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Dedicado a Sarah Simpson Weiss, a qual me salva de mim mesma, várias

vezes por dia


Índice
Capa
Página Título
Dedicatória
Índice
Direitos Autorais
Epígrafo

Prólogo
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Treze
Capítulo Quatorze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Capítulo Vinte e Um
Capítulo Vinte e Dois
Capítulo Vinte e Três
Capítulo Vinte e Quatro
Capítulo Vinte e Cinco
Capítulo Vinte e Seis
Capítulo Vinte e Sete
Capítulo Vinte e Oito
Capítulo Vinte e Nove
Capítulo Trinta
Capítulo Trinta e Um
Capítulo Trinta e Dois
Capítulo Trinta e Três
Capítulo Trinta e Quatro
Capítulo Trinta e Cinco
Epílogo

Sobre o Ebook
Agradecimentos
Sobre a Autora
Star Wars: A Alta República - A Estrela Cadente é uma obra de ficção.
Nomes, lugares, e outros incidentes são produtos da imaginação do autor ou
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O cruzador Proa longa entrou no sistema Nefitifi tão suave e
silenciosamente quanto uma agulha afiada perfurando um pano preto.
Só alguns milhões de anos antes, uma estrela neste sistema anteriormente
binário explodiu, deixando para trás uma nebulosa de escala extraordinária.
Trilhas de gases roxo escuros e azul escuros entrelaçados entre os planetas,
radioativos e opacos, escondendo todo o sistema em redemoinhos de névoa.
Muitos contrabandistas, no passado, se aproveitaram dessa névoa.
Os Jedi agora acreditavam que os Nihil também o estavam usando. Era o
último lugar para se esconder.
— Algum sinal deles? — A Mestra Indeera Stokes perguntou ao
Padawan dela.
Bell Zettifar, ao lado dela, balançou a cabeça. — Nada em nenhuma
frequência. Está completamente quieto lá fora.
— Não deveria estar. — A Mestra Nib Assek balançou a cabeça, com os
seus cabelos grisalhos pintados de prata pelas sombras em que se
encontravam. (Quando um Proa longa funcionava com a metade da
potência para evitar atenção, como este agora fazia, a iluminação diminuiu
em conformidade.) — Traficantes de armas usam essa parte do espaço há
muito tempo. Você esperaria faróis, carga marcada em asteroides, algo
desse tipo. Em vez disso... nada.
Bell olhou para um companheiro Padawan, o Wookiee Burryaga, que
estava ao lado da Mestra Assek. Seu olhar compartilhado confirmou que
eles entenderam o que estava implícito: o sistema Nefitifi estava muito
quieto. Não encontrar nenhuma atividade aqui era como aterrissar em
Coruscant e encontrá-la deserta: prova positiva de que algo estava muito
errado.
Aqui só poderia significar que o Nihil estava próximo.
— Eles devem estar usando silenciadores, — disse Bell a Mestra
Indeera. — Satélites ou a bordo de uma nave?
— A bordo, eu suspeito. Logo descobriremos. — A sua Mestra
endireitou os ombros dela; os seus tentáculos Tholothianos ondulavam por
suas costas. Bell sentiu o arrepio de antecipação que percorreu o grupo Jedi
a bordo; a Força estava os avisando do que estava por vir. Mestra Indeera
colocou a mão no cabo do sabre de luz. — Os outros Proa longas relatam
leituras semelhantes, ou a falta delas. Os Nihil devem estar muito próximos.
Por fim, a ação. Uma chance de atacar os Nihil. Bell queria isso,
precisava disso, desde a perda de seu antigo Mestre, Loden Greatstorm.
Não por vingança. Greatstorm nunca iria querer isso. Sabendo que Bell
tinha feito, qualquer coisa, para neutralizar o mal que havia roubado a vida
de seu Mestre. Os Nihil já estavam derrotados, ao que parecia, a Mestra
Avar Kriss parecia prestes a capturar o seu líder, o Olho, a qualquer
momento, mas nem Bell nem o resto da galáxia ficariam em paz até que a
ameaça fosse sepultada para sempre.
A derrocada da Feira da República meses antes poderia ter prejudicado a
confiança da República, e dos Jedi, após o reparo. Em vez disso, os Nihil
estavam agora em fuga. A página estava virada. Esta parte inteira da galáxia
logo estaria totalmente segura mais uma vez.
Uma vez que todos os outros tivessem recuperado a sua confiança e a
segurança, talvez Bell também as recuperasse.
Enquanto a Proa longa passava por outra espessa nuvem dourada de
gases, Mestra Indeera foi a primeira a dizer:
— Eles estão acima de nós. Quase sobre nós. — Burryaga rosnou em
assentimento.
Os sensores da nave quase imediatamente começaram a piscar, mas o
verdadeiro aviso veio a eles através da Força. Os sentidos de Bell
aumentaram; os seus músculos ficaram tensos. A prontidão o galvanizou
em todos os níveis.
Aí vamos nós, pensou enquanto olhava para fora da cabine. Na
escuridão, os gases rodopiantes da nebulosa se tornaram translúcidos à
medida que a Proa longa subia, revelando o ventre da nave Nihil. Bell
imaginou os alarmes de alerta na ponte da nave, a onda frenética de
atividade enquanto se preparavam para lutar, pois a essa altura, certamente,
os Nihil haviam percebido que os Jedi tinham vindo para lutar.
Mas os Jedi estavam prontos desde o instante em que deixaram Farol
Luz Estelar, e o seu momento finalmente havia chegado.
Pelo Mestre Loden, pensou Bell, e que ninguém mais possa sofrer nas
mãos dos Nihil como ele sofreu.
O ataque inicial de abordagem foi projetado precisamente para este
momento: a nave mãe do grupo Jedi apreendeu a nave Nihil em seu raio
trator, segurando-a rapidamente, enquanto a Proa longa no qual Bell e os
seus compatriotas estavam se inclinavam para se conectar a uma câmara de
ar e a bloquear várias outras. A atracação... difícil, irregular, forçada,
sacudiu toda a Embarcação, mas a equipe permaneceu firme e alerta,
reconhecendo como um o momento em que a vibração sinalizou sua
penetração no casco.
— Pela luz e pela vida! — Mestra Assek gritou enquanto eles entraram
na nave Nihil.
Bell raramente tinha sentido a Força de forma tão poderosa como no
momento em que correu para uma série de fogo de blasters, cortando o ar
que o cercava tão de perto que podia sentir o calor. O cheiro de ozônio
encheu a respiração de Bell. No entanto, a sua lâmina de sabre de luz
desviou cada raio de blaster tão suavemente que parecia estar se movendo,
mirando sem nenhum trabalho consciente de Bell além de uma
concentração feroz. Ao seu redor, viu um mar de máscaras sem rosto e sem
alma, com os Nihil atirando, dispersando, lutando, e, avançando sobre elas,
com os Jedi velozes e seguros.
— Agora! — Mestra Indeera chamou a briga, reconhecendo o aviso da
Força o qual todos sentiram. Bell se escondeu atrás de uma viga de metal
para o proteger pelos segundos que levou para prender o seu respirador.
Não antes se tivesse feito isso, o silvo revelador das aberturas de ventilação
revelou que os gases venenosos dos Nihil haviam sido lançados.
Tarde demais, pensou Bell com satisfação. É a vez deles para ser tarde
demais.
Mestra Indeera liderou a batalha pela engenharia, ou o que se passou
com ela na Embarcação Nihil remendada e improvisada. Bell e Burryaga
ficaram logo atrás. Caberia a Mestra Assek segurar os Nihil perto da eclusa
de ar; O trabalho de Bell era paralisar esta nave.
Mesmo correndo em alta velocidade, Bell podia dizer que esta nave
estava em ruínas ao ponto de perigosidade; o interior era sombrio,
monótono e estritamente utilitário. O que faz alguém querer viver assim?
Para se juntar ao Nihil, visitar a dor e a destruição infinita sobre os
inocentes em vários sistemas, e para quê? A vida em uma nave sombria e
úmida rastejando pelos limites do espaço, com apenas a fraca centelha de
potenciais riquezas futuras para fornecer alguma luz, algo que não era vida.
As dúvidas de Bell ocupavam só uma pequena parte de sua consciência,
reflexões que examinaria mais tarde. O momento presente era para
completar a sua missão.
O gás verde encheu os corredores com névoa tóxica, à qual os Jedi
permaneceram imunes graças aos seus respiradores. No entanto, os gases
significaram que Bell sentiu a porta à frente deles antes de vê-la. Mestra
Indeera e Burryaga também devem tê-la visto, porque todos derraparam até
parar no mesmo momento.
— Devemos bater? — Bell perguntou. Burryaga gemeu com a piada
terrível.
Mestra Indeera simplesmente mergulhou o seu sabre de luz no
mecanismo de travamento da porta. O brilho do metal derretido iluminou
todos os seus rostos com uma luz laranja pálida nos instantes que levou para
a porta ceder. Ela se abriu para revelar só uma equipe mínima, com a
maioria deles jovens e desarmados, e todos dispostos a se render.
Isso ajudou Bell, sabendo que não teria que tirar vidas adicionais. O que
tinha que ser feito, tinha que ser feito, mas a dor que sentiu pela tragédia de
Loden Greatstorm permaneceu aguda. Poderia ter o empurrado em direções
perigosas. Em vez disso, ficou satisfeito com a captura deles, nada mais.
Você me ensinou bem, Mestre, Bell pensou na memória do falecido que
carregava em sua mente.
Assim que terminaram de reunir os prisioneiros, Burryaga ganiu
curiosamente.
— Sim, parece um contingente baixo de tripulação pra mim também, —
disse Bell. — Você acha que a busca da oficial Kriss pelo Olho dos Nihil os
abalou? Eles podem ter desertores às centenas, até milhares. — Ele não
gostava da ideia de deixar os Nihil escapar de qualquer justiça pelas
atrocidades que já haviam cometido, mas o mais importante era fazer com
que essas atrocidades parassem. Se o preço de salvar tantas vidas eram
alguns desertores dos Nihil saindo impunes, que assim seja.
Partimos para a ofensiva, disse Bell a si mesmo. Nós vencemos os Nihil
em seu próprio jogo. Fizemos isso por você, Mestre Loden, e por todas as
outras pessoas que sofreram como você...
Bell não conseguia nem pensar nisso.
Burryaga não pareceu notar a distração de Bell, pelo que ficou grato. Em
vez disso, o grande Wookiee balançou a cabeça e rosnou.
— Claro, foi fácil, — Bell concordou. — Eu não sei se foi muito fácil,
no entanto. Não adianta se preocupar com isso se os Nihil finalmente
entraram em colapso.
Nisso, ao menos, Burryaga concordou completamente.

Regald Coll tinha mais senso de humor do que a maioria dos Jedi. Pelo
menos, foi o que o não Jedi lhe disse. A maioria dos outros membros da
Ordem não concordou.
Ou, como diria Regald, eles simplesmente não tinham senso de humor
suficiente para apreciar o seu próprio.
— Então, o que é isso com a terminologia tempestade? — Ele perguntou
aos seus prisioneiros mais novos, um adulto de olhos ferozes chamado
Chancey Yarrow e uma jovem que se identificara apenas como Nan. —
Vocês todos deveriam ser uma grande tormenta, mas cada grupo se divide
em Tempestades, Raios e Nuvens. Até onde isso vai? Um Nihil que por
conta própria, não sei, é um Ligeiramente Nublado?
Os prisioneiros foram pegos perto de uma frota Nihil no sistema Ocktai,
apenas um dos muitos ataques ao Nihil ocorrendo simultaneamente. No
entanto, sua nave não era definitivamente parte desse grupo, e a princípio
ele pensou que provavelmente só questionariam as mulheres antes de deixá-
las ir. Mas Nan puxou um blaster para o primeiro Jedi que viu, o que levou
a uma verificação de identidade, o que revelou a sua verdadeira afiliação.
Nan parecia furiosa por ter sido pega. Por outro lado, o rosto de Chancey
Yarrow permaneceu totalmente impassível enquanto ela disse: — Você não
é tão engraçado quanto pensa que é.
— Provavelmente não, — concordou Regald. — Porque eu acho que
sou hilário e, na verdade, ninguém é tão engraçado. — Apreciar as suas
próprias piadas era o suficiente para ele.
— Não sou mais uma Nihil, — disse Nan. As palavras soaram estranhas,
como se tivesse que se forçar a dizê-las. — Nós trabalhamos para... — Ela
cortou quando viu o seu companheiro. O brilho gelado de Chancey Yarrow
poderia ter congelado a lava. Regald pensou em fazer uma piada de,
temporal, para combinar com todo o tema da tormenta, mas decidiu não
fazê-lo. Nan finalmente terminou: — Nós trabalhamos para nós mesmos.
Eu não estive com os Nihil por meses agora.
— Sincronismo conveniente, — disse Regald. — E quem sabe? Talvez
você esteja dizendo a verdade. Mas vocês terão que provar isso antes que
possamos deixá-los ir.

Enquanto isso, o Olhar Elétrico descansava em um espaço silencioso entre


sistemas distantes da batalha Jedi. Ninguém a bordo se incomodou em
monitorar a atividade Jedi atual, muito menos se preocupar em defender os
seus companheiros. Em vez disso, parecia que nada estava acontecendo
além de algumas tarefas domésticas aleatórias e comuns. Certamente
ninguém prestou atenção quando Thaya Ferr, uma mera assistente, e não
uma combatente, abriu caminho pelos longos corredores.
Thaya era uma mulher humana de meia-idade e aparência indescritível:
cabelos castanhos lisos puxados para trás em um rabo prático, vestida com
macacão básico padrão, sem listras reveladoras, sem máscara, sem arma.
Ela não tinha nada mais interessante do que um simples datapad.
Este datapad a levou à primeira porta, era os aposentos da tripulação de
uma mulher Ithoriana. Thaya soou a campainha e arrumou um sorriso vazio
e desinteressado em seu rosto antes que a porta deslizasse ao se abrir.
— Bom dia, — Thaya disse com toda a alegria sem sentido de um
droide. — Você ficará feliz em saber que o Olho dos Nihil encontrou um
novo lugar para você, um lugar ideal para os seus talentos. Os detalhes
estão aqui. — Ela entregou um pequeno cartão de dados sem parar, para que
a Ithoriana não dissesse algo. — Por favor, apresente-se na doca principal
para um transporte às 1300 horas de hoje. Obrigada!
Com isso Thaya se afastou, ainda sorrindo, sem deixar oportunidade
para discussão, gratidão ou qualquer resposta. A reação da Ithoriana era
irrelevante. Ela obedeceria, o que significava que partiria da nave dias antes
do macho Ithoriano de quem era parceira. A partida da Ithoriana precisava
passar despercebida, e se livrar da pessoa principal que notaria ajudava
nisso.
Isso servia a outros propósitos também. Mas Thaya recorreria a eles
quando terminasse de entregar este primeiro conjunto de ordens de
transferência.
Assim que terminou, correu de volta para a ponte da Olhar Elétrico.
Para o Olho. Ao próprio Marchion Ro.
Sentou-se na cadeira do capitão, estudando os relatórios. Thaya podia
dizer que tinham detalhes sobre ataques a outras naves Nihil, as naves leais
a Lourna Dee, e, portanto, quase não eram mais Nihil, em sua opinião, e
deu a eles toda a atenção que sabia que Ro gostaria que desse a eles, o que
era nenhuma. Em vez disso, ficou por perto, esperando pacientemente para
ser notada.
Alguns na ponte sorriram para Thaya Ferr, e sabia por quê. Não era uma
jogadora do poder; era só alguém que trazia e levava os recados de
Marchion Ro.
Muitas pessoas subestimaram o quanto poderia ser aprendido com essas
tarefas, ou o quanto um líder poderia confiar em alguém que cuidasse de
preocupações tão mundanas e triviais.
Thaya Ferr viu as coisas com mais clareza.
Finalmente, Ro falou com ela.
— Você fez as transferências?
— Sim, meu senhor. Vou preparar os próximos pedidos para entrega no
final do dia.
Alguns ouvidos se levantaram com a menção de... transferências, uma
evidência, talvez, de que alguns haviam perdido a confiança e o privilégio
de Marchion Ro? Haveria um apetite por nomes, detalhes, para melhor
zombar dos caídos. Até o momento, nenhum dos que estavam na ponte
suspeitava que uma ordem de transferência pudesse estar chegando a eles...
o que era exatamente como Ro queria, e exatamente como Thaya pretendia
entregar.
Marchion Ro passou para um assunto diferente... alguém, Thaya notou,
que certamente desviaria a atenção de qualquer conversa sobre as
transferências.
— Parece que a captura de Lourna Dee é iminente.
— Os Jedi ainda acreditam que ela é o Olho dos Nihil? — Ela disse isso
precisamente no tom de descrença que calculou que seria mais lisonjeiro
para Ro.
Ele sorriu exatamente como previra.
— Eles saberão a verdade muito em breve, Ferr. Por enquanto, deixe-os
se divertir. Deixe-os gostar de acreditar que derrotaram os Nihil.
— Eles nunca terão o luxo dessa crença novamente.
S tellan Gios estava entre aqueles Jedi que percebiam a Força
como todo o firmamento de estrelas no céu. Pontos de calor e energia
brilhantes, aparentemente distantes um do outro pela infinita ausência e
frio, mas na verdade profundamente conectados. Famílias, amigos, tribos,
organizações: cada um formou uma constelação diferente, esculpindo forma
e significado do céu. (Ele, Avar Kriss e Elzar Mann não eram a tal
constelação? Stellan sempre pensara assim, mesmo na infância.) A Força
brilhou diante de todos eles, iluminando a vasta escuridão; se Stellan tivesse
a capacidade de perceber todos os seres vivos, teria o mesmo efeito de ser
capaz de ver todas as estrelas do universo ao mesmo tempo: luz total, pura e
abrangente.
Raramente se sentira tão perto daquele momento ideal como neste dia.
Faixas coloridas flutuavam ao sol, esvoaçando sobre uma multidão de
milhares que estavam rindo, comendo comida de barracas e carrinhos, e
aproveitando o lindo dia e, finalmente, uma sensação de verdadeira
segurança e pertencimento. Ou assim Stellan gostava de pensar.
Finalmente, ele pensou, recuperamos a alegria que os Nihil roubaram
de nós por tanto tempo. Finalmente podemos celebrar a nossa unidade da
maneira que deveríamos ter feito desde o início.
Stellan estava à frente da delegação do Farol em uma plataforma que
dava para a celebração. Aos olhos da maior parte da galáxia, Eiram era um
lugar insignificante, um pequeno ponto em um mapa estelar muito obscuro
para se preocupar. Mas este era um dos mundos que liderou a campanha
para que essa parte do espaço finalmente se juntasse à República, o que
tornava a sua recente missão aqui ainda mais simbólica.
Eiram havia sofrido recentemente uma tempestade, o tipo de ciclone
violento que apenas um punhado de planetas poderia reunir, um que tinha
em seu ápice coberto quase um hemisfério inteiro. Ventos terríveis
danificaram gravemente as estruturas de dessalinização que forneciam a
única água doce do planeta. Esta foi uma crise que devastaria um planeta
independente, levando a um êxodo em massa ou mesmo a fome.
Mas os planetas da República tinham motivos para ter esperança.
— E assim, em vez de retornar ao seu lugar nos céus, o Farol Luz
Estelar foi transportado para cá, para Eiram! — O contador de histórias
apontou para o holo que mostrava o Farol sendo rebocado pelo espaço
sideral, apenas pela segunda vez, após uma missão de salvamento ao
planeta Dalna. Ao redor do contador de histórias, dezenas de crianças
faziam sons de admiração. O brilho do holo foi refletido em seus olhos
brilhantes. — A República e os Jedi vieram para nos salvar, trazendo água,
suprimentos e, acima de tudo... a esperança.
Stellan sentiu uma leve pontada de arrependimento por não ter estado ali
para supervisionar pessoalmente a mudança da estação e o início dos
reparos. Ainda estava em Coruscant então, então encarregou o Mestre
Estala Maru de supervisionar cada passo, não porque duvidasse dos
especialistas, mas porque era muito importante que isso se estivesse
absolutamente certo. Ninguém na galáxia prestou mais atenção aos detalhes
do que Maru.
Após o retorno de Stellan, dois dias antes, os reparos da usina de
dessalinização não estavam totalmente concluídos. Tudo o que precisavam
fazer agora, porém, era colocar as comportas... algo que seria feito assim
que o rebocador estivesse disponível, uma ou duas semanas no máximo. As
pessoas de Eiram ainda podiam ter racionamento de água, mas as rações
eram generosas e, após várias semanas de dificuldades, o planeta estava
pronto para comemorar.
Stellan disse isso a Maru, que respondeu:
— Certo. É o momento perfeito para todos. Mas não machuca é quando
a chanceler estava ao ar livre.
— Esse é o estado da política, — disse Stellan.
Na verdade, foi bom a chanceler Soh ter arranjado tempo para
comparecer, mesmo que holograficamente. As imagens bruxuleantes ao
lado dela na plataforma a viram sentada confortavelmente em uma cadeira
informal, com os seus enormes targons deitados de cada lado dela,
cochilando no contentamento das feras. Os olhos de Stellan encontraram os
de Lina Soh, brevemente, cada um nitidamente consciente das memórias da
Feira da República. A imagem de Stellan levantando o seu corpo
inconsciente dos escombros já havia se tornado icônica: tanto da maldade
dos Nihil quanto da resiliência da República. Assim, os dois estavam
estranhamente unidos aos olhos do público; da mesma forma, Stellan
tornou-se o Jedi, o símbolo da Ordem.
— Se somos uma constelação, — dissera Elzar Mann, antes de partir
para o seu retiro, — o Conselho fez de você a estrela polar. Stellan gostaria
de discordar, mas não podia.
Stellan não tinha certeza de como se sentia sobre isso. Assim, sentiu-se
culpado e aliviado pela chanceler não ter comparecido pessoalmente. Caso
contrário, haveria pressão para criar uma nova imagem icônica, de alguma
forma.
Do Conselho Jedi, os seus companheiros Mestres Adampo e Poof
também assistiram através de seus próprios hologramas. Droides câmera
pairavam entre as serpentinas e balões, capturando o evento para pessoas de
Kennerla a Coruscant. Não importa o quão distante esta parte da fronteira
pudesse estar do Núcleo Galáctico, o povo de Eiram poderia saber que era
realmente parte da República como qualquer outro mundo.
— Eles precisavam disso, — Stellan murmurou enquanto olhava para a
folia da multidão.
Maru o surpreendeu ao responder:
— Nós precisávamos disso.
E essa era a verdade. O olhar aguçado de Stellan identificou figuras
vestidas de branco e dourado entre os participantes do festival: Bell Zettifar
e Indeera Stokes, bebendo ram'bucha laranja brilhante de suas xícaras; Nib
Assek ajudando OrbaLin a se aproximar dos dançarinos, para melhor
assistir a sua apresentação; e Burryaga, estava brincando com algumas das
crianças menores. Ser um Jedi era um dever sagrado, mas a luz exigia mais
do que obediência e sacrifício. Às vezes, um Jedi tinha que estar aberto à
experiência simples e pura da alegria. Hoje todos tiveram essa chance.
— Uma coisa boa de se ver, não é? — Regasa Elarec Yovet dos Togruta
estava lá em pessoa, de pé perto da imagem bruxuleante da chanceler Soh.
Foi a chanceler quem respondeu, embora Stellan concordasse
inteiramente:
— É, Vossa Majestade. E já está na hora.

— Está quase na hora, meu lorde, — disse Thaya Ferr.


Marchion Ro deu ao seu subalterno um leve aceno de cabeça enquanto
olhava para as profundezas do mapa estelar holográfico. Os seus alvos pré-
selecionados brilhavam em vermelho entre as estrelas mais brancas, e
estudou cada um por vez.
Esses eram mundos comuns. Grandes e prósperos o suficiente para ser
notados ao menos pelos sistemas vizinhos, não tão grandes a ponto de terem
fortes defesas planetárias ou chamar a atenção indevida. Caminhou pelo
mapa holográfico, imaginando os sóis e os planetas se afastando para deixá-
lo passar.
Os mundos que havia escolhido tinham duas coisas em comum:
primeiro, todos eles tinham bons sistemas de comunicação que lhes
permitiriam alcançar aos oficiais em Coruscant em poucos minutos.
Segundo, eles estavam todos muito, muito longe do Farol Luz Estelar.
Sorriu com o seu sorriso pálido.
— Comece.


Aleen: um planeta nem particularmente obscuro e nem digno de nota.
Embora Aleen tivesse sido atormentado por guerras em seu passado
distante, agora era um lugar onde nada de significativo acontecia há muito
tempo, mesmo pelos cálculos de seus próprios habitantes, e nada de
significativo estava previsto para acontecer talvez um tempo ainda mais
longo. As lendas das guerras eram suficientes para deixar todas as almas de
Aleen satisfeitas com uma vida sem intercorrências.
Yeksom: um dos mais antigos mundos membros da República na Orla
Exterior, que sofreu terríveis terremotos nos últimos anos. A República
estava ajudando a reconstruir o planeta, mas foi um processo demorado e
meticuloso. O seu povo permaneceu cauteloso, incerto, de olhos tristes;
todos haviam perdido alguém nos terremotos, e a dor encobria o céu
cinzento do mundo.
Japeal: um planeta na fronteira, recentemente movimentado, com nada
menos que três pequenas estações espaciais em vários estágios de
construção. O clima temperado e a abundância de água praticamente
convidavam os colonos a encontrar um lugar que pudessem chamar de seu.
Dezenas de espécies montam vitrines e restaurantes; engenheiros mapearam
pontes e estradas; famílias dão os retoques finais em casas pré-fabricadas
novinhas em folha.
Tais Brabbo: Qualquer um em Tais Brabbo que não estava fazendo nada
de bom tomou a direção errada. Rumores diziam que os Hutts pensaram em
transferir algumas operações para Tais Brabbo, mas decidiram não fazer
isso, o lugar era muito corrupto até mesmo para eles. Era um bom lugar
para se perder e, em qualquer dia, abrigava milhões de almas que não
queriam nada além de permanecer fora da vista de quaisquer autoridades
mais poderosas do que os ineficientes agentes locais.
Em cada um desses planetas muito diferentes, sob quatro tons diferentes
de céu, milhões de indivíduos muito diferentes estavam realizando tarefas
tão divergentes quanto fiar lã de muunyak ou pegar discos de recompensa
quando cada um deles ouviu exatamente o mesmo som: o zumbido dos
motores das espaçonaves descendo.
Todos aqueles milhões de pessoas olharam para cima. Todos eles viram
as naves Nihil descendo do céu, numerosos como gotas de chuva... era o
início da Tormenta.
Explosivos caíram. Armas de plasma disparadas. O ataque atingiu as
casas, as fábricas, as pontes, as cantinas, os centros médicos, os hangares.
Não havia um alvo específico, porque tudo era um alvo. Pareciam que os
Nihil queriam causar caos pelo caos, o que alguém que nunca tinha ouvido
falar deles achava difícil de acreditar.
Uma nave de passageiros saindo de Japeal naquele exato momento teve
sorte. Ele sofreu danos... um tiro devastador a bombordo, mas foi capaz de
sair mancando da órbita e até mesmo entrar no hiperespaço. A tripulação e
os passageiros sobreviventes pensaram que era um milagre que ainda
estivessem vivos e poderiam até continuar assim, se conseguissem ajudar a
tempo.
O chamado ‘milagre’ não era, de fato, mais do que uma ordem
permanente que Marchion Ro havia dado antes do início do ataque dos
Nihil. Algumas pessoas precisavam escapar, porque os Nihil precisavam
que eles corressem direto para o Farol Luz Estelar, onde receberiam
conforto, tratamento médico e toda a atenção dos Jedi.

Assim que Stellan Gios retornou ao Farol Luz Estelar de Eiram, as notícias
dos ataques dos Nihil chegaram. Estala Maru, normalmente não se permitia
a falar palavrões, usou frases consideradas obscenas na maioria dos planetas
enquanto chegavam as notícias do ataque a Aleen.
— Ainda há mais Nihil, ainda atacando, e pra quê? Pra nada, até onde
sei. Eles não estão mais se preocupando em saquear naves ou planetas. —
Ele balançou a cabeça severamente. — Os Nihil pretendem nos causar mais
problemas enquanto houver pelo menos uma Nuvem restante.
— Isso não está perto da escala de destruição que vimos no início dos
Nihil, — disse Stellan, lembrando tanto a si mesmo quanto a Maru. —
Fizemos um progresso real. Deveríamos ter esperado ver os Nihil se
debatendo em agonia na morte do grupo. Por enquanto, a nossa atenção
deve permanecer em ajudar os afetados. Parece que algumas naves
danificadas estão vindo em nossa direção, sem dúvida com alguns feridos a
bordo...
— Já estou cuidando disso, — disse Maru. A atenção fanática do
homem aos detalhes só aumentava em tempos de crise, e Stellan raramente
se alegrava com isso. — Enviei alguns Padawans para preparar a torre
médica para alguns pacientes extras.
— Excelente. — Stellan colocou uma mão no ombro de Maru, um gesto
de gratidão. — Maru, às vezes eu acho que é você quem mantém esse lugar
unido.
— E não se esqueça disso, — Maru fungou. O seu comportamento mal-
humorado era apenas um escudo tênue, no entanto; Stellan viu o brilho de
satisfação nos olhos cinzas de Maru.
Stellan saiu correndo, deixando a situação que estava sendo resolvida
para lidar com as muitas que ainda precisavam ser resolvidas. Algumas
naves danificadas já haviam sinalizado a necessidade de um lugar para
pousar, e mais viriam.
Na verdade, estava um pouco mais preocupado com os ataques dos Nihil
do que tinha deixado Maru saber. Stellan teve dúvidas sobre a busca de
Avar Kriss pelo Olho dos Nihil desde o início; parecia muito com uma
vingança pessoal. Avar havia se afastado do Farol Luz Estelar, da sua
missão do Conselho, do próprio símbolo da República nesta parte do
espaço, tudo na esperança de fazer uma captura que outros poderiam ter
feito igualmente bem. Seria possível que a sua busca tivesse antagonizado
os Nihil, levando-os a atacar em vez de se esconder no esquecimento?
Ou talvez esses ataques dispersos sejam um sinal de que o plano de
Avar está funcionando, permitiu-se Stellan. O Olho está fugindo dela,
possivelmente perdendo contato com os Nihil em geral. Talvez o que
estamos vendo seja os Nihil recém-descentralizado, atacando
descontroladamente antes de desmoronar.
Nesse caso, Stellan seria o primeiro a se desculpar com Avar por duvidar
dela. Até que soubessem mais, no entanto... manteria o seu próprio
conselho.
Uma voz eletrônica chilreou:
— Mestre Stellan Gios?
Stellan se virou para ver um droide de logística rolando em direção a ele,
acobreado e brilhante, com um corpo vagamente humanoide acima de uma
base rolante.
— Sim... você está entregando uma mensagem?
— A mensagem é que você é meu novo mestre. Eu sou JJ5145 e estou
pronto para rotular, priorizar, classificar, arquivar, agrupar e organizar todos
os aspectos de sua existência. — O droide praticamente vibrou de prontidão
para começar.
— Deve haver um engano, Quatrocinco, — disse Stellan. — Eu não
pedi nenhum droide, e o Conselho teria mencionado...
— Sou um presente, — declarou JJ-5145 com aparente orgulho. —
Venho aos cumprimentos de Elzar Mann, que manda dizer que, como não
pode mais ser seu braço direito, desejava que eu servisse nessa função.
Não havia quase nada que Stellan quisesse menos do que um droide o
seguindo para organizar tudo.
O que, claro, Elzar conhecia perfeitamente.
Stellan já havia se preocupado em enviar Elzar para trabalhar em sua
crise atual sem acompanhá-lo, como havia planejado e, de fato, prometido.
No final, as muitas tarefas de Stellan não lhe deram nenhuma oportunidade
de se afastar, e encontrou um excelente substituto para guiar Elzar nessa
difícil passagem. Mas estava preocupado que Elzar pudesse se ressentir de
alguma forma... e no atual estado de espírito de Elzar, esse ressentimento
poderia facilmente ter se transformado em escuridão.
Agora parecia que Elzar não estava nem um pouco ressentido, e só
irritado o suficiente para fazer uma brincadeira.
JJ-5145 disse:
— Você permaneceu em silêncio por 3,1 segundos. Você não tem clareza
sobre como priorizar seus pensamentos? Vocalize-os e eu posso ajudá-lo a
ordená-los com mais eficiência.
— Tudo bem, Quatrocinco, — Stellan respondeu apressadamente. —
Que tal você ajudar os Padawans a organizar a torre médica? Isso seria de
grande ajuda. — Ele guiou o droide em seu caminho, aliviado por ter outra
coisa para fazer. Mais tarde, pediria para agendar algumas outras tarefas
para alguns dias no futuro.
Uma dessas tarefas seria:
— Pensar na vingança ideal por uma brincadeira medíocre.

A primeira nave a chegar ao Farol Luz Estelar após os ataques dos Nihil
não foi danificada e nem transportou feridos; era a Proa longa encarregada
de trazer alguns dos Jedi de volta de seus ataques ao sistema Ocktai, com
um punhado de prisioneiros a reboque.
Bell Zettifar, recém chegou de verificar os estoques de suprimentos na
torre médica, preparou-se para ajudar na descarga dos prisioneiros, mas a
sua Mestra, Indeera Stokes, dispensou-o.
—Só há um punhado de cativos e, se precisar de ajuda, posso fornecê-la,
— disse ela. — Tire um tempo para si mesmo.
Sem dúvida, ela notou o quão sombrio o seu humor permaneceu, meses
após a morte de Loden Greatstorm. Bell não queria que a sua nova Mestra
pensasse que não a apreciava, para deixar a sua admiração e tristeza por seu
antigo Mestre obscurecer o seu novo aprendizado. (E estava claro que
precisava de mais tempo como aprendiz. A convicção de Bell de que estava
pronto para se tornar um Cavaleiro virou pó com o Mestre Loden.)
Isso era algo que deveria considerar mais tarde. Por enquanto, havia
pouco a fazer além de dizer:
— Obrigado, Mestra Indeera.
Ela assentiu enquanto começava a se afastar.
— Todos nós teremos muito o que fazer em breve. É melhor usar o
tempo livre enquanto pode.
Burryaga, que também estava em liberado, perguntou com um rosnado
curioso se Bell não gostaria de meditar juntos. As técnicas de meditação em
dupla às vezes eram bem-sucedidas onde os esforços individuais falhavam;
muitas vezes era mais fácil acalmar a outra pessoa ou ser acalmado por ela.
Não era uma má ideia, mas uma forma sombria no final do corredor
lembrou a Bell que havia algo muito mais importante para fazer primeiro,
alguém que não podia visitar desde que voltou para o Farol em Eiram
naquela manhã.
— Espere só um segundo, — ele disse para Burryaga antes de cair de
joelhos e abrir bem os braços para a forma se arremessando em sua direção.
— Venha, Ember!
A charhound saltou das sombras e pulou em Bell, dando-lhe as boas-
vindas com todo o entusiasmo que conseguiu reunir, o que era muito. Bell
permitiu alguns segundos de lambidas frenéticas antes de estender a mão
para acalmar o seu animal de estimação. A sua pele ardia quente contra a
sua palma da mão.
— Calma, Ember, calma. Estou de volta agora.
Ember se contorceu de alegria, e Bell não pôde deixar de sorrir. Não
havia nada como um animal de estimação para lembrá-lo de liberar as suas
preocupações e viver o momento.
Burryaga fez um som baixo e ofegante. Bell olhou pra cima para ver o
seu amigo Wookiee observando o Cavaleiro Jedi Regald Coll levar os dois
prisioneiros Nihil para longe. Uma era uma mulher alta e feroz com longas
tranças e maçãs do rosto afiadas o suficiente para cortar. A outra era uma
garota que não tinha nem a idade dele, o cabelo preso em um rabo, com as
roupas um pouco grandes demais para o corpo, criando a ilusão de que era
ainda mais jovem do que sua verdadeira idade.
Bell conhecia o rosto da jovem, não por experiência pessoal, mas por
instruções de segurança.
— Pensei em Nan como quase ainda uma criança, — Reath os advertiu,
logo após a notícia de sua captura. — Ela não é. Ela é tão capaz quanto
qualquer Padawan, sem dúvida mais do que eu, porque ela me enganou
completamente. Não trate Nan como uma qualquer.
Bell imaginou que o discurso era principalmente para fazer Reath Silas
se sentir um pouco melhor por ter sido enganado com tanta habilidade. Mas
enquanto observava Nan se afastar, a cabeça erguida apesar dos pulsos
algemados, Bell se viu esperando que Regald Coll tivesse ouvido esse aviso
também.

— Eu sugiro esperar antes de questioná-los, — disse Regald a Stellan Gios.


— O nosso transporte era pequeno. Os prisioneiros Nihil podem ter ouvido
falar sobre os ataques bem-sucedidos de seus camaradas e, se sim, isso os
fará ter...
— Excesso de confiança, — Stellan terminou para ele. — Exultantes,
até. Convencidos que a ajuda virá rapidamente. Quando isso não acontecer,
então, talvez, eles estarão prontos para conversar.
— Eles alegam que não são mais Nihil, — disse Regald, — mas a garota
chamada Nan estava absolutamente com a organização a apenas alguns
meses atrás, e é um momento muito conveniente para ela ter saído, não
acha?
— Mas não impossível. — Stellan ficou pensativo. — Se ela deixou os
Nihil, e se pudermos descobrir o porquê, isso pode fornecer algumas
informações valiosas sobre como desarmar psicologicamente o grupo.
— Isso economizaria muito tempo. Ainda assim? Eu meio que duvido.
— Regald sentia falta dos velhos tempos em que trabalhava na creche Jedi,
onde ou quando você via um problema (uma criança de três anos fascinada
por fogo), a solução era óbvia (remover a criança de três anos da
proximidade do fogo). — Você vai lidar com o interrogatório sozinho, ou
Elzar Mann assumirá o comando? Fico feliz em ajudar, mas tenho que
avisá-lo, as minhas piadas me deixam um pouco menos intimidante.
Embora sempre haja a chance de os cativos revelarem tudo, só para me
fazer calar a boca.
O divertimento tocou nas feições de Stellan.
— Eu te chamo se ficar realmente desesperado. Temo, o Elzar, não estar
disponível. Ele está fazendo algo ainda mais importante.
— E o que nos mundos seria isso?
— Elzar pode demorar um pouco mais do que usual para fortalecer os
seus laços com a Força, — disse Stellan. — Conectando-se com o maior
Jedi que ainda pode se tornar.
O planeta oceânico de Ledalau possuía apenas alguns milhares de
metros quadrados de terra, tudo dentro de um pequeno arquipélago. Há
muito tempo, este mundo possuía continentes poderosos, mas fazia mais de
um milênio desde que as águas os engoliram inteiros. Restaram poucas
relíquias das antigas civilizações; o planeta atualmente possuía poucos
recursos e menos infraestrutura. Assim Ledalau ficou quase inteiramente
sozinho. Foi isso que o tornou o retiro meditativo perfeito.
Também acabou por ser o lugar perfeito para receber seu orgulho de
bandeja.
Elzar estava cético ao chegar várias semanas antes. As ilhas estavam em
uma latitude superior, o que tornava o clima decepcionantemente frio e
nebuloso. Era da opinião de que era mais fácil se concentrar quando não se
estava com frio. Tinha então sido apontado a ele que ninguém precisava
praticar o que vinha fácil, E se quisesse fazer o que já podia fazer, poderia
muito bem ter ficado no Farol.
Então abandonou as suas noções iniciais e tranquilas de um retiro
tropical e se dedicou à sua tarefa. O seu lar temporário era uma pequena
estrutura de pedra, não mais que um quarto e uma latrina. Elzar não tinha
dispositivos de comunicação, nenhuma forma de entretenimento, nem
droides, só os poucos itens de que precisaria para ser totalmente
autossuficiente e um guia que não lhe dava nenhuma folga.
Uma vez que o ruído mental da agitação diminuiu, ele começou a lidar
com as verdades que o trouxeram aqui:
Comecei a recorrer ao lado sombrio para obter meu poder da Força.
Elzar não se virou; nem sentiu que estava perto de se virar. Este não era
um modo de vida para ele, ainda acreditava em todas as boas e verdadeiras
lições que aprendera com Yoda quando jovem, depois como Padawan de
seu sábio Mestre Roland Quarry. Mas a raiva e medo eram inevitáveis. As
circunstâncias extremas criaram emoções extremas. Negá-los não serviu
para nada. Por que não os usar?
Muitas semanas de meditação depois, Elzar ainda achava que essas
perguntas eram válidas. No entanto, também percebeu que todos os Lordes
Sith na história provavelmente fizeram exatamente as mesmas perguntas até
que a escuridão os prendeu completamente.
Onde é que está o limite? Elzar se perguntou. Você não sabe. Você não
pode saber. E é por isso que você não pode trilhar esse caminho.
Também ficou claro para ele que parte da razão pela qual se opunha tão
profundamente a negar a emoção era porque os sentimentos negativos não
eram os únicos que estava tentando negar.
Mesmo aqui, tinha sido difícil para ele encarar essa verdade. Mas a
verdade dentro dele exigia ser conhecida. À noite, quando olhava para as
três luas largas e brilhantes de Ledalau, imaginava-as como pontos de luz
no céu de Avar Kriss.
Eles nunca tiveram a intenção de se apegar. Padawans muitas vezes
brincavam juntos às escondidas; na adolescência, uma fase em praticamente
todas as espécies sencientes, exigia o que lhe era devido. Instrutores e
Mestres fingiam não perceber, desde que ninguém fosse longe demais.
Quando os relacionamentos se formavam, as reprimendas eram raras. Em
vez disso, um Mestre prontamente levaria o seu aprendiz para uma missão
de longo prazo longe de qualquer templo Jedi. Até que um reencontro
pudesse acontecer, ambos os jovens geralmente cresciam, ganhavam
perspectiva e seguiam em frente.
Elzar e Avar não tiveram que ser separados. Eles foram razoáveis.
Responsáveis. Eles sabiam o que estavam fazendo e quais eram as
limitações.
Assim Elzar tinha acreditado. Mas mesmo tendo crescido e ganho
perspectiva, parecia que não conseguia seguir em frente.
Quanto da minha confusão e raiva está enraizada em meus sentimentos
por Avar? Então se perguntou enquanto meditava de joelhos, às vezes por
horas a fio. Quanta energia eu desperdiço, tentando conciliar o que nunca
pode ser conciliado?
Lá, pelo menos, as barreiras permaneceram fortes. Enquanto Elzar
sentia... não, sabia... que Avar ainda tinha sentimentos por ele também,
também sabia que ela nunca quebraria a sua promessa. Então, por que isso o
incomodava tanto?
Finalmente, percebeu: não era a falta de respostas que pesava sobre ele.
Foi a recusa de sequer fazer as perguntas.
Uma vez que soube disso, o resto começou a se encaixar. Elzar entrou
em um ritmo: meditação matinal e exercícios, uma refeição leve, práticas
meditativas mais profundas, mais exercícios, um jantar substancial o
suficiente para permitir uma boa noite de sono. Permitiu-se sentir
momentos de raiva e frustração sem recorrer a eles como combustível.
Permitiu-se pensar em Avar quando olhou para o céu noturno.
E se submeteu às tarefas que lhe foram dadas, mesmo a atual, muito
úmida, fria e irritante, por respeito à sua guia, uma Cavaleira Jedi apenas
alguns anos mais velha, uma que fez o seu caminho como uma
Desbravadora.
— Concentre-se. — Orla Jareni sempre soava levemente irônica, mesmo
em momentos como este. — Esteja neste momento. Nesta mesma
respiração.
Elzar respirou fundo e retomou o plantar bananeira no instante antes da
próxima onda quebrar.
Quando Orla sugeriu pela primeira vez que trabalhasse na meditação na
água, Elzar ficou muito feliz (mesmo, verdade seja dita, até um pouco
presunçoso) para responder que muitas vezes fazia exatamente isso. Ao
descrever o seu método de meditação, esperava que ela ficasse
impressionada.
Mas Orla Jareni não impressionou tão facilmente.
— Certo, — ela disse. — Você vai com o fluxo. Você se move para onde
a água o leva. Então você fica surpreso quando acaba em algum lugar que
nunca quis estar. Eu quero que você pratique permanecer firme contra a
água. Não rejeite o seu poder... coexista com ele. Para aceitá-lo, e ainda
assim manter-se firme.
— O que significa...?
Ela gesticulou para a costa rochosa.
— Ande cerca de quatro ou cinco metros, plante bananeira pra mim e
segure-se apesar da maré. — E era isso que Elzar vinha praticando todos os
dias desde então.
A água, apenas na altura dos pulsos entre as ondas, subiu quase até a
cintura quando as ondas chegaram, pesadas e assustadoramente frias. Elzar
enfiou os dedos na areia e convocou a Força para estabilizá-lo. Dentro de
alguns segundos, a onda rolou novamente, deixando-o molhado e ofegante,
mas ainda no lugar.
— Excelente, — disse Orla, segura e seca na praia.
— Eu não sou um grande meditador, — Elzar respondeu. — Mas eu
realmente gosto de não me afogar.
— Felizmente você é bom nisso.
Outra onda rugiu em sua direção, e Elzar fechou os olhos. Dessa vez foi
mais fácil esquecer que Orla estava ali e aceitar o presente que o mar tinha
para lhe dar.
Deixou a sua consciência fluir de seu corpo através da água, até que
pudesse sentir todas as outras formas de vida fervilhando ao seu redor:
peixes, habitantes das conchas, plantas que brotavam das profundezas para
balançar nas marés. Era uma comunhão que apreciou no passado, mas essa
conexão era diferente agora, de alguma forma mais forte por sua recusa em
se render completamente a ela. O seu corpo permaneceu imóvel, como um
penhasco contra as ondas: vulnerável ao tempo, mas forte neste momento.
Demorou um pouco para Elzar perceber que cada onda individual era mal
registrada por ele agora; a sua respiração tinha naturalmente assumido o
ritmo da água, e o seu senso de unidade com a vida ao seu redor parecia
mais vital, mais real, do que até mesmo a areia sob as suas palmas.
Equilíbrio, pensou, e permaneceu naquele lugar, mental e fisicamente,
durante a hora que levou para a maré começar a baixar.
Elzar voltou a ficar de pé e aterrissou até os tornozelos em algas
marinhas e lodo, com uma sensação interessante. Na praia, Orla Jareni
estava enrolando seu manto branco como a neve. — Você percorreu um
longo caminho. A primeira vez que você tentou isso, não consegui decidir
se você engolia mais água do mar ou areia.
Ele sorriu.
— Elogio? De você? Eu devo estar a fazer alguma coisa certa.
— Meu elogio é difícil de ganhar, — ela concordou. — É por isso que
vale algo para você, espero.
— Isto é. Você mal pode imaginar o quanto vale. — Elzar fez uma
pausa. — Vou me abster de 'reparar' com a Força por um tempo depois
disso. Por um longo tempo, eu espero.
Orla inclinou a cabeça. A luz do sol fria fez a sua pele quase brilhar,
como neve fresca.
— Quando eu aconselhei você a parar de fazer isso, eu nunca quis que
você se abstivesse para sempre. Você é um usuário da Força intuitivo, Elzar.
Isso é uma força, não uma fraqueza, uma vez que você descobrir os seus
limites.
— Ainda não, no entanto. E me sinto forte o suficiente agora para
continuar como estou.
— Você percebe que ainda está se limitando? — Orla ergueu uma
sobrancelha agudamente angulada. — Não só em como você usa a Força,
mas em usar a Força em si?
— Eu sei, — admitiu Elzar. — Parece... como uma perna machucada.
Eu sei que vou ser capaz de colocar peso sobre ele novamente. Ou estou
entendendo errado também?
— Não. Parece razoável pra mim. Nós Jedi passamos tanto tempo
aprimorando as nossas habilidades da Força que às vezes outras habilidades
são deixadas de lado. Talvez seja bom para você passar um tempo
descobrindo os seus pontos fortes além da Força também.
Elzar enxugou o cabelo úmido, que havia crescido um pouco e
desgrenhado durante a sua estada em Ledalau.
— Diga-me, porém, como vou saber quando é hora de... abrir de novo?
Quando ela queria, Orla Jareni tinha um sorriso malicioso.
— Confie em si mesmo, estúpido. Agora termine de se secar e faça as
malas.
— Hoje? — Sabia que ela havia planejado que eles partissem em breve,
mas ela reteve a data específica, para que experimentasse o tempo com mais
fluidez.
— Dentro de uma hora, se você puder se apressar.
Elzar se apressou. Este era o benefício de trazer tão pouco; estava seco e
pronto para partir dentro de uma hora.
Trabalhar com Orla Jareni surpreendeu Elzar do início ao fim. O seu
amigo Stellan Gios havia conectado os dois, o que, dada a dúvida geral de
Stellan sobre os Desbravadores, tinha sido estranho o suficiente para
começar. Então a própria Orla se mostrou dura, engraçada e ainda mais
iconoclasta do que o próprio Elzar. A sua tutela inflexível o concentrou
mais profundamente, mais rapidamente, do que pensava ser possível.
(Elzar ficou embaraçado por dentro quando percebeu que,
inconscientemente, estava supondo que seria capaz de fazer Orla fazer as
coisas do seu jeito. Não tinha entendido o quanto andava flertando com
mulheres ultimamente até que conheceu alguém que não tinha nenhum
utilidade nisso.)
Se Orla acha que estou pronto, devo estar, lembrou a si mesmo
enquanto terminava de fazer as malas. Porque de jeito nenhum ela me daria
uma folga.
Elzar estava grato por ela ter sido a sua professora, tanto que quase se
sentiu culpado por enviar a Stellan aquele droide de logística.
Mas não totalmente. Sorriu enquanto fechava a sua bolsa, pronto para
sair.
Saiu de sua pequena estrutura de pedra para ver que a neblina havia
entrado, espessa e úmida. Envolvendo-se em sua capa, ele gritou:
— Orla? Onde você está?
— Por aqui! — A voz dela veio de longe, e partiu para segui-la.
Eles passaram quase todo o tempo na praia, o que significa que o interior
desta pequena ilha permaneceu quase desconhecido para ele. Assim que a
areia deixou de se misturar com o solo, o chão ficou mais nebuloso, mais
acidentado, quase ondulado. Elzar se apressou, ciente de Orla um pouco à
sua frente, e apenas vagamente curioso para saber como eles planejavam
partir.
Então, entre as brumas, avistou o pedestal.
Não era especialmente alto, talvez da mesma altura que o próprio Elzar,
nem conservava nenhuma das esculturas cerimoniais ou pintura que deve
ter usado em milênios passados. O tempo havia desgastado tudo, menos a
superfície lisa e acastanhada da pedra. Isso já esteve sobre um altar de
sacrifício? Nesse momento, cercado pelo silêncio e pela neblina rodopiante,
Elzar não pôde deixar de sentir a sacralidade desse lugar, desse momento.
Era a sua imaginação, ou a Força era mais forte aqui? Elzar tinha certeza
de que não tinha sonhado.
Aposto que a nossa carona ainda nem chegou, meditou enquanto
estudava o pedestal. Orla queria que eu encontrasse essa relíquia antiga,
para entendê-la da melhor maneira possível. Se eu puder. Deveria se
ajoelhar? Fechar os olhos? Qual a melhor forma dele respeitar uma cultura
que não conhecia nem podia adivinhar qual era?
— Elzar? — A voz de Orla estava mais próxima, e vislumbrou o seu
contorno tomando forma em meio à neblina enquanto ela caminhava em
direção a ele.
— Estou bem aqui, — confirmou Elzar, esperando as suas próximas
instruções. O pedestal assomou diante de seus olhos, a sua sensação de
presença intensamente real, quase como se estivesse olhando para ele.
— Ah, que bom, — disse Orla, sorrindo quando finalmente ficou à vista.
— Você conheceu o nosso navegador.
Elzar a encarou, perplexo. Então virou a cabeça de volta para o pedestal.
Não era a sua imaginação; isso estava olhando pra ele.
— Esta pedra... — ele começou.
— Isso não é uma rocha, — finalizou Orla. Ela deu ao pedestal uma
espécie de empurrão amigável. Ele não se moveu. — Este é o nosso
navegador Vintiano para a viagem de volta ao Farol. Ele é conhecido por
seu apelido, que por acaso é Geode. Geode, este é Elzar Mann, Cavaleiro
Jedi.
— Hum, — disse Elzar. — Prazer em conhecê-lo. — Geode não disse
nada, por ser uma pedra e tudo, e Orla estava testando-o, talvez?
Orla não parecia muito preocupada com a reação dele, no entanto. Em
vez disso, ela continuou em direção à nave. Elzar o seguiu, olhando por
cima do ombro a cada poucos segundos. Geode não se moveu para segui-
los. Sim, decidiu Elzar, definitivamente era apenas um teste.
O seu destino provou ser uma pequena nave de carga, de azul telhado
com uma cabine bulbosa que quase parecia cômica. Na rampa, uma jovem
humana de pele bronzeada e cabelos longos e escuros verificou os
medidores de pressão na eclusa de ar. Sem se virar, ela gritou:
— Bem-vinda de volta, Orla!
— Obrigado, Affie. — Orla fez um gesto em direção à garota: — Elzar
Mann, Affie Hollow... e vice-versa. — Affie o admitiu com apenas um
aceno de cabeça. — E deixe-me apresentá-lo ao capitão da Embarcação,
Leox Gyasi.
— Saudações, companheiro viajante do vazio, — disse um homem alto
e esguio que apareceu no topo da rampa. Ele tinha cabelos louro escuros,
ricamente ondulados; uma camisa larga aberta até o meio do peito; e em
volta do pescoço, uma coleção de cordões de contas em muitas cores de
muitos mundos. — É um prazer conhecê-lo.
— A Embarcação, — disse Elzar, compreendendo agora. — Claro.
Fiquei sabendo da sua viagem à estação Amaxine.
— Isso foi uma droga e tanto. — O olhar de Leox estava distante, como
se estivesse mais focado naquela aventura passada do que no aqui e agora.
Se de fato ele estava focado em alguma coisa. Dado o cheiro distinto de
especiarias no ar, Elzar suspeitou que era algo importante. — Geode, amigo,
parece que é hora de voar. Vamos nos preparar.
Elzar se assustou ao perceber que o pedestal agora estava a apenas um
metro de seu ombro. Então não era um teste, ele percebeu. O nosso
navegador é realmente uma... uma rocha.
Certo, um Vintiano. Mas os Vintianos se parecem muito com rochas.
A jovem, Affie, inclinou a cabeça quando a sua expressão se escureceu;
Elzar percebeu que ela usava uma pequena peça de comunicação em uma
orelha e agora estava alarmada com algo que estava ouvindo. — O que está
errado? — ele perguntou.
— Os Nihil, — disse Affie. Elzar jurou pra si mesmo; Orla praguejou
em voz alta. Affie continuou: — Temos alguns relatos de ataques de... de
todos os lados, basicamente. Apenas um punhado de mundos, mas eles
estão espalhados. Eles não têm nada em comum. E os Nihil nem estão
pegando nada. Apenas causando danos e fugindo.
— Nada de bom pode vir disso. — O capitão Gyasi ou tinha ficado
sóbrio às pressas ou não estava tão impregnado de especiarias quanto Elzar
havia imaginado, porque já estava verificando dados em um pequeno painel
de terminal dentro da baía de embarque, com os seus longos dedos
rapidamente trazendo página após página de novos dados. — Eles não
atingiram nenhum lugar especialmente perto daqui, no entanto.
— Pelo menos temos um caminho seguro de volta, — disse Orla, um
pouco aliviada.
Elzar não podia ter o mesmo conforto. Depois da Feira da República, e
dada a captura aparentemente iminente do Olho, esperava que eles não
tivessem que lidar com os Nihil novamente por muito, muito tempo. Em
vez disso, eles estavam de volta, apenas para algum tipo de intimidação de
baixo nível, ao que parecia, mas qualquer atividade dos Nihil era suficiente
para deixá-lo nervoso.
Ainda assim, isso não estava nem perto da escala dos ataques anteriores
dos Nihil. Pode significar que Avar deu a eles o suficiente para que eles
aprendam a respeitar, pensou Elzar. Ela parecia capaz disso.
Certamente Avar Kriss era capaz de qualquer coisa.


Ao longe, a bordo do Olhar Elétrico, Marchion Ro estava diante de seus
poucos escolhidos.
Werrera era um Ithoriano, silencioso e cauteloso; Leyel era uma
humana, forte e baixa, com cabelos grossos e grisalhos amarrados em uma
trança quase até a cintura; Cale era um Pau'ano com presas ainda mais
longas do que a maioria, mas sem outras características distintivas. Os três
eram todos técnicos altamente competentes, mas não se distinguiam dentro
dos Nihil de nenhuma das maneiras usuais: nem especialmente implacáveis
nem misericordiosos, nem brilhantes nem fracos de espírito.
Mas eles acreditavam.
A promessa dos Nihil... o futuro dourado que Ro tinha falado para todos
eles... para a maioria, era uma esperança, um sonho. Dentro desses três, ele
vivia. Eles tinham tanta fé nesse futuro que, em certo sentido, já os haviam
alcançado. Este era o presente deles para as suas famílias e amigos, uma
terra prometida à qual eles já possuíam título, que eles estavam ajudando a
dar a inúmeros outros em toda esta parte da galáxia.
Somente esse nível de crença poderia alimentar a tarefa que Marchion
Ro precisava que eles realizassem.
Quanto aos familiares e amigos desses indivíduos... ou o que, dentro dos
Nihil, passavam por amigos, cada um deles foi transferido para outras
naves, longe da Olhar Elétrico, e partiu da nave de Ro às 1300 horas. Eles
não teriam chance de protestar. Para mudar a opinião de seus entes queridos
sobre assumir essa tarefa vital. Eles nunca perceberiam que essas pessoas
estavam desaparecidas, não até que fosse tarde demais.
— Você deve limpar todos os bancos de dados ao desembarcar e deixar
apenas os registros e permissões falsos, — disse Ro aos três lealistas que
estavam diante dele. Esses registros falsos identificaram a sua nave como
um transporte independente comum, notável apenas por sua licença para
transportar animais selvagens, neste caso, supostamente, um carregamento
de rathtars. (Ninguém estaria com pressa para confirmar essa informação
inspecionando pessoalmente a carga.) — Deixe os Jedi acreditarem nisso.
Você revelará a verdade em breve.
— Sim, nosso Olho. — Cale, que tendia a falar pelo grupo, olhou para
Ro com tanta reverência que era quase mais enervante do que gratificante.
Mas Marchion Ro não se enervava facilmente. — Nós estamos prontos.
— Eu sei que vocês estão. Eu acredito em todos vocês. — Ro colocou as
mãos nos ombros de Werrera e Leyel. Cale não precisava disso. — Vocês
não vão me decepcionar. Vocês nos entregarão a maior vitória que os Nihil
já conheceram.
A emoção que os varreu era palpável. Ro sabia que eles fariam a sua
vontade. Eles nunca voltariam atrás.
astromecânico encarregado da doca apitou em desânimo ao ler o
O manifesto do cargueiro. Até os droides não queriam nada com os
rathtars. Mas não era o trabalho do droide avaliar a sabedoria de deixar esta
nave atracar no Farol; o seu trabalho era garantir que o transporte de carga
tivesse a autorização necessária para transportar animais selvagens. Os
sensores afirmaram que sim, então o astromecânico obedientemente abriu
as portas da baía e permitiu que a nave pousasse.
Enquanto a doca principal do Farol era um lugar animado e
movimentado, a baía designada para armazenamento de carga permaneceu
quieta a maior parte do tempo. Werrera, Leyel e Cale entraram em um
espaço vasto e mal iluminado, grande o suficiente para que seus passos
ecoassem. Isso os incomodou, afinal, eles não queriam ser ouvidos, mas
logo perceberam que ninguém estava lá para ouvi-los. Apenas dois droides
testemunharam a sua chegada, nenhum dos quais foi programado para
confirmar que a carga de uma nave correspondia ao seu manifesto.
Assim como Marchion Ro disse que seria. O Olho nunca falhou com
eles. Eles estavam certos em confiar nele, em se voluntariar para essa
missão, em assumir esse grande trabalho.
— Por onde começamos? — perguntou Leyel. Como os outros, ela
usava um macacão escuro genérico, o tipo de coisa usada por engenheiros,
mecânicos e trabalhadores de manutenção em naves e estações em toda a
galáxia. — Direto para a engenharia?
Cale balançou a cabeça para a mulher humana.
— Primeiro começamos com as suas comunicações. Em seguida, os
pods de fuga. Isso deve ser feito passo a passo, assim como Ro ordenou.
Leal a Ro e aos Nihil como ela era, Leyel não pôde evitar a sua
impaciência para desferir um golpe real.
— E se eles nos pegarem antes que façamos algo que valha a pena
fazer?
— Não nos compete perguntar isso, — insistiu Cale. — Acredite no
plano do Olho. Levarão muitas horas até que saibam da nossa presença.
Quando eles souberem, será tarde demais para os Jedi nos impedirem.

Algo incomodava a atenção de Bell Zettifar, mas não conseguia identificar


exatamente o que era.
Normalmente teria meditado e tentado identificar qualquer vibração
estranha dentro da Força que o estivesse sinalizando. Naquele momento,
tinha outras coisas para fazer.
Ajoelhou-se ao lado de uma Twi'lek ferida a qual estava deitada em uma
maca baixa perto da porta das instalações de admissão da torre médica. A
fuligem escureceu a sua pele azulada e as suas roupas chamuscadas, e os
seus olhos estavam vermelhos de fumaça ou lágrimas.
— O droide enfermeiro cuidou de você? — ele perguntou. — Há mais
alguma coisa que eu possa fazer para ajudar? Alguém que eu possa
contatar?
— O droide esteve aqui, — ela sussurrou. — Eu vou ficar bem. E há...
não há ninguém para você entrar em contato. Mas obrigado. — Os seus
olhos nunca focaram em Bell. Sentiu que ela estava imaginando outra
pessoa, alguém que havia se perdido no ataque dos Nihil. Mesmo esses
ataques menores causaram danos reais, Bell lembrou a si mesmo. Para a
galáxia em geral, isso pode não ter parecido mais do que uma escaramuça.
Mas essa Twi'lek havia perdido alguém tão precioso para ela que a galáxia
nunca mais seria a mesma.
Um corte feio estragou um de seus lekku, limpo, tratado, mas ainda
remendando. Mais alguns centímetros e a ponta da cauda teria sido
completamente cortada.
Como o mestre Loden tinha sido...
— Vou verificar você em breve, — disse Bell, rapidamente ficando de
pé. Precisava manter a sua atenção no momento presente. Se o seu falecido
Mestre pudesse falar com Bell do além-túmulo, sem dúvida ele diria algo
como: Preste atenção àqueles que precisam de você. Estou além de
qualquer ajuda agora. Me deixe ir.
Mas Bell não conseguiu. Ajudar os feridos que chegaram ao Farol
significava ver lembretes das incontáveis maneiras terríveis pelas quais o
Mestre Loden foi torturado e mutilado durante o seu cativeiro com os Nihil.
Cada contusão, cada corte, cada gemido de dor: a mente de Bell atribuiu
todos eles ao seu falecido Mestre, e o pior de tudo era saber que a realidade
como Loden Greatstorm viveu era provavelmente ainda pior do que as
imaginações mais hediondas de Bell.
Perto dali Burryaga colocou uma grande bandeja de suprimentos
médicos para os droides e médicos se aglomerarem. A julgar pelo olhar que
ele deu a Bell, a angústia que Bell sentiu era óbvia. Burryaga se afastou de
sua mestra, Nib Assek (atualmente ajudando outro viajante ferido), e veio
para o lado de Bell.
O gemido curioso do Wookiee fez Bell suspirar.
— Estou bem. Sério.
O grunhido de resposta deixou claro que Burryaga duvidava disso.
— Talvez eu... não importa, — Bell disse. — Não há tempo para se
preocupar com isso. Temos muito o que fazer.
Eles ficaram no meio da sala de recepção, que estava cheia de cerca de
uma dúzia de pacientes em vários graus de angústia. O ar cheirava a fumaça
e spray de refrigerante das roupas e corpos daqueles que gemiam ao redor
deles. De acordo com os últimos relatórios, ainda mais ondas de
sobreviventes do ataque dos Nihil chegariam em breve. Os médicos e
droides curandeiros eram capazes de lidar com isso, mas a torre médica
estava lotada o suficiente para que uma pequena ajuda extra fosse mais do
que bem-vinda. Diante de tudo isso, Bell imaginou que Burryaga logo o
deixaria em paz em favor de qualquer uma das inúmeras tarefas diante
deles.
Em vez disso, Burryaga apontou que fornecer ajuda significava garantir
que os ajudantes fossem capazes de fazer o melhor possível. Se Bell estava
tendo problemas, era melhor trabalhar com isso, para que pudesse servir ao
máximo.
— Eu acho, — Bell admitiu. — Ainda assim, há coisas que precisam ser
cuidadas...
Burryaga interrompeu para apontar que eles poderiam ter ainda mais o
que fazer nas horas e dias seguintes, então se Bell precisasse de uma pausa,
deveria fazer isso imediatamente. Mais tarde, eles podem não ter chance.
— Você ganhou. — Algo como um sorriso cruzou o rosto de Bell. —
Faço um intervalo.
Para surpresa de Bell, Burryaga deixou a torre médica ao seu lado, sem
empurrar, sem fazer perguntas, apenas proporcionando uma companhia
silenciosa enquanto caminhavam pelos corredores internos mais silenciosos
do Farol Luz Estelar. Embora um punhado de indivíduos tenha passado por
eles, na maioria das vezes eles foram deixados sozinhos enquanto se
dirigiam para o deck de observação.
A plataforma de observação estava deserta. Sozinhos, eles olharam para
a vasta extensão do espaço e para Eiram logo abaixo deles, com os seus
mares brilhando como safira. Parecia tão pacífico. Isso era uma mentira?
— Eu sei que a Mestra Avar diz que está na trilha do Olho dos Nihil, —
ele começou, — Mas talvez o Olho seja outra pessoa completamente
diferente. Certamente alguém em fuga não estaria ordenando mais ataques.
Burryaga rosnou que confiava no julgamento de Avar. Em sua opinião,
essas hostilidades dispersas provavelmente eram apenas os Nihil contra-
atacando em desespero agora que o seu líder estava fugindo. Terrível, sim,
mas um sinal do quanto eles foram atingidos.
— Isso faz sentido, — concordou Bell. — Mas de alguma forma parece
que nunca atingimos os Nihil com força suficiente. Como se fosse
impossível.
Após um momento de pausa, Burryaga perguntou por que Bell se sentia
assim.
Se um Cavaleiro Jedi pleno estivesse fazendo perguntas como essa, Bell
poderia estar muito intimidado para falar abertamente. A dor não era uma
emoção sobre a qual os Jedi deveriam se debruçar. Mas Burryaga era um
colega aprendiz. Claro, era significativamente mais velho, mas ainda assim,
em termos Wookiee, só estava depois da adolescência. Eles eram
companheiros. Era possível admitir coisas a um companheiro que nunca
poderiam ser ditas confortavelmente a um Mestre.
— Desde o momento em que me tornei o Padawan de Loden
Greatstorm, ele foi mais do que só o meu professor. — Bell caminhou
lentamente ao longo da passarela do deque de observação, olhando para as
estrelas e o semicírculo da superfície de Eiram abaixo. — Ele era o ideal
supremo de um Jedi. Pelo menos, ele era para mim.
Burryaga concordou. Loden Greatstorm estava entre os mais nobres e
destacados Mestres Jedi de sua geração. (Burryaga, envelhecendo como um
Wookiee, podia avaliar várias gerações humanas com facilidade.) A sua
morte foi uma perda para toda a Ordem, mas, acrescentou gentilmente, para
Bell acima de tudo.
— Eu pensei que ele estava morto, mas ele não estava. Mestre Loden
estava vivo, em cativeiro dos Nihil, sofrendo tão terrivelmente... A voz de
Bell falhou. Engoliu em seco. — E não era como se eu não o sentisse! Mas
eu disse a mim mesmo que era tristeza. Eles me disseram que era apenas
tristeza, ou uma sensação dele através de sua nova comunhão com a Força.
Em vez disso, era ele pedindo a ajuda que nunca veio. Eu poderia tê-lo
salvo. Eu não o fiz.
Burryaga o parou ali com um grunhido baixo. Não havia como saber o
que Bell poderia ou não ter sido capaz de fazer, ou mesmo o que a Ordem
como um todo poderia ter feito para resgatá-lo.
— Esse é a questão, — disse Bell. — Se eu tivesse falho em uma
tentativa de ajudar, tudo bem, isso seria difícil, mas eu poderia ver o que fiz
de errado. Eu poderia aprender com isso. E talvez o Mestre Loden soubesse
que pelo menos tentamos. Em vez disso, não houve nada. Eu não fiz nada.
Bell se preparou para as próximas palavras de consolo de Burryaga, mas
elas nunca vieram. Em vez disso, Burryaga gemeu pensativo e continuou
andando lentamente ao lado de Bell, simplesmente permanecendo com ele
em sua angústia. Isso foi mais reconfortante do que qualquer palavra jamais
poderia ter sido.
Sim, Bell disse a si mesmo. Tudo o que você disse é verdade. É difícil, e
é horrível, e foi assim que as coisas aconteceram. O passado não está mais
em movimento. Não há nada para você fazer, mas aceitá-lo.
Só agora Bell percebeu que, para ele, a aceitação significava algo muito
próximo de ‘entregar-se’. Não era nada disso. A aceitação era a força. Era
ser capaz de carregar o peso do que tinha e do que não tinha sido, por todos
os muitos dias, meses, anos e décadas que se seguiram. Bell suportaria esse
fardo enquanto acalentasse a memória de Loden Greatstorm.
Isso significava que a suportaria sempre.

As comunicações centrais para o Farol Luz Estelar foram mantidas através


da Operacional, uma área da estação com muita equipe e permanentemente
ocupada. Portanto, como Ro havia dito, o tronco da árvore tinha que
permanecer de pé. O trabalho de Werrera, Leyel e Cale era cortar cada um
dos galhos.
Werrera, o especialista em comunicações, havia se espremido em um
corredor de serviço mal iluminado, construído com espécies menores em
mente; a sua cabeça Ithoriana poderia facilmente ter ficado presa naquele
espaço estreito. Apesar da escuridão e do desconforto, os dedos de Werrera
habilmente inseriram o temporizador e acertaram a hora exata. Assim que o
prendeu nos cabos corretos, deu um grunhido de satisfação.
Cale deu um sorriso de apreço com presas.
— Não há nenhuma chance deles nem perceberem antes da hora
chegar...
— Comemore depois, — insistiu Leyel, colocando no ombro uma sacola
com os seus equipamentos. Ninguém jamais questionou pessoas vestidas
para consertos e carregando ferramentas, não importa onde essas pessoas
fossem. — Trabalhe agora.

Olhar Elétrico, Thaya Ferr acabara de entregar mais um lote de ordens de


transferência.
— Eu enviei Roborhyan para a Espectro, ele teve uma briga com aquele
capitão no passado. A luta interna deve começar em breve. — Ela tocou em
seu datapad, trazendo imagens para lembrar Marchion Ro de quem falava.
(Ele se lembrava de todos, sabia disso e era esperta demais para esquecê-lo,
mas isso dava alguma vitalidade a uma apresentação sem graça. Desejava
servir ao Olho, não o aborrecer.) — Quanto ao Clã Janikki, eles receberam
ordens para coordenar esforços no sistema Ishbix... onde vários deles são
procurados por crimes que antecedem significativamente o seu tempo com
os Nihil. Eles vão ficar nervosos.
— E pessoas nervosas cometem erros, — disse Ro. O clã Janikki
permaneceu formidavelmente leal um ao outro, tanto que eles estiveram à
beira de reivindicar o direito de dirigir uma Tempestade juntos. Permitir que
tal grupo compartilhe o poder seria o mesmo que dividir os Nihil em dois e
entregar metade dele. Mas uma vez que eles estragassem algumas vezes,
eles perderiam quaisquer alianças que tivessem fora do clã e, se o plano de
Thaya se concretizasse, logo estariam divididos contra eles mesmos. —
Muito bem, Thaya. Você escolheu essas atribuições com sabedoria.
Por mais que Thaya desejasse se deliciar com o elogio, não
desperdiçaria o tempo do Olho.
— Hoje à noite enviaremos o resto das transferências estratégicas.
Amanhã podemos começar as redistribuições em massa. Eles vão falar, é
claro...
— A essa altura, não há como contornar isso. — Ro entendeu, é claro.
— Não importa. Eles não terão tempo para espalhar qualquer sedição antes
que a Olhar Elétrico esteja novamente com toda a equipe... e mais
formidável do que nunca. Quanto aos seus substitutos...
— As ordens recebidas chegarão dentro de vinte horas. — Então Thaya
ficou tensa. Havia interrompido o Olho. Ele poderia estar zangado?
Felizmente para ela, parecia estar de excelente humor, tanto que nem
percebeu a sua falta de tato. E o seu humor só melhoraria quando a nova
tripulação chegasse.

Affie Hollow se amarrou no assento do copiloto enquanto Leox e Geode


verificavam as suas leituras. Da área de passageiros próxima vieram os sons
de Orla Jareni e Elzar Mann se preparando para a decolagem.
Normalmente, a Embarcação transportava carga em vez de pessoas; até
agora, todas as exceções que eles fizeram foram para os Jedi.
— Estamos desenvolvendo uma especialidade em transporte Jedi, —
disse ela a Leox, que mastigava um bastão de hortelã. — Talvez
devêssemos ser donos dela. Até fazer propaganda. 'Para a viagem de
monge-mago a qualquer lugar.'
— Depende de você, senhora chefe, — disse Leox.
Affie sentiu que isso deveria fazê-la sorrir; era raro ser uma proprietária
de nave na idade dela, e tanto Leox quanto Geode haviam trocado os seus
professores por seus empregados com a graça bem-humorada. Mas os
lembretes de que era dona da Embarcação ainda a faziam lembrar que só a
conseguiu entregando a sua mãe adotiva às autoridades, o que levou ao
colapso do Guilda Byne.
Scover Byne tinha, é claro, sido culpada dos crimes acusados, que
envolviam pôr em perigo a vida de trabalhadores contratados e custar a vida
de outros... incluindo os pais biológicos de Affie. Muito, muito, muito
culpada. As ações de Affie foram totalmente motivadas pela chance de
salvar pessoas que trabalhavam em condições terríveis. Herdar uma nave
tinha sido um benefício inesperado, a única coisa que lhe permitiu escapar
da confusão com qualquer coisa em seu nome. Sabia que deveria ter ficado
satisfeita.
Às vezes ficava. Outras vezes, lembrava-se de como era saber que
Scover sempre estaria lá para ela. Affie suspeitava que a sua mãe nunca
mais falaria com ela.
Leox e Geode eram a sua única família agora. Pelo menos eles eram
bons.
— Atenção, tudo e todos. — Leox falou pelo interfone, embora os seus
únicos passageiros estivessem a menos de dois metros de distância. —
Vamos pegar uma via hiperespacial para o sistema Echerta, saindo para uma
mudança rápida para um ponto de salto que nosso navegador diz que nos
levará ao Farol na metade do tempo de uma viagem direta. — Affie lançou
a Geode um olhar apreciativo, o que o fez parecer adoravelmente
presunçoso. — Não deve ficar muito tempo lá fora, então relaxe, aprecie as
circunstâncias únicas que os trouxeram a este momento da história e
aproveite o passeio.
Quando Leox pegou a alavanca do hiperdrive, Affie murmurou:
— Eu amo essa parte.
Leox sorriu.
— O mesmo vale para qualquer piloto que valha alguma coisa. — Com
isso, ele puxou para baixo, e o espaço preto ficou azul elétrico.
A primeira etapa do salto durou apenas alguns minutos, mal tempo
suficiente para Affie fazer mais do que checar as comunicações. Como fez
isso, no entanto, viu um alerta aparecer. Aquela linha vermelha dizia tudo o
que precisava saber:
— Os Nihil estão tramando algo de novo.
Leox nunca desviou o olhar da luz azul brilhante além da cabine.
— Eu gostaria que eles fossem mais fáceis de desencorajar.
— A essa altura, metade da galáxia também, — respondeu Affie.
— O fato mais pertinente aqui, — disse Leox, — é se essas travessuras
dos Nihil estão ocorrendo no Farol Luz Estelar ou no sistema Echerta.
Affie procurou através dos avisos... o que seria difícil, pois eles estavam
sendo atualizados constantemente, mas não impossível. — Parece que o
Farol Luz Estelar está funcionando até agora.
— Isso é um alívio, — gritou Orla Jareni lá de trás. — E Echerta...
— Estamos prestes a descobrir isso por nós mesmos. — Leox endireitou
os ombros em seu assento. — Saindo do hiperespaço em três, dois, um,
agora.
Ele empurrou a nave de volta para o espaço real. O azul elétrico se
desvaneceu na escuridão do espaço...
— Ou deveria. Em vez disso, o espaço além da cabine foi iluminado
com fogo e chamas de armas. As naves Nihil estavam atormentando um
cargueiro próximo, e alguns deles já haviam mudado de rumo para atingir a
nave.
O medo congelou as veias de Affie quando disse:
— Eles estão aqui.
E lzar Mann teve tempo suficiente para agarrar os cintos antes que
a Embarcação sacudisse violentamente.
— Segure-se em seus traseiros! — Leox chamou enquanto a nave entrou
em um mergulho acentuado. Quase imediatamente, outro solavanco, tiros
de armas, atingiram a Embarcação. Elzar respirou fundo, meio que
esperando ser ejetado para o espaço, mas a pequena nave estava se
segurando.
Por ora.
Orla Jareni gritou:
— Que tipo de armamento a Embarcação tem?
— Não muita! — Affie respondeu. — Uma arma atrás da carga. Não
abriria um caixote de duraço.
Elzar e Orla trocaram um olhar preocupado. Elzar disse:
— Por que você a tem, então?
Foi Leox quem gritou de volta:
— É mais para parecer assustador do que ser, sendo a psicologia de um
elemento crítico na maioria dos impasses. O que é um pouco tarde para isso
agora.
— Pegue a arma, — sugeriu Elzar a Orla. — Algum fogo defensivo tem
que ser melhor do que nenhum.
— Estamos prestes a descobrir. — Orla desamarrou os seus arreios e
correu para a parte de trás da nave. De sua parte, Elzar foi até a cabine, para
melhor ver exatamente em quantos problemas eles estavam.
Assim que os viu, desejou não o ter visto. O sistema Echerta estava
fervilhando de naves Nihil, literalmente, mergulhando em todas as direções,
como nuvens de mosquitos Corellianos. Eram dez? Doze? Eles se moviam
rápido demais para serem contados facilmente. Como Echerta servia como
um concentrador entre várias rotas do hiperespaço, dezenas de naves
surgiram aqui, esperando parar na estação espacial do sistema ou
simplesmente mudar de curso, só com a Embarcação para serem
emboscadas. De sua parte, os Nihil estavam atacando tudo e todos, sem
linhas de batalha claras ou direções de ataque. Qual era o objetivo deles?
Qual era o seu propósito? Elzar não conseguia entender.
Tinham divididos os Nihil de um grupo coeso em muitos grupos
menores, todos com objetivos e propósitos diferentes? Elzar esperava que
não. Mas os espasmos da morte dos Nihil aparentemente permaneceriam
dramáticos por um tempo.
Ao ver esse caos, Leox Gyasi mordeu severamente o lábio inferior;
Geode permaneceu estoico. Mas a copiloto, Affie Hollow, era jovem
demais para parecer totalmente inabalável.
— Então, — ela disse, quase uniformemente, — eu estou supondo que
nós já não voltamos para o hiperespaço por um motivo?
— Esse é o motivo, — disse Leox. — Seria que estamos atualmente
ocupados, como em, muito ocupados, esquivando-se dos tiros dos Nihil. —
Como que para ilustrar, Leox os levou a bombordo, apenas evitando um
bombardeio dos Nihil. — Sem uma localização estável ou um vetor
previsível, mesmo um navegador tão bom quanto Geode tem um tempo
enorme para levar uma nave com segurança ao hiperespaço,
particularmente por aqui, o que é meio complicado quando as junções do
hiperespaço acontecem. Alguns tiros de armas, vamos sobreviver. Mas uma
junção do hiperespaço? Isso não passa de um convite para morrer.
— Mesmo assim, — interveio Elzar, — preferia que não tivéssemos
mais tiros de armas. Esses Nihil parecem bem armados, melhor do que
blindados, eu acho.
— Você pensa corretamente, — disse Leox. — No entanto, você notará
que os Nihil não consultaram as nossas preferências sobre a frequência com
que gostaríamos de levar um tiro, já que a nossa resposta teria sido um zero
absoluto.
Affie respirou fundo quando Leox os guiou para baixo bem a tempo de
perder mais um bombardeio dos Nihil. Elzar se obrigou a não se deixar
levar pelas reações da tripulação e fechou os olhos.
Ainda não tinha certeza se confiava em si mesmo para usar a Força
totalmente, livremente, sem cair em maus hábitos. Mas isso não significava
que não poderia se conectar ela em absoluto.
Alcance-a. A consciência de Elzar através da Força emanava além desta
pequena nave, expandindo-se como uma bolha por todo o sistema, até que
lhe pareceu que podia sentir a vida dentro de cada nave Nihil como uma
alfinetada de calor dentro do vasto e frio vazio do espaço. A sua respiração
desacelerou junto com sua percepção do tempo. Elzar traçou o caminho de
cada nave Nihil até quase poder vê-las se movendo em sua mente, com os
seus cursos como trilhas vermelhas, estendendo-se tanto no passado quanto
no futuro.
Os olhos de Elzar se abriram.
— Geode, leve-nos ao ponto sete, marca três, nove por dois, sete, sete.
Sentiu Affie e Leox se olhando, mas Leox disse apenas:
— Dê uma chance. — Embora Geode permanecesse imóvel, a nave
imediatamente girou em direção às coordenadas que Elzar havia nomeado.
— Estamos livres lá, — disse Elzar. — Livres o suficiente para nos
lançarmos para o hiperespaço, de qualquer maneira.
Affie olhou para ele por cima do ombro.
— Espere. Não vamos... você sabe... ir em socorro? Não é isso que
vocês Jedi fazem?
— Você acha que podemos? — perguntou Elzar. Sabia tão bem quanto
ela que eles não podiam. Apesar de lhe rasgar a alma ver vidas ameaçadas,
e perdidas, as limitações de sua nave eram claras. Permanecer nesse sistema
não salvaria mais ninguém; só colocaria em risco aqueles a bordo da nave.
No momento, essas eram as únicas vidas que Elzar poderia salvar.
Ainda assim, Affie levou alguns longos segundos para responder.
— Acho que não podemos, — disse ela. — Talvez devêssemos armar
essa coisa algum dia, Leox.
— Não é uma má ideia, senhora chefe, — disse Leox. — No entanto,
salvo uma oportunidade de distribuição altamente improvável que ocorra
nos próximos minutos, isso não nos serve neste momento.
— Espere um segundo. — Orla Jareni apareceu atrás de Elzar, com as
suas vestes brancas austeras em comparação com a escuridão que os
cercava. — Nós vamos só deixar tudo e fugir?
Isso, na opinião de Elzar, era uma forma muito indigna de se referir a
uma retirada estratégica.
— Não podemos vencê-los. Você deve ver isso.
— Nós não temos que vencer os Nihil para ajudar a salvar vidas, — ela
insistiu. — Nós apenas temos que machucá-los, e nós podemos.
O rosto comprido de Leox se abriu em um sorriso.
— Agora, esse é o tipo de malandragem que eu gosto de ouvir. O que
você está pensando, Orla?
— Os Nihil são devastadores porque agem em conjunto. — Orla deu
uma cotovelada em Elzar de um jeito que teria sido rude se a situação não
fosse tão terrível. — Eles não podem gerenciar ataques coordenados se não
puderem coordenar. Para coordenar, eles precisam de comunicação...
— O que significa que você quer ferrar com os sistemas de comunicação
deles, — Affie terminou por ela. — Parece ótimo. Mas como?
— Se qualquer um de nós soubesse como interromper os seus sistemas,
não teríamos um problema com os Nihil para começar, — disse Orla,
ajoelhando-se ao lado de Geode. — Há uma coisa que podemos fazer, no
entanto, inundar as frequências.
Elzar franziu a testa.
— Eles vão ter nos rastreados. Essa é a defesa básica.
Mas Orla balançou a cabeça, com um sorriso largo e perverso se
espalhando por seu rosto.
— Eles terão as naves de guerra rastreadas. Cargueiros maiores. Até
caças monopiloto. O que eles não terão rastreado é um cargueiro pequeno
como a Embarcação.
— Tão poucas pessoas percebem o presente que é ser subestimado. — O
sorriso de Leox era quase tão amplo quanto o de Orla. — Você compreende
que só conseguiremos parar o Nihil alguns minutos antes que eles
percebam?
Orla assentiu.
— Mas são alguns minutos que as naves nesta área podem usar para
fugir.
Elzar finalmente viu isso, também. Recusando-se a enfrentar um
oponente, não apenas reconhecendo a pequenez de sua nave, mas também a
abraçando, Orla Jareni havia encontrado uma forma de reivindicar uma
espécie de vitória e salvar centenas de vidas. Esse tipo de pensamento deve
ser instintivo, para um Jedi; Elzar se perguntou se algum dia seria assim
para ele.
Leox e Affie já estavam trabalhando rapidamente em seus controles,
configurando uma transmissão multifrequência no volume máximo. Affie
perguntou:
— Então, o que devemos tocar para nossos amigos Nihil?
— Quem não ama margengai glide? — Leox apertou um botão com
alegria decisiva. — Eu sei que eu faço.
A música, uma música de uma dança popular pelo menos nas últimas
décadas, encheu a cabine da Embarcação, alegre e rápida. Era
possivelmente a música menos apropriada que Elzar poderia imaginar para
uma batalha espacial, o que tornava ainda mais satisfatório a imaginar
tocando nos sistemas de comunicação de todas essas naves Nihil ao mesmo
tempo.
— Infelizmente, as outras naves também precisam ouvir, — Orla
admitiu, — mas duvido que se importem por muito tempo.
De fato, as naves Nihil já estavam mostrando sinais de desordem. Não
levaria muito tempo para compensar, naves individuais teriam planos de
batalha que poderiam seguir na ausência de ordens, e logo certamente
começariam a bloquear frequências, mas as suas presas precisavam só de
alguns instantes. As naves civis começaram a desaparecer no hiperespaço,
uma após a outra, como minúsculas faíscas brilhantes de branco
desaparecendo nas estrelas. Uma bolha ao redor da estação espacial mais
próxima cintilou quando eles conseguiram colocar a sua blindagem de volta
online.
Os sensores começaram a apitar ameaçadoramente. Affie estremeceu.
— Os Nihil estão procurando a fonte do sinal.
— Parece que eles encontraram, — Leox falou lentamente, mesmo
quando as naves Nihil começaram a mudar de curso para seguir em sua
direção. — O que significa que é hora de irmos. Pronto, Geode?
Antes que Geode pudesse responder, o primeiro disparo de fogo das
armas iluminou o espaço ao redor deles, e um raio atingiu o seu alvo. A
Embarcação cambaleou para o lado quando os sensores de danos
guincharam. Elzar olhou para os esquemas da nave, que revelaram um
golpe direto no motor a estibordo.
— Ainda podemos voar?
— Estamos prestes a descobrir — disse Leox, ainda tão casual como se
não tivesse nenhuma preocupação no mundo. Ele agarrou a alavanca dos
controles e...
Elzar respirou aliviado. O azul deslumbrante do hiperespaço nunca
pareceu tão bom. Geode deve ter inserido novas coordenadas em cima da
hora.
Enquanto isso, o margengai glide continuou tocando. Aparentemente
Leox não estava mentindo quando disse que amava a música.
Quando Orla se virou para sair, Elzar saiu da cabine com ela, tanto
porque o espaço era pequeno demais para os convidados ficarem à vontade
por muito tempo quanto porque queria dar uma palavrinha com ela.
— O que fez você pensar nisso? — perguntou Elzar. — O que te
lembrou que não precisávamos ser agressivos? Que pudéssemos ser...
pequenos, até brincalhões, e assim conseguir uma vitória?
Orla lhe lançou um olhar estranho.
— Eu nunca tive que ser lembrada disso, — ela disse gentilmente. —
Continue no seu caminho atual, Elzar, e você também verá.
Isso poderia ser tão fácil?

Embora a onda inicial de feridos tivesse resultado em muito trabalho, a


atmosfera a bordo do Farol Luz Estelar estava recuperando o seu equilíbrio.
Stellan Gios cuidou para que a torre médica estivesse operando sem
problemas, que os recursos fossem desviados de acordo e que o tráfego
espacial para o Farol nos próximos dias seria limitado: apenas chegadas
necessárias, apenas partidas programadas. Mesmo que os ataques atuais
parecessem pequenos e dispersos, eles ainda estavam causando danos reais.
Portanto, até que os Nihil fossem silenciados novamente, Stellan preferia
saber a identidade e o vetor de qualquer nave no sistema.
Isso teve a aprovação da maioria a bordo da estação e de todos os Jedi
(e, particularmente, de Estala Maru). No entanto, nem todos viram a
sabedoria desse movimento.
— Eu me movo para onde o meu negócio me leva e quando ele me leva.
— Isso veio de Koley Linn, proprietário e piloto da nave de carga Ás de
Paus. Ele era um humano de trinta e poucos anos, com cabelo encaracolado
ruivo brilhante e um sorriso perpétuo, que no momento se transformou em
um sorriso de escárnio. — Não quando algum cronograma artificial me diz
para fazer isso.
Stellan estava agradecido por eles estarem falando via holo —
Operacional para o compartimento de carga principal — e não
pessoalmente, pois isso reduzia as chances de Koley Linn ouvir seu suspiro
de dor. — Não estamos designando horários de partida. Você quase
certamente pode escolher seu próprio horário para sair. Você só precisa
registrar o horário de saída do Ás de Paus com pelo menos duas horas de
antecedência...
— E se eu aceitar um trabalho que exija que eu saia imediatamente? —
Linn exigiu.
Até a paciência de um Jedi tinha limites. Stellan estava se aproximando
dele.
— Primeiro de tudo, dada a recente atividade dos Nihil, duvido que
alguém tenha pressa para mover carga até que a situação se acalme ainda
mais. Em segundo lugar, se alguém for tolo o suficiente para lhe oferecer
um emprego nessas circunstâncias, sugiro fortemente que você recuse,
porque a sua nave não poderá sair sem um horário de partida programado.
Se você não gosta desses termos, recusar-se a agendar a sua partida o mais
cedo possível parece um curso de ação bastante perverso.
Koley Linn parecia que preferia dar um soco na cara de Stellan do que
simplesmente agendar uma partida. Este não era um homem que queria que
lhe dissessem o que fazer, não importa o quão razoável a sugestão pudesse
ser. Ele simplesmente desligou o seu hololink, cortando Stellan. O qual
considerou a grosseria um pequeno preço a pagar para encerrar com o
homem por um tempo.
— Cara encantador — disse Regald Coll, que se juntou a Stellan no
Operacional pouco antes da ligação. — Faz você se perguntar quem estaria
com muita pressa para desfrutar de sua companhia.
— Faz você se perguntar quais regras ele está disposto a quebrar, se as
pessoas o contratam apesar dessa atitude. — Stellan esfregou as têmporas.
O Quatrocinco rolou ao lado de Stellan, cheio de energia.
— Eu espero muito a chance de organizar os horários de partida da nave
para você, Mestre Stellan!
— Só me chame de Stellan, por favor. Você soa como um Padawan. —
Stellan se animou, no entanto, ao perceber que a partir de agora ele poderia
fazer Koley Linn lidar com o JJ-5145. Talvez o presente de Elzar fosse
muito mais do que uma brincadeira. — Na verdade, vamos preparar você
para...
— Desculpe-me, — disse o droide operador no comunicador. — Mas há
uma mensagem recebida da rainha Thandeka de Eiram.
Stellan e Regald trocaram olhares. Embora Thandeka fosse apenas a
rainha consorte, a sua esposa, a rainha Dima, era a rainha reinante e a
verdadeira governante, ela tinha uma história com os Jedi. Essa história fez
dela não apenas uma das maiores defensoras da Ordem Jedi e da República
nesta área do espaço, mas também a porta-voz designada de seu mundo em
tais assuntos. Embora Stellan tivesse preferido voltar a verificar os
preparativos da estação antes que a próxima onda de feridos chegasse, a
rainha Thandeka era pelo menos uma conversadora muito mais agradável
do que Koley Linn. Tomando o seu assento, Stellan disse:
— Passe a chamada.
O holo brilhou novamente, desta vez revelando Thandeka, uma mulher
humana de cerca de cinquenta anos de idade com pele morena e largas
mechas prateadas em seu cabelo escuro e grosso. O seu rosto se iluminou
quando ela o reconheceu. — Mestre Gios. Você me honra com sua atenção.
— Sempre um prazer, Sua Majestade, — Stellan disse com um sorriso.
— Como posso ajudá-lo?
A preocupação desenhou uma pequena linha entre as sobrancelhas de
Thandeka. — O povo de Eiram, é claro, ouviu falar dos ataques dispersos
dos Nihil. Somos gratos que o Farol Luz Estelar orbita nosso mundo no
momento, para nos manter seguros.
Stellan assentiu agradavelmente, embora por dentro estivesse pensando
que isso parecia um uso estranho de uma ligação diplomática.
Mas então Thandeka continuou:
— Você sem dúvida se lembra que deveríamos usar a capacidade do raio
trator do Farol para ajudar a finalizar os reparos da usina de dessalinização
durante os próximos dois dias, para colocar a camada final do aqueduto no
lugar.
— Claro, — disse Stellan. — Temo que outras prioridades devam ter
precedência agora, mas devemos poder voltar ao trabalho muito em breve.
— Entendemos o atraso, — disse ela, — Mas algum de seus cientistas
ou analistas têm prazo para se certificar que a usina de dessalinização esteja
estável o suficiente para durar mais alguns dias, tempo suficiente para
resolver esses poucos problemas? Usamos apenas vigas temporárias em seu
lugar, já que esses suportes não deveriam ser necessários por muito tempo...
— Vou mandar alguém investigar isso imediatamente, — Stellan
prometeu. Ele pode não ter ninguém de sobra além de um droide, mas um
astromecânico teria capacidade mais do que suficiente para executar esses
números. — Não tenha medo, Rainha Thandeka. Não esqueceremos Eiram
ou seu povo. Vamos nos esforçar para fazer o nosso melhor por todos
aqueles que precisam neste momento. — Ele sorriu para ela, genuinamente
feliz por ser lembrado, por um momento, que sua tarefa era maior do que
correr atrás da última crise. Tratava-se de unificar o espaço sob a bandeira
pacífica da República e trazer justiça e segurança a milhões que nunca a
conheceram antes. Ele acrescentou: — Somos todos a República.
Ele foi recompensado com o sorriso caloroso de Thandeka enquanto ela
repetia:
— Somos todos a República.
E le sentiu como se o Farol Luz Estelar fosse uma coisa viva,
prendendo a respiração. Bell Zettifar sentiu agudamente o estado de
alerta na maioria dos seres a bordo, do próprio Mestre Gios até a Ember,
que andava pelo perímetro da área de treinamento como se estivesse em
busca de uma presa. Claro, uma charhound não poderia saber que os Nihil
haviam atacado alguns sistemas, ou que mais alguns feridos chegariam em
breve, mas Ember podia sentir a leve tensão nas pessoas ao seu redor, e isso
foi o suficiente para deixá-la nervosa.
(Ou talvez Ember soubesse. Bell tentou não antropomorfizar a sua
charhound, mas era impossível olhar nos olhos dela sem sentir a alma
inteligente dentro.)
No momento, Bell estava fazendo tudo ao seu alcance para não ficar
nervoso. Precisava permanecer calmo, firme e focado para o trabalho que
estava por vir.
Então, obviamente, a melhor coisa a fazer era balançar um sabre de luz
ao redor.
— Ugh! — Ele tropeçou para trás com a força do golpe de Burryaga. O
treino com um Wookiee exigia concentração total e considerável força. Bell
tinha o primeiro em mãos, mas estava cada vez mais inseguro quanto ao
segundo.
Burryaga ganiu inquisitivamente, inclinando a cabeça. Bell precisava
fazer uma pausa?
— Como desejar. — Bell sorriu e saltou no ar.
A sua velocidade o levou bruscamente para cima, com os calcanhares
sobre a cabeça, girando acima de Burryaga, só por um instante, mas o
suficiente para ele possuir, por um segundo, a vantagem da altura. As suas
lâminas colidiram em uma explosão de luz...
...que foi quando Burryaga torceu para o lado, inclinando-se
perfeitamente para jogar Bell para fora e derrubá-lo. Bell conseguiu não
cair de barriga, colocou os pés debaixo dele na hora certa, mas não foi uma
aterrissagem digna.
A risada de Burryaga fez Bell balançar a cabeça e desativar o seu sabre
de luz.
— Mestre Loden sempre disse que era um tolo quem lutava com raiva
ou lutava com um Wookiee.
O discreto Burryaga alegou que tinha acertado um golpe de sorte, mas
ambos sabiam que foi mais que isso. Bell apreciou isso de qualquer
maneira.
Ember trotou em direção a eles, abanando o rabo. Bell se ajoelhou para
acariciar a sua cabeça.
— Está tudo bem, garota, — ele disse. — Não se preocupe. Está tudo
bem.
Mas não era realmente Ember quem estava inquieta, percebeu Bell. Era
ele.
Não apenas ele, porque Burryaga então rosnou um som baixo e
lamentoso.
— Sim, eu sinto isso também, — admitiu Bell. — Essa sensação
incômoda de que algo está... errado.
Burryaga disse que normalmente seria capaz de meditar e se aproximar
da fonte dessa inquietação, mas era impossível separar isso da incerteza
inspirada pela recente atividade dos Nihil.
— Talvez seja só a mesma incerteza ampliada? Como se todos
estivéssemos alimentando a preocupação um do outro? Mesmo quando Bell
perguntou, porém, sabia que não estava certo.
Algo mais estava errado a bordo do Farol. Algo profundamente não
familiar.
Burryaga disse isso, com a sua testa peluda franzindo em consternação.
A Força normalmente permitia que eles entendessem muito, se não a
totalidade de algo, pelo menos seus contornos básicos ou propósito
fundamental. No momento, no entanto, a Força permaneceu em silêncio.
— Eu gostaria que o Mestre Loden estivesse aqui, — Bell disse
calmamente. — Ele esteve por toda a galáxia. Às vezes parecia que não
havia nada que ele não tivesse encontrado. Se ele estivesse conosco, aposto
que seria capaz de nos contar tudo.
Depois de um momento, Burryaga colocou uma pata desgrenhada no
ombro de Bell.
— Obrigado. — Os olhos de Bell estavam quentes, mas ele piscou para
conter as lágrimas. Um Jedi não deve sentir muita dor, por muito tempo.
Mestre Loden havia se tornado um com a Força. Lamentar por muito tempo
era negar essa verdade transcendente.
Mas não sofrer nem um pouco, era impossível. Bell não achava que
Loden Greatstorm teria pedido isso a ele. Ele teria entendido.
Não vou decepcioná-lo por sentir falta dele, pensou Bell, e então as
lágrimas estavam ainda mais perto do que antes.
No momento em que ele pode ter ficado sobrecarregado, Burryaga o
distraiu choramingando e inclinando a cabeça. Bell franziu a testa.
— Eu não estou ouvindo, ouvidos humanos não podem captar isso
daqui. — Mesmo assim, ele guardou o sabre de luz e foi para o gancho
onde havia pendurado a jaqueta. Se Burryaga disse que as portas da doca
estavam se abrindo, sem dúvida ele estava certo.
(As portas deveriam ser usadas apenas em tempos de conflito ou perto
de anomalias interestelares, mas a recente explosão de hostilidade dos Nihil
contava como a primeira opção.)
O que significava que mais alguns feridos poderiam estar chegando e,
nesse caso, o dever de Bell era correr para o lado deles.


O compartimento de carga do Farol Luz Estelar, que, por acaso, ficava a
dois níveis acima e diretamente sobre a área de treino, permaneceu quieto.
Ninguém tinha permissão para transportar mercadorias durante uma
emergência, a menos e até que mais suprimentos médicos fossem
necessários.
A nave de Werrera, Leyel e Cale, carregando... rathtars, permaneceu no
local, imperturbável, perto do coração da estação.

Os outros compartimentos de carga, no entanto, estavam cheios de luz,


atividade e barulho.
— Dessa forma, não, não, ninguém mais olha para um plano de voo? —
Estala Maru bufou antes de pegar as varinhas de trânsito iluminadas de um
droide de sinalização e começar a dirigir a nave infratora. Stellan, em
particular, achava que a nave infratora provavelmente não seguiria as
instruções de Maru mais do que de qualquer outra pessoa, mas pelo menos
daria a Maru a ilusão de que ele tinha algum controle.
Ninguém mais tinha esse luxo. Enquanto a maioria das pequenas naves
que chegavam ao cais seguiam os seus planos de voo de perto o suficiente,
haviam muitas naves chegando de uma só vez para que o efeito fosse outra
coisa que não uma bagunça. Não havia muitos feridos entre as chegadas,
mas eles eram numerosos o suficiente para chamar a atenção e, assim,
aumentar o nível de desordem.
— Vou tentar impor a ordem, — anunciou JJ-5145 antes de ser lançado,
com o objetivo aparente de tirar as varinhas de trânsito de Maru. Por mais
divertido que isso prometesse ser, Stellan não tinha tempo para assistir.
Uma pequena nave se instalou imediatamente à sua frente. O casco
mostrava sinais de marcas de carbono, mas quando Stellan correu até ela,
viu que, de outra forma, parecia intacta.
Quando a rampa da nave se abriu, uma humana de aproximadamente
quarenta anos ajudou um humano de idade semelhante a sair da nave. Um
pano manchado de sangue estava amarrado em sua testa. Stellan pegou o
outro braço do homem para ajudá-los.
— Você deveria estar andando? Podemos convocar uma maca
flutuante...
— Estou bem, — o homem insistiu, então desmentiu as suas palavras
com uma careta.
— Ele não está bem, — disse a mulher, — mas não é tão ruim quanto
parece. Eu sou Pikta Adren, e este é meu marido, Joss, cuja a testa teve um
encontro próximo com nosso hiperpropulsor. Ambos são os piores para se
usar.
— Espero que o hiperpropulsor esteja em melhor forma, — disse Stellan
enquanto os ajudava a descer. Joss Adren parecia bastante firme em seus
pés, mas é melhor ter certeza.
— É só isso, — Joss gemeu. — Consegui derrubar a tela do motor.
Então, não há como dizer o quão ruim é ou não é.
Pikta assentiu.
— Tudo o que posso dizer é que, quando entramos no hiperespaço para
chegar aqui, o motor começou a fazer sons totalmente novos. Sons
anteriormente desconhecidos. Prefiro quando tudo sobre o motor da minha
nave é cem por cento conhecido anteriormente.
— Muito sábio, — Stellan concordou. Agora que estavam no convés do
hangar, ele podia soltar o braço de Joss. — Um droide irá guiá-lo até nossa
torre médica. Assim que estiver tudo remendado, Sr. Adren, vocês dois
podem voltar a trabalhar em sua nave. Eu tenho que avisá-lo, no entanto,
não temos uma grande reserva de peças, então não podemos permitir que
você saia sem uma partida programada e pré-aprovada.
— Como se estivéssemos com pressa para voltar lá com os Nihil à solta.
— Pikta balançou a cabeça em descrença. — Confie em mim, Mestre Jedi...
— Gios. Stellan Gios.
— Mestre Gios, agora que estamos seguros a bordo do Farol Luz
Estelar, pretendemos ficar parados até que os Nihil se acalmem, seja o que
for. — Com isso, ela continuou guiando o seu marido em direção a um
droide médico, que já estava piscando para mostrar o caminho.
Stellan percebeu que a sua briga com Koley Linn (atualmente
carrancuda do outro lado da doca) o havia cegado para a realidade de que a
maioria dos que estavam chegando no Farol não estariam com pressa para
sair. Na verdade, provavelmente seria difícil convencê-los a ir, a menos e
até que a ameaça dos Nihil finalmente fosse, não apenas diminuído ou
contido como os Jedi haviam conseguido antes, mas verdadeiramente,
completamente eliminado.
Quem poderia dizer quando isso poderia levar? Um dia?
Um mês?
A louca caçada de Avar Kriss pelo Olho dos Nihil sempre parecera
perigosa para Stellan. Parecia muito próximo de um desejo de vingança,
muito focado no inimigo às custas de seus aliados. E abandonar Farol Luz
Estelar em seu momento de maior necessidade?
Mas o Farol Luz Estelar ainda tinha um líder. Tinha o próprio Stellan.
E se Avar era capaz de capturar o Olho, então realmente havia uma
chance de acabar com os ataques dos Nihil para sempre. Essa pode ser a
única maneira de Stellan conseguir o Farol Luz Estelar de volta. A única
maneira desta estação poderia retomar a sua missão adequada.
Embora nunca admitisse isso para ela, Avar poderia ter tido a ideia certa
o tempo todo.

Indeera Stokes viu que o seu Padawan se apressou para ajudar os feridos
que chegavam rapidamente, antes mesmo que pudesse deixá-lo saber da
necessidade de fazê-lo. Ele se tornará um bom Cavaleiro Jedi, pensou, se
ele ainda acreditar que pode.
A dor de Bell por seu antigo mestre, Loden Greatstorm, coloriu cada
interação que Indeera compartilhou com ele. Teve que seguir uma linha
muito tênue: desafiar Bell respeitando o grave choque da morte de
Greatstorm, formando um vínculo entre Mestre e aprendiz sem procurar
substituir ou apagar o vínculo que havia antes. Às vezes se perguntava se
tinha ido longe demais, ou não o suficiente, ou se estava errando ao fazer as
duas coisas ao mesmo tempo.
Assim pensa todo Mestre com o seu primeiro Padawan, Mestre Yoda lhe
disse, quando inicialmente anunciou sua intenção de ensinar. Certeza, não
temos. Um indivíduo, cada aprendiz é. Aprender, você deve, como treinar
cada um por sua vez. Dois iguais nunca haverão.
Do outro lado da doca, Indeera viu Bell direcionando droides enfermeiro
para um indivíduo mais gravemente ferido entre este grupo. Nib Assek se
moveu entre os vários pilotos e tripulantes, avaliando os danos e as
capacidades da nave, fazendo recomendações. Os recursos do Farol
estavam um pouco apertados pelo número de convidados inesperados, mas
não inadequados para as necessidades daqueles que vieram aqui em busca
de refúgio.
— Com licença? — chamou uma voz abafada. Indeera se virou para ver
uma mulher Cereana de meia-idade, ainda sentada no assento do piloto de
sua hopper de dois motores. Ela estava gritando através da tela da cabine.
— Você poderia me ajudar?
Indeera acenou.
— Claro. Temos suprimentos médicos, peças de reparo, basta sair e...
— Mas esse é o problema, — disse o Cereano. — Não posso deixar
minha nave. As armas de fogo dos Nihil parecem ter selado a rampa.
Quando Indeera caminhou pelo lado da nave, viu o metal enegrecido e
queimado quase a extensão da nave. A porta e a rampa tinham de fato sido
derretidas, fundindo-se com o casco.
— Não se preocupe, — Indeera chamou enquanto pegava o seu sabre de
luz na mão. — Eu posso cortar e você sai. Fique longe da porta.
— Não! Não faça isso! — A Cereana agitou com os seus longos braços
freneticamente, visível como um dervixe em pânico no limite da visão de
Indeera. — Como vou pilotar uma nave com um buraco cortado?
— A sua nave pode ser consertada, mesmo depois de eu cortar o casco.
Mas não podemos avaliar adequadamente o dano total à sua nave sem
entrar. Nem podemos alimentá-la. — A fome às vezes motivava as pessoas
quando nada mais o fazia.
A Cereana caiu sobre os seus controles como se estivesse derrotada.
— Certo, certo. Apenas... faça isso rápido.
Os pilotos podiam ser tão protetores de suas naves que os viam como
extensões de si mesmos. Indeera, como uma piloto entusiasmada, achou
isso cativante. Rapidamente acendeu a sua lâmina e cortou, cortou, cortou,
até que a rampa se abriu com um baque alto, trazendo um pouco da lateral
da nave junto com ela.
— Aí está, — Indeera chamou. — Tudo acabado...
E se ela tivesse feito a coisa errada?
O medo a paralisou. Indeera não era de adivinhar a si mesma, mas no
momento não conseguia parar de olhar para o buraco irregular que abriu na
hopper da Cereana. Era reparável, então por que foi de repente perfurada
com o pensamento dessa pobre mulher tentando voar para longe em uma
nave meio aberta?
Recupere o auto controle, disse Indeera a si mesma severamente. Mas o
pensamento não seria banido tão facilmente.
Talvez a Força estivesse tentando lhe dizer algo. Avisando-a, talvez, de
um risco por vir, em que esta mulher precisaria muito de sua nave.
Mas Indeera não era estranha aos caminhos da Força. Sabia como era
sentir o perigo vindo pela frente. Isso era diferente. Isso era... um pavor
lento e rastejante, vindo de uma direção que Indeera não conseguia
identificar, de alguma forma fora da própria Força...
Não existe lugar, ela disse a si mesma. A Força está em todo lugar.
No entanto, no momento, a Indeera não acreditou inteiramente nisso.
I nterrogar prisioneiros não era um dever de que Stellan
gostava. Enquanto alguns Jedi, como o famoso investigador Emerick
Caphtor, tinham dons particularmente fortes que lhes permitiam sentir
camadas sutis de dissimulação, Stellan não possuía instintos excepcionais
nessa área.
(E você só gosta de fazer o que você faz excepcionalmente bem? podia
imaginar Elzar dizendo para ele provocantemente, o sorriso torto se
alargando enquanto falava.)
Pelo menos, neste caso, Stellan não teve que bisbilhotar informações
sensíveis ao tempo. Esperava apenas determinar se essas duas mulheres
estavam ou não afiliadas aos Nihil. Em caso afirmativo, elas poderiam
fornecer informações valiosas sobre a desintegração do grupo, em
particular, o que essas incursões e ataques dispersos podem indicar sobre o
estado dos Nihil. Se não, as suas informações não seriam tão atuais, mas
elas seriam muito mais rápidas para falar.
Stellan parou em frente à porta da cela, ajeitou as vestes e assentiu. O
droide sentinela obedientemente abriu as portas, revelando os prisioneiros
lá dentro.
Chancey Yarrow descansava em seu beliche como se fosse um sofá em
um hotel de luxo. (O que não estava tão longe da realidade, as celas a bordo
do Farol eram destinadas a instalações temporárias de custódia, não para
aprisionar criminosos endurecidos e, como tal, eram confortavelmente
equipadas.) Ela era uma mulher alta com pele escura e uma coroa real de
tranças, e o seu olhar o pegou como se fosse uma diversão temporária, nada
mais.
Esta aí, pensou Stellan, não revelará nada até que tenha certeza de que
é do seu interesse fazê-lo.
A outra mulher, porém, a jovem, conhecida apenas como Nan, era mais
difícil de ler. Ela parecia mais jovem do que seus anos graças à sua estatura
diminuta e feições suaves; Stellan poderia até ter pensado que ela era
inocente, se ele não tivesse lido os relatórios de Reath Silas sobre o seu
confronto com os Nihil na estação espacial Amaxine abandonada muitos
meses antes. Os seus olhos escuros revelavam tensão e incerteza. Ela já
estava perto de um ponto de ruptura, mas como seria essa ruptura, em que
direção Nan poderia virar... era um mistério para Stellan. Suspeitava que
fosse um mistério para a própria Nan.
— Srta. Yarrow, — ele começou. — E Srta....
— Eu sou Nan. — Ela cruzou os braços sobre o peito.
— Sim, já tinha ouvido isso, — ele disse agradavelmente. — Mas eu
queria saber se você tem um sobrenome, qualquer tipo de segundo nome.
— Eu compartilho com aqueles que significam algo para mim, — disse
Nan. — O que não é o seu caso.
Bastante justo, supôs Stellan.
— Srta. Nan. Eu sou o Mestre Stellan Gios, o Jedi responsável aqui no
Farol.
Nan inclinou a cabeça.
— A oficial do Farol é a Avar Kriss.
— Era, — disse Stellan. — Você tem informações sólidas, mas
aparentemente está um pouco desatualizada.
Quando as bochechas de Nan coraram, notou silenciosamente: Ela se
orgulha de ter boas informações. Ela gosta de saber coisas que os outros
não. Isso pode ser útil.
— Você está certo, — disse Chancey Yarrow, lentamente se esticando
em uma posição vertical. — Nossa inteligência é antiga. Porque nenhum de
nós tem nada a ver com os Nihil há alguns meses. O que significa que você
não pode provar que fizemos algo errado, e você não vai conseguir nada de
nós que possa usar. Poderia muito bem nos deixar ir, certo?
— Prefiro ser o juiz de quais informações posso ou não posso usar, —
disse Stellan. Embora encarasse Chancey, ele prestou atenção em Nan na
periferia de sua visão. Será que ela começaria a se perguntar o que fez e não
tinha como negociar? Se conseguisse alguma coisa de qualquer uma delas,
seria Nan quem vai quebrar. O exterior polido de Chancey Yarrow poderia
muito bem ter sido uma concha impenetrável. Esta mulher sabia quem e o
que era, e confiava no destino para entregá-la onde precisava estar. Nan não
tinha esse tipo de confiança. Ele acrescentou: — E se você não for mais
afiliada aos Nihil, eu ficaria muito interessado em saber para quem você
está trabalhando.
— Trabalhando com, — Chancey esclareceu. Seu sorriso, fino como
uma lâmina, indicava que isso era o máximo que ela estava disposta a ir.
— Por que devemos confiar em você? — Nan retrucou. — Você nos
prendeu.
— Isso parece mais uma razão para eu não confiar em você, — disse
Stellan. — Como ex-membros dos Nihil, vocês são responsáveis por crimes
contra pessoas, animais e propriedades, tantos crimes que são quase
incontáveis.
O sorriso preguiçoso de Chancey se espalhou por seu rosto.
— E você está tentando nos recrutar? Parece um plano ruim pra mim.
— Não estou recrutando ninguém. Apenas... esperando conversar.
Stellan julgou que tinha ido tão longe quanto precisava por enquanto.
Melhor dar um tempo para Nan considerar as possibilidades antes de falar
com ela novamente.
Deveria separar Chancey e Nan, colocá-las em celas diferentes?
Normalmente isso era um movimento sábio, já que os prisioneiros tendiam
a perder a sua lealdade a seus companheiros quando havia algum espaço
entre eles. No entanto, Stellan sentiu que os laços que uniam Chancey e
Nan poderiam ser testados mais pela proximidade do que pela distância.
Nan poderia ser mais rápida em perceber que suas prioridades não eram as
mesmas de seu mentor se ela fosse forçada a enfrentar essa diferença de
frente.
A jovem parecia mais tensa do que antes, o que Stellan não entendeu até
que ela disse:
— Eu sei o que isso significa, 'esperando conversar'. O que você vai
fazer conosco? Tubos de afogamento? Eletroestimulação? Sondas da
mente? Se você acha que vamos quebrar tão facilmente...
— Nada assim vai acontecer com vocês aqui, — disse Stellan,
levantando-se. — Eu não sei como os Nihil lidam com essas coisas, mas
esse não é o jeito Jedi.
— Você parece tão sincero, — respondeu Nan. — Eu quase acredito em
você. — Ela ainda não. Mas ela poderia com o tempo.
Ele disse apenas:
— Leve algum tempo. Pense bem nas coisas. Perguntem a si mesmas o
que vocês precisariam para começar de novo, para construir de novo.
— Muito agradecidas, — respondeu Chancey como se esta fosse uma
conversa casual entre amigos perguntando onde ir almoçar. — Nós
estaremos pensando.
Stellan estudou Nan por mais um momento, acenou para as duas e saiu
da cela, confiando no tempo e em suas próprias diferenças para fazer o resto
do trabalho para ele.

Regald Coll achava que nada poderia ser mais exaustivo do que ensinar
jovens, não importa o quão perigosa uma missão na fronteira pudesse ser.
Depois de algumas horas de trabalho com os pilotos encalhados e naves
danificados, prestando ajuda e assistência, com novas chegadas aparecendo
sem aviso prévio...
Bem, ainda achava que nada era mais exaustivo do que ensinar jovens.
Os Nihil eram ruins, claro, mas tente administrar uma sala cheia de crianças
que perderam a soneca e descobriram que podem basicamente fazer
mágica. Não era uma tarefa para os fracos.
A limpeza depois que os ataques dispersos dos Nihil chegavam perto da
escala de exaustão, no entanto. Regald ficou feliz em tomar alguns
momentos na bagunça para se sentar, se esticar e reunir forças para decidir
o que comer.
— Bilbringi? — Indeera Stokes sugeriu enquanto tomava o lugar em
frente ao dele, carregando uma bandeja de comida apimentada que parecia
deliciosa e cheirava ainda melhor.
Regald se viu sentado ereto.
— Só a comida de Bilbringi poderia me acordar assim. Nada mais
poderia me fazer mover, exceto talvez rancor como estímulo.
Indeera lhe deu um sorriso torto. Ela parecia cansada também, mas o seu
tom era alegre quando ela tomou o lugar em frente a ele.
— Você notará que eu trouxe o suficiente para dois.
— Esse é o tipo de caráter que você tem. — Regald pegou uma torta de
carne e sorriu. — Lembre-me de nomeá-la para o Conselho Jedi algum dia.
— Por favor não! — Indeera ergueu as mãos. — Um destino pior que a
morte, pelo menos, para mim. Não sei como Stellan e os outros fazem isso.
— Eu também não. — Regald nunca fora ambicioso dessa forma. A
creche tinha sido suficiente para ele, até que decidiu que deveria expandir
os seus limites, assumir novas responsabilidades. Mas isso foi apenas uma
busca para aprender e experimentar mais, não para subir nenhum tipo de
escada.
Eles comeram juntos em um silêncio sociável, ou o que Regald
considerou ser um silêncio sociável, até que ergueu os olhos de sua refeição
para ver que Indeera nem sequer havia tocado a dela. Ele arriscou:
— Você está se sentindo bem?
— Não. Quero dizer, sim. — Ela estremeceu e esfregou as têmporas. —
Nada está fisicamente errado comigo. Estou cansada, mas isso não tem
importância. — A Indeera era estoica em relação a essas coisas. No entanto,
mesmo o seu semblante impassível não conseguia esconder totalmente a
sua inquietação.
Regald disse:
— Você disse que não há nada de errado fisicamente. Então o que está
acontecendo é... mental? Emocional? Espiritual?
— Talvez tudo isso, e ainda... — Indeera balançou a cabeça. — É difícil
falar dessas coisas. Mas você não sente isso, Regald? Nos limites de sua
consciência?
Quase perguntou a ela, O que você quer dizer? Antes que pudesse fazer
a pergunta, no entanto, entendeu a resposta.
O cansaço que estava sentindo era mais profundo do que músculos
doloridos ou uma cabeça latejando. Até os ossos... não. Profunda na alma.
Como se as cores vibrantes da Força haviam desbotado para o cinza. Regald
estremeceu, uma resposta de medo que pensou ter deixado para trás
enquanto era um Youngling.
Ainda assim, tinha que haver uma explicação sensata.
— Estamos todos passando por isso juntos, — ele sugeriu. — Todos os
Jedi nesta estação estão ajudando aqueles que vieram aqui em busca de
ajuda, lidando com os últimos remanescentes dos Nihil. Cada um de nós
está testemunhando muita raiva e medo. É claro que isso seria uma
drenagem psíquica para todos nós.
— Claro, — repetiu Indeera, mas os seus olhos se estreitaram com
suspeita. — Mas todos nós já estivemos em situações como essa antes, e em
nenhuma dessas situações eu senti esse terrível vazio.
Verdade seja dita, Regald também nunca havia sentido nada assim. Não
era tanto a presença de algo horrível, mas a ausência de outra coisa que
deveria estar lá. Algo tão básico e fundamental para o funcionamento
adequado do universo que nunca reconheceu e nem conseguiu entender
enquanto estava sentado aqui tentando criar um cenário...
— Aquilo é Bilbringi? — O rosto enrugado de Nib Assek se iluminou
com um sorriso cansado quando ela se aproximou. — Não se importe se eu
comer isso.
Regald lhe entregou uma das tortas de carne enquanto se sentava entre
ele e Indeera.
— Nib, como você está se sentindo agora?
— Cansada como todos os outros, — disse ela, e embora Nib ainda
tivesse um sorriso no rosto, podia ouvir o cansaço escondido em seu bom
humor. — Como se o meu cérebro já estivesse tirando uma soneca e o meu
corpo estivesse ansioso para se juntar a ele.
— Você está sentindo essa estranheza? — disse Indeera. — A...
opacidade da Força?
O sorriso valente de Nib finalmente desapareceu.
— Vocês também?
— Estamos nos convencendo disso, — disse Regald. O seu tom era
firme; deixou-se desviar muito facilmente. — Estamos esgotados,
emocionalmente comprometidos e agora estamos nos convencendo a
acreditar em fantasmas.
— Você realmente pensa assim? — Indeera continuou olhando para a
meia distância, focando em nada.
— Sim. Gostamos de pensar que somos mais sábios, somos os Jedi,
estamos no controle de nossas mentes e corpos, mas no final, podemos ser
tão supersticiosos e sugestionáveis quanto a maioria das pessoas, se
baixarmos a guarda. — Ele pontuou isso com um gesto enfático com a sua
torta de carne. — Depois de comermos e respirarmos por alguns minutos, a
sensação desaparecerá e mal perceberemos.
— Você está certo, — disse Nib, com determinação. — Claro. Deveria
ter pensado nisso por mim mesmo. — Indeera não parecia igualmente
disposta a acreditar nele, mas começou a comer a sua refeição, então
Regald contou como uma vitória.
Ele comeu. Tentou relaxar. E conseguiu.
Em sua maioria.

Nas profundezas do Farol Luz Estelar, Werrera e Leyel continuaram o seu


trabalho nos relés de comunicação da estação. O sistema central permanecia
alheio ao ataque, eliminar a cada nó, um por um, deu a Cale tempo para
fornecer uma entrada compensatória para o sistema, uma energia em branco
que criaria a ilusão de que tudo estava bem.
Este revezamento em particular, no entanto, foi de particular
importância. Quando chegasse a hora, precisaria estar totalmente funcional,
para melhor enviar a mensagem dos Nihil ao Núcleo Galáctico.
Cuidadosamente, lentamente, Werrera teceu os seus longos dedos pela
intrincada fiação, fechando elo após elo. Cale encaminhou os sinais para a
fina caixa prateada que havia sido previamente programada pelo próprio
Marchion Ro.
Parecia que os Jedi permaneceram alheios às suas ações. A única outra
pessoa a bordo do Farol que sabia o que estava fazendo era Ghirra Starros,
com o seu monitor, aquele que relataria os seus atos ao Olho, e já havia
sinalizado pela última vez. Depois disso, tudo o que fizeram, foi sozinhos.
Ninguém saberia os atos individuais de astúcia ou coragem que estavam por
vir, não até que o seu trabalho desse seu verdadeiro fruto.
Cada um deles, em momentos diferentes, pensou nas pessoas que
deixaram para trás no Olhar Elétrico. Nenhum deles suspeitava que
nenhuma dessas pessoas permaneceu na nau capitânia de Ro, que em vez
disso foram transferidas para as naves Nihil que provavelmente seriam
usados como bucha de canhão em breve. Eles poderiam ter percebido isso
se tivessem duvidado de Marchion Ro, eles sabiam que ele apagou todos os
vestígios de suas ações, mas eles não tinham dúvida. Os seus olhos estavam
cegos por sua fé resplandecente.
— Eu estive pensando, — disse Leyel. Cale quase se assustou; ela não
tinha falado alto, mas eles estavam tensos e silenciosos por tanto tempo que
qualquer barulho sacudia todo o seu sistema nervoso. — Essas coisas na
nave, elas não precisam ser alimentadas?
— Nenhum deles viverá por muito mais tempo, — Cale a lembrou. —
Mas isso não importa. — Um sorriso se espalhou por seu rosto enquanto
pensava na explicação de Ro sobre o que eram as feras, do que eram
capazes. — Imagino que já estejam se alimentando.


Sem o conhecimento da equipe Nihil, um de seus ‘passageiros’ já havia ido
em busca de comida mais saudável.
Um pequeno droide astromecânico, zumbindo enquanto verificava os
sensores no compartimento de carga, ouviu um forte estrondo de metal,
como se uma placa tivesse caído de um casco ou uma escotilha tivesse sido
forçada a abrir. Ele girou em direção ao som para encontrar uma nave de
carga, pequena e indescritível, com a escotilha aberta. Dentro, o
astromecânico podia ver um movimento sombrio.
Rapidamente verificou o manifesto de carga, depois assobiou em alarme.
Rathtars? Essas eram formas de vida que exigiam contenção imediata.
O astromecânico rolou para frente, conectado aos controles da escotilha
da nave, e foi recompensado com o fechamento quase instantâneo da porta.
Ele então se virou e esquadrinhou sua vizinhança imediata em busca de
Rathtars, não encontrou nenhum, e seguiu seu caminho satisfeito depois de
um trabalho bem feito.
Qualquer senciente saberia que os Rathtars não hesitavam em sair de
qualquer contenção, teriam procurado por qualquer pessoa ou qualquer
outra coisa que pudesse ter escapado daquela nave de carga.
Mas os compartimentos de carga eram administrados por droides, e os
droides eram satisfeitos mais facilmente.

A primeira partida programada do Farol caiu para uma pequena


Embarcação de passageiros que originalmente deveria partir quase um dia
antes. A maioria de seus poucos passageiros estava impaciente para ir.
Um deles sabia desde o início que se atrasariam.
Ghirra Starros verificou o esquema completo do Farol. Monitorou-o o
dia todo, mais de perto do que os próprios Jedi, já que tinha os filtros
necessários para rastrear as leituras falsas e plantadas e recuperar os dados
verdadeiros, e foi por isso que viu retransmissão após retransmissão de
comunicação cair. Controle Nihil. Em sua tela, o que deveria ter sido uma
série de luzes brilhantes, em vez disso, estava cinza e quase opaco, como
um céu noturno envolto por nuvens.
O seu alarme pessoal tocou. Hora de ir. Este era um transporte que ela
não queria perder.
Ghirra pendurou uma bolsa pesada no ombro; estava lotada em sua
capacidade máxima, e o seu ombro esticado sob o peso. Correr para o
transporte poderia despertar um interesse indesejado, então ela andou
rapidamente. Se não parecesse particularmente senatorial, bem, no
momento, Ghirra não se importava. Acabou sendo melhor assim; não teve
que olhar muito para as pessoas nos corredores que não estavam prestes a
sair. As que estariam aqui quando...
— Senadora Starros? — Ela se virou para ver Bell Zettifar, o Jedi
Padawan, que havia caído ao lado dela. — Se você estiver com pressa, eu
posso te ajudar, temos alguns minutos...
— Não, não, estou bem. — Ghirra sorriu e esperou que a sua expressão
fosse convincente. Eles disseram que os Jedi podiam ler mentes. Essa era a
última coisa que precisava.
Mas este era apenas um aprendiz, jovem o suficiente para fazê-la pensar
em sua filha, Avon. Raramente tinha ficado mais feliz por ela estar no
internato, segura e longe de tudo isso.
Bell não percebeu a sua inquietação, ao que parecia. Ele simplesmente
assentiu enquanto se dirigia para um corredor lateral.
— Vejo você novamente em breve, — ele chamou.
— Claro, — disse Ghirra, e essa foi a única parte que doeu. O
pensamento daquele jovem inconscientemente indo embora ficaria com ela
por muito mais tempo do que imaginava, mais até do que a lembrança da
alegria de Marchion Ro quando ela veio para o seu lado.

Algo está acontecendo com ela, Bell pensou enquanto continuava o seu
caminho. A energia que emanava de Ghirra Starros tinha sido perturbada ao
extremo, e, além disso, aquele era um dos sorrisos mais falsos que já tinha
visto.
Mas talvez estivesse lendo demais. A energia estranha que estava
arranhando as bordas de sua consciência fez tudo parecer estranho e errado.
Bell continuou dizendo a si mesmo que era apenas a sua dúvida, a sua
culpa, a incerteza que o puxava há meses. Se mantivesse a sua mente onde
estava, o que estava fazendo, a sensação pararia a qualquer momento.
E, ainda assim, ela sempre esteva lá...
E m sua pequena e improvisada câmara a bordo da Embarcação,
Elzar Mann buscava a paz.
Alguns momentos de silêncio e quietude serviriam. A julgar pelos
relatórios que eles continuaram a receber sobre a atividade dispersa dos
Nihil, estaria ocupado no Farol logo após a sua chegada, e por um longo
tempo ainda. Se queria se concentrar, para acalmar os sussurros de dúvida
que assombravam os seus pensamentos, este era o momento.
Claro, teria sido mais fácil se Leox Gyasi não tivesse decidido que este
era um excelente momento para tocar todas as suas músicas favoritas pelo
intercomunicador da nave. Pelo menos dessa vez ele escolheu a ópera
Chandrilana, as melodias arrebatadoras e dramáticas banhavam Elzar como
as ondas em Ledalau, lembrando-o da estabilidade que encontrara lá.
A escuridão sempre será uma parte de mim, lembrou a si mesmo. Será
sempre uma parte de cada Jedi, de cada coisa viva. Reconhecer a
escuridão é conhecer a escuridão. Conhecer a escuridão é começar a
controlá-la.
A mente de Elzar, como sempre acontecia, passou por Avar Kriss. Ele a
imaginou como ela tinha estado em uma missão há muito tempo em Riosa:
com o seu cabelo preso em uma longa e dourada trança, a faixa de joias que
ela usava brilhando na luz rosada do sol.
Talvez uma razão pela qual achasse tão difícil aceitar a sua própria
escuridão como parte da vida, nem mais nem menos, veio de sua
incapacidade de acreditar que qualquer escuridão já havia encontrado o seu
caminho na alma de Avar.

— Então, — Nan finalmente disse, — qual é o problema?


— Não é óbvio? — Chancey ficou francamente desapontada. Ela
esperava que a sua jovem protegida mostrasse um pouco mais de
discernimento. Sylvestri teria percebido imediatamente..., Mas Chancey não
conseguia pensar em sua filha distante, não no momento. Foco era
necessário, assim como endireitar Nan.
— Eu pensei que você deixou os Nihil porque queria traçar o seu
próprio caminho, — começou Chancey. — Não trocar um conjunto de
mestres por outro.
Nan não parecia tão desanimada quanto Chancey havia previsto.
— Como os Grafs não são nossos mestres?
— Eles são nossos empregadores. Tem grande diferença.
— Eu não tenho tanta certeza, — Nan insistiu.
Na verdade, Chancey também tinha algumas dúvidas sobre isso;
trabalhar para uma das famílias mais ricas da galáxia trazia vantagens
consideráveis..., mas também vinha com rédeas muito curtas.
Mas ainda assim.
— Olhe por este lado, Nan. No momento, não podemos fazer novos
amigos sem fazer novos inimigos. Quer irritar os Grafs? Essa é uma
péssima ideia. Os Jedi têm um alcance considerável, assim como os Nihil,
mas acredite em mim, o dinheiro pode encontrá-la em qualquer lugar.
— Mas não vamos trair os Grafs, e também não temos que trair os Nihil,
— insistiu Nan. — A última vez que ouvimos, os Jedi ainda estavam
perseguindo Lourna Dee porque achavam que ela era o Olho. Em outras
palavras, eles não sabem droga nenhuma. Podemos alimentá-los com
informações antigas, até mesmo informações falsas, e os Jedi nunca saberão
a diferença! Ficamos livres, voltamos ao trabalho e...
— Então os primeiros boatos começam a circular, — disse Chancey. —
Que nós saímos da prisão ligando os Nihil. Se mesmo uma dica dessa
chegar a Marchion Ro, você acha que ele vai esperar para determinar se a
informação que você deu aos Jedi era boa ou não? Tudo o que ele vai saber
é que você se virou a casaca. No minuto em que ele sabe disso, ele marca
você para a morte. E se enviarem alguém para te matar, posso acabar como
dano colateral. Então, pelo bem de nós duas, sugiro que você feche a sua
boca e mantenha fechada.
Nan não parecia nem um pouco satisfeita por ser humilhada, mesmo que
(na opinião de Chancey) ela atualmente merecesse. Mas ela permaneceu
quieta. Esperava que aquele silêncio durasse muito, muito tempo.
Mais uma vez, sussurrou a mente traidora de Chancey, Sylvestri saberia
melhor, se estivesse com você.

Dentro da Central do Farol Luz Estelar, Estala Maru caminhou ao longo


trecho de monitores de escâneres que forneciam um status constante de
‘integridade’ da estação. Eles estavam, como sempre, funcionando sem
problemas, com cada leitura dentro do alcance ideal.
Permitiu-se a um breve momento de orgulho, por trás de ser um Jedi, na
verdade, mas quando um mecanismo tão importante e complexo funcionava
perfeitamente por tanto tempo? Bom. Um pequeno reconhecimento das
próprias realizações parecia necessário, contanto que não se deixasse levar
por isso.
(E Estala Maru nunca se deixou levar, nunca.)
Perfeição, pensou. A perfeição é satisfatória. A perfeição é...
...impossível.
Estreitando os olhos, começou a estudar algumas das leituras com mais
cuidado. Sim, cada uma parecia boa. Mesmo aquela matriz de comunicação
que estava dando problemas ultimamente. Maru não se lembrava de ter
enviado ninguém para consertar as comunicações; entre o trabalho na
instalação de dessalinização em Eiram e os esforços para ajudar os
sobreviventes do ataque dos Nihil, não tinha o pessoal de sobra.
Isso ocorre bem na maioria das vezes, Maru lembrou a si mesmo. Então,
por que isso deveria deixá-lo no limite?
Pensando bem, esteve estranhamente nervoso o dia todo...
— Mestre Maru, — disse um dos técnicos. — Temos uma oscilação de
energia na torre médica.
Maru jurou baixinho.
— Não é de admirar, cada droide enfermeiro que temos deve estar
recarregando. Vamos redirecionar. — Correu para supervisionar essa tarefa
crítica.
Enquanto isso, as leituras anormalmente perfeitas na matriz de
comunicação brilhavam, despercebidas.

A bordo da Olhar Elétrico, Thaya Ferr observou Marchion Ro com o canto


do olho.
Thaya, uma humana ainda na casa dos vinte, geralmente não chamava
muita atenção. A sua aparência era mediana, a sua voz suave, o seu
comportamento totalmente normal. A história dela não era uma história
particularmente convincente, o que era bom, já que ninguém nunca a havia
pedido. Tampouco as suas ambições eram altas. Nunca em toda a sua vida
Thaya Ferr sonhou em ser a pessoa encarregada de alguma coisa.
Não, ela conhecia o seu destino. Thaya Ferr nunca foi feita para liderar,
mas poderia ser uma baita segunda em comando.
Todo mundo obcecado com o quão difícil era liderar. Eles não
reconheciam que seguir também era uma habilidade à qual a maioria das
pessoas não prestava atenção suficiente. Eles acreditavam que ou se estava
no comando ou estava à deriva. Thaya sabia melhor que ninguém. Ser um
seguidor inteligente significava antecipar necessidades. Remoção de
obstruções. Garantir que tudo fluísse tão suavemente para o líder quanto a
água em um riacho de montanha.
Enquanto isso, os líderes eficazes notavam aqueles que executavam bem
as suas instruções enquanto pediam pouco em troca; os inteligentes sabiam
que esses indivíduos eram aqueles em quem eles realmente podiam se
apoiar.
Marchion Ro era eficaz e inteligente. Assim, nos últimos meses, ele se
voltou cada vez mais para Thaya Ferr. No começo tinha sido uma lacaia,
uma mera serva, mas ultimamente, tarefas mais complexas, mais
importantes, foram confiadas a ela. E Thaya havia entregado.
Finalmente, estava provando o seu valor. Não tinha em Ro o mesmo tipo
de reverência que muitos dos Nihil tinham, mas sabia que tinha se anexado
a um líder que merece ser seguido. Thaya nunca o trairia; fazer isso apenas
trairia os seus próprios interesses. Não, seria a mão direita dele, confiável o
suficiente para permanecer no centro das coisas, mas quieta o suficiente
para que os fanfarrões e valentões que se tornaram Executores da
Tempestade nunca a considerassem um perigo. Era exatamente onde ela
pretendia permanecer.
E esse plano que está se desenrolando... esse era um dos momentos mais
importantes de todos.
Thaya finalmente encontrou o seu caminho para o centro.

Enquanto isso, na Ataraxia, a caçada de Avar Kriss finalmente a trouxe para


sua presa.
Avar podia sentir a distância se estreitando entre ela e o seu alvo. Lourna
Dee tinha corrido e lutado tão bem, mas logo, nenhum dos dois serviria.
A razão lhe disse que tinha todas as chances de apreender o Olho no
futuro imediato. Além disso, no entanto, a Força lhe disse que isso
aconteceria. Cada nota em sua grande canção estava levando a esse refrão,
um que Avar poderia imaginar que conhecia de cor.
Então, por nenhuma razão que pudesse nomear facilmente, pegou-se
desejando que Elzar Mann estivesse ao seu lado.
Ele deveria fazer parte disso, ela raciocinou. Sempre trabalhamos bem
juntos.
Mas esse era todo o problema, não era?
Avar suspirou e deixou o pensamento pra lá. Hora de capturar o seu
alvo.

O Farol Luz Estelar, assim como qualquer outra estação ou nave estelar que
residia quase inteiramente além dos ambientes planetários, não tinha, dia ou
noite natural. No entanto, a maioria dos seres funcionava melhor com
algum tipo de ciclo diurno e, portanto, em uma hora marcada, a maioria das
luzes diminuía e os turnos de trabalho não essenciais eram reduzidos ao
mínimo de funcionários. Stellan nunca deixou de se perguntar como essas
mudanças simples eram eficazes. Em apenas alguns minutos, o ritmo de
vida a bordo da estação havia mudado. As pessoas andavam mais devagar.
Com linguagem corporal relaxada. Mesmo aqueles que permanecem com as
suas naves na doca principal, encalhados pela atividade dos Nihil,
desaceleravam um pouco. Eles não estavam realmente calmos, eles estavam
longe de casa, talvez consertando as suas naves, irritados ou enervados por
essa explosão final de hostilidade dos Nihil. Mas a maior facilidade que
sentiram chegou perto o suficiente para ressoar por toda a estação.
Stellan estava ainda mais consciente dessa alteração do que a maioria a
bordo, e ainda assim funcionou nele também.
Um lembrete, disse a si mesmo, de que nossos animais interiores, nossas
naturezas mais vis, vivem para sempre dentro de nós.
— Saudações, Mestre Stellan! — JJ-5145 rolou ao lado dele, mais
animado do que nunca. — Você tem uma comunicação chegando!
Por que sempre chegava uma ligação quando Stellan achava que poderia
dormir? Balançando a cabeça com pesar, ele disse:
— Passe para o escritório do intendente, Quatrocinco. Pelo menos está
perto.
— Está muito perto! — JJ-5145 disse como se fosse a notícia mais
importante e maravilhosa que já havia sido entregue. Era mais ou menos
assim que ele dizia tudo. — Muito convenientemente localizado, para
vários sistemas e locais de estações. Você já pensou em fazer do escritório
do intendente um centro de controle secundário para o Farol Luz Estelar?
Isso permitiria que você tivesse acesso mais facilmente quando estiver na
metade inferior da estação.
Stellan abriu a boca para protestar, mas pensou melhor.
— Isso não é uma má ideia, realmente. Isso é algo que você pode lidar
sozinho?
JJ-5145 praticamente vibrou de prazer.
— Vou começar imediatamente, senhor!
— Comece depois da minha chamada, — disse Stellan. — Na verdade,
deixe-me pensar nisso esta noite, provavelmente vou dizer para você ir
trabalhar amanhã de manhã.
O atraso não diminuiu nem um pouco a alegria de JJ-5145.
— De manhã, claro e cedo, como quiser, Mestre Stellan!
Felizmente, o escritório do intendente já era um local bastante
confortável e conveniente, encravado em parte do espaço entre o
compartimento de carga principal e o compartimento de carga principal.
Stellan se sentou à mesa e digitado o código para a comunicação de entrada.
A imagem de Elzar Mann cintilou na frente dele, forrada com estática de
uma conexão fraca, mas mesmo assim inteira.
Stellan respirou aliviado.
— Graças à Força. Com os restos do Nihil atacando por aí, bem, haviam
preocupações.
Elzar ergueu uma sobrancelha.
— Você acabou de admitir que estava preocupado comigo?
— Se for perguntado, vou negar, — disse Stellan. A amizade deles era
de longa data, mas envolvia uma boa dose de rivalidade e muita
brincadeira.
— Estou emocionado, — Elzar respondeu secamente.
— Obrigado pelo droide, a propósito.
A risada de Elzar permaneceu jubilosa, mesmo através da estática.
— Ele já te colocou contra a parede?
— Na verdade, Quatrocinco está sendo muito útil, — admitiu Stellan. —
O que não te safa.
— Sério? Deveria. — No fundo de qualquer nave em que Elzar
estivesse, a música de ópera tocava, quase inaudível. — Verdade seja dita,
nos deparamos com algumas dessas ações dos Nihil, mas escapamos
intactos e conseguimos ajudar alguns outros a fugir também.
— Então você está voltando ao Farol? — Quando Elzar assentiu, Stellan
não se incomodou em disfarçar o seu alívio. — Você está... melhor, então.
— Muito. — A expressão de Elzar se tornou pensativa e mais difícil de
ler. — Tenho um longo caminho a percorrer, acho, esta é uma mudança
fundamental na forma como percebo e uso a Força. Mas fiz progressos, e o
resto do caminho só posso fazer caminhando. Orla me guiou bem. Será que
algum dia vou aprender como vocês dois se conheceram?
Aparentemente, Orla tinha feito a cortesia de Stellan de não revelar a
história completa.
— Algum dia. Mas ainda não.
Os olhos de Elzar se iluminaram.
— Então é uma boa história.
— Vamos apenas dizer que é longa.
— Uma muito boa, eu acho, — Elzar disse com um sorriso. — Deve ser
para explicar por que você se voltou para uma Desbravadora. Eu sei que
você não se importa com eles.
Stellan interveio:
— Isso é uma simplificação excessiva.
— De verdade, — enfatizou Elzar. — Mas as suas opiniões sobre
Desbravar não vêm ao caso. A questão no momento é que estou voltando e
pronto para ajudar da maneira que puder, assim como Orla Jareni, tenho
certeza.
— Muito bem. O sinal tocou antes de deixar o hiperespaço, e teremos
um ancoradouro pronto para a Embarcação o mais rápido possível.
Elzar permaneceu em silêncio por muito tempo antes de perguntar:
— Você teve notícias de Avar e da sua equipe?
— Não. Acredito que teríamos ouvido se houvesse algum problema. —
Ou se ela realmente teve sucesso em sua busca para capturar o Olho. —
Nenhuma notícia é boa notícia.
— Claro. Tenho toda a confiança nela e em você. Mann desliga.
Depois que o holo desapareceu, Stellan ficou ali por alguns longos
segundos. Estava realmente... esperando que Avar falhasse? Em algum
nível, parecia que sim.
Isso era indigno dele, Stellan sabia. Não deu crédito às habilidades
consideráveis de Avar, ao perigo muito real que os Nihil haviam
apresentado até recentemente, ou ao ego que Stellan aparentemente havia
trazido para esse desacordo sobre as prioridades. Deve meditar e purgar
esse orgulho desnecessário.
Mas primeiro, dormir.
(Aqueles que não meditavam às vezes ficavam surpresos com a ideia de
que era mais difícil fazê-lo quando cansado, que envolvia qualquer energia.
Na verdade, poderia ser profundamente dinâmico. Stellan queria a sua força
para isso e muitas outras tarefas que estava à frente.)
Estava cansado o suficiente para que até mesmo o seu quarto parecesse
muito distante. Em vez disso, foi para o único sofá no escritório do
intendente, que ficava encostado na parede mais próxima do compartimento
de carga. Isso serviria. Stellan mal teve energia para fazer mais do que tirar
o manto e chutar as botas antes de cair de costas no sofá e fechar os olhos.
Certamente haviam poucos prazeres mais justos do que descansar depois de
um longo dia de bom trabalho.
Stellan seria incapaz de descansar por muito tempo.
— Ajude-me... — Elzar Mann gritou, olhando impotente para Stellan
através da fumaça espessa e ondulante.
— Ajude-me! — Avar Kriss correu para o fogo Nihil, com o seu sabre de
luz em chamas enquanto ela entrava na briga sozinha.
— Por que você não nos ajudou? — A rainha Thandeka de Eiram estava
em seu manto cerimonial, cercada por massas de pessoas empoeiradas e
cansadas que não tinham água há dias.
— Você pode nos ajudar, — Pikta Adren implorou enquanto ela estava
entre os sobreviventes agredidos dos ataques dos Nihil na enfermaria
lotada do Farol. — Estamos com sede. Nós estamos com fome. Estamos
morrendo de fome.
— Ajude-nos. — Vieram sussurros de uma escuridão que cercava Stellan
por todos os lados. — Estamos morrendo de fome. Tão famintos. Tão
famintos. Alimente-nos.
— Alimente-nos.
— ALIMENTE-NOS...
Acordando com um sobressalto, Stellan olhou para o teto, respirando
com dificuldade. A fome desesperada que sentiu em seu sonho roeu a sua
barriga como se não tivesse comido um jantar farto. Tentou banir a ilusão,
mas no final se levantou do sofá e foi até a mesa. Vasculhou as gavetas e
encontrou uma pequena lata de pó de ração. Um pouco de água e um
redemoinho com o dedo produziram um pão doce, que comeu tão devagar
quanto pôde. Isso levou toda a força de vontade de Stellan para não devorar
a coisa como um Gundark faminto.
Embora o pão tenha saciado sua fome, a inquietação de seu sonho
permaneceu. Como sempre, depois de um sonho particularmente vívido,
Stellan se perguntou se isso poderia ser um envio da Força, uma mensagem
à qual deveria prestar atenção. Poderia ser um aviso sobre os Drengir? Tal
fome os chamou à mente imediatamente. Eles não foram realmente
derrotados e talvez estavam retornando para ameaçar os Jedi novamente?
Mas assim que se fez essas perguntas, teve certeza de que a resposta era
não.
Parece o oposto disso, pensou, então se perguntou exatamente o que isso
significava.
Não conseguia articular o motivo, mas sabia que estava certo. O pavor
que se infiltrou em sua mente inconsciente não veio da Força, mas de algo
completamente diferente.
Algo que estava entre e a Força. O obscurecendo, como nuvens na frente
de uma lua.
A lguns diziam que a consciência era a maneira da galáxia se
contemplar. Através dos olhos de Leox Gyasi, a galáxia se contemplar
com grande satisfação.
Não que ele não visse que a galáxia também tinha um monte de coisas
erradas com ela. Mas Leox reconheceu o dom que recebera por estar vivo,
então não perdia tempo com preocupação ou desespero. Se algo estivesse
errado e pudesse ajudar, ele o faria. Se uma crise viesse, lidaria com isso
então. Caso contrário, era um dia de cada vez para ser saboreado.
Geode entendeu isso. Leox percebeu que essa era uma das razões pelas
quais eles se davam tão bem. Affie Hollow... bem, ela ainda estava
aprendendo.
— Eu não gosto disso, — ela disse enquanto eles cruzavam os seus
últimos segundos de voo no hiperespaço. — Os Nihil me fazem querer ficar
segura aqui para sempre.
— Viajar sem destino está entre os passatempos mais perfeitos do
mundo, — disse Leox. — Mas, no momento, temos uma viagem com
passageiros para terminar.
Affie franziu a testa enquanto puxava o seu longo cabelo castanho-
escuro em um rabo, um sinal de que o seu eu interior estava mais pronto
para completar a viagem do que a sua consciência estava. (Leox era um
grande crente no eu interior.) Ela disse:
— Não parece que Farol é o último lugar que devemos ir? É o símbolo
da República nesta área, o centro da presença Jedi, o que faz com que seja o
lugar que os Nihil mais odeiam.
— Primeiro de tudo, de acordo com os Jedi, o que estamos vendo é o
último suspiro dos Nihil. Assim, eles não serão problemas por muito mais
tempo. Segundo, o Farol é o centro das atenções da República nessa parte
da galáxia, — Leox respondeu. — Se o que resta dos Nihil tentar invadir
aquele lugar, a República vai dar um chute nos dentes deles. Ou presas, ou
guelras, o que quer que os Nihil em questão estejam envolvidos. Não, eles
não virão para o Farol a menos que tenham algo muito mais engenhoso em
mente.
— Às vezes você faz isso pensando que está ajudando, mas
definitivamente não está, — Affie apontou.
— De qualquer forma, Pequenina, é hora de sair daqui. Pronto, Geode?
A resposta de Geode veio na forma de um leve estremecimento da nave
deixando o hiperespaço. O azul elétrico que os cercava instantaneamente
mudou para preto. Ao longe brilhou o Farol Luz Estelar...
...e na distância mais próxima eles viram uma nave, um pequeno
cruzador Japealeano de um piloto lutando para seguir em frente. Mesmo
daqui, Leox podia dizer que um de seus motores havia queimado e o outro
não estava em boa forma.
Affie ligou as comunicações antes que a mão de Leox pudesse se mover.
— Aqui é a Embarcação. Você está precisando de ajuda?
— Sim, por favor... — A mulher do cruzador Japealeano tossiu. Ela
parecia exausta. — Recebemos tiros dos Nihil, quando você pensa que os
kriffers se foram para sempre...
No mesmo instante, Leox e Affie olharam para as leituras. Geode já
tinha a análise na tela para eles: a nave realmente era o que parecia estar,
genuinamente bastante danificada, e a piloto a bordo estava realmente
sozinha.
— A caminho, — disse Leox enquanto inclinava a nave em direção à
Embarcação Japealeana ferida.
Cada um dos três tripulantes sabia o que fazer sem qualquer discussão
entre eles. Este era um trabalho de reboque padrão, o mesmo que seria ser
para contêineres de carga no espaço. (Contêineres orbitais eram
frequentemente usados por aqueles que não queriam passar pelas
verificações padrão do espaçoporto. Leox havia manuseado muito desse
tipo de carga nos velhos tempos.) Geode trouxe as coordenadas de precisão,
Leox preparou o cabo de reboque, e Affie pegou os controles na mão e
disparou.
O cabo prendeu-se magneticamente ao cruzador Japealeano com um
baque satisfatório. Leox e Affie compartilharam um sorriso rápido antes de
começar a avançar lentamente, passando por cima do cruzador e se
preparando para liderar.
No exato momento em que o cruzador estava diretamente abaixo deles,
uma explosão abalou a nave. Luzes vermelhas floresceram nos controles da
nave em uma onda terrível.
— Que droga... — Leox acionou o comunicador. — Você ainda está
vivo lá embaixo?
Após alguns segundos de estática, a piloto do Japealeano sussurrou:
— outro... outro motor explodiu...
Então tinha. Infelizmente, ao fazê-lo, parecia ter arremessado detritos de
metal no próprio corpo da nave. A nave permanecia hermética, o que Leox
sabia porque não estavam prestes a morrer horrivelmente naquele exato
segundo. Mas parecia que quase tudo na nave havia sofrido danos, em graus
variados. O pior de tudo:
— O Hiperdrive está desativado.
Affie mordeu o lábio inferior, então rapidamente recuperou a calma.
— Certo. Pelo menos isso aconteceu a uma curta distância de um porto
de reparo.
Orla Jareni e Elzar Mann apareceram na porta da cabine, calmos daquele
jeito sobrenatural que os Jedi pareciam, mas definitivamente alertas.
— O que aconteceu? — disse Orla.
— Nós pagamos um pequeno aluguel em nosso tempo no universo. —
Leox apontou para a nave Japealeana, ainda visível no canto da cabine. —
Fez uma boa ação, levou alguns estilhaços por isso. Espero que nada que
não possamos consertar no Farol.
— Qualquer coisa que você precise, — Elzar prometeu.
Leox se lembrou do que Affie havia dito sobre Farol Luz Estelar ser um
alvo dos Nihil. Se fosse do tipo preocupante, teria visto isso como um mau
presságio.
Do jeito que estava... bem, com mau presságio ou não, eles tinham
apenas um caminho que poderiam seguir. Leox pretendia tomá-lo com um
sorriso.

Sabendo que várias dezenas de pessoas procuraram ajuda no Farol após a


recente atividade dos Nihil, Elzar Mann se preparou para um pouco mais de
agitação do que o Farol Luz Estelar geralmente via. No entanto, a visão da
doca da estação, normalmente ordenada e arrumada, de acordo com as
especificações mais exigentes do Estala Maru, o surpreendeu com sua
desordem. Várias naves de todos os tipos preenchiam a maior parte do
espaço disponível. Uma vez que a Embarcação se instalou, muito pouco
espaço permaneceu na baía.
Enquanto Elzar e Orla conduziam o grupo para fora da nave, as suas
atenções passaram da outra espaçonave para as muitas pessoas reunidas
dentro e ao redor delas. A maioria delas estava trabalhando duro nos
reparos, o suficiente para que Elzar de repente se perguntasse se sobravam
muitas ou algumas peças de reposição.
— Eu prometi a você ajuda, — disse Elzar a Affie Hollow. — Só espero
que ainda tenhamos isso para dar.
— Nós vamos conseguir. — Affie podia ser apenas uma garota de
dezessete anos, mas tinha o sorriso de uma viajante que passou a vida entre
as estrelas. — Não há muito que não possamos consertar, e temos alguns
suprimentos próprios.
— Eu tenho um kit de ferramentas antiquado aqui em algum lugar, —
Leox verificou. — Podemos até reformar os nossos próprios acoplamentos,
se for necessário.
Orla ergueu uma sobrancelha.
— Eu não sabia que mais ninguém fazia os seus próprios acoplamentos.
— O que posso dizer? — O sorriso de Leox se alargou. — Sou um cara
meio antiquado.
Affie acrescentou:
— Temos muitas peças, Geode está a bordo para testar todos os
sistemas, e Leox... Leox? Você está bem?
Leox Gyasi não estava mais sorrindo. Em vez disso, ele se tornou um
dos muitos olhando para a distância, mas Elzar tinha certeza de que Leox
estava olhando para algo, ou alguém, em particular. A única resposta que
Leox deu foi:
— Certo.
Affie franziu a testa em sua direção. Elzar se perguntou se deveria fazer
mais perguntas, mas naquele momento duas figuras conhecidas se
aproximaram. Burryaga gritou em boas-vindas quando Bell Zettifar ergueu
a mão em saudação.
— Mestre Elzar, é bom vê-lo.
— Bom ver vocês também, vocês dois. — Elzar sorriu e se abaixou para
acariciar a charhound que tinha acabado de pular ao seu lado. — Desculpe-
me, Ember. Vocês três.
Orla os cumprimentou, mas distraidamente; ela já estava passando para
a próxima tarefa. As suas vestes brancas pareciam quase brilhar enquanto
caminhava confiante para frente.
— Eu não tenho uma mão ruim com reparos de naves, se a ajuda for
necessária.
Burryaga rosnou que Mestre Gios sem dúvida gostaria de vê-los
primeiro.
— Isso faz sentido, — disse Elzar. — Vamos lá.
— Sr. Hollow, Sr. Gyasi. — Orla se virou para eles com um sorriso. —
Por favor, deixe-nos saber se podemos ajudá-lo de alguma forma.
Affie assentiu. Leox não parava de olhar.
Algo está errado aí, pensou Elzar. Mas não havia tempo para se
preocupar com o quê, e afinal de contas, provavelmente era da conta de
Leox Gyasi.

Assim que os Jedi saíram, Affie voltou-se para Leox.


— O que deu em você?
— Más notícias, — disse ele, gesticulando em direção a um canto da
doca.
O olhar de Affie seguiu, e ela colocou os olhos nele.
— Ah não. Ah não.
— Eu reconheceria aquela nave em qualquer lugar. — Pela primeira vez,
a tranquilidade havia deixado Leox inteiramente; o seu corpo esguio estava
tenso como um arco esticado por uma flecha. — Essa é a Ás de Paus.
— Obviamente eu percebo isso, — disse Affie. — Como indicado por
eu repetir 'oh não' muitas vezes.
— Desculpe. Apenas me fazendo encarar ela.
A Ás de Paus significava o piloto Koley Linn. E Koley Linn significava
problemas.
Affie conheceu Linn em apenas meia dúzia de ocasiões, cada uma delas
desagradável ao extremo. Ele comprou preventivamente o combustível
sobressalente do espaçoporto no minúsculo mundo de Todouhar, deixando a
Embarcação presa por três dias extras; então tentou roubar a sua carga em
Kennerla, quase fazendo com que eles tivessem que pagar para estar lá.
Tanto ela quanto Leox tinham certeza de que ele também havia sujado as
águas deles em outros espaçoportos.
E essas eram apenas as questões que Affie conhecia pessoalmente. O
ódio entre Leox e Koley Linn antecedeu seu tempo a bordo da Embarcação.
Leox nunca compartilhou os detalhes, e Affie nunca pediu mais
informações, embora, ela percebeu, isso pudesse estar prestes a mudar.
O mal piorou depois do colapso da Guilda Byne. Embora Koley Linn
não fosse realmente um membro, ele trabalhava regularmente com a
guilda. Quando Affie entregou a sua mãe e a guilda desmoronou, isso
interrompeu o fluxo de crédito de Linn o suficiente para irritá-lo. Como tal,
Affie tomou o seu lugar ao lado de Leox na lista de alvos de Koley Linn.
Affie colocou uma mão no braço de Leox enquanto dizia, em voz baixa:
— Eu sei que você não vai começar nada, mas...
— ...mas eu posso acabar com certeza, — ele respondeu, nunca tirando
os olhos da Ás de Paus.
— Mas se tivermos que interagir com ele, você pode deixar isso para o
Geode? Eu sei que ele não gosta de Linn mais do que nós, mas Linn nunca
consegue irritá-lo. Não que o homem não tivesse tentado. Era preciso mais
do que um idiota ruivo para raspar a superfície de pedra do navegador.
— Eu vou se tivermos a escolha. — Leox finalmente se virou para Affie
e sorriu, mas era uma expressão triste e cautelosa. — Embora Koley Linn
nem sempre nos deixe uma escolha.

Bell sorriu enquanto Ember caminhava junto com o grupo de Jedi, como se
ela fosse um deles, pelo menos em sua própria mente. De vez em quando
Stellan Gios o repreendia gentilmente quando a sua charhound ficava de
plantão; até Avar Kriss às vezes franzia a testa. Mas Nib Assek sempre foi
amigo de Ember, e quanto aos recém-chegados, Elzar Mann sorriu e Orla
Jareni até assobiou, o que fez Ember inclinar a cabeça ao se aproximar de
Burryaga. (Burry rapidamente se tornou o favorito da charhounds, e vice-
versa. Talvez fosse uma espécie de solidariedade de peles.)
Acho que as pessoas que gostam de animais de estimação estão mais em
contato com a Força, pensou Bell. Então se perguntou se essa era uma
maneira mesquinha de ver as coisas, e muito conveniente, para o guardião
de uma charhound. Ainda assim, não havia algo nisso? Uma amizade com
um tipo de forma de vida totalmente diferente, uma com a qual não poderia
haver comunicação direta, não era um sinal de que seu espírito estava dando
boas-vindas à Força em qualquer forma que ela assumisse?
À distância de um corredor lateral, Bell vislumbrou uma pequena equipe
de trabalho em macacões escuros: um Pau'ano, um Ithoriano e uma humana,
todos agitados de um trabalho para outro. Nenhuma surpresa que eles
estavam ocupados.

Orla deixou a Força guiá-la pelos corredores; ela encontrou droides


enquanto andava, mas nenhum ser vivo. Havia um destino definido, talvez
o compartimento de carga principal, ela pensou, mas quanto mais se
aproximava dele, mais incerta ficava de suas próprias conclusões. A Força
geralmente guiava os seus passos com mais segurança.
Passos ao longo de outro corredor a deixaram tensa, e se virou para ver
outro Jedi emergindo ao lado. Ele era alguns anos mais novo que ela,
bastante alto, com cabelos castanhos bagunçados e um sorriso amigável.
Orla gostou dele à primeira vista.
— Você sente isso também, hein? — o Jedi disse, em vez de olá.
— Com certeza. Ou não. Quanto mais me aproximo, mais longe me
sinto. — Orla balançou a cabeça como se quisesse limpá-la. — A propósito,
sou Orla Jareni.
Isso lhe rendeu um sorriso.
— A Desbravadora! Eu ouvi muito sobre você. Meu nome é Regald
Coll.
— E o que o traz aqui, Regald? — Ela disse isso com um sorriso, para
melhor desarmar a tensão que ameaçava envolver a sua mente. — A mesma
sensação de... — Ela parou quando o verdadeiro peso do que ela sentiu
afundou. — Esse... pavor insistente?
Regald hesitou.
— Na verdade, estou tentando ajudar um dos meus camaradas provando
que não há uma fonte estranha de pavor insistente a bordo do Farol, que
estamos todos cansados e no limite... na minha teoria.
A essa altura, eles haviam chegado ao compartimento de carga. As suas
portas se abriram para revelar nada além de naves de carga sentados ou
pairando em seus berços, tudo exatamente como deveria ser. Orla não tinha
mais certeza de que aquele era o destino correto, mas certamente tinha
algum significado. Virou-se para um droide astromecânico próximo.
— Você pode trazer um manifesto completo?
Com um assobio, o pequeno astromecânico projetou a tela inteira e
longa. Orla passou os dedos por ela, as pontas mergulhando na luz,
enquanto ela as procurava.
— Vendo algum problema? — perguntou Regald.
— Não. Quero dizer, não a menos que você considere o fato de que não
temos um, mas tem duas naves aqui tolas o suficiente para transportar
rathtars. Orla deu de ombros. — Eles são os piores. Mas os rathtars não são
responsáveis pelo que estamos sentindo.
Regald tentou fazer pouco disso.
— Ah, qual é, eles podem ser ruins, mas o pior? Mais horrível que um
sarlacc? Mais malvado que um rancor?
— Um pequeno passatempo meu é aprender os nomes literários
coletivos das coisas, — disse Orla. — Você sabe, como um arvoredo de
Wookiees ou um funileiro de droides?
— Ou uma protuberância de Hutts. — Regald assentiu. — Eu admito,
sempre gostei de uma iluminação de Jedi.
— Bem, o nome coletivo para esses caras é um remorso de rathtars. —
Ela deu-lhe um olhar. — Eles não receberam esse apelido de ânimo leve.
Talvez o problema sejam os rathtars, pensou Orla. Talvez eles não
estejam sendo contidos adequadamente. Se os rathtars se soltassem a bordo
do Farol, isso criaria um novo nível de caos. Devemos verificar e observar.
Mas, isso não faz sentido, os rathtars não influenciam a Força mais ou
menos do que qualquer outra criatura viva...
O comunicador pessoal de Orla chiou, trazendo-a de volta ao presente.
— Aqui é Jareni.
— Bem-vinda ao Farol, Orla. — A voz de Stellan soou mais quente do
que ela teria esperado. Por que era tão difícil, às vezes, lembrar que eles
realmente se gostavam e se respeitavam?
Bem. Haviam razões. Mas Orla sorriu ao dizer:
— Muito agradecida, Stellan. Uma bela estação você tem aqui.
— Eu gostaria de ter a chance de falar com você sobre o progresso de
Elzar, sem trair nenhuma confidência, é claro...
— Ele é seu amigo. Você se preocupa. Entendo. — Orla ajeitou as suas
vestes claras, já se preparando para a reunião. — Posso te contar um pouco.
— Estarei esperando, — Stellan respondeu, saindo. Isso significava que
queria vê-la agora.
E não havia razão para não ir. A viagem de Orla a esse compartimento
de carga não resultou em nada além de algumas preocupações vagas e
infundadas sobre o armazenamento de rathtar. Regald Coll também parecia
perplexo com o ambiente muito comum. Ele deu de ombros, caminhando ao
lado dela enquanto ela deixava a baía.
Investigarei mais tarde, decidiu Orla. Talvez os meus pensamentos
fiquem mais claros. No momento, a sua conexão com a Força estava muito
confusa para ela ter certeza de seu pensamento. Por que isso estava
acontecendo? O que teria a capacidade de fazer isso com um Jedi?
Mais cedo ou mais tarde... espero que mais cedo... Orla pretendia
descobrir.
A lém da doca lotada, o Farol Luz Estelar parecia quase normal.
Ainda ativo, ainda cheio de pessoal e de droides. Felizmente acabou
recusando o cargo de chefe do templo do posto avançado em Valo; não
apenas Elzar havia reconhecido que não estava em condições de liderar,
mas também teria se negado o prazer de retornar ao Farol. A tensão que não
tinha percebido que sentia se desenrolava dentro de seu peito, e apesar de
toda a incerteza que os cercava, Elzar começou a sorrir. Poderia estar neste
lugar familiar sem voltar aos padrões de pensamento que o levara por
caminhos tão problemáticos.
Ainda carrego o que aprendi sobre Ledalau, pensou. Não, eu não
carrego. É uma parte de mim agora. Não é algo a ser perdido no primeiro
desafio.
Sim, permaneceu um pouco mais fechado para a Força do que um Jedi
deveria ser, mas Orla disse que isso poderia ser saudável. Elzar passou a
confiar em seu julgamento.
Finalmente, Elzar chegou às Operações. Um sorriso surgiu em seu rosto
enquanto ele caminhava com confiança para esta sala familiar, iluminada
com a melhor tecnologia que a República tinha a oferecer, cheia de alguns
dos maiores Jedi do mundo. Era como pisar no sol novamente depois de
muito tempo na sombra.
— Oh, Mestre Gios do Conselho Jedi, — ele chamou com gravidade
simulada. — Você está com saudades de mim?
Stellan Gios estava, naquele momento, debruçado sobre um painel de
controle, inclinado para longe da porta. Ao se levantar, Elzar esperava ver
as mãos do amigo estendidas em saudação.
Em vez disso, viu um homem incerto, com olheiras sob os olhos, como
se não dormisse há muitos dias, ainda apoiando metade de seu peso no
painel. Elzar sentiu o sorriso sumir de seu rosto.
— Elzar, — disse Stellan. Sua voz era rouca. Ele estava doente? — Bem
vindo de volta.
— Eu... ah... você tem um momento? — Obviamente algo estava
acontecendo, mas conhecia o seu amigo bem o suficiente para entender que
Stellan não gostaria de ser questionado sobre isso em público. Elzar fez um
gesto em direção ao escritório do oficial. — Se sim, eu apreciaria uma
chance de atualizar.
Levou um momento para Stellan assentir. Cada movimento, cada reação,
parecia um pouco mais lento, como se o homem estivesse debaixo d'água.
— Claro. Venha. Conversaremos.
A maioria dos outros Jedi, em uma situação semelhante, teriam
encontrado uma maneira diplomática de indicar que notaram a angústia de
Stellan. Elzar Mann não esperou nem meio segundo após o fechamento da
porta do escritório para dizer:
— O que há de errado com você? Devo chamar um droide enfermeiro?
Sei que temos um punhado de refugiados necessitados, mas...
— Eu pareço tão ruim assim? — Stellan riu roucamente. — Acho que
devo. Não é nada, realmente. Uma insônia horrível, nada mais. Além
disso... — Ele se concentrou novamente, mais no seu estado normal. —
Temos assuntos mais importantes para tratar.
Elzar assentiu mecanicamente enquanto Stellan o atualizava sobre a
atividade dos Nihil, o número crescente de pessoas presas por eles, o
trabalho parado em Eiram, todas as coisas que Elzar já sabia, mais ou
menos. Em vez disso, a sua atenção permaneceu focada na evidente
angústia que Stellan sentia, mesmo que não admitisse. Sim, a insônia pode
ser terrível, especialmente durante um longo período de tempo. Mas uma ou
duas noites não derrubariam um Jedi tão vital quanto Stellan Gios.
Dentro de alguns minutos, Elzar chegou a uma conclusão, uma que não
gostou: Stellan não estava tentando esconder a dor física. Em vez disso,
estava fazendo um trabalho muito ruim em esconder o sofrimento
emocional.
Quando Stellan terminou, Elzar nem se incomodou em fingir que estava
prestando muita atenção.
— Você vai me dizer agora o que está incomodando você?
Esperava mais negações. Em vez disso, o rosto de Stellan caiu.
— Você acreditaria, que não passa de um sonho?
— Um sonho? Isso não pode ser por causa de um mero pesadelo.
— Este sonho não para de se, intrometer em todos os momentos. —
Stellan se inclinou pesadamente contra a mesa, ombros caídos. — Isso me
incomoda. Exige atenção. E, no entanto, os detalhes parecem tão
insignificantes. Por alguma razão que não consigo compreender
completamente, esse pesadelo... esse pesadelo escureceu minha conexão
com a Força.
Essa frase estremeceu a pele de Elzar. Stellan Gios estava lutando com o
lado sombrio agora, assim como Elzar estava lutando meses antes? Parecia
insondável, até porque isso significava que Elzar teria que assumir o manto
de ser o firme. Não é a sua especialidade.
Mas talvez houvesse uma explicação pronta. Sua viagem na
Embarcação o lembrou dos relatórios que Orla Jareni e o Mestre Cohmac
haviam arquivado depois de seu tempo na estação Amaxine.
— Você suspeita da presença do Drengir? Dizem que são fortes com o
lado sombrio. Aqueles Jedi na estação Amaxine relataram sentimentos de
pavor persistente.
Stella balançou a cabeça.
— Eu duvido. Avar os derrotou, os que colocamos no gelo ainda estão
muito congelados, e não consigo imaginar quem os teria trazido aqui. De
qualquer forma, eles não fizeram a sua presença conhecida, e os Drengir
não são conhecidos pela sutileza.
— É justo, — admitiu Elzar.
— Além disso, o que estou experimentando não é a presença do lado
sombrio. É... é indescritível.
— Você ainda tem uma imagem? Uma palavra?
— Se eu pudesse pensar em algo assim, — disse Stellan, — isso já
estaria na metade.
Nada disso fazia sentido para Elzar, mas não precisava. Quando precisou
de ajuda, Stellan a forneceu...
...não pessoalmente, como ele prometeu, sussurrou a voz menos digna
dentro da cabeça de Elzar...
E se Stellan agora precisasse de ajuda, Elzar pretendia dá-la em troca.
— Então me diga alguma coisa que eu possa fazer por você, para aliviar
os seus fardos até que Avar retorne.
A menção de Avar provocou um olhar estranho de Stellan, mas ele disse
apenas:
— Não há muito que você possa fazer por mim. Tudo está centrado aqui,
e... oh, sete infernos dos Sith. As prisioneiras.
— Que prisioneiras? — Elzar franziu a testa.
Nesse momento, as portas do gabinete da oficial se abriram novamente e
Orla Jareni entrou. Ela parou quando viu Stellan. Elzar acreditava que
estava sendo direto, uma ilusão desfeita quando Orla disse categoricamente:
— Você se parece a com a morte em pessoa.
— Prazer em ver você de novo também, Orla. — Stellan balançou a
cabeça, embora a sombra de um sorriso apareceu em seu rosto. — Delicada
como sempre.
— Acho que o tato só retarda as conversas. — Orla se aproximou, e
Elzar sentiu uma preocupação real ali. — Alguma chance de você falar
sobre isso?
— Honestamente, não há muito para compartilhar, — Stellan insistiu, —
e a melhor ajuda que qualquer um de vocês pode dar é pegar algumas das
coisas que eu deixei passar. Ou seja, as prisioneiras que eu gostaria que
Elzar as questionasse em seguida.
Elzar se concentrou na tarefa à frente.
— Nós capturamos algumas dessas retardatárias dos Nihil?
— Pode ser. Duas pessoas foram capturadas em um dos ataques de Avar.
Conhecida colaboradora dos Nihil, Chancey Yarrow e uma garota em idade
de aprendiz, conhecida apenas como Nan. Nan é confirmada como afiliado
ao Nihil recentemente, alguns meses antes. Eles afirmam ser empregados de
outra pessoa nos dias de hoje, mas há uma boa chance de que eles tenham
pelo menos alguma inteligência. — Stellan esfregou as têmporas. — Isto é,
se fizermos algo além de deixá-los apodrecendo em uma cela, que é o que
eu fiz inadvertidamente.
— Vou investigar, — prometeu Elzar. — Além disso, não fará mal a elas
resfriar seus hiperdrives por um tempo.

Nan estava sentada em seu beliche de metal na cela, olhando para a luz que
vinha da grade acima.
— Por que eles não voltaram?
— Devem ter outras coisas para fazer, — respondeu Chancey. Ela estava
traçando preguiçosamente desenhos invisíveis na parede da cela ao lado de
seu beliche, no qual se esticou como se não tivesse nenhuma preocupação
nos mundos. Algumas de suas longas tranças pendiam da beirada do
beliche. — Além disso, é uma técnica clássica de interrogatório. Deixe-os
sofrer. Se ficamos nervosas, achamos que nos esqueceram, nos desgastamos
antes mesmo de começarem a fazer perguntas. Então não faça o trabalho
dos Jedi para eles, tudo bem?
— Tudo bem. — Era uma coisa fácil de prometer. Não é uma coisa fácil
de entregar. Mas Nan pretendia tentar.
Manteve as suas outras preocupações para si mesma, porque sabia que
Chancey Yarrow não seria compreensiva. O fato era que a prisão delas
havia feito Nan duvidar de muitas de suas escolhas, especialmente, acima
de tudo, de sua decisão de deixar temporariamente os Nihil.
Nan tinha o sonho de se tornar uma corretora de informações, uma
jogadora poderosa, uma espiã com o tipo de conhecimento e conexões que a
tornariam valiosa para qualquer um, do submundo ou legítimo. Os Grafs
foram apenas o começo. Mas mesmo no auge de seus sonhos, ela sempre
teve a intenção de retornar ao Nihil algum dia, esperançosamente, mais útil
para o Olho do que nunca.
Raramente esteve mais longe de seus sonhos do que estava neste
momento, presa em uma cela Jedi, aparentemente esquecida.
Por que eu fui embora? Nan perguntou a si mesma enquanto abraçava
os joelhos contra o peito. A galáxia pode ser brutal; era melhor não estar
sozinho. Muito melhor ser parte de algo maior, algo poderoso, algo como o
Nihil. Seus desejos individuais a cegaram para isso por um tempo, mas ela
viu isso muito claramente agora.
Ainda assim... Nan tinha ido embora. Estava enfrentando as
consequências, e os Nihil não estavam vindo para salvá-la. Se esperava se
juntar a eles, teria que sair dessa bagunça sozinha.

Leox Gyasi não era homem de guardar rancor. Infelizmente, havia


aprendido que era preciso apenas uma pessoa para guardar rancor, e se
alguém escolhesse guardar um contra ele, poderia ter pouca escolha a não
ser responder na mesma moeda.
Koley Linn não era apenas o tipo de cara que guardava rancor, era o tipo
de cara que gostava deles. Se alguma vez houve um momento e um lugar
em que os problemas provavelmente seriam fomentados, Leox imaginou
que era naquele mesmo dia no Farol Luz Estelar.
Uma dúzia de anos atrás, quando Leox ainda estava trabalhando para
chegar ao status de piloto na Guilda Byne, ele e Koley Linn foram
designados como técnicos para a mesma nave. Koley tinha chegado lá
primeiro e fez um grande show ensinando a Leox os prós e contras da nave,
todos os quais eram peculiaridades bastante comuns, nada que alguém com
alguma experiência não pudesse descobrir por conta própria. Foi a tentativa
de Koley de mostrar domínio, de fazer Leox parecer pequeno. Pode ter
abalado alguns caras.
Mas o status ficou muito baixo na lista de coisas com as quais Leox
Gyasi se importava, em algum lugar entre ‘moda’ e ‘possuir um bom
cortador de unhas’. Então ele continuou rolando.
Como se viu, Koley não estava apenas tentando colocar Leox em seu
lugar com essas explicações; ele estava tentando enganá-lo. Alegou que as
células de energia desta nave perderam energia um pouco rápido demais
porque eram mais antigas e precisavam de atualização. No entanto, Leox
logo percebeu que as células estavam com pouca energia porque alguém, ou
seja, Koley Linn, estava as desviando para células portáteis, que
prontamente vendeu no mercado negro durante as férias em terra.
Leox decidiu não denunciar Koley. Ele não era um dedo-duro. No
entanto, em vez de realizar as suas verificações de manutenção da maneira
que Koley havia sugerido, Leox as fez corretamente. Isso apontou a
discrepância quase imediatamente, o que prontamente fez com que Koley
fosse transferido para outra posição em outra nave, onde poderia causar
menos danos.
Não era como se Leox tivesse atrasado Koley até agora. A Guilda Byne
cortou muitos caminhos para se importar muito enquanto os seus membros
mostraram um pouco de iniciativa empresarial. Koley acabou tendo que
deixar a guilda para conseguir uma nave própria, mas conseguiu a Ás de
Paus e até fazia parecer com pilotos da guilda de tempos em tempos. Dadas
essas circunstâncias, Leox teria imaginado que o nível de irritação de Koley
Linn com ele era bastante leve. O tipo de coisa que você pode discutir com
um cara por causa de algumas canecas de Porto na Tempestade.
Em vez disso, Koley Linn odiava Leox Gyasi do jeito que você odiaria
alguém que tivesse mergulhado um kal Mandaloriano em seu coração. A
essa altura, Leox sabia que nada mudaria isso.
Então, como regra, evitava Koley Linn e pretendia obedecer a essa regra
a bordo do Farol Luz Estelar.
O primeiro plano de Leox era simplesmente desenhar um diagrama
mental que dividisse pela metade a principal doca do Farol, com uma parte
para a Embarcação e outra para a nave de Koley, a Ás de Paus. A falha
desse plano era que exigia que Koley Linn mantivesse a sua metade, o que
parecia que o homem não tinha intenção de fazer. Leox descobriu isso
quando desceu a rampa para encontrar Koley ali, esperando por ele.
— Parece que você está preso. — Os braços de Koley estavam cruzados
sobre o peito, com a sua expressão presunçosa.
— Não sei se você percebeu, mas estamos todos presos. — Leox
gesticulou ao redor da baía lotada.
— Só estou preso porque esses Jedi tiranos não me permitem voar livre.
Você está preso porque a sua nave poodoo quebrou. Novamente.
Leox pensou em mencionar a sua missão de resgate, decidiu não o fazer.
Isso não era algo que Koley Linn respeitasse.
— Você está aqui para oferecer ajuda? Porque, perdoe por mencionar
isso, não soa como você.
— Posso ajudar, — disse Koley, surpreendendo Leox até que ele
acrescentou: — Por um preço. Se você não estiver com pouco dinheiro, é
isso.
Os tempos eram difíceis agora que operavam de forma independente,
sem a Guilda Byne, mas eles teriam que se esforçar muito antes que Leox
fizesse negócios com gente como Koley Linn.
— Estamos bem, obrigado.
— Tanto faz, Gyasi. Fique atolado aqui o tempo que quiser. Diga olá a
essa pedra, a menos que você o tenha substituído por um pouco de lama e
sujeira.
— Geode é um indivíduo com uma personalidade rica e vibrante, —
disse Leox, — embora aqueles de percepção limitada muitas vezes não
consigam vê-lo.
O que era uma lição para Koley Linn, se ele quisesse aprender uma, mas
em vez disso estava indo embora, estudando os outras naves encalhadas,
talvez procurando alguém desesperado o suficiente para fazer um mau
negócio.


Orla poderia ter respeitado a privacidade de Stellan, ao pedir licença
quando Elzar foi embora e cuidar da própria vida.
Mas onde estava a graça nisso?
— Você vai acabar me contando eventualmente, você sabe. — Ela se
sentou em frente à mesa de Stellan, dando-lhe toda a intensidade de seu
olhar. — Não adianta adiar.
— Não há muito a dizer, — Stellan insistiu. — Tive insônia. Eu tive
pesadelos. Não estou descansado, e há muito o que fazer no Farol, e... isso
não é suficiente para cansar qualquer homem?
— A maioria dos homens, com certeza. Stellan Gios? Dificilmente. Você
é um dos Cavaleiros Jedi mais corajosos e engenhosos que eu já conheci,
mesmo que eu tivesse que salvar totalmente o seu traseiro em Pamarthe.
Stellan gemeu, soando um pouco como ele novamente.
— Você nunca vai me deixar esquecer isso?
— Certamente você já percebeu que a resposta é não.
— Certo, Certo. — Quando Stellan sorriu para ela, Orla sentiu como se
parte de sua concha protetora estivesse finalmente começando a rachar. E
então ele teve que ir e acrescentar: — Você está perdida como uma
Desbravadora. Você deveria ser um investigador trabalhando ao lado de
Caphtor.
E lá estava: o desdém por suas escolhas que Orla sabia que Stellan
sentia, no fundo, mesmo que só pretendesse fazer uma piada.
— Você já sempre teve um problema com um Desbravador. Eu tenho
uma teoria sobre o porquê, mas... você me diz.
Por um momento, Stellan pareceu mais cansado do que nunca, e Orla se
arrependeu de ter falado sobre isso. Mas ele respondeu com uma
determinação surpreendente.
— Os Jedi devem encontrar significado na Ordem. Em um no outro. No
cumprimento do nosso dever. Se às vezes é difícil manter esse curso, isso é
um sinal de que precisamos trabalhar mais, não dar um passo atrás. É
também um sinal de que nossos próprios desejos egoístas podem estar se
transformando em apegos e que esses desejos precisam ser sacrificados.
Perdoe-me, Orla, mas... você nunca achou fácil andar na linha.
— Não, eu não achei. — O que não tinha nada a ver com egoísmo ou
falta de vontade de se sacrificar. Orla não sentiu necessidade de se defender,
mas decidiu que talvez fosse hora de Stellan ouvir alguns de seus
pensamentos em troca. — Você achou que tudo é muito fácil, não achou?
Stellan Gios, o mais brilhante dos brilhantes, o mais bravo dos bravos,
símbolo de tudo o que é bom na Ordem Jedi, o membro mais jovem do
Conselho em um bom tempo e a frente e o centro de todos os esforços de
publicidade que a República faz em nosso nome. Não me entenda mal, você
fica bem no centro das atenções, Stellan. Mas eu te conheço bem o
suficiente para perceber o quão desconfortável você está lá. Você sempre
teve que ser o garoto de ouro da Ordem. Você nunca se sentiu livre para
procurar ou falhar. Você nunca teve o luxo de traçar o seu próprio caminho.
É por isso que você é ameaçado pelos Desbravadores que o fazem?
O rosto de Stellan aparentemente se transformou em pedra.
— Não estou ameaçado. E devemos seguir o caminho que a Ordem e a
Força nos mostram.
Orla balançou a cabeça.
— É aí que nos diferenciamos. Você ainda acha que a Ordem Jedi e a
Força são a mesma coisa. — Ela se levantou e colocou uma mão na dele. —
Eu não diria nada disso se eu não tivesse grande consideração por você,
Stellan. Por mais opostos que sejamos, eu respeito você e tudo o que você
fez, mais do que você pode saber. Mas acho que você corre o risco de
desaparecer nesse holofote. Algum dia, quando esta crise atual terminar,
talvez tire um tempinho para você.
— Não, não vemos as coisas da mesma maneira. — Stellan conseguiu
sorrir de volta para ela, mas rigidamente. — Espero que você saiba que eu
respeito você também.
— Claro que sim, — disse Orla alegremente ao sair da sala. — Como
você não poderia?


Vários dos poços de manutenção dentro do Farol Luz Estelar abrigavam
painéis de informações dos quais vários sistemas podiam ser verificados,
ou, se você soubesse o que estava fazendo, manipulados. Leyel sabia o que
estava fazendo.
Também imaginou que poderia coletar um pouco de informação extra
sobre o que estava acontecendo dentro do Farol. Cale sempre gostou de
seguir o plano ao pé da letra, mas e se as condições tivessem mudado de
uma forma que frustrasse a vontade do Olho? Eles haviam sido
encarregados de sua missão mais importante, com o que merecia ser seu
maior triunfo. Leyel não a veria em perigo.
À medida que vários conjuntos de dados passavam por ela, um item
intrigante chamou sua atenção.
— Olhe para isso, — disse ela à Cale e Werrera, que pararam de
trabalhar nas conexões do estabilizador da estação. — Prisioneiras
'suspeitas de se dos Nihil', aqui, a bordo da estação.
Cale se inclinou para examinar o painel também.
— Eu não conheço essa Chancey Yarrow. Mas Nan... ela não costumava
viajar com Haia? Ele era um bom homem, um guerreiro capaz. Ele foi
vítima dos Jedi.
Werrera sibilou com raiva e desprezo, emoções compartilhadas por
Leyel. Ela também conhecia Haia. Os Nihil não tinham combatentes mais
ferozes do que Haia.
— Não devemos deixá-las presas em sua cela, — argumentou Leyel. —
Não devemos dar satisfação aos Jedi.
Embora Cale parecesse cauteloso, ele finalmente assentiu.
— Depois de concluirmos as preliminares mais críticas, quando não
importará tanto se um alarme for acionado. Quem sabe? Talvez eles possam
nos ajudar.
Leyel tentou imaginar passar de um prisioneiro indefeso, à mercê dos
Jedi, para instantaneamente receber o poder de destruir todos eles. Que
presente. Ela quase invejou aquelas duas mulheres por seu cativeiro. A
libertação deles seria tão doce.
E então eles também poderiam servir ao grande plano do Olho.
O Farol Luz Estelar não era o único lugar na galáxia onde os
Jedi ofereciam refúgio para aqueles que foram recentemente atacados
pelos Nihil. Alguns templos nas terras de fronteira ou perto também
abriram as suas portas. Nenhuma instrução saiu do Conselho de Coruscant
ditando isto; a decisão era espontânea, ecoada por um Mestre Jedi após o
outro, através das vastas extensões do espaço. Aqueles que precisavam de
ajuda, aqueles que buscavam proteção e assistência em tempos perigosos,
os encontrariam dentre os Jedi.
Um desses templos ficava no mundo densamente arborizado de
Chespea. dentro da fronteira do espaço recém-jurado à República. Era um
templo de idade considerável, que tinha alojado um pequeno contingente de
Jedi por muitas gerações. Em algumas formas, as práticas e costumes dos
Cavaleiros Jedi aqui eram diferentes; eles eram independentes e privados, e
preferiam assim; mas não em sua disposição de providenciar ajuda àqueles
que precisavam.
Então, naquele dia, o Templo de Chespea de teto dourado, normalmente
rodeado por nada além de quilômetros de floresta e cantos de pássaros,
estava cercado de barracas e abrigos improvisados, por onde passavam
quase uma centena de pessoas de várias espécies e civilizações. Nas poucas
clareiras próximas estavam estacionadas naves avariadas e marcadas com
carbono, que haviam lutado tanto para chegar a um local de refúgio. Ainda
assim, a cena era pacífica a seu modo.
A calma antes da Tempestade.
Na órbita, um líder de Nuvem Nihil assentiu enquanto os esquemas
aumentavam, para mais e mais perto, até que o telhado dourado do templo
brilhou como um alvo.
— Não se preocupe com as naves — ele disse.
Uma subalterna que ainda não tinha aprendido qual era o seu lugar, se
aventurou.
— Mas, se a meta é causar dano e confusão, para deixá-los cientes de
nossas intenções…
— Essa foi apenas a primeira onda dos nossos esforços — vociferou o
líder de Nuvem. — Esta onda é para mandar uma mensagem para os Jedi.
De agora em diante eles saberão… isso é sobre eles.
Assim Marchion Ro tinha comandado. Assim seria.

Aqueles na superfície de Chespea a princípio acreditaram que as formas


rodopiantes muito acima deviam ser um bando de pássaros. Mas a
reconfortante visão desapareceu em segundos. Gemidos de desalento se
tornaram gritos de pânico enquanto as pessoas pularam, correram para suas
naves ou simplesmente correram para a floresta em busca de algum lugar,
qualquer lugar para se esconder. Caso contrário, eles certamente seriam
ceifados pelo ataque impiedoso dos Nihil.
Mas nenhum daqueles viajantes estava em perigo.
A líder do templo, a Mestra Imgree, olhou pra cima e, pela primeira vez
em sua vida, disse as palavras:
— Ligue para Coruscant.
O seu Padawan assentiu.
— E digo a eles que estamos sob ataque?
Imgree balançou a cabeça. A Força já tinha dito a ela o que estava perto.
— Diga-lhes que estamos perdidos.
O Padawan hesitou apenas momentaneamente antes de bravamente fazer
o que lhe foi pedido. Ele não tinha terminado por mais de uma respiração
antes que o fogo dos Nihil explodisse através do telhado dourado,
incinerando tudo e todos lá dentro, até que o Templo Chespea não existisse
mais.

— O alvo deles era de fato um templo Jedi — disse o auxiliar Norel Quo,
fazendo holo após holo flutuar sobre a mesa da Chanceler Lina Soh: os
retratos da devastação. — Um isolado, mas ainda assim, um templo da
Ordem da mesma forma. Ele foi completamente obliterado. Até onde
sabemos, nenhum Jedi sobreviveu.
A Chanceler Lina Soh balançou a cabeça, desalentada e descrente em
medidas iguais.
— Nós fomos levados a acreditar que os Nihil não representavam mais
uma ameaça. Mesmo que esses sejam apenas remanescentes e retardatários
atacando… a ameaça que eles representam pode ter sido reduzida, mas
claramente permanece bastante real.
— Devemos informar o Farol Luz Estelar? — perguntou Quo.
— Certamente a Ordem Jedi já contou a eles. — Ser chanceler da
República muitas vezes significava dar más notícias; Soh nunca se esquivou
dessa tarefa, mas também não via sentido em realizá-la quando era
desnecessário.
Quo parecia abatido.
— É difícil ouvir isso e pensar que não podemos fazer nada.
— Enviaremos patrulhas ao longo das vias do hiperespaço, pelo menos
— disse Soh. Como o seu auxiliar, ela se sentia melhor tomando algum tipo
de ação, mesmo que desnecessária. — Se os Nihil enviarem uma frota para
o farol, nós saberemos, e vamos encontrá-los com todo o poder que nós
pudermos reunir. Contacte os Mestres Jedi Adampo e Rosason, mande
nossas condolências oficiais… e extra oficialmente deixe-os saber que da
próxima vez que os Nihil tentarem alguma coisa, esses caras terão uma
surpresa desagradável.


— Alguém tem um ANX T-7 que eu possa comprar ou pegar emprestado?
— Estamos procurando por conversores de energia compatíveis com um
modelo Corelliano YD-2500.
— Blindagem do casco? Metal que poderia ser usado como Blindagem
de casco? Remendos de casco? Qualquer coisa?
Affie Hollow estava parada no meio do grupo no meio da baía de
ancoragem do Farol, tentando ouvir ao mesmo tempo as coisas que a
Embarcação precisava e as que poderiam fornecer. Embora os Jedi e a
República estivessem fornecendo todas as ferramentas, peças e assistência
que tinham para aqueles que estavam presos na estação, não era nem perto
o bastante. Então, uma espécie de local de troca popular se formou, com
todos oferecendo o que podiam fazer ou poupar na esperança de receber em
troca o que precisavam.
Ótimo em conceito, pensou Affie, mas meio barulhento em ação.
Ela começou a se afastar do amontoado quando ouviu uma voz pedir:
— Alguém aqui sabe como fundir um novo acoplamento?
— Eu sei! — Affie levantou uma mão e olhou ao redor. — Meus
companheiros de bordo e eu podemos lidar com isso.
— Isso é um alívio. — A pessoa que falou acabou por ser um homem de
talvez quarenta anos, com um rosto quadrado mas agradável. Segurando em
seu braço estava uma mulher com um cabelo cacheado rebelde. — Esta é
Pikta Adren, e eu sou Joss, e estamos felizes em conhecê-la. Muitas pessoas
não podem mais fundir os seus próprios acoplamentos…
— Nós podemos — Pikta interveio, — mas apenas os acoplamentos que
podemos construir com um maçarico de polaridade, e quem mais carrega
um maçarico de polaridade?
— Não nós — Joss admitiu. — O que mudará no futuro, mas não nos
levará a lugar nenhum hoje.
— Bem, nós podemos ajudar vocês. Eu sou Affie Hollow. Meu piloto,
Leox Gyasi, gosta de fazer as coisas à moda antiga, o que significa que ele
vem fazendo os seus próprios acoplamentos desde sempre. Eu sou bastante
boa nisso também. É claro, nós precisaremos de micrax…
— Nós temos micrax — disse Joss, com um sorriso. — Deixe-me
adivinhar. Vocês não têm, e esperam que possamos dividir?
Affie sorriu de volta. Teria se unido a qualquer pessoa que tivesse os
materiais que a Embarcação precisava… mas era melhor unir forças com
indivíduos que pareciam honrados. Estava começando a confiar em seus
instintos sobre pessoas.

As notícias sobre o ataque ao templo Jedi em Chespea teriam sido um golpe


terrível se tivesse vindo em qualquer outro momento. Vindo neste
momento, com o Farol ao mesmo tempo superlotado e aparentemente
assombrado por algum estranho distúrbio na Força, parecia que cada fardo
tinha se tornado mais pesado para carregar.
Você já lidou com coisas piores que isso, Stellan lembrava a si mesmo
severamente enquanto ele e os outros Jedi mais velhos a bordo tomavam os
seus lugares ao redor da mesa larga. Você só está sobrecarregado porque
alguma coisa está interferindo na sua conexão com a Força.
Embora nunca admitisse isso, ele também estava lidando com as
palavras de Orla Jareni mais cedo. Ela perguntou se ele sabia quem ele era
sem a Ordem. Aquilo fez Stellan se perguntar se ele sabia quem ele era sem
a Força à sua disposição, como parecia não estar mais…
Não. Você permanece ligado à Força. A conexão está simplesmente...
inquieta por um tempo.
Stellan entendeu isso em um nível puramente lógico: nada poderia
destruir a conexão de um Jedi com a energia que ligava todos os seres
vivos. No entanto, a instabilidade dessa conexão no momento estava
levando a uma certa instabilidade de seu humor e pensamento. Olhando ao
redor da sala para um grupo de Jedi poderosos experimentando seus
próprios níveis de angústia, Stellan sabia que ele não era o único.
Mas ele iria mantê-los unidos. Ele tinha que fazer isso, pelo bem desta
estação, e talvez de toda a galáxia.
— Por que os Nihil atacariam um templo tão pequeno? — Indeera
Stokes perguntou. — Como eles são uma ameaça?
— Não se trata de ameaças, trata-se de enviar uma mensagem. — Orla
Jareni estava afastada dos outros, como sempre, distinta em suas vestes
brancas como a neve. — A questão é por que agora?
Nib Assek disse:
— Achamos que os Nihil têm algo a ver com essa... estranheza a bordo
do Farol Luz Estelar?
Com um encolher de ombros, Regald Coll disse:
— Como isso funcionaria? Em outras palavras, não.
— Então, com todo respeito aos caídos — Elzar respirou fundo. —
Precisamos deixar de lado a questão de Chespea por enquanto. A República
está tomando medidas para policiar as vias do hiperespaço, e o Conselho já
está espalhando a palavra, garantindo que outros templos possam se
defender. Isso significa que nossa preocupação mais imediata continua
sendo cuidar das pessoas que se refugiaram aqui.
Bell Zettifar se inclinou para frente, claramente hesitante em falar, mas
compelido a fazê-lo.
— Com todo o respeito, discordo. Nossa primeira prioridade deveria ser
investigar esse distúrbio na Força na estação.
Ele estava certo. Stellan sentiu uma pontada de aborrecimento, porque
era exatamente isso que ele mesmo deveria ter dito. A constante estática nos
cantos de sua consciência, a ausência de sua comunicação completa com a
Força, impedia Stellan de ordenar os seus pensamentos como deveria. Até
estava com aquela estranha canção de ninar correndo por sua cabeça
repetidamente, aquela que começava Shrii ka rai ka rai...
Foco, disse a si mesmo.
— Existe uma localização para o distúrbio? — Stellan perguntou ao
grupo em geral. Ele rapidamente trouxe um holoesquema da estação. —
Um lugar onde cada um de nós o sentiu mais fortemente?
Do canto, o droide de logística falou de repente:
— Eu ficaria mais do que feliz em compilar todos os relatórios e mapeá-
los em esquemas do Farol Luz Estelar! Esses dados podem ser
informativos.
Stellan quase disse sim, apenas para dar a JJ-5145 algo para fazer. Antes
que dissesse, no entanto, Indeera Stokes disse:
— Isso não será necessário. — Ela se levantou e caminhou em direção
ao holo, levantando a mão para apontar bem perto das comportas divisórias
que conectavam as partes superior e inferior da estação — Aqui — ela
murmurou — Em algum lugar por aqui.
Stellan não sabia que aquele era o lugar até que ela disse isso, mas
através da conexão com a Força que ainda lhe restava, a certeza de suas
palavras reverberou em sua mente. Além disso, não era muito longe do
escritório do intendente, onde ele estava dormindo quando o pesadelo o
dominou.
— Sim. Sim é isso.
— Ok, o que temos por lá? — Elzar fez um gesto para ampliar o holo.
— Engenharia… armazéns de matéria-prima… o compartimento de carga
principal...
— Tanto Orla quanto eu fomos atraídos para o compartimento de carga
principal mais cedo — interveio Regald. — Não descobrimos nada fora do
comum por lá e logo fomos chamados, mas eu diria que é mais uma
evidência de que precisamos concentrar nossos esforços nessa área.
— Sim. Então procuramos — disse Nib. — Encontraremos o que quer
que seja. Descobriremos o que é. E então formamos um plano.
Cada osso do corpo de Stellan lhe dizia para não procurar, não se
aproximar. Mas isso não poderia ser a Força o avisando. A Força tinha sido
empurrada para longe demais. Era o medo sussurrando para ele agora, e ele
se recusava a ceder ao medo. Stellan não aguentaria mais isso.
— Sei que todos nós temos outras responsabilidades no momento, mas
na medida em que nossos deveres permitam, sim, nós procuramos. Seja o
que for, vamos chegar ao fundo disso.
Talvez, se tivesse sorte, a causa do problema seria algo que ele poderia
lançar na estrela mais próxima.


Exatamente como Koley Linn suspeitara, sim, lá estava Leox Gyasi como
um idiota, esperando com todos os outros idiotas na fila por rações. Por que
ele não mandou a garota fazer isso? Koley viajava sozinho, mas se tivesse
um assistente, maldito seja, estaria fazendo algum trabalho pesado.
(Sabia que, supostamente, Leox trabalhava para Affie Hollow. Koley
não acreditava nisso. Aquela garota estúpida tinha arruinado a Guilda Byne
e todos que trabalhavam para ela; mesmo Gyasi não seria tolo o suficiente
para ouvi-la de novo. Não, provavelmente eles fingiam que ela era a chefe
porque isso lhes dava uma desculpa quando as coisas davam errado.)
Ainda assim, a estupidez de Leox deu a Koley uma oportunidade,
porque ele tinha certeza de que tinha visto Affie andando com alguns outros
pilotos, trabalhando em algum biscate ou outro. Isso significava que a
Embarcação estava pronta para exploração.
Koley caminhou em direção à nave, estudando-a enquanto caminhava.
Por mais que criticasse Leox sobre a antiguidade desta nave, Koley sabia
que também era rápida, manobrável e capaz de lidar com uma ampla gama
de trabalhos. Também sabia que, até recentemente, a Embarcação havia se
beneficiado do orçamento de manutenção bem financiado da falecida
Guilda Byne. Isso ainda pode vir a ser a boa sorte de Koley. Sim, a nave
tinha sofrido alguns danos, mas provavelmente havia alguns sistemas em
boas condições, com peças novas e de alta qualidade prontas para a
limpeza...
Koley se abaixou para verificar o trem de pouso da nave, então ouviu
um zumbido baixo e um baque. Ele ficou de pé com um solavanco e viu
que a rampa estava abaixada e que estava sendo observado.
Geode estava parado ali, inexpressivo, sem se afastar de Koley Linn.
— Você — murmurou Koley. — Ouvi um boato de que você tinha
assumido outro trabalho. Embora eu não tenha certeza do motivo pelo qual
pensei que haveria mais de uma nave na galáxia disposta a contratar uma
rocha.
Sua zombaria não teve efeito no olhar duro e frio de Geode.
— Que seja. — Koley deu de ombros enquanto se virava para sair. Não
que estivesse com medo de Geode ou de qualquer outra pessoa, mas se
fosse denunciado ao comando do Farol, quem sabe quanto tempo a partida
da Ás de Paus seria adiada?
Ainda assim, doeu voltar de mãos vazias. A Embarcação estava longe
de ser desprotegida, pelo menos por enquanto. Mas manteria os olhos
abertos para outras chances.
Koley pegou o seu receptor de comunicação, esperando escutar as
comunicações oficiais e ter uma ideia melhor de quando poderia dar o fora
daqui. Ao ligá-lo, porém, a estática passou por ele em intervalos estranhos,
irregulares, mas de alguma forma ordenados. Durou apenas um momento,
mas foi o suficiente para Koley saber que era definitivamente estranho.
Algo não está certo nesta estação, ele pensou.

A bordo da Olhar Elétrico, Thaya Ferr revisou os escâneres e sorriu.


— Nosso primeiro carregamento de carga está chegando agora, meu
senhor.
— Vamos recebê-lo. — Marchion Ro normalmente deixava essas tarefas
para os membros mais baixos de sua tripulação; elas estavam abaixo de sua
dignidade. Mas esse não era um recebimento regular de carga e, além
disso...
… a Olhar Elétrico agora estava quase vazia. Os únicos seres vivos
presentes eram Thaya Ferr e o próprio Ro.
Eles chegaram à doca a tempo de ver o primeiro caixote pairando,
guiado apenas por droides de carga. (Ro notou que Thaya sabiamente tinha
providenciado a entrega apenas por droides; não haveria línguas espalhando
notícias sobre isso.) Ele observou enquanto o caixote se acomodava no
porão da nave com um baque pesado e satisfatório.
Os droides de carga se afastaram para pegar o próximo caixote. Se Ro
esperasse, eles desempacotariam todos os caixotes, não deixando mais nada
para fazer. Mas ele queria ver os itens que havia comprado. Eles
significavam segurança. Proteção. Domínio. Eles significavam nunca mais
ter que perder tempo eliminando outro membro insubordinado da tripulação
novamente.
Ro acenou para Thaya, que rapidamente digitou o código de
recebimento. A caixa se abriu para revelar seu conteúdo: fileira após fileira
de droides executores. Seus rostos planos e espelhados olhavam de volta,
refletindo a máscara de Ro de volta para ele uma dúzia de vezes.
Os droides executores haviam se tornado ilegais muitas décadas antes.
Isso os tornava difíceis de encontrar, principalmente em tais quantidades.
Thaya Ferr os havia encontrado, no entanto, e por um preço que ele
conseguira tirar dos cofres dos Nihil sem chamar a atenção.
Se algum dos meus Executores da Tempestade fosse tão competente
quanto minha lacaia, pensou Ro, imagine o que eu poderia fazer.
A princípio, a equipe de sabotadores dos Nihil teve o cuidado de se
mover silenciosamente e ficar fora de vista. No entanto, à medida que
o terceiro dia de trabalho amanhecia, tornou-se cada vez mais óbvio que
essa cautela não seria mais necessária. Os viajantes encalhados a bordo do
Farol Luz Estelar formavam um bando heterogêneo e vagavam pela
estação. Foi bastante fácil para Werrera, Leyel e Cale se misturar com os
grupos e viajar para onde quisessem.
Dessa forma, eles até almoçaram.
— Ithoriano. — disse um jovem Jedi de pele escura, que
inexplicavelmente mantinha uma charhound cochilando em seus tornozelos
enquanto trabalhava na mesa de rações. — Acho que é Suporte Nutricional
Zeta Dois?
Werrera assentiu, e o Jedi lhe entregou um pacote lacrado antes de voltar
a sua atenção para os outros. Em cinco minutos, eles se sentaram em bancos
na extremidade da doca e estavam praticamente fazendo um piquenique.
Que tolos esses Jedi eram.
Mas eles cometeram o erro de supor que todos a bordo da estação eram
igualmente tolos.
— Olá. — disse um comerciante, um homem humano com cabelos
ruivos bem enrolados. — Se divertindo?
Cale fez um som evasivo, que parecia ser a resposta esperada.
Mas o comerciante, em vez disso, encostou-se na parede e sorriu para
eles desagradavelmente.
— Eu notei vocês por aí. Em corredores laterais, áreas traseiras, esse
tipo de lugar. O tipo de lugar em que não deveríamos estar.
Os olhos de Werrera encontraram os de Leyel. Ambos estavam armados,
é claro, mas dificilmente poderiam atirar em alguém na doca lotada. Todo o
caos e o clamor não seriam suficientes para evitar que isso chamasse a
atenção.
Cale, no entanto, permaneceu estável.
— Você não deveria admitir que vai a lugares proibidos.
— Não pretendo admitir isso para os Jedi. — disse o comerciante. —
Assim como também não vou contar aos Jedi o que vocês estão fazendo.
Pensem nisso como um favor.
— Os favores são muitas vezes feitos na expectativa de recompensa. —
respondeu Cale. — O que você quer de nós?
— Apenas uma fatia da ação. — O homem tinha um sorriso
desagradável. — Eu sou Koley Linn, e aquela ali é a minha nave, a Ás de
Paus. O que quer que vocês coletem nesta estação, mandem um pouco para
mim. Vocês podem continuar fazendo o que estão fazendo, todos saímos
daqui mais ricos, e nem a República nem os Jedi precisam saber de nada.
Ele pensou que eles não eram mais do que ladrões. Insultante, mas
conveniente.
— O que quer que coletarmos aqui. — prometeu Cale, — você receberá
uma ampla parte.
Koley acenou com a cabeça.
— Vou checar vocês, então certifiquem-se de seguir corretamente.
Cale sorriu de volta, plácido e calmo.
— Não tenha dúvida. Nós vamos.
Uma parte dessa promessa não poderia ser mantida. Werrera, Leyel e
Cale tinham vindo a esta estação para a maior glória dos Nihil e de
Marchion Ro o Olho; por isso, eles jamais seriam honrados. Tal honra não
poderia ser compartilhada com gente como Linn.
Mas eles encontrariam algo mais ali, algo que todos eles tinham aceitado
como o preço dessa glória, que tinha que ser pago para que a vontade do
Olho fosse feita.
Isso, Koley Linn compartilharia na íntegra.

Mesmo através da estranheza contínua da Força...


... e Regald Coll estava chamando isso de “estranheza” até que eles
tivessem algo mais definido para nomeá-lo...
... avisos definitivamente podiam ser sentidos, e Regald estava sentindo
um naquele momento. Ao terminar de distribuir as rações, esquadrinhou a
doca com os olhos semicerrados, em busca da fonte dessa pontada
particular de desconforto.
O seu olhar recaiu sobre um pequeno grupo na extremidade da baia: três
trabalhadores da manutenção comendo a sua comida e um piloto ruivo que
parecia tê-los interrompido. De onde estava Regald, era impossível ouvi-
los. Também era desnecessário. Enquanto os trabalhadores permaneciam
impassíveis, a satisfação do piloto na troca era muito clara em seu sorriso e
na maneira como ele se gabou depois.
Regald verificou rapidamente o manifesto: LINN, KOLEY/ÁS DE
PAUS. Bem, ficaria de olho naquele ali.
A Força havia dado um aviso. Um encrenqueiro havia sido identificado.
Regald estaria pronto para tomar qualquer ação que fosse necessária. E, no
entanto, ainda assim, permaneceu inquieto.
A sua atenção se desviou para uma das portas da doca, aquela que
levava, aproximadamente, na direção da engenharia e das baias de carga. A
fonte, ao que parecia, do maior problema afetando todos os Jedi a bordo.
Até agora, Regald não tinha sido tão impactado quanto os outros
pareciam ser. Ele ainda achava que a exaustão e a tensão contínua a respeito
dos Nihil provavelmente estavam desempenhando um papel na inquietação
de todos. Mas com cada pessoa sensível à Força a bordo sentindo a mesma
coisa, todos concordaram: o problema era real.
Assim que não tivessem outros deveres, deveriam investigar; e, na
opinião de Regald, os seus deveres estavam mais ou menos cumpridos no
momento. Tinha distribuído tantas rações que nunca mais iria querer olhar
para comida de novo.
Pegou-se pensando em seus dias cuidando da creche do Templo de
Coruscant. Não era a tarefa que precisaria fazer para sempre, e Regald
sempre entendeu isso, mas, por mais frenético e difícil que às vezes fosse,
fornecera uma fonte de alegria profunda e permanente. A forma como os
rostinhos das crianças se iluminava cada vez que anunciava um novo jogo,
a forma como as suas mentes desprotegidas e informes vibravam delicadas
e belas nos limites da consciência de Regald, até mesmo os sons suaves que
elas faziam enquanto cochilavam em suas esteiras ao meio-dia: de repente,
perdeu tudo com tanta nitidez que parecia quase uma dor física em seu lado.
Talvez, depois do meu tempo na fronteira, eu volte para a creche por um
tempo, decidiu Regald. É importante pra mim me desafiar, mas também há
algo a ser dito sobre conhecer os seus pontos fortes, certo?
Até então, porém, teria que lidar com problemas mais imediatos e menos
concretos do que crianças com habilidades crescentes da Força. Tipo, o que
diabos estava à espreita nesta estação e desequilibrando a todos eles.
Regald arrumou a mesa improvisada que usara para distribuição e partiu,
determinado a não voltar até explorar a estação o suficiente para descobrir a
verdadeira fonte de seus problemas.

— Sinto que devo ser um dos que devem investigar. — disse Bell, enquanto
colocava seu equipamento de distribuição de rações em seu devido lugar. —
Eu não quero falar fora de hora, Mestra…
— Você não está — Mestra Indeera o tranquilizou. — Obviamente, em
breve devemos fazer uma busca na estação para descobrir a origem do… do
problema.
Bell observou que mesmo a sua estoica e robusta Mestra não queria falar
diretamente sobre o problema que todos estavam enfrentando com a Força.
Talvez isso devesse tê-lo feito se sentir melhor sobre o seu próprio
desconforto. Em vez disso, deu-lhe um estranho tremor no fundo da barriga:
os Mestres estão preocupados com isso. Mais, até, do que eles deixaram
transparecer. Talvez mais do que eles admitiram para si mesmos.
Mestra Indeera continuou:
— No entanto, o nosso primeiro dever não é nos proteger. É proteger
aqueles que buscaram ajuda e refúgio a bordo desta estação.
— Claro, Mestra. — Bell não resistiu e acrescentou: — Mas se não
cuidarmos de nós mesmos, quem cuidará deles?
Por dentro, ele estremeceu, esperando uma reprimenda.
Que nunca veio. Em vez disso, a expressão da Mestra Indeera suavizou.
— Você é sábio, meu aprendiz Padawan. Sim, devemos sempre
encontrar um equilíbrio. Portanto, você ficará tranquilo ao saber que, assim
que a distribuição completa de ração terminar, pretendo participar da
investigação dos níveis em torno da engenharia e do compartimento de
carga.
Essa foi, ao mesmo tempo, a melhor notícia que Bell poderia ouvir e
profundamente assustadora.
— Você não deveria ir sozinha.
— Os outros também estarão procurando.
— Eu quis dizer que eu deveria ir com você. — explicou Bell.
— Não — ela disse. — Você tem outras tarefas a realizar, porque ainda
temos que revisar completamente todos os manifestos de carga das naves de
refugiados.
Mais trabalho de faz-tudo, mas isso era mesmo coisa de aprendiz. Bell
assentiu, mas permaneceu inquieto.
— Mas sempre haverá alguém com você?
Mestra Indeera inclinou a cabeça.
— Você está preocupado comigo.
— Não é que eu duvide de suas habilidades, Mestra. Eu nunca faria isso,
é só que…
— … que você perdeu o seu Mestre anterior, e você não deseja perder
esta, — A mão de Mestra Indeera se fechou suavemente ao redor do ombro
de Bell. — Em primeiro lugar, não há nenhuma razão especial para você
temer. Esta perturbação na Força não prejudicou ninguém até agora, e não
há razão para supor que o fará.
Pesadelos, ataques de pânico e insônia soavam como "prejuízos" para
Bell, mas sabia o que Mestra Indeera queria dizer.
— Certo. Claro.
— Além disso — ela continuou, — nenhum Jedi pode fugir do risco.
Nem os riscos para si mesmo, nem os riscos para os outros. Nossos grandes
dons exigem uma coragem ainda maior. Enfrentamos o perigo porque
somos capazes de enfrentá-lo quando os outros não o são. — Seus olhos
azuis vívidos encontraram os de Bell uniformemente, e, ele sentiu que pela
primeira vez ela estava olhando para ele mais como um Jedi e um igual, do
que um mero aprendiz. — Para simplificar, Bell, você deve estar sempre
disposto a me perder, se for necessário para fazer o que devemos. Devo
estar disposta a perder você. Devemos estar dispostos a sacrificar a nós
mesmos e uns aos outros por um bem maior.
— Sim, mestra.
Então, para o seu espanto, ela piscou.
— Só não me sacrifique antes que seja estritamente necessário, certo?
Bell sorriu de volta para ela.
— Eu prometo.
— Tudo bem, então. Volte para aqueles manifestos. Vou relatar em
breve. — Mestra Indeera fez uma pausa, então se abaixou para coçar Ember
atrás da orelha por um momento antes de se levantar para sair.

Os Jedi a bordo do Farol Luz Estelar tinham muito trabalho administrativo


a fazer.
Que sorte, então, que um dos muitos pequenos tédios com os quais os
Desbravadores não tinham que lidar era a administração.
Orla Jareni puxou o manto branco para mais perto de si enquanto descia
de elevador em direção ao compartimento de carga da estação. Quando
esteve aqui antes com Regald Coll, sentiu que algo estava acontecendo,
embora, na época, estivesse distraída por trivialidades como rathtars e os
idiotas que os transportavam. Nesta viagem, permaneceria mais focada na
crise real em questão.
As portas do elevador se abriram antes do nível correto, e Indeera Stokes
entrou. Ela e Orla trocaram breves acenos de cabeça, nada mais. Então, no
nível seguinte, ainda muito alto, as portas se abriram novamente para deixar
entrar Regald Coll, que deu um pequeno aceno de boas-vindas.
Ao retomarem a descida, Orla disse:
— Estou feliz por estarmos fazendo isso juntos. Mais pessoas significa
que podemos cobrir mais terreno.
— E definitivamente estou menos propenso a ter problemas por isso se
não for o único aqui em meu próprio reconhecimento. — Regald fez uma
pausa enquanto passava uma mão pelo cabelo castanho desgrenhado. — Eu
deveria ter admitido isso em voz alta?
Indeera deu de ombros.
— Provavelmente não.
— Stellan já nos deu sinal verde. — Orla lembrou a eles, mas percebeu,
mesmo enquanto falava, que as suas dúvidas eram reflexos da incerteza que
esse distúrbio estava causando a todos eles. Os seus cérebros poderiam estar
interpretando isso como preocupação em obedecer a ordens corretamente;
na verdade, a tensão era muito mais amorfa, muito menos maleável à
lógica. — Vamos apenas continuar.
As portas do elevador se abriram e os três saíram para o nível acima da
engenharia. Abaixo desse ponto, entendeu, Estala Maru e o seu
astromecânico cuidariam do assunto. (Aparentemente, ele também estava
percebendo o silêncio assustador e soporífero da Força em ação.) Orla
disse:
— Que tal simplificarmos? Eu vou para a esquerda, Indeera, você pode
ir para a direita…
— E eu vou em frente. — Com um aceno de cabeça, Regald começou a
andar, mas ergueu o comunicador. — Vamos manter contato, tudo bem?
— Bom plano — disse Orla. Ela já estava projetando sua atenção
adiante. Provavelmente era melhor que estivesse se afastando do
compartimento de carga. Quanto mais longe ficasse dos rathtars, melhor.

Indeera Stokes avançou por corredores relativamente vazios e silenciosos.


Esse nível era amplamente usado para armazenamento, e ela sentiu um
momento de consternação por não terem conseguido estabelecer alguns
alojamentos temporários aqui para os refugiados a bordo. Tanto espaço, e a
doca estava ficando tão lotada…
… mas essas pessoas tinham suas naves, das quais, na maioria das
vezes, desejavam ficar perto. E enquanto alguns desses compartimentos
estavam vazios, outros estavam abastecidos com componentes valiosos que
não podiam simplesmente ser deixados à disposição de todos.
Você está se distraindo, ela percebeu. Você está pensando e ponderando
em vez de se abrir para a Força. Isso não vai ajudar.
Faça o seu trabalho.
Indeera respirou fundo e estendeu a mão com seus sentimentos. O que
encontrou foi…
… foi nada.
A Força não estava falando com ela aqui. Houve a mais fraca... chamada
de sussurro... prova de que não perdeu a cabeça, que a Força continuava
existindo, como deveria. Mas pela primeira vez desde que era uma criança,
Indeera teve problemas para se conectar à Força.
A pura injustiça disso a fez tropeçar. Indeera parou e colocou uma mão
na cabeça. Tinha que se concentrar. Por que não conseguia pensar? Devia
ter comido, mais cedo, era difícil afastar o pensamento de que estava com
fome…
O seu comunicador tocou. Indeera atendeu.
— Aqui é a Stokes…
— Ajude-me. — O puro terror na voz de Regald Coll causou calafrios na
pele de Indeera. — Por favor, por favor, me ajude!
Indeera girou nos calcanhares e correu de volta pelo caminho de onde
tinha vindo, com a intenção de rastrear Regald. O que estava acontecendo
com ele? Estava, de repente, com muito medo por ele, mais medo do que já
sentira até mesmo por sua própria vida. As suas botas batiam no chão
enquanto se virava para um lado e para o outro, procurando o caminho que
tinha visto Regald tomar antes. Esta parecia ser a direção certa…
Os seus passos diminuíram. Indeera oscilou enquanto andava, até que
finalmente tropeçou e teve que se apoiar contra a parede mais próxima. Não
conseguia ver Regald, embora soubesse que ele poderia estar apenas alguns
metros à sua frente. Por que estava tão escuro aqui?
As luzes estavam acesas, mas era como se… como se não pudesse
absorver a luz.
Os olhos de Indeera se arregalaram quando o chão começou a derreter.
À medida que as paredes mudavam de cor e forma. Sabia que estava
alucinando, mas saber não adiantava; a realidade estava longe de ser
encontrada. Essa fantasmagoria a cercava, a aprisionava, tirava tudo o que
era verdadeiro e bom.
O chão deu um tapa em sua bochecha, chutou o seu ombro, empurrou o
seu quadril. Indeera apalpou debilmente ao seu lado em busca do sabre de
luz, mas não conseguia fechar a mão em torno dele, e de que adiantaria
isso? Não havia inimigo para lutar. Não havia lugar para ficar.
Não havia Força para guiá-la. Ela se foi, foi, foi para sempre, e não sabia
que era possível se sentir tão assustada, tão sozinha.
Lágrimas brotaram nos olhos de Indeera, borrando tudo ao seu redor até
que não pudesse mais ver.

Por um palpite, Orla entrou em um poço de manutenção onde, sentiu, algo


havia sido feito recentemente, embora o que e por quem permanecesse um
mistério, quando o pedido de ajuda de Regald veio pelo seu comunicador.
Então levou segundos preciosos para sair novamente. Xingou pra si mesma
enquanto lutava de volta para o corredor, então saiu correndo no primeiro
segundo que conseguiu. A sua mão se fechou em torno do cabo de seu sabre
de luz de lâmina dupla, pronta para desdobrá-lo no instante em que
vislumbrasse o que quer que estivesse ameaçando Regald Coll.
Orla estendeu a mão para se conectar a Força e, embora as suas
percepções permanecessem frustrantemente abafadas, teve a sensação de
que algo se afastava, recuando, talvez? Talvez Regald tivesse conseguido
lidar com aquilo sozinho. Ainda assim, não desacelerou.
O que sentiu não parecia exatamente um recuo. Parecia mais…
saciedade.
Derrapou em uma curva no corredor que Regald havia tomado, então
mal conseguiu recuperar o equilíbrio antes de tropeçar em Indeera Stokes,
que estava inconsciente no chão.
— Indeera? — Orla ajoelhou-se ao lado da mulher Tholothiana e levou
dois dedos à garganta dela. Sim, meramente inconsciente, não morta, mas a
respiração de Indeera estava superficial e irregular, e a sua pele estava
chocantemente fria e pegajosa ao toque.
O que tinha acontecido com ela? A hora de descobrir isso era mais tarde.
Se a mesma coisa que tinha feito isso com Indeera estava ameaçando
Regald, então Orla precisava continuar andando.
Seguindo adiante, Orla se esforçou para correr ainda mais rápido até
chegar a uma área de carga maior, um súbito abismo amplo e escuro nas
profundezas da estação. O espaço parecia estar totalmente vazio. Mas
quando piscou, com a sua visão se ajustando à penumbra, ela viu uma
forma deitada no chão a poucos metros de distância.
— Regald! — Orla chamou, correndo para o lado dele. Ele estava no
mesmo estado que Indeera?
Não, ela percebeu. A situação era muito pior. Regald não estava se
movendo, nem mesmo respirando.
Talvez houvesse alguma chance de ressuscitação. Orla correu os últimos
passos e parou ao alcançá-lo. Seus olhos se arregalaram quando viu o que
estava diante dela.
Regald Coll estava morto. Mas em vez de seu corpo, no chão em frente a
Orla havia algo que imitava e zombava dos contornos de sua forma… uma
horrível e casca ressecada.
— O oque você quer dizer? — Stellan Gios exigiu, olhando para
seu comunicador como se pudesse ver Orla Jareni olhando para
ele. — Regald Coll está morto?
— Pior que morto. — foi a resposta de Orla. — Seu corpo foi mudado,
de alguma forma. Nesta versão seca e quase em pó de si mesmo. Eu não
toquei nele porque tenho medo de que desmorone.
Stellan olhou através da Central para Nib Assek e Elzar Mann, cujo
desânimo refletia o seu.
— Outra casca, — disse Stellan. — E desta vez, no próprio Farol.
Qualquer que seja o horror que finalmente roubou a vida de Loden
Greatstorm tinha chegado a bordo da estação. O Farol, supostamente um
local de refúgio, tornara-se outra fonte de perigo.
— O que você quer dizer com outra? — disse Orla — Isto é uma coisa
que tem acontecido?
— Ser cortado dos negócios da Ordem é um dos preços de ser um
Desbravador. — Stellan apontou. — Vamos informá-la na íntegra quando
você retornar à Central.
— Primeiro você precisa enviar uma equipe médica, ou pelo menos
alguns droides e uma maca flutuante. Indeera Stokes estava vasculhando o
nível conosco, a vários metros de distância, mas ainda está perto demais…
— Não Indeera, também! — Nib deixou escapar. Stellan colocou uma
mão em seu ombro, brevemente, ajudando-a a restaurar a calma. Eles
precisavam permanecer centrados agora mais do que nunca.
— Indeera está viva, pelo menos por enquanto — disse Orla. — Mas o
que quer que tenha matado Regald a machucou muito. Ela está
inconsciente, a sua respiração está fraca e irregular e… e ela não parece
bem. Ela precisa de ajuda médica imediatamente.
— Enviando um droide médico para a sua localização imediatamente,
— disse Stellan. — Uma vez que você a tenha visto em segurança, reporte
de volta à Operacional. — Com isso, ele desligou o comunicador.
— Pelo menos quando Indeera acordar, ela poderá nos dar uma ideia do
com o que estamos lidando — disse Elzar.
— Possivelmente. — Stellan invejou Elzar por sua confiança de que
Indeera, de fato, acordaria. Mais do que isso, Stellan invejava aquele nível
de concentração. Com a sua atenção não mais focada pela ligação, a sua
exaustão o estava alcançando. O intenso pavor que o invadira por quase
dois dias, desde o pesadelo, aprofundou-se com o conhecimento de que o
perigo que ele sentiu era muito real e já havia custado a vida de um dos
membros de Stellan.
— Stellan, — Elzar tinha vindo para o seu lado sem que Stellan sequer o
visse. — Você não está sendo você mesmo. Se precisar descansar, vá. Eu
posso cuidar das coisas aqui.
— E eu posso cuidar dele, — acrescentou Nib, com um leve indício de
seu humor habitual. — Se ele não pegar leve por vontade própria, chamarei
o meu Padawan. Veja se não vou.
— Nenhuma coação Wookiee será necessária, — Stellan insistiu. — Eu
vou… me sentar. Descanse um pouco. Mas, mais do que tudo, quero falar
com Orla e, espero, com Indeera, para que possamos obter algumas
respostas sobre o que aconteceu aqui.

Eles estavam sendo observados.


— Isso não muda nada, — Cale avisou os outros membros dos Nihil
quando deixaram a doca. — O homem humano de cabelo laranja é um tolo.
— Tolos falam, — Leyel apontou, colocando a sua bolsa de ferramentas
no ombro. — Essa é uma das coisas pelas quais eles são mais conhecidos.
Cale permaneceu destemido.
— Mas ninguém escuta. Como poderiam? O plano do Olho jogou esta
estação no caos. Isso nos dá uma oportunidade.
A oportunidade em questão era o único desvio do plano de Marchion
Ro. Libertar os outros Nihil em cativeiro trazia riscos. Agora, no entanto,
que tinham visto por si mesmos o estado do Farol Luz Estelar, todos os três
membros da equipe sentiram que os riscos poderiam ser gerenciados.
Parecia haver uma boa chance de os Jedi não perceberem que as suas
cativas haviam desaparecido, pelo menos não no breve período de tempo
que teriam antes de serem extremamente distraídos.
A prisão do Farol tinha sido construída para contenção de curto prazo,
não para encarceramento prolongado. Portanto, faltava o padrão de reforço
que havia em estações prisionais e naves: paredes de espessura dupla, tetos
e pisos selados de metal, campos de força em tubos e dutos de manutenção
próximos. Claro que seria bem guardado; mesmo a República não poderia
ser tão arrogante a ponto de deixar os seus prisioneiros sem supervisão, mas
provavelmente tal supervisão estava limitada ao andar onde as celas
realmente estavam, e era mais provável que consistisse em droides
sentinelas em vez de guardas sencientes.
Assim, a equipe Nihil havia presumido e, minutos depois de chegar ao
próximo andar, eles tinham motivos para acreditar que estavam certos. Esse
andar, que parecia ser destinado a salas de conferência para cúpulas
políticas e discussões de tratados, estava deserto, exceto por um droide de
manutenção que se mantinha taciturno em sua tarefa de aspirar as aberturas
de ventilação.
Werrera ergueu um de seus dispositivos pré-carregados com as
especificações da estação e das plantas que haviam sido enviadas aos Nihil
por Ghirra Starros. Este mapa lhes mostrou o caminho. No ponto
diretamente acima da prisão, Leyel retirou um decodificador; era um
dispositivo grosseiro, capaz de desorientar droides apenas em sua
vizinhança imediata, e por não mais do que alguns minutos, mas isso era
tudo o que eles precisavam.
— Entrada e saída em seis minutos. — Cale sorriu largamente enquanto
pegava as ferramentas de que precisavam para descascar o chão. — Vamos
começar.

— Andar pra lá e pra cá está ficando cansativo. — disse Chancey enquanto


olhava para a parede da cela em branco diante dela.
— Para mim também — admitiu Nan, — mas não posso mais ficar
parada. Eu preciso me mover.
— Lembro de me sentir assim quando era mais jovem. — Chancey se
esticou em seu beliche, fechando os olhos. — Hoje em dia, não recuso
muitas chances de dormir um pouco.
Nan não disse nada, mas em particular pensou que, se ela fosse tão
decrépita assim, poderiam jogá-la nas piras funerárias e ela mesma
acenderia o primeiro fósforo. E Chancey não podia ter mais de quarenta e
cinco anos!
— Imagino se disseram a Sylvestri que fui presa — disse Chancey. Os
seus olhos permaneceram fechados, e o tom de sua voz era difícil de ler. —
Ela não se lamentaria, eu imagino.
Sylvestri Yarrow era filha de Chancey, uma garota mais ou menos da
idade de Nan, que havia recusado a chance de trabalhar com a mãe para os
Grafs. Todos os dias desde então, Nan estava bem ciente de que, por mais
encorajadora que Chancey fosse, preferia que fosse Sylvestri ao lado dela.
Acabou não sendo divertido ficar apenas em segundo lugar.
(Sylvestri Yarrow estava na companhia do Padawan Reath Silas quando
Nan a viu pela última vez. Havia uma conexão entre os dois? Nan não
queria ficar curiosa sobre isso, sobre Reath, mas não podia negar que
estava.)
No final, tudo o que importava era esta verdade: Chancey Yarrow sentia
falta da filha. Isso significava que, não importava o quão elegante e
confiante e durona Chancey agisse (o que era muito), havia um vazio dentro
dela.
Esse vazio poderia ser preenchido cuidando de outra jovem. Mesmo
levando a culpa por ela, se Nan jogasse as suas cartas direito...
Por um momento foi abalada por seus próprios pensamentos. Como
poderia ser tão fácil se voltar contra alguém que, apenas alguns dias antes,
tinha sido a sua mentora?
Porque nós sempre estivemos usando uma à outra, Nan percebeu.
Chancey não é como Hague.
O rosto Zabrak enrugado de seu guardião de infância apareceu em sua
mente e apertou a sua garganta. Nan mal se lembrava dos pais; foi Hague
quem realmente a criou, ensinou-lhe quase tudo o que sabia. Não tinha
percebido que queria que Chancey preenchesse essa ausência até agora.

Na doca principal, Affie Hollow olhou para a nave dos Adrens com
aprovação.
— Boa navezinha, — disse ela. — Nós podemos colocá-lo de volta em
sua melhor forma em pouco tempo.
— Boa, — Joss respondeu distraidamente. — Boa, — Ele estava
olhando para longe, e o seu tom de voz mudou de humor descontraído para
algo mais sombrio. As orelhas de Affie se levantaram. O que tinha dado
errado? Apenas alguns minutos tinham se passado desde que ambos os
Adrens inspecionaram a Embarcação com ela, conheceram Leox e Geode e
ofereceram muitas maneiras de ajudar. Naquele exato momento, Leox
provavelmente estava mexendo em seus arquivos de áudio, porque ele e os
Adrens eram fãs da mesma banda de simjo.
Então todo mundo tinha ficado amigo. Se dado bem. Até trocado
arquivos. Como isso já poderia ter mudado para Joss Adren?
— Hum. — ela começou. — Qual é o problema?
Joss soltou um longo suspiro.
— Ouça. Eu sei que não há nada para me preocupar. Não de verdade.
Mas isso não significa que eu aprecie as pessoas flertando com a minha
esposa diante dos meus olhos.
— Ah, Leox não está flertando — disse Affie. — Ele sempre acaba
abraçando todo mundo mais cedo ou mais tarde.
— Leox Gyasi não é o problema. — Joss bufou. — É aquela maldita
pedra.
Affie inclinou o corpo para o lado da nave dos Adrens para ver a
Embarcação. A escotilha estava aberta, estava Geode no topo da rampa…
sobre a qual estava Pikta Adren, com o seu cabelo encaracolado balançando
enquanto ria.
— Geode é um Vintiano. — Affie disse apressadamente — Não é como
se houvesse algo que ele pudesse fazer com um humano, mesmo se ele
quisesse, o que ele não quer. Ele namora apenas dentro da própria espécie.
O que para a maioria das pessoas eu acho meio sem imaginação. Mas você
tem que admitir, para os Vintianos, é meio inevitável.
Joss olhou por cima do ombro e suspirou.
— Acho que você está certa.
Affie sorriu para ele, aliviada por ter restaurado o seu humor, enquanto
interiormente pensava: Ah, ótimo, Geode está à espreita de novo.

Elzar desceu ao nível do compartimento de carga, determinado a ver por si


mesmo o que havia acontecido com Regald Coll. Na verdade, Stellan
deveria ter ido, mas estava perto do fim de sua resistência, reconhecendo ou
não. Elzar não tinha interesse em pressionar ainda mais o homem.
Além disso, Elzar simplesmente não tinha sido tão afetado por essa
estranheza a bordo da estação quanto todos os outros Jedi pareciam ter sido.
Seria por que ele ainda estava se fechando um pouco para a Força? Isso
parecia errado para Elzar; a Força fortalecia um Jedi, nunca o enfraquecia,
exceto por sua ausência.
As causas não importavam, no final. No momento, Stellan não podia
lidar com isso. Então assumiu a responsabilidade para si mesmo.
Chegou logo após a equipe médica, a tempo de vê-los se afastando com
uma maca flutuante carregando Indeera Stokes inconsciente. Ela se
contorcia onde estava, menos como alguém recuperando a consciência,
mais como alguém potencialmente à beira de um ataque. Um breve
vislumbre de seu rosto foi suficiente para chocar Elzar: ela parecia dez anos
mais velha do que apenas algumas horas antes. É como se algo literalmente
tivesse sugado a vida dela, ele pensou.
Das sombras mais adiante no corredor apareceu uma figura de branco.
— Venha — disse Orla. — Você deveria ver isso. Alguém além de mim
deveria, de qualquer maneira. Não tenho certeza se acredito em meus olhos.
Elzar foi para o lado dela. Ali, diante deles, estava o que restava de
Regald Coll: mero pó na forma de um homem. Embora a casca também
tivesse algum tipo de qualidade fibrosa…
Na mente de Elzar, uma memória brilhou: Regald rindo no café da
manhã naquele mesmo dia, tornando leve as tarefas à frente deles,
recusando-se a dar lugar à escuridão que os sombreava.
Apenas algumas horas depois, a escuridão engoliu Regald inteiro.
— Que poder consegue fazer algo assim? — sussurrou Orla. — É como
se… como se a própria vida lhe tivesse sido arrancada.
Isso é impossível, Elzar queria dizer. Mas não sabia se ainda acreditava
mais em sua impossibilidade.

A ponte da Olhar Elétrico estava quase completamente silenciosa. Thaya


verificou as sequências de ativação no segundo carregamento de droides de
sua estação, bem no canto, enquanto Marchion Ro permanecia em sua
cadeira, olhando a uma meia distância. As luzes fracas dos consoles
refletiam na face impassível de sua máscara. Poucos já o tinham visto de
guarda baixa assim, ela percebeu: que pensamentos poderiam estar
passando por sua mente?
Thaya teve pouco tempo para considerar essa questão antes que um sinal
de aproximação começasse a soar, solicitando permissão para o embarque.
Ela se sentou, alarmada, mas Ro fez um gesto preguiçoso com uma mão.
— A nosso convidada esperada.
Seria melhor se tivesse me contado, para que eu pudesse ter tomado
providências, pensou Thaya, mas não disse. Não era responsabilidade de
Marchion Ro facilitar seu trabalho; era responsabilidade de Thaya se
adaptar a quaisquer que fossem suas necessidades.
O próprio Ro ligou o comunicador.
— Aqui é a Olhar Elétrico — disse ele. — Por que demorou tanto? — O
seu tom era caloroso, quase provocante... e, aos ouvidos de Thaya, bastante
falso.
O holo cintilou, granulado e sombreado, revelando uma mulher de
quarenta e poucos anos, olhos arregalados e sem fôlego como uma menina.
Após um instante, Thaya a reconheceu: a senadora Ghirra Starros, oficial da
República e espiã Nihil. Thaya muitas vezes se perguntou como Ro tinha
conseguido subverter e virar uma senadora da República para o lado deles.
Agora sabia: ele havia usado o truque mais antigo e óbvio que existia. E
Starros tinha caído nessa.
Não havia nada que Marchion Ro não pudesse fazer?
— Marchion, — disse Starros. — Você recebeu todas as minhas
transmissões?
Ro assentiu.
— Cada palavra. — Mais uma vez aquele conhecido tom travesso, que
ele nunca usaria com um verdadeiro amigo íntimo, supondo que ele tivesse
algum. — Venha e reivindique a sua recompensa.
A ênfase que ele colocou na última palavra deixava claro qual seria essa
recompensa. Thaya sentiu um momento de gratidão pela relativa escuridão
da ponte, que escondera seu rubor. Não disse nada, simplesmente transmitiu
os códigos de ancoragem para a pequena nave de Starros.
— Estarei aí em instantes — prometeu Starros. — Mal posso esperar
para ver você.
O holo piscou, deixando a ponte escura e silenciosa mais uma vez.
— Vou cumprimentar nossa convidada pessoalmente — disse Ro.
— Vou preparar os quartos para ela. — Thaya sorriu brilhantemente. —
Os antigos aposentos de Alfkenda? — Agora transferido para outra nave,
Alfkenda tinha sido uma engenheira altamente valorizada. Como tal, os
seus antigos aposentos eram alguns dos mais bonitos da nave, exceto o de
Ro.
Eles também estavam localizados a meio caminho da suíte de Ro. Ele
poderia visitar a senadora Starros sempre que quisesse... mas não teria que
lidar com nenhuma intrusão em sua privacidade.
— Esses seriam ideais — disse Ro. — Você compreendeu exatamente as
minhas necessidades.
Thaya abaixou a cabeça. Para ela não poderia haver maior elogio.

Sair daqui vai ser muito trabalhoso, pensou Leox enquanto se sentava na
cabine da Embarcação, olhando para a doca. A tripulação do Farol havia
feito um excelente trabalho colocando tantas naves em tão pouco espaço,
mas seria difícil para mais de uma ou duas decolar e sair ao mesmo tempo.
Dado que todos estariam ansiosos para seguir seu caminho assim que fosse
seguro, era uma boa aposta que nem todos iriam querer esperar a sua vez
para partir.
Especialmente não macacos de bico como Koley Linn.
Eles estariam olhando para um engarrafamento tridimensional mesmo
que os Jedi não estivessem com pressa. E se estivessem...
— Leox? — A voz de Affie ecoou pela nave quando ele ouviu os seus
passos na rampa. — Onde está Geode?
— Dormindo, eu acho. — Os Vintianos mantinham horários estranhos.
Affie apareceu na porta da cabine, com os olhos arregalados.
— Ele está na cama dele... sozinho, né?
— Claro. Você sabe que ele só flerta por aí.
— Sim, mas desta vez ele está flertando com uma das mecânicas que
podem nos tirar daqui. — Affie se sentou ao lado de Leox, balançando a
cabeça. — Que por acaso é casada com o outro mecânico que pode nos tirar
daqui.
— Ei, o cara não pode evitar — disse Leox com um encolher de ombros.
— As damas preferem esses tipos fortes e silenciosos.
Isso lhe rendeu uma carranca de Affie.
— Ele pode evitar mais do que evita e, desta vez, é melhor ele fazer isso.
— Tudo bem, tudo bem, tudo bem. Vou falar com ele quando ele se
levantar. — Leox não pôde deixar de pensar em mais tipos predatórios a
bordo. — Koley Linn não lhe deu nenhum problema, não é?
— Não, exceto por existir. — Affie se serviu de um dos palitos de
hortelã de Leox. Ela ainda achava que o maior problema deles era Geode
não saber quando desligar o charme.
Leox esperava que ela estivesse certa.

Um baque no alto fez Chancey olhar pra cima. Nan se encolheu no beliche,
sussurrando.
— O que é isso?
— Algo está acontecendo lá em cima, — respondeu Chancey. Ela olhou
para os droides sentinelas, apenas visíveis de sua cela; eles ficaram parados
no lugar, vibrando levemente, sem reagir.
Isso é um misturador trabalhando, ela pensou. Algo sério estava prestes
a acontecer, e parecia que elas estavam no centro disso.
Outro baque fez as duas mulheres ficarem de pé. Faíscas se espalharam
ao redor de um dos painéis do teto, e então ele se soltou para revelar três
seres olhando para ela.
— Toda glória ao Olho — disse o Pau'ano.
Os Nihil? Que droga? Isso não fazia nenhum sentido para Chancey.
Mas Nan já havia se levantado de um salto, com o alívio inundando seu
rosto.
— Toda glória ao Olho — ela retornou. — Como vocês… alguém os
mandou…
— Nós conhecemos Hague. — disse a fêmea humana. — Por ele,
viemos para ajudá-la.
O Pau'ano acrescentou.
— Em troca, vocês nos ajudarão. — Não era um pedido.
Chancey queria saber muito mais sobre com o que elas estariam
ajudando e por que, mas também sabia que não era hora de ser teimosa.
— Já fiz negócios piores — disse ela, movendo um dos beliches sob o
painel aberto do teto, do melhor modo para eles alcançarem. — Vamos nos
mexer.
N a torre médica, a situação era... bem, não era serena, mas o mais
próximo disso que qualquer parte do Farol Luz Estelar podia chegar no
momento. Quando Bell Zettifar começou a ajudar o pessoal da torre a se
preparar para um influxo de pacientes, pensou que eles estariam lutando
para manter o ritmo em pouco tempo.
Mas subestimou a equipe médica, os pacientes, os droides, a Força, até a
si mesmo. Eles tiveram que puxar algumas camas extras, mas as
enfermarias permaneceram em ordem. Todos os pacientes estavam sendo
atendidos, e eles tinham (poucos) droides médicos e suprimentos suficientes
para circular.
— Você acredita nisso? — Bell perguntou a Burryaga. — Nós realmente
conseguimos.
Burryaga apontou que a recompensa por restaurar a ordem na torre
médica provavelmente seria ser designados para restaurar a ordem na doca
principal.
— Então nós vamos gerenciar isso também. — Pela primeira vez em
dias, Bell se sentiu quase ele mesmo. A estranha distorção da Força mal o
tinha tocado, e ousava esperar que talvez estivesse terminando,
desaparecendo tão misteriosamente quanto havia começado.
Um droide médico no corredor ganiu em desânimo ao som de passos
correndo em direção a sua ala. Bell e Burryaga trocaram olhares: outro
paciente? Cada um deles sabia que nenhuma outra nave deveria atracar no
Farol Luz Estelar tão cedo, antes de sair para ajudar. Só esperava que não
houvesse outro ataque Nihil; o número já estava começando a deixá-lo com
medo de que não fossem apenas alguns últimos remanescentes, mas talvez
um sinal de que os Nihil estavam mais vivos do que a República e os Jedi
esperavam.
Ao entrar no corredor, Bell viu que Orla Jareni caminhava ao lado de
uma maca flutuante, na qual jazia uma Tholothiana...
Não, pensou Bell naquele primeiro momento de horror. Não pode ser, eu
sentiria, como não poderia sentir?
A sua Mestra, Indeera Stokes, estava deitada na maca cinza como a
morte.
Outro dos Mestres de Bell tinha sido cortado, e a Força não lhe dissera
nada.

A República tinha que ser feita de pessoas tolamente confiantes, decidiu


Nan, porque os macacões de trabalho da estação eram guardados em um
local de fácil acesso, dentro de um armário que abria sem código ou chave.
— Nós não combinamos exatamente com o resto de vocês — disse
Chancey Yarrow enquanto fechava as mangas de seu macacão, — mas é
próximo o suficiente para que eu suspeite que ninguém notará a diferença.
O líder Pau'ano da equipe assentiu.
— Nenhum deles percebeu que o que estamos vestindo é diferente do
que eles costumam ver.
Nan não resistiu a um pequeno sorriso ao pensar nos altos e poderosos
Jedi sendo derrubados por algo tão simples quanto isso: a revelação de que
eles não olhavam com muito cuidado para aqueles que faziam as tarefas
domésticas.
— Ainda não há alarmes disparando — observou Chancey. — Nenhum
anúncio sobre prisioneiros fugitivos. Talvez os Jedi tenham se esquecido de
nós.
— Estou feliz por termos saído de lá — disse Nan. — E por finalmente
termos algo para fazer. Sentar e esperar… eu odeio isso.
— O nosso trabalho para o Olho é vital — disse o Pau'ano, — e vocês
ficarão felizes em saber que está quase completo.
— Muito feliz. — respondeu Nan. Era tão bom ter um propósito
novamente. — Agora, como podemos ajudá-los?
— Se vocês estão planejando causar algum problema a bordo do Farol,
não sou uma má engenheira — disse Chancey, com o que Nan sabia ser
falsa modéstia. — Dê-me uma olhada em alguns esquemas, e eu
provavelmente posso colocar algumas perversidades em seu sistema. — Ela
ainda estava tomando cuidado com a equipe Nihil, escondendo algo.
Nan deveria fazer isso também?
Os membros da equipe Nihil trocaram olhares.
— Já temos um plano abrangente, que está muito próximo de ser
concluído. — disse a humana da equipe, Leyel, ou algo assim. Nan não se
deu ao trabalho de ouvir atentamente os seus nomes. — Mas a etapa final
será mais fácil, com a sua ajuda.
O Pau'ano interveio.
— Vocês devem seguir as nossas instruções com precisão. Não podemos
ser muito cautelosos. Muita coisa depende da missão que o Olho nos
confiou.
Nan sentiu uma pontada de ciúmes: essas pessoas já eram especiais para
Marchion Ro. Isso não deveria importar mais para ela, mas importava.
— Não há problema com isso — disse Chancey. Ela podia não ter
lealdade aos Nihil, mas Nan achava que a mulher parecia genuinamente
disposta a ajudá-los. A gratidão tinha mais peso com ela do que os Nihil. —
Nan, você conhece um kit de ferramentas, certo?
— Claro. — disse Nan. Como se qualquer um que tenha viajado pelo
espaço desde a infância não conhecesse.
— E você? — Leyel estreitou os olhos enquanto olhava para Chancey.
— Você tem habilidade com ferramentas? Você entende a tecnologia da
estação?
A boca de Chancey se curvou num sorriso abafado.
— Acho que consigo lidar.
Nan queria dizer aos Nihil com quem eles estavam realmente lidando:
uma cientista de elite que acabara de desenvolver um tipo inteiramente
novo de arma gravitacional, mas isso significaria trair Chancey
abertamente, algo que não estava pronta para fazer. Além disso, os Nihil já
tinham um plano, não é? A experiência de Chancey não tinha entrado nisso.
Ainda.
O Pau'ano simplesmente assentiu.
— Está quase na hora de dar os passos finais. Siga-nos.

Enquanto isso, dentro da Central, Stellan Gios tentava recuperar algum


equilíbrio. Uma coisa difícil de se fazer, sem a orientação constante da
Força; mas a Força ainda não os tinha abandonado completamente aqui.
Permanecia, perceptível, mas tênue, tornando conhecida a sua influência em
momentos rápidos. Esses momentos eram boias no mar tempestuoso da
mente de Stellan.
Apegou-se à memória deles de forma especialmente forte no momento,
porque não deixaria o chefe do Farol Luz Estelar mostrar fraqueza a um
líder planetário.
— Ouvimos os últimos relatos de que pessoas e naves que se refugiaram
a bordo do Farol. — disse a rainha Thandeka de Eiram, brilhando no
holograma diante dele. — Não é um fardo para as suas operações?
— É. — Stellan admitiu, — mas um que somos capazes de lidar. Você
não precisa se preocupar, não esperamos nenhuma superlotação em Eiram.
A rainha inclinou a cabeça, estudando-o.
— Você não entendeu o propósito da minha ligação, Mestre Gios. O
povo de Eiram não teme a chegada de refugiados. Desejamos recebê-los se
for útil.
— O seu planeta não está em condições para isso. — Stellan insistiu,
percebendo apenas enquanto falava que era altamente presunçoso explicar a
uma rainha a condição de seu próprio mundo. Ainda assim, os fatos eram
inegáveis. — Você mal tem água suficiente para seus cidadãos, e muitas de
suas estruturas maiores sofreram danos consideráveis.
Thandeka ergueu o queixo.
— Temos pessoal médico capaz de viajar para o Farol para ajudar no
tratamento dos feridos. Embora sejamos um mundo pequeno, sem frota real,
temos um cruzador médico que pode ser despachado. E embora ainda
estejamos trabalhando nos reparos do terremoto, não estamos sem abrigo
para os necessitados. O que temos, podemos compartilhar.
Outros protestos surgiram na mente de Stellan, mas teve o bom senso de
não falar deles.
— Rainha Thandeka — ele começou, — não se pode duvidar da
generosidade de Eiram. Mas o Farol Luz Estelar se destina a oferecer ajuda
aos necessitados, não a recebê-la.
A rainha balançou a cabeça.
— "Somos todos a República." Essas são meras palavras, ou você
realmente acredita nelas?
— É claro que acreditamos nelas, mas…
— Se Eiram não é menos parte da República do que qualquer outro
mundo, então não somos menos obrigados a oferecer qualquer ajuda que
esteja em nossa capacidade de dar. — O humor brilhou em seus olhos
escuros. — Ou os Jedi são orgulhosos demais para pedir ajuda?
Stellan sabia quando tinha sido derrotado. Ergueu as mãos num breve
gesto de concessão.
— Não somos tão orgulhosos assim, Vossa Majestade. Prometo a você
que, se e quando precisarmos da ajuda de Eiram, chamaremos o seu povo.
Mas, por enquanto, a situação aqui é estável. Nossa torre médica é mais do
que capaz de lidar com os feridos que temos, e neste momento seria mais
oneroso para nós tentar movê-los novamente do que cuidar deles onde
estão. Nossos suprimentos médicos e rações são suficientes e continuarão
assim por alguns dias.
A sua postura relaxou um pouco, e seu sorriso ficou mais fácil.
— Você tem lidado muito bem com os seus problemas, Mestre Gios. Eu
o parabenizo.
— Guarde os seus parabéns para o fim desta crise.
A rainha riu.
— Supersticioso?
— Apenas prudente. Obrigado novamente, Rainha Thandeka.
Ela assentiu com a cabeça enquanto seu holograma desligava.
Uma vez que não podia mais ser visto por ninguém fora da Central,
Stellan caiu de volta na cadeira mais próxima.
O que a galáxia em geral diria, se pudessem vê-lo agora? Stellan Gios,
descendente dos Jedi, membro do Conselho e líder do Farol Luz Estelar,
não mais o guardião confiante da paz e da justiça, apenas um homem
cansado e confuso que se sente mais velho do que sua idade…
Imaginou Orla Jareni erguendo uma sobrancelha. Na verdade, sabia
exatamente o que ela diria se estivesse aqui: por que você está se
comparando com uma ficção construída pela mídia da República? Você
está fazendo o melhor que pode neste momento. Ninguém pode pedir mais
do que isso.
Então relaxe já.
Se ela realmente estivesse presente para falar as palavras, poderia até ter
acreditado nela.
Stellan teve o pensamento repentino e irracional, estou sendo punido por
meu orgulho. Por pensar que eu sabia melhor do que Avar Kriss, que só eu
sabia o curso certo de ação a tomar contra os Nihil, para o Farol…
Mas foi o seu orgulho que criou essa falsidade? Ou a República e os Jedi
a moldaram, e depois colocaram o manto sobre os seus ombros?
Não importava, Stellan percebeu. O ponto era reconhecê-lo pelo que era.
Não se comparar com algo que nunca foi e nunca poderia ser.
Mas sem isso, quem era ele?

A equipe Nihil, agora com recém cinco seres fortes, tinha feito o seu
caminho para a base da estação, para a própria parede da fundação da
estrutura.
— O que está guardado aqui? — disse a humana mais jovem que eles
resgataram, a garota chamada Nan. — Ou é sólido?
— Isso, — disse Leyel, dando um tapinha satisfeito na parede de metal,
— abriga o núcleo do reator que alimenta toda a estação.
A humana mais velha, Chancey, assentiu.
— Desligue isto e eles estarão implorando por ajuda em poucas horas.
Além disso, nossa nave de resgate poderá voar em segurança quando vocês
quiserem nos tirar daqui.
Werrera, Cale e Leyel trocaram olhares rápidos. Este não era o plano,
mas não havia necessidade de dizer isso às recém-chegadas ainda. Também
parecia que Chancey sabia um pouco mais sobre engenharia do que deixara
transparecer, mas eles poderiam garantir que não atrapalhasse o plano do
Olho.
— Desativamos os alarmes que detectam atividade ao longo da parede
central. — disse Cale apenas. — Então eles não devem detectar nada. —
Leyel e Werrera já estavam desembalando seus maçaricos de plasma.
Chancey se abaixou para abrir um poço de manutenção próximo; com
certeza, eles tinham mais tochas de plasma aqui apenas esperando para
reparos ordenados quando necessário. Essas tochas não eram tão fortes
quanto as que os Nihil trouxeram, mas ajudariam a fazer o trabalho. Assim
que as duas mulheres que eles libertaram estavam com as tochas na mão,
Cale se virou para olhar para a parede que estavam prestes a destruir.
— Comece.

Era quase “tarde” a bordo da estação. Bell Zettifar estava atrasado para
pegar sua ração para o jantar, mas se recusou a sair do lado de sua Mestra.
Até Ember havia se acomodado embaixo da cama médica e se enrolado em
uma bola para dormir.
Mestra Indeera permanecia inconsciente. Os seus espasmos assustadores
haviam cessado, mas Bell não sabia se isso era um bom sinal ou um terrível
sinal. Os droides médicos haviam relatado que todas as suas funções vitais
haviam diminuído tremendamente, como poderia acontecer em alguém de
idade muito avançada, mas continuavam a fluir. Enquanto havia vida, havia
esperança. No entanto, Bell se sentia mais longe dessa esperança do que há
muito tempo.
Um grunhido suave o fez olhar para cima. Burryaga estava ali,
segurando não um, mas dois pacotes de rações para o jantar.
Pela primeira vez desde que Mestra Indeera fora trazida, Bell foi capaz
de sorrir, mais ou menos.
— Obrigado. Eu agradeço.
Burryaga entregou-lhe o menor dos dois pacotes (as rações Wookiee
eram, compreensivelmente, mais amplas), e juntos tomaram lugar em uma
pequena mesa próxima silenciosamente. A comida tinha tão pouco sabor
que Bell pensou que poderia estar mastigando folhas.
Não, esqueça isso, ele percebeu. Algumas folhas são saborosas. As
rações de emergência não.
Foi Burryaga quem quebrou o silêncio, perguntando gentilmente por
Mestra Indeera, embora certamente a sua condição fosse óbvia.
— Nada mudou — disse Bell. — Eu gostaria de poder alcançá-la através
da Força, mas não consigo.
Burryaga grunhiu uma sugestão: e se eles trabalhassem juntos? Se
ambos se conectassem, talvez se mostrassem mais fortes do que quem ou o
que estivesse abafando a Força a bordo do Farol.
Bell não tinha certeza. A Força não operava de acordo com princípios
matemáticos. Dois Jedi trabalhando em combinação podem ter um efeito
maior ou não. Ainda assim, não faria mal tentar.
Depois de terminar as suas rações, eles voltaram para a cabeceira da
Mestra Indeera. Bell estava de frente para Burryaga, e algo naquele
momento o fez perceber que a amizade deles havia se aprofundado nos
últimos dias; e ele precisava de um amigo mais do que imaginava.
— Obrigado por estar aqui. — disse ele calmamente.
Burryaga simplesmente inclinou a cabeça, então fechou os olhos,
silenciosamente convocando Bell para começar.
Bell fechou os olhos também. Respirou fundo, depois de novo, e
começou a estender os seus sentimentos. Uma lembrança da creche passou
por sua mente: Mestre Yoda ensinando os jovens como fazer isso pela
primeira vez, sussurrando para eles, Deixe-se ir. Ainda hoje, ajudava a Bell
imaginar como Yoda soou quando disse isso.
Pelo menos, geralmente acontecia.
Hoje foi diferente.
Bell se conectou e não encontrou a Força. Ele ainda podia senti-la, mas a
uma grande distância, e ela não fluía através dele. Estava… distorcida.
Perturbada. Errada.
Não conseguia se conectar com a Mestra Indeera, mesmo
subconscientemente. Bell mal conseguia detectar a presença de Burryaga, e
isso foi com Burry a menos de um metro de distância e ativamente se
estendendo para ele também.
Os olhos de Bell se abriram para ver Burryaga parecendo igualmente
aflito. Ele sussurrou:
— Está tudo errado para você também?
Burryaga assentiu.
— Isso não pode continuar assim. — Bell deixou escapar. — O que quer
que esteja acontecendo nesta estação, não pode durar para sempre. A Força
é eterna. Nada pode danificá-la permanentemente. Nada jamais poderia.
Com um grunhido, Burryaga concordou que esta situação não poderia
durar para sempre. Mais cedo ou mais tarde, tudo mudaria.
A questão era como.
E nquanto uma aprendiz, Orla Jareni certa vez viajou em missão
para um mundo que era conhecido por suas esculturas lindamente
realistas. Os seus artistas criavam formas tão realistas em sua famosa pedra
nativa cinza iridescente que pareciam ter suavidade, textura e até espírito.
Pensava naquelas estátuas enquanto olhava para a casca que tinha sido
Regald Coll.
As suas feições haviam sido tão bem preservadas que ele poderia ter
sido uma daquelas estátuas: cinza como uma pedra, delicada como qualquer
obra de arte. Mas a ilusão de vitalidade que aqueles escultores criaram
estava totalmente ausente. Apenas algumas horas antes, Regald estava
brincando, rindo, totalmente vivo. Neste momento, olhando para a casca
deixada para trás, parecia impossível imaginar algo mais sem vida.
O droide logístico de Stellan teve um prazer indevido em ativar o
protocolo de cápsula de materiais perigosos de uma câmara. O ar tinha
cheiro de esterilidade; o chiado fraco dos filtros atmosféricos vinha de todas
as direções. Droides de análise sofisticados zumbiam ao redor da mesa onde
estava a casca de Regald, fazendo leituras, mas Orla tinha certeza de que o
mistério do que havia acontecido ali não seria resolvido por meros dados.
As portas se abriram e Elzar Mann entrou, mais sério do que ela jamais
o vira.
— Esta não é a primeira vez, você sabe. — disse ele quando veio para o
lado dela. — Loden Greatstorm foi encontrado assim, embora a sua... casca,
como você quiser chamar, tenha virado cinzas ao primeiro toque.
— Esse tem mais substância — disse Orla. Ele tinha sido transportado
para a cápsula de materiais perigosos sem dificuldade. — Mas você tem
certeza de que é a mesma coisa?
Elzar assentiu.
— A questão permanece, o que diabos é isso? O que tem o poder de
fazer algo assim?
Orla vinha se perguntando isso. Apesar de não ter encontrado respostas
definitivas, chegou à próxima pergunta, ainda mais sinistra.
— A perturbação na Força. Você acredita que é a causa da morte de
Regald?
— Você saberia mais do que eu. — disse Elzar. — Até agora… bem, não
me afetou muito.
— É claro. — Orla não podia acreditar que não tinha percebido isso por
si mesma; então, novamente, nem ela nem os outros Jedi eram exatamente
eles mesmos, no momento. — Você não está invocando a Força da mesma
maneira que antes. Isso o protegeu, até certo ponto, protegeu você. Elzar
Mann, você pode ser nossa única esperança.
Elzar lhe lançou um olhar que parecia dizer "Qualquer coisa menos
isso". Ele não confiava totalmente em si mesmo novamente, então. Não
importa. Orla estava confiante de que Elzar enfrentaria quaisquer desafios
que eles enfrentassem.
Se ao menos pudesse se sentir tão segura de si mesma.
Orla tinha um forte domínio sobre seu medo; ele não a incomodava
muito desde os seus primeiros dias como Padawan, independentemente do
perigo em que se encontrara ao longo dos anos. No entanto, uma onda dele
a varreu enquanto pensava "Precisamos sair desta estação. Precisamos sair
daqui agora. Abram as portas da doca e embarquem nas naves junto com
seus pilotos. Os Nihil ainda podem estar lá fora, mas é melhor
enfrentarmos os Nihil do que... o que quer que seja. Pelo menos com os
Nihil, sabemos como lutar…
Respirou fundo, recuperando o controle. A sua expressão não vacilou
nem por um instante.
— Precisamos procurar novamente.
Elzar não parecia entusiasmado.
— A última busca acabou com Regald morto.
— Se não descobrirmos o que está fazendo isso e pararmos. —
respondeu Orla, — ele não será o último a morrer.

Quando Nan era muito pequena, quando os seus pais ainda estavam vivos,
eles compartilhavam um dos rituais de união da maioria das famílias que
viajam pelo espaço. Entre as suas poucas lembranças, estava a de estar
sentada no colo de seu pai enquanto ele lhe mostrava como reconectar um
conduíte básico, e a maneira como a sua mãe pairava por perto na primeira
vez em que Nan pegou um T-7 nas mãos. Aprender a consertar e modificar
a sua nave, a sua casa, era um rito de passagem para qualquer criança que
passasse a maior parte de sua vida entre as estrelas.
Quem poderia imaginar, pensou Nan enquanto trabalhava com a
maçarico de plasma, com faíscas voando ao seu redor, que eu acabaria
usando as minhas habilidades pra isso?
— Quase lá — disse Leyel. — Afaste-se e deixe-me terminar.
Nan, Chancey e os outros membros da equipe Nihil fizeram o que Leyel
pediu, permitindo que a mulher mais velha completasse o último corte.
Então Werrera, o Ithoriano, aplicou um grampo magnético e puxou a grande
placa de metal que eles cortaram do invólucro do núcleo. Painéis e peças
internas zumbiam e brilhavam com sinais destinados apenas aos
trabalhadores da manutenção. De onde estava, Nan não podia vislumbrar
mais do que isso, mas ela sabia que se eles olhassem para cima naquela
escuridão oca, eles teriam uma visão de toda a estação.
Cale, o Pau'ano, assentiu com satisfação.
— Quase na hora certa. Temos menos de uma hora para esperar.
— Se ao menos o Olho pudesse saber o quão bem isso foi. — disse
Leyel.
— Será óbvio pelos resultados. — O orgulho emanava de Cale; de toda
a equipe Nihil, na verdade.
Mas Chancey lançou um olhar para Nan, que entendeu
instantaneamente. Ele significava "Por que o Olho não saberia disso? Não
vão contar a ele como foi? É o grande plano dele, afinal."
Nan só conseguia pensar em uma razão pela qual a equipe não contaria a
Marchion Ro sobre isso: eles nunca teriam a chance.
Werrera tirou a mochila que estava usando o tempo todo e a deixou cair
no chão com um baque pesado. Quando foi aberta, Nan viu o que havia
dentro. O seu estômago apertou, e seu corpo ficou frio quando ela percebeu:
eram explosivos.

A imagem dos restos mortais de Regald Coll permaneceu na mente de Elzar


Mann, quase o cegando para o que o cercava. Após a terceira vez que quase
foi direto na direção de um droide, parou e se lembrou de seus
ensinamentos. O passado se foi. O futuro é apenas um sonho. O presente é
tudo.
Isso era o que Yoda diria, se estivesse aqui. Mas os ensinamentos de
Yoda poderiam guiar Elzar à serenidade mesmo em sua ausência.
E então, como se a Força estivesse provocando as suas ambições de
equilíbrio e harmonia, as comunicações da estação zumbiram com um
anúncio: “Nave da República Ataraxia solicitando permissão para
embarcar”.
A Ataraxia. A nave que transportava Avar Kriss.
Pelo menos isso encheu a sua mente com novas imagens, mesmo que
essas imagens fossem claramente inúteis: os cabelos dourados de Avar
caídos sobre o travesseiro, os seus olhos tão brilhantes quanto a joia que ela
usava na faixa de cabeça, seus dedos entrelaçados com os dele...
— Fique no presente — Elzar murmurou, se encorajando a seguir
adiante.
Durante o seu tempo em Ledalau, Orla havia dito a Elzar que se proteger
contra a escuridão era mais do que simplesmente evitar o excesso de medo
ou raiva. As emoções negativas podem ser esmagadoras às vezes, mas era
fácil nomeá-las pelo que eram. O perigo real, ela dissera, está naquelas
emoções que parecem positivas a princípio, mas que tomam conta de
nossas mentes e corações. Dê lugar a esses sentimentos, abrace-os e, antes
que você perceba, eles se transformam em algo muito mais prejudicial.
Elzar não conseguia rejeitar os seus sentimentos por Avar. Mas não
podia deixar esses sentimentos se tornarem venenosos. Essa seria a traição
final, da bondade de Avar, de suas emoções, de cada memória que eles
fizeram juntos.
— Fique firme — disse a si mesmo, e parecia que havia recuperado o
equilíbrio.
Mas se tornaria escasso por um tempo. Não vale a pena tentar a sorte.

Depois que JJ-5145 terminou de configurar o pod de materiais perigosos,


Stellan descobriu que era impossível protelar mais.
— Você apreciará muito a eficiência e limpeza do escritório do novo
oficial. — Insistiu o droide. — Além disso, organizei todos os
equipamentos e móveis em um estilo minimalista da moda.
Se havia alguma coisa na galáxia com a qual Stellan se importava menos
do que ter um escritório elegante, não tinha certeza do que poderia ser.
Ainda assim, inspecionar os esforços do droide era uma tarefa que se sentia
à altura, então acompanhou JJ-5145 até o nível da estação que abrigava as
docas e o que havia sido, até recentemente, o escritório do intendente.
— O que você acha? — JJ-5145 girou em sua base, claramente ansioso
por aprovação. — Não atenderá a todas as suas necessidades?
—Eu… acredito que sim. — Contra as suas expectativas, Stellan ficou
impressionado. Embora o escritório do intendente fosse apenas uma fração
do tamanho da Central, JJ-5145 conseguiu configurar matrizes com leituras
que forneciam atualizações constantes em todos os principais sistemas da
estação. Sua cadeira parecia quase o assento do piloto de uma nave pequena
e hiper eficiente, com tudo o que ele poderia precisar ao alcance do braço. E
um móbile decorativo pendurado em um canto. — Você fez um trabalho
incrível aqui, Quatrocinco. Obrigado.
— Foi um grande prazer! — JJ-5145 chiou. — Que outras tarefas posso
realizar para você? Se não houver assuntos importantes da estação para
atender, posso ajudar com as suas necessidades pessoais. A sua roupa exige
organização?
Stellan não pretendia ter um droide fuçando em sua gaveta de meias e
teria dito isso se o anúncio do comunicador não o tivesse interrompido.
— A Ataraxia? — ele disse, em um espanto indesejável. Como se eles já
não tivessem problemas o suficiente para se preocupar, Avar decidiu
abandonar a sua busca obsessiva para capturar o Olho dos Nihil apenas o
tempo suficiente para fazer uma visita?
Talvez outros membros do Conselho a tivessem informado de que ela
não era mais a oficial do Farol Luz Estelar, e estava aqui para protestar. Ou
talvez ela ainda não soubesse. Se fosse esse o caso, ela teria um rude
despertar. Stellan não hesitaria em fornecer um.
Orgulho, este é o seu orgulho falando com você e é indigno, repudie-o.
Esse poder desconhecido a bordo da estação está me esgotando da
capacidade de sentir quase tudo.
Orgulho é a última emoção que me resta.
E se desmoronasse durante esta crise, não teria nem isso.
Stellan se recompôs o máximo possível e acenou com a cabeça para o
técnico de comunicações.
— Pode passar.
— Farol, aqui é a Ataraxia. Entre, por favor.
O holograma ganhou vida diante dele, revelando Avar Kriss, com os
cabelos dourados envolvendo seu rosto como se ela brilhasse.
— Aqui é o Farol — Stellan respondeu.
A primeira reação dela foi franzir a testa.
— Stellan… eu… está tudo bem? Onde está Maru?
Eu devo parecer ainda pior do que me sinto, ele pensou.
— Atendendo aos seus deveres na Central. Acabei de começar a operar
no escritório do intendente.
A carranca de Avar se aprofundou.
— Operando em que capacidade?
— Como o oficial do Farol Luz Estelar.
Dizer isso foi tão gratificante quanto não deveria ter sido. Os olhos dela
se arregalaram. Avar teria ficado menos chocada se tivesse se aproximado e
lhe dado um tapa.
(O que não faria, o que nunca faria, por que estava tendo esses
pensamentos, onde estava a Força para guiá-lo?)
Ela se recompôs rapidamente, no entanto.
— Você quer dizer, até eu voltar.
— Quero dizer, permanentemente. Nós avisamos a você, Avar. Eu avisei
você, e mesmo assim você abandonou o seu posto…
— Abandonei? — Avar disse, cortando-o. — Stellan, você não pode
estar falando sério.
Era muito bom desafiá-la.
— Você abandonou o seu posto, desafiando o Conselho, e para quê?
Uma caçada selvagem a um mynock.
— Stellan, você precisa me ouvir. — Avar permaneceu destemida. — A
"caçada selvagem ao mynock" foi um sucesso. Nós temos...
Um estrondo sacudiu as paredes, o chão, o próprio Stellan, tudo. As
luzes piscaram; o holograma de Avar desapareceu. As reverberações
continuaram, sem parar, como se estivessem ao lado do planeta em uma
tremenda tempestade.
Algo deu errado, Stellan percebeu. Alguma coisa explodiu.

Na torre médica, o solavanco fez com que Bell se esparramasse; ele mal
conseguiu se apoiar na lateral da cama de Mestra Indeera.
— O que é que foi isso? — gritou um dos pacientes, ecoado pelo
gemido alarmado de Burryaga. Ember rastejou para o lado dele, com o rabo
entre as pernas.
— Eles vão nos dizer — disse Bell, tão tranquilizador quanto ele
conseguiu. — Provavelmente haverá um anúncio muito em breve. Em
poucos segundos.
Assim que ele falou, as luzes piscaram, deixando a enfermaria em uma
escuridão quase total.

Koley Linn bateu de lado em sua nave com tanta força que foi como se ela
o tivesse atingido. Conseguiu ficar de pé, no entanto, o que era mais do que
poderia ser dito da maioria das pessoas na doca. Gritos de consternação e
alarme se ergueram de todos os lados.
Preciso sair daqui o mais rápido possível, pensou ele, e estou preso
nessa maldita coisa.

Os ouvidos de Elzar Mann ressoavam com a explosão enquanto se apoiava


na parede do corredor. Seu primeiro pensamento foi que algo havia
acontecido com a Ataraxia, mas isso não fazia sentido. A vibração sob os
seus pés lhe dizia que a explosão estava muito mais próxima e que o Farol
havia sofrido danos consideráveis.
O seu comunicador pessoal não estava captando nada no momento. A
parede ao lado dele mantinha um painel de comunicação de fácil acesso;
talvez ainda tivesse uma boa conexão? Elzar cambaleou até ele.
— Stellan? O que aconteceu?
Nenhuma resposta do escritório do intendente.
Stellan ainda não teria todas as informações, decidiu Elzar ao ligar para
a Central.
— Maru? É Elzar Mann. O que está acontecendo?
Nenhuma resposta.
As comunicações estavam desligadas, o que significava que, no
momento, cada pessoa nesta estação estava por conta própria.

Affie Hollow se levantou do chão da Embarcação com a ajuda da mão de


Leox. As cartas de sabacc de seu jogo se espalharam pelo chão. O seu
primeiro instinto foi chamar Geode, para dizer a ele que havia um
problema, mas percebeu, que nem mesmo Geode poderia dormir com isso.
Ele estaria lá em breve.
— Uma das naves na doca explodiu? — Affie se perguntou se eles
conseguiriam vê-la da cabine.
— Acho que não — disse Leox. Sua expressão estava estranhamente
sombria. — Teríamos ouvido destroços contra o casco e os sistemas de
supressão de incêndio estariam funcionando como loucos.
— O que mais a bordo desta estação poderia explodir assim?
O seu estômago despencou quando Leox respondeu:
— Deve ser a própria estação.

Foi preciso todo o talento considerável de Orla Jareni na Força para


permanecer de pé quando a explosão ondulou pela estação e as luzes em
seus aposentos piscaram quase até apagar. Esperou pelo aperto em seus
ouvidos que sinalizaria descompressão, o que obviamente seria seguido por
sua morte rápida e dolorosa, junto com a morte de todos a bordo do Farol.
Quinze segundos se passaram. O aperto não veio. Ainda não estou
morta, pensou Orla, o que significa que temos trabalho a fazer.

Nan tossiu, rastejando pelo chão para longe da fumaça espessa. Chancey
estava ao lado dela, e parecia que o resto da equipe Nihil estava bem atrás
dela. Todos eles sobreviveram, então. Mas Nan não tinha certeza do quanto
isso lhes fazia bem.
O núcleo da estação havia sido maciça e permanentemente
comprometido. Nan podia sentir a instabilidade, a mudança sutil que
tornava o chão instável sob os seus pés. Já tinha andado em muitas naves
remendadas para não saber quando uma estrutura estava prestes a
desmoronar. O Farol Luz Estelar estava em perigo disso agora.
A teia de reforço da gravidade que unia a estação e orientava todos a
bordo com uma sensação de “para cima” e “para baixo” estava vacilando.
Nan percebeu que o verdadeiro “baixo” estava caindo alguns graus. A
estrutura invisível e tensa que mantinha a estação unida começava a ficar
frouxa.
Assim que chegaram a um corredor menos enfumaçado, todos se
levantaram. Enquanto Nan limpava a fuligem do rosto e das mãos, esperava
ouvir o medo e o arrependimento da equipe Nihil. Eles tinham usado
explosivos demais, com certeza. Ou detonado no local errado.
Mas não. Eles estavam sorrindo. Eles estavam contentes.
Chancey não pareceu nem um pouco surpresa.
— Digam que vocês têm um jeito de sair desta estação.
Cale balançou a cabeça.
— Se pudéssemos escapar, outros também poderiam. Isso iria arruinar o
plano do Olho.
— Não precisamos de mais nada. — acrescentou Leyel. — Concluímos
o trabalho dele. A galáxia verá isso e finalmente entenderá o poder dos
Nihil.
Nan já havia se perguntado antes, mas finalmente entendeu: aquela era
uma missão suicida.
A estação ia ser destruída e Nan morreria com ela, assim como todos os
outros a bordo do Farol Luz Estelar.
bordo da Olhar Elétrico, a notícia veio como um simples
A toque de comunicação, um que poderia significar nada mais do que uma
distante Nuvem fazendo contato. Mas esta era a hora que Marchion Ro
tinha decretado, e, ao que parece, a sua equipe tinha atendido às suas
expectativas.
Levantou-se da cadeira do capitão, o que significou desalojar Ghirra
Starros de seu colo. Rindo, ela disse:
— Não há ninguém a bordo da sua nave? Você precisa de alguém por
perto para cuidar de coisas assim para você. Achei que era para isso que
aquela Ferr servia.
Marchion não abordou a questão de quem mais estava a bordo de sua
nave. Starros entenderia com o tempo e ele lidaria com a reação dela, ou
não, mais tarde. Ouvir esta comunicação era muito mais urgente.
Assim que ele alcançou o console, Thaya Ferr entrou correndo. Starros
deu um pequeno bufo de irritação. Ro não prestou atenção em nenhuma
delas.
Ele mesmo apertou o interruptor. Todas as telas a bordo se iluminam
com a comunicação de texto simples e automatizada: Uma explosão
danificou o núcleo da estação Farol Luz Estelar. Todos os sistemas
respondem conforme previsto.
— Nós fizemos isso, então. — Starros, com grande e óbvio esforço,
parecia alegre. — Você conseguiu. Enquanto Lourna Dee e todos os outros
Executores da Tempestade estão perseguindo as suas próprias preocupações
egoístas, correndo atrás da glória, você atingiu o coração do inimigo.
— E tirei sangue. — disse Ro, antes de se virar para Thaya Ferr. —
Continue monitorando esse canal.
Ghirra Starros interrompeu.
— Vai ter mais? — O seu rosto parecia pálido.
— Muito mais — disse Ro. Ela não compreendia completamente o que
tinha feito? Só um tolo não compreenderia. Mas Starros era, sem dúvida,
como a maioria dos seres: capaz de uma negação considerável quando se
tratava do mal que poderia fazer. Ele nunca precisara de tal auto engano.
Deixe-a encarar a verdade do que tinha forjado. — Veja, nós poderíamos ter
detonado o tipo de dispositivo que destruiria o Farol instantaneamente.
Colocá-lo a bordo teria sido mais difícil… mas, com nossas informações,
não seria impossível. No entanto, isso teria arruinado o propósito. A galáxia
inteira deve ver isso. Eles devem ver isso acontecer. Eles devem conhecer o
verdadeiro poder dos Nihil.

Stellan Gios não sabia se a perturbação na Força a bordo do Farol havia


sido destruída na explosão, ou se finalmente tinha superado os efeitos da
insônia, ou se as demandas imediatas de uma crise o tinham ajudado a tirar
o estupor que essa perturbação havia criado. Independentemente disso,
agora podia se concentrar novamente, e bem quando a estação mais
precisava dele.
Elzar o alcançou minutos após a explosão, com Nib Assek o seguindo.
Ela parecia amarrotada, não pior, mas tinha um pequeno arranhão ao longo
de uma bochecha que não estava lá no início do dia.
— O que está acontecendo?
— Nenhuma informação sólida ainda. — disse Stellan, vestindo seu
manto enquanto se apressava para sair do escritório do intendente em
direção aos elevadores mais próximos. Elzar deu um passo ao lado dele. —
As comunicações internas estão inoperantes. Os droides não são capazes de
obter informações de todo o sistema. Droga, nós nem sabemos se isso foi
uma falha interna do sistema ou uma bomba.
— Aposto na bomba — respondeu Elzar.
Esse era o palpite de Stellan também, o que significava que eles tinham
o problema adicional de sabotadores a bordo.
— A especulação não nos ajudará tanto quanto obter os fatos reais sobre
o que deu errado. — disse ele — Assim que chegarmos à Central, devemos
ser capazes de obter uma imagem melhor da situação geral.
No entanto, os primeiros elevadores que eles tentaram não estavam
funcionando. Nem os próximos. A julgar pelos murmúrios de consternação
que Stellan ouviu de todos os grupos que encontrou ao longo do caminho,
mais e mais à medida que avançavam, todos os elevadores do Farol ficaram
inoperantes, como precaução contra sistemas de integridade internos
vacilantes. O próximo passo óbvio seria pegar um dos poços de
manutenção; aquela seria uma longa subida, tempo que Stellan desejava não
ter que perder, mas pelo menos poderia ser feito.
Ou assim pensou, até que os três olharam para o túnel de manutenção e
viram o escudo de raios brilhante bem acima; um que estava segurando
ondas brilhantes de radiação. Uma olhada para baixo revelou que outro
escudo de raios também havia sido gerado automaticamente vários níveis
abaixo deles.
— Esses escudos percorrem todo o caminho pela estação? — perguntou
Nib.
Elzar suspirou.
— Se sim, estamos presos aqui.
Stellan se sentiu quase em chamas com a necessidade de chegar à
Central; a nova configuração no escritório do intendente parecia
abrangente, e ainda assim ele teria preferido não arriscar. Mas reuniu toda a
sua paciência.
— Vamos falar com a Central, então. Alguns dos painéis de
comunicação estão danificados, mas certamente não estão todos offline. Se
eu conheço Maru, ele provavelmente já analisou todos os danos e
apresentou listas de prós e contras para cada solução possível. — Isso lhe
rendeu um sorriso duro de Elzar e um sorriso real de Nib.
Mas esses sorrisos desapareceram enquanto eles tentaram um
comunicador após o outro, sem sucesso.
— Isto é impossível! — disse Stellan. — Existem bancos independentes
de energia e sinal para comunicações em toda a estação. Nenhuma explosão
deveria ser capaz de derrubá-los enquanto a estação permanecer intacta.
Nib parecia séria.
— E se eles não estiverem quebrados? E se eles estiverem sendo
bloqueados?
Assim que Nib falou, Stellan soube que ela havia descoberto a verdade.
— Sabotadores, então. Eles não apenas nos atingiram com um
dispositivo explosivo, mas também nos impediram de pedir ajuda, até
mesmo de conversar uns com os outros. O que mais eles podem ter feito?
Com uma careta, Elzar disse:
— Tenho a sensação de que vamos descobrir.
JJ-5145, que estava silenciosamente fazendo análises, falou.
— No mínimo, eles sabotaram os pods de fuga.
— O que? — Elzar disse bruscamente. — Quantos?
— A energia dos pods de fuga foi cortada, aparentemente de modo
permanente — disse JJ-5145. — Cada pod individual exigiria a sua própria
célula de energia, com força suficiente para ser lançada de forma completa
e independente. Não mantemos um suprimento de células tão fortes a bordo
do Farol.
— Tudo bem, então — disse Stellan, projetando mais confiança do que
sentia. — Sem pods de fuga. Temos que encontrar uma maneira de abrir as
portas da doca para deixar todo mundo sair. Então vamos começar com
isso.
Quando os outros se foram, e não podiam mais vê-lo vacilar, Stellan se
encostou na parede mais próxima para se recompor. Pelo menos a
perturbação na Força acabou, ele lembrou a si mesmo. Qualquer que
tenha sido a causa, os sabotadores devem tê-la destruído completamente.

A causa não tinha sido destruída. Na verdade, agora estava em movimento.


Os danos da explosão eram maiores dentro do compartimento de carga
do que em muitas outras áreas, devido tanto à proximidade com a própria
explosão quanto à ressonância percussiva que se espalhou por tantos
contêineres e naves de carga soltos. Enquanto algumas naves permaneceram
intactas e em boas condições, outras foram derrubadas ou jogadas umas
contra as outras.
Uma nave, a que foi trazida para o Farol por Cale, Leyel e Werrera,
parecia ter sido de alguma forma rachada pela força da explosão. Na
verdade, a trava em seu porão de carga tinha sido liberada, como foi
programada para fazer, após detectar um choque sísmico extremo.
Não demorou muito para sua carga perceber que finalmente estava livre.

— Aqui é Bell Zettifar chamando a Central... qualquer pessoa que possa


estar verificando nossas comunicações... alguém? — Bell vinha repetindo
variações sobre isso por alguns minutos, mas finalmente desistiu. As
comunicações estavam inoperantes no momento, e seu tempo seria melhor
gasto ajudando na torre médica.
As ondas de choque neste local foram intensas. Os pacientes foram
jogados para fora de suas camas; droides enfermeiro colidiram com as
paredes. Burryaga havia atribuído a si mesmo a tarefa de corrigir os itens
mais pesados, o que deixava Bell para consolar e verificar as pessoas o
máximo possível.
Levou um momento extra ao lado da cama de sua Mestra. A condição de
Indeera permanecia estável. Apesar de ainda não ter ideia do que
exatamente aconteceu com ela, Bell estava cada vez mais convencido de
que ela poderia sobreviver, mas apenas se eles fossem capazes de mantê-la
estável por tempo suficiente para que ela se curasse. Essa era uma coisa
difícil de lidar enquanto trabalhava apenas com luzes de emergência para
orientação. Ainda assim, mesmo sem falar com o resto da estação, ele sabia
que muitos Jedi e oficiais da República estavam trabalhando duro para
consertar o que tinha dado errado.
Bell então se ajoelhou no chão. Debaixo da cama de Mestra Indeera,
Ember estava enrolada em uma bola, com o rabo enfiado entre as pernas.
Charhounds não gostavam de grandes barulhos assustadores. Bell não os
culpava.
— Está tudo bem, garota. — ele murmurou, acariciando seu pelo quente.
— Acho que o pior já passou.
Em seguida, ele foi para o lado de Burryaga para ver se precisava de
ajuda. O Wookiee, o qual estava bem-humorado, apontou que Bell tinha
esperado para fazer isso até que todas as coisas mais pesadas já tivessem
sido movidas.
Bell fez uma careta, então voltou aos negócios.
— Ouça, as comunicações ainda estão inativas. Devemos enviar um
droide à Central para obter informações? Ou devo ir sozinho? Parece que
mandar alguém é a única maneira de descobrirmos o que aconteceu. É
como nos velhos tempos de mensageiro da fronteira novamente.
Burryaga balançou a cabeça, rosnando enquanto explicava que havia
tentado ir buscar ajuda imediatamente após a explosão, mas tinha ido direto
para uma câmara de ar que não se abriu. Qualquer um que já tivesse viajado
no espaço sabia: era altamente imprudente explodir uma trava de ar
complicada, porque havia uma boa chance de que a trava de ar estivesse
presa por um bom motivo, ou seja, manter o vácuo do espaço de gelar os
ossos.
A realidade afundou, pesada nos ombros de Bell.
— Em outras palavras — disse ele, — estamos presos.

Naquele momento, embora praticamente ninguém mais no Farol soubesse,


Avar Kriss e um punhado de outros que chegaram na Ataraxia estavam
embarcando na estação. Até isso exigiu uma ingenuidade considerável, pois
eles não conseguiram sinalizar para que nenhuma das portas da doca se
abrisse. Os Jedi foram deixados para esculpir o casco externo da estação
com os seus sabres de luz, graças ao poderoso selo dentro do
compartimento estanque da Ataraxia.
— A junção do meio está inundada de radiação! — avisou
Nooranbakarakana, enquanto Avar caminhava pelos corredores, com a
intenção de chegar à Central. — As metades superior e inferior da estação
estão quase totalmente separadas uma da outra. Os elementos condutores
projetados para transmitir energia por toda a estação agora servem como
condutores de radiação, com limitadores e campos de amortecimento
destinados a evitar que essa cascata seja sobrecarregada. Se isso foi um
acidente, foi um profundamente infeliz.
Nooranbakarakana não achava que foi um acidente. Avar conseguia
perceber. Também não achava que fosse acidental.
Fez uma pausa, considerou e decidiu.
— No momento, dedicamos as nossas energias a ajudar aqui na metade
superior da estação. Depois de fazermos isso, talvez possamos encontrar
uma maneira de conectar as duas.
(Certos seres estavam atravessando a divisa naquele exato momento;
seres incapazes de entender que a radiação devastadora iria trabalhar em
seus corpos dentro de alguns dias. Eles não entendiam nada além de sua
fome terrível e o desespero para se alimentar.)
Enquanto Avar continuava resolutamente em seu caminho em direção à
Central, viu-se compelida a alcançar Stellan Gios, se possível. Ele assumiu
a posição dela como oficial, roubou-a dela, enquanto estava tentando salvar
a galáxia da ameaça dos Nihil capturando a sua líder. E qual foi o resultado?
Isto. Stellan não estava encarregado do Farol por um mês antes do desastre
acontecer.
Apesar dessa compulsão, não conseguia deixar de pensar em Elzar
Mann também. Ele ficaria do lado dela. Talvez ele pudesse até fazer Stellan
entender. A sua lealdade, isso era algo que Avar nunca teve que questionar.
Os seus passos aceleraram. Encontraria no em cima, ou ele estava na
metade inferior da estação, preso do outro lado da barreira entre eles?
Onde quer que estivesse, quem quer que estivesse com ele, Avar tinha
certeza de que Elzar estaria lutando tanto quanto ela para salvar a todos.

Avar está bem? A Ataraxia foi afetada pela explosão?


Depois daquele momento repentino e penetrante de preocupação com
Avar, Elzar se obrigou a deixar essas preocupações de lado. Não podia se
concentrar em seu medo por uma vida e ainda fazer o possível para proteger
todas as muitas vidas atualmente em risco no Farol Luz Estelar.
Enquanto trabalhava no painel de comunicação mais próximo do
escritório do intendente, na esperança de restaurar algum fragmento de
sinal, uma figura de branco apareceu na penumbra da luz de emergência:
Orla Jareni, preocupada, mas calma.
— Estou supondo que você esteja tão isolado quanto todo mundo? —
disse ela.
— Parece que sim. — respondeu Elzar, olhando-a de cima a baixo. —
Você nunca vai explicar como mantém essas vestes brancas imaculadas,
mesmo através de explosões?
— Não. Agora pare de brincar e me conte.
Elzar disse a ela o pouco que podia, levando às últimas e piores notícias.
— A capacidade dos astromecânicos de obter dados está severamente
limitada, mas com base nas leituras que temos, parece que as metades
superior e inferior da estação estão quase inacessíveis uma à outra, e a
união entre as metades foi estruturalmente comprometida. Pode não
aguentar. Neste momento só podemos chegar à torre médica. Todo o resto
acima está fora dos limites.
Orla assentiu enquanto o observava.
— Enquanto as duas metades permanecerem herméticas, ainda é algo
que pode ser consertado.
Como você reúne duas metades de uma estação espacial? Sem dúvida,
haviam engenheiros da República que poderiam fazer isso, com tempo e
material, mas Elzar esperava que eles não precisassem descobrir.
Stellan saiu de seu escritório, abatido, mas concentrado.
— Alguma sorte? — Elzar balançou a cabeça. — Então acho que
precisamos assumir o pior cenário e agir de acordo.
— O que significa que uma de nossas primeiras prioridades deve ser
tirar as naves de refugiados desta estação — disse Orla.
— Exatamente — disse Stellan. — Elzar, Orla, estou colocando vocês
no comando disso. Nem todas as naves estão em condições de ir para o
espaço ainda, mas as que estão precisam se preparar para decolar dentro de
uma hora.
Vai ser um caos, pensou Elzar, mas tinha a sensação de que mesmo os
pilotos menos cooperativos seguiriam o plano se isso significasse que
poderiam sair mais rápido do Farol.

— Não estamos em grande forma, mas podemos voar para fora daqui,
vamos até Eiram. — disse Leox Gyasi enquanto ele e Affie começavam a
passar pelas verificações pré voo. Geode já estava sentado na navegação,
firme apesar do caos. — Pode ser um caroço de planeta no meio do nada,
mas tem ar respirável. O Farol Luz Estelar pode não ser capaz de dizer o
mesmo em pouco tempo.
Affie parecia aflita.
— Circulação de ar... é claro, isso também é alimentado. Quanto tempo
você acha que eles podem aguentar?
— Depende do dano, alguns dias, talvez? — Leox sabia que a ideia de
deixar para trás pessoas em perigo deixaria Affie ainda mais chateada, então
acrescentou. — A melhor coisa que podemos fazer por eles é ir embora.
Quanto mais pessoas saírem daqui, mais ar respirável sobra para os que
ainda estão na estação.
Da cabine, viu um astromecânico aparecer; segundos depois, o local de
decolagem e as coordenadas apareceram nos controles. Affie respirou
aliviada.
— Estamos na primeira onda.
— Viu? A sorte da estação pode ter acabado, mas a nossa ainda está
aguentando. — Leox ligou os motores; a Embarcação zumbiu para a vida.
No console começou a contagem regressiva para a janela de decolagem.
As suas mãos estavam tensas nos controles, prontas para levá-los a voar
no instante em que as portas da doca se abrissem. Aquelas portas, para
mantê-los seguros em caso de hostilidades ou desastres, agora eram apenas
as barras em sua jaula. Leox não ficaria triste em ver a última delas. Ele
contou os últimos momentos silenciosamente em sua cabeça: três, dois, um.
As portas não abriram.
Talvez os droides não estivessem em perfeita sincronia: o que não
surpreende, dada a situação caótica. Mas com o passar dos segundos, o
estômago de Leox começou a apertar e as portas do compartimento
permaneceram fechadas.
— Elas deveriam abrir. — disse Affie. — Os problemas com a fonte de
energia não deveriam importar. As portas do compartimento do Farol Luz
Estelar têm suas próprias fontes de energia de emergência independentes, a
Orla me disse isso. Elas devem funcionar, não importa o motivo!
— Elas deveriam, — Leox concordou. — Mas, aparentemente, não
estão.
Geode ficou muito quieto. Affie sussurrou:
— Você quer dizer que estamos presos aqui?
Leox desejou poder deixar mais fácil para ela, mas não gostava de
mentir.
— Estamos presos.

Conectar um grupo de astromecânicos em rede era um substituto ruim para


um centro de comando adequado, mas pelo menos eles tinham isso, e
Stellan estava grato. Combinados com os esforços anteriores de JJ-5145,
eles estavam produzindo um nível de análise que a própria Central acharia
difícil de igualar. Quando os dados finalmente começaram a chegar, ele,
Elzar, Nib e Orla se reuniram para os estudar.
— Eles são capazes de obter a nossa posição através dos satélites de
Eiram? — Nib murmurou.
Stellan assentiu.
— Mais ou menos.
— Deixe-me adivinhar — disse Orla. — Não estamos onde deveríamos
estar.
— Não parece que não. — A voz de Elzar soou estranha. Provavelmente
porque tinha acabado de olhar para o fluxo de dados que Stellan estava
estudando, aquele que estava rastreando a posição do Farol em tempo real.
Essa posição estava mudando a cada momento. — E parece que estamos
ficando ainda mais longe dos trilhos.
A essa altura, Elzar deve ter percebido a verdade. Talvez simplesmente
não quisesse dizer em voz alta. Ou talvez Stellan realmente fosse o único
que já tinha visto.
Mas não poderia ser escondida por muito tempo.
— A mudança em nossa posição está se acelerando lentamente — disse
Stellan. — Isso não aconteceria se nosso movimento fosse puramente
resultado da explosão.
Os olhos de Nib se arregalaram. Orla pôs uma mão no peito enquanto
dizia:
— Você quer dizer… que nós estamos caindo na atração gravitacional
do planeta.
— E sem o controle de nossos propulsores posicionais, não temos como
nos libertar disso, — acrescentou Elzar. Os seus olhos encontraram os de
Stellan em mútua e terrível compreensão.
Stellan se obrigou a dizer:
— Esta estação vai cair.
E les estão literalmente sentados e esperando para
morrer, Nan pensou.
A equipe Nihil considerou o seu trabalho concluído. Com as suas vidas
concluídas. Embora tivessem acompanhado Nan e Chancey enquanto
fugiam da área desconfortavelmente enfumaçada perto da explosão, assim
que o grupo chegou a um corredor limpo, qualquer sensação de urgência
desapareceu. Werrera e Leyel sentaram-se no chão, enquanto Cale se
recostou na parede com todo o contentamento de um artesão que acaba de
terminar uma criação importante.
Chancey limpou a fuligem do rosto.
— Sugiro que vocês encontrem outro lugar para relaxar. Eles terão uma
equipe aqui em minutos.
— Duvido — respondeu Cale. — Nossos preparativos duraram dias, e
garanto a você, nós cuidamos de tudo. De uma forma ou de outra,
comprometemos todos os sistemas desta estação, exceto os mais obscuros:
sistemas de entretenimento, sistemas de apoio para modernização e
similares. Assumimos as comunicações. Desligamos células de energia
independentes. Até fechamos os elevadores. Viajar pela estação será difícil,
se não impossível, e os Jedi e a República estarão muito ocupados se
mantendo vivos para se preocupar com a causa da explosão.
— Não para sempre — Nan retrucou. — Mais cedo ou mais tarde, eles
virão atrás de nós.
Leyel riu alto. Cale balançou a cabeça, astuto e satisfeito, enquanto
dizia:
— Mais cedo? Eles têm problemas maiores. Mais tarde? Não há mais
tarde.
Nan e Chancey trocaram olhares. Aquele olhar rápido foi o suficiente
para dizer a Nan que sim, Chancey acreditava na equipe Nihil. Eles
poderiam não ter realmente desferido um golpe fatal no Farol Luz Estelar,
mas certamente acreditavam que tinham.
O que significava que era hora de dar o fora daqui.
— Obrigado pela fuga da prisão — disse Chancey. — Se vocês não se
importam, acho que é hora de nos separarmos, tanto de vocês quanto desta
estação.
Cale fez uma reverência.
— Obrigado pela sua ajuda. Não poderíamos... bem, não. Nós
poderíamos ter feito isso sem vocês. Mas vocês nos ajudaram a fazer mais
rápido.
Eu acelerei um desastre que pode nos matar, pensou Nan. Vou-me.
Ela e Chancey correram pelo corredor, colocando distância entre elas e
os Nihil o mais rápido que podiam. Mas ainda ouviu Leyel chamando por
elas:
— Vocês não vão sair desta estação tão cedo... e nem mais ninguém.

O escritório do intendente, brevemente o centro calmo, ordenado e


“elegantemente minimalista” da autoridade de Stellan Gios no Farol Luz
Estelar, agora parecia a oficina de um droide.
Mais e mais astromecânicos chegavam para se juntar ao grupo que havia
sido conectado em rede para compensar a perda da Central. Mas isso não
era nada como a linha de vida droide apressadamente unida que se mostrou
tão essencial para conter as consequências do Grande Desastre do
Hiperespaço; graças aos esforços avançados de JJ-5145, eles formaram uma
matriz eficiente e bem ordenada. Eles não tinham o mesmo nível de poder
computacional, já que a Central e suas entradas eram limitadas às poucas
conexões danificadas que podiam ser estabelecidas a partir do escritório do
intendente. Ainda assim, era melhor do que a alternativa... ou seja, que
nada.
Stellan se debruçou sobre os dados dos astromecânicos vinculados,
analisando o que eles conseguiram coletar nas últimas horas de operações
da estação. Embora essa informação estivesse espalhada até agora, ele
finalmente havia detectado o padrão: desligamentos de vários sistemas de
alerta, seguidos por interrupções nas áreas que esses sistemas deveriam
proteger. Algumas dessas interrupções foram tão pequenas que Stellan mal
podia acreditar que alguém se daria ao trabalho. Mas, no geral, os esforços
de sabotagem resultaram em uma estação gravemente ferida que foi
roubada de sua capacidade de catalogar completamente seus próprios
danos, muito menos compensá-los.
Um desvio em particular chamou a sua atenção.
— A cela... todos os sistemas naquela área foram desligados algumas
horas antes. — Ele colocou uma mão na testa, como se pudesse afastar a
dor de cabeça que estava se formando. — Eu diria para você checar as
prisioneiras, Elzar, mas tenho quase certeza de que elas não estão mais
presas.
Elzar considerou isso.
— Nan, pelo menos, estava conectada com os Nihil. Ela era uma ex-
membro, e uma que deixou as suas fileiras muito recentemente. Isso não
sugere que estamos lidando com sabotagem Nihil?
— Provavelmente. — Stellan concordou. Era possível que o sabotador
tivesse simplesmente soltado as prisioneiras para aumentar o caos geral na
estação; mas quem mais tinha tanto ódio pela República? Quem mais havia
mostrado tal padrão de hostilidade e agressão em relação aos Jedi?
Não, isso era trabalho dos Nihil, e Stellan não tinha visto até que fosse
tarde demais. Por que a Força não o avisou? Por que todos os Jedi a bordo
do Farol não estavam em alerta?
Por causa da estranha distorção na Força que todos sentiam. De alguma
forma, sua capacidade de prever o perigo fora removida assim que o perigo
se tornou mais agudo. Os Nihil eram responsáveis por isso? Se sim, como?
Orla Jareni escolheu este momento para interpor:
— Quem fez isso não importa tanto no momento quanto o que vamos
fazer a respeito.
Elzar apontou para os astromecânicos que produziam dados
obstinadamente.
— É isso que estamos tentando descobrir. Não há muito mais que
possamos fazer além de ajudar os feridos...
— Mas podemos dar a verdade às pessoas a bordo — disse Orla. — Eles
merecem saber que as suas vidas estão em perigo.
Stellan a encarou com um olhar duro.
— Se dissermos isso a eles antes de descobrirmos como ajudá-los a
escapar, tudo o que faremos é começar um pânico. — Koley Linn passou
por sua mente, argumentativo e zangado. — Se eu conhecesse mais desses
pilotos, se eu pudesse prever as suas reações, saber que eles permaneceriam
razoáveis e calmos, sim, eu concordaria, deveríamos contar a eles. Mas não
conheço todos eles, e alguns dos que conheci já provaram ser difíceis na
melhor das hipóteses. Basta um pavio curto no grupo para fazer toda a
situação explodir, e eu garanto a você, temos pelo menos um a bordo.
Orla não parecia convencida.
— Se esses pavios curtos descobrirem o perigo por conta própria, o
pânico será dez vezes pior.
— Se precisamos de tudo isso para obter os dados. — destacou Stellan,
referindo-se à dúzia de astromecânicos piscando e apitando ao redor deles,
— ninguém lá fora tem chance de descobrir.

Leox Gyasi estava em uma das poucas janelas da doca, um pequeno espaço
retangular bem ao nível de seus olhos. Olhava através do visor do
dispositivo de madeira e metal que segurava nas mãos, ajustando
cuidadosamente os pequenos espelhos em sua moldura.
— O que é essa coisa? — Affie perguntou. Ela parou ao lado de seu
ombro, principalmente por falta de mais alguma coisa para fazer.
— É um sextante astrométrico.
— Parece algo saído de um museu.
— É mais provável que você encontre um em um museu do que na
maioria das espaçonaves hoje em dia — concordou Leox. — Eu, às vezes,
prefiro fazer as coisas à moda antiga. Principalmente para se conectar com
os ancestrais, para entender como eles encontraram o seu caminho em uma
vasta e caótica galáxia, mas nas raras ocasiões em que todas as nossas
maravilhas tecnológicas atuais falham, como de fato aconteceu hoje,
ferramentas antigas podem ser muito úteis.
Esperava que isso pudesse distrair Affie por um tempo, fazer com que
ela começasse algumas de suas provocações sobre as suas “antiguidades”.
Em vez disso, ela disse:
— Mas o que exatamente você está fazendo à moda antiga?
Deveria saber que a Pequenina não me deixaria tão facilmente, Leox
pensou.
— Estou medindo as distâncias relativas entre as estrelas e o horizonte
de Eiram.
— A única razão para fazer isso seria se você achasse que nossa
localização está mudando. Mudando em relação a Eiram.
— Você entendeu de primeira.
— Mas o que isso importa? — Affie perguntou. — A explosão só
poderia ter derrubado o Farol por tanto, e não poderíamos estar nos
movendo muito rápido apenas com a força dela.
Leox verificou novamente a sua quarta leitura dos últimos dez minutos,
aceitou a verdade e baixou o sextante para poder olhá-la nos olhos.
— Outras forças estão entrando em jogo, especificamente, a gravidade
de Eiram.
Era horrível ver a percepção se instalando, o pavor no rosto jovem dela.
— Você quer dizer que a estação está caindo.
— Temos um longo caminho a percorrer ainda — disse Leox
rapidamente. — E tenho certeza de que eles estão colocando o Farol sob
controle enquanto falamos.
— Claro que eles estão. Claro. — Affie passou a mão pelo cabelo
castanho-escuro, o que era uma maneira de se acalmar. — Mas... você
descobriu quanto tempo temos?
— Ainda não. — O que era verdade, embora ele já percebesse que eles
estavam falando de horas, não dias... e não muitas horas também. — Veja.
A República tem as melhores pessoas, os melhores equipamentos. Sem
dúvida, eles já estão pedindo ajuda do outro lado da galáxia. A qualquer
minuto, algumas Proas longas vão aparecer e nos tirar do caminho do
perigo. Droga, nós podemos pegar um reboque do hiperespaço para nós
mesmos.
Affie deu um meio sorriso.
— Isso seria legal.
Leox deu um tapinha no ombro dela, mas estava olhando além dela para
o resto da doca. As pessoas estavam, em sua maioria, trabalhando em suas
naves (o bastante para lançar quando as portas da baía finalmente pudessem
ser abertas) ou amontoadas em grupos, conversando, matando o tempo.
Leox não era o único que esperava que a República cuidasse da situação em
breve.
Só esperava que a situação fosse resolvida antes que mais pessoas
descobrissem o perigo, porque a única coisa que poderia piorar essa
situação seria o pânico.

Na torre médica, Bell sentiu como se a ordem tivesse sido restaurada... mais
ou menos.
Mais, no sentido que as pessoas se acalmaram, tudo e todos foram
colocados de volta no lugar, e nenhuma outra explosão ou distúrbio parecia
estar por vir. Menos, pois ainda tinham apenas luz de emergência para
passar, as comunicações permaneciam inativas e continuavam cortadas do
resto da estação, tanto superior quanto inferior.
— Fizemos tudo o que podíamos fazer. — disse Bell a Burryaga
enquanto caminhavam lentamente pela enfermaria. Ember trotava ao lado
dele, abanando o rabo; no que lhe dizia respeito, tudo estava bem. Bell
desejou poder ser tranquilizado com a mesma facilidade. — É loucura
desejar que ainda tivéssemos mais o que fazer? Porque pelo menos então
estaríamos ocupados?
Burryaga disse que não, porque era difícil enfrentar um problema
quando não havia como resolvê-lo. Mas, acrescentou com um grunhido
suave, que a galáxia continha muitos problemas que não podiam ser
resolvidos facilmente e, às vezes, eles precisavam ser enfrentados. Portanto,
seria sábio aprender a lidar com esses momentos.
— Eu sei — disse Bell. — Eu só gostaria que não tivéssemos que
aprender hoje.
Não foi uma grande piada, mas ambos estavam cansados, e nada era tão
bom quanto deixar a tensão quebrar. Burryaga riu; Bell riu; Burryaga deu
uma gargalhada; e então ambos estavam cobrindo a boca, tentando não
perturbar os pacientes com gargalhadas.
Os olhos de Bell estavam marejados quando eles se recompuseram.
— Então. Como estamos de suprimentos?
Os suprimentos médicos estavam escassos, mas dariam para mais um
dia ou mais, desde que não houvesse mais ferimentos, informou Burryaga.
As rações de comida, infelizmente, cobririam apenas mais uma refeição
para todos na torre.
— Não devemos precisar de mais do que isso. — Embora o fato de não
terem recebido nenhuma comunicação até agora fosse preocupante, Bell
sentia que os Mestres Stellan, Maru e o resto chegariam ao topo da situação
em breve. E a Ataraxia não tinha acabado de chegar? Isso significava que
Avar Kriss também estava lá. Bell se inclinou para coçar Ember atrás das
orelhas. — Não se preocupe, garota. Vou dividir a minha ração com você.
Burryaga disse que tinha contado Ember o tempo todo, e Bell sorriu.


Orla Jareni desejou violentamente ter trazido a Perseguidora da Luz com
ela nesta jornada. Mesmo que as portas da doca tivessem permanecido tão
teimosamente fechadas para a sua nave quanto para todas as outras, gostaria
de saber que estava lá esperando por ela depois que essa crise tivesse
passado.
Não que tivesse qualquer intenção de abandonar qualquer pessoa a
bordo do Farol Luz Estelar. Não, o desejo de Orla de partir tinha menos a
ver com a emergência atual do que com a crise anterior, aquela na qual
Stellan e Elzar pareciam ter perdido a cabeça após a explosão dos Nihil.
A casca fantasmagórica deixada por Regald Coll não era algo que
pudesse esquecer tão facilmente.
Nem os outros seriam capazes de ignorar por muito mais tempo,
suspeitava Orla. À medida que as consequências imediatas da explosão se
acalmavam, estava se tornando cada vez mais consciente de que a
perturbação na Força não havia desaparecido. Permanecia presente, mais
difusa, de alguma forma? Mas sentia que a fonte poderia estar ainda mais
próxima do que antes.
O que pode ser essa fonte? Orla caminhava pelo corredor do lado de
fora do escritório de Stellan Gios; o movimento às vezes a ajudava a pensar.
O que poderia ter o poder de perturbar a conexão de um Jedi com a
Força? E o que poderia ter feito aquilo com o pobre Regald? Embora
tivesse ouvido falar do destino que quase se abatera sobre Terec e Ceret, e o
grotesco fim de Loden Greatstorm, não tinha visto os resultados; e o que
aconteceu com Regald foi ainda mais horrível do que isso.
Não estava mais perto dessas respostas do que jamais estivera, mas uma
nova percepção a atingiu então, uma que a fez parar em seu caminho:
qualquer que fosse a fonte da perturbação, ela deveria ter sido trazida para o
Farol pelos Nihil.
E se os Nihil encontraram uma maneira de atacar os Jedi atacando a
própria Força, eles eram um inimigo muito mais perigoso do que qualquer
um da República jamais imaginara.


Chancey e Nan haviam encontrado um pequeno conjunto operacional que
permanecia funcional, mais ou menos. Não foi muito além de dizer a elas
como estavam ferradas.
— Podemos acessar as comunicações deles. — sugeriu Nan. — Ouvir se
eles têm naves de resgate vindo que os Nihil poderiam atacar. Ou pegar um
sinal dentro de um deles, avisar à Olhar Elétrico que precisamos de ajuda.
— Um, nem Marchion Ro nem qualquer outra pessoa em sua nave dá a
mínima que precisamos de ajuda. — Chancey franziu a testa para as últimas
varreduras que surgiam na pequena tela da matriz. — Dois, esses fanáticos
podem ser loucos, mas eles sabiam o que estavam fazendo quando foram
atrás das comunicações do Farol.
Nan sentiu uma vibração nauseante em seu estômago.
— Todos os sistemas de comunicação estão desligados?
— Nenhum deles caiu. No entanto, todos eles estão atualmente
transmitindo sinal em branco. — Diante da expressão confusa de Nan,
Chancey elaborou: — O sinal em branco é composto de loops de dados
copiados que dão a ilusão de que está tudo bem, nada mudou. Portanto, não
apenas o Farol não pode pedir ajuda à República, mas se a República os
verificar por qualquer motivo, as comunicações também farão parecer que
não há nenhum problema aqui. É verdade que isso não resistirá a nenhuma
tentativa direta de contato, mas atrasar a comunicação por algumas horas
torna muito menos provável que a ajuda da República chegue a esta estação
a tempo.
Por mais que Nan odiasse contar com a República para fazer alguma
coisa, ela odiava ainda mais saber que eles não viriam.
— Os bloqueadores em fontes de energia individuais significam que
nenhuma das portas do compartimento se abrirão, então mesmo que
pudéssemos roubar uma nave, não poderíamos voar para fora daqui. — Isso
deixava apenas uma opção. — Você pode descobrir a localização dos pods
de fuga da estação?
Chancey assentiu, mas hesitou.
— A equipe Nihil parecia confiante de que havia prendido todos a
bordo. Eles não diriam isso se não tivessem lidado com os pods de fuga
também.
— Eles não podem ter tido tempo de interferir em tudo nesta estação,
não importa o que digam. — insistiu Nan.
— Espero que não — disse Chancey quando começou a procurar os
pods de fuga. — Porque essa parece ser nossa última chance, e todo mundo
nesta estação está prestes a descobrir exatamente a mesma coisa.
A queles na metade inferior do Farol Luz Estelar começaram a se
reunir dentro e perto da doca principal. Oficiais da República,
trabalhadores da manutenção e até droides circulavam pelos corredores do
lado de fora da baía, compartilhando os poucos fragmentos de informação
que tinham. O clima geral permanecia calmo. Eles tinham fé na República;
eles esperavam que a ajuda chegasse em breve; este era um acidente
considerável, e a estação exigiria reparos, mas nenhum deles suspeitava que
a situação pudesse ser pior do que isso.
Orla Jareni não sabia se tinha pena deles ou os invejava. O que queria
era esclarecê-los. Mas Stellan ainda não queria ouvir falar disso.
— As pessoas têm o direito de saber — insistiu Orla. — No lugar delas,
eu gostaria da verdade.
— Não pretendo lhes negar a verdade para sempre — disse Stellan. —
Nem mesmo por muito mais tempo. Mas a situação, e alguns dos indivíduos
dentro dela, é volátil. Assim que conseguirmos estabelecer contato com a
República, assim que tivermos um plano, poderemos fazer o anúncio. Koley
Linn e outros como ele não terão chance de criar problemas se chegarmos a
eles com uma solução já em mãos.
Orla podia ver a sabedoria nisso. Mas também podia ver as falhas.
— Tudo isso se baseia na crença de que realmente podemos entrar em
contato com a República em um futuro próximo. No momento, não temos
absolutamente nenhuma prova disso.
— Tem que ser possível — Stellan insistiu. Os seus olhos estavam com
aquele brilho que às vezes tinham, aquela fé absoluta e total, que fazia Orla
entender exatamente por que o Conselho o escolhera como o exemplo
público de todos os Jedi. — Os Nihil são fortes e cruéis. Mas eles não são
necessariamente inteligentes. Eles vencem por força bruta e engano.
Alguma sabotagem tecnológica que eles fizeram? Conseguiremos
desvendá-la. Apenas temos que encontrar a corda certa para puxar.
Os Nihil foram espertos o suficiente para nos enganar uma e outra vez!
Orla quase se irritou, mas manteve a calma. Por muito pouco.
— Espero que você esteja certo, Stellan. — disse ela. — As apostas são
muito altas se você estiver errado.
Enquanto se afastava, as palavras raivosas que não havia falado ferviam
dentro dela. Você sempre precisa da aprovação do Conselho, não é,
Stellan? Você não sabe quem você é sem ele. Precisou de todo o seu
autocontrole para não voltar atrás, confrontar Stellan, atacá-lo para discutir
o assunto ainda mais, com mais veemência, até que...
Eu não sou eu mesma, percebeu.
O seu temperamento havia sido o seu companheiro mais difícil, mas
possuía mais autocontrole do que isso, ou pelo menos quando estava em
comunhão com a Força.
Mas a sua conexão com a Força estava novamente perturbada. Assim
como a de Stellan, apostaria. O que quer que tenha dado errado antes não
tinha ido embora convenientemente quando esta crise começou. Em vez
disso, tinha ficado à espreita, destruindo todos os Jedi a bordo.
Temos que fazer alguma coisa, pensou Orla. Não. Eu tenho que fazer
alguma coisa.

A primeira faísca de esperança de Bell veio quando um droide apareceu:


— Cruzador médico de Eiram se aproximando do Farol.
— Estão vindo? — Bell se levantou de seu lugar no chão ao lado da
cama de Mestra Indeera, acordando Ember. Burryaga já estava se
aproximando. — Você conseguiu passar pelas comunicações?
— Negativo — disse o droide. — Mas olhe. — Ele apontou seu braço
metálico para a janela de visualização mais próxima. Com certeza, a nave
de Eiram estava lá fora, pairando perto, aparentemente sem saber o que
fazer a seguir.
Burryaga rosnou que se eles não estivam atracando, isso provavelmente
significava que não podiam atracar.
— Odeio dizer isso, mas concordo — disse Bell. — As docas também
devem ter sido danificadas pela explosão. — O que ele mais ou menos tinha
adivinhado antes disso, mas a confirmação foi assustadora.
Ainda assim, o cruzador médico era uma fonte potencial de ajuda, a
primeira que tinham, e eles precisavam aproveitar ao máximo a
oportunidade.
Bell se virou para o droide.
— Certo, então, a comunicação em toda a estação ainda é impossível…
— Afirmativo.
— …mas existe alguma outra maneira de enviarmos um sinal em um
alcance mais curto. Digo, apenas para a nave de Eiram? — Bell olhou para
frente e para trás entre o droide e Burryaga, esperando que um deles tivesse
a resposta que estava lhe escapando.
Burryaga rosnou pensativamente que alguns droides tinham matrizes
fortes o suficiente, como, por exemplo, este LT-16 aqui.
— Por que você não disse isso antes? — Bell perguntou ao droide.
— Temo que tenha sido projetado para trabalhar em conjunto com
sistemas maiores de comunicação. — O LT respondeu alegremente. —
Falta-me a força do transmissor para enviar qualquer sinal que possa cobrir
uma distância superior a cem metros.
— A nave de Eiram está perto, mas não há como chegar tão perto sem
atracar, o que, aparentemente, não pode fazer. — Bell passou uma mão pelo
cabelo, pensando rápido. — Mas se pudermos aumentar a força do
transmissor…
Burryaga foi até a parede mais próxima e arrancou um painel com um
tinido metálico que assustou os pacientes, expondo circuitos e fios. Bell
sorriu ao avistar um pequeno cabo de retransmissão de célula de energia
preso nos trabalhos.
— Burry. — disse ele, — você é brilhante.
Modestamente, Burryaga admitiu que isso era verdade, mas atualmente
não vinha ao caso. Com muito cuidado, desconectou a célula de força de
seu cabo de retransmissão; algumas luzes de emergência se apagaram, mas
não ficou muito mais escuro, o que foi um alívio, porque Bell precisava
muito ser capaz de ver o que estava fazendo.
— Você poderia abrir o seu painel de manutenção? — ele perguntou ao
droide LT.
— Afirmativo. — O LT-16 parecia um pouco relutante, como deveria
estar, já que estava prestes a ser atingido pelo equivalente droide de
adrenalina tripla. Mas ele abriu o painel de manutenção e permitiu que Bell
conectasse a célula de energia. Uma vez que terminou, ele abriu o fluxo de
energia, e o painel do visor do droide brilhou cada vez mais. Seu corpo de
metal começou a vibrar.
— Oh, céus — ele disse.
— Você pode transmitir a minha voz? — Bell perguntou.
— Somente texto. — LT-16 zumbiu mais alto. — Oh céus, oh céus, oh
céus.
— Então diga ao cruzador de Eiram que houve uma explosão, que
estamos entrando em contato com eles desta torre e ainda precisamos de
ajuda médica, certo? — disse Bell. Ember choramingou levemente ao seu
lado, e ele acariciou seu pescoço enquanto o droide continuava zumbindo e
zumbindo.
Seus olhos encontraram os de Burryaga. Se isso não funcionasse…
— Eles leram — o droide disse. — Eles leram e estão realizando
varreduras. Vão reportar.
— Fizemos contato. — Bell sorriu para Burryaga. Este era apenas o
primeiro de muitos, muitos passos para levar todos a bordo da torre médica
em segurança, mas pelo menos eles finalmente tinham começado.


Do canto do olho, Elzar Mann viu uma vibração branca. Imediatamente
deixou o seu posto, onde estava conectando ainda mais astromecânicos na
esperança de ganhar maior poder computacional, e correu atrás dela.
— Orla? Onde você está indo?
Ela parou ao ouvir o som de seu nome.
— Estou em apuros por desafiar os decretos de Stellan Gios?
Elzar deu-lhe um olhar.
— Eu seria a última pessoa na galáxia a lhe causar um problema por
quebrar as regras. Mas não devemos nos desviar. Os níveis de radiação da
base da estação estão aumentando, haverá ainda mais instabilidade em
breve.
— Sei disso — disse Orla, mesmo balançando a cabeça negativamente.
— Mas essa perturbação na Força ainda está lá fora, Elzar. Está ficando
mais forte. Você realmente não sente isso?
Ele teve que admitir.
— Eu me afastei da Força ainda mais do que antes. O que eu sei que é
exatamente o oposto do que um Jedi deveria fazer...
— Não aqui. — disse Orla. — Não hoje. Confie em seus instintos, Elzar.
Eles estão guiando você na direção certa.
Pela primeira vez, pensou Elzar, mas permaneceu calado.
Orla continuou.
— Eu não sou eu mesma. Stellan está melhor, pelo menos, do que
estava, mas ainda não está operando na capacidade máxima, não concorda?
Provavelmente todos os outros Jedi a bordo do Farol estão sofrendo a
influência maligna de… do que quer que seja. — Orla suspirou
pesadamente. — Devemos parar isso. Para detê-lo, devemos identificá-lo.
Para identificá-lo, primeiro temos que encontrar a maldita coisa. Que é o
que estou prestes a fazer.
Elzar agarrou o seu braço, sem vontade de soltá-la.
— Mas, o que aconteceu com Regald, e até mesmo com a Indeera, todos
nós concordamos, ninguém mais deveria prosseguir com isso até que
tenhamos mais apoio e a crise termine...
— Reconheço os riscos — disse Orla. — Vamos precisar de toda a nossa
força para passar por esta crise, e o que quer que seja essa coisa, minou essa
força. Não podemos salvar a estação sem assumir isso. — Com a sombra de
um sorriso, ela acrescentou — Não se preocupe. Posso ser
surpreendentemente cuidadosa, quando quero ser.
Queria detê-la, mas ela estava certa.
— Se você não voltar dentro de uma hora, eu vou atrás de você.
— Eu não esperaria menos. — Com isso, Orla lhe deu um sorriso
surpreendentemente fácil. — Cuidado com o seu temperamento até que eu
volte para cuidar de você. — Então Elzar só pôde vê-la partir.

Um dos poucos não Jedi a bordo do Farol que sabia da profundidade do


perigo que corriam estava, naquele momento, desejando apaixonadamente
não ter ideia.
Se eu não soubesse, então isso seria apenas levemente irritante, Affie
pensou, andando entorpecida pela doca lotada de volta para a nave. Eu
mataria o tempo jogando sabacc com Geode e Leox. Estaríamos nos
divertindo, até alguns minutos antes de…
Um estremecimento passou por ela enquanto imaginava como seria para
a estação descer na atmosfera de Eiram, a gravidade agarrando-os cada vez
mais forte até que eles estivessem despencando na velocidade máxima
direto para…
— Olá! — Pikta Adren pareceu aparecer no ar diretamente no caminho
de Affie, embora ela tivesse quase certeza de que era apenas porque não
estava prestando atenção. — Ouça, obrigado por sua ajuda com os… os
acoplamentos... Affie, você está bem?
— Não particularmente. — Affie tentou sorrir. Ela não deve ter feito um
trabalho muito bom, porque o rosto de Pikta caiu. — É difícil, sabe? Ficar
presa aqui.
— Bem, não é divertido. — Pikta se inclinou para mais perto e
sussurrou: — Aquele Koley Linn está lhe causando problemas? Nós o
vimos seguindo você, observando sua nave. Parece que ele não está fazendo
nada bom.
Affie nem tinha notado Koley Linn a seguindo. Excelente.
— Já tivemos problemas com ele antes. Normalmente ele é mais um
incômodo do que um perigo, mas ele pode ser perigoso, então fique longe
dele se puder.
Os olhos de Pikta se arregalaram de indignação.
— Ele está incomodando você. Ouça, se ele se aproximar de você e seus
companheiros de tripulação não estiverem por perto, venha nos encontrar
ou apenas dê um grito. Joss e eu estaremos lá o mais rápido que pudermos.
— Vocês são boas pessoas — disse Affie. O pensamento dos Adrens
presos nesta estação a atingiu com uma nova força. Uma coisa era ter medo
por si mesma, outra era ter medo pelos outros. Estava começando a
entender que cada ser no Farol estava em perigo mortal. — Sério. Obrigada.
Eu agradeço. Mas…
— Mas não é isso que está incomodando você. — Pikta colocou uma
mão em seu ombro, um gesto quase maternal. Affie não tinha nenhum toque
de maternidade há muito tempo. — Você quer falar sobre isso?
Por mais que Affie desejasse não saber a verdade, ela também não
queria mentir para mais ninguém. Além disso, ela disse a si mesma, quanto
mais pessoas souberem, mais pessoas estarão trabalhando em uma
solução.
— Devemos conversar — disse ela a Pikta. — Mas primeiro, você
precisa se sentar.

— Oh, céus. — o droide LT-16 chiou, ainda quase vibrando com o poder
emprestado. — Oh, céus, oh, céus, digitalizações chegando.
— Finalmente! — Bell conectou o droide à tela mais próxima; Burryaga
se inclinou sobre o ombro dele para olhar também. A onda de excitação que
cada um sentiu diminuiu, no entanto, quando os exames começaram a se
desenrolar.
O que eles estavam vendo era quase irreconhecível como Farol Luz
Estelar. O meio da estação tinha se tornado nada mais do que um borrão
brilhante. Normalmente, as varreduras mostrariam o Farol iluminado com
energia em todas as paredes, em todos os níveis, mas, em vez disso, grandes
seções da estação estavam completamente escuras. A torre médica não era a
única área que funcionava apenas sob luzes de emergência. O pior de tudo,
aos olhos de Bell, era a escuridão ao redor das docas. Sem elas, seria
impossível evacuar os pacientes, muito menos sair sozinhos.
— Leituras de trajetória chegando — disse LT-16. — Oh, céus.
Preciso desengatar essa coisa da energia extra logo, pensou Bell. O LT-
16 já era, por enquanto, a sua única conexão com qualquer coisa fora desta
torre; ele não queria fritar os seus circuitos.
— O que você quer dizer com trajetória?
O droide respondeu trazendo um esquema na tela, que mostrava o Farol
Luz Estelar, Eiram e algumas setas extremamente desencorajadoras. Não
era nada que os propulsores posicionais da estação não pudessem consertar,
mas nas varreduras anteriores, esses propulsores estavam escuros e
impotentes. Quando o significado completo do esquema afundou, Bell
olhou para Burryaga para ver, em seu rosto, tanto desânimo quanto Bell
sentiu em si mesmo.
De acordo com o esquema, o Farol entraria na atmosfera do planeta
dentro de três horas.
Bell se obrigou a permanecer calmo.
— Diga ao cruzador médico que estamos analisando os novos dados e
entraremos em contato com eles em breve.
— Mensagem entregue — disse LT-16, ainda tremendo.
Lenta e deliberadamente, Bell desligou o droide da energia amplificada.
Ele ficou quieto com um longo assobio que só poderia ser interpretado
como alívio.
— E agora? — Bell disse a Burryaga. — O que podemos fazer que seja
remotamente construtivo?
Burryaga trouxe o esquema de volta à tela. Ele iria mostrar alguma coisa
a Bell, ou ele estava procurando por algum tipo de resposta? Não
importava, porque quando Bell estudou dessa vez, viu uma oportunidade.
Rapidamente apontou para o contorno de um poço de manutenção
próximo.
— Isso normalmente seria desligado em caso de emergência, mas está
aberto. — O que significa...
Burryaga rosnou em triunfo. Eles finalmente tinham uma maneira de
chegar ao resto da estação; e se isso não era uma solução, era pelo menos
um ponto de partida.

Elzar Mann teria ficado muito surpreso ao saber que os seus avisos a Orla
tinham sido, em parte, atendidos.
Por mais que Orla gostasse de pensar em si mesma como uma exceção à
maioria das regras, não havia razão para acreditar que ela estaria mais
consciente do perigo, ou mais capaz de se defender dele, do que Regald
Coll e Indeera Stokes. Sim, algo tinha que ser feito, mas isso não
necessariamente envolvia confronto.
Em vez disso, ela decidiu simplesmente selar a área.
Devíamos ter feito isso desde o início, Orla pensou. Parecia tão óbvio
pra ela agora, mas deveria ter sido óbvio para todos eles, imediatamente.
Essa era mais uma prova de que o que quer que estivesse a bordo desta
estação estava afetando seu julgamento; o medo nublava os pensamentos
tão efetivamente quanto qualquer truque mental Jedi, se não mais.
E selar a área provavelmente conteria o que estava causando o
problema… mas não acabaria com esses efeitos. A perturbação na Força
permaneceria.
Ainda. Tomar essa ação poderia não resolver tudo, mas a inação não
resolveria nada. Uma vez que a área fosse selada, a fonte dessa interrupção
na Força não poderia chegar mais perto; pelo menos isso representava
algum tipo de limite.
E uma vez preso, pensou Orla, ainda sem saber o que aquilo poderia ser,
as nossas opções para lidar com ele aumentam.
Quando se aproximou do local onde Regald havia caído, muito perto do
compartimento de carga, o ar ficou gelado. Os controles climáticos nesse
nível pareciam estar falhando. Logo Orla pôde ver a sua respiração, visível
como leves baforadas cinzentas. Por mais mundana que essa visão fosse,
sempre a fazia sorrir; isso a lembrava de um dia distante, quando Yoda
levou o seu grupo de Younglings ao telhado do templo para brincar em uma
das raras nevascas do planeta.
Orla cambaleou para o lado e ele a pegou com sua bengala...
Foi isso que aconteceu. Lembrava-se bem. Mas em sua mente, as
imagens haviam mudado. A sua memória não era mais sua.
Cambaleando para o lado, tropeçando na lateral, gritando ao cair,
depois caindo para todo o sempre pelo labirinto dourado dos edifícios de
Coruscant, inexoravelmente em direção à morte...
Pare com isso, Orla disse a si mesma. Não fazia sentido imaginar como
aquele dia poderia ter sido se Yoda não tivesse sido cuidadoso.
Como sempre, quando era perturbada pelo pensamento mórbido perdido,
Orla convocou a Força para ampará-la e guiá-la. Isso ainda funcionava...
mais ou menos.
Os seus passos a levaram a um longo corredor marcado apenas por
algumas caixas de armazenamento aleatórias, algumas baixas, outras altas.
Orla olhou para longe, para uma pilha mais alta de lixeiras muitos metros à
frente.
Acima da pilha haviam baforadas branco acinzentadas, altas demais para
representar a respiração de qualquer humanoide. Isso era outra coisa.
Não significa que seja a causa do problema, ela disse a si mesma. Pode
ser apenas um Trandoshano perdido, ou algo assim.
Ainda assim, o terror a atravessou, ameaçando prendê-la.
Orla se forçou a começar a andar para frente, mas cada passo se tornava
mais difícil do que o anterior, como se estivesse tentando caminhar pela
água gelada que subia até as panturrilhas, depois as coxas e depois o peito.
Em vez da leveza que vinha de estar na água, porém, sentia-se infinitamente
mais pesada.
Como nas ondas que ordenou que Elzar enfrentasse em Ledalau, mas
pior, mais escura, mais alta, mais forte, ameaçando jogá-la de lado e
esmagá-la nas rochas mais próximas...
Ele sabe que estou chegando, pensou ela.
E então, sem saber de onde veio o conhecimento: está com fome.
Não de sua carne, Orla sabia. De algo muito pior.
Tentou alcançar os seus sentimentos, mas era impossível. Não conseguia
se lembrar como, não conseguia recuperar o foco, não conseguia pensar em
nada. Os seus olhos permaneciam fixos no outro extremo do corredor, e viu
movimento, mas sem forma.
Ou melhor, com mil formas ao mesmo tempo, contorcendo-se e
desaparecendo e reaparecendo e se aproximando cada vez mais, e ela não
conseguia nem correr.
Está derretendo, ela pensou enquanto as formas caíam ao seu redor,
caindo e caindo e caindo sem fim. A estação está derretendo. Ou a galáxia.
Ou ou…
Nada mais fazia sentido pra ela. Sentia isso mais do que sabia; Orla
havia passado do ponto em que nada em seu cérebro ainda podia ser
considerado pensamento. Em vez disso, ela estava à mercê das torções e
reviravoltas alucinógenas que a haviam engolido inteira.
A mente de Orla não era mais sua. A Força estava em silêncio, mas
ainda existia. Tinha que existir.
Não é?
A Força a encontraria, a encontraria, não simplesmente desapareceria no
vazio, não se tornaria apenas nada, ou ninguém…
O frio se apoderou de Orla, perfurando a sua carne, aparentemente
congelando os seus próprios ossos. Queria se abraçar contra o frio brutal,
mas os seus braços não obedeciam mais aos seus comandos. As suas pernas
não se moviam. Nem a cabeça e o pescoço; queria olhar para baixo e ver o
que a havia agarrado, mas não podia mais.
O seu rosto ficou ainda mais branco. Então ficou cinza como cinzas.
Caiu no chão, incapaz de se mover, para sempre. A Força ficou em silêncio,
e nada restou de Orla além do medo.
clima na doca estava mudando, de “tenso” para algo muito mais
O estranho e sinistro. Leox podia pensar em muitas razões para isso:
ninguém gostava de ficar preso, os Jedi não estavam fazendo um ótimo
trabalho em manter todos informados, e os sensores a bordo de naves
individuais estavam sem dúvida sendo usados para estabelecer o quão
confuso o Farol Luz Estelar realmente estava.
Mas isso não era nada comparado com como as coisas iriam mudar
quando mais pessoas descobrissem que a estação estava caindo.
Leox, Affie e Geode estavam sentados na cabine da Embarcação, no que
ele considerava vários graus de dormência. Geode havia se desligado
completamente, sem dizer nada; Affie não estava muito melhor. Leox, que
se orgulhava de ter uma abordagem filosófica da vida, ficou um pouco
desapontado ao descobrir que não podia enfrentar a sua própria morte
provável com uma maior sensação de calma.
Gostaria de poder pelo menos dizer adeus à minha irmã, ele pensou.
Então ele disse:
— Comunicações.
Affie virou-se para ele.
— O que?
— Comunicações. — Leox pensou rápido. — Estamos em uma
emergência de alto nível, o que significa que os protocolos de emergência
devem se encaixar. Isso bloquearia as comunicações de naves
independentes ancoradas a bordo do Farol.
— As comunicações estão bloqueadas — disse Affie, apontando para a
luz indicadora vermelha que confirmava.
— Talvez não. — Leox virou-se para Geode. — Ei, faça uma varredura
nessas frequências. Mostre-me o que temos.
Outra tela começou a flutuar com dados e um sorriso lento começou a se
espalhar pelo rosto de Leox.
— Às vezes, a beneficência da galáxia me surpreende.
— Eles não estão enviando o sinal de emergência em todas as
frequências? — Affie estava tendo problemas para entender isso. — Por
que não? Se isso não é uma emergência, o que é? E se eles não estão
enviando o sinal de emergência, então por que nossos sensores dizem que
nossas comunicações na Embarcação estão bloqueadas?
— Quem quer que tenha sabotado esta estação foi com tudo. — disse
Leox. — Há truques dentro de truques, mentiras dentro de mentiras.
Geode deu a ele o olhar direto que geralmente significava que Leox
precisava chegar logo ao ponto.
— Certo, comece com o básico. — explicou. — O sinal de emergência
do Farol Luz Estelar é igual ao de muitas estações espaciais: composto por
dois sistemas quase inteiramente separados. Há um sistema que realmente
transmite pedidos de ajuda em todas as frequências disponíveis e outro
sistema separado que lida com tarefas mais localizadas, incluindo, e mais
pertinente à nossa situação atual, informar às naves ancoradas na estação
que as comunicações estão bloqueadas. Se alguém quisesse sabotar esta
estação, como alguém obviamente fez, um primeiro passo óbvio seria
bloquear a capacidade do Farol de pedir ajuda. O que parece ser exatamente
o que aconteceu.
O rosto de Affie se iluminou.
— E um segundo passo óbvio seria separar esses dois sistemas de
emergência, para que todas as naves a bordo pensassem que as suas
comunicações foram bloqueadas pelo Farol. Então, essas naves não
pediriam ajuda, pensando que não podiam, mas na verdade podiam. Quero
dizer, nós podemos!
— É exatamente isso que estou lhe dizendo. — Leox levou um
momento para considerar, então decidiu que a última estação em que
ancoraram, a que orbitava Parlatal, era sua melhor aposta. — Aqui é a
Embarcação chamando, relatando uma emergência no Farol Luz Estelar.
Repito, temos uma emergência no Farol Luz Estelar, queda da estação,
várias naves presas a bordo, possibilidade de impacto catastrófico. Por
favor, confirme o sinal.
Demorou alguns segundos para uma resposta, que veio em um sotaque
entediado.
— Embarcação, essa piada não é engraçada.
— Não é nenhuma piada — disse Leox. — É pra valer.
— Certo, claro — disse o controle da estação Parlatal no mesmo tom de
voz. — E você está nos contando isso em vez do pessoal do Farol... por
quê, exatamente?
Haviam muitas razões para isso, mas não fazia sentido elaborá-las
quando uma solução melhor estava à mão. Leox virou-se para Affie.
— Vá encontrar alguém no comando e traga-os aqui imediatamente. Ou
para qualquer outra nave. Temos que pedir ajuda enquanto a ajuda ainda
pode ter uma chance de chegar aqui a tempo.

Stellan estava igualmente aliviado e desgostoso. Aliviado por finalmente ter


uma maneira de alertar a República sobre o perigo em que o Farol estava;
desgostoso por ter simplesmente aceitado os sinais em vez de verificar as
frequências de comunicação por si mesmo. Como ele poderia ter um ponto
cego tão inexplicável?
— Não me parece tão inexplicável — disse Leox Gyasi enquanto
conduzia Stellan para dentro da Embarcação. — Vocês são a República.
Vocês são os Jedi. De onde vocês vêm, se dizem que algo não funciona?
Sim, provavelmente não funciona. Aqui nas fronteiras, não confiamos em
nada que não tenhamos verificado pessoalmente. Fazemos mais perguntas.
E quando você faz mais perguntas, obtém mais respostas.
— Isso faz sentido. — E fazia mesmo, em certo nível. Mas Stellan não
podia se absolver tão facilmente. A sua cegueira havia custado um tempo
valioso à estação, e poderia fazer a diferença entre a salvação e a destruição
de todos a bordo.
Foi a perturbação na Força que confundiu o seu pensamento?
Possivelmente sim. No entanto, outra suspeita assombrava Stellan muito
mais. Orla Jareni dissera que estava acostumado demais a seguir o caminho
que os Jedi haviam traçado para ele; esta era uma acusação que não lhe
ocorreu negar. Confiava na Ordem como confiava na Força. Podia discordar
ou discutir com a Ordem às vezes, mas nunca a questionava.
Faça menos perguntas, pensou, obtenha menos respostas.
Talvez devesse meditar profundamente sobre essa questão, até mesmo
conversar com Orla sobre isso, quando tudo aquilo passasse. Mas Stellan
deixou o assunto de lado para mais tarde, quando tivessem tempo para fazê-
lo. A sua primeira prioridade era entrar em contato com o Conselho e a
República e, graças ao sistema de comunicação da Embarcação, ele
conseguiu fazê-lo imediatamente.
— Nós ouvimos você, Mestre Gios. — veio a voz de Mestra Rosason do
Templo de Coruscant. — Tenha certeza de que estamos em plena
comunicação com a Chanceler e outros funcionários da República. — Ele
podia ouvir isso por si mesmo; o alvoroço da atividade em torno de
Rosason aumentou audivelmente durante os poucos minutos de conversa.
— A ajuda deve estar a caminho dentro de três horas.
— Três horas? — Tinha que haver um atalho no hiperespaço mais
rápido que isso. — Podemos não ter três horas!
— As naves estão chegando o mais rápido que podem. — Mestra
Rosason disse. — Mas os recursos são escassos; alguns Jedi foram ajudar
os mundos e estações afetados pelos ataques dispersos dos Nihil. As naves
da República foram encaminhadas para esses mundos para esforços de
proteção e recuperação. Não podemos chegar ao posto avançado Jedi em
Banchii, mas enviamos pessoas para Chespea, para investigar a destruição
do templo lá…
A voz dela sumiu, sem dúvida porque estava tendo a mesma percepção a
qual Stellan tinha acabado de chegar:
— Os ataques Nihil não foram dispersos — ele disse, endireitando-se.
— Eles não foram aleatórios. Chespea e Banchii foram atacados porque são
necessários vários saltos no hiperespaço para chegar aqui vindo de qualquer
planeta. Não foram alguns retardatários atacando em qualquer direção... foi
um ataque coordenado.
Leox Gyasi, parado por perto, endireitou-se, registrando também a
terrível notícia. Sua expressão combinava com o tom de Rosason quando
ela respondeu:
— Eles não detonaram o dispositivo a bordo do Farol até saberem que
os Jedi e a República dispersaram as suas forças.
— Lá se foi a ideia de Lourna Dee ser o Olho dos Nihil. — Se Stellan
tivesse entendido isso alguns dias antes, teria parecido um ponto marcado
contra Avar Kriss. O jogo de poder entre eles parecia tão mesquinho agora,
tão pequeno. Por que ele tinha deixado o desacordo deles se tornar pessoal,
em qualquer nível? Isso importava tão pouco agora em comparação com o
perigo real que tinha descido sobre os dois. — O verdadeiro líder dos Nihil
ainda está lá fora, em algum lugar.
— É o que parece — disse Mestra Rosason. — Isso deve informar
nossos esforços no futuro, mas no momento deve permanecer uma
preocupação secundária. Podemos e devemos encontrar uma maneira de
ajudar o Farol Luz Estelar. Tenha esperança, Stellan.
Ele ainda tinha esperança. O que não tinha era um plano. Mas agora que
a comunicação havia sido restaurada, havia uma razão para acreditar que
eles poderiam impedir que o plano dos Nihil chegasse à sua conclusão
completa e fatal.

Bell e Burryaga avançaram pelo poço de manutenção. Foram devagar, já


que eles quase não tinham luz, e as dimensões do poço não tinham sido
construídas com os Wookiees em mente. O espaço apertado havia se
tornado ainda mais estreito e mais perigoso, graças a várias vigas rompidas,
chapas dobradas e outros obstáculos que se curvavam mais e se projetavam
mais longe do que os arquitetos da estação jamais pretendiam. Apesar de
alguns apertos, no entanto, os dois aprendizes conseguiram viajar em torno
de algumas das áreas bloqueadas e estavam se aproximando da doca
principal.
Pelo menos, Bell esperava que estivessem. Se eles tivessem se
confundido e dobrado a esquina errada em algum lugar, eles poderiam estar
indo direto para uma zona com radiação.
Um longo gemido ecoou pelo tubo.
— Eu sei — disse Bell, cuidadosamente passando por cima de uma
junção alta. — Esta não é a ideia mais divertida que eu tive hoje, também.
Burryaga apontou que nunca pensou que sentiria falta da torre médica,
mas que estava quase com saudades do lugar.
Bell se lembrou do momento em que a deixaram, com o equipamento
amarrado aos cintos, sem saber para onde ir.
— Fique com a Mestra Indeera. — ele ordenou a Ember, e ela foi direto
para a cama de Indeera e se sentou, mantendo a vigília que Bell foi forçado
a abandonar. Deixá-los para trás tinha sido difícil, mas pelo menos ele
estava finalmente prestes a conseguir alguma ajuda de verdade.
Ou morrer. Um ou outro.
Eles chegaram a uma porta e trocaram um rápido olhar antes de
Burryaga abri-la. Bell sorriu ao ver o corredor que levava ao escritório do
intendente e, além dele, à doca.
— Conseguimos!
Burryaga gargalhou em triunfo. Quase imediatamente, um rosto familiar
apareceu: Elzar Mann, sujo de fuligem e desgrenhado, mas de resto bem.
— Graças aos céus vocês dois estão bem. — disse, indo em direção a
eles. — Nós estávamos supondo que vocês estavam na torre médica. Ela
está intacta?
— Relativamente falando — disse Bell. — Mas entrar e sair é um
desafio.
— Vocês conseguem acessar o resto da metade superior da estação por
lá?
O ânimo de Bell afundou.
— Não. O que significa… o que, o Farol foi dividido em dois?
— Estamos nos segurando até agora, mas não sei por quanto tempo
mais. O resto da estação está se tornando mais instável a cada minuto e está
em uma trajetória para atingir Eiram em cerca de três horas, talvez um
pouco menos — disse Elzar. Embora Bell tivesse entendido isso, ouvir a
informação ainda parecia um soco no plexo solar. — Ainda assim,
finalmente conseguimos fazer contato com a República. A ajuda está a
caminho. Só temos que torcer para que chegue a tempo.
— Claro. — Bell não duvidou por um segundo que a ajuda já estava
próxima. Acontece que ele estava otimista demais. Mas ele engoliu em seco
e continuou. — Estamos tentando encontrar uma maneira do cruzador
médico de Eiram atracar na estação de alguma forma, talvez até mesmo
através de uma câmara de ar padrão na torre médica. Tem alguma ideia?
— Nenhuma. — disse Elzar categoricamente. — Quanto à nossa
perturbação da Força, Orla está investigando; não podemos enfrentar esse
desafio se não estivermos no nosso melhor.
Bell estava prestes a perguntar onde Orla estava quando uma voz mais
alegre chamou:
— Aí estão vocês! — Nib Assek veio até eles, com os braços abertos, e
Burryaga deu as boas-vindas ao abraço de sua Mestra, praticamente
enterrando seu corpo minúsculo em seu pelo desgrenhado. — Oh céus. Eu
sabia que você estava bem, onde quer que estivesse, mas não sabia quando
te veria novamente.
Com um grunhido, Burryaga deixou claro que a sua Mestra não seria
capaz de se livrar dele tão facilmente. Ver Mestra e aprendiz tão
alegremente reunidos fez o coração de Bell doer, mas da melhor maneira.
Talvez seria assim para ele e Mestra Indeera quando ela acordasse... se ela
acordasse...
… mas isso nunca aconteceria com Loden Greatstorm, e no fundo, Bell
ainda estava esperando impotente, interminavelmente, por uma reunião que
nunca poderia acontecer…
Elzar trouxe Bell de volta ao aqui e agora.
— Te digo uma coisa: vou pensar sobre aquele cruzador médico de
Eiram enquanto vocês dois nos ajudam a controlar a situação aqui, está
bem?
Burryaga assentiu com a cabeça, e Bell foi atrás deles enquanto
caminhavam, pensando: Eles virão com respostas. Ou eu vou. Temos três
horas.
Muita coisa pode acontecer em três horas.

O que Elzar quis dizer com “manter a situação sob controle” foi acalmar as
muitas pessoas presas na doca porque o clima estava ficando mais sombrio
a cada minuto.
Koley Linn, de acordo com o esperado, não estava ajudando.
— Definitivamente vamos cair. — disse ele para um par aterrorizado de
Arconas amontoados perto de sua nave. — Eu ouvi aquela garota da
Embarcação dizendo para a mulher de cabelo encaracolado... aquela. —
Apontou para Pikta Adren, que no momento estava ajudando o marido a
trabalhar na nave. — Eles não acharam que o resto de nós merecia saber.
Havia dado variações dessa informação para quase todos na doca a essa
altura. Os objetivos de Koley eram duplos: primeiro, fazer com que as
pessoas confiassem nele, porque a confiança pode ser muito útil em pouco
tempo.
Segundo, fazer com que as pessoas desconfiassem da tripulação da
Embarcação, exatamente pelo mesmo motivo. Koley queria muito escapar
do Farol Luz Estelar, mas sair daqui seria ainda mais doce se ele pudesse
garantir que Leox Gyasi e seus amigos fossem deixados para trás. Leox era
um traidor e um delator. Ele merecia o que quer que viesse a ele.
Se Koley Linn soubesse que o seu próprio comportamento havia
motivado a decisão de não informar os pilotos a bordo do perigo da estação,
ele teria apenas dado de ombros. Seus erros não eram de mais ninguém para
criticar; os erros de outras pessoas eram oportunidades para capitalizar, se
possível.

Quanto mais Koley falava, mais a notícia se espalhava.


Quanto mais a notícia se espalhava, mais as pessoas ficavam com medo.
Affie já havia aprendido que estar em grupo intensificava a emoção.
Muitas pessoas individualmente corajosas poderiam se unir em um todo
incrivelmente corajoso. No entanto, muitas pessoas assustadas poderiam
facilmente degenerar uma multidão em pânico.
Tinha certeza de que estava vendo a multidão se formando diante de
seus olhos.
Enquanto caminhava em direção à nave dos Adrens; todos estavam
fazendo reparos porque essa era a única coisa construtiva a fazer; Affie viu
pessoas olhando para ela. Não, olhando pra ela. À distância, outros
pareciam estar abordando cada membro da tripulação da República ou Jedi
que podiam encontrar, apontando dedos e levantando vozes que ela podia
ouvir mesmo acima do murmúrio baixo e perturbado da multidão.
Quando Affie chegou ao Adrens, ambos estavam tensos e pálidos.
— Está ficando feio aqui. — confidenciou Pikta. — Mais pessoas
perceberam o perigo em que estamos e parecem nos culpar.
— Isso não faz sentido — disse Affie, embora soubesse que “pânico” e
“bom senso” não tinham muito a ver um com o outro.
— Talvez sim? Um pouco? — Pikta estremeceu. — As portas do
compartimento de ancoragem, as que atualmente nos prendem aqui dentro,
bem, Joss e eu ajudamos a instalá-las após o Grande Desastre do
Hiperespaço. Elas deveriam ser uma salvaguarda contra os Nihil. Em vez
disso, os Nihil encontraram uma maneira de usá-las contra nós.
— Isso não faz sua culpa — insistiu Affie. — Vamos apenas manter a
cabeça baixa.
Mas não parecia que eles teriam a chance. Perto dali, um Neimoidiano
ficou com raiva o suficiente para abordar um tripulante da República.
— Vocês estão nos mantendo aqui contra a nossa vontade! Vocês
poderiam abrir as portas, mas não vão!
O tripulante tentou protestar, mas o grito de raiva do Neimoidiano
acendeu uma chama. As pessoas começaram a se aglomerar, gritando em
vários graus de medo e fúria:
— Apenas abram as portas! Façam o que for preciso!
— Talvez os Nihil tenham assumido o controle de toda a estação. Talvez
você esteja trabalhando com eles!
— Estamos cansados disso! Nos deixem ir embora ou enfrentem as
consequências!
Esse último veio de Koley Linn. Affie achou que a situação não poderia
piorar até que Koley puxou o seu blaster.
Um Jedi Wookiee próximo estendeu seus braços largos, protegendo as
pessoas mais próximas, mas Koley apontou a sua arma para o teto alto da
doca. Ele gritou:
— Já chega! — e disparou.
Foi assim que todos os visitantes da estação descobriram que a principal
doca do Farol era selada magneticamente.
Affie mergulhou para o chão quando o disparo do blaster ricocheteou em
uma velocidade tremenda, ricocheteando em paredes e pisos como se eles
tivessem sido pegos em um tiroteio. O Wookiee gritou em protesto, e os
palavrões de três dúzias de mundos foram gritados. Sob a nave dos Adrens,
Affie e Pikta trocaram um olhar; ambas sabiam que aquele raio não iria
parar até que batesse em algo além de uma parede, o que significava que
uma nave seria danificada ou alguém estava prestes a ser morto.
O raio passou por elas e... szzzzzzzz.
No instante daquele estranho som crepitante, o tiro parou. Como todo
mundo, Affie olhou para cima para ver Geode parado ali, com a marca de
queimadura no meio do seu corpo ainda fumegando, completamente
destemido. Ele tinha se jogado na frente do blaster e foi atingido. Enquanto
observava, ele se livrou da poeira e do cascalho chamuscados e os deixou
cair no chão.
— Sem tempo para dor. — disse Joss Adren, com admiração. — Eu
tinha uma ideia errada sobre você, cara.
Geode modestamente não disse nada, mesmo quando outros começaram
a aplaudir. Pikta ainda parecia preocupada, mas se levantou.
— Ele não está ferido?
— Ele está bem. — Affie sorriu para a amiga. — Vintianos podem optar
por serem selados magneticamente ou não. Para eles é tão fácil quanto
prender a respiração. — Ela deu um tapinha nas costas de Geode.
Koley Linn poderia ter aproveitado esta oportunidade para se desculpar
por disparar o seu blaster como um golpe, se ele fosse um tipo de pessoa
completamente diferente. Em vez disso, ele disse:
— Ainda estamos presos aqui e os Jedi não estão ajudando.
— Eles estão fazendo tudo o que podem. — Affie colocou as mãos nos
quadris. — Stellan Gios está na Embarcação agora, pedindo ajuda, que, por
acaso, está a caminho. Até lá, se precisarmos de ajuda, temos que ajudar a
nós mesmos, e uns aos outros. Então, por que não tentamos isso para
variar?
A multidão estava suficientemente sóbria pelo incidente do tiro para
ouvir, pelo menos por enquanto. As pessoas começaram a falar umas com
as outras a sério. O Jedi Wookiee deu um abraço rápido em Geode antes de
sair correndo. Affie voltou a sua atenção para os Adrens e a sua nave, que
estava quase totalmente apta para o espaço novamente.
Koley Linn a observou partir com os olhos semicerrados, determinado a
marcar um ponto contra a tripulação da Embarcação antes que tudo
terminasse. Eles destruíram a Guilda Byne; não pretendia deixá-los destruir
mais de seus planos, nunca mais.
Além disso, sempre quis alguém para culpar.
Farol só tem controles de abertura manual no exterior da
O estação, Elzar Mann notou enquanto estudava os esquemas em exibição
no escritório de Stellan. A situação é muito instável para enviar alguém em
um traje de vácuo ainda. Talvez possamos conectar células de energia
independentes às portas?
Apesar dos melhores esforços de JJ-5145, o grande número de
astromecânicos atualmente em rede no escritório lotava o espaço, e eles
estavam apitando e gritando em vários estados de alerta desde o momento
em que foram unidos. Então, Elzar levou alguns momentos para perceber
que o tom do alarme havia aumentado. Ergueu os olhos dos esquemas para
verificar suas leituras.
Os níveis de radiação estavam subindo. As ligações restantes entre as
metades superior e inferior da estação, já danificadas e desgastadas, quase
inúteis, estavam começando a se romper completamente. Pior de tudo, os
níveis de estabilidade interna, da estrutura mais interna do Farol estavam
despencando.
Elzar soubera logo após a explosão que havia o risco desta estação se
partir em duas. Mas o Farol Luz Estelar tinha sido criado como o símbolo
máximo da República, projetado por seus maiores cientistas, construído
pelos lendários artesãos de Riosa. Tinha muita certeza de que suportaria
esse dano, pelo menos tempo suficiente para a ajuda chegar. Nunca
imaginou que poderia seriamente desmoronar...
… até este momento.

O chão sacudiu debaixo de Bell Zettifar, ou assim lhe pareceu quando


tropeçou para o lado, se apoiando na parede.
— O que é que foi isso? — ele perguntou, olhando para Burryaga.
O seu amigo Wookiee se juntou a ele perto da entrada da doca, onde
teoricamente eles estavam garantindo que ninguém mais puxasse um blaster
e criasse mais problemas. Burryaga, que teve que agarrar uma escada de
serviço para permanecer em pé, não parecia mais confiante do que Bell se
sentia. Com um gemido, Burryaga admitiu que não tinha ideia do que havia
causado aquele choque, mas não podia ser bom.
— Nada disso é bom — disse Bell, — mas não achei que pudesse
piorar.
Burryaga respondeu que enquanto você estivesse vivo para se preocupar
com isso, a situação sempre poderia piorar. Era um bom argumento, mas
não um que Bell particularmente queria insistir no momento.
Foi até o painel de controle mais próximo, que estava mais ou menos
funcional apenas alguns minutos antes. Sem leituras, sem energia. As luzes
de emergência piscaram.
O pior de tudo, porém, era uma vibração profunda e trêmula que passou
pela estação, retumbando sob os seus pés.
Bell olhou para Burryaga.
— Nós provavelmente deveríamos relatar isso ao Mestre Stellan, certo?
Burryaga pensou que Stellan provavelmente já sabia sobre a crescente
instabilidade na estação, mas a situação estava mudando rapidamente. Seria
sensato obter o máximo de informações possível, enquanto eles ainda
podiam.
Seria isso? Bell não tinha tanta certeza. Essa lhe parecia o tipo de
situação em que mais informações poderiam ser mais paralisantes do que
úteis.
Mas se o pior cenário estivesse acontecendo, o Farol desmoronando
completamente, expondo todos eles à morte rápida e sombria no espaço,
Bell gostaria de estar ao lado da Mestra Indeera quando isso acontecesse.
Gostaria de ter Ember em seus braços. Isso valia enfrentar quaisquer
terrores que a verdade pudesse conter.
Descansou uma mão contra a parede, respirando enquanto estabilizava
sua emoção, então puxou a mão de volta.
— Ai. Isso está quente. Muito quente.
Burryaga alcançou a mesma seção da parede, parando apenas alguns
milímetros antes de entrar em contato direto. Ele gemeu que algo estava
superaquecendo.
Mentalmente, Bell revisou os esquemas do Farol Luz Estelar da melhor
maneira que os conhecia. Embora não fosse engenheiro, estudara os
detalhes o suficiente para se sentir razoavelmente seguro de sua conclusão.
— Burry, acho que o sistema de energia auxiliar da estação... algo está
seriamente errado.

Stellan se sentia algo mais parecido com ele mesmo novamente, e nem um
momento antes. Elzar, Bell, Burryaga, Nib e JJ-5145 rodeavam a sua mesa,
cercados por astromecânicos, aguardando as suas ordens, e, finalmente,
Stellan tinha certeza das ordens a serem dadas.
— Nossa primeira prioridade deve ser estabilizar a energia auxiliar —
disse ele. — Sem ela, não temos suporte de vida. Não temos nem luz. Se
perdermos essas coisas, qualquer outro esforço de reparo ou resgate se
tornará impossível. Nossas análises sugerem que ainda podemos segurá-lo
funcionando por mais duas a quatro horas.
— Mas a instabilidade estrutural! — Elzar parecia não entender que não
havia mais nada a ser feito. — Você está falando de horas a partir de agora,
mas Stellan, não tenho certeza de que a estação vai durar tanto tempo.
— O que nós devemos fazer então? — Stellan exigiu. — Você tem uma
equipe de engenheiros de uma espécie resistente à radiação, prontos para
entrar com milhares de toneladas de duraço e construir um novo esqueleto
para esta estação?
— ...claro que não, e ainda…
— Só podemos colocar nossas as energias em nossa prioridade absoluta.
— Stellan olhou atentamente nos olhos de Elzar, desejando que ele
entendesse. — Nada pode ser mais prioritário do que manter o ar em nossos
pulmões e a luz para trabalhar. — Um punhado de técnicos da República e
Jedi a bordo eram de espécies que não dependiam da visão como seu
sentido primário, mas não eram numerosos nem especializados o suficiente
para realizar o nível de trabalho necessário por conta própria, e até mesmo
eles precisavam respirar. — Existem perigos no trabalho que somos
impotentes para evitar. Se permitirmos que eles nos distraiam das poucas
ferramentas que temos para aumentar nossas chances de sobrevivência,
então desperdiçamos essas chances. Além disso, honestamente, se a estação
está se partindo em duas, não sei se há muito que possamos fazer a respeito.
Finalmente, a verdade parecia ter afundado. O rosto de Elzar
empalideceu.
— Você deveria saber, os astromecânicos acham que atingiremos o
ponto de ruptura dentro de meia hora. Talvez nos próximos quinze minutos.
— Imagino que vamos reconhecê-lo quando chegar. — disse Stellan
secamente.
— Mas as pessoas lá em cima... — protestou Nib. — e a Ataraxia está
ancorada na metade superior da estação, então o que acontece com eles?
— Esse fardo pesa sobre todos nós — disse Stellan. — Mas não
podemos fazer literalmente nada por eles. Temos que confiar que Maru e
Avar e todos os outros estão fazendo o melhor para todos lá. Estão em boas
mãos. Então, por enquanto, continuamos trabalhando. Se perdermos a
metade desta estação, continuamos trabalhando. A menos e até o instante
em que as paredes se romperem e perdermos ar, continuamos trabalhando.
Pensem em reforçar o suporte de vida auxiliar. Não pensem em mais nada.
— Entendido. — disse Nib, endireitando os seus ombros minúsculos.
Onde está a Orla? pensou Stellan. Ela já deveria ter voltado.
Provavelmente ela se deparou com uma das incontáveis mini crises a bordo
e estava tentando lidar com isso sozinha, do jeito que ela geralmente fazia.
A sua linha de pensamento foi interrompida quando Bell perguntou:
— Nossas atribuições?
Tomar decisões ficou muito mais fácil para Stellan exatamente no
momento certo.
— Nib, eu gostaria que você dividisse os sistemas auxiliares em
conjuntos menores; eles são compartimentados, então você deve ser capaz
de fazer isso. Então podemos localizar os problemas e corrigi-los. Depois
disso, veja se consegue localizar Orla Jareni; precisamos dela nisso
também. Elzar, você precisa recuperar o maior número possível de células
de energia individuais para ajudar a alimentar algumas das matrizes
menores; podemos esperar mais falhas de energia localizadas à medida que
a estação se tornar mais instável. Burryaga, Bell, vocês vão liderar a equipe
principal de reparos.
Elzar assentiu, assim como Burryaga. Bell parecia preocupado; a falta de
confiança do jovem desde a morte de um Mestre e o ferimento de outra o
estava segurando, mas isso também era um assunto a ser tratado outro dia.
Foi Nib quem disse, cansada:
— Eu esperava que não chegasse a isso.
Stellan suspirou. Nesse momento, focado no problema em questão,
pensando apenas nos outros, sentiu-se um pouco como ele mesmo
novamente, pela primeira vez em dias.
— É isso que é esperança. Não é fingir que nada vai dar errado se
tentarmos o suficiente. É olhar diretamente para todos os obstáculos no
caminho, conhecer os limites de nosso próprio poder e a possibilidade de
fracasso, e seguir em frente de qualquer maneira. É assim que devemos
proceder. Com esperança.

Outros estavam absorvendo essa informação com sentimentos muito


distantes da esperança.
— Este lugar está realmente kriffado. — disse Chancey Yarrow,
rastejando sobre a barriga por um poço de manutenção, — e vamos ser
kriffadas junto com ele.
— Kriffar o Farol é o que Marchion Ro enviou a equipe para fazer. —
Nan apontou. Estava a cerca de um metro à frente de Chancey, parando
periodicamente para acender um bastão de luz e ver se elas ainda estavam
indo na direção certa.
Chancey fez um som ofegante que não era bem uma risada.
— Eles fizeram um ótimo trabalho.
— Nunca pensei que desejaria que alguém dos Nihil cometesse alguns
erros. — respondeu Nan, — mas aqui estamos.
Em um ponto, estava quase envergonhada desse sentimento. Este era um
grande triunfo para os Nihil, talvez o maior de todos os tempos, e uma
prova indubitável do brilho e do poder de Marchion Ro.
No entanto, os Nihil encorajavam a crueldade na busca de seus
objetivos, e que objetivo poderia ser mais vital do que permanecer vivo?
Nan não estava traindo o seu antigo eu, a parte dela que ainda, por dentro,
permanecia Nihil, cuidando de sua própria pele.
A essa altura, ela e Chancey haviam chegado a um dos níveis mais
baixos, mais perto da doca principal. O objetivo era chegar à borda externa
da estação antes de descer ainda mais, principalmente porque esse nível era
quase certamente o mais lotado e, portanto, aquele em que elas eram mais
propensas a serem pegas.
Mas o solavanco seguinte foi tão forte que pareceu abalar os ossos de
Nan. Acidentalmente mordeu a língua com força suficiente para sentir o
gosto de sangue. Um chocalho sinistro começou a ecoar pelo comprimento
do poço de manutenção.
— Não acho que esses tubos tenham os mesmos controles atmosféricos
que a estação em geral. — disse Chancey — E suspeito que a qualidade do
ar esteja prestes a se tornar um problema muito maior do que já é.
— O que você quer dizer?
— Notou como ficou muito mais quente à medida que rastejamos mais
adiante? Algo está superaquecendo, e meu palpite é que é o suporte de vida
auxiliar. Se isso falhar, as luzes se apagam, primeiro literalmente, depois
figurativamente. Esse é o nosso segundo maior problema.
Nan não gostou de perguntar isso:
— Então qual é o nosso maior problema?
— Tenho certeza de que as metades superior e inferior da estação estão
prestes a se separar. Então, que tal encontrarmos alguns pods de fuga logo?
Ela acha que o Farol vai desmoronar, pensou Nan. Ro literalmente
partiu a estação em duas. Por um segundo, apesar do perigo que ela mesma
corria, Nan sentiu um lampejo de puro orgulho pelo poder dos Nihil. Eles
pegaram o símbolo da República e dos Jedi e o partiram ao meio tão
facilmente quanto um galho.
A autopreservação voltou a funcionar rapidamente.
— Então, primeiro precisamos sair desses poços, mesmo que ainda
estejamos em um nível lotado.
— O mais rápido possível — confirmou Chancey. — Quem sabe? Os
Jedi podem nem nos notar. Eles estão prestes a ter problemas maiores para
lidar.

Elzar viu a sabedoria no conselho de Stellan. O suporte de vida


absolutamente tinha que ser a sua primeira prioridade. Mas enquanto se
apressava pela doca e via as pessoas presas, a maioria delas trabalhando
juntas, finalmente, em pequenos grupos ao redor das naves mais
danificadas, ele não conseguia deixar de pensar no perigo que corria.
Não, não estava prestes a se levantar e gritar "A estação está caindo aos
pedaços!" Isso só incitaria o pânico desenfreado. Fazê-lo quando não tinha
solução para oferecer seria indescritivelmente cruel.
Mas a sua impaciência o incomodava, provocando o seu temperamento,
que era a última coisa que Elzar ou qualquer pessoa ao seu redor precisava.
Ainda assim, havia uma coisa que poderia fazer que podia ajudar. Elzar
correu para o alto-falante da doca, que ainda funcionava para projetar som
por toda a baía. Apertou os controles para se dirigir a todos.
— Aqui é o Cavaleiro Jedi Elzar Mann. Todas as pessoas devem
retornar imediatamente às suas naves se essas naves estiverem atualmente
em condições de ir para o espaço. Se a nave do seu vizinho não for
navegável, permita a bordo o máximo de indivíduos que você puder
transportar com segurança. Todas as naves são obrigadas a levar pessoal da
estação, seja da República, Jedi ou civil, na quantidade que possam
transportar com segurança. Repito, façam isso imediatamente. Mann
desliga.
Instantaneamente, as pessoas começaram a se espalhar para as suas
naves, convocando os seus companheiros de tripulação, gesticulando para
que os funcionários da estação se juntassem a eles. Elzar sentiu um breve
momento de alívio. Pelo menos se a estação se desintegrasse
completamente, aqueles dentro das espaçonaves herméticas teriam uma
pequena chance de sobrevivência.
Caso contrário, eles não tinham nenhuma.

Este anúncio veio quando Bell e Burryaga lideravam uma equipe de reparo
em direção a uma junção do sistema auxiliar, e isso os impediu de seguir em
frente.
Eles trocaram olhares, entendendo as implicações imediatamente.
— A separação está realmente acontecendo. — disse Bell. — Seremos
capazes de estabilizar o suporte de vida a tempo?
Burryaga disse que não tinha certeza, mas eles tinham uma chance: o
sistema auxiliar poderia se dividir em unidades componentes, então o
trabalho que eles fariam aqui poderia sustentar a parte inferior da estação,
mesmo que a parte superior se quebrasse.
— Certo. Vamos nessa. — Bell parecia mais confiante do que se sentia
enquanto conduzia Burryaga e o grupo de técnicos da República.
Um gemido metálico profundo soou nas profundezas da estação, como o
gemido de um enorme animal moribundo. O cabelo de Bell ficou em pé; o
mesmo aconteceu com o de Burryaga, o que era uma visão assustadora de
se ver.
Burryaga balançou a cabeça negativamente. Depois de ouvir aquele
som, Bell sabia que ele estava certo. A hora da verdade estava chegando,
em poucos minutos. Por mais desesperadora que a situação do suporte de
vida pudesse ser, teria que esperar para ver se algum deles sobreviveria à
separação iminente.
Fechou os olhos com força e imaginou Ember sentada ao lado de Mestra
Indeera. Pelo menos elas estavam juntas. Pelo menos não tinha deixado
nenhuma delas sozinha.
— Devemos pegar máscaras de respiração? — disse Bell. — Já que os
passageiros vão estar a bordo de suas próprias naves?
Burryaga não conseguiu pensar em mais nada útil para fazer, então eles
também poderiam, e começou a liderar a equipe de reparos em direção ao
caixote de armazenamento mais próximo que poderia conter máscaras.
Era quase inútil, uma perda de pressão atmosférica quase certamente os
levaria a serem sugados para o vácuo gelado do espaço. Mas permanecer
vivo significava retornar para salvar a sua Mestra e a sua charhound, então
Bell faria isso ou morreria tentando.

Leox apertou os interruptores para subir a rampa da nave. Geode já havia


retornado ao seu posto de navegação, e Affie voltou para seu assento.
— Preparem-se — disse Leox. — Podemos estar prestes a fazer um
passeio acidentado.
— Não está caindo aos pedaços, está? — Affie disse, embora ela fosse
mais do que inteligente o suficiente para entender isso sozinha. Ela sabia.
Ela simplesmente não queria acreditar. — O Farol não iria apenas… se
desintegrar?
O silêncio de Geode falou muito. Affie caiu para trás em seu assento,
esmagada pela percepção.
— Olhe pelo lado positivo, — disse Leox enquanto apertava seu próprio
cinto. — Nós queríamos aquelas portas do compartimento de ancoragem
abertas, certo?
— Isso não é engraçado. — Affie olhou para ele antes de se virar para
seu próprio arnês.
— Não era para ser assim. Podemos sobreviver ao aglomerado de
detritos e chegar ao espaço aberto. Se não, bem, pelo menos não
morreremos sozinhos.
O rosto de Affie suavizou. Girou o assento para poder tocar Geode com
uma mão e o braço de Leox com a outra. Leox lhe deu o melhor sorriso que
podia. Pensar na morte de Affie e Geode era mais difícil do que enfrentar a
sua própria morte provável. Isso era amor para ele.
Mas preferia morrer com eles do que sobreviver sozinho, então deixe o
destino trazer o que vier.

Uma área de armazenamento alguns níveis abaixo do compartimento de


carga, logo abaixo da engenharia, continha um tesouro de células de energia
independentes. Atingi-los significava chegar ainda mais perto de uma zona
fortemente irradiada, que também era a área onde a estação corria o maior
risco de se desintegrar. Em outras palavras, não era o lugar que a maioria
das pessoas gostaria de estar naquele momento específico.
Mas se o Farol sobrevivesse ao rompimento iminente, as células de
energia poderiam manter o suporte de vida funcionando e, portanto, faria a
diferença entre a vida e a morte. Isso tornou o trabalho de Elzar Mann
coletar o maior número possível.
Usando uma máscara de respiração, subiu a escada e saiu no nível
correto. O Farol Luz Estelar parecia trêmulo perto da doca, mas não era
nada comparado a isso. Até as luzes de emergência estavam com metade da
potência, se não menos, então tudo estava renderizado em sombra e cinza.
O chão, as paredes, os pedaços de escombros soltos, tudo tremia com tanta
força que Elzar teve dificuldade em manter o equilíbrio. Pela primeira vez
nesta crise, convocou a Força para ajudá-lo; ela respondeu, mas apenas
como uma sombra de si mesma. Um arrepio percorreu a sua espinha. O que
quer que estivesse perturbando as conexões dos Jedi com a Força era mais
forte aqui…
Fechou-se dela. Sem mais Força, sem mais poderes Jedi. Eles só
poderiam prejudicá-lo agora, e a estação não tinha tempo. Não precisava da
Força para fazer o seu trabalho e dar o fora.
Apoiando-se em uma parede, Elzar foi em direção à área de
armazenamento. A trava de identificação, graças aos céus, permanecia
operacional; quando pressionou a mão contra ela, a porta se abriu
instantaneamente. Melhor ainda, um palete repulsor estava sabiamente
mantido em um canto. Elzar o ligou e começou a carregar células de
energia, tantas quantas fossem seguras e mais algumas. Ter algo construtivo
para fazer deu a ele uma sensação de calma maior do que conseguiu reunir
desde a explosão inicial. Se eles pudessem apenas montar essa parte, talvez
eles ficassem bem.
Feito. Movendo-se o mais rápido que podia, o que não era tão rápido,
dada a dificuldade em manter o equilíbrio, Elzar transportou as células de
energia para o poço de manutenção escuro. Ajustar o palete do repulsor
para horizontal levou um segundo, mas depois conseguiu baixá-lo no tubo;
se energizaria pelo resto do caminho. Elzar subiu atrás dele, descendo a
escada o mais rápido que pôde...
… e a escada torceu, cedendo diretamente abaixo de Elzar, de modo que
os seus pés escorregaram. Agarrou-se com força com as mãos até que
pudesse encontrar o equilíbrio novamente. A essa altura, o gemido do metal
atormentado dentro do núcleo da estação havia se tornado constante, mais
agudo, quase um uivo. As vibrações ficaram cada vez mais fortes, até que
Elzar não tinha certeza de que seria capaz de segurar a escada por mais
tempo.
Soltou-se. Por um instante, caiu em queda livre, mas então a
antigravidade do estrado repulsor o pegou, mais ou menos, permitindo que
se acomodasse nele. Sem fôlego, Elzar olhou para cima. O tremor estava se
intensificando aqui, mas ainda mais à medida que subia.
Apesar da perturbação, a Força permaneceu com ele o suficiente para
que soubesse no segundo em que tinha que agir. Elzar empurrou o palete
repulsor para baixo mais rápido até chegarem a um dos raros painéis de
controle dentro do poço de manutenção. As suas palmas estavam suadas
enquanto brincava com os controles no escuro, pensando, vai, vai, vai, vai,
vai...
Um campo de contenção surgiu meio metro acima dele. Três segundos
depois, a estação cedeu.
O barulho do metal perfurou os tímpanos de Elzar. Cobriu os lados da
cabeça com as mãos enquanto olhava para cima com horror, vendo o metal
se torcer, rasgar e se desintegrar. Chuvas de faíscas de fiação rasgada
iluminaram o poço de manutenção como relâmpagos. Elzar só pôde
observar enquanto o buraco se tornava cada vez mais largo, depois explodia
para fora, revelando o campo estelar negro do espaço além.
Pela Força, pensou Elzar. Podia ver a forma da metade superior da
estação, ainda borbulhando com milhares e milhares de fios faiscantes,
diminuindo de tamanho à medida que as duas metades seguiam caminhos
separados, cada uma em direção ao seu próprio destino. Malditos Nihil.
Malditos sejam em todos os infernos de todas as mitologias da galáxia!
Pelo menos as estruturas de ambas as metades individuais pareciam ter
se mantidas. As luzes de emergência permaneciam acesas. Ainda havia
alguma chance de sobrevivência, incorporada nas células de energia que
Elzar precisava transportar imediatamente.
Ainda assim, antes de fazer isso, Elzar levou um último momento para
olhar para a pequena imagem da metade superior da estação desaparecendo,
como tinha sido e nunca mais seria. O Farol Luz Estelar não existia mais.
P ara Stellan, a divisão veio num terrível tremor dos pisos e paredes
do escritório do intendente, os alarmes soando de astromecânicos em
rede, e um piscar de luzes. Apertou-se contra a sua mesa, fechando os olhos
contra a onda de medo e dor que sentiu reverberar de quase todas as coisas
vivas a bordo da estação...
...seguido por algo ainda pior: reconhecer que a metade daquelas vidas já
estavam cada vez mais distante visto que duas partes da estação se
dividiram.
JJ-5145 cambaleou em sua base esférica, mas já tinha se endireitado.
— Parece que a estação se dividiu pela metade, — disse com uma
alegria totalmente inapropriada.
Essa verdade inegável foi escrita em todos os gráficos, escâneres, e
linhas de dados que os cercavam, mas era quase impossível de aceitar.
Stellan se forçou a dizer:
— Sim. O Farol se dividiu em dois.
Um holo pequeno e instável de um dos astromecânicos brilhou: a sua
metade do Farol, conforme indicado pelos escâneres. A metade de baixo da
estação, a metade de Stellan, tinha levado a torre médica com ela na
divisão. Por outro lado, a parte de cima do Farol Luz Estelar estava
completamente vazia. O que aconteceu com Maru? E Avar? Não tinha
como saber neste momento. Stellan tinha de deixar para lá.
Continuava no escritório do intendente no meio de um ninho de
astromecânicos da rede todos caídos agora, mas em silêncio. Os droides
tinham menos a reportar. Tudo parecia quieto e estável novamente... por
enquanto. Stellan se perguntou se as muitas pessoas amontoadas na doca
pensaram que algo de bom aconteceu. Talvez acreditassem que o pior já
tinha passado. Se sim, ele os invejava.
— Recalculando necessidades organizacionais baseado nos novos
parâmetros da estação, — disse JJ-5145, — Perdemos algumas funções
críticas da nave, mas outros sistemas podem operar com mais eficiência por
um tempo, agora precisamos apenas de metade do serviço na estação.
Claro, aqueles sistemas logo pararão inteiramente, mas isso seria uma
questão de horas desde agora, ou após a nossa colisão na superfície do
planeta.
— Não é um lado muito favorável, Quatrocinco, — Mas a menção da
colisão trouxe uma outra ideia pra Stellan: Pode a divisão ter alterado a
trajetória da metade, impedindo a colisão? Talvez até das duas metades?
Era uma esperança leve, de curto prazo. Stellan bateu na tela que
contava a narrativa: dois arcos, ao invés de um, cada um indo direto para a
superfície de Eiram. A parte de cima atingiria a atmosfera primeiro, e seria
muito rápido. Essa parte de baixo da estação seguiria logo em seguida.
A ideia de JJ-5145 sobre alguns sistemas da estação serem capazes de
funcionar mais eficazmente pareceu ter sido confirmada. O suporte auxiliar
a vida, embora ainda sob grande tensão, se recuperou levemente. Ao menos
isso trouxe algum tempo para reparos. Mas nenhumas das outras funções
melhoradas os ajudou.
Exceto...
— Os propulsores posicionais, — disse Stellan, com nova energia na
voz, — Eles poderiam ser restaurados a plena potência e nada menos, aí nos
ajuda. Mas agora que os propulsores têm de levantar só metade da estação,
ao invés dela toda, podemos provavelmente ficar no alto indefinidamente!
Se JJ-5145 ficou presunçoso sobre estar correto, o droide não deu
nenhum sinal.
— Começarei os cálculos de reparos necessários imediatamente!
Stellan sentiu um momento de desespero pelos que estavam a bordo da
metade superior da estação... sem propulsores, sem qualquer forma de
alterar o seu curso ou destino..., mas descartou. Ter medo por eles não
mudaria nada; chorar por eles, se e quando acontecesse, seria em seu devido
tempo. Nesse momento tinha que se concentrar apenas nas vidas que ainda
podia salvar.

Nan e Chancey Yarrow continuavam agachadas na área de armazenagem na


parte mais distante do nível de docas do Farol. O som terrível de metal se
rompendo tinha cessado, assim como as vibrações que tinham abalado Nan
até o ponto de vomitar. Ainda, era difícil confiar que esse estágio do perigo
tinha passado.
Finalmente, no entanto, Chancey ficou de pé.
— Certo, — Parece que o Farol Luz Estelar perdeu um nível, ou se
partiu, seja o que for, ainda estamos vivas.
— Eles realmente o destruíram, — Nan sentiu algo quase como
reverência. Quem poderia duvidar de Marchion Ro agora?
Chancey, por outro lado, não parecia interessada no panorama geral.
— Neste momento as coisas parecem estáveis, mas não podemos ter
certeza que estão. Na minha opinião é que essa estação, ou o que sobra dela,
tem um tempo antes de desmoronar completamente. Nossa melhor chance é
pegar um pod de fuga, ir para Eiram, e partir de lá.
— Nós vamos querer armas, — disse Nan, — Porque nós não vamos ser
os únicos tentando pegar um pod de fuga.
— A questão é se alguma cápsula sobrou. Elas podem já ter sido
lançadas, — Chancey achava que a segunda hipótese era mais certa, —
Talvez ninguém consiga chegar aos pods. Nós temos de ter esperança,
afinal. Do contrário, estamos ainda mais kriffadas do que eu pensava.
Nan sentiu um tremor de medo na barriga, mas o suprimiu.
Testemunharia o grande triunfo de Marchion Ro e viveria para contar a
história.


Embora apenas poucos minutos passaram desde o rompimento da estação,
pessoas das naves encalhadas na doca já tinha se aventurado a sair
perguntando o que tinha acontecido e exigindo respostas. Bell gostaria de
ter mais para lhes dizer.
— Não estamos mais a caminho da superfície do planeta? — Perguntou
Joss Adren, — Talvez isso mudou nossa trajetória?
— Quanto tempo podemos ficar no ar? — Essa foi de um pequeno
Twi'lek de pele verde e olhos enormes de medo, — Como sabemos que não
fomos comprometidos?
— Por que não estão nos tirando daqui? — Perguntou Koley Linn.
Burryaga rosnou para todos ficarem calmos. Seja se ele se expressou
bem, ou as pessoas naturalmente ficaram intimidadas pelo enorme ronco
dos Wookiees, mas a multidão de acalmou.
No entanto, Koley Linn era menos submisso que a maioria.
— Minha pergunta continua. Tudo bem, os pods de fuga não estão
funcionando. As portas das docas não funcionam. Mas vocês são os Jedi.
Parecem ser capazes de fazer milagres, mover coisas apenas com a mente.
Então por que não usam a Força, ou seja, lá como for que chamam, para
abrir as portas das docas?
Era uma boa pergunta, e infelizmente tinha uma resposta desanimadora.
— Porque não é apenas uma questão de abrir as portas, — disse Bell, —
Os campos de contenção menores estão funcionando, não somos capazes de
ativar os maiores... como os do tamanho das docas, por exemplo. Então
teríamos de usar a Força para segurar todo o ar respirável para evitar que a
estação se desestabilize, talvez até matando todos a bordo. Fazer uma
dessas coisas seriam difíceis, até para nós. Fazer as duas ao mesmo tempo é
impossível.
Talvez não fosse, pensou Bell, se tivessem uma chance de meditar. Se
pudéssemos ter mais alguns dos Cavaleiros Jedi sobrecarregados juntos de
uma só vez. E se a perturbação na Força nessa estação finalmente
desaparecesse. Mas isso não está acontecendo.
— Vocês são milagreiros, — disse Koley antes de sair. Os outros,
entretanto, pareciam ouvi-lo, e a multidão ficou quieta... por um momento,
pelo menos.
Tão logo Bell e Burryaga foram deixados só, eles correram juntos para
um dos terminais (na maior parte) ainda funcionando. Bell sabia que
compartilhavam da mesma preocupação. Sem dúvida Stellan Gios os
ocuparia em breve, mas eles tinham de saber o que aconteceu na torre
médica. Tinha sido arrancada no rompimento, também?
Não posso perder outro Mestre, pensou Bell. E a Ember... Ember deve
estar tão assustada...
Então a tela iluminou-se com a imagem do que restou do Farol Luz
Estelar. Para qualquer outro virtualmente, teria sido um retrato de pura
destruição. Mas Bell riu alto enquanto Burryaga se animou.
— Ainda estão conosco! — Disse Bell, — Ainda podemos pegá-los.
Muito antes, ele se reuniu com a sua charhound... ajudaria a cuidar dos
feridos indefesos... e ele iria salvar Indeera Stokes.

Ser um Jedi envolvia realizar muitas tarefas que geralmente eram


consideradas ‘heroicas’..., mas Elzar raramente se sentia como um herói
como se sentiu quando voltou para as docas carregando um pallet repulsor
de células de energia. Não eram apenas passageiros estranhos que
começaram a gritar e se animar; Nib Assek parecia que queria lhe dar um
beijo.
— Você conseguiu, — disse Nib sem fôlego, — Podemos estabilizar o
suporte a vida!
— Talvez, — disse Elzar. Ele não podia partilhar a animação... somente
a Força sabia o que estava acontecendo com a metade superior da estação e
todos a bordo dela, incluindo Avar Kriss..., mas tinha algo produtivo para
fazer e precisava focar nisso, mais que na raiva que sentia pelo que os Nihil
fizeram ao Farol, — Qual é nosso estado geral?
Veio num relatório menos de cinco minutos depois, no qual Stellan,
Elzar, e Nib se juntaram no escritório do intendente para passar pelos dados
que JJ-5145 e os astromecânicos foram capazes de coletar. Elzar sentia
como se estivesse de pé num emaranhado de fios quando um holograma
pequeno e grosseiro apareceu no centro da sala.
— Parece que isso é o que sobrou do Farol, — disse Stellan. A parte
inferior irregular da estação, desenhada na luz azul, rotacionou no ar antes,
— A nossa trajetória, embora alterada, ainda nos leva para dentro da
gravidade de Eiram e então para a sua superfície em menos de duas horas e
meia. Mas temos uma boa chance de ativar os propulsores posicionais
agora... nem em plena potência, que é impossível, mas em força suficiente
para impedir a estação de colidir por dias e até semanas.
— Alguém nos alcançará até então, — disse Nib com confiança total.
Elzar sabia que ela tinha toda razão de ter fé, mas o silêncio sabotador e
isolamento o abalou.
— Vocês dois, juntem-se aos esforços de Bell e Burryaga com o suporte
auxiliar a vida. Quatrocinco e eu trabalharemos na ativação dos propulsores
posicionais, se conseguirmos, — O droide girou, aparentemente orgulhoso
de sua designação importante, — Assim que essas duas coisas acontecerem,
acredito que podemos esperar até que a ajuda da República chegue.
— Temos esperança mais uma vez, — disse Elzar, confirmando a
Stellan com um aceno, — Mas espere... onde está Orla?
— Apagando outros incêndios. Figurativamente, ou talvez literalmente,
— Nib está indo para a porta antes que Elzar terminasse de falar. — Eu a
trarei de volta o mais rápido possível.
Elzar não se sentia confiante com a segurança de alguém neste
momento. Orla pode ter sido perdida no rompimento da estação? Elzar
sentiu um sentimento irregular de preocupação por sua mentora.
Mas Stellan estava certo. Tinha de otimizar as suas melhores
oportunidades. Por enquanto, isso significava estabilizar o suporte a vida, e
ter fé. Além disso, se alguém podia cuidar de si mesma, era Orla Jareni.

A conversa que rolava nas docas (onde a fofoca se espalhava na velocidade


da luz) era que a situação estava melhor graças as células de energia. Affie
não sabia como essas pessoas estavam conseguindo ‘boas notícias’ do fato
de estarem numa estação espacial que tinha se partido em duas.
Graças a suas experiências anteriores com os Jedi, em particular com a
sua amizade com Orla Jareni, Affie confiava neles mais que alguns outros
nessa região do espaço. Mas como Leox a tinha ensinado, os melhores
resultados vêm quando se confia com um coração aberto, mas também vigia
a retaguarda.
Então, enquanto outros circulavam discutindo as novas possibilidades e
os Jedi participavam de alguma reunião super especial, Affie se levanta para
procurar pelos pods de fuga.
Os pods de fuga não estavam funcionando, disseram os Jedi. Mas os Jedi
também acreditavam que as comunicações não estavam funcionando
quando estavam na verdade. Era tal esforço para se perguntar se os pods de
fuga podiam estar em melhor forma que os computadores disseram?
Uma viajante do espaço desde a infância, Affie sabia como vários tipos
de pods de fuga funcionavam. Podiam haver meios de fazer funcionar até
mesmo um pod sabotado. Faria o que fosse necessário para ter certeza que
Leox ficasse seguro.
Mas Geode não caberia num pod de fuga.
As portas dos pods eram muito pequenas para alguém que não podia se
dobrar ou se abaixar, mas talvez pudesse sair pelo bloqueio de ar, Affie
pensava que o seu caminho seria por um corredor escuro, cheio de
destroços para o anel exterior do nível das docas. Ele ficaria bem por
enquanto. Nós temos de nos certificar que alguém possa pegá-lo.
(Os Vintianos raramente adotam uma viagem espacial, preferindo
permanecer em Vint. No entanto, os poucos que adotaram, como Geode,
eram altamente requisitados por causa de sua extrema robustez, que ficava
além de qualquer outra forma biológica de vida. E uma ou duas horas no
vazio do espaço não causariam dano a um Vintiano. No entanto, o que
poderia lhes causar dano era a gravidade. Se Geode caísse na atmosfera de
Eiram e então na sua superfície, ele morreria tanto quanto um humano que
caísse de tal altura.)
Enquanto considerava as opções, Affie estava quase completamente
perdida nos pensamentos..., mas voltou ao presente quando ouviu vozes
vindo de cima. Vozes Abafadas, as palavras de quem não queria ser ouvido.
Agachou-se junto a parede e rastejou para frente, com cuidado triplo
com seus pés atrapalhados. Graças a curva no corredor, levou uns minutos
para se aproximar o suficiente para ouvir: duas mulheres, ou uma mulher e
uma garota, que estavam segurando um bastão de luz a frente delas... com
sorte... sem olhar para trás.
— Se lembro das plantas direito, ali devem estar alguns pods a frente. —
disse a mulher.
Então, Affie não era a única que queria informação adiantada sobre os
pods de fuga. Bem, era justo. Abriu a sua boca para falar com elas... era
melhor trabalhar como equipe... quando ouviu a mais jovem dizer:
— Eu espero que não tenham já sido lançadas.
Eu conheço essa voz, Affie percebeu quando seu intestino ressoou. É
Nan! É uma dos Nihil!
Tinha passado meses desde que a Embarcação tinha encalhado na
estação Amaxine, mas Affie nunca se esqueceria do sentimento de choque e
traição que sentiu após descobrir que outros dois encalhados tinham sido
Nihil. Nan era um deles: pequena como uma garota, aparentemente
docemente curiosa sobre a República, tão ansiosa para ser amigável com
todos eles especialmente com os Jedi. Em outras palavras, Nan tinha jogado
com eles habilmente, que era razão suficiente para não a perdoar.
Mas como Nan aparentemente era uma dos que ajudaram a explodir o
Farol Luz Estelar...
Affie pausou, parou no chão, e pegou cuidadosamente um longo pedaço
de metal que tinha caído ali. Não pretendia deixar Nan se safar dessa, e isso
significava que precisava estar pronta para lutar.

Nos dias que virão, Stellan suspeitava, ficaria desconfortável com o modo
que usou a Embarcação como um centro de comunicação improvisado. No
entanto, por enquanto continuava focado na ligação que acabou de chegar.
— Mestre Gios, nós sofremos com você neste tempo terrível. Desejamos
ajudar como pudermos, — Rainha Thandeka de Eiram, em forma
holográfica, apareceu na cabine da nave, — No entanto, Rainha Dima e eu
precisamos pensar em nosso planeta e nosso povo. As análises estratégicas
sugerem que a metade superior da estação... sem os propulsores
posicionais... provavelmente está vindo tão rápido que incendiará na
descida por nossa atmosfera.
Maru, pensou Stellan. Avar. A realidade disso o machucou novamente.
Rainha Thandeka continuou.
— Se for capaz de reativar os propulsores a tempo, a sua metade da
estação pode sobreviver. Mas se não conseguir, parece que provavelmente
atingirá uma das maiores cidades de nosso planeta, localizado na costa do
continente ao norte. Parece como se... como se a única maneira de salvar os
habitantes da cidade fosse abatendo a estação.
— Nos explodindo até aos átomos, você quer dizer, — Stellan não podia
culpar a mulher. Qualquer bom líder teria de considerar essa opção.
Ela parecia arrasada.
— Por favor saiba que essa é a nossa última opção. Nunca faremos...
não se tiver outras possibilidades...
— Não precisa se desculpar, — ele respondeu, — Se tiver que sacrificar
centenas de vidas nessa metade da estação para salvar muitos milhares na
superfície do planeta, então é o que precisa ser feito. Mas isso não será
necessário.
— Tem certeza? — As mãos de Rainha Thandeka desabaram na frente
dela, agitada em preocupação.
Stellan deu de ombros.
— Absolutamente certo? Não. Mas eu conheço os Jedi a bordo dessa
estação. Sei do que são capazes. O que somos capazes. Não deixaremos o
Farol cair. Já confiou em nós, Rainha Thandeka. Devo pedir que faça isso
novamente. Confie que nós salvaremos essa estação.
Ela hesitou..., mas apenas por um momento. Levantando o queixo, disse:
— Então estamos orgulhosos de colocar novamente a nossa fé nos Jedi.
Stellan só esperava que os Jedi merecessem a fé dela.
C hancey Yarrow se perguntava qual cairia primeiro... o
restante do Farol Luz Estelar, ou essa garota Nan.
Ela ainda queria acreditar tão ferozmente em Marchion Ro, Chancey
pensou enquanto as duas continuavam a procura pelos pods de fuga. Pode
até ter se convencida de que ela acredita nisso.
Mas um cético também conseguia ver a dúvida em outros, mesmo
quando não podem ver em si mesmos. Chancey tinha usado os Nihil para os
seus próprios propósitos, da mesma forma que estava usando os Grafs, mas
não precisou acreditar em algum líder carismático ou algum propósito mais
alto, maior em muito tempo. Era um modo mais eficiente de viver, e menos
desapontador.
Nan, por outro lado, ainda procurava validação em alguém ou algo
exterior. Chancey tinha a esperança de que se estabelecer por conta própria
iria despertar alguma independência dentro Nan, mas a adulação que ela
tinha pelos Nihil ainda brilhava intensamente dentro do coração da garota.
Realmente teremos de pegar fogo e queimar com essa coisa antes que
ela entenda que Ro não dá a mínima para qualquer um no seu caminho?
Chancey se perguntou. Se não encontrarmos alguns pods de fuga logo,
acho que descobrirei.
Estranhamente, Chancey se viu lembrando de sua filha, Sylvestri. De
algumas formas, Nan e Sylvestri eram muito parecidas... mais que uma
delas jamais admitiria, ela suspeitava. Mas cada uma tinha uma camada
idealística que não lhes servia bem em longo prazo. Provavelmente a razão
pela qual ela aceitou Nan, de forma que pudesse ensinar alguma jovem
mulher as coisas que a sua própria filha se recusou a aprender. Então
Chancey poderia entender como chegar a Sylvestri, e elas podiam ficar
juntas novamente... como sempre pretendeu, mesmo que Sylvestri não
pudesse ver ainda...
Bem, os anos provavelmente cuidariam do idealismo de Sylvestri. A
adoração heroica de Nan também, assumindo que tinha anos pela frente.
O bastão de luz de Chancey iluminava para frente e para trás do corredor
curvo o qual seguiam, até que finalmente a luz pousou em algo interessante.
— Ali, — Chancey cutucou Nan com o ombro.
— Um pod! — Nan se iluminou, — Tudo que temos que fazer agora é
detonar os lançadores explosivos, e estaremos fora daqui!
— Vamos dar uma olhada. — Disse Chancey ao não ter certeza.
A maioria dos pods funcionavam como Nan sugeriu, equipados com
explosivos químicos que os lançariam da nave mãe ou da estação, de forma
que podiam ser usados mesmo quando nenhuma energia estivesse
disponível. Deveriam ser capazes de pegar um desses não importa qual.
Mas não podiam.
— Arrogância da República, — disse Nan, o seu rosto escureceu numa
carranca, — Eles pensaram que nada podia dar errado na estação deles,
então não se preocuparam em ter pods de fuga que funcionassem...
— Ou, quem sabe, a mesma equipe que sabotou o resto da estação
sabotou os pods também, — apontou Chancey, — Quais dessas
possibilidades lhe parece mais provável? Em qualquer avaliação, nós
esperávamos que essas coisas estivessem sabotadas, senão teríamos de
dividir com eles.
Nan começou a arregaçar as mangas do macacão.
— Eu posso hackear alguma coisa.
Chancey, uma cientista quase ímpar, dificilmente precisava de ajuda
com um pequeno hackeamento, mas não precisava dizer isso. Apesar disso,
quem sabia? Talvez o tempo de Nan com os Nihil tinha a ensinado
exatamente o que precisaria para desfazer uma sabotagem dos Nihil.
Haviam dois pods... uma para cada trabalhar... então quando uma delas
terminasse o trabalho, ambas sobreviveriam.
Aqui estavam novamente. Um leve som arrastado atrás delas. Chancey
não imaginou isso.
Os seus olhos se encontraram com os de Nan. Ambas perceberam que
não estavam mais sozinhas.

O suporte auxiliar a vida era na verdade mais fácil de ser consertado com a
parte superior da estação quase inteiramente perdida... era estranho, mas era
verdade. Bell foi capaz de ‘amarrar’ áreas diferentes da metade inferior da
estação, separando o suporte de vida de reserva em cápsulas separadas,
independentes, cada uma das quais estava estável suficiente por enquanto.
Ao menos até batermos no chão, ele pensou, o humor negro não se fala
em voz alta.
Continuou a sua tarefa, colocando reforços duplos, triplos em cada
sistema, até mesmo restaurando alguns sistemas de comunicação internos,
até que Burryaga curiosamente choramingou.
— O que foi? — Bell colocou a cabeça para fora do compartimento
inferior que estava trabalhando; Burryaga, naturalmente, assumiu algumas
junções localizadas na parte superior
Burryaga falou que a Mestra Nib tinha saído por um momento.
— Ela está procurando Orla Jareni, certo? — Uma vez que completaram
o trabalho primário no suporte auxiliar a vida, Nib tinha ido para a tarefa
secundária, — Pode levar um tempo, dado o estado do Farol.
Embora Burryaga entendesse que era razoável, não podia deixar de
lembrar que tinham perdido Regald Coll, e quase perderam Indeera Stokes,
para a perturbação estranha da Força... e embora essa perturbação tenha
aumentado e diminuído, particularmente depois da explosão, ela não
desapareceu.
Bell empurrou a pesada alavanca industrial para o lugar, então recuou
para olhar no rosto preocupado de Burryaga.
— Fizemos tudo que podíamos aqui. Devemos designar alguns droides
para procurar a Mestra Nib?
Podiam, Burryaga concedeu rispidamente, mas queria ele mesmo ir
procurar a sua Mestra.
Esse sentimento Bell entendia bem.
— Certo, temos poucos minutos. Vamos.
Nib teria começado a sua busca no último lugar que sabia que Orla
estava indo; na área de carga, mesma área que parecia ser o centro das
perturbações na Força. Era também o último lugar no Farol que Bell queria
visitar. Mas Burryaga não descansaria até encontrar a sua Mestra segura e
consciente, e Bell não negaria a qualquer Padawan o tipo de alegria o qual
não teve com Loden Greatstorm.
Quando se aproximaram do porão de carga, os corredores se dividiam
em uma dúzia de direções diferentes. Burryaga sugeriu que se dividissem
para cobrir mais áreas.
— Ah não, não vamos, — disse Bell, — Nunca assistiu um holo de
terror? Se dividir é a pior coisa que poderíamos fazer.
Burryaga salientou que assistia holos de terror por muito tempo antes de
Bell nascer, e nenhum deles tinha qualquer semelhança com a vida real.
Era um argumento válido. Dentro de minutos, Bell estava tomando o seu
caminho pelo corredor da esquerda, sozinho. Andava o mais rápido que
podia enquanto era cuidadoso em procurar qualquer vestígio da presença de
Orla. Na verdade, queria mais retornar para a torre médica o mais rápido
possível. Mestre Indeera precisava dele. Ember precisava dele.
E precisava delas também.
Bell parou conforme o seu bastão de luz passou por uma forma cinza
não familiar no chão. A textura era peculiar... teia de aranha? Não havia
muitos aracnídeos na estação espacial. Deu mais passos para frente,
tentando compreender os detalhes.
Esses são... pés?
E então viu que era a forma de um corpo humano deitado de lado em
posição fetal. Estava de costas para ele, mas Bell não tinha dúvida que
encontrou o que sobrou de Orla Jareni.

Affie estremeceu no momento que os seus pés rasparam contra o piso


caído... isso fez um barulho pequeno, mas ambas mulheres, que espiava,
ouviram. Elas ficaram tensas e olharam uma para a outra, que era a deixa
para Affie tomar a iniciativa.
— Pra trás, — disse, avançando a passos largos com o bastão de metal
nas mãos, projetando o tipo de confiança que imaginava vir da segurança
oficial da estação, — Se afastem desses pods.
Elas ficaram de pé, aparentemente obedecendo..., mas então
reconhecimento brilhou nos olhos de Nan, — Eu conheço você. Você não é
Jedi. Você é aquela garota da Embarcação, Addie.
Affie quase a corrigiu, mas se conteve. Nada em dar as sabotadoras
qualquer informação que já tinham.
— E você é Nan, uma dos Nihil.
— Você não pode mais zombar dos Nihil, — retrucou Nan conforme
dava um passo à frente, — Não depois disso.
— Vocês foram estúpidas o suficiente para explodir a estação espacial
enquanto ainda estavam nela, — disse Affie, — Então não estou
impressionada.
A outra mulher agiu como se nada disso fosse uma grande coisa.
— Ouça, Addie, — disse, — Me chamo Chancey, e eu sei apenas três
coisas sobre você: O seu nome, que você não tem qualquer autoridade real
nessa estação, e que você está em tanto perigo quanto nós. Ou os Jedi
deram uma permissão especial para você pegar um pod de fuga?
Faça disso duas coisas, pensou Affie.
— Eu simplesmente vim checar os pods, não os roubar.
— Mas você quer um, não quer? — O sorriso de Chancey parecia quase
natural, — Ouça, você duas estão em lados opostos num argumento. Não
deixe isso te cegar do fato que estamos no mesmo lado agora. Há pods de
fuga suficiente para todas nós, mais um casal de amigos seus. Nos ajude a
deixar estas coisas prontas para serem lançadas, chame os seus amigos,
vamos todos sair desse inferno.
Por um segundo, fazia muito sentido. Affie simpatizava com os Jedi e
com todos a bordo, mas ter a chance de salvar os seus amigos...
Se Geode coubesse num pod de fuga, poderia ter ido nessa.
Ao invés disso disse.
— Eu nunca estarei do mesmo lado que as intrusas Nihil, — Affie
levantou o bastão no instante que Nan correu em direção a ela.
— Não somos intrusas! — Gritou Nan, ela tinha agarrado um pedaço
aleatório de tubo no chão e continuava golpeando Affie, atingindo o bastão
tão forte que abalava todos ossos de seu braço, — Nós fomos trazidas aqui
como prisioneiras!
— Não tenho certeza... huhn... Affie empurrou Nan para trás o mais
forte que pode, mas mal se mexeu. A garota sabia como lutar, — Não sei
como isso ajuda no seu caso.
Os olhos de Nan brilharam com uma luz quase de fervor.
— Se os Jedi não conseguiram nos conter... se subestimaram os Nihil...
esse problema é deles.
Chancey corou, gritando.
— Nan! — A voz dela foi alta o suficiente que Nan parou por um
segundo, o suficiente para Affie respirar. Chancey continuou, — Isso é uma
distração, e das perigosas. Deixe isso e venha comigo.
Nan olhou de volta para Affie por um segundo longo. Elas tinham se
conhecido pouco na estação Amaxine... Nan passou mais tempo se
aconchegando a Reath Silas, de forma a conseguir mais informações dos
Jedi..., mas desde então tinha cuidado em acender um olhar de ódio.
Não eramos inimigas antes, pensou Affie, mas sempre seremos de agora
em diante.
Quando Nan se virou para fugir com Chancey, não havia tempo a perder
as perseguindo. Duas contra uma era uma equação ruim.
Melhor ir para as docas e deixar os Jedi saberem com quem estavam
lidando.


— Bell Zettifar para Mestre Stellan...
— Bela sincronia, — disse Mestre Stellan antes que Bell pudesse dizer
algo, — Tanto em restaurar algumas comunicações... vi nos escâneres, bom
trabalho... e quanto a sua ligação em si. Um dos pilotos civis encontrou
duas prisioneiras, potencialmente as sabotadoras Nihil, aproximadamente
setenta metros do porão de carga. Precisamos de uma equipe para investigar
a área ao redor. Quatrocinco diz que estavam trabalhando perto, certo?
— Sim, senhor, estou, mas...Eu acabei de encontrar Orla Jareni. Quer
dizer, o que sobrou dela.
Uma longa pausa se seguiu, durante a qual Burryaga apareceu no fim do
corredor, ele tinha ouvido o grito de Bell momentos antes. Burryaga deve
ter percebido que Orla não tinha sido localizada viva e bem, mas
choramingou de desgosto ao vê-la deitada nos pés de Bell.
Finalmente Mestre Stellan disse, com voz áspera.
— Ela está... está dizendo em estado de casca?
Tão oca e morta quanto ‘casca’ soava, Bell pensava que o termo não
chegava perto do horror da verdade. A cobertura cinza, como papel, frágil
diante dele era um escárnio da mulher vibrante cujo esse corpo já foi. Pior,
para Bell, era um lembrete terrível do trágico fim de Loden Greatstorm.
— Sim, — disse, — Ela é uma casca.
— Pela Força, — E não podemos salvar o que restou para estudo, nem
mesmo fornecer uma pira. Orla merecia uma pira funerária, — Mas Mestre
Stellan, balançado como aparentemente estava, focou de volta rapidamente
na tarefa que tinha, — Coloque algum tipo de campo protetor ao redor de
Orla... ao redor de Orla. Estou a caminho para me juntar a vocês na procura.
Se os Nihil estão por trás do que aconteceu com Orla e Regald, é mais
importante ainda encontrar os sabotadores e conseguir algumas respostas.
— Entendido, senhor, — Mas Mestre Stellan já tinha cortado a conexão.
Bell olhou para Burryaga conforme começava a buscar de forma hesitante
em seu cinto de equipamentos um campo de contenção portátil, — O que
tem o poder para fazer algo assim?
Burryaga disse não saber, mas eles tinham um problema mais urgente.
— Eu sei, eu sei, a colisão da estação...
Mais urgente que isso ainda, Burryaga salientou: Eles ainda não
encontraram a sua Mestra, Nib Assek.
— E essa é a parte da estação onde ela ia, — Realidade caiu em Bell
como uma pedra, — Ah não.

Stellan nunca conseguiu dizer uma última coisa para Orla Jareni, e agora
nunca o faria.
Talvez estivesse certa sobre mim, pensou Stellan. Eu queria ter a chance
de dizer isso para você. Parecia tão errado que nunca seria honrado
novamente pela honestidade inflexível dela. Ela tinha partido tão
corajosamente, tentando resolver um dos poucos problemas nessa estação
que tinha qualquer chance de uma solução permanente, e isso tinha custado
a sua vida.
O que que seja que esteja causando essa perturbação na força, decidiu
enquanto entrava no porão de carga, tinha de ser simplesmente evitado. A
investigação, tão importante antes, era tudo um pouco fútil; já tinham
perdido dois excelentes Jedi na procura, sem respostas. O que ou quem for
que esteja interferindo na conexão dos Jedi com a Força iria provavelmente
perecer junto com essa estação espacial. Se eu puder salvar o Farol, então
será hora de chegar ao coração desse mistério.
Ele pensou novamente em Orla Jareni... primeiro como a garota
sorridente que tinha conhecido em Pamarthe todos esses anos atrás, então
quando ela disse que tinha se deixado definir pela Ordem. Quanto tempo
antes tinha sido? Um dia? Três? Mais?
Parecia como se devesse saber disso. Mas Stellan não podia encontrar a
resposta em seus pensamentos. A memória de Orla oscilava, brilhava, como
uma miragem quente. Era tristeza pela perda da companheira que minava a
sua habilidade de pensar direito?
Não. Era a perturbação da Força que tinha mais uma vez nublado os seus
pensamentos. Stellan se lembrava tão claramente, aquela terrível frieza
penetrante que se infiltrava por todos os poros de sua pele.
Arrepiou-se.
Não. Não, não estou nem perto ainda... nem perto... e ainda...
Não estava lembrando de seu pesadelo. Estava acontecendo novamente.
Stellan pegou o seu sabre de luz e o ligou. Embora parecia que o seu
inimigo era do tipo que não daria para lutar, ele pretendia morrer lutando.
Seja o que for que matou Regald e Orla tinha encontrado Stellan Gios
também.
A cor pereceu primeiro.
Em um momento Stellan podia ver, apesar da diminuição das luzes
de emergência, algumas cores: o vermelho das luzes de emergência em
todas as interfaces eletrônicas, o branco e dourado de seu manto, a lâmina
azul e os traços de seu sabre de luz. Então, conforme o frio lhe tocava, toda
sombra e cor escoava da existência, o deixando numa realidade que parecia
ser feita somente de sombras.
Está vindo, ele pensou, embora não pudesse conseguir dizer o que, nem
como sabia disso.
Medo veio em seguida, puro medo biológico, os reflexos do próprio
animal que ao menos obedecia aos ensinos Jedi. O seu coração batendo
rápido, a sua pressão sanguínea se intensificou até suas têmporas latejarem,
com o suor pegajoso na sua pele. Se Stellan já teve medo de algo
específico... qualquer coisa... poderia ter falado baixo disso.
Mas essa era uma categoria diferente de medo, o tomando como um
manto frio e molhado, pesado e encharcado. Era tangível, até mesmo
palpável. Não podia mais se exorcizar de seus pensamentos que poderia
querer um sol nos céus.
Está vindo, Stellan pensou novamente. A sua visão ficou borrada; o
corredor que estava ficou ondulado e líquido, então mais escuro e então
mais claro novamente. Pensou que pode ver algo se movendo até ele, mas
não tinha certeza. Não havia certeza de mais nada.
Poderia escapar? Stellan tentou correr, mas não conseguiu. Mal
conseguia andar. O chão se mexia e balançava sob os seus pés como se
estivesse num convés de um veleiro durante uma tempestade. Náusea o
atingiu, e tinha dificuldade para respirar. Quase batendo, alcançou a parede
para se segurar.
A sua mão fez contato com uma caixa. A caixa era chamada...algo...algo
que Stellan deveria lembrar.
Está vindo está vindo está vindo.
Stellan apertou o botão na caixa. Imediatamente, um escudo de ar
comprimido abaixou-se, cortando o corredor a menos de um metro de onde
estava. A espessura do metal parecia prover algum conforto... o suficiente
para ele se afastar..., mas ele sabia que isto não era uma fuga.
Era apenas um atraso.
O que quer que estivesse atrás daquela parede viria atrás dele
novamente, em breve.

— Obrigado por fugir, — vociferou Nan enquanto ela e Chancey desciam


para o outro andar. A procura por pods de fuga obviamente teve de ser
realocada, porque o nível que tinham saído estaria lotado de Jedi em
segundos, se já não estivesse, — Legal saber que você me apoia.
— Me poupe, — disse Chancey, de forma quase agradável, — Você
parece mais interessada em defender os Nihil do que me ajudar, então quem
é a traidora aqui? Se a falsa indignação te faz sentir melhor, divirta-se, mas
eu tenho coisas melhores para me preocupar.
Nan teria gostado de discutir este ponto, mas Chancey estava certa.
Tinham se tornado parceiras, mas nunca aliadas. Chancey era a sua
companheira por convivência, nada mais. Isso, também, fazia os Nihil
parecerem mais brilhantes na comparação... ali as pessoas compartilhavam
uma crença. Compartilhavam um líder. Sacrificavam-se juntos. Podia ser
mortal, sim, mas havia sempre algo maior a considerar, planos maiores para
trabalhar.
Elas entraram no novo andar que parecia deserto. Alguém perto da doca,
raciocinou, já teria ido lá se pudessem. Mas ainda estavam pertos o
suficiente de forma que encontrar pods de fuga parecia provável.
Disse isso para Chancey, que não pareceu impressionada.
— Fato é, — ela disse, — qualquer sabotagem Nihil que afetou as
células de energia que encontramos muito provável que afeta a todas. Eu
digo para não nos preocuparmos com os pods até encontrarmos algumas
células de energia individuais. Talvez um daquelas espremeriam um pod o
suficiente para se soltar manualmente do Farol.
— Faz sentido, — Nan ainda se sentia desconfortável, até mesmo com
raiva. Chancey estava certa que não era a causa da inquietação. Seria fácil
dizer que estava com medo... que a devastação que viu ao redor dela, com
fios perdidos pendurados de paredes e teto, com detritos espalhados no
chão, com tudo ficando amarelado com a luz de emergência, tinha temido
pela própria vida..., mas Nan se recusava a admitir. Os Nihil a ensinaram a
coragem antes que qualquer outra coisa.
É aquela garota Addie, ela finalmente decidiu. Ela pode voar pela
galáxia e se divertir e agir por conta própria, e nunca parar para pensar
sobre quão pesado o resto de nós está trabalhando. Ela nunca sonha sobre
ter o sofrimento, ou sacrifício. Ela não sabe quanta coisa boa tem.
Se Nan ainda tiver chance, decidiu, ensinaria uma ou duas lições a
Addie Hollow.

Na superfície de Eiram, até recentemente tinha sido possível nem imaginar


que o Farol Luz Estelar estava sobre o planeta, muito menos tendo
problemas. Se ignorasse as notícias e não estivesse monitorando os céus por
alguma razão, o Farol parecia como não mais que um ponto brilhante entre
milhares no horizonte.
No entanto, nesse momento, a única coisa que tinha que fazer para
perceber que havia problema era viver no sudeste do continente e olhar pra
cima.
Era tarde da noite ali, mas os poucos que estavam acordados começaram
a despertar os outros. Eles apontaram para o céu estrelado... duas das
estrelas estavam ficando maiores e mais brilhantes cada a momento. Uma
delas começou a brilhar num tom terrível de vermelho.
Estava queimando, alguns disseram.
Não pode, diziam outros. É o símbolo da República. É a melhor
tecnologia de toda a galáxia. Não pode cair tão facilmente.
Mas falavam menos isso conforme o céu clareava com o amanhecer que
se aproximava, e podiam ver melhor a chama que começou a riscar o céu.
O anúncio da Rainha Thandeka veio logo que a crista do sol apareceu no
horizonte:
— ...aviso a todos os residentes das cidades costeiras para irem para o
continente o mais rápido possível. Não entrem em pânico. Essa
movimentação é apenas uma precaução.
O povo de Eiram era muito estável. Eles não entraram em pânico. No
entanto, começaram a se mover apressadamente. Antes da luz solar
completa, speeders e slides de todos os tipos começaram a lotar as ruas,
repletos de pessoas e bens. Um pequeno speeder terrestre para duas pessoas
carregava quatro, um Bith e três gatos do mato... apenas para ser pego,
junto com todo o resto, as estradas congestionadas que levavam para a
segurança, mas tinham que começar a se movimentar.

O humor nas docas não era de pânico ainda, mas a calmaria que tinha se
estabelecido antes era apenas temporária, e o tempo estava acabando.
Assim parecia para Leox Gyasi, que estava terminando de soldar alguns
grampos danificados dentro do bloqueio de ar do piloto de um Cereano.
Levantou os óculos, pronto para anunciar que o trabalho terminou, mas
primeiro tirando um tempo para ver a situação completa ao redor dele.
Aqueles cujas as naves foram reparadas, ou quase, estavam em geral
agindo de forma produtiva, checando novamente os sistemas, ajudando os
vizinhos, preparando-se para o momento que tivessem a chance de partir.
No entanto, os que a naves estavam mais danificadas ficavam sinistramente
quietos. Alguns nem mesmo se moviam. Olhavam com grandes olhos para
os mais sortudos por perto, algumas vezes cheios de medo, mas em outras...
de forma mais perigosa... com inveja, até mesmo raiva.
Pior ainda, próximo do fundo, um pequeno grupo de Sullustanos
estavam mergulhados numa conversa com ninguém mais que o derradeiro
lixo de carbono, Koley Linn. Leox estava muito longe para ouvir algo que
estava sendo dito, mas podia dizer pela linguagem corporal dos Sullustanos
que estavam ficando com medo e com raiva a cada segundo. Podia dizer
pelo sorriso malicioso de Koley que gostava de os enrolar.
Algumas pessoas se alimentam de conflito como plantas se alimentam
de luz, Leox se lembrou. É tão natural quanto a fotossíntese para uma
folha.
No entanto, Drengir a parte, plantas nem sempre deixam a situação pior.
Koley Linn quase sempre o fazia. E essa situação atual era uma que
precisava melhorar, não o contrário.
Se chegasse o momento de calar a boca de Koley Linn... Leox ficaria
bem feliz com a tarefa.

O barulho baixo e profundo de metal dentro do Farol lembrava Bell das


profundidades de uma nave oceânica, e uma missão um tempo atrás com
Loden Greatstorm. Sentia-se bem em lembrar de seu Mestre como ele
realmente era... com o seu rosto úmido com borrifo do mar, o seu lekko
bagunçado pelos fortes ventos... não como uma casca desidratada como
ficou.
Nem do modo que Bell tinha deixado Orla Jareni.
Burryaga gritou por sua Mestra, um som estranho que ecoou e sumiu
pelo longo corredor que caminhavam. Sem resposta de Nib Assek ou de
qualquer um.
— Talvez ela simplesmente não consiga nos ouvir, — disse Bell.
Essa sugestão recebeu toda a resposta que merecia, ou seja, nenhuma.
Burryaga continuava concentrado na busca.
Nessa parte da estação, as vibrações da explosão ou da separação deve
ter sido especialmente violenta. Vigas inteiras caíram, assim como enormes
painéis de metal das paredes e teto. Burryaga podia passar pelos obstáculos
com facilidade, mas Bell tinha de se esforçar para continuar. Ele quase
tropeçou numa viga, e na prancha de painéis em seguida escorregou para
trás e se segurou pouco antes de cair.
Enquanto se endireitava, deu uma olhada em algo deitado embaixo do
painel... algo claro, meio empoeirado...
Bell ficou quieto. Burryaga não notou inicialmente, mas depois de vários
passos se virou e gemeu questionando.
— Não tenho certeza do que é, — disse Bell, o que era verdade não
importa quão forte eram suas suspeitas, — Mas... eu acho que precisamos
limpar a área para ver.
Não pode ser. Não pode ter acontecido de novo. Burryaga não
conseguiria lidar com isso...
O seu tom de voz deve ter dito muito alto a Burryaga, porque o Wookiee
voltou ao seu lado no mesmo momento. Burryaga levantou o painel e o
jogou de lado.
Revelando a próxima casca.
O contorno de Nib Assek ficou mais claro que qualquer outro que Bell
já viu. Ela pode ter sido cravada na pedra, tão bons estavam os detalhes de
seu rosto, o seu manto, até mesmo seus longos cabelos soltos de seu coque
costumeiro. Mas mesmo uma leve agitação do ar no corredor levou
partículas da superfície dela, e quando Burryaga estendeu a mão... no
primeiro toque, ela se desintegrou em pó e mais nada, ela foi embora para
sempre.

Elzar Mann nunca, nunca mais compraria um droide como uma brincadeira.
— Talvez você devesse tentar os refletores de polaridade, — sugeriu JJ-
5145 enquanto Elzar continuava o seu trabalho no escritório do intendente,
se esforçando para fazer os propulsores posicionais voltarem a funcionar, —
Isso geralmente é eficaz.
— Você sabe que já tentei isso, — disse Elzar, — Certo?
— Sim, mas enquanto você tentava vários métodos sem sucesso, há
poucas possibilidades adicionais para sugerir. Portanto pode querer começar
a repetir os métodos que tentou antes.
— Por que eles funcionariam agora? Elzar disse ao olhar para droide
tagarela.
— Eles não vão. Mas você ficaria menos frustrado se tiver mais coisas
para fazer. É bem sabido que a maioria dos sencientes é menos eficiente
quando estão frustrados.
— Deixe-me ser direto, Quatrocinco. Está sugerindo que fazer algo que
eu sei que não funcionará vai reanimar a minha mente de forma que eu
possa pensar algo que vai funcionar?
— Exato, Mestre Elzar. — Disse o droide ao girar em sua base esférica
bem animado.
Era absolutamente ridículo, claro, e Elzar pretendia discutir outros
modos de trabalho potenciais com Stellan assim que ele retornasse. Até lá,
no entanto... pode bem tentar do jeito de JJ-5145. Elzar se forçou a passar
pelos movimentos de cada opção mais uma vez, apenas para o caso de
alguma delas...
— Espere, — Ele olhou para a tela abaixo dele, onde várias luzes
vermelhas tinham se tornado verde, e pelo menos uma promissora luz
laranja, — Espere. Isso funcionou? Conseguimos os propulsores
posicionais?
Os astromecânicos no escritório do intendente todos apitaram e pularam
alegres conforme um sorriso apareceu no rosto dele. Esse passagem
secundária funcionou... mais ou menos. Elzar não conseguiu força total
sobre os propulsores, mas os ligou com um terço da potência.
— Também, algumas vezes repetir um método traz resultados diferentes,
— disse JJ-5145, com certa presunção que ele mereceu, — Dentro do
razoável, claro.
— Duvido que a potência que temos seja suficiente para prevenir a
colisão com Eiram para sempre, — disse Elzar, — mas isso deve funcionar
para nos prevenir de queimar na atmosfera, certo?
— Sim, não estamos mais em perigo iminente de morte por incineração,
— disse JJ-5145 feliz, — Agora está noventa e oito por cento de
probabilidade de ao invés disso nós morrermos no impacto com a superfície
do planeta. É um excelente progresso!
Inebriado com a esperança, Elzar riu alto. Ao menos comprou tempo
valioso para eles. E se os propulsores posicionais podiam ser ativados a esse
nível, então havia todas as razões para ele acreditar que poderia fazê-los
funcionar em cem por cento.
Entretanto, no momento os únicos modos que ele podia pensar para
fazer isso envolvia interagir manualmente com os mecanismos dos
propulsores, o que envolvia mandar alguém através da radiação
insustentável, coisa que não seria possível mesmo para um droide...
Pés no corredor do lado de fora do escritório do intendente fizeram Elzar
se desviar de seu trabalho com um sorriso.
— Pronto, — disse, — quem é você, porque eu acho que você está
prestes a... Stellan?
Stellan Gios caiu em direção a ele, uma mão na parece como se o
lembrasse onde estava, ou que caminho seguir. Seu rosto estava branco
como se tivesse um choque, seus olhos mortos e sem conseguir ver. Elzar
agarrou um dos braços de Stellan para dar apoio; parecia possível o homem
morrer a qualquer momento.
— Elzar, — disse Stellan. Sua voz mostrando esforço para falar, — Veio
atrás de mim.
— ... o que veio atrás de você?
— Seja o que for. Está faminto. Está muito faminto. E não acabou
conosco... não está nem perto disso...
— Os Drengir? — Que não fazia sentido... se os Drengir tivessem
retornado, eles saberiam..., mas o apetite desenfreado da espécie por carne
senciente não podia deixar de vir à mente.
— Não. Pior. Muito... muito pior, — Lágrimas encheram os olhos de
Stellan.
— E eu continuo ouvindo... shrii ka rai, ka rai... repetidamente...
A estação estava à beira do apocalipse e a mente de Stellan estava
nublada com com versos infantis? O que tinha acontecido com ele? O que
pode fazer isso a um Jedi tão forte e orgulhoso como Stellan Gios?
Rapidamente, Elzar o colocou no escritório do intendente, tanto para
descansar como para evitar de ser visto por qualquer piloto estranho. Se eles
vissem o responsável pelo Farol Luz Estelar quase morrendo, o resultado
certamente seria de pânico.
As pessoas ali pensavam que seu maior problema era impedir a colisão
da estação. Momentos antes, Elzar concordaria com eles.
Agora, no entanto, suspeitava que a colisão não era tão perigoso como o
que está espreitado nos corredores da estação.
B ell não precisava de qualquer empatia pela Força para entender a
angustia que Burryaga sentia. Ele mesmo passou por isso quando
Loden Greatstorm se foi.
Burryaga continuava curvado sobre as cinzas que permaneceram no solo
dos restos de Mestra Nib. Os seus uivos de tristeza tinham acalmado, mas
não acabado; ele não mostrava sinais de querer se levantar novamente.
Regald Coll. Orla Jareni. Agora Nib Assek. Três Jedi, cada um mais
poderoso que uma dupla de aprendizes. Se essa coisa nos encontrar, como
podemos ter esperança de resistir contra isso?
Ao menos Mestra Indeera tinha sobrevivido. Se ela se recuperasse,
poderia ser capaz de lhes contar com o que estavam lidando. Mas essa não
era a única razão para Bell querer retornar para a torre médica. Nesse
momento mais do que nunca, sentia necessidade de protegê-la. Queria o
conforto da presença de Ember. Queria estar de volta num lugar com outras
pessoas, onde os problemas que enfrentava eram conhecidos e tangíveis.
O corredor que eles estavam permanecia obscuro. Pareceu para Bell que
a distância... no meio de um fragmento de poeira solta das peças de metal
caindo... havia algum tipo de caminho, a pegada de algo muito grande. Era
o agressor? Ou era apenas um membro de uma espécie senciente grande a
bordo?
Tudo que Bell sabia era que investigar essa coisa matou pessoas. Sim,
precisavam da verdade, mas nesse momento, a prioridade tinha que ser ficar
vivo, salvando outros... e deixando Mestres Stellan e Elzar saber o que
aconteceu aqui.
Primeiro tinha que cuidar de seu amigo.
— Burryaga? — A voz de Bell era suave, — Precisamos relatar isso.
Os sons tristes de dor de Burryaga pararam, mas ele não se moveu.
Olhava para baixo nas cinzas que estavam diante dele como se a
intensidade de sua atenção pudesse de alguma forma ressuscitar Nib Assek.
Não havia descrição para a dor de perder um Mestre. Bell a carregava
desde a abdução inicial de Loden Greatstorm pelos Nihil; então a dor
dobrou quando descobriu como tinha falhado com o seu Mestre, não o
procurando, deixando que fosse torturado grotescamente pelos Nihil. A sua
próxima Mestra, Indeera Stokes, no momento deitada na torre médica,
inconsciente, suspensa entre a vida e a morte. Então sabia de coração o
choque terrível e sentimento de perda que sem dúvida quase paralisou
Burryaga.
No entanto, pelo bem de Burryaga, Bell podia vislumbrar a perspectiva
maior que tantas vezes o iludiu com as suas próprias perdas.
Bell se ajoelhou ao lado do Wookiee.
— Ela gostaria que avisássemos os outros. Ela nos alertaria para não
lamentar. Ela nos diria para fazer o nosso trabalho, — Como antes Mestre
Loden faria. Como Mestra Stokes fará, se ela acordar.
Burryaga não reagiu inicialmente. Bell se perguntava se tinha sido
ouvido. Mas então Burryaga se levantou, pronto para sair de perto de sua
Mestra.

Nenhum droide enfermeiro podia ser tirado da torre médica, e ir e vir de lá


era muito difícil... e além disso Elzar percebeu que o tipo de ajuda que
Stellan precisava não era o tipo que um droide enfermeiro podia dar.
O escritório do intendente já tinha sido transformado numa central
improvisada; depois se tornou uma baia médica, dedica a lesões
relacionadas à Força. Elzar tinha cobertores de emergência suficientes para
preparar a cama para Stellan descansar, no canto, quase que cercado por
astromecânicos apitando.
Stellan permaneceu quase inerte durante as preparações de Elzar; o
único movimento que fez para se ajudar foi andar até a cama ao invés de
precisar ser carregado. Os seus olhos continuavam fixos em algo que não
podia ser visto.
Ele precisa de um curandeiro do templo, Elzar pensou enquanto ficava
ali, olhando para baixo onde Stellan estava deitado. Ou mesmo alguém mais
empático... Avar saberia o que fazer...
Nesse momento foi surpreendido pelo som das portas abrindo. Elzar
ficou aliviado de ver Burryaga e Bell Zettifar, mas em apenas um segundo
conseguiu ler as expressões em seus rostos.
— Ah, não, — disse, — Orla também?
— E Nib Assek também, — Bell abaixou a cabeça.
Ambos, se foram?
— Vocês não viram o que aconteceu?
Burryaga balançou a cabeça.
— Nos dividimos, o que acho que foi um erro que não deveríamos
repetir. — Bell acrescentou.
Elzar se sentiu enjoado. Orla tinha sido, pelos últimos dois meses, a boia
que se agarrou num mar turbulento. Esse suporte foi perdido para sempre.
Stellan queria tanto o controle dessa estação, mas em seu momento de
maior crise, está incapaz de assumir essa responsabilidade.
É comigo, pensou Elzar.
Não importa se falhou recentemente. Não importa se se sente abalado,
ou incerto, ou sozinho. O dever o chamou para esse momento, e Elzar seria
amaldiçoado se vacilasse novamente.
Se tinha de preencher o espaço de Stellan... se tivesse de buscar através
da Força os meios mesmo que permanecesse inseguro para isso... então era
o que Elzar pretendia fazer.
— Certo, — disse, projetando confiança que não sentia, — Algo está
aparentemente atacando usuários da Força, ou a própria Força. As duas
conclusões que podemos tirar disso? Primeiro, não usuários da Força
parecem estar seguros. Nenhum deles reportou sentir qualquer problema
afinal. Segundo, precisamos selar a área que está originando a perturbação.
Burryaga gemeu questionando.
— Como? — Bell disse.
— Escudos de Vento. Bloqueios de Ar. Nós fechamos os túneis se for
preciso. Não é um tempo de se preocupar em causar mais danos, — Elzar
correu a mão pelo cabelo preto, — E vamos colocar os não usuários da
Força nisso. Eles não estarão em perigo da mesma forma.
— Você quer dizer que agora contaremos tudo a eles? — Disse Bell.
— Você discorda? — Elzar não tinha sido fã da decisão de Stellan, mas
isso não queria dizer que não entendia as razões dela... ou que Bell não
poderia ter algo para dizer que mudaria seu pensamento.
— Eu acho que deveria ter feito isso antes. Bell disse ao balançar a
cabeça.
Elzar lhe deu um sorriso confortante.
— Ótimo. Então aproveite para falar isso com os passageiros. Além do
mais, se eles estiverem trabalhando na parte da estação, podemos dedicar as
nossas energias em colocar os propulsores posicionais para funcionar em
cem por cento.
— Estão funcionando novamente? — Bell se animou. Parecia uma
eternidade desde que Elzar conseguira dar boas notícias para alguém, — A
estação está segura?
— Ainda não, — disse Elzar, — mas nossas chances aumentaram muito.
Não vamos desperdiçá-las.

Tendo sido trazido de um mundo pacífico, Leox Gyasi estava vagamente


familiarizado com a ideia de um plano..., mas estava bem certo de estar
vendo um.
— A ameaça aos Jedi a bordo da estação é uma ameaça à sobrevivência
dessa estação, — declarou Elzar Mann. Ele estava de pé numa pequena
plataforma supervisionando as docas, onde as tripulações se reuniram, —
Precisamos manter essa estação intacta e no ar. Isso significa que
precisamos selar uma grande parte dessa estação. Burryaga e Bell Zettifar
mostrarão como.
Os dois aprendizes de Jedi acenaram em reconhecimento. Leox sentiu
uma aflição de perda... lhe contaram sobre a morte de Orla Jareni, isso
significava mais para a tripulação da Embarcação do que para qualquer
outro. Certamente as duas crianças não deveriam ser enviadas de volta ao
perigo. Orla era dura na queda. Algo que podia a destruir tinha de ser
formidável.
Mas isso parecia não vir atrás de pessoas comuns. Apenas atrás de
usuários da Força. Isso significava que Leox estava provavelmente seguro.
(Bem, seguro dentro do possível por estar em um pedaço de estação
espacial funcionando mal eventualmente correndo em direção ao chão.) E
isso o fez se sentir responsável por fazer o que podia.
— Em nome de Orla, — ele sussurrou sob a sua respiração, antes de dar
um passo à frente para ser um dos voluntários.

Embora Koley Linn não fosse capaz de acreditar que Leox Gyasi era
estúpido o suficiente para se inscrever para alguma missão suicida só
porque os Jedi disseram para fazer isso, lá estava ele. Inacreditável.
Como certa vez, tinha sido estúpido o suficiente para registrar horas
corretamente naquele maldito cargueiro, arruinando o plano de qualquer um
que queria lucrar por si mesmo. Então, não havia como dizer qual seria a
próxima idiotice de Gyasi.
A tolice de um homem podia ser a oportunidade de outro, se jogasse as
cartas certas. Koley se orgulhava de tirar o máximo de cada mão.
— Você vem?
Ele foi surpreendido no momento pela visão de uma mulher linda com
cabelos quase tão encaracolados quanto os seus, olhando para ele com as
mãos nos lábios. Pikta Adren, ele se lembrou. Muito amigável com Gyasi
para o gosto de Koley.
— Por que quer saber?
— Apenas pensei, visto que gosta tanto de falar sobre os outros, poderia
gostar de fazer algo para mudar, — ela retrucou antes de ir embora com os
outros. Obviamente ela não fazia ideia que Koley Linn estava fazendo
planos para fazer um bom negócio.
Essa rocha idiota ficaria para trás para supervisionar a nave, ele
pensou, olhando para o lado da Embarcação. Mas parece que a maioria das
pessoas nessa baia estão se juntando a equipe que vai destruir algo ou
cortar algo ou basicamente perder tempo fazendo algo que não vai nos
tirar daqui.
Essa garota enxerida que viajava com Leox iria na missão também?
Koley teria de esperar para ver. Sua estratégia dependeria se precisaria lidar
com ela.
Independentemente disso, mesmo que algumas pessoas ficassem para
trás, teria a sua chance de sugerir o seu plano.

Aproximadamente quarenta pessoas se voluntariaram para a equipe, o que


era mais que Bell tinha esperado que viria. Certamente era número
suficiente para fazer o trabalho, e bem rápido. Esperava que rápido o
suficiente.
— Certo, — ele chamou o grupo, que estava andando com ele através
dos corredores escuros, com as suas botas batendo contra alguns pedaços de
detritos espalhados. Todo ser era banhado em amarelo escuro da luz de
emergência, que lhes dava uma visão da unidade que não poderiam ter tido
de outra forma, — Toda estação espacial é desenhada para lidar com
potenciais violações do casco. Em outras palavras, há dúzias de bloqueios
de ar na estação... redundante até que as ativemos em caso de emergência.
Pikta Adren sussurrou para um piloto loiro esguio próximo dela...
obviamente não percebendo que falou alto o suficiente para ser ouvida...
— Essa pobre criança acha que é nosso primeiro dia no espaço?
Bell ficou feliz que o rubor nas bochechas dele não apareceram. Essas
pessoas estiveram em viagens espaciais a mais tempo que tinha de vida!
Fez a cortesia de lembrar disso, — Obviamente estão familiarizados com o
conceito. O que podem não saber é como ativar um bloqueio de ar interno
sem os sensores relatando uma ruptura do casco.
— Deixe-me adivinhar, — disse um piloto esguio, cujo nome era algo
como Leox, — Nós enganamos os sensores.
— Normalmente é como faríamos, — concordou Bell, — mas os nossos
sensores estão descontrolados no momento. Não queremos confundir eles
mais do que já estão. Há uma liberação manual, simples para os bloqueios
de ar. Demonstrarei em um, vamos todos praticar em outros, e então deixo
com vocês. Pode ser?
O grupo não pareceu apenas disposto, mas ansioso para começar. Isso
surpreendeu Bell até que percebeu que quase todos pilotos eram
mecânicos... não havia nada que eles amassem mais que aprender um novo
truque com máquinas.
Ótimo, ele pensou. Se se divertirem com isso, talvez trabalhem ainda
mais rápido. No ponto de vista dele, eles não poderiam selar essa seção
rápido o suficiente.
Burryaga levantou Bell sobre os seus ombros, que era realmente muito
alto. Isso permitiu Bell chegar a um indicador octogonal pequeno no teto,
pelas ranhuras quase invisíveis na parede que escondia as portas dos
bloqueios de ar escondidos. Iluminou isso para que todos pudessem ver.
— Se virar isso num padrão... é rápido, uma vez que o agarrar... os
bloqueios de ar manual entram. Todos venham para esse lado das portas que
vou demonstrar.
Ele o fez. As portas de correr fecharam com um som confirmador,
seguido por um silvo fraco de pressurização. Todos acenaram com a cabeça,
e no próximo bloqueio, um Sullustano fez o mesmo com sucesso, embora
usou uma das escadas de serviço ao invés de escalar em Burryaga. Depois
disso, foi simples dividir todos em equipes e deixá-los ir a seus próprios
caminhos.
— Certo, isso leva vocês dois para pegar a área mais próxima do porão
de carga, — disse Bell, dando as ordens finais. Então ele parou e pensou
sobre isso, — Espere. Espere apenas um segundo.
Burryaga uivou questionando... o primeiro sinal de curiosidade, ou
qualquer emoção positiva que mostrou desde a morte da Mestra Nib.
— Não tenho certeza, mas acho que tive um plano. — Disse Bell.

Ghirra Starros por regra não duvidava de suas escolhas. Ela gostava de
dizer, o passado é a única coisa além de seu controle. Então não olhe para
trás. Olhe para frente.
Forjar uma aliança com Marchion Ro... usando a sua posição como
senadora para ajudar os Nihil, particularmente em seu ataque contra o Farol
Luz Estelar... que tinha sido um movimento tático, um modo se colocar dos
dois lados do conflito nessa nova parte da República. Qualquer um que
vença, Ghirra pretendia ficar com eles no topo. O relacionamento com
Marchion Ro não era sua motivação primária, apenas um lado agradável do
benefício. Muito, muito prazeroso. Mas ele não turvou seu pensamento;
Ghirra sabia o que era e o que não era sua aliança. Se alguém carregaria
emoção, sem dúvida seria Marchion Ro não ela.
Ou assim acreditava, até que ficaram juntos na nave dele.
A sua reunião na Olhar Elétrico tinha sido tão apaixonante quando
Ghirra fantasiou que seria. Claro, nada era perfeito: a atenção de Marchion
era inevitavelmente dividida entre ela e os eventos no Farol; não tinha ainda
solidificado o seu álibi para esse período de tempo (ela poderia nem
precisar, mas era bom ser cuidadosa); e a nave dele estava estranhamente
deserta, exceto por essa assistente onipresente dele, Thaya Ferr.
Thaya a invejava? Ghirra se perguntou. (Ela gostava quando as pessoas
a invejavam) Era fácil imaginar essa criatura tímida, desprezível ao ansiar
pela atenção de um líder tão poderoso e dinâmico. Imaginar ela percebendo,
com desespero, que nunca poderia ser uma parceira igual que Marchion
merecia, que a sua vida monótona, o seu eu absolutamente normal, nunca
poderia ofuscar uma senadora da República que estava jogando habilmente
em ambos os lados e desfrutando disso ricamente. Essas fantasias chegaram
ao ponto de imaginar Thaya olhando para o macacão simples em desespero
depois de ver o elegante manto de viagem em seda Nubiana verde-mar de
Ghirra.
Mas Thaya Ferr não mostrava nem indício de inveja. O seu respeito por
Marchion era evidente, mas parecia completamente sem qualquer anseio
romântico por ele. Ela rapidamente atendia a qualquer necessidade de
Ghirra, quando solicitada, então voltava eficientemente para completar os
trabalhos triviais de Marchion.
Então não havia rivalidade ali, e Ghirra tinha consciência suficiente para
saber que se ela quisesse uma... se precisasse alguém para competir com ela
e ser derrotada... era um aviso que talvez ela não estava tão certa sobre o
caminho que queria estar. É mais fácil acreditar nas coisas quando lutamos
por elas.
Ainda assim, sem mudar o passado. Então Ghirra notou a sua
inquietação interna e se movimentou.
Depois de sua chegada a bordo, e o cumprimento entusiástico de
Marchion, Ghirra precisava descansar; parecia como se não dormisse a dias.
Quando acordou na Olhar Elétrico o primeiro pensamento de Ghirra era
que ainda era ‘noite’... embora tivesse descansado algumas horas. A maior
parte das estações espaciais e naves aproximavam um ciclo diurno através
do brilho gradual e aumento das luzes, mas Marchion, pelo que parece,
mantinha a sua nave numa noite eterna. Era fria também... não frígida, mas
à beira do desconforto humano. Talvez fosse a temperatura que a espécie
dele preferia.
Certamente era a única razão para o frio que estremecia por sua pele.
Ghirra andava pelos corredores, com a cabeça erguida. Deixar que todos
que passem testemunhem o orgulho que sentia em ajudar Marchion com a
sua principal tarefa de todas. Deixá-los entender quem ficou sozinha como
a sua grande aliada.
Mas ninguém passou por ela.
As suas botas soavam artificialmente altas contra o piso de metal
conforme Ghirra caminhava para a ponte da nave. Quanto mais andava,
mais instável ela ficava. Onde estava a tripulação?
Ghirra virou uma esquina, parou um pouco, e ofegou.
De pé em frente da ponte estavam dois droides..., mas droides de um
tipo que não reconhecia. As suas formas eram humanoides, mais que os
droides comuns de protocolo, mas a sua cobertura era peculiarmente lisa,
desprovidos de portas e ferramentas comuns. Era estranho o suficiente, mas
o que desconcertou Ghirra foram as cabeças dos droides: Eram ovais,
brilhantes, escovadas tão bem que pareciam refletir a própria face dela.
Normalmente um droide no corredor estaria fazendo algo, mesmo que
fosse só se movimento entre tarefas. Mas esses permaneciam parados, como
sentinelas, em frente das portas da ponte.
Essas portas se abriram, e Ghirra se assustou. A ponte estava cheia
desses droides estranhos, inquietantes, todos nas estações que tinham antes
sido ocupadas por guerreiros Nihil. Ainda sentado na cadeira de capitão,
parecendo confortável, estava Marchion Ro.
— Ah, — ele disse, — Ghirra. Você finalmente acordou, — Ele
estendeu a mão para ela se juntar a ele, o que Ghirra se apressou em pegar.
— Marchion, esses droides...o que são?
— Eles, — disse, — são a nova tripulação da Olhar Elétrico.
Ghirra olhou lentamente ao redor da ponte, o único ser vivente presente
era Thaya Ferr, mexendo em seu painel como se estivessem completamente
normais. Era tudo menos isso, como qualquer um na galáxia concordaria.
Os droides não pilotavam sozinhos. Haviam funções que nunca, nunca
seriam completamente dadas a eles, não importa quão mais eficiente um
droide poderia ser, ou quanto mais rápido eles poderiam realizar cálculos e
manobras. Ghirra sabia que tinha um sentimento mais forte sobre isso que
alguns sencientes, mas também sabia que a maioria concordaria neste
ponto. Era como se os sencientes tivessem aprendido, em algum ponto de
seu desenvolvimento tecnológico, que os droides tinham que ficar no seu
lugar ou as consequências seriam terríveis.
Pilotos e tripulação de droides eram comumente usados por criminosos.
Por contrabandistas. Pela maior das baixezas.
Como Marchion Ro poderia chegar a isso?
— Gostou da minha nova tripulação? — disse ele. As vezes era como se
pudesse ler a mente dela.
Ghirra soube responder melhor.
— Nunca vi droides como esses antes. Onde... onde os pegou?
— Há certos comerciantes que lidam com cargas proibidas, como sei
que você já sabe.
— Sua tripulação... por que você...
— Sem mais traição, — disse Marchion, — Sem mais planos e intrigas
nos corredores. Sem mais Executores de Tempestade ambiciosos
subornando e coagindo os meus subalternos por informação, os levando a
sedição. De agora em diante, a Olhar Elétrico está complemente,
imutavelmente sob o meu único controle.
Ghirra engoliu seco.
— Vejo a sabedoria disso, — ela disse, que em certo nível era verdade.
Mas a repulsa que sentia enquanto testemunhava os droides em total
controle de uma nave era grande e poderosa... levaria tempo para diminuir.
Ela nem tinha certeza se queria que diminuísse.
Das sombras no fundo na ponte veio um movimento, uma forma
diferente desses droides estranhos espelhados ao redor deles. A tensão no
peito de Ghirra diminui um pouco... ao menos um outro senciente estava a
bordo..., mas então a forma chegou a luz, e o horror retornou dez vezes
maior.
O droide pairava em direção a ela era enorme, quase dois metros de
altura, largo no meio, se estreitando para a base de repulsor. A sua
superfície era tão incomum como a sua forma; seja o que for não parecia ser
metal, mas algo quase cristalino, um azul claro fantasmagórico que
lembrava Ghirra dos lábios de um morto. Ao invés do rosto falso que
muitos droides do tamanho de humanos tinha, ou a trivialidade refletiva dos
droides de tripulação ao seu redor, esse droide tinha duas aberturas
horizontais, ambas vermelhas fortes, como cortes na carne...ou raios de luz
cortando um céu de tempestade. Iluminação fraca brilhava de cada abertura.
Como se pudesse vê-la, e rosnar para ela, mesmo sem movimento e som.
— Parece que Carnine quer se apresentar, — Marchion fez sinal para o
KA-R9 chegar mais perto, — Eu preciso de mais tripulação, entende.
Preciso de reforços também. E KA-R9 é excelente em seu trabalho.
Ghirra colocou uma mão no ombro de Marchion, esperando que isso a
estabilizasse. Não o fez.
— Eu não duvido.

Os propulsores posicionais continuavam com um terço da potência. Elzar


tinha certeza que encontraria outra gambiarra que aumentaria isso, mas já
tinha tentado cada truque que sabia sem conseguir nenhum efeito adicional.
Os sabotadores Nihil sabiam exatamente o que estavam fazendo.
Eu gostaria que Estala Maru estivesse na parte inferior da estação
quando se rompeu, pensou Elzar. Ele saberia como fazer os propulsores
funcionar.
Lembrava que Maru fazia isso. Elzar sentiu um formigamento na
consciência... sensível e errado, algo como o segundo entre tocar algo
quente e sentir a dor.
Então veio a dor, era inexplicavelmente ruim. Angústia quase além da
imaginação...
— A parte superior da estação, — ele ofegou, — Sente isso?
Stellan parecia mal saber o que Elzar tinha falado; ele não mostrou
reação, apenas ficou deitado lá vazio e confuso.
Rapidamente Elzar correu em direção a doca... mais quieta, mas não
deserta... e para a nave mais próxima que conhecia, que era a Embarcação.
Subiu a rampa correndo, clamando.
— Pode me dar um visual da parte superior da estação?
A sua resposta veio quando foi para a cabine e encontrou Geode sentado
ali sozinho, um holo já vindo dos satélites e projetado no ar. Elzar sentou na
cadeira, olhando para a visão de pesadelo diante dele.
O Farol Luz Estelar estava queimando.
A parte superior da estação arqueada pela atmosfera de Eiram como um
meteoro, deixando para trás uma trilha longa de detritos brilhando e
queimando. Nesse momento a estrutura estava balançando tão
violentamente que poderia ser vista de uma grande distância, e não tinha
nada que pudesse segurar por muito tempo.
As partes já estavam em chamas. Elzar podia sentir a dor das pessoas
quase como se fosse a sua própria dor... e aqueles que eram Jedi ainda mais
vívidos que o resto, esfaqueando a sua consciência como facas muito
afiadas.
A Torre do Templo. A Central. O Farol em si. Estavam todos
sacrificados.
Avar por favor, por favor, não esteja lá, ele pensou. Eles já tinham as
leituras sugerindo que a Ataraxia conseguiu escapar, mas Elzar não podia
deixar de ficar preocupado. Era errado querer que uma pessoa sobrevivesse
mais que outras... sinal de ‘apego’..., mas neste momento Elzar não deu a
mínima.
Algo no meio de toda essa dor, sentia um incrível poder da vontade...
alguém exercendo o tipo de esforço pela Força que poderia quase drenar a
sua própria vida. Elzar não sabia o que era, mas sabia que esse ato de
heroísmo estava salvando vidas a cada segundo que pudesse aguentar.
E então estourou.
A parte superior do Farol Luz Estelar tinha se partido numa explosão de
chamas. A torre girou violentamente conforme se tornava uma pluma de
faíscas e cinzas. Então Elzar identificou a forma brilhante como um ovo que
foi a Central... pessoas ali ainda estavam vivas conforme o fogo as
consumia. Em meio a tudo isso, o farol da estação pulsava mais uma vez, a
luz quase perdida no céu deslumbrante de Eiram... então escureceu para
sempre.
A dor dentro da estação se intensificou, dividiu e morreu. Lágrimas de
dor e raiva encheu os olhos de Elzar conforme por fim desapareceu.
Ninguém tinha sobrevivido.

A Embarcação não era a única nave que conseguia se conectar aos satélites
de Eiram. Um pequeno e seleto grupo de pilotos assistiram a bordo da Ás de
Paus.
Isto é, a maioria deles assistiu. Koley Linn olhava para aqueles que
convidou, medindo as suas reações. Escolheu uma tripulação diferente, se
houvesse mais escolha; aqueles que não trabalhavam em fechar o resto da
estação tendiam a ser muito jovens, ou idosos, ou estavam de alguma forma
vulneráveis, como a grávida Shistavanana que assistia com a sua mão
apertada sobre o focinho.
Ainda assim, eles podiam voar com uma nave, e todos podiam atirar.
Isso significa que serviam ao propósito de Koley.
Uma vez que a parte superior da estação ficou preta e quebrou e parou
de ser interessante, ele disse:
— Os Jedi não puderam salvar essa metade. O que lhes faz pensar que
com essa metade será diferente?
Ninguém parecia capaz de responder. A pessoas estavam tão abaladas
com as coisas, mesmo quando aconteceu com outros... Koley nunca
entendeu isso.
Ele continuou:
— Não podemos ficar sentados esperando os Jedi consertarem isso. Não
podemos sacrificar as nossas vidas num esforço fútil de salvar pessoas que
já estão amaldiçoadas. Todos nós temos naves valiosas no espaço.
Precisamos é de uma porta aberta... ou um buraco grande o suficiente para
voar por ele, — Koley sorriu, — O que dizer de abrirmos um?
H aviam poucas notícias boas o suficiente no momento, e Elzar
Mann ficaria grato por alguma. Isso lhe daria alguma medida de alegria
por um tempo.
— Confirmado, — disse JJ-5145 conforme rodava entre o emaranhado
de cabos que ligavam os astromecânicos no escritório do intendente, — A
Ataraxia decolou livre da destruição da outra metade da estação. Presumo
que muitas pessoas a bordo da parte superior da estação evacuaram com a
nave.
Avar vive. Elzar não tinha sentido a sua morte, o que certamente teria
acontecido. Ainda assim, a confirmação trouxe uma faísca de luz em seu
mau humor.
JJ-5145 sacudiu a cabeça de um lado para o outro em aparente confusão.
— Essas trajetórias da parte superior da estação não batem. Ela deveria
ter caído mais rápido.
— Sem dúvida os Jedi a bordo usaram a força para segurar a estação
juntos o máximo que podiam.
— Elzar tinha sentido o esforço titânico... a tentativa heroica..., mas
tinha visto o seu fracasso. Já considerava tentar algo assim com essa metade
do Farol (tudo que restou do Farol, agora); significaria total reconexão com
a Força novamente como não tinha desde Ledalau, de uma forma que ele
ainda não estava plenamente confiante, mas se fosse necessário, Elzar o
faria. No entanto, entre a perda de tantos Jedi e a estranha perturbação na
Força a bordo, suspeitava que não teriam sorte melhor que os da parte
superior da estação.
A Força não podia resolver tudo. Algumas vezes até o mais poderoso
Jedi tinha de lidar com o mundo material enquanto eles a buscavam. Essa
era uma das vezes.
Coloque os propulsores posicionais para funcionar, Elzar disse a si
mesmo, e a preocupação com as limitações da Força depois.
Mas a sua próxima tarefa prometia ser mais difícil que isso.

Stellan Gios entrava e saía da... consciência? Sono? Não podia saber a
diferença e não se importava mais. O seu corpo pedia descanso; sua mente
cansada estava pronta para desistir também.
Então uma mão tocou seu ombro, o forçando a reconhecer o mundo
além de sua pele.
— Sim, — ele respondeu, — Sim, estou acordado. Estou aqui.
— Stellan, aqui é o Elzar, — O tom de Elzar era gentil, como deveria ser
se estivesse falando com uma criança assustada, — Você me entende?
— Entendo, — Stellan se esforçou para ficar sentado de forma que
pudesse olhar Elzar nos olhos. O desânimo que viu ali fez Stellan se
perguntar se ele parecia tão mau como Indeera Stokes; ele apenas se sentia
um pouco mais consciente, — Estamos... na estação...
— Ainda caindo, mas os propulsores posicionais estão de volta com um
terço da potência. Se pudermos o aumentar para dois terços, podemos
permanecer no alto por muito tempo, provavelmente o suficiente para
receber ajuda. E se pudermos aumentar para o total, podemos ficar
indefinidamente.
O humor de Stellan mudou... não muito, mas o máximo que seria
possível pensar.
— Excelente. Como está indo a parte superior da estação?
Elzar respirou fundo.
— Eles tentaram usar a Força para segurarem a estação, para diminuir a
velocidade de descida. Mas não funcionou.
— Então precisam de nossa ajuda...
— Não, — disse Elzar, — Não temos como ajudar. Mas eles estão no
passado agora. Me desculpe Stellan... na parte superior do Farol Luz Estelar
foi destruída, junto com todos a bordo.
Estala Maru. Todos os funcionários da República. Todos os civis a
bordo. Tantos outros Jedi... cada um deles mortos, e a República
desonrada... não, humilhada pelos Nihil. Era uma falha completa, tão
apavorante, que Stellan dificilmente compreenderia.
O símbolo dos Jedi. Seu orgulho e alegria públicos. Sob minha
supervisão, o Farol foi destruído.
Elzar inclinou a cabeça.
— Stellan? Pode me ouvir?
Claro que Stellan podia, mas não podia reagir. Não podia agir. Seja o
que for o mal que espreitava a bordo dessa estação tinha roubado mais que
a Força. Tinha levado o seu orgulho, a sua vontade, a sua língua. Se tivesse
apenas roubado a sua dor.

Na cabine da Embarcação, Affie e Geode pensavam profundamente.


Embora a sua nave tivesse se tornado o centro de comunicações para os
remanescentes do Farol Luz Estelar, Affie sentia um senso maior de
responsabilidade pelo bem-estar da estação. Era mais fácil trabalhar para
salvar a outros que sentar e ficar assustada por si só.
— Então, descobrimos como alcançar as redes de comunicação de
Eiram, e podemos falar ao planeta ou qualquer nave na vizinhança, — ela
refletiu em voz alta, — Eles estão conectando as nossas mensagens via relê,
mas não podemos contatar ninguém mais que possa estar longe.
Geode, ainda profundo no pensamento, não disse nada. Ele sabia quando
deixar Affie falar sobre um problema.
— O maior problema com isso é, que não podemos emitir um pedido de
socorro mais amplo. Todos as naves da República espalhadas para lidar com
os ataques iniciais dos Nihil não podem chegar aqui muito rapidamente.
Mas tem de haver outras naves, naves civis, que poderiam e chegariam para
nos ajudar, se apenas soubessem que precisamos de ajuda.
Uma tela no painel da Embarcação mudou para uma visão da rede de
satélite completo de Eiram. Parecia como o de qualquer outro planeta:
órbitas cruzadas, pequenos satélites prateados enviando sinais pelo mundo.
E parecia... vulnerável.
— Bem pensado, Geode, — disse Affie, — É um alvo fácil, não é? —
Se tiver os códigos de divisão, que temos. E se nós, vamos dizer,
'comandarmos' a rede de satélite do planeta, podemos mandar pedidos de
socorro para todo lugar!
Penas por interferir em sistemas de comunicação dos planetas são
extremamente severas. A maioria das pessoas, ao ouvir a sugestão de Affie,
imediatamente teria dito algo sobre se ter problemas com Eiram em tomar
essa decisão, ou sobre ser censurada ou punida pelos Jedi por ultrapassar a
sua (não existente) autoridade. Geode não se importava. Não era o tipo de
cada que gastaria tempo pedindo permissão, não quando vidas estavam em
jogo.
Dentro de momentos, a rede de satélites começaria a brilhar sombras de
laranja conforme os sinais da Embarcação começassem a lhes dar novas
instruções.

O pedido de socorro que saiu foi genérico, falava em tons gerados por
computador. (Affie não tinha problema em tomar a iniciativa de confiscar a
rede de comunicações de um planeta inteiro, mas reconhecia a linha em
falar literalmente pela República.) Declarava a situação em termos mais
secos e breves possíveis. E ainda assim atordoava todos que ouviam:
O Farol Luz Estelar está caindo sob ataque dos Nihil. Milhares estão
presos a bordo. A metade superior já foi destruída; a parte inferior precisa
de ajuda imediata. Todas as naves capazes de prover alguma ajuda são
requisitadas para viajar ao sistema de Eiram imediatamente.
Muitos que ouviram esse sinal acreditou ser uma brincadeira. Outros
pensaram ser numa propaganda levada pelos Nihil, uma que exagerava o
dano real.
No entanto, aqueles mundos e naves que já tinham testemunhado o que
os Nihil podiam fazer acreditaram. Em minutos, naves espaciais começaram
a se preparar para o salto no hiperespaço. Alguns líderes planetários e
conselhos de governos chegaram ao ponto de iniciar esforços de socorro em
larga escala, preparando frotas e caravanas de naves bem equipadas com
suprimentos médicos.
A mensagem chegou em Coruscant, e foi rapidamente passada para a
Chanceler Lina Soh. Ela estava sentada entre Voru e Matari, lendo a
mensagem transcrita em horror crescente. Ainda nas últimas horas de
suspense, sempre acreditou que as mentes brilhantes a bordo Farol Luz
Estelar encontrariam as respostas. Os Jedi sempre conseguem. Eles
protegeriam a estação e os a bordo do pior.
Ao invés disso... metade do Farol se foi? A maior de todas as Grande
Obras, divididas, queimando?
Eu deveria ter pedido um esforço civil antes, percebeu Soh. Não tinha
feito isso em parte porque parecia impossível que o Farol Luz Estelar
pudesse realmente cair. Mas amplificaria esse pedido e faria o seu próprio.
Que, ao menos, é o que poderia fazer. Que a Força permita que seja a
tempo!
Então lembrou dos Jedi que conheceu... aqueles que tinham salvo seu
filho na lamentável feira da República... aqueles que celebraram com ela,
via holo, apenas uns dias atrás. Então muitos deles já morreram.
E Lina Soh, chanceler da maior República que a galáxia já conheceu,
estava impotente para evitá-lo.


Entre os primeiros a ouvir a mensagem foram aqueles que já sabiam do
horror, mais que qualquer um na parte inferior do Farol. Eles estavam entre
os poucos que escaparam da parte superior antes do fim trágico.
Avar Kriss estava na superfície de Eiram, com fuligem e areia nas
roupas, piscando contra a luz do sol. As ondas escuras que marcaram a
incineração dos últimos fragmentos da estação... de Maru, e de muitos
outros... já estavam se dissipando na atmosfera. Tão horrível quanto
estarem testemunhando, Avar mal podia suportar o fato que estavam
desaparecendo. Em breve não haveria nada dessas pessoas, dessa estação,
da esperança da República inteira.
O seu pensamento foi de Elzar, depois para Stellan, ambos que sabia
deveriam estar lutando valentemente para salvar a parte de baixo. Fechou os
olhos e desejou-lhes força. A Força os guiaria. Não perderemos a estação
inteira.

A mensagem também chegou naqueles que não ficaram chocados com a


informação.
— Metade dele já queimando! — Marchion Ro de pé no centro da ponte
da Olhar Elétrico, com os seus braços estendidos. Mesmo aqui, vestia o seu
capacete; seus sorrisos não eram para ser vistos por outros, — Metade dele
amaldiçoado! A República, os poderosos Jedi, forçados a implorar ajuda da
galáxia toda! Eles não são nada comparados com o poder dos Nihil!
— Eles não são nada comparados com o Olho dos Nihil, — disse Ghirra
suspirando. Outra vantagem de vestir a máscara: Ghirra não podia ver ele
rolando os olhos.
— Naves estão respondendo ao pedido de ajuda do Farol, — disse
Thaya Ferr da estação dela ao lado.
— Na maioria pequenas naves civis. Nada com o poder de mudar o
restante dos eventos.
Ro deu de ombros.
— Deixe-os fazer o seu melhor. Eles implorarão por ajuda, vão buscar
em Corellia, vão procurar soluções em todo lugar. Mas nós os bloqueamos
de todo modo. Eles não são capazes de evitar a completa destruição do
Farol Luz Estelar. Afinal, ninguém é capaz de negar que os Nihil são os
verdadeiros mestres da Orla Exterior.
Ghirra Starros parecia pálida. Ela tinha realmente entendido as
implicações de suas ações? Ela estava se preocupando com a filha dela? Se
sim, deveria ter pensado sobre o destino de sua descendência antes. Ro
tinha pouca paciência para aqueles com tal percepção míope, ou com
estômagos fracos. KA-R9 vagueou para próximo, como se o droide pudesse
cortar a estação em fragmentos sozinho. (O que, dado os vibro bisturis que
ele era equipado, era provavelmente verdade.)
Enquanto isso, Thaya Ferr deu um aceno carinhoso para Ro, antes se
voltar para as suas tarefas. O seu sorriso, embora brilhante, não tinha o zelo
quase intoxicado da maioria dos Nihil. Ela não acreditava no sonho que ele
vendia de posição e registro..., mas fazia o que Ro mandava com orgulho, e
ele começou a acreditar que ela sempre faria. De qualquer forma, ela nunca
tentou o apunhalar pelas costas, que era mais do que ele podia dizer de
qualquer outro na elite dos Nihil.
Momento, ele decidiu, de trazer Ferr para mais perto de suas operações.
Uma assistente leal era mais valiosa que dez cargas de coaxium.
— Que foi agora, meu senhor? — Disse Ferr.
— Quando as tentativas desesperadas deles em salvar tiverem chegado
ao caos... quando ninguém souber ou se importar quem tiver se amontoado
no sistema onde o Farol morrerá... a Olhar Elétrico se juntará a multidão,
— A inteligência de Ghirra tinha confirmado, para Ro, que a nave dele
continuava completamente desconhecida da República. Eles seriam mais
uma nave entre muitas, nada mais, — E juntos, vamos assistir o Farol Luz
Estelar queimar.


Todos astromecânicos do Farol tinham sido ligados em rede nesse
momento; Elzar só esperava que o que perderam em aumento de defeitos
ganhariam em poder de computação. Eles tinham exaurido todas as opções
de ativar os propulsores posicionais que não requeressem ir ao próprio
trabalho mecânico... assumindo que poderiam até mesmo passar pelas áreas
ao redor para fazer esses trabalhos, que agora estão em chamas. Tinha
esperança que os droides trariam uma terceira via, e logo.
Enquanto isso, Elzar tinha alguém para salvar.
Ele se sentou com Stellan num porão de carga no fundo da Embarcação.
(O escritório do intendente, cheios de droides apitando e piscando, não
podia ser visto mais como ‘pacato’.) Stellan aceitou a sugestão de Elzar
com uma disposição perturbadora, e o seu olhar continuava sem foco... uma
sombra do que seu olhar afiado tinha sido tão recentemente.
— Sem a Força, — disse Stellan, ainda olhando para um lugar vago, —
Aqui é onde você esteve. Onde estou agora.
— Você não está totalmente sem a Força, — Elzar não sabia exatamente
o que estava atormentando os Jedi no Farol Luz Estelar, mas se recusava a
acreditar que pudessem estar cortados completamente da Força. A Força era
muito vasta para isso; o seu poder era eterno e universal, e sempre seria, —
É só mais difícil para você buscá-la agora.
— E é o que escolheu para você mesmo, de forma a se desviar da
escuridão, — O rosto de Stellan se franziu um pouco, com um sorriso triste,
— Eu não teria tido a coragem.
Elzar não poderia ter ouvido isso corretamente.
— O que?
— Eu nunca me perguntei quem eu seria sem o meu controle da Força.
Sem a Ordem Jedi para estruturar e definir a minha vida.
— Porque você é um grande Jedi, um dos maiores de todos, — disse
Elzar, — Stellan, certamente não duvida disso certo?
Stellan deu de ombros, com o seu olhar ainda parecia muito longe de
Elzar, longe dessa sala.
— Grandeza pode significar coisas diferentes. Sempre acreditei o que
queria dizer... dever, honra, altruísmo. Mas como pode ser altruísta se nunca
se definiu? Porque eu nunca me defini, Elzar. Vivi como um Jedi
exemplar... me derramei no molde de outros. Tire a minha habilidade com a
Força, e eu me vejo como... como um homem que mal conheço.
— Stellan. Você está machucado. Não é momento de questionar a sua
existência... — Elzar disse ao colocar as mãos nos ombros do amigo.
— É exatamente o momento, — Stellan balançou a cabeça, e por fim,
encontrou os olhos Elzar; a abertura que Elzar viu ali, a vulnerabilidade, era
algo que os dois não tinham compartilhado desde que eram Padawans.
Stellan se defendia tão lentamente, tão gradual, que Elzar nem mesmo
notava.
Meu amigo retornou, Elzar pensou, aquele que nem mesmo percebi que
tinha ido embora.
Stellan continuou:
— Você teve a força para trilhar o seu próprio caminho. Mesmo se esse
caminho fosse torto as vezes, é seu e só seu. Você e Avar, sempre souberam
o que são. Você nunca deixou a Ordem pensar por você. Você sempre
brilhou... um pouco mais brilhante.
— Você tem uma tarefa nada fácil, — protestou Elzar, — Você deveria
estar no Conselho a mais tempo.
— Mas é diferente, e você sabe, não sabe? — Stellan olhou para baixo
por um momento antes de continuar, — Você sempre soube que sou
cauteloso sobre... a sua intimidade com Avar.
Era o último tópico que Elzar sonharia que surgisse, e provavelmente o
último que queria mencionar no momento.
— Eu... uhum...
— Você pensava que era porque eu obedecia às regras, mas essa não é a
verdade toda. Realmente, eu estava com ciúmes, que os vocês dois tinham
uma conexão que eu não partilhava, — Stellan inclinou a cabeça, estudando
Elzar como se eles tivessem se visto há muito tempo, — Uma constelação
de três estrelas, mas duas estão muito mais próximas.
Elzar sentiu a garganta apertar.
— Mas você era nossa estrela polar. Nosso guia. Você sabe disso?
Stellan respirou fundo.
— Fico feliz que pense assim.
Eles precisavam trabalhar, tão importante quanto fosse a conversa, e
quanto precisavam voltar a ela, não era o dia.
— Eu não sei que dano à Força sofreu, — começou Elzar, — ou se é
nossa habilidade de se conectar à Força que está destruída. Independente,
você sentiu o impacto disso. Orla me ensinou uma técnica de meditação...
um tipo de auto cura. Pode ajudar. Tentará isso comigo?
Stellan concordou com a cabeça. Parece que confiava plenamente em
Elzar.
Agora Elzar tinha que confiar em si mesmo.
— Feche os olhos, — disse Elzar conforme fazia o mesmo. Nos olhos da
mente, ele retratou Orla Jareni de pé na praia de Ledalau. Atrás dela as
marés externas.
Veja a Força como um oceano, Orla me disse no primeiro dia do retiro
de meditação. Mas você cai no hábito de acreditar que o oceano é algo que
pode controlar. Esse é o primeiro passo para pensar que a Força é
meramente como uma ferramenta para ser dominada como você quiser.
Nenhum oceano obedece a qualquer criatura viva... hora de se lembrar
disso.
Elzar não podia recriar essa experiência para Stellan, nem pensava que
precisaria. Stellan sabia muito sobre a falta de poder, naquele momento. O
que poderia fazer era encontrar serenidade dentro da própria mente, e
compartilhar o máximo possível.
Não buscaria a Força de alguma fonte externa... apenas a que
encontrasse dentro de si mesmo.
Precisou coragem para Stellan se fortalecer fora da orientação da Força.
Também precisou coragem para Elzar retornar plenamente para a Força,
para acreditar na sua habilidade de dominá-la plenamente de novo.
Muito antes, imaginou que podia ouvir o oceano. Elzar achava que
talvez Stellan o tenha ouvido também.


Leox Gyasi teve mais diversão na vida que estava tendo neste dia em
particular, mas se ele não conseguisse aproveitar a carona nos ombros de
um Wookiee um pouco... por que, então, poderia muito bem estar morto.
Então sorriu conforme preparava mais um bloqueio de ar, então gritou.
— Liberar!
A sua pequena equipe abriu espaço, Leox acionou o mecanismo, e
SHOOMP... o bloqueio de ar fechou.
— Estamos em setenta e cinco por cento do caminho, — disse ele,
continuando no ombro de Burryaga, — Está pronto para testar esse seu
esquema de cockamamie?
O jovem Bell Zettifar se esforçou para sorrir.
— Não é cocka... seja lá o que disse. Mas sim. Está quase na hora.
Apenas precisamos ter certeza que as rotas internas e externas estão
liberadas, que trabalharão como se estivessem.
Leox com certeza esperava que sim... assim pelo menos alguns teriam a
chance de sobreviver.

Mais uma vez Stellan estava descansando, Elzar estudava o seu semblante
por alguns momentos. Embora a energia de Stellan permanecesse baixa,
parecia ser um pouco mais dele ali. Talvez, quando acordasse, ele voltaria a
si o suficiente para ajudar Elzar com algumas das decisões diversas os quais
tinham de ser tomadas.
Não. Elzar podia tomar as decisões sozinho; o que realmente queria era
um senso básico de calma. Para achar algo puro e bom que arrancasse a
raiva de dentro dele. Para saber que mais alguém estava com ele nessa luta.
A única pessoa na galáxia que fazia Elzar se sentir assim.
Avar, ele pensou, fechando os olhos mais uma vez enquanto a chamava
telepaticamente. Avar, por favor, esteja comigo. Esteja comigo por apenas
um instante.
Era como se ela pudesse ouvir as palavras em sua mente, mas não
responder. Mas haviam outras formas de comunicação pela Força, outras
formas de entender e ser entendido.
Elzar encheu a mente com as memórias dela: o som da voz, o modo que
duelava no ringue de sabre de luz, até mesmo o perfume de sua pele.
Quanto mais real ela se tornava em sua mente, mais chance tinha de...
E então ele ouviu.
Por apenas um momento. Um breve sentido de melodia. Mas ainda lá.
Era o som da Força como Avar ouvia... e por um instante, ela o tinha
dotado disso.
O choque e o deleite disso quebrou a sua concentração. Elzar estava de
volta no presente, tão longe de Avar como antes. Ainda assim ele estava
forte para esse momento de comunhão.
Esperava que Avar, seja o que for que estiver fazendo, seja quais
problemas estejam enfrentando, tenha partilhado um momento quando ela
ouviu as ondas do mar.

Tão longe e tão perto, Avar levitava com os braços esticados, clamando
pelo som da Força para os sustentar e lhes dar a força enquanto todos Jedi
dentro ou perto do Farol lutava para salvar a estação e todos a bordo. Cada
pessoa era uma nota no maior, e mais significativo acorde que já conheceu.
Entre essas notas vinha outro som, tão sutil que ela mau reconheceu: o
som das ondas, o furor dos mares.
B ell Zettifar levou o grupo na estação reservada apenas para
carga. Como regra geral, as naves de carga eram deixadas sem
vigilância, exceto pelos droides, os pilotos passavam a maior parte do
tempo no resto da estação. Alguns desses pilotos eram parte do grupo
selando essa seção; os outros, os quais tinham aproveitado da hospitalidade
oferecida na parte superior do Farol Luz Estelar, já estava morto.
— Minha intenção é essa, — disse Bell, aparentemente para Burryaga,
mas na verdade para todos que pudessem ouvir. — Nós abrimos essas
portas da doca e deixamos todas as naves de carga fugirem, junto com o
máximo de passageiros que puderem carregar. Isso não salvará a todos, e
significa que muitos perderão as naves ao serem deixadas para trás na doca
principal, mas salvaremos muitas vidas. O piloto chamado Leox parecia
incrédulo.
— Como pode abrir essas portas, mas não as outras, na doca principal?
— Porque, na doca principal, é mais complexa, teríamos de nos segurar
na atmosfera, lidar com a pressurização, manter as naves que ainda não
podem ir para o espaço no lugar, fechar as portas novamente em tempo,
basicamente, é tão complicado que chega a ser impossível até para os
usuários da Força mais experientes. — Isso fez a cabeça de Bell doer só de
pensar. — Aqui, no entanto, todas essas naves continuam dignas do espaço.
Já temos essa área selada da maior parte da estação. O que significa que
tudo que temos que fazer aqui é abrir as portas. Será uma despressurização
explosiva. As pessoas terão de estar preparadas para isso. Mas então podem
sair.
Burryaga resmungou de modo encorajador. Leox levantou uma
sobrancelha que parecia dizer, Bem pensado, garoto. Os outros amontoados
próximos começaram a discutir ansiosos sobre como poderia funcionar, que
naves diferentes poderiam levar, e assim por diante. Foi Pikta Adren que
perguntou:
— Mas como decidimos quem fica e quem vai?
Se mal administrado, Bell podia ver que isso se transformaria num
começo para conflito, mas pensava que sabia como deveria ser feito.
— Obviamente, os pilotos e tripulações dessas naves devem estar a
bordo delas. Cada nave então será lotada com as pessoas, a lotação a ser
determinada por droides. Uma vez que soubermos quantas pessoas teriam
lugar, distribuímos os lugares aleatoriamente.
Uma Ardenniana quase no fundo, uma das pilotos de carga, parecia
desconfiada, cruzado os quatro braços no peito.
— Significa que teremos de despejar a carga?
— Provavelmente, — disse Bell. — Essa é uma emergência extrema.
Certamente você... e os seus empregados, verão isso. — A Ardenniana
concordou com um aceno, já conformada com a perda.
Pikta falou novamente, perguntando a Bell algo que não antecipou:
— O que dizer se não quisermos abandonar as nossas naves? Para
alguns de nós, as nossas naves são as nossas vidas. — Muitos sussurraram
concordando.
Isso parecia suicida para Bell, mas essas pessoas sabiam os fatos, e
podiam tomar as próprias decisões.
— Ninguém seria forçado a ir.
Burryaga rosnou questionando; ele pegou um datapad e fez uma revisão
dos manifestos de carga de tudo na doca. Duas naves estavam levando
criaturas vivas, teriam de ser esvaziadas como as outras cargas? Ou
deveriam salvar as cargas?
— Que criaturas vivas? — Bell pensou inicialmente em charhounds
como Ember; a ideia de deixar para trás mesmo um deles fazia dor o
coração.
Então Burryaga explicou que, mesmo improvável, ambas naves
carregavam rathtars.
— Rathtars? — Bell não esperaria quem ninguém fosse tolo o suficiente
para transportar essas coisas por aí, muito menos dois pilotos na mesma
semana. A julgar pelos risos e olhares incrédulos do grupo no geral, ele não
era o único.
Pikta balançou a cabeça.
— Sim, podemos deixar eles.
Burryaga, no entanto, ficou inexplicavelmente sério. Disse que na última
vez que viu Orla Jareni, ela tinha mencionado os rathtars. Ela achou a
etiqueta suspeita, provavelmente falsa, feitas para prevenir que alguém
olhasse dentro dos compartimentos de carga para ver que era realmente.
Eles tinham de se apressar, Bell sentiu essa urgência em cada célula do
corpo, mas o que dizer se tivesse sido a tática usada pelos Nihil para sabotar
a estação? E se outro ato de sabotagem ainda estivesse acontecendo?
— Certo. — disse ele. — Nós checamos aqueles compartimentos de
carga. Então finalizamos a preparação. Dentro de meia hora precisamos
explodir essa coisa.

— O que fariam a essas coisas? — Nan bateu tão forte no anel de entrada
para a última série de pods de fuga que o pedaço de metal atingiu a sua
mão. A dor pouco importava. — Já passei por todo tipo de corte que já ouvi
falar, e inventei alguns novos. E os pods ainda não vão ser lançados!
— Aquele grupo de Nihil sabia o que estavam fazendo, — assinalou
Chancey Yarrow, — e desde que juntamos as nossas forças a deles e os
ajudamos a fabricar essa crise em particular, só temos a nós mesmos para
culpar.
Nan sentia como se houvesse mais que culpa, mas discutir isso com
Chancey apenas a deixaria mais nervosa, então descartou.
Elas andaram para longe o suficiente do perigo da radiação; isso era o
convés mais baixo, era a sua última tentativa. Mas nenhum dos pods de
fuga estavam ligados diferente. Teria menos importância se Nan e Chancey
tivessem conseguido achar qualquer célula de energia para ativar
manualmente um pod ou dois. Não tiveram essa sorte.
— Vamos ter que voltar para o nível das docas. — disse Chancey.
— Se formos subir lá, seremos pegas. — Nan podia imaginar que alegria
a Addie teria em levá-las aos Jedi. Esperava que uma equipe de captura as
atacasse a qualquer momento.
Chancey balançou a cabeça.
— Não tenho tanta certeza. Sim, em outro momento, estariam
vasculhando a estação de baixo a cima por algum sinal nosso. Mas eles têm
problemas maiores agora.
Isso fazia sentido, Nan presumiu. Mesmo assim, ir para o nível das
docas e presumir que ninguém estivesse procurando-as... estariam jogando
com a sorte.
Então novamente, seriam capturadas, e os Jedi encontrariam um jeito de
fugir do Farol Luz Estelar, a República provavelmente salvaria os seus
prisioneiros também. Eles seriam idiotas o suficiente para isso. Nan preferir
sair de seu próprio jeito, mas Chancey estava certa.
— Certo. Vamos tentar.

O primeiro transporte de rathtar, até então chamado, que Leox e o resto


foram verificar estava com a porta do compartimento de carga toda aberta, e
o compartimento em si completamente vazio.
— Um arrombamento, — achava Bell Zettifar.
Leox balançou a cabeça; ele levava o tipo de vida que ensinava o que
roubos pareciam e o que não pareciam.
— As portas não foram forçadas. — Seja o que for que estava neste
compartimento, foi levado, ou deixado, pelas pessoas que trouxeram a nave
para cá inicialmente.
— Explosivos. — Pikta Adren, ao menos, estava compreendendo. — É
como os Nihil os trouxeram a bordo?
— Na minha opinião é que os sistemas de segurança teriam pegado
quaisquer dispositivos grandes nos escâneres, — disse Leox. — Além
disso, você não precisa de algo grande para causar danos. Pegue o material
certo, e você poderia tirar as tripas dessa estação com um dispositivo não
maior que a sua palma da mão.
— Bem, eles não soltaram um rebanho de rathtars na estação, — disse
Bell. — Explosão ou não, teríamos notado isso.
Burryaga entrou no compartimento de carga para cheirar por si mesmo.
Literalmente: Ele rosnou que tinha encontrado rathtars antes, e apesar de
cheirar algum tipo de animal que esteve no compartimento, tinha de ser
uma espécie diferente, uma que Burryaga nunca cruzou antes.
— Animais? — Leox não conseguia entender isso. — Por que alguém
transportaria um grupo de animais para cá como parte de um ataque
terrorista? Especialmente se os animais não causaram qualquer tipo de
problema a ninguém todo esse tempo.
Então Burryaga sugeriu que os animais podem ter sido não o elemento
de ataque, mas uma artimanha, incluído que o seu forte cheiro descartasse a
detecção da ameaça real. Embora Leox não achasse que a maioria dos Jedi
eram tão sensíveis ao odor como os Wookiees, era uma teoria que valia
considerar.
Bell apontou para o outro cargueiro estacionado mais de cinquenta
metros de distância.
— Essa é a outra nave que disse que transportava rathtars, e parece que
ainda tem sua carga.
Burryaga e Bell foram em direção a nave, e muitos outros, inclusive
Leox e Pikta, foram junto com eles. Seja o que fosse, Leox queria ver. Ele
tinha uma pequena ideia que seriam criaturas inocentes, mais vidas para
serem salvas.
Mas talvez os Jedi já soubessem. Ele perguntou:
— O que a Força está dizendo a vocês sobre isso?
— Não muito, — admitiu Bell. — Algo está nublando a Força no Farol
por dias. De outra forma, os Nihil não poderiam ter tomado a estação.
Essa foi a grande revelação. Leox recebeu bem a franqueza, parecia para
ele como se o momento para tato tivesse sido segundos antes do ataque a
bomba dos Nihil. Claro, isso o deixaria um pouco instável, porque já não
teriam o melhor dos Jedi durante o desastre. Mas sempre tinha de jogar com
qualquer mão de Sabacc que estivesse lidando.
— Certo, — disse Bell. — Prontos. Vamos abrir no três. Um...
Leox olhou para trás no cargueiro aberto, vazio que deixaram para trás.
Animais selvagens tinham sido soltos e estavam correndo livres pelo Farol,
a Força estava bloqueada, havia uma chance de as duas coisas estarem
relacionadas?
— Dois...
Parecia improvável. Mesmo assim, Leox estava para perguntar quando
Bell disse:
— Três.
Nessa marca, Burryaga tirou as portas da nova nave e as deixou abertas.
Por um breve segundo ninguém, nem nada, se moveu.
— Certo, então esses são rathtars. — Então disse Bell.
Que foi quando os rathtars acordaram, e o inferno se formou.

Elzar pegou o senso de alarme, novo alarme, mais agudo que o resto, mas
perdeu quase instantaneamente. Respirou frustrado. Agora que tinha parado
de se proteger e mais uma vez procurava pela orientação total da Força,
entendeu mais quão comprometidos seus companheiros estavam. O
amortecimento, e dano, da Força nessa estação...era como ter de trabalhar
com um braço amarrado. Enquanto estivesse acontecendo, não poderia ser
completo, dar o seu melhor, e isso era o que precisava para salvar ao Farol
Luz Estelar.
Do jeito que estava, estava lutando com tudo que lhe restava, e ainda
parecia que não era o suficiente.
Então ele estava falando alto, a maioria das vezes sozinho, mas também
com JJ-5145.
— Não tem jeito de passar com seguranças pelos níveis com radiação
até os mecanismos dos propulsores posicionais. — Elzar continuava
olhando no holo da seção cruzada do Farol, que ele tinha mexido para não
mostrar mais a parte superior. Ser lembrado daquela dor só podia distraí-lo.
— Onde estão as vestes de radiação?
JJ-5145 amavelmente reportou:
— As vestes de radiação estão armazenadas em duas áreas principais a
bordo do Farol Luz Estelar, tanto nos níveis mais altos quanto nos mais
baixos.
— Nós perdemos as vestes do nível superior, mas...
— A área de armazenamento mais baixo com as vestes de radiação está
no momento inacessíveis devido à radiação, — relatou o droide sem
nenhum senso de ironia. Elzar se esforçou para não gemer alto. — Algumas
espécies são mais resistentes à radiação. Alguma delas está a bordo,
Quatrocinco?
— Uma das supervisoras de manutenção, Ar Prace, é uma Fiana, —
disse JJ-5145, que deu a Elzar esperança por um breve momento antes do
droide continuar, mas parece que ela estava na parte superior da estação
quando o Farol se partiu em dois.
Mais uma pessoa se foi que Elzar nem tinha contado.
— Quanto tempo levaria para a radiação diminuir?
— Aproximadamente dez mil anos.
— É um pouco mais de tempo que temos para gastar. — Elzar correu as
mãos do lado do rosto, o arranhão do restolho contra suas palmas. — Naves
podem voar atrás desse nível de radiação, se estiver com escudo, mas não
podemos tirar qualquer nave das docas...
Não, é uma ideia lunática.
É também a única que temos.
— Talvez, — disse Elzar. — Se não podemos voar com essas naves para
fora da estação, talvez possamos voar dentro dela.

O sabre de luz de Bell estava em suas mãos dentro de um microssegundo,


ligado e pronto...
...mas os rathtars também estavam prontos.
Eles se lançaram com velocidade incrível, com os tentáculos
chicoteando em toda direção, centenas de olhos assustadores e uma enorme
boca. Todos se espalharam, exceto os Jedi, que de alguma forma teriam de
lidar com isso.
Bell balançou para cima de um dos rathtars, pronto para o abrir no meio,
apenas para descobrir que o seu ataque foi bloqueado pelo sabre de luz de
Burryaga.
— O que está fazendo? — Bell gritou, mergulhando para fora do
caminho imediato do rathtar, embora outro de seus irmãos estava indo atrás
dele. — Eu o tinha, Burry!
Com um longo e poderoso rugido, Burryaga explicou que os rathtars
reproduzem por fissão, e ele não sabia se cortar um na metade faria dele
dois ou não, mas não tinha tempo para descobrir.
— Não os corte ao meio, — disse Bell, pulando no ar para o topo de
uma das outras naves estacionadas. — Boa estratégia. Obrigado por
compartilhar isso.
Precisava defender os civis que pudesse, mas já estavam instintivamente
empregando a melhor estratégia, que era se espalharem bem pela doca. Os
seis rathtars libertos não podiam caçar todos de uma vez.
Como se viu, podiam escalar as laterais das naves, como Bell descobriu
quando um deles rolou para o topo de uma que ele tinha se protegido.
Tentáculos batendo, cambaleou em direção a Bell.
Não corte, disse a si mesmo. Apunhale.
Tinha de golpear através dos tentáculos, girando o sabre da direita para
esquerda numa velocidade tremenda; sangue se esparramando para todo
lado, mas o rathtar não diminuía o ritmo. Sua boca horrível, cheia de dentes
bem aberta para devorar Bell inteirinho.
Bell apunhalou com o seu sabre de luz direto na goela da criatura, com a
sua lâmina dando estocada ao atravessar quase o corpo inteiro. O rathtar
uivou num último choro antes de rolar, morto, e aterrissar pesadamente no
solo.
Onde está o próximo? Burryaga tinha despachado outra das criaturas,
embora se esforçasse para tirar ao sabre de volta. Mas isso ainda deixou
quatro rathtars soltos, que estavam caçando os civis que fugiam.
Bell correu para o canto da nave e pulou bem longe, cerca de dez
metros, para aterrissar entre Pikta Adren e o rathtar mais próximo. Tentou
lutar da mesma forma que com o último, mas esse parecia determinado a
abater as pessoas com os seus tentáculos e então trazê-los para a boca. Bell
cortou os tentáculos, cortou de novo, mas sempre havia mais, quantos
tentáculos essas coisas têm...
Tiros de blaster de trás de Bell soaram, cada tiro acertando o centro
mortal do rathtar. Ele uivou e se contorceu por um momento, então pareceu
se esvaziar. Bell olhou pra trás para ver Pikta de pé com o seu blaster na
mão. Ela deu um sorriso que retribuiu.
Próximo, no entanto, Burryaga e outro rathtar estavam travados numa
luta confusa, pelo angulo que Pikta não conseguia atirar sem possivelmente
atingir ao Burry. Os outros dois rathtar estavam quase nos cantos opostos da
doca nesse momento. Bell correu para Burryaga e o seu oponente,
pensando, geralmente trabalhar em equipe ajuda, porque a maioria dos
seres não consegue lutar em duas direções ao mesmo tempo, mas os
rathtars podiam lutar em todas direções de uma vez.
Esse era consideravelmente maior que os outros também, tão grande que
Bell não tinha certeza se um forte golpe de sabre de luz poderia penetrar até
seu coração.
Se não pudessem derrotar a coisa, teriam que fugir.
— Sinalizador de emergência! — Bell gritou conforme pulava para a
briga ao lado de Burryaga. — Alguém encontre um e ative agora!
Com isso, Bell estava de volta em modo de batalha, golpeando e
mutilando o que estava em seu caminho até o que parecia ser uma floresta
de tentáculos. Burryaga uivou furioso conforme o rathtar continuava vindo,
destemido, sempre com mais tentáculos para espalhar.
— Ei voceeê! — A voz de Leox soou por todo o compartimento de
carga. — Aposto que gostaria de um desses!
Com isso, ele ligou um sinalizador de emergência. Um clarão branco
quase para cegar encheu o compartimento como um sol em miniatura.
O rathtar sem cérebro mais próximo apenas sabia que algo era muito
brilhante e então precisava ser caçado. Com o seu grito sinistro, o grandão
rolou para longe de Bell e Burryaga em direção a Leox e o clarão; os outros
o seguiram. Ambos Jedi estavam livres, Leox jogou o bastão com toda sua
força. Conforme este planava para o lado oposto da doca, todos os outros na
doca de carga correram o mais rápido possível para as portas.
Eles conseguiram sair. Mas o clarão não os distraiu por muito tempo.
Conforme corriam, Bell podia ouvir o som molhado dos tentáculos batendo
no metal.
— Através do próximo bloqueio de ar. — Gritou Bell. — Burry, está
indo para vocês!
O próximo bloqueio de ar era apenas alguns metros à frente. O grupo
inteiro passou por ele, com Burryaga atrás. Assim que chegou, Burryaga
pulou para agarrar o mecanismo em cima do bloqueio de ar, então se
pendurou com um braço enquanto apressado terminava a manobra.
Bell olhou para trás para ver os rathtars rolando para eles, mais rápido
que nunca, muito próximos. Quando Burryaga passou pelo bloqueio de ar,
que fechou com força com os rathtars do outro lado.
Todos exalaram uma vez; alguns se ajoelharam em juramento. Bell se
inclinou contra as portas do bloqueio de ar, ofegante.
— Bem, isso foi divertido.
Isso apenas lhe rendeu olhares de reprovação do resto do grupo, com
uma exceção.
— Não iriam longe, — disse Leox com um sorriso, mas o que faltou em
serenidade de espírito nesse incidente vai ser mais que compensado ao
longo dos anos em valor de anedota.
Estranhamente, ele estava certo.
Assumindo que sobreviveriam.
— P or favor repitam isso pra mim, — disse calmamente Elzar
Mann. Essa situação não poderia ter ficado pior. Obviamente tinha
ouvido mau.
Mas não tinha.
— Há três rathtars soltos na estação, — confirmou Bell Zettifar. — O
outro carregamento de rathtar na verdade era falso, e eu acreditava que esse
também era. Não há desculpas para o meu erro, e eu...
— Pule essa parte. — Elzar respirou fundo. — Todo poder tem uma
fraqueza correspondente. Para nós, o nosso poder na Força nos dá confiança
em nossas decisões..., mas depois que nos acostumamos demais para se
apoiar só nela. — Stellan tinha ensinado isso. — Eu poderia ter aberto
também o compartimento de carga.
Stellan Gios tinha acordado não muito tempo antes; embora continuasse
uma sombra do que costumava ser, havia recuperado a compreensão e a
compostura.
— Veja por esse lado: De todos nossos problemas atuais, os rathtars
devem ser o mais fácil de resolver.
O escritório do intendente, cheio de droides, dificilmente ainda
funcionava como sala de reunião. Elzar queria que não tivessem conversado
aqui, mas então, talvez fosse melhor que nenhum tripulante civil ouvisse
eles por enquanto. Ele apenas disse:
— Voltemos ao plano. Você disse que poderiam evacuar algumas
pessoas pela doca de carga.
Bell ainda olhava envergonhado, mas acenou concordando.
— Sim, Mestre Elzar. Eu acho que há um modo.
Conforme explicava a ideia, Elzar se animou. Stellan, no entanto,
precisaria ser melhor convencido.
— Estamos falando sobre um nível de descompressão explosivo que
naves menores provavelmente não poderiam compensar. As naves poderiam
colidir umas com as outras, os passageiros poderiam morrer antes que
chegassem no espaço.
— É arriscado, — disse Bell, mas essas pessoas conhecem o perigo.
Elzar concordou com um aceno.
— Além disso, se a outra única opção que podemos oferecer é mantê-los
presos na estação que ainda está para colidir, devemos a eles uma melhor
chance. Mesmo se não é a opção ideal, é uma chance, talvez a única que
terão.
Stellan colocou uma mão na cabeça; a sua pele estava pálida. Eles
estavam se esforçando tanto? Mas ele conseguiu dizer:
— Você está certo. É a única possibilidade que podemos lhes dar agora.
Por mais que Elzar quisesse compartilhar suas ideias sobre chegar aos
mecanismos dos propulsores posicionais, decidiu esperar mais um pouco.
Stellan precisava de mais tempo para processar isso, e Bell já está
sobrecarregado o suficiente, e não poderia carregar ainda mais peso.
— Bell, obrigado por tudo que tem feito aqui. Mas agora precisamos que
você volte para a torre médica. Não seremos capazes de evacuar os feridos
através de meios convencionais, então preciso de você lá para criar as
estratégias. — Ele colocou uma mão no ombro de Bell, um gesto breve que
acalorou com um sorriso.
— Burryaga pode ficar aqui para ajudar com a evacuação da doca de
carga.
Aparentemente, não precisaria consolar Bell sobre a sua designação, não
apenas porque o aprendiz não a viu como uma punição, mas porque ele
também se animou. Deve ser onde realmente gostaria de estar todo esse
tempo.
— Claro, senhor. Vou já para lá.
Stellan aprovou com um aceno de cabeça, como se ainda estivesse em
posição de aprovar ou desaprovar.
— Muito bom.
Bell se encaminhou para sair, mas parou na porta.
— Sobre o plano de fuga pela doca de carga, agora eles também têm de
passar pelos rathtars. Elzar suspirou.
— Um problema de cada vez.

Bell não pretendia hesitar em seu caminho de volta a torre médica; o Farol
estava sem tempo, e esse conhecimento o pressionava a cada minuto. Mas
no meio do caminho, Burryaga cruzou o seu caminho e rosnou um
cumprimento amigável.
— Burry! Estou indo de volta a torre médica. — Bell apertou a pata do
amigo. — Eu temo, que isso deixa você com os rathtars.
Burryaga informou ao Bell que era a dívida que teria de ser paga depois,
sendo o ideal que Bell pagasse um jantar do tamanho de um Wookiee pra
ele no melhor restaurante de Coruscant.
Exatamente isso, pensou Bell. Nós acreditamos que vamos viver. Temos
de acreditar nisso para fazer todo o possível.
Ele sorriu para o seu amigo.
— Fechado.

Nan não se considerava particularmente uma pessoa azarada, mas estava


tendo de repensar isso, porque no minuto que ela e Chancey retornaram
para o nível das docas, então também o fazia algumas dezenas de outros
pilotos, incluindo Leox Gyasi da Embarcação. Escondeu-se numa pequena
fresta, mas Leox parecia ter outras prioridades, voltando apressado para a
sua nave, rápido demais para notá-la. Chancey, a qual não tinha se
incomodado em se esconder, deu uma olhada de lado para ela.
— Você percebe que provavelmente chame mais atenção por pular para
se esconder assim? — Não deveríamos ter vindo, — sussurrou Nan.
— Provavelmente estamos mais seguras se formos presas do que se não
formos, — declarou Chancey.
Essa ideia atingiu Nan ainda pior do que o medo da morte. A sua vida
era sua; não deveria colocar nas mãos dos Jedi. Estar em dívida com eles
seria um tipo de morte em vida, uma que Nan não pretendia viver. Melhor
perecer no fogo, gloriosamente livre até o fim.
Então isso a atingiu, a realidade de morrer queimada, a dor agonizante
disso...
— Então. — Um homem ruivo apareceu na frente delas; ele deve ter
estado por perto. O que significava que tinha ouvido tudo, conforme o seu
sorriso maroto confirmava. — Vocês duas não querem ser vistas pelos
outros. Foram presas pelo que exatamente?
— Contrabando, — respondeu Chancey imediatamente. — Por que
exatamente você não está nos prendendo?
— Eu não desejo fazer o trabalho dos Jedi, — disse ele. —
Especialmente quando isso me dá a chance de fazer novos amigos. O nome
é Koley Linn, e estou achando que podemos fazer um acordo.
Nan já sabia que isso seria uma péssimo acordo, um que não teria outra
coisa para fazer a não ser aceitar.

Já que nem todos falavam Shyriiwook, Leox Gyasi acabou traduzindo o


plano para todos na doca de carga.
— No momento, Elzar está trabalhando em quais pilotos de carga ainda
estão a bordo. As outras naves serão designadas por loteria para aqueles que
puderem pilotá-las. Todas as naves na doca de carga serão lotadas até a
capacidade total, embora ninguém precise ir se não quiser. Sim, a
descompressão será violenta. Assim como colidir com a superfície de
Eiram. Então escolham o seu veneno.
A maioria das pessoas imediatamente foram ao encontro de Elzar,
prontas para se candidatar para o que parecia ser a única fuga possível.
Poucos, no entanto, ficaram. Joss e Pikta Adren conversavam próximo de
sua nave a sério, e as mãos que suavemente descansavam no casco sugeria
que não a deixariam para trás tão rápido. A piloto Cereana cuja a nave tinha
um buraco explodido na lateral ficou lá olhando para ela como se pudesse
consertar o casco através de pura força de vontade.
E ainda, claro, estavam Affie e Geode. Enquanto Geode estava
mantendo bem as aparências, os olhos negros de Affie estavam arregalados
de desgosto. Ela suspirou:
— Temos de abandonar a Embarcação?
— Não. — Leox segurou as mãos dela. — A Embarcação pertence a
você e somente a você. É sua a decisão do que fazer.
Por um momento Affie parecia com muito medo, antes que a
determinação voltasse. Leox viu isso no endireitamento dos ombros dela, o
modo que ela levantou o queixo.
— Eu fico com a minha nave. Talvez seja loucura ainda acreditar que os
Jedi têm um modo de sair disso, mas eu acredito. E enquanto há alguma
chance, então quero salvar a Embarcação. Mas se vocês dois quiserem ir,
então saiam. Posso cuidar da nave sozinha, e vocês dois ainda tem os seus
empregos se... Leox a poupou de precisar terminar o pensamento.
— Estou contigo, Pequena. — Próximo dele, Geode lealmente
permaneceu ao lado dela, forte como sempre.
Affie hesitou antes de acenar positivamente.
— Certo. Ficaremos todos juntos então.

Koley Linn gostaria que tivesse um droide câmera no ombro para filmar o
rosto das mulheres quando ele explicou seu plano. O queixo da pequena
caiu, e a mais velha disse:
— Abrir um buraco através das portas das docas? Tem ideia de quanto
poder de fogo precisaria?
— Muito, — respondeu Koley, mas temos o suficiente com as naves
juntas, e podemos fazer isso. O que é o motivo que poderíamos usar mãos
extras para operar as armas nas naves cujo as tripulações não estão, como
dizemos, cooperando.
— Então todos são sugados para o espaço através de uma abertura
irregular que está quente como lava, — disse a mais jovem, Nan. — Você
acha sinceramente que todas as naves vão passar ilesas?
— Não, eu acho que as naves que não estão preparadas, aquelas que não
se ancoraram ou colocarem os propulsores no reverso, serão sugadas
primeiro. Serão rasgadas como descarte. Mas elas apenas abrirão ainda
mais a abertura para o resto de nós, que sairemos por nossa própria conta
em seguida.
— Não tenho certeza que funcione, — disse a mais velha, Chancey ou
algo assim. — De qualquer forma, isso é muito mais difícil do que imagina.
Tão longo que suspeito que não está compartilhando os perigos com todos.
Tão longo para ter certeza que sua própria nave saia por último, quando o
caminho estiver liberado.
Koley amava o momento quando as pessoas percebiam o quanto as tinha
lhes ferrado, e não tinham escolha a não ser ir junto.
— Coloque dessa forma. Não é uma chance de sobrevivência tão grande
quanto terá se for sozinha. E não se engane, os Jedi não vão nos salvar. Se
eles têm alguma resposta, já teríamos ouvido. Eles não podem salvar os
seus amigos, então que chances acha que temos deles nos ajudarem?
Chancey e Nan compartilharam um olhar, que lhe dizia que ele estava à
frente.
Essas duas mulheres, sejam quem fossem, eram difíceis. Eram
complicadas. Elas eram acostumadas a fazer o que fosse preciso para ficar
vivas. Koley tinha visto esse olhar no espelho muitas vezes para não
reconhecer em outra pessoa.
Pessoas como essas poderiam capturar as naves que não colaborassem
com as armas mais pesadas, e o seu plano de fuga poderia se tornar
realidade.

Stellan Gios se sentia na metade de si. O seu corpo estava se


movimentando, o seu cérebro pensando, ausente de qualquer comunhão
com a sua alma. Talvez fosse assim ser um droide.
Ainda assim, podia seguir os movimentos. Com o Farol em perigo
iminente, tinha de dar o que pudesse.
— Então, precisamos abrir a doca de carga, — Elzar dizia para
Burryaga, — para o máximo de naves que pudermos. Isso significa levar
algumas naves menores da doca principal para a doca de carga, literalmente
voando dentro da estação.
Burryaga rosnou que a abrir a estação dessa forma seria difícil sem
explosivos.
Nisso Stellan precisou dizer.
— ...como começar outra bomba pode possivelmente melhorar a nossa
situação? — Não vai, — disse Elzar. — Estamos ativando os subsistemas
de readaptação.
Isso não fez sentido para Stellan.
— Readaptação, que quer dizer facilitar a reestruturação da estação
numa doca do espaço. Não vai criar magicamente um caminho de voo pelo
Farol.
— Não, não irá. No entanto, nos permitirá destruir algumas paredes e
pisos, abrindo espaços maiores, e esses podem funcionar como caminhos de
voo, ao menos, para os nossos propósitos atuais de emergência. — Elzar
bateu levemente na cabeça de um dos muitos astromecânicos ao redor
deles, que amavelmente começou a projetar uma holografia da seção
cruzada da parte inferior do Farol Luz Estelar. — Os sabotadores Nihil,
quem que sejam eles, elas ou o que possam ser, bloquearam praticamente
todos os sistemas principais do Farol Luz Estelar. Uma das únicas funções
que deixaram completamente intactas? O subsistema de readaptação. Eles
provavelmente acharam que era confuso demais para se preocupar. Mas
esse subsistema nos deixa reconfigurar quase todos os trabalhos internos da
estação. Quando nós o reconfigurarmos, as naves menores terão espaço
para manobra através do Farol Luz Estelar.
— Como vamos abrir isso sem destruir tudo mais nessas áreas? —
Perguntou Stellan.
Elzar lhe deu uma olhada.
— Não vamos. Devemos considerar tudo no Farol Luz Estelar como já
destruído, exceto pelas vidas a bordo. Uma vez que tivermos os salvo, então
podemos nos preocupar com o equipamento. Mas não por enquanto.
Stellan finalmente entendeu o sentido e acenou positivamente. Burryaga
também concordou com esse plano, poderia ser drástico, mas eles estavam
numa situação drástica.
— Se funcionar, — acrescentou Elzar, — podemos ser capazes de abrir
um eixo descendente no meio da estação, e então eu poderia pegar um pod
de reparo através dos níveis de radiação, recuperar um traje, e descer aos
propulsores posicionais próximos da base do Farol. Se eu conseguir, então
talvez possa colocá-los para funcionar em cem por cento.
O plano tinha o seu valor.
— Você tomou uma decisão brilhante, Elzar. Bom trabalho. — Elzar
sorriu de volta.
Por dentro, no entanto, Stellan apenas podia pensar que não ajudaria em
abrir as portas da doca de carga. A Força não era mais sua para comandar.

Depois uma longa e difícil jornada de volta, Bell finalmente chegou na torre
médica. Surgiu com os sorrisos dos poucos sobrecarregados funcionários
médicos sencientes, mas não conseguiu sorrir de volta até chegar a Indeera
Stokes e Ember. Quando entrou na sala onde deixou a sua Mestra, viu que
ela ainda estava inconsciente, mas viva, descansando na cama, com Ember
ao seu lado, lealmente.
Em algum momento, Mestra Indeera deve ter despertado um pouco,
porque a sua mão estava sobre a cabeça de Ember.
Ao menos, até Ember perceber que Bell tinha retornado. Ela deu um
salto, saltando na direção dele, tão feliz que Bell não pode deixar de rir alto.
— Ei, garota, — sussurrou conforme se curvava para lhe fazer um bom
carinho. — Bom trabalho em cuidar da Mestra Indeera. — Ember se
contorceu alegre, com a sua calda batendo contra o chão.
Esse momento de alegria se provou transitório. Bell passou todo o
caminho de volta para a torre médica se perguntando como ele poderia ser
capaz de transportar alguns ou todos os pacientes para a doca de carga, de
forma que tivessem uma chance de escapar. Seus poucos planos fantasmas
evaporaram conforme ele olhava ao redor para as baias médicas
improvisadas. Essas pessoas não podiam ser transportadas da torre em
menos de algumas horas, e algumas estavam muito feridas para ser seguro
as moverem dali.
Do lado de fora de uma das janelas podia ver o cruzador médico de
Eiram, cheio de médicos e droides médicos e todos suprimentos possíveis,
ainda voando impotente perto do Farol.
Os bloqueios de ar a cada poucos metros em incontáveis passagens
nessa estação, pensou Bell, e nenhum que eles possam usar para atracar.
A menos... a menos que eu possa mudar isso.
V ários seres reagiram diferente a opinião de deixar as suas naves
para trás e fugir via doca de carga. Aqueles que eram meros viajantes,
que eram passageiros a bordo de naves de outros, ou apenas pensavam em
suas pequenas naves como meio de ir de um lugar para outro: Estes já
disputavam as suas vagas. Aqueles que eram donos de suas naves como um
elemento necessário de seus negócios: Estavam hesitantes, mas na maioria
escolhendo ir para a doca.
Mas aqueles que, como Leox Gyasi, pensavam nos seus lares não como
um planeta, mas como uma nave entre as estrelas: Estes estavam ficando
com as suas naves.
Além disso, Leox percebeu que não tinha o menor problema de limpar o
caminho para a doca de carga porque estava parado. Cada indivíduo era
uma pequena centelha de uma grande consciência, o universo
contemplando a si mesmo; se tiver de fazer algo para salvar a sua própria
vida, pensou, deveria estar disposto a fazer isso para salvar a de outro.
Então ficou de pé entre o grupo reunido como preparação para começar
a corrida para a doca de carga.
— Todos a bordo agora sabem, nós temos três rathtars soltos na área
geral da doca de carga, — disse Elzar Mann, que parecia ter assumido o
controle. (com Stellan Gios de pé próximo, parecendo um pouco melhor
que Leox tinha visto da última vez, mas não falou nada.) — Isso significa
que levar as pessoas a pé se tornou significativamente mais arriscado.
Embora Burryaga, Stellan, e eu possamos dar alguma cobertura com nossos
sabres de luz, os rathtars são... desafiadores.
— Não seja educado! Eles uns são idiotas com tentáculos enormes! —
Falou Pikta Adren. Não foi uma ótima piada, mas a maior parte das pessoas
riu. Quase tudo impregnava o clima cada vez mais tenso a bordo.
Elzar simplesmente acenou com a cabeça.
— Tenho falado com as poucas pessoas aqui na doca principal que
chegaram em naves pequenas, de uma só pessoa, tais como uma nave de
reconhecimento. Esses pilotos corajosamente concordaram em se unir em
nossos esforços.
Leox levantou uma sobrancelha. Isso vai levar à onde ele pensa que vai?
Com certeza, Elzar continuou:
— Vamos essencialmente abrir vários corredores entre aqui e o último
bloqueio de ar que agora separa essa parte da estação. Isso permitirá que as
naves voem por dentro da estação até a doca de carga, dando cobertura
extra contra os rathtars, e lhes dando a sua própria chance de escapar
quando abrirmos as portas da doca de carga.
Leox mentalmente aumentou a probabilidade de sua morte nesse
esforço, mas ainda assim teve de dizer:
— Gostaria que pudéssemos vender ingressos pra isso.

Elzar olhou de lado para Burryaga, que empunhou o seu sabre de luz
desligado visto que um rathtar podia aparecer a qualquer segundo.
— Entende que estamos seguros até abrirmos os corredores, certo?
Burryaga grunhiu concordando, mas declarou que eles não ficariam
seguros dos rathtars por muito tempo depois disso. Melhor estar preparado.
— Bom argumento. — Conforme Elzar pegava a sua própria lâmina,
teve uma lembrança fugaz do estranho sabre de luz de duas lâminas de Orla
Jareni. Ela tinha encorajado a iconoclastia dele, sempre lhe disse, fazer as
coisas diferente não significa que está fazendo algo errado.
Gostaria que ela estivesse viva para ver esse plano, porque ela o amaria.
Acenou para Stellan do outro lado da doca, que ativaria a contagem
regressiva através dos astromecânicos. Um droide âncora próximo começou
a entoar:
— Dez, nove, oito...
Os quatro pilotos de reconhecimento ligaram os motores, mandando um
gemido por toda doca.
— Seis, cinco, quatro...
Todos os pilotos de reconhecimento se levantaram do solo, planando no
ar. Aquelas poucas pessoas que não viriam para a fuga se abaixaram para os
cantos mais distantes da sala ou se retiraram para dentro de suas naves.
— Dois, um, iniciar.
Naquele instante, os astromecânicos mandaram sinais para as junções
internas do funcionamento da nave, junções feitas para facilitar a sua
construção original e uma reconstrução teórica. Elas só deveriam ceder em
caso de uma readaptação, mas com os códigos certos poderiam ser soltar a
qualquer momento.
Descendo o corredor vinha uma série de ruídos profundos, vibrantes, o
som do metal se separando e cedendo. Elzar olhou para o grupo reunido e
os viu prontos para correr. Eles o fariam assim que os pilotos avançassem,
que aconteceria logo que...
O corredor final cedesse, as paredes e chão se soltassem em frente deles
para revelar uma enorme caverna escura que se estendia para o que parecia
o infinito. Elzar gritou:
— Vai!
Todos começaram a correr. Os poucos levemente feridos andavam em
cadeiras de rodas tecnológicas, empurrados por amigos ou novos aliados.
Burryaga rugia conforme se movia rapidamente na frente, com o seu sabre
de luz brilhante guiando o caminho, e algumas das pessoas que fugiam
estavam aplaudindo para aumentar a coragem.
Eles não deveriam, os rathtars ouvirão isso, Elzar pensou fugazmente
conforme corria, mas não, os motores das naves eram mais altos, isso vai
desviar a atenção das feras.
Então, ligou o seu sabre de luz também, pronto para a batalha que viria.

O barulho de níveis inteiros da estação desmoronando de uma vez


perturbou Nan ainda mais. Não era o único impacto que sentiu naquele dia,
definitivamente não era o maior, mas havia um limite do quanto poderia
aguentar em um curto período, e aparentemente estava quase chegando
nele.
Que tipo de fracote é você? Nan se repreendeu. Lutou em batalhas desde
que era uma criança. Não pode ficar um pouco parada e esperar?
Mas esse era exatamente o problema. Tinha percebido que era mais fácil
lutar, mesmo se arriscasse a sua vida, do que ficar esperando uma situação
fora de seu controle.
Ao menos a espera estava para acabar.
Nan ficou de pé com Chancey Yarrow num canto sombrio da doca, onde
elas não eram facilmente vistas, mas não estavam realmente escondidas.
Infelizmente, Addie Hollow e Geode ficaram com a Embarcação, que
significava que Nan podia ser pega a qualquer momento. Em breve, no
entanto, Koley Linn daria o sinal e o seu pequeno bando tentaria uma
assumir o controle da doca, completar com os tiros para abrir o caminho
pelo casco, e ir para o espaço, em segurança.
De forma ideal, Nan seria capaz de roubar a Embarcação para a sua
fuga. Gostaria da ideia de voar para longe dali com ela, deixando Addie e a
pedra na poeira. No entanto, o principal era fugir voando. — Parece tensa,
— disse Chancey. — Tente não ficar.
— Ninguém está nos vendo, — insistiu Nan.
— Mesmo assim, quando você projeta um sentimento para fora, às vezes
ele se esgueira em suas entranhas. E se torna real. — Chancey soava...
encorajadora. — Aja relaxada, e você pode realmente relaxar o suficiente
para acabar com isso.
Nan teve de sorrir. Chancey esfregou um de seus braços, um gesto breve
antes de estarem de volta aos negócios. Por um momento, Nan até mesmo
lembrou por que ela tinha deixado os Nihil e ficado com Chancey Yarrow,
querer uma vida própria.

Koley Linn confirmou a carga em seu blaster. Para a sua sorte, ficou preso
aqui bem quando o seu BlasTech B95 favorito entrou em pane. Ainda
assim, 90% de carga o levaria muito longe. Poderia aniquilar algumas
dúzias sozinho. Contando os outros com ele, tinham poder de fogo
suficiente para superar qualquer resistência.
Um Jedi ficou para trás, o líder, Stellan Gios. Mas parecia como se a
explosão tivesse arrancado algo de Gios. O homem de pé ali era uma
imitação pálida daquele que Koley falou inicialmente. Ele conseguiria sacar
o seu sabre de luz e lutar com ele, do jeito que estava?
Koley decidiu não se importar se Stellan Gios conseguiu se despertar.
Ele olhou para baixo no grupo que ele juntou e riu.
Com Jedi ou sem Jedi, a equipe dele seria a única a bordo com uma
bomba.

— Estou construindo uma bomba, — disse Bell para Ember.


A sua charhound era a única com tempo e consciência para escutar Bell
nesse momento; todos ao redor na torre médica, pacientes repousavam em
estados variados de atenção, e tanto os funcionários quanto os droides se
apressavam entre cada um, administrando quais remédios e tratamentos que
sobraram. Certo, Ember não iria apontar exatamente as falhas no plano, mas
Bell tinha certeza que não haviam falhas. Pela primeira vez desde o
desaparecimento de Loden Greatstorm, Bell se sentia quase certo de suas
escolhas.
Ember inclinou a cabeça enquanto Bell continuava:
— Veja, o cruzador médico de Eiram poderia nos salvar, até mesmo
atracar em nós se tivéssemos um bloqueio de ar disponível. No momento
não temos. Os únicos bloqueios de ar funcionando são os internos. Uma
batida da calda de Ember serviria de resposta.
— A questão é, essa torre não é completamente integrada na estrutura
principal do Farol Luz Estelar, não desde a divisão. — Bell continuou
ligando o seu dispositivo. Era um explosivo simples, o tipo de coisa que
qualquer piloto de experiência média poderia construir em caso de
emergência. — Um explosivo forte o suficiente colocado no lugar certo...
bem, separará a torre do Farol completamente. Mas se já tivermos selado os
dois bloqueios de ar de baixo, não apenas ficaremos bem aqui, mas o
cruzador médico de Eiram será capaz de atracar em nós. Então eles podem
evacuar os pacientes, nos trazer remédio, e... a melhor parte, nos impedir de
colidir.
Ember deitou próximo do dispositivo, fungando com grande interesse.
Suas orelhas levemente para trás, ela podia sentir o perigo? Bell tinha
aprendido que os charhounds pegavam coisas que muitos sencientes não
suspeitariam.
— A questão, — disse Bell, parafusando uma das últimas conexões no
lugar, — é fazer um dispositivo forte o suficiente para separar essa torre do
resto da estação sem danificar muito. Mas eu fiz os cálculos. Vai funcionar.
Sentir-se tão certo de si mesmo tinha se tornado um estado de espírito
tão estranho que Bell teve que parar. Havia falhas em seus planos que ele
não estava vendo?
Não. Era finalmente a hora de confiar em si mesmo. É hora de agir.

Elzar correu pela cobertura vazia do Farol Luz Estelar, mantendo a atenção
focada no caminho à frente. Mas a sua mente ainda tinha espaço para se
perguntar: O que quer que seja que está prejudicado a Força, está matando
o nosso pessoal, não estamos deixando solto novamente? Se sim, ainda
teremos força para abrir as portas da doca de carga?
Só tinha um jeito de descobrir.
O grupo chegou na doca de carga com Burryaga ainda tomando a
liderança. Assim que Elzar entrou na doca, ele podia ver quão
profundamente o local tinha mudado: O chão e as antigas paredes de cada
lado sido retiradas, abrindo um espaço vasto e expondo os esqueletos da
estação, vigas de metal e fios pendurados. Na escuridão acima, Elzar podia
ver as naves de reconhecimento circulando e mergulhando, e atirando.
Algo, mais um grito assustador ecoou pelas vigas, dizia para Elzar que
pelo menos um dos rathtar continuava solto.
O cheiro de carne viva chamava a atenção das feras rapidamente. Elzar
gritou:
— Todos para as suas naves!
Pessoas de duas dúzias de espécies saíram. Os computadores tinham
preservado os chips de identificação com as estações de doca, então todos
sabiam onde encontrariam suas caronas designadas. Dentro de minutos
todos estariam a bordo e prontos para ir.
Vamos apenas esperar que os rathtar nos deem esse tempo, pensou
Elzar.
— Trajes atmosféricos! — Ele disse para Burryaga.
Mas Burryaga já estava correndo em direção ao armário de
armazenamento onde os trajes atmosféricos de cada baía foram mantidos.
Por sorte os trajes eram elásticos o suficiente para servir até pra um
Wookiee, embora Elzar não invejasse a tarefa de Burryaga de lutar com um
traje.
Estava apenas alguns passos atrás quando ouviu um som medonho vindo
de cima.
Elzar olhou para cima para ver um rathtar batendo contra a parede, com
os tentáculos batendo, e indo diretamente para ambos.

— É uma vergonha que o escritório tenha ficado tão caótico tão rápido
depois da organização inicial, — disse JJ-5145, com o único sentimento de
desgosto que tinha expressado desde que o desastre começou. — Em nossa
trajetória atual e taxa de descida que haverá qualquer oportunidade de
restabelecer a ordem é improvável.
— Em outras palavras, — disse Stellan, — você acha que todos vamos
morrer.
— Você morrerá, — especificou carinhosamente JJ-5145. — Eu vou
ficar meramente inativo. Stellan não conseguiu resistir a um sorriso.
— Encontre o lado positivo, Quatrocinco.
JJ-5145 girou:
— Que positivo? O que você quer que eu localize?
— ...pensando bem, seria melhor se monitorasse a rede de
astromecânicos por instabilidades potenciais.
Uma vez que JJ-5145 estivesse ocupado, Stellan teria um momento para
se equilibrar. A Força ainda parecia abafada, distorcida, longe, mas o transe
meditativo, com Elzar o acalmou, o ajudou. Se Stellan não podia ainda ser
como um Jedi deveria, ele poderia pelo menos funcionar como o líder que
deveria.
Um comunicador soou, assustando inicialmente Stellan; tantas chamadas
da comunicação haviam caído no momento. Mas graças ao trabalho sério
dos astromecânicos, a torre médica tinha se tornado uma das poucas
exceções, e o holo granulado de Bell Zettifar apareceu no escritório do
intendente.
— Bell, — disse Stellan. — Está tudo bem onde você está?
— Sim, senhor. E acho que sei como deixar ainda melhor.
Enquanto Bell explicava o seu plano de separar a torre médica do Farol,
um alívio profundo tomou Stellan. Ao menos alguns seriam salvos.
— Quando planeja detonar?
— Em breve, Mestre Stellan. Se eu esperar muito, estou certo que o
impacto levará a torre médica para longe o suficiente para fugir da
gravidade de Eiram.
Ele não estava pedindo permissão. Ele não estava palpitando. A dúvida
que tinha pego Bell desde o desaparecimento inicial de Loden foi embora, e
que não volte mais.
— Você trabalhou bem, — disse Stellan. — Indeera ficará orgulhosa de
você quando acordar. E Loden Greatstorm ficaria orgulhoso também.
Bell piscou rapidamente, segurando a emoção.
— Obrigado, senhor.
Stellan ergueu uma mão em despedida, se perguntando se ainda veria
Bell Zettifar novamente. Ao menos, neste momento, ele tinha sido
concedido um vislumbre do Grande Cavaleiro Jedi que Bell se tornaria.
— Que a Força esteja com você.

Bell começou por fechar o primeiro bloqueio de ar, o de dentro da própria


estação, só alguns metros antes do túnel cheio de detritos que levava a parte
inferior da estação. Isso protegeria o resto do Farol Luz Estelar da
descompressão catastrófica.
Depois Bell colocou o seu explosivo muito cuidadosamente no meio da
junta, onde exatamente a estrutura deveria ser mais frágil. Embora levasse
apenas poucos segundos, parecia como se demorasse muito; Bell continuou
muito atento ao assobio do ar pressurizado, o leve cheiro de queimado da
fiação danificada, a presença de Ember a vários passos atrás.
— Espere por meu sinal, — disse ele para o dispositivo como um tipo de
brincadeira. Isso não ajudou muito.
Bell selou o bloqueio de ar seguinte para conter a explosão. Então o
outro com sorte onde a nave médica vai usar para atracar. Finalmente, o
outro depois desse... como reserva. Então ficou de pé do outro lado do
bloqueio de ar selado, respirando fundo, sem mais nada para fazer a não ser
agir pela fé.
— Venha aqui, — disse Bell, se curvando para acolher Ember em seus
braços. Disse a si mesmo que fez isso para prevenir ela de ficar com medo
quando a explosão ocorresse; ela ficou quente contra seu peito.
Pegando o detonador no bolso, revisou cada passo em sua cabeça, se
certificando que tudo tinha sido feito, e feito corretamente. O seu polegar
pairou sobre o botão.
E por fim ele sussurrou:
— Pela luz e pela vida, — e apertou.
BOOM!
A explosão quase jogou Bell no chão, mas conseguiu ficar de pé e
abraçar Ember, por pouco. Os choros de medo dos pacientes o perturbaram,
mas se manteve frio. O ar ainda fluía. A energia continuava ligada. Bell
olhou pela janela mais próxima, espiando o lado de fora, e gritou de alegria.
— Conseguimos! Ember, conseguimos!
Ember começou a se contorcer de alegria em seus braços, lambendo o
rosto de Bell. Ela sabia apenas que estava feliz, e ficou em êxtase, porque o
que viu era o lembrete do Farol Luz Estelar flutuando, com a torre médica
completamente separada e livre. Melhor ainda, a força da explosão tinha
jogado a torre para bem longe de Eiram.
O LT-16 rolou até ele, chiando.
— Jedi Zettifar, o cruzador médico de Eiram relata que nos tem em seu
raio trator. Eles nos moverão pelo caminho de descida e tentará atracar em
breve.
— Ótimo, — disse Bell, sorrindo largamente. — Espalhe as notícias
entre os pacientes, certo? — Ele pretendia o seguir de perto, de forma a
contar ele mesmo a Mestra Indeera; mesmo que ela ainda não pudesse ouvi-
lo, era importante para ele dizer as palavras, Você está segura.
E talvez ela pudesse ouvir ele, a consciência de Mestra Indeera
continuava intacta dentro dela, mesmo se sufocada pela lesão...
Isso atingiu Bell, então, ele simplesmente podia perceber mais pela
Força do que podia alguns minutos atrás. Conforme o Farol Luz Estelar se
desviava e se afastava, o terrível dano drenante a sua conexão com a Força
desapareceu. Suas habilidades estavam plenamente de volta; até esse
momento, Bell não tinha compreendido como tinham diminuído.
Pensou em todos os Jedi ainda presos a bordo do Farol: Elzar Mann,
Stellan Gios, e acima de todos Burryaga. Bell sabia agora que eles estavam
todos separados da Força. Como eles poderiam vencer isso?
Havia alguma esperança para os que ainda estavam a bordo do Farol Luz
Estelar?
Q uando Stellan viu a torre médica flutuando livre, sentiu uma
onda de gratidão. O plano, de tão radical como era, funcionou. Olhou
para fora pelas janelas do escritório do intendente, assistindo o cruzador
médico de Eiram trazendo a torre para mais perto com o seu raio trator,
então começaram a conectar os bloqueios de ar. Todos na torre,
principalmente os vários que tinham vindo procurar ajuda e proteção Jedi,
tinham sido salvos.
Sim, as pessoas na galáxia ouviriam sobre o sucesso do ataque dos Nihil,
mas agora eles também ouviriam sobre quantos tinham sido salvos pela
ingenuidade e coragem de um Jedi.
Outras naves tinham começado a aparecer na escuridão do espaço no
horizonte: pequenas naves, em sua maioria, mas responderam ao pedido de
ajuda. Essas pessoas, não são soldados ou representantes planetários, mas
cidadãos, tinham enfrentado a ameaça dos Nihil por viajar por rotas hostis,
perigosas, na esperança de ajudar o Farol Luz Estelar.
Nós todos somos a República, pensou Stellan. Nunca tinha sido mais
verdade do que neste momento.
Apenas queria que houvesse um jeito deles poderem ajudar.
Mas tinha de ter algo, um plano que eles não tinham vislumbrado, um
truque ainda escondido nas mangas. A mesma inspiração que tinha vindo a
Bell viria a eles antes que desistissem.


As boas notícias: Não era um rathtar descendo em direção a Elzar Mann e
Burryaga.
As más notícias: Eram dois rathtars.
Elzar saltou pra frente, atacando com o seu sabre de luz, não com a
esperança de um ataque fatal, mas na esperança de assustar os animais.
Infelizmente, esses rathtars pareciam como objetos reluzentes. Os seus
tentáculos batiam em direção a Elzar, um deles atingindo seu pulso, mas
falhando em dar um aperto.
Elzar pousou para trás na doca em posição de combate, sabre de luz
ainda em prontidão. Burryaga também saltou no ar, no giro atingindo os
tentáculos do rathtar, mas uma ramificação envolveu a cintura do Wookiee,
o apertando poderosamente.
Elzar pensou rápido. Pular sobre os rathtars poderia ganhar tempo, mas
também ficaria vulnerável no ar. Ao invés disso bateu na escada de serviço
ao lado, normalmente escondida dentro do shaft de manutenção, ela tinha
sido exposta no novo espaço cavernoso da doca de carga quando
derrubaram as paredes. Escalou o mais rápido que pode, desesperado para
chegar a Burryaga antes que mais dano foi feito.
Burryaga, no entanto, não terminou de se defender. Ele estendeu as
garras ao máximo, uma visão que Elzar nunca tinha visto, e uma temível,
para atingir o rathtar que o segurava. Gritou de dor e se soltou.
Por um momento, Elzar sorriu. Burryaga usaria a Força para se ajudar,
Elzar pularia até ele, e talvez os Rathtars tinham aprendido sua lição.
Eles não tinham. O outro rathtar girou pela parede para agarrar Burryaga
novamente. Dessa vez, o seu tentáculo abraçou o pescoço, forte o suficiente
para sufocar alguém até a morte. Burryaga bateu no tentáculo novamente,
mas esse rathtar era feito de um material mais duro que o último. Ele apenas
berrou conforme trazia o Wookiee para cada vez mais perto de sua grande e
faminta boca.


A doca estava quase vazia. Quase todos lá pareciam distraídos pela
explosão que tinha estremecido a estação, para não mencionar a torre
destacada que parecia estar flutuando por aí do lado de fora. Nan não se
importou em ir dar uma olhada. Não se importava.
O que importava era que haviam algumas pessoas atualmente focadas no
lugar atual e no momento eram membros da pequena equipe de Koley Linn.
Próxima, Chancey deu um rápido aceno pra ela. Um instante depois, o
explosivo de Koley explodiu na doca.
Nan se abaixou, esquivando-se dos detritos e estilhaços, não foi bem
uma bomba, mas tinha dizimado a nave em que tinha sido colocada, e agora
a doca estava cheia de fumaça e gritos. Ela avançou, indo direto para a nave
que tinha sido informada para mirar. As suas botas batendo contra o convés,
vai, vai, vai, vai...
— Unh! — Nan tropeçou em algo e caiu esparramada no convés. Um
pedaço de metal saindo fumaça no chão a queimou ou fez um corte dolorido
no seu antebraço. Pior de tudo, olhou pra cima para ver que tinha tropeçado
em ninguém menos que Addie Hollow, que estava olhando pra ela como se
o olhar pudesse matar.
A aparência não podia matar. Nan podia. Apressou-se a ficar de pé,
pronta para bater em Addie, mas parou quando Koley Linn gritou:
— Ninguém se mova!
Tanto ela quando Addie se viraram para ver Koley de pé próximo do
centro da doca, com o seu blaster mirando numa pequena criança que caiu
no chão, gemendo lamentavelmente. Todos congelaram, Nan viu, tanto os
membros de sua equipe quanto a dos outros, que tinham começado a lutar
mais rápido do que pensariam que fosse possível. Até o estupefato Stellan
Gios surgiu, com o sabre de luz nas mãos, em posição de batalha na
extremidade da doca.
Estamos num impasse, Nan percebeu.

Koley Linn clamou:


— Deixe-me explicar como isso funciona.
Embora a fumaça continuasse passando, nebulosa ou opaca as vezes,
parecia como se todos soubessem melhor as suas chances com uma tal
cobertura momentânea.
A criança no chão gemeu, e por um momento Koley sentiu vagamente a
sensação que tinha banido anos atrás: a vergonha. Não havia orgulho de ser
encontrado com um refém tão incapaz de se defender.
Mas não estava aqui por orgulho. Koley tinha um refém; tinha o
elemento surpresa, tinha a vantagem. Era exatamente como gostava. A
vergonha transitória desapareceu, para não voltar mais.
— Há um modo de sair dessa estação para os que estiverem dispostos,
— disse ele. — O resto pode tentar a sorte com os Jedi. Mas nós? Nós
estamos pegando as naves com melhor armamento e vamos explodir o
casco do Farol Luz Estelar.
— Não podem, — disse Stellan Gios, com mais força que Koley
pensaria que o cara poderia reunir. — O hangar é magnetizado.
— Sim, seria um problema se nós atirássemos para abrir o caminho com
os nossos blasters. Mas os blasters são para vocês, — Koley balançou o
focinho levemente, apontando para algumas pessoas que considerava que
atirariam primeiro, — e não se preocupe. Se eu atirar em vocês, eu não vou
errar. Armas de naves, o tipo de poder de fogo que não seria pego pelo selo
magnético que vocês têm aqui, e não ache que não sei disso. — Típico dos
Jedi, assumindo que eles sabiam tudo e ninguém mais tivesse qualquer
noção.
Stellan permaneceu destemido.
— Você tem alguma ideia de quanto tempo teria de atirar pelas portas?
Horas, provavelmente, tempo que nós não temos.
De trás, Joss Adren disse.
— Além disso você abriria espaço com o resto de nós e com as nossas
naves!
Koley manteve os olhos em Stellan, de longe a maior ameaça no local.
— Encare isso, as suas naves já estão perdidas. Ninguém aqui tem que
ficar no espaço se eles saírem. — Ele não se importava em matar quem for
que tivesse de matar, mas nesse caso mais limpo era também o mais rápido
e o tempo era precioso. — Quanto ao casco, você não fez os cálculos, Stell.
Eu fiz. Nós podemos abri-lo em cerca de quarenta e cinco minutos. E temos
cerca de uma hora antes de estarmos completamente na atmosfera e as
coisas ficarem mais feias. Então eu gostaria de começar já.
A criança no chão próximo de Koley de repente parou de gemer. Ele
meio que se virou para ver uma mancha grande de fumaça aparecendo... e o
Geode, agora de pé, em silêncio e resoluto, entre Koley e o seu antigo
refém.
Como essa coisa maldita se move? Pensou Koley, não pela primeira vez.
Fez um gesto para a sua co-conspiradora mais próxima, a garota chamada
Nan, que apontou o rifle para a criança em seu lugar. Então Koley sorriu.
— Você ficou no meu caminho pela última vez, sua pedra idiota.
Geode não reagiu. O cara se colocou bem em frente, Koley acabaria com
isso.
— Não faço ideia como alguém leva você a sério, — ele disse,
segurando o blaster no quadril para um tiro mais certeiro. Koley não estava
exatamente certo de quantos tiros precisaria para transformar o Vintiano em
entulho, mas estava pronto pra descobrir. — Agora é o momento de
derrubar você.
Koley atirou...
...no momento que acionou o gatilho, ele lembrou de algo que Affie
Hollow tinha dito antes: Vintianos podem decidir estar selados
magneticamente ou não...
...e o som e o brilho de seu primeiro tiro afligiu o meio do corpo de
Koley.
Ele cambaleou para trás. Geode estava de pé em frente dele, fumegante;
o cara nem tinha se movido.
Mas Geode tinha refletido o próprio tiro de Koley de volta para ele, o
que foi o motivo que havia agora um novo buraco em sua barriga.
Koley caiu no chão. A última coisa que viu foi Geode de pé sobre a sua
cabeça, como uma lápide.

Affie Hollow entendeu o plano de Geode imediatamente; também tinha


certeza que Koley Linn era burro o suficiente para cair nele. Então focou
em estar pronta para impedir Nan de cumprir a sua ameaça implícita para a
criancinha ainda esparramada no convés.
Logo que Koley atirou, enquanto ele cambaleava pra trás, Affie se
lançou contra Nan. Ambas caíram ao mesmo tempo que Koley Linn.
Preparada para lutar, Affie ficou de pé novamente, mas vários dos co-
conspiradores de Koley, não interessados em lutar onde não tinham
vantagem, se viraram e correram. Nan estava entre eles; ela pegou uma
velocidade incrível, sumindo nas sombras escuras das extremidades da
doca. Affie a viu sair, fervendo por dentro, mas determinada a ficar focada
no que realmente interessava.
Então se virou para Geode. A mãe da criança já tinha a pego no colo e
estava se inclinando para o Vintiano em gratidão profunda. Affie disse:
— Está tudo bem? — Obviamente ele estava, mas se sentiria melhor
ouvindo do próprio Geode.
Mas nesse momento, Stellan clamou:
— Ouçam! Aqueles que jogaram as suas sortes com Koley Linn, não os
culpo por estarem com medo. Não os culpo por estarem desesperados.
Precisam agora entregar as suas armas, se o fizerem, dou minha palavra
como Jedi que ninguém sofrerá qualquer consequência.
Levou pouco tempo para as pessoas começarem a fazer isso. Affie podia
sentir a raiva no local diminuindo, substituída por, bem a melhor forma de
chamar isso é... resignação, mas era muito menos volátil.
— Estamos procurando uma maneira de sair, — continuou Stellan. —
Nós encontraremos uma saída. Precisamos que nos ajude a encontrá-la.
Precisamos que acreditem.


Elzar assistiu horrorizado enquanto Burryaga golpeava loucamente com o
seu sabre de luz, ainda sufocando com o aperto do rathtar. O outro rathtar
tentava agarrar a coisa brilhante com um tentáculo e chegou perto o
suficiente para tirar o sabre de luz da mão de Burryaga. Que caiu para trás,
e Elzar o pegou com a Força.
Mas era difícil, muito difícil como se buscar a Força causasse dor, e ela
respondia tão debilmente, e quando Elzar finalmente pegou o sabre, sentia-
se exausto, como se estivesse tentando levitar por horas. É isso que os
outros Jedi estavam lutando todo esse tempo?
Burryaga, ainda estava lutando com o aperto do rathtar, tinha ao menos
consigo livrar o seu pescoço. Ele rugiu para Elzar não se preocupar com
ele; as pessoas da doca de carga precisavam fugir.
— Pare de ser nobre! — Elzar tinha pouca paciência com esse tipo de
coisa. — Preciso que você me ajude com as portas da doca de carga!
Mas Burryaga rosnou que Elzar podia fazer isso. Ele era forte e criativo
o suficiente.
Se alguém Jedi nessa estação podia fazer isso sozinho, seria Elzar Mann.
Ele também queria que Elzar dissesse adeus a Bell.
— Não, Burryaga! — Mas Elzar podia ver que os dois rathtars, agora
trabalhando juntos, estavam arrastando para cada vez mais longe, além do
alcance de Elzar. Se ele exercesse através da Força com tudo que tinha
sobrado, talvez pudesse pegá-los...
...e depois, Elzar não teria força suficiente para abrir as portas.
Elzar jurou em voz baixa. As lágrimas desceram pelos olhos, mas se
recusou a desmoronar. Podia apenas honrar o sacrifício do Wookiee.
O seu trabalho era salvar as pessoas nesse convés, e isso significava
deixar Burryaga ir.

Bell Zettifar levantou a cabeça.


Uma das médicas de Eiram olharam para ele curiosamente.
— Está tudo bem contigo? — ela perguntou.
— Estou bem, — ele insistiu. — É a Mestra Indeera que precisa de sua
ajuda.
A Força lhe disse que Burryaga estava com problemas a bordo do Farol
Luz Estelar. Era como se Bell pudesse sentir o desespero de seu amigo, a
necessidade selvagem de precisar atacar em todas as direções de uma só
vez. O que estava acontecendo?
Não tinha como saber. Não tinha como ir ajudar o Burry.
Bell andava pelo chão do cruzador médico de Eiram, recém carregado
com os feridos da torre médica, com Ember em seu calcanhar. Através da
janela podia ver a parte inferior do Farol Luz Estelar abaixo, bem à beira de
entrar na atmosfera de Eiram. Neste momento, estava condenado.

— Esse imbecil. — Chancey Yarrow andava pela pequena sala, no nível


inferior, onde se refugiaram. — Se ele não tivesse sido arrogante,
poderíamos ter pulado neles! Ao invés disso ele queria pegar um refém?
Não acredito que deixamos aquele cara tomar a liderança.
Nan se sentou no canto da sala, exausta e ainda mais coberta de fuligem
do que antes. Parecia que sua única esperança de sobreviver eram os Jedi, o
que era pior, para ela, do que não ter esperança.
Os Jedi não estavam se preocupando em capturá-las. Isso era quase um
insulto.
Chancey correu a mão pelo cabelo, então focou novamente.
— Certo. Koley disse que poderíamos nos reagrupar aqui, o que não
aconteceu, mas sugere que há algo nessa área de valor.
Nan não tinha tanta esperança, mas começou a vasculhar num armário
fechado próximo. Estava cheio de coisas diferentes, sugerindo que Koley
Linn estava fazendo alguns roubos de baixo nível durante o seu tempo no
Farol Luz Estelar. Mas o que havia de bom para eles nesse lixo?
Então a sua mão se fechou em torno de um material grosso e prateado.
Puxou para a luz e embora não parecesse muito, a sua companheira ofegou.
— Traje de radiação, — suspirou Chancey. — Graças a todos deuses em
todas religiões de todos os planetas que existem.
— O nosso maior problema não é a radiação. — Nan entendia que as
vestes evitariam que fossem queimadas por um momento, o que significava
apenas que elas morreriam por bater no chão em velocidade máxima. Não
era bem uma vitória. Mas Chancey disse:
— Está certa. O nosso maior problema é a gravidade. A nossa melhor
defesa contra a gravidade são os propulsores posicionais da estação, que
estão funcionando apenas parcialmente. Nós os ouvimos falar sobre os
reparar, mas não podem, porque eles não têm vestes de radiação. Mas nós
temos!
Isso parecia promissor. Nan disse:
— Você sabe como reparar os propulsores?
— Eu inventei um tipo totalmente novo de arma gravitacional. Eu acho
que posso lidar com os mecanismos antigravitacionais mais básicos que
existem. — Chancey sorriu. Já estava recolhendo o seu traje, pronta para
vestir o traje de radiação. — Se os propulsores posicionais podem funcionar
no máximo, e aparentemente podem, então eu posso fazê-los funcionar em
potência máxima pelo menos temporariamente. Isso dever ser o suficiente
para deixar o Farol no espaço e salvar nossos pescoços.
Nan considerou isso.
— Nós também salvaremos a todos na estação, incluindo os Jedi.
Chancey deu de ombros.
— Nenhum plano é perfeito.
O utra das naves de reconhecimento atirou na cabeça dos rathtars,
seriam aqueles atrás de Burryaga? Eram outros? Elzar Mann não
conseguia saber, e os ecos dos tiros abafou quaisquer outros sons seja dos
rathtars ou de Burryaga. As outras naves tinham começado a ligar os
motores, a construção do som tornando impossível Elzar saber se Burryaga
continuava vivo.
Sim Burryaga foi o primeiro a dizer que isso não importava. O dever de
Elzar era com as pessoas nessas naves, que desejavam uma chance de viver.
Agora tudo que tinha de fazer era abrir essas portas enormes da doca
sozinho...

Mais e mais naves começaram a chegar no sistema Eiram. Algumas eram


naves maiores: transportes, cargueiros de minério, até mesmos uma
construtora naval de Corellia. A maioria, no entanto, eram menores, para
uma ou duas pessoas, ou transportes normais de carga útil. Vieram de
dúzias de planetas diferentes, todas em resposta ao chamado desesperado do
Farol Luz Estelar, todos dispostos a fazer o que pudessem para ajudar.
Mas não tinham líder, ou logística. Tampouco podiam entrar no
redemoinho de comunicações sobrepostas que obstruía todas as frequências
possíveis. Então levaria um tempo precioso para coordenar os esforços,
cada nave bem equipada com raios tratores para segurar a parte restante da
estação. No entanto, conforme isso acontecesse, o momento não importava,
mesmo os seus raios tratores combinados não tinham força suficiente para
livrar o Farol da força da gravidade de Eiram.
Planos cada vez mais rebuscados foram elaborados, compartilhados e
debatidos. Poderiam conectar os cabos de reboque na estação, tal como o
Farol foi movido de Dalna para Eiram? Mas esses cabos foram
desenvolvidos apenas para uso com naves pequenas e médias, e mesmo que
o Farol Luz Estelar parecesse bem estruturalmente, tal reboque era
arriscado e tinham de ser planejado meticulosamente. Agora estava além da
esperança.
Ainda assim vieram. Toda a República compartilhava o sonho que o
Farol Luz Estelar representava. Pessoas e espécies de toda a galáxia viram
sua condição e estavam dispostos a fazer algo para ajudar, até mesmo
arriscando as represálias dos Nihil.

E tudo isso não adiantou.


O sistema ficava cada vez mais lotado com naves que não podiam
ajudar, que podiam apenas ficar parados e verem o Farol cair.
Tudo isso soava ideal para Marchion Ro.
— Cada uma das Tempestades tem de ficar sabendo de seu triunfo, meu
senhor, — disse Thaya Ferr, sentada diante de seu console por horas, mal se
mexendo. KA-R9 pairava atrás dela, uma sombra malévola esculpida de
gelo, mas ela não deixava isso a desanimar. (Essa posição em contraste
direto a Ghirra Starros, que permanecia no lado oposto da ponte que KA-
R9). — Dois Executores já perguntaram sobre trazer as Nuvens e os Raios
para o sistema Eiram, para atacar as naves que vierem ajudar.
— É terminantemente proibido, — disse Ro. — Qualquer nave Nihil
que entrar nesse sistema será destruída pelo Olhar Elétrico. Se quiserem ver
a devastação, podem fazer isso pela HoloNet, como bilhões de outros seres
pela galáxia. Qualquer outra atividade Nihil nesse momento apenas distrairá
as testemunhas de nossa grande vitória. — Ele se levantou da cadeira e
olhou para a cena diante dele: o resto entulhado do Farol caindo na névoa
externa da atmosfera de Eiram. — Isso é o que eu quero que vejam. A única
coisa que quero que vejam.
Thaya Ferr curvou a cabeça.
— Como quiser, meu senhor.
Havia outra motivação para a posição de Ro: Testemunhar pessoalmente
a morte do Farol no próprio sistema Eiram era um privilégio que pertencia a
ele e somente a ele.

O capacete do traje atmosférico deslizou facilmente sobre a cabeça de


Elzar. Quando atingiu o selo, um silvo fraco em volta de seu pescoço se
tornou bem audível conforme os sons de todas as naves e rathtars na doca
de carga foram abafados para uma fração do volume anterior. O respirador
funcionou, bombeando ar no traje da mochila em suas costas. Embora o
escudo isolante continuasse em silêncio, podia sentir a energia zumbindo
por sua pele, preparada para lhe proteger contra o vazio gélido do espaço.
Mas o mesmo escudo que era tão necessário neste momento era antiético
para os ideais Jedi de abertura, atenção e conectividade. Vestir o traje
causava um bloqueio mental, mas Elzar sabia que tais bloqueios poderiam
ser tão impenetráveis quanto qualquer barreira física.
Não era só o traje, pensou Elzar. É acreditar que mereço me conectar
completamente a Força novamente, depois de me deixar usar seu lado
sombrio. Tinha começado a se reabrir para esse poder para ajudar Stellan,
mas isso requeria mais.
A voz de Orla Jareni falou em sua cabeça novamente: Confie em si
mesmo, estúpido.
Elzar respirou fundo, amarrou em seu cinto de segurança, e fechou os
olhos. Em sua mente, mais uma vez ele estava na superfície de Ledalau,
olhando para o horizonte da expansão do oceano. Em seus ouvidos, ouvia a
maré.
Você sempre imaginou a Força como o oceano, disse Orla. Mas o
oceano não é um poder que conseguimos controlar. É um poder que
podemos partilhar. Antes tem de decidir: Está tentando lutar com algo
infinitamente vasto para ser vencido? Ou vai estudar as suas correntes e
velejar?
Eles tinham concordado que ele não "improvisaria" com a Força
novamente por enquanto, iria apenas buscar um lugar de maior paz e força.
Elzar pensou que isso era sábio. Mas isso, também, era lutar contra a
corrente. O oceano o tinha trazido aqui, para um lugar e hora onde poderia
salvar a outros por apenas confiar em si mesmo.
Elzar levantou as mãos e focou a sua atenção, não no externo, para a
totalidade do que estava ao redor, mas para frente. Seu espírito procurou por
aqueles que estavam a bordo das naves esperando. Gradualmente, de pouco
em pouco, ele começou a sentir o medo e o pânico deles, mas também a
esperança. A determinação. A fé.
A ligação foi fortalecida. Elzar percebeu que estava pegando algum
poder dessas pessoas, algo que um Jedi normalmente não faria. Nesse
momento, no entanto, sabia que era o certo. Cada uma dessas pessoas
teriam dado cada vestígio de força, teria lutado com a vontade final, se
significasse uma chance entre viver e morrer. As suas forças e suas
vontades fluíram por Elzar, e...
...ele sentiu as portas, mas não o seu peso, eram meros objetos, e o seu
tamanho não importava.
...Abra, ele pensou. ABRA.
Um feixe de luz dividiu o convés em dois. A sucção poderosa o agarrou,
o puxando para frente até que o cinto do arnês de Elzar parecia como se
estivesse cortando o seu peito. Os seus pés saíram do chão. Ele mal notou.
Mais importante eram as naves no convés, todos estavam lutando contra a
força de sucção com força total dos motores.
Os olhos de Elzar se abriram para ver as portas lentamente, lentamente
se abrirem para revelar Eiram abaixo. O planeta estava banhado pela luz do
sol que o irradiava, preenchendo o convés. Só mais um pouco, só mais um
pouco.
Vislumbrou formas escuras acima da cabeça, sendo sugadas pela
abertura tão rápido que não foi possível identificar. Eram as naves menores?
Os rathtars? O pensamento que poderia ser Burryaga cortou o coração de
Elzar, mas continuou focado.
Finalmente, quando o espaço estava aberto o suficiente, a primeira nave
começou a se lançar por ele. Uma por uma, elas decolaram, saindo pelo
espaço e para a segurança.
Eu fiz isso por você, Orla, ele pensou. E por você Burryaga, Nib e
Regald. Eu fiz isso com todos vocês.
Lágrimas de gratidão encheram os olhos de Elzar, atingindo a luz do sol,
até que elas pareciam nadar como ouro derretido.

Os droides em rede tinham reportado a Stellan que as portas da doca de


carga estavam abertas, mas tinha se permitido a realmente acreditar nisso
muitos minutos depois, quando Elzar retornou, vestindo o traje atmosférico
e carregando um capacete debaixo do braço.
— Você conseguiu, — disse Stellan, com um sorriso no rosto cansado.
— Todos eles saíram?
— Todas as naves, — confirmou Elzar, mas não estava sorrindo. Que foi
quando Stellan percebeu que Elzar tinha voltado sozinho.
— Não. Não o Burryaga...
— Os rathtars o pegaram. — Elzar falou em voz baixa, mas depois que
continuou com algo que poderia quase passar tranquilidade. — Burryaga
me disse para completar o plano de fuga sem ele. Esse deve ter sido seu
último ato.
Deveria ter sido o único a ir com Elzar. Deveria ter sido eu. Stellan só
disse:
— A coragem dele permanece como exemplo para todos nós.
— Ei. — Elzar deu um passo para trás. — Eu tive uma ideia.
Stellan levantou uma sobrancelha.
— Uma útil? Diga.
— Fui capaz de buscar poderosamente a Força enquanto estava na doca
de carga. Parte disso foi, bem, ingenuidade. Mas parte pode ter sido a
ausência ou ao menos a distância da coisa ou das coisas que tem causado
tais problemas para os todos os usuários da Força a bordo da estação. —
Elzar começou a remover as luvas de seu traje atmosférico, preparando-se
para uma ação maior. — As localizações variáveis, mais o fato do
transporte dos Nihil estar falsamente marcado como carregando vida
selvagem, me faz pensar que isso... não, elas... são criaturas vivas.
Era uma dedução racional, uma que Stellan provavelmente teria chegado
sozinho se não tivesse tão incapacitado.
— Como podemos usar esse conhecimento em nossa vantagem?
— No presente? — Elzar perguntou. — Apenas de um modo. Nós
entendemos que qualquer Jedi, em qualquer lugar a bordo do Farol, é
vulnerável a esses... ataques, a qualquer momento. — Os olhos dele
encontraram os de Stellan, escuros de pressentimento. — Qualquer um de
nós... todos nós... podemos morrer.

A multidão que anteriormente na doca tinha ficado muito mais quieta.


Enquanto quase todas as naves continuavam, a maioria delas tinha perdido
as suas tripulações. Affie Hollow, de pé na rampa da Embarcação, não
podia deixar de se perguntar se ela tinha cometido um erro terrível. A sua
nave era o seu mundo, mas... a vida era sua.
Leox surgiu, mastigando um bastão de menta.
— Parece meio trêmula, Pequeninha.
— Não estou trêmula, — insistiu Affie. — Só é difícil. Não temos muito
tempo sobrando, e eu sei que os Jedi sempre pensam em algo, mas...eu
gostaria que tivessem avançado e já tivessem pensado em algo.
— Não há saída para eles que eu consiga pensar, — disse Leox. — A
única saída para nós que consigo pensar envolve canibalizar a Embarcação.
Agora que a possibilidade de abandonar a nave dela para a destruição
era real novamente, Affie se lembrou por que não tinha sido capaz de
pensar nisso antes.
— O que você quer dizer?
— Nós descemos nas entranhas de nossa nave, tiramos as células de
energia principais, e usamos para sair com um pod de fuga. — Leox lhe
ofereceu um bastão de menta. — Mas se fizermos isso, é a última luta que
Embarcação fará. É uma escolha infernal.
Ela pegou o bastão, então ofegou.
— Leox, é isso!
— Está realmente disposta a deixar ela? Eu acho que estamos à beira
disso.
— Não podemos tirar o núcleo de energia da Embarcação sem
basicamente destruir a nave, mesmo se os Jedi salvarem essa estação, — ela
disse. — Mas todos que já foram, eles já abandonaram as suas naves.
Aqueles núcleos de energia estão disponíveis. O que significa...
Leox terminou para ela:
— Os dos pods de fuga também estão.
L eox agiu primeiro pelos Jedi. Sim, as pessoas precisavam dar o
fora desta estação, mas Leox também precisava não ter uma carga de
‘destruição de propriedade’ esperando por ele no próximo espaçoporto.
Para o seu alívio, Stellan Gios não permitiu que o seu pensamento fosse
obscurecido pelos dilemas éticos da situação.
— Neste momento, nossas prioridades são salvar vidas, não preservar as
propriedades. Mãos à obra!
Foi assim que Leox se viu trabalhando lado a lado com Joss e Pikta
Adren, removendo os núcleos de energia dos motores das naves
abandonadas e transportando-os para o anel de pods de fuga mais próximo.
Lá, Affie tinha todo o seu kit de ferramentas organizado ao seu redor,
trabalhando em velocidade dupla para conectar os pods aos núcleos. Esses
eram dois elementos mecânicos que nunca deveriam ser ligados, o que
significava que a ligação era bastante desajeitada, mas como a própria Affie
disse:
— Só precisa funcionar uma vez. — Uma vez que ele e os Adrens
removessem cada núcleo que pudesse ser poupado, eles se juntariam a ela
no trabalho, esperançosamente aprendendo com qualquer método que ela
tivesse inventado.
A certa altura, Leox mergulhou na Embarcação para pegar rapidamente
seu cantil... estripar peças do motor era um trabalho físico sério..., mas
hesitou na porta do refeitório. Geode estava no final do corredor, dando a
Leox um olhar aguçado.
— Ouça, — Leox disse, — eu quero empurrar Affie para um pod de
fuga tanto quanto você. Também sei que, se fizermos isso, e ainda assim
tivermos a sorte de sobreviver ao desastre atual, só morreremos mais
devagar e mais dolorosamente mais tarde, quando ela nos alcançar.
Geode não parecia convencido.
— Você quer ordenar que ela entre em um pod de fuga? Tem tanta
certeza de que não seria reduzido a cascalho? Porque se assim for, vá em
frente. — Quando Geode não se mexeu, Leox disse: — É, pensei que não.
Se fosse preciso, Leox sabia que ainda poderia lutar com Affie em um
pod de fuga. Mas antes que ele ligasse para ela, eles teriam que estar ainda
mais perto do limite do que já estavam.
A estação chacoalhou sob os seus pés enquanto ele se apressava em
direção à próxima nave que eles iriam saquear. A atmosfera de Eiram estava
começando a se mostrar.

Elzar Mann ficou aliviado por os pilotos terem inventado um meio de


alimentar os pods de fuga e terem feito o trabalho eles mesmos. Isso o
deixou livre para se concentrar em finalmente alcançar os propulsores
posicionais.
— Os trajes de radiação foram armazenados em dois compartimentos
primários nos níveis superior e inferior da estação, dos quais fomos isolados
de maneiras diferentes, — começou Elzar, dirigindo-se a Stellan e ao
punhado de outros funcionários que permaneceram, — No futuro, pretendo
sugerir que todas as estações espaciais da República tenham um
armazenamento de trajes de radiação muito mais descentralizado, mas esse
é um ponto a ser discutido com a Chanceler Soh mais tarde. Sem esses
trajes, parecia que não tínhamos como alcançar os propulsores posicionais
do Farol sem expor quem desceu lá a níveis fatais de radiação... tão fatais
que matariam em minutos, então mesmo os sacrifícios heroicos não nos
fariam nenhum bem.
— Deve haver mais trajes em algum lugar, — protestou Stellan. (Para
grande alívio de Elzar, o seu amigo parecia concentrado, ativo, vital... como
ele mesmo, mais uma vez.) — Nunca na história galáctica tudo em uma
estação foi armazenado precisamente, e somente, onde deveria estar.
Elzar apontou para ele.
— Verdade. Mas nenhuma de nossas buscas apareceu até agora, e não
podemos passar por todos os ramal ou armários no restante desta estação na
esperança de que um traje de radiação apareça inesperadamente. Não temos
tempo. É por isso que precisamos fazer exatamente o que fizemos para
colocar as pessoas no compartimento de carga... precisamos desmoronar
mais a estrutura interna do Farol. Sabemos agora, pela fuga do
compartimento de carga, que podemos ativar os sistemas de adaptação sem
causar colapso interno em grande escala. Isso significa que podemos usá-los
mais uma vez para alcançar os propulsores posicionais.
— Tudo bem então. Como vamos fazer isso? — Stellan disse ao assentir
lentamente.
— Vou dar a eles mais vinte a trinta minutos para tirar o máximo de
pods de fuga possível, — disse Elzar, — Em cima da hora, eu sei, mas as
vidas a bordo desta estação continuam sendo a nossa primeira prioridade.
Assim que conseguirem isso, os droides iniciarão o colapso parcial da
adaptação a baixo, e eu enviarei um pod de manutenção até os propulsores
posicionais. Lá, talvez, finalmente, eu fazê-los funcionar.
Não se incomodou em apontar que desmoronar a estrutura verticalmente
era mais arriscado do que derrubá-la horizontalmente, como antes. Algumas
das seções inferiores estavam muito mais danificadas e enfraquecidas do
que os níveis em que estavam presos até agora. Um colapso parcial tinha
uma chance maior de desencadear um colapso ainda mais catastrófico, que
poderia matar todos a bordo antes mesmo do acidente da estação acontecer.
Mas não era uma chance tão grande, raciocinou Elzar, e, além disso, o
que eles tinham a perder?


A essa altura já era de manhã em Barraza, a maior cidade costeira de
Eiram... ou aquela que havia sido a sua cidade mais populosa até poucas
horas antes. Em vez disso, tornou-se várias outras coisas: uma cidade
fantasma, um engarrafamento, uma cidade muito menos povoada ainda por
vários milhares de pessoas incapazes de sair.
As naves voadoras já haviam partido se pudessem, embora a fuga
frenética tivesse causado vários acidentes; peças de aeronaves fumegantes
jaziam nos telhados onde haviam caído. Landspeeders e veículos com rodas
tentaram segui-lo, mas o terreno ao redor de Barraza era muito acidentado e
irregular para sair da estrada. Isso significava longas filas de veículos
avançando em um ritmo lento demais para garantir que aqueles dentro
estivessem protegidos do horror que descia de cima.
A essa altura, a morte ardente da metade superior do Farol Luz Estelar
havia sido exibida em estações de holonoticiários em todo o planeta; todas
as telas de todos os dispositivos reproduziam o desastre, intercaladas com
depoimentos de testemunhas oculares e, às vezes, pessoas exibindo achados
horríveis e carbonizados que haviam feito na zona abaixo do inferno.
Nada disso era tão assustador para as pessoas da cidade quanto o ponto
escuro escura que aumentava lentamente contra o céu, diretamente acima.
Nem eram as pessoas de Eiram as únicas assistindo com horror.
— Isso é um desastre. — A Chanceler Lina Soh se inclinou
pesadamente contra os targons de cada lado dela. Os holos mostrando as
transmissões de... e reações à... descida de Farol em uma dúzia de mundos
diferentes foram projetados ao seu redor, — O maior desastre para a
República em um século, talvez mais. — Até agora, ela pensou, mas não
era mórbida o suficiente para acrescentar, — Não podemos levar ninguém
lá mais rápido?
— Isso não vai demorar mais de duas horas agora, — disse Norel Quo.
Mas todos eles sabiam que Farol Luz Estelar não tinha tanto tempo.
Um de seus assessores mais novos decidiu que esta era uma excelente
oportunidade de receber atenção.
— Tomei a liberdade, senhora, de redigir várias declarações, cada uma
com nuances ligeiramente diferentes, para a sua revisão. O mais importante
neste momento, é claro, é demonstrar que a República continua forte e no
controle, e que a sua liderança não pode estar ligada a este incidente de
forma alguma...
— Tolo! — gritou Soh. Ela tentou ser uma líder moderada e generosa,
mas esta foi uma provocação além de qualquer restrição, — Este não é um
momento para me preocupar em como dar a volta nisso para a minha
campanha de reeleição. Esta grande tragédia merece respeito, do qual você
parece incapaz. Saia.
O assessor claramente queria perguntar se licença significava ‘agora’ ou
‘para sempre’. (Foi o último, como ele acabou descobrindo.) Ele conseguiu
sabedoria suficiente para simplesmente sair sem outra palavra.
A tragédia pode forjar unidade, pensou Lina Soh. A sua declaração...
que ela mesma escreveria... começava a tomar forma em sua cabeça. Mas
isso não era uma questão de política, não era qualquer tentativa de salvar a
sua própria reputação. Olhou para ela como um médico olharia para uma
ferida, vendo se havia alguma maneira de curar o que não podia ser
desfeito.

Não fosse a visão do Farol Luz Estelar abaixo, Bell poderia estar de
excelente humor.
A torre médica, totalmente ancorada no cruzador médico Eiram,
fervilhava de médicos e droides enfermeiros. Cada pessoa ferida teve
tratamento; cada um deles estava seguro. Ember havia se enrolado em uma
bola de contentamento aos pés de Bell enquanto se sentava ao lado da cama
de Indeera Stokes. Mestre Indeera ainda não havia recuperado a consciência
plena, mas os médicos lhe asseguraram que as suas leituras estavam se
normalizando lentamente, e havia alguma indicação de que ela estava
percebendo tanto som quanto luz. Havia todos os motivos para pensar que
ela não apenas se recuperaria, mas também poderia explicar exatamente que
entidade horrível havia tirado a vida de Regald Coll e Orla Jareni.
E de Loden Greatstorm.
Vamos finalmente obter respostas, pensou Bell.
Ainda assim, na beirada da janela da enfermaria, ele podia ver a metade
inferior do Farol... irregular e feia no topo... ficando cada vez menor à
distância.
Bell pegou o seu comunicador e tentou mais uma vez.
— Bell Zettifar para qualquer um a bordo do Farol Luz Estelar que
possa ouvir meu...
— Padawan Zettifar. A voz de Stellan Gios soou rouca e fraca, mas
melhor do que Bell tinha ouvido pela última vez. — Bom trabalho com a
torre médica.
">— Tem que haver algo mais que eu possa fazer para ajudar, — Bell
insistiu, — Há alguns transportes médicos a bordo. Os funcionários me
ofereceram...
— Não volte aqui, — disse Stellan, — Vidas suficientes estão em perigo
sem que se junte.
Embora Bell pudesse ver o sentido disso, era difícil aceitar que não
havia mais nada que pudesse fazer. Buscando ideias, ele disse:
— Ouça, há alguma maneira de você fazer Burryaga passar? Ele e eu
somos muito bons em pôr as nossas cabeças pra pensar juntas. Talvez haja
maneiras de separar outras seções da estação, para que possam ser puxadas
com segurança pelo trator...
— Eu não posso fazê-lo passar. Infelizmente... sinto muito, Bell.
Perdemos Burryaga.
Bell olhou para o comunicador, como se isso pudesse de alguma forma
mudar as palavras que ouviu.
— Você quer dizer... Burryaga está morto?
— Considerado morto, — Stellan respondeu, — Aparentemente ele deu
a sua vida protegendo Elzar Mann dos rathtars, para que as naves do
compartimento de carga pudessem escapar a tempo.
Considerado morto. Isso significava que eles não tinham um corpo.
Depois do que aconteceu com Loden Greatstorm, Bell nunca desistiria
de alguém que estivesse desaparecido novamente.

Descer escadas não era muito menos cansativo do que subir por elas, e Nan
havia feito muitas das duas coisas durante aquele dia incrivelmente longo.
Os músculos de suas pernas pareciam quase gelatinosos quando finalmente
subiu ao nível inferior da estação que abrigava os propulsores posicionais e
fechou a escotilha que ficava entre eles e a radiação mortal.
Chancey Yarrow, embora quase tão vacilante, endireitou-se primeiro,
tirando o capacete com um suspiro de alívio.
— Depois que isso acabar... quero dizer, tudo isso... vou encontrar o
planeta de férias mais próximo com fontes de água mineral quente e me
preparar para um longo banho. Estou falando de dias. Droides vão ter que
voar e me trazer minha comida. Mais pelo menos duas garrafas de vinho
Toniray. Depois disso, talvez... A expressão de Chancey suavizou.
— ...talvez eu possa conversar com a minha filha, tentar novamente. Vai
correr melhor, da próxima vez. Não que pudesse ficar muito pior.
Nesse ponto, as ambições de Nan chegaram ao ponto de ‘não morrer
hoje’. Se conseguisse isso, certamente não pretendia perder tempo com
atividades frívolas. Mas estava exausta demais para começar essa discussão.
— Qual o próximo passo?
— Em seguida, encontramos a matriz de engenharia localizada e
aumentamos o poder dessa coisa.
— Precisamos encontrar células de energia, ou...
— Deveria haver bastante conexão, para emergências como esta. O
Farol só precisa de alguém para ligar os interruptores certos, e é isso que
estamos aqui para fazer. — Chancey sorriu enquanto abria um kit de
equipamentos montado na parede mais próxima, — Não é muito
complicado. Então se anime. A parte difícil acabou.
— Isso é o que você pensa, — disse uma terceira voz... uma familiar.
Chancey e Nan se viraram como um só para ver a equipe Nihil parada
ali olhando para eles: Cale, Leyel e Werrera, esfarrapados e sujos, com os
seus trajes de radiação quase pretos de fuligem, mas ainda muito vivos. Eles
também estavam muito armados, não com blasters, mas com pedaços de
cano que poderiam causar muitos danos.
— O que vocês estão fazendo aqui? — Nan disse.
O rosto invernal de Pau'an de Cale nunca pareceu mais ameaçador.
— Nosso trabalho não terminou com a explosão. Fizemos análises após
a explosão e depois que a estação se dividiu em duas. Não foi difícil ver que
a única maneira de salvar a estação era usando os propulsores posicionais.
— Então colocamos alguns trajes de radiação que tínhamos escondido,
apenas para ter certeza de que não derreteríamos antes que pudéssemos
terminar o nosso trabalho, — acrescentou Leyel, — Desci aqui e esperei
para ter certeza de que ninguém tinha a brilhante ideia de desfazer o nosso
trabalho duro. Mas aqui estão vocês. A menos que vocês tenham vindo de
tão longe para dizer adeus?
Chancey pegou uma ferramenta do kit de equipamentos: um laser de
fusão, que não só podia selar conexões de difícil acesso à distância, mas
também operar como um blaster em um aperto. Nan tinha usado eles assim
antes de si mesma.
— Vim de tão longe para salvar o meu pescoço e fritar qualquer um que
se interponha no meu caminho, — disse Chancey.
— Você arrebataria a maior vitória do Nihil? — A voz de Cale
aumentou de tom.
Quando ele colocava dessa forma, Nan podia ver o seu ponto de vista.
Mas também achava que a vitória dos Nihil já era inegável. O que
importava se houvesse um punhado de sobreviventes? Será que isso
realmente tira a vitória que Marchion Ro havia realizado aqui?
Nem um pouco, ela decidiu, desde que estivesse entre aqueles que
viviam.

Mais naves continuaram a chegar, naves espaciais de todas as partes.


Ninguém os estava catalogando, nem mesmo os droides.
E era por isso que uma nave em particular podia entrar no sistema sem
ser anunciada e despercebida, mas ainda chegar perto o suficiente para uma
visão maravilhosa do fim do Farol.
A Olhar Elétrico.
Todo o resto espalharia a história entre os Nihil até que se tornasse outra
das lendas de Ro... a maior até agora.
Mas não o maior de todos os tempos, pensou ele. Isso ainda está por vir.
Ro poupou um pensamento para os seres que havia sacrificado a bordo
do Farol Luz Estelar. Havia enviado sete... o suficiente para ter certeza de
que fariam efeito, mas também o suficiente para sentir a falta deles. Eles
não foram facilmente substituídos.
Ainda assim, mais ninguém os tinha. Só Ro tinha a vantagem.
N ormalmente, em um
levava vantagem.
tiroteio, quem sacava a arma primeiro

Não funcionou para Chancey Yarrow.


Chancey disparou o seu laser de fusão contra os sabotadores Nihil,
atingindo o Ithoriano, Werrera, no intestino. Mas tanto Cale quanto Leyel se
esquivaram habilmente, e até Werrera conseguiu arremessar um cano
pesado na cabeça de Nan antes que caísse. Nan caiu no chão, deixando o
cano bater inofensivamente atrás dela enquanto se arrastava de volta para
ele. A sua arma logo se tornaria dela.
Leyel também jogou algum tipo de projétil... Nan não deu uma boa
olhada nele..., mas o que quer que tenha atingido Chancey na têmpora.
Cambaleou para trás, mas não caiu. Em vez disso, Chancey se apoiou atrás
de uma coluna de metal, recuperando o fôlego enquanto esperava para ver o
que os outros fariam em seguida. Werrera estava deitado no chão, exposto e
mal se movendo; qualquer um que tivesse lutado com os Nihil tinha visto
morte suficiente para saber que não viveria muito mais.
De seu lugar no chão, Nan olhou para Chancey. A essa altura, Nan havia
enrolado a mão na beirada do cano; ainda estava quente da mão de Werrera.
Era bom estar armado novamente.
Mas Chancey balançou a cabeça.
— Não jogue nada ainda, — ela murmurou, quase inaudível sobre o
zumbido pesado das máquinas que os cercavam, — Se fazemos a coisa
errada aqui, podemos acabar danificando tanto o equipamento que colocar
os propulsores de volta em operação seria impossível. Não posso nem atirar
de novo a menos que eu saiba que os tenho mortos na minha mira.
Então eles só tiveram que esperar que Cale e Leyel estabelecessem os
termos da luta? Nan queria gritar de frustração. A mão dela apertava o cano
enquanto se lembrava... teria uma saída para a sua raiva em breve.

Um droide de protocolo a bordo do cruzador médico de Eiram, que deve ter


sido levado porque esta missão era considerada diplomática, não tinha
muito o que fazer... o que significava que ele estava concentrando toda a
sua atenção em Bell Zettifar, para grande diversão de Bell.
— Mas, senhor! — protestou o droide prateado enquanto cambaleava
atrás de Bell na baía de lançamento do cruzador médico, — Você acabou de
escapar do Farol Luz Estelar!
— Eles ainda precisam de ajuda, — disse Bell, examinando a baía em
busca do transporte espacial ao qual ele teve acesso, — Isso torna minha
responsabilidade voltar lá se eu puder.
— Mas se ninguém ainda pode sair do Farol, como você pode esperar
entrar nele? — Disse o droide de protocolo ao não ser facilmente
convencido.
— Lembre-se, eles abriram o compartimento de carga. — Foi o último
lugar onde Burryaga foi visto... e o primeiro lugar que Bell pretendia
procurá-lo, — A partir desse ponto, posso acessar o resto da estação.
— A estação é instável! À beira de se separar! É por isso que nenhuma
Embarcação de resgate foi enviada...
— É arriscado, — Bell concordou, — Não podíamos pedir a mais
ninguém para fazer a tentativa. Mas a Força está comigo, e eu conheço esta
estação, e... e este é meu pessoal. É meu trabalho os ajudar, se puder.
Provavelmente o droide de protocolo foi programado para manter os
enviados diplomáticos para fora de perigo, se possível, porque acenou com
os braços rígidos de metal em desânimo quando Bell embarcou no
transporte.
— Senhor, se você pudesse esperar, talvez surgissem condições mais
favoráveis. Você deve reconsiderar!
Bell balançou a cabeça.
— Farol está quase sem tempo.

No final, Elzar insistiu que o seu veículo para a viagem pela estação seria
uma pequena nave de manutenção para uma pessoa, o tipo de coisa
destinada apenas a pequenos reparos no casco e outros trabalhos externos
ímpares. Stellan havia recomendado algo mais robusto... os pods não eram
destinadas a nada tão perigoso quanto isso, e restava um punhado de naves
monopiloto..., mas ele não disse nada quando Elzar embarcou.
Ele não vai me ouvir, pensou Stellan. A única pessoa com chance de
chegar até ele seria Avar.
A terceira estrela em sua constelação. A luz no céu noturno da qual
Stellan havia se desviado, tudo por causa de um desacordo sobre tática...
um que agora parecia míope, até mesquinho. Como eles puderam deixar os
Nihil, destruidores de tantas coisas, prejudicar a sua amizade também?
Stellan agora percebia isso, foi o maior erro que qualquer um deles já
cometera... e, ironicamente, já que isso os colocara em desacordo, foi um
erro que eles cometeram igualmente, juntos.
Diria a Avar que não a tinha apreciado o suficiente, caso eles se
encontrassem novamente. A sua constelação brilharia no firmamento mais
uma vez.

Visto de fora, o que restava do Farol Luz Estelar parecia ainda mais
quebrado e condenado do que Bell esperava... e esperava que fosse ruim.
Mas os seus olhos se arregalaram quando viu todo o horror: as vigas de
metal dobradas e quebradas se projetando para cima do buraco feio, as
poucas paredes de pé do nível do buraco que revelavam onde os quartos... e
as pessoas... estiveram, a escuridão proibitiva de uma estação largamente
iluminada apenas por luzes de emergência, de modo que brilhava em um
laranja doentio no escuro.
O pior de tudo, a curva da superfície de Eiram tinha chegado a cobrir
quase todo o horizonte, e Bell podia sentir a sutil resistência dos primeiros
traços da atmosfera planetária. Eles tinham tão pouco tempo.
Guiou o transporte espacial ao redor da curva do casco do Farol,
direcionando toda a sua atenção para o compartimento de carga. Sim, veio
aqui para ajudar qualquer um que pudesse, mas o seu amigo Burryaga
permaneceu em primeiro lugar em seus pensamentos. Mestre Stellan o
havia contado o suficiente sobre o desaparecimento de Burryaga para Bell
saber que as chances não eram boas. Ainda assim, o seu cérebro continuava
a fornecer possíveis formas de seu amigo ter sobrevivido: Burryaga poderia
ter conseguido se espremer por uma câmara de ar em um nível superior.
Ou, se ele se livrasse dos rathtars a tempo, poderia colocar o seu traje
atmosférico e se amarrar, o que significa que ele não teria sido sugado
para o espaço quando as portas do compartimento se abriram.
Se Bell pudesse pensar nessas possibilidades, Burryaga também poderia.
Aproximou sua nave do casco ao se aproximar do compartimento de
carga... a vinte metros. Ao fazer isso, Bell sentiu um pequeno arrepio de
medo.
Qual é, disse a si mesmo. Você é um piloto bom o suficiente para lidar
com isso. O que era verdade, mas não fez nada para acalmar a sua
preocupação.
Em vez disso, aumentou.
Algo está errado, ele pensou, o cabelo em seus braços se arrepiando
enquanto o seu coração acelerava. Não é para ser assim, não é assim...
Os controles do transporte não faziam sentido. O que deveria estar
fazendo? Parecia que o painel de instrumentos mudava cada vez que olhava
para ele, enquanto estava olhando para ele, e isso só tornava tudo mais
assustador.
Então outra voz dentro de sua cabeça, aquela que falou com ele como
Mestre Loden já havia falado, disse: Afaste-se deste lugar.
Agindo por instinto, Bell conseguiu empurrar os controles o suficiente
para afastar a nave do Farol Luz Estelar. Dentro de outras cem metros, o
medo começou a diminuir. Respirou fundo enquanto sentia o terror cada
vez mais distante.
De alguma forma... o próprio medo foi colocado a bordo do Farol. E
Bell não tinha dúvidas, foi esse mesmo medo que matou Orla Jareni,
Regald Coll e Loden Greatstorm.
Mas o que é isso? Como é que isso faz?
Essas eram questões que exigiam investigação, e logo. No momento,
porém, Bell estava certo de apenas uma coisa: ele não deveria retornar à
Farol. O que quer que estivesse lá dentro era veneno para os Jedi, e se
voltasse, seria uma presa também.
Em vez disso, ele teria que encontrar uma maneira de ajudar a partir
daqui.

— O que é que foi isso? Affie Hollow perguntou.


Pikta Adren... que estava trabalhando lado a lado com Affie nos pods de
fuga... inclinou-se para olhar o corredor e balançou a cabeça,
— Não vejo nada.
— Havia uma sombra, — insistiu Affie, — e pensei ter ouvido algo
pesado se movendo.
— Talvez seja um Trodatome ou algo que se perdeu. — Pikta já estava
trabalhando, — Não que eu tenha visto um a bordo, e para sorte deles, já
que não tenho certeza se caberia em um pod de fuga. Eles são meio
molengas, no entanto, então talvez um possa entrar?
Affie ainda se sentia desconfortável, porque sabia que algo estava
rastejando por esta estação matando ou ferindo Jedi. Qualquer coisa
desconhecida pode ser uma ameaça.
Por outro lado, os Jedi descreveram uma sensação de medo e confusão
que os cercava quando algo se aproximava, e Affie não estava percebendo
nada disso. Até mesmo as suas compreensíveis preocupações sobre sair da
estação a tempo poderiam ser administradas desde que tivesse um trabalho
em que se concentrar, como fazia no momento. Acho que não foi nada, ela
decidiu.
Pikta assentiu e bateu no painel mais próximo da primeiro pod de fuga
que eles prepararam.
— Acho que ela está pronta para seu primeiro lançamento.
Affie sorriu.
— Então vamos fazer isso.
Stellan Gios havia escolhido o primeiro a embarcar: um marido e mulher
Caphex que desejavam participar da fuga do compartimento de carga, mas
estavam entre aqueles para quem não havia mais espaço. Com a ajuda de
Affie, ambos conseguiram entrar na minúsculo pod; eles se encaixam, mas
mal.
— Tudo bem, — disse Affie, — prenda, feche, e vamos lançar no
minuto em que conseguirmos a liberação.
Enquanto o pod se fechava, Affie e Pikta olharam para o painel de
controle, que deveria ter mostrado que estava tudo pronto para o
lançamento. Em vez disso, piscou em vermelho.
— E agora? Pikta lamentou, — É só mau funcionamento?
— Não podemos lançá-los sem saber, — insistiu Affie, — Não sabemos
que danos o exterior da estação sofreu quando se partiu em dois. Pode haver
uma viga pendurada ou algo assim lá fora. — Pikta já estava balançando a
cabeça; ela também viu. Se eles lançassem um pod de fuga apenas para
colidir quase instantaneamente com o metal, estariam custando vidas em
vez de salvá-las.
Uma pequena batida veio de dentro do pod. Sem dúvida, os Caphex
estavam se perguntando quando finalmente escapariam. Affie desejou ter
uma resposta.
Nesse momento, o seu comunicador assobiou, e então ouviu uma voz:
— Aqui é o aprendiz Jedi Bell Zettifar, chamando qualquer um que
possa me ouvir a bordo do Farol Luz Estelar. Você me lê?
— Estamos te escutando, Bell, — disse Affie, — Sou a Affie Hollow...
não uma Jedi, mas estou trabalhando nos pods de fuga aqui. Você quer que
eu encontre Stellan Gios?
— Talvez, mas há alguma maneira de eu ajudá-los? Estou em uma nave
circulando o Farol agora. Acoplamento parece... — Ele hesitou um
segundo antes de continuar, — ...desaconselhável, mas se houver alguma
coisa que eu possa...
— Existe, e uau, você tem uma ótima sincronia. — Talvez houvesse
algo nessa coisa da Força, afinal, Affie reconheceu.
—...
Nan nunca havia lutado contra outros Nihil antes. Queria, às vezes, mas
manteve os olhos em seu objetivo. Assassinar outro Nihil era só era
aconselhável quando significava uma ascensão, quando a aproximava da
riqueza, do poder, de Marchion Ro. E era tolice trabalhar contra qualquer
um dos planos de Ro.
Hoje era diferente.
Gritou de puro esforço enquanto balançava o cano de metal em Leyel,
que a bloqueou com o seu cano; o som surdo de metal contra metal ressoou
com a dor em resposta nos ossos de seu braço. Nan continuou balançando,
continuou batendo, empurrando Leyel mais para trás em direção à parede.
Se ao menos Chancey Yarrow já os matasse! Sim, sim, um laser de fusão
não era tão preciso quanto um blaster, e o tiro mal direcionado poderia ser
fatal, mas também seria colidir com a superfície de Eiram. Na opinião de
Nan, já era hora de correr o risco.
Em vez disso, Chancey e Cale estavam travadas em uma batalha de
atrito, atirando projéteis uns nos outros, cada um tentando disputar uma
posição mais próxima dos painéis de controle dos propulsores da estação.
(Nem Nan nem ninguém na luta prestou mais atenção ao Werrera ferido,
que agora estava completamente imóvel no chão, morto ou moribundo.
Ninguém verificaria para ver qual deles era a situação.)
Leyel balançou mais baixo do que Nan esperava, pegando-a no
estômago e tirando o fôlego de seus pulmões. Nan se esparramou de lado,
derrapando pelo chão enquanto Leyel gritava:
— Traidora! Você não passa de uma traidora!
Não quero morrer pelos Nihil, decidiu Nan. Em vez disso, viverei para
eles.
Leyel já estava correndo em direção a ela, mirando um golpe mortal no
cérebro de Nan. Nan rolou e atirou-se em direção a Chancey,
especificamente, em direção ao seu laser de fusão. A sua mão fez contato
com o punho, e mesmo quando Chancey tentou reagir, Nan a empurrou para
o lado para que pudesse puxar o laser de fusão para cima... mesmo com o
rosto de Leyel... que foi quando ela disparou.
Leyel caiu. Antes que Cale pudesse reagir, Nan se virou e atirou nele
também. Ele cambaleou dois passos para trás antes de cair não muito longe
de seu companheiro. Ambos foram mortos instantaneamente. Por pouco
momentos, Nan e Chancey ficaram ali, respirando com dificuldade, olhando
para a carnificina.
— Eu sei o que teria acontecido se eu tivesse errado, — Nan disse, —
Mas eu não errei.
— Vamos ter uma conversa sobre isso mais tarde. — Chancey tinha
começado a arregaçar as mangas, — Logo depois que eu terminar de salvar
o traseiro de todo mundo.
— …apesar de ter descido em nossa atmosfera, não é tarde
demais para atirar o Foral para fora do céu.
A ministra da Defesa de Eiram, uma mulher Enso envolta em um casaco
grosso, acenou com aprovação para o seu conselheiro antes de se voltar
para as duas rainhas de seu planeta.
— Rainha Dima, Rainha Thandeka, vocês ouviram o relatório. Vocês
podem ver com os seus próprios olhos. Por quanto tempo mais podemos
continuar a colocar nosso povo em perigo?
— Pedimos ao nosso povo que aceite um risco, — respondeu a rainha
Dima. Ela era um pouco mais velha que a sua consorte, com grossos
cabelos grisalhos enrolados em tranças complicadas na cabeça, — Fazer o
contrário significa submeter todos aqueles no Farol Luz Estelar a uma
matança certa.
A ministra da Defesa baixou a cabeça.
— Com respeito, Vossa Majestade, a nossa primeira responsabilidade é
com o povo de Eiram.
A rainha Dima olhou para a sua consorte. Embora o governo de Dima
fosse absoluto, ela ouvia atentamente os seus conselheiros... sobretudo a sua
esposa de trinta anos. À medida que a rainha reinante envelheceu e se
tornou mais frágil, Thandeka como rainha consorte assumiu mais
responsabilidades, em particular quando se tratava de lidar com os
dignitários de outras nações e, agora, da República.
Foi a rainha Thandeka quem argumentou mais fortemente para dar
tempo aos Jedi, e Dima confiou nela. Neste ponto, no entanto, as dúvidas
estavam rastejando na mente de Dima... dúvidas que Thandeka estava
começando a compartilhar.
Por mais que Thandeka confiasse na República, por mais que honrasse
os Jedi, sabia que os seus dons tinham limites.
— Quanto tempo até o impacto? — perguntou Thandeka.
O ministro da Defesa respondeu:
— Aproximadamente quarenta e cinco minutos, mas só temos mais dez
a quinze minutos para derrubá-los. Depois disso, estaremos simplesmente
espalhando os detritos por um campo mais amplo.
Os ombros da rainha Thandeka caíram. Pensou nos rostos dos Jedi que
conhecera nas últimas semanas. Quantos deles já foram perdidos? Quantos
estavam prestes a cair?
Então a Rainha Dima a surpreendeu dizendo:
— Não podemos fazer isso.
— Mas... — O rosto do ministro da Defesa caiu, — Vossa Majestade,
como não podemos?
— É como eu disse antes. — Dima se levantou, olhando cada
conselheiro nos olhos, — Não usaremos o eufemismo tipo ação preventiva
para justificar o assassinato. Alguém neste planeta não sabia dos Nihil
antes? Alguém falhou em saber que o Farol Luz Estelar era um de seus
alvos? No entanto, convidamos o Farol aqui quando precisávamos de
assistência... quando nos convinha. O nosso planeta aceitou esses riscos
quando aceitamos a ajuda da República... e não permitiremos que os Nihil
nos transforme em assassinos.
A Rainha Dima olhou para Thandeka por último, e Thandeka não tentou
esconder as suas lágrimas. Era difícil ver seu povo em perigo, mas teria sido
muito pior perder a própria alma do seu mundo, tudo em nome da
‘segurança’.
A decisão foi tomada. Depois disso, apenas os Jedi poderiam determinar
o que aconteceria a seguir.

O caminho para baixo havia sido liberado, e então Elzar finalmente


começou a sua descida até o fundo do Farol Luz Estelar.
A minúsculo pod de manutenção fez o seu caminho lentamente... apenas
a velocidade de caminhada de um humano, se isso... porque Elzar não podia
ter certeza de que o metal irregular poderia estar esperando lá embaixo. Não
precisaria de muita pancada para danificar o casco; o seu pod era uma coisa
tão frágil que mal o protegia da radiação pela qual passaria. Uma vez que
Elzar chegasse ao nível mais baixo, fecharia o andar de cima, o que deveria
protegê-lo por tempo suficiente para consertar os propulsores posicionais da
estação.
Mas descer devagar significava ter tempo de sobra para ver tudo por que
passava, e o que via o horrorizava.
Nível Um: cicatrizes de fogo, preto sobre cinza em preto, com algumas
figuras amassadas entre os destroços que antes eram corpos de sencientes.
O próximo nível: o que tinha sido o belo arboreto, agora escuro e
carregado de fuligem, de modo que os poucos móveis de pé e os painéis de
parede caíram quase ao ponto de desmoronar.
O nível depois disso: quase vazio, onde antes estava cheio de energia e
ação. De alguma forma, isso era ainda pior... a simples ausência de
propósito onde antes havia tanta coisa.
Ver os danos à estação em cada andar atiçou o temperamento de Elzar
até ficar cada vez mais quente, ameaçando tirar o melhor dele. Os Nihil
fizeram isso. Eles não podiam deixar uma coisa pura, boa e nobre de pé.
Eles não podiam suportar um símbolo de cooperação, amizade e paz. Então
eles as estragou, e custou a vida das pessoas, e eles sempre...
Elzar se conteve. Este não era o momento. Tinha um trabalho para se
concentrar.
O pod foi ainda mais fundo, em seções onde nem mesmo a iluminação
de emergência ainda funcionava. Apenas o brilho fraco dos controles do
pod iluminou o rosto de Elzar. Era quase enervante.
— Qual é, — ele murmurou para si mesmo, tentando ignorar o calafrio
que sentia, — Você não é um pouco velho para ter medo do escuro?
Mas Elzar não conseguia afastar a profunda sensação de que algo estava
terrivelmente errado.
Haviam mais sabotadores Nihil à espreita? Algum tipo de colapso
interno da estação era iminente? O medo aumentou cada vez mais dentro de
Elzar, como a água da enchente até o pescoço, acelerando sua respiração até
que mal conseguia se concentrar.
Os controles do pod não pareciam mais fazer sentido. Por que ele estava
neste pod? Onde estava todo mundo, e...
...o que foi isso?
Uma forma grande, indistinta na penumbra de um nível mal iluminado,
nadou e se transformou na visão de Elzar como um sonho febril. Só sabia
que era horrível, repulsivo, errado. Estava se movendo em direção a ele... o
que quer que fosse... e tudo nele recuou. Caiu contra a parede do pod e
levantou o braço para tentar proteger os olhos, mas o seu braço estava tão
pesado...
O pod desceu outro nível; a forma desapareceu. O que aconteceu? Elzar
não conseguia entender. Onde estou? O que está acontecendo?
Outro nível. O seu batimento cardíaco ainda batia contra a sua caixa
torácica com tanta força que parecia doer, e Elzar sentiu como se quisesse
sair desse pod..., mas se lembrava do pod, de sua missão e de como operar
os controles.
Também se lembrou do que tinha acabado de acontecer, e como era
estranho. Elzar foi brevemente..., mas totalmente... incapacitado pelo medo
e confusão sobre a sua proximidade com algo. Quanto mais longe se
afastava, melhor se sentia.
Embora ele bateu seu cérebro em busca de qualquer lembrança
significativa disso, reteve apenas alguns lampejos indistintos de uma grande
criatura se movendo em direção a ele. Sabia apenas de duas coisas com
certeza:
1. Esta era a criatura, ou uma das criaturas, que estava
atacando os Jedi a bordo do Farol Luz Estelar... atacando-os
através da Força; e
2. Se o pod de Elzar tivesse se movido mais devagar, ele
provavelmente já estaria morto.

Sem o conhecimento de Elzar, do seu encontro com a criatura... da sua


confusão, do seu medo, do seu pavor mortal... havia sido percebido por
outro.
Stellan estava no escritório do intendente, lutando para recuperar o
fôlego. A ligação entre Elzar e ele mesmo era excepcionalmente forte no
momento, sem dúvida devido ao profundo vínculo meditativo que Elzar
havia compartilhado com Stellan para o centralizar após o seu último
encontro com essas terríveis criaturas sem nome a bordo. Sabia que Elzar
estava em risco, mas escapou.
No momento.
Muito dependia dos próximos minutos, Stellan percebeu. E não deixaria
o seu amigo sofrer como o próprio Stellan havia sofrido, sozinho.
— Quatrocinco? ele disse, — Prepare um segundo pod de manutenção.
O droide rolou em direção a ele inquisitivamente.
— Existe outra área que precisa de reparos iminentes?
— Não. Mas Elzar precisa de reforços. — Stellan endireitou os ombros,
— Pretendo ficar com ele.

Fazia um tempo desde que Bell havia voado na atmosfera, mas estava
voltando rapidamente.
O céu sobre Farol Luz Estelar não era mais preto, mas azul escuro, um
azul que clareava a cada minuto. Até agora, o arrasto atmosférico em seu
transporte espacial era mínimo, mas só aumentaria a partir daqui.
Felizmente, Bell só precisava chegar a um alcance razoável do Farol
para fazer o seu trabalho.
— O pod de fuga A está livre, — ele relatou, pairando um pouco acima
dele, — Repita, o pod está liberado!
Segundos depois, o pod de fuga foi lançado... o primeiro a se afastar do
Farol Luz Estelar. Bell aplaudiu, então estremeceu; não valia a pena ser
muito barulhento enquanto usava um capacete de voo.
Mas não pôde deixar de sorrir. Depois de tanto sofrimento, perda e
medo, finalmente as coisas estavam dando certo.
Pelo comunicador veio a voz de Affie Hollow:
— Certo, o pod B está carregado e pronto para ser usado. Pode
confirmar se está liberado?
Uma pequena luz laranja ao redor do pod B estava piscando; nenhum
destroço estava em seu caminho. Bell disse:
— Liberação confirmada. Vamos tirá-los daqui!
Este pod também disparou para a frente, lançando-se em um arco longo
e gracioso em direção à superfície de Eiram.
Burryaga poderia ter saído da baía, encontrado um pod, encontrado
uma maneira de liberá-lo, pensou Bell. Tudo era possível.
Deixou essas esperanças de lado para se concentrar no momento
presente. Atualmente era fácil confirmar que os pods estavam liberados,
mas depois dos próximos, eles chegariam a uma área da estação que
mostrava mais danos. Nem todos esses pods poderiam ser enviados com
segurança, e seria trabalho de Bell informá-los sobre quais poderiam.
Não importa quantas vidas já tivessem sido perdidas, cada uma que eles
salvassem seria uma vitória.

Affie estava hesitando sobre a sua escolha de permanecer com a nave antes,
mas nunca tanto quanto fez no momento em que Pikta Adren colocou as
mãos nos ombros de Affie e disse:
— Uma nave não é uma vida.
— Eu sei disso, — Affie conseguiu responder, — Ainda assim, é minha,
tanto a minha nave quanto a minha vida.
— Claro que é. A decisão é sua. — Pikta trocou um olhar com o seu
marido, Joss, que já estava se abaixando no pod de fuga, antes de se voltar
para Affie, — Só quero que você entenda que é sempre possível recomeçar.
Acredite ou não, antes de Joss e eu estarmos juntos, trabalhei na tripulação
de uma pequena nave ao qual me dedicava tanto que... fiz sacrifícios que
não deveria ter feito... Pikta fechou os olhos com força, como se quisesse
retribuir. as memórias, — Longa história. Um pouco fora do assunto. A
questão é que as coisas são sempre substituíveis. As pessoas não são. Isso
inclui você.
— Também inclui minha equipe, — disse Affie. Geode não estava mais
perto de passar pela porta de um pod de fuga do que nunca, — Que tipo de
capitã abandona o seu pessoal?
— Fale sobre isso com o seu pessoal, então. Pergunte a eles o que eles
pensam.
Affie não disse nada, porque já sabia que se perguntasse a Leox e
Geode, eles a empurrariam para um pod de fuga tão rápido que a sua cabeça
ainda estaria girando ao desembarcar. Não queria deixá-los, e não queria
abandonar a Embarcação, e caramba, eles ainda tinham mais de quarenta
minutos! Os pods de fuga podem ser lançados muito mais tarde do que isso.
(Bem. Não muito mais tarde. Mas mais tarde.)
Ou Pikta presumiu que Affie iria aceitar a sua sugestão, ou ela
simplesmente sabia que não havia tempo para discutir mais. Abraçou Affie,
que a abraçou de volta, repentina e nitidamente ciente de que havia feito
uma nova amiga, uma que ela poderia não ver novamente.
— Pousem seguros, — Affie sussurrou, — Encontro vocês no chão.

O pod de Elzar finalmente parou quase no nível inferior do Farol... o


mesmo nível que abrigava o funcionamento dos propulsores posicionais.
Finalmente, uma chance de desfazer alguns dos danos do Nihil e salvar
cada ser ainda vivo ainda a ser salvo.
Trabalhou com uma cautela metódica que teria assustado Stellan. Pode
até ter surpreendido Avar. Elzar estava reconhecidamente impressionado
consigo mesmo: examinando listas de verificação, selando os três andares
acima para evitar vazamentos significativos de radiação, inspecionando
duas vezes as suas ferramentas para ter certeza de que tinha tudo o que
poderia precisar para o trabalho a ser feito.
Em momentos como este... quando Elzar podia se ver como o Jedi que
sempre esperou ser... era mais fácil sentir coragem. Para se sentir confiante
de um bom resultado pela frente.
Minha estrela polar, pensou Elzar, e minha música. Eles estão comigo
agora, quer saibam ou não.
Elzar abriu a porta do pod e saiu. Embora ele estivesse razoavelmente
certo de que nenhuma daquelas... coisas que ele tinha visto acima estavam
neste nível, era melhor ter certeza absoluta. A influência deles era muito
poderosa; parecia que nenhum Jedi poderia detê-los. Talvez, ele pensou, eu
devesse ter enviado um técnico não usuário da Força aqui em vez disso.
Parou onde estava quando ouviu algo. Depois de apenas um segundo,
relaxou um pouco... aquelas eram vozes conscientes, com certeza..., mas
ninguém respondeu a nenhuma de suas tentativas anteriores de
comunicação, sugerindo que este nível estava vazio no momento da
explosão ou todos aqui embaixo haviam morrido.
Então quem estava aqui?
O mais importante, o que eles estavam fazendo com os controles do
propulsor?

Leox Gyasi gostava dos Jedi tanto quanto qualquer pessoa, mais se a pessoa
fosse um Nihil, mas os únicos seres na galáxia os quais gostava o suficiente
para confiar a sua vida eram o Geode e a Affie Hollow. Isso significava que
estava prestes a esperar que os Jedi corrigissem essa situação. Se eles
pudessem ter feito isso, eles já teriam feito.
Hora de um novo plano... e esse plano tinha que envolver salvar a
Embarcação.
Leox entendia o que a nave simbolizava para Affie, talvez mais do que
ela mesma. A Embarcação tornou-se dela depois que entregou a sua mãe
administradora de cartel por inúmeras violações flagrantes das leis que
protegem os pilotos contratados. Isso fez da nave a única coisa que Affie
ganhou por tudo o que perdeu, a única prova tangível de que ela não
torpedeou toda a sua vida fazendo a coisa certa.
No final, sabia que, para salvar as suas vidas, Affie desistiria da
Embarcação..., mas estava tão propenso a deixá-la fazer isso quanto a
deixá-la cortar o próprio braço. Tinha que ser de outra maneira.
Pensando rápido, Leox se dirigiu à cabine para verificar algumas
leituras. Geode ficou ali, totalmente imóvel, totalmente em branco. Leox
parou e deu-lhe um olhar fulminante.
— Qual é, cara, se recomponha! Eu sei que é bastante assustador, mas
nesse momento é quando mais precisamos de nosso juízo conosco.
Pegou alguns equipamentos de um armário, colocando uma mochila nas
costas, colocando óculos de proteção e tirando um dispositivo que tinha há
algum tempo. Na verdade, havia vencido em um jogo de Sabacc, muito
tempo antes. Em vários momentos, Leox pensou em vendê-lo... as coisas
não eram baratas..., mas sempre se perguntou se poderia ser útil. Hoje seria.
Affie apareceu na porta da cabine, ligeiramente sem fôlego.
— Certo, o primeiro anel dos pods de fuga está longe.
— Bom trabalho, Pequenina, — disse Leox, — Estamos prestes a sair
por nós mesmos. A única maneira de abrir as portas do compartimento de
lançamento é usando os controles manuais.
— Mas... — Affie franziu a testa, — Esses controles estão localizados
no casco exterior. Fora da estação.
— Realmente estão. — Leox ficou de pé, exibindo o item de seu
armário para os seus companheiros de tripulação pela primeira vez. Geode
ficou novamente em silêncio de choque, embora de um tipo muito diferente
do que antes. O queixo de Affie literalmente caiu.
— Leox... isso... você... — Ela gaguejou, — Você está segurando um
detonador térmico?
— Estive guardando para uma ocasião especial. Parece que é hoje. —
Disse ao assentir.
C hancey Yarrow havia esquecido que trabalhar em máquinas
podia ser divertido. Passou tanto tempo lutando, raspando e arranhando
para obter vantagem, fazendo o melhor que podia em uma galáxia dura...
analisando o seu funcionamento, esquecendo tudo e qualquer coisa que
estivesse além do alcance de suas mãos. Mesmo a invenção, com todos os
deslumbrantes fogos de artifício mentais que proporcionava, carecia de algo
da satisfação central de simplesmente consertar o que precisava ser
consertado.
Eu tenho me concentrado nas coisas erradas ultimamente, ela meditou
enquanto verificava os controladores que alimentavam os propulsores
posicionais do Farol Luz Estelar. Eu deveria voltar ao básico. Há algo a ser
dito para lidar com problemas que podem realmente ser resolvidos.
— Sem pressão, — disse Nan, que estava ao lado dela com os braços
cruzados, — mas só temos alguns minutos restantes.
Chancey entendeu que isso não significava ‘alguns minutos antes do
Farol colidir com a superfície do planeta e matar a todos nós’. ‘Significava
‘uns poucos minutos antes de Farol cair tão pra baixo que os propulsores
posicionais não serão mais capazes de evitar a colisão.’ Ainda não é uma
boa notícia, mas a distinção ajudou a manter a espairecer a cabeça.
Além disso, finalmente vislumbrou a solução. Apenas redirecione um
pouco de energia aqui, incline os propulsores assim... e em poucos minutos,
o Farol Luz Estelar estaria no ar novamente.
Os Jedi algum dia admitiriam que uma prisioneira fugitiva, alguém que
trabalhou com os Nihil, ninguém menos, foi a única a salvar o dia?
Provavelmente não. Mas eles saberiam a verdade. Chancey se perguntou
se eles engoliriam o orgulho da República para agradecê-la. Talvez algum
dia até Sylvestri percebesse o que a sua mãe havia realizado naquele dia, e
esse conhecimento poderia ser a primeira pedra de uma nova ponte entre
elas, uma sobre a qual finalmente poderiam se encontrar novamente.
A esperança não importa, Chancey lembrou a si mesma enquanto
pegava o T-7 e começava a trabalhar. A única recompensa de que preciso é
a sobrevivência.

— Você faz alguma ideia de quantas listas de verificação de espaçoporto


perguntam sobre detonadores térmicos? — Affie exigiu, — Muitos deles.
Você sabe em quantas dessas listas eu menti dizendo não? Aparentemente
todos eles. Como você pode não me contar sobre isso?
Leox deu de ombros. Os dois estavam na rampa da Embarcação, onde
ela o impediu de sair com um detonador como se não fosse grande coisa.
Ele parecia achar tudo isso divertido, o que só deixou Affie ainda mais
furiosa. Sua única resposta:
— O detonador térmico está a bordo da Embarcação há mais tempo do
que você. Aquele jogo Sabacc foi há muito tempo atrás.
— Mas a Embarcação é minha nave! Eu tinha o direito de saber!
O sorriso finalmente desapareceu do rosto de Leox.
— Eu acho que você tinha. Quando eu ganhei, porém, a Embarcação
pertencia à sua mãe, e não achei que seria sensato denunciá-lo a ela. Sem
dizer para que ela teria usado isso.
Por mais que Affie odiasse admitir, Leox estava certo. A sua mãe
adotiva, Scover Byne, tinha uma veia implacável. Muitos de seus pilotos
pressionados a assumir missões antiéticas, perigosas e até mesmo
condenáveis. Scover Byne não era uma pessoa confiável com um detonador
térmico.
Mas ainda.
— Já estou com a nave há algum tempo, Leox. Você poderia ter me
contado.
— Olhe pelo lado positivo, — disse ele, baixando os óculos sobre os
olhos, — Depois de hoje, chega de detonador térmico.
— O que você vai fazer com essa coisa?
— Este é o plano. — Leox apontou para o canto mais distante da doca,
— Vou prender este detonador naquela área do casco da estação, que como
você pode ver costumava ser uma câmara de ar durante a construção da
estação, mas agora está um pouco mais fina. Vou explodir o detonador, que
deve abrir um buraco direto. Estamos na atmosfera a essa altura, então a
descompressão não é mais um problema catastrófico. Assim que tivermos
um buraco pelo qual eu possa sair, posso usar os controles manuais exterior
da estação para abrir as portas da baia de lançamento.
Affie balançou a cabeça.
— Vamos entrar em um pod de fuga, Leox. Eu posso conseguir outra
nave.
— Sim, mas você não é o único aqui que não está disposto a largar uma
nave.
De fato, nem uma dúzia de tripulações... alguns pilotos individuais,
outros grupos de dois ou três... permaneceram inseparáveis de suas naves
até o fim. Affie sabia que eles eram como ela, pessoas sem outro trabalho,
sem outro lar. Até a piloto Cereana, cuja nave tinha um enorme buraco
aberto no casco, recusou-se a deixá-la para trás; era a única posse que ela
tinha.
Virou-se para concordar com Leox... tinha que ser tentado..., mas já
estava correndo em direção ao seu alvo, com o detonador térmico na mão.

Elzar avançou com o sabre de luz nas mãos, ouvindo os sons... as vozes...
que ouvia da sala de controle do propulsor.
— Tem certeza que pegou?
— Mais um segundo, e então esse passeio acaba.
Inclinou-se para a frente em um ângulo e viu duas figuras que
reconheceu das imagens que Stellan lhe mostrara: as prisioneiras que
haviam sido capturadas nos ataques aos Nihil, as que protestaram a sua
inocência. No entanto, ali estavam elas, no centro dos mecanismos da
estação, revelando-se como as sabotadoras.
Elas ainda estavam vivas... enquanto Regald Coll, Nib Assek e Orla
Jareni jaziam mortos, transformados em restos empoeirados de si mesmos.
Não só as sabotadoras trouxeram a bordo essas criaturas misteriosas, não só
elas detonaram um dispositivo que matou muitos e condenou a quase todos,
mas agora elas também estavam tentando destruir a última chance de Elzar
salvar vidas.
Não havia fim para o mal que eles criaram? Elas eram completamente
sem piedade, misericórdia, decência comum?
Mil imagens surgiram na mente de Elzar em um instante: o caos criado
pelo Desastre do Hiperespaço. Valo. O terrível destino de Loden
Greatstorm. O rosto pálido e abatido de Stellan. As naves de feridos
vagando pelo espaço, sombrias e mortas como os seres que estiveram
dentro delas. O relâmpago. O seu orgulho, a sua arrogância, a sua
ganância...
Não podia suportar mais.
Não aguentaria mais.
Não mais.
Elzar saltou para dentro da sala, acendendo o seu sabre de luz no meio
do salto, até que pousou diretamente na frente da mulher que estava no
fundo do funcionamento dos propulsores posicionais. Os seus grandes olhos
se arregalaram, e já estava indo para uma arma, pronta e disposta a matá-lo
se essa fosse a única maneira de matar os outros...
Antes que pudesse alcançá-lo, Elzar balançou o seu sabre de luz, com a
lâmina dividindo-a em duas. Instantaneamente ela caiu, morta.


Às vezes, o destino lhe deu um brinde.
Leox estava confiante de que teria seguido esse plano de qualquer
maneira, mas foi ótimo que uma das naves estacionadas mais próximas de
seu alvo do detonador térmico fosse a Ás de Pau. Não só nenhum
proprietário vivo seria privado de sua nave devido a danos causados pela
explosão iminente, mas como benefício, algumas das últimas evidências da
existência de Koley Linn provavelmente estavam prestes a cair no
esquecimento.
Guardar rancor contra os mortos é indigno, Leox se repreendeu. A vida
é para ser vivida no agora, onde os mortos não podem mais estar. Precisava
transcender essa mesquinhez... e acertaria isso, assim que tivesse certeza de
que não estavam todos prestes a morrer.
Uma pequena torção clicou o detonador térmico no modo de contagem
regressiva. Leox enfiou o detonador em um pequeno recipiente na frente
daquele pedaço do casco e correu como o diabo. Contanto que colocasse a
Ás de Paus entre ele e a explosão, deveria se sair bem...
A explosão abalou a baía, quase derrubando Leox. Ouviu alguns gritos
um instante antes que aquela seção do casco cedesse... e então a baía se
encheu de vento uivante e o brilho repentino da luz do sol. O estômago de
Leox se revirou com a prova absoluta de que esta estação espacial não
estava mais no espaço, e provavelmente nunca estaria novamente.
Mas ainda teve tempo de sair e salvar a Embarcação.
Leox ativou os grampos magnéticos em suas luvas e correu para a
abertura do casco. A próxima parte seria difícil, mas poderia fazer o
trabalho. Ele tinha que fazer. A vida de Affie e Geode dependia disso.

O melhor do show do espaço já havia acabado. Quão rápido a glória


poderia passar.
Marchion Ro estava na ponte da Olhar Elétrico, olhando para o planeta
Eiram... um mundo tão insignificante, tão desprovido de verdadeiras
riquezas, que os seus Nihil nunca se incomodaram em invadi-lo.
Thaya Ferr estava ao lado dele, silenciosamente fazendo anotações em
seu datapad. Do outro lado estava Ghirra Starros, cabeça erguida, com a
mão em volta do braço dele. Ela era tola o suficiente para pensar que esses
gestos o cegariam para a lágrima em seus olhos?
Não havia sentido em empreender tal ação se as consequências dessa
ação não fossem totalmente compreendidas e aceitas desde o início. Esse
tipo de comportamento... lamentar o que se fez, quando um comportamento
havia sido totalmente bem-sucedido... era o tipo de coisa que Ro mantinha
em profundo desprezo.
Ghirra já havia servido ao seu propósito mais crítico. Ro brevemente
considerou eliminá-la no local; alguém tão fraca seria mais
responsabilidade do que aliada nos próximos dias. Foi tão longe a ponto de
olhar para o KA-R9, pairando maldosamente a poucos passos de distância,
e se perguntou com que rapidez o droide poderia ativar os seus bisturis a
laser.
Mas não. Ghirra permanecia o melhor trunfo de Ro no Senado
Galáctico. Não adiantava se livrar dela até que tivesse feito tudo o que
podia por ele... ou, é claro, até que encontrasse alguém melhor. Por
enquanto, ela faria tudo.
Em voz baixa disse:
— De certa forma, eu gostaria de ter a chance de enviar Farol Luz
Estelar para um lugar muito maior. Em um planeta ao qual a grande e
poderosa República prestaria mais atenção.
— Eu acho que você se fez entender, — disse Ghirra categoricamente.
Thaya Ferr, mais calmamente, perguntou:
— Isso também tem razão, não é?
Ela compreendeu muito bem.
— Sim. O lugar de descanso final do símbolo supremo da República...
do orgulho dos Jedi... será um lugar remanso que nem apareceu na maioria
dos mapas estelares.
— Então é a perfeição, meu senhor.
Ro assentiu. Já o Farol não era mais do que uma forma indistinta
delineada contra as nuvens de Eiram. Logo a estação passaria por eles e
seria invisível.
— Mude para os holonoticiários planetários, — ele ordenou a Ferr, —
Vamos assistir isso junto com o resto da galáxia.
Instantaneamente, a imagem cheia de nuvens na tela principal foi
substituída por imagens tiradas da superfície de Eiram, onde uma massa
escura crescente ocupava cada vez mais do céu.

Mesmo sabendo os quão perigosos e poderosos eram os detonadores


térmicos, a explosão que abalou a doca ainda pegou Affie desprevenida.
Isso a derrubou da cadeira no chão da cabine da Embarcação; Próximo a
ela, Geode cambaleou precariamente, mas conseguiu não cair. Detritos de
metal tilintaram e retiniram ao longo do casco de sua nave... em as outras
naves restantes na baía... e Affie suspeitou que não era a única xingando.
Mas então um enorme raio de luz atravessou a baía, perfurando a sua
raiva e medo.
— Estamos perto, — ela disse para Geode, — Estamos tão perto!
Embora o vento varrendo a doca fosse feroz, apenas uma leve
despressurização foi registrada nos controles de sua nave. A estação tinha
caído bem na atmosfera a essa altura. Quando as portas finalmente se
abriram, eles poderiam voar sem problemas.
Mesmo a piloto Cereana pode fazer isso se ela se prender, Affie pensou,
olhando para a nave com um buraco na lateral. Com certeza, aquela piloto
já estava na cadeira de capitão, preparando-se para a decolagem... assim
como praticamente todos os outros que permaneceram no convés.
Tudo o que Leox precisava fazer era abrir as portas e voltar.
Ele tem luvas de grampo magnético, ela lembrou a si mesma enquanto
começava a trabalhar em sua lista de verificação de pré-lançamento. A
Embarcação precisava de mais trabalho, mas voaria para a superfície com
bastante facilidade. Ele ficará preso ao lado desta estação como uma
lampreia shiliana. Não há problemas.
Como que em resposta, naquele instante as portas da doca finalmente
começaram a se abrir.
Eles deslizaram mais largos com o que parecia uma lentidão
excruciante..., mas Leox estava trabalhando com controles manuais, no que
tinha que ser a velocidade máxima possível. Affie mal podia imaginar o
esforço necessário; ele tinha que estar dando a sua última medida de força.
Por fim, as portas se abriram o suficiente para Affie vislumbrar Leox:
em um ângulo, o seu corpo mal visível no canto das portas, com a sua
camisa folgada e cachos louro escuros balançando freneticamente ao vento.
Mesmo daqui, poderia dizer o quão duro ele estava trabalhando.
— Você conseguiu, você conseguiu. — Affie nem percebeu que estava
falando em voz alta, — Vamos, Leox, volte aqui e vamos!
A primeira nave a acelerar foi a piloto Cereana, passando por eles para
voar livre para o céu de Eiram. Alguns outros seguiram, cada um mal se
espremendo na abertura estreita entre as portas da baía, mas mesmo assim
conseguindo. O rosto de Affie se iluminou quando viu Leox começar a abrir
caminho em direção à abertura... aparentemente estava vindo por ali, não
pelo buraco na lateral...
...e então o vento o pegou, puxou-o para trás, para longe da estação. Por
um momento, parecia que Leox pairava no céu, antes que os vendavais o
levassem para longe, jogando-o no chão, e para morte.
Affie gritou.
— Não! Não, não, não, por favor, não, por favor, não! — As palavras
continuavam balbuciando fora dela, como se ela as dissesse o suficiente de
alguma forma, o que acabou de acontecer não teria acontecido. Mas Leox
se foi.
Geode conseguiu manter a compostura, bloqueando as coordenadas que
os levariam em segurança ao solo. Embora as lágrimas brotassem nos olhos
de Affie, borrando o console, ela conhecia os controles de cor. Apertou as
alavancas direitas até que a Embarcação ligou, decolou e disparou para fora
das portas.
A última coisa que Leox Gyasi fez foi sacrificar a vida pelos amigos,
pensou Affie. Não deixaria seu sacrifício ser desperdiçado.

Nan se agarrou ao suporte de metal mais próximo, olhando para a visão de


Chancey Yarrow morta no chão... as duas metades dela... e o Cavaleiro Jedi
assassino que estava sobre o cadáver. Certamente Nan seria a próxima a
cair, e ela pretendia infernizar o Jedi antes de partir.
Mas o Jedi continuou olhando para Chancey como um idiota. Como se
ele não tivesse a intenção de fazer o que inquestionavelmente acabara de
fazer.
— Por que? disse Nan.
— Você é Nihil, — respondeu o Jedi de cabelos escuros. Sua voz soou
oca. Será que ele acreditou em suas próprias palavras? — Você fez isso com
Farol.
— Nós? Nós deixamos o Nihil meses antes mesmo de você nos capturar.
— Então como... como poderia...
— Os Nihil enviaram uma equipe de sabotadores, três pessoas
completamente diferentes... que, a propósito, fora de circulação. — Nan
apontou para o corpo de Werrera caído no chão, — Nós éramos prisioneiras
aqui, lembra? Nós não descobrimos isso com antecedência mais do que
você!
Isso era tudo verdade, mais ou menos. Nan esperava que o Jedi não
ouvisse todas as coisas que ela cuidadosamente omitiu. Ele não conseguia
parar de olhar para Chancey enquanto dizia:...
— Vocês... vocês mataram os Nihil que bombardearam esta estação? Por
que?
— Porque estávamos tentando salvar a estação e as nossas peles com
ela! Sem falar na sua!
O Jedi se voltou para os controles nos quais Chancey estivera
trabalhando momentos antes
— Certo. Os propulsores posicionais... parece que ela... como se ela já
tivesse conseguido consertar o...
Uma luz vermelha começou a piscar quando uma voz metálica
sintetizada entoou:
— Estação abaixo do nível de operação do propulsor. Repita, a estação
desceu abaixo do nível operacional do propulsor. Evacue imediatamente.
O rosto do Jedi ficou branco quando percebeu o que tinha feito. Nan se
perguntou se ele ficaria ali, estupefato, enquanto a estação caísse.
Saiu correndo, mas não resistiu a gritar:
— Você matou a última chance desta estação! Você matou todos nós!
S egundos antes, Elzar Mann tinha sido um Jedi, um herói, um
homem com a missão de salvar vidas. Agora estava ali como um
assassino. Olhou para o cadáver dividido ao meio, perto de seus pés, e
pensou que poderia estar doente.
— Evacuar imediatamente, — repetiu a voz do computador, várias
vezes, — Aviso. Colisão iminente.
Elzar sabia que precisava se mexer. Os outros precisavam de sua ajuda.
Ainda assim, mesmo ao olhar para longe do corpo morto da mulher que
acabara de assassinar parecia uma profanação.
Todo o trabalho que fizera com Orla Jareni em Ledalau. Todas as suas
boas intenções. Todo o progresso que arrogantemente acreditava ter feito.
Cada pedacinho disso havia desaparecido em uma faísca de raiva. Isso foi o
suficiente para demolir Elzar Mann.
Então, tão agudamente como se ainda estivesse viva, a voz de Orla soou
em sua cabeça: E se você fizesse uma pausa em sua autopiedade e fizesse
algo produtivo para variar?
— Perdoe-me, — disse Elzar à mulher morta no chão. Então se preparou
para fazer tudo o que ainda podia.
Naquele momento, ouviu uma pancada atrás dele... a garota estava
voltando? Elzar se virou para ver, para o seu choque, Stellan correndo em
sua direção. Atrás dele, à distância, rolou JJ-5145, várias ferramentas e kits
pendurados em sua estrutura metálica. Elzar respirou:
— Stellan? Como... como você...
— Há mais de um pod de manutenção a bordo. — Stellan viu os corpos
espalhados pela sala, — O que aconteceu?
— Esta mulher estava tentando nos salvar. — Elzar forçou as palavras.
Por mais horrível que fosse dizer essa verdade, mentir teria doído ainda
mais. Pelo menos reivindicaria a pouca integridade que lhe restava, — Mas
eu não sabia disso. Eu a vi curvada sobre os propulsores, e acreditei que ela
fosse uma Nihil, e a matei. Stellan, eu a matei a sangue frio. Então ela
nunca teve a chance de nos salvar, tudo por minha causa, e agora é tarde
demais...
— Enquanto estivermos vivos, não é tarde demais. — Stellan parou por
apenas um momento, como se pensasse muito. Então bateu uma mão no
ombro de Elzar, — Eles precisam da nossa ajuda acima. Pegue um pod para
cima, certifique-se de que todos os outros escaparam. Estaremos logo atrás
de você.
Elzar não podia argumentar. Não queria. Stellan era ele mesmo
novamente... a estrela polar, a única luz que Elzar tinha para o guiar.

Nan havia removido apenas parcialmente o seu traje de radiação, então não
demorou muito para ela se proteger novamente para a jornada para cima.
Ainda assim, tinha sido uma longa descida, seria uma escalada mais longa
para cima, e todos os músculos de seu corpo estremeceram de exaustão.
Posso fazer isso? Nan pensou brevemente enquanto olhava para o trecho
impossível do poço de manutenção que levava à segurança. Mas que coisa
inútil de se perguntar. Faria a escalada ou morreria. Não existiam outras
possibilidades.
Nan se moveu para cima o mais rápido que podia enquanto ainda andava
de um lado para o outro e mantinha um aperto sólido. Para se distrair da
queimação em seus braços e pernas, ela começou a planejar o que poderia
vir a seguir. Alcançar um pod de fuga deveria ser factível... e sabia que,
nesse ponto, a República finalmente descobriu como recarregar alguns dos
pods. Mas algum dos pods carregados permaneceria?
Nada a fazer além de tentar, ela disse a si mesma, e continuou subindo.
O Farol Luz Estelar estremeceu ao redor dela. A sua queda estava
próxima.

Uma vez que Elzar chegou acima, correu pelo nível da doca, gritando:
— Alguém ainda está aqui? Alguém mais? Deixe-me vê-los!
Nenhuma resposta. Esperançosamente, isso significava que todos os
outros foram levados para um local seguro.
Algum tempo antes, Stellan havia enviado droides para procurar outros
níveis acessíveis por pessoas que de alguma forma poderiam não ter
encontrado o caminho para a doca; aparentemente os droides não haviam
localizado mais ninguém. Neste ponto, o melhor que Elzar podia fazer era
evacuar todas as almas restantes. Ele e Stellan eram os últimos
remanescentes?
Passos batendo no chão da doca sacudiram Elzar do pântano de sua
tristeza. Virou-se para ver uma garota... a prisioneira de Nihil, Nan, que
parecia alguém que havia encontrado há muito mais tempo... correndo pela
baía, com o vento selvagem chicoteando o seu cabelo com mechas azuis.
Estava indo direto para uma das poucas naves abandonadas restantes. Havia
sido danificado pela detonação recente e poderia não voar.
— Não! — ele chamou, — Pode não funcionar! Venha conosco!
Ou Nan não conseguia ouvi-lo por causa do rugido do vento, ou preferia
se arriscar como mulher livre a viver como prisioneira. Independentemente
disso, correu para a nave sem nunca olhar para trás.
Se ela tivesse se arriscado, teria jogado um dado de sorte, porque os
motores da nave ganharam vida quase instantaneamente. Elzar
simplesmente ficou parado na entrada da baía, segurando-se firmemente,
para vê-la partir. A essa altura, ele a via apenas como mais uma vida salva.
Mais uma pessoa com quem ele não falhou completamente... ao contrário
de tantos outros.
O bipe de um droide atrás dele fez Elzar se virar. Os seus olhos se
arregalaram ao ver que o droide havia, de fato, encontrado mais um
sobrevivente: um atordoado Sullustano que parecia ter sofrido um ferimento
na cabeça. Apesar do sangue escorrendo de sua têmpora inchada e mancar
dolorosamente, a Sullustano estava indo em direção a ele o melhor que
podia.
— Há mais alguns pods de fuga ligadas, certo? — Elzar perguntou ao
droide, que assobiou afirmativamente. Olhou para a abertura dos pods de
manutenção, desejando que Stellan já estivesse de volta. Mas o dever de
Elzar era claro. Ele pendurou o braço do Sullustano por cima do ombro e
começou a guiá-la em direção ao pod de fuga.
— Espere. Vou tirar você daqui.
Mais uma vida salva.

Quando a nave saiu da doca, Nan gritou em puro triunfo. Navegou no céu
azul puro, na luz.
Por um momento, o seu sorriso vacilou quando se lembrou de Chancey
Yarrow... brevemente a sua parceira, embora desconfortável, e agora nada
além de uma lembrança horrível. Mas Nan não se deteve muito nisso. Tinha
que se concentrar em encontrar os Nihil. Se nada mais, teve a melhor visão
da queda do Farol Luz Estelar; Marchion Ro adoraria ouvir os detalhes.
Sim, isso lhe renderia um lugar ao lado dele, pelo menos por alguns dias.
Mais do que isso... bem, seria com ela.
Nan percebeu então que também havia adquirido uma nave própria.
Uma rápida rolagem pelos sistemas de identificação do computador revelou
que era chamada de Ás de Paus. Eu gosto desse nome, decidiu. Eu vou
mantê-lo.
No chão rochoso abaixo, recortado por penhascos e morros, Nan avistou
algumas naves pequenas que circulavam em busca de espaço seguro para
pouso, a maioria delas familiar da baía de ancoragem do Farol. Uma delas
tinha que ser a Embarcação. Tentador, descobrir qual e testar os sistemas de
armas de sua nova nave como último adeus…
Isso poderia esperar. Marchion Ro vem primeiro.
Nan dirigiu a sua nave para cima, em direção ao espaço, à liberdade e
aos Nihil.

Ventos fortes golpearam a Embarcação enquanto Affie deslizava pela


superfície do planeta. Aparentemente estava procurando um lugar para
pousar, mas na verdade continuou piscando para conter as lágrimas,
tentando clarear a visão. Leox tinha dado a sua vida pela deles. Recusou-se
a desonrar o sacrifício dele imediatamente batendo a sua nave.
A cena diante dela era quase incompreensível. De onde a Embarcação
pairava, Affie e Geode tinham uma visão ampla do terreno rochoso que se
dividia em fendas e penhascos; longas estradas ao longe se destacavam
como linhas coloridas e confusas de veículos de ré. A uma distância muito
próxima estava uma grande cidade costeira, suas torres balançando
levemente ao vento cada vez maior. Várias naves menores e incontáveis
droides gravadores espalhavam-se pelo ar, todos voltados para o desastre
que descia rapidamente acima.
Pairando sobre todos eles estavam o Farol Luz Estelar, aparentemente
cada vez maior a cada segundo, com a sua sombra ampliada se acumulando
sobre todos eles, escurecendo a cidade enquanto caía.
Vai esmagar a cidade, pensou Affie. Vai matar milhares... talvez milhões
...
Soluçou uma vez. Geode estava muito abalado para falar. Eles só
podiam ficar impotentes e testemunhar a cena.

Embora a voz do computador continuasse a insistir que era tarde demais
para evitar um acidente, isso não significava que era tarde demais para
ativar os propulsores posicionais da estação. Stellan trabalhou nos
controles, voltar a ligar sistema após sistema. Finalmente, cada barra
brilhou em verde, indicando potência total.
Isso não era mais o suficiente para evitar que a estação caísse; era o
suficiente, no entanto, para que o Farol se movesse.
De acordo com as varreduras na frente de Stellan e o seu droide, a
cidade costeira de Eiram, Barraza, estava quase diretamente abaixo deles.
Ativou apenas os propulsores traseiros, que rugiram para a vida com tanta
força que o ar ao seu redor zumbiu.
Mesmo agora, a estação tem tanta força... se eu tivesse chegado aqui, se
não estivesse tão perdido...
Stellan afarou os pensamentos e se concentrou. O arco da queda do
Farol mudou, aproximando-se cada vez mais da água.
— Quatrocinco? — ele chamou por cima do zumbido do maquinário,
que ficou mais alto à medida que a estação se aproximava da superfície, —
Faça algumas simulações para mim, sim? Diga-me o quanto o curso
mudou!
Quase imediatamente, JJ-5145 respondeu:
— Nesta velocidade, em nossa nova trajetória, a estação pousará no
oceano, não em Barraza.
— Efeitos do acidente?
— Isso criará tremores e ondas significativas, até mesmo mortais. No
entanto, a perda de vida senciente foi muito diminuída, de dezenas de
milhares para talvez não mais de uma dúzia.
— Doze vidas perdidas ainda é muito. — Stellan se inclinou com mais
força sobre os controles, colocando todo o peso de seu corpo nele.
Estava lutando com sua força agora, com sua vontade. Estava lutando
sem a Força... não como um Jedi, mas como um homem. E ainda Stellan
sentiu que se tivesse feito isso antes... se tivesse se perguntado o que isso
significaria para ele... teria feito dele um Jedi melhor.
Esta é a primeira vez que ajo sem pensar na Ordem, ele percebeu. Esta
é a primeira coisa que eu já fiz apenas como eu mesmo, apenas porque eu
sabia que era certo.
— Mestre Stellan? — JJ-5145 parecia estranhamente hesitante, — Você
deve evacuar em breve se quiser chegar a um pod de fuga a tempo.
— Se eu evacuar e ninguém conseguir manter esses controles, a estação
não vai varrer a cidade, vai?
— Não, Mestre Stellan. — O droide girou, claramente tentando
determinar se poderia segurar os controles no lugar de Stellan, mas os seus
braços eram finos, feitos para precisão e não para força. Isso seria
impossível. Stellan sabia disso o tempo todo, — Mas você deve evacuar, ou
você vai morrer.
— Eu sei o que estou fazendo, Quatrocinco, — disse Stellan. Sentiu-se
mais forte do que em dias. Talvez mais forte do que ele já teve em sua vida.
Imaginou o rosto de Elzar Mann... depois o de Avar... depois o de Orla
Jareni... e sorriu, — Eu sei quem eu sou.

Gritos de espanto e alegria se ergueram de Barraza enquanto a sombra que


pairava no alto se deslocava em direção ao mar. No entanto, a maioria dos
outros assistindo... mesmo que se regozijassem com as muitas vidas
salvas... só podiam sentir um horror esmagador enquanto o Farol Luz
Estelar finalmente caiu.
Parecia acelerar ao atingir o solo: uma ilusão de ótica, como a lua
aparecendo maior perto do horizonte, mas enervante. Mesmo muitos
daqueles que se encontrava seguros não puderam deixar de recuar ou
mesmo gritar quando o enorme, quebrado e torto maquinário da estação
despencou em direção à superfície.
— A usina de dessalinização, — a rainha Thandeka respirou, — Vai ser
esmagada...
— Nós reconstruímos uma vez. — A rainha Dima colocou o braço em
volta dos ombros de sua esposa, observando com firmeza em sua câmara do
conselho junto com todos os seus conselheiros, — Podemos fazer isso de
novo.
Em Coruscant, a cena estava sendo reproduzida em quase todos os
holoprojetores da cidade. Multidões se reuniram em cada praça, plataforma
e calçada para assistir em espanto e tristeza era compartilhada. A Chanceler
Lina Soh assistiu não ao holo em si... ela já tinha visto mais da morte do
Farol do que podia suportar..., mas as pessoas observando, a maneira como
elas se agarravam umas às outras e choravam. Eles sentiram essa perda tão
profundamente quanto ela.
Verdadeiramente, pensou ela, somos todos a República... e nunca mais
do que neste momento de tragédia compartilhada.
As mágoas podem unir ainda mais as pessoas. A sede de vingança
natural que se seguiria: isso poderia ser moldado, domado, transformado em
propósito comum. Essa seria a tarefa da Chanceler Soh nos próximos dias.
No momento, no entanto, ela, o ser mais influente da galáxia, permaneceu
totalmente impotente.
O homem no centro do acidente não podia vê-lo. Stellan Gios se
preparou com todas as suas forças enquanto o Farol estremecia ao seu redor,
tão violentamente que pensou que poderia quebrar antes do impacto. Não
importava muito agora. A estação havia se afastado da costa. Vidas foram
salvas. A última coisa que faria, ele fez certo.
Stellan não sentiu medo. O firmamento do céu noturno não brilhou
menos quando uma pequena estrela escureceu. Outra nebulosa nasceria,
brilhando com a sua própria nova luz.
A essa altura, a próprio Farol era quase invisível para o cruzador médico
de Eiram. Embora certamente algumas unidades de comunicação pudessem
captar as transmissões, Bell Zettifar não procurou uma. O seu lugar era com
os vivos... com a Mestra Indeera Stokes, que dormia pacificamente em sua
cama, e com Ember, que se enrolou em uma bola quente no colo de Bell.
Poderia rever imagens do destino de Farol nas próximas horas ou dias.
Por enquanto, Bell escolheu ficar com os necessitados, com as lembranças
dos pequenos, mas reais triunfos que foram arrancados do caos desse
desastre.
Nos holos tocados publicamente em cada nave Nihil, o pessoal de
Marchion Ro aplaudiu e ovacionou cada vez mais alto nos últimos
momentos da estação. Na Olhar Elétrico, Ro sentiu uma alegria quase
vertiginosa quando o visualizador mostrou Farol caindo, propulsores
disparando inutilmente, agitando as ondas...
...e, finalmente, o impacto.
O acidente lançou enormes nuvens de água em todas as direções, todas
com vários andares de altura, espalhando naves e detritos da costa. Todos a
bordo das naves Nihil ficaram frenéticos com a celebração, mais como os
fogos de artifício da meia-noite em Canto Bight do que qualquer coisa
geralmente engajada pelos Nihil.
Com o rosto bem escondido pelo capacete, Ro se permitiu a um largo
sorriso.
— Glorioso, — ele sussurrou.
Sozinho entre todos aqueles que o observavam, Ro sentiu um momento
de angústia... não pelo Farol ou aqueles que estavam a bordo, nem pelos
que representava, mas pelas criaturas que havia enviado para lá e tinha feito
o seu trabalho tão bem. Não eram fáceis de substituir.
Mas ele sabia onde conseguir mais.

De um penhasco com vista para o oceano, Affie Hollow estava perto da


borda, lágrimas escorrendo pelo rosto enquanto observava o Farol Luz
Estelar cair. A água deslocada parecia uma explosão e, embora estivesse a
pelo menos oito quilômetros de distância, Affie pensou que eles poderiam
estar encharcados por ele... ou até mesmo varridos. A cidade costeira estava
protegida em parte por escudos de energia, um luxo que ela e Geode não
tinham. Mas as ondas mais largas atingiram o seu penhasco sem chegar ao
topo.
Geode permaneceu ao lado dela, pelo que Affie ficou grata. Ajudou ter
alguém em quem se apoiar. Balançou a cabeça ao ver a seção retorcida e
curvada do Farol que balançou brevemente em meio às águas agitadas antes
de afundar sob a superfície para sempre.
Atrás dela veio uma voz:
— Isso é uma coisa impressionante.
Affie se virou.
— Leox?
Ele estava andando em direção a eles, com óculos de proteção
empurrados até a testa, arrastando um enorme pedaço de... era tecido? Uma
vela? Affie não se importava porquê de alguma forma Leox estava vivo.
Ela jogou os braços ao redor dele.
— Você conseguiu. Você conseguiu!
— Até que você começou a esmagar a minha respiração. — Mas Leox a
estava abraçando de volta, — É uma pena morrer por estrangulamento logo
após sobreviver a essa queda.
— Mas como você fez isso?
Ele pegou um pedaço do tecido diáfano que o seguia; Affie agora viu
que estava preso à mochila dele.
— 'Paraquedas.' Não há muita gente que os usa mais, agora que eles têm
ejetores flutuantes etc. Leox sorriu, — Mas você sabe que eu sou um cara
meio à moda antiga.
Affie o abraçou novamente; eles poderiam ter caído de exaustão e alívio,
se não fosse por Geode os apoiando firmemente na lateral. Sabia que muitas
vidas haviam sido perdidas hoje, que os Nihil haviam conquistado uma
vitória que poderia mudar o equilíbrio de poder na galáxia.
Mas se preocuparia com isso mais tarde. Por enquanto, a sua pequena
família estava reunida e segura. Já era o suficiente.
pod de fuga havia esculpido um sulco no solo rochoso que se
O estendia por quase meio quilômetro, levantando poeira que tornava o ar
nebuloso. Elzar Mann emergiu dela, tossindo e trêmulo, mas sabendo que
precisava ver o que podia dos últimos momentos do Farol.
Preciso encontrar os outros Jedi, pensou. E para ficar de olho no pod de
fuga de Stellan. No momento, porém, ele só podia ficar de pé e assistir.
A luz das estrelas passou diretamente acima... caindo em câmera lenta,
graças aos propulsores que foram ativados tarde demais, mas caindo do
mesmo jeito. A sua sombra apagou brevemente o sol, um eclipse
momentâneo. Em outro instante, passou por eles, descendo
implacavelmente em direção ao mar distante.
A estação desapareceu de sua vista e, segundos depois, uma enorme
onda de choque o atingiu. Elzar se agarrou ao lado do pod de fuga enquanto
o chão chacoalhava sob os seus pés e as enormes nuvens de água subiam
em direção ao céu.
Pior do que tudo isso foi o golpe psíquico... a súbita consciência de que
pelo menos alguns outros estavam vivos e presos em outro lugar na estação,
porque as suas mortes rasgaram a consciência de Elzar, um terrível
chamado de angústia que nunca poderia ser respondido, nunca poderia ser
curado.
E o pior de tudo foi o silêncio interior que se seguiu.
Começou a se afastar do pod, em direção a outros pequenos grupos
amontoados na distância próxima e distante: evacuados da cidade costeira
próxima, tripulações de naves menores que haviam desembarcado. Elzar
não prestou atenção a eles até que alguém saiu de um dos grupos mais
distantes e começou a correr em direção a ele... e então ele reconheceu o
manto Jedi, e os longos cabelos loiros esvoaçando atrás dela.
— Avar, — ele respirou, então gritou o nome dela com todas as suas
forças, — Avar! — Deixou os outros ouvi-lo. Deixou o mundo ver.
Elzar correu em direção a ela até que se encontraram no meio e se
abraçaram. Enterrou o rosto na curva de seu pescoço, querendo afastar
qualquer coisa nos mundos mais distantes do que isso.
— Você conseguiu, — disse ela, sua voz rouca com lágrimas não
derramadas, — Eu estava com tanto medo que você não tivesse.
— Eu sabia que você estava viva. — Elzar acariciou seu cabelo, — Você
tinha que estar.

Embora a cidade de Barraza tenha evitado por pouco a obliteração, não


escapou ilesa do acidente da estação. Apesar da proteção de energia da
cidade, as ondas maciças desencadeadas pela queda de Farol atingiram e
inundaram inúmeros edifícios na costa, deixando as ruas lamacentas e
cheias de areia, cheias de detritos e vidro quebrado. Barcos de pesca foram
jogados de lado, amassados e deixados em lugares estranhos, como
brinquedos de uma criança descuidada. Embora quase todos tenham
evacuado as áreas perigosas a tempo, nem todos puderam sair, ou mesmo
optaram por fazê-lo; as equipes médicas de Eiram já estavam procurando
nas áreas mais danificadas os corpos que sem dúvida jaziam ali.
Droides sondas foram imediatamente despachadas para verificar os
destroços, apenas por precaução..., mas estava claro para todos que o
acidente era impossível de sobreviver para qualquer um que ainda estivesse
a bordo. É claro que as buscas de recuperação em profundidade
começariam em breve, com mais droides enviados para conter e remover
materiais radioativos e outros perigos. Mas eles estavam em tarefas de
coveiros, e todos sabiam disso.
— Trocamos um desastre por outro, — disse a rainha Thandeka, que foi
uma das primeiras levas de voluntários, abrindo caminho por montes de
areia encharcados no que antes era uma via movimentada, — Primeiro os
terremotos, agora isso.
A rainha Dima, trabalhando ao lado dela, assentiu.
— E agora estamos de volta para onde estávamos antes dos Jedi
chegarem. — Ela gesticulou em direção à usina de dessalinização... tão
perto de ser concluída, tão breve há um tempo atrás, e agora alojada fora de
ordem, torta e incapaz de fornecer água fresca a ninguém. A próxima crise
seria a privação de água... e estaria sobre eles antes do fim do dia.

— Onde está Stellan? — Avar perguntou enquanto ela e Elzar conduziam


os outros Jedi em direção ao litoral, onde as rainhas de Eiram estavam
estabelecendo esforços de socorro em desastres.
— Ele teria pego um pod posterior. — Elzar olhou ao redor, ainda não
vendo nenhum sinal disso, — Espero que ele não tenha feito outro pouso na
água.
Eles compartilharam um sorriso, lembrando-se de um exercício de
evacuação de nave há muito tempo, quando eram jovens Padawans, um no
qual Stellan acabou mergulhando completamente. Mas a reminiscência não
durou muito; eles tinham muito o que fazer.
A jornada para a costa não foi longa, mesmo a pé, e mais e mais Jedi se
juntaram a Elzar e Avar enquanto eles iam. Grupos de cidadãos de Eiram
também afluíam para a costa; este era um planeta com um forte senso de
unidade, um compromisso de ajudar uns aos outros mesmo no auge da
crise.
Elzar sabia que, eventualmente, teria que contar a Avar o que havia feito,
como cedeu à raiva, matou uma mulher tentando resgatá-los e condenou a
última chance que Farol havia deixado. Mas fazê-lo neste momento seria
afirmar que seu desespero pessoal era mais importante do que a crise deste
planeta. A verdade se manteria.
Iluminou-se quando viu um droide familiar rolando até eles.
— Quatrocinco! — Elzar ligou, — Estava na hora. Onde está Stellan?
JJ-5145, pela primeira vez, soou solene.
— Mestre Stellan permaneceu nos controles do propulsor para garantir
que a estação não atingisse a cidade costeira de Barraza.
A mente de Elzar ficou dormente. Foi Avar quem disse:
— Não. Por favor não.
— Ele ordenou que eu pegasse a último pod de fuga do Farol, — relatou
JJ-5145, — Ele disse que eu era seu presente para você, Mestre Elzar. E ele
desejou que eu lhe trouxesse isso.
Um painel no peito de JJ-5145 se abriu, revelando o sabre de luz de
Stellan.
— Ele sabia, — Elzar sussurrou enquanto pegava o sabre de luz na mão,
segurando-o com reverência, — Stellan nunca teria desistido de seu sabre
de luz se não soubesse...
— Ele se foi, — disse Avar, com o olhar inquisidor que dizia a Elzar que
ela estava procurando a canção da Força pelo bilhete de Stellan, e que ela
não o havia encontrado. Ela nunca mais faria isso, — Stellan Gios está
morto.

Embora o engarrafamento de aspirantes a socorristas e curiosos descarados


pairasse no espaço aéreo de Eiram nos próximos dias, algumas naves
partiram quase imediatamente... o que significava que Marchion Ro poderia
fazer o mesmo sem atrair nenhuma atenção. Isso liberou a Olhar Elétrico
para retornar aos Nihil e à maior celebração que esse grupo já conheceu.
Havia se preparado para a vitória, tinha antecipado a festa e o frenesi
que se seguiria. Thaya Ferr já havia feito os arranjos para uma grande
celebração em um pequeno sistema estelar fora do controle da República,
onde eles poderiam festejar loucamente sem chance de restrição; sinais
automatizados foram emitidos, convidando todos os Nihil a se juntar a eles,
e de fato, todos o fizeram. (Exceto Lourna Dee, que não foi convidada por
várias razões, e cujo paradeiro era desconhecido independentemente.) Ro
entendeu que o seu povo precisava literalmente provar a vitória sobre os
Jedi... e que melhor maneira de marcar essa vitória para sempre com o seu
nome, o seu testamento, a sua intenção?
Milhares e milhares de Nihil se reuniram na superfície do planeta
escolhido antes de Thaya Ferr sinalizar aos droides que era hora de começar
a distribuir os enormes estoques de comida e entorpecentes reservados em
preparação para este dia. Vinhos e cervejas fluíam como fontes; tip-yip e
gornt foram trazidos fumegantes em travessas compridas. Era opulento. Era
decadente. Era a maior celebração da vitória que os Nihil já conheceram.
Apenas uma reunião seria mais grandiosa: aquela que Marchion Ro
pretendia realizar assim que os Jedi fossem esmagados para sempre.
Sorriu para si mesmo, sob a máscara, seguro de que não teria que
esperar muito.

Elzar estremeceu enquanto passavam pela usina de dessalinização, que


estava tão perto de ser concluída. Devíamos ter terminado o trabalho antes
de comemorarmos, pensou ele embotado. Tentamos o destino ao brindar a
um projeto ainda não concluído.
Não, pior. Tentamos os Nihil.
O custo foi a segurança de Eiram, a existência de Farol Luz Estelar e a
vida de Stellan.
O remorso ameaçou engolir qualquer determinação ou concentração que
Elzar tivesse quando Avar parou e fez um gesto, o que atraiu todos os
outros Jedi para perto.
— A conexão da usina de dessalinização está só um pouco desligada, —
disse Avar. A luz do sol pegou a joia em sua testa, fazendo-a brilhar acima
de seus olhos avermelhados pelas lágrimas, — Podemos colocá-lo de volta
no lugar, se todos trabalharmos juntos.
Os sorrisos dos outros eram frágeis e incertos... o tipo de sorriso que
pode surgir diante de uma tragédia. Elzar não conseguia lidar com um.
Mas a única maneira de compensar a sua arrogância, por todas as vidas
perdidas, era voltar a trabalhar para salvar este planeta.
Os Jedi estavam juntos em um promontório perto da costa, olhando para
a usina de água e a área mais danificada da orla. Elzar sentiu agudamente
que estavam sendo observados por dezenas, até centenas de cidadãos
reunidos perto, mas os outros Jedi não prestaram atenção, então ele tentou
fazer o mesmo.
A usina de dessalinização parecia mais distante do que momentos antes.
Como um, cada Jedi estendeu um braço, apontando a mão para o objeto de
seu plano. Isso não era necessário, mas muitos Jedi descobriram que isso
ajudava a concentrar os seus esforços. Elzar estendeu a mão também e
invocou o poder dentro dele, aquele que ele desconfiava, mas tinha que usar
para o bem, para provar que ainda era possível.
Ele encontrou esse poder, mas mais importante, encontrou os outros.
Isso inundou a cada célula do corpo de Elzar... o poder dele... quando
sentiu o enorme esforço vindo de Avar, Bell e todo o resto, a pureza de sua
boa vontade, a tremenda energia que eles encontraram, moldaram e
empunharam...
A multidão ao redor engasgou com surpresa e alívio quando a conexão
da usina de dessalinização lentamente, lentamente, mudou de volta a
harmonização, então se estabeleceu com um baque audível. Como um,
todos os Jedi expiraram... até Elzar.
Você ficaria orgulhoso disso, pensou ele, imaginando o rosto de Stellan.
Mesmo sem o Farol, os Jedi têm muito a dar à galáxia.
Vou aprender a dar o melhor de mim, a restringir a pior parte de mim.
As minhas ações privaram a galáxia de um de seus maiores Jedi. Pelo
resto da minha vida, estarei tentando criar uma pequena fração da bondade
que ainda tinha para dar.

A mudança da usina de dessalinização ajudou a centralizar Bell novamente.


Saber da morte do Mestre Stellan o abalou. Assim como os ataques ao
templo. E houve uma batalha em Corellia. Além disso, dezenas e dezenas
de Jedi ainda estavam desaparecidos. Mas o dever era mais forte que a dor.
Stellan Gios teria sido o primeiro a dizer isso... a menos que Mestre Loden
o tivesse derrotado.
Quando Bell voltou para a sua nave, foi parado por Elzar Man.
— Ei, — disse Elzar. Ele parecia pálido, abatido; Bell se lembrou então
que Mann e Gios eram bons amigos desde a infância. Mas não foi de sua
própria perda que Elzar falou, — Eu queria dizer... sinto muito por
Burryaga. Vocês dois eram amigos, não eram?
— Ainda somos. — Quando Elzar deu a ele um olhar questionador, Bell
continuou: — Eu assumi... todos nós assumimos que Mestre Loden estava
perdido quando na verdade ele estava sendo mantido em cativeiro pelos
Nihil. Se eu tivesse mantido a fé... se tivesse insistido em procurá-lo...
teríamos poupado muito sofrimento e provavelmente teríamos salvado sua
vida. Então eu não vou desistir de ninguém assim, nunca mais. Isso começa
com o Burryaga.
Elzar não parecia convencido. Falou gentilmente, como um homem
tentando dar más notícias.
— O que aconteceu com Burryaga foi muito diferente. Ele não poderia
ter sido capturado. Não vejo como ele poderia ter sobrevivido ao rathtar, à
abertura do compartimento de carga e ao acidente.
— Se houvesse alguma maneira, Burryaga teria encontrado. — Por mais
nova que fosse a sua amizade íntima, Bell já tinha certeza disso, — Mesmo
que não houvesse um jeito... mesmo que ele tenha ido... eu vou procurar até
ter certeza, e ninguém vai me impedir.
— Eu nem sonharia em tentar. — Elzar ergueu as mãos em falsa
rendição.
Bell retomou a caminhada de volta para sua nave auxiliar.
— Dê uma olhada na Mestre Indeera no cruzador médico para mim,
sim? E certifique-se de que Ember tenha o seu jantar.
— Eu prometo, — disse Elzar, e Bell acreditou nele.
Agora ele foi encontrar o amigo dele.

— A sua nave já viu dias melhores, — disse Joss Adren a Affie Hollow, —
mas ela verá muito mais quando terminarmos com ela.
Affie deu um tapinha carinhoso na lateral do casco.
— Vamos tê-la brilhando como nova. Bem, não hoje. Mas logo.
Nas últimas horas, todos que escaparam através de pods se reuniram
perto da costa, então não foi difícil encontrar Joss e Pikta Adren novamente.
Affie tinha feito um acordo com eles: transporte para onde eles precisassem
para ir para a galáxia, desde que ajudassem nos últimos reparos necessários
da Embarcação. Era um bom negócio, e os Adrens sabiam disso, e era por
isso que trabalhavam ao lado de Affie, Leox e Geode há algum tempo.
— Graças aos Deuses adotamos uma apólice em nossa nave, — disse
Pikta enquanto verificava algumas fiações na rampa. Leox, que estava
sentado entre Pikta e Geode como uma espécie de amortecedor, assentiu
sabiamente, — Poderemos conseguir outra nave, embora eu não saiba onde
encontraremos uma que gostemos tanto.
— Se for a nave certa, — disse Leox, — você saberá. Em breve você
não será capaz de imaginar as suas vidas sem ela.
Affie se perguntou se ela poderia ter substituído a Embarcação com
tanta facilidade. Graças aos Deuses não teve que descobrir hoje, ou
esperançosamente por muito, muito tempo.

Quando a noite caiu em Barraza, os Jedi continuaram ajudando nos esforços


de socorro do planeta. Agora que a água fluía prontamente, a limpeza foi
simplificada e a população foi, pelo menos em parte, tranquilizada. Mais e
mais cidadãos da cidade que haviam fugido estavam retornando, não para
as suas casas, mas para os lugares que mais precisavam de trabalho. Longas
filas de pessoas varrendo, socorrendo, enfaixando, cozinhando,
confortando... fazendo o que pudesse ser feito para consolar e restaurar
aqueles danificados pela queda de Farol.
Elzar Mann não pôde deixar de olhar para a água, que a essa altura
parecia quase tranquila. O Farol Luz Estelar era a única parte disso que
nunca poderia ser corrigida novamente. A sua perda permaneceu uma ferida
aberta dentro dele... dentro de todos eles, certamente... uma que não
cicatrizaria por muito tempo.
E é em parte minha culpa, ele pensou.
Elzar já ardia para confessar a alguém que havia assassinado uma
mulher Nihil que na verdade estava tentando salvar a vida de todos. Avar
Kriss seria a pessoa com quem acharia mais difícil conversar, o que
significava que ela era exatamente a pessoa com quem deveria conversar.
Olhou através da longa fila de primeiros socorros em que atualmente
estava trabalhado; na outra extremidade estava Avar, curvada sobre uma
jovem paciente, uma expressão terna no rosto. Elzar esperava que ela lhe
mostrasse um pouco dessa misericórdia.
Quando houve uma breve pausa em seus trabalhos, Elzar foi até o lado
de Avar. Ela olhou para cima, para o céu que escurecia, e quando ele a
alcançou, ela estendeu uma mão. Ele pegou e olhou para ela. Em meio às
estrelas emergentes havia pequenas manchas que sabia serem algumas das
naves que invadiram aqui, esperando ajudar, mas impotentes diante da
destruição.
Ainda importa que eles tenham vindo, ele se lembrou. Sempre
importará. Essa unidade, essa compaixão, essa coragem... isso é o que falta
aos Nihil. Não venceremos nos rebaixando ao nível deles, mas subindo tão
acima dele que nem os Nihil podem alcançar.
Avar murmurou:
— Stellan sempre viu a Força como o firmamento. Tão brilhante e
expansivo quanto todas as estrelas da galáxia.
— Ele me disse que via nós três como uma constelação. — A visão de
Elzar ficou turva com as lágrimas, ele piscou ferozmente, — Uma
incompleta agora.
— Não. Ele ainda está conosco, tão certo quanto a Força está conosco.
Stellan se tornou um com a Força, afinal. — Avar encostou a cabeça no
ombro de Elzar, — E enquanto pensarmos nele, sempre podemos encontrá-
lo, desde que olhemos para o céu.
Elzar a abraçou.
— Nossa estrela polar ainda brilha.
vitória de Marchion Ro seria completa muito, muito em
A breve.
Havia cultivado a arte da paciência... uma arte que tolos como Lourna
Dee nunca conseguiriam compreender..., mas neste momento, quando as
últimas cinzas do Farol se desvaneceram no crepúsculo que se aproximava,
a necessidade de falar quase o dominou. O que está demorando tanto para
aquela minha lacaia...
— Hackeie as boias de comunicação por completo, — disse Thaya Ferr,
sem tirar os olhos do console, — A mensagem será enviada na mesma
frequência uma vez usada pelo Farol Luz Estelar.
Era um toque excelente, se o próprio Ro disse isso. Um toque extra da
faca atualmente enterrada nos corações dos Jedi e da República
— Me passe.
No último segundo antes da luz da holo câmera acender, Ro ouviu
Ghirra Starros correndo ainda mais para fora do enquadramento. Uma
covardia patética. A verdadeira coragem vinha de colocar o próprio nome
em seus atos... que era o que Marchion Ro pretendia fazer finalmente.
A luz piscou forte e Ro começou.
— A nossa galáxia inteira assistiu o Farol Luz Estelar se estilhaçar,
bater, e queimar. A essa altura, a maioria entende que os Nihil são os
responsáveis. Até esta hora, no entanto, muito poucos entenderam quem é o
responsável pelos Nihil. Em outras palavras, é hora de eu me apresentar. Eu
sou Marchion Ro. Eu sou o Olho da Tempestade. Eu sou o Olho dos Nihil.
Fez uma pausa. Aqueles que assistem em grupos podem estar
exclamando, conversando entre si, atemorizados e horrorizados. Ro não
pretendia que o desânimo deles abafasse as suas palavras.
— Muito se falou da ideia de que Farol Luz Estelar era um símbolo de
esperança, — continuou ele, — Mas não há esperança nesta parte da
galáxia. Só há desespero. Existe apenas os Nihil. Foi os Nihil que criaram o
Grande Desastre do Hiperespaço... e podemos fazê-lo novamente. Foi os
Nihil que atacaram a Feira da República em Valo e deixou a sua alto e
poderosa Chanceler sangrando aos nossos pés. E hoje são os Nihil que
queimaram a luz das estrelas do céu. A República não pode protegê-lo. Os
Jedi não podem protegê-lo. Nós provamos que eles não podem nem se
proteger. Vamos onde queremos. Nós atacamos onde queremos. A nossa
vontade é a única autoridade nesta parte da galáxia, e a única que existirá.
Ghirra Starros fez um pequeno som; a julgar pelo tom de desânimo,
estava horrorizada com as palavras dele... nesse caso, era ainda mais
ridícula do que Ro acreditava... ou esbarrou em KA-R9. O som teria
chegado em sua transmissão? A ideia irritou Ro pelo breve momento que
levou para perceber o quão divertido seria se tivesse: assistir o trecho de
som sendo analisado repetidamente, a identificação inevitável de Ghirra e
as consequências espetaculares que se seguiriam. Melhor se ele pudesse ter
falado sem interrupção, mas o verdadeiro filósofo encontrou as
oportunidades de satisfação em todos os lugares.
Ro voltou a sua atenção inteiramente para aquela pequena luz. Naquela
faísca se encolheu toda a galáxia. As suas palavras eram a verdadeira lei;
agora todos sabiam disso.
— Não desejo governar a galáxia, — disse ele, — Se eu quisesse, vocês
estariam sob a minha bota agora mesmo. Mas eu vou pegar o que eu quiser,
quando eu quiser, e ninguém ficará no meu caminho... A República, os Jedi
ou qualquer outra pessoa. Eles não podem ficar no meu caminho. Os Nihil
provaram nosso poder, e usaremos esse poder da maneira que escolhermos.
Esta galáxia...
Sabia que deveria dizer é nosso. Deve fazer referência a todos os Nihil
em sua declaração, unificá-los nesta declaração final de propósito.
Em vez disso, Ro disse o que realmente acreditava:
— Esta é a minha galáxia.
STAR WARS / STAR WARS: A ALTA REPÚBLICA - A ESTRELA
CADENTE
TÍTULO ORIGINAL: Star Wars / The High Republic - The Fallen Star
COPIDESQUE: TRADUTORES DOS WHILLS
REVISÃO: TRADUTORES DOS WHILLS
DIAGRAMAÇÃO: TRADUTORES DOS WHILLS / SOYOUNG KIM & LEIGH ZIESKE
ARTE E ADAPTAÇÃO: TRADUTORES DOS WHILLS / SOYOUNG KIM, SCOTT PIEHL,
AND LEIGH ZIESKE
ILUSTRAÇÃO: TRADUTORES DOS WHILLS / ARIO ANINDITO & GRZEGORZ KRYSIŃSKI
GERENTE EDITORIAL: TRADUTORES DOS WHILLS
DIREÇÃO EDITORIAL: TRADUTORES DOS WHILLS
ASSISTENTES EDITORIAIS: TRADUTORES DOS WHILLS

COPYRIGHT © & TM 2022 LUCASFILM LTD.


COPYRIGHT © TRADUTORES DOS WHILLS, 2022
(EDIÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA PARA O BRASIL)
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.
PROIBIDA A REPRODUÇÃO, NO TODO OU EM PARTE, ATRAVÉS DE QUAISQUER MEIOS.

STAR WARS: A ALTA REPÚBLICA - A ESTRELA CADENTE É UM LIVRO DE FICÇÃO. TODOS OS PERSONAGENS,
LUGARES E ACONTECIMENTOS SÃO FICCIONAIS.
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
TDW CRB-1/000
G28c Gray, Claudia
Star Wars: A Alta República - A Estrela Cadente [recurso eletrônico] / Claudia Gray ; traduzido por
Tradutores dos Whills.
400 p. : 4.0 MB.
Tradução de: The High Republic - The Fallen Star
ISBN: 978-059-335-54-04 (Ebook)
1. Literatura norte-americana. 2. Ficção científica. I. Dos Whills, Tradutores CF. II. Título.
2017.352

ÍNDICES PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO:

Literatura : Ficção Norte-Americana 813.0876


Literatura norte-americana : Ficção 821.111(73)-3

tradutoresdoswhills.wordpress.com
Agradecimentos

Meu primeiro e maior agradecimento vai para os meus colegas escritores na


Alta República: Justina Irlanda, Daniel Jose Older, Cavan Scott, e Charles
Soule, bem como para Mike Siglain, que ajuda a nos manter todos
inspirados, informados, e na pista. O seu profissionalismo, criatividade,
humor e bondade brilharam uma luz brilhante em um par muito difícil de
anos. Obrigado também a Jen Heddle, Pablo Hidalgo, Matt Martin, e ao
resto das equipes da Lucasfilm e Delrey que trabalham tão duro para nos
ajudar a contar a história da Alta República.
Os agradecimentos maciços vão para a minha assistente, Sarah Simpson
Weiss, que me mantêm organizada em nenhuma tarefa pequena. A sua
alegria infinita iluminou muito em um dia de trabalho duro.
Pessoalmente, gostaria de agradecer a vários colegas escritores que
sabem quando emprestar um ouvido simpático e quando me dizer para
voltar a trabalhar nas edições: Marti Dumas, Stephanie Knapp, Brittany
Williams Older, e Sarah Tolcser. Outros amigos que alegremente me
deixaram cavar para cumprir prazos e me receber de braços abertos quando
tudo estava pronto: Rodney Crouther, Stephanie Davis, Ruth Morrison,
Madeline Nelson, e Amy e Gary Reggio.
A minha família sempre apoiou a minha escrita, desde que o jornal local
publicou a minha poesia muito má quando eu era criança, cujos recortes
ainda têm. Isto é um sinal de grande amor ou material de chantagem,
possivelmente ambos. Obrigado, mãe, pai, Matthew, Melissa, Eli, Ari, e
todos os tios, tias e primos por aí.
Finalmente, para o meu marido, Paul: Toda a minha gratidão, todo o
meu amor.
CLAUDIA GRAY é a autora mais bem vendida pelo New York
Times autora dos livros Star Wars books A Alta República:
Na Escuridão; Legado de Sangue; Leia, Princesa de
Alderaan; e Estrelas Perdidas. Seus outros livors incluem
o Constellation, Evernight, Spellcaster, e a série Firebird.
Ela fez o seu lar em New Orleans com o seu marido, Paul,
e os variados cães pequenos.

claudiagray.com
Facebook.com/authorclaudiagray
Twitter: @claudiagray
Instagram: @claudia_gray
Star Wars: Guardiões dos Whills
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No mundo do deserto de Jedha, na Cidade Santa, os amigos Baze e


Chirrut costumavam ser Guardiões das colinas, que cuidavam do
Templo de Kyber e dos devotos peregrinos que adoravam lá. Então
o Império veio e assumiu o planeta. O templo foi destruído e as
pessoas espalhadas. Agora, Baze e Chirrut fazem o que podem
para resistir ao Império e proteger as pessoas de Jedha, mas nunca
parece ser suficiente. Então um homem chamado Saw Gerrera
chega, com uma milícia de seus próprios e grandes planos para
derrubar o Império. Parece ser a maneira perfeita para Baze e
Chirrut fazer uma diferença real e ajudar as pessoas de Jedha a
viver melhores vidas. Mas isso vai custar caro?

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STAR WARS: Episódio VIII: Os Últimos Jedi
(Movie Storybook)
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Um livro de imagens ilustrado que reconta o filme Star Wars: Os


Últimos Jedi.

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Chewie e a Garota Corajosa
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Um Wookiee é o melhor amigo de uma menina! Quando Chewbacca


conhece a jovem Zarro na Orla Exterior, ele não tem escolha a não
ser deixar de lado sua própria missão para ajudá-la a resgatar seu
pai de uma mina perigosa. Essa incrível Aventura foi baseada na
HQ do Chewbacca… (FAIXA ETÁRIA: 6 a 8 anos)

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Star Wars: Ahsoka
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Esse é o Terceiro Ebook dos Tradutores dos Whills com uma


aventura emocionante sobre uma heroína corajosa das Séries de
TV Clone Wars e Rebels: Ahsoka Tano! Os fãs há muito tempo se
perguntam o que aconteceu com Ahsoka depois que ela deixou a
Ordem Jedi perto do fim das Guerras Clônicas, e antes dela
reaparecer como a misteriosa operadora rebelde Fulcro em Rebels.
Finalmente, sua história começará a ser contada. Seguindo suas
experiências com os Jedi e a devastação da Ordem 66, Ahsoka não
tem certeza de que possa fazer parte de um todo maior de novo.
Mas seu desejo de combater os males do Império e proteger
aqueles que precisam disso e levará a Bail Organa e a Aliança
Rebelde….

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Star Wars: Kenobi Exílio
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A República foi destruída, e agora a galáxia é governada pelos


terríveis Sith. Obi-Wan Kenobi, o grande cavaleiro Jedi, perdeu
tudo… menos a esperança. Após os terríveis acontecimentos que
deram fim à República, coube ao grande mestre Jedi Obi-Wan
Kenobi manter a sanidade na missão de proteger aquele que pode
ser a última esperança da resistência ao Império. Vivendo entre
fazendeiros no remoto e desértico planeta Tatooine, nos confins da
galáxia, o que Obi-Wan mais deseja é manter-se no completo
anonimato e, para isso, evita o contato com os moradores locais. No
entanto, todos esses esforços podem ser em vão quando o “Velho
Ben”, como o cavaleiro passa a ser conhecido, se vê envolvido na
luta pela sobrevivência dos habitantes por uma Grande Seca e por
causa de um chefe do crime e do povo da areia. Se com o Novo
Cânone pudéssemos encontrar todos os materiais disponíveis aos
anos de Exílio de Obi-Wan Kenobi em um só Lugar? Após o Livro
Kenobi se tornar Legend, os fãs ficaram sem saber o que aconteceu
com o Velho Ben nesse tempo de reclusão. Então os Tradutores dos
Whills também se fizeram essa pergunta e resolveram fazer esse
trabalho de compilação dos Contos, Ebooks, Séries Animadas e
HQs, em um só Ebook Especial e Canônico para todos os Fãs!!

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Star Wars: Dookan: O Jedi Perdido
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Esse é o Quarto Ebook dos Tradutores dos Whills com uma


aventura emocionante sobre um Vilão dos Filmes e da Série de TV
Clone Wars: Conde Dookan! Mergulhe na história do sinistro Conde
Dookan no roteiro original da emocionante produção de áudio de
Star Wars! Darth Tyranus. Conde de Serenno. Líder dos
Separatistas. Um sabre vermelho, desembainhado no escuro. Mas
quem era ele antes de se tornar a mão direita dos Sith? Quando
Dookan corteja uma nova aprendiz, a verdade oculta do passado do
Lorde Sith começa a aparecer. A vida de Dookan começou como um
privilégio, nascido dentro das muralhas pedregosas da propriedade
de sua família. Mas logo, suas habilidades Jedi são reconhecidas, e
ele é levado de sua casa para ser treinado nos caminhos da Força
pelo lendário Mestre Yoda. Enquanto ele afia seu poder, Dookan
sobe na hierarquia, fazendo amizade com Jedi Sifo-Dyas e levando
um Padawan, o promissor Qui-Gon Jinn, e tenta esquecer a vida
que ele levou uma vez. Mas ele se vê atraído por um estranho
fascínio pela mestra Jedi Lene Kostana, e pela missão que ela
empreende para a Ordem: encontrar e estudar relíquias antigas dos
Sith, em preparação para o eventual retorno dos inimigos mais
mortais que os Jedi já enfrentaram. Preso entre o mundo dos Jedi,
as responsabilidades antigas de sua casa perdida e o poder sedutor
das relíquias, Dookan luta para permanecer na luz, mesmo quando
começa a cair na escuridão.

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Star Wars: Discípulo Sombrio
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Esse é o Quinto Ebook dos Tradutores dos Whills com uma


aventura emocionante sobre um Vilões e Heróis dos Filmes e da
Série de TV Clone Wars! Baseado em episódios não produzidos de
Star Wars: The Clone Wars, este novo romance apresenta Asajj
Ventress, a ex-aprendiz Sith que se tornou um caçadora de
recompensas e uma das maiores anti-heróis da galáxia de Star
Wars. Na guerra pelo controle da galáxia entre os exércitos do lado
negro e da República, o ex-Mestre Jedi se tornou cruel. O Lorde Sith
Conde Dookan se tornou cada vez mais brutal em suas táticas.
Apesar dos poderes dos Jedi e das proezas militares de seu
exército de clones, o grande número de mortes está cobrando um
preço terrível. E quando Dookan ordena o massacre de uma flotilha
de refugiados indefesos, o Conselho Jedi sente que não tem
escolha a não ser tomar medidas drásticas: atacar o homem
responsável por tantas atrocidades de guerra, o próprio Conde
Dookan. Mas o Dookan sempre evasivo é uma presa perigosa para
o caçador mais hábil. Portanto, o Conselho toma a decisão ousada
de trazer tanto os lados do poder da Força de suportar, — juntar o
ousado Cavaleiro Quinlan Vos com a infame acólita Sith Asajj
Ventress. Embora a desconfiança dos Jedi pela astuta assassina
que uma vez serviu ao lado de Dookan ainda seja profunda, o ódio
de Ventress por seu antigo mestre é mais profundo. Ela está mais
do que disposta a emprestar seus copiosos talentos como caçadora
de recompensas, e assassina, na busca de Vos.Juntos, Ventress e
Vos são as melhores esperanças para eliminar a Dookan, — desde
que os sentimentos emergentes entre eles não comprometam a sua
missão. Mas Ventress está determinada a ter sua vingança e,
finalmente, deixar de lado seu passado sombrio de Sith.
Equilibrando as emoções complicadas que sente por Vos com a
fúria de seu espírito guerreiro, ela resolve reivindicar a vitória em
todas as frentes, uma promessa que será impiedosamente testada
por seu inimigo mortal… e sua própria dúvida.

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Star Wars: Episódio IX: A Ascensão do Skywalker:
Edição Expandida

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Leia o épico capítulo final da saga Skywalker com a novelização


oficial de Star Wars: A Ascensão Skywalker, incluindo cenas
ampliadas e conteúdo adicional não visto nos cinemas! A
Resistência renasceu. Mas, embora Rey e seus companheiros
heróis estejam de volta à luta, a guerra contra a Primeira Ordem,
agora liderada pelo líder supremo Kylo Ren, está longe de terminar.
Assim como a faísca da rebelião está reacendendo, um sinal
misterioso é transmitido por toda a galáxia, com uma mensagem
assustadora: o Imperador Palpatine, há muito pensado derrotado e
destruído, está de volta dos mortos. O antigo Senhor dos Sith
realmente voltou? Kylo Ren corta uma faixa de destruição pelas
estrelas, determinado a descobrir qualquer desafio ao seu controle
sobre a Primeira Ordem e seu destino para governar a galáxia – e
esmagá-la completamente. Enquanto isso, para descobrir a
verdade, Rey, Finn, Poe e a Resistência devem embarcar na
aventura mais perigosa que já enfrentaram. Apresentando cenas
totalmente novas, adaptadas de material nunca visto, cenas
excluídas e informações dos cineastas, a história que começou em
Star Wars: O Despertar da Força e continuou em Star Wars: Os
Últimos Jedi chega a uma conclusão surpreendente.

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Star Wars: Os Segredos Dos Jedi

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Descubra o mundo dos Jedi de Star Wars através desta experiência


de leitura divertida e totalmente interativa. Star Wars: Jediografia é o
melhor guia do universo Jedi para o universo dos Jedi,
transportando jovens leitores para uma galáxia muito distante,
através de recursos interativos, fatos fascinantes e ideias cativantes.
Com ilustrações originais emocionantes e incríveis recursos
especiais, como elevar as abas, texturas e muito mais, Star Wars:
Jediografia garante a emoção das legiões de jovens fãs da saga.

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Star Wars:Thrawn: Alianças

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Palavras sinistras em qualquer circunstância, mas ainda mais


quando proferidas pelo Imperador Palpatine. Em Batuu, nos limites
das Regiões Desconhecidas, uma ameaça ao Império está se
enraizando. Com a sua existência pouco mais que um vislumbre, as
suas consequências ainda desconhecidas. Mas é preocupante o
suficiente para o líder imperial justificar a investigação de seus
agentes mais poderosos: o impiedoso agente Lorde Darth Vader e o
brilhante estrategista grão almirante Thrawn. Rivais ferozes a favor
do Imperador e adversários francos nos assuntos imperiais,
incluindo o projeto Estrela da Morte, o par formidável parece
parceiros improváveis para uma missão tão crucial. Mas o
Imperador sabe que não é a primeira vez que Vader e Thrawn
juntam forças. E há mais por trás de seu comando real do que
qualquer um dos suspeitos. No que parece uma vida atrás, o
general Anakin Skywalker da República Galáctica e o comandante
Mitth’raw’nuruodo, oficial da Ascensão do Chiss, cruzaram o
caminho pela primeira vez. Um em uma busca pessoal
desesperada, o outro com motivos desconhecidos... e não
divulgados. Mas, diante de uma série de perigos em um mundo
longínquo, eles forjaram uma aliança desconfortável, — nem
remotamente cientes do que seus futuros reservavam. Agora,
reunidos mais uma vez, eles se veem novamente ligados ao planeta
onde lutaram lado a lado. Lá eles serão duplamente desafiados, —
por uma prova de sua lealdade ao Império... e um inimigo que
ameaça até seu poder combinado.

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Star Wars: Legado da Força: Traição

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Esta é a era do legado de Luke Skywalker: o Mestre Jedi unificou a


Ordem em um grupo coeso de poderosos Cavaleiros Jedi. Mas
enquanto a nova era começa, os interesses planetários ameaçam
atrapalhar esse momento de relativa paz, e Luke é atormentado
com visões de uma escuridão que se aproxima. O mal está
ressurgindo “das melhores intenções” e parece que o legado dos
Skywalkers pode dar um ciclo completo.A honra e o dever colidirão
com a amizade e os laços de sangue, à medida que os Skywalker e
o clã Solo se encontrarem em lados opostos de um conflito
explosivo com repercussões potencialmente devastadoras para
ambas as famílias, para a ordem Jedi e para toda a galáxia. Quando
uma missão para descobrir uma fábrica ilegal de mísseis no planeta
Aduman termina em uma emboscada violenta, da qual a Cavaleira
Jedi Jacen Solo e o seu protegido e primo, Ben Skywalker, escapam
por pouco com as suas vidas; é a evidência mais alarmante ainda
que desencadeia uma discussão política. A agitação está
ameaçando inflamar-se em total Rebelião. Os governos de vários
mundos estão se irritando com os rígidos regulamentos da Aliança
Galáctica, e os esforços diplomáticos para garantir o cumprimento
estão falhando. Temendo o pior, a Aliança prepara uma
demonstração preventiva de poder militar, numa tentativa de trazer
os mundos renegados para a frente antes que uma revolta entre em
erupção. O alvo modelado para esse exercício: o planeta Corellia,
conhecido pela independência impetuosa e pelo espírito renegado
que fizeram de seu filho favorito, Han Solo, uma lenda. Algo como
um trapaceiro, Jacen é, no entanto, obrigado como Jedi a ficar com
seu tio, o Mestre Jedi Luke Skywalkers, ao lado da Aliança
Galáctica. Mas quando os Corellianos de guerra lançam um contra-
ataque, a demonstração de força da Aliança, e uma missão secreta
para desativar a crucial Estação Central de Corellia; dão lugar a
uma escaramuça armada. Quando a fumaça baixa, as linhas de
batalha são traçadas. Agora, o espectro da guerra em grande escala
aparece entre um grupo crescente de planetas desafiadores e a
Aliança Galáctica, que alguns temem estar se tornando um novo
Império. E, enquanto os dois lados lutam para encontrar uma
solução diplomática, atos misteriosos de traição e sabotagem
ameaçam condenar os esforços de paz a todo momento.
Determinado a erradicar os que estão por trás do caos, Jacen segue
uma trilha de pistas enigmáticas para um encontro sombrio com as
mais chocantes revelações… enquanto Luke se depara com algo
ainda mais preocupante: visões de sonho de uma figura sombria
cujo poder da Força e crueldade lembram a ele de Darth Vader, um
inimigo letal que ataca como um espírito sombrio em uma missão de
destruição. Um agente do mal que, se as visões de Luke
acontecerem, trará uma dor incalculável ao Mestre Jedi e a toda a
galáxia.

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Star Wars: Battlefront II: Esquadrão Inferno

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Após o humilhante roubo dos planos da Estrela da Morte e a


destruição da estação de batalha, o Império está na defensiva. Mas
não por muito. Em retaliação, os soldados imperiais de elite do
Esquadrão Inferno foram chamados para a missão crucial de se
infiltrar e eliminar os guerrilheiros, a facção rebelde que já foi
liderada pelo famoso lutador pela liberdade da República, Saw
Gerrera. Após a morte de seu líder, os guerrilheiros continuaram seu
legado extremista, determinados a frustrar o Império, não importa o
custo. Agora o Esquadrão Inferno deve provar seu status como o
melhor dos melhores e derrubar os Partisans de dentro. Mas a
crescente ameaça de serem descobertos no meio de seu inimigo
transforma uma operação já perigosa em um teste ácido de fazer ou
morrer que eles não ousam falhar. Para proteger e preservar o
Império, até onde irá o Esquadrão Inferno. . . e quão longe deles?
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Star Wars: Catalisador: Um Romance de Rogue One

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A guerra está destruindo a galáxia. Durante anos, a República e os


Separatistas lutaram entre as estrelas, cada um construindo uma
tecnologia cada vez mais mortal na tentativa de vencer a guerra.
Como membro do projeto secreto da Estrela da Morte do Chanceler
Palpatine, Orson Krennic está determinado a desenvolver uma
super arma antes que os inimigos da República possam. E um velho
amigo de Krennic, o brilhante cientista Galen Erso, poderia ser a
chave para a tentativa de vencer a guerra. Como membro do projeto
secreto da Estrela da Morte do Chanceler Palpatine, Orson Krennic
está determinado a desenvolver uma super arma antes que os
inimigos da República possam. E um velho amigo de Krennic, o
brilhante cientista Galen Erso, poderia ser a chave. A pesquisa
focada na energia de Galen chamou a atenção de Krennic e de seus
inimigos, tornando o cientista um peão crucial no conflito galáctico.
Mas depois que Krennic resgata Galen, sua esposa, Lyra, e sua
filha Jyn, de sequestradores separatistas, a família Erso está
profundamente em dívida com Krennic. Krennic então oferece a
Galen uma oportunidade extraordinária: continuar seus estudos
científicos com todos os recursos totalmente à sua disposição.
Enquanto Galen e Lyra acreditam que sua pesquisa energética será
usada puramente de maneiras altruístas, Krennic tem outros planos
que finalmente tornarão a Estrela da Morte uma realidade. Presos
no aperto cada vez maior de seus benfeitores, os Ersos precisam
desembaraçar a teia de decepção de Krennic para salvar a si
mesmos e à própria galáxia.

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Star Wars: Ascensão Rebelde

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Quando Jyn Erso tinha cinco anos, sua mãe foi assassinada e seu
pai foi tirado dela para servir ao Império. Mas, apesar da perda de
seus pais, ela não está completamente sozinha, — Saw Gerrera, um
homem disposto a ir a todos os extremos necessários para resistir à
tirania imperial, acolhe-a como sua e dá a ela não apenas um lar,
mas todas as habilidades e os recursos de que ela precisa para se
tornar uma rebelde.Jyn se dedica à causa e ao homem. Mas lutar ao
lado de Saw e seu povo traz consigo o perigo e a questão de quão
longe Jyn está disposta a ir como um dos soldados de Saw. Quando
ela enfrenta uma traição impensável que destrói seu mundo, Jyn
terá que se recompor e descobrir no que ela realmente acredita… e
em quem ela pode realmente confiar.

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Star Wars: A Alta República: A Luz dos Jedi

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Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo


da Ameaça Fantasma . . . Os Jedi iluminaram o caminho para a
galáxia na Alta República. É uma era de ouro. Os intrépidos
batedores do hiperespaço expandem o alcance da República para
as estrelas mais distantes, mundos prosperam sob a liderança
benevolente do Senado e a paz reina, reforçada pela sabedoria e
força da renomada ordem de usuários da Força conhecidos como
Jedi. Com os Jedi no auge de seu poder, os cidadãos livres da
galáxia estão confiantes em sua habilidade de resistir a qualquer
tempestade. Mas mesmo a luz mais brilhante pode lançar uma
sombra, e algumas tempestades desafiam qualquer preparação.
Quando uma catástrofe chocante no hiperespaço despedaça uma
nave, a enxurrada de estilhaços que emergem do desastre ameaça
todo o sistema. Assim que o pedido de ajuda sai, os Jedi correm
para o local. O escopo do surgimento, no entanto, é o suficiente
para levar até os Jedi ao seu limite. Enquanto o céu se abre e a
destruição cai sobre a aliança pacífica que ajudaram a construir, os
Jedi devem confiar na Força para vê-los em um dia em que um
único erro pode custar bilhões de vidas. Mesmo enquanto os Jedi
lutam bravamente contra a calamidade, algo verdadeiramente
mortal cresce além dos limites da República. O desastre do
hiperespaço é muito mais sinistro do que os Jedi poderiam
suspeitar. Uma ameaça se esconde na escuridão, longe da era da
luz, e guarda um segredo.

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Star Wars: A Alta República: O Grande Resgate Jedi

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Conheça os nobres e sábios Jedi da Alta República!Quando um


desastre acontece no hiperespaço, colocando o povo de Hetzal
Prime em grave perigo, apenas os Jedi da Alta República podem
salvar o dia! Esse ebook é a forma mais incrível de introduzir as
crianças nessa nova Era da Alta República, pois reconta a história
do Ebook Luz dos Jedi de forma simples e didática para as crianças.
(FAIXA ETÁRIA: 5 a 8 anos)

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Star Wars: A Alta República: Na Escuridão

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Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo


da Ameaça Fantasma... Os Jedi iluminaram o caminho para a
galáxia na Alta República. Padawan Reath Silas está sendo enviado
da cosmopolita capital galáctica de Coruscant para a fronteira
subdesenvolvida, e ele não poderia estar menos feliz com isso. Ele
prefere ficar no Templo Jedi, estudando os arquivos. Mas quando a
nave em que ele está viajando é arrancada do hiperespaço em um
desastre que abrange toda a galáxia, Reath se encontra no centro
da ação. Os Jedi e seus companheiros de viagem encontram refúgio
no que parece ser uma estação espacial abandonada. Mas então
coisas estranhas começaram a acontecer, levando os Jedi a
investigar a verdade por trás da estação misteriosa, uma verdade
que pode terminar em tragédia...

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Star Wars: A Alta República: Um Teste de Coragem

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Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo


da Ameaça Fantasma... Vernestra Rwoh é mais nova Cavaleira Jedi
com dezesseis anos, mas a sua primeira missão de verdade parece
muito com ser babá. Ela foi encarregada de supervisionar a
aspirante a inventora Avon Starros, de 12 anos, em um cruzador
rumo à inauguração de uma nova estação espacial maravilhosa
chamada Farol Luz Estelar. Mas logo em sua jornada, bombas
explodem a bordo do cruzador. Enquanto o Jedi adulto tenta salvar
a nave, Vernestra, Avon, o droide J-6 de Avon, um Padawan Jedi e
o filho de um embaixador conseguem chegar a uma nave de fuga,
mas as comunicações acabam e os suprimentos são poucos. Eles
decidem pousar em uma lua próxima, que oferece abrigo, mas não
muito mais. E sem o conhecimento deles, o perigo se esconde na
selva…
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Star Wars: A Alta República: Corrida para Torre
Crashpoint

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Outra história emocionante da série mais vendida do New York


Times! A Feira da República está chegando! Visitantes de toda a
galáxia estão viajando para o planeta Valo para um festival enorme
e inspirador que celebra a República. Enquanto os seus
companheiros Valons se preparam para a feira, o Padawan Jedi
Ram Jomaram está se escondendo em seu lugar favorito: uma
garagem suja cheia de peças mecânicas e ferramentas. Mas
quando um alarme de segurança dispara no topo de uma colina
próxima, apelidado de Pico Crashpoint, ele se aventura com o seu
confiável droide V-18 para investigar. Lá, ele descobre que alguém
derrubou a torre de comunicações de Valo, um sinal assustador de
que Valo e a Feira da República estão em perigo. Com certeza,
enquanto Ram corre para avisar os Jedi, os temidos Nihil
desencadeiam um ataque surpresa! Cabe a Ram enfrentar o inimigo
na Torre Crashpoint e enviar um pedido de ajuda à República.
Felizmente, ele está prestes a receber ajuda de novos amigos
inesperados… Não perca todas as aventuras de Star Wars: A Alta
República! (Material indicado para crianças a partir de 8 – 12 anos)

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Star Wars: Velha República: Enganados

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“Nossa hora chegou. Durante trezentos anos nos preparamos;


ficamos mais fortes enquanto você descansava em seu berço de
poder... Agora sua República cairá.”Um guerreiro Sith para rivalizar
com o mais sinistro dos Lordes Sombrios da Ordem, Darth Malgus
derrubou o Templo Jedi em Coruscant em um ataque brutal que
chocou a galáxia. Mas se a guerra o coroasse como o mais sombrio
dos heróis Sith, a paz o transformará em algo muito mais hediondo,
algo que Malgus nunca gostaria de ser, mas não pode parar de se
tornar, assim como ele não pode impedir a Jedi desobediente de se
aproximar rapidamente. O nome dela é Aryn Leneer - e o único
Cavaleiro Jedi que Malgus matou na batalha feroz pelo Templo Jedi
era seu Mestre. Agora ela vai descobrir o que aconteceu com ele,
mesmo que isso signifique quebrar todas as regras da Ordem.

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Star Wars: Thrawn: Traição

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Essa foi a promessa que o Grão Almirante Thrawn fez ao Imperador


Palpatine em seu primeiro encontro. Desde então, Thrawn tem sido
um dos instrumentos mais eficazes do Império, perseguindo os seus
inimigos até os limites da galáxia conhecida. Mas por mais que
Thrawn tenha se tornado uma arma afiada, o Imperador sonha com
algo muito mais destrutivo. Agora, enquanto o programa TIE
Defender de Thrawn é interrompido em favor do projeto
ultrassecreto conhecido apenas como Estrelinha, do Diretor Krennic,
ele percebe que o equilíbrio de poder no Império é medido por mais
do que apenas perspicácia militar ou eficiência tática. Mesmo o
maior intelecto dificilmente pode competir com o poder de aniquilar
planetas inteiros. Enquanto Thrawn trabalha para garantir o seu
lugar na hierarquia Imperial, seu ex-protegido Eli Vanto retorna com
um terrível aviso sobre o mundo natal de Thrawn. O domínio da
estratégia de Thrawn deve guiá-lo através de uma escolha
impossível: dever para com a Ascendência Chiss ou a fidelidade
para com o Império que ele jurou servir. Mesmo que a escolha certa
signifique cometer traição.

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Star Wars: Mestre e Aprendiz

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Um Jedi deve ser um guerreiro destemido, um guardião da justiça e


um erudito nos caminhos da Força. Mas talvez o dever mais
essencial de um Jedi seja transmitir o que aprenderam. Mestre Yoda
treinou Dookan o qual treinou Qui-Gon Jinn; e agora Qui-Gon tem
um Padawan próprio. Mas enquanto Qui-Gon enfrentou todos os
tipos de ameaças e perigos como um Jedi, nada o assustou tanto
quanto a ideia de falhar com seu aprendiz. Obi-Wan Kenobi tem
profundo respeito por seu Mestre, mas luta para entendê-lo. Por que
Qui-Gon deve tantas vezes desconsiderar as leis que obrigam os
Jedi? Por que Qui-Gon é atraído por antigas profecias Jedi em vez
de preocupações mais práticas? E por que Obi-Wan não disse que
Qui-Gon está considerando um convite para se juntar ao Conselho
Jedi - sabendo que isso significaria o fim de sua parceria? A
resposta simples o assusta: Obi-Wan falhou com seu Mestre.
Quando Jedi Rael Aveross, outro ex-aluno de Dookan, solicita sua
ajuda em uma disputa política, Jinn e Kenobi viajam para a Corte
Real de Pijal para o que pode ser sua missão final juntos. O que
deveria ser uma tarefa simples rapidamente se torna obscurecido
por engano e por visões de desastre violento que tomam conta da
mente de Qui-Gon. Conforme a fé de Qui-Gon na profecia cresce, a
fé de Obi-Wan nele é testada - assim como surge uma ameaça que
exigirá que o Mestre e o Aprendiz se unam como nunca antes, ou se
dividam para sempre.

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Star Wars: Legado da Força: Linhagens de Sangue

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Uma nova era de aventuras emocionantes e revelações chocantes


continua a se desenrolar, à medida que a lendária saga Star Wars
avança em um novo território surpreendente. A guerra civil se
aproxima enquanto a incipiente Aliança Galáctica enfrenta um
número crescente de mundos rebeldes... e a guerra que se
aproxima está separando as famílias Skywalker e Solo. Han e Leia
retornam ao mundo natal de Han, Corellia, o coração da resistência.
Os seus filhos, Jacen e Jaina, são soldados na campanha da
Aliança Galáctica para esmagar os insurgentes. Jacen, agora um
mestre completo da Força, tem os seus próprios planos para trazer
ordem à galáxia. Guiado por sua mentora Sith, Lumiya, e com o filho
de Luke, Ben, ao seu lado, Jacen embarca no mesmo caminho que
o seu avô Darth Vader fez uma vez. E enquanto Han e Leia
assistem o seu único filho homem se tornar um estranho, um
assassino secreto emaranha o casal com um nome temido do
passado de Han: Boba Fett. Na nova ordem galáctica, amigos e
inimigos não são mais o que parecem...

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Star Wars: A Sombra da Rainha

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Quando Padmé Naberrie, Rainha Amidala de Naboo, deixa sua


posição, ela é convidada pela rainha recém-eleita para se tornar a
representante de Naboo no Senado Galáctico. Padmé não tem
certeza sobre assumir a nova função, mas não pode recusar o
pedido para servir seu povo. Junto com suas servas mais leais,
Padmé deve descobrir como navegar nas águas traiçoeiras da
política e forjar uma nova identidade além da sombra da rainha.

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Star Wars: Amanhecer dos Jedi - No vazio

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No planeta Tython, a antiga ordem Je'daii foi fundada. E aos pés de


seus sábios Mestres, Lanoree Brock aprendeu os mistérios e
métodos da Força, e encontrou seu chamado como um de seus
discípulos mais poderosos. Mas tão fortemente quanto a Força fluiu
dentro de Lanoree e seus pais, ela permaneceu ausente em seu
irmão, que passou a desprezar e evitar os Je'daii, e cujo
treinamento em seus métodos antigos terminou em tragédia. Agora,
de sua vida solitária como um Patrulheira mantendo a ordem em
toda a galáxia, Lanoree foi convocada pelo Conselho Je'daii em
uma questão de extrema urgência. O líder de um culto fanático,
obcecado em viajar além dos limites do espaço conhecido, está
empenhado em abrir um portal cósmico usando a temida matéria
escura como chave - arriscando uma reação cataclísmica que
consumirá todo o sistema estelar. Porém, mais chocante para
Lanoree do que até mesmo a perspectiva de aniquilação galáctica
total, é a decisão de seus Mestres Je'daii de incumbi-la da missão
de evitá-la. Até que uma revelação surpreendente deixa claro por
que ela foi escolhida: o louco brilhante e perigoso que ela deve
rastrear e parar a qualquer custo é o irmão cuja morte ela lamentou
por muito tempo, e cuja vida ela deve temer agora.

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Star Wars: Thrawn: ASCENDÊNCIA (Livro I – Caos
Crescente)

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Além do limite da galáxia estão as Regiões Desconhecidas:


caóticas, desconhecidas e quase intransitáveis, com segredos
ocultos e perigos em igual medida. E aninhada em seu caos
turbulento está a Ascendência, lar dos enigmáticos Chiss e das
Nove Famílias Regentes que as lideram. A paz da Ascensão, um
farol de calma e estabilidade, é destruída após um ousado ataque à
capital de Chiss que não deixa vestígios do inimigo. Perplexo, a
Ascendência despacha um de seus jovens oficiais militares para
erradicar os agressores invisíveis. Um recruta nascido sem título,
mas adotado na poderosa família de Mitth e que recebeu o nome de
Thrawn. Com o poder da Frota Expansionista em suas costas e a
ajuda de sua camarada Almirante Ar’alani, as respostas começam a
se encaixar. Mas conforme o primeiro comando de Thrawn investiga
mais profundamente a vasta extensão do espaço que seu povo
chama de Caos, ele percebe que a missão que lhe foi dada não é o
que parece.

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Star Wars: A Alta República - Tormenta Crescente

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Os heróis da era da Alta República retornam para enfrentar uma paz


destruída e um inimigo terrível, após os eventos dramáticos de Luz
dos Jedi. Na esteira do desastre do hiperespaço e do heroísmo dos
Jedi, a República continua a crescer, reunindo mais mundos sob
uma única bandeira unificada. Sob a liderança da Chanceler Lina
Soh, o espírito de unidade se estende por toda a galáxia, com os
Jedi e a estação Farol Luz Estelar recentemente estabelecida na
vanguarda. Em comemoração, a chanceler planeja a Feira da
República, será uma vitrine das possibilidades e da paz da
República em expansão, uma paz que os Jedi esperam promover.
Stellan Gios, Bell Zettifar, Elzar Mann e outros se juntam ao evento
como embaixadores da harmonia. Mas à medida que os olhos da
galáxia se voltam para a feira, o mesmo ocorre com a fúria dos Nihil.
O seu líder, Marchion Ro, pretende destruir essa unidade. Sua
Tempestade desce sobre a pompa e a celebração, semeando o
caos e exigindo vingança.

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Star Wars: Velha República – Aniquilação

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O Império Sith está em fluxo. O imperador está desaparecido, dado


como morto, e a tentativa de um ambicioso lorde Sith de tomar o
trono terminou fatalmente. Ainda assim, Darth Karrid, comandante
do temível cruzador de batalha Imperial Lança Ascendente, continua
seus esforços incansáveis para alcançar o domínio Sith total da
galáxia. Mas a determinação implacável de Karrid é mais do que
compatível com a determinação de aço de Theron Shan, cujos
negócios inacabados com o Império podem mudar o curso da
guerra para sempre. Embora filho de uma mestra Jedi, Theron não
exerce a Força... mas, como a sua renomada mãe, o espírito de
rebelião está em seu sangue. Como um importante agente secreto
da República, ele desferiu um golpe crucial contra o Império ao
expor e destruir um arsenal de super arma Sith, o que o torna o
agente ideal para uma missão ousada e perigosa para acabar com o
reinado de terror da Lança Ascendente. Juntamente com a
contrabandista Teff'ith, com quem ele tem uma ligação inexplicável,
e o sábio guerreiro Jedi Gnost-Dural, ex-mestre de Darth Karrid,
Theron deve combinar inteligência e armas com uma tripulação
testada em batalha da escuridão mais fria discípulos secundários.
Mas o tempo é brutalmente curto. E se eles não aproveitarem sua
única chance de sucesso, certamente terão inúmeras oportunidades
de morrer.

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Star Wars – The Clone Wars – Histórias de Luz e
Escuridão

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Um confronto épico entre as forças da luz e das trevas, entre a


República Galáctica e os Separatistas, entre bravos heróis e vilões
brilhantes – o destino da galáxia está em jogo na série de animação
ganhadora do Emmy Award, Star Wars: The Clone Wars. Nesta
emocionante antologia, onze autores que também são fãs da série
trazem histórias de seu programa favorito para a vida. Reunidos
aqui estão momentos memoráveis e aventuras impressionantes, de
tentativas de assassinato a generosidades roubadas, de lições
aprendidas a amores perdidos. Todos os seus personagens
favoritos de The Clone Wars estão aqui: Anakin Skywalker, Yoda,
Obi-Wan Kenobi, Ahsoka Tano, Capitão Rex, Darth Maul, Conde
Dookan e muito mais!

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Star Wars – Tribo Perdida dos Sith: Coletânea de
Histórias

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Finalmente, em um volume único, as oito partes originais da épica


série de e-books Tribo perdida dos Sith… junto com o final explosivo
e nunca antes publicado, Pandemônio, com mais de cem páginas
de novo material! Cinco mil anos atrás. Após uma emboscada Jedi,
a nave mineira Sith Presságio está destruída em um planeta
desconhecido e remoto. Seu comandante, Yaru Korsin, luta contra o
derramamento de sangue de uma facção amotinada liderada por
seu próprio irmão. Encalhados e enfrentando a morte, a tripulação
Sith não tem escolha a não ser se aventurar em seus arredores
desolados. Eles enfrentam inúmeros desafios brutais, predadores
cruéis, pragas letais, tribos que adoram deuses vingativos… e,
como verdadeiros guerreiros Sith, enfrentam-nos com o lado
sombrio da Força. As lutas só estão começando para os orgulhosos
e intransigentes Sith, dirigidos como estão para governar a todo
custo. Eles vencerão os nativos primitivos e encontrarão o caminho
de volta ao seu verdadeiro destino como governantes da galáxia.
Mas à medida que o seu legado cresce ao longo de milhares de
anos, os Sith acabam sendo testados pela ameaça mais perigosa
de todas: o inimigo interno.

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Star Wars – Esquadrão Alfabeto

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O Imperador está morto. A Rebelião é vitoriosa. No rescaldo, Yrica


Quell é apenas um dos milhares de desertores imperiais que vivem
em uma favela de desertores. Incerta sobre o seu lugar na
República contra a qual ela lutou uma vez, ela começou a perder
qualquer esperança de redenção, até que ela seja selecionada para
se juntar ao Esquadrão do Alfabeto. Formados por uma variedade
eclética de pilotos e caças, os cinco membros da Alfabeto são
encarregados pela própria general da Nova República, Hera
Syndulla. A missão deles: rastrear e destruir o misterioso Shadow
Wing, uma força letal de TIE fighters exigindo uma vingança
sangrenta e impiedosa no crepúsculo de seu reinado. Mas passar
de rebeldes menos favorecidos a heróis célebres não é tão fácil
quanto parece. Os rebeldes guerreiros do Esquadrão Alfabeto terão
que aprender a voar juntos para proteger a nova era de paz que
lutaram tanto para conquistar.

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Star Wars - Comandos da República - Contato Hostil

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Enquanto a Guerra dos Clones se enfurece, a vitória ou a derrota


estão nas mãos de esquadrões de elite que assumem as tarefas
mais difíceis na galáxia, soldados frios que vão aonde ninguém mais
iria, para fazer o que ninguém mais poderia... Em uma missão para
sabotar uma instalação de pesquisa de armas químicas em um
planeta controlado pelos Separatistas, quatro soldados clones
operam sob o nariz de seus inimigos. Os comandos estão em menor
número e com menos armas, bem atrás das linhas inimigas, sem
apoio, e trabalhando com estranhos em vez de companheiros de
equipe de confiança. As coisas não melhoram quando Darman, o
especialista em demolições do esquadrão, se separa dos outros
durante a queda do planeta. Mesmo a aparente boa sorte de
Darman em encontrar uma Padawan inexperiente desaparece
quando Etain admite a sua terrível inexperiência. Para os comandos
clones divididos e o Jedi preso, uma longa e perigosa jornada está à
frente, através de um território hostil repleto de escravos
Trandoshanos, Separatistas e nativos suspeitos. Um único passo
em falso pode significar descoberta... e morte. É uma missão suicida
virtual para qualquer um, exceto para os Comandos da República.

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Star Wars - Alta República - Confronto na Feira

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Muito antes das Guerras Clônicas, do Império ou da Primeira


Ordem, os Jedi iluminaram o caminho para a galáxia em uma era
dourada conhecida como Alta República! Este emocionante livro de
histórias colorido traz à vida um confronto épico entre os Cavaleiros
Jedi e seus misteriosos inimigos, os Nihil. Burryaga, o Wookiee
Padawan e seus companheiros Jedi devem salvar o dia! Esse ebook
é a forma mais incrível de introduzir as crianças nessa nova Era da
Alta República, pois reconta a história do Ebook Tormenta
Crescente do ponto de vista do Padawan Jedi Burryaga, que conta
de forma simples e didática para as crianças. (FAIXA ETÁRIA: 6 a 8
anos)

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Star Wars – A Alta República – Fora das Sombras

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Sylvestri Yarrow vive uma maré de azar sem fim. Ela tem feito o
possível para manter o negócio de carga da família em
funcionamento após a morte de sua mãe, mas entre o aumento das
dívidas e o aumento dos ataques dos Nihil a naves desavisados, Syl
corre o risco de perder tudo o que resta de sua mãe. Ela segue para
a capital galáctica de Coruscant em busca de ajuda, mas é desviada
quando é arrastada para uma disputa entre duas das famílias mais
poderosas da República por um pedaço do espaço na fronteira.
Emaranhada na política familiar é o último lugar que Syl quer estar,
mas a promessa de uma grande recompensa é o suficiente para
mantê-la interessada… Enquanto isso, o Cavaleiro Jedi Vernestra
Rwoh foi convocada para Coruscant, mas sem nenhuma ideia do
porquê ou por quem. Ela e seu Padawan Imri Cantaros chegam à
capital junto com o Mestre Jedi Cohmac Vitus e seu Padawan,
Reath Silas, e são convidados a ajudar na disputa de propriedade
na fronteira. Mas por que? O que há de tão importante em um
pedaço de espaço vazio? A resposta levará Vernestra a uma nova
compreensão de suas habilidades e levará Syl de volta ao
passado… e às verdades que finalmente surgirão das sombras.

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