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Legado da Força - Exílio é uma obra de ficção.

Nomes, lugares, e outros incidentes são produtos da


imaginação do autor ou são usadas na ficção. Qualquer semelhança a eventos atuais, locais, ou
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Sumário

Capa
Página Título
Direitos Autorais
Introdução
Dramatis Personae
Epígrafo
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Catorze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Sobre o Ebook
Sobre o Autor
Dramatis Personae

Alema Rar: Jedi Sombria (Twi’lek fêmea)


Ben Skywalker: Aprendiz Jedi (humano)
Booster Terrik: capitão, Aventura Errante (humano)
Cha Niathal: Almirante da Aliança Galáctica (Mon Calamari fêmea)
Corran Horn: Mestre Jedi (humano)
Han Solo: capitão, Millennium Falcon (humano)
Iella Antilles: agente (humana)
Jacen Solo: Cavaleiro Jedi e commander, Guarda da Aliança Galáctica
(humano)
Jagged Fel: agente (humano)
Jaina Solo: Cavaleira Jedi (humana)
Lando Calrissian: empreendedor (humano)
Leia Organa Solo: Cavaleira Jedi e co-piloto da Millennium Falcon
(humana)
Luke Skywalker: Grão Mestre Jedi (humano)
Lumiya: Lady Sombria dos Sith (humana)
Mara Jade Skywalker: Mestre Jedi (humana)
Matric Klauskin: Almirante Commenoriano (humano)
Mirax Terrik Horn: agente (humana)
Myri Antilles: agente da inteligência (humana)
Uran Lavint: capitã de nave de contrabando (humana)
Wedge Antilles: Almirante Corelliano (humano)
Zekk: Cavaleiro Jedi (humano)
Capítulo Um
FORA DO ESPAÇO CORELLIANO, STAR DESTROIER ANAKIN
SOLO

Não era exatamente a culpa que mantinha Jacen acordado noite após noite.
Pelo contrário, era o reconhecimento de que deveria se sentir culpado, mas
não sentia isso, absolutamente.
Jacen se recostou em uma cadeira confortável o bastante para dormir, o
seu couro era tão macio quanto manteiga azul, e encarou as estrelas.
Os escudos de proteção estavam retraídos da janela enorme da sua sala
particular, e a câmara em si estava escura, dando-lhe uma visão
desimpedida do espaço.
A sua sala estava a bombordo, a proa estava orientada na direção do sol
Corell, e a popa apontava para Coruscant, então olhava na direção de
Commenor, Kuat e o Aglomerado Hapes, a extensão da Rota Comercial
Perlemiana..., mas não tentou distinguir essas estrelas individualmente.
Astronomia era uma ocupação de uma vida inteira para pessoas que
passavam as suas existências inteiras em apenas um planeta; o quão mais
difícil deveria ser tal estudo para alguém como Jacen, que viajava de estrela
em estrela por toda a sua vida?
Deixou as suas pálpebras caírem, mas a sua mente continuou a correr,
como acontecia todos os dias desde que ele e a sua força tarefa resgataram a
Rainha-mãe Tenel Ka do Consórcio Hapan de uma insurreição, instigada
pelos traiçoeiros nobres Hapan com o auxílio de uma frota Corelliana.
No meio de todos esses eventos, acreditando que Han e Leia Solo
fizeram parte da trama, Jacen ordenara para que os turbolasers de longo
alcance da Anakin Solo atirassem na Millennium Falcon. Mais tarde, ouvira
evidências convincentes de que os seus pais não desempenharam papel
algum na trama.
Então onde estava a culpa? Onde estava o horror que deveria sentir por
um ato tentado de patricídio e matricídio? Que tipo de pai poderia ser para
Allana se podia fazer isso sem remorso?
Não sabia. E tinha certeza de que até saber, o sono continuaria a lhe
escapar.
Atrás da sua cadeira, um sabre de luz ganhou vida com o seu
característico estalar e sibilar, e a sala foi subitamente banhada em luz azul.
Jacen estava de pé antes da lâmina do intruso ter atingido o seu
comprimento máximo, o seu próprio sabre de luz em mãos, com um dedo
acionou a lâmina, gesticulando com a mão livre para direcionar a Força
para varrer a sua cadeira para longe do caminho.
Quando ficou claro, podia olhar para a intrusa agora, ela era tão
pequena que a cadeira escondia tudo menos a ponta da sua arma brilhante.
Do outro lado da mesa estava a sua mãe, Leia Organa Solo, mas ela não
carregava o seu próprio sabre de luz. Jacen o reconheceu pelo cabo, sua cor.
Era o sabre de luz que Mara Jade Skywalker carregava por tantos anos. O
primeiro sabre de luz de Luke Skywalker. O último sabre de luz de Anakin
Skywalker.
Leia vestia um manto Jedi marrom, e o seu cabelo estava solto. Ela
segurava o sabre de luz com as duas mãos, com a ponta pra cima e o cabo
pra trás, pronta para atacar.
— Olá, mãe. — Essa hora parecia apropriada para um termo mais
formal, em vez de mamãe. — Você veio para me matar?
Ela assentiu.
— Vim.
— Antes de você atacar, como você subiu a bordo? E como você entrou
nessa sala?
Ela balançou a cabeça, com a sua expressão pesarosa.
— Você acha que as defesas comuns significam algo em uma hora como
essa?
— Talvez não. — Deu de ombros. — Eu sei que você é uma Jedi
experiente, mãe, mas você não é páreo para qualquer Cavaleiro Jedi que
esteja lutando e treinando constantemente em sua carreira... porque você
não é.
— E ainda assim matarei você.
— Eu acho que não. Estou preparado para qualquer tática, qualquer
truque que você provavelmente usará.
Agora ela sorriu. Era o sorriso que a via usar com os inimigos políticos
quando eles cometiam o erro final de suas carreiras, o sorriso feroz de um
cão de guerra brincando com a sua presa.
— Provavelmente usará. Você não sabe que o livro de táticas inteiro
muda quando o agressor escolhe não sobreviver à luta?
O seu rosto se contorceu em uma máscara de raiva e traição. Ela soltou
o seu agarrar do sabre de luz com a mão esquerda e a estendeu,
empurrando. Jacen sentiu o súbito acúmulo de energia da Força dentro dela.
Girou para um lado. O exercício da Força dela o erraria...
E então percebeu, tarde demais, que deveria errar.
A energia da Força passou direto por ele e acertou a janela bem no
meio, curvando-a, partindo-a pra dentro do vácuo do espaço.
Jacen saltou, afastando-se. Se pudesse agarrar o aro da entrada da sala,
segurar-se lá pelo segundo ou dois que levaria para as persianas se
fecharem, poderia não ser arrastado através da janela...
Mas o salto de Leia interceptou o dele. Ela se chocou contra ele, com os
seus braços o envolvendo, com o seu sabre de luz caindo pra longe. Juntos
eles voaram pela janela.
Jacen sentiu o frio cortar a sua pele e amortecê-la. Sentiu o ar sair de
seus pulmões, um guizo de morte que ninguém poderia ouvir. Sentiu a sua
cabeça doer, atrás da sua têmpora, em seus olhos, enquanto eles inchavam e
se preparavam para explodir.
E por todo o tempo a boca de Leia trabalhava como se ela ainda falasse.
Por um momento improvável se perguntou se ela falaria para sempre,
repreendendo o filho enquanto giravam, mortos, pela eternidade.
Então, como naqueles últimos segundos soube que deveria, acordou,
mais uma vez sentado em sua cadeira confortável, mais uma vez encarando
as estrelas.
Um sonho. Ou uma mensagem? Ele falou em voz alta:
— Isso foi você? — E ele esperou, meio esperando que Lumiya
respondesse, mas nenhuma resposta veio.
Girou a sua cadeira e encontrou a sua sala tranquilizadoramente vazia.
Com um controle na mesa, fechou as persianas da janela.
Finalmente, consultou o relógio.
Quinze minutos padrão se passaram desde a sua última checada. Teve,
no máximo, dez minutos de sono.
Colocou as botas sobre a mesa, recostou-se e tentou diminuir os seus
batimentos cardíacos.
E dormir.

CORUSCANT, ESTAÇÃO DE TRANSPORTES DA ALIANÇA


GALÁCTICA, PERTO DO TEMPLO JEDI

A Nebulosa do Besouro pousou em uma plataforma de atracação elevada


perto da estação de transporte azul, em formato de cogumelo. A manobra
foi suave e delicada para uma nave tão grande, com duzentos metros, o
transporte de classe Freebooter era uma embarcação desajeitada em
qualquer lugar além do espaço. De cima, ela parecia com uma lua crescente
cortada por uma faca, a ponta da lâmina orientada na mesma direção das
pontas crescentes, e a sua popa ampla e curvada lembrava aos observadores
mais banthas de traseiro gordo do que elegantes e estilosas embarcações de
guerra.
Mas essa popa ampla podia carregar grandes volumes de pessoal e
material, e nos momentos após a nave se acomodar em seus trens de pouso,
uma dúzia de rampas de carga desciam e começavam a escoar fluxos de
soldados uniformizados, muitos de folga, outros, carregando macas médicas
repulsoras, sendo levadas para hospitais.
De uma plataforma bem menor cinquenta metros distantes da proa a
estibordo da Nebulosa do Besouro, o Mestre Jedi Kyp Durron assistia o
evento se desenrolar. Dessa distância, mal podia ver os detalhes dos rostos
dos recém-chegados, mas podia distingui-los o bastante para ver os rostos
iluminando-se com alegria quando eles reconheciam entes queridos na
multidão abaixo.
E através da Força podia sentir a emoção do dia. Ela crescia da
Nebulosa do Besouro e ao seu redor. A dor irradiava de ossos quebrados e
tocos cauterizados do que uma vez fora conectada a membros orgânicos.
Dor fluía de recordações de como esses ferimentos foram adquiridos e de
como amigos foram perdidos para sempre na batalha.
Mas mais do que isso, eram sentimentos de alívio e felicidade. Pessoas
estavam retornando para casa da batalha, aqui para descansar e se recuperar.
Eles eram veteranos de uma extraordinária batalha espacial que fora tão
recentemente travada no sistema Hapan. Alguns dos veteranos encontraram
orgulho em seu papel naquela batalha, alguns conheceram a vergonha ou
arrependimento, mas todos estavam contentes por ter acabado. Todos
estavam contentes por estar ali.
E por alguns momentos silenciosos, Kyp relaxou, deixando as emoções
da outra plataforma o banhar como um riacho frio e refrescante no verão. A
natureza abafada dos sons de boas-vindas daquela plataforma, do tráfego
aéreo de Coruscant não muito longe, do transporte e comércio da estação
adjacente, permitiram-no permanecer confortável, desapegado.
Então sentiu as novas presenças na Força, as presenças específicas de
quem estava esperando. Desviou o olhar da estação e olhou na direção da
origem daquela sensação, e viu a Sombra Jade em um ângulo de
aproximação diretamente na direção dele.
A nave se aproximou da estação em uma velocidade ligeiramente mais
rápida do que a segura, então rapidamente desacelerou e desceu para um
pouso suave com os repulsores no topo da plataforma, a poucos metros de
Kyp. Sorriu. Quem estivesse pilotando, provavelmente Mara, fez a sua
aproximação, de brincadeira ou com malícia, o mais intimidadora possível,
para que o assustasse para recuar subitamente. É claro, não se mexeu.
Acenou para as formas dentro da cabine, indistintas atrás das janelas, e
esperou.
Logo, a rampa de acesso baixou e desceram Luke Skywalker e Mara
Jade Skywalker. Eles estavam vestidos de maneira simples, Luke de preto,
Mara, pra variar, estava num manto Jedi padrão com dois tons de marrom.
Kyp ofereceu um sorriso e estendeu a mão pra Luke.
— Grão-Mestre Skywalker.
Luke apertou a mão dele.
— Mestre Durron.
— E Mestra Skywalker.
Mara assentiu pra ele, mas Kyp detectou um traço de irritação ou
impaciência.
— Mestre Durron.
— Essa é uma mão nova, acredito eu. — Kyp soltou o aperto. — Eu
fiquei sabendo sobre os seus ferimentos. Como essa se compara com a
última?
Luke ergueu a sua mão direita e olhou para a palma.
— A matriz neural é mais sofisticada, então ela parece ainda mais de
carne e osso. Mas, você sabe como um droide cuja memória nunca é
apagada tende a se tornar mais individual, mais idiossincrático.
Kyp assentiu.
— Você não está sugerindo que uma mão prostética faça a mesma coisa.
Ela não tem memória suficiente.
Luke deu de ombros.
— Eu não sei o que estou sugerindo. Talvez através da Força o meu
cérebro tenha desenvolvido uma familiaridade com a mão antiga que
exceda o que é normal. Independentemente disso, essa aqui não me parece
certa ainda.
— O que significa. — Mara disse. — que já não é o mais talentoso
artista com um sabre de luz na galáxia, e sim, bom, ainda o mais talentoso,
apenas um pouco menos por enquanto.
— Tia Mara? Oops. Olá, Kyp. Mestre Durron. — A voz era de Jaina
Solo, e Kyp olhou pra cima e viu e pequenina Jedi no topo da rampa de
acesso.
— Jaina. — Kyp deu um aceno amigável pra ela. Desviou os seus
pensamentos para longe da época, anos atrás, quando era obcecado por ela,
quando ela ainda era uma adolescente, quando era mais jovem, um homem
mais egocêntrico que não reconhecera o seu interesse nela mais como sobre
solidão e autoapreciação do que sobre qualquer outra coisa.
Ali, hoje, fingia que ela nunca significara mais pra ele do que a filha de
o seu amigo sobrevivente mais antigo deveria. Ela, talvez, não precisasse
fingir. Dando a Kyp um breve sorriso, ela voltou a sua atenção para Mara.
— Então posso levar Zekk e Ben para o Templo agora?
Mara assentiu.
— Acho que sim. Kyp, alguma razão para atrasar?
— Não. — Ele olhou para a esquerda, onde o Templo Jedi nos arredores
estava claramente visível além da popa da Sombra Jade. — A menos que
você queria poupar os seus motores, eu posso levá-los até lá. — Ele
estendeu a mão, palma virada pra cima, num gesto bem dramático, e a
Sombra Jade vibrou por um momento, se movendo sob a pressão que
exercia com a Força.
Jaina deu-lhe um olhar reprovador. Ela se virou, e a rampa de acesso
subiu, escondendo-a.
— Como está o Zekk? — Kyp perguntou.
Mara parecia despreocupada.
— Ele se recuperará completamente. Os cirurgiões em Hapes foram
muito eficientes, mas ele ficará fora de ação por um tempo. — A sua
expressão se tornou preocupada. — Quantas pessoas sabem como
aconteceu?
— Só eu, por enquanto. — Kyp indicou o lado oposto da plataforma,
perto da estação. — O meu speeder está por ali. — Assim que todos
estavam se movendo na direção do veículo, ele continuou: — Eu fui
designado para investigar esse caso. — Todos os incidentes com sabre de
luz que causassem qualquer dano para um ser vivo deveria ser analisado, e
qualquer Mestre em serviço no Templo poderia ser aleatoriamente
designado para a tarefa de investigação.
A expressão de Mara suavizou.
— Todos que testemunharam dizem que foi um acidente.
Kyp assentiu.
— É claro, e o relatório de Luke deixa bem claro o que aconteceu.
Então eu deveria dispensar com os nossos costumes, sequer investigar, e
tirar o dia de folga? — Eles alcançaram a borda da plataforma e o
airspeeder de Kyp, um veículo longo, estreito e amarelo com assentos
confortáveis na frente e um banco traseiro que parecia ter sido
dimensionado para crianças. Kyp saltou para o assento do piloto e estendeu
uma mão galante para Mara.
Ela deu a ele um olhar de advertência e saltou para o assento do
passageiro.
— Não, é claro que não. — Ela sentou-se. — Estou apenas um pouco
sensível sobre o caso, eu imagino. O meu filho teve um acidente com sabre
de luz. Subitamente eu sinto os olhos de todos os Jedi da galáxia em mim.
Luke subiu no banco traseiro e se sentou atrás de Kyp.
— Então sobre o que é tudo isso?
Kyp afundou no assento do piloto, ativou o speeder e saiu de ré
rapidamente, deixando-os a metros do fluxo de tráfego mais próximo.
— Você não quer sentar atrás de mim. Confie em mim. — Ele guinou
até estar apontando na direção do fluxo de tráfego e acelerou, como se ele
estivesse brincando em um simulador da Millennium Falcon, para se unir
ao fluxo.
— Por que não... oh.
Pego pelo vento, o cabelo de Kyp foi removido de onde estava dentro
do capuz da sua capa Jedi. Esticado até o fim, as suas pontas açoitaram a
meros centímetros dos olhos de Luke e ocasionalmente faziam cócegas em
seu nariz.
Luke deslizou para o lado, para o centro do banco.
— Você o deixou crescer.
Kyp estendeu a mão para acariciar os cabelos indulgentemente, então
sorriu para a sua exibição simulada de vaidade.
— Estou saindo com uma moça que gosta dele comprido. E não se
importa com os fios brancos.
— Parabéns. Então de novo, sobre o que é tudo isso?
— O Chefe Omas e Almirante Niathal queriam ver vocês assim que
retornassem de Hapes. Eles me pediram para levá-los. Vocês podem rejeitar
se não for uma boa hora.
Mara o olhou confusa.
— Isso é sobre o que aconteceu em Hapes?
— Mais ou menos. — Kyp deu a ela um amplo, carinhoso sorriso. —
Dessa vez, eles querem que Luke faça de Jacen um Mestre Jedi.

FORA DO SISTEMA CORELLIANO, CARGUEIRO INALE MEUS


JATOS

A Capitã Uran Lavint era uma herdeira da tradição de Han Solo.


Era assim que via a si mesma, de qualquer forma, e era realmente uma
contrabandista. E não era uma contrabandista de pequena escala. O seu
cargueiro, Inale Meus Jatos, continha espaço grande o bastante para
carregar várias Millennium Falcon. E nem sempre fazia contrabandos
sozinha, algumas missões, como essa, eram operações de pequenas frotas.
Ainda assim, não era rica, nem mesmo confortável financialmente.
Credores, contrabandistas mais bem-sucedidos, membros do crime
organizado, agora exigiam as suas dívidas assim que conseguissem entrar
em contato com ela, assim que pudessem encontrar com ela durante as
breves estadias da Inale Meus Jatos nos portos. Fora ameaçada, apanhara
em um desembarque em Tatooine, e dizia-se por aí que um credor desistira
e contratara um caçador de recompensas para eliminá-la, para demonstrar a
tolice de não pagar na hora.
Precisava que essa missão desse certo. Se desse, poderia pagar a todos,
começar do zero. Se não desse, talvez se encontrasse em uma posição para
descrever descompressão explosiva em primeira mão.
Agora olhava para a distante estrela Corell através da janela dianteira da
ponte enquanto se sentava afundada em sua cadeira de capitã. Ela estava
assim não pela derrota, mas por hábito e uma atitude deliberada de
indiferença que dava-lhe a reputação de alguém frio sob ataque. Apesar de
nascer de pais bem alimentados e bem cuidados como gerentes de nível
médio em Bespin, agora tinha a pele como couro de Tatooine e o rosto
escarpado que poderia se beneficiar com um bigode largo.
Relutantemente, se sentou ereta. Olhando para o Hutt pequeno e jovem
no sofá do copiloto projetado especialmente ao lado dela, assentiu.
— Tudo bem, Blatta. Pode transmitir.
Blatta acionou um interruptor no painel de controle diante dele. Uma
tela se iluminou e mostrou o rosto da Capitã Lavint, uma transmissão ao
vivo da holocâmera. Ele falou nos típicos tons Hutt, profundo e gosmento:
— Transmissão em cinco, quatro, três... — Ele ergueu dois dedos,
silenciosamente indicando a continuação da contagem, então um, então
fechou o punho para indicar que estavam transmitindo.
Lavint encarou o gravador da holocâmera.
— Capitã para a frota. Em um minuto transmitirei os dados de
navegação para nosso salto final. Esse salto nos levará o mais próximo que
o poço gravitacional do planeta Corellia permitir, e então uma de duas
coisas acontecerá: seremos atacados pelas forças da Aliança Galáctica, ou
não.
— Se não formos, parabéns, os armamentos e o bacta que estamos
carregando nos renderão bons lucros. Se formos, as nossas instruções são
claras: separem-se e fujam, direto para a atmosfera de Corellia. É cada nave
por si. Se verem o seu melhor amigo ser atacado, desejam-lhe boa sorte e
desçam. Não fiquem pra trás e lutem para libertá-lo.
— Boa sorte. — Ela deu aos espectadores um rápido aceno, e Blatta
cortou a transmissão.
— Dados de navegação? — Ele perguntou.
— Envie.
Ele o fez. No instante em que enviou, um cronometro com um minuto
apareceu em ambos as telas da cabine, em contagem regressiva. Era tempo
o suficiente para os capitães e navegadores da frota carregarem os dados e
testá-los, não tempo o bastante para desperdiçá-lo e aumentar o seu
nervosismo.
Mais ou menos como um corpo só, as trinta e tantas naves e
embarcações da frota aceleraram, apontando diretamente para o distante e
invisível planeta. Aqueles que possuíam escudos defensivos os ativaram. E
exatamente no mesmo momento, cada tripulação da cabine viu as estrelas
diante deles se esticarem e começar um giro axial que era a característica
visual da entrada no hiperespaço.
Esse salto levaria só alguns segundos...
Levou menos do que isso. Eles estiveram no hiperespaço por metade do
tempo que deveriam quando as estrelas pararam de girar e voltaram a ser
distantes pontos de luz. Corell estava maior, mais perto, mas não tão perto
quanto o sol deveria estar, e não havia a vista reconfortante do planeta
Corellia diretamente à frente deles. Ao invés, havia espaço vazio decorado
com as ocasionais rápidas oscilações de luz coloridas.
Lavint xingou, mas a sua injúria foi abafada pelo grito de Blatta:
— Naves inimigas! Formação chevron. Estamos na direção da ponta, e
os dois flancos estão seguindo para nossa formação.
— Qual delas é a Interditor? — Uma das naves inimigas deveria ser um
tipo de Interditor, a nave principal carregando os geradores de poço
gravitacional, dispositivos que projetariam o campo de gravidade de força
suficiente para arrancar naves direto do hiperespaço.
Blatta destacou um ponto de luz em sua tela, e ele começou a piscar na
tela de Lavint também. Estava bem na ponta da chevron, diretamente acima
da nave de Lavint.
Lavint acionou o seu comunicador.
— Capitã Lavint para a frota. Mantenham a formação, igualem a
velocidade comigo. Essa é a nossa única chance...
Na tela do sensor, a nítida linha da sua frota estava embaçando enquanto
cada embarcação membro apontava para uma direção diferente.
— Não, não, mantenham a formação! — Ela não conseguiu ocultar o
desespero em sua voz. As ordens originais de se espalhar somente faziam
sentido se cada nave estivesse a curta distância do refúgio em Corellia, os
idiotas não viam isso? — Nós temos que fugir dessa contenda em alta
velocidade...
— Ignorem isso. — veio uma voz pelo comunicador. Era feminina e um
pouco rude, uma condizente com a da voz própria Lavint. — Aqui é a real
Capitã Lavint. Sigam às suas ordens. Espalhem-se. — Essa voz era calma,
confiante.
Blatta assentiu como se estivesse impressionado.
— Parece muito com você.
— Cale a boca. — Lavint colocou o seu cargueiro em um novo curso,
apontando pra baixo relativamente à sua orientação atual.
Blatta ofereceu um suspiro. Soava como gases de um bantha.
— Pelo menos eles não podem saber qual embarcação está levando qual
carga. Já que não somos a maior nave na frota, eles podem não nos dar
muita atenção...
A Inale Meus Jatos estremeceu com tanta força que os dentes de Lavint
bateram, mas e Blatta tremeu como um prato cheio de gelatina picante
Corelliana. As luzes da cabine diminuíram por um segundo.
Freneticamente, Lavint torceu os controles em uma nova direção, mas a
Inale Meus Jatos não era uma embarcação pequena e ágil. Nos segundos
agonizantes que levaram para o cargueiro tomar um novo rumo, ouviu
Blatta descrever a situação deles calmamente:
— O DEI na ponta a bombordo da formação chevron está atirando em
nós. O primeiro disparo foi contra os nossos motores. Se acertar
novamente...
A Inale Meus Jatos estremeceu uma segunda vez, com força o bastante
para jogar Lavint pra fora de o seu assento se não tivesse colocado o cinto
de segurança. As luzes da cabine diminuíram novamente, e as telas
apresentaram estática por um segundo.
As luzes não voltaram dessa vez, e o cargueiro parou de responder à
condução de Lavint. As telas clarearam. Funcionando com a energia de
emergência, eles começaram a mostrar uma lista de danos sofridos pela
nave.
Blatta observava os dados enquanto rolavam.
— Motores já eram.
— Obrigada por essa atualização da Holonotícias.
Blatta deu de ombros.
— Foi bom trabalhar com você, Capitã. Eu apenas desejava...
— Desejava o quê?
— Que você não estivesse meio ano atrasada no que me deve. — Ele
alterou a tela principal para seguir o progresso da batalha agora assolando
ao redor deles.

FORA DO SISTEMA CORELLIANO, NA ANAKIN SOLO

No Salão de Comando do Star Destroier Anakin Solo, Jacen Solo encarava


através das janelas dianteiras. Podia ver os últimos brilhos e clarões dos
lasers enquanto esse combate espacial fracassado chegava ao fim.
Escolheu não seguir os eventos mais de perto nas telas do computador
prontamente disponíveis. Em vez disso, se conectou através da Força,
sentindo as naves e veículos que podia ver, procurando por estranhezas,
discrepâncias, tragédia.
Não encontrou nenhuma. Os contrabandistas, superados e em
desvantagem, desistiram até quase sobrar uma nave. Algumas embarcações
ágeis fugiram, saltando para a velocidade da luz antes das naves de guerra
da força tarefa de Jacen poderem inutilizá-las, mas a maioria não
conseguiu; grande parte dos contrabandistas flutuavam, indefesos, com os
seus motores destruídos pelos disparos laser ou com os seus sistemas
eletrônicos tornados inertes pelos canhões de íon. Transportes agora se
moviam de nave pra nave, recolhendo tripulações de contrabandistas,
deixando o pessoal que levariam as embarcações capturadas para
instalações da AG, direcionando raios tratores. Em mais uma hora ou duas,
essa seção do espaço estaria completamente vazia além de algumas poucas
nuvens de destroços que uma vez foram invólucros de motores.
— A nossa agente gostaria de falar com você. — disse Ebbak. Uma
mulher de cabelos escuros com a pele da cor de areia do deserto, ela era
baixa e de aparência pouco notável, mas fora de ajuda considerável para ele
desde a sua designação para a Anakin Solo. Uma funcionária civil a bordo
da nave, encarregada de análise de dados, ela demonstrara um dom para
saber qual tipo de informação Jacen precisaria e quando, e a fornecer em
horas úteis. Considerava se ela estaria interessada em trocar o seu posto
civil por uma comissão com a Guarda da Aliança Galáctica; podia se
beneficiar de alguém com as habilidades dela se ela se provasse tão leal
quanto era atenciosa.
Ela não bem se materializou ao lado dele, ele a sentira caminhando, mas
a sua aproximação era silenciosa. Talvez ela também se provasse hábil no
trabalho furtivo.
A questão irritava Jacen; a sua mente estava ocupada pelos detalhes da
captura da frota contrabandista, e precisava começar a pensar em sua
próxima reunião com o representante Corelliano.
— Por que eu quereria falar com ela? E, por favor, não a chame de
nossa agente. Ela traiu os seus companheiros por dinheiro. Ela é nossa
mercenária temporária. Ela é a traidora deles. Ela não é agente de ninguém
além de si mesma.
Ebbak parou, então evidentemente decidiu não responder os últimos
comentários.
— Ela não disse o que queria, mas já que se provou ter uma informação
útil pra nós...
— Sim, sim. — Jacen assentiu. — Onde ela está?
— na a sua sala.
Jacen a seguiu de volta pelas portas da antepara à popa do Salão de
Comando. Assim que estavam no corredor principal, eles atravessaram uma
porta ao lado bombordo até a sala que servia como retiro de Jacen a bordo
da Anakin Solo.
Esperando lá estavam duas pessoas, um homem grande, vestido com o
uniforme da segurança da nave, de pé, e uma mulher, sentada... apesar de se
levantar após Jacen e Ebbak entrarem.
Jacen olhou para o rosto desgastado da Capitã Uran Lavint.
— Sim?
Lavint parou, aparentemente desconcertada pela maneira distante e
brusca dele.
— Eu simplesmente queria descobrir se você tinha algum pedido ou,
mais ao ponto, tarefas para mim antes de eu ir.
Jacen reprimiu um suspiro.
— Primeiro, eu nunca prolongaria uma relação de negócios com alguém
que vende seus colegas. Segundo, você está mentindo.
Lavint corou, mas a sua expressão não mudou.
— Tudo bem. Eu queria conhecê-lo, sobretudo.
— Ah. — Jacen parou, e cuidadosamente considerou as suas próximas
palavras. — Lavint, você agora tem todo o tempo da galáxia disponível
para você. Ao trair trinta e tantos colegas contrabandistas, você obteve
créditos suficientes para pagar todas as suas dívidas e começar do zero, seja
como uma contrabandista ou algo legítimo. Você pode viajar, você pode se
divertir, você pode relaxar. Eu, por outro lado, não tenho tempo a perder. E
você agora desperdiçou um pouco dele. Eu não aprecio isso. — Ele se virou
para o oficial de segurança. — Leve-a para o Hangar Delta, coloque-a em
uma nave, e a tire da minha nave.
Lavint limpou a gargante.
— Inale Meus Jatos está no Hangar Gamma. E os motores não serão
reparados por alguns dias padrão, pelo menos.
— Isso mesmo. Estou reivindicando a Inale Meus Jatos para a crise
militar atual. — Jacen pegou o seu datapad de um bolso e o consultou. — A
sua nave é agora a Duracrud.
— Duracrud? — Lavint praticamente cuspiu o nome. — Essa é uma
estocadora YV-666 mais velha do que eu. É um tijolo com asas e um casco
que vaza gases como um Hutt flatulento. É uma fração do tamanho da Inale
Meus Jatos.
— E exatamente o tipo de embarcação necessária para um
contrabandista começando uma nova carreira.
— Nosso acordo...
— Nosso acordo era que você receberia uma soma de créditos, Ebbak,
você mostrou a ela a prova da transferência e deu a ela os dados para ela
exigi-los da conta em Bespin? Sim, e que você teria permissão para partir
em sua nave, sem a carga. O acordo não especificava qual seria a sua nave.
— Ele fixou Lavint com um olhar impassível. — Agora você se importaria
em não desperdiçar mais do meu tempo?
O olhar que ela deu a ele era mortal. Entendia o porquê. Acabara de
tomar a sua nave, o seu amado negócio e o seu lar, e dado a ela um casebre
no lugar. O seu pai, Han Solo, teria se sentido da mesma maneira.
Mas Uran Lavint não era Han Solo, e Jacen não se preocupava se ela
algum dia retornasse para fazê-lo se lamentar. O relatório sobre ela deixava
claro que não tinha objetivos, nenhuma motivação além da aquisição de
créditos. Ela não era nada.
Lavint se afastou, com a sua linguagem corporal rígida, e marchou até a
porta, o segurança atrás dela. Então, enquanto as portas deslizavam, ela
parou. Sem se virar, com a sua voz baixa, ela perguntou:
— Como é ter sido um herói um dia? — Então ela saiu, e a porta
sibilou, fechando-se atrás dela.
Jacen se sentiu ruborizar. Forçou a raiva para longe. Não deixaria um
inseto como ela o incomodar, mas claramente, punição adicional estaria a
caminho.
Virou-se para Ebbak.
— O meu pai tendia a ter infinitos problemas com a Millennium Falcon.
O hiperdrive falhava toda hora, e ele diria ao universo que não era culpa
dele, e então ele o consertaria e seguia o seu caminho. — Ele assentiu na
direção da porta fechada. — Atrase o caminho dela até as docas do hangar.
Ajuste o hiperdrive da Duracrud para que falhe catastroficamente após um
salto.
— Sim, senhor. — Ebbak considerou. — Já que ela é uma
contrabandista, ela não vai a lugar nenhum em um único salto. O seu
primeiro salto será sempre para algum ponto bem longe dos sistemas
planetários ou pistas de tráfego. Ela ficará encalhada.
— Isso mesmo. E ela conhece o seu hiperdrive intimamente.
— Ela pode morrer.
— E se sobreviver, será uma pessoa melhor pela experiência. Mais
educada, provavelmente.
— Sim, senhor. — Ebbak se moveu para a porta, que se abriu para ela.
— Senhor, a sua reunião com o Almirante Antilles é em uma hora.
Jacen consultou o seu relógio.
— É mesmo. Obrigado.
— E, Coronel, se eu puder fazer um comentário pessoal...
— Vai em frente.
— Você não parece bem.
Deu-lhe um sorriso sem graça.
— Crises fazem isso com um homem. Eu ficarei bem.
A porta se fechou por trás dela.
Capítulo Dois

Exatamente uma hora depois, Ebbak retornou, escoltando o Almirante


Wegde Antilles de Corellia. O envelhecido oficial militar, ereto e se
movendo tão facilmente quanto um homem com metade de sua idade,
vestido em uniforme completo de um oficial da Força de Defesa Corelliana
e uma expressão séria que escondia os seus sentimentos como uma
máscara. Mesmo através da Força, Jacen podia sentir pouco do que Wedge
estava vivenciando: atenção, confiança que poderia ou não ser forçada, uma
paciência nascida do autocontrole.
Jacen se levantou de trás de sua mesa para apertar a mão de Wedge.
Gesticulou para Ebbak sair, e ela o fez sem dizer nada. Jacen retornou para
a sua cadeira e indicou a sua dupla confortável, de encosto alto do lado
oposto da mesa, colocada lá apenas para essa conferência.
— Sente-se.
— Obrigado. — Wedge sentou-se, sua postura perfeita e Jacen sentiu
um pequeno comichão de irritação. Wedge deveria saber que Corellia
estava derrotada a esta altura, podia ter a decência de não fingir o contrário.
— Eu sei que você não gosta de perder tempo. — Jacen continuou. —
Então você tem uma declaração de posicionamento pra mim?
Agora, afinal, Wedge parecia confuso, embora apenas levemente.
— Uma declaração de posicionamento?
— Do tipo “está claro que a posição Corelliana é desesperadora, então
estou aqui para sermos racionais”.
Wedge riu.
— Estou aqui porque você sugeriu uma reunião com um representante
de patente alta do exército ou governo Corelliano. Você está aqui porque,
tendo conquistado uma vitória militar em Hapes, uma que foi
espetacularmente coberta pela mídia, e deixe-me acrescentar os meus
parabéns a ela, você quer pressionar a sua vantagem e concluir a paz com
Corellia para dar mais um impulso a sua brilhante carreira política.
Jacen sentiu um lampejo de raiva e instantaneamente a reprimiu. As
palavras de Wedge chegaram perto de seu alvo. Se Jacen pudesse negociar
paz aqui nos próximos dias, todos se beneficiariam, Corellia, a Aliança
Galáctica e o próprio Jacen.
— Você não está em uma boa posição para fazer acusações sobre os
motivos e a ética de outras pessoas. Não após caírem fora da tentativa de
golpe em Hapes. — Ele sabia que a raiva em sua voz era real.
Wedge ficou em silêncio por um longo e assustador momento.
— Porque eu acho que precisa saber, eu direi algo a você que constitui
um segredo do governo Corelliano. Eu não sabia sobre a trama contra
Hapes. Você já sabe que eu não estive envolvido em seu planejamento.
— Como eu saberia disso?
— Porque ele falhou.
Jacen quase perguntou se arrogância agressiva era parte do padrão
genético de todos os Corellianos, mas resistiu à vontade. O seu próprio pai
era o arquétipo Corelliano, e se arrogância agressiva fossem créditos, os
Solos seriam a família mais rica da galáxia.
Jacen deu a Wedge um olhar condescendente.
— Você não precisa oferecer defesa ainda. Os julgamentos de crimes de
guerra ainda nem começaram. E se a sua negociação foi particularmente
habilidosa, eles podem sequer acontecer. Então voltemos ao assunto.
Almirante, a sua posição é inútil. O sistema Corelliano está cercado,
bloqueado. Apesar do fato de numerosos planetas terem demonstrado apoio
quando Corellia tomou uma posição de desafio, nenhum se rebelou em
apoio a Corellia; vocês não têm amigos. E vocês estão ficando sem
suprimentos cruciais. O comboio de contrabando que vocês esperavam uma
hora atrás está atrasado; está inteiramente em nossas mãos, com todo o
bacta, todas as munições agora ajudando a causa da AG.
Wedge sorriu.
— Primeiro você diz que não temos amigos, e então você diz que
pessoas foram presas tentando nos trazer bens essenciais.
— Eles eram contrabandistas, não amigos.
— Às vezes contrabandistas se tornam amigos. O seu pai e eu eramos
contrabandistas que se juntaram à causa da Aliança Rebelde. E agora, como
você apreendeu esses carregamentos em vez de pagar por eles, você pode
ter certeza de que menos contrabandistas se tornarão amigos da Aliança
Galáctica. Você está dizendo que a AG não precisa de amigos? Ou apenas
não precisa de amigos como eu e o seu pai?
— Você está mudando de assunto novamente.
— Verdade. — Abruptamente Wedge parecia cansado, pensativo. — Eu
serei honesto. Eu gostaria de ver Corellia reunida com a AG. Se não, algo
muito ruim acontecerá.
— Agora estamos conversando.
— Se Corellia não voltar, se a guerra realmente irromper... eu posso
nunca conseguir a minha pensão pela AG.
— Wedge...
— Eu mereço essa pensão. Por décadas de serviço.
— Leve isso a sério...
— Tudo bem, levarei. — Todo o humor se foi, Wedge ficou Jacen com
o olhar. — Você está lidando com um governo de coalizão que ainda não se
estabeleceu. Thrackan Sal-Solo morreu não faz muito tempo, e as larvas
ainda estão rastejando por baixo da pedra. Nós precisamos de tempo para
erradicá-las. Você não precisa se apressar. Você não precisa de sua resposta
hoje, amanhã ou semana que vem, e qualquer resposta que provocar em
uma janela de tempo curta é uma resposta que deixará todos infelizes.
Sente-se, seja paciente, negocie de boa-fé e eu tenho bons motivos para
acreditar que Corellia reintegrará a AG.
— Então você voltará e recomendará que Corellia se renda a nós.
Wedge balançou a cabeça.
— Nunca em mil anos.
— Sobre o que está falando, então?
— Eu recomendarei que Corellia reintegre a AG. Aceitando
completamente os termos de admissão planetária padrão da AG, mas sem
reparações. Nenhuma medida punitiva, sem tarifas extras, sem atividades
por baixo dos panos contra Corellianos, e uma tentativa genuína de desfazer
o esforço para prejudicar a reputação geral Corelliana que está tomando
conta da população da AG. Você pode negociar na direção dessa resolução?
— Eu... poderia, mas se nós sofrermos mais catástrofes como o
bombardeio em Coruscant, o acordo já era.
— Entendido. — Wedge cedeu apenas um pouco, parte da rigidez
deixando o seu rosto, sua postura. — Então o que você fará quando a
excitação acabar? Continuar em sua força policial planetária, ou voltará a
vagar pela galáxia resgatando filhotes de árvores? Você costumava ser bom
nisso.
Jacen mascarou um tremor de irritação ao dar de ombros.
— Alguma combinação de trabalho da Guarda da Aliança Galáctica e
voltar aos meus estudos, eu espero.
— Hummm. O mosquito da política picou você, então? Ou você só
gosta de como fica no uniforme?
Jacen suspirou, exasperado.
— Agora você está fazendo piada novamente. E eu acho que fizemos
tudo o que podíamos com essa reunião.
— Eu também acho. — Sério novamente, Wedge se levantou. — Jacen,
posso dizer algo para você não como um oficial ou negociador, mas como
um velho amigo da família?
Jacen também se levantou.
— Algo fora dos registros, você quer dizer? É claro.
— Não, não. Pode registrar ou não, não importa. Como um velho amigo
da família. Você pode ouvir como um velho amigo?
Ainda um pouco confuso, Jacen assentiu.
— Outro velho amigo meu, Wes Janson, o homem menos sério da
galáxia, exceto quando está matando um inimigo ou tentando marcar uma
posição, uma vez disse para mim: "O verdadeiro sinal de que alguém se
tornou um fanático", ele disse, "é quando ele perde completamente o senso
de humor sobre algum aspecto de sua vida. Quando o humor se vai,
significa que ele perdeu a sua perspectiva". Jacen, você perdeu o seu senso
de humor sobre, bom, tudo, e você está fazendo coisas que nunca faria
quando era mais jovem. O que isso significa?
Jacen balançou a cabeça.
— Isso não significa que sou subitamente um fanático. Só que eu cresci.
— Imagino.
— Ebbak está esperando lá fora. Ela o levará de volta para o seu
transporte.
Quando Wedge foi embora, Jacen se sentou novamente e encarou as
portas do escritório, não as vendo.
Maldito Wedge, pensou. Como se perder um senso de humor
adolescente tivesse algo a ver com fanatismo. Como se...
Havia um pensamento circulando ao redor da periferia de sua
consciência. Era algo que Capitã Lavint desencadeou, algo que Wedge
atiçou até se tornar uma chama viva, mas não conseguia focar direito.
Bom, então precisava olhar mais de perto.
Capitã Lavint pensava que Jacen costumava ser um herói. Claramente,
se tal coisa fosse medida por número de admiradores, era agora um herói
maior do que antes, e ainda assim ela pensava que não mais constituía um.
Por quê? Por que a julgara? Talvez. Talvez fosse porque a sentença dada a
ela fora uma que partiria o coração de seu pai, ou o coração de qualquer
contrabandista. Talvez fosse porque ele a machucara onde era mais
vulnerável. Não foi necessariamente uma coisa heroica a se fazer,admitiu,
mas foi justo. Então vamos descartar isso por hora.
Wedge pensava que a perda do senso de humor significava que se
tornara um fanático de algum tipo. Se se tornara ou não, Jacen precisava
admitir, realmente marcava uma mudança nele.
Tanto Lavint quanto Wedge indicaram mudanças que Jacen vivenciara,
e esse reconhecimento o incomodava em algum nível.
Por um momento, tentou recuperar uma sensação do que fora quando
adolescente, antes da guerra contra os Yuuzhan Vong: desajeitado, feliz,
geralmente em companhia de sua irmã gêmea, Jaina, e do seu irmão mais
novo, Anakin, todos raramente em companhia dos pais... O seu senso de
humor, sempre presente, geralmente se manifestava na forma de piadas
horríveis aprendidas nos quatro cantos da galáxia.
E então havia os animais, os “filhotes nas árvores” de Wedge. Uma vez
fora capaz de encantar uma pantera da areia para ronronar, fora capaz de
persuadir o filhote de qualquer espécie a vir até ele. Há quanto tempo ele
não fazia isso? Quanto tempo desde que quisera fazer isso?
Animais, animais malvados, com os seus dentes como navalhas e o seu
ódio pelos Jedi...
Saiu do meio cochilo no qual caíra, mas não se endireitou. Havia uma
resposta pra ele. Na altura da guerra Yuuzhan Vong, ele, Jaina, Anakin e
uma unidade de elite de jovens Cavaleiros Jedi montaram uma missão para
um mundo inimigo, para destruir os voxyn, criaturas criadas pelos Yuuzhan
Vong, criaturas que podiam sentir a Força, criaturas que caçaram e tomaram
a vida de numerosos Jedi antes dessa missão destruí-los.
Mas Anakin fora ferido fatalmente nessa missão. Ele morrera.
Os filhos de Han Solo e Leia Organa Solo subitamente foram de três
para dois. Subitamente pararam de ser invencíveis, invulneráveis, imortais.
Subitamente não havia espaço em sua vida, não havia espaço nesse
universo para o humor.
E daquela época em diante todos os animais pareciam ter o rosto dos
voxyn. Eles não eram mais os seus amigos.
Jacen fora capturado, acabando nas mãos dos Yuuzhan Vong. Acabando
sob a tutela de Vergere, que era algumas vezes Jedi, algumas vezes Sith,
algumas vezes nenhum. Ela o ensinara muito, incluindo como se separar da
dor ou abraçá-la, como sobreviver quando estivesse afundando dentro da
Força ou desligado dela, como ser humano, ou Yuuzhan Vong ou nenhum.
Ela o ensinara a se distanciar de tudo, caso ele precisasse.
E agora, mais de uma década após esses eventos, após a morte dela, ele
podia ver outro motivo. Apenas a separação oferece perspectiva. Todo
ensinamento se beneficia da perspectiva. Logo, todo ensinamento se
beneficia da separação.
O que não explicava porque os comentários da contrabandista e de
Wedge o provocavam.
Você está fazendo coisas que nunca faria quando era mais jovem.
Como atirar na Millennium Falcon.
Esse pensamento veio a ele como uma onda, um dos ataques de sabre de
luz de Luke, e que Jacen era incapaz de desviar, de aparar, de fingir que não
aconteceu.
Vários dias antes ele ordenara que os turbolasers de longo alcance da
Anakin Solo atirassem na Millennium Falcon.
Eu não tinha certeza que era a Falcon. A designação do transmissor era
a Longshot.
— Você sabia.
A primeira voz era dele. A segunda voz era um pouco como a dele, mas
um sussurro... mais como a de Vergere, talvez.
Eu... sabia que era a Falcon. Eu sabia que estava atirando em minha
mãe e meu pai, mas eu pensei que eles tornaram-se inimigos. Eu pensei que
tinham me traído, Tenel Ka, a nossa filha.
— Então, por isso, você decidiu matá-los?
Não... eu sabia que a Falcon poderia suportar um disparo de turbolaser
ou dois. Eu não estava tentando matá-los.
— Sim, você estava.
Jacen suspirou, derrotado pela implacabilidade de sua própria análise.
Sim, eu estava. Eu estava tentando matá-los. Por causa do que pensei que
haviam tentado fazer com Allana.
— E você estava disposto a matar, Zekk, até mesmo Ben, até mesmo
Jaina para conseguir isso.
Jacen franziu a testa para aquilo. Não matar, precisamente, ele pensou.
Eu estava disposto a sacrificá-los, no entanto.
— Pelo bem maior. Pela eliminação de dois inimigos que poderiam lhe
custar tudo. Inimigos que você sabia serem engenhosos, implacáveis.
Sim.
— Então era a decisão correta.
Mas eu estava errado! Eles acabaram por não ser parte da tentativa de
golpe.
— Sim, mas ainda era a decisão correta baseada no que você sabia, ou
pensava saber.
Jacen assentiu.
— E então você faria de novo. Se você soubesse, realmente soubesse,
que eles eram inimigos seus, que eles ficaram entre você e a paz galáctica.
Ou entre você e a sua filha.
Sim.
— Bom. — Os tons dentro de sua mente eram mais e mais como os de
Vergere. — Você ainda está aprendendo.
E você ainda está ensinando. Apesar de estar morta.
Não houve resposta, mas Jacen estava calmo, satisfeito.
A sua decisão fora correta, falha apenas pelas informações erradas nas
quais se baseara. Poderia repeti-la se precisasse, e iria.
Era capaz de sacrificar uma responsabilidade menor por uma maior, um
bem menor por um maior, um amor menor por um maior. Lumiya, a sua
professora Sith, estaria satisfeita... se ainda estivesse viva.
E poderia finalmente reconhecer que o garoto que fora uma vez, o
garoto Jedi otimista, brincalhão, amante dos animais, sujeito a ser
sequestrado, estava morto, assassinado na mesma missão que reclamara o
seu irmão, Anakin.
Enfim, entendendo o que acontecera, Jacen não sentia falta de seu eu
mais jovem.
Finalmente dormiu.
Capítulo Três
CORUSCANT, PRÉDIO DO SENADO DA ALIANÇA GALÁCTICA,
ESCRITÓRIO DO CHEFE OMAS

Era uma reunião pequena e privada dessa vez, Luke, Mara, Chefe Omas,
Almirante Niathal e Kyp. Homens e mulheres da segurança governamental
esperavam do lado de fora na sala de espera, e, se Luke conhecia os seus
tipos tão bem quanto pensava, estariam inquietos, infelizes por não estarem
por perto para proteger os líderes do governo no caso dos Jedi decidirem
causas problemas.
Luke sorriu disso. A probabilidade dos Jedi causando problemas em
uma situação como essa era aproximadamente igual à de Cal Omas e a
Almirante Niathal proclamarem a si mesmos como os novos Imperador e
Imperatriz. Então ele ficou sério. Historicamente, a última vez que algo
assim acontecera, as coisas não acabaram muito boas para os Jedi.
— Eu entendo as exigências de seu tempo. — Chefe Omas dizia.
Cabelos brancos, sério, a personificação deliberada da simpatia e boa
vontade governamental, ele se sentava oposto a Luke, suas mãos
entrelaçadas sobre a mesa entre eles. — Então serei breve. Eu,
representando muitas vozes no governo da AG, quero dar a você a
oportunidade de fazer um grande favor para esse governo.
Luke assentiu.
— Ao elevar Jacen Solo a posição de Mestre Jedi.
Chefe Omas hesitou. A sua expressão não mudou, mas Luke teve a
distinta impressão de que o homem foi pego de surpresa.
Luke reprimiu um olhar para Kyp. Então o comentário de Kyp mais
cedo era um segredo ou um palpite... e já que Omas não está subitamente
suspeitando de Kyp, Kyp não traiu o segredo. Um palpite, então.
Interessante.
— Bom... sim. — Chefe Omas admitiu. — Esses são tempos incertos,
Mestre Skywalker. O Coronel Solo é um herói do povo, alguém que todos
os membros da Aliança Galáctica podem olhar em busca de liderança. Ao
dar a ele o comando da Guarda da Aliança Galáctica, o governo mostrou
uma enorme fé em suas habilidades e lealdade, e ele demonstrou que
merece essa fé e continuará a merecer. Jacen pode agora servir também
como um potencial exemplo de cooperação entre o governo secular e a
Ordem Jedi... se ao menos os Jedi demonstrassem uma fé similar nele.
A voz de Chefe Omas estava controlada como sempre, com o seu
comportamento tão persuasivo quanto, mas através da Força, Luke podia
sentir que o homem não tinha investimento pessoal nesse argumento.
Claramente, ele fazia a proposta a pedido de outros, talvez retribuindo
algum favor que devia a outro político, um dos patronos de Jacen. Luke deu
um rápido olhar para a Almirante Niathal, a política mais bem colocada da
Aliança Galáctica que também era uma grande apoiadora de Jacen, mas a
Mon Cal estava sob controle, não oferecendo emoções para ele detectar.
— Bom, aí está um problema. — Luke olhou para os seus
companheiros Jedi. Mara tinha o rosto como uma pedra, não mostrando
expressões para os políticos lerem, apesar de Luke poder sentir, pela ligação
da Força que ajudava a uni-los, a sua irritação com Omas. Kyp estava
largado em sua cadeira, sorrindo de leve, e Luke pensou poder detectar que
Kyp estava se divertindo imensamente. — Em minha estima, Jacen ainda
não possui a maturidade emocional necessária para ser um Mestre.
Chefe Omas deu a ele um olhar duvidoso.
— Muitos Jedi, tanto na Velha República quanto na era moderna,
tornaram-se Mestres na idade dele ou mais jovens.
Luke deu de ombros.
— Não é uma questão de idade.
— E. — Omas continuou. — ele demonstrou possuir habilidades e
poder que nem mesmo os mais inveterados Mestres podem igualar.
Mara suspirou e finalmente se inclinou para juntar-se à conversa.
— Não é uma questão de poder, tampouco. Se o poder fosse o critério
que pensa, então qualquer criança de oito anos com um detonador térmico
seria qualificado para ensinar em um nível universitário. Certo?
Oposta a ela, a Almirante Niathal também se inclinou, como se
estivesse se posicionando como um cruzador Mon Cal para combater o Star
Destroier que Mara representava. Ela falou no tom sério comum aos Mon
Calamari:
— Talvez poder, idade e sabedoria não sejam as únicas considerações
aqui. — Os seus olhos bulbosos giraram para focar Mara e depois Luke. —
Se Jacen for um mestre da Guarda e um Mestre entre os Jedi, isso embaça a
linha entre aqueles que juraram obedecer o governo e aqueles que
meramente reconhecem um vago dever e responsabilidade com o governo.
Uma angustiante perda de autoridade pessoal para o Grão-Mestre da Ordem
Jedi. Não?
Luke deixou um pouco de frieza aparecer em sua voz:
— O dever que eu reconheço por quarenta anos é tudo, menos vago.
Niathal assentiu.
— Precisamente. E então você não tem nada a temer.
— E essa não é a questão. — Luke deu um olhar de desagrado para a
Almirante, em uma mensagem dizendo que o esforço dela para levar a
conversa do reino da lógica para o reino da defesa não sucederia. — Jacen
não está pronto. Está fazendo muitas escolhas infelizes. Ele precisa de
orientação e está recusando a procurá-la.
— De você. Eu acho que ele está bem receptivo à minha orientação.
Luke não respondeu. Deixou o silêncio entre eles se prolongar por
longos segundos.
Finalmente Niathal girou para olhar Kyp.
— Mestre Durron, eu sei de uma fonte segura que você defendeu a
elevação de Jacen Solo à posição de Mestre.
O propósito da presença de Kyp finalmente fez sentido para Luke.
Meses antes, em uma reunião do Conselho Jedi, Kyp propusera a elevação
de Jacen à posição deles. Obviamente, notícias daquilo de alguma forma
vazaram das Câmaras do Conselho e alcançaram os ouvidos e membranas
timpânicas de Omas e Niathal, e Kyp fora trazido para reforçar o
argumento.
Kyp parecia assustado, mas Luke não detectou genuína emoção de
surpresa nele.
— Perdão?
Niathal o encarou.
— Você propôs que Jacen Solo fosse elevado.
Kyp assentiu, um pouco incerto.
— De certa maneira.
Suspeita surgiu na voz de Niathal:
— Qual maneira?
Kyp continuou a parecer desconfortável.
— Bom, claramente você não está familiarizada com o papel dos taras-
chi nos debates do Conselho Jedi.
— Os taras...
— ... chi. Sim. Um tipo de debate adversário ritualizado. — Kyp olhou
para Luke e Mara como se para confirmar. — Em certas tradições Jedi,
qualquer grupo de discussão, ou o seu moderador, elege um taras-chi. O
propósito do taras-chi é fluir ideias que correm contra a sabedoria
predominante. Isso serve para que todas as ideias sejam testadas... às vezes
destruídas. A ideia que o taras-chi promove não é aquela sendo testada, a
ideia que ele promove testa a ideia atualmente sob discussão. É como uma
larva que apenas come pele morta. Coloque-a sobre uma ferida, e ela
apenas devorará aquilo que não poderá sobreviver de qualquer maneira. A
carne viva, como uma ideia sólida ou raciocínio válido, não sofrerá com
isso. — Kyp pensou por um momento. — Eu suponho que o equivalente
mais próximo que vocês têm no mundo do governo seria um bobo da corte
ou imprensa livre.
Chefe Omas e Almirante Niathal trocaram olhares. Omas parecia
ligeiramente confuso; a postura de Niathal sugeria que estava irritada.
Omas limpou a garganta.
— Eu não consigo ver...
— A discussão durante aquela reunião. — Kyp continuou, — era sobre
as atividades de Jacen Solo e se eram apropriadas para um Jedi. Então, no
espírito do taras-chi, eu não apenas falei em apoio não-crítico a elas, eu
propus dar a ele a recompensa mais pródiga que os Jedi podem conferir.
Como um teste do item principal da discussão.
Havia um pequeno tremor na voz de Niathal:
— Então você está dizendo que nunca apoiou a elevação de Jacen Solo.
Kyp deu a ela um olhar intrigado.
— Eu apoio as decisões do Mestre da Ordem, Almirante. E me deixe
dar a você um pequeno exemplo de como poder e habilidade nas artes Jedi
não correspondem à maestria. Quando eu ainda era um adolescente, eu era
capaz de me estender até o poço gravitacional de um gigante gasoso e puxar
uma espaçonave de lá. Isso é algo que nem todos os Mestres podem fazer.
Eu podia fazer porque eu era forte com a Força... e porque eu tinha fé
absoluta em meu direito, na minha necessidade de usar essa nave para um
propósito específico, mas eu duvido que possa fazer isso hoje. Não sou
mais fraco na Força, e sou bem mais habilidoso.., mas hoje eu saberia que o
meu propósito pretendido não era um bom, e esse conhecimento me negaria
o foco necessário para executar essa tarefa. Então eu era um Mestre naquela
época, ou sou um Mestre agora?
Chefe Omas e Niathal trocaram outro olhar. O rosto de Omas estava
sereno, mas estava claro pela linguagem corporal de Niathal que essa parte
da reunião não fora da maneira que ela queria.
Omas tentou novamente, captando o olhar de Luke:
— A história de Mestre Durron só reforça a minha questão. Não tinha a
experiência que precisava, experiência que o compelia a buscar o conselho
de outros, mas não falta essa experiência ao Coronel Solo. Ele veio a nós
buscando orientação. Por favor, Mestre Skywalker, não confunda qualquer
raiva que tenta sentido por ele não se consultar com você o bastante pela
suspeita sobre a sabedoria e prontidão dele.
Luke sorriu, subitamente alegre.
— Tudo bem, não irei. — Enquanto Niathal se endireitava, na
expectativa, Luke acrescentou: — Eu continuarei a avaliar o progresso de
Jacen como um Jedi, e no instante que o julgar pronto para a categoria de
Mestre, vocês serão os primeiros que informarei.
— Ah. — Omas recostou-se, mas manteve a máscara de animação
educada. — Por favor.
Luke se levantou e assentiu.
— Obrigado por nos receber. Se não houver mais nada, eu não quero
tomar mais de seu tempo.
— Não, isso é tudo. — Havia um falso bom humor na voz de Omas. —
Obrigado.
Os Jedi deixaram o escritório em silêncio, e assim seguiram no
turboelevador até o nível do hangar do prédio, e até a speeder de Kyp os
levar pra fora do Prédio do Senado.
Mara quebrou o silêncio:
— O que são taras-chi?
Kyp sorriu, mostrando os dentes.
— Um inseto nas minas de Kessel. — ele disse. — Seis pernas sob uma
dura carapaça redonda com cerca de três centímetros de diâmetro.
Apropriadamente assados, eles têm um gosto só um pouco ruim. Quando
você os pega, eles oferecem um pouco de nutrientes, ajudam a morrer de
fome mais lentamente.
Luke parecia pensativo.
— Obrigado por me apoiar lá. Por que você fez isso?
— Luke... — Kyp parou, balançou a cabeça. — Não. Mestre Skywalker.
Eu realmente acho que Jacen devia ser um Mestre, ou eu não traria a
questão naquela reunião, mas gosto de mostrar solidariedade, uma Ordem
Jedi unida, quando esse tipo de coisa acontece. Quando rachaduras se
abrem e políticos colocam os dedos nelas, coisas ruins acontecem. Impérios
se formam. Também, estou bem irritado por eles trazerem a minha sugestão
daquela reunião, como eles descobriram, afinal? — Ele franziu a testa. —
Conversa fiada entre Mestres e aprendizes ao redor do Templo,
provavelmente.
— Provavelmente. — Mara disse, mas Luke podia sentir um traço de
suspeita crescendo dentro dela, como crescia nele. Mesmo se as opiniões de
Kyp fossem ouvidas nos salões do Templo, alguém, algum Jedi, teria de
repassá-las para o governo. Talvez o próprio Jacen tenha feito isso.
Luke se desviou dessa linha de pensamento, e da ainda mais
perturbadora possibilidade de ter sido Ben quem vazou a informação.
Capítulo Quatro
CORONET, CORELLIA

Um bunker sempre parecia com um bunker, Wedge refletiu. Não importava


se aquela câmara estivesse decorada para entreter, com telas nas paredes
mostrando cenas da cidade de Coronet e os seus arredores em cores reais,
não importava se estivesse mobiliada com mesas abastecidas com louça
adequada para uma companhia formal e bandejas de refrescos, com
elegantes cadeiras arredondadas feitas à mão e sofás confortáveis e
imaculados estilizados da maneira mais agradável aos olhos. Era um
bunker, bem fundo abaixo da superfície, e os homens e mulheres reunidos
ali, políticos do mundo de Corellia e os auxiliares que trabalhavam pra eles,
se sentavam todos um pouco curvados, como se pudessem sentir as
toneladas de alvenaria e terra empilhadas protetivamente sobre as suas
cabeças. Políticos de outros quatro mundos do sistema Corelliano,
representados por hologramas, deveriam estar em prédios acima da
superfície onde estavam; a postura deles não era curvada.
Wedge também se sentava ereto, tanto por hábito quanto para irritar os
outros, e aceitou uma xícara de caf de um dos auxiliares, era um homem um
tanto jovem, pálido vestindo uniforme da SegCor. Wedge esperou até o
auxiliar recuar antes dese virar na direção de outro homem no sofá.
— Então a conversa não alcançou muito politicamente... exceto que eu
acho que Coronel Solo aconselhará em favor da Aliança Galáctica nos dar
mais tempo.
O homem a quem se dirigia, Dur Gejjen, o Primeiro-Ministro dos Cinco
Mundos e Chefe de Estado Corelliano, bonito, mais novo do que a sua
acuidade política poderia sugerir, pele e cabelos escuros, colocou a sua
própria xícara de caf em uma mesa próxima e franziu a testa.
— “Nos dar mais tempo”. — ele repetiu. — Isso soa muito como um
vitorioso concedendo um favor ao vencido.
— Obviamente, eles não foram vitoriosos aqui. — Wedge disse. — Mas
tão óbvio quanto, eles estão em uma posição mais forte. Mais algumas
semanas ou meses desse bloqueio, e eles vão exaurir a nossa economia além
do ponto de resistência. Solo estava certo quando disse que estávamos
sozinhos. A menos que as suas comunicações com os Bothanos tenha tido
um súbito avanço que não mencionou.
— Você soa derrotado, Almirante. — Disse o holograma de um homem
baixo e de ombros largos. A transmissão de sua forma sentada fora
sobreposta em uma cadeira à direita de Gejjen. O orador tinha cabelos finos
e um rosto perfeitamente adequado para agressividade. O seu nome era
Sadras Koyan, e ele era tanto Chefe de Estado do mundo de Tralus quanto
um membro do Partido Centerpoint, a força minoritária dentro do novo
governo de coalizão do sistema Corelliano.
Wedge o olhou com neutralidade.
— Claramente, não fomos derrotados, mas se as coisas continuarem
como estão, seremos. Estou dizendo a vocês que podemos negociar uma
resolução para essa situação sem nos render, reintegrar a Aliança Galáctica
e sofrer repercussões mínimas, se negociarmos de boa fé, começando agora.
— Ele sentiu o seu ânimo entristecer e sabia que a sua expressão deveria ter
acompanhado. — Boa fé pode ser complicada de se conseguir, no entanto,
em um corpo político que usa sua frota reserva secreta para executar um
plano para assassinar uma chefe de estado estrangeira...
Foi sufocado, atacado pelas vozes dos outros. Gejjen dizia:
— Agora não é o momento...
Enquanto isso Koyan rugia:
— ... falta de competência em manter o nosso acesso aos nossos
próprios estaleiros abertos...
Denjax Teppler, ex-Primeiro-Ministro dos Cinco Mundos, agora
Ministro da Justiça, ficou sério e dizia palavras inaudíveis pedindo calma e
cuidado, gesticulando com ambas as mãos para os outros diminuírem o tom.
Rorf Wilems, Ministro da Defesa, resmungava:
— ...um pouco mais de cooperação é necessária aqui.
A Ministra de Inteligência, Gavele Lemora, parecia avaliar Wedge,
como se estivesse medindo o seu caixão. Os auxiliares permaneciam
visivelmente silenciosos enquanto os ministros e Chefes de Estado rugiam.
Gejjen franziu o cenho e falou novamente, dessa vez em um grito a
plenos pulmões:
— Calem a boca!
Os outros silenciaram-se e encararam o líder Corelliano. Gejjen voltou a
sua atenção para Wedge.
— Almirante, você está dizendo que com a frota de ataque, você
poderia forçar as tropas da AG pra fora de nosso sistema, impedindo-nos de
sofrer o bloqueio instituídos pela AG?
Wedge assentiu.
— É bem provável.
— Bem provável... e você também está dizendo que o nosso melhor
plano de ação agora é negociar um retorno sem culpa para a AG.
— Sim.
— Mesmo se inevitavelmente nos custasse o controle da Estação
Centerpoint.
A estação, lar de um antigo dispositivo gravitacional que poderia ser
usada para construir sistemas solares inteiros, ou destruí-los, quase voltara a
ser operacional antes de uma missão Jedi a sabotar, custando a arma mais
significativa aos Corellianos. Ben Skywalker, filho do velho amigo de
Wedge, Luke, fora o sabotador. A associação de Wedge com os Skywalkers
era conhecida por todos os presentes ali.
Wedge assentiu.
— Chefe Gejjen, esse resultado é muito melhor do que ser exaurido até
a submissão e então ser forçado a retornar para AG sob termos ditados por
Cal Omas e pela Almirante Niathal.
— Então não podemos vencer.
— Não sem sistemas planetários ricos e poderosos se juntando a nós.
— O que estávamos a um centímetro de conseguir. — Koyan rosnou, —
até Jacen Solo e os seus pais se meterem em nossa ação no Consórcio
Hapes.
Wedge segurou uma resposta. Assassinar uma boa governante, como a
Rainha-mãe Tenel Ka, para uma traiçoeira, mentirosa, pró-Corellia poder
tomar o lugar dela poderia ajudar a vencer a guerra, mas a paz que se
seguisse seria frágil, incerta, até mesmo maldosa. No entanto, dizer tal coisa
diante desse corpo de homens e mulheres não faria bem.
Gejjen, parecendo ler a resposta de Wedge e a sua expressão, olhou para
um de seus assessores.
— Traga a Almirante Delpin. — Ele voltou a sua atenção para Wedge.
— Almirante Antilles, nós temos um problema, e o problema é que eu não
acredito que você esteja disposto a vencer a qualquer custo.
— Não estou. — Wedge disse. — E nem você.
— Eu estou. — Gejjen disse.
— Se vencer significar que o sistema Corelliano será o único centro de
civilização a sobreviver à guerra?
Gejjen franziu a testa.
— Esse é um exemplo ridículo e extremo.
— Exatamente. — Wedge assentiu. — Mas eu aposto que constitui um
exemplo de vitória que você não estaria disposto a aceitar. Significando que
você não está disposto a vencer a qualquer custo. Nós só precisamos
estabelecer, para esse órgão governante, qual é a consequência máxima para
uma vitória que estamos dispostos a aceitar.
Gejjen tentou novamente, demonstrando um nível de paciência e
mesmo respeito que Wedge achou surpreendente:
— Almirante, você foi mantido longe do círculo de decisão para, ah,
ajustar as políticas Hapan porque estava claro para o resto de nós, baseado
em seu histórico de atuação, que você nunca a aceitaria em sua forma final.
— Você pode estar certo disso.
— Mas nós já estamos de acordo que sacrificar a ditadora de um
governo distante está dentro da consequência máxima para uma vitória que
podemos aceitar.
A porta da câmara se abriu com um sibilo, e uma mulher vestida no
uniforme de um almirante da Força de Defesa Corelliana, o mesmo
uniforme que Wedge vestia, entrou. Ela era da altura de Wedge e de
constituição musculosa, o tipo de mulher cujo hobby é provavelmente
passar o tempo em uma academia. O cabelo dela, cortado rente, era preto e
refletia o brilho azul da iluminação da sala. Ela tinha cerca da metade da
idade de Wedge e boa aparência; não havia traços aparentes de maquiagem
em suas feições.
Havia, no entanto, um traço de simpatia nelas quando olhou para
Wedge. Ela parou em frente à cadeira de Gejjen, com o seu quepe mantido
em baixo do braço esquerdo da maneira militar.
— Almirante Genna Delpin, reportando como ordenado.
Wedge a conhecia. Ela era uma estrela em rápida ascensão nas forças
armadas Corellianas, e liderara a frota de ataque na desastrosa tentativa de
golpe no Consórcio Hapes. A sua derrota refletira não na habilidade dela,
mas em fatores bem longe de seu controle, tais como a interferência dos
Jedi e forças armadas inesperadas.
Gejjen a cumprimentou com um aceno de cabeça, então se virou
novamente para Wedge.
— Almirante, o que você conquistou na libertação de Tralus deixa claro
que não poderíamos ter escolhido uma melhor líder para as nossas forças
armadas unidas, mas os tempos mudaram, e o seu código de conduta
pessoal está, eu acredito, tornando-se um grande impedimento ao lidar com
as necessidades do governo. Almirante Delpin tem um claro entendimento
de seu papel e de seus deveres para com o governo, e tem sua habilidade em
mover e motivar subordinados. Por essa razão, e entenda, não é nada
pessoal, continuamos a tê-lo em nossa maior estima, estou removendo você
da posição de Supremo Comandante das forças armadas de Corellia. — Ele
voltou a sua atenção para a recém-chegada. — Almirante Delpin, nomeio
você para essa posição.
— Obrigada, senhor. Eu aceito. — A sua voz era suave, controlada.
Wedge se levantou. Ele o fez lentamente, cuidadosamente, o melhor
para mascarar o que sentia. Independentemente do quão inevitável esse
momento pudesse ser, independentemente de quão inflexível ele podia se
manter à ética que o fez acontecer, ser dispensado do comando ainda
parecia como levar um golpe de marreta no estômago, e ele não queria que
ninguém nesse grupo percebesse como ele se sentia. Tranquilamente, ele
bateu continência.
— Parabéns, Almirante.
Ela devolveu a continência.
— Obrigada, Almirante. Após o fim dessa reunião, talvez possamos
tomar uma xícara de caf e discutir algumas coisas.
Wedge limitou a sua reação para um leve sorriso. Ele sabia o que
consistiria a conversa: sinto muito pelo que aconteceu. Espero não haver
nenhum mal-estar entre nós. Precisamos de você...
Não, eles não precisavam, mas essa percepção, e o que precisaria fazer
em seguida, fez o estômago de Wedge revirar.
Gejjen disse:
— Almirante Antilles, as suas habilidades em planejamento tático e
estratégico continuam a torná-lo inestimável para nossas forças armadas. Se
a Almirante Delpin concordar, quero fazê-lo juntar-se a equipe de operações
dela.
Delpin deu a Gejjen um revigorante aceno.
— Eu concordo, sim.
Wedge respirou fundo.
— Desculpe, não posso. Almirante, geralmente eu não hesitaria em
aceitar, e em trabalhar com você e pra você, mas as circunstâncias não são
ordinárias. — Ele fixou o olhar em Gejjen. — Senhor, pelo presente eu
renuncio a minha comissão na Força de Defesa Corelliana.
A sala ficou em silêncio. Um momento após, alguém atrás de Wedge
disse:
— Bom!
Gejjen olhou com raiva para quem falou, então dirigiu-se a Wedge:
— Eu não aceito.
Wedge deu de ombros.
— Você não tem escolha. Ou melhor, a sua escolha é me manter como
pessoal sem comissão ou me oferecer uma dispensa completa. Desse ponto
em diante, ou, pelo menos, do momento em que submeter a minha renúncia
por meios oficiais, não serei mais um oficial comissionado.
Gejjen soltou um suspiro e pensou por um momento.
— Você pode ficar como um sargento, ou um piloto de speeder nas
nossas forças terrestres, ou você pode fazer uma última aparição pública
como Almirante Antilles, alegremente entregando a sua posição e funções
para a Almirante Delpin, uma aposentadoria honrosa.
Wedge considerou. A aparição pública ajudaria a convencer a maioria
da população de que tudo estava bem em seu relacionamento, que tinha
toda a confiança na nova Suprema Comandante, que apoiava o novo regime
de todas as maneiras. O que era uma mentira.
Mas se não o fizesse, membros das forças armadas poderiam perder a
confiança em sua liderança. E isso poderia resultar em quebra de
autoridade, nas mortes de bons soldados.
A deliberação toda de Wedge levou um quarto de segundo.
— Eu farei a aparição, é claro.
— É claro. — Gejjen repetiu. — Dispensado.
Wedge prestou continência, e com as pernas um pouco rígidas, fez o
caminho pra fora da sala.
A sua postura estava perfeita durante a longa caminhada até as portas,
descendo o corredor além delas, passando por uma estação de guarda, e até
o turboelevador que o levaria para a superfície, mas assim que as portas do
elevador fecharam-se atrás dele, ele caiu contra a parede. As suas pernas
pareciam de borracha, e o seu estômago se rebelava como um soldado de
infantaria em sua primeira experiência em gravidade zero.
De almirante responsável pelas forças armadas de um sistema
planetário inteiro para um civil em dois passos, pensou e conseguiu dar um
sorriso levemente nauseado.
E mais uma vez, poderia ter acabado de assinar a sua sentença de morte.
Um governo que estava disposto a assassinar líderes estrangeiros não
hesitaria em se livrar de alguém que poderia ser usado como um potencial
símbolo contra ele... e que acabara de provar que não estava com eles.
No instante em que a sua aparição pública com Almirante Delpin
terminasse, o relógio começaria a contar os seus segundos de vida.
O pensamento, tão familiar após uma vida de guerra, acalmou o seu
estômago e combateu a náusea que vinha sentindo desde o momento em
que soube que seria dispensado do comando. No momento em que as portas
do elevador se abriram, ele estava ereto novamente. Passou pela estação de
segurança da superfície e deu um sorriso aos guardas sugerindo que era um
rancor e eles eram feito de carne.

SISTEMA GYNDINE, ESTAÇÃO DE REABASTECIMENTO E


REPAROS TENDRANDO

O veículo se alinhando para uma aproximação no atracadouro norte da


estação de reabastecimento uma vez fora um transporte Corelliano YT-
1300, moldado eficientemente em um disco, com mandíbulas dianteiras de
aparência agressiva e uma cabine que se projetava a estibordo da proa para
dar à nave um perfil assimétrico, estranhamente agradável. Agora, no
entanto, incontáveis queimaduras de estragos de batalha escureciam o
casco, e as torres superior e inferior, as quais alojavam canhões laser,
simplesmente sumiram.
Enquanto a nave fazia uma última manobra antes da aproximação, o
homem esperando no atracadouro podia ver que a torre superior não fora
substituída ou mesmo coberta; onde uma vez ela fora instalada, havia um
buraco com vista para o interior do veículo.
O homem esperando teria reconhecido a Millennium Falcon
instantaneamente, mesmo se não soubesse que ela viria para o seu lar. Já
fora o seu dono uma vez. Ele ainda a amava, e agora ele estremecia ao ver o
que ela se tornara.
Ainda cortês e bonito, e agora parecendo distinto com a idade, Lando
Calrissian estava em completo contraste com o famoso transporte. Vestia
um conjunto de seda que custava o mesmo que uma boa speeder cujos
componentes foram todos escolhidos pela discreta elegância; a túnica azul-
escura, calça preta e capa roxa eram dominadas pela cor e estilo. A bengala
preta com a ponta prateada que carregava era uma concessão visível à
idade.
Assistiu enquanto a Falcon lentamente se aproximava. Tão frágil
quanto parecia, esperava que ela ricocheteasse nos escudos atmosféricos
que afastavam o vácuo do espaço da doca, mas ela flutuou gentilmente
atravessando aquela ínfima barreira. Agora que o transporte estava dentro
da atmosfera, Lando podia ouvir um tilintar ritmado de dentro de seu casco,
algo dera errado no involucro do motor.
A Falcon deslizou gentilmente pra frente em seus repulsores e pousou
com surpreendente suavidade. Lando deu a volta por baixo das mandíbulas
para olhar através das janelas da cabine, mas os ocupantes já a deixaram,
então continuou até a rampa de acesso.
Tinha um punhado de piadas em mente para a chegada de Han e Leia:
eu já vi transportes colidindo com os flancos de Devastadores de Mundos
que pareciam melhores; o que vocês fizeram com a garota dessa vez; vocês
compraram a licença de piloto na Escolha de Pilotagem Mynock Bêbado,
mas então, enquanto o par descia pela rampa de acesso, vislumbrou os seus
rostos.
Não havia um pingo de bom humor, alegria ou mesmo esperança em
suas expressões, apenas morbidez e, sob a superfície, dor. Han vestia as
suas calças de costume, túnica e colete, e o seu braço esquerdo estava em
uma tipoia. Leia usava manto Jedi marrom. Ambos os conjuntos de roupas
estavam amassados, e como se tivessem dormido com eles.
Lando limpou a garganta para ganhar um momento para pensar e afastar
o maneirismo bem-humorado e brincalhão de voz que pretendia usar. Então
ele disse:
— Estou contente em vê-los. Eu tenho caf e comida no saguão.

***

Enquanto Han e Leia comiam, lentamente, mal provando a comida, eles


disseram a Lando o que acontecera. Jacen era uma figura central em quase
todos os elementos da história.
Jacen apoiando leis para concentrar e aprisionar Corellianos em
Coruscant. Jacen interrogando uma prisioneira até a sua morte, a filha de
Boba Fett. Jacen acreditando que Han e Leia conspirariam contra Tenel Ka,
e de forma a puni-los, atirando na Falcon... quando os seus pais, irmã e
primo estavam a bordo. Cakhmaim e Meewalh, os guarda-costas Noghri de
Leia, mortos no ataque, não apenas mortos, mas incinerados,
instantaneamente obliterados para que não sobrasse nada para enterrar.
Enquanto os seus relatos dos eventos se desenrolava, Lando balançava a
cabeça, quase relutante a acreditar no que ouvia.
— Eu sinto muito. Estive acompanhando a Holonotícias; eu sabia sobre
a promoção dele para chefe da Guarda da Aliança Galáctica, mas tudo
isso... eu não sei o que dizer.
Finalmente, Han olhou por cima de seu prato.
— Você pode nos ajudar a consertar a Falcon?
Lando assentiu.
— Considere feito. Esse lugar é uma antiga estação de reparos que eu,
nós, conseguimos em uma fusão corporativa. Não é rentável, então nós
transferimos a maioria do pessoal para outros locais e fechará em breve. Eu
manterei essa doca de reparos aberta o suficiente para deixar a Falcon em
forma. Melhor do que nova. — Ele estremeceu novamente. — Levará um
tempo, no entanto.
Han e Leia trocaram um olhar, e Leia disse:
— Precisaremos de um transporte rápido por enquanto, também. Algo
que possa nos levar além da zona de exclusão Corelliana se precisarmos. E
algo que não grite “os Solo estão de volta” sempre que for notada.
— Não se preocupe.
Eles ficaram em silêncio por algum tempo. Então Leia perguntou:
— E como você está, Lando?
— Eu não quero dizer a vocês.
Isso chamou a atenção tanto de Han quanto de Leia.
— Por quê? — Han perguntou.
— Porque está tudo bem.
Leia conseguiu dar um sorriso.
— Eu agradeço a você por não querer nos deixar pior ao se gabar. Nós
sabemos que você não faria isso. Nós gostaríamos de algumas boas notícias.
De verdade.
— Oh. Bom, então. — Lando soltou um suspiro. — Devo dizer que
todos os meus desejos de quando era jovem praticamente se realizaram.
Estou rico. Posso viajar para qualquer lugar que quiser e fazer o que quiser.
Estou casado com uma mulher inteligente e bela que não se importa com
onde estou a cada segundo. Eu posso visitar um antro de apostas e perder
uma fortuna sem perder o sono; Tendra sabe que alguma hora eu ganharei
outra fortuna, ou uma patente, ou um planeta e compensarei a perda.
Tendrando Armas não é tão grande quanto era durante e logo após a guerra
Yuuzhan Vong, mas está indo bem vendendo para forças de segurança no
setor privado, e nos diversificamos. Estamos bem saudáveis.
Leia franziu a testa.
— Você quase parece... triste.
Lando parou, procurando as palavras certas.
— Não.., mas não há risco em minha vida. Os anos não vão me deixar
velho, mas ficar sentado sendo bem-sucedido, popular e responsável, sim.
— Ele franziu o cenho. — Vocês sabem quanto tempo faz desde que um
caçador de recompensas veio atrás de mim?
Leia ofereceu um fraco sorriso pra ele.
— De nós, não faz muito tempo.
Lando se colocou de pé.
— Vou mostrar o quarto de vocês. Descansem um pouco. Providenciarei
um transporte adequado para ser trazido aqui.

ZONA DE EXCLUSÃO CORELLIANA, NA ANAKIN SOLO


Jacen se sentava de pernas cruzadas em sua cabine, flutuando cerca de um
metro do chão, sereno.
Desta vez, estava completamente aberto à Força, deixando-a fluir
através dele, sustentá-lo, apoiá-lo no ar. Deixou a Força fazer o que
desejava, mostrando a ele imagens, linhas de pensamento e emoção
passando rapidamente através dele... e por todo o momento procurava,
espreitando como se a totalidade da Força fosse um oceano e quisesse
encontrar um rosto distante e familiar entre as ondas e correntes.
Encontrou-o. Muito, muito longe, pequeno pela distância, mas
claramente ainda vivo... Lumiya.
E subitamente ela estava mais perto, muito mais perto. Ela apareceu em
sua visão física também, não mais do que dois metros diante dele. Ela
parecia como se fosse um ser bidimensional em um ângulo reto com a sua
linha de visão, então subitamente virou à vista.
Como nos últimos anos, ela vestia um conjunto de calça e túnica
escuras, e em sua cabeça usava um turbante enrolado. Uma parte dele
escondia o seu nariz e boca, terminando em uma ponta aguda na direção de
seu peito, e duas outras partes irradiavam de sua testa como se escondessem
chifres Devaronianos, dando a sua cabeça um estranho molde triangular.
Ela estava deitada de lado, como se descansando em um sofá. Não havia
sofá à vista; ela flutuava no ar como Jacen. A sua cabeça erguida e os seus
olhos fora de foco. Eles levaram um segundo para se direcionarem a ele.
— Jacen? — A voz dela estava distante, ecoando como se estivesse em
uma grande sala com paredes duras.
Por um momento estava perplexo. Sabia sobre a habilidade dela em
projetar fantasmas realistas da Força de sua casa, um asteroide impregnado
com energia da Força concentrada, mas não a imaginava usando a técnica
para simples comunicação. Invejava a sua técnica. Talvez ela pudesse
algum dia lhe mostrar como fazia.
— Lumiya. — ele disse. — Estou feliz em saber que você sobreviveu.
— Obrigada. — Ela abaixou a cabeça novamente, como se houvesse um
travesseiro. Os seus movimentos sugeriam exaustão, até mesmo dor. —
Estou me curando. Aqui posso convocar a minha força. O seu tio me feriu.
— Ainda assim você não me parece com raiva.
Ela riu. O som foi tênue.
— Estou acostumada. Sempre que nos encontramos, eu suponho que ele
me machucará. Ele provavelmente continuará até eu morrer... ou até você e
eu vencermos e ele ser forçado a nos entender.
— Estou à espera do momento, Lumiya. Esperando os frutos das
negociações com os Corellianos. Pensando sobre onde os meus estudos
precisam me levar.
— Ah. — Ele ficou em silêncio por um longo momento. Jacen a
observou respirar, parecia ser um esforço para ela. — Você esteve
considerando o seu sacrifício. Sacrificar o que ama. Amar o que você
sacrifica.
— Sim. Estou ficando... mais pronto.
— Bom. E você esteve procurando por um aprendiz?
— Ben é o meu aprendiz. Apesar que percebi não muito tempo atrás
que não posso sacrificá-lo se precisar.
— Ben é o seu aprendiz Jedi. Não o seu aprendiz Sith.
— Não sou completamente Sith ainda, e portanto não posso ter um
aprendiz Sith.
O suspiro dela soou exasperado.
— Você está enrolando. Você não sabe se ele será adequado para se
tornar um aprendiz Sith. O tempo para aprender é agora, não quando você
se revelar. Você deve testá-lo.
— Ele está com os pais, e eles não querem que ele me encontre.
Lumiya continuou deitada, em silêncio, inútil. Ela o observava e
esperava.
— Então... — ele considerou. — Eu devo separar Ben de Luke e Mara,
e testá-lo.
Lumiya assentiu.
— Se você desejar, eu coordenarei o teste, mas você deve decidir o que
será.
— Tudo bem.
— E você deve decidir o que fazer com ele se falhar.
— Sim.
— Se ele falhar, você o amará menos?
Jacen parou antes de responder. Precisou procurar fundo em seus
próprios sentimentos para imaginar como se sentiria sobre Ben se o garoto
falhasse.
— Eu acho... inicialmente faria pouca diferença, mas nós nos
afastaríamos.
— Então se ele falhar, ele não será adequado como o seu sacrifício.
Tenha isso em mente.
— Terei.
Lumiya rolou novamente, pra longe dele, e sumiu.
Capítulo Cinco

CORUSCANT, APOSENTOS DE LUKE E MARA SKYWALKER NO


TEMPLO JEDI

Luke e Mara mantinham um apartamento longe do Templo Jedi, mas


também tinham aposentos no próprio Templo, eram câmaras austeras para
quando as reuniões do Conselho tarde da noite ou outras tarefas deixavam
mais prático caminhar algumas dezenas de metros e desmaiar, melhor do
que embarcar em um speeder e voar por quilômetros para fazer o mesmo.
Algumas vezes esses aposentos no Templo serviam para um propósito
adicional, como quando os Skywalker se descobriram a cargo de um filho
Jedi rabugento e desafiador certo de que essa “injustiça” era um poder da
Força e os seus pais, os mestres.
O silêncio e a frieza irradiando do quarto do garoto, a primeira porta do
corredor comum, eram formidáveis. Luke, andando de um lado para o
outro, estava certo de que podia senti-los como o ar soprando do depósito
de carne de um Wampa. Virou no meio do caminho para olhar a sua esposa.
— Como eu me sinto culpado?
Sentada na cama, Mara olhou por cima de seu datapad.
— Você está se sentindo culpado, nós estamos nos sentindo, porque ele
está infeliz. E ele continuará infeliz até pararmos de difamar e perseguir
Jacen, o Jedi perfeito, o herói do povo e o modelo masculino para
uniformes pretos. Ou até ele crescer o bastante para repensar como vê o seu
primo. — Ela suspirou. — Você acha que podemos prendê-lo no quarto dele
até ele crescer?
— Isso é tentador. — Luke continuou a sua caminhada.
— Quanto tempo levou pra você parar de ser um garoto teimoso que
tomava tantas decisões erradas quanto certas?
Luke deu de ombros enquanto andava.
— Não sei. Desde que tio Owen e tia Beru foram assassinados até eu
chamar a mim mesmo de Mestre. Cerca de quatro anos antes.
— Ajustarei o cronômetro, então. Deve terminar a contagem quando ele
estiver prestes a fazer dezoito. Podemos checar e ver se ele seguiu o seu
exemplo.
Isso provocou uma risada seca.
— Tudo bem. Nós precisamos descobrir o que fazer com ele agora.
Trouxemos ele pro Templo, onde dezenas de Jedi podem ficar de olho nele
quando não estivermos por perto. O que deve deixá-lo mais paranoico e
furioso. O que faremos para fazê-lo aprender?
— Dê um projeto a ele. Algo relevante. Como escrever uma história e
análise sobre a queda para o lado sombrio de seu avô.
Luke parou novamente e encarou a sua esposa.
— Isso é psicologia complexa para atribuir a um garoto de treze anos.
— Quase quatorze. Estou pensando que se ele fizer a lição de casa, vai
reconhecer uma semelhança nas decisões feitas por Anakin Skywalker... e
Jacen Solo.
Luke se moveu para sentar ao lado dela.
— Isso pode ser útil, mas como ter certeza de que ele fará a lição de
casa? O que usamos para motivá-lo?
Mara respirou fundo.
— Dizemos a ele que se gostarmos do trabalho dele o bastante para
enviá-lo para a biblioteca Jedi, deixaremos que ele volte às suas funções
como aprendiz de Jacen.
Luke assobiou.
— Muito arriscado.
— Sim, mas muitas coisas podem acontecer até Ben terminar o seu
projeto para a nossa satisfação. Nós podemos nos convencer de que Ben
pode ver as falhas de Jacen, e seus problemas. Jacen pode reconhecer os
seus erros e se tornar um professor adequado novamente. Jacen pode...
morrer.
— Eu pude sentir Jacen na Força alguns minutos atrás. Isso é algo raro
ultimamente. Ele se esconde sempre que quiser... e agora mesmo ele a
estava canalizando, com força. Me pergunto o que ele está tramando.
Antes de Mara poder responder, o comunicador de Luke bipou. Ele o
pegou e acionou.
— Sim?
— Grão-Mestre Skywalker, aqui é a Aprendiz Seha no Salão de
Recepção. — A voz era feminina, jovem, entusiasmada. — Há um homem
aqui que deseja vê-lo. Não verá outro Mestre.
— Qual o nome dele e o que ele quer comigo?
— Diz que o nome é Arvóis Geleos. Não tem nenhuma identificação
para confirmar isso. Diz que a missão dele diz respeito a um sabre de luz de
lâmina prateada.
Luke e Mara trocaram um olhar. Luke desligou o microfone do
comunicador.
— Arvóis... Árvore dos Sóis Gêmeos?
Mara assentiu.
— É o que parece.
O Esquadrão Sóis Gêmeos era uma unidade de X-Wing formada por
Luke durante a guerra Yuuzhan Vong mais de doze anos antes. Ele a
liderara por um tempo, então entregou o comando para Jaina. Ele fora
descomissionado após o fim da guerra, mas nos anos seguintes, Luke
ocasionalmente dera a designação temporariamente para esquadrões
específicos que comandara.
— Quem era do Árvore dos Sóis Gêmeos? — Mara continuou.
— Em várias ocasiões, muitas pessoas diferentes. — Luke lembrou de
uma mensagem gravada em uma holocâmera que ele vira apenas alguns
dias antes, uma mensagem enviada por Han descrevendo o recente encontro
dele e Leia na Estação Telkur. — Jag Fel. — ele disse. — Han disse que ele
estava de volta. E quanto ao sabre de luz prateado... — Lâminas prateadas
eram raras para sabre de luz, e uma mulher que possuíra uma delas fora
recentemente uma preocupação séria para Luke, apesar de seu novo sabre
de luz ter uma lâmina de cor diferente.
— Alema Rar. — Mara disse.
— Certo. — Luke acionou o comunicador novamente. — Diga ao
visitante que estaremos aí em um instante.

O visitante era pouco mais alto do que a altura média, mas parava tão ereto
que parecia bem mais alto. Vestido em um macacão de voo preto e envolto
por uma capa de viagem cinza escura, com o seu rosto encoberto, ele
parecia mais com uma figura ameaçadora em uma fábula infantil do que um
visitante pacífico. A escuridão do imponente Saguão de Recepção do
Templo, com a maioria dos bastões luminosos desligados por causa da hora
tardia e sombras se reunindo em cada canto, reforçava o forma sombria
dele.
Seha, a aprendiz a serviço recepcionando, curvou-se para Luke e Mara
quando eles entraram. Ela enrolava uma mecha de cabelo ruivo com dedos
nervosos. Ao gesto de Luke, ela saiu para o corredor principal.
Luke e Mara se aproximaram do visitante. Luke podia ler pouco dele,
nenhuma sensação de ameaça, mas também nenhuma de amizade. Talvez
um traço de raiva, enterrada profundamente.
— Coronel Fel. — Luke disse.
Jag se curvou e ofereceu um bater de calcanhares.
— Ao seu serviço. — ele disse. Estendeu as mãos para jogar para trás o
seu capuz, revelando as feições que Luke se lembrava. Tinha o rosto magro
com surpreendentes olhos verde claros e uma cicatriz indo de sua
sobrancelha até a raiz dos cabelos. O seu cabelo ainda era escuro, um pouco
mais comprido do que o corte militar que geralmente usava, com um
punhado pendendo quase em cima do olho direito; onde a cicatriz alcançava
a raiz dos cabelos, uma mecha era branca. A barba e o bigode aparados
eram novos, e davam a ele uma maior semelhança com o pai, o famoso
Soontir Fel.
Luke deu um passo pra frente e estendeu a mão.
— Por que o sigilo? Você poderia ter nos visitado oficialmente, com as
suas credenciais.
— Não tenho credenciais. — Jag apertou a mão de Luke, então a de
Mara quando ela a ofereceu. — Não sou mais um coronel, nem mais um
embaixador. Nem mais um cidadão Chiss, nem mesmo um membro da casa
de meu pai. Tecnicamente, isso sugere que nem mesmo sou mais Jagged
Fel. Eu sou tanto Arvóis Geleos quanto qualquer outra coisa.
— Ah. — Luke considerou. Jag não estava inundado por autopiedade,
não procurava simpatia com as suas palavras; ele estava apenas contanto a
Luke as coisas que o Mestre Jedi precisava saber. — E se eu entendi
corretamente, a sua missão aqui tem algo a ver com Alema Rar.
— Tem tudo a ver com ela.
— Caminhe conosco. — Mara disse.
Eles caminharam pelos corredores do Templo, os quais estavam em sua
maioria escuros e pouco trafegados a essa hora, e Jag contou aos Mestres
Jedi, em tons sem emoção, sobre os eventos dos últimos anos. Como,
durante as missões do Ninho Sombrio, ele garantira a condicional de
Lowbacca, como Lowbacca violara essa condicional, como os danos feitos
por Lowbacca e os seus amigos Jedi se tornaram responsabilidade da
família Fel... como Jag fora exilado dessa família, como questão de
consequência e honra. Como Jag fora abatido no mundo de Tenupe e
sobrevivera lá, em uma existência fraca e perigosa, por dois anos. Como
Alema Rar, louca como um inseto esmagado e carregando em sua mente a
dualidade imperativa para recriar o Ninho Sombrio e vingar-se de Luke e
Leia, também sobrevivera, também escapara.
— Nesses dois anos. — Jag concluiu, — eu pensei muito em Alema
Rar, o que ela era, o que ela podia fazer. Mais tarde, continuei a pesquisar
sobre ela... e investigar maneiras de combater as habilidades Killik dela. Ela
pode se eliminar da memória de curto prazo das pessoas, significa que pode
encontrá-la e, se sobreviver, momentos depois desse encontro não ter
memória dela. Isso a deixa terrivelmente difícil de rastrear. As habilidades
Killik dela e os poderes Jedi restantes a tornam um perigo extremo pra você
e pra sua irmã... e pra galáxia.
— Então você veio aqui para me avisar. — Luke disse. — Eu agradeço.
— Mais do que isso, eu trago presentes. — De um bolso interno da
túnica Jag removeu dois itens. Um tinha o formato e tamanho de uma
grande moeda de créditos, mas prateada e sem características; sem o retrato
de um herói há muito morto ou tirano que merecia morrer estampando as
faces, apesar de uma bolha de alguma substância esbranquiçada ter aderido
de um lado. O outro item era um cartão de dados comum.
Ele entregou o cartão para Mara.
— Isso é um intérprete gráfico e programa de comunicação. — ele
disse. — Ele opera em conjunto com a maioria dos programas de
holocâmeras de segurança encontrados nas instalações do governo, naves
principais, qualquer prédio protegido. Basicamente, ele avalia cada figura
humanoide que a câmera vê, as compara com um banco de dados das
características físicas incomuns de Alema Rar, e quando encontra uma
correspondência, ele notifica o departamento de segurança e envia uma
mensagem codificada para qualquer repositório de dados que você
especificar. Se você puder instalar isso em sistemas suficientes, podemos
talvez traçar os movimentos dela, descobrir o paradeiro dela antes de causar
mais danos.
— Isso pode não ser tão útil quanto você pensa. — Luke disse. —
Alema provavelmente conhece uma técnica de lampejo da Força, um
método pelo qual um Jedi pode causar interferências em holocâmeras,
mesmo das quais ela não está ciente, a fim de evitar ser filmada.
Jag franziu a testa, mas ele não parecia intimidado.
— Essa técnica... ela a torna invisível?
Mara balançou a cabeça.
— Não. Ela cria um pouco de estática na gravação. Causa uma espécie
de soluço na sincronia.
— Isso não é tão ruim. — Jag disse. — Parte do código envolve analisar
ocorrências progressivas ao longo de uma sequência de holocâmeras,
rastreando um alvo identificado. Se estendermos a sua análise para esses
“soluços” e designar a probabilidade de que eles indiquem um único
indivíduo usando a Força, o código ainda pode traçar os movimentos dela
em áreas observadas.
— Isso pode ser útil para detectar Lumiya, também. — Mara guardou o
cartão no bolso. — Obrigada.
— O cartão também contém um esquema completo disso, para vocês
poderem reproduzi-lo. — Jag entregou o objeto parecido com uma moeda
para Luke. — Vocês podem usar o material colante para fixar isso no seu
pescoço, ou num ponto raspado no crânio. Vocês podem ativá-lo ao dizer
“Alema”. Para desativar é só bater duas vezes com a unha. — Demonstrou,
batendo nele enquanto repousava na mão aberta de Luke. — Desde o
momento em que foi ativado até ser desativado, ele envia choques elétricos
através de seu sistema nervoso em intervalos de um minuto padrão.
Luke sorriu.
— Isso é útil. Você também me trouxe um broche que belisca minha
pele de tempos em tempos?
— O choque. — Jag continuou, sem humor, — é precisamente
sintonizado para o sistema nervoso humano. Eu não tive os recursos para
determinar a frequência exata necessária para outras espécies. A específica
dor gerada ajuda a transferir o que esteja em sua memória de curto prazo
para a memória de longo prazo.
— Ah. — Luke olhou para o dispositivo mais de perto. — Significa que
Alema... — O disco começou a vibrar em sua palma. Apressadamente ele
bateu duas vezes nele, e a vibração cessou. — Significa que ela não pode
escorregar pra fora de nossa memória novamente.
— Isso mesmo.
Mara franziu a testa.
— Sabe, nós devemos ser capazes de duplicar esse efeito com o uso da
Força.
Luke assentiu.
— É uma pesquisa válida. Eu preferiria uma técnica da Força a passar
por algo parecido com um treino de obediência de uma batha de circo.
Colocarei Mestre Cilghal nisso. — Ele guardou o disco em um bolso no
cinto. — Fel, obrigado. Sério. Há algo que nós podemos fazer por você?
— Eu... — Enfim Jag soou incerto. — Estou hesitante em pedir.
— Não. — Mara disse. — Quero dizer, não hesite.
— Eu não tenho nada pra fazer. — Jag disse, e a sua voz se tornou
curiosamente oca, vazia, — exceto perseguir Alema Rar até enterrá-la e ter
certeza de que ela não pode causar mais danos, mas eu não tenho muitos
recursos. Nenhum transporte, pouco financiamento. — Ele riu. — Tão
estranho viver no setor privado. No exército, eles dão a você uma missão e
quaisquer recursos que podem oferecer, algumas vezes poucos, outras
muitos... e você repete até se aposentar ou morrer. Fora do exército, tudo é
tão complicado.
Luke deu um tapinha nas costas dele.
— Eu conseguirei recursos para você. Começando por um alojamento...
— Não. Eu tenho um quarto. O endereço, e o meu código e frequência
de comunicação, estão no cartão de dados. Eu... preferiria não ficar aqui.
— Tudo bem.
— Eu irei agora. Posso encontrar o meu caminho sozinho. — Com uma
reverência final para os Mestres Jedi, Jag virou-se, corretamente, Luke
notou, apesar das muitas curvas e voltas que tomaram em sua caminhada,
na direção da entrada principal do Templo, e seguiu em diante, puxando o
seu capuz novamente enquanto caminhava.
Mara o assistiu ir e balançou a cabeça.
— Esse é um homem sem motivos suficientes para viver.
— Ele se recuperará. — Luke disse. — Ele é jovem. — Ele mexeu no
dispositivo que Jag deu a ele. — Venha. Vamos ver se Cilghal ainda está
acordado.

Voltando para o Templo de uma missão tardia, Jaina passou pelo Jedi
solitário de guarda na entrada principal aberta do prédio e entrou para o
corredor principal.
Deixando o corredor estava um homem envolto em uma capa escura.
Ele se mantinha ao lado esquerdo do corredor, longe dela, nem mesmo
parecia notá-la. Ela hesitou quando ficou lado a lado com ele, com a sua
postura ereta, porte militar e a arrogância inconsciente em seu caminhar fez
sinos soarem em sua memória.
Quando ele deu um passo além dela, ela parou e virou a cabeça para
olhá-lo.
— Jag?
Ele parou, também, mas não virou. O seu rosto permaneceu
completamente escondido dentro das dobras do capuz, mas era a voz de Jag
Fel que respondeu:
— Sim?
— Você iria simplesmente passar por mim? Nem mesmo dizer oi?
— Sim. — E então ele se foi, engolido pela noite de Coruscant além das
portas.

SISTEMA GYNDINE, ESTAÇÃO DE REABASTECIMENTO E


REPAROS TENDRANDO

Com as mãos no quadril, Han estava parado no átrio do veículo agora


estacionado ao lado da Millennium Falcon.
— Você deve estar brincando.
— Perdoe-me, Capitão Solo. — C-3PO disse, — os maneirismos vocais
do Mestre Calrissian, apesar de conter um traço de humor, não sugeria que a
sua tese básica fosse de brincadeira.
Han olhou para o droide de protocolo dourado, então voltou a atenção
para os seus arredores.
O átrio era, se não algo belo, um testemunho ao detalhe obsessivo. As
paredes e teto eram cobertos por um grosso material aveludado de um azul-
escuro que combinava com o profundo carpete no chão. Bastões luminosos
com encaixe prateado, polidos a um nível ofuscante de reflexão,
projetavam-se em intervalos elegantes das paredes e teto. A mobília incluía
quatro sofás confortáveis, cada um com cortinas de privacidade presas no
teto semitransparentes que deslizavam até uma posição ou se retraiam ao
toque de um botão. Controles para a temperatura dos sofás e configurações
de vibração estavam instalados em painéis prateados inseridos nas paredes
de veludo. Cadeiras pendentes trançadas com planta stalk, revestidas com
uma superfície prateada, estavam suspensas do teto, mesas brilhando
ficavam por perto para segurar o peso das travessas de comida, e uma fonte
de água reproduzindo, em uma miniatura, uma famosa cachoeira do mundo
de Naboo borbulhava no centro da câmara.
Leia, ao lado dele, assentiu.
— É ainda mais rudimentar do que a Lady Luck.
Lando, encarando-os do outro lado do cômodo para ver as primeiras
reações deles para o seu prazer, sorriu.
— Ela é parecida com a Lady. Um modelo mais velho, um iate
SoroSuub 2400. O dono dela, o antigo dono, passou por tempos difíceis, e
eles ficaram mais difíceis quando ele decidiu recuperar a sua fortuna em
uma partida de sabacc na qual eu estava participando. — Deu de ombros.
— Tínhamos muito em comum, incluindo o gosto por iates luxuosos, mas
não incluía o fato de que ele bebia enquanto apostava. Eu ganhei essa nave
e um ano de contrato pelos serviços dele como vendedor. Está
comercializando os meus droides na Orla Exterior agora, e
convenientemente, o iate ainda está oficialmente registrado no nome dele,
já que de alguma forma eu não encontrei tempo para registrar a
documentação de mudança de titularidade.
— Qual o nome dela? — Leia perguntou.
Lando modulou a sua voz para os tons mais ricos e sedutores:
— A Comandante do Amor. — Ele alongou a palavra amor, um
exercício de zombaria.
Leia o olhou como se não pudesse estar falando a verdade. Com o seu
aceno de confirmação, cobriu a boca com as mãos, o melhor para conter
qualquer risada que pudesse emergir.
Han balançou a cabeça.
— Não quero dizer o que eu acho dela como um veículo, mas como
disfarce, ela é perfeita. — Ele puxou o braço esquerdo da tipoia e flexionou
a mão, experimentando. Várias semanas de tratamentos médicos desde que
sofrera a lesão e uma boa noite de sono melhoraram a sua condição
relativamente, e o seu comportamento sugeria que ele estaria em breve de
volta ao seu normal. — Vamos transferir o nosso equipamento da Falcon
para a cabine principal. — ele disse a Leia.
Lando balançou a cabeça.
— Não, vocês ficam na maior das cabines de hóspedes. Eu estou na
cabine principal.
Ambos olharam para ele.
— Você vem junto? — Leia perguntou.
— Após devida consideração, me parece que vocês estarão bem mais
anônimos como a minha piloto e navegador, eu sendo Bescat Offdurmin,
magnata do holo entretenimento, sempre à procura de prazer, do Setor
Corporativo, ao invés dos rostos que as autoridades verão sempre que
estabelecerem comunicação com a Comandante do Amooor. Certo?
— Bom... — Leia considerou. — Isso é verdade, mas eu não estou
ansiosa em ter Tendra nos rastreando e nos matando se deixarmos você se
machucar.
— Ela ficará contente em me ter fora de casa por um tempo. Ela sabe o
quão irrequieto estive ultimamente. — Lando pegou a sua bengala e a girou
teatralmente. — Vamos, tripulação sem nome. Vamos logo com isso.
Han bateu no ombro de metal de C-3PO.
— Douradinho, você fica com a parte mais importante da missão. Você
fica aqui e registra cada coisinha que fizerem com a Falcon durante os
reparos. E tente não falar com eles enquanto estiverem consertando.
— Oh, céus.

Uma hora depois, posses pessoais foram transferidas a bordo e uma


checagem pré-voo foi completada, Han, sentado no console do navegador,
estava um pouco mais bem-disposto para com a Comandante do Amor.
Apesar do nome do iate e a missão voltada para o prazer, apesar de uma
pintura exterior floreada, alternando entre azul-celeste e verde, o veículo
não era uma escolha ruim para as necessidades atuais deles. Com cinquenta
metros, ela tinha quase o dobro do comprimento da Falcon, mas não pesava
muito mais, tendo um design longo e elegante com dois módulos de
propulsão em forquilha, um de cada lado, cada um carregando um motor
subluz de íon e componentes de hiperdrive. Os hiperdrives não eram nada
especiais, mas os motores de íon foram reconstruídos e substituídos, dando
ao iate velocidade considerável em situações subluz.
Nem ela era indefesa, apesar da primeira vista parecer que fosse. Uma
torreta emergente escondida por baixo de uma placa de acesso oculta
habilmente no topo do casco continha um turbolaser. Na proa, por baixo da
ponte, havia uma abertura para mísseis de concussão atrás de uma
parabólica falsa em um conjunto de sensores. E o iate possuía escudos,
apesar do gerador de escudo, parecendo ser uma escotilha auxiliar,
estender-se dobrado contra o casco superior quando não em uso e levaria
alguns segundos para colocá-lo em posição e ativá-lo.
Agora, com Leia no assento do piloto, por insistência de Lando, já que
Han ainda não estava curado completamente, e Lando na enorme,
absurdamente confortável cadeira do capitão na retaguarda da cabine de
comando, a Comandante do Amor se ergueu pesadamente de seu
ancoradouro, apoiada em repulsores se afastou da Falcon, e deslizou de ré
para o vácuo.
— Pra onde, navegador? — Lando perguntou, ativando a massagem
vibratória de sua cadeira. — Algum lugar interessante, eu espero.
— Deve ser interessante o bastante. — Han terminou de colocar a rota
no computador de navegação. — Corellia. Vamos atravessar a zona de
exclusão, rir dos veículos de piquete da Aliança tentando nos explodir.
Então vamos descer para a superfície do planeta, determinar se o Primeiro-
Ministro Dur Gejjen estava agindo sozinho quando ordenou o ataque a
Tenel Ka, o que provavelmente significa arrancar uma confissão na porrada,
e então decidir se o perdoamos ou o sequestramos junto com os seus
conspiradores e os levá-los à justiça.
— Oh. — Lando perguntou. — O que faremos no segundo dia?
Mesmo sem querer, Han bufou, achando graça.
— Vamos pensar em alguma coisa.
— Bom, me acorde quando chegarmos lá, seja lá o seu nome.
ESPAÇO LIVRE, COMPARTIMENTO DO MOTOR DA DURACRUD

Capitã Uran Lavint estava deitada no convés de duraço sujo, meio apoiada
contra uma parede quase igualmente suja, e esperava a sua morte. As suas
ferramentas espalhavam-se pelo convés, juntos com as placas que
removera, placas que davam acesso aos vários componentes do hiperdrive
da Duracrud.
Os únicos sons ouvidos eram a respiração dela e os barulhos distantes e
ritmados do sistema de suporte de vida da nave. Não haviam luzes acesas
na nave exceto ali, bastões de luz mecânicos presos magneticamente para
oferecer luz ao compartimento do hiperdrive, e na ponte, onde as luzes de
situação deveriam piscar em várias cores.
Lavint sabia que levaria um bom tempo para morrer. A Duracrud
continuaria a fornecer ar respirável por semanas. Os estoques de comida e
água acabariam primeiro, em alguns dias. Teria tempo de sobra para gravar
e transmitir algumas mensagens finais. Uma denunciaria Jacen Solo por sua
traição. Uma confirmaria que o seu testamento, arquivado em um escritório
de advocacia no remoto Tatooine, registrava com precisão os seus desejos
finais. Poderia até mesmo registrar um discurso final, algo para colocar a
sua vida em perspectiva.
Então morreria de sede, ou se escolhesse acabar com o seu sofrimento
mais rápido, podia atirar em si mesma ou saltar de uma escotilha.
Mas de uma coisa podia ter certeza: dada a natureza remota e pouco
usada do local que escolhera para o seu primeiro salto de hiperespaço,
nenhum cargueiro ou transporte rápido acabaria ali por acaso... e as suas
últimas transmissões, viajando na velocidade da luz, levariam oito anos
para alcançar a estrela mais próxima.
Estava sozinha e condenada tanto quanto qualquer um no universo
poderia estar.
— Delicioso, não é? — A voz era feminina, e veio de fora da escassa
luz fornecida pelos bastões luminosos de Lavint.
Lavint se sentou ereta. Procurou o seu blaster, então se lembrou que
estava com o seu coldre na cabine, o deixara lá quando pegou as
ferramentas.
— Quem está aí?
— O seu sofrimento, queremos dizer. — a voz continuou. — Você sofre
como uma criança que chora até dormir todas as noites, sabendo que os
seus pais nunca, nunca entenderão. Faz quanto tempo desde que foi uma
criança?
Lavint se ergueu com as pernas tremendo e começou a se esgueirar de
volta para a porta saindo do compartimento. Na porta poderia ligar os
bastões luminosos de cima e ver quem a atormentava.
Mas quase não queria ligar aquelas luzes. E se não houvesse ninguém
no compartimento com ela? E se o reconhecimento de seu destino a
enlouquecera, e estava condenada a passar os seus últimos dias ouvindo
vozes?
Como se lendo a sua mente, a voz na escuridão riu.
Lavint alcançou a porta, encontrou o controle das luzes pelo toque, e o
ativou. As luzes de cima se acenderam, brilhantes, cegando-a...
E então, enquanto os seus olhos se ajustaram, viu a sua visitante. E
soube que não estava louca, porque a sua experiência acumulada e neuroses
nunca inventariam um ser como aquele que viu.
A sua visitante era uma mulher Twi'lek azul de tamanho normal. Ela
vestia um manto de viagem escuro e roupas pretas. As suas feições eram
bonitas, mas ela obviamente fora vítima de uma catástrofe em algum ponto
de sua vida. O seu ombro esquerdo era mais baixo do que o direito, com o
braço esquerdo pendendo de uma maneira que Lavint suspeitou não
funcionar, e o seu tentáculo direito fora cortado pela metade.
E agora, enquanto ela se aproximava, ela mancava.
Esse não era um monstro da noite ou fantasma da imaginação. Lavint
encarava, incrédula.
— Quem é você?
— Nós somos Alema.
— Alema. E o que você está fazendo aqui?
— Nós somos clandestinas.
Lavint encarou Alema por alguns momentos mais, e então aconteceu. A
risada fervilhou dela como um vapor de alta pressão. A risada se tornou um
uivo doloroso. Ela se sacudiu e continuou rindo.
Zonza, Lavint debruçou-se com as mãos nos joelhos e as costas contra a
antepara; de outra forma teria caído. Finalmente a sua risada se perdeu,
deixando a sua garganta rouca, com o seu corpo esgotado.
A expressão de Alema não mudou, exceto por se tornar levemente
curiosa.
— Por que ri?
— Porque você é a pior clandestina da galáxia, da história. — Lavint se
endireitou. — Porque você escolheu a pior nave possível para subir a bordo
clandestinamente. O Herói da Aliança Galáctica sabotou o meu hiperdrive.
— Nós sabemos disso. Nós observamos os agentes dele sabotando.
Isso tirou Lavint de seu humor maníaco.
— Você observou?
— Sim.
— E subiu a bordo mesmo assim.
— Sim. — Alema sorriu. — Não, nós não desejamos morrer. Nós
embarcamos após ter certeza do que os agentes fizeram... e após adquirir as
partes necessárias para reparar o motor.
Lavint deu um passo involuntário em frente.
— Você pode consertar isso?
— Sim. Apesar de nós só consertarmos se você morrer, mas se você e
nós entrarmos em um acordo, você vive e você conserta o motor.
Lavint precisou processar a declaração. O uso de Alema da palavra nós
para se referir a si mesma fazia as suas frases saltarem através de aros em
chamas como um bantha de circo.
— Você quer dizer, se nós chegarmos a um acordo, eu faço os reparos e
nós duas saímos daqui. Se não, você supostamente me matará e então fará
os reparos para você sair dessa.
O sorriso de Alema se ampliou.
— Bom. Sim.
— Qual é o acordo?
— Você nos ajuda a encontrar os pais daquele Herói do Império
Galáctico. Você age como a figura pública para nós nessa busca. Você não
revela a nossa presença para as autoridades. Você é uma contrabandista,
sim? Você usa o seu conhecimento sobre contrabando para ajudar nessa
busca. — Ela franziu a testa por um momento, então relaxou. — Você nos
trata como uma estimada passageira pagante.
— E quando você encontrar os Solos?
— Você terá cumprido a sua obrigação.
Lavint considerou as suas opções. Ela sempre admirou Han Solo, e a
necessidade óbvia dessa mulher em ficar fora da vista do público não
argumentavam em favor das intenções dela para quando o encontrasse.
Lavint podia perguntar, mas então deveria decidir se estava disposta a se
opor, e arruinar esse acordo, se as intenções de Alema forem hostis.
Bom, se elas fossem, podia admirar Han Solo como uma peça única na
história galáctica.
— Concordo.
— Bom. Nós encontraremos os componentes substitutos onde os
encondemos. Nós até os entregaremos para você enquanto você faz os
reparos.
— Muito agradecida.
Capítulo Seis

CORONET, CORELLIA

A plateia sentada no auditório, em sua maioria profissionais da


Holonotícias, aplaudia, mas mais cordialmente do que entusiasticamente.
Isso não importava, Wedge decidiu. Não estava ali para ser validado. Só
queria brevidade.
Com um olhar para o Primeiro-Ministro Dur Gejjen a sua esquerda e
Almirante Delpin à direita. Wedge se inclinou sobre o púlpito para concluir
o seu discurso:
— A reorganização de qualquer força militar funciona melhor se ela
sintetizar a experiência madura com a inovação jovem, a paciência madura
com a energia jovem. Eu gosto de pensar que nesse tempo de crise fui capaz
de oferecer a experiência e paciência. E tenho toda a confiança de que
Almirante Delpin dispõe da inovação e energia para terminar o trabalho. As
forças armadas de Corellia estão em boas mãos.
Afastou-se e as perguntas começaram.
Gejjen tomou o seu lugar.
— Almirante Antilles e eu nos despedimos, mas Almirante Delpin fará
algumas observações introdutórias e então responderá as questões.
Obrigado. — Ele assentiu para Wedge, e juntos os dois caminharam até o
fim do palco e a comparativa privacidade que oferecia.
Os aplausos aumentaram, e pelo canto do olho, Wedge viu alguns dos
profissionais da imprensa se levantarem pra ele. Então ele e Gejjen estavam
na área mais escura e fria dos bastidores.
Não que Wedge pudesse relaxar. Ainda não.
Gejjen deu uma olhada mais de perto.
— Você está suando.
— Estava quente sob aquelas luzes.
Eles atravessaram as portas levando pra fora dos bastidores. Os guardas
da SegCor esperando lá, os guarda-costas de Gejjen, uma mulher
uniformizada que se movia como uma dançarina e um droide de batalha
YVH, acompanharam os seus passos atrás deles.
— Então, o que fará agora que é um civil novamente? — Gejjen
perguntou.
Serei assassinado, Wedge pensou. Talvez você pessoalmente não terá
nada a ver com isso, mesmo em pensamento ou intenção, mas alguém em
seu governo irá.
— Voltarei ao meu livro de memórias. Talvez dê algumas aulas de voo
pra minha filha.
— Essa é a Myri, correto? Parabéns pela recente graduação dela. Ouvi
dizer que a Inteligência Corelliana fez uma oferta de emprego a ela.
Wedge assentiu.
— Assim como o Serviço de Inteligência da Aliança Galáctica, um
pouco mais discretamente.
Gejjen quase tropeçou enquanto andava. Ele olhou bruscamente pra
Wedge.
— Você está brincando.
— É claro que não. A Aliança arriscou um contato disfarçado em
Coronet para tentar recrutar a minha filha como uma agente dupla? Eu sou
um pai orgulhoso. — O olhar de suspeita de Gejjen não cedeu, então ele
acrescentou: — Oh, não se preocupe. Ela não aceitou a oferta.
— E ela reportou tudo o que sabia sobre o recrutador para a SegCor, eu
presumo.
— É claro que não. A mãe dela e o instituto a ensinaram bem demais
para isso. Esse recrutador agora faz parte da categoria de um grupo de
contatos pessoais dela. Talvez ela escolha suborná-lo. Ou usá-lo para algum
outro propósito.
Gejjen balançou a cabeça.
— Eu realmente prefiro pensar que você está só brincando comigo.
Wedge assentiu, gentilmente.
— Faça isso. — Ele parou ao lado de uma porta levando para um
banheiro. — Eu preciso fazer uma pequena parada. Eu conversarei com
você mais tarde.
— Não esqueça do jantar daqui a três noites.
— Não esquecerei.
Gejjen e os seus guarda-costas continuaram o seu caminho. Wedge
escapou pelo banheiro.
Esse jantar, era uma homenagem organizada para celebrar a sua
aposentadoria, era uma peça de evidência indicando a improbabilidade de
uma tentativa de assassinato ocorrendo naquele dia. Aparições públicas
eram os eventos onde seria mais fácil eliminá-lo, e tinha só duas agendadas,
a conferência de Holonotícias de hoje e o jantar. Nada acontecera na
conferência, então o jantar se tornou a próxima oportunidade mais provável.
Mas como Iella apontara, a história seria boa demais, muito satisfatória
para o público se morresse hoje. Minutos após deixar o seu posto militar
como Supremo Comandante de Corellia, Wedge Antilles foi eliminado por
um assassino da Aliança... A audiência simpatizaria e diria "É claro", e a
vida de Wedge cairia em uma bela pilha de perspectiva para eles.
Uma vez no banheiro, Wedge deu uma rápida olhada em volta,
certificando-se de que ninguém esperava em alguma das cabines ou
unidades sanitárias no fim. Espreitou pela porta novamente, assegurando-se
de que os únicos seres à vista eram Gejjen e o grupo, agora metros de
distância e continuando na direção das portas para o exterior do prédio.
De dentro de sua túnica, Wedge puxou uma placa com o selo do
governo que dizia INSTALAÇÕES SOB MANUTENÇÃO. Pressionou-a contra a frente da
porta, na qual ela se aderia; então fechou e trancou a porta.
O seu pacote esperava por ele onde deveria estar, fixado fora de vista
embaixo da pia. Pegou a discreta bolsa cinza e a abriu em cima da pia.
Dentro dela continha uma muda de roupa, calças leves pretas, camiseta,
sapatos, boné, cinto... e uma jaqueta bordada nas costas com uma
representação da Estação Centerpoint. A estação espacial longa, irregular e
desagradável era agora um símbolo de mobilização para os Corellianos, e
haviam centenas de milhares de jaquetas iguais àquela sendo usadas nas
ruas.
Embrulhado nas roupas estava um visor solar para esconder os seus
olhos e uma pistola blaster DH-17, com escopo, o padrão preciso de
descarga em seu cano indicando que não era de fabricação recente, mas a
sua superfície negra reluzente sugeria que fora mantida meticulosamente ou
restaurada recentemente. Wedge não gostava mais da DH-17 do que alguns
outros modelos, o ângulo de empunhadura a impedia de ser uma mira
natural para ele, mas era uma boa arma, e Iella com certeza encontrara uma
que não poderia ser rastreada de volta para a família Antilles.
Apressadamente trocou o seu uniforme branco de almirante, jogando-o
em uma cabine e vestiu as peças da bolsa. Colocou o DH-17 no bolso
direito da jaqueta e manteve o seu blaster, uma arma menor, menos
poderosa, em um pequeno coldre na base de sua coluna.
Finalmente, se olhou no espelho.
Encarando-o de volta estava Wedge Antilles em uma jaqueta de
Centerpoint e um visor sobre os olhos.
Suspirou. Disfarces nunca foram o seu forte. Mas, pelo menos, alguém
fixado em procurar um homem em um uniforme de almirante não poderia
reconhecê-lo.
Dois minutos depois saiu por uma porta lateral do prédio do governo,
bem longe da saída pública da frente e o acesso aos fundos os quais seriam
os pontos de saída mais prováveis dele, e uniu-se instantaneamente com o
tráfego de pedestres. Ao mesmo tempo deu um clique em seu comunicador.
Houve uma resposta imediata com dois cliques, Iella informando que o
viu.
Seguiu por cerca de cem metros pela calçada, enquanto o tráfego de
speeders aceleravam à sua esquerda, contou noventa e oito passos, quando
ouviu três cliques em seu comunicador. Iella relatando que estava sendo
seguido.
Wedge xingou. Essa não seria uma despedida limpa, então. Colocou as
mãos nos bolsos da jaqueta, segurando o blaster com a direita.
À frente, uma rua acima, estava o prédio do hangar de speeders onde
Iella deixara o airspeeder que deveria ser o seu veículo de partida. Era, de
fato, um veículo pertencente ao governo Corelliano, para a frota de speeders
usadas por funcionários menores; no dia anterior, Iella o roubara e o deixara
no quarto andar do prédio.
Enquanto se aproximava da esquina, Wedge pesou as suas opções. A
óbvia era continuar em frente, até descer pela passagem de pedestres
subterrânea revestida de plascreto, mas isso o colocaria em um túnel com
cerca de vinte metros de comprimento sem lugares para se abaixar se o
inimigo entrasse atrás dele e começasse a atirar.
Ao lado dele, speeders ocasionalmente diminuíam a velocidade para
permitir passageiros embarcarem ou desembarcarem. Podia saltar para um
desses veículos, requisitá-lo e fugir, mas isso não seria discreto, e
provavelmente seria identificado.
Podia começar a correr, ver se isso desmascarava os seus perseguidores
para que Iella pudesse lidar com eles...
A decisão dele foi forçada. O seu comunicador estalou com a voz de
Iella, ao grito de “abaixe-se”, mergulhou na calçada, caiu com força,
sentindo o ar por cima das costas esquentar. À frente, um speeder fazendo a
curva para o cruzamento entre Wedge e o hangar levou o disparo de blaster,
o disparo de um rifle blaster, à direita. O painel de plastaço e a janela de
transparaço em cima enegreceram e se curvaram, um momento depois a
speeder se perdeu de vista, escondida atrás do prédio do qual Wedge saíra
alguns momentos antes.
Wedge rolou na direção da rua à esquerda, libertando a pistola blaster de
seu bolso antes de estar deitado de costas completamente. Notou
rapidamente o airspeeder laranja agora seguindo na direção dele em uma
altitude proibida acima do fluxo normal do tráfego, percebeu que, pelo
ângulo do tiro direcionado a ele, o speeder não poderia ter sido a sua fonte,
e continuou rolando, invertendo enquanto rolava, deixando-o encarando o
caminho pelo qual viera enquanto rolava para a pista de tráfego.
Isso não seria tão perigoso quanto se o tráfego incluísse veículos
terrestres. No momento, eram só speeders, e aqueles seguindo na direção
dele desviavam ou subiam um pouco quando os seus pilotos percebiam que
havia um homem deitado na estrada.
Eles não desviavam ou subiam particularmente bem. Três passaram por
ele no espaço de um segundo, mas apenas os pulsos dos repulsores o
acertaram, empurrando-o contra o duracreto da estrada. E ao passar por
cima dele, forneciam um pouco de cobertura do airspeeder a caminho,
dando-lhe tempo para olhar...
Eles estavam na calçada, dois homens em manto de viagem, robes Jedi?
Um carregava um rifle blaster; o outro, um tubo prateado que Wedge
pensou poder ser um sabre de luz desligado. Não havia pedestres entre a
posição deles e a de Wedge, nenhum choque nisso, como eles devem ter
obviamente esperado pela calçada esvaziar antes de atirar.
Devolveu o tiro, apertando o gatilho o mais rápido possível, usando
cada disparo passando pelo ar para mostrá-lo como atravessar. Sabia que o
Jedi atacando acionaria o seu sabre de luz e desviaria os disparos pelo ar,
mas talvez a selvageria de seus tiros fizessem o atirador entrar em pânico...
Não aconteceu exatamente daquela maneira. Ambos mergulharam para
o chão. Os disparos de Wedge ainda acertaram o Jedi na virilha e no rosto; o
homem se contorceu e então parou, chamuscado e fumegante.
O atirador continuou mirando... e Wedge continuou rolando, se
movendo para longe nas vias de trânsito, batendo os joelhos e os cotovelos
em cada rotação, sendo martelado pelos repulsores de cada speeder que
passava diretamente sobre ele. Os seus ouvidos zumbiam pelos impactos.
Um homem vestido em um macacão verde de doer os olhos caiu do céu
e pousou ao lado do atirador. Tinha ombros largos, não era alto e tinha uma
farta barba ruiva que chegava quase a cintura dele. Mesmo nessa distância,
algo nele gritava disfarce para Wedge.
O atirador olhou para o homem do céu, perdendo a sua mira em Wedge.
Wedge olhou pra cima por um momento. O airspeeder que seguia na
direção dele agora se movia de uma posição diretamente sobre o atirador de
volta para as pistas, de volta para Wedge. O homem barbudo deveria ter
saído dela, e caído quatro andares para pousar ao lado do atirador.
O homem de barba ruiva chutou o atirador diretamente no rosto. A força
do golpe jogou a cabeça do homem pra trás e o mandou deslizando por um
metro pela calçada.
O comunicador de Wedge estalou novamente com a voz de Iella:
— Você está bem?
— Sim... um pouco... atribulado. — Wedge se moveu um pouco mais
para a direita, acabando em um intervalo entre duas pistas se movendo em
direções opostas.
— O horrível speeder laranja é sua nova carona. Eu recolho aquela que
deixei no hangar.
— Entendido. Amo você.
— Amo você.
O speeder laranja deu uma volta completa enquanto acelerava por cima
de duas pistas, então desceu vertiginosamente pelo intervalo no qual Wedge
estava. se forçou a não recuar enquanto ele parava, a proa a apenas um
metro dele.
O piloto era uma mulher em seus vinte anos. Os seus olhos escondidos
por trás de óculos de proteção escuros, e o seu cabelo era uma confusão de
cores, cada mecha parecia ter uma tonalidade diferente. Ela apontou um
dedo enluvado pra ele como se estivesse mirando uma pistola blaster.
— Oi, pai!
Wedge pulou por sobre a proa e do para-brisa da speeder, caindo no
assento dianteiro do passageiro.
— Myri! Achei que você deveria estar em casa, mantendo-a segura.
— Os planos mudaram. Você está louco? Soletrando, mal-agradecido?
— Não. Vamos.
— Só um segundo, estamos esperando por...
O speeder sacudiu e afundou quase ao nível do chão pelo impacto de
algo aterrissando no banco de trás. Wedge girou, viu o lampejo do
horroroso macacão verde e barba ruiva, e se conteve de apontar a pistola
para ele.
Então viu os olhos por trás daquela absurda barba ruiva.
— Corran!
O Mestre Jedi residente em Corellia sorriu pra ele.
Myri pisou no acelerador e Wedge foi empurrado para trás no banco
pela aceleração, na direção de Corran. Ele continuou:
— Então a mensagem de Iella chegou a Mirax.
Corran assentiu.
— E a minha esposa enviou a mensagem pra mim, e eu cheguei na a sua
casa a tempo de Myri me trazer aqui. Todos fizeram algo. Ei, garota,
mantenha-se a cinquenta metros ou menos.
Myri acenou pra ele, alegremente ignorando o seu conselho enquanto
subia quase ao nível dos telhados, mas então o seu percurso balístico atingiu
o seu ápice e ela iniciou um mergulho de embrulhar o estômago na direção
da pista de tráfego alguns quarteirões de distância.
— Desculpe por ter sido aquela bagunça. — Wedge disse. — Eu
realmente pensei que o disfarce e a jogada com a porta lateral despistaria
uma perseguição.
— Despistou. — Myri disse. — A mamãe disse que os grupos de
assalto principais estavam reunidos na frente e nos fundos. Despistamos
cerca de três quartos dos assassinos dessa maneira.
— Oh. Bom. Por favor, diga que essa coisa toda vai sair do seu cabelo.
— Vai sim, mas as tatuagens são permanentes.
— Tatuagens?
Myri riu dele.

TEMPLO JEDI EM CORUSCANT, HANGAR DE VEÍCULOS

Não era um grande número de caças estelares, menos do que um esquadrão


inteiro, nove X-Wings e uma E-wing, mas eles foram conservados
lindamente, e Jag Fel sentiu uma angústia inesperada enquanto os olhava.
Parecia fazer tanto tempo que pilotar naves como aquelas fora sua vida
inteira.
Sentia falta disso. Sentia falta de pertencer a um bando de camaradas,
divididos pelas necessidades individuais, peculiaridades e preconceitos, mas
unidos por seus objetivos e o apoio de todos.
Não deixou nada do que estava sentido transparecer em seu rosto.
— A Ordem Jedi gostaria de financiar e apoiar a sua missão. — Luke
Skywalker disse.
Isso chamou a atenção de Jag de volta ao presente.
— Para encontrar e destruir Alema Rar. — ele disse.
— Para encontrar e neutralizar Alema Rar. — Luke corrigiu. — Sim,
obviamente, pode implicar em matá-la, mas se surgir a oportunidade de
capturá-la, trazê-la de volta aqui...
— Para que ela possa ser convencida a ver o erro em seus métodos? —
Jag deixou apenas um traço de escárnio em sua voz.
— Não. Para que ela possa encontrar o próprio caminho para redenção.
Jag considerou. Lidar com Jedi sempre seria assim, ele decidiu. Os
militares faziam os planos baseados em objetivos, tais como encontrar e
eliminar uma força inimiga. Os Jedi não planejavam tanto quanto
escolhiam direções, tal como melhorar as coisas. Nos dias da guerra
Yuuzhan Vong, as duas abordagens diferentes estiveram um pouco mais
perto uma da outa; naquela época menos delimitada, as incompatibilidades
básicas eram mais óbvias.
Então teria de ajustar o seu pensamento um pouco se fosse trabalhar
com os Jedi, mas ficou um pouco inquieto por perceber que não tinha
certeza se a abordagem Jedi era a errada. Mesmo com Alema Rar... Uma
vez ele, Jag, conhecera uma garota Jedi que saíra do caminho certo, seguiu
pelo errado por um tempo. Ela encontrara o caminho de volta rapidamente,
mas e se ela não encontrasse? Se ela continuasse, não poderia ser algo como
Alema Rar, e Jag estaria tão disposto a caçá-la e matá-la?
— Eu aceito. — ele disse.
— Bom. Estou, na verdade, liderando uma unidade similar, perseguindo
pistas envolvendo a Lady Sith Lumiya. Ela pode estar morta, ou talvez não,
mas o que está claro é que ela se aliou a Alema alguns dias antes, quando
emboscaram Mara e eu. Agora que está claro que Lumiya estava, ou está,
utilizando agentes, e quem são alguns deles, temos uma chance maior de
encontrar o seu rastro.
— Eu não sei muito sobre ela. Eu presumo que o termo Lady Sith não
seja um bom sinal.
— Nem um pouco. Enviarei a você as informações essenciais sobre ela.
— Luke procurou em um bolso e entregou alguns itens para Jag. —
Identidade. O cartão identifica você como Jagged Fel, um especialista civil
contratado pela Ordem Jedi. O segundo é um cartão de créditos. Dá a você
acesso a uma conta estabelecida para a sua força tarefa. O terceiro é um
cartão de segurança com o que precisa para assumir o controle. — ele
apontou. — daquela X-Wing. Desculpe não poder oferecer a você um caça
Chiss.
— Está tudo bem. Eu gosto dos X-Wings também.
— Eu também quero designar uns dois Jedi para você. Você está
caçando uma Jedi Sombria; você se beneficiará ao ter os Jedi com você.
— Concordo.
Luke olhou na direção da porta levando para o hangar.
— Falando nisso...
Deveria ter sido alertado por um impulso na Força, porque quando Jag
seguiu o seu olhar, a porta estava fechada, mas agora ela deslizou pra cima
e abriu, e uma mulher em um manto Jedi marrom entrou no hangar.
— Tio Luke, você queria me... oh.
Jag se absteve de enrijecer. Era Jaina Solo. A sua mente estalou através
de um número de possibilidades e chegou a uma inevitável conclusão: que
ela faria parte...
— Estou montando uma pequena força tarefa para encontrar Alema Rar.
— Luke disse. — Coronel Fel aqui está no comando. Estou designando
você para ela, e Zekk, quando ele estiver bem para voar.
Jaina parou alguns metros de distância, olhando para os dois homens
como se esperasse a conclusão de uma piada que já não era engraçada.
— Essa não é uma boa ideia. Eu não sei se consigo trabalhar como
subordinada desse homem.
Luke deu a ela um olhar intrigado.
— Durante a guerra Yuuzhan Vong, apesar dele ser o seu superior, ele
nunca se lamentou por ser seu subordinado.
— As coisas são diferentes agora.
Luke assentiu.
— Sim. Vocês dois estão mais velhos e sábios. E além disso, os dois
trabalharam juntos antes, conhecem as forças e fraquezas de ambos e têm
habilidades complementares. Considerem isso como resolvido. — Ele
olhou entre os dois. — Eu os deixarei colocando a conversa em dia. Jag, por
favor, entregue-me um plano de operação na primeira oportunidade. — Ele
se virou e seguiu na direção da porta.
Jag esperou até Luke não poder escutar.
— O problema com os Mestres Jedi. — ele disse, — é que eles não
podem ser espancados com impunidade.
Jaina olhou pra ele, desconfiada.
— Jag, você acabou de fazer uma piada?
— Não. — Ele reprimiu a raiva crescendo nele. — Ele sabe porque eu
não iria querer trabalhar com você e decidiu ignorar os meus desejos. Devo
assumir que o raciocínio dele esteja sólido, seja qual for, até que se prove o
contrário. Tudo bem, faremos um planejamento estratégico.
— Por que você não iria querer isso? — Jaina estava claramente
confusa e, até onde Jag podia dizer, possivelmente magoada, também. —
Por causa do que aconteceu no Ninho Sombrio?
— Isso não importa. Temos um planejamento a fazer. — Ele gesticulou
na direção da porta.
Ela manteve a sua posição, evidentemente.
— Importa sim. Se trabalharei em um ambiente hostil, preciso saber o
porquê. Se temos um problema, você deveria ter me falado sobre isso anos
atrás.
— Eu não podia. — As palavras, acaloradas, saíram dele. — Estive
encalhado em Tenupe por dois anos. E por causa das suas ações, ignorando
as consequências de libertar Lowbacca e o que ele fez em sequência, estou
agora banido da minha família pra sempre. E esse é o porquê.
Ela ficou boquiaberta. A raiva não deixou o rosto dela, mas algo nele
mudou. Jag supunha que ela estivesse ofendida seja por ele culpá-la ou pelo
fato de ter sido punido pelas ações de outros.
— Sim. — ele acrescentou, — o caminho Jedi prega por perdão, mas
essa não é a perspectiva dos Chiss. Para os Chiss e a minha família, eu não
sou uma pessoa, e isso é pra sempre. Não se dê ao trabalho de pensar em
maneiras de corrigir a situação, seria mais ou menos tão útil quanto se
preocupar em pintar sobre os danos que o seu tio deixou no casco da Estrela
da Morte. Em vez disso, preocupe-se com Alema Rar.
Finalmente a boca dela fechou. Levou alguns momentos, mas a
disciplina militar a reafirmou.
— Tudo bem. Planejamento estratégico. — Com um gesto dele, ela o
precedeu até as portas de volta aos corredores do Templo.

ZONA DE EXCLUSÃO CORELLIANA, COMANDANTE DO AMOR

— Eu me sinto. — Lando anunciou, — um idiota. — Ele se estudou na tela


principal servindo à cadeira do capitão na cabine de controle da
Comandante do Amor. Instalado em braço basculante para que fosse
possível posicioná-lo diretamente diante dele ou saísse do caminho, agora
estava ao lado da cadeira e desligado. Reflexivo quando não ativo, ele
mostrava a ele seu novo disfarce, com uma barba e bigode brancos, e uma
peruca branca com cabelos tão longos que a trança balançando alcançaria as
suas coxas quando ele se levantasse.
— Mas você parece magnífico. — Leia disse.
— Oh, eu sei disso. Nem mesmo a peruca pode me diminuir para
“apenas surpreendentemente belo”. — Dando de ombros, Lando girou a
tela completamente pra fora de seu caminho. Ele fixou Han com um olhar
severo. — Navegador, nosso destino?
Han retornou o olhar. Ele precisou ir a extremos para se disfarçar. Sem
barba, parecia com Han Solo; com uma, parecia o seu primo, Thrackan Sal-
Solo, o falecido Presidente Corelliano. Então esforços mais significativos
foram necessários. Tinha borrifado todas as áreas expostas de pele com um
composto de cosméticos que o deixaram com uma tonalidade amarelada, e
as pontas espetadas de seu falso bigode negro, caso continuassem presas em
seu nariz, teriam feito dele um perfeito chevron.
— O mesmo que era a cinco minutos, Capitão. — ele disse. —
Diretamente para Corellia. Diretamente de Coruscant. Ao longo do corredor
mais intensamente patrulhado através da zona de exclusão.
— Bom, bom. — Lando assentiu favoravelmente. — Estou contente
que você não tenha conseguido estragar tudo em cinco minutos.
Han experimentou flexionar o ombro. Estava recuperado o bastante para
não precisar da tipoia na maioria do tempo, mas ainda não estava em forma
para pilotar em situações extremas.
— Quando eu estiver melhor, vou esganar você.
— Bom, bom.
Leia sorriu e se virou de volta para o seu painel de controle. Ela era a de
aparência menos dramática dos três. Vestida em um grosso macacão
marrom acolchoado aqui e ali para deixá-la menos visualmente interessante
para observadores masculinos, usava maquiagem para diminuir a sua beleza
em vez de realçá-la, o seu cabelo estava em um estilo indescritível e enfiado
dentro do quepe, ela estava comum de todas as maneiras.
Então, a atenção dela caiu sobre a tela de sensores, os seus olhos
brilharam.
— Temos um sinal chegando. Sem telemetria ainda, exceto que é maior
do que um caça estelar, menor do que uma nau capitânia.
— Bom, bom.
— Pare de dizer isso. — Han murmurou.
— Lá vamos nós. — Leia conectou o painel de comunicações com os
alto-falantes suspensos.
— Embarcação de chegada, aqui é Peixe-rotador, da Segunda Frota da
Aliança Galáctica. Desligue os motores de subluz e identifique-se
imediatamente. — A voz era masculina, brusca, um contralto tentado
forçar-se ao alcance de um barítono.
Com o aceno de Lando, Leia desligou os propulsores de íon. Lando
puxou a sua tela novamente e o ativou.
Diante dele estava a imagem de um homem jovem, nitidamente trajado
no uniforme de tenente da frota da Aliança. Estava barbeado, com o seu
rosto anguloso, com as suas maneiras sérias, oficiais. Atrás dele estavam as
cadeiras da cabine organizadas em uma configuração que Lando
reconheceu. Transporte armado, ele disse a si mesmo. Nós não valemos ao
menos uma corveta?
Mas ele colocou o seu sorriso mais amigável no rosto e modulou a sua
voz em seus tons mais ricos:
— Olá! Eu sou Bescat Offdurmin, mestre do iate particular Comandante
do Amooooor. O que é um peixe rotador?
O tenente abriu a boca como se fosse responder, pareceu confuso pela
fração de um segundo, e pensou melhor antes de responder.
— Comandante do Amor, você está entrando em espaço restrito. Você
deve dar meia volta e partir do sistema Corelliano.
— Oh, não, filho, estarei aqui por, pelo menos, um mês. Vim para
apostar.
— Apostar... senhor, qual é o seu planeta de origem?
— Esse seria Coruscant.
— Então você deve estar ciente de que a Aliança Galáctica e o sistema
Corelliano estão presentemente em estado de guerra.
— Não me diga. E o que isso tem a ver com as apostas?
— Quer dizer que você não pode visitá-lo.
— Filho, eu não vejo o que as apostas têm nada a ver com nada. As
minhas apostas em Corellia não vão alterar o curso da guerra em um
milímetro. Quero dizer, não é como se eu tivesse um bando de
compartimentos de contrabando cheios de bacta ou ofertas de ajuda de
Commenor, não é?
A boca do tenente trabalhou por um momento. Então ele disse:
— Comandante do Amor, prepare-se para serem abordados e
inspecionados.
Lando sorriu concordando.
— Agora, esse é o tipo de coisa que eu gosto de ouvir. Determinação.
Tripulação, ative a escotilha superior e preparem-se para seremos
abordados.

O tenente e dois oficiais de segurança subiram a bordo. Han levou os


seguranças em um passeio pelo iate enquanto o tenente foi até a cabine de
controle, com o seu datapad em mãos e perguntas em mente. Ele sentou no
assento do navegador enquanto Leia fingia ignorá-lo.
— Capitão Offdurmin, você sabe qual é a punição por oferecer ajuda e
conforto ao inimigo em período de guerra?
— Eu imagino que sejam bem severas. — Lando disse. — Sorte que
não estamos fazendo isso.
— Sorte que não estamos fazendo isso. — Leia repetiu baixinho,
fazendo um pequeno gesto com dois dedos esticados.
— Então, sorte que vocês não estão fazendo isso. — o tenente disse. Ele
conferiu um item em seu datapad.
— Não. — Lando continuou, — o que realmente estamos fazendo é
outra coisa. Algo vital para o esforço de guerra da Aliança.
— Vital. — Leia disse.
O tenente assentiu, fervoroso, interessado.
— Vital.
— Então temos que ir para Corellia.
— Então temos que ir para Corellia.
— Bom, vocês obviamente precisam ir para Corellia, então.
Lando deu de ombros.
— Mas como?
O tenente pensou sobre aquilo.
— Bom, é uma pena que vocês não tenham nenhum dos códigos de
acesso fornecidos pela Inteligência. Isso os permitiria voar diretamente para
lá.
— Oh, isso seria útil. — Lando fixou o tenente com o que esperava ser
um olhar honesto. — Você tem muitos deles registrados no seu transporte,
filho?
O tenente riu.
— Não posso dizer ao senhor.
— É claro que pode. — Leia disse.
— É claro que posso.
— Por que você não simplesmente nos dá um, então?
— Por que você não simplesmente nos dá um, então?
O tenente assentiu.
— Isso resolveria o problema de todos, não é?
Leia sorriu.
— Com certeza.
O tenente se levantou.
— Não posso simplesmente transmitir esse tipo de informação. Eu irei
baixá-la de nosso computador na ponte e dá-la a vocês em um datachip.
Como isso parece?
— Parece incrível.
— Eu volto logo.
Quando ele saiu, Lando olhou pra Leia.
— Isso não foi muito justo, foi?
Ela balançou a cabeça, sorrindo.
— Ele tem a mente ainda mais fraca do que estou acostumada. Eu não
acho que ele progredirá muito no serviço, mas eu prefiro esse tipo de coisa
a cortar fora os braços das pessoas.
— E qual é o seu plano para quando ultrapassarmos o bloqueio da
Aliança e descer pela atmosfera de Corellia, com caças estelares vindo para
nos explodir no céu?
— Bom, podemos ou transmitir as nossas identidades reais e que
queremos ver Dur Gejjen, o que nos dará uma plateia ou nos matar. Ou
podemos tentar os truques da mente Jedi novamente, mas será mais difícil
de encobrir porque várias unidades de sensores planetário terão sentido
nossa presença. Ou podemos orbitar até detectarmos uma distração e tentar
pousar perto dela, usando-a como cobertura.
Lando hesitou por alguns segundos.
— Eu escolho a Número Três. E nós podemos usar a Número Um como
recurso se começar a dar errado.
Leia sorriu.
— Você sempre gostou de ter um skifter como reserva.
Capítulo Sete
SISTEMA ESTELAR MZX32905, PERTO DE BIMMIEL

Aquele era um dia para maquiagem, o bom e velho pó, pigmentos e


aplicações de pseudo pele. Lumiya se sentava diante de um bem iluminado
espelho e trabalhava.
Era doloroso, é claro. Não muito tempo antes, Luke Skywalker atirara
nela cinco vezes com um blaster. Dois desses disparos acertaram a
membros prostéticos, com a dor simulada que poderia ser interrompida
instantaneamente e danos que poderiam ser reparados em minutos, mas três
deles encontraram carne, e apesar do fato de que se curava em um ritmo
anormalmente elevado, tanto pelos transes curativos da Força quanto pelas
alterações feitas em seu corpo décadas antes pela ciência do Imperador
Palpatine, estava longe de estar recuperada. Estava ferida.
E por isso aquele era um dia para maquiagem. Quando tentava
simplesmente esconder as suas feições marcadas, normalmente usava um
lenço escondendo a sua identidade enrolado em volta da parte inferior de
seu rosto; podia erguer uma ilusão da Força de feições normais se obrigada
a se revelar, mas distraída como estava por suas lesões, o seu controle
poderia escorregar, permitindo aos observadores um vislumbre das feições
reais por baixo.
Adequadamente aplicada, a pseudo pele não escorregaria.
A pseudo pele pintada eliminava a teia de rugas nos cantos dos olhos e
boca. Pequenos blocos fixados por dentro de suas bochechas davam ao
rosto dela uma aparência mais arredondada. Um ponto de fluído que fazia a
carne se contrair ou mesmo murchar convincentemente lhe dava covinhas.
As aplicações de pseudo pele cobriam as suas cicatrizes e deixavam a sua
mandíbula com uma linha mais suave e menos angulosa. Uma aplicação de
base suavizava as discrepâncias de textura e tom... e sobre isso acrescentou
blush, lábios com um vermelho chamativo, lápis de olho. Vestiu a peruca no
fim, cobrindo o seu cabelo ruivo tornando-se grisalho com uma massa de
longos cachos dourados.
Quando terminou, parecia ser uma mulher de trinta anos,
aproximadamente metade de sua idade real, e possuir a beleza e muitas das
características raciais de uma mulher do Consórcio Hapes.
Atraiu a Força para aliviar a sua dor enquanto se levantava e vestia um
vestido verde e lenço combinando, ambos sobrepostos com uma costura de
fios dourados, e completando muitas joias de safira, tudo apropriado para
uma rica mulher Hapan.
Era importante aliviar a dor. Se doesse demais, transpiraria, e a
maquiagem se desfaria.
Vestida, olhou-se no espelho novamente, garantindo que a sua
maquiagem resistiria.
— O decorador terminou o meu Dragão de Batalha. — ela disse. Um
mnemônico, a frase permitia a ela capturar o sotaque Hapan rapidamente.
— O decorador terminou o meu Dragão de Batalha.
Pronta e confiante, deu a si mesma um aceno com a cabeça e então
marchou até a próxima sala.
Era uma câmara hemisférica de holocomunicação. A área central,
essencialmente um palco com qualidade de estúdio, era cercada por um anel
de holocâmeras que juntas formariam uma imagem tridimensional.
Cuidadosamente programadas e ajustadas para a profundidade de campo,
elas apenas registrariam imagens dessa área central; não reconheceria
objetos mais longe. Isso significava que era uma zona segura ao redor da
área central, um anel onde observadores podiam ficar e não serem
capturados pelas holocâmeras. As paredes eram cobertas até uma altura de
três metros por equipamentos de transmissão, os quais transmitiam via
hiperespaço, permitindo comunicações instantâneas com destinos a meia
galáxia de distância.
O droide servo de Lumiya preparara a área central com uma cadeira que
de forma plausível lembrava um trono de mármore, Lumiya sabia que era
só espumaplas coberta por um belo verniz salpicado de verde e branco, e
uma mesa lateral combinando. Na mesa estava uma vasilha com enormes
uvas descascadas.
Sentou-se cuidadosamente no trono e provou uma das uvas. Era
grudenta, desagradável, não era uma uva de verdade, mas um material
parecido com doce produzido por um antigo fabricante de alimentos que era
novo quando a estação foi construída. Sorriu como se a uva fosse a melhor
que já provara, e a pontada da dor da ferida no seu estômago só
acrescentaria a impressão de alguém observando que estava deliciosa.
O relógio acima do principal painel de comunicação contou os últimos
poucos segundos restantes. Enquanto se aproximava do zero, ela disse:
— Contato três, três, nove.
As luzes acima das holocâmeras se acederam, banhando-a em claridade,
e a unidade de holocomunicação se ativou com uma onda de ruído
lembrando o som dos motores ligados de um speeder de alta performance
bem ajustado.
A voz incorpórea do sistema de computador, masculina e agradável,
disse:
— Contato. — Um momento depois acrescentou: — O sistema alvo
está reconhecendo. Estão recebendo. — A voz do computador seria
eletronicamente apagada do sinal de áudio sendo enviado.
Nenhum holograma de retorno apareceu diante de Lumiya. O alvo
recebia, mas não respondia. Lumiya ignorou o fato, apresentando uma
aparência de despreocupação enquanto dedicava-se a vasilha de uvas
repulsivas.
Após quase trinta segundos, um holograma se materializou diante dela,
a imagem de um Bothano, com o seu pelo majoritariamente negro com
manchas castanhas, incluindo uma mancha cercando os seus olhos que
davam a ele a aparência de alguém usando uma máscara sendo transmitida
em negativo. Ele vestia trajes informais: calças cinza e uma túnica solta
combinando que deixava à mostra muito do pelo em seu peito e pescoço.
— Quem é você, e como você conseguiu essa frequência e código de
acesso?
Lumiya terminou a sua uva antes de voltar a atenção ao holograma.
— Eu sou a humilde filha de uma nobre casa, e obtive essas coisas ao
pagar uma fortuna para as pessoas certas. E você é Tathak K'roylan, oficial
de inteligência líder do estimado mundo de Bothawui.
Estimado fosse talvez uma palavra muito forte, mas era verdade que
havia uma certa quantia de respeito entre os Hapan e os Bothanos. Eles não
tinham muito contato, mas cada um reconhecia o outro como um mestre de
manobras políticas, manipulação e conspiração.
K'roylan não se incomodou em insistir pelo nome dela. Ela não o
ofereceu quando perguntada; ela não o entregaria.
— Então. — ele disse, — você tem a minha atenção. Brevemente.
Lumiya sorriu.
— Eu direi coisas. Você não precisa confirmá-las ou negá-las. Então eu
darei a você a minha frequência e o código de acesso. Após o fim dessa
mensagem, eu suspeito que você conversará com os seus superiores e então,
eventualmente, iniciará uma comunicação em retorno.
— Continue. — K'roylan era profissionalmente cortês. Mesmo se
estivesse ultrajado por essa intrusão em seu tempo pessoal e pelo fato de
sua segurança ter sido, pelo menos, parcialmente comprometida, não era
inteligente insultar alguém que poderia alcançá-lo dessa maneira... e era
sempre útil ter contatos muito ricos.
— Os Bothanos estão preparando três frotas para um ataque às forças da
Aliança Galáctica. — Lumiya disse. — Uma resposta justa ao que vocês
vêm sofrendo nas mãos deles, incluindo uma série de assassinatos de
pessoal Bothano chave em Coruscant, mas os seus planejadores estão
impedidos porque será impossível lançar as frotas do sistema Bothawui e
outros pontos de origem sem serem detectadas, e provavelmente ofuscadas,
pelas forças da Aliança Galáctica. Isso elimina a sua habilidade de realizar
ataques surpresas.
O Bothano deu de ombros, olhando pra ela como se ele não
reconhecesse um único termo que usara.
— Então. — ela continuou, — estou entrando em contato para informá-
lo que posso cegar os observadores da AG e dar a você uma oportunidade
de, oh, dez ou vinte horas padrão para enviar as suas forças sem serem
detectadas. É claro, para fazer isso, eu precisaria de fontes de informação
colocadas profundamente dentro do governo da AG, e eu as tenho. Eu
provarei isso ao fornecer a você alguma informação. Informação útil e
grátis. — Ela modulou a sua voz, deixando-a mais baixa, abafada. —
Favvio, transmita o pacote.
A voz do computador respondeu:
— Agora mesmo, Mestra.
— Os arquivos aparecendo nas suas telas agora. — Lumiya continuou,
— são de registro interno da Guarda da Aliança Galáctica. Eles incluem
detalhes sobre os assassinatos que mencionei um momento atrás. Por
detalhes, quero dizer detalhes que os serviços de Holonotícias nunca
tiveram. Horas exatas, lugares e métodos de assassinato. Itens pessoais que
as vítimas carregavam. O que as vítimas faziam antes de serem mortas,
incluindo gravações de suas conversas e transmissões. Coisas que apenas os
assassinos e os seus superiores poderiam possuir.
O pelo ondulou no focinho de K'roylan, apenas por um momento.
Poderia ter sido nada além de uma coceira. Lumiya admirava o autocontrole
dele. Por mais sangue-frio que os Bothanos podiam ser em tais situações,
K'roylan poderia muito bem ter perdido amigos nessa onda de assassinatos,
e provavelmente perdeu.
— Independentemente de suas declarações anteriores sobre a atividade
militar Bothana imaginária. — ele disse, — se esses arquivos forem
verdadeiros, você terá a nossa gratidão. Eles serão muito úteis quando
julgarmos o assassino, ou assassinos.
— De nada. — Lumiya deu um aceno a ele, com a pura
condescendência Hapan. — Agora continuarei com outras funções. O
último arquivo transmitido contém informação sobre como e onde me
contatar... caso você precise.
O Bothano abriu a boca para responder, mas o seu holograma
subitamente desapareceu, com o computador de Lumiya, preparado para
terminar a transmissão quando ela fizesse uma declaração específica, o
fizera.
Lumiya caiu na cadeira. A sua postura ereta pressionara o seu abdômen,
e na segunda metade da conversa, manter a dor controlada, a esgotara.
Agora podia assumir uma posição mais confortável e concentrar-se em
gerenciá-la.
Mas não tinha a eternidade. Os Bothanos verificariam os seus arquivos,
os quais se confirmariam. Afinal, matara ou organizara as mortes da
maioria daqueles Bothanos, os detalhes que tinha sobre aqueles assassinatos
eram precisos.
E os Bothanos aceitariam a sua ajuda. Eles precisariam.
Agora era hora de oferecer uma pequena ajuda a Jacen.
— Transmita o pacote Syo para Coruscant e Jacen. — ela disse.
— Agora mesmo, senhora.

ESPAÇOPORTO PARTICULAR ELMAS, CORONET, CORELLIA,


ÁTRIO DA COMANDANTE DO AMOR
Entrar em Corellia não fora uma tarefa tão difícil quanto Leia e os outros
temiam.
Eles mantiveram uma órbita alta perto do aglomerado de embarcações
da Aliança, nervosamente esperando a sua informação de autorização se
revelar falsa, até detectarem uma pequena força tarefa se formando. Ela
consistia de um transporte carregado com sensores, vários caças estelares e
alguns bombardeiros, obviamente destinados a fazer uma ou mais
passagens de reconhecimento sobre a superfície do planeta. Enviando a
informação de autorização, Han fizera contato, pedindo permissão para
acompanhar a força tarefa até a atmosfera.
— Claro. — veio a resposta do comandante da missão. — Mas se vocês
forem explodidos, não esperem que voltemos para recuperar os pedaços.
Então eles desceram pela retaguarda da força tarefa, esperaram até o
esquadrão de TIE fighters Corellianos caíssem sobre a força, e se
separaram, utilizando um voo seguindo o terreno, tão aterrorizante com
Leia nos controles quanto seria com Han fazendo as honras, até estarem
longe da zona de conflito e perseguição.
Agora, horas depois, eles esperavam em um hangar que custava uma
fortuna para alugar, mas vinha com a escassa proteção oferecida por um
contrabandista quando alugando para outro. Os velhos contatos de Han
continuavam a valer a pena, contanto que Lando estivesse disposto a pagar.
Eles esperaram pela noite e a cobertura da escuridão que ela traria, por
menor que fosse no coração de uma cidade, e revisaram transmissões
recentes de notícias.
Uma que frequentemente circulava, mostrava Wedge Antilles em seu
anúncio de aposentadoria.
— Ele nunca se aposentaria em uma época como essa. — Leia disse, —
então está sendo forçado.
Lando alisou a sua barba falsa.
— Mas ele está sendo forçado porque não aprovou o ataque contra
Tenel Ka, ou porque era o plano dele e falhou?
Han bufou.
— Ele colocou a carreira em jogo para retomar Tralus com o mínimo de
baixas. Essa bagunça toda em Hapes não poderia ter sido plano dele. Não
aconteceu da maneira que ele pensa.
— Mas ele saberá quem é o responsável. — Lando disse. — Eu acho
que deveríamos perguntar a ele.
Han e Leia trocaram um olhar.
— Não pode ser assim tão fácil. — Leia disse. — Já tentamos contatá-lo
pelo comunicador. Tudo o que recebemos foi uma mensagem gravada
dizendo que ele e a família estavam celebrando a sua aposentadoria saindo
de férias. Não onde, nem por quanto tempo, nenhuma informação de como
entrar em contato.
— Quem saberia?
— Os melhores amigos dele do outro lado. — Leia disse. — Tycho e
Winter Celchu.
Han franziu a testa.
— Ele está deixando Corellia.
Leia e Lando olharam pra ele. Lando parecia confuso, como se Han
estivesse usando pedras para cruzar um rio e Lando não conseguisse ver as
pedras para segui-lo.
— Como você descobriu isso? — Lando perguntou. — O lar dele é
aqui.
Han descartou a ideia com um aceno irritado.
— O lar dele é o exército. Pra ele, Corellia é só um bom lugar para se
aposentar. Nem mesmo ele cresceu no planeta. Ele cresceu em uma estação
de reabastecimento que não existe mais. Não, ele saiu do planeta. Está em
desonra com os seus antigos chefes, chefes que assassinam, e ele não vai
deixar a família vulnerável com eles. — Ele considerou por um momento.
— Ele estará escondido agora. O que temos que fazer é descobrir como ele
sairá do planeta, presumindo que já não saiu, e encontrar com ele. E isso vai
dar muito trabalho.
Leia assentiu.
— Nós podemos esquecer ele e ir diretamente atrás de Dur Gejjen ou
Denjax Teppler em vez disso.
Como fizera em ciclos anteriores, a rede de notícias de Coronet chegou
à história dos assassinos Jedi:
— Em eventos relacionados, o mistério cerca o selvagem ataque da
Aliança Galáctica a cidadãos não identificados de Coronet em uma rua logo
após o anúncio da aposentadoria do Almirante Antilles. — A imagem da
holocâmera alternou para mostrar um homem jovem, alto e corpulento,
vestido em um macacão agrícola manchado de suor, um grande e apavorado
sorriso parcialmente escondido por sua roupa como a de um bantha em um
holofote.
— Primeiro rodder simplesmente atirou no primeiro Jedi. — ele disse,
com a sua voz marcada pelo distinto sotaque dos municípios agrícolas que
cercavam Coronet. — Segundo rodder chutou o segundo Jedi, fez ele
desmaiar direto. A coisa toda levou dois segundos. — O sorriso
subitamente passou de nervoso para genuinamente contente. — Os Jedi não
são tão durões. Mais tarde, um monte de nós vamos sair caçando Jedi.
Leia sorriu.
— Jedi falsos? Ou a história inteira é falsa?
— Não é nosso problema. — Han disse. — Dur Gejjen é um réptil, e eu
não pretendo entrar no ninho dele. Denjax Teppler pode não ter poder, mas
ele foi amigável antes e pode saber de algo. Vamos ver se conseguímos
achá-lo.

CORONET, CORELLIA

Nas horas mais silenciosas da manhã, os três se amontoaram em volta de


uma pequena mesa no tipo mais reservado de cantina.
A privacidade não vinha pelo isolamento. Situada em uma passagem
importante perto do principal espaçoporto da cidade, era bem trafegada
durante o dia e anoitecer. Porque ela atendia muitos estrangeiros e tráfego
de negócios, a sua clientela não era formada principalmente de locais
habituais. Estranhos não provocavam curiosidade. Bartenders com acesso a
um blaster modificado com padrão pulverizador desencorajavam problemas
e a atenção de oficiais que problemas podiam trazer, enquanto um dono de
bar comercialmente preocupado que pagasse todas suas contas por fora
corretamente desencorajava outras inspeções oficiais ou criminosas.
A mesa que Han, Leia e Lando se sentavam ficava na parte de trás do
salão principal, onde as centenas de raios de luz coloridos de decorações
acima do bar e de bastões luminosos ao longo das paredes cobriam apenas
levemente. Eles tinham um bom ângulo da porta, e olhavam todas as vezes
que alguém entrava na cantina.
Dessa vez eles não descartaram instantaneamente o novo cliente como
uma hipótese; os bastões luminosos sobre a porta mostravam que ele estava
envolto em uma capa, com o seu capuz deixando o seu rosto em profundas
sombras. Ele ficou por ali enquanto a porta se fechava atrás dele e
examinou o interior do bar.
Sem saber se aquele era o intermediário de Teppler, Han se endireitou,
fez um movimento dizendo “me veja” e capturou a atenção do novo cliente.
O homem caminhou até eles e, sem convite, se sentou na quarta cadeira da
mesa. Não abaixou o capuz, mas, nessa distância, Han reconheceu Denjax
Teppler. As feições dele eram bonitas, se não sem graça, o tipo que
pertencia a um parceiro de bebida empregado como um estatístico ou
gerente de vendas.
Han ergueu a sobrancelha pra ele.
— Não é arriscado viajar sozinho? Eu pensei que, com certeza, enviaria
um Rodiano com uma cicatriz, mancando para nos escoltar até um
esconderijo secreto.
Teppler bufou.
— Todos os meus esconderijos estão sendo monitorados. Assim como
eu, mas por enquanto contratei um sósia, e minha vigilância o segue até em
casa. Significa que às vezes posso andar livremente.
— Sem guarda-costas. — Leia disse.
Teppler assentiu.
— É. — Ele olhou pra cima enquanto o droide garçom, com um cílindro
sobre rodas com outro braços, aproximava-se. — Whisky e água. — ele
disse, deixando a sua voz rouca. — Pré-guerra.
O droide rolou pra longe, e Teppler voltou a sua atenção para os outros,
particularmente para Lando.
— Eu não conheço você.
Lando estendeu a mão.
— Lando Calrissian.
Teppler a apertou.
— É um prazer conhecê-lo. Apesar que acho que escolheu uma hora
ruim pra sair da aposentadoria.
— Assim como você escolheu a hora errada para entrar pra política.
— Verdade. — Teppler se virou para Han e Leia. — Então, por que
estou aqui?
— O ataque contra a Rainha-mãe Tenel Ka. — Leia disse.
— Ah.
— Primeiro. — Han disse, — você teve algo a ver com isso?
Teppler balançou a cabeça.
— Ou sabia algo sobre isso?
— Não até ter começado.
— Han e eu estávamos no local da tentativa de assassinato. — Leia
disse. — Por causa disso e outros motivos, a AG suspeita que estamos
envolvidos, e porque transmitimos um aviso para Tenel Ka, os Corellianos
nos culpam de ter estragado o plano. Então estamos interessados em limpar
os nossos nomes.
— E espancar as partes responsáveis até virarem sacos de pele cheio de
sopa. — Han acrescentou.
Leia olhou para o seu marido, com o seu olhar de “isso não está
ajudando muito”. Ela voltou a atenção para Teppler.
— Agora, eu sei o que estamos pedindo coloca você em um dilema. Se
aceitar, tecnicamente trairá os atos secretos de seu governo, uma ofensa de
traição, mas eu também sei que você se opõe a muito do que está
acontecendo. Thrackan Sal-Solo está morto, mas o seu espírito vive em
partes do novo governo. E seja lá quem ordenou o ataque a Tenel Ka se
tornou o nosso inimigo. Os nossos inimigos não tendem a se sair muito
bem, e nós faremos o que pudermos para eliminá-los. Então eu coloco a
você que se não nos disser quem ordenou aquela missão, é apenas porque
foi alguém que você quer manter no poder.
Teppler ficou em silêncio por um longo momento, não olhando pra
nenhum deles. O garçom se aproximou durante a sua pausa e entregou a sua
bebida. Teppler deu ao droide um par de moedas, então provou o whiskey
até o droide rolar pra longe do alcance de sua voz.
Finalmente, ele disse:
— Não existe mais essa de traição, vocês sabem disso?
Han e Leia trocaram um olhar confuso.
— Como você descobriu isso, garoto? — Han perguntou.
— Tudo o que você faz ajuda alguém. Tudo o que você faz fere alguém.
Tudo o que você faz viola a lei enquanto apoia uma ética, ou vice-versa. A
única diferença é se você faz as coisas por egoísmo ou altruísmo, e
altruísmo só quer dizer “estou fazendo isso para criar um mundo melhor,
como eu defino melhor”. E se não houver isso de traição mais, não existe
mais lealdade. Você sabe o que quero dizer? — Ele ergueu o copo
novamente, e quando o colocou na mesa estava vazio.
Olhando pra ele, Han sentiu uma pontada de simpatia. Os olhos de
Teppler pareciam desprovidos de vida.
— Eu acho. — Han disse. — que quando deixarmos Corellia, você
deveria vir conosco.
Teppler riu.
— Não posso ir embora.
— Podemos levá-lo pra fora do planeta, sem problemas. — Han disse.
— Temos um bom transporte.
— Eu sei. Está no porto de Elmas, correto?
A mão de Han caiu automaticamente no cano de seu blaster no coldre.
Olhou em volta rapidamente, mas ninguém além do droide garçom parecia
prestar atenção a eles. Manteve a voz baixa, controlada:
— Como você sabe?
— Onde mais estariam? Vocês são contrabandistas. Crime organizado,
do tipo de sindicato, quero dizer, controla o Porto Pevaria, e a Inteligência
da Aliança Galáctica tem os seus tentáculos por todo aquele lugar. Se vocês
fossem cidadãos da AG mais íntegros, vocês teriam contatos lá para recebê-
los. E é lá que a SegCor está procurando por aquele misterioso transporte
que pousou mais cedo hoje, mas contrabandistas, os antigos, do tipo
freelancer, têm a maioria de seus contatos em Elmas, como tiveram por
gerações. Se a SegCor tivesse ideia de que quem pousou era Han Solo, é lá
que estariam agora mesmo, em peso.
— Oh. — Han se sentou para trás e se forçou a relaxar... um pouco. —
Mas isso apoia a minha questão. Podemos levá-lo pra fora do planeta.
— Não sou bom com um blaster. — Teppler disse.
Lando franziu a testa.
— Sabe, é mais confuso do que o comum conversar com você, mesmo
para um político.
— Não sou um combatente corpo-a-corpo. — Teppler continuou, — e
sou um piloto indiferente. Não tenho afinidade com equipamento técnico,
mas escutar as pessoas, distinguir a verdade de mentiras, adivinhar as suas
motivações, manipular as pessoas, encorajá-las, manobrá-las, aí está o meu
forte. Você sabe, política.
— Eu ainda não entendi. — Han disse.
Leia falou:
— Ele está dizendo que a política é o campo de batalha dele, e você está
encorajando-o a fugir da batalha.
— Oh. — Han pensou sobre aquilo. — Sim, estou.
Teppler virou pra ele com uma expressão triste, mas sarcástica.
— Vocês encorajam todos os seus amigos a fugirem de suas lutas?
Han balançou a cabeça.
— Não por um bom tempo. Não desde que eu os conheci e percebi que
têm uma chance de vencer. Você, garoto, não tem essa chance. Se ficar aqui,
você vai morrer.
— É, provavelmente. — Teppler encarou as profundezas de seu copo de
whiskey. — A minha ex-mulher foi à sua última missão diplomática
sabendo que poderia morrer. E ela morreu. Eu sou menos do que ela era?
Os outros se entreolharam, pela primeira vez sem palavras, mas Teppler
foi o primeiro a falar:
— Dur Gejjen. — ele disse.
— Sentenças completas, por favor. — Lando disse.
— Dur Gejjen foi o principal organizador, e autorizou, a missão para
matar a Rainha-mãe, Tenel Ka.
Leia assentiu.
— E era uma missão de assassinato? Não uma tentativa de sequestro?
— Se eles a pegassem, ela estaria morta.
Leia pressionou.
— Wedge Antilles?
— Ele não sabia sobre isso. Ele foi ordenado a renunciar porque ele não
apoiava travar uma guerra tão suja. — Teppler segurou o seu copo erguido,
com um sinal para o garçom enchê-lo.
Leia sentiu uma pequena coceira de alerta, mas parecia remota, não
direcionada a ela. Fechando os seus olhos, ela estendeu a sua consciência
através da Força para as áreas além de seus arredores imediatos, através do
teto e andares, paredes de todos os lados...
Do lado de fora das paredes e porta da frente, ela encontrou indignação.
Alguém querendo entrar, mas sendo impedido. Mais de uma pessoa. Uma
massa gradual de corpos.
Abriu os olhos. O droide garçom se aproximava. Perguntou ao droide:
— O que tem imediatamente abaixo de nós?
— Esse seria o estoque e salões de destilaria, minha senhora. — o
garçom disse, com a sua voz culta como a de C-3PO, mas não tão
melodiosa. — Não fazemos mais passeios a nossa micro-destilaria, mas o
andar está disponível para aluguel de festas particulares, filmagens de
holonovela...
— Quieto. — Leia disse. — Han, Lando, a porta.
A porta da frente se escancarou e dois agentes da SegCor, em armadura
de batalha e carregando rifles blasters, foram os primeiros a atravessá-la.
O blaster de Han se soltou de seu coldre e Lando derrubou a mesa
encarando os intrusos, oferecendo cobertura.
Han atirou no primeiro intruso na armadura do peito. O disparo não
penetrou, mas o impacto derrubou o homem pra trás até uma nova onda de
agentes da SegCor tentando entrar pela porta.
Teppler mergulhou atrás da mesa, trocando o copo para a mão esquerda,
sacando o seu próprio blaster com a direita. Ele atirou sobre a borda da
mesa. O seu tiro acertou a placa luminosa sobre a porta onde lia-se RUA,
incinerando-a, com uma chuva de faíscas caiu sobre os intrusos presos lá.
Leia acionou o seu sabre de luz. Girou para agachar atrás da mesa, então
mergulhou a lâmina brilhante no chão. Começou a arrastá-la em um amplo
círculo.
O segundo intruso atirou na única figura de pé por perto. O seu disparo
de rifle acertou o droide garçom na altura do joelho e perfeitamente cortou
o cilindro ali. Com um lamento de “eu disse” soando de alguma forma
inconveniente, o droide tombou pro lado; a bandeja de bebidas e copos
vazios que ele estava segurando desabou no chão. Uma onda de vidro
quebrado, gelo meio derretido e recipientes inquebráveis de transparaço
varreu sobre as mesas, cadeiras e pernas dos clientes.
Lando extraiu o seu blaster de dentro das dobras de sua capa. Ele o
ergueu paralelo com o de Han e atirou, acertando a placa do rosto do intruso
que atirara no droide. Aquele homem, também, cambaleou pra trás e caiu,
acrescentado ao congestionamento na entrada.
Leia terminou a sua varredura com o sabre de luz e um grosseiro círculo
do piso de um metro e meio de diâmetro caiu na escuridão, chacoalhando
contra uma superfície dura um momento depois.
— Vamos. — ela disse, fazendo soar como uma sugestão, e pulou. O
seu sabre de luz iluminou os seus novos arredores; ela estava em um escuro
e estreito corredor.
Lando olhou para Han.
— Você primeiro. — Ele atirou novamente para a entrada, acertando um
soldado da SegCor na segunda fileira diretamente no joelho.
Han gesticulou para Lando ir.
— Idade antes da beleza.
— Idiotas. — Teppler caiu através da abertura, blaster em uma das mãos
e o copo na outra, aterrissando desajeitadamente atrás de Leia.
As fileiras de trás dos invasores empurraram a obstrução de soldados
atordoados ou feridos para longe da passagem; quatro escorregaram para
dentro do bar, mais se amontoando na porta. Han atirou novamente e
acertou um na garganta, mandando-o girando para o chão. Os outros
devolveram os tiros e Han, protegeu-se atrás da mesa, encarando alarmado
enquanto pedaços inteiros de sua superfície de madeira artificial eram
destruídos, sem sequer impedir os disparos blaster.
Ao lado dele, Lando escorregou pelo buraco. Evitou que a sua bengala
colidisse com qualquer coisa, mas a sua capa prendeu na borda do buraco e
se soltou de seus ombros. Ele pousou graciosamente e olhou pra cima para
o seu traje traidor. Então ele trotou atrás de Leia.
Han agarrou um pé da mesa e caiu através do buraco, puxando o pé com
ele. Todos os quatro pés da mesa atravessaram o buraco, deixando o topo
nivelado com o chão. A inépcia de sua descida o fez acertar o chão do
corredor com força e ficar de joelhos, mas ele se levantou sem lesões e
correu atrás dos outros, guiado pelas propriedades de bastão luminoso do
sabre de luz de Leia.
Han virou uma esquina e alcançou os outros. Essa câmara era tão larga
quanto o salão acima, mas com pilhas altas de caixotes de plastaço e barris
de madeira falsa.
Leia estava no topo de uma curta rampa de permacreto. Uma porta de
metal barrava o caminho dela. Ela cortou a primeira dobradiça de cima,
cortando através dela. Teppler estava parado atrás dela, calmo, com blaster
e copo prontos. Lando, como uma holo de catálogo com elegante
indiferença, inclinado contra a parede, girando a sua bengala.
Han gesticulou na direção do copo de Teppler.
— Livre-se disso.
— Não posso. — Teppler disse. — Tem as minhas digitais nele.
Han agarrou o copo dele, jogou-o para o canto e deu três tiros de blaster
nele. Quando a fumaça clareou, era uma massa derretida e chamuscada de
transparaço.
Voaram mais tiros de blaster de onde eles vieram. Han ouviu pedaços de
madeira caindo no corredor.
Leia terminou a segunda dobradiça e começou a trabalhar na terceira.
Teppler deu um passo para frente e ergueu o braço para segurar o topo da
porta quando ela tombasse.
A porta caiu. Teppler a jogou para longe do caminho, e ela retiniu
contra o chão de permacreto. Do outro lado, a rampa continuava; vários
metros pra cima, Han podia ver as speeders acelerando além do que deveria
ser o fim de um beco atrás da cantina. Ele, Leia e Teppler correram na
direção da fuga que a rua representava. Lando ficou pra trás, para atrasar os
perseguidores, Han presumiu.
Leia desligou o seu sabre de luz enquanto eles alcançavam a entrada do
beco. Uma calçada estreita dava a eles uma avenida para escapar, e o
tráfego a apenas centímetros de distância rugia, com as luzes das speeders
deixando feixes horizontais coloridos no ar.
Han olhou para a situação. Isso acabaria ou em uma batalha de blaster
em corrida ou uma batalha de blaster realizada em speeders roubados.
— Pronta pra ir, querida?
— Carregador de lixo. — Leia disse.
— Você sempre sabe a coisa certa para se dizer. — Han seguiu o olhar
dela. se movendo pesadamente pela rota aérea na direção deles, baixo em
relação ao chão, estava um carregador de lixo com repulsores, com um
andar e meio de altura, mais largo do que a pista de tráfego padrão, com
braços-droide ao longo de sua orla superior para pegar recipientes de lixo,
erguendo-os no ar e derramando o seu conteúdo no compartimento de carga
do veículo.
Leia os guiou ao longo da calçada na direção do tráfego, mas ela andava
de costas, concentrando-se no piloto daquele carregador de lixo.
— Boa hora para uma soneca. — ela sussurrou. — Bom lugar para uma
soneca.
Lando saiu correndo do beco, nenhuma das pernas aparentemente
causando problemas a ele; ele carregava a bengala enfiada debaixo de seu
braço esquerdo, de maneira militar.
— Temos talvez quinze segundos. — ele disse. Então olhou
curiosamente pra Leia e se virou para encarar o objeto de seu interesse.
O carregador de lixo encostou até quase estar na maior parte da pista,
mas também cobrindo completamente a calçada, e desceu até pousar
diretamente em frente à entrada do beco. O piloto, iluminado pela luz azul
da cabine, era um homem gordinho de meia idade; ele se inclinou para trás
em seu assento e fechou os olhos.
— Desligue os motores. — Leia disse, e cedeu um pouco; o esforço de
impor sua vontade em alguém a essa distância, sem o benefício de o alvo
poder ver os seus olhos ou ouvir a sua voz, teve um custo alto.
Han e Lando obrigados a mirar os seus blasters para a parte inferior da
frente do carregador e atirar quatro ou cinco vezes cada um. Os disparos de
blaster imediatamente acordaram o piloto, e Han viu o homem pegar os
controles e tentar erguê-lo, mas era tarde demais: o veículo mutante estava
morto, firmemente situado na frente da entrada do beco. Agora Han podia
ouvir palavrões e batidas de onde o carregador bloqueava o beco, os agentes
da SegCor alcançaram o seu obstáculo.
— Hora de arranjar um speeder e fugir. — Lando disse.
Teppler balançou a cabeça.
— Será menos suspeito a pé e sozinho. Boa sorte. — Ele se virou e
correu ao longo da calçada.
Capítulo Oito
ESPAÇOPORTO PARTICULAR ELMAS, CORONET, CORELLIA,
ATRACADOURO ALUGADO 601208

— Pai, algo está acontecendo lá fora.


Instantaneamente acordado, ainda vestido em um macacão não muito
melhorado por ter trabalhado nele durante o dia, Wedge rolou pra fora de
seu beliche e juntou-se a sua filha na janela lateral do hangar. A janela
estava em grande parte coberta por cortinas pretas, nas quais Myri e Iella
cortaram buracos estratégicos para observação.
O interior do hangar estava escuro, então levou algum tempo para os
seus olhos se ajustarem. Através da passagem de acesso entre fileiras de
hangares para aluguel, três pessoas se aproximavam apressadas. Eles
pararam bem perto do hangar de Wedge e agruparam-se em frente a uma
porta de funcionários, descendo dois hangares.
— Não é nosso problema. — Wedge disse, esfregando os olhos. Ele
fora dormir apenas uma ou duas horas antes, após uma longa sessão de
reparos e manutenção de veículos. Myri estava certa em acordá-lo, mas ele
estava ansioso em voltar a dormir.
— Eu acho que é. — A voz era de Corran, bem atrás de Wedge, e
Wedge se assustou.
Virou-se para oferecer a Corran um olhar debochado.
— O ex-SegCor e o Jedi. Isso faz de você duas vezes mais sorrateiro. O
que o faz pensar ser um problema? Você nem consegue enxergar lá.
— Mas eu posso sentir. — Corran gesticulou na direção dos distantes
chegados. — Um deles é a Leia Solo.
Wedge girou e colocou o olho no buraquinho novamente. As três
pessoas desapareceram, provavelmente atravessaram a porta.
— Você tem certeza?
— Certeza.
— Pessoal, preparem-se para imediata evacuação.
Iella rolou pra fora de seu beliche e começou a vestir as botas com
dificuldade. Ela chamou a atenção de Wedge, então olhou na direção do
beliche e botas dele.
Subindo pela passagem de acesso, vindo da direção que Leia e os seus
companheiros vieram, uma torrente de speeders da SegCor, luzes laranja e
azuis piscando para informar o seu status oficial, acelerou na direção deles,
cada uma parando em frente a um hangar diferente. Oficiais da SegCor
saíram dos veículos e imediatamente começaram a se mover para as
entradas dos hangares. Um começou a bater à porta do abrigo de Wedge.
Corran suspirou.
— Obrigado, Leia.

CORELLIA, CABINE DE CONTROLE DA COMANDANTE DO AMOR

— Energia ativada em dois minutos. — Leia anunciou.


Lando tentou manter o seu desagrado longe do rosto.
— Eu odeio transportes com inicialização lenta. — ele resmungou. —
Se aquele idiota tivesse juízo, ele teria instalado um inicializador de dez
segundos.
— Se ele tivesse juízo, ele não teria perdido esse iate para você. — Han
disse. — Relaxe. Temos muito tempo.
Através das janelas dianteiras, eles podiam ver uma linha de faíscas
aparecendo na porta do hangar enquanto uma ferramenta de corte laser do
lado de fora cortava através do mecanismo de trava. A porta se abriu, e
meia dúzia de agentes da SegCor avançaram.
Do lado de fora, fazendo uma curva final para mirar na Comandante do
Amor, estava um antigo, apesar de indubitavelmente ainda mortal, tanque
TIE. A cabine no formato de bola, parecido com os dos TIE fighters, era
montado entre dois pares retangulares, baixo de esteiras de tanque, e Lando
podia ver o tambor dos canhões blaster gêmeos da máquina travando
diretamente na cabine de controle da Comandante do Amor.
Um oficial da SegCor com um comunicador enorme erguido sobre seu
rosto, entrou com os seus homens. As suas palavras surgiram no painel de
comunicações da Comandante do Amor e, amplificadas, podiam ser ouvidas
através do casco do iate:
— Aqui é a Segurança Corelliana. Desligue a energia e saia de sua nave
imediatamente para identificação.
— Leia, enrole-os. — Lando ordenou. — Não podemos erguer os
escudos em só um minuto...
Leia balançou a cabeça.
— Não, eles estão falando sério. Eles abrirão fogo antes disso. Podemos
nos render agora e escapar durante o transporte...
Os lábios de Han contorceram-se quando a palavra render foi
pronunciada, e agora balançava a cabeça.
— Princesa, nós...
Um rugido de motor pode ser ouvido do lado de fora. Todos os agentes
da SegCor ainda lá fora olharam para a direita. Alguns deles correram, pra
dentro do hangar e na direção da Comandante do Amor, ou para longe de
vista pela passagem de acesso, qualquer lugar longe do tanque TIE.
Um clarão de luz vermelha acertou as esteiras direitas do tanque,
embaixo, quase no nível do permacreto. O disparo capotou o tanque e ele
rolou, repousando em uma das esteiras. Um caça estelar passou do lado de
fora.
— Aquilo foi uma X-Wing, não? — Lando perguntou.
Leia assentiu.
— Wedge?
Han balançou a cabeça.
— Verde-esmeralda, com padrão xadrez.
Leia sorriu.
— Corran!
Então uma X-Wing no padrão cinza com tubos vermelhos passou.
— Energia? — Lando perguntou.
Leia checou o seu painel de status.
— Entrando em três, dois, um... agora.
— Erguer escudos. — Lando ordenou. — Nos tire daqui.
Leia levantou a Comandante do Amor com os repulsores e deslizou em
frente. Os agentes da SegCor se espalharam para longe do caminho. Na
porta de entrada do hangar, ela delicadamente empurrou o tanque TIE pro
lado, “delicadamente” no sentido de que nenhum veículo foi danificado
pelo impacto, embora Lando estremeceu ao som do metal guinchando e
arranhando enquanto passavam, então viraram-se no rastro das duas X-
Wings.
Imediatamente as telas dos sensores se acenderam e começaram a soar.
Lando ativou a sua tela e recebeu a imagem da vista noturna, toda em tons
de verde, pela visão da holocâmera na frente da Comandante do Amor, viu
uma pequena fila de speeders da SegCor estacionados na passagem de
acesso.
— Eu li nos sensores um veículo, de tamanho apropriado para um iate
pessoal, emergindo de um hangar por trás de nós. — Han disse. — Ei, acho
que é a Pulsar Skate.
Lando alternou a tela para a visão da holocâmera traseira. Emergindo de
uma porta de hangar apenas duas instalações de distância estava um iate
longo e baixo, moldado como um exemplo de vida marinha deslizante do
mundo aquático de Mon Calamari. Essencialmente uma asa voadora com
módulos de propulsão gêmeos atrás, ele tinha linhas graciosas que corriam
para trás organicamente da proa.
Han continuou:
— Temos uma decolagem vertical da principal zona de lançamento do
porto, acho que é um transporte balístico, de partida. E... Fierfek. Parece
uma pequena embarcação, classe de corveta pelo menos, vindo em nossa
direção.
— Vá para as estações de batalha. — Lando disse, desnecessariamente.
Os escudos já estavam levantados, e ele vira Han ativar as armas do iate
sem autorização um segundo antes.
— Sim, Capitão.
— Tente abrir um canal para nossa escolta.
— Sim, Capitão. — Han fez uma cara feia para Lando então voltou a
sua atenção para os painéis.
Leia decolou com a Comandante do Amor no rastro das X-Wings.
Lando se sentiu pressionado contra o seu assento enquanto os
compensadores de inércia do iate falhavam em acompanhar completamente
as demandas da aceleração do veículo.
— Comandante do Amor para a escolta X-Wing, respondam.
— Comandante do Amor, aqui é Pulsar Skate. — Era uma voz
feminina, e uma que Lando não reconhecia. — Aguarde para receber uma
transmissão em linha visual do código encriptado. Três, dois, um, enviando.
Recebeu?
— Sim. — Han disse. — Implementando... agora.
Houve uma onda de estática, então a voz da mulher retornou:
— Criptografia ativada. Vocês ainda me ouvem?
— Ouvimos você muito bem. — Han disse. — Irei transferi-la para
nosso capitão. Terei que atirar em algumas coisas logo, logo, e ele não tem
nada pra fazer. — Ele pressionou um botão.
A visão da holocâmera desapareceu da tela de Lando e foi substituída
pelo rosto de uma garota, jovem, bonita, com cabelos azuis e mechas
amarelas. Ela parecia familiar.
— Aqui é Myri Antilles. — ela disse. — Oficial de comunicações
improvisada da Pulsar Skate.
Subitamente Lando se sentiu com dez mil anos. A última vez que vira
Myri, ela era uma garotinha. Ele forçou um sorriso.
— Myri! é o seu tio Lando.
— Lando! Olá! Os cabelos e barba brancos ficam bem em você. São de
verdade?
— Não, é claro que não. É uma peruca e maquiagem.
— Aiii. Você perdeu todo o cabelo?
— Não! O meu cabelo é preto. Bom, preto grisalho. Esse não é ele. Eu
ainda tenho o meu próprio cabelo.
— Claro que tem. — Han sussurrou.
Lando cerrou os dentes.
— Myri, querida, o seu pai tem um vetor de saída?
— Claro. Primeiro, temos que atirar na corveta...
— Não, não, não, nós precisamos ir pra longe da corveta...
— A corveta está completamente sozinha no oceano, e de todas as
direções temos múltiplos caças estelares e naves de ataque vindo para nós.
E presumindo que podemos incapacitar a corveta, devemos subir para a
órbita sem problemas, mas então temos as naves do bloqueio da Aliança.
Subitamente Lando se sentiu jovem e útil novamente.
— Ah, isso não é um problema.
— Não?
— Não. Um gentil jovem tenente do bloqueio nos deu um código outro
dia.
— Oh, bom. Oops, estaremos no alcance extremo de tiro em dez
segundos, nove...
Enquanto Myri fazia a contagem regressiva, Lando alternou a visão da
tela para a tela de sensores.
A sua força tarefa em miniatura estava agora longe de Coronet, sobre a
água, ainda ganhando altitude. Haviam numerosos bipes sobre a cidade,
pequenas unidades de naves de ataque seguindo na direção deles;
felizmente, Han despistava o tráfego de comunicação delas e o impedia de
acessar os alto-falantes da cabine de controle.
A Comandante do Amor e a Pulsar Skate estavam agora lado a lado, só
algumas centenas de metros as separavam, e as duas X-Wings estavam
alguns quilômetros à frente. Distante estava o bipe de uma pequena nau
capitânia, e conforme a distância diminuía, uma indicação apareceu para ela
na tela: CEC CORVETA 1177 SILABAN.
Lando estremeceu em simpatia por Leia. Quando ela era apenas uma
Senadora adolescente do planeta Alderaan, o seu principal transporte havia
sido uma corveta Corelliana, a Tantive IV. Longa e estreita, com uma proa
como uma marreta virada de lado e uma popa retangular que era pouco
mais do que fileiras empilhadas de propulsores, a Tantive IV guardava um
lugar especial nos sentimentos dela, e deveria ser perturbador ter uma
embarcação quase idêntica tentando derrubá-la agora.
A contagem de Myri chegou a um. Lando abriu a boca para ordenar
Han a abrir fogo, mas Han atirou antes que pudesse falar. Lando viu os
lasers do iate se lançarem sobre o alvo distante, juntando-se aos da Pulsar
Skate, e viu o brilho enquanto os escudos da Silaban absorvia a saraivada
de lasers.
As duas X-Wings subiram relativamente ao plano da batalha, realizando
manobras evasivas em uníssono, tão perto que registravam um único bipe
nos sensores.
Lando franziu a testa para isso.
— O que eles pensam que estão fazendo? Eles vão colidir e então já era
para eles.
Ele esquecera que o seu canal de comunicação ainda estava aberto.
— Colidir? — A voz era a de Mirax Horn. — Venha até aqui Lando, e
eu vou colidir em você.
— Acalme-se, acalme-se. — Essa era Iella. — É por isso que homens
deveriam ser colocados no comando de apenas caças de piloto único. Em
naves maiores, eles têm tempo demais nas mãos, então falam demais.
— Ei. — Lando protestou.
A Comandante do Amor chacoalhou enquanto feixes dos canhões laser
gêmeos da corveta rasparam nos escudos. Lando começou a dizer algo
sobre mais manobras evasivas, mas Leia abruptamente colocou o iate em
mergulhos e curvas tão tortuosos que o estômago de Lando deu voltas. Ele
fechou a boca com força e concentrou-se em não perder o jantar.
Através da janela, ele podia ver os turbolasers inferiores da corveta
atirando na Comandante do Amor e Pulsar Skate, e os turbolasers de cima
da nave tentando mirar nas X-Wings. Enquanto eles se aproximavam da
corveta, as X-Wings abruptamente se separaram, ambas ficando acima do
relativo plano de batalha, mas uma arqueando para bombordo e a outra para
estibordo.
Ambos os conjuntos de turbolasers inicialmente seguiram a mesma X-
Wing, a de Wedge, de acordo com a tela de sensor, então ambos trocaram
para abrir fogo na de Corran.
A essa altura, ambas as X-Wings ultrapassaram a popa da corveta.
Lando podia ver alguns pontos brilhantes na popa da nave Corelliana,
pontos onde os disparos dos turbolasers das X-Wing atingiram. Agora as
duas X-Wings davam meia volta para orientá-las nos motores, e o
comandante da corveta, tardiamente reconheceu que os dois caças estelares
carregavam mais poder de fogo do que os iates ainda seguindo na a sua
direção, tentou virar na direção deles e proteger os seus motores.
Mas as X-Wings chegaram atirando, seus furiosos disparos laser
vermelhos raspando os escudos da popa, concentrando-se na mesma área
dos motores, então penetrando-a. Lando viu a inundação de luz vermelha na
popa da corveta, e uma explosão iluminou o oceano abaixo.
Não, a corveta não explodira, apenas uma parte de seu compartimento
do motor se perdera, mas a embarcação começou a perder altitude e se
afastou da área do conflito. As X-Wings voltaram na direção dos iates
espaciais.
E finalmente, porque eles tinham o ingresso pra fora desse mundo e
desse sistema, Lando podia tomar o comando novamente.
— Pulsar Skate. — ele disse, — e escolta X-Wing, entrem em formação
com a Comandante do Amooor. Estamos seguindo para órbita.
— E então vamos pra onde? — Han perguntou.
Finalmente, a voz de Wedge estalou pelo comunicador:
— Para uma reunião de velhos amigos. — ele disse.

TEMPLO JEDI DE CORUSCANT

O oponente de Ben não era particularmente impressionante. O droide tinha


um corpo magrelo, as suas quatro pernas esguias eram robustas o suficiente
para permitir a ele andar por aí. Os seus dois braços não terminavam em
mãos, mas em tubos com cerca de oito centímetros de diâmetro e a sua
cabeça era enorme, do tamanho de uma unidade R2 inteira, com dois
sensores ópticos brilhantes verdes onde seriam os olhos e um par de
aberturas de alto-falante na posição de uma boca humana.
No espelho que percorria o comprimento inteiro da câmara em uma das
paredes, eles pareciam combatentes improváveis, um droide com uma
cabeça ridiculamente grande e um adolescente de aparência amigável com
cabelos vermelhos claros cortados curtos.
— Última série. — ele anunciou, com a sua voz surpreendentemente
humana considerando a sua aparência alienígena. — Pronto.
Para melhor se testar, Ben deixou o seu sabre de luz desligado no
momento... e se virou de costas para o droide. Estendeu os seus sentidos
através da Força e tentou encontrar o droide, e ficou levemente aflito, mais
uma vez, por descobrir que não conseguia. Escondeu a sua preocupação.
— Pronto.
Houve um som de ponk quando a primeira bola de espumaço deixou um
dos braços em tubo do droide. E isso Ben sentiu, como um deslocamento de
ar; como cócegas de preocupação. Podia sentir a direção da trajetória da
bola, indo diretamente até a sua nuca...
Virou-se, desviando do caminho da bola, acionando o sabre de luz
quando a segunda, terceira e quarta bola passaram na direção dele. Atacou a
primeira, mas a sua lâmina estava apenas com metade do tamanho e o seu
golpe passou a meio metro de seu alvo. A segunda bola passou por ele
inofensiva, mas se conectou com a terceira e a quarta, mandando-as
ricocheteando para longe dele. O exterior lustroso delas aguentaram o
contato momentâneo com a coerente lâmina de luz sem derreter ou
deformar.
Então mais bolas vieram dos braços do droide, ponk ponk ponk ponk
ponk... O droide variava a sua mira, atirando nos pés de Ben, peito, cabeça,
braços, mirando em posições escalonadas de Ben no caso de seus desvios o
levarem até o caminho delas.
Não desviou de todas. Uma delas se quebrou dolorosamente em seu
joelho esquerdo. Outra raspou a sua bochecha, mas a sua taxa de sucesso
era bem alta.
Podia sentir as bolas se movendo por trás dele ao longo do reluzente
chão de taco de apocia. Elas se separaram em dois fluxos, circulando ao
redor dele de volta para o droide, controladas pelos impulsos magnéticos
que ele enviava. Enquanto Ben assistia e defletia mais duas bolas, as
primeiras que foram enviadas contra ele alcançaram a base do droide,
subiram para pairar sobre a cabeça dele e caíram dentro de uma fenda lá. De
volta pelo funil, elas podiam ser atiradas contra ele novamente.
Por impulso, Ben escolheu uma das bolas agora se aproximando do
droide e a alcançou pela Força. Ele pisou com força, externando a maneira
que queria direcionar o seu ataque, e atacou com a energia da Força.
A bola se achatou, tornando-se um disco mais amplo, mas com cerca de
metade da altura que tinha antes. Ela ainda subiu para pairar sobre a cabeça
do droide... e quando caiu na direção da fenda, Ben deu um pouco de
energia extra pra ela. A bola acertou a fenda e se dobrou, bloqueando o
tubo.
Golpeando as próximas quatro bolas, Ben assistiu enquanto mais meia
dúzia caiam sobre a cabeça do droide, quicavam sobre a bola arruinada,
caiam no chão e rolavam até o fim de duas fileiras de bolas esperando
serem recolhidas.
Então essa ação, também, cessou. Soltas do controle magnético, a
maioria das bolas agora permaneciam onde caiam; algumas rolavam um
palmo em uma direção ou outra antes de parar.
Ben sentiu o mais leve dos puxões contra o seu sabre de luz. Agarrou-o
com força antes da arma tentar se soltar de sua mão. Ela lutava com ele,
tentando voar até o droide, mas segurou com a mão esquerda também e
com firmeza. Desativou-o e sorriu para o droide de treino.
Finalmente o sabre de luz, também, parou de tentar se mover sozinho.
O droide disse:
— Você me sabotou?
— Sim. — Ben disse. — No, uh, espírito de derrotar um inimigo.
— Eu devo arquivar as suas ações em “táticas”, então. Eu projetei esse
exercício completamente. A taxa de sucesso da última série é de noventa e
quatro por cento, a última série terminou com vinte e dois por cento das
bolas gastas decidas a uma sabotagem tática. Retenção da arma do aluno
bem-sucedida. — O droide rolou na direção da porta do Salão de Treino, e
as bolas, agora retornando para as suas formações em linha reta, rolaram
atrás dele.
Ao sair, o droide passou por outra aluna Jedi esperando ao lado da porta.
Ela deve ter entrado enquanto Ben estava no meio do último exercício, e ele
a reconheceu com um pequeno lampejo de constrangimento por não tê-la
detectado, estivera focado demais em sua tarefa.
Ela era vários centímetros mais alta do que ele, três ou quatro anos mais
velha, e ruiva, com os seus longos cabelos um tom mais acobreado do que
os da mãe dele. Ela se aproximou enquanto as bolas continuavam a rolar
pra fora do salão.
— Olá.
— Olá. — Ben retornou o sabre de luz para o gancho no cinto.
Ela esticou a mão.
— Sou Seha. Seha Dorvald.
— Eu sei. — Ele apertou a mão dela. — Eu já...
Havia algo na mão dela, algo pequeno e retangular, um cartão de algum
tipo, mas a expressão dela não mudou; ela não reconhecia que acabara de
entregar algo para ele.
Um pequeno arrepio passou por Ben. Ele sabia o porquê. Primeiro, ela
era muito bonita e estava falando com ele. Segundo, ela acabara de fazer
algo furtivo. Ele se perguntava o que tinha no cartão, instruções para
encontrá-la em algum lugar? Uma comunicação do governo de Corellia,
implorando a sua ajuda para resolver a crise militar? Uma oferta de
suborno? Ele acabara de sair de uma sessão de treino direto para um
holonovela, e ele sentia a transição profundamente.
— Eu já a vi por aí. — ele terminou, tentando não gaguejar. — Eu sou
Ben Skywalker.
— Eu sei. — Ela soltou a mão, deixando o cartão na dele. — Eu só
queria dizer...
Guardo o cartão no bolso agora? Não, se alguém estiver observando,
isso pode chamar atenção para o fato dela ter me entregado algo. E se ela
está me entregando algo dessa maneira, ela pensa que alguém está
observando. Ben deixou a mão cair de lado e esperou que a sua postura
estivesse natural.
— ... que achei a coisa de achatar a bola bem criativa, e me
perguntava...
Precisava ir para os seus aposentos e descobrir o que tinha no cartão.
Apesar de querer também ficar ali e olhar para ela por alguns dias. Era
muito difícil para ele se concentrar nas palavras de Seha.
— ... se você se importaria se, você sabe, eu meio que roubasse a sua
técnica para a minha próxima sessão.
Cerca de quarenta respostas diferentes rugiram no cérebro de Ben.
Claro. Você é muito bonita. Se você ainda faz esses exercícios, você
começou tarde como eu? Seu sotaque é da cidade baixa, mas você fala
como se tivesse sido educada.
Como Jacen responderia a pergunta dela?
O último pensamento permitiu a Ben clarear a sua mente. Ele analisara
a pergunta dela, instantaneamente descobrindo as consequências, e
acalmando-se.
— Eu ficaria, um... — Qual era a palavra? — ... honrado. — Mas antes
da última palavra deixar os seus lábios, uma possível consequência lhe
ocorreu. — Mas você provavelmente não quer fazer isso.
— Por que não? — Ela não parecia ofendida, apenas curiosa.
Ben gesticulou para a entrada.
— O droide tem um programa de aprendizado. Encontrará ou pedirá
uma nova programação para contra-atacar a tática com o achatamento.
Então se você fizer isso, você também precisa descobrir o que ele fará, e se
preparar para aquilo, também.
— Bem pensado. Farei isso. Você é esperto, também.
Também? Em adição ao quê?
— Eu estava me perguntando sobre a sua trança. — Ela apontou para a
estreita trança que balançava de seu escalpo, especialmente óbvia em
contraste com o seu corte de cabelo. Estava agora envolta em seu ombro. —
Isso é um pouco antiquado, não? A ordem ainda faz isso em algum lugar?
Ben balançou a cabeça.
— Não, só eu. — Ele não tinha certeza porque a deixara crescer, só para
ter algo seu, talvez, algo para separá-lo de seus pais famosos. Não tinha
certeza de como dizer isso de uma maneira que não soasse infantil ou
egoísta. — É meu hábito.
— Eu acho espiritual. De qualquer forma, preciso ir para minha
próxima aula. Foi legal conhecer você.
— Igualmente. — Ele a observou sair, sentindo que deveria estar tão
vermelho quanto o cabelo dela, e finalmente guardou o cartão que ela lhe
dera em seu cinto, esperando que a ação não parecesse óbvia para olhos
ocultos.
Em adição ao quê?

Na caminhada de volta para os seus aposentos, pensou sobre o que fazer.


O fato de Seha parecer pensar que ela, ou ele, ou ambos poderiam ser
observados o incomodava. O pai e a mãe mandaram me vigiar? Aquela
pergunta deixou um gosto azedo em sua mente. Ou será alguém vigiando
Seha? Mas se for eu a pessoa vigiada, como eu descubro o que tem no
cartão?
Não em um computador do Templo. Pode estar monitorado. Pensando
nisso, então todo datapad capaz de transmitir e receber também poderia,
mas um datapad sem um comunicador estaria seguro, se ele pudesse
encontrar um.
Ou fazer um.
Parou em uma brinquedoteca montada para Rontos, estudantes três ou
cinco anos mais jovens que Ben. Não havia crianças ou adultos presentes,
mas haviam jogos e brinquedos espalhados aqui e ali entre as cadeiras
macias e outros itens de mobília de cores brilhantes.
Como sabia que teria, haviam datapads, a maioria deles com controles
grandes apropriados para dedos menores e mais desajeitados, e um deles
tinha um fone de ouvido. Ele o pegou.
Entrou em um armário usado para guardar material de limpeza. De pé
na estreita fenda entre as prateleiras contendo garrafas de cheiro pungente e
recipientes de plastaço, ele abriu o datapad e rapidamente removeu o seu
chip de comunicação. Sentiu-se nervoso fazendo isso em algum lugar do
Templo, mas ele não pensava que, mesmo se estivesse sob quase constante
observação, eles poderiam ter colocado holocâmeras em todo lugar. Não
em um armário de materiais de limpeza. Com certeza não.
em os seus aposentos, ele moveu uma cadeira para que pudesse se
sentar de costas para um canto. Fez uma demonstração exagerada ao
selecionar um cartão de jogos de sua pequena coleção de entretenimento;
quando estava sentado, segurou o cartão de jogo e inseriu o de Seha em vez
dele. Então colocou o fone de ouvido e acessou o cartão.
O logo da Guarda da Aliança Galáctica apareceu com uma breve
mensagem: AGENTE ESPECIAL BEN SKYWALKER, DIGITE O CÓDIGO DE ACESSO.
Ben digitou a senha que usava nos escritórios da GAG para acessar as
mensagens e as ordens.
A mensagem mudou, dizendo: MODO DE SOM PARA AMBIENTES SEGUROS OU DE TEXTO
PARA ÁREAS MAIS PÚBLICAS?
Escolheu som.
A tela tremeluziu, e a imagem de Jacen apareceu.
— Ben. — Jacen disse, com a sua voz um pouco fraca pelos fones de
ouvido, — isso é importante. Memorize a informação nesse cartão.
Reproduza novamente se necessário. Uma vez que estiver certo de que a
memorizou, destrua o chip. Não, simplesmente quebre-o, destrua-o
completamente. — Ele fez uma pausa, como se estivesse dando tempo para
Ben absorver a seriedade de suas palavras.
Ben sentiu aquele arrepio novamente. Isso é real, isso é importante. E...
isso significa que Seha está trabalhando com Jacen! Ela é uma aliada!
— Eu preciso enviar você em uma missão. — Jacen continuou. —
Você, especificamente, porque tem de ser alguém com os interesses da
GAG, com os meus interesses, em mente, alguém que é sensível com a
Força, e alguém que já provou poder trabalhar sozinho. Isso significa você
ou eu, e eu não posso deixar as minhas funções dessa vez. Desculpe-me por
interromper o seu treinamento e ainda mais por isso poder causar atrito
entre você e os seus pais, mas eu os farei entender que isso foi tudo ideia
minha.
— Aqui vai o núcleo da missão. Lembre-se disso, para que se algo der
errado com os detalhes da operação que eu lhe der, você se lembrará do que
é mais importante. Você deve adquirir o Amuleto de Kalara e secretamente
trazê-lo pra mim.
A imagem alternou para uma tela com dados planetários padrão, com o
nome ALMANIA no topo. A voz de Jacen continuou:
— O Amuleto está no planeta Almania, nos escritórios planetários da
Armas Tendrando. Ele reside em uma vitrine no ducentésimo décimo quinto
andar de sua sede. A segurança do prédio não é nada especial, já que é
compartilhado por centenas de diferentes firmas, e a segurança da vitrine
também é pobre, porque o dono não sabe o que possui.
A imagem mudou para uma visão de perto de uma joia pendendo de
uma corrente prateada. A joia era cinza e oval, a sua superfície era nodosa e
com textura em vez de lisa. No centro da face estava uma barra vertical de
alguma gema parecida com rubi, flanqueada por lustrosas pedras
semipreciosas negras. O efeito era como olhar para um olho felino prateado
com uma pupila em fenda vermelha.
— Esse é o Amuleto de Kalara. — Jacen continuou. — Agora algo
importante. Ben, se isso cair nas mãos de alguém sensível à Força que sabe
os segredos de sua ativação, estamos com problemas. Porque enquanto a tal
pessoa que o tenha ativado, ela ficará invisível na Força. Mesmo o seu uso
da Força estará invisível para outros usuários da Força.
— Pense sobre o que isso significa. Ele será como um dos guerreiros
Yuuzhan Vong, mas pode ser uma pessoa normal, humano, Rodiano, Bith, o
que for. Ele seria um perigo tremendo para os seus pais, para a Ordem, pra
mim, pra todos e tudo.
— Se você encontrar o amuleto na vitrine, maravilha. Daremos a você
um substituto para deixar no lugar do verdadeiro. Missão cumprida.
— Mas se alguém colocar as mãos nele... — A Imagem voltou para
Jacen, e ele estava ainda mais sério do que antes. — Você deve presumir
que ele sabe o seu segredo, que ele é um Jedi Sombrio poderoso ou outro
sensitivo à Força, e que pode ativá-lo a qualquer momento. Ben, você
precisa eliminá-lo antes que ele elimine você. Eu sinto muito, mas é a
verdade.
Ben sentiu um peso em seu estômago. O que Jacen sugeria poderia soar
como, sob as circunstâncias certas, assassinato, mas se o amuleto era o que
Jacen dizia, ele precisava ser colocado nas mãos certas. Precisava ser.
— Então. Em qualquer momento nas próximas duas noites, você precisa
visitar o quarto andar do vestiário do Templo. Abra o armário mais à
esquerda, combinação seis-oito-seis, e remova o pacote de roupas e itens
lá...
Capítulo Nove

Vestido em trajes discretos cor de ferrugem e uma capa de chuva de viagem


verde que não lembrava nenhum manto Jedi, Ben fechou o armário, apertou
o botão para trancá-lo novamente, e deixou o sabre de luz em um bolso no
cinto. Forçou os ombros pra baixo. Estivera nervoso desde que entrara na
câmara, preocupado que alguém poderia entrar e encontrá-lo enquanto se
trocava, mas não acontecera. Escolhera a hora mais silenciosa da noite, e
escolhera corretamente.
Foi até a abertura do duto da lavanderia. Era larga o bastante para
acomodar os sacos cheios de roupas sujas, rotulados com os nomes de seus
donos, que eram entregues às instalações da lavanderia. Isso significava que
era grande o bastante para crianças, também. Haviam rumores de que as
crianças não conseguiam atravessar os dutos até as instalações da
lavanderia automatizadas, mas exatamente como elas eram impedidas de
descer era um mistério; aprendizes que tentaram contavam histórias
mutualmente contraditórias de tubos gordurosos, defensores robóticos com
apêndices em seus braços para eletrocutar ou fazer cócegas, câmaras no
formato de barris que giravam os ofensores até passarem mal, sermões
severos e tarefas extras.
Ben puxou a alavanca, abrindo o cilindro no qual os sacos eram
colocados, e se arrastou pra dentro. Era um encaixe apertado. Com treze
anos, quase quatorze, era fisicamente um pouco grande para tal feito. Usou
o peso de seu corpo para fechar o cilindro, o qual abriu o duto de acesso
imediatamente embaixo dele. Apoiando-se com braços e pernas para não
cair, puxou um bastão luminoso e espreitou as profundezas.
— Isso é um duto, com certeza. — ele disse. Era um buraco quadrado
de plastaço levando para as profundezas do Templo.
Manobrou a si mesmo para entrar no duto com os pés e os apoiou nas
paredes. Então ele focou a sua atenção no que estava fazendo, chamando a
Força para permitir-se ditar a quantidade exata de fricção que os seus pés
experimentariam contra as laterais do duto.
E desceu.
Não mais caiu do que desceu em uma derrapagem controlada. Enquanto
descia, podia ver as bordas dos painéis individuais de plastaço que
compunham o duto.
Passou por um sensor. O que teria sentido? Perguntou-se. Nada no
momento, Seha ou algum outro aliado de Jacen o teria desativado.
Embaixo dele, viu pedaços desbotados ao longo das laterais do tubo.
Aumentou a fricção para desacelerar e passar por eles no ritmo de um inseto
rastejando.
De um lado estava um painel com uma dobradiça na parte de baixo.
Cutucou-o enquanto passava, o painel se abriu livremente, então se fechou
novamente.
Diretamente oposto a ele estava inserida uma unidade repulsora
pequena, mas comum, do tipo que poderia ser encontrada na parte debaixo
de uma cadeira ou maca flutuante.
Assentiu. Isso fazia sentido. O sensor deveria detectar densidade ou
massa. Se algo que descesse fosse denso demais, garotos e garotas feitos de
material mais denso do que sacos cheios de roupas sujas, então o repulsor
seria ativado, empurrando a criança para um duto lateral, provavelmente
levando ele ou ela até uma cela e notificando os Mestres apropriados a
cargo das punições, sermões e tarefas.
Ben passou deslizando por ele e aumentou a velocidade.
Abaixo estava um pequeno quadrado de luz, e estava aumentando. O
fim do duto. Derrapou até parar silenciosamente quando ainda estava a dois
metros acima do fim.
Ar quente subiu passando por ele, e ouviu o zumbido e tilintar de
maquinário. Três metros abaixo do fim do duto estava um chão liso de
permacreto escurecido pelo uso com vários sacos de roupa repousando em
uma pilha.
Enquanto Ben assistia, um carrinho rolou à vista, empurrado por um
droide prateado comum. O droide pegou os sacos e os jogou no carrinho,
então empurrou o transportador para longe.
Estendendo os seus sentidos através da Força, Ben pôde detectar os
movimentos do droide, mas não conseguia sentir mais nada se movendo nas
proximidades imediatas. Desceu os últimos cinco metros, rolou quando
atingiu o permacreto, e ficou de pé silenciosamente.
Em uma direção, com o droide se retirando; na outra, nenhum
observador. Para qualquer lado, ele olhava para um corredor de acesso sem
decoração, maquinário ou caixotes de armazenamento empilhados aqui e ali
contra uma parede; geralmente não havia nada escondendo o cinzento sem
graça das superfícies. Os bastões luminosos instalados no teto, amplamente
separados e oferecendo uma luz fraca, criavam uma aparência ainda mais
deprimente.
Pelas instruções de Jacen, Ben virou para a direita e correu
silenciosamente naquela direção. Logo, o corredor principal fazia uma
curva de noventa graus para a esquerda, mas havia uma porta na parede lá;
de metal pesado com uma borda de duraço de aparência imponente, era
rotulada como ACESSO DE EVACUAÇÃO DE EMERGÊNCIA. USE APENAS EM CASO DE EMERGÊNCIA. A
SEGURANÇA DO TEMPLO SERÁ ALERTADA.

Apenas em caso de emergência. Bom, a galáxia inteira estava


enfrentando um período de emergência. Ben empurrou o painel de metal
que constituía a abertura mecânica, para ser usada em casos de falha na
energia, e sentiu os seus ombros arquearem enquanto antecipava
inconscientemente um alarme ativando-se.
Mas nenhum veio. Seha fizera bem o seu trabalho. A porta se abriu
suavemente para um corredor bem curto de permacreto, as luzes apagadas e
havia uma porta idêntica do outro lado, cinco metros de distância.
Ben, responsavelmente, fechou a primeira porta atrás dele, certificando-
se de que o fez corretamente. Podia estar desobedecendo os desejos de seu
pai, mas isso não era desculpa para expor o Templo Jedi a uma possível
invasão de um inimigo. A Ordem tinha inimigos, como a mulher que o seu
pai continuava a mencionar, Lumiya.
A segunda porta se abriu sem ativar um alarme, mas o som banhou Ben
de qualquer forma, e ar quente e pesado, estava chovendo, pingos
individuais faziam barulho na superfície acima de sua cabeça. Nos
momentos antes de seus olhos se ajustarem, ele pôde ver as luzes do fluxo
de trânsito à direita, mas estavam quebradas, desconectadas de alguma
forma. Ele apagou o seu bastão luminoso e fechou essa porta, também.
Quando os seus olhos se ajustaram, ele se descobriu em uma estranha
estrutura de duraço, longa e estreita como um corredor. O chão e teto eram
de chapas metálicas, mas as laterais eram, na maior parte, barras de metal
com intervalos pequenos entre elas. Através dos intervalos a esquerda, ele
podia ver apenas um revestimento de pedra, provavelmente o exterior do
Templo; à direita estava a escuridão e a paisagem urbana de Coruscant.
Em silêncio, se moveu na direção do fim desse pseudo corredor e podia
senti-lo balançar levemente sob os seus pés. Ao final, seu propósito se
tornou evidente. Lá ele encontrou um grupo de controles mecânicos, vários
conjuntos de engrenagens para girar. Levou a ele apenas alguns segundos
para descobrir as suas funções.
Aquele era um acesso telescópico. Uma engrenagem o faria se estender
até o comprimento máximo, e enquanto se estendia, as barras de metal ao
longo afinariam. Outras engrenagens permitiam ao controlador mudar o
ângulo ao qual o acesso era afixado ao Templo, pra cima, pra baixo, pra a
direita ou esquerda. O uso atencioso dos controles permitiria aos operadores
colocá-lo no fim de algum andar mais baixo do prédio do Templo ou esticá-
lo na direção de uma pista de tráfego, possibilitando às speeders de resgate
pegarem aqueles fugindo do prédio em caso de incêndio ou invasão.
Ben girou a engrenagem que abria a porta ao fim. Ele parou na rampa
de saída e olhou pra baixo. Abaixo estava a parede exterior do Templo,
quase incaracterística desse ponto, deslizando ligeiramente na direção das
profundezas da Cidade Galáctica.
Tudo o que precisava fazer era descer, encontrar transporte para um
espaçoporto menor quatrocentos quilômetros de distância, apresentar a
documentação falsa que o aguardara com as suas novas roupas no armário,
e embarcar em um transporte decadente de excursão destinado a Almania.
Fácil.

SISTEMA KUAT, NA COMANDANTE DO AMOR

— Estabeleça comunicações. — Lando disse.


— Eu realmente acho. — Leia disse. — que você está deixando essa
coisa de "capitão" subir à cabeça.
Lando deu um olhar longo e pensativo pra ela.
— Você está certa. Querida Leia, amiga de décadas, nobre Cavaleira
Jedi, por favor faça mais um favor pra esse velho, velho homem antes de
seu espírito vital deixar o seu corpo enfraquecido...
Ela deu a ele um longo e sofrido olhar.
— Esqueça que eu disse qualquer coisa. Pronta pra transmitir...
— Não, não isso. Eu quis dizer, venha morar comigo. Tendra
entenderia, tenho certeza.
Ela suspirou.
— Sim, Han, você pode atirar nele.
— Nunca pensaria nisso. — seu marido disse. — Se eu atirar nele
agora, nunca descobrirei o quão fundo em problemas ele pode se colocar.
— Pronta pra transmitir... agora. — Leia disse, e pressionou um
interruptor no painel de comunicação.
— Aqui é Bescat Offdurmin, mestre da Comandante do Amooor. —
Lando disse. — se aproximando da Aventura Errante. Você me ouve,
Aventura? Câmbio.
— Aqui fala a Coordenação de voo da Aventura Errante, Comandante
do Amor. Ouvimos você. — Na tela de Lando, a visão distante da Aventura
Errante, o único Star Destroier da galáxia a portar uma pintura vermelha
lúgubre, desapareceu e foi substituída pelo rosto de uma jovem mulher
Twi'lek. Estreitas linhas laranja e amarelas foram aplicadas artisticamente
em seu lekku, e a parte de cima de suas roupas, visíveis na parte inferior da
tela, sugeriam que ela vestia um vestido de noite preto ao invés do uniforme
da nave.
— Temos uma reserva e pouso autorizados. Comandante do Amooor e o
Esquadrão da Diversão de palhaços.
A mulher olhou pra baixo, presumivelmente para uma tela de dados.
— Se assim você diz. Estão liberados para pouso... — A voz dela
diminuiu e ela olhou novamente, obviamente não preparada para o que viu.
— No Hangar Bandeira. Enviarei um sinal de orientação para a sua
frequência, agora.
— Obrigado.
A Twi'lek sorriu e a tela escureceu.
— O que é um hangar bandeira? — Lando perguntou.
— A Aventura é um antigo Star Destroier Imperial. — Han disse, dando
de ombros. — Comissariado como Virulência.
— Sei disso. — Lando disse. — Bom, exceto que esqueci o nome
original.
— Sempre que um DEI servia como nau capitânia para uma força tarefa
ou frota. — Han continuou. — o almirante comandante estaria a bordo, com
os seus próprios aposentos e hangar particular. O qual era chamado de
hangar bandeira.
— Ah. — Lando assentiu sabiamente. — Então, Han, velho amigo,
quanto tempo faz desde que a sua educação da Academia foi útil?
— Agora. — Han disse. — eu vou atirar nele.

ZONA DE EXCLUSÃO CORELLIANA, ANAKIN SOLO, SALÃO DE


COMANDO

Na transmissão de holocomunicação Luke parecia sereno como sempre,


mas, mesmo assim, Jacen podia sentir que o Grão-Mestre estava
impaciente, perturbado.
Mara, ao lado dele, não se importou em esconder. A sua expressão era
uma mistura de preocupação e raiva.
Sem rodeios, Luke disse:
— Jacen, onde está o Ben?
Jacen olhou pra ele confuso.
— Posso concluir dessa questão que ele não está onde deveria.
Luke assentiu.
— Correto. Eu notei que não respondeu a minha pergunta diretamente.
Jacen sentiu um lampejo de raiva, como Luke ousava presumir que ele
escondia alguma coisa? O fato que ele escondia não entrava no mérito das
coisas. Luke precisava tratá-lo com mais respeito. Era uma lição que ele se
certificaria de que Luke aprenderia. Isso seria em breve, ele esperava.
— Você vê tramas de conversas em cada discussão, Luke? — A maneira
com a qual ele falou o nome do Grão-Mestre era uma forma de insulto. —
Tudo bem, então, deixe-me ser absolutamente claro. Eu não sei onde Ben
está. — Isso era verdade; Lumiya estava monitorando a missão de Ben, não
Jacen.
Mesmo se Jacen estivesse mentindo, tinha certeza que Luke não seria
capaz de detectar. Jacen era experiente em ocultar os seus sentimentos e
emoções verdadeiros por um longo, longo período. Ele ficara ainda melhor
sob a tutela de Lumiya.
Luke ficou em silêncio por um longo momento. Finalmente, disse:
— Desculpe-me, mas estamos preocupados. Desapareceu do Templo e
não conseguimos encontrar qualquer sinal de para onde ele foi.
— Você pode senti-lo na Força?
— Sim, mas isso não significa que ele esteja seguro. Apenas que está
vivo. Em algum lugar. E não por perto.
Jacen suspirou.
— Ele é velho demais para fugir de casa assim. O meu palpite é que ele
ressente o fato de vocês tirá-lo de mim. E vocês sabem, isso sugere que
vocês estavam certos. Se ele fez algo assim, ele pode não ser maduro o
bastante para ser meu aprendiz, pelo menos ainda não.
Luke e Mara trocaram um rápido olhar. Parecia uma troca neutra, mas
Jacen podia lê-la como se fosse uma grande manchete de notícia: eles foram
pegos de surpresa por sua admissão de que poderiam estar certos o tempo
todo. Exultou-se com o seu poder para posicionar a emoção deles.
Mara disse:
— Ele se comunicou com você nos últimos dias?
Jacen balançou a cabeça.
— Eu recebi uma mensagem de texto dele explicando algumas maneiras
como ele planejava fazer Luke "mover o pé" no treino. Foi a última vez que
tive notícias dele. É claro. — ele acrescentou. — se ele fugiu de casa e se
encontrar um lugar para sair do planeta, ele provavelmente virá aqui. Até
mim. Se isso acontecer, presumo que queiram que eu o envie de volta
imediatamente.
— Isso mesmo. — Mara disse. — E mesmo se ele não aparecer ai, se
você descobrir qualquer coisa sobre onde ele possa estar...
— Eu transmitirei a vocês instantaneamente. — Jacen prometeu.
— Obrigado, Jacen. — Luke acenou para algo fora do alcance da visão
da holocâmera, e ele e Mara desapareceram.
Jacen sorriu. Fazer as pessoas pensarem e sentirem o que ele queria,
mesmo sem recorrer à Força, estava ficando cada vez mais fácil... mesmo
com sujeitos difíceis como o poderoso Luke Skywalker.

SISTEMA KUAT, NA AAVENTURA ERRANTE


A Comandante do Amor seguiu a Pulsar Skate até o Hangar Bandeira, com
as duas X-Wings seguindo na retaguarda. Esperando nas portas que
levavam pra fora do hangar estava Booster Terrik.
O velho homem certamente não diminuíra com a idade, Han decidiu.
Corpulento e com a barba grisalha, ele pairava em uma cadeira flutuante tão
maciça quanto a dianteira de uma airspeeder, mas ele se levantou da cadeira
enquanto a rampa de acesso da Skate descia e Mirax desceu correndo. Ele
podia ser velho para andar longas distâncias, mas certamente não seria visto
sentado ao reunir-se com a sua filha.
Lando, Han e Leia estavam no fim da linha das saudações. Wedge, Iella
e Myri também abraçaram o velho. Han e Leia apertaram a sua mão.
Corran, o genro de Booster, foi o último a se aproximar e fez o mesmo, a
sua expressão arrependida sugeria que ele ainda não se perdoara por vir a
gostar de Booster.
Booster finalmente se sentou novamente e fixou um olhar em Corran.
— Mas você não trouxe os meus netos.
Corran cruzou os braços.
— Eles estão espalhados pelos quatro cantos da galáxia em assuntos
Jedi. Não é culpa minha.
— Humpf. — O velho fixou o olhar em Mirax. — O meu marido ainda
não sabe matemática básica. Você não pode espalhar duas crianças pelos
quatro cantos.
O sorriso de Mirax cresceu.
— Jedi pensam que todo mundo pode ser dividido em frações. Qual é,
pai. Precisamos conversar.

Eles se instalaram em uma sala de conferência particular a apenas alguns


passos do Hangar Bandeira. O aparador preto reluzente fora arrumado com
petiscos, bebidas alcoólicas e não-alcoólicas e baralhos fechados de sabacc
com imagens holográficas da Aventura Errante no verso das cartas. A
maioria das pessoas presentes se contentou com a comida e bebidas sem
álcool, mas Myri pegou um baralho de sabacc e praticou embaralhar e
empilhar o baralho, e empalmar as cartas. Leia assistiu as técnicas
sofisticadas com as cartas por alguns segundos antes de voltar a atenção
para os outros.
— Então. — Booster disse, e apontou para Han e Leia. — Todo mundo
na galáxia quer prender vocês dois. Exceto os Hapan, alguns dos quais
querem investigá-los e outros querem simplesmente matá-los. Vocês vão
acabar explodindo a Aventura?
— Qual é o problema? — Han perguntou, com a sua voz provocando.
— Nenhuma simpatia com alguém que todos estão perseguindo?
Booster bufou.
— Boa resposta. — Leia sabia que ele fora um contrabandista antes dela
nascer, e fora procurado por seus crimes tanto pela Segurança Corelliana
quanto pelo Império. O pai de Corran, o agente da SegCor Hal Horn,
prendera-o, e o homem passara anos na prisão de mineração em Kessel.
Nessa época ele mudara, legitimara-se... tanto quanto Han Solo. — Tudo
bem. — Booster continuou. — Sobre o que é tudo isso?
— Tenho certeza de que sabe todos os fatos públicos sobre a guerra
entre Corellia e AG. — Wedge disse. — Estou igualmente certo de que está
pensando nas probabilidades.
Booster assentiu.
— Quando a sua cerimônia de aposentadoria foi transmitida, as
probabilidades foram de trinta e sete para uma para a conquista total de
Corellia, a menos que os Bothanos entrem em ação, nesse ponto ela vai de
quatorze pra um para uma conclusão negociada, com os Bothanos vendendo
os Corellianos e recebendo a parte rancorosa do acordo.
O rosto de Wedge se contorceu.
— Certo. De qualquer forma, os registros públicos não falam sobre o
fato de terem variáveis estranhas e inexplicáveis em ação aqui. As pressões
que levaram essa guerra a se tornar ambígua, são fáceis de identificar, mas
há cordas sendo puxadas que são mais difíceis de trazer em foco.
— Tais como. — Lando disse. — os esforços de diferentes grupos que
tirariam Han e Leia da equação. Pegue os assassinatos de políticos
Bothanos em Coruscant. Se fossem feitos pelos Corellianos para fazê-los
entrar na guerra, por que esses agentes não miraram também em algumas
figuras importantes como Cha Niathal para privar a AG de uma de suas
forças estratégicas, ou Jacen Solo por vingança por todos os Corellianos
presos? As coisas não batem.
Wedge disse:
— Os meus instintos me dizem que se você apostar em todas as forças
se alinhando para manter os Bothanos longe da guerra falharem, você terá
um bom retorno da aposta.
— Espere aí. — Booster disse. Ele falou para o braço direito de sua
cadeira. — Registre essa dica.
— Registrada. — a cadeira disse, com a sua voz a de um droide de
protocolo feminino.
— E então tem toda essa coisa com fantasmas aparecendo e
persuadindo pessoas antes racionais a fazerem coisas bem ruins. — Leia
disse. — Isso sugere veementemente um usuário da Força. Um do lado
sombrio, muito provavelmente, se o objetivo for ajudar à guerra acontecer.
— Se alguém está puxando as cordas. — Han disse. — esse rodder
provavelmente está em Corellia ou Coruscant. É onde a maioria dos
fantoches estão dançando. E estou falando de pessoas como Cal Omas e
Dur Gejjen sendo os fantoches.
— Nós somos meio que clandestinos no encontro Antilles e Horn com
você, Booster. — Leia disse. — Mas no voo até aqui. — ela olhou pra Han.
— chegamos à conclusão de que a Aventura Errante seria um recurso
incrível para juntar informação. Estacione-a no sistema Corelliano, onde há
milhares de militares agitados, ofereça apostas e entretenimento... pessoas
ficam bêbadas, falam mais livremente...
Han acrescentou:
— E não é como se houvesse uma grande perda financeira. Milhares de
militares agitados, como Leia disse.
Booster bufou.
— Você acha que estou tão velho para não notar mais as oportunidades
financeiras? Princesa, eu requisitei acesso à zona de exclusão Corelliana no
dia em que foi estabelecida. A AG vem ignorando o meu pedido desde
então.
Leia resistiu a urgência de se sentir ofendida. De alguma forma, quando
Booster usou a palavra Princesa, ele fez parecer um comentário sobre uma
garotinha mimada em vez de reconhecer o seu antigo título, mas recusou-se
a morder a isca. Simplesmente assentiu.
— Estou contente por não se opôr. Então agora tudo o que preciso fazer
é conseguir a aprovação de seu requerimento.
Booster deu um olhar duvidoso para ela.
— Porque você e o Capitão Faixas de Sangue aqui são muito amados
pelo governo no momento.
Leia o encarou de volta.
— Não. Porque Jacen Solo brande um grande sabre de luz com as
forças de bloqueio. E se Luke Skywalker disse a ele que deixar a Aventura
Errante se estabelecer lá é uma ideia terrível, Jacen provavelmente acelerá
a sua aprovação tão rápido que pensará que ele atrelou um motor de
hiperespaço nela. — Doía falar com tanto desdém das capacidades de
pensamento crítico de seu filho, mas, por algum tempo, se tornara óbvio
que Jacen não era totalmente lógico quando se tratava de seu
relacionamento com Luke. Jacen ressentia o tio e rejeitava o conselho de
Luke. Por mais doloroso que fosse, Leia agora achava útil explorar o fato.
— Hã. — Booster pensou sobre aquilo por um segundo, e então se
distraiu com a prestidigitação de Myri. — Tudo bem, garota, você pode
parar agora. Está contratada.
Myri congelou no meio do embaralhar, e olhou pra ele, com os olhos
arregalados.
— Hã?
— Você estava se candidatando para um trabalho. Certo?
Ela balançou a cabeça, confusa.
— Estava praticando. A mãe diz que é uma área onde sou fraca.
Booster tornou o olhar para Iella.
— Significa que você é melhor do que a sua filha nisso.
Ambas as mulheres assentiram.
— Tudo bem, então. — Booster disse. — Iella, você está contratada,
também.
Iella sorriu.
— Só se conseguimos a aprovação de Corellia, mas se conseguirmos,
Myri e eu trabalharemos de graça.
— Ei. — Myri protestou.
— Bom, pelas gorjetas.
— Feito. — Booster disse. Ele se virou para Leia. — E feito. Fale com
o seu irmão. E enquanto estamos esperando pela aprovação na qual você
tem tanta confiança, coloquem uma tinta ou pelo falso nesses rostos
superfamosos de vocês e aproveitem a estada a bordo da Aventura Errante.
— Ele sorriu quase benignamente. — Gastem à vontade. Deem gorjetas aos
anfitriões e anfitriãs.

CORUSCANT, TORRE DE APARTAMENTOS ZORP

— Você tem certeza. — Mara disse.


O Neimoidiano deu a ela um meio aceno, apropriado para um
reconhecimento em Coruscant, mas insultante deficiente em mundos onde
os ângulos precisos de tal gesto diziam muito sobre a intenção e atitude de
alguém.
— Absoluta. — ele disse, com o seu discurso temperado com a
musicalidade de sua língua nativa. — Como sempre, eu cooperei
completamente com a Ordem Jedi, com a Guarda da Aliança Galáctica,
com...
— Com qualquer um que pague. — Luke disse. — E você foi bem
pago.
— Eu recebi uma boa promessa. — o Neimoidiano respondeu. —
Ainda não recebi.
— Então nos mostre. — Mara disse.
O Neimoidiano pressionou uma sequência de botões no painel de
controle do turboelevador. A sua tela de situação alternou de TÉRREO para 1;
então os números começaram a aumentar conforme o elevador subia. Mara
sentiu o carro acelerando, mas turboelevadores em edifícios residenciais tão
luxuosos quanto aquele possuíam pequenos compensadores de inércia para
fazer confortáveis subidas e descidas rápidas.
— Quando você me contatou. — o Neimoidiano disse, — você pediu
pelos registros de comunicação dos aposentos de sua suspeita, e outras
anomalias nas gravações de segurança.
Mara assentiu. Semanas antes, um meticuloso trabalho da polícia
rastreando do local do assassinato da Mestra Jedi Tresina Lobi levara até
esse prédio e a descoberta de que a Lady Sith Lumiya fora uma das
assassinas. Ainda menos bem-vindo foi o fato, obtido pela investigação dos
aposentos, que Lumiya possuía um forte vínculo com a Guarda da Aliança
Galáctica. Essa revelação jogara mais suspeitas em Jacen, o comandante
operacional da Guarda.
— Os investigadores e a GAG levaram tudo dos aposentos dela. — o
Neimoidiano disse. O turboelevador parou no 288º andar. As suas portas se
abriram para um amplo corredor alinhado com paredes que reluziam como
pedras preciosas. O Neimoidiano saiu do elevador, e os Jedi o seguiram. —
Eles também levaram registros da sala de segurança, registros, datapads
particulares, blasters registrados legalmente e dispositivos de imobilização,
um droide criado, comida...
— Sim, sim. — Luke não soou impaciente, mas ele não teria
interrompido se não estivesse. — Mas você encontrou alguma coisa de
qualquer forma.
— É claro. Nós tínhamos backup de todos os registros de segurança. E
eu descobri que a comunicação mais frequente da suspeita através do
sistema de comunicação do prédio era para si mesma, de uma unidade
instalada para uma segunda unidade.
Mara deu de ombros.
— Uma prática comum em círculos de inteligência. Ela teria sensores
fixados ao comunicador dela, medindo ruído, resistência e assim por diante,
para determinar se a unidade ou as linhas de comunicação estivessem
grampeadas.
— Ah. — Nessa única palavra, o Neimoidiano exprimiu uma tremenda
quantidade de autodepreciação. — Nem tanto. — Ele os guiou pelo
corredor cintilante, passando por dois pares de portas duplas residenciais, e
parou em frente a uma porta menor, sem marcas. Ergueu um datapad e
digitou um número. A porta se abriu com um uooch baixinho, indicando
que uma vedação fora rompida, e ar mais quente banhou os Jedi.
O Neimoidiano empurrou a porta. O cômodo além dela estava escuro
até bastões luminosos acima se acenderem, iluminando uma câmara estreita
alinhada com bens estocados: soluções de limpeza, droides-rato
desativados, caixas com partes eletrônicas substitutas.
— Vejam, três horas atrás, eu conectei novos comunicadores às tomadas
de comunicação dela e enviei uma mensagem de um para o outro. Ela
nunca chegou. No entanto, ao enviar a mensagem do segundo para o
primeiro, essa chegou.
— Ah. — Mara deu a ele um leve sorriso, o primeiro sinal de aprovação
que dera a ele. — E aqui é onde a interceptação ocorria.
— Eu não toquei em nada. — ele disse. — Eu lembro do que disseram
sobre armadilhas. Bombas. Veneno. — Deu de ombros. — Eu deixei pra
vocês.
— Onde é?
— Antes de dizer a vocês, eu queria ir embora. Ter uma vantagem, caso
vocês desencadeiem um evento infeliz. E antes de sair, desejo ser pago.
Porque se morrerem, nunca serei recompensado por meus esforços.
Mara trocou um olhar com Luke, confirmando que ela, também, não
detectara sinais de mentira na história do Neimoidiano.
Luke pegou um cartão de créditos do bolso e o entregou.
— Trinta segundos. — ele disse.
O Neimoidiano deu o meio aceno novamente.
— Em antecipação ao tempo apertado, deixei o turboelevador no modo
de espera. — Ele apontou pra cima, para o topo das prateleiras acima da
cabeça de Luke, e então ele se virou e correu.
Luke bufou, achando graça.
Mara saltou e, com um pequeno impulso de propulsão da Força,
aterrissou, sentada, na prateleira do topo.
O que o Neimoidiano encontrara era óbvio. Em sua busca, ele removera
o painel do teto que fornecia acesso para uma série de cabos de dados e
canos de água. Emendado em um desses cabos estava um datapad
disponível comercialmente. Mara pegou as suas ferramentas eletrônicas e
começou a trabalhar nele.
Luke permaneceu no chão.
— É uma armadilha?
— É claro. — Com luvas, pinças e ferramentas, ela já removera os
painéis exteriores do datapad. — O compartimento da bateria tem uma
menor do que o padrão, além de cargas explosivas, apenas o suficiente para
destruir o datapad e explodir a sua mão. — Tardiamente, ela sentiu uma
pontinha de simpatia e olhou pra baixo até o seu marido. — Oops, desculpe,
fazendeiro.
Luke olhou para a sua nova mão.
— Isso parece com uma quantia pequena para alguém tão dedicada a
exagerar como ela.
— É sim. — Ela voltou a atenção para o dispositivo. — Isso porque está
acompanhando de veneno. Trihexalon por baixo de uma camada bem fina
de vedante em spray. Que bom que não encostei nele. Estaria morta, a
bomba explodiria, o resto do veneno se tornaria gasoso, a explosão
invadiria o duto de ar, o duto atrairia o gás...
— Econômico.
— Consegui. Neutralizado. Agora... — Ela colocou os pacotes de
explosivos e veneno de lado, então agilmente cabeou o próprio datapad.
Após uma breve análise, ela disse: — Um simples interceptar e
redirecionar. Comunicações do três mil setecentos e doze alfa para três mil
setecentos e doze beta são interceptadas e redirecionadas, para negativo três
mil quatrocentos e treze.
— Porão nível três? Isso é no nível da base?
— Sim, ou bem perto. — Mara desconectou o seu datapad, recolocou o
painel sobre o dispositivo de Lumiya, e colocou os pacotes de explosivos e
veneno em um recipiente autovedante. Então, ferramentas e recipiente em
mãos, ela caiu ao chão. — Acho que precisamos ver outro conjunto de
aposentos.
Capítulo Dez

Os aposentos do nível térreo eram bem menos impressionantes do que


aqueles dos andares superiores. As paredes do corredor eram de plascreto
pintadas com um azul neutro e além disso, sem decoração; o teto era baixo;
as portas eram de um metal parecendo flimsi com grandes portinholas para
entrega de pacotes ao lado delas. Havia um cheiro nesse andar, um odor de
agente químico sanitizante, sugerindo uma tentativa da gerência em
combater vazamento de esgoto ou escoamento industrial.
Enquanto Mara realizava a sua checagem de eletrônicos na porta para os
aposentos suspeitos, Luke viu dois seres, um Gamorreano e um humano,
deixando outros conjuntos de aposentos. Ambos vestiam macacões azuis
estampados com o logo da torre de apartamentos Casa Zorp; eles mal
olharam para os Jedi antes de seguir na direção dos turboelevadores.
— Parece que esse andar abriga, principalmente, funcionários do
prédio. — Luke disse.
Mara assentiu.
— Principalmente ou completamente. O que me deixa a pergunta de
como Lumiya conseguiu um lugar aqui. Ela forjou uma identidade e
registro, o que certamente está dentro de suas capacidades, ou ela subornou
o síndico do prédio e foi só um pequeno detalhe que ele convenientemente
esqueceu? Oh, aqui vamos nós, para trás. — Ela se afastou da entrada, e
apesar de não sentir a presença de perigo, Luke fez o mesmo.
A porta deslizou para o lado com um barulho de raspagem sugerindo
que precisava ser realinhada ao trilho. Os Jedi esperaram um momento para
as armadilhas surgirem, então entraram cautelosamente.
Esse conjunto de aposentos não era um casebre, mas era primitivo. A
sala principal, quatro metros por cinco, abria-se, por uma passagem com
cortina, para um curto corredor; portas lá davam acesso a dois quartos, uma
cozinha com instalações mínimas e um banheiro. As paredes e teto eram do
mesmo azul que o corredor do lado de fora, e o chão era coberto por um
piso fino, macio e esbranquiçado, desgastado aqui e ali, mas limpo. Não
havia mobília além de uma esteira de dormir em um quarto e uma cadeira
na sala principal.
Luke e Mara se moviam cautelosamente de cômodo em cômodo,
inspecionando cada armário e gabinete, virando a cadeira, desaparafusando
painéis das paredes para ver se alguma coisa estava escondida.
Em um armário no quarto estavam dois macacões da torre de
apartamentos Casa Zorp do tamanho de Lumiya. Mara parou enquanto
olhava através deles. Luke viu as suas narinas abrindo, e então pegou os
trajes do armário, jogou-os no chão e se inclinou para estudar o fundo do
armário.
— Alguma coisa? — Luke perguntou.
— Um painel escondido ocultando um mecanismo de tranca. Eu acho
que o fundo inteiro do armário é uma passagem. Você?
— O diodo de alerta na portinhola de entregas estava desativado. Algo
foi entregue desde a última vez que ela esteve aqui... um cartão de dados.
— Vai em frente e dê uma olhada. Vou levar um ou dois minutos aqui.
Luke deslizou o cartão sem identificação no datapad e assistiu um
pedido de senha e algumas linhas de análise em texto apareceram na tela.
— Criptografado. — ele disse. — Precisaremos executá-lo em um
computador com decodificador.
A resposta de Mara soou como um palavrão Huttês abafado. Luke não
sabia se ela reagia à declaração dele ou a persistente relutância em abrir da
trava na qual ela trabalhava.
— E falando sobre criptografia. — ele continuou, — enquanto eu
recuperava o cartão de dados, recebi uma mensagem do sistema de
comunicações do Templo. Uma gravação criptografada de Leia.
Mara olhou pra ele, com as sobrancelhas levantadas.
— Como ela está?
— Mais ou menos, eu acho. Ela não mencionou Jacen ter atirado da
Anakin Solo e matado os seus guarda-costas. Ela mencionou que Han estava
voltando ao normal do tiro de blaster que levou.
— Bom.
— E ela me pediu para fazer algo. — Em poucas palavras, ele
descreveu o pedido de Leia sobre falar com Jacen a respeito da Aventura
Errante.
Mara voltou a atenção para o mecanismo de trava enquanto ela
considerava.
— Parece uma boa tática, mas se você fizer isso, conspirará com um
inimigo da AG. Eu sei como você gosta de manter as mãos limpas.
Ofereceu a ela uma pequena fungada desdenhosa.
— Han e Leia não são inimigos da AG, eles são suspeitos em uma
investigação. Se algum dia forem capturados e indiciados, serão liberados.
— Isso é verdade. Ultimamente o nosso sistema de justiça é
particularmente justo e racional.
— Também, chegar à verdade é sempre uma boa ideia... não importando
o quanto machuque. Além do mais, se você se encontrar precisando de
créditos, pode sempre me entregar pela recompensa.
Mara se virou novamente para sorrir para ele.
— Luke, você sempre sabe a coisa certa a se dizer.
— Eu sei.
Ela se virou e fez um ajuste final no mecanismo de trava.
— Ah, lá vamos nós. — Houve um leve ronco do armário e Mara
abruptamente dobrou-se para trás, flexível como uma ginasta, escorando-se
com a palma no chão.
Um dardo, se uma haste de um metro de comprimento de duraço polido
pudesse ser descrita como um dardo, voou do armário, passando sobre ela
na altura da cintura e enterrou-se na parede oposta.
O tom de Luke foi exatamente o mesmo que usaria se estivesse pedindo
uma refeição a qual não tinha interesse em comer:
— Cuidado, uma armadilha.
— Obrigada. — Mara se levantou.
A passagem no fundo do armário se abriu para escuridão e ar quente,
pungente com os odores da cidade baixa de Coruscant: flora nativa e de
Yuuzhan Vong, água parada, plascreto tão velho que tornava-se pó em
alguns pontos, esgoto distante.
Luke e Mara acenderam bastões luminosos e entraram. O acesso levava
para um túnel de reparos e serviços públicos; os Jedi exploraram por trinta
metros em uma direção, vinte na outra, apenas o bastante para confirmar
que as suas conexões para túneis maiores e mais utilizados estavam
bloqueadas por novos tampões de plascreto que pareciam sólidos, mas
apresentavam escotilhas engenhosamente texturizadas para parecer o
material que as cercava.
— Os meios particulares dela para sair e entrar no prédio. — Luke
disse. — Sobretudo uma rota de fuga, provavelmente, já que sabemos que
ela não a usou quando voltou aqui após matar Mestra Lobi.
— Mas saber isso não nos oferece nada. — Mara soava irritada. — É
melhor o cartão de dados nos dar algo. Ou nós visitamos o Neimoidiano e
pegamos o nosso dinheiro de volta.

TEMPLO JEDI DE CORUSCANT, SEDE DA FORÇA TAREFA ALEMA


RAR

Curiosamente, considerando o rígido militarismo de sua formação, Jag Fel


administrava a sua força tarefa bem informalmente, e havia horas quando
Jaina se contentava com o fato.
Como agora. A sala que Luke designara a eles era grande o bastante
para várias mesas, com telas do chão ao teto e outros equipamentos. Havia
até mesmo espaço para uma doca de speeder, se a sala fosse equipada com
uma escotilha para o exterior, e Jag o preenchera com equipamentos de
exercício. Hoje, tanto ele quanto Zekk estavam sem camisa, fazendo barra,
enquanto Jaina se sentava em um terminal e os assistia sorrateiramente.
A competição, e era uma competição, apesar de nenhum deles admitir,
era surpreendentemente equilibrada.
Zekk podia atrair a Força para impulsionar as suas reservas de
vitalidade, mas ele era mais alto e, apesar de magro, mais pesado do que
Jag, ele precisava de um esforço ligeiramente maior para realizar cada
subida. E ele ainda estava se recuperando de suas feridas. Cirurgia, bacta,
técnicas de cura Jedi e simples repouso faziam maravilhas, deixando uma
ampla cicatriz em seu tronco como a única evidência visível de sua lesão,
mas o dano não estava completamente curado.
Jag, mais baixo e mais compacto, estava em melhor forma, seus
músculos mais definidos, e apesar de não poder chamar a Força, ele podia
invocar a teimosia pela qual os seus ancestrais, os clãs Fel e Antilles, eram
conhecidos.
Jag parou com o queixo acima da barra.
— Então. O tempo passou e não vimos sinal de Alema. Acrescentamos
o nosso programa de monitoramento aos sistemas de segurança do Templo,
às partes do Prédio do Senado que permitiram, ao edifício onde os
Skywalkers mantêm o seu apartamento civil e outros lugares onde eles são
vistos ocasionalmente, e não tivemos uma única correspondência. Zekk,
estamos fazendo isso tudo errado.
— Deveríamos fazer abdominais então?
Jag fez uma careta pra ele, então desceu e começou mais dez repetições.
— Humor Jedi. Não, não foi isso o que quis dizer.
— Ele quis dizer. — Jaina disse. — que o tio Luke não é o atual alvo de
Alema; de outra maneira ela teria sido detectada. O que quer dizer que a
minha mãe é o alvo.
— Ah. — Zekk terminou a sua série, então desceu para o chão e pegou
uma toalha. — Então nós rastreamos a sua mãe.
Jaina balançou a cabeça.
— Se fosse assim tão fácil, Alema já teria feito.
Jag, grunhiu enquanto fazia mais uma série de dez, as quais o
colocariam, Jaina notou, exatamente e deliberadamente com dez a mais que
Zekk, assentiu, terminou a sua série e caiu para o chão.
— Precisamos instalar o software de monitoramento em lugares onde os
seus pais podem aparecer. Refúgios de contrabandistas, cassinos e pontos
de conflito, aqui, pela galáxia, até mesmo em Corellia. — Ele parou para
considerar essa última possibilidade. — Eu me pergunto se a Inteligência da
Aliança Galáctica poderia conseguir isso.
Uma corrente da ventilação na parede oposta carregou o ar até Jaina, e
ela torceu o nariz.
— A Inteligência não será necessária para descobrir de onde o cheiro
vem. Vocês dois precisam seguir para o banheiro e tomar um banho. Sem
colocar isso com delicadeza, vocês estão fedendo.
Jag olhou pra Zekk e indicou a porta.
— Depois de você.
— Não, depois de você.
— Sou menor, então estou fedendo menos. Uma conclusão lógica.
Depois de você.
Zekk franziu a testa, mas, obviamente não vendo maneira de contornar a
teimosia ou a posição superior de Jag, envolveu a toalha ao redor do
pescoço e saiu.
Jaina suspirou pra si. Zekk declarara que superara os seus sentimentos
por ela, mas quando se recuperou, ficara cada vez mais relutante em deixá-
la sozinha na companhia de Jag. Não precisava se incomodar. Jag
claramente a tolerava apenas porque era o seu trabalho; ele dissera isso a ela
no dia que Luke a designara a ele.
E ainda assim, desde o desconforto de seus primeiros encontros, ele
estava menos frio, as palavras dele menos punitivas. Perguntava-se se ele
começara a perdoá-la por seu papel em lhe tomar... bom, tudo. Sobre as
únicas coisas que ele ainda possuía, com o seu corpo e as suas habilidades...
... como se ela não sempre admirasse ambos...
Esmagou aquele pensamento intruso como se fosse um inseto na
cozinha. As coisas terminaram com Zekk, exceto a amizade e
companheirismo. As coisas terminaram com Jag, exceto pela cooperação
profissional e, esperava, um respeito que algum dia superaria o
ressentimento que ele sentia.
Estava farta de homens. Tinha sorte na guerra, azar no amor. E era a
Espada dos Jedi. Poderia levar uma vida inteira para descobrir o que aquilo
significava, qual era o seu destino, e não podia se permitir perder o seu foco
só porque estava tentada a saltar na direção de outro caso amoroso
condenado.
Percebeu Jag ainda parado, esperando.
— Há mais alguma coisa, Coronel? — Por dentro, estremeceu. Mesmo
aos ouvidos dela, ela soou desdenhosa, e se dirigiu a ele pela patente militar
que fora arrancada dela, como se ela tivesse a intenção de jogar sal na
ferida.
Jag jogou a toalha ao redor do pescoço, a mesma ação de Zekk, e
mostrou a ela um sorriso forçado.
— Coronel. Eu suponho que não, Jedi Solo. — Ele se virou e saiu da
sala.
Levantou-se para segui-lo, então parou. Não quis magoá-lo, ela herdara
a língua afiada da mãe, mas lhe faltava as habilidades diplomáticas que Leia
usava para mantê-la sob controle quando apropriado, mas talvez fosse
melhor assim.
Precisava mantê-lo afastado, mas ela não queria machucá-lo. Ela não
sabia como atingir os dois objetivos.
Nem mesmo sabia se ela queria atingir os dois objetivos, ou nenhum
deles. Algumas vezes queria machucá-lo. Algumas vezes não queria mantê-
lo afastado.
Maldito seja por ter ultrapassado a armadura dela.

RESIDÊNCIA PRESIDENCIAL DE COMMENOR

A holotransmissão era na imagem de uma mulher, uma bela mulher, com as


suas feições aristocráticas e refinadas na forma inata Hapan, quase ao ponto
do anonimato. Ela é uma Hapan genérica, Fyor Rodan disse a si mesmo, e
o pensamento assustador o deixou ainda mais desconfiado dela.
— Os seus Ministros da Guerra e Inteligência discutem e atrasam. — a
mulher dizia. Ela balançou a cabeça com triste empatia, fazendo os cachos
dourados dançarem. — Sabendo que a sua frota será dizimada pelas forças
da Aliança Galáctica se cometerem um deslize. E isso seria catastrófico,
mas atrasar também será desastroso. Corellia cairá em breve, e então atacar
será suicídio. Em breve a AG voltará a sua atenção para Commenor, para o
que ela vê como a traição de Corellia, e vocês cairão, também.
Rodan bufou.
— Você claramente é hábil em atravessar as camadas de desinformação
nas quais nos cercamos para impedir pessoas como você de tomar muito
nosso tempo, mas isso não torna as suas presunções corretas. Sim, o
governo de Commenor se manifestou contra a agressão da Aliança e a favor
da independência de Corellia. Isso não é um ato de guerra, como preparar
uma frota seria.
A mulher sem nome deu-lhe um sorriso levemente superior.
— Para um homem, você fez um trabalho soberbo ao instituir em
Commenor o tipo de governo que você defende para a Nova República.
Não há turbo canhões soltos como a Ordem Jedi rolando por aí em seus
conveses, mas o mesmo cuidado que o convenceu a manter os Jedi
afastados pode condená-lo agora. Apesar que não acredito nisso. Você é
esperto.
— Para um homem. — ele acrescentou, zombando.
— Para um homem. — Ela respondeu com o rosto sério. — Farei dois
favores a você. Estou transmitindo um pacote de dados que obtive de
minhas fontes dentro da Guarda da Aliança Galáctica. Favvio?
A próxima voz pertencia a alguém fora da visão da holocâmera:
— Transmitindo, Mestra.
Rodan se forçou a não fazer uma careta. Ele imaginou o orador como
um criado Hapan, seu corpo perfeitamente conservado através de regimes
de exercícios para o prazer da mulher a qual ele chamava de Senhora, sua
mente atrofiada pela vida mimada que levava.
A mulher continuou:
— Esses são os planos com os quais a AG conquistará Commenor,
exatamente um mês após a queda de Corellia.
— Eu vejo. — Rodan disse, mantendo a sua voz neutra.
— Seu pessoal os analisarão e confirmarão a autenticidade. — ela
continuou. – Estabelecendo a minha autenticidade. Então, em alguns dias,
transmitirei a você a hora e movimentos das outras frotas que se moverão
em Corellia. Frotas que, por si só, talvez não possam triunfar. Frotas que,
com a ajuda de Commenor, devem triunfar.
— Obrigado por sua transmissão, minha senhora. — Rodan disse.
Ela sorriu. A sua imagem se apagou.
Rodan checou a tela de comunicações para se certificar de que a
transmissão se encerrara, e que o pacote de dados estava intacto em seu
computador. Então ele permaneceu sentado por um longo momento, quieto
externamente, vibrando internamente.
Muito do que a mulher disse era verdade, especialmente a parte sobre a
indecisão dos ministros. Se a mulher também falava a verdade sobre os
planos de conquista, Rodan precisava agir, os seus ministros precisavam
agir.
— VL-8. — ele disse.
Instantaneamente o seu droide secretário estava ao lado dele.
— Sim, senhor.
— Transmita aquele arquivo para os Ministros da Guerra e Inteligência,
e para todos no topo da lista de análise militar. Criptografe-o aos níveis
mais altos e anexe uma nota dizendo que deve ser avaliado. Então marque
uma reunião pra mim e todas essas partes para o meio dia de amanhã.
— Sim, senhor.

SISTEMA ESTELAR MZX32905, PERTO DE BIMMIEL


Lumiya esperou até o seu droide médico estar ao lado de sua cadeira
reclinável. Estava se curando bem, deveria estar pronta para retornar às
atividades físicas dentro de alguns dias. Ainda estava fraca, no entanto, e
queria que os cuidados estivessem instantaneamente disponíveis se essa
tarefa a fizesse colapsar.
Fechou os olhos e deixou o poder do lado sombrio que impregnava o
asteroide cair sobre ela, através dela.
Então começou a procurar, através da Força, por um alvo distante, uma
mente que tocara muitas vezes e moldara durante esses contatos, uma mente
que tornara tão familiar e distinta que podia encontrá-la mesmo do outro
lado da galáxia.
Ajudava saber em qual mundo aquela mente estava para ser encontrada,
mas, mesmo assim, foram longos e exaustivos minutos antes de encontrá-la,
para o seu olho interno era um distinto resplendor amarelo, cercado por
pequenas faíscas brilhantes vermelhas. Menos faíscas do que antes; os
esforços do inimigo para diminuir a sua influência aparentemente eram
bem-sucedidos, em parte.
Mas só parcialmente, Lumiya sorriu. As técnicas do inimigo não eram
nem um pouco tão efetivas quanto às dela.
Aproximou-se da mente até ela preencher a sua visão, e se plantou lá,
fazendo de sua localização um ponto de apoio para a sua consciência.
Agora para a segunda fase de sua elaborada técnica Sith. Afastou-se de
sua mente alvo, procurando outras mentes na área. E lá estavam elas,
clarões de vários tons, nenhumas deles, infelizmente, decorados com as
faíscas vermelhas de sua influência.
Provou cada uma. A maioria estava acordada, firmes, mais resolutas do
que poderia atingir dessa distância. Outras eram fragmentadas demais;
quando as tocava, tendiam a se desviar para clarões menores, incoerentes, e
sabia que essas eram as mentes dos prisioneiros... os pacientes.
Então encontrou uma que era firme, fundada, mas não tão resistente ao
seu toque. A sua dona estava adormecida. Lumiya a provou mais,
descobrindo ser a mente de uma Quarren.
Como um parasita espectral, fixou-se àquela mente, forjando uma
conexão, extraindo energia dela e do corpo que a sustentava. Agora podia
atrair essa energia pra si mesma, apesar de mal precisar de sustento agora;
podia sentir o seu próprio corpo começar a tremer pelo esforço, mas podia,
e iria, colocar a energia em uso.
Finalmente fluiu para a distante mente da Quarren, fluiu por suas
memórias dos arredores... e podia ver.
Pairava sobre a Quarren. A fêmea anfíbia estava vestida com um jaleco
médico e inclinada sobre uma mesa, dormindo lá. Aquele era um pequeno
escritório equipado com, e somente iluminado por elas, as telas de
computador. Uma janela dava para as fachadas de prédios, e não havia, para
variar, fluxo de tráfego visível. Uma porta, entreaberta, levava para um
corredor bem iluminado.
Lumiya começou a trabalhar. Na mente da mulher adormecida, ela
sussurrou:
— Abra os seus olhos. Levante-se. Temos trabalho a fazer. Relatórios
para ler. Instruções para enviar.
E a Quarren se levantou, com os seus olhos vidrados, com os seus
tentáculos faciais contorcendo-se.
Minutos mais tarde Lumiya devolveu a Quarren para a sua mesa e sono
verdadeiro, então se afastou da câmara para encontrar alguém. Alguém
muito útil.

CIDADE GALÁCTICA, CORUSCANT, HOSPITAL DE SAÚDE


MENTAL DE VETERANOS

Matric Klauskin, antigo comandante da Segunda Frota da força tarefa


Corelliana, mas pelas últimas semanas um paciente nessa prisão simpática
demais, acordou. O pequeno cômodo que lhe deram estava, como sempre,
escuro e quieto, com os seus poucos itens de mobília refletindo brilhos
brancos das luzes da cidade, filtradas pela janela de transparaço. Tudo
estava como deveria.
Ou talvez não. A porta estava aberta.
Franziu a testa. A porta se abria apenas quando os médicos ou
enfermeiras vinham até ele, ou quando os assistentes sociais da
administração naval da Aliança o visitavam para assegurá-lo de que tudo
estava bem; eles não o esqueceram.
Mas agora a porta estava aberta e ninguém entrava.
Sentou-se, o seu lençol caiu de seu peito, e percebeu que alguém estava
parado ao lado de sua cama. Olhou pra cima.
Edela. É claro que era Edela. O seu tratamento aqui era por causa de sua
esposa. Agora ela sorria para ele, paciente e amorosa como sempre. Esta
noite ela vestia um cintilante vestido de seda sintética bordô.
Ela perdera peso, reduzindo-se da mulher bonita, mas distintamente
acima do peso que ele vira da última vez para uma figura que podia ser
descrita como “agradavelmente roliça”. O grisalho sumira de seus cabelos,
também, e percebeu tardiamente que ela não estava apenas mais magra, mas
mais jovem, ela tinha a mesma aparência de quando estavam com cinco ou
dez anos de casados.
— Olá, querida. — ele disse. — Você sabe que está morta.
O sorriso dela ampliou-se.
— É claro que estou morta. Estive morta por anos, mas isso não quer
dizer que não existo.
— Bom, esse é a questão, não? Todos os médicos dizem que você não
existe, que a sua mera existência reside apenas em minha mente, mas eles
dizem que estou melhorando.
— Eu não existo apenas em sua mente. Eu existo de fato. Fantasmas da
mente não podem abrir a porta e libertá-lo, podem?
Klauskin olhou novamente para a porta. Ela permanecia resolutamente
aberta.
— Isso só quer dizer que estou sonhando novamente. Não está
verdadeiramente aberta.
— Está, como você descobrirá logo. — A sua voz se tornou urgente. —
Querido, mentiram para você, mentiram para todos vocês. Os Corellianos
estiveram certos o tempo todo, e nós traímos o nosso próprio povo ao nos
opor.
Klauskin franziu a testa. Sabia que o seu pensamento estava confuso,
mas não conseguia ver como prejudicava o seu mundo natal de Commenor
ao opor-se à Corellia. Verdade, o governo de Commenor oferecera palavras
de encorajamento para Corellia, mas isso era só política.
Edela continuou:
— Commenor e Bothawui entrarão na guerra ao lado de Corellia. E
você, querido, foi aprisionado aqui e convencido de que está doente... só
para que a Aliança possa impedi-lo de ajudar nosso mundo.
Klauskin suspirou. A verdade era um conceito tão escorregadio
ultimamente que achava difícil confiar, mesmo na sua esposa morta.
— Você está aqui ou não.
Havia uma pequena curiosidade na voz de Edela:
— Verdade.
— E eu sou um prisioneiro ou um paciente.
— Verdade.
— E Commenor e Bothawui estão na guerra ou não.
— Verdade.
— Eu preciso saber a verdade, e a verdade está no que pode ser
confirmado. Desculpe, querida. Eu atravessarei aquela porta aberta e então
acordarei. Se eu não acordar, então o que diz é verdade.
— Não se desculpe, Matric. Sei que é um período difícil pra você.
Klauskin se levantou. Os seus pés descalços frios no chão de ladrilho.
Ele andou até a porta, olhando para os dois lados do corredor e as outras
portas; elas estavam todas fechadas. Edela o seguiu e juntou-se a ele.
Klauskin ergueu a mão até os lábios e mordeu a pele entre o dedão e o
indicador. Doeu. Ele manteve a pressão, mordendo mais forte e sentiu gosto
de sangue. Ele manteve a mordida até não aguentar mais a dor, e finalmente
deixou o braço cair ao seu lado novamente.
Esgotado, ele disse:
— Estou convencido.
— Bom. Porque você tem muito a fazer. Vou guiá-lo pra fora dessa
prisão. Do lado de fora, um amigo lhe dará roupas, transporte e
documentos. — A sua expressão se tornou simpática. — Você foi um herói
da Aliança por tanto tempo, mas eles se voltaram contra você, é hora de ser
um herói de Commenor novamente.

SISTEMA ESTELAR MZX32905, PERTO DE BIMMIEL

Lumiya deu um último e doce beijo em Klauskin enquanto estava na


calçada do lado de fora do hospital psiquiátrico. O estremecimento que o
seu corpo real vivia quase refletiu-se nos braços de Edela, mas manteve o
controle implacável.
Então deixou Edela desaparecer. A sua consciência voltou para o seu
próprio corpo.
Foi quando a dor e a fraqueza a atingiram com força. Teve um espasmo,
sentando-se ereta e quase rolou de sua cadeira reclinável. Forçou-se a deitar
novamente. Continuou ali deitada, com os seus membros contorcendo-se,
mesmo os artificiais.
— Minha Mestra? — O droide médico perguntou. — Você pode me
ouvir?
— Simmm. — Debilmente, ela acenou pra ele, tentando dissuadi-lo de
conversas desnecessárias.
Essa sessão demorara mais do que a maioria, e fora pior do que a
maioria. Levaria mais tempo para ela se recuperar. Perguntou-se o que
poderia ter acontecido se continuasse ao ponto do próprio colapso. Teria
morrido? Ou ficaria presa em Coruscant, no corpo fantasmagórico da
esposa de um militar há muito morta, para sempre pairando ao redor do
homem que ela deliberadamente enlouquecera?
Não sabia a resposta, e não importava. Tivera sucesso, e Klauskin agora
obedientemente cumpriria os planos dela.
A Aliança Galáctica fora tão cautelosa ao encobrir os detalhes do
colapso mental de Klauskin. Eles pensaram ter sido misericordiosos; que se
Klauskin fosse capaz de se recuperar, pudesse algum dia retornar ao
comando, mesmo que reduzido. O seu registro oficial dizia apenas que ele
estava de licença administrativa, a qual podia resultar de uma lesão física ou
um problema familiar urgente. Ele ainda mantinha a posição de almirante e
categoria de comando.
E ao não informar a frota que Klauskin estava perigosamente delirante,
eles condenaram...
... condenaram...
Com aquele pensamento, adormeceu.

DREWWA, LUA DE ALMANIA, ESPAÇOPORTO DE DREWWA

Inspeções de alfândega, Ben decidiu, são muito inconvenientes.


A viagem até o sistema Almania na Orla Exterior fora longa e
monótona. Ben passou a maior parte do tempo lendo textos Jedi em seu
datapad, textos sobre o seu avô, Anakin Skywalker, que recebera em
preparação para o documento que deveria escrever, ou dormindo. Interagiu
bem pouco com os seus companheiros passageiros, preferindo não se tornar
memorável pra eles.
Finalmente o transporte pousara na lua altamente industrializada de
Drewwa, com o seu espaçoporto de alta segurança e a sua instalação de
alfândega cuidadosamente regulamentada. Ben estava na linha de inspeção,
com a sua pequena mochila e cinto em mãos, preparado para entrar no tubo
de sensores de vinte metros de comprimento. Lá, seria escaneado de uma
dúzia de maneiras diferentes, e, ao final, os seus pertences seriam colocados
em uma mesa e inspecionados à mão, com qualquer coisa sinalizada pelos
sensores recebendo atenção especial.
Sem chance de seu sabre de luz permanecer indetectado se o carregasse
pelo tubo.
O tubo permitia acesso através de uma parede de segurança de sete ou
oito metros de altura, e havia uma abertura de três metros entre o topo da
parede e a concha de aparência arejada do teto. Havia muitas cápsulas de
iluminação em cima de cada lado da parede.
Ben podia se prender no topo do toldo de metal sobre a entrada do tubo
e talvez fosse capaz, com um extraordinário salto, de chegar ao topo da
parede. Podia então correr ao longo da parte superior do tubo, afastar-se da
parede oposta e correr até a parte sem segurança da instalação da alfândega,
desaparecendo na noite.
Presumindo que estivesse noite. E as holocâmeras por todo o local
registrariam o seu rosto, e a sua imagem estaria nos datapads de todos os
guardas em uma hora. Isso seria um inconveniente.
Então pensou sobre o droide de treino do Templo Jedi e as suas bolas de
espumaço, e sabia o que fazer.
Olhou pra cima e encontrou uma cápsula de iluminação atrás dele.
Conectou-se a Força para agarrá-la, arrancá-la...
Ela balançou um pouco.
Ben franziu a testa. Estava plantada com firmeza. Focou com mais
força, colocando toda a sua intensidade em sua concentração.
A cápsula libertou-se de sua fundação e caiu no chão de permacreto, seu
agrupamento de dezenas de luzes estilhaçando-se e mandado pedaços de
vidro escorregando ao longo do chão em todas as direções.
Enquanto todos olhavam, e um guarda armado trotava para ver o que
acontecera, Ben usou a Força para enviar o seu sabre de luz para o teto. Lá,
sobre a iluminação, mal estava visível. Ele o fez deslizar sobre o teto até
parar sobre uma cápsula do outro lado da parede... e então, com muito
cuidado, o desceu até aninhar-se em um aglomerado de lâmpadas.
— Você está segurando a fila, idiota. — Quem falou foi uma senhora
idosa, tão magra quanto se fosse feita apenas de pele e ossos, um olhar
desaprovador em seu rosto.
— Desculpe. — Ben disse. Ele seguiu em frente pelo tubo.
— Desculpas não significam nada. Se estivesse arrependido, não teria
feito em primeiro lugar.
— Desculpe.
— Agora só está sendo insolente.
— Desculpe. — Ben pensou em usar os seus poderes para fazê-la
tropeçar. Um rosto cheio de permacreto talvez tirasse a desaprovação dele.
Não, ela era velha e poderia se machucar de verdade.
Por outro lado, isso a ensinaria uma lição, e ela podia aguentar uma
lição.
Na outra ponta do tubo, entregou a sua mochila e cinto para o oficial de
inspeção com uniforme cinza e esperou, franzindo o cenho com a questão
da velha. O que Jacen faria nessa situação? Ben balançou a cabeça. A
questão não se aplicava. Ninguém falaria com o Coronel Jacen Solo
daquela maneira, mesmo antes de se tornar famoso.
Por que não? Por que ele era alto e bonito? Não, Luke não era alto e era
tão belo quanto o seu rosto cheio de cicatrizes permitia, e ainda assim todos
o tratavam com respeito.
Luke e Jacen comandavam respeito porque todos sabiam ser uma má
ideia mexer com eles, seja por sua aparência ou a sua história. O que
significava que Ben estava sem sorte, porque não tinha nome nem aparência
formidável.
A velha se agitou por trás de Ben.
— Você é um garotinho muito desagradável. — ela disse.
Ben olhou para ela.
— Eu retiro.
— Retira o quê?
— As minhas desculpas. Eu me desculpei, mas você não aceitou. Você
só usou como pretexto para continuar sendo rude. Você tem a educação de
um bantha com problemas de digestão. Se você teve filhos, espero que
tenham sido criados por besouros piranha para que sejam mais gentis do
que você.
A mulher pairou sobre ele, com seu rosto distorcido de raiva, e Ben viu
na mente dela a intenção de dar a ele um pouco do que considerava cortesia
no tapa.
Mas intensificou o seu olhar, e acrescentou um pouco de incentivo com
a Força. Tente, poderia ter dito. Veja o que acontece.
A pele dela se tornou um pouco cinza, e ela deu um passo involuntário
pra trás. Ela se afastou de Ben, tensa, entregando a bolsa para o seu oficial
de inspeção, e olhava para tudo menos Ben, murmurando pra si mesma.
O oficial de inspeção devolveu a mochila para ele. Também ofereceu
um sorriso silencioso e um sinal positivo.
Surpreso, Ben deu um sorriso tímido em resposta. Virou-se e seguiu na
direção da porta pra fora da instalação da alfândega.
Isso, disse a si mesmo. Seria assim que Jacen teria agido se tivesse a
minha idade.
Enquanto alcançava a porta, deixou o seu sabre de luz cair até as mãos,
e saiu pelo ar noturno.
Capítulo Onze
DREWWA, LUA DE ALMANIA

Na luz prateada da aurora, Ben estava sob o toldo de um café na calçada ao


lado de uma rua da cidade quase deserta e encarava o elevado Habitat de
Negócios Rotas Cruzadas. Era desagradável ao extremo, uma coluna verde
se estendendo por oitocentos metros até o céu, com estruturas decorativas
amarelas esbranquiçadas como anéis planetários situados a cada cinco
andares. Pelo menos Ben esperava que fossem decorativos, qual seria a sua
função caso não fossem estava além dele. Eles poderiam subir e descer pelo
exterior do prédio como turboelevadores maciços a céu aberto?
O cartão de dados entregue a ele por Seha incluía um arquivo sobre
Drewwa, incluindo uma menção de que o prédio Rotas Cruzadas era um das
poucas confirmações do sistema de que havia vida fora de Almania.
Robótica Trang, uma das maiores indústrias do sistema, comerciava um
número enorme de sistemas de computadores e droides para a Aliança, os
Chiss e outros coletivos de grandes planetas e culturas, mas os locais de um
modo geral ignoravam o fato de que qualquer coisa existia fora de seu
sistema estelar.
As ocasionais firmas como a Rotas Cruzadas pareciam existir
principalmente para esfregar tais notícias desagradáveis na cara dos
Almanianos. O prédio abrigava a sede local de centenas de empresas de
fora do mundo enquanto tentavam, geralmente com sucesso, organizar
vantajosos acordos de compra de empresas de tecnologia local ou tentavam,
geralmente sem sucesso, oferecer as suas próprias mercadorias nesse
sistema.
Nessa hora, tão cedo, já havia um fluxo de funcionários entrando pelas
portas térreas do prédio da Rotas Cruzadas. A maioria parecia para Ben
como estrangeiros como ele. Em algum ponto deveria se juntar a eles, ir até
o 215º andar, encontrar e arrombar a vitrine, trocar o Amuleto real por um
falso que carregava em seu bolso e sair de lá sem ser detectado.
Não, era muita coisa, decidiu. Pela primeira vez, era a voz de sua mãe e
não a de Jacen, que sussurrava em seu ouvido.
— O primeiro passo em qualquer operação de inteligência, — ela lhe
dissera mais de uma vez. — é coletar informações. Você junta informação
suficiente para montar o seu plano. Se você planejar sem informações, está
planejando para o fracasso.
— Mas não é assim que os Jedi fazem as coisas, — Ben protestara. —
Eles só vão e resolvem o problema.
Ela dera a ele um sorriso astuto.
— E por isso eles são famosos, certo?
— Certo!
— Bom, quando agentes de inteligência fazem o seu trabalho
corretamente, eles nunca se tornam famosos. Porque ninguém nunca
descobre que estive lá. E algumas vezes isso é o que resolver o problema
significa.
Ben não gostara da resposta na época, porque parecia impedir os sabres
de luz de serem acionados, saltar em paredes e fazer pessoas ruins
engolirem os seus sorrisos, mas agora conseguia ver que o caminho da
inteligência tinha mérito de vez em quando. Jacen fazia coisas que nem
sempre podiam aparecer nas holotransmissões de notícias; a metade das
funções de Jacen pareciam ser de inteligência ultimamente. Subitamente, na
opinião de Ben, Mara parecia bem mais esperta.
Então precisava dar uma volta para coletar informações e então decidir,
quando soubesse mais, se continuaria diretamente para a missão real ou
recuaria e retornaria mais tarde.
A parede atrás dele deslizou pra cima, revelando o interior do café. O ar
quente com cheiro de produtos recém-assados caiu sobre Ben, e
abruptamente percebeu estar com fome.
O dono, um homem alto com a corpulência e barriga de um
Gamorreano, caminhou por entre as mesas, deu uma olhada de cada lado do
tráfego da calçada e olhou para Ben
— Veio comer, filho? — O homem tinha um sotaque pitoresco, fazendo
a frase soar diferente para os ouvidos de Ben.
Ben assentiu.
O homem deu um tapinha em uma mesa, indicando para Ben sentar ali.
A superfície da mesa se acendeu, quatro pontos nela revelando-se como
telas mostravam o cardápio da manhã do estabelecimento. Ben se sentou e
deu uma olhada, enquanto também assistia a fachada de seu prédio alvo,
notando a maneira como as pessoas seguiam na direção do prédio em vez
de desviar para o café.
— Caf, por favor. — Ben disse. — E empada de kruffy.
— Só clicar, filho. E coloque o seu cartão de créditos. Sem erro assim.
— O proprietário indicou as orelhas como se sugerisse que fosse difícil
escutá-lo. — Você soa como um Coruscanti.
Ben registrou o seu pedido e deslizou o cartão de créditos na abertura no
centro da mesa.
— Eu sou. Na maior parte.
— Tem dois tipos de Coruscanti. Aqueles felizes por espaços abertos, e
aqueles que não suportam estar cercados por paredes e ruas estreitas.
— Suponho que sim. — A superfície da mesa fez um ding e a palavra
RECUSADO, em vermelho, foi sobreposta sobre o cardápio. Abaixo dela, mais

textos liam CONTA NÃO ENCONTRADA, POR FAVOR INSIRA OUTRO CARTÃO.
— Ei. — Ben disse. — A sua mesa está quebrada.
O proprietário se aproximou para olhar. Apontou para um símbolo no
canto inferior esquerdo do cardápio, uma animação de pequenos raios de
blaster se cruzando, da direita para esquerda e esquerda para a direita.
— Não. A conexão de holocomunicação está ativa. Isso significa que
está checando até onde a sua conta deveria estar. E não encontrou a conta.
Tem outro cartão de créditos? Ou moeda?
Ben procurou em seus bolsos. Havia apenas uma moeda de créditos lá, a
sua última. Planejava conseguir moedas locais com o seu cartão de créditos.
Balançou a cabeça.
O proprietário deu um olhar simpático para ele.
— Bom, vá pedir à sua mãe ou pai por mais.
A fome que Ben sentia estava aumentando de leve para aguda e
dolorosa.
— Talvez. — ele disse. — você pudesse me deixar comer o café da
manhã, e eu peço ao meu pai para pagá-lo mais tarde hoje.— À sugestão ele
acrescentou um considerável impulso através da Força.
O proprietário riu.
— Eu poderia, mas após um ano fazendo isso, eu iria à falência. Vai
embora, filho.
Ben suspirou e deixou a mesa. Estava realmente faminto agora, e talvez,
refletiu, a fome o impedira de se concentrar e ser capaz de afetar o homem.
Ou talvez Ben estava muito fraco porque, como seu pai dissera, ele não
tivera treino Jedi suficiente. Ou talvez o proprietário tivesse a mente muito
forte.
Não importava. Ben resistiu a vontade de afastar as suas frustrações
batendo o pé e deixou o café.
E agora os seus planos precisavam de uma revisão maior. Antes do
reconhecimento, precisava de comida. E precisava descobrir o que
acontecera com a conta especial que deveria estar disponível pra ele nessa
missão.

Os quiosques bancários acabaram por não ser de ajuda nenhuma. Duas


vezes inseriu o cartão de créditos em suas aberturas e tentou acessar a sua
conta, mas tudo o que recebeu foi uma tela enigmática de CONTA NÃO
ENCONTRADA. Tentou enviar uma mensagem para o estabelecimento, mas

mesmo um pequeno pedido de informação seria pago se enviado por uma


conexão de holocomunicação, e não tinha dinheiro para recorrer.
Bom, isso precisava mudar. Precisava, como a sua mãe colocava tantas
vezes, adquirir recursos. E nessa situação, isso significava... furtar.
Hesitou quanto a isso. Furtar era errado. Claro, todos em sua família
assaltaram naves uma vez ou outra, mas eram sempre emergências.
Ninguém furtara por créditos para o café da manhã.
Mas não eram apenas os créditos para o café. Estava em uma missão,
uma que ficara orgulhoso de ter recebido, uma que era importante e poderia
salvar as vidas de Jedi e Guardas... isso não se tornava uma emergência?
Decidiu que sim.
Andou à deriva pela rua e ficou perto das portas do prédio da Rotas
Cruzadas. Talvez alguém pegaria um cartão de créditos, Ben veria onde
seria guardado, e podia seguir o dono...
E o quê? Não tinha as habilidades de sua mãe. Não poderia escolher o
bolso de alguém e esvaziá-lo sem a pessoa sentir. Podia seguir o seu alvo
até um corredor ou beco vazio, acertá-lo na cabeça.., mas o estômago já
infeliz de Ben rebelou-se com essa ideia. Subitamente era um assaltante,
machucando ou possivelmente matando alguém em um esforço para obter
trocados.
Balançou a cabeça. Acertar alguém na cabeça por créditos para o café
da manhã seria um erro, e não podia se permitir cometer um erro agora.
A resposta veio até ele um momento depois. Um airspeeder de
transporte, com listras vermelhas e amarelas para deixá-lo ainda mais
evidente do que o brilho da marquise e a frase PARA ALUGUEL no capô,
estacionou em frente ao prédio, e o seu motorista saltou para abrir um
compartimento de carga dianteiro e descarregou as bagagens. O passageiro
saiu e esperou na calçada, uma pequena carteira preta de falso couro de nerf
aberta nas mãos. E enfiados em muitos do numeroso bolsinhos daquela
carteira, Ben viu, estavam cartões de créditos. Alguns eram de instituições
bancárias, do tipo que requeria validação da instituição para acessar os
fundos, mas outros estavam estampados para indicar que carregavam o
valor em sua memória.
Ben sabia o que precisava fazer. Aproximou-se.
Quando o motorista terminou e três malas repousavam na calçada, o
passageiro entregou a um dos cartões institucionais. Naquele momento, Ben
sacudiu um dedo e se conectou através da Força. Um dos outros cartões, um
dos menores, saltou da carteira e flutuou para a rua.
Ben se concentrou e prendeu o cartão no chão com o seu esforço
mental. Um momento depois, o motorista entregou o outro cartão de volta
para o passageiro, entrou no compartimento do motorista e acelerou para
longe. O passageiro guardou a carteira no bolso, desajeitadamente pegou a
bagagem e seguiu para o prédio da Rotas Cruzadas.
Ben se moveu pela rua, ajoelhou-se como se para amarrar as botas e
pegou o cartão.
E foi isso. Era um ladrão, mas apenas tomara um pouquinho do que o
homem possuía e não machucara ninguém. Fizera o seu mal o menor
possível.
Meia hora depois, bem alimentado com o caf e empada de kruffy, o que
acabou por ser carne de ave saborosa, vegetais e molho em uma grossa
concha de massa, se sentiu pronto para deixar os seus problemas pra trás e
seguir com a missão.
Alguns minutos com o seu datapad comunicando-se com um terminal de
dados públicos deu a ele algumas das informações que precisava.
A Tendrando Armas arrendava os andares 212º até 215º. Isso sugeria a
Ben que o andar que queria, o 215º, era onde os funcionários mais
importantes mantinham os seus escritórios. A sua mãe lhe dissera em
inúmeras ocasiões que uma maneira pela qual pessoas gostavam de se sentir
importantes era ao sentar acima de seus subordinados, e a maneira prática
de se fazer isso era ter os seus escritórios em andares superiores.
Já que o edifício tinha os seus anéis planetários decorativos a cada cinco
andares, começando pelo sexto andar, então o 215 estaria bem abaixo de um
deles. Ben procurou o diretório do prédio e descobriu que a Inovações
Lyster arrendou os próximos três andares, do 216º ao 218º. Os registros
públicos da Inovações Lyster indicavam que a firma empregava
especialistas de qualidade e “geradores de ideias” que visitariam outras
companhias e diriam a eles como fazer o seu trabalho melhor. Ben franziu a
testa para aquilo, duvidoso, mas decidiu que descer do 216 talvez fosse a
maneira mais fácil de chegar ao 215 sem ser observado.
Ocupou-se por mais uma hora pesquisando o escritório local da
Tendrando Armas e a Inovações Lyster, então passou o resto da manhã e
uma parta da tarde comprando coisas: comida e líquidos engarrafados que
não deteriorariam rapidamente, vinte metros de um cabo fino, flexível e
forte, ferramentas básicas, uma caixa de doces, um pedaço de fita vermelha
e uma mochila grande. Os últimos créditos no cartão que ele roubara foram
para comprar uma refeição quente do meio dia para si.
Enquanto o dia de trabalho avançava e os funcionários começavam a
sair do prédio Rotas Cruzadas em antecipação à mudança de turno, Ben
entrou no edifício, mochila nos ombros e a caixa de doces enrolada na fita
nas mãos, e pegou o turboelevador para o 216º andar.
As portas se abriram para uma selva. Ben encarou as árvores saudáveis
crescendo na escuridão, solo de aparência úmida, sentiu o ar pesado e
morno de uma floresta tropical, viu a distante luz solar através das árvores
que tinha um tom mais branco do que o sol de Almania. Em algum lugar à
distância, água espirrou. Não havia som de indústria, de trabalhadores
abusados, de terminais sobrecarregados.
Deu um passo para o chão da floresta, e as portas do turboelevador
fecharam-se atrás dele. Virou-se para olhá-las e viu apenas uma face
rochosa absoluta. Era uma ilusão perfeita.
Quando tentou examiná-la através da Força, podia sentir um pouco. As
árvores não ressoavam com vida. Não conseguia detectar movimento de
insetos através do ar ou sob o solo.
Sorriu na direção das árvores.
— É tudo mecânico. — ele disse a si mesmo.
— Isso mesmo. — A voz, masculina, veio de apenas alguns metros à
frente. — Siga a trilha, por favor.
A trilha, o chão e folhas debaixo dos pés convincentemente macios e
resilientes, levavam para frente, então faziam uma curva à direta, revelando
uma clareira que deveria ser visível do turboelevador, mas não era. A
metade direita da clareira era dominada por uma piscina alinhada por
pedras, parecendo natural, na qual a água de uma cachoeira próxima caia.
Ao lado dela estava uma mesa aparentemente feita de pedra negra. Assim
que ficou visível, o homem sentado atrás dela, jovem e de pele pálida,
abaixou as suas botas de pele de lagarto de cima da mesa e se sentou mais
para a frente em uma posição mais normal. O seu macacão, apesar de
aparentemente ser de tecido, tinha a mesma cor e textura das botas.
— Bem-vindo a Inovações Lyster. — ele disse. — Posso ajudá-lo?
— O que é isso tudo? — Ben perguntou, gesticulando ao redor.
— Cultura corporativa. — O homem ofereceu um grande e ensaiado
sorriso para Ben combinando com as suas grandes e ensaiadas palavras. —
Uma das coisas que fazemos é mostrar às companhias como estabelecer e
manter a sua própria identidade cultural através do design ambiental. Aqui
em nossa área de recepção, o chão, as paredes e os pilares decorativos são
feitos ou cobertos com um material de cobertura de camaleão patenteada, o
qual permite a máxima versatilidade decorativa. Com apenas algumas
palavras, eu posso estabelecer um novo tom, um novo ambiente. Por
exemplo... Décor, Pureza.
Mal terminara de pronunciar a segunda palavra quando uma mudança
ondulou através da câmara. As árvores se esticaram, tornado-se verticais,
absolutamente simétricas, com os seus galhos dobrando nas laterais. O chão
se achatou em uma planície perfeita e Ben, equilibrando-se, podia senti-lo
endurecer sob os seus pés.
Mais objetos desapareceram em uma suavidade branca, as árvores
perderam as suas características e brilhavam. Mesmo as roupas do homem
se transformaram de sua textura verde para o branco puro. A mesa dele se
tornou prateada, e a orla de pedras ao redor da piscina se transformou em
um banco prateado.
Agora Ben podia ver as dimensões verdadeiras do cômodo, para uma
área de recepção, era grande, cerca de vinte por vinte metros, mas não
parecia mais se estender eternamente em cada direção. Painéis prateados
nas paredes, portas, supunha, mostravam a ele onde os limites estavam.
O homem o observava com atenção, e Ben não precisava checar na
Força para sentir que ele queria impressionar Ben. Ele vive pela adoração,
Ben pensou. E Jacen diz que quando você dá às pessoas o que elas querem,
elas podem ser mais cooperativas.
— Uau. — Ben disse. — Quero dizer, uau.
— Uau mesmo. — O homem sorriu, aparentemente satisfeito. — Então,
está procurando por alguém em particular?
— Oh, sim. — Ben fingiu consultar o seu datapad. — Eu tenho algo
para, um, Gilthor Breen.
— Eu sou Gilthor Breen.
Eu sei disso, Ben pensou. O seu rosto e o seu nome estão na página
pública da companhia. E uma longa lista de seus gostos e desgostos.
— Então isso é para você. — Ele colocou a caixa com a fita em cima da
mesa.
Gilthor olhou mais de perto para Ben, então sujeitou a caixa à mesma
análise. Ele puxou a fita para desfazer o laço, então abriu a caixa e deu um
sorriso breve e incerto quando viu a variedade de doces dentro dela.
— Uh, tem um bilhete?
Ben checou o seu datapad novamente.
— Nenhum bilhete. Ela apenas deixou uma mensagem curta. “Dois
dias”.
— “Dois dias”. Ela. Quem é ela? Qual o nome dela?
Ben deu de ombros.
— Ela não deixou nenhum, mas ela era bem baixinha, com longos
cabelos e olhos pretos. E bonita, bem bonita. — Essa era a descrição de
Aliniaca Verr, uma jovem atriz de holonovelas atualmente na moda. Ela era
do mundo de Balmorra, como o próprio Gilthor, e ela era a sua atriz
favorita, três fatos que Ben encontrara na página pessoal de Gilthor. Ben
não estava tentando convencer Gilthor de que a sua admiradora fosse Verr;
só parecia razoável que se Gilthor admirava Verr, ele também se interessaria
por uma mulher parecida com ela.
Aparentemente ele adivinhara corretamente. Gilthor praticamente
começou a vibrar em sua cadeira.
— Dois dias. — ele disse. — Até o quê? Talvez ela entrará em contato
novamente. É isso. — Abruptamente percebendo que Ben ainda estava
presente, ele colocou a mão em um bolso e retirou uma moeda de créditos.
— Obrigado.
— De nada. Hm, posso usar o seu banheiro?
— É claro, é claro. Décor, banheiro.
Uma melodiosa voz de droide à esquerda de Ben disse:
— Aqui estou eu. — e quando Ben olhou na direção dele, viu que um
dos painéis prateados estava agora alternando entre prata e preto. Ben sorriu
e seguiu naquela direção.
Passou pouco tempo no banheiro, apenas o suficiente para determinar
que o chão ladrilhado preto e paredes azuis pareciam contentes em
permanecer em suas respectivas cores, e que havia janelas em uma parede.
Era isso o que precisava saber.
Momentos depois ele seguiu para o acesso prateado do turboelevador e
deu um aceno de despedida para Gilthor. O homem assentiu distraidamente
e falou algumas palavras que Ben não conseguiu ouvir. As portas do
elevador se abriram.
Agora era a hora da verdade. Ben deu meio passo para frente, mas não
entrou no turboelevador. Concentrou-se em Gilthor e imaginou, com alguns
detalhes e muita convicção, a si mesmo entrando. Enquanto as portas se
fechavam, ele tentou projetar a imagem das portas se fechando com ele do
outro lado. Eu entrei no turboelevador, pensou. Pense na garota.
Gilthor se inclinou pra trás na cadeira e colocou os pés pra cima
novamente. Ele parecia assobiar.
Lentamente, silenciosamente, Ben voltou para o banheiro agachado. Eu
peguei o elevador. Eu saí. Fui embora.
Até alcançar a porta do banheiro novamente, estava suando por baixo de
suas vestes, mas Gilthor nunca olhou na a sua direção.
Ben entrou em uma das cabines, fez uma placa à mão que dizia PRECISA DE
REPAROS. MANUTENÇÃO FOI CHAMADA. REPAROS AGENDADOS PARA AMANHÃ. Colocou-a na

frente da cabine, e manteve os seus sentidos da Força e os mais comuns


aguçados, esforçando-se para ouvir ou sentir alguém que pudesse se
aproximar da câmara do banheiro, mas ninguém o fez, e podia sentir
Gilthor do lado de fora, sentado em sua mesa. Também podia sentir um
firme fluxo de vida se movendo pra cima e pra baixo pelo turboelevador, a
maioria descendo enquanto os escritórios esvaziavam pela hora tardia, mas
ninguém veio para o banheiro antes de Ben terminar.
Com as suas ferramentas, Ben desaparafusou um painel da janela da
parede e carregou todo o seu equipamento por através dela e os deixou na
estrutura do anel planetário além. O crepúsculo crescia do lado de fora, e
dali Ben podia ver todas as luzes da cidade, a maioria delas num azul
pálido, num verde pálido ou brancas, uma diferença marcante dos céus
noturnos de Coruscant e toda a sua beleza espectral.
O anel decorativo acabou por ser feito de plastaço, instalado
vigorosamente no exterior do prédio. Não se deslocava com as ocasionais
brisas. Uma fenda de cerca de dez centímetros o separava da borda do
edifício e através da fenda, Ben podia ver os suportes de instalação
regularmente espaçados que seguravam o anel ao exterior do prédio.
Apesar de Ben achar que não seria visto na crescente escuridão,
manteve os seus movimentos mínimos enquanto reposicionava o painel de
transparaço que removera e cuidadosamente o colocava de volta.
Então deu nós no cabo que trouxera em intervalos de um metro.
Amarrou-o mais ou menos ao redor do meio de um dos suportes visíveis
pela fenda. Enroscou metade do cabo através da fenda, jogando a outra
sobre a borda.
Cuidadosamente, desceu sobre a borda e pelo cabo.
Isso o colocou diretamente oposto a uma das janelas dos escritórios da
Tendrando Armas. Estava pouco iluminado, e pendurado lá, Ben podia ver
que era mobiliado principalmente por armários de aparência resistente, tão
altos quanto um homem. Armários de armas, supôs, já que a Tendrando era
uma empresa de fabricação de armas, e imaginou se ele podia levar uma
arma ou duas, mas ele balançou a cabeça. Jedi não deveriam precisar de
nada além de seus sabres de luz, exceto quando pilotavam naves de guerra,
é claro.
Desceu mais alguns metros pelo cabo, deixando-o oposto ao 214º andar,
e começou a deslocar o seu peso, fazendo-o balançar na direção da parede
do prédio e a outra metade do cabo pendendo lá. Após alguns momentos,
seu balançar o trouxe para mais perto do cabo, o suficiente para agarrá-lo.
Ele largou o primeiro, deixando-o balançando perto da parede do prédio, e
subiu de volta para o 215º.
Inclinando-se para perto da janela, ele podia ver o controle mecânico
que abria a janela por dentro. Parecia, daquele ângulo, ser uma simples
manivela manual, mas o cabo estava dobrado contra o seu eixo, e o próprio
controle estava confortavelmente encaixado dentro de um pequeno cilindro
de transparaço com uma trava mecânica retendo o cilindro no dispositivo.
Ben o estudou por alguns momentos e decidiu que entendeu o seu
funcionamento. Com o cabo contra o eixo e o cilindro de transparaço liso
no caminho, a força do aperto de uma pessoa comum poderia não criar o
torque necessário para abrir a janela.
Ele entreabriu os olhos e se concentrou no dispositivo. Ele o alcançou
através da Força, segurando-o como se fosse o cabo de seu sabre de luz para
puxá-lo até ele, e girou.
Não cedeu.
Tentou em outra direção. Agora ele realmente se moveu, alguns graus.
Franziu a testa, concentrando-se mais, e a manivela começou a girar, bem
lentamente. Era um trabalho difícil.
Enquanto ela se movia, uma pequena abertura apareceu na parte de
cima da janela, e se ampliou... um centímetro, dois...
O aperto de Ben escorregou e caiu.

Ben agarrou desesperadamente, envolveu um braço ao redor do cabo, sentiu


os seus nós se chocando em seu cotovelo com força suficiente para deixar
hematomas. Reforçou o aperto, agarrou com a mão livre e a Força, e deteve
a sua queda, o impacto de sua parada puxando ambos os braços até a
extensão máxima, dolorosamente.
Engoliu em seco por alguns momentos, então olhou pra baixo.
Caíra apenas dois andares. Ainda havia mais cabo embaixo dele, não
agarrara a ponta final. E dois andares pra baixo estava o próximo anel
decorativo. Se errasse o cabo, teria o acertado, possivelmente sem força ou
barulho suficiente para alertar cada oficial de segurança dentro de um
quilômetro. Possivelmente.
Temendo um pouco o que poderia ver, olhou pela janela onde se
encontrava, esperando espreitar os rostos alarmados de funcionários do
escritório, mas ao invés, viu um cômodo vazio, uma combinação de sala e
cozinha.
Puxou o ar mais algumas vezes, então escalou de volta, furioso consigo
mesmo. A sua concentração com a Força era tanta que esquecera de focar
nas mãos. Não podia se permitir fazer isso. Acabaria se matando.
Quando alcançou a janela novamente, passou alguns momentos
amarrando o cabo ao redor da cintura, com um nó que poderia desfazer com
um puxão, então voltou ao trabalho.
Em alguns minutos, a janela se abriu o suficiente para admiti-lo.
Atravessou atrapalhado, puxou o resto do comprimento do cabo, e caiu no
chão.
Estava feliz. Podia relaxar por um momento, e tudo o que ele precisava
fazer neste ponto era uma busca escondido pelos escritórios, encontrar a
vitrine, trocar o amuleto e voltar para o térreo novamente. Fácil.

Ben olhou para a vitrine e o seu coração apertou.


Não demorara muito para encontrá-la. Os escritórios da Tendrando
pareciam estar vazios há uma hora, então não havia pessoas para se desviar.
A vitrine não estava em nenhum dos escritórios executivos individuais, mas
na câmara central, dominada por uma grande mesa e um droide de
protocolo recepcionista cujos os sensores ópticos estavam desligados,
indicando que ele estava no modo suspenso.
A câmara em si continha uma dúzia ou mais de vitrines, principalmente
estátuas e placas comemorando acordos de negócios excepcionalmente
vantajosos feitos em Drewwa. Alguns desses itens eram presentes incomuns
dados para o escritório local, tais como um conjunto de pequenos droides
acrobatas, cada um com um palmo de altura, mesmo agora dando
cambalhotas em suas traves na vitrine.
Mas o topo de transparaço fora cuidadosamente removido da vitrine e o
Amuleto de Kalara sumira.
A almofada de veludo vermelho na qual repousava ainda estava lá, bem
como uma placa prateada e preta ao lado: AMULETO DE KALARA. ENTREGUE A STONIAS
LEEM PELOS AGRADECIDOS VITORIOSOS DA INSURREIÇÃO DE ILIABATH.

Mas não havia amuleto na almofada. Em vez dele havia um pedaço de


flimsi escrito manualmente. Ele lia: Levarei o Amuleto para onde ele
pertence. Sejam gratos por eu ter poupado as suas vidas. Assinado por
Faskus de Ziost.
Havia mais uma coisa no estojo, também. Era um traço de emoção que
Ben pôde detectar pela Força, uma sensação de felicidade, alegria. A
vanglória de uma vida inteira Sith deveria ter infundido no amuleto, e um
pouco daquela emoção fora deixada no estojo.
Ben se sentou no carpete e tentou descobrir o que aquilo tudo
significava.
Outro alguém roubara o amuleto que deveria roubar. Isso não era justo.
E deveria ter acontecido recentemente, dentro das últimas horas. Se
houvesse acontecido no dia anterior ou antes, as autoridades locais já
estariam ali para investigar, e a vitrine não estaria daquele jeito. Teria sido
fechada, o pedaço de flimsi removido.
Ben fechou os olhos e tentou sentir alguma coisa, qualquer coisa sobre o
ladrão, mas não conseguia. Não havia tragédia ali a ser detectada, nenhum
vasto derramamento de emoção em relação ao amuleto. Não podia ver o
rosto do criminoso ou sentir o seu espírito. E não conseguia detectar
ninguém naqueles escritórios, significando que o ladrão já escapara. Com
apenas alguns minutos de vantagem, podia estar em qualquer lugar da
cidade, e poderia ter bem mais do que alguns minutos.
Ben abriu os olhos e suspirou. Falhara. Falhara com Jacen, e agora
todos os Jedi estavam em perigo.
Não, espere um minuto, talvez não, ainda não. Talvez, em vez de se
esgueirar para casa e admitir o fracasso, talvez pudesse continuar a missão,
improvisando. Poderia ser capaz de seguir esse Faskus e pegar o amuleto
dele.
Mas para onde Faskus o levaria? Ben pegou o seu datapad e acessou
arquivos que nunca lera antes, aqueles relacionados com a origem e história
do amuleto.
O arquivo principal do assunto dizia que ele fora fabricado em Ziost
cerca de dois mil anos padrão antes, e que as energias do lado sombrio
investidas nele impediram a sua corrosão ou desgaste. Ben franziu a testa.
Jacen não acreditava na energia do lado sombrio, ou no lado sombrio da
Força propriamente dito, e então Ben tampouco.., mas muitos dos Jedi com
quem eles lidaram eram tão antiquados nesse ponto que Jacen
relutantemente empregava termos como lado luminoso e lado sombrio para
se comunicar com eles efetivamente.
Roubado por um homem de Ziost, concebido em Ziost... Faskus
obviamente levaria o amuleto de volta a Ziost.
Ben reconheceu o nome daquele planeta, e isso lhe deu um pequeno
calafrio. Ziost era o mundo natal dos Sith, a espécie que dera o nome mais
tarde à ordem. Nos séculos subsequentes, Sith se referia aos usuários da
Força de qualquer espécie que seguia as tradições da ordem.
O seu datapad gerou pouca informação sobre Ziost, e Ben se
surpreendeu ao descobrir isso, tendo em vista distâncias galácticas, Ziost
não era longe de Almania, uma viagem de poucas horas de transporte, mas
nenhum transporte iria pra lá; mundos notáveis por seu clima inóspito e
horrores antigos simplesmente não eram destinos turísticos comuns.
Precisaria arranjar transporte de outra maneira.
Mas o que fazer agora? Deixar a vitrine como a encontrou?
Jacen dissera que a missão principal era colocar o amuleto nas mãos
dele, de Jacen. Se fosse declarado roubado, poderia ser mais difícil de
consegui-lo. Se as autoridades pegassem esse Faskus de Ziost, poderia ser
bem difícil, de fato.
Ben pegou a cópia do amuleto de um bolso interno e o colocou na
almofada de veludo. Deu uma boa olhada no holo do amuleto real em seu
datapad e foi cuidadoso ao arrumar o falso e a sua corrente na almofada
como apareciam na imagem. Então ele pegou o bilhete de Faskus e
recolocou o tampo da vitrine.
Pronto. Agora ninguém saberia que o amuleto real fora roubado, a
menos que pegassem o falso e o estudassem. Talvez nem mesmo assim;
estava claro que o escritório local da Tendrando não tinha ideia do que
possuía, e talvez nunca registraram informações suficientes sobre ele para
distinguir o real de um falso.
Ben passou os próximos minutos encobrindo os seus rastros. Na janela
pela qual entrara no escritório, ele usou a Força para desamarrar o cabo e o
arrastá-lo até ele, então fechou a janela novamente.
Agora não havia sinais de que qualquer pessoa sem autorização estivera
ali.
Deixou os escritórios pela porta da frente, chamou o turboelevador e
desceu para o nível da rua.

Dois minutos após a partida de Ben, o droide de protocolo na área de


recepção ganhou vida. Os seus sensores ópticos se acenderam e a sua
cabeça girou para olhar para a vitrine. A imagem que os seus sensores
visuais captaram foi comprimida e transmitida por uma frequência de
comunicação específica.
Há quilômetros de distância, no Espaçoporto de Drewwa, um cargueiro
com cem metros de comprimento repousava em um dos hangares
exteriores. Nos dias em que estivera no porto, a embarcação de aparência
inofensiva atraíra pouca atenção, com a sua tripulação mínima
transportando uma pequena carga desinteressante de droides de linhas
interrompidas.
Mas a embarcação atarracada e deselegante atrairia muito mais atenção
se alguém a embarcasse para examiná-la. Inspetores teriam descoberto que
metade dos compartimentos de carga foram convertidos para
compartimentos de caças, e que os caças preto e bronze eram bem
conhecidos nas pistas espaciais como veículos pirata.
O nome do registro do cargueiro era falso. O seu transmissor indicava
que era a Maré Alta, embora a sua tripulação, e vítimas, conhecessem-no
por Encontro no Cemitério.
O painel do computador de comunicações recebeu a mensagem do
distante droide, interceptou-a e enviou uma mensagem de texto para a tela
de seu capitão, cujo nome era Byalfin Dyur. Dyur, um Bothano de aparência
subnutrida com pelo de uma agradável cor de bronze, desviou o olhar de
seu holonovela e leu a mensagem em voz alta para os outros tripulantes na
ponte:
— Cérebro Vermelho em movimento. Rastreador ativado. Troca
confirmada. — Ele se recostou e suspirou, contente pela escala nessa lua
excessivamente obediente à lei não ter se prolongado.
Hirrtu, o seu oficial de comunicação, atirador e cozinheiro, um Rodiano
que gastava cada crédito a mais para tingir as suas quintas escamas verde-
claro para um azul escuro, dando a ele uma aparência curiosamente
pontilhada, fez uma pergunta.
— Sim, responda. — Dyur disse. — “O capitão e a tripulação da
Encontro no Cemitério reconhecem que a sua parte segura e pouco exigente
dessa escapada chegou ao fim, e aceita a transferência de responsabilidade.
Durma sem preocupações, e saiba que grupos bem mais interessantes que o
seu carregam a tocha sempre.” Entendeu?
Hirrtu o encarou por alguns momentos. Então ele digitou TRANSFERÊNCIA
RECONHECIDA em seu painel de comunicação e enviou a mensagem.

Dyur suspirou e voltou a sua atenção para o holonovela.


— Não há chama imortal dentro de você.
Hirrtu assentiu, admitindo que o capitão estava correto.
— Rastreie o garoto. Eu quero saber onde ele está cada minuto do dia.
Capítulo Doze
SISTEMA BOTHAWUI, FRAGATA DA ALIANÇA GALÁCTICA
SHAMUNAAR

A porta para o centro de comando deslizou se abrindo e o almirante, um


homem barrigudo de meia idade que, no entanto, parecia imponente em seu
uniforme branco, entrou, flanqueado por dois oficiais juniores o escoltando.
Um deles gritou:
— Almirante na ponte!
O comandante da Shamunaar, um Devaroniano robusto, saltou de sua
cadeira e o saudou.
— Almirante Klauskin. Estou contente em tê-lo a bordo.
Klauskin devolveu a saudação, seu gesto tão puro quanto o seu
uniforme.
— Capitão Biurk. É um prazer conhecê-lo. — Ele apertou a mão do
capitão e olhou ao redor da ponte. — Precisamos conversar em particular.
— Agora mesmo.
Biurk levou o almirante atravessando outra porta para o seu escritório
particular, o qual era decorado em tons de marrom profundo e bege. Em vez
de se sentar em sua habitual cadeira atrás da mesa, parou ao lado de duas
cadeiras em frente a ela e indicou para o almirante se sentar na outra.
Klauskin se sentou e, quando Biurk sentou-se, entregou ao capitão um
cartão de dados.
— Essas não são ordens, exatamente. — ele disse, — mas autorização
para você aceitar as minhas ordens verbais. A Shamunaar foi destacada das
atividades comuns da frota e designada para a Guarda da Aliança Galáctica
em uma missão especial.
— Senhor, eu não entendo. A missão atual da Shamunaar é tudo, menos
comum. Estamos coordenando todas as forças de reconhecimento e
combate da Aliança no sistema Bothawui, e estamos encarregados de
impedir que as frotas Bothanas deixem o sistema secretamente. A nossa
atribuição é estratégica... e importante.
— Teria sido, se vocês não tivessem sido traídos.
Isso fez Biurk enrijecer.
— Traídos como?
— Essa missão foi atribuída à GAG porque certas partes do exército
foram comprometidas. — Klauskin disse. — Isso não é muito
surpreendente em tempos de guerra, é claro. Eu passei as últimas semanas
em uma missão especial, desmascarando traidores e planejando uma
resposta.
Biurk ouvira que Klauskin fora removido apressadamente de seu
comando da força tarefa em Corellia um tempo atrás. Houve rumores de
que ele passara por algum tipo de colapso.., mas qualquer reatribuição
súbita de um comandante era passível de gerar tais rumores.
— Essa é a situação. — Klauskin continuou. — Vários oficiais sob o
seu comando estão sob recrutamento Bothano. No dia em que os Bothanos
decidirem enviar a frota para a ação, eles vão fazer o que for preciso para
impedir as forças da Aliança de descobrirem o fato... até ser tarde demais.
— Mas não vamos deixar isso acontecer. Você fornecerá uma lista de
todos os oficiais sob o seu comando, e eu indicarei quais são os traidores.
Vamos reorganizar os seus turnos de funções para deixá-los sem observação
ou desprotegidos em horários específicos, ponto no qual os capturamos e
eliminamos. Então nós, pelo que quero dizer a Shamunaar, tomaremos a
zona de observação encoberta por eles, taparemos o buraco que a ausência
deles formar.
— Entendido. Mas, senhor, eu conheço muito desses oficiais muito
bem. Eles não são traidores.
— Tenho certeza de que aqueles os quais você garantir pessoalmente
são completamente leais. Quando você me der a lista de oficiais, certifique-
se de indicar os que você tem certeza. — Klauskin se inclinou para frente
para dar um solidário tapinha no ombro. — Eu sei que isso chega a você
como um choque, filho, mas nos resolveremos isso, bem discretamente, e
não refletirá em seu registro de serviço.
— Obrigado, senhor.

DREWWA, LUA DE ALMANIA


Ben passou a maior parte dos dois dias planejando a sua viagem para Ziost.
Durante esse tempo, realizou a sua técnica de roubar cartões mais duas
vezes, e ficou satisfeito ao descobrir que se tornara mais fácil, mais
tranquila e menos perceptível a cada vez.
Fez uma pesquisa no banco de dados planetário e descobriu se algum
transporte ou serviço de excursão fazia viagens para Ziost. A resposta foi
um definitivo e inequívoco não, já que Ziost não aparecia em nenhum
banco de dados público. Ainda assim, as suas coordenadas estavam nos
arquivos que Jacen dera a ele.
Também não havia, até onde podia determinar, muita atividade de
contrabando ali, não havia nada que sugerisse que donos de naves
desesperados, como o seu tio Han havia sido tantos anos atrás, espreitavam
em cada taverna, dispostos a levar ambiciosos jovens Jedi para onde
quisessem ir.
Bom, então, simplesmente precisaria roubar um veículo.
Sabia que não seria tão simples quanto se esgueirar em alguma linha de
voo, pular em uma B-wing e decolar. Veículos tinham códigos de segurança
que os deixava difíceis de roubar.
A segurança ao redor do espaçoporto não era exatamente negligente,
mas também não era pensada para deter um Jedi. O principal perigo de
detecção que enfrentava estava com os pequenos droides de segurança
usados pela base toda, com metade da altura de um humano, esguios, com
cabeças cônicas e pacotes de sensores no topo de um arranjo de braços e
pernas humanoides. Dezenas desses droides vagavam individualmente
pelos arredores do espaçoporto, algumas vezes escondidos pelos
propulsores de veículos estacionados, algumas vezes conduzindo veículos
de entrega de bagagens. Ben os observou por uma hora, mais ou menos,
através da janela na sala de espera do lado de fora das áreas seguras e notou
que ele não reagiam às pessoas vestindo os macacões amarelos brilhantes
do pessoal do espaçoporto.
Esse conhecimento deixava mais fácil. Um toque da telecinese Jedi
impedia as portas de fecharem e trancarem firmemente atrás do pessoal do
porto entrando em áreas seguras. Ben vagou por lá, eventualmente
encontrando uma sala de armários e pegando para si um macacão e o
transmissor correspondente que impedia os droides de segurança de prestar
atenção em seu portador.
Isso lhe deu a liberdade de andar pelo porto por um dia. Ainda se
manteve bem longe da maioria dos funcionários humanos; eles poderiam
fazer perguntas sobre um adolescente obviamente estrangeiro fazendo o que
parecia ser um inventário completo de todas as naves na base, mas os
droides não eram mais um problema.
Não demorou muito para encontrar a nave que pensou ser a mais
indicada para levá-lo até Ziost. Era um antigo caça Y-Wing,
cuidadosamente mantido, com a pintura do casco sem marcas. Ele
repousava em baixo de um cobertor em ambiente coberto pelo que parecia
ser uma camada grossa de poeira.
O computador da porta do hangar listava o dono como Hemalian Barkid
de Drewwa e indicava que o seu último voo com o Y-Wing tinha sido meio
ano padrão antes. Um tempinho na rede planetária rastreou os dados
pessoais de Hemalian Barkid. Era um empregado da Robóticas Trang, e as
mensagens pra ele agora eram encaminhadas para Kuat. Claramente ele fora
designado pra fora do mundo e deixara o seu veículo pessoal para trás.
O astromecânico do Y-Wing não estava em lugar nenhum, e o seu
sistema de armas fora desmantelado, provavelmente devido aos decretos
locais sobre cidadães comuns terem canhões laser, de íon ou torpedos de
prótons, mas o seu hiperdrive estava intacto, e o pouco brilho no painel de
controle que Ben podia ver através da canopi da cabine deixava claro que os
computadores estavam carregados, provavelmente fazendo diagnósticos
pela bateria.
E isso, por fim, dizia a Ben o que ele precisava para deixar a Y-Wing
operacional.
— No campo, quando você não pode fazer algo sozinho. — A sua mãe
dissera a ele uma vez, — a sua solução óbvia é encontrar alguém que possa
fazer para você.
Baixou a informação de contato de Hemalian Barkid em seu datapad,
então passou muitas horas a mais procurando no banco de dados planetário
mais informações que precisava e cartas como aquela que ele precisava
escrever. Cuidadosamente, teimosamente, extraiu um fato aqui, uma frase
ali, e terminou com algo que, ao seu olhar, parecia autêntico.

De: Hemalian Barkid


Conta 7543 BH (Hangar 113)

Para: Gerente do Hangar, Espaçoporto de Drewwa

Eu voltarei pra a casa amanhã. Gostaria que o meu Y-Wing


estivesse pronto quando eu chegar. Por favor, faça uma recarga,
checagem de manutenção padrão e análise de astromecânico do
computador, particularmente o computador de navegação, e envie a
cobrança e a sua taxa padrão para minha conta.

Era a última parte que, Ben pensou, compraria os gerentes do


espaçoporto para essa tarefa. Todos diziam que pessoas amavam fazer
tarefas de última hora em suas taxas padrões, porque as taxas padrões de
última hora sempre eram três ou quatro vezes o que as taxas padrões seriam
se combinadas com tempo de sobra.
Ben enviou a mensagem do computador da porta do hangar, o qual
poderia ter, plausivelmente, recebido e encaminhado a mensagem do Barkid
real. Pegou a sua holocâmera de bolso, aquela que carregava desde a sua
missão com Jacen em Adumar, e a fixou nas vigas, apontando para o painel
de segurança da Y-Wing, então certificou-se de que ela aceitaria comandos
transmitidos de seu datapad. Finalmente, ele recolocou o cobertor de
ambiente em cima da Y-Wing, limpou a poeira o máximo que pode, e fez
para si um esconderijo atrás de uns caixotes descartados de plastaço para
esperar.
Não demorou muito. Três horas mais tarde, a porta do hangar se abriu e
duas formas entraram, uma mecânica humana no macacão amarelo padrão e
um astromecânico R2.
O coração de Ben apertou. Presumira, baseado em quão automáticas as
coisas eram por ali, que uma operação tão simples quanto uma checagem de
rotina em um veículo seria feita por um droide mecânico. Planejara esperar
até o droide terminar a sua tarefa e então cortar a sua cabeça, impedindo-o
de ir embora com o R2.
Mas não poderia cortar a cabeça da mulher.
Bom, tecnicamente podia. Só não deveria. Apesar de que se chegasse ao
ponto de fazer isso ou falhar em sua missão, uma missão importante, o que
faria? Franziu a testa, lutando para achar a resposta.
A mulher, de trinta e poucos, musculosa, com os cabelos escuros sob
um boné amarelo, removeu o cobertor de ambiente da Y-Wing, mandando
uma enorme quantidade de poeira pelo ar. Ela imediatamente começou a
espirrar. O R2 dela assobiou pra ela.
Quando a poeira transportada pelo ar chegou a Ben, teve vontade de
espirrar, também. Manteve um dedo sob o nariz e fez uma careta para a
mulher.
Enquanto a mulher subia para a cabine, Ben ativou a holocâmera. A
unidade R2 assobiou novamente, girando a parte de cima em domo de seu
corpo ao redor, com os seus sensores obviamente procurando por algo. Ben
agachou mais, como se isso o deixasse ainda mais invisível.
— Não seja bobo, Shaker. — a mulher disse. — Quanto quer apostar
que o dono tem alguns dispositivos anti-roubo instalados? Provavelmente
ativamos um.
Conformada, a unidade R2 assobiou novamente e voltou a sua atenção
para a sua companheira.
Em uma questão de alguns minutos, a mulher digitou o seu código de
segurança no painel da cabine, erguendo a canopi e então usou o guincho
magnético do hangar para erguer o astromecânico e colocá-lo em seu leito
atrás da cabine. Ben assistiu enquanto ela afastava painéis laterais ao longo
da fuselagem da Y-Wing e conectava o seu próprio datapad enorme neles,
um por um, checando as leituras enquanto o fazia. Conforme o R2 passou
por todas as séries de checagens e análises, a mulher deixou o hangar por
alguns minutos; ela retornou atrás dos controles de um pequeno tanque de
combustível e prosseguiu com o reabastecimento do caça estelar.
A ansiedade cresceu dentro de Ben. A mulher e o astromecânico
deveriam estar chegando ao fim de suas funções. Em breve ela removeria o
R2 de sua acomodação atrás da cabine. Ben precisava decidir ali mesmo o
que faria sobre a mulher.
Bom, ele certamente não cortaria a cabeça dela fora, mas ele precisaria
incapacitá-la. Quando tanto ela quanto a unidade R2 estavam olhando para
longe, Ben saltou para as vigas, encaminhou-se para onde a holocâmera
estava fixada e a recuperou, então seguiu até um ponto diretamente sobre a
porta do hangar e esperou. Quando parecia que tanto a mulher quanto o
droide tinham a atenção fixa em outra coisa, ele caiu silenciosamente no
permacreto e usou esse impulso para rolar pra fora do hangar.
Então ele caminhou de volta, datapad em mãos. O astromecânico ainda
estava atrás da cabine; a mulher agora preparava o veículo de
reabastecimento para ser levado para fora.
— Olá. — Ben disse.
A mulher olhou para ele.
— Olá. Você não é muito jovem para ser um funcionário do porto?
— Estagiário. — Ben deixou a sua voz soar rabugenta. — Eu só sirvo
para entregar mensagens, eu suponho. E eu tenho uma pra você.
— Continue.
— O dono da Y-Wing disse que o astromecânico dele passou por um
bagunçado colapso de programação e teve a sua memória apagada. Então
ele precisa de outro temporariamente. Ele gostaria de alugar qualquer um
que tenha sido usado para a calibração do veículo.
Ela limpou as mãos em um paninho e deu de ombros.
— Então por que você está me contando isso?
— Para que deixe o droide aqui.
— Oh, ele vai chegar cedo assim.
Ben assentiu.
Ela olhou por cima do ombro para o droide.
— Parece que você vai passear pelo sistema solar pelo resto do dia,
Shaker. Rodder sortudo. — Ela jogou o pano para o lado e voltou a atenção
para Ben. — Tem o código de autorização pra isso? — Ela pegou o datapd
do banco da frente do tanque de reabastecimento e o segurou para ele.
— Bem aqui. Prepare-se para receber. — Então Ben franziu a testa para
eu datapad. — Droga. A luz da minha tela apagou. Temos que fazer isso na
luz do sol.
Com um suspiro, seja pela confiança em outro com dispositivos
inferiores ou pela inconveniência de ter que dar dez passos, Ben não sabia,
a mulher seguiu na direção de Ben e da porta para fora.
Liderou o caminho e virou à esquerda passando pela porta, parando
quando estavam fora da vista da unidade R2. No segundo disponível a ele
antes da mulher alcançá-lo, ele deu uma olhada em volta. A pessoa mais
próxima que podia ver, um funcionário de macacão, estava em outro
hangar, mas de cinquenta metros distantes. Isso era bom.
— Tudo bem. — a mulher disse. — Transmita.
Ben pressionou um botão em seu datapad, embora ele tenha desligado o
aparelho.
— Transmitido. Preciso fazer algo para preparar o droide?
— Apenas tire o parafuso de contenção. E eu farei isso. Ei, eu não
recebi o código.
Fazendo uma careta com irritação falsa, Ben pressionou o botão
novamente.
— E agora?
— Não.
Deu um passo para perto e ela estava agora ao alcance dos braços dele.
— Mais uma vez. — ele disse, e dirigiu o seu punho para o plexo solar
dela.
Os olhos dela cresceram tanto, e todo o ar saiu dela com um som
doloroso.
— Oooosh. — e ela involuntariamente dobrou-se para frente.
Dessa vez ele atacou por cima, com um golpe com a palma da mão
aberta que a pegou no queixo. Sentiu a mandíbula dela quebrar sob o
impacto. Ela caiu tão frágil quanto um saco de tecido cheio de forragem de
bantha, seu datapad retinindo contra o duracreto ao lado dela.
Sentiu-se mal, até mesmo enjoado, por um breve momento, então a
euforia substituiu aquela sensação. Pronto, disse a si mesmo. Sem muito
dano. Jacen teria me perdoado se eu te matasse, e eu nem fiz isso, se
movendo rapidamente, a ergueu até uma posição sentada, então a puxou
sobre os ombros, um transporte de resgate que todos os aprendizes Jedi
aprendiam.
Carregou-a até a lateral do prédio, até o beco estreito entre dois
hangares, pegou o datapad da mulher e se sentou atrás dos controles do
tanque de reabastecimento.
Nos poucos momentos que levou para se familiarizar com os controles,
o droide assobiou pra ele.
— Está tudo certo. — Ben assegurou para a unidade R2. — Ela está
tomando conta dos últimos detalhes e me pediu para mover isso. — Ele
ligou o veículo, então cuidadosamente saiu do hangar de ré e imediatamente
estacionou o tanque onde ele bloquearia a visão da mulher inconsciente.
Ele tivera um golpe de sorte. A mulher aparentemente abrira o seu
datapad para o arquivo para a tarefa de manutenção do Y-Wing. Todos os
dados que ele precisava, incluindo as especificações completas de
manutenção para o Y-Wing e os dados da unidade R2, estavam ali.
Então ele assobiava quando retornou para o hangar. Usou as próprias
ferramentas da mulher para remover o parafuso de contenção do droide.
— Eu devo levar o Y-Wing para um teste de voo. — ele disse para o R2.
— Dessa maneira, se ele explodir, o dono não sofrerá um inconveniente.
O droide assobiou e gorjeou pra ele, com os seus tons musicais
sugerindo que era indiferente à mudança dos planos, mas estava mais do
que contente em ir.
— Bom. Deixe-me pegar a minha mochila e podemos começar as
checagens pré-voo.

ZONA DE EXCLUSÃO CORELLIANA, AVENTURA ERRANTE

Nos primeiros dias após a Aventura Errante ser autorizada a oferecer os


seus serviços para o pessoal militar da Aliança no sistema Corelliano, os
seus cassinos e outros entretenimentos lucraram bastante. Booster Terrik, o
Grande Homem da operação, embora estivesse, teoricamente, aposentado
das funções do dia a dia, era visto frequentemente nos cassinos, esvoaçando
com a sua cadeira flutuante, cumprimentando clientes e encorajando
funcionários, com os seus olhos saltados da maneira como só o comércio
podia deixá-los.
Os suas novas funcionárias, sem salário, não prejudicavam as coisas,
tampouco.
Iella e Myri trabalhavam como crupiês. Iella usava maquiagem o
bastante para esconder a sua real identidade; Myri não precisava de tal
precaução, mas mudou a cor dos cabelos com spray em tons e combinações
diferentes a cada dia, só porque era o seu costume. Duas mulheres atraentes,
uma geração de diferença, conversadoras e entregadoras de cartas
habilidosas, elas atraíam uma multidão de bom tamanho para as suas mesas
todos os dias, e as suas gorjetas eram boas o bastante para fazer Myri se
perguntar se a Inteligência era a carreira que queria pra si, afinal.
Lando e Han trabalhavam nos cassinos, também, mas não como crupiês.
Cada dia eles sentavam-se, em diferentes cassinos, nas mesas de sabacc.
Lando mantinha sua identidade como Bescat Offdurmin, e Han continuava
a usar a sua maquiagem de pele amarela e bigode fino toda manhã. Ao final
de cada dia eles comparavam os seus ganhos; após a primeira semana,
Lando estava ligeiramente à frente.
Mirax passava a maior parte do tempo com o seu pai. Durante anos de
aposentadoria em Corellia, ela alegremente ignorara os esforços de seu pai
para levá-la para a Aventura Errante para aprender e, talvez, tomar conta de
suas operações. Agora o seu mundo natal era, por enquanto, hostil e ela não
tinha nada mais adequado aos seus talentos para fazer, então se jogou em
novos estudos com a obsessão típica de Mirax, encantando o seu pai.
Leia, Wedge e Corran se concentravam no lado da interpretação de
dados. Raramente se aventurando pelas áreas públicas da nave, cada passeio
desses, no entanto curtos, obrigava-os a se disfarçar, eles se confinaram a
uma cabine de computador auxiliar oferecida por Booster e começaram a
meticulosamente juntar e analisar os dados que os outros providenciavam
para eles.
Dados vinham dos clientes bêbados e sóbrios, dos felizes e dos
amargos, dos oficiais com problemas matrimoniais e olhares perdidos, do
pessoal com ressentimentos acumulados e filtros inadequados entre os seus
cérebros e as suas bocas.
Os dados mais valiosos geralmente vinham de clientes que, ao final de
suas licenças para descanso e lazer, estavam duros e bêbados demais para
ficar de pé. O círculo especial de funcionários da Aventura Errante tomava
conta deles, deixando-os ficar sóbrios em pequenos lounges silenciosos,
dando a eles créditos suficientes para um transporte de retorno para as suas
unidades militares, presumindo que não haviam comprado a passagem de
volta em primeiro lugar, a qual geralmente não tinham, e mesmo quase
carregando-os até as docas dos transportes para os seus voos. Han, Lando e
os outros reunindo dados tornavam-se novos melhores amigos de um
número imenso de jovens soldados, pilotos e técnicos.
Mas a informação que colhiam era frustrante de tão tênue. Uma semana
nessa operação, e aqueles reunindo dados se juntaram para ver se havia
alguma preciosa informação a ser encontrada.
— Eu digo para começarmos com você. — Lando disse, apontando para
Wedge. — Você parece mais infeliz. E isso quer dizer resultados.
Wedge realmente parecia mal-humorado, e o olhar que deu para Lando
não fez nada para diminuir essa impressão.
— Infeliz, sim. — ele disse. — Resultados, na verdade, não. Syal está
aqui agora, apostando no Cassino Goela. — Syal, a filha mais velha de
Wedge, era uma piloto das forças da Aliança, e Lando sentiu uma onda de
simpatia por Wedge, estar tão perto dela, ainda assim incapaz de se
aproximar dela, tudo pelo tolo motivo de que ele tecnicamente era
considerado como pessoal inimigo.
Então Wedge acrescentou:
— Com um garoto.
Lando bufou.
— Um garoto? O que, doze, treze anos?
O olhar de Wedge não cedeu.
— Mais ou menos da idade dela. E um piloto. Há dois tipos de pilotos
homens. Bons homens, tais como aqueles que eu nunca tentei quebrar ou
fazê-los fugir do meu esquadrão, que eu nunca tentaria atirar antes de
confiar minha filha a eles. E homens piores, em quem eu atiraria se os
pegasse olhando pra minha filha.
— Trinta segundos. — Corran disse. — e você já desviou de nosso
assunto. Guerra, certo? Pessoas ainda estão interessadas em guerra e
titereiros?
Wedge suspirou e virou o seu olhar na direção da mesa.
— Eu sei que isso vai soar estranho. — Leia disse, — mas eu não
encontrei nenhuma indicação de que essa guerra foi precipitada por forças
de fora. Estive revisando relatórios de notícias, análises históricas, todos os
dados que temos à mão, e parece que o conflito central entre Corellia e a
AG era a conclusão inevitável de suas respectivas direções políticas.
— Menos sílabas, por favor. — Lando disse. — Lembre-se, o seu
marido está na mesa.
Han deu a ele um leve olhar contente de você é o próximo, então voltou
a sua atenção de volta para a sua esposa.
— Então isso significa que não existe um titereiro?
Ela balançou a cabeça.
— Isso significa que a guerra em si não é o plano original do titereiro,
ou, pelo menos, não é culpa dele, mas as manipulações que pensamos ter
detectado realmente levam a algo. Nós podemos ver uma relação de causa e
efeito... nós só precisamos descobrir o motivo.
Iella abriu o seu datapad.
— Eventos como a emboscada Corelliana da Frota da AG que veio para
intimidá-la. O resultado? Corellia permaneceu independente um tempinho
mais. Se não viesse, outro mundo provavelmente teria se tornado o ponto de
foco do movimento de independência. Bothawui ou Commenor seriam
candidatos prováveis, mas Corellia tinha algo que eles não tinham.
Wedge assentiu.
— A Estação Centerpoint e uma frota de ataque secreta.
— Correto. — Iella disse. — Então temos o Almirante Klauskin, que
claramente foi comprometido, se estamos certos sobre essas manifestações
de fantasmas da Força serem evidências de nosso titereiro. O resultado
dessa interferência? A situação aqui piorou, a Aliança ficou em uma
posição ruim, Corellia recebeu muita simpatia.
— Acelerando o processo pelo qual os outros mundos consideravam
tomar o lado de Corellia. — Leia disse. — Então tudo aquilo na Estação
Toryaz, a morte da Primeira-Ministra Saxan. Isso causou uma mudança na
liderança Corelliana, permitindo a Thrackan Sal-Solo se promover de
Ministro da Guerra para Presidente. E com as preparações da guerra
acelerando, ele precisava colocar a sua frota secreta na lista de recursos.
A voz dela diminuiu, como se estivesse hesitando em falar alto com
essa companhia exaltada, Myri disse:
— Isso também dispersou os Jedi.
Leia franziu a testa.
— O quê?
Myri parecia desconfortável.
— Bom, não dispersou os Jedi realmente. Eu quis dizer, o Conselho
Jedi em Coruscant não foi afetado, mas se você olhar para os laços de
família, os quais fizeram tanta diferença ao longo dos anos com a família
estendida Solo e Skywalker, num minuto vocês estavam todos juntos, e
então, boom, vocês estavam espalhados pela galáxia. Alguns de vocês em
conflito. Era como uma granada secreta.
Leia e Han trocaram um olhar suspeito, e Iella considerou a sua filha
com interesse.
— Essa é uma interpretação interessante. — Leia disse. O seu tom
sugeria cuidado, reserva. — Eu não considerei isso como um fator.
Myri, a sua ideia não tendo sido descartada por trunfos acumulados,
começou a parecer mais confortável.
— Na escola, somos ensinados a seguir o princípio. Seguir o dinheiro.
Seguir o amante. Seguir os recursos. O truque está algumas vezes em
identificar os recursos.
Corran assentia desde que o primeiro seguir deixou os lábios de Myri.
— Você está dizendo que o clã Solo e Skywalker é um recurso
significativo, e ele foi eliminado.
— Sim.
Leia não conseguiu afastar um pouco de raiva de sua voz.
— Nós não fomos eliminados.
— Não como indivíduos, não. — Corran deu a ela um olhar de
simpatia, mas não cedeu. — Mas como uma família... diga-me que pode
enviar um chamado, como poderia ter feito seis meses atrás, e focar a
atenção e habilidades de sua família inteira em um único problema ou
inimigo. Diga-me isso.
Leia pensou sobre aquilo, então pareceu murchar apenas um pouquinho.
— Eu não posso.
— Vocês foram tirados do quadro. Como uma força unida. — Corran
deu a Myri um pequeno aceno de respeito. — Bom trabalho, garota.
— Obrigada. — Myri parecia tanto satisfeita quanto desconfortável com
o elogio. — Então talvez presumamos que deixar a sua família em pedaços
que não mais se completam era um dos maiores objetivos do titereiro.
Porque em longo prazo, se a recente história galáctica é uma evidência, isso
faria uma grande, grande diferença.
— E você tem que juntar esse clã de novo. — Lando disse.
Han não conseguiu deixar a dor de fora de seu rosto ou de sua voz
quando disse:
— Não tenho certeza se é possível. Não tenho certeza de que essas
peças vão se juntar novamente.
— Lando tem razão, no entanto. — A expressão de Leia se tornou séria,
determinada. — Han, estivemos concentrados nas coisas erradas. Em
provar a nossa inocência, descobrir qual dos comparsas de Dur Gejjen
precisa cair com ele... nada disso é realmente importante, não comparado a
consertar as coisas. Eu acho que precisamos desistir dos conspiradores
Corellianos...
— Pelo menos. — Wedge interrompeu. — até os julgamentos de guerra.
— Certo. Desistir dos conspiradores, rebaixar o titereiro a importância
secundária, e nos concentrar em resolver os problemas de verdade. Colocar
os Skywalkers e Solos de volta no jogo como uma frente unida.
— Claro, por que não? — Han ofereceu um sorriso torto. — Tudo o que
Luke e Mara precisam fazer é se exilarem, também. E então podemos
cruzar o espaço como uma família grande e feliz.
Mas algo em seus olhos sugeriam que deixara algo não dito, e Lando
tinha quase certeza de que sabia o que era: exceto por Jacen.

Dezenas de conveses abaixo, uma pequena nave cargueira se ergueu sobre o


hangar principal da Aventura Errante.
Não era um veículo bonito. Cerca de quarenta metros de comprimento
de proa a popa, tinha a dianteira, o seu principal compartimento de carga,
tão elegante e aerodinâmico quanto um grosso bife nerf cortado em um
retângulo e levantado em sua base. Atrás disso, constituindo cerca de um
terço do comprimento da embarcação, estava o poço de manobra, um
cilindro baixo abrigando os principais propulsores e os servomotores que
posicionavam os estabilizadores de manobra, superfícies longas como asas
que estendiam-se lateralmente do poço.
Em resumo, parecia com a prole mutante de um pássaro e um tijolo,
reprojetado por Verpines para voar de ré.
Esse exemplo da linha YV-666 tinha amassados, cicatrizes de raios e
pedaços de ferrugem por todo o casco, deixando-o especialmente
desagradável.
Na parte da frente do convés superior, a Capitã Uran Lavint
cuidadosamente manobrou a nave desajeitada até o hangar, então seguiu o
droide esférico brilhante sobre um trilho de luzes piscantes no chão do
hangar para o seu atracadouro designado.
— Assim que pousarmos. — ela disse. — você vai querer entrar no
compartimento de contrabando. Eles farão um escaneamento básico por
fora.
— Nós entendemos. — A voz de Alema veio de um pedaço de sombra,
impenetrável pela visão comum, na parte dos fundos da ponte. — Por que
eles se importariam com passageiros não declarados?
— É tudo sobre dinheiro. — Lavint pousou a nave com o mais leve dos
baques, apesar de o barulho ter sido acompanhado pelo guincho e chiado de
componentes de duraço assentando. Ela fez uma careta para o barulho. —
Se eles não sabem sobre você, não podem cobrar de você, bom, nada.
Assim que conseguir minha cabine, eu lhe digo onde é.
— Bom. Por que essa nave, Capitã? O que tem de tão especial sobre um
cassino gigante e complexo de compras?
— Eu demoraria demais para explicar, mas me lembre de dar a você
alguma hora o meu discurso sobre contrabandistas Corellianos.
— Lembraremos.
Lavint não viu a sombra desaparecer, mas a ponte pareceu se iluminar, e
ela sabia que Alema saíra.
Três andares abaixo, os funcionários do hangar vieram para frente. Em
um momento eles conectariam uma porta de comunicação no casco exterior
e perguntando quais dos muitos serviços deles ela gostaria se beneficiar,
reabastecimento, remoção de ferrugem, pintura, transmissão das últimas
holonovelas... Ela acenou e sorriu para eles como se não se importasse com
a presença deles.
E ela desejava que a Aventura Errante fosse onde elas encontrariam os
Solos, para que pudesse deixar Alema Rar e a sua loucura pra trás pra
sempre.
Capítulo Treze
TEMPLO JEDI EM CORUSCANT

Mara se inclinou pra frente, com os cotovelos na mesa em cada lado do


datapad obtido nos aposentos de Lumiya, e repousou o seu queixo nas
mãos.
Do outro lado da mesa, Luke olhou pra ela.
— Você decifrou a criptografia do cartão de dados?
— Finalmente.
— Mas você não parece feliz.
— Você não precisa de uma ligação da Força para saber disso,
fazendeiro.
— Diga.
— Um pouco dele é uma fatura. O remetente parece ter um caçador de
recompensas trabalhando para Lumiya, e a fatura é uma lista específica de
despesas: horas trabalhadas, combustível gasto, tiros de blaster dados. A
parte mais importante, no entanto, é o estado da missão e um relatório de
evento. Mesmo decriptado, é difícil de entender, tudo é referenciado por
palavras codificadas, mas presumindo que coloquei os nomes corretos
nessas palavras codificadas, a informação é... interessante.
— Como?
— “Confirmado que a filha da Lady sucumbiu às lesões infligidas pelo
Neto Três-dois-sete-O-sete”. — Mara recitou. — “Por favor informe se a
missão da Lady mudou de inclusão/observação para vingança”.
Luke franziu a testa para a última.
— Lady precisa ser Lumiya. Ela costumava referir-se a si mesma como
a Lady Sombria dos Sith... após o Imperador Palpatine e o meu pai não
estarem mais por aí para puni-la pela presunção.
— Concordo. E se esse mesmo contexto de tempo é a base para mais do
que um desses codinomes, Neto portanto deveria ser um dos netos de Darth
Vader, certo? Jacen ou Ben.
— Três-dois-sete-O-sete. — Luke disse. — Espere um segundo. — Ele
pegou o seu datapad, conectou-o remotamente ao computador do Templo e
procurou por um relatório que Ben arquivara semanas antes. — Aqui está.
B-M-X-três-dois-sete-O-sete. Um sistema estelar inabitado perto de
Bimmiel. É para onde a mulher Syo levou Jacen e Ben, quando Jacen
derrotou algum tipo de usuário do lado sombrio da Força dentro do
asteroide sob o habitat dela.
— Onde Nelani Dinn morreu. — Mara parecia confusa. — Nelani era
filha de Lumiya?
— Não. Os pais de Nelani têm arquivos no banco de dados da Ordem, e
Nelani parece, parecia, muito com a mãe. Além do mais, Nelani morreu no
mesmo dia em que Jacen e Ben chegaram ao habitat. O seu arquivo sugere
que “a filha da Lady” persistiu por um tempo. — Luke franziu a testa. — A
outra mulher que estava lá, Brisha Syo. Brisha poderia ser um anagrama
para Shira B... Shira Brie.
— O nome verdadeiro de Lumiya.
Luke assentiu.
— Eu não fiz a conexão na hora, porque então faziam anos desde que eu
ouvira qualquer coisa sobre Lumiya. — Um pensamento cresceu dentro
dele, e junto dele, uma preocupação, uma bem grande. — Vamos dizer que
Lumiya tem uma filha. Ela a nomeia Brisha, um tributo a si mesma, e
Brisha trabalha com ela. Brisha atrai Jacen e Ben para uma emboscada. Ela
e o misterioso Sith que ela alega viver em seu porão, talvez fosse só um
Jedi Sombrio contratado por ela, talvez seja o aprendiz Sith de Lumiya, vão
matar Ben, um ato de vingança por tudo o que fiz com Lumiya. Ou talvez
capturá-lo, treiná-lo para se tornar um Sith. O que é tão vingativo quanto, e
duas vezes mais maldoso.
— Eu fiz uma coisa ou outra contra ela, também.
— Certo. Vingança contra nós dois, mas Nelani está lá, também, e
atrapalha as chances. O usuário do lado sombrio e Nelani são mortos,
Brisha é ferida mortalmente, Ben sofre um golpe na cabeça e esquece do
que aconteceu e Jacen presumidamente nunca descobriu que Brisha era um
dos vilões. Jacen e Ben vão embora... e semanas depois, Brisha “sucumbe
às lesões”.
— E a mãe dela... — Mara estremeceu. — A mãe dela quereria
vingança. Contra Jacen. Está colecionando um belo número de corpos de
filhas de oponentes perigosos nossos.
Luke balançou a cabeça.
— Não sabemos se Jacen feriu Brisha. Como ele poderia ter feito e
então deixado o habitat sem considerá-la uma inimiga? Ben deve ter feito
isso, durante o período de tempo que a memória dele não cobre. O que
tornaria Ben o alvo. — O estômago dele começou a revirar. Somado a ser
um adolescente arrogante sozinho em uma galáxia em guerra, Ben poderia
ser agora o alvo de uma das assassinas mais mortais da galáxia... uma
mulher que lutara com Luke até um impasse apenas semanas antes.
— A sua teoria me assusta, fazendeiro. Porque responde muitas das
questões que estivemos fazendo. Por que Lumiya teria se infiltrado na
Guarda da Aliança Galáctica... para coletar informações sobre Jacen ou Ben
e preparar-se para vingança se precisasse. Por que ela estaria por aí pelo
tempo que sabemos, mas não nos atacou até algumas semanas atrás...
porque foi quando recebeu a notícia de sua filha morrendo. — A careta dela
se aprofundou. — E se essa é a razão para todas as más decisões de Jacen?
E se Brisha ou o aprendiz Sith naquele planetoide chegou a ele, afetou-o...
infectou-o de alguma maneira?
— Então seja lá o que o esteja atingindo pode ser facilmente curado.
Mara bateu os seus punhos na superfície da mesa e se afastou de Luke.
Longe de estar contente pela possibilidade, ela estava com raiva dela, e
mesmo sem o benefício da ligação da Força deles, Luke pensou saber o
porquê.
Porque se Jacen era a vítima de alguma técnica de lavagem cerebral
Sith, ele não era responsável por suas ações recentes. Nesse caso, Mara não
poderia falsificar e aguçar as suas emoções, a sua dedicação, para se opor e
eliminá-lo como a antiga Mão do Imperador seria capaz de fazer.
— Precisamos descobrir o que aconteceu naquele asteroide. — Luke
disse. — E precisamos confrontar Jacen cara-a-cara ao fazer isso. Não
podemos estar em uma posição onde tudo o que ele pode fazer é pressionar
o botão de desligar para nos calar.
— Eu concordo. — A voz de Mara estava tensa.
— Farei os arranjos.
— Antes de você ir... — Um pouco de dor se infiltrou na voz de Mara.
— Luke, quem era o pai de Brisha?
Luke deu de ombros enquanto se levantava.
— Como eu saberia? — Então viu o olhar no rosto dela, uma
combinação de suspeita e uma ânsia para deixar qualquer resposta afastar
essa suspeita, e ele disse: — Não.
— Você tem certeza?
Ofereceu a ela um sorriso tranquilizador.
— Mara, nós nos envolvemos emocionalmente, mas não fisicamente.
— Tudo bem. — A suspeita sumiu de sua expressão, mas através da
ligação da Força, Luke ainda podia sentir um toque de inquietação dela.
Enquanto Luke se apressava para fazer as preparações de voo para
Corellia, ele amaldiçoou Lumiya, por conseguir introduzir discórdia, por
mais breve, em sua vida, dessa vez sem mesmo tentar.

ZONA DE EXCLUSÃO CORELLIANA, AVENTURA ERRANTE

O universo não estava cooperando, e Alema Rar estava impaciente com


isso.
Havia um Jedi, além dela mesma, a bordo da Aventura Errante. Tinha
certeza disso. Enquanto ela espreitava pelas passagens escurecidas e
cassinos cheios de sombras, enquanto vagava, envolta em robes que
ocultavam a sua deformação o bastante para lhe permitir se misturar com
apostadores bêbados e festeiros, ocasionalmente sentia pequenos pulsos e
turbilhões na Força característicos de uma presença Jedi.
Mas nunca detectou o Jedi. Pela lógica que empregou em seus cálculos,
isso significava uma coisa: o Jedi estava se escondendo, escondendo-se
dela, e portanto era Leia.
Naquela noite, na cabine que clandestinamente compartilhava com a
Capitã Lavint, comentou essas questões:
— Você está quase livre de seu débito conosco. — ela disse. — Você
nos trouxe para onde os Solos, pelo menos Leia, estão escondidos, mas não
conseguimos encontrá-la. Eles. Quando os vermos, então estará livre.
— Não tenho pressa. — Lavint disse. Ela se sentou de pernas cruzadas
na cama, uma pequena garrafa de caro uísque Corelliano pré-guerra preso
entre os seus calcanhares. — Nós... você e eu, isso é, não só eu, estamos
destruindo nas mesas de aposta. Você já pensou em desistir de sua busca,
seja lá qual for, e se tornar profissional?
— Não.
— Tudo bem. Aqui vai uma dica, então. Você está usando apenas a sua
mágica Jedi e o seu nobre nós ao invés do cérebro.
Normalmente Alema ficaria ofendida por tal afirmação. Não
necessariamente demonstraria isso, exceto ao exercer uma pequena
vingança, mas Lavint não estava tentando insultar. Ela simplesmente não
tinha filtro entre o cérebro e a boca. O que quer que pensasse, saía,
particularmente quando ela ingeria um pouco de álcool.
— Diga-nos, então, o que estamos fazendo de errado. O que não
estamos pensando.
Lavint ergueu o dedo indicador.
— Um. O que Han Solo é?
— Aventureiro, amigo dos Jedi, marido, pai, contrabandista, general,
capitão de nave...
— Esses são todos os galhos. Exceto contrabandista. Esse é o tronco.
Contrabandista Corelliano. — Ela ergueu mais dois dedos. — Dois. Wedge
Antilles, que acabou de desaparecer de Corellia. O que ele é?
— Isso significa três.
— Hã?
— São três dedos, não dois.
Lavint olhou pra mão e dobrou um dos dedos.
— Antilles.
— General, almirante, piloto, marido, pai, amigo dos Jedi...
— E quando ele estava começando, um contrabandista Corelliano.
Alema olhou pra ela desconfiada.
— Esse é o discurso sobre contrabandistas Corellianos?
— Sim. — Lavint ergueu o terceiro dedo novamente. — Três. O que
Booster Terrik é?
— Empresário, dono de nave... e, nós vamos adivinhar, contrabandista
Corelliano?
— Aposentado. — Lavint sorriu. — Você está chegando lá. Também pai
de uma filha chamada Mirax Terrik. O que ela é?
— Contrabandista Corelliana.
— Bom. Temos todos os troncos aí. Eles crescem no mesmo solo. A
irmandade contrabandista Corelliana. Agora, onde todos esses galhos
convergem? Han Solo está casado com Leia Organa, então há uma conexão
Jedi, e não uma conexão qualquer, porque Leia é irmã do Grão-Mestre.
Antilles está casado com uma ex-agente de Inteligência da Nova República,
então ele têm ligações com a Inteligência da Aliança Galáctica. A filha de
Booster está casada com Corran Horn, outro Jedi, com ligações com a
SegCor. Horn e Antilles pilotavam juntos. Estive pesquisando sobre eles.
Antilles nomeou uma filha em homenagem à filha de Terrik. Você vê o
quão firmes as ligações são?
Alema acrescentou:
— Então os Solos estão aqui porque todos os amigos deles, a segurança
que representam...
— E dinheiro, recursos, e você não vai encontrá-los no Saguão Núcleo
Profundo porque eles não precisam se misturar, estão todos juntos com o
dono do estabelecimento inteiro. Você esteve vagando por áreas públicas
enquanto eles, provavelmente, estão todos na ponte, bebendo e rindo juntos.
Alema sentiu um súbito rubor de gratidão por não ter matado essa
mulher. Era uma emoção rara pra ela.
— Nós devemos começar a procurar em outros lugares.
— Sim, e imediatamente, para que eu possa dormir.

SISTEMA BOTHAWUI, NA SHAMUNAAR

Nas planilhas de registros e designações, uma tela fina de caças estelares e


transportes armados equipados com sensores de longo alcance guardavam a
fronteira da orla do sistema estelar. Se as frotas que se juntavam, realizando
manobras e jogos de guerra, e de outra forma sacudindo os seus lasers
dentro do sistema fossem seguir na direção da Orla Exterior, para, digamos,
Kamino, diretamente oposta à direção que uma frota logicamente seguiria
se dirigisse para Corellia, essa tela detectaria e transmitiria essa informação
para Shamunaar para retransmissão para a Segunda Frota. Os Bothanos não
seriam capazes de pegar a força tarefa em Corellia de surpresa.
Em teoria.
De fato, o Almirante Klauskin identificara um número dos pilotos e
oficiais nessa força tarefa como traidores. Fora muito cuidadoso ao indicar
aqueles que o Capitão Biurk já relatara por várias razões disciplinares, e
evitar aqueles que Biurk indicara confiar implicitamente. Então Klauskin
designara cada um deles para a tela da Orla Exterior. E Biurk posicionou a
Shamunaar no coração da área de cobertura, e chamou cada um desses
pilotos em serviço por ordem, prendendo-os e tomando os seus veículos.
Agora, apesar de ainda estarem oficialmente em suas estações, cada um
dos supostos traidores estavam no brigue, e a Shamunaar flutuava sozinha,
fazendo o trabalho da tela inteira por si só.
Ela estava mais do que apta para a tarefa, é claro. Ela fora equipada com
os melhores conjuntos de sensores de longo alcance que uma fragata podia
ter. Era uma pena que ela não pudesse permanecer em sua estação habitual,
bem ao lado de fora do sistema Bothawui no corredor de aproximação
Bothawui-Corellia, mas lá estava ela, meramente redundante. Ali, ela fazia
um trabalho essencial.
— Não se preocupe. — Klauskin disse a Biurk. — Já transmiti as
notícias de nosso sucesso para a Almirante Niathal. Ela enviará veículos
substitutos imediatamente.
— Bom saber. — Biurk estava no meio da ponte, e se virou para olhar
cada tela de oficiais de uma vez. Estava agitado, e continuaria assim até
todas essas forças substitutas estarem no lugar.
— Os seus oficiais parecem entediados.
Biurk deu ao almirante um olhar surpreso.
— Eu não acho, senhor.
— Ainda assim... vamos agitá-los um pouco. Eu passei parte de ontem
formulando uma simulação. Nela, as três frotas Bothanas organizam um
ataque simultâneo, e uma segue direto para a Shamunaar. Há uma
oportunidade para uma luta direta, ou para explorar as unidades mais fracas
deles.
Biurk sorriu com o erro do almirante.
— Por me dizer como isso, afeta as minhas táticas, Almirante.
— É mesmo. Bom, coloque o seu segundo em comando no cargo. Você
e eu executaremos tudo da ponte auxiliar.
— Certo. — Biurk se virou na direção de seu imediato, um alto Gotal.
— Tenente Siro! Você tem a ponte para uma simulação. O almirante e eu
executaremos tudo da ponte auxiliar.
Momentos depois, Klauskin e Biurk entraram na ponte auxiliar, uma
câmara pequena, raramente usada, suas paredes mais densamente alinhadas
com telas do que qualquer outro compartimento na fragata. Essas telas
agora ganhavam vida em um piscar, assim como as luzes do teto. As portas
da ponte se fecharam atrás dos dois homens.
— Todas as anulações predefinidas estão aqui, correto? — Klauskin
perguntou.
— Não seria muito útil como uma ponte de emergência se não
estivessem. — Biurk disse. — Ah, desculpe, Almirante. Não quis soar
sarcástico.
— Você realmente devia ter cuidado com a língua, filho. — Klauskin
disse. De seu bolso, ele puxou um blaster.
Os olhos de Biurk se arregalaram como se ele pensasse que o gesto do
almirante fosse uma piada não muito engraçada sobre medidas
disciplinares.
Klauskin atirou no peito dele.
Biurk caiu de costas, com o impacto fazendo os painéis do chão retinir.
Fumaça subiu do pedaço chamuscado sobre seu esterno, e um pouco de
sangue escorria da carne queimada.
Ele tentou falar, alcançar o seu comunicador, mas Klauskin balançou a
cabeça tristemente e atirou mais duas vezes.
Pronto. Uma tarefa sombria a menos.
Usando os códigos que acabara de ouvir Biurk usar para abrir e ativar a
ponte auxiliar, Klauskin garantiu que as portas não pudessem ser abertas
novamente.
Então foi até o painel de comunicações. Ativou uma linha para a ponte
principal e disse:
— Tenente Siro, estou cortando todas as comunicações externas. Desse
ponto em diante, qualquer comunicações que fizer irá para o programa de
simulação. Se receber uma mensagem de anulação da frota, será
acompanhada de uma luz vermelha indicando ser real. Entendido?
— Sim, senhor.
Klauskin socou os controles que desativariam todas as antenas de
comunicação a bordo da fragata, todas menos uma, a qual reservou para o
uso de seu próprio painel de comunicação.
Foi até o computador principal e inseriu um cartão de dados em sua
fenda. O computador aceitou o programa e o ativou.
Por toda a nave, cada porta interna ou escotilha controlada pelo
servomotor deslizou e travou aberta. Klauskin imaginou os oficiais na ponta
encarando confusos as portas enquanto as comunicações internas
começavam a zumbir com perguntas.
A porta para a sua ponte permaneceu resolutamente fechada, é claro.
Não seria bom para Klauskin morrer com os outros, apesar que mesmo se
morresse, a sua missão principal teria sido um sucesso.
A tela do computador principal acendeu com uma mensagem de texto
indicando que todos os protocolos de segurança em relação às escotilhas
exteriores foram anulados. Klauskin assentiu. Tudo o que precisava fazer
agora era esperar, embora tivesse dez segundos nos quais poderia abortar
essa sequência...
Não abortou. E quando o décimo segundo passou, luzes de aviso e
alarmes começaram a preencher o ar.
Klauskin alternou a visão da tela principal. Primeiro era o interior da
pequena baía de caças estelares da fragata, onde o campo de força
segurando a atmosfera acabara de dissipar. A atmosfera saiu através do
grande buraco pelo qual os caças estelares normalmente eram lançados ou
pousavam, e alguns dos caças estelares na baía balançaram ligeiramente.
Uma única mecânica parada muito perto da abertura principal tropeçou,
forçada junto com as correntes de ar fugindo para o espaço, e foi varrida
para o vácuo. Os seus braços debatendo enquanto ela vagava em direção à
descompressão explosiva e morte.
A próxima visão mostrou o pessoal no refeitório da nave. Eles se
levantaram, olhando em volta, com os seus olhos arregalados, enquanto
começavam a puxar o ar. Alguns começaram a correr para os painéis de
controle de emergência e os de comunicação nas paredes. Outros olhavam
em volta, procurando pela fonte de seus problemas.
Por toda a fragata, era a mesma coisa. Cada escotilha exterior ou portal
fora aberto e jogava a preciosa atmosfera para o vácuo que a beberia até
tudo sumir. Apenas a ponte auxiliar estava segura, e Klauskin podia sentir o
ar frio soprando em seu pescoço de uma ventilação sobre a sua cabeça.
Ele alternou a tela para ver a ponte. A visão da holocâmera da ponte
estava dominada pelo rosto de um oficial de comunicações humano. Estava
tão perto da holocâmera que as suas feições estavam distorcidas. De cada
lado dele, estavam outros oficiais da ponte, gritando, agarrando as suas
gargantas.
Isso não demoraria muito. E quando acabasse, ele seria um herói em
Commenor. De alguma forma o pensamento, tão reconfortante sobre os
últimos dias, falhou em diminuir o peso que sentia em seu peito.
Ele retornou para o painel de comunicação e digitou uma frequência,
então a ativou.
— Klauskin para K’roylan, por favor responda.
Um momento depois o rosto de um Bothano preto e bege apareceu na
tela.
— Aqui é K’roylan.
— O olho está fechado, e a Shamunaar está pronta para uma tripulação
premiada. Ela será pressurizada até você chegar aqui.
K'roylan sorriu.
— E bem a tempo, Almirante. Eu admiro a sua pontualidade. — Então a
expressão dele se tornou preocupada. — Você está bem?
— Sim, é claro. Por quê?
— Você parece estar... chorando.
Klauskin ergueu a mão. Os seus dedos encontraram lágrimas nas
bochechas. Isso o assustou, mas não seria bom esse Bothano o ver
desconfortável.
— Ah, sim. Uma consequência da mudança da pressão atmosférica a
bordo.
— É claro. — O sorriso retornou. — A minha tripulação estará aí em
breve. K’roylan desliga.

ZONA DE EXCLUSÃO CORELLIANA, NA AVENTURA ERRANTE

Leia e Luke se abraçaram por um longo momento, indiferentes por estarem


cercados por observadores, esses observadores eram família e amigos. E
embora a sala de reuniões privada que Booster separara para os seus
convidados secretos não ser exatamente tão confortável quanto as suítes
mais luxuosas da embarcação, as suas limitações de conforto não
importavam.
Luke se afastou de sua irmã e seguiu o exemplo de Mara ao apertar as
mãos ou oferecer abraços ao redor: Han, Lando, Wedge, Corran e Mirax.
— É bom ver vocês. — ele disse. As palavras eram simples, mas vieram
de seu coração. Ficou assustado ao sentir tal nível de alívio ao ver as
pessoas cara a cara quando já sabia que estavam vivas e bem, mas, supunha,
o coração nem sempre acreditava no que a mente sabia ser verdade.
— Vocês também. — Han disse, e era aparente como a distância que se
desenvolvera entre os dois homens, quando se tornou claro que Han
apoiava a independência Corelliana enquanto Luke permanecia leal à
Aliança, finalmente acabara. — Apesar de estarmos um tanto surpresos por
vermos vocês aqui.
— Estávamos pela vizinhança. — Mara disse. — Não é uma piada.
Estávamos no sistema Corelliano para ver se conseguimos pôr Jacen contra
a parede, arranjar algumas respostas dele. Ben está desaparecido. — Leia
não deixou de sentir o pequeno vislumbre de dor visível no rosto de Mara,
detectável através da Força. — Não achamos que Jacen sabe onde ele está,
mas ele tem algumas informações que podem nos levar a Ben.
— Vocês escolheram uma boa hora para visitar, então. — Wedge disse.
— Jacen está aqui. A bordo da Aventura Errante.
Luke deu a ele um olhar duvidoso.
— Jacen, apostando?
— Não. — Corran balançou a cabeça, claramente irritado. — Ele está
vagando por aí, examinando as coisas. Talvez ele tenha chegado à mesma
conclusão que nós, que a Aventura Errante é uma ferramenta útil para
coletar informações. Parece algo bem da GAG pra ele. Ou talvez ele queira
se certificar que a nave não constitui um vazamento de segurança que pode
ajudar os Corellianos. De qualquer maneira, ele está aqui, então aqueles de
nós que ele conhece precisam se manter ainda mais longe de vista.
— Sem mais apostas, mesmo disfarçados, até ele ir embora. — Han
acrescentou.
— Há mais uma coisa. — Leia disse. — Algo que estive sentindo
através da Força pelos últimos dias. Há uma presença a bordo da nave,
alguém ou algo que não consigo identificar.., mas está aqui. Vigilante.
— Terei isso em mente. — Luke disse. — Você não ficará ofendida se
Mara e eu formos até Jacen com algumas perguntas em alguns minutos?
Leia balançou a cabeça.
— Só seja cauteloso.
— Conte com isso. — Luke pareceu hesitar antes de continuar. —
Enquanto isso, há algumas coisas sobre as quais precisamos atualizá-los.
— Como Alema Rar e Lumiya, Lady Sombria dos Sith. — Mara disse.
— E agora temos uma pequena técnica da Força, desenvolvida pela Mestre
Cilghal, que nos ajudará a combater a maneira como Alema mexe com a
memória. Ensinaremos a vocês.

Jacen parou alguns metros de uma das mesas no Cassino Goela. Como
muitos dos antros individuais dessa nave, essa era nomeada de acordo com
um planeta ou região do espaço em particular e decorado adequadamente.
Como a Goela era uma área onde buracos negros aglomerados cercavam
uma região escondida, engolindo toda a luz, o Cassino Goela era escuro,
com as suas paredes negras. As suas mesas prateadas tinham as bordas
luminosas com uma luz fraca, e não havia iluminação acima das cabeças; os
empregados e outro pessoal do cassino vestiam tubos, joias e acessórios que
brilhavam. A decoração deixava o cassino íntimo, um lugar onde as
conversas podiam ser quase privativas, onde encontros podiam ser
organizados ou conduzidos sem medo de descobertas.
A mesa a qual Jacen parou para observar era uma mesa de apostas de
luta de micro-droides. Inseridas na superfície da mesa estavam numerosas
telas. Várias delas mostravam o combate acontecendo em outra câmara a
bordo da nave, combates entre droides de não mais de dez centímetros,
droides projetados e programados por amadores cuja ocupação principal era
jogar os seus projetos um contra o outro. Outras telas mostravam as chances
de apostas sendo feitas nos combatentes. No duelo acontecendo naquele
momento, um droide no formato de um besouro piranha com rodinhas
trocava fogo com outro com a forma de um sandcrawler de Tatooine; eles
estavam separados por alguns metros de terreno artificial lembrando as
imponentes florestas de Kashyyyk.
Mas não era a luta de droides que atraiu a atenção de Jacen. Era a
mulher o encarando do centro da longa borda da mesa. Conhecia o rosto
dela, e não esperava vê-lo novamente.
Deu a volta na mesa para que ela não ficava entre eles e se aproximou
dela.
A Capitã Uran Lavint olhou por cima de sua aposta e a sua bebida e
assentiu pra ele.
— Coronel Solo.
— Capitã Lavint. Como você chegou aqui?
— Essa é uma pergunta boba, não é? Eu cheguei aqui no veículo
cargueiro que você me deu. — Ela ergueu a bebida, inclinou o recipiente na
direção dele em uma saudação, e deu um gole. — Por favor, me perdoe por
não agradecer a você antes. A Duracrud se tornou um amuleto de sorte pra
mim. A minha sorte melhorou desde que tomei o comando dela. Realizei
três rotas de carga, todas extremamente lucrativas.
— Você não teve nenhuma dificuldade com ela?
— Bom, ela é velha. Eu gastei parte de seu pagamento dando a ela uma
reforma, mas nada catastrófico.
Jacen a encarou, perplexo. Os Jedi podiam geralmente dizer quando
alguém estava mentindo, e Lavint estava claramente escondendo
informação, mas ela não manifestou nenhuma emoção que deveriam
acompanhar as mentiras que ele esperava. Se o hiperdrive dela falhara, ela
estaria irritada com ele. Ela não estava. Se estivesse encobrindo o fato de
que ele arruinara as suas fortunas financeiras com as ações dele, ela deveria
irradiar ressentimento. Ela não irradiava. Algo dera errado com as suas
instruções finais em relação a ela, mas resolveria isso com as suas próximas
questões.
Então sentiu uma leve oscilação dentro da Força. Olhou pra cima e viu
Luke e Mara parados bem na entrada do cassino, encarando-o.
Deu à capitã um sorriso puramente artificial.
— Nós conversaremos mais tarde.
— Estou ansiosa por isso. Você pode me pagar uma bebida.
Afastando Lavint de sua mente, se aproximou de Luke e Mara,
oferecendo a cada um deles um aperto de mão civilizado.
— Mestres Skywalker. Vocês deveriam ter me contado que estavam
vindo para Corellia.
— Onde você estaria se avisássemos? — Mara perguntou.
Jacen piscou com a pergunta.
— A bordo da Anakin Solo, provavelmente. — Ele não acrescentou: e
capaz de limitar o tempo que passaria com vocês.
Luke deu a ele um sorriso alegre.
— Bem, é bom que nós conseguimos encontrar você quando tem mais
tempo para socializar. Vamos pegar uma mesa, pedir drinques. — Sem
esperar por uma resposta, ele se virou e liderou o caminho até as fileiras de
pequenas mesas mais perto do bar. Escolheu uma vazia que parecia ter sido
limpa recentemente, sua superfície gordurosa e reluzente ainda estava
úmida, e sentou-se.
Mara e Jacen se juntaram a ele. Jacen precisou lutar para manter a
irritação longe de seu rosto. Esse encontro era inconveniente. A garçonete,
uma Bothana com pelo prata acinzentado, não muito dele coberto pelo curto
vestido preto, materializou-se para pegar os seus pedidos.
Assim que ela saiu, Luke se inclinou para perto.
— Jacen, isso é importante. Precisamos saber exatamente o que
aconteceu no asteroide perto de Bimmiel.
Jacen manteve as emoções sob controle firme e tentou projetar nada
mais do que uma irritação a mais, mas por dentro sentiu alívio, um retorno
de confiança. Luke e Mara obviamente encontraram as pistas que o pessoal
da Lumiya plantou. Tudo o que precisava fazer era se ater aos detalhes que
ela lhe enviara.
— É verdade que não tive tempo para escrever um relatório. A minha
comissão com a Guarda veio logo após o meu retorno para Coruscant. Há
algo de errado com o relatório de Ben?
— Bom, está incompleto. — Mara disse. — Ele não cobre o que
aconteceu enquanto ele estava inconsciente, ou o que aconteceu com você
enquanto estavam separados.
— Oh. É claro. — Jacen franziu a testa como se tentando cavar as
memórias enterradas sob toneladas de eventos mais recentes. — Bom,
vamos nos concentrar nesses dois períodos, então. Brisha Syo, Nelani, Ben
e eu embarcamos em uma espécie de carrinho que nos levou até o interior
do asteroide. Após um momento Brisha foi puxada pra fora. O carro parou
em uma caverna profunda, e lá eu fui atacado por um usuário da Força que
irradiava orientação do lado sombrio e usava o seu rosto, Luke.
Luke assentiu.
— Ao mesmo tempo, eu estava lutando contra uma projeção da Força
com a sua aparência. Uma aparência alterada. E Mara e Ben lutavam contra
versões distorcidas deles.
— Isso mesmo. — A mente de Jacen atravessou pelos detalhes que
Lumiya recentemente fornecera enquanto tentava descobrir a melhor ordem
na qual apresentar a informação. — O meu duelo terminou quando o falso
Luke arremessou algumas rochas contra mim e eu inverti em um giro com o
meu sabre de luz. Nós nos conectamos. Eu levei uma rocha na cabeça e
fiquei fora por um tempo, mas quando acordei, o meu oponente estava
dividido ao meio, e quando encontrei a sua cabeça, vários metros de
distância, eu pude ver as suas feições reais. Um Devaroniano. Não possuía
cartão de identidade. O seu sabre de luz sumira.
— Sumiu? — Mara franziu a testa. — Então alguém foi até lá enquanto
você estava inconsciente e o levou.
Jacen deu de ombros como se o detalhe não tivesse importância.
— Provavelmente só saiu voando por uma fenda em algum lugar e eu
não consegui encontrá-lo. Era um ambiente de baixa gravidade. Você
poderia atirar o cabo do sabre de luz a um quilômetro se tentasse.
— E Ben? — Luke perguntou.
— Eu o encontrei em uma caverna mais acima. — Jacen disse. —
Inconsciente. Brisha Syo estava por perto. Ela perdera um braço, sofrera
uma lesão na cabeça e no peito, todas infligidas por sabre de luz. Eu seria
capaz de curá-la. Ela disse que encontrou uma ruiva de aparência cruel, a
sua descrição batia com a de Ben da "Mara do mal", preparando-se para
decapitar Ben, e que interferira. Ela estava muito ferida, mas fez a Mara
falsa recuar.
Luke e Mara trocaram um olhar.
— Então. — Luke disse, — se ela contou a verdade, a sincronia só leva
a um lugar. O Jedi Sombrio, ou seja lá o que ele fosse, passou-se por Mara e
atacou Ben. Ele venceu aquela luta, Brisha o impediu de matar Ben, e ele
fugiu. Então ele tomou a minha forma e atacou Jacen, e Jacen o matou.
Mara balançou a cabeça.
— Isso não funciona, no entanto, se nós presumirmos que havia uma
conexão entre as duas lutas entre Jacen e Luke e as duas lutas entre Ben em
Mara. Porque a minha luta com o falso Ben e a sua luta contra o falso Jacen
foram simultâneas.
— Sugerindo que a minha luta com o falso Luke e a de Ben com a falsa
Mara, também. — Jacen fingiu tentar entender aquilo. — A única
conclusão lógica é a de que haviam dois inimigos naquelas cavernas, não só
um.
— Isso mesmo. — Luke voltou a sua atenção para Jacen. Ele hesitou
um momento antes de continuar. — Jacen, nós temos evidências de que
Brisha Syo era filha de Lumiya.
Jacen recostou-se e permitiu um olhar de surpresa atravessar as suas
feições.
— Eu não acredito. Não sou enganado tão facilmente.
— Ela seria muita boa com ilusões. — Mara disse. — Se ela foi
treinada pela mãe dela.
— Então... — Jacen fingiu pensar naquilo. — Então Brisha
provavelmente matou Nelani. E Brisha duelou com Ben.
— E Ben a deixou em pedaços. — Um pouco de orgulho crepitou na
voz de Mara com esse comentário. — Mas ela o derrotou com algum
esquema. E ela provavelmente fez algo com ele, alterando a memória dele,
talvez deixando-o vulnerável a outras técnicas, logo antes de você os
encontrar.
E agora, Jacen disse a si mesmo, o teste de coragem. Você propõe que
as minhas memórias foram manipuladas, também? Que o meu pensamento
foi alterado?
Luke realmente parecia estar prestes a dizer algo mais quando olhou pra
cima e ao redor. Um momento depois Jacen e Mara sentiram também, uma
enorme erupção de surpresa, consternação. Outras emoções, de outra
direção, juntaram-se à mistura: medo, exultação, raiva.
Essas emoções deveriam ter sido projetadas por centenas, até milhares
de pessoas simultaneamente para se manifestar assim através da Força.
Jacen agarrou o seu comunicador e falou nele:
— Coronel Solo para Anakin Solo. Checagem de situação.
— Senhor. — Jacen reconheceu a voz; ela pertencia a um dos oficiais
de comunicação da Anakin Solo. — É, ah... — Houve silêncio por alguns
momentos. — Ação da frota, senhor. Há uma frota, vindo, estão por todo
lugar, eles já estão atingindo a força tarefa ao redor de Corellia própria...
Jacen se levantou e correu na direção da porta saindo do Cassino Goela.
Atingiu a garçonete Bothana retornando, girando-a, mandando três copos
cheios direto para o carpete.
Capítulo Quatorze
CORONET, CORELLIA

Do outro lado da câmara escurecida do cassino, em uma sombra causada


pelo arranjo do cômodo, mas aprofundada por suas próprias habilidades,
Alema Rar hesitou quando Jacen Solo disparou para a saída.
Notara Jacen entrando e seguira os seus movimentos com leve
desinteresse. Após horas vagando pelas baías seguras do hangar sem sinal
da Millennium Falcon à mostra, procurara a Capitã Lavint a fim de ajudar
no sucesso das apostas da mulher. Vira Jacen falar com Lavint, então se
moveu na direção da porta para aproximar-se de duas silhuetas lá.
Um minuto mais tarde, um pequeno tremor na Força a convenceu a
chegar mais perto e dar uma boa olhada nos parceiros de conversa de Jacen,
que foi quando reconheceu Luke e Mara.
O reconhecimento enviou um choque de adrenalina através dela
fazendo-a se acalmar por um tempo. Ergueu a zarabatana enquanto
saboreava a oportunidade que o destino a presenteara.
Luke Skywalker estava ali. E se ele estava ali, as chances de Han e Leia
Solo também estarem ali, ou chegarem em breve, melhoravam. Era possível
que Alema pudesse terminar a sua missão, derrubar Han e Mara diante dos
olhos desacreditados de seus amantes, causando a angústia de Luke e Leia,
devolvendo o Equilíbrio para o universo, para a sua alma.
Colocou a zarabatana sob o seu braço ruim e se atrapalhou à procura
dos dardos. Apenas mais alguns segundos e cuspiria veneno na direção de
Mara.
Mas a perturbação que sentira obviamente abalara Jacen, e deixara Luke
e Mara alertas; Mara puxava um comunicador, mas Luke estava vigilante,
olhando para Jacen e então ao redor do cassino. Uma tentativa de
assassinato agora provavelmente seria detectada, mas quando teria uma
chance melhor?
Pegou o dardo, colocou-o na boquilha de sua zarabatana, e estava
erguendo a arma para os lábios quando Luke se levantou e olhou
diretamente pra ela.
Congelou. Não poderia vê-la, não nessas condições, mas se atacasse
agora, quando os sentidos dele obviamente estavam mais aguçados, ele não
poderia falhar em detectar o ataque.
Comunicadores por todo o cassino começaram a apitar e soar. O pessoal
militar se levantou de suas mesas, afastando-se de suas bebidas, muitos
deles agora na linha direta de fogo entre Alema e Mara. Sibilou, irritada.
Precisava chegar mais perto. Seguiu em frente, ainda coberta pelas
sombras naturais da câmara.
Então Mara se levantou, dizendo algo, e ela e Luke correram na direção
da saída. Pessoal uniformizado também começaram a se aglomerar naquela
direção, a maioria deles escutando ou falando em seus comunicadores.
Alema apressou o passo, mas foi atrasada pela multidão, pelo fato de
um de seus pés, pouco mais de um toco, fazê-la mancar. Ela empurrou
apostadores para longe do caminho, usando a Força para acrescentar um
pouco de poder em seus esforços.
Mas ainda assim, foram longos e frustrantes segundos antes dela chegar
à saída, no meio de um grupo de homens e mulheres do exército. Não sendo
uma pessoa alta, pulava, procurando ao longo do corredor de acesso em
ambas as direções por seu alvo.
Lá estava ela, Luke ao lado, correndo na direção da proa, quase no
limite do alcance da zarabatana. Alema colocou a arma nos lábios, parou
por meio segundo para se acalmar, elevou a ponta da arma para dar ao
dardo a trajetória que o levaria próximo ao teto do corredor, e soprou.
O dardo se perdeu de vista no momento que deixou a zarabatana. Pulou
mais duas vezes para manter uma linha de visão para as costas de Mara. O
dardo deveria atingi-la mais ou menos...
Luke e Mara passaram pela entrada de um corredor transversal e
viraram à esquerda. Um Ortolano, de pelo azul, grandes ossos e agachado,
com enormes orelhas caídas e um nariz que chegava até o peito, saiu
correndo pela passagem, virando-se na direção do Cassino Goela. Então o
Ortolano tropeçou e caiu de cara no chão do corredor.
Alema rosnou. O seu dardo encontrara o alvo errado.
A multidão em movimento crescera tanto que sem se esforçar
completamente, e muito obviamente, através da Força, ela poderia avançar
pouco através da massa de militares seguindo na direção das baías de
veículos da Aventura Errante. Quando finalmente chegou ao corredor
transversal, não havia sinais dos Jedi.
Um humano emergiu do corredor lateral e esbarrou nela. Tinha pele
escura, boa aparência com fartos cabelos brancos e uma barba branca
aparada e bigode; ele carregava uma bengala de ponta prateada e a sua
chamativa capa de seda deslizava sobre os corpos de todos por quem
passava, incluindo Alema.
Alema estava a vinte metros do corredor lateral antes de perceber quem
ele era.
Lando Calrissian.
Quase gritou onde estava. Se Lando estava ali, não havia dúvida sobre
Han e Leia. Virou-se para os dois lados, tentando decidir se seguia Lando
ou os Skywalkers, e finalmente se virou para perseguir Lando.

NA PONTE DA DODONNA

— Convoque todos os batedores. — gritou a Almirante Tarla Limpan. A


pele cinza esverdeada e olhos vermelhos de sua linhagem de Duros faziam
dela uma figura imponente na ponte do Star Destroier, um benefício pra ela
agora, no calor da batalha. — Lançar esquadrões assim que estiverem
prontos. Estimativa de ameaça! O que estamos olhando?
Finalmente, um esquema holográfico do espaço diretamente ao redor do
planeta Corellia ganhou vida sobre a passarela da ponte. Almirante Limpan
estava dentro do holograma; deu dois passos para trás se afastando; naves
da Aliança eram pequenos símbolos verdes, embarcações Corellianas na
superfície do planeta ou dentro de sua atmosfera eram amarelos, e
desconhecidos, vermelhos. Havia muitos desconhecidos, alguns deles já
correndo para a atmosfera do lado oposto do planeta visto da Dodonna.
Muitas delas aproximavam-se da Dodonna ao longo de vetores orbitais.
Apesar do Coronel Moyan, o seu coordenador de caças estelares, não
estar na ponte, ele permanecera na sala de controle de caças estelares, um
compartimento por perto, com a sua voz ríspida ecoava pelo sistema de
alto-falantes da ponte:
— Nós temos dois cruzadores, uma fragata e no mínimo doze
esquadrões de caças estelares seguindo em nossa direção. Esses são só os
recém-chegados. Há, pelo menos, o mesmo número de unidades de caças
subindo da superfície de Corellia. Isso é um esforço completo. As nossas
tropas ao redor da Estação Centerpoint e dos outros quatro mundos
reportam disparidades semelhantes.
Limpan olhou pra cima, na direção dos alto-falantes superiores, como se
Moyan estivesse lá em cima.
— Quem são eles?
— São Cruzadores de Ataque Bothanos, Almirante.
Nenhuma expressão cruzou o seu rosto, mas Limpan sentiu uma
pontada de simpatia por Moyan. Era Bothano.
— Tudo bem. — ela disse. — Navegação, trace uma rota para a Estação
Centerpoint. Ordene às nossas forças que já estão lá para atingir a estação o
mais forte que puderem. Negá-la aos Corellianos é nossa prioridade maior.
Dodonna juntar-se-á nessa ação. — Se estivermos funcionando quando
chegarmos lá, ela acrescentou baixinho. E presumindo que estivermos,
pudermos ter uma ideia se precisamos ficar lá ou continuar avançando, ou
fugir com os rabos entre as pernas. — Onde está a Anakin Solo? — Aquele
Star Destroier designado para Jacen Solo e a Guarda da Aliança Galáctica,
não respondia a ela, e nem sempre sabia a sua localização ou tarefa vigente.
O seu operador de sensores chamou:
— Ela estava em sua estação de costume, perto da órbita de Soronia, em
aproximação direta de Coruscant. Agora está vindo.
— Peça a eles que se juntem a nós em Centerpoint. — Limpan podia
sentir as súbitas mudanças na gravidade artificial da nave, e ver através das
janelas na proa, enquanto a Dodonna lentamente afastava-se de sua órbita e
se orientava para longe da superfície do planeta. — Quantos esquadrões de
caças estelares temos na estação?
— Três, Almirante.
Limpan balançou a cabeça, arrependida. Eles apanhariam bastante. De
fato, apenas apanhar era o melhor que podiam esperar.
Como se lendo os seus pensamentos, uma das oficiais juniores disse,
seu tom de voz apenas alto o bastante para alcançar as orelhas de Limpan:
— Estamos ferrados.
— Caças estelares inimigos agora alcançando nosso alcance máximo de
fogo. — Moyan disse.
— Abrir fogo. — Limpan disse. — A ordem é atirar à vontade.
NA AVENTURA ERRANTE

Wedge e Corran seguiam para o Hangar Bandeira, cada um derrapando


enquanto faziam a curva fechada no corredor. Os seus astromecânicos
fizeram a ligação preliminar, e as canopis de ambos os caças já estavam
abertas. Wedge foi o primeiro a chegar ao seu veículo, mas Corran, em vez
de subir pela escada pendendo de sua cabine, saltou levemente para o
assento do piloto. Wedge xingou o Jedi baixinho e subiu a escada.
— O que temos aqui, querida?
A voz de Iella crepitou pelo comunicador.
— Forças desconhecidas atingindo todas as posições mais importantes
mantidas pela Segunda Frota no sistema. Espere, não desconhecidas. A
força tarefa da Estação Centerpoint reporta marcações Commenorianas nas
forças de ataque. As forças de bloqueio em Tralus e Corellia reportam
marcações Bothanas. Nós temos uma pequena força, uma fragata e um
esquadrão de caças estelares, seguindo para a nossa direção. E a Dodonna
ordenou a Aventura Errante a não saltar para o hiperespaço até que todos os
veículos espaciais a bordo serem lançados.
Wedge virou agilmente em sua cabine, a ordem da Dodonna significava
que Booster teria que entrar em um jogo de cálculos cuidadosos. Se saltasse
antes do pessoal militar a bordo partir, arriscava punição certa da Aliança
Galáctica, penalidades financeiras devastadoras que podiam levá-lo à
falência. Se ele não saltasse, e as forças seguindo no caminho dele forem
fortes demais, ele arriscava perder a Aventura, e a própria vida, bem como
as de milhares de funcionários e hóspedes, enquanto o Star Destroier
desarmado era vaporizado.
Wedge soltou a escada de sua fuselagem e ela caiu no chão do hangar.
Deslizou no assentou, prendeu o capacete e fechou a canopi.
A voz de Corran surgiu pelo alto-falante do capacete:
— Pergunta operacional boba. Qual é a designação de nosso esquadrão?
Wedge bufou. Eles deveriam ter um por questões de coordenação e
eficiência, mas a pergunta parecia levemente ridícula sob as circunstâncias.
— Ganner. Eu sou Ganner Um, você é Ganner Dois. — Ele checou a
tela de status. — Quatro acesos, quatro verdes. Abrir as portas do hangar.
— Diga por favor. — disse Iella. — Brincadeira.
As luzes do Hangar Bandeira diminuíram, e as portas exteriores
deslizaram para o lado. Wedge ativou os seus repulsores, enviando o seu X-
Wing em uma subida instável de dois metros, então acionou os seus
propulsores e disparou pela abertura antes das portas recuarem
completamente.
Foi um lançamento desajeitado, e o jato de propulsão deveria ter
chamuscado a antepara do hangar atrás do X-Wing. Tal lançamento teria
gerado reprimendas quando ainda pilotava pela Aliança Rebelde ou pela
Nova República. Ali, ele não se importava, ele precisava estar lá fora, onde
a ação estava.
Ele e Corran deram a volta para voar pelo comprimento da Aventura
Errante, seguindo na direção da popa. Eles podiam ver caças estelares e
outros veículos saindo das baías ventrais da nave como explosivos caindo
de um bombardeiro. Os caças estelares acionavam propulsores, viravam na
direção do mundo de Corellia e disparavam naquela direção. Os mais
distantes já saltavam para frente e desapareciam, o efeito visual para quem
via de fora uma entrada no hiperespaço.
Os dois X-Wings do hangar principal juntaram-se, igualando a
velocidade e vetor. Wedge assustou-se, eles não apareceram em sua tela de
sensores até estarem a apenas algumas centenas de metros de distância, mas
enquanto planavam até seu alcance visual, ele viu o porquê. Eram naves
StealthX, suas superfícies de aparência sombria e estranhamente matizada
por causa do revestimento contra sensores que possuíam.
Wedge alterou a frequência de comunicação para um alcance de
saudação militar. Pensou saber a resposta, mas perguntou mesmo assim:
— Quem temos por aqui?
— Olá, Wedge.
— Luke. Presumo que a sua conversa com o coronel tenha sido
interrompida. Mara é a sua companheira, correto?
— Sim. Vai lidar com os perseguidores da Aventura Errante?
— Só até a Aventura puder saltar para uma zona segura.
— Faz sentido. Você percebe que está atacando os seus próprios aliados,
certo?
— Ninguém tentando explodir o velho que se tornou o meu benfeitor
quando eu me tornei órfão é meu aliado, Luke. Falando nisso, você é agora
Ganner Três, e Mara é Ganner Quatro.
Houve uma pequena pausa.
— De Ganner Rhysode? — Luke perguntou. Rhysode, um Cavaleiro
Jedi, que morrera em Coruscant durante a guerra Yuuzhan Vong, lutando, e
matando, mais guerreiros inimigos em combate corpo a corpo do que talvez
qualquer outro combatente na guerra.
— Você consegue pensar em um nome melhor para alguém lutando em
uma ação de atraso?
— Não. Quem é Ganner Dois? Corran?
A voz de Corran saiu nitidamente pelo canal de comunicação:
— Olá, chefe.

ESPAÇO CORELLIANO

O transporte de Jacen estava prestes a entrar no hiperespaço e saltar na


direção da posição da Anakin Solo, perto do sistema estelar para uma
trajetória mais direta seguindo para Coruscant, quando recebeu uma nova
mensagem do Star Destroier, repassando o pedido da Almirante Limpan
para auxílio na Estação Centerpoint. Jacen autorizou a mudança de planos,
rapidamente planejando um novo salto para Centerpoint, e lançou-se para o
hiperespaço logo após.
Quando saiu do hiperespaço, o conflito em Centerpoint se espalhava
diante dele. Ao fundo estava a própria estação, a massa feia, cilíndrica de
um quilômetro de largura. Perto dela estava o transporte pesado Mon
Calamari da Aliança Galáctica Mergulhador Azul e duas canhoneiras
classe-Carrack de aparência robusta. Comparadas à embarcação Mon Cal
curva, de aparência orgânica, as Naus pareciam antiquadas e
impossivelmente primitivas, como porretes grossos de guardas levemente
maiores nas pontas do que no meio. A Mergulhador Azul trocava disparos
de turbolaser e canhões de íon com os recém-chegados, e, curiosamente,
parecia que todos os turbolaser que não podiam mirar nas canhoneiras eram
usados para bombardear Centerpoint. Cercando as três naves principais
estavam pequenos vislumbres e feixes de luz, evidências da ação de caças
estelares acontecendo ao redor deles.
Jacen permaneceu afastado, o canhão laser leve em seu transporte não
acrescentaria muito poder de fogo às forças da Aliança, e poderia não ser
capaz de se livrar de um conflito quando precisasse.
A tela do sensor apitou com a chegada de uma nova força e lhe mostrou
o triângulo azul da Anakin Solo, recém-chegada do hiperespaço, correndo
na direção do combate. Desviou naquela direção, entrando em uma rota de
interceptação que o deixaria ao lado da Anakin antes de chegar ao combate
e o permitiria embarcar antes da Anakin precisar abrir as suas baterias de
armas, presumindo que os caças estelares do inimigo não se apressassem.
Estava com sorte, no entanto. Nenhuma das forças inimigas na estação
se separou para encontrar a Anakin, e Jacen chegou ao Salão de Comando
em minutos.
Lá, o Comandante Twizzl, o oficial de comando da Anakin Solo,
cumprimentou-o com um aceno simples. Um homem grande de cabelos
prateados que parecia com alguém das holotransmissões vendendo
equipamento de exercício e comidas com proteína reforçada, ele falava com
sotaque Coruscanti diminuído pelas décadas de serviço passadas entre
muitas espécies e classes sociais.
— Estamos nos preparando para mirar os lasers de longo alcance contra
as naves de guerra.
— Cancele isso. — Jacen disse. — Use-os para reforçar o fogo da
Mergulhador Azul contra a estação.
Twizzl fez uma careta.
— Matar mais tropas inimigas em vez de preservar as vidas das nossas?
Coronel, essa é uma péssima escolha sob as circunstâncias.
— É nossa única escolha. Você não vê o que está acontecendo?
Almirante Limpan não teria ordenado o ataque à estação se não tivesse
certeza de que as forças inimigas possam nos expulsar do sistema. E se
formos expulsos, e deixarmos uma Estação Centerpoint intacta...
— Sim, Coronel. — Twizzl não soava convencido, mas se virou para o
oficial de armas. — Encontre um novo alvo: Estação Centerpoint. Fogo
contínuo. Provoque o maior dano possível. — Disse com a sua voz
relutante.

NA AVENTURA ERRANTE
Bem longe das áreas públicas frequentadas pela clientela e hóspedes da
Aventura Errante, Lando saiu de uma passagem escura e entrou em um
pequeno turboelevador. As portas se fecharam atrás dele e o programa de
serviço disse:
— Convés, por favor.
— Subcomando Três.
— Por favor, pressione a digital, retina ou outro identificador individual
no sensor.
Lando ergueu a mão para fazê-lo, mas as portas se abriram novamente e
uma mulher com um manto escuro mancou até o lado oposto do elevador.
Lando deu a ela um aceno educado. Seria tanto suspeito quanto rude pedir a
ela para sair do turboelevador, então deixaria o elevador a levar até seu
destino, então o trancaria para impedir novas entradas e voltaria ao centro
de operações de seu grupo na sala de conferência.
— Convés, por favor.
A recém-chegada ignorou o programa de serviço. Ela puxou o capuz do
rosto, revelando as feições e o lekku, um deles um toco, de Alema Rar.
— Olá, Lando.
Lando tropeçou para trás contra a parede do turboelevador e sacou o seu
blaster, mas antes que ele tivesse saído de seu bolso escondido, ela o
alcançou. A arma voou de sua mão até a dela.
Alema olhou para o blaster antes de jogá-lo no chão atrás dela.
— Estamos desapontadas. Essa não é a saudação apropriada para uma
velha amiga.
Lando limpou a garganta.
— Você está certa, é claro. Desculpe. Um reflexo ruim. — Olhando pra
ela agora, precisou se forçar para não estremecer. Ele a vira pela primeira
vez anos atrás, durante a guerra Yuuzhan Vong, quando ela ainda era
adolescente, ainda em luto pela morte de sua irmã Numa, ainda fisicamente
perfeita.
Ainda lúcida.
Agora ela estava diante dele, com um brilho estranho nos olhos, os seus
ombros em ângulos diferentes. Ouvira sobre a lista de mutilações que ela
sofrera e sabia que as lesões que sofrera na sua mente se igualavam.
O tom dela permanecia curiosamente amigável, sem ameaças:
— Onde estão os Solos?
— Oh. Hum... Corellia?
— Não. Aqui. A bordo. Onde?
— Se eu disser, você não me matará?
— Nós nunca mataríamos você. Nós sempre admiramos você. — Havia
quase um ronronar na voz dela.
— Isso é reconfortante. — Ele apontou a bengala pra ela.
Ela, também, foi arrancada de sua mão por forças invisíveis e voou até a
mão dela.
Agora Alema realmente parecia magoada.
— Você atiraria em nós com um blaster oculto?
— Não exatamente. Zap-zap.
Ao comando vocal de Lando, arcos elétricos, pequenos e azuis,
ondularam da ponta de sua bengala e flutuaram através da pele de Alema.
Os olhos dela se arregalaram, ela convulsionou, com os seus músculos
travando pelos espasmos causados pela carga fluindo por ela.
Mas ela não caiu inconsciente. Lando xingou baixinho. O construtor de
armas que fez a bengala com as especificações de Lando, lhe assegurara
que a carga derrubaria um Wookiee de bom tamanho.
Mas o construtor de armas nunca lidara com Jedi.
Alema caiu sobre o blaster de Lando, mas claramente ainda lutava
contra os choques a paralisando mesmo enquanto fios de fumaça
começavam a subir de seu corpo. E os arcos elétricos pareciam
enfraquecer...
As portas do turboelevador se abriram com um assobio e Lando correu
pela passagem, na direção dos corredores se cruzando cheio de pessoas,
cheio de luz.
Não perderia fôlego com uma chamada de comunicador até estar
cercado de pessoas. Colocou todos seus esforços em correr.
Algo parecia se mover dentro de sua mente, como se houvesse uma
minhoca oleosa se contorcendo em seu cérebro, se movendo para sair por
uma de suas orelhas. Ele ignorou a sensação. Ele correu.
O primeiro cruzamento estava à frente, pouco trafegado. Ele se virou na
direção dele, na direção da maior concentração de pessoas. O seu
movimento rápido não atraiu muita atenção; muitas pessoas corriam.
Alguns momentos depois ele estava no meio de uma multidão de pessoal da
Aventura Errante saindo de um cassino sendo evacuado.
Puxou o comunicador. Agora podia...
Podia o quê?
Chamar alguém, supunha, mas quem? E por que precisava chamar
alguém? Do que estava fugindo?
E onde perdera a droga da bengala?
Balançando a cabeça, e se perguntando se a idade realmente começava a
afetar a sua mente, guardou o comunicador e procurou pelo turboelevador
mais próximo.

ESPAÇO CORELLIANO

Luke precisou concordar que o plano improvisado do Wedge era bom, ou


seria, se funcionasse, mas então, decidiu, isso valia para todos os planos:
em retrospecto, eles eram tão bons quanto bem-sucedidos,
independentemente do quão brilhantes podiam parecer antes de executados.
Ele e Mara estavam a muitos quilômetros à frente de Wedge e Corran, e
alguns quilômetros de um lado da linha direta de aproximação que a força
inimiga tomava. Assim que os seus sensores detectassem a fragata vindo,
ele e Mara desligariam todos os sistemas ativos e ficariam inertes no
espaço, meramente à deriva. Desse ponto até se juntarem a Wedge e Corran,
eles não usariam os seus sistemas de comunicação; a ligação da Força,
indetectável por sensores, seria o seu único meio de comunicação.
Sensores passivos mostravam Wedge e Corran se aproximando das
forças inimigas, mostravam os caças estelares dos inimigos se organizando
em frente à fragata como uma rede defensiva. Luke assentiu. Eram táticas
sábias, básicas. A fragata e a rede de caças passaram pela posição de Luke e
Mara, e os sensores de Luke mostraram que a fragata era uma Nebulon-B
em formato de machado.
Os Jedi esperaram lá e observaram a batalha começar. Wedge e Corran,
ficando tão perto um do outro que eram, às vezes, um único ponto nos
sensores, lançaram-se para uma ponta da rede de caças estelares. Havia uma
onda de atividade lá, e subitamente Wedge e Corran recuavam. Onze caças
estelares inimigos permaneciam, e um deles estava inerte no espaço, com o
seu piloto pedindo um transporte para pegá-lo pelas frequências abertas.
Luke deu a Mara uma simples cutucada através da Força, então acionou
os seus propulsores e começou a manobrar atrás da fragata. Ela aninhou-se
por trás dele, e pôde sentir um fluxo de fria prontidão dela, uma disposição
para infligir dano, matar, mesmo morrer se necessário.
A aproximação deles foi suave e lenta, projetada para se beneficiar da
comparativa invisibilidade desses X-Wings para os sensores. Eles
precisavam chegar o mais perto possível para lançar os seus torpedos de
prótons antes da tripulação da fragata perceber que estavam ali. No
momento, a fragata funcionava com os seus escudos mais fortes na proa,
mais fracos na popa, uma medida sensata, enquanto Wedge e Corran
mantinham o conflito de caças estelares à frente da fragata.
Eles chegaram mais perto, agora a cem quilômetros atrás da fragata,
noventa...
Quando estavam tão perto que os seus ataques levariam menos de um
segundo para atingir a fragata, mas não tão perto para os tiros de laser de
retaliação estarem apontados diretamente a eles, Luke disparou um torpedo.
Meio segundo depois Mara disparou o dela. Luke ativou os escudos de seu
X-Wing e, através de sua ligação com a Força, sentiu Mara fazer o mesmo.
Os propulsores do torpedo desenharam uma linha quase reta até a popa
da fragata. O torpedo de Luke detonou contra os escudos traseiros. Então o
de Mara desapareceu na zona de impacto e detonou, também.
Levou alguns momentos até os gases superaquecidos das explosões
dissiparem. Enquanto dispersavam, eles revelaram que a popa da fragata
estava bem danificada, profundamente crivada. Luke não conseguia ver um
único propulsor funcionando. Deu um pequeno giro. Um inimigo estava
fora da comissão, e a perda de vida deveria ter sido pequena, se a sorte
estivesse com a fragata, poderia não ter perdido pessoal nenhum.
Luke e Mara aceleraram em um arco na direção do combate de caças
estelares. Os sensores mostravam agora oito ativos na zona de conflito,
Wedge, Corran e seis hostis. Na tela de sensor de Luke, o computador
finalmente identificou os hostis: de 1 a 7 Uivadores. Luke conhecia esses
caças estelares: elegantes cascos retangulares com grossas asas de manobras
em uma ponta e dois protuberantes canhões lasers na dianteira. Luke sabia
que tinham escudos e eram fortes, mas também lhes faltava poder de fogo.
Ainda assim, a escolta original de doze caças estelares seria, geralmente,
mais do que suficiente para destruir dois X-Wings... só que não X-Wings
pilotados por pilotos do calibre de Wedge e Corran.
E agora eles seriam acompanhados por pilotos do calibre de Luke e
Mara.
Os caças StealthX estavam a apenas alguns quilômetros da zona de
conflito quando cinco ainda funcionais Uivadores quebraram formação,
acelerando na direção da fragata. Luke e Mara os deixaram ir. Os Uivadores
tomaram posição circulando a fragata aleijada, uma rede defensiva ainda
mais patética do que a de meros minutos atrás.
Luke reativou o seu transmissor de comunicação.
— E agora?
— Por mim voltamos para a Aventura Errante. — Wedge disse. —
Protegê-la até o salto para o hiperespaço. Não vou me envolver na batalha
principal. Honestamente, eu não saberia de que lado estar.
Mara perguntou:
— E quanto a você, Corran?
Corran soava um pouco incerto:
— Está meio que nas suas mãos, Luke. Eu cuidei dos meus assuntos
pessoais em Corellia, não preciso retornar... onde você precisa de mim?
— Coruscant. — Luke respondeu instantaneamente. — Precisamos de
todo o bom senso e pensamento aguçado que pudermos no Templo, mas por
enquanto, Mara e eu seguiremos para o combate principal para vermos o
que podemos fazer pelas forças da Aliança. Você quer vir junto ou seguir
para o Templo?
— Eu lutarei.
Wedge disse:
— Luke, você é Ganner Um agora. Boa sorte.
— Digo o mesmo.
Enquanto Wedge se retirava da formação e traçava um curso para a
Aventura Errante, Luke abriu o painel de comunicação para ouvir as
frequências militares e descobrir o que estava acontecendo e onde.

NA DODONNA
A Almirante Limpan se retirou para o salão de comando, o qual era menor,
mais quieto e menos frenético do que a ponte. Agora ela podia ouvir os seus
pensamentos novamente, e podia mais facilmente acompanhar o progresso
da batalha.
E a provável morte da Dodonna. O porta-aviões de batalha de
classe Galáctica comissionado menos de um ano antes, era mastigado pelas
forças Bothanas o perseguindo; podia não durar o bastante para fugir do
sistema solar. O martelar constante das baterias de laser dos cruzadores
inimigos, e tão danosos quanto, os mísseis e torpedos dos caças estelares
inimigos, cobravam um preço terrível da nau capitânia de Limpan.
— Pronto para entrar no hiperespaço, Almirante. — o navegador dela
anunciou.
— Lançar. — ela disse.
A visão exterior, trazida pelas telas do salão, mostravam as estrelas
sendo torcidas, tornando-se raios de luz, e então instantaneamente
retornarem a ser estrelas novamente, porque esse salto de hiperespaço foi
bem curto, nem mesmo deixou o sistema.
A Estação Centerpoint e a luta violenta sendo travada ao redor dela
apareceram na tela principal.
— Navegação. — Limpan disse, — trace um curso para nos levar mais
perto da estação, em um alcance ideal para nossas baterias. Passaremos uma
vez e causaremos o máximo de dano possível nela. Então sairemos. Nosso
próximo salto deve nos levar para... Fenn, qual é a designação para o ponto
de encontro que você usou para nosso ataque inicial no sistema?
A Coronel Fiav Fenn, uma Sullustana, se virou de sua estação de
computador.
— Ponto Sombrio. — ela disse. Fenn fora a assessora do predecessor de
Limpan, Almirante Klauskin; Limpan tinha o próprio assessor, mas
transferira Fenn para a função de coordenação de caças estelares e estava
satisfeita com o trabalho dela naquele papel.
— Assim que ultrapassarmos a Centerpoint. — se nós sobrevivermos,
Limpan pensou, — nosso próximo salto nos levará para Ponto Sombrio.
Comunique-se com todas as outras forças da Aliança, diga a elas para
separarem-se do conflito e se juntar a nós lá. Diga a Aventura Errante que
eles têm a opção de juntarem-se a nós lá.
— Eu desaconselho esse curso de ação, Almirante. — Fenn disse.
Limpan a fixou com um olhar severo.
— Explique-se, Coronel.
— Se todas as forças da Aliança na zona de conflito de Centerpoint
saltarem para o mesmo ponto do espaço, bom... o inimigo pode traçar a
nossa direção, mas não a distância de nosso salto, então nos seguir seria
inútil, mas se naves da Aliança de seis diferentes zonas de conflito saltarem
para a mesma localização, tudo o que o inimigo precisa fazer é triangular, e
podem nos encontrar em minutos.
Limpan fervilhou em silêncio por um minuto. Ela fora promovida para
almirante de capitã durante o período de paz após a guerra Yuuzhan Vong.
Durante aquela guerra, ela precisou liderar as forças da Nova República em
retirada em mais de uma ocasião, mas ela apenas comandava uma nava à
época. Ela conhecia as táticas de uma retirada para uma força tarefa
completa em teoria, intelectualmente, mas não eram habituais para ela.
No silêncio que o salão de comando caíra, Limpan disse:
— Você está certa, Fenn. Bem pensado. Navegação, transmita a ordem
do Ponto Sombrio para todas as nossas forças nessa zona de conflito.
Comunicações, diga ao coordenador de cada zona de conflito separada para
encontrar o próprio ponto de chegada fora do sistema e comunicar-se
conosco de lá. Diga o mesmo para a maldita nave de apostas.
— Sim, madame.
Limpan se sentou em sua cadeira de comando e franziu a testa para a
tela principal, para as costas de Fenn. A cadeira vibrou sob ela quando a
Dodonna sofreu outro ataque de torpedo. Mais luzes vermelhas piscaram
nas telas de diagnóstico.
Fileiras inteiras de turbolasers falhavam. Os escudos estavam com
sessenta e oito por cento de eficiência e enfraquecendo. O suporte de vida
não funcionava em uma dezena de conveses, o pessoal de lá lutando para
chegar às áreas mais seguras. Várias fileiras de propulsores foram
destruídas, e mais eram testadas além do limite operacional. Vibrações
persistentes chacoalhavam a Dodonna, um sinal que o dano acumulado
torcia a própria estrutura da nave.
A Dodonna poderia sobreviver a esse combate, mas estaria em péssimas
condições e teria de voltar para os estaleiros imediatamente para reparos.
Estaria fora de comissão por meses.
Mais baixo, Limpan acrescentou:
— Comunicações, deixe a Mergulhador Azul saber que assim que
chegarmos ao Ponto Sombrio, ela deve seguir junto. Transferirei a capitânia
para Mergulhador Azul.
— Sim, madame.
Limpan viu várias colunas enrijecerem com o anúncio. Bom, ela pensou,
eles ainda têm o orgulho. Era uma coisa que não perderam completamente.

A Dodonna derramou destruição na Estação Centerpoint, cavando uma


trincheira latitudinal de metal derretido para igualar a longitudinal escavada
pela Mergulhador Azul, mas os caças estelares Bothanos e Corellianos em
perseguição, incontrolados por uma rede de caças estelares suficientes,
continuava a martelar o porta-aviões de batalha. A Mergulhador Azul se
afastou da estação para seguir a capitânia, usando as suas baterias para
eliminar o máximo dos caças perseguidores que podia, mas era como um
Jedi novato tentando proteger um pedaço de carne morna e ensanguentada
de um enxame de besouros piranha.
Finalmente a Dodonna saltou, acompanhada logo depois pela
Mergulhador Azul e os caças estelares equipados com hiperdrive as
apoiando. A Anakin Solo foi a última a entrar no hiperespaço.
Chegando ao Ponto Sombrio, as três naves capitais manobraram para
perto uma das outras, o melhor para trocar ajuda e apoio com campos
sobrepostos de armas pesadas.
Mas nenhuma embarcação inimiga os seguiu pelo hiperespaço. Eles
tinham tempo para avaliar os danos, comunicar-se com Coruscant, juntar
dados.
Não foi muito antes da Holonotícias agitar-se com os relatórios de
Corellia. O Primeiro-Ministro Dur Gejjen quase reluzia com a vitória ao
“libertar o manche da opressão da Aliança Galáctica”, e oferecia elogios às
forças de Bothawui e Commenor, e para a sua própria coordenadora de
batalha, Almirante Delpin, que foi ostensivamente louvada por fazer “o que
o Almirante Antilles não pôde”, como se ela tivesse contribuído em trazer
os Bothanos e Commenorianos para a mesa.
Almirante Niathal ordenou que a Dodonna voltasse para Coruscant.
Ordenou a força tarefa de Limpan realizar reparos, esperar e usar os seus
recursos para monitorar a atividade dentro do sistema Corelliano. Ela
também alertou Limpan de uma possível traição ou sabotagem, estava claro
que a partida da frota Bothana do sistema Bothawui foi mantida em segredo
devido a alguma falha catastrófica do sistema de monitoramento das forças
da Aliança.
Dentro de um dia a Aliança Galáctica declarou que o estado de guerra
previamente decretado contra Corellia agora se estendia para Bothawui e
Commenor, também. Os analistas políticos das Holonotícias, sombrios ou
alegres dependendo das inclinações políticas e exploradoras de seus
próprios serviços de notícias, especulavam quais sistemas seriam os
próximos a se juntarem ao que agora se referiam como a Confederação
Corelliana.
Recomendações eram oferecidas em ambos os lados. Funerais para os
mortos aconteceram.
E com a mudança no clima político, com a paz negociada entre uma
Corellia isolada e a Aliança não mais possível, Jacen Solo e a Anakin Solo
receberam ordens de voltar para Coruscant.
Capítulo Quinze
ZIOST

De órbita alta, o mundo de Ziost não parecia um lugar maligno.


Era um típico mundo azul e verde, uma boa mistura de massas de terra e
mar aberto, gelo nos polos, formações de nuvens brancas em todos os
lugares, inclusive a espiral característica de um furacão sobre um dos
oceanos. Os continentes no equador pareciam ser quase inteiramente
verdes, tornando-se esbranquiçado subindo até as zonas temperadas e
transformando-se em branco puro logo depois, dando ao mundo grandes
calotas polares de gelo. Não havia pistas de desertos ou qualquer terreno
além de florestas ou tundras.
Era, de fato, um belo lugar, se alguém o visse apenas com os olhos.
Mas Ben tinha outros sentidos, e através da Força ele podia sentir algo
mais, algo malévolo sobre o planeta. Isso parecia encará-lo, como se tivesse
um olho manchado pertencente a um rosto horrível, cheio de ódio que ele
não conseguia distinguir.
Ben encarou Ziost, e Ziost encarou Ben. Ben engoliu em seco.
— Shaker, você encontrou algum rastro de propulsor? — Ben
perguntou. Não esperava muita ajuda ali. Rastros de emissão de propulsor
dissipavam rapidamente, e como o tráfego de veículos e embarcações em
um planeta eram altos, todos os rastros tendiam a se confundir uns com os
outros.
O astromecânico assobiou uma afirmativa, e linhas de texto apareceram
em uma das telas da cabine do Y-Wing:

RASTRO ORBITAL FORTE INDICA UM OU MAIS


VEÍCULOS EM ÓRBITA ESPECÍFICA POR TEMPO
CONSIDERÁVEL.

VEÍCULO(S) DEIXOU A ÓRBITA A APROXIMADAMENTE


OITO HORAS PADRÃO E DESCEU ATÉ O PLANETA.
A tela do sensor da cabine alternou de uma transmissão ao vivo para um
diagrama da superfície planetária, com linhas pontilhadas mostrando a
órbita abandonada e o caminho de descida.
Ben sentiu uma onda de alívio. É claro, Ziost era um mundo morto, em
termos de civilização planetária. Poucos veículos sequer chegavam ali, e os
rastros de propulsor seriam distinguíveis por mais tempo. Isso mudou a
perspectiva de encontrar um único veículo em uma área do tamanho de uma
superfície planetária de “insana” para “possível”.
Ele trocou os dados da unidade R2 para o computador de navegação e
traçou a própria descida.

De uma altitude de alguns quilômetros, viajando devagar o bastante para


que o Y-Wing não causasse explosões sônicas nem atraísse trilhas visíveis
do solo, Ben estudou o veículo que deveria ter trazido Faskus de volta para
Ziost.
Era um transporte leve Corelliano YT-2400, no formato de disco, como
a venerável Millennium Falcon de tio Han, mas com a sua cabine ao final
da lateral estibordo em uma projeção em quilha.
Pelo menos um dia fora uma YT-2400. Agora era lata-velha
chamuscada de duraço curvo, enegrecida em muitos lugares por fogo;
fumaça ainda subia até o céu de pontos onde o casco fora rompido. A
cabine e o seu tubo de acesso foram separadas do corpo principal do
transporte e rolara, ou fora lançada, ladeira abaixo, deixando-a vinte metros
longe do casco principal. Uma leve neve caia sobre as duas partes principais
da nave destruída.
Ela fizera um pouso forçado? Ben aumentou a amplificação de seu
monitor e balançou a cabeça. Não, os padrões de queimadura em partes do
casco mostravam um claro sinal de bombardeio de turbolaser. O transporte
recebera disparos múltiplas vezes, e então queimara.
Ben rapidamente retornou para os sensores primários, mas não havia
sinal de outro tráfego aéreo nessa área. O agressor se fora.
Ben desceu em espiral e pousou na mesma clareira que Faskus
escolhera. Aterrissou o Y-Wing bem longe dos destroços queimando, então
investigou a pé.
Partes do transporte estavam frias o bastante para se aproximar, e foi até
mesmo capaz de entrar em um ou dois lugares onde as escotilhas foram
arrancadas ou buracos no casco eram amplos o bastante para deixá-lo
entrar. Não havia nada dentro além de fumaça remanescente e o cheiro de
plástico e couro sintético queimado.
Procurando por mais pistas, se abriu para a Força... e estremeceu. A
sensação de ser observado era mais forte ali do que fora em órbita. Tentou
afastar a sensação, para sentir em volta e além, e não detectou indício de
morte. Não achava que o piloto morrera no transporte.
Onde ele estava então? Ben não era um rastreador talentoso. Não
imaginava que pudesse seguir um alvo, particularmente um que
recentemente fora atingido, e estava provavelmente cauteloso e enganoso,
através da floresta densa.
E então ele sentiu, bem na periferia de seus sentidos da Força, uma
pequena pista de alegria maldosa, como a que ele sentira na vitrine em
Drewwa.
Essa alegria permanecia firme, senão distante, enquanto retornava para
o seu Y-Wing.
— Shaker, ficarei sem veículo por um tempo. Talvez dias. — ele disse
ao astromecânico.
Shaker ofereceu a ele uma pergunta musical. Ben não precisava pegar o
seu datapad e ler o texto transmitido para entender. O que você quer que eu
faça?
Pensou sobre aquilo. Nesse mundo hostil, os sensores de uma unidade
R2, ferramentas e outros recursos poderiam ser bem úteis, presumindo que
o pequeno droide não ficasse preso em um pântano ou algo assim, mas Ben
não tinha o guincho necessário para remover Shaker de seu alojamento no
Y-Wing. Alguns astromecânicos possuíam modificações que o permitiam
escalar e se libertar em uma descida segura, mas Shaker parecia ser um
modelo comum, sem modificações importantes.
Ainda assim, Ben tinha a Força disponível. Ele só não tinha certeza de
conseguir controlar o preciso feito de telecinese com algo tão pesado como
uma unidade R2.
— Espere um momento, carinha. — Ben fechou os olhos e se
concentrou.
Através da Força, podia sentir a massa iminente do Y-Wing, até mesmo
traçar o seu contorno. E lá estava Shaker, também, mas não conseguia
separar o droide em sua mente do caça estelar. Não queria erguer o caça
inteiro, nem mesmo queria tentar isso.
Então Shaker fez um som curioso, e subitamente o droide distinguiu-se
do caça estelar, com as suas próprias linhas claramente definidas. Ben sorriu
e se focou no astromecânico.
Gentilmente puxou pra cima, como se tentasse extrair um conector de
um motor. O conector se provou teimoso, então puxou com mais força.
O súbito grito de surpresa de Shaker quase quebrou a concentração de
Ben, mas ele franziu a testa e a manteve, e pôde sentir o astromecânico
subindo pelo ar e flutuando livre do Y-Wing. Ben gesticulou lateralmente, e
Shaker pairou para um lado.
Cuidadosamente, Ben trouxe o droide para o chão e abriu os olhos.
Balançando um pouco, cansado pelo esforço, disse:
— Acho que você vem comigo.
O droide piou, com o seu tom sugerindo alívio.

Seguindo na direção oeste, na direção de onde Ben sentia a alegria distante,


eles mergulharam na floresta de Ziost.
Era um dia frio. Apesar de Ben sentir-se confortável na clareira, na luz
do sol amortecida pelas nuvens, ali a copa da floresta eliminava a maioria
da luz solar, e Ben sentia frio. Os troncos das árvores maciços, escuros e
contorcidos parecendo corpos feridos congelados e preservados em suas
agonias, aumentavam a sua inquietação. Pegou o manto Jedi da mochila e o
vestiu, grato tanto pelo calor quanto pela proteção simbólica que ele
oferecia.
Não havia rastros através da floresta, apenas vegetação rasteira densa.
As limitações de Shaker no ambiente, o droide podia se mover rapidamente
em suas rodas em superfícies planas e duras, mas gingava lentamente nas
pernas em terreno irregular, deixava o progresso lento, mas na primeira hora
do percurso, Ben não sentiu a alegria que perseguia se distanciar. Pelo
contrário, ele e Shaker pareciam se aproximar, bem lentamente, de sua
presa.
Então ouviu sons da direção pela qual vieram. Os sons estavam
distantes, abafados pela distância e a floresta opressiva, mas Ben pensou ter
reconhecido o rugido de motores de íon, o ruído de disparos laser.
Shaker começou a assobiar uma mensagem complicada. Com um aperto
no coração, Ben pegou o datapad e o abriu. Uma série de relatórios de
diagnóstico rolaram pela tela rápido demais para ler, mas então a mensagem
parou.
A última linha lia:

RESUMO DE DIAGNÓSTICO DO Y-Wing: AVALIAÇÃO DE


DANO IMPEDE O FUNCIONAMENTO. COMUNICAÇÃO
ENCERRADA. PROBABILIDADE DE 84% DE QUE O Y-Wing
TENHA SIDO DESTRUÍDO COMPLETAMENTE.

Ben caiu sentado na cobertura de neve do chão da floresta. Os inimigos


de Faskus voltaram e destruíram o seu transporte, a única maneira que
conhecia para deixar o mundo.
Os arquivos que possuía sugeriam que ninguém tinha certeza de
qualquer vida senciente ainda presente em Ziost. Poderia não haver
ninguém para ajudá-lo a sair do planeta, nunca... e ninguém que se
importava com ele sabia que estava ali.
Morreria sozinho em Ziost.
Forçou-se a se firmar. Se morresse ou não, tinha uma missão para
terminar. E quando terminasse, teria uma segunda missão, uma pessoal.
Punir as pessoas que tentaram exilá-lo nesse mundo solitário.

TEMPLO JEDI EM CORUSCANT, CÂMARA DO CONSELHO

Eles se encontraram em seu círculo de cadeiras, elegantes assentos de


pedra, bem distante da suntuosidade de tronos, e não confortáveis o bastante
para encorajar reuniões que duravam por horas. Os outros, Mara, Corran,
Kyle Katarn, Cilghal, Kyp Durron, esperavam por Luke se sentar, uma
tradição que informalmente adotaram e a qual ele desejava, só um pouco,
que abandonassem.
Quando todos se sentaram, Luke disse:
— Cilghal, eu gostaria que tomasse o papel de taras-chi para esse
encontro.
A Mestre Jedi Mon Cal piscou pra ele. Os olhos protuberantes dela
deixavam a ação mais impressionante do que seria para um humano.
— Desculpe, Grão-Mestre. Tomar o papel de quê?
Kyp fez um pequeno som. Poderia ter sido um resmungo evasivo. Luke
olhou pra ver que o rosto de Kyp estava travado com o esforço de não rir.
Luke continuou:
— Taras-chi. Uma tradição que não observamos recentemente. Você
encontra um desafio para qualquer ideia ou proposição que pensa não estar
sendo testada adequadamente.
— Ah. — Cilghal disse. — Sim, é claro.
Kyp contorceu-se uma vez, uma supressão final de uma risada, e então
relaxou.
— Nós temos vários itens a considerar. — Luke disse. — Sem uma
ordem em particular... Apesar de não termos restrições em quantos Mestres
Jedi deveriam existir, a guerra claramente ocupou um tempo adicional de
cada Mestre, e o pior da guerra provavelmente ainda ocupará mais. Isso
significa que o aprendizado sofrerá. Eu proponho, então, que consideremos
se qualquer Cavaleiro Jedi mais velho é adequado para o avanço. Não
precisamos debater os candidatos hoje, mas vocês todos devem preparar
listas de quais vocês pensam ser adequados. — A maioria dos Mestres
presentes assentiu, todos menos Cilghal, que considerava a questão, com os
seus olhos bulbosos elevando-se em níveis diferentes, mas não ofereceu
oposição.
— Segundo. — Luke continuou, — como muitos de vocês sabem, Ben
está desaparecido. Ele pode ter fugido para encontrar Jacen. Ele pode ter
partido para uma missão pessoal para se provar. Ele pode... — Levou um
momento para ele forçar as palavras a sair. — Ele pode ter sido levado.
Evidências que Mara e eu descobrimos sugerem que ele pode ter ferido uma
mulher que depois morreu devido aos ferimentos... e a mãe dessa mulher
era Lumiya.
Isso trouxe alguns murmúrios de Kyle, Corran e Kyp. Cilghal foi rápida
ao perguntar:
— Essa foi a razão para o ataque de Lumiya a Mestra Lobi?
Luke assentiu.
— Presumidamente. Lobi estava seguindo Ben. Se Lumiya fizesse algo
relacionado a Ben, falasse com ele, plantasse um rastreador nele, e assim
por diante, ela eliminaria testemunhas.
— Então. — Cilghal disse, — isso não é apenas um caso de dois
Mestres demonstrando apego excessivo a um aprendiz. A situação poderia
resultar nas mortes de mais Jedi.
Muito bem, Luke pensou. Já uma desculpa lançada com precisão para
um problema identificado.
— Correto.
— Mas eu devo perguntar. — ela continuou, — se você e a Mestra
Skywalker estão imparciais o suficiente sobre Ben para tomar decisões
acertadas nessa questão.
Mara se inclinou pra frente como se fosse oferecer uma resposta
irritada. Luke olhou pra ela e, através de sua ligação da Força, alcançou-a
com um toque de cuidado. Mara manteve a sua pose, mas não falou.
Luke respondeu:
— Acho que sim. Em qualquer caso, Mara e eu temos pouco com o que
seguir em termos do desaparecimento de Ben. Quanto a essa manhã, fui
incapaz de encontrar Ben na Força. O que pode significar que ele pode ter
aprendido a se ocultar; que ele está em um lugar, como Dagobah, onde as
características da Força em seus arredores mascaram a sua presença; ou...
— Ele não terminou aquele pensamento doloroso. — Mas para ter certeza,
eu invoco os Mestres para se manifestar se vocês pensam que estamos
agindo inapropriadamente. Eu serei o primeiro a admitir que nós
precisamos nos basear em seus julgamentos mais objetivos nessa questão.
— E outras questões de apego, se me permite. — Cilghal continuou. —
Mestre Horn, as questões com a sua família estão resolvidas?
Corran assentiu.
— Todos os Jedi exceto aqueles ajudando a forças armadas da Aliança
recolhendo inteligência estão fora de Corellia, como minha esposa. Apesar
de que ela pode se divorciar, já que saí sem dar um beijo de adeus nela.
Cilghal não ofereceu a declaração que precedeu a sua pergunta. Jedi
deveriam abandonar o apego. Fora um princípio básico da filosofia Jedi na
era da Velha República e épocas anteriores. Luke, como um experimento ao
longo dos anos, relaxara-o, descrevendo-o para os seus alunos o papel na
história Jedi, mas sem insistir para ser observado pela geração Jedi
moderna. Tendo mesmo escolhido uma vida com uma esposa e filho,
dificilmente poderia recusar isso aos outros, e atualmente muitos eram
formalmente casados e geralmente criavam os próprios filhos, com vários
graus do desapego Jedi apropriado. Precisava admitir que nesses casos,
mesmo no dele, o verdadeiro desapego podia às vezes ser quase impossível.
Cilghal provavelmente não ofereceria aquele criticismo, porque ela
nunca indicara que acreditava no absoluto mérito da velha tradição, mas ela
obviamente estava levando o papel como taras-chi a sério.
— Também em minha agenda. — Luke disse. — uma atualização sobre
Leia. Vocês todos foram pacientes e progressistas ao permiti-la permanecer
com Han. E eu continuo a pensar que isso serve tanto aos interesses da
Ordem Jedi quanto da Aliança Galáctica em nos permitir manter um olhar
em outras perspectivas, e nos fatos não disponíveis a nós. Mara e eu de fato
a vimos durante nossa visita ao espaço Corelliano. Eu queria estender a
ideia de que continuemos assim, e oferecer a ela nenhuma censura por
aparentemente se opor aos objetivos da Aliança... mesmo quando a Aliança
continua a insistir em medidas punitivas.
Dessa vez foi Kyle Katarn quem trouxe a possibilidade de uma
discussão. De barba rala, alguns anos mais velho do que Luke, ele
realmente parecia um pouco mais novo porque não ostentava uma
impressionante coleção de cicatrizes faciais.
— Você tem certeza de que o seu apego para com a sua irmã não
influencia a maneira como está lidando com a situação?
Luke assentiu.
— Diferente da situação com o meu filho, estou em paz com essa
questão, confortável com todas as minhas decisões.
— A Aliança Galáctica tem pontos válidos nessa questão. — Katarn
disse. — Não necessariamente um caso revestido de duraço, mas pontos
válidos. Não estão nos pedindo para levá-la à justiça acorrentada, mas se a
Ordem Jedi apoia a Aliança, e uma Cavaleira Jedi está efetivamente
apoiando o inimigo, o argumento deles é de que a Cavaleira Jedi em
questão deveria ser expulsa da Ordem.
— Talvez devêssemos. — Mara disse. — Uma vez que um julgamento
justo prove que ela ajudou o inimigo. Não foi provado ainda. A presença
dela com Han em vários eventos foi notada, sim, mas nem mesmo Tenel
Ka, a vítima pretendida da alegada tentativa de assassinato, acredita na
culpa deles.
— E. — Kyp acrescentou, — há a questão de se eles podem receber um
julgamento justo no contexto atual.
Katarn dispensou os comentários com um aceno.
— Considerando isso imparcialmente. — ele disse, — o que mudaria se
Leia Solo fosse expulsa da Ordem? Ela continuaria ao lado de Han,
continuaria a lhe entregar informações cruciais, ela não deixaria de ser a sua
irmã, afinal, e nós podemos readmiti-la quando o julgamento provar a sua
inocência.
— Desse modo agradando o governo da Aliança. — Luke disse. — Mas
isso seria certo, Mestre Katarn? Expulsá-la por tomar a iniciativa e
investigar as coisas que ela vê e ninguém mais? Qual de nós já não fez isso?
— Ninguém ergueu a mão, e ele continuou: — Você está realmente
defendendo isso, ou está assumindo o papel de Cilghal como honorável
oponente de debate no momento?
Katarn sorriu, mostrando os dentes brancos.
— Isso importa? A proposta tem o seu mérito, ou falta de mérito, por si
só, independentemente se acredito ou não nela.
— Ele está certo. — Cilghal disse. — Precisamos analisar a proposta
em seu próprio mérito, e a resposta do Grão-Mestre a ela da mesma forma.
— Bom, aqui está minha resposta. — Luke disse. — Se removermos o
título de Cavaleira Jedi de Leia por causa de alegações, e portanto
impedindo a Aliança de impor penalidades a nós, penalidades que poderiam
reduzir a nossa efetividade, então faríamos um pequeno mal para prevenir
um mal potencialmente maior, mas não é a missão da Ordem Jedi causar o
mal. Nosso trabalho é identificar as coisas erradas e interferir. Mesmo
quando isso nos custa os nossos recursos, a felicidade e as nossas vidas. É
isso que proponho aqui.
Katarn assentiu como se estivesse satisfeito com a resposta. Ele se virou
para Corran:
— Mestre Horn, notei que não está falando muito.
Corran estava sentado com a testa franzida durante a maior parte da
discussão. Agora ele assentia.
— Estava sob a impressão de que os taras-chi eram um tipo de inseto
em Kessel. Booster disse que eles tinham o mesmo gosto de lama pingando
de um motor mal preservado.
Mara fez uma careta para Corran que dizia agora não, seu idiota.
Kyp colocou o rosto nas mãos.
— Falando sobre se afastar do assunto. — ele disse.
Corran relaxou, a sua expressão se tornou mais neutra.
— Tudo bem. De volta ao assunto. Estávamos falando sobre análises
imparciais nessa discussão. Bom, eu aprovo análises imparciais. É assim
que criminosos são capturados e condenados, mas nós também somos Jedi,
e encorajados a confiar em nossos sentimentos. Eu acabei de passar vários
dias na companhia de Leia, e, amigo ou não, eu fui convencido de que ela
não está apoiando Corellia, não mais do que ela apoia a Aliança. Ela quer
descobrir a verdade. A verdade por trás da guerra, a verdade por trás das
decisões questionáveis de seu filho, as quais também refletem
negativamente na Ordem, apesar do fato de serem aprovadas pelo governo,
eu devo acrescentar. Ela está tentando identificar os erros e como se colocar
à frente disso. Eu não acho que devemos desencorajá-la, mesmo com uma
repreensão que alguns de nós consideram irrelevante. Eu acho que devemos
confiar em nossos sentimentos.
Eles ficaram em silêncio por um momento, e Luke queria aplaudir.
Finalmente, Katarn disse:
— Eu sou provavelmente o Mestre presente com menos conexões
familiares ou uma amizade longa com Leia Solo, e eu formalmente
recomendo não tomarmos ações contra ela neste momento.
Os outros concordaram.
— Essa é a minha agenda. — Luke disse. — Mais alguém?
— Eu tenho algo. — Cilghal disse. — A guerra, tão limitada quanto foi
até agora, já aumentou a taxa de lesões aos Jedi... e, infelizmente, mortes.
Não tivemos problemas lidando com o aumento com os recursos
disponíveis, mas agora que a guerra está se espalhando...

ZIOST

Ben passou uma noite fria.


Durante a primeira parte da noite, encontrou um buraco baixo onde o
vento não chegava até ele. Enrolou-se apertado em seu manto Jedi e caiu
quase instantaneamente no sono.
Então, duas horas mais tarde, acordou, tão gelado que o seu próprio
corpo tremendo o acordara. Também estava cego, ou era o que pensava,
incapaz de ver Shaker a menos de um metro de distância; mas quando a sua
mão endurecida pelo frio foi capaz de extrair um bastão luminoso de seu
bolso e o acioná-lo, percebeu estar cercado por neblina.
Juntos, ele e Shaker, escalaram até a saída do buraco, e descobriu que a
temperatura aumentava em vários graus enquanto subiam a encosta.
Na direção do topo, usou o seu sabre de luz para cortar galhos mortos de
algumas árvores. Com eles e folhas, Ben construiu uma fogueira,
acendendo-a com o sabre de luz. Após alguns minutos se aquecendo, fez
uma espécie de ninho com a neve e mais folhas. Só então se permitiu
dormir novamente.
O frio o acordou diversas vezes durante a noite, e uma vez gritos
distantes, como um primata sendo torturado, perturbando o seu descanso.
Cada vez foi capaz de dormir novamente, apesar de ter sonhos disformes
nos quais sombras escuras rastejavam perto de seu corpo adormecido e
sussurravam em seu ouvido em uma língua que não conhecia.
Pela manhã, estava ligeiramente mais descansado, mas teria trocado um
mês de serviço limpando o banheiro de um Hutt por uma tenda e um
aquecedor portátil.
Assim que o sol estava alto o bastante para fornecer um escasso calor
aos seus arredores, ele e Shaker seguiram adiante novamente. Ainda podia
sentir aquela distante alegria.
No meio da manhã acabou com a comida que trouxera consigo de
Drewwa.
— Eu presumo que você não tenha nada armazenado em um
compartimento interno? — Ele perguntou a Shaker.
O droide respondeu com um trinado baixo e negativo.
— Sabe alguma coisa sobre caça?
Shaker deu a ele a mesma resposta.
— Quero dizer, não estou pedindo para você caçar, só me perguntava se
você tem algum texto sobre caça, algo que eu pudesse ler. Para aprender
como.
A resposta de Shaker dessa vez foi uma série mais animada de bipes,
mas a unidade R2 cambaleou pra frente, balançando mais rápido. Eles
estavam agora na borda de uma clareira ampla, cheia de neve, e Shaker se
moveu para àquele espaço aberto.
Seguindo, Ben viu a razão para a agitação do astromecânico. À
distância, além da próxima margem de árvores, uma nuvem de fumaça
subia para o céu. Alguém fizera uma fogueira, e aquele sinal ia exatamente
na mesma direção da sensação de alegria que Ben procurava.

***

Uma hora mais tarde, eles estavam no limite de outra clareira, olhando para
um acampamento. Havia uma tenda, improvisada com vários cobertores de
emergência vermelhos vivo e cabo amarelo. Havia uma fogueira, tão
insignificante quanto a de Ben na noite anterior. Havia uma mochila
enorme, feita com uma sacola imensa, algumas longarinas de duraço sem
dúvidas recuperadas da YT-2400 abatida, e mais cabo amarelo.
E havia um homem.
Deixando Shaker pra trás, Ben se esgueirou em frente, mantendo-se
abaixado atrás dos montes de neve. Quando estava perto o bastante para dar
uma boa olhada no homem, sentiu uma sensação de desapontamento.
Faskus de Ziost não parecia muito com um protetor de artefatos Sith.
Era um humano de pele pálida com um queixo a dois passos de ser curto
demais e um bigode grosso e curvo que apenas enfatizava a inadequação de
seu queixo. Ele vestia roupas cinzas altamente discretas. Ele se movia
lentamente, acrescentando galhos à fogueira e falava consigo mesmo,
palavras que Ben não conseguia ouvir.
E na primeira vez que ele se virou na direção de Ben, para acrescentar
outro punhado de gravetos no fogo, Ben pôde ver que ele usava o Amuleto
de Kalara em uma corrente ao redor do pescoço.
Ben congelou. Se Faskus soubesse que ele estava ali, o homem podia
desaparecer de seus sentidos, podia rastreá-lo e matá-lo com pouco esforço.
Ben precisava obter o amuleto sem alertar Faskus.
E isso significava esperar uma oportunidade...
Não. Ben estava faminto agora e apenas ficaria ainda mais. E com frio,
prática contraprodutiva quando um agente tenta permanecer indetectado. Se
ele esperasse, ele enfraqueceria e enrijeceria tanto que não poderia
completar a missão, ou ele congelaria até morrer.
Então a situação significava que ele precisava atacar, e atacar em breve.
E atacar sem misericórdia. Qualquer um que pudesse roubar o amuleto e
deter o seu poder deveria ser formidável.
Quando Faskus virou as costas novamente, ainda murmurando para si
mesmo, Ben esgueirou-se para mais perto. Uma depressão no terreno
permitiu a ele se aproximar até dez metros da tenda. Ele podia ouvir
algumas das palavras de Faskus:
— ... nem se preocupar... deve ter abrigo... não é tão ruim quanto
parece...
Ben se levantou para espreitar sobre a borda da depressão. Faskus
estava de costas novamente.
Ben saltou em frente, empurrando-se através da Força, dando ao salto
uma distância e altitude a mais. No meio de seu arco, ergueu o sabre de luz.
Enquanto começava a sua descida, o acionou.
O som alertou Faskus, que começou a se virar.
E no quarto de segundo final antes do impacto, Ben viu, além de
Faskus, sentada em cobertores na frente da tenda, encarando-o com olhos
curiosos, uma garotinha.
Cortaria a cabeça do homem na frente dessa garotinha.
Ben aterrissou de pé, chutou Faskus para trás na direção da garota.
Pousando em cima do homem, ouviu o grunhido de dor de Faskus, ouviu o
grito abafado da garota. O sabre de luz de Ben cortou o cobertor do topo da
tenda, incendiando as bordas. Desligou a arma.
Então pegou o amuleto com a mão livre e o puxou. A corrente não
cedeu, e nem o pescoço de Faskus. Ben xingou e puxou, arrancando a
corrente do pescoço que o usava. Apenas então recuou, afastando-se com
esforço da entrada da tenda, e guardou o amuleto no bolso.
A garotinha se abraçou por baixo das pernas de Faskus e olhou em volta
com olhos arregalados. Ela tinha cabelos escuros curtos e olhos azuis; ela
deveria ter seis anos padrão, e ela vestia o que deveria ser uma cópia
infantil de um macacão laranja de X-Wing. Quando ela viu Ben, ela gritou
novamente. Ela estendeu a mão e pegou alguns gravetos e folhas, os quais
ela lançou na direção de Ben. Um graveto voou até seu pé; o resto dos
detritos caiu bem longe.
— Cale a boca. — Ben disse.
A garota se lançou para Faskus.
— Papai, acorde. Papai...
— Papai? — Ben levantou e se moveu para frente novamente.
A garota virou e agarrou mais detritos do interior da tenda para jogar em
Ben. Dessa vez foi uma panela de duralumínio. Ele a rebateu para o lado,
sem diminuir o ritmo, e entrou na tenda.
— Pare com isso.
— Não machuque o papai. — Ela agarrou outra coisa... um blaster. Ben,
subitamente surpreso novamente, puxou-o através da Força e ele voou até
sua mão.
Era leve, leve demais. Ele o examinou. Era um brinquedo de criança,
uma cópia em miniatura de uma pistola blaster DL-44 clássica, como
aquelas que o seu tio Han geralmente carregava. Ben a jogou pela abertura.
— Pare de jogar coisas. Eu falo sério.
A garota congelou, com a mão erguida com um garfo nela.
De olho na garota quando podia, Ben deu uma olhada em Faskus. O
homem estava inconsciente... estranho, já que Ben pensou não o ter
acertado com tanta força, mas isso ajudaria. Ben colocou o sabre de luz no
cinto, então revistou Faskus.
O blaster no coldre de cinto de Faskus era real. Assim como os menores
em sua bota e no coldre pequeno sob a manga direita. Assim como a
vibrolâmina na bainha na manga esquerda. Ben se apropriou de todas as
armas, então olhou em volta.
Lá estava o rolo de cabo amarelo em um canto da tenda. Ben o pegou.
Então virou Faskus, descobrindo, e se apropriando, de outro blaster em um
coldre na base de sua coluna, e começou a amarrar as suas mãos.
O garfo o atingiu na bochecha, prendeu-se por um momento, então caiu.
— Você está machucando ele!
Ben esfregou a bochecha. Os dedos voltaram com uma mancha de
sangue neles.
— Não, não estou. Só o estou amarrando.
— Ele já está machucado, você está piorando.
Ben terminou as mãos de Faskus e seguiu para os pés do homem.
— Onde?
— Na barriga dele.
Ben rolou Faskus de novo e puxou a túnica cinza do homem.
Assobiou. Uma bandagem improvisada, grossas camadas de tecido de
camisa seguradas por amarras feitas de faixas de tecido rasgado, cobriam a
parte inferior esquerda da barriga de Faskus. Estava empapada de sangue.
Cuidadosamente, Ben soltou as faixas e ergueu a bandagem. Um olhar
para a pele lavada de sangue por baixo mostrou a ele que Faskus sofrera
uma perfuração de, pelo menos, sete centímetros de profundidade. Mais
sangue jorrou dela quando a bandagem soltou. Faskus gemeu, mas não
acordou.
Ben trocou e amarrou o tecido. Recebera treinamento em primeiros
socorros tanto de seus professores Jedi quanto da Guarda, mas mais do que
primeiros socorros eram necessários ali.
Colocou as mãos no peito e testa de Faskus e buscou qualquer
conhecimento ou sentimos que conseguisse através da Força. Não sabia
muito sobre cura da Força, mas Mestre Ciaghal e o seu pai o ensinaram
algumas coisas, as necessidades básicas.
Faskus não era forte com a Força, não muito forte ali. Era como uma
vela oscilando comparado com a sua filha. Havia turbulência pela ferida.
Enquanto Ben espreitava mais fundo, sentiu sangue fluindo onde não
deveria. Sentiu a vida se esvaindo.
Não sabia muito sobre feridas na barriga. Outros Jedi disseram a ele que
às vezes elas não sangravam muito, mas que geralmente doíam muito.
Faskus deveria estar morto agora, e estava claro que apenas a força de
vontade e o desejo de proteger a sua filha o mantinham vivo. E mesmo isso
não seria o bastante por muito tempo. Ben hesitou, perguntando-se como
contar à garota.
— Qual é o seu nome? — Ele perguntou.
— Kiara. Você vai deixá-lo melhor?
— Não consigo.
Os olhos de Faskus se abriram. Eles estavam vidrados. Tentou rolar de
lado e falhou. A sua visão clareou um pouco, e ele olhou para Ben.
— Quem é você? — Ele perguntou.
— Ben Skywalker. Guarda da Aliança Galáctica.
— Alguma relação com Luke Skywalker?
— Sou filho dele.
— Bom. — Faskus se recostou e fechou os olhos por um momento. Ben
pensou que o homem poderia morrer ali mesmo, mas foi apenas um gesto
de alívio, e Faskus abriu os olhos para olhar para a sua filha.
— O homem da Guarda Skywalker vai tomar conta de você agora.
— Não, papai. — Kiara se lançou para o peito do pai. — Ele machucou
você.
— Ele apenas me nocauteou. Eu já estava machucado. O caça estelar
me machucou.
Desconfortável com a troca, com o que viria, Ben interrompeu:
— Por que você roubou o Amuleto de Kalara?
Faskus olhou pra ele, confuso.
— Não roubei.
— Sim, roubou. De um prédio de escritórios em Drewwa.
— Drewwa é onde me entregaram, sim. É lá que moro e trabalho.
— Eu achei que fosse de Ziost.
Faskus balançou a cabeça, não um movimento enérgico.
— Eu sou de Almania. Sou um transportador.
— Quem te deu o amuleto?
— Um Bothano. Chamado Dyur. Ele me disse para trazê-lo aqui. Pousar
em coordenadas específicas e levar o amuleto até uma caverna próxima.
Para vir sozinho. — Ele riu, um latido curto que terminou em um engasgo
de dor. — Desculpe, Kiara. Eu queria ter vindo. Sinto muito.
— E você foi alvejado? — Ben perguntou.
Faskus assentiu.
— Eu estava a meio caminho da caverna quando ouvi o rugido do
motor. Corri de volta para a Dente Preto. Estavam atirando nela, um TIE
fighter. Kiara ainda estava dentro. Eu precisava alcançá-la...
Ben não precisava perguntar mais. O resto da história estava claro para
ele. Faskus tirara a filha de perto do transporte, mas alguma calamidade,
uma explosão talvez, enviara um fragmento de duraço em suas entranhas.
E o matara. Lentamente.
— Por favor. — A voz dele estava fraca, oscilando. — Desamarre as
minhas mãos. Para que eu possa segurá-la.
Ben pensou sobre aquilo, então assentiu. Usando a vibrolâmina do
próprio Faskus, cortou as amarras das mãos do homem.
Então, enquanto Kiara soluçava e Faskus falava ternamente para ela, em
tons ainda mais baixos, Ben começou a desmontar o acampamento do
homem e fazer um inventário de seus bens.
E pensar.
Eu tenho o amuleto e ele não pode ser usado contra mim. Essa parte da
missão estava completa; Ben podia checá-la em sua lista. Agora precisava
encontrar uma maneira de sair do planeta, ou, pelo menos, enviar um sinal
para Jacen.
Se Faskus, ou seja lá qual for o nome real dele, não roubou o amuleto,
quem foi? Dyur, seja lá quem fosse. E Dyur incriminara Faskus ao deixar o
bilhete pra trás, mas por que Dyur daria o amuleto real para Faskus enterrar
em uma caverna? Esse deveria ser o de verdade; de perto, ele fedia à
energia do lado sombrio e a felicidade sinistra que permitira Ben segui-lo.
Algo não estava se encaixando.
Ben contou seis cobertores grandes, um deles ligeiramente mais
danificado por seu sabre de luz; vários postes de madeira sendo usados
como postes de tenda; quatro estacas de duraço ancorando a tenda ao chão;
três blasters e uma vibrolâmina, cada um com pacotes de energia extra;
rações de comida, possivelmente o bastante para uma semana; uma
quantidade de cabo; a mochila; o conteúdo da bolsa de Faskus, incluindo
um datapad, numerosas moedas de crédito, cartões de créditos, cartões de
dados e cartões de identidade; e as roupas do homem, se ele as quisesse,
mas não queria. Cuidadosamente desmontou a tenda, expondo a garota e o
pai para a primeira neve do dia, e enrolou todos os cobertores, exceto
aqueles constituindo o chão, nos quais Faskus e Kiara ainda estavam. Os
olhos de Faskus ainda estavam abertos, mas ele não mais falava, e Ben não
conseguia senti-lo na Força.
O astromecânico veio balançando de sua posição escondida quando Ben
começava a dividir seus novos pertences entre a própria mochila e a
mochila maior feita por Faskus.
— Boas notícias, Shaker. — Ben disse. — Vários pacotes de energia. Se
você tiver adaptadores, podemos mantê-lo funcionando por um bom tempo.
Mas a resposta de Shaker não soou feliz. O droide mantinha o sensor
óptico fixo em Kiara e Faskus, com uma nota de discordância.
— Sim. — Ben disse. — O que disse.
Ainda mais triste seria o que precisaria fazer em um minuto, mas o seu
dever estava claro. Precisava levar o amuleto para Jacen. E isso significava
não arriscar os seus recursos.
Pensou em pedir a Kiara se mover para poder pegar os dois últimos
cobertores, mas decidiu que tal pedido era desnecessário. Quatro cobertores
seriam o bastante para ele.
Passou alguns minutos usando mais do cabo para amarrar a mochila
grande no domo de Shaker, e então começou a andar.
Não ouviu Shaker o seguindo. Virou-se para ver o R2 ainda no mesmo
lugar. O seu sensor óptico deslizava para os dois lados, encarando-o
primeiro, então Kiara.
— Vamos, Shaker.
O astromecânico começou a balançar na direção dele. Ben imaginou
que podia sentir relutância em seu passo, mas ele dispensou o pensamento.
Shaker nunca conhecera essas pessoas, e portanto não poderia se importar
com eles.
— Ei! — Kiara sentou-se. Com neve acumulando em seus cabelos, e
lágrimas congelando em suas bochechas. — Você não pode ir. Papai disse
que você ia tomar conta de nós.
— Desculpe. — Ben disse. — Mas eu não disse que iria.
— Você não pode deixá-lo! Os animais vão comê-lo!
— Desculpe.
Dar as costas para a garota uma segunda vez exigiu vontade, mas o
reconhecimento de seu dever deu a ele a força para fazê-lo. Começou a
andar novamente, lentamente, e Shaker seguiu.
O droide trinou, uma longa e complicada comunicação. Ben abriu o
datapad, e recebeu a mensagem de Shaker:
QUAL É NOSSO DESTINO?
— Eu dei uma olhada no datapad de Faskus. — Ben deu um tapinha em
sua bolsa para se assegurar de que o datapad ainda estava lá. — Ele tem
informações sobre Ziost que não tenho. Como as coordenadas de onde ele
deveria pousar, a caverna onde ele deveria deixar o amuleto, eu acredito que
ele abandonou essa parte do plano após se ferir, e muitos locais marcados
como RUÍNAS. Aposto que onde sejam essas ruínas, há coisas para achar.
Talvez até pessoas. Talvez mesmo a base de onde o TIE fighter veio. Vamos
para o local das ruínas mais próximas. Eu aposto que Faskus também estava
indo.
POR QUE ESTÁ ABANDONANDO A GAROTA?

Isso fez o estômago de Ben dar um nó novamente.


— Porque se ela estiver conosco, os nossos recursos acabarão mais
rápido, como a nossa comida. E talvez não cheguemos onde precisamos. A
nossa missão é mais importante do que a vida dela.
A MISSÃO É MAIS IMPORTANTE DO QUE A SUA VIDA, TAMBÉM?

Ben pensou sobre aquilo pelos próximos cinquenta metros.


— Sim.
ENTÃO ME DIGA QUAL É SUA MISSÃO PARA QUE SE VOCÊ FALHE EU POSSA ABANDONAR VOCÊ E
COMPLETÁ-LA.

Ben se virou e chutou o astromecânico no domo. Shaker grasnou e caiu,


mas as amarras que Ben usou para atar a mochila no lugar não cedeu.
— Cale a boca, sua, sua chapa elétrica caminhante. Se você não tivesse
alguns sistemas úteis para compensar esse cérebro droide com defeito seu,
eu abandonaria você, também.
Shaker não deu resposta. Não tentou se endireitar.
Ben se forçou a se acalmar. Esperaria até ter certeza de que não
precisava mais do astromecânico, então o esmagaria em uma prensa ou o
jogaria de uma janela no andar mais alto.
Não, isso não fazia sentido. Era uma propriedade valiosa. Podia vendê-
lo pela passagem até outro planeta, se pudesse encontrar alguém disposto a
pegá-lo.
Com um suspiro, endireitou o astromecânico, então continuou andando.

***

Uma hora mais tarde, enquanto atravessavam um cume arborizado, o


datapad de Ben apitou, mas Shaker não fez nenhum som indicando que
tentava se comunicar. Ben parou e abriu o seu datapad.
Imagens de seus pais entraram em foco em sua diminuta tela. Ambos
sorriam.
— Ben. — Mara disse. — Caso não tenha notado... você tem quatorze
anos!
— Parabéns por mais um aniversário. — Luke disse. — Então qualquer
tortura que os seus professores, incluindo eu, tenham preparado para você
hoje... esqueça. Reporte a mim para receber alguns créditos de aniversário,
e o resto do dia é o seu para aproveitar.
A imagem deles desapareceu.
Shaker chegou por trás de Ben e esperou com a paciência de um droide.
Estranhamente, Ben sentiu como se não tivesse nada dentro de si, como
se subitamente se tornasse um balão no formato de Ben cheio de gás. Gás
não conseguia pensar, e ele também não, por um longo momento.
Eles deveriam ter gravado aquilo pouco antes dele começar a missão.
— Oi, mãe. — ele disse. — Oi, pai. No meu aniversário de quatorze
anos, eu matei uma garotinha.
Sentou-se, com a lombar encostada contra o astromecânico. Inclinou-se
pra frente, envolvendo os braços nos joelhos.
E começou a chorar.

Kiara apunhalou o chão com a faca. Era um talher, não uma vibrolâmina, e
quando atingiu o chão, ressoou. Algumas vezes arranhava um pouco do
solo endurecido pela neve. Algumas vezes não. Após mais de uma hora
cavando, pontuada por ataques de choro, cavara um buraco pouco maior do
que a sua cabeça.
Mas continuava cavando. O seu pai estava morto, e precisava enterrá-lo
para que os animais não viessem e o comessem.
Através da neve, podia ver que haviam botas na frente dela. Olhou pra
cima, para o rosto de Ben Skywalker. O astromecânico bamboleante entrava
na clareira do outro lado.
Ben não disse nada por alguns momentos. Então deu uma olhada ao
redor.
— Acho. — ele disse, — que precisamos enrolá-lo em um dos
cobertores, então empilhar pedras nela. Isso afastará os animais.
— Eles não vão comê-lo?
— Eles não vão comê-lo. Eu o envolverei e procurarei as pedras. Você
se cobre com o outro cobertor e vai sentar com Shaker.
Kiara fez o que lhe foi pedido. As suas lágrimas não paravam de surgir,
mas agora sabia que o seu pai estaria seguro sob as rochas.
Capítulo Dezesseis
CORUSCANT

As semanas após o desastre militar em Corellia não foram favoráveis para


uma rápida resolução do conflito.
Fondor, um mundo bem conhecido por seus estaleiros orbitais, um
mundo cuja economia esteve em atrito sob as restrições de produção do
exército da Aliança Galáctica, anunciou a sua renúncia da Aliança e assinou
artigos de amizade com Corellia e os seus aliados. Não era só mais um
mundo, aumentando o tamanho da Confederação, não mais referida como a
Confederação Corelliana, pela insistente indignação de Bothawui e
Commenor, desses três sistemas para quatro, mas desses quatro sistemas,
dois, Corellia e Fondor, possuíam estaleiros de construção de naves que
eram essenciais ao desenvolvimento do exército da Aliança. A perda de
Fondor agitou os serviços de Holonotícias. Logo depois, Bespin, com as
suas instalações cruciais de produção de gás Tibanna, e Adumar, com a sua
indústria de munição, também juntaram-se à Confederação.
E outros mundos oscilavam. Os mundos do espaço Hutt não faziam
segredo sobre a sua preferência pela Confederação, ou de sua disposição em
permanecerem amigos leais e calorosos da Aliança, desde que recebessem
privilégios especiais de comércio e auxílio que despejariam fortunas em
suas contas. Vários planetas do Remanescente Imperial, há muito
desconfortáveis em fazer parte da Aliança, sugeriam favorecimento à
Confederação, mas o Conselho Moff continuava a obedecer os seus tratados
com a Aliança. O Grão-Almirante Pellaeon, recentemente aposentado e de
volta ao mundo de Bastion, participando do contínuo processo de
reconstrução e repopulação da capital Imperial, falava abertamente e
geralmente da necessidade do Império em se manter associado com a
Aliança.
Durante essas semanas houveram apenas conflitos esporádicos entre a
Aliança e a Confederação. A força-tarefa de Almirante Limpan em Corellia
fazia ataques frequentes aos estaleiros Corellianos, à ainda intacta Estação
Centerpoint e às instalações industriais nos outros mundos aliados à
Corellia, apesar de serem bastante inconclusivos. As forças da
Confederação no sistema Bothawui foram bem-sucedidas, com pouco
esforço, em fazer os veículos de observação da Aliança recuarem.
Nenhum lado pressionou um ataque. Os mundos da Confederação
aguardavam, fortalecendo as suas defesas, enviando diplomatas com ofertas
de amizade para dezenas de mundos, e elevaram a produção de suas naves
para níveis épicos. A Aliança trouxe forças militares de estações distantes e
patrulhas, juntou informação e melhorou a segurança. A maior parte da
guerra era travada nas transmissões de notícias, com analistas prevendo
onde a próxima grande ação ocorreria, quem a começaria, e como
terminaria.
Almirante Matric Klauskin, recentemente desaparecido de um hospital
em Coruscant, apareceu em seu mundo natal Commenor. Os seus
operadores transmitiram para Coruscant a sua renúncia à comissão junto ao
exército da Aliança Galáctica. Em um jantar em Commenor, ele foi
reconhecido como um herói de seu planeta e foi solenemente aposentado.
Não falou muito durante a celebração, e os observadores o descreveram
como indiferente e de olhos vidrados.

SALA DE REUNIÕES DE OFICIAIS SÊNIOR DO QUARTEL


GENERAL DO EXÉRCITO DA ALIANÇA GALÁCTICA

— O então chamado Documento de Chasin. — disse o General Tycho


Celchu. — é autêntico. — Um homem alto e elegantemente bonito com
cabelos loiros começando a ficar grisalho, ele irradiava confiança e
competência.
Almirante Niathal não estava preocupada com o que o analista militar
humano irradiava. Os seus olhos vibravam com a sua agitação.
— Não pode ser, General. Não tínhamos planos de invadir Commenor.
— Sim, tínhamos. — Tycho a assegurou. — Trinta anos atrás.
Isso acalmou um pouco Niathal, despertando a sua curiosidade. A
declaração obviamente teve o mesmo efeito nos outros oficiais sêniores
presentes; Niathal ouviu murmúrios dos dois lados da mesa.
— Por favor, continue. — ela disse, cortando as conversas alheias.
— Na época em que a Aliança Rebelde estava montando a sua
campanha pela liberação de sistemas planetários essenciais ao Império. —
Tycho disse, — o General Garm Bel Iblis elaborou uma série de planos para
sistemas individuais. O Documento de Chasin, recentemente obtido para
nós pela Inteligência, é uma revisão da Operação Plugue Azul de Bel Iblis.
Plugue Azul nunca foi lançada, porque Commenor voluntariamente afastou
o governador Imperial alguns meses após Coruscant cair para nós.
— Os detalhes da Operação Plugue Azul alguma vez se tornaram
públicos? — Niathal perguntou.
Tycho balançou a cabeça.
— Não, eles foram classificados como confidenciais por décadas.
Confidenciais, e esquecidos, devido à irrelevância. Eu não estava ciente
deles, mas quando comecei a fazer a minha análise do Documento de
Chasin, fiquei chocado por quão minuciosamente ele se assemelhava aos
padrões logísticos preferidos do General Bel Iblis. De primeira, pensei ter
sido elaborado por um aprendiz do general..., mas então me ocorreu que o
plano não continha disposições para o uso das classes mais modernas de
naves, e isso me deixou desconfiado. Então comecei a procurar nos
registros.
— Entendo. E temos qualquer indicação de como o plano original caiu
nas mãos de alguém que poderia revisá-los e entregá-los para os
Commenorianos?
— Sim. — Um toque de espanto se tornou visível através da conduta
controlada de Tycho. — A nossa segurança foi comprometida. Uma análise
do banco de dados onde o arquivo estava armazenado indicou que as únicas
vezes em que foi acessado nos anos recentes foi quando a programação de
backup automático o atualizou e o comparou com cópias armazenadas.
Programadores militares não encontraram outros sinais de invasão, então eu
pedi ajuda da Inteligência, a qual revelou que o método usado...
Murmúrios de outros oficiais o cortaram. Tycho olhou indiferente ao
redor da mesa. Niathal sabia que o general estava em desfavor com os seus
colegas por trazer alguém de fora. Ela, também, lamentava que General
Celchu expusera uma falha de segurança para forasteiros, mas ela também
aplaudia o fato de que ele resolvera o problema.
— Por Inteligência nesse caso. — Niathal disse, — você quer dizer a
sua esposa.
— Sim. — A esposa de Tycho, Winter, era uma agente de longa data.
Ela fora uma agente de campo quando a Nova República era um ideal em
vez de uma realidade. Ela ajudara a criar o filho mais popular da Aliança,
Jacen Solo. Solo era um dos oficiais na mesa, e ele ouvia friamente, sem
reagir quando Winter foi mencionada.
Tycho continuou:
— Winter descobriu que o código de backup foi substituído. Ainda fazia
o seu trabalho, mas em adição enviava esses arquivos para uma localização
externa. Assim que sabíamos pelo quê procurar, encontramos programas
similares apoiando outros bancos de dados. Essa programação estava se
auto-replicando e pode ter se espalhado por nossa rede militar inteira, mas
nós a encontramos a tempo. Ela só acessou arquivos antigos e alguns
inventários de artilharia.
— ...e as suas ações?
— Nós apagamos o código danoso e entregamos os detalhes pertinentes
para a Inteligência Militar, a Inteligência da Aliança Galáctica e a Guarda
da Aliança Galáctica. Nós poderíamos ter usado essa invasão para enviar
desinformações, mas isso seria um empreendimento enorme, o inimigo
presumivelmente teria notado se o código parasse de se espalhar por nossa
rede, então manter o segredo necessitaria construir uma rede secundária
inteira, cheia de uma combinação de dados falsos e dados genuínos não
essenciais, e atualizá-la no mesmo nível que a rede real é atualizada.
Niathal assentiu. Tal operação era possível de se executar, mas seria um
tremendo esgotamento de recursos.
— Sabemos como os nossos sistemas foram violados?
— Em parte. — Tycho disse. — Registros verificados sugerem que o
hackeamento de código inicial aconteceu durante uma investigação de
dados de rotina usando uma senha da GAG.
Isso chamou a atenção de Jacen.
— Isso é ridículo. — ele disse.
Tycho o considerou com firmeza.
— Mas verificável.
— Ninguém com acesso a um nível tão alto para requisitar a rede
militar significantemente é um risco de segurança. — Jacen manteve a voz
dura. — Em adição a todas as medidas de segurança que empregamos, eu
sou um Jedi. Seria quase impossível para algum dos meus oficiais sênior me
enganar assim.
— Quase impossível. — Tycho disse. — não é impossível.
— Dê-me a senha. — Jacen disse irritado.
Citando da memória, Tycho disse:
— Três, sete, nove, H, O, L, quarenta e quatro, sublinhado B, nove,
dois, um.
Jacen puxou o seu datapad e acessou um arquivo. Ele rolou a tela por
alguns momentos. Então a sua expressão foi de somente raivosa para
raivosa e confusa.
— Sem atribuição. — ele disse. — No final da lista sem atribuições.
— Eu sugiro. — Niathal disse. — que você cheque outros códigos sem
atribuição para ter certeza de que não estão sendo usados, também.
Jacen desligou o datapad.
— Farei isso.
— E reporte o que encontrar.
— Sim, Almirante. — Claramente furioso, Jacen se virou e evitou
contato visual.
— Há mais alguma coisa? — Niathal perguntou.
— Sim. — A voz veio de uma mulher de pele e cabelos escuros usando
um vestido civil sombrio em vez de um uniforme. Ela era Belindi Kalenda,
a diretora de inteligência da Aliança Galáctica desde o fim da guerra
Yuuzhan Vong. — Eu tenho um item relativo ao exército. Informações
chegaram a mim sugerindo que a Confederação está passando por
dificuldades, uma dificuldade crescente, enquanto mais planetas se aliam,
em coordenar as suas respectivas forças militares.
Niathal inclinou a cabeça para a diretora.
— A única parte surpreendente nisso é que eles não selecionaram um
Supremo Comandante ainda.
— Não é a única parte surpreendente. Almirante, o que venho escutando
é que os Bothanos exigiram que o Supremo Comandante seja eleito em uma
reunião presencial de representantes de cada mundo da Confederação.
Tycho assobiou, Jacen assentiu, e outros oficiais começaram a sussurrar
entre eles. Niathal disse:
— Isso é a cara dos Bothanos. Cara a cara, em vez de se comunicar pela
HoloNet, eles podem influenciar o resultado.
— Ainda mais do que isso. — Kalenda disse. — parece que a
Confederação está usando isso como uma jogada de recrutamento, dizendo
aos mundos que ainda estão em cima do muro: “juntem-se agora e terão
uma chance de enviar representantes para a eleição; o seu candidato pode
ser nosso Supremo Comandante”.
— Interessante. — Niathal ruminou sobre aquilo. — Quão precisa é
essa informação?
— É absoluto que os Hutts receberam um convite se referindo à eleição,
e que os Bothanos estão em disputa para selecionar o candidato favorável
ao maior número de políticos relevantes.
— Precisamos estar lá. — Jacen disse.
Niathal assentiu.
— Coronel Solo está correto. As delegações incluirão alguns dos
melhores líderes e mentes mais brilhantes da Confederação. Sem mencionar
os políticos com bastante conhecimento sobre os planos de seus mundos. Se
nós pudermos eliminar os participantes, reduzimos as capacidades de
planejamento da Confederação em um grau notável. Se pudermos capturá-
los, estaremos em posição de obter uma quantidade tremenda de
conhecimento crítico. Diretora Kalenda, por favor, junte esforço máximo
para obter essa informação. Não hesite em nos pedir recursos.
— Entendido, Almirante.

TEMPLO JEDI DE CORUSCANT, SALÃO DE TREINO

— Eu acho que está levando todo esse negócio de “Espada dos Jedi” a sério
demais. — Zekk disse.
Em resposta, Jaina avançou, erguendo o seu sabre de luz
horizontalmente. Iniciou um golpe alto, visualizando o ataque enquanto o
fazia, mas foi uma finta, e, contrário a sua visualização, mergulhou a ponta
da lâmina bem abaixo da manobra de bloqueio de Zekk e o seguiu até a
costela direita.
A arma fez um som de zap. Um sabre de treino, ele deu em Zekk uma
descarga elétrica em vez de uma nova cicatriz de queimadura para combinar
com a que recebeu não muito tempo antes.
Ele recuou, esfregando onde a lâmina o tocou.
— Ei! Você trapaceou.
Jaina assentiu.
— Eu contei com o fato de que você me anteciparia todas as vezes.
Porque você confia muito em se antecipar a mim.
— Talvez.
— E não estou levando a designação de Espada dos Jedi a sério demais.
Como poderia, quando nem sei o que significa? Nem mesmo tio Luke
realmente sabe o significado. Nunca teve certeza do porque disse isso.
Talvez fosse a Força falando através dele.
Zekk colocou o seu sabre de treino de prontidão novamente.
— Talvez signifique que você é a nova Escolhida.
Jaina estremeceu, então levantou a guarda novamente.
— Espero que não. Isso levou décadas para o meu avô, múltiplas
amputações e muita tragédia para conquistar o seu destino. — Ela avançou
e desferiu um golpe pra baixo que se tornou um impulso deslizante sobre o
topo da lâmina de Zekk bloqueando.
Mas Zekk usou o seu alcance maior e altura para a sua vantagem,
virando a ponta de Jaina pra cima, então o impulso terminou vários
centímetros à direita de seu rosto. Tentou arrastar a arma lateralmente, mas
Jaina manteve a posição e trouxe a lâmina pra baixo, recebendo o ataque de
Zekk perto do cabo.
— Além do mais. — Jaina continuou, com o seu tom de conversa
sugerindo que o duelo de sabre de luz não estava mais acontecendo. — não
há mais um Imperador para eu lançar em um poço.
— Tem a Lumiya. — A voz veio de vários metros de distância.
Jaina e Zekk afastaram-se um do outro e olharam na direção do orador.
Jag Fel estava sentado de pernas cruzadas em um colchonete de treino,
vestindo as suas vestes negras de costume. Jaina percebeu que não o vira ou
o sentira entrar.
— Eu queria que ele não espionasse a gente. — Zekk disse. A voz dele
foi um murmúrio, não alta o bastante para chegar até Jag.
Jaina desativou o seu sabre de treino. A lâmina, uma peça de duraço
carregada eletricamente, não retraia.
— O que tem Lumiya?
Jag deu de ombros.
— O Escolhido destruiu o líder dos Sith. Lumiya é Sith, correto?
Zekk desativou a própria lâmina.
— Ela é o que sobrou dos Sith. Eu duvido que precise de alguém que
preencha um papel profético de uma geração, se isso for o que a Espada é,
para eliminá-la.
— Eu admito não ter conhecimento suficiente dos Jedi mesmo para
especular de maneira informada...
— Bom pra você.
Jag sorriu como se as palavras de Zekk fossem engraçadas em vez de
insolentes. Então continuou:
— Mas eu vejo dessa maneira. Uma espada é uma arma. Uma arma dos
Jedi seria usada pela vontade, ou contra o inimigo dos Jedi. O inimigo dos
Jedi são os Sith e outros anti Jedi, seja lá como escolham se chamar. A
Espada dos Jedi portanto seria alguém que seria usado contra os Sith. Então
é simples assim, simplista ou errado?
— Eu voto por simplista. — Zekk voltou a atenção para Jaina. — Mais
uma rodada?
Jaina balançou a cabeça.
— Eu quero ouvir isso. Eu nunca tive a perspectiva de alguém fora da
Ordem. E Jag sempre teve uma perspectiva interessante.
Zekk suspirou, sofrendo, e estendeu a mão. Jaina passou o sabre de
treino para ele. Zekk obedientemente seguiu na direção das prateleiras onde
as armas eram armazenadas.
Jag ofereceu a Jaina um olhar arrependido.
— Não tenho certeza se tenho uma perspectiva além do que eu acabei
de dizer, mas posso especular.
— Por favor. — Ela se moveu para sentar no colchonete em frente a ele,
imitando a sua postura com as pernas cruzadas.
— Não sou mais adequado para analisar a Força do que sou para
compôr música ultrassônica, já que não tenho experiência com nenhuma
delas. Eu só sei o pouquinho que ouvi, e bastante coisa foi acrescentada
desde que vim pra cá, mas se a Força estava falando através do Grão-
Mestre quando ele pronunciou você a Espada dos Jedi, e se a Espada é algo
parecido com o Escolhido, então há algum tipo de desequilíbrio que precisa
ser corrigido. E isso parece apontar para Lumiya.
Jaina assentiu.
— Talvez a nossa força tarefa precise persegui-la em vez de Alema Rar.
— Ou além dela, já que as duas estavam claramente cooperando contra
os Skywalkers na Estação Roqoo.
Zekk voltou olhando sobre os dois.
— Não acho que nós três sejamos páreo para Lumiya. Ela lutou contra o
Grão-Mestre de igual pra igual. Ela tem o nível de um Mestre. Somos dois
Cavaleiros Jedi e um cego na Força.
Jaina franziu a testa pra ele.
— Zekk, isso foi desnecessário.
— Estou apenas explicando, corretamente e logicamente, que Fel não é
um recurso nas questões que importam para a Força
— Zekk, pare com isso!
Implacável, Zekk continuou:
— E sobre esse tipo de análise é algo que Fel sabe bem. — Ele voltou a
atenção para Jag. — Você não disse uma vez para Jaina que eu não era uma
piloto bom o suficiente para se juntar ao esquadrão dela? Isso não foi uma
análise fria e equilibrada?
Jaina estremeceu. Esse evento aconteceu durante a guerra Yuuzhan
Vong, em Borleias. E Jaina se deixou convencer pela opinião de Jag,
mesmo sabendo melhor.
A expressão de Jag não mudou, mas ele levou um tempo maior para
formular uma resposta.
— Não. — ele admitiu, — aquilo não foi uma análise. Aquilo foi eu
sendo um amante ciumento, tentando manter você longe do caminho.
Zekk parecia assustado. Obviamente, a honestidade não era o que ele
esperava.
Jag gesticulou para Zekk.
— E isso é algo que você sabe muito bem. O ciúme de um amante. De
outra forma não continuaria a pairar como um morcego gavião melancólico
toda vez que me aproximo para perguntar a hora para Jaina.
Jaina se sentiu corar.
— Jag...
— Você sempre sabe o momento. Só está arranjando desculpas para
falar com ela.
— Garotos, vocês estão me deixando com raiva...
Jag começou a apitar. Ou melhor, algum dispositivo eletrônico com ele
começou, e os bipes eram uma turbulência de tons musicais, como um
astromecânico tentando recitar uma poesia, um sinal mais elaborado do que
qualquer um que os Jedi ouviram de qualquer equipamento de Jag.
Parecendo surpreso, Jag pegou o seu datapad de um bolso.
— Tráfego de alta prioridade. — Ele ligou o dispositivo, leu algumas
linhas... e então começou a ler em voz alta: — Do computador central da
Aventura Errante. "O código de reconhecimento e análise das holocâmeras
do Templo Jedi atribuem noventa e quatro por cento de probabilidade de
correspondência com o alvo Alema Rar na sequência anexa.
A discussão esquecida, Zekk se sentou ao lado de Jaina.
— Coloque na tela grande.
Zekk posicionou o datapad na direção da tela que dominava a parede
oposta ao corredor de entrada. Pressionou um botão, e um momento depois
a tela ganhou vida, transmitindo uma gravação de holocâmera.
Parecia ser de uma holocâmera instalada no teto. Ela mostrava uma
multidão, a maioria delas pessoal militar uniformizado da Aliança, correndo
em direção a uma porta. No meio deles estava uma mulher humanoide toda
coberta, definitivamente de pele azul, possivelmente uma Twi'lek, mas o
seu rosto não era grande o bastante na imagem para Jaina reconhecer.
Então o código de Jag foi ativado. A representação da estrutura do
corpo de uma Twi'lek fêmea foi sobreposta sobre o alvo. Enquanto ela
confirmava a sua postura, linhas menores esticaram-se de partes do corpo,
pés, ombro, cabeça, e palavras e números percentuais apareceram rápido
demais para ler. A estrutura adaptou-se mais, diminuindo um pé pela
metade, deixando o ombro esquerdo cair sugerindo um dano fisiológico
permanente.
Aquela sequência terminou e outra começou. Ela parecia seguir logo em
seguida. A visão da holocâmera mostrava a passarela ampla da nave.
Pessoal uniformizado entrando vindo de uma câmara maior; o movimento
deles era restringido por seus números. A fêmea azul estava na direção do
centro da massa, pulando. Essa visão da holocâmera se aproximou e
manteve um quadro estável.
As feições da mulher eram muito parecidas com as de Alema, a Alema
do Ninho Sombrio.
Jag acionou um terceiro arquivo, mas não era uma sequência de
holocâmera. Eram várias ocorrências de falhas na gravação da holocâmera
feitas a bordo da Aventura Errante, nas áreas onde os conveses não estavam
classificados, de qualquer forma. O registro citava milhares de ocorrências,
e uma planta as representou sobre as plantas dos conveses, mostrando
padrões definitivos de progresso ao longo dos corredores, através de dutos
de ar, através de cassinos e centros de compras.
Claramente, Alema Rar estava na Aventura Errante, ou, pelo menos,
esteve quando os dados desse relatório foram compilados, não mais do que
alguns dias antes.
E a Aventura Errante estava agora no sistema Coruscant, recebendo o
direito de exercer os seus negócios ali após fugir de Corellia.
Jag se levantou tão rápido que poderia ter sido puxado por fios
invisíveis.
— A caçada começou. — Sem expressão, ele correu na direção da saída
da Sala de Treino.

ESPAÇO DE CORUSCANT, AVENTURA ERRANTE

Andando, quase cambaleando porque o gerador de gravidade artificial da


grande nave de apostas pareceria oscilar, para a direita e esquerda, e isso
estar acontecendo desde que bebeu o sexto copo de uísque naquela noite, a
Capitã Uran Lavint fez a curva em um corredor estreito onde a sua cabine
estava localizada.
O pensamento de retornar para a cabine tirou um suspiro dela. Havia
uma grande probabilidade de Alema estar lá, escondendo-se, pronta para
discutir os fracassos da espionagem do dia, pronta para oferecer mais
ameaças. Triste pelo ritual, Lavint levaria horas para dormir. Nem poderia
ter companhia enquanto a deformada Twi'lek azul estivesse presente.
Ainda assim, eram os poderes Jedi de Alema que davam a vantagem nas
mesas de aposta. Sempre que Alema assistia de um lugar escuro, e se
comunicava com Lavint por pequenos cutucões telecinéticos, dando a
Lavint uma noção muito melhor de quão boa a mão dos outros jogadores
eram, Lavint ganhava bem. Ganhou o bastante para manter uma cabine a
bordo desse caro hotel voador, o bastante para comprar a carga que faria a
próxima corrida de contrabando bem lucrativa, o bastante para se cercar de
adornos de uma vida bem vivida.
Só desejava que Alema não fosse um desses adornos.
Mas agora, enquanto caminhava até a porta, uma sombra parecia flutuar
da parede oposta do corredor e para sobre ela.
Lavint estendeu a mão para o blaster e o erguia para atirar, ou, pelo
menos, ameaçar, quando o estranho o arrancou de sua mão. Não mirou de
volta para ela; ele apenas o segurou, cano pra baixo.
Lavint o espreitou, surpresa e desconfiada, pelos segundos que demorou
para deixar o rosto dele em foco. Então ela o reconheceu e riu.
— Coronel Solo. — ela disse. — Veio aqui para me matar?
Ele balançou a cabeça e entregou o blaster.
— Não, eu preciso de você.
— Bom, eu não estou no meu melhor agora, mas estou disposta se você
estiver.
Uma expressão de desagrado cruzou o rosto dele.
— Não é o que quero dizer.
— Achei que não. Só estava checando. — Ela recolocou o blaster em
seu coldre escondido, em sua terceira tentativa, então pegou o datapad de
seu bolso e o usou para abrir a porta da cabine. Além, estava uma pequena
câmara, pouca mobília e nada de Alema, a menos que estivesse embaixo da
cama ou em algum lugar do teto.
Lavint deixou o seu visitante entrar e imediatamente sentou na única
cadeira da câmara, deixando Jacen decidir se se sentava na cama ou ficava
de pé. Decidiu ficar de pé.
— Preciso de seus serviços.
— Eu acho que não. — Ela começou a balançar a cabeça, mas, como o
movimento fez a cabine balançar violentamente, pensou melhor e parou. —
Eu me lembro distintamente de você dizendo “eu nunca prolongaria uma
relação de negócios com alguém que vende os Falleen”.
— Vende os amigos. — Jacen corrigiu. Ele parecia irritado. — As
circunstâncias mudaram.
— E a ética com elas. Parabéns! Isso faz de você um contrabandista.
Ele ficou em silêncio por um momento, como se organizando as
emoções, então continuou:
— São os seus serviços como contrabandista que preciso. A maioria das
pessoas ligadas à cultura do contrabando está longe da guerra ou se aliando
à Confederação.
— E com bons motivos. Você nos quer tirar do mercado.
— Não, eu quero que todos vocês façam negócios legítimos. E se você
me ajudar, eu ajudarei você a fazer isso.
— Continue falando.
— Haverá um encontro de naves de guerra da Confederação em alguns
dias. De diferentes sistemas. Os líderes vão se encontrar, vão eleger um
líder em conjunto, e então se lançarão contra um alvo em comum. Eu
preciso estar no local dessa reunião para descobrir quem estará lá... quem é
um conspirador.
— Só embosque a frota e os identifique quando estiverem mortos.
Descartou aquela sugestão com um gesto.
— O que vai me custar para você me colocar lá?
— Eu não farei isso. Não posso confiar em você. Você sabota
hiperdrives.
Um vislumbre de raiva cruzou o rosto dele.
— O seu hiperdrive realmente falhou.
— É claro que sim. E eu passei longas, longas horas pensando que fosse
morrer sozinha no espaço. Considerando que isso aconteceu logo após ter
minha nave roubada, por você, não foi um dia bom. Realmente não foi.
— Eu arruinei dois bons homens porque você mentiu pra mim da última
vez que conversamos.
Lavint deu de ombros.
— Eles não eram bons homens. Eram sabotadores. Incompetentes,
também, já que eventualmente consertei o motor que sabotaram. Eram
escória. Como eu, lembra? Você não devia depender de escória, um garoto
bom como você.
Jacen fechou os olhos e parecia contar. Finalmente, ele os abriu.
— Seja qual for o preço no qual concordarmos, eu entregarei por
completo, adiantado. Para você ou um agente de sua escolha. Irreversível.
— Tudo bem. — Lavint não precisou pensar muito. — Eu quero a Inale
Meus Jatos de volta.
— Não posso fazer isso dentro de nossa janela de tempo. Ela foi
reformulada, recomissionada, colocada a serviço como transporte da AG.
Levaria semanas ou meses para retirá-la de serviço, trazê-la aqui e organizar
os registros de posse. — Ele pensou por um momento. — E quanto a um
transporte médio dos Estaleiros Gallofree, com doze anos de idade, tomado
de Corellia, recondicionado e reparado nos estaleiros de Coruscant, mas não
atribuído ainda? Eu posso reivindicá-lo para a GAG e entregá-la pra você.
Propriedade livre e limpa.
— Concordo. Presumindo que estará completamente abastecido,
armado, com provisões... e sem sabotagem.
— Entendido. O que mais?
— Vou precisar gastar alguns créditos por aí para comprar a informação
que precisa. Quinze, vinte mil.
— Feito.
— E eu quero que você entregue uma mensagem aos seus pais pra mim.
— O quê?
— Você pode fazer isso, não pode?
— Qual mensagem?
— Quero que eles me enviem uma maneira de chegar a eles, de
qualquer maneira. Ao meu prazer. Para uma transmissão.
— Você os conhece?
— Não.
— Então por que...
— Não é da sua conta. Eu prometo. Isso não envolve você; não causará
dano algum a você. — Ela olhou com firmeza pra ele.
Ele considerou, então disse:
— Tudo bem. Encontrarei uma maneira.
Ela sorriu pra ele.
— É isso.
— Eu esperava que pedisse muito mais do que isso. Pelo ego ferido.
— O truque em negociações. — ela disse, — que você saberia se o seu
pai tivesse te criado direito, é nunca pedir por muito fazendo com que a
outra parte prefira matar você a prosseguir com o acordo.
Jacen considerou aquilo, olhando pra ela, por um bom tempo. Então
simplesmente disse:
— Obrigado. — e saiu.
Ainda sorrindo, Lavint se alongou na cama. Agora precisava descobrir o
que conseguira. Se Alema estivesse ali, então a última parte da negociação
causaria a morte dos Solo, e a liberdade de Lavint, a menos que Alema
decidisse matá-la, também, o que Lavint esperava que a Twi'lek maluca
fizesse, mas se Alema não ouviu a conversa, aquela negociação
provavelmente causaria a morte de Alema, um resultado que Lavint
preferia.
— Ei, garota doida. — ela disse, — você está aí?
Não houve resposta. Lavint relaxou.
Os seus olhos se fecharam, e em dois minutos ela estava roncando.
Capítulo Dezessete
ZIOST

Todas as manhãs Ben acordava com a memória de vozes nos ouvidos.


Alguma parte de sua mente tentava escutá-las, descobrir o que estavam
dizendo. O resto dele trabalhava com mais força para evitar compreender.
Sabia, bem no fundo, que se escutasse por tempo suficiente para entender,
quereria fazer o que elas lhe diziam, e que isso seria muito, muito errado.
Então dormir não era relaxante para Ben, mesmo nas noites quando a
sua fogueira queimava durante as horas mais escuras e Kiara se encolhia
contra ele, triste, mas confiante.
Durante essas noites, geralmente acordava com uma sensação de
preocupação ou um bipe de Shaker para ver olhos brilhando do outro lado
da fogueira. Predadores noturnos, Jacen os teria chamado, e Ben podia os
sentir na Força. Eram grandes, presenças poderosas ali, impregnadas de
energia... e mal. Podia sentir que eram tão perversos quanto as árvores
deterioradas daquele lugar.
Até então eles não atacaram, mas Ben se assegurava de que Kiara nunca
estivesse mais do que um passo ou dois longe dele, exceto quando algum
deles precisava realizar alguns assuntos particulares nas árvores. Então se
assegurava de que Shaker ficasse perto da garota. A presença do droide
parecia não violar o senso de privacidade dela.
Havia outra presença, também. O dia após Ben encontrar Kiara, mais ou
menos ao meio-dia, eles pararam para uma rápida refeição de rações em
lata. Ben sentou-se, comendo algum produto de carne gordurosa, e
comendo rapidamente para que não sentisse o gosto da coisa. Preocupado
com as feras selvagens que ainda não vira, tinha sua sensação física e a
consciência da Força aguçadas ao limite, e abruptamente teve certeza de
que alguém o olhava.
Levantou-se, olhando em volta, e agarrou o seu sabre de luz, mas nada
se aproximou. E após alguns momentos a sensação passou.
No dia seguinte, novamente ao meio-dia do planeta, aconteceu mais
uma vez, dessa vez enquanto alcançavam os vestígios do que deveria ter
sido uma estrada. Agora as árvores se projetavam dela, mas havia longos
espaços onde ela permanecia plana e nivelada, e Shaker podia atravessar
bem mais rápido. O astromecânico acabara de assumir a sua configuração
de três rodas para maior velocidade quando Ben sentiu os olhos nele
novamente. Mais uma vez, após menos de um minuto, a sensação passou.
No próximo dia ao meio-dia, esperava pela sensação, e ela não falhou.
Nos poucos segundos que sentiu, procurou o observador através da Força.
E foi bem-sucedido. Seja lá quem estivesse o encarando, vinha
diretamente de cima. Ben espreitou pela copa de galhos sem folhas, mas
não havia nada para ver, apenas o sol brilhando fraco através de uma
camada de nuvens. Disse:
— Shaker, ative só os sensores passivos, olhe diretamente acima.
O astromecânico piou uma afirmativa.
Novamente a sensação passou. Ben puxou o seu datapad.
— Você viu alguma coisa?

DETECTEI UM FRACO RASTRO DE ÍON.

— O rastro de íon... do tipo que um TIE fighter deixaria?

CORRETO.

Então a pessoa que explodira tanto o YT-2400 e a Y-Wing os estava


perseguindo, mas por que... e, tão importante quanto, como?
Ben passou parte da tarde desmontando e checando cada pedaço de
equipamento que pegara do acampamento de Faskus, especialmente os
eletrônicos. Não encontrou nenhum transmissor misterioso neles.
Havia o datapad de Faskus, é claro, e ele, como o de Ben, era um
transmissor de curto alcance. Para determinar se estivesse transmitindo para
o seu perseguidor, Ben teria que pegá-lo no ato, a sua programação poderia
fazê-lo transmitir um único pulso de reconhecimento em intervalos grandes,
e Ben precisaria que Shaker ouvisse todas as frequências de comunicação o
tempo todo para detectá-la.
Mas em vez disso poderia simplesmente remover a bateria do
dispositivo, colocando-a de volta nas ocasiões em que precisasse consultar
os seus arquivos. Fez isso. Então, não mais informado do que antes, guiou o
caminho em frente, através da neve e das árvores perversas.

SISTEMA ESTELAR MZX32905, PERTO DE BIMMIEL

O holograma de um Bothano magricela com pelo bronze piscou e


tremeluziu. Lumiya fingiu não notar. Escolhera Dyur e a sua tripulação, em
parte, porque a nave deles possuía um holocomunicador, mas claramente
não era um bom.
— Bem na hora. — ela disse, forçando uma nota de elogio na voz. — O
que você tem para relatar?
— Faskus está morto. — Dyur disse. — O garoto e o astromecânico
parecem seguir na direção de um dos velhos assentamentos. E tem uma
complicação.
— Continue.
— Parece que Faskus levou a garotinha dele junto. Ela ainda está viva.
O garoto levou ela com ele.
Lumiya se recostou e considerou. Aquilo era... lamentável.
As ordens que meticulosamente articulou com Jacen não especificavam
o que Ben faria nesse caso. E embora resgatar uma garotinha possa dar a
ele, inicialmente, uma sensação calorosa de satisfação, continuar a protegê-
la será um considerável esgotamento de sua atenção e energia. Levá-la junto
não era um raciocínio de sobrevivência, era um raciocínio pelo sucesso da
missão, e não um raciocínio Sith.
E o garoto deveria saber disso. Era muito parecido com o pai.
E isso significava que nunca seria um bom Sith.
— Mate-os. — ela disse.
— Considere feito.
— Considerarei feito quando você relatar isso. Algo mais?
— Não, minha Lady.
Lumiya faz um gesto sutil com os dedos, os quais estariam abaixo da
visão de Dyur dela, e o holograma desapareceu.
Estremeceu um pouco, apesar de seus droides serviçais não serem
capazes de ver por baixo de seu lenço facial. Acabara de ordenar a morte do
filho de Luke Skywalker. Mais um motivo pra ele matá-la se descobrisse.
Ah, bom. Talvez ele nunca descubra. Mesmo se o fizer, isso tudo era
sobre Jacen, e agora Jacen não estaria atrelado a um aprendiz com uma
mente confusa e sentimental.

ZIOST

O próximo dia, no meio da manhã, eles encontraram o primeiro local


marcado como RUÍNAS no mapa de Faskus. Era uma massa de pedras caídas,
blocos de pedra arrumados que um dia formaram uma parede de uma
pequena cidadela, antes de alguma força imensa as derrubar. Ben encontrou
desgaste em todas as superfícies expostas das pedras, mas nenhum sinal de
marcas de blaster, derretimento ou algum indicador conhecido de violência.
E não encontrou caminho através da massa. Nem os seus olhos, nem os
seus sentidos da Força sugeriam um lugar em que pudesse entrar para
encontrar câmaras intactas, nem os sensores de Shaker.
— Vamos descansar aqui e comer. — ele disse. — Shaker, configure
para detectar rastros de íon e comunicações, por favor.
O droide reconheceu com um chiado musical. E menos de dez minutos
depois, quando Ben terminava uma lata gelada de ensopado de bife de nerf,
Shaker bipou novamente, com uma série complexa de notas.
Ben pegou o seu datapad e leu:

VOCÊ ACABOU DE ENVIAR UM SINAL DE COMUNICAÇÃO.

Ben franziu a testa.

— Enviei?

DE MENOS DE UM CENTÉSIMO DE SEGUNDO DE


DURAÇÃO.

— Houve um sinal de retorno?


NÃO.

Ben olhou pra a hora no canto da tela do datapad. Haviam dois itens ali,
um local e um de Coruscant, e a hora local era exatamente uma hora antes
do meio-dia.
Poderia o seu próprio datapad o estar traindo? Ou algum item de seu
equipamento? Rapidamente retirou tudo de ambas as mochilas, separando
os itens em duas pilhas, tudo o que examinara antes, e tudo que não
examinou. Atacou a segunda pilha, minuciosamente analisando cada item.
Poderia descobrir no dia seguinte se o seu datapad era o dispositivo de
rastreio. Presumindo que as comunicações aconteciam no mesmo horário
todos os dias, deixaria o datapad de lado logo antes do meio-dia, e ele e
Shaker se afastariam. Se o datapad enviasse um sinal, Shaker poderia
determinar se era aquele dispositivo e não outra coisa que Ben tivesse.
Metodicamente checou todos os outros itens, também, ao ponto de
chacoalhar o cinto sobre a pilha de coisas para ter certeza de que estava
vazio.
Não estava. Nada mais caiu, mas o fundo do bolso pendia
estranhamente em suas mãos. O bolso parecia pesar mais do que deveria,
por muito pouco.
Virou o bolso do avesso e encontrou o dispositivo de rastreamento.
Parecia uma pequena bolinha de aço, embora uma com compridas
pernas de aranha costuradas no tecido do bolso, segurando-a no lugar com
firmeza. Uma perna que se esticava por seis ou sete centímetros.
Ben encarou, perplexo. Quando aquilo fora plantado nele? Ou, mais ao
ponto, já que parecia uma unidade móvel, quando ela rastejara para o seu
bolso? Poderia ser em qualquer ponto entre o Templo Jedi e a sua chegada
ao acampamento de Faskus. As palavras de sua mãe sobre espiões
cumprindo as suas tarefas sem sequer serem notados vieram até Ben, e ele
sorriu.
— Bom trabalho, espião. — ele disse.
Então sentiu os olhos no céu novamente. Checou o seu datapad. Meio-
dia exatamente.
Exceto que dessa vez, a sensação de ser observado não desapareceu
após alguns segundos. Intensificou-se, e Ben podia sentir algo com ela,
emoções de divertimento maldoso, um desejo para causar destruição.
Olhou pra cima. Havia um pontinho no céu, no centro da cobertura de
nuvens bloqueando a maior parte dos raios de sol.
— Shaker. — ele disse. — se proteja!
Kiara, que estava desinteressadamente terminando a sua lata de
linguiças apimentadas, olhou pra cima. Ela não falara muito nos últimos
dias e não disse nada agora, mas ela saltou quando Ben a alcançou.
Foi quando os primeiros feixes de disparos laser chamuscaram o chão.
Disparos verdes alvejaram as pedras alguns metros à direita de Ben. Kiara
soltou um grito estridente. Ben a pegou e saltou para esquerda, na direção
das árvores próximas, cerca de sessenta metros de distância.
O TIE fighter passou guinchando e começou a fazer a volta para outra
rodada de bombardeio. Ben o viu como um borrão, era preto, com alguns
detalhes, como costelas separando os painéis no suporte de asas solares, em
bronze brilhante.
Ele parou. Se ele continuasse na direção das árvores, ele seria pego a
céu aberto na próxima volta. Ele inverteu a direção e correu no sentido do
monte de pedras; a única proteção perto o bastante.
Saltou atrás de uma porção de rochas e espreitou. O TIE fighter estava
baixo, a meros cinquenta metros acima do solo, e vindo diretamente até
eles. Shaker, cambaleando na direção da estrada plana, era um alvo fácil,
mas o piloto do caça estelar ignorou o droide.
Ben abaixou novamente quando o TIE atirou. As pedras imediatamente
à direita balançaram e caíram por trás, caindo ao lado dele, impulsionadas
pela imensa energia dos turbolasers do caça. Fumaça preta, acompanhada
de um cheio forte, subia dos pontos de impacto.
Olhou para Kiara. Ela estava encolhida contra o chão, contra a
superfície de pedra na qual deitou-se, melhor dizendo, e o seu rosto virado
pra cima, os olhos cheios de medo.
Por um momento, Ben estava em outro lugar, em centenas de outros
lugares com refugiados tremendo enquanto esquadrões, frotas de TIE
fighters rugiam por cima de suas cabeças. Então isso era o Império, ele
pensou distraidamente. Jacen lhe mostrara que havia algumas coisas a se
admirar sobre o velho Império, incluindo a maneira inabalável com a qual
impunha ordem, mas agora podia sentir como aquela ordem era do outro
lado.
Balançou a cabeça para se livrar das imagens e olhou pra cima.
Encontrou o TIE fighter vindo para uma nova rodada. Procurou pela pistola
blaster de Faskus...
Ainda estava lá fora na neve, onde a derrubara quando examinava as
suas posses. Reprimiu um palavrão e se entendeu até ela. Apesar de nunca
ter convocado o seu sabre de luz ou qualquer outro objeto para si de tal
distância, o blaster voou até a mão dele e mirou com a arma.
Então balançou a cabeça. Uma pistola blaster contra um caça estelar
blindado? Não tinha chance de causar dano ao seu oponente. Precisava de
armas maiores...
Precisava da Força. Era um Jedi, afinal, mesmo se apenas um aprendiz,
e a Força era a sua maior arma, a sua maior armadura.
Procurou por um míssil, então percebeu estar cercado deles. Fechou os
olhos e concentrou-se como fez no outro dia, quando libertou Shaker da Y-
Wing.
Ouviu o suspiro de Kiara quando a pedra que caíra se levantou alguns
centímetros no ar.
O TIE fighter veio. Ben não conseguia senti-lo como podia sentir o
piloto no coração de sua cabine em formato de bola. Sentiu a pedra, sentiu o
piloto... e tentou enviar um até o outro.
Lentamente, a pedra se ergueu até o caminho do TIE fighter. Ben ouviu
o grito de lasers atirando novamente e abriu os olhos a tempo de ver um
disparo verde atingir a parede à sua esquerda, o outro acertando a pedra
flutuando bem no meio, estilhaçando-a em milhares de fragmentos.
O TIE fighter desviou, mas não se livrou totalmente da nuvem de
destroços. Ben ouviu os estalos agudos quando o suporte da asa esquerda
acertou os fragmentos.
O TIE fighter subitamente ganhou muita altitude, fez um círculo e então
subiu novamente até se perder de vista.
Ben olhou para Kiara novamente.
— Estamos bem por enquanto. — ele disse. — O homem mau foi
embora.
Ela assentiu, acreditando em parte.
— Não de verdade. — Ele parou, tentando pensar no que dizer para
convencê-la. Então se inclinou e a abraçou, sentindo-a tremer. — Está tudo
bem, está tudo bem.
A resposta dela veio abafada:
— Ele vai voltar?
— Sim, vai, mas da próxima vez estarei pronto pra ele.
— Por que ele quer atirar em mim?
— Em você? — Ben se afastou para olhar para ela. — Ele não quer
atirar em você. Quer atirar em mim.
Ela balançou a cabeça, solenemente.
— Não. Ele atirou na Dente Preto enquanto eu estava lá dentro. Foi
assim que papai se machucou. Papai disse que queriam atirar nele, mas
agora querem atirar em mim. Eles me querem morta.
— Não, não querem.
— Você queria. — O tom dela sequer era acusatório, apenas magoado.
— Não, não queria. Eu só... — Ben parou para tentar escolher as suas
palavras. — Estou em uma missão importante, e pensei que abandonar
você, até mesmo deixá-la morrer, deixaria as coisas melhores.
— Você mudou de ideia?
— Sim. Eu estava errado.
Subitamente, Ben se sentiu zonzo. Sentou-se na pedra ao lado de Kiara.
— O que há? — Ela perguntou.
Não conseguia dizer a ela, apesar de ter uma sensação. Fizera
exatamente o que Jacen vinha fazendo, decidir que alguma coisa era mais
importante do que outra, um objetivo mais importante do que uma vida, e
ele estivera pronto demais para sacrificar uma, sem vontade o bastante para
tentar proteger ambos.
Estava errado. Talvez, algumas vezes, Jacen estivesse errado, também.
Ben balançou a cabeça. Não, Jacen tinha mais que o dobro da idade de
Ben. Era mais velho, mais sábio, mais poderoso. Não cometeria esse tipo de
erro, nunca.
A menos que fosse humano.
A pergunta vibrante de Shaker tirou Ben de seus pensamentos.
— Estamos bem. — ele disse. — Estaremos com você num minuto.

ÓRBITA DE ZIOST. ENCONTRO NO CEMITÉRIO

Dyur olhou pro rosto com capacete na tela e não conseguiu deixar de rir.
— Ele fez o quê?
A pessoa com quem falava, era um homem anônimo no uniforme de um
piloto de TIE fighter, apesar de seu uniforme ser bronze em vez de preto,
soava envergonhado:
— Ele jogou uma pedra em mim.
— E agora você está correndo até nós?
— Não é assim, Capitão. Ele usou a magia Jedi para lançar uma placa
de pedra de um quarto de tonelada em mim. Se eu não tivesse acertado a
pedra com os meus lasers, ele teria me derrubado.
— Ah. Bom, isso é diferente.
— Ordens, senhor?
A voz de Dyur se tornou dura, e como qualquer Bothano que desejasse
soar com raiva, seu tom se tornou bem ameaçador.
— Keldan, você deveria ter voltado imediatamente e acabado com ele.
Sem hesitar, sem perguntar. Agora você não tem a chance, ou o bônus pela
morte. As suas ordens são para reportar imediatamente. Myrat'ur descerá
amanhã no horário de sempre e terminará o trabalho.
O piloto soava apropriadamente repreendido e ressentido.
— Sim, senhor.
— Nós não premiamos asneiras aqui, Keldan. Cemitério desliga.

SISTEMA GYNDINE, ESTAÇÃO TENDRANDO PARA


REABASTECIMENTO E REPAROS, CABINE DA MILLENNIUM
FALCON

Han terminou a verificação pré-voo.


Os operários de reparos de Lando pareciam ter feito um ótimo trabalho.
Todos os sistemas estavam marcados como funcionando perfeitamente,
exceto, é claro, pela ocasional oscilação na comunicação entre o cérebro
droide do veículo, o qual era tão idiossincrático, e o qual interligava de
maneira parcialmente autodidata, autoprogramada, que a eficiência de seu
intercomunicador variava em qualquer lugar de assustadoramente alta para
catastroficamente baixa, como trigêmeos Jedi que poderiam sair de um
conjunto de batalhas sem derrotas para um trio briguento em segundos.
Flexionou o ombro esquerdo como teste. Parecia bom. Estava curado.
Tudo estava consertado, mas nada foi testado.
Forçou um sorriso torto para Leia, que estava mais uma vez no assento
do copiloto.
— Pronta para ir, querida?
Ela terminou de colocar o cinto.
— Pronta.
— Lando?
De trás dele, no assento do navegador, veio a voz de Lando:
— Oh, eu suponho que sim. Só não vai ser o mesmo, não poder dar
ordens a você.
— Leia, lembre-me de equipar o assento do navegador com uma opção
de ejetar.
— Você não perguntou a mim. — A voz de C-3PO tinha um toque de
petulância. O droide de protocolo estava na entrada da cabine.
— É porque estou ansioso para acelerar e ouvir você rolar por aí durante
um tempo. — Han ergueu a Falcon com os repulsores e a fez deslizar em
frente para a saída do hangar de reparos. — O que vai acontecer em cerca
de cinco segundos.
— Oh. Oh, céus. Talvez eu devesse encontrar um assento.
— Dois segundos. — Eles passaram pelo campo de contenção
atmosférico ao final do hangar e emergiram em um campo de estrelas
brilhantes. Han fez uma curva, deixando as estrelas a estibordo e o lado
noturno de Gyndine a bombordo, e, apesar de suas palavras, começou uma
aceleração lenta e suave em órbita alta.
Os motores pareciam melhores do que estiveram por um bom tempo.
Sorriu, experimentando aumentar a velocidade, acelerando mais o
transporte e o mandando para uma órbita ainda mais alta.
— Nada mal, Lando.
— Uma das virtudes de ser rico. Você pode contratar os melhores.
O sol de Gyndine ficou visível, não mais eclipsado pelo planeta, e as
janelas da cabine escureceram dramaticamente, deixando a visão inútil.
Sensores mostraram o principal aglomerado de estaleiros orbitais do
planeta, não tão numerosos quando aqueles em Kuat ou Corellia, mas bem
respeitado, em uma órbita baixa.
Eles passaram diretamente acima desses estaleiros quando uma força
tarefa inimiga apareceu.
Os sensores de ameaça da Falcon uivaram quando uma enorme massa
apareceu diretamente em sua rota de voo. Han puxou de volta o manche,
uma manobra difícil que pressionou a tripulação ainda mais contra os seus
assentos, e se encolheu quando ouviu algo raspar na parte debaixo da
Falcon.
— Escudos, nós arranhamos os escudos dela. — Leia murmurou.
O novo curso deles não era muito melhor. A Falcon atravessou um
esquadrão de caças estelares, em um ângulo reto com a rota deles, rápido
demais para Han ter algo além de uma vaga impressão deles.
— Levantar escudos. — Han gritou. — O que brix está acontecendo?
Leia permaneceu calma.
— Os sensores dizem ser um Cruzador de Ataque Bothano e seis
esquadrões de Uivadores.
E o esquadrão pelo qual Han passou estava virando para perseguir a
Falcon. Os atiradores da nave capitânia, sem dúvidas pegos de surpresa
pela proximidade da Falcon quando chegaram, agora começavam a atirar
com as baterias de turbolaser. Han mandou a Falcon em uma vertiginosa
manobra evasiva em espiral.
— Querida, Lando, eu odeio pedir isso...
Leia soltou o cinto.
— Sim, vamos atirar nas pessoas peludas malvadas por você. — Então
ela e Lando se foram.
Os primeiros disparos dos Uivadores em perseguição golpearam os
escudos traseiros, e Han grunhiu. Teve uma Millennium Falcon lindamente
restaurada e intacta nas mãos por dez minutos antes de alguém tentar
explodi-la em pedaços novamente.
— 3PO! — Ele gritou. — Venha até aqui, opere os painéis de sensores e
comunicação.
— Sim, Capitão Solo. — O droide de protocolo, balançando loucamente
pra frente e pra trás enquanto as manobras de Han quase o derrubaram,
conseguiu deslizar para o assento que Leia vagou. De forma prudente, ele
colocou o cinto. — Se eu puder perguntar, senhor...
— Não pode. — Han rolou noventa graus para estibordo e fez um arco
para um curso diretamente pra fora do planeta. Disparos laser dos
perseguidores enquadraram a Falcon, errando por metros, mas agora podia
ouvir os próprios turbolasers da Falcon atirando.
— ... o que está acontecendo, senhor?
— Os Bothanos enviaram uma força tarefa para destruir ou capturar os
estaleiros aqui. — Han disse. — Devem ter saltado diretamente em
Gyndine e deixaram o poço de gravidade do planeta os tirar do hiperespaço.
Por isso apareceram tão perto.
— O número de perseguidores é dez.... Não, nove. Alguém parece ter
acertado, e um deles está seguindo em uma direção diferente.
À distância, Han podia ouvir os gritos de Lando de “belo tiro”. Ele
sorriu. Essa era a esposa dele, sempre explodindo as pessoas que
pretendiam lhe causar sofrimento.
— E. — C-3PO acrescentou. — você está recebendo uma mensagem.
— Da nave Bothana. Exigindo que nós nos rendamos.
— Bom... não, na verdade. É de uma Capitã Ural Lavint.
Han fez uma careta. Jacen havia, através de meios tortuosos, por Winter
Celchu, por Iella Antilles, porque não tinha mais acesso à comunicação
direta com os pais, recentemente enviado uma mensagem dizendo que essa
Lavint queria entrar em contato. Han ouvira sobre ela, uma velha
contrabandista durona do Setor Corporativo, mas nunca a conhecera.
— Diga a ela que não posso conversar agora.
— Oh, não é ao vivo. Está gravada. Salvarei tanto no computador da
Falcon quanto na minha própria memória. Eu acredito na redundância.
— Não diga. — Algo ocorreu a Han tardiamente. — Comunique-se
com o pessoal na estação de reparos e diga a eles para saírem, pular no pod
de fuga mais próximo e sair da superfície do planeta.
— Oh, eu já fiz isso, senhor. Mestre Lando me comunicou essas
instruções através do comunicador interno da nave. A propósito, você agora
tem sete perseguidores. Se eu calculei isso corretamente, um está
danificado, dois destruídos.
Han mandou a Falcon em outra série de zigue-zagues. O martelar nos
escudos traseiros diminuía, mas ele podia ver a cabeça do droide de
protocolo indo de um lado para o outro em seu pescoço metálico.
— Senhor, Mestre Lando pede um pouco mais de estabilidade.
— Ah, é?
— Bom, foi isso que interpretei de uma linguagem bem floreada que ele
empregou. Seis perseguidores. Dois danificados, dois destruídos. Ora! O
resto está desistindo!
Han olhou para a tela de sensores. C-3PO estava certo: a metade
restante do esquadrão de Uivadores estava se separando, voltando na
direção do planeta.
— Não somos a missão deles. — ele disse. — Mas nós corremos
quando eles apareceram, e como neks, eles nos perseguiram. Até o
comandante deles perceber que somos uma perda de tempo. — Ele nivelou
a nave. — Leia! Venha planejar um curso. Vamos sair desse sistema.
A voz de Leia era artificialmente doce:
— Devo levar uma garrafa de cerveja, também? Talvez os seus
chinelos?
Han fez uma careta.
— Não quis falar desse jeito.

Enquanto estavam no hiperespaço, Han revisou a mensagem que Lavint


enviara para ele, então a colocou em uma das telas maiores para todos
verem.
Parecia ter sido gravada pela variedade mais barata de holocâmera de
bolso. A imagem do rosto curtido da mulher, quando esticado para
preencher a tela grande, estava bastante pixelada.
— Saudações. — ela disse. — Estou enviando a você essa mensagem
como um grande favor e espero que me deem um retorno.
— Política de contrabandista. — Leia sussurrou.
— Estou na Aventura Errante sob o meu próprio nome. Há mais alguém
aqui, também. Uma Twi'lek chamada Alema Rar.
Han olhou para Leia. O rosto dela cheio de rugas.
— Eu acho que ela tem planos pra vocês, e eu não acho que são bons.
Então estou enviando essa mensagem. Aposto que ela me matará, também,
quando eu não for mais útil. Então espero que vocês a matem primeiro. Ela
diz que é uma Jedi, de outra forma eu mesma tentaria.., mas na minha
experiência, não é uma boa tentar derrubar um Jedi.
— E eu tenho um favor para pedir. Há rumores de uma reunião
importante planejada de chefões da Confederação. Por razões pessoais, eu
realmente preciso mandar alguém para lá. Eu não sei quais são as suas
afiliações, e eu não me importo, mas eu não planejo fazer algo para
interromper a reunião.
— Você é uma das pessoas mais bem relacionada da galáxia. Se você
puder me dizer onde e quando, eu agradeço.
— Por favor, apague essa mensagem quando receber. Um monte de
gente me mararia se soubessem que a enviei.
A mensagem terminou, a tela escureceu.
— Huh. — Han disse. Ele olhou para Leia. — O que você acha?
— Difícil dizer com uma mensagem de baixa resolução. — Leia disse.
— Eu precisaria falar com ela pessoalmente para saber se ela está dizendo a
verdade, mas a história dela faz sentido. Explicaria a presença que senti a
bordo da Aventura Errante. Após nossa última conversa com Luke, estive
me perguntando se poderia ser Alema, ou Lumiya.
Han assentiu.
— Vamos voltar para a Aventura Errante.
Lando parecia magoado.
— Você não vai perguntar a minha opinião?
Han suspirou.
— Lando, nós deveríamos voltar para o maior empreendimento móvel
de aposta e compras da galáxia?
— Que tipo de pergunta estúpida é essa?
Capítulo Dezoito
ZIOST

Ben sonhou com olhos vermelhos saltando sobre a fogueira construída por
ele, e o sonho era tão poderoso, tão imediato, que acordou em meio a um
chute.
O pé dele encontrou algo muscular. O golpe desviou no ar, mas Ben
recebeu força suficiente do impacto para rolar para trás, pra fora do
cobertor.
Shaker gorjeava sons de alarme. Ben podia ver as luzes do droide,
brilhos tênues onde a fogueira se apagava, nada mais. A escuridão estava
por todo o lado. Agarrou o sabre de luz do cinto e o ativou, lançando um
suave brilho azul ao seu redor.
Kiara ainda enrolada nos cobertores, só agora acordando, com os olhos
arregalados. Dois metros além, entre ela e a árvore mais próxima, uma
forma lutava para ficar de pé e virava para encarar Ben.
Era extremamente amplo no peito, com quatro pernas grossas que
terminavam em patas com três dedos. O pescoço era protegido por uma
placa óssea ou espinhos que o cercavam como um colar, e a cabeça era
dominada por uma longa mandíbula cheia de dentes triangulares,
pontiagudos. Parecia muito com as holos que Ben vira de neks, mas não
havia aprimoramentos cibernéticos visíveis, e esse exemplo era coberto por
uma rala pelugem cinza.
A pelugem não fazia dele um bicho de pelúcia. Agachou-se e rugiu para
Ben, um rugido que ecoou de várias direções, fora da luz projetada pelo
sabre de luz.
Quando rugiu, Kiara se virou involuntariamente para ver. A criatura
retribuiu o olhar e, em vez de saltar até o Ben, investiu contra ela.
Ben se lançou para frente, mas os seus reflexos estavam amortecidos
pelo sono e exaustão. Não conseguiu alcançá-la a tempo.
O braço de soldador protuberante de Shaker tocou a lateral do nek.
Houve um clarão de luz e a fera uivou. Ela contorceu-se, mordendo Shaker,
arrancando o braço estendido do droide com uma mordida.
E então Ben o alcançou. Com um golpe duro de seu sabre de luz, cortou
a armadura do nek até o pescoço. Apenas chegou à metade, mas foi o
bastante para romper a coluna. A fera caiu, deixando outras na escuridão,
perto. Podia ouvi-las movendo-se, ouviu os pequenos rugidos e latidos.
Estavam se comunicando.
O fluxo de raiva inicial de Ben começou a desaparecer e se pôs a pensar.
Conectou-se a Força, procurando por seus inimigos. Encontrou-os, seis
ao todo, rondando. Sentiu que estavam esperando por um momento de
desatenção da parte dele, esperando o sabre de luz se apagar. Eles
entendiam que aquilo só os machucaria quando chegassem perto.
Ofereceu a eles o sorriso de “você me subestimou” de Jacen Solo. Com
a mão esquerda, sacou o blaster de Faskus. Mirando através da Força,
atirou.
Houve um uivo de dor na escuridão, e podia tanto ouvir como detectar
através da Força o nek ferido saltando pra longe.
Escolheu outro alvo, sem mesmo olhar naquela direção, e atirou uma
segunda vez. O resultado foi o mesmo: um animal ferido e fugindo.
O resto se virou e sumiu pela floresta ao redor. O silêncio caiu sobre o
acampamento; a única coisa audível era o zumbido do sabre de luz de Ben.
Agora o frio começava a fustigá-lo novamente, e estremeceu.
— Eles foram embora? — Kiara perguntou.
Ben guardou o blaster, pegou um bastão luminoso do cinto e o acendeu,
desligando o sabre de luz ao mesmo tempo.
— Sim, mas vamos passar o resto da noite nas árvores, para ter certeza.
— Ele olhou para Shaker. O droide recolhera o toco de seu braço e fechou a
placa sobre ele; o resto do braço de soldador repousava na neve. — Sinto
muito por isso, carinha. — Ben disse. — Você fez bem.
Shaker deu a ele um trinado satisfeito.
Minutos mais tarde, assim que ele e Kiara estavam aninhados juntos na
árvore, alto o suficiente, esperava, para os neks não conseguirem alcançá-
los, Ben teve tempo para pensar novamente.
Não estaria tão alheio à chegada dos neks, mas estava dormindo
profundamente. Ficava cada vez mais cansado todos os dias, e não dormia
tão levemente quanto estava acostumado, tão levemente quanto um Jedi ou
um Guarda da Aliança precisavam.
E vinha sonhando.
No sonho, as vozes que chegavam perto finalmente descobriram o seu
nome.
— Ben, Ben, Ben, Ben. — elas ecoavam, e era tão difícil ignorar o seu
próprio nome.
Não conseguia, de fato, e assim que souberam que as escutava,
aprenderam a dizer outras coisas.
— Proteja a garota. — elas sussurravam. — Proteja a garota.
Isso parecia tão estranho, que nesse lugar famoso entre os Jedi por seus
atos malignos, as vozes fantasmagóricas ofereciam uma mensagem tão
positiva. Era por que se importavam?
Ou por que sabiam que ele escutaria uma mensagem assim?
Com esse pensamento, ele dormiu novamente, e as vozes retornaram.
— Ben... Ben...

CORUSCANT. AVENTURA ERRANTE

Dessa vez houve uma certa eletricidade na conversa, como se todos


envolvidos soubessem que estavam alguns passos mais próximos de seu
objetivo. O interessante, Wedge notou, era que haviam tantos objetivos, mas
todos estavam progredindo.
— Então Lando e eu estivemos cobrando antigos favores. — Han dizia.
— Alguns bem antigos. E no final das contas a Capitã Lavint está certa. Um
grande encontro da Confederação está sendo montado. E não só para eleger
o senhor de guerra deles. As notícias escoando dessa bagunça sugerem que
estão juntando uma frota no local da eleição, e de lá o novo senhor de
guerra liderará algum tipo de ação da frota, mas ninguém sabe onde ou
contra o quê.
— Estaleiros. — Wedge e Jag disseram a palavra ao mesmo tempo, e
olharam um para o outro.
— Kuat, Coruscant. — Wedge começou.
— Sluis Van, Thyferra, vários lugares, mas estaleiros. — Jag disse.
Zekk franziu a testa.
— Como vocês sabem?
Wedge notara que Zekk franzia a testa quase todas as vezes que Jag
falava, e Jag franzia a dele todas as vezes que Zekk falava.
— O padrão dos ataques e assaltos da Confederação dos últimos dias.
— Wedge disse. — A maioria contra instalações orbitais de construção de
naves. A estratégia deles é diminuir a produção e reparos de naves de
guerra da Aliança. Dessa maneira, apesar do fato da Confederação ter
menos mundos do que a Aliança em termos de magnitude, eles chegarão
mais próximos de uma paridade em recursos de construção naval.
— O que parece. — Jag interrompeu. — como se tivessem um belo
plano militar em prática. Eu me pergunto por que eles precisam de um
supremo comandante militar se já estão cooperando tão bem.
— Essa cooperação não vai durar sem um comandante com o qual todos
concordem. — Leia disse. — Agora voltando a Alema?
Wedge sorriu.
— Desculpe.
Jaina virou a tela de sua mesa para todos poderem ver. Nela estava o
plano triangular de um convés inteiro de um Star Destroier.
— Nós acrescentamos as gravações de segurança dos últimos dias da
Aventura Errante à nossa amostra, e Booster autorizou os computadores da
nave a analisar os dados com máxima prioridade. E nos deu um conjunto de
plantas mais completo para compararmos. Podemos confirmar um padrão
nos movimentos de Alema. — Ela começou a bater na tela, e cada vez que
fazia, um andar diferente era mostrado. Aqui, por exemplo. Cassinos e
compras. Traços finos, bem espalhados. Ela estava procurando. E não
encontrou nada.
Deu um tapinha novamente.
— Alguns cassinos onde ela passou bastante tempo. Eu não acho que
ela esteja apostando ou tentando construir uma nova vida social. Lavint
aparece bastante nas holocâmeras durante a presença de Alema, então é
provável que ela esteja de olho na parceira.
Outro tapinha, e a planta de uma pequena cabine de passageiros
apareceu. Havia um ponto brilhante em uma área, sugerindo viagens
frequentes de Alema, e rastros de movimento saindo dela por todas as
direções.
— O compartimento de Lavint. — Jaina disse. — Nenhuma surpresa
nisso, mas aqui está uma.
Alternou a visão para um diagrama das áreas da nave longe dos luxos
aproveitados pelos passageiros.
— Antes do rompimento do bloqueio Corelliano pelos Bothanos e
Commenorianos, ela começou a se aventurar pelas partes de tripulação da
nave.
Mirax, quieta até agora, se levantou e parou diretamente em frente ao
monitor.
— Ponte, centros técnicos... os aposentos de meu pai. Os meus
aposentos! Ela esteve no meu quarto?
Na melhor voz de investigador da SegCor, Corran perguntou:
— Você notou algo sugerindo que alguém estivesse mexendo com os
seus cosméticos, experimentando as suas roupas?
Mirax deu ao marido um olhar não achando graça.
— Além de você?
— Au. — Corran ergueu as mãos. — Eu desisto.
— Não é engraçado, Corran. — Mirax se afastou da tela. Ela se sentou
novamente, claramente abalada.
Jaina encontrou o olhar de Leia.
— Mãe, você pode ter salvado a vida de Booster ao voltar agora.
Quando Alema parou de sentir você, ela provavelmente pensou em chegar a
você através do pai, através da vaga rede de contrabandistas... e Booster era
um alvo óbvio.
— Bom, vamos ter certeza de que ela não tenha outra chance com o
Booster. — Leia disse. — Ou com qualquer um de nós. Vamos caçá-la e
eliminá-la como um problema, do jeito fácil, se ela cooperar ou do jeito
difícil, se não. E isso quer dizer Jedi.
Han olhou pra ela, incrédulo.
— Não vou ficar pra trás enquanto você...
Deu um olhar pra ele sugerindo que aquela não era uma questão de
debate.
— Eu acho melhor você ficar. Alema é uma Jedi que pensa como uma
assassina. Quanto treinamento você teve contra uma combinação assim?
— Eu não preciso de treinamento, eu tenho reflexos. — ele protestou.
Wedge tocou o braço dele.
— Na verdade, você e eu podemos ajudá-los bem mais monitorando
tudo pelas holocâmeras de segurança. Podemos antecipar as armadilhas e as
emboscadas, avisá-los sobre cúmplices que Alema tenha e não saibamos.
— Bom...
Então Han ouviu o que Jag dizia para Jaina:
— ... preciso de cinco minutos para pegar alguns equipamentos da
minha X-Wing.
— Ei. — Han disse. — Se eu não for, ele não vai.
Jag voltou a atenção para Han. A resposta dele foi calma, de tom
razoável:
— Estive me preparando pra isso por anos. E é a minha missão.
— Jag está certo, pai. — Jaina foi até Han, se inclinou e beijou a testa
dele. — Por favor.
Han soltou um pequeno grunhido, então se entregou, derrotado.

Alema estava empolgada. Apenas meia hora antes detectara a presença da


Força, aquela que dizia que Leia estava provavelmente a bordo novamente.
— Você estava certa. — ela disse a Lavint. Ela abaixou o capuz de sua
capa preta e sentiu ao redor com a mão funcional para ter certeza de que
todas as armas e ferramentas dela estavam disponíveis de prontidão.
— Geralmente estou. — Lavint disse. Ela levantou da cama, foi até o
pequeno armário do compartimento e selecionou uma jaqueta feita de seda
sintética pirata roxa e grandes botões dourados. — Eu acho que vou apostar
enquanto você sai por aí matando pessoas. Ei, o acordo ainda é o acordo,
certo? Você avista qualquer um dos Solos, e eu cumpri os termos do nosso
contrato.
— É claro. — Alema a assegurou.
A verdade era mais complexa do que aquilo, naturalmente. Se Alema
visse Han, mas falhasse em matá-lo, poderia escolher matar Lavint para
garantir que a capitã não fosse capturada pelos Solos. Lavint sabia demais
sobre os movimentos de Alema, mas se Han morresse, o que Lavint sabia
não seria tão crítico, então poderia deixar a capitã viva sob essas
circunstâncias.
Com certeza Lavint entendia isso.

ZIOST
— Ben... salve garota.
— Ben... proteja garota.
— Eu preciso sair do planeta. — Ben murmurou enquanto dormia. —
Eu preciso de uma nave.
— Nave!
— Ben nave.
— Aprende nave.
— Ben aprende nave.
— Eu já sei como pilotar uma nave. — Ben protestou. Ele lutou contra
o sono que tomava conta dele, mas algo o lembrou de que ele não deveria
se mover agora. Se ele movesse, iria... o quê? Cair.
— Aprende nave. — A voz era geralmente enérgica, e na mente de Ben
uma imagem apareceu, a imagem de uma embarcação em formato de bola.
Era estranha e orgânica, com uma superfície vermelha de textura áspera.
No centro da esfera o encarando estava a escotilha ou canopi transparente.
Mastros vermelhos se esticaram pra cima e pra baixo da embarcação.
Eles pareciam articulados, como insetos, mas esse veículo não era uma
coisa viva, não como uma embarcação Yuuzhan Vong; Ben sentia o
maquinário, mas o maquinário estava ciente dele, esperando por ele.
Acordou com a luz do sol, interrompido pelos galhos acima, fluindo em
seu rosto, e sabia onde a nave vermelha estava.
Ou melhor, sabia a direção que tomar para encontrá-la.
Se fosse real.

O TIE fighter não os encontrou ao meio-dia. Isso era porque Ben cortou a
longa perna do dispositivo de rastreamento em seu bolso, presumindo que
fosse a antena da unidade. Deveria estar certo. Começando uma hora e meia
antes e esperando até um pouco após o meio-dia, ele, Kiara e Shaker
descansavam em uma pequena ravina, um lugar onde traços infravermelhos
seriam mais difíceis de detectar de qualquer ângulo além de diretamente
acima. Ele sentiu o olho no céu, vagamente, mas não veio de perto dele.
Se ele precisasse, ele podia recolocar a antena.
Esse era um bom resultado do dia. Outros eventos não foram tão
promissores.
A comida deles começava a acabar. Eles tinham duas latas de ração
preservada, as quais apenas durariam o tanto que escolhessem. Ben poderia
alegremente ter comido ambas as latas sozinho de uma vez.
A quantidade de água era boa. Tudo o que precisavam fazer era pegar
neve com o cantil de Faskus e deixá-lo contra o corpo para derreter, o que
era frio e desconfortável, mas simples. Ocasionalmente eles encontravam
um riacho congelado; nessas vezes, Ben usava o sabre de luz para cortar
através do gelo e dar a eles acesso à água.
Ele se perguntava, no entanto, sobre a neve e a água nesse mundo. Ele
agora vira algumas criaturas parecidas com aves, as asas eram
membranosas em vez de emplumadas, e geralmente distorcidas, com uma
perna maior do que a outra ou possuíam um bico disforme. Havia algo na
água causando os altos níveis de mutações? Para o bem dele e de Kiara, ele
esperava que não.
O pior de tudo, ele tinha certeza de que os neks os seguiam. Eles
ficavam fora de vista, mas ele podia senti-los mantendo o ritmo e Kiara à
direita e à esquerda, seguindo o rastro deles.
Ele e Kiara eram carne para os neks, ele sabia. Não gostava muito de ser
considerado carne. Esperava ter força o bastante para fazer algo quando a
hora chegasse.

CORUSCANT. NA AVENTURA ERRANTE

Em um dos maiores vestíbulos da nave, onde as luzes eram brilhantes e


visitantes conviviam longe das atrações caras dos cassinos e lojas, mas não
longe das atrações caras de vários bares ao redor, Alema passou alguns
minutos em um quiosque de dados, baixando as últimas listas de recém-
chegados.
É claro, nem todos que chegavam à Aventura Errante consentiam em
ser listados, mas muitos sim, então um código de pesquisa automatizado
detectaria os seus nomes e anunciaria a chegada deles para amigos.
Examinara várias centenas de nomes, não reconhecendo nenhum,
quando sentiu uma oscilação na Força.
Então foi mais do que uma oscilação. Era uma luz, um sinal. Olhou na
direção da fonte.
Entrando pelo grande saguão estava um humano, anormalmente alto, de
pele clara, com o longo cabelo preto preso em um rabo de cavalo. Ele vestia
roupas elegantes de civil, calças pretas e botas, uma túnica azul-marinho
com uma listra amarela atravessando o peito. Ele uma vez foi um Unido,
pertencera a um ninho Killik. Era Zekk.
Mas as ações dele a confundiram. Ele se movia lentamente através do
saguão, sorrindo e acenando pra todos que passavam, falando brevemente
com vários, especialmente com jovens mulheres. Enquanto passava,
algumas delas se viravam, se movendo para mantê-lo à vista.
Alema pensou entender, mas não fazia mais sentido do que antes. Zekk
irradiava vitalidade e poder através da Força, de uma maneira que seria
atraente para todos, menos aqueles cegos à Força. E se houvesse qualquer
sensitivo à Força na multidão, eles podiam ser atraídos a ele com força.
Ficou boquiaberta. Estava usando as habilidades Jedi para atrair as
fêmeas. Aquilo mal parecia possível. Ele sempre fora quieto e reservado,
sem mencionar pateticamente apaixonado por Jaina Solo. Alema se
perguntou o que causou a mudança.
Também se perguntava se deveria matá-lo. Não tinha nada a ver com os
atuais planos dela, mas era inevitável que quando Alema matasse Han,
Jaina juraria vingança, ou, pelo menos, procuraria, fingindo ser apenas um
desejo imparcial por justiça. E se Jaina viesse caçá-la, Zekk viria junto. Se
Alema o eliminasse agora, era uma coisa a menos para se preocupar.
Também, se afastou na direção de Zekk.
Parou vinte metros de distância dele, dedilhando a zarabatana e ainda
indecisa. Zekk e as duas novas amigas pararam para assistir um malabarista
Devaroniano cuspidor de fogo realizar a sua performance para hóspedes no
saguão quando notou outra presença, essa muito mais perto.
Virou a cabeça para ver um homem encorpado com uma barba rala e
grisalha e impressionantes olhos verdes. Estava a dois metros dela,
encarando-a, sorrindo. Ele vestia manto Jedi.
— Horn. — ela disse.
— Eu direi isso uma vez. — Corran disse. — Desista agora.
Ergueu a zarabatana e atirou.
Horn segurou o dardo do ar. Ele abriu um datapad, derrubou o dardo na
tela e fechou o dispositivo.
Isso deu tempo para Alema acionar o seu sabre de luz. Corran sacou o
dele e seguiu o exemplo, com a lâmina prateada dele contrastando
drasticamente com a lâmina azul enegrecida dela.
Alema percebeu aplausos. Corran, também, olhando em volta sem
mover a cabeça.
Hóspedes da Aventura Errante se afastavam do confronto deles, mas
não muito longe. Muitos aplaudiam. Alguns apostavam. Alema viu Corran
xingar baixinho a estupidez deles.
E agora Zekk se movia na direção dos dois, o cabo do sabre de luz em
mãos.
Isso era uma armadilha, e Alema amaldiçoou a própria estupidez.
E então se desarmou. Lançou o sabre de luz bem alto, dando um toque
através da Força para direcionar o voo, para manter a lâmina acionada.
Corran e Zekk seguiram o progresso do sabre no segundo em que
alcançou o teto e cortou a estrutura mantendo um enorme e elaborado lustre
no lugar. Ele caiu na direção da multidão embaixo, com o seu brilho
começando a diminuir, mergulhando o saguão, aos poucos, na escuridão.
Alema se virou e correu o mais rápido que o seu pé aleijado e corpo
danificado podiam aguentar. Deixou o seu sabre de luz se desligar, mas
continuou a controlá-lo, e um momento mais tarde o cabo bateu em sua
mão estendida.
Sentiu uma enorme onda na Força atrás dela, Zekk alcançando o lustre,
controlando a sua queda. Olhou sobre o ombro, esperando ver Corran vindo
atrás dela, mas estava sozinha; ele deve ter ficado pra trás, empurrando
pessoas para protegê-las da luminária caindo. Sorriu. Os inimigos dela não
funcionavam como um time. Se funcionassem, Corran a atacaria enquanto
Zekk pegava o acessório de luz. Tinha uma chance afinal.
Estilhaços de transparaço do lustre danificado choviam na multidão, e
os gritos de surpresa e dor se juntavam à confusão barulhenta de trás dela.
A última luz se apagou; agora o saguão era iluminado apenas por luzes de
hastes ao redor. Alema alcançou a saída e contornou a esquina, parando por
um momento para pegar a zarabatana sob o braço esquerdo e para
recarregar.
O amplo corredor onde se encontrava era bem iluminado, e o pânico de
dentro do saguão ainda não infectara os fluxos de pedestres ali. Então foi
rápida ao notar a figura à distância à frente dela, correndo na direção dela
com rapidez anormal e propósito.
Era Leia. Leia Solo, olhando diretamente para ela. Alema podia sentir
um lampejo de raiva vindo dela através da Força. Era ecoado por um
lampejo semelhante de trás, descendo o corredor da direção oposta.
Alema fez uma careta. Isso não estava certo. Han deveria estar ali.
Alema mataria Han, Leia sofreria, Alema escaparia.
Mas agora, com dois Jedi atrás dela e um em cada direção de fuga,
Alema precisaria ser instantaneamente e letalmente eficiente se fosse
escapar. Fugir era a coisa mais importante nesse momento. Teria de
abandonar a justiça em favor da praticidade. Teria que matar Leia.
Alema ergueu a zarabatana até os lábios.
Leia ergueu uma mão.
Alema sentiu a zarabatana contrair, e o dardo dentro dela sair pela
culatra, diretamente na boca dela.
Alema ficou paralisada por um longo, terrível momento.
Mas não estava morta. A ponta envenenada não encostara na língua
dela.
Com extremo cuidado, Alema virou a cabeça para o lado e cuspiu o
dardo.
Então, enquanto o medo crepitava em seu coração, correu.
Havia tantos deles e a rapidez da armadilha que montaram a deixaram
nervosa. Precisava chegar a um lugar seguro, recuperar o seu rumo.
Cinquenta metros à frente, caminhando com confiança, irradiando raiva,
vinha Jaina Solo.
Alema gritou, com um barulho sem palavras de frustração. Virou-se
para a esquerda, na direção de um conjunto de turboelevadores, e a porta de
um deles se abriu. Atravessou e ele fechou-se atrás dela.
Uma família de três Duros olhou pra ela, com as cabeças deles se
inclinando em um mesmo ângulo de curiosidade. A criança tinha um
macaco lagarto Kowakiano no ombro, e a terrível criaturinha apontou para
Alema e grasnou.
— Convés, por favor? — A voz automatizada do elevador perguntou.
— Pra baixo. — Alema sibilou.
Mas nada aconteceu. Um segundo passou, e a sensação de ameaça
cercando Alema cresceu.
Sabia o que estava acontecendo. Os seus inimigos estavam ao redor
dela, eles tomaram controle da Aventura Errante, e podiam usar até mesmo
as portas e os turboelevadores para atormentá-la e atrasá-la.
Reativou o sabre de luz e o mergulhou no chão. Os Duros se afastaram,
subitamente com medo.
Precisou de só alguns segundos para cortar um buraco no chão, então
saltou pelo poço do turboelevador.

***

Minutos mais tarde, estava em um compartimento de carga, zunindo entre


pilhas altas de contêineres de plastaço, amarrados uns aos outros,
continuando o mais rápido que podia, certa de que os Jedi em perseguição
estavam a apenas um instante dela.
Eles deveriam estar usando o sistema de holocâmeras da nave. Alema
não entendia. Ela pensava que as suas técnicas pudessem combater isso.
O inimigo deveria ter novas técnicas.
Uma porta na antepara à frente abriu com um sibilo, e um homem a
atravessou. As suas vestes o protegiam completamente com um material
azul brilhante e um capacete, mais estreito e apertado do que o de um
piloto. A placa do rosto era transparente, e através dela ela reconheceu as
feições de Jagged Fel.
Ele estendeu uma mão vazia.
— Alema, renda-se. Eu garanto...
Ela ergueu a zarabatana e atirou nele.
Ele se lançou para frente.
Não, ele ajoelhou-se. Ele sacava o blaster antes de Alema perceber que
ele não estava morto, não estava morrendo. Armadura, ele deveria estar
vestindo uma armadura.
Ele ergueu o blaster e atirou nela.
O disparo a atingiu no ombro esquerdo, fazendo-a girar, mandando-a ao
chão. A dor se lançou sobre ela, dor e a percepção de que quebrara a
clavícula, que ele a mutilara ainda mais.
Ela rolou para o lado enquanto ele atirava novamente. O disparo a
errou. Ela o atacou através da Força, jogando-o de lado, lançando-o fundo
na massa de caixotes de carga. A parede de caixotes, mantida junta por
amarras resistentes, dobrou-se como se devorasse Jag.
Ela se levantou e correu, mancando mais do que nunca, atravessando a
porta pela qual Jag entrara.

— Ela está entrando no hangar da proa para armazenagem de veículos a


longo prazo. — Wedge disse.
Han, sentado em outra estação de vigilância, assentiu. Ele alternou a
visão da baía de armazenamento para uma do hangar; ambos podiam ver
Alema correndo, olhando entre os veículos como se procurasse um no qual
pudesse escapar.
— Ela não está mais mexendo com as holocâmeras. — ele disse. — Eu
aposto que é preciso muita energia ou concentração.
Wedge focou na própria exibição, a qual mostrava a parede dobrada de
caixotes na qual Jag desaparecera.
— Jag, você me escuta?
A resposta dele foi uma série de palavras que Wedge não entendia, mas
soavam como se fossem elaboradas para arrancar ferrugem de duraço.
— Parece Chiss. — Han disse. Ele ativou o comunicador novamente. —
O alvo está entrando no hangar para hóspedes com cabines.

Leia foi a primeira dos perseguidores a alcançar o hangar usado pelos


clientes da Aventura Errante que alugavam compartimentos para mais de
um dia. As portas principais do andar estavam abertas, e um atarracado
cargueiro leve YV-666 afundava no espaço.
Com Alema Rar na cabine. Leia trocou olhares prometendo caos ou
morte com ela por um segundo, e então o transporte se perdeu de vista.
— Han, por que você não selou aquelas portas?
A voz de Han estava angustiada.
— Eu tentei. Não consegui. O exército da AG tem uma anulação de
programa que impede a Aventura Errante ou qualquer outra instalação de
bloquear espaçonaves militares. Se houver um mísero T-16 skyhopper a
bordo que pertença às forças armadas, essas portas continuam abertas.
Leia podia ouvir a voz de Wedge ao fundo:
— Como ela hackeou os códigos de acesso de um transporte tão rápido?
— Ela roubou a minha nave! — Lavint apertou a cabeça entre as mãos
como se tentasse impedir uma explosão. Girou como se procurasse algum
canto da pequena cabine onde ela pudesse se proteger da verdade. —
A minha nave.
Han olhou para Leia e deu de ombros.
— Na verdade, ela está aceitando melhor do que eu esperava.
Leia desajeitadamente deu tapinhas no ombro da capitã.
— Eu sei que você deveria amar a sua nave...
Lavint ficou abruptamente inerte.
— Na verdade, eu a odiava, mas ela ainda valia alguma coisa. — Ela
deu de ombros. — Ah, bom. Eu tenho outra a caminho.
— Falando no que você tem a caminho... — Han apresentou um cartão
de dados e o segurou diante dela.
Estendeu a mão, mas ele o manteve longe dela, e agora o olhava
desconfiada.
— O que é isso?
— A localização da reunião da Confederação sobre a qual me contou.
— Han disse. — Lugar e hora.
Os olhos de Lavint brilharam.
— Então me entregue. Eu respeitei as condições de nosso contrato.
Leia balançou a cabeça, sorrindo com apenas um pouco de malícia.
— Não houve contrato. Você fez demandas, lembra?
— Verdade. — Lavint não parecia tão desapontada. — Mas você obteve
e trouxe a informação. Então deve estar em jogo.
— Está. — Han disse. — Mas entre outras coisas, queremos saber para
quê serve. Custou vários favores para conseguir.
— Oh. — Lavint considerou, e olhou entre os dois. — Eu a darei para
um homem. Por uma nave, e para me livrar dessa vida. Por consideração
dele.
— É provável que ele a entregue para o governo da Aliança Galáctica?
— Leia perguntou.
Lavint assentiu instantaneamente.
— Eu colocaria a probabilidade em cerca de cem por cento.
Leia disse:
— Não acho que podemos...
Mas Han entregou o cartão para Lavint.
Leia terminou calmamente:
— ... protestar muito, após toda a ajuda que você nos deu. — Ela deu a
Han um olhar perplexo. — Terminamos por aqui?
— Acho que sim. — Han deu a Lavint um sorriso profissional e
agradável e guiou Leia até a porta. — Tente ficar longe de encrenca.
— Logo, logo. — Lavint disse. — Foi um prazer te conhecer
finalmente.
No corredor, Leia disse:
— Tudo bem, estou completamente confusa. Por mais que você tenha
apoiado a causa Corelliana...
— ... por que subitamente me tornei um traidor? — Han terminou. —
Querida, eu não tive tanta dificuldade quanto deveria para conseguir aquela
informação. O que significa duas coisas. Ou a segurança não é o que
deveria ser para aquela reunião, significando que a Aliança Galáctica a terá
em breve de qualquer maneira, significando que tudo o que fiz foi dar a ela
alguns dias de vantagem em entregar a informação para eles, ou existe
muita desinformação por aí. Significando que todos que chegam fundo o
bastante está recebendo uma resposta diferente errada. Se for a primeira,
então Lavint recebe a recompensa do contato do governo. Sem perdas pra
mim ou pra Corellia. Se for a segunda, Lavint e o contato do governo vão
cair em uma armadilha, provavelmente uma armadilha de Dur Gejjen feita
para nós.
Leia assentiu.
— Sabe, se você pudesse usar esse cérebro de contrabandista na política
real, seria páreo pra mim.
— Significa que eu não seria capaz de só sacar o meu blaster e atirar
nos políticos? Que tipo de acordo é esse?
Capítulo Dezenove
ZIOST

Esse grupo de ruínas não era uma pilha de escombros.


O que era bom, já que Ben não tinha certeza se conseguiria alcançar o
próximo lugar do mapa.
Passara três dias sem comida, Kiara um. Shaker estava esgotando a
energia de várias baterias que Ben trouxera do acampamento de Faskus;
delas, ele reteve apenas uma carga parcial na principal pistola blaster. Os
datapads não contavam, a bateria deles não continha energia o bastante para
permitir uma unidade R2 dar quatro passos.
Mas esse grupo de ruínas...
Estavam amontoadas em uma cordilheira, construídas bem abaixo de
um penhasco de centenas de metros. O penhasco parecia como se uma parte
da montanha tivesse sido cortada por um sabre de luz gigante milhões de
anos no passado, deixando a pedra se desgastar até algumas espécies
decidirem construir uma cidadela ali.
Não algumas espécies. A espécie Sith original.
A cidadela era feita de pedra negra manchada de cinza e parecia grande
o bastante para abrigar mil pessoas, mas ninguém vivia ali agora, Ben
pensou. Não que pudesse ter certeza. Detectou pequenos lampejos de vida
através da Força, mas essas impressões sempre desapareciam no fluxo de
energia do lado sombrio que emanava do lugar. Como o próprio planeta, a
cidadela era impregnada de tal energia, mas ainda mais.
Ainda assim, as vozes estavam contentes por estar ali. Ouvia-as mesmo
acordado agora. E quando sonhava, elas lhe ensinavam como pilotar a
embarcação em formato de olho que mostraram a ele.
Desejo, focado da maneira certa, faria a embarcação decolar, voar.
Raiva direcionaria a sua artilharia, armas que não entendia e não conseguia
visualizar bem. E podia alcançar através dela, fazer contato com as suas
naves, direcioná-las em suas missões de...
— Ben... Ben...
Estava cansado das vozes, e não sabia por que elas sequer se
incomodavam em pronunciar o nome dele, já que elas tinham a atenção dele
o tempo todo agora.
Então percebeu que não eram as vozes. Era Kiara.
Olhou pra baixo e franziu a testa.
— O quê?
Ela deu um passo involuntário pra trás.
— Você está daquele jeito de novo.
— Que jeito?
— Assustador.
Considerou a resposta dele. Eu preciso ficar assim às vezes. É como
estou aprendendo. Imaginou Jacen lhe dizendo isso, quando estava
aprendendo os caminhos da Força, quando a Força o assustava.
Espere um minuto. Como ela pode saber? E o que ela está sentindo?
Ele tentou clarear os pensamentos, algo que não pudera fazer bem desde
que ficara com fome e permaneceu desse jeito.
Porque ela andava atrás dele, ela devia sentir algo na mudança da
linguagem corporal dele, isso, ou ela sentia algo através da Força. Talvez
ela fosse sensitiva à Força.
E se esse fosse o caso, então ela provavelmente estava assutada pelas
manifestações do lado sombrio. Nele.
De novo, afastou as noções do lado sombrio e do lado luminoso. Era
tudo sobre o que alguém fazia com o poder.
E ainda assim, desde que estivera ali, estivera cercado por uma maldade
insinuante que não vinha de nada vivo. Era a energia que fora moldada e
deixada ali por centenas de gerações de Sith e seguidores. E se a energia
possuísse uma forma definitiva, mesmo sem ser gerada pelos vivos, não era
esse o lado sombrio?
Respirou fundo e tentou afastar as vozes, para limpar os pensamentos.
Gradualmente o fez, e sentiu uma leveza de espírito. O silêncio chegou aos
seus ouvidos, interrompido apenas pelo ocasional farfalhar do vento através
dos galhos mortos atrás deles, pela respiração de Kiara, pelo pequeno
lamento dos servomotores dentro de Shaker.
Finalmente olhou para Kiara novamente.
— Melhor?
Ela assentiu, contente.
— Melhor.

PRÉDIO DO SENADO EM CORUSCANT, GABINETE DA


ALMIRANTE NIATHAL

Niathal respondeu o bipe com um comando rouco:


— Entre.
Jacen Solo entrou, vestido em seu imaculado uniforme negro da Guarda
e uma esvoaçante capa negra. Prestou a ela um continência seca.
— Almirante.
Niathal retornou o gesto.
— Sente-se. Depressa. Eu tenho uma reunião em trinta minutos.
Jacen se sentou.
— Gilatter.
— Eu não entendo.
— Provavelmente porque eu me apressei. Gillater Oito é onde a reunião
da Confederação acontecerá. A eleição de seu contraparte, o supremo
comandante militar. E o ponto de lançamento da próxima ação de frota.
Niathal se sentou ereta.
— A Inteligência vem trabalhando nisso o tempo inteiro, e você
consegue a resposta primeiro?
— Eu tenho fontes diferentes das da Inteligência.
— Como os seus pais?
Niathal não deixou passar a mais leve franzida de cenho de Jacen.
— Os meus pais não participaram da obtenção dessa informação. É de
outro recurso contrabandista que venho cultivando por meses.
— Interessante. Especialmente à luz do fato de que a Inteligência
oferece verificação independente da informação sobre a eleição sendo
seguida de uma ataque. Um ataque a estaleiro.
Jacen assentiu.
— É o que minha fonte diz, também.
— Promissor. Quando?
— Em duas semanas. Na verdade, treze dias padrão, quase exatos.
Niathal fez um som irritado.
— Vai levar mais do que isso para montar uma resposta coordenada.
Vamos precisar apressar o nosso plano de contra-ataque e causar a morte de
boas pessoas como consequência.
— Se me permite. — Jacen pegou um cartão de dados do bolso e o
colocou na mesa diante de Niathal. — Eu tomei a liberdade de juntar uma
proposta. Para uma resposta que você provavelmente considerará
descoordenada, mas isso levará forças para lá rápido e possivelmente não
detectadas... e eu duvido que o nosso inimigo igualmente descoordenado a
antecipará.
Niathal deu um olhar duvidoso e inseriu o cartão na fenda da mesa.
O plano de Jacen era simples e não convencional.
Gilatter era uma estrela medíocre da Orla Média não longe de Ansion.
Nenhum de seus mundos era habitável para a maioria das espécies sapientes
da galáxia.
O planeta Gilatter VIII era um gigante gasoso, um mundo cuja
superfície era um belo turbilhão reluzente salpicado de vermelho, laranja e
amarelo. Em um ponto no passado distante, fora um local de férias favorito
da Velha República, envolto por um anel de resorts satélites, dos quais
hóspedes podiam se maravilhar com a sua beleza natural.
Mas os gostos mudam, e a breve era na qual a apreciação artística
planetária servia como início e fim das férias de famílias ricas acabou, e
com isso os anos de utilidade do sistema Gilatter. O último resort satélite
falira um século e meio antes, e a estimativa de Jacen era que o resort
provavelmente seria o local da reunião.
O Passo Um de seu plano era enviar um caça StealthX pilotado por um
Jedi para o sistema, dando ao exército da Aliança informações sobre as
forças da Confederação já no local, particularmente plataformas sensoras.
O Passo Dois envolvia trazer as forças selecionadas das frotas e forças
tarefas já naquela parte da galáxia, escolhendo-as cuidadosamente para
impedir as unidades de perder muita força, e evitar que espiões e analistas
pudessem determinar para onde essas embarcações redesignadas estavam
indo.
O Passo Três tinha observadores Jedi direcionando forças da Aliança
pra dentro do sistema, evitando a observação de sensores ou patrulhas de
batedores, e as colocando dentro da atmosfera de Gilatter VIII. A brilhante,
radiante atmosfera era tão fina em seus trechos superiores, quase tão densa
quanto o espaço vazio em um sistema solar padrão, e os veículos e
embarcações de todas as espécies podiam se posicionar lá. Tal mundo
tendia a emitir níveis mais altos de radiação eletromagnética, deixando a
comunicação entre os veículos mais difícil, mas também deixando a
detecção mais difícil. O Passo Três continuaria até o comandante da missão
concluir que não era mais possível esconder as forças na atmosfera de
Gilatter VIII, e mesmo então, naves principais maiores podiam se reunir em
um ponto fora do sistema e preparar-se para saltar.
No Passo Quatro, os observadores nos StealthX sinalizariam quando a
reunião começasse... e todas as forças da Aliança se moveriam contra as
forças da Confederação.
Niathal e os seus analistas avaliaram o plano de Jacen e, pelo período de
um dia, consideravam e descartavam vários outros. Eventualmente eles
escolheram o de Jacen. Ele seria modificado e detalhado, mas serviria como
modelo.
Na próxima reunião, Niathal informou Jacen a decisão dela, e disse:
— Eu mesma liderarei essa missão.
Ele assentiu, aparentemente satisfeito.
— Eu também quero estar lá.
— Com a Anakin Solo?
— Sim.
— Bom. Considere autorizado.
— A minha opinião não tem muito peso com o meu tio ultimamente. —
Jacen admitiu. — Para conseguir o envolvimento dos Jedi, você
provavelmente não deveria mencionar o meu papel nisso.
— Conseguirei o envolvimento Jedi. Só preciso emitir uma ordem.
Jacen sorriu.
— Eu quis dizer, conseguir envolvimento sincero dos Jedi.
— Sim, é claro.

Enquanto saia do Prédio do Senado, Jacen sentiu uma presença familiar.


Não reagiu visivelmente enquanto a mulher alta envolta em vestes discretas,
a parte inferior do rosto coberta por um lenço, caminhava ao lado dele.
— Como você está? — Ele perguntou.
— Bem. — Lumiya respondeu. — Completamente curada.
— Interessada em uma expedição?
— Sinto que você está se encaminhando para um período turbulento.
Para mais perigo. Por isso eu vim.
— Eu vou tomar isso como um sim. — Jacen mudou de assunto. —
Alguma notícia do Ben?
— Não. Os monitores dele perderam o rastro dele temporariamente. —
Uma nota de preocupação surgiu na voz dela. — Ele pode não ter
sobrevivido.
— Eu acho que teria sentido se ele tivesse morrido.
— Talvez não, de onde ele está.
Jacen não respondeu.
— Eu tenho fé nele.
— Claramente. — ela disse.

ZIOST

O último quilômetro da escalada para a cidadela foi relativamente fácil. A


estrada, feita de blocos de pedra negra, rachadas aqui e ali, mas de outra
maneira pouco desgastada pela passagem do tempo, rodas ou pés,
permitiam a Shaker uma passagem relativamente mais rápida, mas o
pequeno droide começou a desacelerar novamente duzentos metros de uma
pilha de rochas que aparentemente marcavam a entrada principal da
cidadela, e parou completamente cem metros dela.
Ben parou, também. Tremia de frio e fome. Retornou lentamente para
junto de Shaker, notando as luzes do droide ainda funcionando. Pegou o
datapad.
— O que está errado, carinha?

ME FALTA ENERGIA SUFICIENTE PARA IR MAIS LONGE.

Ben pensou em suspirar, mas não queria gastar a energia. Shaker


funcionava com a carga absorvida da última munição do blaster. Se Ben
quisesse dar ao droide mais tempo, ele precisaria sacrificar a energia do
sabre de luz.
— Quanto tempo você consegue ficar acordado com a carga que tem, se
não se mover?

TALVEZ DOZE HORAS.

— Tudo bem. Desligue agora. Eu acordo você quando encontrar uma


fonte de energia.
O droide fez uma sequência de bipes obedientes, e as suas luzes se
apagaram.
Ben se virou de volta para Kiara, cambaleando com uma súbita tontura,
e o nek de pelo cinza saltou sobre ele.
A rampa levando até a cidadela estava erguida, e a criatura deveria estar
acompanhando paralelamente o caminho deles desde o ponto de partida. Os
reflexos de Ben, entorpecidos pela falta de comida e sono, falhariam com
ele, teriam permitido que se tornasse a próxima refeição do nek, mas não
estava em campo aberto; se empurrou para longe de Shaker, cambaleando
de volta para Kiara e tropeçando nela, e o nek errou.
Pousou graciosamente e virou-se. Ben ficou de pé com as pernas
trêmulas e acionou o sabre de luz.
O nek o encarou, com a cabeça pra baixo, obviamente considerando se
atacava, e então fugiu, desaparecendo sobre a borda oposta da passarela.
— Eles vão nos comer. — Kiara disse.
Ben desligou o sabre de luz.
— Não, não vão.
— Não estou mais assustada.
Estava claro pra ele que ela estava, mas sabia que ela dissera isso para
lhe assegurar que não seria tão ruim. Que não estava falhando com ela.
— Se um engolir você, eu vou pular na garganta dele e cortar nosso
caminho para fora. — prometeu a ela.
— E se ele mastigar?
Dessa vez suspirou.
— Você é lógica demais.

Levaram quatro horas para escalar até o topo da pilha de escombros que
bloqueava a entrada principal da cidadela. Do topo, Ben podia ver um fosso
como uma trincheira entre partes da parede oposta que não caíram e a
parede interna alta, mais intacta, da cidadela em si. Podia ver céus azuis
acinzentados e florestas cobertas de neve se estendendo no horizonte. Era
tão bonito que queria ficar ali pra sempre.
E lhe ocorreu que se matasse e comesse a garotinha, recuperaria a sua
força rapidamente. Talvez até cozinhasse ela primeiro.
Mas ela estava olhando pra ele quando o pensamento veio, e a maneira
como ela lentamente se afastou dele o lembrou de que o pensamento não
vinha dele. Afastou-a e deu a ela um sorriso, num genuíno sorriso de Ben.
As portas de pedra além da pilha de rochas estavam derrubadas, e levou
bem menos tempo para descer até a grande câmara externa da cidadela.
As únicas luzes disponíveis pra ele eram pequenos raios de luz do sol
entrando por janelas perto do teto. Elas permitiam a ele ver que não havia
mais mobília na câmara, nem mesmo os vestígios mofados e despedaçados.
O lugar fora despido de bens há muito tempo. Tudo o que restava eram
entradas para corredores escuros e escadas de pedras arredondadas subindo
ou descendo.
Queria desesperadamente descer. Sabia que a nave em formato de olho
estava em algum lugar abaixo, escondida, esperando por ele. Chamando por
ele.

Mas não tinha forças, e sabia que para se tornar o mestre da nave, precisaria
conquistá-la.
— Vamos acampar aqui. — ele disse à Kiara.
Ela olhou em volta em dúvida, mas não disse nada.
Ben dormiu e sonhou que, na hora mais escura da noite, algo se
destacava do teto bem acima.
Pareciam três bolas gigantes, o centro de uma ligeiramente maior e
ligado às outras duas por eixos. Um conjunto de cinco pernas emergiu de
cada bola, e trabalhavam juntos para permitir à coisa descer lentamente pela
parede.
Em seu sonho, ele disse:
— Vai embora.

não
essa é a minha casa agora
a sua espécie se foi
— Eu vou matar você.

Ela parou no meio do caminho.

dê-me o pequeno pedaço de carne


eu deixarei você em paz
— Eu vou matar você.

Ela começou a descer novamente.


— Lá fora. — Ben disse. — há neks. Me caçando. Eu não consegui
comer o primeiro. Agora eu desejava ter comido, mas você pode. Vá lá fora
e caçe os neks. Eles estarão perto.
A coisa parou novamente e esperou um minuto inteiro. Então mudou a
direção, se movendo na direção do topo da pilha de rochas.
As rochas caíram pela pilha enquanto ela se espremia pela abertura.
Em seu sonho, Ben pensou ouvir os neks uivando.

— Coma garota.
— Fique forte.
As vozes desapareceram quando Ben acordou. Apressadamente olhou
em volta.
Kiara, parecendo pálida, com as feições afinando pelo esforço e fome,
ainda dormia ao lado dele.
O teto estava melhor iluminado. Ao redor das bordas haviam muitas
formas estranhas, sacadas curvas, estátuas quebradas, outras formas que não
conseguia identificar. Perguntou-se se alguma delas poderia se tornar a
coisa que viu no sonho.
Cutucou Kiara para acordá-la.
— Vamos lá. Temos trabalho a fazer.
— Vamos acordar Shaker?
— Espero que sim.

Como oseu último ato de preparo, Ben conectou novamente a antena


cortada do rastreador ao corpo principal, então prendeu a bolsa ao redor do
boneco que construíra.
Não era bem um boneco, apenas uma pilha de pedras erguida
cuidadosamente com cobertores vermelhos enrolados nela, mas talvez
funcionasse. Estava situada em um ponto onde as paredes externas ainda
estavam de pé e a base da parede interna estava cheia de pedras que caíram
de áreas mais altas. A bolsa pendia do pescoço.
Kiara seguindo, Ben recuou para longe do corpo enrugado e congelado
do nek que descobriram ao sair naquela manhã. Eles encontraram um ponto
escondido entre dois caminhos de pedra lavrada, e eles esperaram. Ben
estava tão alerta quanto o seu foco induzido pela falta de comida o permitia.

O tempo passou. Na quietude, Ben começou a ouvir as vozes novamente.


— Coma garota.
— Fique forte.
— Antes vocês queriam que eu a protegesse.
Ben pensou que as palavras dele foram inaudíveis, mas Kiara falou:
— Com quem você está falando?
— Ninguém.
— Coma garota.
Por que as vozes estavam diferente agora? Aquele era um enigma, e
Jacen sempre dizia que enigmas deveriam sempre ser resolvidos, porque
então se tornavam informação que podia ser usada.
Tentou pensar na sugestão das vozes racionalmente. Fazia sentido em
um nível puramente lógico. Se ele matasse, cozinhasse e comesse Kiara ele
teria comida por vários dias. A sua mente tentou se desviar daquela linha de
raciocínio, canibalismo sempre fora discutido na presença dele em fábulas
de sobreviventes de acidentes e pessoas levadas à loucura, mas se forçou a
considerar a questão.
— Coma garota.
— Fique forte.
Se realmente a matasse e a comesse, nunca seria pego, nunca seria
punido. Mesmo se confessasse para Jacen, o seu mentor analisaria os dados
e determinaria que era a escolha de sobrevivência correta.
De fato, qualquer argumento lógico que Ben encontrava sugeria que
comer Kiara era a ação mais apropriada. O plano que Ben acabara de
colocar em movimento poderia não funcionar. Poderia levar dias para
completá-lo. Poderia morrer antes.
Cada argumento lógico...
Ben franziu a testa, mas nem todos os argumentos precisavam ser
lógicos. Kiara era uma garotinha, e uma que acabara de perder o pai. O seu
papai. Não importa que o pai dela parecia ser um criminoso insignificante e
as chances, baseadas em arquivos de dados que Ben vira nos computadores
da Guarda, eram de que Kiara cresceria e se tornaria uma criminosa
insignificante ou algum outro tipo de escória da sociedade. Ela poderia
crescer e inventar um medicamento melhor do que bacta, ou compor
músicas ou atuar em holonovelas que deixassem as coisas melhores para as
pessoas. Ou ela poderia ter filhos que fizessem essas coisas, ou ensinar
crianças a fazer essas coisas.
Mas não se ela morresse agora.
Nem tinha certeza se gostava dela; eles não tinham energia o bastante
para conversar frequentemente em sua longa caminhada, mas se sentia mal
por ela, sentia-se protetor...
Sentia.
E isso lhe parecia que nem pensar ou sentir precisavam mandar um no
outro. Para os Jedi, eles podiam se misturar, ser parceiros. Imaginou se era o
caso com os Guardas também.
Nada disso respondia a questão do porque as vozes começaram
sugerindo a proteção de Kiara e agora insistiam para comê-la, mas a
resposta, uma resposta possível, de qualquer forma, veio até ele.
Elas lhe disseram para protegê-la porque era o que decidira fazer, e não
sabia como. Ao sugerir que elas podiam tirar Ben e Kiara desse planeta
vivos, elas fizeram Ben ouvi-las. Começara a entendê-las... e então
começara a pensar da maneira que elas pensavam. E agora elas podiam
sugerir coisas diferentes. Elas podiam sugerir o que queriam o tempo todo.
Sentiu uma onda de raiva, mas a reprimiu. Não tinha energia para ficar
com raiva agora.
Notou que as vozes ficaram quietas.

E nesse silêncio, Ben contou à Kiara a história de um jovem garoto escravo


sensitivo à Força que venceu uma corrida de Pod em Tatooine e conquistou
a sua liberdade.
— Eles o alimentaram quando ele venceu? — Kiara perguntou.
— Tudo o que ele podia comer, e até mais. — Ben garantiu a ela.

Não muito tempo depois, Ben sentiu o olhar no céu. Olhou para as nuvens
acima e puxou a capa ainda mais apertada ao redor deles.
— Ele está lá?
— Sim, está.
Esse piloto não era sútil. Ele mandou o TIE fighter em um mergulho
gritante que terminou com o veículo a meros vinte metros acima do chão.
Então ele precisou diminuir e dar a volta, porque o boneco de Ben não era
visível dos espaços abertos ao redor da cidadela. Ele precisaria subir e então
descer pelo fosso entre as paredes externas e internas... e então ele alinhou
os lasers com o boneco de Ben.
Agora. Através da Força, Ben se estendeu contra as pedras no topo da
parede interna, por todo o caminho da parede acima do caça estelar.
Era difícil. Sentia-se tão cansado, era quase impossível focar, mas um
entendimento de que isso poderia ser a diferença entre a vida e a morte, do
frio, ou fome ou mumificação, o conduziu, e viu as pedras bem acima
começarem a balançar e então se soltaram.
O TIE fighter atirou e o boneco de Ben caiu, com os cobertores pegando
fogo.
O TIE fighter deslizou pra frente lentamente com os repulsores. Ben
sabia o porquê. O disparo de um canhão laser acertando um ser humano não
necessariamente destruiria o seu corpo completamente, mas transformaria
tanto do corpo da vítima em vapor que ela pareceria explodir. Não
simplesmente cairia. O piloto deveria estar curioso sobre o que acontecera.
O TIE fighter estava a meros cinco metros do boneco queimando
quando a primeira rocha, não maior do que uma cabeça humana, atingiu o
seu casco. Em seu mérito, o piloto reagiu instantaneamente, desviando e
subindo...
Direto pela porção mais densa de pedras caindo.
As pedras caíram mais de cem metros. Algumas pesando um quarto de
tonelada ou mais. Todas com bordas afiadas e algumas delas atingiram com
a borda primeiro.
O TIE fighter girou loucamente sem controle, acertou a parede interna
da cidadela, e ricocheteou. Com os motores de íon gêmeos ainda atirando,
mas o caça estelar girava tão rápido que isso apenas acrescentou energia à
sua espiral.
Ele pousou além da parede externa, com o seu casco colapsando com o
impacto, e continuou rolando, rompendo o painel solar das asas.
Ele rolou por meio quilômetro antes de parar contra um pilar de pedra
natural.
Ben se levantou e imediatamente se sentiu zonzo, mas confiou na Força
para se fortalecer e se estabilizar. Ajudou Kiara a se levantar.
— Temos que nos apressar. — ele disse. — Mais caças podem estar
vindo.

Ben disse à Kiara para escalar uma árvore enquanto examinava os


destroços. Quando viu o que sobrou do piloto, um Chev de pele pálida em
um uniforme bronze, ficou contente de ter feito aquilo.
Não demorou muito para abrir a escotilha do pequeno compartimento
de carga do caça estelar. O seu conteúdo se soltara das amarras que os
seguravam, mas estavam intactos: dois dias de rações para um homem
adulto, um kit médico, pacotes de energia, um comunicador de longo
alcance, uma jangada autoinflável, tabletes de purificação de água... Pegou
tudo, e outros bens do corpo do Chev. Então, o mais rápido que pode, ele e
Kiara correram para longe do local da queda e de volta para a segurança
questionável da cidadela.
Não ocorreu a Ben lamentar o ser cuja vida acabara de tomar.

CORUSCANT. NA AVENTURA ERRANTE

— Alema Rar acabou de se comunicar comigo.


Leia encarou incrédula a tela, mas Lavint parecia honesta o bastante.
— O que ela queria?
— Vocês dois, é claro.
— E o que você disse a ela?
— Eu disse que vocês estariam em Gilatter Oito em alguns dias. Eu
imagino que ela irá até lá e será explodida. Uma pena pela YV-666, eu
acho.
— Bom, você não mentiu. — Leia disse. — É exatamente onde
estaremos.
— Estaremos? — Disse Han.
— Vocês estarão? — Na tela, a mandíbula de Lavint caiu para um lado,
com uma expressão exagerada de espanto. — Desculpe. Eu não sabia.
— Não se preocupe. — Leia disse. — Eu acabei de decidir. Não é o
bastante ouvir que alguém como Alema Rar foi explodida em pedaços. Eu
realmente preciso ver por mim mesma.
— Ou até mesmo puxar o gatilho. — Han murmurou.

SISTEMA GILATTER, ESTAÇÃO DE RESORT ORBITANDO


GILATTER VIII

De uma distância de várias centenas de quilômetros, Luke assistia a


atividade na estação. Usava apenas sensores passivos, incluindo uma
holocâmera utilizando um equipamento de ampliação visual de alto nível, e
sabia que Mara, flutuando a menos de cem metros dele no próprio StealthX
dela, fazia o mesmo.
Meia dúzia de veículos estavam atracados à estação. As tripulações
dentro estavam presumidamente realizando consertos e deixando a estação
antiquada pronta para a cerimônia que aconteceria em breve.
Luke, Mara e os companheiros pilotos, incluindo Corran, Kyp, Jaina e
Zekk, além de Jag, finalmente trocando de turno no StealthX de Jaina,
monitoraram o sistema completamente. Havia realmente droides sensores
satélites ao longo dos acessos padrões ao sistema, mas nenhum situado em
outros lugares, e haviam rotas nas quais o conjunto de sensores estava cego
de fora do sistema até o lado oposto de Gilatter VIII. Os Jedi já haviam
guiado várias naves da Nona Frota para órbitas dentro da atmosfera externa
de Gilatter VIII. Outra embarcação guiada por eles até o lugar era a nau
capitânia temporária da Almirante Niathal, o antigo, mas ainda poderoso
cruzador Mon Calamari Viajante Galáctico.
Luke discordava daquela escolha. Niathal estava simplesmente fazendo
uso de um recurso disponível? Ou, lembrando-se de que a Viajante havia
sido a capitânia de Almirante Ackbar, ela estava usando o honrado nome
estrategista para se promover? Luke não sabia.
Mas pensar nisso era melhor do que imaginar o que aconteceu com o
Ben.

ZIOST

Ben e Kiara descansaram pelo resto do dia, e do topo da pilha de rochas,


logo após a entrada da cidadela, eles observaram o transporte.
Desceu das nuvens menos de quinze minutos após Ben, Kiara e um
Shaker revitalizado alcançarem a entrada. Era um velho transporte com asas
dobráveis e uma pintura bronze, e ele não pousou. Deu voltas sobre o local
do acidente sem parar, então decolou para os céus mais uma vez.
Ben ficou curioso sobre aquilo. Os tripulantes estavam com medo de
pousarem em Ziost? Isso fazia sentido, na verdade.
Por mais famintos que estivessem, Ben insistiu que comessem não mais
do que metade das rações que recuperaram do TIE fighter. O resto eles
poderiam comer ao longo de três ou quatro dias. Talvez até lá eles tenham
encontrado mais comida, ou uma maneira de sair do planeta.

Pela manhã, com bastões luminosos fixados a novos pacotes de energia,


eles saíram em uma busca.
Não demorou muito. Tudo o que Ben precisava fazer era se abrir para as
vozes. Elas o guiaram em uma descida para vários andares, onde o chão dos
corredores estava coberto por uma lama antiga, para um longo poço lateral
que os levou para bem longe da cidadela propriamente dita. Os guiou até
uma câmara circular não iluminada. As suas paredes eram decoradas em
dezoito nichos, cada um grande o bastante para acomodar uma estátua em
tamanho real de um humano de tamanho médio, mas todos vazios.
— Ela se foi. — Kiara disse.
Ben balançou a cabeça. As imagens em sua cabeça eram claras. A nave
estava ali.
— Saia. — ele disse.
Ouviu risadas.
Kiara pareceu sentir, também. Ela se afastou para ficar ao lado de
Shaker e olhou por toda a volta, procurando a fonte.
Ben franziu a testa. Os seus instintos, e o que as vozes sussurraram para
ele quando mal entendia as suas palavras, diziam-lhe que a emoção era a
chave, mas nenhuma emoção gentil, suave e bem-vinda serviria.
Aumentou a voz, e colocou raiva nela:
— Saia!
Se tentasse no dia anterior, quando estava fraco pela falta de comida,
ele, sem dúvida, falharia, mas agora houve um estrondo no solo e uma
rachadura apareceu na lama quase seca do chão, uma rachadura tão reta
quanto um feixe laser, cortando o cômodo ao meio.
Shaker, cujas pernas estavam em cima da rachadura, deu um assobio de
alarme e rapidamente se moveu para o lado. Kiara se juntou a ele.
A rachadura aumentou rapidamente do centro do cômodo, mais do que
nas bordas. Lá, ela se tornou circular, e de cima dela, iluminada
inadequadamente pelo bastão luminoso de Ben, veio um braço segmentado
de metal com vários metros de comprimento... e então a parte superior do
corpo esférico principal de um veículo. A sua janela circular central,
iluminada por trás e irradiando um amarelo doentio, parecia um olho os
encarando. A esfera deveria ter dez metros de diâmetro, metade deles
projetando-se acima do nível do chão; um intervalo de três metros separava
a borda do piso da parte mais próxima do casco do veículo.
Ben cambaleou, tanto por fraqueza quanto por alívio. O veículo estava
ali, era real... e se a presença que ele sentia dentro dele, um maligno
conjunto de emoções detectável através da Força, fosse alguma indicação,
ele funcionava, mesmo após séculos enterrado.
— Abra. — ele comandou.
Após um momento, uma linha vertical apareceu por baixo da janela e
desceu como uma escotilha, com a sua extremidade tocando a borda do
piso.
Ben atravessou e subiu no veículo.
Mas se antecipou ao encontrar um assento de controle, um manche, com
o hiperespaço e controle de armas, se desapontou. O interior, que poderia
ocupar apenas uma fração do volume do veículo, era uma única câmara em
formato de disco, quatro metros de diâmetro e dois e meio de altura. O
corredor levando até a rampa era a única saída. As paredes pareciam de
pedra polida laranja, brilhando como se fossem finas placas sobre lava
derretida, e o interior do veículo era bem quente.
Quando chegou ao centro da câmara em forma de disco, Ben se virou
para todos os lados, procurando os controles, mas não encontrou nenhum.
E agora até mesmo as vozes sumiram. No lugar delas havia uma
poderosa expectativa, uma sensação de espera.
Ben fechou os olhos e tentou sentir o lugar, esse veículo... e sentiu. Por
um momento viu uma mulher de pele vermelha em um manto de tons
vulcânicos ajoelhando, com a sua lança dourada no chão ao lado dela.
Era isso, então. O piloto precisava se comunicar com o veículo através
da Força. Rapidamente se ajoelhou onde a mulher em sua visão estivera.
Comande. A voz, masculina, rica em malícia, falou diretamente na
mente dele.
Ben olhou para a rampa e chamou Kiara e Shaker:
— Hora de ir.
A garotinha balançou a cabeça. O astromecânico assobiou pra ela.
— Kiara, precisamos ir.
— Eu não quero ir nessa coisa. — ela choramingou. — Ela vai me
comer.
Ben deu um sorriso tranquilizador pra ela.
— E se ela comer?
Ela levou um momento para responder.
— Você vai pular na garganta dela e cortar nosso caminho pra fora,
juntos.
— Isso mesmo.
Ainda relutante, ela avançou, timidamente deu o primeiro passo para
subir a rampa, e correu até a câmara. Ela jogou-se ao chão para sentar ao
lado dele. Um momento depois, Shaker colocou-se do outro lado dele e
travou as suas rodas.
— Feche. — Ben comandou, e a rampa subiu.
Agora era a parte da qual ele não tinha certeza.
— Decole. — ele disse.
Por longos segundos nada aconteceu, e Ben se perguntou quantas
palavras ele poderia tentar antes de encontrar o comando certo, mas
aparentemente a intenção era suficiente, intenção e visualizar o que queria
que acontecesse.
A luz do lado de fora do veículo se intensificou. Subitamente, um
branco cegante, alcançou os nichos nas paredes. Ben olhou pra cima, vendo
apenas o telhado acima dele. Então ele fechou os olhos novamente e tentou
ver como o veículo via.
E ele conseguiu. O teto acima do veículo recuara para o lado em duas
partes, e a luz do sol iluminou a câmara. O veículo começou a vibrar como
um animal selvagem se preparando para atacar.
— Prepare-se. — Ben disse, — eu acho que vai...
A embarcação acelerou direto pra cima, com o seu movimento
pressionando Ben e Kiara contra o chão.
Capítulo Vinte
SISTEMA GILATTER, APROXIMANDO DA ÓRBITA DE GILATTER
VIII

As maiores recompensas vinham dos maiores riscos, Jacen dissera, e


Lumiya concordara com ele.
— Desde que você avalie corretamente a recompensa e os riscos. — ela
acrescentara.
E então se voluntariara para acompanhá-lo nessa expedição para se
infiltrar na cerimônia de eleição da Confederação.
Organizá-la fora fácil o bastante. Fora a Inteligência da Aliança
Galáctica que descobrira que haveria representantes do Conselho de
Herança do Consórcio Hapes, a conspiração que colaborou com Corellia
para matar Tenel Ka, na reunião. E a Almirante Niathal fora a primeira a
propôr que grupos independentes autenticados, mesmo de mundos muito
devotos à Aliança Galáctica, poderiam ser admitidos.
Não fora muito trabalhoso para Jacen persuadir Niathal que ele deveria
ser o agente da Aliança Galáctica designado para comparecer na reunião,
com a sua posição de Jedi com os laços mais próximos ao exército
assegurava a ele esse direito. Manipular as coisas para que Lumiya pudesse
acompanhá-lo fora mais complicado, mas admitira manter várias
identidades falsas completamente detalhadas que resistiriam à fiscalização
da divisão de inteligência dos dois lados, e uma delas, da contrabandista
Silfinia Ell, possuía um mundo natal registrado que encaixaria no perfil que
a Inteligência da AG precisava. Então Jacen providenciara documentos para
ele e “Silfinia” do governo de Ession, e agora, como as suas feições
estavam completamente disfarçadas sob um spray de pele escura e uma
barba, ele carregava uma identidade mostrando-o como membro do partido
revolucionário mais violento de Ession. Trabalhando através da Capitã
Lavint e os seus contatos misteriosos, ele fora capaz de brigar pela
admissão na cerimônia..., mas não um voto.
Estava tudo bem. Não estava lá para votar. Estava lá para notar rostos,
identificar traidores e distrair todos os presentes, talvez matando todos,
quando a batalha começasse.
E Lumiya estava ao lado dele, agindo como reforço no caso de
confusão. As suas feições marcadas escondidas sob a sua maquiagem
aplicada habilmente, ela agora estava com a pele escurecida e os cabelos
como os dele.
Jacen guiou o feio transporte em formato de disco, de origem
Corelliana, até o vetor de aproximação que a dura voz no painel de
comunicação designara pra ele.
— Uma bela força. — ele disse. Através da janela e na tela do sensor
principal, podia ver Cruzadores de Assalto Bothanos, cruzadores e fragatas
Corellianos, um Star Destroier de classe Imperial, numerosas naves e
transportes. Havia um grande tráfego de transportes para a estação, a qual
parecia com um domo no formato de processador de suco repousando em
um prato, mas com um quilômetro de diâmetro.
— E está pronta para agir. — Lumiya disse. — Você consegue sentir na
Força, a prontidão das tripulações e oficiais? Eles querem sangue. Isso
sugere que seguirão para o mais próximo dos prováveis alvos.
— A própria Coruscant. Apesar de Kuat não ser muito mais distante. —
O transporte tremeu como se levasse um tiro. — Ei. — Ele não recebera
aviso anterior através da Força de um ataque iminente. — Raio trator. — ele
disse.
— O pessoal de segurança deles obviamente gosta de estar no controle
total. — Lumiya respondeu.
Em minutos, o trasporte foi atraído para uma estação de atracamento
externa, e Lumiya se provou certa. Quando a escotilha do lado da estação se
abriu, pessoas em uniforme da SegCor embarcaram, com o seu comandante
declarando:
— Dê os códigos de acesso de seu veículo para o Sargento Mezer. Ele
levará a sua nave para uma zona de retirada designada.
A voz dela era baixa e contente, Lumiya perguntou:
— Ele espera gorjeta?
O oficial piscou.
— O regulamento da reunião proíbe qualquer veículo de permanecer
dentro de um quilômetro da estação. — ele replicou, então percebeu que
não respondeu a questão dela. — A gorjeta não é necessária. Não poderia
aceitar se você oferecesse.
— Pena. — Ela atravessou a escotilha aberta.
Jacen deu os seus códigos para o piloto temporário, então seguiu
Lumiya. Encontrou-a sendo recebida por um Bothano de pelo branco de
disposição decididamente mais amigável daquela dos agentes da SegCor.
— Silfinia Ell. — ela disse, enquanto permitia o Bothano a apertar a sua
mão. — Frente de Liberdade de Ession. E o meu sobrinho, Najack Ell.
O Bothano piscou, claramente nunca ouvira falar da Frente ou da
família Ell.
— Encantado. — ele respondeu. Ele relutantemente apertou a mão de
Jacen. — Breyf T'dawlish. Um de seus anfitriões.
— Quando a votação começa? — Jacen perguntou. — Não recebemos
um cronograma dos eventos.
— Muito engraçado. — O Bothano acenou para a porta distante levando
pra fora do cômodo assepticamente braco e limpo no qual entraram. —
Aqui era uma câmara de descontaminação. Ela é, infelizmente, quase imune
à decoração, mas além daquela porta vocês encontrarão ambientes mais
naturais. Comida, bebida, boa companhia. Companhia de opinião similar.
— Gostaria de um pouco disso. — Jacen disse, e ouviu Lumiya reprimir
uma risada.

***

Da rasa profundidade dentro da atmosfera de Gilatter VIII, as tripulações da


força da Aliança tinham uma visão decente da distante estação espacial e as
estrelas além. A atmosfera fazia as estrelas piscar um pouco e deixava a
vista ligeiramente nebulosa; isso era tudo.
— Transmissão restrita do Stealth Um. — o assessor de Niathal disse a
ela na ponte da Viajante Galáctico. — Um cruzador leve Hutt chegando,
mas é a única nave maior na última meia hora. O nível de chegadas
importantes caiu para quase zero.
Niathal, sentada em sua cadeira de comando articulada giratória, fez
uma careta. As chances agora estavam longe de iguais, o que poderia ser
problemático em um combate direto. Felizmente, a Aliança tinha a
vantagem da surpresa.
— Muito bem. — ela disse, com as suas palavras simplesmente
reconhecendo que ouvira o relato do assessor. — Algum participante
importante faltando?
— Não, senhora.
Niathal ergueu a voz para que pudesse ser ouvida na ponte inteira:
— Envie a ordem para a frota. Todos em frente lentamente. As
embarcações afastadas não devem saltar até receberem um comando direto.

Jacen e Lumiya se separaram ao entrar, era melhor para adquirir


informações em uma área mais ampla.
A câmara principal do resort, o domo acima recentemente limpo para
oferecer uma visão sem obstrução de Gilatter VIII, estava disposta com
longas mesas cheias de comes e bebes. Representantes vagavam de uma
para a outra, ou de um pequeno grupo para o próximo. Não havia urgência
ou animosidade visível entre eles.
Havia... curiosidade. Tão crucial quanto a eleição de um supremo
comandante de guerra deveria ser, Jacen esperava mais ansiedade.
E mais notoriedade entre os presentes. Até então, não reconhecera um
único rosto.
Jacen aceitou uma bebida de uma garçonete, uma mulher alta de cabelos
claros em um vestido branco que parecia datar da antiga Velha República,
mas era provavelmente apenas um vestido da moda em algum mundo
remoto.
— Então, onde está o coordenador? — Ele perguntou, fazendo a
questão soar inofensiva.
— Não sei, senhor.
— Alguma ideia de quando os argumentos de abertura devem começar?
A garçonete ergueu a mão para tocar a orelha, apenas num gesto
nervoso, exceto por Jacen poder sentir a mentira na natureza casual do
movimento dela.
— Eu também não sei disso. Talvez eles tenham enviado o cronograma
para o datapad de todos?
— O que você acabou de fazer? — Jacen perguntou.
O nervoso da mulher aumentou dez vezes ou mais.
— Eu respondi a sua per...
— Não. — Ele se inclinou para perto, intimidante. — Quando você
tocou a sua orelha. Diga. Ou eu serei forçado a matá-la.
Ela olhou para a direita e esquerda como se procurasse uma saída... ou
um observador.
— Por favor. — ela disse, — nós devemos fazer isso. Se alguém fizer
perguntas.
— Você enviou um sinal.
— Sim.
Jacen se virou e caminhou rapidamente de volta pela porta pela qual
entraram na grande câmara. Através da Força, alcançou Lumiya, com um
aviso.
— Seres gentis! — A voz era tão alta, transmitida de cima, que Jacen
foi obrigado a olhar.
Na direção do centro da grande câmara, um holograma se formava.
Com seis metros de altura, ele mostrava um humano em uniforme branco de
almirante, o corte e estilo mais apropriado para a era do Império de
Palpatine do que as forças militares modernas. O homem era elegante, com
maçãs do rosto altas e cabelos claros cortados no estilo militar. Uma
cicatriz, lívida mesmo no holograma, começava em seu lábio superior
esquerdo e cruzava o lábio inferior. Para Jacen, parecia muito com o
General Tycho Celchu, mas faltava a cordialidade daquele oficial.
— Se vocês voltarem a sua atenção ao céu. — o almirante continuou, —
testemunharão as forças da Aliança Galáctica emergindo da atmosfera do
planeta. Isso será visível como uma série de clarões brilhantes enquanto
eles atingem nossa grade de minas. Mais próximo a nós, eu gostaria de
apresentar a vocês o nosso distinto visitante.
Um holofote vindo de cima iluminou os olhos de Jacen. Ele se
contorceu, sabendo estar emoldurado por seu brilho, e se virou para encarar
o holograma.
O holograma continuou:
— Se os nossos especialistas valem o que pagamos a eles, vocês podem
fazer um brinde ao Coronel Jacen Solo, Guarda da Aliança Galáctica.
Alguns de vocês, Corellianos, podem ter perdido parentes e amigos pelas
recentes atividades desse homem.
Jacen ouviu o murmúrio de raiva de alguns na multidão, mas a maioria
reagia apenas com curiosidade. Alguns se afastavam dele. Outros tomavam
um gole de suas bebidas, despreocupados.
— Não fomos apresentados. — Jacen disse, projetando a sua voz.
O holograma gigante assentiu.
— General Turr Phennir. Supremo Comandante do exército da
Confederação. Ao seu dispor.
— Eu pensei...
— Que hoje seria o dia no qual esse oficial seria eleito. — Phennir
balançou a cabeça como se entristecido pela credulidade de Jacen. — Um
engodo que pensei ser útil para atrair as suas forças e a sua presença aqui é
mais um benefício, um inesperado. Eu sei que vai tentar fugir lutando, mas
eu devo pedir, por favor não mate os representantes. Eles são apenas atores.
Atrás de Jacen veio o som de pés correndo, os agentes de segurança.
Eles, tinha certeza, eram reais.
Sim, fugiria lutando, mas precisava fazer algo antes. Fez um gesto pra
cima, na direção de Gilatter VIII, e colocou todo o seu coração em dois
pensamentos: É uma armadilha! Minas!

— É uma armadilha. — Luke gritou em seu comunicador. — Ele está


vendo minas. Eu repito, minas.
— Entendido, Stealth Um. — veio a voz do oficial de comunicação da
Viajante. — Esteja ciente, com essa transmissão, a sua posição foi
comprometida.
— Não brinca. Stealth Um desliga. — Luke alterou a frequência do
painel de comunicação para a do esquadrão.
— E agora? — Mara perguntou.
— Entramos. — Luke disse. Ele podia ouvir a relutância na própria voz.
— E resgatamos Jacen.
Pela comunicação interna do X-Wing, R2-D2, diretamente atrás de
Luke, ofereceu um trinado melancólico.

Cada oficial na ponte da Viajante Galáctico esperava a ordem chegar, a


ordem para tomar uma nova direção, para circundar a grade de minas à
frente deles.
Não foi o que receberam.
— Continuem em frente lentamente. — Niathal ordenou. — Todos os
canhões dianteiros de todas as embarcações liderando, abram fogo em
padrão de varredura diretamente à frente. Segunda fileira de naves
capitânias e caças estelares ainda em formação, para trás das naves
capitânias. A ordem é dada para Anakin Solo e todas as embarcações
distantes para saltar.
Houve um breve atraso, e então a tripulação da ponte se voltou para as
suas novas tarefas.
O comandante da Viajante Galáctico, um Quarren chamado Squinn, se
inclinou na direção de Niathal. Os seus tentáculos faciais estavam imóveis
pela calma forçada, mas uma pergunta queimava em seus olhos.
Niathal a respondeu. Ela precisou falar mais alto enquanto as baterias de
armas da Viajante começavam a atirar:
— Se não tivéssemos recebido o aviso de Solo, Capitão, o que acha que
aconteceria?
— Teríamos avançado até o campo minado.
— Até?
— Até as nossas naves avançadas acertarem as minas.
— E então?
Entendimento surgiu na expressão do Quarren.
— Adotaríamos um novo curso, um curso lateral. Para mais minas
manobradas enquanto esperávamos aqui.
Niathal assentiu.
— Minas que não poderíamos detectar por causa da atmosfera mais
densa ao redor e abaixo de nós. Minas que continuariam a se aproximar de
nós. Dessa maneira, seremos esmagados, mas com o menor número de
recursos que possuem atualmente para jogarem contra nós.
— Entendido. — Capitão Squinn se afastou novamente.

— É uma armadilha. — Leia disse. Apesar do aviso de Jacen através da


Força não ser voltado para ela, Leia não poderia evitar ouvir, não uma
emoção apavorada de seu próprio filho.
Inclinou-se para frente no assento do copiloto da Falcon, mas a única
coisa visível do sistema Gilatter era a sua estrela amarela, bem em frente,
distante e pequena.
— Han, você me ouviu?
— Ouvi. — O rosto de Han era, pela primeira vez, uma máscara de
indecisão.
— Precisamos ir e ajudá-lo. — ela disse. As palavras machucavam. A
raiva pelas ações de Jacen não diminuíram. Ela não confiava nele.
Mas ele era filho dela. Precisava salvá-lo.
— Estamos esperando notícias sobre Alema. — Han disse, mas havia
dor em sua voz, também. O protesto dele parecia fraco.
— Vai, Han.
— Sim. — Ele acionou os propulsores. A Falcon já estava orientada
diretamente para Gilatter VIII. Tudo o que precisavam fazer era ativar o
hiperdrive.
Lando se levantou do assento do navegador atrás dele.
— Não é como se eu fizesse parte dessa conversa, mas eu suspeito que
devo operar um dos canhões. Certo? — Sem receber resposta, ele suspirou
e seguiu para os tubos de acesso dos canhões, com a sua capa esvoaçando
atrás dele.

O holograma de Turr Phennir aparecera tão perto de Alema que ficou,


inicialmente, parcialmente dentro de sua perna direita. Afastou-se,
desaparecendo na multidão.
Chegar a essa reunião fora mais fácil pra ela do que qualquer outro
infiltrado, pensou. Afinal, as memórias de sua presença desapareciam das
mentes daqueles com quem encontrava apenas minutos após partir. Isso, e
as suas habilidades Jedi, tornava passar pelos guardas uma brincadeira de
criança, espreitar conversas e nunca manchar as memórias daqueles cujos
recursos eles usavam.
A menos que quisesse que lembrassem, como a Capitã Lavint.
Agora esperava não ser notada ao sair do salão principal. Não pensava
que seria. Jacen Solo fazia um belo trabalho ao atrair a atenção de todos.
Ele estava parado sozinho, um semicírculo de guardas de segurança de
várias forças diferentes bloqueavam o seu caminho, e enquanto assista eles
abriram fogo. Ele saltou sobre a chuva de disparos de blaster, acionando o
seu sabre de luz enquanto subia, e desceu atrás de seus inimigos. Ele girou,
e dois deles subitamente estavam sem cabeça. O resto recuou, atirando
enquanto se viravam.
Tudo o que Alema precisava fazer era fugir desse desastre, juntar-se à
turba de atores agora se movendo em uma retirada apavorada na direção das
câmaras de acesso aos transportes...
Então sentiu a sua presa. Leia estava por perto, enviando tranquilidade
através da Força.
Para Jacen. Só podia ser para Jacen. Aquela mensagem certamente não
era destinada a ela.
Mas agora não poderia partir. Precisava esperar para ver se Han estava
com Leia.
Desviando de seu caminho de fuga, seguiu até uma parede e fundiu-se
com as sombras lá.

ZIOST

Hirrtu, o Rodiano, tagarelava a bordo da Encontro no Cemitério, dessa vez


claramente surpreso.
— Condição de lançamento? — Dyur ligou a tela de sensores.
Mostrava uma espaçonave vindo, com o seu ponto de origem a apenas
cem metros de onde o Chev, Ovvit, morrera.
— Ele encontrou uma maneira de sair. — ele disse. — Garoto esperto.
A propósito... estações de batalha.

Tudo era tão alienígena. Através da pele do veículo, Ben podia ver o chão e
estrelas, podia até mesmo reconhecer algumas das estrelas.
E podia ver um cargueiro atarracado de aparência desajeitada mudar a
sua órbita para se aproximar do ponto no qual subia.
O seu coração apertou. Não poderia vencer um conflito em um veículo
que mal sabia como pilotar, sem sistemas de armas ou sistemas mais velhos
do que a maioria dos governos planetários modernos.
— Quais são minhas armas? — Ele perguntou.
Elas apareceram em sua mente. O braço na parte inferior do veículo
podia se enrolar até a base de pouso, ou podia permanecer estendido e
direcionar um ataque laser. O braço na parte superior do veículo podia se
alinhar com os oponentes e atirar bolas de metal neles.
— Canhão. — Ele quase cuspiu a palavra. — Canhão físico.
Para a sua surpresa, o veículo respondeu com indignação às suas
palavras. A sua visão mental se aproximou da arma montada no topo.
Assistiu enquanto uma bola de metal do tamanho de sua cabeça rolou,
impulsionada por ímãs, de um tubo até a base do braço articulado. E então
sumiu, emergindo do outro lado do braço como um borrão, sem sons de
propulsores acompanhando a ação.
Espiou mais de perto e a sequência se repetiu, mais lentamente, em sua
mente. A bola estava lá... e o mesmo magnetismo que a levara até seu lugar
acelerou ao longo do braço, aumentando a velocidade com cada centímetro
avançado até chegar ao final da arma.
Acelerador magnético. Ben ouvira falar de tais coisas, uma arma
Verpine, pensou, apesar de que aquele era um dispositivo bem menor.
Nunca ouvira falar de um sendo montado em escala de caça.
E talvez os seus inimigos tampouco.
A sua consulta mental lhe disse que estava a menos de um minuto até
estar perto o bastante para aqueles inimigos atirarem eficazmente contra ele.
Um minuto para praticar.
— Desvie. — ele disse. E o veículo começou uma dança pra frente e pra
trás, de esquerda pra direita, que quase lançou Ben de sua posição
ajoelhada. Kiara deslizou pelo chão áspero, até agarrar uma das pernas de
Shaker para se estabilizar.
Era frustrante não ter controle direto do veículo, mas também
empolgante apenas dar as ordens e vê-las serem seguidas.
— Preparar arma superior. — ele disse.
Como se fosse parte de seu corpo, podia sentir a bola de metal ser
manobrada até a base da arma. Podia também sentir uma impaciência
crescente dentro do veículo. Ocorreu-lhe, que o pensamento tenha sido
originado dele ou de sua embarcação, que não precisava dizer as coisas em
voz alta.
O cargueiro abriu fogo. Ben podia ver clarões de luz ao redor dele,
então uma dor estalou em seus ombros quando um dos disparos acertou a
parte superior do casco. O choque quase o fez perder a concentração, mas a
raiva era a sua amiga, raiva o ajudava a manter o foco.
Disparar arma superior. A bola deixou a arma, lançada na direção do
cargueiro... e raspou em seus escudos e casco, ricocheteando inofensiva.
Tarde demais, Ben percebeu que a bola ainda era uma extensão do
veículo, uma extensão de si mesmo. Mesmo agora, poderia conduzi-la um
pouco, desviar o seu curso, mas instintivamente sabia que virá-la e mandá-
la de volta contra o cargueiro tomaria muito de sua energia.
O veículo de Ben ultrapassou o cargueiro, que se virou para segui-lo.
Começou a virar antes de terem passado, na verdade, mantendo a sua proa e
estibordo na direção do veículo de Ziost, e Ben pensou ver algo se
contorcer e mudar a bombordo do cargueiro.
Sentiu o desejo de seu veículo de atirar com a arma inferior, para
espalhar laser sobre o inimigo, mas Ben estava mais focado no que vira.
Vire, pensou. Mergulhe na direção de Ziost. Volte do outro lado do
cargueiro.
O veículo inverteu com a velocidade e raio da curvatura de um caça
estelar moderno e desceu para subir pelo lado a bombordo do cargueiro. O
comandante inimigo sentiu a sua intenção, tentou virar para manter a proa e
estibordo o encarando, mas a velocidade e manobrabilidade da embarcação
de Ziost eram grandes demais. Quando o ângulo estava correto, pode ver
um grande painel a bombordo aberto, com outro TIE fighter lá, pronto para
decolar.
A raiva rugiu dentro de Ben, raiva pela lembrança de ser alvejado, raiva
pelo que o outro TIE fizera com Kiara e a sua vida, e uma segunda bola
deixou a sua arma superior antes que percebesse que a lançara.
O cargueiro rotacionava agora, tentando erguer o casco inferior para
levar ou desviar o disparo, mas Ben se aplicou através da Força e viu a bola
mudar o seu arco, subindo para evitar o ventre do cargueiro, ignorando os
escudos, lançando-se diretamente no compartimento aberto, com o seu
ângulo em direção a popa.
A bola emergiu a estibordo, levando consigo detritos do que um dia
foram componentes de atmosfera e propulsores.
O curso e velocidade do cargueiro estavam descontrolados. Ao
atravessar, a bola cedeu parte de sua própria energia cinética para o alvo e
parecia não ter causado danos importantes, mas então o cargueiro girou e
começou uma descida imediata na direção da atmosfera.
Agora Ben deixou a sua embarcação abrir fogo com o laser. Feixes
vermelhos tremulavam sobre o casco superior do cargueiro, com energia o
bastante para atravessar os escudos e chamuscar a pintura e rachar uma
antena de comunicação.
Ben balançou a cabeça, ordenando à embarcação parar cessar fogo, e
orientou-se na direção do espaço. Relaxou, sentando-se em vez de ajoelhar-
se.
— O que aconteceu? — Kiara perguntou.
— Vencemos. — Agora tudo o que precisava fazer era encontrar um
caminho pra casa, usar uma espaçonave sem computador de navegação, que
poderia não ter um hiperdrive, para chegar até o sistema estelar civilizado
mais próximo, provavelmente Almania novamente. Coruscant era esperar
demais...
Pelo olho de sua mente, Coruscant cresceu, e podia vê-lo
simultaneamente como um brilho distante no mar de estrelas.
Você pode nos levar para lá?
Sabia que o veículo poderia.
Antes de ficarmos velhos e morrermos?
O veículo não tinha um entendimento preciso de vida humana, mas Ben
podia sentir que a viagem levaria horas ou dias, não a vida inteira.
Então enviou o comando.

SISTEMA GILATTER RESORT SATÉLITE

Nas sombras onde se escondia, Alema viu duas figuras abrirem caminho
através do fluxo de atores tentando escapar.
Eram Luke Skywalker e Mara Jade Skywalker, vestidos em macacões
pretos com equipamento de pilotos de X-Wing, e Alema quase desmaiou de
alegria. Luke estava ali e veria Mara morrer, Leia estava a caminho... o
universo estava prestes a vivenciar um muito necessário Equilíbrio.
Parou de pular por tempo o bastante para encontrar o seu comunicador.
Falou pra ele:
— Ative e execute a aproximação dois.
Na Duracrud, agora flutuando com todas as outras embarcações
chegadas conduzidas para a área de espera pelo pessoal de segurança do
resort, o computador de navegação estaria carregando e implementando
uma série de manobras simples. A Duracrud posicionar-se-ia diretamente
acima do domo do resort, alguns quilômetros de distância, e então
começaria a acelerar.
— O que você está fazendo, dançarina? — A voz era fria, contente,
familiar e congelou Alema no lugar.
Desviou a atenção da luta, onde Jacen enfrentava um sempre crescente
número de agentes de segurança, e olhou para a direita. A mulher de pele
escura que se dirigia a ela não era familiar... exceto por sua estatura e os
seus olhos verdes.
— Lumiya. — ela disse.
— Eu te fiz uma pergunta.
Alema encolheu o ombro.
— Estamos aqui para matar Mara Jade Skywalker, que está aqui, e Han
Solo, que está vindo. E você?
— Eu estava prestes a adentrar e ajudar Jacen.
— Não faça isso. — Alema balançou a cabeça veementemente. — Se
você resgatá-lo, Luke e Mara vão partir, e Leia e Han não virão. Eles
precisam estar aqui.
Lumiya considerou.
— Então vamos juntas. Nós estarmos aqui impedirá a partida dos
Skywalkers e Solos. Não acha?
— Vamos.
Lumiya se abaixou e rasgou uma longa fenda em seu vestido, libertando
as pernas para se movimentar. Ela desenrolou o lenço decorativo que usava
como cinto, revelando o chicote de luz por baixo, e amarrou o lenço ao
redor da parte inferior do rosto e escalpo, dando a ela o aspecto da Lumiya
conhecida por Alema e os outros. Então ela sacou o chicote.
— Pronta?
Alema ergueu o sabre de luz.
— Estamos.
Ela estava mais feliz do que estivera em um bom, bom tempo.

Luke e Mara se aproximaram misericordiosamente. Pousaram no meio do


grupo mais denso de oficiais de segurança. O sabre de luz de Luke fez um
círculo, cortando cinco ou seis canos de blaster, e Mara fez um gesto com a
Força para derrubar meia dúzia de agentes.
Luke rebateu o disparo de blaster de uma mulher oportunista da SegCor.
— Vamos, Jacen. A sua carona o espera.
Jacen atacou, cortando um atirador Bothano ao meio.
— Eu não preciso de sua ajuda. — Então olhou para além de Luke e a
sua expressão endureceu ainda mais. — Ah, não.
Luke olhou para trás. Han e Leia entravam no salão principal correndo.
— E a sua outra carona está aqui.
Então ele ouviu o sibilo de aviso de Mara, mais através da Força do que
com os ouvidos, e quando ele se virou novamente, Lumiya estava diante
dele.

Enquanto Han e Leia se aproximavam, a natureza da batalha diante deles


mudou em um instante. Abruptamente Luke sacou e acionou o seu segundo
sabre de luz, e usou o seu principal sabre para desviar uma arma que parecia
estranhamente com o chicote de luz de Lumiya.
Han apertou os olhos. A portadora era Lumiya, apesar de sua pele estar
escura. Ergueu o sabre e atirou, mas Lumiya deveria estar ciente da
presença dele; ela simplesmente virou pro lado e o disparo ricocheteou no
chão, então atravessou o peito do holograma de seis metros de um almirante
que dominava o centro do cômodo.
Mara, quase cercada por agentes de segurança, rebatia os disparos de
blaster deles de volta com o próprio sabre de luz. Leia se afastou dela, na
direção de Luke, e então soltou um grito de surpresa quando uma mesinha
deslizou em seu caminho, súbito demais para ela saltar ou desviar.
Tropeçou, mas se levantou e acionou o sabre de luz.
Parou abruptamente para encarar a sua esquerda. Han seguiu o olhar
dela... para ver Alema Rar emergindo das sombras, com um estranho
sorriso em seus lábios, com o sabre de luz ligado na mão.
— Ela é minha. — Leia disse, e saltou em frente.
Han a ignorou. Ele atirou na Twi'lek, mas Alema casualmente pegou o
disparo com o sabre de luz, então começou a girar a lâmina em um padrão
defensivo quando Leia a alcançou.
— Acho que isso resolve a questão de se você estar morta ou não. — Luke
disse. Ele pegou outro estalo do chicote de luz com a lâmina longa, lançou-
se para perto, atacou Lumiya com o shoto, mas com um esforço através da
Força, ela levitou uma cabeça humana cortada para a trajetória do golpe, e o
ataque de Luke mandou a cabeça girando no ar. Caiu em uma mesa cheia de
comida.
— É claro. — Lumiya disse. — Eu achei que sabia. Eu estou morta.
Estive por décadas.
— Então se deite e nos deixe jogar terra em cima de você. — Com um
esforço telecinético similar, Luke puxou a toalha debaixo de todas as
bandejas e a lançou em Lumiya. A toalha a varreu por trás, mas ela estalou
o chicote para trás, cortando o objeto ao meio, então continuou a manobrar
para um golpe para frente. Luke desviou filamentos separados do chicote
com as duas lâminas.
— Você realmente me odeia, não? — Lumiya perguntou.
— Você me deu bastante motivos para isso, mas não. O ódio não é
recíproco. — Luke saltou sobre outra varredura de filamentos, descendo em
cima de uma cadeira e saltando dela quando o ataque seguinte de Lumiya a
desintegrou. Ele pousou levemente, equilibrado.
— Eu não o odeio. — Ela abaixou o chicote. — Sinto muito se é o que
pensa de mim. Eu não o odeio por... um bom tempo. Sim, eu tentei matá-lo,
mas foi profissional. Não pessoal.
Luke ergueu a própria arma por tempo o bastante para rebater um tiro
de blaster perdido, um ataque de um agente de segurança que simplesmente
chegou perto demais dele, então abaixou o sabre de luz, imitando a ação de
Lumiya.
— Você não odeia. De certa forma eu não acredito nisso.
— Pertencemos a escolas rivais, Luke. É só isso. Devo provar?
— Claro.
Lumiya desativou o chicote de luz e o envolveu na cintura. Ela
gesticulou, com as palmas pra cima.
— Mate-me agora, se quiser.
Deu um passo para frente.
— Eu não quero, mas você é uma ameça sem fim pra mim e pra minha
família.
— Então aproveite a chance, mas primeiro, pelos velhos tempos, pegue
a minha mão. — Ela estendeu a mão direita, a palma ainda pra cima, num
gesto de paz.
Luke deu a ela um olhar amargurado.
— Não posso acreditar que você se rebaixaria a uma tática tão infantil.
— Sem tática, Luke. Escute a minha voz. Escute os meus sentimentos.
Não estou oferecendo dedos envenenados ou raios da Força, só um toque.
— A voz dela se tornou ainda mais triste. — Se eu quisesse machucá-lo
esta noite, teria matado o seu sobrinho em vez de deixá-lo fugir.
— Fugir? — Com cuidado para manter Lumiya em sua visão periférica,
Luke examinou a câmara.
A maioria dos atores desaparecera. Mara lidava com um número
crescente de agentes de segurança. Leia enfrentava Alema no salão
principal, com Han seguindo, atirando para apoiar a esposa. O holograma
gigante desaparecera, assim como Jacen.
Ele nos deixou.
— E eu poderia ter te atacado agora mesmo.
Luke voltou a atenção para Lumiya. Não sentiu perigo através da Força,
nenhum mesmo. Nela, havia apenas intenção pacífica.
Extinguiu os sabres de luz e os prendeu no cinto, então estendeu a mão
esquerda, a mão de carne. Os seus dedos roçaram os dela, e então a mão
dela fechou-se sobre a dele.
E nada aconteceu.

— Querida?
— Ocupada. — Leia desferiu uma enxurrada de golpes quase sem parar
em Alema, mas a Twi'lek Jedi continuou se afastando, em ação defensiva,
nunca tentando atacar. Era incomum pra ela.
— Jacen fugiu.
As palavras de Han criaram um nó apertado no peito de Leia. Arriscara
a vida dela, e Han a dele, para salvar o filho, e Jacen simplesmente os
abandonara.
Mas não podia se afundar nisso. Alema ainda era uma ameaça perigosa.
Leia precisava vencer ali.
— Querida.
— O que agora?
— Tem mais chegando.
Leia deu um mortal para recuar de sua inimiga, e no meio do salto viu
que a visão de Gilatter VIII estava parcialmente bloqueada, a mesma nave
na qual vira Alema desaparecer há apenas dias antes de seguir direto para
eles.
Quando pousou, viu que Alema desligara o seu sabre de luz e vestia um
capacete justo e flexível com o visor transparente, um capacete de
emergência de descompressão. Alema sorriu pra ela.

Luke sentiu o perigo vindo, mas não vinha de Lumiya. Virou-se e olhou pra
cima bem a tempo de ver o YV-666 entrar em contato com o domo.
O domo, transparaço antigo, não se estilhaçou. Desabou, amassado
como uma lata de metal fino. A grande massa da nave foi arremessada ao
chão do salão principal, e uma onda gigante se formou no chão.
Luke saltou em direção à saída. Mara estava à frente dele. Viu o efeito
de onda do impacto fazer os corpos saltarem do chão, e a nave de carga, a
velocidade dificilmente controlada, continuar arrastando no chão, formando
um buraco irregular através dos eixos da estação espacial. Além dela, ele
pensou ver os filamentos do chicote de Lumiya fustigando, contra o quê?
Um inimigo? Uma parede, para fornecer a ela uma rota de fuga?
Subitamente o chicote foi obscurecido por uma nuvem de detritos se
expandindo espalhada pelo impacto da YV-666.
A atmosfera da estação, com dois buracos para escolher, começou a
escapar para o espaço, puxando Luke junto.

Daqueles fugindo em direção à saída, Leia estava na retaguarda, Han logo à


frente. A onda de choque do impacto atrás deles tirou os pés de Han do
chão; ágil e determinado, ele se levantou novamente antes mesmo de Leia
alcançá-lo.
Levantou-se, mas se movia lentamente. Cada vez mais, aos olhos de
Leia, os pés de Han pareciam não querer responder enquanto ele corria.
Nem os dela. Não era pela atmosfera escapando. A gravidade artificial
da estação falhava completamente. Enquanto o seu ouvido estalava e a dor
crescia em sua cabeça e olhos, Leia sabia que não havia maneira de chegar
até a saída...
Sem chance de ambos chegarem...
Conectou-se a Força e empurrou as costas de Han, impulsionando-o
para frente através da porta que Luke e Mara acabaram de alcançar.
Leia deu mais três passos, mas agora, apesar de suas pernas ainda se
debaterem, não avançava. Os seus pés estavam acima do chão. Não tinha
mais impulso, sem ter como alcançar um lugar seguro.
Fechou os olhos, determinada a ter paz em seus últimos momentos.
Algo se envolveu em seu tornozelo.
Olhou pra baixo. Preso à perna dela estava uma linha com um pequeno
gancho, uma peça do equipamento estúpido e absurdo de fazenda que Luke
carregava desde antes de conhecê-la. Estava do outro lado da linha, apoiado
contra a parede, puxando com toda a sua força, e enquanto Leia assistia,
Han se juntou a ele.
Em segundos eles a arrastaram através da porta e até a baía de acesso
aos transportes onde eles chegaram minutos antes. Han selou a porta.
Vagamente, pela pressão atmosférica reduzida, podia ouvir uma sirene de
aviso. Leia deitou no chão, ofegando.
— Obrigado. — ela disse.
— Para que serve a família? — Luke perguntou. — Ei, Mara e eu
podemos pegar uma carona até o outro lado da estação? Nossos StealthX
estão lá.

SISTEMA GILATTER

No transporte que se apossara, Jacen se lançou na direção da Anakin Solo,


transmitindo a sua identidade no caminho, exigindo atualizações sobre a
batalha.
Podia ver como progredia. As naves da Confederação estavam prontas
para a força tarefa da Aliança, mas não estavam prontas para as
embarcações da Aliança atravessarem a grade de minas, jogando fora as
estimativas e arruinando manobras de flanqueamento cuidadosamente
planejadas. O que resultara foi um combate, e para os seus olhos, as coisas
estavam niveladas.
Precisava mais do que os olhos. Mesmo quando recebeu os dados da
Anakin Solo, eram tão bons quanto os instrumentos da nave podiam
oferecer, tão bons quanto oficiais atormentados e sobrecarregados podiam
analisar.
Viu um Cruzador de Assalto Bothano perder energia nas baterias a
bombordo. Uma resposta instantânea por parte dos esquadrões de caças
estelares da Aliança poderia tirar vantagem da situação, a qual resultaria na
destruição do cruzador. Ela não aconteceu.
Viu esquadrões de caças estelares circulando, procurando por um
inimigo, desperdiçando preciosos minutos até a Viajante Galáctico poder
direcioná-los a um alvo digno.
Viu uma fragata da Aliança cedendo espaço porque seu comandante
obviamente sentia que a embarcação estava incapacitada, sem saber que a
sua contraparte, uma corveta Corelliana, estava ainda mais danificada.
Xingou e socou os braços do assento do piloto.
Finalmente encontrou uma oportunidade de embarcar na Anakin Solo.
Não muito tempo depois, Lumiya o contatou pelo canal privativo do
comunicador, reportando que ela, também, conseguira um veículo, o
transporte particular de alguém, pouco mais do que uma airspeeder
equipada com motores aprimorados e um casco de contenção de atmosfera,
e precisava de autorização de pouso para a Anakin Solo. Relutantemente,
por que sabia que ela conversaria com ele, e não queria conversar com
ninguém, providenciou a ela o código que precisava.

Na análise final, a Batalha de Gilatter VIII foi um empate, com ambos os


lados recuando do campo após sofrerem perdas moderadas.
A Confederação a proclamou uma vitória clara para Turr Phennir, com o
seu Supremo Comandante de cabeça fria.
A Aliança notou o fato de que, mesmo com chances superiores e a
vantagem de uma emboscada traiçoeira, a Confederação nada conquistara.

A CAMINHO DE CORUSCANT. NA VIAJANTE GALÁCTICO

Luke se deitou no pequeno sofá no aposento apertado ao qual ele e Mara


foram designados, olhando para o teto. Era de um azul-claro neutro, sem
características além de suportes de luzes nas bordas, e a cor pacífica
ajudava a acalmar os seus pensamentos.
Eles precisavam de calma.
— Você está muito quieto. — Mara disse. Ela ocupava a única cadeira
do cômodo.
— Ainda nada de novo sobre o Ben. — Luke ofereceu uma leve careta.
— E as ações de Jacen me preocupam.
— Fugir de Han e Leia, você diz?
Assentiu.
— Elas deveriam. Eu acho que ele está piorando. — Mara voltou a sua
atenção para o datapad.
A ausência contínua de Ben e as ações de Jacen realmente pesavam em
Luke, mas mentir para Mara aumentava o fardo que sentia, e esperava que
ela não detectasse essas mentiras pela ligação da Força deles. Luke não
considerava as ações de Jacen um ato de covardia, mas Jacen claramente
considerava o perigo que os seus pais se encontravam menos importante do
que a necessidade de chegar até a ação principal na batalha entre AG e a
Confederação. E isso era uma escolha insensível para Jacen.
Mas não era o que pesava na mente de Luke no momento. Luke também
ponderava o significado das palavras de Lumiya para ele, a gentileza com a
qual ela falara com ele. Ela não fora hostil ou vingativa. Os seus instintos
sobre pessoas, com a sua habilidade em separar as verdades das mentiras
pelo uso da Força diziam isso a ele.
Então sentiu algo novo. Sentou-se e Mara o observou de perto.
— O quê?
Sorriu pela primeira vez desde que deixara o sistema Gilatter.
— Eu consigo sentir o Ben. — ele disse.

NA ANAKIN SOLO

Jacen estava sentado em seu escritório particular. As luzes estavam


apagadas e a única iluminação vinha das listras espiraladas da luz do
hiperespaço do lado de fora das janelas.
Estava extremamente silencioso, o painel oculto no canto de seu
escritório retraiu-se e abriu. Lumiya entrou, com o seu rosto desprovido de
maquiagem, mas envolto contra olhos intrometidos.
— Eu consigo sentir a sua raiva desde os meus aposentos. — ela disse.
— Você está me repreendendo ou aprovando?
— Eu aprovo a raiva, é claro. Ela te fortalece, e você precisa de força,
mas se eu consigo sentir...
— Não há outros Jedi a bordo da Anakin Solo.
— Prove. E, enquanto está nessa, prove que não há Jedi emergentes,
nenhum sensitivo à Força de qualquer espécie.
Jacen suspirou. Não renunciara a sua raiva, mas se concentrou em
diminuir a sua própria presença na Força.
— Bom. — Lumiya se aproximou e se sentou oposta a ele. — Jacen,
isso não foi um desastre.
— Foi feito para me fazer parecer um idiota. Eu planejei a missão. Eu
caí na armadilha.
— Assim como todos, incluindo a Almirante Niathal, a comandante da
missão. Quando o relatório completo da batalha chegar às Holonotícias,
será interpretada como um dramático sucesso da Aliança Galáctica, as
forças do bem combatendo uma emboscada traiçoeira, com perdas
insignificantes, e você provavelmente descobrirá que a sua popularidade
aumentou. Quanto a culpa por trás das portas fechadas do governo, a sua
informação foi verificada independentemente, não foi?
— Sim. Tudo bem, então, isso me fez sentir como um idiota.
— Ah. Nisso não posso te tranquilizar.
Disparou um olhar pra ela, mas não disse nada.
— Você gostaria de evitar isso no futuro? Ser inigualável, imbatível em
confrontos estratégicos?
— Ninguém é imbatível.
— Talvez não.., mas o comandante que sabe exatamente onde todas as
forças no campo de batalha estão, que não precisa depender exclusivamente
de sensores limitados e analistas falhos, seria batido muito menos
frequentemente.
— Você está falando sobre meditação de batalha. Você mencionou isso
antes.
— Não. Meditação de batalha é algo que muitos usuários da Força
muito talentosos, Jedi e Sith, podem fazer. Considere a meditação de
batalha como aprendiz. A técnica da qual estou falando é a mestre. É a
capacidade de sentir, coordenar, apenas pelo poder da mente e da vontade.
Essa é a habilidade que vem com a presunção do título de Mestre dos Sith.
Continuou a encará-la.
— Você não é a Mestra. Então não pode me ensinar.
— Não sou, mas eu posso. Uma mulher cega que uma vez enxergou
ainda pode sentir as cores na memória. Eu aprendi tudo que havia para
aprender sobre esse poder... eu só nunca pude exercê-lo. — Lumiya encarou
os seus membros. A sua expressão não sugeria que sentia-se traída por eles,
por sua natureza robótica, apenas que eram um pouco decepcionantes.
Jacen considerou aquilo
— Eu estou pronto?
— De todas as outras formas, sim, mas você precisa fazer o sacrifício de
amor. E então você deve tomar um nome Sith, para forjar a si mesmo.
— Quem eu devo sacrificar? — A questão enviou um arrepio por ele.
Se ela dissesse “aquele que você mais ama”, ele não seria capaz de fazê-lo.
Nunca sacrificaria Allana. Nunca sacrificaria Tenel Ka.
— Alguém que ama. Alguém que deixará um vazio em seu coração.
— Qualquer um?
— Qualquer um.
Jacen encarou a distância.
— Então será o meu pai. Ou mãe. Ou ambos.
— Ou talvez não.
Jacen a encarou, curioso.
— Você criou um súbito afeto por eles do qual eu deveria saber?
Lumiya riu.
— Não. Eu perdoei Leia pelo que ela me fez, e Han nunca foi muito
incômodo, mas pode ser que você não consiga sacrificar os seus pais.
— Por quê?
— Você deve sacrificar alguém que ama. Você tem certeza de que ainda
os ama? Busque em seus sentimentos.
Jacen pensou, e então relutantemente abandonou o pensamento para
abrir-se às emoções. Deixou as imagens de Han e Leia flutuarem em sua
mente.
Viu-os como quando era criança, quando adolescente e como um
homem. Viu-os à luz de suas próprias experiências sempre mudando,
quando percebeu que eles não poderiam ser pais comuns, quando descobriu
que estavam dispostos a abandoná-lo e aos seus irmãos com pais adotivos
por semanas ou meses de uma vez, quando aprendeu que eles precisavam.
Sentiu novamente a onda de dor causada por todas essas separações, que
todas essas reuniões nunca curaram.
Tudo o que conseguia sentir era dor e raiva, dor causada por eles, raiva
que carregava contra eles.
Mas a raiva substituíra o amor, ou a raiva simplesmente o mascarava?
Por mais que procurasse uma resposta, não encontrou uma.
Lumiya sussurrou em seu ouvido:
— Você não sabe porque você se treinou a sentir muito pouco, e analisar
demais. Esse não é o caminho Sith. Você deve fazer ambos.
Jacen balançou a cabeça.
— A emoção enfraquece você.
— Ainda assim, a raiva, é uma emoção, que te dá forças. A emoção não
te enfraquece, Jacen. Ela assusta você. A você, especificamente.
Encarou-a, subitamente furioso.
— Nada me assusta.
Não conseguia ver o rosto dela sob o lenço, mas sabia que ela sorria.
— Mentiroso. — ela disse. Antes dele poder formular uma resposta, ela
se levantou e voltou pela passagem secreta. — Eu estava errada. — ela
disse. — Você não está pronto. Você não se conhece tão bem quanto deve.
Encontre-se, Jacen. Então faça o seu sacrifício e tome o seu nome Sith.
Estarei esperando. — Ela partiu, e a porta deslizou se fechando por trás
dela.
Jacen a encarou, sentindo-se mal, mal por ter uma fraqueza, que Lumiya
detectara, por estar confuso. E agora sequer podia começar o processo de
escolher o seu sacrifício até saber onde o seu coração estava.
Até saber se amava os seus pais.
De um jeito, no entanto, ambas as respostas para aquela questão eram
semelhantes. Se os amava, deveria sacrificar um, e matar o outro, para
evitar retaliação. Se não os amasse, deveria considerar eliminá-los como o
problema em potencial que representavam. De qualquer maneira, tanto ele
quanto a galáxia estariam melhor sem eles.
— Adeus, mãe. — ele disse. — Adeus, pai.
STAR WARS / LEGADO DA FORÇA - EXÍLIO
TÍTULO ORIGINAL: Star Wars / Legacy of the Force - Exile

COPIDESQUE: TRADUTORES DOS WHILLS

REVISÃO: TRADUTORES DOS WHILLS

DIAGRAMAÇÃO: TRADUTORES DOS WHILLS

ILUSTRAÇÃO: TRADUTORES DOS WHILLS

GERENTE EDITORIAL: TRADUTORES DOS WHILLS

DIREÇÃO EDITORIAL: TRADUTORES DOS WHILLS

VERSÃO ELETRÔNICA: TRADUTORES DOS WHILLS

ASSISTENTES EDITORIAIS: TRADUTORES DOS WHILLS

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COPYRIGHT © TRADUTORES DOS WHILLS, 2023
(EDIÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA PARA O BRASIL)
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.
PROIBIDA A REPRODUÇÃO, NO TODO OU EM PARTE, ATRAVÉS DE QUAISQUER MEIOS.

LEGADO DA FORÇA - EXÍLIO É UM LIVRO DE FICÇÃO. TODOS OS PERSONAGENS, LUGARES E


ACONTECIMENTOS SÃO FICCIONAIS.
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
F93r Allston, Aaron
Legado da Força - Exílio [recurso eletrônico] / Aaron Allston; traduzido por TRADUTORES DOS
WHILLS.
448 p. : 1.0 MB.
Tradução de: Star Wars / Legacy of the Force - Exile
ISBN: 978-0-345-51051-8 (Ebook)
1. Literatura norte-americana. 2. Ficção científica. I. DOS WHILLS, TRADUTORES CF. II.
Título.
2020-274 CDD 813.0876
CDU 821.111(73)-3

ÍNDICES PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO:


Literatura : Ficção Norte-Americana 813.0876
Literatura norte-americana : Ficção 821.111(73)-3

tradutoresdoswhills.wordpress.com
Sobre o Autor

AARON AIISTON foi o autor mais vendido do New York Times com os
romances de Star Wars Linhas Inimigas: Sonhos Rebeldes e Posição
Rebelde e romances da popular série Star Wars X-Wing; Teia de Perigo,
ficção baseada em jogos que apoia o Top Secret/S.I. linha de jogo; e
Hitman: Killer Brand, baseado no videogame de grande sucesso. Além de
ser um escritor, ele foi um designer de jogos de longa data e, em 2006, foi
incluído no Hall da Fama da Academia de Games Arte e Design de Jogos
de Aventura (AAGAD). Ele foi ex-editor da revista The Space Gamer, que
ganhou o prêmio H.G. Wells de melhor revista de RPG em 1982. Aaron
Allston morreu em 2014.
Agradecimentos

Agradeço à minha editora, Shelly Shapiro; a Keith Clayton da Del Rey; a


Sue Rostoni e Leland Chee, da Lucas Licenciamentos, por amarrar as
pontas soltas e desatar os nós da trama; ao meu agente, Russel Galen; e aos
meus Olhos de Águia (Chris Cassidy, Kelly Frieders, Helen Keier, Bob
Quinlan, Roxanne Quinlan e Luray Richmond).
Star Wars: Guardiões dos Whills
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No mundo do deserto de Jedha, na Cidade Santa, os amigos Baze e


Chirrut costumavam ser Guardiões das colinas, que cuidavam do
Templo de Kyber e dos devotos peregrinos que adoravam lá. Então
o Império veio e assumiu o planeta. O templo foi destruído e as
pessoas espalhadas. Agora, Baze e Chirrut fazem o que podem
para resistir ao Império e proteger as pessoas de Jedha, mas nunca
parece ser suficiente. Então um homem chamado Saw Gerrera
chega, com uma milícia de seus próprios e grandes planos para
derrubar o Império. Parece ser a maneira perfeita para Baze e
Chirrut fazer uma diferença real e ajudar as pessoas de Jedha a
viver melhores vidas. Mas isso vai custar caro?

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STAR WARS: Episódio VIII: Os Últimos Jedi
(Movie Storybook)
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Um livro de imagens ilustrado que reconta o filme Star Wars: Os


Últimos Jedi.

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Chewie e a Garota Corajosa
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Um Wookiee é o melhor amigo de uma menina! Quando Chewbacca


conhece a jovem Zarro na Orla Exterior, ele não tem escolha a não
ser deixar de lado sua própria missão para ajudá-la a resgatar seu
pai de uma mina perigosa. Essa incrível Aventura foi baseada na
HQ do Chewbacca… (FAIXA ETÁRIA: 6 a 8 anos)

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Star Wars: Ahsoka
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Esse é o Terceiro Ebook dos Tradutores dos Whills com uma


aventura emocionante sobre uma heroína corajosa das Séries de
TV Clone Wars e Rebels: Ahsoka Tano! Os fãs há muito tempo se
perguntam o que aconteceu com Ahsoka depois que ela deixou a
Ordem Jedi perto do fim das Guerras Clônicas, e antes dela
reaparecer como a misteriosa operadora rebelde Fulcro em Rebels.
Finalmente, sua história começará a ser contada. Seguindo suas
experiências com os Jedi e a devastação da Ordem 66, Ahsoka não
tem certeza de que possa fazer parte de um todo maior de novo.
Mas seu desejo de combater os males do Império e proteger
aqueles que precisam disso e levará a Bail Organa e a Aliança
Rebelde….

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Star Wars: Kenobi Exílio
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A República foi destruída, e agora a galáxia é governada pelos


terríveis Sith. Obi-Wan Kenobi, o grande cavaleiro Jedi, perdeu
tudo… menos a esperança. Após os terríveis acontecimentos que
deram fim à República, coube ao grande mestre Jedi Obi-Wan
Kenobi manter a sanidade na missão de proteger aquele que pode
ser a última esperança da resistência ao Império. Vivendo entre
fazendeiros no remoto e desértico planeta Tatooine, nos confins da
galáxia, o que Obi-Wan mais deseja é manter-se no completo
anonimato e, para isso, evita o contato com os moradores locais. No
entanto, todos esses esforços podem ser em vão quando o “Velho
Ben”, como o cavaleiro passa a ser conhecido, se vê envolvido na
luta pela sobrevivência dos habitantes por uma Grande Seca e por
causa de um chefe do crime e do povo da areia. Se com o Novo
Cânone pudéssemos encontrar todos os materiais disponíveis aos
anos de Exílio de Obi-Wan Kenobi em um só Lugar? Após o Livro
Kenobi se tornar Legend, os fãs ficaram sem saber o que aconteceu
com o Velho Ben nesse tempo de reclusão. Então os Tradutores dos
Whills também se fizeram essa pergunta e resolveram fazer esse
trabalho de compilação dos Contos, Ebooks, Séries Animadas e
HQs, em um só Ebook Especial e Canônico para todos os Fãs!!

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Star Wars: Dookan: O Jedi Perdido
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Esse é o Quarto Ebook dos Tradutores dos Whills com uma


aventura emocionante sobre um Vilão dos Filmes e da Série de TV
Clone Wars: Conde Dookan! Mergulhe na história do sinistro Conde
Dookan no roteiro original da emocionante produção de áudio de
Star Wars! Darth Tyranus. Conde de Serenno. Líder dos
Separatistas. Um sabre vermelho, desembainhado no escuro. Mas
quem era ele antes de se tornar a mão direita dos Sith? Quando
Dookan corteja uma nova aprendiz, a verdade oculta do passado do
Lorde Sith começa a aparecer. A vida de Dookan começou como um
privilégio, nascido dentro das muralhas pedregosas da propriedade
de sua família. Mas logo, suas habilidades Jedi são reconhecidas, e
ele é levado de sua casa para ser treinado nos caminhos da Força
pelo lendário Mestre Yoda. Enquanto ele afia seu poder, Dookan
sobe na hierarquia, fazendo amizade com Jedi Sifo-Dyas e levando
um Padawan, o promissor Qui-Gon Jinn, e tenta esquecer a vida
que ele levou uma vez. Mas ele se vê atraído por um estranho
fascínio pela mestra Jedi Lene Kostana, e pela missão que ela
empreende para a Ordem: encontrar e estudar relíquias antigas dos
Sith, em preparação para o eventual retorno dos inimigos mais
mortais que os Jedi já enfrentaram. Preso entre o mundo dos Jedi,
as responsabilidades antigas de sua casa perdida e o poder sedutor
das relíquias, Dookan luta para permanecer na luz, mesmo quando
começa a cair na escuridão.

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Star Wars: Discípulo Sombrio
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Esse é o Quinto Ebook dos Tradutores dos Whills com uma


aventura emocionante sobre um Vilões e Heróis dos Filmes e da
Série de TV Clone Wars! Baseado em episódios não produzidos de
Star Wars: The Clone Wars, este novo romance apresenta Asajj
Ventress, a ex-aprendiz Sith que se tornou um caçadora de
recompensas e uma das maiores anti-heróis da galáxia de Star
Wars. Na guerra pelo controle da galáxia entre os exércitos do lado
negro e da República, o ex-Mestre Jedi se tornou cruel. O Lorde Sith
Conde Dookan se tornou cada vez mais brutal em suas táticas.
Apesar dos poderes dos Jedi e das proezas militares de seu
exército de clones, o grande número de mortes está cobrando um
preço terrível. E quando Dookan ordena o massacre de uma flotilha
de refugiados indefesos, o Conselho Jedi sente que não tem
escolha a não ser tomar medidas drásticas: atacar o homem
responsável por tantas atrocidades de guerra, o próprio Conde
Dookan. Mas o Dookan sempre evasivo é uma presa perigosa para
o caçador mais hábil. Portanto, o Conselho toma a decisão ousada
de trazer tanto os lados do poder da Força de suportar, — juntar o
ousado Cavaleiro Quinlan Vos com a infame acólita Sith Asajj
Ventress. Embora a desconfiança dos Jedi pela astuta assassina
que uma vez serviu ao lado de Dookan ainda seja profunda, o ódio
de Ventress por seu antigo mestre é mais profundo. Ela está mais
do que disposta a emprestar seus copiosos talentos como caçadora
de recompensas, e assassina, na busca de Vos.Juntos, Ventress e
Vos são as melhores esperanças para eliminar a Dookan, — desde
que os sentimentos emergentes entre eles não comprometam a sua
missão. Mas Ventress está determinada a ter sua vingança e,
finalmente, deixar de lado seu passado sombrio de Sith.
Equilibrando as emoções complicadas que sente por Vos com a
fúria de seu espírito guerreiro, ela resolve reivindicar a vitória em
todas as frentes, uma promessa que será impiedosamente testada
por seu inimigo mortal… e sua própria dúvida.

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Star Wars: Episódio IX: A Ascensão do Skywalker:
Edição Expandida

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Leia o épico capítulo final da saga Skywalker com a novelização


oficial de Star Wars: A Ascensão Skywalker, incluindo cenas
ampliadas e conteúdo adicional não visto nos cinemas! A
Resistência renasceu. Mas, embora Rey e seus companheiros
heróis estejam de volta à luta, a guerra contra a Primeira Ordem,
agora liderada pelo líder supremo Kylo Ren, está longe de terminar.
Assim como a faísca da rebelião está reacendendo, um sinal
misterioso é transmitido por toda a galáxia, com uma mensagem
assustadora: o Imperador Palpatine, há muito pensado derrotado e
destruído, está de volta dos mortos. O antigo Senhor dos Sith
realmente voltou? Kylo Ren corta uma faixa de destruição pelas
estrelas, determinado a descobrir qualquer desafio ao seu controle
sobre a Primeira Ordem e seu destino para governar a galáxia – e
esmagá-la completamente. Enquanto isso, para descobrir a
verdade, Rey, Finn, Poe e a Resistência devem embarcar na
aventura mais perigosa que já enfrentaram. Apresentando cenas
totalmente novas, adaptadas de material nunca visto, cenas
excluídas e informações dos cineastas, a história que começou em
Star Wars: O Despertar da Força e continuou em Star Wars: Os
Últimos Jedi chega a uma conclusão surpreendente.

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Star Wars: Os Segredos Dos Jedi

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Descubra o mundo dos Jedi de Star Wars através desta experiência


de leitura divertida e totalmente interativa. Star Wars: Jediografia é o
melhor guia do universo Jedi para o universo dos Jedi,
transportando jovens leitores para uma galáxia muito distante,
através de recursos interativos, fatos fascinantes e ideias cativantes.
Com ilustrações originais emocionantes e incríveis recursos
especiais, como elevar as abas, texturas e muito mais, Star Wars:
Jediografia garante a emoção das legiões de jovens fãs da saga.

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Star Wars:Thrawn: Alianças

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Palavras sinistras em qualquer circunstância, mas ainda mais


quando proferidas pelo Imperador Palpatine. Em Batuu, nos limites
das Regiões Desconhecidas, uma ameaça ao Império está se
enraizando. Com a sua existência pouco mais que um vislumbre, as
suas consequências ainda desconhecidas. Mas é preocupante o
suficiente para o líder imperial justificar a investigação de seus
agentes mais poderosos: o impiedoso agente Lorde Darth Vader e o
brilhante estrategista grão almirante Thrawn. Rivais ferozes a favor
do Imperador e adversários francos nos assuntos imperiais,
incluindo o projeto Estrela da Morte, o par formidável parece
parceiros improváveis para uma missão tão crucial. Mas o
Imperador sabe que não é a primeira vez que Vader e Thrawn
juntam forças. E há mais por trás de seu comando real do que
qualquer um dos suspeitos. No que parece uma vida atrás, o
general Anakin Skywalker da República Galáctica e o comandante
Mitth’raw’nuruodo, oficial da Ascensão do Chiss, cruzaram o
caminho pela primeira vez. Um em uma busca pessoal
desesperada, o outro com motivos desconhecidos... e não
divulgados. Mas, diante de uma série de perigos em um mundo
longínquo, eles forjaram uma aliança desconfortável, — nem
remotamente cientes do que seus futuros reservavam. Agora,
reunidos mais uma vez, eles se veem novamente ligados ao planeta
onde lutaram lado a lado. Lá eles serão duplamente desafiados, —
por uma prova de sua lealdade ao Império... e um inimigo que
ameaça até seu poder combinado.

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Star Wars: Legado da Força: Traição

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Esta é a era do legado de Luke Skywalker: o Mestre Jedi unificou a


Ordem em um grupo coeso de poderosos Cavaleiros Jedi. Mas
enquanto a nova era começa, os interesses planetários ameaçam
atrapalhar esse momento de relativa paz, e Luke é atormentado
com visões de uma escuridão que se aproxima. O mal está
ressurgindo “das melhores intenções” e parece que o legado dos
Skywalkers pode dar um ciclo completo.A honra e o dever colidirão
com a amizade e os laços de sangue, à medida que os Skywalker e
o clã Solo se encontrarem em lados opostos de um conflito
explosivo com repercussões potencialmente devastadoras para
ambas as famílias, para a ordem Jedi e para toda a galáxia. Quando
uma missão para descobrir uma fábrica ilegal de mísseis no planeta
Aduman termina em uma emboscada violenta, da qual a Cavaleira
Jedi Jacen Solo e o seu protegido e primo, Ben Skywalker, escapam
por pouco com as suas vidas; é a evidência mais alarmante ainda
que desencadeia uma discussão política. A agitação está
ameaçando inflamar-se em total Rebelião. Os governos de vários
mundos estão se irritando com os rígidos regulamentos da Aliança
Galáctica, e os esforços diplomáticos para garantir o cumprimento
estão falhando. Temendo o pior, a Aliança prepara uma
demonstração preventiva de poder militar, numa tentativa de trazer
os mundos renegados para a frente antes que uma revolta entre em
erupção. O alvo modelado para esse exercício: o planeta Corellia,
conhecido pela independência impetuosa e pelo espírito renegado
que fizeram de seu filho favorito, Han Solo, uma lenda. Algo como
um trapaceiro, Jacen é, no entanto, obrigado como Jedi a ficar com
seu tio, o Mestre Jedi Luke Skywalkers, ao lado da Aliança
Galáctica. Mas quando os Corellianos de guerra lançam um contra-
ataque, a demonstração de força da Aliança, e uma missão secreta
para desativar a crucial Estação Central de Corellia; dão lugar a
uma escaramuça armada. Quando a fumaça baixa, as linhas de
batalha são traçadas. Agora, o espectro da guerra em grande escala
aparece entre um grupo crescente de planetas desafiadores e a
Aliança Galáctica, que alguns temem estar se tornando um novo
Império. E, enquanto os dois lados lutam para encontrar uma
solução diplomática, atos misteriosos de traição e sabotagem
ameaçam condenar os esforços de paz a todo momento.
Determinado a erradicar os que estão por trás do caos, Jacen segue
uma trilha de pistas enigmáticas para um encontro sombrio com as
mais chocantes revelações… enquanto Luke se depara com algo
ainda mais preocupante: visões de sonho de uma figura sombria
cujo poder da Força e crueldade lembram a ele de Darth Vader, um
inimigo letal que ataca como um espírito sombrio em uma missão de
destruição. Um agente do mal que, se as visões de Luke
acontecerem, trará uma dor incalculável ao Mestre Jedi e a toda a
galáxia.

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Star Wars: Battlefront II: Esquadrão Inferno

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Após o humilhante roubo dos planos da Estrela da Morte e a


destruição da estação de batalha, o Império está na defensiva. Mas
não por muito. Em retaliação, os soldados imperiais de elite do
Esquadrão Inferno foram chamados para a missão crucial de se
infiltrar e eliminar os guerrilheiros, a facção rebelde que já foi
liderada pelo famoso lutador pela liberdade da República, Saw
Gerrera. Após a morte de seu líder, os guerrilheiros continuaram seu
legado extremista, determinados a frustrar o Império, não importa o
custo. Agora o Esquadrão Inferno deve provar seu status como o
melhor dos melhores e derrubar os Partisans de dentro. Mas a
crescente ameaça de serem descobertos no meio de seu inimigo
transforma uma operação já perigosa em um teste ácido de fazer ou
morrer que eles não ousam falhar. Para proteger e preservar o
Império, até onde irá o Esquadrão Inferno. . . e quão longe deles?

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Star Wars: Catalisador: Um Romance de Rogue One

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A guerra está destruindo a galáxia. Durante anos, a República e os


Separatistas lutaram entre as estrelas, cada um construindo uma
tecnologia cada vez mais mortal na tentativa de vencer a guerra.
Como membro do projeto secreto da Estrela da Morte do Chanceler
Palpatine, Orson Krennic está determinado a desenvolver uma
super arma antes que os inimigos da República possam. E um velho
amigo de Krennic, o brilhante cientista Galen Erso, poderia ser a
chave para a tentativa de vencer a guerra. Como membro do projeto
secreto da Estrela da Morte do Chanceler Palpatine, Orson Krennic
está determinado a desenvolver uma super arma antes que os
inimigos da República possam. E um velho amigo de Krennic, o
brilhante cientista Galen Erso, poderia ser a chave. A pesquisa
focada na energia de Galen chamou a atenção de Krennic e de seus
inimigos, tornando o cientista um peão crucial no conflito galáctico.
Mas depois que Krennic resgata Galen, sua esposa, Lyra, e sua
filha Jyn, de sequestradores separatistas, a família Erso está
profundamente em dívida com Krennic. Krennic então oferece a
Galen uma oportunidade extraordinária: continuar seus estudos
científicos com todos os recursos totalmente à sua disposição.
Enquanto Galen e Lyra acreditam que sua pesquisa energética será
usada puramente de maneiras altruístas, Krennic tem outros planos
que finalmente tornarão a Estrela da Morte uma realidade. Presos
no aperto cada vez maior de seus benfeitores, os Ersos precisam
desembaraçar a teia de decepção de Krennic para salvar a si
mesmos e à própria galáxia.

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Star Wars: Ascensão Rebelde

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Quando Jyn Erso tinha cinco anos, sua mãe foi assassinada e seu
pai foi tirado dela para servir ao Império. Mas, apesar da perda de
seus pais, ela não está completamente sozinha, — Saw Gerrera, um
homem disposto a ir a todos os extremos necessários para resistir à
tirania imperial, acolhe-a como sua e dá a ela não apenas um lar,
mas todas as habilidades e os recursos de que ela precisa para se
tornar uma rebelde.Jyn se dedica à causa e ao homem. Mas lutar ao
lado de Saw e seu povo traz consigo o perigo e a questão de quão
longe Jyn está disposta a ir como um dos soldados de Saw. Quando
ela enfrenta uma traição impensável que destrói seu mundo, Jyn
terá que se recompor e descobrir no que ela realmente acredita… e
em quem ela pode realmente confiar.

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Star Wars: A Alta República: A Luz dos Jedi

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Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo


da Ameaça Fantasma . . . Os Jedi iluminaram o caminho para a
galáxia na Alta República. É uma era de ouro. Os intrépidos
batedores do hiperespaço expandem o alcance da República para
as estrelas mais distantes, mundos prosperam sob a liderança
benevolente do Senado e a paz reina, reforçada pela sabedoria e
força da renomada ordem de usuários da Força conhecidos como
Jedi. Com os Jedi no auge de seu poder, os cidadãos livres da
galáxia estão confiantes em sua habilidade de resistir a qualquer
tempestade. Mas mesmo a luz mais brilhante pode lançar uma
sombra, e algumas tempestades desafiam qualquer preparação.
Quando uma catástrofe chocante no hiperespaço despedaça uma
nave, a enxurrada de estilhaços que emergem do desastre ameaça
todo o sistema. Assim que o pedido de ajuda sai, os Jedi correm
para o local. O escopo do surgimento, no entanto, é o suficiente
para levar até os Jedi ao seu limite. Enquanto o céu se abre e a
destruição cai sobre a aliança pacífica que ajudaram a construir, os
Jedi devem confiar na Força para vê-los em um dia em que um
único erro pode custar bilhões de vidas. Mesmo enquanto os Jedi
lutam bravamente contra a calamidade, algo verdadeiramente
mortal cresce além dos limites da República. O desastre do
hiperespaço é muito mais sinistro do que os Jedi poderiam
suspeitar. Uma ameaça se esconde na escuridão, longe da era da
luz, e guarda um segredo.

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Star Wars: A Alta República: O Grande Resgate Jedi

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Conheça os nobres e sábios Jedi da Alta República!Quando um


desastre acontece no hiperespaço, colocando o povo de Hetzal
Prime em grave perigo, apenas os Jedi da Alta República podem
salvar o dia! Esse ebook é a forma mais incrível de introduzir as
crianças nessa nova Era da Alta República, pois reconta a história
do Ebook Luz dos Jedi de forma simples e didática para as crianças.
(FAIXA ETÁRIA: 5 a 8 anos)

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Star Wars: A Alta República: Na Escuridão

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Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo


da Ameaça Fantasma... Os Jedi iluminaram o caminho para a
galáxia na Alta República. Padawan Reath Silas está sendo enviado
da cosmopolita capital galáctica de Coruscant para a fronteira
subdesenvolvida, e ele não poderia estar menos feliz com isso. Ele
prefere ficar no Templo Jedi, estudando os arquivos. Mas quando a
nave em que ele está viajando é arrancada do hiperespaço em um
desastre que abrange toda a galáxia, Reath se encontra no centro
da ação. Os Jedi e seus companheiros de viagem encontram refúgio
no que parece ser uma estação espacial abandonada. Mas então
coisas estranhas começaram a acontecer, levando os Jedi a
investigar a verdade por trás da estação misteriosa, uma verdade
que pode terminar em tragédia...

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Star Wars: A Alta República: Um Teste de Coragem

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Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo


da Ameaça Fantasma... Vernestra Rwoh é mais nova Cavaleira Jedi
com dezesseis anos, mas a sua primeira missão de verdade parece
muito com ser babá. Ela foi encarregada de supervisionar a
aspirante a inventora Avon Starros, de 12 anos, em um cruzador
rumo à inauguração de uma nova estação espacial maravilhosa
chamada Farol Estelar. Mas logo em sua jornada, bombas explodem
a bordo do cruzador. Enquanto o Jedi adulto tenta salvar a nave,
Vernestra, Avon, o droide J-6 de Avon, um Padawan Jedi e o filho
de um embaixador conseguem chegar a uma nave de fuga, mas as
comunicações acabam e os suprimentos são poucos. Eles decidem
pousar em uma lua próxima, que oferece abrigo, mas não muito
mais. E sem o conhecimento deles, o perigo se esconde na selva…

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Star Wars: A Alta República: Corrida para Torre
Crashpoint

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Outra história emocionante da série mais vendida do New York


Times! A Feira da República está chegando! Visitantes de toda a
galáxia estão viajando para o planeta Valo para um festival enorme
e inspirador que celebra a República. Enquanto os seus
companheiros Valons se preparam para a feira, o Padawan Jedi
Ram Jomaram está se escondendo em seu lugar favorito: uma
garagem suja cheia de peças mecânicas e ferramentas. Mas
quando um alarme de segurança dispara no topo de uma colina
próxima, apelidado de Pico Crashpoint, ele se aventura com o seu
confiável droide V-18 para investigar. Lá, ele descobre que alguém
derrubou a torre de comunicações de Valo, um sinal assustador de
que Valo e a Feira da República estão em perigo. Com certeza,
enquanto Ram corre para avisar os Jedi, os temidos Nihil
desencadeiam um ataque surpresa! Cabe a Ram enfrentar o inimigo
na Torre Crashpoint e enviar um pedido de ajuda à República.
Felizmente, ele está prestes a receber ajuda de novos amigos
inesperados… Não perca todas as aventuras de Star Wars: A Alta
República! (Material indicado para crianças a partir de 8 – 12 anos)

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Star Wars: Velha República: Enganados

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“Nossa hora chegou. Durante trezentos anos nos preparamos;


ficamos mais fortes enquanto você descansava em seu berço de
poder... Agora sua República cairá.”Um guerreiro Sith para rivalizar
com o mais sinistro dos Lordes Sombrios da Ordem, Darth Malgus
derrubou o Templo Jedi em Coruscant em um ataque brutal que
chocou a galáxia. Mas se a guerra o coroasse como o mais sombrio
dos heróis Sith, a paz o transformará em algo muito mais hediondo,
algo que Malgus nunca gostaria de ser, mas não pode parar de se
tornar, assim como ele não pode impedir a Jedi desobediente de se
aproximar rapidamente. O nome dela é Aryn Leneer - e o único
Cavaleiro Jedi que Malgus matou na batalha feroz pelo Templo Jedi
era seu Mestre. Agora ela vai descobrir o que aconteceu com ele,
mesmo que isso signifique quebrar todas as regras da Ordem.

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Star Wars: Thrawn: Traição

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Essa foi a promessa que o Grão Almirante Thrawn fez ao Imperador


Palpatine em seu primeiro encontro. Desde então, Thrawn tem sido
um dos instrumentos mais eficazes do Império, perseguindo os seus
inimigos até os limites da galáxia conhecida. Mas por mais que
Thrawn tenha se tornado uma arma afiada, o Imperador sonha com
algo muito mais destrutivo. Agora, enquanto o programa TIE
Defender de Thrawn é interrompido em favor do projeto
ultrassecreto conhecido apenas como Estrelinha, do Diretor Krennic,
ele percebe que o equilíbrio de poder no Império é medido por mais
do que apenas perspicácia militar ou eficiência tática. Mesmo o
maior intelecto dificilmente pode competir com o poder de aniquilar
planetas inteiros. Enquanto Thrawn trabalha para garantir o seu
lugar na hierarquia Imperial, seu ex-protegido Eli Vanto retorna com
um terrível aviso sobre o mundo natal de Thrawn. O domínio da
estratégia de Thrawn deve guiá-lo através de uma escolha
impossível: dever para com a Ascendência Chiss ou a fidelidade
para com o Império que ele jurou servir. Mesmo que a escolha certa
signifique cometer traição.

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Star Wars: Mestre e Aprendiz

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Um Jedi deve ser um guerreiro destemido, um guardião da justiça e


um erudito nos caminhos da Força. Mas talvez o dever mais
essencial de um Jedi seja transmitir o que aprenderam. Mestre Yoda
treinou Dookan o qual treinou Qui-Gon Jinn; e agora Qui-Gon tem
um Padawan próprio. Mas enquanto Qui-Gon enfrentou todos os
tipos de ameaças e perigos como um Jedi, nada o assustou tanto
quanto a ideia de falhar com seu aprendiz. Obi-Wan Kenobi tem
profundo respeito por seu Mestre, mas luta para entendê-lo. Por que
Qui-Gon deve tantas vezes desconsiderar as leis que obrigam os
Jedi? Por que Qui-Gon é atraído por antigas profecias Jedi em vez
de preocupações mais práticas? E por que Obi-Wan não disse que
Qui-Gon está considerando um convite para se juntar ao Conselho
Jedi - sabendo que isso significaria o fim de sua parceria? A
resposta simples o assusta: Obi-Wan falhou com seu Mestre.
Quando Jedi Rael Aveross, outro ex-aluno de Dookan, solicita sua
ajuda em uma disputa política, Jinn e Kenobi viajam para a Corte
Real de Pijal para o que pode ser sua missão final juntos. O que
deveria ser uma tarefa simples rapidamente se torna obscurecido
por engano e por visões de desastre violento que tomam conta da
mente de Qui-Gon. Conforme a fé de Qui-Gon na profecia cresce, a
fé de Obi-Wan nele é testada - assim como surge uma ameaça que
exigirá que o Mestre e o Aprendiz se unam como nunca antes, ou se
dividam para sempre.

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Star Wars: Legado da Força: Linhagens de Sangue

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Uma nova era de aventuras emocionantes e revelações chocantes


continua a se desenrolar, à medida que a lendária saga Star Wars
avança em um novo território surpreendente. A guerra civil se
aproxima enquanto a incipiente Aliança Galáctica enfrenta um
número crescente de mundos rebeldes... e a guerra que se
aproxima está separando as famílias Skywalker e Solo. Han e Leia
retornam ao mundo natal de Han, Corellia, o coração da resistência.
Os seus filhos, Jacen e Jaina, são soldados na campanha da
Aliança Galáctica para esmagar os insurgentes. Jacen, agora um
mestre completo da Força, tem os seus próprios planos para trazer
ordem à galáxia. Guiado por sua mentora Sith, Lumiya, e com o filho
de Luke, Ben, ao seu lado, Jacen embarca no mesmo caminho que
o seu avô Darth Vader fez uma vez. E enquanto Han e Leia
assistem o seu único filho homem se tornar um estranho, um
assassino secreto emaranha o casal com um nome temido do
passado de Han: Boba Fett. Na nova ordem galáctica, amigos e
inimigos não são mais o que parecem...

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Star Wars: A Sombra da Rainha

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Quando Padmé Naberrie, Rainha Amidala de Naboo, deixa sua


posição, ela é convidada pela rainha recém-eleita para se tornar a
representante de Naboo no Senado Galáctico. Padmé não tem
certeza sobre assumir a nova função, mas não pode recusar o
pedido para servir seu povo. Junto com suas servas mais leais,
Padmé deve descobrir como navegar nas águas traiçoeiras da
política e forjar uma nova identidade além da sombra da rainha.

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Star Wars: Amanhecer dos Jedi - No vazio

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No planeta Tython, a antiga ordem Je'daii foi fundada. E aos pés de


seus sábios Mestres, Lanoree Brock aprendeu os mistérios e
métodos da Força, e encontrou seu chamado como um de seus
discípulos mais poderosos. Mas tão fortemente quanto a Força fluiu
dentro de Lanoree e seus pais, ela permaneceu ausente em seu
irmão, que passou a desprezar e evitar os Je'daii, e cujo
treinamento em seus métodos antigos terminou em tragédia. Agora,
de sua vida solitária como um Patrulheira mantendo a ordem em
toda a galáxia, Lanoree foi convocada pelo Conselho Je'daii em
uma questão de extrema urgência. O líder de um culto fanático,
obcecado em viajar além dos limites do espaço conhecido, está
empenhado em abrir um portal cósmico usando a temida matéria
escura como chave - arriscando uma reação cataclísmica que
consumirá todo o sistema estelar. Porém, mais chocante para
Lanoree do que até mesmo a perspectiva de aniquilação galáctica
total, é a decisão de seus Mestres Je'daii de incumbi-la da missão
de evitá-la. Até que uma revelação surpreendente deixa claro por
que ela foi escolhida: o louco brilhante e perigoso que ela deve
rastrear e parar a qualquer custo é o irmão cuja morte ela lamentou
por muito tempo, e cuja vida ela deve temer agora.

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Star Wars: Thrawn: ASCENDÊNCIA (Livro I – Caos
Crescente)

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Além do limite da galáxia estão as Regiões Desconhecidas:


caóticas, desconhecidas e quase intransitáveis, com segredos
ocultos e perigos em igual medida. E aninhada em seu caos
turbulento está a Ascendência, lar dos enigmáticos Chiss e das
Nove Famílias Regentes que as lideram. A paz da Ascensão, um
farol de calma e estabilidade, é destruída após um ousado ataque à
capital de Chiss que não deixa vestígios do inimigo. Perplexo, a
Ascendência despacha um de seus jovens oficiais militares para
erradicar os agressores invisíveis. Um recruta nascido sem título,
mas adotado na poderosa família de Mitth e que recebeu o nome de
Thrawn. Com o poder da Frota Expansionista em suas costas e a
ajuda de sua camarada Almirante Ar’alani, as respostas começam a
se encaixar. Mas conforme o primeiro comando de Thrawn investiga
mais profundamente a vasta extensão do espaço que seu povo
chama de Caos, ele percebe que a missão que lhe foi dada não é o
que parece.

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Star Wars: A Alta República - Tormenta Crescente

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Os heróis da era da Alta República retornam para enfrentar uma paz


destruída e um inimigo terrível, após os eventos dramáticos de Luz
dos Jedi. Na esteira do desastre do hiperespaço e do heroísmo dos
Jedi, a República continua a crescer, reunindo mais mundos sob
uma única bandeira unificada. Sob a liderança da Chanceler Lina
Soh, o espírito de unidade se estende por toda a galáxia, com os
Jedi e a estação Farol Luz Estelar recentemente estabelecida na
vanguarda. Em comemoração, a chanceler planeja a Feira da
República, será uma vitrine das possibilidades e da paz da
República em expansão, uma paz que os Jedi esperam promover.
Stellan Gios, Bell Zettifar, Elzar Mann e outros se juntam ao evento
como embaixadores da harmonia. Mas à medida que os olhos da
galáxia se voltam para a feira, o mesmo ocorre com a fúria dos Nihil.
O seu líder, Marchion Ro, pretende destruir essa unidade. Sua
Tempestade desce sobre a pompa e a celebração, semeando o
caos e exigindo vingança.

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Star Wars: Velha República – Aniquilação

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O Império Sith está em fluxo. O imperador está desaparecido, dado


como morto, e a tentativa de um ambicioso lorde Sith de tomar o
trono terminou fatalmente. Ainda assim, Darth Karrid, comandante
do temível cruzador de batalha Imperial Lança Ascendente, continua
seus esforços incansáveis para alcançar o domínio Sith total da
galáxia. Mas a determinação implacável de Karrid é mais do que
compatível com a determinação de aço de Theron Shan, cujos
negócios inacabados com o Império podem mudar o curso da
guerra para sempre. Embora filho de uma mestra Jedi, Theron não
exerce a Força... mas, como a sua renomada mãe, o espírito de
rebelião está em seu sangue. Como um importante agente secreto
da República, ele desferiu um golpe crucial contra o Império ao
expor e destruir um arsenal de super arma Sith, o que o torna o
agente ideal para uma missão ousada e perigosa para acabar com o
reinado de terror da Lança Ascendente. Juntamente com a
contrabandista Teff'ith, com quem ele tem uma ligação inexplicável,
e o sábio guerreiro Jedi Gnost-Dural, ex-mestre de Darth Karrid,
Theron deve combinar inteligência e armas com uma tripulação
testada em batalha da escuridão mais fria discípulos secundários.
Mas o tempo é brutalmente curto. E se eles não aproveitarem sua
única chance de sucesso, certamente terão inúmeras oportunidades
de morrer.

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Star Wars – The Clone Wars – Histórias de Luz e
Escuridão

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Um confronto épico entre as forças da luz e das trevas, entre a


República Galáctica e os Separatistas, entre bravos heróis e vilões
brilhantes – o destino da galáxia está em jogo na série de animação
ganhadora do Emmy Award, Star Wars: The Clone Wars. Nesta
emocionante antologia, onze autores que também são fãs da série
trazem histórias de seu programa favorito para a vida. Reunidos
aqui estão momentos memoráveis e aventuras impressionantes, de
tentativas de assassinato a generosidades roubadas, de lições
aprendidas a amores perdidos. Todos os seus personagens
favoritos de The Clone Wars estão aqui: Anakin Skywalker, Yoda,
Obi-Wan Kenobi, Ahsoka Tano, Capitão Rex, Darth Maul, Conde
Dookan e muito mais!

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Star Wars – Tribo Perdida dos Sith: Coletânea de
Histórias

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Finalmente, em um volume único, as oito partes originais da épica


série de e-books Tribo perdida dos Sith… junto com o final explosivo
e nunca antes publicado, Pandemônio, com mais de cem páginas
de novo material! Cinco mil anos atrás. Após uma emboscada Jedi,
a nave mineira Sith Presságio está destruída em um planeta
desconhecido e remoto. Seu comandante, Yaru Korsin, luta contra o
derramamento de sangue de uma facção amotinada liderada por
seu próprio irmão. Encalhados e enfrentando a morte, a tripulação
Sith não tem escolha a não ser se aventurar em seus arredores
desolados. Eles enfrentam inúmeros desafios brutais, predadores
cruéis, pragas letais, tribos que adoram deuses vingativos… e,
como verdadeiros guerreiros Sith, enfrentam-nos com o lado
sombrio da Força. As lutas só estão começando para os orgulhosos
e intransigentes Sith, dirigidos como estão para governar a todo
custo. Eles vencerão os nativos primitivos e encontrarão o caminho
de volta ao seu verdadeiro destino como governantes da galáxia.
Mas à medida que o seu legado cresce ao longo de milhares de
anos, os Sith acabam sendo testados pela ameaça mais perigosa
de todas: o inimigo interno.

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Star Wars – Esquadrão Alfabeto

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O Imperador está morto. A Rebelião é vitoriosa. No rescaldo, Yrica


Quell é apenas um dos milhares de desertores imperiais que vivem
em uma favela de desertores. Incerta sobre o seu lugar na
República contra a qual ela lutou uma vez, ela começou a perder
qualquer esperança de redenção, até que ela seja selecionada para
se juntar ao Esquadrão do Alfabeto. Formados por uma variedade
eclética de pilotos e caças, os cinco membros da Alfabeto são
encarregados pela própria general da Nova República, Hera
Syndulla. A missão deles: rastrear e destruir o misterioso Shadow
Wing, uma força letal de TIE fighters exigindo uma vingança
sangrenta e impiedosa no crepúsculo de seu reinado. Mas passar
de rebeldes menos favorecidos a heróis célebres não é tão fácil
quanto parece. Os rebeldes guerreiros do Esquadrão Alfabeto terão
que aprender a voar juntos para proteger a nova era de paz que
lutaram tanto para conquistar.

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Star Wars - Comandos da República - Contato Hostil

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Enquanto a Guerra dos Clones se enfurece, a vitória ou a derrota


estão nas mãos de esquadrões de elite que assumem as tarefas
mais difíceis na galáxia, soldados frios que vão aonde ninguém mais
iria, para fazer o que ninguém mais poderia... Em uma missão para
sabotar uma instalação de pesquisa de armas químicas em um
planeta controlado pelos Separatistas, quatro soldados clones
operam sob o nariz de seus inimigos. Os comandos estão em menor
número e com menos armas, bem atrás das linhas inimigas, sem
apoio, e trabalhando com estranhos em vez de companheiros de
equipe de confiança. As coisas não melhoram quando Darman, o
especialista em demolições do esquadrão, se separa dos outros
durante a queda do planeta. Mesmo a aparente boa sorte de
Darman em encontrar uma Padawan inexperiente desaparece
quando Etain admite a sua terrível inexperiência. Para os comandos
clones divididos e o Jedi preso, uma longa e perigosa jornada está à
frente, através de um território hostil repleto de escravos
Trandoshanos, Separatistas e nativos suspeitos. Um único passo
em falso pode significar descoberta... e morte. É uma missão suicida
virtual para qualquer um, exceto para os Comandos da República.

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Star Wars - Alta República - Confronto na Feira

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Muito antes das Guerras Clônicas, do Império ou da Primeira


Ordem, os Jedi iluminaram o caminho para a galáxia em uma era
dourada conhecida como Alta República! Este emocionante livro de
histórias colorido traz à vida um confronto épico entre os Cavaleiros
Jedi e seus misteriosos inimigos, os Nihil. Burryaga, o Wookiee
Padawan e seus companheiros Jedi devem salvar o dia! Esse ebook
é a forma mais incrível de introduzir as crianças nessa nova Era da
Alta República, pois reconta a história do Ebook Tormenta
Crescente do ponto de vista do Padawan Jedi Burryaga, que conta
de forma simples e didática para as crianças. (FAIXA ETÁRIA: 6 a 8
anos)

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Star Wars – A Alta República – Fora das Sombras

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Sylvestri Yarrow vive uma maré de azar sem fim. Ela tem feito o
possível para manter o negócio de carga da família em
funcionamento após a morte de sua mãe, mas entre o aumento das
dívidas e o aumento dos ataques dos Nihil a naves desavisados, Syl
corre o risco de perder tudo o que resta de sua mãe. Ela segue para
a capital galáctica de Coruscant em busca de ajuda, mas é desviada
quando é arrastada para uma disputa entre duas das famílias mais
poderosas da República por um pedaço do espaço na fronteira.
Emaranhada na política familiar é o último lugar que Syl quer estar,
mas a promessa de uma grande recompensa é o suficiente para
mantê-la interessada... Enquanto isso, o Cavaleiro Jedi Vernestra
Rwoh foi convocada para Coruscant, mas sem nenhuma ideia do
porquê ou por quem. Ela e seu Padawan Imri Cantaros chegam à
capital junto com o Mestre Jedi Cohmac Vitus e seu Padawan,
Reath Silas, e são convidados a ajudar na disputa de propriedade
na fronteira. Mas por que? O que há de tão importante em um
pedaço de espaço vazio? A resposta levará Vernestra a uma nova
compreensão de suas habilidades e levará Syl de volta ao
passado... e às verdades que finalmente surgirão das sombras.

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Star Wars - A Alta República - A Estrela Cadente

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Uma e outra vez, os invasores viciosos conhecidos como Nihil


tentaram trazer a era de ouro da Alta República a um fim ardente.
Repetidamente, a Alta República emergiu desgastada e cansada,
mas vitoriosa graças a seus protetores Jedi, e não há monumento à
sua causa maior do que o Farol Luz Estelar. Pendurado como uma
joia na Orla Exterior, o Farol encarna a Alta República no ápice de
suas aspirações: um centro de cultura e conhecimento, uma tocha
brilhante contra a escuridão do desconhecido e uma mão estendida
de boas-vindas aos confins do mundo. a galáxia. Enquanto
sobreviventes e refugiados fogem dos ataques do Nihil, o Farol e a
sua tripulação estão prontos para abrigar e curar. Os agradecidos
Cavaleiros e Padawans da Ordem Jedi estacionados lá finalmente
têm a chance de se recuperar, da dor de seus ferimentos e da dor
de suas perdas. Mas a tempestade que eles pensavam ter passado
ainda continua; eles são simplesmente capturados em seus olhos.
Marchion Ro, o verdadeiro mentor dos Nihil, está preparando o seu
ataque mais ousado até agora, um projetado para extinguir a luz dos
Jedi.

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Star Wars - Os Segredos dos Sith

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e você conhecesse o poder do lado sombrio! Descubra os caminhos


dos Sith neste livro infantil emocionante, informativo e totalmente
ilustrado. Junte-se ao Imperador Palpatine, também conhecido
como Darth Sidious, nesta exploração dos Sith e dos aliados
malignos do lado sombrio. Star Wars: Os Segredos dos Sith irá
emocionar os jovens fãs com conhecimento do lado sombrio, obras
de arte incríveis e recursos interativos, como pop-ups, livretos e
inserções de levantar a aba. Experimente o poder do lado sombrio :
Narrado pelo Imperador Palpatine, este livro dará aos jovens leitores
uma visão do poder do lado sombrio. Aprenda sobre alguns dos
maiores vilões do lado sombrio de Star Wars : abrangendo filmes,
programas de televisão, livros, quadrinhos e videogames, Star Wars:
Os Segredos dos Sith narra alguns dos praticantes mais infames do
lado sombrio, incluindo Darth Maul, Conde Dookan, Asajj Ventress,
Darth Vader, o Grande Inquisidor e Kylo Ren. Ilustrações originais
incríveis: Star Wars: Os Segredos dos Sith é um livro infantil
lindamente ilustrado que os leitores vão querer revisitar várias
vezes. Cheio de recursos interativos empolgantes: Pop-ups, folhetos
e inserções de levantar a aba vão emocionar os jovens fãs,
proporcionando uma experiência envolvente enquanto investiga as
histórias sobre os Sith. O complemento perfeito para qualquer
biblioteca virtual de Star Wars : Este lindo ebook encadernado é um
item obrigatório para a coleção de qualquer jovem fã.

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Star Wars - A Alta República – Missão para o
Desastre

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Os Jedi acham que os temidos saqueadores Nihil foram todos


derrotados. O seu líder está fugindo e os seus números diminuíram.
A Cavaleira Jedi Vernestra Rwoh espera que isso signifique que ela
finalmente terá tempo para realmente treinar o seu Padawan, Imri
Cantaros, mas os relatos de um ataque Nihil a Porto Haileap logo
frustram essas esperanças. Pois não só os Nihil que atacaram o
pacífico posto avançado, como também sequestraram a amiga de
Vernestra e de Imri, Avon Starros. Os dois Jedi partiram para Porto
Haileap, determinados a descobrir para onde os Nihil levaram a sua
amiga. Enquanto isso, Avon deve colocar a sua inteligência e
habilidades à prova enquanto luta pela sobrevivência entre os Nihil,
e descobre um plano sinistro. Vernestra e Imri podem encontrar a
sua amiga antes que o desastre aconteça?

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Star Wars - Alta República - Batalha Pelo Farol Luz
Estelar

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Muito antes das Guerras Clônicas, do Império ou da Primeira


Ordem, os Jedi iluminaram o caminho para a galáxia em uma era
dourada conhecida como Alta República! Este emocionante livro de
histórias colorido traz à vida uma outra emocionante aventura no
livro de histórias com heróis Jedi e os seus Padawans enquanto
lutam contra os nefastos vilões Nihil!!

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Star Wars - Alta República - Horizonte à Meia Noite

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Séculos antes dos eventos de Star Wars: A Ameaça Fantasma, na


era da gloriosa Alta República, os Jedi são os guardiões da paz e da
justiça na galáxia! Depois de uma série de perdas impressionantes,
a República parece finalmente ter os vilões saqueadores de Nihil em
fuga, e parece que há luz no fim do túnel. Até que venha a notícia
de um suposto ataque de Nihil ao mundo cosmopolita industrial de
Corellia, bem no Núcleo Galáctico. Enviados para investigar estão
os Mestres Jedi Cohmac Vitus e Kantam Sy, juntamente com os
Padawans Reath Silas e Ram Jomaram, todos travando as suas
próprias batalhas particulares após meses de perigo implacável. Em
Corellia, Reath e Ram encontram um descarado jovem especialista
em segurança chamado Crash, cujo amigo foi uma das vítimas do
ataque Nihil, e eles se unem a ela para se infiltrar na elite de Corellia
enquanto os Mestres buscam caminhos mais diplomáticos. Mas se
disfarçar com Crash é mais perigoso do que qualquer um esperava,
mesmo quando Ram puxa seu amigo Zeen para ajudar com um
estratagema elaborado envolvendo uma estrela pop galáctica. Mas
o que eles descobrem em Corellia acaba sendo apenas uma parte
de um plano maior, que pode levar os Jedi à sua derrota mais
impressionante até agora...

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Star Wars - A Alta República - Executora da
Tempestade

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Mergulhe no mundo cruel de um dos maiores inimigos da Alta


República, a impiedosa Lourna Dee, neste roteiro completo para o
áudio original de Star Wars: Executora da Tempestade. A
tempestade Nihil assolou a galáxia, deixando caos e tristeza em seu
rastro. Poucos de seus invasores são tão cruéis quanto a Executora
da Tempestade Lourna Dee. Ela fica um passo à frente da Ordem
Jedi no comando de uma nave com o nome de um dos monstros
mais mortais da galáxia: ela mesma. Mas ninguém pode fugir dos
defensores da Alta República para sempre. Após a derrota de sua
tripulação, Lourna cai nas mãos dos Jedi, mas não antes de
esconder a sua identidade, tornando-se apenas mais uma
condenada de Nihil. Os seus captores não entendem a fera que
encurralaram. Assim como todos os tolos que ela já enterrou, seu
primeiro erro foi mantê-la viva. Lourna está determinada a
subestimá-la pela última vez. Trancada em uma nave correcional da
República, ela é arrastada pela galáxia para reparar os danos que
ela e seus companheiros Executores da Tempestade infligiram. Mas
enquanto Lourna planeja a sua gloriosa fuga, ela faz alianças que se
aproximam perigosamente das amizades. Fora dos Nihil, separada
da sua infame nave, seu terrível arsenal e seu temido nome, Lourna
deve trilhar seu próprio caminho. Mas isso levará à redenção? Ou
ela emergirá como uma ameaça mais mortal do que nunca?

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Star Wars – Legado da Força – Tormenta

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Enquanto a guerra civil ameaça a unidade da Aliança Galáctica, Han


e Leia Solo enfureceram suas famílias e os Jedi ao se juntarem aos
insurgentes Corellianos. Mas os Solos traçam a linha quando
descobrem o plano dos rebeldes para fazer do Consórcio Hapan um
aliado – que depende dos nobres Hapan assassinarem sua rainha
pró-Aliança e a sua filha. No entanto, a determinação altruísta dos
Solos de salvar a rainha não pode dissipar as consequências
inevitáveis de suas ações que colocarão mãe contra filho e irmão
contra irmã nas batalhas à frente. À medida que os poderes
sombrios de Jacen Solo se fortalecem sob o Jedi Negro Lumiya, e
sua influência sobre Ben Skywalker se torna mais insidiosa, a
preocupação de Luke com seu sobrinho o força a uma luta de vida
ou morte contra seu inimigo mais feroz, e Han e Leia Solo
descobrem ficam à mercê de seu inimigo mais mortal... O filho
deles.

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Star Wars: Irmandade

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As Guerras Clônicas começaram. As fileiras de batalha estão sendo


desenhadas por toda a galáxia. Com cada mundo que se junta aos
Separatistas, a paz guardada pela Ordem Jedi está escorregando
por entre os dedos. Depois que uma explosão devasta Cato
Neimoidia, a joia da Federação do Comércio, a República é culpada
e a frágil neutralidade do planeta é ameaçada. Os Jedi despacham
Obi-Wan Kenobi, uma das mentes diplomáticas mais talentosas da
Ordem, para investigar o crime e manter o equilíbrio que começou a
mudar perigosamente. Enquanto Obi-Wan investiga com a ajuda de
uma heroica guarda Neimoidiana, ele se vê trabalhando contra os
Separatistas que esperam atrair o planeta para a sua conspiração, e
sente a mão sinistra de Asajj Ventress nas brumas que cobrem o
planeta. Em meio ao caos crescente, Anakin Skywalker sobe ao
posto de Cavaleiro Jedi. Apesar da ordem de que Obi-Wan viaje
sozinho, e da insistência de seu ex-mestre para que ele ouça desta
vez, A determinação obstinada de Anakin significa que nada pode
impedi-lo de invadir a festa e trazer um jovem promissor, mas
conflitante. Antes um Padawan de Obi-Wan, Anakin agora se
encontra em pé de igualdade, mas incerto, com o homem que o
criou. O atrito persistente entre eles aumenta o perigo para todos ao
seu redor. Os dois cavaleiros devem aprender uma nova maneira de
trabalhar juntos, e devem aprender rapidamente, para salvar Cato
Neimoidia e seu povo dos incêndios da guerra. Para superar a
ameaça que enfrentam, eles devem crescer além de mestre e
aprendiz. Eles devem permanecer juntos como irmãos.

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Skywalker – Uma Família em Guerra

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Descubra os segredos dos Skywalkers: a família que moldou uma


galáxia muito, muito distante... A história de Skywalker tem tudo:
paixão, intriga, heroísmo e feitos sombrios. Esta biografia reveladora
explora cada reviravolta da dinastia Skywalker: a lenta sedução ao
lado sombrio de Anakin; seu casamento condenado com Padmé
Amidala; o heroísmo de Luke e Leia; a queda e redenção do filho de
Han Solo e da princesa Leia, Ben; e as lutas de sua díade na Força,
Rey. Sem deixar pedra sobre pedra ao traçar as provações e
tribulações da dinastia, esta biografia definitiva da primeira família
de Star Wars explora e explica a história mais profunda e pessoal
dos Skywalkers, seus personagens, motivações e, contra
probabilidades aparentemente impossíveis, seu triunfo final.

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Star Wars – Comandos da República – Triplo Zero

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Após a erupção das sangrentas Guerras Clônicas na batalha de


Geonosis, ambos os lados permanecem em um impasse que só
pode ser quebrado por equipes de guerreiros de elite como o
Esquadrão Ômega, comandos clone com habilidades de combate
aterrorizantes e um arsenal letal... Para o Esquadrão Ômega ,
implantado bem atrás das linhas inimigas, é a mesma velha rotina
de operações especiais: sabotagem, espionagem, emboscada e
assassinato. Mas quando o Esquadrão Ômega é levado às pressas
para Coruscant, o novo ponto de acesso mais perigoso da guerra,
os comandos descobrem que não são os únicos a penetrar no
coração do inimigo. Uma onda de ataques separatistas foi rastreada
até uma rede de células terroristas de Separatistas na capital da
República, planejada por um espião no Quartel General do
Comando. Identificar e destruir uma rede de espionagem e terror
separatista em uma cidade cheia de civis exigirá talentos e
habilidades especiais. Nem mesmo a liderança dos generais Jedi,
juntamente com a assistência do esquadrão Delta e um certo notório
CRA trooper, pode igualar as chances contra os Comandos da
República. E enquanto o sucesso pode não trazer vitória nas
Guerras Clônicas, o fracasso significa derrota certa.

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Star Wars – De um Certo Ponto de Vista – Uma Nova
Esperança

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Em 25 de maio de 1977, o mundo foi apresentado a Han Solo, Luke


Skywalker, Princesa Leia, C-3PO, R2-D2, Chewbacca, Obi-Wan
Kenobi, Darth Vader e uma galáxia cheia de possibilidades. Em
homenagem ao quadragésimo aniversário , mais de quarenta
colaboradores emprestam sua visão a esta releitura de Star Wars .
Cada um dos quarenta contos reimagina um momento do filme
original, mas através dos olhos de um personagem coadjuvante. De
um Certo Ponto de Vista apresenta contribuições de autores mais
vendidos, artistas inovadores e vozes preciosas da história literária
de Star Wars.

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Star Wars: Velha República - Aliança Fatal

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O contrabandista Jet Nebula encontrou um rico tesouro. Os Hutts


querem leiloá-lo pelo maior lance, seja a República ou o Império. O
Alto Conselho Jedi envia um investigador; um Mandaloriano está
perseguindo algo ligado a um crime há muito esquecido; enquanto
um espião joga em todos os lados ao mesmo tempo. No final, o que
Jet descobriu surpreenderá a todos.

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Star Wars: Thrawn: ASCENDÊNCIA (Livro III - O
Mal Menor)

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Por milhares de anos, a Ascendência Chiss tem sido uma ilha de


calma, um centro de poder e um farol de integridade. É liderado
pelas Nove Famílias Governantes, cuja liderança é um baluarte da
estabilidade contra o Caos das Regiões Desconhecidas. Mas essa
estabilidade foi corroída por um inimigo astuto que elimina a
confiança e a lealdade em igual medida. Laços de fidelidade deram
lugar a linhas de divisão entre as famílias. Apesar dos esforços da
Frota de Defesa Expansionista, a Ascendência se aproxima cada
vez mais da guerra civil. Os Chiss não são estranhos à guerra. O
seu status mítico no Caos foi conquistado por meio de conflitos e
atos terríveis, alguns enterrados há muito tempo. Até agora. Para
garantir o futuro da Ascendência, Thrawn mergulhará
profundamente em seu passado, descobrindo os segredos sombrios
que cercam a ascensão da Primeira Família Governante. Mas a
verdade do legado de uma família é tão forte quanto a lenda que a
sustenta. Mesmo que essa lenda seja uma mentira. Para garantir a
salvação da Ascendência, Thrawn está disposto a sacrificar tudo?
Incluindo a única casa que ele já conheceu?

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Star Wars – Cavaleira Errante

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Mil anos antes de Luke Skywalker, uma geração antes de Darth


Bane, em uma galáxia muito, muito distante... A República está em
crise (1032 ABY). Os Sith vagam sem controle, competindo entre si
para dominar a galáxia. Mas uma Jedi solitária, Kerra Holt, está
determinada a derrubar os Lordes das Trevas. Seus inimigos são
estranhos e muitos: Lorde Daiman, que se imagina o criador do
universo; Lord Odion, que pretende ser seu destruidor; os curiosos
irmãos Quillan e Dromika; a enigmática Arcádia. Tantos Sith em
guerra tecendo uma colcha de retalhos de brutalidade, com apenas
Kerra Holt para defender os inocentes pegos sob os pés. Sentindo
um padrão sinistro no caos, Kerra embarca em uma jornada que a
levará a batalhas ferozes contra inimigos ainda mais ferozes. Com
um contra tantos, sua única chance de sucesso está em forjar
alianças entre aqueles que servem seus inimigos, incluindo um
misterioso espião Sith e um general mercenário inteligente. Mas
eles serão seus adversários ou sua salvação? Coruscant, o novo
ponto de acesso mais perigoso da guerra, os comandos descobrem
que não são os únicos a penetrar no coração do inimigo.

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Star Wars – A Esperança da Rainha

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Padmé está se adaptando a ser uma senadora de guerra durante as


Guerras Clônicas. O seu marido secreto, Anakin Skywalker, está
lutando na guerra e se destaca por ser um Jedi de guerra. Em
contraste, quando Padmé tem a oportunidade de ver as vítimas nas
linhas de frente devastadas pela guerra, ela fica horrorizada. As
apostas nunca foram tão altas para a galáxia ou para o casal recém-
casado. Enquanto isso, com Padmé em uma missão secreta, a sua
serva Sabé assume o papel de senadora Amidala, algo que
nenhuma serva faz há muito tempo. No Senado, Sabé fica
igualmente horrorizada com as maquinações que ali acontecem. Ela
fica cara a cara com uma decisão angustiante quando percebe que
não pode lutar uma guerra dessa maneira, nem mesmo por Padmé.
E o Chanceler Palpatine paira sobre tudo isso, manipulando os
jogadores para os seus próprios fins...

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Star Wars – O Vencedor Perde Tudo

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Lando Calrissian não é estranho a torneios de cartas, mas este tem


uma atmosfera verdadeiramente eletrizante. Isso porque o prêmio é
uma escultura rara que vale cinquenta milhões de créditos. Se
Lando não tomar cuidado, ele vai falir, especialmente depois de
conhecer as gêmeas idênticas Bink e Tavia Kitik, ladras mestres que
têm motivos para acreditar que a escultura é falsa. As Kitiks são
fofas, perigosas e determinadas a acertar as coisas, e convenceram
Lando a ajudá-las a expor o golpe. Mas o que eles enfrentam não é
uma simples simples traição, nem mesmo uma traição tripla. É um
jogo de poder completo de proporções colossais. Pois um mentor
invisível detém todas as cartas e tem uma solução à prova de falhas
para cada problema: Assassinato.

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Star Wars – A Sombra do Sith

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O Império está morto. Quase duas décadas após a Batalha de


Endor, os restos esfarrapados das forças de Palpatine fugiram para
os confins da galáxia. Mas para os heróis da Nova República, o
perigo e a perda são companheiros sempre presentes, mesmo
nesta nova era de paz. O Mestre Jedi Luke Skywalker é
assombrado por visões do lado sombrio, predizendo um segredo
sinistro crescendo em algum lugar nas profundezas do espaço, em
um mundo morto chamado Exegol. A perturbação na Força é
inegável… e os piores medos de Luke são confirmados quando o
seu velho amigo Lando Calrissian vem até ele com relatos de uma
nova ameaça Sith. Depois que a filha de Lando foi roubada de seus
braços, ele procurou nas estrelas por qualquer vestígio de seu filho
perdido. Mas cada novo boato leva apenas a becos sem saída e
esperanças desbotadas, até que ele cruza o caminho de Ochi de
Bestoon, um assassino Sith encarregado de sequestrar uma
jovem. Os verdadeiros motivos de Ochi permanecem ocultos para
Luke e Lando. Pois em uma lua ferro-velho, um misterioso enviado
da Eternidade Sith legou uma lâmina sagrada ao assassino,
prometendo que responderá às perguntas que o assombram desde
a queda do Império. Em troca, ele deve completar uma missão final:
retornar a Exegol com a chave para o glorioso renascimento dos
Sith, Rey, a neta do próprio Darth Sidious. Enquanto Ochi persegue
Rey e os seus pais até o limite da galáxia, Luke e Lando correm
para o mistério da sombra persistente dos Sith e ajudam uma jovem
família que corre para salvar suas vidas.

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Star Wars – Boba Fett – Um Homem Prático

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Na superfície, parece apenas mais um contrato de rotina para Boba


Fett e os seus comandos Mandalorianos, mas o cliente misterioso
que os contrata para iniciar uma pequena guerra é mais perigoso do
que qualquer um deles pode imaginar. Quando a força de invasão
Yuuzhan Vong varre a galáxia, os Mandalorianos descobrem que
estão do lado errado, lutando por uma cultura alienígena que trará o
fim da sua própria. Agora Fett tem que escolher entre sua honra e a
sobrevivência de seu povo. Como ele é um homem prático, ele está
determinado a ajudar a resistência a derrotar os Yuuzhan Vong,
mesmo que isso signifique trabalhar com um agente Jedi. O
problema é que ninguém confia em um homem com a reputação de
Fett. Então, convencer a Nova República de que eles estão lutando
do mesmo lado é uma tarefa difícil. Denunciados como traidores, os
Mandalorianos de Fett precisam ficar um passo à frente de seus
pagadores Yuuzhan Vong, e da República que os vê como
colaboradores do inimigo mais destrutivo que a galáxia já
enfrentou...

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Star Wars – Nova Ordem Jedi - Yuuzhan Vong

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Enquanto a Nova República e os Jedi tentam resolver os seus


problemas de convivência, e também tentam resolver pequenas
intrigas entre planetas. Surge algo sombrio e malévolo que nem a
Força consegue perceber. Os Yuuzhan Vong surgem como um
predador de planetas tomando-os e transformando-os. Como a
Galáxia de Star Wars vai derrotar o inimigo mais destrutivo que já
enfrentou? Desvende tudo sobre a raça, planetas, armas, cultura,
história, guerras, mapas, etc... que mudaram o Universo Expandido
Legend de Star Wars para sempre. Esse material vai ser o seu guia
definitivo para toda a série Nova Ordem Jedi.Enquanto a Nova
República e os Jedi tentam resolver os seus problemas de
convivência, e também tentam resolver pequenas intrigas entre
planetas. Surge algo sombrio e malévolo que nem a Força
consegue perceber. Os Yuuzhan Vong surgem como um predador
de planetas tomando-os e transformando-os. Como a Galáxia de
Star Wars vai derrotar o inimigo mais destrutivo que já enfrentou?
Desvende tudo sobre a raça, planetas, armas, cultura, história,
guerras, mapas, etc... que mudaram o Universo Expandido Legend
de Star Wars para sempre. Esse material vai ser o seu guia para
toda a série Nova Ordem Jedi.

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Star Wars – Nova Ordem Jedi - Vetor Primário

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Vinte e um anos se passaram desde que os heróis da Aliança


Rebelde destruíram a Estrela da Morte, quebrando o poder do
Imperador. Desde então, a Nova República lutou bravamente para
manter a paz e a prosperidade entre os povos da galáxia. Mas a
agitação começou a se espalhar; as tensões surgem em surtos de
rebelião que, se não forem controlados, ameaçam destruir o tênue
reinado da República. Nesta atmosfera volátil vem Nom Anor, um
incendiário carismático que aquece as paixões ao ponto de
ebulição, semeando sementes de dissidência por seus próprios
motivos sombrios. Em um esforço para evitar uma guerra civil
catastrófica, Leia viaja com a sua filha Jaina, sua cunhada Mara
Jade e o leal droide de protocolo C-3PO, para conduzir negociações
diplomáticas cara a cara com Nom Anor. Mas ele se mostra
resistente às súplicas de Leia, e, muito mais inexplicavelmente,
dentro da Força, onde um ser deveria estar, estava... espaço em
branco. Enquanto isso, Luke é atormentado por relatos de
Cavaleiros Jedi desonestos que estão fazendo justiça com as
próprias mãos. E então ele luta com um dilema: ele deve tentar,
neste clima de desconfiança, restabelecer o lendário Conselho Jedi?
Enquanto os Jedi e a República se concentram em lutas internas,
uma nova ameaça surge, despercebida, além dos confins da Orla
Exterior. Um inimigo aparece de fora do espaço conhecido,
carregando armas e tecnologia diferente de tudo que os cientistas
da Nova República já viram. De repente, Luke, Mara, Leia, Han Solo
e Chewbacca, junto com as crianças Solo, são lançados novamente
na batalha, para defender a liberdade pela qual tantos lutaram e
morreram. Mas desta vez, toda a sua coragem, sacrifício e até
mesmo o poder da própria Força podem não ser suficientes...

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Star Wars – A Alta República – Trilha do Engano

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Situado no mundo da Alta República, 150 anos antes da narrativa


da Fase I, uma era de mudanças traz novas esperanças e
possibilidades... mas também novos perigos. O planeta da Orla
Exterior Dalna se tornou o foco de uma investigação Jedi sobre um
artefato roubado da Força, e a Zallah Macri e o seu Padawan,
Kevmo Zink, chegam ao mundo pastoral para acompanhar uma
possível conexão com um grupo missionário de Dalnan chamado
Caminho da Mão Aberta. Os membros do Caminho acreditam que a
Força deve ser livre e não deve ser usada por ninguém, nem
mesmo pelos Jedi. Um desses crentes é Marda Ro, uma jovem que
sonha em deixar Dalna para espalhar a palavra do Caminho por
toda a galáxia. Quando Marda e Kevmo se encontram, a sua
conexão é instantânea e elétrica… até que Marda descobre que
Kevmo é um Jedi. Mas Kevmo é tão gentil e ansioso para aprender
mais sobre o Caminho, que ela espera poder convencê-lo da justeza
de suas crenças. O que Marda não percebe é que a líder da Trilha,
uma mulher carismática conhecida apenas como a Mãe, tem uma
agenda própria, que nunca poderá coexistir pacificamente com os
Jedi. Para seguir a sua fé, Marda pode ter que escolher se tornar a
pior inimiga de sua nova amiga... Não perca essas outras aventuras
ambientadas na era da Alta República!

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Star Wars – Star Wars – Episódio I – A Ameaça
Fantasma

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No mundo verde e intocado de Naboo, o Mestre Jedi Qui-Gon Jinn e


seu aprendiz, Obi-Wan Kenobi, chegam para proteger a jovem
rainha do reino enquanto ela busca uma solução diplomática para
acabar com o cerco de seu planeta pelas naves de guerra da
Federação do Comércio. Ao mesmo tempo, em um Tatooine varrido
pelo deserto, um menino escravo chamado Anakin Skywalker, que
possui uma estranha habilidade de entender e “corrigir” as coisas,
labuta durante o dia e sonha à noite, em se tornar um Cavaleiro Jedi
e encontrar uma maneira de conquistar a liberdade pra si e para a
sua amada mãe. Será o encontro inesperado de Jedi, da Rainha e
de um menino talentoso que marcará o início de um drama que se
tornará uma lenda.

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Star Wars - A Alta República - Em Busca da Cidade
Oculta

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Séculos antes das Guerras Clônicas ou do Império, nos primeiros


dias da Alta República, era uma era de exploração em uma galáxia
muito, muito distante… Pilotos ousados traçam novas rotas através
do hiperespaço, enquanto as equipes de Desbravadores fazem
contato com mundos fronteiriços para convidá-los a se juntarem à
República. Quando um droide de comunicações da equipe de
Desbravadores é encontrado flutuando no espaço, danificado e
carregando uma mensagem enigmática, a Cavaleira Jedi Silandra
Sho e a sua Padawan, Rooper Nitani, são enviadas para encontrar
os membros da equipe de desaparecidos. A sua investigação os
leva ao planeta Gloam, um mundo devastado que dizem ser
assombrado por monstros míticos. Os Jedi podem encontrar os
Desbravadores desaparecidos e desvendar o mistério dos
monstros? As respostas estão em uma cidade escondida sob a
superfície do planeta…

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