofereceu.
— O shurgrain eu entendo, — Padmé disse. — Ajuda a equilibrar os
sistemas digestivos da maioria dos humanoides baseados em carbono se a
fonte de água deles estiver contaminada. Isso pode ser útil se os combates
se aproximarem das cidades ou da principal bacia hidrográfica do planeta.
Mas para que serve o resto?
— O rum é legal, — Typho respondeu. — Embora os seus usos
potenciais no mercado negro sejam óbvios. Talvez seja um costume local
para as pessoas em Hebekrr Menor. Não há necessidade de interromper
tudo por causa da guerra. Às vezes, a normalidade ajuda.
Ele abriu a porção vegetal de suas rações e comeu com muito mais
gosto do que a proteína.
— Eu definitivamente posso entender isso, — Padmé disse. — O
Senado é relativamente pacífico na maior parte do tempo, e ainda gosto
quando tenho alguma sensação de lar.
— O chá é a parte estranha, — Typho disse. — Karlinus exporta para
todos os lugares, é claro, mas geralmente para os Mundos do Núcleo, ou
para a própria Naboo. Você se lembra de ter ouvido alguma coisa sobre um
aumento na produção ou no comércio?
— Não, — Padmé respondeu. — Mas admito que ultimamente tenho
me concentrado em assuntos galácticos, não nos domésticos. Podemos
perguntar sobre isso quando voltarmos.
Typho assentiu, engolindo as suas rações com uma lata de algo que
Padmé não tinha visto o rótulo. A porta do refeitório se abriu e o droide de
protocolo entrou.
— Saudações, — ele disse. — Os meus capitães confiam que vocês
estão se adaptando?
— Sim, obrigado, — disse Typho. Como ele era tecnicamente o
comandante, ele fez a maior parte do discurso pra eles. Isso ajudou Padmé a
desaparecer, o que a fez se sentir mais segura sem Sabé ou uma das outras
para apoiá-la.
— Maravilhoso, — disse G-1FY. — Os meus capitães pedem que vocês
se juntem a eles para jantar esta noite. Será no convés de voo e, portanto,
não será um assunto formal, mas não será rações, então suponho que seja
alguma coisa.
O droide parecia profundamente magoado com a ideia de não poder lhes
servir um jantar formal. C-3PO era da mesma forma, embora desde que
chegou a Coruscant, as suas chances aumentaram dramaticamente. Era
estranhamente reconfortante saber que os droides de protocolo tinham
problemas semelhantes, não importando de onde vinham ou onde
trabalhavam.
— Ficaríamos encantados, — Typho agradeceu.
— Excelente, — G-1FY disse. — Vou adicionar o horário às suas
agendas pessoais. Por favor, sejam rápidos, pois a pequena gremlin que
trabalha na sala de máquinas tem maneiras terríveis e não será convencida a
esperar por vocês, caso vocês se atrasem.
— Gremilin do motor? — Typho disse quando G-1FY partiu.
— Uma Mriss chamada Idda, — Padmé respondeu. — Na verdade,
acabei de almoçar com ela, e parecia encantadora, mas se levantava e
ajustou muito o motor. Eu posso apenas imaginar como ela será no convés
de voo. É uma coisa boa os droides não terem ataques respiratórios.
Typho riu e começou a descrever a vez recente em que ele e Dormé
saíram para um jantar chique em Naboo, apenas para ser vitimado pelo
senso de humor perverso de Eirtaé e algumas explosões oportunas.
— Eu sabia que seria sobre arte, — Typho disse. — Eu só não sabia que
íamos fazer parte disso.
— Eu só posso imaginar o que G1 teria pensado disso, — Padmé disse.
Nem tinha ouvido falar que Eirtaé tinha uma exposição. Até onde sabia, a
sua antiga aia ainda estava trabalhando na produção de grãos e na
proliferação de algas. Era bom saber que era capaz de explorar os seus
passatempos artísticos, mesmo que Padmé estivesse atrasada em ouvir
sobre isso.
— Dormé xingou como um pirata, — Typho disse. — Ela teve a
coragem de ficar brava comigo por não a avisar, quando eu estava
claramente tão surpreso quanto ela.
— Você estragou o vestido dela? — Padmé perguntou.
— Claro que não, — Typho respondeu. — Ela pode tirar manchas e
cobrir marcas de queimadura melhor do que qualquer um na galáxia. Acho
que ela simplesmente não gosta de surpresas.
Padmé sabia por experiência própria que isso era mais ou menos a
verdade.
— Bem, espero que ela não guarde rancor por muito tempo, — Padmé
disse. — Porque há um novo restaurante perto do Senado que deve ter
macarrão musical Hyelliano, e acho que ela gostaria disso.
— Anotado, — Typho disse. — Agora, se você não se importa, gostaria
de descansar um pouco antes de quando é que estamos destinados a jantar.
— Claro, Capitão, — Padmé disse. — Durma bem.
Deixada sozinha novamente, Padmé decidiu que assim que a missão
terminasse, iria procurar as suas amigas em Naboo. Sentiu falta delas nas
suas duas últimas viagens para casa e adoraria ouvir o que elas estavam
fazendo. Além disso, sentia falta de Anakin. Quando voltasse para
Coruscant, priorizaria a criação de um método de comunicação com ele. A
guerra era nova, mas já havia lhe mostrado que às vezes era preciso
arranjar tempo.
A nova organização doméstica da senadora Amidala fez com que Sabé
dormisse sozinha. Ellé e Moteé raramente entravam em seu quarto de
dormir, preferindo trabalhar fora do seu escritório em casa. Dormé se movia
pra frente e pra trás entre os dois mundos, é claro, mas até parecia menos
inclinada a ficar. As aias encarregadas de vestir a senadora e cuidar do seu
guarda-roupa e outros apetrechos domésticos eram brilhantes, discretas e,
finalmente, invisíveis depois que Sabé as dispensou durante a noite. Sabia
que meia dúzia de pessoas estava a apenas um grito de distância, caso
precisasse de alguém, mas depois de um dia de conversas intermináveis no
Senado, Sabé tirou um momento para saborear o silêncio.
Nunca teve que ser Padmé por tanto tempo, nem nunca votou em nome
da sua amiga antes. Nomear um eleitor por procuração não era incomum no
Senado, e Padmé havia feito oficialmente de Sabé a sua procuradora para o
caso da sua fraude ser descoberta. Ninguém poderia questionar a
legitimidade dos seus votos. Mas Sabé ainda se sentia muito deslocada.
Padmé tinha muito mais influência do que imaginava, esperava-se que
falasse e ouvisse com frequência, e muitas vezes era chamada para dar
conselhos. Deveria ter feito Sabé se sentir ocupada, vital e necessária, mas
em vez disso apenas se sentia cansada e sobrecarregada. Mesmo com Bail
fazendo o melhor para cobri-la, sentiu que as suas rachaduras estavam
começando a aparecer.
Estava solitária. Mesmo com tantas pessoas ao seu redor, clamando por
a sua atenção, estava sozinha. Sem os laços estreitos com as suas aias, sem
os jantares diários com os seus seguranças, Sabé se sentia à deriva. Não
entendia como Padmé fazia isso, ou por que as coisas haviam mudado. A
princípio, pensou que Padmé só queria algum tempo para si mesma à noite,
mas isso era mais do que privacidade ou tempo para autorreflexão. Isso era
isolamento. E já que Padmé a escolheu, Sabé teve que continuar.
Podia ler ou assistir ao noticiário, mas depois de passar a maior parte do
dia, todos os dias, debatendo a guerra, a última coisa que queria era ouvir
mais sobre isso. Podia olhar para as luzes brilhantes de Coruscant, exceto
que isso só a lembrava do quão isolada estava, e o quanto não gostava
daqui. Poderia, se estivesse desesperada, ir a um museu ou à ópera. Nem
precisaria ser Amidala quando fizesse isso. Tinha certeza de que Mariek
Panaka a ajudaria a organizar isso e cuidar da sua segurança. No entanto,
também não havia indicação de que Padmé tivesse algum interesse nesse
tipo de coisa. Havia bloqueado todo esse tempo, e Sabé não fazia ideia para
que isso servia.
Então se aborreceu. Essa era realmente a única coisa que poderia ser
dita sobre isso. Não estava particularmente orgulhosa disso, mas a impediu
de escalar as paredes para fora da frustração e tédio, então fez isso.
Esta noite, no entanto, não teve a oportunidade. Bail Organa estava
dando uma festa e havia sido convidada. Apenas Dormé iria acompanhá-la,
dando a Ellé e Moteé uma folga muito necessária. Mariek seria a motorista.
— Tudo bem pra mim, — disse a capitã da guarda quando Sabé tentou
se desculpar por não receber um convite pra ela. — O Senador Organa
sempre se certifica de enviar a boa comida para a segurança externa, e eu
não tenho que fingir que gosto de conversa fiada.
Sabé estava um pouco enciumada.
Dormé chegou uma hora antes da partida para ajudá-la com o cabelo. A
própria Sabé fez a maquiagem, embora Dormé fosse bem-vinda para fazer
qualquer mudança que quisesse, mas não podia fazer um penteado de noite
de senadora sozinha. As outras aias tiveram a noite de folga, pois Sabé
podia se deitar quando chegasse em casa. Enquanto se sentava na
penteadeira de Amidala e Dormé passava o pente pelos cabelos, Sabé
respirou fundo várias vezes e se lembrou de que havia escolhido essa vida
há muito tempo e nunca se arrependera.
— Existe alguém que eu preciso evitar politicamente? — ela perguntou
quando Dormé colocou o pente para baixo e começou a torcer o seu cabelo.
— Não, — Dormé respondeu. — Esta é uma festa lealista, então todos
ali são aliados. Onaconda Farr tem andado um pouco estranho ultimamente,
mas ainda não estamos preocupados com isso, então você pode continuar
andando com cuidado ao redor dele.
— O Chanceler estará lá? — Sabé perguntou.
— Não sei, — Dormé respondeu. — Ele está na lista de convidados,
mas raramente vai a essas coisas quando Bail as realiza. Tem um pouco...
de tensão lá, embora para todos os efeitos, eles estejam do mesmo lado.
— Eu tinha notado isso, — Sabé apontou. Ela estremeceu quando
Dormé puxou uma torção particularmente apertada. — Bail cada vez mais
critica as ações do Exército da República, mas nunca diz nada em público.
— Ele é muito bom em esperar, — Dormé observou. — A Senadora
Amidala frequentemente segue o seu exemplo para moderar a sua própria
impulsividade.
— Eu gosto de como você pode dizer tudo isso com uma cara séria, —
Sabé disse, sorrindo.
— Eu tive uma boa professora, — Dormé disse. — Pare de mexer a
cabeça. Eu tenho que colocar essa escova em linha reta.
Com todo o cabelo preso e enrolado na nuca, Sabé só conseguia mover
a cabeça em algumas direções. Isso a teria preocupado, dado que só teria
uma companheira para a noite, exceto que já tinha visto a tiara que Dormé
planejava usar. Era um dos desenhos de Eirtaé, fortemente modificado por
Rabé, e incluía pequenos espelhos inteligentes que permitiam à usuária ver
o que estava acontecendo ao seu redor, mesmo diretamente atrás. Dava a
impressão de limitar a visão de Sabé, mas na verdade a multiplicava.
Uma vez que a peça estava no lugar e Sabé ajustou os olhos aos
estímulos adicionais, ela se levantou e caminhou até o centro da sala.
Dormé a ajudou a vestir o vestido, puxando-o sobre a túnica azul-escuro na
altura do joelho que já estava usando.
O vestido era o mais pálido dos azuis pálidos. Sabé estendeu os braços
para que Dormé pudesse amarrar as mangas. Um nó em seu ombro, um
logo acima do seu cotovelo, e outro em seu pulso prendiam a larga cortina
de tecido em os seus braços enquanto alguns laços rápidos de cada lado
ajustavam o vestido ao seu corpo. Um cordão azul profundo prendeu o
vestido na sua cintura e formou um corpete delicado que Dormé prendeu no
lugar usando alfinetes que Cordé havia desenhado: invisíveis e totalmente
seguros.
— Estes são muito engenhosos, — Sabé observou, passando um dedo
levemente ao longo da linha azul. — Acabei de ver você colocá-los, e não
consigo nem encontrá-los.
— Toda a família de Cordé era muito talentosa, — Dormé apontou. A
sua voz falhou.
— Nunca é a mesma coisa, não é? — Sabé meditou. — A sua separação
de suas companheiras foi cruel, mas acho que entendo um pouco sobre
como você sente falta delas. Sinto muito, se vale de consolo.
— Obrigada, — Dormé agradeceu. — Você arriscou mais do que
qualquer uma de nós, então na verdade vale um pouco. Fiquei apavorada
quando era só eu, e ela foi sozinha com aquele Jedi. Pelo menos eu tinha
Typho.
— E estou muito feliz por ter você, — Sabé apontou.
Mariek apareceu na porta e assentiu bruscamente para elas.
— Se você está quase pronta, Senadora, já está na hora, — ela disse.
— Obrigada, Capitã, — Sabé agradeceu. — Dormé?
— Estamos prontas, minha senhora, — Dormé respondeu. Ela daria
uma última olhada no vestido de Sabé quando chegassem. Puxou o capuz
azul-marinho sobre a cabeça.
— Leve-nos, Capitã, — Sabé disse.
Mariek deu uma risada ao ouvir o seu tom, mas não disse mais nada
enquanto as acompanhava até a plataforma de transporte e entrava no
veículo. A viagem até o apartamento do Senador Organa foi
misericordiosamente curta e, em pouco tempo, a Senadora Amidala estava
fazendo a sua grande entrada na festa dele.
A reunião foi no telhado do prédio onde morava o senador. Estava
protegido dos ventos fortes nesta altitude por grandes lajes de vidro que
tinham cenas de montanhas Alderaanianas gravadas nelas. Para onde quer
que Sabé olhasse, haviam plantas Alderaanianas e peças de arte que
incorporavam vento ou água. Deve ter custado uma fortuna, mas Alderaan
era membro da República Galáctica há muito tempo.
— Senadora, estou tão feliz que você possa se juntar a nós! — Bail
disse quando a viu. Como sempre, ninguém olhou para Dormé.
— Claro, Senador Organa, — Amidala respondeu. — Os seus convites
são sempre os mais bem recebidos.
Desceu a fila de recepção, cumprimentando os poucos dignitários e
artistas de Alderaan que haviam sido convidados. Então não havia nada
para isso: tinha que se misturar. Sabé rapidamente localizou Mon Mothma
na multidão e se aproximou. A humana ruiva alta era uma das aliadas mais
próximas de Padmé, embora não uma de suas amigas mais próximas, no
Senado. Era uma distinção que Sabé achava frustrante, mas parecia
funcionar para ambas.
— Senadora, — Mon Mothma a cumprimentou. Assentiu
majestosamente. O que quer que Mon Mothma estivesse prestes a
acrescentar à sua saudação foi interrompido pela chegada de uma nova
pessoa ao grupo reunido.
— Senadora Amidala, que maravilha vê-la por aqui, — disse o
Chanceler Palpatine. — Você tem estado quase que enclausurada
ultimamente. Eu sei que você leva a guerra tão a sério quanto qualquer um
de nós, mas é bom ver você tendo algum tempo para si mesma com os seus
amigos e os seus colegas. Experimente o Toniray. O Senador Organa tem
uma safra particularmente boa disponível esta noite.
Sabé pegou o copo que ele passou para ela e o ergueu em um brinde
silencioso antes de tomar um gole. Era mais doce do que o álcool com o
qual estava se acostumando em Tatooine. E provavelmente menos propenso
a comer através do seu intestino enquanto ela estava digerindo. De repente,
sentiu tanta falta de Tonra que fez o seu estômago doer. Esperava que ele
estivesse indo bem.
— Obrigada, Chanceler, — Amidala disse. — É difícil parar de
trabalhar nessas circunstâncias, mas o Senador Organa me lembra que todo
mundo precisa descansar um dia.
— Bom, bom, fico feliz em ouvir isso, — Palpatine disse. — E eu acho,
minha querida, você também ficará feliz em ouvir as minhas notícias.
Alguns Jedi do seu conhecimento estão de volta a Coruscant para relatório e
reavaliação. Eu esperava que eles estivessem aqui esta noite, mas suponho
que teremos que esperar outras reuniões nos próximos dias.
Sabé piscou pra ele e tomou um gole de vinho para disfarçar a sua
hesitação. Foi um movimento amador, e ele certamente percebeu, mas não
conseguiu pensar em mais nada para fazer no local. Dormé estava atrás
dela. Estava por conta própria.
— Isso é realmente uma boa notícia, — Amidala disse. — Os Jedi
também são novos na guerra sustentada. Eles merecem um descanso tanto
quanto nós.
— De fato. — Palpatine estreitou os olhos ligeiramente. O que quer que
ele esperasse obter dela, ele não conseguiu. A falta de reação dela a havia
entregado e ele agora tinha apenas perguntas adicionais. Este era
exatamente o tipo de escrutínio que Amidala não precisava agora.
Foi salva por um dos artistas da ópera de Alderaan, que veio perguntar o
que ela achava da temporada mais recente. Isso era, pelo menos, algo sobre
o qual poderia falar, já que realmente gostava tanto do assunto quanto de
conversar com artistas sobre os seus trabalhos.
Não foi uma vitória espetacular de uma noite, mas foi uma boa
exibição, e no final dela, depois de mais duas taças de Toniray (que era, na
verdade, muito boa), Sabé estava se sentindo mais relaxada do que antes
desde que chegou a Coruscant. A sua discussão com Palpatine quase
esquecida, estava até disposta a admitir que se divertiu, embora Mariek
tenha feito a cortesia de não perguntar sobre isso no caminho para casa.
Sozinha em seu quarto no apartamento da senadora, Sabé tirou os
enfeites do seu cabelo e o penteou até que os cachos estivessem quase lisos
novamente. Limpou o rosto e tirou a túnica para poder vestir a camisola que
Dormé havia deixado para ela quando colocou o vestido azul de volta no
guarda-roupa. Bebeu um copo de água e depois encheu a xícara para que
tivesse à mão quando acordasse, e se aconchegou na cama confortável de
Padmé.
Estava quase dormindo, quente e ainda um pouco confusa nas bordas,
quando ouviu um barulho como uma porta abrindo e fechando, e depois os
passos suaves de alguém que sabia o que estava fazendo atravessando a
antecâmara do lado de fora de onde dormia. Lutou para ficar quieta, para
parecer que estava dormindo, e pegou o blaster que estava debaixo do
travesseiro.
Havia alguém na porta do seu quarto.
Padmé geralmente gastava pelo menos uma hora se preparando para uma
reunião informal, então era uma espécie de férias fazer uma pausa apenas o
suficiente para retrançar o cabelo antes de sair para o convés de voo. Era
pontual, o que sabia porque Typho abriu a sua porta aproximadamente meio
segundo depois que terminou, e ele estava sempre na hora certa para tudo.
Esperava que Idda não fosse muito impaciente com eles.
Enquanto eles atravessavam a nave, Padmé considerou seriamente
comprar uma nave Wookiee para ser o seu transporte oficial para o Senado
quando voltasse para Coruscant. Claro, as naves de Naboo eram
confortáveis e familiares, mas a Namrelllew nunca a fazia se sentir
claustrofóbica, mesmo quando estava em uma sala pequena. O design
Wookiee era bom pra isso, mas havia muitas espécies na galáxia que
provavelmente ficariam mais à vontade em uma nave como esta em vez de
uma projetada para humanos, não importa quão boa fosse a perfeição
artesanal da nave. Se ia fazer muitas missões nas linhas de frente, talvez
valesse a pena conferir.
A chegada deles à ponte interrompeu a sua reflexão. O centro de
controle da Namrelllew era relativamente autônomo, principalmente porque
era tripulado por apenas duas pessoas. A ponte tinha um corredor estreito,
para Wookiees, presumivelmente, na parte de trás, onde ficavam os
controles que não eram de voo, e depois um convés de voo com uma bolha
saliente que saía do casco. No hiperespaço, a vista era fascinante, mas
Padmé não tinha medo de se perder nela. Havia muita coisa acontecendo.
Naijoh e Rayyne, como co-capitães, geralmente tinham cadeiras
voltadas para a frente. Como era hora do jantar, as cadeiras estavam viradas,
desviando o olhar dos controles e voltadas para a própria nave. Uma mesa
estava suspensa acima do chão, baixada de uma escotilha habilmente
escondida na parede. Idda estava empoleirada na ponta onde a mesa estava
presa à parede, e G-1FY estava na outra ponta, servindo bebidas. Haviam
duas cadeiras vazias, e Padmé e Typho esperaram educadamente.
— Por favor, sentem-se, — Rayyne disse através do droide de
protocolo. Os seus gestos deixaram a sua declaração bastante clara, mas G-
1FY era uma espécie de repetidor crônico.
Enquanto Padmé e Typho se acomodavam, Typho certificando-se de
que Padmé não estava do seu lado cego, G-1FY passou a cada um uma
xícara de chá e então deslizou uma por toda a mesa até Idda.
— Ify, suco! — a pequena ave solicitou. Naijoh resmungou um aviso e,
sem parecer nem um pouco envergonhada, Idda elaborou: — Ify, suco, por
favor.
— O chá de Karlini é conhecido em toda a galáxia como o precursor
perfeito para uma refeição, — G-1FY apontou. Ele parecia ainda mais
indignado do que C-3PO. — Prepara o estômago e limpa a garganta para
obter sabor e textura. O suco, nas suas diversas formas, é mais amplamente
aceito como bebida no café da manhã. Ou por jovens.
Idda fungou e tomou um grande gole do seu chá. Um pouco de vapor
parecia sair dos seus ouvidos.
— Obrigada, G1, — Padmé agradeceu. — Ou, posso chamá-lo de Ify?
— Se tiver que ser, — o droide respondeu. Ele parecia resignado com o
fato. — Você já tomou chá de Karlini antes? Alguns acham que é muito
apimentado, mas é um excelente limpador de paladar.
— Estamos familiarizados com isso, — Typho respondeu. Era uma
espécie de eufemismo, mas eles estavam disfarçados.
Padmé tomou um gole do seu chá. Foi preparado perfeitamente, e sentiu
falta de todo o setor Chommell bastante intensamente por um momento.
— Vocês têm feito muita segurança desde que a guerra começou? —
perguntou Naijoh, novamente falando através do G-1FY.
— Um pouco, — Typho respondeu. — A maior parte do nosso trabalho
juntos é anterior a isso, mas não somos estranhos ao conflito. A galáxia é
um lugar perigoso, e minha parceira aqui parece atraí-lo.
Padmé o encarou, mas ambos os Wookiees riram.
Logo ficou claro que, embora os Wookiees se contentassem em
contratar pessoal de segurança por meio da empresa pela qual haviam
contratados, eles queriam saber mais sobre as pessoas que agora viajavam
com eles na Namrelllew. Padmé deixou Typho falar mais, e a maioria das
histórias que ele contou eram verdadeiras. Ele omitiu muitos detalhes, mas
havia muitas missões e expedições que a Senadora Amidala havia feito que
se tornaram completamente chatas, pelo menos do ponto de vista da
segurança. Era meio interessante ouvir sobre o trabalho dela da perspectiva
dele. Antigamente, conhecia os meandros de cada procedimento que a
mantinha segura, mas à medida que as suas responsabilidades no Senado
cresciam, contava cada vez mais naqueles em quem confiava. Isso a tornou
uma senadora melhor, mas sentia falta da antiga proximidade.
— Eu notei que você não trouxe muitas armas, — Rayyne disse a
Padmé através do droide tradutor. G-1FY estava servindo a entrada, uma
espécie de tubérculo estufado com um molho de laranja pungente que
prometia ser cheio de sabor e não perdeu tempo.
— O meu capitão aqui é mais adequado para esse tipo de conflito, —
Padmé respondeu. — Embora eu possa e tenha usado uma variedade de
blasters. Os meus talentos estão mais na diplomacia. Se eu não puder nos
convencer a não fazer isso, Typho assume o controle. Se ele não puder nos
retirar disso, bem, então é a minha vez.
— Nossos empregadores decidiram seguir com uma equipe pequena e
flexível e confiar nas forças da República disponíveis na região, ao que
parece. — Naijoh observou. — Eu realmente não posso culpá-los. É
definitivamente mais barato e já estamos cobrando muito pelo transporte.
Ainda é cedo na guerra, mas espero que nunca exijamos equipes de
incursão em grande escala apenas para entregar equipamentos médicos e
algumas quinquilharias.
Foi o discurso mais longo que Padmé já ouviu um Wookiee dar, e
trabalhou com os senadores deles. Era como ouvir música. Às vezes, sentia
que estava à beira de entendê-lo, e então a parte lógica do seu cérebro
assumiu e a lembrou de que não falava Shyriiwook além de cumprimentos
no básico. Eles ouviram as histórias dos Wookiees por um tempo enquanto
comiam. Ambos eram muito bem viajados, e nem mesmo o tom monótono
do G-1FY poderia tirar o impacto de suas aventuras.
Qualquer coisa que eles pudessem ter discutido depois disso foi
interrompida pela campanha lenta e determinada de Idda para descarregar
as suas ervilhas de keldrin no chão sem que ninguém percebesse. Claro, G-
1FY não se deixou enganar nem por um momento, mesmo enquanto estava
ocupado servindo sobremesa e traduzindo para Padmé e Typho.
— Em algumas culturas, — o droide observou, — é costume não servir
sobremesa para quem não saboreou adequadamente os seus vegetais.
Idda colocou uma ervilha na sua colher e atirou direto no rosto dele. Ele
ficou preso na pequena abertura onde ficava o bocal do droide, e ele não
conseguiu desalojá-la com os seus dedos contundentes. Em vez disso, ele a
esmagou, o que lhe deu a aparência de ter uma covinha muito estranha em
um lado da boca.
— Bem, eu nunca vou, — ele disse enquanto Idda fugia de volta para a
sala de máquinas, gargalhando enquanto ia. Os Wookiees caíram na
gargalhada, e até Padmé teve que cobrir a boca para não ferir os
sentimentos do droide.
— Eu acho que você vai ter que entender isso como um empate, Ify, —
Typho disse, oferecendo o seu guardanapo para que o droide pudesse limpar
a sua boca.
— Obrigado, senhor, — o droide agradeceu com grande dignidade. Ele
colocou a sobremesa abandonada de Idda na frente de Naijoh. — Às vezes,
isso é tudo que um droide trabalhador pode esperar por aqui.
— O jantar foi maravilhoso, — Padmé disse. — Obrigada.
— Nós comemos principalmente as rações, — Rayyne disse, G-1FY
afastando o guardanapo do seu rosto para dizer as palavras dela. — Mas
para uma ocasião especial isso também é bom.
Padmé se ofereceu para levar os pratos de volta ao refeitório, e Typho
ajudou G-1FY a dobrar a mesa. Voltou para os seus aposentos antes dele e
esperou no corredor que ele voltasse. Quando o fez, ele abriu a porta do seu
quarto e deu a ela as boas-vindas.
— Bem, eu não acho que a senhorita está tramando nada, — Typho
observou, acomodando-se na ponta da sua cama. — Exceto tirar aquele
droide de protocolo do sério.
— Wookiees não gostam que tirem vantagem deles, — Padmé disse. Se
recostou na pia alta. — Se alguém os está trapaceando ou usando, tanto
Naijoh quanto Rayyne podem reunir as suas famílias inteiras para buscar
justiça ou vingança. Isso é um monte de Wookiees irritados.
— Uma das razões pelas quais escolhi esta nave é que não achávamos
que os Wookiees estivessem envolvidos em algo sórdido, — Typho a
lembrou. — Sabíamos que eles trabalhavam para a empresa, mas até agora,
tudo isso foi verificado também. Se não fosse a dica para os Jedi e o pedido
de uma reunião, este relatório nunca teria chegado à mesa do Senador
Organa.
— Bem, se não são os Wookiees e não é Idda, o droide poderia estar
transmitindo alguma coisa? — Padmé perguntou.
— Talvez, — Typho considerou. — Ele parece um droide de protocolo
normal, mas não há como saber se a sua programação teve um incremento.
Ele era muito bom em multitarefa no jantar. Mas ele não podia estar
enviando imagens. Apenas texto ou som.
— Vou ver se meus escâneres pegam alguma coisa, — Padmé disse. —
Eu não tenho nada genérico o suficiente para escanear toda a nave, mas se
for apenas o droide, posso gerenciá-lo com bastante facilidade. Ele passa
mais tempo no refeitório do que eu, então encontrá-lo nunca é um
problema.
— Tudo bem, — Typho concordou. — Vou pedir alguns mapas da
nossa zona de pouso. Quero ter certeza de que essa transferência seja o mais
tranquila possível. Você deveria tirar as suas horas de descanso agora, se
puder. Dessa forma, ambos estaremos em ciclos acordados quando
chegarmos a Hebekrr.
— Sim, senhor, Capitão, — Padmé disse. A pele de Typho escureceu
com um rubor.
— Para registro, minha senhora, eu não gosto de estar disfarçado, —
Typho disse. — Ou, pelo menos, não tão longe do resto do nosso apoio.
— Eu também não gosto isso, — Padmé disse. — Acho que é assim que
Sabé se sente o tempo todo, no entanto. É só ela e Tonra. Sem nada mais, é
aventureiro.
— A ideia de você ter aventuras faz o meu estômago doer, — Typho
apontou. — Por favor, apenas vai pra cama.
Padmé riu e seguiu as ordens.

A capacidade de coleta de informações de inteligência do droide era


excepcionalmente limitada, mas ele era tudo o que estava disponível para
trabalhar, e então trabalhar com isso ele iria. G-1FY sabia que os guardas
eram humanos. Sabia que eles tinham vindo de Coruscant, embora tivessem
tentado encobrir os seus rastros saltitando um pouco antes de se juntarem à
Namrelllew. Sabia que eles eram pacientes e dispostos a fazer todas as
tarefas a bordo da nave. Sabia que eles estavam escondendo algo, como
tantos outros viajantes espaciais. Esta era uma notícia muito, muito boa.
O Neimoidiano Oje N'deeb tinha grandes esperanças quando vazou as
suas informações para os Jedi algumas semanas antes. Deduziu estudando
os noticiários que os Jedi de alto escalão interagiam primariamente com um
seleto grupo de senadores, e que um deles era ela. Ela era parte integral dos
seus planos. Precisava dela por influência e oportunidade. E se tivesse sorte,
ela era exatamente a pessoa que tinha vindo.
Não podia ter certeza absoluta. O droide conhecia apenas a espécie e o
ponto de origem dos guardas, e Coruscant tinha literalmente bilhões de
pessoas que correspondiam a essa descrição. Além disso, ele a tinha visto
no noticiário várias vezes, mais recentemente esta noite, quando o holonet
noticiou uma festa organizada pelo Senador Organa.
Ainda assim, se havia alguém que poderia fazer isso acontecer, era ela.
A rainha pacifista que lutou uma guerra para salvar o seu planeta. A
minúscula senadora cuja execução fracassada provocou um conflito em
toda a galáxia. Onde quer que ela fosse, ao que parecia, os problemas
seguiam. E tinha chamado, esperando que ela atendesse. Esperando que ela
viesse a Hebekrr Menor e visse por si mesma. Porque tinha planos pro
futuro. Para si mesmo e para a sua empresa e para Neimoidia. E precisava
dela para que qualquer um desses planos tivesse uma chance de sucesso.
— Onde está Padmé? — uma voz agressiva exigiu.
Sabé foi puxada para uma posição sentada na cama, com o blaster
voando para fora do seu alcance através do quarto para bater contra a
parede. Tentou gritar, dar o alarme, mas não conseguiu se mover ou emitir
nenhum som.
— Onde ela está? — A pergunta foi repetida.
As luzes se acenderam, revelando uma figura alta em um colete Jedi
marrom. O seu rosto bonito estava franzido com suspeita e raiva mal
disfarçada. Sabé apontou para a garganta dela, e a sensação de pressão ao
redor dela relaxou.
— Quem diabos é você? — Sabé perguntou assim que ela recuperou o
fôlego. — E como você sabe como passar por todos os nossos protocolos de
segurança?
Os dois olharam um para o outro, em um impasse, até que C-3PO
entrou na antecâmara, as luzes se acendendo ao máximo quando ele entrou.
— Mestre Anakin, é você! — ele declarou. — Estou muito feliz em vê-
lo novamente. Por acaso você trouxe R2 com você? Imagino que o pequeno
canalha tenha conseguido sobreviver a todos os tipos de tiroteios. Ah, e...
— Anakin? — Sabé interrompeu o droide errante. — Anakin
Skywalker? De Tatooine?
— Aquela não é a minha casa há muito tempo, — ele respondeu. Ele
relaxou um pouco. Aparentemente, a aceitação da situação por C-3PO o
deixou à vontade. — Você é Sabé, não é? A sombra. Aquela que eu
conheci.
— Sim, — Sabé confirmou. — Padmé me chamou de volta aqui para
posar como ela enquanto ela foi em uma missão para o Senado.
— É perigosa? — Anakin perguntou. Era como se ele fosse voar pela
janela em perseguição se tivesse a menor ideia de que fosse necessário. —
Ela está em perigo?
— Não, — Sabé respondeu. — Bem, não mais do que o normal. O
Capitão Typho está com ela. Suponho que você saiba como ele é protetor.
— Mestre Anakin, você jantou? — C-3PO interveio. — É tarde, mas
tenho certeza de que posso providenciar alguma coisa.
— Não, obrigado, 3PO, — Anakin respondeu. — Podemos nos virar
conta própria.
As suas maneiras ainda eram impecáveis, como quando ele era um
garotinho, mas, Sabé lembrou, foi ele quem programou o C-3PO em
primeiro lugar. Então várias peças do quebra-cabeça que era a presença de
Anakin se encaixaram perfeitamente na sua cabeça.
— Você e Padmé, — Sabé disse.
Anakin se eriçou, como se estivesse pronto pra uma briga.
— Não é da sua conta, — ele apontou.
— Estou de camisola e você no meu quarto, — Sabé contrapôs. — Eu
acho que é pelo menos em parte da minha conta.
— Ela... — Anakin começou. Ele olhou pra baixo pra mão dele,
flexionando os seus dedos de metal recém-regulados dentro da sua luva. —
Eu a amo, — ele disse. E então, como se fosse um desafio: — Ela me ama.
Tudo fez muito sentido. Por que Padmé desapareceu em Naboo. Por que
a programação dos horários haviam mudado e por que a equipe de apoio
tinha uma rotina tão inédita. Era por isso que as noites de Padmé eram
livres. Era por isso que as suas aias dormiam no andar de baixo em vez de
na suíte de cobertura como costumavam fazer. Não tinha feito isso pra ela
mesma, não para fazer uma separação entre a carreira dela e o seu espaço
pessoal. Tinha feito tudo por ele.
— Você está com raiva, — Anakin apontou. — Isso não me incomoda.
Eu também ficaria com raiva se ela escolhesse você em vez de mim.
— Não é assim que funciona, Jedi, — Sabé retrucou. — O coração de
Padmé é infinito, e ela ama muitas, muitas pessoas. Sem mencionar os seus
sentimentos sobre o dever e o seu trabalho. Se você ainda não descobriu
isso, você vai descobrir em breve.
— Talvez, — Anakin disse. Ele não parecia totalmente convencido.
Sabé esfregou a ponta do nariz e estremeceu. Se lembrou que a sua
camisola não tinha mangas, e que Anakin estava deixando todo o ar
cuidadosamente regulado do seu quarto deslizar para a antecâmara. Estava
tendo uma noite tão adorável, também.
— Deixe-me encontrar um roupão, — ela disse, e caminhou até o
guarda-roupa. Ela escolheu um ao acaso, esperando que Padmé não o
tivesse usado com muita frequência, e voltou para a cama para tomar o seu
copo de água.
— Tudo bem, — ela disse. — Já que você claramente não vai sair até
que eu lhe dê uma explicação completa, aqui está como são as coisas.
Padmé está em uma missão para o Senado. Eu não sei todos os detalhes, e
eu não te contaria mesmo se soubesse. Ela está segura, ela está com Typho,
e ela está fazendo o trabalho dela. Estou substituindo-a porque o Senado
precisa dela. Ela é uma figura confiável e tem muitas alianças com outras
facções que os seus colegas próximos não têm. É suficiente para você?
— Eu acho que vai ter que ser, — Anakin considerou.
— Nesse caso, posso voltar pra cama? — Sabé perguntou. — 3PO pode
te mostrar a saída.
— Ah, sobre isso, — Anakin disse. — A sobreposição de segurança que
usei reinicia o sistema. Não posso sair por pelo menos três horas. E se você
ou 3PO fizerem isso, aparecerá nos registros. Então, hum, se você não se
importar...
— Você deve estar brincando comigo, — Sabé disse. Não tinha
interesse em ter uma festa do pijama.
— Jedi podem dormir em qualquer lugar, — Anakin disse rapidamente.
A sua bravura se esvaiu e, de repente, ele estava desajeitado e jovem
novamente, em vez de sombrio e perigoso. — Vou dormir no chão da
antecâmara, não se preocupe.
— Estou meio tentada em fazer você dormir no compactador de lixo, —
Sabé observou. — Mas tudo bem. Você vai estar aquecido o suficiente? Isso
também é coisa de Jedi?
— Sim, — Anakin respondeu. — Não preciso nem mesmo de
travesseiros.
— Bem, você pode pegar algum de qualquer maneira, — Sabé disse. —
Você também pode se sentir confortável.
Observou enquanto Anakin sem muito entusiasmo construía um ninho
para si no sofá comprido. Não o ajudou. Ele retirou a sua capa, envolvendo-
a ao redor do seu corpo enquanto se sentava. Foi apagar as luzes.
— Como é lá fora? — ela perguntou, a mão pairando acima do
interruptor.
— Na guerra? — ele perguntou. — É só lutar. Os Separatistas têm
droides e nós temos clones, e eles lutam.
— Eu já lutei com droides também, lembra-se, — ela disse a ele. — Eu
sei que não é tão simples, mesmo que você tenha um exército de clones
para apoiá-lo.
— É simples, — Anakin rebateu. — Os separatistas querem quebrar a
galáxia em pedacinhos, cada um deles cuidando do seu próprio interesse. A
República é paz e justiça. Não estamos invadindo. Não estamos forçando os
mundos a nos fornecerem armas, comida ou outros recursos. Estamos
ajudando pessoas oprimidas. Restaurando a galáxia à ordem. Trazendo-os
de volta à luz.
A forma como ele disse isso, tão convencido da sua declaração, era
tentador acreditar, mas Sabé sabia que as coisas raramente eram tão
simples. Padmé certamente não acreditou nisso. É por isso que ela trabalhou
tanto no Senado. Acreditava que a política e a diplomacia trariam sistemas
errantes de volta à comunidade. Sabé tinha certeza disso. Essa violência da
qual Anakin falou tão brilhantemente era aterrorizante porque parecia tão
fácil.
— Está tudo bem se você não acredita em mim, — Anakin disse. —
Você não foi lá ainda, não desde que a luta realmente começou. Não sou
descuidado com os clones.
— Fico feliz em ouvir isso, — Sabé disse. — Lembre-se que Padmé
está lutando nesta guerra também. Vai fazer as coisas de forma diferente de
você, e ela tem que agir como se fosse uma senadora normal. Você não
guarda segredos com muita frequência, e é assim que você é, mas a vida e o
trabalho de Padmé são segredos. Você pode respeitar isso?
— Estou tentando, — Anakin respondeu. — Gosto quando tudo é
simples. No entanto, eu confio em Padmé. Eu sei que ela não é como a
maioria dos políticos.
— Bem, suponho que seja um começo. — Ela apagou a luz. — Boa
noite, Anakin.
Voltou para o seu quarto. Ele a deixou desconfortável de uma forma que
ela não conseguia explicar. A sua convicção e a sua dedicação à luta
estavam em desacordo com o menino pequeno e doce que se lembrava de
ter conhecido, oficialmente, em Naboo. Ele tinha sido o único a perguntar o
nome dela. O único a agradecê-la. E agora ele estava crescido, um
Cavaleiro Jedi, e conectado a Padmé de maneiras que Sabé temia serem
mais profundas do que ele admitira. Talvez estivesse com ciúmes. Mas não
estava errada.
Fechou a porta, ouvindo o silvo da fechadura no lugar com algum
alívio. Encheu o copo d'água uma terceira vez e voltou para a cama.

O Jedi tinha ido embora quando Sabé se levantou de manhã, e ficou feliz
com isso. Ia fazer um discurso no Senado naquela tarde, então foi Dormé
quem veio vesti-la para a ocasião. Pela primeira vez, Sabé não prestou
atenção na maquiagem ou no cabelo. Sentiu como se o vestido fosse sufocá-
la. Pela primeira vez em mais de dez anos, não queria ser Amidala. Não
tinha certeza se a conhecia mais.
— Eu tive uma visita ontem à noite, — ela disse de forma neutra
enquanto Dormé dava os retoques finais em seu cabelo e endireitava o seu
colar.
— Oh? — Dormé disse. E então: — Ah, porcaria.
— Bastante, — Sabé disse. — Existem outros segredos que eu deveria
saber antes que eles apareçam no meu quarto depois de três taças de
Toniray?
— Esse é o único que eu conheço, — Dormé respondeu. — Eu sinto
muito. Pensei que você soubesse.
— Padmé não me contou, — Sabé disse brevemente.
Houve um silêncio terrível entre elas.
— E... você está bem? — Nesse momento, as pretensões e o
profissionalismo de Dormé desapareceram. Por um instante, elas eram duas
garotas que compartilhavam um segredo com a amiga delas, embora isso as
deixasse desconfortáveis.
— Estou chateada por descobrir como descobri, — Sabé respondeu. —
Mas não é como se esta fosse a primeira vez que alguém se apaixonou por
ela. Esta é apenas a primeira vez que ela caiu para trás. Ela me disse uma
vez que, se o fizesse, seria completo e desgastante, e acho que ela estava
certa.
Estava com raiva, e chateada, mas não havia ninguém aqui para ficar
com raiva, e odiava ficar chateada com Padmé. Elas falariam sobre isso
com calma quando Padmé voltasse. Anos atrás, após o incidente com Harli
Jafan, elas concordaram em conversar sobre quaisquer problemas que
surgissem entre elas o mais rápido possível. E agora Sabé tinha um
problema. Sabé se levantou e deixou Dormé fazer a verificação final do seu
vestido. Parecia mais pesado do que o normal, as bordas mais afiadas e o
tecido menos flexível. Sabia que nada havia realmente mudado desde o dia
anterior, mas o vestido parecia não caber.
— Vou pedir para contar a Ellé e Moteé, quando Padmé voltar, —
Dormé disse. — Elas terão que saber. Padmé é a alma da discrição quando
se trata de organizar encontros, como tenho certeza que você pode imaginar,
mas Anakin é tão sutil quanto um Gundark bêbado.
— Eu notei, — Sabé disse secamente. — Eu não te invejo.
— De todos os escândalos que ela poderia ter escolhido, — Dormé
disse. — De todos os escândalos de que ela foi acusada!
Contra o seu melhor julgamento, Sabé começou a rir. Parecia histeria,
arranhando o seu caminho para fora da sua garganta, e ainda assim não
queria parar. Pela primeira vez desde que acordou com Anakin Skywalker
ao pé da sua cama, sentiu-se quase normal novamente, como se pudesse ser
a senadora e não estar à beira do fracasso a cada momento. A humanidade
de Padmé a tornou mais fácil fingir ser ela.
— Padmé nunca fez nada pela metade na sua vida, e você sabe disso.
Por que isso deveria ser diferente? — ela apontou. Então ela disse: — O
droide sabe. Ele costumava ser de Anakin.
— Para onde você acha que R2-D2 foi? — Dormé perguntou.
— Ele não é propriedade do governo de Naboo? — Sabé retorquiu.
— Eu acho que isso não vem ao caso, — Dormé apontou dando de
ombros. — Os droides são confiáveis. As novas aias não suspeitam de nada.
Ellé e Moteé estão ocupadas com o trabalho no Senado. Typho
definitivamente descobrirá que algo está acontecendo, mas ele não
perguntará. Mariek vai descobrir exatamente o que está acontecendo, mas
não vai confirmar ou espalhar fofocas.
— Acho que é isso que acontece quando você se cerca de pessoas leais,
— ponderou Sabé. — Eu me pergunto quantos outros senadores estão tão
seguros com os seus próprios agregados domésticos.
— Todas nós sabemos que é nos dois sentidos, — Dormé apontou. — E
todas nós sabemos para o que nos inscrevemos, mesmo que os detalhes
sejam um pouco diferentes.
— Eu não gosto disso, — Sabé disse7. Não tinha certeza se ela queria
dizer Anakin, as novas camadas de separação na casa, o Senado, toda a
guerra, ou tudo ao mesmo tempo.
— Mas você vai fazer isso, — Dormé disse. Não era uma pergunta, mas
havia a oportunidade de ter uma resposta enterrada nela.
— Sim, — Sabé disse. O vestido caiu um pouco melhor em os seus
ombros, e ela organizou os seus pensamentos para o discurso que deveria
dar em algumas horas. Padmé precisava que ela fosse Amidala, então ela
seria Amidala. Por enquanto. Até que Padmé voltasse e elas pudessem
conversar sobre isso, aberta e livremente, do jeito que sempre faziam. —
Sim, eu vou.
Hebekrr Menor era, como o nome sugeria, o segundo planeta habitável em
seu sistema solar. Hebekrr Maior era geologicamente instável há algum
tempo, embora as pessoas tivessem vivido lá em um passado distante.
Expedições ocasionais eram enviadas para recuperar tecnologia antiga e
artefatos culturais da superfície quebrada do planeta, mas ninguém
conseguiu ficar lá por muito tempo.
A batalha em Hebekrr Menor era centrada na maior concentração
populacional do hemisfério sul do planeta. O Exército da República e a
milícia de Hebekrr controlavam a cidade, enquanto os Separatistas faziam
incursões das colinas circundantes e destruíam qualquer terra arável que
encontrassem. Afinal, eles não tinham vindo a Hebekrr por alimentos. A
verdadeira riqueza do planeta estava nos minerais que revestiam seu solo.
Se os Separatistas não pudessem lucrar com eles, ninguém o faria. A única
pequena misericórdia era que o planeta não era exatamente uma prioridade
Separatista, então havia muito pouco apoio aéreo e nenhuma nave havia
sido deixada para trás.
A Namrelllew entrou em órbita no céu vazio acima da superfície do
planeta. Padmé e Typho juntaram-se aos Wookiees no convés de voo para
que pudessem escanear a área de pouso por si mesmos.
— Não há espaço dentro das fortificações da cidade para uma nave
desse tamanho, — Typho apontou. — Mas esperávamos que fosse esse o
caso. Padmé e eu vamos pegar o transporte, fazer o abastecimento e depois
voltar aqui. Algum de vocês virá conosco?
Naijoh balançou a cabeça com uma negativa vibrante. Não era tanto que
os Wookiees confiavam na sua segurança, mas sim que Padmé e Typho não
tinham para onde ir. E também não seriam pagos.
— Tudo bem então, Capitão, — Padmé disse. — Vamos carregar.
O G-1FY os ajudou com os trenós de carga enquanto carregavam o
transporte. A pequena nave tinha blindagem mínima e um canhão voltado
para a frente, mas serviria. Eles não esperavam fogo pesado, e os clone
troopers sabiam que eles estavam chegando, para que pudessem fornecer
defesa terrestre. Levou apenas alguns minutos para terminar de carregar, e
então eles estavam prontos para partir.
— Transporte Um partindo, — Typho disse no comunicador.
As portas da baía se abriram, e mesmo que Padmé estivesse em um
recipiente lacrado, ela ainda imaginava que podia sentir o frio do espaço
despressurizado.
— Afirmativo, — G-1FY disse. — Os capitães me dizem para lhes
desejar bom voo.
— Obrigada, — Padmé agradeceu. — Encontraremos vocês no ponto
de encontro quando terminarmos.
Typho pilotou a nave para fora da baía, e então eles começaram a descer
em direção ao planeta. Como esperado, o oficial de comunicações clone os
pegou quase imediatamente e forneceu-lhes coordenadas de pouso seguras e
uma rota evasiva para evitar qualquer uma das armas pesadas dos
Separatistas. Eles pousaram sem incidentes e o descarregamento ocorreu
rapidamente.
— Ce-Ce-Dezessete-Setenta-Um, comandante clone, reportando, —
disse um soldado com finas listras azuis pintadas para cima e para baixo nos
braços da sua blindagem. — Tudo parece em ordem. Tenho os créditos do
seu chefe prontos para enviar.
Padmé não resistiu a fazer algumas perguntas. Pode ser a única chance
que tinha de interagir com os clones na frente.
— Como você se chama, comandante? — ela perguntou.
— Sticks, — ele respondeu. Ela desejou poder ver o rosto dele, mas não
tinha certeza se era educado pedir a ele que tirasse o capacete. Sabia como
ele era, é claro, mas havia muito a ser dito sobre o contato visual.
— Prazer em conhecê-lo, Comandante Sticks, — Padmé disse. — Há
mais alguma coisa que possamos fazer por você enquanto estamos aqui?
O comandante pareceu hesitar, inclinando-se na ponta dos pés antes de
possivelmente lembrar que, pelo que sabia, ela era apenas uma empreiteira
independente, não uma senadora a quem ele devia alguma coisa.
— Se você tiver algum tempo para esperar, eu pediria que você falasse
com o meu general, — Sticks respondeu por fim. — O General Sivad e o
seu aprendiz estão na casa do magistrado, e eles podem precisar da sua
ajuda, se você puder dar.
— Claro, — Padmé disse, assim que Typho voltou para o lado dela.
Sentiu que ele queria protestar, mas ele não disse nada. — Por favor,
comandante, mostre o caminho.
Sticks emitiu mais algumas ordens, incluindo que o transporte fosse
reabastecido, e depois os escoltou pela cidade.
— Tem certeza que isso é uma boa ideia? — Typho sussurrou. — É um
desvio da missão.
— É um desvio de nossa missão principal, — Padmé respondeu. —
Mas esta é a primeira chance que alguém do Senado teve para ver como as
linhas de frente operam. Temos confiado nos relatórios Jedi, que são
adequados, mas ocasionalmente eles ignoram as coisas.
— Apenas tente manter isso sob controle, — Typho apontou.
— Claro, Capitão, — Padmé disse.
A cidade deve ter sido um lugar bonito, uma vez, mas a vida de cerco e
o bombardeio constante estava começando a cobrar o seu preço. Muitas das
janelas estavam escurecidas ou tapadas, as lojas estavam fechadas, os
parques estavam vazios e a vida vegetal estava murchando.
— Estamos sitiados aqui há várias semanas, — Sticks apontou enquanto
caminhavam. — Quase desde o início da guerra. Os Separatistas tentaram
comprar direitos minerais, e quando o governo local recusou, tentaram
tomá-los. Foi aí que entramos. Agora, as latas-velhas parecem focadas na
destruição, esperando que a magistrada ceda.
— Você acha que ela vai? — Padmé perguntou.
— Isso não cabe a mim dizer, — Sticks apontou. — Embora haja outros
fatores em jogo que o General Sivad explicará.
Eles chegaram à casa da magistrada e foram admitidos imediatamente
depois que o Comandante Sticks os avalizou. Mesmo aqui, os sinais do
cerco eram prontamente aparentes. A casa foi reforçada estruturalmente e
servia como um hospital de apoio para qualquer pessoa com problemas não
emergenciais. Eles também estavam operando uma cozinha de sopa fora do
refeitório estatal. Tudo estava organizado, mas havia um toque de desespero
no ar. As pessoas aqui estavam muito perto de quebrar.
Sticks os conduziu ao centro de comando, uma grande sala de reuniões
no meio da casa. Era, Padmé adivinhou, geralmente onde as reuniões
públicas eram realizadas, mas os clones tinham reaproveitado com bastante
eficiência. Sticks os trouxe para os Jedi e esperava ser reconhecido.
— General, Magistrada, — Sticks cumprimentou. — São os pilotos do
abastecimento. Eles acabaram de entregar mais suprimentos médicos e
vários outros itens. Eles têm a sua própria nave e tecnicamente não são
afiliados a nenhum dos lados deste conflito.
— Muito bem, Comandante, disse o General Sivad. Ele era um homem
humano baixo e atarracado, com cabelo louro branco e um rosto corado e
amigável. — Magistrada, a Força nos deu a chance de restabelecer o
equilíbrio aqui.
A magistrada de Hebekrr era uma humana com pelo menos setenta anos
de idade. O seu rosto e mãos estavam enrugados e rachados, sinais de que
havia trabalhado tanto quanto qualquer um dos seus eleitores antes de se
voltar para a política. Quando ela olhou para Typho e Padmé, um grande
peso pareceu sair dos seus ombros.
— O exército Separatista está exigindo uma reunião comigo, — ela
disse. — Eles não são sutis. Eles claramente vão me fazer assinar algo se
chegarem perto de mim. O nosso melhor recurso até agora tem sido
prolongar o cerco. Eles terão que ficar sem droides eventualmente, e os
direitos minerais em Hebekrr não valem tanto assim.
— Fortalecemos a cidade da melhor maneira possível, — acrescentou o
General Sivad. — Todos nós concordamos que proteger a magistrada era a
prioridade, então ela ficou nesta casa.
— Tudo isso estava funcionando até dez horas atrás, quando um grupo
de agentes Separatistas orgânicos romperam as defesas de uma fazenda
duzentos quilômetros a leste daqui e sequestrou a minha neta, a esposa dela
e todos os meus três bisnetos. — A magistrada respirou fundo. — Estamos
tentando ganhar tempo desde então, mas obviamente qualquer objetividade
que eu tinha se foi há muito tempo.
— Normalmente, eu interviria como parte neutra, — o General Sivad
observou. — Mas com a decisão do Conselho de tomar partido na guerra,
isso não é mais possível. Tanto eu quanto o meu Padawan seríamos
considerados combatentes inimigos.
— O meus homens montaram um plano de extração, — Sticks
observou. — Mas sem uma nave neutra, a nossa intenção seria bastante
óbvia.
Padmé olhou para o mapa da cidade sitiada e arredores. Não era
diferente de partes de Naboo, embora obviamente a geomorfologia de
Theed fosse mais dramática. Não podia simplesmente voltar para Coruscant
e fazer um relato frio de como era a frente. Como uma senadora, Padmé
tinha que ajudar, mesmo que eles nunca pudessem saber que ela era, de
fato, fortemente afiliada ao lado deles. Como pessoa, Padmé não via
nenhuma dúvida. Era novamente como com a irmã da Rainha Jamillia, onde
o capital político deve ser considerado como peso adicional em um jogo de
números, por mais injusto que fosse para todos os outros.
— Tudo bem, — ela disse. — Acho que tenho uma ideia.
Ao lado dela, Typho suspirou. Sabia exatamente para onde isso estava
indo, mas a verdade era que ele não iria impedi-la mesmo se pudesse. Isso
era o que Padmé fazia, e ele sabia disso muito bem quando se inscreveu
para estar a serviço dela.
— O quanto você queria aquele rum Chadiano?

Eles carregaram o rum, Comandante Sticks e seis outros clones em


armaduras furtivas no transporte. Era bastante apertado. Então eles
decolaram e se colocaram em órbita acima da cidade. Quando tiveram
certeza absoluta de que os Separatistas tiveram tempo suficiente para
escaneá-los, Typho abriu um canal de comunicação.
— Aqui é o transporte de reabastecimento da Namrelllew chamando a
base separatista, — Typho disse. — Não somos afiliados a nenhuma das
partes e temos suprimentos a bordo, se vocês estiverem interessados em
comprá-los.
Houve um longo silêncio, e então uma voz orgânica falou.
— Aqui é o intendente Separatista, — ele disse. — Sabemos que você
acabou de sair da plataforma de pouso da cidade.
— Sim, e eles não compraram toda a nossa carga. — Typho soou
profundamente irritado. — Você acha que eu quero levar tudo de volta para
o meu chefe e depois ter que explicar por que eu nem tentei vendê-la?
— Somos principalmente um exército de droides, — o intendente
respondeu. — Temos poucas necessidades.
— É rum Chadiano, — Typho disse. — Ninguém precisa, mas é bom ter
por perto, sabe? Eu vou te fazer um negócio melhor do que eu ia dar a esses
pão duros da República.
Houve outra longa pausa.
— Estamos registrando um grande número de sinais de vida na sua
nave, — o intendente disse.
— Bem, há uma guerra! — Typho disse. — Não vou viajar sem
segurança. Olha, você está interessado ou não? Estou queimando
combustível aqui.
— Muito bem, — o intendente respondeu. — Pouse nestas coordenadas.
Abra a escotilha do seu transporte. Não desembarque.
O comunicador ficou em silêncio.
— Isso é o suficiente? — Padmé perguntou.
— Ah, sim, — o Comandante Sticks respondeu. Ele parecia animado.
Padmé podia entender. A guerra era feia, mas ele foi feito para isso. Sabia
como era ter um trabalho que parecia puro fogo quando estava indo bem.
Padmé foi até o estojo de armas na parede do convés de voo e pegou o
seu blaster. Typho carregava a dele, mas preferia a pequena vibrolâmina que
Dormé havia projetado para caber na manga da túnica do piloto. Agora ela
ia precisar de uma arma. Não era o blaster de prata delicado que a Rainha
Amidala tinha usado, nem era o volumoso rifle blaster E-5 que a Senadora
Amidala tinha usado durante a luta na arena em Geonosis, mas faria o
trabalho. Prendeu o blaster e várias células extras de energia em seu cinto e
então se sentou ao lado de Typho. Na parte de trás, ela podia ouvir os clones
fazendo as verificações finais de suas próprias armas e equipamentos. Era
reconfortante, de certa forma. Estes eram soldados, e eles eram muito bons
em seu trabalho. Confiava neles, e não apenas porque os tinha visto em
ação antes. Eles exalavam uma aura de competência.
— Leve-nos lá, Capitão, — Padmé disse.
Ela esqueceu que, tecnicamente, ela não estava dando ordens nesta
missão, mas ninguém a questionou. Typho trouxe a nave de volta à
superfície de Hebekrr, e Padmé Amidala entrou no centro do conflito
galáctico mais uma vez.
O problema com a maioria das pessoas que viviam em Naboo era que, com
exceção de um período de uma semana de extrema dificuldade há mais de
uma década, muito poucos deles tinham alguma ideia do que era o
verdadeiro sofrimento. Eles estavam cheios de empatia e boas intenções,
mas tinham muito pouca experiência prática. De qualquer forma, com o seu
trauma coletivo lhes deu um tremendo potencial para agir mal: era possível
que, em um esforço para evitar repetir os eventos da Ocupação, eles
tomassem medidas sem considerar o efeito nos planetas vizinhos.
Saché estava determinada a evitar isso, mas os seus colegas em Naboo
não estavam facilitando seu trabalho. Ao se recusarem categoricamente a
cancelar a legislação que ofendia tanto os outros planetas do setor
Chommell, eles forçaram Saché a uma posição defensiva com a qual não
concordava. Teria preferido começar do zero, mas o Governador Bibble
tinha amarrado as mãos dela: eram emendas ou nada, e era melhor não ser
nada.
A Governadora Kelma foi, no mínimo, a escolha perfeita de mediador
para as negociações. Karlinus era o planeta mais rico do setor, depois do
próprio Naboo, e ainda assim era confiável para os sistemas periféricos. Até
Harli Jafan a ouviu, o que foi útil, porque certamente não ouvia mais
ninguém.
— O que impede Naboo de jogar tudo isso fora no momento em que se
torna inconveniente pra eles? — Harli pediu várias horas para discutir o
rascunho atual. Parou de andar há um tempo, e agora ela apenas gesticulou
da cadeira, ocasionalmente batendo na mesa para dar ênfase. — Não há
nada aqui que responsabilize Naboo.
— Se você não pode confiar em nós para nos responsabilizarmos, como
você pode confiar em qualquer legislação? — Saché perguntou. Estava
começando a ficar um pouco frustrada, embora entendesse a relutância de
Harli. Ainda assim, se não houvesse confiança na fundação, como eles
poderiam construir alguma coisa? — Tem que haver alguma medida de
reunião no meio, Representante Jafan. Isso é que é compromisso.
— Não é um grande compromisso se a única mudança é que Naboo se
beneficia um pouco menos, — Harli respondeu. Houve um murmúrio de
concordância dos outros delegados, a maioria dos quais estava presente
holograficamente.
Saché beliscou a ponta do nariz. Ela nem discordou. Ela odiava discutir
por uma posição com a qual não estava totalmente de acordo, embora fosse
uma profissional e entendesse o que estava em jogo. O setor Chommell
tinha que se manter unido enquanto a guerra prosseguia. Naboo não podia
ficar sozinho e não podia pilhar impiedosamente os planetas ao redor para
sobreviver. A única maneira de resolver o problema era fundir-se em algo
mais forte do que um único planeta ou sistema, e então esperar como o
inferno que todos cumprissem a sua parte no trato quando se tratava de
sacrifício.
— E se mudarmos um pouco os termos do fluxo de energia, — Saché
disse. Era uma ideia que pairava no fundo da sua mente há algumas horas, e
este era o momento de expressá-la.
— O que você quer dizer? — Kelma perguntou. Era a primeira vez que
a governadora falava em muito tempo, além de controlar quem tinha a
palavra.
— No momento, Naboo exige apenas que dois dos seus três órgãos
legislativos concordem com qualquer mudança política importante. Alguma
combinação da rainha, do governador e da própria legislatura. — Saché
bateu na mesa à sua frente. — E se fossem os três? Em uma votação
secreta, simultaneamente?
— Você quer dizer que todo mundo votaria de acordo com a sua
consciência, e se houvesse alguma discordância, nada aconteceria? — Harli
perguntou. — Você nunca mais faria nada.
— Teríamos que ajustá-lo, obviamente, e eu estava pensando que seria
específico para este arranjo, e apenas este arranjo, — Saché respondeu. —
Nós poderíamos reescrever a linguagem de modo que apenas a autoridade
combinada de Naboo tenha alguma influência. E isso quase nunca acontece.
No mínimo, a rainha recusaria e, se tivesse o poder de vetar, mais
representantes poderiam votar... corajosamente.
— Ah, o idealismo de Naboo, — disse um dos hologramas. — É bom
saber que algumas coisas nunca mudam.
Saché inclinou a cabeça e os deixou rir por um momento às suas custas.
Poderia levar o golpe em seu ego, e tinha certeza de que valeria a pena de
qualquer maneira.
— Terá que ser uma linguagem realmente específica, — Harli observou.
Se recostou na cadeira e se espreguiçou. Saché sabia que ela havia vencido.
— Algum tipo de... alinhamento de poder em todo o setor que via Naboo
como uma entidade única que tinha que concordar consigo mesma
internamente.
— Podemos começar a trabalhar nisso assim que você quiser, — Saché
disse. Ela abriu um novo rascunho da legislação em seu datapad.
— Ah, você não vai escapar tão fácil, — Harli disse. Um largo sorriso
dividiu o seu rosto. Estava claramente de volta ao bom humor. — Há outros
termos que eu quero ver mudados.
— Não estou nem um pouco surpresa, Representante Jafan, — Saché
disse. Podia se dar ao luxo de ser graciosa: ela já tinha conseguido o que
queria, e agora era apenas uma questão de acertar os detalhes. — Vamos
começar a trabalhar?

As questões econômicas foram a parte mais complicada. Eles passaram


quase um dia inteiro discutindo sobre a diferença entre o valor justo de
mercado e os preços fixos, e o que beneficiaria mais a quem. Saché
principalmente ficou de fora dessa parte, a menos que Tepoh sinalizasse
algo para a sua atenção. Realmente não se importou com o que o projeto
acabou dizendo. O seu trabalho era codificar quem controlava quando isso
terminasse. Além disso, ela realmente não sabia qual era o preço atual dos
grãos denta não processados.
O documento resultante foi uma troca muito mais equitativa entre todos
os planetas do setor Chommell. Naboo poderia esperar enfrentar alguma
escassez em termos de produção de alimentos e custo de material de
construção à medida que a guerra se arrastasse, mas não seria insuperável, e
não era mais do que qualquer outro planeta foi solicitado a desistir.
Definitivamente havia alguns problemas com a rede elétrica, se
trabalhadores externos de Jafan ficassem em casa como a lei sugeria, mas
isso era um assunto interno, e Naboo lidaria com isso.
— Nunca mais vamos fazer isso, — Harli disse baixinho para Saché
enquanto o holograma do Governador Bibble e da Rainha Jamillia aparecia
na sala de reuniões para ouvir o rascunho final.
— É um acordo, — Saché disse. — De agora em diante, só encontros
informais, nada de discussões importantes.
— Obrigada por fazer isso, — Harli disse. — Eu sei que você só
concorda com metade do que defendeu. Significa muito que você arriscaria
a sua reputação por nós. Nós não votamos em você, e o seu pessoal é quem
pode acabar em desvantagem.
— Colocar Naboo em primeiro lugar nunca foi bom para Naboo, —
Saché observou. — A longo prazo, de qualquer maneira. Gosto de pensar
que sou melhor no jogo a longo prazo.
— Ah, com certeza. — Harli indicou o Governador Bibble com o
queixo. — Quando você conseguir o emprego dele, teremos uma explosão
absoluta.
Saché fez um som indelicado com a sua mão e então forçou a sua
atenção de volta para o evento histórico que acontecia à sua frente. Todos os
líderes planetários e delegados do setor Chommell concordaram com as
emendas ao projeto sem maiores debates ou esclarecimentos. A assinatura
ocorreu de forma rápida e sem cerimônia, por conta de quem vinha
debatendo incansavelmente há dias. Finalmente, foi feito. Saché foi
aplaudida por todos os presentes, e alguém lhe entregou uma taça de
espumante para comemorar. Fez um brinde à Governadora Kelma
silenciosamente do outro lado da sala e depois esvaziou a sua taça com
Harli.
Tepoh apareceu ao lado dela cerca de quinze minutos depois da
celebração, com o datapad sempre presente na mão.
— Tomei a liberdade de ter todas as nossas coisas empacotadas, —
disse. — Há um transporte tardio de volta para Naboo hoje à noite, se você
quiser pegá-lo?
— Eu realmente quero, — Saché respondeu. — Quanto tempo eu
tenho?
— Cerca de trinta minutos, — Tepoh respondeu. — Vou despachar tudo
na frente.
Saché apertou a mão de Harli e depois lutou entre a multidão para
chegar ao lado de Kelma.
— Obrigada novamente pela hospedagem, Governadora, — Saché
disse. — Se você não se importa, eu gostaria de sair e ir para casa.
— Claro, minha amiga, — Kelma disse. — Diga a Yané que eu mandei
um oi.
Saché sorriu e se despediu. Antes que ela percebesse, ela estava de volta
no transporte com destino a Naboo. A casa estava um pouco mais segura
agora. Um pouco melhor. E logo estaria muito, muito perto.

Perguntou-se o que eles fariam com o dilema em que os colocou. Era um


experimento mental de muitas maneiras para ele. Um gato tooka entre
pombos. Um espetáculo divertido enquanto os pedaços maiores da galáxia
se alinhavam à sua vontade. Afinal, Naboo sempre foi o seu campo de
testes. Não havia razão para mudar os seus métodos tão tarde nas suas
maquinações.
Levar o projeto original à atenção de Quarsh Panaka tinha sido apenas o
primeiro elo de uma corrente que não conseguia ver o fim. Ou melhor,
podia ver várias pontas e não tinha certeza de qual escolheria seguir. Todos
eles o beneficiariam, no entanto. Eventualmente. Esse foi o único jogo que
jogou.
A legislatura de Naboo reagiu exatamente como esperava. Eles se
lembravam de estar com fome, reunidos em acampamentos. Eles não
gostariam de experimentar isso novamente. A Representante Saché também
reagiu exatamente como esperava, com o seu coração sangrando e a sua boa
índole determinada. Foi direto para Karlinus e estabeleceu conversas em
todo o setor.
Honestamente não tinha certeza do que teria sido mais divertido: o setor
desmoronando e se voltando um contra o outro ou o setor se juntando,
como uma rocha gigante que levaria um pouco mais de tempo para o
oceano erodir.
A solução deles o surpreendeu. Ah, não se importava com os detalhes.
A ascensão e queda do mercado agrícola não o interessava em um nível
prático, e não tinha interesse na construção em planetas nos confins como
Jafan. O que o interessava era que Naboo havia escolhido se enfraquecer.
Não apenas em termos de recursos, que eles sempre poderiam comprar de
imediato se a pressão viesse a forçá-los, mas em poder político.
Todo o planeta, rainha, governador e legislatura tinham que agir como
um só para que o projeto fosse derrubado. Era uma decisão que abriu
precedentes, e mal podia acreditar que Saché conseguira que todos
concordassem com isso. Mas a Rainha Jamillia era a protegida de Padmé
Amidala, e o Governador Bibble era o seu fantoche de muitas maneiras, e a
legislatura quase se enforcou tentando mantê-la no trono. Poderia ter sido
melhor para eles se tivessem. Do jeito que estava, havia um ponto fraco na
estrutura de poder que nem mesmo Saché havia considerado, porque era tão
impensável para a funcionalidade de Naboo. Eles sempre foram um
triunvirato: rainha eleita, representantes eleitos, governador nomeado
daquele corpo. Eles nunca imaginaram que algum dia a própria essência de
como Naboo era governada mudaria.
Que sorte que, no futuro que planejou, Sheev Palpatine tinha apenas um
líder para Naboo em mente.
O Comandante Sticks assumiu a operação imediatamente, dando ordens aos
soldados. Bombas de fumaça e outros dispositivos incendiários que
espalhavam confusão os precediam pela rampa. Pequenas bombas de pulso
foram direcionadas aos droides. Padmé e Typho usavam os seus capacetes
para que os gases não os afetassem. Os Separatistas não foram pegos
totalmente de surpresa. Uma entrega oportuna durante uma crise de reféns
não era a peça mais sutil do livro, mas eles subestimaram a quantidade de
poder de fogo que clones bem treinados poderiam colocar em um espaço
pequeno. Os clones dominaram os droides que os encontraram na doca de
desembarque e, em seguida, pararam para se reagrupar assim que a zona
estava limpa.
— A nossa inteligência indica que a família da magistrada está detida
naquele prédio, — Sticks disse. — Fiquem aqui e descarreguem o rum
enquanto os extraímos.
— Entendido, — Typho disse. Se ele achasse que tinha alguma chance
de fazer Padmé ficar dentro da nave, ele teria insistido no assunto, mas ele
sabia o suficiente para escolher as suas batalhas.
Os clones partiram. O fogo medido dos blasters, pontuado pela explosão
ocasional maior, falava de disciplina e treinamento. Isso não era como a luta
na arena, que tinha sido um pouco desesperada, ondas de clones atacando
como uma força esmagadora. Este era um ataque de precisão e, embora a
guerra tivesse apenas algumas semanas, os clones já eram especialistas em
combatê-la.
Uma segunda onda de droides inimigos rolou para a baía de
desembarque no momento em que Padmé conduzia o trenó final para a sua
posição. Haviam apenas três deles, dois droides de batalha e um droide
destroier, mas isso era mais que suficiente. Padmé gritou um aviso para
Typho e mergulhou atrás das caixas de rum. As caixas resistiriam ao fogo
do blaster, então ela não estava preocupada com uma explosão. Ser
flanqueada era outra questão.
— Por favor, me diga que você tem uma vibrolâmina costurada na sua
manga, — Typho disse da sua posição, preso na rampa. A arma da nave
estava virada na direção errada.
— Você acha que Dormé me deixa sair de casa sem uma? — Padmé
respondeu.
— Vou atrair o fogo deles e acabar com os droides de batalha, — Typho
disse. — Fique atrás daquele destroier e esfaqueie-o no processador.
Era, sem dúvida, a coisa mais perigosa que ele já havia sugerido que ela
fizesse. E ela estava pronta para se mover sem uma única hesitação.
— Pronta para ir! — ela chamou de volta.
Typho deu um berro alto e desceu a rampa. Ele virou à esquerda assim
que chegou ao fim, desviando a atenção dos droides de onde Padmé estava
agachada. Ele atirou nos droides de batalha enquanto corria, e o Destroier
seguiu os seus movimentos, girando lentamente em seu eixo estabilizador.
Padmé esperou o máximo que pôde e então partiu correndo em direção
ao Destroier. O chão estava escorregadio de graxa derramada e desordem
geral, mas não estava preocupada em perder o equilíbrio. Ela usou a graxa a
seu favor, deslizando os pés primeiro sob a base de suporte do Destroier.
Mesmo correndo, era lenta o suficiente para passar pelo escudo de proteção.
Antes que o Destroier pudesse voltar a mirar as suas armas, mergulhou a
vibrolâmina no seu núcleo de processador. O droide aracnídeo entrou em
curto, e o esfaqueou mais algumas vezes por precaução, até que ele
balançou para o lado em uma chuva de faíscas e caiu em cima dela.
— Minha senhora! — Typho estava ao seu lado em um piscar de olhos,
puxando metal em todas as direções em um esforço frenético para tirá-lo
dela. Levou um momento, com os dois trabalhando, foi então capaz de se
libertar.
— Estou bem, Capitão, — ela disse, olhando-o bem no rosto. Sabia que
ambos estavam pensando em Cordé, queimada e morrendo na plataforma de
pouso de Coruscant.
— Eu pensei... — ele disse. — Lembrei-me.
— Eu sei, — ela disse. — Estou bem. Nós dois estamos bem. E não
estou com pressa de fazer isso de novo.
Houve uma explosão maciça na parte de trás do complexo, e então
Comandante Sticks entrou no canal de comunicação.
— Transporte Um, Transporte Um, precisamos de uma extração. — O
comunicador tocou. — Transporte Um, você pode vir nos buscar?
— Estamos a caminho, — Typho respondeu.
Ele puxou Padmé pela rampa e a colocou em seu assento no convés de
voo. As pernas dela começaram a tremer. Qualquer confiança que sentiu no
calor do momento estava diminuindo agora. Se forçou a se concentrar. Eles
ainda não terminaram. Mal havia terminado de se prender quando Typho
decolou, sem se preocupar em retrair a rampa. Um salto rápido no ar os
levou sobre o prédio em chamas, e eles viram os clones facilmente à luz do
fogo. Todos os cinco alvos estavam com eles.
Typho baixou a nave, pairando acima do solo enquanto os clones
levavam os prisioneiros resgatados e a si mesmos pela rampa. Padmé podia
ouvir o ranger de pés se aproximando. Eles estavam ficando sem tempo.
— Vai! Vai! — veio a ordem do Comandante Sticks de trás.
Typho elevou a nave bruscamente, o metal gritando enquanto a rampa
tentava fechar apesar do torque trabalhando contra ela, e então eles estavam
longe em segurança.
— Não vamos fazer isso de novo tão cedo também, — Padmé disse,
com o seu coração acelerado.
— Concordo, — Typho disse. As suas mãos ainda seguravam os
controles com muita força.
— Vou me certificar de que todos estão bem, — Padmé disse.
— Devemos estar de volta à casa da magistrada em quinze minutos, —
Typho disse. — É um voo direto.
Padmé apertou o ombro dele enquanto passava por ele. Ele finalmente
soltou os controles para alcançar e apertar a mão dela. A última vez que eles
estiveram em uma missão secreta juntos, houve uma contagem de corpos.
Eles não falavam sobre isso, pelo menos não um com o outro, mas os
espectros de Cordé, Versé e os outros surgiram nas suas mentes. Os
demônios nunca seriam totalmente exorcizados. Eles sempre se
perguntavam o que poderiam ter feito diferente, como poderiam ter salvado
os seus amigos.
Mas esta missão foi um sucesso. Eles não deixaram o medo os
incapacitar. Eles haviam confiado um no outro. E eles tinham feito o
trabalho. Agora era apenas um pulo curto para levar essas pessoas para
casa, e então era seguir para a próxima.

A cena na casa da magistrada era silenciosamente jubilosa quando Padmé


voltou com Typho e o resto do grupo. O hospital improvisado e a cozinha
com comida de caridade ainda marcavam o cerco, mas a atmosfera havia
mudado. A esperança havia sido restaurada. Era bem diferente da
formalidade rígida e vaga relutância com que Jamillia e Antraya se
cumprimentaram quando Padmé e Anakin as reuniram. Mas não era menos
importante, politicamente falando, do que aquela missão tinha sido.
Padmé observou a magistrada abraçar a sua neta e a sua nora, e então
puxar todas as crianças para perto dela. Sabia que eles estavam falando uns
com os outros, mas não conseguia escutar. Sabia melhor do que ninguém o
que uma pessoa poderia dizer no calor de um momento perigoso ou
emocional.
— Obrigado, — disse o Mestre Jedi Sivad, aparecendo ao lado de
Padmé com um pequeno Ithoriano que Padmé presumiu ser o Padawan
dele. — Os Jedi trilham um caminho difícil neste momento, e fico feliz em
saber que você está trilhando conosco.
Ele estava tão calmo que Padmé legitimamente não poderia dizer se ele
a reconheceu ou não. Não o conhecia, mas os Jedi tinham um jeito de
compartilhar informações que não conhecia. Decidiu não insistir no
assunto. Serviria melhor a todos os seus propósitos se o seu disfarce
permanecesse intacto, mesmo com aqueles que poderia ter feito amizade.
— Sim, obrigada a ambos, — a magistrada agradeceu. — Fizemos uma
coleta para pagar pelo resgate. Não temos muitos créditos da República,
mas...
— Não, — Typho disse antes que Padmé pudesse intervir. — Resgatar
pessoas por dinheiro não é algo que eu faço. Não é algo que fazemos.
— Você vai ficar aqui, agora? — Padmé perguntou. — Mantendo a sua
família por perto para que isso não aconteça novamente?
— Retiramos o arsenal das latas-velhas e as suas estações de recarga, —
o Comandante Sticks relatou. — Eu não sei quantos droides de batalha eles
ainda têm, mas mesmo com reforços solares, eles ficarão sem energia em
pouco tempo. Talvez uma semana no máximo. Nós definitivamente
podemos segurá-los por tanto tempo.
— Mas o que acontece depois disso? — Padmé perguntou. — A sua
companhia seria designada para outro lugar, correto?
— Isso é verdade, — o General Sivad respondeu. — Este destacamento
não era para ser permanente.
— Suponho, a magistrada disse lentamente, — que poderíamos nos
juntar à República.
Ela não parecia muito entusiasmada com isso. Os outros na sala fizeram
barulhos expressando desconfiança vaga e refutação direta. Era uma boa
solução, e a única que Padmé podia ver, mas mesmo com os seus
sentimentos sobre a galáxia estar melhor unida, não era assim que gostava
de ganhar candidatos.
— Eu posso... — ela começou, e Typho tossiu. — Eu conheço um cara,
— ela corrigiu. — Será apenas um trabalho de preparação, mas você
ganhará algum tempo e terá direito à proteção total da República, mesmo
durante as negociações preliminares.
O Jedi a olhou mais atentamente, mas não disse nada. Isso
definitivamente não era algo que um mercenário comum saberia ou seria
capaz de prometer, e ele sabia disso. Ele assentiu pra ela e colocou a mão no
ombro do seu Padawan.
— Muito bem, — disse a magistrada. — Vamos abrir negociações.
— E é uma honra protegê-los em nome da República, — o Comandante
Sticks disse.
— Você pode ficar? — perguntou uma das crianças que eles salvaram.
Todos as três olharam para Typho como se ele fosse a pessoa mais
interessante que já tinham visto. Os adultos às vezes se incomodavam com
o seu tapa-olho, mas as crianças nunca tinham medo dele, o que Padmé
sabia que divertia imensamente Dormé.
— Receio que não, — ele respondeu. — Já estamos atrasados para
retornar à nossa nave.
O Comandante Sticks e os Jedi os escoltaram de volta ao transporte,
deixando a magistrada algum tempo sozinha com a sua família.
— Suspeito que nem tudo seja exatamente o que parece, — o
Comandante Sticks disse como forma de despedida quando chegaram à
doca. — Mas vocês estão claramente do lado certo disso, e espero que
nossos caminhos se cruzem novamente.
— Boa sorte, Comandante, — Padmé disse. Ao inclinar a cabeça
levemente na direção do Jedi. — Mestre.
— Que a Força esteja com você, — Sivad disse.
A porta da baía se fechou e Typho levou a nave suavemente de volta ao
espaço. Padmé estava realmente ansiosa para relaxar na Namrelllew. O seu
traje de piloto era confortável, mas não foi projetado para deslizar pelo chão
da doca, e sentiu como se estivesse coberta de graxa.
— Isso nunca vai acabar, não é? — Typho perguntou. Não era realmente
uma pergunta, mas Padmé o respeitava o suficiente para dar uma resposta.
— Não, — ela respondeu. — Nunca vai. Os combatentes mudam, e eu
entenderia se você quisesse parar de lutar e voltar para Naboo para se casar,
ou cultivar orquídeas, ou qualquer outra coisa. Mas isso? Fazer o que é
certo para quem não pode? Isso nunca acaba.
— Só posso falar por mim, — ele disse. — Mas eu vou ficar com você
enquanto você precisar de mim.
— Obrigada, Capitão, — Padmé agradeceu.
A Namrelllew apareceu na frente deles, e Typho sinalizou que eles
estavam prontos para atracar. As portas se abriram para recebê-los, e Typho
trouxe a nave para um pouso seguro.
Idda estava esperando por eles, pulando em os seus pezinhos e pronta
para fazer qualquer manutenção que o transporte pudesse exigir.
— Marcas de carbono? — ela indagou acusadoramente quando viu as
pequenas marcas que a nave havia pegado durante o resgate. — Somente
uma descida e marcas de carbono?
— Ficou um pouco complicado, — Typho respondeu. — É por isso que
os seus capitães nos contrataram para cuidar da entrega em vez de pedir
para você fazer isso.
Essa resposta não acalmou Idda nem um pouco. Chilreou pra ele em seu
próprio dialeto, e Padmé não precisava de um droide de protocolo para
saber que ela estava usando uma linguagem escandalosa.
— Eu vou te ajudar a limpar isso, — Padmé disse, esperando que isso
acalmasse a pequena ave.
— Não, não, — Idda protestou. — Minha nave de transporte. Você vai
se limpar.
Voltou a trabalhar, já cantando aquela música sobre o peixe novamente.
Foi mais do que um pouco cativante. Padmé nunca iria tirar isso da cabeça
nesse ritmo. Evadir era a única opção.
— Vou fazer o nosso relatório para os Wookiees, — Typho disse. —
Espero que eu encontre Ify no meu caminho para o convés de voo.
— Obrigada, Capitão, — Padmé disse. — Eu realmente me sinto um
pouco nojenta.
Foi para a sua cabine e colocou as camadas externas do seu uniforme de
piloto no limpador enquanto lavava a gordura da sua pele. Era impossível
ficar realmente limpa sem um banho completo, mas pelo menos assim
Padmé se sentiria melhor. Podia esperar até que chegasse a hora da ração
para fazer o resto.
Vestiu a túnica e as calças quando estavam secas e prendeu o cinto.
Queria dormir agora que a sua adrenalina estava acabando, mas algo lhe
dizia que ela não podia. Eles ainda não tinham conhecido o contato que
havia avisado o Conselho Jedi. O seu tempo a bordo estava quase
terminado.
Abriu a porta para checar Typho e encontrou G-1FY esperando por ela.
— Senadora, — o droide disse. A respiração dela ficou presa. — Se
você vier comigo.
Os generais Jedi haviam se espalhado no início da guerra, e muitos deles
foram chamados de volta ao Templo para avaliação e reatribuição. O
Chanceler Palpatine queria aproveitar o número de Jedi que haviam
retornado a Coruscant fazendo com que eles se encontrassem com os
membros do Senado. Como uma festa não era adequada ao gosto Jedi e a
agenda do Senado já estava cheia de reuniões diárias, então foi decidido que
um grupo de senadores faria uma peregrinação ao próprio Templo Jedi. A
Senadora Amidala estava, naturalmente, entre os selecionados para
participar.
Sabé não estava ansiosa para ver Anakin Skywalker novamente. Ele a
deixava desconfortável, e quase certamente ele era capaz de esquecer a si
mesmo e estragar o seu disfarce. Mestre Kenobi também era uma ameaça,
embora menor: o havia enganado antes, e era menos provável que ele
anunciasse os seus segredos em público.
Acabou não sendo um grande problema. Em vez de conversas formais,
os Jedi pareciam preferir uma abordagem mais suave ao relatório militar.
Os senadores foram levados para um dos jardins do Templo, e lá eles
circularam entre os Jedi e Padawans reunidos, fazendo perguntas a quem
quisessem. Foi fácil para Sabé evitar o Jedi com quem não queria falar e
buscar conversas mais apelativas.
— Mestra Billaba, estou feliz em vê-la tão bem, — Amidala
cumprimentou a sua antiga aliada. Sabé voou com ela uma vez, mas até
onde Depa Billaba sabia, ela passou mais tempo com Padmé na missão
Bromlarch. — É bom ver uma Jedi que foi poupada da luta em Geonosis.
— Não escapei da luta por muito tempo, — Depa Billaba contrapôs. —
Mas essa batalha foi particularmente desagradável. É graças à atenção
especial da Padawan Barriss Offee que aqueles que se machucaram se
recuperaram tão bem, eu acho.
A Padawan em questão se aproximou deles com a menção do seu nome,
e Sabé não precisou revelar que não sabia quem era a garota.
— Padawan, — ela disse como um olá. — Você estava em Geonosis
também, correto? Lamento ser tão vaga. Foi um pouco confuso.
— Eu estive, — Barriss respondeu. — Com a Mestra Unduli.
— E você esteve em batalha novamente desde então? — Sabé
perguntou.
— Não, — Barriss respondeu. — Não tenho medo de lutar, mas não
quero lutar em uma guerra.
— Essa é uma resposta sábia, — Sabé apontou. — É o tipo de coisa que
eu gosto de ouvir de um Jedi.
A garota se mexeu desconfortavelmente, com o seu olhar deslizando
para Billaba na ausência do seu próprio mestre.
— Está tudo bem, Padawan, — Depa disse. — Os senadores vieram
ouvir as nossas opiniões.
— Vou evitar lutar enquanto puder, Offee disse. Os seus olhos
encontraram os de Sabé diretamente. — A minha mestra me treinou para
lutar, e sou boa nisso, mas prefiro trabalhar no centro médico. A arena em
Geonosis foi muito difícil de lidar e não estou muito orgulhosa de admitir
que estava com medo.
— Não acho que isso seja uma coisa ruim, — Sabé observou. — Se
precisamos de Jedi para lutar, precisamos que eles se curem da mesma
forma.
— Depois, tive problemas para dormir, — Barriss continuou. — Vários
ficaram feridos e me voluntariei para cuidar da clínica do Templo à noite,
mesmo que não seja realmente necessário.
— Não há nada que um Jedi possa fazer depois de uma batalha para se
recuperar? — Sabé perguntou.
— Muitos meditam, — Barriss respondeu. — Mas a minha cabeça
estava muito barulhenta. Eu não conseguia me concentrar. Alguns de nós se
recuperam descendo aos níveis dos Younglings, onde os Jedi mais jovens
aprendem e treinam. Achamos reconfortante ensinar as crianças ou ouvi-las
brincar.
— Mas você não? — Sabé perguntou.
— Não, Senadora. — Barriss olhou para Depa novamente, mas a
Mestra Jedi não interveio. — Isso era difícil. Eu não sou muito mais velha
do que alguns deles. Os Mestres desceram para vê-los treinar, e eles
estavam tão animados com a ideia de serem escolhidos como Padawans. Eu
queria dizer a eles que a guerra não é motivo de entusiasmo, que é horrível
e que eles são muito jovens, mas os Jedi se tornaram os generais desta
guerra, e devemos servir.
— Eu tinha quatorze anos quando lutei pelo meu planeta, — Sabé
apontou. — Mas isso acabou rápido.
— E isso ainda causou danos, — Barriss apontou.
— Sim, — Sabé concordou. — Muitos dos meus amigos têm cicatrizes,
visíveis ou não.
— Eles não merecem isso, — Barriss disse. — Todos esses Younglings
merecem mais do que eu vi por lá.
— Eles merecem, — Sabé disse. — E acho que os seus sentimentos
fazem de você a pessoa perfeita para garantir que eles entendam.
— Pode chegar um momento em que sejamos chamados a ir contra a
nossa natureza, — Mestra Billaba observou. — Quando isso acontecer,
devemos estar abertos às possibilidades.
— Eu estarei, Mestra, — Barriss disse.
Sabé não achava que esse fosse exatamente o tipo de conforto que a
Padawan precisava, mas não cabia intervir. Barriss parecia preocupada,
insegura sobre o que deveria estar fazendo. Sabé podia entender o
sentimento. Também não se sentia apta para a guerra, ou pelo menos não
para o tipo de guerra que estava sendo travada nos níveis superiores de
Coruscant. E tinha a liberdade de sair, eventualmente. Barriss Offee era
uma Jedi, e não era fácil deixar isso. Embora, sabia, havia pelo menos um
Jedi que desrespeitava as regras. Esperava que Barriss encontrasse
equilíbrio e uma maneira de servir. Esperava a mesma coisa para si mesma.
Deixou a Mestra Billaba guiá-la até onde um Mestre Jedi chamado Plo
Koon estava fazendo uma explanação, discutindo as táticas que o seu
esquadrão de clone troopers, o Wolfpack, empregava.
— Quanto mais individualidade os clones mostrarem, melhor a unidade
funcionará, — Plo Koon apontou. — É o contrário do que os Kaminoanos
nos disseram, mas é inegavelmente verdade.
— Concordar com você, eu devo, — Mestre Yoda disse. — Indivíduos,
eles são, e tratá-los como tal, nós devemos.
Um enorme Jedi com um rosto vagamente reptiliano fez um barulho
depreciativo, mas não disse nada. Muitas poucas pessoas, mesmo os
Mestres Jedi, discutiam com Yoda.
— Senadora Amidala. — Anakin Skywalker apareceu ao lado dela.
Sabé lançou-lhe um olhar fulminante, mas ele fingiu não notar. — Eu tenho
algumas informações sobre a Orla Média, se você quiser ouvir.
Era uma desculpa ridiculamente fraca, mas ninguém comentou. Sabé foi
com ele ao local do jardim onde uma dúzia de árvores em miniatura se
aquecia ao sol. Estava fumegando silenciosamente. Estava aqui para obter
conhecimento, não para enviar mensagens entre a sua amiga e o impetuoso
Jedi.
— Eu queria me desculpar por como eu tratei você na outra noite, no
apartamento de Padmé, — Anakin disse. Sabé ficou agradavelmente
surpresa. Não esperava um pedido de desculpas, e ficou claro no rosto dele
que ele havia pensado bastante nisso. — Fiquei surpreso e mais do que um
pouco desapontado, e reagi mal.
— Obrigada, — ela disse. — Eu aceito as suas desculpas.
Anakin riu com tristeza, e pela primeira vez, Sabé viu as sombras em
seu rosto do menino que tinha sido. Ele era muito bonito, agora que era
adulto.
— Eu sei que nunca seremos amigos, exatamente, — ele continuou. —
Mas nós dois nos preocupamos muito com ela. Você arriscou a sua vida por
ela mais de uma vez, e faria isso de novo. Você a protege de forma diferente
do que eu faria, e de maneiras que eu não posso. Poderíamos pelo menos
declarar uma trégua?
E ele era encantador também. Havia uma estranha sinceridade nele que
Sabé soube imediatamente que era a verdadeira razão pela qual Padmé
havia se apaixonado por ele. Não importa o que você possa dizer sobre
Anakin Skywalker, ele poderia ser o homem mais genuíno de toda a
galáxia.
— Trégua, — ela concordou. — E obrigado por protegê-la quando eu
não posso.
— É pra isso que eu me inscrevi, — Anakin apontou. Ele colocou as
mãos atrás das costas e sorriu pra ela, ousado e honesto.
A verdade de tudo atingiu Sabé de uma vez.
— Ela se casou com você, — ela disse. — Não é um caso. É uma
relação permanente.
Instantaneamente, Anakin foi para a defensiva novamente, com a sua
trégua evaporando no primeiro teste.
— Ela faz as suas próprias escolhas, — Anakin apontou. — Você sabe
disso.
Ele entrou no Templo, ignorando Mestre Kenobi quando este tentou
fazê-lo falar com Bail. Sabé mal o viu partir. Ergueu todas as paredes que
tinha, todos os truques e técnicas para esconder as suas emoções e se
controlar em público, enquanto por dentro estava cambaleando. Padmé fez
as suas próprias escolhas, mas isso era algo enorme, e ela fez isso sem
envolver Sabé de forma alguma. Isso a fez se sentir vulnerável e supérflua,
e Sabé não gostou da sensação.
— O Jedi Skywalker está bem? — O Chanceler Palpatine perguntou,
aparecendo do nada e parecendo preocupado.
— Sim, — Sabé respondeu, odiando-o por fazê-la dar cobertura para
ele. — Ele acabou de lembrar que tinha um compromisso de ensino. Com
os sabres de luz.
Não era a sua melhor desculpa, mas o Chanceler não pareceu se
importar.
— Caminhe comigo? — Ele estendeu o braço, e ela não teve escolha a
não ser pegá-lo.
— Claro, ela disse, e colocou a mão levemente na sua manga. O tecido
deveria ser familiar, como em casa, mas Palpatine há muito desistiu de usar
roupas feitas de Naboo. A diferença era totalmente superficial, mas Sabé a
sentiu assim mesmo.
Quando você caminha com o Chanceler, as pessoas saem do seu
caminho. Era sutil, mas era verdade, no entanto. Sabé não gostou da
maneira como se submetiam a ele. Parecia estranhamente fora de lugar,
como se estivessem se movendo antes que as suas mentes se decidissem a
fazê-lo. Ele era um funcionário do governo digno de respeito, é claro, mas
todos eram funcionários públicos aqui.
— Temo, minha querida, que estamos no início de tempos importantes,
— Palpatine disse enquanto caminhavam. Sabé sabia, inegavelmente, que o
Chanceler sabia exatamente com quem estava falando. — Tudo vai mudar.
O caos vai arranhar a porta, e cabe ao Senado mantê-la fechada.
Sabé já sabia disso. Viveu isso quando Naboo estava ocupado, e fez o
seu melhor para conter a maré trabalhando em Tatooine. O que os políticos
em Coruscant viam como uma interrupção distante ou um soluço
processual, ela experimentou em primeira mão. Ainda havia areia nas suas
botas para provar isso. Palpatine podia dizer o que quisesse, mas não era em
Coruscant que o trabalho seria feito.
— Vou confiar ainda mais em você nos próximos dias, Senadora, —
Palpatine disse. Esta foi uma mensagem, também. Se ficasse, haveria
muitos mais dias como este. — A sua presença constante aqui nas câmaras
do Senado me lembra pelo que estamos lutando, do que estamos tentando
alcançar.
Isso era demais. Entre a sua revelação sobre a natureza do
relacionamento de Padmé com Anakin e o jeito condescendente que o
Chanceler estava olhando pra ela, Sabé sentiu como se houvesse paredes se
fechando ao seu redor. A escuridão a puxou para baixo, e o desespero
brotou na sua alma por uma razão que não conseguia identificar. Lutou
contra isso. Era um peso desconfortável em seu peito, mas fez o possível
para desalojá-lo.
— Obrigada, Chanceler, — ela disse, com a sua voz cuidadosamente
nivelada. Era quase a voz da Rainha, algo que ela não usava há anos. — Eu
faço o meu melhor.
— Eu não poderia fazer isso sem você, minha querida, — Palpatine
disse. Sorriu como um tio para ela e deu-lhe um tapinha na mão. Foi
extremamente irritante. — Eu vou deixar você voltar para os Jedi.
Deixou-a perto de uma pequena piscina no jardim do Templo. A água
escorrendo a ajudou a controlar a sua respiração. A luz cintilante na
superfície da água atraiu a sua imaginação para coisas mais brilhantes. A
escuridão e o desespero se foram, mas se lembrou muito bem de como eles
se sentiram.
— Minha senhora? — Moteé veio ver como ela estava.
— Só um pouco tonta, — Sabé respondeu. — Eu pulei o almoço
novamente.
Moteé sabia muito bem que não tinha feito tal coisa, mas entendeu o
sinal claro como a luz do sol.
— Você quer ir? — Moteé perguntou. Tinha pelo menos uma dúzia de
desculpas prontas, caso algo fosse necessário. As aias de Amidala estavam
sempre, sempre prontas.
— Não, — Sabé respondeu depois de um momento. — Há muito o que
aprender aqui. Eu só preciso de um momento.
Moteé assentiu e ficou com ela até que Sabé se sentiu pronta para voltar
para a multidão. A sensação estranha havia passado completamente agora, e
não parecia que mais ninguém havia sido afetado. Talvez fosse o
desconforto de Anakin se projetando nela ou algum truque de magia do
Templo. Sabé sabia que a Força era limitada, afinal, mas fazia apenas uma
ideia aproximada do que poderia fazer. Certamente aqui, no centro Jedi em
Coruscant, haveria pequenos pontinhos de poder nocivo de tempos em
tempos.
Só que parecia tão sombrio, e os Jedi deveriam representar a luz.
Independentemente disso, Sabé agora sabia com absoluta certeza que o seu
tempo em Coruscant estava chegando ao fim. Quando Padmé voltasse, elas
teriam uma conversa, mas Sabé não fazia ideia do que aconteceria a seguir.
Isso a aterrorizou mais do que a escuridão, aquele abismo escancarado do
desconhecido em seu futuro.
Sabé olhou para a pequena piscina e sentiu o seu centro voltar a se
equilibrar. Não podia ficar aqui, nem mesmo por Padmé. E ela não tinha a
menor ideia de como iria dar a notícia para a melhor amiga que já teve.

A Senadora Amidala ficou indisposta apenas por um curto período de


tempo. Além da sua aia sempre presente, apenas uma outra pessoa no
jardim havia notado. Observou-a enquanto ela voltava para a multidão,
ouvindo cada Jedi enquanto eles contavam histórias sobre como trabalhar
com os clones, e como era lutar contra os Separatistas. Ela ouviu com
atenção e fez perguntas inteligentes e perspicazes, como todos esperavam
que ela fizesse. Não deu nenhuma indicação de que meros momentos atrás,
ela sentiu algo estranho.
Não ficou surpreso por ela ter dado de ombros a isso quase
imediatamente, é claro. A maioria das pessoas fazia isso. Mas os
sentimentos perduravam de maneiras que nem sempre eram perceptíveis.
Maneiras que poderiam ser exploradas mais tarde. A semente da ideia já
estava ali: a dúvida e a insegurança. Só esperava o momento perfeito e, em
seguida, garantia que certas forças as fizessem crescer.
O Chanceler Palpatine observou a Senadora Amidala circular entre a
multidão, a expressão dele tão gentilmente educada quanto pudim de apioc.
Apenas uma leve contração da sua boca o denunciou, e ninguém estava
olhando pra ele por tempo suficiente para ver isso.
A água na pequena piscina cintilante secou, e não importa o que os
jardineiros dos Jedi fizessem, eles nunca poderiam enchê-la novamente.
Padmé seguiu G-1FY pelo corredor porque realmente não tinha escolha.
Nem teve tempo de costurar a vibrolâmina de volta na manga. Poderia
dominar o droide com bastante facilidade, a menos que ele a eletrocutasse,
mas sabia que não poderia enfrentar nenhum dos Wookiees sem uma arma.
No entanto, o G-1FY não a levou para o convés de voo. Em vez disso, ele a
levou para um quartinho em frente ao refeitório. A placa na porta dizia
MANUTENÇÃO, e Padmé nunca precisou entrar.
— Se você não se importa, Senadora, — G-1FY disse educadamente.
— Por que você me chama assim? — ela perguntou, mais para enrolar
do que qualquer outra coisa.
— Porque esse é o seu título, — G-1FY respondeu. — Eu só aprendi
isso recentemente. Não posso acreditar que os capitães me fizeram servir-
lhe um jantar tão miserável com aquela pequena ameaça na ponta da mesa
jogando ervilhas em mim. Que indignidade!
— Gostei muito da sua comida, — Padmé disse honestamente. Não era
culpa do droide que ele pudesse ser reprogramado.
— Oh, isso é tão legal da sua parte dizer, — G-1FY disse. — Eu... mas
estou me distraindo. Se você puder entrar aqui, há alguém que quer falar
com você. Eu prometo que você estará bem segura.
Padmé não tinha muitas opções. Sabia que a sala tinha que ser bem
pequena, mesmo para os padrões Wookiee. Se se tratasse de luta de contato
próximo, não era a mais forte, mas também não tinha medo de lutar sujo.
— Tudo bem, — ela disse. Se endireitou e, pela primeira vez desde que
deixou Coruscant, puxou o manto completo da Senadora Amidala sobre ela.
— Abra a porta, Ify.
Do outro lado da porta estava o tênue brilho azul de um holograma. Isso
era alguma medida de segurança então. Um holograma não poderia causar
nenhum dano físico a ela. Padmé entrou na sala, e G-1FY fechou a porta
atrás dela. À medida que os seus olhos se ajustavam, a forma e a espécie da
figura se tornaram claras.
— Ah, Senadora Amidala, — disse uma voz arrastada de Neimoidiano.
— Eu esperava que fosse você.

Typho não conseguiu abrir a sua porta. Agora que ele tinha dado o seu
relatório e esclarecido, tudo o que ele queria era um pacote de ração do
refeitório e um cochilo em seu beliche, mas a porta estava emperrada. O
painel de controle respondeu, a fechadura seria ativada, mas a porta não se
movia. Nem mesmo jogar o ombro contra ela algumas vezes adiantou. Ele
tinha acabado de começar a procurar o seu blaster quando o sistema de
comunicação em seu quarto foi ativado.
— Capitão Typho, por favor, não se preocupe, — G-1FY disse. — O
meu empregador precisou de alguns momentos para falar a sós com a
senadora, e por isso lacrei seu quarto pelos próximos momentos. Eu
recomendo começar o seu período de descanso mais cedo.
A mente de Typho se concentrou na palavra mais importante que o
droide havia dito, e ele sentiu o pânico aumentar.
— 'Senadora'? — Ele demandou. Ele jogou o ombro contra a porta
novamente. Não se moveu.
— Oh, céus, — G-1FY disse. — Sim, meu empregador está ciente da
sua identidade e eu também. Garanto que ela está bem segura. É apenas um
holo.
— Então por que você me trancou aqui? Typho pontuou a frase
chutando a porta o mais forte que pôde. Nada ainda.
— Achei que você reagiria mal, — o droide respondeu. — Acho que
não estava errado.
— Vou te mostrar que não estava errado, — Typho vociferou.
O que quer que G-1FY pudesse ter dito em seguida foi abafado pelo
som de metal gritando. Typho se afastou da porta quando faíscas voaram, e
então a coisa toda caiu para dentro para revelar Idda, agarrada ao batente da
porta com um maçarico nas mãos e rindo um tanto de forma maniaca. Ela
atravessou o metal e contornou o selo do droide.
— Capitão, por favor, — G-1FY apareceu no corredor. — Eu prometo a
você, está tudo bem.
— Me trancar realmente não inspira a minha fé em você, droide, —
Typho apontou. Ele olhou para Idda, que havia subido de volta ao convés.
— Obrigado, pequena.
Idda mostrou a sua língua consideravelmente longa para o G-1FY e fez
um zumbido rude. Então ela olhou para Typho e ergueu os braços para ele.
Typho a pegou e a colocou em seu ombro. Então ele caminhou pelo
corredor, empurrando o droide para fora do caminho quando debilmente
tentou bloqueá-los.
— Você sabe onde ela está? — Typho perguntou.
— Perto do refeitório, — Idda respondeu. — Outra porta.
Typho partiu o mais rápido que pôde com G-1FY balbuciando atrás
dele.

— O que você quer, Neimoidiano? — Padmé perguntou. Ficou surpresa


com o veneno na sua voz. Faziam dez anos desde a Ocupação, mas
houveram várias ameaças à sua vida desde então, e a Federação do
Comércio estava no centro de todas elas. Tinha cicatrizes nas costas e no
abdômen da sua tentativa mais recente, e Nute Gunray aplaudiu
alegremente enquanto isso acontecia.
— Só uma conversa, — o Neimoidiano respondeu. Ele ergueu as mãos
ao lado do rosto, com os dedos bem abertos. — É por isso que estamos
falando via holograma. Não estou perto de você agora. Eu não represento
nenhuma ameaça. Eu apenas desejo me explicar.
Padmé respirou fundo e organizou os seus pensamentos. Sabia que
quem quer que fosse o informante faria contato eventualmente.
Simplesmente não estava preparada para isso. Devia isso ao Senado para
ser melhor. Devia isso a si mesma.
— Eu vou ouvir você, — ela disse. A sua voz era mais uma vez formal
e educada.
— Isso é tudo que eu peço, — o Neimoidiano disse. Ele levou um
último momento para preparar os seus pensamentos, e então ele começou.
— O meu nome é Oje N’deeb. Acredito que acabamos nos
desencontrando em Nooroyo não muito tempo atrás, — ele disse. — Sou o
maior acionista em uma empresa que controla, bem, grande parte do
comércio na Orla Exterior neste momento. O comércio legal, de qualquer
maneira. Os Sindicatos e o resto da Federação de Comércio não deixaram
que a guerra os atrasasse.
— Imagino que não, — Padmé disse.
— Represento um grupo do meu povo que procura reparar os danos que
nossos companheiros fizeram, — N’deeb continuou. — Nós não
participamos ativamente do bloqueio em seu planeta dez anos atrás, embora
não tenhamos feito nada para impedi-lo, e não nos envolvemos em nenhum
comércio de armas ou manufatura desde então. Nossos interesses são
puramente agrícolas e médicos, principalmente bens de baixo valor que não
geram lucro suficiente para interessar qualquer pessoa com tendências
criminosas.
— E então a guerra começou, e você se viu sentado em uma das rotas
comerciais mais importantes da Orla Exterior, — Padmé supôs. Sabia com
que rapidez as mesas podiam virar.
— Correto, senadora. — N'deeb piscou várias vezes. — Ao contrário de
meus concorrentes, não destacamos nenhum de nossos produtos comerciais.
Nós nos concentramos em vender para planetas e sistemas que simpatizam
com a República ou estão sob ataque de forças Separatistas. O
empreendimento mais recente em Hebekrr é típico do que fazemos agora.
— Pela bondade do seu coração? — Padmé perguntou, com um cinismo
incomum rastejando em seu tom.
— Não inteiramente, é claro, — N'deeb respondeu. — Os créditos
aumentam e os nossos investimentos são de tão baixo risco que quase nunca
perdemos dinheiro. O mais importante, queríamos provar ao Senado, e a
você especificamente, que estávamos falando sério.
— Sério sobre o quê? — Padmé perguntou.
— Queremos substituir Lott Dod no Senado por um dos nossos, —
N’deeb respondeu. A mente de Padmé girou ao pensar nisso. — Não serei
eu. Eu tenho muitos esqueletos no meu armário, mesmo para um
Neimoidiano. Mas queremos que o nosso povo seja representado por
alguém... bem, por outra pessoa.
— Uma Federação de Comércio solidária fortaleceria
significativamente a República, — Padmé apontou. As possibilidades eram
infinitas. — E o dano à causa Separatista seria imensurável.
— Nós sabemos, — N'deeb disse. — Nossa principal questão é primeiro
convencer o Senado de que somos sérios e depois cuidar de nossos
problemas internos.
— É por isso que você precisava de mim, — Padmé disse. — De
qualquer senador na galáxia, se você pudesse me colocar do seu lado, as
suas chances aumentariam dramaticamente.
— Precisamente, — ele disse. — E podemos contar com você?
Seria além de tolice recusá-lo completamente. No mínimo, Padmé
deveria apresentar a ideia para a sua facção. Bail aproveitaria a
oportunidade, e Mon Mothma gostaria que eles não comercializassem
armas. Padmé esperava que os seus preconceitos pessoais aumentassem, a
tornassem suspeita ou mesquinha, mas apesar da sua reação inicial, ela não
sentiu nada. Esta era outra peça no tabuleiro, outro movimento que poderia
dar à República uma vantagem na guerra. Poderia fazer isso.
— Por que chá de Karlini? — ela perguntou. Era uma peça que faltava
no quebra-cabeça das motivações de N'deeb.
Se N’deeb ficou impressionado com a sequência, ele não deu sinal
disso.
— Havia alguns entre nós que achavam que ajudar a economia do seu
sistema ajudaria, — ele respondeu delicadamente.
— Bem. — Padmé quase riu. — Tenho certeza que a Governadora
Kelma agradece.
— O meu droide me informa que o seu guarda está a caminho, —
N'deeb disse. — Vou deixar você fazer as explicações complicadas. Ify tem
as minhas informações de contato quando você estiver pronta com uma
resposta.
— Obrigada, — Padmé disse. — Por tentar fazer melhor.
— Às vezes é a única coisa que resta a fazer, — N’deeb disse. Ele foi
muito solene quando disse isso, e Padmé acreditou nele.
A sua imagem vacilou, mergulhando a sala na escuridão total. Houve o
som de punhos batendo na porta.
— Padmé? — Typho gritou.
— Estou bem! — ela respondeu. Puxou a porta abrindo-a e olhou para
ele. Com Idda empoleirada no ombro dele, era difícil levá-lo a sério. —
Estou bem, Typho.
— Eu ainda vou matar aquele droide, — Typho rosnou.
— Des-mem-bra-men-to! — Idda cantou, mordendo cada sílaba com
grande entusiasmo. — Des-mem-bra-men-to!
— Deixem Ify em paz, — Padmé os repreendeu gentilmente. — Ele é
apenas o mensageiro, e eu precisava muito ouvir a mensagem.
— Oh? — Typho disse. Com Idda e G-1FY na faixa de audição, ele não
poderia ser mais específico.
— Eu te conto mais tarde, — Padmé disse.
— É justo, — Typho disse. — Esta aqui e eu estamos voltando para a
cabine de comando, então. Temos que contar aos capitães sobre alguns, uh,
danos materiais.
O som das gargalhadas de Idda ecoou nos corredores.

De volta ao seu quarto, esticada na sua cama ridiculamente longa, Padmé


embaralhou todos os pensamentos na sua cabeça. A luta na Orla Exterior
era cruel e pessoal. Os Separatistas atacavam duramente as pessoas
indefesas, e a República seria duramente pressionada para combatê-los em
todos os lugares. O exército de droides, sem alma e dispensáveis,
continuaria vindo a menos que encontrassem uma maneira de interromper
as linhas de suprimentos e o fluxo de créditos para os cofres da Federação
de Comércio. A solução que Oje N'deeb ofereceu parecia um sonho
impossível, mas era real. E valia a pena lutar.
Explicaria a realidade da situação para ele. Eles estavam olhando para
um grande esforço conjunto. Possivelmente anos, dependendo de como
fosse a luta. Não achava que N'deeb tivesse ilusões, mas queria ser honesta
com ele. A sua batalha no Senado não seria menos trabalhosa. A Federação
de Comércio não tinha a melhor reputação entre os leais à República, e
seriam necessárias mais do que algumas rotas comerciais humanitárias para
convencê-los do contrário. A reputação de Padmé era forte, mas a guerra a
estava exaurindo.
Precisava falar com Sabé o mais rápido possível. Sabé era muito mais
prática do que ela e provavelmente veria um caminho mais claro do que
Padmé, tão acostumada a ficar atolada em procedimentos veria. Era bom
que eles estivessem voltando para Coruscant. Os Wookiees iriam levá-los
por todo o caminho e procurar carga na capital para levar de volta à Orla
Exterior. Logo Padmé estaria em casa. Tinha aprendido muito, visto muito,
aqui. Mas era hora de ela voltar ao trabalho.

Era uma vez uma garota que viu um planeta morrer enquanto tentava
salvá-lo, e jurou que nunca iria parar de tentar.
Acompanhou ao seu pai na missão de ajuda, apesar dos protestos de
alguns dos principais organizadores. Eles argumentaram que era muito
jovem. Tinha apenas nove anos na época, mas tinha uma boa cabeça sobre
os ombros, retrucou o seu pai, e estava interessada no trabalho. Nunca era
cedo demais para cultivar esse tipo de espírito generoso. Então eles a
levaram com eles, para um planeta com um sol moribundo.
A garota era imensamente popular entre os refugiados. Era gentil e
acessível. Fez amigos facilmente, e muitos dos adolescentes muitas vezes
podiam ser encontrados trabalhando com ela para completar tarefas que
poderiam ser gerenciadas por crianças. Os refugiados mais jovens
acorreram a ela para ouvir histórias e lendas de Naboo. Ela os entretinha
por horas, liberando os adultos para trabalhar na recuperação e nos
esforços de realocação. Os seus pais observavam com indulgência, felizes
por ver os seus filhotes felizes, mas o tempo todo, o medo os cercava.
O sol tinha algo que eles precisavam para viver. Eles não podiam
simplesmente ser realocados. Eles precisavam encontrar um ambiente
específico, e o tempo estava contra eles. A garota não entendeu, não
inteiramente. Para ela, luz era luz. Foi só quando os adultos começaram a
adoecer que a gravidade da situação se tornou real para ela. Não foi até
que as crianças os seguiram que começou a entrar em pânico. Através do
seu medo, cuidou deles, dando conforto onde podia e nunca traindo o seu
terror à medida que a doença piorava.
Todos eles morreram. Milhares deles. Cada um. Sem o seu sol, eles não
poderiam sobreviver. Nenhum cientista pode replicar o que eles
precisavam; nenhum mundo novo poderia ser encontrado para eles. Sem
porto seguro, eles foram extintos. A galáxia era um lugar mais pobre sem
eles.
A menina lamentou. O seu pai não tinha certeza do que dizer a ela. Que
às vezes isso acontecia. Às vezes, a missão falhava. Ele a deixou chorar, se
enfurecer e sofrer. E quando a tempestade inicial passou, eles voltaram
para casa juntos. Passava muito tempo no jardim sozinha, regando flores,
cercando-se de coisas que cresciam e uma nova vida. O seu pai entendeu.
Era importante lembrar, depois de uma tragédia como a que presenciara,
que a vida persistia, mesmo que a sua forma fosse diferente.
Eles não falaram muito sobre isso, a menina e o seu pai. Não quando a
garota decidiu entrar na política. Não quando foi eleita rainha. Nem
mesmo quando deixou Naboo para servir no Senado Galáctico. Mas a
tragédia sempre pairava por trás da sua tomada de decisão. Não importa o
quão bem planejava ou quão bem preparada ela estava, sabia que poderia
falhar. Sabia que o custo poderia ser muito alto para compreender
completamente. Já havia aprendido que às vezes todo o peso da galáxia
estava contra ela.
Padmé Naberrie saía da cama todas as manhãs e tentava de novo.
Padmé sentiu que era necessário se explicar para os Wookiees. Se nada
mais, eles mereciam saber que o droide deles havia sido comprometido.
Realmente gostava dos capitães e queria que eles soubessem que a
ajudaram. Foi até a cabine de comando e encontrou o G-1FY já lá,
esperando por ela. Ele estava torcendo os seus dedos de metal
desajeitadamente e parecendo tão desconsolado quanto um droide de
protocolo poderia estar.
— Estou pronto, Senadora, — o droide disse. — Espero que não fiquem
muito zangados comigo.
— Não foi sua culpa, Ify, — Padmé o lembrou.
Liderou o caminho para onde os Wookiees estavam sentados, pilotando
a nave em conjunto, afinados por anos de prática. Sem os apetrechos do
jantar do G-1FY, o convés de voo era um pouco menos acolhedor para os
observadores, mas muito mais interessante. Os Wookiees alcançavam
facilmente os painéis de controle que Padmé teria que esticar até seus
limites para acessar. Membros de pelo marrom moviam-se suavemente
enquanto a nave atravessava o espaço, nunca colidindo ou interferindo uns
nos outros. Piloto e navegadora, eles formavam uma equipe perfeita, cada
um contando com os talentos do outro para uma chegada segura e nunca
duvidando de suas habilidades.
— Capitães? Você tem um momento livre? — Padmé perguntou. Voar
pelo hiperespaço não exigia atenção constante uma vez que o curso estava
definido, mas Rayyne tendia a ficar no topo dos seus sistemas o tempo todo,
assim como Idda raramente se separava dos motores.
Os dois Wookiees se viraram para olhar pra ela, e Naijoh soltou um som
afirmativo.
— O meu nome é Padmé, que vocês já sabem, mas vocês podem me
conhecer melhor como Amidala, — ela disse. — Sou senadora da
República Galáctica do planeta Naboo. O seu empregador queria que eu
visse a sua operação e providenciou para que eu soubesse que a sua rede
comercial existia. Decidimos dar uma olhada mais de perto e nos juntar a
uma nave em uma missão de reabastecimento para a Orla Exterior. Nós, o
Capitão Typho e eu, escolhemos a nave de vocês porque, bem, porque
vocês pareciam ser os melhores.
Rayyne deu um tapinha na nuca peluda do marido e fez o som que
Padmé pôde identificar como sendo uma risada Wookiee. Padmé ficou
aliviada que nenhum dos dois pareciam zangados com ela. Não queria lidar
com Wookiees zangados se pudesse evitar.
— Ela disse que, falou pra ele que você estava tramando algo, — G-
1FY forneceu. — E agora ele deve a ela...
Um trinado de Rayyne o fez parar de traduzir. Não era possível para um
droide corar, mas G-1FY conseguiu transmitir a emoção de qualquer
maneira.
— Eu ia dizer 'uma escova', — G-1FY disse com requinte. Rayyne riu
novamente.
— Sinto muito pela dissimulação, — Padmé disse. — Antes de
partirmos, eu queria que vocês soubessem a verdade. Você prestou um
grande serviço à República, e também a mim. Obrigada.
— A única coisa que me chateia é ter que substituir você, — Naijoh
disse, falando através do droide. — Tanto você quanto o Capitão Typho
eram excelentes funcionários de segurança. Se você quiser voltar, é só nos
avisar. Idda vai sentir a sua falta.
Padmé os agradeceu novamente e deixou o G-1FY para explicar a sua
falha de programação por conta própria. Esperava que ele pudesse ser
consertado sem muitos problemas. Eles já estavam falando sobre
diagnóstico antes que estivesse fora do alcance da audição. Ele ficaria bem.
Quando voltou para os seus aposentos, ocorreu-lhe que, como todos na
Namrelllew sabiam quem era, poderia acessar as suas comunicações
privadas. Estava longe de Coruscant por tempo suficiente para que as
mensagens se acumulassem, mesmo com Sabé fazendo a triagem para ela.
Não poderia lidar com nada que exigisse segurança avançada, é claro, mas
poderia aproveitar a oportunidade para se antecipar à sua correspondência
de baixa prioridade.
Tirou o datapad da mochila, onde estava escondido sob o fundo falso. A
primeira mensagem que notou quando o ligou foi de Bail. Teria que lidar
com isso mais tarde. Havia uma de Saché que estava marcado como de
baixa segurança, e o abriu com entusiasmo. Fazia muito tempo desde que
tinha falado com as suas amigas. Se sentou de pernas cruzadas em seu
beliche e se encostou na parede, ficando confortável.
A mensagem de Saché era predominantemente sobre o chá de Karlini,
confirmando o que Padmé havia adivinhado quando conversou com Oje
N'deeb. Havia uma frase no final indicando que Saché queria uma ligação
de retorno e, após uma rápida verificação da hora, Padmé estabeleceu a
conexão. Em questão de minutos, uma figura de Saché estava equilibrada
na sua mão.
— Padmé! Estou muito feliz em ouvir de você, — Saché disse. — Está
tudo bem?
— Sim, — Padmé respondeu. — Acho que você e eu estamos
trabalhando no mesmo projeto de diferentes maneiras.
— Dê-me um momento, — Saché solicitou. — Tenho companhia.
Saiu do alcance do projetor, e Padmé podia ouvi-la dando ordens para
algumas das crianças. Houveram risos ao fundo. O coração de Padmé doeu.
Uma verdadeira casa de família estava a anos de distância pra ela, mas
sabia que Anakin também a queria.
— Tudo bem, — Saché disse, reaparecendo. — Eu bani todas as
orelhinhas para o jardim. O que você tem feito?
— Eu acabei em uma nave entregando chá de Karlini, — Padmé
respondeu. — Fiquei curiosa, porque estávamos muito longe do Núcleo.
Eventualmente, eu conversei com alguém, digamos, da gerência, e eles
admitiram ter comprado o chá na tentativa de entrar no meu lado bom.
— Seu lado bom? — Sache indagou. — Você tem uma participação em
Karlinus que eu não sabia?
— Eu acho que ele quis dizer de forma mais geral, — Padmé explicou.
— De qualquer forma, quando vi a sua mensagem, pensei em lhe dizer que
comecei a investigar o comprador, mas eles parecem confirmar.
— Ainda não entendo por que alguém pensaria que o chá de Karlini
impressiona você, — Saché disse.
— Ele é Neimoidiano, — Padmé esclareceu. A mão de Saché foi para o
rosto dela, para as cicatrizes que traçavam a sua pele. — É um grupo
dissidente, se você pode imaginar. Eles querem reabilitar a imagem de toda
a Federação do Comércio.
— Isso demandaria algum trabalho, — Saché apontou. A sua voz era
neutra. — E você está... bem com isso?
— É uma oportunidade boa demais para deixar passar, pelo menos
politicamente, — Padmé disse. — Quanto aos meus sentimentos pessoais...
Não espero que você os compartilhe, mas talvez seja hora de seguir em
frente? Eu nunca me senti confortável com a forma como os Neimoidianos
me fazem sentir. E agora, pela primeira vez, quando penso neles, o primeiro
sentimento que me vem não é ódio.
Saché ficou quieta por um momento. Era difícil para as duas admitirem
as suas falhas, e Saché ainda não estava pronta para superar a sua raiva.
— Eu apoio você, é claro, — Saché disse depois de pensar um pouco.
— Apenas... não me convide para nenhuma das festas.
— Entendido, — Padmé disse. Ela bateu os dedos no colchão em que
estava sentada. — O que não consigo entender é como a Governadora
Kelma está lidando com o aumento das demandas trabalhistas.
— Ah, — Saché disse. Se acalmou quando tudo se encaixou no lugar.
— Sei. Acho que o seu amigo Neimoidiano tem libertado pessoas
escravizadas e as direcionado para Karlinus. Houve um aumento
significativo na imigração. Kelma não se aprofunda muito, porque é assim
que o sistema funciona, mas me levou e Harli Jafan para encontrar alguns
dos seus novos cidadãos, não oficialmente, e todos eles eram de sistemas na
Orla Exterior, onde os Separatistas fizeram incursões...
— Ele não mencionou essa parte, — Padmé disse. — Eu quero saber o
motivo.
— Talvez você devesse perguntar a ele, — Saché disse. Não soou tão
doloroso quanto poderia ter sido. — Ele está lucrando com o chá e o resto
do que está vendendo, mas a única coisa que ele está ganhando com a
emancipação em massa é a sua atenção.
— E a reabilitação da Federação de Comércio, — Padmé meditou.
— Isso vai levar mais do que algumas centenas de pessoas, — Saché
disse. A sua voz ficou sombria.
— Sim, — Padmé concordou, — mas é um começo.
Elas conversaram sobre as crianças por um tempo depois disso. O grupo
original de adotados da Ocupação estava na sua maioria fora da escola
durante o semestre. Saché estava muito orgulhosa deles. As novas adições
de Yané à família, os sobreviventes do deslizamento de terra, estavam se
instalando. Eles ainda tinham pesadelos, e alguns deles eram
agressivamente claustrofóbicos, mas todos estavam fazendo um bom
progresso em direção à cura.
— E parabéns, — Saché disse com cautela. — Sobre a outra coisa. Com
o vestido.
Padmé não pôde evitar o sorriso largo que surgiu em seu rosto. Ela
nunca seria capaz de compartilhar a notícia publicamente, mas ouvir as
pessoas mais próximas a ela trouxe um brilho caloroso. Contaria a Sabé
assim que chegasse em casa. Sabé merecia ouvi-lo pessoalmente, não juntar
as pistas ou ouvi-lo pela holonet.
— Obrigada, — ela agradeceu. — Yané fez um trabalho incrível.
— E você está feliz? Saché perguntou.
— Sim, — Padmé respondeu. Outro sorriso largo enfeitou o seu rosto.
— Sim eu estou.
Elas conversaram sobre alguns outros assuntos inconsequentes por um
momento antes de uma perturbação do lado de Saché encerrar a conversa.
Uma das crianças havia caído na lagoa, e a comoção que se seguiu foi
suficiente para encerrar a ligação. Saché estava rindo quando ela se
despediu, porém, e Padmé ficou feliz em ver que estava tão feliz. Antes que
o seu bom humor pudesse se temperar com cinismo, Padmé voltou a ligar e
fez uma ligação para Oje N'deeb.
— Senadora Amidala, — ele disse, aparecendo na palma da mão dela.
Tarde demais, desejou ter se levantado para fazer a ligação. — Acho que
você tomou uma decisão?
— Você não me contou sobre as pessoas que você estava enviando para
Karlinus, — Padmé disse como forma de saudação.
— Não, — N'deeb disse.
— Por que não? — Padmé perguntou.
— Você não teria motivos para acreditar em mim, — N'deeb respondeu.
— E eu pensei que poderia parecer auto engrandecedor.
— Você disse que outra pessoa teve a ideia de comprar o chá, — Padmé
disse. — Foi sua ideia ajudar pessoas escravizadas?
— Foi, — N'deeb admitiu. — O seu registro de votação é público,
afinal. Houveram vários projetos de lei fracassados sobre a tentativa de
expandir as leis antiescravismo da República para a Orla Exterior sem
expandir a República real. Você votou a favor de cada um deles e falou
sobre eles no Senado. Eu sabia que era uma causa que significava algo para
você. Mais do que o chá.
— Muito mais do que o chá, — Padmé disse. — Você está usando
dinheiro da Federação de Comércio?
— Por mais que eu queira, não, — ele respondeu. — Os créditos são
meus. O legado da minha família é, como você pode imaginar, mais do que
um pouco duvidoso. Parecia o mínimo que eu podia fazer.
— É mais do que a maioria faria, — Padmé disse.
— É exatamente o que você faria, — N'deeb disse. Ele a olhou com
franqueza quase enervante, considerando que ele era um holograma.
— Vou levar a sua causa ao Senador Organa e ao resto da minha facção,
— Padmé disse. — Não consigo imaginar nenhuma circunstância sob a
qual ele recusaria você. Ele não tem o meu histórico com a Federação de
Comércio e é muito, muito mais paciente do que eu. Mas não será fácil.
Haverá uma oposição considerável dos senadores regulares e dos comparsas
da Federação do Comércio. Quando o seu representante vier a Coruscant, e
espero sinceramente que venha, eles terão um aliado em mim.
— Obrigado, Senadora, — N'deeb agradeceu. Ele piscou os seus
grandes olhos negros lentamente enquanto inclinava a cabeça para ela. —
Estou ansioso para trabalhar com você.
O holograma na sua mão desapareceu quando a ligação foi
desconectada, e Padmé inclinou a cabeça para trás contra o metal frio do
casco. O revestimento vibrava levemente com a potência dos motores,
arremessando a Namrelllew pelo hiperespaço, mas mesmo isso era
reconfortante. A sua missão tinha sido um grande sucesso. A República
ganhou um poderoso aliado. Poderia ganhar um sistema totalmente novo.
Os capitães Naijoh e Rayyne podiam ser confiáveis para quaisquer futuras
necessidades de transporte na Orla Exterior. Toda a rede de Oje N'deeb
estava à sua disposição. E cada novo cidadão em Karlinus era um tapa
direto na cara dos traficantes.
Mas não conseguia tirar da cabeça o cerco a Hebekrr Menor. Não era
exatamente como Saché e Yané descreveram os acampamentos, mas a
sensação de estar preso tinha que ser um pouco parecida. Quantas pessoas
em toda a galáxia estavam presas assim agora? Quantos estavam sob fogo?
Quantos estavam com fome? Quantos ficaram com medo? E quão vazias
devem soar as suas vitórias quando contadas a um pai que não pode cuidar
do seu filho ou a uma criança cujo pai nunca mais voltaria para casa?
Não resolveria todos os problemas da galáxia. Não podia. Mas não
estava disposta a deixar que isso a detivesse. Isso nunca tinha antes. Padmé
saiu da sua cama e começou a arrumar os seus aposentos. Estava indo para
casa, mas o seu trabalho estava longe de terminar.
Isso estava quase no fim. Padmé e Typho estavam na sua viagem de volta, e
logo Sabé seria capaz de deixar Amidala de lado e voltar a ser ela mesma
novamente. Embora tivesse decidido o que queria fazer a seguir, sentia-se
impaciente. Desconfortável. Não conseguia afastar a sensação de que estava
sendo egoísta ou covarde, e não sabia se aquela vozinha estava dizendo a
verdade ou se estava apenas sendo um cretino.
— Você precisa comer alguma coisa frita, — Mariek disse enquanto
Sabé andava inquieta pela sala de estar. Não conseguia ficar confortável. —
Era algo que aquele droide de protocolo desaprovaria.
— Você está oferecendo um plano de fuga? — Sabé perguntou. —
Porque por mais que eu goste da ideia, acho que não consigo me concentrar
o suficiente para tramar.
— Há uma primeira vez pra tudo, — Mariek respondeu. — Vá se trocar
e eu cuidarei de todo o resto.
— Obrigada, Mariek, — Sabé disse. A capitã da guarda assentiu.
Sabé escolheu uma de suas roupas Tatooine. Era áspera e as cores eram
opacas. Se encaixaria nas partes mais decadentes de Coruscant sem virar a
cabeça. Colocou maquiagem, usando contornos para garantir que não se
parecesse com Amidala ou mesmo ela mesma. No momento em que ela
estava vestida, ela sabia exatamente para onde queria ir. Mariek não disse
nada quando Sabé lhe disse para onde estavam indo, apenas passou uma
vibrolâmina extra e verificou o comunicador de emergência.
Dex não tinha mudado.
Sabé deslizou pelo banco duro de duraplástico para se enfiar no canto
da lanchonete. Dali, podia ver a entrada e a cozinha. Sabia que havia pelo
menos três outras saídas, sem contar as janelas, mas isso era seguro o
suficiente por enquanto. Descansou os dedos na mesa e esperou que a
droide servidora viesse anotar o seu pedido.
Enquanto se sentava e ouvia, Sabé percebeu que, embora Dex fosse
fisicamente o mesmo de quando ela e Tonra costumavam vir aqui, algo
havia mudado no cardápio. Metade dele foi bloqueado totalmente. Quando
perguntou à droide sobre isso, foi informada de que alguns ingredientes não
estavam disponíveis e que Dex estava procurando novas cadeias de
suprimentos agora que a guerra estava acontecendo.
— É uma ameaça, esta guerra, — Dex disse atrás do balcão. O Besalisk
saiu da cozinha enquanto Sabé conversava com a droide. — Tantas coisas
que não conseguimos ou de repente ficam mais caras. As pessoas daqui vão
notar o aperto muito antes que as dos níveis superiores considerem fazer
algo a respeito.
— Mas eles vão eventualmente, certo? — Sabé perguntou.
— Ah, eles vão tentar, — Dex respondeu. — Eles vão escrever um
projeto de lei e falar sobre isso por uma semana, e talvez seja aprovado ou
não, mas ainda estarei aqui, tentando administrar um restaurante.
Ele nunca diria isso em voz alta, mas não havia dúvida na mente de
Sabé que Dex iria recorrer ao mercado negro muito antes disso. Um monte
de gente ruim estava prestes a fazer um monte de créditos.
— Uma caixa no lugar certo pode mudar tudo, — Dex disse. —
Aqueles lá em cima não pensam em coisas tão pequenas.
Ele estendeu um dos seus quatro braços por cima do ombro, depois
colocou o ensopado que Sabé sempre pedia quando vinha aqui como ela
mesma. Sorriu. Deveria saber que não poderia enganá-lo por muito tempo.
— Obrigada, Dex, — ela disse.
Ele voltou ao trabalho enquanto comia, mas pensou no que ele disse.
Um caixote. O lugar certo. Padmé faria diferença em Coruscant, e elas
seriam grandes. Sabé estava escolhendo outro caminho, mas o seu escopo
mais estreito não a tornava menos útil ou relevante. Poderia salvar menos
pessoas do que Padmé, mas conheceria os rostos deles.
Quando Mariek sinalizou que era hora de ir embora, Sabé estava com o
estômago cheio e a mente tranquila. Estava pronta.
Era tarde da noite em Coruscant quando a Namrelllew finalmente recebeu a
sua permissão de desembarque. Padmé e Typho se despediram brevemente,
bem, tão brevemente quanto se podia quando uma senhorita se agarrava aos
joelhos de alguém e se recusava a soltá-la, e então alugaram um transporte
particular para o prédio do Senado. O Senador Organa estava esperando o
relatório dela e ela queria fazê-lo pessoalmente no escritório dele.
O escritório de Padmé estava vazio quando chegou. Meio que esperava
que Sabé e as outras ainda estivessem lá, porque queria vê-las. No entanto,
o dever a chamou, e a sua reunião teria que ser adiada um pouco mais
enquanto Padmé amarrava as pontas soltas.
Elas mantinham uma muda de roupa de emergência em um dos
compartimentos na parte de trás do seu escritório. Padmé não conseguia se
lembrar de qual vestido elas haviam guardado no momento, mas ficou
agradavelmente surpresa ao encontrar um vestido verde escuro que fechava
na frente. Pegou os sapatos combinando e a tiara do fundo do
compartimento e então se virou para pedir desculpa a si mesmo por um
chuveiro.
— Você precisa de alguma ajuda? — Typho perguntou. para o seu
crédito, ele parecia apenas um pouco aterrorizado.
— Não. — Padmé sufocou uma risadinha. — Este é projetado para eu
colocá-lo sem ajuda.
Levou cerca de cinco minutos para tirar o uniforme de piloto e se
desfazer das roupas de baixo de linho macias que usava por baixo. Mudar
para roupas limpas teria sido bom com acesso à sua banheira primeiro, mas
estava com pressa. Vestiu as roupas novas, começando com calças leves e
uma camiseta. O vestido era de veludo verde pesado forrado com seda
dourada de Karlini. A seda foi costurada diretamente, em vez de ser uma
roupa de baixo separada, o que tornou a roupa mais fácil de gerenciar por
conta própria. Apertou os botões metálicos de ouro, calçou os seus sapatos
dourados sem graça e prendeu as braçadeiras decorativas que a cobriam do
pulso ao cotovelo.
Uma vez destrancado, com o seu cabelo caiu em ondas suaves que
quase pareciam que tinha feito de propósito. A tiara era uma simples faixa
de ouro batido que manteria o cabelo longe do rosto. Dormé teria prendido
a maior parte do seu cabelo numa rede para completar o visual, mas Padmé
estava com a agenda apertada. Se olhou no espelho quando terminou,
certificando-se de que tudo estava no lugar. Não havia como negar: a
Senadora Amidala estava de volta.
Em seu escritório, Typho conseguiu encontrar uma jaqueta de uniforme
extra e a vestiu. Ele precisava fazer a barba, mas isso teria que esperar.
— Estou pronta, Capitão, — a Senadora Amidala disse. — Vamos falar
com Bail.
A essa hora do dia, os salões do Senado estavam quase vazios. Com a
câmara liberada do debate, todos estavam trabalhando em os seus
escritórios ou já estavam ocupados para a noite. Haviam droides de limpeza
para evitar e o estranho droide mensageiro que apitava julgando se
impedido, mas Padmé chegou ao escritório de Bail sem ser interceptada por
ninguém que quisesse falar.
Bateu na porta, e ela se abriu imediatamente. Acenou para Typho, que
ficaria no corredor, e entrou na sala. Bail estava de pé junto à janela, a sua
capa azul escura contra a noite atrás dele. Mon Mothma estava sentada ao
lado da mesa, imaculada como sempre em seu costumeiro vestido branco.
Para surpresa de Padmé, o Chanceler Palpatine se juntou a eles. Ele ficou ao
lado de Bail e sorriu largamente quando ela entrou na sala.
— Senadora Amidala, é maravilhoso vê-la retornar, — o Chanceler
disse. Padmé sabia que ele não tinha sido informado da missão antes de ela
partir e se perguntou quando Bail decidiu contar a ele.
— Obrigada, Chanceler, — Padmé disse. — É bom estar de volta.
— Fiquei bastante surpreso quando falei com você algumas noites atrás,
apenas para perceber que você estava em outro lugar, — o Chanceler disse.
— O Senador Organa teve a gentileza de explicar. Presumo que a sua
viagem foi um sucesso?
Padmé estava planejando dar o seu relatório para Bail, que era mais uma
conversa entre amigos do que qualquer outra coisa, especialmente a essa
hora do dia. Estava exausta, mas nunca deixou isso detê-la antes. Se
endireitou para dar um relato formal.
— Eu fui para Hebekrr Menor para investigar algumas informações que
nos foram dadas pelos Jedi, — Padmé disse. — Um contato queria se
encontrar com um senador, especificamente comigo, ao que parece.
— Por que você? — Mon Mothma perguntou.
— Ele é Neimoidiano, — Padmé respondeu. — Ele sabia que chamaria
a minha atenção.
— Neimoidiano? — Bail indagou. — O que um Neimoidiano poderia
esperar receber de você?
— Ele quer a vaga no Senado da Federação de Comércio de Lott Dod,
— Padmé respondeu. — E acho que devemos ajudá-lo a conseguir.
Todo mundo na sala era um político profissional, então demorou alguns
segundos antes que alguém reagisse.
— Você o ajudaria a ganhar poder? — Palpatine perguntou. O
Chanceler manteve sua habitual presença calma, mas uma raiva estranha e
silenciosa fervilhava sob sua voz. — Depois do que sofremos durante a
Ocupação?
— Eu não gostei da ideia no começo, — Padmé admitiu. — Mesmo que
os benefícios políticos sejam óbvios. Mas ele, e a sua empresa, estão
tentando ativamente reparar os danos na Orla Exterior. Eles não estão
manipulando preços, não estão vendendo armas. E, mais importante, eles
estão procurando ativamente pessoas escravizadas para libertá-las e
mandando-as para Karlinus para que possam se reerguer.
— Isso é bom demais para deixar passar, — Bail apontou. — Mesmo
com a história da Federação do Comércio, uma chance de desestabilizá-los
assim? Não poderíamos pedir uma oportunidade melhor.
— Concordo, — Mon Mothma disse. — E eu aprecio que isso seja
difícil para você. Eu vou ajudá-la de qualquer maneira que eu puder.
— Isso é algo a se considerar, — Palpatine disse lentamente. Ele piscou
várias vezes, e um olhar de controle calculado brilhou em seu rosto. — Mas
temo que devo me desculpar. O Chanceler não deveria se envolver com as
nomeações do Senado.
Nem tecnicamente falando, eram os senadores, mas era raro um político
aparecer em Coruscant sem nenhum aliado.
O Chanceler saiu, e Padmé finalmente se sentou na cadeira ao lado da
de Mon Mothma. Estava cansada, mas poderia aguentar um pouco mais.
Bail se sentou atrás da sua mesa e cruzou as mãos sobre a superfície polida.
— Sabé fez um trabalho incrível, — ele disse. — Ainda não tenho
certeza de como o Chanceler descobriu. Ele veio até mim depois de uma
festa que eu organizei, preocupado com a sua segurança, já que uma dublê
estava presente. Eu não contei tudo a ele.
— Obrigada, — Padmé disse.
— Você foi capaz de observar alguma luta na frente de batalha? — Mon
Mothma perguntou. — Nós só tivemos descrições dos Jedi.
— A situação em Hebekrr Menor era pior do que esperávamos, —
Padmé respondeu. Se permitiu afundar na cadeira. — A cidade principal
estava sitiada. Os clone troopers reforçaram as fortificações e os Jedi
estavam supervisionando a defesa. Foi uma pequena incursão, apenas
alguns milhares de droides.
— Então, tudo funcionou como deveria? — Bail perguntou. — Em
termos de cooperação, pelo menos?
— Até onde eu sei, sim, — Padmé respondeu. — Comandante Sticks, é
assim que o clone responsável se chama, foi tratado com respeito por todos,
assim como todos os seus homens.
— Mas você disse que era pior? — Mon Mothma questionou.
— Os Separatistas queriam que a magistrada assinasse um tratado, —
Padmé explicou. Era uma história conhecida. — Ela não faria isso, e eles
não podiam pegá-la para ameaçá-la diretamente. Em vez disso, eles
viajaram centenas de quilômetros para sequestrar a sua família. Isso foi bem
antes de chegarmos. Quando perceberam que o nosso transporte não seria
imediatamente associado à República, solicitaram a nossa ajuda.
— E você deu, — Bail disse.
— Eu trabalhei com o Comandante Sticks em um plano, e nós os
levamos para o território Separatista, — Padmé disse. — Tivemos que
defender a baía de desembarque, e a extração foi um pouco mais quente do
que se esperava, mas não houve vítimas do nosso lado.
— Os senadores não devem estar diretamente envolvidos nesta luta, —
Mon Mothma apontou.
— Com todo o respeito, Senadora, — Padmé disse, — é exatamente por
isso que vocês enviaram alguém como eu nesta missão. Você não aprova a
violência e nunca aprovará. Admiro isso e aceito. Tudo o que peço em troca
é que você aceite que eu sou a pessoa que você envia quando houver a
possibilidade de... negociações agressivas.
Foi o mais próximo que eles já chegaram de encerrar isso. Mon Mothma
considerou as palavras de Padmé por um momento e então assentiu.
— Como você quiser, Senadora Amidala, — ela disse.
— Algo mais? — Bail perguntou, claramente esperando que não
houvesse.
— Hebekrr vai fazer uma petição para admissão na República, —
Padmé respondeu. — Eu não sei se eles vão continuar com isso, mas eles
precisam da proteção do nosso exército.
Bail esfregou a testa.
— Todos nós sabemos que não é assim que a República deve se
expandir, — ele apontou. — Não gosto da ideia de fazermos algum tipo de
esquema como um cartel comum, mas acho que é algo que vai surgir no
futuro. E é melhor que eles se juntem a nós do que aos Separatistas.
— Esses eram os meus pensamentos também, — Padmé disse.
Bail parecia cansado, e até Mon Mothma estava começando a cair um
pouco nos ombros. Padmé sabia que ambos estavam trabalhando sem parar
para garantir o futuro da República, e ela estava feliz por ter retornado para
ajudá-los a fazer isso. Apesar de si mesma, ela bocejou.
— Desculpe-me, — ela disse. — Estou hiper-cansada.
— Claro, — Bail disse. — Bem, até amanhã?
— Brilhante e cedo, — Padmé disse. Ela bocejou novamente. — Talvez
não muito cedo.
— Boa noite, Senadores. — Mon Mothma levantou-se graciosamente, e
todos seguiram caminhos separados.

A escuridão calmante do escritório do Chanceler Palpatine foi quebrada


pela fúria incandescente de Darth Sidious. Queimou através dele como um
fogo purificador, extirpando as suas dúvidas e os seus problemas, destilando
as suas emoções para a convicção absoluta que o fazia tão forte. Um
relâmpago se arqueou das pontas dos seus dedos para se firmar na escultura
escura que mantinha em seu escritório para ocasiões como essa, quando
tudo o que queria era destruir.
Como eles ousam? Depois de todo o tempo que passou manipulando a
Federação de Comércio, dobrando-a à sua vontade. Depois dos seus
investimentos, orientação e ameaças. Como um novato se atreve a
desenvolver uma consciência e decidir tentar consertar o que ele havia
quebrado com tanto cuidado?
Seria bastante fácil extirpar o traidor. Para cortar essa rebelião
mesquinha pela raiz e voltar a atenção de todos para o legado que ele queria
que a Federação de Comércio preservasse.
Mas Sidious hesitou. Não tinha chegado tão longe na vida agindo
precipitadamente e sem premeditação significativa. Este Neimoidiano
desonesto estava fortalecendo a Orla Exterior, reforçando as pessoas lá com
suprimentos e moral e o conhecimento de que alguns sistemas na galáxia
ainda funcionavam. Isso poderia ser transformado a seu propósito. Atrairia
a guerra. Isso daria uma chance à Orla Exterior. Isso os tornaria ainda mais
amargos com a República quando essa chance fosse esmagada. Não, não
mataria o traidor ainda. Deixaria-o fazer o seu trabalho, encontraria a sua
redenção. Isso tornaria a sua eventual destruição ainda mais doce.
Sidious pressionou as mãos contra a pedra negra e sentiu o seu ódio e
raiva armazenados fervendo de volta para ele. Esta era a sua resistência. Era
por isso que iria ganhar. Ele conhecia os canais de poder na galáxia e sabia
como deslocá-los e usá-los a seu favor.
— Tyranus, — ele disse, e o comunicador o conectou ao seu aprendiz.
— Mestre? — Ele nunca conseguia pegar Dookan desprevenido, não
importa a hora que ligasse. — Você exige algo de mim?
— Houve um desenvolvimento em Hebekrr Menor, — Sidious
respondeu. — A Federação do Comércio deve fica fora dele.
— Houve rumores de um grupo dissidente dentro da Federação de
Comércio, Mestre, — Dookan apontou. — Gunray e os outros já buscam
uma ação em resposta.
— Então segure-os, — Sidious ordenou. — Desejo que isso se
desenvolva antes que seja esmagado.
— Como você quiser, Mestre, — Dookan disse, e desapareceu.
Ter um aprendiz que realmente gostava de lidar com a política
Separatista, para não mencionar ameaçar os políticos Separatistas, foi uma
das melhores ideias que Sidious teve ultimamente. Nute Gunray o levou à
distração.
Com o assunto devidamente delegado, Darth Sidious voltou aos seus
pensamentos para o seu assunto favorito: a dominação da galáxia e bilhões
sofrendo sob o seu comando.
A maneira mais fácil de ficar sozinha com Padmé era ser a aia que a
ajudava a se arrumar para dormir, e assim, pela última vez, Sabé vestiu o
roupão laranja com capuz e puxou o capuz sobre os cabelos. Essa foi a
roupa que Rabé e Eirtaé desenharam para chamar a atenção. Esta era a seda
que Yané havia rasgado para enviar as mensagens que Saché havia levado
pelo acampamento. A cor brilhante as engoliu, tornando-as ícones em vez
de pessoas. Haviam vidraças em Theed decoradas com essa imagem, e
nenhum pensamento foi dado à garota lá dentro.
Era a sua primeira armadura, e Sabé precisava dela.
Esperou no quarto de Padmé a sua amiga voltar. Sabia que Padmé iria
ao Senado primeiro. Saiu cedo para que elas não se encontrassem, saindo
discretamente para que qualquer um que visse Amidala mais tarde
presumisse que nunca havia saído. Até o final, desempenhou o papel que
havia escolhido todos aqueles anos atrás, quando o Capitão Panaka veio
entrevistá-la. O seu coração não a deixaria fazer menos, mesmo que
estivesse quebrado.
Ouviu no andar de baixo o barulho de Padmé chegando em casa. C-3PO
a cumprimentou, a sua voz ecoando pelo apartamento enquanto ele se
movimentava perguntando se deveria encontrar algo para comer. Sabé
ouviu o murmúrio da voz de Padmé, presumivelmente dizendo não e depois
dando boa noite ao Capitão Typho. Sabé poderia ter saído para a
antecâmara. Elas poderiam ter se sentado confortavelmente e conversado.
Ninguém as teria perturbado. Mas Sabé queria que isso acontecesse na sala
onde Padmé provavelmente fosse ela mesma.
— Deixe as malas, 3PO. — A voz de Padmé estava muito mais próxima
agora. — Nós as veremos pela manhã.
— Boa noite, senadora, — C-3PO disse. — E, se posso dizer, é bom tê-
la de volta conosco.
Padmé agradeceu e então entrou em seu quarto.
— Oh, — ela disse ao ver Sabé sentada ao pé da cama. O estresse do
seu trabalho, secreto ou não, desapareceu de uma vez. — Estou tão feliz em
ver você.
— Estou feliz que você esteja em casa em segurança, — Sabé disse. —
Venha e deixe-me pentear o seu cabelo antes que ele se amarre em nós
permanentes.
Padmé sorriu, com o seu sorriso verdadeiro, não o da senadora, e foi se
sentar na sua penteadeira. Sabé ficou atrás dela com o pente, tirou a faixa
dourada e começou a pentear os cabelos dela.
— O seu marido mandou um alô, — Sabé disse depois de alguns
momentos de silêncio.
Todas as defesas de Padmé voltaram ao lugar. Sabé sabia que era um
hábito, até mesmo necessário para a sobrevivência, mas assistir de fora não
era algo de que gostava nem um pouco. A dor que isso causou foi quase
imensurável.
— Sabé, eu... — Padmé começou, mas Sabé levantou a mão livre, a
outra ainda se movendo pelo cabelo de Padmé.
— Nós não tivemos muito tempo antes de você sair, — Sabé disse. — E
sempre colocamos o trabalho em primeiro lugar. Mas ainda doeu, descobrir
ele.
— Eu fui egoísta, — Padmé disse. Para alguém tão pequena, ela
raramente parecia pequena. Agora era como se ela estivesse se dobrando
sobre si mesma. — Ter você de volta comigo foi tão maravilhoso. Mesmo
que as coisas fossem diferentes, eu não queria que nada mudasse. Eu estava
errada e sinto muito.
— Obrigada, — Sabé disse. O seu coração rachou em seu peito. — Eu
gostava que as coisas continuasse do jeito que eram, também. Mas acho que
não podemos mais fazer isso.
Padmé ficou em silêncio por um momento. Parecia uma eternidade.
— Com a guerra, haverão muitos novos desafios, — Padmé disse.
Partes da senadora surgiram enquanto falava. As partes que Sabé não
conseguiu replicar. As partes que Padmé construiu sem ela. — Eu não sei o
que está por vir, mas estou feliz que você estará aqui comigo.
Sabé congelou, o pente parando no meio do movimento. Teria que ser
mais clara, mesmo que isso quebrasse as duas. Padmé olhou para cima e
encontrou os seus olhos no espelho.
— Eu não estarei aqui, — Sabé disse. — Por favor, não me pergunte.
Pela primeira vez desde os quatorze anos, a distância entre elas era
incalculável.
— O que? — Padmé disse. — Por que? Não entendo.
Sabé pousou o pente na penteadeira e voltou a sentar-se na ponta da
cama. Padmé se virou, mas não se levantou para segui-la. Entendeu que
Sabé precisava de espaço.
— Quando você se foi? Eu tentei, — Sabé disse. Tudo saiu correndo
dela: os sentimentos e emoções que reprimiu desde a sua chegada a
Coruscant. — Eu tentei tanto ser Amidala do jeito que costumávamos. Mas
não consegui. Ela mudou. Você mudou. E Anakin é apenas uma parte disso.
— Como eu mudei? — Padmé perguntou. Parecia desesperada para
saber. — É a guerra?
— Não é só a guerra, — Sabé respondeu. De repente ela estava tão
cansada que pensou que os seus ossos eram feitos de chumbo. — É toda a
política. As conversas, as festas, as negociações e o bate-papo. Eu sei que o
Senado precisa de tudo isso para funcionar, e você é muito boa nisso. E eu
poderia ser muito boa nisso. Eu era você e quase ninguém percebeu. Mas eu
não posso. Eu também mudei. Eu não posso lutar esta guerra do seu jeito.
Padmé se inclinou para a frente para descansar as mãos nos joelhos.
Ocorreu a Sabé que provavelmente também estava exausta. Mas essa
conversa não iria esperar, especialmente agora que elas começaram. Elas
tinham que colocar tudo isso para fora, agora.
— Quando cheguei aqui foi difícil, — Padmé disse. — Pensar nas
pessoas como conceitos. Reduzindo números enormes para itens de linha
em um documento. Todo esse tipo de coisa.
— Eu me lembro, — Sabé disse.
— Se é mais fácil agora, isso é ruim? — Padmé perguntou. Não era a
senadora perguntando.
Sabé considerou a resposta dela.
— Para algumas pessoas, sim, — Sabé respondeu. — Os Jedi, por
exemplo. Eles nem ficam chateados quando os seus amigos morrem. É tudo
uma questão de equilíbrio e da Força eterna. É por isso que eles são tão
ruins em política. Eles valorizam toda a vida e carecem de praticidade. Mas
acho que você vai ficar bem. No final do dia, mesmo os mais longos e
difíceis, você vai se lembrar.
Padmé se levantou e veio se sentar ao lado dela. Apertou a mão de Sabé
entre as suas e apoiou a cabeça no ombro de Sabé. Sabé nunca quis deixá-la
ir, mesmo quando ela se preparava para deixá-la.
— Como você vai se lembrar? — Padmé perguntou. — Como você vai
lutar?
— Vou voltar para Tatooine por enquanto, — Sabé respondeu. —
Estamos começando a ver resultados. É pequeno comparado ao que você
faz, eu sei, mas faz mais sentido para mim. Isso me faz sentir como se
estivesse fazendo alguma coisa.
— Entendo, — Padmé disse. — Esta missão, enquanto estávamos em
Hebekrr Menor, resgatamos uma família mantida como refém. Não era a
parte mais importante para o Senado, mas meio que foi pra mim.
Sabé descansou a bochecha no topo da cabeça de Padmé. Sentira tanto a
sua falta. Por dez anos, Padmé foi o centro da sua galáxia, a estrela-guia
pela qual tomava todas as suas decisões. Nunca imaginou superar isso. Mas
a vida tinha outras ideias.
— Você gosta de Anakin? — Padmé perguntou. Parecia a garota que
tinha sido, encolhida debaixo de cobertores, fazendo perguntas sobre Harli
Jafan todos aqueles anos atrás. — Você é realmente a única que passou
algum tempo com ele como um adulto.
— Eu entendo porque você gosta de Anakin, — Sabé respondeu. — Ele
é um pouco intenso pra mim. Ele é completamente dedicado a você, o que
eu admiro, mas quando está com raiva, ele me assusta um pouco.
— Ele é muito poderoso de uma forma que eu nunca poderia entender,
— Padmé observou. — Seu senso por justiça é extremo. Houve um
incidente com um acampamento Tusken em Tatooine quando estávamos lá.
— Aquilo foi Anakin? — Sabé perguntou. — Eles estão falando sobre
aquele massacre do outro lado do planeta.
— Foi horrível, — Padmé respondeu. — Tentei falar com ele sobre isso
depois, mas não fui muito longe. E então recebemos a mensagem de Obi-
Wan, e então Geonosis aconteceu, e então...
— E então você se casou, — Sabé disse. Tentou não parecer crítica, mas
era um desafio.
Padmé virou a cabeça para enterrar o rosto no ombro de Sabé.
— Quando você diz assim, soa terrível, — ela disse, a voz abafada pelo
tecido. — Mas na época, eu não conseguia me imaginar fazendo outra
coisa. Eu ainda não consigo.
— Você me disse uma vez que quando você entregasse o seu coração a
alguém, seria um desastre, — Sabé lembrou. — Eu deveria saber que você
não estava exagerando.
— É sempre tão emocionante, — Padmé disse. Havia algo na sua voz
que falava de sonhos que Sabé nunca teve, mas podia entender o desejo. —
Nós nunca paramos para resolver nada porque estamos sempre roubando
um momento a sós ou entrando na próxima missão.
— Parece romântico, — Sabé disse secamente.
— Parece uma holonovela, — Padmé admitiu. — A única vez que
tivemos para nós mesmos, para sermos nós mesmos, foi na casa do lago e,
mesmo assim, eu estava escondida. Mas tivemos tempo. E nós
conversamos. Nós conversamos tanto. Eu quero isso de novo.
— Bem, Anakin parece determinado a cortar todos os Separatistas ao
meio, e eu não gostaria de ficar no seu caminho no plenário do Senado, —
Sabé disse. — Entre vocês dois, vocês provavelmente vão acabar com a
guerra o mais rápido possível. Você ainda terá que ser clandestina depois
disso, é claro, mas pelo menos poderá falar.
Padmé se sentou e olhou diretamente pra ela.
— Você está tirando sarro de mim? — ela exigiu.
— Sim, — Sabé respondeu. — Mas também acho que estou certa.
— Obrigada. — Padmé suspirou. — Todo esse tempo, todas as coisas
que eu pedi para você fazer ou desistir ou colocar em espera. Sinto muito
por ter empurrado você mais longe do que você queria desta vez. Eu não
poderia ter chegado tão longe sem você.
Sabé se virou, pegando as duas mãos de Padmé. As suas vidas estavam
ligadas de uma maneira difícil de explicar, as suas identidades entrelaçadas
para o bem de Naboo. E agora isso acabou. Elas teriam caminhos
separados. Sabé aprenderia a projetar a sua própria sombra. Encarou a sua
rainha, a sua senadora, a sua amiga, e deu-lhe um sorriso triste.
— Minhas mãos são as suas, — ela disse. — Por favor, não me peça por
elas novamente.
Padmé assentiu, com lágrimas nos olhos, porque não conseguia falar.
Elas se vestiram para a cama e entraram debaixo das cobertas. Um convite
não foi feito nem aceito, mas o entendimento entre elas não mudou. Haviam
muitas coisas sobre as quais elas nunca precisavam falar, e ambas sentiam
que já tinham conversado o suficiente para a noite.
Em vez disso, puxaram o cobertor sobre as suas cabeças e riram noite
adentro, como faziam quando eram meninas. Elas se lembraram do show e
das outras formas como atormentaram Quarsh Panaka. Conversaram sobre
aquele dia de eleição na casa do lago, quando Tonra olhou para Sabé e Sabé
finalmente se permitiu olhar para trás. Elas também falaram sobre as outras.
A carreira de Rabé e a obra de Eirtaé. O número cada vez maior de filhos de
Yané e Saché. Elas lamentaram Cordé e Versé, e cada uma delas lembrou à
outra como eram sortudas por terem Dormé.
Sabé adormeceu primeiro, e Padmé olhou para o rosto dela na
penumbra. Sempre disse pra sim mesma que elas eram quase idênticas.
Padmé sabia que isso não era verdade, mas passou quase metade da sua
vida aproveitando a ilusão. Esta noite, pela primeira vez, viu as linhas no
rosto de Sabé que não compartilhava. O desgaste do sol do deserto, a
preocupação de uma centena de carregamentos quando a carga estava viva,
almas respirando.
Sabé sempre teve uma vida separada. Padmé sempre fez o que podia
para ter certeza de que a sua amiga estava feliz. E se isso fosse necessário,
então era isso que faria. Sabé merecia sair da sombra de Padmé, se quisesse.
As outras tinham, à sua maneira, e agora era a vez de Sabé. Isso doeu mais,
mas Padmé nunca lhe diria. Sabé dedicou anos da sua vida a Amidala, os
mesmos anos que a própria Padmé havia dado.
E agora era hora de deixá-la ir.
Não era como voltar para casa, mas era perto o suficiente. À medida que
Tatooine crescia na janela do transporte, Sabé não podia se arrepender de
nenhuma das decisões que a trouxeram até aqui. Tinha estado longe de
Coruscant por pouco tempo, apenas o tempo que levou para Mariek levá-la
ao centro de transportes, e depois pegar um transporte, e no entanto ela já se
sentia mais calma, mais segura de si mesma. A parte dela que era Amidala
estava triste por desistir das luzes e do poder no Núcleo Galáctico, mas a
parte dela que era Sabé sabia que tinha feito a escolha certa.
Tonra a encontrou na doca dos transportes. Sorriu quando a viu na
multidão, e assim que ela chegou ao alcance do braço, ele a pegou em um
abraço. Se perguntou se foi isso que Padmé sentiu quando viu Anakin
depois que eles se separaram. Então decidiu que não se importava.
— Estou tão feliz que você está de volta, — Tonra disse.
— Sei que você não sentiu falta da minha comida, — Sabé observou.
Ele riu.
— Não, não senti, — ele concordou. — Mas começamos isso juntos. É
melhor quando você está aqui.
Pegou a mão dele, fingir ser um casal tinha as suas vantagens, e eles
partiram para a casa deles. Mos Eisley não mudou. As ruas ainda estavam
cheias de comerciantes vendendo produtos duvidosos e pessoas tentando
sobreviver um dia após o outro. Os sóis estavam quentes. O vento não
ajudava em nada. E Sabé já tinha areia nos dentes.
Quando chegaram em casa, Sabé desfez as malas rapidamente enquanto
Tonra preparava um café e colocava os biscoitos duros que fizera no dia
anterior. Sabé sentou-se à frente dele e deu uma mordida em um.
— Você quer falar sobre isso? — Tonra perguntou depois de tomar um
gole do seu caf.
Por um momento, Sabé não tinha certeza. Mas então ela decidiu que
não só queria falar sobre isso, ela queria falar sobre isso com ele,
especificamente. De todos que já trabalharam com Padmé Amidala, ele
poderia entender melhor.
— Acho que desisti, — Sabé respondeu. — Eu disse a ela para nunca
me pedir para voltar.
Tonra tirou os dedos dela da caneca e os apertou.
Então despejou a história toda. Toda a miséria da política do Senado em
Coruscant. A maneira como se sentia mais deslocada e errada cada vez que
colocava um dos vestidos de Amidala. Como foi horrível finalmente
confrontar Padmé e resolver tudo com ela. Era como se não conseguisse
parar de falar. E pela primeira vez não precisou, embora tenha deixado a
parte de Anakin na história de fora. Respeitava a privacidade de Padmé a
esse respeito. Tonra não a interrompeu e ele nunca soltou a mão dela.
— Você quer um abraço? — ele perguntou quando ela finalmente
terminou.
— Sim, — ela sussurrou. Se sentia esgotada e vazia, nova e segura.
Tonra se levantou e a puxou para os seus braços. Isso foi diferente do
abraço na doca. Aquele tinha sido felicidade e camaradagem. Este era a
promessa de uma base sólida, onde quer que decidisse ficar.
— Eu sempre soube que ela não iria me escolher, — ela disse no peito
dele. Ele acariciou o cabelo dela. — Eu só pensei que ela escolheria mais.
Como um planeta. Ou uma espécie.
Ele a segurou com força por mais algum tempo, e então deu um passo
para trás. Quando ela olhou para cima, ela viu o carinho em seu rosto que
costumava assustá-la tanto.
— Você quer ver o que você escolheu? — ele perguntou.
— Sim? — ela respondeu, pronta para concordar com ele, mesmo que
não soubesse do que ele estava falando.
Ele riu e foi até a mesa que eles usavam como escrivaninha. Ele abriu
uma gaveta e tirou uma caixa.
— Abra, — ele solicitou, passando-a.
Sabé abriu o trinco e a tampa. Dentro da caixa havia um pequeno
dispositivo diferente de tudo que já tinha visto antes. Parecia ser montado a
partir de peças aleatórias. Ao olhar mais de perto, percebeu que era algum
tipo de escâner.
— É assim que eles encontram os chips, — ela compreendeu. Segurou a
liberdade nas suas mãos, e nunca se sentiu tão poderosa.
— Com algumas modificações, sim, — Tonra observou. — O nosso
contato me deu um quando eu disse a eles que nós poderíamos melhorá-lo.
— E por 'nós' você quer dizer Rabé? — Sabé perguntou.
— Sim, — Tonra respondeu. — O dispositivo em si tem que ser de
baixa tecnologia, porque tem que ser fácil de replicar com quaisquer peças
disponíveis. Idealmente, eles gostariam que eles trabalhassem em outros
planetas, mas agora eles estão focados apenas em Tatooine. O problema
está na programação. Os chips são redefinidos e eles têm que recomeçar do
zero.
— Programação de ponta em um dispositivo de aparência inócua está
exatamente na alçada de Rabé, — Sabé apontou.
— Eu notei, — Tonra disse. — Ela também enviou várias modificações
que poderíamos tentar, e uma versão de alta tecnologia, que poderia ser útil.
— E funciona? — Sabé perguntou.
— Para citar o meu contato, funciona e continua funcionando, — Tonra
respondeu. — Ele redefine mais rápido do que os chips e sempre fica à
frente da contra-programação deles. A organização aqui está ansiosa por
alguma expansão.
— Incluindo nós? — perguntou Sabé. — Acho que a estação de
tratamento de água provavelmente já me demitiu.
— Eu não queria responder por você enquanto estava fora, — Tonra
observou. — Mas sim, isso nos inclui.
Colocou a caixa no chão e o abraçou pela terceira vez. Podia sentir a
surpresa dele mesmo quando os seus braços a envolveram novamente.
Geralmente não mostrava tanto carinho, mesmo quando eles estavam
ficando de novo. Olhou para ele e sorriu.
— Eu preciso de algum tempo, acho, — ela disse, por fim. — Descobrir
quem eu sou, quando não preciso ser ela.
— Entendo, — ele disse. — Você tem todo o tempo que precisa de
mim, você sabe disso.
— Sim, — Sabé admitiu. — Mas eu estava me perguntando se talvez
você gostaria de ajudar?
Beijá-lo era como voltar pra casa. Isso a atingiu, porque nunca tinha
acontecido antes. Sempre existiu Amidala no fundo da sua mente, mas
agora a sombra se foi, e ela tinha as duas estrelas de Tatooine para iluminar
o seu caminho. Sorriu contra a boca dele, e ele riu. Queria ficar neste
momento para sempre, mas também sabia que haveria mais no futuro se ela
seguisse em frente.
— Devo apresentá-la ao Sóis Brancos? — ele perguntou.
— Sim, — Sabé respondeu.
Ela estava pronta para começar a trabalhar.
Os seus horários raramente se sobrepunham, mas Padmé mantinha as suas
noites livres. Eles providenciaram comunicações seguras através dos
droides que os serviam tão fielmente. Agora que Anakin era um Cavaleiro
Jedi, podia ir e vir do Templo com mais liberdade. Talvez Obi-Wan tenha se
perguntado para onde ele ia, mas ele nunca perguntaria. O tempo de Anakin
em Coruscant era dele mesmo, na maior parte, e o tempo que não passava
com o Chanceler Palpatine guardava zelosamente para Padmé.
O seu apartamento estaria escuro quando ele chegasse. As suas aias a
deixavam sozinha à noite agora. Sabia que algumas delas pelo menos
suspeitavam da verdade e apreciava a discrição delas. Os guardas, ele
evitava.
C-3PO estava invariavelmente lá para encontrá-lo e pegar a sua capa.
Às vezes Anakin tinha R2-D2 com ele, e os dois droides conversavam, mas
mais frequentemente C-3PO se afastava e sumia depois de dizer olá. No
início foi difícil para Anakin ver o droide. Haviam tantas memórias
naqueles fios, cada pedaço de metal e linha de programação surgido do
nada enquanto ele era escravizado sob os sóis de Tatooine. C-3PO era a
última coisa na galáxia que ele compartilhou com a sua mãe. Entregá-lo a
Padmé foi o único presente que ele realmente conseguiu providenciar.
Como um Jedi, ele não tinha mais nada para dar.
Mas como ele havia dito a ela todos aqueles anos atrás, ele também era
uma pessoa, e as pessoas tinham coração. Ele havia dado o dele a ela sem
perceber, muito antes de fazer qualquer juramento aos Jedi. Vê-la
novamente dez anos depois foi uma revelação e uma promessa. Não hesitou
em dar o seu coração novamente, mesmo quando ela tentou, por dever,
recusá-lo. Quando ela o aceitou, ele nunca foi tão feliz, mesmo correndo o
risco de morrer. O amor dela deu a ele a força para lutar na arena quando
toda a esperança parecia ter acabado, e quando ele perdeu a mão, a dela o
ajudou enquanto se recuperava.
Não tinha R2-D2 com ele esta noite. Foi educado com C-3PO, mas
claramente tinha outras coisas em mente, e o droide não se demorou.
Anakin atravessou a antecâmara, não parando para admirar a vista ou
maravilhar-se com a maciez do tecido do sofá como poderia ter feito antes.
Ela o encontrou na porta do seu quarto, etérea e maravilhosa, com um
sorriso que sabia que era só dele.
— Anakin, — ela disse, e jogou os braços em volta do pescoço dele.
Nunca se cansaria de abraçá-la. Ela era tão pequena e tão frágil. Sabia
que ela poderia cuidar de si mesma, ele a viu fazer isso em mais de uma
ocasião, mas ele faria qualquer coisa para protegê-la, qualquer coisa para
mantê-la segura. Ele a amava e ela o amava, e nem o Senado nem os Jedi
podiam mantê-los separados. Não permitiria.
— Você sempre me esmaga quando chega aqui, — ela disse, rindo.
— É porque eu estou tão apaixonado, — ele apontou, mas ele afrouxou
o seu aperto.
Ela pressionou um beijo na sua boca, com o seu toque leve e lindo,
assim como ela era. Pegou a mão dele e o levou até a cadeira perto da
janela.
— Sente-se comigo por um tempo? — ela solicitou.
Sentiu uma onda de tristeza vindo dela então. Não estava relacionado a
ele, não exatamente, então não pressionou o assunto. Eles ainda estavam
descobrindo exatamente como eles se encaixavam, e viver separadamente
não ajudava. Tentou dar a ela tanto espaço quanto ela precisava, mesmo que
ele não soubesse exatamente o que era. Não havia ninguém a quem pudesse
perguntar sobre isso, exceto talvez o seu meio-irmão, e Anakin não tinha
certeza se queria seguir esse caminho. Se fosse um problema, ele resolveria
depois.
Sentou-se na almofada larga e recostou-se nos travesseiros. Padmé tirou
os chinelos leves que ela estava usando e enfiou os pés embaixo dela
enquanto se enroscava ao lado dele. Ele puxou uma colcha ao redor dela,
embora não tivesse certeza se ela estava com frio. Era a coisa educada a se
fazer, e ela tinha feito isso por ele mais de uma vez.
— Isso é perfeito, — ele disse quando eles se acomodaram. — Eu acho.
— Está na minha lista curta, — Padmé concordou. — Eu nunca pensei
que poderia ser tão feliz em Coruscant.
— Eu te faço feliz? — Anakin já sabia disso, mas isto ainda o
encantava.
— Claro que sim, — Padmé respondeu. — É por isso que me casei com
você.
— Eu pensei que era por toda a aventura emocionante, — Anakin falou
lentamente.
— Depois da semana que eu tive, eu poderia usar menos emoções, eu
acho, — Padmé disse a ele.
— Você pode ter vindo ao lugar errado, — Anakin disse a ela
seriamente. Com o braço em volta dela, quase podia alcançar os pés
descalços dela.
— Esta é minha casa, — ela protestou, mas foi cortada quando Anakin
começou a fazer cócegas nela.
As risadinhas dela eram tão baixas que Anakin não se preocupava que
alguém pudesse as ouvir. Tentou lutar com ele, mas entre a sua risada e a
força dele, ela não teve chance. Ambos estavam respirando com dificuldade
quando ele finalmente cedeu, e ela lhe deu um tapa no ombro assim que ela
recuperou o controle.
— Isso não foi muito cavalheiresco da sua parte, — ela disse a ele. O
seu rosto estava corado.
— Eu não vim aqui para ser um cavalheiro, — ele contrapôs.
Ela corou ainda mais.
— Você está tirando sarro de mim de novo, — ela disse. — Achei que
você estava com muito medo de tirar sarro de uma senadora.
— Não quando a senadora é minha esposa, — ele apontou. Ele a puxou
para o seu colo. — Então todas as apostas estão canceladas.
— Eu gosto dessa palavra, — ela disse suavemente. — Marido, esposa.
— Digo-as sempre que posso, — ele confessou. — Mesmo quando
estou sozinho no Templo.
Desta vez, os lábios dela se demoraram nos dele, pressionando
levemente, mas seguramente contra ele enquanto ela o respirava. As mãos
dele se arrastaram pelas costas dela para emaranhar no cabelo dela. Nunca
desistiria disso. Nunca poderia.
Eles ficaram sentados, olhando para as luzes da cidade de Coruscant, até
que a luz rosa fraca do amanhecer tocou o horizonte, afastando a escuridão.
Era uma vez uma garota com coração e pulmões e um planeta que queria
governar, e o destino disse que só podia escolher um. No topo da
montanha, escolheu: O seu planeta primeiro. O seu povo primeiro. O seu
mundo, primeiro.
Eles lhe deram um pedaço de peito para processar o ar e mover o seu
sangue. A cura levou muito, muito tempo, mas sobreviveu e ficou forte
novamente à medida que melhorou. O seu mundo a amava.
— Ela será nossa rainha, — eles disseram. — Ela nos deu o seu
coração e o próprio ar que respira.
Aprendeu a política de Alderaan e a etiqueta das Grandes Casas.
Encontrou um garoto que a amava o suficiente para levar o nome dela,
abandonando o seu próprio legado para sempre à sombra do dela. Juntos,
eles mantiveram o planeta forte. Cuidou das pessoas, e dele, ascendeu ao
Senado, garantiu que a galáxia nunca esquecesse o que Alderaan poderia
oferecer.
Não sabia como lutar uma guerra.
Alderaan podia pagar por quase tudo, mas sabia que apenas os
créditos não dariam conta do recado. O Grande Exército da República era
composto inteiramente de clone troopers, mas eles ainda precisavam de
embarcações de apoio e naves de suprimentos. Alderaan se mobilizou, não
exatamente para a guerra, embora eles lutassem se fosse necessário, mas
para obter ajuda.
Eles não enviaram apenas dinheiro para planetas que os Separatistas
devastaram. Enviaram médicos, professores e arquitetos. Eles não
enviaram apenas suprimentos quando cidades inteiras foram devastadas.
Eles enviaram construtores, médicos e droides.
Enquanto o seu marido discutia a política em Coruscant, mandava o
seu povo para as ruas de lugares perigosos onde eles eram mais
necessários. Alguns deles nunca voltaram para casa, mas as suas famílias
não a culparam. Também se sacrificou, e eles sabiam que, quando fosse
preciso, ela se sacrificaria novamente.
O coração de Alderaan havia mudado. Ainda era um planeta pacífico,
sem grandes armamentos que se possa mencionar, mas estava organizado.
No entanto, as naves da frota real tinham bastante autoridade; seus oficiais
tinham visto mais dificuldades.
Os pulmões de Alderaan haviam mudado. Eles ainda faziam arte e
viviam para a beleza, mas agora fabricavam itens mais práticos e em maior
quantidade. As pessoas ainda eram sonhadoras, mas os seus sonhos se
estendiam além dos limites da atmosfera.
O mundo de Alderaan havia mudado. Ainda era um lugar bonito que
escondia penhascos traiçoeiros e fendas esquecidas, mas estava se
enchendo silenciosamente. Refugiados de toda a República vieram para cá
para encontrar o caminho novamente, ou para ficar. Era mais cosmopolita,
mais criativo. Mais perigoso para aqueles que defendiam o mal.
A mudança aconteceu tão lentamente que ninguém realmente percebeu,
ninguém na luz e ninguém no escuro. Mas mudou. Tornou-se algo que a
galáxia ia precisar, embora ninguém soubesse disso ainda. E no centro de
tudo isso estava a garota.
Breha Organa construiu algo incrível e, ao fazê-lo, lançou as bases
para alguém que seria ainda mais.
STAR WARS / A ESPERANÇA DA RAINHA
TÍTULO ORIGINAL: Star Wars / Star Wars - Queens Hope

COPIDESQUE: TRADUTORES DOS WHILLS

REVISÃO: TRADUTORES DOS WHILLS

DIAGRAMAÇÃO: TRADUTORES DOS WHILLS

ILUSTRAÇÃO: Tara Phillips

GERENTE EDITORIAL: TRADUTORES DOS WHILLS

DIREÇÃO EDITORIAL: TRADUTORES DOS WHILLS

VERSÃO ELETRÔNICA: TRADUTORES DOS WHILLS

ASSISTENTES EDITORIAIS: TRADUTORES DOS WHILLS

COPYRIGHT © & TM 2021 LUCASFILM LTD.


COPYRIGHT ©TRADUTORES DOS WHILLS, 2022
(EDIÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA PARA O BRASIL)
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.
PROIBIDA A REPRODUÇÃO, NO TODO OU EM PARTE, ATRAVÉS DE QUAISQUER MEIOS.

STAR WARS - A ESPERANÇA DA RAINHA É UM LIVRO DE FICÇÃO. TODOS OS PERSONAGENS, LUGARES E


ACONTECIMENTOS SÃO FICCIONAIS.
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
J93ek Johnston, Emily Kate
Star Wars - A Esperança da Rainha [recurso eletrônico] / Emily Kate Johnston ; traduzido por Red
Skull Mythosaur
448 p. : 3.0 MB.
Tradução de: Star Wars - Queens Hope
ISBN: 978-1-368-07809-2 (Ebook)
1. Literatura norte-americana. 2. Ficção científica. I. Mythosaur, Red Skull CF. II. Título.
2020-274 CDD 813.0876
CDU 821.111(73)-3

ÍNDICES PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO:

Literatura : Ficção Norte-Americana 813.0876


Literatura norte-americana : Ficção 821.111(73)-3

tradutoresdoswhills.wordpress.com
Sinto que movemos uma montanha. Depois de vinte anos de espera, não só
conseguimos uma, mas TRÊS histórias da Padmé. E isso é graças a vocês,
gentis leitores. O seu apoio significou tudo pra mim durante esta trilogia
(TRILOGIA!!!), e estou muito feliz por termos conseguido isso juntos.
Josh, comparado com os dois primeiros, esse foi quase normal! Você
não precisava descobrir em que o fuso horário eu estava nem nada.
Obrigado por a sua contínua defesa dos meus livros. O que devemos fazer
em seguida?
Jen, devo dizer, foi INFINITAMENTE paciente comigo sobre isso.
Perdi todos os prazos. Entreguei o manuscrito mais curto de todos os
tempos. Esqueci como soletrar os nomes dos personagens que inventei, com
uma consistência alarmante. E, no entanto, ela nunca desistiu de mim ou me
fez sentir como se eu estivesse falhando. Obrigado por guiar este livro, por
instruções precisas quando meu cérebro precisava delas e por entender que
alguns dias eu era um desastre total. Conseguimos. Eventualmente.
Emma Higinbotham, Anna-Marie McLemore e Dot Hutchison foram
excelentes membros da equipe “Não posso explicar nada, mas tenho
algumas perguntas”. Amigos que podem ajudá-lo E não infringir o seu
NDA (Non-Disclosure-Agreement ou Acordo de não divulgação) são um
bônus real neste negócio.
Tara Phillips e Leigh Zieske mais uma vez se uniram com arte de capa e
design EXCELENTES. Esses dois fizeram um TRABALHO TÃO BOM
nesta série, e eu os amo muito.
Como sempre, sem o Grupo de História eu estaria flutuando em um mar
de [Pablo, eu preciso de um planeta]. Em particular, gostaria de agradecer a
Emily Shkoukani, que investiu muito tempo pessoal para garantir que eu
construísse os personagens que queria.
Por fim, quero agradecer aos meus leitores. Quando o Perigo da Rainha
foi lançado em junho passado, eu passei muito mal, e todos vocês foram
incríveis. Escrever é o meu trabalho, mas eu gosto mais quando estou me
divertindo, e vocês garantem que eu goste. Mal posso esperar para lhes ver
novamente.
E. K. JOHNSTON é a autora de Star Wars: A Sombra da
Rainha; Star Wars: Ahsoka; The Afterward; That Inevitable Victorian
Thing; e Exit, Pursued by a Bear. Ela teve vários empregos e uma vocação
antes de se tornar uma escritora publicada. Se ela aprendeu alguma coisa, é
que às vezes as coisas ficam estranhas e não há muito que você possa fazer
a respeito. Bem, isso e como forçar a fanfic estranha porque é sobre um
casal de quem ela gosta.
Star Wars: Guardiões dos Whills
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No mundo do deserto de Jedha, na Cidade Santa, os amigos Baze e


Chirrut costumavam ser Guardiões das colinas, que cuidavam do
Templo de Kyber e dos devotos peregrinos que adoravam lá. Então
o Império veio e assumiu o planeta. O templo foi destruído e as
pessoas espalhadas. Agora, Baze e Chirrut fazem o que podem
para resistir ao Império e proteger as pessoas de Jedha, mas nunca
parece ser suficiente. Então um homem chamado Saw Gerrera
chega, com uma milícia de seus próprios e grandes planos para
derrubar o Império. Parece ser a maneira perfeita para Baze e
Chirrut fazer uma diferença real e ajudar as pessoas de Jedha a
viver melhores vidas. Mas isso vai custar caro?

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STAR WARS: Episódio VIII: Os Últimos Jedi
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Um livro de imagens ilustrado que reconta o filme Star Wars: Os


Últimos Jedi.

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Um Wookiee é o melhor amigo de uma menina! Quando Chewbacca


conhece a jovem Zarro na Orla Exterior, ele não tem escolha a não
ser deixar de lado sua própria missão para ajudá-la a resgatar seu
pai de uma mina perigosa. Essa incrível Aventura foi baseada na
HQ do Chewbacca… (FAIXA ETÁRIA: 6 a 8 anos)

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Star Wars: Ahsoka
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Esse é o Terceiro Ebook dos Tradutores dos Whills com uma


aventura emocionante sobre uma heroína corajosa das Séries de
TV Clone Wars e Rebels: Ahsoka Tano! Os fãs há muito tempo se
perguntam o que aconteceu com Ahsoka depois que ela deixou a
Ordem Jedi perto do fim das Guerras Clônicas, e antes dela
reaparecer como a misteriosa operadora rebelde Fulcro em Rebels.
Finalmente, sua história começará a ser contada. Seguindo suas
experiências com os Jedi e a devastação da Ordem 66, Ahsoka não
tem certeza de que possa fazer parte de um todo maior de novo.
Mas seu desejo de combater os males do Império e proteger
aqueles que precisam disso e levará a Bail Organa e a Aliança
Rebelde….

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Star Wars: Kenobi Exílio
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A República foi destruída, e agora a galáxia é governada pelos


terríveis Sith. Obi-Wan Kenobi, o grande cavaleiro Jedi, perdeu
tudo… menos a esperança. Após os terríveis acontecimentos que
deram fim à República, coube ao grande mestre Jedi Obi-Wan
Kenobi manter a sanidade na missão de proteger aquele que pode
ser a última esperança da resistência ao Império. Vivendo entre
fazendeiros no remoto e desértico planeta Tatooine, nos confins da
galáxia, o que Obi-Wan mais deseja é manter-se no completo
anonimato e, para isso, evita o contato com os moradores locais. No
entanto, todos esses esforços podem ser em vão quando o “Velho
Ben”, como o cavaleiro passa a ser conhecido, se vê envolvido na
luta pela sobrevivência dos habitantes por uma Grande Seca e por
causa de um chefe do crime e do povo da areia. Se com o Novo
Cânone pudéssemos encontrar todos os materiais disponíveis aos
anos de Exílio de Obi-Wan Kenobi em um só Lugar? Após o Livro
Kenobi se tornar Legend, os fãs ficaram sem saber o que aconteceu
com o Velho Ben nesse tempo de reclusão. Então os Tradutores dos
Whills também se fizeram essa pergunta e resolveram fazer esse
trabalho de compilação dos Contos, Ebooks, Séries Animadas e
HQs, em um só Ebook Especial e Canônico para todos os Fãs!!

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Star Wars: Dookan: O Jedi Perdido
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Esse é o Quarto Ebook dos Tradutores dos Whills com uma


aventura emocionante sobre um Vilão dos Filmes e da Série de TV
Clone Wars: Conde Dookan! Mergulhe na história do sinistro Conde
Dookan no roteiro original da emocionante produção de áudio de
Star Wars! Darth Tyranus. Conde de Serenno. Líder dos
Separatistas. Um sabre vermelho, desembainhado no escuro. Mas
quem era ele antes de se tornar a mão direita dos Sith? Quando
Dookan corteja uma nova aprendiz, a verdade oculta do passado do
Lorde Sith começa a aparecer. A vida de Dookan começou como um
privilégio, nascido dentro das muralhas pedregosas da propriedade
de sua família. Mas logo, suas habilidades Jedi são reconhecidas, e
ele é levado de sua casa para ser treinado nos caminhos da Força
pelo lendário Mestre Yoda. Enquanto ele afia seu poder, Dookan
sobe na hierarquia, fazendo amizade com Jedi Sifo-Dyas e levando
um Padawan, o promissor Qui-Gon Jinn, e tenta esquecer a vida
que ele levou uma vez. Mas ele se vê atraído por um estranho
fascínio pela mestra Jedi Lene Kostana, e pela missão que ela
empreende para a Ordem: encontrar e estudar relíquias antigas dos
Sith, em preparação para o eventual retorno dos inimigos mais
mortais que os Jedi já enfrentaram. Preso entre o mundo dos Jedi,
as responsabilidades antigas de sua casa perdida e o poder sedutor
das relíquias, Dookan luta para permanecer na luz, mesmo quando
começa a cair na escuridão.

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Star Wars: Discípulo Sombrio
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Esse é o Quinto Ebook dos Tradutores dos Whills com uma


aventura emocionante sobre um Vilões e Heróis dos Filmes e da
Série de TV Clone Wars! Baseado em episódios não produzidos de
Star Wars: The Clone Wars, este novo romance apresenta Asajj
Ventress, a ex-aprendiz Sith que se tornou um caçadora de
recompensas e uma das maiores anti-heróis da galáxia de Star
Wars. Na guerra pelo controle da galáxia entre os exércitos do lado
negro e da República, o ex-Mestre Jedi se tornou cruel. O Lorde Sith
Conde Dookan se tornou cada vez mais brutal em suas táticas.
Apesar dos poderes dos Jedi e das proezas militares de seu
exército de clones, o grande número de mortes está cobrando um
preço terrível. E quando Dookan ordena o massacre de uma flotilha
de refugiados indefesos, o Conselho Jedi sente que não tem
escolha a não ser tomar medidas drásticas: atacar o homem
responsável por tantas atrocidades de guerra, o próprio Conde
Dookan. Mas o Dookan sempre evasivo é uma presa perigosa para
o caçador mais hábil. Portanto, o Conselho toma a decisão ousada
de trazer tanto os lados do poder da Força de suportar, — juntar o
ousado Cavaleiro Quinlan Vos com a infame acólita Sith Asajj
Ventress. Embora a desconfiança dos Jedi pela astuta assassina
que uma vez serviu ao lado de Dookan ainda seja profunda, o ódio
de Ventress por seu antigo mestre é mais profundo. Ela está mais
do que disposta a emprestar seus copiosos talentos como caçadora
de recompensas, e assassina, na busca de Vos.Juntos, Ventress e
Vos são as melhores esperanças para eliminar a Dookan, — desde
que os sentimentos emergentes entre eles não comprometam a sua
missão. Mas Ventress está determinada a ter sua vingança e,
finalmente, deixar de lado seu passado sombrio de Sith.
Equilibrando as emoções complicadas que sente por Vos com a
fúria de seu espírito guerreiro, ela resolve reivindicar a vitória em
todas as frentes, uma promessa que será impiedosamente testada
por seu inimigo mortal… e sua própria dúvida.

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Star Wars: Episódio IX: A Ascensão do Skywalker:
Edição Expandida

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Leia o épico capítulo final da saga Skywalker com a novelização


oficial de Star Wars: A Ascensão Skywalker, incluindo cenas
ampliadas e conteúdo adicional não visto nos cinemas! A
Resistência renasceu. Mas, embora Rey e seus companheiros
heróis estejam de volta à luta, a guerra contra a Primeira Ordem,
agora liderada pelo líder supremo Kylo Ren, está longe de terminar.
Assim como a faísca da rebelião está reacendendo, um sinal
misterioso é transmitido por toda a galáxia, com uma mensagem
assustadora: o Imperador Palpatine, há muito pensado derrotado e
destruído, está de volta dos mortos. O antigo Senhor dos Sith
realmente voltou? Kylo Ren corta uma faixa de destruição pelas
estrelas, determinado a descobrir qualquer desafio ao seu controle
sobre a Primeira Ordem e seu destino para governar a galáxia – e
esmagá-la completamente. Enquanto isso, para descobrir a
verdade, Rey, Finn, Poe e a Resistência devem embarcar na
aventura mais perigosa que já enfrentaram. Apresentando cenas
totalmente novas, adaptadas de material nunca visto, cenas
excluídas e informações dos cineastas, a história que começou em
Star Wars: O Despertar da Força e continuou em Star Wars: Os
Últimos Jedi chega a uma conclusão surpreendente.

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Star Wars: Os Segredos Dos Jedi

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Descubra o mundo dos Jedi de Star Wars através desta experiência


de leitura divertida e totalmente interativa. Star Wars: Jediografia é o
melhor guia do universo Jedi para o universo dos Jedi,
transportando jovens leitores para uma galáxia muito distante,
através de recursos interativos, fatos fascinantes e ideias cativantes.
Com ilustrações originais emocionantes e incríveis recursos
especiais, como elevar as abas, texturas e muito mais, Star Wars:
Jediografia garante a emoção das legiões de jovens fãs da saga.

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Star Wars:Thrawn: Alianças

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Palavras sinistras em qualquer circunstância, mas ainda mais


quando proferidas pelo Imperador Palpatine. Em Batuu, nos limites
das Regiões Desconhecidas, uma ameaça ao Império está se
enraizando. Com a sua existência pouco mais que um vislumbre, as
suas consequências ainda desconhecidas. Mas é preocupante o
suficiente para o líder imperial justificar a investigação de seus
agentes mais poderosos: o impiedoso agente Lorde Darth Vader e o
brilhante estrategista grão almirante Thrawn. Rivais ferozes a favor
do Imperador e adversários francos nos assuntos imperiais,
incluindo o projeto Estrela da Morte, o par formidável parece
parceiros improváveis para uma missão tão crucial. Mas o
Imperador sabe que não é a primeira vez que Vader e Thrawn
juntam forças. E há mais por trás de seu comando real do que
qualquer um dos suspeitos. No que parece uma vida atrás, o
general Anakin Skywalker da República Galáctica e o comandante
Mitth’raw’nuruodo, oficial da Ascensão do Chiss, cruzaram o
caminho pela primeira vez. Um em uma busca pessoal
desesperada, o outro com motivos desconhecidos... e não
divulgados. Mas, diante de uma série de perigos em um mundo
longínquo, eles forjaram uma aliança desconfortável, — nem
remotamente cientes do que seus futuros reservavam. Agora,
reunidos mais uma vez, eles se veem novamente ligados ao planeta
onde lutaram lado a lado. Lá eles serão duplamente desafiados, —
por uma prova de sua lealdade ao Império... e um inimigo que
ameaça até seu poder combinado.

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Star Wars: Legado da Força: Traição

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Esta é a era do legado de Luke Skywalker: o Mestre Jedi unificou a


Ordem em um grupo coeso de poderosos Cavaleiros Jedi. Mas
enquanto a nova era começa, os interesses planetários ameaçam
atrapalhar esse momento de relativa paz, e Luke é atormentado
com visões de uma escuridão que se aproxima. O mal está
ressurgindo “das melhores intenções” e parece que o legado dos
Skywalkers pode dar um ciclo completo.A honra e o dever colidirão
com a amizade e os laços de sangue, à medida que os Skywalker e
o clã Solo se encontrarem em lados opostos de um conflito
explosivo com repercussões potencialmente devastadoras para
ambas as famílias, para a ordem Jedi e para toda a galáxia. Quando
uma missão para descobrir uma fábrica ilegal de mísseis no planeta
Aduman termina em uma emboscada violenta, da qual a Cavaleira
Jedi Jacen Solo e o seu protegido e primo, Ben Skywalker, escapam
por pouco com as suas vidas; é a evidência mais alarmante ainda
que desencadeia uma discussão política. A agitação está
ameaçando inflamar-se em total Rebelião. Os governos de vários
mundos estão se irritando com os rígidos regulamentos da Aliança
Galáctica, e os esforços diplomáticos para garantir o cumprimento
estão falhando. Temendo o pior, a Aliança prepara uma
demonstração preventiva de poder militar, numa tentativa de trazer
os mundos renegados para a frente antes que uma revolta entre em
erupção. O alvo modelado para esse exercício: o planeta Corellia,
conhecido pela independência impetuosa e pelo espírito renegado
que fizeram de seu filho favorito, Han Solo, uma lenda. Algo como
um trapaceiro, Jacen é, no entanto, obrigado como Jedi a ficar com
seu tio, o Mestre Jedi Luke Skywalkers, ao lado da Aliança
Galáctica. Mas quando os Corellianos de guerra lançam um contra-
ataque, a demonstração de força da Aliança, e uma missão secreta
para desativar a crucial Estação Central de Corellia; dão lugar a
uma escaramuça armada. Quando a fumaça baixa, as linhas de
batalha são traçadas. Agora, o espectro da guerra em grande escala
aparece entre um grupo crescente de planetas desafiadores e a
Aliança Galáctica, que alguns temem estar se tornando um novo
Império. E, enquanto os dois lados lutam para encontrar uma
solução diplomática, atos misteriosos de traição e sabotagem
ameaçam condenar os esforços de paz a todo momento.
Determinado a erradicar os que estão por trás do caos, Jacen segue
uma trilha de pistas enigmáticas para um encontro sombrio com as
mais chocantes revelações… enquanto Luke se depara com algo
ainda mais preocupante: visões de sonho de uma figura sombria
cujo poder da Força e crueldade lembram a ele de Darth Vader, um
inimigo letal que ataca como um espírito sombrio em uma missão de
destruição. Um agente do mal que, se as visões de Luke
acontecerem, trará uma dor incalculável ao Mestre Jedi e a toda a
galáxia.

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Star Wars: Battlefront II: Esquadrão Inferno

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Após o humilhante roubo dos planos da Estrela da Morte e a


destruição da estação de batalha, o Império está na defensiva. Mas
não por muito. Em retaliação, os soldados imperiais de elite do
Esquadrão Inferno foram chamados para a missão crucial de se
infiltrar e eliminar os guerrilheiros, a facção rebelde que já foi
liderada pelo famoso lutador pela liberdade da República, Saw
Gerrera. Após a morte de seu líder, os guerrilheiros continuaram seu
legado extremista, determinados a frustrar o Império, não importa o
custo. Agora o Esquadrão Inferno deve provar seu status como o
melhor dos melhores e derrubar os Partisans de dentro. Mas a
crescente ameaça de serem descobertos no meio de seu inimigo
transforma uma operação já perigosa em um teste ácido de fazer ou
morrer que eles não ousam falhar. Para proteger e preservar o
Império, até onde irá o Esquadrão Inferno. . . e quão longe deles?
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Star Wars: Catalisador: Um Romance de Rogue One

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A guerra está destruindo a galáxia. Durante anos, a República e os


Separatistas lutaram entre as estrelas, cada um construindo uma
tecnologia cada vez mais mortal na tentativa de vencer a guerra.
Como membro do projeto secreto da Estrela da Morte do Chanceler
Palpatine, Orson Krennic está determinado a desenvolver uma
super arma antes que os inimigos da República possam. E um velho
amigo de Krennic, o brilhante cientista Galen Erso, poderia ser a
chave para a tentativa de vencer a guerra. Como membro do projeto
secreto da Estrela da Morte do Chanceler Palpatine, Orson Krennic
está determinado a desenvolver uma super arma antes que os
inimigos da República possam. E um velho amigo de Krennic, o
brilhante cientista Galen Erso, poderia ser a chave. A pesquisa
focada na energia de Galen chamou a atenção de Krennic e de seus
inimigos, tornando o cientista um peão crucial no conflito galáctico.
Mas depois que Krennic resgata Galen, sua esposa, Lyra, e sua
filha Jyn, de sequestradores separatistas, a família Erso está
profundamente em dívida com Krennic. Krennic então oferece a
Galen uma oportunidade extraordinária: continuar seus estudos
científicos com todos os recursos totalmente à sua disposição.
Enquanto Galen e Lyra acreditam que sua pesquisa energética será
usada puramente de maneiras altruístas, Krennic tem outros planos
que finalmente tornarão a Estrela da Morte uma realidade. Presos
no aperto cada vez maior de seus benfeitores, os Ersos precisam
desembaraçar a teia de decepção de Krennic para salvar a si
mesmos e à própria galáxia.

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Star Wars: Ascensão Rebelde

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Quando Jyn Erso tinha cinco anos, sua mãe foi assassinada e seu
pai foi tirado dela para servir ao Império. Mas, apesar da perda de
seus pais, ela não está completamente sozinha, — Saw Gerrera, um
homem disposto a ir a todos os extremos necessários para resistir à
tirania imperial, acolhe-a como sua e dá a ela não apenas um lar,
mas todas as habilidades e os recursos de que ela precisa para se
tornar uma rebelde.Jyn se dedica à causa e ao homem. Mas lutar ao
lado de Saw e seu povo traz consigo o perigo e a questão de quão
longe Jyn está disposta a ir como um dos soldados de Saw. Quando
ela enfrenta uma traição impensável que destrói seu mundo, Jyn
terá que se recompor e descobrir no que ela realmente acredita… e
em quem ela pode realmente confiar.

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Star Wars: A Alta República: A Luz dos Jedi

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Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo


da Ameaça Fantasma . . . Os Jedi iluminaram o caminho para a
galáxia na Alta República. É uma era de ouro. Os intrépidos
batedores do hiperespaço expandem o alcance da República para
as estrelas mais distantes, mundos prosperam sob a liderança
benevolente do Senado e a paz reina, reforçada pela sabedoria e
força da renomada ordem de usuários da Força conhecidos como
Jedi. Com os Jedi no auge de seu poder, os cidadãos livres da
galáxia estão confiantes em sua habilidade de resistir a qualquer
tempestade. Mas mesmo a luz mais brilhante pode lançar uma
sombra, e algumas tempestades desafiam qualquer preparação.
Quando uma catástrofe chocante no hiperespaço despedaça uma
nave, a enxurrada de estilhaços que emergem do desastre ameaça
todo o sistema. Assim que o pedido de ajuda sai, os Jedi correm
para o local. O escopo do surgimento, no entanto, é o suficiente
para levar até os Jedi ao seu limite. Enquanto o céu se abre e a
destruição cai sobre a aliança pacífica que ajudaram a construir, os
Jedi devem confiar na Força para vê-los em um dia em que um
único erro pode custar bilhões de vidas. Mesmo enquanto os Jedi
lutam bravamente contra a calamidade, algo verdadeiramente
mortal cresce além dos limites da República. O desastre do
hiperespaço é muito mais sinistro do que os Jedi poderiam
suspeitar. Uma ameaça se esconde na escuridão, longe da era da
luz, e guarda um segredo.

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Star Wars: A Alta República: O Grande Resgate Jedi

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Conheça os nobres e sábios Jedi da Alta República!Quando um


desastre acontece no hiperespaço, colocando o povo de Hetzal
Prime em grave perigo, apenas os Jedi da Alta República podem
salvar o dia! Esse ebook é a forma mais incrível de introduzir as
crianças nessa nova Era da Alta República, pois reconta a história
do Ebook Luz dos Jedi de forma simples e didática para as crianças.
(FAIXA ETÁRIA: 5 a 8 anos)

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Star Wars: A Alta República: Na Escuridão

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Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo


da Ameaça Fantasma... Os Jedi iluminaram o caminho para a
galáxia na Alta República. Padawan Reath Silas está sendo enviado
da cosmopolita capital galáctica de Coruscant para a fronteira
subdesenvolvida, e ele não poderia estar menos feliz com isso. Ele
prefere ficar no Templo Jedi, estudando os arquivos. Mas quando a
nave em que ele está viajando é arrancada do hiperespaço em um
desastre que abrange toda a galáxia, Reath se encontra no centro
da ação. Os Jedi e seus companheiros de viagem encontram refúgio
no que parece ser uma estação espacial abandonada. Mas então
coisas estranhas começaram a acontecer, levando os Jedi a
investigar a verdade por trás da estação misteriosa, uma verdade
que pode terminar em tragédia...

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Star Wars: A Alta República: Um Teste de Coragem

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Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo


da Ameaça Fantasma... Vernestra Rwoh é mais nova Cavaleira Jedi
com dezesseis anos, mas a sua primeira missão de verdade parece
muito com ser babá. Ela foi encarregada de supervisionar a
aspirante a inventora Avon Starros, de 12 anos, em um cruzador
rumo à inauguração de uma nova estação espacial maravilhosa
chamada Farol Estelar. Mas logo em sua jornada, bombas explodem
a bordo do cruzador. Enquanto o Jedi adulto tenta salvar a nave,
Vernestra, Avon, o droide J-6 de Avon, um Padawan Jedi e o filho
de um embaixador conseguem chegar a uma nave de fuga, mas as
comunicações acabam e os suprimentos são poucos. Eles decidem
pousar em uma lua próxima, que oferece abrigo, mas não muito
mais. E sem o conhecimento deles, o perigo se esconde na selva…

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Star Wars: A Alta República: Corrida para Torre
Crashpoint

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Outra história emocionante da série mais vendida do New York


Times! A Feira da República está chegando! Visitantes de toda a
galáxia estão viajando para o planeta Valo para um festival enorme
e inspirador que celebra a República. Enquanto os seus
companheiros Valons se preparam para a feira, o Padawan Jedi
Ram Jomaram está se escondendo em seu lugar favorito: uma
garagem suja cheia de peças mecânicas e ferramentas. Mas
quando um alarme de segurança dispara no topo de uma colina
próxima, apelidado de Pico Crashpoint, ele se aventura com o seu
confiável droide V-18 para investigar. Lá, ele descobre que alguém
derrubou a torre de comunicações de Valo, um sinal assustador de
que Valo e a Feira da República estão em perigo. Com certeza,
enquanto Ram corre para avisar os Jedi, os temidos Nihil
desencadeiam um ataque surpresa! Cabe a Ram enfrentar o inimigo
na Torre Crashpoint e enviar um pedido de ajuda à República.
Felizmente, ele está prestes a receber ajuda de novos amigos
inesperados… Não perca todas as aventuras de Star Wars: A Alta
República! (Material indicado para crianças a partir de 8 – 12 anos)

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Star Wars: Velha República: Enganados

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“Nossa hora chegou. Durante trezentos anos nos preparamos;


ficamos mais fortes enquanto você descansava em seu berço de
poder... Agora sua República cairá.”Um guerreiro Sith para rivalizar
com o mais sinistro dos Lordes Sombrios da Ordem, Darth Malgus
derrubou o Templo Jedi em Coruscant em um ataque brutal que
chocou a galáxia. Mas se a guerra o coroasse como o mais sombrio
dos heróis Sith, a paz o transformará em algo muito mais hediondo,
algo que Malgus nunca gostaria de ser, mas não pode parar de se
tornar, assim como ele não pode impedir a Jedi desobediente de se
aproximar rapidamente. O nome dela é Aryn Leneer - e o único
Cavaleiro Jedi que Malgus matou na batalha feroz pelo Templo Jedi
era seu Mestre. Agora ela vai descobrir o que aconteceu com ele,
mesmo que isso signifique quebrar todas as regras da Ordem.

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Star Wars: Thrawn: Traição

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Essa foi a promessa que o Grão Almirante Thrawn fez ao Imperador


Palpatine em seu primeiro encontro. Desde então, Thrawn tem sido
um dos instrumentos mais eficazes do Império, perseguindo os seus
inimigos até os limites da galáxia conhecida. Mas por mais que
Thrawn tenha se tornado uma arma afiada, o Imperador sonha com
algo muito mais destrutivo. Agora, enquanto o programa TIE
Defender de Thrawn é interrompido em favor do projeto
ultrassecreto conhecido apenas como Estrelinha, do Diretor Krennic,
ele percebe que o equilíbrio de poder no Império é medido por mais
do que apenas perspicácia militar ou eficiência tática. Mesmo o
maior intelecto dificilmente pode competir com o poder de aniquilar
planetas inteiros. Enquanto Thrawn trabalha para garantir o seu
lugar na hierarquia Imperial, seu ex-protegido Eli Vanto retorna com
um terrível aviso sobre o mundo natal de Thrawn. O domínio da
estratégia de Thrawn deve guiá-lo através de uma escolha
impossível: dever para com a Ascendência Chiss ou a fidelidade
para com o Império que ele jurou servir. Mesmo que a escolha certa
signifique cometer traição.

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Star Wars: Mestre e Aprendiz

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Um Jedi deve ser um guerreiro destemido, um guardião da justiça e


um erudito nos caminhos da Força. Mas talvez o dever mais
essencial de um Jedi seja transmitir o que aprenderam. Mestre Yoda
treinou Dookan o qual treinou Qui-Gon Jinn; e agora Qui-Gon tem
um Padawan próprio. Mas enquanto Qui-Gon enfrentou todos os
tipos de ameaças e perigos como um Jedi, nada o assustou tanto
quanto a ideia de falhar com seu aprendiz. Obi-Wan Kenobi tem
profundo respeito por seu Mestre, mas luta para entendê-lo. Por que
Qui-Gon deve tantas vezes desconsiderar as leis que obrigam os
Jedi? Por que Qui-Gon é atraído por antigas profecias Jedi em vez
de preocupações mais práticas? E por que Obi-Wan não disse que
Qui-Gon está considerando um convite para se juntar ao Conselho
Jedi - sabendo que isso significaria o fim de sua parceria? A
resposta simples o assusta: Obi-Wan falhou com seu Mestre.
Quando Jedi Rael Aveross, outro ex-aluno de Dookan, solicita sua
ajuda em uma disputa política, Jinn e Kenobi viajam para a Corte
Real de Pijal para o que pode ser sua missão final juntos. O que
deveria ser uma tarefa simples rapidamente se torna obscurecido
por engano e por visões de desastre violento que tomam conta da
mente de Qui-Gon. Conforme a fé de Qui-Gon na profecia cresce, a
fé de Obi-Wan nele é testada - assim como surge uma ameaça que
exigirá que o Mestre e o Aprendiz se unam como nunca antes, ou se
dividam para sempre.

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Star Wars: Legado da Força: Linhagens de Sangue

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Uma nova era de aventuras emocionantes e revelações chocantes


continua a se desenrolar, à medida que a lendária saga Star Wars
avança em um novo território surpreendente. A guerra civil se
aproxima enquanto a incipiente Aliança Galáctica enfrenta um
número crescente de mundos rebeldes... e a guerra que se
aproxima está separando as famílias Skywalker e Solo. Han e Leia
retornam ao mundo natal de Han, Corellia, o coração da resistência.
Os seus filhos, Jacen e Jaina, são soldados na campanha da
Aliança Galáctica para esmagar os insurgentes. Jacen, agora um
mestre completo da Força, tem os seus próprios planos para trazer
ordem à galáxia. Guiado por sua mentora Sith, Lumiya, e com o filho
de Luke, Ben, ao seu lado, Jacen embarca no mesmo caminho que
o seu avô Darth Vader fez uma vez. E enquanto Han e Leia
assistem o seu único filho homem se tornar um estranho, um
assassino secreto emaranha o casal com um nome temido do
passado de Han: Boba Fett. Na nova ordem galáctica, amigos e
inimigos não são mais o que parecem...

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Star Wars: A Sombra da Rainha

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Quando Padmé Naberrie, Rainha Amidala de Naboo, deixa sua


posição, ela é convidada pela rainha recém-eleita para se tornar a
representante de Naboo no Senado Galáctico. Padmé não tem
certeza sobre assumir a nova função, mas não pode recusar o
pedido para servir seu povo. Junto com suas servas mais leais,
Padmé deve descobrir como navegar nas águas traiçoeiras da
política e forjar uma nova identidade além da sombra da rainha.

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Star Wars: Amanhecer dos Jedi - No vazio

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No planeta Tython, a antiga ordem Je'daii foi fundada. E aos pés de


seus sábios Mestres, Lanoree Brock aprendeu os mistérios e
métodos da Força, e encontrou seu chamado como um de seus
discípulos mais poderosos. Mas tão fortemente quanto a Força fluiu
dentro de Lanoree e seus pais, ela permaneceu ausente em seu
irmão, que passou a desprezar e evitar os Je'daii, e cujo
treinamento em seus métodos antigos terminou em tragédia. Agora,
de sua vida solitária como um Patrulheira mantendo a ordem em
toda a galáxia, Lanoree foi convocada pelo Conselho Je'daii em
uma questão de extrema urgência. O líder de um culto fanático,
obcecado em viajar além dos limites do espaço conhecido, está
empenhado em abrir um portal cósmico usando a temida matéria
escura como chave - arriscando uma reação cataclísmica que
consumirá todo o sistema estelar. Porém, mais chocante para
Lanoree do que até mesmo a perspectiva de aniquilação galáctica
total, é a decisão de seus Mestres Je'daii de incumbi-la da missão
de evitá-la. Até que uma revelação surpreendente deixa claro por
que ela foi escolhida: o louco brilhante e perigoso que ela deve
rastrear e parar a qualquer custo é o irmão cuja morte ela lamentou
por muito tempo, e cuja vida ela deve temer agora.

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Star Wars: Thrawn: ASCENDÊNCIA (Livro I – Caos
Crescente)

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Além do limite da galáxia estão as Regiões Desconhecidas:


caóticas, desconhecidas e quase intransitáveis, com segredos
ocultos e perigos em igual medida. E aninhada em seu caos
turbulento está a Ascendência, lar dos enigmáticos Chiss e das
Nove Famílias Regentes que as lideram. A paz da Ascensão, um
farol de calma e estabilidade, é destruída após um ousado ataque à
capital de Chiss que não deixa vestígios do inimigo. Perplexo, a
Ascendência despacha um de seus jovens oficiais militares para
erradicar os agressores invisíveis. Um recruta nascido sem título,
mas adotado na poderosa família de Mitth e que recebeu o nome de
Thrawn. Com o poder da Frota Expansionista em suas costas e a
ajuda de sua camarada Almirante Ar’alani, as respostas começam a
se encaixar. Mas conforme o primeiro comando de Thrawn investiga
mais profundamente a vasta extensão do espaço que seu povo
chama de Caos, ele percebe que a missão que lhe foi dada não é o
que parece.

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Star Wars: A Alta República - Tormenta Crescente

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Os heróis da era da Alta República retornam para enfrentar uma paz


destruída e um inimigo terrível, após os eventos dramáticos de Luz
dos Jedi. Na esteira do desastre do hiperespaço e do heroísmo dos
Jedi, a República continua a crescer, reunindo mais mundos sob
uma única bandeira unificada. Sob a liderança da Chanceler Lina
Soh, o espírito de unidade se estende por toda a galáxia, com os
Jedi e a estação Farol Luz Estelar recentemente estabelecida na
vanguarda. Em comemoração, a chanceler planeja a Feira da
República, será uma vitrine das possibilidades e da paz da
República em expansão, uma paz que os Jedi esperam promover.
Stellan Gios, Bell Zettifar, Elzar Mann e outros se juntam ao evento
como embaixadores da harmonia. Mas à medida que os olhos da
galáxia se voltam para a feira, o mesmo ocorre com a fúria dos Nihil.
O seu líder, Marchion Ro, pretende destruir essa unidade. Sua
Tempestade desce sobre a pompa e a celebração, semeando o
caos e exigindo vingança.

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Star Wars: Velha República – Aniquilação

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O Império Sith está em fluxo. O imperador está desaparecido, dado


como morto, e a tentativa de um ambicioso lorde Sith de tomar o
trono terminou fatalmente. Ainda assim, Darth Karrid, comandante
do temível cruzador de batalha Imperial Lança Ascendente, continua
seus esforços incansáveis para alcançar o domínio Sith total da
galáxia. Mas a determinação implacável de Karrid é mais do que
compatível com a determinação de aço de Theron Shan, cujos
negócios inacabados com o Império podem mudar o curso da
guerra para sempre. Embora filho de uma mestra Jedi, Theron não
exerce a Força... mas, como a sua renomada mãe, o espírito de
rebelião está em seu sangue. Como um importante agente secreto
da República, ele desferiu um golpe crucial contra o Império ao
expor e destruir um arsenal de super arma Sith, o que o torna o
agente ideal para uma missão ousada e perigosa para acabar com o
reinado de terror da Lança Ascendente. Juntamente com a
contrabandista Teff'ith, com quem ele tem uma ligação inexplicável,
e o sábio guerreiro Jedi Gnost-Dural, ex-mestre de Darth Karrid,
Theron deve combinar inteligência e armas com uma tripulação
testada em batalha da escuridão mais fria discípulos secundários.
Mas o tempo é brutalmente curto. E se eles não aproveitarem sua
única chance de sucesso, certamente terão inúmeras oportunidades
de morrer.

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Star Wars – The Clone Wars – Histórias de Luz e
Escuridão

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Um confronto épico entre as forças da luz e das trevas, entre a


República Galáctica e os Separatistas, entre bravos heróis e vilões
brilhantes – o destino da galáxia está em jogo na série de animação
ganhadora do Emmy Award, Star Wars: The Clone Wars. Nesta
emocionante antologia, onze autores que também são fãs da série
trazem histórias de seu programa favorito para a vida. Reunidos
aqui estão momentos memoráveis e aventuras impressionantes, de
tentativas de assassinato a generosidades roubadas, de lições
aprendidas a amores perdidos. Todos os seus personagens
favoritos de The Clone Wars estão aqui: Anakin Skywalker, Yoda,
Obi-Wan Kenobi, Ahsoka Tano, Capitão Rex, Darth Maul, Conde
Dookan e muito mais!

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Star Wars – Tribo Perdida dos Sith: Coletânea de
Histórias

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Finalmente, em um volume único, as oito partes originais da épica


série de e-books Tribo perdida dos Sith… junto com o final explosivo
e nunca antes publicado, Pandemônio, com mais de cem páginas
de novo material! Cinco mil anos atrás. Após uma emboscada Jedi,
a nave mineira Sith Presságio está destruída em um planeta
desconhecido e remoto. Seu comandante, Yaru Korsin, luta contra o
derramamento de sangue de uma facção amotinada liderada por
seu próprio irmão. Encalhados e enfrentando a morte, a tripulação
Sith não tem escolha a não ser se aventurar em seus arredores
desolados. Eles enfrentam inúmeros desafios brutais, predadores
cruéis, pragas letais, tribos que adoram deuses vingativos… e,
como verdadeiros guerreiros Sith, enfrentam-nos com o lado
sombrio da Força. As lutas só estão começando para os orgulhosos
e intransigentes Sith, dirigidos como estão para governar a todo
custo. Eles vencerão os nativos primitivos e encontrarão o caminho
de volta ao seu verdadeiro destino como governantes da galáxia.
Mas à medida que o seu legado cresce ao longo de milhares de
anos, os Sith acabam sendo testados pela ameaça mais perigosa
de todas: o inimigo interno.

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Star Wars – Esquadrão Alfabeto

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O Imperador está morto. A Rebelião é vitoriosa. No rescaldo, Yrica


Quell é apenas um dos milhares de desertores imperiais que vivem
em uma favela de desertores. Incerta sobre o seu lugar na
República contra a qual ela lutou uma vez, ela começou a perder
qualquer esperança de redenção, até que ela seja selecionada para
se juntar ao Esquadrão do Alfabeto. Formados por uma variedade
eclética de pilotos e caças, os cinco membros da Alfabeto são
encarregados pela própria general da Nova República, Hera
Syndulla. A missão deles: rastrear e destruir o misterioso Shadow
Wing, uma força letal de TIE fighters exigindo uma vingança
sangrenta e impiedosa no crepúsculo de seu reinado. Mas passar
de rebeldes menos favorecidos a heróis célebres não é tão fácil
quanto parece. Os rebeldes guerreiros do Esquadrão Alfabeto terão
que aprender a voar juntos para proteger a nova era de paz que
lutaram tanto para conquistar.

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Star Wars - Comandos da República - Contato Hostil

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Enquanto a Guerra dos Clones se enfurece, a vitória ou a derrota


estão nas mãos de esquadrões de elite que assumem as tarefas
mais difíceis na galáxia, soldados frios que vão aonde ninguém mais
iria, para fazer o que ninguém mais poderia... Em uma missão para
sabotar uma instalação de pesquisa de armas químicas em um
planeta controlado pelos Separatistas, quatro soldados clones
operam sob o nariz de seus inimigos. Os comandos estão em menor
número e com menos armas, bem atrás das linhas inimigas, sem
apoio, e trabalhando com estranhos em vez de companheiros de
equipe de confiança. As coisas não melhoram quando Darman, o
especialista em demolições do esquadrão, se separa dos outros
durante a queda do planeta. Mesmo a aparente boa sorte de
Darman em encontrar uma Padawan inexperiente desaparece
quando Etain admite a sua terrível inexperiência. Para os comandos
clones divididos e o Jedi preso, uma longa e perigosa jornada está à
frente, através de um território hostil repleto de escravos
Trandoshanos, Separatistas e nativos suspeitos. Um único passo
em falso pode significar descoberta... e morte. É uma missão suicida
virtual para qualquer um, exceto para os Comandos da República.

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Star Wars - Alta República - Confronto na Feira

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Muito antes das Guerras Clônicas, do Império ou da Primeira


Ordem, os Jedi iluminaram o caminho para a galáxia em uma era
dourada conhecida como Alta República! Este emocionante livro de
histórias colorido traz à vida um confronto épico entre os Cavaleiros
Jedi e seus misteriosos inimigos, os Nihil. Burryaga, o Wookiee
Padawan e seus companheiros Jedi devem salvar o dia! Esse ebook
é a forma mais incrível de introduzir as crianças nessa nova Era da
Alta República, pois reconta a história do Ebook Tormenta
Crescente do ponto de vista do Padawan Jedi Burryaga, que conta
de forma simples e didática para as crianças. (FAIXA ETÁRIA: 6 a 8
anos)

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Star Wars – A Alta República – Fora das Sombras

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Sylvestri Yarrow vive uma maré de azar sem fim. Ela tem feito o
possível para manter o negócio de carga da família em
funcionamento após a morte de sua mãe, mas entre o aumento das
dívidas e o aumento dos ataques dos Nihil a naves desavisados, Syl
corre o risco de perder tudo o que resta de sua mãe. Ela segue para
a capital galáctica de Coruscant em busca de ajuda, mas é desviada
quando é arrastada para uma disputa entre duas das famílias mais
poderosas da República por um pedaço do espaço na fronteira.
Emaranhada na política familiar é o último lugar que Syl quer estar,
mas a promessa de uma grande recompensa é o suficiente para
mantê-la interessada... Enquanto isso, o Cavaleiro Jedi Vernestra
Rwoh foi convocada para Coruscant, mas sem nenhuma ideia do
porquê ou por quem. Ela e seu Padawan Imri Cantaros chegam à
capital junto com o Mestre Jedi Cohmac Vitus e seu Padawan,
Reath Silas, e são convidados a ajudar na disputa de propriedade
na fronteira. Mas por que? O que há de tão importante em um
pedaço de espaço vazio? A resposta levará Vernestra a uma nova
compreensão de suas habilidades e levará Syl de volta ao
passado... e às verdades que finalmente surgirão das sombras.

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Star Wars - A Alta República - A Estrela Cadente

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Uma e outra vez, os invasores viciosos conhecidos como Nihil


tentaram trazer a era de ouro da Alta República a um fim ardente.
Repetidamente, a Alta República emergiu desgastada e cansada,
mas vitoriosa graças a seus protetores Jedi, e não há monumento à
sua causa maior do que o Farol Luz Estelar. Pendurado como uma
joia na Orla Exterior, o Farol encarna a Alta República no ápice de
suas aspirações: um centro de cultura e conhecimento, uma tocha
brilhante contra a escuridão do desconhecido e uma mão estendida
de boas-vindas aos confins do mundo. a galáxia. Enquanto
sobreviventes e refugiados fogem dos ataques do Nihil, o Farol e a
sua tripulação estão prontos para abrigar e curar. Os agradecidos
Cavaleiros e Padawans da Ordem Jedi estacionados lá finalmente
têm a chance de se recuperar, da dor de seus ferimentos e da dor
de suas perdas. Mas a tempestade que eles pensavam ter passado
ainda continua; eles são simplesmente capturados em seus olhos.
Marchion Ro, o verdadeiro mentor dos Nihil, está preparando o seu
ataque mais ousado até agora, um projetado para extinguir a luz dos
Jedi.

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Star Wars - Os Segredos dos Sith

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e você conhecesse o poder do lado sombrio! Descubra os caminhos


dos Sith neste livro infantil emocionante, informativo e totalmente
ilustrado. Junte-se ao Imperador Palpatine, também conhecido
como Darth Sidious, nesta exploração dos Sith e dos aliados
malignos do lado sombrio. Star Wars: Os Segredos dos Sith irá
emocionar os jovens fãs com conhecimento do lado sombrio, obras
de arte incríveis e recursos interativos, como pop-ups, livretos e
inserções de levantar a aba. Experimente o poder do lado sombrio :
Narrado pelo Imperador Palpatine, este livro dará aos jovens leitores
uma visão do poder do lado sombrio. Aprenda sobre alguns dos
maiores vilões do lado sombrio de Star Wars : abrangendo filmes,
programas de televisão, livros, quadrinhos e videogames, Star Wars:
Os Segredos dos Sith narra alguns dos praticantes mais infames do
lado sombrio, incluindo Darth Maul, Conde Dookan, Asajj Ventress,
Darth Vader, o Grande Inquisidor e Kylo Ren. Ilustrações originais
incríveis: Star Wars: Os Segredos dos Sith é um livro infantil
lindamente ilustrado que os leitores vão querer revisitar várias
vezes. Cheio de recursos interativos empolgantes: Pop-ups, folhetos
e inserções de levantar a aba vão emocionar os jovens fãs,
proporcionando uma experiência envolvente enquanto investiga as
histórias sobre os Sith. O complemento perfeito para qualquer
biblioteca virtual de Star Wars : Este lindo ebook encadernado é um
item obrigatório para a coleção de qualquer jovem fã.

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Star Wars - A Alta República – Missão para o
Desastre

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Os Jedi acham que os temidos saqueadores Nihil foram todos


derrotados. O seu líder está fugindo e os seus números diminuíram.
A Cavaleira Jedi Vernestra Rwoh espera que isso signifique que ela
finalmente terá tempo para realmente treinar o seu Padawan, Imri
Cantaros, mas os relatos de um ataque Nihil a Porto Haileap logo
frustram essas esperanças. Pois não só os Nihil que atacaram o
pacífico posto avançado, como também sequestraram a amiga de
Vernestra e de Imri, Avon Starros. Os dois Jedi partiram para Porto
Haileap, determinados a descobrir para onde os Nihil levaram a sua
amiga. Enquanto isso, Avon deve colocar a sua inteligência e
habilidades à prova enquanto luta pela sobrevivência entre os Nihil,
e descobre um plano sinistro. Vernestra e Imri podem encontrar a
sua amiga antes que o desastre aconteça?

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Star Wars - Alta República - Batalha Pelo Farol Luz
Estelar

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Muito antes das Guerras Clônicas, do Império ou da Primeira


Ordem, os Jedi iluminaram o caminho para a galáxia em uma era
dourada conhecida como Alta República! Este emocionante livro de
histórias colorido traz à vida uma outra emocionante aventura no
livro de histórias com heróis Jedi e os seus Padawans enquanto
lutam contra os nefastos vilões Nihil!!

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Star Wars - Alta República - Horizonte à Meia Noite

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Séculos antes dos eventos de Star Wars: A Ameaça Fantasma, na


era da gloriosa Alta República, os Jedi são os guardiões da paz e da
justiça na galáxia! Depois de uma série de perdas impressionantes,
a República parece finalmente ter os vilões saqueadores de Nihil em
fuga, e parece que há luz no fim do túnel. Até que venha a notícia
de um suposto ataque de Nihil ao mundo cosmopolita industrial de
Corellia, bem no Núcleo Galáctico. Enviados para investigar estão
os Mestres Jedi Cohmac Vitus e Kantam Sy, juntamente com os
Padawans Reath Silas e Ram Jomaram, todos travando as suas
próprias batalhas particulares após meses de perigo implacável. Em
Corellia, Reath e Ram encontram um descarado jovem especialista
em segurança chamado Crash, cujo amigo foi uma das vítimas do
ataque Nihil, e eles se unem a ela para se infiltrar na elite de Corellia
enquanto os Mestres buscam caminhos mais diplomáticos. Mas se
disfarçar com Crash é mais perigoso do que qualquer um esperava,
mesmo quando Ram puxa seu amigo Zeen para ajudar com um
estratagema elaborado envolvendo uma estrela pop galáctica. Mas
o que eles descobrem em Corellia acaba sendo apenas uma parte
de um plano maior, que pode levar os Jedi à sua derrota mais
impressionante até agora...

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Star Wars - A Alta República - Executora da
Tempestade

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Mergulhe no mundo cruel de um dos maiores inimigos da Alta


República, a impiedosa Lourna Dee, neste roteiro completo para o
áudio original de Star Wars: Executora da Tempestade. A
tempestade Nihil assolou a galáxia, deixando caos e tristeza em seu
rastro. Poucos de seus invasores são tão cruéis quanto a Executora
da Tempestade Lourna Dee. Ela fica um passo à frente da Ordem
Jedi no comando de uma nave com o nome de um dos monstros
mais mortais da galáxia: ela mesma. Mas ninguém pode fugir dos
defensores da Alta República para sempre. Após a derrota de sua
tripulação, Lourna cai nas mãos dos Jedi, mas não antes de
esconder a sua identidade, tornando-se apenas mais uma
condenada de Nihil. Os seus captores não entendem a fera que
encurralaram. Assim como todos os tolos que ela já enterrou, seu
primeiro erro foi mantê-la viva. Lourna está determinada a
subestimá-la pela última vez. Trancada em uma nave correcional da
República, ela é arrastada pela galáxia para reparar os danos que
ela e seus companheiros Executores da Tempestade infligiram. Mas
enquanto Lourna planeja a sua gloriosa fuga, ela faz alianças que se
aproximam perigosamente das amizades. Fora dos Nihil, separada
da sua infame nave, seu terrível arsenal e seu temido nome, Lourna
deve trilhar seu próprio caminho. Mas isso levará à redenção? Ou
ela emergirá como uma ameaça mais mortal do que nunca?

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Star Wars – Legado da Força – Tormenta

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Enquanto a guerra civil ameaça a unidade da Aliança Galáctica, Han


e Leia Solo enfureceram suas famílias e os Jedi ao se juntarem aos
insurgentes Corellianos. Mas os Solos traçam a linha quando
descobrem o plano dos rebeldes para fazer do Consórcio Hapan um
aliado – que depende dos nobres Hapan assassinarem sua rainha
pró-Aliança e a sua filha. No entanto, a determinação altruísta dos
Solos de salvar a rainha não pode dissipar as consequências
inevitáveis de suas ações que colocarão mãe contra filho e irmão
contra irmã nas batalhas à frente. À medida que os poderes
sombrios de Jacen Solo se fortalecem sob o Jedi Negro Lumiya, e
sua influência sobre Ben Skywalker se torna mais insidiosa, a
preocupação de Luke com seu sobrinho o força a uma luta de vida
ou morte contra seu inimigo mais feroz, e Han e Leia Solo
descobrem ficam à mercê de seu inimigo mais mortal... O filho
deles.

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Star Wars: Irmandade

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As Guerras Clônicas começaram. As fileiras de batalha estão sendo


desenhadas por toda a galáxia. Com cada mundo que se junta aos
Separatistas, a paz guardada pela Ordem Jedi está escorregando
por entre os dedos. Depois que uma explosão devasta Cato
Neimoidia, a joia da Federação do Comércio, a República é culpada
e a frágil neutralidade do planeta é ameaçada. Os Jedi despacham
Obi-Wan Kenobi, uma das mentes diplomáticas mais talentosas da
Ordem, para investigar o crime e manter o equilíbrio que começou a
mudar perigosamente. Enquanto Obi-Wan investiga com a ajuda de
uma heroica guarda Neimoidiana, ele se vê trabalhando contra os
Separatistas que esperam atrair o planeta para a sua conspiração, e
sente a mão sinistra de Asajj Ventress nas brumas que cobrem o
planeta. Em meio ao caos crescente, Anakin Skywalker sobe ao
posto de Cavaleiro Jedi. Apesar da ordem de que Obi-Wan viaje
sozinho, e da insistência de seu ex-mestre para que ele ouça desta
vez, A determinação obstinada de Anakin significa que nada pode
impedi-lo de invadir a festa e trazer um jovem promissor, mas
conflitante. Antes um Padawan de Obi-Wan, Anakin agora se
encontra em pé de igualdade, mas incerto, com o homem que o
criou. O atrito persistente entre eles aumenta o perigo para todos ao
seu redor. Os dois cavaleiros devem aprender uma nova maneira de
trabalhar juntos, e devem aprender rapidamente, para salvar Cato
Neimoidia e seu povo dos incêndios da guerra. Para superar a
ameaça que enfrentam, eles devem crescer além de mestre e
aprendiz. Eles devem permanecer juntos como irmãos.

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Skywalker – Uma Família em Guerra

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Descubra os segredos dos Skywalkers: a família que moldou uma


galáxia muito, muito distante... A história de Skywalker tem tudo:
paixão, intriga, heroísmo e feitos sombrios. Esta biografia reveladora
explora cada reviravolta da dinastia Skywalker: a lenta sedução ao
lado sombrio de Anakin; seu casamento condenado com Padmé
Amidala; o heroísmo de Luke e Leia; a queda e redenção do filho de
Han Solo e da princesa Leia, Ben; e as lutas de sua díade na Força,
Rey. Sem deixar pedra sobre pedra ao traçar as provações e
tribulações da dinastia, esta biografia definitiva da primeira família
de Star Wars explora e explica a história mais profunda e pessoal
dos Skywalkers, seus personagens, motivações e, contra
probabilidades aparentemente impossíveis, seu triunfo final.

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Star Wars – Comandos da República – Triplo Zero

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Após a erupção das sangrentas Guerras Clônicas na batalha de


Geonosis, ambos os lados permanecem em um impasse que só
pode ser quebrado por equipes de guerreiros de elite como o
Esquadrão Ômega, comandos clone com habilidades de combate
aterrorizantes e um arsenal letal... Para o Esquadrão Ômega ,
implantado bem atrás das linhas inimigas, é a mesma velha rotina
de operações especiais: sabotagem, espionagem, emboscada e
assassinato. Mas quando o Esquadrão Ômega é levado às pressas
para Coruscant, o novo ponto de acesso mais perigoso da guerra,
os comandos descobrem que não são os únicos a penetrar no
coração do inimigo. Uma onda de ataques separatistas foi rastreada
até uma rede de células terroristas de Separatistas na capital da
República, planejada por um espião no Quartel General do
Comando. Identificar e destruir uma rede de espionagem e terror
separatista em uma cidade cheia de civis exigirá talentos e
habilidades especiais. Nem mesmo a liderança dos generais Jedi,
juntamente com a assistência do esquadrão Delta e um certo notório
CRA trooper, pode igualar as chances contra os Comandos da
República. E enquanto o sucesso pode não trazer vitória nas
Guerras Clônicas, o fracasso significa derrota certa.

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Star Wars – De um Certo Ponto de Vista – Uma Nova
Esperança

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Em 25 de maio de 1977, o mundo foi apresentado a Han Solo, Luke


Skywalker, Princesa Leia, C-3PO, R2-D2, Chewbacca, Obi-Wan
Kenobi, Darth Vader e uma galáxia cheia de possibilidades. Em
homenagem ao quadragésimo aniversário , mais de quarenta
colaboradores emprestam sua visão a esta releitura de Star Wars .
Cada um dos quarenta contos reimagina um momento do filme
original, mas através dos olhos de um personagem coadjuvante. De
um Certo Ponto de Vista apresenta contribuições de autores mais
vendidos, artistas inovadores e vozes preciosas da história literária
de Star Wars.
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Star Wars: Velha República - Aliança Fatal

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O contrabandista Jet Nebula encontrou um rico tesouro. Os Hutts


querem leiloá-lo pelo maior lance, seja a República ou o Império. O
Alto Conselho Jedi envia um investigador; um Mandaloriano está
perseguindo algo ligado a um crime há muito esquecido; enquanto
um espião joga em todos os lados ao mesmo tempo. No final, o que
Jet descobriu surpreenderá a todos.

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Star Wars: Thrawn: ASCENDÊNCIA (Livro III - O
Mal Menor)

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Por milhares de anos, a Ascendência Chiss tem sido uma ilha de


calma, um centro de poder e um farol de integridade. É liderado
pelas Nove Famílias Governantes, cuja liderança é um baluarte da
estabilidade contra o Caos das Regiões Desconhecidas. Mas essa
estabilidade foi corroída por um inimigo astuto que elimina a
confiança e a lealdade em igual medida. Laços de fidelidade deram
lugar a linhas de divisão entre as famílias. Apesar dos esforços da
Frota de Defesa Expansionista, a Ascendência se aproxima cada
vez mais da guerra civil. Os Chiss não são estranhos à guerra. O
seu status mítico no Caos foi conquistado por meio de conflitos e
atos terríveis, alguns enterrados há muito tempo. Até agora. Para
garantir o futuro da Ascendência, Thrawn mergulhará
profundamente em seu passado, descobrindo os segredos sombrios
que cercam a ascensão da Primeira Família Governante. Mas a
verdade do legado de uma família é tão forte quanto a lenda que a
sustenta. Mesmo que essa lenda seja uma mentira. Para garantir a
salvação da Ascendência, Thrawn está disposto a sacrificar tudo?
Incluindo a única casa que ele já conheceu?

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Star Wars – Cavaleira Errante

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Mil anos antes de Luke Skywalker, uma geração antes de Darth


Bane, em uma galáxia muito, muito distante... A República está em
crise (1032 ABY). Os Sith vagam sem controle, competindo entre si
para dominar a galáxia. Mas uma Jedi solitária, Kerra Holt, está
determinada a derrubar os Lordes das Trevas. Seus inimigos são
estranhos e muitos: Lorde Daiman, que se imagina o criador do
universo; Lord Odion, que pretende ser seu destruidor; os curiosos
irmãos Quillan e Dromika; a enigmática Arcádia. Tantos Sith em
guerra tecendo uma colcha de retalhos de brutalidade, com apenas
Kerra Holt para defender os inocentes pegos sob os pés. Sentindo
um padrão sinistro no caos, Kerra embarca em uma jornada que a
levará a batalhas ferozes contra inimigos ainda mais ferozes. Com
um contra tantos, sua única chance de sucesso está em forjar
alianças entre aqueles que servem seus inimigos, incluindo um
misterioso espião Sith e um general mercenário inteligente. Mas
eles serão seus adversários ou sua salvação? Coruscant, o novo
ponto de acesso mais perigoso da guerra, os comandos descobrem
que não são os únicos a penetrar no coração do inimigo.

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