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Sumário
Capa
Página Título
Direitos Autorais
Dramatis Personae
Epígrafo
Prólogo
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Catorze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Capítulo Vinte e Um
Capítulo Vinte e Dois
Capítulo Vinte e Três
Capítulo Vinte e Quatro
Sobre o Ebook
Sobre a Autora
Agradecimentos
Dramatis Personae
Nenhum dos tripulantes da Anakin Solo pareceu achar estranho que a nave
estivesse fazendo um curso extraordinariamente tortuoso de volta a
Coruscant.
Jacen sentiu a paciência resignada do general. Era o que esperavam do
chefe da Guarda da Aliança Galáctica e não fizeram perguntas. Também
sentiu Ben Skywalker, e estava usando cada fragmento de sua concentração
para se concentrar em seu aprendiz e localizá-lo.
Ele está bem. Eu sei isso. Mas algo não saiu como planejado.
Jacen se concentrou em um ponto de luz azul no repetidor de ponte
situado no anteparo. Sentiu Ben no fundo de sua mente do jeito que poderia
sentir um cheiro familiar, mas indescritível, do tipo que era tão distinto que
era inconfundível. Ileso, vivo, bem, mas algo não estava certo. A
perturbação na Força, um leve formigamento no fundo de sua garganta que
nunca havia sentido antes, deixou Jacen ansioso; esses dias não gostava do
que não sabia. Era um contraste gritante com os dias em que vagava pela
galáxia em busca do esotérico e do misterioso em busca de um novo
conhecimento da Força. Ultimamente, queria certeza. Queria ordem, e
ordem criada por si mesmo.
Eu não estava livrando a galáxia do caos então. Os tempos mudaram.
Sou responsável por mundos agora, não só por mim mesmo.
A missão de Ben o teria levado... onde, exatamente? Ziost. Localizar
um garoto de quatorze anos, nem mesmo uma nave, só cinquenta e cinco
quilos de humanidade, em um amplo corredor ao redor da Rota Comercial
Perlemiana era uma tarefa difícil, mesmo com a ajuda da Força.
Ele tem um comunicador seguro. Mas ele não vai usá-lo. Eu o ensinei a
manter as transmissões no mínimo. Mas Ben, se você está com problemas,
você tem que quebrar o silêncio...
Jacen esperou, olhando através das telas e leituras que refletiam as dos
consoles de operações no coração da nave. Começou a perder o hábito de
esperar que a Força revelasse as coisas pra ele. Era fácil fazer depois de
tomar tanto em suas próprias mãos e forçar o destino nos últimos meses.
Em algum lugar na Anakin Solo, sentiu Lumiya como um redemoinho
rodopiando na margem de um rio. Soltou e ampliou a sua presença na
Força.
Ben... estou aqui, Ben...
Quanto mais Jacen relaxava e deixava a Força varrê-lo, e agora era
difícil deixar ir e ser varrido, muito mais difícil do que controlar o seu
poder, mais ele tinha a sensação de que Ben estava sendo acompanhado.
Então... então teve a sensação de que Ben o procurava, tateando para
encontrá-lo.
Ele tem algo com ele. Não pode ser o Amuleto, com certeza. Ele vai
ficar zangado porque o mandei fazer um exercício no meio de uma guerra.
Vou ter que explicar isso com muito, muito cuidado...
Tinha sido apenas uma simulação para livrá-lo de Luke e Mara por um
tempo, para dar a ele algum espaço para ser ele mesmo. Ben não era mais o
garotinho dos Skywalkers. Ele assumiria o manto de Jacen um dia, e essa
não era uma tarefa para uma criança superprotegida que nunca teve
permissão para se testar longe da sombra esmagadoramente longa de seu
pai, o Grão Mestre Jedi.
Você é muito mais resistente do que eles pensam. Não é Ben?
Jacen sentiu o fraco eco de Ben voltar até ele e se tornar uma pressão
insistente no fundo de sua garganta. Respirou fundo. Agora ambos sabiam
que estavam procurando um pelo outro. Saiu de sua meditação e se dirigiu
para a ponte.
— Tudo parado. — A ponte estava na semi escuridão, iluminada pela
névoa de luz verde e azul suave que se derramava de telas de situação que
drenavam a cor dos rostos da tripulação totalmente leal escolhida a dedo.
Jacen caminhou até o visor principal e olhou para as estrelas como se
pudesse ver algo. — Mantenham esta posição. Estamos esperando por...
uma nave, acredito.
A tenente Tebut, atual oficial de guarda, ergueu os olhos do console sem
levantar a cabeça. Isso deu a ela um ar de desaprovação, mas era puramente
um hábito.
— Se o senhor pudesse ser mais específico, senhor...
— Eu não sei que tipo de nave, — Jacen disse, — mas saberei quando a
vir.
— Você está certo, senhor.
Eles esperaram. Jacen estava consciente de Ben, muito mais
concentrado e intenso agora, um clima geral de negócios como de costume
na nave e a corrente subjacente da inquietação de Lumiya. Fechando os
olhos, sentiu a presença de Ben mais forte do que nunca.
Tebut levou a ponta do dedo ao ouvido como se tivesse ouvido algo em
seu fone de ouvido do tamanho de um ponto eletrônico.
— Nave não identificada em rota de interceptação. Alcance de dez mil
quilômetros a bombordo.
Um pontinho de luz amarela moveu-se contra uma constelação de
marcadores coloridos no holo monitor. O rastro era pequeno, talvez do
tamanho de um caça estelar, mas era uma nave, aproximando-se em alta
velocidade.
— Não sei exatamente o que é, senhor. O oficial parecia nervoso. Jacen
ficou brevemente perturbado ao pensar que agora inspirava medo sem razão
aparente. — Ele não corresponde a nenhuma assinatura de calor ou perfil de
direção que temos. Nenhuma indicação se está armado. Nenhum sinal de
transmissor também.
Era uma pequena nave, e este era um Star Destroier. Era mais uma
curiosidade do que uma ameaça. Mas Jacen não tomou nada como certo;
sempre haviam armadilhas. Essa não parecia uma, mas ainda não conseguia
identificar aquela sensação de algo diferente.
— Está desacelerando, senhor.
— Deixe-me saber quando você tiver um visual. — Jacen quase podia
provar onde estava e considerou trazer a Anakin Solo para que pudesse
observar a nave se tornar um ponto da luz refletida da estrela de Contruum,
então se expandir em uma forma reconhecível. Mas não precisava; a tela de
rastreamento lhe deu uma visão melhor. — Preparem os canhões e não
abram fogo, exceto por minha ordem.
Na garganta de Jacen, em uma linha nivelada com a base de seu crânio,
havia o leve formigamento da ansiedade de alguém. Ben sabia que a Anakin
Solo estava colocando uma posição de tiro nele.
Calma Ben...
— Contato no alcance visual, senhor. — Tebut parecia aliviada. A tela
foi atualizada, mudando de um esquema para uma imagem real que só ela e
Jacen podiam ver. Ela bateu com o dedo no transparaço. — Minha nossa, é
Yuuzhan Vong?
Era um olho sem corpo com duas... bem, asas de cada lado. Não havia
outra palavra para descrevê-los. Membranas esticadas entre dedos
articulados de palhetas como teias. A superfície âmbar opaca parecia
coberta por um rendilhado de vasos sanguíneos. Por um breve momento,
Jacen pensou que era exatamente isso, uma nave orgânica, uma embarcação
viva e um ecossistema por si só, do tipo que apenas os odiados invasores
Yuuzhan Vong haviam criado. Mas era de alguma forma muito regular,
muito construída. Pináculos agrupados de projeções pontiagudas erguiam-se
do casco como uma rosa dos ventos, dando-lhe uma aparência estilizada em
forma de cruz.
Em algum lugar de sua mente, Lumiya ficou muito alerta e imóvel.
— Eu conhecia bem os Yuuzhan Vong, — disse Jacen. — E esse não é
bem o estilo deles.
A conexão de áudio fez um som efervescente e então voltou à vida.
— Aqui é Ben Skywalker. Anakin Solo, aqui é Ben Skywalker da
Guarda da Aliança Galáctica. Não atirem... por favor.
Houve um suspiro coletivo de divertido alívio na ponte. Jacen pensou
que quanto menos pessoas vissem a nave, e quanto mais cedo ela atracasse
no hangar, para ser escondida com uma cobertura de olhos curiosos, melhor.
— Você está sozinho, Skywalker? — Tecnicamente, Ben era um tenente
júnior, mas Skywalker serviria: Ben não, não agora que tinha os deveres de
um homem adulto. — Sem passageiros?
— Só a nave... senhor.
— Permissão para atracar. — Jacen olhou ao redor para a tripulação da
ponte e acenou para Tebut. — Apague o retorno visual. Trate esta nave
como secreta. Ninguém discute isso, ninguém viu e nunca a levamos a
bordo. Entendido?
— Sim senhor. Vou liberar todo o pessoal da área do Hangar Zeta.
Apenas um procedimento de segurança de rotina. Tebut era exatamente
como o capitão Shevu e o cabo Lekauf: totalmente confiável.
— Bem pensado, — Jacen disse. — Vou ver o Skywalker ancorado com
segurança. Dê-me acesso às escotilhas da baía.
Jacen fez seu caminho até o convés, resistindo ao impulso de correr
enquanto tomava o caminho mais curto através de passagens e escadas de
duraço para baixo na seção inferior do casco, bem longe dos hangares
ocupados de caças estelares. Droides e tripulação cumprindo seu dever
pareciam surpresos em vê-lo. Quando alcançou o Hangar Zeta, o vazio
salpicado do espaço era visível através da escotilha aberta que normalmente
permitia transporte de suprimentos, e o reflexo que viu na barreira de ar de
transparaço era o de um homem ligeiramente desgrenhado pela pressa
ansiosa. Precisava de um corte de cabelo.
Também podia sentir Lumiya.
— Então, o que a traz aqui? — ele perguntou, desativando a holo
câmera de segurança do convés. — O retorno do herói?
Ela emergiu da sombra de um poço de acesso de engenharia, com o
rosto meio velado. Os seus olhos traíam um pouco de cansaço: o mais leve
dos círculos azuis os rodeava. A briga com Luke deve ter tirado isso dela.
— A nave, — disse ela. — Olhe.
Uma esfera com veios de dez metros de diâmetro preenchia a abertura
da escotilha, os seus painéis em forma de asa dobrados para trás. Ela pairou
silenciosamente por um momento e então pousou suavemente no centro do
convés. As portas da escotilha se fecharam por trás dela. Passaram-se
alguns momentos antes que o hangar fosse repressurizado e uma abertura
aparecesse no invólucro da esfera para ejetar uma rampa.
— Ben fez muito bem em pilotá-la, — disse Lumiya.
— Ele fez bem em me localizar.
Ela se dissolveu na sombra, mas Jacen sabia que ela ainda estava lá
observando enquanto caminhava até a rampa. Ben emergiu da abertura em
roupas civis sujas. Ele não parecia satisfeito consigo mesmo; na verdade,
ele parecia cauteloso e mal-humorado, como se esperasse problemas. Ele
também parecia repentinamente mais velho.
Jacen estendeu a mão e apertou o ombro de seu primo, sentindo a
energia reprimida nele. — Então, você certamente sabe como fazer uma
entrada, Ben. Onde você conseguiu isso?
— Oi, Jacen. — Ben enfiou a mão na túnica e, quando a retirou, uma
corrente de prata pendia de seu punho: o Amuleto de Kalara. Exalava uma
energia sombria quase como um perfume pungente que grudava e não ia
embora. — Você me pediu para pegar isso, e eu peguei.
Jacen estendeu a mão. Ben colocou o amuleto incrustado na palma da
mão, enrolando a corrente em cima dele. Fisicamente, parecia bastante
comum, uma joia pesada e um tanto vulgar, mas lhe dava a sensação de um
peso passando por seu corpo e se acomodando na boca do estômago.
Colocou-a dentro de sua jaqueta.
— Você se saiu bem, Ben.
— Eu encontrei em Ziost, caso você queira saber. E foi aí que consegui
a nave também. Alguém tentou me matar e eu agarrei a primeira coisa que
pude para escapar.
O atentado contra a vida de Ben não atingiu Jacen tão forte quanto a
menção de Ziost, o mundo natal dos Sith. Jacen não tinha negociado com
isso. Ben não estava pronto para ouvir a verdade sobre os Sith ou que ele
foi aprendiz, informalmente ou não, do homem destinado a ser o Mestre da
ordem. Jacen não sentiu nenhuma reação de Lumiya, mas ela tinha que
estar ouvindo isso. Ela ainda estava à espreita.
— Era uma missão perigosa, mas eu sabia que você poderia lidar com
isso. — Lumiya, você arranjou isso. Qual é o seu jogo? 'Quem tentou te
matar'?
— Um Bothano armou pra mim, — disse Ben. — Dyur. Ele pagou um
mensageiro para levar o Amuleto para Ziost, incriminou-o como ladrão e o
cara acabou morto. Eu me vinguei do Bothano, porém, eu explodi a nave
que estava mirando em mim. Espero que tenha sido de Dyur.
— Como?
Ben fez um gesto por cima do ombro com o polegar.
— Está armada. Parece ter as armas que você quiser.
— Bom trabalho. — Jacen teve a sensação de que Ben suspeitava de
toda a galáxia naquele momento. Os seus olhos azuis tinham um tom cinza,
como se alguém tivesse desligado a luz entusiasmada nele. Era isso que o
fazia parecer mais velho; um encontro com um mundo hostil, outro passo
para longe de sua existência protegida anterior, e uma parte essencial de seu
treinamento. — Ben, trate isso como ultrassecreto. A nave agora será
secreta, como a sua missão. Nem uma palavra pra ninguém.
— Como se eu fosse escrever para mamãe e papai sobre isso... o que fiz
nas minhas férias, por Ben Skywalker, quatorze anos e duas semanas. — Ai.
Ben não estava mais entusiasmado e cegamente ansioso para agradar... mas
isso era uma coisa boa em um aprendiz Sith. Jacen mudou de tática; os
aniversários tinham um jeito de fazer você fazer um balanço se você os
gastasse em algum lugar desagradável. — Como você voou isso? Nunca vi
nada igual.
Ben deu de ombros e cruzou os braços sobre o peito, de costas para a
embarcação, mas continuou olhando em volta como se quisesse verificar se
ela ainda estava lá.
— Você pensa o que quer que ela faça, e ela faz. Você pode até falar
com ela. Mas não tem nenhum controle adequado. — Ele olhou por cima do
ombro novamente. — Ela fala com você através de seus pensamentos. E
não tem uma boa opinião sobre mim.
Uma nave Sith. Ben havia voado em uma nave Sith de volta de Ziost.
Jacen resistiu à tentação de entrar e examiná-la.
— Você precisa voltar para casa. Eu disse aos seus pais que não sabia
onde você estava e insinuei que eles podem ter feito você fugir por serem
superprotetores.
Ben parecia um pouco mal-humorado.
— Obrigado.
— É verdade, no entanto. Você sabe que é. — Jacen percebeu que não
havia dito o que realmente importava. — Ben, estou orgulhoso de você.
Sentiu um leve brilho de satisfação em Ben que morreu quase assim que
começou.
— Farei um relatório completo, se você quiser.
— Assim que puder. — Jacen o guiou em direção à saída do hangar. —
Provavelmente é melhor que você não chegue em casa nesta nave. Vamos
transportá-lo para o planeta seguro mais próximo e você pode fazer uma
viagem mais convencional em um voo de passageiros.
— Preciso de alguns créditos para a passagem. Estou farto de roubar
para sobreviver.
— Claro. — Ben tinha feito o trabalho e provou que poderia sobreviver
com a sua inteligência. Jacen percebeu que a arte de construir um homem
era empurrá-lo com força suficiente para endurecê-lo sem aliená-lo. Foi
uma linha que explorou cuidadosamente. Procurou em seu bolso uma
mistura de denominações em moedas de crédito não rastreáveis. — Agora
você vai. Agora pegue algo para comer também.
Com um último olhar para a nave esférica, Ben deu a Jacen uma
saudação casual antes de caminhar na direção do turbo elevador do
suprimento. Jacen esperou. A nave o observava: sentia, não estava viva,
mas consciente. Eventualmente, ouviu passos suaves no convés por trás
dele, e a nave de alguma forma pareceu ignorá-lo e olhou para outro lugar.
— Uma esfera de meditação Sith, — disse Lumiya.
— Uma nave de ataque. Um caça.
— É antiga, absolutamente antiga. — Ela caminhou até ela e colocou a
mão no casco. Parecia ter derretido em um hemisfério próximo, as palhetas
e, Jacen assumiu, mastros de sistemas em sua quilha dobradas abaixo dele.
Naquele momento, lembrou-se de um animal de estimação agachada diante
de seu dono, em busca de aprovação. Na verdade, parecia brilhar como uma
brasa em leque.
— Que peça magnífica de engenharia. — A sobrancelha de Lumiya se
ergueu e os seus olhos se enrugaram nos cantos; Jacen imaginou que ela
estava sorrindo, surpresa. — Ela diz que me encontrou.
Foi um comentário descuidado, raro para Lumiya, e quase uma
admissão. Ben foi atacado em um teste que Lumiya preparou; a nave veio
de Ziost. Circunstancialmente, não parecia bom.
— Ela estava procurando por você?
Ela pausou novamente, ouvindo uma voz que ele não podia ouvir.
— Diz que Ben precisava encontrar você e, quando o encontrou,
também me reconheceu como Sith e veio até mim para obter instruções.
— Como ele me encontrou? Não posso ser detectado na Força se não
quiser, e não me deixei ser detectado até...
Uma pausa. Os olhos de Lumiya eram notavelmente expressivos. Ela
parecia muito tocada pela atenção da nave. Jacen imaginou que ninguém,
nada, tinha mostrado qualquer interesse em seu bem-estar por muito, muito
tempo.
— Ela diz que você criou uma perturbação da Força no sistema Gilatter,
e que uma combinação de sua... você ampliou a sua presença.
— Céus, ela tem muito a dizer por si só.
— Você pode ficar com ela, se quiser.
— Singular, mas não sou um colecionador. — Jacen ouviu a si mesmo
falando simplesmente para preencher o ar vazio, porque a sua mente estava
correndo. Eu posso ser rastreado. Posso ser rastreado pela maneira como
as pessoas ao meu redor reagem, mesmo que eu esteja escondido. Sim,
acordar era a palavra exata. — Parece feita para você.
Lumiya respirou um pouco audivelmente, e o tecido sedoso azul escuro
em seu rosto foi sugado por um momento para revelar o contorno de sua
boca.
— A mulher que é mais máquina e a máquina que é mais criatura. —
Ela colocou uma bota na rampa. — Muito bem, vou encontrar um uso para
isso. Vou tirá-la de suas mãos e ninguém precisará vê-la.
Hoje em dia, Jacen estava mais interessado no que Lumiya não dizia do
que no que fazia. Não houve discussão sobre o teste que havia feito para
Ben e por que isso o levou a Ziost e a uma armadilha. Estava prestes a
perguntar diretamente, mas não achava que poderia ouvir nem a verdade
nem a mentira; ambos iriam irritar. Virou-se para sair. Dentro de um dia, a
Anakin Solo estaria de volta a Coruscant e teria uma guerra e uma batalha
pessoal para lutar.
— Pergunte-me, — ela gritou pelas suas costas recuando. — Você sabe
que você quer perguntar.
Jacen se virou.
— O que, se você pretendia que Ben fosse morto, ou quem eu tenho que
matar para alcançar a Maestria Sith completa?
— Eu sei a resposta para uma, mas não para a outra.
Jacen decidiu que havia uma linha tênue entre um teste realisticamente
exigente das habilidades de combate de Ben e tentar matá-lo
deliberadamente. Não tinha certeza se a resposta de Lumiya diria a ele o
que precisava saber de qualquer maneira.
— Há outra questão, — disse ele. — E é quanto tempo eu tenho antes
de enfrentar o meu próprio teste.
A esfera Sith estalou e rangeu, flexionando a parte superior de suas asas
com membranas. Lumiya ficou na beira da escotilha e olhou em volta por
um momento, como se estivesse nervosa por entrar no casco.
— Se eu soubesse quando, também poderia saber quem, — disse ela. —
Mas tudo o que sinto é breve e próximo. — Algo pareceu tranquilizá-la, e
ela fez uma pausa como se estivesse ouvindo novamente. Talvez a nave
estivesse dando sua própria opinião. — E você sabe disso também. A sua
impaciência está queimando você.
Claro que era: Jacen queria um fim para tudo, para a luta, a incerteza, o
caos. A guerra além refletia a luta interna.
Lumiya estava dizendo a verdade: em breve.
Cerca de cem dos homens e mulheres de aparência mais dura que Fett já
vira estavam reunidos no prédio de granito cinza carvão que a Motores
Mandal havia doado à comunidade.
O rosto mais duro de todos era o da neta. Mirta Gev o observou do lado
do salão de reuniões com os olhos de seu pai.
Os meus próprios olhos.
Fierfek, ela realmente tinha os olhos de Fett. Talvez estivesse vendo o
que não estava realmente lá, mas o olhar perfurou sua alma de qualquer
maneira. Era um olhar que dizia: Você falhou. Não ouviu o murmúrio de
vozes ao seu redor, apenas as acusações silenciosas de que a sua filha Ailyn
estava morta, que nunca esteve lá para ajudá-la até que fosse tarde demais e
que também poderia ser tarde demais para começar a ser uma pessoa digna.
Mandalore. Seu pai o preparou para ser o melhor, e mesmo que nunca tenha
mencionado ser Mandalore um dia, foi com o legado. O legado de Jaster.
Melhor ser rápido, então. Estou morrendo. Eu tenho negócios para
cuidar. Prioridades: uma cura, depois descobrir o que aconteceu com a
minha esposa, o que aconteceu com Sintas Vel.
Não que Mirta não lhe contasse.
Ela não sabia. Ela tinha a joia de coração de fogo que ele dera a Sintas
como presente de casamento, mas ela apareceu na loja de um negociante.
Foi só isca. E ele caiu.
Mas, Fett sendo Fett, era mais do que uma isca. Era um motivador: era
outra evidência.
Nunca é tarde para descobrir. Achei que fosse, mas não é.
O burburinho dos chefes dos clãs, chefes de companhias e uma
variedade de mercenários veteranos foi diminuindo voz por voz até o
silêncio. Eles o observaram com cautela. Nem todos eram humanos
também: um Togoriano e um Mandaloriano, ambos usando armaduras
impressionantes, encostados na parede oposta, braços maciços cruzados
sobre o peito. As espécies não importavam muito para os Mandalorianos. A
cultura os definia. Fett se perguntou o que aquilo o tornava.
— Oya! — Foi murmurado a princípio, depois gritado algumas vezes.
'Oyá!' Era uma palavra com cem significados para os Mandalorianos. Desta
vez, significava 'Vamos, vamos em frente'. Eles sempre começavam as suas
reuniões dessa maneira, e esse era o lugar onde os Mandalorianos mais se
aproximavam de um senado. Eles não gostavam de sutileza processual.
Um chefe com uma barba bem raspada e um tapa-olho se levantou para
falar sem cerimônia.
— Então, Mand'alor — disse ele. — Vamos lutar ou o quê?
— Com quem você quer lutar? — Fett notou que eles recorriam a
linguagem Básica quando se dirigiam a ele, em deferência à sua ignorância
sobre Mando'a. — A Aliança Galáctica? Corellia? Algum fosso
abandonado pela Força na Orla?
— Nunca houve uma guerra em que não lutamos.
— Existe agora. Esta não é a nossa luta. Mandalore tem os seus próprios
problemas.
— A guerra está aumentando. Seus problemas podem vir e nos
encontrar.
Fett estava parado ao lado da janela longa e estreita que corria até a
altura da parede voltada para o oeste. Era mais como um laço de flecha do
que uma vista da cidade. Mandalorianos construíram para defesa, e
esperava-se que edifícios públicos servissem como cidadelas, ainda mais
agora. Os Yuuzhan Vong causaram uma vingança terrível em Mandalore
por seu trabalho secreto para a Nova República durante a invasão, mas a
carnificina acabou de deixaro Mando'ade ainda mais ferozmente
determinado a ficar parado. O hábito nômade ainda estava lá: era mais uma
recusa em ceder do que amor à terra. Mas eles não podiam perder um terço
da população e dar de ombros, não enquanto muitos ainda se lembrassem da
ocupação imperial.
Perdedores ressentidos, os Vong. Mas não é como se eu tivesse outra
alternativa. Melhor a Nova República do que os cara de caranguejos.
Fett examinou o salão, ciente do olhar fixo e quase sinistro de Mirta.
— Qual é a primeira regra da guerra?
Em assentos, em bancos, encostados em alcovas, ou apenas parados
com os braços cruzados, os líderes da sociedade Mandaloriana, ou tantos
quantos pudessem chegar a Keldabe, o observavam cuidadosamente. Até o
chefe da Motores Mandal, Jir Yomaget, usava armadura tradicional. A
maioria havia tirado o capacete, mas alguns não. Tudo bem para Fett. Ele
manteve o dele também.
— O que ganhamos com isso? — disse um humano atarracado,
recostado em uma cadeira que parecia ter sido construída com caixotes. —
A segunda regra é quanto ganhamos com isso?
— Então... o que temos a ganhar desta vez?
Nós. Fett era o Mand’alor, chefe dos chefes, comandante dos
supercomandos, e não podia mais evitar o nós. Não se sentia como nós.
Sentia-se como um marido ausente que se esgueirou para casa para
encontrar uma esposa furiosa exigindo saber onde estivera a noite toda, sem
saber como evitar a discussão inevitável. Eles o faziam se sentir
desconfortável. Examinou a sensação para ver o que a estava causando.
Não está à altura do trabalho.
Pode ter sido o melhor caçador de recompensas, mas não se considerava
o melhor Mandalore, e isso o perturbou porque nunca foi simplesmente
adequado. Esperava se destacar. Assumiu o cargo; agora tinha que fazer jus
ao título, que era muito, muito mais fácil na guerra do que em tempo de
paz.
Fenn Shysa deve ter pensado que poderia fazer isso, no entanto. Seu
último desejo era que Fett assumisse o título, quer quisesse ou não. Barve
louco.
O atarracado Mando deu de ombros.
— Créditos, Mand’alor. Precisamos de dinheiro, caso você não tenha
notado.
— Para gastar na importação de alimentos.
— Essa é a ideia.
— Suponho que seja uma forma de equilibrar oferta e demanda.
— Que é?
— Apoiar um lado ou outro nesta guerra. Isso reduzirá o número de
bocas para alimentar. Homens mortos não comem.
Houve risadas e comentários em Mando'a desta vez. Fett fez uma
anotação mental para programar o seu tradutor de capacete para lidar com
isso, e isso pareceu a admissão definitiva de derrota para um líder: ele não
falava a língua de seu próprio povo. Mas eles não pareciam se importar.
— Estou com o Mand’alor nisso — disse uma voz rouca de homem no
fundo da assembleia. Fett reconheceu aquele: Neth Bralor. Conheceu alguns
Bralors em seu tempo, mas eles não eram todos do mesmo clã. Era um
nome comum, às vezes simplesmente uma indicação de raízes em Norg
Bral ou outra cidade fortificada. — Perdemos quase um milhão e meio de
pessoas lutando contra os vongeses. Isso pode ser uma pequena mudança
para Coruscant, mas é um desastre para nós. Não mais, não até que
tenhamos Manda'yaim em ordem. Comeremos bas neral se for preciso.
Um murmúrio de acordo estrondoso ondulou pelo salão. Alguns chefes
colocaram as suas manoplas em suas armaduras em aprovação. Um deles
era a mulher comando Fett conheceu em Zerria em Drall, Isko Talgal. A sua
expressão ainda era tão severa, cabelo preto grisalho raspado para trás de
seu rosto bronzeado pelo vento e trançado com contas de prata, mas bateu
com o punho na placa da coxa em aprovação entusiástica. Fett se perguntou
como ela seria quando estava infeliz.
— Vocês queriam uma decisão minha. Vocês entenderam. — Fett sentiu
o tempo passar por ele acelerando, e isso acabou com a pouca paciência que
ele tinha. Cada osso de seu corpo doía até a espinha. — Aliança Galáctica
ou Confederação, vocês acham que isso fará alguma diferença para nós?
— Não, — disse outra voz, grossa com um sotaque do norte de
Concordia. — Coruscant não vai nos pedir para desarmar tão cedo. Eles
podem precisar de nós se tiverem outra guerra vongese.
— Chakaare! — alguém riu. Mas o debate ganhou ritmo, ainda
principalmente no Básico.
— E se a guerra chegar muito perto de casa? E se ela se espalhar para
um ou dois sistemas vizinhos?
— Mesmo se ficarmos do lado da Aliança, o que dizer que eles não vão
se virar contra nós e esperar que sigamos sua linha desarmada e organizada?
— Não é desarmamento que eles querem, é reunir todos os ativos do
planeta na Força de Defesa da AG, e todos nós sabemos o quão habilidoso e
eficiente isso será…
Fett ficou para trás e observou. Foi edificante e divertido à sua maneira.
Era o tipo de processo de tomada de decisão que só poderia acontecer em
uma pequena população de pessoas ferozmente independentes que sabiam
imediatamente quando era hora de deixar de ser indivíduos e se unir como
uma nação.
Engraçado, isso é a última coisa que Mandalore é: uma nação. Às vezes
lutamos em lados diferentes. Estamos espalhados pela galáxia. Não somos
nem uma espécie. Mas sabemos o que somos e o que queremos, e isso não
vai mudar tão cedo.
Os argumentos estavam todos se resumindo a uma coisa. Muitas
pessoas precisavam dos créditos. Os tempos ainda eram difíceis.
Fett deu um soco forte na superfície sólida mais próxima, uma pequena
mesa, e o estalo interrompeu o burburinho da discussão.
— Mandalore não tem posição sobre a guerra atual e não haverá
divisões sobre ela, — disse ele. — Qualquer pessoa que queira vender os
seus serviços individualmente para qualquer um dos lados, isso é problema
seu. Mas não em nome de Mandalore.
Preparou-se para a erupção do argumento do silêncio repentino,
polegares enganchados em seu cinto. A visão de grande angular de seu
capacete pegou uma figura totalmente blindada parada no fundo do salão.
Nem sempre era possível dizer se um Mando de armadura era homem ou
mulher, mas Fett tinha certeza de que era um homem de estatura mediana e
com as mãos cruzadas por trás das costas. A placa do ombro esquerdo de
sua armadura preto púrpura era de um marrom metálico claro. Não era
incomum ver placas de cores estranhas porque muitos Mandalorianos
guardavam uma parte da armadura de um ente querido morto, mas isso era
impressionante por um motivo que Fett não conseguia descobrir. Algo
brilhou no painel central do peitoral do homem, um minúsculo ponto de luz
enquanto o sol cortava a câmara em um raio tão afiado e branco que parecia
sólido.
Eu deveria fazer isso. Eu deveria usar uma parte da armadura de papai
na minha, todos os dias.
Sentiu-se mal por não ter feito isso, mas voltou a sua atenção para a
reunião.
— Tudo bem, então, — disse um homem alegre de cabelos brancos
sentado a alguns passos dele. Uma tatuagem azul escura de uma videira
emergia do topo de sua armadura e terminava sob o seu queixo. Baltan
Carid, esse era o nome dele. Fett o vira pela última vez despachando
Yuuzhan Vong com um blaster danificado da era imperial na Estação
Caluula. — Isso é tudo que precisávamos saber. Que não há proibição de
trabalho mercenário.
— Vou deixar claro para ambos os lados que não há envolvimento
oficial na disputa, — disse Fett. — Mas se algum de vocês quiser se matar,
a decisão é sua.
— Então podemos ver Mando lutando contra Mando nesta guerra de
aruetiise. — Todos olharam para o homem de armadura roxa. Fett não via
necessidade de aprender o idioma, mas havia palavras que ele não
conseguia evitar: aruetiise. Não Mandalorianos. Ocasionalmente pejorativo,
mas geralmente apenas uma maneira de dizer nenhum de nós. —
Dificilmente propício para restaurar a nação, não é?
— Mas a luta é nosso produto de exportação número um, — disse
Carid. — O que você quer, transformar Keldabe em um ponto turístico ou
algo assim? — Ele caiu na gargalhada. — Eu posso ver agora. Visite
Mandalore antes que Mandalore visite você. Leve para casa algumas
lembranças, uma fatia de bolo uj e um tapa na boca.
— Bem, a nossa política econômica agora parece ser ganhar créditos
externos... ser morto... e negligenciar o planeta.
Carid tinha um magnífico sorriso de escárnio. Ele era muito mais
intimidador sem capacete.
— Você tem uma ideia melhor? Oh, espere, isso vai ser a diatribe sobre
a autodeterminação e a condição de Estado kadikla? Porque não estou
ficando mais jovem, filho, e gostaria de chegar em casa na hora do jantar,
porque a minha patroa está fazendo bolinhos de farinha de ervilha.
Isso rendeu muitas risadas. Carid geralmente fazia isso. Houve gritos e
gargalhadas.
— Sim, nós sabemos sobre os bolinhos, Carid...
Mas... kadikla. Portanto, o primeiro movimento de Mandalore tinha um
nome agora, até mesmo seu próprio adjetivo. Ele ainda não havia conhecido
Kad'ika, o homem que diziam estar conduzindo o novo nacionalismo. Fett
pensou que isso era negligência do homem, visto que ele havia feito
exatamente o que lhe foi pedido e voltou para liderar Mandalore.
— Massa crítica, ner vod. — Homem de Púrpura ignorou as
gargalhadas. Sua voz tinha o tom de alguém que já havia discutido isso
muitas vezes antes. — Temos uma população de menos de três milhões
aqui, e talvez até três vezes mais na diáspora. Perdemos muitas de nossas
melhores tropas, nossas terras agrícolas foram envenenadas e nossa
infraestrutura industrial ainda está destruída depois de dez anos. Então
talvez este seja o momento ideal para trazer algumas pessoas para casa.
Reunir os exilados enquanto o resto da galáxia está ocupado.
Carid estava focado no debate agora, e Fett foi temporariamente
esquecido.
— Sim, agrupe-se para fazer um bom alvo fácil. Todos nós em um só
lugar.
— Ninguém, exceto os vongeses, nos ataca há muito tempo.
— O Império nos destruiu. Você tem memória curta. Ou talvez você
ainda usasse fraldas quando Shysa teve que chutar algum orgulho de volta
até nós.
— Certo, então vamos abandonar Mandalore. Tornar-se totalmente
nômades novamente. Continuar andando. Confiar nos caprichos de todos os
governos, exceto o nosso.
— Filho, nós somos o governo shabla, — disse Carid. — Então, o que
você quer fazer sobre isso?
— Consolidar Mandalore e o setor. Traga nosso pessoal para casa e
construa algo que ninguém nunca mais vai invadir. O Homem de Púrpura
tinha um leve sotaque; um pouco Coruscanti, um pouco Keldabian. — Uma
cidadela. Uma base de poder. Então escolhemos quando ficaremos em casa
e quando sairemos em expedição.
— Engraçado, pensei que era exatamente o que estávamos fazendo.
Fett observou a conversa, fascinado. Então percebeu que todo mundo
estava olhando para ele, esperando que respondesse, ou pelo menos parasse.
Portanto, essa era a liderança fora do campo de batalha. Era como
administrar o seu negócio, só que mais... complexo. Mais variáveis, mais
incógnitas,ele detestava incógnitas, e algo que lhe era completamente
estranho: responsabilidade por outras pessoas, milhões delas, mas pessoas
que sabiam cuidar de si mesmas e administravam o lugar bem sem
nenhuma burocracia.
Ou eu. Eles precisam de mim?
— Qual o seu nome? — perguntou Fett.
O Homem de Púrpura estava encostado na parede, mas se afastou dela
dando de ombros para ficar de pé.
— Graad, — disse ele.
— Certo, Graad, é a política a partir de agora. Estou pedindo que dois
milhões de pessoas retornem a Mandalore. Quantos você acha que
conseguiremos? — Fazia sentido: o planeta precisava de uma população
trabalhadora. Precisava de mãos extras para limpar o solo envenenado pelos
vongeses e cultivar a terra deixada em pousio pelos donos mortos. Mas cada
Mandaloriano na galáxia não somava uma única cidade em muitos planetas.
— Ainda estamos com poucos créditos até nos tornarmos autossuficientes
na produção de alimentos novamente.
— Vamos contribuir com metade dos nossos lucros, — disse o chefe da
Motores Mandal. — Desde que possamos vender caças e equipamentos
para qualquer um dos lados, é claro.
— Negócio é negócio. — Fett deu-lhe um aceno de cabeça em
reconhecimento. — Também vou contribuir com alguns milhões de
créditos.
Carid olhou ao seu redor como se quisesse destacar alguém louco o
suficiente para discordar, mas todos tinham o que queriam da reunião. Mirta
ainda conseguia parecer maligna. A fatia da pedra de coração de fogo de
sua mãe pendurada em um cordão de couro em volta do pescoço. Pelo
menos ela tinha um capacete decente agora, aparentemente o primeiro, o
que mostrava o quanto seu pai era um Mandaloriano, ou quão pouco ela o
vira.
Talvez os pais Mando a tenham decepcionado durante toda a sua vida.
— Uma última coisa, — disse Fett. — Vou ficar longe da base por
alguns dias. Incontatável.
— Como vamos perceber? — alguém murmurou.
Era uma questão justa.
— Então eu não sou do tipo governante. Mas ainda não te decepcionei.
Enquanto estou fora, Goran Beviin me substitui.
Não houve dissidência. Beviin era sólido e confiável e não queria ser
Mandalore. Ele também era um selvagem completo com um beskad, um
antigo sabre de ferro Mandaloriano, como muitos Yuuzhan Vong
descobriram da maneira mais difícil. Qualquer discussão sobre a política
isolacionista na ausência de Fett não duraria muito.
— Terminamos aqui, — disse Carid. — Você me dá o inventário de
todas as terras agrícolas em pousio, e o meu clã garantirá que seja alocado
para quem retornar para cultivá-las. — Ele ficou para trás por um momento
e fez um trabalho exagerado de recolocar o capacete. — Estou feliz que
você trouxe Jango para casa, Mand’alor. Era a coisa certa a se fazer.
Era isso? O lar de seu pai era Concord Dawn. Era certo para Mandalore,
talvez. Eles gostavam de suas figuras de proa onde pudessem vê-los,
mesmo os mortos.
— Ninguém precisa me ouvir se não quiser.
— Nunca soube que você ficava fora de uma luta. Você tem as suas
razões. É por isso que estamos ouvindo. — Carid fez uma pausa. — Sinto
muito por sua filha.
— Sim. — Então todo mundo sabia sobre Ailyn. Fett não se lembrava
de ter contado a ninguém que ela estava morta, muito menos que Jacen Solo
a havia matado. Mandalore também não era sua casa; ela não teria gostado
de acabar enterrada aqui. — E aposto que todos vocês estão se perguntando
por que aquele Jedi não é uma pilha de carvão fumegante agora.
— Como eu disse, você tem as suas razões. Qualquer coisa que
pudermos fazer, basta dizer a palavra.
— A hora dele vai chegar. Deixe-o comigo. — Mas não agora, pensou
Fett. Ele tinha que voltar à caça de um clone com luvas cinzas e a sua
melhor chance de cura para a sua doença terminal.
À medida que o corredor se esvaziava, Mirta ficou sozinha, de braços
cruzados, encostada na parede.
— Eu me pergunto se Cal Omas tem uma vida tão fácil no Senado, —
disse ela.
— Você não pode governar Mandalorianos. Você só faz sugestões
sensatas que eles querem seguir. — Fett saiu e passou a perna por cima do
assento do speeder que Beviin lhe emprestara, estremecendo atrás do visor.
Ele estava perto de ceder aos analgésicos diários. — E desde quando os
Mandalorianos precisam saber o que faz sentido?
— Desde que adquiriram o hábito do ba'slan shev'la quando as
situações não pareciam vencíveis.
Fett se lembrou dessa frase. Beviin tinha usado muito na guerra
Yuuzhan Vong. Traduziu como 'desaparecimento estratégico' espalhando e
indo para o chão em tempos incertos. Era difícil extinguir um povo que se
fragmentou como gotas de mercúrio e esperou o momento certo para se unir
novamente. Não foi retirada. Estava à espreita.
— Vamos, — disse ele. — Tenho algumas pistas para seguir sobre o
clone.
Mirta subiu no assento traseiro. A sua armadura retiniu contra a dele.
Ela tinha o conjunto completo agora, até mesmo um jato propulsor, cortesia
de Beviin.
— Você já levou tanto tempo para rastrear alguém? Já se passaram
meses.
Não force.
— Eu faço cerca de sessenta e cinco dias.
— Você acredita que ele existe, então.
— Você não mentiria para mim de novo e não inventaria o nome de
Skirata.
— Não. Quer que eu vá com você?
— Você acha que eu preciso de uma enfermeira?
— Eu disse que não mentiria para você de novo.
Fett quase desejou não ter contado a ela. Realmente deveria ter contado
a Beviin primeiro. Aquele era um homem em quem podia confiar. Enquanto
o speeder sobrevoava Keldabe e saía para o campo além, a escala da
retribuição dos Yuuzhan Vong tornou-se muito clara novamente. O curso do
sinuoso rio Kelita era visível por quilômetros agora porque a maior parte da
floresta ao redor havia sido achatada. Keldabe ficava em uma curva do rio,
uma desafiadora colina de topo plano brilhando com granito, e a torre de
cem metros da Motores Mandal de alguma forma sobreviveu à guerra,
apesar dos danos que sofreu. A pedra quebrada e as marcas de queimadura
ainda estavam lá como um lembrete de que Mandalore poderia ser
espancado, machucado e temporariamente subjugado, mas nunca
completamente conquistado.
Os pequenos assentamentos de casas nas árvores nos galhos da antiga
floresta veshok, de crescimento lento, foram varridos da face do mapa.
Abaixo do speeder, não havia mais plantações em clareiras. Havia solo
enegrecido e tocos de árvores carbonizados, e ainda nada crescia, nem
mesmo as mudas que geralmente surgiam após os incêndios.
— Escória, — Fett amaldiçoou. Ele inclinou o acelerador bruscamente e
ouviu Mirta prender a respiração. — Eles nem tentaram plantar as suas
ervas daninhas Vong aqui. Eles apenas envenenaram o solo.
Era um preço alto a pagar por trair os invasores. Mas a alternativa teria
sido muito, muito pior.
— Nenhuma ajuda da Nova República ou da AG? — disse Mirta. —
Nenhum financiamento de reconstrução como todo mundo?
— Não esperávamos nada. E não conseguimos.
Fett acelerou os movimentos do speeder e partiu para o campo, ciente
do fato de que teria enfrentado os Yuuzhan Vong mesmo se eles fossem os
melhores amigos da Nova República. A fazenda Beviin-Vasur apareceu ao
longe quase na hora certa como uma espécie de garantia de que a
devastação não era global.
E lá estava a Slave I, sentada em uma plataforma de pouso improvisada.
Isso era em casa. A sua nave, a nave de seu pai, a cabine onde passou
literalmente anos de sua vida.
— Então, eu vou com você ou não?
Mirta era mais problemas deixados por conta própria. Além disso, ele
não queria deixar aquele colar de coração de fogo ir longe demais. Era o
único elo que ele tinha para descobrir como Sintas havia morrido.
— Tudo bem, — disse ele. Ela era sua neta, mesmo que tivesse tentado
matá-lo. Ele não se importava com isso, mas lutou para encontrar aquela
devoção protetora que vira em seu próprio pai. Algo simplesmente não
funcionou. Então representou, porque foi assim que aprendeu tudo o que se
tornou uma segunda natureza para ele, ele seguiu os movimentos até que
fosse parte dele. Ele também poderia aprender a ser um bom avô. Poderia se
destacar nisso. — Qual é a melhor maneira de encontrar outro caçador de
recompensas?
— Pensa como ele?
Fett balançou a cabeça e baixou o acelerador com um baque. Teria que
dizer a Beviin aonde ia. Se algo acontecesse com ele, Goran Beviin seria
seu sucessor escolhido.
Fett ainda não havia contado a ele, mas Beviin aceitou esse tipo de
notícia com calma.
— Não, — disse Fett. — Você o contrata.
Capítulo Dois
Luke olhou para suas mãos, para a direita e depois para a esquerda. Uma
era protética e o outra era de carne, e havia sido tocada por alguém que
estava começando a considerar a sua inimiga.
Lumiya.
No meio de uma batalha, teve a chance de matá-la, e eles acabaram se
tocando num gesto que entre pessoas normais poderia ser considerado
reconciliação.
Eu disse que não queria matá-la.
Luke Skywalker nunca quis matar ninguém. Às vezes acontecia, no
entanto. Levantou-se e tirou o shoto do cinto, o sabre de luz curto que
achava que precisava para lidar com Lumiya e o seu chicote de luz.
O que está acontecendo? O que ela quer?
Nunca foi de jogar jogos mentais como Vergere. Ela era uma soldado:
uma piloto, uma agente de inteligência, uma combatente. Ainda tinha que
juntar as peças, mas ela estava conectada ao deslize de Jacen na escuridão
de alguma forma.
Luke fez alguns passes de treino ociosos com o shoto e tentou visualizar
o que poderia acontecer se encontrasse Lumiya novamente. Então se
perguntou o que teria feito aos dezenove anos e sabia que não teria pensado
muito nisso. Queria que as coisas fossem tão claras novamente.
As portas do apartamento se abriram e ouviu Mara e Ben conversando.
Alívio o inundou. Colocou o shoto sobre a mesa e todas as linhas ensaiadas
de advertência e desaprovação desapareceram, substituídas por uma simples
necessidade de agarrar o seu único filho e esmagá-lo num abraço.
Ben ficou enraizado no local e se submeteu a ele. Mara deu um aviso a
Luke com uma sobrancelha levantada, mas ele não estava planejando
repreender Ben.
— Estou feliz que você esteja seguro, — Luke disse. — Mas se alguma
coisa que eu fiz fez você explodir assim, precisamos conversar sobre isso.
Ben olhou para Mara como se procurasse uma deixa para explicar.
— Eu estava trabalhando. Eu estava em uma missão, só isso.
Jacen, seu mentiroso. Você disse que ele se ressentia do fato de eu ter
impedido que ele fosse o seu aprendiz.
Só Jacen iria... poderia... mandá-lo em uma missão.
Luke considerou casualmente perguntar a Ben quem o havia enviado,
mas sabia de qualquer maneira, e não queria enganar o seu próprio filho
para lhe dar informações ou colocá-lo no local sobre Jacen. Não precisava
de mais nenhuma prova de que o seu sobrinho não voltaria para a luz sem
uma ajuda substancial. Foi uma ajuda que Han e Leia não puderam dar.
Estava além do Conselho Jedi também.
Este era um problema familiar. Resolveria tudo, com ou sem Mara.
— Silêncio no comunicador? — ele perguntou.
— Sim pai. Desculpe. — Ben pode ter ficado surpreso com o abraço,
mas também não recuou. — Eu não posso discutir isso. Você entende, não
é?
— Claro que sim, filho. — E aposto que sei quem te disse para não
fazer isso. — Eu realmente esperava que você não fosse ficar na GAG.
— Eu sou bom nesse tipo de trabalho.
— Eu sei.
— Eu nunca poderei ser um bom Jedi da academia agora, pai. Eu tenho
que ver isso. Já tivemos essa discussão antes, não é? — O tom de Ben era
pesaroso, não o protesto de um adolescente chorão sobre a injustiça de seus
pais. Era decepcionante vê-lo crescer tão rápido. Crescendo? Não,
envelhecendo. — Há uma guerra acontecendo, e uma vez que você serviu,
você sabe que não pode se afastar dela e ficar de fora enquanto seu...
enquanto seus amigos arriscam as suas vidas.
— Luke... — O tom de Mara era de reprovação, com aquele tom
ligeiramente nasal que dizia que ela queria que Luke parasse. — É
realmente a hora para tudo isso?
Ele a ignorou.
— Eu entendo Ben. Entendo. Mas a GAG não é o lugar onde você
deveria estar.
— Não é?
— Não é assim que o governo deve lidar com a dissidência.
— Então é por isso que eu deveria ficar, — Ben disse calmamente. —
Se é uma organização ruim, então ela precisa de pessoas boas para
permanecer nela e mudá-la por dentro, e não abandoná-la nas mãos dos
bandidos. E se for uma boa organização, então você só está realmente
chateado com a minha segurança, e eu posso lidar com isso melhor do que
você pensa. Você queria que eu fosse um Jedi. Estou sendo um Jedi.
A lógica e o raciocínio moral de Ben eram impecáveis.
— Você tem uma questão.
— Então eu sou uma boa pessoa, pai? Ou você acha que eu fiquei mal
como você acha que a GAG ficou?
Era uma questão que Luke nunca quis considerar. O que era uma pessoa
má? A maioria das pessoas que fizeram coisas más não eram nem boas nem
más, apenas mortais falíveis; o único ser verdadeiramente irredimível que
ele já conheceu foi Palpatine. E presumivelmente até Palpatine já foi um
garotinho, nunca sonhando que seria responsável pela morte de bilhões e
saboreando o seu poder.
Luke percebeu que não tinha certeza se sabia o que era uma boa pessoa
quando via uma, ou em que ponto ela se tornava má. Ele estava
dolorosamente ciente do olhar de Mara cravado nele, verde e gelado como
um rio congelado em sua enchente.
— Você é uma boa pessoa, Ben. — Ele está fazendo alguma coisa que
eu não fiz? — Você pensa no que faz.
— Obrigado. E não vou sair da GAG, pai. Você terá que me obrigar,
seja fisicamente ou através dos tribunais, e nenhum de nós quer isso. Deixe-
me onde eu possa fazer algo de bom.
As brigas podiam acontecer sem vozes levantadas ou palavras raivosas.
Ben lutou e deu um ultimato aos seus pais. Luke sabia que teria que lidar
com isso de outra maneira.
E caramba, Ben estava realmente certo. A GAG não podia ser
abandonada aos valentões.
— Apenas tome cuidado com Lumiya, — Luke disse. — Você contou a
ele, Mara?
— Contei a ele.
— Então você vai ficar para comer alguma coisa, filho? — ele
perguntou, sentindo o olhar de Mara derreter um pouco.
— Eu gostaria disso, — disse Ben, de quatorze anos para quarenta.
Era difícil ter uma conversa em família durante uma refeição sem
mencionar a guerra. Ben queria saber como Han e Leia estavam. Mara
distribuía os legumes pelo prato como se tentasse varrê-los para debaixo do
tapete.
— As coisas não estão muito boas entre Jacen e a sua tia e tio no
momento, querido, — ela disse. — Mas o que quer que ele diga, eles ainda
se preocupam com ele e querem que ele fique bem.
— Não é pessoal, — disse Ben. — Ei, eu tentei prender o tio Han
porque era o meu trabalho. Eu não quis fazer mal a ele.
Luke pensou na pressa de Jacen em abandonar os seus pais durante o
ataque ao resort satélite. Não conseguia ver Ben fazendo a mesma coisa. Se
pudesse, não queria ver.
— Pai, o Império era realmente um reinado de terror?
— Só um pouco...
— Eu sei que você, o tio Han e a tia Leia passaram por momentos
difíceis, mas e as pessoas comuns?
Mara mastigou com lenta deliberação, com o seu olhar ligeiramente
desfocado em um ponto a meia distância.
— Você pode querer perguntar a Alderaan. Não, espere, acabou, não
foi? Ops. Isso é o que aconteceu com as pessoas comuns, e eu sei melhor do
que a maioria.
Porque você fez algumas delas. Luke encarou o fato de que não podia
esperar que Ben acreditasse em uma palavra que qualquer um deles dissesse
a ele. Ambos fizeram coisas que estavam dizendo que ele não poderia fazer
agora.
— Mas a maioria das pessoas realmente não percebeu, não é? — Ben
parecia estar fixo no curso. — Suas vidas continuaram como antes. Talvez
algumas pessoas que eram políticas receberam uma visita à meia-noite de
algumas tempestades, mas a maioria das pessoas seguiu com suas vidas,
certo?
— Certo — admitiu Mara. — Mas viver com medo não é viver.
— É melhor do que morto.
— Você acha que o Império estava bem, Ben? — Luke perguntou.
— Não sei. Parece apenas que um punhado de pessoas pode pensar que
tem o dever, o direito, de mudar as coisas para todos os outros. É uma
grande decisão, rebelião, não é? Mas a maioria das decisões que afetam
trilhões de seres são tomadas por poucas pessoas.
Luke e Mara se entreolharam discretamente e depois para Ben. Ele
adquiriu curiosidade política em algum lugar ao longo da linha. Seja qual
for a missão que Jacen o enviou, e ele tinha, Luke tinha certeza, isso fez o
garoto pensar.
Ou talvez Luke estivesse apenas perdendo contato com o fato de que
seu filho era um jovem agora e estava mudando rapidamente. Quando ele
saiu, porém, Mara ainda o ajudou a vestir a jaqueta. Luke quase esperava
que ela perguntasse se ele estava escovando os dentes todos os dias. Mas,
sendo Mara, ela fez sua preocupação maternal de maneiras mais
pragmáticas e colocou um objeto cinza fosco na mão de Ben.
— Me agrade, — ela disse, e beijou sua testa. — Carregue isso. Nunca
se sabe.
Ben olhou para a palma da mão.
— Uau.
— Essa, — ela disse, — Era a melhor vibro lâmina que o Império
poderia comprar. Isso me salvou mais de uma vez. Um sabre de luz é ótimo,
mas um sabre de luz e uma lâmina vibratória são ainda melhores.
— Além de um blaster, — disse Ben. Ele sorriu. — Isso é melhor ainda.
O golpe triplo.
— Esse é o meu garoto.
Depois que Ben saiu, Mara limpou os pratos.
— Quando produzimos um analista político de mentalidade
comunitária?
— Muitos amigos Gorog, talvez.
— Isso parece um garoto fora de controle e ferrado para você?
— Não, — Luke disse, — mas não é a influência de Jacen que está
fazendo dele um homem, mesmo que ele seja o único que parece ser capaz
de lidar com Ben.
— Luke, ainda temos que fazer alguma coisa.
— Ah, agora temos que fazer alguma coisa? O que aconteceu com
'Deixe-o com Jacen, ele é bom para o garoto...?' — Luke quase teve que
morder o lábio para evitar dizer que havia contado isso a ela, o que sempre
achou ser a marca de quem não buscava uma solução para o problema,
apenas pontos a somar. — Além disso, ele não parece estar sendo
corrompido pelo que está acontecendo. Talvez ele seja aquele bom homem
por dentro. Talvez você estivesse certo em me obrigar a deixar o nosso filho
entrar para a polícia secreta...
— Eu quis dizer sobre Lumiya. — Mara tinha um jeito de apoiar os
ombros que dizia que ela sabia que havia cometido um grande erro, mas ele
não precisava esfregar isso em seu nariz. — Certo, eu mudei de ideia. Jacen
está indo mal. Minha culpa é que perdemos alguns meses acalmando Ben.
Satisfeito? Agora, e a causa raiz disso?
— Nós não achamos o rastro dela novamente.
— E então o que acontece quando o fizermos? — Mara bateu os pratos
no balcão com tanta força que fizeram barulho. — O que você vai fazer,
segurar a mão dela de novo? — Ele nunca deveria ter dito a ela que Lumiya
havia lhe oferecido a mão quando eles estavam brigando. Isso a estava
consumindo. — Porque a pobre velha não quer fazer mal? Lumiya? Rainha
dos pungentes Sith?
— Realmente não havia más intenções nela.
Mara revirou os olhos.
— Claro que não. Ela não quer te matar. Ela quer matar o nosso filho.
— Ela agarrou o rosto de Luke com as duas mãos e o fez olhar em seus
olhos. — Luke, você poderia tê-la matado. Cortado-a em dois. Terminado o
trabalho. Mas você não o fez.
Luke sentiu-se inexplicavelmente envergonhado.
— Eu não poderia.
— Eu sei. Viemos de diferentes escolas de justiça, não é?
— Querida...
— Ela não é o seu pai, Luke. Não há nada de bom nela para resgatar.
Ela é uma ameaça que precisa ser eliminada, e é para isso que fui treinada, e
você não. Esqueça essa ideia de pegá-la viva, se possível. A única maneira
de alguém pegá-la é morta.
Luke teve a sensação de que Mara poderia dizer isso. Sabia quando ela
estava construindo algo. Ela pode ter pensado que poderia esconder as
coisas dele, mas a conhecia bem o suficiente para ver as engrenagens
girando e o plano se formando.
Perdeu a sua chance com Lumiya. Não conseguiria outra.
— Você está me dizendo que está indo atrás dela.
— Você pode ir junto se puder confiar que não vai amolecer com ela. —
Mara o soltou e pareceu envergonhada. As suas bochechas estavam coradas.
— Você pode ficar com Alema. Ela também precisa de um sério reajuste de
atitude com um sabre de luz. Não é como se não tivéssemos assassinos
obcecados por matar o suficiente para dar conta do recado.
Não importa o que acontecesse, Luke sabia que não tinha a habilidade
daquela assassina para matar alguém que não estava tentando matá-lo ali
mesmo. Se ele tivesse...
Então Ben não era o único navegando em um labirinto moral. Luke
vinha fazendo isso há décadas, mas o labirinto só estava adquirindo mais
voltas e reviravoltas a cada ano.
— Vamos ver o quanto Jacen se anima com a partida de Lumiya, — ele
disse. Espere, acabei de abençoar um assassinato? — E com Alema fora do
caminho, então Leia e Han podem voltar ao redil, e podemos enfrentar esta
guerra como uma família novamente.
Mara deu um tapinha em sua bochecha com um sorriso arrependido e
colocou um droide para lavar a louça. Passou o resto da tarde reunindo e
verificando uma série de armas que definitivamente não vinham de uma era
civilizada.
— Eu nunca soube que você tinha um desses, — disse ele, apontando
para um blaster que tinha a boca larga de um lançador de granadas. —
Como você planeja usá-lo?
— Com um cartucho de flechette. Vamos vê-la tentar um chicote de luz
nisso.
— Você quer pegar o meu shoto?
— Você está oferecendo?
— Símbolo de boa sorte, talvez.
— Símbolo de baixo da caixa torácica, mais ou menos. A menos que
seja tudo de duraço também.
Esta era sua esposa. Às vezes, vislumbrava a mulher que ela havia sido,
e ela era uma estranha por um ou dois segundos.
— Como você vai rastreá-la? Ela se esconde muito bem.
— Posso caçar muito bem. — Mara pegou o cabo da espingarda e o
girou como uma lâmina. — Um pouco de isca, um pouco de investigação e
um pouco de ajuda da Força. — Ela acendeu o feixe de energia. — Além
disso, se Alema está atrás dela, como parece ser o caso, então uma delas vai
escorregar e se mostrar.
— Lumiya não escorrega.
— Bem, ela não está comandando a galáxia agora, então acho que às
vezes sim... — Mara girou o shoto no ar e o pegou pelo cabo quando ele
caiu. — E ela continua aparecendo ultimamente, então estarei pronta.
— Apenas me mantenha informado onde você está, certo?
— Você saberá. — Mara deu a ele seu melhor sorriso do tipo eu-sei-o-
que-estou-fazendo. — E quem melhor para ir atrás da Mão do Ex-Imperador
do que outra?
— Você fez isso antes...
— E isso foi antes de eu ter um filho com quem me preocupar. — O
sorriso desapareceu. — Sou muito mais perigosa agora que tenho um
filhote para proteger.
Luke não tinha dúvidas sobre isso. Mas foi a primeira vez em sua vida
que se arrependeu de não ter matado alguém quando teve a chance.
Capítulo Quatro
— Tem certeza?
Jacen não tinha nenhuma razão para desacreditar em um droide analista
legal. Os advogados de metal eram ainda mais meticulosos do que os de
carne e osso. O HM-3 avançava ruidosamente ao lado dele enquanto
percorriam o corredor aparentemente interminável até os escritórios do
chefe de compras, explicando os dados reunidos às pressas enquanto
avançavam. Jacen acreditava em entender o inimigo, e isso significava
triturar o tédio das letras pequenas. Estava determinado a levar um sabre de
luz para uma bola de burocracia do tamanho de um planeta.
— Sim, senhor, isso é rotina. — O HM-3 lembrava-o um pouco o C-
3PO, de forma humanoide, com uma personalidade necessariamente
pedante, mas era de um sóbrio cinza escuro e tinha um ar tranquilizador de
sólida autoridade profissional. — Uma parte da legislação que está atrasada
para a reforma. Você gostaria da explicação completa ou de uma versão
simplificada para leigo?
— Considere-me como um leigo como eles vêm.
— Do jeito que está a legislação, é preciso o acordo do Conselho de
Defesa para mudar os regulamentos sobre compras. Ele é projetado para
impedir que funcionários públicos quebrem as regras para encher os seus
bolsos. Ou para impedir que alguém comissione um exército inteiro e a sua
frota e armas sem o conhecimento do Senado, o que acredito ter acontecido
não muito tempo atrás... você pode querer olhar para os últimos anos da
República, senhor.
Jacen refletiu sobre isso e tentou reduzir ao básico.
— Portanto, os senadores têm que votar em qual flimsi comprar e que
tipo de rações secas servir às tropas. Desperdício monumental de tempo e
despesas, se você me perguntar.
— Admito que envolve tomadores de decisão de alto nível em decisões
de nível muito baixo, senhor. Mas é a lei. Toda vez que você quiser mudar
alguma coisa sobre suprimentos, ou qualquer outra questão administrativa
menor, você precisa do chefe Omas ou da almirante Niathal ou outra pessoa
igualmente sênior para carimbar isso. É o mesmo para outros
departamentos, saúde, educação, todos eles.
HM-3 parecia apologético. Jacen tinha pouca paciência com pessoas
que encontravam conforto em regras e rituais impenetráveis: queria que as
coisas fossem feitas.
— Não quero levar todas as reclamações sobre hidro chaves e indutores
de combustível por meio de comitês. — Como eu me tornei o cara de
compras? Niathal está me deixando de lado? Deixa pra lá. vou aprender
muito. — Existe uma maneira de contornar isso?
— Na verdade, existe.
— Prossiga.
— É uma simples questão de dar aos oficiais apropriados da AG, no
sentido mais geral, o poder de mudar os regulamentos. Para remover a
exigência de que cada tosse e cuspe sejam tratados pelos senadores.
— Como fazemos isso?
— Ao remover a exigência de aprovação pelos membros do Conselho
de Defesa. Devo redigir uma emenda, senhor?
— Como isso funciona?
— Eu elaboro um pedido de mudança na lei existente para aliviar os
encargos regulatórios, de modo que os poderes de ordenação possam ser
devolvidos às pessoas apropriadas, como oficiais militares superiores e
ministros de estado, sem a necessidade de encaminhar o assunto para
comitês, conselhos, ou mesmo ao Senado completo. — HM-3 estremeceu.
Foi um toque muito humano. — Dê a eles algo para debater, e quanto mais
trivial for, mais horas eles gastarão nisso, porque eles podem entender
melhor os pequenos conceitos, entende.
— Sim, mas o que acontece com a emenda? E quanto tempo isso vai
levar?
— Se eu apresentá-lo hoje, ele será apresentado ao Conselho de Política
e Recursos semanal em dois dias e, como pessoa apropriada que já tem a
sanção do Chefe de Estado, você pode começar a mudar o que precisa no
dia seguinte.
Jacen juntou as mãos atrás das costas e pensou sobre isso. Isso estava
fazendo uma nova lei para permitir que ele mudasse as leis.
Bizarro.
— Eu me pergunto quanto o Departamento de Defesa gasta em carpete,
— disse HM-3 irritado, examinando o chão. Droides preferiam superfícies
lisas. — Aqui está uma área onde eles poderiam economizar.
Enquanto caminhava, Jacen estava calculando quantas decisões simples
estavam atoladas em aprovações, mas teve a sensação de alguém tentando
chamar a sua atenção. Estava totalmente em sua cabeça: se perguntou se era
a voz de novo, e então percebeu que era seu bom senso gritando para ser
ouvido.
Você está mudando as leis sobre a mudança de leis. Pense nisso.
Jacen tinha apenas uma vaga ideia sobre o uso que poderia fazer disso
além de mover os suprimentos, mas parecia uma área promissora a ser
abordada.
— A que eu estaria limitado? — ele perguntou.
— Bem, tem que haver uma proteção contra falhas no texto ou você
nunca conseguirá que A e S concordem com isso, mas se eu limitar o
escopo disso, diga que o orçamento existente não pode ser excedido, então
isso os satisfaria.
A legislação era terrivelmente chata. Não, deveria ter sido. Mas algo
nele estava formando uma bola dura de uma ideia na mente de Jacen.
— Seria possível formular isso de forma que, se eu encontrar mais
alguma burocracia estúpida no processo, eu também possa mudar isso?
Mesmo que eu não saiba onde posso encontrá-lo? Não quero alguns
empregos que valha a pena reter suprimentos vitais porque não especifiquei
a subseção correta de algum regulamento obscuro.
— Isso tornaria um tanto... aberto.
— Mas é só administração. Não é a constituição ou uma carta comum.
O HM-3 acionou as suas engrenagens silenciosamente.
— Vou redigir de forma genérica para que você possa alterar qualquer
procedimento administrativo que precisar. A outra falha segura é que
apenas indivíduos autorizados podem fazer uso disso, e isso pode ser
limitado a quem o Chefe de Estado decidir. Portanto, não haverá gastos
excessivos com exércitos secretos, e apenas algumas pessoas muito visíveis
e responsáveis podem fazer uso disso. Isso vai tranquilizar os membros A e
S. — O HM-3 ficou em silêncio por um momento, consultando a conexão
de sua agenda. — Acho que depois de amanhã é um dia muito, muito
ocupado para A e S, senhor. Acho que a emenda será aprovada mais
rapidamente do que o normal.
Foi um bom dia para enterrar a Emenda do Estatuto Legislativo e
Regulamentação. Jacen sorriu.
— Você terá que me contar mais sobre como isso se encaixa na
legislação de medidas de emergência que o chefe Omas já promulgou.
— Explicação completa, ou...
— ...o sumário executivo do leigo, por favor.
— Vocês três podem fazer qualquer coisa que precisarem durante a
guerra. Com a almirante Niathal, vocês são efetivamente um triunvirato.
Ainda não ouvi o Senador G'vli G'Sil tomar nota disso, apesar de sua
posição como chefe do Conselho de Segurança. O Conselho de Defesa está
simplesmente concordando com tudo, quando realmente se reúne, é claro.
O pensamento pegou Jacen de surpresa. Tinha os seus próprios planos
para derrubar a galáxia, mas eles eram de grande escala, estratégicos e
focados na ordem, na justiça e na aplicação benigna do poderio militar. As
minúcias mesquinhas da burocracia nunca haviam passado por sua cabeça
como uma arma na batalha pela ordem.
Passou cinco anos aprendendo as técnicas da Força mais misteriosas da
galáxia, mas, novamente, não precisou usar uma única habilidade da Força
para ganhar poder desta vez. Era simplesmente uma questão de usar a
psicologia para manipular as pessoas ao seu redor.
Isso é o que torna os Jedi mais fracos e preguiçosos. Eles recorrem
instantaneamente às técnicas da Força, sem pensar.
O HM-3 não precisava lembrá-lo de olhar para a queda da República.
Em seu desejo de entender o ambiente que transformou o seu avô de
Anakin Skywalker em Darth Vader, examinou aquela última década.
Palpatine parecia ter agarrado a maior parte de seu poder por meio de uma
brilhante manipulação e compreensão das fraquezas das pessoas, não
simplesmente canalizando o poder do lado sombrio.
Jacen e o droide alcançaram as poderosas portas esculpidas do centro de
aquisição. Eram quase tão elegantes quanto as portas do escritório do chefe
Omas. Não, eles eram realmente mais opulentos. Jacen voltou-se para o seu
conselheiro jurídico infalível.
— Você acha que é errado sermos efetivamente um triunvirato, HM? —
Jacen perguntou. — Antidemocrático?
— Não estou programado para certo e errado, senhor. — HM-3 parecia
um pouco desapontado, como se Jacen não tivesse entendido totalmente a
complexidade de sua arte. — Só posso dizer o que é legal e ilegal, porque
têm definições. Direito não tem parâmetros. Justiça também não, nem bem.
A carne tem que tomar essas decisões.
— Carne toma uma decisão diferente a cada dia, meu amigo. — Jacen
colocou a mão nos controles, e o esplêndido relevo de uma antiga paisagem
urbana de Coruscanti se dividiu em duas para admiti-lo nos escritórios de
aquisição.
Eu posso mudar uma lei para me deixar mudar as leis.
Mas posso usar a lei que me permite mudar as leis para mudar a
própria lei?
Pensou por um momento que estava desfrutando de alguns segundos
infantis brincando de lógica circular. Então se deu conta de que acabara de
ter um insight de proporções significativas.
— Coronel Solo, — disse o chefe da agência de aquisições. Tav Vello
era um homem nervoso que parecia precisar de uma boa refeição. —
Encarreguei um dos meus assistentes de investigar a escassez. Pode ser
simplesmente um caso de atrasos no processo.
— Existe alguém à frente da frota ou da GAG nesta linha? — Jacen
perguntou.
— Nossos fornecedores têm outros clientes.
— Espero que estejam do nosso lado.
— Nós adquirimos nosso equipamento de aliados.
— Seu pessoal está se movendo o mais rápido que pode?
— Claro que estão, Coronel Solo. Também estamos procurando
maneiras de agilizar o processo.
Jacen sorriu.
— Eu também estou. — Ele olhou ao redor do escritório. Não era
folheado a ouro, mas esperava ver alguma evidência de falta de frugalidade.
— Agora, sobre os pacotes de serviço de canhão. As peças que precisam ser
trocadas com frequência. Pedi uma explicação de por que houveram tantos
erros de ignição.
Vello consultou seu datapad com o ar de um homem com uma defesa
muito boa, ou pelo menos uma desculpa robusta.
— Realizamos amostras aleatórias desses pacotes ontem para todas as
principais especificações de canhão, e os pacotes de serviço que compramos
são adequados.
— Mas não queremos. Queremos o melhor.
— Temos restrições orçamentárias, senhor.
— Essa decisão é tomada por um departamento?
— Existe um oficial sênior de compras, sim.
Jacen sabia que havia apenas uma maneira de focar as pessoas que não
entendiam bem o que significava adequado no campo. Virou-se para o
droide.
— H, sob os poderes atuais, existe um mecanismo pelo qual eu possa
cooptar pessoal civil para realizar pesquisas?
HM-3 zumbiu no limiar da audição normal de Jacen por alguns
segundos.
— Sim, senhor.
— Existe alguma restrição de localização e condições?
— Não, senhor.
— Isto é o que eu gosto de ouvir. — Jacen estava começando a
aproveitar o rico espaço para inventividade que os regulamentos lhe davam.
Eles não limitaram as suas opções em nada: elas criavam novas. Começou a
ver a alegria da letra da lei. — Gostaria de conhecer o diretor de compras
que assinou os pacotes de canhão.
Vello parecia um pouco confuso.
— Eu assumo a responsabilidade pelo que minha equipe faz, senhor.
— Isso é muito louvável, mas eu realmente quero entender o processo, e
isso significa conhecer as pessoas. A compreensão da situação da outra
pessoa é a chave para isso, eu acho.
Vello, ainda parecendo perplexo, foi chamar o oficial de compras por
meio de seu comunicador de mesa.
— Não, está tudo bem, — Jacen disse. — Eu vou até o escritório dele.
O HM-3 fez um clique inescrutável quando os três levaram o turbo
elevador para o andar de compras. Eles saíram da cabine para um escritório
aberto que poderia acomodar rebanhos errantes sem problemas. Bom. Jacen
queria uma audiência. Corações e mentes.
— Deixe-me apresentá-lo a Biris Te Gaf, — disse Vello. — Ele é nosso
diretor de compras sênior para suporte de engenharia.
Te Gaf estava visivelmente nervoso, e a sua equipe e colegas de
trabalho, principalmente humanos, mas Nimbanese, Gossams e Sy
Myrthian também, fingiam trabalhar enquanto observavam discretamente.
Jacen podia sentir a ansiedade penetrante por todo o andar. Gaf ofereceu
uma mão úmida para apertar, e Jacen usou todo o seu charme. Te Gaf tinha
muitos dados sobre por que o pacote de canhão era adequado para o
trabalho. Foi um preço muito bom, ele disse a Jacen.
— Mas temos falhas de ignição e vários problemas para resolver, —
disse Jacen. Ele verificou se todos podiam ouvi-lo, julgando sua atenção
pelas ondulações de curto alcance na Força e a sua linguagem corporal. —
Eu realmente gostaria de sua ajuda sobre isso. Estou pedindo que você faça
uma avaliação do pacote de canhão.
— Claro, Coronel Solo. Qualquer coisa que eu puder fazer para ajudar.
HM-3 inclinou-se para perto e sussurrou para Jacen.
— Artigo cinco, subseção C-vinte e sete.
— Fico feliz em ouvir isso. — Jacen sorriu para o oficial de compras.
— É por isso que, de acordo com o artigo cinco, subseção C-vinte e sete da
Lei de Medidas de Emergência, estou designando você para a nave da linha
de frente que teve mais falhas de tiro de canhão na frota, porque não há
lugar melhor para coletar fatos do que das pessoas que devem usar este
equipamento e no local onde devem usá-lo. — Jacen olhou ao redor.
Mesmo com a audição aprimorada pela Força, ele podia detectar muito
pouca respiração e nenhuma deglutição. — Estou mais do que feliz em
estender esta implantação de campo para qualquer pessoa que queira
entender melhor a experiência de compras dos usuários finais. Basta dizer a
palavra. Estamos sempre felizes em acomodá-lo. Na verdade, posso garantir
a você um assento ao lado do ringue para a ação.
Jacen sorriu com toda a doçura diplomática que aprendeu com sua mãe
e olhou ao redor da sala, sabendo que não seria abatido por voluntários. Te
Gef parecia chocado. Jacen sentiu que havia focado todos no significado de
seu trabalho de forma mais eficaz, e que agora eles sabiam o que
aconteceria se pensassem que o adequado era bom o suficiente.
Se você acha que é bom o suficiente, então é bom o suficiente para você
usar pessoalmente, na linha de frente.
O HM-3 seguiu Jacen para fora do prédio e eles pegaram um táxi aéreo
de volta à sede da GAG. Demorou um pouco porque o tráfego estava mais
pesado do que o normal, e quando Jacen voltou para o seu escritório, os
arranjos para transferir um civil, Te Gaf, Biris J., para a Oceano já estavam
sendo discutidos pelo pessoal da GAG. O cabo Lekauf e dois dos outros
soldados do Comando 967 o cumprimentaram como um herói na sala de
reunião.
— Foi uma boa limpeza que você fez lá, senhor, — disse um oficial,
sorrindo. — As peças do meu rifle já parecem mais eficientes.
Lekauf deu-lhe um sinal de positivo.
— Seu avô teria feito o mesmo, senhor. Boa jogada.
Neste quartel, isso foi um elogio honesto e não um aviso das tentações
do lado sombrio. Jacen preferia o julgamento de soldados comuns ao arcano
debate filosófico do Conselho Jedi.
Tudo vai mudar.
Não há mais guerras surgindo em cada geração.
Chega de políticos de carreira arrancando o que podem do sistema.
Não se fala mais em liberdade, o que significa apenas que um punhado
pode fazer o que quiser, enquanto o resto luta pela sobrevivência.
Não é de admirar que a velha guarda temesse os Sith, se era isso que
eles ameaçavam, o fim do caos que servia apenas a poucos.
Jacen devolveu o polegar para cima para Lekauf.
— Você ainda não viu nada.
HM-3 pegou um datapad.
— Vou mantê-lo informado sobre o andamento da emenda, coronel
Solo. Isso é tudo por hoje?
— Posso consultá-lo novamente. Você torna tudo isso mais fácil de
entender.
— Esse é o meu trabalho.
Jacen só queria verificar. Ele teve o germe de uma ideia.
— Coisa engraçada, leis e regulamentos, não são? Essa emenda dá a
mim, e a outros, é claro, a capacidade de mudar a própria lei alterada, não
é? É bastante circular.
O HM-3 não se importava com certo e errado: apenas legal e ilegal. Se
Jacen tinha planos de manipular a emenda para usos além de acelerar o
envio de suprimentos médicos, então o droide não considerava isso como
parte de sua missão.
— Sim, — disse o HM-3. — Isso é.
Jacen lidou com a pilha de relatórios de inteligência empilhados em sua
mesa com renovado entusiasmo. O ar estava vivo de iminência, de coisas
prestes a acontecer. Os pensamentos intermináveis de quem ele teria que
matar para conseguir seu sacrifício tinham desaparecido por um tempo, mas
eles estariam de volta. Nesse ínterim, ele tinha uma nova ferramenta para
efetuar mudanças.
Posso mudar a lei que me permite mudar as leis.
Se eu usar isso com sabedoria, posso ignorar o Senado quando
precisar.
O poder da simples razão humana era tão eficaz quanto a Força alguns
dias.
Ben estava feliz por estar de volta entre as pessoas em quem confiava.
O mar de uniformes pretos pode ter sido uma visão sinistra para
algumas pessoas, mas para ele eles pareciam uma irmandade, como uma
família. Estava naquela rara posição de ser jovem o suficiente para ser
tratado como um dos soldados, apesar de sua posição de oficial, e gostava
disso. A sensação de camaradagem e o conhecimento de que todos
vigiavam as costas uns dos outros era reconfortante e emocionante.
Acomodou-se em um assento no final de uma fileira na sala de reuniões.
Um soldado chamado Almak o cutucou.
— Boas férias? Que bom que conseguiu nos encaixar em sua agenda
lotada, senhor.
— Mal podia esperar para voltar.
— Você não perdeu muito, — disse Almak. — Estive um pouco mais
quieto. Acho que quebramos a espinha dorsal das redes Corellianas.
— Sempre sinto falta das coisas boas.
Alguns dos outros oficiais na fila da frente se viraram em seus assentos
e se juntaram a eles.
— Vamos encontrar um pouco de emoção para você.
— Ou algum arquivamento...
— Os calouros precisam de uma boa limpeza. Aqui está uma escova de
dentes.
Ben sorriu e jogou uma bolinha de flimsi neles. Foi bom fazer parte de
uma equipe. Era bom ter amigos. Eles não o viam como o Filho de
Skywalker, Jedi a ser temido. Ele era só Ben, e eles cuidavam dele como
sempre pareciam fazer com os jovens oficiais de quem gostavam.
E eles nunca perguntaram onde ele esteve. Tudo estava em uma base de
necessidade de saber.
Mas a onda de bombardeios parecia ter acabado por enquanto. Era
apenas um caso de descobrir quem ficar de olho e reunir a seguir.
Corellianos, Bothanos... e agora Fondorianos.
O capitão Lon Shevu caminhou para o estrado na frente da sala,
parecendo mais comprometido do que nunca, mas Ben sentiu a relutância e
as dúvidas nele. Podia sentir isso em alguns dos outros soldados também,
geralmente aqueles que estavam no FSC. Jacen seguiu Shevu e recebeu a
atenção instantânea e total. Jacen podia fazer isso: Ben não tinha certeza se
o invejava ou não. Era interessante que parecia gostar de ser o foco dos
seres comuns, mas optou por se esconder dos sensitivos da Força. Era como
se quisesse ser visto apenas pelo mundo mundano.
Eu tenho que aprender a fazer isso. Mamãe diz que eu fazia isso quando
criança, mas era por instinto, como bebês nadando. Eu quero aprender
como fazer como Jacen faz.
— Breve pelas próximas quarenta e oito horas, senhoras e senhores, —
disse Jacen. — Estamos entrando em uma fase diferente. A prioridade agora
é procurar profissionais, agentes de inteligência da Confederação. Agora,
normalmente deixaríamos isso para nossos colegas da Inteligência da
Aliança, mas visto que temos todos os seus melhores agentes... — Aplausos
e risadas o interromperam. Ele fez uma pausa com um grande sorriso e
atendeu novamente. — ... visto que escolhemos a ninhada, estaremos os
ajudando. Também forneceremos proteção de perto para o chefe Omas e
ministros chave, para aliviar a FSC e monitorá-los. Os resultados do
interrogatório sugerem que podemos estar olhando para tentativas de
assassinato mais direcionadas e profissionais, como agentes do governo,
não só amadores descontentes e caçadores de recompensas.
Uma mão foi levantada na frente. Ben não conseguiu ver quem era.
— O que é monitoramento neste contexto, senhor?
Jacen piscou uma holo imagem na tela atrás dele. Mostrava um
diagrama das várias rotas pelas quais os ministros da AG poderiam ser
alcançados, física ou virtualmente: escritórios, endereços residenciais,
clubes privados, rotas para o Senado, comunicadores.
— Assim, — disse ele.
— Temos permissão para grampear os comunicadores dos senadores,
senhor? — perguntou Shevu.
— De acordo com a Lei de Medidas de Emergência, estamos
autorizados a realizar qualquer vigilância para prevenir atos de violência
contra ministros de estado e aliados visitantes.
O rosto de Shevu era ilegível, mas Ben sentiu a infelicidade aguda nele.
Agora, havia um cara que sabia como esconder o que estava pensando. Ben
se perguntou se essa era uma habilidade mais útil do que se esconder na
Força.
Escutar os comunicadores dos senadores não pareceu incomodar mais
ninguém na reunião. Ben também não conseguia ver o problema. Fazia
sentido, para a sua própria proteção. Jacen designou esquadrões para as suas
funções e houve discussão sobre suprimentos.
— Elabore uma lista de desejos, — Jacen disse, radiante. — Acho que
amenizamos a situação do abastecimento. Ou teremos, até o final desta
semana.
Houve uma onda de risadas.
— Você os convenceu a ver as coisas do seu jeito, senhor?
— Oh, eu só me certifiquei de que o flimsi estava em ordem...
Houve mais risadas e uma onda de aplausos. Por um momento, Ben
sentiu uma proximidade conspiratória entre Jacen e os soldados. Era
genuíno: Jacen não estava fazendo seu ato de carisma para persuadir as
pessoas a fazerem o que ele queria, embora fosse muito bom nisso. Gostava
da companhia de suas tropas, e elas gostavam da dele. Havia uma sensação
de perigo compartilhado e de que o resto do mundo não fazia parte de tudo
isso. Ben fez anotações mentais sobre a arte da liderança sem esforço.
A reunião acabou. Ben ficou para trás para falar com Jacen, recebendo
alguns comentários jocosos sobre a sua recente ausência enquanto os
soldados saíam, e dando o melhor que podia. Sentiu uma pressão repentina
na parte de trás da cabeça e, quando olhou em volta, Jacen o observava do
lado do estrado, sorrindo levemente.
— Eles gostam de você, — disse ele. — Isso é bom para um oficial,
desde que gostem de você pelos motivos certos.
— Não é importante ser respeitado em vez disso?
— O que é respeito, Ben?
Ben ponderou sobre a questão, percebendo nela um teste sutil.
— Pensar que uma pessoa faz algo certo, e que ela faz melhor do que
você, e então você se sente positivo em relação a ela.
— Excelente.
— Isso não é o mesmo que ser amado, não é?
— De jeito nenhum. Podemos respeitar aqueles de quem não gostamos,
— Jacen disse. — A maneira de ser amado por seus homens é este: eles
acreditam que você nunca passaria a vida deles de forma barata, que o bem-
estar deles vem em primeiro lugar e que você não pediria a eles para fazer
nada que você mesmo não faria. Compartilhar suas provações e triunfos
sem ser um deles, e eles sabem que é assim que tem que ser, porque sabem
que um oficial tem que tomar decisões que custam vidas, e isso é algo que
você só pode fazer se permanecer suficientemente separado.
Ben ainda não havia perdido um soldado do Comando 967. Na verdade,
eles não tiveram mortes ou mesmo ferimentos graves. Eles levavam vidas
encantadas no que dizia respeito ao resto dos militares. Não tinha ideia de
como se sentiria se tivesse que colocá-los em uma posição onde as mortes
eram inevitáveis.
Jacen pareceu ler a sua mente novamente.
— Até que você possa tomar essas decisões, você não está seguro para
liderar.
— Mas é mais fácil se você estiver preparado para morrer, certo? —
Ben de repente se sentiu muito melhor com o atentado de Lumiya contra a
sua vida. Ele sabia que era ela agora, juntando as peças do que tinha
acontecido em Ziost e o que mamãe tinha dito a ele. Mas estava tudo bem.
Podia olhar todos os do 967 nos olhos agora. — Porque se você está
disposto a fazer o mesmo sacrifício, isso é o que importa.
Jacen se inclinou para perto dele.
— Isso inspira. É o maior ato de honestidade com suas tropas.
Ben sabia que era assim que Jacen liderava e por que todos eram tão
leais a ele. Ele liderava na frente e adorava estar no meio da luta. O fato de
que, como um Jedi, ele tinha vantagens de sobrevivência, eles raramente
pareciam passar por suas mentes.
— Não sei para que lado vou pular quando chegar a hora, — disse Ben.
— Ninguém sabe. Mas tentarei fazer o que é certo para a maioria.
O sorriso de Jacen foi totalmente luminoso por um momento, mas
depois desapareceu como se ele tivesse se lembrado de algo terrível. A sua
presença na Força desapareceu por alguns segundos e depois voltou. Isso
era estranho, Ben pensou: Jacen estava parado ao lado dele, então do que
ele estava se escondendo?
— Você pode me ensinar a fazer isso? — Ben perguntou. — Esconder-
se na Força?
Jacen parecia abalado.
— Por que?
— Porque Lumiya está tentando me matar. Achei que poderia ser útil. E
por evitar mamãe e papai às vezes. Sim, seria útil. — Mamãe diz que tem
provas de que eu matei, que Lumiya pensa que eu matei a filha dela. Não
me lembro de nada do que aconteceu naquele asteroide, Jacen, mas talvez
não importe, porque Lumiya acredita nisso, e aposto que ela estava por trás
do que aconteceu em Ziost.
O rosto de Jacen estava cuidadosamente sem expressão. Ben não sabia o
que ele estava pensando agora, nem mesmo na Força.
— Sim, porque não? — Jacen disse. Sua voz era mais suave, quase
hesitante. — Não se preocupe com Lumiya. Ela não está disposta a matar
você.
— Quando podemos começar?
— É muito simples.
— Sim, — disse Ben duvidosamente.
— Não é. O princípio é simples, é a prática que é difícil. Pode levar
anos para dominá-lo. Jacen fez sinal para ele se sentar no chão. — Vamos.
Posição de meditação.
Ben se sentou de pernas cruzadas e fechou os olhos automaticamente,
respirando fundo e devagar até chegar ao estágio em que o mundo além
dele parecia distante e estava hiper consciente de seu próprio corpo, até
mesmo do movimento do sangue em suas veias.
A voz de Jacen parecia vir de outro tempo e lugar.
— Você está contido. O mundo não pode tocar em você.
— Sim.
— Agora quebre a casca. Quebre o recipiente. O tom de Jacen era
uniforme e suave. — Veja o mundo em seus átomos componentes. Veja a si
mesmo como átomos também. Encontre a linha onde você termina e o
mundo começa.
Ben visualizou a sala ao seu redor e o ar nela. Tornou-se uma nevasca
congelada de densidade variável, algumas partículas agrupadas, outras
dispersas; então olhou para dentro de si mesmo e viu a irregularidade
microscópica da superfície de sua pele, e as placas de queratina sobrepostas
em seu cabelo, e então além disso, onde ele era exatamente como o quarto
ao seu redor, uma tempestade de neve de moléculas. Parte da sala estava
dentro dele como oxigênio e poeira, e parte dele estava na sala como
fragmentos de pele e gotas de água.
Não havia linha. Não havia limite que separasse Ben Skywalker da sala,
ou de Coruscant, ou da galáxia. Fundiu-se com tudo, e tudo se fundiu com
ele. Não havia nada sólido: apenas um mar quente e flutuante de moléculas,
algumas das quais reunidas frouxamente e longas o suficiente para ser Ben
Skywalker.
— Então você pode fazer isso...
A voz de Jacen veio de muito longe. Ben de repente sentiu como se
estivesse se dissolvendo e nunca mais seria inteiro. O pânico tomou conta
dele. Ele abriu os olhos com um esforço enorme, como abrir uma rocha
com as próprias mãos, um esforço tão imenso que ele se viu ofegante.
— Ah... uau...
— Agora, — Jacen disse suavemente, — você vê porque a prática é
necessária. Mas nota máxima em técnica.
— Como isso me esconde?
— Você se mistura com o universo. Pense nisso como camuflagem da
Força. O truque é ficar tão confortável com isso que você pode entrar nesse
estado de ser... dissolvido, mas ainda continuar funcionando, totalmente
consciente.
Ben não conseguiu nem outro uau. Estava absolutamente determinado a
dominar a técnica e, ao mesmo tempo, assustado porque parecia uma morte
sedutora e confortável. Temia que pudesse afundar tão fundo nisso que
nunca mais sairia.
Foi o mais perto que já chegou de saber e sentir o que era a Força.
Sentiu que nunca mais seria o mesmo, ou veria o mundo da mesma
maneira.
Uau.
Se ao menos todo o seu conhecimento da Força tivesse se manifestado
tão rápido e vividamente.
— Você precisa praticar regularmente, — disse Jacen.
Ben assentiu, preocupado em parecer muito entusiasmado. Era mais do
que apenas uma maneira útil de fugir de seu pai agora. Valeu a pena
perseguir por direito próprio, pela pura sensação disso.
— Eu vou, — disse ele. O momento de revelação extática havia passado
e ele se sentiu estranhamente gelado. — Alguma ordem para mim? Ou vou
apenas ouvir os comunicadores agora?
— Ah, tenho uma missão para você.
— Gostou do Amuleto? — Talvez ele não devesse ter dito isso, mas ele
se sentiu mal com a coisa toda, como se não tivesse sido apenas um
desperdício da vida de um homem, mas também não fosse tão importante
quanto ele foi levado a acreditar. Ele odiava ser bem-humorado. — Eu
posso lidar com a verdade, Jacen. Você ficaria surpreso.
Jacen estava em toda compostura serena.
— Eu tenho um trabalho que só você pode fazer, e é crítico. Você pode
não querer aceitar a missão.
— Se é uma ordem, é uma ordem.
— É melhor ouvir primeiro. — Jacen enfiou a mão em sua jaqueta e
tirou um datapad. — Leia isso. São as fontes originais das informações que
recebi, então você pode julgar por si mesmo.
Ben pegou o datapad e estudou a tela. Haviam transcrições de conversas
de comunicador e até imagens granuladas de uma reunião tiradas de um
ângulo tão estranho que deve ter sido capturada por um droide espião em
um local muito estranho, provavelmente em cima de um armário. Homens
em trajes e túnicas caras, bebendo caf e conversando em voz baixa: um
homem com cabelo escuro bem cortado, mais jovem que Jacen. Ben o
reconheceu como Dur Gejjen.
— Aquele é o primeiro-ministro Corelliano, — disse ele.
— Essa é toda a informação coletada de nossos contatos dentro dos
escritórios do governo Corelliano. Leia.
Houve uma discussão sobre criar uma barreira entre Hapes e a Aliança
Galáctica. Parecia a manobra política usual que sempre entediava Ben até
que ele começou a ler frases recorrentes, como Rainha Mãe e vendo as
desvantagens de se aliar à Aliança.
E então houve referências à remoção de obstáculos. Tudo se encaixou
quando passou para a próxima holo imagem e viu a discussão sobre os
caçadores de recompensas apropriados e quem poderia estar disposto a
operar na casa real Hapan.
Ben podia estar entediado com a política, mas entendia melhor do que
imaginava e sabia que precisava fazer isso se quisesse sobreviver.
— Isso é sobre Tenel Ka.
— Correto.
— Gejjen realmente planejou o ataque contra ela, então.
— Correto. Finalmente temos evidências concretas e, portanto,
podemos agir.
Ben deveria ter se sentido ultrajado, sabia, mas o que o encheu foi o
desespero de que as pessoas achassem tão fácil e tão necessário conspirar
para matar umas às outras. Estava acontecendo com sua própria família e
com ele, e estava acontecendo entre chefes de estado.
Eles eram todos loucos. Eles perderam toda a razão. Ou era assim que o
mundo adulto realmente funcionava, fazendo todas as coisas estúpidas,
cruéis, destrutivas e impulsivas que eles juravam ter superado?
— O que você quer que eu faça? — Ben perguntou, bastante certo de
qual seria a resposta.
— Assassine Gejjen. — Jacen esfregou a testa com cansaço. — Ele é
uma parte do trabalho e vai desestabilizar os nossos aliados. Não há como
negociar com um homem que rotineiramente recorre a assassinatos
patrocinados pelo Estado como esse. Os Corellianos precisam saber que
podemos alcançá-los e pegá-los também. Deixá-los um pouco sóbrios.
Muito arrogante.
— Mas não é isso que estamos fazendo? Como nosso assassinato é
diferente do deles? Isso não vai apenas levar a mais assassinatos?
— Você quer fazer isso pelas regras? Certo, ligue para a Segurança
Corelliana e denuncie Gejjen por conspiração de assassinato. Ah, e por ter
assassinado Thrackan Sal-Solo também, mesmo que não possamos chamar
o meu pai no tribunal para testemunhar isso. Vamos ver com que rapidez
eles o prendem.
— Eu sei...
— Você não precisa fazer isso. — Jacen tinha aquele tom ligeiramente
ferido que dizia exatamente o oposto. — Mas você provou que era
competente em operações secretas quando atingimos a Centerpoint, e você
pode se aproximar de Gejjen com muito mais facilidade do que um grande
comando cabeludo como Duvil. Você pode parecer um adolescente
inofensivo.
Eu sou um adolescente... e geralmente sou bastante inofensivo. Mas
Jacen tinha razão. Se alguém fosse fazer isso, e o fato de Jacen ter
mencionado isso significava que ele já havia se decidido, então Ben tinha a
melhor chance de chegar perto o suficiente de Gejjen sem ser visto.
Jacen olhou para ele, com a cabeça ligeiramente de lado, com aquele
quase sorriso que dizia que ele tinha certeza que Ben iria dizer sim.
— Não posso exatamente pedir a Boba Fett para fazer isso, posso? —
Jacen disse calmamente.
— Eles estão apostando em como e quando ele vai tentar matar você. —
Um oficial não deve pedir aos seus soldados que façam algo que ele
próprio não faria. Não posso deixar isso para um dos 967. — Certo. Eu
concordo que Gejjen está podre até o âmago. E assim que pudermos tornar
isso público... o mandado contra o tio Han e a tia Leia será arquivado,
certo?
— Não posso, Ben. Jacen suspirou. — Todo mundo sabe que eles não
tiveram nada a ver com o ataque. Mas eles ainda estão trabalhando para
Corellia, e não posso suspender os mandados de prisão só porque são da
família. É assim que começa a corrupção. Além disso, que exemplo isso dá
às tropas? Eles confiarão em nós novamente se os oficiais quebrarem as
regras para a família?
Ben foi lembrado mais uma vez de que não puxou ao pai, que teria
insistido em prender Gejjen.
Era um trabalho sujo, mas já deveria ter percebido isso. Não poderia
entregá-lo a outra pessoa se quisesse se considerar um homem, ou a um
oficial.
— Eu enviarei você com um bom reserva, — Jacen disse. — Shevu e
Lekauf. Nossos contatos em Corellia estão acertando a hora e o local. Você
terá que estar pronto para partir a qualquer momento.
Ben se perguntou como deveria matar Gejjen. Parecia um sacrilégio
usar um sabre de luz. Ele se concentrou nos aspectos práticos e na logística,
refletindo brevemente sobre onde o golpe aconteceria, o quão perto ele
poderia chegar e o que funcionaria melhor, blaster, projétil ou algo mais
exótico.
Lá estava a lâmina vibratória de sua mãe, mas Ben não tinha certeza se
teria estômago para usá-la a sangue frio. Só sabia como defender a si
mesmo e aos outros, não como caçar com o único objetivo de matar.
— Você pode fazer isso, — Jacen disse, que sempre parecia conhecer
seus pensamentos. — As mesmas técnicas que você já usa, apenas uma
mentalidade diferente. Vá falar com a equipe de atiradores.
A melhor pessoa que poderia ter consultado sobre os pontos mais
delicados do assassinato era a sua mãe, que já foi a Mão do Imperador, a
melhor assassina de sua época. Ei, mãe, um tiro na cabeça é melhor? Toque
duplo ou triplo? Você acha que um blaster silencioso é uma opção melhor
do que um sabre de luz?
Ben sabia que era uma conversa que ele nunca poderia ter.
Jacen assistiu Ben sair da sala de reuniões e respirou fundo. Era tudo o que
podia fazer para manter a respiração estável e não deixá-la se transformar
em um soluço.
Eu não posso fazer isso.
Eu não posso matá-lo.
Se a Força tivesse deixado as coisas mais claras, explicado
explicitamente o que tinha que fazer, ir aqui, matar isso, recitar aquilo,
então poderia ter sido mais fácil. Não saber que era insuportável; sem saber
se estava lendo demais nas interpretações incertas de borlas com nós, nos
pronunciamentos vagos de Lumiya, em paralelos com o seu avô que talvez
nem existissem. Sabia que o seu destino era ser um Lorde Sith com mais
certeza do que qualquer outra coisa, mas foi esse teste final que o deixou
num tumulto agonizante.
E se eu estiver errado? E se Lumiya estiver errada? E se não preciso
matar ninguém, e mato Ben porque não consegui traduzir uma profecia
estúpida direito?
A profecia dizia: Ele eternizará o seu amor.
Dizia muitas outras coisas também, como se fosse um animal de
estimação. Ainda não tinha nada fofo, escamoso ou emplumado em seu
nome, e era exagerado aplicar isso ao fiel cabo Lekauf, que o serviu tão
abnegadamente quanto o seu avô serviu a Vader.
Imortalizar não precisa significar matar.
Mas não tinha ideia do que mais isso poderia significar. Isso, essa era a
pior coisa sobre o ensino Sith. Não havia só duas interpretações possíveis
de qualquer coisa, mas três, quatro, cinco...
Então, só os Sith lidam com absolutos, não é, Obi-Wan? Você disse isso
a Vader, ou então Lumiya disse. Seu mentiroso. Os Sith lidam com tudo,
menos absolutos, porque...
Porque a própria vida era assim. Um milhão de escolhas a serem feitas
livremente, todas elas a serem vividas, e exigindo a coragem da convicção.
Apenas uma pista. Como eu vou saber? Qual será o sinal?
Lumiya também não sabia, ou se soubesse, não iria ouvir. Jogos
suficientes; adivinhação suficiente. Tudo isso dependia de seu julgamento.
Estou procurando por sinais e presságios como uma cartomante Ryn.
Tem que ser mais racional do que isso.
E era.
O comentário de Ben sobre a conversa que eles acabaram de terminar
saltou em sua mente.
Um oficial tem que tomar decisões que custam vidas.
Foi para o bem da maioria, disse ele. E se Ben podia pensar nisso, então
Jacen tinha que pensar também.
Pensou, ativou as travas de segurança nas portas da sala de reunião,
sentou-se em um canto com a cabeça apoiada nos joelhos.
Quando levou a mão ao rosto, encontrou-o molhado de lágrimas.
Capítulo Cinco
Mara se perguntou se valeria a pena inventar uma história para Jacen sobre
por que precisava pegar um XJ7.
Olha, Jacen, é o seguinte. Você se transformou num bandido desde que
Lumiya entrou em cena, e a bruxa está tentando matar o meu filho, então
que tal eu fazer o que faço de melhor e matá-la para o bem de todos nós?
Adoraria dizer isso a ele. Mas ainda não sabia quem eram os cúmplices
de Lumiya dentro da GAG, e Jacen não gostou das dúvidas sobre a sua
preciosa polícia secreta. Ele não estava sendo útil. Ele nem parecia acreditar
que Mara e Luke haviam encontrado evidências convincentes das conexões
da GAG de Lumiya.
Jacen pode ter sido um Jedi talentoso, mas também pode ser um idiota
muito humano. Ou pelo menos pensou nesses termos mais benignos antes
do desastre de Gilatter VIII. Nunca imaginou que Jacen deixaria os seus
pais para morrer.
Mara tentou o comunicador de Leia novamente, pulando de frequência
em frequência para o caso de estar sendo rastreada. Velhos hábitos custam a
morrer, e não queria que a Mulher Louca Dois, Alema, a pegasse, ou a Leia.
Ou... talvez ela tenha.
— Não podemos continuar nos encontrando assim, — disse a voz de
Leia. Ela riu, e isso foi bastante notável dadas as circunstâncias. Ela não
tinha muito do que rir. — Tenho que te dar uma senha?
— Confiarei em você. — Mara checou a tela da cabine, observando a
mudança de frequência no monitor em barras multicoloridas de luz. — Você
está bem?
— Para uma mulher em fuga, estou indo muito bem.
— Não sei por onde começar.
— Tente, Ei, o seu filho te abandonou mesmo pra ser aspirado pelo
vácuo? Porque essa seria minha primeira pergunta...
— Sinto muito, Leia, sinto muito. Mas vou acabar com isso. Tire
Lumiya da equação e acho que você verá uma grande melhora na atitude de
Jacen.
— É onde você está agora?
— Estou tentando descobrir como Lumiya se movimenta. Esqueça todo
esse lixo de chicote de luz. Vou encontrar a nave dela e terminar o que Luke
começou. Eles estão sempre vulneráveis em trânsito.
A extremidade da conexão de Leia ficou quieta por alguns momentos.
— Quer que eu jogue a isca?
— Você não acha que já passou por coisas demais ultimamente?
— Posso garantir que Alema apareceria se eu pedisse educadamente, —
disse Leia. — E talvez Lumiya não estivesse muito atrás.
— Vou te dizer uma coisa, por que não atiro em Ben e me certifico
disso?
— Mara...
— Desculpe. Não quero expor você a mais nenhum risco. Mas se eu
puder inventar uma maneira mais segura de explorar o fato de que nenhuma
dessas malucas pode ficar longe de nós, eu o farei.
— Vamos precisar quebrar esse vínculo em breve, — disse Leia.
— Certo. Olha, eu tenho que ver Jacen mais cedo ou mais tarde. Você
quer que eu seja direta com ele? Perguntar a ele por que ele fugiu quando
você veio para salvá-lo?
Mara não conseguia pensar em uma única coisa que Jacen pudesse
dizer que soasse plausível, mas ela não queria fazer Leia se sentir pior do
que ela. Minha culpa de qualquer maneira. Eu o defendi quando Luke
estava me dizendo que estava escurecendo. Se eu tivesse visto o que estava
na minha frente e agido então, as coisas poderiam ser diferentes agora.
Ela tinha pensado isso sobre Palpatine também. Ela estava gastando
muito tempo olhando para trás e não o suficiente se preocupando com o
aqui e agora. O passado não podia ser mudado, apenas o futuro.
— E se ele disser a você, — disse Leia, — e for um motivo que eu não
goste de ouvir?
— A sua chamada. — Quanto pior tem que ficar antes de você aceitar
que ele está tratando você pior do que lixo? Mara tentou imaginar como se
sentiria se Ben emitisse um mandado de prisão contra ela ou a deixasse em
uma estação espacial ventilando a atmosfera. Isso a devastaria, mas ela o
aceitaria de volta em um piscar de olhos. Não, não havia nenhum conselho
que pudesse dar a Leia sobre o seu filho rebelde. — Mas eu quero saber de
qualquer maneira, já que Luke e eu estávamos lá para ajudá-lo também, e
perdemos o nosso tempo.
— Tudo o que posso dizer é fazer o que você sentir que deve para pegar
Lumiya. Então veremos como trazer Jacen de volta ao redil.
— Se eu encontrar Alema, vou guardá-la para você.
— Gostaria disso.
— Achei que você gostaria.
— Cuide-se, Mara.
A conexão de Leia caiu. Mara teve que presumir que ela e Han estavam
em Corellia, e isso significava que Alema não poderia alcançá-la tão
facilmente.
Cuidar-me. Ah eu vou. Tenho uma vantagem que você não tem, Leia,
que é a escuridão. Eu estive tão escuro. Fui treinada por um Lorde Sith. Eu
posso pensar como eles.
Pelo menos Leia não fez nenhuma piada sobre Luke não ter aproveitado
a oportunidade para acabar com Lumiya. Às vezes, quando pensava na
cunhada, Mara lamentava o seu próprio temperamento e desejava poder
aprender um pouco daquela diplomacia de aço.
Mara virou o XJ7 e verificou o transmissor de Ben novamente. Ainda
em Coruscant. Isso não garantia a sua segurança, mas pelo menos poderia
localizá-lo. Ampliou sua tela no rastreamento, e as coordenadas foram
resolvidas em uma grade e depois em bairros e skylanes. Ben estava no QG
da GAG. Ela poderia localizá-lo com precisão dentro de três metros.
Ele gostou da lâmina vibratória que lhe dera. Sentiu-se mal por não ter
contado a ele que abrigava um transmissor passivo de longo alcance, e que
a salvou mais de uma vez porque o usou como um farol, mas isso era só um
detalhe. Era uma arma soberba, então não era mentira.
A vibro lâmina marcada garantia que soubesse exatamente onde Ben
estava o tempo todo agora.
Ele nunca o notaria. A GAG achava que tinha o melhor equipamento,
mas tinha alguns dispositivos que podiam passar por eles, usando
tecnologia, frequências e relés mais antigos que eles nunca detectariam. Um
sistema de vigilância usando a tecnologia mais sofisticada não procurava
dispositivos quase tão básicos quanto um código piscando com um pedaço
de espelho quebrado. A tecnologia pode ser cega. Se eles examinassem
Ben, encontrariam apenas o código do comunicador, não o sinal escondido
nele, porque não tinham a extremidade ativa da conexão do transmissor. Ela
tinha.
Tinha mais um transmissor sobrando e o estava guardando para um dia
chuvoso.
Desculpe, querido. Tinha que fazer isso.
Voltou a sua atenção para Lumiya. Agora Lumiya estava aparecendo em
confrontos com a Confederação. Talvez todos estivessem olhando na
direção errada e Lumiya estivesse trabalhando para Corellia.
A última vez que a tinha visto no resort satélite, Ben não estava nem por
perto, mas Jacen estava. Quem Lumiya estava perseguindo, Ben ou Jacen?
Se a presença de Lumiya estava fazendo Jacen esquecer o que era ser um
Jedi, então talvez Mara também precisasse ficar de olho em Jacen.
Isso era mais fácil dizer do que fazer. Precisava tentar uma abordagem
mais direta ali, talvez falar com ele pelo menos uma vez. Ninguém mais
conseguiu. Era difícil fazer Jacen ouvir, e ainda mais difícil contatá-lo nos
dias de hoje. Ele interpretou o segredo da polícia secreta literalmente.
Então algo desapareceu da Força.
Ben...
Era como uma forma passando rapidamente por sua visão periférica, e
um ruído de fundo familiar parando abruptamente, deixando um zumbido
morto e sem som nos ouvidos.
Ben se foi...
Ben havia desaparecido da Força.
A mão de Mara estava nos controles para pular para o hiperespaço e
voltar para Coruscant em alta velocidade quando a sensação de seu filho
voltou como se o som tivesse sido ligado novamente. O seu estômago
revirou.
Talvez seja eu.
Ele já havia feito isso antes quando era um garotinho, assustado com a
última guerra, aquela contra os Yuuzhan Vong. Foi descontrolado e
instintivo. Mas o que Mara acabara de vivenciar parecia algo mais
deliberado. Quando se concentrou nele, ele se sentiu bem, não, mais do que
bem. Ele se sentiu eufórico.
Isso ainda a incomodava. Traçou um curso para casa e antes de pular,
sentiu-o desaparecer e voltar novamente.
Ele parecia... encantado. Podia sentir a profunda admiração nele. Então
ele estava fazendo isso deliberadamente. Nenhum filho dela iria fazer
aquela façanha com ela: estava farta de Jacen fazendo isso sem que Ben
aprendesse a se esconder na Força também. Voltaria para checá-lo, mas
escolheria a hora certa para confrontá-lo sobre a sua nova habilidade.
Talvez ele não vá além de rajadas curtas.
Mas ele era o Ben, e o Ben provou ser capaz de feitos surpreendentes.
Ele dominaria isso, tudo bem. Simplesmente sabia disso.
De repente, não se sentiu tão culpada por dar a ele uma vibro lâmina
marcada. Uma mãe tinha que se manter à frente do jogo de alguma forma.
QG DA GAG, CORUSCANT
Jacen não queria parecer muito interessado nos procedimentos do Conselho
de Política e Recursos. Se ele aparecesse para a reunião e sentasse na
galeria reservada para aqueles cidadãos valentes que realmente se
preocupam com as minúcias do governo, ele poderia causar perguntas.
Por outro lado, pode ter sido visto apenas como um coronel intrometido
e microgerenciador que colocou o bem-estar de suas tropas acima de
escolas, saúde e transporte.
Isso era bom pra ele. Era exatamente assim que agia.
Mas discrição era necessária, então permaneceu na QG da GAG e
mudou para o canal HoloNet que transmitia os procedimentos do Senado.
Lumiya já deveria estar lá. Esperou que a holo câmera para a galeria
pública e viu, como esperava, uma mulher em um traje sóbrio e cocar
velado. Ela também não era a única. Os véus foram considerados muito
chiques este ano. Ela não chamou atenção alguma.
A emenda HM-3 aos regulamentos de aquisição era o Item 357 em uma
agenda de 563 ajustes incrivelmente chatos e mudanças nas leis que Jacen
nem sabia que estavam nas regras de estatutos.
Vou ter que delegar muito quando estiver... no comando. Uma equipe de
administradores escolhida a dedo. Liderados por HM-3, eu acho.
A sessão já havia começado, e os senadores que estavam felizes em
fazer o pequeno trabalho de rotina, e não serem notados, estavam no Item
24, tendo uma parte particularmente misteriosa da legislação sobre resíduos
perigosos explicada a eles. Jacen desligou o áudio e configurou o monitor
para alertá-lo quando o Item 357 estiver ativado. Então ele começou a ler
mais relatórios da inteligência, com as portas de seu escritório
escancaradas.
Quase sempre mantinha as portas abertas. Isso tranquilizava as tropas.
Dizia-lhes que era um oficial acessível, sempre disposto a ouvir.
Mas Jori Lekauf espiou para dentro, com as botas ainda firmes no lado
do corredor das portas, como se houvesse uma barreira marcada TERRITÓRIO DO
OFICIAL, NÃO PASSE.
— Senhora no portão de segurança pedindo para vê-lo, senhor.
Jacen, distraído, apalpou a Força para ver quem poderia ser.
— Mara Skywalker.
Lekauf sorriu.
— É ótimo o jeito que você pode fazer isso, senhor.
— Não recebo muitas mulheres para me ver, então poderia ter
imaginado... — Jaina não viria visitá-la, não sem que sentisse o seu
ressentimento e desconfiança marchando à sua frente como uma vanguarda.
E não teria sido Tenel Ka. Sentia falta dela, e sentia falta de Allana ainda
mais. Eu não tenho que matá-las. Eu saberia se tivesse que fazer, não é? —
Traga-a para dentro.
— Sim, senhor. — Lekauf virou-se para partir.
— Lekauf...
— Senhor?
— Você já considerou uma patente?
— Não tenho certeza se tenho perfil de oficial, senhor..
— Eu acho que você poderia ser. Não estou forçando você, mas
precisamos de bons oficiais subindo nas fileiras, porque teremos um papel
desafiador nos próximos anos.
Lekauf parecia duvidoso.
— Estou disposto a tentar, senhor.
— Excelente. Vou pedir ao ajudante que resolva a
papelada. Provavelmente teremos que adiar o curso de estado-maior até que
a situação de segurança esteja mais estável, mas tenho certeza de que Shevu
ou Girdun ficarão felizes em orientá-lo. E você poderá ficar de olho no Ben.
Ele realmente confia em você.
Lekauf piscou, mas não havia expressão em seu rosto.
— O capitão Shevu cuida muito bem de mim. Vou aprender muito com
ele.
Falácias diziam muito. Lekauf não era ingênuo, apesar de sua aparência
alegre de colegial. A sua evitação cuidadosa do nome do capitão Girdun
confirmava as observações de Jacen de que o ex-homem da Inteligência não
era um oficial popular com tropas do lado militar e da FSC. Os espiões
tinham esse efeito. Shevu viera da FSC, gente familiar, visível e confiável
que você ficava feliz em ver em uma crise.
Jacen não podia arcar com as divisões.
— Você também pode fazer bem ao capitão Girdun. É interessante
como um bom aprendiz cria um professor melhor.
— Obrigado, senhor. — Lekauf não mostrou uma centelha de reação.
— Vou mostrar a entrada para a sua convidada.
Jacen manteve um olho na holo tela silenciosa enquanto examinava os
relatórios, um dos quais encaminhou para a atenção imediata de Niathal, os
Bothanos tinham uma nova classe de fragata entrando em serviço em
questão de dias. A reunião da A&S chegara ao item 102. Um dia agitado:
muita conversa estava acontecendo. Abriu seu comunicador e mudou o
sinal para o pequeno ponto no fundo de seu ouvido. Lumiya tinha um
receptor oculto em seus implantes cibernéticos e o ouvia nas profundezas de
seu crânio, silencioso como um pensamento.
Usou o nome falso dela, o mesmo que usou na frente de Ben. Era
bastante comum. Também ajudava a evitar escorregões acidentais.
— Você os está ajudando a tomar decisões, Shira?
— Dar a eles um senso de urgência, isso é tudo. Não que eles não
tenham almoços chiques em mente.
— Parece que alguém problemático leu as agendas com antecedência?
— Não tanto quanto eu possa ver. Mas não se preocupe. Eu posso lidar
com isso.
Jacen sentiu Mara se aproximando pelo corredor, como um pequeno
tornado de determinação. Ao contrário de Lekauf, ela entrou direto. Jacen
projetou um verniz de bom humor cansado na Força e sorriu para ela.
Ela olhou para a holo tela.
— Isso parece emocionante.
— Só certificando-se de que resolvemos nossos problemas de
abastecimento. — Esconder-se à vista era sempre a melhor opção,
descobriu Jacen. — Uma emenda para que possamos cortar a burocracia e
conseguir o equipamento certo para o nosso pessoal. Tem sido um problema
para as tropas.
— Eu sou a favor disso. — Mara se sentou na cadeira bamba em frente
à mesa dele, Jacen acreditava em ser visto para não gastar dinheiro consigo
mesmo, e cruzou as pernas. Ela passou a usar uma jaqueta cinza que mais
parecia um traje de batalha, uma indicação de seu estado de espírito
ultimamente. — Eu vim por causa de Ben.
— Ele está indo bem. Ele está indo muito bem, na verdade.
— Você certamente o concentrou. Um jovem bastante responsável
agora. — Mara olhou para as portas abertas como se elas a incomodassem.
— Vamos direto ao ponto. Eu sei que Lumiya está tentando matá-lo. O que
quer que ele tenha feito ou não, Lumiya acha que ele matou a filha dela.
Agora, visto que também encontramos evidências de que Lumiya tem um
espião na GAG, isso me preocupa um pouco. Muito um pouco. Se alguma
coisa acontecesse com meu filho dentro da GAG, eu ficaria muito mal,
acho.
Ah. Ela resolveu? Mara realmente viu o que está por vir? Jacen sentiu
um momento de desânimo ao se perguntar se este último mistério sobre seu
caminho era transparente para todos. Ela era a Mão de Palpatine. Se
alguém do Conselho Jedi puder vê-lo, ela o verá.
Jacen conseguiu projetar preocupação genuína. Sua conexão ainda
estava aberta: Lumiya podia ouvir tudo isso.
— Eu investiguei isso e posso garantir que não encontrei nada para
apoiá-lo.
— Ben está por aí? Não o vejo muito ultimamente.
Ben estava patrulhando, em buscas de rotina por armas. Mara não
precisava saber disso.
— Ele está fazendo uma pesquisa pra mim.
— Tudo bem, — disse Mara. — Só estou te pedindo para ter em mente
que não é a Confederação que provavelmente ameaçará a vida dele, e
mesmo que você não ache que Lumiya tenha alguém de dentro em suas
fileiras, então estou assumindo que ela tem até que eu esteja convencida do
contrário. — Ela se levantou lentamente, e Jacen estava à beira de acreditar
que ela podia ver o que estava acontecendo. — Apenas pergunte a si mesmo
qual membro da GAG se aliaria a Lumiya. Não tenho certeza se você o
veria, estando tão perto dele.
Jacen esperava ouvir algum suspiro ou outra reação de Lumiya, mas ou
ela estava mais preocupada com a aprovação da emenda ou não conseguia
ouvir afinal.
— Eu certamente farei essa pergunta, tia Mara, — ele disse. — Apenas
tenha em mente que Ben está aprendendo a cuidar de si mesmo.
— E você?
— O que você quer dizer?
— Bem, se ninguém mais vai dizer isso na sua cara, eu vou. O que está
acontecendo com você, Jacen? Por que você fugiu de seus pais assim?
Certo, há um mandado contra eles, mas...
Jacen se perguntou por que demorou tanto para alguém confrontá-lo.
Esperava que Jaina fosse a primeira, dado o seu perpétuo mau humor com
ele, mas Mara provavelmente sentiu que a sua defesa dele agora a fazia
parecer estúpida.
— Minha culpa, — disse ele. — Achei que eles estavam bem e
poderiam ficar em segurança, então decidi chegar onde poderia fazer a
diferença na batalha, minha nave.
— Certo, disse Mara. — Apenas um lapso de julgamento.
— Eu sou humano.
— Todos nós temos momentos em que nosso julgamento nos
decepciona. Eu certamente tenho. — Mara deu a ele um sorriso pouco
convincente, virando-se para as portas. — Obrigado pelo seu tempo.
Ela sabe.
Ela sabe porque é inevitável, e isso prova que tem que ser Ben.
Não eram os seus pais, ou Tenel Ka, ou Allana. Era o Ben. Perguntou-se
quanto tempo poderia continuar encarando o garoto, sabendo disso. Como
isso aconteceria? Teria que matá-lo a sangue frio? Ou eles terminariam em
algum confronto violento, onde a morte era muito mais fácil de lidar?
A voz de Lumiya era um sopro em seu ouvido. Se alguém a ouviu, ela
soou como qualquer burocrata tendo uma conversa discreta com a conexão,
não um Sith planejando o maior golpe de todos os tempos.
— Acho que o meu ex-colega vai me procurar agora, com a máxima
reprovação.
Jacen fechou as portas com o seu controle remoto.
— Foi você quem planejou o ataque a Ben em Ziost, não foi?
— Ele nunca será o seu sucessor. Ele não tem o que é preciso para ser o
seu aprendiz. É meu dever retirar os inaptos.
— Fique longe dele de agora em diante. Você foi longe demais e acho
que Mara suspeita do que está acontecendo.
— Meu ex-colega não pode tocar em você se... espere, eles estão
tirando a sua emenda fora de ordem. Alguém pediu para falar sobre isso.
— Quem?
— Alguém na galeria pública, eles invocaram o direito de se dirigir ao
conselho e se identificaram como Observatório Cidadão.
Foi interessante notar a rapidez com que as coisas podem se desenrolar.
O lobby dos direitos civis foi amplamente abafado pelos eventos, mas ele
ainda não queria que eles apontassem o que ninguém parecia ter descoberto
o que estava escondido em sua emenda. — Você sabe o que deve fazer.
— De fato. — Lumiya ficou muito quieta, com a sua voz quase
inaudível. — Eu acho... que eles vão decidir... que desejam perguntar se
isso vai ser uma legislação retroativa... sim, eles têm. Quão vigilantes.
Se ela pensou que havia se redimido aos olhos dele, ela estava errada.
Ela estava se tornando um risco. Mas esse sempre foi o jeito Sith; sempre
essa luta entre dois.
Voltou a ligar o áudio enquanto a emenda era discutida. HM-3 estava
certo. Os senadores mastigaram os valores envolvidos e se convenceram de
que o orçamento não seria ultrapassado sem autorização do Tesouro.
Ninguém parecia ver que o texto bem ajustado do HM-3 permitiria que
Jacen também mudasse outra legislação.
Pensaria em coisas que precisavam mudar.
Uma vez que eu mate Ben Skywalker, uma vez que Mara e Luke
descubram que fui eu, e esse dia terá que chegar, então eles vão me caçar.
Vou atrair toda a Ordem Jedi para cima de mim.
Quem seria o aprendiz dele então?
Vai acabar com os Jedi.
Só queria que as coisas ficassem claras quando chegasse a hora. Tinha
que confiar em seu destino. Estava muito longe do caminho para parar
agora.
— Item três cinquenta e sete, carregado. Próximo item, variação da
regulamentação referente ao licenciamento de táxi aéreo...
E era isso.
A emenda havia sido aprovada, e quando o estatuto revisado entrasse
em vigor à meia-noite, o coronel Jacen Solo, e a almirante Cha Niathal,
porque se aplicava igualmente a ela, seria capaz de ordenar tudo o que as
forças de defesa precisassem e obtê-la rapidamente.
E alterar qualquer outra legislação administrativa dentro dos
orçamentos existentes, sem recurso ao Senado.
Eles entregaram a ele um poder extraordinário, e um que usaria para
mudar a maneira como a galáxia era governada. Usaria para derrubar o
chefe de Estado Omas: ainda não tinha certeza dos detalhes, mas poderia
fazê-lo, e logo. A Aliança Galáctica cairia, não com um choque de lâminas
de sabres de luz, ou canhões de íons disparados, ou tropas cercando o
Senado, mas com uma folha de flimsi e um aceno de cabeça.
— Muito bem, — disse ele suavemente. — Bem influenciado.
— Não fiz, — disse Lumiya. Ele podia ouvir o sorriso em sua voz. —
Eles tomaram a decisão sozinhos, sem nenhuma ajuda minha. Acabei de
redirecionar uma pequena oposição da galeria.
A ironia era deliciosa demais às vezes. Jacen não sabia se ficava
satisfeito com o resultado, ou zangado porque os senadores eram tão
estúpidos que o deixaram escapar impune.
Eles mereciam ser governados pelos Sith.
Eles precisavam ser governados.
Capítulo Seis
Jacen leu a transcrição pela terceira vez e colocou o seu datapad na mesa de
Niathal.
Ela tinha um holograma Mon Cal na parede por trás dela, com todo um
oceano azul brilhante e prédios sinuosos emergindo das ondas em cidades
flutuantes. Perguntou-se se ela estava com saudades de casa. Agora ela
estava de volta de uma batalha que não tinha saído como planejado, e
impaciente para falar com Cal Omas sobre isso.
Isso significava que ela era receptiva a ideias. Fez um esforço
consciente para não influenciá-la, porque ela não era do tipo que caía em
truques Jedi. E isso só iria provocá-la.
— Nada como uma frente unida em tempos de guerra. — Ele se
recostou na cadeira, os dedos entrelaçados atrás da cabeça. — Portanto, não
somos os favoritos do mês. O nosso glorioso líder não saiu exatamente em
nossa defesa.
O uniforme branco de Niathal não parecia amassado, embora ela tivesse
acabado de desembarcar de uma nave de guerra recém-saída de uma
batalha.
— Cheira a ingratidão, eu diria.
Ela não gostava de humor. Jacen sabia o suficiente sobre a linguagem
corporal da Mon Cal agora para saber que ela estava com raiva. Ela
continuou rolando a cabeça ligeiramente, como se estivesse ficando quente
e a sua gola estivesse beliscando o seu pescoço. As suas narinas dilatavam.
Isso significava que ela estava pronta para algumas sugestões radicais sobre
Omas.
Jogou a isca.
— Você percebe que quando Gejjen diz que alguém tem que sair, ele
não está se referindo a uma aposentadoria tranquila com um certificado
agradecendo pelos serviços prestados.
— Fale logo, Jacen.
— Ele estava por trás da morte prematura de Sal-Solo...
Ela estreitou os olhos, pesados de sarcasmo.
— Estou chocada, eu te digo. Chocada.
— ...e o atentado contra a vida da Rainha Mãe Hapan. — Minha
amante. Mãe da minha filha, minha queridinha. Eu gostaria de poder vê-
las. — Nós somos os próximos.
As narinas de Niathal se fecharam por um segundo. Foi uma revelação
com Mon Cals, um pequeno sinal que dizia que eles estavam surpresos, e
não de um jeito bom.
— Ele não seria estúpido o suficiente para tentar isso.
— No momento, não sei o que ele tentaria.
— Omas não é bobo, — disse ela. — Ele deve ter uma boa ideia do que
está lidando.
— O que você acha que ele está fazendo?
— Tudo o que ele quer é manter a Aliança unida. Ele sempre acredita
que alguns puxões de orelha podem colocar os governos rebeldes na linha.
Bem, não funcionou com Corellia, e agora ele está vendo a Aliança
encolher planeta por planeta. — Ela continuou olhando para o cronômetro
em sua mesa. — Minhas regras dizem que devemos notificar o presidente
do Conselho de Segurança sobre a reunião. Ele já está se sentindo excluído
como está. Não tenho certeza qual será o resultado disso, no entanto.
Jacen mantinha G'Sil satisfeito entregando resultados no combate ao
terrorismo e não revelando nada que o obrigasse a negar conhecimento
posteriormente. Se ele tivesse planos sérios de assumir o cargo de Omas,
ainda não havia mostrado nenhum sinal disso, pelo menos não até agora.
— O senador G'Sil simplesmente me incumbiria de cuidar disso, —
Jacen disse. — Estou poupando-lhe o trabalho de saber. Negação plausível.
— Você gosta da ironia?
— O que?
— Ignorando o Senado em relação ao nosso chefe de Estado que está
ignorando o Senado. Bom trabalho com a emenda de aquisição, a propósito.
Deslizou como uma enguia lubrificada. Niathal se levantou e vagou pelo
escritório, com os dedos longos, palmados e ossudos cruzados atrás das
costas. Ela tinha aquela postura ereta que todos os militares da AG tinham,
independentemente da espécie ou disposição da coluna vertebral. — Agora
que nós dois temos a capacidade de variar os estatutos, quaisquer estatutos,
dentro dos limites orçamentários, imagino que você tenha pensado bastante
em seu potencial.
Jacen queria que ela ficasse parada e olhasse para ele, mas ela continuou
seu passeio lento pelo escritório.
Ela joga esses jogos lindamente. Terei que ter cuidado para não
contrariá-la.
— É um kit de emergência, — disse ele. — Se precisarmos, podemos
mudar qualquer lei menor e também podemos mudar qualquer grande se
formos espertos. — Nós. Não eu. Achou importante enfatizar que eles eram
parceiros. — Por exemplo, se HE-3 alterasse a Lei de Medidas de
Emergência para incluir em seu escopo os poderes da GAG para deter
chefes de estado, políticos e quaisquer outros indivíduos que se acredita
apresentarem um risco genuíno à segurança da Aliança Galáctica e
apreender os seus ativos por meio da Lei de Ordens do Tesouro, suspeito
que as pessoas olhariam para o primeiro-ministro Gejjen e acenariam com
aprovação.
— Você até fala como um legislador agora...
— Mas sou, certo?
Niathal se virou. Ela não conseguia sorrir como uma humana, mas a
diversão estava estampada em seu rosto em uma leve compressão dos
lábios. Jacen a sentiu mudar de sua perpétua cautela e impaciência para um
calor satisfeito, até triunfo, por um breve momento.
— Que ninguém vai pensar em perguntar se o Chefe de Estado da AG
está abrangido por essa emenda? Sim, Jacen, você está certo. — Ela fez um
gesto, segurando a mão como se fosse uma lâmina e entrelaçando-a na água
imaginária. — Essa sua enguia vai passar de novo.
— Se eu sentir que temos que... agir para restaurar a estabilidade e a
segurança, você estará do meu lado?
Você vai dar um golpe comigo? Eu realmente disse isso?
Niathal fez uma pausa. Mas não foi a pausa surpresa de alguém chocado
com uma proposta ultrajante; apenas um momento para avaliar Jacen Solo.
— Você pode ter a GAG por trás de você, Jacen, mas você precisa da
frota também, não é? E o resto do exército.
— Isso é um sim?
— É um 'Se as coisas piorarem, eu coloco minha lealdade a AG antes de
minha lealdade a um indivíduo. '
— Estou... interessado em ver se os militares cruzarão a linha de
cumprir a vontade do governo para decidir a política.
— Caso você se esqueça, — disse Niathal suavemente, — o cargo de
Supremo Comandante combina efetivamente o papel de secretário de defesa
e o de presidente do Estado-Maior Conjunto. Eu sou uma política. Acontece
que também sou a oficial militar mais graduada.
Ela era igual a ele em manobras, mas não tinha poderes da Força.
Esperava nunca ter que apontar isso para ela.
— É hora de batermos um papo com Omas, então. — Jacen se levantou
e limpou o seu uniforme preto da GAG com as mãos. — Só pra ter certeza.
Pelo que sabemos, ele pode estar se encontrando com Gejjen para sacar um
blaster e efetuar outra mudança do regime Corelliano.
Niathal o seguiu até o corredor que levava à suíte do Chefe de Estado,
elegante mármore azul e dourado e paredes repletas de nichos com belas
estátuas de toda a galáxia. Jacen encontrou seu coração batendo forte.
Embora pudesse controlá-lo, ele o deixava correr porque o fazia se sentir
vivo e humano. Eram tempos importantes e, se ele se isolasse
completamente da normalidade, poderia esquecer a magnitude de sua tarefa,
e o que estava em jogo.
Como posso esquecer que Ben tem que morrer?
Quando Jacen pensou em palavras, quando se ouviu em sua mente,
percebeu como a sua linguagem estava mudando. Estava se distanciando da
realidade. Ben tem que morrer. Parecia muito diferente de eu ter que matá-
lo. Talvez a Força estivesse dizendo a ele que não seria uma simples traição
à confiança de Ben entregue com um sabre de luz, mas a morte por outro
caminho.
Se tiver que acontecer... talvez não seja pela minha mão.
As portas da suíte do Chefe de Estado se abriram e ele entrou na
silenciosa sala de recepção acarpetada com Niathal ao seu lado; não atrás,
não à frente, mas exatamente nivelada com ele. Omas estava inclinado
sobre a mesa de seu ajudante, falando em voz baixa.
— Sinto muito por ter feito vocês esperarem, — disse ele, olhando para
cima. — Entrem.
Jacen moveu a sua cadeira para que ele não fosse forçado a apertar os
olhos para Omas contra a luz da janela. Assim como Niathal. Foi uma
declaração eloquente e silenciosa de quem teria a vantagem, e eles não a
ensaiaram. Omas, um homem perfeitamente sintonizado com as sutilezas da
linguagem corporal e vantagem psicológica, irradiava cautela na Força. Ele
sabia que estava lidando com uma frente unida.
— Você viu o relatório da batalha, imagino, — Niathal disse.
— Sim. — Omas pegou um datapad como se para tranquilizá-la de que
sim. — Seja um momento de sorte da parte dos Bothanos ou uma armadilha
inteligente, a verdadeira questão agora é como lidar com um Bothawui que
está se tornando ainda mais armado e agressivo.
— Na verdade, importa se foi sorte ou não, — disse Jacen. — Porque
vai ao cerne da qualidade da nossa inteligência. Não estou satisfeito com a
qualidade da Informação da Inteligência da AG, que, se você se lembra, é o
motivo pelo qual quis formar a GAG com pessoal selecionado. A
Inteligência não está à altura da tarefa que enfrentamos agora.
Omas parecia cansado.
— Certo, vocês dois têm uma reclamação. Quem é o primeiro?
Niathal inclinou a cabeça educadamente, mas Jacen podia sentir a sua
resolução formando uma caixa ao redor dela quase como duraço. Era
tangível.
— Vou ser breve, — disse ela. — Não podemos nos envolver em cada
pequena escaramuça para manter senadores obscuros e chefes de estado
insignificantes na Aliança. Estamos estendendo demais. Não conseguimos
manter o bloqueio Corelliano, e agora temos os Bothanos aumentando.
Escolha suas batalhas, Chefe de Estado. Não posso lutar contra todos eles.
Omas fez seu ato de deslocamento e serviu-se de uma xícara de caf da
jarra sobre a mesa. Havia apenas um copo e ele não ofereceu mais.
— Se falharmos em mostrar apoio aos mundos membros da Aliança,
então os perderemos, — disse ele. — São números básicos. Já passamos por
tudo isso. Se mais se separarem, então nós perdemos. A questão de como
mantemos uma força de defesa conjunta para a Aliança, que é o que
começou isso, caso nos esqueçamos, torna-se acadêmica.
— Se não concentrarmos as nossas forças nos mundos que apresentam a
ameaça mais imediata e séria, seremos derrubados uma nave de cada vez, e
talvez nem sejamos capazes de defender Coruscant se vier o pior..
— Você acha que pode chegar a isso? — Omas não parecia convencido.
Ele olhou para Jacen, mas Jacen manteve o seu conselho. — Isso é sobre
Coruscant afinal?
— Claro que é, — Niathal disse. — Sempre é. A Aliança e Coruscant
são indivisíveis, e isso é metade do problema para todos os outros mundos.
Omas se virou para Jacen.
— Sua vez, Coronel.
— Eu compartilho os temores da Almirante sobre alongamento
excessivo. — Agora Jacen caiu em seu desafio, sutil e multifacetado, para
dar a Omas uma chance de confessar. Pegou-se torcendo para que Omas
não aceitasse. — Corellia ainda é o coração disso. Digo que devemos
dedicar todos os nossos recursos imediatamente a um ataque total a
Corellia, invasão, na verdade. Destrua sua base industrial e remova Gejjen e
os seus comparsas. O homem já teve o seu predecessor morto e fez um
atentado contra a Rainha Mão Hapan. Jacen fez uma pausa, porque o tempo
era tudo. — Não tenho dúvidas de que você será o próximo.
Jacen sentiu a reação de Niathal, embora a sua expressão fosse neutra:
achando graça, mais um pouco de excitação ansiosa como se preparando
para a batalha. Omas se sentiu repentinamente mais cauteloso, mas Jacen
não poderia dizer se isso era para ele, ou para a ideia de que Gejjen poderia
estar armando para Omas.
— Você tem informação para sugerir isso? — perguntou Oma.
Jacen balançou a cabeça.
— Não, e não preciso disso ou da ajuda da Força para resolver isso. É
assim que a Gejjen faz negócios.
— Se lançarmos esse tipo de ataque a Corellia, é algo que devo levar ao
Conselho de Segurança. E mesmo que eles concordem com isso...
— Estamos em guerra. Você tem todos os poderes legais para
determinar a condução da guerra com a Almirante Niathal, como achar
melhor.
— Até que custe mais créditos, — disse Omas. — E quando estivermos
claramente focados em Corellia, o que Bothawui e Commenor farão?
Respostas em um pequeno pedaço de flimsi, por favor...
Omas tinha a desculpa perfeita agora para admitir a reunião com Gejjen.
Ele poderia ter dito que faria uma última tentativa nas negociações de paz.
Ele poderia ter dito qualquer coisa para indicar que iria negociar com um
estado que não mostrava sinais de entender as palavras bem comum, e cujo
líder silenciosamente letal poderia ter assustado um chefe de gangue Hutt.
E, pensou Jacen, qualquer político inteligente poderia ter suspeitado que
o seu Serviço de Inteligência o espionava, assim como espionavam todos os
outros senadores. Um pequeno jogo de palavras: Omas poderia ter feito a
sugestão e observado a reação de Jacen, descaradamente para testar se sua
ligação clandestina havia sido atendida.
Mas ele não o fez. E o seu futuro, e o seu destino, foram selados.
— Então, onde estamos indo com isso? — Niathal perguntou. — A
mesma estratégia? Continuar dividindo a frota até termos uma nave por
teatro?
— Acho que um ataque total a Corellia é uma loucura, — disse Omas.
— Talvez tenhamos que considerar isso, mas muito mais tarde. Enquanto
isso, a minha prioridade é impedir que as secessões da Aliança cheguem ao
ponto crítico.
Jacen sentou fingindo raiva reprimida e desapontamento. Tinha que ser
sutil, porque Omas conhecia a capacidade de Jacen de sorrir com
autocontrole. Mas Omas precisava captar o mais leve sopro de discordância
e saboreá-lo por alguns momentos; as suas suspeitas seriam levantadas se
Jacen cedesse muito prontamente.
Jacen colocou as suas mãos diretamente nos braços da cadeira de
madeira de apócia e se levantou.
— Para que conste, acho que isso é um grande erro, senhor, — disse ele.
— E eu ficaria mais feliz se a GAG pudesse apoiar nossa comunidade de
inteligência em seus esforços além de Coruscant.
— Tomo nota de suas opiniões, Coronel Solo, e sou grato por sua
contribuição estratégica até agora. — Omas entrelaçou os dedos e apoiou-se
na mesa, um gesto que dizia mais defensivo do que resoluto. — No entanto,
a missão da GAG é doméstica. Agradeço a sua preocupação com a
qualidade de nossa inteligência.
Jacen não chamou a atenção de Niathal. Ele saiu, seguido de perto por
ela, e não disse nada até que eles estivessem de volta em seu escritório.
— Então?
— Não é bom, — disse ela. Ela caminhou até a janela para observar o
tráfego fluindo em linhas ordenadas nas skylanes ao redor do Distrito do
Senado. — Não é exatamente aberto conosco, é?
— Eu nunca disse a ele que temos pessoal da GAG operando em
Corellia, então estamos quites.
— Não podemos sustentar a estratégia atual. Talvez eu devesse falar
com o senador G'Sil e encaminhá-lo ao Conselho de Segurança.
— E então desviamos nossas energias para uma luta interna pelo poder
com Omas enquanto temos uma guerra para lutar. Tenho certeza de que não
preciso lhe dizer que, se você atirar em alguém, continua atirando até que
eles não possam mais revidar. Feri-los resulta em um inimigo irritado que
conhece sua posição.
— Eu sei onde você está indo com isso, Jacen.
— Você sabe que eu estou certo.
— Isso não torna as coisas mais fáceis.
— Se ele fizer um acordo com Gejjen, não estaremos apenas de volta à
estaca zero: a Aliança está em uma posição pior do que quando começou.
— E estaremos fora do jogo.
— Isso é acadêmico. — Jacen quase perguntou a Niathal se ela tinha
filhos, e então percebeu que quase havia feito a coisa mais estúpida que se
possa imaginar: revelar seus constantes medos pelo futuro de sua própria
filha, uma criança cuja paternidade tinha que ficar escondida. Ele se
recuperou rapidamente, surpreso com sua fraqueza. — Porque o jogo terá
guerras recorrentes.
— Ou Omas pode acabar com uma lâmina vibratória na garganta.
— Ele está louco para encontrar Gejjen cara a cara sem proteção de
perto de qualquer maneira. Ele não pediu isso de nós. Ele também não
pediu a FSC...
— Inteligência da AG?
— Não. Também grampeamos as comunicações deles.
— Você é uma fonte de revelação constante, Jacen Solo...
— Está dentro?
— Diga.
Jacen olhou ao redor da sala, tentando parecer como se estivesse
simplesmente pensando, mas desconfiado de que outra pessoa poderia estar
fazendo com ele o que ele fez com eles, escutar eletronicamente. Niathal
estava armando pra ele? Não, tinha certeza de que podia sentir escutas em
uma sala. Não havia nenhuma.
— Você sabe o que estou propondo.
— Eu não, na verdade. Não em detalhes. Diga
— Mudança de regime. — Tarde demais. Mas não podia sentir nenhum
risco. O seu cérebro lógico era a voz paranoica e sussurrante, não os seus
sentidos da Força. Percebeu que havia se tornado menos instintivo e mais
racional, e esse era o problema. Pensando muito, sentindo muito pouco,
como diz Lumiya. — Nós o removemos do cargo por tempo suficiente para
vencer esta guerra e, em seguida, o devolvemos ao senador G'Sil quando a
situação estiver estável para que novas eleições possam ocorrer.
As suas palavras surgiram como estranhas não convidadas, e nem
acreditou em si mesmo. Niathal soltou uma pequena exclamação que
poderia ser uma risada.
— Eu entendo a remoção. É o hiato no meio, entre a remoção e as
eleições, que me fascina..
— Administramos a AG durante o período intermediário como um
duunvirato. Sem ditadura. Controle conjunto.
Niathal indicou seu uniforme e então estendeu a mão para enfiar um
dedo ossudo na aba de classificação em seu ombro.
— Golpe militar. É assim que se chama. Não vamos prevaricar.
— Certo, eu o removo e você assume, sozinha.
— Acho que não. Duumvirato soa melhor para mim.
Jacen gostava do dois; dois era o jeito Sith. Conhecendo a ambição de
Niathal para o cargo de chefe, teria com ela a mesma luta de poder circular
e nervosa como um Mestre Sith com um aprendiz que era esperado e
encorajado a conspirar para derrubá-lo.
Mas governaria como Lorde Sith no devido tempo, quando a AG e as
eleições fossem acadêmicas, e ela administraria o estado. Isso a satisfaria.
— Eu vou cuidar de Gejjen, a propósito, — disse ele. — Ele é uma
influência massivamente desestabilizadora, e removê-lo deixará Corellia em
desordem.
— Como você vai cuidar de Omas?
— Vou removê-lo em prisão domiciliar.
— Chefes de Estado depostos tendem a se tornar mártires e reféns.
— Não podemos ser vistos matando os nossos, e incriminar Gejjen por
isso me ocorreu, mas não é necessário. Precisamos nos mostrar como
pessoas civilizadas trabalhando dentro da lei.
— Com um golpe.
— De acordo com a lei, conforme a lei será estabelecida, não será
possível.
— Ahhhh. Eu esqueci. — Não, ela não tinha, sabia disso. — Sua
emenda à lei.
— Estou agendando para a próxima semana, por meio de HM-3.
— E enquanto isso?
— Deixe isso comigo. Terei alguém lá quando Omas encontrar Gejjen.
— Jacen checou o seu datapad. — Ele precisa apenas de um dia para fazer
os seus negócios com Gejjen, nada mais, então... o meu pessoal o mantém
sob vigilância, pronto para agir. Então temos evidências para apresentar o
G'Sil.
— E então você o prende.
— Eu estava pensando em prendê-lo ao mesmo tempo em que você
apresenta as evidências para o G'Sil. Quando nos movemos, temos que nos
mover rápido. Não há espaço para ser superado.
Niathal soltou um longo suspiro. Jacen esperou.
— Eu estarei pronta para mover em seu sinal. Certifique-se de me
manter a par de tudo isso, certo?
Estava feito. A tomada de poder de Jacen estava em andamento. Ele
tinha o apoio da GAG e Niathal entregaria a frota, assim como o exército.
Com a apresentação correta de Omas como traidor dos corelianos, seria um
golpe muito ordenado.
Não havia necessidade de derramamento de sangue desnecessário. Era
disso que tudo se tratava: o fim da violência, do caos e da instabilidade.
Isso valia tudo que ele estava arriscando.
Jacen pegou um táxi aéreo de volta para uma praça a poucos minutos a
pé do QG da GAG: só mais um cidadão, sem transporte da AG preto
elegante, sem privilégio. Ou o piloto não reconheceu o uniforme, ou hesitou
em dizer, Aqui, você é o chefe da polícia secreta, não é? Foi uma jornada
silenciosa e contemplativa.
Era hora de garantir que nada desse errado, se o destino manifesto
pudesse dar errado. Ele abriu o seu comunicador e ligou para Lumiya.
— Shira, — disse ele, ciente do piloto na frente. — Eu preciso que você
faça um trabalho para mim.
Capítulo Sete
— Então você vai fazer isso antes de atingir todos os seus poderes Sith, —
disse Lumiya. Ela acendeu as velas e fechou as persianas. Jacen precisava
se fechar ao mundo e sentir o que estava acontecendo; estava seguindo cada
vez mais uma agenda mundana, a agenda dos seres inferiores com quem
trabalhava. — Por que?
— Se eu fizer isso depois, quando pode ser esse depois? — Jacen
assistiu as chamas brilhando e se acomodou de pernas cruzadas em uma
almofada do chão, mas os seus olhos continuaram vagando longe do foco
de concentração, e Lumiya se sentiu obrigada a bater forte no topo de sua
cabeça e apontar para a vela. — Omas está fazendo um acordo com Gejjen.
O acordo exclui a mim e a Niathal, possivelmente de uma forma bastante
terminal.
Trabalhando no mundo daqueles que não podiam usar a Força, Jacen
estava caindo na conivência e na manipulação como eles, e embora Lumiya
não achasse que isso fosse uma coisa ruim, todas as ferramentas eram
válidas para alcançar o resultado, estava deixando ele mesmo ser obrigado
por suas regras. Estava falando sobre o tempo. Tinha total domínio da
Força, mas parecia gostar de usar os truques limitados das pessoas comuns.
A Almirante era irrelevante a longo prazo. Tinha que estar ciente disso.
— Niathal tem medo de você, Jacen. Ou pelo menos é cautelosa.
— Você não acha que eu sei disso? Ela seria uma idiota se confiasse em
alguém neste nível de governo.
— Você gasta muita energia jogando jogos mundanos em vez de usar a
Força.
— Vou usá-la quando precisar. Na maioria das vezes agora, é um
exagero.
Jacen sempre parecia querer provar o quanto mais esperto, o quanto
mais habilidoso ele era do que seus adversários, como poderia vencê-los em
seus próprios termos. A vaidade nem sempre foi uma coisa ruim em um
Sith, desde que não o controlasse. Era apenas uma questão de fazê-lo parar
e reorientar.
— Medite, — disse Lumiya.
Jacen olhou através dela por um momento, e então olhou sem piscar
para a vela até que finalmente fechou os olhos. Abriu um olho lentamente,
parecendo estar prestes a fazer uma piada. Lumiya não estava de bom
humor.
— Na verdade, liguei para você por um motivo, — disse ele.
— Eu sei. Mas eu gostaria de abordar isso como usuários da Força, não
como um pequeno e tedioso comitê do Senado. — Era hora dele lembrar
que ainda tinha mais um passo a dar antes de começar a ensinar qualquer
coisa a ela. — Acalme-se e deixe o mundo de lado.
Jacen fechou os olhos novamente e, pela primeira vez, pareceu relaxar o
suficiente para permitir que um pouco de seu estado de espírito filtrasse
através da barreira que agora mantinha no lugar a maior parte do tempo.
Lumiya sentiu a confiança sólida e o foco que o caracterizavam. Mas ainda
havia um leve indício do velho Jacen, ferido pelo luto e pela dor, com medo
de fazer as coisas necessárias. Esse era o último vestígio de dúvida e
relutância que o seu passo final apagaria. Isso permitiria que cruzasse a
linha em seu legado Sith completo.
Ela também não sabia quando seria depois, ou mesmo quem. Só sabia
que seria em breve.
— Você não precisa jogar os jogos deles, Jacen, — ela disse
suavemente. — Mesmo agora os seus poderes o colocam muito além do
alcance deles. Omas não pode tocar em você. Nem pode Gejjen. Quando
você alcançar o seu destino, eles serão menos do que irrelevantes.
— Poderes ou não, não posso controlar uma galáxia sozinho. Preciso
persuadir, levar as pessoas comigo. A Força não pode afetar as mentes de
milhões.
Ah, você gosta do poder que pode exercer com jogos mentais simples.
Não cometa os erros de Palpatine. Isso é uma indulgência. Não é digno de
você.
— Jacen, — ela disse. — Eu quero que você faça um balanço e sinta.
Pare de analisar demais. Não revelará nenhuma verdade a você. Só fatos.
Os fatos mostram apenas o que você quer ver.
Jacen abriu os olhos novamente.
— Mas é tão passageiro. A linha entre um impulso louco e a orientação
da Força está ficando mais difícil de traçar.
— Porque você pensa muito sobre isso.
A parede impenetrável subiu novamente. Lumiya sentiu isso quando
caiu em silêncio.
— É o Ben, — ele disse finalmente. — Tem que ser Ben.
Agora ela entendeu.
— Você gosta do garoto. Talvez ele seja o filho que você não tem. Isso
vai ser difícil, e provavelmente é por isso que tem que ser ele.
Por um momento, o olhar de Jacen cintilou, muito breve, muito
insignificante para qualquer observador comum detectar, e sabia que tinha
atingido um ponto fraco. Era isso: consciente de sua própria mortalidade,
ele queria um filho, e havia um pequeno desejo subconsciente de possuir o
que era de Luke como parte da derrubada da dinastia Jedi. Agora que o
tinha, e Ben o via como uma figura paterna heroica, ele tinha que jogar fora
esse prêmio.
Era um tipo estranho de amor, mas se fosse poderoso o suficiente,
serviria.
— Provavelmente é isso, — Jacen disse, e olhou para as suas mãos
entrelaçadas. — E é difícil matar alguém que não merece.
— Mas você não sabe como isso vai acontecer.
— Exatamente.
— Você não consegue se ver levando um sabre de luz para um garoto de
quatorze anos.
— Talvez não seja tão literal. Vou mandá-lo para assassinar Dur Gejjen
quando ele encontrar Omas para fazer o seu acordo. É um trabalho que
precisa ser feito, testa as habilidades e o comprometimento de Ben, é muito
mais fácil para um adolescente passar pela segurança de Gejjen e... talvez
isso o coloque em perigo mortal real. — Jacen estendeu a mão para a mesa
baixa próxima, apoiando-se em uma mão para se esticar e pegar uma das
velas em seu suporte azul transparente. — Agora, isso é uma consequência
da tarefa, ou é por isso que estou enviando ele? Estou enviando-o para a
morte?
— Deixe acontecer, — disse Lumiya. — Pare de racionalizar e deixe
acontecer.
Levantou-se para pegar a vela dele. Podia ver que ele queria jogar
aquele jogo arriscado novamente de quanto tempo ele poderia manter a sua
mão na chama. Alguns homens fariam isso por bravata depois de beber
demais, mas Jacen estava se testando, uma luta privada enraizada em sua
experiência de dor nas mãos de Vergere e as suas dúvidas persistentes de
que ele poderia manter o curso e fazer algo que ele queria fugir.
— Preciso da sua ajuda, — disse ele. — Preciso que você distraia Mara
um pouco.
— O que você quiser.
— Ela levou a história de Brisha a sério. Nada como matar o filho de
alguém para garantir um banho de sangue, não é?
— Achei que essa história poderia prendê-la e explicar minha presença.
Em um mundo ideal, eu teria evitado todo contato com os Skywalkers.
— Então... por que você ofereceu a sua mão a Luke em vez de arrancar
a cabeça dele?
Lumiya ainda estava pensando nisso. Pode não ter feito mal a Luke,
mas não precisava odiar alguém para matá-lo no cumprimento do dever.
Importava que ele ainda pensasse que todas as suas ações eram ditadas por
um antigo romance e por um trauma que tinha sido o seu destino de
qualquer maneira? Por que sentiu a necessidade de mostrar a ele que não
era?
— Certamente teve o seu valor de choque na luta, — disse ela. — E
matá-lo teria mudado o curso dos acontecimentos para todos nós.
— E você queria colocá-lo em seu lugar. Mostrar a ele que ele não tinha
influência... que você o superou?
Jacen às vezes parecia entender e então dizia algo banal como aquilo, o
que a fazia pensar que ele havia perdido o ponto de passar por emoções
poderosas para se tornar mais forte.
— Os Skywalkers estão muito atolados em sua domesticidade para
serem Jedi eficazes, Jacen, — disse ela. — É um alerta para todos nós.
Luke não consegue ver o que está à sua frente porque acha que o meu
motivo é amor perdido e vingança, porque esse é o nível em que ele pensa,
família e amigos. Nunca ocorreria a ele que eu quero ver uma galáxia
controlada pelos Sith e que os problemas pessoais que tivemos são triviais
em comparação.
— Você me ensinou que a raiva e a paixão são os que tornam os Sith
fortes.
— Existe a raiva, e então é ser controlado por ela, não ver a floresta por
causa das árvores. — Lumiya teve um momento de dúvida e decidiu
meditar sobre isso mais tarde. — E quanto a Mara?
— Ela está se agarrando àquela conexão da GAG que encontrou para
rastrear você. Mantenha-a ocupada em outro lugar.
— Vou deixar que ela me encontre. Isso deve funcionar. Você pode me
dar um objeto de Ben, algo que prove a Mara que eu poderia pegá-lo
facilmente, sem ser rastreável até você?
— Vou pegar para você um par de botas dele. Ele guarda vários pares
em seu armário, e Mara já suspeita de uma conexão da GAG. — Ele franziu
a testa com preocupação, mas ela não sentiu nada emanando dele. — E se
ela realmente pegar você?
— Talvez eu ganhe, e de qualquer maneira, isso vai lhe dar tempo. —
Lumiya ainda estava se testando para ver se ela se ressentia de Jacen por
deixá-la para morrer também. — Eu sou dispensável, como você provou. O
propósito da minha vida é permitir que você se torne um Lorde Sith, porque
isso garante a estabilidade da galáxia. A ambição da maioria dos seres é
apenas permanecer vivo, comer demais, gastar demais e evitar o trabalho
árduo. Estou feliz por conseguir muito mais do que isso... e todos nós
morremos mais cedo ou mais tarde. Uma morte a serviço de um grande
ideal é uma coisa boa.
Jacen a encarou por um longo tempo, com um olhar vazio, e ela se
perguntou se a ideia de um princípio eterno ser mais importante do que os
curtos limites de sua própria vida mortal lhe era estranha. Ele precisava
transcender isso. E ele iria.
— Quando você pensar no destino de Ben, — ela disse, — pense no
legado que você deixará nos próximos anos e pergunte quem será capaz de
nomear os Skywalkers, ou mesmo os Solos. Isso é sobre o destino de
trilhões e trilhões nos próximos milênios, não uma pequena família ao
longo de algumas décadas.
Jacen ficou de pé, mas Lumiya poderia dizer que ele estava a olhando
sem vê-la agora.
— Vou continuar dizendo isso a mim mesmo, — disse ele. — As botas
vão chamar a atenção da Mara, com certeza.
— Acho que vou enfatizar a dor materna e fazer algo emocional
também. O que você vai fazer quando Mara e Luke vierem atrás de você,
quando descobrirem sobre Ben no devido tempo?
— Vou lidar com isso quando for preciso.
— Pode ser mais cedo do que você pensa. Sugiro que se assegure de
estar devidamente armado.
— Eu tenho um bom arsenal, — disse Jacen. — E estarei pronto quando
chegar a hora.
— Pense lateralmente, — Lumiya disse gentilmente. — Luke ainda
pode derrotar você em uma luta de sabres de luz.
— Já estou alguns passos à frente dele. Confie em mim.
Tinha que confiar. O futuro da galáxia dependia de Jacen. Ele era o fim
do caos e o começo da ordem e, como todas as forças de mudança, não
seria saudado por todos como um salvador. Alguns não veriam o quanto ele
era necessário. Alguns tentariam detê-lo.
Faria o que fosse necessário para limpar o caminho dele, mesmo que o
preço fosse a sua própria vida.
Ori'buyce, kih'kovid.
Todo capacete, sem cabeça.
— Insulto Mandaloriano para alguém com um senso de autoridade
superdesenvolvido
EDIFÍCIO DO SENADO
A negociação no ISE foi suspensa nas primeiras horas desta
manhã, quando a chefe de Estado interino, Almirante Cha
Niathal, declarou a lei marcial temporária após a chocante
prisão de Cal Omas. Uma declaração é esperada no Senado
dentro de uma hora. Enquanto isso, outros centros financeiros
galácticos relatam negociações rápidas. As ações 'A' da EPK
fecharam cinquenta e três créditos em alta ontem, e tanto a
Motores Mandal quanto a Industrias Roche terminaram o dia
com mais de trinta créditos.
— Notícias de mercado: manchetes de negócios
— O Holo noticiário está ruim demais pra você, — disse o homem parado
na porta do anexo.
Fett o viu chegando, era difícil não ver. A sua armadura era
extraordinária. Não havia nenhuma necessidade real de Fett ficar vigilante
em Mandalore, mas Jaster Mereel já pensou que estava perfeitamente bem
entre o seu próprio povo também. É sempre melhor estar seguro do que
arrependido. Fett continuou limpando o capacete, com os pés apoiados na
cadeira.
— É fascinante, — disse ele, apontando na direção do monitor que
havia apoiado na mesa. Os âncoras e comentaristas de notícias caíram em
um frenesi ao informar sobre o golpe sem derramamento de sangue. —
Jacen Solo, o garoto que quer ser Vader quando crescer. Ele finalmente
conseguiu.
— Ele provavelmente se olha no espelho quando escova os dentes e diz
a si mesmo que é o seu destino.
— E o seu é?
— Venku.
Ele não tinha um sotaque Keldabe adequado. Na verdade, ele parecia ter
passado algum tempo em Kuat, e talvez em Muunilinst também. Isso não
era incomum para os Mandalorianos, e era mais comum agora que tantos
estavam voltando para o que Beviin chamava de Manda'yaim.
Esse era o nome tradicional do planeta, não Mandalore. Fett nunca
havia percebido isso. Cada dia era uma aprendizagem que lhe dizia o quão
distante ele estava de seu próprio povo.
— Sente-se, Venku. — Fett gesticulou para a última cadeira restante na
sala. Ele tentou pensar em líder e não em caçador de recompensas. — Seja
o que for, tire isso do peito.
Venku tinha a armadura mais eclética que Fett já tinha visto. Era um
costume usar seções de armadura pertencentes a um parente ou amigo
morto, mas Venku não tinha duas placas que combinassem. Cada peça era
de uma cor diferente. A paleta variou de azul, branco e preto a ouro, creme,
cinza e vermelho.
— O que aconteceu com seu senso de moda? Alguém atirou?
Venku ainda estava de pé, ignorando a cadeira. Ele olhou para suas
placas como se os notasse pela primeira vez.
— A placa de peito, o buy'ce e as seções de ombro vieram de meus tios.
As placas do antebraço eram do meu pai, as placas da coxa vieram do meu
primo e o cinto era da minha tia. Então há...
— Certo. Grande família.
— Aqueles que são tab'echaaj'la e aqueles que ainda vivem, sim.
Fett desistiu de pedir traduções. Entendeu a ideia geral.
— Estou quase terminando de limpar o meu balde.
— E eles disseram que charme não era o seu forte. Certo, vim dizer que
estou aliviado por você ter decidido ser um Mand’alor de verdade. Os
Mando'ade estão voltando pra casa. Você provavelmente não percebe muito
além de sua própria existência, mas este é o seu propósito.
Fett nunca se considerou uma pessoa despreocupada, mas normalmente
não conseguia ficar nervoso o suficiente para esmurrar idiotas se não fosse
pago para isso. Este homem não parecia um tolo, mas havia atingido um
ponto fraco e Fett não conseguia entender por quê.
— Ainda bem que pude ser mais útil do que um batente de porta.
— E é por isso que também estou aliviado em lhe dar isso. — Venku
abriu uma bolsa em seu cinto de munição, o cinto de sua tia, ele disse, então
ela deve ter sido uma típica mulher Mando, e colocou um pequeno
recipiente retangular azul escuro sobre a mesa. — E não confunda isso com
adulação ou sentimentalismo. Você deve ao seu povo. Em breve haverá
alguém para administrá-lo.
Venku virou-se para a porta quando a palavra administrar penetrou no
crânio de Fett.
— Uau aí.
Venku olhou por cima de seu ombro multicolorido.
— Não tente fazer isso sozinho. Tem que ser inserido na medula óssea,
e vai doer como você não vai acreditar. Deixe alguém qualificado fazer
isso. Ainda vai doer, mas eles vão colocar corretamente.
Então este era um dos lacaios de Jaing. Ele certamente não tinha o estilo
de vestir de seu chefe, embora usasse luvas caras de couro verde escuro, e
Fett não conseguia adivinhar o que ou quem havia contribuído para isso.
— Diga a ele que estamos quites, — disse Fett. — E... agradeça a ele.
Venku começou a dizer algo e então parou como se estivesse recebendo
uma mensagem através de seu capacete. Fett inclinou o próprio capacete no
colo para poder ver a tela do Visor de Informações que estava conectada à
câmera de segurança externa do Slave I. Um homem cambaleou passando
pela nave, claramente muito velho de fato, mas ainda vestindo armadura de
combate completa, e parou para olhar para a nave. Então ele saiu do alcance
da câmera na direção do prédio.
Fett nunca descartaria nem mesmo um Mandaloriano senil como uma
possível ameaça: se o velho tivesse sobrevivido até aquela idade, ele era
excepcionalmente sortudo ou um combatente sério. Mas Fett permaneceu
com os pés na cadeira, limpando o forro de seda vermelha de seu capacete
com um pano de saponário, consumido pela curiosidade, mas escondendo-a
perfeitamente. O velho apareceu na porta, passou por Venku e olhou para
Fett.
— Pelo menos eu vivi para ver o dia, — disse ele. — Su'cuy, Mandalor,
gar shabuir.
Não foi a saudação mais educada que Fett já recebeu, mas certamente
foi a mais relevante para um homem em estado terminal. Era a única
maneira possível de guerreiros e mercenários se cumprimentarem:
— Então você ainda está vivo. — Ele também descobriu o que shabuir
significava, mas escolheu tomá-lo como um afeto irresponsável em vez de
um abuso.
O velho Mando saiu com dignidade artrítica, parou novamente na porta
para olhar Fett e seguiu o seu caminho.
— Você alegrou o dia dele, — disse Venku.
— Eu não deveria perguntar.
— Então não perguntar. — Venku suspirou e levou as mãos ao capacete
para abrir o lacre. O farfalhar do tecido abafou a sua voz quando ele ergueu
o buy'ce. — Ah, tudo bem, então.
Boba Fett estava olhando para o rosto de um homem talvez dez ou
quinze anos mais novo que ele: cabelo escuro com uma mecha generosa de
fios grisalhos, maçãs do rosto fortes e olhos castanhos muito escuros. Ele se
parecia muito com isso vinte anos atrás. O nariz era mais pontudo e a boca
era de um estranho, mas o resto era o rosto de Fett.
Ele estava olhando em seus próprios olhos e nos olhos de seu pai morto
há muito tempo.
— Eu sou Venku, — disse o Mando com a armadura heterogênea. —
Mas você provavelmente me conhece melhor como Kad'ika. É um prazer
conhecê-lo finalmente... Tio Boba.
— Ben?
Jacen olhou ao redor do apartamento, mas não havia sinal de seu jovem
primo. Ele provavelmente voltou para ver os seus pais. Ele ainda precisava
de segurança sobre a necessidade sombria da vida, passando por aquele
estágio entre ignorar as consequências com a crueldade descuidada de uma
criança e a aceitação mais sensível, mas responsável, de que a vida tratou de
mãos duras e inevitáveis para muitos. No momento, Ben sentia muito e
tinha muito pouca experiência de vida para lidar com a dor.
Jacen examinou o conteúdo da geladeira e decidiu pedir uma entrega de
um restaurante. Havia um padrão agora, percebeu, e estava se tornando
menos de sua autoria; colocou as peças no lugar, a Força respondeu, e agora
era a sua vez de fazer escolhas quando as oferecia. Era um diálogo.
Lekauf também fazia parte do padrão. Mas Jacen ainda estava tentando
descobrir por que não tinha sido Ben quem morreu. Quase tinha certeza de
que era assim que terminaria.
Então pensei que o meu destino me livraria dele. Não era.
Jacen comunicou uma ordem para um banquete de baixo teor de
gordura Toydariana de três pratos, e abriu uma banheira de água quente e
espumante no banheiro. O vapor se condensou na parede espelhada e se viu
escrevendo no embaçado com a ponta do dedo.
ELE IMORTALIZARÁ O SEU AMOR.
Ainda não fazia sentido. Se isso significasse matar a pessoa que mais
amava, como disse Lumiya, então não havia dúvida: teria dado a vida por
Allana. Mas a cada passo nos últimos meses, acabou protegendo-a. Você
saberá quando isso acontecer. Lumiya tinha certeza disso, e Jacen também
acreditava.
Imortalizar. Tornar imortal. Escrever na história. Tornar permanente.
Por que não só matar? Talvez eu tenha traduzido errado a borla.
As pessoas liam holo revistas na banheira para relaxar, mas Jacen se viu
se comportando como um solteirão desleixado e comendo o seu banquete
para viagem. Estava exausto. Teve a sensação de que estava chegando ao
pico de uma onda, lutando contra o gradiente, e que quando atingisse a
crista, aquele obstáculo final para o seu destino Sith, as coisas se
acalmariam e fariam sentido.
Jacen colocou o seu garfo na borda da banheira e substituiu a profecia
novamente na condensação.
ELE IMORTALIZARÁ O SEU AMOR.
Matar o que você amava era o ato supremo de obediência e submissão
ao dever superior. Tinha visto um artigo nos holo canais sobre uma tribo,
não conseguia lembrar qual, onde ou quando, que treinou as suas tropas de
elite dando-lhes um filhote de nusito quando entraram no programa de
cadetes. Eles foram encorajados a se relacionar com o filhote, a competi-lo
contra os nusitos de outros cadetes e, em geral, aprender a amá-los. Então,
antes que o cadete pudesse se formar, eles receberam ordens de estrangular
seu filhote. Se ele não pudesse, ou não quisesse, ele era expulso. Ele tinha
que ser capaz de colocar o dever antes da emoção.
Esse sou eu. Isso é o que eu tenho que fazer.
Cheio de muito sourfry de Toydariano, cansado e embalado pela água
quente, Jacen deixou a sua mente vagar e se conectou a Força para tocar
Allana e Tenel Ka. Arriscou isso com frequência decrescente agora. O
último atentado contra as suas vidas havia sido um aviso de quão precária
era a situação de sua família. Nunca tinha ouvido Allana chamá-lo de
papai. Provavelmente nunca ouviria.
A minha família. Sim, é assim que a minha família é. Nem Jaina, nem a
mamãe, nem o papai; a minha filhinha e a sua mãe. Confiar em mim para
me apaixonar por uma mulher cujos costumes a impedem de dizer o nome
do pai de seu filho.
Poderia jurar que Allana o alcançou de volta. Ficou tão emocionado que
abriu os olhos e percebeu que era mais uma chance de alguém encontrá-la e
machucá-la. Lumiya não estava acima disso. Era o jeito Sith. Fazer alguém
sofrer e odiar só fortalecia os seus poderes Sith.
Visitaria Tenel Ka assim que tivesse certeza de que ele e Niathal haviam
consolidado a aquisição e que a guerra seria travada de forma mais lógica e
com menos preocupação em manter felizes os mundos insignificantes.
Tenho que lidar com os Bothanos a seguir. Lumiya pode o ganhar seu
sustento novamente.
Mas não conseguia manter os olhos abertos. Não estava cochilando,
mas as visões da Força não o deixavam em paz. Era como se a Força o
sacudisse pelos ombros e lhe dissesse para prestar atenção e seguir em
frente, porque o tempo estava acabando. Cada vez que fechava os olhos, via
a confiança que Ben depositava nele, as mentiras que contara ao garoto e o
perigo em que o colocara. E Ben continuava voltando para pedir mais. Ele
estava desesperado para fazer a coisa certa. Agora Jacen o via claramente,
cabeça entre as mãos, soluçando:
— É um preço muito alto.
O que era? Lekauf? Não. Haveria muitos, muitos Lekaufs. As guerras
estavam cheias deles. Foi uma das razões pelas quais Jacen teve que acabar
com a luta, de qualquer maneira que pudesse.
Talvez... não fosse Ben, mas por ele.
Por que pensei nisso tantas vezes? Por que isso está me obcecando?
Porque eu estou negando. Porque não posso aceitar que seja ele. Porque
tem que ser ele.
Seria fácil matar Ben, porque Ben confiava nele. Jacen sabia o quanto
isso o faria se sentir mal. Estava estrangulando um filhote de nusito.
Você não quer ver o inevitável. Você?
Jacen se secou e passou o resto da noite montando o seu arsenal pessoal.
Examinou o seu sabre de luz e blaster e sabia que ainda não seriam
suficientes quando Luke e Mara vierem atrás dele para se vingar de Ben.
Pegou a caixa com uma variedade de venenos e patógenos que poderiam ser
lançados por dardo ou projétil, mais uma série de armas que poderiam
passar pelas defesas de seus inimigos mais persistentes. Tinha todas as
bases cobertas: química, biológica, mecânica.
Só queria que tudo acabasse.
E quando Ben se for, quem seria o seu aprendiz então? Pouco antes de
adormecer, passou por sua cabeça que a Almirante Cha Niathal havia
demonstrado uma excelente compreensão da regra de dois.
Ainda bem que ela não era uma usuária da Força.
Capítulo Quinze
HAPES
Mara saiu do hiperespaço ainda montando cenários para explicar por que
Lumiya havia seguido apressadamente pela Perlemiana em direção ao
Consórcio de Hapes logo após um StealthX da GAG ser retirado do hangar
da Frota da AG pelo Coronel Jacen Solo.
Não havia nem sinal do StealthX. Se Jacen não estava se tornando
detectável na Força, Mara não poderia localizar o caça furtivo melhor do
que um inimigo. Mas as ideias estavam se formando em sua mente.
Ou Lumiya estava criando mais problemas para quebrar a Aliança, caso
em que Hapes foi uma jornada perdida, ou ela estava encontrando alguém
aqui como Alema, desculpe, Jaina, tentarei trazê-la de volta viva para
você, mas sem promessas, não nesse estado de espírito, ou... estava
perseguindo Jacen.
Ou... talvez ela tivesse encontrado o transmissor e tivesse voltado a
brincar de pega-pega.
Mara achou estranho que a nave não tenha expelido o pequeno
dispositivo, considerando que era inteligente o suficiente para lançar uma
linha em volta do pescoço dela para salvar o traseiro de lata de Lumiya.
Também poderia ter me matado facilmente. Mas isso não aconteceu.
Mara não gostava de raciocinar no vazio. Não confiava completamente
nas coisas mais loucas que passavam por sua mente ultimamente. Mas
talvez a nave ainda a visse como uma seguidora do lado sombrio. Seria algo
acadêmico em breve, mas o pensamento de que ainda poderia ter esse toque
de escuridão provocava emoções mistas.
Sim, vou matar o filho da minha cunhada. Na escala sombria de dez, é
um doze.
Agora que a sua raiva havia diminuído, estava começando a se
perguntar o que estava fazendo aqui. Os Hapans também se perguntariam
isso se conseguissem detectar um StealthX pairando em seu sistema sem
avisar. O transmissor de Lumiya mostrou que a sua nave estava parada em
um aglomerado de asteroides, mas não estava aparecendo nas varreduras.
O que estava esperando?
Mara fez uma verificação discreta em seus instrumentos. Se fosse ativa
em sensores, revelaria a sua posição, então tinha que ser apenas um caso de
detecção passiva.
Estava observando, ou esperando, e como os Hapans não tinham um
interesse doentio na esfera era uma incógnita, mas Lumiya tinha um talento
para a evasão.
Siga os créditos. Mas neste caso, siga a Sith.
Mara desligou todos os sistemas que pôde dispensar e esperou. A
tentação de lançar uma série de torpedos de prótons exigiu alguma
resistência, mas até Mara descobrir o que Lumiya estava esperando, os Sith
suspenderam a execução.
Tinha que ser Jacen que Lumiya tinha seguido, embora como conseguiu
que Mara ainda não tivesse certeza. Talvez Tenel Ka o tivesse convocado,
para interceder e fazer com que entregasse aquele mandado estúpido contra
pais dele. Isso não explicava a escolta de Lumiya, ou por que ela o seguiu
por dezoito horas inteiras.
Estava bem na cara de Mara, fosse o que fosse. Sabia disso. Estava
perdendo uma peça novamente. Mas tudo o que precisava era localizar
Jacen, não elaborar o seu plano de pensão.
Eu poderia apenas comunicar Tenel Ka e perguntar...
Por mais que os Hapans controlassem o acesso ao seu espaço, uma parte
de tecnologia furtiva de treze metros à deriva entre os planetas era apenas
uma partícula de poeira. Mara estava efetivamente escondida, assim como
Jacen. Se ele estivesse na superfície, poderia, apenas poderia, detectá-lo
quando ele saísse por um momento, mas isso significava ficar ativa e atrair
a atenção.
Pense. Pense.
Podia esperar até que ele entrasse novamente na Rota Comercial
Perlemiana, mas isso supunha que ele estava voltando para Coruscant por
onde veio. Também não tenho oxigênio infinito... Havia uma solução fácil,
mas estragaria o seu disfarce.
Uma hora depois, estava pronta para usá-lo. Abriu o comunicador
seguro e se preparou para um pouco de engenharia social.
— Frota de Operações Hapan, aqui é StealthX Cinco-Alfa da AG
solicitando assistência. — Isso causaria um abalo, mas tinha que ser feito.
— Cinco-Alfa, aqui é Frota de Operações Hapan. Não gostamos de
surpresas, mesmo de aliados.
Ops. Este era um país paranoico.
— Desculpe, Frota. Eu gostaria de ficar fora do mapa, mas você pode
confirmar que o Chefe de Estado Solo está ileso e que a sua nave não está
danificada?
Houve um breve silêncio. Conhecendo o Frota de Operações Hapan,
eles a estavam verificando para ter certeza de que era uma piloto da AG e
que o seu transmissor, agora gentilmente ativo, correspondia à lista de
códigos de segurança.
— Confirmado, Cinco-Alfa. A sua nave pousou no complexo do
Palácio da Fonte sem incidentes. Devemos estar cientes de quaisquer
problemas especiais de segurança?
Ahh... definitivamente visitando Tenel Ka, então. Provavelmente se
explicando: Acredite em mim, Alteza Real, não tive escolha, tive que depor
Omas...
— Frota, ele não sabe que nos preocupamos com a segurança dele e que
o protegemos durante o transporte. Ele acha que pode lidar com isso
sozinho. A discrição de sua parte garantiria que ele não tentasse me abalar.
Detectei uma nave seguindo-o, mas a perdi em seu espaço. Origem
desconhecida, esfera vermelha de dez metros com tela frontal ocular
distinta e mastros e palhetas cruciformes.
Os monitores de alerta de Mara estavam acendendo: agora que os
Hapans tinham uma correção em sua transmissão, eles estavam verificando
o StealthX com sensores enquanto tinham chance. Poderia tê-los bloqueado,
mas deixou que sondassem para mantê-los felizes.
— Entendido, Cinco-Alfa. Avisaremos você quando ele fizer uma
jogada. Se detectarmos a esfera, você quer que a detenhamos ou
neutralizemos?
— Seu espaço, — disse ela. Tenha isso com os meus melhores votos,
Lumiya. — Não tenho ordens para deter. Sinta-se à vontade para neutralizar.
— Entendido, Cinco-Alfa. A menos que você nos mostre enquanto isso,
não enviaremos um sinal para você até que o Chefe de Estado decole.
Eles eram pessoas tão legais e prestativas, os Hapans, mesmo que
fossem paranoicos. E eles entendiam de tramas, assassinos e mantinham as
suas bocas fechadas. Mara fechou todos os não críticos e meditou na
escuridão, maravilhando-se novamente com o quão vívidas e
primorosamente belas as paisagens estelares eram sem o filtro transparente
de uma atmosfera.
Permitiu-se uma rápida olhada em seu datapad para se assegurar de que
havia uma coisa com a qual não precisava se preocupar.
O transmissor de Ben disse que ele ainda estava seguro em Coruscant.
Ben havia aprendido muito com os seus camaradas da GAG sobre como
seguir suspeitos discretamente, e um truque básico era ultrapassar uma
saída e voltar atrás. Saiu do hiperespaço e voltou de Coreward para Taanab,
mas não para Hapes, embora tivesse certeza de que a esfera Sith estava lá.
Podia senti-la, mas não podia detectá-la convencionalmente; poderia ter
falado com ele, mas permaneceu fechado na Força para evitar a atenção de
Lumiya. Tentou descobrir por que ela estava interessada em Hapes, e
falhou, mas não havia nada de Jacen que ele pudesse sentir, apenas um traço
de sua própria mãe. Quanto mais perto ele se aventurava do espaço Hapan,
mais poderosa a presença dela se tornava.
Não me diga que nós dois estamos seguindo Lumiya.
Teria algumas explicações a dar. Mas não importava: ficaria feliz em
ficar de castigo por um ano e até mesmo enviado para Ossus, desde que
pudesse ficar de olho em sua mãe agora. Traçou um curso para o corredor
de carga e desceu no espaço real novamente, fundindo-se com os comboios
de transportes e depois com um grupo de transportadores de minério.
Executar um giro também serviu a outro propósito: quase como ouvir a
fonte de um som, Ben fez um mapa mental da voz silenciosa da esfera Sith
e teve uma boa noção de onde ela estava no espaço físico. Era perto do
próprio Hapes.
E, sentia agora, a sua mãe também. Ela tinha encontrado Lumiya, então.
Ela o havia superado e chegado ao alvo primeiro.
Ben saboreou uma breve fantasia de esvaziar o canhão da nave na
esfera, sentiu uma pena estranha de destruir a nave só para acabar com
Lumiya e se perguntou se todos os garotos passavam por um estágio de se
sentirem agressivamente protetores com as suas mães. Talvez isso tenha
acontecido com a dificuldade de lidar com os pais enquanto crescia. Era
aquela coisa de macho alfa.
Pare com isso. Quantos caras da sua idade, ou de qualquer idade,
precisam se preocupar com o ataque de sua família por Sith e Jedi
Sombrios insanos? Esta não é a vida normal. As regras são diferentes.
Ben chegou tão perto da esfera Sith quanto ousou. Tanto quanto poderia
dizer, estava mantendo a sua posição, mas quando se movesse, iria para
matar. Então a sua mãe saberia que estava lá se ele se tornasse detectável na
Força ou não, porque o transporte espacial da GAG era tão furtivo quanto
um tijolo.
Se pudesse evitar matar a nave Sith, o faria. Por alguma razão, isso o
incomodava mais do que matar um ser humano real, o que já havia feito
muitas vezes.
Jacen disse adeus a Allana, achando doloroso não poder chamá-la de sua
garotinha.
— Pelo bonito, — ela disse. Ela se recusou a se separar do tauntaun de
pelúcia e o abraçou com os dois braços. — Qual o nome dele?
Jacen se agachou ao nível dela. Ela era sensível à Força e inteligente,
mas se ela percebeu quem realmente era, ela era muito bem treinada em
sobrevivência para contar. Gostava de pensar que era um conhecimento que
ambos compartilhavam, e que ela entendia por que não podia ser o papai,
ainda não, pelo menos. Era um pensamento preocupante para uma
garotinha.
— Como você quer chamá-lo?
— Jacen.
— Isso é adorável. Por que Jacen, querida?
— Então, quando você não vier nos ver, posso falar com ele.
As entranhas de um pai foram feitas para serem retorcidas. Jacen
chegou ao ponto de querer apenas virar e fugir quando se despediu dela e de
Tenel Ka, para evitar aquela despedida hesitante, um passo de cada vez,
olhando para trás repetidamente e pensando: E se esta fosse a última vez
que eu as visse? Realmente pensou nisso. Era mórbido, mas era uma
medida de quão importantes elas eram para ele que testava o quão
devastado se sentiria sem elas. Pelo menos, como Chefe de Estado, tinha
uma razão muito melhor para ter um contato mais frequente com uma
monarca aliada.
E passou por esta visita sem que o seu destino explodisse e criasse um
momento que lhe dissesse que tinha que matá-las. Ouviu aquele sussurro do
destino, temendo-o, mas havia só silêncio.
Só teria lhe causado dor, nada mais. Os modos Sith eram lógicos; nunca
inutilmente cruéis. Qualquer sacrifício que ainda tivesse que fazer, teria um
significado produtivo, por mais difícil que fosse.
Jacen, o tauntaun, que estava lá para Allana quando não estava por
perto, sempre doía um pouco, no entanto.
Tenel Ka caminhou com ele em silêncio até o StealthX no complexo.
— Você não está feliz com Omas, está? — ele disse.
Ela inclinou a cabeça graciosamente, aquela que ela deve ter aprendido
para disfarçar a sua reação real quando estava sendo entediada por
convidados em uma recepção diplomática.
— É muito diferente ser o foco do governo depois de ter desfrutado das
relativas liberdades de ser um subordinado, — disse ela. — Espero que não
seja um erro para você.
— Eu sempre posso direcionar a atenção para Niathal.
— Certifique-se de que ambos tenham ambições diferentes. É muito
mais seguro do que ambos querendo a mesma coisa.
— Isso soa como o tipo de conselho pelo qual eu deveria acordar
suando de madrugada.
— Acho que a frase é solitário no topo, Jacen Solo. — Ela indicou o
blaster, o sabre de luz, a lâmina vibratória e os dardos tóxicos no cinto em
volta da cintura dele. — Vejo que você está se acostumando com o nível de
desconfiança Hapan...
— Como você diz, é solitário.
Desta vez, ele não olhou para trás. Agora que o seu breve intervalo tinha
acabado, a memória fresca de Mara o criticando, se havia lidado com isso
da maneira certa, se ela tinha informações suficientes para destruir tudo
pelo que ele estava trabalhando?, voltou inundando a sua mente junto com o
rosto de Ben.
Eu quero acabar com isso. Eu posso lidar com isso. Eu simplesmente
não suporto não saber onde, quando e como.
O StealthX levantou voo e Hapes se transformou em uma suntuosa
colcha de retalhos de jardins e canais novamente. Tinha uma boa ideia
agora do que enfrentaria quando Ben se fosse: Mara, um animal roubado de
seus filhotes com toda a raiva primitiva ferida que o acompanhava, e Luke,
ele não fazia ideia de como Luke reagiria, só que um homem que poderia
derrubar o Império, e cujo sangue era mais próximo do de Vader do que do
seu, não ficaria paralisado pela dor.
Jacen estava agora com mais medo dos Skywalkers descobrindo o
parentesco de Allana do que dos nobres Hapan. Provavelmente poderia
protegê-la dos Hapans se fosse necessário, mas seria muito mais difícil
protegê-la da vingança de Luke ou Mara. Allana era o seu ponto fraco.
Mas ninguém sabia, e continuaria assim até que ele tivesse certeza de
ter eliminado todas as ameaças que ela poderia enfrentar. Não estava se
arriscando. Iria criar dois dos inimigos mais letais que qualquer ser poderia
ter.
— Frota de Operações Hapan para StealthX Um-Um, retorno seguro, —
disse a voz no comunicador. Eles nunca haviam dito isso antes: ser Chefe
de Estado obviamente havia aumentado o seu status de ansiedade para
vermelho triplo ou algo assim. Mas estava perfeitamente seguro aqui. Ainda
estava visível na Força, ainda com sentimentos agridoces aquecidos e, por
um tempo, não se importou.
Enquanto Jacen acelerava em direção ao ponto de hiper salto, poderia
jurar que uma nave estava perto dele. Sentiu algo na Força por um
momento, mas se foi novamente. Checou os seus instrumentos: nada. Se
Consórcio de Hapes não fosse um labirinto de perigos, teria pulado no
momento em que passou pela atmosfera superior do planeta.
Deve ser algo na água Hapan. Você nunca esteve tão nervoso.
Mas havia algo lá fora, e embora odiasse a imprecisão da frase algo
obscuro, era o melhor que podia fazer: algo hostil que estava se esforçando
para não ser. Esperava que fosse Hapan, e que eles estivessem apenas
tentando em vão localizá-lo fora de seu espaço. Deveria ter sido capaz de
sentir isso claramente, porém, era uma embarcação comum pilotada por
pessoas comuns.
Isso não era comum. Planejou o pior.
Se inclinasse o StealthX para a direita e desligasse a tela de alerta,
poderia ver uma visão traseira panorâmica refletida na tela de visualização.
Às vezes precisava ver com os olhos para ter certeza. Desligou a exibição e
mudou seu foco, e por um momento tudo o que viu foi um vazio aveludado.
Então as estrelas se apagaram.
— Lumiya?
Silêncio.
Ela poderia se esconder na Força também. Ela pensou que estava
deixando a sua concentração vagar. Ela provavelmente não resistiu em
descobrir para onde estava indo.
Se ela o seguiu até aqui, então ela sabia sobre Tenel Ka. Ela a usaria.
— Está tudo bem, Lumiya, eu sei que é você.
Mas ainda não houve resposta. Isso não era típico dela.
— Lumiya, não posso deixar você viver agora, você percebe isso?
Por um momento, mesmo nessa crise, ele se viu comparando a morte
dela com a sua profecia. Afinal, era Lumiya? Ela era o sacrifício? O que
poderia haver sobre a morte dela que mataria algo que amava?
— Lumiya, última chance...
Então um raio branco abrasador inundou a sua cabine e o cegou por um
segundo; ele rolou instintivamente para quebrar, de repente ciente de que
era uma luz de pouso tão perto de sua cauda que a embarcação quase
colidiu com ele. Como os sensores de proximidade erraram? Como ele
perdeu isso?
Seus sentidos da Força foram inundados instantaneamente com a raiva
gelada de outra pessoa. O comunicador estalou.
— Fim do jogo, Lumiya, — ele disse, mirando o seu canhão traseiro.
— Pode apostar que sim, — disse Mara.
Capítulo Dezenove
CONSÓRCIO HAPES
ESPAÇO HAPAN
Ben não conseguia sentir a mãe, mas sabia que ela não estava morta. Ela
estava se escondendo, assim como a ensinou. Lumiya estava aqui na nave
Sith, no entanto, afastando-se a estibordo, e não iria interromper a
perseguição agora. Ela era a chave para isso. Ela seria a chave viva ou
morta. Ben sabia que era capaz de fazer qualquer um dos dois.
A nave estava falando dentro de sua cabeça, como antes. Podia estar
falando sozinho ou dirigindo-se a ele e a Lumiya, mas estava
profundamente infeliz.
Ela tentou causar danos irreparáveis.
— Nave, cale a boca, — disse Lumiya. Ben podia ouvi-la também,
como se os processos de pensamento da nave fossem um circuito aberto. —
Ele tem que sobreviver. Nós não.
A regra das idades é que eu não devo ser o alvo.
A esfera havia claramente decidido que já era o suficiente e deu uma
volta na direção de onde veio. Ben podia ver isso em suas telas dianteiras e
nos sensores, mas também podia ver em sua cabeça. A impressão geral era
de que ela estava arregaçando as mangas e voltando para dar uma surra em
quem quer que o tivesse atacado.
— Nave, pare.
Eu faço o que devo.
— Nave!
Os impulsos de Ben estavam gritando tentando acompanhá-lo. Não
havia nenhum alto ou baixo real no espaço, mas era como mergulhar no
turbilhão de um raptor.
— Nave, a minha mãe está lá embaixo, — Ben implorou. — Ela não
atirou em você.
Os mestres podem usar as suas naves para lutar, mas não envolvem
aprendizes.
— Nave, Jacen cometeu um erro. Faça isso por mim, para que eu possa
encontrar a minha mãe novamente. Por favor, não atire.
A esfera desacelerou dramaticamente.
Quem é o inimigo? perguntou a nave. A menos que eu saiba, não posso
fazer nada, exceto fugir e proteger.
— Isso mesmo, — disse Ben. Shevu disse a ele que fazer humor
malucos, como ele chamava, era uma habilidade policial essencial. Mantê-
los conversando era o que importava, e se Ben tinha a nave, ele tinha
Lumiya. — Nave, qual é a sua tarefa?
Uma vez eu lutei. Agora educo e protejo aprendizes.
— O que você acredita que eu sou?
Aprendiz.
— Quem é aquela dentro de você agora?
Aprendiz também.
Ben estava começando a formar uma imagem da visão de mundo da
esfera. Ela foi enterrado em Ziost por séculos e possivelmente milênios. Ela
reagiu a ele quando estava sendo alvo de órbita e correndo para salvar a sua
vida com uma garotinha apavorada.
— Nave, o que você quer dizer com educar?
Eu ensino aprendizes a lutar.
Ben podia sentir Lumiya se comunicando com ela. A nave estava
respondendo fortemente em sua mente, mas havia um segundo fluxo de
palavras silenciosas correndo quase como interferência em um comunicador
de frequências sobrepostas. Ela estava incitando a esfera a atirar em Ben,
bater em seu transporte, matá-lo.
Sim. Agora sou a favor de aprendizes, para que eles aprendam e não se
machuquem. Antes, eu era a favor de Mestres na guerra.
De repente, fez sentido para Ben.
— Você é uma nave de treinamento Sith. — Isso o veria como um
aprendiz porque ele era um, de certa forma, mas Lumiya o confundiu. —
Por que você acha que a mulher em você agora é uma aprendiz?
Porque ela sabe tão pouco de mim. Como você.
Ben aceitou que não era um intelectual como Jacen, mas poderia triturar
as opções, eliminando as coisas à medida que avançava, assim como a sua
mãe. Poderia resolver qualquer coisa apenas fazendo pergunta após
pergunta.
— A aprendiz em você mandou atirar em nós quando deixamos Ziost.
Nós atiramos de volta.
A nave o reconheceu e decidiu que tanto ele quanto Lumiya eram
novatos que precisavam de seus conselhos e cuidados. Ele impediu a sua
mãe de matar Lumiya no Hesperidium porque esse era o seu trabalho:
ensinar aprendizes a lutar. Ben se perguntou quantas chances ela dava aos
aprendizes Sith antes de decidir que eram fracos que mereciam o que
recebiam.
De jeito nenhum iria convencê-la a matar Lumiya, perguntou-se como
isso aconteceria, e ela também não estava tendo sorte em conseguir que o
atacasse. Ben não corria nenhum perigo real. Mas a sua mãe estava, e não
daquela nave. Alguém a queria morta.
Precisava encontrá-la. Desceu em direção a Reboam, e a esfera Sith o
escoltou, com Lumiya impotente dentro.
Ben pegou uma Sith. E agora não fazia ideia de como usá-la a seu favor.
Luke encontrou Jaina nos degraus do Templo Jedi. Estava correndo para
fora enquanto ela estava correndo para dentro. Pegou o braço dela e a guiou
de volta para o caminho.
— Para onde ela foi, Jaina?
— Tio Luke, eu juro que não estou acobertando ela. Eu não sei e ela não
está respondendo a nenhuma das ligações. Por que você está preocupado?
Luke segurou o flimsi amassado em seu punho. Fui caçar por alguns
dias. Mara havia assinado um StealthX logo após a meia-noite, dois dias
antes. Enfiou a nota no bolso. A sensação de pavor o dominou.
— Vamos, — disse ele. — Eu tenho que ir procurá-la. Algo está errado.
E Ben também se foi. Tive a pior sensação, como se ela estivesse caindo em
uma armadilha.
Ben não estava apenas desaparecido; Luke não podia mais senti-lo na
Força. E agora ele não conseguia sentir Mara. Ele ligou para todos,
incluindo Han e Leia, e não se importava se a GAG o detivesse por entrar
em contato com agentes Corellianos com um mandado de prisão.
Esperava que Jacen aparecesse para emitir um aviso, mas Niathal disse
que Jacen estava viajando a 'negócios'. O StealthX da GAG se foi
novamente. O homem entrava e saía quando queria, ao que parecia.
Posso imaginar. Jacen estava permanentemente invisível na Força
agora, isso era certo. Luke chamou um táxi aéreo e eles seguiram para o
Comando de Caças Estelares.
— Desde que saí do serviço militar, passei mais tempo lá do que quando
estava de uniforme, — disse Jaina.
— Você pode senti-la, Jaina? Você consegue sentir Mara?
Ela olhou ligeiramente para o lado de Luke, desfocada, e balançou a
cabeça lentamente.
— Nada.
— Eu não a sinto agora há horas.
Quando chegaram ao Comando dos Caças Estelares, dirigiram-se para a
sala de mapas. Luke descobriu que podia olhar para gráficos e captar fortes
correlações na Força, algo para o qual Ben provou ter talento também.
Ficou na frente dos bancos de hologramas e tentou relaxar o suficiente para
deixar a Força direcionar a sua atenção. Fez um esforço para esquecer para
onde achava que ela poderia estar indo.
Depois de um tempo, quando as linhas brilhantes e os grupos de pontos
começaram a se confundir e perder a perspectiva, se sentiu atraído por um
setor em particular.
— Tenho certeza que ela está no Consórcio de Hapes, — ele disse
finalmente.
Quando Luke sentiu Mara sair da Força pela primeira vez, foi tão
repentino e descontrolado que pensou que ela havia sido morta. Isso o
acordou em pânico. Os três segundos de pura paralisia agonizante duraram
até que ela desapareceu de novo, e de novo, e descobriu que ela estava
fazendo isso deliberadamente.
— Ironicamente, teria sido melhor se ela tivesse pegado um X-Wing
normal, — disse Jaina. — Os técnicos de caça estelar dizem que é quase
impossível localizar um StealthX por qualquer um dos métodos de busca
usuais.
Ela estava certa. A menos que alguém visse o Cinco-Alfa ou Mara
tivesse deixado um transmissor ou comunicador ativo, o caça estelar
simplesmente desapareceria.
Uma busca visual era tudo o que restava, isso ou encontrar a própria
Mara. Luke se dirigiu para os hangares e Jaina o seguiu.
— Como recuperamos os StealthXs naquela vala, então? — Luke
perguntou, tentando não descarregar a sua frustração na trabalhadora equipe
de terra.
O técnico se afastou do caça estelar.
— Farol de resgate ou a nuvem de fumaça e chamas Mark Um, senhor,
— ele disse cautelosamente. — A AG pediu à Incom para torná-los muito
difíceis de detectar, e eles o fizeram.
— Certo, vou parar de assediar as pessoas com trabalho a fazer e vou lá
eu mesmo. — Luke lembrou a si mesmo que Mara estava caçando Lumiya
e, portanto, esperava que ela usasse todos os truques do livro. Isso não o
impediu de se preocupar. — Afinal, fui eu quem apertou a mão de Lumiya,
não a sua garganta...
Então Mara estava de repente lá, não só de volta à Força, mas
ampliando a sua presença, como se quisesse ser encontrada. Ela era
desafiadora, destemida e ansiosa por uma briga. Ela encontrou Lumiya
bem.
— Mas por que ela está fazendo isso? — Jaina tinha a sua própria
caçada — por Alema. Agora ela estava ansiosa para ajudar a encontrar
Mara. — É como se ela a estivesse provocando.
— Ou ela está com problemas e quer que eu a encontre.
— Não. — Jaina fechou os olhos por um momento, concentrando-se. —
Não parece um pedido de ajuda. Parece... uma luta.
Luke decidiu avisar Tenel Ka que estava a caminho só por precaução.
Trânsito de dezoito horas padrão. Dado o número de planetas no Consórcio
de Hapes, provavelmente levaria até mesmo os Hapans muito mais tempo
do que isso para encontrar um StealthX, mas quanto mais olhos estivessem
procurando por Mara, melhor.
Luke tentou parecer casual enquanto subia em sua cabine. Jaina ficou
olhando para ele.
— Sei que estou oficialmente fora do serviço, — disse ela, — mas se
alguém autorizar, ficarei feliz em participar. Por favor.
Luke gesticulou para a equipe de terra.
— Obrigado.
— É com Lumiya que devemos nos preocupar. — Jaina tentava
tranquilizá-lo. — Consigo imaginar a Tia Mara indo atrás dela com o
intuito de colecionar escalpos trançados, como o Fett. Dos tipos vermelhos.
Será que a Lumiya pinta o cabelo? Será que terá raízes grisalhas nojentas?
Luke sabia que ela estava tentando fazê-lo rir, e tentou obedecer. Mas só
de ouvir o nome Fett o lembrou de que muito bem todos os membros de sua
família, Solos ou Skywalkers, estavam no topo da lista de alguém que
deveria matar hoje.
Luke não queria ou esperava ser amado por todos. Só queria acordar
uma manhã e encontrar os seus entes queridos sozinhos para seguir com as
suas vidas.
Quando Mara chegasse em casa, com ou sem escalpo, com guerra ou
sem guerra, marcaria umas férias para os dois, em algum lugar
tranquilamente tranquilo. Amassou o bilhete frágil que ela havia deixado
para ele e o enfiou em uma abertura no painel frontal da cabine. Os motores
do StealthX ganharam vida.
Não seria em Hesperidium, no entanto.
KAVAN
Jacen esperava ter que lidar com uma Mara furiosa depois que matasse Ben,
não antes.
Ainda estava procurando por significados e padrões nos eventos ao seu
redor, e agora via em si mesmo um certo desespero para tentar o que quer
que fosse colocado em seu caminho para ver se isso funcionaria e selaria
seu status de Sith.
Vou notar? Qual é a sensação?
Como eu vou saber?
Tinha que haver algo que mudasse o tecido da galáxia, um ponto de
inflexão. Enquanto isso, Mara o estava desafiando, localizando-se nos
túneis que corriam profundamente sob o interior de Kavan, pensando que
ela ainda era uma assassina de primeira linha e que poderia pegar alguém
que tivesse domínio completo da Força.
Ela era uma assassina soberba, mas as suas habilidades na Força eram
grosseiras em comparação com as dele. Uma vez que Jacen a removesse,
seria mais fácil lidar com Ben. E Luke... ele cruzaria aquela ponte quando
fosse necessário.
Jacen verificou o seu cinto, bolsos e coldre e decidiu atender Mara.
Lumiya e Ben pareciam estar em outro lugar tendo o seu próprio confronto.
Agora tudo se encaixa. Lumiya tinha que ser silenciada pelo que sabia, e
Ben faria isso. Estava arrumado. Era uma cadeia alimentar.
Jacen carregou quatro dardos envenenados em um blaster adaptado e
deslizou os outros em encaixes em seu cinto, imaginando como podia
pensar em tais coisas com tanta calma. Aproximou-se da boca do túnel com
cuidado lento. Enquanto podia sentir o layout, Mara havia desaparecido da
Força novamente. Havia cerca de um metro de espaço livre enquanto
avançava cuidadosamente ao longo do túnel central, e ele podia ver hastes
horizontais se ramificando na altura do quadril. Fora construído para drenar
as águas pluviais; em invernos rigorosos, Kavani local uma vez construiu
casas de emergência aqui.
Jacen ficou de pé e ouviu.
— Tudo bem, — disse ele. — Eu sei que você pode me ouvir, Mara.
Você ainda pode desistir disso.
A sua voz ecoou. Não houve resposta, como esperava, então começou a
se aprofundar no labirinto de ralos, com o sabre de luz na mão direita e o
blaster na outra. A única luz ao seu redor agora era uma névoa verde da
lâmina brilhante de energia.
— Eu poderia, — disse ele calmamente, — voltar, bloquear a entrada
deste complexo com material inflamável e incendiá-lo. — Ela podia ouvi-
lo, sim: ele podia ouvir a água pingando lentamente no fundo dos túneis. O
som foi ampliado, mesmo que fosse difícil identificar a origem. — E o fato
de que esses túneis têm respiradouros significa que o efeito chaminé iria
expulsá-lo, asfixiá-lo ou assá-lo.
Silêncio.
Prendeu a respiração, ouvindo.
Crack.
O seu joelho direito explodiu com uma dor lancinante quando Mara
disparou horizontalmente, auxiliada pela Força, de um conduíte lateral e
atingiu a perna dele na articulação com as botas, rompendo os tendões. Ao
perder o equilíbrio na passagem estreita, gritando, se viu preso por um
segundo e tateando em busca de apoio. Atacou com o seu sabre de luz,
arrancando tijolos em pó da parede. Mara caiu no chão lamacento para se
esquivar do sabre de luz, então saltou e saiu correndo pelo túnel.
Não foi um bom começo. Jacen xingou e se obrigou a correr atrás dela,
desejando que as endorfinas entorpecessem a sua perna e dizendo a si
mesmo que sabia que ela estava montando uma armadilha. Ela o queria
confinado, preso, encurralado.
Se ela pensou que os túneis equilibrariam as chances, ela estava errada.
Ele a enterraria aqui.
Mara encontrou a armadilha perfeita no final de um dos tubos de
escoamento. Ela conseguia ouvir os passos apressados de Jacen e tinha uma
vantagem de cerca de cinquenta metros sobre ele.
A partir daqui, o teto abobadado ficava mais baixo e até Mara teve que
correr agachada. Não era o lugar para balançar um sabre de luz padrão. Os
túneis estavam em más condições e os arcos de tijolos estavam começando
a ceder e a desabar em alguns lugares.
Então ele não a obrigaria revelando a sua posição física na Força. Tudo
bem. Avistou uma folha de metal enferrujada com cerca de meio metro de
largura e a colocou cuidadosamente no chão do túnel, apoiada em pedras
para que ele pisasse nela e lhe desse um aviso sonoro quando chegasse a
esse ponto. Uma intensa sacudida da Força na alvenaria e nos arcos na
frente e por trás da placa de metal os enfraqueceu, e então os impediu de
desmoronar pela pressão da Força.
Segure-os. Espere ele acertar aquela placa...
Ir atrás de Jacen nunca funcionaria. Ele nunca poderia ser autorizado a
definir a agenda. Ele poderia vir por trás dela.
Armadilha, imobiliza, mata.
Não era bonito, e não iria capturar a imaginação do público como uma
exibição de sabre de luz na academia, mas seu treinamento era em
destruição. O de Jacen era em decepção.
Podia ouvi-lo respirar, e o som irregular de vzzzm-vzzzm-vzzzm de seu
sabre de luz enquanto ele espreitava, pulando e virando para ter certeza de
que não estava atrás dele. Então pôde ouvir que ele não estava balançando
tanto a lâmina; os curtos zumbidos e zumbidos destacados lhe diziam que
ele estava ficando sem espaço.
Também estava presa, é claro, a menos que contasse os dutos de
ventilação a cada cinquenta metros. Mas quando disse que estava saindo
daqui sobre o cadáver dele, quis dizer isso mesmo.
Sentiu o início de um pensamento humano compassivo sobre Leia, mas
o matou completamente. Isso a enfraqueceria.
As botas de Jacen trituraram os tijolos. Ele estava impaciente. Estava
em seu caminho, segurando-o quando ele queria fazer alguma coisa.
Croc... croc... croc.
Se tivesse cronometrado direito, ele estava perto de pisar naquela placa
enferrujada.
Clang...
O estrondo começou. Derrubou ambas as seções do túnel, antes e atrás,
com um esforço maciço na Força que a deixou sem fôlego. Não o ouviu
chamar. Mesmo nas condições úmidas, nuvens de detritos finos enchiam o
ar e a faziam engasgar.
Mara esperou, com uma mão sobre a boca e o nariz, com o sabre shoto
desembanhado, e ouviu na Força.
Houve ganidos e o som dos últimos tijolos caindo. Não esperava que o
peso dos escombros de um teto baixo causasse ferimentos de impacto, mas
o engolisse e imobilizasse. Ele não estaria morto, ainda.
Esperou em silêncio, uma presença inexistente dela mesma, até não
ouvir mais nenhum movimento.
Certo. Vamos ver o que tenho que fazer para acabar com isso.
Um braço era tudo o que se projetava dos escombros. Através de uma
abertura do tamanho de um punho, ela podia ver o brilho úmido e piscante
de um olho e o rosto manchado de sangue. Uma mão se estendeu para ela,
dedos abertos, ensanguentados e trêmulos. Outras pessoas podem ter
sentido vontade de pegar aquela mão, a coisa mais distintamente humana,
mas era uma velha e cansativa façanha Sith, e ela mesma a usara muitas
vezes.
Ela pegou seu desintegrador e o apontou para o olho, com uma mão e o
dedo indicador apoiado no gatilho. Tinha o shoto pronto para o caso de um
golpe de misericórdia ser necessário.
Sentia-se tão desapegada e firme como sempre fora como a Mão do
Imperador.
— Diga a minha mãe que sinto muito por ter falhado com ela, — Jacen
sussurrou.
— Ela sabe, — disse Mara, e apertou o acionador.
Capítulo Vinte e Um
KAVAN
KAVAN
KAVAN
Ben de repente não conseguia ouvir a voz da esfera Sith. Seu próprio nome,
Ben, Ben, Ben, abafava todos os outros sons, embora no fundo de sua
cabeça fosse mais silencioso do que um sussurro, uma convocação e uma
despedida apenas para ele. Ele se esqueceu de Lumiya e cambaleou em
direção à fonte da voz, cego pelas lágrimas.
— Mãe! — ele gritou. — Mãe!
Na cabine de seu StealthX indo para Hapes, Luke Skywalker sentiu uma
mão escovar o seu cabelo e, quando estendeu a mão involuntariamente para
tocá-lo, sabia que o seu mundo havia acabado.
Capítulo Vinte e Dois
KELDABE, MANDALORE
CONSÓRCIO HAPES
Luke achou prudente que Corran Horn assumisse o Conselho Jedi em sua
ausência. Não tinha certeza se podia confiar em si mesmo. Tudo parecia
muito acadêmico, mesmo em um bom dia, e hoje estava tão longe de ser um
desses quanto poderia imaginar.
Mas, além do fato de que agora estava sem tudo de bom em seu
coração, exceto Ben, Luke se sentia como antes pela primeira vez em anos.
Sentiu clareza. Sabia o que tinha que fazer e não havia áreas cinzentas ou
ambiguidades sobre quem estava certo e quem estava errado. Apesar de
toda a sua dor, a sensação de foco limpo lhe deu algo para se agarrar.
E as velhas vozes o chamavam.
Cruzou as Névoas Transitórias no StealthX, imaginando se teria sido
um efeito fantasma da ionização da região e fenômenos de embaralhamento
de sensores que o guiaram até aqui. Ampliou a sua presença na Força
novamente.
O alerta do comunicador quebrou a sua concentração por um momento.
— Luke, — disse a voz de Corran. — Isso é meio difícil de ignorar.
Todo mundo está ansioso para se preparar e dar uma mãozinha.
— Há apenas uma pessoa que eu preciso responder, meu amigo. E ela
está vindo. Mas... obrigado.
— O que você quer dizer com ela está vindo?
— Lumiya. Eu posso senti-la fortemente agora.
— É uma armadilha, Luke.
— Pra mim e pra ela, então.
— Ela está facilitando demais.
— Corran, não se preocupe comigo...
— Você sabe que qualquer um de nós faria isso com prazer por você.
— Eu faço. E é por isso que eu preciso.
Lumiya estava aqui; Luke podia senti-la porque ela queria que sentisse,
sabia disso. Perguntou-se quantas vezes ela passou por ele despercebida e
sem ser detectada, e se parabenizou por sua discrição. Ele pensou na mão
oferecida a ele depois que eles lutaram pela última vez, e como ele não
detectou nenhuma má vontade. Esse nível de astúcia habilidosa teria sido
impressionante se ele não tivesse se sentido tão repugnantemente traído por
ela, traído por sua própria credulidade.
Mara costumava dizer que se inclinava pra trás para ver o lado bom de
todos.
— Eu não vou me esforçar muito hoje, — ele sussurrou. — Na verdade,
nem um pouco.
Nem sentiu falta de Mara naquele momento. Para sentir falta de alguém,
tinha que aceitar que eles se foram para que pudesse ansiar por eles. Mara
ainda estava lá, frustrantemente silenciosa e invisível, e temeu o momento
em que finalmente disse a si mesmo: Sim, ela se foi, ela realmente se foi, e
ela não vai entrar pelas portas e reclamar de como as skylanes estão
lotadas nesses dias.
As Névoas Transitórias eram uma região de bandidos, repleta de
pirataria, e Luke não se importava. Manteve um circuito constante fora de
Terephon. Eventualmente, a sensação de alguém passando rapidamente por
sua visão periférica se tornou a de alguém na mesma sala. Girou o caça 360
graus em cada plano, ignorando os seus sensores e os seus sentidos da
Força no momento, porque queria ver essa coisa chegando, olhar nos olhos
e apreciá-la por inteiro da maneira fundamental de um marido em luto, não
um Mestre Jedi.
— Eu sabia que você encontraria tempo pra mim, — ele comentou.
Ela o ouviu?
O seu comunicador estalou. A voz de Lumiya nunca envelheceu. Não
tinha notado isso antes.
— Não vi motivo para fugir, Luke. Vamos acabar com isso.
A nave era exatamente como havia imaginado: de casca áspera,
vermelha alaranjada, com uma aparência tão orgânica que poderia se
adequar aos Yuuzhan Vong. Os mastros angulares e as palhetas com
membranas em seus pontos cardeais emprestavam-lhe um toque de graça
predatória.
— Eu tinha que garantir que ela morresse, — disse Lumiya. — Mas
você vai entender isso, mais cedo ou mais tarde.
Ela não abriu fogo e a esfera não se moveu. Luke considerou dar um
tiro mortal, mas ele já havia feito isso antes, e um piloto chamado Shira
Brie sobreviveu aos terríveis ferimentos que ele infligiu para se tornar o
ciborgue que o enfrentava agora. Não, ela tinha que morrer para sempre.
A esfera girou para enfrentar Terephon e começou a ganhar velocidade,
em um curso reto para o planeta. Luke partiu em perseguição e as duas
naves aceleraram, empurrando seus limites de subluz no que Luke começou
a sentir como um mergulho forçado.
Oh não, Lumiya, você não se safa com um ataque suicida. Você é
minha.
Ficou em seus pensamentos: não tinha quase nada para dizer a ela
agora. A esfera estava disparando à sua frente, afastando-se. Pendurou-se
nela, fechando a brecha, calculando quanto tempo teria para interceptar
antes que ela atingisse a atmosfera superior e despencasse pela superfície,
roubando-lhe todo fechamento de que precisava.
E justiça. Não se esqueça disso. É sobre pagar o preço pela vida de
Mara.
O StealthX aproximou-se da velocidade de segurança recomendada pelo
seu manual. Luke trouxe o caça ao lado da esfera, mergulhando um par de
asas em aviso para deixar claro que iria interceptá-la. Talvez ela não
percebesse que tinha capacidade de raio trator: ela perceberia agora. Luke
ficou por trás dela e aplicou tração suficiente para retardá-la e chamar a sua
atenção. Poderia jurar que algo protestou. Era a nave, reclamando
profundamente em sua mente sobre o manuseio rude.
Lumiya pareceu entender a ideia e desacelerou. Luke quebrou o contato
antes que eles atingissem a atmosfera e a seguiu para baixo, zumbindo para
forçá-la a pousar em uma mesa plana com vista para uma cidade
tipicamente espaçosa no estilo Hapan, aninhada entre árvores e vastos
jardins.
Saltou da cabine e esperou que ela deixasse a segurança de sua
embarcação, de pé com o sabre de luz em ambas as mãos. Eventualmente,
uma abertura se formou na lateral da esfera e ela emergiu. A nave o atacaria
como fez com Mara? Não fez nenhum movimento. Não podia nem sentir
isso agora.
— Qual é, Luke, tente terminar o trabalho. Mara teria desejado isso, não
é? Lumiya levou a mão ao rosto e rasgou o véu que cobria tudo, menos os
olhos. Então ela estendeu a mão pra trás e lentamente puxou o seu chicote
de luz. — E isso não é para fazer você sentir vergonha pela extensão dos
meus ferimentos. Eu só quero que você veja com quem está lutando.
— Estou vendo. — Luke sacou o seu sabre de luz e um conforto
temporário o inundou. — E isso acaba aqui.
Já conhecia o chicote de luz. Contava com o shoto como uma arma
extra no passado para combater os elementos gêmeos de matéria e energia
do chicote, mas foi inundado com uma nova confiança de que poderia
derrotá-la apenas com o sabre de luz que sempre esteve entre ele e a
escuridão. Segurando-o com as duas mãos sobre a cabeça, o girou
lentamente, andando ao redor dela.
Lumiya levantou o braço para sacudir o chicote e obter o impulso para o
golpe na frente. E então ela o quebrou, enviando garfos de energia escura
crepitando no chão aos pés dele, fazendo-o pular pra trás antes de pular pra
frente novamente e fazer um arco da direita para a esquerda que ela desviou
com o cabo do chicote. Saltou fora do alcance das caudas rodopiantes
repetidas vezes, então ela fez uma pausa e ele se aproximou novamente.
— Você me odeia tanto assim? — ele perguntou.
— Eu não te odeio de jeito nenhum.
— Você a matou. Você matou a minha Mara.
— Nada pessoal. — Ela parecia estar sorrindo, mas o movimento era
em torno de seus olhos, e não em sua boca cibernética. — Apenas fazendo
o que jurei ao imperador fazer. Para servir o lado sombrio. Juramentos
importam, Luke. Eles são tudo o que resta no final.
Ela puxou o braço pra trás e trouxe o chicote estalando pelo ar, errando
Luke por centímetros. Investiu contra ela de novo e de novo, empurrado pra
trás a cada vez. Ela diminuiria o espaço mais cedo ou mais tarde.
Mas ele também.
Então, quando ela começou a levantar o braço novamente, correu até
ela, tão perto que ela não conseguiu fazer o chicote viajar em sua
velocidade letal máxima. Forçou-a a recuar, passo a passo, enquanto ela
tentava manter a distância necessária.
Um, dois, três, quatro; ela o bloqueou, segurando o cabo para um lado e
para o outro, usando o chicote como um sabre de luz curto para desviá-lo,
mas Luke não parou ou mudou de direção para despistá-la. Conduziu-a
como um aríete em direção à borda do planalto, empurrando-a a poucos
metros, depois a um passo, da borda.
Lumiya segurou o cabo do chicote com as duas mãos como um bastão e
bloqueou seu golpe para baixo. Por um momento eles ficaram presos em
um impasse, empurrando um contra o outro e grunhindo com o esforço,
apenas com os sons do esforço porque não tinham mais nada a dizer um ao
outro.
O seu pé traseiro começou a deslizar pra trás enquanto ela lutava para se
firmar. A borda da mesa estava rachada e fissurada. A pedra lisa e brilhante
começou a desmoronar.
Luke estendeu a mão e segurou a mão dela enquanto ela caía, com o
chicote caindo e quicando pela face íngreme da rocha até o esquecimento.
Inclinou-se pra trás, com todo o seu peso nos calcanhares, os nós dos dedos
cerrados com o esforço de segurar o peso dela, e por um segundo quis ver o
rosto dela encolher enquanto ela caía para a morte, com a boca aberta em
um grito, mas isso não era a maneira de acabar com isso.
— Eu nunca deixaria você cair, — Luke disse, e a puxou de volta para
um lugar seguro. Quando ela se endireitou, olhou-o nos olhos, calmo,
estranhamente calmo, e girou o seu sabre de luz em um único arco
decapitador.
Agora podia respirar novamente.
KAVAN: TÚNEIS DE ÁGUA DA TEMPESTADE
Ben ficou sentado no túnel com a mãe dele por um longo tempo, e esse fato
em si foi o início de sua investigação.
A princípio, iludiu-se pensando que ela estava em um profundo transe
de cura, embora a Força nunca tivesse mentido, e o vazio que se abriu nela
teria sido sentido e compreendido por todos os Jedi.
Correu direto para o lado dela, através de um país que não conhecia, e a
encontrou. Queria pensar que ela não estava morta porque ela estava lá,
ainda como a tinha visto pela última vez, exceto pelo sangue e arranhões de
uma nova luta.
Então se sentou com ela, esperando.
Queria limpar o rosto dela e deixá-la bonita novamente, mas o seu
treinamento na GAG dizia para não remover evidências, não mexer na cena
do crime.
Ben, o filho de quatorze anos, perdido e aflito, desejou que a sua mãe
estivesse em transe profundo. Ben, o tenente, sabia mais, mas não
mencionou isso para o seu eu infantil, e teve o cuidado de observar tudo ao
seu redor, tirar holo imagens, anotar cheiros, sons e outros dados efêmeros e
começar a formar uma sequência lógica que lhe contaria como a sua mãe
encontrou a morte.
Ainda estava sentado lá, observando cada poro de sua pele e cada
partícula de pó de tijolo em sua jaqueta, quando ouviu alguém abrindo
caminho sobre os escombros em sua direção.
Não conseguia sentir a pessoa na Força.
— Olá, Jacen, — ele disse, e se virou para olhar para ele.
A boca de Jacen se abriu ligeiramente enquanto olhava primeiro para
Mara, um olhar longo e perplexo, e então para Ben. Estendeu a mão para
ele.
— Está tudo bem, Ben. Tudo bem. Vamos pegar quem fez isso. Eu juro
que vamos.
Ben ainda estava desligado, escondendo a sua presença na Força, mas
Jacen o encontrou. Era hora de ir até o seu pai. Queria estar com ele agora.
Talvez a morte de sua mãe tenha deixado uma marca na Força que Jacen
seguiu. Ben considerou a possibilidade de que estava muito chateado para
perceber por si mesmo.
Fez uma nota cuidadosa de qualquer maneira.
Capítulo Vinte e Três
Luke estava grato por algo que ainda não conseguia entender.
Fez uma pausa antes de passar pelas portas do compartimento,
respirando fundo algumas vezes. Cilghal olhou para cima quando entrou e
se moveu como se fosse sair.
O corpo de Mara, jazia envolto do pescoço para baixo em um lençol
branco sobre uma mesa de exame. Luke havia se preparado para algo
terrível, imaginando-a horrivelmente desfigurada ou com as feições
contorcidas; mas ela simplesmente parecia estar dormindo de costas, pálida
e pacífica, com o seu cabelo ruivo bem arrumado de um jeito que nunca
ficava quando a observava enquanto ela dormia.
— Está tudo bem, Cilghal, — ele disse. — Eu não preciso ficar sozinho
com ela.
— Oh, sim, você precisa, Luke, — ela disse suavemente. — E posso
voltar mais tarde.
— Eu não entendo isso, — disse ele. — Mas posso segurá-la uma
última vez e me perguntar se algum dia o faria. Eu não posso te dizer o
quanto sou grato.
Ele não podia ver o rosto de Cilghal agora. Seus olhos estavam quentes
e transbordantes. Ela deu um tapinha no braço dele.
— Você pensou que ela se tornaria incorpórea, — ela disse.
— Nós conversamos sobre isso uma ou duas vezes. Achei que ela
poderia escolher isso quando chegasse a hora. Fico feliz que ela tenha
mudado de ideia.
— Ela certamente se certificou de que tivéssemos provas. — Cilghal
parou por um segundo, respirou fundo e começou de novo. — Era veneno,
um que eu nunca tinha visto antes. Mas não duvide que ela também queria
que você pudesse se despedir.
Cilghal se virou e saiu apressado.
Luke não conseguia falar ou mesmo desviar o olhar de Mara, e passou
muito tempo olhando para o rosto dela. Se os seus olhos tivessem se aberto,
e ela perguntasse quanto tempo ela dormiu demais, não teria ficado
surpreso. Ergueu o lençol para segurar a mão esquerda dela, e foi só o frio
que o fez estremecer. Depois de um tempo, a pele ficou quente com o calor
de seu próprio corpo.
Cilghal precisava de provas forenses para o registro. Mas Lumiya matou
Mara e Lumiya pagou o preço. Não houve investigação a seguir.
No entanto, isso significava que não havia necessidade de Mara
permanecer agora, e Luke estava dividido entre querer nunca tirar os olhos
dela e relembrar como Yoda se tornou um com a Força: então poderia
realmente vê-la novamente. Mas entendia tão pouco desses elementos do
misticismo. Naquele momento, ficou grato por se contentar em observá-la.
— Você realmente queria me ver, não é? — ele sussurrou, e se inclinou
para beijá-la. Perguntou-se se ela desapareceria no instante seguinte. Não
ousou desviar o olhar, e sabia que isso só o impedia de aceitar que ela se
fora. Mesmo quando sentiu Ben caminhando em direção ao compartimento
e ouviu-o caminhar suavemente pelo convés, não se virou. Estendeu o braço
esquerdo para que Ben se aproximasse dele e aceitasse o abraço enquanto
Luke cuidava de Mara.
— Ei, querida, — ele disse a ela. — É o Ben.
— Lamento que você não tenha conseguido me encontrar, pai, — disse
ele. — Eu só tinha que ir até ela e estar lá.
Era a primeira vez que Luke falava com Ben desde antes de Mara partir:
parecia a primeira vez em anos, na verdade. Luke tentou pensar em como
deve ter sido para Ben ficar de guarda sobre o corpo de sua mãe, sozinho e
assustado, mas ele ainda estava atolado em sua própria dor e choque.
— Papai... eu sei que ela está nos dizendo algo. Tenho pensado nisso
desde o começo.
Pobre criança. Luke não entendeu muito bem o que ele quis dizer, mas
eles poderiam conversar sobre isso mais tarde. Estava orgulhoso da força e
dignidade de seu filho. Ben poderia receber as outras notícias também. Fez
o trabalho de um homem agora.
— De qualquer forma, eu peguei a Lumiya.
— É? — Ben parecia surpreso. — O que você quer dizer com tem?
— Eu matei ela. Eu não vou vestir isso. Eu devia isso a Mara para lhe
fazer justiça.
Ben estava totalmente em silêncio. Luke sentiu uma pequena
perturbação ao seu redor e os seus músculos enrijeceram.
— Pai...
— Eu sei, processo legal e tudo mais, mas processo legal... Lumiya
disse que tinha que... bem, uma vida por uma vida. Isso é tudo.
— Papai... Pai, não foi a Lumiya.
— Foi. Ela disse...
O que exatamente Lumiya disse?
— Não, não pode ser, porque eu estava ao lado dela no momento em
que mamãe morreu, nem perto do local. Nós pousamos em Kavan, nós dois.
Ela ainda estava na esfera Sith.
Luke ouviu a voz de Ben de muito longe, e tudo mudou novamente.
Não foi ela. Não foi a Lumiya.
— Pai, fica tranquilo, tá? Vamos descobrir quem fez isso. Ben agarrou
os seus ombros. — Papai, é por isso que mamãe ficou. Ela ficou para que
pudéssemos encontrar provas. Ainda não sabemos quem o fez. Esqueça
Lumiya. Você acabou de pegá-la primeiro, eu estava indo atrás dela antes
da mamãe morrer. Você prestou à galáxia um serviço necessário.
Não, não prestou. Luke não sentiu que tinha feito isso. Matou Lumiya,
por mais má que ela fosse, por algo que ela não fez. Isso não foi justiça.
Luke se viu caindo de joelhos.
— Eu matei a errada...
Sith.
— Eu matei a pessoa errada. Mas ela disse...
Ben colocou as mãos em cada lado do rosto de seu pai, de repente anos
mais velho que Luke.
— Olhe pra mim, pai. Não é bom fazer isso aqui. Vamos conversar em
outro lugar.
— Ben...
— E todas as outras pessoas que ela matou? Ela não vale a sua angústia,
pai. Guarde as suas lágrimas para mamãe, porque eu vou.
Luke conseguiu resistir por mais alguns minutos. Quando não aguentou
mais, dirigiu-se rapidamente para a sua cabine, fechou a porta e chorou e se
enfureceu em particular até ficar exausto. Achava que estava se mantendo
bem, segurando todas aquelas lágrimas, e então algo como Lumiya
acrescentou um fardo às suas costas e as comportas se abriram. Ele a odiava
por isso. Queria chorar por Mara, a sua tristeza não contaminada por
qualquer coisa relacionada ao mal que levou à sua morte. Não queria que
Lumiya interferisse nesse momento, e no entanto, de alguma forma, ela
interferiu.
Quem matou Mara ainda estava por perto. Poderia se concentrar em
levá-los à justiça, e isso significava que tinha algo mais em que se agarrar
enquanto lutava contra a dor.
Mas Lumiya tinha feito isso de novo.
Ela o enganou uma última vez, manipulou-o uma última vez, frustrou-o
uma última vez, e isso quebrou algo profundo dentro dele.
Capítulo Vinte e Quatro
Boba Fett juntou os dedos para apertar as luvas nas mãos e olhou para a
cabine aberta do Bes'uliik. Sob o visor, se permitiu um sorriso largo e
intensamente reservado.
Beviin aplaudiu, rindo.
— Garotos Mando em turnê! Vamos, Bob'ika, tire esse jato propulsor
antes de entrar ou você terá uma terrível despressurização involuntária em
altitude...
Os ânimos estavam altos. Fett não liderava uma força de ataque
Mandaloriana desde a guerra dos vongeses, pelo que se lembrava. Pode ter
havido outros, mas esse era o grande, o que contava.
Houveram gritos de:
— Oya manda! — enquanto os caças protótipos Bes'uliik eram lançados
do hangar. As pessoas estavam fazendo gravações holográficas e apontando
os pontos mais delicados da fuselagem para os seus filhos. O clima em
torno de Fett parecia uma mistura inebriante de nostalgia e otimismo para o
futuro, o que talvez fosse inapropriado, considerando que eles estavam
prestes a violar o território soberano de Murkhana, apenas temporariamente,
é claro, e bombardear alguns de seus complexos de fábrica no espaço Hutt.
Tudo estava sendo feito com consideração. Fez questão de enviar um
aviso aos funcionários da fábrica e aos residentes na provável zona de
explosão para evacuar com bastante antecedência. Não era como se a
esquadrilha de Mando estivesse entrando sorrateiramente e atacando-os sem
um aviso decente. Afinal, os Mando'ade não eram selvagens. Bem, não
recentemente... e apenas para vongese, se fossem.
Além disso, Fett queria uma cobertura decente do HNE sobre o novo
caça em ação. Valeu a pena uma divisão blindada em termos de dissuasão.
Não havia nada mais desleixado do que terminar um compromisso antes
que a mídia tivesse a chance de configurá-la e registrá-la.
Papai teria adorado isso.
Fett deveria ser o último piloto a embarcar, então observou os outros
pilotos entrando em suas cabines. Beviin estava ansioso por isso como uma
criança antes de um aniversário. Medrit ergueu os seus netos, Shalk e Briila,
para que as crianças pudessem pintar as marcas de suas mãos na fuselagem.
Era um cinza claro discreto, embora Shalk insistisse que um bom tom
vermelho sangue teria sido muito melhor.
— Ba'buir, — chamou Mirta. — Ei, espere! 'Pare sol!'
Fett se virou. Mirta estava correndo pelo campo, com o datapad
agarrado em sua mão, e Orade correu com ela. Ou ela achava que Ba'buir
estava tão senil que não era capaz de voltar vivo de um simples bombardeio
no caça mais forte do mercado, ou ela queria fazer algo imperdoavelmente
sentimental. E preparou-se para um leve embaraço.
Mas ela não parecia estar prestes a ter um momento sentimental. Ela
parecia... perturbada.
Fett automaticamente fez uma varredura rápida em torno da multidão
para se certificar de que todos cuja sobrevivência era importante para ainda
estavam lá e inteiros. Mirta estava claramente trazendo más notícias que
não podiam esperar.
Ah, bem. Acontece.
— Ba'buir, — ela ofegou. — Eu quero que você fique muito calmo
sobre isso.
Fett não disse nada, apenas apontou para o visor.
— Não tenho certeza de como te dizer isso. — Ela brandiu o datapad
como se quisesse mostrar que tinha provas e que não estava brincando. —
É... não sei...
— Desembucha.
— Você sabe que comecei a mexer nas coisas de Phaeda?
— Sim.
— Pesquisei em todo o material de arquivo nomes como Resada e
Rezoda.
Fett percebeu que teria de arrancar dela um grunhido de cada vez.
— Sim.
— Rezodar, gângster. Gângster morto, na verdade. Morreu há cerca de
trinta e oito anos. Esse é o nome armazenado no coração de fogo.
Fett notou Orade olhando para Mirta como se estivesse mais
preocupado com ela do que com a ira de Fett pela primeira vez.
— Essa vai ser uma data significativa, presumo.
— Ela é. Descobri que ele tinha uma propriedade excelente, que é o que
Phaeda chama de deixar coisas de valor sem um testamento ou alguém para
reivindicá-las. O estado não pode reivindicá-lo, então eles o armazenam. O
advogado do estado está muito chateado por ainda ter que armazenar coisas
e diz que se quisermos registrar uma reclamação, ele ficará mais feliz. Vai
levar algum tempo.
Fett não tinha certeza de que a notícia da partida de um canalha muito
morto valia a pena interromper seu momento Bes'uliik. Mas Mirta não era
do tipo rainha do drama. Isso tinha que ser algo sobre a morte de Sintas que
o deixaria muito, muito focado. Ela descobriu que tinha sido sensível, e
mais um pouco, sobre ofensas a Sintas, mesmo que a tivesse deixado.
— Mirta — disse Fett com firmeza. Ele raramente usava o nome dela.
— Apenas me diga a parte seriamente ruim.
Ela lhe entregou o datapad. A tela já estava configurada para mostrar
imagens do que estava armazenado na cela de Rezodar, tudo numerado pela
divisão do tribunal de heranças. Fett folheou-a.
— Apenas procure a placa de carbonita, Ba'buir.
Fett não gostou do som disso.
Quando chegou lá, não conseguiu distinguir os contornos, então
ampliou a imagem.
Oh, fierfek...
Queria deixar escapar alguma coisa, mas nenhum som saiu de qualquer
maneira, e ninguém sabia de nada com um homem de capacete. Suas pernas
ameaçaram ceder. Devolveu o datapad para ela, respirando fundo e devagar
para tentar controlar o tremor em suas entranhas.
— O que você precisa de mim para liberar isso? — Fett tinha certeza de
que a sua voz estava tremendo. — Créditos? Assinatura?
— É isso? — perguntou Mirta.
— Só me diga. — Não pode ser verdade. Não pode ser.
— Eu posso fazer isso sozinho. — Ela parecia magoada, o que não era
fácil para uma garota de cara dura como aquela. — Mil créditos.
— Eu vou pagar. — Fett mal podia acreditar nas palavras que saíam de
sua boca, todas na voz de um estranho calmo. — Ela era... ela é a minha ex-
esposa, afinal.
Sintas estava viva.
Sintas Vel, a sua primeira e única esposa, estava viva, desde que nada
tivesse dado errado com o processo de carbonita.
Ela teria que se atualizar bastante com a galáxia, e a sua família
despedaçada.
Ailyn, o que posso dizer?
— Certo. — Mirta estava totalmente azeda novamente. — Seja o
homem durão na frente do seu burc'yase, mas eu o conheço agora.
Fett decidiu visitar a atualização antes da surtida. Agora era um
momento muito bom.
— Eu aposto que você conhece.
Afastou-se, como sempre, porque era o que todos esperavam, então
fechou as portas do banheiro e encostou as costas na parede. Deslizou-se
por ela e se agachou ali, com a cabeça entre as mãos, tremendo.
Sintas estava viva.
Ele esperou alguns minutos, então se levantou e caminhou até a pista de
pouso para juntar-se a seu Bes'uliik como se nada tivesse acontecido.
Eu entendo agora.
Eu sei o que mais amei e o que teve que ser morto.
Jacen tinha deitado em seu beliche por horas, tentando encaixar a última
peça no quebra-cabeça que o atormentava. Era a profecia. Ela não se
encaixava.
Ele vai eternizar o seu amor.
Foi somente quando Jacen considerou que ele poderia não se referir a si
mesmo que iniciou um caminho complexo que mostrava a profecia em sua
complexidade multifacetada. Não tinha só um significado: tinha muitos.
E é por isso que agora sou o Lorde dos Sith.
Não houve pirotecnia e nenhuma mudança cataclísmica na Força; e
ainda, de onde estava agora, Jacen olhou pra trás e viu uma paisagem que
havia mudado completamente. Mudou passo a passo, ato a ato, morte a
morte, uma mudança tão gradual e incremental que mal a notou sua
passagem até...
Até agora.
Não era o mesmo Jacen Solo que ficou chocado quando Lumiya disse
que estava destinado a ser um Lorde Sith.
Se olhasse pra trás o suficiente, Jacen viu seu começo nos olhos aviários
estranhamente preocupados de Vergere enquanto sofria tormento físico que
o mudou para sempre, mostrando a ele que não havia nada que não pudesse
suportar e passar além se a sua vontade quisesse.
E matou não uma pessoa que amava, mas algo precioso cuja ausência
acharia muito difícil de lidar. Já estava abrindo um buraco nele. Isso
importava. E ainda tinha a aparência de estar vivo, mas era um morto-vivo.
O que amou e ainda matou foi a admiração e a devoção de Ben por ele.
Jacen passou a amar essa adulação, e adorava roubar de Luke o papel de pai
e mentor adorado.
Ele imortalizará o seu amor... onde imortalizar significa “morto”.
E Ben, conhecia Ben bem o suficiente para perceber que nunca
descansaria até que o assassino de sua amada mãe fosse pego, e que ela
sempre seria aquele ícone perfeito de beleza e coragem pra ele.
O amor de Ben é imortal agora. Vai durar enquanto ele viver, imutável,
como a sua visão de Mara. E... como o ódio e a vingança que sentirá por
mim quando souber o que fiz. Isso também viverá para sempre.
Jacen se levantou e olhou para o seu reflexo no espelho na antepara
novamente. Estudou-o como se estivesse procurando sintomas variáveis,
hora a hora, para ver se seu status de Sith estava se manifestando em sua
carne. Não parecia diferente.
Mas continuou vendo o rosto de Ben enquanto caminhava até o garoto
naquele túnel e o encontrou vigiando a sua mãe morta. Os seus olhos... eles
sabiam que algo estava esperando para ser revelado, algo que iria
despedaçá-lo.
Mara fez Ben começar a se perguntar por que ela não se tornou uma
com a Força. Mais cedo ou mais tarde, ele descobrirá. Você fez a sua parte
em meu destino, Mara.
E quando Ben finalmente descobrisse que foi Jacen quem a matou, ele o
odiaria mais do que poderia imaginar. Jacen injetou um veneno lento no
amor de Ben por ele, tão certo quanto envenenou a mãe dele, e semeou um
ódio terrível e maravilhoso. Um Sith precisava daquele magnífico poço de
ódio para alcançar a grandeza. Ben eventualmente se tornaria maior do que
seu pai Jedi jamais poderia ser.
Nesse ínterim, a guerra de Jacen continuou, agora no cenário político
mais amplo, bem como na GAG.
Pegou o capacete preto da GAG que raramente usava, girou-o entre os
dedos e sentiu um estranho enjoo no estômago ao colocá-lo. Era um
soldado padrão da GAG, seção de mandíbula alargada com um filtro à
prova de gás de dispersão, o visor uma única banda em V rasa de
duraplástico endurecido, apenas uma ferramenta básica do trabalho. Não era
muito diferente do capacete funcional que as tropas usavam há décadas.
Mas eu não preciso disso, preciso?
Parou na frente do anteparo de duraço polido. O contorno preto à sua
frente estava manchado e nebuloso, uma mera sugestão impressionista do
que era. Mal conseguia olhar. Era tudo o que os seus inimigos diziam que
era. Estava envergonhado; sim, o constrangimento ofuscou qualquer culpa.
Havia matado, e matado novamente, e matado Mara Jade Skywalker,
que era tanto família quanto amiga. Amigos... agora não tinha mais
nenhum, exceto Tenel Ka e Allana, e elas passariam a odiá-lo quando a
verdade fosse conhecida.
Desci o mais baixo que pude, aos olhos das pessoas comuns.
Mas agora a única direção é... pra cima.
Jacen pensou em uma breve conversa com um das tropas da GAG, um
ex-policial da Força de Segurança de Coruscant. A maioria dos
assassinatos, disse o policial, era cometida por familiares e amigos
próximos. A matança aleatória de estranhos era relativamente rara, mesmo
nos bairros mais miseráveis dos níveis inferiores violentos e sem lei.
Eu não sou tão incomum, então.
Jacen respirou fundo e deu dois passos para o lado. Agora estava
olhando para o espelho colocado na antepara de sua cabine diurna
novamente; cristalina, nítida, impiedosa. Olhou para uma imagem de preto
abrangente. Sabia o que as pessoas diziam pelas costas: que estava tentando
imitar Vader.
Então? Tenho orgulho do meu avô, mas estou não cego para as
fraquezas que o derrubaram.
Mas isso era orgulho ferido falando. Eu tenho que ir além disso agora.
Tinha que estar além do medo de pequenas consciências e até mesmo além
do ódio que faria de Ben Skywalker um sucessor forte, digno e aterrorizante
do título de Lorde Sombrio.
Mas isso seria nos anos futuros. Agora era a hora de um homem que já
havia sido Jacen Solo assumir essa responsabilidade pelo bem da galáxia.
Jacen tirou o capacete, olhou em seus próprios olhos e não vacilou.
— Caedus, — ele disse. — Meu nome é Darth Caedus.
STAR WARS / LEGADO DA FORÇA - SACRIFÍCIO
TÍTULO ORIGINAL: Star Wars / Legacy of the Force - Sacrifice
tradutoresdoswhills.wordpress.com
Sobre a Autora
Quando Jyn Erso tinha cinco anos, sua mãe foi assassinada e seu
pai foi tirado dela para servir ao Império. Mas, apesar da perda de
seus pais, ela não está completamente sozinha, — Saw Gerrera, um
homem disposto a ir a todos os extremos necessários para resistir à
tirania imperial, acolhe-a como sua e dá a ela não apenas um lar,
mas todas as habilidades e os recursos de que ela precisa para se
tornar uma rebelde.Jyn se dedica à causa e ao homem. Mas lutar ao
lado de Saw e seu povo traz consigo o perigo e a questão de quão
longe Jyn está disposta a ir como um dos soldados de Saw. Quando
ela enfrenta uma traição impensável que destrói seu mundo, Jyn
terá que se recompor e descobrir no que ela realmente acredita… e
em quem ela pode realmente confiar.
Sylvestri Yarrow vive uma maré de azar sem fim. Ela tem feito o
possível para manter o negócio de carga da família em
funcionamento após a morte de sua mãe, mas entre o aumento das
dívidas e o aumento dos ataques dos Nihil a naves desavisados, Syl
corre o risco de perder tudo o que resta de sua mãe. Ela segue para
a capital galáctica de Coruscant em busca de ajuda, mas é desviada
quando é arrastada para uma disputa entre duas das famílias mais
poderosas da República por um pedaço do espaço na fronteira.
Emaranhada na política familiar é o último lugar que Syl quer estar,
mas a promessa de uma grande recompensa é o suficiente para
mantê-la interessada... Enquanto isso, o Cavaleiro Jedi Vernestra
Rwoh foi convocada para Coruscant, mas sem nenhuma ideia do
porquê ou por quem. Ela e seu Padawan Imri Cantaros chegam à
capital junto com o Mestre Jedi Cohmac Vitus e seu Padawan,
Reath Silas, e são convidados a ajudar na disputa de propriedade
na fronteira. Mas por que? O que há de tão importante em um
pedaço de espaço vazio? A resposta levará Vernestra a uma nova
compreensão de suas habilidades e levará Syl de volta ao
passado... e às verdades que finalmente surgirão das sombras.
Cal Kestis construiu uma nova vida para si mesmo com a tripulação
do Stinger Mantis. Juntos, a equipe de Cal derrubou caçadores de
recompensas, derrotou inquisidores e até evitou o próprio Darth
Vader. O mais importante, Merrin, Cere, Greez e o fiel droide BD-1
são a coisa mais próxima que Cal teve de uma família desde a
queda da Ordem Jedi. Mesmo com o futuro da galáxia ficando mais
incerto a cada dia, a cada golpe desferido contra o Império, a
tripulação da Mantis se torna mais ousada. No que deveria ser uma
missão de rotina, eles encontram um stormtrooper determinado a
traçar seu próprio curso com a ajuda de Cal e a sua tripulação. Em
troca de ajuda para começar uma nova vida, a desertora Imperial
traz a notícia de uma ferramenta poderosa e potencialmente
inestimável para sua luta contra o Império. E melhor ainda, ela pode
ajudá-los a chegar lá. O único problema, persegui-la os colocará no
caminho de um dos servos mais perigosos do Império, o Inquisidor
conhecido como o Quinto Irmão. A desertora imperial pode
realmente ser confiável? E enquanto Cal e os seus amigos já
sobreviveram a confrontos com os Inquisidores antes, quantas
vezes eles podem escapar do Império antes que sua sorte acabe?
Pela luz e pela vida. Este guia ilustrado do universo irá mergulhá-lo
na era de ouro dos Jedi, tornando-o obrigatório para os fãs dA Alta
República , bem como para novos leitores que procuram um
emocionante ponto de entrada na saga épica. Situado séculos antes
da Saga Skywalker, este livro é o guia definitivo do universo de Star
Wars: A Alta República, fornecendo uma visão fascinante de uma
época de heróis valentes, monstros aterrorizantes e exploração
ousada. Apresentando ilustrações originais impressionantes, este
livro impressionante é um item colecionável essencial que o
transportará para a era de ouro da galáxia.