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Legado da Força - Sacrifício é uma obra de ficção.

Nomes, lugares, e outros incidentes são produtos


da imaginação do autor ou são usadas na ficção. Qualquer semelhança a eventos atuais, locais, ou
pessoas, vivo ou morto, é mera coincidência. Direitos Autorais © da Lucasfilm Ltd. ® TM onde
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Sumário

Capa
Página Título
Direitos Autorais
Dramatis Personae
Epígrafo
Prólogo
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Catorze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Capítulo Vinte e Um
Capítulo Vinte e Dois
Capítulo Vinte e Três
Capítulo Vinte e Quatro
Sobre o Ebook
Sobre a Autora
Agradecimentos
Dramatis Personae

Alema Rar: Jedi caída (Twi’lek fêmea)


Ben Skywalker: Aprendiz Jedi (humano)
Boba Fett: Mandalore e caçador de recompensas semi aposentado
(humano)
Cal Omas: Chefe de Estado, Aliança Galáctica (humano)
Cha Niathal: Almirante da Aliança Galáctica (Mon Calamari fêmea)
Dinua Jeban: Soldado Mandaloriana (humana)
Dur Gejjen: Primeiro Ministro, Corellia (humano)
Ghes Orade : Soldado Mandaloriano (humano)
Goran Beviin : Soldado Mandaloriano (humano)
Han Solo: Capitão da Millennium Falcon (humano)
Jacen Solo: Cavaleiro Jedi (humano)
Jaina Solo: Cavaleira Jedi (humana)
Jori Lekauf: Capitão da GAG (humano)
Leia Organa Solo: Cavaleira Jedi e co-piloto da Millennium Falcon
(humana)
Lon Shevu: Capitão da GAG (humano)
Luke Skywalker: Grão Mestre Jedi (humano)
Lumiya: Lady Sombria dos Sith (humana)
Mara Jade Skywalker: Mestre Jedi (humana)
Medrit Vasar: Soldado Mandaloriano (humano)
Mirta Gev: Caçadora de recompensas, neta de Boba Fett (humana)
Novoc Vevut : Soldado Mandaloriano (humano)
Prólogo
QUARTO DOS SKYWALKERS, ZONA DA ROTUNDA, CORUSCANT,
03:00 HORAS

Esta vai ser mais uma noite sem dormir.


Mas eu deveria tê-lo matado?
Talvez eu devesse tentar alguns remédios. Até leite morno.
Eu tirei muitas vidas. Desde que Ben nos perguntou quantas, tenho
contado. Talvez Luke tenha feito contas também. Mas ele não mencionou
isso desde então.
Onde está o Ben?
Eu estava em melhor posição do que qualquer um para assassinar
Palpatine. Agora eu olho pra trás e me pergunto como a história teria
acontecido se eu tivesse caído em si e o matado quando tive a chance. Eu
teria sido uma traidora então; Eu seria uma heroína agora. E ele ainda
estaria morto de qualquer maneira. Perspectiva é uma coisa engraçada.
Quantas pessoas morreram porque eu não fiz aquela ligação? Eu nem
sabia que podia.
Ben, eu sinto que você está vivo. Mas onde você está? Já faz dias.
Então... como eu saberia quando era a única opção que restava?
Quando as coisas foram longe demais e alguém teve que fazer isso? E como
é que Luke está dormindo como um nerf em coma? Eu gostaria de poder. Se
eu ligar o holo noticiário, porém, mesmo sem o áudio, pode perturbá-lo. A
meditação também não está funcionando. Talvez eu devesse simplesmente
me levantar e dar uma volta.
Ben... se Jacen não sabe onde você está, o que você está fazendo?
Eu tenho que parar de fazer isso.
Ele é um garoto inteligente e foi treinado pelos melhores. Ele vai ficar
bem. E talvez ele saiba agora que matar alguém é uma fração de segundo,
uma batida do coração, uma coisa que você é treinado para fazer até não
parar para debater, e então nunca mais poderá ser desfeito. Agora que ele
matou para si mesmo e sabe a marca que isso deixa em sua cabeça, talvez
ele não me julgue ou ao seu pai com severidade.
Esse é o legado de mãe e pai: assassino, combatente da liberdade,
soldado, chame como quiser. Tudo termina em uma contagem de corpos.
Ben se juntou ao negócio da família.
Mas não sei o que ele está fazendo ou mesmo onde está agora. Estou
muito preocupada. Eu não me importo com o quão fortes são os seus
poderes na Força. Jedi morre como todo mundo, e é uma galáxia grande e
impiedosa, e ele é apenas uma criança. Meu filho.
Ben, se você pode me sentir, conecte-se de volta. Deixe-me saber que
você está bem.
Luke nunca acredita em mim quando digo que ele ronca. Ele ronca,
certo.
Bem...
— Você está bem? — Luke está acordado. Ele pode fazer isso sem
avisar. Bang, ele apenas estala o alerta. — É meia-noite.
— Eu sei.
— Você está preocupada com Ben.
— Não, ele pode cuidar de si mesmo. — Por que eu digo isso? Luke
sabe o que estou pensando. — Eu não deveria ter comido tão tarde.
— Também estou preocupado com ele. — Ele soca o travesseiro em
uma forma mais confortável e enterra a cabeça nele. — Mas ele está bem.
Ainda posso senti-lo.
Nada está bem agora.
Luke sabe disso. Eu sei isso. A família toda sabe disso.
Há uma guerra acontecendo em toda a galáxia, mas é a guerra dentro da
minha família que mais me importa. Meu filho é um estranho na maioria
dos dias.
E Jacen...
Acho que não conheço Jacen Solo.
E Lumia...
Ela tentou matar o meu filho. Por isso, querida, você vai ter que
responder a mim. Estou indo atrás de você, e em breve.
Acho que posso dormir um pouco agora. Já me sinto mais relaxada.
Capítulo Um

Ele escolherá o destino dos fracos.


Ele vencerá e quebrará as suas correntes.
Ele escolherá como será amado.
Ele se fortalecerá através do sacrifício.
Ele vai fazer um animal de estimação.
Ele se fortalecerá através da dor.
Ele se equilibrará entre a paz e o conflito.
Ele conhecerá a fraternidade.
Ele vai se refazer.
Ele vai eternizar o seu amor.
— Temas Comuns em Profecias Registradas na Simbologia de
Franjas Entrelaçadas; pelo Dr. Heilan Rotham, Universidade de
Estudos Culturais Pan Galácticos. Chamada de artigos: a
universidade convida submissões de Frangilogistas e analistas de
registros de fibra sobre o assunto das borlas não traduzidas
remanescentes do Artefato Lorrd. As datas do simpósio podem
mudar, sujeitas à situação de segurança atual.

ESFERA DE MEDITAÇÃO SITH, RUMO, CORUSCANT, ESTIMADO

Era estranho ter que confiar em uma nave.


Ben Skywalker estava sozinho na nave que encontrara em Ziost,
confiando nela para entender que queria que ela o levasse para casa. Sem
matriz de navegação, sem controles, sem assento do piloto... nada. Através
das anteparas podia ver as estrelas como pontos de luz borrados, mas parou
de achar a transparência da nave perturbadora. O casco estava ali. Podia vê-
la e podia não vê-la. Sentiu que estava no coração de uma joia vermelha oca
fazendo o seu caminho tranquilo de volta ao Núcleo.
E não havia jugo ou painel de controle físico, então teve que pensar em
seu comando. A estranha nave, mais parecida com uma bola de pedra
vermelha áspera do que uma embarcação feita em um estaleiro, respondeu à
Força.
Você não pode ir mais rápido? Serei um velho quando voltar.
A nave ficou instantaneamente irritada. Ben escutou. Em sua mente, a
nave falava com uma voz masculina que não tinha som ou forma real, mas
falava: e não se divertia com a sua impaciência. Mostrou-lhe luzes brancas
riscadas fluindo de um ponto central em um vazio escuro, a visão de um
piloto do hiperespaço e, em seguida, uma explosão.
— Certo, então você está indo o mais rápido que pode... — Ben sentiu a
breve satisfação da nave por seu piloto idiota ter entendido. Perguntou
quem a teria feito. Era difícil não pensar nele como vivo, como as naves
Yuuzhan Vong, mas decidiu vê-la como um droide, um artefato com
personalidade e, sim, emoções. Como Shaker.
Desculpe Shaker. Desculpe deixá-lo resolver tudo.
O droide astromecânico ficaria bem, ele sabia disso. Ben o deixou em
Drewwa. Era de lá que Shaker vinha, como Kiara, e então ambos estavam
em casa agora. Os astromecânicos eram unidades boas, confiáveis e
sensatas, e Shaker a entregaria a alguém para cuidar dela, pobre criança...
O pai dela está morto e toda a sua vida está de cabeça para baixo. Eles
foram usados apenas para me atrair para Ziost para que alguém tentasse
me matar. Por que? Já fiz tantos inimigos assim?
A nave voltou a ficar irritada, deixando Ben com a impressão de que
estava sendo chorão, mas não disse nada. Ben não gostou de ter seus
pensamentos examinados. Fez um esforço consciente para controlar a sua
mente errante. A nave conhecia a sua vontade, falada ou não, e ainda não
tinha certeza de quais poderiam ser as consequências disso. Naquele
momento, isso o fez se sentir invadido, e o alívio de encontrar a antiga nave
e conseguir escapar de Ziost nela deu lugar à preocupação, raiva e
ressentimento.
E impaciência. Tinha um comunicador, mas não queria anunciar a sua
presença caso houvesse outras naves o perseguindo. Destruiu uma. Isso não
significava que não haviam outras.
A Amuleto não era tão importante, então por que sou um alvo agora?
A nave não teria ido mais rápido se tivesse um assento e um manche
para se ocupar, mas não teria se sentido tão perdido. Quase podia ouvir
Jacen lembrando-o de que a atividade física era frequentemente um
deslocamento, e que precisava desenvolver uma melhor disciplina mental
para superar a inquietação. Uma mente inquieta não era receptiva, disse ele.
Ben endireitou as pernas para esfregar um joelho dolorido, depois se
acomodou novamente com as pernas cruzadas para tentar meditar. Seria
uma longa jornada.
As anteparas e o convés eram cor de pedra-pomes âmbar e, de tempos
em tempos, as superfícies pareciam queimar com um fogo embutido no
material. Quem quer que a tenha feito tinha uma coisa com chamas. Ben
tentou não pensar em chamas, caso a nave interpretasse isso como um
comando.
Mas ela não era tão estúpida. Quase podia pensar por ele.
Enfiou a mão dentro de sua túnica e sentiu o Amuleto, a coisa estúpida
sem valor que não parecia ser um instrumento de grande poder Sith afinal,
apenas uma bugiganga chique que o pai de Kiara foi enviado para entregar.
Agora o homem estava morto, tudo por causa de Ben, e o pior é que Ben
não sabia por quê.
Eu preciso encontrar Jacen.
Jacen também não era estúpido, e era difícil acreditar que ele havia sido
enganado sobre o Amuleto. Talvez fosse parte de algum plano; se fosse,
Ben esperava que valesse a pena a vida de Faskus e a miséria de Kiara.
Essa é a minha missão: entregar o Amuleto de Kalara nas mãos de
Jacen. Nada mais, nada menos.
Jacen poderia estar em qualquer lugar agora: em seus escritórios em
Coruscant, na linha de frente de alguma batalha, caçando subversivos.
Talvez esta estranha nave controlada pela Força pudesse entrar em contato e
localizá-lo. Ele estaria no holo noticiário. Ele sempre estava: Coronel Jacen
Solo, chefe da Guarda da Aliança Galáctica, herói público versátil, retendo
as ameaças de uma galáxia. Certo, estou sentindo pena de mim mesmo.
Pare com isso. Não poderia pousar esta nave em uma via de Coruscant e
sair dela como se fosse apenas um TIE fighter que salvou. As pessoas
fariam perguntas estranhas. Nem tinha certeza do que era. E isso significava
que era uma coisa para Jacen resolver.
— Tudo bem, — disse Ben em voz alta. — Você pode encontrar Jacen
Solo? Você tem uma maneira de escanear comunicadores? Você pode
encontrá-lo na Força?
A nave sugeriu que deveria ser capaz de fazer isso sozinho. Ben se
concentrou no rosto de Jacen em sua mente, e então tentou visualizar o
Anakin Solo, que era mais difícil do que pensava.
A nave esférica parecia ignorá-lo. Não conseguia sentir a sua voz;
mesmo quando não estava se dirigindo a ela ou reagindo a ela, havia um
leve ruído de fundo em sua mente que lhe dava a sensação de que a
embarcação estava zumbindo para si mesma, como alguém ocupado com
uma tarefa repetitiva.
— Consegue fazer isso? — Se não puder, tentarei pousar dentro do
complexo da GAG e torcer pelo melhor. — Aposto que você não vai querer
que os engenheiros da Aliança Galáctica rastejem em cima de você com
hidro chaves.
A nave lhe disse para ser paciente e que, de qualquer maneira, não havia
nada que uma hidro chave pudesse segurar.
Ben se ocupou tentando localizar Jacen antes que a nave pudesse. Mas o
truque de Jacen de se esconder na Força tornou-se permanente; Ben
descobriu que era impossível rastreá-lo, a menos que quisesse ser
encontrado, e naquele momento não havia nada dele, nem um sussurro ou
um eco. Ben pensou que poderia ter mais sorte em persuadir a nave a
procurar canais holográficos, ou talvez ela fosse tão velha que não tivesse a
tecnologia para encontrar essas frequências.
Ei, qual é. Se conseguiu destruir um cargueiro apenas com o poder de
meus pensamentos, pode encontrar um sinal de holo noticiário.
Ah, disse a nave.
A mente de Ben estava impregnada de uma verdadeira sensação de
descoberta. A nave saiu do hiperespaço por um momento e pareceu girar, e
então parecia que havia encontrado algo. O campo estelar, visível de
alguma forma, embora os anteparos rochosos e ardentes ainda estivessem
lá, se inclinou quando a nave mudou de curso e saltou de volta para o
hiperespaço. Ela irradiava uma sensação de satisfação feliz, parecendo
quase... excitada.
— Encontrou-o?
A nave disse ter encontrado o que procurava. Ben decidiu não a
envolver em uma discussão de como poderia encontrar um Jacen paralisado
escondido na Força.
— Bem, me avise quando chegarmos a dez mil quilômetros, — disse
Ben. — Eu posso arriscar usar o comunicador então.
A nave não respondeu. Ela cantarolava alegremente para si mesma,
silenciosa, mas enchendo a cabeça de Ben com antigas harmonias de um
tipo que nunca imaginou que os sons pudessem criar.

CABINE DO CORONEL JACEN SOLO, STAR DESTROIER ANAKIN


SOLO, CURSO ESTENDIDO, RUMO 000 — CORUSCANT, ATRAVÉS
DO SISTEMA CONTRUUM

Nenhum dos tripulantes da Anakin Solo pareceu achar estranho que a nave
estivesse fazendo um curso extraordinariamente tortuoso de volta a
Coruscant.
Jacen sentiu a paciência resignada do general. Era o que esperavam do
chefe da Guarda da Aliança Galáctica e não fizeram perguntas. Também
sentiu Ben Skywalker, e estava usando cada fragmento de sua concentração
para se concentrar em seu aprendiz e localizá-lo.
Ele está bem. Eu sei isso. Mas algo não saiu como planejado.
Jacen se concentrou em um ponto de luz azul no repetidor de ponte
situado no anteparo. Sentiu Ben no fundo de sua mente do jeito que poderia
sentir um cheiro familiar, mas indescritível, do tipo que era tão distinto que
era inconfundível. Ileso, vivo, bem, mas algo não estava certo. A
perturbação na Força, um leve formigamento no fundo de sua garganta que
nunca havia sentido antes, deixou Jacen ansioso; esses dias não gostava do
que não sabia. Era um contraste gritante com os dias em que vagava pela
galáxia em busca do esotérico e do misterioso em busca de um novo
conhecimento da Força. Ultimamente, queria certeza. Queria ordem, e
ordem criada por si mesmo.
Eu não estava livrando a galáxia do caos então. Os tempos mudaram.
Sou responsável por mundos agora, não só por mim mesmo.
A missão de Ben o teria levado... onde, exatamente? Ziost. Localizar
um garoto de quatorze anos, nem mesmo uma nave, só cinquenta e cinco
quilos de humanidade, em um amplo corredor ao redor da Rota Comercial
Perlemiana era uma tarefa difícil, mesmo com a ajuda da Força.
Ele tem um comunicador seguro. Mas ele não vai usá-lo. Eu o ensinei a
manter as transmissões no mínimo. Mas Ben, se você está com problemas,
você tem que quebrar o silêncio...
Jacen esperou, olhando através das telas e leituras que refletiam as dos
consoles de operações no coração da nave. Começou a perder o hábito de
esperar que a Força revelasse as coisas pra ele. Era fácil fazer depois de
tomar tanto em suas próprias mãos e forçar o destino nos últimos meses.
Em algum lugar na Anakin Solo, sentiu Lumiya como um redemoinho
rodopiando na margem de um rio. Soltou e ampliou a sua presença na
Força.
Ben... estou aqui, Ben...
Quanto mais Jacen relaxava e deixava a Força varrê-lo, e agora era
difícil deixar ir e ser varrido, muito mais difícil do que controlar o seu
poder, mais ele tinha a sensação de que Ben estava sendo acompanhado.
Então... então teve a sensação de que Ben o procurava, tateando para
encontrá-lo.
Ele tem algo com ele. Não pode ser o Amuleto, com certeza. Ele vai
ficar zangado porque o mandei fazer um exercício no meio de uma guerra.
Vou ter que explicar isso com muito, muito cuidado...
Tinha sido apenas uma simulação para livrá-lo de Luke e Mara por um
tempo, para dar a ele algum espaço para ser ele mesmo. Ben não era mais o
garotinho dos Skywalkers. Ele assumiria o manto de Jacen um dia, e essa
não era uma tarefa para uma criança superprotegida que nunca teve
permissão para se testar longe da sombra esmagadoramente longa de seu
pai, o Grão Mestre Jedi.
Você é muito mais resistente do que eles pensam. Não é Ben?
Jacen sentiu o fraco eco de Ben voltar até ele e se tornar uma pressão
insistente no fundo de sua garganta. Respirou fundo. Agora ambos sabiam
que estavam procurando um pelo outro. Saiu de sua meditação e se dirigiu
para a ponte.
— Tudo parado. — A ponte estava na semi escuridão, iluminada pela
névoa de luz verde e azul suave que se derramava de telas de situação que
drenavam a cor dos rostos da tripulação totalmente leal escolhida a dedo.
Jacen caminhou até o visor principal e olhou para as estrelas como se
pudesse ver algo. — Mantenham esta posição. Estamos esperando por...
uma nave, acredito.
A tenente Tebut, atual oficial de guarda, ergueu os olhos do console sem
levantar a cabeça. Isso deu a ela um ar de desaprovação, mas era puramente
um hábito.
— Se o senhor pudesse ser mais específico, senhor...
— Eu não sei que tipo de nave, — Jacen disse, — mas saberei quando a
vir.
— Você está certo, senhor.
Eles esperaram. Jacen estava consciente de Ben, muito mais
concentrado e intenso agora, um clima geral de negócios como de costume
na nave e a corrente subjacente da inquietação de Lumiya. Fechando os
olhos, sentiu a presença de Ben mais forte do que nunca.
Tebut levou a ponta do dedo ao ouvido como se tivesse ouvido algo em
seu fone de ouvido do tamanho de um ponto eletrônico.
— Nave não identificada em rota de interceptação. Alcance de dez mil
quilômetros a bombordo.
Um pontinho de luz amarela moveu-se contra uma constelação de
marcadores coloridos no holo monitor. O rastro era pequeno, talvez do
tamanho de um caça estelar, mas era uma nave, aproximando-se em alta
velocidade.
— Não sei exatamente o que é, senhor. O oficial parecia nervoso. Jacen
ficou brevemente perturbado ao pensar que agora inspirava medo sem razão
aparente. — Ele não corresponde a nenhuma assinatura de calor ou perfil de
direção que temos. Nenhuma indicação se está armado. Nenhum sinal de
transmissor também.
Era uma pequena nave, e este era um Star Destroier. Era mais uma
curiosidade do que uma ameaça. Mas Jacen não tomou nada como certo;
sempre haviam armadilhas. Essa não parecia uma, mas ainda não conseguia
identificar aquela sensação de algo diferente.
— Está desacelerando, senhor.
— Deixe-me saber quando você tiver um visual. — Jacen quase podia
provar onde estava e considerou trazer a Anakin Solo para que pudesse
observar a nave se tornar um ponto da luz refletida da estrela de Contruum,
então se expandir em uma forma reconhecível. Mas não precisava; a tela de
rastreamento lhe deu uma visão melhor. — Preparem os canhões e não
abram fogo, exceto por minha ordem.
Na garganta de Jacen, em uma linha nivelada com a base de seu crânio,
havia o leve formigamento da ansiedade de alguém. Ben sabia que a Anakin
Solo estava colocando uma posição de tiro nele.
Calma Ben...
— Contato no alcance visual, senhor. — Tebut parecia aliviada. A tela
foi atualizada, mudando de um esquema para uma imagem real que só ela e
Jacen podiam ver. Ela bateu com o dedo no transparaço. — Minha nossa, é
Yuuzhan Vong?
Era um olho sem corpo com duas... bem, asas de cada lado. Não havia
outra palavra para descrevê-los. Membranas esticadas entre dedos
articulados de palhetas como teias. A superfície âmbar opaca parecia
coberta por um rendilhado de vasos sanguíneos. Por um breve momento,
Jacen pensou que era exatamente isso, uma nave orgânica, uma embarcação
viva e um ecossistema por si só, do tipo que apenas os odiados invasores
Yuuzhan Vong haviam criado. Mas era de alguma forma muito regular,
muito construída. Pináculos agrupados de projeções pontiagudas erguiam-se
do casco como uma rosa dos ventos, dando-lhe uma aparência estilizada em
forma de cruz.
Em algum lugar de sua mente, Lumiya ficou muito alerta e imóvel.
— Eu conhecia bem os Yuuzhan Vong, — disse Jacen. — E esse não é
bem o estilo deles.
A conexão de áudio fez um som efervescente e então voltou à vida.
— Aqui é Ben Skywalker. Anakin Solo, aqui é Ben Skywalker da
Guarda da Aliança Galáctica. Não atirem... por favor.
Houve um suspiro coletivo de divertido alívio na ponte. Jacen pensou
que quanto menos pessoas vissem a nave, e quanto mais cedo ela atracasse
no hangar, para ser escondida com uma cobertura de olhos curiosos, melhor.
— Você está sozinho, Skywalker? — Tecnicamente, Ben era um tenente
júnior, mas Skywalker serviria: Ben não, não agora que tinha os deveres de
um homem adulto. — Sem passageiros?
— Só a nave... senhor.
— Permissão para atracar. — Jacen olhou ao redor para a tripulação da
ponte e acenou para Tebut. — Apague o retorno visual. Trate esta nave
como secreta. Ninguém discute isso, ninguém viu e nunca a levamos a
bordo. Entendido?
— Sim senhor. Vou liberar todo o pessoal da área do Hangar Zeta.
Apenas um procedimento de segurança de rotina. Tebut era exatamente
como o capitão Shevu e o cabo Lekauf: totalmente confiável.
— Bem pensado, — Jacen disse. — Vou ver o Skywalker ancorado com
segurança. Dê-me acesso às escotilhas da baía.
Jacen fez seu caminho até o convés, resistindo ao impulso de correr
enquanto tomava o caminho mais curto através de passagens e escadas de
duraço para baixo na seção inferior do casco, bem longe dos hangares
ocupados de caças estelares. Droides e tripulação cumprindo seu dever
pareciam surpresos em vê-lo. Quando alcançou o Hangar Zeta, o vazio
salpicado do espaço era visível através da escotilha aberta que normalmente
permitia transporte de suprimentos, e o reflexo que viu na barreira de ar de
transparaço era o de um homem ligeiramente desgrenhado pela pressa
ansiosa. Precisava de um corte de cabelo.
Também podia sentir Lumiya.
— Então, o que a traz aqui? — ele perguntou, desativando a holo
câmera de segurança do convés. — O retorno do herói?
Ela emergiu da sombra de um poço de acesso de engenharia, com o
rosto meio velado. Os seus olhos traíam um pouco de cansaço: o mais leve
dos círculos azuis os rodeava. A briga com Luke deve ter tirado isso dela.
— A nave, — disse ela. — Olhe.
Uma esfera com veios de dez metros de diâmetro preenchia a abertura
da escotilha, os seus painéis em forma de asa dobrados para trás. Ela pairou
silenciosamente por um momento e então pousou suavemente no centro do
convés. As portas da escotilha se fecharam por trás dela. Passaram-se
alguns momentos antes que o hangar fosse repressurizado e uma abertura
aparecesse no invólucro da esfera para ejetar uma rampa.
— Ben fez muito bem em pilotá-la, — disse Lumiya.
— Ele fez bem em me localizar.
Ela se dissolveu na sombra, mas Jacen sabia que ela ainda estava lá
observando enquanto caminhava até a rampa. Ben emergiu da abertura em
roupas civis sujas. Ele não parecia satisfeito consigo mesmo; na verdade,
ele parecia cauteloso e mal-humorado, como se esperasse problemas. Ele
também parecia repentinamente mais velho.
Jacen estendeu a mão e apertou o ombro de seu primo, sentindo a
energia reprimida nele. — Então, você certamente sabe como fazer uma
entrada, Ben. Onde você conseguiu isso?
— Oi, Jacen. — Ben enfiou a mão na túnica e, quando a retirou, uma
corrente de prata pendia de seu punho: o Amuleto de Kalara. Exalava uma
energia sombria quase como um perfume pungente que grudava e não ia
embora. — Você me pediu para pegar isso, e eu peguei.
Jacen estendeu a mão. Ben colocou o amuleto incrustado na palma da
mão, enrolando a corrente em cima dele. Fisicamente, parecia bastante
comum, uma joia pesada e um tanto vulgar, mas lhe dava a sensação de um
peso passando por seu corpo e se acomodando na boca do estômago.
Colocou-a dentro de sua jaqueta.
— Você se saiu bem, Ben.
— Eu encontrei em Ziost, caso você queira saber. E foi aí que consegui
a nave também. Alguém tentou me matar e eu agarrei a primeira coisa que
pude para escapar.
O atentado contra a vida de Ben não atingiu Jacen tão forte quanto a
menção de Ziost, o mundo natal dos Sith. Jacen não tinha negociado com
isso. Ben não estava pronto para ouvir a verdade sobre os Sith ou que ele
foi aprendiz, informalmente ou não, do homem destinado a ser o Mestre da
ordem. Jacen não sentiu nenhuma reação de Lumiya, mas ela tinha que
estar ouvindo isso. Ela ainda estava à espreita.
— Era uma missão perigosa, mas eu sabia que você poderia lidar com
isso. — Lumiya, você arranjou isso. Qual é o seu jogo? 'Quem tentou te
matar'?
— Um Bothano armou pra mim, — disse Ben. — Dyur. Ele pagou um
mensageiro para levar o Amuleto para Ziost, incriminou-o como ladrão e o
cara acabou morto. Eu me vinguei do Bothano, porém, eu explodi a nave
que estava mirando em mim. Espero que tenha sido de Dyur.
— Como?
Ben fez um gesto por cima do ombro com o polegar.
— Está armada. Parece ter as armas que você quiser.
— Bom trabalho. — Jacen teve a sensação de que Ben suspeitava de
toda a galáxia naquele momento. Os seus olhos azuis tinham um tom cinza,
como se alguém tivesse desligado a luz entusiasmada nele. Era isso que o
fazia parecer mais velho; um encontro com um mundo hostil, outro passo
para longe de sua existência protegida anterior, e uma parte essencial de seu
treinamento. — Ben, trate isso como ultrassecreto. A nave agora será
secreta, como a sua missão. Nem uma palavra pra ninguém.
— Como se eu fosse escrever para mamãe e papai sobre isso... o que fiz
nas minhas férias, por Ben Skywalker, quatorze anos e duas semanas. — Ai.
Ben não estava mais entusiasmado e cegamente ansioso para agradar... mas
isso era uma coisa boa em um aprendiz Sith. Jacen mudou de tática; os
aniversários tinham um jeito de fazer você fazer um balanço se você os
gastasse em algum lugar desagradável. — Como você voou isso? Nunca vi
nada igual.
Ben deu de ombros e cruzou os braços sobre o peito, de costas para a
embarcação, mas continuou olhando em volta como se quisesse verificar se
ela ainda estava lá.
— Você pensa o que quer que ela faça, e ela faz. Você pode até falar
com ela. Mas não tem nenhum controle adequado. — Ele olhou por cima do
ombro novamente. — Ela fala com você através de seus pensamentos. E
não tem uma boa opinião sobre mim.
Uma nave Sith. Ben havia voado em uma nave Sith de volta de Ziost.
Jacen resistiu à tentação de entrar e examiná-la.
— Você precisa voltar para casa. Eu disse aos seus pais que não sabia
onde você estava e insinuei que eles podem ter feito você fugir por serem
superprotetores.
Ben parecia um pouco mal-humorado.
— Obrigado.
— É verdade, no entanto. Você sabe que é. — Jacen percebeu que não
havia dito o que realmente importava. — Ben, estou orgulhoso de você.
Sentiu um leve brilho de satisfação em Ben que morreu quase assim que
começou.
— Farei um relatório completo, se você quiser.
— Assim que puder. — Jacen o guiou em direção à saída do hangar. —
Provavelmente é melhor que você não chegue em casa nesta nave. Vamos
transportá-lo para o planeta seguro mais próximo e você pode fazer uma
viagem mais convencional em um voo de passageiros.
— Preciso de alguns créditos para a passagem. Estou farto de roubar
para sobreviver.
— Claro. — Ben tinha feito o trabalho e provou que poderia sobreviver
com a sua inteligência. Jacen percebeu que a arte de construir um homem
era empurrá-lo com força suficiente para endurecê-lo sem aliená-lo. Foi
uma linha que explorou cuidadosamente. Procurou em seu bolso uma
mistura de denominações em moedas de crédito não rastreáveis. — Agora
você vai. Agora pegue algo para comer também.
Com um último olhar para a nave esférica, Ben deu a Jacen uma
saudação casual antes de caminhar na direção do turbo elevador do
suprimento. Jacen esperou. A nave o observava: sentia, não estava viva,
mas consciente. Eventualmente, ouviu passos suaves no convés por trás
dele, e a nave de alguma forma pareceu ignorá-lo e olhou para outro lugar.
— Uma esfera de meditação Sith, — disse Lumiya.
— Uma nave de ataque. Um caça.
— É antiga, absolutamente antiga. — Ela caminhou até ela e colocou a
mão no casco. Parecia ter derretido em um hemisfério próximo, as palhetas
e, Jacen assumiu, mastros de sistemas em sua quilha dobradas abaixo dele.
Naquele momento, lembrou-se de um animal de estimação agachada diante
de seu dono, em busca de aprovação. Na verdade, parecia brilhar como uma
brasa em leque.
— Que peça magnífica de engenharia. — A sobrancelha de Lumiya se
ergueu e os seus olhos se enrugaram nos cantos; Jacen imaginou que ela
estava sorrindo, surpresa. — Ela diz que me encontrou.
Foi um comentário descuidado, raro para Lumiya, e quase uma
admissão. Ben foi atacado em um teste que Lumiya preparou; a nave veio
de Ziost. Circunstancialmente, não parecia bom.
— Ela estava procurando por você?
Ela pausou novamente, ouvindo uma voz que ele não podia ouvir.
— Diz que Ben precisava encontrar você e, quando o encontrou,
também me reconheceu como Sith e veio até mim para obter instruções.
— Como ele me encontrou? Não posso ser detectado na Força se não
quiser, e não me deixei ser detectado até...
Uma pausa. Os olhos de Lumiya eram notavelmente expressivos. Ela
parecia muito tocada pela atenção da nave. Jacen imaginou que ninguém,
nada, tinha mostrado qualquer interesse em seu bem-estar por muito, muito
tempo.
— Ela diz que você criou uma perturbação da Força no sistema Gilatter,
e que uma combinação de sua... você ampliou a sua presença.
— Céus, ela tem muito a dizer por si só.
— Você pode ficar com ela, se quiser.
— Singular, mas não sou um colecionador. — Jacen ouviu a si mesmo
falando simplesmente para preencher o ar vazio, porque a sua mente estava
correndo. Eu posso ser rastreado. Posso ser rastreado pela maneira como
as pessoas ao meu redor reagem, mesmo que eu esteja escondido. Sim,
acordar era a palavra exata. — Parece feita para você.
Lumiya respirou um pouco audivelmente, e o tecido sedoso azul escuro
em seu rosto foi sugado por um momento para revelar o contorno de sua
boca.
— A mulher que é mais máquina e a máquina que é mais criatura. —
Ela colocou uma bota na rampa. — Muito bem, vou encontrar um uso para
isso. Vou tirá-la de suas mãos e ninguém precisará vê-la.
Hoje em dia, Jacen estava mais interessado no que Lumiya não dizia do
que no que fazia. Não houve discussão sobre o teste que havia feito para
Ben e por que isso o levou a Ziost e a uma armadilha. Estava prestes a
perguntar diretamente, mas não achava que poderia ouvir nem a verdade
nem a mentira; ambos iriam irritar. Virou-se para sair. Dentro de um dia, a
Anakin Solo estaria de volta a Coruscant e teria uma guerra e uma batalha
pessoal para lutar.
— Pergunte-me, — ela gritou pelas suas costas recuando. — Você sabe
que você quer perguntar.
Jacen se virou.
— O que, se você pretendia que Ben fosse morto, ou quem eu tenho que
matar para alcançar a Maestria Sith completa?
— Eu sei a resposta para uma, mas não para a outra.
Jacen decidiu que havia uma linha tênue entre um teste realisticamente
exigente das habilidades de combate de Ben e tentar matá-lo
deliberadamente. Não tinha certeza se a resposta de Lumiya diria a ele o
que precisava saber de qualquer maneira.
— Há outra questão, — disse ele. — E é quanto tempo eu tenho antes
de enfrentar o meu próprio teste.
A esfera Sith estalou e rangeu, flexionando a parte superior de suas asas
com membranas. Lumiya ficou na beira da escotilha e olhou em volta por
um momento, como se estivesse nervosa por entrar no casco.
— Se eu soubesse quando, também poderia saber quem, — disse ela. —
Mas tudo o que sinto é breve e próximo. — Algo pareceu tranquilizá-la, e
ela fez uma pausa como se estivesse ouvindo novamente. Talvez a nave
estivesse dando sua própria opinião. — E você sabe disso também. A sua
impaciência está queimando você.
Claro que era: Jacen queria um fim para tudo, para a luta, a incerteza, o
caos. A guerra além refletia a luta interna.
Lumiya estava dizendo a verdade: em breve.

REUNIÃO DOS CLÃS, SALÃO DA MOTORES MANDAL HALL,


KELDABE, CAPITAL DE MANDALORE

Cerca de cem dos homens e mulheres de aparência mais dura que Fett já
vira estavam reunidos no prédio de granito cinza carvão que a Motores
Mandal havia doado à comunidade.
O rosto mais duro de todos era o da neta. Mirta Gev o observou do lado
do salão de reuniões com os olhos de seu pai.
Os meus próprios olhos.
Fierfek, ela realmente tinha os olhos de Fett. Talvez estivesse vendo o
que não estava realmente lá, mas o olhar perfurou sua alma de qualquer
maneira. Era um olhar que dizia: Você falhou. Não ouviu o murmúrio de
vozes ao seu redor, apenas as acusações silenciosas de que a sua filha Ailyn
estava morta, que nunca esteve lá para ajudá-la até que fosse tarde demais e
que também poderia ser tarde demais para começar a ser uma pessoa digna.
Mandalore. Seu pai o preparou para ser o melhor, e mesmo que nunca tenha
mencionado ser Mandalore um dia, foi com o legado. O legado de Jaster.
Melhor ser rápido, então. Estou morrendo. Eu tenho negócios para
cuidar. Prioridades: uma cura, depois descobrir o que aconteceu com a
minha esposa, o que aconteceu com Sintas Vel.
Não que Mirta não lhe contasse.
Ela não sabia. Ela tinha a joia de coração de fogo que ele dera a Sintas
como presente de casamento, mas ela apareceu na loja de um negociante.
Foi só isca. E ele caiu.
Mas, Fett sendo Fett, era mais do que uma isca. Era um motivador: era
outra evidência.
Nunca é tarde para descobrir. Achei que fosse, mas não é.
O burburinho dos chefes dos clãs, chefes de companhias e uma
variedade de mercenários veteranos foi diminuindo voz por voz até o
silêncio. Eles o observaram com cautela. Nem todos eram humanos
também: um Togoriano e um Mandaloriano, ambos usando armaduras
impressionantes, encostados na parede oposta, braços maciços cruzados
sobre o peito. As espécies não importavam muito para os Mandalorianos. A
cultura os definia. Fett se perguntou o que aquilo o tornava.
— Oya! — Foi murmurado a princípio, depois gritado algumas vezes.
'Oyá!' Era uma palavra com cem significados para os Mandalorianos. Desta
vez, significava 'Vamos, vamos em frente'. Eles sempre começavam as suas
reuniões dessa maneira, e esse era o lugar onde os Mandalorianos mais se
aproximavam de um senado. Eles não gostavam de sutileza processual.
Um chefe com uma barba bem raspada e um tapa-olho se levantou para
falar sem cerimônia.
— Então, Mand'alor — disse ele. — Vamos lutar ou o quê?
— Com quem você quer lutar? — Fett notou que eles recorriam a
linguagem Básica quando se dirigiam a ele, em deferência à sua ignorância
sobre Mando'a. — A Aliança Galáctica? Corellia? Algum fosso
abandonado pela Força na Orla?
— Nunca houve uma guerra em que não lutamos.
— Existe agora. Esta não é a nossa luta. Mandalore tem os seus próprios
problemas.
— A guerra está aumentando. Seus problemas podem vir e nos
encontrar.
Fett estava parado ao lado da janela longa e estreita que corria até a
altura da parede voltada para o oeste. Era mais como um laço de flecha do
que uma vista da cidade. Mandalorianos construíram para defesa, e
esperava-se que edifícios públicos servissem como cidadelas, ainda mais
agora. Os Yuuzhan Vong causaram uma vingança terrível em Mandalore
por seu trabalho secreto para a Nova República durante a invasão, mas a
carnificina acabou de deixaro Mando'ade ainda mais ferozmente
determinado a ficar parado. O hábito nômade ainda estava lá: era mais uma
recusa em ceder do que amor à terra. Mas eles não podiam perder um terço
da população e dar de ombros, não enquanto muitos ainda se lembrassem da
ocupação imperial.
Perdedores ressentidos, os Vong. Mas não é como se eu tivesse outra
alternativa. Melhor a Nova República do que os cara de caranguejos.
Fett examinou o salão, ciente do olhar fixo e quase sinistro de Mirta.
— Qual é a primeira regra da guerra?
Em assentos, em bancos, encostados em alcovas, ou apenas parados
com os braços cruzados, os líderes da sociedade Mandaloriana, ou tantos
quantos pudessem chegar a Keldabe, o observavam cuidadosamente. Até o
chefe da Motores Mandal, Jir Yomaget, usava armadura tradicional. A
maioria havia tirado o capacete, mas alguns não. Tudo bem para Fett. Ele
manteve o dele também.
— O que ganhamos com isso? — disse um humano atarracado,
recostado em uma cadeira que parecia ter sido construída com caixotes. —
A segunda regra é quanto ganhamos com isso?
— Então... o que temos a ganhar desta vez?
Nós. Fett era o Mand’alor, chefe dos chefes, comandante dos
supercomandos, e não podia mais evitar o nós. Não se sentia como nós.
Sentia-se como um marido ausente que se esgueirou para casa para
encontrar uma esposa furiosa exigindo saber onde estivera a noite toda, sem
saber como evitar a discussão inevitável. Eles o faziam se sentir
desconfortável. Examinou a sensação para ver o que a estava causando.
Não está à altura do trabalho.
Pode ter sido o melhor caçador de recompensas, mas não se considerava
o melhor Mandalore, e isso o perturbou porque nunca foi simplesmente
adequado. Esperava se destacar. Assumiu o cargo; agora tinha que fazer jus
ao título, que era muito, muito mais fácil na guerra do que em tempo de
paz.
Fenn Shysa deve ter pensado que poderia fazer isso, no entanto. Seu
último desejo era que Fett assumisse o título, quer quisesse ou não. Barve
louco.
O atarracado Mando deu de ombros.
— Créditos, Mand’alor. Precisamos de dinheiro, caso você não tenha
notado.
— Para gastar na importação de alimentos.
— Essa é a ideia.
— Suponho que seja uma forma de equilibrar oferta e demanda.
— Que é?
— Apoiar um lado ou outro nesta guerra. Isso reduzirá o número de
bocas para alimentar. Homens mortos não comem.
Houve risadas e comentários em Mando'a desta vez. Fett fez uma
anotação mental para programar o seu tradutor de capacete para lidar com
isso, e isso pareceu a admissão definitiva de derrota para um líder: ele não
falava a língua de seu próprio povo. Mas eles não pareciam se importar.
— Estou com o Mand’alor nisso — disse uma voz rouca de homem no
fundo da assembleia. Fett reconheceu aquele: Neth Bralor. Conheceu alguns
Bralors em seu tempo, mas eles não eram todos do mesmo clã. Era um
nome comum, às vezes simplesmente uma indicação de raízes em Norg
Bral ou outra cidade fortificada. — Perdemos quase um milhão e meio de
pessoas lutando contra os vongeses. Isso pode ser uma pequena mudança
para Coruscant, mas é um desastre para nós. Não mais, não até que
tenhamos Manda'yaim em ordem. Comeremos bas neral se for preciso.
Um murmúrio de acordo estrondoso ondulou pelo salão. Alguns chefes
colocaram as suas manoplas em suas armaduras em aprovação. Um deles
era a mulher comando Fett conheceu em Zerria em Drall, Isko Talgal. A sua
expressão ainda era tão severa, cabelo preto grisalho raspado para trás de
seu rosto bronzeado pelo vento e trançado com contas de prata, mas bateu
com o punho na placa da coxa em aprovação entusiástica. Fett se perguntou
como ela seria quando estava infeliz.
— Vocês queriam uma decisão minha. Vocês entenderam. — Fett sentiu
o tempo passar por ele acelerando, e isso acabou com a pouca paciência que
ele tinha. Cada osso de seu corpo doía até a espinha. — Aliança Galáctica
ou Confederação, vocês acham que isso fará alguma diferença para nós?
— Não, — disse outra voz, grossa com um sotaque do norte de
Concordia. — Coruscant não vai nos pedir para desarmar tão cedo. Eles
podem precisar de nós se tiverem outra guerra vongese.
— Chakaare! — alguém riu. Mas o debate ganhou ritmo, ainda
principalmente no Básico.
— E se a guerra chegar muito perto de casa? E se ela se espalhar para
um ou dois sistemas vizinhos?
— Mesmo se ficarmos do lado da Aliança, o que dizer que eles não vão
se virar contra nós e esperar que sigamos sua linha desarmada e organizada?
— Não é desarmamento que eles querem, é reunir todos os ativos do
planeta na Força de Defesa da AG, e todos nós sabemos o quão habilidoso e
eficiente isso será…
Fett ficou para trás e observou. Foi edificante e divertido à sua maneira.
Era o tipo de processo de tomada de decisão que só poderia acontecer em
uma pequena população de pessoas ferozmente independentes que sabiam
imediatamente quando era hora de deixar de ser indivíduos e se unir como
uma nação.
Engraçado, isso é a última coisa que Mandalore é: uma nação. Às vezes
lutamos em lados diferentes. Estamos espalhados pela galáxia. Não somos
nem uma espécie. Mas sabemos o que somos e o que queremos, e isso não
vai mudar tão cedo.
Os argumentos estavam todos se resumindo a uma coisa. Muitas
pessoas precisavam dos créditos. Os tempos ainda eram difíceis.
Fett deu um soco forte na superfície sólida mais próxima, uma pequena
mesa, e o estalo interrompeu o burburinho da discussão.
— Mandalore não tem posição sobre a guerra atual e não haverá
divisões sobre ela, — disse ele. — Qualquer pessoa que queira vender os
seus serviços individualmente para qualquer um dos lados, isso é problema
seu. Mas não em nome de Mandalore.
Preparou-se para a erupção do argumento do silêncio repentino,
polegares enganchados em seu cinto. A visão de grande angular de seu
capacete pegou uma figura totalmente blindada parada no fundo do salão.
Nem sempre era possível dizer se um Mando de armadura era homem ou
mulher, mas Fett tinha certeza de que era um homem de estatura mediana e
com as mãos cruzadas por trás das costas. A placa do ombro esquerdo de
sua armadura preto púrpura era de um marrom metálico claro. Não era
incomum ver placas de cores estranhas porque muitos Mandalorianos
guardavam uma parte da armadura de um ente querido morto, mas isso era
impressionante por um motivo que Fett não conseguia descobrir. Algo
brilhou no painel central do peitoral do homem, um minúsculo ponto de luz
enquanto o sol cortava a câmara em um raio tão afiado e branco que parecia
sólido.
Eu deveria fazer isso. Eu deveria usar uma parte da armadura de papai
na minha, todos os dias.
Sentiu-se mal por não ter feito isso, mas voltou a sua atenção para a
reunião.
— Tudo bem, então, — disse um homem alegre de cabelos brancos
sentado a alguns passos dele. Uma tatuagem azul escura de uma videira
emergia do topo de sua armadura e terminava sob o seu queixo. Baltan
Carid, esse era o nome dele. Fett o vira pela última vez despachando
Yuuzhan Vong com um blaster danificado da era imperial na Estação
Caluula. — Isso é tudo que precisávamos saber. Que não há proibição de
trabalho mercenário.
— Vou deixar claro para ambos os lados que não há envolvimento
oficial na disputa, — disse Fett. — Mas se algum de vocês quiser se matar,
a decisão é sua.
— Então podemos ver Mando lutando contra Mando nesta guerra de
aruetiise. — Todos olharam para o homem de armadura roxa. Fett não via
necessidade de aprender o idioma, mas havia palavras que ele não
conseguia evitar: aruetiise. Não Mandalorianos. Ocasionalmente pejorativo,
mas geralmente apenas uma maneira de dizer nenhum de nós. —
Dificilmente propício para restaurar a nação, não é?
— Mas a luta é nosso produto de exportação número um, — disse
Carid. — O que você quer, transformar Keldabe em um ponto turístico ou
algo assim? — Ele caiu na gargalhada. — Eu posso ver agora. Visite
Mandalore antes que Mandalore visite você. Leve para casa algumas
lembranças, uma fatia de bolo uj e um tapa na boca.
— Bem, a nossa política econômica agora parece ser ganhar créditos
externos... ser morto... e negligenciar o planeta.
Carid tinha um magnífico sorriso de escárnio. Ele era muito mais
intimidador sem capacete.
— Você tem uma ideia melhor? Oh, espere, isso vai ser a diatribe sobre
a autodeterminação e a condição de Estado kadikla? Porque não estou
ficando mais jovem, filho, e gostaria de chegar em casa na hora do jantar,
porque a minha patroa está fazendo bolinhos de farinha de ervilha.
Isso rendeu muitas risadas. Carid geralmente fazia isso. Houve gritos e
gargalhadas.
— Sim, nós sabemos sobre os bolinhos, Carid...
Mas... kadikla. Portanto, o primeiro movimento de Mandalore tinha um
nome agora, até mesmo seu próprio adjetivo. Ele ainda não havia conhecido
Kad'ika, o homem que diziam estar conduzindo o novo nacionalismo. Fett
pensou que isso era negligência do homem, visto que ele havia feito
exatamente o que lhe foi pedido e voltou para liderar Mandalore.
— Massa crítica, ner vod. — Homem de Púrpura ignorou as
gargalhadas. Sua voz tinha o tom de alguém que já havia discutido isso
muitas vezes antes. — Temos uma população de menos de três milhões
aqui, e talvez até três vezes mais na diáspora. Perdemos muitas de nossas
melhores tropas, nossas terras agrícolas foram envenenadas e nossa
infraestrutura industrial ainda está destruída depois de dez anos. Então
talvez este seja o momento ideal para trazer algumas pessoas para casa.
Reunir os exilados enquanto o resto da galáxia está ocupado.
Carid estava focado no debate agora, e Fett foi temporariamente
esquecido.
— Sim, agrupe-se para fazer um bom alvo fácil. Todos nós em um só
lugar.
— Ninguém, exceto os vongeses, nos ataca há muito tempo.
— O Império nos destruiu. Você tem memória curta. Ou talvez você
ainda usasse fraldas quando Shysa teve que chutar algum orgulho de volta
até nós.
— Certo, então vamos abandonar Mandalore. Tornar-se totalmente
nômades novamente. Continuar andando. Confiar nos caprichos de todos os
governos, exceto o nosso.
— Filho, nós somos o governo shabla, — disse Carid. — Então, o que
você quer fazer sobre isso?
— Consolidar Mandalore e o setor. Traga nosso pessoal para casa e
construa algo que ninguém nunca mais vai invadir. O Homem de Púrpura
tinha um leve sotaque; um pouco Coruscanti, um pouco Keldabian. — Uma
cidadela. Uma base de poder. Então escolhemos quando ficaremos em casa
e quando sairemos em expedição.
— Engraçado, pensei que era exatamente o que estávamos fazendo.
Fett observou a conversa, fascinado. Então percebeu que todo mundo
estava olhando para ele, esperando que respondesse, ou pelo menos parasse.
Portanto, essa era a liderança fora do campo de batalha. Era como
administrar o seu negócio, só que mais... complexo. Mais variáveis, mais
incógnitas,ele detestava incógnitas, e algo que lhe era completamente
estranho: responsabilidade por outras pessoas, milhões delas, mas pessoas
que sabiam cuidar de si mesmas e administravam o lugar bem sem
nenhuma burocracia.
Ou eu. Eles precisam de mim?
— Qual o seu nome? — perguntou Fett.
O Homem de Púrpura estava encostado na parede, mas se afastou dela
dando de ombros para ficar de pé.
— Graad, — disse ele.
— Certo, Graad, é a política a partir de agora. Estou pedindo que dois
milhões de pessoas retornem a Mandalore. Quantos você acha que
conseguiremos? — Fazia sentido: o planeta precisava de uma população
trabalhadora. Precisava de mãos extras para limpar o solo envenenado pelos
vongeses e cultivar a terra deixada em pousio pelos donos mortos. Mas cada
Mandaloriano na galáxia não somava uma única cidade em muitos planetas.
— Ainda estamos com poucos créditos até nos tornarmos autossuficientes
na produção de alimentos novamente.
— Vamos contribuir com metade dos nossos lucros, — disse o chefe da
Motores Mandal. — Desde que possamos vender caças e equipamentos
para qualquer um dos lados, é claro.
— Negócio é negócio. — Fett deu-lhe um aceno de cabeça em
reconhecimento. — Também vou contribuir com alguns milhões de
créditos.
Carid olhou ao seu redor como se quisesse destacar alguém louco o
suficiente para discordar, mas todos tinham o que queriam da reunião. Mirta
ainda conseguia parecer maligna. A fatia da pedra de coração de fogo de
sua mãe pendurada em um cordão de couro em volta do pescoço. Pelo
menos ela tinha um capacete decente agora, aparentemente o primeiro, o
que mostrava o quanto seu pai era um Mandaloriano, ou quão pouco ela o
vira.
Talvez os pais Mando a tenham decepcionado durante toda a sua vida.
— Uma última coisa, — disse Fett. — Vou ficar longe da base por
alguns dias. Incontatável.
— Como vamos perceber? — alguém murmurou.
Era uma questão justa.
— Então eu não sou do tipo governante. Mas ainda não te decepcionei.
Enquanto estou fora, Goran Beviin me substitui.
Não houve dissidência. Beviin era sólido e confiável e não queria ser
Mandalore. Ele também era um selvagem completo com um beskad, um
antigo sabre de ferro Mandaloriano, como muitos Yuuzhan Vong
descobriram da maneira mais difícil. Qualquer discussão sobre a política
isolacionista na ausência de Fett não duraria muito.
— Terminamos aqui, — disse Carid. — Você me dá o inventário de
todas as terras agrícolas em pousio, e o meu clã garantirá que seja alocado
para quem retornar para cultivá-las. — Ele ficou para trás por um momento
e fez um trabalho exagerado de recolocar o capacete. — Estou feliz que
você trouxe Jango para casa, Mand’alor. Era a coisa certa a se fazer.
Era isso? O lar de seu pai era Concord Dawn. Era certo para Mandalore,
talvez. Eles gostavam de suas figuras de proa onde pudessem vê-los,
mesmo os mortos.
— Ninguém precisa me ouvir se não quiser.
— Nunca soube que você ficava fora de uma luta. Você tem as suas
razões. É por isso que estamos ouvindo. — Carid fez uma pausa. — Sinto
muito por sua filha.
— Sim. — Então todo mundo sabia sobre Ailyn. Fett não se lembrava
de ter contado a ninguém que ela estava morta, muito menos que Jacen Solo
a havia matado. Mandalore também não era sua casa; ela não teria gostado
de acabar enterrada aqui. — E aposto que todos vocês estão se perguntando
por que aquele Jedi não é uma pilha de carvão fumegante agora.
— Como eu disse, você tem as suas razões. Qualquer coisa que
pudermos fazer, basta dizer a palavra.
— A hora dele vai chegar. Deixe-o comigo. — Mas não agora, pensou
Fett. Ele tinha que voltar à caça de um clone com luvas cinzas e a sua
melhor chance de cura para a sua doença terminal.
À medida que o corredor se esvaziava, Mirta ficou sozinha, de braços
cruzados, encostada na parede.
— Eu me pergunto se Cal Omas tem uma vida tão fácil no Senado, —
disse ela.
— Você não pode governar Mandalorianos. Você só faz sugestões
sensatas que eles querem seguir. — Fett saiu e passou a perna por cima do
assento do speeder que Beviin lhe emprestara, estremecendo atrás do visor.
Ele estava perto de ceder aos analgésicos diários. — E desde quando os
Mandalorianos precisam saber o que faz sentido?
— Desde que adquiriram o hábito do ba'slan shev'la quando as
situações não pareciam vencíveis.
Fett se lembrou dessa frase. Beviin tinha usado muito na guerra
Yuuzhan Vong. Traduziu como 'desaparecimento estratégico' espalhando e
indo para o chão em tempos incertos. Era difícil extinguir um povo que se
fragmentou como gotas de mercúrio e esperou o momento certo para se unir
novamente. Não foi retirada. Estava à espreita.
— Vamos, — disse ele. — Tenho algumas pistas para seguir sobre o
clone.
Mirta subiu no assento traseiro. A sua armadura retiniu contra a dele.
Ela tinha o conjunto completo agora, até mesmo um jato propulsor, cortesia
de Beviin.
— Você já levou tanto tempo para rastrear alguém? Já se passaram
meses.
Não force.
— Eu faço cerca de sessenta e cinco dias.
— Você acredita que ele existe, então.
— Você não mentiria para mim de novo e não inventaria o nome de
Skirata.
— Não. Quer que eu vá com você?
— Você acha que eu preciso de uma enfermeira?
— Eu disse que não mentiria para você de novo.
Fett quase desejou não ter contado a ela. Realmente deveria ter contado
a Beviin primeiro. Aquele era um homem em quem podia confiar. Enquanto
o speeder sobrevoava Keldabe e saía para o campo além, a escala da
retribuição dos Yuuzhan Vong tornou-se muito clara novamente. O curso do
sinuoso rio Kelita era visível por quilômetros agora porque a maior parte da
floresta ao redor havia sido achatada. Keldabe ficava em uma curva do rio,
uma desafiadora colina de topo plano brilhando com granito, e a torre de
cem metros da Motores Mandal de alguma forma sobreviveu à guerra,
apesar dos danos que sofreu. A pedra quebrada e as marcas de queimadura
ainda estavam lá como um lembrete de que Mandalore poderia ser
espancado, machucado e temporariamente subjugado, mas nunca
completamente conquistado.
Os pequenos assentamentos de casas nas árvores nos galhos da antiga
floresta veshok, de crescimento lento, foram varridos da face do mapa.
Abaixo do speeder, não havia mais plantações em clareiras. Havia solo
enegrecido e tocos de árvores carbonizados, e ainda nada crescia, nem
mesmo as mudas que geralmente surgiam após os incêndios.
— Escória, — Fett amaldiçoou. Ele inclinou o acelerador bruscamente e
ouviu Mirta prender a respiração. — Eles nem tentaram plantar as suas
ervas daninhas Vong aqui. Eles apenas envenenaram o solo.
Era um preço alto a pagar por trair os invasores. Mas a alternativa teria
sido muito, muito pior.
— Nenhuma ajuda da Nova República ou da AG? — disse Mirta. —
Nenhum financiamento de reconstrução como todo mundo?
— Não esperávamos nada. E não conseguimos.
Fett acelerou os movimentos do speeder e partiu para o campo, ciente
do fato de que teria enfrentado os Yuuzhan Vong mesmo se eles fossem os
melhores amigos da Nova República. A fazenda Beviin-Vasur apareceu ao
longe quase na hora certa como uma espécie de garantia de que a
devastação não era global.
E lá estava a Slave I, sentada em uma plataforma de pouso improvisada.
Isso era em casa. A sua nave, a nave de seu pai, a cabine onde passou
literalmente anos de sua vida.
— Então, eu vou com você ou não?
Mirta era mais problemas deixados por conta própria. Além disso, ele
não queria deixar aquele colar de coração de fogo ir longe demais. Era o
único elo que ele tinha para descobrir como Sintas havia morrido.
— Tudo bem, — disse ele. Ela era sua neta, mesmo que tivesse tentado
matá-lo. Ele não se importava com isso, mas lutou para encontrar aquela
devoção protetora que vira em seu próprio pai. Algo simplesmente não
funcionou. Então representou, porque foi assim que aprendeu tudo o que se
tornou uma segunda natureza para ele, ele seguiu os movimentos até que
fosse parte dele. Ele também poderia aprender a ser um bom avô. Poderia se
destacar nisso. — Qual é a melhor maneira de encontrar outro caçador de
recompensas?
— Pensa como ele?
Fett balançou a cabeça e baixou o acelerador com um baque. Teria que
dizer a Beviin aonde ia. Se algo acontecesse com ele, Goran Beviin seria
seu sucessor escolhido.
Fett ainda não havia contado a ele, mas Beviin aceitou esse tipo de
notícia com calma.
— Não, — disse Fett. — Você o contrata.
Capítulo Dois

Se não pode vencê-los, divida-os.


— Cal Omas, Chefe de Estado, Aliança Galáctica

ESFERA DE MEDITAÇÃO SITH, CABEÇA, CORUSCANT,


ESTIMADO

— Não é exatamente o nosso melhor momento, almirante.


O Chefe de Estado Cal Omas parecia um homem muito mais velho do
que alguns meses antes. Cha Niathal se orgulhava de uma compreensão
decente das expressões faciais humanas e dos pequenos sinais reveladores
de fadiga e estresse. Omas tinha todos eles: protuberâncias cheias de líquido
sob os olhos azuis lacrimejantes, manchas avermelhadas salpicadas no
queixo e um cheiro azedo de caf quando se aproximava demais dele.
Mas principalmente eram os olhos. Olhos humanos a disseram tudo o
que precisava saber. Quando olhou para Jacen Solo, ele era um modelo de
confiança e compostura, exceto por seus olhos. Não havia sinais de
problemas de saúde, mas ele estava longe da fachada glacialmente calma
que apresentava. Podia ver as mudanças nas pupilas de seus olhos escuros.
Pequenas, quase imperceptíveis: mas as suas pupilas piscaram, mostrando
que algumas coisas o afetavam.
Isso foi útil saber.
— Não perdemos a batalha em Gilatter Oito, — disse ela. — O que
quer que a Confederação afirme.
— Também não ganhamos, — disse Omas. Ele desenvolveu o hábito de
mover folhas de flimsi em torno de sua mesa. Ele não precisava de registros
impressos, mas parecia dar-lhe algum conforto lidar com eles, como se
fossem o último controle tangível que ele tinha sobre seu próprio governo.
— Considere isso uma lavagem.
— Nós tivemos a nossa avaliação final, — Jacen disse. — Sabemos o
que deu errado e por que caímos em uma armadilha.
— Informação pobre, — disse Omas. — Como Jedi, você não sente
essas emboscadas?
Niathal notou as três piscadas rápidas de Jacen. Havia pouco amor
perdido entre os dois homens agora. Essa observação realmente feriu Jacen
por algum motivo, embora ele fosse inteligente demais para se iludir com
ideias de onisciência.
— Não somos invencíveis e nem infalíveis, — ele disse suavemente.
Era quando ele era mais letal, quando soava discretamente razoável. — Eu
tinha uma informação não confiável, e isso é um risco ocupacional. O fato
de termos saído inteiros se deve em grande parte às habilidades Jedi.
Ironicamente, as habilidades dos meus pais e do meu tio...
Não se importe comigo, Jacen. Ou com a frota.
— Você é muito modesto, Coronel Solo, — disse ela. — Ouvi dizer que
você lutou de forma notável.
Jacen deixou o comentário passar sem resposta ou um meio sorriso
modesto, que era a sua resposta usual. Omas acionou os controles da holo
tela instalada na parede de seu escritório. Uma imagem aérea de um planeta
resolvida em uma paisagem urbana; as holo conexões mostravam imagens
tridimensionais de explosões e horizontes fumegantes. — Agora temos
relatos de combates em Ripoblus.
— Por que? — Jacen perguntou. — Ninguém no sistema Sepan tem
interesse na Confederação. Eu não tive nenhuma informação...
— Eles não precisam de nenhum amor por nenhuma das causas, —
disse Niathal. — Chegamos à fase de vale-tudo. Que melhor momento do
que durante uma guerra civil para ressuscitar a sua disputa com Dimok?
Como uma briga de cantina. Uma briga começa e todos de repente se
lembram de que têm contas a acertar.
— Haverão muito mais conflitos eu também. — Omas suspirou. — E
temos que perguntar onde traçamos o limite.
Jacen parecia estar estudando o esquema da capital de Ripoblus. Niathal
julgou que ele estava realmente preocupado com o escopo limitado de sua
informação de inteligência.
— Chefe de Estado, mesmo o Império nunca conseguiu parar as guerras
de Sepan e estava preparado para tomar medidas muito mais extremas do
que nós, — disse ela. — Devemos resistir a qualquer pressão para nos
envolvermos. Estamos chegando perigosamente perto de se estender
demais.
Omas mudou a holo imagem para um quadro da composição do Senado.
Os nomes da maioria dos planetas membros estavam listados em vermelho,
mas alguns estavam em azul; havia mais nomes azuis do que se lembrava
da última vez que tinha visto esta lista.
— Mais dois membros se separaram ontem à noite, — disse Omas. —
La Lagon e Beris. Mundos menores, mas vamos fazer a aritmética. Quanto
mais planetas se separarem da AG, menos ativos militares eu tenho para
convocar e mais ativos potencialmente disponíveis para a Confederação.
Jacen era um mestre do desprezo inexpressivo.
— Acho que posso resolver isso, sim.
— E você ainda acredita em responder com força máxima, dentro dos
limites dos tratados éticos.
— Sim.
— Então estamos na espiral descendente. — Omas caminhou até o
centro da sala e deu a Niathal um olhar que beirava a súplica: Qual é, você é
militar, sabe que isso é verdade. — Mais cedo ou mais tarde, as secessões
chegam a um ponto em que a AG fica para trás, onde a Confederação se
iguala e depois nos supera em número. — Omas ergueu dois dedos e contou
teatralmente. — Problema um: estaríamos desarmados. Problema dois:
Onde está nossa legitimidade? Que paz estaríamos impondo?
Niathal decidiu deixar Jacen responder e manter as suas cartas na
manga. Omas tinha um excelente argumento, mas era um argumento de
político, não de chefe de equipe. O seu trabalho naquele momento era
decidir como usar a força para alcançar os objetivos de Omas, não definir
quais deveriam ser esses objetivos.
Essa foi uma batalha para Jacen Solo. Observou.
— Nesse caso, — Jacen disse, tão suavemente que era quase um
sussurro, — eles podem nos derrotar sem que um tiro seja disparado. Eles
podem nos quebrar com uma folha de flimsi. Eu chamaria isso de rendição.
— Eu diria que jogos de guerra são o pior cenário. — Omas olhou para
Niathal novamente. — E você, Almirante, saberá quando chegarmos ao
ponto de inflexão militar.
Niathal tinha duas estratégias, uma com todas as peças da AG que tinha
em jogo no momento e outra apenas com as forças baseadas em Coruscant.
Fazia sentido trabalhar com base no último caso o apoio estivesse
diminuindo. Olhou para a lista de nomes em vermelhos e a contagem
crescente de nomes azuis enquanto mantinha um olho em Jacen, os
humanos sempre tiveram dificuldade em descobrir para onde os Mon
Calamari estavam olhando, e percebeu que o gráfico não seria uma linha
reta. Se houvesse uma erosão da Aliança, não seria uma progressão
ordenada; seria um colapso repentino.
— Esse ponto ainda não chegou, — ela disse finalmente. — Avisarei
assim que começar a ficar nervoso. Mas posso dizer que já estamos
sobrecarregados por causa da geografia. Várias frentes. Isso não é bom.
— E se retirarmos o apoio dos aliados, então aumentamos o problema,
— disse Omas. — Eles vão trocar.
Jacen inalou audivelmente.
— É por isso que defendi entrar muito forte e muito rápido em primeiro
lugar.
Omas sorriu, mas sem achar graça.
— Ah. Eu te disse isso. Eu me perguntei quanto tempo levaria antes de
chegarmos a esse estágio.
— Chefe Omas, sei que a retrospectiva não nos leva a lugar nenhum
agora, mas podemos ser honestos um com o outro e reconhecer o que cada
um de nós pode contribuir.
Niathal estava trabalhando em suas fases de Jacen. Primeiro, ele era um
aliado útil; em seguida, um instrumento para obter as decisões mais difíceis
após Omas. Ele ainda era bom para a Aliança, ela pensou, mas ultimamente
era muito mais um político do que um soldado. A sua linguagem havia
mudado, menos direta, mais circunspecta. Ansiava por uma conversa
franca.
Mas não estava fazendo nada na frente de Jacen agora.
— As minhas fontes me dizem que os Corellianos falharam em recrutar
os Mandalorianos bem cedo, — disse ela. — Por alguma razão obscura,
eles parecem estar se mantendo neutros. A menos que tenham feito alguma
lobotomia coletiva, considero isso interessante.
Omas olhou para Jacen incisivamente, com as mãos nos bolsos.
— Nós os abordamos? Algum de seus pequenos agentes sombrios
contratou alguns deles? Eles foram muito úteis durante a última guerra, pelo
que me lembro.
Jacen parecia sereno, exceto por suas pupilas.
— Não, e suspeito que não receberíamos uma resposta positiva.
— Por que? Não me diga que eles descobriram o pacifismo após
milênios de pilhagem e destruição. Eles são bandidos congênitos. Qualquer
desculpa para uma briga pela qual eles podem ser pagos.
Você acha que eu não sei o que você fez, Jacen. Niathal fingiu um leve
interesse. Mas a notícia se espalha. Vamos ver se você joga isso direito.
Jacen estava completamente parado, exceto pelo fato de que ele
entrelaçava os dedos em seu colo. Parecia uma pose de meditação,
totalmente em desacordo com seu macacão preto da Guarda da Aliança
Galáctica.
— Há o pequeno problema do fato de que eu... perdi a filha de Boba
Fett durante um interrogatório, — disse ele.
Ah.
— Perdeu. — Omas piscou algumas vezes. — O que quer dizer
exatamente com perdeu?
— Ela morreu enquanto eu a interrogava. Eu não tinha ideia de quem
ela era na época.
Omas pareceu atordoado por um momento, mas então soltou um
pequeno:
— Há! — involuntário ao achar uma graça estranhamente horrorizada.
— E Fett sabe disso?
O rosto de Jacen era tão calmo e impenetrável quanto o de uma estátua.
— Ele sabe agora.
— Então imagino que vai ficar olhando por cima do ombro pelo resto
da vida, coronel.
Jacen parecia como se não tivesse pensado nisso. A sua compostura
vacilou por um segundo enquanto ele reorganizava as mãos entrelaçadas.
— Pedir um favor a ele não seria a coisa mais inteligente a se fazer, não.
Niathal se perguntou se Jacen tinha finalmente mordido mais do que
podia mastigar. A fofoca chegou aos seus ouvidos, e a fofoca da polícia
secreta de Jacen era uma fonte totalmente diferente e muito mais confiável
do que os murmúrios nos corredores do Senado com painéis de madeira
nobre.
Mas não combinava com os seus planos de ter Jacen caindo e
queimando. E não precisava gostar de pessoas para trabalhar com elas.
— Combinei um encontro com os embaixadores de Las Lagon e Beris
com o corpo diplomático ainda hoje, — disse Omas. — Vamos ver se
conseguimos trazê-los de volta para o redil. Não quero começar uma
debandada.
— Qual é o problema deles? — perguntou Niathal.
— Recusando-se a enviar tropas.
— Dê-lhes uma isenção.
— E que tipo de mensagem isso envia para Corellia? Isso é retroceder.
— Omas parecia indignado. — É por isso que fomos à guerra em primeiro
lugar, o princípio da capacidade defensiva conjunta da Aliança.
— Las Lagon e Beris entre eles contribuem com vinte mil soldados, no
máximo. O benefício diplomático me parece mais importante do que o
princípio e qualquer uso que possam ter. A pior coisa do mundo, concluiu
Niathal, era um político que descobrisse princípios escrupulosos no meio do
jogo. — Eles são mal treinados e mal equipados, então acho que não vou
sentir falta de sua contribuição militar para a AG.
Jacen saiu de sua cadeira e se levantou, deixando claro que ele estava
indo para a porta.
— Bem, pelo menos há algumas notícias positivas na frente de
contraterrorismo. É o segundo mês consecutivo que as apreensões de armas
aumentam. Estamos fechando as suas rotas de abastecimento.
— Você tem certeza de que todos eles têm motivação política, e não só
criminosa? — perguntou Omas.
— Se você fosse baleado por um deles, — Jacen disse, — você se
importaria com essa bela distinção? O crime comum e o terror tendem a se
tornar companheiros mais cedo ou mais tarde. E peça à Força de Segurança
de Coruscant as últimas estatísticas de crimes violentos. Está ficando muito
mais silencioso por toda parte.
Ele deu a ambos um aceno educado e saiu. Omas observou as portas se
fechando atrás dele e então foi até a janela principal que dava para a praça
para olhar para fora em um silêncio calculado.
— A que ponto chegamos, Almirante, que o meu primeiro pensamento
ao ouvir que o Coronel Solo mata um prisioneiro é que ele pode agora ter
inimigos grandes o suficiente para mantê-lo longe de mim?
Foi uma admissão incrivelmente franca.
— Você é só humano, — ela disse.
Omas não viu o outro lado dessa moeda verbal.
— É uma indicação do que todos nós nos tornamos que o meu círculo
íntimo de conselheiros não seja o secretário de segurança ou de justiça, ou
mesmo diplomatas, mas o chefe de gabinete e o chefe da polícia secreta. —
Omas começou a sua caminhada ritual pelo escritório, deixando pegadas
fracas e de curta duração na pilha azul clara do tapete. — Eu penso nisso,
sabe. Eu me pergunto como um coronel chega a ser tão influente, e eu
realmente não sei se deixei isso acontecer porque ele é um Jedi ou porque
ele é um GAG.
Niathal achou que foi inteligente da parte de Omas manter as discussões
reais para um punhado de pessoas que poderiam confiar em não mudar de
lealdade para Corellia. Não havia como dizer com alguns senadores.
— Nestes tempos incertos, é necessário. Podemos convocar todos os
comitês de emergência que quisermos, mas a condução da guerra é assunto
para poucos. A guerra além de nossas fronteiras e a guerra dentro delas.
— Você acha que ainda temos uma guerra interna?
— Chega dos Coruscanti pensar que sim. Não existe algo como 'só'
milhares morrendo em ataques terroristas. Perder uma nave com milhares
de tripulantes, e os civis dizem que é uma pena, foi para isso que eles se
inscreveram. Perca alguns civis e será uma tragédia planetária. — O GAG
destruiu a maioria das redes terroristas em questão de meses: eles foram
muito eficientes em rastrear fundos e estabelecer conexões. Mas eles ainda
estavam ativos e derrubando portas diferentes agora, Bothanos,
simpatizantes da Confederação e algumas pessoas que apenas 'violaram a
paz' enquanto os poderes de emergência estavam em vigor. — É tão válido
lidar com o medo do terrorismo quanto com a realidade.
Omas fez uma pausa para tentar olhá-la nos olhos.
— Almirante, você me parece uma oficial criada nas tradições da
decência. Honra. A regra da lei. Isso sai pela janela com muita frequência
em tempos difíceis.
— Eu me atenho ao que tenho de fazer e sou grato por não ter que me
envolver nos negócios da GAG.
Omas pareceu notar a ambivalência.
— Nominalmente, a GAG está sob o seu comando.
Nominalmente...
— Você sente que o Coronel Solo está excedendo os seus limites e que
eu deveria aplicá-los um pouco mais enfaticamente.
— Estou preocupado com os seus procedimentos operacionais com
suspeitos, admito isso.
— O que você quer... que eu admita que também estou preocupada?
— Você está?
— Às vezes.
As sobrancelhas de Omas se ergueram em uma fração de segundo de
esperança.
— Entendo que não é fácil conter um policial que faz tanto para
tranquilizar o público.
— Todos nós precisamos de heróis em tempos difíceis, mesmo que não
precisemos de sua proteção tanto quanto pensamos.
— De fato. E apesar de todos os seus murmúrios, acredito que o
Conselho Jedi secretamente aprecia ver um de sua própria espécie adorado
por sua abordagem de dois punhos e músculos para manter a paz. Dissipa a
imagem de serem místicos passivos fora de contato com a realidade
sombria.
— O sucesso é filho de todos. O fracasso é órfão.
Omas sorriu com um toque de amargura.
— Bem, ele ou vencerá a guerra por nós... ou nos levará à ruína. — Ele
voltou para a sua escrivaninha polida e simples, parecendo um pouco
diminuído quando se sentou por trás dela. O pequeno vaso de bronzium
segurando uma única flor púrpura de kibo fazia a escrivaninha parecer
ainda mais vasta e vazia. — Os heróis têm o hábito de fazer isso.
Nós. Nos levar à ruína.
E os políticos tinham o hábito de semear dúvidas e ideias que se
infiltravam no subconsciente. Niathal percebeu o sutil aviso de Omas e
quase começou a explicar que já possuía o grau necessário de paranoia para
uma carreira mais política, mas ele provavelmente já sabia disso agora. Se
ele não soubesse,estaria perdendo o jeito.
— Vou ter isso em mente, — disse ela.
Omas era um estadista consumado que havia sobrevivido a tentativas
contra a sua vida e a sua carreira várias vezes. Ele entenderia toda a
conversa embutida naquela única frase: que sabia que Jacen era
imprevisível, que sabia que ele era tremendamente ambicioso e que sabia
que poderia ser deixada de lado por ele se não se mantivesse alerta. E que
sabia que Omas estava ciente de que seus olhos estavam no cargo dele, e
que ele poderia facilitar essa ascensão para ela um dia se trabalhasse com
ele em vez de com Jacen Solo.
Nós. O código político era uma maneira muito econômica de transmitir
informações delicadas sem realmente usar palavras incriminatórias.
Economizou muito tempo e problemas.
Niathal interpretou o silêncio como uma indicação de que a reunião
havia terminado. Quando as portas se fecharam por trás dela, olhou para
Omas; seu último vislumbre foi de um homem que fechou os olhos por um
segundo como se estivesse completamente exausto.
Ele voltará ao Senado em algumas horas como se tudo estivesse sob
controle. Eu realmente quero um emprego assim?
Ela ainda achava que sim.
Almoçou em um dos muitos restaurantes do Senado. Sempre havia pelo
menos um tapcaf ou restaurante aberto a qualquer hora do dia ou da noite,
alguns descontraídos, outros formais, todos focos de fofocas, debates e
negociações. Mais negócios do governo ocorreram nesses lugares do que
nunca na câmara do Senado. Eles também eram lugares relativamente
seguros para conversar com seres que poderiam chamar a atenção se os
encontrasse no clube dos oficiais. Esconder-se à vista de todos funcionava
muito bem agora, e ninguém deu muita atenção ao fato dela estar comendo
um lanche na mesma mesa que um Gossam chamado Gefal Keb, um alto
funcionário do departamento de proteção pública. As uas vozes eram
abafadas na tagarelice geral. Eles se referiam a Jacen como o Novato, a
GAG como o Clube; Omas tornou-se, inevitavelmente, o chefe. Não era
original, mas para ouvidos sintonizados em escolher nomes do outro lado
da sala, não chamou a atenção.
— O Novato está sob alguma ameaça de nossos amigos turbulentos em
Keldabe? — ela perguntou.
— Nenhuma notícia saindo de lá. — Keb tinha um jeito de absorver
lentamente tudo ao seu redor, 360 graus. — Mas se eles estivessem
planejando alguma coisa, não contariam ao FSC. Dizem que Shevu também
está seriamente prejudicado com sua maneira de fazer negócios.
— Shevu é muito antiquado sobre a perda de prisioneiros. Mais alguém
no clube está insatisfeito com a administração?
— Estranhamente, não. A disposição do Novato de liderar na linha de
frente gera lealdade, admito.
— Quem ele está espionando agora?
— Não é você, tanto quanto eu posso dizer. Eu ficaria muito surpreso se
ele não estivesse de olho no chefe sem autorização, mas ainda não tenho
nenhuma prova concreta. O Clube é bom em cobrir os seus rastros, como
seria de esperar.
— Mais alguma coisa que eu deva saber?
— Pequenos problemas de aquisição, mas isso não tem nada a ver com
o Novato.
— Quão menor?
— Reclamações da bagunça sobre equipamento abaixo do padrão e
escassez de suprimentos no momento. VTalvez você queira dar uma bronca
em alguns responsáveis pelos dados antes que se torne um problema.
— Vou mandar alguém dar uma olhada nisso. — Isso manteria Jacen
ocupado. Ele se preocupava com o bem-estar da tropa. — Assuntos como
equipamento parecem atingir o moral mais forte.
Foi uma conversa breve, dois funcionários da AG que tinham todos os
motivos para trocar algumas palavras. Ninguém prestou atenção. A
Suprema Comandante e o alto escalão da segurança doméstica conversavam
o tempo todo.
Ninguém sabia que os três indivíduos que comandavam a guerra não
ousavam virar as costas um para o outro.
Isso era política. A almirante Cha Niathal estava determinada a se
acostumar com isso.

SISTEMA ESTELAR M2X32905, PERTO DE BIMMIEL

Havia uma presença seguindo-a, e Lumiya podia detectá-la como um farol,


mesmo a essa distância. Assim como a esfera de meditação.
Quebrada, disse a nave.
No fundo de sua mente, a presença se manifestava como uma massa
irregular e fragmentada de vidro preto e branco. Se ela se concentrasse
nisso tempo suficiente, a imagem se reconstituía em uma embarcação
completa, mas as rachaduras ainda eram visíveis.
— Está quebrada, tudo bem, — disse Lumiya. — O que devemos fazer,
permitir que ele alcance? Ou devemos ver o quão bom caçador ele é?
A esfera de meditação estava eufórica. A chama vermelha que parecia
incrustada em suas anteparas ficou mais brilhante e dourada, e Lumiya
sentiu um senso de humor conspiratório inundá-la. A nave estava se
divertindo. Claro: esteve adormecida em Ziost por incontáveis anos, uma
coisa consciente esperando por propósito e interação.
Nada na galáxia gostava de ficar sozinho, fosse carne ou metal.
Lumiya balançou sobre os calcanhares, ainda um pouco desorientada
por uma cabine que não a envolvia. Não parecia uma extensão de seu corpo
como um caça estelar. Em vez de telas e controles perfeitamente
organizados ao seu alcance, não havia nada exceto superfícies rígidas,
granuladas e semelhantes a pedras nas quais as imagens apareciam e depois
desapareciam novamente. A antepara da nave mostrou a ela um padrão de
luzes. Uma pequena embarcação acompanhou o seu curso em um alcance
de cinco mil quilômetros. O cinturão de asteroides onde sua base estava
escondida apareceu como uma pitada de estrelas em um fundo azul escuro
como se um buraco tivesse sido perfurado na antepara, e ela quase esperava
sentir o ar passando quando o vácuo além a reclamou.
— Hora de saltar, — disse ela.
A esfera de meditação sentiu como se respirasse fundo e avançasse. Não
havia inércia, nenhuma sensação de movimento, e ainda assim Lumiya
tinha certeza de que seu estômago deu um pulo e a sua cabeça girou com a
aceleração. A tela de rastreamento havia sumido. Estava olhando para as
luzes das estrelas e, em seguida, para a escuridão aveludada, apagada,
exceto por sinalizadores aleatórios. Podia ver além da nave. Era como se
não existisse. Sabia onde estava. Podia sentir a nave do perseguidor
diminuindo até o nada por trás dela, e o transparaço quebrando em um caos
quebrado novamente.
Por um momento, sentiu pânico.
Por um momento, estava em um TIE fighter atingido, lutando pela vida,
quebrada, alvejada por Luke Skywalker, certa de que morreria.
Instantaneamente, as anteparas se tornaram pedra-pomes em brasa
novamente. Voltou ao presente.
Você está segura, disse a nave.
Parecia quase culpada por alarmá-la. Queria tranquilizá-la: apenas uma
lembrança, pensou, nada para se preocupar. E parecia tranquilizada.
Ninguém, nada, se importava com seu bem-estar há muito tempo, não desde
que estava no treinamento imperial. O breve afeto de Luke Skywalker não
contava.
O perseguidor rompido também saltou, disse a nave.
— Tente não fugir muito. — Lumiya procurou por arrependimento e
solidão e não encontrou nenhum. Ainda era bom encontrar uma sensação de
parentesco com outra inteligência. — Não queremos que nos perca.
Ainda está nos seguindo, disse a nave.
— O que você achou do seu último piloto? — Lumiya perguntou.
Não é como nós.
— Não é material Sith, então.
Não. A nave sabia que Ben não era adequado para ser o aprendiz de
Jacen. É menos como nós do que aquela que segue.
A esfera de meditação saiu do hiperespaço e atingiu uma velocidade
convincente até o asteroide. Lumiya deu a ela uma imagem mental
marcando o tempo até que o piloto em sua cauda os localizasse novamente,
e então mostrou a ela o seu habitat no asteroide.
Elas se prepararam para atracar, Lumiya e a nave, de alguma forma uma
só mente por breves momentos. Ben provou que não era o aprendiz certo
para Jacen. Apesar de toda a sua coragem feroz em Ziost, o garoto ainda
sucumbiu a um desejo sentimental de Jedi e arriscou a sua vida para
resgatar aquela criança. Ele não tinha a vantagem implacável que um Sith
precisava. Mas pelo menos ele tinha feito algo certo: sem ele, não teria esse
vaso raro. Seria fundamental para o futuro de Jacen. Podia ver isso na
Força. De alguma forma, o seu próprio futuro não estava ligado a ele, mas
cuidaria dele até que chegasse a hora de abrir mão do controle.
Ben. Não tinha nenhuma má vontade em relação ao garoto, mas ele
simplesmente era supérfluo para as necessidades agora.
Mas é ele? É ele que Jacen tem que matar?
Talvez a Força tenha poupado Ben de sua trama por um motivo. Talvez
fosse o seu destino ajudar o seu Mestre sacrificando a sua vida e, portanto,
não cabia a Lumiya tomá-la.
Eu não sei o que Jacen tem que fazer. Eu simplesmente não sei. Não
consigo ver a ponte que ele tem que cruzar para se tornar o Lorde Sith que
ele está destinado a ser.
Jacen acreditava que ela não tinha mais respostas para essa pergunta do
que ele?
Ela duvidava.
Ele tinha que imortalizar o seu amor, para matá-lo, para destruir o que
ele mais amava.
Enquanto a esfera de meditação deslizava para a doca de seu habitat,
Lumiya ponderou sobre o que Jacen Solo amava e não suportava perder, o
sacrifício que o levaria além do mundo mundano e à grandeza. A irmã dele,
Jaina? Não, ele já havia tentado levá-la à corte marcial. Os pais dele? Ele
ordenou a prisão deles. Mas punição era uma coisa, e matar era outra.
Casa, disse a nave. Posso defendê-la contra aquele que segue.
— Obrigada. — Lumiya ficou surpresa. — Não é necessário. Deixe a
outra nave pousar.
Seria Ben Skywalker? O garoto era o mais próximo que Lumiya tinha
visto de alguém que Jacen amava. Ele queria que Ben tivesse sucesso. Ele
ignorou a fraqueza do garoto.
Luke Skywalker? Não, Jacen não se importava com Luke, e talvez até o
desprezasse. Mara? Ela pode ter sido a última pessoa a apoiar Jacen, mas
ele sentia menos por ela do que por seus próprios pais.
Bem, então. Era quase certo que era Ben.
Ou... talvez não fosse uma pessoa. Talvez ele tivesse que matar uma
organização, ou algo abstrato. Talvez ele não tivesse que matar nada.
Lumiya lutou contra a impaciência; qualquer que fosse o destino de Jacen,
qualquer ato crucial que ele tivesse que realizar, seria em breve. Quase
podia sentir o tecido da Força se antecipando a isso.
E talvez... serei eu que ele matará.
Mas era uma Sith, e qualquer Sith esperaria isso de seu aluno. Era um
preço que tinha que estar disposta a pagar.
Muito quebrada, disse a nave, tirando-a de seus pensamentos.
Lumiya se levantou e ficou na frente da antepara. A pedra-pomes
brilhante se tornou transparente, mas não era uma ilusão visual; a antepara
se abriu para a atmosfera e uma rampa se formou a partir da carcaça da
nave. Quando Lumiya desceu para a área do hangar, uma velha nave de
ataque Conquistador estava passando pelas comportas de ar. Fazia muito
tempo que não via uma das naves em forma de oito.
A escotilha abriu e alguém emergiu, parcialmente envolto em uma capa,
mas com um andar manco característico.
— Você assume os seus riscos, dançarina. — Lumiya estava começando
a achar Alema Rar um problema. — Eu poderia ter atirado em você.
A Twi'lek tirou a capa do rosto e inclinou a cabeça. Era a postura
praticada de uma mulher que passara tanto tempo sendo vaidosa que se
tornara um hábito inconsciente. Ela estava acostumada com a atenção
masculina e ainda se comportava como se merecesse, mesmo que não
houvesse homens por perto, e mesmo que a sua aparência tivesse sido
arruinada por ferimentos de sabre de luz. O toco decepado de seu lekku deu
a ela uma aparência grotescamente cômica.
Mas Alema não era motivo de riso. Ela estava, como dizia a nave,
quebrada. Esta era uma criatura danificada e vingativa que queria atacar, e
Lumiya não tinha paciência com a falta de disciplina. Alema também era
insana, e uma Jedi Sombria com esses problemas era uma complicação
muito perigosa.
— Mas você não fez isso. — Os olhos da Twi'lek estavam na esfera de
meditação. — Achamos esta nave interessante.
— Eu pensei que você poderia. — Lumiya indicou as portas que
levavam aos seus aposentos. Casa não era a palavra. — Já que você está
aqui, pode muito bem entrar.
Alema rondava a nave, olhando-o de todos os ângulos, claramente
fascinada:
— Ele pensa, — ela disse. — Esta nave pensa.
— Pensar é útil. Experimente algum dia. — Lumiya sabia que deveria
lidar com uma mulher louca com mais cuidado, mas estava com pouca
tolerância hoje. Esforçou-se para sentir o que a nave poderia estar dizendo,
mas tudo o que conseguiu detectar foi a sua vigilância, com os seus
sensores tendo um interesse cauteloso em Alema. Provavelmente poderia
provar a sua escuridão. — O que te traz aqui?
— Temos rastreado a Anakin Solo. Nós consideramos a atitude de Jacen
Solo para com os pais dele, e achamos que podemos ter acesso a Han e Leia
Solo trabalhando com Jacen.
Alema colocou uma mão carinhosa na esfera de meditação, e Lumiya a
sentiu estremecer, então de alguma forma amoleceu. Ela sabia que Alema
estava quebrada. O seu dever era ajudar, cuidar de seu piloto. Essa
tendência parecia torná-la estranhamente simpática para aqueles que
precisavam de ajuda.
Lumiya suspirou pra si mesma. Essa era a última coisa de que
precisava: uma nave Sith que sentia pena de uma vadia Twi'lek maluca.
Enviou a nave uma imagem nítida de Alema, o rosto contorcido de raiva
psicótica, colidindo a esfera com uma montanha irregular. A nave teve a
ideia imediatamente. Alema recuou como se tivesse queimada.
— Seria útil para todos nós, — Lumiya disse cuidadosamente, — se
você evitasse cruzar o caminho de Jacen Solo no momento. Há uma guerra
acontecendo, você sabe...
— Nós temos nossa tarefa e você tem a sua. O nosso é ter Equilíbrio
pelo que os Solos fizeram conosco. Leia ainda estará tentando trazer o seu
precioso filho de volta à luz, e isso significa que ele continua sendo uma
boa isca para os nossos propósitos.
— Deixe-me colocar de outra forma, — Lumiya disse gentilmente,
conduzindo-a em direção às portas. — Fique no meu caminho, e eu vou te
matar.
Alema deu a ela um curioso sorriso torto, mas se permitiu ser conduzida
para os aposentos.
— Você sabe com quem está lidando? — perguntou Alema.
Lumiya sondou a presença de Alema novamente. Parecia cacos de vidro
quebrado em sua boca, tão estranho quanto qualquer ser que já havia
encontrado. Já esteve na mente dos insanos antes, mas nunca de um Jedi, e
nunca de um tão iludido. Era quase assustador. Era a sensação de nós que
era mais perturbadora. Achou difícil escolher o seu caminho entre os
elementos da mente coletiva e a personalidade fragmentada de um ser.
— Sim, eu sei, — disse Lumiya. — E eu ainda vou te matar se você
deixar essa rixa arruinar estratégias maiores. Haverá tempo para você se
vingar mais tarde. Interfira nos meus planos e eu mesmo matarei os Solos, e
então você nunca terá o seu Equilíbrio. — Lumiya baixou a voz para um
sussurro reconfortante. — E você sabe que eu posso fazer isso, não é?
Aparentemente imperturbável, Alema olhou ao redor dos aposentos de
Lumiya. Eles estavam escassamente mobiliados agora porque ela levou a
maioria de seus pertences necessários de volta para a casa segura em
Coruscant, ou o último endereço, de qualquer maneira, exceto por
duplicatas do equipamento que mantinha para manter as suas próteses
cibernéticas e itens essenciais básicos para um breve estar. Alema tinha a
aparência de alguém avaliando um apartamento e decidindo se deveria
comprá-lo.
— Não, você não pode ficar aqui, — disse Lumiya. A telepatia estava
além dela, mas reconhecia um olhar de propriedade quando o via. Fazia
sentido ficar de olho em Alema: ela era tão obcecada e imprudente que
poderia, apenas poderia, colocar uma hidro chave em funcionamento, e isso
não era algo que Lumiya estava disposta a arriscar. As apostas eram muito
altas, o momento muito próximo.
Se eu tivesse algum juízo, eu a mataria agora antes que ela se tornasse
muito problemática. Mas...
Alema ainda tinha os seus usos, até que a sua loucura se tornasse muito
incontrolável.
— Você entende de vingança, — disse Alema. Ela se acomodou em um
sofá, com um braço visivelmente flácido, e uma carranca petulante vincou a
sua testa por um momento. — Luke Skywalker destruiu a sua vida. Ele
deixou cicatrizes em você também.
— Oh, muito mais do que cicatriz. — Lumiya tirou o véu do rosto e
deixou Alema ver o dano em sua mandíbula. Então colocou uma bota em
uma cadeira, pegou uma lâmina vibratória e a enfiou na coxa. Houve um
arranhão metálico. A expressão de Alema estava adequadamente surpresa.
— Na verdade, sou mais mecânica do que orgânica, — continuou
Lumiya. — Há um ponto, eu acho, em que uma mulher deixa de ser um ser
humano com implantes cibernéticos e se torna uma máquina com partes
orgânicas. Acredito que ultrapassei esse limiar. E sabe de uma coisa? Não
estou descontente com isso.
— Você quer punir Luke, como queremos punir Leia.
Lumiya se inclinou sobre Alema e a pegou pelo colarinho, puxando seu
rosto para perto do dela para que ela não pudesse desviar o olhar.
— Luke parece pensar isso também, o que eu acho extremamente
arrogante. — Isso era um pouco de medo nos olhos de Alema? Às vezes era
interessante interpretar a própria louca. — A galáxia gira em torno dele, ele
acha, mas muitos homens pensam assim. Não, não sinto falta da minha
beleza, sua tola, porque já teria desaparecido de qualquer maneira. Depois
que entendi que os meus ferimentos me livravam de me preocupar com
essas trivialidades, percebi que tinha uma tarefa que só eu poderia cumprir.
— Ela apertou o tecido frágil na garganta de Alema. — E essa tarefa está
perto de ser concluída, então se você me frustrar de alguma forma, ficarei
muito focada em você. Você entende?
Por um momento, Alema perdeu aquela expressão estranhamente
demente e parecia uma pessoa sã normal com medo de sua vida. Lumiya
não tinha certeza de como ela se parecia naquele momento, mas parecia
funcionar.
— Nós vamos... respeitar os seus desejos, — disse Alema
imperiosamente.
Lumiya decidiu não a atacar, mas isso exigiu um esforço. Não tinha
tempo para esse absurdo.
— Faça um favor a si mesma, — ela disse, e deixou a gola de Alema
deslizar para fora de seu alcance com um silvo de tecido transparente sobre
as suas luvas. — Pergunte a si mesma o que você tem contra Leia Solo além
do fato de que ela te deixou feia. Se não houver nada além disso, a sua
busca pelo Equilíbrio será uma perda de tempo.
Alema piscou como se tivesse levado um tapa. Talvez fosse a primeira
vez que alguém a chamava de feia. Ela não era; ela não era nada feia. Em
uma galáxia com formas de vida vastamente diversas, Lumiya havia
deixado de ser capaz de julgar a atração, ou até mesmo desejar isso. Era
fascinante como os antes os belos se saíam muito pior do que os mortais
inferiores quando a idade e a desfiguração os alcançavam. Tudo era ilusão.
As milhões de espécies na galáxia não conseguiam concordar sobre o que
constituía beleza de qualquer maneira.
Mas Alema parecia estar pensando sobre isso.
— Ainda queremos ajudá-la a alcançar ao seu objetivo.
— Bom, — disse Lumiya. A maneira como Alema usou, por algum
motivo, consumiu a sua paciência. Sabia que era um resquício da mente
coletiva de seus dias de Enlaçada, mas a irritava. — Porque se machucar
Leia é o que você mais quer, deixe Jacen fazer o que ele tem que fazer vai
machucá-la mais do que tudo.
— Você quer machucar Leia?
— Ela não fez nada para mim. Eu não tenho sentimentos de qualquer
maneira. Pode haver algo que você possa fazer para me ajudar, algo que
você faz melhor do que ninguém. — Apele para a vaidade dela. É grande o
suficiente. — Mantenha o controle sobre Jacen para mim. Observação
secreta.
— Qual é, mas você não pode localizá-lo quando quiser?
— Não perto o suficiente. — Lumiya não tinha a capacidade Sith
completa de ver todas as peças do jogo, todos os elementos da batalha. Isso
foi para um Mestre Sith completo. Mas não precisava deixar transparecer
que tinha menos poderes do que Alema poderia pensar. — Não tenho tempo
para registrar os seus movimentos, mas para a sua própria segurança,
preciso saber exatamente onde ele está o tempo todo, especialmente quando
ele sai de Coruscant. Você acha que pode fazer isso? É um trabalho tedioso,
mas necessário.
— Podemos.
— E perder a Conquistador. Vou encontrar uma nave menos visível para
você.
— A esfera laranja?
— Não. — Alema parecia ter gostado da nave Sith. Talvez fosse porque
ela podia se comunicar com ela: uma vez que Lumiya penetrou o caos
irregular em sua mente, houve uma sensação de isolamento na Twi'lek que a
fez recuar. — Algo mais adequado. E cubra os seus rastros quando sair, não
leve ninguém de volta a este asteroide.
— Nossa especialidade é vigilância e assassinato, — Alema disse
rigidamente. — Não somos amadores.
Lumiya a conduziu pelas passagens sinuosas que atravessavam o
asteroide e a levaram até o acesso de emergência, mesmo no espaço,
pensava nisso como a porta dos fundos, onde algumas pequenas naves
estavam paradas. Uma vez ela teve uma frota de batalha, mas ela se foi há
muito tempo na guerra Yuuzhan Vong. As suas necessidades eram
diferentes agora de qualquer maneira. Precisava de discrição, não de poder
de fogo.
— Lá. — Ela apontou para Alema uma nave definitivamente
desalinhada, do tipo que os mensageiros prioritários usavam para
transportar remessas urgentes entre os mundos. Tinha quinze metros de
comprimento, e um terço disso agora estava destinado a um hiperpropulsor
e a armamentos discretos. Um transporte de entregador precisava ser rápido
e capaz de se defender contra a pirataria, mas este tinha consideravelmente
mais do que as especificações padrão. Lumiya esperou que Alema
reclamasse disso.
— Não seremos notados nisso, — a Twi'lek disse, parecendo satisfeito.
— Você pode alterar o transmissor de identificação e o painel de pintura
para qualquer uma das centenas de empresas de entregador. — Essa
configuração era realmente padrão, mas Lumiya adicionou algumas
empresas falsas e não rastreáveis para garantir: — Não é luxuoso, mas faz o
trabalho.
Alema levantou a escotilha. Saltou da caixa para formar um toldo. Ela
olhou para dentro.
— Ela tirou tudo de nós. — A sua voz foi abafada pela escotilha. Então
ela puxou novamente. — Estamos sozinhos. Ela nos tornou solitários.
Oh, me dê forças, ela está divagando novamente.
— Quem fez isso?
— Leia Solo. Ela pegou nosso lekku e, portanto, não podemos nos
comunicar totalmente com os outros. Ela também causou a destruição do
nosso ninho. E ela pegou o que atraiu os outros até nós, nossa beleza. —
Alema estava pensando, então: ela mastigou o desafio de Lumiya e
descobriu o que realmente a motivava. — Estamos sozinhos e nunca mais
poderemos tocar o mundo adequadamente.
Lumiya foi treinada para nunca baixar a guarda, e pena não era algo que
estava acostumada a sentir. Não sentiu pena de Alema, mas teve um
vislumbre repentino e doloroso de sua perda, e deve ter sido
particularmente agonizante para uma Twi'lek; sem ambos os lekku intactos,
ela teria dificuldade em se comunicar com outros de sua espécie, sentindo
prazer, até mesmo amando alguém. As cabeças de caudas faziam parte de
seu sistema nervoso. E quanto mais ela precisava de intimidade agora,
depois de se tornar parte de um ninho de Killik unido?
Alema tinha as suas razões para querer retribuição, então. Lumiya teve
o cuidado de não deixar que aquela breve inundação de pena a fizesse
pensar sobre a normalidade que também havia perdido.
— Sinto muito, — disse Lumiya, e quis dizer isso. — Agora use isso
para manter o foco e esperar o seu tempo.
Alema olhou para o transporte de entregador e parecia estar em outro
lugar. Então ela olhou para o convés do hangar e começou a balançar um
pouco como se estivesse ouvindo música. Ergueu um braço, o outro pendia
flácido, paralisado pelo sabre de luz de Luke Skywalker, e parecia estar
fazendo os movimentos de uma dança, girando devagar e com dificuldade
em seu pé aleijado.
Por um momento, Lumiya pensou que fosse uma de suas afetações.
Então percebeu que era bastante genuíno: Alema estava se lembrando de
seu passado e do que ela não podia mais fazer.
— Nós éramos uma dançarina, — ela disse melancolicamente, mas ela
estava falando para si mesma. — Adorávamos dançar.
Lumiya tentou pensar em todas as coisas que adorava fazer, nos dias
antes de entrar no serviço imperial, e não se lembrava de nenhuma delas.
— Se mexa, dançarina, — ela disse. — Você pode começar rastreando a
Anakin Solo.
O passado não importava, nada disso. Havia só o futuro.

BAR VITAJUICE SANVIA, CORUSCANT

Mara agitou o sedimento de suco de maçã moída e flor de orvalho em seu


copo e bebeu relutantemente enquanto Kyp Durron observava. Ele
claramente tinha algo a dizer que não queria mencionar na Câmara do
Conselho Jedi, nem na frente de Luke.
E Ben ainda não havia ligado. A Anakin Solo havia chegado a
Coruscant dois dias antes e não havia sinal de Ben. De alguma forma,
esperava que ele fosse até Jacen, mesmo que não estivesse se sentindo
comunicativo. Apenas sentir que ele estava vivo e ileso não era suficiente.
Ele era o garotinho dela. Não se importava com quantos Centerpoints
ele poderia tirar. Ele era o seu filho, e não podia suportar isso. Às vezes,
quando ela olhava para as suas vidas através dos olhos de uma mãe normal
por um breve momento, ficava horrorizada.
— Se eu não a conhecesse melhor, disse Kyp, — pensaria que você está
me evitando. Todo o Conselho Jedi, na verdade.
— Só ocupada. Mas você me chamou aqui por um motivo, e não foi
para aumentar os meus níveis de antioxidantes.
— Bem, talvez eu seja só observador, mas temos um Jedi fora de
controle à solta. Talvez o Conselho possa ajudá-lo com isso. Sabe, esforços
combinados dos Jedi mais experientes da galáxia?
— E se eu disser que Luke e eu podemos lidar com isso sozinhos?
— Ah, negócio de família...
— Isso mesmo. E o fato de nem todo o Conselho estar do mesmo lado,
então não queremos abrir brecha, — disse Mara.
— Já estive assim...
—...e fez isso. Coloque-se no lugar de Corran. Você se sentiria
confortável ajudando o chefe da polícia de valentões da AG depois do que
ele tem feito com Corellianos e até com os seus próprios pais? É melhor
limparmos a nossa própria bagunça familiar.
— Estou surpreso que Luke tenha tolerado Jacen tanto tempo, — Kyp
comentou. — Eu não estava brincando quando disse que deveríamos fazer
de Jacen um Mestre. As pessoas tendem a parar de jogar pedras quando
estão dentro da barraca.
— Acho que agora pode não ser o melhor momento.
— Luke está envergonhado por ter problemas com a sua própria
família?
Mara quase deixou escapar que havia impedido Luke de agir mais de
uma vez e agora se arrependia amargamente, mas isso não era totalmente
verdade.
— Se eu disser que identifiquei a causa raiz e vou lidar com ela, você
recua?
— Eu noto o pronome.
— Luke sabe o que estou fazendo.
— Que é?
— Eu vou matar Lumiya.
— Isso remove a ameaça para Ben, mas como isso lida com Jacen?
— Ela se infiltrou na GAG. Não sei quem são os seus informantes, mas
temos que assumir que ela também pode pegar Jacen. Ela pode até
influenciá-lo. Ela tem que ir.
— Por que demorou tanto? A velha ciborgue deve estar com pouco óleo
lubrificante agora. Você pode pegá-la a qualquer momento.
— Luke tende a preferir pegar as pessoas vivas e tentar convencê-las.
— Ela não teve coragem de contar a Kyp que Luke tivera uma conversa
civilizada com Lumiya no resort satélite. Tocou nela, mesmo quando ela
tinha o seu chicote de luz na outra mão. Ele disse que as intenções dela
pareciam pacíficas. O que ele estava pensando? — Mas ela não é tão
decrépita, acredite em mim. Não terei uma vida fácil.
— Eu te ajudo se você quiser reforços.
— Acho que não vou precisar, mas obrigada. — Mara não conseguiu
evitar a pergunta seguinte. — O que o resto dos membros do Conselho
estão dizendo?
— Que você precisa controlar isso. A gente conversa, sabe.
— Então temos um Conselho Jedi com os Skywalker e um Conselho
sombrio se reunindo sem eles... parece que uma linha divisória está se
formando.
— Bem, você decidiu bater em uma Sith sem nos consultar...
Mara tentou ver o duplo padrão, identificou-o facilmente e o ignorou.
— Se eu tivesse me levantado no Conselho e dito: Ei, essa lunática está
ameaçando o meu filho e continua vindo atrás do meu marido, então vou
arrancar a cabeça dela, você realmente acha que os outros membros teriam
acenado educadamente e votado nisso? Há pessoas que pensam como Luke,
que o Conselho não tolera assassinatos, e isso transformaria essa linha
divisória em uma grande fenda mais rápido do que um Podracer lubrificado.
Kyp inspecionou as profundezas de seu suco. Ele pediu algo grosso e
opaco de laranja que não parecia estar gostando.
— Então você está nos salvando do dilema moral.
— Se é assim que você quer ver.
O bar vitajuice estava quieto e tinha um cheiro pouco apetitoso de
verdura crua e úmida, como uma floricultura. Talvez fosse por isso que
estava tão quieto; tornou-se um bom lugar para se conhecer. Ninguém os
conhecia aqui. A maioria dos clientes pareciam ser Ementes, provavelmente
porque podiam garantir uma alimentação totalmente à base de frutas,
preparada bem na frente de seus seis olhos. Ementes não eram muito
confiáveis, muito menos na indústria de catering de Coruscant.
Quanto tempo espero que todos confiem em mim?
Mara lutou para não contar toda a verdade ao marido enquanto confiava
em um amigo. Esse era o problema: eles eram todos amigos, todo o
Conselho Jedi. O Senado da Aliança Galáctica podia arrancar pedaços de si
mesmo e não sentir, porque eram milhares de rivais e inimigos e até
estranhos, mas o Conselho, eles cresceram juntos em muitos casos. Eles
lutaram juntos. Eles eram uma família, e não só porque eram Jedi.
Cilghal frequentemente citava a antiga regra de sem apegos, mas o
Conselho era um grande apego por direito próprio.
Mara percebeu que não gostava de orvalho, refletiu sobre as maneiras
de contornar um chicote de luz e então se encolheu quando o seu
comunicador tocou. Tirou-o do cinto e o ergueu para ver o rosto de Ben.
— Mãe, acabei de pousar, — disse ele. — Eu...
— Ben? Você está no porto militar?
— Não, no civil. Cidade Galáctica. Olha, sinto muito por...
— Fique exatamente onde você está. Não se mexa, certo? Encontro
você no desembarque 7-B, certo?
— Mãe...
— Sem discussão desta vez. Esteja lá. — Mara fechou o comunicador e
agarrou a sua jaqueta. — Se você está pensando em contar a Luke, Kyp, me
dê uma vantagem.
— Não sonharia em me envolver, — ele disse, encolhendo os ombros.
— Estou feliz que Ben está bem. Lembre-se de que as crianças gostam de
limites claros. Ele ainda é muito jovem para definir o seu próprio.
— Tentei isso, — disse Mara, e caminhou para as portas. — E ele
estabeleceu o seu próprio muito bem.
Abriu caminho entre a multidão no espaçoporto, sentindo a localização
de Ben. Havia pessoal da GAG de traje preto operando abertamente agora,
em patrulha a pé no saguão de desembarque com oficiais da FSC de
uniforme azul. Eles eram bastante visíveis para a polícia secreta. Jacen era
adepto de operações de corações e mentes; ele parecia gostar de ter seus
impedimentos visíveis. Certamente pareceu tranquilizar o público, apesar
das viseiras pretas que davam aos soldados da GAG o ar impassível e
impassível dos droides de batalha.
E de repente lá estava Ben, sentado no pedestal de mármore branco da
estátua abstrata de dez metros da Prosperidade que formava um dos
suportes da cúpula central do teto do saguão de desembarque.
Prosperidade, Progresso, Cultura e Paz.
Paz. Pouco provável.
Ben se parecia com qualquer outro garoto de quatorze anos, batendo os
seus calcanhares preguiçosamente contra o mármore, olhando fixamente
para seu datapad e digitando algo com uma mão. Um soldado da GAG
passou por ele. Ben olhou pra cima, acenou com a cabeça em
reconhecimento e recebeu um aceno respeitoso de volta.
Se Mara precisava de um lembrete de que Ben era tudo menos um
adolescente normal, era isso. Ele era um tenente júnior. Ele comandava
soldados assim. Seu filho ajudou a comandar a polícia secreta.
Mas aprendeu as maneiras mais silenciosas e eficientes de matar os
inimigos do Imperador com a idade de Ben, e Luke era apenas cinco anos
mais velho quando se juntou à Rebelião.
O que esperávamos ao dar à luz, um bibliotecário?
— Oi mãe. — Ben enfiou o datapad no bolso do paletó. Ele tinha aquele
olhar de boca fechada que combinava com a preparação para uma bronca.
— Você está com raiva de mim, certo?
Mara fez uma pausa, querendo ao mesmo tempo gritar com ele por tê-la
aterrorizado e agarrá-lo em um abraço feroz. Ela se contentou em engolir
ambas as reações e bagunçar o cabelo dele. Ele nunca viveria lá no quartel
de outra forma.
— Você não poderia nos ligar? — ela disse. — Você não poderia nem
dizer a Jacen onde você estava?
Ben franziu ligeiramente a testa.
— Desculpe. Eu estava em uma missão e não queria revelar a minha
localização.
— Podemos conversar sobre isso depois. Vamos almoçar. — Ela
gesticulou em direção à saída. — Tudo bem. Seu pai ficará feliz em vê-lo
de volta em segurança. Sem gritos. Eu prometo.
Ben deslizou do pedestal em um silêncio incomum e eles caminharam
para as plataformas de velocidade. Mara ficou de olho na multidão, sem ter
certeza se reconheceria ou mesmo sentiria Lumiya se ela estivesse por
perto. Lumiya pode até enviar um de seus asseclas, e tinha pessoas dentro
da GAG. A maior ameaça pode ser um dos próprios soldados de Ben.
— Do que você tem medo, mãe? — Ben perguntou.
Mara não tirava os olhos da multidão ao redor. Ela escaneava
constantemente, como havia sido treinada para fazer.
— Certo, você também pode saber. Lumiya está tentando matar você.
Ben deu um pequeno grunhido que poderia ser de descrença e pareceu
refletir sobre a ideia em vez de demonstrar alarme.
— Porque ela ainda tem essa vingança com o papai?
— Principalmente porque você matou a filha dela.
— Uh... certo, vou acreditar na palavra dela.
Mara protegeu Ben quando ele entrou no speeder. Era sempre um
momento vulnerável: ela acertara alguns alvos quando eles se abaixavam
para entrar em veículos, desequilibrados por um momento. As escotilhas se
fecharam com um suspiro de ar, e ela se virou para olhá-lo de perto.
— Eu quero dizer isso, Ben. Ela é perigosa e sutil, então, até neutralizá-
la, você tem que ficar de guarda. Ela tem conexões dentro da GAG. Pode
ser qualquer um.
— Se ela fosse mandar esse espião dela da Guarda me matar, ela já teria
feito isso. — Ele se encolheu no banco do passageiro. — Mas terei cuidado.
Uau, isso está ficando confuso. Com Jacen na lista de Fett por matar a filha
dele, e eu ter matando a filha de Lumiya... Acho que é disso que se trata o
trabalho, não é? Você coleciona inimigos. Ei, os garotos fizeram uma aposta
sobre quando e como Fett virá atrás de Jacen.
Mara não tinha certeza se Ben estava fazendo pouco caso da ameaça por
causa dela ou apenas se entregando à dispensa adolescente normal. Fett era
a menor de suas preocupações. — E... você já fez a sua aposta?
— Oh, Jacen pode levá-lo. Mas é meio estranho que Fett não tenha feito
nada. Quanto mais ele espera, mais as pessoas ficam assustadas, suponho.
— Se Fett vier atrás de Jacen, — ela disse, — deixe que ele cuide disso.
Certo?
O speeder subiu em uma das skylanes automatizadas e se dirigiu para a
Zona da Rotunda. Ben olhou pela tela lateral em silêncio.
— Então, você pode me dizer qual era essa missão? — Mara perguntou.
Ben fez aquela pausa de três segundos que significava que ele estava
formulando suas palavras com cuidado.
— Eu tive que trazer de volta um protótipo de embarcação. Eu não
estava em mais perigo do que poderia lidar confortavelmente.
Isso era um alívio. Era apenas uma missão, embora por que Jacen não
sabia disso a desconcertava.
— E você perdeu a sua festa de aniversário.
— Você sabe como as pessoas dizem que você chega a um ponto na
vida em que os aniversários não importam? Foi assim que me senti.
— Querido, isso é só quando você fica muito mais velho. Não quatorze
anos. Se alguma coisa podia partir o coração de Mara, era isso: a infância
de Ben havia passado para ele. — No próximo ano, prometo, teremos uma
reunião familiar. Realmente marque o dia.
— Você acha que a guerra vai acabar até então?
— Se não acabar, ainda faremos uma festa. Todos nós.
— Tio Han e tia Leia também? Mesmo depois de tentar prender o tio
Han?
E essa era a bizarra realidade de uma guerra civil: um adolescente
enviado para deter sua tia e seu tio, e depois preocupado se eles
compareceriam à sua próxima festa de aniversário. Mara às vezes tentava
somar os dias que vivera sem matar e lutar, e eram muito, muito poucos. Ela
queria um futuro diferente para Ben.
— Sim, mesmo depois disso, — disse ela. — Ben, Jacen sabe que você
voltou?
— Sim. — Ele não se voluntariou mais. — Tudo bem. Apresento-me
para o serviço amanhã às oito horas. Eu não desertei.
— Vou fazer uma última tentativa, então. Ben, eu me preocupo com
você. Seu pai e eu realmente dormiríamos muito melhor se você deixasse a
GAG e viesse para a missão conosco.
Mara se preparou para entrar. Mas Ben pensou visivelmente por um
tempo e, quando falou, o seu tom era suave e perturbadoramente adulto,
perturbadoramente velho.
— Mãe, você já teve que fazer algo que não queria, mas sabia que tinha
que fazer?
Mara certamente tinha, tantas vezes que ela deu como certo. E em
qualquer momento, seja trabalhando para o Império ou para a Nova
República, ou seja, lá o que seu tesoureiro chamava, ela sempre achou que
estava certo.
— Sim, querido, eu já fiz, — disse ela, e sabia que agora não tinha
moral para desprezar o seu filho, ou qualquer outra pessoa. — E o problema
é que, quando olhei pra trás, descobri que às vezes tinha feito coisas
erradas. Mas levei anos até que eu soube se o que estou fazendo agora é
certo.
— Você tem que ir com os melhores dados que você tem no momento.
Foi a declaração de um homem cansado, não de um garoto. Ben era um
soldado. Ele era o que ela e Luke haviam feito dele. Queria um filho Jedi, e
agora tinha um.
— No ano que vem, — disse ela. — No próximo ano, faremos aquela
festa, aconteça o que acontecer.
Capítulo Três

Mishuk gotal'u meshuroke, pako kyore.


(A pressão faz as joias, a facilidade faz a decadência.)
— Provérbio Mandaloriano

SLAVE I, A ROTA PARA BADOR, SISTEMA KUAT

Mirta Gev havia se conformado em ser tolerada pelo avô e, embora se


esforçasse para amá-lo, era difícil.
Parte dela ainda queria fazê-lo pagar pela vida que a sua mãe e avó
haviam sofrido. E parte viu um homem que tinha todas as formas de
consideração, exceto amor, e teve pena dele. No geral, viu um homem que
ergueu barreiras de duracreto e desafiou qualquer um a rompê-las.
Enquanto ele tirava a Firespray da órbita de Mandalore e se preparava para
pular para o hiperespaço, a sua expressão era de aparente desdém pelo
mundo cotidiano. Decidiu que o seu capacete apresentava o rosto mais
suave dos dois.
Pelo menos conseguiu se sentar no assento do copiloto. Isso parecia ser
o mais próximo que Boba Fett poderia chegar de aprová-la como a sua
própria carne e sangue.
— O seu clone não é um caçador de recompensas ativo, — disse Fett.
Nunca houve preâmbulo em suas conversas, nem conversa fiada, nem
intimidade. Ele era todo profissional. — Eu verifiquei todos os caçadores de
recompensas e aspirantes nos registros, mas nenhum se chama Skirata.
Muitas pessoas em Mandalore conheciam Kal Skirata e depois... se foi.
Desapareceu.
— Mas ele estava em uma caçada, eu sei disso. Ele me disse para sair
do caminho dele. — Fett acreditou nela? Ela o costurou e tentou atraí-lo
para a morte, então ela dificilmente poderia culpá-lo se ele estivesse tendo
dúvidas sobre o clone. O homem era real, tudo bem. — Então estamos
refazendo os passos deles?
— Os seus.
— Como você vai se passar por um cliente procurando contratar um
caçador de recompensas?
— Eu não vou. Você vai.
Mirta de repente percebeu por que ele concordara em deixá-la viajar
junto.
— Nossa, eu sou útil, não é?
— Ganhe o seu sustento. Regras de qualquer parceria.
Mirta achou que aquilo parecia muito com a mãe morta. Ailyn Vel era
mais uma lasca do bloco de granito de Fett do que ela jamais admitiria, mas
isso era impossível. Ela era um bebê quando Fett deixou a sua avó, muito
jovem para pegar os seus modos insensíveis.
— Como você lida? — perguntou Mirta.
— Com o que?
— Como você lida com a solidão?
— Você vai latir até Kuat?
— Você não consegue me mandar calar a boca, não é?
— Eu lido porque gosto assim, — disse Fett.
— Bem, a mamãe era tudo que eu tinha e não gosto desse jeito.
Fett fez uma pausa e houve um leve movimento de seus lábios, como se
estivesse se impedindo de dizer algo de que se arrependeria. Ele deveria ter
entendido, ela pensou. Ele também havia perdido o pai nas mãos de um
Jedi.
— Sim, — disse ele. — E quanto ao seu pai?
— Ele morreu em uma brecha no casco. Nem mesmo foi em combate.
— Por que Ailyn se casou com um Mando? Sintas deve tê-la avisado de
que somos flor que se cheire.
Mirta percebeu que estava segurando o pingente de coração de fogo
com força em seu punho. Era apenas metade da pedra original. A outra
fatia, dividida com um golpe da coronha do blaster de Fett, foi enterrada
com Ailyn Vel em uma cova modesta nos arredores de Keldabe, em uma
floresta antiga que os vongese não conseguiram destruir.
Não consigo sentir nada desta pedra. Deveria me dizer algo. Eu sou
Kiffar. Parte Kiffar, de qualquer maneira.
— Ela andou por aí em Mando'ade para ter uma ideia melhor de como
caçar você. Então ela conheceu papai. Não durou.
— Romântico.
— Ela se importava com ele.
— E ela o deixou fazer de você uma Mando.
— Passei dois verões com papai em Null, depois que ele e a mamãe se
separaram. Ele me ensinou tudo o que pôde. E então ele foi morto.
Não disse isso para calar Fett. Ele dificilmente era um homem falador
de qualquer maneira, mas havia silêncio, e então havia um silêncio de
prender a respiração. Isso foi o que ela ouviu agora.
— Isso é muito ruim, — disse ele.
— Não tente me tornar órfã, Ba'buir. Eu sei como é.
Lutou entre o ódio que aprendera a sentir por ele e a evidência de seus
próprios olhos de que ele não era um monstro, pelo menos não o monstro
pintado por sua mãe. O próprio pensamento parecia desleal aos mortos.
Depois de quase dois meses, alcançou o estágio em que tinha dias em que a
sua mãe não era o seu primeiro pensamento acordado e não assombrava os
seus sonhos. Isso também parecia uma traição.
Mas a vida tinha que continuar. Tinha que entender isso e não deixar
que a morte de Ailyn Vel fosse em vão.
— Não há necessidade de discutir isso, então. — Ele inalou. Parecia que
ele estava prendendo a respiração o tempo todo. — Você está bem morando
onde está?
— Sim.
— Eu poderia comprar uma casa para você. Em qualquer lugar.
Mirta nunca sabia quando ele iria se transformar em uma generosidade
desajeitada. Beviin disse que teve os seus momentos. Ele poderia, é claro,
estar tentando se livrar dela com a atração de um lugar em um planeta
distante.
— Estou bem onde estou, obrigada. — Não, isso soou desdenhoso. —
Quis dizer que gosto de morar com a família de Vevut.
Fett não disse nada. Sabia o que ele estava pensando agora.
— Sim, eu gosto de Orade, — ela disse. — Ele é um bom homem.
— Você é uma mulher adulta. Não é da minha conta.
Mas todos sabiam que era uma Fett agora, e isso trazia consigo alguns
fardos. Era preciso ser um homem corajoso para arriscar um Mand’alor por
um avô, especialmente um com a reputação de Boba Fett. Mirta fechou os
olhos e tentou ouvir as mensagens sussurradas do coração de fogo.
— Por que você não pode obter informações disso? — Fett perguntou
de repente.
— Eu sou apenas parte Kiffar. Não tenho a capacidade total de sentir as
coisas a partir dos objetos. — Ela abriu os olhos novamente. Fett ainda era
uma implacável estátua de desapego. Estudou o seu perfil para ver o que
dele poderia haver nela. — Chama-se psicometria. Dizem que alguns Jedi
podem fazer isso também.
Mencionar os Jedi pode não ter sido uma boa ideia, mas Fett não
demonstrou nenhuma reação.
— A pedra absorve memórias do doador e do receptor, — disse ele. —
Sintas disse isso. — Ah. Sob o verniz poderia haver um homem que
quisesse reviver tempos mais felizes ou esconder aqueles que preferia
esquecer. A pedra continha um pouco do espírito de Sintas Vel, e um pouco
dele. Havia mais verniz nela agora do que essência, Mirta suspeitava, mas
ela o vira chorar; e ninguém mais tinha visto o adulto Boba Fett
enfraquecer, disso tinha certeza. Talvez ele nem tenha chorado quando
criança.
— Estou me esforçando, Ba'buir.
— A pior coisa que você fez foi me dizer que sabia o que aconteceu
com Sintas.
Foi um tapa na cara. Quando disse isso, nem sabia se isso funcionaria e
o levaria à emboscada de sua mãe. Agora se arrependia de ter ferido um
moribundo, mesmo que tivesse sido criada para detestá-lo.
— Nós vamos descobrir como vovó morreu, eu prometo.
— Depois que eu conseguir aquele clone, — Fett disse, todo cascalho e
cálculo, — vou encontrar um Kiffar de sangue puro para ler a pedra.
Mirta interpretou isso como uma deixa para calar a boca. Representar
famílias felizes não era o estilo de Fett. Perguntou-se quantas outras
famílias tinham registros de mortes violentas e tentativas de assassinato
como a deles. Espero que o que há em mim seja mais parecido com papai.
Então ela se lembrou de Leia Solo desviando seu tiro de blaster em Fett, e
soube que afinal era o sangue de Ba'buir em suas veias, o do vovô.
— Prepare-se, — disse Fett.
Ele não implantou amortecedores completos quando a Slave I saltou.
Ele nunca implantava. A aceleração para a velocidade da luz e além parecia
levar um soco no peito e depois ser atropelado por um Hutt. Fez questão de
morder o lábio discretamente enquanto as estrelas riscavam linhas de fogo
branco azuladas e a sensação esmagadora passava.
Isso tinha que machucá-lo também. Ele era um homem doente. Mirta
remexeu no bolso, tirou algumas cápsulas de analgésico e as estendeu para
ele. Ele as pegou sem dizer uma palavra. As pontas de seus dedos estavam
frias.
Parecia uma vida longa e silenciosa para o espaço Kuati. Mirta o
preencheu com o planejamento de como ela iria estripar Jacen Solo se e
quando ela tivesse a chance. Já havia uma fila se formando para o
privilégio. Ba'buir não quis dizer o que tinha em mente para ele; tudo o que
ela tinha certeza era que Boba Fett nunca virava as costas para uma conta
que exigia um acordo.
— Desacelerando em meia hora padrão, — disse ele.
Queria muito amá-lo, mas não conseguia. Se tivesse descoberto o que
aconteceu entre ele e a sua avó, poderia ter achado mais fácil, mas sabia que
também poderia ter confirmado o seu legado de vingança. Uma coisa que
aprendeu rápido foi que esse era um assunto a ser evitado. Não que tivesse
medo de perguntar; simplesmente não conseguia superar a rotina silenciosa.
Ele poderia fazer o mundo lá fora desaparecer se quisesse.
Bador era um contraste marcante com Mandalore. A Slave I passou em
um caminho de descida passando por orbitais e sobre cidades cravejadas de
estradas retas e praças abertas. Mirta checou seu datapad para se orientar.
— Qual era o nome do seu pai? — perguntou Fett.
— Makin Marec.
Fett sempre tinha um motivo para fazer perguntas. Talvez ele estivesse
se perguntando com quem mais ele poderia estar relacionado. Eles
aterrissaram em um dos enormes portos públicos de Bunar e Fett realizou o
seu ritual de acionar todos os alarmes, disparadores e outras armadilhas
letais que cumprimentariam qualquer um estúpido o suficiente para tentar
invadir a Slave I. Ele trouxe uma pequena speeder bike no porão e se sentou
no assento com muito mais facilidade do que da última vez. Os analgésicos
eram fortes o suficiente para anestesiar um bantha.
— Você está navegando, — disse ele. Ele quicou um pouco na sela de
couro como se estivesse testando se sentia alguma dor. — Suba.
Mirta conectou seu datapad ao sistema de seu capacete.
— Desça a pista de velocidade e vá para o sul por cinco quilômetros.
Estava se acostumando a usar um buy'ce. A princípio, parecia sufocante
e desorientador, mas semanas de estar cercada por pessoas que dependiam
deles fizeram com que ela se sentisse uma desajustada sem um. Os dados de
transmissão no Visor de Informações agora chamaram a sua atenção sem
distraí-la. Fazia tempo que ela não caía sobre nada.
E... isso a fez sentir Mando. O seu pai teria aprovado, mas tentou não
pensar no que mamãe teria dito. Sinto a sua falta, mamãe. Eu sinto tanto a
sua falta, e eu nunca disse adeus. A capa esfarrapada de Fett bateu contra o
seu visor no turbilhão, arrancando-a de suas memórias, e Mirta se
perguntou se ela acabaria se tornando como seu avô, ou como sua mãe. O
ressentimento amargo por ter sido roubado de um dos pais parecia correr na
família.
Fett dirigiu a speeder por bairros cada vez mais decadentes e
desfiladeiros de armazéns e prédios de apartamentos. Caçadores de
recompensas tendiam a não exercer o seu ofício nas melhores partes da
cidade. O número de casas de família miseráveis diminuiu e a dispersão de
personagens desagradáveis vadiando nas esquinas e em excesso de
velocidade aumentou.
— Então, o que você estava procurando aqui? — perguntou Fett.
— Recuperando dados roubados.
— Você quer dizer que as pessoas por aqui sabem ler?
— Não, tenho clientes que podem. Os locais roubam qualquer coisa,
mesmo que não saibam o que é. Eu vou e os convenço a devolvê-lo.
— E seu clone com as luvas cinzas definitivamente estava aqui.
— Sim.
Depois de algumas curvas erradas, a cantina apareceu bem na hora. À
luz do dia, parecia ainda pior do que quando ela o visitara pela última vez.
Uma salpicada de queimaduras de blaster havia deixado bolhas na pintura
das portas, e a alvenaria estava cheia de buracos de projéteis balísticos que
não estavam lá da última vez, até onde podia dizer. Um rastro de sangue cai
da porta terminando em uma poça maior, seca em uma escuridão fosca. A
limpeza das ruas não era frequente aqui.
Uma placa acima da porta dizia BEM-VINDO À CANTINA PARAÍSO. Também dizia
SEM CAPACETES.
— Estou ofendido por eles não respeitarem a diversidade cultural, —
Fett murmurou.
— É assim que sei como era o clone de cinza. Ele tirou o capacete.
— Ótimo. — Dois indivíduos de má reputação, um humano e um
Rodiano, aproximaram-se a cerca de dez metros da speeder e a observaram.
Em seguida, pareceram notar a presença de Fett, com sua blaster e o jato
propulsor, e de repente pareceram lembrar de um compromisso urgente em
outro lugar. Fett trancou a speeder e ativou o dispositivo anti-roubo com um
detonador térmico. Os dois indivíduos saíram correndo na direção oposta e
desapareceram. — Eles não parecem me conhecer aqui, de qualquer
maneira. A fama é passageira.
Mirta tirou o capacete. Fett ignorou o pedido acima das portas. O bar
cheirava tão mal quanto antes, uma mistura de vômito, cerveja velha e óleo
que poderia ser de máquinas ou de frituras muito velhas. A clientela
combinava com seu ambiente, possivelmente porque eles gastaram a sua
renda disponível em armamento de última geração. O dono do bar Kuati
estava enchendo pequenos pratos na bancada com pepinos que tinham uma
semelhança nada apetitosa com globos oculares, então eles ficaram no bar
tentando parecer normais, normais para o Paraíso, pelo menos.
O taverneiro avistou Mirta primeiro. Devia estar olhando para os pepino
com muito cuidado.
— Você tem que comprar uma bebida, — disse ele. — Sem lanches
sem... — Então o seu olhar girou. O capacete chamou sua atenção de uma
forma que apenas uma placa de peito não faria. — Ahhh, você teve coragem
de entrar aqui, teve, sua escória?Mando
Ele se abaixou do balcão por uma fração de segundo, e isso significava
apenas uma coisa. Mirta não tinha certeza se tinha nivelado o seu blaster
antes de Ba'buir, mas quando o homem se endireitou com um disruptor
Tenloss de cano curto altamente ilegal que poderia ter reduzido os dois a
um enfraquecimento do solo, ele estava olhando para os canos serrados EE-
3 de Fett e seu BlasTech 515.
Isso assustou o taverneiro por tempo suficiente para Fett acertar um
gancho de esquerda bem na cara dele. Ele caiu contra os copos empilhados
atrás dele, e alguns se espatifaram nos ladrilhos. Fett pegou o disruptor
quando ele caiu no balcão; Mirta instintivamente cobriu a retaguarda, mas
nenhum dos clientes se mexeu. Estava começando a se sentir confortável
fazendo esse ato duplo. A sensação de camaradagem, muito longe de um
vínculo familiar, havia surgido nela.
Fett examinou o disruptor e apertou a trava de segurança com força,
com uma das mãos. — Lembre-se, sem desintegrações.
O barman endireitou-se cambaleando, colocando uma mão sob o nariz
para pegar o sangue que pingava.
— O último Mando que veio aqui destruiu este lugar. Você é a mesma
kriffing, e eu não quero vocês aqui, então por que vocês não...
Mirta percebeu que devia ter perdido algumas diversões e jogos depois
de deixar o clone de cinza para sua caça.
— Aquele era um parente perdido há muito tempo, — disse ela. —
Estamos procurando por ele.
— Bem, quando você tiver a sua reunião de família, quero que ele
pague pelos danos da última vez.
O homem não parecia reconhecer Ba'buir, mas então Fett não teria
aceitado um contrato tão baixo na cadeia alimentar. Senadores, senhores do
crime e os ricos que podiam pagar por ele conheciam a sua armadura.
Taberneiros tendem a não conhecer.
— É hora de compartilharmos algumas reminiscências sobre os meus
parentes rebeldes, — disse Fett, batendo o dedo indicador impacientemente
contra o guarda-mato de seu blaster. — Não sou tão cuidadoso quanto ele.
Meu nome é Fett.
O rosto do dono do bar se esvaiu de qualquer sangue que restasse nele.
Mirta realmente observou a sua cor mudar para um cinza pastoso. Nunca
tinha visto medo físico como aquele antes. Os olhos do homem examinaram
o visor de Fett e a revelação foi quase cômica.
— Já faz um tempo...
— Mandaloriano em armadura cinza com luvas cinza. Chama-se
Skirata. Se o barman esperava que alguns créditos fossem jogados no
balcão para refrescar sua memória, Fett não estava jogando. — O que você
sabe?
— Certo, ele matou um cara aqui. Muitos danos. Muita atenção da
segurança também. — O dono do bar olhou para Mirta agora, e ele
evidentemente estava juntando as peças. — Sim, você estava com ele, não
estava?
— Não por muito tempo — disse Mirta. Saiu do caminho do clone
rapidamente, para uma cantina diferente, na verdade. — Quem ele matou?
— O chefe da gangue chamado Cherit. Chegou até ao holo noticiário
local.
Obviamente, a maioria dos tiroteios aqui não merece uma manchete.
Mirta fez uma anotação mental para verificar os arquivos.
— O que você sabe sobre Cherit que não foi notícia?
— Nada.
— Sei que uma pancada no rosto pode afetar a sua memória. — Fett
ainda não havia baixado o seu blaster. — Tente novamente.
— Certo, a roupa de Cherit forneceu garotas rak, lxetallic e Twi'lek para
alguns nobres Kuati menores. Ele estava fazendo os seus negócios aqui por
um tempo. Talvez ele estivesse se intrometendo no território de seu parente.
— Não soa como a nossa linha de trabalho.
Fett ficou encarando o homem por muito, muito tempo. O dono do bar
parecia estar procurando algo mais para dizer para preencher o silêncio. Por
fim, Fett encostou o blaster no ombro, com o cano para cima na posição de
segurança e pareceu apaziguado.
— Se você o vir novamente, diga a ele que o pequeno Boba quer vê-lo
sobre um trabalho.
— Como ele vai entrar em contato com você?
— Mandalore. Vire à direita na Via Hydiana. Não pode faltar.
— Certo...
— E onde a gangue de Cherit está agora?
O dono do bar se virou para as prateleiras atrás dele e remexeu
freneticamente em uma pilha de folhas frágeis.
— Não diga a Fraig que eu te dei isso. — Era um guardanapo gravado
com um logotipo que dizia CASINO QUEDAS DE TEKSHAR. — Você encontrará Fraig
lá quase todas as tardes nas mesas sabacc. Cidade de Kuat. Fraig substituiu
Cherit.
Fett guardou o guardanapo no bolso e saiu. Mirta o seguiu, recuando
pelas portas mais por hábito do que por medo de um ataque.
— Você acha que Fraig pagou ao clone por uma mudança de
administração? — ela disse, subindo na speeder por trás dele. — Isso é o
que eu estou achando.
— Se o fez, ele saberá como encontrá-lo.
A speeder bike sobrevoou as partes mais acidentadas de Bunar e voltou
para a Slave I.
— Você joga sabacc? — perguntou Fett.
Mirta sabia sem perguntar que seu avô não era um jogador recreativo.
— Não.
— Plano B, então.
— Que plano B?
— Eu vou te dizer quando eu resolver isso.
— Qual era o plano A?
— Vestir você bem, enviá-la para jogar uma ou duas mãos e obter algo
de Fraig.
— Obrigada.
— Nunca teria funcionado de qualquer maneira. Você não é do tipo
bajuladora.
Pode ter sido um insulto ou um elogio, mas não tinha como saber de
Fett.
Eu quero gostar dele. Ele não é simpático, mas também não é o que
você me disse, mamãe. Como você poderia saber?
Mirta se viu discutindo com uma mulher morta, odiando-se por isso, e
descobrindo que nada do que achava que sabia era mais sólido. Tirou uma
das mãos da barra de apoio da speeder e tirou o coração de fogo de baixo do
peitoral para agarrá-lo. Talvez isso lhe dissesse algo mais cedo ou mais
tarde.
— Excelentes analgésicos, — disse Fett. Ela podia ver o sangue seco
nas juntas de sua luva esquerda enquanto ele flexionava o punho. A mancha
o estava incomodando. — Obrigado.
Havia um leve tom de calor em sua voz. Era um começo.

ESCRITÓRIO DE JACEN SOLO, QG DA GAG, CORUSCANT

Havia uma voz na cabeça de Jacen, e nunca soube de quem era.


Às vezes era claramente Vergere, claramente uma memória, mas em
outras não tinha certeza se eram os seus próprios pensamentos, ou as
sugestões de Lumiya surgindo de seu subconsciente, ou algo
completamente diferente. Houveram momentos em que ele até pensou que
era a sua consciência.
Era a sua consciência agora, tinha certeza disso. Tudo o que podia ver
era a sua filha, Allana.
Então você não está pensando em Tenel Ka, então...
Qualquer ato que tivesse que realizar para se tornar um Lorde Sith
completo, seria extremo. Deve ser mais difícil do que matar um colega Jedi;
mais difícil ainda do que agrupar os Corellianos em acampamentos, ou se
voltar contra os seus próprios pais e irmã, ou subverter a democracia.
Tinha que ser a decisão mais dolorosa que já havia tomado.
Eu simplesmente não posso matar a minha garotinha.
Quem disse que eu preciso? O que isso provaria?
Que você faria qualquer coisa para adquirir os poderes para trazer paz
e ordem à galáxia.
Foi o futuro de Allana que o fez trilhar esse caminho. Agora seria um
futuro seguro para os filhos de todos, menos para os seus.
É disso que se trata, Jacen. Serviço, serviço doloroso. Abrace essa dor.
Não, não era serviço. Era uma loucura. Não faria isso. Mas era diferente
de enviar os seus próprios filhos para a guerra, fazendo o mesmo sacrifício
que milhões de outros pais? Não era sempre mais difícil dar a vida de um
ente querido do que a própria?
Não. O único sacrifício que vale a pena fazer é a sua própria vida.
Mas Lumiya disse que saberia. Ela disse que ele saberia o que tinha que
fazer quando chegasse a hora, e ela não poderia dizer a ele. Estava com
Tenel Ka e Allana desde então. Não sentiu nada, nenhum indício da Força
de que este era o passo final, que essas eram as pessoas que ele tinha que
matar.
Talvez isso seja negação. Ilusão.
Não é Alana. Não é nem Tenel Ka.
— Não são elas, — disse ele. — Tem que ser o Ben.
E então estava de volta ao seu escritório, terrivelmente consciente,
olhando para um desnorteado cabo Lekauf. Havia uma xícara de caf na
mesa à sua frente e ele não tinha visto ninguém colocá-la ali.
Nunca tinha estado tão distraído antes. Isso o assustou. Não podia
permitir outro lapso como aquele.
— O tenente Skywalker ainda não se apresentou para o serviço, senhor.
— Lekauf, neto do oficial que serviu fielmente ao Lorde Vader, tinha uma
alegria sardenta que o impedia de parecer ameaçador, mesmo em uma
armadura preta da GAG com um blaster BT25. — Posso ajudar?
Jacen sentiu seu rosto queimar.
— Desculpe-me, cabo. Eu estava pensando em voz alta.
— Tudo bem, senhor. Achei que você estava fazendo alguma coisa de
Jedi. Evocando.
Jacen teve que pensar por um momento.
— Mesclando?
— Essa é a coisa.
— Acho que preciso de mais caf antes de tentar isso hoje. Obrigado.
— Você recebeu a mensagem da Almirante Niathal sobre o
equipamento, senhor?
— O que foi? — Jacen checou o seu datapad e várias comunicações. A
burocracia não era fácil pra ele. Certificaria-se de ter os melhores
administradores quando ele...
Quando eu o quê?
Quando eu governar como um Lorde Sith.
A ideia era 90% sóbria, 9% inapropriadamente excitante e 1%
repelente. Se pudesse identificar a fonte da repulsa, uma aversão ao poder,
um antigo tabu Jedi, pura ignorância, a teria ouvido. Mas a voz não era alta
o suficiente. Eram os seus pequenos medos, a sua relutância em aceitar
responsabilidades, e isso era algo que tinha que ignorar.
— Ela diz que algumas das unidades da linha de frente estão tendo
problemas para conseguir os equipamentos de que precisam, — disse
Lekauf. — Coisas irritantes. Material bélico especializado, peças de
comunicação, mas também alguns itens seriamente não negociáveis, como
suprimentos médicos. Eles também estão reclamando que os pacotes de
manutenção de canhão não estão de acordo com o padrão e tiveram alguns
problemas de funcionamento. Lekauf ergueu as sobrancelhas. — Estamos
começando a encontrar problemas para adquirir o que precisamos também,
senhor.
Isso chamou a atenção de Jacen.
— Este é o planeta mais rico e tecnicamente avançado da galáxia, e não
podemos manter as nossas forças adequadamente abastecidas em uma
guerra?
Lekauf deu a Jacen um aceno significativo que o direcionou para a sua
holo tela.
— Acho que a almirante foi um pouco mais enfática, mas essa também
é a reação geral dela.
— Existe uma razão para isso?
— O setor de Aquisições e Suprimentos parece estar enrolando, senhor..
— É hora de desenrolá-los, — Jacen disse. Ele apertou a tecla do
comunicador e abriu a linha para Aquisições. — Tenho certeza de que dá
para consertar.
— Se você gostaria que eu falasse com eles, senhor...
— Acho que eles precisam de um coronel para motivá-los, Lekauf, mas
agradeço a sua oferta. — Jacen de repente sentiu que era a tarefa mais
premente em sua lista. Ele e Niathal esperavam muito das forças armadas, e
não era demais esperar que a burocracia militar os apoiasse. — Eu vou
fazer as coisas andarem. Encontre o capitão Shevu pra mim, sim?
— Ele está em vigilância, senhor. Interceptou alguma munição
desagradável, então ele saiu com o sargento Wirut vigiando um ponto de
desembarque.
Shevu era prático. Ele não parecia tão entusiasmado com o papel da
GAG quanto algumas semanas antes, mas fez seu trabalho e liderou na
frente. Não havia mais nada que Jacen pudesse pedir a um oficial.
— Certo, eu vou alcançá-lo quando ele estiver aliviado.
Aquisições frustrou Jacen desde o início. Quando obteve uma resposta
do comunicador, a sua condição de comandante da GAG não parecia abrir
tantas portas quanto no restante da Aliança. No momento em que foi
colocado em contato com uma funcionária sênior do Suprimentos da Frota,
uma mulher chamada Gellus, ele não ficou impressionado e seu caf estava
frio.
— Não podemos contornar o sistema de abastecimento, senhor, — disse
Gellus. — Todos os pedidos são tratados em sequência.
— Não deveriam ser tratados com urgência, como na linha de frente?
— Eu não tenho o poder de fazer isso sob os regulamentos de aquisição,
senhor.
— Com quem eu falo sobre a qualidade dos suprimentos?
— Quais suprimentos? Veja bem, temos quatro departamentos de itens...
— Pacotes de manutenção de canhão. Estamos recebendo reclamações
sobre peças de reposição de baixa qualidade.
— Isso seria Suporte de Engenharia. Eles têm o seu próprio sistema.
Você terá que...
Jacen tinha aprendido paciência e uma dúzia de maneiras de acalmar
sua mente em crise de tantas escolas esotéricas que usam a Força. Ele não
queria usar nenhum deles. Ele queria perder a paciência. Ele queria ação.
— Há uma guerra acontecendo, — ele disse calmamente. — Tudo que
eu quero é que o equipamento certo chegue até as pessoas que lutam. Qual é
a maneira mais rápida de fazer isso?
— Você não é da Frota, é, senhor? GAG é doméstico.
— O que significa?
— Esta não é sua cadeia de comando. Precisamos de autorização de um
oficial sênior da Frota para prosseguir com esse pedido. São os
regulamentos, senhor.
Mas sou o comandante da Guarda da Aliança Galáctica. Eu nem tenho
tantos problemas para ver o Chefe Omas. O escopo aparentemente limitado
de sua autoridade o irritava. Ele poderia convocar Star Destroiers e
exércitos inteiros, mas passar por um burocrata era impossível.
— A palavra da Suprema Comandante serviria?
Gellus engoliu em seco de forma audível.
— Sim senhor.
— Então eu volto com isso.
Jacen encerrou a conexão, furioso. Regras. Não estava acostumado a
esses limites arbitrários. Se não conseguisse resolver questões simples de
suprimentos, então o seu futuro como um Lorde Sith parecia limitado.
A sua mente racional lhe dizia que isso era um aborrecimento que
poderia ser resolvido com uma mensagem para Niathal e uma pequena
delegação a um oficial subalterno, mas outro sentido lhe dizia que tinha que
continuar com isso.
Bom para o moral, ele pensou.
Não, era outra coisa. Não conseguia colocar o dedo nisso.
Regras e regulamentos. Percorreu os códigos dos comunicadores dos
departamentos de defesa da Aliança e encontrou o Jurídico e o Legislativo.
Digitou a sequência e uma voz humana respondeu.
— Posso pegar emprestado um droide analista jurídico? — ele
perguntou ao assistente. Jacen preferia o seu conselho legal das fontes mais
desapaixonadas e honestas sem imaginação. Um droide poderia ler as letras
miúdas dos estatutos para ele.
— Imediatamente, senhor.
Assim ficou melhor. O humor de Jacen melhorou.
Nesse ínterim, ainda precisava daquela simples autorização da almirante
Niathal para colocar o equipamento em movimento.
Bom oficial. Boa tática. Atitudes ocultas.
Mas precisava dela tanto quanto ela precisava dele.
Lekauf voltou com o caf fresco. Deveria estar de folga, de acordo com a
escalação.
— Você está muito ocupado para fazer a administração de rotina,
senhor, — disse ele. — Tem certeza de que não posso tirá-la de suas mãos?
— Tenho certeza, — Jacen disse. — Aquisições e eu precisamos
esclarecer algumas coisas entre nós.
Lekauf sorriu.
— Mostre a eles, senhor.
Algo disse a Jacen que era mais importante 'mostre a eles' do que ele
jamais poderia imaginar.
E essa voz, ele a ouviu.

O APARTAMENTO DOS SKYWALKERS, CORUSCANT

Luke olhou para suas mãos, para a direita e depois para a esquerda. Uma
era protética e o outra era de carne, e havia sido tocada por alguém que
estava começando a considerar a sua inimiga.
Lumiya.
No meio de uma batalha, teve a chance de matá-la, e eles acabaram se
tocando num gesto que entre pessoas normais poderia ser considerado
reconciliação.
Eu disse que não queria matá-la.
Luke Skywalker nunca quis matar ninguém. Às vezes acontecia, no
entanto. Levantou-se e tirou o shoto do cinto, o sabre de luz curto que
achava que precisava para lidar com Lumiya e o seu chicote de luz.
O que está acontecendo? O que ela quer?
Nunca foi de jogar jogos mentais como Vergere. Ela era uma soldado:
uma piloto, uma agente de inteligência, uma combatente. Ainda tinha que
juntar as peças, mas ela estava conectada ao deslize de Jacen na escuridão
de alguma forma.
Luke fez alguns passes de treino ociosos com o shoto e tentou visualizar
o que poderia acontecer se encontrasse Lumiya novamente. Então se
perguntou o que teria feito aos dezenove anos e sabia que não teria pensado
muito nisso. Queria que as coisas fossem tão claras novamente.
As portas do apartamento se abriram e ouviu Mara e Ben conversando.
Alívio o inundou. Colocou o shoto sobre a mesa e todas as linhas ensaiadas
de advertência e desaprovação desapareceram, substituídas por uma simples
necessidade de agarrar o seu único filho e esmagá-lo num abraço.
Ben ficou enraizado no local e se submeteu a ele. Mara deu um aviso a
Luke com uma sobrancelha levantada, mas ele não estava planejando
repreender Ben.
— Estou feliz que você esteja seguro, — Luke disse. — Mas se alguma
coisa que eu fiz fez você explodir assim, precisamos conversar sobre isso.
Ben olhou para Mara como se procurasse uma deixa para explicar.
— Eu estava trabalhando. Eu estava em uma missão, só isso.
Jacen, seu mentiroso. Você disse que ele se ressentia do fato de eu ter
impedido que ele fosse o seu aprendiz.
Só Jacen iria... poderia... mandá-lo em uma missão.
Luke considerou casualmente perguntar a Ben quem o havia enviado,
mas sabia de qualquer maneira, e não queria enganar o seu próprio filho
para lhe dar informações ou colocá-lo no local sobre Jacen. Não precisava
de mais nenhuma prova de que o seu sobrinho não voltaria para a luz sem
uma ajuda substancial. Foi uma ajuda que Han e Leia não puderam dar.
Estava além do Conselho Jedi também.
Este era um problema familiar. Resolveria tudo, com ou sem Mara.
— Silêncio no comunicador? — ele perguntou.
— Sim pai. Desculpe. — Ben pode ter ficado surpreso com o abraço,
mas também não recuou. — Eu não posso discutir isso. Você entende, não
é?
— Claro que sim, filho. — E aposto que sei quem te disse para não
fazer isso. — Eu realmente esperava que você não fosse ficar na GAG.
— Eu sou bom nesse tipo de trabalho.
— Eu sei.
— Eu nunca poderei ser um bom Jedi da academia agora, pai. Eu tenho
que ver isso. Já tivemos essa discussão antes, não é? — O tom de Ben era
pesaroso, não o protesto de um adolescente chorão sobre a injustiça de seus
pais. Era decepcionante vê-lo crescer tão rápido. Crescendo? Não,
envelhecendo. — Há uma guerra acontecendo, e uma vez que você serviu,
você sabe que não pode se afastar dela e ficar de fora enquanto seu...
enquanto seus amigos arriscam as suas vidas.
— Luke... — O tom de Mara era de reprovação, com aquele tom
ligeiramente nasal que dizia que ela queria que Luke parasse. — É
realmente a hora para tudo isso?
Ele a ignorou.
— Eu entendo Ben. Entendo. Mas a GAG não é o lugar onde você
deveria estar.
— Não é?
— Não é assim que o governo deve lidar com a dissidência.
— Então é por isso que eu deveria ficar, — Ben disse calmamente. —
Se é uma organização ruim, então ela precisa de pessoas boas para
permanecer nela e mudá-la por dentro, e não abandoná-la nas mãos dos
bandidos. E se for uma boa organização, então você só está realmente
chateado com a minha segurança, e eu posso lidar com isso melhor do que
você pensa. Você queria que eu fosse um Jedi. Estou sendo um Jedi.
A lógica e o raciocínio moral de Ben eram impecáveis.
— Você tem uma questão.
— Então eu sou uma boa pessoa, pai? Ou você acha que eu fiquei mal
como você acha que a GAG ficou?
Era uma questão que Luke nunca quis considerar. O que era uma pessoa
má? A maioria das pessoas que fizeram coisas más não eram nem boas nem
más, apenas mortais falíveis; o único ser verdadeiramente irredimível que
ele já conheceu foi Palpatine. E presumivelmente até Palpatine já foi um
garotinho, nunca sonhando que seria responsável pela morte de bilhões e
saboreando o seu poder.
Luke percebeu que não tinha certeza se sabia o que era uma boa pessoa
quando via uma, ou em que ponto ela se tornava má. Ele estava
dolorosamente ciente do olhar de Mara cravado nele, verde e gelado como
um rio congelado em sua enchente.
— Você é uma boa pessoa, Ben. — Ele está fazendo alguma coisa que
eu não fiz? — Você pensa no que faz.
— Obrigado. E não vou sair da GAG, pai. Você terá que me obrigar,
seja fisicamente ou através dos tribunais, e nenhum de nós quer isso. Deixe-
me onde eu possa fazer algo de bom.
As brigas podiam acontecer sem vozes levantadas ou palavras raivosas.
Ben lutou e deu um ultimato aos seus pais. Luke sabia que teria que lidar
com isso de outra maneira.
E caramba, Ben estava realmente certo. A GAG não podia ser
abandonada aos valentões.
— Apenas tome cuidado com Lumiya, — Luke disse. — Você contou a
ele, Mara?
— Contei a ele.
— Então você vai ficar para comer alguma coisa, filho? — ele
perguntou, sentindo o olhar de Mara derreter um pouco.
— Eu gostaria disso, — disse Ben, de quatorze anos para quarenta.
Era difícil ter uma conversa em família durante uma refeição sem
mencionar a guerra. Ben queria saber como Han e Leia estavam. Mara
distribuía os legumes pelo prato como se tentasse varrê-los para debaixo do
tapete.
— As coisas não estão muito boas entre Jacen e a sua tia e tio no
momento, querido, — ela disse. — Mas o que quer que ele diga, eles ainda
se preocupam com ele e querem que ele fique bem.
— Não é pessoal, — disse Ben. — Ei, eu tentei prender o tio Han
porque era o meu trabalho. Eu não quis fazer mal a ele.
Luke pensou na pressa de Jacen em abandonar os seus pais durante o
ataque ao resort satélite. Não conseguia ver Ben fazendo a mesma coisa. Se
pudesse, não queria ver.
— Pai, o Império era realmente um reinado de terror?
— Só um pouco...
— Eu sei que você, o tio Han e a tia Leia passaram por momentos
difíceis, mas e as pessoas comuns?
Mara mastigou com lenta deliberação, com o seu olhar ligeiramente
desfocado em um ponto a meia distância.
— Você pode querer perguntar a Alderaan. Não, espere, acabou, não
foi? Ops. Isso é o que aconteceu com as pessoas comuns, e eu sei melhor do
que a maioria.
Porque você fez algumas delas. Luke encarou o fato de que não podia
esperar que Ben acreditasse em uma palavra que qualquer um deles dissesse
a ele. Ambos fizeram coisas que estavam dizendo que ele não poderia fazer
agora.
— Mas a maioria das pessoas realmente não percebeu, não é? — Ben
parecia estar fixo no curso. — Suas vidas continuaram como antes. Talvez
algumas pessoas que eram políticas receberam uma visita à meia-noite de
algumas tempestades, mas a maioria das pessoas seguiu com suas vidas,
certo?
— Certo — admitiu Mara. — Mas viver com medo não é viver.
— É melhor do que morto.
— Você acha que o Império estava bem, Ben? — Luke perguntou.
— Não sei. Parece apenas que um punhado de pessoas pode pensar que
tem o dever, o direito, de mudar as coisas para todos os outros. É uma
grande decisão, rebelião, não é? Mas a maioria das decisões que afetam
trilhões de seres são tomadas por poucas pessoas.
Luke e Mara se entreolharam discretamente e depois para Ben. Ele
adquiriu curiosidade política em algum lugar ao longo da linha. Seja qual
for a missão que Jacen o enviou, e ele tinha, Luke tinha certeza, isso fez o
garoto pensar.
Ou talvez Luke estivesse apenas perdendo contato com o fato de que
seu filho era um jovem agora e estava mudando rapidamente. Quando ele
saiu, porém, Mara ainda o ajudou a vestir a jaqueta. Luke quase esperava
que ela perguntasse se ele estava escovando os dentes todos os dias. Mas,
sendo Mara, ela fez sua preocupação maternal de maneiras mais
pragmáticas e colocou um objeto cinza fosco na mão de Ben.
— Me agrade, — ela disse, e beijou sua testa. — Carregue isso. Nunca
se sabe.
Ben olhou para a palma da mão.
— Uau.
— Essa, — ela disse, — Era a melhor vibro lâmina que o Império
poderia comprar. Isso me salvou mais de uma vez. Um sabre de luz é ótimo,
mas um sabre de luz e uma lâmina vibratória são ainda melhores.
— Além de um blaster, — disse Ben. Ele sorriu. — Isso é melhor ainda.
O golpe triplo.
— Esse é o meu garoto.
Depois que Ben saiu, Mara limpou os pratos.
— Quando produzimos um analista político de mentalidade
comunitária?
— Muitos amigos Gorog, talvez.
— Isso parece um garoto fora de controle e ferrado para você?
— Não, — Luke disse, — mas não é a influência de Jacen que está
fazendo dele um homem, mesmo que ele seja o único que parece ser capaz
de lidar com Ben.
— Luke, ainda temos que fazer alguma coisa.
— Ah, agora temos que fazer alguma coisa? O que aconteceu com
'Deixe-o com Jacen, ele é bom para o garoto...?' — Luke quase teve que
morder o lábio para evitar dizer que havia contado isso a ela, o que sempre
achou ser a marca de quem não buscava uma solução para o problema,
apenas pontos a somar. — Além disso, ele não parece estar sendo
corrompido pelo que está acontecendo. Talvez ele seja aquele bom homem
por dentro. Talvez você estivesse certo em me obrigar a deixar o nosso filho
entrar para a polícia secreta...
— Eu quis dizer sobre Lumiya. — Mara tinha um jeito de apoiar os
ombros que dizia que ela sabia que havia cometido um grande erro, mas ele
não precisava esfregar isso em seu nariz. — Certo, eu mudei de ideia. Jacen
está indo mal. Minha culpa é que perdemos alguns meses acalmando Ben.
Satisfeito? Agora, e a causa raiz disso?
— Nós não achamos o rastro dela novamente.
— E então o que acontece quando o fizermos? — Mara bateu os pratos
no balcão com tanta força que fizeram barulho. — O que você vai fazer,
segurar a mão dela de novo? — Ele nunca deveria ter dito a ela que Lumiya
havia lhe oferecido a mão quando eles estavam brigando. Isso a estava
consumindo. — Porque a pobre velha não quer fazer mal? Lumiya? Rainha
dos pungentes Sith?
— Realmente não havia más intenções nela.
Mara revirou os olhos.
— Claro que não. Ela não quer te matar. Ela quer matar o nosso filho.
— Ela agarrou o rosto de Luke com as duas mãos e o fez olhar em seus
olhos. — Luke, você poderia tê-la matado. Cortado-a em dois. Terminado o
trabalho. Mas você não o fez.
Luke sentiu-se inexplicavelmente envergonhado.
— Eu não poderia.
— Eu sei. Viemos de diferentes escolas de justiça, não é?
— Querida...
— Ela não é o seu pai, Luke. Não há nada de bom nela para resgatar.
Ela é uma ameaça que precisa ser eliminada, e é para isso que fui treinada, e
você não. Esqueça essa ideia de pegá-la viva, se possível. A única maneira
de alguém pegá-la é morta.
Luke teve a sensação de que Mara poderia dizer isso. Sabia quando ela
estava construindo algo. Ela pode ter pensado que poderia esconder as
coisas dele, mas a conhecia bem o suficiente para ver as engrenagens
girando e o plano se formando.
Perdeu a sua chance com Lumiya. Não conseguiria outra.
— Você está me dizendo que está indo atrás dela.
— Você pode ir junto se puder confiar que não vai amolecer com ela. —
Mara o soltou e pareceu envergonhada. As suas bochechas estavam coradas.
— Você pode ficar com Alema. Ela também precisa de um sério reajuste de
atitude com um sabre de luz. Não é como se não tivéssemos assassinos
obcecados por matar o suficiente para dar conta do recado.
Não importa o que acontecesse, Luke sabia que não tinha a habilidade
daquela assassina para matar alguém que não estava tentando matá-lo ali
mesmo. Se ele tivesse...
Então Ben não era o único navegando em um labirinto moral. Luke
vinha fazendo isso há décadas, mas o labirinto só estava adquirindo mais
voltas e reviravoltas a cada ano.
— Vamos ver o quanto Jacen se anima com a partida de Lumiya, — ele
disse. Espere, acabei de abençoar um assassinato? — E com Alema fora do
caminho, então Leia e Han podem voltar ao redil, e podemos enfrentar esta
guerra como uma família novamente.
Mara deu um tapinha em sua bochecha com um sorriso arrependido e
colocou um droide para lavar a louça. Passou o resto da tarde reunindo e
verificando uma série de armas que definitivamente não vinham de uma era
civilizada.
— Eu nunca soube que você tinha um desses, — disse ele, apontando
para um blaster que tinha a boca larga de um lançador de granadas. —
Como você planeja usá-lo?
— Com um cartucho de flechette. Vamos vê-la tentar um chicote de luz
nisso.
— Você quer pegar o meu shoto?
— Você está oferecendo?
— Símbolo de boa sorte, talvez.
— Símbolo de baixo da caixa torácica, mais ou menos. A menos que
seja tudo de duraço também.
Esta era sua esposa. Às vezes, vislumbrava a mulher que ela havia sido,
e ela era uma estranha por um ou dois segundos.
— Como você vai rastreá-la? Ela se esconde muito bem.
— Posso caçar muito bem. — Mara pegou o cabo da espingarda e o
girou como uma lâmina. — Um pouco de isca, um pouco de investigação e
um pouco de ajuda da Força. — Ela acendeu o feixe de energia. — Além
disso, se Alema está atrás dela, como parece ser o caso, então uma delas vai
escorregar e se mostrar.
— Lumiya não escorrega.
— Bem, ela não está comandando a galáxia agora, então acho que às
vezes sim... — Mara girou o shoto no ar e o pegou pelo cabo quando ele
caiu. — E ela continua aparecendo ultimamente, então estarei pronta.
— Apenas me mantenha informado onde você está, certo?
— Você saberá. — Mara deu a ele seu melhor sorriso do tipo eu-sei-o-
que-estou-fazendo. — E quem melhor para ir atrás da Mão do Ex-Imperador
do que outra?
— Você fez isso antes...
— E isso foi antes de eu ter um filho com quem me preocupar. — O
sorriso desapareceu. — Sou muito mais perigosa agora que tenho um
filhote para proteger.
Luke não tinha dúvidas sobre isso. Mas foi a primeira vez em sua vida
que se arrependeu de não ter matado alguém quando teve a chance.
Capítulo Quatro

Para: Chefe de Logística de Defesa


De: Suprema Comandante, Força de Defesa da Aliança Galáctica
CC: Chefe de Estado; CO da GAG; Chefe de Compras de Defesa
Re: Preocupações com abastecimento e aquisição de frota
A falta de suprimentos no teatro e a falha do equipamento em atender aos padrões são intoleráveis. Você
deve dar ao Coronel Solo, CO da GAG, toda a cooperação para resolver esta situação o mais rápido possível.
Esta deve ser sua principal prioridade, e o Coronel Solo está autorizado a usar todos os meios necessários
para alcançá-la.
— Almirante Cha Niathal, CE AGDF

AGÊNCIA DE AQUISIÇÕES E SUPRIMENTOS DE DEFESA,


CORUSCANT

— Tem certeza?
Jacen não tinha nenhuma razão para desacreditar em um droide analista
legal. Os advogados de metal eram ainda mais meticulosos do que os de
carne e osso. O HM-3 avançava ruidosamente ao lado dele enquanto
percorriam o corredor aparentemente interminável até os escritórios do
chefe de compras, explicando os dados reunidos às pressas enquanto
avançavam. Jacen acreditava em entender o inimigo, e isso significava
triturar o tédio das letras pequenas. Estava determinado a levar um sabre de
luz para uma bola de burocracia do tamanho de um planeta.
— Sim, senhor, isso é rotina. — O HM-3 lembrava-o um pouco o C-
3PO, de forma humanoide, com uma personalidade necessariamente
pedante, mas era de um sóbrio cinza escuro e tinha um ar tranquilizador de
sólida autoridade profissional. — Uma parte da legislação que está atrasada
para a reforma. Você gostaria da explicação completa ou de uma versão
simplificada para leigo?
— Considere-me como um leigo como eles vêm.
— Do jeito que está a legislação, é preciso o acordo do Conselho de
Defesa para mudar os regulamentos sobre compras. Ele é projetado para
impedir que funcionários públicos quebrem as regras para encher os seus
bolsos. Ou para impedir que alguém comissione um exército inteiro e a sua
frota e armas sem o conhecimento do Senado, o que acredito ter acontecido
não muito tempo atrás... você pode querer olhar para os últimos anos da
República, senhor.
Jacen refletiu sobre isso e tentou reduzir ao básico.
— Portanto, os senadores têm que votar em qual flimsi comprar e que
tipo de rações secas servir às tropas. Desperdício monumental de tempo e
despesas, se você me perguntar.
— Admito que envolve tomadores de decisão de alto nível em decisões
de nível muito baixo, senhor. Mas é a lei. Toda vez que você quiser mudar
alguma coisa sobre suprimentos, ou qualquer outra questão administrativa
menor, você precisa do chefe Omas ou da almirante Niathal ou outra pessoa
igualmente sênior para carimbar isso. É o mesmo para outros
departamentos, saúde, educação, todos eles.
HM-3 parecia apologético. Jacen tinha pouca paciência com pessoas
que encontravam conforto em regras e rituais impenetráveis: queria que as
coisas fossem feitas.
— Não quero levar todas as reclamações sobre hidro chaves e indutores
de combustível por meio de comitês. — Como eu me tornei o cara de
compras? Niathal está me deixando de lado? Deixa pra lá. vou aprender
muito. — Existe uma maneira de contornar isso?
— Na verdade, existe.
— Prossiga.
— É uma simples questão de dar aos oficiais apropriados da AG, no
sentido mais geral, o poder de mudar os regulamentos. Para remover a
exigência de que cada tosse e cuspe sejam tratados pelos senadores.
— Como fazemos isso?
— Ao remover a exigência de aprovação pelos membros do Conselho
de Defesa. Devo redigir uma emenda, senhor?
— Como isso funciona?
— Eu elaboro um pedido de mudança na lei existente para aliviar os
encargos regulatórios, de modo que os poderes de ordenação possam ser
devolvidos às pessoas apropriadas, como oficiais militares superiores e
ministros de estado, sem a necessidade de encaminhar o assunto para
comitês, conselhos, ou mesmo ao Senado completo. — HM-3 estremeceu.
Foi um toque muito humano. — Dê a eles algo para debater, e quanto mais
trivial for, mais horas eles gastarão nisso, porque eles podem entender
melhor os pequenos conceitos, entende.
— Sim, mas o que acontece com a emenda? E quanto tempo isso vai
levar?
— Se eu apresentá-lo hoje, ele será apresentado ao Conselho de Política
e Recursos semanal em dois dias e, como pessoa apropriada que já tem a
sanção do Chefe de Estado, você pode começar a mudar o que precisa no
dia seguinte.
Jacen juntou as mãos atrás das costas e pensou sobre isso. Isso estava
fazendo uma nova lei para permitir que ele mudasse as leis.
Bizarro.
— Eu me pergunto quanto o Departamento de Defesa gasta em carpete,
— disse HM-3 irritado, examinando o chão. Droides preferiam superfícies
lisas. — Aqui está uma área onde eles poderiam economizar.
Enquanto caminhava, Jacen estava calculando quantas decisões simples
estavam atoladas em aprovações, mas teve a sensação de alguém tentando
chamar a sua atenção. Estava totalmente em sua cabeça: se perguntou se era
a voz de novo, e então percebeu que era seu bom senso gritando para ser
ouvido.
Você está mudando as leis sobre a mudança de leis. Pense nisso.
Jacen tinha apenas uma vaga ideia sobre o uso que poderia fazer disso
além de mover os suprimentos, mas parecia uma área promissora a ser
abordada.
— A que eu estaria limitado? — ele perguntou.
— Bem, tem que haver uma proteção contra falhas no texto ou você
nunca conseguirá que A e S concordem com isso, mas se eu limitar o
escopo disso, diga que o orçamento existente não pode ser excedido, então
isso os satisfaria.
A legislação era terrivelmente chata. Não, deveria ter sido. Mas algo
nele estava formando uma bola dura de uma ideia na mente de Jacen.
— Seria possível formular isso de forma que, se eu encontrar mais
alguma burocracia estúpida no processo, eu também possa mudar isso?
Mesmo que eu não saiba onde posso encontrá-lo? Não quero alguns
empregos que valha a pena reter suprimentos vitais porque não especifiquei
a subseção correta de algum regulamento obscuro.
— Isso tornaria um tanto... aberto.
— Mas é só administração. Não é a constituição ou uma carta comum.
O HM-3 acionou as suas engrenagens silenciosamente.
— Vou redigir de forma genérica para que você possa alterar qualquer
procedimento administrativo que precisar. A outra falha segura é que
apenas indivíduos autorizados podem fazer uso disso, e isso pode ser
limitado a quem o Chefe de Estado decidir. Portanto, não haverá gastos
excessivos com exércitos secretos, e apenas algumas pessoas muito visíveis
e responsáveis podem fazer uso disso. Isso vai tranquilizar os membros A e
S. — O HM-3 ficou em silêncio por um momento, consultando a conexão
de sua agenda. — Acho que depois de amanhã é um dia muito, muito
ocupado para A e S, senhor. Acho que a emenda será aprovada mais
rapidamente do que o normal.
Foi um bom dia para enterrar a Emenda do Estatuto Legislativo e
Regulamentação. Jacen sorriu.
— Você terá que me contar mais sobre como isso se encaixa na
legislação de medidas de emergência que o chefe Omas já promulgou.
— Explicação completa, ou...
— ...o sumário executivo do leigo, por favor.
— Vocês três podem fazer qualquer coisa que precisarem durante a
guerra. Com a almirante Niathal, vocês são efetivamente um triunvirato.
Ainda não ouvi o Senador G'vli G'Sil tomar nota disso, apesar de sua
posição como chefe do Conselho de Segurança. O Conselho de Defesa está
simplesmente concordando com tudo, quando realmente se reúne, é claro.
O pensamento pegou Jacen de surpresa. Tinha os seus próprios planos
para derrubar a galáxia, mas eles eram de grande escala, estratégicos e
focados na ordem, na justiça e na aplicação benigna do poderio militar. As
minúcias mesquinhas da burocracia nunca haviam passado por sua cabeça
como uma arma na batalha pela ordem.
Passou cinco anos aprendendo as técnicas da Força mais misteriosas da
galáxia, mas, novamente, não precisou usar uma única habilidade da Força
para ganhar poder desta vez. Era simplesmente uma questão de usar a
psicologia para manipular as pessoas ao seu redor.
Isso é o que torna os Jedi mais fracos e preguiçosos. Eles recorrem
instantaneamente às técnicas da Força, sem pensar.
O HM-3 não precisava lembrá-lo de olhar para a queda da República.
Em seu desejo de entender o ambiente que transformou o seu avô de
Anakin Skywalker em Darth Vader, examinou aquela última década.
Palpatine parecia ter agarrado a maior parte de seu poder por meio de uma
brilhante manipulação e compreensão das fraquezas das pessoas, não
simplesmente canalizando o poder do lado sombrio.
Jacen e o droide alcançaram as poderosas portas esculpidas do centro de
aquisição. Eram quase tão elegantes quanto as portas do escritório do chefe
Omas. Não, eles eram realmente mais opulentos. Jacen voltou-se para o seu
conselheiro jurídico infalível.
— Você acha que é errado sermos efetivamente um triunvirato, HM? —
Jacen perguntou. — Antidemocrático?
— Não estou programado para certo e errado, senhor. — HM-3 parecia
um pouco desapontado, como se Jacen não tivesse entendido totalmente a
complexidade de sua arte. — Só posso dizer o que é legal e ilegal, porque
têm definições. Direito não tem parâmetros. Justiça também não, nem bem.
A carne tem que tomar essas decisões.
— Carne toma uma decisão diferente a cada dia, meu amigo. — Jacen
colocou a mão nos controles, e o esplêndido relevo de uma antiga paisagem
urbana de Coruscanti se dividiu em duas para admiti-lo nos escritórios de
aquisição.
Eu posso mudar uma lei para me deixar mudar as leis.
Mas posso usar a lei que me permite mudar as leis para mudar a
própria lei?
Pensou por um momento que estava desfrutando de alguns segundos
infantis brincando de lógica circular. Então se deu conta de que acabara de
ter um insight de proporções significativas.
— Coronel Solo, — disse o chefe da agência de aquisições. Tav Vello
era um homem nervoso que parecia precisar de uma boa refeição. —
Encarreguei um dos meus assistentes de investigar a escassez. Pode ser
simplesmente um caso de atrasos no processo.
— Existe alguém à frente da frota ou da GAG nesta linha? — Jacen
perguntou.
— Nossos fornecedores têm outros clientes.
— Espero que estejam do nosso lado.
— Nós adquirimos nosso equipamento de aliados.
— Seu pessoal está se movendo o mais rápido que pode?
— Claro que estão, Coronel Solo. Também estamos procurando
maneiras de agilizar o processo.
Jacen sorriu.
— Eu também estou. — Ele olhou ao redor do escritório. Não era
folheado a ouro, mas esperava ver alguma evidência de falta de frugalidade.
— Agora, sobre os pacotes de serviço de canhão. As peças que precisam ser
trocadas com frequência. Pedi uma explicação de por que houveram tantos
erros de ignição.
Vello consultou seu datapad com o ar de um homem com uma defesa
muito boa, ou pelo menos uma desculpa robusta.
— Realizamos amostras aleatórias desses pacotes ontem para todas as
principais especificações de canhão, e os pacotes de serviço que compramos
são adequados.
— Mas não queremos. Queremos o melhor.
— Temos restrições orçamentárias, senhor.
— Essa decisão é tomada por um departamento?
— Existe um oficial sênior de compras, sim.
Jacen sabia que havia apenas uma maneira de focar as pessoas que não
entendiam bem o que significava adequado no campo. Virou-se para o
droide.
— H, sob os poderes atuais, existe um mecanismo pelo qual eu possa
cooptar pessoal civil para realizar pesquisas?
HM-3 zumbiu no limiar da audição normal de Jacen por alguns
segundos.
— Sim, senhor.
— Existe alguma restrição de localização e condições?
— Não, senhor.
— Isto é o que eu gosto de ouvir. — Jacen estava começando a
aproveitar o rico espaço para inventividade que os regulamentos lhe davam.
Eles não limitaram as suas opções em nada: elas criavam novas. Começou a
ver a alegria da letra da lei. — Gostaria de conhecer o diretor de compras
que assinou os pacotes de canhão.
Vello parecia um pouco confuso.
— Eu assumo a responsabilidade pelo que minha equipe faz, senhor.
— Isso é muito louvável, mas eu realmente quero entender o processo, e
isso significa conhecer as pessoas. A compreensão da situação da outra
pessoa é a chave para isso, eu acho.
Vello, ainda parecendo perplexo, foi chamar o oficial de compras por
meio de seu comunicador de mesa.
— Não, está tudo bem, — Jacen disse. — Eu vou até o escritório dele.
O HM-3 fez um clique inescrutável quando os três levaram o turbo
elevador para o andar de compras. Eles saíram da cabine para um escritório
aberto que poderia acomodar rebanhos errantes sem problemas. Bom. Jacen
queria uma audiência. Corações e mentes.
— Deixe-me apresentá-lo a Biris Te Gaf, — disse Vello. — Ele é nosso
diretor de compras sênior para suporte de engenharia.
Te Gaf estava visivelmente nervoso, e a sua equipe e colegas de
trabalho, principalmente humanos, mas Nimbanese, Gossams e Sy
Myrthian também, fingiam trabalhar enquanto observavam discretamente.
Jacen podia sentir a ansiedade penetrante por todo o andar. Gaf ofereceu
uma mão úmida para apertar, e Jacen usou todo o seu charme. Te Gaf tinha
muitos dados sobre por que o pacote de canhão era adequado para o
trabalho. Foi um preço muito bom, ele disse a Jacen.
— Mas temos falhas de ignição e vários problemas para resolver, —
disse Jacen. Ele verificou se todos podiam ouvi-lo, julgando sua atenção
pelas ondulações de curto alcance na Força e a sua linguagem corporal. —
Eu realmente gostaria de sua ajuda sobre isso. Estou pedindo que você faça
uma avaliação do pacote de canhão.
— Claro, Coronel Solo. Qualquer coisa que eu puder fazer para ajudar.
HM-3 inclinou-se para perto e sussurrou para Jacen.
— Artigo cinco, subseção C-vinte e sete.
— Fico feliz em ouvir isso. — Jacen sorriu para o oficial de compras.
— É por isso que, de acordo com o artigo cinco, subseção C-vinte e sete da
Lei de Medidas de Emergência, estou designando você para a nave da linha
de frente que teve mais falhas de tiro de canhão na frota, porque não há
lugar melhor para coletar fatos do que das pessoas que devem usar este
equipamento e no local onde devem usá-lo. — Jacen olhou ao redor.
Mesmo com a audição aprimorada pela Força, ele podia detectar muito
pouca respiração e nenhuma deglutição. — Estou mais do que feliz em
estender esta implantação de campo para qualquer pessoa que queira
entender melhor a experiência de compras dos usuários finais. Basta dizer a
palavra. Estamos sempre felizes em acomodá-lo. Na verdade, posso garantir
a você um assento ao lado do ringue para a ação.
Jacen sorriu com toda a doçura diplomática que aprendeu com sua mãe
e olhou ao redor da sala, sabendo que não seria abatido por voluntários. Te
Gef parecia chocado. Jacen sentiu que havia focado todos no significado de
seu trabalho de forma mais eficaz, e que agora eles sabiam o que
aconteceria se pensassem que o adequado era bom o suficiente.
Se você acha que é bom o suficiente, então é bom o suficiente para você
usar pessoalmente, na linha de frente.
O HM-3 seguiu Jacen para fora do prédio e eles pegaram um táxi aéreo
de volta à sede da GAG. Demorou um pouco porque o tráfego estava mais
pesado do que o normal, e quando Jacen voltou para o seu escritório, os
arranjos para transferir um civil, Te Gaf, Biris J., para a Oceano já estavam
sendo discutidos pelo pessoal da GAG. O cabo Lekauf e dois dos outros
soldados do Comando 967 o cumprimentaram como um herói na sala de
reunião.
— Foi uma boa limpeza que você fez lá, senhor, — disse um oficial,
sorrindo. — As peças do meu rifle já parecem mais eficientes.
Lekauf deu-lhe um sinal de positivo.
— Seu avô teria feito o mesmo, senhor. Boa jogada.
Neste quartel, isso foi um elogio honesto e não um aviso das tentações
do lado sombrio. Jacen preferia o julgamento de soldados comuns ao arcano
debate filosófico do Conselho Jedi.
Tudo vai mudar.
Não há mais guerras surgindo em cada geração.
Chega de políticos de carreira arrancando o que podem do sistema.
Não se fala mais em liberdade, o que significa apenas que um punhado
pode fazer o que quiser, enquanto o resto luta pela sobrevivência.
Não é de admirar que a velha guarda temesse os Sith, se era isso que
eles ameaçavam, o fim do caos que servia apenas a poucos.
Jacen devolveu o polegar para cima para Lekauf.
— Você ainda não viu nada.
HM-3 pegou um datapad.
— Vou mantê-lo informado sobre o andamento da emenda, coronel
Solo. Isso é tudo por hoje?
— Posso consultá-lo novamente. Você torna tudo isso mais fácil de
entender.
— Esse é o meu trabalho.
Jacen só queria verificar. Ele teve o germe de uma ideia.
— Coisa engraçada, leis e regulamentos, não são? Essa emenda dá a
mim, e a outros, é claro, a capacidade de mudar a própria lei alterada, não
é? É bastante circular.
O HM-3 não se importava com certo e errado: apenas legal e ilegal. Se
Jacen tinha planos de manipular a emenda para usos além de acelerar o
envio de suprimentos médicos, então o droide não considerava isso como
parte de sua missão.
— Sim, — disse o HM-3. — Isso é.
Jacen lidou com a pilha de relatórios de inteligência empilhados em sua
mesa com renovado entusiasmo. O ar estava vivo de iminência, de coisas
prestes a acontecer. Os pensamentos intermináveis de quem ele teria que
matar para conseguir seu sacrifício tinham desaparecido por um tempo, mas
eles estariam de volta. Nesse ínterim, ele tinha uma nova ferramenta para
efetuar mudanças.
Posso mudar a lei que me permite mudar as leis.
Se eu usar isso com sabedoria, posso ignorar o Senado quando
precisar.
O poder da simples razão humana era tão eficaz quanto a Força alguns
dias.

CASSINO QUEDA DE TEKSHAR, CIDADE DE KUAT, KUAT

— O que aconteceu com os clones? — perguntou Mirta.


Cidade de Kuat fedia a créditos. Fett nunca foi capaz de entender como
uma sociedade industrial cuja riqueza foi construída em engenharia pesada
ainda tinha uma aristocracia antiga. Lugar engraçado. Anacrônico. À sua
frente, a parte mais inteligente da cidade de Kuat brilhava, elegantes torres
e pináculos que pareciam um eco refinado do horizonte industrial de
guindastes nos estaleiros orbitais.
Conhecia bem Kuat. Uma vez salvou os seus estaleiros de uma tentativa
de destruí-los. Esperava que o lugar lhe mostrasse alguma gratidão.
— Bucha de canhão, — disse ele, finalmente respondendo a Mirta. Ele
parou a speeder bike perto de uma galeria de lojas elegantes. — Eles
morreram.
— Não o que eu vi. Ele disse que alguns deixaram o exército.
— A única saída, — disse Fett, — era a morte ou a deserção.
— Nenhum deles se aposentou?
— Depende do que você entende por aposentado. Ouvi dizer que alguns
acabaram em casas de repouso administradas por ativistas pela paz bem-
intencionados.
Mirta parecia estar descobrindo o que a aposentadoria significava para
os homens treinados para matar, que foram mantidos afastados da sociedade
normal e que tiveram um tempo de vida encurtado artificialmente. A leve
protuberância de seu queixo, um sinal claro de que ela estava aborrecida,
comunicava-se através do capacete. Havia tanta coisa que ela podia
esconder.
— Você já caçou desertores?
— Não. — Ele tinha visto muitos, no entanto. — Não fui pago o
suficiente.
— Você se importava com eles, Ba'buir?
Certo, ela encontra conforto em interpretar Mando. Mas nunca vou me
acostumar com esse nome.
— Realmente não.
— Eles eram os seus irmãos.
— Não, eles não eram. — Ele acenou pra ela sair da speeder. — Sangue
não é tudo. Você sabe que esse é o jeito Mando.
— Mas aposto que você vai adotar uma abordagem diferente com
aquele clone, — disse ela. — De que outra forma você vai conseguir que
ele o ajude? Batendo nele? Ele parece tão durão quanto você.
— Talvez eu apenas peça educadamente, — disse Fett. — Agora eu
preciso entrar no Tekshar e bater um papo com Fraig. Isso pode ser um
pouco inconveniente para ele.
O Queda de Tekshar era uma daquelas proezas arquitetônicas quase
impossíveis em que os Kuati se destacavam. Outros estabelecimentos na
galáxia tinham características de água impressionantes, mas o Tekshar era
uma cachoeira, uma torrente furiosa e martelante de um rio desviada a
grande custo para o centro de entretenimento da cidade. Ele fornecia sua
própria energia hidrelétrica, o que era bom devido à feroz variedade de
luzes que perfuravam as cortinas de água. O cassino ficava dentro da
própria cachoeira, parte construção, parte pedra natural, com torres
projetando-se na água como fungos de árvores. Para chegar à entrada, os
apostadores tinham que caminhar por águas que despencavam quinhentos
metros.
— Pena, eu acabei de fazer meu cabelo, — Mirta disse, solidamente
envolta em armadura da cabeça aos pés. — É assim que eles impedem a
ralé de entrar?
— Somos a ralé, — disse Fett. — E nós vamos entrar.
Fez uma pausa para invadir o banco de dados da polícia de Kuat a partir
de seu sistema do Visor de Informações. Eles não se importariam. Ele
estava apenas contribuindo para a lei e a ordem por aqui. Imagens de
canalhas, vilões mesquinhos e caras maus sérios, e garotas, rolavam pela
tela dentro de seu capacete. Ele esperou, e logo FRAIG, L, apareceu. Para um
rato da máfia, Fraig parecia surpreendentemente respeitável: rosto jovem e
cercado por cachos dourados que fariam uma mãe chorar. Fett suspeitava
que, se Fraig ainda tivesse mãe, já a teria vendido para um Hutt.
— Então você vai entrar, — disse Mirta.
— Eu só quero fazer uma pergunta a ele.
— Nunca é tão fácil assim, não é?
— Veremos. — Fett caminhou pela avenida arborizada que levava ao
sopé da cachoeira e se bifurcava ao redor dela. Apenas os estupidamente
ricos tinham tempo para jogar tão cedo. Dizia muito sobre a perspicácia
empresarial de Fraig. — Não há razão para ele ficar chateado. Apenas
verifique se o seu jato propulsor está preparado.
— Podemos estar partindo rapidamente, então, — disse Mirta,
acompanhando-o sem esforço aparente, um lembrete de que ele estava
diminuindo a velocidade. — Eles vão fazer barulho sobre nos deixar entrar
vestidos assim?
— É tudo uma questão de fazer uma entrada. — Fett limpou os
respingos de água do visor. — As pessoas geralmente acham o meu traje
aceitável. Cedo ou tarde.
Atravessou a ponte direto para a parede de água barulhenta e espuma
branca agitada. As quedas se abriram como uma cortina para criar um
amplo portal. Por trás, o cassino era um paraíso bem iluminado e
completamente seco.
— Muito impressionante, — disse Mirta.
Foi um bom truque executado por campos de força automatizados
acionados por um sensor de movimento. Mas era, como ele frequentemente
pensava, tudo uma questão de apresentação. Um pouco de teatro. Sempre
ajudou.
— Acompanhe, — disse ele.
O saguão do cassino era um estudo de opulência, como se alguém
tivesse apostado em quantos créditos poderia gastar em cada metro
quadrado. Era tudo o que Fett não gostava: revestimentos de parede
flocados, dourados, espelhos e iluminação de baixo nível, todas as
armadilhas da ilusão e difíceis de limpar também. O saguão se dividia em
duas seções, uma levando ao restaurante e a outra às mesas de jogo. Fett
consultou a sua carteira de investimentos por meio de seu Visor de
Informações. Ele observou EMPRESAS DE CONSTRUÇÃO TIRUAL.
— Não vamos causar muito dano, — disse ele. — Acho que tenho
ações neste lugar.
Havia um mordomo na recepção e alguns assistentes muito grandes,
humanos, Trandoshanos e Gran, andando em círculos lentos e ponderados
ao redor do grosso carpete roxo que arrastava as botas de Fett como
alcatrão. Nunca tinha visto um Trandoshano em um traje formal antes, e se
perguntou o que o pobre Bossk teria pensado disso. Também era incomum
ver um Gran nessa linha de trabalho. Ficou claro que nenhum deles estava
lá para ajudar os clientes a fazer escolhas informadas na lista de vinhos.
O comissário estava examinando uma tela em sua mesa, provavelmente
comparando a imagem de Fett com o banco de dados de convidados que ele
precisava reconhecer por um motivo ou outro. A julgar por seu súbito
vacilo, ele encontrou FETT.
— Você tem prova de identidade, senhor?
Fett tocou o seu blaster.
— Isso costumava funcionar bem.
O mordomo, humano, macho, totalmente feio, estava fazendo um ótimo
trabalho em não fazer xixi nas calças. Fett teve que admitir isso.
— Ah... não o vejo aqui há muito tempo, senhor.
— Vim visitar uma pessoa. — Fett indicou Mirta com um gesto de
polegar. — Com minha sócia.
— Essa visão exigirá reparos depois?
Fett jogou um chip de crédito de grande valor na mesa.
— Guarde o troco caso isso aconteça. Onde está Fraig?
Créditos conversados. Blasters também falavam, mas os créditos
também podiam sussurrar ameaçadoramente.
— Ele está organizando um jogo sabacc particular em sua suíte no
trigésimo andar, senhor. — O mordomo sorriu valentemente e estalou os
dedos para a ajuda contratada. — Vou avisá-lo que você está subindo.
O Trandoshano elegantemente vestido correu para a sua convocação,
parecendo ter escolhido a roupa errada para uma festa à fantasia.
— Leve... o... er... Presidente de Mandalore até a suíte do Mestre Fraig.
Todas as bebidas por conta da casa.
Então eles não entendiam bem o que significava ser Mandalore. Tudo
bem, porque Fett também não. Mirta conteve o riso, mas apenas Fett ouviu.
Ele mudou para o comunicador do capacete com um piscar de olhos.
— Então você tem ações aqui, Ba'buir, — ela disse.
— Dependendo de quantos convidados Fraig tem, posso precisar de sua
ajuda. Tente não matá-los, a menos que eles peçam.
— Sim senhor, senhor presidente!
— Gostava mais de você sem senso de humor.
Não desgostava de Mirta. Ela tentou matá-lo, mas isso foi há alguns
meses, e as coisas mudaram. Ela trabalhou duro e não estava atolada em
trivialidades fofas como moda e holo vídeos. Ela era forte em todos os
sentidos. Beviin, e Fett ouvia Beviin, disse que ela era uma verdadeira
Mando'a, uma sólida Mandaloriana, porque sabia atirar direito, cozinhar
razoavelmente bem e tinha os ombros de um armeiro. Mando'ade
valorizava o tipo de mulher de fronteira, não troféus decorativos que nem
conseguiam cavar uma trincheira defensiva.
Ela é como Sintas. Não tão bonita, mas ela é muito parecida com ela.
Não conhecia Ailyn há tempo suficiente para dizer se Mirta puxou à
mãe. Pecado. Eu costumava chamá-la de Sin, e ela me chamava de Bo.
Mirta tinha um apelido? O que Sintas disse a Ailyn sobre ele, e o que Ailyn
disse a Mirta, para gerar tanto ódio contra ele?
Fett voltou a sua atenção para o presente e seguiu o Trandoshano, ciente
de uma visão completa de 360 graus ao seu redor, a dor entorpecida em suas
entranhas e o fato de que quanto mais perto chegava da morte, mais ele
pensava nas pessoas que haviam não estava em sua mente há muito, muito
tempo.
As portas do turbo elevador se abriam para um piso do mesmo carpete
roxo grosso do saguão, com pequenos salões saindo dele. Mesas de jogo
chacoalhavam, estalavam e piscavam com vidas arruinadas e fortunas
perdidas. Mesmo através do filtro de seu capacete, podia sentir o cheiro do
amálgama enjoativo de uma centena de perfumes diferentes destilados de
plantas em extinção e partes de animais que nem queria pensar.
O Trandoshano os conduziu por um corredor até um imponente
conjunto de portas douradas, então bateu em retirada pesadamente. As
portas se abriram e Fett se viu frente a frente com um Hamadryas que
parecia não saber piscar. Atrás dele, um grupo de seis jogadores
esplendidamente vestidos, três humanos, duas humanas e um Weequay,
sentavam-se ao redor de uma mesa sabacc de moldura dourada com Fraig.
Havia mais dois pesos pesados parados nas portas da cozinha,
provavelmente em patrulha de bebidas.
— Mestre Fett, — disse Fraig, sem erguer os olhos da mesa. — Que
bom conhecê-lo.
Fraig tinha uma grande mão. Fett podia vê-lo embutido no visor da
mesa enquanto pairava sobre ele. Foi uma pena interromper. Os seus
convidados estavam tentando se concentrar no jogo sabacc, mas era difícil
dar atenção total às cartas quando havia dois caçadores de recompensas
fazendo uma visita inesperada. Todos eles encontraram motivos para ir à
cozinha para completar as suas bebidas enquanto os hamadryas observavam
em silêncio, com uma mão agora em seu coldre.
— Tenho algumas perguntas para você, — disse Fett. — Sobre o seu
predecessor.
— Depende do que você quer saber. — Fraig falava tão bem quanto o
seu cabelo era penteado. O seu pai gangster deve tê-lo mandado para uma
escola muito exclusiva. Mas ele não havia sido ensinado na arte sutil de
colocar a mão sob a mesa para checar discretamente seu desintegrador. Fett
esperava não ter que atirar no homem antes de obter algumas respostas. —
Espero que você não tenha sido enviado pelos associados de Cherit para
expressar seu descontentamento.
— Não vou matar você, — disse Fett. — Se eu fizesse isso, você não
seria capaz de me dizer as coisas. E eu quero que você me diga coisas. Sou
um homem curioso.
Os Hamadryas na porta já tinham seu blaster visível em seu cinto, mas
Mirta o havia coberto. Fett podia ver pela conexão do comunicador do
Visor de Informações que ela o estava observando, com os sensores do
capacete respondendo aos movimentos dos olhos dela.
Fraig deu de ombros.
— O que exatamente você quer que eu diga a você?
— O Mandaloriano que matou Cherit. Preciso encontrá-lo.
Fraig tinha o tipo de sorriso que se espalhava como uma rachadura no
gelo.
— Já me fizeram algumas perguntas sutis, mas essa é boa. Asseguro-lhe
que não ordenei a morte de Cherit.
— Eu não me importo se você enviou uma coroa de flores e cuidou de
sua viúva. Você sabe onde posso encontrar o homem que o matou?
— Vamos sair para a varanda? — Fraig gesticulou e pegou sua bebida.
— É um assunto delicado para discutir na frente dos meus convidados.
— Como quiser, — disse Fett, e decidiu instantaneamente para onde
estava preparado para ser manobrado. Pisar fora. Certo. Mirta ficou de
guarda nas portas abertas, mas o guarda-costas de Hamadrya tentou tirá-la
do caminho. Ele cometeu o erro de colocar a mão nas costas dela, e um
pouco baixo demais. Ela simplesmente ergueu o punho cerrado até a altura
do ombro e ejetou a sua vibro lâmina da manopla.
— Toque-me de novo, chakaar, e eu vou enfiar isso na sua artéria
carótida.
— Eu não tenho uma.
— Então terei que continuar te apunhalando até encontrar outro lugar
que sangre copiosamente.
Fraig interveio.
— Serku, não vamos aborrecer a senhora, certo? Deixe-a esperar onde
ela quiser.
Fraig estava cometendo muitos erros esta noite para um chefe do crime.
Era bom que Fett sempre presumisse o pior. Fraig pode ter pensado que
uma varanda reduzia as opções de Fett, mas não representava muito
problema para um homem com um jato propulsor. Fraig não tinha um. Ele
também não tinha uma linha de fibra.
Isso não demoraria muito.
Amadores.
Fett teve que lutar contra o desejo de explicar a Fraig como fazer isso
direito. Na varanda, as luzes da cidade de Kuat brilhavam através de um
véu de água corrente no crepúsculo. Uma saliência desviou a água a alguns
metros da face do edifício.
Fett apoiou uma das mãos no corrimão, fingindo desinteresse casual,
mas na verdade testando a resistência do metal. Ele lançou um olhar sobre
Fraig para estimar seu peso.
— Deixe-me repetir essa pergunta simples. Diga-me tudo o que você
sabe sobre o Mandaloriano que matou o seu predecessor.
— Não tive nada a ver com isso. Cherit incomodou muita gente. Risco
ocupacional.
— A pergunta ainda permanece. Aposto que a sua organização também
estava ansiosa para descobrir.
— Não sabíamos quem ele era. Tudo o que sabíamos era que ele tinha
rancor contra um certo clã Twi'lek. Fazemos negócios com Twi'leks na
indústria do entretenimento.
— Aposto que sim. — Fraig significava garotas Twi'lek. — Que tipo de
rancor?
— Ele não achava que estávamos tratando-os adequadamente.
Perdemos alguns artistas muito populares graças a ele.
Fraig era uma escória mentirosa. E o clone de armadura Mandaloriana
estava acertando as contas para alguns Twi'leks, mas ele não era um caçador
de recompensas. Outra conexão, então: pessoal, não profissional.
Tempo. Ele não tinha tempo para isso.
— Viu ele desde então?
— Não.
— Quer me dizer quem eram os Twi'leks?
— Por que você quer tanto esse homem? Tem que ser algo grande para
você estar caçando ele. — Fraig examinou as suas unhas bem cuidadas. —
Ou talvez alguns de meus associados lamentem a morte de Cherit, então
eles contrataram você para vir atrás de mim.
— No momento, não estou disponível para contratação. — Fett nunca
conseguiu entender por que eles não ouviam. Eles nunca ouviram o que ele
disse. Ele jogou direto e eles sempre procuraram um segundo significado.
— Quero o Mando inteiro. Preciso que ele faça algo por mim.
Fraig havia perdido sua chance. Fett mudou para o comunicador do
capacete e chamou a atenção de Mirta, que estava concentrada nele, e nos
Hamadryas, de qualquer maneira.
— Só vou ajudar nosso amigo a se lembrar de algumas coisas.
Material útil, cabo de fibra.
Fett disparou a linha em um giro de sua mochila e chicoteou em torno
de Fraig, enfiou o gancho entre as barras e o empurrou por cima do
corrimão. Demorou dois segundos. Fraig gritou, agarrando-se ao trilho
superior, mas uma boa pancada forte nos nós dos dedos com a coronha do
blaster fez o canalha se soltar. Fraig despencou e Fett se preparou para o
inevitável baque na amurada quando a corda acabou. Isso quase o deixou
sem fôlego. Fraig saltou e se contorceu no aperto estrangulador da linha,
ainda gritando. Fett manteve alguns metros de linha presos na reserva no
conjunto do guincho.
Mirta estava cuidando bem dos Hamadryas. Ela havia fechado as portas
transparaço para eles, mas o guarda-costas entalou seu corpo na abertura e
tentou disparar um blaster pela abertura. Seu braço estava preso. Fett
observou, impressionado, quando Mirta deu uma cabeçada no guarda pela
segunda vez, enfiou a vibro lâmina em sua coxa e o forçou, gritando de dor,
belo toque, a passar pelas portas de modo que elas se fecharam. Então ela
disparou alguns tiros nos controles.
— Faça isso rápido, Ba'buir. — Ela flexionou os ombros como se
aliviasse os músculos do pescoço. — As portas podem ser à prova de
explosivos, mas eles vão conseguir abri-las mais cedo ou mais tarde.
Fett espiou pela lateral. Fraig estava se contorcendo impotente como um
devee enganchado em uma linha de pesca, fazendo sons ofegantes. A linha
estava apertada em torno de sua cintura e peito. Ele estava pendurado
quinze metros abaixo da amurada.
— Não lute e tenha pensamentos calmos, — Fett falou. — Isso te ajuda
a lembrar. E vai impedir que você saia do circuito.
— Você está louco, vou cortar sua garganta por isso...
— Você está no fim da linha. Estou em terra firme. Pense nisso.
— Você é um homem morto.
— Perceptivo até o fim. Dê-me nomes, verme.
— Eu digo a você que não paguei o Mando. Fico feliz que ele tenha
matado Cherit, mas nunca o paguei para fazer isso...
— Tente novamente.
A voz de Fraig foi quase abafada pelo rugido da cachoeira atrás dele.
— Os Twi'leks eram de uma família chamada Himar.
— Bom começo. — Fett esticou mais um metro de linha com um
solavanco. Fraig gritou enquanto deslizava mais em direção ao permacreto,
pedra e água furiosa cem metros abaixo. — Isso está ajudando? A memória
muitas vezes precisa de um gatilho.
Himar. Qualquer Mando que se esforçasse para bancar o herói para um
casal de dançarinos seria conhecido na comunidade Twi'lek. Isso não
acontecia com frequência; ninguém mais se importava com o que acontecia
com as garotas Twi'lek. Fett tinha sua liderança. Teria um contato em algum
lugar, e se não tivesse, Beviin teria. Beviin não o pressionaria para descobrir
o porquê.
— Mais alguma coisa que você queira desabafar?
— Eu não conheço o cara, Fett. Mas eu sei que você vai se arrepender
disso.
Fett podia ouvir as batidas surdas e rítmicas dos guarda-costas de Fraig
tentando quebrar as portas.
— Se eu descobrir que você me deu um monte de lixo, voltarei para
terminar o trabalho.
Apoiou a bota no trilho inferior e começou a puxar o gangster. Mirta
estava ao lado dele com o seu blaster apontado para as portas.
— Você está ficando mole. Por que você está puxando-o de volta?
— Quero o cordão de fibra de volta. É o meu ultrafino favorito.
— Quando você pegá-lo na varanda, eu vou tranquilizá-lo...
— Então, de volta a Slave I. Percurso panorâmico.
— Você tem sorte de termos jatos.
— Eu não teria subido aqui se não tivesse. — Fett sentiu o suor brotar e
descer pela espinha. Isso teria sido uma tarefa mais fácil alguns anos atrás.
— E eu não teria subido muito acima de trinta andares de qualquer maneira.
— Por que?
— Linha de cem metros. No caso de eu ter que descer de rapel.
O rosto de Fraig estava a dois metros de distância agora. Ele parou de
gritar e se contentou com a respiração difícil.
— Não tenho uma linha de cem metros, — disse Mirta.
— Sorte que você tem jatos, então. — Ele jogou Fraig por cima da
amurada em uma pilha emaranhada e Mirta deu um soco circular que
derrubou o homem. Se aquele era seu tratamento com tranquilizantes, ela
era uma médica nata. — Hora de ir.
Mirta disparou em um ângulo estranho e se chocou contra o lençol
d'água à sua frente; não havia campo de força aqui em cima para separar as
cataratas. Quando Fett olhou para baixo, viu os velozes cruzando a praça
em ambos os lados do bulevar. Precisava pousar e encontrar a speeder bike:
os jatos eram ótimos para saídas rápidas, mas a chama tornava os dois alvos
visíveis no céu noturno.
A speeder ainda estava onde ele a havia deixado, armada com um
detonador e escondida nos arbustos à beira de um parque. Tanto o
analgésico quanto a adrenalina estavam passando ao mesmo tempo, e Fett
nunca esteve tão consciente do motivo de sua busca. Partiu para a pista de
pouso em alta velocidade pelas pistas de carga que tinham o tráfego mais
leve, observando que Mirta estava alegremente consertando um lançador de
granadas em seu blaster com as duas mãos e segurando a sela da speeder
com os joelhos. Parecia que ela estava acostumada a fugas rápidas.
— Você está indo bem para um homem morto, Ba'buir.
— Seu pai treinou você bem também.
— A maior parte disso aprendi com a mamãe.
— Bem... ela fez um bom trabalho.
Fett tirou uma das mãos das grades e ativou os controles remotos da
Slave I. Seus impulsos estariam preparados: poderia colocar a speeder no
porão de carga e sair deste planeta em um minuto. Em seu Visor de
Informações, ele já estava escaneando bancos de dados para aquele nome
de família Twi'lek.
Esta foi a única vez que ele se sentiu verdadeiramente, emocionalmente
vivo: quando estava ganhando, sendo o melhor, sobrevivendo. É isso? Isso
é tudo que posso fazer? Quase invejava os Beviins e Carids deste mundo,
que se deliciavam com coisas simples como boa comida e família. Mas
havia uma satisfação limpa e descomplicada com o perigo. Apagou as
preocupações, medos e memórias. Havia apenas o momento, e sobreviver a
ele.
Fett se concentrou em se sentir bem e ignorar a dor até o momento em
que seu retrovisor detectou os faróis da speeder se aproximando
rapidamente e Mirta se virou para apontar o desintegrador.
— Eles devem estar ligando em nosso curso, — disse ela. — Você acha
que são os soldados de Fraig ou a segurança?
— Não vamos chamar a atenção da polícia até que você dispare aquele
blaster. — Seus sensores de movimento mostraram dois velozes
perseguindo-os e dois vindo em sua direção pela direita no cruzamento à
frente. Outro single speeder se aproximava pela esquerda. Eles podem ter
sido cidadãos comuns com o azar de estar na mesma rota, ou podem estar
correndo para interceptá-lo. Se ele cronometrasse certo, poderia deslizar
entre eles e dar a Mirta um tiro certeiro nos velozes atrás. Ele disparou no
motor.
Fett contou os segundos. Estava quase na encruzilhada, mas não ia
conseguir. Da direita, um tiro à sua frente, e levantou o braço para dar uma
rajada de lança-chamas, mas o piloto caiu repentinamente para o lado e se
espatifou no chão sem que um tiro fosse disparado. Dois speeders indo para
o outro lado dispararam para evitá-lo. Fett observou o speeder que se
aproximava pela esquerda cortá-lo sem nem mesmo diminuir a velocidade.
Ouviu um estrondo alto, mas nenhum som de ba-dapp de um blaster
descarregando: eles colidiram? Tinham atropelado alguém que estava na
estrada errada na hora errada?
Mirta disparou uma granada.
— Peguei vocês! — Uma bola de fogo iluminou a noite. — Uma já foi,
falta uma. Recarregando.
— Não consigo ver a terceira speeder.
— Talvez eles tenham caído.
— Temos alguns minutos antes que a polícia se junte a nós, — disse
Fett.
— Ei, onde ele...
Houve um enorme som uoomp de uma explosão incandescente atrás
deles. Fett viu os detritos caindo quentes e vermelhos pelo retrovisor de seu
Visor de Informações.
— Bom tiro.
— Eu não. Não atirei.
— O que foi isso, uma epidemia de acidente?
— Acho que temos ajuda.
— Eu odeio ajuda que não pedi.
Mas ajudava, então ele respirou fundo com uma cautela relutantemente
grata. Talvez o seu benfeitor invisível os estivesse guardando para si
mesmo. Slave I estava parada entre dois cargueiros danificados, não
parecendo nada especial para quem não conhecesse a nave, apenas uma
velha Firespray em marcha lenta.
Fett pousou a speeder bike e correu para a nave. Quem mataria os
idiotas de Fraig para ele? Generosidade como essa tinha um preço. Fett
deixou Mirta para atracar a speeder no porão e subiu na cabine.
— Vamos, garota, o que está prendendo você? — Ele apertou os
interruptores do console e a Slave I ganiu com força total, um leve tremor
passando por sua fuselagem. Dizia seguro. Dizia casa. Era o som mais
reconfortante que ele conhecia. — Você tem vinte segundos antes de eu
fechar a escotilha de carga.
Não houve resposta, e assim que esse fato foi registrado, a luz de
advertência de entrada da Slave I piscou. Havia mais alguém a bordo. Os
sistemas não os reconheceram.
— Mirta? Mirta!
As câmeras internas de segurança não mostraram nada além da speeder.
Fett pegou o seu blaster e foi verificar. Mesmo através do filtro do capacete,
ele podia sentir um cheiro forte e oleoso que não sentia há anos.
Não conseguia identificar, mas sabia.
A speeder foi guardada. A escotilha estava aberta. Levantou o blaster e
se perguntou se deveria apenas selar a escotilha e lançar a Slave I, e se odiar
pelo resto de sua vida, o que restava dela.
Papai não teria deixado você encalhado. Ele teria arriscado qualquer
coisa por você.
Fett havia abandonado algumas pessoas ao longo dos anos. Ele até
deixou Sintas ferida na última vez que a viu, a última vez. Parecia a decisão
certa então.
E você se pergunta por que a sua filha e a sua neta tentaram matá-lo.
Fett ficou ao lado da escotilha. Seus sensores mostraram a ele duas
formas na rampa, uma humanoide e um animal cuja forma não estava
claramente definida. Ele contou até três e saiu, com o blaster e o lança-
chamas apontados.
Mirta, sem elmo, estava na cabeça de um Mandaloriano em armadura
cinza, e um grande animal de pelos dourados tinha suas enormes
mandíbulas travadas em volta de sua perna, deixando uma cortina de baba.
Não estava atacando: estava congelado, prendendo-a e fedorento.
E ela não parecia assustada. Apenas envergonhado.
Fett olhou para o cano de um rifle Verpine personalizado apontado com
uma mão e entendeu por que não ouviu nenhum tiro de blaster quando as
speeder bikes caíram do ar. Os Verpines ficaram em silêncio.
— Ora, Ora... — disse o Mandaloriano de armadura cinza. Ele
realmente tinha um belo par de luvas de couro cinza. — É a pequena
Bob'ika. Da última vez que nos encontramos, o meu irmão estava enfiando
a sua cabeça nos calouros para te ensinar boas maneiras. Para que você me
quer, ner vod?

SALA DE REUNIÕES DA GUARDA DA ALIANÇA GALÁCTICA, QG


DA GAG, CORUSCANT

Ben estava feliz por estar de volta entre as pessoas em quem confiava.
O mar de uniformes pretos pode ter sido uma visão sinistra para
algumas pessoas, mas para ele eles pareciam uma irmandade, como uma
família. Estava naquela rara posição de ser jovem o suficiente para ser
tratado como um dos soldados, apesar de sua posição de oficial, e gostava
disso. A sensação de camaradagem e o conhecimento de que todos
vigiavam as costas uns dos outros era reconfortante e emocionante.
Acomodou-se em um assento no final de uma fileira na sala de reuniões.
Um soldado chamado Almak o cutucou.
— Boas férias? Que bom que conseguiu nos encaixar em sua agenda
lotada, senhor.
— Mal podia esperar para voltar.
— Você não perdeu muito, — disse Almak. — Estive um pouco mais
quieto. Acho que quebramos a espinha dorsal das redes Corellianas.
— Sempre sinto falta das coisas boas.
Alguns dos outros oficiais na fila da frente se viraram em seus assentos
e se juntaram a eles.
— Vamos encontrar um pouco de emoção para você.
— Ou algum arquivamento...
— Os calouros precisam de uma boa limpeza. Aqui está uma escova de
dentes.
Ben sorriu e jogou uma bolinha de flimsi neles. Foi bom fazer parte de
uma equipe. Era bom ter amigos. Eles não o viam como o Filho de
Skywalker, Jedi a ser temido. Ele era só Ben, e eles cuidavam dele como
sempre pareciam fazer com os jovens oficiais de quem gostavam.
E eles nunca perguntaram onde ele esteve. Tudo estava em uma base de
necessidade de saber.
Mas a onda de bombardeios parecia ter acabado por enquanto. Era
apenas um caso de descobrir quem ficar de olho e reunir a seguir.
Corellianos, Bothanos... e agora Fondorianos.
O capitão Lon Shevu caminhou para o estrado na frente da sala,
parecendo mais comprometido do que nunca, mas Ben sentiu a relutância e
as dúvidas nele. Podia sentir isso em alguns dos outros soldados também,
geralmente aqueles que estavam no FSC. Jacen seguiu Shevu e recebeu a
atenção instantânea e total. Jacen podia fazer isso: Ben não tinha certeza se
o invejava ou não. Era interessante que parecia gostar de ser o foco dos
seres comuns, mas optou por se esconder dos sensitivos da Força. Era como
se quisesse ser visto apenas pelo mundo mundano.
Eu tenho que aprender a fazer isso. Mamãe diz que eu fazia isso quando
criança, mas era por instinto, como bebês nadando. Eu quero aprender
como fazer como Jacen faz.
— Breve pelas próximas quarenta e oito horas, senhoras e senhores, —
disse Jacen. — Estamos entrando em uma fase diferente. A prioridade agora
é procurar profissionais, agentes de inteligência da Confederação. Agora,
normalmente deixaríamos isso para nossos colegas da Inteligência da
Aliança, mas visto que temos todos os seus melhores agentes... — Aplausos
e risadas o interromperam. Ele fez uma pausa com um grande sorriso e
atendeu novamente. — ... visto que escolhemos a ninhada, estaremos os
ajudando. Também forneceremos proteção de perto para o chefe Omas e
ministros chave, para aliviar a FSC e monitorá-los. Os resultados do
interrogatório sugerem que podemos estar olhando para tentativas de
assassinato mais direcionadas e profissionais, como agentes do governo,
não só amadores descontentes e caçadores de recompensas.
Uma mão foi levantada na frente. Ben não conseguiu ver quem era.
— O que é monitoramento neste contexto, senhor?
Jacen piscou uma holo imagem na tela atrás dele. Mostrava um
diagrama das várias rotas pelas quais os ministros da AG poderiam ser
alcançados, física ou virtualmente: escritórios, endereços residenciais,
clubes privados, rotas para o Senado, comunicadores.
— Assim, — disse ele.
— Temos permissão para grampear os comunicadores dos senadores,
senhor? — perguntou Shevu.
— De acordo com a Lei de Medidas de Emergência, estamos
autorizados a realizar qualquer vigilância para prevenir atos de violência
contra ministros de estado e aliados visitantes.
O rosto de Shevu era ilegível, mas Ben sentiu a infelicidade aguda nele.
Agora, havia um cara que sabia como esconder o que estava pensando. Ben
se perguntou se essa era uma habilidade mais útil do que se esconder na
Força.
Escutar os comunicadores dos senadores não pareceu incomodar mais
ninguém na reunião. Ben também não conseguia ver o problema. Fazia
sentido, para a sua própria proteção. Jacen designou esquadrões para as suas
funções e houve discussão sobre suprimentos.
— Elabore uma lista de desejos, — Jacen disse, radiante. — Acho que
amenizamos a situação do abastecimento. Ou teremos, até o final desta
semana.
Houve uma onda de risadas.
— Você os convenceu a ver as coisas do seu jeito, senhor?
— Oh, eu só me certifiquei de que o flimsi estava em ordem...
Houve mais risadas e uma onda de aplausos. Por um momento, Ben
sentiu uma proximidade conspiratória entre Jacen e os soldados. Era
genuíno: Jacen não estava fazendo seu ato de carisma para persuadir as
pessoas a fazerem o que ele queria, embora fosse muito bom nisso. Gostava
da companhia de suas tropas, e elas gostavam da dele. Havia uma sensação
de perigo compartilhado e de que o resto do mundo não fazia parte de tudo
isso. Ben fez anotações mentais sobre a arte da liderança sem esforço.
A reunião acabou. Ben ficou para trás para falar com Jacen, recebendo
alguns comentários jocosos sobre a sua recente ausência enquanto os
soldados saíam, e dando o melhor que podia. Sentiu uma pressão repentina
na parte de trás da cabeça e, quando olhou em volta, Jacen o observava do
lado do estrado, sorrindo levemente.
— Eles gostam de você, — disse ele. — Isso é bom para um oficial,
desde que gostem de você pelos motivos certos.
— Não é importante ser respeitado em vez disso?
— O que é respeito, Ben?
Ben ponderou sobre a questão, percebendo nela um teste sutil.
— Pensar que uma pessoa faz algo certo, e que ela faz melhor do que
você, e então você se sente positivo em relação a ela.
— Excelente.
— Isso não é o mesmo que ser amado, não é?
— De jeito nenhum. Podemos respeitar aqueles de quem não gostamos,
— Jacen disse. — A maneira de ser amado por seus homens é este: eles
acreditam que você nunca passaria a vida deles de forma barata, que o bem-
estar deles vem em primeiro lugar e que você não pediria a eles para fazer
nada que você mesmo não faria. Compartilhar suas provações e triunfos
sem ser um deles, e eles sabem que é assim que tem que ser, porque sabem
que um oficial tem que tomar decisões que custam vidas, e isso é algo que
você só pode fazer se permanecer suficientemente separado.
Ben ainda não havia perdido um soldado do Comando 967. Na verdade,
eles não tiveram mortes ou mesmo ferimentos graves. Eles levavam vidas
encantadas no que dizia respeito ao resto dos militares. Não tinha ideia de
como se sentiria se tivesse que colocá-los em uma posição onde as mortes
eram inevitáveis.
Jacen pareceu ler a sua mente novamente.
— Até que você possa tomar essas decisões, você não está seguro para
liderar.
— Mas é mais fácil se você estiver preparado para morrer, certo? —
Ben de repente se sentiu muito melhor com o atentado de Lumiya contra a
sua vida. Ele sabia que era ela agora, juntando as peças do que tinha
acontecido em Ziost e o que mamãe tinha dito a ele. Mas estava tudo bem.
Podia olhar todos os do 967 nos olhos agora. — Porque se você está
disposto a fazer o mesmo sacrifício, isso é o que importa.
Jacen se inclinou para perto dele.
— Isso inspira. É o maior ato de honestidade com suas tropas.
Ben sabia que era assim que Jacen liderava e por que todos eram tão
leais a ele. Ele liderava na frente e adorava estar no meio da luta. O fato de
que, como um Jedi, ele tinha vantagens de sobrevivência, eles raramente
pareciam passar por suas mentes.
— Não sei para que lado vou pular quando chegar a hora, — disse Ben.
— Ninguém sabe. Mas tentarei fazer o que é certo para a maioria.
O sorriso de Jacen foi totalmente luminoso por um momento, mas
depois desapareceu como se ele tivesse se lembrado de algo terrível. A sua
presença na Força desapareceu por alguns segundos e depois voltou. Isso
era estranho, Ben pensou: Jacen estava parado ao lado dele, então do que
ele estava se escondendo?
— Você pode me ensinar a fazer isso? — Ben perguntou. — Esconder-
se na Força?
Jacen parecia abalado.
— Por que?
— Porque Lumiya está tentando me matar. Achei que poderia ser útil. E
por evitar mamãe e papai às vezes. Sim, seria útil. — Mamãe diz que tem
provas de que eu matei, que Lumiya pensa que eu matei a filha dela. Não
me lembro de nada do que aconteceu naquele asteroide, Jacen, mas talvez
não importe, porque Lumiya acredita nisso, e aposto que ela estava por trás
do que aconteceu em Ziost.
O rosto de Jacen estava cuidadosamente sem expressão. Ben não sabia o
que ele estava pensando agora, nem mesmo na Força.
— Sim, porque não? — Jacen disse. Sua voz era mais suave, quase
hesitante. — Não se preocupe com Lumiya. Ela não está disposta a matar
você.
— Quando podemos começar?
— É muito simples.
— Sim, — disse Ben duvidosamente.
— Não é. O princípio é simples, é a prática que é difícil. Pode levar
anos para dominá-lo. Jacen fez sinal para ele se sentar no chão. — Vamos.
Posição de meditação.
Ben se sentou de pernas cruzadas e fechou os olhos automaticamente,
respirando fundo e devagar até chegar ao estágio em que o mundo além
dele parecia distante e estava hiper consciente de seu próprio corpo, até
mesmo do movimento do sangue em suas veias.
A voz de Jacen parecia vir de outro tempo e lugar.
— Você está contido. O mundo não pode tocar em você.
— Sim.
— Agora quebre a casca. Quebre o recipiente. O tom de Jacen era
uniforme e suave. — Veja o mundo em seus átomos componentes. Veja a si
mesmo como átomos também. Encontre a linha onde você termina e o
mundo começa.
Ben visualizou a sala ao seu redor e o ar nela. Tornou-se uma nevasca
congelada de densidade variável, algumas partículas agrupadas, outras
dispersas; então olhou para dentro de si mesmo e viu a irregularidade
microscópica da superfície de sua pele, e as placas de queratina sobrepostas
em seu cabelo, e então além disso, onde ele era exatamente como o quarto
ao seu redor, uma tempestade de neve de moléculas. Parte da sala estava
dentro dele como oxigênio e poeira, e parte dele estava na sala como
fragmentos de pele e gotas de água.
Não havia linha. Não havia limite que separasse Ben Skywalker da sala,
ou de Coruscant, ou da galáxia. Fundiu-se com tudo, e tudo se fundiu com
ele. Não havia nada sólido: apenas um mar quente e flutuante de moléculas,
algumas das quais reunidas frouxamente e longas o suficiente para ser Ben
Skywalker.
— Então você pode fazer isso...
A voz de Jacen veio de muito longe. Ben de repente sentiu como se
estivesse se dissolvendo e nunca mais seria inteiro. O pânico tomou conta
dele. Ele abriu os olhos com um esforço enorme, como abrir uma rocha
com as próprias mãos, um esforço tão imenso que ele se viu ofegante.
— Ah... uau...
— Agora, — Jacen disse suavemente, — você vê porque a prática é
necessária. Mas nota máxima em técnica.
— Como isso me esconde?
— Você se mistura com o universo. Pense nisso como camuflagem da
Força. O truque é ficar tão confortável com isso que você pode entrar nesse
estado de ser... dissolvido, mas ainda continuar funcionando, totalmente
consciente.
Ben não conseguiu nem outro uau. Estava absolutamente determinado a
dominar a técnica e, ao mesmo tempo, assustado porque parecia uma morte
sedutora e confortável. Temia que pudesse afundar tão fundo nisso que
nunca mais sairia.
Foi o mais perto que já chegou de saber e sentir o que era a Força.
Sentiu que nunca mais seria o mesmo, ou veria o mundo da mesma
maneira.
Uau.
Se ao menos todo o seu conhecimento da Força tivesse se manifestado
tão rápido e vividamente.
— Você precisa praticar regularmente, — disse Jacen.
Ben assentiu, preocupado em parecer muito entusiasmado. Era mais do
que apenas uma maneira útil de fugir de seu pai agora. Valeu a pena
perseguir por direito próprio, pela pura sensação disso.
— Eu vou, — disse ele. O momento de revelação extática havia passado
e ele se sentiu estranhamente gelado. — Alguma ordem para mim? Ou vou
apenas ouvir os comunicadores agora?
— Ah, tenho uma missão para você.
— Gostou do Amuleto? — Talvez ele não devesse ter dito isso, mas ele
se sentiu mal com a coisa toda, como se não tivesse sido apenas um
desperdício da vida de um homem, mas também não fosse tão importante
quanto ele foi levado a acreditar. Ele odiava ser bem-humorado. — Eu
posso lidar com a verdade, Jacen. Você ficaria surpreso.
Jacen estava em toda compostura serena.
— Eu tenho um trabalho que só você pode fazer, e é crítico. Você pode
não querer aceitar a missão.
— Se é uma ordem, é uma ordem.
— É melhor ouvir primeiro. — Jacen enfiou a mão em sua jaqueta e
tirou um datapad. — Leia isso. São as fontes originais das informações que
recebi, então você pode julgar por si mesmo.
Ben pegou o datapad e estudou a tela. Haviam transcrições de conversas
de comunicador e até imagens granuladas de uma reunião tiradas de um
ângulo tão estranho que deve ter sido capturada por um droide espião em
um local muito estranho, provavelmente em cima de um armário. Homens
em trajes e túnicas caras, bebendo caf e conversando em voz baixa: um
homem com cabelo escuro bem cortado, mais jovem que Jacen. Ben o
reconheceu como Dur Gejjen.
— Aquele é o primeiro-ministro Corelliano, — disse ele.
— Essa é toda a informação coletada de nossos contatos dentro dos
escritórios do governo Corelliano. Leia.
Houve uma discussão sobre criar uma barreira entre Hapes e a Aliança
Galáctica. Parecia a manobra política usual que sempre entediava Ben até
que ele começou a ler frases recorrentes, como Rainha Mãe e vendo as
desvantagens de se aliar à Aliança.
E então houve referências à remoção de obstáculos. Tudo se encaixou
quando passou para a próxima holo imagem e viu a discussão sobre os
caçadores de recompensas apropriados e quem poderia estar disposto a
operar na casa real Hapan.
Ben podia estar entediado com a política, mas entendia melhor do que
imaginava e sabia que precisava fazer isso se quisesse sobreviver.
— Isso é sobre Tenel Ka.
— Correto.
— Gejjen realmente planejou o ataque contra ela, então.
— Correto. Finalmente temos evidências concretas e, portanto,
podemos agir.
Ben deveria ter se sentido ultrajado, sabia, mas o que o encheu foi o
desespero de que as pessoas achassem tão fácil e tão necessário conspirar
para matar umas às outras. Estava acontecendo com sua própria família e
com ele, e estava acontecendo entre chefes de estado.
Eles eram todos loucos. Eles perderam toda a razão. Ou era assim que o
mundo adulto realmente funcionava, fazendo todas as coisas estúpidas,
cruéis, destrutivas e impulsivas que eles juravam ter superado?
— O que você quer que eu faça? — Ben perguntou, bastante certo de
qual seria a resposta.
— Assassine Gejjen. — Jacen esfregou a testa com cansaço. — Ele é
uma parte do trabalho e vai desestabilizar os nossos aliados. Não há como
negociar com um homem que rotineiramente recorre a assassinatos
patrocinados pelo Estado como esse. Os Corellianos precisam saber que
podemos alcançá-los e pegá-los também. Deixá-los um pouco sóbrios.
Muito arrogante.
— Mas não é isso que estamos fazendo? Como nosso assassinato é
diferente do deles? Isso não vai apenas levar a mais assassinatos?
— Você quer fazer isso pelas regras? Certo, ligue para a Segurança
Corelliana e denuncie Gejjen por conspiração de assassinato. Ah, e por ter
assassinado Thrackan Sal-Solo também, mesmo que não possamos chamar
o meu pai no tribunal para testemunhar isso. Vamos ver com que rapidez
eles o prendem.
— Eu sei...
— Você não precisa fazer isso. — Jacen tinha aquele tom ligeiramente
ferido que dizia exatamente o oposto. — Mas você provou que era
competente em operações secretas quando atingimos a Centerpoint, e você
pode se aproximar de Gejjen com muito mais facilidade do que um grande
comando cabeludo como Duvil. Você pode parecer um adolescente
inofensivo.
Eu sou um adolescente... e geralmente sou bastante inofensivo. Mas
Jacen tinha razão. Se alguém fosse fazer isso, e o fato de Jacen ter
mencionado isso significava que ele já havia se decidido, então Ben tinha a
melhor chance de chegar perto o suficiente de Gejjen sem ser visto.
Jacen olhou para ele, com a cabeça ligeiramente de lado, com aquele
quase sorriso que dizia que ele tinha certeza que Ben iria dizer sim.
— Não posso exatamente pedir a Boba Fett para fazer isso, posso? —
Jacen disse calmamente.
— Eles estão apostando em como e quando ele vai tentar matar você. —
Um oficial não deve pedir aos seus soldados que façam algo que ele
próprio não faria. Não posso deixar isso para um dos 967. — Certo. Eu
concordo que Gejjen está podre até o âmago. E assim que pudermos tornar
isso público... o mandado contra o tio Han e a tia Leia será arquivado,
certo?
— Não posso, Ben. Jacen suspirou. — Todo mundo sabe que eles não
tiveram nada a ver com o ataque. Mas eles ainda estão trabalhando para
Corellia, e não posso suspender os mandados de prisão só porque são da
família. É assim que começa a corrupção. Além disso, que exemplo isso dá
às tropas? Eles confiarão em nós novamente se os oficiais quebrarem as
regras para a família?
Ben foi lembrado mais uma vez de que não puxou ao pai, que teria
insistido em prender Gejjen.
Era um trabalho sujo, mas já deveria ter percebido isso. Não poderia
entregá-lo a outra pessoa se quisesse se considerar um homem, ou a um
oficial.
— Eu enviarei você com um bom reserva, — Jacen disse. — Shevu e
Lekauf. Nossos contatos em Corellia estão acertando a hora e o local. Você
terá que estar pronto para partir a qualquer momento.
Ben se perguntou como deveria matar Gejjen. Parecia um sacrilégio
usar um sabre de luz. Ele se concentrou nos aspectos práticos e na logística,
refletindo brevemente sobre onde o golpe aconteceria, o quão perto ele
poderia chegar e o que funcionaria melhor, blaster, projétil ou algo mais
exótico.
Lá estava a lâmina vibratória de sua mãe, mas Ben não tinha certeza se
teria estômago para usá-la a sangue frio. Só sabia como defender a si
mesmo e aos outros, não como caçar com o único objetivo de matar.
— Você pode fazer isso, — Jacen disse, que sempre parecia conhecer
seus pensamentos. — As mesmas técnicas que você já usa, apenas uma
mentalidade diferente. Vá falar com a equipe de atiradores.
A melhor pessoa que poderia ter consultado sobre os pontos mais
delicados do assassinato era a sua mãe, que já foi a Mão do Imperador, a
melhor assassina de sua época. Ei, mãe, um tiro na cabeça é melhor? Toque
duplo ou triplo? Você acha que um blaster silencioso é uma opção melhor
do que um sabre de luz?
Ben sabia que era uma conversa que ele nunca poderia ter.

Jacen assistiu Ben sair da sala de reuniões e respirou fundo. Era tudo o que
podia fazer para manter a respiração estável e não deixá-la se transformar
em um soluço.
Eu não posso fazer isso.
Eu não posso matá-lo.
Se a Força tivesse deixado as coisas mais claras, explicado
explicitamente o que tinha que fazer, ir aqui, matar isso, recitar aquilo,
então poderia ter sido mais fácil. Não saber que era insuportável; sem saber
se estava lendo demais nas interpretações incertas de borlas com nós, nos
pronunciamentos vagos de Lumiya, em paralelos com o seu avô que talvez
nem existissem. Sabia que o seu destino era ser um Lorde Sith com mais
certeza do que qualquer outra coisa, mas foi esse teste final que o deixou
num tumulto agonizante.
E se eu estiver errado? E se Lumiya estiver errada? E se não preciso
matar ninguém, e mato Ben porque não consegui traduzir uma profecia
estúpida direito?
A profecia dizia: Ele eternizará o seu amor.
Dizia muitas outras coisas também, como se fosse um animal de
estimação. Ainda não tinha nada fofo, escamoso ou emplumado em seu
nome, e era exagerado aplicar isso ao fiel cabo Lekauf, que o serviu tão
abnegadamente quanto o seu avô serviu a Vader.
Imortalizar não precisa significar matar.
Mas não tinha ideia do que mais isso poderia significar. Isso, essa era a
pior coisa sobre o ensino Sith. Não havia só duas interpretações possíveis
de qualquer coisa, mas três, quatro, cinco...
Então, só os Sith lidam com absolutos, não é, Obi-Wan? Você disse isso
a Vader, ou então Lumiya disse. Seu mentiroso. Os Sith lidam com tudo,
menos absolutos, porque...
Porque a própria vida era assim. Um milhão de escolhas a serem feitas
livremente, todas elas a serem vividas, e exigindo a coragem da convicção.
Apenas uma pista. Como eu vou saber? Qual será o sinal?
Lumiya também não sabia, ou se soubesse, não iria ouvir. Jogos
suficientes; adivinhação suficiente. Tudo isso dependia de seu julgamento.
Estou procurando por sinais e presságios como uma cartomante Ryn.
Tem que ser mais racional do que isso.
E era.
O comentário de Ben sobre a conversa que eles acabaram de terminar
saltou em sua mente.
Um oficial tem que tomar decisões que custam vidas.
Foi para o bem da maioria, disse ele. E se Ben podia pensar nisso, então
Jacen tinha que pensar também.
Pensou, ativou as travas de segurança nas portas da sala de reunião,
sentou-se em um canto com a cabeça apoiada nos joelhos.
Quando levou a mão ao rosto, encontrou-o molhado de lágrimas.
Capítulo Cinco

A principal barreira para fazer a Aliança Galáctica falar com


sentido é Jacen Solo. Ele leva o chefe Omas pelo nariz e torna
a almirante Niathal pior ao encorajar as suas tendências de
choque curto e agudo. Tire-o do caminho e as coisas se
acalmariam o suficiente para contornarmos Omas. Acho que
vou ter uma conversa de estadista para estadista com ele... em
particular.
— Dur Gejjen, primeiro-ministro Corelliano, em discussão privada

ALIANÇA GALÁCTICA XJ7, NO ESPAÇO NEUTRO ENTRE


CORELLIA E CORUSCANT

Mara se perguntou se valeria a pena inventar uma história para Jacen sobre
por que precisava pegar um XJ7.
Olha, Jacen, é o seguinte. Você se transformou num bandido desde que
Lumiya entrou em cena, e a bruxa está tentando matar o meu filho, então
que tal eu fazer o que faço de melhor e matá-la para o bem de todos nós?
Adoraria dizer isso a ele. Mas ainda não sabia quem eram os cúmplices
de Lumiya dentro da GAG, e Jacen não gostou das dúvidas sobre a sua
preciosa polícia secreta. Ele não estava sendo útil. Ele nem parecia acreditar
que Mara e Luke haviam encontrado evidências convincentes das conexões
da GAG de Lumiya.
Jacen pode ter sido um Jedi talentoso, mas também pode ser um idiota
muito humano. Ou pelo menos pensou nesses termos mais benignos antes
do desastre de Gilatter VIII. Nunca imaginou que Jacen deixaria os seus
pais para morrer.
Mara tentou o comunicador de Leia novamente, pulando de frequência
em frequência para o caso de estar sendo rastreada. Velhos hábitos custam a
morrer, e não queria que a Mulher Louca Dois, Alema, a pegasse, ou a Leia.
Ou... talvez ela tenha.
— Não podemos continuar nos encontrando assim, — disse a voz de
Leia. Ela riu, e isso foi bastante notável dadas as circunstâncias. Ela não
tinha muito do que rir. — Tenho que te dar uma senha?
— Confiarei em você. — Mara checou a tela da cabine, observando a
mudança de frequência no monitor em barras multicoloridas de luz. — Você
está bem?
— Para uma mulher em fuga, estou indo muito bem.
— Não sei por onde começar.
— Tente, Ei, o seu filho te abandonou mesmo pra ser aspirado pelo
vácuo? Porque essa seria minha primeira pergunta...
— Sinto muito, Leia, sinto muito. Mas vou acabar com isso. Tire
Lumiya da equação e acho que você verá uma grande melhora na atitude de
Jacen.
— É onde você está agora?
— Estou tentando descobrir como Lumiya se movimenta. Esqueça todo
esse lixo de chicote de luz. Vou encontrar a nave dela e terminar o que Luke
começou. Eles estão sempre vulneráveis em trânsito.
A extremidade da conexão de Leia ficou quieta por alguns momentos.
— Quer que eu jogue a isca?
— Você não acha que já passou por coisas demais ultimamente?
— Posso garantir que Alema apareceria se eu pedisse educadamente, —
disse Leia. — E talvez Lumiya não estivesse muito atrás.
— Vou te dizer uma coisa, por que não atiro em Ben e me certifico
disso?
— Mara...
— Desculpe. Não quero expor você a mais nenhum risco. Mas se eu
puder inventar uma maneira mais segura de explorar o fato de que nenhuma
dessas malucas pode ficar longe de nós, eu o farei.
— Vamos precisar quebrar esse vínculo em breve, — disse Leia.
— Certo. Olha, eu tenho que ver Jacen mais cedo ou mais tarde. Você
quer que eu seja direta com ele? Perguntar a ele por que ele fugiu quando
você veio para salvá-lo?
Mara não conseguia pensar em uma única coisa que Jacen pudesse
dizer que soasse plausível, mas ela não queria fazer Leia se sentir pior do
que ela. Minha culpa de qualquer maneira. Eu o defendi quando Luke
estava me dizendo que estava escurecendo. Se eu tivesse visto o que estava
na minha frente e agido então, as coisas poderiam ser diferentes agora.
Ela tinha pensado isso sobre Palpatine também. Ela estava gastando
muito tempo olhando para trás e não o suficiente se preocupando com o
aqui e agora. O passado não podia ser mudado, apenas o futuro.
— E se ele disser a você, — disse Leia, — e for um motivo que eu não
goste de ouvir?
— A sua chamada. — Quanto pior tem que ficar antes de você aceitar
que ele está tratando você pior do que lixo? Mara tentou imaginar como se
sentiria se Ben emitisse um mandado de prisão contra ela ou a deixasse em
uma estação espacial ventilando a atmosfera. Isso a devastaria, mas ela o
aceitaria de volta em um piscar de olhos. Não, não havia nenhum conselho
que pudesse dar a Leia sobre o seu filho rebelde. — Mas eu quero saber de
qualquer maneira, já que Luke e eu estávamos lá para ajudá-lo também, e
perdemos o nosso tempo.
— Tudo o que posso dizer é fazer o que você sentir que deve para pegar
Lumiya. Então veremos como trazer Jacen de volta ao redil.
— Se eu encontrar Alema, vou guardá-la para você.
— Gostaria disso.
— Achei que você gostaria.
— Cuide-se, Mara.
A conexão de Leia caiu. Mara teve que presumir que ela e Han estavam
em Corellia, e isso significava que Alema não poderia alcançá-la tão
facilmente.
Cuidar-me. Ah eu vou. Tenho uma vantagem que você não tem, Leia,
que é a escuridão. Eu estive tão escuro. Fui treinada por um Lorde Sith. Eu
posso pensar como eles.
Pelo menos Leia não fez nenhuma piada sobre Luke não ter aproveitado
a oportunidade para acabar com Lumiya. Às vezes, quando pensava na
cunhada, Mara lamentava o seu próprio temperamento e desejava poder
aprender um pouco daquela diplomacia de aço.
Mara virou o XJ7 e verificou o transmissor de Ben novamente. Ainda
em Coruscant. Isso não garantia a sua segurança, mas pelo menos poderia
localizá-lo. Ampliou sua tela no rastreamento, e as coordenadas foram
resolvidas em uma grade e depois em bairros e skylanes. Ben estava no QG
da GAG. Ela poderia localizá-lo com precisão dentro de três metros.
Ele gostou da lâmina vibratória que lhe dera. Sentiu-se mal por não ter
contado a ele que abrigava um transmissor passivo de longo alcance, e que
a salvou mais de uma vez porque o usou como um farol, mas isso era só um
detalhe. Era uma arma soberba, então não era mentira.
A vibro lâmina marcada garantia que soubesse exatamente onde Ben
estava o tempo todo agora.
Ele nunca o notaria. A GAG achava que tinha o melhor equipamento,
mas tinha alguns dispositivos que podiam passar por eles, usando
tecnologia, frequências e relés mais antigos que eles nunca detectariam. Um
sistema de vigilância usando a tecnologia mais sofisticada não procurava
dispositivos quase tão básicos quanto um código piscando com um pedaço
de espelho quebrado. A tecnologia pode ser cega. Se eles examinassem
Ben, encontrariam apenas o código do comunicador, não o sinal escondido
nele, porque não tinham a extremidade ativa da conexão do transmissor. Ela
tinha.
Tinha mais um transmissor sobrando e o estava guardando para um dia
chuvoso.
Desculpe, querido. Tinha que fazer isso.
Voltou a sua atenção para Lumiya. Agora Lumiya estava aparecendo em
confrontos com a Confederação. Talvez todos estivessem olhando na
direção errada e Lumiya estivesse trabalhando para Corellia.
A última vez que a tinha visto no resort satélite, Ben não estava nem por
perto, mas Jacen estava. Quem Lumiya estava perseguindo, Ben ou Jacen?
Se a presença de Lumiya estava fazendo Jacen esquecer o que era ser um
Jedi, então talvez Mara também precisasse ficar de olho em Jacen.
Isso era mais fácil dizer do que fazer. Precisava tentar uma abordagem
mais direta ali, talvez falar com ele pelo menos uma vez. Ninguém mais
conseguiu. Era difícil fazer Jacen ouvir, e ainda mais difícil contatá-lo nos
dias de hoje. Ele interpretou o segredo da polícia secreta literalmente.
Então algo desapareceu da Força.
Ben...
Era como uma forma passando rapidamente por sua visão periférica, e
um ruído de fundo familiar parando abruptamente, deixando um zumbido
morto e sem som nos ouvidos.
Ben se foi...
Ben havia desaparecido da Força.
A mão de Mara estava nos controles para pular para o hiperespaço e
voltar para Coruscant em alta velocidade quando a sensação de seu filho
voltou como se o som tivesse sido ligado novamente. O seu estômago
revirou.
Talvez seja eu.
Ele já havia feito isso antes quando era um garotinho, assustado com a
última guerra, aquela contra os Yuuzhan Vong. Foi descontrolado e
instintivo. Mas o que Mara acabara de vivenciar parecia algo mais
deliberado. Quando se concentrou nele, ele se sentiu bem, não, mais do que
bem. Ele se sentiu eufórico.
Isso ainda a incomodava. Traçou um curso para casa e antes de pular,
sentiu-o desaparecer e voltar novamente.
Ele parecia... encantado. Podia sentir a profunda admiração nele. Então
ele estava fazendo isso deliberadamente. Nenhum filho dela iria fazer
aquela façanha com ela: estava farta de Jacen fazendo isso sem que Ben
aprendesse a se esconder na Força também. Voltaria para checá-lo, mas
escolheria a hora certa para confrontá-lo sobre a sua nova habilidade.
Talvez ele não vá além de rajadas curtas.
Mas ele era o Ben, e o Ben provou ser capaz de feitos surpreendentes.
Ele dominaria isso, tudo bem. Simplesmente sabia disso.
De repente, não se sentiu tão culpada por dar a ele uma vibro lâmina
marcada. Uma mãe tinha que se manter à frente do jogo de alguma forma.

PISTA DE POUSO DO LADO SUL, CIDADE DE KUAT

— Então, — disse o clone. Ele pôs Mirta de pé e a espanou, e ela tolerou.


Seu animal a observava com olhos amarelos avermelhados, e ela agarrou o
capacete de onde ele o havia deixado cair, esperando que a criatura saltasse
sobre ela. — Que parte de ficar fora do meu caminho você não entendeu?
Mirta abriu a boca para dizer o que pensava, mas Fett interrompeu.
— Legal da sua parte aparecer, mas podemos continuar essa discussão
em outro lugar?
— Ah, o todo-poderoso Mand’alor. Pendurar um chefe de gangue em
uma sacada no centro da cidade. Sim, isso é sutil. — O clone acenou para o
animal entrar no compartimento de carga, onde jazia ameaçadoramente
como uma tempestade distante. Era a coisa mais feia que Mirta já tinha
visto: pêlo dourado solto que fazia parecer que a sua pele era muito grande
demais para ele, seis pernas e uma boca verdadeiramente medonha de
presas. — Obrigado por chamar a atenção de todos.
— Eu estava procurando por você, — disse Fett. Ele fechou a escotilha.
— Temos de ir. Cale a boca e proteja-se para a decolagem.
— Você está me sequestrando?
— Você prefere bater um papo e tomar uma xícara de caf enquanto
esperamos a polícia de Kuat e todos os canalhas de Fraig aparecerem?
— Certo, eu peguei o speeder emprestado de qualquer maneira. Mais ou
menos. Fazemos assim, deixe-nos em Coruscant e seguiremos o nosso
caminho. — O clone agarrou o seu capacete com as duas mãos e o tirou.
Ele não parecia menos intimidador, mas depois de alguns segundos ele
abriu um sorriso inesperado que o transformou completamente. Ele se
parecia mais com o irmão de Fett do que com seu irmão gêmeo, nem um
pouco idêntico. — Dizem que há alguma semelhança de família, mas eu
mesmo não vejo...
Fett parou por um momento revelador e então se dirigiu para a cabine.
Mirta não tinha certeza se deveria dar um soco no clone ou agradecê-lo por
ter aparecido.
— Qual é o seu nome? — ela perguntou.
— Jaing Skirata. Você?
— Mirta Gev. — Então ela percebeu que não teve o impacto necessário.
— Neta de Fett.
Jaing ergueu as sobrancelhas e começou a rir. O animal ergueu a cabeça
e ganiu. Mirta foi até a cabine para se preparar para a decolagem, infeliz
com as risadas que ainda soavam por trás dela.
— Você deixou que ele emboscasse você, — disse Fett.
Mirta fervia.
— Eu não o peguei em meus sensores e nem mesmo o vi vindo até
mim. Ele me achatou antes que eu pudesse matá-lo.
— Facada?
— Você está aprendendo.
— E você não está. — Fett apertou os controles e Kuat se reduziu a um
disco abaixo deles. — Você não verificou visualmente. Não confie na
tecnologia do capacete o tempo todo.
— Ei, você também não o viu. Deve ser uma armadura furtiva.
— Ele é um Nulo. — Havia alguma história ali, ela podia ver isso. —
Eles eram clones de operações secretas. A tentativa dos Kaminoanos de
melhorar o genoma do meu pai para clonagem. Você pode ver que não
funcionou.
— Ele diz que seu nome é Jaing. E eles realmente te forçaram a abaixar
a cabeça...
Fett apenas virou a cabeça. Ele ainda usava o capacete e, embora poucas
coisas assustassem Mirta ultimamente, ele tinha um jeito de ser
glacialmente lento e silencioso que era perturbador. Ela estava apenas
tentando fazê-lo falar, procurando o homem há muito enterrado lá dentro.
Era uma esperança perdida. Ela agarrou o console à sua frente enquanto
Fett digitava as coordenadas para Coruscant, 000, e a Slave I saltou para o
hiperespaço.
— Jaing não é tão ruim quanto eu pensava, — Mirta disse.
— Eram todos casos psiquiátricos. — Considerando que ele
provavelmente não os via desde criança, a lembrança de Fett parecia
dolorosamente vívida. — Eles dizem que Jaing rastreou Grievous na guerra.
Mestre assassino, franco-atirador, pé no saco. Não o subestime.
— A penúltima guerra, você quer dizer.
— É tudo uma longa guerra para mim.
Era hora de calar a boca, decidiu. Fett estava apoiado no assento do
piloto, parecendo desconfortável; poderia ser dobrado para baixo para que o
piloto pudesse ficar nos controles ou levantado para formar uma saliência.
Ele geralmente optou pelo último. Teve a sensação de que ele estava com
muita dor para se sentar.
— Curso definido, — disse ele. — Vamos falar com ele.
Mirta pegou outro analgésico, agarrou a sua mão e colocou a cápsula
em sua palma.
— E quando o deixarmos em Coruscant, você verá o Doutor Beluine.
Certo?
Fett grunhiu. Isso era o mais próximo que chegaria de um acordo. Podia
ver o seu medo de fraqueza mortal.
— Ainda não estou totalmente dependente das drogas, — disse ele. —
Todo o tempo que sinto dor, sei o quanto progrediu.
Jaing estava sentado de pernas cruzadas no convés do compartimento de
carga, cara a cara com o animal, que estava olhando em seus olhos e
fazendo pequenos gemidos, resmungando, como se estivesse tentando fazê-
lo entender alguma coisa. Ele parecia alheio ao seu cheiro. Ambos olharam
em volta quando Fett e Mirta passaram pela escotilha.
— O que ele é? — perguntou Mirta.
— Você está perguntando a mim ou ao Lorde Mirdalan? — Jaing
ergueu os dedos enluvados na frente do rosto do animal, algum tipo de sinal
que chamou atenção instantânea e o fez cair no convés. Jaing se levantou.
— Ele é um isso. Strills são hermafroditas. Prometi ao último dono de Mird
que cuidaria dele quando ele passasse para o manda. Strills vivem muito
mais do que nós.
— Já ouvi falar deles, mas nunca vi nenhum.
— Eles estão quase extintos em Mandalore. Mird... bem, você pode
dizer que é uma operação secreta. Vi muita ação de comando em algumas
guerras.
Fett enfiou os polegares no cinto naquela pose de estou farto de esperar.
— Quando vocês dois terminarem a aula de natureza...
Jaing tinha mais linhas, menos cabelos grisalhos e uma constituição
mais pesada do que Fett. Mirta podia ver os músculos do pescoço dele. E
ele não tinha cicatrizes. Parecia um homem que passara muito tempo ao sol
sem capacete e que rira muito. Geneticamente, este era Fett, mas eles não
poderiam ser mais diferentes.
— Não sou lindo? — Ele sorriu, e ela percebeu que estava olhando para
ele.
— Uma visão, — disse Fett amargamente, e tirou o capacete.
— Acho que envelheci melhor, Bob'ika.
— É o fato de você ter chegado a essa idade que me interessa.
— Então por que você me quer? Precisa de um empréstimo? Você está
procurando por mim há semanas, porque eu tenho ouvido todo tipo de
pessoa falando sobre mim...
— Estou morrendo, — disse Fett.
Jaing mastigou a notícia, com a cabeça ligeiramente para o lado.
— Sinto ouvir isso. Você não é o único clone que teve um fim
prematuro.
Fett geralmente ia direto ao ponto. Agora ele ficou em silêncio por um
tempo, com os músculos da mandíbula se contraindo. Mirta se perguntou se
ele ficou magoado com a rejeição. Adivinhou que ele estava preparando a
coisa mais difícil que já tinha a dizer.
Ele estava.
— Quero a sua ajuda, Jaing.
Jaing apenas olhou para ele. O olhar continuou por um longo tempo.
Mirta se perguntou quem cederia primeiro. Então foi um pouco longo
demais.
— Oh, pelo amor de fierfek, — ela suspirou. — É a clonagem. Os
tecidos dele estão quebrando e ele tem tumores. Ele precisa saber o que
impediu você de envelhecer com o dobro da velocidade, porque o médico
dele não pode ajudá-lo e nem os Kaminoanos, nem mesmo a Taun We.
Fett franziu ligeiramente os lábios.
— Foi que ela disse.
— Então Taun We ainda está forte, também, a velha isca aiwha. Ora,
ora. — Jaing olhou Fett de cima a baixo. — Você teve problemas com a sua
perna, eu ouvi. Teve que fazer um transplante. Sim?
— Você está muito bem informado.
— Ainda sou um fã de Tipoca de coração. Eu mantenho contato com os
eventos no velho país.
— O que eu tenho que pagar para você parar de se vangloriar e me dar o
que eu preciso?
— Sem ofensa, mas você pode enfiar os seus créditos onde a sua
armadura não chega, Mand’alor.
— Você ainda não sabe do que eu preciso.
— Posso adivinhar.
— Pesquisa de Ko Sai. — Fett lançou um olhar penetrante para as luvas
de Jaing. — Porque eu sei que você o encontrou. Você certamente a
encontrou.
— Você ganha mais com mel do que com seiva azeda, Boba. Não
aprenderam nada ao empurrarem a sua cabeça no banheiro?
Fett não tinha ideia de como pedir ajuda. Mirta não tinha certeza se era
alguma bravata masculina ou apenas que nunca aprendera, mas não estava
indo muito longe com Jaing, que parecia igualmente duro e obstinado.
— Você pode ajudá-lo? — ela disse. — Gedet'ye? Mandalore precisa
dele vivo, e eu também.
O clone ainda estava olhando para o rosto de Fett.
— Lembra-se de liderar uma força imperial contra as tropas clones em
Kamino?
Fett assentiu, totalmente impassível.
— Sim.
— Você não sentiu que éramos uma família naquela época.
— Também não vi nenhum de vocês defendendo os seus irmãos.
— E você depôs Shysa, seu hut'uun. O homem que nos colocou de pé
como povo. Onde você estava quando o Império estava nos sangrando?
Hut'uun era o pior insulto que qualquer Mando poderia lançar contra
outro, mas Fett não pareceu notar ou se importar. Mirta descobria mais
sobre o passado obscuro de seu avô todos os dias. Portanto, não havia razão
para sentir que a sua mãe e a sua avó haviam sido escolhidas por seu total
descaso: ele não dava a mínima para ninguém, exceto para o seu pai, que
parecia ter sido elevado a um ícone de perfeição desde a sua morte. Então
Ba'buir lutou contra os seus próprios irmãos. Talvez ele não tivesse visto a
ironia. Se tivesse, suspeitava que ele fazia questão de olhar para o outro
lado.
— Não tenho orgulho de nada que fiz, — disse Fett, sem nenhum
indício de emoção na sua voz. — Mas também não tenho vergonha de nada.
Eu apenas faço o que tenho que fazer. Você não sabe o que aconteceu entre
mim e Shysa, e talvez nunca saiba.
— Ele estava lá quando precisávamos dele, — disse Jaing. — E você
não estava. Isso é tudo que eu preciso saber.
Fett nem sequer piscou.
— Acho que você não vai entregar os dados de Ko Sai, então.
Jaing olhou para Mirta como se sentisse pena dela. Perguntou-se como a
sua vida poderia ter sido diferente se Jaing tivesse conhecido Sintas Vel em
vez de Boba Fett.
— Não há nenhum dado, — ele disse finalmente. Ele ainda estava
olhando para ela, não para Fett. — Desculpe, garoto.
Fett nem piscou.
— Então você deve ter tomado todas as suas vitaminas, porque já
deveria estar morto.
— Eu não disse que a pesquisa não existia. Estou dizendo que nós a
destruímos depois que pegamos o que precisávamos.
Fett absorveu isso lentamente. O coração de Mirta afundou daquela
forma conflituosa que agora, parte dela desesperada para encontrar uma
razão para amar seu ba'buir, e metade dela desejando que Leia Solo não
tivesse bloqueado seu tiro quando ela tentou matá-lo.
Faça alguma coisa para me fazer perdoá-lo. Por favor. Qualquer coisa.
— Você poderia ter feito uma fortuna com ela, — disse Fett.
— Não queríamos que fosse usada novamente. Sempre.
— Você não pode parar a clonagem. Você nunca poderá.
— Não, mas fizemos um estrago nos Kaminoanos. Isso é melhor do que
nada. Eu não gosto de Kaminoanos.
— Eu consigo perceber. — Fett olhou para as finas luvas cinza de Jaing.
— Mas já trabalhei para piores.
— Eles te pagaram. Eles nos criaram como animais. — Jaing parecia
ter se lembrado de algo satisfatório. — Então Taun We ainda está viva. Eu
sempre me perguntei isso.
— Deixe-a em paz, Jaing. Ela está velha agora.
— Eu também, não graças a ela. Então, quanto tempo você tem de vida?
— Um ano. Talvez dois, se eu tiver sorte.
— Quanto tempo antes de você ter que entregar o comando?
— Não sei.
— A última coisa que Mandalore precisa no momento é um vácuo de
poder.
Mirta viu um vislumbre de esperança.
— Então ajude-o, Jaing.
— O melhor que posso fazer é uma amostra de sangue, — disse ele. —
Mas acho que você vai entregá-lo aos Kaminoanos, Boba, ou os seus
médicos o farão, e realmente não ficaríamos muito felizes com isso. De
jeito nenhum.
— Nós? — Mirta sentiu que estava se dando melhor com Jaing. Ela
usaria a sua vantagem como neta inofensiva e trágica. Se Jaing não
cooperasse, ela poderia encontrar um de seus irmãos que o faria. —
Quantos de vocês ainda restam?
— Você não precisa saber disso. Olha, eu também tenho netos, Boba, e
bisnetos. Tenho família em Mandalore. Então eu me importo com o que
acontece quando você se for. Assim que ele disse isso, tornou-se uma
realidade terrível para ela, e se perguntou se teria o mesmo impacto em seu
avô. O grande Boba Fett está de saída. — Por mais que me doa, seu bu'ad
aqui está certo, Mandalore precisa de você no futuro previsível.
Fett fez um ótimo trabalho parecendo entediado. Talvez ele estivesse.
Mirta duvidava. Ele estava negociando por sua vida e, se Fett era alguma
coisa, era um sobrevivente. Ele não sabia morrer graciosamente como todo
mundo.
— Então eu fico com o sangue se eu mantiver os Kaminoanos fora
disso.
— Não é tão simples, — disse Jaing.
— Nunca é.
— Você me dá sangue e amostras de tecido, e eu vou preparar algo para
você. Se eu puder.
— E eu devo confiar em você.
— Tanto quanto eu devo confiar em você. E nem pense em tirar uma
amostra de mim da maneira mais difícil.
— Certo. — A mandíbula de Fett se contraiu novamente. — Obrigado.
Ele fez soar como uma língua estrangeira, estranha e desconhecida em
sua boca. Mirta resistiu ao impulso de reagir. Muito bem, Ba'buir. Foi tão
difícil?
Jaing ainda não havia terminado.
— Há uma condição, é claro.
— Sempre há. — Fett cruzou os braços. — Qual é?
— Leve os seus shebs de volta para Mandalore, ouça o conselho de
Kad'ika e construa um estado forte, unido e estável. Prove que você é
metade do homem que Jaster Mereel e Fenn Shysa foram. Tudo o que você
quer fazer é imitar o seu velho, Boba. Mas você está com muito medo de
ultrapassá-lo, não é? Você não pode ser melhor do que Jango. Isso nunca
serviria.
Mirta se encolheu. Mencionar o pai sem a devida reverência parecia ser
a única coisa que realmente irritava Fett. Sua voz não mudou, mas ele
descruzou os braços com cuidado lento.
— Meu pai, — disse Fett, — finalmente destruiu o Olho da Morte. Esse
é o legado dele para Mandalore.
— Rixa sectária. Irrelevante para a vida da maioria dos Mando'ade.
Agora, você vai me dar uma amostra?
— Que coisa científica você tem acesso que eu não tenho?
— Algumas coisas, — Jaing disse suavemente, — não podem ser
compradas. Eu tenho os meus recursos, acredite em mim. Tem um kit
médico com uma faca afiada?
— Sim.
— Tire um pouco de sangue, então.
— Eu farei isso — disse Mirta.
Com Fett, não se tratava simplesmente de arregaçar as mangas. Ele
tinha tanto equipamento em seus antebraços que Jaing acabou segurando o
lança-chamas, o conjunto do chicote e vários projéteis. Fett era um arsenal
sobre pernas. Mirta não esperava que ele recuasse quando finalmente
encontrou uma veia, e ele não fez isso. Os poucos momentos em que
aplicava pressão no vaso sanguíneo com o polegar para estancar o
sangramento depois eram os mais longos de sua vida, porque ele não olhava
nos olhos dela, e isso a lembrava de que poderia tocá-lo e ainda não
alcançá-lo.
Jaing segurou o frasco de sangue rubro-negro contra a luz e o admirou.
— Isso vai servir bem. Dê a ele alguns doces por ser um garoto
corajoso, Mirta.
— E agora? — Fett perguntou, impassível.
— Você me deixa em casa, e eu vou deixar você saber o que temos.
— Como?
— Vou entregá-lo pessoalmente em Keldabe.
— Melhor se apressar, então. Ou você pode chegar a tempo do meu
funeral.
— Oh, eu estarei de volta, assim como muitos outros Mando'ade. Você
nos chamou, lembra? Você nos pediu para voltar para casa. — Ele se virou
para Mirta. — Quando o velho chakaar morrer e eles dividirem a sua
armadura, certifique-se de pegar o lança-chamas. Porque as suas placas são
duse. Nem mesmo é o beskar adequado.
Então Jaing não estava fora de contato com os eventos em Mandalore, e
ele pensou que a armadura de duraço de Fett era um lixo. O strill
aproximou-se de Jaing e bocejou extravagantemente com uma expressão
que dizia que estava totalmente desapontado com a discussão. Mirta podia
sentir o hálito dele, o que, estranhamente, não era nada desagradável.
— Como essa coisa caça se tem um cheiro tão forte? — perguntou Fett.
Jaing curvou e bagunçou as dobras do pescoço de Mird.
— Só humanoides podem sentir o cheiro. E não seja tão duro com Mirta
por ter caído em uma emboscada, Bob'ika. Poucas pessoas conseguem lidar
com um strill adulto que se aproxima deles. Essas coisas voam, sabe.
— Eu não tenho animais de estimação. — Fett parecia à beira de uma
concessão. — Se você quer algo para comer, a cozinha passa por aquela
escotilha.
Jaing abriu uma bolsa em seu cinto e tirou algo seco e escuro que
parecia tiras de couro. Ele jogou uma tira para Mird e mastigou uma. —
Estamos bem, obrigado.
Levou alguns segundos para Mirta entender o que estava acontecendo.
Ele não quer deixar nenhum DNA. Ele é ainda mais astuto do que você,
Ba'buir.
Fett se virou e voltou pela escotilha. Mirta esperava que os dois homens
encontrassem algo mais sobre o que conversar, mas o fato de
compartilharem um genoma claramente não significava nada. Ainda
assim... este era um parente. Este era seu parente, um tio-avô, mesmo que
Mandos não se importasse com a linhagem tanto quanto a maioria das
espécies. A metade Kiffar dela se importava muito com isso.
— Eu me sinto mal por você, garoto, — disse Jaing. — Eu também me
sinto mal por ele, suponho. Mas, além de alguma admiração por suas
habilidades, acho que ele é a pior desculpa para um Mando'ade deste lado
do Núcleo. Por outro lado, ele vence, e precisamos de vencedores. E o meu
pai esperava que eu o ajudasse, sem fazer perguntas.
Jaing falava como se viesse de uma família totalmente diferente, não de
uma cuba que continha os cromossomos duplicados de Jango Fett. Ele tirou
uma faca de três lados do prato do antebraço e cortou a carne seca em
pedaços menores, totalmente à vontade.
— Jango não é quem você quer dizer com 'pai', é? — disse Mirta.
— Não. — Jaing sorriu melancolicamente para si mesmo por um
momento. — Os genes não contam. Você já deveria saber disso. O homem
que me adotou era o meu sargento de treinamento. O melhor homem que já
existiu.
Jaing parecia ter vindo de uma família muito mais feliz, uma coisa
estranha para um clone trooper.
— Parece que estou contrariando a tendência de crianças dedicadas, —
disse Mirta. — Eu tentei matar o meu avô.
— A sua mãe também, pelo que ouvi. Boba obviamente tem esse toque
mágico com as mulheres.
— Você parece saber tudo sobre mim, mas eu não sei muito sobre você.
Jaing apenas sorriu.
— Esse é o meu trabalho, querida.
— Então por que você se envolveu com a gangue de Cherit por causa
dos Twi'leks?
— Outra promessa que fiz há muito tempo. — Ele mastigou, olhando
ligeiramente para além dela, lembrando-se. — Eu costumo mantê-las.
Ele continuou mastigando, ocasionalmente jogando pedaços para Mird.
E foi isso. O silêncio desceu. Pensou que ele poderia falar sobre a sua
família em Mandalore, todos os parentes não descobertos que agora
descobriu que tinha, mas ele não falou.
Mirta percebeu que não conseguiria mais nada dele e não queria parecer
carente. Voltou para a cabine, acomodou-se no assento do co-piloto e
apertou o coração de fogo contra a placa do peito. Mesmo que não lhe
dissesse nada, ainda era uma conexão com a sua mãe e avó.
— Você já está farto dele? — perguntou Fett.
Queria pensar que Jaing havia dado alguma esperança a Fett e levantado
seu ânimo, mas era difícil dizer.
— Sua armadura é realmente um lixo? Por que você não usa ferro
Mandaloriano adequado, como Beviin diz...
— Não abuse da sorte. Eu deixei você enfiar uma agulha em mim. Essa
é a sua diversão do dia.
Isso o animou. Mirta sabia. Esperava que não só os “recursos” não
especificados de Jaing surgissem, mas que Boba Fett se redimisse para que
seu único parente não fosse alguém que ela desejava que fosse outra pessoa.

QG DA GAG, CORUSCANT
Jacen não queria parecer muito interessado nos procedimentos do Conselho
de Política e Recursos. Se ele aparecesse para a reunião e sentasse na
galeria reservada para aqueles cidadãos valentes que realmente se
preocupam com as minúcias do governo, ele poderia causar perguntas.
Por outro lado, pode ter sido visto apenas como um coronel intrometido
e microgerenciador que colocou o bem-estar de suas tropas acima de
escolas, saúde e transporte.
Isso era bom pra ele. Era exatamente assim que agia.
Mas discrição era necessária, então permaneceu na QG da GAG e
mudou para o canal HoloNet que transmitia os procedimentos do Senado.
Lumiya já deveria estar lá. Esperou que a holo câmera para a galeria
pública e viu, como esperava, uma mulher em um traje sóbrio e cocar
velado. Ela também não era a única. Os véus foram considerados muito
chiques este ano. Ela não chamou atenção alguma.
A emenda HM-3 aos regulamentos de aquisição era o Item 357 em uma
agenda de 563 ajustes incrivelmente chatos e mudanças nas leis que Jacen
nem sabia que estavam nas regras de estatutos.
Vou ter que delegar muito quando estiver... no comando. Uma equipe de
administradores escolhida a dedo. Liderados por HM-3, eu acho.
A sessão já havia começado, e os senadores que estavam felizes em
fazer o pequeno trabalho de rotina, e não serem notados, estavam no Item
24, tendo uma parte particularmente misteriosa da legislação sobre resíduos
perigosos explicada a eles. Jacen desligou o áudio e configurou o monitor
para alertá-lo quando o Item 357 estiver ativado. Então ele começou a ler
mais relatórios da inteligência, com as portas de seu escritório
escancaradas.
Quase sempre mantinha as portas abertas. Isso tranquilizava as tropas.
Dizia-lhes que era um oficial acessível, sempre disposto a ouvir.
Mas Jori Lekauf espiou para dentro, com as botas ainda firmes no lado
do corredor das portas, como se houvesse uma barreira marcada TERRITÓRIO DO
OFICIAL, NÃO PASSE.
— Senhora no portão de segurança pedindo para vê-lo, senhor.
Jacen, distraído, apalpou a Força para ver quem poderia ser.
— Mara Skywalker.
Lekauf sorriu.
— É ótimo o jeito que você pode fazer isso, senhor.
— Não recebo muitas mulheres para me ver, então poderia ter
imaginado... — Jaina não viria visitá-la, não sem que sentisse o seu
ressentimento e desconfiança marchando à sua frente como uma vanguarda.
E não teria sido Tenel Ka. Sentia falta dela, e sentia falta de Allana ainda
mais. Eu não tenho que matá-las. Eu saberia se tivesse que fazer, não é? —
Traga-a para dentro.
— Sim, senhor. — Lekauf virou-se para partir.
— Lekauf...
— Senhor?
— Você já considerou uma patente?
— Não tenho certeza se tenho perfil de oficial, senhor..
— Eu acho que você poderia ser. Não estou forçando você, mas
precisamos de bons oficiais subindo nas fileiras, porque teremos um papel
desafiador nos próximos anos.
Lekauf parecia duvidoso.
— Estou disposto a tentar, senhor.
— Excelente. Vou pedir ao ajudante que resolva a
papelada. Provavelmente teremos que adiar o curso de estado-maior até que
a situação de segurança esteja mais estável, mas tenho certeza de que Shevu
ou Girdun ficarão felizes em orientá-lo. E você poderá ficar de olho no Ben.
Ele realmente confia em você.
Lekauf piscou, mas não havia expressão em seu rosto.
— O capitão Shevu cuida muito bem de mim. Vou aprender muito com
ele.
Falácias diziam muito. Lekauf não era ingênuo, apesar de sua aparência
alegre de colegial. A sua evitação cuidadosa do nome do capitão Girdun
confirmava as observações de Jacen de que o ex-homem da Inteligência não
era um oficial popular com tropas do lado militar e da FSC. Os espiões
tinham esse efeito. Shevu viera da FSC, gente familiar, visível e confiável
que você ficava feliz em ver em uma crise.
Jacen não podia arcar com as divisões.
— Você também pode fazer bem ao capitão Girdun. É interessante
como um bom aprendiz cria um professor melhor.
— Obrigado, senhor. — Lekauf não mostrou uma centelha de reação.
— Vou mostrar a entrada para a sua convidada.
Jacen manteve um olho na holo tela silenciosa enquanto examinava os
relatórios, um dos quais encaminhou para a atenção imediata de Niathal, os
Bothanos tinham uma nova classe de fragata entrando em serviço em
questão de dias. A reunião da A&S chegara ao item 102. Um dia agitado:
muita conversa estava acontecendo. Abriu seu comunicador e mudou o
sinal para o pequeno ponto no fundo de seu ouvido. Lumiya tinha um
receptor oculto em seus implantes cibernéticos e o ouvia nas profundezas de
seu crânio, silencioso como um pensamento.
Usou o nome falso dela, o mesmo que usou na frente de Ben. Era
bastante comum. Também ajudava a evitar escorregões acidentais.
— Você os está ajudando a tomar decisões, Shira?
— Dar a eles um senso de urgência, isso é tudo. Não que eles não
tenham almoços chiques em mente.
— Parece que alguém problemático leu as agendas com antecedência?
— Não tanto quanto eu possa ver. Mas não se preocupe. Eu posso lidar
com isso.
Jacen sentiu Mara se aproximando pelo corredor, como um pequeno
tornado de determinação. Ao contrário de Lekauf, ela entrou direto. Jacen
projetou um verniz de bom humor cansado na Força e sorriu para ela.
Ela olhou para a holo tela.
— Isso parece emocionante.
— Só certificando-se de que resolvemos nossos problemas de
abastecimento. — Esconder-se à vista era sempre a melhor opção,
descobriu Jacen. — Uma emenda para que possamos cortar a burocracia e
conseguir o equipamento certo para o nosso pessoal. Tem sido um problema
para as tropas.
— Eu sou a favor disso. — Mara se sentou na cadeira bamba em frente
à mesa dele, Jacen acreditava em ser visto para não gastar dinheiro consigo
mesmo, e cruzou as pernas. Ela passou a usar uma jaqueta cinza que mais
parecia um traje de batalha, uma indicação de seu estado de espírito
ultimamente. — Eu vim por causa de Ben.
— Ele está indo bem. Ele está indo muito bem, na verdade.
— Você certamente o concentrou. Um jovem bastante responsável
agora. — Mara olhou para as portas abertas como se elas a incomodassem.
— Vamos direto ao ponto. Eu sei que Lumiya está tentando matá-lo. O que
quer que ele tenha feito ou não, Lumiya acha que ele matou a filha dela.
Agora, visto que também encontramos evidências de que Lumiya tem um
espião na GAG, isso me preocupa um pouco. Muito um pouco. Se alguma
coisa acontecesse com meu filho dentro da GAG, eu ficaria muito mal,
acho.
Ah. Ela resolveu? Mara realmente viu o que está por vir? Jacen sentiu
um momento de desânimo ao se perguntar se este último mistério sobre seu
caminho era transparente para todos. Ela era a Mão de Palpatine. Se
alguém do Conselho Jedi puder vê-lo, ela o verá.
Jacen conseguiu projetar preocupação genuína. Sua conexão ainda
estava aberta: Lumiya podia ouvir tudo isso.
— Eu investiguei isso e posso garantir que não encontrei nada para
apoiá-lo.
— Ben está por aí? Não o vejo muito ultimamente.
Ben estava patrulhando, em buscas de rotina por armas. Mara não
precisava saber disso.
— Ele está fazendo uma pesquisa pra mim.
— Tudo bem, — disse Mara. — Só estou te pedindo para ter em mente
que não é a Confederação que provavelmente ameaçará a vida dele, e
mesmo que você não ache que Lumiya tenha alguém de dentro em suas
fileiras, então estou assumindo que ela tem até que eu esteja convencida do
contrário. — Ela se levantou lentamente, e Jacen estava à beira de acreditar
que ela podia ver o que estava acontecendo. — Apenas pergunte a si mesmo
qual membro da GAG se aliaria a Lumiya. Não tenho certeza se você o
veria, estando tão perto dele.
Jacen esperava ouvir algum suspiro ou outra reação de Lumiya, mas ou
ela estava mais preocupada com a aprovação da emenda ou não conseguia
ouvir afinal.
— Eu certamente farei essa pergunta, tia Mara, — ele disse. — Apenas
tenha em mente que Ben está aprendendo a cuidar de si mesmo.
— E você?
— O que você quer dizer?
— Bem, se ninguém mais vai dizer isso na sua cara, eu vou. O que está
acontecendo com você, Jacen? Por que você fugiu de seus pais assim?
Certo, há um mandado contra eles, mas...
Jacen se perguntou por que demorou tanto para alguém confrontá-lo.
Esperava que Jaina fosse a primeira, dado o seu perpétuo mau humor com
ele, mas Mara provavelmente sentiu que a sua defesa dele agora a fazia
parecer estúpida.
— Minha culpa, — disse ele. — Achei que eles estavam bem e
poderiam ficar em segurança, então decidi chegar onde poderia fazer a
diferença na batalha, minha nave.
— Certo, disse Mara. — Apenas um lapso de julgamento.
— Eu sou humano.
— Todos nós temos momentos em que nosso julgamento nos
decepciona. Eu certamente tenho. — Mara deu a ele um sorriso pouco
convincente, virando-se para as portas. — Obrigado pelo seu tempo.
Ela sabe.
Ela sabe porque é inevitável, e isso prova que tem que ser Ben.
Não eram os seus pais, ou Tenel Ka, ou Allana. Era o Ben. Perguntou-se
quanto tempo poderia continuar encarando o garoto, sabendo disso. Como
isso aconteceria? Teria que matá-lo a sangue frio? Ou eles terminariam em
algum confronto violento, onde a morte era muito mais fácil de lidar?
A voz de Lumiya era um sopro em seu ouvido. Se alguém a ouviu, ela
soou como qualquer burocrata tendo uma conversa discreta com a conexão,
não um Sith planejando o maior golpe de todos os tempos.
— Acho que o meu ex-colega vai me procurar agora, com a máxima
reprovação.
Jacen fechou as portas com o seu controle remoto.
— Foi você quem planejou o ataque a Ben em Ziost, não foi?
— Ele nunca será o seu sucessor. Ele não tem o que é preciso para ser o
seu aprendiz. É meu dever retirar os inaptos.
— Fique longe dele de agora em diante. Você foi longe demais e acho
que Mara suspeita do que está acontecendo.
— Meu ex-colega não pode tocar em você se... espere, eles estão
tirando a sua emenda fora de ordem. Alguém pediu para falar sobre isso.
— Quem?
— Alguém na galeria pública, eles invocaram o direito de se dirigir ao
conselho e se identificaram como Observatório Cidadão.
Foi interessante notar a rapidez com que as coisas podem se desenrolar.
O lobby dos direitos civis foi amplamente abafado pelos eventos, mas ele
ainda não queria que eles apontassem o que ninguém parecia ter descoberto
o que estava escondido em sua emenda. — Você sabe o que deve fazer.
— De fato. — Lumiya ficou muito quieta, com a sua voz quase
inaudível. — Eu acho... que eles vão decidir... que desejam perguntar se
isso vai ser uma legislação retroativa... sim, eles têm. Quão vigilantes.
Se ela pensou que havia se redimido aos olhos dele, ela estava errada.
Ela estava se tornando um risco. Mas esse sempre foi o jeito Sith; sempre
essa luta entre dois.
Voltou a ligar o áudio enquanto a emenda era discutida. HM-3 estava
certo. Os senadores mastigaram os valores envolvidos e se convenceram de
que o orçamento não seria ultrapassado sem autorização do Tesouro.
Ninguém parecia ver que o texto bem ajustado do HM-3 permitiria que
Jacen também mudasse outra legislação.
Pensaria em coisas que precisavam mudar.
Uma vez que eu mate Ben Skywalker, uma vez que Mara e Luke
descubram que fui eu, e esse dia terá que chegar, então eles vão me caçar.
Vou atrair toda a Ordem Jedi para cima de mim.
Quem seria o aprendiz dele então?
Vai acabar com os Jedi.
Só queria que as coisas ficassem claras quando chegasse a hora. Tinha
que confiar em seu destino. Estava muito longe do caminho para parar
agora.
— Item três cinquenta e sete, carregado. Próximo item, variação da
regulamentação referente ao licenciamento de táxi aéreo...
E era isso.
A emenda havia sido aprovada, e quando o estatuto revisado entrasse
em vigor à meia-noite, o coronel Jacen Solo, e a almirante Cha Niathal,
porque se aplicava igualmente a ela, seria capaz de ordenar tudo o que as
forças de defesa precisassem e obtê-la rapidamente.
E alterar qualquer outra legislação administrativa dentro dos
orçamentos existentes, sem recurso ao Senado.
Eles entregaram a ele um poder extraordinário, e um que usaria para
mudar a maneira como a galáxia era governada. Usaria para derrubar o
chefe de Estado Omas: ainda não tinha certeza dos detalhes, mas poderia
fazê-lo, e logo. A Aliança Galáctica cairia, não com um choque de lâminas
de sabres de luz, ou canhões de íons disparados, ou tropas cercando o
Senado, mas com uma folha de flimsi e um aceno de cabeça.
— Muito bem, — disse ele suavemente. — Bem influenciado.
— Não fiz, — disse Lumiya. Ele podia ouvir o sorriso em sua voz. —
Eles tomaram a decisão sozinhos, sem nenhuma ajuda minha. Acabei de
redirecionar uma pequena oposição da galeria.
A ironia era deliciosa demais às vezes. Jacen não sabia se ficava
satisfeito com o resultado, ou zangado porque os senadores eram tão
estúpidos que o deixaram escapar impune.
Eles mereciam ser governados pelos Sith.
Eles precisavam ser governados.
Capítulo Seis

Estão chegando relatórios de uma grande batalha entre as


forças Sikan e as tropas Chekut invasoras no planeta natal
Sika. A administração Sikan pediu que as forças da Aliança
Galáctica interviessem no que chama de 'um ato de agressão
oportunista' e os preços das ações caíram devido ao temor de
que a invasão atraia mais planetas da Região de Expansão
para o conflito.
— HNE notícia de última hora

NAVE DE GUERRA DA ALIANÇA GALÁCTICA RECOMPENSA, NA


ESTAÇÃO COM A FRAGATA DA ALIANÇA OUSADA, SETOR
BOTHANO

Era uma embarcação de aparência organizada, tinha que admitir isso.


A nova fragata Bothana nem estava no banco de dados. A almirante
Niathal observou na tela da ponte da Recompensa, saindo da órbita de
Bothawui seguido por cinco pequenas auxiliares desarmadas. O perfil e a
assinatura foram imediatamente registrados nos sistemas de reconhecimento
da nave.
— Parece que os Bothanos andaram fazendo compras, afinal, — disse
ela. — Pelo menos a inteligência estava certa sobre isso.
— Parece que eles ainda estão fazendo exames também, — disse o
capitão Piris. A nave de guerra estava sendo observada pelos encarregados,
ou talvez estivesse simplesmente fingindo desamparo: Niathal nunca levou
Bothanos pelo valor aparente. — Vamos ver quais especificações podemos
comparar antes de riscar a pintura. Espero que tenham guardado os
recibos...
— Você acha que é construção da EPK?
— Tallaan — disse Piris. — Saberíamos se Kuat a tivesse construindo.
— Bem, eles não vão nivelar Coruscant com essas armas, mas
certamente vão nos dispersar se tiverem tantas quanto estima a Inteligência.
A almirante Niathal compartilhava várias filosofias militares com Jacen
Solo, e ser visto na linha de frente era uma delas. Ela também gostava de
ver as coisas por si mesma, especialmente se a Inteligência da Aliança
Galáctica estivesse envolvida. A sobrecarga atual lhe deu motivos para se
perguntar o que Cal Omas estava jogando, uma ansiedade que pode ter sido
visível para a equipe da ponte enquanto ela andava de um lado para o outro,
olhando por cima dos ombros para verificar as telas e leituras.
— Precisamos de todos as naves em que possamos nos agarrar,
Almirante. — O comandante da Recompensa, Piris, estava na ponte por
tempo demais. Ele era um Quarren, adaptado para uma existência anfíbia, e
a atmosfera a bordo era muito seca para continuar fazendo turnos duplos; o
seu uniforme estava selado firmemente nos punhos e pescoço, mas ele
continuava enxugando o rosto com um pano úmido. Ele precisava descansar
em sua cabine úmida. — Se a frota Bothana está crescendo tão rápido agora
como a Inteligência sugere, então não consigo ver como vamos contê-la se
tivermos que apoiar Sika e todos os outros confrontos locais também.
— Parece que a disputa de Kem Stor Ai será a próxima a entrar em
erupção. — Niathal teve um breve momento em que desejou poder
escolher um mundo, reduzir a sua superfície a cinzas do espaço só para
deixar a sua posição clara, e então perguntar quem mais queria o mesmo.
Mas passou. Sempre passava. — Cada planeta nos confins do espaço com
uma queixa está ressuscitando antigas disputas sob o pretexto de lealdade à
Aliança e nos pedindo ajuda. E Omas acredita que pode manter a Aliança
unida ao atender a cada chamado por uma frota de reforço em toda a
galáxia.
— Quando ele vai admitir que não consegue?
— Quando eu não lhe dou outra opção, acho.
Talvez os Bothanos estivessem à frente da concorrência. Em vez de
comissionar mais naves capitais, alvos suculentos e de alto valor em
batalha, eles optaram por uma grande frota de naves de guerra menores e
mais ágeis que poderiam ser armazenadas sem que ninguém entrasse em
pânico com a escalada de armas.
— É um tipo diferente de guerra. Flexibilidade e resposta rápida, esse é
o nome do jogo agora. — Piris pôs a mão no controle de comunicação da
nave. — Vamos ver do que eles são feitos. Esquadrão Mothma, lance
quando estiver pronto. Esquadrão Qaresi, permaneça em alerta cinco.
Confine-os em seu próprio espaço, mas ataque se for alvejado.
Niathal ainda se perguntava quem havia assassinado os Bothanos e
iniciado esta escalada. Poderia ter sido o nosso trunfo, se tivéssemos jogado
bem contra os Bothanos. Algum idiota da Inteligência, ela decidiu.
Chegaria ao fundo disso mais cedo ou mais tarde. Se fosse ser Chefe de
Estado um dia, eliminaria os canhões soltos primeiro.
— Se você conseguir que os nossos amigos peludos nos dêem um
passeio pela nave, inteiros, — ela sugeriu. Mas interceptar e embarcar na
nova fragata nessas circunstâncias era quase impossível. A melhor chance
que eles teriam seria recuperar detritos para inspeção. — Eu adoraria saber
a velocidade máxima deles.
Niathal gostava bastante dos Bothanos, mesmo que não confiasse neles
tanto quanto podia cuspir, o que era muito mais do que qualquer um poderia
acreditar.
Também não desgostava de Quarren, mesmo que isso fosse quase
esperado de Mon Calamari. Quarren era uma visão rara nas naves; conhecia
oficiais Mon Cal que faziam todos os esforços para evitar serem designados
para a tripulação Quarren, e poucos Quarren queriam servir ao lado de Mon
Cals até agora. Mas quando eram bons, eram muito, muito bons. Piris era
excelente. Se pegasse algum Mon Cal referindo-se a ele como Cabeça de
Lula, eles responderiam a ela, e não se importava com quantos
sussurrassem que era uma apologista.
Tínhamos o direito de levar os seus filhos para algum experimento de
engenharia social, para o nosso benefício?
Fazia-se essa pergunta com mais frequência ultimamente, e a resposta
sempre vinha negativa. Jacen Solo pensaria que era uma liberal sem
esperança.
Perguntou-se como iria limpá-lo de suas botas quando chegasse a hora.
Não seria fácil.
— Recompensa, Ousada, aguardem.
Doze caças dispararam para fora do hangar do Recompensa, afastando-
se da nave de guerra e disparando em busca da fragata Bothana. Então os
três voos se separaram. As câmeras de observação em cada cabine deram à
ponte combinada e ao centro de informações de combate da Recompensa
uma visão composta do confronto. Ousada parou na proa de estibordo da
Recompensa, pronta para desviar qualquer retaliação Bothana de seu ataque
maior.
— Você já treinou como piloto, senhora? — Piris perguntou.
— Não. E você?
— Na verdade eu sim. Em momentos como este, sinto falta.
— Se ficarmos mais ocupados, capitão, haverá um droide comandando
esta nave e você estará em missões de voo. Onde isso me deixa, não tenho
ideia.
— Você será chefe de Estado, senhora, — disse Piris.
A pior coisa sobre Quarren era que a sua diversão não era tão fácil de
detectar quanto a de um humano. Com um humano, todos aqueles dentes à
mostra tornavam a vida mais fácil. Os tentáculos faciais de Quarren podiam
esconder uma infinidade de emoções.
— No dia de São Nunca, — ela disse, esperando evitar mais fofocas
sobre as suas ambições. Naquele momento, ser Chefe de Estado não
importava nada. Travava uma batalha, e todo o seu treinamento e instinto
entraram em ação para dizer que era onde queria estar, não era atrás de uma
mesa.
A primeira revoada a chegar ao alcance da fragata Bothana a seguiu,
cortando pela frente e por trás em seu caminho a mil metros. O segundo voo
seguiu por trás dela, escaneando o casco e enviando dados de volta.
Demorou alguns segundos para os Bothanos reagirem; talvez alguns de
seus sistemas ainda estivessem desativados. A nave ganhou velocidade e
começou a se mover para fora dos limites de Bothawui, com suas naves
auxiliares arrastando-se como peixes de escolta.
Então os Bothanos pensaram que tinham um bom novo recurso para
surpreender a Aliança, mas a Aliança o havia descoberto. Niathal esperou
pela reação enquanto o terceiro voo do Esquadrão Mothma monitorava a
situação, com as armas apontadas, mas não travadas. Não adiantava
explodi-la em pedaços antes de avaliar a nova classe.
— Revestimento de casco muito pesado para uma fragata, — disse
Niathal, olhando para as varreduras de reconhecimento vindas dos caças
estelares. Piris se debruçou sobre as imagens e varreduras penetrantes
também. — Pelo menos uma dúzia de turbolasers e vinte canhões.
— Nada excepcional.
— Depende de quantas naves eles têm.
Eles não tiveram que esperar muito para descobrir quantas embarcações
estavam lá fora. O oficial de armas gritou ao mesmo tempo que o alarme do
sensor Klaxon soou.
— Senhor, contato inimigo em... correção, vários contatos ao alcance.
Temos troca.
— Recompensa, Ousada, prepare-se para as estações de batalha,
sincronizar informações de comando. Timoneiro, tudo à frente. Esquadrão
Qaresi, lançamento, Bronzium e o restante do grupo aéreo, lançamento
quando estiver pronto.
Ninguém disse emboscada. A conversa da cabine dos pilotos
interrompeu.
— Entendido... cinco, seis... correção, dez, detectando o carregamento
de canhões, ativará...
— Identificando a fonte.
— Eu conto dezenove...
— Ele está mirando em mim.
— Tendo você nas costas. Lançando chaff.
Os tentáculos faciais de Piris estavam completamente imóveis. Isso deu
a ele um olhar louvável de calma.
— Canhões, enfrentem todas as embarcações Bothanas ao alcance, no
seu próprio tempo, continuem...
Em um momento, estavam observando uma única fragata recém-saída
de fábrica, e no próximo mais estavam saindo do hiperespaço em intervalos
regulares de cinco segundos. O Esquadrão Mothma captou imagens em suas
câmeras da cabine: todas com a mesma pintura Bothana, todas novinhas em
folha e sem marcas de detritos e arranhões.
Uma explosão de laser vermelho brilhou nas telas quando uma visão da
câmera XJ piscou e a nave se desintegrou em destroços giratórios e
incandescentes. As vozes dos pilotos ainda eram audíveis ao fundo, mas o
foco na ponte estava em "lutar com a nave", atacar o inimigo. A Ousada se
movimentou entre a Recompensa e a flotilha Bothana. Os seus canhões e
lasers apareceram na tela de informações de comando sincronizada como
ícones piscando, totalmente carregados e adquirindo soluções de disparo.
— Oito contatos não disparando, senhora, e nenhum sinal de carregar
canhões. — Recompensa estremeceu com o disparo do laser pulsado
desviado. Niathal mudou-se para supervisionar o controle de danos, que já
estava sob o comando de um comandante competente, mas não havia nada
pior do que um almirante visitante ocioso muma nave em estações de
batalha. Precisava estar ocupada.
— Acabe com eles mesmo assim. — Piris se virou para Niathal. — Se
eles nos incapacitarem, pelo menos transmitimos os dados que temos. Se
não o fizerem, é uma frota Bothana inteira que nunca sai de casa.
— Não espero uma retirada tática, capitão. — Mais três XJs foram
atingidos: Niathal observou isso como bens perdidos, por não conhecer os
pilotos pessoalmente, e não gostou de seu distanciamento por um momento.
Ela sempre fez. — Estava aqui. Vamos causar o máximo de dano que
pudermos.
Os Bothanos, é claro, tinham o mesmo objetivo.
Duas fragatas Bothanas estavam em rota de colisão com a Recompensa.
Da flotilha restante, cinco estavam atirando nos XJs. Ousada abriu fogo. A
tripulação da ponte observou a seção de popa de uma fragata ondular com
uma sequência de explosões antes que os destroços voassem e se chocassem
contra um XJ. Cinco minutos depois do início do combate, o grupo aéreo da
Recompensa estava levando uma surra, nem tudo de ataques diretos. A
segunda fragata desviou-se do fluxo de fogo do XJ, um rasgo em brasa em
seu casco.
— O alvo deles não é afetado por medidas de chaff, senhor. — A voz do
piloto estava ofegante devido ao esforço. — Eles estão usando buscadores
de calor de alcance curto. No futuro, precisaremos...
E ele se foi, a câmera da cabine em branco e piscando.
— Grupo aéreo, retirem-se, — Piris vociferou. — Canhões, soluções
para todos os alvos, agora.
As espécies percebiam o tempo de maneira diferente na batalha. Para os
humanos, diminuia porque os seus cérebros recebiam informações muito
mais detalhadas sobre a ameaça, mas isso também significa que eles não
notaram coisas de baixa prioridade. Mas os Mon Cals, e Quarren, viam tudo
e contabilizavam cada tosse e cuspe. Era isso que os tornavam bons
comandantes. O instinto de Niathal era revidar e, por um momento, não
conseguiu imaginar por que tinha planos para um alto cargo. Viu as telas
táticas e ouviu a tagarelice no comunicador, e a imagem tridimensional em
tempo real em sua mente lhe mostrou todo o campo de batalha, e queria
bater com força.
Nove fragatas Bothanas estavam agora desativadas, flutuando sem
nenhum sinal de força, reduzidas a escombros frios, ou liberando breves
rajadas de chamas no vácuo enquanto se desintegravam. Alguns dos dez
restantes responderam ao fogo por mais trinta segundos, depois desligaram
os seus canhões.
— Rendendo-se? — perguntou o oficial de guarda.
— Eles estão se preparando para saltar, — disse Piris. — Pegue, pegue,
pegue...
Sete fragatas saltaram em uma sequência próxima: três não saíram tão
rápido do alvo e receberam uma furiosa barragem de laser e canhões.
Piris deu a Niathal um aceno de alívio e se inclinou sobre o console de
comando.
— Grupo aéreo, alguém muito danificado para fazer um ponto de
encontro?
— Mothma Cinco-Zero, senhor. Ruptura lenta do casco.
— Qarisa Oito, senhor.
A tripulação da ponte esperou por alguns segundos, totalmente
silenciosa, com os canhões ainda apontados enquanto os XJs voltavam para
o hangar e as unidades de recuperação passavam por eles para rebocar as
naves danificadas.
— Proteja as escotilhas quando estiver pronto e prepare-se para saltar,
— disse Piris. — Algum sinal da cavalaria Bothana chegando em
varreduras de longo alcance? Não? Bom. — Ele olhou para o cronômetro
pendurado em um chaveiro em sua jaqueta. — Não são exatamente vinte
minutos, Almirante. Agora, foi uma emboscada planejada em que entramos,
ou os Bothanos estão fazendo o melhor de uma chegada infelizmente
cronometrada? O placar é doze a zero para nós, sem contar os caças
estelares perdidos. Mas nós ganhamos ou perdemos?
— Eu vou deixar você saber quando os nossos colegas de informação
pública me disserem, — disse Niathal. — Mas isso confirma a minha
posição mais uma vez. Se ficarmos presos aos recursos que temos, teremos
que focar tudo em Corellia, Commenor e agora em Bothawui. Se o Chefe
de Estado quiser estender a cada incêndio florestal que está começando, ele
tem que nos dar pelo menos outra frota, e mesmo que a Aliança tivesse os
créditos, onde conseguiríamos o pessoal?
Piris deu de ombros.
— Todos os impérios se tornam grandes demais e desmoronam sob o
seu próprio peso.
— Talvez seja isso que estamos vendo.
O corpo dela estava dizendo que tudo estava acabado agora. Sentiu
calor quando as suas defesas bioquímicas correram em busca de danos para
reparar, e não encontraram nenhum. O resultado da batalha era sempre uma
ou duas horas inquietas para ela, então se ocupou vagando pela ponte,
dando tapinhas nas costas dos membros da tripulação e dizendo-lhes o
excelente trabalho que haviam feito. Um jovem humano estava enxugando
as lágrimas com as costas da mão, a sua atenção fixa de maneira não natural
na tela do sensor à sua frente; ele havia perdido um amigo hoje, talvez mais
de um. Não havia nada a dizer. Simplesmente colocou a mão no ombro dele
e ficou ali em silêncio por um tempo até que a tripulação do leme
começasse as suas verificações antes do hiper salto.
— Estarei na minha cabine diurna, — disse ela, parando para apertar a
mão de Piris. — Muito bem, capitão.
Sabia o que eles diriam assim que as escotilhas da ponte se fechassem
atrás dela. Eles ficariam surpresos com o fato da velha Cara de icebergue
andar por aí dando tapinhas nas costas e mostrando simpatia. O combate fez
isso com ela: teve um breve período em que baixou a guarda e depois
voltou ao normal, uma política que costumava ser uma competente oficial
da marinha e ainda sentia falta da ação da frota.
A vista do hiperespaço da janela de sua cabine era reconfortante. Às
vezes, pegava um raio de luz estelar que se estendia em uma linha e tentava
pensar nele como uma estrela com planetas em órbita cheios de vida e
imaginar o que estava acontecendo ali. Fez isso agora para clarear a mente
antes de decidir o que dizer a Cal Omas.
Sabia que tinha que lhe dar um ultimato. E para fazer isso acontecer,
precisava que Jacen Solo a apoiasse.

SEDE DA GAG, CORUSCANT

O capitão Heol Girdun sorriu e acenou para Ben entrar em um escritório


escuro. De alguma forma, os dois elementos se combinaram na maneira
menos favorita de Ben de passar uma tarde.
— Eis, — disse ele, e os olhos de Ben se ajustaram à luz baixa. Não
havia janelas. A única iluminação vinha de holo telas e monitores. Ben
percebeu que haviam soldados da GAG sentados em consoles, com aquele
brilho de concentração desfocada que parecia um tédio absoluto. — Os
olhos e ouvidos da Guarda. Bem-vindo ao centro de monitoramento. O
máximo em escrutínio.
— Senhor, — sussurrou um dos tenentes, — mantenha o ruído baixo,
sim?
O sorriso de Girdun foi captado em azul pela luz de um analisador de
frequência.
— Eles são todos esses artistas. — Ele guiou Ben pelo ombro, levando-
o para uma alcova longe dos consoles ativos. Girdun provavelmente não
percebeu o quão bem um Jedi poderia navegar na escuridão, mas Ben o
agradou. — É aqui que vigiamos os senadores e outros desajustados sociais
para o bem deles.
— Quem vocês grampeiam? — Ben se sentiu desconfortável com isso.
— Aposto que nem é emocionante.
— Todos os funcionários do governo, a nossa lista especial de canalhas
prováveis e comprovados e políticos, — disse Girdun. — E dado o número
de senadores e o volume de ar quente que eles emitem, temos sistemas
automatizados de reconhecimento de voz para fazer isso, ou estaríamos aqui
pelos próximos mil anos. Se o droide pegar qualquer palavra-chave de
interesse, ele marca a conversa e nos alerta. Então temos que sentar e
realmente ouvi-la.
Um dos soldados, Zavirk, estava colocando adoçante em uma xícara de
caf. Ele bebeu cautelosamente, parecendo um pouco cômico com um cabo
de proteção de áudio pendurado em sua orelha.
— Entrei para o exército para ver a galáxia, — ele sussurrou, — mas
tudo que consegui foram oito horas de vigília ouvindo políticos esquisitos
marcando nomeações para...
— Ben tem quatorze anos, — disse Girdun.
— Bem, se você quer que ele faça monitoramento, ele vai ouvir coisas
que vão fazer o seu cabelo arrepiar, senhor.
Ben nunca havia considerado o que as conexões de escuta de suspeitos e
pessoas em postos sensíveis realmente implicavam.
— Não vou desmaiar, — disse ele. — E se tenho idade para levar um
tiro, tenho idade para ouvir... coisas.
— Não posso discutir com essa lógica. — Girdun o sentou em um
console e deu a ele um fone de ouvido. — Certo, a tela aqui mostra os
arquivos de som que o droide alinhou como dignos de serem ouvidos, bem
como imagens de holo câmera. Você apenas trabalha com isso e faz
anotações se algo parece valer a pena acompanhar. Você está procurando
alguém que possa estar entrando em contato com senadores e pareça um
pouco estranho, qualquer conversa sobre senadores ou funcionários do
governo... olha, você é um Jedi. Você provavelmente tem um sexto sentido
sobre essas coisas, assim como você tem sobre explosivos escondidos.
— Assim como cães de batalha nek, — disse Zavirk, — mas o tenente
Skywalker fareja melhor e pode fazer truques.
Ben decidiu que poderia gostar daqui por um tempo. Não parecia um
quartel-general de espionagem: apenas um bando de soldados que conhecia
bem, fazendo um trabalho rotineiro de vigilância em tempos de guerra. Ben
percebeu que dividiu os seus sentimentos para não ter que pensar em Dur
Gejjen como pessoa. O homem tinha mulher e filho. Tenel Ka também teve
um filho, e Gejjen ficou feliz em contratar alguém para assassiná-la. Ben
estava avaliando a moralidade de sua missão e não tinha certeza se estava
apenas dizendo a si mesmo o que queria ouvir.
E não havia ninguém com quem pudesse conversar.
Acomodou-se em seu assento para começar a verificar as gravações e
tentou não pensar em Gejjen. As conversas, a maioria chatas, algumas
bizarras, algumas incompreensíveis, quase o embalaram na meditação. Era
um esforço não tentar se esconder na Força novamente, algo que agora
praticava sempre que podia.
O centro de monitoramento cheirava fortemente a caf. Ben também
sentiu necessidade de um pouco depois de algumas horas e se perdeu em
uma conversa entre dois funcionários do governo sobre a rota regular que
uma certa senadora fazia do Senado até o seu apartamento. Mas foi tirado
de sua concentração por um farfalhar de tecido e uma atividade silenciosa e
intensa em outro console. Zavirk havia convocado Girdun, e ambos
pareciam sombrios. Ben parou para ouvir.
— Tem certeza? — Girdun perguntou.
— Execute um perfil de voz, se não acredita em mim, — disse Zavirk.
— Esse é o PM Corelliano.
Haviam dez pessoas na sala e todas pararam para ouvir. A voz
suavemente persuasiva de Gejjen com o seu leve sotaque estava dizendo a
alguém que não havia sentido em fazer isso pelos canais habituais, porque
ninguém mais estava em clima de negociação.
— ...você e eu sabemos que isso poderia ser resolvido com a remoção
de alguns impulsivos... alguns de nossos militares precisam ser derrotados,
e alguns dos seus também. Eu pediria um cessar-fogo imediato se pudesse
ter certeza de algumas coisas.
— Como? — disse a voz inconfundível do Chefe de Estado Omas. Eles
estavam grampeando a linha de comunicação segura do Chefe de Estado.
Ben não tinha certeza se eles tinham autorização para fazer isso.
— Vamos concordar que Corellia irá unir seus ativos militares com a
AG, contanto que tenhamos uma cláusula de opção de exclusão que nos
permita retirá-lo se nossas próprias necessidades forem mais urgentes.
Niathal tem que sair. Jacen Solo tem que sair. Uma vez que isso estiver
resolvido, voltaremos ao normal e você terá o que deseja.
— Centerpoint.
— Bem, estamos tendo problemas para consertá-la de qualquer
maneira.
— A Centerpoint tem que ficar inoperante.
Uma pausa: breve demais até para a maioria das pessoas notar, mas
Ben notou.
— Já está. Mas se você quer uma força multiplanetária ou
observadores lá, tudo bem.
— E os Bothanos e os outros planetas lutando em suas próprias
guerras?
— Eu posso colocar os Commenorianos na linha, e os Bothanos... bem,
uma vez que todos nós estivermos de volta na AG, então Bothawui tem que
seguir a linha. As pessoas pequenas, se a luta sair do controle, enviaremos
tropas para acabar com isso.
— O Senado não vai concordar com isso.
— Tire Niathal e Solo da equação primeiro e eles vão se acalmar. O que
sobrou do Senado, enfim...
— Retire... eles não vão ficar quietos... eles podem dividir o Senado.
G'Sil está totalmente no campo deles e ele tem peso.
— Bem, retirar e retirar.
Omas engoliu em seco, mas não respondeu.
Gejjen preencheu o silêncio.
— Você sabe que temos um trabalho a fazer antes que isso envolva toda
a galáxia.
— Certo. Certo.
— Precisamos nos conhecer. Você pode chegar ao Vulpter?
Longa pausa.
— Vou encontrar uma desculpa. Envie-me os detalhes...
Girdun ficou olhando para a tela como se pudesse tirar algum sentido
dela se olhasse por tempo suficiente. Zavirk estava sentado com o queixo
apoiado na mão, olhando para o capitão em busca de ordens.
— Entregue uma transcrição para o Coronel Solo imediatamente.
Ben ainda não tinha certeza do que estava acontecendo, embora achasse
que Omas deveria ter mencionado a abordagem ao Conselho de Segurança.
— O Chefe de Estado não pode falar com o Primeiro Ministro
Corelliano?
— Depende do que ele está falando, — disse Girdun. — E o que ele tem
em mente para o Coronel Solo e o Almirante Niathal.
Se Gejjen pudesse planejar o assassinato da Rainha Mãe de Hapes e
matar Thrackan Sal-Solo, então fazer Jacen e Niathal desaparecerem era
apenas mais um trabalho de rotina para ele. Ben sabia que tinha a sua
resposta sobre a necessidade de sua missão.
Girdun se inclinou sobre Zavirk e bateu no console.
— Essa conversa foi há quatro horas. Melhor verificar os planos de
viagem do Chefe de Estado, porque ele não nos informou que está indo para
outro mundo e precisa de um esquadrão de proteção.
— Você acha que ele precisa de um? — perguntou Ben.
— Com Gejjen? Ele precisa de dois.
Ben não sabia se poderia mencionar Tenel Ka. Sempre foi difícil saber
quem sabia o quê dentro da GAG.
— Será que ele realmente tentaria alguma coisa com o Chefe Omas?
— Acho que ele faz isso por hábito, assim como eu masco bastões de
nervos.
Ben agora não tinha ideia se Cal Omas estava contornando o Senado
ilicitamente para fazer um acordo pessoal com o inimigo, ou caindo em
uma armadilha como a que Gejjen armou para Tenel Ka, e o falecido primo
do tio Han, Thrackan.
Jacen estava certo, como sempre. Gejjen tem que ser parado.

ESCRITÓRIO DA SUPREMO COMANDANTE, EDIFÍCIO DO


SENADO, CORUSCANT

Jacen leu a transcrição pela terceira vez e colocou o seu datapad na mesa de
Niathal.
Ela tinha um holograma Mon Cal na parede por trás dela, com todo um
oceano azul brilhante e prédios sinuosos emergindo das ondas em cidades
flutuantes. Perguntou-se se ela estava com saudades de casa. Agora ela
estava de volta de uma batalha que não tinha saído como planejado, e
impaciente para falar com Cal Omas sobre isso.
Isso significava que ela era receptiva a ideias. Fez um esforço
consciente para não influenciá-la, porque ela não era do tipo que caía em
truques Jedi. E isso só iria provocá-la.
— Nada como uma frente unida em tempos de guerra. — Ele se
recostou na cadeira, os dedos entrelaçados atrás da cabeça. — Portanto, não
somos os favoritos do mês. O nosso glorioso líder não saiu exatamente em
nossa defesa.
O uniforme branco de Niathal não parecia amassado, embora ela tivesse
acabado de desembarcar de uma nave de guerra recém-saída de uma
batalha.
— Cheira a ingratidão, eu diria.
Ela não gostava de humor. Jacen sabia o suficiente sobre a linguagem
corporal da Mon Cal agora para saber que ela estava com raiva. Ela
continuou rolando a cabeça ligeiramente, como se estivesse ficando quente
e a sua gola estivesse beliscando o seu pescoço. As suas narinas dilatavam.
Isso significava que ela estava pronta para algumas sugestões radicais sobre
Omas.
Jogou a isca.
— Você percebe que quando Gejjen diz que alguém tem que sair, ele
não está se referindo a uma aposentadoria tranquila com um certificado
agradecendo pelos serviços prestados.
— Fale logo, Jacen.
— Ele estava por trás da morte prematura de Sal-Solo...
Ela estreitou os olhos, pesados de sarcasmo.
— Estou chocada, eu te digo. Chocada.
— ...e o atentado contra a vida da Rainha Mãe Hapan. — Minha
amante. Mãe da minha filha, minha queridinha. Eu gostaria de poder vê-
las. — Nós somos os próximos.
As narinas de Niathal se fecharam por um segundo. Foi uma revelação
com Mon Cals, um pequeno sinal que dizia que eles estavam surpresos, e
não de um jeito bom.
— Ele não seria estúpido o suficiente para tentar isso.
— No momento, não sei o que ele tentaria.
— Omas não é bobo, — disse ela. — Ele deve ter uma boa ideia do que
está lidando.
— O que você acha que ele está fazendo?
— Tudo o que ele quer é manter a Aliança unida. Ele sempre acredita
que alguns puxões de orelha podem colocar os governos rebeldes na linha.
Bem, não funcionou com Corellia, e agora ele está vendo a Aliança
encolher planeta por planeta. — Ela continuou olhando para o cronômetro
em sua mesa. — Minhas regras dizem que devemos notificar o presidente
do Conselho de Segurança sobre a reunião. Ele já está se sentindo excluído
como está. Não tenho certeza qual será o resultado disso, no entanto.
Jacen mantinha G'Sil satisfeito entregando resultados no combate ao
terrorismo e não revelando nada que o obrigasse a negar conhecimento
posteriormente. Se ele tivesse planos sérios de assumir o cargo de Omas,
ainda não havia mostrado nenhum sinal disso, pelo menos não até agora.
— O senador G'Sil simplesmente me incumbiria de cuidar disso, —
Jacen disse. — Estou poupando-lhe o trabalho de saber. Negação plausível.
— Você gosta da ironia?
— O que?
— Ignorando o Senado em relação ao nosso chefe de Estado que está
ignorando o Senado. Bom trabalho com a emenda de aquisição, a propósito.
Deslizou como uma enguia lubrificada. Niathal se levantou e vagou pelo
escritório, com os dedos longos, palmados e ossudos cruzados atrás das
costas. Ela tinha aquela postura ereta que todos os militares da AG tinham,
independentemente da espécie ou disposição da coluna vertebral. — Agora
que nós dois temos a capacidade de variar os estatutos, quaisquer estatutos,
dentro dos limites orçamentários, imagino que você tenha pensado bastante
em seu potencial.
Jacen queria que ela ficasse parada e olhasse para ele, mas ela continuou
seu passeio lento pelo escritório.
Ela joga esses jogos lindamente. Terei que ter cuidado para não
contrariá-la.
— É um kit de emergência, — disse ele. — Se precisarmos, podemos
mudar qualquer lei menor e também podemos mudar qualquer grande se
formos espertos. — Nós. Não eu. Achou importante enfatizar que eles eram
parceiros. — Por exemplo, se HE-3 alterasse a Lei de Medidas de
Emergência para incluir em seu escopo os poderes da GAG para deter
chefes de estado, políticos e quaisquer outros indivíduos que se acredita
apresentarem um risco genuíno à segurança da Aliança Galáctica e
apreender os seus ativos por meio da Lei de Ordens do Tesouro, suspeito
que as pessoas olhariam para o primeiro-ministro Gejjen e acenariam com
aprovação.
— Você até fala como um legislador agora...
— Mas sou, certo?
Niathal se virou. Ela não conseguia sorrir como uma humana, mas a
diversão estava estampada em seu rosto em uma leve compressão dos
lábios. Jacen a sentiu mudar de sua perpétua cautela e impaciência para um
calor satisfeito, até triunfo, por um breve momento.
— Que ninguém vai pensar em perguntar se o Chefe de Estado da AG
está abrangido por essa emenda? Sim, Jacen, você está certo. — Ela fez um
gesto, segurando a mão como se fosse uma lâmina e entrelaçando-a na água
imaginária. — Essa sua enguia vai passar de novo.
— Se eu sentir que temos que... agir para restaurar a estabilidade e a
segurança, você estará do meu lado?
Você vai dar um golpe comigo? Eu realmente disse isso?
Niathal fez uma pausa. Mas não foi a pausa surpresa de alguém chocado
com uma proposta ultrajante; apenas um momento para avaliar Jacen Solo.
— Você pode ter a GAG por trás de você, Jacen, mas você precisa da
frota também, não é? E o resto do exército.
— Isso é um sim?
— É um 'Se as coisas piorarem, eu coloco minha lealdade a AG antes de
minha lealdade a um indivíduo. '
— Estou... interessado em ver se os militares cruzarão a linha de
cumprir a vontade do governo para decidir a política.
— Caso você se esqueça, — disse Niathal suavemente, — o cargo de
Supremo Comandante combina efetivamente o papel de secretário de defesa
e o de presidente do Estado-Maior Conjunto. Eu sou uma política. Acontece
que também sou a oficial militar mais graduada.
Ela era igual a ele em manobras, mas não tinha poderes da Força.
Esperava nunca ter que apontar isso para ela.
— É hora de batermos um papo com Omas, então. — Jacen se levantou
e limpou o seu uniforme preto da GAG com as mãos. — Só pra ter certeza.
Pelo que sabemos, ele pode estar se encontrando com Gejjen para sacar um
blaster e efetuar outra mudança do regime Corelliano.
Niathal o seguiu até o corredor que levava à suíte do Chefe de Estado,
elegante mármore azul e dourado e paredes repletas de nichos com belas
estátuas de toda a galáxia. Jacen encontrou seu coração batendo forte.
Embora pudesse controlá-lo, ele o deixava correr porque o fazia se sentir
vivo e humano. Eram tempos importantes e, se ele se isolasse
completamente da normalidade, poderia esquecer a magnitude de sua tarefa,
e o que estava em jogo.
Como posso esquecer que Ben tem que morrer?
Quando Jacen pensou em palavras, quando se ouviu em sua mente,
percebeu como a sua linguagem estava mudando. Estava se distanciando da
realidade. Ben tem que morrer. Parecia muito diferente de eu ter que matá-
lo. Talvez a Força estivesse dizendo a ele que não seria uma simples traição
à confiança de Ben entregue com um sabre de luz, mas a morte por outro
caminho.
Se tiver que acontecer... talvez não seja pela minha mão.
As portas da suíte do Chefe de Estado se abriram e ele entrou na
silenciosa sala de recepção acarpetada com Niathal ao seu lado; não atrás,
não à frente, mas exatamente nivelada com ele. Omas estava inclinado
sobre a mesa de seu ajudante, falando em voz baixa.
— Sinto muito por ter feito vocês esperarem, — disse ele, olhando para
cima. — Entrem.
Jacen moveu a sua cadeira para que ele não fosse forçado a apertar os
olhos para Omas contra a luz da janela. Assim como Niathal. Foi uma
declaração eloquente e silenciosa de quem teria a vantagem, e eles não a
ensaiaram. Omas, um homem perfeitamente sintonizado com as sutilezas da
linguagem corporal e vantagem psicológica, irradiava cautela na Força. Ele
sabia que estava lidando com uma frente unida.
— Você viu o relatório da batalha, imagino, — Niathal disse.
— Sim. — Omas pegou um datapad como se para tranquilizá-la de que
sim. — Seja um momento de sorte da parte dos Bothanos ou uma armadilha
inteligente, a verdadeira questão agora é como lidar com um Bothawui que
está se tornando ainda mais armado e agressivo.
— Na verdade, importa se foi sorte ou não, — disse Jacen. — Porque
vai ao cerne da qualidade da nossa inteligência. Não estou satisfeito com a
qualidade da Informação da Inteligência da AG, que, se você se lembra, é o
motivo pelo qual quis formar a GAG com pessoal selecionado. A
Inteligência não está à altura da tarefa que enfrentamos agora.
Omas parecia cansado.
— Certo, vocês dois têm uma reclamação. Quem é o primeiro?
Niathal inclinou a cabeça educadamente, mas Jacen podia sentir a sua
resolução formando uma caixa ao redor dela quase como duraço. Era
tangível.
— Vou ser breve, — disse ela. — Não podemos nos envolver em cada
pequena escaramuça para manter senadores obscuros e chefes de estado
insignificantes na Aliança. Estamos estendendo demais. Não conseguimos
manter o bloqueio Corelliano, e agora temos os Bothanos aumentando.
Escolha suas batalhas, Chefe de Estado. Não posso lutar contra todos eles.
Omas fez seu ato de deslocamento e serviu-se de uma xícara de caf da
jarra sobre a mesa. Havia apenas um copo e ele não ofereceu mais.
— Se falharmos em mostrar apoio aos mundos membros da Aliança,
então os perderemos, — disse ele. — São números básicos. Já passamos por
tudo isso. Se mais se separarem, então nós perdemos. A questão de como
mantemos uma força de defesa conjunta para a Aliança, que é o que
começou isso, caso nos esqueçamos, torna-se acadêmica.
— Se não concentrarmos as nossas forças nos mundos que apresentam a
ameaça mais imediata e séria, seremos derrubados uma nave de cada vez, e
talvez nem sejamos capazes de defender Coruscant se vier o pior..
— Você acha que pode chegar a isso? — Omas não parecia convencido.
Ele olhou para Jacen, mas Jacen manteve o seu conselho. — Isso é sobre
Coruscant afinal?
— Claro que é, — Niathal disse. — Sempre é. A Aliança e Coruscant
são indivisíveis, e isso é metade do problema para todos os outros mundos.
Omas se virou para Jacen.
— Sua vez, Coronel.
— Eu compartilho os temores da Almirante sobre alongamento
excessivo. — Agora Jacen caiu em seu desafio, sutil e multifacetado, para
dar a Omas uma chance de confessar. Pegou-se torcendo para que Omas
não aceitasse. — Corellia ainda é o coração disso. Digo que devemos
dedicar todos os nossos recursos imediatamente a um ataque total a
Corellia, invasão, na verdade. Destrua sua base industrial e remova Gejjen e
os seus comparsas. O homem já teve o seu predecessor morto e fez um
atentado contra a Rainha Mão Hapan. Jacen fez uma pausa, porque o tempo
era tudo. — Não tenho dúvidas de que você será o próximo.
Jacen sentiu a reação de Niathal, embora a sua expressão fosse neutra:
achando graça, mais um pouco de excitação ansiosa como se preparando
para a batalha. Omas se sentiu repentinamente mais cauteloso, mas Jacen
não poderia dizer se isso era para ele, ou para a ideia de que Gejjen poderia
estar armando para Omas.
— Você tem informação para sugerir isso? — perguntou Oma.
Jacen balançou a cabeça.
— Não, e não preciso disso ou da ajuda da Força para resolver isso. É
assim que a Gejjen faz negócios.
— Se lançarmos esse tipo de ataque a Corellia, é algo que devo levar ao
Conselho de Segurança. E mesmo que eles concordem com isso...
— Estamos em guerra. Você tem todos os poderes legais para
determinar a condução da guerra com a Almirante Niathal, como achar
melhor.
— Até que custe mais créditos, — disse Omas. — E quando estivermos
claramente focados em Corellia, o que Bothawui e Commenor farão?
Respostas em um pequeno pedaço de flimsi, por favor...
Omas tinha a desculpa perfeita agora para admitir a reunião com Gejjen.
Ele poderia ter dito que faria uma última tentativa nas negociações de paz.
Ele poderia ter dito qualquer coisa para indicar que iria negociar com um
estado que não mostrava sinais de entender as palavras bem comum, e cujo
líder silenciosamente letal poderia ter assustado um chefe de gangue Hutt.
E, pensou Jacen, qualquer político inteligente poderia ter suspeitado que
o seu Serviço de Inteligência o espionava, assim como espionavam todos os
outros senadores. Um pequeno jogo de palavras: Omas poderia ter feito a
sugestão e observado a reação de Jacen, descaradamente para testar se sua
ligação clandestina havia sido atendida.
Mas ele não o fez. E o seu futuro, e o seu destino, foram selados.
— Então, onde estamos indo com isso? — Niathal perguntou. — A
mesma estratégia? Continuar dividindo a frota até termos uma nave por
teatro?
— Acho que um ataque total a Corellia é uma loucura, — disse Omas.
— Talvez tenhamos que considerar isso, mas muito mais tarde. Enquanto
isso, a minha prioridade é impedir que as secessões da Aliança cheguem ao
ponto crítico.
Jacen sentou fingindo raiva reprimida e desapontamento. Tinha que ser
sutil, porque Omas conhecia a capacidade de Jacen de sorrir com
autocontrole. Mas Omas precisava captar o mais leve sopro de discordância
e saboreá-lo por alguns momentos; as suas suspeitas seriam levantadas se
Jacen cedesse muito prontamente.
Jacen colocou as suas mãos diretamente nos braços da cadeira de
madeira de apócia e se levantou.
— Para que conste, acho que isso é um grande erro, senhor, — disse ele.
— E eu ficaria mais feliz se a GAG pudesse apoiar nossa comunidade de
inteligência em seus esforços além de Coruscant.
— Tomo nota de suas opiniões, Coronel Solo, e sou grato por sua
contribuição estratégica até agora. — Omas entrelaçou os dedos e apoiou-se
na mesa, um gesto que dizia mais defensivo do que resoluto. — No entanto,
a missão da GAG é doméstica. Agradeço a sua preocupação com a
qualidade de nossa inteligência.
Jacen não chamou a atenção de Niathal. Ele saiu, seguido de perto por
ela, e não disse nada até que eles estivessem de volta em seu escritório.
— Então?
— Não é bom, — disse ela. Ela caminhou até a janela para observar o
tráfego fluindo em linhas ordenadas nas skylanes ao redor do Distrito do
Senado. — Não é exatamente aberto conosco, é?
— Eu nunca disse a ele que temos pessoal da GAG operando em
Corellia, então estamos quites.
— Não podemos sustentar a estratégia atual. Talvez eu devesse falar
com o senador G'Sil e encaminhá-lo ao Conselho de Segurança.
— E então desviamos nossas energias para uma luta interna pelo poder
com Omas enquanto temos uma guerra para lutar. Tenho certeza de que não
preciso lhe dizer que, se você atirar em alguém, continua atirando até que
eles não possam mais revidar. Feri-los resulta em um inimigo irritado que
conhece sua posição.
— Eu sei onde você está indo com isso, Jacen.
— Você sabe que eu estou certo.
— Isso não torna as coisas mais fáceis.
— Se ele fizer um acordo com Gejjen, não estaremos apenas de volta à
estaca zero: a Aliança está em uma posição pior do que quando começou.
— E estaremos fora do jogo.
— Isso é acadêmico. — Jacen quase perguntou a Niathal se ela tinha
filhos, e então percebeu que quase havia feito a coisa mais estúpida que se
possa imaginar: revelar seus constantes medos pelo futuro de sua própria
filha, uma criança cuja paternidade tinha que ficar escondida. Ele se
recuperou rapidamente, surpreso com sua fraqueza. — Porque o jogo terá
guerras recorrentes.
— Ou Omas pode acabar com uma lâmina vibratória na garganta.
— Ele está louco para encontrar Gejjen cara a cara sem proteção de
perto de qualquer maneira. Ele não pediu isso de nós. Ele também não
pediu a FSC...
— Inteligência da AG?
— Não. Também grampeamos as comunicações deles.
— Você é uma fonte de revelação constante, Jacen Solo...
— Está dentro?
— Diga.
Jacen olhou ao redor da sala, tentando parecer como se estivesse
simplesmente pensando, mas desconfiado de que outra pessoa poderia estar
fazendo com ele o que ele fez com eles, escutar eletronicamente. Niathal
estava armando pra ele? Não, tinha certeza de que podia sentir escutas em
uma sala. Não havia nenhuma.
— Você sabe o que estou propondo.
— Eu não, na verdade. Não em detalhes. Diga
— Mudança de regime. — Tarde demais. Mas não podia sentir nenhum
risco. O seu cérebro lógico era a voz paranoica e sussurrante, não os seus
sentidos da Força. Percebeu que havia se tornado menos instintivo e mais
racional, e esse era o problema. Pensando muito, sentindo muito pouco,
como diz Lumiya. — Nós o removemos do cargo por tempo suficiente para
vencer esta guerra e, em seguida, o devolvemos ao senador G'Sil quando a
situação estiver estável para que novas eleições possam ocorrer.
As suas palavras surgiram como estranhas não convidadas, e nem
acreditou em si mesmo. Niathal soltou uma pequena exclamação que
poderia ser uma risada.
— Eu entendo a remoção. É o hiato no meio, entre a remoção e as
eleições, que me fascina..
— Administramos a AG durante o período intermediário como um
duunvirato. Sem ditadura. Controle conjunto.
Niathal indicou seu uniforme e então estendeu a mão para enfiar um
dedo ossudo na aba de classificação em seu ombro.
— Golpe militar. É assim que se chama. Não vamos prevaricar.
— Certo, eu o removo e você assume, sozinha.
— Acho que não. Duumvirato soa melhor para mim.
Jacen gostava do dois; dois era o jeito Sith. Conhecendo a ambição de
Niathal para o cargo de chefe, teria com ela a mesma luta de poder circular
e nervosa como um Mestre Sith com um aprendiz que era esperado e
encorajado a conspirar para derrubá-lo.
Mas governaria como Lorde Sith no devido tempo, quando a AG e as
eleições fossem acadêmicas, e ela administraria o estado. Isso a satisfaria.
— Eu vou cuidar de Gejjen, a propósito, — disse ele. — Ele é uma
influência massivamente desestabilizadora, e removê-lo deixará Corellia em
desordem.
— Como você vai cuidar de Omas?
— Vou removê-lo em prisão domiciliar.
— Chefes de Estado depostos tendem a se tornar mártires e reféns.
— Não podemos ser vistos matando os nossos, e incriminar Gejjen por
isso me ocorreu, mas não é necessário. Precisamos nos mostrar como
pessoas civilizadas trabalhando dentro da lei.
— Com um golpe.
— De acordo com a lei, conforme a lei será estabelecida, não será
possível.
— Ahhhh. Eu esqueci. — Não, ela não tinha, sabia disso. — Sua
emenda à lei.
— Estou agendando para a próxima semana, por meio de HM-3.
— E enquanto isso?
— Deixe isso comigo. Terei alguém lá quando Omas encontrar Gejjen.
— Jacen checou o seu datapad. — Ele precisa apenas de um dia para fazer
os seus negócios com Gejjen, nada mais, então... o meu pessoal o mantém
sob vigilância, pronto para agir. Então temos evidências para apresentar o
G'Sil.
— E então você o prende.
— Eu estava pensando em prendê-lo ao mesmo tempo em que você
apresenta as evidências para o G'Sil. Quando nos movemos, temos que nos
mover rápido. Não há espaço para ser superado.
Niathal soltou um longo suspiro. Jacen esperou.
— Eu estarei pronta para mover em seu sinal. Certifique-se de me
manter a par de tudo isso, certo?
Estava feito. A tomada de poder de Jacen estava em andamento. Ele
tinha o apoio da GAG e Niathal entregaria a frota, assim como o exército.
Com a apresentação correta de Omas como traidor dos corelianos, seria um
golpe muito ordenado.
Não havia necessidade de derramamento de sangue desnecessário. Era
disso que tudo se tratava: o fim da violência, do caos e da instabilidade.
Isso valia tudo que ele estava arriscando.
Jacen pegou um táxi aéreo de volta para uma praça a poucos minutos a
pé do QG da GAG: só mais um cidadão, sem transporte da AG preto
elegante, sem privilégio. Ou o piloto não reconheceu o uniforme, ou hesitou
em dizer, Aqui, você é o chefe da polícia secreta, não é? Foi uma jornada
silenciosa e contemplativa.
Era hora de garantir que nada desse errado, se o destino manifesto
pudesse dar errado. Ele abriu o seu comunicador e ligou para Lumiya.
— Shira, — disse ele, ciente do piloto na frente. — Eu preciso que você
faça um trabalho para mim.
Capítulo Sete

Goran, na ausência de Fett, acho que você realmente deveria


ver isso. Acho que não pode esperar. Às vezes, os vongeses
fazem um favor a você.
— O capataz do local Herik Vorad, ao examinar a rocha escavada na
terra ao norte de Enceri, Mandalore

CASA SEGURA, CORUSCANT

— Então você vai fazer isso antes de atingir todos os seus poderes Sith, —
disse Lumiya. Ela acendeu as velas e fechou as persianas. Jacen precisava
se fechar ao mundo e sentir o que estava acontecendo; estava seguindo cada
vez mais uma agenda mundana, a agenda dos seres inferiores com quem
trabalhava. — Por que?
— Se eu fizer isso depois, quando pode ser esse depois? — Jacen
assistiu as chamas brilhando e se acomodou de pernas cruzadas em uma
almofada do chão, mas os seus olhos continuaram vagando longe do foco
de concentração, e Lumiya se sentiu obrigada a bater forte no topo de sua
cabeça e apontar para a vela. — Omas está fazendo um acordo com Gejjen.
O acordo exclui a mim e a Niathal, possivelmente de uma forma bastante
terminal.
Trabalhando no mundo daqueles que não podiam usar a Força, Jacen
estava caindo na conivência e na manipulação como eles, e embora Lumiya
não achasse que isso fosse uma coisa ruim, todas as ferramentas eram
válidas para alcançar o resultado, estava deixando ele mesmo ser obrigado
por suas regras. Estava falando sobre o tempo. Tinha total domínio da
Força, mas parecia gostar de usar os truques limitados das pessoas comuns.
A Almirante era irrelevante a longo prazo. Tinha que estar ciente disso.
— Niathal tem medo de você, Jacen. Ou pelo menos é cautelosa.
— Você não acha que eu sei disso? Ela seria uma idiota se confiasse em
alguém neste nível de governo.
— Você gasta muita energia jogando jogos mundanos em vez de usar a
Força.
— Vou usá-la quando precisar. Na maioria das vezes agora, é um
exagero.
Jacen sempre parecia querer provar o quanto mais esperto, o quanto
mais habilidoso ele era do que seus adversários, como poderia vencê-los em
seus próprios termos. A vaidade nem sempre foi uma coisa ruim em um
Sith, desde que não o controlasse. Era apenas uma questão de fazê-lo parar
e reorientar.
— Medite, — disse Lumiya.
Jacen olhou através dela por um momento, e então olhou sem piscar
para a vela até que finalmente fechou os olhos. Abriu um olho lentamente,
parecendo estar prestes a fazer uma piada. Lumiya não estava de bom
humor.
— Na verdade, liguei para você por um motivo, — disse ele.
— Eu sei. Mas eu gostaria de abordar isso como usuários da Força, não
como um pequeno e tedioso comitê do Senado. — Era hora dele lembrar
que ainda tinha mais um passo a dar antes de começar a ensinar qualquer
coisa a ela. — Acalme-se e deixe o mundo de lado.
Jacen fechou os olhos novamente e, pela primeira vez, pareceu relaxar o
suficiente para permitir que um pouco de seu estado de espírito filtrasse
através da barreira que agora mantinha no lugar a maior parte do tempo.
Lumiya sentiu a confiança sólida e o foco que o caracterizavam. Mas ainda
havia um leve indício do velho Jacen, ferido pelo luto e pela dor, com medo
de fazer as coisas necessárias. Esse era o último vestígio de dúvida e
relutância que o seu passo final apagaria. Isso permitiria que cruzasse a
linha em seu legado Sith completo.
Ela também não sabia quando seria depois, ou mesmo quem. Só sabia
que seria em breve.
— Você não precisa jogar os jogos deles, Jacen, — ela disse
suavemente. — Mesmo agora os seus poderes o colocam muito além do
alcance deles. Omas não pode tocar em você. Nem pode Gejjen. Quando
você alcançar o seu destino, eles serão menos do que irrelevantes.
— Poderes ou não, não posso controlar uma galáxia sozinho. Preciso
persuadir, levar as pessoas comigo. A Força não pode afetar as mentes de
milhões.
Ah, você gosta do poder que pode exercer com jogos mentais simples.
Não cometa os erros de Palpatine. Isso é uma indulgência. Não é digno de
você.
— Jacen, — ela disse. — Eu quero que você faça um balanço e sinta.
Pare de analisar demais. Não revelará nenhuma verdade a você. Só fatos.
Os fatos mostram apenas o que você quer ver.
Jacen abriu os olhos novamente.
— Mas é tão passageiro. A linha entre um impulso louco e a orientação
da Força está ficando mais difícil de traçar.
— Porque você pensa muito sobre isso.
A parede impenetrável subiu novamente. Lumiya sentiu isso quando
caiu em silêncio.
— É o Ben, — ele disse finalmente. — Tem que ser Ben.
Agora ela entendeu.
— Você gosta do garoto. Talvez ele seja o filho que você não tem. Isso
vai ser difícil, e provavelmente é por isso que tem que ser ele.
Por um momento, o olhar de Jacen cintilou, muito breve, muito
insignificante para qualquer observador comum detectar, e sabia que tinha
atingido um ponto fraco. Era isso: consciente de sua própria mortalidade,
ele queria um filho, e havia um pequeno desejo subconsciente de possuir o
que era de Luke como parte da derrubada da dinastia Jedi. Agora que o
tinha, e Ben o via como uma figura paterna heroica, ele tinha que jogar fora
esse prêmio.
Era um tipo estranho de amor, mas se fosse poderoso o suficiente,
serviria.
— Provavelmente é isso, — Jacen disse, e olhou para as suas mãos
entrelaçadas. — E é difícil matar alguém que não merece.
— Mas você não sabe como isso vai acontecer.
— Exatamente.
— Você não consegue se ver levando um sabre de luz para um garoto de
quatorze anos.
— Talvez não seja tão literal. Vou mandá-lo para assassinar Dur Gejjen
quando ele encontrar Omas para fazer o seu acordo. É um trabalho que
precisa ser feito, testa as habilidades e o comprometimento de Ben, é muito
mais fácil para um adolescente passar pela segurança de Gejjen e... talvez
isso o coloque em perigo mortal real. — Jacen estendeu a mão para a mesa
baixa próxima, apoiando-se em uma mão para se esticar e pegar uma das
velas em seu suporte azul transparente. — Agora, isso é uma consequência
da tarefa, ou é por isso que estou enviando ele? Estou enviando-o para a
morte?
— Deixe acontecer, — disse Lumiya. — Pare de racionalizar e deixe
acontecer.
Levantou-se para pegar a vela dele. Podia ver que ele queria jogar
aquele jogo arriscado novamente de quanto tempo ele poderia manter a sua
mão na chama. Alguns homens fariam isso por bravata depois de beber
demais, mas Jacen estava se testando, uma luta privada enraizada em sua
experiência de dor nas mãos de Vergere e as suas dúvidas persistentes de
que ele poderia manter o curso e fazer algo que ele queria fugir.
— Preciso da sua ajuda, — disse ele. — Preciso que você distraia Mara
um pouco.
— O que você quiser.
— Ela levou a história de Brisha a sério. Nada como matar o filho de
alguém para garantir um banho de sangue, não é?
— Achei que essa história poderia prendê-la e explicar minha presença.
Em um mundo ideal, eu teria evitado todo contato com os Skywalkers.
— Então... por que você ofereceu a sua mão a Luke em vez de arrancar
a cabeça dele?
Lumiya ainda estava pensando nisso. Pode não ter feito mal a Luke,
mas não precisava odiar alguém para matá-lo no cumprimento do dever.
Importava que ele ainda pensasse que todas as suas ações eram ditadas por
um antigo romance e por um trauma que tinha sido o seu destino de
qualquer maneira? Por que sentiu a necessidade de mostrar a ele que não
era?
— Certamente teve o seu valor de choque na luta, — disse ela. — E
matá-lo teria mudado o curso dos acontecimentos para todos nós.
— E você queria colocá-lo em seu lugar. Mostrar a ele que ele não tinha
influência... que você o superou?
Jacen às vezes parecia entender e então dizia algo banal como aquilo, o
que a fazia pensar que ele havia perdido o ponto de passar por emoções
poderosas para se tornar mais forte.
— Os Skywalkers estão muito atolados em sua domesticidade para
serem Jedi eficazes, Jacen, — disse ela. — É um alerta para todos nós.
Luke não consegue ver o que está à sua frente porque acha que o meu
motivo é amor perdido e vingança, porque esse é o nível em que ele pensa,
família e amigos. Nunca ocorreria a ele que eu quero ver uma galáxia
controlada pelos Sith e que os problemas pessoais que tivemos são triviais
em comparação.
— Você me ensinou que a raiva e a paixão são os que tornam os Sith
fortes.
— Existe a raiva, e então é ser controlado por ela, não ver a floresta por
causa das árvores. — Lumiya teve um momento de dúvida e decidiu
meditar sobre isso mais tarde. — E quanto a Mara?
— Ela está se agarrando àquela conexão da GAG que encontrou para
rastrear você. Mantenha-a ocupada em outro lugar.
— Vou deixar que ela me encontre. Isso deve funcionar. Você pode me
dar um objeto de Ben, algo que prove a Mara que eu poderia pegá-lo
facilmente, sem ser rastreável até você?
— Vou pegar para você um par de botas dele. Ele guarda vários pares
em seu armário, e Mara já suspeita de uma conexão da GAG. — Ele franziu
a testa com preocupação, mas ela não sentiu nada emanando dele. — E se
ela realmente pegar você?
— Talvez eu ganhe, e de qualquer maneira, isso vai lhe dar tempo. —
Lumiya ainda estava se testando para ver se ela se ressentia de Jacen por
deixá-la para morrer também. — Eu sou dispensável, como você provou. O
propósito da minha vida é permitir que você se torne um Lorde Sith, porque
isso garante a estabilidade da galáxia. A ambição da maioria dos seres é
apenas permanecer vivo, comer demais, gastar demais e evitar o trabalho
árduo. Estou feliz por conseguir muito mais do que isso... e todos nós
morremos mais cedo ou mais tarde. Uma morte a serviço de um grande
ideal é uma coisa boa.
Jacen a encarou por um longo tempo, com um olhar vazio, e ela se
perguntou se a ideia de um princípio eterno ser mais importante do que os
curtos limites de sua própria vida mortal lhe era estranha. Ele precisava
transcender isso. E ele iria.
— Quando você pensar no destino de Ben, — ela disse, — pense no
legado que você deixará nos próximos anos e pergunte quem será capaz de
nomear os Skywalkers, ou mesmo os Solos. Isso é sobre o destino de
trilhões e trilhões nos próximos milênios, não uma pequena família ao
longo de algumas décadas.
Jacen ficou de pé, mas Lumiya poderia dizer que ele estava a olhando
sem vê-la agora.
— Vou continuar dizendo isso a mim mesmo, — disse ele. — As botas
vão chamar a atenção da Mara, com certeza.
— Acho que vou enfatizar a dor materna e fazer algo emocional
também. O que você vai fazer quando Mara e Luke vierem atrás de você,
quando descobrirem sobre Ben no devido tempo?
— Vou lidar com isso quando for preciso.
— Pode ser mais cedo do que você pensa. Sugiro que se assegure de
estar devidamente armado.
— Eu tenho um bom arsenal, — disse Jacen. — E estarei pronto quando
chegar a hora.
— Pense lateralmente, — Lumiya disse gentilmente. — Luke ainda
pode derrotar você em uma luta de sabres de luz.
— Já estou alguns passos à frente dele. Confie em mim.
Tinha que confiar. O futuro da galáxia dependia de Jacen. Ele era o fim
do caos e o começo da ordem e, como todas as forças de mudança, não
seria saudado por todos como um salvador. Alguns não veriam o quanto ele
era necessário. Alguns tentariam detê-lo.
Faria o que fosse necessário para limpar o caminho dele, mesmo que o
preço fosse a sua própria vida.

CENTRO DE VIGILÂNCIA, QG DA GAG, CORUSCANT

O capitão Girdun apareceu na porta, iluminado pela luz do corredor.


— Hora do show, — disse ele. — Niathal acaba de ser designada como
Chefe de Estado interino a partir da meia-noite.
Os soldados de plantão no posto de escuta ergueram os olhos. Ben
desligou o amplificador de ponto em seu ouvido e tentou entender aquela
notícia.
— O que aconteceu com Omas?
— Ele vai ficar fora do escritório por um dia.
— Ah, eu achei...
— Ele tem que dar um pequeno aviso para entregar as rédeas do estado
para Niathal quando ele está fora de contato, você sabe, códigos de
comando, esse tipo de coisa. Portanto, temos uma janela para a sua viagem
a Vulpter. Amanhã.
Tudo estava indo rápido demais. Ben se lembrava de ter se sentido
excitado com o turbilhão dos acontecimentos, mas agora que fazia parte
deles, eram rápidos demais para o seu conforto. Eles o aproximaram de sua
missão. Não estava gostando da perspectiva; sabia como se sentia depois de
matar um suspeito que pensava estar armado, então poderia descobrir que
não ficaria mais feliz depois de despachar Gejjen.
Eu sou um assassino. E todos os outros da minha idade que não são
Jedi estão na escola.
— Que história de cobertura ele deu? — Ben perguntou.
— Assunto médico particular.
— Sim, salvando o seu traseiro, — disse Zavirk.
— Acho que esta é a oportunidade que você estava esperando, Ben. —
Girdun acenou para ele. — Vamos. Sala de reunião. — Ele se virou para
Zavirk. — Eu quero saber o itinerário dele para Vulpter. Ele não vai nos
levar junto, mas ainda vai precisar de transporte, um inspetor e um piloto,
então vamos ficar de olho na logística.
— Aposto que ele leva um ou dois zumbis da Inteligência como
companhia.
— Bem, estamos de olho neles também, então isso vai nos ajudar a
triangular, não vai? Vai em frente, oficial.
O capitão saiu pelo corredor assobiando, o que não era dele. Ben não
tinha percebido que Girdun não gostava tanto de Omas. Talvez ele apenas
tenha gostado de uma caçada realmente importante. Não poderia ser muito
maior do que seguir o Chefe de Estado para um encontro ilícito com o
inimigo. Não havia ódio em Girdun, apenas um maravilhoso senso de foco
e excitação. Ben se perguntou se a escuridão era tão fácil de detectar quanto
os Jedi pareciam pensar.
Mas o que é a escuridão? Matar Gejjen?
A pior coisa de crescer era que havia menos respostas certas ou erradas
a cada dia. Não era um teste de matemática.
Quando chegaram à sala de reuniões, Shevu e Lekauf já estavam lá,
olhando atentamente para uma parede cheia de holotelas iluminadas.
Lekauf, parecendo nada confortável em sua nova insígnia de tenente, deu a
Ben um sorriso nervoso.
— Nossa fonte em Coronet confirma que Gejjen remarcou todos os seus
compromissos para amanhã, — disse Shevu. — Está ligado com certeza.
— Horário?
— Sem horários de saída, mas ele espera estar de volta a tempo para
uma reunião às oito horas do dia seguinte.
As telas nas paredes mostravam dois conjuntos de gráficos e dados: um
era Coruscant, o outro Corellia. Ben conferiu a lista de pontos de vigilância:
a residência particular de Omas, as câmeras de segurança dos escritórios do
Senado, um punhado de plataformas de pouso privadas mais próximas de
ambos e uma lista de planos de voo arquivados para Vulpter. O quadro de
status Corelliano também mostrava planos de voo recentes registrados com
aquele planeta como destino.
— E se Omas interromper a sua jornada em algum lugar e não voar
direto para Vulpter? — Ben perguntou.
— É aí que casar com chegadas e planos de voo para Vulpter ajuda. —
Lekauf apontou para um datapad na mesa. — Dê uma olhada. Mesmo que o
voo não seja originário de Coruscant, podemos fazer verificações para ver o
que está chegando com Coruscant como ponto de partida dentro dessa
janela de tempo.
— O negócio chato de processar números, — disse Girdun. — Não se
preocupe, um computador está reduzindo as opções. Assim que avistarmos
Omas se movendo, ou mesmo Gejjen, colocamos uma vigilância neles. É
mais fácil seguir Omas, mas podemos ter uma folga de Gejjen.
— Como?
— Temos um informante no prédio do governo Corelliano. Esse é o
problema da informação, Ben. Não é o caso de encontrar um grande X em
um gráfico rotulado como a reunião secreta está aqui. Na verdade, trata-se
de reunir muitas coisas aparentemente rotineiras que não são secretas e
procurar os padrões.
Ben observou os planos de voo de Coronet aparecendo na tela.
Qualquer piloto neutro entrando no espaço aéreo Corelliano pode ter acesso
a isso. Qualquer um pode obter informações do CTA sobre Vulpter. E o
Coruscant CTA era um livro aberto, disponível em qualquer porta de dados.
Havia uma quantidade assustadora de dados, mas um computador ou um
droide poderia vasculhá-los da mesma forma que vasculhavam as milhares
de chamadas de comunicador para sinalizar aquelas que valiam o escrutínio
de carne e osso. Era apenas uma questão de definir os parâmetros certos.
Ben não sabia por que estava ali, a não ser para aprender o lado tedioso
e meticuloso do trabalho. Shevu e Lekauf pareciam estar planejando uma
interceptação.
— Eles estão apenas tentando descobrir como podemos chegar perto o
suficiente de Gejjen. — Girdun parecia presumir que Ben sabia do que
estava falando. — E isso tem que ser depois que ele terminar a reunião com
Omas, porque o chefe quer as evidências da reunião para o Conselho de
Segurança.
A revelação amanheceu. Ben esperava ter mais tempo de preparação,
mas era isso.
— Estamos fazendo o golpe ao mesmo tempo que a reunião? Não
quando ele está voltando, ou...
— Talvez não tenhamos outra chance de atacar Gejjen fora de seu
território.
Lekauf acenou para Ben e o fez olhar dentro de uma bolsa de tecido
encostada na parede.
— Gosta disso?
Ben não conseguiu descobrir o que era a princípio, mas quando o tirou
da bolsa, descobriu-se que era um rifle com coronha dobrável. Ele o
desdobrou e encaixou a coronha no lugar, encarando-o com uma percepção
entorpecida.
— É um Karpaki Cinquenta modificado, — disse Lekauf, interpretando
mal a reação de Ben à arma. — Não podemos deixar marcas de sabre de luz
por todo Gejjen, podemos? Um presente. Agora você vai fazer um
conhecimento muito rápido de um rifle precisão balístico. Você sabe,
projéteis.
— Se você está tentando me aproximar de Gejjen, por que preciso de
uma arma de atirador?
— Caso não possamos. Qual é, vamos entrar em algumas horas no
estande interno.
Ben se perguntou se era sua última chance de recusar, mas sabia que
não podia. Se Shevu estava participando disso, e Shevu era totalmente
honesto, um homem que os outros oficiais o descreviam como um tipo
antiquado de policial, então devia ser a coisa certa a fazer.
Girdun respondeu ao seu comunicador chilrear. Era Zavirk, a julgar pelo
lado da conversa que Ben podia ouvir. Girdun deslizou o comunicador de
volta ao bolso, com um grande sorriso no rosto.
— A inteligência está enviando algumas movimentações do Omas, —
disse ele. — Acabei de ouvir os arranjos deles. Partida às cinco horas da
manhã, saindo de sua plataforma de pouso privada e transferindo-se para
uma nave da inteligência não identificada em órbita de Coruscant.
Sorrateiro, não é? Mas ajuda quando você conhece os codinomes deles para
vários VIPs. — Ele checou o seu cronômetro. — Se eu voltar à Inteligência,
lembre-me de torná-los melhores. Tenho que ir.
Shevu levantou uma sobrancelha.
— Ele ama o seu trabalho.
— Você está bem com isso? — Ben perguntou.
— Tudo bem com o quê?
— Gejjen.
— Não sou um espião, — disse Shevu. — Nunca fui. Mas se Gejjen
matar Omas, isso desestabilizará todo a AG. Então estou bem com isso.
— Você acha que ele vai?
— Eu gostaria de uma prova de que ele não iria. Pessoalmente, acho
que devemos estragar nosso disfarce e impedir que Omas vá, mas isso só
compromete toda a nossa operação. Portanto, estamos acompanhando você
para garantir que Omas chegue em casa inteiro.
Shevu nunca fez nenhum comentário sobre se achava que Omas era um
traidor traindo a AG ou um visionário assumindo um risco enorme pela paz.
Não se envolvia com política e opiniões. Ele só cumpria a lei o melhor que
pôde. E isso não era fácil na GAG.
— O que você está esperando? — Shevu perguntou.
— Eu só queria saber se você acha que estou certo em fazer isso.
— Essa não é a minha decisão. — Shevu ocupou-se com hologramas de
Vulpter, abrindo imagens tridimensionais dos espaçoportos e prédios
públicos. — Você tem as suas ordens.
Lekauf deu uma cutucada nas costas de Ben.
— Vamos, eu tenho que transformá-lo em um atirador aceitável até
amanhã de manhã.
A área interna tinha aquele cheiro de ozônio de blaster descarregado
com um toque de plastóide queimado. Algo no ar fez os olhos de Ben
arderem. Era uma instalação cara que Lekauf disse ter sido montada a partir
de equipamentos originalmente destinados à Inteligência: simulações de
hologramas, alvos regulares e até mesmo algo que ele chamou de 'carne
morta'.
— Não tenho certeza se vou ser muito útil com um rifle, — disse Ben.
— Ah, qual é. — Lekauf não estava convencido. — Você é um Jedi.
Você não é como o resto de nós. Você tem essa habilidade visuo espacial
que não temos, o meu avô costumava contar coisas incríveis para o meu pai
sobre Lorde Vader. Precisão realmente incrível em três dimensões, se ele
estava pilotando uma nave ou usando uma arma. Eu costumava pensar que
papai estava inventando até que vi um verdadeiro Jedi fazendo essas coisas.
— Por que não um blaster?
— Por muitas razões. Precisamos de exagero. Precisamos de algo que
não ilumine o lugar como fogos de artifício. E queremos algo que possa ser
silencioso. Acredite ou não, essa coisa é bastante discreta.
Ben firmou o Karpaki contra o seu ombro, mirou algumas vezes e
assumiu a sua posição de tiro. Ficou muito satisfeito por chegar tão longe
sem fazer papel de bobo.
— Você parece ter uma boa opinião sobre Vader.
— Meu avô tinha uma grande admiração por ele. Quando ele se
queimou gravemente em uma missão e teve que ser dispensado do Exército
Imperial, Lorde Vader garantiu que ele fosse cuidado pelo resto de sua vida.
O que quer que algumas pessoas digam sobre Vader, monstros não
procuram tenentes.
— É bom saber, disse Ben. Ele gostou da ideia de seu avô ter seus bons
momentos e de que algumas pessoas ainda pensassem bem dele. Nem todos
simpatizavam com a Rebelião. Ben imaginou Vader fazendo as coisas
difíceis que Jacen estava enfrentando agora.
E que estou enfrentando.
No final do campo de tiro, um homem sombrio atravessou rapidamente
o campo de visão de Ben e desapareceu. A reação instintiva de Ben foi que
essa pessoa era real e estava quebrando as regras de segurança, então ele
abaixou a arma e gritou um aviso. Lekauf começou a rir.
— Ben, esse é o seu alvo.
— Aquilo não era um holograma. Era sólido.
— Ah, sim... — Lekauf colocou a mão no console de controle e o
“homem” voltou à vista para se sentar em uma cadeira na zona-alvo. — É
uma forma de gel. É um droide ajustável feito de gel e plastóide para imitar
carne e osso. Então você... bem, então você se acostuma com um alvo se
movendo como uma pessoa real. Esse foi ajustado para combinar com a
constituição e a marcha de Gejjen com base nas filmagens do holo
noticiário, para que você se acostume com a aparência dele e como ele
provavelmente cairá.
Ben estava paralisado. Era apenas um manequim, apenas uma peça
inteligente de tecnologia de treinamento. Ele verificou na Força, sim, era
apenas uma máquina, mas ainda se sentia péssimo com isso.
— Isso é muito nojento.
— Você sabe quanto custam essas coisas?
— O que acontece quando eu atiro... nele?
— Ele se levanta e se conserta.
— Certo. — Ben achou perturbador observar a figura andando na
pequena baía no final da cordilheira. Pela ótica do rifle, era claramente uma
figura de gel translúcida e inexpressiva com a estrutura sombria de osso
artificial dentro. — Tem certeza que não sente nada?
— Ele só se move, Ben. Não pensa. Não é nem mesmo um droide
adequado. Mais como uma marionete. — Ele olhou para o cronômetro na
parede. — Você tem menos de dezenove horas para se atualizar.
— Sem pressão, então...
— No seu próprio tempo, dispare quando estiver pronto.
Ben relembrou o seu treinamento recente.
— Por que não a massa central?
— Esse é o jeito do exército, matar ou ferir, você ainda colocou o alvo
fora de ação. Os atiradores da polícia precisam se preocupar com reféns e
outras coisas, então eles são treinados para incapacitar instantaneamente,
com tiro na cabeça. O assassinato não precisa ser tão instantâneo, só matar.
Mas um tiro na cabeça ainda é melhor. Lekauf dobrou os dedos indicadores
e polegares a cinco centímetros de distância e fez um gesto como se
estivesse colocando uma venda nos olhos. — Essa é a zona que você está
mirando. Uma faixa de cinco centímetros ao redor da cabeça na altura dos
olhos. Coloque um lá e você terá uma morte. Mas com o tipo de bala
frangível que você usará, desde que acerte a cabeça ou o pescoço, o
resultado é o mesmo.
— E se eu conseguir apenas uma chance na massa central?
— Ele não responderá à ressuscitação cardiopulmonar depois que um
tiro o atingir, acredite em mim. — Quando Lekauf estava ficando técnico,
Ben sabia que estava gostando do assunto. — O ideal ainda é o tiro na
cabeça, no entanto.
— Mas tem a velocidade do vento e tudo.
— Este Karpaki tem sensores ópticos inteligentes. Detecta o vento e
permite isso. Eles melhoraram um pouco nos últimos anos.
— Se é tão inteligente, então por que tenho que treinar?
— Para se acostumar a atirar em alguém que não está tentando te matar.
Que nem sabe que você está aí. Não é o jeito Jedi, é?
Era apenas um boneco. Mas se movia como Gejjen.
Ben apontou.
Era como usar um sabre de luz, na verdade. Deixar a Força guiar a mão,
o olho...
Apertou o gatilho quando a forma de gel se sentou na cadeira, e a bala
atingiu a ponta de sua têmpora direita. Gel e fragmentos flutuaram no ar, e o
boneco caiu para a frente.
Lekauf, de braços cruzados, observou a forma inerte com olhos de
conhecedor. Ben ficou surpreso com o quão desconfortável isso o fez se
sentir, especialmente quando a forma de gel de repente se sentou e depois se
levantou.
Ele tinha certeza de que não conseguiria atirar uma segunda vez.
— E de novo, — disse Lekauf.
Ben passou a hora seguinte se acostumando a antecipar o movimento,
esperando que a forma de gel se acomodasse apenas o tempo suficiente para
o tiro. Era mais difícil do que pensava: o manequim não tinha impressão a
Força, o que limitou os sentidos de Ben. E ficava se levantando e andando a
cada vez, um fantasma de gel angustiante de um homem que iria matar.
Não havia emoção nisso. Isso dificultava. Mas estava conseguindo bons
tiros únicos. Tentou ver isso como um exercício técnico, como broca de
sabre de luz, uma ação totalmente separada do desagradável negócio de
cortar cabeças, e imaginou a forma de gel com o cabelo curto e escuro de
Dur Gejjen.
— Ben, — Lekauf disse calmamente, — eu estarei lá e Shevu também.
Você tem retaguarda se algo der errado. Se você não conseguir alcançá-lo
ou não conseguir um tiro certeiro, garantiremos que ele caia e permaneça no
chão. Não se preocupe.
— Mas isso vai expor vocês dois.
— Como eu disse, é só no caso de as coisas não saírem conforme o
planejado. Faz sentido criar alguma contingência caso não tenhamos outra
chance, porque será mais fácil do que acertá-lo em Corellia.
Ben ponderou.
— Nós nem sabemos a localização. Eu poderia estar fazendo isso no
meio de um campo ou em um restaurante lotado.
— Você sabotou o Centerpoint. Isso vai ser muito mais fácil.
— Quando fiz isso, ainda achava divertido.
— Vamos lá você consegue.
Havia algo na fé e na admiração de Lekauf que galvanizou Ben.
Concentrou-se no manequim e tentou se ver não como atirando em um
autômato indefeso ou mesmo em um político corrupto, mas como
resolvendo um problema. Algumas horas depois, ele estava atingindo a zona
de cinco centímetros 95% das vezes.
— É melhor fazer uma pausa agora, — disse Lekauf.
Ben verificou se as pistas adjacentes estavam livres e caminhou até a
área para olhar a forma de gel. Quanto mais vezes a acertava, mais lento se
tornava o auto reparo. A sua fonte de alimentação interna precisava ser
recarregada. Ele estava lutando para se levantar, e Ben se sentiu cada vez
mais perturbado ao observar a patética figura anônima lutando para rolar
sobre o peito e ficar de quatro. Forçou-se a parar de olhar para ela.
Era ainda pior por não haver nenhuma consequência real da lesão que
tinha visto muitas vezes.
— Almoço, — Lekauf chamou, desta vez com mais insistência.
Ben não tinha certeza se estava com tanta fome.

FAZENDA DE BEVIIN-VASUR, DEZ QUILÔMETROS FORA DE


KELDABE, MANDALORE
Goran Beviin ergueu os olhos da trincheira, com um forcado na mão e um
sorriso enlameado no rosto. Estava começando a chover e estava com
esterco animal até os tornozelos, mas isso parecia deixá-lo perfeitamente
feliz.
— E eles disseram que atuar como Mandalore iria subir à minha cabeça,
— disse ele, esfregando o nariz na manga. — Então você voltou para casa
rápido.
Fett manteve distância.
— Encontrei o que procurava. Você não esperava que eu voltasse.
— Eu esperava. Alguns dos chefes dos clãs não. Você tem o hábito de
vagar por alguns anos de cada vez. — Beviin saiu da trincheira e enxugou
as palmas das mãos no fundilho da calça. Ele parecia muito, muito satisfeito
consigo mesmo. — Se você estivesse longe por mais tempo, eu teria ligado
para você, mas já que você voltou... Quer ver algo incrível?
Fett se perguntou se agora era um bom momento para contar a Beviin a
verdade sobre a sua doença. O homem tinha que saber mais cedo ou mais
tarde. Ele poderia ter se declarado Mandalore formalmente enquanto Fett
estava fora e provavelmente encontrado muito apoio entre os clãs, mas não
o fez; ele continuara cavando estrume e cuidando de sua fazenda. Ele estava
feliz com a sua vida como ela era. A galáxia teria funcionado melhor com
mais alguns Beviins por perto.
— Tudo bem, — disse Fett. — Me surpreenda.
Beviin acenou e se arrastou pela lama em direção aos prédios da
fazenda. A garoa fina estava se transformando em chuva e a terra parecia
nua, não no sentido arruinado da devastação do pós-guerra que arruinou
grande parte do planeta, mas como se tivesse se acomodado para dormir no
inverno que se aproximava. Apesar da derivação do sobrenome Fett,
derivado da palavra 'agricultor' e da infância de seu pai na fazenda Concord
Dawn de seus pais, Fett não sabia nada sobre agricultura. Gostaria de poder
aprender, às vezes, a entender melhor quem seu pai havia sido.
— Mirta está se comportando? — Beviin não olhou pra trás por cima do
ombro. — Bem, pelo menos ela não tentou te matar de novo. É um bom
sinal. As crianças podem ser tão complicadas.
Fett sentiu a lama grudar em suas botas.
— Ela é um par de punhos úteis em uma luta.
— Ela produzirá bisnetos maravilhosamente ferozes para você, Bob'ika.
— Beviin parou algumas batidas. Fett tentou entender a frase bisnetos e isso
o deixou perdido. — Então, o que quer que você tenha feito acabou em uma
briga, não é?
— Só tinha que fazer perguntas enfaticamente.
— Você vai me contar sobre isso?
Parecia um momento tão bom quanto qualquer outro, e Fett não viu por
que adoçá-lo.
— Estou em estado terminal. Dois anos, no máximo. Oito, nove meses
se eu continuar assim.
Beviin ainda não se virou. Ele caminhou por mais alguns metros, de
cabeça baixa por causa da chuva, e então parou e finalmente encarou Fett.
Ele parecia genuinamente chateado. Fett não conseguia se lembrar de
ninguém ter ficado chateado por ele antes, exceto o seu pai. A falta de
cuidado funcionou nos dois sentidos.
Talvez Sintas sentisse por ele. Não tinha notado.
— Você não vai sentar e deixar isso acontecer, vai, Bob'ika? Podemos
fazer alguma coisa, com certeza.
Usar a forma tão familiar de seu nome não incomodava mais Fett agora.
— Encontrei um clone que sobreviveu.
— Então eles tiraram um pouco mais de Ko Sai do que vingança e
alguns souvenirs.
— Não há dados de pesquisa. Só o clone, Jaing Skirata. Ele não quis me
dar uma amostra de sangue, mas diz que tem bons recursos médicos. Agora
que Fett estava de volta a Mandalore e Jaing estava a anos-luz de distância,
toda a premissa lhe parecia frágil. O homem nem havia aceitado uma
refeição dele, o que pelo menos teria deixado vestígios úteis de seu material
genético nos utensílios. Fett não tinha nada além de contagem regressiva do
tempo e uma suspeita de que seu julgamento estava falhando, assim como
sua saúde. — Eu vou explicar mais tarde.
— Por que você não me contou? Eu poderia ter rastreado alguns clones
para você. Muitos deles desertaram e acabaram aqui.
— Aqueles que tiveram o envelhecimento acelerado parado?
— Eu não sei, mas eu poderia ter trabalhado com essas pistas. Shab,
Bob'ika, você não poderia ter espremido uma pequena amostra dele de
qualquer maneira?
— Agora está feito. E nunca houve garantia de que Taun We ou Beluine
pudessem fazer algo com isso de qualquer maneira.
Beviin pareceu desapontado por um momento, como se Fett tivesse se
decepcionado ao não simplesmente pegar o que precisava. Mas Jaing estava
certo. Fett precisava de Taun We para decodificar o que quer que fosse nas
células daquele clone que interrompeu a degeneração, e Taun We teria
passado essa pesquisa para os seus novos chefes na Micro Arkaniana. Isso
era um péssimo negócio para o clone, e um péssimo negócio para Fett,
porque se alguém iria tirar créditos daqueles dados, era ele, e Mandalore
precisava disso...
Bem, há uma coisa engraçada. Agora estou pensando a longo prazo.
Beviin se virou e recomeçou a caminhar em silêncio. As notícias de Fett
certamente tiraram o brilho do que quer que o tenha deixado tão feliz um
pouco antes.
A fazenda era uma coleção irregular de edifícios espalhados em torno
de uma casa de fazenda de pedra com impressionantes obras de terra e
paredes defensivas. As outras estruturas, incluindo o anexo em que Fett
estava hospedado, não eram tão bem defendidas, apenas variações do
tradicional vheh'yaime circular situado em poços profundos e cobertos de
palha tão espessa que eram camuflados. Mas a casa da fazenda era o último
bastião em caso de ataque.
Na parte de trás do edifício, ligada a ele por um túnel subterrâneo,
ficava uma oficina com uma ferraria. Fett podia ouvir o martelar ritmado do
metal na clareira. Não havia fumaça saindo do telhado. Ele abriu muitos
metros para esconder o local, e Fett tinha certeza de que havia uma rede de
túneis que se estendia por um longo caminho nas colinas a oeste da fazenda.
Era uma das maneiras pelas quais os Mandalorianos lutaram, e derrotaram,
os Yuuzhan Vong.
Beviin desceu os degraus cortados no solo compactado e levando até a
porta da frente. Ela se abriu e Dinua, a sua filha adotiva, estava com as
mãos na cintura.
— Botas, — ela disse ameaçadoramente, apontando para os torrões de
esterco e lama. Duas crianças pequenas agarradas as suas pernas.
— Você também, Mand’alor. E você pode tirar esse macacão também,
Buir.
— Está bem, está bem. — Beviin, espião, consertador, comando
veterano, foi rechaçado por uma mulher resoluta. Mas Dinua lutou e matou
os Yuuzhan Vong desde os quatorze anos, então fazer uma bagunça em seu
chão limpo não deveria ser tentado precipitadamente. — Vamos percorrer o
caminho mais longo.
Eles caminharam ao redor do perímetro da casa da fazenda, seguindo o
som de metal tocando.
— Ela é uma boa menina, — disse Beviin. — Só está um pouco irritada
agora que Jintar está fora lutando. Ela não é de ficar em casa. Mas os
pequenos são muito pequenos para que ambos os pais fiquem longe.
Então, alguns já haviam feito trabalho mercenário. Fett não achava que
a fazenda de Beviin estava indo tão mal, mas talvez Jintar fosse muito
orgulhoso para aceitar o apoio de seu sogro.
— Mas você e Medrit são bons com as crianças.
— Sim, mas assim, um dos pais permanece vivo...
Essa era a dura realidade com a qual Fett cresceu. Criava pessoas duras.
Quando a porta da oficina se abriu, uma rajada de ar quente foi
registrada em seus sensores. O interior estava banhado por um brilho
vermelho; faíscas voaram em chuveiros de arco. Como Beviin suportava o
barulho, Fett nunca saberia. Os controles de seu capacete decidiram que o
volume estava acima do nível de perigo e amorteceia o som.
Uma montanha em forma de um homem em uma camiseta, avental de
couro queimado e protetores de ouvido estava martelando uma tira de metal
em brasa. Cada vez que ele erguia o braço, o suor escorria dele e se
transformava em vapor nas superfícies quentes. Ele dobrou a tira com uma
pinça enquanto martelava, colocando camadas no metal com um ritmo
constante que dizia que ele era um mestre armeiro. Depois de um tempo, ele
percebeu que Fett e Beviin estavam observando; ele gesticulou com um
movimento impaciente do dedo para mostrar que terminaria de trabalhar o
metal antes de parar para falar.
Era realmente fascinante. Fett podia ver pelo comprimento e forma
emergente da barra de metal que ele estava fazendo um beskad, o sabre
tradicional dos antigos Mandalorianos. Beviin tinha uma, uma lâmina
antiga feita com o ferro exclusivo de Mandalore, beskar. Fett o observou
balançar a arma com tanta força em um oficial Yuuzhan Vong que teve que
ficar em cima dele para puxá-la.
— Lá. — Medrit Vasur esfriou a forma áspera do sabre em uma
banheira de líquido sibilante e o virou para um lado e para o outro para
verificar a linha. Ele tirou os protetores de ouvido e seu rosto se abriu em
um sorriso beatífico de satisfação enquanto enxugava o suor da testa com o
antebraço. — Agora, isso vai ser uma coisa linda.
— Med'ika, eu não disse a ele ainda, — disse Beviin.
— Devo deixar escapar, então?
— Você é o metalúrgico...
— Mand'alor, — Medrit disse rigidamente, — você está olhando para
um teste forjado de um novo filão de beskar.
Fett levou um lento segundo para entender a importância do que Medrit
havia dito.
— Mas o Império extraiu Mandalore. Eles levaram todo o ferro.
— Eles erraram um pouco. Um pouco grande.
— Como? E qual é o tamanho?
— Este é um grande planeta com uma população minúscula, e mesmo
os imperiais não o pesquisaram por inteiro. Eles arrancaram as veias rasas.
Este é um filão mais profundo, e nunca o teríamos encontrado se os
vongeses não tivessem deixado crateras nas quais você poderia afundar uma
pequena lua. Medrit pegou um pano e enxugou o rosto. Fett não conseguia
sentir o impacto total da temperatura na oficina, mas Beviin começou a suar
visivelmente; ele deixou uma mancha suja na testa enquanto a enxugava. —
Há uma equipe a cem quilômetros ao norte de Enceri ainda fazendo
exercícios de teste, mas parece que um grande filão foi exposto.
Enceri era remota mesmo para os padrões de Mandalore; não é de
admirar que tenha levado anos para tropeçar nele. Os Yuuzhan Vong usaram
artilharia de singularidade indiscriminadamente, destruindo enormes
crateras em todo o planeta porque queriam aniquilar Mandalore, não
conquistá-la. Fett desfrutou de um raro momento de prazer imaginando a
expressão em seus rostos vis, arrogantes e desfigurados se soubessem que
estavam ajudando Mandalore a encontrar uma nova fonte do metal que um
dia o tornara poderoso.
Beskar era o metal mais resistente conhecido pela ciência. Até os sabres
de luz tiveram problemas com isso. Houve um tempo em que todo exército
da galáxia queria um suprimento.
Ainda era o metal mais valioso do mercado e havia uma guerra em
torno dele.
— Sinto que uma nova era econômica está chegando, — disse Fett.
Beviin piscou.
— Oyá manda.
— E não é na terra de ninguém. — Fett percebeu que a razão pela qual
nunca entendeu o que o governo Mandaloriano realmente significava era
porque era muito nebuloso. — Este é um recurso para Mandalore como um
todo.
— Se você diz que é, então é. Essa é a prerrogativa do Mandalore.
— Certo, eu digo que é. Hora de reunir os chefes e fazer um pouco de
planejamento futuro.
— Shab, — disse Medrit, desapontado com o poder do Mand’alor de
requisitar recursos. — Você está soando como um verdadeiro chefe de
estado.
Fett normalmente teria achado uma refeição em família e uma longa
explicação sobre os pontos mais delicados da metalurgia piores do que um
feitiço no Sarlacc. Já era bastante difícil acostumar-se a ter uma neta sem
ser assediada pela família barulhenta, confusa e demonstrativa de Beviin.
Mas naquela noite, ele tolerou.
— Não é só o minério, — disse Medrit, desenhando um gráfico
imaginário no ar com uma baqueta de nuna. — É o processamento. Parte da
força do metal está no que é adicionado durante a fundição e como é
trabalhado. O que você viu foi apenas um lote de teste.
— Temos mais instalações para fazer isso? — Fett não estava
acostumado a comer na frente de ninguém. O filho e a filha de Dinua, Shalk
e Briila, de sete e cinco anos, ele estimou, olharam para ele, indiferentes, do
outro lado da mesa. O escrutínio das crianças pequenas era enervante. —
Temos uma sorte inesperada que não podemos explorar?
— Em pequena escala, podemos fazer isso, — disse Beviin. — Fiz
alguns cálculos aproximados. Se o filão produzir o rendimento que
pensamos, vamos precisar de ajuda desde a mineração até o processamento.
A Motores Mandal pode processar parte disso, se eles estiverem dispostos a
transferir recursos de naves de combate. Mas o resto... precisamos de
droides.
— Mas o que você vai fazer com isso? — perguntou Dinua.
— O que?
— Vender por moeda estrangeira ou usá-lo para nos armarmos?
Dinua, órfã no campo de batalha como Fett, era uma mulher
extremamente inteligente. Beviin a adotou no momento em que a sua mãe
foi morta, mas Fett descobriu que a capacidade de transformar estranhos em
família, aquela parte central da cultura Mandaloriana, estava além dele.
Mesmo Medrit, impaciente, crítico, mal-humorado, aceitou a adição
inesperada à sua casa sem um murmúrio. Adoção era o que os
Mandalorianos faziam, e sempre fizeram.
Se ele pode fazer isso, por que eu não posso? Com a minha própria
carne e sangue também.
— Fazemos os dois, — disse Fett, tentando se manter no assunto. —
Alguns produtos manufaturados para exportação, alguns para o nosso
próprio rearmamento.
— Você encontrará muito apoio para isso, — disse Beviin. — Satisfaz
ambos os campos.
O que mais posso fazer com o tempo que me resta, exceto deixar
Mandalore em boa forma?
— Se tivermos, alguém vai querer pegá-lo.
— Você acha que alguém é estúpido o suficiente para tentar invadir
como o Império fez? — disse Beviin. — Depois que chutamos os shebs dos
Vong assim?
— Ba'buir está xingando, — disse Shalk gravemente. — Posso dizer
shebs também?
— Não, você não pode. — Dinua estalou os dentes em aborrecimento.
— Buir, por favor, não na frente das crianças. Mand'alor, como você vai
anunciar a descoberta? Além do modo antiquado de Mando, aparecendo na
fronteira com um exército invasor?
— Temos que anunciar isso?
— Se queremos receita externa.
— Não temos um ministro das finanças, mas o cargo é seu.
— Estou falando sério.
— Comissione alguns caças estelares e veja quem percebe, — disse
Fett. — Talvez este Kad'ika tenha razão, que não temos que estar de um
lado ou de outro. Há um terceiro lado, como... Goran diz. — Foi apenas
cortesia tratá-lo pelo primeiro nome em sua própria casa. Fett tinha tão
pouca interação não hostil com qualquer pessoa que a etiqueta básica
parecia um campo minado. — O nosso próprio.
— Eu poderia garantir que o aruetiise fosse notificado, — disse Beviin.
— Mas talvez uma surpresa seja melhor.
— Que tipo de surpresa?
— Do tipo que faz você olhar pra cima e correr pra um abrigo antiaéreo,
— disse Beviin. — Com um logotipo da Motores Mandal na fuselagem.
— Não temos ambições territoriais para além do setor. Temos pelo
menos uma dúzia de planetas aqui com os quais nos preocupar.
— Eu sei. Mas pegue um planeta em recuperação pós-guerra, uma
guerra civil em andamento e uma nova descoberta de beskar, e podemos ter
visitantes. Se não estivermos armados, pelo menos tentamos fazer negócios.
— Qualquer que seja. Não perco o sono por causa do que...
Beviin preencheu a lacuna.
— Aruetiise.
— ... aruetiise pense em nós. Falarei com Yomaget pela manhã. Veja o
que a Motores Mandal pode cometer.
Medrit mastigou pensativamente, olhando para Fett.
— Você poderia ter um conjunto decente de beskar'gam para substituir
aquele duraço osik que está usando também. Vai durar várias vidas.
— Só tem que durar um ano, então.
Medrit olhou para Fett, não obteve resposta e se virou para Beviin. Ele
balançou a cabeça: Mais tarde. Dinua entendeu a dica também. Os seus
filhos olharam face a face, procurando uma explicação para o que havia
mergulhado os adultos no silêncio. Fett não se importava se alguém sabia
que ele estava morrendo. A maioria não acreditaria de qualquer maneira.
Era difícil imaginar a mortalidade de alguém cujo rosto não se podia ver.
— Muito mais nuna — disse Beviin de repente, empurrando a travessa
de carne brilhante com crosta de especiarias diante dele. — Criado em casa
também.
Nunca seria um jantar familiar descontraído de qualquer maneira. O
simples fato de ser Fett garantia isso. A comida estava mais apimentada do
que estava acostumado e as porções eram grandes demais, mas limpou o
prato porque eram pessoas generosas que lhe deram refúgio aqui e
recusavam o pagamento, mesmo sabendo que poderia ter comprado o
planeta inteiro em dobro. Era o que Mando'ade fazia uns pelos outros
quando alguém estava com problemas. O fato dele ser o Mandalor era
irrelevante.
Quase podia ouvir Medrit dizendo a Beviin mais tarde o quão mal-
humorado shabuir Fett era, e perguntando se Beviin realmente tinha que
convidá-lo com tanta frequência.
— Você não me contou como o filão foi encontrado, — disse Fett. Era a
sua melhor chance de conversa fiada, já que eles não pareciam querer falar
sobre a sua morte. — Depois de dez anos? No meio do nada?
— Da órbita. — Medrit parou no meio da fatia enquanto cortava uma
pilha pegajosa de massa brilhante cravejada de nozes em seis porções e
lambia os dedos. Pequenas cicatrizes de queimadura salpicavam as suas
mãos. Fett se perguntou se encontraria limalha de metal no bolo. — Algum
Mando'ade voltando para casa depois de algumas gerações na Orla Exterior.
Um engenheiro de minerais e um geólogo fizeram algumas varreduras,
compararam-nas com as antigas cartas geológicas e decidiram dar uma
olhada de perto. Resultado: wayii!
— Boa hora, — disse Fett.
— Estamos recebendo muitas pessoas qualificadas voltando para casa,
Bob'ika, — disse Beviin. — Você disse que queria que os Mando'ade
voltassem, e alguns já voltaram.
— Impressionante. — Fett ficou surpreso com a disposição das pessoas
de abandonar tudo o que já conheceram simplesmente por sugestão dele. —
Vamos torcer para que tenham tanta sorte.
— Mais desenvoltura do que sorte.
Fett pensou na última coisa que Fenn Shysa disse a ele. Se você só cuida
de sua própria pele, então você não é um homem. Não, Jaing não fazia ideia
do que se passava entre eles naqueles momentos finais. As pessoas
geralmente acreditavam no que queriam.
— Me faz pensar o que mais ainda não foi descoberto neste planeta, —
disse Fett.
Naquela noite, deitado acordado por muito tempo na frágil cama de
cavalete do anexo, Fett refletiu sobre o fato de que Mirta não havia mantido
contato desde que eles voltaram e se perguntou o que seu pai teria feito se
fosse Mandalore agora.
A exaustão era a melhor pílula para dormir que conhecia. Antes de
deixá-lo engolfá-lo, o seu último pensamento foi que o beskar mudou tudo,
exceto a sua própria mortalidade.
Capítulo Oito

Assim que Omas retirar as suas tropas, convenceremos os


Bothanos a se comportarem. Esperar um ou dois meses, deixar
todos se acalmarem e se acostumarem com um cessar-fogo, e
usaremos essa calmaria para nos reagrupar com Commenor,
Fondor e Bothawui para dar uma surra em Coruscant que
nunca esquecerá.
— Primeiro Ministro Corelliano Dur Gejjen, discutindo planos de
longo prazo com a equipe de defesa da Confederação

VESTIÁRIOS DO QG DA GAG, CORUSCANT: 21:00 HORAS

Shevu deu uma longa olhada em Ben e entregou-lhe um pequeno recipiente.


Estava cheio de um líquido marrom escuro.
— Você parece exausto, — disse Shevu. — Mas antes de dormir, há
algumas pontas soltas para amarrar.
Ben, encurvado em um banco com as costas apoiadas na porta de seu
armário, estava pronto para cair de cansaço. Ele tinha que acordar às 03h00
para se preparar para o voo para Vulpter e ainda não sabia o seu destino
final ou o local do ataque.
Isso não era incomum, aparentemente. Ainda bem que estava
acostumado a improvisar.
— Estou marcando noventa e sete por cento, senhor.
Shevu soou como se tivesse abafado uma risada. Ele exalava um
sentimento de pena.
— É difícil saber o que dizer.
— Estou pronto. Realmente estou.
— Eu quis dizer que é incrível podermos treinar um franco-atirador em
um dia. Se ele for um Jedi, é claro. — Shevu colocou a garrafa na mão de
Ben. Havia o gotejamento lento e constante de água em algum lugar nos
vestiários, e o cheiro de sabonete levemente à base de ervas. — Você está
sendo inserido antes do tempo com Lekauf, e eu estarei acompanhando a
fuga de Omas. Vamos ao PE em Vulpter no Espaçoporto da Cidade de
Charbi, porque ele está se encontrando com Gejjen em uma das salas de
conferência que eles alugam para reuniões de negócios por hora.
Pessoalmente, acho que Inteligência da AG é louca por deixá-lo fazer isso.
Sem área estéril, sem triagem, sem segurança, exceto por dois caras com ele
para proteção próxima. Mas é anônimo, não há reserva antecipada para
rastrear, Charbi é uma favela, e podemos passear por lá.
— Alguém não vai reconhecê-lo?
Shevu apontou para a garrafa com um líquido marrom.
— Eu não acho que vai demorar um pouco disso para deixá-lo passar
por um espaçoporto sem ser reconhecido. Quantas verificações um
passageiro de negócios passa, desembarcando em uma embarcação privada?
Um, no balcão da Alfândega e Imigração. E este é Vulpter, pelo amor de
Deus, a segurança deles não é exatamente um anel de duraço. Ele pode até
usar as salas do outro lado desse controle e nunca precisa ser visto.
Efetivamente, tudo acontece do lado da pista de pouso.
Ben pensou bem, vendo o espaçoporto em sua mente, acrescentando
permacreto e passageiros à imagem holográfica de linhas vermelhas e azuis.
Ele estava se acostumando a pensar assim, e parte dele adorava resolver o
quebra-cabeça enquanto a outra metade se perguntava o que estava
acontecendo com ele.
— De certa forma, é melhor pra nós se ele se encontrar com Gejjen nas
salas de conferência do lado público da alfândega, — disse Ben. — Uma
multidão maior lá fora para nós desaparecermos.
— Concordo. No final, vamos agarrar qualquer chance que tivermos.
Ben ergueu a garrafa contra a luz.
— Então, o que é isso?
— Tintura para cabelo. A maioria das espécies tende a se lembrar de
humanos ruivos um pouco bem demais. Você ainda é uma minoria genética.
E Omas conhece você bem o suficiente para olhar duas vezes se ele o
encontrar.
— Diga-me que não preciso usar maquiagem para cobrir as minhas
sardas... — A mente de Ben estava algumas horas à frente, pensando nas
poucas horas de sono que conseguiria durante o voo. Ele poderia estudar o
layout do espaçoporto em seu datapad. Tudo ia correr bem, disse a si
mesmo. — Então a segunda embarcação é reserva caso ele desvie?
— Parcialmente. E, em parte, temos algo incriminador para abandonar
em Vulpter. Leia o rótulo, pinte o cabelo e apresente-se na pista de pouso às
vinte e duas e trinta. Eu te vejo lá.
Shevu começou a se afastar. Ben se levantou de um salto.
— Senhor, o que vai ser incriminador?
O capitão sempre pareceu velho para Ben, mas ele era mais jovem que
Jacen; vinte e oito, talvez. Ele olhou para Ben com aquele misto de tristeza
e paciência que Ben vira com frequência no rosto de seu pai.
— Acho que qualquer um acreditaria que os Corellianos neutralizaram
Gejjen, dada a embarcação certa abandonada no porto. Sabe... Registro
Corelliano, rastreamento Corelliano para perícia... você pode fazer um
sotaque Corelliano, não pode? Se o empurrão chegar e você precisar falar,
claro. Devem haver muitos Corellianos com ressentimento contra ele,
conhecendo a sua política.
Ben pensou no sotaque do tio Han, ou no que restava dele. Ele soava
mais Coruscanti nesses dias.
— Pode fazer. Mas como sabemos que não vamos cair sobre os
verdadeiros Corellianos tentando impedir Gejjen de fazer um acordo com o
inimigo?
— Isso, — disse Shevu, — seria incrivelmente hilário por todos os
motivos errados. Supondo que ele tenha um acordo para colocar na mesa de
qualquer maneira.
Vou matar alguém e em vinte e quatro horas estarei de volta aqui como
se nada tivesse acontecido.
— Alguma razão para eu não poder pegar a minha vibro lâmina? —
Ben o tirou do bolso e o estendeu para Shevu. — A minha mãe me deu e...
bem, você sabe.
— Você pode pegar o que for melhor para você, contanto que não saia
ou carregue evidências que liguem o ataque a nós. — Shevu examinou a
lâmina. — Sim eu entendo. — Ele abaixou um pouco a gola da camisa para
revelar uma corrente de ouro. — Sem identidade, claro, mas a minha
namorada me deu, e eu nunca saio em patrulha sem ela.
Ajudou saber que todos ficavam nervosos antes de uma missão e
precisavam de um pequeno lembrete de seus entes queridos. Shevu chegou
a meio caminho das portas antes de se virar e parecer estar se preparando
para dizer alguma coisa.
— Sei que seu pai pode achar difícil aceitar o que você faz, Ben, mas
estou orgulhoso de você, — disse ele. — Ainda assim, se eu tivesse um
filho, não o deixaria fazer esse tipo de coisa até que fosse adulto. Não é
como se não tivéssemos homens treinados o suficiente para fazer isso.
Mas... bem, o coronel Solo tem os seus motivos, tenho certeza.
Ben ficou pensando sobre essa afirmação por um tempo e percebeu que
Shevu havia dito pai, não pais. Talvez ele pensasse que a sua mãe
entenderia um trabalho como esse. Ben sentiu que estava segurando o
relacionamento com a sua família pela ponta dos dedos, mas não houve
mais brigas e ele não se sentia tão zangado por ter que se comprometer.
Talvez isso fosse realmente o que significava crescer, uma distância cada
vez maior dos pais, sabendo que sempre haveria amanhã e que ele não
precisava conseguir o que queria agora, e começando a entender as coisas
pelas quais eles passaram quando eles eram mais jovens.
Eu não iria deixá-lo fazer esse tipo de coisa até que ele fosse um adulto.
Mas o seu pai tinha feito esse tipo de coisa, mais ou menos. Ele era
apenas um pouco mais velho, isso era tudo. Isso não era diferente de
explodir a Estrela da Morte, e muitas pessoas comuns apenas fazendo o seu
trabalho morreram quando Luke Skywalker fez isso. Ben estava removendo
um único homem, sem espectadores.
Lembraria papai disso se alguma vez fosse divulgado e ele tivesse que
defender a sua decisão. Papai provavelmente diria que Jacen o fez fazer
isso.
Ben estava parado no banheiro com a tintura fazendo espuma na cabeça
e se viu no espelho. Sentiu-se ridículo. A espuma parecia lilás, e ele se
perguntou se algo havia dado muito errado. Quando enxaguou, porém, o seu
cabelo estava castanho, só castanho, e estava olhando para um estranho.
Bom.
Precisava ser outra pessoa por todos os tipos de razões.
Quando o seu cabelo secou, tirou as roupas civis que Lekauf havia
deixado para ele, todas no estilo Corelliano, todas com etiquetas
Corellianas. Isso é para o caso de eu ser pego. O pensamento gelou Ben,
mas era um procedimento padrão. Ninguém havia falado com ele sobre o
que aconteceria se fosse pego, e como seria o interrogatório, mas podia
adivinhar. Eles provavelmente não sabiam que conselho dar a um Jedi sobre
resistir ao interrogatório de qualquer maneira.
Talvez eles pensassem que poderia apenas cutucar uma mente aqui e um
pensamento ali, e sair da cela.
Talvez pudesse.
Ben se olhou no espelho algumas vezes, tentando se ver como um
estranho se veria, e ficou satisfeito por parecer diferente de Ben Skywalker
e perturbadoramente parecido com um garoto Corelliano um pouco mais
velho que ele, mas loiro, Barit Saiy.
Não via Saiy desde que o prenderam com os outros Corellianos. Depois
disso, Ben parou de perguntar o que aconteceu, mas ainda se perguntava em
silêncio.
Agachou-se e colocou as botas no armário. Então contou as várias peças
do equipamento. Par diário, par de ataque maltratado para dar sorte, mas
não o melhor par do desfile.
Agachou e colocou as botas no armário. Em seguida, contou as várias
peças do equipamento. Par diário, par de incursão desgastado para dar sorte,
mas nenhum par de desfile.
— Jori, vou pensar em algo especial para você, — ele disse em voz alta,
e sorriu, querendo a diversão.
Era bom ser um dos garotos. Ben enfiou o seu datapad no bolso, se
perguntou onde iria deixá-lo por segurança e foi pegar o Karpaki e alguns
pacotes de munição do arsenal.
Era apenas um trabalho, e ele tinha que fazê-lo.

O APARTAMENTO DOS SKYWALKERS, CORUSCANT

Luke acordou em pânico e estendeu a mão para uma forma encapuzada ao


pé da cama, sabendo que estava sonhando, mas incapaz de evitar reagir ao
espectro que se dissolveu quando ficou totalmente acordado.
Fazia algum tempo que não sonhava com a figura ameaçadora de capa
com capuz. Agora estava de volta. Eram quatro da manhã e Mara ainda não
tinha voltado para casa.
Normalmente, o sonho da Força desaparecia e apenas o deixava com
aquela sacudida doentia em seu estômago, como se tivesse visto um
acidente de speeder. Mas isso era diferente; ao jogar as pernas para fora da
cama, teve a sensação de que ainda havia alguém no quarto e teve certeza
de que não estava dormindo. Verificou o cronômetro para ter certeza de que
não estava ainda atolado no pesadelo.
04h:10.
Não estava.
Luke pegou o seu sabre de luz, que vinha guardando no criado-mudo
ultimamente, e fez uma inspeção cuidadosa de todos os cômodos. Não
podia sentir carne e sangue em nenhum lugar, mas podia detectar algo. A
presença estava tão perto agora que quase podia sentir a respiração na nuca.
E então sentiu... diversão.
A presença, agora na porta do apartamento, tinha certeza, era como uma
nuvem de fumaça em sua mente. Quase podia vê-la. Quando sentiu que se
tornava mais sólida, mais real, mais aqui, de repente se iluminou como se
uma explosão silenciosa o tivesse levantado em uma bola de chamas
crescentes.
Lumiya.
Lumiya.
Luke correu para as portas da frente, ao mesmo tempo concentrando-se
em usar a Força para bloquear os dois conjuntos de portas no corredor
externo que ficava entre o apartamento e os elevadores. Prenderia-a. Ela
mentiu. Mara estava certa. Toda aquela bobagem no resort satélite, todo
aquele eu-não-quero-lhe-fazer-mal era apenas um ardil, zombando da sua
indecisão...
As portas se abriram com um suspiro de ar e Luke saltou pelo corredor
com seu sabre de luz erguido. Um conjunto de portas estava aberto com
alguma coisa, tentando repetidamente fechar e fazendo pequenos gemidos
mecânicos cada vez que as bordas internas atingiam a obstrução e
ricocheteavam alguns centímetros. Não havia sinal de Lumiya.
Mas ela esteve aqui segundos antes. Luke quase podia saboreá-la no ar.
Era como se ela tivesse borrifado perfume com muita liberalidade e
estivesse deixando uma nuvem flutuando atrás dela, exceto que era um
cheiro de escuridão, não de óleos raros. Frustrado e furioso, caminhou pelo
corredor para ver o que havia bloqueado as portas.
Era um par de botas pretas, botas do exército com placas de duraço
segmentadas ao redor do tornozelo, do tipo que Ben usava. Abriu as portas
com um empurrão de Força e se agachou para recuperar as botas.
Elas eram de Ben. Luke não apenas as reconheceu, mas também sentiu
Ben nelas quando as pegou. Luke raramente tirava conclusões precipitadas.
Mas tinha certeza de quem os havia deixado lá e qual era a mensagem: se
eu posso pegar itens pessoais de seu filho, posso levá-lo também.
O pensamento atingiu Luke como um tapa na cara. Talvez ela tenha
sequestrado Ben. Ele procurou por seu filho na Força e não sentiu nenhuma
crise; na verdade, Ben parecia estar deixando um rastro na Força de alguém
dormindo profundamente e com segurança. Quanto tempo ele ficaria assim,
porém, Luke não estava pronto para apostar.
Voltou para o apartamento para pegar a sua jaqueta, abrindo o seu
comunicador para Jacen enquanto andava. Não se importava com as horas.
Jacen respondeu imediatamente. Parecia que ele também não dormia muito.
— Onde está Ben? — Luke exigiu.
— Dormindo, Luke. — Jacen tinha aquele tom calmo e simulado que
fazia qualquer coisa, menos acalmá-lo. Paternalista pequeno idiota. —
Algum problema?
— Você teve algum intruso no QG da GAG esta noite?
Jacen deu uma pequena risada silenciosa.
— Somos nós que fazemos a entrada forçada, Luke.
— Alguém deixou as botas de Ben aqui como um cartão de visitas.
— Eu não entendo. Ele as deixou pra trás?
— Ele não guarda nada de seu uniforme em nossa casa. Alguém os tirou
de seu quartel-general, e por mais juvenil que pareça uma brincadeira... —
Luke quase parou antes de mencionar Lumiya, porque ainda não fazia ideia
de quão profundas as incursões dela na GAG haviam se tornado, ou mesmo
se Jacen estava conscientemente ciente deles.. Mas estava com raiva e com
medo por seu filho, e isso sempre influenciava o seu julgamento. — É
Lumiya. Ela está me provocando. Mostrando-me que ela pode pegar Ben
quando quiser.
Jacen ficou em silêncio. Luke esperou.
— Eu não posso te dar uma explicação para isso, eu realmente não
posso, — Jacen disse eventualmente.
— Então, Lumiya está me enrolando, como ela provavelmente estava
em Gilatter também. — Estúpido, estúpido, estúpido. Como eu poderia ter
sido enganado assim? — E ela tem alguém dentro da sua organização,
então sugiro que você resolva isso rapidamente.
— Já fizemos uma investigação e não encontramos nada. Teremos
outra, se isso te deixar mais feliz. — A voz de Jacen soava tanto ofendida
quanto irritada, mas Luke não podia nem aceitar isso como verdade
absoluta por mais tempo. — Mas posso garantir que Ben está seguro, ele
ainda tem uma proteção muito boa ao lado dele. Tenente Lekauf.
— Bom ver o cara ser promovido. Ele me parece muito leal a você.
— Como seu avô foi para Vader, Luke. Você não pode comprar lealdade
assim. Ben está em boas mãos. Vamos conversar novamente pela manhã.
Luke desligou a conexão. Não, o amanhã não serviria, e não havia
sentido em falar com Jacen, que estava claramente amarrado cada vez mais
no que dizia respeito à influência de Lumiya. Ela estava bem debaixo do
nariz dele. Tanto para o que aprendeu sobre as técnicas arcanas da Força
durante o seu ano sabático de cinco anos.
Luke correu até a pista de pouso e disparou no speeder, talvez um pouco
mais rápido do que era seguro. Lumiya havia deixado um rastro muito
claro, acenando para Luke segui-la. Bem, ele não estava caindo nessa.
Tinha que ser uma diversão ou uma emboscada.
Nunca tive medo de uma emboscada, Lumiya. Entrarei em uma feliz,
sabendo que os meus inimigos estão lá. Boa tentativa. Eu estou indo, não se
preocupe.
Resistiu ao impulso de largar tudo e correr atrás de seu rastro. Ela ainda
estava perto, ou pelo menos ainda em Coruscant; podia sentir isso. Mas
tinha que falar com Mara primeiro, e ela estava no Comando de Caças
estelares. Abriu o comunicador.
Como pude deixar isso continuar por tanto tempo? Não me importo se
esperam que eu seja o estadista mais velho. Isso para; isso para agora.
— Mara, temos um problema, — disse ele. — Lumiya.
— Estou com Jaina, querido. Você quer que eu...
— Ela estava fora do nosso apartamento. — Luke escolheu as suas
palavras com um pouco mais de cuidado agora. Mara ficaria furiosa assim
que ele mencionasse as botas de Ben. Era uma ameaça sinistra e silenciosa.
— Fique onde está. Estarei aí em alguns minutos.
— Enquanto há uma trilha esfriando?
— Ou uma diversão.
— Ou uma trilha que ela quer que você pense que é uma diversão.
Sim, Mara e Lumiya tinham essa maneira de pensar camada sobre
camada, assim como Palpatine as havia ensinado.
— Eu sei o que ela quer, — ele disse, e desligou a conexão.
Luke quebrou as regras de trânsito uma dúzia de vezes. Saltou para fora
das skylanes regulamentadas, sempre ocupadas em Coruscant, e ouviu um
som discordante de buzinas de naves cujos narizes quase cortou. No
caminho das ações automáticas, a sua mente mergulhou em profunda
contemplação enquanto tomava a rota familiar para o Comando dos Caças
Estelares.
Eu sei qual é o meu problema.
Pensou quarenta anos antes, quando estava pronto para correr para
ajudar um completo estranho com base em uma mensagem em um
holograma interceptado. O pedido de resgate nem sequer foi dirigido a ele,
mas respondeu de qualquer maneira, sem pensar, sem questionar, porque
parecia algo que tinha que fazer.
E agora ajo com sensatez e sobriedade, porque sou o líder do Conselho
Jedi e não tenho mais dezenove anos.
Mas não era a sua natureza. Não era o que fazia de melhor. Só porque
tinha quaisquer dons que a Força lhe deu mais generosamente do que outros
Jedi, isso não significava que foi feito para... gerenciamento. Sim, gestão:
era isso. Pensou na frustração incômoda que sempre sentia quando enviava
outros Jedi em missões, e como achava que era apenas relutância em
admitir que era a vez do jovem Jedi assumir a ousadia física enquanto fazia
julgamentos sábios na Câmara.
Sentado sem fazer nada.
O que ele fazia de melhor era corrigir injustiças, e se não podia
consertar isso para seu único filho, então quem ele era?
Eu esqueci quem eu sou.
Era um homem descomplicado que se preocupava o suficiente com os
seus amigos e familiares para morrer por eles, se isso fosse necessário para
salvá-los. Era, como Mara lhe dizia pelo menos uma vez por dia, um
fazendeiro.
Ele era Luke Skywalker. E se pudesse enfrentar o Império sem pensar
duas vezes, certamente poderia acabar com um dos últimos remanescentes
lamentáveis de seu governo, Lumiya.
COMANDO DE CAÇAS DA AG, CORUSCANT

— Sabe, isso sempre funciona nos holovídeos de crime...


Mara acrescentou outro marcador iluminado ao holograma da galáxia e
recuou para ver se surgia um padrão dos movimentos de Lumiya. Era uma
grande galáxia e Lumiya parecia cobrir muito espaço, que agora incluía as
portas da frente de Mara.
Continue assim, garota ciborgue. Você está só me concentrando mais.
— É melhor usar o tempo de forma produtiva. — Jaina se inclinou
sobre a mesa e digitou mais coordenadas. Agora que ela era uma civil
novamente, ela estava aqui na sua qualidade de Jedi trabalhando para Luke
Skywalker e o Conselho, mas voltou rapidamente aos modos da frota. —
Então, vamos adicionar o paradeiro conhecido de Alema...
— Bem, também não há um padrão... Você acha que é o caso de Alema
perseguindo Lumiya, procurando por restos de sua mesa? Por que essas
duas parecem sair juntas?
— As duas precisam de muitas peças sobressalentes?
Mara abafou uma risada.
— Isso não é legal, Jaina...
— Sério. Elas não têm partes funcionais suficientes para fazer uma
humanoide decente entre elas.
— Ambas são boas em se esconder, seja disfarçando a presença ou
apagando a memória de terem sido vistas. — Mara estava sentindo ao seu
redor na Força, apenas esperando que Lumiya surgisse do nada. Podia senti-
la, mas não perto. — Lumiya quebrou o seu disfarce, e ela não é estúpida,
então ela quer ser vista.
Jaina ficava checando o cronômetro na parede e depois olhando o seu
próprio relógio.
— Você foi ver Jacen?
— Sim.
— E?
— Você quer a verdade, Jaina?
— Não faço isso sempre??
— Lumiya está dobrando-o de alguma forma. Certo, não precisa me
dizer que fui a última pessoa a notar isso.
— Eu não ia dizer. Você... mencionou isso?
— Sim. Achei que era hora de alguém dar uma dica de que notamos que
o nosso Jacen havia se transformado em um monstro. Mara estava ficando
com raiva, e a sua voz interior honesta lhe disse que a única pessoa que
merecia essa raiva era ela mesma, por defender Jacen enquanto o fato de
que as coisas estavam indo desastrosamente errado estava olhando na cara
dela. Mas Mara era humana e temia por Ben, e isso transbordou para Jaina.
— Perdoe-me por perguntar, mas sendo o seu irmão gêmeo, você nunca
discutiu isso com ele?
— Tentei. Ele respondeu com uma acusação de corte marcial, lembra?
— Não posso deixar de pensar que você pode ter tentado acertá-lo.
— De repente ele é minha responsabilidade? Fui eu quem disse que ele
estava indo para escuridão, lá atrás.
— Certo, certo, me desculpe. — Mara levantou as mãos em falsa
submissão. Ela poderia se desculpar, mas não conseguiu retirar seu tom
ácido e se arrependeu disso. — Eu só... certo, não é da minha conta.
— Fale logo, Mara.
— Eu simplesmente não entendo como você pode estar tão preocupada
se quer Jag ou Zekk quando o seu próprio irmão está caindo aos pedaços e
levando outros com ele.
— Uau...
— Desculpe. Eu disse que não era da minha conta.
— Bem, você disse isso, então, sim, eu quero me distrair com questões
pessoais, porque senão eu ficaria maluca tentando entender por que Jacen
está fazendo o que está fazendo com os nossos pais.
— Talvez seja hora de todos enfrentarmos isso. Juntos.
Houve um silêncio constrangedor. Mara queria dizer a Jaina que ela era
uma mulher adulta agora e que era hora de parar de brincar como uma
adolescente, e que Ben era mais adulto aos quatorze anos do que ela aos
trinta e um. Era rancoroso, em parte verdadeiro e em parte alimentado pela
incompreensão de Mara em relação a qualquer um que não estivesse
totalmente focado na missão como ela, excluindo todo o resto.
Guardou os seus pensamentos para si mesma. Era um sinal de cansaço
da meia-idade, juntamente com cabelos grisalhos e estrias desbotadas.
Passei toda a minha juventude a serviço do imperador. Nunca tive a
liberdade que Jaina sempre teve. E um pouco de mim... ressente-se disso
agora.
Não era culpa de Jaina. Ela era obstinada e apaixonada como o pai, mas
ainda não havia encontrado o silêncio e o duraço oculto da mãe.
Ela estará à altura do desafio quando ele vier. Mas se não é isso, não
sei o que é.
Jaina estava com a cabeça baixa, com o cabelo formando uma cortina
escura enquanto se inclinava sobre a mesa, fingindo estar absorta no mapa,
mas Mara podia sentir que ela estava magoada. Não era a primeira vez nas
últimas semanas.
Mara a compensaria quando ela se acalmasse. As famílias brigavam o
tempo todo. As tempestades passavam.
— Mudança de planos, — disse Luke, saindo do turbo elevador com o
cabelo desgrenhado e uma sacola na mão. Às vezes ele tinha aquele olhar
de não me pare, e ele tinha agora. Isso sempre fazia Mara querer detê-lo. —
Eu estou indo atrás de Lumiya. Chega.
— Não, você não vai — disse Mara. — Você está muito perto disso. Ela
está provocando você.
Luke largou a sacola na mesa, interrompendo o holograma. Jaina
recuou.
— Botas de Ben, — Luke disse.
— E a questão é...?
— Depositadas em nosso apartamento por Lumiya.
Mara pôs a mão nas botas e sentiu os resquícios de energia sombria.
Agora ela estava louca: fria, clara, gelada.
— Ela esteve no QG da GAG. Ou o apartamento de Jacen. Não sei de
qual ideia gosto menos.
— Preciso resolver isso com ela.
— É, como um Almirante disse uma vez, é uma armadilha...
— Para ela. Mordendo mais do que ela pode mastigar.
Jaina olhou para os dois, ainda parecendo um pouco magoada.
— Tio Luke, vou enfiar o nariz aqui e dizer que é melhor irmos atrás de
Lumiya agora, porque ela está claramente jogando um jogo e... nunca vi
você com raiva assim antes.
— Luke, a pergunta que você deve fazer a si mesmo é esta, — disse
Mara, vestindo a jaqueta e verificando suas armas pessoais. — O que você
vai fazer quando pegá-la?
Luke engoliu em seco.
— Eu sei o que tenho que fazer.
— E qual foi aquela conversa que tivemos outro dia, sobre estar apto
para o papel? Eu, sou assassina treinada, sua honesta guardiã do direito? —
Sabre de luz, lâminas vibratórias, blaster, lançador de flechas e o último
dos meus transmissores. Verifique. — Aqui está o plano. Fique de olho em
Jacen enquanto eu vou atrás dela.
— Eu também vou — disse Jaina. — Eu odiaria perder Alema se ela
aparecesse.
As coisas estavam voltando ao normal, então. Mara se desculparia
quando elas estivessem a caminho e Luke estava se certificando de que
sabia o que Jacen estava fazendo, no caso de Lumiya estar planejando uma
distração elaborada para afastá-los de Coruscant.
Luke olhou para as suas mãos.
— Eu sei que você está certa. Não parece certo, mas sei que não deveria
ir atrás dela com sede de vingança, e não sei o que vou fazer para matá-la. E
nada menos que isso faz sentido agora.
Mara assentiu e ligou o comunicador para a equipe de terra do hangar.
— Aguarde um X-Wing, por favor. — Ela calçou as luvas, aquelas sem
dedos que lhe davam uma boa pegada, mas ainda permitiam que ela sentisse
a arma. — Vou voltar, partindo do apartamento, e rastreando-a de lá. Ela
quer deixar um bom rastro? Ela encontrou a pessoa certa para segui-lo. —
Vou resolver isso, porque é minha culpa ter chegado tão longe.
— Eu deveria ter ido direto atrás dela, e então você não teria me
convencido a desistir disso, — Luke disse.
— Jaina está totalmente certa. Você tem muita história com Lumiya e
está muito empolgado. Você tem que matar friamente.
Luke pareceu com o coração partido por um momento. Não era
decepção por estivar perdendo a discussão pra ela, porque não havia
discussão. Era senso comum. Só porque eles eram da família não
significava que as melhores práticas militares foram jogadas pela janela.
Mas algo o atingiu de que não gostou, algo mais do que as constantes
ameaças de Lumiya a Ben.
— Eu odeio quando você está certa, — ele disse, e conseguiu dar um
sorriso. — Jacen diz que Ben está dormindo, e parece que sim. Então ele
está bem.
— Aí está, — disse Mara. Ela ainda não havia dito a Luke que Ben
poderia desligar na Força. Ela teria uma pequena conversa com o seu filho
sobre isso primeiro. — Estamos indo agora. Fique de olho em Jacen. Vá e
tenha uma conversa afetuosa com ele durante o caf, se for preciso. Mas
esteja por perto caso seja para onde a sua ex está indo. Ela deu um tapinha
na bochecha de Luke e piscou, querendo fazer pouco caso para que ele não
visse o quanto Lumiya o estava afetando. — Posso estar ficando grisalha,
fazendeiro, e não tenho o senso dramático dela para se vestir, mas pelo
menos o que tenho é de carne e osso...
Luke quase riu. Mara bateu com o dedo indicador na testa em uma
saudação zombeteira e saiu com Jaina. Quando entrou no turbo elevador,
verificou seu datapad para ver onde o transmissor de Ben havia parado.
Se você deixou aquela lâmina em seu armário, Ben...
Um pouco antes, ele havia aparecido na pequena tela do datapad como
um pontinho estático na Cidade Galáctica, no QG da GAG. Agora, não.
Mara nunca entrou em pânico, mas se reservava o direito à apreensão
profissional. Ela mudou a escala do gráfico.
— O que está errado? — perguntou Jaina.
— Nada. — Onde você está? — Nada mesmo.
Mara folheou escalas cada vez maiores da tela até que pegou o bipe do
transmissor novamente, e as coordenadas não faziam sentido.
Ben parecia estar em Vulpter.
O que te leva até lá, Ben? Vulpter não está na guerra.
Se ela contasse a Luke, com a cabeça de vapor que ele havia
acumulado, ela sabia que ele entraria com todos os canhões em chamas.
Então simplesmente sorriu para Jaina, pronta para deixar Lumiya jogar
o seu jogo de pega-pega antes que Mara finalmente separasse a sua cabeça
presunçosa de seu corpo de metal, terminando a sua rivalidade com os
Skywalkers de uma vez por todas.
Estou chegando, ciborgue. Está na hora.
Capítulo Nove

Não quero preocupá-lo, senhor, mas acabei de ouvir algo no


mercado de commodities metálicos que pode nos preocupar.
Alguém está falando em oferecer contratos futuros em ferro
Mandaloriano. E as ações da Motores Mandal estão sendo
compradas rapidamente pela primeira vez em anos.
— Analista de investimentos, Tesouro da Aliança Galáctica

ALA DE PESQUISA DA MOTORES MANDAL, KELDABE,


MANDALORE

— O que você acha, então, Fett?


Jir Yomaget era o tipo de homem que provavelmente precisava ser
anestesiado para vestir um traje. Ele ficou com os braços cruzados, olhando
extasiado para uma fuselagem que Fett não tinha visto antes, um homem
incongruentemente desalinhado e perturbadoramente jovem em macacão
verde-escuro e armadura parcial.
— Protótipo?
Yomaget assentiu.
— Começou a vida como Kyr'galaar. Até três tripulantes, ou dois com
carga útil extra, capacidade para atmosfera, configurável para qualquer
coisa, desde ataques a planetas até funções de caçador-assassino e rápido.
Agora me diga que não é lindo.
Ala de pesquisa era um termo lisonjeiro para a coleção de galpões e
hangares desalinhados. Mas a aparência desorganizada do exterior
desmentia a tecnologia interna. A Motores Mandal lutou para se recuperar
sob uma Aliança Galáctica que não estava distribuindo subsídios de
reconstrução para Mandalore. Agora tinha uma vantagem que poderia
explorar.
— Quão rápido? — perguntou Fett.
Yomaget provavelmente não olhava para a sua esposa e filhos com tanta
adoração quanto ele esbanjava no caça de ataque. — Ponto quatro no
hiperpropulsor. A melhor arma de choque.
— E você nunca me ofereceu a chance de comprar. — Fett modificou a
Slave I para vírgula sete. — Isso bate um X-Wing.
— Protótipo inacabado.
Tinha cerca de quinze metros de ponta a ponta com uma envergadura de
oito metros, uma cunha cinza-carvão facetada de uma nave que não tinha
nenhuma das linhas insectóides do StarViper. Fett contornou-o, notando
prateleiras e compartimentos vazios, e supôs que conteria quatro canhões de
laser e talvez algumas outras armas. A cauda terminava em uma seção plana
com grades e aberturas que pareciam as portas de um datapad.
A casca era totalmente lisa, com as suas superfícies angulares
ininterruptas, exceto pelo logotipo do Mitossauro destacado em um cinza
mais claro nas escotilhas laterais: sem trabalho brilhante, sem reentrâncias
afiadas, e o dossel de transparaço colorido parecia se fundir à
superestrutura. Fett teria se abaixado para dar uma olhada nos pods de
blaster e nas torres de armazenamento, mas o caça estava sentado muito
baixo para ele fazer isso confortavelmente. Não poderia enfrentar ser
dominado pela dor e ter que rastejar como um idiota.
— Então é rápido. E bonito.
— Casco furtivo refletivo, aberturas refrigeradas, revestimento
absorvente de escâner. — Yomaget exibiu um acessório de placa de
antebraço, bateu nele e o dossel estourou. Ela se dividiu em duas escotilhas
com dobradiças superiores e ele saltou para dentro da cabine. — Também
articula da borda inferior, caso o piloto tenha que bater. Agora, as
aviônicas... visão sintética, exibição panorâmica da cabine, seleção de
interruptores controlados pelo olho, mira, o trabalho.
— Parece que você teve um concurso para ver quantos aparelhos você
poderia enfiar em um caça.
— Tudo o que conseguimos fazer desde o fim da guerra dos Vong foi
restabelecer os nossos modelos básicos de produção e desenvolver algumas
ideias melhores. — Yomaget se inclinou para o lado do caça. — Todos eles
acabaram aqui.
— Então...
— Então, você queria saber o que poderíamos fabricar com o novo
beskar. Pessoalmente, eu estaria inclinado a incorporá-lo à fuselagem.
Casca de beskar micronizada ou armadura de beskar laminada.
— Beviin chamaria isso de exagerar no bolo.
— Pense nisso como a demonstração.
— Isso o tornaria o caça mais rápido e menos vulnerável do mercado. A
carga de armas pode ser um compromisso. — Fett não tinha certeza se tinha
o poder ou o direito de dizer à Motores Mandal o que fazer com o seu
produto. Aqui não era Coruscant, onde a segurança nacional anulava as
preocupações comerciais por lei. — Adicione os armamentos de ponta, e eu
não gostaria que fosse vendido para mais ninguém.
— Não se preocupe, vamos enriquecer a especificação para exportação.
Nós moramos aqui, lembre-se. Todos nós perdemos família para os Vong.
— Yomaget saltou da cabine com uma agilidade que Fett invejou. Em
seguida, ele pressionou o acessório da placa do antebraço e o caça fez um
leve som de trituração antes de inclinar para trás em sua cauda e levantar
noventa graus completos para sentar-se ereto, um mecanismo não muito
diferente da Slave I. — Ele pode pousar verticalmente em uma área de
pouco mais de trinta e dois metros quadrados.
Fett se afastou alguns metros para ter uma ideia melhor da forma. Não
se parecia com nenhuma outra embarcação que tinha visto.
— Aposto que também faz truques.
— As nossas ações dispararam e nem revelamos isso.
— Comprei algumas. Alguém tinha que garantir que a maioria das
ações permanecesse nas mãos dos Mandalorianos.
— Ainda bem que não temos uma lei contra o abuso de informação
privilegiada.
— Não pretendo vender. Pode entregá-las a alguém com a condição de
que nunca as vendam para... aruetiise.
— Isso é um sinal verde para a produção?
— Especificações completas para nós, enriquecidas para eles. — Fett se
afastou rapidamente, sentindo os seus atos desconexos de prudência se
fundindo em uma espécie de política. — Certifique-se de que a
especificação do hiperdrive de exportação seja uma fração melhor do que
um X-Wing, não mais.
Yomaget foi atrás dele. Esta foi a política de defesa em tempo real, e os
clãs não foram consultados. E eles não se importariam, Fett sabia.
— Vamos armar a Confederação, então, — disse Yomaget.
— Vamos armar qualquer um, incluindo a AG, se eles puderem pagar.
— Fett nem havia pensado no próximo movimento: simplesmente
aconteceu. — Desde que o coronel Jacen Solo venha aqui pessoalmente
para negociar o acordo.
— Você é um homem sutil, Fett.
— Nunca fui chamado assim antes.
— Cinquenta por cento da produção para a nossa própria defesa?
Defesa. Essa era uma palavra pra isso.
— De acordo.
Mandalorianos gostavam de um compromisso sensato. Os melhores
negócios aconteciam quando os dois lados ficavam felizes, ou quando um
ficava feliz e o outro morto. Fett parou antes de pedir para tirar o primeiro
caça beskar da linha de produção. Queria que esse privilégio fosse para
Beviin, o mais próximo que teria de um amigo.
Esperava ver a reação quando a Motores Mandal abrisse a sua carteira
de pedidos. Jacen Solo teria a escolha entre deixar o inimigo da AG
comprar caças melhores do que o dele e aparecer aqui. Fett não tinha
dúvidas de qual escolheria, mas seria divertido vê-lo tendo que lidar com as
complicadas questões de apresentação em público. Isso poderia ser
arranjado.
— Será chamado de Bes'uliik, — Yomaget gritou por trás dele. — O
Basilisco. Sempre tive uma queda pelos antigos droides de batalha. O bom
e velho nome Mando e o antiquado ferro Mando em uma embalagem de
última geração.
Fett assentiu pra si mesmo. Bes'uliik. Tinha um belo toque. Um nome do
passado, um nome que não iria embora, por mais que o resto da galáxia
tentasse, nunca.
Bes'uliik.
Era o tipo de notícia que fazia os outros homens irem embora
assobiando.

ESPAÇOPORTO DE CHARBI, VULPTER, NÚCLEO PROFUNDO

Ben pressionou o mais próximo possível da janela para espiar o permacreto


abaixo. A luz do dia estava nublada lá fora, mas o seu corpo dizia que ainda
era noite passada e precisava dormir mais.
No que diz respeito ao resto do espaçoporto, a bem conservada, mas
muita velha tourer da Incom não era uma nave da Guarda da Aliança
Galáctica cuidadosamente contaminada com poeira Corelliana, restos de
comida Corelliana, tecido Corelliano e qualquer número de outros toques
projetados para mostrar a uma equipe forense que a embarcação
definitivamente veio de Corellia. E o hacker de entrega inter sistema
danificado seguindo o transporte espacial de Cal Omas não era uma nave
espiã com comunicações de primeira linha, dispositivos de falsificação e
um hiperdrive superpotente.
Jori Lekauf também não era um assassino na GAG. Ele era apenas um
jovem Corelliano comum em uma aventura com o seu primo mais novo em
uma nave antiga que ele economizou todos os créditos sobressalentes por
alguns anos para comprar. O problema era que Ben conseguia acreditar
nisso com muita facilidade, embora tivesse visto a variedade de armas que
Lekauf carregava sob a jaqueta.
— Se eu tivesse mantido o meu cabelo ruivo, a semelhança familiar
teria parecido mais convincente, — disse Ben. Ele queria outro caf para
mantê-lo alerta, mas teve a visão de estar desesperado para visitar os
banheiros em um ponto crítico da operação se bebesse mais. — Seu cabelo
está avermelhado, sério.
— Mais loiro arenoso, — disse Lekauf. — Um humano ruivo é
perceptível, mas dois estão pedindo para serem lembrados por testemunhas.
Se tivermos algum, é isso.
— Poderia ter se vestido como Ubese... com máscaras.
— Acho que isso já foi feito antes.
— Só estou preocupado.
— Eu sei.
Era uma longa espera. Shevu faria contato com eles quando
aterrissassem. A sua última transmissão dizia que estava alguns minutos
atrás da nave de Omas, o que não levantaria suspeitas; Charbi era um porto
movimentado que transportava mercadorias baratas e de má qualidade, e as
naves desembarcavam quase muito próximas umas das outras para
segurança e conforto. Ninguém se importava com quem você estava, desde
que as taxas e impostos portuários fossem pagos.
Eles disseram que Vulpter já foi um planeta adorável. Não parecia
adorável agora: o céu tinha aquela névoa poluída e esfumaçada que
significava que havia um maravilhoso pôr do sol vermelho aqui, e não
muito mais pelo que agradecer. E isso foi depois que eles tentaram limpar o
ambiente. A vasta pista de pouso, mais como um campo de pouso, estava
repleta de dezenas e mais dezenas de embarcações em vários estágios de
abandono, algumas recebendo suprimentos e combustível a bordo, outras
atracando perto de armazéns de carga onde correias transportadoras
descarregavam caixotes em seus porões. Os seus contornos brilhavam na
névoa de calor dos motores em marcha lenta. E haviam todos os tipos de
espécies vagando a pé entre as embarcações, esticando as pernas, em
qualquer lugar entre um par e quatro deles, ao que parecia. A única
concessão à segurança do campo de pouso foi um rendilhado de linhas
pintadas de vermelho e branco ao longo do permacreto com os avisos
PEDESTRES NÃO CRUZEM ESTA LINHA e CUIDADO COM O TRÂNSITO EM TERRA.

Mas todos estavam cruzando as filas como bem entendiam, e speeders


danificados com a identificação da Autoridade Portuária de Charbi
desviavam ao redor deles, buzinando em irritação.
Ben decidiu que era o último lugar em que alguém esperaria que dois
chefes de estado realizassem uma reunião de alto nível.
— Aguarde, — disse Lekauf calmamente, pressionando com a ponta do
dedo no ouvido. — É o capitão... sim, senhor... entendido. — Ele olhou
para cima. — Cerca de doze minutos antes de Omas pousar. Shevu está
logo atrás dele na fila de pouso.
Ben se animou. O Karpaki estava dobrado em dois dentro de sua
jaqueta, bem no limite do que podia esconder, e a lâmina vibratória estava
enfiada no bolso da calça. Havia ensaiado tudo em sua mente em um giro
contínuo de "e se" e "se ao menos" usasse o rifle para eliminar Gejjen,
preferencialmente a longa distância, e a lâmina vibratória para escapar caso
fosse capturado.
Teria sido melhor pegar Gejjen enquanto o homem desembarcava,
enquanto ficava exposto no campo de pouso por alguns momentos sem
espectadores circulando. Mas Jacen queria que a reunião fosse gravada. Era
o caso de seguir Gejjen, ou Omas, até o quarto que eles haviam alugado por
hora e, em seguida, deslizar uma câmera oculta por um vão sob as portas.
As plantas do prédio mostravam muitos lugares para inserir o dispositivo
frágil. As portas de cada quarto ficavam em um recesso, então, pela
primeira vez, foi uma simples questão de se agachar como se estivesse
pegando um pedaço de lixo e enfiar a câmera oculta no vão.
— Deveria ter colocado uma escuta escondido no casaco ou fólio de
Omas ou algo assim, — Lekauf murmurou. — Então nos sentamos aqui,
localizamos a nave de Gejjen e o colocamos na rampa quando ele sair.
Ben mexeu na vibro lâmina, imaginando como sua mãe teria lidado com
um trabalho como esse.
— Você não pode colocar escutas nas pessoas sem que elas descubram
mais cedo ou mais tarde.
— Sim, com a nossa sorte ele teria trocado de jaqueta. Eles costumavam
ter uma coisa chamada rastreamento de poeira, sabe. Assim como o pó. Se
o alvo o inalasse, você poderia captar sinais dele por muito tempo.
— Faz você se perguntar quanto custa tudo isso, — disse Ben. — Quero
dizer, somos muito baratos, mas temos que abandonar esta nave.
— É um caixote velho. Economiza ao Departamento de Defesa o custo
de descarte.
E deixá-lo para trás acrescentaria peso à configuração de que os
dissidentes Corellianos mataram o seu próprio primeiro-ministro por ceder
à AG. De qualquer forma esse era o plano.
Ben trocou de lugar no interior apertado para olhar a estibordo. A nave
de Gejjen já deveria ter pousado, de acordo com o seu plano de voo: um
piloto, três passageiros, escala máxima de cinco horas. Isso era o que
constava no banco de dados de informações da APC que o seu datapad,
despojado de toda identidade, em caso de captura, lhe mostrava.
Ben evitou olhar para o cronômetro na antepara. Ele apenas esperou a
palavra de Lekauf.
— Então, como você se sente sendo um oficial agora? — Ben
perguntou.
— Esquisito. Mas o meu avô teria ficado tão orgulhoso. Eu gostaria que
ele estivesse vivo para ver isso.
Lekauf nunca mencionou os seus pais. Sempre era o seu avô. Ocorreu a
Ben que quase todo mundo com quem ele cresceu ou trabalhou não tinha
família ou tinha membros importantes ausentes ou totalmente ausentes. Não
era normal. Pensou em como o assassinato era rotineiro para toda a sua
família e sabia que a maioria dos seres da galáxia passou a vida inteira sem
nunca matar ninguém, deliberada ou acidentalmente.
Era estranho que famílias como a dele tomassem decisões realmente
importantes para os mundos das pessoas normais, comuns e não letais.
Ben se concentrou em centrar-se, aproximando-se um pouco daquele
estado em que desapareceu da Força. Afastou-se no momento em que sentiu
uma sensação vagando que poderia ter sido o desaparecimento ou o
adormecimento.
— Conecte-se, — sussurrou Lekauf. — É uma chance.
Ben ativou o seu comunicador e fone de ouvido e desligou os controles
ambientais para deixar a tourer.
Quando Lekauf abriu a escotilha, o ar e o barulho atingiram Ben como
uma parede sólida. Cheirava a fábricas e enxofre. Eles desceram a rampa,
esforçando-se para parecer comuns, e seguiram em direção aos prédios do
terminal como se estivessem matando tempo, sem políticas.
Lekauf coçou a orelha, reposicionando o fone.
— Peguei você, senhor. Posição?
Ben captou claramente a voz de Shevu.
— Ele passará trinta metros à sua esquerda, a menos que se desvie. Indo
para o Edifício G. Você o pega e eu o sigo.
— Nenhuma visão do alvo ainda.
— Ele já deve estar lá dentro.
Ah, isso é real. Isso está acontecendo.
Era um pensamento retrógrado, remontando ao tempo em que Ben
começou a correr riscos loucos, mas essa missão tinha uma dose extra de
perigo: Omas o reconhecia de vista e até mesmo tinha conhecido Shevu
também. Eles não podiam se dar ao luxo de serem notados. Ben se inclinou
e vagou como costumavam fazer os meninos de quatorze anos, virando-se
de vez em quando para conversar com Lekauf sobre assuntos seguros e
triviais, rochas baka, speeders, qualquer coisa, enquanto lançava um olhar
cauteloso na direção de Omas através do permacreto. E lá estava ele:
cercado por dois homens vestidos com roupas de trabalho, uma figura
cuidadosamente desleixada. A sua postura confiante o entregava como
alguém acostumado a ser obedecido, mas apenas para alguém que soubesse
o que procurar. E Ben sabia.
— Está tudo bem, — sussurrou Lekauf, sem olhar para os três homens.
Um dos agentes da Inteligência da AG atravessou as portas do Edifício
G em frente ao Omas. O outro seguiu perto o suficiente para pisar em seus
calcanhares. Eles quase desapareceram na multidão dentro do prédio do
terminal, mas Ben os manteve à vista, embora tenha perdido Lekauf por
alguns momentos. Um deles parecia estar verificando os números em várias
portas e saídas enquanto caminhava e, por fim, parou em uma marcada
como 53-L e inseriu um chip de crédito no encaixe ao lado. As portas se
abriram e Ben teve um vislumbre de uma pequena sala bem iluminada,
quase ocupada por uma mesa branca de duraplástico cercada por cadeiras.
Já havia alguém lá dentro.
As portas se fecharam novamente. Um rio constante de passageiros,
trabalhadores portuários, tripulação de voo e a população temporária geral
de um espaçoporto interpôs-se entre Ben e as portas.
— Você pode fazer isso, — disse Lekauf. — Quantos aí dentro? Não
posso colocar a câmera oculta sob as portas se alguém vai aparecer e abri-
las novamente.
Ben fechou os olhos e se concentrou no fluxo e refluxo da Força, os
padrões de densidade que podia sentir no céu da boca e ver como uma cor
salpicada atrás de suas pálpebras.
— Seis, — disse ele. Isso fazia sentido: dois agentes de proteção
próximos cada um, números pares, dois estadistas que não confiavam um
no outro. — Sim, seis. Eles estão todos dentro agora.
— Você pode ver os números da loteria também? — Lekauf abriu
caminho casualmente por entre os cardumes de pessoas e se agachou para
ajustar a bota. Ben o viu tirar o que parecia ser uma pequena tira de flimsi e
depois deslizar a coisa sob a abertura fina com facilidade.
As câmeras ocultas eram muito pequenas nos dias de hoje, do tamanho
de um tíquete de guarda-roupa. Eram realmente frágeis e descartáveis assim
que terminavam de transmitir.
— Adorável, — disse a voz de Shevu no ouvido de Ben. — Eu posso
ver bem no nariz de Gejjen. Bom som claro. Bom trabalho, Jori.
Eventualmente, Ben olhou ao redor e viu Shevu encostado em um
distribuidor de bebidas do outro lado do saguão. Ele estava gravando a
saída da câmera oculta e transmitindo de volta para o QG da GAG . Assim
que tivesse a confirmação de que havia sido recebido e armazenado, ele
apagava seu datapad e enviava um código para a câmera oculta para
fragmentar seus dados. Seria apenas um pedaço de lixo que os faxineiros
iriam varrer, se chegassem a passar por aqui. Parecia que não.
Ben e Lekauf podiam ouvir a conversa em seus fones de ouvido, ambos
monitorando para saber quando desaparecer, esperar que Gejjen surgisse e
segui-lo.
Foi uma conversa fascinante. Ben começou a pegar o jeito do código e
das insinuações que os poderosos usavam para dizer coisas desagradáveis,
uma linguagem diferente que permitia que eles negassem depois que
tivessem feito algum mal. Jacen era bom nisso. Ben esperava que nunca
fosse, porque se tornou um hábito e Jacen parecia gostar de jogar esse jogo
por si só.
Reconheceu a voz de Omas. Gejjen parecia mais suave do que nos
boletins do HNE.
Era muito estranho ouvir um homem que você estava prestes a matar.
Ben estava ouvindo as últimas palavras que Dur Gejjen diria.
— Então... podemos concordar como seres gentis em cessar as
hostilidades enquanto resolvemos um acordo?
— Antes ou depois de levar isso ao Senado? — perguntou Oma.
— Não estou me referindo a isso à minha Assembléia, ainda. Você pode
não precisar encaminhá-lo para a sua, — respondeu Gejjen. — Vamos nos
retirar se você concordar com essa forma de redação revisada no
compromisso de ativos de defesa planetária para a AG.
— Você pode conseguir isso com as forças Corellianas, mas você pode
retirar os Bothanos?
— Você tem certeza que Niathal fará o que você disser a ela?
— Ela é uma oficial de carreira. Ela vai.
— Os Bothanos são pragmatistas. Eles vão.
— Como demonstração de boa vontade, você comprometerá as forças
para nos ajudar a restaurar a ordem em lugares como o sistema Sepan.
— Claro. E você precisa que voltemos ao redil da AG para impedir que
a hemorragia de membros desapareça.
— Não vou pedir nenhuma declaração que cause descrédito. Eu sei
como... os Corellianos são orgulhosos. Sói algo parecido com as diferenças
que podem ser superadas.
— Isso é muito gentil, chefe Omas. Agora, essas diferenças só serão
superadas se a Almirante Niathal e o Coronel Solo não carregarem mais o
peso militar que carregam agora.
— Você quer que eu os demita.
— Acho que você pode precisar fazer mais do que demiti-los, agora que
eles se acostumaram a fazer o que querem.
— Acho que sei o que você quer dizer e não ligo para essa solução.
— Niathal, ambiciosa. Perigosa. Solo, ambicioso, perigoso e Jedi
também. Podemos resolver o problema para você permanentemente.
— Se você fizer isso, eu não preciso saber disso.
— Se o fizermos, gostaria que os seus serviços de segurança olhassem
para o outro lado. Solo tem lacaios ambiciosos que ficariam
temporariamente cegos e surdos em troca de promoção, eu acho.
— Vejo que você conhece o capitão Girdun, então...
E eles riram. Os dois realmente riram. Ben ouviu um som fraco como se
Shevu estivesse limpando a garganta. Quando Ben virou a cabeça, Lekauf
estava olhando para ele, pela primeira vez não era o homem
permanentemente alegre que parecia muito mais jovem do que ele. Ele
parecia velho e zangado.
— Isso é o quanto nós valemos, — ele disse calmamente. — Aposto
que os nossos caras da Inteligência adoram a ideia de ter o seu homem de
volta no comando.
As entranhas de Ben ficaram repentinamente pesadas e frias. Era um
jogo sujo até o topo. Enquanto se preparava para assassinar Gejjen, Gejjen
estava fazendo um acordo para atacar Jacen e Niathal, com Omas fechando
os olhos.
Todos poderiam ser comprados se o preço fosse alto o suficiente. Omas
obviamente colocou a paz acima das vidas individuais. Pode não ter sido
diferente a longo prazo de qualquer risco geral de baixas em combate, mas
não parecia nem de longe tão limpo.
Ben mudou a sua atenção. Começou a visualizar o exterior dos edifícios
do terminal. Uma passarela corria ao longo do telhado, um deque de
observação pouco usado onde qualquer um podia sentar e observar as
embarcações decolando e aterrissando. Não era um local popular, mas era
perfeito para um franco-atirador. Assim que a reunião parecia estar
chegando ao fim, Ben teve um minuto ou dois para subir naquele telhado e
esperar que Gejjen saísse.
Haviam três conjuntos de portas pelas quais Gejjen poderia sair para
voltar ao campo de pouso e se juntar à nave. Para cobrir esse vão, algumas
centenas de metros, Ben teria que estar pronto para correr ao longo dessa
plataforma em qualquer direção a partir de um ponto central.
Estou pronto.
Pressionou o braço contra o corpo e sentiu o Karpaki. Seria quase
completamente silencioso. Também estaria em pé no topo de uma
plataforma de permacreto totalmente sem cobertura.
Vou ter que ser rápido, então...
A conversa entre Omas e Gejjen diminuiu, e houveram pausas mais
longas e mais grunhidos e suspiros inquietos. Os negócios estavam
chegando ao fim. A um empurrão de Lekauf, Ben começou a caminhar até
o turbo elevador do teto sem sequer olhar pra trás. Ele estava na cabine do
turbo elevador com uma família de Trianii procurando por um tapcaf,
imaginando se eles poderiam farejar as suas intenções.
Um dos soldados da GAG gostava de saltar de paraquedas. Ele disse a
Ben que, para pular de um prédio de cinco mil metros, havia um ponto em
que uma queda livre tinha que simplesmente parar de subir e pular no vazio.
Ben estava nesse ponto agora enquanto caminhava ao longo do terraço e
assumiu a posição. Recuou para a sombra de uma saída solitária de ar
condicionado e abriu o Karpaki. Se ele o segurasse contra a perna de sua
calça larga e amassada, não apresentava um perfil tão óbvio.
Não havia ninguém por perto de qualquer maneira. A plataforma de
observação estava rachada e ervas daninhas cresciam nas fendas.
Acomodou-se para esperar que Shevu e Lekauf o localizassem.
Jacen vai enlouquecer quando ouvir o que Omas tem em mente pra ele.
— Ben, atenção. — Era Shevu. — Gejjen está em movimento. Ele está
saindo pelas portas ao sul. Vire a direita.
Ben deu a volta por cima e correu até o outro lado da plataforma,
mantendo-se próximo à parede do fundo. Esperava reconhecer Gejjen.
Estudou o rosto do homem e caminhou atentamente antes da missão, mas
agora pode estar olhando para a parte de trás de sua cabeça, dependendo do
caminho exato que tomou de volta a nave. Era uma dúvida boba e
mesquinha. Não havia pensado o suficiente antes de embarcar.
Mas quando olhou para o permacreto, e o caos de naves, droides de
carga e espécies de todos os tipos vagando como se fosse um parque
temático, aquele corte de cabelo militar elegante, preto azeviche, brilhante,
nem um fio fora do lugar, chamou a sua atenção como um farol.
Deitou de bruços e olhou pra cima. A ótica o trouxe instantaneamente
cem metros mais perto de Dur Gejjen, e então não houve dúvida de que
tinha o homem certo em sua mira. Enquanto Gejjen caminhava, dois
seguranças em roupas casuais discretas entravam e saíam da cena de Ben.
Assim que Gejjen caísse, pelo menos um deles procuraria onde o tiro
havia se originado. Ben teria de ficar agachado e se misturar à multidão no
terminal aeroportuário, depois se encontrar com Lekauf no transporte de
Shevu.
Eu posso fazer isso. Entrei e saí do Centerpoint, não foi?
Ben prendeu a respiração, deixou que a ótica inteligente do Karpaki se
ajustasse ao vento e ao ângulo e sentiu o dedo apertar o gatilho. Em um
segundo, a cabeça escura e elegante de Gejjen estava preenchendo a mira, e
no próximo Ben estava olhando para o permacreto vazio enquanto o rifle
chutava contra o seu ombro. O ruído abafado parecia vir de muito longe.
Nada parecia ter acontecido na ordem que esperava, tiro, recuo, queda. Ele
estava deitado.
O que aconteceu?
Eu o matei?
Podia ouvir gritos vindos de três andares abaixo. O seu corpo tomava as
decisões por ele e se viu lutando para trás até a parede do fundo enquanto a
voz de Shevu em seu ouvido dizia:
— Saia daí, Ben.
Correu agachado até o turbo elevador, descobriu que ficava em um
andar inferior e subiu a escada de incêndio. Foi bom planejar. Poderia se
fundir na multidão.
De volta ao andar térreo, passou pelas portas anti-incêndio e fez um
esforço consciente para não parecer em pânico. Talvez assassinos
profissionais pudessem levar isso a sério, mas ele não. Ele deixou de lado o
fato de que acabara de matar um homem e descobriu que estava totalmente
envolvido no simples ato de fugir.
Quando Shevu colocou a mão em seu ombro por trás, Ben pensou que
ia ter um ataque cardíaco.
— Continue andando, — Shevu sussurrou. Multidões curiosas estavam
se reunindo nas portas transparaço para admirar o drama que se desenrolava
na pista de pouso, e a equipe de segurança lutava para passar pela multidão.
— Só continue andando.
Se eles selassem as portas...
Foi um caos. Ninguém parecia saber o que havia acontecido ainda. Isso
deu a Ben, Shevu e Lekauf mais alguns minutos. Charbi parecia o tipo de
lugar onde passageiros e capitães de cargueiros passariam direto por um
cadáver se isso significasse que o voo partiria no horário.
Eles estavam contando com isso.
— Estou bem atrás de você, — disse a voz de Lekauf em seu fone de
ouvido. — Se caminharmos até as portas ao sul, podemos simplesmente
contornar o perímetro até o transporte de Shevu.
Ben estava com medo. Estava feliz em admitir isso. Não teve nenhum
medo na Centerpoint, mas agora sabia melhor. Manteve uma pequena
distância entre ele e Shevu, lembrando-se de parar de vez em quando e
olhar para a comoção como se estivesse genuinamente curioso sobre o que
estava acontecendo, mas continuou andando.
Acima dele, a holo tela que geralmente mostrava chegadas e partidas
estava voltada para a visão da pista de pouso da torre de controle de tráfego.
Sim, ele matou Gejjen, com um tiro na cabeça de livro didático.
Não consigo sentir o meu rosto. Os meus lábios estão dormentes.
Agora Ben estava a segundos de distância daquelas portas, caminhando
com o fluxo constante, mas cada vez menor, de droides, elevadores
repulsores e passageiros indo para as naves.
Quase lá.
Estava a poucos metros das portas transparaço quando viu um homem
com roupas casuais familiares correndo a toda velocidade em direção a eles.
As portas se abriram e Ben estava olhando para o cano de um blaster.
— Policial armado, ASC! — o homem latiu. — Todo mundo, fique
onde você está...
Ben se equilibrou no fio de uma lâmina entre a rendição e a fuga.
Capítulo Dez

O negociador da Verpine, Sass Sikili, falando hoje na abertura


da BastEx, alertou Murkhana de que o governo de Roche
responderá com 'medidas apropriadas' se continuar a violar
acordos comerciais sobre exportações de tecnologia.
Murkhana está interessada em entrar no crescente mercado de
redes de comunicações seguras para pequenas unidades, um
campo dominado pelos produtos Verpine.
— Notícias de negócios da HNE, observadas com interesse por Boba
Fett, Mandalore

ESTACIONAMENTO DE SPEEDER, ZONA ROTUNDA, CORUSCANT

Lumiya havia deixado um rastro ampliado na Força como um speeder de


água em um lago. Embora fosse generoso da parte dela, Mara não achou
graça.
— Eu não fiquei estúpida da noite para o dia, — ela murmurou. — Não
me insulte, lata de lixo.
— E o que você estava dizendo sobre Luke estar muito perto de tudo
isso? — perguntou Jaina. — Respire fundo, tia Mara. Respire fundo.
— Estou me preparando psicologicamente. Acho que ajuda. Você usa a
Força do seu jeito, e eu vou usar do meu.
— Nossa, estou te acalmando agora? Essa é uma manchete para guardar
para os netos.
Mara caminhou por um quadrado de dez metros da área, sentindo as
energias sombrias pulsando como ondas de choque. Jaina ficou pra trás e
observou.
— Ela foi embora daqui — afirmou Mara.
— Ela nos trouxe até aqui para nos desviar de algum outro lugar em
Coruscant?
— Ela tem poucos alvos, Jaina. Ben ou Jacen, ou mesmo Han e Leia, se
ela se juntar a Alema. Os seus pais não estão em Coruscant, e se ela está
atrás de Jacen, deve ter tido a chance de pegá-lo quando entrou no QG da
GAG para pegar as botas de Ben. — Mara se agachou para tocar o
permacreto. Ela esperava receber algum tipo de choque, um gosto de
Lumiya zombando dela, mas havia algo desconcertantemente benigno na
impressão que a Sith havia deixado pra trás. Sim, como se ela tivesse
conseguido convencer Luke de que não queria fazer mal a ele. Lumiya
parecia ter descoberto um talento raro para a atuação da Força. — Se ela
está atrás de Luke, já perdeu duas chances.
— Então é o Ben.
— Ben está... ausente. Ele não está em Coruscant.
Jaina olhou para Mara com uma expressão que dizia que não conseguia
entender por que Mara a estava protelando. Mas Mara não cedeu. Quanto
menos a família soubesse sobre a situação de Ben, melhor. Mais cedo ou
mais tarde, descobriria que o havia rastreado e, por mais velho que ele
fosse, quando isso finalmente acontecesse, perderia a confiança dele para
sempre. Isso iria machucá-lo.
— Negócio da GAG, — disse Mara, respondendo à pergunta não
formulada. Vasculhou a Força, procurando por qualquer coisa que dissesse
que Lumiya estava indo para Vulpter, mas não tinha nenhuma noção disso.
O que pegou foi Ben, nervoso por um momento, então desaparecendo como
Jacen deve ter ensinado a ele. Teria que lidar com isso quando a emergência
atual estivesse sob controle. — Certo, se ela quer que eu a siga, eu vou.
— Vamos ligar para Zekk e Jag, porque aposto que Alema está na
cidade de novo e...
— Sem ofensa, Jaina, mas acho que sou eu que ela quer. Vá procurar a
Garota Problema.
Os lábios franzidos de Jaina pareciam ter decidido engolir uma
discussão.
— Tudo bem, — ela disse finalmente.
— É apenas uma velha rixa do lado sombrio. — Mara não queria que
Jaina sentisse que a estava esnobando. As relações estavam tensas o
suficiente no momento. — Não vamos permitir que ela distraia a nós duas.
Então Lumiya estava zombando dela. Eu posso chegar ao seu marido.
Eu posso pegar ao seu filho. Se ela estava tão decidida a matar Ben pela
morte de sua filha, ela ainda parecia estar perdendo chances. Então, o que
Lumiya queria dela?
Mara voltou à base para encontrar um membro da equipe de terra
esperando pacientemente por seu XJ7 alocado. Subiu na cabine e começou
a checar os instrumentos.
— Lumiya é realmente uma Sith? — perguntou o técnico.
— A última de sua espécie, — disse Mara, sem perguntar o que ele
tinha ouvido e como ele sabia o nome de qualquer maneira. Sentiu uma
pontada de culpa por seu desleixo por discutir em voz alta e esquecer que
haviam outras pessoas por perto. Selou as escotilhas do XJ7. — Vou me
certificar disso.
Mara ignorou os regulamentos militares de tráfego aéreo e circulou
sobre a área onde havia captado pela última vez o poderoso rastro de
Lumiya. Se ela se concentrasse, era relativamente fácil de seguir, e se viu
deixando a órbita de Coruscant em um rumo para uma das luas,
Hesperidium.
— Ah, sim, Palpatine adorava aquele lugar, — ela disse em voz alta. —
Você está indo para lá pelos velhos tempos?
Lumiya definitivamente estava jogando um jogo. Mas não era estúpida
o suficiente para pensar que poderia oferecer a mão a Mara e encontrá-la
ainda intacta como tinha feito com Luke.
A esteira levava ao balneário principal de Hesperidium, que não era tão
esplêndido quanto Mara se lembrava. Perguntou-se se estava sentindo o
aperto da recuperação do pós-guerra e se ainda não haviam pessoas ricas de
mau gosto suficientes para circular. O controle de tráfego portuário ficou
surpreso, para dizer o mínimo, ao encontrar uma embarcação militar em
seus escâneres.
— Preciso descansar um pouco, — disse Mara, sabendo que eles não
tinham escolha sobre o assunto. Eles dificilmente poderiam impedir a sua
aterrissagem. — Obtendo leituras estranhas em meus instrumentos. Eu
tenho que verificar isso.
— Avise-nos se precisar de ajuda, — disse o controlador de CTA. —
Temos orgulho de fazer tudo e qualquer coisa para todos os nossos
visitantes.
— Confidencial, — disse Mara, e encerrou a conversa da maneira que
só ela sabia.
Quando pousou e viu a seleção de embarcações nas áreas privativas dos
hotéis, percebeu que um XJ7 provavelmente parecia o brinquedo de um
bilionário excêntrico, e ainda por cima pequeno. Algumas das embarcações
aqui eram impressionantes em tamanho e opulência; se perguntou como
eles conseguiram pousar. Havia claramente uma classe próspera de ultra
ricos que passara a última década praticamente ilesa, e a vida continuava
ininterrupta para eles agora, independentemente de outra guerra. Os créditos
pareciam funcionar como escudos defletores: se você tivesse o suficiente de
qualquer um deles, nada poderia tocá-lo.
Verificou ao seu redor, na Força e visualmente, antes de deslizar para
fora da cabine e pular no chão. Ao menos conseguia se vestir como uma
rica excêntrica, e poucos olhariam para ela.
Sim, definitivamente havia alguns palácios voadores de aparência
bizarra aqui...
E então sentiu a escuridão tocar o seu ombro sob o brilhante sol da
manhã.
Era tão tangível, tão denso, que girou com a mão no cabo do sabre de
luz esperando encontrar Lumiya pronta para golpeá-la. Mas não havia
ninguém.
Você quer jogar?
Era cedo. Alguns hóspedes do hotel em roupas esportivas passaram
correndo por ela e deram uma olhada, mas continuaram correndo. Movia-se
entre as embarcações na pista, sentindo a escuridão pressionando o seu
peito como um ataque cardíaco. Algo sombrio estava ali, e isso significava
que Lumiya estava por perto. A sensação opressiva em seu peito se tornava
tão intensa que acendeu a lâmina de seu sabre de luz, pronta para lutar
quando contornasse o próximo casco.
É isso, Lumiya. Sem mais jogos.
Saltou pela abertura, com o sabre de luz zumbindo.
Olhando de volta pra ela não estava uma figura velada com um chicote
de luz, mas um único olho vermelho fogo desencarnado de dez metros de
largura. Seu instinto dizia que estava vivo, um ser alienígena, mas era
claramente algum tipo de nave, e isso significava apenas uma coisa:
Lumiya estava lá dentro.
Era uma armadilha, Mara tinha certeza disso.
Ótimo. Mas às vezes as armadilhas engolem presas grandes demais pra
elas...
Olhou por cima do casco em busca de uma escotilha, mas a superfície
de textura grosseira 'era pedra?' estava intacta.
Venha para dentro.
Mara se perguntou por que ela estava pensando nisso e então percebeu
que o pensamento era na verdade uma voz dentro de sua cabeça, no tecido
da própria Força. Era inanimada, mas senciente; e não era um droide.
Era a nave.
Mara concentrou-se intensamente em sentir a presença de Lumiya, mas
não conseguia detectar ninguém dentro da embarcação. De repente, uma
abertura apareceu no casco e uma rampa se projetou para fora. Era tentador
demais, e era experiente demais nesse tipo de jogo para simplesmente entrar
sem pensar, mas precisava saber o que estava acontecendo. O rastro
terminava ali. Lumiya havia usado aquela nave. Mas...
Eu posso pegá-la. Isso tudo são jogos mentais. Eu não estou caindo
nessa.
Se Lumiya estivesse esperando lá dentro, se escondendo de alguma
forma, então Mara a mataria. Se não estivesse, Mara ficaria esperando por
ela e a mataria. Era tudo igual para Mara. Não tinha nada mais urgente para
fazer naquele momento.
Colocou a bota na rampa e deu alguns passos cautelosos, segurando o
sabre de luz com as duas mãos. Se o hotel tivesse câmeras de segurança e
pudesse ver o que estava acontecendo, era uma pena.
Mara sentiu uma perplexidade que não era dela.
Você não é quem eu esperava.
Era a nave novamente.
— O que quer dizer com não sou quem você esperava? — Não, ela não
precisava falar: ela percebeu que podia pensar naquela coisa.
Vocês são... muito parecidas.
— Obrigada. Muito obrigada. — Talvez a nave tivesse uma grande
consideração por Lumiya. Mara decidiu que era uma fonte tão boa quanto
qualquer outra de informação. Pensou em sua próxima pergunta, nem
mesmo em palavras, mas em conceitos e atitudes que ela pensou ter deixado
para trás há muito tempo. A conversa mental deixou nela um gostinho de
ser uma Mão novamente.
Onde ela está, Nave?
A outra? Por perto.
Você é uma coisa dos Sith, não é?
Você conhece bem a escuridão. Melhor que o outro que eu esperava ver
voltar.
Mara não sabia o que fazer com isso, mas naquele momento estava
preparada para aceitar que a sua intenção era muito mais malévola do que
Lumiya sabia ser. Ela queria destruição. Ela queria obliteração.
A última de sua espécie, Lumiya. E já estava na hora.
Mara hesitou no topo da rampa. Pensou por um minuto que poderia ser
puxada para dentro, e a nave esférica iria prendê-la lá dentro e fugir. Tomou
a precaução de estender a mão para dentro para colocar o último de seus
minúsculos transmissores, o seu único dispositivo restante de sua existência
anterior, dentro da escotilha. Ele se prendeu ao revestimento estranhamente
parecido com uma pedra que podia sentir por dentro. Pelo menos se isso
acontecesse, alguém poderia rastreá-la. E se Lumiya voltasse para a nave, o
transmissor informaria a sua posição toda vez que o emissor de Mara o
acionasse.
Mara respirou cautelosamente e abaixou a cabeça para olhar para
dentro.
A nave realmente estava vazia.
Não só desprovida de tripulação, vazia. Não havia nada dentro do casco;
sem cabine, sem instrumentos, sem indicadores de sistemas, nada. Era oca,
iluminada por um brilho vermelho como se houvesse um fogo queimando
constantemente atrás das anteparas. Não tinha visto aquela luz do lado de
fora.
E isso foi tudo o que conseguiu. Sentiu algo vindo, e sabia o que era.
Deu alguns passos para trás na rampa e esperou, com o sabre de luz ainda
estendido.
Uma figura esguia num traje cinza escuro e cocar triangular com véu
entrou no espaço entre as naves estacionadas.
— Olá, esposinha... — disse Lumiya.
O piloto automático de Mara entrou em ação e voltou a ser a Mão do
Imperador, silenciosa e concentrada. Não havia nada que valesse a pena
dizer de qualquer maneira. Amadores faziam discursos; os profissionais
continuavam com o trabalho.
Deu um salto forçado de cinco metros em Lumiya, cortando da direita
para a esquerda, com as duas mãos. O golpe, com toda a força, sem sutileza,
cortou o cocar do Sith quando saltou para trás, cortando uma seção. Os
olhos de Lumiya se arregalaram, com as pupilas dilatadas, mas ela já estava
girando seu chicote de luz sobre a cabeça. As caudas estalaram e sibilaram,
errando Mara apenas porque lançou toda a sua energia em um impulso de
Força para retardá-los um pouco.
Mara não levou aquela arma levianamente. Era o pior dos dois mundos,
tiras de couro cravejadas com fragmentos impermeáveis de ferro
Mandaloriano e gavinhas de pura, crua e assassina energia sombria. Mara
sacou o seu blaster e rolou sob o casco da nave ao lado dela. O chicote de
luz atravessou o duraço com um guincho de metal rasgando, enchendo o ar
com o cheiro de fluido hidráulico, e o jorro de líquido se transformou em
uma torrente que começou a se espalhar em uma poça espessa. Enquanto
Mara rolava para o outro lado da nave, Lumiya pousou pesadamente sobre
os dois pés e baixou o chicote tão perto da cabeça de Mara que sentiu a
lufada de ar em sua bochecha direita como uma respiração. O estalo foi
ensurdecedor.
Mara nem estava pensando quando apontou o blaster. A mão de chicote
de Lumiya foi levantada para lançar o máximo de peso possível do golpe de
costas. Uma nuvem de vapor branco saiu do ombro de Lumiya e ela
cambaleou alguns passos.
Metal. Talvez eu tenha atingido o metal.
Talvez tivesse, porque Lumiya vacilou por um segundo, mas voltou
logo. Mara saltou horizontalmente de um agachamento e disparou contra as
pernas de Lumiya com todo o poder que pôde reunir da Força. Atingiu
duraço sólido. Sangue encheu a sua boca, mas não podia sentir nada, ainda.
Agarrando-se aos joelhos de Lumiya com um braço, negando-lhe espaço
para balançar o chicote, derrubou-a como uma árvore derrubada antes de
bater com a cabeça no rosto da mulher.
E isso doeu. Ah, sim, Mara sentiu isso. Pegou não no nariz de Lumiya,
mas na mandíbula cibernética, e cortou profundamente em sua testa.
Lutando por puro reflexo agora, parcialmente atordoada, apagou a lâmina
do sabre de luz por um segundo e segurou o cabo como uma adaga,
cravando-a no peito de Lumiya antes de reativar a energia. Lumiya puxou
para o lado quando a lâmina perfurou a carne. Mara sentiu o cheiro.
Sacudiu a lâmina para puxar novamente, triunfante.
Eu fiz isso. Morra. Morra, sua...
Mas Lumiya estava gritando, e isso não estava certo. O grito queimou a
cabeça de Mara que girava. Era mais do que som. Era...
Mara se ajoelhou para olhar para o que deveria ser uma mulher morta, e
olhou para os olhos verdes que estavam totalmente desprovidos de qualquer
emoção, e então o mundo escureceu como um eclipse.
Talvez seja eu quem esteja morta.
Algo a atingiu bem nas costas, lançando-a para frente sobre Lumiya.
Mara lutou para se virar sem largar o sabre de luz ou o blaster, mas algo se
enrolou em seu pescoço e a puxou para trás. O chicote de luz ainda estava
no punho de Lumiya, podia ver a coisa, podia ver, então o que estava em
volta do pescoço dela, sufocando-a? Sentiu como se estivesse voando para
trás em alta velocidade, e então bateu em algo tão forte que socou cada
pedaço de ar de seus pulmões e a deixou com falta de ar.
Um segundo ou dois foi o suficiente. Mara ficou tentando sugar o ar em
goles dolorosos e tensos, com os olhos ardendo, e viu as botas de Lumiya
passarem por seu rosto cambaleando, errando-a por centímetros.
O que há com os meus olhos? O que está doendo?
Ergueu a mão para esfregá-los e os nós dos dedos ficaram vermelhos e
úmidos. Era sangue. A última coisa que viu quando olhou pra cima foi a
esfera laranja, aquela nave Sith impossível, subindo verticalmente no ar e
estendendo pás com membranas como asas vivas.
Mara conseguiu se apoiar nos cotovelos. De repente, percebeu os dois
corredores que vira antes, todos bonitos e arrumados em seus uniformes
esportivos brancos, olhando para ela horrorizados. Convocou o foco que
tinha e se concentrou muito.
— Você acabou de ver duas dublês se apresentando em um holo vídeo,
baleadas por uma câmera escondida, — disse ela. — Você não viu nenhuma
luta.
— Não vimos nenhuma luta, querida, — disse a mulher
obedientemente.
O homem ficou boquiaberto e depois sorriu.
— Uau, é incrível como essa coisa de sangue parece real!
— Não é... — disse Mara, e de alguma forma se levantou, recuperou o
punho do sabre de luz e o blaster e saiu andando com toda a graça que pôde.
Eu tinha certeza de que tinha acabado com ela. Como eu perdi?
Quase chorou de frustração e lutou para entrar na cabine do XJ7, ainda
tentando descobrir o que havia saltado por trás dela. Quando verificou os
seus ferimentos na superfície reflexiva de seu datapad, o seu rosto estava
manchado de sangue, o seu olho direito já estava inchando e fechando, e
havia algo como uma queimadura de corda em seu pescoço. Podia ver
reentrâncias em sua pele que pareciam um cabo de arame torcido.
Algo como um droide saltou sobre mim. Uma máquina, de qualquer
maneira. Por isso não senti.
Era uma loucura pilotar um caça depois de um ferimento na cabeça,
sabia, mas não havia outro caminho de volta para Coruscant. Disparou os
motores, xingando cada vez mais. Tinha a bruxa ciborgue bem ali, com o
seu sabre de luz nela, e ainda não a tinha matado.
E também não senti nenhuma maldade dela, Luke. Apenas uma cabeça
quebrada.
Isso levaria bastante bacta. Mara ergueu o XJ7 e colocou-o no
automático para a volta para casa.
Luke vai enlouquecer quando me ver nesse estado.
A sua adrenalina estava diminuindo e a dor se fazia sentir agora. Entrou
em um transe meditativo superficial para acelerar o processo de cura.
Por que ela não me matou? Ela teve a chance. Eu me concentrei em sua
kriffing de mandíbula de metal.
Então Mara se lembrou do transmissor. Procurou o datapad novamente e
ativou o emissor de busca. Um pontinho amarelo, não, dois pontinhos
amarelos, apareceu.
Um ainda estava em Vulpter: Ben. O outro estava avançando pela grade
em sua tela, afastando-se do Núcleo.
Lumiya.
Te peguei, pensou, sorrindo por um segundo antes de se lembrar de seu
lábio cortado. Entendi.
Lumiya e a sua bizarra nave Sith estavam em rota para o nodo Via
Hydiana. Ou ela queria que Mara a seguisse ou não sabia sobre o
transmissor.
Estava tudo bem. Mara poderia pegá-la a qualquer momento agora. E as
duas poderiam jogar o jogo Venha-e-me-pegue.
Recostou-se na cadeira e se concentrou em reduzir o olho roxo que
estava crescendo.
ESCRITÓRIO DE JACEN SOLO, PORTAS FECHADAS, QG DA GAG,
CORUSCANT

Jacen tocou a gravação quatro ou cinco vezes antes de ficar satisfeito.


Era uma tomada distorcida, do tipo que as câmeras endoscópicas
tendiam a capturar, mas a trilha sonora era clara e os participantes da
reunião eram claramente identificáveis como o chefe de estado da AG e o
primeiro-ministro Corelliano. Não haveria discussão de que os dois homens
haviam se encontrado, rejeitado toda a política de defesa da AG, acordado
em termos privados um cessar-fogo sem referência ao Suprema
Comandante ou ao Senado e discutido a remoção por assassinato do
Coronel Jacen Solo e Almirante Niathal.
Isso era tudo o que precisava para justificar o próximo passo.
Inclinou-se sobre a mesa e digitou o comunicador interno. Os droides
não se importavam com quantas vezes eram chamados ao escritório.
— Agá, — disse ele. — Preciso de você imediatamente.
— Certamente, senhor, — disse o HM-3.
O droide demorou dez minutos para aparecer. Quando entrou, os seus
braços estavam carregados de datapads e até mesmo flimsi presos. Ele veio
preparado para uma das sessões de explicação-da-lei de Jacen. Às vezes era
perturbador encontrar um droide que pudesse antecipar as necessidades tão
bem. Jacen se contentou em ficar impressionado.
— É hora de aplicar a emenda, — Jacen disse.
Se um droide poderia ter registrado desapontamento em um rosto
imóvel, então o HM-3 demonstrou. Sua voz não deixou dúvidas. Ele
gostava de discutir os pontos mais delicados da lei administrativa com
Jacen, provavelmente porque ninguém mais queria ouvi-los. O fato dele
carregar os estatutos com ele, em vez de simplesmente acessar o arquivo em
rede da AG, era um sinal de sua genuína... afeição pela lei. Era uma
entidade pra ele, não só palavras.
— Deixe-me recapitular, então, senhor. — HM-3 colocou a braçada de
fontes de referência legal sobre a mesa e puxou o seu datapad de trabalho.
— ...alterar a Lei de Medidas de Emergência para incluir em seu escopo os
poderes da GAG para deter chefes de estado, políticos e quaisquer outros
indivíduos que se acredite apresentar um risco genuíno à segurança da
Aliança Galáctica e apreender os seus ativos por meio do Lei de Ordens do
Tesouro.
— É isso, — Jacen disse. — Quando isso pode ser promulgado?
— Eu posso circular isso agora mesmo, senhor, e entrará em vigor à
meia-noite. Você é muito regular sobre essas emendas.
— Aprendi muito sobre a importância da disciplina administrativa com
você, Agá.
— Obrigado, senhor. Muitos não são.
— E as minhas desculpas por arrastá-lo aqui por tão pouco.
Mesmo com um droide, a humildade e a gratidão podem percorrer um
longo caminho. O HM-3 reuniu os seus dados de origem e foi para as
portas.
— O prazer é meu, senhor, — disse ele.
Jacen esperou que as portas se fechassem e soltou um suspiro.
Esforçou-se para não pensar em Tenel Ka e Allana, porque isso era um luxo
que não podia se permitir naquele momento, mas sentia tanto a falta deles,
especialmente de Allana, que às vezes doía respirar quando pensava nelas.
Lumiya estava ocupada em outro lugar; havia pouca chance dela pegá-lo se
conectando até a sua família com a Força. Mas não estava correndo riscos,
não agora que tantas coisas estavam ao seu alcance.
Peguei você agora, Cal Omas. Eu tenho você, seu tolo.
À meia-noite, teria autoridade legal para prender o Chefe de Estado Cal
Omas por ações que poderiam representar um risco à segurança da Aliança
Galáctica. Notificaria a Suprema Comandante, que era, até as nove de
amanhã, a Chefe de Estado interina na ausência de Omas, e que assumiria o
seu lugar se, por qualquer motivo, não pudesse cumprir as suas funções.
Como quando ele for preso por nos trair para os Corellianos e planejar
me assassinar, além da Niathal. Ela vai adorar essa parte.
Era tarde demais para recuar da beira agora. Isso tinha que acontecer.
Niathal sabia que estava chegando, e a promessa de poder garantiu o seu
silêncio. Ela precisava levar as evidências ao senador G'vli G'Sil, presidente
do Conselho de Segurança, para 'limpar seu caminho' como ela gostava de
dizer. Uma vez que essa sutileza estivesse fora do caminho, poderia
participar do golpe com a consciência militar limpa.
Depois disso, a próxima etapa seria estabelecê-la no papel titular de
Chefe de Estado enquanto consolidava a sua própria base de poder
silenciosamente nos bastidores, porque não faria parte daquela estrutura
ridiculamente chamada de democracia.
Era o caos, puro e simples. Era uma palavra gloriosa para justificar a
abdicação de responsabilidade por aqueles que poderiam, se estivessem
dispostos a fazer o esforço, criar uma galáxia melhor para a grande maioria.
Era uma palavra para encontrar alguém para culpar.
Democracia, liberdade e paz. Eram todos truques, como palavras
usadas para treinar veermoks para se aproximar ou atacar. Eram sons sem
significado real, nada definível, só gatilhos que todos foram condicionados
a pensar que eram coisas desejáveis e tangíveis. Paz, bem, Jacen poderia
definir isso. Mas democracia? Liberdade? Liberdade de quem, e para fazer
o quê? A liberdade era um conceito bastante nebuloso quando tudo o que a
maioria dos seres desejava era ausência de desordem, estômago cheio e
alguma esperança de que seus filhos tivessem uma vida mais confortável do
que a deles.
Jacen esfregou os olhos, sentindo a falta de sono da semana passada,
mas determinado a não cochilar nem por alguns minutos. Shevu não ligou.
Metade do trabalho estava feito, mas Jacen ainda não sabia o que havia
acontecido com Gejjen. O que quer que tenha acontecido, Ben atirou nele
ou errou agora. Jacen ligou o HNE, esperando uma notícia sobre o
assassinato, mas ainda mostrava algumas bobagens sobre uma estrela holo
de vídeo com uma vida pessoal embaraçosa. Não havia nada a fazer a não
ser preencher o tempo de espera com trabalho produtivo. Abriu a
comunicação para Niathal.
— Estou lhe enviando algo em sua conexão de dados seguro, — disse
ele. — À meia-noite e um minuto, estarei agindo sobre isso. Planeje a sua
visita a G'Sil com cuidado.
— Eu acho que posso lidar com isso, Jacen...
— Espere até ver o que estou lhe enviando, — disse ele. — É bem
diferente de vê-los esculpir o nosso futuro.
— Avise-me cinco minutos antes de você... fazer a sua visita.
Jacen se recostou em seu assento e esperou a ligação de Shevu.
E ainda podia sentir que Ben estava vivo, se não bem.

ESPAÇOPORTO DE CHARBI, VULPTER


Era um bloqueio.
Ben, como todos os outros na multidão, ficou parado enquanto o oficial
de segurança Corelliano, ramo de proteção ministerial, imaginou, apontava
seu blaster para a multidão.
— Ninguém vai a lugar nenhum, — disse ele. — Esta porta está sendo
lacrada pelas autoridades de Vulpter e todos vocês serão escaneados em
busca de resíduos balísticos.
— Por que? — uma voz masculina chamou da multidão.
— Houve um disparo de projétil, — disse o oficial. — Um assassinato.
Eu quero que todos vocês esperem, bem e calmos, e então vamos verificar
todos vocês, e vocês estarão livres para ir.
— Isso vai levar horas, — disse alguém.
— Então vai levar horas, — disse o oficial, e acionou o teste de carga
em seu desintegrador para que pudessem ouvir o zumbido e ver o flash de
uma barra indicadora que dizia que ele estava pronto para atirar. — Eu
realmente gostaria de sua cooperação, pessoal.
O zumbido de murmúrios, suspiros, cliques e outras expressões variadas
de horror e impaciência varreu a multidão reunida. O estômago de Ben
estava apertado. Não ousou olhar pra trás para ver onde Shevu e Lekauf
estavam. Podia sentir a presença deles e tinha uma boa ideia de suas
posições, mas isso não era suficiente. Precisava vê-los.
Cuidadosamente, se virou e chamou a atenção de Lekauf. Caminhou até
ele, diminuindo a velocidade enquanto passava, então não era óbvio que
eles estavam juntos. Também precisaria ficar longe de Shevu. Não
adiantava prender a todos.
Ben ativou o seu fone de ouvido e falou mal movendo os lábios para
conter o sussurro.
— Vou encontrar um ponto fraco e sair, — disse ele. Sentiu que todos
podiam ver o rifle dobrado sob a sua jaqueta, embora todos parecessem
muito mais interessados no que estava acontecendo além das portas
transparaço da área de pouso. Luzes vermelhas e azuis refletiam nas
paredes enquanto os veículos de segurança entravam no campo. — Eu
posso pular em qualquer lugar, abrir qualquer porta, lembre-se. Vou fazer o
meu próprio caminho de volta para casa.
— Faça isso, — disse a voz de Lekauf em seu ouvido, — e eles saberão
que era um Jedi.
— Sem bobagens da Força, — disse Shevu. — Relaxe. Nós vamos
contornar isso. Planos de contingência, senhores.
— Estou coberto de vestígios, senhor.
— Jori, — disse Shevu. Ele normalmente nunca usava o primeiro nome
de Lekauf. — Jori, eu vou...
— Não acho que seja um bom uso de mão de obra, senhor. — Lekauf
estava se movendo em direção a Ben. Ele parecia sombrio. — E você está
muito longe de Ben para fazer algo a respeito.
Lekauf estava ao lado de Ben agora. No meio da multidão de
passageiros e pilotos que se aglomeravam, atrapalhando uns aos outros,
podia se encostar nele sem ser notado. O tenente enfiou a mão sob o casaco
de Ben e agarrou o rifle. Ben apertou o braço com força contra o corpo para
impedi-lo de tomá-lo.
— O que você está fazendo?
— Plano de contingência. Solte, Ben.
— Você vai jogá-lo fora?
— Sim. Sim, vou me livrar dele.
— E a contaminação balística? Você não pode jogar fora isso.
— Anuncie para todo mundo, por que você não... — De repente, Lekauf
voltou a ser o Mestre Eficiente, como se estivesse no estande de
treinamento, seu bom humor um tanto pateta se foi. Ele ficou peito a peito
com Ben, e depois de uma briga quase imóvel de dois segundos que
ninguém mais podia ver, ele soltou o cotovelo preso de Ben e deslizou o
Karpaki dobrado sob a sua própria jaqueta. — Agora fique com o chefe.
Prometa-me que vai.
— Você é maluco, Jori.
— Sim, como o vovô.
Ben se sentia totalmente inútil. Lekauf teve que salvá-lo dessa confusão.
Deveria ter sido capaz de fazer isso sozinho. Alguns Jedi. Algum
supersoldado. Perguntou-se como viveria isso, e também por que estava
mais preocupado com isso neste momento do que em tirar uma vida,
mesmo uma podre como a de Gejjen.
Lekauf voltou pelo saguão do terminal até as portas centrais que davam
para a área de desembarque. Ben foi segui-lo, mas Shevu entrou em seu
caminho casualmente, como se fosse rude e descuidado com um estranho.
— Aconteça o que acontecer, — disse ele, quase inaudível, os lábios
mal se movendo, — você deve ficar comigo e me seguir, a menos que eu
seja agarrado, e, nesse caso, volte para a base da maneira que puder.
Eles haviam simulado alguns cenários em reuniões, incluindo serem
separados ou capturados, mas tudo isso parecia muito diferente agora.
Lekauf estava na porta principal, parecendo estar tentando verificar
onde estava a tourer. Então, sem aviso, agarrou uma mulher com força pelo
pescoço, sacou o seu blaster e o segurou na têmpora dela.
— Abra as portas! — ele gritou. — Abra-as agora, ou eu explodirei a
cabeça dela!
O pandemônio estourou. As pessoas se dispersaram, deixando uma área
livre ao redor de Lekauf; oficiais de segurança e o policial Corelliano
lutaram contra a maré de corpos tentando escapar, com os blasters erguidos.
Lekauf de repente estava fazendo um trabalho incrível de parecer vermelho
e perigoso.
Como ele vai fazer isso? Estamos cercados. Trancados.
Isso não estava nas instruções. Lekauf estava improvisando. Ele tinha
que estar. Ben se separou de Shevu e abriu caminho pela multidão.
— Eu disse para abrir as kriffing das portas, ou você vai raspá-la do
teto. — Lekauf clicou o blaster e a mulher refém começou a gritar, um
pequeno gemido a princípio que se transformou em uma sequência ofegante
de gritos e uivos. — Você vai me deixar embarcar na minha nave e sair
daqui, e ela viverá. Não brinque comigo. Não brinque comigo, kriffing.
— Apenas deixe a senhora ir, — disse o oficial. Ele empurrou através e
ficou na borda da área limpa do chão. — Só abaixe o blaster. Deixe ela ir.
— Então você pode borrifar o meu cérebro por todo o terminal? Sim.
Até parece.
— Garoto, isso não vai te fazer bem. Nós podemos conversar...
— Sim, como se você tivesse uma boa conversa comigo sobre Gejjen.
Eu matei o canalha e estou orgulhoso disso. Ele estava cedendo a AG.
Enchendo os próprios bolsos. Eu sou um patriota. Ouviu? Eu amo Corelia.
Deviam me dar uma medalha.
O oficial gesticulou para o guarda de segurança na saída e as portas se
abriram. Ben assistiu horrorizado, incapaz de se mover. Lekauf saiu pela
porta, meio arrastando e meio carregando a refém apavorada, e caminhou
com dificuldade até a tourer. Parecia levar uma eternidade. Foi um longo,
longo caminho para lutar com uma mulher em uma chave de braço,
recuando, seguido por um grupo de policiais e guardas que se moviam
lentamente esperando pelo primeiro deslize que lhes daria um tiro certeiro
nele. Ben queria correr atrás dele e ajudar, mas não tinha ideia do que fazer;
mesmo que criasse uma distração, eles ainda estavam presos de uma forma
ou de outra.
Lekauf ativou a rampa da tourer e deu ré. A mulher parou de gritar e
começou a soluçar.
— Certo, fora, agora. — Shevu estava logo atrás de Ben, a boca bem
perto de sua orelha, e ele agarrou seu colarinho em um aperto lento e
torcido para mostrar que falava sério. — Devagar e calma. Não desperdice
isso. Ele nos deu tempo.
Ben queria gritar, mas e ele? Ele não o fez, no entanto. Ele já havia
abandonado muito de seu treinamento, e não era assim que os soldados
faziam. As suas pernas tremiam sob ele. Lekauf alcançou o topo da rampa e
empurrou a mulher para baixo; a escotilha se fechou atrás dele, deixando a
refém chorando e gritando no permacreto. A polícia correu para agarrá-la.
Os atiradores se moveram para assumir posições ao redor da embarcação.
Agora todos os outros no terminal foram esquecidos, e o oficial
Corelliano correu para o campo, encontrou seu amigo e correu para o
cordão de isolamento.
— Ben, é isso, vamos... — Shevu puxou o seu colarinho, puxando-o em
direção às portas na extremidade sul do terminal. Um pouco de Ben estava
calculando onde eles colocariam tropas e quais seriam suas táticas para
impedir que Lekauf decolasse. Se Lekauf se movesse, poderia estar fora de
órbita e pular para a velocidade da luz antes que qualquer desculpa que
Vulpter tivesse para uma frota pudesse decolar.
Mas a tourer estava sentada no permacreto, silenciosa, sem nenhuma
névoa de exaustão de calor saindo de seus jatos. Podia vê-lo através das
paredes de transparaço enquanto se movia em direção à fuga e não
conseguia sentir alívio.
Ocorreu a Ben que Lekauf não iria a lugar nenhum.
Talvez a coisa não tivesse começado.
Ah, não, não, não...
A unidade não tinha parado nele. Ben podia sentir Lekauf agora,
aterrorizado, estranhamente triunfante e com uma estranha sensação de paz,
apesar do pavor. Era a combinação mais estranha que Ben já sentiu na
Força.
— O que ele está fazendo, senhor? Como ele está saindo?
Shevu continuou engolindo em seco. Ben viu o nó em sua garganta
subir e descer.
— Tem que ser feito.
— O que tem que ser feito?
— Uma boa história de cobertura.
— Eu não...
— Ben, mova-se. Agora. Shevu agarrou seu braço com tanta força que
doeu e o arrastou pelo permacreto até o transporte. A tourer agora estava
cercada por policiais e guardas armados; linhas de droides de segurança
estavam limpando um cordão externo e movendo de volta as naves que
estavam estacionadas muito perto. — Não estrague esta missão. O trabalho
está feito.
— Mas Jori vai ser preso. Ele não pode ficar sentado lá para sempre.
Não podemos deixá-lo, e o que acontece quando o interrogam, porque eles
vão encontrar...
— Ben, cale a boca. E isso é uma ordem. Não há nada que possamos
fazer.
Ben não podia acreditar em Shevu. Poderia ter lutado para se libertar e
ido ajudar Lekauf, e... e o quê mais? Não podia usar os seus poderes da
Força em público. Não poderia enfrentar um pequeno exército de policiais.
Ele não podia arriscar ser preso e descoberto.
Ainda queria ajudar Lekauf. Nenhum camarada deixado para trás, essa
era a regra, tanto para os soldados quanto para os Jedi, o mesmo para todos
os grupos unidos que enfrentaram o perigo juntos.
— Não podemos deixá-lo, — Ben soluçou, e estava prestes a mudar de
ideia, e deixar a AG e o Conselho Jedi resolverem os seus próprios
problemas se ele fosse preso e considerado o filho de Luke Skywalker,
realizando assassinatos políticos. — Simplesmente não podemos abandoná-
lo.
Enquanto olhava com o coração partido para a tourer danificada, uma
enorme explosão a fez voar em mil fragmentos, lançando uma coluna de
chamas e soltando fumaça no ar, quase derrubando Ben. A polícia se
dispersou, quem pôde fugiu. Alguns foram soprados metros. Tudo parecia
acontecer em câmera lenta e silêncio, e então o som voltou e o tempo
recomeçou normalmente.
O capitão ainda segurava o braço de Ben como uma tenaz. Os lábios de
Ben se mexiam, mas ele não conseguia se ouvir.
— Sim, — Shevu disse suavemente, e arrastou Ben enquanto esticava o
pescoço para olhar para os destroços e as chamas, entorpecido, chocado e
perdido. — Agora podemos ir.
Capítulo Onze

Notícias de última hora... estamos recebendo relatos de que o


primeiro-ministro Corelliano Dur Gejjen foi morto a tiros em
um espaçoporto em Vulpter, Núcleo Profundo, por um
terrorista Corelliano. Os primeiros relatórios indicam que um
cerco armado seguiu o tiroteio, mas isso parece ter terminado
quando o assassino se explodiu em sua nave na pista de pouso.
Teremos mais notícias sobre esta história mais tarde.
— HNE notícia de última hora

SLAVE I, DEPOSITADA FORA DE KELDABE, MANDALORE

Foi um dia de notícias muito interessante.


Fett tinha o monitor de sua cabine sintonizado no canal de notícias,
observando o caos se desenrolar no restante da galáxia. Já tinha presenciado
isso acontecer várias vezes o suficiente para reconhecer os sinais de um
caos ainda maior por vir.
Normalmente, isso significava uma época de boas taxas e colheitas ricas
para caçadores de recompensas. Agora as suas prioridades tinham que ser
um pouco diferentes, e esperou por uma ligação do escritório de Sass Sikili,
o Verpine cujo trabalho era se comunicar com pessoas de fora em nome de
Roche. Os Verpine estavam ficando ansiosos. Como qualquer espécie que
produziu tantos ornamentos de alta qualidade poderia ficar ansiosa, Fett não
entendia, mas esse era o Verpine para você. Insectóides podiam ficar
nervosos, e quando um ficavam nervosos, a mente colmeia deixavam todos
nervosos.
Fett ponderou sobre o assassinato enquanto esperava. Não podia dizer
que lamentava a morte de Dur Gejjen, mas pelo menos o barve pagou
prontamente. Fett apostava que ele permaneceria no cargo por mais alguns
meses antes de levar o inevitável tiro na cabeça. Foi indecentemente
prematuro, mesmo para os padrões da política Corelliana. Quem realmente
o matou? Não algum caipira Corelliano agitando a bandeira, com certeza.
Gejjen tinha uma linhagem de supostos assassinos que se estendia daqui até
o Núcleo.
— Mandalore Fett... — disse uma voz no comunicador. Era agudo, um
pouco acima do tenor, e zumbia com uma leve ressonância. — Notamos o
seu retorno com prazer.
— Precisa de alguém arrastado aos berros para a sua colmeia, Sikili?
— Hoje não, obrigado. Mas temos uma proposta de negócios para você.
— Sou todo ouvidos.
— Ah... ouvimos coisas interessantes sobre depósitos de ferro, que
assumimos como verdade...
— Elas são.
— ...e muitas coisas altamente desejáveis podem ser feitas com ferro
Mandaloriano. Gostaríamos de adquirir algum.
— Fico feliz em vender, quando temos excedente para exportação.
— Notamos a natureza instável da galáxia nos últimos meses, que será
exacerbada, esperamos, com a morte do primeiro-ministro Gejjen.
— Sim. Bons tempos para o comércio de armas.
— De fato. Mas também tempos de ansiedade para nós, quando
Murkhana desafia os nossos mercados, e agora Kem Stor Ai fala em guerra
com Murkhana, que é muito próxima para o gosto das colmeias.
— Você carrega armamentos suficientes para transformar Murkhana e
Kem Stor Ai em seu próprio campo de asteroides, Sikili. Metade do
equipamento deles vem de Roche. Desembucha.
— Somos um povo literal, Fett.
— Eu sou literal, também. Vamos todos ser literais juntos.
Sikili ficou em silêncio por um momento. Fett podia ouvir o leve clique
de suas partes bucais.
— Agora que você tem beskar abundante, você vai se rearmar. Roche
pode estar fora do seu setor, mas da última vez que os Mandalorianos
tiveram muito beskar, o setor de Mandalore ficou muito, muito maior.
Verpine demorou um pouco para explicar para onde eles estavam indo,
avançando em cada etapa da sequência, mas eles chegaram lá no final.
— Você está preocupado que vamos expandir tudo sobre você, — disse
Fett. — Invadir você.
— Sim. É a especialidade da sua espécie.
— Somos caseiros agora. Gostamos de colocar os pés pra cima e
observar aos holo vídeos.
— Quando você faz piadas, as colmeias ficam mais preocupadas,
porque você não é um homem brincalhão. Portanto...
Estava ficando doloroso e não queria ouvir a análise de caráter de Sikili.
Fett achou divertido que não tivesse ameaçado ou insinuado sobre o destino
de Roche, ou mesmo pensado muito sobre isso, mas isso sempre fez parte
de seu arsenal, assim como para os Mandalorianos como um todo. Eles
tinham uma certa reputação que fazia o trabalho avançado para eles.
— Assine um tratado conosco, então, — ele ofereceu.
— Para fazer o quê, Fett?
— Pacto de não-agressão. Ajuda mútua entre vizinhos.
— Você não tem nada a temer de nós, então vai querer algo em troca,
porque você é um mercenário e...
— Caçador de recompensas, meio período. O que eu quero é a parte
mútua.
— O que podemos fazer por você para evitar ser adicionado à sua
coleção?
— Forneça-nos produtos exclusivos em troca de nosso metal exclusivo.
Nós damos a você nossas habilidades especiais, força militar, e você nos dá
as suas em tecnologia de defesa e controle de qualidade. Talvez até trabalho
conjunto em novos projetos.
— Ah, vocês Mandalorianos sempre... adotaram tecnologia de outros.
Você pode adotar a nossa à força agora.
— O negócio está na mesa. Você me fez notar você. Péssima ideia.
Sikili ficou em silêncio novamente. Os Verpines tinham uma maneira de
se comunicar instantaneamente com todos os membros da colmeia através
de algum órgão em seus peitos. Fett adivinhou que Sikili estava consultando
a colmeia.
— Acordo aceito. Vamos precisar de detalhes.
— Vou fazer o meu pessoal falar com o seu pessoal. — Fett podia
imaginar a reação em Coruscant, e Corellia. — Esperamos uma aliança
longa e produtiva com Roche.
— Anunciaremos esta notícia feliz e reconfortante. Bom dia, Fett.
O bom dos insectóides de mente literal era que eles eram transparentes
em seus negócios: sem jogos, sem blefes e, geralmente, sem pular negócios.
Fett se perguntou se deveria ter conversado com os clãs primeiro, mas era
sua prerrogativa escolher os aliados de Mandalore, e se aliar aos melhores
tecnólogos da galáxia não iria incomodar ninguém, pelo menos não em
Mandalore. Certamente arruinaria o dia de todo mundo.
Então as pessoas pensam que estamos nos rearmando. Estamos, mas
não pelas razões que eles pensam. Isso pode ser... interessante.
Segurou Slave I, mais por hábito do que por desconfiança de seu próprio
povo, e levou a bike para a floresta onde ele enterrou novamente os restos
mortais de seu pai depois de exumá-los em Geonosis.
Ailyn também foi enterrada lá, mas Mirta ainda estava claramente
preocupada em não devolvê-la a Kiffu. Parecia ver o enterro como uma
parada temporária. Marcara as sepulturas com pedras simples porque lhe
importava poder reencontrá-las, embora nunca tivesse sido de visitar
sepulturas.
Nem mesmo a do seu, pai.
Agora ia consertar isso. Não tinha desculpa. Não estava a uma galáxia
de distância.
Todas as vezes que viajei de mundo em mundo, todos os anos-luz que
cobri, e nunca liguei para Geonosis para prestar os meus respeitos.
Fett agarrou brevemente uma desculpa em suas raízes Mandalorianas.
Beviin sempre lhe disse a ele que era a armadura que importava para os
Mandalorianos, não a casca deteriorada abandonada pelo espírito. Eu fiz
isso, não fiz? Eu recuperei a armadura do meu pai e deixei o seu corpo. Eu
fiz tanto, por pouco. Os mercenários nômades não podiam ter cemitérios e
não podiam carregar cadáveres com eles. Provavelmente era baseado no
pragmatismo, mas os Mandalorianos, com poucas exceções, como os
Mandalores, ainda não tinham santuários e túmulos elaborados mesmo aqui.
A clareira na floresta era um local pacífico e intocado, em algum lugar
que os Yuuzhan Vong não conseguiram destruir. Altas árvores galek de
folhas prateadas, com séculos de idade, orlavam uma área de musgo
esponjoso e grama amarela curta, dando ao local um ar de calma ensolarada
permanente, mesmo em um dia nublado. Mesmo antes de Fett pousar a
speeder bike, podia ver Mirta ajoelhada ao lado do túmulo de sua mãe,
olhando para ele, com Ghes Orade, filho de Novoc Vevut, olhando para ela.
Os seus capacetes foram colocados de lado.
Ela tinha uma ideia engraçada de romance, aquela garota, mas Orade
parecia quase obcecado, então talvez ele não se importasse onde ele tinha
que segui-la. Ambos olharam em volta e observaram Fett enquanto ele se
aproximava. Ele tentou evitar esmagar touceiras de samambaias âmbar
frágeis.
— Diga-me se estou interrompendo, — disse Fett. Orade olhou para ele
e ficou de pé. — Aqui está o acordo. Você quebra o coração dela, eu quebro
as suas pernas.
— Combinado, — disse Orade. Ele tinha um rosto pálido de traços
marcantes e uma barba loira brilhante. — Até logo, Mirta.
Mirta olhou além de Fett para ver Orade sair, e então olhou para ele.
— Acho que essa é a sua ideia de preocupação protetora, Ba'buir.
— Sinceramente, — disse Fett. — Você não tem utilidade pra mim
quando está emotiva.
— Então... pra que você me queria?
— Não. Só vim visitar o túmulo do papai.
O seu olhar nervoso suavizou, provavelmente de vergonha. Chorar
juntos por Ailyn apenas uma vez não abriu as comportas emocionais e deu a
eles um relacionamento de sangue cimentado pela dor compartilhada. Era, e
provavelmente sempre seria, cauteloso e contido.
— Volto mais tarde, — disse Fett.
— Não, eu estava saindo de qualquer maneira.
— Certo, vamos ficar em um silêncio constrangedor por um tempo e eu
vou te dar uma carona de volta para a cidade.
Por alguma razão, a única coisa que nunca envergonhou Fett foi admitir
o seu amor pelo pai. Não se importava se isso o fazia parecer mole. As
pessoas diziam que não, especialmente se quisessem continuar respirando.
Enganchou os dois polegares no cinto e contemplou a leve depressão no
solo macio e musgoso, percebendo que deveria ter enchido a cova com mais
terra para permitir o assentamento.
Não estou muito mal, pai. Você já teve que fazer política doméstica
quando era Mandalore, ou apenas lutou? Suponho que você saiba que
estou morrendo.
O último pensamento o pegou desprevenido. Fett acreditava na
decomposição e no esquecimento eterno: já os havia distribuído tantas
vezes que sabia o que o esperava. Foi Beviin e a sua conversa sobre o
manda que o fez cair naqueles pensamentos estúpidos sobre a eternidade.
— Eu sabia que você estava basicamente bem quando dividiu o coração
de fogo para enterrar metade com a mamãe, — Mirta disse calmamente.
— Não sou sentimental.
— Uma verdadeira canalha teria mantido a pedra intacta e a vendido.
Fett se ressentiu da interrupção de sua conversa unilateral com o pai.
— Talvez se eu tivesse deixado inteiro, alguém poderia ter lido as
informações nele. — Ele se endireitou, com os braços ao lado do corpo. —
Você terminou aqui?
Mirta deu de ombros, pegou o capacete e começou a andar na direção
da speeder. Foi uma espécie de resposta. Eles partiram para Keldabe. Não
havia estradas retas; tornava muito mais fácil emboscar e prender possíveis
invasores.
— O que todo mundo faz com os corpos? — perguntou Fett.
— Vire à esquerda quando chegarmos ao rio e eu lhe mostrarei.
Mirta parecia ter levado a sério essa coisa de Mando nascido de novo.
Fett esperava que ela chutasse os trilhos e virasse totalmente Kiffar, como a
sua mãe, mas ela pulou para o outro extremo. Se não soubesse que ela não
era motivada pela riqueza, teria pensado que ela estava se posicionando
para herdar sua fortuna. Isso teria sido mais fácil. Agora, não tinha ideia de
qual era o motivo dela.
— Gejjen foi assassinado, a propósito, — disse ele, inclinando o
acelerador para virar ao longo do curso do rio Kelita. — Ouvi no noticiário.
— Bom, — disse ela. Ela era definitivamente sua neta. — Shabuir
viscoso.
— Eu coloquei a taxa total para Sal-Solo em um fundo fiduciário para
você.
— Obrigada. Não precisava.
— Não. Eu não.
— Aí está.
— O que?
— A sepultura.
Fett não conseguia ver nada, apenas exuberantes prados aquáticos
flanqueados por ricos pastos, de um verde vibrante mesmo depois da época
da colheita. Eles disseram que a área superou as tentativas dos Yuuzhan
Vong de destruição ambiental porque a água que flui rapidamente no prado
e no rio carregou os venenos rio abaixo. Mesmo aos olhos urbanos e não
agrícolas de Fett, parecia um solo rico. — Onde?
— Experimente seu RPS terahertz.
Fett piscou o seu radar de penetração no solo para a vida. Quando
olhava para a terra agora, via as variações de densidade e os bolsões de solo
menos compactado. Ele também viu aglomerados de linhas e detritos tão
emaranhados que não conseguiu distinguir o que eram.
— É uma vala comum, — disse Mirta.
Fett parou a speeder e eles desceram para olhar. As suas botas
chapinhavam na grama encharcada e, embora não fosse a primeira vez que
ele pisava em um tapete de mortos, isso parecia vagamente desconfortável.
— Perdi muita gente, — disse ele. Mais de um milhão. Quase um em
cada três Mandalorianos morreu defendendo o planeta. Mirta parecia estar
esperando algum comportamento de estadista, então ele tentou. — E
nenhum memorial.
— Esta não é uma sepultura de guerra, — disse Mirta. — Mando'ade
geralmente enterra em valas comuns de qualquer maneira. Todos nós nos
tornamos parte do manda. Não precisamos de uma lápide.
A excepcional fertilidade do solo de repente fez sentido. Não fazia
sentido desperdiçar matéria orgânica.
— Manda.
— Consciência coletiva. Super alma. Nós não fazemos o céu.
Fett estremeceu.
— Eu sei o que é isso.
— E devolve aos vivos. Você receberá uma sepultura marcada, é claro,
sendo Mand'alor. A menos que você escolha não fazê-lo.
— Provavelmente só para garantir que eles saibam que o antigo
Mandalore não aparecerá novamente para recuperar o título.
— Talvez só para mostrar respeito.
— Já lhe ocorreu, — perguntou Fett, — que tudo isso é uma
racionalização do fato de que os Mandalorianos estavam sempre em
movimento, não podiam manter sepulturas e precisavam se livrar de muitos
cadáveres? E que é fertilizante grátis?
Mirta tirou o capacete, provavelmente para deixá-lo ver toda a nuvem
de sua desaprovação.
— Não há nada profundo que você não possa reduzir à banalidade, não
é?
— Sou um homem prático.
— Somos um povo prático. — Nós. A parte Kiffu havia deixado de
existir para ela. — Mas não há nada de errado em ver o quadro geral.
— Posso cancelar o manda? Não vou passar a eternidade com Montross
ou Vizsla. Ou aceitamos hóspedes de outras espécies? Se os adotamos em
vida, faz sentido levá-los depois, e o resto da galáxia?
Mirta parecia prestes a cuspir algo mordaz nele, mas em vez disso
suspirou, enfiou o capacete de volta no lugar e voltou para a speeder. Fett
ponderou como seria tedioso se realmente existisse alguma existência após
a morte, especialmente se não fosse apenas um ingresso. A única pessoa
que ele queria ver de novo era o seu pai. O resto dos mortos, amados e
odiados, mas principalmente apenas não amados e rejeitados, poderiam
permanecer mortos.
Ele resolveu manter a boca fechada no futuro. Sempre foi a melhor
política no passado, e uma conversa significativa era uma das poucas coisas
que ele não conseguia dominar. Levou-a para o centro de Keldabe seguindo
o curso sinuoso do Kelita, deslizando acima de seus meandros e penhascos
do rio. O antigo rio tinha gradualmente retorcido sobre si mesmo enquanto
avançava pacientemente nas margens, e parecia que uma boa enchente
quebraria as estreitas faixas de terra e endireitaria o curso novamente. Uma
rápida inspeção com seu capacete RPS mostrou lagos de arco de bois secos
pressionados como pegadas na terra de ambos os lados. Até os garotos
caranguejos aparecerem, a maior parte de Mandalore era como antes da
chegada dos humanos: primitiva, selvagem e ainda cheia de coisas
desconhecidas. Fett odiava os Yuuzhan Vong novamente por arruinar isso.
Novoc Vevut, pai de Orade, construía e consertava armas. Ele estava no
pátio da oficina que também servia de casa, usinando peças de blaster. Fett
desligou a speeder na entrada e Mirta deslizou da sela.
Vevut empurrou a sua viseira protetora transparente de volta para o topo
de sua cabeça e deu a ambos um grande sorriso.
— Ah, bom ver vocês dois fazendo coisas juntos, — disse ele. —
Osi'kyr, Fett, seremos parentes?
Mirta olhou para ele com um calor que ela não dirigia a seu próprio avô.
Fett não percebeu até que ponto o relacionamento com o filho de Vevut
havia progredido.
— Se beskar é uma defesa tão boa, como é que você tem tantas
cicatrizes, Buir? — ela brincou. — Esqueceu de usar o capacete?
Ela o chamou de papai. Vevut sorriu.
— Eu me cortei fazendo a barba.
— Com um Trandoshano.
— Case-se com Ghes e eu farei de você um blaster que pode cortar a
cabeça de uma dúzia de Trandoshanos com um tiro.
— Você sabe como virar a cabeça de uma garota, — ela disse, e tirou o
capacete e as botas antes de desaparecer dentro de casa.
Vevut escovou bobinas brilhantes de limalhas da bancada de moagem.
As suas longas tranças pretas de lã eram amarradas para trás com um
pedaço de barbante enquanto ele trabalhava, mas os clipes de ouro
amarrados ao longo delas como troféus ainda chacoalhavam e tilintavam
enquanto ele se movia. Combinados com as cicatrizes impressionantes em
sua pele de ébano, eles o faziam parecer formidavelmente endurecido pela
batalha. Beviin disse que o ouro veio de suas mortes ao longo dos anos e
que ele o derreteu para fazer os clipes ornamentados. Eles fizeram o couro
cabeludo Wookiee trançado de Fett parecer discreto.
— Quando adotei Ghes, — disse Vevut, sem levantar os olhos da
bancada, — nós também tivemos dificuldade em aceitar um ao outro no
início. — Ele raspou lascas brilhantes do metal que estava moldando e
ergueu-o para verificar a borda. — E eu o conhecia toda a sua vida. Os pais
dele eram meus vizinhos. Só porque Mirta tem seu próprio sangue não
significa que seja automático.
— Vou ter isso em mente.
— Alguma objeção a Orade?
— Mirta tem mais de treze anos. Ela pode fazer as suas próprias
escolhas.
— Ele é um bom rapaz.
— Eu sei. — A própria incapacidade de Fett de lidar com parceiras não
era motivo para ele ter qualquer opinião sobre a vida de sua neta. Mas ele
quis dizer isso sobre quebrar as pernas de Orade. Foi um reflexo paterno
que surgiu do nada. — Fiz um acordo com o governo Verpine hoje. Agora
temos um pacto de não agressão com Roche, desde que eles compartilhem
tecnologia conosco.
Vevut parou de raspar bordas afiadas.
— Ei, eu nem nos ouvi disparar nenhum tiro...
— Eles ouviram a palavra beskar.
— Eu acredito que os bons tempos estão a caminho novamente,
Mand'alor.
— Se você sentir vontade de assistir enquanto conversamos sobre armas
com eles, as suas opiniões seriam úteis.
— Certo. Vou deixar meu repelente em casa como sinal de respeito.
— É melhor eu contar aos clãs. Caso alguém esteja pensando em se
inscrever em Kem Stor Ai. Os Verpine ficariam chateados com isso.
Era uma boa maneira descontraída de administrar uma nação. Fett
enviou uma mensagem por meio de seu datapad e esperou por objeções,
sem esperar nenhuma. Além de questões como os descontos que agora
podem estar disponíveis em armas Verpine personalizadas, os chefes
receberam a notícia com calma.
Era como se os Mandalorianos guardassem todas as suas paixões para
duas coisas: as suas famílias e as suas guerras. Fett voltou para a fazenda de
Beviin pelo rio e parou para olhar novamente para a vasta vala comum.
A maioria das espécies achava as palavras vala comum não marcadas o
material do horror, o pior fim de vida possível. E ainda assim os
Mandalorianos o escolhiam. Fett, no limite entre Mando e aruetii apesar de
seu título, tentou ver seu povo como os aruetiise os viam, para entender
completamente o medo que apenas alguns milhões deles poderiam causar
simplesmente por existir. Afastado, viu um exército invasor exterminando
espécies inteiras, travando guerras galácticas, destruindo tudo em seu
caminho; e viu mercenários e caçadores de recompensas, negociantes
mascarados sem emoção na morte. A imagem gravada na psique galáctica
coletiva era a de selvagens violentos, ladrões e saqueadores, cuja a lealdade
temporária a qualquer pessoa, exceto a sua própria, poderia ser comprada,
mas nunca garantida.
Acontece que era quase completamente verdade, exceto a parte sobre
lealdade. A maioria das pessoas não entendia a natureza de um contrato.
E eles nunca chegaram perto o suficiente para ver os Mandalorianos em
paz. Chegando a isso, muitos Mandalorianos também não. Era uma galáxia
inquieta.
Fett se resignou a existir na terra de ninguém, Mando demais para o
estranho, mas não Mando o suficiente para alguns dos clãs, e voltou para
Slave I, que ainda era o refúgio em que preferia dormir. Esperava que
Beviin não estivesse ofendido. Preocupar-se com os sentimentos de outra
pessoa era uma novidade, e Fett sabia o que Beviin diria sobre a psicologia
de dormir em uma espaçonave quando uma casa perfeitamente confortável,
qualquer número de casas, estava disponível.
Quando Fett chegou a nave e destrancou a escotilha por controle
remoto, encontrou uma mensagem esperando por ele. Poderia ter sido
retransmitido direto para o seu Visor de Informações, mas Jaing Skirata fez
as coisas de sua própria maneira idiossincrática.
VI O QUE VOCÊ FEZ CERTO EM MANDALORE. EU VOU FAZER O CERTO POR VOCÊ.
Fett não havia julgado errado, então. Colocou a dose de cápsulas na
palma da mão e as engoliu com uma mistura de água e o coquetel de drogas
líquidas que Beluine havia prescrito. Estava apenas retardando seu declínio,
não parando.
Jaing não havia dito o que tinha conseguido.
A morte é um motivador, não uma ameaça. Você ainda tem coisas a
conquistar antes de se tornar fertilizante. Você apenas terá que fazê-los
mais cedo ou mais tarde.
Fett ligou o monitor em seus aposentos apertados e recostou-se com um
pacote de rações secas para assistir ao noticiário enquanto Corellia entrava
em colapso, e o governo Verpine de Roche anunciou negociações com
Mandalore para concordar com um acordo de ajuda mútua e comércio.
Então pegou o livro preto que seu pai havia deixado para ele. Ouviu
cada mensagem gravada nela mais de cem vezes e estudou a imagem de seu
pai nela. Quando temia estar começando a esquecer como Jango Fett era,
ele o pegava e repassava as mensagens.
Não havia esquecido: nem um poro, nem um fio de cabelo, nem uma
linha. Mas o publicou de novo de qualquer maneira e decidiu que amanhã
poderia ser um bom dia para tornar público o Bes'uliik.

CÂMARA DO CONSELHO JEDI, CORUSCANT: REUNIÃO DE


EMERGÊNCIA
— Esta pessssoa, — disse a Mestra Saba Sebatyne, — gossstaria de ter
certeza de que a Alianççça não teve nada a ver com a morte de Gejjen. Foi
dessssnesssário.
Luke não podia culpá-la por tirar conclusões precipitadas. Foi o seu
primeiro pensamento também, e o segundo foi que os agentes da AG, ou
mesmo Jacen, tinham uma mão nisso. Mas o assassino, ao que parecia, se
trancou em sua nave e a explodiu, uma nave registrada Corelliana
espalhando evidências Corellianas sólidas. Luke tinha visto coisas mais
loucas do que isso. Foi um ato fanático e muito comum.
— Existem muitos Corellianos com motivos para querer Gejjen morto,
— ele disse. Onde Mara foi parar? Meio que esperava que ela atravessasse
as portas da câmara carregando a cabeça de Lumiya em triunfo. — Mas
conduzirei as minhas próprias investigações.
Corran Horn ergueu os olhos de suas mãos entrelaçadas, que estava
estudando com uma concentração anormal. Não deve ter sido fácil ver o seu
mundo natal mergulhar em recriminações e acusações.
— É menos sobre quem realmente fez isso do que sobre quem as várias
facções acham que fez isso, e isso não será influenciado por nada tão
irrelevante quanto fatos concretos.
— Então, eu preciso saber e não quero que o HNE me conte, — disse
Luke. — Kyp, você pode monitorar as manchetes enquanto estamos nos
encontrando?
— Foi-se o tempo, — disse Kyp Durron, — quando o governo do
período costumava manter o Conselho Jedi informado, e não precisávamos
depender da mídia.
Sim, Luke notou que o Conselho não era mais mantido informado.
Voltou ao assunto principal.
— E daí se nós formos? — Até agora todos conseguiram evitar
mencionar Jacen.
Kyle Katarn se juntou a eles.
— É legal assassinar chefes de estado?
— Em uma guerra, acredito que sim.
— Boa hora para Omas estar fora, — disse Katarn. — Se eu fosse do
tipo paranoico, diria que é assustador que ele estivesse fora da cidade, local
não revelado, ao mesmo tempo em que Gejjen foi baleado. Melhor testá-lo
quanto a resíduos balísticos quando ele voltar ao escritório.
— Isso não é brincadeira, — disse Kyp.
— Certo, desculpe. Mas é uma sincronia péssima.
Luke achou que Niathal tinha feito um trabalho louvável de parecer
calma e tranquilizadora para a mídia. Fazia algumas horas desde que a
notícia havia vazado, e os canais de notícias haviam divulgado todos os
analistas, políticos e pilotos de táxi aéreo que já haviam opinado sobre Dur
Gejjen. Niathal, bastante esplêndida em seu uniforme branco, era
impressionante. Parecia que ser Chefe de Estado era apenas mais um
trabalho que ela fazia quando todos estavam muito ocupados. Ela marcou
muitos pontos.
E Luke não teve chance de ligar para Han ou Leia. Essa era a sua
próxima tarefa, assim que saísse dessa reunião. Eles saberiam o que
realmente estava acontecendo, se alguém soubesse.
Qual é Mara. Onde você está?
— Então, como isso muda as coisas? — Kyle perguntou. — Quem vai
liderar a Confederação agora? Vai continuar sendo uma coisa Corelliana?
— Se forem os Bothanos, — disse Corran, — que a força nos preserve.
Luke ainda estava esperando por notícias de Niathal. O Conselho Jedi
não fazia parte do governo e, enquanto Omas estava fora, não recebia
respostas instantâneas. Luke percebeu o quão frágil e informal a relação
entre o governo e o Conselho poderia ser quando pessoas diferentes
estavam no comando.
— Só para apimentar a mistura, os Mandalorianos estão unindo forças
com os Verpine. — Kyp parecia estar ouvindo as notícias por meio de um
fone de ouvido, a julgar pelo olhar vidrado e desfocado em seus olhos. —
Como isso soa a você?
Luke pensou na filha morta de Fett, na culpa de Jacen e no histórico de
Fett. Ele estava terrivelmente quieto; preocupantemente.
— Eles estão se rearmando, — Luke disse.
— Eles disseram que estavam se mantendo neutros, — disse Durron.
Kyle balançou a cabeça lentamente, tirando manchas do colo de forma
distraída.
— Oh, sim, se a minha filha há muito perdida fosse torturada até a
morte pela polícia secreta da AG, eu seria neutro. Primeira coisa que eu
faria. Afastar-me e ser muito, muito neutro.
— Você não precisa estar em um dos dois lados para se rearmar ou
mesmo participar de uma guerra, — disse Luke.
Ainda ninguém havia dito a palavra com J. Mas Luke podia ouvir o
nome no fundo de cada mente.
— Bem, nós sabemos alguns fatos. — Kyle contou nos dedos. —
Primeiro, os Mandalorianos não estão exatamente fortemente representados
nos serviços sociais e nas profissões de assistência. Dois, eles têm um novo
suprimento daquele ferro deles para a sua máquina de guerra. Três, aliar-se
com os Verpine os torna o produtor mais poderoso de tecnologia de armas
avançadas. Quatro, ouvi dizer que eles ainda estão chateados por não terem
recebido ajuda para reconstruir o pós-guerra quando se arriscaram pela
Nova República.
— Não é bom, é? — disse Corran.
— Aposto que eles vão se apresentar para Corellia nos próximos dias.
— Fett disse ter matado Sal-Solo, ou pelo menos um de seus bandidos
Mando o fez. Onde isso os deixa?
Luke tinha ouvido a verdadeira história de Han. Nunca havia perdido os
bons e velhos dias claros de Rebelião contra Império, o bem contra o mal
demonstrável, tanto quanto naquele momento. O problema de tirar a certeza
do mal era que o seu vácuo era preenchido por todos os tipos de ameaças,
rivalidades e feudos mais nebulosos. Tornou-se cada vez mais difícil julgar
de onde vinha a ameaça.
Se não estivesse tão arraigado na natureza da maioria das espécies,
Luke teria visto isso como uma trama Sith. Teria sido muito mais simples.
— Acho que devemos oferecer mediação Jedi tanto para a AG quanto
para Corellia, no que diz respeito ao assassinato, — disse ele. — Eu sei que
parece bizarro no meio de uma guerra, mas há uma guerra com regras, e
então há uma guerra sem barreiras, e nós precisamos...
As portas se abriram e Mara entrou.
— Desculpe o atraso, — disse ela. — Tive alguns problemas.
Ela conseguiu interromper a reunião. Luke olhou horrorizado para o
rosto dela. Ela tinha um olho roxo e um lábio rachado; ela estava se
segurando como se suas costelas doessem. Ela se acomodou em seu assento
no círculo com cuidado lento.
— Correu contra uma divisão blindada, isso sim, — disse Kyp, olhando
fixamente. — O que aconteceu com você e para onde devemos enviar as
flores para o outro cara?
— E isso é depois de um transe de cura. — Ela sorriu, e foi genuíno,
mas havia ansiedade definitiva. Luke podia sentir isso. Era tudo o que podia
fazer para não abandonar a reunião naquele momento e ir até ela. Como ele
não sentiu o que estava acontecendo com ela?
— Desculpe interromper, — ela continuou. — Suponho que estamos
preocupados com as implicações da morte de Gejjen.
— E rearmamento Mandaloriano.
— Esqueça isso só por um segundo, — Luke disse. — Mara, preciso
saber o que aconteceu com você.
— Ora, querido, obrigada por perguntar! Estou muito bem. Apenas uma
ferida superficial. — Ela balançou a cabeça em descrença, mas parecia
dirigida a si mesma. — Olha, eu peguei Lumiya. Ela está em um estado pior
do que eu, acredite em mim.
— E?
— A situação está sob controle.
— Onde ela está?
— Estou rastreando-a até a base.
Todos os onze membros do Conselho esperavam em completo silêncio
pelas próximas palavras de Mara. Ela olhou para os outros Jedi ao seu
redor, gentilmente empurrou a pergunta silenciosa e a preocupação de Luke
para fora de sua mente com um firme depois, e recostou-se em sua cadeira.
Luke não conseguia definir, mas ela estava confusa sob aquela fachada.
— Não adianta olhar pra mim desse jeito, — ela disse. — Não estou
discutindo isso, não estou compartilhando a missão e não vou pegar leve, o
que aposto que será sugestão de alguém. Sim?
— Mara falou, — disse Kyp. — Mas isso não me impede de perguntar
onde Lumiya está e o que ela está dirigindo.
— Boa tentativa, mas vá encontrar seu próprio lado sombrio para
brincar, porque Lumiya é minha.
Corran deu a Luke um sorriso conhecedor.
— Ela está bem.
Mara certamente estava satisfeita com alguma coisa, mas não tão
contente com outra coisa. Luke descobriria mais tarde. Ele mudou a
reunião.
— Podemos realmente fazer alguma coisa sobre a situação de Gejjen
aqui e agora? — Houve um coro de um 'não' relutante ao redor do círculo.
— Tudo bem, então tudo o que podemos fazer é ficar de olho na situação, e
tenho um pedido com a secretária de Omas para vê-lo assim que ele voltar.
— Você sabe o que acontece se os chefes de estado estiverem ausentes
quando uma crise irrompe, — apontou Kyp. — Eles levam uma surra nas
pesquisas e é o começo do fim. Vamos aproveitar ao máximo Omas
enquanto podemos.
— Quem é amigo de Niathal?
Todos eles se viraram para olhar incisivamente para Cilghal. Ela
inclinou a cabeça ligeiramente para fixar Luke com um olho, sempre uma
coisa desconcertante em um Mon Calamari.
— Só porque somos Mon Cals, Luke, não significa que temos harmonia
garantida. Viemos de diferentes escolas de pensamento.
— Você é sobrinha de Ackbar, e aposto que isso conta muito com um
Almirante Mon Cal...
— Eu farei o meu melhor, então.
A reunião foi encerrada, Mara permanecendo sentada. Corran deu um
tapinha na cabeça dela como um tio indulgente ao passar, e então balançou
um dedo silencioso de advertência: Trate desse olho roxo. Luke esperou até
que todos estivessem fora do alcance da voz e então se agachou na frente de
Mara e colocou as mãos nos joelhos dela.
— Você não pode esconder isso de mim.
— Eu dei uma cabeçada nela, isso é tudo. Mandíbula de metal, cabeça
de não metal.
— Se você chegou tão perto, como ela escapou? — Ah, pergunta ruim:
Luke se preparou para um ataque violento sobre apertar as mãos
novamente. — Quero dizer...
— Eu acho que ela tem um droide com ela. Algo me atingiu por trás, e
não era orgânico. — Mara mostrou a ele uma marca descolorida como uma
queimadura de corda na frente de seu pescoço. — Seja o que for, pode
render um cabo de metal. E ela tem essa estranha nave esférica como um
olho laranja desencarnado.
— Você não acha que tudo isso é um bom argumento para não caçá-la
sozinha?
— Ela quer que eu a alcance. Estarei super pronta da próxima vez, e
haverá uma próxima vez.
Havia prometido a ela. Se alguém podia levar Lumiya, era Mara, e sabia
que tinha que tirar da cabeça sua própria fixação por Lumiya, impedir que
isso nublasse o seu julgamento. Daria a Mara um pouco mais de tempo, mas
se perguntou como se sentiria se ela voltasse para casa espancada e
machucada assim novamente.
Perseguir um Jedi Sombrio individual era muito mais difícil e demorado
do que ele esperava. Às vezes se perguntava por que Lumiya e Alema
tinham se mostrado muito mais difíceis de caçar e lidar do que um Império
inteiro, mas essa era a resposta: o Império, por seu tamanho e penetração,
estava em toda parte. Era difícil evitar encontrá-lo, mas dois Jedi com
habilidades de ocultação poderiam desaparecer com muita eficácia em uma
galáxia inteira. Seria sempre o caso de fazer com que eles viessem até ele,
ou até Mara.
— Mas você estará em casa para jantar esta noite, — Luke disse. —
Não passe a noite inteira trabalhando de novo.
— Acredite em mim, eu estarei em casa, — disse ela. — É para onde
estou indo agora.
— É melhor eu ver o que Han e Leia têm a dizer sobre Gejjen, enquanto
fico no Senado esperando por Omas.
— Se eu ainda estiver sentado em casa com um prato de caçarola nerf
congelando à meia-noite...
— Certo. Jantar às oito. Definido em permacreto.
Luke caminhou pelo corredor com ela em silêncio e ela deu a ele um
sorriso conspiratório enquanto as portas do turbo elevador se fechavam.
Abriu o seu comunicador seguro e ligou para Han.
— Não estou de luto — disse Han, totalmente insensível daquele jeito
encantador que ele tinha. Luke sabia que não se importava com Gejjen e
nunca se importou: era difícil chorar por um homem que se aproximou de
você para matar o seu próprio primo, mesmo que esse primo fosse um
canalha de primeira classe. — Não há necessidade de poupar os meus
sentimentos. Ele era um tiro na cabeça esperando para acontecer.
— Como é o humor do público por lá?
— Não houve exatamente uma corrida às roupas de luto, mas as pessoas
estão nervosas.
— Então, quem está no comando de Coronet agora?
— Eles estão brigando. Por enquanto, será um trabalho do comitê.
— Quem você acha que fez isso?
— A maior tarefa da SegCor é descobrir como gerenciar as linhas de
suspeitos. Não que eles precisem desenterrar algumas, dois grupos
terroristas diferentes aqui já assumiram a responsabilidade por isso. Sim,
nós também temos.
— Eu nunca percebi o quão divididos todos vocês estavam.
— Nunca ficamos divididos sobre Corellia. Exatamente quem é o
melhor candidato para administrá-lo.
— Você e Leia estão bem?
— Sim, estamos bem, e não, não estou lhe contando o que estamos
fazendo no momento. Pare de se preocupar.
Luke quase levantou o assunto de uma cortina de fumaça na AG. Era
bastante comum realizar um golpe e configurá-lo para se parecer com outra
facção para obter o máximo de discórdia. Mas pensou melhor sobre isso,
porque cheirava a Jacen, e Han não precisava ouvir que seu melhor amigo
achava que o seu filho, por mais estranho que fosse, tinha uma mão nisso.
Algumas coisas eram melhor tratadas por amigos, limpas e suavizadas.
Quando Lumiya finalmente for derrubada, Luke passaria o seu tempo
colocando Jacen de volta nos trilhos. Era o mínimo que podia fazer por
Han.
Omas não poderia ter escolhido um dia pior para visitar o seu médico,
mas era incomum para ele ser tão reticente sobre os arranjos de rotina. Luke
esperava que não fosse algo sério.
Já era ruim perder Gejjen, porque pelo menos ele era uma pessoa
conhecida, e Luke havia se acostumado com o seu modo de pensar. Se o
futuro de Omas também estava em dúvida... bem, essa era uma incógnita
demais.

ESPAÇO MILITAR DE CORUSCANT

Ben ficou sentado no porão de carga da nave muito depois de a equipe de


terra ter protegido os amortecedores de pouso e os propulsores terem
esfriado completamente.
Sentia-se quase à vontade olhando para o anteparo oposto, no sentido de
que temia tirar os olhos dele. Se fizesse isso, a meditação entorpecente na
qual havia entrado seria quebrada, e teria que pensar.
Jori Lekauf se foi. Era um daqueles fatos que não conseguia assimilar
nem quando via acontecer. O cara estava vivo e bem na noite anterior, até
horas antes, e agora ele não existia. Ben simplesmente não conseguia sentir
a morte.
Era mais do que os fatos biológicos, e os conhecia muito bem. Os ex-
oficiais da FSC na GAG o haviam presenteado com histórias fascinantes
dos laboratórios forenses da polícia, mas saber como causar a morte e como
ela parecia, e ser capaz de sentir uma piscadela de vida fora da existência na
Força não fez nada para martelá-lo do fato de que seu amigo se foi para
sempre e que não o veria novamente, e todas as coisas que faziam de Jori
Lekauf parte da estrutura do universo, alguém que importava, estavam
muito além de seu alcance.
E era culpa de Ben. Lekauf morreu para protegê-lo.
— Qual é, Ben. Os técnicos querem começar a desmontar esta caixa.
O capitão Shevu estava na escotilha, os dedos enganchados na borda
superior da braçola. Ben sentiu que, se ele se movesse, o mundo inteiro se
desfaria.
— Eu estarei junto em um minuto.
Shevu esperou um momento e então veio sentar-se com ele. Ben
suspeitava que se fosse um homem adulto, Shevu poderia ter sido mais
duro, mas achava que Ben ainda era uma criança, muito jovem para estar
neste tipo de missão, fosse um Jedi ou não. De muitas maneiras, Shevu
estava certo. Mas ninguém nunca teve idade suficiente para perder um
amigo e não sentir isso cortando o centro do peito. Se Ben ficasse tão velho,
não queria continuar.
— Não perdemos muitos soldados nas forças especiais. Isso torna mais
difícil quando perdemos, eu acho. É difícil pra mim, de qualquer maneira.
Ben apostou se falaria ou não. Respirou fundo e esperou sentir tudo ao
seu redor se despedaçar.
— Ele não precisava morrer, senhor. — Assim que ouviu a sua própria
voz, Ben sentiu que não conseguia respirar, nada era pior. — Ele poderia ter
fugido. Poderíamos ter fugido ou até mesmo sido capturados, e o trabalho
ainda estaria feito.
— Ben... as nossas ordens eram para fazer com que parecesse um cisma
Corelliano, e não sermos pegos ou deixarmos rastros. Não posso expor os
Jedi como assassinos, especialmente você. Tínhamos que tirar você de lá.
— Não precisava ser eu. Qualquer soldado poderia ter feito o trabalho.
Eu queria cumprir o meu dever, mas se não fosse eu, se Jori não sentisse
que tinha que proteger a minha identidade, ele estaria vivo.
— Ben, o que você acha que teria acontecido com ele se ele tivesse sido
levado de volta para Corellia? — Shevu baixou a voz. — Você viu o que
fazemos aqui com os prisioneiros. Você acha que pior do que isso não pode
acontecer em Coronet?
— E daí se eu tivesse sido pego? Meu pai teria sido humilhado? E daí?
A vida de Jori por papai estar chateada?
— Eu poderia lhe dar uma lista de razões pelas quais ter Corellia
pensando que a sua própria espécie fez isso ajuda a AG. Mas você não quer
ouvir isso agora. Shevu se levantou e acenou para que Ben o seguisse. Quis
dizer isso. — Existem facções anti-Gejjen reivindicando a responsabilidade,
então a missão funcionou bem, estrategicamente. Agora vai pra casa e tire
alguns dias de folga. Se você não suporta ficar perto de seus pais, ou... ou
perto do Coronel Solo, venha até minha casa. A minha namorada não vai se
importar.
Foi a primeira vez que Ben ouviu Shevu insinuar que estar perto de
Jacen não era necessariamente a melhor coisa para ele. Ben não se
importava com Jacen naquele momento, mas a parte racional de sua mente
que não estava se afogando em uma dor chocante tomou nota disso.
— Obrigado.
— Agora eu tenho que contar aos pais dele. Vou ter que inventar uma
boa história de cobertura e, graças à providência, não há nenhuma filmagem
dele espalhada por todos os noticiários agora, porque seria uma péssima
maneira de descobrir que o seu filho está morto.
Shevu parecia derrotado. Ele provavelmente era muito próximo de
Lekauf, mas nunca disse. Ben aprendera uma lição sobre ser um oficial
hoje, e era que vidas deveriam ser gastas em busca de um objetivo; pode
parecer óbvio, mas quando você trabalha ao lado de pessoas que podem
perder os seus entes queridos por causa de suas decisões, isso adquire um
significado totalmente novo.
— Acho que nunca vou parar de me sentir culpado por isso, — disse
Ben, aliviado por ter conseguido até agora não cair no choro.
— Nem eu, — disse Shevu. — Porque deveria ser eu quem explodiria a
nave se as coisas dessem errado.
— Nós nunca planejamos isso...
— Você não planejou. Nós planejamos. Preciso saber e tudo mais. —
Shevu parou um speeder da equipe de terra que passava e disse ao motorista
para levar Ben de volta ao QG. — Lave essa coisa do seu cabelo e vá pra
casa.
Uma hora depois, Ben se viu olhando para seu reflexo familiar nos
banheiros do QG, enxugando o cabelo e se perguntando se Jacen havia
armado pra ele.
Eu não precisava fazer o trabalho. Qualquer um de nós poderia ter
passado despercebido em um espaçoporto.
Mas foi retrospectiva. Jacen o encarregou de fazer isso antes que
alguém soubesse onde a reunião aconteceria. Ben ainda sentia que algo
estava errado, mas não conseguia identificar.
Tinha acabado de perder seu amigo. Talvez isso tenha feito você pensar
coisas malucas. Quando deixou o prédio do QG e caminhou para o sol do
final da tarde, completamente desorientado pelas mudanças no tempo
planetário nas últimas 48 horas, abaixou a cabeça e apenas caminhou sem
rumo, com as mãos nos bolsos.
De repente, sentiu a mão de alguém em seu ombro. Quase gritou.
Fechou tudo ao seu redor. Então descobriu que estava olhando para o rosto
de sua mãe, e algo estava terrivelmente errado.
— Mãe! Quem bateu em você?
— Esqueça isso, Ben. — Ela o abraçou, um abraço realmente
desesperado e esmagador. — Eu tenho algumas perguntas e absolutamente
não vou ficar parada desta vez. — Ela segurou os seus ombros, os olhos
examinando seu rosto como se estivesse procurando por ferimentos. — Isto
é entre você e eu, eu juro, não entre o seu pai.
Eles acabaram em um tapcaf no bairro Osariano. A mesa estava
engordurada e os cotovelos da jaqueta de Ben grudavam nela toda vez que
se apoiava nelas, mas ninguém os conhecia ali. Mesmo que a comida fosse
apetitosa e não muito quente, Ben não estava com fome.
Mara baixou a voz.
— Quero saber por que você esteve em Vulpter.
Ben ficou atordoado. Como ela poderia saber? Quem falou? Era
completamente secreto. A maior parte da GAG nem foi informada sobre
isso.
— Eu não fui.
— Você pode parar o jogo. Eu sei onde você esteve e tenho uma
sensação horrível de saber o motivo. O planeta inteiro viu as notícias.
Mara só olhou pra ele, sem piscar, de repente não era mais sua mãe. Ele
deveria negar tudo. Ele olhou de volta, em silêncio.
— Eu poderia perguntar a Jacen, querido, mas não tenho certeza se
poderia acreditar nele se ele me dissesse que horas eram.
— Você sabe que não posso falar sobre o meu trabalho, mãe.
— Oh, eu sei. Nunca escondi o meu passado de você, então sei
exatamente o que o seu trabalho envolve. Posso falar com você como um
adulto, Ben, porque uma vez que você fez o tipo de trabalho que está
fazendo, você não é mais uma criança. Nós nos entendemos?
Ben pensou em Jori Lekauf e sentiu um nó no estômago. Queria
desesperadamente deixar escapar que o seu amigo havia morrido e que
queria voltar no tempo antes de cair nessa confusão, e que, que...
— Mãe... — Ele não conseguia dizer. Ela colocou a mão sobre a dele e
apertou. — Mãe, se eu te contar, você vai me dizer quem te bateu?
— Certo, era Lumiya. Eu a peguei, mas ela fugiu. Eu dei uma boa surra
nela, e ela não vai escapar da próxima vez. Agora é a sua vez.
Ben respirou fundo. Isso tornaria tudo melhor ou seria o começo de algo
desastroso. Não sabia dizer: todas as suas impressões da Força o haviam
abandonado.
— Eu consegui, mãe.
— Envolvido... ou te envolveu?
A boca de Ben assumiu sem sua permissão.
— Karpaki de coronha dobrável, redondo frangível.
Mara realmente se recostou na cadeira e a sua mão esquerda se moveu
como se ela estivesse prestes a colocá-la na boca. Sua mão direita ainda
estava apertada na dele.
— Tudo bem, — disse ela.
— Lekauf foi morto, mãe. — Ben não conseguia se lembrar se ela
conhecia Lekauf ou não. Não importava. Ele precisava dizer nome dele e
contar a alguém. — Jori foi morto, ele foi morto para salvar a minha pele.
Mara se ocupou bebendo da xícara à sua frente. Os Osarianos gostavam
de ervas muito perfumadas, e Ben sabia que nunca seria capaz de sentir
aquele aroma novamente sem ser arrastado de volta para aquele momento
terrível.
— Por que você fez isso, Ben?
— Ordens. Eu era a melhor pessoa para fazer isso.
— Toda a sua companhia está repentinamente com falta de atiradores?
Ordens de quem?
— Jacen.
Mara estava fazendo um trabalho razoável de não reagir, mas Ben não
se deixou enganar. Ela estava furiosa. Podia ver isso na brancura de sua
pele, e o contraste com o hematoma amarelado ao redor do olho tornava
isso ainda mais perceptível.
— Certo, querido, — disse ela. — Não vamos contar ao seu pai porque
ele vai arrancar a cabeça de Jacen com o humor que ele está no momento.
Você consegue enfrentar a volta para casa?
— Acho que não posso sentar e jantar e não falar sobre isso com ele.
— Certo, então onde você está planejando ir?
— Casa. O apartamento de Jacen. — Ben percebeu que ela não gostou
da ideia. — Ou a casa do capitão Shevu.
— Onde quer que você se sinta mais seguro, Ben. Não vou forçá-lo a
voltar comigo, desde que você jure que virá a mim no segundo em que tiver
problemas, certo?
— Certo.
— Sinto muito pelo seu amigo. Eu realmente sinto.
— Ninguém jamais saberá o quão corajoso ele foi.
— Eu sei.
— Você está com raiva de mim? Pergunta estúpida. Você deve estar.
— Como posso estar, depois do que costumava fazer? — Ela agarrou as
duas mãos dele como se tivesse medo de que ele fugisse. — Isto é o que
fizemos de você, não é? Queríamos que você fosse como nós. Queríamos
que você fosse um Jedi e cumprisse o seu dever...
Mara ficou em silêncio por um tempo, olhando pela janela para a
skylane lotada de tráfego e claramente pensando muito.
— Você ainda não me contou como soube, mãe.
Ela voltou para a conversa, piscando.
— Não. Eu não contei. Mas eu sei, e sou a único que sabe. E também
sei que você pode se esconder na Força como Jacen faz, e isso me assusta
porque a primeira vez que senti isso, pensei que você tivesse sido morto.
Por favor, Ben, não se esconda de mim. Nunca.
— Eu não estava, mãe. Eu estava apenas experimentando.
— Certo.
— Vou me sentir mal por... você sabe, o outro cara? Porque agora eu
não me importo.
— Eu não, — disse ela, parecendo entender que ele quis dizer de
Gejjen. — Não até recentemente, e então não parecia culpa. Só... sem
entender muito bem por que fiz isso, porque ser o que eu era não explicava
tudo para mim.
— É melhor eu ir.
— Você ficará bem. Eu sempre estarei lá, lembre-se. Ligue pra mim.
Ben se inclinou para beijá-la na bochecha. Amava-a tanto naquele
momento; que outra mãe poderia receber notícias como essas, notícias
horríveis, e ainda estar lá pra ele? Ele se inclinou mais e sussurrou em seu
ouvido.
— Ele estava tendo uma reunião secreta no porto com Omas. Para
discutir um cessar-fogo.
Quando Ben se endireitou, ela sorriu, mas havia um brilho real em seus
olhos que dizia que ela não estava nada feliz.
— Obrigada, — ela disse. — Eu te amo Ben. Ligue para mim, certo?
— Também te amo, mãe.
Ben não aguentou mais. Saiu do tapcaf e passou as próximas horas
vagando, olhando as vitrines e não vendo nada, antes de pegar um táxi
aéreo de volta ao apartamento de Jacen e se trancar em seu quarto.
Levaria muito tempo para entender isso. Enfiou a vibro lâmina debaixo
do travesseiro, relutante em deixá-la tão longe quanto a sua mesa, e se
perguntou o que o capitão Shevu estava dizendo à família de Jori Lekauf.
Capítulo Doze

Ori'buyce, kih'kovid.
Todo capacete, sem cabeça.
— Insulto Mandaloriano para alguém com um senso de autoridade
superdesenvolvido

CASA DA REPÚBLICA, CORUSCANT: 00:01 HORAS, HORÁRIO


PADRÃO GALÁTICO

Jacen Solo, no uniforme formal de um coronel da Guarda da Aliança


Galáctica, estava do lado de fora do saguão do prédio da República ladeado
pelo sargento Wirut e pelo soldado Limm.
Foi uma verdadeira pena e uma grande perda do Lekauf. Ben se saiu
bem, mas ele deveria ter voltado ao trabalho imediatamente. Jacen
planejava conversar com Shevu mais tarde sobre enviar Ben de folga sem
antes consultar com ele.
— Tem certeza que isso vai ser o bastante, senhor? — perguntou Wirut.
— Só nós três?
Jacen alisou as suas luvas pretas sobre os seus dedos. Passava um
minuto da meia-noite, e isso tornava o que estava prestes a fazer
completamente legal, justificado e atrasado.
— Não acho que o chefe Omas tenha um pelotão lá em cima, de alguma
forma.
Wirut não respondeu. Jacen foi o primeiro a admitir que prender o chefe
eleito da organização mais poderosa da galáxia com alguns soldados era
discreto, mas não via sentido em inundar a área com uma companhia
inteira. Omas não resistiria. Se o fizesse, um Jedi e dois soldados armados
seriam suficientes para lidar com ele.
Jacen abriu o comunicador para Niathal.
— Estamos em posição agora, — disse ele. — Nós vamos entrar.
— Tenho um compromisso de emergência com o senador G'Sil em dez
minutos, — disse Niathal. — Ele não está feliz com isso, mas eu disse a ele
que não podia esperar.
— Ele não tem ideia do que está acontecendo?
— Se ele tem, não mostrou o menor sinal de agir sobre isso.
— Certo. Não há como voltar atrás agora. Estamos comprometidos.
— Só faça...
O segurança da recepção era um homem acostumado a ver todos os
tipos de uniformes entrando e saindo da Casa da República. A luxuosa torre
abrigava a elite da AG, e cada senador parecia ter a sua própria comitiva de
guarda-costas, bem como visitantes militares. A maioria dos Coruscanti já
sabia como era um uniforme GAG de qualquer maneira, Jacen tinha se
certificado de que a sua polícia secreta fosse tudo menos secreta, pelo
menos em termos de sua existência, mas deu ao guarda a devida
identificação sem ser solicitado. Não fazia sentido ser rude ou exibir a sua
influência por aí. O homem estava apenas fazendo o seu trabalho.
— Não há necessidade de me anunciar, — Jacen disse.
O guarda verificou o seu datapad.
— Você está em sua lista de admissão de qualquer maneira. Suba.
Levou alguns minutos para o turbo elevador chegar ao andar de Omas.
Enquanto o táxi subia, os dois soldados simplesmente olhavam para a
parede à frente deles. Jacen sentiu a relutância deles e quis saber se era
devido a uma predileção por Omas ou uma aversão a golpes militares, mas
não perguntou. Qualquer exército que gostasse da ideia de um golpe não
valia a pena. Tinha que ser o último recurso.
— Como vive a outra metade... — disse Wirut quando as portas do
turbo elevador se abriram para um saguão de luxo extraordinário. O ar era
perfumado, com um perfume amadeirado agradavelmente neutro, e o amplo
corredor era forrado com nichos cheios de raros cristais de Naboo — Omas
tinha uma queda por isso, e iridescentes cerâmicas Shalui. — Eu poderia
colocar o meu apartamento e dos meus dez vizinhos aqui.
— Se colocássemos cerâmica sofisticada nos corredores do meu prédio,
ela não duraria muito, — disse Limm. Ela lançou um olhar invejoso para
um vaso vermelho brilhante que mudava gradualmente para verde e
turquesa conforme o ângulo do observador mudava. — Ainda assim, o
pagamento do seguro deve doer.
— Posses são fardos. — Jacen sorriu. — O que você tem sempre pode
ser tirado, então a riqueza gera medo.
— Enfrentarei de bom grado esse tipo de medo, senhor — murmurou
Wirut. — E um bom e grande iate SoroSuub. Isso me assustaria muito bem.
As magníficas portas do apartamento de Omas foram gravadas em
bronzium, um desenho abstrato de um dos melhores artistas de Coruscant.
Jacen não conseguia lembrar o nome. Parecia um desperdício de talento
quando as portas eram vistas só por Omas, o seu círculo íntimo, a equipe de
limpeza e os droides de reparo. A Casa da República tinha o tipo de
arquitetura e design que justificavam passeios públicos.
Jacen fez uma pausa, organizando seus pensamentos antes de apertar a
campainha. Os policiais recuaram e abaixaram os visores, procedimento
padrão ao entrar em um prédio. Por um momento, Jacen pensou que eles
iriam se empilhar de cada lado da porta, mas eles estavam simplesmente
dando um passo para trás, Limm mantendo um olho no corredor como uma
precaução de rotina.
Omas abriu a porta pessoalmente. Jacen sabia que não tinha proteção
dia e noite nestes dias, mas de alguma forma ele esperava que um droide ou
até mesmo um verdadeiro mordomo recebesse as ligações. O Chefe de
Estado olhou para ele com uma expressão confusa e depois para os dois
soldados.
— Boa noite, Jacen. — Ele deu um passo para trás e os conduziu para
dentro. — Que negócio miserável, este tiroteio. Não posso dizer que gostei
de Gejjen, mas mostra o quanto devemos ser cuidadosos em nossa linha de
trabalho.
Ele caminhou por um longo corredor que fazia o corredor do lado de
fora parecer uma favela de níveis inferiores. A arte nas paredes era de tirar
o fôlego, e a maior parte parecia ser anterior à invasão Yuuzhan Vong.
Então, algum curador de galeria tinha um esconderijo muito seguro. No
final, Omas se virou.
— Posso pegar algo para vocês, pessoas boas, bebem antes de nos
sentarmos?
De alguma forma, teria sido muito mais fácil se Omas fosse hostil.
— Senhor, — Jacen disse. — Estou prendendo você em nome da
Aliança Galáctica por atividade que pode comprometer a segurança do
estado.
Omas franziu ligeiramente a testa, como se não tivesse ouvido direito.
Ele deu alguns passos pra trás ao longo da passagem onde os holofotes
lançavam poças de luz sobre o carpete veludo rubi.
— Perdão?
— Você está preso, senhor. Vamos deixar você ligar para o seu
advogado mais tarde, mas agora seria uma boa ideia se você viesse
conosco.
Omas deu um pequeno bufo achando graça.
— Jacen, meu querido garoto, é com Cal Omas que você está falando.
Não seja tão idiota, me prender? Me prender?
Jacen enfiou a mão em sua jaqueta e tirou um datapad.
— De acordo com os termos da Lei de Medidas de Emergência,
qualquer pessoa, incluindo chefes de estado, políticos e quaisquer outros
indivíduos que possam representar um risco genuíno para a segurança da
Aliança Galáctica, agora pode ser detido. Isso é uma citação, senhor. A
emenda da lei para incluir chefes de estado entrou em vigor à meia-noite, e
você é um chefe de estado...
Omas parecia mais surpreso do que alarmado. Jacen estava acostumado
com o medo causado pela GAG quando eles faziam uma visita, mas o
espanto era desconcertante.
— Eu vi essa emenda na circular de notificações ontem, — disse Omas,
ainda conversando casualmente. — Minha nossa. Você realmente
conseguiu, não foi? Você realmente mudou a lei e planejou isso.
— Senhor...
— Posso saber que risco devo representar para o meu próprio estado?
— Eu posso te mostrar, senhor, — Jacen disse, e trocou o seu datapad
para a filmagem de câmera oculta da reunião com Gejjen. Ele deu a deixa e
segurou o bloco para que Omas pudesse ver a tela. — Sinta-se à vontade
para ver tudo e depois me diga se não é você na sala com dois oficiais da
Inteligência da Aliança, o falecido primeiro-ministro e os seus dois oficiais
de proteção da SegCor.
A expressão no rosto de Omas não tinha preço. Jacen sentiu uma onda
de alívio por ter finalmente feito Omas perceber que agora era um homem
sem futuro. Omas olhou para o datapad e realmente assistiu a toda a
reunião. Atrás de Jacen, Wirut e Limm esperavam em paciente silêncio.
— Bem, — disse Omas. — O que posso dizer?
— O sargento Wirut irá acompanhá-lo para fazer uma mala de viagem,
— disse Jacen. — Vamos levá-lo para fora o mais discretamente possível.
— Secretamente? Oh, eu entendo...
— Não, senhor, você não vai desaparecer e aparecer flutuando de cara
para baixo em algum esgoto. Isso será conduzido legal e abertamente.
Omas encarou impassivelmente o rosto de Jacen e então olhou além
dele para os dois soldados. Jacen podia sentir o medo do homem mesmo
que ele parecesse perfeitamente à vontade.
— Sargento, eu mantenho uma mala pronta para eventualidades, —
disse Omas, quase sorrindo. — Se você não confia em mim para não
explodir os meus miolos no quarto, vá até a quinta porta à esquerda e
pegue-a para mim. Está no primeiro armário quando você entra na sala.
Bolsa de couro bege.
Não havia nada pior do que um detento digno. Jacen sabia que dentro de
vinte e quatro horas o quartel e o bar da FSC estariam cheios de fofocas
sobre o quão magnificamente corajoso Omas tinha sido. Wirut desapareceu
no quarto enquanto Limm montava guarda.
Omas se aproximou um pouco mais de Jacen, com o seu rosto a
centímetros de distância, tão perto que a sua respiração roçou a pele de
Jacen como uma mão.
— Seu idiota detestável, louco por poder e ridículo, — disse ele
docemente, com o sorriso de um avô indulgente. — Você matou Gejjen
também, não foi?
Jacen esperou que ele cuspisse em seu rosto e ainda sorrisse, mas Omas
se comportou impecavelmente quando saiu. Wirut caminhou por trás dele, o
blaster visível, mas não preso nas costas do Chefe de Estado, e Jacen
liderou o caminho. Foi a descida do turbo elevador mais longa e desajeitada
que Jacen poderia imaginar. Quando chegaram ao saguão, o segurança
olhou por um momento, largou a holo revista e se levantou.
— Senhor? O que está acontecendo?
— Você poderia regar as plantas enquanto eu estiver fora, por favor? —
Omas disse agradavelmente. — Receio estar preso.
Havia um segundo transporte da GAG esperando do lado de fora. Wirut
e Limm conduziram Omas para dentro dele e observaram-no acelerar para o
QG da GAG. Jacen descobriu que as suas mãos estavam tremendo. Foi um
esforço tirar o seu comunicador.
— Almirante, está feito, — disse ele. — Hora de um anúncio público.
Wirut empurrou o visor para trás e enxugou o rosto com a luva.
— Isso, — disse ele, — foi a coisa mais difícil que já fiz. Da próxima
vez, senhor, posso ser voluntário para sequestrar psicopatas Wookiee
fortemente armados? Seria muito mais fácil para os meus nervos.
Wirut e Limm brincaram, mas a prisão ultrapassou uma linha emocional
para eles, e ficou evidente. Jacen subiu no speeder ao lado deles e fez uma
longa rota através dos desfiladeiros de edifícios, verificando sinais de que
Coruscant, o coração da democracia galáctica, havia passado por um golpe
militar silencioso, sem sangue e totalmente civilizado.
Do lado de fora dos prédios do governo e da sede do banco, pequenos
grupos de forças terrestres da AG montavam guarda. Parecia não mais do
que as precauções rotineiras de ordem pública para as noites de festival,
exceto que os uniformes não eram do azul da FSC.
— Estranho, — disse Limm.
— Pobre velho Jori. — Wirut suspirou. — Pobre criança. Ele estava tão
ansioso para viver de acordo com seu avô.
Jacen esfregou os olhos e percebeu que teria outro dia muito longo. E o
sol ainda nem tinha nascido.
— Não vou me esquecer disso, — disse ele. — Eu nunca vou.
Capítulo Treze

EDIFÍCIO DO SENADO
A negociação no ISE foi suspensa nas primeiras horas desta
manhã, quando a chefe de Estado interino, Almirante Cha
Niathal, declarou a lei marcial temporária após a chocante
prisão de Cal Omas. Uma declaração é esperada no Senado
dentro de uma hora. Enquanto isso, outros centros financeiros
galácticos relatam negociações rápidas. As ações 'A' da EPK
fecharam cinquenta e três créditos em alta ontem, e tanto a
Motores Mandal quanto a Industrias Roche terminaram o dia
com mais de trinta créditos.
— Notícias de mercado: manchetes de negócios

O senador G'Sil olhou para as holocâmeras que transmitiam os debates do


Senado para todos os escritórios, restaurantes e áreas públicas do prédio do
Senado e balançou a cabeça, fechando os olhos por um momento.
— Casa cheia, — disse. — É melhor você ter um bom discurso pronto,
Cha. Um muito bom.
Niathal ajustou o seu uniforme e se preparou para subir na plataforma
do Chefe de Estado para se dirigir ao Senado. As coisas não estavam
acontecendo exatamente como havia imaginado, mas as batalhas nunca
aconteciam, e a arena política era tão propensa à névoa da guerra quanto
qualquer batalha da frota. Jacen Solo, que esperava ver desfilando pelo
Senado, estava se mantendo discreto. Mas cuidaria disso. Se fosse ser
empurrada para a frente para sapatear por seu golpe, se certificaria de que
ele fosse visivelmente parte de seu ato duplo. Não estava assumindo a
responsabilidade por isso sozinha.
— É temporário, é durante a guerra e nenhum cidadão comum notará
um impacto adverso em suas vidas, — disse ela, ensaiando as suas
principais mensagens. — Mostre um pouco da filmagem da reunião
clandestina de Omas, acene com as notícias sobre Mandalore e Roche, e
todos acenam com a cabeça e dizem, sim, Almirante, vivemos em tempos
perigosos, por favor, cuide de nós como um governo interino enquanto o
escritório do Chefe de Estado é minuciosamente investigado.
— Eu gosto de Jacen, — G'Sil disse, de repente muito quieto. — Mas
ele é confiável hoje em dia?
— Confiável para quê?
— Eu nunca teria autorizado o negócio Gejjen. Foi... extremo.
— Está feito. Corellia está cambaleando um pouco, porque as suas
várias franjas lunáticas nos deram um bônus enorme ao afirmar que eles
fizeram isso. Bothawui foi pego de surpresa, porque eles provavelmente
pensam que nós fizemos isso, mas não podem acreditar que tivemos
coragem, e... bem, eu nunca pensei que viveria para dizer isso, mas aqueles
horríveis pequenos selvagens Mandalorianos têm sido maravilhosamente
úteis.
— Cha, eu não quero te preocupar, mas você notou que eles estão se
rearmando? Com a tecnologia Verpine também?
— Eu certamente notei. Melhor notícia da semana.
— Eles devem te ensinar algo na faculdade que está além de nós,
mortais inferiores.
Niathal verificou o cronômetro. Teve dez minutos para se preparar
mentalmente para parecer um par de mãos seguras, relutante em assumir o
fardo das rédeas do estado e ansiosa para devolvê-las assim que o atual
negócio desagradável terminasse. Sim, quis dizer isso também. Queria o
cargo de Chefe de Estado, mas queria um mandato genuíno para isso; e não
havia melhor maneira de conseguir isso do que mostrar que poderia ser uma
líder responsável nas situações mais extremas. Quando finalmente
concorresse ao cargo, o eleitorado a reconheceria por seus atos.
Contanto que eu possa manter Jacen em uma corrente de
estrangulamento, é claro, e ele não estragar isso para mim. Se ele sair do
controle... bem, sempre tem o Fett.
— Você já ficou com a nuna? — ela perguntou.
— Não no apartamento...
— Disseram-me que tendem a formar grupos rivais dentro do bando e
podem se tornar muito territoriais. Brigas irrompem. Agora, deixe as bursas
selvagens entrarem no galinheiro, e é um tumulto, elas entram em um
frenesi assassino, pegam quantas nunas para comer mais tarde e fogem.
Elas não se importam com o grupo que comem. Esses são os seus
Mandalorianos.
— É uma analogia adorável, mas não entendi.
— Esqueça a estratégia. Mandalorianos não se importam com quem
ganha. Eles só querem comer, beber, brigar e manter a sua autoimagem.
G'Sil deu a ela um olhar longo e cauteloso.
— Você é a Suprema Comandante. Presumo que você possa avaliar um
risco militar.
— Você quer a minha avaliação? Fett não tem intenção de expandir a
sua pequena esfera de influência. Os Mandalorianos podem ter sido um
poderoso império alguns milênios atrás, mas não conseguem lidar com a
difícil tarefa de administrar uma democracia moderna e complexa. Eles
sabem disso, então só querem viver a sua fantasia de guerreiro primitivo e
deleitar-se com a sua reputação.
— O que é merecida.
— Eu aceito que eles são soldados fenomenais.
— Eles expulsaram o Império e os Yuuzhan Vong, sem qualquer ajuda
nossa.
— Isso ainda não significa que eles querem dominar a galáxia. Existem
menos de três milhões deles em Mandalore agora, e eles não têm nada
como uma estrutura governamental que possa organizá-los bem o suficiente
para assumir o controle da AG ou da Confederação. Serão sempre a bursa
solta entre as nunas. Eles são alimentadores oportunistas.
— Mas Fett é inteligente, um homem inteligente. Esqueça as tranças
Wookiee.
— Ele quer ver muito o Jacen Solo morto, — disse Niathal.
— Eu não compro a promoção do caos galáctico apenas para me vingar
de um homem, mesmo que seja Jacen.
— Não, nós criamos nosso próprio caos. Fett é apenas o ato de
distração. — Faltam dois minutos: Niathal tomou um gole de água e rolou a
cabeça para soltar o pescoço. Não havia nada pior do que uma voz tensa
causada por músculos tensos. Precisava parecer relaxada, arrependida, mas
autoritária. — Enquanto ele bancar o bicho-papão, a AG se mantém unida,
porque os planetas menores estão com medo de que os Mandalorianos
voltem e se apeguem a nós para proteção.
— Ou correr para a Confederação...
— Não se a Confederação comprar as armas de Fett, e nós não.
Podemos roubar a neutralidade dele, ou pelo menos a aparência dela.
G'Sil continuou a olhá-la como se ela tivesse chegado de além da Orla
Exterior. Ele estava levando esse golpe, e ela estava feliz em chamá-lo
assim em particular, notavelmente bem. Dada a sua posição, esperava que
ele quisesse um pedaço da ação.
— G'vli, você concorrerá ao cargo de Chefe de Estado no devido
tempo?
— Haverá um Chefe de Estado?
— Pretendo retornar às eleições e ao governo civil assim que a guerra
terminar.
— Então não, eu não vou. Estou bem por não estar onde Omas estava.
Se uma coisa pode acontecer uma vez, pode acontecer duas vezes. — G'Sil
a guiou em direção ao acesso à plataforma flutuante. — Você precisa tomar
cuidado com Jacen.
— Eu sei, — ela disse. — Então eu estou neutralizando ele agora.
Comece se pretende continuar. A palavra neutralizar tinha vários
significados infelizes e, a julgar pelo olhar no rosto de G'Sil, ele pensou no
pior. — Não, só taticamente. Onde ele está, afinal?
— Ele provavelmente tinha alguns dedos que precisava quebrar. Deixe-
me preocupar em encontrá-lo mais tarde. — G'Sil a seguiu até a plataforma.
— Aqui vamos nós.
Niathal olhou para as suas botas quando pisou na plataforma, e quando
olhou pra cima, a escala da câmara do Senado a perturbou por uma fração
de segundo. Foi uma bênção: sabia que o seu genuíno desânimo se
traduziria em uma humilde relutância. Não havia nada pior para um novo
ditador militar do que parecer muito interessado.
Para uma câmara de milhares de delegados, mesmo com as recentes
secessões e deserções, estava notavelmente quieto. A sua plataforma
flutuou serenamente para o centro da enorme câmara. Estava olhando para
luzes e sombras, geralmente incapaz de ver rostos. Era, em muitos sentidos,
um palco teatral completo com holofotes ofuscantes.
— Seres gentis, — ela começou. Formal: estritamente formal era a
melhor aposta, ela calculou. — Nunca esperei me dirigir a vocês dessa
maneira e mal me encontro preparada para isso. Lamento muito a
necessidade de estar nesta plataforma. Mas a necessidade surgiu, vai ser
uma necessidade no menor prazo possível, e fora a liderança temporária da
AG, nada mais vai mudar. Eu enfatizo isso. Não há toque de recolher,
censura e nenhuma das outras armadilhas da lei marcial. Se o chefe Omas
tivesse adoecido, eu estaria aqui de qualquer maneira e ninguém entraria em
pânico. O que aconteceu da noite para o dia não é constitucionalmente mais
significativo do que isso. Limitei-me a exercer a minha responsabilidade de
Suprema Comandante em substituição do Chefe de Estado, a conselho dos
serviços de segurança da AG. Assim que a situação geral de segurança com
a Confederação for resolvida, e espero que seja no curto prazo, eu me
demitirei e faremos eleições para o cargo de Chefe.
Não havia uma única mentira ali. Nunca houve necessidade de mentir.
Quis dizer cada palavra. Simplesmente haviam informações que o Senado
não tinha, e todos passaram a vida com uma imagem incompleta da galáxia
de qualquer maneira.
Um dos representantes de Kuat fez sinal para falar.
— Quando você se refere aos serviços de segurança, Almirante, você
quer dizer a Inteligência da Aliança ou da GAG?
Niathal se perguntou se G'Sil havia arquitetado a pergunta, porque
estava perfeitamente na hora.
— Gostaria de compartilhar algum material com vocês, — disse ela. —
Para que vocês entendam de onde surgiu a necessidade de agir.
Possivelmente foi desacato ao tribunal mostrar as imagens do encontro
de Omas com Gejjen; evidências como essa prejudicariam a sua chance de
um julgamento justo, mas tinha uma ideia perspicaz de que Omas não seria
inocentado por um júri, voltaria ao trabalho com a sua reputação intacta e
processaria a AG por prisão injusta. No caso dele, a prisão foi veredicto e
sentença em um. Gesticulou para que as imagens fossem projetadas na tela
na plataforma de cada delegado.
Foi gratificante ouvir as fracas exclamações de surpresa enquanto a
cena se desenrolava, completa com os oficiais da Inteligência da Aliança.
Niathal demonstrou um pouco de dor digna no momento da traição, quando
Dur Gejjen discutiu como remover ela e Jacen de seus postos. O silêncio
que se seguiu foi perfeito.
— Então, vocês entenderam por que senti que deveria seguir o conselho
da GAG, porque a objetividade da Inteligência da Aliança pode ter sido
comprometida pelo comparecimento a essa reunião, — disse ela. — E
embora não seja ilegal que dois chefes de Estado em guerra tenham
discussões, é inaceitável que eles planejem a remoção de uma Suprema
Comandante sem consultar o Conselho de Segurança e da Inteligência.
Esperava que eles notassem que o presidente daquele conselho estava
sentado à sua direita. Era hora dele fazer sua parte da festa, então se sentou
e deixou G'Sil falar.
— Tenho muito pouco a acrescentar, — disse G'Sil. — Exceto para
dizer que estou triste por chegar a isso. Uma palavra sobre a presença das
tropas da AG nas ruas ao lado de oficiais da FSC. Isso é simplesmente uma
precaução caso os elementos anárquicos de Coruscant tentem tirar
vantagem da situação. Como em qualquer democracia, eles têm o direito de
existir e falar, mas se algum deles tentar capitalizar a situação, o estado de
direito será mantido.
— Bem, não há necessidade dos anarquistas derrubarem o governo
agora, não é? — disse o delegado de Haruun Kal. — Você chegou lá
primeiro...
— Com isso em mente, — Niathal continuou, — pretendo pedir ao
Coronel Jacen Solo para atuar como Chefe de Estado adjunto comigo. Uma
questão de freios e contrapesos, para que o poder temporário não recaia
sobre uma pessoa e uma possa sujeitar a outra ao escrutínio.
Deixou passar o comentário de Haruun Kal. Ninguém mais percebeu
isso. Ao deixar de invocar toda a gama de restrições de emergência que
agora tinha o direito de impor, sentiu que havia enviado uma mensagem
clara de que este era realmente o caso de um militar envergonhado e
relutante sendo levado à mente da loja porque o civil chefe de estado tinha
sido um garoto muito travesso. Parecia ter funcionado. Ou o Senado estava
apavorado coletivamente, ou estava 90% convencido, 10% cauteloso.
Se contentaria com qualquer um.
G'Sil a seguiu de volta ao escritório. Sentou-se e sentiu o alívio inundá-
la.
— Próximo? — disse G'Sil, e serviu duas xícaras de caf da cafeteira. —
Temos um espaço para respirar enquanto os senadores entram em pânico
com os preços de suas ações e o governo Corelliano se debate como
punhais encalhados.
— Reabra a bolsa de valores, — disse ela. — Preciso falar com o
secretário de finanças em algum momento hoje para providenciar uma
intervenção do Tesouro se o mercado entrar em pânico novamente. Estou
colocando a Inteligência da Aliança sob o comando da GAG e designando o
capitão Girdun para isso...
— Ah, clássico...
— ... e eu quero o escritório de Omas lacrado até novo aviso.
G'Sil pareceu levemente surpreso.
— Você não vai se mudar para lá?
— Eu não vou, e nem Jacen vai. Cheira a entusiasmo pelo poder, e não
pelo dever necessário. Nós o selamos como está, o que é a melhor prática
em termos de permitir que a FSC preserve uma cena de crime em potencial.
— Ela digitou o código de comunicação interna da Manutenção do Prédio
do Senado no teclado de sua mesa. — E ninguém briga sobre de quem é a
cadeira.
G'Sil finalmente cedeu ao sorriso que tentava cruzar o seu rosto.
— E que maneira elegante de neutralizar Jacen, caso ele deseje o poder.
Dê a ele para começar.
Você não precisa saber que fizemos um acordo.
— Eu não gosto de ter forças opostas se aproximando pela retaguarda,
G'vli. Eu gosto delas onde posso vê-las.
— Essa é a primeira vez que eu ouvi você se referir a Jacen como...
oposição.
— Queremos os mesmos resultados, — disse ela com cuidado, ciente de
como as alianças eram efêmeras neste jogo. — Ordem, estabilidade e paz.
Não ligo para os métodos dele, só isso. Assim que eu conseguir ensiná-lo
que colocar cidadãos em campos e matar prisioneiros não é o certo, vamos
nos dar bem.
— Você tem que ver o Conselho Jedi também.
— Verei Skywalker mais tarde, mas não o resto dos místicos armados...
Niathal fez uma pausa e enviou uma mensagem a Luke dizendo que
queria continuar a boa relação de trabalho que ele tinha com Omas e que ele
seria bem-vindo para uma discussão informal. Permaneceria cautelosa,
porém, porque eles pareciam representar um terceiro poder não eleito, nem
civil nem militar, e toda vez que olhava para Jacen Solo, via exatamente no
que os Jedi poderiam se transformar.
— Isso foi surpreendentemente civilizado, — disse G'Sil. — Os
negócios da câmara estão acontecendo normalmente. Sem motins, sem
protestos, sem contra revolução.
— Ainda não é hora do almoço.
— No entanto, isso é notável.
— E nós temos uma guerra acontecendo. Mesmo que os Corellianos
estejam perdendo o controle no momento, Bothuwai não está. Tenho
equipes na linha de frente.
Foi simplesmente uma declaração de fato. Ainda usava uniforme e,
quaisquer que fossem as suas ambições, a ética do serviço estava quase
codificada em seus genes agora. Realmente tinha uma guerra para vencer e
pessoas para trazer vivas pra casa.
— Oh, você é boa, — disse G'Sil, interpretando-a totalmente mal. —
Você é muito boa. Stang, posso até votar em você com base na exibição de
hoje.
Essa era a única maneira que Niathal queria permanecer neste cargo, por
eleição; tornou muito mais fácil mantê-lo do que ser um ditador. Também
era uma oficial que gostava de suas linhas morais, com as suas regras de
combate, completamente claras.
Dentro delas, porém, acreditava em levar a batalha até o inimigo e
aproveitar todas as vantagens.
— Estou ansiosa por isso, — disse ela.

CÂMARA DO CONSELHO JEDI

Tinha sido uma longa noite, e as notícias da manhã deixaram Luke


cambaleando. Olhou para Mara do outro lado da câmara, notou que os seus
ferimentos estavam praticamente curados e se perguntou quando ela estaria
pronta para falar com ele sobre o que a fazia ranger os dentes durante o
sono.
Algo a atingiu, e o fato dela estar em silêncio e não se enfurecer sobre
isso o preocupou. Isso significava que era mais do que Lumiya ou Alema.
— Faz você se perguntar o que o amanhã pode trazer, — disse Kyp,
cansado, coçando a cabeça com as duas mãos como se estivesse lavando o
cabelo. — Uma bomba a cada boletim.
— Nem sempre estive de acordo com Omas, mas não acredito que ele
seja um risco à segurança. — Luke nunca lidou bem com a frustração, e a
idade não abrandou isso. Podia ver o que estava acontecendo; conhecia a
sua história e não gostava do governo militar. Ninguém de sua geração que
cresceu sob o que Império o fez. — Portanto, agora temos duas ameaças,
uma guerra externa e um golpe interno. Onde concentramos os nossos
esforços?
— Bem, Niathal está dentro de seu direito de assumir o poder dadas as
circunstâncias, — disse Corran. — Portanto, não é exatamente um golpe, e
por mais que não gostemos disso como cidadãos com direito a voto, como
Jedi não devemos interferir nisso.
— Posso falar? — Kyp perguntou. — Porque está só nos encarando e
ninguém está mencionando isso.
— Prossiga...
— Jacen. Aí eu falei. Jacen, Jacen, Jacen. O que em nome da Força está
acontecendo aqui? Certo, talvez devêssemos tê-lo repreendido quando ele
começou a derrubar portas com a GAG. Agora, da noite para o dia, ele
prendeu o Chefe de Estado e assumiu. Extremo? Fora de controle, meus
amigos.
— Ele realmente se declarou chefe de Estado adjunto? Em pessoa?
Cilghal olhou pra cima.
— A almirante Niathal anunciou. Não ouvimos nada de Jacen.
— Então talvez não tenha sido ideia dele. — Luke olhou para Mara para
chamar sua atenção, mas ela parecia estar em um mundo próprio. — Mara?
— Desculpe. — Ela chamou a atenção, piscando. — Eu não vejo Jacen
sendo arrastado chutando e gritando para o grande escritório, de alguma
forma. Independentemente de quem teve a ideia, ele dificilmente se
apressou em recusar a honra.
— Ele está escondido, — disse Kyp. — Passamos vinte e quatro horas
inteiras de boletins de notícias sem vê-lo. Ele deve estar acorrentado em
algum lugar para mantê-lo longe dos repórteres.
— Como saberíamos? — Corran perguntou. — Ele nunca fala conosco
e está escondido em seu aconchegante bunker da GAG quando não está
assediando os Corellianos.
— É hora de ir vê-lo, — disse Luke. — Quero dizer realmente vê-lo.
Niathal enviou uma mensagem dizendo que deseja manter o bom
relacionamento entre o Conselho Jedi e o escritório do chefe. Vou aceitar
isso assim que ela puder liberar a sua agenda.
Mara parecia estar se concentrando nos procedimentos novamente.
— Se eu não soubesse que Corellia estava em apuros com a morte de
Gejjen, eu diria que foi uma tentativa externa de desestabilizar a AG. Se ele
ainda estivesse vivo, eles já teriam se mudado para nós.
Foi um pensamento interessante que de repente ficou mais interessante
na mente de Luke enquanto ele o revirava. Mara sempre conseguia
identificar o problema. Os dois eventos podem ter sido coincidências, ou
não, mas o assassinato estava ligado à remoção de Omas, e não apenas
porque ele conheceu o Corelliano pouco antes de morrer. Os programas de
notícias mais loucos especulavam loucamente que Omas estava diretamente
envolvido no assassinato, mas Luke sentiu que algo mais complicado estava
acontecendo e, a julgar pela expressão de engrenagem em seu rosto, Mara
também. Ela não estava falando sozinha, mas os seus lábios se moviam
ocasionalmente, involuntariamente, enquanto ela olhava a meia distância.
Você costumava conversar sobre tudo comigo, Mara. O que aconteceu?
— Querem saber? — Kyp disse. — Estamos perdendo um ponto
importante. Como Jedi, ou somos jogadores na política da AG, ou somos
mais um instrumento da liderança eleita, como a frota. Se formos o último,
podemos ter as nossas opiniões, mas fazemos o que a liderança legítima
manda. Se não formos, então não temos mais direito de começar a interferir
no status quo do que o Partido Anarquista Monstro Delirante. Jacen pode
estar completamente fora de cogitação agora, mas ele não está agindo como
um Jedi. Ele é um oficial das forças de segurança que por acaso é um Jedi.
— Quando as minhas portas da frente baterem com uma bota da GAG,
— disse Corran, — isso vai me fazer sentir muito melhor.
Kyp se virou em seu assento para apontar um dedo na direção de
Corran.
— Não estou dizendo que não devemos agir. Só que precisamos deixar
claro onde estamos. E Niathal e Jacen estão dentro de seus direitos.
— Existem direitos, — disse Mara, — e existem direitos.
Kyp ergueu uma sobrancelha.
— E a semântica pensada para o dia foi trazida a vocês pelos nossos
patrocinadores...
— Estou indo ver Niathal, — disse Luke, batendo com a palma da mão
no braço da cadeira. Eu deveria ter seguido o meu instinto há muito tempo.
Eu realmente tirei os meus olhos da bola tentando viver de acordo com esse
papel. — E antes de começarmos a reclamar da falta de ação, pensem nisso.
Quando se tratava de você não aprovar o envolvimento de Ben com a GAG,
era uma escolha entre deixá-lo continuar ou levar um adolescente para casa.
Agora estamos falando de ação contra... o quê, exatamente? Organizar o
nosso próprio golpe? Depor Niathal? Confiscar o sabre de luz de Jacen?
Estou pronto para a maioria das coisas, admito, mas temos que pensar bem,
porque podemos deixar as coisas piores do que antes de começarmos.
— Bem, tentar convencê-lo está fora do cardápio, — disse Mara. —
Então, vou continuar atrás da irritante. Lumiya. Mas não vamos esquecer
que Omas não se comportou exatamente de maneira sensata, e Niathal não
está sob o domínio de Lumiya. Ela tem sua própria agenda, e não tenho
nenhuma noção do lado sombrio influenciando isso.
Luke sabia que ela estava certa. A dinâmica era complexa. A melhor
coisa que os Jedi poderiam fazer era lidar com as coisas que os não-usuários
da Força não podiam. Mais uma vez, perdeu a clareza de adversários
completamente malignos, ou pelo menos daqueles que pensava serem
malignos.
Era difícil se voltar contra os seus aliados. Era tão difícil quanto se
voltar contra a própria família. Agora eles eram um e o mesmo.

SEDE DA GAG, CORUSCANT

A pior coisa de acordar naquela manhã foram os poucos segundos de


conforto vazio antes de lembrar o que havia acontecido, e então o mundo
desabou novamente. Ben não conseguia parar de ver Jori Lekauf em todos
os lugares que olhava. Não suportava ficar em casa: precisava da
companhia de seus amigos, das pessoas que também sentiam falta de
Lekauf. Enquanto atravessava os portões de segurança da GAG e o sistema
aceitava a sua identidade para abrir as portas à prova de explosão, todos os
rostos no corredor eram de Lekauf. Quando Ben entrou no vestiário, podia
ouvir a sua voz. Era um pesadelo conjurado por uma combinação de seus
sentidos de força e a simples reação humana a um novo luto. Queria que
parasse, mas sentiu que estava sendo desleal com um amigo morto por não
querer vê-lo em todos os lugares.
Zavirk ainda estava na sala de monitoramento. Ele olhou para Ben e
apertou o botão do MUDO em seu fone de ouvido.
— Você está bem?
— Ótimo.
— Eu não vou dizer isso.
— Ótimo.
— E não é sua culpa, certo? Poderia ter sido qualquer um de nós. —
Zavirk apertou o botão novamente e arrastou a cadeira ao lado para que Ben
se sentasse. — Você ouviu dizer que o chefe é... bem, realmente o chefe
agora?
— Sim.
— Deve ser uma boa notícia pra nós.
Ben sabia que o seu pai diria que não era uma boa notícia. Ficou
sentado na sala de monitoramento por um tempo, apenas grato por estar
entre os soldados, e então se afastou para encontrar um local tranquilo. Se
não pudesse lidar com esse tipo de coisa sem ficar arrasado, não teria
utilidade para a GAG. Todos os outros soldados aqui continuaram com isso.
Shevu provavelmente teve uma conversa terrível com os pais de Lekauf,
mas quando Ben passou por seu escritório, ele estava trabalhando duro,
marcando uma escala de serviço na parede e fazendo as coisas.
Certo, eu tenho quatorze anos. Eu poderia dizer, tudo bem, sou só uma
criança e não preciso ser duro quando os meus amigos são mortos. Mas
não posso escolher quando ajo como um adulto. Tenho que seguir em frente
ou ir para a escola como qualquer outra criança da minha idade.
E estava assustando a sua mãe. Ela já tinha problemas suficientes ao
caçar Lumiya.
De acordo com a tela da lista, Jacen estava de plantão. Os códigos de
tempo mostravam que ele estava no QG desde cerca de uma da manhã. Ben
não podia sentir a sua presença, mas isso não o surpreendeu agora. Houve
um tempo em que Jacen se escondia na Força quando precisava; agora só se
mostrava quando parecia sentir necessidade.
Sem pensar nisso, Ben se viu desligando também. Enquanto caminhava
pelo corredor, os ladrilhos ainda brilhando com manchas de água porque os
droides de limpeza estavam apenas alguns metros à sua frente, se deixou
fundir com a matéria e a energia ao seu redor. Quanto mais fazia isso,
menos se sentia em transe, isolado da realidade, e mais sentia como se
estivesse observando o mundo como realmente era, partículas dentro de
partículas. Deu-lhe uma sensação fugaz de clareza serena. Era uma espécie
de alívio.
No final do corredor, um par de portas levava às celas. Essa área sempre
foi mantida fechada, mas hoje havia um aviso afixado na parede ao lado
dela que dizia SÓ LIBERAÇÕES DE NÍVEL SUPERIOR. Eles estavam segurando o Chefe
Omas lá embaixo. Parecia surreal. Ben continuou em direção ao escritório
de Jacen e pôde ver quando dobrou a esquina que as portas estavam abertas.
Como de costume, não podia sentir a presença de Jacen, mas podia
ouvi-lo falando com alguém.
Quem é? Estranho. Não consigo sentir mais ninguém.
Jacen poderia estar em seu comunicador, mas seu tom de voz não era
aquele ligeiramente afetado, autoconsciente que tendia a ter quando não
conseguia ver com quem estava falando. Na verdade, ele soou como se
estivesse tentando manter a calma.
— Você exagerou na sua mão, — Jacen disse.
— Você se preocupa demais, — disse a voz de uma mulher.
Foi nesse ponto que Ben percebeu que algo estava muito errado. Apenas
um Jedi poderia estar lá e não ser detectado, ou um Yuuzhan Vong, e eles
não eram exatamente visitantes frequentes da QG da GAG. E a voz era de
alguma forma familiar, embora ele não pudesse localizá-la.
Era desonesto se aproximar sorrateiramente de seu comandante, de seu
primo, seu mentor, mas parecia a única coisa sensata a fazer. Mantendo-se
escondido na Força, Ben caminhou silenciosamente ao longo do corredor e
ficou o mais próximo possível das portas abertas.
Esta ala do prédio da sede estava deserta, e Jacen provavelmente
confiava em sentir as pessoas indo e vindo. Pensou que ele e seu convidado
estavam sozinhos.
— Você arriscou demais, — Jacen estava dizendo. — Há ser um
chamariz e há ser excessivamente esperta, e você cruzou essa linha. Você
está recuperada agora?
— Sim, — disse a voz da mulher. Tinha aquela borda levemente rouca,
como se ela usasse muitos bastões da morte. — Mas funcionou. Isso deu a
você espaço para agir sem que ela se arrastasse por toda a sua operação. Ela
realmente acha que eu quero vingança por alguma filha...
— Às vezes acho que as suas histórias de cobertura são muito
complexas.
— E apagar a mente de Ben sobre Nelani não é?
Ben recuou. Era tudo que ele podia fazer para não invadir. Jacen. Você
fez isso?
— Ele não entenderia por que eu tinha que fazer isso, — disse Jacen.
— E é por isso que ele nunca pode ser seu aprendiz. Livre-se dele,
encontre outro e pare de perder tempo.
— Agora, aí está o meu verdadeiro problema...
— Eu não posso te ajudar nisso. Quem quer que seja, é uma decisão da
Força. Você saberá muito em breve.
— Então, eu lidei com Omas, de qualquer maneira. Um caminho claro.
— Você vai mantê-lo aqui?
— Achei que a prisão domiciliar poderia ser mais sensata a longo prazo.
A Casa da República é fácil de proteger e nos faz parecer os mocinhos. As
pessoas ainda gostam de Omas.
— E aqui está você, Chefe de Estado adjunto...
— Dessa forma, Niathal pensa que pode me manter quieto.
— Ou sob controle.
— Ela é muito esperta.
— Jogue bem com ela. Você precisa dela para manter os militares por
trás de você.
— Você é uma estrategista, Lumiya...
Lumiya. Lumiya?
Ben pensou ter ouvido mal, ou que seu estado de espírito o fazia ouvir o
que queria ouvir, como a voz de Lekauf. Mas ele sabia o que tinha ouvido, e
a sua primeira reação não foi de medo ou pavor, mas de vergonha
agonizante.
Ele confiou em Jacen, e Jacen mentiu pra ele.
Ele o apagou mentalmente.
E eles estavam falando sobre ele como se estivesse no caminho.
O fato de que Jacen estava conscientemente conversando com uma Sith
como se fossem velhos amigos parecia ficar em segundo plano. Apesar de
toda a sua negação, Jacen conhecia Lumiya. E ela poderia entrar no QG da
GAG e simplesmente falar com ele. Jacen não estava sendo enganado por
ela; ele estava conversando casualmente com ela sobre o que faria a seguir.
Ben se encontrou lutando por desculpas que explicassem por que Jacen
poderia estar se encontrando com Lumiya e ainda ser alguém em quem ele
poderia confiar, alguém com uma razão perfeitamente boa para tudo isso.
Jacen é um Jedi. Ele não pode estar em conluio com ela. Ela fez algo
com ele. Influenciou-o mentalmente ou algo assim.
Esta mulher havia deixado a sua mãe com o rosto abatido. Esta mulher
era tudo o que ele havia aprendido a temer e evitar, e Jacen estava
conversando com ela em seu escritório, tão ousado quanto qualquer coisa.
Ben sabia que tinha de contar a alguém, mas não havia ninguém em
quem confiar. Se Jacen pudesse ser influenciado assim, qualquer um
poderia, exceto mamãe. Mamãe não estava sob o domínio de Lumiya, ou
não teria lutado com ela.
Ben tinha que encontrá-la. Ele tinha que avisá-la.
Naquela manhã, sentiu que as coisas não poderiam ficar piores, e agora
ele sabia que poderiam ficar.
Capítulo Quatorze

Se você acha que vai nos assustar se aproximando dos


Mandalorianos, Garoto Inseto, está muito enganado.
— Hebanh Del Dalhe, Departamento de Comércio e Indústria de
Murkhanan, ao embaixador da Roche, durante um desacordo sobre os
direitos de propriedade intelectual

FAZENDA BEVIIN-VASUR, KELDABE, MANDALORE

— O Holo noticiário está ruim demais pra você, — disse o homem parado
na porta do anexo.
Fett o viu chegando, era difícil não ver. A sua armadura era
extraordinária. Não havia nenhuma necessidade real de Fett ficar vigilante
em Mandalore, mas Jaster Mereel já pensou que estava perfeitamente bem
entre o seu próprio povo também. É sempre melhor estar seguro do que
arrependido. Fett continuou limpando o capacete, com os pés apoiados na
cadeira.
— É fascinante, — disse ele, apontando na direção do monitor que
havia apoiado na mesa. Os âncoras e comentaristas de notícias caíram em
um frenesi ao informar sobre o golpe sem derramamento de sangue. —
Jacen Solo, o garoto que quer ser Vader quando crescer. Ele finalmente
conseguiu.
— Ele provavelmente se olha no espelho quando escova os dentes e diz
a si mesmo que é o seu destino.
— E o seu é?
— Venku.
Ele não tinha um sotaque Keldabe adequado. Na verdade, ele parecia ter
passado algum tempo em Kuat, e talvez em Muunilinst também. Isso não
era incomum para os Mandalorianos, e era mais comum agora que tantos
estavam voltando para o que Beviin chamava de Manda'yaim.
Esse era o nome tradicional do planeta, não Mandalore. Fett nunca
havia percebido isso. Cada dia era uma aprendizagem que lhe dizia o quão
distante ele estava de seu próprio povo.
— Sente-se, Venku. — Fett gesticulou para a última cadeira restante na
sala. Ele tentou pensar em líder e não em caçador de recompensas. — Seja
o que for, tire isso do peito.
Venku tinha a armadura mais eclética que Fett já tinha visto. Era um
costume usar seções de armadura pertencentes a um parente ou amigo
morto, mas Venku não tinha duas placas que combinassem. Cada peça era
de uma cor diferente. A paleta variou de azul, branco e preto a ouro, creme,
cinza e vermelho.
— O que aconteceu com seu senso de moda? Alguém atirou?
Venku ainda estava de pé, ignorando a cadeira. Ele olhou para suas
placas como se os notasse pela primeira vez.
— A placa de peito, o buy'ce e as seções de ombro vieram de meus tios.
As placas do antebraço eram do meu pai, as placas da coxa vieram do meu
primo e o cinto era da minha tia. Então há...
— Certo. Grande família.
— Aqueles que são tab'echaaj'la e aqueles que ainda vivem, sim.
Fett desistiu de pedir traduções. Entendeu a ideia geral.
— Estou quase terminando de limpar o meu balde.
— E eles disseram que charme não era o seu forte. Certo, vim dizer que
estou aliviado por você ter decidido ser um Mand’alor de verdade. Os
Mando'ade estão voltando pra casa. Você provavelmente não percebe muito
além de sua própria existência, mas este é o seu propósito.
Fett nunca se considerou uma pessoa despreocupada, mas normalmente
não conseguia ficar nervoso o suficiente para esmurrar idiotas se não fosse
pago para isso. Este homem não parecia um tolo, mas havia atingido um
ponto fraco e Fett não conseguia entender por quê.
— Ainda bem que pude ser mais útil do que um batente de porta.
— E é por isso que também estou aliviado em lhe dar isso. — Venku
abriu uma bolsa em seu cinto de munição, o cinto de sua tia, ele disse, então
ela deve ter sido uma típica mulher Mando, e colocou um pequeno
recipiente retangular azul escuro sobre a mesa. — E não confunda isso com
adulação ou sentimentalismo. Você deve ao seu povo. Em breve haverá
alguém para administrá-lo.
Venku virou-se para a porta quando a palavra administrar penetrou no
crânio de Fett.
— Uau aí.
Venku olhou por cima de seu ombro multicolorido.
— Não tente fazer isso sozinho. Tem que ser inserido na medula óssea,
e vai doer como você não vai acreditar. Deixe alguém qualificado fazer
isso. Ainda vai doer, mas eles vão colocar corretamente.
Então este era um dos lacaios de Jaing. Ele certamente não tinha o estilo
de vestir de seu chefe, embora usasse luvas caras de couro verde escuro, e
Fett não conseguia adivinhar o que ou quem havia contribuído para isso.
— Diga a ele que estamos quites, — disse Fett. — E... agradeça a ele.
Venku começou a dizer algo e então parou como se estivesse recebendo
uma mensagem através de seu capacete. Fett inclinou o próprio capacete no
colo para poder ver a tela do Visor de Informações que estava conectada à
câmera de segurança externa do Slave I. Um homem cambaleou passando
pela nave, claramente muito velho de fato, mas ainda vestindo armadura de
combate completa, e parou para olhar para a nave. Então ele saiu do alcance
da câmera na direção do prédio.
Fett nunca descartaria nem mesmo um Mandaloriano senil como uma
possível ameaça: se o velho tivesse sobrevivido até aquela idade, ele era
excepcionalmente sortudo ou um combatente sério. Mas Fett permaneceu
com os pés na cadeira, limpando o forro de seda vermelha de seu capacete
com um pano de saponário, consumido pela curiosidade, mas escondendo-a
perfeitamente. O velho apareceu na porta, passou por Venku e olhou para
Fett.
— Pelo menos eu vivi para ver o dia, — disse ele. — Su'cuy, Mandalor,
gar shabuir.
Não foi a saudação mais educada que Fett já recebeu, mas certamente
foi a mais relevante para um homem em estado terminal. Era a única
maneira possível de guerreiros e mercenários se cumprimentarem:
— Então você ainda está vivo. — Ele também descobriu o que shabuir
significava, mas escolheu tomá-lo como um afeto irresponsável em vez de
um abuso.
O velho Mando saiu com dignidade artrítica, parou novamente na porta
para olhar Fett e seguiu o seu caminho.
— Você alegrou o dia dele, — disse Venku.
— Eu não deveria perguntar.
— Então não perguntar. — Venku suspirou e levou as mãos ao capacete
para abrir o lacre. O farfalhar do tecido abafou a sua voz quando ele ergueu
o buy'ce. — Ah, tudo bem, então.
Boba Fett estava olhando para o rosto de um homem talvez dez ou
quinze anos mais novo que ele: cabelo escuro com uma mecha generosa de
fios grisalhos, maçãs do rosto fortes e olhos castanhos muito escuros. Ele se
parecia muito com isso vinte anos atrás. O nariz era mais pontudo e a boca
era de um estranho, mas o resto era o rosto de Fett.
Ele estava olhando em seus próprios olhos e nos olhos de seu pai morto
há muito tempo.
— Eu sou Venku, — disse o Mando com a armadura heterogênea. —
Mas você provavelmente me conhece melhor como Kad'ika. É um prazer
conhecê-lo finalmente... Tio Boba.

TAPCAF OSARIANO, CORUSCANT

— Eu não conseguia pensar em quem mais contar, — disse Ben. — Ou


quem mais me ouviria se eu o fizesse.
Mara se perguntou se ele estava chorando por Lekauf ou pela traição de
tirar o fôlego de Jacen. Ele estava chorando por alguma coisa, porém, e
estava fazendo um trabalho razoável em disfarçar.
— Eu acredito em você, Ben.
— Talvez eu tenha imaginado.
— Você não imagina. — Não, ele certamente não poderia imaginar
Lumiya tendo uma conversa amigável com Jacen, dissecando a sua série de
triunfos e decidindo quando Niathal não seria mais útil.
E discutindo as suas mentiras. Nenhuma filha para vingar, e apagando
a memória de Ben sobre o que aconteceu com Nelani.
Ben tinha a habilidade útil de recordar coisas que tinha visto ou ouvido
com precisão quase total. O couro cabeludo de Mara se esticou e formigou
ao ouvir o seu filho, o seu precioso filho, relatar as palavras exatas daquela
ciborgue Sith e o seu cúmplice, como um inocente possuído por um
demônio.
Cúmplice.
Mara percebeu que havia mudado de posição alguns parsecs. Não uma
vítima vaidosa, presunçosa e ingênua de uma Sith manipuladora: um
cúmplice. Jacen não era fraco o suficiente para cair tão longe e tão rápido a
menos que ele quisesse.
— Eu não contei a mais ninguém e não quero, — Ben sussurrou. —
Papai também não. Quero dizer, você pode contar a ele se realmente acha
que ele precisa saber, mãe, mas não quero ver a cara dele quando descobrir
como fui idiota.
Mas eu defendi Jacen. Quando eu fiquei estúpida?
— Não mais idiota do que o resto de nós, querido.
— O que nós vamos fazer?
— Não vou pedir que você faça nada. — Mara deixou a bebida esfriar.
Não conseguia engolir de qualquer maneira, mesmo que não tivesse gosto
de transbordamento hidráulico da Millennium Falcon, porque a sua
garganta estava apertada de raiva. — Ben, você tem uma escolha. Eu disse a
Jacen que Lumiya estava tentando matar você, e ele era todo inocente.
— Então você sabia sobre Ziost, então...
— Não, eu não sei nada sobre Ziost. Mas você vai me contar.
O rosto de Ben caiu. Tinha que reunir todas as informações que
pudesse, mas também era bom para Ben aprender que era muito fácil dar
informações acidentalmente. Apenas a palavra Ziost fez com que todas as
peças começassem a cair no lugar agonizante.
— Jacen me enviou em uma missão à Almania para recuperar um
amuleto que tinha algum poder do lado sombrio. Acabei em Ziost e uma
nave me atacou, mas encontrei uma nave muito estranha e escapei.
— Bem desse jeito.
— Não foi Lumiya, na verdade. Era um Bothano.
— E como você encontrou esta nave? — Mara estava tentando
descobrir o golpe. Sabia o que tinha feito com a nave de Lumiya, e que o
transmissor agora mostrava que estava parado em Coruscant. Se as últimas
trinta e seis horas não tivessem sido um caos total, já teria feito outra visita
a ela. — Apenas estacionada, escotilha aberta, com a chave na entrada?
— Isso... olha, eu não sou louco, mas ela falou comigo.
— Ohhhh... — Mara tinha peças suficientes no quebra-cabeça agora
para ver a forma aproximada da imagem que surgiria. — Esférica. Laranja.
Como um olho grande.
O rosto de Ben perdeu completamente a cor.
— Sim.
— Conte-me sobre ela.
Ele lutou visivelmente com alguma coisa. Mara imaginou que ele havia
jurado segredo. Era tarde demais para toda aquela conversa de lealdade.
— Eu vi a nave, Ben. Também falou comigo. Disse que achava que eu
era o 'outro' como eu, e pensei que tinha me confundido com Lumiya, mas
queria dizer você, não é? De alguma forma, captou as nossas semelhanças.
Ben respirou fundo como se o alívio de poder compartilhar a terrível
experiência o salvasse de um afogamento.
— Eu descobri como pilotá-la. Ela se comunica através da Força.
— E está encharcada de energias sombrias. Eu sei. Prossiga.
— Não sei como funciona, mas se você visualizar o que quer que ela
faça, ela faz. Ela destaca partes de si mesmo e as transforma em canhões,
todos os tipos de armas.
Perfeito. Perfeito. Mara estava obtendo uma imagem melhor a cada
segundo. Lumiya poderia pensar na nave e ela correria para cumprir a sua
ordem, talvez até extrusar um cabo, chicoteá-lo em torno de Mara, arrastá-
la para longe e quase estrangulá-la.
Não era um droide. Fui atingida por uma nave viva, uma nave Sith.
Aquela velha e fria clareza e implacável senso de propósito inundaram o
corpo de Mara e, em vez de fazer o seu estômago revirar, como qualquer
mãe faria ao ouvir o tipo de risco a que o seu filho havia sido submetido,
colocou-a em um estado calmo e racional próximo a transcendência. Ela era
a Mão novamente, planejando a sua mudança.
— Então, o que aconteceu com a nave entre o momento em que você a
encontrou e quando a encontrei outro dia?
— Onde você a viu?
— Hesperídio. Quando eu alcancei Lumiya.
Os ombros de Ben caíram. Ele cruzou os braços sobre a mesa e abaixou
a cabeça sobre eles. Mara esperou, acariciando o seu cabelo porque
presumiu que ele estava chorando de novo.
Ele se endireitou, com o rosto ferido, mas os olhos secos.
— Eu voei de volta para a Anakin Solo e entreguei para Jacen.
Tudo se encaixou. As únicas peças que faltavam agora eram como
colocaria um fim nisso, mas essa era a sua especialidade, e poderia esperar
um pouco até que tivesse certeza de que Ben estava seguro.
— Certo, acho que você sabe como isso é sério, — disse ela. As suas
cabeças quase se tocavam sobre a mesa. Para os Osarianos que usavam o
restaurante e falavam muito pouco da linguagem Básica, provavelmente
pareciam mãe e filho discutindo chorosamente sobre o dever de casa e as
notas baixas. Eles nunca teriam imaginado que se tratava do destino da
galáxia.
Não, isso não se trata da galáxia. Chega da galáxia. A galáxia pode
cuidar de seus próprios problemas por um tempo. Isso se trata do meu
filho, meu único filho, e de algum lixo Sith tentando matá-lo enquanto o seu
próprio primo, meu próprio sobrinho que deveria estar cuidando dele, a
ajuda a fazer isso.
Tudo ficou muito claro e simples a partir daquele momento.
— Ben, você aceita uma sugestão minha?
— Qualquer coisa, mãe. Sinto muito, sinto muito...
— Ei, sou eu quem deveria se desculpar. — Eu confiei em um monstro.
Eu gritei com meu marido. Eu ignorei cada sinal de que Jacen era um
problema. — Mas você está em perigo real, e vai ser mais do que você pode
suportar, então eu quero que você seja muito cauteloso. Eu quero que você
se comporte como um covarde para variar. Não corra riscos. Na verdade,
gostaria que você se declarasse doente e se afastasse o máximo possível de
Jacen até que eu resolva isso.
Ben assentiu, com os olhos sombrios e muito velhos em um rosto
terrivelmente jovem. Ele realmente era só uma criança, mesmo que se
comportasse como um homem agora. Mara ficou instantaneamente tão
orgulhosa dele e tão ferozmente protetora ao mesmo tempo que a única
emoção convincente que ela conseguiu identificar foi o instinto de procurar
e matar qualquer coisa que o ameaçasse.
Poderia conseguir. Era a vocação dela.
— Vou fazer isso com cuidado, — disse ele. — Então Jacen não
percebe que descobri que Lumiya o está obrigando a fazer tudo isso.
Ah, claro que ela está.
— Isso mesmo, querido.
— Eu prometo que não vou me esconder de você na Força, mas... talvez
eu tenha que fazer isso para me esconder dela. Ou mesmo Jacen, se ela o
colocou tão sob o seu controle que ele... assumiu o governo.
Às vezes você tinha que ouvir alguém dizer isso para acreditar.
— Vou te dizer uma coisa, — disse Mara, sorrindo, — por que você não
me mostra como faz? Então talvez eu tenha uma noção melhor de quando
você está apenas se escondendo e quando se preocupar.
Ben assentiu com a cabeça, com os olhos baixos.
Não haveria restrições agora. Mara usaria todos os meios e armas à sua
disposição, e isso teria um fim.
Eles passaram o resto do dia fazendo algo que não faziam há muito
tempo: apenas vagando pelo Jardim Botânico Skydome, conversando e se
divertindo, ou o máximo que poderiam ter com uma guerra civil galáctica
em andamento e uma junta militar comandando a AG. A única evidência da
grande agitação era que o oficial da FSC em patrulha na praça tinha um
sargento da Força de Defesa da Aliança Galáctica acompanhando-o.
Além disso, ninguém parecia incomodado. Mara se perguntou se todos
os eventos cataclísmicos da história foram notados apenas por um punhado
de pessoas. Como Ben havia dito, profeticamente, durante o almoço apenas
alguns dias antes, talvez tenha sido assim durante o Império também, e a
vida da maioria das pessoas era a mesma sob Palpatine e sob a República.
Não queria pensar que era verdade. Luke certamente não pensava.
— Vamos, mãe, — disse Ben. — Vamos encontrar um lugar legal no
gramado e eu vou te ensinar a desaparecer.
Eles disseram que era um sinal claro de velhice iminente quando os seus
filhos podiam lhe ensinar coisas. Era uma coisa simples, se esconder na
Força, mas fazer dieta também era, e poucas pessoas conseguiam fazer isso
funcionar também. Ben era um professor extremamente paciente. Depois de
algumas horas, ela conseguia passar um ou dois minutos sem precisar pegar
algo sólido.
— Sinto muito por Lekauf, — disse ela, colocando o braço em volta
dele enquanto caminhavam. — Sinto muito por não ter sido muito gentil
com ele. Parece que ele foi um dos melhores.
— Ele fez isso para garantir que eu escapasse. Como posso viver com
esse tipo de sacrifício, mãe?
— Ao fazer a sua vida valer a pena, eu acho, para que a dele não fosse
desperdiçada.
Foi o mais próximo que já se sentiu de Ben, e provavelmente a primeira
vez que eles realmente se relacionaram como adultos. Isso a deixou
profundamente feliz. A ironia não passou despercebida por ela que estava
no meio de alguns dos piores eventos e maiores ameaças que eles já
enfrentaram. Momentos como este tornavam você dolorosamente
consciente do que realmente importava.
— Ben, você provavelmente vai ver um lado meu em breve que não é a
boa e velha mãe. — Ele cheirava maravilhosamente a essa essência
indescritível de Ben que eu apreciava quando você era pequeno, e que ainda
está presente sob o cheiro de sabonete militar e lubrificante de armas. —
Mas eu quero que você saiba que não importa o que eu faça, por mais
estranha que você pense que me tornei, eu te amo, e você é meu coração,
cada fibra dele. Nada é mais importante pra mim do que você.
Parou para abraçá-lo, e ele a abraçou de volta, em vez de apenas se
submeter à indignidade, como costumava fazer. Isso continuou por um
tempo.
— Sabe por que acredito em você, mãe? Porque você não me disse para
confiar em você. Todo mundo me diz para confiar neles, e geralmente é
essa a deixa que eu não deveria.
Mara teve outro vislumbre do homem que seu filho seria e da mãe que
ela tinha sido até agora. Afinal, não tinha funcionado tão mal.
Ela sabia muito bem quais eram as apostas agora, e o que ela tinha que
fazer.

APARTAMENTO DE JACEN SOLO, CORUSCANT

— Ben?
Jacen olhou ao redor do apartamento, mas não havia sinal de seu jovem
primo. Ele provavelmente voltou para ver os seus pais. Ele ainda precisava
de segurança sobre a necessidade sombria da vida, passando por aquele
estágio entre ignorar as consequências com a crueldade descuidada de uma
criança e a aceitação mais sensível, mas responsável, de que a vida tratou de
mãos duras e inevitáveis para muitos. No momento, Ben sentia muito e
tinha muito pouca experiência de vida para lidar com a dor.
Jacen examinou o conteúdo da geladeira e decidiu pedir uma entrega de
um restaurante. Havia um padrão agora, percebeu, e estava se tornando
menos de sua autoria; colocou as peças no lugar, a Força respondeu, e agora
era a sua vez de fazer escolhas quando as oferecia. Era um diálogo.
Lekauf também fazia parte do padrão. Mas Jacen ainda estava tentando
descobrir por que não tinha sido Ben quem morreu. Quase tinha certeza de
que era assim que terminaria.
Então pensei que o meu destino me livraria dele. Não era.
Jacen comunicou uma ordem para um banquete de baixo teor de
gordura Toydariana de três pratos, e abriu uma banheira de água quente e
espumante no banheiro. O vapor se condensou na parede espelhada e se viu
escrevendo no embaçado com a ponta do dedo.
ELE IMORTALIZARÁ O SEU AMOR.
Ainda não fazia sentido. Se isso significasse matar a pessoa que mais
amava, como disse Lumiya, então não havia dúvida: teria dado a vida por
Allana. Mas a cada passo nos últimos meses, acabou protegendo-a. Você
saberá quando isso acontecer. Lumiya tinha certeza disso, e Jacen também
acreditava.
Imortalizar. Tornar imortal. Escrever na história. Tornar permanente.
Por que não só matar? Talvez eu tenha traduzido errado a borla.
As pessoas liam holo revistas na banheira para relaxar, mas Jacen se viu
se comportando como um solteirão desleixado e comendo o seu banquete
para viagem. Estava exausto. Teve a sensação de que estava chegando ao
pico de uma onda, lutando contra o gradiente, e que quando atingisse a
crista, aquele obstáculo final para o seu destino Sith, as coisas se
acalmariam e fariam sentido.
Jacen colocou o seu garfo na borda da banheira e substituiu a profecia
novamente na condensação.
ELE IMORTALIZARÁ O SEU AMOR.
Matar o que você amava era o ato supremo de obediência e submissão
ao dever superior. Tinha visto um artigo nos holo canais sobre uma tribo,
não conseguia lembrar qual, onde ou quando, que treinou as suas tropas de
elite dando-lhes um filhote de nusito quando entraram no programa de
cadetes. Eles foram encorajados a se relacionar com o filhote, a competi-lo
contra os nusitos de outros cadetes e, em geral, aprender a amá-los. Então,
antes que o cadete pudesse se formar, eles receberam ordens de estrangular
seu filhote. Se ele não pudesse, ou não quisesse, ele era expulso. Ele tinha
que ser capaz de colocar o dever antes da emoção.
Esse sou eu. Isso é o que eu tenho que fazer.
Cheio de muito sourfry de Toydariano, cansado e embalado pela água
quente, Jacen deixou a sua mente vagar e se conectou a Força para tocar
Allana e Tenel Ka. Arriscou isso com frequência decrescente agora. O
último atentado contra as suas vidas havia sido um aviso de quão precária
era a situação de sua família. Nunca tinha ouvido Allana chamá-lo de
papai. Provavelmente nunca ouviria.
A minha família. Sim, é assim que a minha família é. Nem Jaina, nem a
mamãe, nem o papai; a minha filhinha e a sua mãe. Confiar em mim para
me apaixonar por uma mulher cujos costumes a impedem de dizer o nome
do pai de seu filho.
Poderia jurar que Allana o alcançou de volta. Ficou tão emocionado que
abriu os olhos e percebeu que era mais uma chance de alguém encontrá-la e
machucá-la. Lumiya não estava acima disso. Era o jeito Sith. Fazer alguém
sofrer e odiar só fortalecia os seus poderes Sith.
Visitaria Tenel Ka assim que tivesse certeza de que ele e Niathal haviam
consolidado a aquisição e que a guerra seria travada de forma mais lógica e
com menos preocupação em manter felizes os mundos insignificantes.
Tenho que lidar com os Bothanos a seguir. Lumiya pode o ganhar seu
sustento novamente.
Mas não conseguia manter os olhos abertos. Não estava cochilando,
mas as visões da Força não o deixavam em paz. Era como se a Força o
sacudisse pelos ombros e lhe dissesse para prestar atenção e seguir em
frente, porque o tempo estava acabando. Cada vez que fechava os olhos, via
a confiança que Ben depositava nele, as mentiras que contara ao garoto e o
perigo em que o colocara. E Ben continuava voltando para pedir mais. Ele
estava desesperado para fazer a coisa certa. Agora Jacen o via claramente,
cabeça entre as mãos, soluçando:
— É um preço muito alto.
O que era? Lekauf? Não. Haveria muitos, muitos Lekaufs. As guerras
estavam cheias deles. Foi uma das razões pelas quais Jacen teve que acabar
com a luta, de qualquer maneira que pudesse.
Talvez... não fosse Ben, mas por ele.
Por que pensei nisso tantas vezes? Por que isso está me obcecando?
Porque eu estou negando. Porque não posso aceitar que seja ele. Porque
tem que ser ele.
Seria fácil matar Ben, porque Ben confiava nele. Jacen sabia o quanto
isso o faria se sentir mal. Estava estrangulando um filhote de nusito.
Você não quer ver o inevitável. Você?
Jacen se secou e passou o resto da noite montando o seu arsenal pessoal.
Examinou o seu sabre de luz e blaster e sabia que ainda não seriam
suficientes quando Luke e Mara vierem atrás dele para se vingar de Ben.
Pegou a caixa com uma variedade de venenos e patógenos que poderiam ser
lançados por dardo ou projétil, mais uma série de armas que poderiam
passar pelas defesas de seus inimigos mais persistentes. Tinha todas as
bases cobertas: química, biológica, mecânica.
Só queria que tudo acabasse.
E quando Ben se for, quem seria o seu aprendiz então? Pouco antes de
adormecer, passou por sua cabeça que a Almirante Cha Niathal havia
demonstrado uma excelente compreensão da regra de dois.
Ainda bem que ela não era uma usuária da Força.
Capítulo Quinze

Isso precisa ser mais do que apenas lidar com a desordem e o


caos. Eu preciso enfrentar as causas da desordem e do caos:
ganância, corrupção e ambição.
— Jacen Solo, Chefe de Estado adjunto da AG, falando em um
almoço para os chefes da indústria Coruscanti

FAZENDA BEVIIN-VASUR, MANDALORE

Mirta levou o dedo aos lábios, e os quatro se amontoaram em volta da porta


como se estivessem se preparando para atacar a fortaleza de Fett.
— Eu verificarei, — ela disse a Orade. Beviin piscou para ela. Medrit
apenas olhava para o seu cronômetro como se não tivesse tempo para tudo
isso. — Você pode se esconder por trás de mim, se quiser.
Orade lambeu os lábios nervosamente.
— Cyar'ika, quando Fett diz que vai quebrar as minhas pernas, ele está
apenas procurando uma desculpa.
— Ele é um homem doente, Ghes, e se você contar a alguém, serei eu
quem as quebrará.
Ghes Orade teria enfrentado uma frota Chiss armada só com um bastão
afiado e rido de suas chances de sobrevivência, mas estava morrendo de
medo do avô dela. Mirta se perguntou se ela estava condenada a ter todos os
seus romances generosamente encharcados com água gelada porque agora
todos sabiam que ela era uma Fett. Ela se apoiou na porta do celeiro, o
prédio fora um galpão de secagem, e dois rostos indignados se voltaram pra
ela.
— O que você está fazendo com ele? — ela exigiu. — Ele teve uma
recaída ou algo assim?
Fett estava respirando com dificuldade, como se estivesse com muita
dor, as mãos cerradas contra o peito, o rosto branco e ceroso. Uma mulher
que ela nunca tinha visto antes estava de pé sobre ele, segurando uma
seringa de grande diâmetro com ponta de agulha contra a luz e verificando
o reservatório. Outro homem em uma mochila de armadura variada estava
parado de costas para a porta. Ele não se virou.
— Jaing cumpriu a sua promessa, — disse Fett, sem fôlego. — Ou ele
está rindo por último e me envenenando. Veremos.
— Existe uma maneira mais lenta e menos dolorosa de levar isso para
onde precisa ir, — disse a mulher, sacudindo a seringa com o dedo para
limpar as bolhas de ar. — Mas não adianta ficar brincando, dado o estado
em que você está, Mand’alor. Direto para a sua medula óssea. Faltam duas
injeções.
— Só aplique. — Ele tirou as mãos do peito e abriu a camisa. Mirta
ficou surpresa com o quão ossudo ele estava: ele parecia um homem tão
forte e em forma com armadura completa. Ela nunca quis que ninguém o
visse assim. — Isso é o melhor que Mandalore pode me oferecer? Uma
veterinária que passa o dia de trabalho com o braço erguido...
— Acredite em mim, eu prefiro tratar nerfs. Fique parado. Ou vou errar
e perfurar um pulmão. Ou pior.
— Quanto tempo isso vai levar?
— Mand'alor, você sabe qual é o local alternativo ao esterno para esse
tratamento?
— Me surpreenda.
— Os ossos pélvicos.
A expressão de Fett estava previsivelmente sem expressão, e ele não
disse mais uma palavra. Ele desviou o olhar, e qualquer outra pessoa teria
pensado que era um aborrecimento casual por ter sua agenda interrompida,
mas Mirta o conhecia bem o suficiente para ver que ele estava com uma dor
terrível. Correu o risco de dar um passo à frente e abraçar a mão dele. Ele
pegou também. Pensou que ele fosse quebrar todos os ossos de seus dedos
quando a veterinária alinhou a agulha, tão grande que Mirta podia ver o
buraco na ponta, e pressionou com força em seu esterno, como se estivesse
preparando uma noz para assar.
Houve um barulho terrível. Orade engoliu em seco.
— Se você vai desmaiar ou vomitar, filho, vá lá fora, — disse a
veterinária irritada. — Na falta disso, encontre alguns analgésicos. Onde
você os guarda?
— Esqueça, — disse Fett. — Eu preciso saber se você está me fazendo
algum dano.
— Está tudo bem, Ba'buir, — Mirta sussurrou. — Você ficará bem.
— Se o Sarlacc não acabou comigo, ela também não vai.
O veterinário, todo sorridente ameaçador, inseriu a seringa em um
frasco de vidro para reabastecer.
— A última. Feche os olhos e pense em Mandalore.
Mirta olhou por cima do ombro para o homem de armadura
multicolorida. Ele tirou o capacete.
— Apenas garantindo que ele não morra antes de fazer algo útil por
Manda'yaim, — disse o homem. — Se funcionar, e deveria, ele começará a
mostrar sinais de recuperação em alguns dias.
Ele se parecia muito com Fett, e Jaing, e a semelhança era perturbadora.
A parte Kiffar dela, aquela que se preocupava com linhagens, disse-lhe que
este era o seu parente. Os clones circularam um pouco durante a guerra.
Provavelmente tinha muito mais parentes genéticos do que pensava.
Fett esmagou os dedos de Mirta novamente e não fez barulho.
A veterinária se endireitou e abriu uma garrafa com um líquido de
cheiro forte para limpar as mãos.
— Normalmente, dou um tapa na anca dos meus pacientes e os deixo
pastar. Mas já que é você, vou pular isso e sugerir que você vá com calma
por um ou dois dias. Espere um grande hematoma.
Fett deu a ela um aceno silencioso de reconhecimento quando ela saiu e
fechou a sua camiseta. Então ele olhou para Mirta.
— Diga olá ao seu tio Venku. — Ele indicou o homem da armadura
heterogênea, que ainda não a havia reconhecido. — Apelidado Kad'ika.
Tudo estava fazendo sentido agora. Kad'ika tinha que ser filho de um
soldado clone. Deve ter havido muitos deles por aí, e se perguntou quantos
deles tinham alguma graça social ou senso de humor, ou se todos eles
puxavam a Ba'buir.
— Só fazendo minha parte pela unidade Mandaloriana, — disse Venku,
colocando o capacete de volta como se a sua inspeção o deixasse
desconfortável. — Não seria bom para o Mand'alor acabar com isso quando
estamos subindo de novo.
Ele se inclinou sobre Fett e pôs dois dedos no pulso em seu pescoço.
Mirta esperava que o seu avô o achatasse por ousar colocar as mãos nele,
mas ele simplesmente olhou para os diversas placas de beskar'gam com
curiosidade ociosa e tolerou o exame.
— A sua frequência cardíaca aumentou, — disse Venku. — Descanse
um pouco.
— Médico de campo.
— Sim, dizem que tenho um toque curador. — Mirta achou difícil de
acreditar. Venku se endireitou. — Qualquer problema, diga ao pessoal da
taberna Cikartan na cidade. Eles saberão como entrar em contato comigo.
Venku foi para a porta. Ao passar por ela, ele parou e bateu com o dedo
no coração de fogo pendurado em seu pescoço. Ele obviamente nunca se
preocupou em levar um soco na cara.
— Interessante, — disse ele.
Ele era um acaso, um homem que podia obter coisas e, obviamente,
informações também. Valeu a tentativa.
— É um coração de fogo, — disse ela. — Era da minha avó. Preciso de
um Kiffar de sangue puro para me ajudar a ler as memórias impressas nele.
Ele parou por alguns instantes.
— Mando'ade vêm de todos os lugares. Se eu encontrar alguém que
possa ler a pedra, eu a avisarei. — Então ele se foi.
Orade cutucou Beviin.
— Vá em frente, — Orade disse. — Diga à ele. Isso o deixará feliz,
certo, mais feliz. Pessoas felizes curam mais rápido.
Fett colocou as suas placas de armadura de volta.
— O que vai me fazer feliz?
Beviin tinha o sorriso beatífico de um homem que terminou de fazer
provisões para o inverno e acabou de desfrutar de uma grande refeição.
— Yomaget tem algo para mostrar a você.
Fett grunhiu. Ele era o homem menos expressivo que Mirta conhecia,
mas parecia vagamente desapontado.
— Ele tem o Bes'uliik digno de espaço, não é?
— Bang, lá vai a surpresa.
— É a intenção que conta. — Ele se levantou e foi instantaneamente
transformado de seu doente Ba'buir em Boba Fett, implacável e incansável.
Mas ele não saiu pela porta imediatamente. Adivinhou que ele estava
sentindo os efeitos do tratamento e não ia admitir, nem mesmo na frente de
pessoas que sabiam exatamente o que estava errado. — Cadê?
Gesticulou para o teto e ofereceu-lhe o braço.
Mirta ainda estava procurando um motivo para não odiar Fett e estava
pronta para olhar profundamente. Decidiu que poderia começar amando-o
por sua coragem. Nada o perturbava, nada o detinha e nada o fazia sentir
pena de si mesmo. Eles ficaram do lado de fora do celeiro e esperaram em
silêncio. Parecia uma pequena cabana contra a Slave I, colocada em seu
modo horizontal nas proximidades.
Um estrondo baixo interrompeu a paz rural.
Fett ergueu os olhos quando uma cunha negra opaca atravessou o céu e
desapareceu por trás de uma colina arborizada. Mirta a perdeu, mas então
circulou de volta, parou no ar cerca de duzentos metros acima deles e
desceu suavemente sobre os queimadores. Pousou em sua cauda romba e,
em seguida, estendeu os suportes para inclinar noventa graus e parar
horizontalmente como um caça estelar convencional. O velame levantou e
Yomaget saiu, deslizou no chão e beijou a fuselagem fosca.
— Cyar'ika, — ele disse a nave, passando uma mão carinhosa sobre a
pele. — Acho que estou apaixonado.
— Bonita, — disse Fett.
— Coloca o uliik em Bes'uliik.
— Sim, eu posso ver que é uma fera. O que é diferente?
— Aplicamos a pele beskar micronizada, Mand'alor. Ela é uma shabuir
endurecida agora. Importa-se de mostrá-la aos Verpine?
— Isso chamaria a atenção deles.
— Se eles compartilharem a sua tecnologia ultramesh conosco,
poderemos tornar a fuselagem mais leve e melhorar a sua atmosfera. Se a
esfolarmos completamente em beskar sólido, ela será invulnerável, mas
pesada.
— Vamos mantê-los pesados. Talvez os Verpine possam encontrar uma
solução de combustível melhor.
— Bem, se você não vai dar uma volta com ela, eu vou, — disse
Medrit. Ele subiu na asa e se acomodou na cabine, parecendo que iria
enchê-la. — Shab, um caça de ataque Mando e Verpine. Isso vai causar
algumas noites sem dormir em Coruscant.
— Se pudermos extrair e processar o minério rápido o suficiente.
Yomaget parecia esperançoso.
— Poderíamos pedir a esses insectóides prestativos que nos emprestem
uma instalação orbital ou duas.
— Vou vê-los, — disse Fett. — Tenho que pensar a longo prazo sobre
isso. Não adianta entregar muito para a Roche no início do jogo.
Medrit passou a próxima hora levando o protótipo Bes'uliik através de
seus passos sobre o campo de Keldabe enquanto o resto deles assistia.
Yomaget capturou as acrobacias em seu holo gravador, parecendo satisfeito.
— Pode passar este holograma para alguns contatos, — disse ele. —
Não somos um povo modesto, somos?
— Lembre-os de que a maioria de nossa população adulta também pode
pilotar um caça, — disse Fett. — Para iniciantes.
Ele voltou para dentro do celeiro. Ele não conseguiu sorrir, mas Beviin
se virou para Mirta e inclinou a cabeça.
— Acredite ou não, esse é um homem feliz.
Talvez ele fosse um juiz de humor melhor do que ela. Ficou aliviada só
de ouvir Fett usar a expressão longo prazo.
Os tempos estavam mudando. O resto da galáxia poderia estar se
desintegrando, mas o setor de Mandalore, que agora controlava
informalmente a Roche, se um acordo de protetorado contasse, era um
refúgio de otimismo após uma década ou mais de existência sombria.
Naquela noite, Mirta encontrou o tapcaf Oyu'baat lotado de rostos novos, e
a cantoria era estridente.
Se Jacen Solo, o assassino de sua mãe, estivesse assando lentamente
sobre o fogo aberto do Oyu'baat em vez do lado do nerf, Mirta poderia até
ter se juntado a ele.

EDIFÍCIO DO SENADO, CORUSCANT

O airspeeder oficial de Jacen o trouxe até a entrada principal do Senado.


Poderia ter entrado no prédio por várias outras plataformas privadas, mas
não tinha intenção de se esgueirar pelas portas dos fundos; ser visto contava
muito, e ainda tinha a sua imagem heróica para proteger.
Uma fila de cidadãos esperava do lado de fora das portas que admitiam
o público nas galerias de exibição. Alguns queriam apenas observar os
negócios do dia, mas havia um pequeno grupo que era claramente
manifestante. Não era apenas a bandeira LIBERTEM OMAS que três deles
carregavam entre eles. Havia um gosto de raiva na Força, vívida apesar do
fundo permanente de medo e incerteza.
— Deixe-me aqui, — Jacen disse. — Eu andarei.
— Eles vão assediá-lo, senhor, — disse o motorista Gran. — Eu deveria
levá-lo direto para o seu andar.
— Eles têm o direito de ver quem os governa. — Não era como se eles
pudessem lhe causar algum mal. — Acho que conversar com as pessoas
geralmente resolve mal-entendidos.
Jacen esperava pelo menos um protesto em massa ou um motim
interrompido por canhões de água e gás de dispersão. A inteligência da
GAG mostrou que os agentes Corellianos ainda operando em Coruscant
estavam fazendo o possível para que isso acontecesse. Mas a disposição
geral da população em aceitar a mudança de regime o surpreendeu. A bolsa
de valores havia suspendido as negociações por algumas horas e algumas
ações haviam saltado: mas o tráfego ainda fluía, as lojas estavam cheias de
comida, a programação da HoloNet era ininterrupta e todos estavam sendo
pagos.
A menos que você fosse Cal Omas ou um advogado de liberdades civis,
a junta militar era temporária e benigna. Afinal, havia uma guerra em
andamento. Era de se esperar.
Eu deveria escrever um estudo sobre isso. Como dominar o estado:
sorria, pareça relutante e mantenha o trânsito fluindo.
E era apenas Coruscant. O resto dos mundos da AG continuaram
conduzindo os seus negócios planetários como bem entendiam, sem serem
molestados, e isso significava que não havia necessidade de estender a frota
e as forças de defesa, implantando-as para manter a ordem em milhares de
outros mundos, o deles, em vários casos. Tudo o que Jacen e Niathal tinham
que se preocupar era com Coruscant, porque a realidade política e
estratégica era que Coruscant... era a AG... era Coruscant.
O resto da Aliança é detalhe. Eu tenho o seu coração e mente.
— Bom dia, — Jacen disse. O grupo de manifestantes olhou para ele
com uma expressão coletiva de oh-é-realmente-ele. Mesmo um rosto que
aparecia no HNE com tanta regularidade quanto o dele precisava ser
reconhecido fora do contexto. Estendeu a mão para eles, e um homem
realmente a apertou. A maioria das espécies respondeu bem à cortesia
conciliatória. — Eu só queria assegurar a você que o Mestre Omas terá uma
audiência escrupulosamente justa. Também o deixamos ir para casa.
Quando as pessoas estavam excitadas para gritar e pareciam querer ser
arrastadas pelos pesos pesados da FSC, elas ficavam totalmente chateadas
por terem o objeto de sua fúria ouvindo-as. O sorriso paciente de Jacen
encontrou surpresa desorientada. Alguns oficiais da FSC começaram a
perambular, provavelmente esperando problemas, mas Jacen os dissuadiu
com um pouco de influência da Força e eles pararam a alguns metros de
distância para observar.
O mais importante, porém, era o droide de notícias do HNE circulando
pela Praça do Senado. Sempre havia pelo menos um de plantão aqui, apenas
parando para tirar fotos, mas agora tinha uma história real. Jacen o
observou se aproximar em sua visão periférica.
— Não importa como você se veste, — disse a jovem segurando uma
das pontas da faixa LIBERTEM OMAS. — A AG está sendo comandada agora pela
Suprema Comandante e pelo chefe da polícia secreta, e ninguém votou em
vocês.
Jacen conseguiu uma expressão de inocência ligeiramente ferida.
— Você está certa, eu não concorri ao cargo, e é por isso que não
permanecerei como Chefe de Estado adjunto por mais tempo do que o
necessário. Gostaria de ver algo? Dentro do edifício?
A mulher olhou para ele com desconfiança.
— Sempre há uma pegadinha.
O droide de notícias estava bem atrás deles agora. Às vezes, a Força
colocava as coisas em seu alcance. De repente, percebeu que tudo estava
sendo lhe entregue e tudo o que precisava fazer era reagir, assim como
Lumiya havia lhe dito, e não analisar tudo.
— Sua escolha, — Jacen disse. — Eu só quero mostrar a vocês o
escritório do Chefe de Estado. Mais alguém quer vir junto?
Os guardas de segurança não ficaram felizes, mas o que Jacen queria,
Jacen conseguia. Liderou um grupo disperso de manifestantes, visitantes
diurnos e o droide do HNE pelo saguão brilhante e subiu no turbo elevador
até o andar dos escritórios onde o público quase nunca era permitido, a sede
do próprio governo galáctico.
Alguns funcionários públicos no corredor olharam duas vezes, mas
continuaram com os seus negócios. Niathal deve tê-lo visto entrar pelas
holo câmeras de segurança, porque ela estava vagando pelo saguão,
segurando alguns datapads. Jacen a reconheceu com um sorriso e caminhou
até as portas duplas esculpidas do conjunto de escritórios do Chefe de
Estado.
As portas foram seladas, fechadas com fita adesiva. A fita amarela
brilhante com o logotipo da FSC e a legenda NÃO ADULTERE era puramente
cosmética, mas mostrava o ponto muito melhor do que a fechadura
eletrônica inexpugnável, mas invisível.
— Esse é o escritório do chefe Omas, — Jacen disse sobre a cabeça do
droide do HNE. Recuou casualmente para permitir uma foto melhor dele
explicando seriamente a essa amostra aleatória do eleitorado. — É para o
chefe de Estado eleito. Fica lacrado até que alguém seja eleito para
preenchê-lo. Nem eu nem a Almirante Niathal nos mudamos. Isso é muito
importante para nós.
A coisa sobre os Mon Cals é que você nunca poderia dizer se eles
estavam revirando os olhos ou apenas prestando atenção. Niathal
provavelmente estava rolando o dela, no entanto. Jacen podia sentir a sua
diversão às custas dele.
A pequena multidão murmurou e fez sons de admiração. Era um
momento perfeito para a mídia. Os manifestantes pareciam sem palavras,
mas Jacen estava ansioso para que eles não parecessem humilhados.
— Espero que tenhamos tranquilizado vocês. — Você também está
envolvido nisso até o pescoço, Almirante. — E estou feliz que você sinta
que pode levantar isso conosco, porque não adianta travar uma guerra se
não pudermos nos comportar como uma democracia, mesmo quando as
coisas ficam difíceis.
Os nervosos seguranças que decidiram segui-lo acompanharam a festa.
Todos foram embora felizes ou pelo menos desanimados. Jacen sentiu o
olhar de Niathal abrindo um buraco nele.
— A última vez que vi algo tão escorregadio e oleoso, — disse ela, —
foi quando a Oceano vazou todo um reservatório de lubrificante sobre a
parte traseira das armas.
— Ah, mas você estava absolutamente certa em selar aquele escritório.
Nenhum de nós deveria tê-la.
— Eu acredito em compartilhar tudo.
— Assim como eu, — Jacen disse.
— Então, vamos tentar abordar a mídia em conjunto, certo? Não adianta
parecer um viciado em publicidade, Jacen. Os cidadãos podem entender
mal os seus motivos.
— Estou aqui para servir a galáxia, — Jacen respondeu, e quis dizer
cada palavra. — Nunca subestime o poder de ser agradável.
— Tudo bem em Coruscant, mas o seu charme não viaja bem. —
Niathal acenou para ele seguir. — Tenho o senador G'Sil em meu escritório
e o senador por Murkhana, Nav Ekhat. Encontramos um pequeno
empecilho em nossa nova política.
Ekhat não parecia uma mulher que teve uma noite tranquila. Ela não
esperou que Jacen se sentasse antes de lançar um discurso que obviamente
estava ganhando força muito antes dele e Niathal entrarem.
— Eu entendo que você está concentrando forças nos setores Corelliano
e Bothano, — ela disse, apontando o seu dedo para o holograma no centro
da mesa de reunião. — Onde isso nos deixa?
— Explique as suas preocupações, — disse Jacen.
— O novo tratado entre a Roche e Mandalore.
— E vocês se sentem ameaçados por isso.
— Dado o estado de nossas relações com a Roche, sim. Você está ciente
de que estamos tendo um desentendimento sobre os mercados de
exportação?
G'Sil se inclinou para frente.
— Dito de outra forma, os Verpine estão acusando a Murkhana de fazer
engenharia reversa de alguns de seus sistemas de comando de armas mais
lucrativos, violar as suas patentes e vender imitações baratas para minar os
seus mercados.
— Dito de outra forma, Verpine não gosta de competição saudável, —
disse Ekhat. — Agora eles assinaram um acordo com Mandalore para ajuda
mútua e colaboração técnica. É o show dos insetos e bandidos.
Jacen assistiu Niathal se mexer levemente em seu assento e sentiu seu
aborrecimento. Qualquer um que descartou Verpine como insetos
provavelmente também descartou Mon Cals como peixes.
— Você espera que esta aliança ameace a sua segurança diretamente?
— Jacen perguntou. — Porque se os Verpine ficaram seriamente
aborrecidos, eles têm bastante equipamento militar para defender a sua
posição sem chamar Keldabe.
— Verpine pode fazer o material, — disse ela, — mas eles raramente o
usam com raiva. Os Mandalorianos, por outro lado, tratam a guerra como
um esporte nacional.
— Mas isso é sobre o ferro Mandaloriano. — Niathal estava
trabalhando para dizer a Ekhat que Murkhana estava por conta própria. Ela
provavelmente iria gostar depois daquele comentário sobre a escuta
também. — Os Verpine querem produzir armamentos e embarcações
aprimoradas sob licença.
— Não, eles querem também a proteção Mandaloriana.
— Por que? — Jacen não podia ver Murkhana atacando Roche.
— Eles temem que a luta em Kem Stor Ai se espalhe em seu quintal, e
são uma colheita rica que pode ser muito tentadora para um sistema em
guerra.
— Estou perdendo a conexão.
— A proteção Mandaloriana tende a ser do tipo de alcance, coronel.
Está a um passo de repelir os Kemi e fazer uma... visita disciplinar para
nós.
Niathal se levantou e caminhou ao redor da mesa, olhando para o
holograma de vários ângulos.
— E você está violando as patentes dos Verpine?
— Achamos que não, — disse o senador. — Mas os produtos são
muito... semelhantes.
— Veja, não tenho certeza se devemos enviar tropas para disputas
comerciais. Esta guerra é sobre a responsabilidade dos planetas membros de
comprometer recursos militares para defesa comum. Essa é uma das razões
pelas quais o ex-chefe de Estado é ex, porque ele estava pronto para
conceder parte desse princípio.
— Como membro da AG, esperamos apoio quando atacados.
— Roche é um mundo neutro, — Jacen apontou. — Se você fosse
atacado, teríamos que avaliar a situação, mas acho que isso deve ser
encaminhado primeiro aos tribunais civis interplanetários.
— Então você está dizendo que estamos por nossa conta.
Jacen faria o papel de bom oficial hoje. Niathal estava fazendo um bom
trabalho sendo desagradável.
— Estou dizendo que você deve tentar resolver essa disputa por outros
meios, em vez de escalar direto para o barulho de sabres. Mas... — Ele
pensou sobre a conversa sobre um novo caça de ataque Mandaloriano. Era
interessante o suficiente por si só, mas se fosse uma colaboração com os
Verpine, a AG precisava ter uma ideia do que poderia fazer. Decidiu
discordar de Niathal. — Mas talvez a presença de um esquadrão e fragata
da AG possa deixar a Roche mais disposta a sentar e discutir o assunto
novamente.
Niathal virou a cabeça muito lentamente para olhar para Jacen. Sabia o
risco que estava correndo.
— Se tivermos recursos sobrando, vamos considerar isso, — disse ela.
— A Roche nos avisou que tomará medidas diretas se não
interrompermos a produção dos produtos em disputa. — Ekhat olhou para
todos os três incisivamente em sequência, como se os desafiasse a dizer a
palavra não em voz alta. Então ela se levantou e pegou o seu estojo. —
Então, mais cedo ou mais tarde, por favor, ou você perderá outro mundo da
Orla. E não estou falando de renúncia.
G'Sil observou Ekhat sair, então encolheu os ombros.
— Tanto para a ameaça Mandaloriana fazendo os pequenos planetas
correrem para nossos braços protetores, Cha.
— Eles correram, — disse Niathal. — E esse é o problema. Se formos
vistos implantando um Star Destroier toda vez que algum estado membro
tiver um desentendimento local, abriremos as comportas, não que eles já
não estejam começando a se abrir. A política é se concentrar em quebrar os
garotos grandes que não jogam pelas regras da AG, ou estaremos apagando
incêndios em toda a galáxia nas próximas décadas. Jacen se preparou para o
impacto. — E, Coronel Solo, você não vai comprometer os recursos da
frota assim sem discutir o assunto comigo.
— Eu não comprometi nada. Eu só disse o óbvio.
— E eu também não concordei com isso.
— Não seria útil ter uma desculpa para passear pela Orla e dar uma
olhada nos novos caças Mandalorianos?
— Se eles já construíram algum.
— Eu digo cometer alguns voos se não pudermos dispensar um
esquadrão completo. Se movermos uma das fragatas para fora do espaço
Bothano, isso a colocará dentro do alcance de Murkhana, em um trecho.
— Tem certeza que quer provocar Mandalore? — perguntou G'Sil. —
Ele tem uma dimensão pessoal extra agora, e a última coisa de que
precisamos é que Fett transforme isso em uma vingança contra o resto da
AG. A sua neutralidade tem sido um bônus, para ser honesto.
— Estou bem ciente de que Fett não foi embora nem se esqueceu de sua
filha, — Jacen disse. — Mas ele é esperto demais para desperdiçar as suas
tropas em uma briga pessoal.
Mandalore sempre foi um problema: sempre foi, sempre seria. Não era
grande o suficiente para ser uma ameaça galáctica, mas também não era
pequeno o suficiente para descartar ou remover.
Duro com o caos e as causas do caos.
Era ser o terceiro elemento em um universo de pares que tornava
Mandalorianos disruptivos. O universo era binário, bipolar, regido pelo
equilíbrio entre os opostos, fossem escuridão e luz ou ação e reação. Não
poderia acomodar aquele poste extra e permanecer em ordem.
Mandalorianos eram uma influência inerentemente desestabilizadora.
— Você ainda está conosco, Jacen? — perguntou G'Sil. — Você parece
distraído.
— Só desejando que os Mandalorianos fossem embora.
— Pague para eles ficarem em casa, — disse Niathal, juntando os seus
datapads para sair. — Essa é a solução permanente. Contanto que eles
tenham uma luta terapêutica ocasional para aliviar a sua agressividade, eles
serão felizes. E isso é só as fêmeas. — Ela se dirigiu para a porta. — Tenho
comandantes de frota para informar. Pena que não podemos abordar Fett
para ver se ele mudou de ideia sobre ficar fora da luta.
— Pagá-los para não lutar não é equivalente a um insulto à sua honra?
— Jacen perguntou.
— Acho que você os está confundindo com outros selvagens guerreiros.
Eles veriam isso como dinheiro de proteção. Eles são pragmáticos.
— Se ao menos todas as guerras tivessem soluções econômicas tão
simples.
G'Sil sorriu tristemente.
— Bem, eles têm principalmente as causas econômicas.
— Não este, — Jacen disse. — É uma questão de ordem. Sobre
responsabilidade.
Niathal e G'Sil esconderam as suas reações ao mesmo tempo e não
disseram nada. Poderia dizer que eles achavam que estava ficando
excêntrico, ou talvez que não tivesse entendido bem a política de alto nível.
De qualquer forma, a reação deles dizia que não estava jogando o mesmo
jogo que eles, e eles estavam certos.
Mas tudo estava indo muito bem. Sem motins, sem protestos, exceto por
parte da mídia minoritária e os suspeitos de sempre na comunidade legal e
de liberdades, mas, além da análise interminável da mídia sobre o tempo de
Omas no cargo, quase como se ele tivesse morrido, a grande maioria dos
Coruscanti tratou é como uma queda em desgraça em vez de um golpe
militar.
Ter um Jedi a bordo parecia fazer a mudança de regime parecer muito
mais saudável na opinião pública.
— Eu esperava estar atacando barricadas esta semana, — Jacen disse.
— O que fizemos certo?
— Não suspendemos nenhuma normalidade, — disse G'Sil, fazendo uso
interessante de nós. — Todos os outros políticos permaneceram no cargo.
Apenas as pessoas que o administram no nível superior mudaram.
Ordem. É tudo uma questão de ordem. Este é o microcosmo de toda a
galáxia; a simulação de como meu governo será no devido tempo.
Normalidade tranquila para a maioria.
Mas Jacen estava preocupado que pudesse ser a calmaria antes da
tempestade. Pensou em Tenel Ka e Allana, e o impulso de visitá-las
enquanto ainda podia foi avassalador. Lumiya disse que tinha que ouvir
aquelas vozes, e não pensar em coisas sensatas como os seres mundanos
faziam.
— Preciso de 48 horas fora do escritório, — disse ele. — Para colocar
as coisas em dia. Posso confiar em vocês dois para não me expulsarem
enquanto eu estiver fora?
Niathal não parecia achar graça.
— Você voltará para encontrar Boba Fett sentado em seu escritório, mas
se você tiver que ir... você deve.
— Eu confio em você implicitamente, — disse ele. Confiava que ela
não fosse estúpida, pelo menos. Lumiya poderia ficar de olho na situação
enquanto fazia a viagem para Hapes.
Boba Fett. Aquele era um machado ainda esperando para cair e, se não
o mantinha acordado à noite, certamente estava consciente de que a
contínua falta de vingança sangrenta de Fett era perturbadora. Jacen
colocou os Mandalorianos na lista de coisas para as quais encontraria uma
solução quando fosse estabelecido como um Lorde Sith. Vader tinha-os na
palma da mão em seu tempo: Jacen também teria.
Isso também estava em seu destino.

SPA JARDINS LUMINOSOS, DRALL, SISTEMA CORELLIANO

— Então... ainda não há um novo primeiro-ministro? — Mara perguntou.


— Você está correndo um grande risco vindo aqui, — disse Leia. —
Não, há um triunvirato dos três principais líderes partidários comandando
Corellia até que encontrem um novo alvo, desculpe, quero dizer candidato.
Duas mortes em poucos meses tendem a diminuir o entusiasmo dos
candidatos.
— Bem, nós pontuamos pela eficiência. Pelo menos podemos
administrar a AG em dois.
— Como muito Sith.
Mara quase engasgou. Não foi nada engraçado. Leia sabia de alguma
coisa?
— Mara, você está bem?
— Acho que o meu encontro com Lumiya me deixou alérgico à palavra.
— Com um lenço no cabelo, Mara era apenas mais uma humana de meia-
idade curtindo o resort com uma amiga. As duas andavam pela colunata de
lojas exclusivas e salões de beleza, e Mara ainda achava desconcertante que
alguém pudesse levar uma vida normal quando a dela, e a de tantas outras,
estava envolvida no tumulto da guerra. A normalidade parecia de alguma
forma obscena. — Eu tinha que ver você cara a cara. Você não quer que
Jacen a prenda por colocar os pés em Coruscant, e você sabe que ele faria
isso. Onde está Han?
— Ele foi fazer uma missão com Lando. Onde está Luke? Visto que
somos apenas nós, garotas, conversando, sinto o cheiro de um problema
delicado.
Não fazia sentido andar na ponta dos pés em torno dele. Mara tinha
todas as evidências de que precisava, mas o assunto era o filho de Leia. Leia
já havia perdido Anakin. Mara tinha que estar absoluta, completamente
certa. Noventa e nove por cento de certeza não era bom o suficiente.
— Jacen, — ela disse.
— Sempre é.
— Eu não sei como dizer isso a você.
— Tente deixar escapar.
— Ele está fora de controle. Quero dizer, muito fora de controle.
— Uh-huh. Admito que é um desafio manter o controle sobre o seu
único filho assistindo à cobertura jornalística de sua última tomada de
poder.
— Como Han está reagindo?
— Não muito bem, para dizer o mínimo. Ele oscila entre querer renegá-
lo novamente e falar em se reunir para convencê-lo. Sabe, às vezes acho
que isso vai matá-lo.
Mara descobriu que não era a certeza da culpa de Jacen que estava
procurando: era qualquer desculpa para dizer que era tudo culpa de Lumiya
e que, ao removê-la, Jacen poderia ser trazido de volta ao seu antigo eu.
O que quer que tenha acontecido com Jacen ao longo dos anos, e aquele
tempo "sabático" de cinco anos ainda era em grande parte uma folha em
branco, parecia que nada daquele velho eu restava para se recuperar.
Se este não fosse o meu sobrinho e filho de Leia, eu ainda estaria
tentando encontrar um motivo para não fazer algo a respeito?
Não.
— Tem certeza de que está se sentindo bem, Mara?
Leia foi uma das poucas pessoas que Mara realmente admirou. Ela era
muito bem a única pessoa além de Luke que Mara sabia que nunca iria
desmoronar, por mais que as coisas ficassem ruins. Mas ainda não
conseguia sentar com Leia e dar a ela o catálogo completo dos crimes de
Jacen.
Sim, eram crimes. Não havia outra palavra para isso.
— Vou te perguntar uma coisa, Leia, e se você nunca mais quiser falar
comigo depois disso, eu vou entender.
— Isso não vai acabar em uma piada, vai? Você está falando sério.
— Você não tem ideia do quão sério e.
— Então pare de enrolar.
— Certo, você acha que Jacen é suscetível o suficiente para ser
controlado por Lumiya?
Deveria ter colocado a lista para ela primeiro. Deveria ter contado a
ela sobre Nelani, e fazer Ben matar Gejjen, e as suas pequenas conversas
com a sua amiga Sith, e o fato de que ele parece pensar que o meu filho é
dispensável.
E aprendiz, de que tipo de aprendiz Lumiya estaria falando? Mara
enfrentou o inevitável e se odiou por ter se recusado a vê-lo antes.
— Não, — Leia disse finalmente. — Ele é teimoso e é dono de si. Ela
poderia fazer a diferença entre ele fazer algo e hesitar, mas nunca poderia
fazê-lo agir totalmente contra a sua vontade. Eu tive que aceitar isso, mas
ele ainda é meu filho e eu ainda o amo.
Era a última coisa que Mara queria ouvir. Queria ouvir que Jacen era
um garoto que se dava bem com os outros, que se metia em más
companhias, mas era um bom garoto de coração. Queria um motivo para ir
atrás da malvada Lumiya e resgatar o iludido Jacen, porque isso era fácil,
preto e branco, palatável.
Errado.
Se não estivesse acontecendo dentro de sua própria família, nunca teria
hesitado. Por um momento, se perguntou se estava decidida a isso, isso
ainda não tinha um nome, nem uma palavra, mas sabia o que era, porque
era o seu próprio filho que corria o maior risco. O meu filho ou seu. Poderia
ter sido uma prioridade maternal egoísta, apenas usando o resto das ações
de Jacen para justificar o ataque para salvar o seu filho.
Tentou imaginar Ben morto e como se sentiria então. Poderia ter parado
Palpatine e não o fez. A história lhe ensinou uma lição sobre retrospectiva e
não lhe daria uma segunda chance; o que estava acontecendo com Ben
aconteceria com os filhos de outras pessoas também.
— Mara, acho que você deveria ter passado alguns dias na cama depois
da luta com Lumiya, — disse Leia, e enfiou o braço no dela. — Você não é
você mesma. Vamos encontrar um restaurante estupidamente caro e
esquecer o teor de gordura. Acalme-se por algumas horas. Porque eu não
consigo funcionar com adrenalina e ansiedade vinte e quatro horas por dia
como você parece conseguir.
Leia, sinto muito.
Eu vou ter que parar Jacen. Eu tenho. Vou ter que matar o seu filho,
porque essa é a única maneira de detê-lo agora.
— Certo, mas eu pago.
— Combinado.
Parte de Mara ficou chocada que pudesse pensar nisso, e parte estava
lhe dizendo que isso foi o que aconteceu quando esqueceu que os altos e
baixos dos usuários da Força não eram apenas brigas familiares, mas
batalhas dinásticas que poderiam abalar toda a galáxia. Eles não tinham o
luxo de pequenas participações.
— Gosto da Fonte, — disse Leia. — Eles fazem uma sobremesa
chamada Montanha de Fruta. São necessárias duas mulheres famintas para
enfrentá-la.
— Parece bom.
Foi surreal. Elas se sentaram em lados opostos da mesa, madeira diya
azul esbranquiçada com talheres transparentes iridescentes, e uma pirâmide
de frutas multicoloridas unidas por açúcar dourado e polvilhada com neve
real com sabor cítrico foi colocada entre elas. Houve um ponto em que os
olhos de Mara encontraram os de Leia enquanto atacavam a sobremesa com
uma colher cada, e seria um momento congelado de horror na mente de
Mara para sempre: Leia sorriu, o olhar em seus olhos era pura compaixão, e
Mara sabia que ela não conseguia ver a verdade por trás dela. Ela se sentia
suja. Ela se odiava.
Você precisa saber que não há mais nada, absolutamente nada, que
você possa fazer para salvar Jacen.
Mara precisava confrontá-lo uma última vez. Se alguém pudesse detê-lo
no limite, no limite final, seria ela, porque ela tinha cruzado vindo da
direção oposta. Não achava que funcionaria, mas ela devia isso a Leia e
Han.
Estava planejando tirar Jacen deles, e eles já haviam perdido Anakin.
Havia um limite para a dor que uma família poderia suportar.
Capítulo Dezesseis

O governo de Bothawui está disposto a pagar vinte milhões de


créditos por mês pelos serviços exclusivos de uma frota de
ataque Mandaloriana com infantaria. Também estaríamos
muito interessados em adquirir um esquadrão de caças
Bes'uliik de ataque e estariam dispostos a pagar um prêmio
para ter direitos de compra exclusivos por esta nave.
— Oferta formal ao governo de Mandalore

LOBBY DO SENADO, CORUSCANT

— Aí está você, — disse Mara, emboscando Jacen enquanto ele saia do


turbo elevador. — Ainda bem que peguei você.
Ele registrou surpresa genuína, e isso lhe deu mais satisfação do que ele
jamais imaginaria. Não, ele não sentiu a presença dela quando isso
importava. Obrigada Ben. Belo truque.
— Oi, tia Mara. O que posso fazer para você? — Jacen tentou fazer
aquele ato de hesitação no local, com a linguagem corporal cuidadosamente
calculada que dizia que ele realmente queria ficar e conversar, mas o dever
o estava arrastando para longe. Que ator. Sabia atuar também, mas não era
hora pra isso. — Eu adoraria tomar uma bebida, — ele disse, — mas é tarde
e eu tenho um compromisso amanhã cedo. Podemos fixar um horário para
quando eu estiver livre? Digamos em alguns dias?
— Não vai demorar muito, Jacen. Precisa ser agora.
Agora era a vez dela assumir a coreografia, atrapalhando-o de forma
que, se ele quisesse passar, teria que dar um passo para o lado
deliberadamente e rejeitando. E Jacen não seria tão flagrante, não para ela.
Isso a deixaria desconfiada.
Tarde demais. Você já deixou, Jacen. Mas pelo bem de Leia, pelo bem
de Han, tenho que tentar isso.
— Tudo bem, — disse ele.
Havia algo profundamente perturbador sobre um usuário da Força,
sobre qualquer um, na verdade, que não transmitia a presença da Força. Era
como estar ao lado de alguém que não respirava e não tinha pulso, um
pouco perto da morte para o gosto de Mara. Também apertou todos aqueles
botões paranoicos e defensivos, como alguém sussurrando por trás da mão
na presença de outra pessoa. Dizia culpado, antinatural e secreto. Se os
Yuuzhan Vong tivessem sido as criaturas mais gentis e doces do universo,
Mara sabia que ainda assim desconfiaria deles porque eles não apareciam
na Força como estando vivos e presentes.
Guiou Jacen até uma alcova. Psicologicamente, ele pode ter se sentido
mais vulnerável ao ser confrontado com os seus atos no meio do saguão,
onde todos podiam ouvi-los e vê-los. Por outro lado, a alcova poderia fazê-
lo se sentir encurralado se ela o manobrasse para ficar de costas para a
parede. De qualquer maneira, ela conseguiria uma reação dele. Não poderia
superar os seus poderes da Força, mas os truques de carne e osso a
colocaram em um campo de jogo mais nivelado.
— Você não me engana, — ela disse. — Não mais, de qualquer
maneira.
Ele tentou seu sorriso confuso de garotinho.
— O que eu deveria ter feito?
— Lembra o que eu era?
— Você está me confundindo, tia Mara......
— Isso é sobre Lumiya. Isto é sobre Lumiya. Acaba aqui e agora. Você
se transformou em algo vil, e é inteligente demais para ser enganado por
ela. Além das trevas. Veja, eu estive dos dois lados, e eu sei.
— Bem, eu não entendo o que você quer dizer. Eu realmente não
entendo..
— Resposta errada. Vou lidar com Lumiya no devido tempo, mas sei o
que você tem feito, não compro as desculpas que os seus pobres pais dão
para você toda hora. Então, vou fazer um teste com você.
— Mara, você está bem? Você não está bem, está?
— Nem pense em tentar isso. Se você reconhece as coisas terríveis que
fez, e o que restou do filho de Leia ainda está funcionando, então venha
comigo agora mesmo ao Templo. Reuniremos todo o Conselho e
desprogramaremos você.
Jacen colocou as mãos nos bolsos e olhou para o chão. Ele ainda tinha
aquele sorriso bobo no rosto, mas estava desaparecendo um pouco ao redor
dos olhos.
— Mara, — disse ele, com uma suavidade exagerada que a fez querer
socá-lo. — Mara, acho que você está esquecendo que sou chefe de Estado
adjunto agora e não tenho tempo para esse desabafo emocional, porque o
que quer que Ben tenha dito a você...
Ele estava cavando mais fundo no poço. Realmente esperava que ele
recuasse, e sabia que era tão estúpida por ter esperança quanto por fechar os
olhos para a sua escuridão em primeiro lugar.
— Não há nenhum Ben nisso, Jacen. — Ela parou o seu dedo uma
fração antes de espetá-lo no peito. — Deixe Ben fora disso. Se você
respirar nele, eu vou esfolá-lo vivo, e isso não é um eufemismo. Última
chance. Largue esse lixo Sith agora ou aceite o que está por vir.
Pronto. Ela havia dito. Sith. O sorriso de Jacen desapareceu
completamente e ele parecia um completo estranho. Ela se lembrou de que
o Imperador tinha olhos amarelos; diziam que ele costumava ter um rosto
amável com olhos azuis normais, mas se os olhos de Jacen ficassem
amarelos, ele não poderia parecer mais alienígena para ela do que parecia
naquele momento. Não havia nada sobrenatural em sua ambição,
insensibilidade e arrogância.
— Boa noite, tia Mara, — disse ele, e se afastou.
Não o viu partir. Não precisava.
Isso é tudo culpa sua, garota. Você deveria ter ouvido o Luke. Ele nunca
foi enganado por todos aqueles sofismas, e você o impediu de lidar com
isso porque não poderia lidar com um adolescente como qualquer mãe faz.
O mínimo que você pode fazer é limpar esse esgoto você mesma.
— Certo, amigo, — ela disse, não se importando se alguns senadores
Bith estavam olhando para ela. — Certo.
Havia algumas coisas das quais não podia se afastar, mesmo que
destruíssem a sua família. Era melhor rasgar do que destruir, porque com o
tempo iria sarar.
Jacen ia morrer.

EDIFÍCIO DE APARTAMENTOS DE JACEN SOLO, CORUSCANT


Lumiya nunca teve nenhum problema em ganhar tempo, mas Jacen estava
ficando muito preso no tédio administrativo de seu novo brinquedo, a
Aliança Galáctica, para o seu conforto. E o seu instinto lhe dizia que a
Força estava ansiosa por mudanças.
Já era tarde, já passava da meia-noite, e ele ainda não tinha voltado.
Ele é carne. Há algo em ser totalmente de carne e osso que o distrai da
tarefa, e quanto mais carne você sacrifica, menos herdeiro de seus limites
você se torna. Mas eu não posso conseguir o que ele pode. O equilíbrio
perfeito: força impulsionada pela paixão, mas não limitada pelo
sentimentalismo.
Lumiya esperou do lado de fora do prédio de apartamentos de Jacen,
absorvendo a noite brilhante e sentindo a iminência de uma reviravolta
como o ar opressivo antes de uma violenta tempestade.
A sua ascensão a Lorde Sith tinha que acontecer muito em breve. O
ímpeto dos eventos e a facilidade com que eles se encaixaram apontavam
para o ritmo crescente do cumprimento das profecias da borla.
Ele vai eternizar o seu amor.
Lumiya não passava mais horas frustrantes contemplando o significado.
Isso aconteceria e ficaria claro.
Jacen não apareceu como esperava. Ele era difícil de localizar, um
esconderijo habitual na Força, então foi até o apartamento, contornou as
travas de segurança e sentou-se para esperá-lo. Era importante que ele se
concentrasse no lado espiritual de sua progressão e deixasse o aspecto
material para Niathal. Quando ele alcançasse o seu destino, ele poderia
retornar à arena militar com habilidades além das de Niathal e mudar o
curso da guerra.
Uma coisa de cada vez..
Quase esperava ver Ben Skywalker entrar pelas portas. Algumas de suas
roupas e pertences ainda estavam no apartamento, mas ele tinha ido
embora. Ele era muito mole para manter o curso, como sempre disse; se ele
precisava de um tempo para chorar e se recuperar toda vez que realizava
uma tarefa necessária e desagradável, ele provava que estava apto para ser o
sacrifício que Jacen faria, e muito perigosamente fraco para ser o seu
aprendiz. Um Lorde Sith só poderia funcionar com um aprendiz forte.
Como um bom governo, um Sith precisava de uma forte oposição para
mantê-lo afiado.
Eventualmente as portas se abriram e Jacen ficou no corredor, olhando
como se ele não quisesse encontrá-la lá. Ele tinha um pacote embrulhado
em papel debaixo do braço, e alguma perturbação se agarrava a ele como se
tivesse sofrido uma briga ou um acidente.
— Aconteceu alguma coisa? — ela perguntou.
— Oh, um desentendimento com Mara sobre... Ben. Me poupe de mães
superprotetoras.
— Bem, ela pode ter razão. Está chegando a hora.
— Você continua dizendo isso. — Jacen passou por ela e foi para o
quarto dele. Ela o ouviu abrindo portas e gavetas como se estivesse com
pressa. — Estou antecipando eventos como um louco e procurando sinais
em todos os lugares. E nada está acontecendo, a menos que você conte em
se livrar de Gejjen e Omas. Eu acho que é o clímax o suficiente para uma
semana, não é?
— Política mundana.
— Talvez. Olha, eu cobri muito terreno nessas últimas semanas e
agarrei todas as oportunidades que tive para forçar as coisas a se
concretizarem. A batida e a raspagem dos armários deram lugar ao farfalhar
do tecido, e quando Jacen saiu, ele estava carregando uma pequena bolsa.
— Quero um pouco de solidão para pensar. Fique de olho em Niathal
enquanto eu estiver fora.
Jacen não precisava de solidão. Ele era perfeitamente capaz de se fechar
ao mundo a qualquer momento que quisesse. O homem poderia meditar no
meio de um furacão. Ele não estava fugindo; ele estava indo em busca de
algo.
— Quanto tempo? — Lumiya perguntou, imediatamente pronto para
calcular a distância máxima que poderia percorrer no tempo disponível.
— Vinte e quatro horas, possivelmente quarenta e oito. Se eu ficar longe
por mais tempo, não acho que Niathal vai se comportar mal, mas acho que
o Senador G'Sil pode ter ideias. Aquele terceiro elemento onde só podem
existir dois, sabe?
— Entendo, — disse ela.
Jacen tinha feito isso antes. Ele desaparecia por curtos períodos, não
confiava em ninguém e voltava com uma sensação de melancolia sobre ele
e um pouco de sua energia escura diminuída. Lumiya atribuiu isso à
apreensão natural sobre o tamanho da tarefa que ele tinha pela frente, e ela
tolerou isso, mas ele não podia se dar ao luxo de fugir novamente neste
estágio crítico.
E se Jacen estivesse com problemas, ele nunca pediria ajuda.
Era para o seu próprio bem, assim como o da galáxia. Desta vez, era
importante para ela descobrir o que o estava afastando quando ele estava
prestes a fazer tudo acontecer. Seguiria no. Tinha que manter seu caminho
livre agora, e remover todas as distrações.
— Você terá acesso a HNE para onde está indo ou quer que eu o
informe quando voltar?
— Não quero ser contatado, — disse ele. — Se algo importante
acontecer, eu saberei. Apenas cuide das coisas.
As portas se fecharam por trás dele. Lumiya entrou no quarto para ver
se ele havia deixado o pacote que estava segurando debaixo do braço. Não
havia nada na cama, e quando parou para sentir as pequenas perturbações
que indicavam onde os objetos poderiam estar escondidos, não havia
vestígios de nada além de itens levados: apenas uma muda de roupa e as
pequenas necessidades dos homens. Jacen parecia gostar de sabonete
antisséptico simples, uma descoberta que achou tocante e engraçada; Jacen
estava se movendo cada vez mais perto da autonegação. Ele não precisava
ceder àquele desagradável hábito Jedi. Teria que ajudá-lo a ser um pouco
mais gentil consigo mesmo quando fizesse a sua transição.
O apartamento estava mais austero do que alguns meses antes. Cada vez
que vinha aqui, havia um conforto a menos e menos toques pessoais do que
da última vez. Agora não havia holo imagens de familiares e amigos à vista.
Ele nem mesmo os colocou em um armário para evitar os seus olhares
acusadores que perguntavam o que tinha acontecido com o bom e velho
Jacen.
Mas não era de todo um mau sinal. Talvez ele estivesse lavando o velho
Jacen e se preparando para aquele que ele se tornaria. Então, se ele
precisava fazer isso vestindo um pano de saco e escovando os dentes com
sal, tudo bem. Desligou as luzes, verificou se o apartamento estava seguro e
saiu do prédio pelas passarelas de Coruscant.
Deslizou pelo beco dos fundos e entrou no armazém abandonado onde
havia escondido a esfera de meditação Sith. Ben Skywalker tinha os seus
usos; até os insetos tinham um papel vital na ecologia. A nave entraria em
ação agora.
Lumiya pode não ter sido capaz de encontrar Jacen quando ele
desapareceu na Força, mas a antiga esfera vermelha de alguma forma
poderia. Podia sentir a sua curiosidade e até mesmo um pouco de excitação.
Queria ser útil novamente, servir. Expulsou a sua rampa de embarque sem
sequer ser solicitado.
Siga Jacen Solo, ela pensou, e o imaginou em sua mente para que a
esfera não fosse distraída por Ben. Parecia fascinada pelo garoto. Siga o
futuro Lorde Sith.
Ele ia ter sucesso.

FAZENDA BEVIIN-VASUR, MANDALORE

O solo vermelho e duro ficou sólido como argila de cerâmica e quebrou


com o primeiro golpe de sua pá vibratória. Fett olhou para um rendilhado
totalmente branco de ossos abaixo, realçado pelo sol forte.
— Por que você me deixou aqui, filho? — perguntou Jango Fett. Onde
ele estava? Não havia rosto, absolutamente nada. Mas a voz estava bem ali.
— Eu estive esperando.
— Onde você está, pai? Não consigo encontrar você.
— Eu esperei...
— Onde você está? — Fett gritava pelo pai, mas a sua voz era de
criança e as mãos que ele podia ver segurando a pá eram de um velho, com
veias e manchas. O pânico e o desespero quase o sufocaram. — Pai, não
consigo te ver. — Ele começou a remover a terra dura, e as partículas
arenosas se prenderam dolorosamente sob as suas unhas. Ele continuou
cavando, soluçando. — Onde você está?
Fett acordou sobressaltado. Seu coração batia forte; suor pinicava em
suas costas. Então desapareceu e estava olhando para o cronômetro na
parede oposta. Nas semanas desde que ele trouxe os restos mortais de seu
pai de volta para Mandalore, teve esse pesadelo com muita frequência.
Balançou as pernas para o lado da cama e testou o seu peso sobre elas,
esperando que a dor começasse a roer as juntas.
Não foi tão ruim. Na verdade, só se sentiu um pouco rígido na parte
inferior das costas, como se estivesse cavando. Talvez tivesse representado
aquele pesadelo.
Saltou sobre os calcanhares algumas vezes para ver o que acontecia.
Não houve dor. Nem sentiu aquele enjôo que era tão rotineiro, tinha
esquecido como era acordar sem ele.
Além da febre,sentia-se melhor do que em dias, meses, na verdade.
Estava vivo. Não acreditaria que estava limpo até que o médico nerf
voltasse com os resultados do teste, mas sabia que algo fundamental havia
mudado.
Então você não me envenenou, Jaing.
Foi tomar banho no banheiro, se é que uma torrente de água fria de uma
cisterna suspensa pode ser chamada assim, e se barbeou com uma antiga
lâmina fixa que cortou o seu queixo. Onde o ácido do Sarlacc não havia
deixado um tecido cicatricial liso e brilhante, ainda havia barba por fazer, e
hoje em dia a maior parte era de um branco puro e difícil de ver. Barbeava-
se duas vezes por dia de qualquer maneira. Esses eram os momentos
desprotegidos e nus em que se permitia pensar em Ailyn e outras coisas
dolorosas, porque precisava se olhar nos olhos e não era um mentiroso.
Mentir não era só ruim; era estúpido. Mentir para si mesmo era a coisa mais
estúpida de todas.
E agora que não estava tão preocupado com a própria morte, podia
pensar na morte dos outros. Haviam muitos negócios inacabados.
Começaria com Ailyn.
Ela era uma estranha quando abri aquele saco para cadáveres. Uma
mulher de meia-idade. Não era adorável como a sua mãe. Velha antes do
tempo, exausta, morta. E ainda o meu bebê, a minha garotinha. Eu não me
importo se você tentou me matar. Eu realmente não me importo.
Matar era o seu ofício. Não gostava e não temia. A única pessoa cuja
morte sabia que o faria se sentir bem e não só competente era Jacen Solo.
É melhor que você apodreça do que morra. Eu posso esperar. Obrigado
por me motivar a sobreviver.
Estou de volta.
Fett verificou o seu rosto no espelho em busca de barba perdida,
verificou novamente com a ponta dos dedos e baixou o capacete sobre a
cabeça. O mundo se tornou nítido e totalmente compreensível novamente
com todos os sentidos extras embutidos em sua armadura. Numa época em
que outros homens tinham problemas de visão e audição não confiável, Fett
podia ver através de paredes sólidas e escutar a quilômetros de distância.
Havia muito a ser dito sobre a tecnologia inteligente. Flexionou os dedos
nas manoplas, sentindo-se finalmente completo e protegido contra o mundo.
Sim, eu realmente estou de volta.
Subiu na speeder bike em Keldabe e bateu nas portas do consultório da
veterinária. Ela tinha seu nome em uma placa de duraço: HAYCA MEKKET.
Um homem se inclinou para fora da janela superior aberta, com os olhos
turvos, e olhou para Fett. Ele desapareceu novamente.
— Doçura, — ele berrou. — É o seu paciente especial.
A veterinária apareceu na janela.
— Acho que tenho que abrir mais cedo, especialmente pra você.
— Você não tem nenhuma sigla após o seu nome?
— Nerfs não sabem ler. Porque se importar?
— Conseguiu os meus resultados?
—É
— E?
— A degeneração celular parou. Mas o técnico de laboratório em Dawn
disse que não deveríamos procriar com você. De alguma forma, ela era
mais fácil de lidar do que Beluine. — Você sabia que aquela agulha era pra
banthas?
— Parecia que era.
— Você é um homem duro, Fett. Estou feliz que você não esteja morto.
— Quanto eu te devo?
— Uma colcha. Uma bonita, grossa e vermelha
Fett voltou a Slave I e se pôs a par das novidades. Murkhana e Roche
estavam indo para um confronto: era uma boa oportunidade para mostrar o
que um único Bes'uliik poderia fazer, se os Verpine quisessem invocar o
tratado.
Fierfek, Consegui de novo. Vou viver.
Se nada mais desse errado, teria mais trinta anos, talvez mais. A maioria
das pessoas teria ficado muito feliz com o indulto. Mas Fett descobriu que,
na verdade, estava feliz por ter chegado tão perto da morte novamente,
porque isso dava uma forma de aguçá-lo e fazê-lo pensar mais. Gostava do
risco; ele gostava de vencer as probabilidades.
Acho que devo contar a Mirta.
Agora sentiu que poderia perguntar a ela o que Ailyn havia lhe ensinado
ao longo dos anos para fazê-la odiá-lo tanto. O que realmente queria saber,
porém, era onde Ailyn aprendeu o seu ódio. A maioria dos filhos de
divórcios não perseguem uma rixa homicida por meia galáxia.
Mas poderia esperar mais ou menos uma hora enquanto tomava um caf
da manhã decente.
Ele iria aproveitar hoje. Ele ia viver.
Capítulo Dezessete

Acho interessante que a Taun We nunca tenha usado isso


contra Fett por atacar Kamino. Ou ele é o projeto inacabado
favorito dela, ou há algo mais que não sabemos.
— Jaing Skirata, refletindo sobre os motivos dos Kaminoanos

APARTAMENTO DE LON SHEVU, QUARTO DO PORTO,


CORUSCANT

— É muito gentil da sua parte me hospedar, senhor. — Ben tentou ocupar o


menor espaço possível no sofá do capitão Shevu. Não era apenas
constrangimento por invadir a privacidade de alguém; Ben se viu tentando
se esconder, não na Força, mas dela. Idealmente, ele teria ido para casa com
a mãe, mas isso significava que o pai também, e ele simplesmente não
conseguia enfrentá-lo ainda.
— Você não está realmente com medo do seu pai, está? — Shevu lhe
entregou um prato de baguetes recheados com conservas de frutas, o que
era uma combinação estranha, mas ele parecia deixar a comida adequada
para a namorada dele. — Ele parece um cara tão legal.
— Ele é, — disse Ben. — Mas você já pensou que os seus pais sabiam
tudo o que você estava pensando e tudo o que você fez de errado, só de
olhar para você?
— O tempo todo.
— Os pais Jedi realmente podem, bem, quase.
Shevu sobre Jacen apareceu em seu rosto agora que ele estava de folga.
— Acho que o Mestre Skywalker ficaria zangado com a pessoa que o
obrigou a fazer isso, não com você.
— Oh, ele está com raiva o suficiente de Jacen.
— Desculpe, Eu não deveria te colocar em uma situação desconfortável
sobre a sua família. Não é justo. Esqueça o que eu disse.
— Acho que fiz a coisa certa pelos motivos errados.
— Bem, é melhor do que fazer a coisa errada pelos motivos certos,
desculpa clássica, essa. Eu era um policial. Eu sei...
— Você quer ficar na GAG?
— Sinto falta da FSC, na verdade. Sinto falta de pegar criminosos de
verdade e mostrar aos turistas o caminho para a Rotunda. — Ele entrou na
cozinha, e houve uma batida e um barulho de pratos. Ele voltou com um
copo de suco e bebeu em dois goles. — Tem certeza que está tudo bem?
— Oh, sim. Olhe, sairei do seu caminho assim que puder.
— Sem pressa. Shula acha ótimo você lavar a louça.
A namorada de Shevu disse que ele era um 'garoto legal e educado'. Ben
pensou que fornecer um porto seguro pra ele valia a pena ajudá-lo com as
tarefas, no mínimo.
— Eu também posso secá-los com a Força.
Shevu riu e entregou a ele o controle remoto das luzes. Ben teve a
sensação de que Shevu ficava mais feliz de ficar de olho nele após o
assassinato porque não aprovava o hábito Jedi de deixar 'crianças' portarem
armas e lutar. No que lhe dizia respeito, Ben não deveria ter servido na
linha de frente antes dos dezoito anos. Ele era muito educado para dizer que
achava que os Jedi eram pais ruins.
Pobre mãe.
Ben dormiu. Teve alguns sonhos estranhos com Lekauf que o
acordaram, e a dor quando acordou adequadamente e a lembrança de que o
seu camarada estava morto era dolorosa. Ficou pensando sobre os pais de
Lekauf, e como eles estavam lidando com isso, e então pensou que
adormeceu novamente porque podia ouvir, não, podia sentir uma voz em
sua cabeça perguntando onde estava.
Sentou-se. Sabia que estava totalmente acordado, porque podia ver a luz
de controle do ambiente na parede, piscando em vermelho fraco a cada dez
segundos. Demorou um pouco para descobrir por que conhecia a voz, mas
não conseguiu identificá-la quando fechou os olhos novamente.
Era a nave Sith. Ele não sabia onde estava, mas estava chamando por
ele. Queria saber onde estava.
Esfera Sith, cor laranja, sem número de indicação, último proprietário
registrado conhecido: Lumiya. Ben decidiu tratá-la como um speeder
roubado, como Shevu faria. Eu devo isso a Jacen. Ele nunca teria feito
essas coisas sem Lumiya distorcendo a sua mente. Mostra que ele não é tão
inteligente quanto pensa que é.
Mamãe provavelmente tentaria dissuadi-lo. Mas eles chegaram a um
acordo agora que tinha que fazer as coisas do seu jeito, porque ela não
podia esperar mais nada dele, dado o seu pedigree.
Ben vestiu as roupas, deixou um bilhete rabiscado para Shevu e partiu
para o complexo da GAG para liberar um speeder de longo alcance não
identificado.
O bom de ser a polícia secreta é que, desde que você assine o
equipamento, ninguém pergunta o que você planeja fazer com ele. E era um
negócio legítimo da polícia pegar criminosos.
Foi só quando remexeu no bolso em busca de sua identidade que
percebeu que havia deixado a sua lâmina vibratória na casa de Shevu.
Esperava não precisar da sorte de sua mãe esta noite.

APARTAMENTO DOS SKYWALKERS, CORUSCANT

Luke estava dormindo quando Mara voltou, e ficou aliviada. Isso


economizou muitas perguntas embaraçosas. Espiou pelas portas, contou os
segundos entre os roncos ásperos e decidiu que ele estava inconsciente.
Bom.
Passou pela cama e escolheu as suas roupas de trabalho favoritas:
uniforme cinza escuro com muitos bolsos para guardar pequenas armas e
munição. Não tinha ideia de quanto tempo levaria para colocar Jacen no
chão, então optou por fazer as malas para uma missão, tanto quanto pudesse
enfiar em sua mochila.
Eu tenho que ficar na cola dele agora. Tenho que atacar quando puder.
Podia rastrear Lumiya, e ele ainda estava em contato com ela. Se ela
andasse por perto de Lumiya, então ela eventualmente conseguiria Jacen
onde ela o queria, longe da maneira gentil e constitucional de fazer as
coisas em Coruscant. Jacen disse que tinha um compromisso também, e
embora pudesse ter sido outra de suas mentiras, as chances eram de que ele
iria querer dizer a Lumiya que Mara estava atrás deles.
Vou poupar-lhe o problema.
Fez um esforço consciente para não ver o rosto de Leia em sua mente e,
de alguma forma, apagou o pobre Han disso tudo. Não que os sentimentos
dos pais não importassem, mas tinha uma ideia melhor da dor que Leia
passaria; por mais velhas que fossem as crianças, a lembrança delas como
recém-nascidas nunca se apagam.
Pode ser verdade para os pais também. Mas Mara só sabia o que uma
mãe sentia, e isso já era ruim o suficiente.
Verificou o seu datapad para o rastreamento do transmissor. Ben
mostrava que ele ainda estava na casa de Shevu, então ele era um fator com
o qual não precisava se preocupar. O transmissor de Lumiya indicou que ela
estava indo pelo nodo Perlemiano perto de Coruscant. Se Jacen não
estivesse com ela, Mara pensou, ela poderia muito bem conseguir uma pista
para um de seus esconderijos; no ramo de assassinatos, cada pedacinho de
dados sobre os hábitos e movimentos de um alvo era valioso. Valeria a pena
a viagem, e o técnico da base estava acostumado com os Jedi reservando
tempo de voo em StealthXs. Ela não precisou preencher nenhum formulário
dizendo que a sua missão era matar o chefe de Estado adjunto.
Mara fechou as portas internas para evitar que a luz do corredor
acordasse Luke e parou na entrada do apartamento. Certo, vou arriscar. Se
ele acordar, porém... será outra discussão.
Largou a mochila e voltou para o quarto na ponta dos pés, inclinou-se
sobre Luke, ainda roncando como uma motosserra, e beijou testa dele o
mais levemente que pôde. Ele grunhiu.
— Desculpe, eu nunca vi isso, — ela murmurou para ele. — Mas antes
tarde do que nunca.
Luke grunhiu novamente, e as suas pálpebras se mexeram. Mara
ponderou se deveria tocar a sua mente com a Força e tentar fazê-lo sorrir
enquanto dormia, mas decidiu que estava abusando da sorte, e Jacen
provavelmente já estava à sua frente. Lumiya, com certeza, também estava.
Mara parou nas portas e deixou um bilhete de flimsi colado nelas.
Fui caçar por alguns dias. Não fique bravo comigo, fazendeiro...
Não havia necessidade de dizer quem era a presa. Teria bastante
dificuldade em explicar quando voltasse.

ESFERA DE MEDITAÇÃO SITH, ROTA DE COMÉRCIO


PERLEMIANA
— Silêncio, — disse Lumiya em voz alta. — Eu não tenho ideia se ele pode
te ouvir.
A esfera de meditação desenvolveu um hábito irritante de fazer
perguntas. Queria saber por que haviam tão poucos. Lumiya não sabia por
onde começar com uma pergunta tão vaga. A nave estava enterrada em
Ziost há mais tempo do que gostaria de lembrar, ela lhe disse, e agora
estava curiosa para saber para onde todos os sombrios foram.
— É uma longa história, — disse Lumiya. — Faz muito tempo que não
estamos em ascensão. Jacen Solo vai mudar tudo isso.
E quanto aos outros?
— Ah, Alema?
Ela vem e vai, quebrada, mas às vezes muito feliz.
Era uma boa descrição dos humores quase bipolares de Alema, obsessão
amarga e assassina pontuada por picos de... obsessão triunfante e assassina.
A esfera estava muito sintonizada com os sentimentos, ao que parecia.
Talvez pudesse sentir a escuridão em qualquer lugar, como um farol, para
que pudesse ir em auxílio de Sith em dificuldade.
— Eu disse a ela para seguir Jacen, mas eu deveria saber melhor do que
confiar em um caso psiquiátrico. Mas quem mais está lá? Além de mim,
quero dizer.
Muitas pequenas trevas. Os dois com a minha chama.
Lumiya repetiu para si mesma. Chama.
— Ahh... cabelo ruivo? Mara Jade Skywalker. Ela era a Mão do
Imperador, uma agente do lado sombrio, assim como eu. O garoto é filho
dela.
Vocês, escuridões, nunca deveriam lutar. Tão poucos de vocês. Eu a fiz
parar de lutar.
— Você certamente a fez. — Era fascinante que a nave ainda pudesse
sentir o lado sombrio de Mara, mesmo que ela tivesse abandonado as suas
raízes. Mas prová-lo em Ben também... pode estar em seus genes, ou talvez
a nave estivesse reagindo à sua nova carreira como assassino do estado. Tal
mãe, tal filho; Lumiya quase pensou que havia descartado Ben cedo demais.
— Você sente os escuros perto?
A quebrada está procurando o futuro Lorde.
— Se ela parecer que vai interferir, remova-a, escura ou não. — Lumiya
disse a Alema para rastrear Jacen, mas agora não era o melhor momento
para Alema interferir. — Jacen Solo é a nossa prioridade.
A nave ficou quieta. Era impossível obter uma noção precisa da
velocidade em uma nave sem instrumentos no hiperespaço, mas podia
medir a duração da jornada em seu cronômetro, e a nave podia dizer onde
estava a sua localização equivalente no espaço real.
Passado Arkania. Passado Chazwa.
Onde Jacen estava indo? Não era para Ziost, a menos que ele estivesse
seguindo uma rota extraordinária. Ele estaria esbarrando no setor Roche, se
saísse do hiperespaço, e por um momento se perguntou se ele estava
simplesmente em pânico com a possibilidade do acordo de armas Roche e
Mandalorianas virar a guerra a favor da Confederação e ir para os Verpine.
para minar o pacto: mas esse era um trabalho rotineiro para lacaios, para
seus almirantes e agentes, e ficaria aborrecida se ele estivesse
desperdiçando as suas energias nisso.
Ele deixa o hiperespaço, a nave disse finalmente.
— Onde ele está?
Consórcio de Hapes.
— Siga-o.
Talvez ele fosse recrutar a ajuda da rainha-mãe. Os Verpine pareciam
estar incomodando; isso significava que Lumiya não tinha ouvido a história
completa sobre o negócio de armas.
— Isso está abaixo de você, Jacen. — Ela suspirou. — Prioridades.
Você realmente não pode delegar, pode? Isso é uma coisa que o seu avô
poderia fazer.
Jacen estava indo para o próprio Hapes. Lumiya encorajou a esfera Sith
a deixar mais distância entre eles, imaginando uma corda que se estende até
a espessura de um fio de cabelo. Eventualmente, Jacen alcançou o limite da
área de segurança dos Hapans e deslizou por ela.
Ele pousa. Ele tem um código de entrada.
Lumiya debateu se deveria usar o código para segui-lo mais de perto,
então decidiu contra isso. Não sabia se isso atrairia atenção.
— Mantenha a posição até que ele saia.
Decidiu ficar de fora e esperava não estar julgando mal a situação e que
Niathal e G'Sil não estivessem declarando a Gloriosa Terceira República ou
algo do tipo. O problema com as pessoinhas era que muitas vezes deixavam
pouco na Força para sentir a essa distância, e os cidadãos de Coruscant
eram tão passivos e complacentes que não haveria grande perturbação para
detectar, mesmo que Niathal declarasse a lei marcial na ausência de Jacen.
Não era nada que não pudesse ser corrigido em seu retorno, mas teria que
explicar por que estava brincando, como Ben poderia chamar, e Jacen se
tornaria petulante e não cooperaria.
Jacen é como um adolescente mal-humorado no momento. Quando ele
fizer a transição para o Lorde Sith, ele se estabelecerá rapidamente.
E não seria mais útil pra ele depois que encontrasse um substituto para
Ben Skywalker. Lumiya aceitava que os seus dias estavam contados.
Perdeu-se em meditação, imaginando quem poderia ser o aprendiz de
Jacen, quando uma explosão de sentimento a sacudiu como se tivesse sido
agarrada pelos ombros e beijada por um completo estranho. A esfera Sith
também reagiu, uma grande excitação crescente que parecia saltar entre ela
e as anteparas da nave.
— O que está acontecendo? Nave? O que foi?
Mas já sabia: era Jacen, escapando de seu estado da Força
permanentemente reprimido e permitindo-se emoções intensas e
avassaladoras pela primeira vez em anos. A imagem que a nave lançou na
mente de Lumiya foi a de engolir um copo de água gelada depois de
semanas em um deserto ardente. A sensação foi intensa o suficiente para
levar Lumiya a ponto de ofegar.
Ele tem amor, disse a nave. Ele tem amores lá.
Então Jacen Solo tinha uma amante.
Garoto estúpido.
Ele poderia ter tido qualquer número de amantes, depois que ele
alcançasse todo o seu poder. A paixão era boa, o apego podia aumentar a
força, mas correr pela galáxia para um encontro secreto cheirava à rendição
total de um adolescente à crise hormonal.
Jacen, você tem trinta e um, trinta e dois, e um homem adulto não
precisa se esgueirar anos-luz para um pouco de romance, nem mesmo um
na sua posição.
A menos que...
Lumiya podia pensar como Jacen agora, mesmo que o seu lado humano
mais vulnerável a pegasse desprevenida.
Hapes. Este era Hapes. E envolvia algo que ele mantinha em segredo
até dela.
A sua amante fazia parte da Corte Real, então, o epicentro da paranoia
quando se tratava de alianças de qualquer tipo, porque a indiscrição muitas
vezes significava uma faca entre as costelas ou uma pitada de veneno no
vinho. Isso explicaria uma corrida secreta pelo hiperespaço em intervalos
esporádicos.
E a Rainha Mãe Tenel Ka foi uma Jedi de quem Jacen era próximo há
anos. Era uma conjectura, mas Jacen não se relacionaria com uma
empregada do palácio. Ele estava consciente de sua elevada posição na
vida; ele seria atraído por uma rainha Jedi.
Lumiya arriscou procurar a Força mais de perto para tentar ter uma
impressão de exatamente onde ele estava. A esfera dizia que ele estava no
próprio palácio e, embora a onda de emoção que explodiu tivesse
diminuído, ainda era poderosa o suficiente para se concentrar. Excluiu todo
o resto, até mesmo a sua obsessão constante, o destino de Jacen, e só abriu a
sua mente para as impressões mais básicas. A sua presença na Força pode
ser forte o suficiente para abafar todos os outros ao seu redor. Agora que
pensava que não era visto nem detectado, a sua presença era tão
ensurdecedora quanto um grito.
Lumiya não conseguia nem sentir a nave ao seu redor.
A sensação em que estava envolvida agora não era gosto, visão ou som,
mas... toque.
Havia algo macio, sedoso e peludo em suas mãos, as mãos de Jacen, e
cedeu quando ele fechou os dedos. Não significava nada para ela, e então...
então ela entendeu.
— Nave, você disse amores.
Dois, disse a nave. Sim, dois.
A nave podia detectar usuários da Força, e parecia que havia mais duas
em Hapes, mais duas cuja ligação com Jacen Solo tinham que ser mantidas
em segredo a qualquer custo, e que teriam um Jacen emocionalmente
sobrecarregado segurando algo macio e coberto de pelo sedoso....
Um brinquedo. Um brinquedo macio. Jacen voltou para o apartamento
com um pacote simples apertado debaixo do braço e saiu com ele. Ele
comprou um brinquedo fofinho para uma criança que amava com todo o
seu ser.
Lumiya se livrou da conexão e conseguiu parar antes de bater com os
punhos no convés vermelho da esfera em pura frustração. A nave pode ter
tomado o caminho errado.
Oh, Jacen, você teve uma filha com Tenel Ka.
Lumiya agora entendia o seu medo e desespero. Pensou em todas as
conversas que teve com ele sobre imortalizar o seu amor, e de repente
percebeu quem estava em sua mente quando ele parecia tão torturado e
desesperado enquanto explicava que ele tinha que destruir o que mais
amava.
Isso explicava tudo. Lumiya nunca pensou que poderia sentir pena de
alguém novamente o suficiente para chorar, mas ela encontrou sua visão
embaçada por lágrimas que ameaçavam escorrer por seu rosto.
Acomodou-se numa longa espera em estado de silêncio mental, sem
querer sequer ocupar-se em conhecer este extraordinária nave. Ela
precisaria estar lá para Jacen depois disso. Parecia insultuosamente banal
matar o tempo enquanto ele estava prestes a fazer um sacrifício que quase
nenhum ser mundano, ou Jedi, entenderia ou perdoaria.
Sim, era um preço muito alto.
Capítulo Dezoito

O governo de Roche deu a Murkhana vinte e quatro horas para


interromper a produção de sistemas de comando de armas que
supostamente violam as patentes ou vão enfrentar o que
descreve como 'execução imediata'. O chefe de gabinete da
AG, Niathal, esta noite alertou a Roche contra uma ação
militar e disse que os combatentes da AG estariam patrulhando
o sistema em um papel de manutenção da paz.
— Atualização de notícias do HNE

HAPES

Mara saiu do hiperespaço ainda montando cenários para explicar por que
Lumiya havia seguido apressadamente pela Perlemiana em direção ao
Consórcio de Hapes logo após um StealthX da GAG ser retirado do hangar
da Frota da AG pelo Coronel Jacen Solo.
Não havia nem sinal do StealthX. Se Jacen não estava se tornando
detectável na Força, Mara não poderia localizar o caça furtivo melhor do
que um inimigo. Mas as ideias estavam se formando em sua mente.
Ou Lumiya estava criando mais problemas para quebrar a Aliança, caso
em que Hapes foi uma jornada perdida, ou ela estava encontrando alguém
aqui como Alema, desculpe, Jaina, tentarei trazê-la de volta viva para
você, mas sem promessas, não nesse estado de espírito, ou... estava
perseguindo Jacen.
Ou... talvez ela tivesse encontrado o transmissor e tivesse voltado a
brincar de pega-pega.
Mara achou estranho que a nave não tenha expelido o pequeno
dispositivo, considerando que era inteligente o suficiente para lançar uma
linha em volta do pescoço dela para salvar o traseiro de lata de Lumiya.
Também poderia ter me matado facilmente. Mas isso não aconteceu.
Mara não gostava de raciocinar no vazio. Não confiava completamente
nas coisas mais loucas que passavam por sua mente ultimamente. Mas
talvez a nave ainda a visse como uma seguidora do lado sombrio. Seria algo
acadêmico em breve, mas o pensamento de que ainda poderia ter esse toque
de escuridão provocava emoções mistas.
Sim, vou matar o filho da minha cunhada. Na escala sombria de dez, é
um doze.
Agora que a sua raiva havia diminuído, estava começando a se
perguntar o que estava fazendo aqui. Os Hapans também se perguntariam
isso se conseguissem detectar um StealthX pairando em seu sistema sem
avisar. O transmissor de Lumiya mostrou que a sua nave estava parada em
um aglomerado de asteroides, mas não estava aparecendo nas varreduras.
O que estava esperando?
Mara fez uma verificação discreta em seus instrumentos. Se fosse ativa
em sensores, revelaria a sua posição, então tinha que ser apenas um caso de
detecção passiva.
Estava observando, ou esperando, e como os Hapans não tinham um
interesse doentio na esfera era uma incógnita, mas Lumiya tinha um talento
para a evasão.
Siga os créditos. Mas neste caso, siga a Sith.
Mara desligou todos os sistemas que pôde dispensar e esperou. A
tentação de lançar uma série de torpedos de prótons exigiu alguma
resistência, mas até Mara descobrir o que Lumiya estava esperando, os Sith
suspenderam a execução.
Tinha que ser Jacen que Lumiya tinha seguido, embora como conseguiu
que Mara ainda não tivesse certeza. Talvez Tenel Ka o tivesse convocado,
para interceder e fazer com que entregasse aquele mandado estúpido contra
pais dele. Isso não explicava a escolta de Lumiya, ou por que ela o seguiu
por dezoito horas inteiras.
Estava bem na cara de Mara, fosse o que fosse. Sabia disso. Estava
perdendo uma peça novamente. Mas tudo o que precisava era localizar
Jacen, não elaborar o seu plano de pensão.
Eu poderia apenas comunicar Tenel Ka e perguntar...
Por mais que os Hapans controlassem o acesso ao seu espaço, uma parte
de tecnologia furtiva de treze metros à deriva entre os planetas era apenas
uma partícula de poeira. Mara estava efetivamente escondida, assim como
Jacen. Se ele estivesse na superfície, poderia, apenas poderia, detectá-lo
quando ele saísse por um momento, mas isso significava ficar ativa e atrair
a atenção.
Pense. Pense.
Podia esperar até que ele entrasse novamente na Rota Comercial
Perlemiana, mas isso supunha que ele estava voltando para Coruscant por
onde veio. Também não tenho oxigênio infinito... Havia uma solução fácil,
mas estragaria o seu disfarce.
Uma hora depois, estava pronta para usá-lo. Abriu o comunicador
seguro e se preparou para um pouco de engenharia social.
— Frota de Operações Hapan, aqui é StealthX Cinco-Alfa da AG
solicitando assistência. — Isso causaria um abalo, mas tinha que ser feito.
— Cinco-Alfa, aqui é Frota de Operações Hapan. Não gostamos de
surpresas, mesmo de aliados.
Ops. Este era um país paranoico.
— Desculpe, Frota. Eu gostaria de ficar fora do mapa, mas você pode
confirmar que o Chefe de Estado Solo está ileso e que a sua nave não está
danificada?
Houve um breve silêncio. Conhecendo o Frota de Operações Hapan,
eles a estavam verificando para ter certeza de que era uma piloto da AG e
que o seu transmissor, agora gentilmente ativo, correspondia à lista de
códigos de segurança.
— Confirmado, Cinco-Alfa. A sua nave pousou no complexo do
Palácio da Fonte sem incidentes. Devemos estar cientes de quaisquer
problemas especiais de segurança?
Ahh... definitivamente visitando Tenel Ka, então. Provavelmente se
explicando: Acredite em mim, Alteza Real, não tive escolha, tive que depor
Omas...
— Frota, ele não sabe que nos preocupamos com a segurança dele e que
o protegemos durante o transporte. Ele acha que pode lidar com isso
sozinho. A discrição de sua parte garantiria que ele não tentasse me abalar.
Detectei uma nave seguindo-o, mas a perdi em seu espaço. Origem
desconhecida, esfera vermelha de dez metros com tela frontal ocular
distinta e mastros e palhetas cruciformes.
Os monitores de alerta de Mara estavam acendendo: agora que os
Hapans tinham uma correção em sua transmissão, eles estavam verificando
o StealthX com sensores enquanto tinham chance. Poderia tê-los bloqueado,
mas deixou que sondassem para mantê-los felizes.
— Entendido, Cinco-Alfa. Avisaremos você quando ele fizer uma
jogada. Se detectarmos a esfera, você quer que a detenhamos ou
neutralizemos?
— Seu espaço, — disse ela. Tenha isso com os meus melhores votos,
Lumiya. — Não tenho ordens para deter. Sinta-se à vontade para neutralizar.
— Entendido, Cinco-Alfa. A menos que você nos mostre enquanto isso,
não enviaremos um sinal para você até que o Chefe de Estado decole.
Eles eram pessoas tão legais e prestativas, os Hapans, mesmo que
fossem paranoicos. E eles entendiam de tramas, assassinos e mantinham as
suas bocas fechadas. Mara fechou todos os não críticos e meditou na
escuridão, maravilhando-se novamente com o quão vívidas e
primorosamente belas as paisagens estelares eram sem o filtro transparente
de uma atmosfera.
Permitiu-se uma rápida olhada em seu datapad para se assegurar de que
havia uma coisa com a qual não precisava se preocupar.
O transmissor de Ben disse que ele ainda estava seguro em Coruscant.

TRANSPORTE DA GAG, ESPAÇO DE TAANAB

Ben havia aprendido muito com os seus camaradas da GAG sobre como
seguir suspeitos discretamente, e um truque básico era ultrapassar uma
saída e voltar atrás. Saiu do hiperespaço e voltou de Coreward para Taanab,
mas não para Hapes, embora tivesse certeza de que a esfera Sith estava lá.
Podia senti-la, mas não podia detectá-la convencionalmente; poderia ter
falado com ele, mas permaneceu fechado na Força para evitar a atenção de
Lumiya. Tentou descobrir por que ela estava interessada em Hapes, e
falhou, mas não havia nada de Jacen que ele pudesse sentir, apenas um traço
de sua própria mãe. Quanto mais perto ele se aventurava do espaço Hapan,
mais poderosa a presença dela se tornava.
Não me diga que nós dois estamos seguindo Lumiya.
Teria algumas explicações a dar. Mas não importava: ficaria feliz em
ficar de castigo por um ano e até mesmo enviado para Ossus, desde que
pudesse ficar de olho em sua mãe agora. Traçou um curso para o corredor
de carga e desceu no espaço real novamente, fundindo-se com os comboios
de transportes e depois com um grupo de transportadores de minério.
Executar um giro também serviu a outro propósito: quase como ouvir a
fonte de um som, Ben fez um mapa mental da voz silenciosa da esfera Sith
e teve uma boa noção de onde ela estava no espaço físico. Era perto do
próprio Hapes.
E, sentia agora, a sua mãe também. Ela tinha encontrado Lumiya, então.
Ela o havia superado e chegado ao alvo primeiro.
Ben saboreou uma breve fantasia de esvaziar o canhão da nave na
esfera, sentiu uma pena estranha de destruir a nave só para acabar com
Lumiya e se perguntou se todos os garotos passavam por um estágio de se
sentirem agressivamente protetores com as suas mães. Talvez isso tenha
acontecido com a dificuldade de lidar com os pais enquanto crescia. Era
aquela coisa de macho alfa.
Pare com isso. Quantos caras da sua idade, ou de qualquer idade,
precisam se preocupar com o ataque de sua família por Sith e Jedi
Sombrios insanos? Esta não é a vida normal. As regras são diferentes.
Ben chegou tão perto da esfera Sith quanto ousou. Tanto quanto poderia
dizer, estava mantendo a sua posição, mas quando se movesse, iria para
matar. Então a sua mãe saberia que estava lá se ele se tornasse detectável na
Força ou não, porque o transporte espacial da GAG era tão furtivo quanto
um tijolo.
Se pudesse evitar matar a nave Sith, o faria. Por alguma razão, isso o
incomodava mais do que matar um ser humano real, o que já havia feito
muitas vezes.

PALÁCIO DA FONTE, HAPES

Jacen disse adeus a Allana, achando doloroso não poder chamá-la de sua
garotinha.
— Pelo bonito, — ela disse. Ela se recusou a se separar do tauntaun de
pelúcia e o abraçou com os dois braços. — Qual o nome dele?
Jacen se agachou ao nível dela. Ela era sensível à Força e inteligente,
mas se ela percebeu quem realmente era, ela era muito bem treinada em
sobrevivência para contar. Gostava de pensar que era um conhecimento que
ambos compartilhavam, e que ela entendia por que não podia ser o papai,
ainda não, pelo menos. Era um pensamento preocupante para uma
garotinha.
— Como você quer chamá-lo?
— Jacen.
— Isso é adorável. Por que Jacen, querida?
— Então, quando você não vier nos ver, posso falar com ele.
As entranhas de um pai foram feitas para serem retorcidas. Jacen
chegou ao ponto de querer apenas virar e fugir quando se despediu dela e de
Tenel Ka, para evitar aquela despedida hesitante, um passo de cada vez,
olhando para trás repetidamente e pensando: E se esta fosse a última vez
que eu as visse? Realmente pensou nisso. Era mórbido, mas era uma
medida de quão importantes elas eram para ele que testava o quão
devastado se sentiria sem elas. Pelo menos, como Chefe de Estado, tinha
uma razão muito melhor para ter um contato mais frequente com uma
monarca aliada.
E passou por esta visita sem que o seu destino explodisse e criasse um
momento que lhe dissesse que tinha que matá-las. Ouviu aquele sussurro do
destino, temendo-o, mas havia só silêncio.
Só teria lhe causado dor, nada mais. Os modos Sith eram lógicos; nunca
inutilmente cruéis. Qualquer sacrifício que ainda tivesse que fazer, teria um
significado produtivo, por mais difícil que fosse.
Jacen, o tauntaun, que estava lá para Allana quando não estava por
perto, sempre doía um pouco, no entanto.
Tenel Ka caminhou com ele em silêncio até o StealthX no complexo.
— Você não está feliz com Omas, está? — ele disse.
Ela inclinou a cabeça graciosamente, aquela que ela deve ter aprendido
para disfarçar a sua reação real quando estava sendo entediada por
convidados em uma recepção diplomática.
— É muito diferente ser o foco do governo depois de ter desfrutado das
relativas liberdades de ser um subordinado, — disse ela. — Espero que não
seja um erro para você.
— Eu sempre posso direcionar a atenção para Niathal.
— Certifique-se de que ambos tenham ambições diferentes. É muito
mais seguro do que ambos querendo a mesma coisa.
— Isso soa como o tipo de conselho pelo qual eu deveria acordar
suando de madrugada.
— Acho que a frase é solitário no topo, Jacen Solo. — Ela indicou o
blaster, o sabre de luz, a lâmina vibratória e os dardos tóxicos no cinto em
volta da cintura dele. — Vejo que você está se acostumando com o nível de
desconfiança Hapan...
— Como você diz, é solitário.
Desta vez, ele não olhou para trás. Agora que o seu breve intervalo tinha
acabado, a memória fresca de Mara o criticando, se havia lidado com isso
da maneira certa, se ela tinha informações suficientes para destruir tudo
pelo que ele estava trabalhando?, voltou inundando a sua mente junto com o
rosto de Ben.
Eu quero acabar com isso. Eu posso lidar com isso. Eu simplesmente
não suporto não saber onde, quando e como.
O StealthX levantou voo e Hapes se transformou em uma suntuosa
colcha de retalhos de jardins e canais novamente. Tinha uma boa ideia
agora do que enfrentaria quando Ben se fosse: Mara, um animal roubado de
seus filhotes com toda a raiva primitiva ferida que o acompanhava, e Luke,
ele não fazia ideia de como Luke reagiria, só que um homem que poderia
derrubar o Império, e cujo sangue era mais próximo do de Vader do que do
seu, não ficaria paralisado pela dor.
Jacen estava agora com mais medo dos Skywalkers descobrindo o
parentesco de Allana do que dos nobres Hapan. Provavelmente poderia
protegê-la dos Hapans se fosse necessário, mas seria muito mais difícil
protegê-la da vingança de Luke ou Mara. Allana era o seu ponto fraco.
Mas ninguém sabia, e continuaria assim até que ele tivesse certeza de
ter eliminado todas as ameaças que ela poderia enfrentar. Não estava se
arriscando. Iria criar dois dos inimigos mais letais que qualquer ser poderia
ter.
— Frota de Operações Hapan para StealthX Um-Um, retorno seguro, —
disse a voz no comunicador. Eles nunca haviam dito isso antes: ser Chefe
de Estado obviamente havia aumentado o seu status de ansiedade para
vermelho triplo ou algo assim. Mas estava perfeitamente seguro aqui. Ainda
estava visível na Força, ainda com sentimentos agridoces aquecidos e, por
um tempo, não se importou.
Enquanto Jacen acelerava em direção ao ponto de hiper salto, poderia
jurar que uma nave estava perto dele. Sentiu algo na Força por um
momento, mas se foi novamente. Checou os seus instrumentos: nada. Se
Consórcio de Hapes não fosse um labirinto de perigos, teria pulado no
momento em que passou pela atmosfera superior do planeta.
Deve ser algo na água Hapan. Você nunca esteve tão nervoso.
Mas havia algo lá fora, e embora odiasse a imprecisão da frase algo
obscuro, era o melhor que podia fazer: algo hostil que estava se esforçando
para não ser. Esperava que fosse Hapan, e que eles estivessem apenas
tentando em vão localizá-lo fora de seu espaço. Deveria ter sido capaz de
sentir isso claramente, porém, era uma embarcação comum pilotada por
pessoas comuns.
Isso não era comum. Planejou o pior.
Se inclinasse o StealthX para a direita e desligasse a tela de alerta,
poderia ver uma visão traseira panorâmica refletida na tela de visualização.
Às vezes precisava ver com os olhos para ter certeza. Desligou a exibição e
mudou seu foco, e por um momento tudo o que viu foi um vazio aveludado.
Então as estrelas se apagaram.
— Lumiya?
Silêncio.
Ela poderia se esconder na Força também. Ela pensou que estava
deixando a sua concentração vagar. Ela provavelmente não resistiu em
descobrir para onde estava indo.
Se ela o seguiu até aqui, então ela sabia sobre Tenel Ka. Ela a usaria.
— Está tudo bem, Lumiya, eu sei que é você.
Mas ainda não houve resposta. Isso não era típico dela.
— Lumiya, não posso deixar você viver agora, você percebe isso?
Por um momento, mesmo nessa crise, ele se viu comparando a morte
dela com a sua profecia. Afinal, era Lumiya? Ela era o sacrifício? O que
poderia haver sobre a morte dela que mataria algo que amava?
— Lumiya, última chance...
Então um raio branco abrasador inundou a sua cabine e o cegou por um
segundo; ele rolou instintivamente para quebrar, de repente ciente de que
era uma luz de pouso tão perto de sua cauda que a embarcação quase
colidiu com ele. Como os sensores de proximidade erraram? Como ele
perdeu isso?
Seus sentidos da Força foram inundados instantaneamente com a raiva
gelada de outra pessoa. O comunicador estalou.
— Fim do jogo, Lumiya, — ele disse, mirando o seu canhão traseiro.
— Pode apostar que sim, — disse Mara.
Capítulo Dezenove

Ela desconectou o Cinco-Alfa às 00:36h, senhor, e não


apresentou um plano de voo.
Técnico de StealthX da AG, Coruscant, para Luke Skywalker

CONSÓRCIO HAPES

Jacen não podia atirar.


Não foi por causa de Mara, porque o seu primeiro instinto foi travar e
apertar o botão, mas ela estava tão perto que a detonação o teria levado com
ela. Os StealthXs sacrificavam a blindagem para negadores de sensor. Era
apenas em momentos como este, momentos que nunca deveriam ter
acontecido, nunca teriam acontecido, que era um problema.
Virou para a esquerda e ela o acompanhou, e para a direita e para a
esquerda, e ainda assim ela estava tão perto de sua cauda que se preparou
para o impacto por reflexo, com os braços travados no manche.
Não havia vantagem: a mesma nave estelar. Sem vantagem: ela era uma
piloto tão boa quanto ele. Sem refúgio: estavam no espaço aberto. Era uma
questão de quem odiava o outro mais intensamente e quem estava mais
disposto a morrer para eliminar o outro.
Tudo o que Jacen conseguia pensar era que agora era Mara quem o
seguira até aqui e sabia sobre Tenel Ka. As suas ameaças sobre Ben
pareciam irrelevantes. Tinha um problema totalmente novo.
O seu comunicador estalou novamente. Preparou-se para uma corrente
de ácido de sua tia. Mas era a voz de outra pessoa.
— Eu a tenho, Jacen.
Lumiya. Salvadora, talvez, mas ela também não deveria estar aqui.
Então Lumiya e Mara provavelmente sabiam sobre Tenel Ka e Allana; e
Lumiya certamente sabia que não poderia deixar nenhuma das mulheres
viver com esse conhecimento. Agora tinha duas assassinas em seu encalço e
não podia confiar em nenhuma delas para não matá-lo ou traí-lo.
Canhões de laser dispararam a bombordo e sentiu o impacto na
fuselagem, mas ainda estava inteiro. Sentiu cheiro de fumaça. Uma luz
branca brilhante encheu a cabine. Lumiya, se ela estava mirando em Mara,
se ela não estava tentando matá-lo em algum teste Sith bizarro, tinha o
mesmo problema: Mara estava voando tão perto que qualquer explosão o
colocaria em seu raio de explosão ou enviaria os seus detritos perfurando os
seus escudos a esta distância.
Jacen fez o que tinha feito muitas vezes: simplesmente desceu girando
em noventa graus. Precisava colocar um segundo de espaço entre eles, e
também precisava voltar até ela com uma vantagem.
Mara poderia ter enviado uma mensagem para Luke agora, revelando
tudo. Ela queria dano máximo. O seu segredo era um míssil tão bom para
ser usado contra ele quanto qualquer munição.
Enquanto saía do giro, Jacen olhou pra cima através do dossel,
desesperado por qualquer reflexo ou sugestão de movimento. Os StealthXs
nunca foram projetados para lutar entre si. A quase total falta de
rastreamento do sensor tornou o rastreamento de Mara impossível. Era por
isso que ela também estava tão perto de seu encalço. Eles não podiam
detectar uns aos outros de forma confiável, exceto através da Força, ou
avistando silhuetas contra o campo estelar.
E Mara parecia ser capaz de entrar e sair da Força, assim como ele.
Assim como Ben.
Nunca deveria ter ensinado Ben a fazer isso.
O fato de Mara não ter dito mais do que quatro palavras era a coisa mais
desorientadora de todas. Agora precisava colocá-la no terreno de sua
escolha. Podia sentir Lumiya em algum lugar a estibordo, movendo-se em
alta velocidade, e não tinha ideia do que a esfera Sith era capaz de fazer em
suas mãos. Tudo o que sabia era que era obsoleto, e tecnologia antiga e
força bruta muitas vezes podiam contornar sistemas mais complexos.
— Dossel, — ele gritou. O relatório de Ben disse que usou um
acelerador magnético na esfera Sith. — Lumiya, quebre o dossel dela.
Escudos fracos.
Não precisava explicar isso a ela. De repente, pôde ver uma bola laranja
acelerando em sua direção em rota de colisão e virou noventa graus bem a
tempo dela passar por baixo dele. A próxima coisa que ouviu foi a voz de
Lumiya dizendo:
— Rompimento do casco, ela está liberando atmosfera.
Quando Jacen deu a volta novamente em um giro, orientando-se
sentindo Mara na Força mais uma vez, pôde ver uma fina trilha branca
movendo-se em alta velocidade em direção ao centro do aglomerado. Mara
foi atingida, com um vazamento lento no velame ou direto pelo casco para a
cabine, e ela estava tentando pousar antes que uma rachadura se espalhasse
e se tornasse uma descompressão explosiva. Mesmo com um traje de voo,
as suas chances de sobreviver eram mínimas.
Ela estava indo para Kavan. Isso combinava bem com Jacen. Uma vez
que a tivesse no chão, poderia derrubá-la, porque mesmo que ela pedisse
apoio, quem responderia a alguém em uma batalha com Jacen Solo? Não os
Hapans. Quem iria acreditar nela? Pessoas a muitas horas de distância.
Não sentiu nenhuma violência ou malícia, mas também nunca sentiu em
combate. Só sentiu um desejo avassalador de vencer e sobreviver, e todas as
outras emoções foram colocadas em segundo plano.
Voltou sua atenção para Lumiya.
— Está tudo bem, Jacen, — ela disse. — Eu sei o que você tem que
manter em segredo. Vou garantir que continue assim...
— Você certamente vai, — disse ele, e bloqueou todos os oito torpedos
de prótons na esfera Sith. — Isso é o que você me ensinou a ser.
Jacen atirou nela e não sentiu triunfo ou vergonha, só alívio temporário.
Mas não viu nenhuma explosão, nenhuma bola incandescente ou nuvem
brilhante de detritos caindo lentamente. Seus sensores a bordo não captaram
nada.
Onde ela estava? Foi uma morte ou não?
Teria que vasculhar os destroços mais tarde. No momento, a sua
prioridade era silenciar Mara Jade Skywalker.

ESPAÇO HAPAN

Ben não conseguia sentir a mãe, mas sabia que ela não estava morta. Ela
estava se escondendo, assim como a ensinou. Lumiya estava aqui na nave
Sith, no entanto, afastando-se a estibordo, e não iria interromper a
perseguição agora. Ela era a chave para isso. Ela seria a chave viva ou
morta. Ben sabia que era capaz de fazer qualquer um dos dois.
A nave estava falando dentro de sua cabeça, como antes. Podia estar
falando sozinho ou dirigindo-se a ele e a Lumiya, mas estava
profundamente infeliz.
Ela tentou causar danos irreparáveis.
— Nave, cale a boca, — disse Lumiya. Ben podia ouvi-la também,
como se os processos de pensamento da nave fossem um circuito aberto. —
Ele tem que sobreviver. Nós não.
A regra das idades é que eu não devo ser o alvo.
A esfera havia claramente decidido que já era o suficiente e deu uma
volta na direção de onde veio. Ben podia ver isso em suas telas dianteiras e
nos sensores, mas também podia ver em sua cabeça. A impressão geral era
de que ela estava arregaçando as mangas e voltando para dar uma surra em
quem quer que o tivesse atacado.
— Nave, pare.
Eu faço o que devo.
— Nave!
Os impulsos de Ben estavam gritando tentando acompanhá-lo. Não
havia nenhum alto ou baixo real no espaço, mas era como mergulhar no
turbilhão de um raptor.
— Nave, a minha mãe está lá embaixo, — Ben implorou. — Ela não
atirou em você.
Os mestres podem usar as suas naves para lutar, mas não envolvem
aprendizes.
— Nave, Jacen cometeu um erro. Faça isso por mim, para que eu possa
encontrar a minha mãe novamente. Por favor, não atire.
A esfera desacelerou dramaticamente.
Quem é o inimigo? perguntou a nave. A menos que eu saiba, não posso
fazer nada, exceto fugir e proteger.
— Isso mesmo, — disse Ben. Shevu disse a ele que fazer humor
malucos, como ele chamava, era uma habilidade policial essencial. Mantê-
los conversando era o que importava, e se Ben tinha a nave, ele tinha
Lumiya. — Nave, qual é a sua tarefa?
Uma vez eu lutei. Agora educo e protejo aprendizes.
— O que você acredita que eu sou?
Aprendiz.
— Quem é aquela dentro de você agora?
Aprendiz também.
Ben estava começando a formar uma imagem da visão de mundo da
esfera. Ela foi enterrado em Ziost por séculos e possivelmente milênios. Ela
reagiu a ele quando estava sendo alvo de órbita e correndo para salvar a sua
vida com uma garotinha apavorada.
— Nave, o que você quer dizer com educar?
Eu ensino aprendizes a lutar.
Ben podia sentir Lumiya se comunicando com ela. A nave estava
respondendo fortemente em sua mente, mas havia um segundo fluxo de
palavras silenciosas correndo quase como interferência em um comunicador
de frequências sobrepostas. Ela estava incitando a esfera a atirar em Ben,
bater em seu transporte, matá-lo.
Sim. Agora sou a favor de aprendizes, para que eles aprendam e não se
machuquem. Antes, eu era a favor de Mestres na guerra.
De repente, fez sentido para Ben.
— Você é uma nave de treinamento Sith. — Isso o veria como um
aprendiz porque ele era um, de certa forma, mas Lumiya o confundiu. —
Por que você acha que a mulher em você agora é uma aprendiz?
Porque ela sabe tão pouco de mim. Como você.
Ben aceitou que não era um intelectual como Jacen, mas poderia triturar
as opções, eliminando as coisas à medida que avançava, assim como a sua
mãe. Poderia resolver qualquer coisa apenas fazendo pergunta após
pergunta.
— A aprendiz em você mandou atirar em nós quando deixamos Ziost.
Nós atiramos de volta.
A nave o reconheceu e decidiu que tanto ele quanto Lumiya eram
novatos que precisavam de seus conselhos e cuidados. Ele impediu a sua
mãe de matar Lumiya no Hesperidium porque esse era o seu trabalho:
ensinar aprendizes a lutar. Ben se perguntou quantas chances ela dava aos
aprendizes Sith antes de decidir que eram fracos que mereciam o que
recebiam.
De jeito nenhum iria convencê-la a matar Lumiya, perguntou-se como
isso aconteceria, e ela também não estava tendo sorte em conseguir que o
atacasse. Ben não corria nenhum perigo real. Mas a sua mãe estava, e não
daquela nave. Alguém a queria morta.
Precisava encontrá-la. Desceu em direção a Reboam, e a esfera Sith o
escoltou, com Lumiya impotente dentro.
Ben pegou uma Sith. E agora não fazia ideia de como usá-la a seu favor.

KAVAN, CONSÓRCIO DE HAPES

Mara colocou o StealthX no meio do nada e lembrou a si mesma que ser o


alvo ou o assassino era simplesmente um estado de espírito.
Sem dúvida Jacen pensou que a forçou a pousar para que ele pudesse
acabar com ela. Pensou que tinha abandonado para pegá-lo onde poderia
usar as suas habilidades de luta para melhor vantagem.
Era uma questão de quem encontrou quem primeiro.
Eu posso parar com isso quando eu quiser.
Depois de tudo o que tinha visto e ouvido, ainda havia a Mara interior
que não conseguia acreditar que o seu sobrinho era perigoso e
irremediavelmente mau.
Se você não fizer isso, quem o fará? E quem vai culpá-lo por não agir
enquanto ele pode ser parado? Palpatine, Palpatine, Palpatine... a sua
lição em retrospectiva vinte e vinte.
Então aqui estava, dizendo a si mesma que passaria por um momento
muito ruim depois de matá-lo, mas tinha que ser feito. E Jacen
provavelmente estava pensando a mesma coisa. Eles eram os mesmos.
Nenhum terreno moral elevado; apenas uma equação restante que dizia que
todas as outras coisas eram iguais, Mara preferia ver Jacen morto do que
Ben, Luke ou ela mesma. Sobrevivência: não havia nada de errado em
sobreviver.
Luke agora continuava se conectando a ela na Força, cada vez mais
ansioso, tentando encontrá-la, mas não ousava voltar. Não havia como dizer
o que Jacen poderia detectar. Quando quisesse ser encontrada por Jacen, ele
saberia tudo sobre isso.
Pegou a sua bolsa e tudo da cabine que poderia ser usado como arma,
então encontrou alguma cobertura enquanto consultava o seu datapad para
gráficos e pesquisas de Kavan. Era uma colmeia de monumentos e túneis
em ruínas. Ótimo. Se eu o pegar em um espaço confinado, ele não poderá
usar todas as suas habilidades da Força, mas posso aproveitar ao máximo
o que tenho. Decidiu entrar no labirinto de passagens enterradas e fazer com
que Jacen a seguisse.
Não estava nem perto de nenhum centro populacional, então também
estava muito longe de qualquer ajuda. Não pretendia pedir nenhuma, de
qualquer maneira. Não até a hora de remover o corpo.
Escondeu todas as suas armas em sua jaqueta, cinto e botas, e correu
para o primeiro túnel que viu. Estava ficando mais fácil a cada minuto
desaparecer na Força pelo tempo que precisava. Mas agora precisava estar
visível, um farol para Jacen atraí-lo até as rochas.
Venha me pegar, Coronel Solo.
Capítulo Vinte

De: Sass Sikili, negociador da Roche


Para: Boba Fett, Mandalor
Murkhana não respondeu. Como eles falharam em responder e tememos que isso encoraje outros a ignorar
as nossas patentes, solicitamos o seu apoio, para que fique claro que levamos as nossas patentes a sério. Eu
gostaria muito de ver o Bes'uliik em ação; os nossos metalúrgicos têm procurado maneiras de produzir
estruturas beskar mais leves, então, quando você transformar as fábricas de Murkhana em pó, seremos
inspirados a ser mais inventivos. Isso é muito bom para os negócios.

TEMPLO JEDI: CORUSCANT

Luke encontrou Jaina nos degraus do Templo Jedi. Estava correndo para
fora enquanto ela estava correndo para dentro. Pegou o braço dela e a guiou
de volta para o caminho.
— Para onde ela foi, Jaina?
— Tio Luke, eu juro que não estou acobertando ela. Eu não sei e ela não
está respondendo a nenhuma das ligações. Por que você está preocupado?
Luke segurou o flimsi amassado em seu punho. Fui caçar por alguns
dias. Mara havia assinado um StealthX logo após a meia-noite, dois dias
antes. Enfiou a nota no bolso. A sensação de pavor o dominou.
— Vamos, — disse ele. — Eu tenho que ir procurá-la. Algo está errado.
E Ben também se foi. Tive a pior sensação, como se ela estivesse caindo em
uma armadilha.
Ben não estava apenas desaparecido; Luke não podia mais senti-lo na
Força. E agora ele não conseguia sentir Mara. Ele ligou para todos,
incluindo Han e Leia, e não se importava se a GAG o detivesse por entrar
em contato com agentes Corellianos com um mandado de prisão.
Esperava que Jacen aparecesse para emitir um aviso, mas Niathal disse
que Jacen estava viajando a 'negócios'. O StealthX da GAG se foi
novamente. O homem entrava e saía quando queria, ao que parecia.
Posso imaginar. Jacen estava permanentemente invisível na Força
agora, isso era certo. Luke chamou um táxi aéreo e eles seguiram para o
Comando de Caças Estelares.
— Desde que saí do serviço militar, passei mais tempo lá do que quando
estava de uniforme, — disse Jaina.
— Você pode senti-la, Jaina? Você consegue sentir Mara?
Ela olhou ligeiramente para o lado de Luke, desfocada, e balançou a
cabeça lentamente.
— Nada.
— Eu não a sinto agora há horas.
Quando chegaram ao Comando dos Caças Estelares, dirigiram-se para a
sala de mapas. Luke descobriu que podia olhar para gráficos e captar fortes
correlações na Força, algo para o qual Ben provou ter talento também.
Ficou na frente dos bancos de hologramas e tentou relaxar o suficiente para
deixar a Força direcionar a sua atenção. Fez um esforço para esquecer para
onde achava que ela poderia estar indo.
Depois de um tempo, quando as linhas brilhantes e os grupos de pontos
começaram a se confundir e perder a perspectiva, se sentiu atraído por um
setor em particular.
— Tenho certeza que ela está no Consórcio de Hapes, — ele disse
finalmente.
Quando Luke sentiu Mara sair da Força pela primeira vez, foi tão
repentino e descontrolado que pensou que ela havia sido morta. Isso o
acordou em pânico. Os três segundos de pura paralisia agonizante duraram
até que ela desapareceu de novo, e de novo, e descobriu que ela estava
fazendo isso deliberadamente.
— Ironicamente, teria sido melhor se ela tivesse pegado um X-Wing
normal, — disse Jaina. — Os técnicos de caça estelar dizem que é quase
impossível localizar um StealthX por qualquer um dos métodos de busca
usuais.
Ela estava certa. A menos que alguém visse o Cinco-Alfa ou Mara
tivesse deixado um transmissor ou comunicador ativo, o caça estelar
simplesmente desapareceria.
Uma busca visual era tudo o que restava, isso ou encontrar a própria
Mara. Luke se dirigiu para os hangares e Jaina o seguiu.
— Como recuperamos os StealthXs naquela vala, então? — Luke
perguntou, tentando não descarregar a sua frustração na trabalhadora equipe
de terra.
O técnico se afastou do caça estelar.
— Farol de resgate ou a nuvem de fumaça e chamas Mark Um, senhor,
— ele disse cautelosamente. — A AG pediu à Incom para torná-los muito
difíceis de detectar, e eles o fizeram.
— Certo, vou parar de assediar as pessoas com trabalho a fazer e vou lá
eu mesmo. — Luke lembrou a si mesmo que Mara estava caçando Lumiya
e, portanto, esperava que ela usasse todos os truques do livro. Isso não o
impediu de se preocupar. — Afinal, fui eu quem apertou a mão de Lumiya,
não a sua garganta...
Então Mara estava de repente lá, não só de volta à Força, mas
ampliando a sua presença, como se quisesse ser encontrada. Ela era
desafiadora, destemida e ansiosa por uma briga. Ela encontrou Lumiya
bem.
— Mas por que ela está fazendo isso? — Jaina tinha a sua própria
caçada — por Alema. Agora ela estava ansiosa para ajudar a encontrar
Mara. — É como se ela a estivesse provocando.
— Ou ela está com problemas e quer que eu a encontre.
— Não. — Jaina fechou os olhos por um momento, concentrando-se. —
Não parece um pedido de ajuda. Parece... uma luta.
Luke decidiu avisar Tenel Ka que estava a caminho só por precaução.
Trânsito de dezoito horas padrão. Dado o número de planetas no Consórcio
de Hapes, provavelmente levaria até mesmo os Hapans muito mais tempo
do que isso para encontrar um StealthX, mas quanto mais olhos estivessem
procurando por Mara, melhor.
Luke tentou parecer casual enquanto subia em sua cabine. Jaina ficou
olhando para ele.
— Sei que estou oficialmente fora do serviço, — disse ela, — mas se
alguém autorizar, ficarei feliz em participar. Por favor.
Luke gesticulou para a equipe de terra.
— Obrigado.
— É com Lumiya que devemos nos preocupar. — Jaina tentava
tranquilizá-lo. — Consigo imaginar a Tia Mara indo atrás dela com o
intuito de colecionar escalpos trançados, como o Fett. Dos tipos vermelhos.
Será que a Lumiya pinta o cabelo? Será que terá raízes grisalhas nojentas?
Luke sabia que ela estava tentando fazê-lo rir, e tentou obedecer. Mas só
de ouvir o nome Fett o lembrou de que muito bem todos os membros de sua
família, Solos ou Skywalkers, estavam no topo da lista de alguém que
deveria matar hoje.
Luke não queria ou esperava ser amado por todos. Só queria acordar
uma manhã e encontrar os seus entes queridos sozinhos para seguir com as
suas vidas.
Quando Mara chegasse em casa, com ou sem escalpo, com guerra ou
sem guerra, marcaria umas férias para os dois, em algum lugar
tranquilamente tranquilo. Amassou o bilhete frágil que ela havia deixado
para ele e o enfiou em uma abertura no painel frontal da cabine. Os motores
do StealthX ganharam vida.
Não seria em Hesperidium, no entanto.

KAVAN

Jacen esperava ter que lidar com uma Mara furiosa depois que matasse Ben,
não antes.
Ainda estava procurando por significados e padrões nos eventos ao seu
redor, e agora via em si mesmo um certo desespero para tentar o que quer
que fosse colocado em seu caminho para ver se isso funcionaria e selaria
seu status de Sith.
Vou notar? Qual é a sensação?
Como eu vou saber?
Tinha que haver algo que mudasse o tecido da galáxia, um ponto de
inflexão. Enquanto isso, Mara o estava desafiando, localizando-se nos
túneis que corriam profundamente sob o interior de Kavan, pensando que
ela ainda era uma assassina de primeira linha e que poderia pegar alguém
que tivesse domínio completo da Força.
Ela era uma assassina soberba, mas as suas habilidades na Força eram
grosseiras em comparação com as dele. Uma vez que Jacen a removesse,
seria mais fácil lidar com Ben. E Luke... ele cruzaria aquela ponte quando
fosse necessário.
Jacen verificou o seu cinto, bolsos e coldre e decidiu atender Mara.
Lumiya e Ben pareciam estar em outro lugar tendo o seu próprio confronto.
Agora tudo se encaixa. Lumiya tinha que ser silenciada pelo que sabia, e
Ben faria isso. Estava arrumado. Era uma cadeia alimentar.
Jacen carregou quatro dardos envenenados em um blaster adaptado e
deslizou os outros em encaixes em seu cinto, imaginando como podia
pensar em tais coisas com tanta calma. Aproximou-se da boca do túnel com
cuidado lento. Enquanto podia sentir o layout, Mara havia desaparecido da
Força novamente. Havia cerca de um metro de espaço livre enquanto
avançava cuidadosamente ao longo do túnel central, e ele podia ver hastes
horizontais se ramificando na altura do quadril. Fora construído para drenar
as águas pluviais; em invernos rigorosos, Kavani local uma vez construiu
casas de emergência aqui.
Jacen ficou de pé e ouviu.
— Tudo bem, — disse ele. — Eu sei que você pode me ouvir, Mara.
Você ainda pode desistir disso.
A sua voz ecoou. Não houve resposta, como esperava, então começou a
se aprofundar no labirinto de ralos, com o sabre de luz na mão direita e o
blaster na outra. A única luz ao seu redor agora era uma névoa verde da
lâmina brilhante de energia.
— Eu poderia, — disse ele calmamente, — voltar, bloquear a entrada
deste complexo com material inflamável e incendiá-lo. — Ela podia ouvi-
lo, sim: ele podia ouvir a água pingando lentamente no fundo dos túneis. O
som foi ampliado, mesmo que fosse difícil identificar a origem. — E o fato
de que esses túneis têm respiradouros significa que o efeito chaminé iria
expulsá-lo, asfixiá-lo ou assá-lo.
Silêncio.
Prendeu a respiração, ouvindo.
Crack.
O seu joelho direito explodiu com uma dor lancinante quando Mara
disparou horizontalmente, auxiliada pela Força, de um conduíte lateral e
atingiu a perna dele na articulação com as botas, rompendo os tendões. Ao
perder o equilíbrio na passagem estreita, gritando, se viu preso por um
segundo e tateando em busca de apoio. Atacou com o seu sabre de luz,
arrancando tijolos em pó da parede. Mara caiu no chão lamacento para se
esquivar do sabre de luz, então saltou e saiu correndo pelo túnel.
Não foi um bom começo. Jacen xingou e se obrigou a correr atrás dela,
desejando que as endorfinas entorpecessem a sua perna e dizendo a si
mesmo que sabia que ela estava montando uma armadilha. Ela o queria
confinado, preso, encurralado.
Se ela pensou que os túneis equilibrariam as chances, ela estava errada.
Ele a enterraria aqui.
Mara encontrou a armadilha perfeita no final de um dos tubos de
escoamento. Ela conseguia ouvir os passos apressados de Jacen e tinha uma
vantagem de cerca de cinquenta metros sobre ele.
A partir daqui, o teto abobadado ficava mais baixo e até Mara teve que
correr agachada. Não era o lugar para balançar um sabre de luz padrão. Os
túneis estavam em más condições e os arcos de tijolos estavam começando
a ceder e a desabar em alguns lugares.
Então ele não a obrigaria revelando a sua posição física na Força. Tudo
bem. Avistou uma folha de metal enferrujada com cerca de meio metro de
largura e a colocou cuidadosamente no chão do túnel, apoiada em pedras
para que ele pisasse nela e lhe desse um aviso sonoro quando chegasse a
esse ponto. Uma intensa sacudida da Força na alvenaria e nos arcos na
frente e por trás da placa de metal os enfraqueceu, e então os impediu de
desmoronar pela pressão da Força.
Segure-os. Espere ele acertar aquela placa...
Ir atrás de Jacen nunca funcionaria. Ele nunca poderia ser autorizado a
definir a agenda. Ele poderia vir por trás dela.
Armadilha, imobiliza, mata.
Não era bonito, e não iria capturar a imaginação do público como uma
exibição de sabre de luz na academia, mas seu treinamento era em
destruição. O de Jacen era em decepção.
Podia ouvi-lo respirar, e o som irregular de vzzzm-vzzzm-vzzzm de seu
sabre de luz enquanto ele espreitava, pulando e virando para ter certeza de
que não estava atrás dele. Então pôde ouvir que ele não estava balançando
tanto a lâmina; os curtos zumbidos e zumbidos destacados lhe diziam que
ele estava ficando sem espaço.
Também estava presa, é claro, a menos que contasse os dutos de
ventilação a cada cinquenta metros. Mas quando disse que estava saindo
daqui sobre o cadáver dele, quis dizer isso mesmo.
Sentiu o início de um pensamento humano compassivo sobre Leia, mas
o matou completamente. Isso a enfraqueceria.
As botas de Jacen trituraram os tijolos. Ele estava impaciente. Estava
em seu caminho, segurando-o quando ele queria fazer alguma coisa.
Croc... croc... croc.
Se tivesse cronometrado direito, ele estava perto de pisar naquela placa
enferrujada.
Clang...
O estrondo começou. Derrubou ambas as seções do túnel, antes e atrás,
com um esforço maciço na Força que a deixou sem fôlego. Não o ouviu
chamar. Mesmo nas condições úmidas, nuvens de detritos finos enchiam o
ar e a faziam engasgar.
Mara esperou, com uma mão sobre a boca e o nariz, com o sabre shoto
desembanhado, e ouviu na Força.
Houve ganidos e o som dos últimos tijolos caindo. Não esperava que o
peso dos escombros de um teto baixo causasse ferimentos de impacto, mas
o engolisse e imobilizasse. Ele não estaria morto, ainda.
Esperou em silêncio, uma presença inexistente dela mesma, até não
ouvir mais nenhum movimento.
Certo. Vamos ver o que tenho que fazer para acabar com isso.
Um braço era tudo o que se projetava dos escombros. Através de uma
abertura do tamanho de um punho, ela podia ver o brilho úmido e piscante
de um olho e o rosto manchado de sangue. Uma mão se estendeu para ela,
dedos abertos, ensanguentados e trêmulos. Outras pessoas podem ter
sentido vontade de pegar aquela mão, a coisa mais distintamente humana,
mas era uma velha e cansativa façanha Sith, e ela mesma a usara muitas
vezes.
Ela pegou seu desintegrador e o apontou para o olho, com uma mão e o
dedo indicador apoiado no gatilho. Tinha o shoto pronto para o caso de um
golpe de misericórdia ser necessário.
Sentia-se tão desapegada e firme como sempre fora como a Mão do
Imperador.
— Diga a minha mãe que sinto muito por ter falhado com ela, — Jacen
sussurrou.
— Ela sabe, — disse Mara, e apertou o acionador.
Capítulo Vinte e Um

Nu kyr'adyc, shi taab'echaaj'la.


Não se foi, só está marchando para longe.
— Frase Mandaloriana para os que partiram

KAVAN

Eles diziam que o corpo humano era capaz de feitos extraordinários de


força quando em extremos. Para um Jedi, era algo completamente diferente.
Jacen Solo não estava pronto para morrer, não agora, não tão perto de
sua ascendência, e não em um ralo fedorento como verme.
Desviou o raio de energia com uma última onda da Força e enviou os
escombros em erupção de seu corpo esmagado e sangrando como uma
detonação. Tijolos martelavam as paredes e choviam fragmentos,
derrubando Mara como a explosão de uma bomba. Ela fez um barulho
animal que era mais raiva do que dor e se debateu por um momento
enquanto tentava se levantar.
O esforço congelou Jacen por dois segundos vitais. Mas sabia que se
não se levantasse agora e lutasse, Mara viria para matar, de novo e de novo,
até que estivesse esgotado e fraco demais para afastá-la.
Levantou-se, cambaleando mais do que em pé, e de repente entendeu.
Foi Mara quem teve que morrer para cumprir o seu destino.
Matá-la era o teste: as palavras da profecia não tinham sentido e, em um
nível visceral, sabia que a morte dela era o ato crucial. Não sabia como, e
não era hora de parar e pensar nisso. Rendeu-se totalmente ao instinto pela
primeira vez em anos. O que quer que guiasse a mão de um Sith tinha que
guiá-lo agora.
Mas estava ferido, e gravemente.
Ben... não sabia onde Ben se encaixava nisso, mas agora sabia que sim,
tão certo quanto sabia de qualquer coisa. Jacen não se importava, porque
sabia que tinha que matar Mara agora e nada mais faria sentido até que
fizesse isso.
Procurou seu sabre de luz e o despertou novamente. Mara já estava de
pé novamente, vindo até ele com o shoto e a vibro lâmina, pó de tijolo e
sangue vermelho escuro serpenteando por sua testa de um corte no couro
cabeludo. Ela saltou sobre ele com o shoto empunhado com a mão
esquerda, estilo esgrima, queimou o ângulo de sua bochecha e o acertou sob
a ponta do queixo com a lâmina vibratória quando recuou.
Ela não deveria ter sido capaz de chegar perto dele. Tinha domínio total
e ela era só atlética e rápida. Empurrou-a de volta na Força, fazendo-a bater
contra a parede com um grunhido alto, mas ela continuou vindo até ele, um-
dois, um-dois com o shoto e a lâmina, e estava sendo empurrado pra trás,
com a sua força enfraquecendo. Precisava de espaço para lutar.
Sacou sua pistola de dardos e disparou uma após a outra, mas Mara
espalhou todas as quatro agulhas em um borrão de luz azul. Elas caíram no
chão. Virou-se e se arrastou pelos tijolos desmoronados, usando a Força
para lançar detritos contra ela do chão do corredor, enquanto ela saltava de
bloco em pedra e de pedra em pedaço de alvenaria, até que ela deu um salto
com a Força em suas costas e o derrubou.
Eles rolaram. Não era um duelo: era uma briga. Ela enfiou a vibro
lâmina sob o queixo dele e virou a cabeça pro lado, sentindo a ponta patinar
de sua mandíbula até a linha do cabelo ao errar a sua jugular. Não conseguia
sacar as armas de que precisava. Estava perdendo sangue, perdendo a força,
diminuindo, brandindo o seu sabre de luz para afastá-la. Era quase inútil em
uma luta tão próxima. Mara, maníaca e ofegante, disparou o shoto para
conter cada estocada desesperada.
— Ben... eu vou ver você morto primeiro... antes de... você pegar... Ben.
Jacen estava no limite entre morrer e matar. Eles lutaram, empurrados
pela Força, esmagados pela Força: jogou-a pra trás novamente, tentando
sacudir sua coluna com a Força e paralisá-la por um momento, mas de
alguma forma ela desviou e os tijolos voaram para fora da parede como se
alguém os tivesse perfurado do outro lado. Ela quase arrancou o sabre de
luz de sua mão com força, mas mesmo com os seus ferimentos, segurou-o.
Não iria morrer. Não podia, não agora.
— Você não pode me vencer, — ele engasgou. — Não é pra ser assim.
— Sério? — Mara rosnou. — Eu digo que é.
Então ela se lançou sobre ele, impensada, uma mulher selvagem, cabelo
voando, e empurrou com a Força para mandá-la bater contra um pilar no
meio do salto. Mas o espancamento que levou e a ferocidade de seu ataque
implacável o cegaram para o perigo de outro lado. Quando cambaleou pra
trás para evitá-la, as suas pernas falharam e tropeçou em uma rachadura
aberta pelo afundamento. Caiu gravemente: uma dor ardente do tornozelo
ao joelho. Seu sabre de luz saiu voando. A dor podia ser ignorada, mas o
momento que levou para se levantar novamente foi o suficiente para Mara
se endireitar e voltar até ele com o shoto e mergulhá-lo no tecido mole logo
abaixo da clavícula.
Feridas de sabre de luz doem muito mais do que jamais imaginava.
Jacen gritou. Convocou a sua própria arma de volta para a mão e Mara se
chocou contra ele, derrubando-o novamente e prendendo-o no chão. A
vibro lâmina dela parou a um palmo de sua garganta enquanto conseguia
agarrar cabelo dela e arrastar o seu rosto cada vez mais perto de seu sabre
de luz. Ela lutou para recuar, atacando-o com o shoto, mas bloqueada por
seu poder cada vez menor da Força.
A sua lâmina vibratória roçou seu pescoço. Remexeu no cinto em busca
de um dardo. Ela se afastou com um enorme esforço, deixando-o segurando
um punhado de cabelo ruivo, e a única coisa que passou pela cabeça dele
quando ela arqueou as costas e ergueu os braços para trazer shoto e vibro
lâmina para baixo em seu peito foi que ela nunca, nunca prejudique Ben.
Jacen olhou em seus olhos e instantaneamente criou a ilusão do rosto de
Ben abaixo dela. Ela piscou.
Isso lhe deu vantagem por uma fração de segundo. Foi longo o
suficiente para enfiar o dardo envenenado em sua perna com o cone de
plastóide protetor ainda no lugar.
Era apenas uma agulha pequena, de dez centímetros de comprimento.
Esfaqueou-a com tanta força que a ponta afiada perfurou o cone e o tecido
de suas calças.
Mara engasgou e olhou para a perna como se estivesse confusa em vez
de magoada. O dardo tremeu enquanto ela se movia e então caiu no chão.
— Ah... está feito... — Jacen disse. O shoto caiu de sua mão e ela fez
um movimento de pata vago e descontrolado com a lâmina vibratória.
Acertou-o no bíceps, mas não havia força por trás do golpe, e ela largou a
arma. — Sinto muito, Mara. Tinha que ser você. Pensei que fosse o Ben.
Mas agora acabou, acabou...
— O que é que você fez? O que diabos você fez comigo? — Mas ela já
estava perdendo o equilíbrio quando o veneno a paralisou, e ela caiu para o
lado quando se levantou, olhando-o mais com choque do que com raiva ou
medo.
— A profecia. — Não importava agora: a toxina... complexa,
relativamente indolor... estava circulando por seu corpo. — Não lute contra
isso. Sem transe de cura. Só deixe ir...
Mara tentou se levantar, mas caiu pra trás, sentando-se sobre os
calcanhares, com uma expressão como se tivesse esquecido alguma coisa e
estivesse tentando se lembrar. Ela se encolheu contra a parede. Jacen nunca
sentiu tanto alívio. Não precisava ser Allana, ou Tenel Ka, ou mesmo Ben.
Acabou, tudo acabou.
— O que? — Mara disse. Ela tentou colocar os dedos nos lábios,
tremendo, mas a sua mão caiu de volta em seu colo. Ela olhou para eles
como se esperasse ver sangue.
Jacen suprimiu o seu instinto de ajudá-la.
— É meu destino, Mara, ser um Lorde Sith e trazer ordem e justiça. Eu
tive que te matar pra fazer isso. Você vai salvar tanta gente, Mara. Você
salvou Ben. Você salvou Allana também. Não é um desperdício, acredite
em mim.
— Você é... tão vil quanto ele era.
Jacen mal podia entender de quem ela estava dizendo.
— Quem?
— Palpatine.
— Não é assim, — disse ele. Ele tinha que fazê-la ver o que estava
acontecendo. Foi importante. Devia a ela essa revelação. Ela tinha feito o
sacrifício, embora agora estivesse começando a se perguntar o que isso
significava para qualquer amor que tivesse que desistir. — Não se trata de
ambição. É sobre a galáxia, sobre a paz. Trata-se de construir um mundo
diferente.
Ela o olhou, e agora podia ver e sentir o seu desgosto. Não tinha certeza
se era com ele ou com ela.
Jacen ferido. Estava começando a sentir toda a extensão de seus
ferimentos e precisava se curar. Também precisava sair desse túnel.
Mara estava respirando pesadamente agora, com uma mão frouxa em
seu colo, mas a outra ainda abrindo e fechando como se tentasse fechar o
punho para dar-lhe um soco final. Os seus olhos verdes vívidos ainda
brilhavam com um propósito implacável. Sabia que tentaria esquecê-los
todos os dias de sua vida.
— Você acha... que você ganhou, — ela disse, arrastada, mas totalmente
lúcida e sem medo. — Mas Luke vai esmagar você... e eu me recuso... a
deixar você... destruir o futuro... pelo meu Ben.
Jacen sentou e esperou, quase esperando uma profecia dela para ajudá-
lo a entender o que tinha feito. Mas depois de alguns momentos, sentiu a
descarga final de energia elementar que todo usuário da Força notaria e
compreenderia.
Ben foi a última palavra que ela disse.

KAVAN

Lumiya sentiu a Força mudar sutilmente como placas tectônicas em


movimento. Ela não tinha percebido que o momento decisivo seria
exatamente assim.
— Nave, — ela disse, — O novo Lorde Sombrio precisa de mim. Siga-
o.
Então ela partiu para se preparar para a morte, pretendendo morrer bem.

KAVAN

Ben de repente não conseguia ouvir a voz da esfera Sith. Seu próprio nome,
Ben, Ben, Ben, abafava todos os outros sons, embora no fundo de sua
cabeça fosse mais silencioso do que um sussurro, uma convocação e uma
despedida apenas para ele. Ele se esqueceu de Lumiya e cambaleou em
direção à fonte da voz, cego pelas lágrimas.
— Mãe! — ele gritou. — Mãe!

ROTA DE COMÉRCIO PERLEMIANA

Na cabine de seu StealthX indo para Hapes, Luke Skywalker sentiu uma
mão escovar o seu cabelo e, quando estendeu a mão involuntariamente para
tocá-lo, sabia que o seu mundo havia acabado.
Capítulo Vinte e Dois

Eu não sei o que está acontecendo, Mand'alor, mas a


quantidade de tráfego seguro de comunicação da AG voando
ao redor do Consórcio Hapan agora deve ser vista para ser
acreditada. Grande pânico em curso. Aguarde.
— Goran Beviin, especialista em vigilância, reportando do campo de
asteroides próximo a Roche antes do lançamento do Bes'uliik

STEALTHX DA GAG, COLOCADO EM ZIOST

Jacen realmente não sabia pra onde ir.


Olhou para o painel da cabine à sua frente, sabendo que deveria estar de
volta a Coruscant pelo menos vinte horas atrás, e que Niathal o estaria
amaldiçoando severamente.
Estava sozinho, vestindo um uniforme preto amassado, com dores
agonizantes e... faminto.
Esta não era a ascensão do Lorde dos Sith que esperava. Perguntou-se o
que as pessoas comuns pensavam que acontecia quando o curso da história
girava em torno de um único ato crucial. Eles provavelmente não
imaginaram que o seu futuro estava agora nas mãos de um homem cansado
e suado que pensava que precisava fazer a barba e quase incapaz de
acreditar que ele...
Matei Mara Jade Skywalker.
Matar não ficou mais fácil. Estava só ficando melhor nisso.
Mas ainda não fazia sentido. Esfregou a bochecha, e a barba por fazer
raspou audivelmente sob os seus dedos. Mara não tinha sido a coisa mais
preciosa de sua vida. Nas últimas semanas, ela deixou de ser sua única
amiga para ser só outra pessoa que não confiava nele e estava atrapalhando.
Ela era sua tia. Ela era da família. Quando o papel dele na morte dela se
tornasse conhecido, tinha que ser quando, mas não agora, nem tão cedo, o
choque e o ódio destruiriam o que restava das famílias Skywalker e Solo.
Talvez até Niathal, e todos os outros que entendiam que garantir a paz era
um negócio sujo, ficariam enojados.
Acabei de matar a minha tia. Eu cresci com ela. Ela estava lá pra mim.
Nós lutamos uma guerra juntos.
Eu tenho que enfrentar o filho dela. Eu tenho que enfrentar Ben.
O que eu fiz?
Seu estômago roncou. Como ele poderia estar com fome em um
momento como este?
Ele vai eternizar o seu amor.
Estúpidas borlas com nós, todos os tipos de antigas profecias Sith que
aconteceriam quando o novo Lorde Sombrio estivesse pronto para assumir
o seu manto e inaugurar uma era de ouro de justiça, ordem e paz. A chave
foi virada, e isso era o que a profecia deveria significar, por Jacen matando
o que ele mais amava.
Havia matado Mara, Nelani, a filha de Fett e uma caótica democracia
injusta, e não amava nada disso. Tentou matar Lumiya mais de uma vez. Ela
parecia pensar que isso fazia parte da descrição do trabalho dos acólitos
Sith.
Então Jacen não acreditou. E se Mara não estivesse tentando matá-lo
para começar, teria visto isso ainda mais como uma vida jogada fora
descuidadamente.
A estrutura da existência não parecia ter mudado o suficiente. Essa
mudança deveria ter sido cataclísmica e, embora fosse muito pragmático
para pensar que poderia erguer os punhos para o céu e invocar um raio para
energizar uma alma poderosa, ele esperava ser capaz de provar a
transformação espiritual e existencial.
Estava com medo. Por mais certo que estivesse algumas horas atrás de
que Mara seria a pessoa destinada a morrer, isso não fazia sentido no
contexto da profecia. Também não se sentia diferente. Isso significava que
ainda tinha que matar outra pessoa? Estava tão certo de que tudo estaria
acabado agora. A sensação de anticlímax foi quase suficiente para fazê-lo
chorar.
Então sentiu uma presença. Encostou a cabeça na lateral do dossel da
cabine e, olhando para ele do planeta de pesadelo que cercava o seu caça,
estava Lumiya.
Jacen abriu a vedação.
— Estou surpreso que você tenha se incomodado em vir me encontrar,
depois do que aconteceu.
— Agora você precisa ser visto. — Lumiya tinha uma nova serenidade
sobre ela. Como sempre, ela ainda parecia não se ofender com ele por tentar
matá-la novamente. — A sua nova existência começou, Lorde Sombrio.
— Sério? — A dor em seu ombro o atormentava como um animal
rasgando a sua carne. — Não me sinto muito nobre.
— Garanto que está feito. Eu senti.
Ela poderia estar brincando com ele. Mexeu-se em seu assento para
aliviar a variedade de contusões.
— Eu estarei procurando por mais provas.
— Pare de discutir com a Força e preste atenção no que você tem que
fazer a seguir. Luke Skywalker chegou ao Hapes algumas horas atrás e eles
estão procurando por evidências. E Niathal está se queixando amargamente
de você estar ausente.
— Eles não vão me encontrar.
— Não é isso que eu quero dizer. Sua ida à Corte Real, assunto que por
sinal levarei para o túmulo, precisa ser suavizada em termos de
credibilidade. Mais cedo ou mais tarde, descobrirá que você estava no
Consórcio de Hapes e que Mara sabia disso.
— Como?
— Posso alarmá-lo?
— Você pode me alarmar mais? É possível?
— Mara conversou com Frota de Operações Hapan enquanto estava no
espaço Hapan sobre a sua presença em Hapes. Eu a interceptei, o que é uma
das razões pelas quais fui capaz de ajudá-lo.
— Maravilhoso.
— E ela até deu a eles uma descrição da esfera Sith como possível
hostil. Acho que isso se encaixa em um cenário que precisa de uma
explicação plausível.
Lumiya estava certa. Jacen precisava de uma história de cobertura,
mesmo que apenas para Tenel Ka.
— Isso vai sobrecarregar até a minha criatividade, — Jacen disse. —
Quão amplamente ela é conhecida?
— Não há segredos na galáxia, Jacen, apenas tamanhos variados de
listas de distribuição. Os Bothanos vão ter, os Mandalorianos vão ter... e a
Inteligência da Aliança vai ter, e eles não te amam nem um pouco hoje em
dia.
— Bem, se eu não fosse um Lorde Sith recém-saído do ovo, estaria
chateado.
— Não brinque. Nunca brinque com isso.
— Eu poderia dizer legitimamente que estava visitando Tenel Ka como
Chefe de Estado por causa do contínuo embaraço sobre os meus pais.
— E quanto ao seu estado físico miserável?
— Ah. Estou acelerando o transe de cura o máximo que posso.
— E o corpo de Mara?
— Deixei onde estava.
— Ela não se tornou descorpórea? Ela deixou os seus restos mortais?
— Eu penso que sim. Isso te surpreende?
Lumiya parecia considerar algo, irrompendo o seu olhar intenso.
— Eu sempre pensei que ela se tornaria uma com a Força de alguma
forma.
— Bem, quem sabe. E aqui estou para dizer que eles nunca vão rastrear
o veneno até mim, mas isso importa? Um dia, em breve, todos eles terão
que saber.
— E então será tarde demais para eles fazerem qualquer coisa com
você. — Lumiya se virou como se fosse ir embora e então pareceu mudar
de ideia. — A minha nave foi notada, Ben não viu você em Kavan, e quase
certamente sou a principal suspeita da morte de Mara. Isso tudo me permite
fazer o último serviço que posso para você.
— E qual é...?
O estado mais enervante de Lumiya era quando ela estava sendo gentil.
Isso disse a Jacen que ela sabia algo que não sabia.
— Para ganhar tempo para consolidar o seu domínio sobre a galáxia, —
disse ela. — Fazendo Luke acreditar que foi tudo obra minha.
— Você não acha que deveria estar se escondendo dele?
— Não. Você pode dizer que esse é o meu destino.
— Isso cheira a um desejo de morte.
— O meu trabalho e minha vida acabaram, Jacen. Eu realmente gostaria
de um descanso.
A morte parecia uma mercadoria muito rotineira ultimamente. Jacen
não estava confortável com isso. Ele teve um súbito desejo de abraçar a
vida. No fundo dele, para todo o garoto que ainda esperava que um raio
marcasse sua passagem para a maturidade Sith, havia um sentimento de
otimismo, verde e fresco. Isso o surpreendeu.
— A propósito, Alema ainda está rondando, — disse Lumiya. — Se
você a encontrar, ela provavelmente estará cobiçando a nave Sith para
perseguir a sua vingança contra os seus pais. Não tenho dúvidas de que
você a verá por aí.
Jacen se perguntou se os Sith deixam testamentos; Lumiya certamente
parecia ter pensado bem nela. Ela o estudou com a cabeça inclinada para o
lado por um tempo, os olhos verdes perturbadores e não muito diferentes
dos de Mara, e então se afastou na névoa gelada.
Meditou por cerca de uma hora para acelerar o processo de cura e então
partiu para Coruscant, via Hapes.

PALÁCIO DA FONTE, HAPES

— Luke... Luke? Luke.


Tenel Ka teve que repetir o seu nome três vezes antes de conseguir
erguer a cabeça para olhar para ela. O elegante sofá de brocado parecia estar
engolindo-o inteiro, e talvez isso fosse o melhor.
Uma gaze isolante de dormência mantinha Luke unido, e foi preciso
uma tripla repetição para penetrá-la, a primeira para fazê-lo parar de pensar
que nem havia se despedido de Mara e estava dormindo quando ela saiu; a
segunda para impedi-lo de quebrar a cabeça pensando nas últimas palavras
que disse a ela, das quais não conseguia se lembrar; e a terceira para
impedi-lo de ver em sua mente a nota rabiscada dela que havia enrolado e
usado para tapar um buraco no console de sua cabine, e que agora havia
alisado com amor e manteria com ele pelo resto de sua vida.
Fui caçar por alguns dias. Não fique bravo comigo, fazendeiro...
— Luke, Jaina está aqui.
— Obrigado, Tenel Ka... — Enquanto permanecesse entorpecido, Luke
sentia que funcionaria. Reuniria os seus pensamentos, veria se o resto da
família estava lidando com a situação e então agiria, quando soubesse o que
fazer. — Eu não posso te agradecer o suficiente.
— Luke, tenho toda a minha guarda posicionada para revistar o
Consórcio.
Jaina entrou rapidamente, o rosto sombrio e os olhos um pouco
inchados. Ela caiu de joelhos e se apertou no colo de Luke, abraçando-o em
silêncio. Realmente não precisava ligar: todos eles sentiram isso.
— Ainda não há sinal de Ben — disse Luke, acariciando o cabelo de
Jaina. — E eu não consigo nem adivinhar onde ele está.
Jaina se ajoelhou sobre os calcanhares.
— Também não consigo senti-lo, tio Luke.
— Ele vai ficar bem, querida. Eu saberia se...
Luke não terminou a frase. Sabia agora exatamente como a morte de
Ben seria pra ele na Força. Ben não estava morto.
Luke esperou por uma ligação de Leia e Han. Sabia que Leia havia
sentido a morte de Mara: depois daquele momento em que sentiu um leve
toque em seu cabelo e virou a cabeça, teve a sensação de encontrar os olhos
de Leia.
Ela ligaria. Ele continuaria ligando de qualquer maneira.
A compostura real de Tenel Ka vacilou por um momento.
— Jacen esteve aqui mais cedo.
— O que? — Jaina de repente recuperou aquele tom de voz. — O que
você quer dizer com aqui?
— Ele fez uma visita ontem, — disse Tenel Ka. — Não sei onde ele está
agora, mas...
— Frota de Operações Hapan teria registrado os movimentos de sua
embarcação? — perguntou Jaina. — Qualquer fragmento de informação
pode ajudar.
Jacen deve ter sentido a morte como qualquer outra pessoa, e havia uma
boa chance de que ele realmente estivesse aqui enquanto Mara perseguia
Lumiya neste mesmo sistema. Mas estava 'ocupado' com os negócios da
GAG. Luke fervia em silêncio.
Tenel Ka assentiu, novamente com uma calma graciosa.
— Farei com que o capitão obtenha todas as informações disponíveis
para você.
Tenel Ka saiu. A expressão de Jaina era assassina.
— Não diga isso, — Luke disse.
— Ele é um completo estranho, — disse Jaina. — Lá. Eu tive que fazer,
ou então vou ter um aneurisma tentando reprimir a vontade de socá-lo
quando ele finalmente se incomodar em aparecer.
Luke abraçou Jaina, sentindo-se diminuído pelo grande camarote, e o
seu comunicador tocou. Era Leia.
— Ei, — ela disse. Leia não apenas o tocou na Força, ela o envolveu. —
Estamos voltando o mais rápido possível. Eu sinto muito. Sinto muito,
muito mesmo.
Parecia que Han havia arrancado o comunicador dela.
— Garoto, aguente firme. Não faça nada. Deixe tudo conosco. Ben está
bem?
— Desapareceu de novo.
— Ele vai ficar bem. Não se preocupe. Estamos indo.
Não havia muito mais que Han pudesse dizer, e nunca mencionou Jacen.
Luke colocou o comunicador de volta no bolso.
O silêncio parecia uma pressão crescendo em seus tímpanos. A sua
respiração parecia encher a sala. Qual foi a última coisa que eu disse a ela?
— Você sabe muito bem qual foi a última coisa que Mara e eu
conversamos? — Jaina disse de repente. Ela estava fazendo exatamente o
que ele estava, repetindo as últimas conversas. Lágrimas brotaram em seus
olhos. — Nada importante, como o quanto eu a amava e o que ela fez por
mim. Quanta energia eu desperdiço em jogos estúpidos com Zekk e Jag,
como uma adolescente idiota e mal-humorada.
— Não faça isso consigo mesma.
— Leva... isso para me fazer crescer. — Jaina não parecia capaz de
dizer as palavras: a morte de Mara. — Tudo mudou agora.
— Eu sei. Eu sei.
— É a Lumiya.
— Não sabemos disso.
— Você é razoável até o fim, não é, tio Luke?
— Nenhum de nós está pensando direito no momento. — Ele não
precisava que Jaina saísse em uma busca impulsiva por vingança. Ele tinha
que se concentrar, de alguma forma. — Por que você não liga para... Zekk?
Entalhe? — Ele não tinha ideia de qual dos dois homens ela iria querer
recorrer agora. — Eles também precisam saber.
Jaina esfregou a ponta do nariz discretamente com a parte de trás do
pulso e parecia ter um interesse anormalmente fixo nos entalhes
ornamentados na perna de uma cadeira próxima.
— Vou informá-los, mas acabei com todas essas coisas pessoais. Vou
me concentrar em uma coisa, que é fazer Lumiya pagar. Se eu deveria ser a
Espada dos Jedi, então é hora de levar isso a sério, e não há nada que valha
mais a pena do que isso.
O capitão da guarda de plantão entrou mais tarde com um datapad em
uma bandeja de bronze e o estendeu para Luke. Quando hesitou, Jaina o
pegou e se debruçou sobre ele. A expressão de eu-te-avisei-isso em seu
rosto disse a Luke que não seria uma notícia confortável.
— Você quer a versão curta, tio Luke?
— Você decide.
— Mara aparece depois de Jacen, em Cinco-Alfa, e pede a Operações
para ficar de olho em uma nave esférica laranja com mastros cruciformes,
porque o nosso novo Chefe de Estado pode estar sob ameaça.
Luke sempre tentou não se deixar influenciar por evidências
circunstanciais, porque dois e dois frequentemente resultavam em algo
menos quatro. Mas não sabia se eles encontrariam qualquer outra evidência.
Não sabia se eles encontrariam o corpo de Mara, ou mesmo se ela havia
deixado restos mortais. Não podia ignorar isso.
— Jaina, — disse ele. — Acho que você tem que deixar isso comigo.
— O que foi que você disse sobre nenhum de nós pensar direito?
— Não quero ninguém agindo com base na metade dos fatos.
— O que vai demorar, então?
— Ela é... ela era minha esposa. Insisto em cuidar disso sozinho.
— Você não deveria ter que fazer isso.
— Eu quero. Não tire isso de mim.
Jaina realmente se encolheu. Luke não achava que tinha brigado com
ela. Talvez a dor dele fosse tão intensa que a explosão repentina dela então
a tocou na Força.
— Certo, tio, — disse ela calmamente. — Mas você apenas diz a
palavra, e eu estarei lá.
Ainda não havia sinal de Jacen quando Luke tentou sem sucesso dormir
por seis horas. Ele havia desaparecido, como Jaina colocou. E Ben não
reapareceu. Ben, pelo menos, tinha um bom motivo.
A busca por Cinco-Alfa recomeçou no início da manhã.

KELDABE, MANDALORE

O quarto Bes'uliik da linha de produção rolou para fora do hangar para


enfrentar o escrutínio de uma pequena multidão de homens blindados
silenciosos. Eles cruzaram os braços naquele típico jeito mando de me
surpreenda, mas assim que o caça ganhou vida e lançou uma nuvem de
poeira com a sua corrente descendente, todos aplaudiram e gritaram:
— Oya!
Sim, eles acharam que estava tudo bem. Fett observou com certo
orgulho. As frequências mais altas em seus propulsores fizeram seus seios
da face formigarem.
— Quem disse que os contratos de defesa são lentos? — disse Medrit.
Não parecia incomodado com o barulho, mesmo sem o elmo, mas ferreiros
muitas vezes ficavam sudos com o seu ofício. — Tempo recorde.
— Apenas mais meio milhão desses, — disse Fett, — e estaremos no
negócio.
— Nunca se trata de números, Mand’alor. Nunca foi.
Havia algo no caça, o seu pairar e inclinar sem esforço, combinado com
a distinta nota pulsante de sua propulsão, que o tornava excepcionalmente
atraente. Fett duvidava que pareceria tão bonito se estivesse transformando
a sua cidade em escória derretida. Planejava reivindicar a oferta de um voo
de teste.
Mandalore estava ressurgindo, como Beviin gostava de dizer, e estava
ganhando ritmo. Um fluxo constante de Mandalorianos estava voltando da
diáspora. Algumas centenas de milhares em uma semana não eram nada
para uma cidade-planeta de trilhões de corpos como Coruscant, mas
Mandalore agora estava rangendo com o influxo.
— Você pensaria que um grande planeta vazio como este poderia lidar
com alguns imigrantes, — disse Fett.
— Infraestrutura ruim. — Medrit esticou o pescoço para ver outro
Bes'uliik decolar. — Tenho que consertar isso. Quatro milhões sempre foi
uma boa população estável até que os garotos-caranguejos estragaram tudo.
— Quantos entrantes, no pior cenário?
— Impossível dizer. Mas você pediu dois milhões para voltar, e ouso
dizer que vamos conseguir isso.
Fett ainda se maravilhava com a capacidade das pessoas de se
desenraizarem, mas os Mando'ade eram tradicionalmente nômades, e até
ele era mais feliz na Slave I do que com um teto sobre a sua cabeça.
— Sempre fico emocionado quando as pessoas fazem coisas sem que eu
precise pendurá-las nas janelas.
— Às vezes, — disse Medrit, — você só precisa pedir. Vá ler o
Resol'nare. Os seis princípios básicos de ser um Mando. Uma delas é
reunir-se ao Mandalore quando chamado.
— Prático, — disse Fett. — Mas nem sempre acontece.
Fett começou a ver os paralelos recorrentes entre Mandalore o mundo e
Mandalore o líder, e por que os dois termos se tornaram sinônimos no
mundo exterior. Sempre se chamou de figura de proa, um lembrete do que
os Mandalorianos pareciam pensar que deveriam ser, modelo social e
também alguém em quem colocar a culpa: mas se tornou realidade. Estava
se recuperando, assim como a nação. Mandalore parecia se mexer
inversamente ao resto da galáxia, que estava ocupada descendo pelos tubos
e se despedaçando novamente. Mas isso era bom para os negócios se você
vendesse armas e habilidades militares, então a correlação era esperada.
— Hora de comemorar, — disse Medrit. — Um pouco, de qualquer
maneira. Vamos, todos estão indo para o tapcaf. A primeira rodada é por
sua conta.
Enquanto caminhava, Fett refletiu que estava tão satisfeito com a vida
como nunca estivera em muito tempo, exceto pelas poucas pontas soltas e
irritantes que surgiram quando estava morrendo e ainda não haviam
desaparecido.
Uma delas era Jacen Solo.
Sempre se resumia aos Jedi e aos seus cismas no final.
— É verdade, eu te digo. Ela foi assassinada. — Beviin estava
mantendo a corte no Oyu'baat, um tapcaf que preparava uma doce e
pegajosa net'ra gal e nunca ficava sem narcolethe. — A grande busca
acontecendo no Consórcio Hapan. Problema sério.
Fett visitava o 'caf uma vez por semana, em parte porque Mirta dizia
que era bom para o moral, mas principalmente porque Beviin pedia. Fett
queria que Beviin o sucedesse, mesmo que a maioria esperasse que ele
cuidasse de Mirta.
— Gabinete em sessão, então? — ele disse.
Os chefes e vizinhos que bebiam aqui haviam se tornado o gabinete de
Fett, e se houvesse alguma tentativa séria de governo acontecendo,
Mando'ade considerava isso uma coisa profundamente insalubre e
arruética, então isso só seria tolerado por uma buy'ce gal no tapcaf.
— Bem-vindo ao comitê de relações exteriores, — disse Beviin. —
Mara Skywalker está desaparecida, presumivelmente morta.
— Como eles sabem que ela está morta se o corpo desaparece em uma
nuvem de fumaça? — Carid murmurou. Ele estava jogando um jogo de
tabuleiro de quatro vias com Medrit, Dinua e Mirta que usava lâminas
cortantes de cabo curto. Fett assistia do lado de fora, nunca conseguindo
entender as regras. — Eles fazem isso, não é?
Fett pensou em sua coleção de sabres de luz.
— Às vezes.
Carid, usando o capacete no chão como apoio para os pés, piscou.
— Então, onde está a perícia?
Dinua cravou a sua lâmina na tábua e houve um murmúrio de
'Kandosii'.
— Eles sentem tudo na Força.
— Eu brinquei, mas ouvi dizer que o filho deles também desapareceu.
— Carid resmungou alto. — Que tipo de pais são esses Jedi?
Fett não teria trocado de lugar com nenhum dos Solo ou Skywalker.
Eles eram uma dinastia tragicamente infeliz, e mesmo que a solidariedade
fosse algo que ninguém lhe pagava para ter, compreendia a perda de um pai
e de um filho.
— Alguma menção a Jacen Solo? — ele perguntou.
— Esse nome surgiu.
— Há uma surpresa.
— Menções de uma Lumiya também. Apelido Shira Brie.
Agora, havia um nome do passado de Fett. Algumas coisas nunca iam
embora.
— Tudo correu melhor com Vader.
— Eu ainda estou esperando por justiça para minha mãe, — Mirta disse
calmamente. — Porque se ninguém mais pode se incomodar em cortar a
garganta de Jacen Solo, eu irei.
Ela não tinha mencionado isso a um tempo. Todos, todos, estavam
esperando para ver que a retribuição Fett planejara para o pirralho Solo.
Quanto mais esperava, mais sadicamente justo eles esperavam que fosse.
Mas Fett podia ver algo diferente nos olhos de Mirta: se o seu avô era o
caçador de recompensas mais brutal e eficiente da galáxia, por que não
havia trazido a pele de Jacen Solo pra ela?
Os Jedi estavam certos sobre uma coisa. A raiva crua era uma base
pobre para a ação. Ensinaria a ela paciência fria, o melhor legado que
poderia deixar pra ela.
— Medrit, — disse Fett, — quero enviar um presente para Han Solo.
— Boa mesa de carbonita?
— O Beskar apropriado esmaga gaunts, para que ele possa estrangular a
vida de sua cria de vermes. E talvez um par de placas de armadura e uma
pequena lâmina.
— Embrulhado para presente, assinado Por favor, mate o seu filho antes
que precisemos?
Só com as mais profundas condolências.
Era o mais fundo que Fett conseguia, de qualquer maneira. Deve ter
sido terrível ter tal decepção de um filho.

CONSÓRCIO HAPES

Luke achou prudente que Corran Horn assumisse o Conselho Jedi em sua
ausência. Não tinha certeza se podia confiar em si mesmo. Tudo parecia
muito acadêmico, mesmo em um bom dia, e hoje estava tão longe de ser um
desses quanto poderia imaginar.
Mas, além do fato de que agora estava sem tudo de bom em seu
coração, exceto Ben, Luke se sentia como antes pela primeira vez em anos.
Sentiu clareza. Sabia o que tinha que fazer e não havia áreas cinzentas ou
ambiguidades sobre quem estava certo e quem estava errado. Apesar de
toda a sua dor, a sensação de foco limpo lhe deu algo para se agarrar.
E as velhas vozes o chamavam.
Cruzou as Névoas Transitórias no StealthX, imaginando se teria sido
um efeito fantasma da ionização da região e fenômenos de embaralhamento
de sensores que o guiaram até aqui. Ampliou a sua presença na Força
novamente.
O alerta do comunicador quebrou a sua concentração por um momento.
— Luke, — disse a voz de Corran. — Isso é meio difícil de ignorar.
Todo mundo está ansioso para se preparar e dar uma mãozinha.
— Há apenas uma pessoa que eu preciso responder, meu amigo. E ela
está vindo. Mas... obrigado.
— O que você quer dizer com ela está vindo?
— Lumiya. Eu posso senti-la fortemente agora.
— É uma armadilha, Luke.
— Pra mim e pra ela, então.
— Ela está facilitando demais.
— Corran, não se preocupe comigo...
— Você sabe que qualquer um de nós faria isso com prazer por você.
— Eu faço. E é por isso que eu preciso.
Lumiya estava aqui; Luke podia senti-la porque ela queria que sentisse,
sabia disso. Perguntou-se quantas vezes ela passou por ele despercebida e
sem ser detectada, e se parabenizou por sua discrição. Ele pensou na mão
oferecida a ele depois que eles lutaram pela última vez, e como ele não
detectou nenhuma má vontade. Esse nível de astúcia habilidosa teria sido
impressionante se ele não tivesse se sentido tão repugnantemente traído por
ela, traído por sua própria credulidade.
Mara costumava dizer que se inclinava pra trás para ver o lado bom de
todos.
— Eu não vou me esforçar muito hoje, — ele sussurrou. — Na verdade,
nem um pouco.
Nem sentiu falta de Mara naquele momento. Para sentir falta de alguém,
tinha que aceitar que eles se foram para que pudesse ansiar por eles. Mara
ainda estava lá, frustrantemente silenciosa e invisível, e temeu o momento
em que finalmente disse a si mesmo: Sim, ela se foi, ela realmente se foi, e
ela não vai entrar pelas portas e reclamar de como as skylanes estão
lotadas nesses dias.
As Névoas Transitórias eram uma região de bandidos, repleta de
pirataria, e Luke não se importava. Manteve um circuito constante fora de
Terephon. Eventualmente, a sensação de alguém passando rapidamente por
sua visão periférica se tornou a de alguém na mesma sala. Girou o caça 360
graus em cada plano, ignorando os seus sensores e os seus sentidos da
Força no momento, porque queria ver essa coisa chegando, olhar nos olhos
e apreciá-la por inteiro da maneira fundamental de um marido em luto, não
um Mestre Jedi.
— Eu sabia que você encontraria tempo pra mim, — ele comentou.
Ela o ouviu?
O seu comunicador estalou. A voz de Lumiya nunca envelheceu. Não
tinha notado isso antes.
— Não vi motivo para fugir, Luke. Vamos acabar com isso.
A nave era exatamente como havia imaginado: de casca áspera,
vermelha alaranjada, com uma aparência tão orgânica que poderia se
adequar aos Yuuzhan Vong. Os mastros angulares e as palhetas com
membranas em seus pontos cardeais emprestavam-lhe um toque de graça
predatória.
— Eu tinha que garantir que ela morresse, — disse Lumiya. — Mas
você vai entender isso, mais cedo ou mais tarde.
Ela não abriu fogo e a esfera não se moveu. Luke considerou dar um
tiro mortal, mas ele já havia feito isso antes, e um piloto chamado Shira
Brie sobreviveu aos terríveis ferimentos que ele infligiu para se tornar o
ciborgue que o enfrentava agora. Não, ela tinha que morrer para sempre.
A esfera girou para enfrentar Terephon e começou a ganhar velocidade,
em um curso reto para o planeta. Luke partiu em perseguição e as duas
naves aceleraram, empurrando seus limites de subluz no que Luke começou
a sentir como um mergulho forçado.
Oh não, Lumiya, você não se safa com um ataque suicida. Você é
minha.
Ficou em seus pensamentos: não tinha quase nada para dizer a ela
agora. A esfera estava disparando à sua frente, afastando-se. Pendurou-se
nela, fechando a brecha, calculando quanto tempo teria para interceptar
antes que ela atingisse a atmosfera superior e despencasse pela superfície,
roubando-lhe todo fechamento de que precisava.
E justiça. Não se esqueça disso. É sobre pagar o preço pela vida de
Mara.
O StealthX aproximou-se da velocidade de segurança recomendada pelo
seu manual. Luke trouxe o caça ao lado da esfera, mergulhando um par de
asas em aviso para deixar claro que iria interceptá-la. Talvez ela não
percebesse que tinha capacidade de raio trator: ela perceberia agora. Luke
ficou por trás dela e aplicou tração suficiente para retardá-la e chamar a sua
atenção. Poderia jurar que algo protestou. Era a nave, reclamando
profundamente em sua mente sobre o manuseio rude.
Lumiya pareceu entender a ideia e desacelerou. Luke quebrou o contato
antes que eles atingissem a atmosfera e a seguiu para baixo, zumbindo para
forçá-la a pousar em uma mesa plana com vista para uma cidade
tipicamente espaçosa no estilo Hapan, aninhada entre árvores e vastos
jardins.
Saltou da cabine e esperou que ela deixasse a segurança de sua
embarcação, de pé com o sabre de luz em ambas as mãos. Eventualmente,
uma abertura se formou na lateral da esfera e ela emergiu. A nave o atacaria
como fez com Mara? Não fez nenhum movimento. Não podia nem sentir
isso agora.
— Qual é, Luke, tente terminar o trabalho. Mara teria desejado isso, não
é? Lumiya levou a mão ao rosto e rasgou o véu que cobria tudo, menos os
olhos. Então ela estendeu a mão pra trás e lentamente puxou o seu chicote
de luz. — E isso não é para fazer você sentir vergonha pela extensão dos
meus ferimentos. Eu só quero que você veja com quem está lutando.
— Estou vendo. — Luke sacou o seu sabre de luz e um conforto
temporário o inundou. — E isso acaba aqui.
Já conhecia o chicote de luz. Contava com o shoto como uma arma
extra no passado para combater os elementos gêmeos de matéria e energia
do chicote, mas foi inundado com uma nova confiança de que poderia
derrotá-la apenas com o sabre de luz que sempre esteve entre ele e a
escuridão. Segurando-o com as duas mãos sobre a cabeça, o girou
lentamente, andando ao redor dela.
Lumiya levantou o braço para sacudir o chicote e obter o impulso para o
golpe na frente. E então ela o quebrou, enviando garfos de energia escura
crepitando no chão aos pés dele, fazendo-o pular pra trás antes de pular pra
frente novamente e fazer um arco da direita para a esquerda que ela desviou
com o cabo do chicote. Saltou fora do alcance das caudas rodopiantes
repetidas vezes, então ela fez uma pausa e ele se aproximou novamente.
— Você me odeia tanto assim? — ele perguntou.
— Eu não te odeio de jeito nenhum.
— Você a matou. Você matou a minha Mara.
— Nada pessoal. — Ela parecia estar sorrindo, mas o movimento era
em torno de seus olhos, e não em sua boca cibernética. — Apenas fazendo
o que jurei ao imperador fazer. Para servir o lado sombrio. Juramentos
importam, Luke. Eles são tudo o que resta no final.
Ela puxou o braço pra trás e trouxe o chicote estalando pelo ar, errando
Luke por centímetros. Investiu contra ela de novo e de novo, empurrado pra
trás a cada vez. Ela diminuiria o espaço mais cedo ou mais tarde.
Mas ele também.
Então, quando ela começou a levantar o braço novamente, correu até
ela, tão perto que ela não conseguiu fazer o chicote viajar em sua
velocidade letal máxima. Forçou-a a recuar, passo a passo, enquanto ela
tentava manter a distância necessária.
Um, dois, três, quatro; ela o bloqueou, segurando o cabo para um lado e
para o outro, usando o chicote como um sabre de luz curto para desviá-lo,
mas Luke não parou ou mudou de direção para despistá-la. Conduziu-a
como um aríete em direção à borda do planalto, empurrando-a a poucos
metros, depois a um passo, da borda.
Lumiya segurou o cabo do chicote com as duas mãos como um bastão e
bloqueou seu golpe para baixo. Por um momento eles ficaram presos em
um impasse, empurrando um contra o outro e grunhindo com o esforço,
apenas com os sons do esforço porque não tinham mais nada a dizer um ao
outro.
O seu pé traseiro começou a deslizar pra trás enquanto ela lutava para se
firmar. A borda da mesa estava rachada e fissurada. A pedra lisa e brilhante
começou a desmoronar.
Luke estendeu a mão e segurou a mão dela enquanto ela caía, com o
chicote caindo e quicando pela face íngreme da rocha até o esquecimento.
Inclinou-se pra trás, com todo o seu peso nos calcanhares, os nós dos dedos
cerrados com o esforço de segurar o peso dela, e por um segundo quis ver o
rosto dela encolher enquanto ela caía para a morte, com a boca aberta em
um grito, mas isso não era a maneira de acabar com isso.
— Eu nunca deixaria você cair, — Luke disse, e a puxou de volta para
um lugar seguro. Quando ela se endireitou, olhou-o nos olhos, calmo,
estranhamente calmo, e girou o seu sabre de luz em um único arco
decapitador.
Agora podia respirar novamente.
KAVAN: TÚNEIS DE ÁGUA DA TEMPESTADE

Ben ficou sentado no túnel com a mãe dele por um longo tempo, e esse fato
em si foi o início de sua investigação.
A princípio, iludiu-se pensando que ela estava em um profundo transe
de cura, embora a Força nunca tivesse mentido, e o vazio que se abriu nela
teria sido sentido e compreendido por todos os Jedi.
Correu direto para o lado dela, através de um país que não conhecia, e a
encontrou. Queria pensar que ela não estava morta porque ela estava lá,
ainda como a tinha visto pela última vez, exceto pelo sangue e arranhões de
uma nova luta.
Então se sentou com ela, esperando.
Queria limpar o rosto dela e deixá-la bonita novamente, mas o seu
treinamento na GAG dizia para não remover evidências, não mexer na cena
do crime.
Ben, o filho de quatorze anos, perdido e aflito, desejou que a sua mãe
estivesse em transe profundo. Ben, o tenente, sabia mais, mas não
mencionou isso para o seu eu infantil, e teve o cuidado de observar tudo ao
seu redor, tirar holo imagens, anotar cheiros, sons e outros dados efêmeros e
começar a formar uma sequência lógica que lhe contaria como a sua mãe
encontrou a morte.
Ainda estava sentado lá, observando cada poro de sua pele e cada
partícula de pó de tijolo em sua jaqueta, quando ouviu alguém abrindo
caminho sobre os escombros em sua direção.
Não conseguia sentir a pessoa na Força.
— Olá, Jacen, — ele disse, e se virou para olhar para ele.
A boca de Jacen se abriu ligeiramente enquanto olhava primeiro para
Mara, um olhar longo e perplexo, e então para Ben. Estendeu a mão para
ele.
— Está tudo bem, Ben. Tudo bem. Vamos pegar quem fez isso. Eu juro
que vamos.
Ben ainda estava desligado, escondendo a sua presença na Força, mas
Jacen o encontrou. Era hora de ir até o seu pai. Queria estar com ele agora.
Talvez a morte de sua mãe tenha deixado uma marca na Força que Jacen
seguiu. Ben considerou a possibilidade de que estava muito chateado para
perceber por si mesmo.
Fez uma nota cuidadosa de qualquer maneira.
Capítulo Vinte e Três

Os advogados do ex-chefe de estado da AG, Cal Omas,


criticaram o Departamento de Justiça pela demora em
apresentar acusações contra ele. Omas, atualmente em prisão
domiciliar, estaria pressionando por um julgamento público.
Um porta-voz da GAG disse hoje que as investigações ainda
estão em andamento.
— Boletim de notícias do HNE

NO OYU'BAAT, KELDABE, MANDALORE

Venku, Kad'ika, aproximou-se de Fett e Mirta no tapcaf e fez um gesto por


cima do ombro.
— Ele diz que fará isso, — disse Venku. — Ele não queria dizer a você
que poderia ler a pedra ali mesmo, caso não pudesse. Ele odeia decepcionar
as pessoas.
O velho que veio olhar Fett com Kad'ika outro dia caminhou lentamente
pelo tapcaf. Ele tirou as luvas e estendeu a mão frágil manchada pela idade.
— Eu posso fazer isso, — disse ele. — Deixe-me segurar a pedra.
Mirta pareceu hesitante, então tirou o colar para entregá-lo a Fett.
— Você é kiffar por origem, então, — disse Fett. Mandalorianos vieram
de várias espécies e planetas, mas adotar a cultura não apagava os seus
perfis genéticos. — Economizou-me uma viagem.
— Eu... conheço o planeta.
— Qual é o seu preço?
— A sua paz de espírito, Mand’alor. Ninguém deve procurar em vão o
lugar de descanso de seus entes queridos.
Fett não esperava por isso. A mão ainda estendida à sua frente estava
surpreendentemente firme. Fett segurou o coração de fogo pelo cordão de
couro e baixou-o na palma da mão do homem antes de se sentar e tentar
parecer despreocupado.
O velho dobrou os dedos em torno dela e ficou olhando para o punho,
com a respiração lenta e pesada.
— Ela estava muito infeliz, não estava?
Era um bom palpite. Era inevitável, de fato. O velho provavelmente
disse isso a todas as almas feridas e solitárias que encontrou. Charlatães e
vigaristas confiavam nas reações dos outros. Fett não disse nada para ajudá-
lo a adivinhar, e não havia expressão para traí-lo.
— E ela achava difícil confiar em outro homem.
Fett ainda estava sentado em silêncio, com um pé na cadeira. Sintas
nunca confiou em ninguém. Caçadores de recompensas não eram do tipo
que confiavam, então era uma dedução fácil e segura disfarçada de
revelação.
— Os piores dias dela foram quando a sua filha aprendeu a falar e
perguntou onde papai estava.
Fett estava começando a se cansar disso. Mexeu-se na cadeira,
ignorando a voz que sussurrava que provavelmente era verdade. Como
saberia, afinal? Não pôde verificar isso. Ele e Sintas já haviam se separado
e não viu mais Ailyn.
Não até que eu vir o seu corpo morto.
— Ela pensou que você ainda se importava quando recuperou o
holograma para ela.
Agora isso não era um palpite. Era específico. E era... verdade. Fett não
ousou olhar para Mirta. A pousada estava absolutamente silenciosa: o estalo
e crepitar da fogueira do tapcaf soavam como explosões de campo de
batalha.
— Ela disse que você era jovem demais para saber o que estava
fazendo, e você disse que só precisava saber que ela era bonita, que tinha
uma ótima pontaria e que podia confiar nela tanto quanto em qualquer
mulher.
O couro cabeludo de Fett se contraiu e formigou. Foi exatamente o que
disse, e era uma frase muito estúpida e juvenil para qualquer um inventar na
hora. Não, tem que ter informação, tem que estar dando show, pegou a
informação de alguém... mas como?
O homem respirou fundo e hesitou antes de falar novamente.
— Você disse a ela que faria Lenovar pagar pelo que ele fez com ela, e
ela tentou dissuadi-lo...
Era demais para Fett.
— Chega. — Ele estendeu a mão, com a palma para cima. — Então
você pode ler a pedra.
Venku abaixou o queixo. Mesmo sem ver o rosto do homem, Fett sabia
que a expressão por trás do visor era de uma raiva destemida e protetora.
O velho Mando adotou uma abordagem mais gentil do que o seu
guarda-costas.
— Só me diga o que você quer saber, — disse ele. — Eu sei que essas
coisas podem ser dolorosas.
Mirta não deu chance de Fett responder. Ainda bem: ele não conseguia
dizer isso. Para os espectadores, ele estava apenas sendo tipicamente
silencioso e mal-humorado.
— Quero saber como ela passou as suas últimas horas, — disse Mirta.
— Quero encontrar o corpo dela.
O velho colocou o coração de fogo sobre a mesa enquanto tirava o
capacete. Ele tinha um rosto magro e de ossos finos e uma barba rala que
era mais branca que o seu cabelo, que ainda mostrava traços de loiro claro.
Ele estava suando: captar as memórias e vestígios do tempo embutidos na
estrutura molecular da pedra parecia esgotá-lo.
E ele não tinha uma tatuagem facial Kiffar. Mas Mirta também não,
apesar do fato de Ailyn ter abraçado a cultura Kiffar completamente. Em
algumas linhas de trabalho, uma marca de identificação permanente tinha as
suas desvantagens.
— Isso não me dá as memórias em ordem, — disse o veterano. — É
tudo aleatório, como retrospectos. Vejo imagens, ouço sons, cheiro aromas
e assim por diante. Entender isso não é fácil.
Ele colocou o capacete sobre a mesa e pegou a pedra novamente, desta
vez pressionando-a entre as duas palmas. Venku colocou uma mão firme em
seu ombro, e Fett se sentiu inexplicavelmente desconfortável.
— Você quer que eu... encontre os atos de violência?
Fett olhou para Mirta, não para concordar, mas porque não conseguiu
evitar. A sua testa estava franzida em uma pequena carranca. Olho seco;
focado. Não é uma garota bonita, mas uma boa estrutura óssea forte.
— Você vai encontrar muito disso, — disse ela. — Ela era uma
caçadora de recompensas.
— Você não está aqui, Mirta... — disse o velho Mando, de olhos bem
fechados.
— Ela morreu antes de eu nascer. Quero saber quem a matou.
Havia mais algumas pessoas agora no tapcaf do que antes. Fett indicou
a porta com um movimento do polegar.
— Fora. Avisarei quando puder terminar as suas bebidas.
Também quero saber quem a matou. Faz muito tempo, mas eu quero
saber.
— Ela usava isso o tempo todo. — O velho parecia quase com dor e
Venku apertou seu ombro. — Ela ficava com raiva a maior parte do tempo.
Com medo também. Tem tanta gente passando por aqui, mas continuo
voltando a um gráfico de Phaeda. Céus vermelhos e alguém que ela estava
seguindo. Resada? Rezoda?
Mirta não piscou. Ela parecia paralisada.
— A vovó não contou a ninguém para onde estava indo ou quem estava
caçando.
O homem abriu os olhos e respirou fundo.
— Phaeda. Fosse o que fosse, aconteceu em Phaeda. — Ele recuou e
olhou para a pedra. — E ela lutou para se agarrar a isso. Ela lutou muito.
Fett conseguiu não engolir. Ele tinha certeza de que todos ouviriam.
— Ela perdeu.
— Quero saber, — disse Mirta.
Venku interveio.
— Ele já teve o suficiente. Talvez mais tarde. — Ele recuperou o
capacete e tentou afastar o velho. — Vamos.
— Não sei quando, — disse o velho, soltando-se de Venku, — mas sei
que é Phaeda. Desculpe. Eu realmente sinto muito.
Ele devolveu a pedra a Mirta, colocando-a nas palmas das mãos dela
como se fosse um incipiente vivo. Fett nunca se sentiu confortável com esse
tipo de coisa mística. Ele simplesmente observava.
— Está tudo bem. — disse Mirta. — Você me contou muito, e eu sou
grata. Deixe-me pagar uma cerveja para vocêa.
— Talvez outro dia, ner ad'ika, — Venku disse. — Mas obrigado.
Mirta observou a porta se fechar. Quando ela se virou para Fett, a porta
se abriu novamente e os bebedores descontentes voltaram a entrar, dando
espaço para os dois.
— Então? Ele estava certo, Ba'buir?
Fett deu de ombros. Isso o abalou, como todas as memórias dolorosas
que voltaram sem a sua permissão.
— Direto ao ponto.
— Então, podemos seguir essa pista.
Fett temia o que mais o velho vira na pedra. Velho. Ele era apenas dez
ou talvez quinze anos mais velho que Fett.
— Acho que nunca estive em Phaeda.
O dono do tapcaf alinhou cervejas frescas no bar.
— Vejo que você conheceu Kad'ika, então, Mand’alor.
— Sim. Fascinante.
— O velho com ele, não o vejo muito por aí. Gotab, eu acho. Eu
costumava pensar que era o pai de Kad'ika, mas aparentemente não é.
O nome não significava nada para Fett, mas o arquivou mentalmente em
assuntos para investigar mais tarde. Feda. Vasculharia os bancos de dados
da Slave I, talvez hackeasse os arquivos de Phaeda. Mirta estava
examinando a pedra de perto.
— Deve ter custado cada crédito que você tinha, Ba'buir.
Ela passou o coração de fogo para Fett e a virou entre os dedos, tocando
o entalhe na borda. Somente o cortador mais habilidoso poderia lapidar as
pedras brutas sem estilhaçá-las, quanto mais esculpi-las.
— É raro encontrar uma com todas as cores. Geralmente são vermelhas
ou laranjas, mas as claros com o arco-íris inteiro... custam caro.
— Eu vi uma azul uma vez, — disse Mirta.
— Eu tinha dezesseis anos. Eu não podia comprar uma azul.
Fett podia comprar uma agora, qualquer quantidade delas, até mesmo as
mais raras pedras azuis profundas que mostravam a sua incrível variedade
de fogo multicolorido apenas sob a luz do sol. Mas não tinha mais uma
amante para entregá-los. Fazia muito tempo.
— Diga-me algo sobre Ailyn, — disse ele. — Ela já foi feliz?
Mirta pensou na pergunta.
— Eu não acho.
A única coisa que Fett sabia sobre a própria filha, além das pessoas que
ela matara e do que roubara, era que ela nunca fora feliz, nunca o chamara
de pai e que ensinara Mirta a odiá-lo. Ainda não havia questionado a garota
sobre isso. A hora nunca parecia certa.
— Você já foi feliz? — perguntou Mirta.
Fett nunca considerou se alguém se perguntava se era feliz ou não.
Parecia haver uma suposição geral de que Boba Fett percorria um caminho
estreito de desapego, nunca zangado, nunca feliz, nunca triste.
— Eu era feliz quando criança, — disse ele por fim. — Parei de ser feliz
em Geonosis e nunca mais me preocupei em tentar voltar a ser novamente.
Mas estava com raiva, tudo bem: com raiva, aflito, apavorado, solitário
e hostil. Passou por todas as emoções negativas em plena intensidade
naqueles dias após a morte de seu pai, espremido nos espaços entre fazer o
que tinha que fazer para sobreviver, quando precisava ser totalmente lógico.
Era um interruptor que tinha de desligar e ligar, desligar e ligar, até que um
dia não ligou mais e a dor desapareceu. Assim como a alegria e o amor.
Se fizesse o que seu pai queria, poderia voltar. Se fizesse um trabalho
honroso e tentasse pelo menos entender o que restava de sua própria
família, teria uma chance de recapturar um pouco do que foi arrancado dele
naquela arena em Geonosis.
— Beba, Ba'buir — disse Mirta. — Eu quero ir e fazer algumas
pesquisas sobre Phaeda.

NAVE DE GUERRA DA ALIANÇA GALÁCTICA OCEANO, NA


ESTAÇÃO ALÉM DO ESPAÇO CORELIANO

— É muito bom que você se junte a nós, — disse a Almirante Niathal.


Jacen caminhou até a ponte e experimentou a mistura de emoções ao seu
redor, variando de um vago interesse ao nervosismo. — Eu realmente senti
muito ao saber de sua perda.
Jacen assentiu educadamente. Pareceu como se realmente quisesse dar
as condolências, mas ela era muito boa em acertar a nota certa. Estava
visitando a Oceano em sua qualidade de Chefe de Estado para experimentar
alguns corações e mentes em uma reunião dos vários mundos aliados. Não
havia nada como uma reunião em uma nave de guerra adequadamente
poderosa para mostrar às pessoas o que estava em jogo. A Confederação
agora estava planejando um grande ataque contra os Mundos Centrais,
sugeriu a inteligência, então Jacen esperava que todos estivessem prestando
atenção.
A vida continuava como antes. Os últimos dias parecem ter sido de
muito suor para nada. Se precisava de mais respostas para as questões
filosóficas Sith, estava sozinho. Lumiya conseguiu cometer suicídio para
Skywalker. Jacen pode não ter feito parte do Conselho Jedi, mas da GAG
eram interceptadores de mensagens muito eficientes.
Tio Luke conseguiu. Ele realmente conseguiu. Como o meu pai, você
nunca sabe até onde eles irão, não é?
— Então, — Jacen disse, — Corellia parece ter estado muito quieta na
minha ausência.
— Eles estavam esperando pelo seu retorno, aquele empurrão no
Núcleo parece iminente. Eles odiariam que você perdesse alguma coisa. —
Niathal, aborrecida ou não com seu dia extra de ausência, parecia ter um ar
de alguém que de repente estava mais confortável com o seu novo papel,
como se ela tivesse aproveitado o fato dele estar de costas para forjar novas
alianças e consolidar o seu poder. Era quase como uma fragrância; a aura
que cercava o amor pelo poder era algo que Jacen conhecia muito bem. —
O triunvirato ainda está cuidando dos assuntos do dia a dia, mas eu tenho
nosso pessoal da Inteligência e analistas políticos lendo os sinais sobre
quem pode substituir o querido Primeiro que partiu... — Ela parou
abruptamente, e desta vez ela estava genuinamente chocalhou. Podia sentir
isso. — Eu sinto muito. Isso foi grosseiramente insensível da minha parte,
dadas as circunstâncias.
— Tudo bem. — Talvez houvesse um lado mais gentil em Niathal,
afinal. Se houvesse, iria explorá-lo ao máximo. — Não se pode pisar em
ovos e suspender toda conversa normal sobre mortes. A melhor coisa que
podemos fazer para honrar a memória de minha tia é vencer por ela.
— De fato.
— Murkhana parece tenso. Já passamos do prazo, certo?
— Estamos mantendo um resumo de observação sobre isso. Podem
muito bem ser táticas psicológicas Mandalorianas. Oito X-Wings de
prontidão para manter a paz é o preço da harmonia para a AG. Por outro
lado, se os Mandalorianos aparecerem para apoiar os seus aliados Verpine
interrompendo a produção disputada de sua própria maneira inimitável,
pelo menos poderemos ter uma visão muito útil das capacidades de seu
novo caça de ataque.
— Alguns podem pensar, — ele disse calmamente, — que preferimos
vê-los atacar Murkhana do que não.
— Eu nunca rejeito informações, Coronel Solo.
— Muito sábio, Almirante Niathal.
Jacen caminhou até o holo mapa da ponte que mostrava todo o teatro
coreliano. Eles ainda tinham muitas naves. Havia uma ação limitada
acontecendo no lado coreliano do gráfico. Sempre parecia a Jacen algo
excessivamente distante mostrar as lutas de vida e morte em tempo real
como gráficos charmosos, estéticos e silenciosos.
— Isso é atual?
— Sim, senhor, — disse o oficial de guarda. — Atualizado uma vez por
minuto.
— Acho que estamos perdendo alguma coisa, tenente, — Jacen disse,
mergulhando a ponta do dedo no labirinto de luz para mostrar o seu
objetivo. — Olhe, o que você tem aqui é na verdade uma flotilha de
corvetas, e este contratorpedeiro aqui se moverá para esta posição, porque
na verdade está operando um...
Parou, ciente das sobrancelhas erguidas e olhares perplexos que estava
recebendo, mas banhado no crescente calor da revelação.
Eu posso ver tudo isso.
— Podemos verificar isso? — o oficial de guarda gritou para um colega.
— O Coronel Solo raramente se engana.
O coronel Solo, Jacen pensou, tinha acabado de ter a epifania de sua
vida.
É verdade. Lumiya estava certa. Oh, isso é requintado. Eu era cego
antes. Como eu pensei que poderia ter sucesso como comandante sem isso?
Lumiya havia prometido a ele uma consciência e julgamento no campo
de batalha que fazia a meditação de batalha comum parecer uma pintura a
dedo, sentir e coordenar só pelo poder de sua mente e vontade, um poder
que só se concretizava no Mestre Sith.
Sou eu. É realmente. Afinal, foi o sacrifício de Mara, eu aceito isso
agora.
Mas ainda não entendo a profecia. E eu não gosto do que não consigo
entender.
Ele era um Lorde Sith. Agora o seu trabalho poderia realmente começar.
Aconteceu.
E era lindo.

TRANSPORTE DO CONSELHO JEDI, CONSÓRCIO HAPES

Luke estava grato por algo que ainda não conseguia entender.
Fez uma pausa antes de passar pelas portas do compartimento,
respirando fundo algumas vezes. Cilghal olhou para cima quando entrou e
se moveu como se fosse sair.
O corpo de Mara, jazia envolto do pescoço para baixo em um lençol
branco sobre uma mesa de exame. Luke havia se preparado para algo
terrível, imaginando-a horrivelmente desfigurada ou com as feições
contorcidas; mas ela simplesmente parecia estar dormindo de costas, pálida
e pacífica, com o seu cabelo ruivo bem arrumado de um jeito que nunca
ficava quando a observava enquanto ela dormia.
— Está tudo bem, Cilghal, — ele disse. — Eu não preciso ficar sozinho
com ela.
— Oh, sim, você precisa, Luke, — ela disse suavemente. — E posso
voltar mais tarde.
— Eu não entendo isso, — disse ele. — Mas posso segurá-la uma
última vez e me perguntar se algum dia o faria. Eu não posso te dizer o
quanto sou grato.
Ele não podia ver o rosto de Cilghal agora. Seus olhos estavam quentes
e transbordantes. Ela deu um tapinha no braço dele.
— Você pensou que ela se tornaria incorpórea, — ela disse.
— Nós conversamos sobre isso uma ou duas vezes. Achei que ela
poderia escolher isso quando chegasse a hora. Fico feliz que ela tenha
mudado de ideia.
— Ela certamente se certificou de que tivéssemos provas. — Cilghal
parou por um segundo, respirou fundo e começou de novo. — Era veneno,
um que eu nunca tinha visto antes. Mas não duvide que ela também queria
que você pudesse se despedir.
Cilghal se virou e saiu apressado.
Luke não conseguia falar ou mesmo desviar o olhar de Mara, e passou
muito tempo olhando para o rosto dela. Se os seus olhos tivessem se aberto,
e ela perguntasse quanto tempo ela dormiu demais, não teria ficado
surpreso. Ergueu o lençol para segurar a mão esquerda dela, e foi só o frio
que o fez estremecer. Depois de um tempo, a pele ficou quente com o calor
de seu próprio corpo.
Cilghal precisava de provas forenses para o registro. Mas Lumiya matou
Mara e Lumiya pagou o preço. Não houve investigação a seguir.
No entanto, isso significava que não havia necessidade de Mara
permanecer agora, e Luke estava dividido entre querer nunca tirar os olhos
dela e relembrar como Yoda se tornou um com a Força: então poderia
realmente vê-la novamente. Mas entendia tão pouco desses elementos do
misticismo. Naquele momento, ficou grato por se contentar em observá-la.
— Você realmente queria me ver, não é? — ele sussurrou, e se inclinou
para beijá-la. Perguntou-se se ela desapareceria no instante seguinte. Não
ousou desviar o olhar, e sabia que isso só o impedia de aceitar que ela se
fora. Mesmo quando sentiu Ben caminhando em direção ao compartimento
e ouviu-o caminhar suavemente pelo convés, não se virou. Estendeu o braço
esquerdo para que Ben se aproximasse dele e aceitasse o abraço enquanto
Luke cuidava de Mara.
— Ei, querida, — ele disse a ela. — É o Ben.
— Lamento que você não tenha conseguido me encontrar, pai, — disse
ele. — Eu só tinha que ir até ela e estar lá.
Era a primeira vez que Luke falava com Ben desde antes de Mara partir:
parecia a primeira vez em anos, na verdade. Luke tentou pensar em como
deve ter sido para Ben ficar de guarda sobre o corpo de sua mãe, sozinho e
assustado, mas ele ainda estava atolado em sua própria dor e choque.
— Papai... eu sei que ela está nos dizendo algo. Tenho pensado nisso
desde o começo.
Pobre criança. Luke não entendeu muito bem o que ele quis dizer, mas
eles poderiam conversar sobre isso mais tarde. Estava orgulhoso da força e
dignidade de seu filho. Ben poderia receber as outras notícias também. Fez
o trabalho de um homem agora.
— De qualquer forma, eu peguei a Lumiya.
— É? — Ben parecia surpreso. — O que você quer dizer com tem?
— Eu matei ela. Eu não vou vestir isso. Eu devia isso a Mara para lhe
fazer justiça.
Ben estava totalmente em silêncio. Luke sentiu uma pequena
perturbação ao seu redor e os seus músculos enrijeceram.
— Pai...
— Eu sei, processo legal e tudo mais, mas processo legal... Lumiya
disse que tinha que... bem, uma vida por uma vida. Isso é tudo.
— Papai... Pai, não foi a Lumiya.
— Foi. Ela disse...
O que exatamente Lumiya disse?
— Não, não pode ser, porque eu estava ao lado dela no momento em
que mamãe morreu, nem perto do local. Nós pousamos em Kavan, nós dois.
Ela ainda estava na esfera Sith.
Luke ouviu a voz de Ben de muito longe, e tudo mudou novamente.
Não foi ela. Não foi a Lumiya.
— Pai, fica tranquilo, tá? Vamos descobrir quem fez isso. Ben agarrou
os seus ombros. — Papai, é por isso que mamãe ficou. Ela ficou para que
pudéssemos encontrar provas. Ainda não sabemos quem o fez. Esqueça
Lumiya. Você acabou de pegá-la primeiro, eu estava indo atrás dela antes
da mamãe morrer. Você prestou à galáxia um serviço necessário.
Não, não prestou. Luke não sentiu que tinha feito isso. Matou Lumiya,
por mais má que ela fosse, por algo que ela não fez. Isso não foi justiça.
Luke se viu caindo de joelhos.
— Eu matei a errada...
Sith.
— Eu matei a pessoa errada. Mas ela disse...
Ben colocou as mãos em cada lado do rosto de seu pai, de repente anos
mais velho que Luke.
— Olhe pra mim, pai. Não é bom fazer isso aqui. Vamos conversar em
outro lugar.
— Ben...
— E todas as outras pessoas que ela matou? Ela não vale a sua angústia,
pai. Guarde as suas lágrimas para mamãe, porque eu vou.
Luke conseguiu resistir por mais alguns minutos. Quando não aguentou
mais, dirigiu-se rapidamente para a sua cabine, fechou a porta e chorou e se
enfureceu em particular até ficar exausto. Achava que estava se mantendo
bem, segurando todas aquelas lágrimas, e então algo como Lumiya
acrescentou um fardo às suas costas e as comportas se abriram. Ele a odiava
por isso. Queria chorar por Mara, a sua tristeza não contaminada por
qualquer coisa relacionada ao mal que levou à sua morte. Não queria que
Lumiya interferisse nesse momento, e no entanto, de alguma forma, ela
interferiu.
Quem matou Mara ainda estava por perto. Poderia se concentrar em
levá-los à justiça, e isso significava que tinha algo mais em que se agarrar
enquanto lutava contra a dor.
Mas Lumiya tinha feito isso de novo.
Ela o enganou uma última vez, manipulou-o uma última vez, frustrou-o
uma última vez, e isso quebrou algo profundo dentro dele.
Capítulo Vinte e Quatro

Mensagem para: Frota de Operações Hapan


Estação de origem: Terephon
A nave não registrada e não identificada notificada a nós pelo Mestre Jedi Skywalker foi removida sem
autorização da cidade de Tu'ana. Por favor, avise o Mestre Skywalker que lamentamos este ato de roubo
enquanto a embarcação estava em nossa jurisdição e atenderemos a qualquer reivindicação de indenização.

PISTA DE POUSO DA MOTORES MANDAL, KELDABE,


MANDALORE

Boba Fett juntou os dedos para apertar as luvas nas mãos e olhou para a
cabine aberta do Bes'uliik. Sob o visor, se permitiu um sorriso largo e
intensamente reservado.
Beviin aplaudiu, rindo.
— Garotos Mando em turnê! Vamos, Bob'ika, tire esse jato propulsor
antes de entrar ou você terá uma terrível despressurização involuntária em
altitude...
Os ânimos estavam altos. Fett não liderava uma força de ataque
Mandaloriana desde a guerra dos vongeses, pelo que se lembrava. Pode ter
havido outros, mas esse era o grande, o que contava.
Houveram gritos de:
— Oya manda! — enquanto os caças protótipos Bes'uliik eram lançados
do hangar. As pessoas estavam fazendo gravações holográficas e apontando
os pontos mais delicados da fuselagem para os seus filhos. O clima em
torno de Fett parecia uma mistura inebriante de nostalgia e otimismo para o
futuro, o que talvez fosse inapropriado, considerando que eles estavam
prestes a violar o território soberano de Murkhana, apenas temporariamente,
é claro, e bombardear alguns de seus complexos de fábrica no espaço Hutt.
Tudo estava sendo feito com consideração. Fez questão de enviar um
aviso aos funcionários da fábrica e aos residentes na provável zona de
explosão para evacuar com bastante antecedência. Não era como se a
esquadrilha de Mando estivesse entrando sorrateiramente e atacando-os sem
um aviso decente. Afinal, os Mando'ade não eram selvagens. Bem, não
recentemente... e apenas para vongese, se fossem.
Além disso, Fett queria uma cobertura decente do HNE sobre o novo
caça em ação. Valeu a pena uma divisão blindada em termos de dissuasão.
Não havia nada mais desleixado do que terminar um compromisso antes
que a mídia tivesse a chance de configurá-la e registrá-la.
Papai teria adorado isso.
Fett deveria ser o último piloto a embarcar, então observou os outros
pilotos entrando em suas cabines. Beviin estava ansioso por isso como uma
criança antes de um aniversário. Medrit ergueu os seus netos, Shalk e Briila,
para que as crianças pudessem pintar as marcas de suas mãos na fuselagem.
Era um cinza claro discreto, embora Shalk insistisse que um bom tom
vermelho sangue teria sido muito melhor.
— Ba'buir, — chamou Mirta. — Ei, espere! 'Pare sol!'
Fett se virou. Mirta estava correndo pelo campo, com o datapad
agarrado em sua mão, e Orade correu com ela. Ou ela achava que Ba'buir
estava tão senil que não era capaz de voltar vivo de um simples bombardeio
no caça mais forte do mercado, ou ela queria fazer algo imperdoavelmente
sentimental. E preparou-se para um leve embaraço.
Mas ela não parecia estar prestes a ter um momento sentimental. Ela
parecia... perturbada.
Fett automaticamente fez uma varredura rápida em torno da multidão
para se certificar de que todos cuja sobrevivência era importante para ainda
estavam lá e inteiros. Mirta estava claramente trazendo más notícias que
não podiam esperar.
Ah, bem. Acontece.
— Ba'buir, — ela ofegou. — Eu quero que você fique muito calmo
sobre isso.
Fett não disse nada, apenas apontou para o visor.
— Não tenho certeza de como te dizer isso. — Ela brandiu o datapad
como se quisesse mostrar que tinha provas e que não estava brincando. —
É... não sei...
— Desembucha.
— Você sabe que comecei a mexer nas coisas de Phaeda?
— Sim.
— Pesquisei em todo o material de arquivo nomes como Resada e
Rezoda.
Fett percebeu que teria de arrancar dela um grunhido de cada vez.
— Sim.
— Rezodar, gângster. Gângster morto, na verdade. Morreu há cerca de
trinta e oito anos. Esse é o nome armazenado no coração de fogo.
Fett notou Orade olhando para Mirta como se estivesse mais
preocupado com ela do que com a ira de Fett pela primeira vez.
— Essa vai ser uma data significativa, presumo.
— Ela é. Descobri que ele tinha uma propriedade excelente, que é o que
Phaeda chama de deixar coisas de valor sem um testamento ou alguém para
reivindicá-las. O estado não pode reivindicá-lo, então eles o armazenam. O
advogado do estado está muito chateado por ainda ter que armazenar coisas
e diz que se quisermos registrar uma reclamação, ele ficará mais feliz. Vai
levar algum tempo.
Fett não tinha certeza de que a notícia da partida de um canalha muito
morto valia a pena interromper seu momento Bes'uliik. Mas Mirta não era
do tipo rainha do drama. Isso tinha que ser algo sobre a morte de Sintas que
o deixaria muito, muito focado. Ela descobriu que tinha sido sensível, e
mais um pouco, sobre ofensas a Sintas, mesmo que a tivesse deixado.
— Mirta — disse Fett com firmeza. Ele raramente usava o nome dela.
— Apenas me diga a parte seriamente ruim.
Ela lhe entregou o datapad. A tela já estava configurada para mostrar
imagens do que estava armazenado na cela de Rezodar, tudo numerado pela
divisão do tribunal de heranças. Fett folheou-a.
— Apenas procure a placa de carbonita, Ba'buir.
Fett não gostou do som disso.
Quando chegou lá, não conseguiu distinguir os contornos, então
ampliou a imagem.
Oh, fierfek...
Queria deixar escapar alguma coisa, mas nenhum som saiu de qualquer
maneira, e ninguém sabia de nada com um homem de capacete. Suas pernas
ameaçaram ceder. Devolveu o datapad para ela, respirando fundo e devagar
para tentar controlar o tremor em suas entranhas.
— O que você precisa de mim para liberar isso? — Fett tinha certeza de
que a sua voz estava tremendo. — Créditos? Assinatura?
— É isso? — perguntou Mirta.
— Só me diga. — Não pode ser verdade. Não pode ser.
— Eu posso fazer isso sozinho. — Ela parecia magoada, o que não era
fácil para uma garota de cara dura como aquela. — Mil créditos.
— Eu vou pagar. — Fett mal podia acreditar nas palavras que saíam de
sua boca, todas na voz de um estranho calmo. — Ela era... ela é a minha ex-
esposa, afinal.
Sintas estava viva.
Sintas Vel, a sua primeira e única esposa, estava viva, desde que nada
tivesse dado errado com o processo de carbonita.
Ela teria que se atualizar bastante com a galáxia, e a sua família
despedaçada.
Ailyn, o que posso dizer?
— Certo. — Mirta estava totalmente azeda novamente. — Seja o
homem durão na frente do seu burc'yase, mas eu o conheço agora.
Fett decidiu visitar a atualização antes da surtida. Agora era um
momento muito bom.
— Eu aposto que você conhece.
Afastou-se, como sempre, porque era o que todos esperavam, então
fechou as portas do banheiro e encostou as costas na parede. Deslizou-se
por ela e se agachou ali, com a cabeça entre as mãos, tremendo.
Sintas estava viva.
Ele esperou alguns minutos, então se levantou e caminhou até a pista de
pouso para juntar-se a seu Bes'uliik como se nada tivesse acontecido.

CABINE DO CAPITÃO, SSD ANAKIN SOLO

Eu entendo agora.
Eu sei o que mais amei e o que teve que ser morto.
Jacen tinha deitado em seu beliche por horas, tentando encaixar a última
peça no quebra-cabeça que o atormentava. Era a profecia. Ela não se
encaixava.
Ele vai eternizar o seu amor.
Foi somente quando Jacen considerou que ele poderia não se referir a si
mesmo que iniciou um caminho complexo que mostrava a profecia em sua
complexidade multifacetada. Não tinha só um significado: tinha muitos.
E é por isso que agora sou o Lorde dos Sith.
Não houve pirotecnia e nenhuma mudança cataclísmica na Força; e
ainda, de onde estava agora, Jacen olhou pra trás e viu uma paisagem que
havia mudado completamente. Mudou passo a passo, ato a ato, morte a
morte, uma mudança tão gradual e incremental que mal a notou sua
passagem até...
Até agora.
Não era o mesmo Jacen Solo que ficou chocado quando Lumiya disse
que estava destinado a ser um Lorde Sith.
Se olhasse pra trás o suficiente, Jacen viu seu começo nos olhos aviários
estranhamente preocupados de Vergere enquanto sofria tormento físico que
o mudou para sempre, mostrando a ele que não havia nada que não pudesse
suportar e passar além se a sua vontade quisesse.
E matou não uma pessoa que amava, mas algo precioso cuja ausência
acharia muito difícil de lidar. Já estava abrindo um buraco nele. Isso
importava. E ainda tinha a aparência de estar vivo, mas era um morto-vivo.
O que amou e ainda matou foi a admiração e a devoção de Ben por ele.
Jacen passou a amar essa adulação, e adorava roubar de Luke o papel de pai
e mentor adorado.
Ele imortalizará o seu amor... onde imortalizar significa “morto”.
E Ben, conhecia Ben bem o suficiente para perceber que nunca
descansaria até que o assassino de sua amada mãe fosse pego, e que ela
sempre seria aquele ícone perfeito de beleza e coragem pra ele.
O amor de Ben é imortal agora. Vai durar enquanto ele viver, imutável,
como a sua visão de Mara. E... como o ódio e a vingança que sentirá por
mim quando souber o que fiz. Isso também viverá para sempre.
Jacen se levantou e olhou para o seu reflexo no espelho na antepara
novamente. Estudou-o como se estivesse procurando sintomas variáveis,
hora a hora, para ver se seu status de Sith estava se manifestando em sua
carne. Não parecia diferente.
Mas continuou vendo o rosto de Ben enquanto caminhava até o garoto
naquele túnel e o encontrou vigiando a sua mãe morta. Os seus olhos... eles
sabiam que algo estava esperando para ser revelado, algo que iria
despedaçá-lo.
Mara fez Ben começar a se perguntar por que ela não se tornou uma
com a Força. Mais cedo ou mais tarde, ele descobrirá. Você fez a sua parte
em meu destino, Mara.
E quando Ben finalmente descobrisse que foi Jacen quem a matou, ele o
odiaria mais do que poderia imaginar. Jacen injetou um veneno lento no
amor de Ben por ele, tão certo quanto envenenou a mãe dele, e semeou um
ódio terrível e maravilhoso. Um Sith precisava daquele magnífico poço de
ódio para alcançar a grandeza. Ben eventualmente se tornaria maior do que
seu pai Jedi jamais poderia ser.
Nesse ínterim, a guerra de Jacen continuou, agora no cenário político
mais amplo, bem como na GAG.
Pegou o capacete preto da GAG que raramente usava, girou-o entre os
dedos e sentiu um estranho enjoo no estômago ao colocá-lo. Era um
soldado padrão da GAG, seção de mandíbula alargada com um filtro à
prova de gás de dispersão, o visor uma única banda em V rasa de
duraplástico endurecido, apenas uma ferramenta básica do trabalho. Não era
muito diferente do capacete funcional que as tropas usavam há décadas.
Mas eu não preciso disso, preciso?
Parou na frente do anteparo de duraço polido. O contorno preto à sua
frente estava manchado e nebuloso, uma mera sugestão impressionista do
que era. Mal conseguia olhar. Era tudo o que os seus inimigos diziam que
era. Estava envergonhado; sim, o constrangimento ofuscou qualquer culpa.
Havia matado, e matado novamente, e matado Mara Jade Skywalker,
que era tanto família quanto amiga. Amigos... agora não tinha mais
nenhum, exceto Tenel Ka e Allana, e elas passariam a odiá-lo quando a
verdade fosse conhecida.
Desci o mais baixo que pude, aos olhos das pessoas comuns.
Mas agora a única direção é... pra cima.
Jacen pensou em uma breve conversa com um das tropas da GAG, um
ex-policial da Força de Segurança de Coruscant. A maioria dos
assassinatos, disse o policial, era cometida por familiares e amigos
próximos. A matança aleatória de estranhos era relativamente rara, mesmo
nos bairros mais miseráveis dos níveis inferiores violentos e sem lei.
Eu não sou tão incomum, então.
Jacen respirou fundo e deu dois passos para o lado. Agora estava
olhando para o espelho colocado na antepara de sua cabine diurna
novamente; cristalina, nítida, impiedosa. Olhou para uma imagem de preto
abrangente. Sabia o que as pessoas diziam pelas costas: que estava tentando
imitar Vader.
Então? Tenho orgulho do meu avô, mas estou não cego para as
fraquezas que o derrubaram.
Mas isso era orgulho ferido falando. Eu tenho que ir além disso agora.
Tinha que estar além do medo de pequenas consciências e até mesmo além
do ódio que faria de Ben Skywalker um sucessor forte, digno e aterrorizante
do título de Lorde Sombrio.
Mas isso seria nos anos futuros. Agora era a hora de um homem que já
havia sido Jacen Solo assumir essa responsabilidade pelo bem da galáxia.
Jacen tirou o capacete, olhou em seus próprios olhos e não vacilou.
— Caedus, — ele disse. — Meu nome é Darth Caedus.
STAR WARS / LEGADO DA FORÇA - SACRIFÍCIO
TÍTULO ORIGINAL: Star Wars / Legacy of the Force - Sacrifice

COPIDESQUE: TRADUTORES DOS WHILLS

REVISÃO: TRADUTORES DOS WHILLS

DIAGRAMAÇÃO: TRADUTORES DOS WHILLS

ILUSTRAÇÃO: TRADUTORES DOS WHILLS

GERENTE EDITORIAL: TRADUTORES DOS WHILLS

DIREÇÃO EDITORIAL: TRADUTORES DOS WHILLS

VERSÃO ELETRÔNICA: TRADUTORES DOS WHILLS

ASSISTENTES EDITORIAIS: TRADUTORES DOS WHILLS

COPYRIGHT © & TM 2007 LUCASFILM LTD.


COPYRIGHT © TRADUTORES DOS WHILLS, 2023
(EDIÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA PARA O BRASIL)
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.
PROIBIDA A REPRODUÇÃO, NO TODO OU EM PARTE, ATRAVÉS DE QUAISQUER MEIOS.

LEGADO DA FORÇA - SACRIFÍCIO É UM LIVRO DE FICÇÃO. TODOS OS PERSONAGENS, LUGARES E


ACONTECIMENTOS SÃO FICCIONAIS.
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
F93r Allston, Aaron
Legado da Força - Sacrifício [recurso eletrônico] / Karen Traviss; traduzido por TRADUTORES
DOS WHILLS.
448 p. : 1.0 MB.
Tradução de: Star Wars / Legacy of the Force - Sacrifice
ISBN: 978-0-345-51052-5 (Ebook)
1. Literatura norte-americana. 2. Ficção científica. I. DOS WHILLS, TRADUTORES CF. II.
Título.
2020-274 CDD 813.0876
CDU 821.111(73)-3

ÍNDICES PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO:


Literatura : Ficção Norte-Americana 813.0876
Literatura norte-americana : Ficção 821.111(73)-3

tradutoresdoswhills.wordpress.com
Sobre a Autora

KAREN TRAVISS é a romancista, roteirista e escritora de quadrinhos e é a


autora de cinco romances Star Wars: Comando da República: Contato
Hostil, Triplo Zero, Verdadeiras Intenções, Ordem 66 e Comando Imperial:
501ª; três romances Star Wars: Legado da Força: Linhagens de Sangue,
Revelação e Sacrifício; dois romances Star Wars: Guerra dos Clones:
Guerra dos Clones e Sem Prisioneiros; dois romances Gears of War, Aspho
Fields e Jacinto's Remnant; sua premiada série de Guerra Wess'har, City of
Pearl, Crossing the Line, The World Before, Matriarch, Ally e Judge; e uma
novela de Halo, Human Weakness. Ela também é a principal escritora do
terceiro jogo Gears of War. Uma ex-correspondente de defesa e jornalista de
TV e jornal, Traviss vive em Wiltshire, Inglaterra.
Agradecimentos

Agradeço imensamente aos meus editores incrivelmente pacientes, Shelly


Shapiro (Del Rey) e Sue Rostoni (Lucasfilm); aos companheiros de trama
Troy Denning e Aaron Allston; ao meu agente, Russ Galen; a Mike
Krahulik e Jerry Holkins, os deuses do Penny Arcade, por ótimos debates
de Star Wars e boa companhia; a Ray Ramirez, o extraordinário armeiro
Mandaloriano, por dar vida ao beskar'gam; aos meus bons amigos da 501ª
Dune Sea Garrison, por seus insights sobre a cultura Mandaloriana; a Jim
Gilmer, que nunca deixa de me colocar de volta no caminho certo; e a todos
os fãs de Star Wars que tornam este trabalho valioso.

A Del Rey Books e a Lucas Licenciamentos Ltda desejam agradecer a


Tawnia Poland, que contribuiu com o nome do nosso mais recente Lorde
Sith, e aos milhares de fãs que participaram do concurso "Darth Who".

Vocês realmente conhecem o poder do lado sombrio...


Star Wars: Guardiões dos Whills
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No mundo do deserto de Jedha, na Cidade Santa, os amigos Baze e


Chirrut costumavam ser Guardiões das colinas, que cuidavam do
Templo de Kyber e dos devotos peregrinos que adoravam lá. Então
o Império veio e assumiu o planeta. O templo foi destruído e as
pessoas espalhadas. Agora, Baze e Chirrut fazem o que podem
para resistir ao Império e proteger as pessoas de Jedha, mas nunca
parece ser suficiente. Então um homem chamado Saw Gerrera
chega, com uma milícia de seus próprios e grandes planos para
derrubar o Império. Parece ser a maneira perfeita para Baze e
Chirrut fazer uma diferença real e ajudar as pessoas de Jedha a
viver melhores vidas. Mas isso vai custar caro?

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STAR WARS: Episódio VIII: Os Últimos Jedi
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Um livro de imagens ilustrado que reconta o filme Star Wars: Os


Últimos Jedi.

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Chewie e a Garota Corajosa
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Um Wookiee é o melhor amigo de uma menina! Quando Chewbacca


conhece a jovem Zarro na Orla Exterior, ele não tem escolha a não
ser deixar de lado sua própria missão para ajudá-la a resgatar seu
pai de uma mina perigosa. Essa incrível Aventura foi baseada na
HQ do Chewbacca… (FAIXA ETÁRIA: 6 a 8 anos)

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Star Wars: Ahsoka
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Esse é o Terceiro Ebook dos Tradutores dos Whills com uma


aventura emocionante sobre uma heroína corajosa das Séries de
TV Clone Wars e Rebels: Ahsoka Tano! Os fãs há muito tempo se
perguntam o que aconteceu com Ahsoka depois que ela deixou a
Ordem Jedi perto do fim das Guerras Clônicas, e antes dela
reaparecer como a misteriosa operadora rebelde Fulcro em Rebels.
Finalmente, sua história começará a ser contada. Seguindo suas
experiências com os Jedi e a devastação da Ordem 66, Ahsoka não
tem certeza de que possa fazer parte de um todo maior de novo.
Mas seu desejo de combater os males do Império e proteger
aqueles que precisam disso e levará a Bail Organa e a Aliança
Rebelde….

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Star Wars: Kenobi Exílio
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A República foi destruída, e agora a galáxia é governada pelos


terríveis Sith. Obi-Wan Kenobi, o grande cavaleiro Jedi, perdeu
tudo… menos a esperança. Após os terríveis acontecimentos que
deram fim à República, coube ao grande mestre Jedi Obi-Wan
Kenobi manter a sanidade na missão de proteger aquele que pode
ser a última esperança da resistência ao Império. Vivendo entre
fazendeiros no remoto e desértico planeta Tatooine, nos confins da
galáxia, o que Obi-Wan mais deseja é manter-se no completo
anonimato e, para isso, evita o contato com os moradores locais. No
entanto, todos esses esforços podem ser em vão quando o “Velho
Ben”, como o cavaleiro passa a ser conhecido, se vê envolvido na
luta pela sobrevivência dos habitantes por uma Grande Seca e por
causa de um chefe do crime e do povo da areia. Se com o Novo
Cânone pudéssemos encontrar todos os materiais disponíveis aos
anos de Exílio de Obi-Wan Kenobi em um só Lugar? Após o Livro
Kenobi se tornar Legend, os fãs ficaram sem saber o que aconteceu
com o Velho Ben nesse tempo de reclusão. Então os Tradutores dos
Whills também se fizeram essa pergunta e resolveram fazer esse
trabalho de compilação dos Contos, Ebooks, Séries Animadas e
HQs, em um só Ebook Especial e Canônico para todos os Fãs!!

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Star Wars: Dookan: O Jedi Perdido
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Esse é o Quarto Ebook dos Tradutores dos Whills com uma


aventura emocionante sobre um Vilão dos Filmes e da Série de TV
Clone Wars: Conde Dookan! Mergulhe na história do sinistro Conde
Dookan no roteiro original da emocionante produção de áudio de
Star Wars! Darth Tyranus. Conde de Serenno. Líder dos
Separatistas. Um sabre vermelho, desembainhado no escuro. Mas
quem era ele antes de se tornar a mão direita dos Sith? Quando
Dookan corteja uma nova aprendiz, a verdade oculta do passado do
Lorde Sith começa a aparecer. A vida de Dookan começou como um
privilégio, nascido dentro das muralhas pedregosas da propriedade
de sua família. Mas logo, suas habilidades Jedi são reconhecidas, e
ele é levado de sua casa para ser treinado nos caminhos da Força
pelo lendário Mestre Yoda. Enquanto ele afia seu poder, Dookan
sobe na hierarquia, fazendo amizade com Jedi Sifo-Dyas e levando
um Padawan, o promissor Qui-Gon Jinn, e tenta esquecer a vida
que ele levou uma vez. Mas ele se vê atraído por um estranho
fascínio pela mestra Jedi Lene Kostana, e pela missão que ela
empreende para a Ordem: encontrar e estudar relíquias antigas dos
Sith, em preparação para o eventual retorno dos inimigos mais
mortais que os Jedi já enfrentaram. Preso entre o mundo dos Jedi,
as responsabilidades antigas de sua casa perdida e o poder sedutor
das relíquias, Dookan luta para permanecer na luz, mesmo quando
começa a cair na escuridão.

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Star Wars: Discípulo Sombrio
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Esse é o Quinto Ebook dos Tradutores dos Whills com uma


aventura emocionante sobre um Vilões e Heróis dos Filmes e da
Série de TV Clone Wars! Baseado em episódios não produzidos de
Star Wars: The Clone Wars, este novo romance apresenta Asajj
Ventress, a ex-aprendiz Sith que se tornou um caçadora de
recompensas e uma das maiores anti-heróis da galáxia de Star
Wars. Na guerra pelo controle da galáxia entre os exércitos do lado
negro e da República, o ex-Mestre Jedi se tornou cruel. O Lorde Sith
Conde Dookan se tornou cada vez mais brutal em suas táticas.
Apesar dos poderes dos Jedi e das proezas militares de seu
exército de clones, o grande número de mortes está cobrando um
preço terrível. E quando Dookan ordena o massacre de uma flotilha
de refugiados indefesos, o Conselho Jedi sente que não tem
escolha a não ser tomar medidas drásticas: atacar o homem
responsável por tantas atrocidades de guerra, o próprio Conde
Dookan. Mas o Dookan sempre evasivo é uma presa perigosa para
o caçador mais hábil. Portanto, o Conselho toma a decisão ousada
de trazer tanto os lados do poder da Força de suportar, — juntar o
ousado Cavaleiro Quinlan Vos com a infame acólita Sith Asajj
Ventress. Embora a desconfiança dos Jedi pela astuta assassina
que uma vez serviu ao lado de Dookan ainda seja profunda, o ódio
de Ventress por seu antigo mestre é mais profundo. Ela está mais
do que disposta a emprestar seus copiosos talentos como caçadora
de recompensas, e assassina, na busca de Vos.Juntos, Ventress e
Vos são as melhores esperanças para eliminar a Dookan, — desde
que os sentimentos emergentes entre eles não comprometam a sua
missão. Mas Ventress está determinada a ter sua vingança e,
finalmente, deixar de lado seu passado sombrio de Sith.
Equilibrando as emoções complicadas que sente por Vos com a
fúria de seu espírito guerreiro, ela resolve reivindicar a vitória em
todas as frentes, uma promessa que será impiedosamente testada
por seu inimigo mortal… e sua própria dúvida.

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Star Wars: Episódio IX: A Ascensão do Skywalker:
Edição Expandida

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Leia o épico capítulo final da saga Skywalker com a novelização


oficial de Star Wars: A Ascensão Skywalker, incluindo cenas
ampliadas e conteúdo adicional não visto nos cinemas! A
Resistência renasceu. Mas, embora Rey e seus companheiros
heróis estejam de volta à luta, a guerra contra a Primeira Ordem,
agora liderada pelo líder supremo Kylo Ren, está longe de terminar.
Assim como a faísca da rebelião está reacendendo, um sinal
misterioso é transmitido por toda a galáxia, com uma mensagem
assustadora: o Imperador Palpatine, há muito pensado derrotado e
destruído, está de volta dos mortos. O antigo Senhor dos Sith
realmente voltou? Kylo Ren corta uma faixa de destruição pelas
estrelas, determinado a descobrir qualquer desafio ao seu controle
sobre a Primeira Ordem e seu destino para governar a galáxia – e
esmagá-la completamente. Enquanto isso, para descobrir a
verdade, Rey, Finn, Poe e a Resistência devem embarcar na
aventura mais perigosa que já enfrentaram. Apresentando cenas
totalmente novas, adaptadas de material nunca visto, cenas
excluídas e informações dos cineastas, a história que começou em
Star Wars: O Despertar da Força e continuou em Star Wars: Os
Últimos Jedi chega a uma conclusão surpreendente.

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Star Wars: Os Segredos Dos Jedi

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Descubra o mundo dos Jedi de Star Wars através desta experiência


de leitura divertida e totalmente interativa. Star Wars: Jediografia é o
melhor guia do universo Jedi para o universo dos Jedi,
transportando jovens leitores para uma galáxia muito distante,
através de recursos interativos, fatos fascinantes e ideias cativantes.
Com ilustrações originais emocionantes e incríveis recursos
especiais, como elevar as abas, texturas e muito mais, Star Wars:
Jediografia garante a emoção das legiões de jovens fãs da saga.

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Star Wars:Thrawn: Alianças

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Palavras sinistras em qualquer circunstância, mas ainda mais


quando proferidas pelo Imperador Palpatine. Em Batuu, nos limites
das Regiões Desconhecidas, uma ameaça ao Império está se
enraizando. Com a sua existência pouco mais que um vislumbre, as
suas consequências ainda desconhecidas. Mas é preocupante o
suficiente para o líder imperial justificar a investigação de seus
agentes mais poderosos: o impiedoso agente Lorde Darth Vader e o
brilhante estrategista grão almirante Thrawn. Rivais ferozes a favor
do Imperador e adversários francos nos assuntos imperiais,
incluindo o projeto Estrela da Morte, o par formidável parece
parceiros improváveis para uma missão tão crucial. Mas o
Imperador sabe que não é a primeira vez que Vader e Thrawn
juntam forças. E há mais por trás de seu comando real do que
qualquer um dos suspeitos. No que parece uma vida atrás, o
general Anakin Skywalker da República Galáctica e o comandante
Mitth’raw’nuruodo, oficial da Ascensão do Chiss, cruzaram o
caminho pela primeira vez. Um em uma busca pessoal
desesperada, o outro com motivos desconhecidos... e não
divulgados. Mas, diante de uma série de perigos em um mundo
longínquo, eles forjaram uma aliança desconfortável, — nem
remotamente cientes do que seus futuros reservavam. Agora,
reunidos mais uma vez, eles se veem novamente ligados ao planeta
onde lutaram lado a lado. Lá eles serão duplamente desafiados, —
por uma prova de sua lealdade ao Império... e um inimigo que
ameaça até seu poder combinado.

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Star Wars: Legado da Força: Traição

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Esta é a era do legado de Luke Skywalker: o Mestre Jedi unificou a


Ordem em um grupo coeso de poderosos Cavaleiros Jedi. Mas
enquanto a nova era começa, os interesses planetários ameaçam
atrapalhar esse momento de relativa paz, e Luke é atormentado
com visões de uma escuridão que se aproxima. O mal está
ressurgindo “das melhores intenções” e parece que o legado dos
Skywalkers pode dar um ciclo completo.A honra e o dever colidirão
com a amizade e os laços de sangue, à medida que os Skywalker e
o clã Solo se encontrarem em lados opostos de um conflito
explosivo com repercussões potencialmente devastadoras para
ambas as famílias, para a ordem Jedi e para toda a galáxia. Quando
uma missão para descobrir uma fábrica ilegal de mísseis no planeta
Aduman termina em uma emboscada violenta, da qual a Cavaleira
Jedi Jacen Solo e o seu protegido e primo, Ben Skywalker, escapam
por pouco com as suas vidas; é a evidência mais alarmante ainda
que desencadeia uma discussão política. A agitação está
ameaçando inflamar-se em total Rebelião. Os governos de vários
mundos estão se irritando com os rígidos regulamentos da Aliança
Galáctica, e os esforços diplomáticos para garantir o cumprimento
estão falhando. Temendo o pior, a Aliança prepara uma
demonstração preventiva de poder militar, numa tentativa de trazer
os mundos renegados para a frente antes que uma revolta entre em
erupção. O alvo modelado para esse exercício: o planeta Corellia,
conhecido pela independência impetuosa e pelo espírito renegado
que fizeram de seu filho favorito, Han Solo, uma lenda. Algo como
um trapaceiro, Jacen é, no entanto, obrigado como Jedi a ficar com
seu tio, o Mestre Jedi Luke Skywalkers, ao lado da Aliança
Galáctica. Mas quando os Corellianos de guerra lançam um contra-
ataque, a demonstração de força da Aliança, e uma missão secreta
para desativar a crucial Estação Central de Corellia; dão lugar a
uma escaramuça armada. Quando a fumaça baixa, as linhas de
batalha são traçadas. Agora, o espectro da guerra em grande escala
aparece entre um grupo crescente de planetas desafiadores e a
Aliança Galáctica, que alguns temem estar se tornando um novo
Império. E, enquanto os dois lados lutam para encontrar uma
solução diplomática, atos misteriosos de traição e sabotagem
ameaçam condenar os esforços de paz a todo momento.
Determinado a erradicar os que estão por trás do caos, Jacen segue
uma trilha de pistas enigmáticas para um encontro sombrio com as
mais chocantes revelações… enquanto Luke se depara com algo
ainda mais preocupante: visões de sonho de uma figura sombria
cujo poder da Força e crueldade lembram a ele de Darth Vader, um
inimigo letal que ataca como um espírito sombrio em uma missão de
destruição. Um agente do mal que, se as visões de Luke
acontecerem, trará uma dor incalculável ao Mestre Jedi e a toda a
galáxia.

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Star Wars: Battlefront II: Esquadrão Inferno

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Após o humilhante roubo dos planos da Estrela da Morte e a


destruição da estação de batalha, o Império está na defensiva. Mas
não por muito. Em retaliação, os soldados imperiais de elite do
Esquadrão Inferno foram chamados para a missão crucial de se
infiltrar e eliminar os guerrilheiros, a facção rebelde que já foi
liderada pelo famoso lutador pela liberdade da República, Saw
Gerrera. Após a morte de seu líder, os guerrilheiros continuaram seu
legado extremista, determinados a frustrar o Império, não importa o
custo. Agora o Esquadrão Inferno deve provar seu status como o
melhor dos melhores e derrubar os Partisans de dentro. Mas a
crescente ameaça de serem descobertos no meio de seu inimigo
transforma uma operação já perigosa em um teste ácido de fazer ou
morrer que eles não ousam falhar. Para proteger e preservar o
Império, até onde irá o Esquadrão Inferno. . . e quão longe deles?
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Star Wars: Catalisador: Um Romance de Rogue One

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A guerra está destruindo a galáxia. Durante anos, a República e os


Separatistas lutaram entre as estrelas, cada um construindo uma
tecnologia cada vez mais mortal na tentativa de vencer a guerra.
Como membro do projeto secreto da Estrela da Morte do Chanceler
Palpatine, Orson Krennic está determinado a desenvolver uma
super arma antes que os inimigos da República possam. E um velho
amigo de Krennic, o brilhante cientista Galen Erso, poderia ser a
chave para a tentativa de vencer a guerra. Como membro do projeto
secreto da Estrela da Morte do Chanceler Palpatine, Orson Krennic
está determinado a desenvolver uma super arma antes que os
inimigos da República possam. E um velho amigo de Krennic, o
brilhante cientista Galen Erso, poderia ser a chave. A pesquisa
focada na energia de Galen chamou a atenção de Krennic e de seus
inimigos, tornando o cientista um peão crucial no conflito galáctico.
Mas depois que Krennic resgata Galen, sua esposa, Lyra, e sua
filha Jyn, de sequestradores separatistas, a família Erso está
profundamente em dívida com Krennic. Krennic então oferece a
Galen uma oportunidade extraordinária: continuar seus estudos
científicos com todos os recursos totalmente à sua disposição.
Enquanto Galen e Lyra acreditam que sua pesquisa energética será
usada puramente de maneiras altruístas, Krennic tem outros planos
que finalmente tornarão a Estrela da Morte uma realidade. Presos
no aperto cada vez maior de seus benfeitores, os Ersos precisam
desembaraçar a teia de decepção de Krennic para salvar a si
mesmos e à própria galáxia.

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Star Wars: Ascensão Rebelde

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Quando Jyn Erso tinha cinco anos, sua mãe foi assassinada e seu
pai foi tirado dela para servir ao Império. Mas, apesar da perda de
seus pais, ela não está completamente sozinha, — Saw Gerrera, um
homem disposto a ir a todos os extremos necessários para resistir à
tirania imperial, acolhe-a como sua e dá a ela não apenas um lar,
mas todas as habilidades e os recursos de que ela precisa para se
tornar uma rebelde.Jyn se dedica à causa e ao homem. Mas lutar ao
lado de Saw e seu povo traz consigo o perigo e a questão de quão
longe Jyn está disposta a ir como um dos soldados de Saw. Quando
ela enfrenta uma traição impensável que destrói seu mundo, Jyn
terá que se recompor e descobrir no que ela realmente acredita… e
em quem ela pode realmente confiar.

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Star Wars: A Alta República: A Luz dos Jedi

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Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo


da Ameaça Fantasma . . . Os Jedi iluminaram o caminho para a
galáxia na Alta República. É uma era de ouro. Os intrépidos
batedores do hiperespaço expandem o alcance da República para
as estrelas mais distantes, mundos prosperam sob a liderança
benevolente do Senado e a paz reina, reforçada pela sabedoria e
força da renomada ordem de usuários da Força conhecidos como
Jedi. Com os Jedi no auge de seu poder, os cidadãos livres da
galáxia estão confiantes em sua habilidade de resistir a qualquer
tempestade. Mas mesmo a luz mais brilhante pode lançar uma
sombra, e algumas tempestades desafiam qualquer preparação.
Quando uma catástrofe chocante no hiperespaço despedaça uma
nave, a enxurrada de estilhaços que emergem do desastre ameaça
todo o sistema. Assim que o pedido de ajuda sai, os Jedi correm
para o local. O escopo do surgimento, no entanto, é o suficiente
para levar até os Jedi ao seu limite. Enquanto o céu se abre e a
destruição cai sobre a aliança pacífica que ajudaram a construir, os
Jedi devem confiar na Força para vê-los em um dia em que um
único erro pode custar bilhões de vidas. Mesmo enquanto os Jedi
lutam bravamente contra a calamidade, algo verdadeiramente
mortal cresce além dos limites da República. O desastre do
hiperespaço é muito mais sinistro do que os Jedi poderiam
suspeitar. Uma ameaça se esconde na escuridão, longe da era da
luz, e guarda um segredo.

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Star Wars: A Alta República: O Grande Resgate Jedi

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Conheça os nobres e sábios Jedi da Alta República!Quando um


desastre acontece no hiperespaço, colocando o povo de Hetzal
Prime em grave perigo, apenas os Jedi da Alta República podem
salvar o dia! Esse ebook é a forma mais incrível de introduzir as
crianças nessa nova Era da Alta República, pois reconta a história
do Ebook Luz dos Jedi de forma simples e didática para as crianças.
(FAIXA ETÁRIA: 5 a 8 anos)

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Star Wars: A Alta República: Na Escuridão

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Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo


da Ameaça Fantasma... Os Jedi iluminaram o caminho para a
galáxia na Alta República. Padawan Reath Silas está sendo enviado
da cosmopolita capital galáctica de Coruscant para a fronteira
subdesenvolvida, e ele não poderia estar menos feliz com isso. Ele
prefere ficar no Templo Jedi, estudando os arquivos. Mas quando a
nave em que ele está viajando é arrancada do hiperespaço em um
desastre que abrange toda a galáxia, Reath se encontra no centro
da ação. Os Jedi e seus companheiros de viagem encontram refúgio
no que parece ser uma estação espacial abandonada. Mas então
coisas estranhas começaram a acontecer, levando os Jedi a
investigar a verdade por trás da estação misteriosa, uma verdade
que pode terminar em tragédia...

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Star Wars: A Alta República: Um Teste de Coragem

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Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo


da Ameaça Fantasma... Vernestra Rwoh é mais nova Cavaleira Jedi
com dezesseis anos, mas a sua primeira missão de verdade parece
muito com ser babá. Ela foi encarregada de supervisionar a
aspirante a inventora Avon Starros, de 12 anos, em um cruzador
rumo à inauguração de uma nova estação espacial maravilhosa
chamada Farol Estelar. Mas logo em sua jornada, bombas explodem
a bordo do cruzador. Enquanto o Jedi adulto tenta salvar a nave,
Vernestra, Avon, o droide J-6 de Avon, um Padawan Jedi e o filho
de um embaixador conseguem chegar a uma nave de fuga, mas as
comunicações acabam e os suprimentos são poucos. Eles decidem
pousar em uma lua próxima, que oferece abrigo, mas não muito
mais. E sem o conhecimento deles, o perigo se esconde na selva…

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Star Wars: A Alta República: Corrida para Torre
Crashpoint

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Outra história emocionante da série mais vendida do New York


Times! A Feira da República está chegando! Visitantes de toda a
galáxia estão viajando para o planeta Valo para um festival enorme
e inspirador que celebra a República. Enquanto os seus
companheiros Valons se preparam para a feira, o Padawan Jedi
Ram Jomaram está se escondendo em seu lugar favorito: uma
garagem suja cheia de peças mecânicas e ferramentas. Mas
quando um alarme de segurança dispara no topo de uma colina
próxima, apelidado de Pico Crashpoint, ele se aventura com o seu
confiável droide V-18 para investigar. Lá, ele descobre que alguém
derrubou a torre de comunicações de Valo, um sinal assustador de
que Valo e a Feira da República estão em perigo. Com certeza,
enquanto Ram corre para avisar os Jedi, os temidos Nihil
desencadeiam um ataque surpresa! Cabe a Ram enfrentar o inimigo
na Torre Crashpoint e enviar um pedido de ajuda à República.
Felizmente, ele está prestes a receber ajuda de novos amigos
inesperados… Não perca todas as aventuras de Star Wars: A Alta
República! (Material indicado para crianças a partir de 8 – 12 anos)

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Star Wars: Velha República: Enganados

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“Nossa hora chegou. Durante trezentos anos nos preparamos;


ficamos mais fortes enquanto você descansava em seu berço de
poder... Agora sua República cairá.”Um guerreiro Sith para rivalizar
com o mais sinistro dos Lordes Sombrios da Ordem, Darth Malgus
derrubou o Templo Jedi em Coruscant em um ataque brutal que
chocou a galáxia. Mas se a guerra o coroasse como o mais sombrio
dos heróis Sith, a paz o transformará em algo muito mais hediondo,
algo que Malgus nunca gostaria de ser, mas não pode parar de se
tornar, assim como ele não pode impedir a Jedi desobediente de se
aproximar rapidamente. O nome dela é Aryn Leneer - e o único
Cavaleiro Jedi que Malgus matou na batalha feroz pelo Templo Jedi
era seu Mestre. Agora ela vai descobrir o que aconteceu com ele,
mesmo que isso signifique quebrar todas as regras da Ordem.

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Star Wars: Thrawn: Traição

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Essa foi a promessa que o Grão Almirante Thrawn fez ao Imperador


Palpatine em seu primeiro encontro. Desde então, Thrawn tem sido
um dos instrumentos mais eficazes do Império, perseguindo os seus
inimigos até os limites da galáxia conhecida. Mas por mais que
Thrawn tenha se tornado uma arma afiada, o Imperador sonha com
algo muito mais destrutivo. Agora, enquanto o programa TIE
Defender de Thrawn é interrompido em favor do projeto
ultrassecreto conhecido apenas como Estrelinha, do Diretor Krennic,
ele percebe que o equilíbrio de poder no Império é medido por mais
do que apenas perspicácia militar ou eficiência tática. Mesmo o
maior intelecto dificilmente pode competir com o poder de aniquilar
planetas inteiros. Enquanto Thrawn trabalha para garantir o seu
lugar na hierarquia Imperial, seu ex-protegido Eli Vanto retorna com
um terrível aviso sobre o mundo natal de Thrawn. O domínio da
estratégia de Thrawn deve guiá-lo através de uma escolha
impossível: dever para com a Ascendência Chiss ou a fidelidade
para com o Império que ele jurou servir. Mesmo que a escolha certa
signifique cometer traição.

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Star Wars: Mestre e Aprendiz

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Um Jedi deve ser um guerreiro destemido, um guardião da justiça e


um erudito nos caminhos da Força. Mas talvez o dever mais
essencial de um Jedi seja transmitir o que aprenderam. Mestre Yoda
treinou Dookan o qual treinou Qui-Gon Jinn; e agora Qui-Gon tem
um Padawan próprio. Mas enquanto Qui-Gon enfrentou todos os
tipos de ameaças e perigos como um Jedi, nada o assustou tanto
quanto a ideia de falhar com seu aprendiz. Obi-Wan Kenobi tem
profundo respeito por seu Mestre, mas luta para entendê-lo. Por que
Qui-Gon deve tantas vezes desconsiderar as leis que obrigam os
Jedi? Por que Qui-Gon é atraído por antigas profecias Jedi em vez
de preocupações mais práticas? E por que Obi-Wan não disse que
Qui-Gon está considerando um convite para se juntar ao Conselho
Jedi - sabendo que isso significaria o fim de sua parceria? A
resposta simples o assusta: Obi-Wan falhou com seu Mestre.
Quando Jedi Rael Aveross, outro ex-aluno de Dookan, solicita sua
ajuda em uma disputa política, Jinn e Kenobi viajam para a Corte
Real de Pijal para o que pode ser sua missão final juntos. O que
deveria ser uma tarefa simples rapidamente se torna obscurecido
por engano e por visões de desastre violento que tomam conta da
mente de Qui-Gon. Conforme a fé de Qui-Gon na profecia cresce, a
fé de Obi-Wan nele é testada - assim como surge uma ameaça que
exigirá que o Mestre e o Aprendiz se unam como nunca antes, ou se
dividam para sempre.

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Star Wars: Legado da Força: Linhagens de Sangue

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Uma nova era de aventuras emocionantes e revelações chocantes


continua a se desenrolar, à medida que a lendária saga Star Wars
avança em um novo território surpreendente. A guerra civil se
aproxima enquanto a incipiente Aliança Galáctica enfrenta um
número crescente de mundos rebeldes... e a guerra que se
aproxima está separando as famílias Skywalker e Solo. Han e Leia
retornam ao mundo natal de Han, Corellia, o coração da resistência.
Os seus filhos, Jacen e Jaina, são soldados na campanha da
Aliança Galáctica para esmagar os insurgentes. Jacen, agora um
mestre completo da Força, tem os seus próprios planos para trazer
ordem à galáxia. Guiado por sua mentora Sith, Lumiya, e com o filho
de Luke, Ben, ao seu lado, Jacen embarca no mesmo caminho que
o seu avô Darth Vader fez uma vez. E enquanto Han e Leia
assistem o seu único filho homem se tornar um estranho, um
assassino secreto emaranha o casal com um nome temido do
passado de Han: Boba Fett. Na nova ordem galáctica, amigos e
inimigos não são mais o que parecem...

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Star Wars: A Sombra da Rainha

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Quando Padmé Naberrie, Rainha Amidala de Naboo, deixa sua


posição, ela é convidada pela rainha recém-eleita para se tornar a
representante de Naboo no Senado Galáctico. Padmé não tem
certeza sobre assumir a nova função, mas não pode recusar o
pedido para servir seu povo. Junto com suas servas mais leais,
Padmé deve descobrir como navegar nas águas traiçoeiras da
política e forjar uma nova identidade além da sombra da rainha.

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Star Wars: Amanhecer dos Jedi - No vazio

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No planeta Tython, a antiga ordem Je'daii foi fundada. E aos pés de


seus sábios Mestres, Lanoree Brock aprendeu os mistérios e
métodos da Força, e encontrou seu chamado como um de seus
discípulos mais poderosos. Mas tão fortemente quanto a Força fluiu
dentro de Lanoree e seus pais, ela permaneceu ausente em seu
irmão, que passou a desprezar e evitar os Je'daii, e cujo
treinamento em seus métodos antigos terminou em tragédia. Agora,
de sua vida solitária como um Patrulheira mantendo a ordem em
toda a galáxia, Lanoree foi convocada pelo Conselho Je'daii em
uma questão de extrema urgência. O líder de um culto fanático,
obcecado em viajar além dos limites do espaço conhecido, está
empenhado em abrir um portal cósmico usando a temida matéria
escura como chave - arriscando uma reação cataclísmica que
consumirá todo o sistema estelar. Porém, mais chocante para
Lanoree do que até mesmo a perspectiva de aniquilação galáctica
total, é a decisão de seus Mestres Je'daii de incumbi-la da missão
de evitá-la. Até que uma revelação surpreendente deixa claro por
que ela foi escolhida: o louco brilhante e perigoso que ela deve
rastrear e parar a qualquer custo é o irmão cuja morte ela lamentou
por muito tempo, e cuja vida ela deve temer agora.

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Star Wars: Thrawn: ASCENDÊNCIA (Livro I – Caos
Crescente)

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Além do limite da galáxia estão as Regiões Desconhecidas:


caóticas, desconhecidas e quase intransitáveis, com segredos
ocultos e perigos em igual medida. E aninhada em seu caos
turbulento está a Ascendência, lar dos enigmáticos Chiss e das
Nove Famílias Regentes que as lideram. A paz da Ascensão, um
farol de calma e estabilidade, é destruída após um ousado ataque à
capital de Chiss que não deixa vestígios do inimigo. Perplexo, a
Ascendência despacha um de seus jovens oficiais militares para
erradicar os agressores invisíveis. Um recruta nascido sem título,
mas adotado na poderosa família de Mitth e que recebeu o nome de
Thrawn. Com o poder da Frota Expansionista em suas costas e a
ajuda de sua camarada Almirante Ar’alani, as respostas começam a
se encaixar. Mas conforme o primeiro comando de Thrawn investiga
mais profundamente a vasta extensão do espaço que seu povo
chama de Caos, ele percebe que a missão que lhe foi dada não é o
que parece.

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Star Wars: A Alta República - Tormenta Crescente

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Os heróis da era da Alta República retornam para enfrentar uma paz


destruída e um inimigo terrível, após os eventos dramáticos de Luz
dos Jedi. Na esteira do desastre do hiperespaço e do heroísmo dos
Jedi, a República continua a crescer, reunindo mais mundos sob
uma única bandeira unificada. Sob a liderança da Chanceler Lina
Soh, o espírito de unidade se estende por toda a galáxia, com os
Jedi e a estação Farol Luz Estelar recentemente estabelecida na
vanguarda. Em comemoração, a chanceler planeja a Feira da
República, será uma vitrine das possibilidades e da paz da
República em expansão, uma paz que os Jedi esperam promover.
Stellan Gios, Bell Zettifar, Elzar Mann e outros se juntam ao evento
como embaixadores da harmonia. Mas à medida que os olhos da
galáxia se voltam para a feira, o mesmo ocorre com a fúria dos Nihil.
O seu líder, Marchion Ro, pretende destruir essa unidade. Sua
Tempestade desce sobre a pompa e a celebração, semeando o
caos e exigindo vingança.

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Star Wars: Velha República – Aniquilação

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O Império Sith está em fluxo. O imperador está desaparecido, dado


como morto, e a tentativa de um ambicioso lorde Sith de tomar o
trono terminou fatalmente. Ainda assim, Darth Karrid, comandante
do temível cruzador de batalha Imperial Lança Ascendente, continua
seus esforços incansáveis para alcançar o domínio Sith total da
galáxia. Mas a determinação implacável de Karrid é mais do que
compatível com a determinação de aço de Theron Shan, cujos
negócios inacabados com o Império podem mudar o curso da
guerra para sempre. Embora filho de uma mestra Jedi, Theron não
exerce a Força... mas, como a sua renomada mãe, o espírito de
rebelião está em seu sangue. Como um importante agente secreto
da República, ele desferiu um golpe crucial contra o Império ao
expor e destruir um arsenal de super arma Sith, o que o torna o
agente ideal para uma missão ousada e perigosa para acabar com o
reinado de terror da Lança Ascendente. Juntamente com a
contrabandista Teff'ith, com quem ele tem uma ligação inexplicável,
e o sábio guerreiro Jedi Gnost-Dural, ex-mestre de Darth Karrid,
Theron deve combinar inteligência e armas com uma tripulação
testada em batalha da escuridão mais fria discípulos secundários.
Mas o tempo é brutalmente curto. E se eles não aproveitarem sua
única chance de sucesso, certamente terão inúmeras oportunidades
de morrer.

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Star Wars – The Clone Wars – Histórias de Luz e
Escuridão

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Um confronto épico entre as forças da luz e das trevas, entre a


República Galáctica e os Separatistas, entre bravos heróis e vilões
brilhantes – o destino da galáxia está em jogo na série de animação
ganhadora do Emmy Award, Star Wars: The Clone Wars. Nesta
emocionante antologia, onze autores que também são fãs da série
trazem histórias de seu programa favorito para a vida. Reunidos
aqui estão momentos memoráveis e aventuras impressionantes, de
tentativas de assassinato a generosidades roubadas, de lições
aprendidas a amores perdidos. Todos os seus personagens
favoritos de The Clone Wars estão aqui: Anakin Skywalker, Yoda,
Obi-Wan Kenobi, Ahsoka Tano, Capitão Rex, Darth Maul, Conde
Dookan e muito mais!

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Star Wars – Tribo Perdida dos Sith: Coletânea de
Histórias

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Finalmente, em um volume único, as oito partes originais da épica


série de e-books Tribo perdida dos Sith… junto com o final explosivo
e nunca antes publicado, Pandemônio, com mais de cem páginas
de novo material! Cinco mil anos atrás. Após uma emboscada Jedi,
a nave mineira Sith Presságio está destruída em um planeta
desconhecido e remoto. Seu comandante, Yaru Korsin, luta contra o
derramamento de sangue de uma facção amotinada liderada por
seu próprio irmão. Encalhados e enfrentando a morte, a tripulação
Sith não tem escolha a não ser se aventurar em seus arredores
desolados. Eles enfrentam inúmeros desafios brutais, predadores
cruéis, pragas letais, tribos que adoram deuses vingativos… e,
como verdadeiros guerreiros Sith, enfrentam-nos com o lado
sombrio da Força. As lutas só estão começando para os orgulhosos
e intransigentes Sith, dirigidos como estão para governar a todo
custo. Eles vencerão os nativos primitivos e encontrarão o caminho
de volta ao seu verdadeiro destino como governantes da galáxia.
Mas à medida que o seu legado cresce ao longo de milhares de
anos, os Sith acabam sendo testados pela ameaça mais perigosa
de todas: o inimigo interno.

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Star Wars – Esquadrão Alfabeto

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O Imperador está morto. A Rebelião é vitoriosa. No rescaldo, Yrica


Quell é apenas um dos milhares de desertores imperiais que vivem
em uma favela de desertores. Incerta sobre o seu lugar na
República contra a qual ela lutou uma vez, ela começou a perder
qualquer esperança de redenção, até que ela seja selecionada para
se juntar ao Esquadrão do Alfabeto. Formados por uma variedade
eclética de pilotos e caças, os cinco membros da Alfabeto são
encarregados pela própria general da Nova República, Hera
Syndulla. A missão deles: rastrear e destruir o misterioso Shadow
Wing, uma força letal de TIE fighters exigindo uma vingança
sangrenta e impiedosa no crepúsculo de seu reinado. Mas passar
de rebeldes menos favorecidos a heróis célebres não é tão fácil
quanto parece. Os rebeldes guerreiros do Esquadrão Alfabeto terão
que aprender a voar juntos para proteger a nova era de paz que
lutaram tanto para conquistar.

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Star Wars - Comandos da República - Contato Hostil

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Enquanto a Guerra dos Clones se enfurece, a vitória ou a derrota


estão nas mãos de esquadrões de elite que assumem as tarefas
mais difíceis na galáxia, soldados frios que vão aonde ninguém mais
iria, para fazer o que ninguém mais poderia... Em uma missão para
sabotar uma instalação de pesquisa de armas químicas em um
planeta controlado pelos Separatistas, quatro soldados clones
operam sob o nariz de seus inimigos. Os comandos estão em menor
número e com menos armas, bem atrás das linhas inimigas, sem
apoio, e trabalhando com estranhos em vez de companheiros de
equipe de confiança. As coisas não melhoram quando Darman, o
especialista em demolições do esquadrão, se separa dos outros
durante a queda do planeta. Mesmo a aparente boa sorte de
Darman em encontrar uma Padawan inexperiente desaparece
quando Etain admite a sua terrível inexperiência. Para os comandos
clones divididos e o Jedi preso, uma longa e perigosa jornada está à
frente, através de um território hostil repleto de escravos
Trandoshanos, Separatistas e nativos suspeitos. Um único passo
em falso pode significar descoberta... e morte. É uma missão suicida
virtual para qualquer um, exceto para os Comandos da República.

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Star Wars - Alta República - Confronto na Feira

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Muito antes das Guerras Clônicas, do Império ou da Primeira


Ordem, os Jedi iluminaram o caminho para a galáxia em uma era
dourada conhecida como Alta República! Este emocionante livro de
histórias colorido traz à vida um confronto épico entre os Cavaleiros
Jedi e seus misteriosos inimigos, os Nihil. Burryaga, o Wookiee
Padawan e seus companheiros Jedi devem salvar o dia! Esse ebook
é a forma mais incrível de introduzir as crianças nessa nova Era da
Alta República, pois reconta a história do Ebook Tormenta
Crescente do ponto de vista do Padawan Jedi Burryaga, que conta
de forma simples e didática para as crianças. (FAIXA ETÁRIA: 6 a 8
anos)

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Star Wars – A Alta República – Fora das Sombras

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Sylvestri Yarrow vive uma maré de azar sem fim. Ela tem feito o
possível para manter o negócio de carga da família em
funcionamento após a morte de sua mãe, mas entre o aumento das
dívidas e o aumento dos ataques dos Nihil a naves desavisados, Syl
corre o risco de perder tudo o que resta de sua mãe. Ela segue para
a capital galáctica de Coruscant em busca de ajuda, mas é desviada
quando é arrastada para uma disputa entre duas das famílias mais
poderosas da República por um pedaço do espaço na fronteira.
Emaranhada na política familiar é o último lugar que Syl quer estar,
mas a promessa de uma grande recompensa é o suficiente para
mantê-la interessada... Enquanto isso, o Cavaleiro Jedi Vernestra
Rwoh foi convocada para Coruscant, mas sem nenhuma ideia do
porquê ou por quem. Ela e seu Padawan Imri Cantaros chegam à
capital junto com o Mestre Jedi Cohmac Vitus e seu Padawan,
Reath Silas, e são convidados a ajudar na disputa de propriedade
na fronteira. Mas por que? O que há de tão importante em um
pedaço de espaço vazio? A resposta levará Vernestra a uma nova
compreensão de suas habilidades e levará Syl de volta ao
passado... e às verdades que finalmente surgirão das sombras.

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Star Wars - A Alta República - A Estrela Cadente

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Uma e outra vez, os invasores viciosos conhecidos como Nihil


tentaram trazer a era de ouro da Alta República a um fim ardente.
Repetidamente, a Alta República emergiu desgastada e cansada,
mas vitoriosa graças a seus protetores Jedi, e não há monumento à
sua causa maior do que o Farol Luz Estelar. Pendurado como uma
joia na Orla Exterior, o Farol encarna a Alta República no ápice de
suas aspirações: um centro de cultura e conhecimento, uma tocha
brilhante contra a escuridão do desconhecido e uma mão estendida
de boas-vindas aos confins do mundo. a galáxia. Enquanto
sobreviventes e refugiados fogem dos ataques do Nihil, o Farol e a
sua tripulação estão prontos para abrigar e curar. Os agradecidos
Cavaleiros e Padawans da Ordem Jedi estacionados lá finalmente
têm a chance de se recuperar, da dor de seus ferimentos e da dor
de suas perdas. Mas a tempestade que eles pensavam ter passado
ainda continua; eles são simplesmente capturados em seus olhos.
Marchion Ro, o verdadeiro mentor dos Nihil, está preparando o seu
ataque mais ousado até agora, um projetado para extinguir a luz dos
Jedi.

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Star Wars - Os Segredos dos Sith

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e você conhecesse o poder do lado sombrio! Descubra os caminhos


dos Sith neste livro infantil emocionante, informativo e totalmente
ilustrado. Junte-se ao Imperador Palpatine, também conhecido
como Darth Sidious, nesta exploração dos Sith e dos aliados
malignos do lado sombrio. Star Wars: Os Segredos dos Sith irá
emocionar os jovens fãs com conhecimento do lado sombrio, obras
de arte incríveis e recursos interativos, como pop-ups, livretos e
inserções de levantar a aba. Experimente o poder do lado sombrio :
Narrado pelo Imperador Palpatine, este livro dará aos jovens leitores
uma visão do poder do lado sombrio. Aprenda sobre alguns dos
maiores vilões do lado sombrio de Star Wars : abrangendo filmes,
programas de televisão, livros, quadrinhos e videogames, Star Wars:
Os Segredos dos Sith narra alguns dos praticantes mais infames do
lado sombrio, incluindo Darth Maul, Conde Dookan, Asajj Ventress,
Darth Vader, o Grande Inquisidor e Kylo Ren. Ilustrações originais
incríveis: Star Wars: Os Segredos dos Sith é um livro infantil
lindamente ilustrado que os leitores vão querer revisitar várias
vezes. Cheio de recursos interativos empolgantes: Pop-ups, folhetos
e inserções de levantar a aba vão emocionar os jovens fãs,
proporcionando uma experiência envolvente enquanto investiga as
histórias sobre os Sith. O complemento perfeito para qualquer
biblioteca virtual de Star Wars : Este lindo ebook encadernado é um
item obrigatório para a coleção de qualquer jovem fã.

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Star Wars - A Alta República – Missão para o
Desastre

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Os Jedi acham que os temidos saqueadores Nihil foram todos


derrotados. O seu líder está fugindo e os seus números diminuíram.
A Cavaleira Jedi Vernestra Rwoh espera que isso signifique que ela
finalmente terá tempo para realmente treinar o seu Padawan, Imri
Cantaros, mas os relatos de um ataque Nihil a Porto Haileap logo
frustram essas esperanças. Pois não só os Nihil que atacaram o
pacífico posto avançado, como também sequestraram a amiga de
Vernestra e de Imri, Avon Starros. Os dois Jedi partiram para Porto
Haileap, determinados a descobrir para onde os Nihil levaram a sua
amiga. Enquanto isso, Avon deve colocar a sua inteligência e
habilidades à prova enquanto luta pela sobrevivência entre os Nihil,
e descobre um plano sinistro. Vernestra e Imri podem encontrar a
sua amiga antes que o desastre aconteça?

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Star Wars - Alta República - Batalha Pelo Farol Luz
Estelar

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Muito antes das Guerras Clônicas, do Império ou da Primeira


Ordem, os Jedi iluminaram o caminho para a galáxia em uma era
dourada conhecida como Alta República! Este emocionante livro de
histórias colorido traz à vida uma outra emocionante aventura no
livro de histórias com heróis Jedi e os seus Padawans enquanto
lutam contra os nefastos vilões Nihil!!

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Star Wars - Alta República - Horizonte à Meia Noite

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Séculos antes dos eventos de Star Wars: A Ameaça Fantasma, na


era da gloriosa Alta República, os Jedi são os guardiões da paz e da
justiça na galáxia! Depois de uma série de perdas impressionantes,
a República parece finalmente ter os vilões saqueadores de Nihil em
fuga, e parece que há luz no fim do túnel. Até que venha a notícia
de um suposto ataque de Nihil ao mundo cosmopolita industrial de
Corellia, bem no Núcleo Galáctico. Enviados para investigar estão
os Mestres Jedi Cohmac Vitus e Kantam Sy, juntamente com os
Padawans Reath Silas e Ram Jomaram, todos travando as suas
próprias batalhas particulares após meses de perigo implacável. Em
Corellia, Reath e Ram encontram um descarado jovem especialista
em segurança chamado Crash, cujo amigo foi uma das vítimas do
ataque Nihil, e eles se unem a ela para se infiltrar na elite de Corellia
enquanto os Mestres buscam caminhos mais diplomáticos. Mas se
disfarçar com Crash é mais perigoso do que qualquer um esperava,
mesmo quando Ram puxa seu amigo Zeen para ajudar com um
estratagema elaborado envolvendo uma estrela pop galáctica. Mas
o que eles descobrem em Corellia acaba sendo apenas uma parte
de um plano maior, que pode levar os Jedi à sua derrota mais
impressionante até agora...

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Star Wars - A Alta República - Executora da
Tempestade

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Mergulhe no mundo cruel de um dos maiores inimigos da Alta


República, a impiedosa Lourna Dee, neste roteiro completo para o
áudio original de Star Wars: Executora da Tempestade. A
tempestade Nihil assolou a galáxia, deixando caos e tristeza em seu
rastro. Poucos de seus invasores são tão cruéis quanto a Executora
da Tempestade Lourna Dee. Ela fica um passo à frente da Ordem
Jedi no comando de uma nave com o nome de um dos monstros
mais mortais da galáxia: ela mesma. Mas ninguém pode fugir dos
defensores da Alta República para sempre. Após a derrota de sua
tripulação, Lourna cai nas mãos dos Jedi, mas não antes de
esconder a sua identidade, tornando-se apenas mais uma
condenada de Nihil. Os seus captores não entendem a fera que
encurralaram. Assim como todos os tolos que ela já enterrou, seu
primeiro erro foi mantê-la viva. Lourna está determinada a
subestimá-la pela última vez. Trancada em uma nave correcional da
República, ela é arrastada pela galáxia para reparar os danos que
ela e seus companheiros Executores da Tempestade infligiram. Mas
enquanto Lourna planeja a sua gloriosa fuga, ela faz alianças que se
aproximam perigosamente das amizades. Fora dos Nihil, separada
da sua infame nave, seu terrível arsenal e seu temido nome, Lourna
deve trilhar seu próprio caminho. Mas isso levará à redenção? Ou
ela emergirá como uma ameaça mais mortal do que nunca?

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Star Wars – Legado da Força – Tormenta

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Enquanto a guerra civil ameaça a unidade da Aliança Galáctica, Han


e Leia Solo enfureceram suas famílias e os Jedi ao se juntarem aos
insurgentes Corellianos. Mas os Solos traçam a linha quando
descobrem o plano dos rebeldes para fazer do Consórcio Hapan um
aliado – que depende dos nobres Hapan assassinarem sua rainha
pró-Aliança e a sua filha. No entanto, a determinação altruísta dos
Solos de salvar a rainha não pode dissipar as consequências
inevitáveis de suas ações que colocarão mãe contra filho e irmão
contra irmã nas batalhas à frente. À medida que os poderes
sombrios de Jacen Solo se fortalecem sob o Jedi Negro Lumiya, e
sua influência sobre Ben Skywalker se torna mais insidiosa, a
preocupação de Luke com seu sobrinho o força a uma luta de vida
ou morte contra seu inimigo mais feroz, e Han e Leia Solo
descobrem ficam à mercê de seu inimigo mais mortal... O filho
deles.

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Star Wars: Irmandade

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As Guerras Clônicas começaram. As fileiras de batalha estão sendo


desenhadas por toda a galáxia. Com cada mundo que se junta aos
Separatistas, a paz guardada pela Ordem Jedi está escorregando
por entre os dedos. Depois que uma explosão devasta Cato
Neimoidia, a joia da Federação do Comércio, a República é culpada
e a frágil neutralidade do planeta é ameaçada. Os Jedi despacham
Obi-Wan Kenobi, uma das mentes diplomáticas mais talentosas da
Ordem, para investigar o crime e manter o equilíbrio que começou a
mudar perigosamente. Enquanto Obi-Wan investiga com a ajuda de
uma heroica guarda Neimoidiana, ele se vê trabalhando contra os
Separatistas que esperam atrair o planeta para a sua conspiração, e
sente a mão sinistra de Asajj Ventress nas brumas que cobrem o
planeta. Em meio ao caos crescente, Anakin Skywalker sobe ao
posto de Cavaleiro Jedi. Apesar da ordem de que Obi-Wan viaje
sozinho, e da insistência de seu ex-mestre para que ele ouça desta
vez, A determinação obstinada de Anakin significa que nada pode
impedi-lo de invadir a festa e trazer um jovem promissor, mas
conflitante. Antes um Padawan de Obi-Wan, Anakin agora se
encontra em pé de igualdade, mas incerto, com o homem que o
criou. O atrito persistente entre eles aumenta o perigo para todos ao
seu redor. Os dois cavaleiros devem aprender uma nova maneira de
trabalhar juntos, e devem aprender rapidamente, para salvar Cato
Neimoidia e seu povo dos incêndios da guerra. Para superar a
ameaça que enfrentam, eles devem crescer além de mestre e
aprendiz. Eles devem permanecer juntos como irmãos.

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Skywalker – Uma Família em Guerra

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Descubra os segredos dos Skywalkers: a família que moldou uma


galáxia muito, muito distante... A história de Skywalker tem tudo:
paixão, intriga, heroísmo e feitos sombrios. Esta biografia reveladora
explora cada reviravolta da dinastia Skywalker: a lenta sedução ao
lado sombrio de Anakin; seu casamento condenado com Padmé
Amidala; o heroísmo de Luke e Leia; a queda e redenção do filho de
Han Solo e da princesa Leia, Ben; e as lutas de sua díade na Força,
Rey. Sem deixar pedra sobre pedra ao traçar as provações e
tribulações da dinastia, esta biografia definitiva da primeira família
de Star Wars explora e explica a história mais profunda e pessoal
dos Skywalkers, seus personagens, motivações e, contra
probabilidades aparentemente impossíveis, seu triunfo final.

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Star Wars – Comandos da República – Triplo Zero

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Após a erupção das sangrentas Guerras Clônicas na batalha de


Geonosis, ambos os lados permanecem em um impasse que só
pode ser quebrado por equipes de guerreiros de elite como o
Esquadrão Ômega, comandos clone com habilidades de combate
aterrorizantes e um arsenal letal... Para o Esquadrão Ômega ,
implantado bem atrás das linhas inimigas, é a mesma velha rotina
de operações especiais: sabotagem, espionagem, emboscada e
assassinato. Mas quando o Esquadrão Ômega é levado às pressas
para Coruscant, o novo ponto de acesso mais perigoso da guerra,
os comandos descobrem que não são os únicos a penetrar no
coração do inimigo. Uma onda de ataques separatistas foi rastreada
até uma rede de células terroristas de Separatistas na capital da
República, planejada por um espião no Quartel General do
Comando. Identificar e destruir uma rede de espionagem e terror
separatista em uma cidade cheia de civis exigirá talentos e
habilidades especiais. Nem mesmo a liderança dos generais Jedi,
juntamente com a assistência do esquadrão Delta e um certo notório
CRA trooper, pode igualar as chances contra os Comandos da
República. E enquanto o sucesso pode não trazer vitória nas
Guerras Clônicas, o fracasso significa derrota certa.

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Star Wars – De um Certo Ponto de Vista – Uma Nova
Esperança

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Em 25 de maio de 1977, o mundo foi apresentado a Han Solo, Luke


Skywalker, Princesa Leia, C-3PO, R2-D2, Chewbacca, Obi-Wan
Kenobi, Darth Vader e uma galáxia cheia de possibilidades. Em
homenagem ao quadragésimo aniversário , mais de quarenta
colaboradores emprestam sua visão a esta releitura de Star Wars .
Cada um dos quarenta contos reimagina um momento do filme
original, mas através dos olhos de um personagem coadjuvante. De
um Certo Ponto de Vista apresenta contribuições de autores mais
vendidos, artistas inovadores e vozes preciosas da história literária
de Star Wars.
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Star Wars: Thrawn: ASCENDÊNCIA (Livro III - O
Mal Menor)

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Por milhares de anos, a Ascendência Chiss tem sido uma ilha de


calma, um centro de poder e um farol de integridade. É liderado
pelas Nove Famílias Governantes, cuja liderança é um baluarte da
estabilidade contra o Caos das Regiões Desconhecidas. Mas essa
estabilidade foi corroída por um inimigo astuto que elimina a
confiança e a lealdade em igual medida. Laços de fidelidade deram
lugar a linhas de divisão entre as famílias. Apesar dos esforços da
Frota de Defesa Expansionista, a Ascendência se aproxima cada
vez mais da guerra civil. Os Chiss não são estranhos à guerra. O
seu status mítico no Caos foi conquistado por meio de conflitos e
atos terríveis, alguns enterrados há muito tempo. Até agora. Para
garantir o futuro da Ascendência, Thrawn mergulhará
profundamente em seu passado, descobrindo os segredos sombrios
que cercam a ascensão da Primeira Família Governante. Mas a
verdade do legado de uma família é tão forte quanto a lenda que a
sustenta. Mesmo que essa lenda seja uma mentira. Para garantir a
salvação da Ascendência, Thrawn está disposto a sacrificar tudo?
Incluindo a única casa que ele já conheceu?

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Star Wars – Cavaleira Errante

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Mil anos antes de Luke Skywalker, uma geração antes de Darth


Bane, em uma galáxia muito, muito distante... A República está em
crise (1032 ABY). Os Sith vagam sem controle, competindo entre si
para dominar a galáxia. Mas uma Jedi solitária, Kerra Holt, está
determinada a derrubar os Lordes das Trevas. Seus inimigos são
estranhos e muitos: Lorde Daiman, que se imagina o criador do
universo; Lord Odion, que pretende ser seu destruidor; os curiosos
irmãos Quillan e Dromika; a enigmática Arcádia. Tantos Sith em
guerra tecendo uma colcha de retalhos de brutalidade, com apenas
Kerra Holt para defender os inocentes pegos sob os pés. Sentindo
um padrão sinistro no caos, Kerra embarca em uma jornada que a
levará a batalhas ferozes contra inimigos ainda mais ferozes. Com
um contra tantos, sua única chance de sucesso está em forjar
alianças entre aqueles que servem seus inimigos, incluindo um
misterioso espião Sith e um general mercenário inteligente. Mas
eles serão seus adversários ou sua salvação? Coruscant, o novo
ponto de acesso mais perigoso da guerra, os comandos descobrem
que não são os únicos a penetrar no coração do inimigo.

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Star Wars – A Esperança da Rainha

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Padmé está se adaptando a ser uma senadora de guerra durante as


Guerras Clônicas. O seu marido secreto, Anakin Skywalker, está
lutando na guerra e se destaca por ser um Jedi de guerra. Em
contraste, quando Padmé tem a oportunidade de ver as vítimas nas
linhas de frente devastadas pela guerra, ela fica horrorizada. As
apostas nunca foram tão altas para a galáxia ou para o casal recém-
casado. Enquanto isso, com Padmé em uma missão secreta, a sua
serva Sabé assume o papel de senadora Amidala, algo que
nenhuma serva faz há muito tempo. No Senado, Sabé fica
igualmente horrorizada com as maquinações que ali acontecem. Ela
fica cara a cara com uma decisão angustiante quando percebe que
não pode lutar uma guerra dessa maneira, nem mesmo por Padmé.
E o Chanceler Palpatine paira sobre tudo isso, manipulando os
jogadores para os seus próprios fins...

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Star Wars – O Vencedor Perde Tudo

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Lando Calrissian não é estranho a torneios de cartas, mas este tem


uma atmosfera verdadeiramente eletrizante. Isso porque o prêmio é
uma escultura rara que vale cinquenta milhões de créditos. Se
Lando não tomar cuidado, ele vai falir, especialmente depois de
conhecer as gêmeas idênticas Bink e Tavia Kitik, ladras mestres que
têm motivos para acreditar que a escultura é falsa. As Kitiks são
fofas, perigosas e determinadas a acertar as coisas, e convenceram
Lando a ajudá-las a expor o golpe. Mas o que eles enfrentam não é
uma simples simples traição, nem mesmo uma traição tripla. É um
jogo de poder completo de proporções colossais. Pois um mentor
invisível detém todas as cartas e tem uma solução à prova de falhas
para cada problema: Assassinato.

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Star Wars – A Sombra do Sith

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O Império está morto. Quase duas décadas após a Batalha de


Endor, os restos esfarrapados das forças de Palpatine fugiram para
os confins da galáxia. Mas para os heróis da Nova República, o
perigo e a perda são companheiros sempre presentes, mesmo
nesta nova era de paz. O Mestre Jedi Luke Skywalker é
assombrado por visões do lado sombrio, predizendo um segredo
sinistro crescendo em algum lugar nas profundezas do espaço, em
um mundo morto chamado Exegol. A perturbação na Força é
inegável… e os piores medos de Luke são confirmados quando o
seu velho amigo Lando Calrissian vem até ele com relatos de uma
nova ameaça Sith. Depois que a filha de Lando foi roubada de seus
braços, ele procurou nas estrelas por qualquer vestígio de seu filho
perdido. Mas cada novo boato leva apenas a becos sem saída e
esperanças desbotadas, até que ele cruza o caminho de Ochi de
Bestoon, um assassino Sith encarregado de sequestrar uma
jovem. Os verdadeiros motivos de Ochi permanecem ocultos para
Luke e Lando. Pois em uma lua ferro-velho, um misterioso enviado
da Eternidade Sith legou uma lâmina sagrada ao assassino,
prometendo que responderá às perguntas que o assombram desde
a queda do Império. Em troca, ele deve completar uma missão final:
retornar a Exegol com a chave para o glorioso renascimento dos
Sith, Rey, a neta do próprio Darth Sidious. Enquanto Ochi persegue
Rey e os seus pais até o limite da galáxia, Luke e Lando correm
para o mistério da sombra persistente dos Sith e ajudam uma jovem
família que corre para salvar suas vidas.

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Star Wars – Boba Fett – Um Homem Prático

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Na superfície, parece apenas mais um contrato de rotina para Boba


Fett e os seus comandos Mandalorianos, mas o cliente misterioso
que os contrata para iniciar uma pequena guerra é mais perigoso do
que qualquer um deles pode imaginar. Quando a força de invasão
Yuuzhan Vong varre a galáxia, os Mandalorianos descobrem que
estão do lado errado, lutando por uma cultura alienígena que trará o
fim da sua própria. Agora Fett tem que escolher entre sua honra e a
sobrevivência de seu povo. Como ele é um homem prático, ele está
determinado a ajudar a resistência a derrotar os Yuuzhan Vong,
mesmo que isso signifique trabalhar com um agente Jedi. O
problema é que ninguém confia em um homem com a reputação de
Fett. Então, convencer a Nova República de que eles estão lutando
do mesmo lado é uma tarefa difícil. Denunciados como traidores, os
Mandalorianos de Fett precisam ficar um passo à frente de seus
pagadores Yuuzhan Vong, e da República que os vê como
colaboradores do inimigo mais destrutivo que a galáxia já
enfrentou...

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Star Wars – Nova Ordem Jedi - Yuuzhan Vong

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Enquanto a Nova República e os Jedi tentam resolver os seus


problemas de convivência, e também tentam resolver pequenas
intrigas entre planetas. Surge algo sombrio e malévolo que nem a
Força consegue perceber. Os Yuuzhan Vong surgem como um
predador de planetas tomando-os e transformando-os. Como a
Galáxia de Star Wars vai derrotar o inimigo mais destrutivo que já
enfrentou? Desvende tudo sobre a raça, planetas, armas, cultura,
história, guerras, mapas, etc... que mudaram o Universo Expandido
Legend de Star Wars para sempre. Esse material vai ser o seu guia
definitivo para toda a série Nova Ordem Jedi.Enquanto a Nova
República e os Jedi tentam resolver os seus problemas de
convivência, e também tentam resolver pequenas intrigas entre
planetas. Surge algo sombrio e malévolo que nem a Força
consegue perceber. Os Yuuzhan Vong surgem como um predador
de planetas tomando-os e transformando-os. Como a Galáxia de
Star Wars vai derrotar o inimigo mais destrutivo que já enfrentou?
Desvende tudo sobre a raça, planetas, armas, cultura, história,
guerras, mapas, etc... que mudaram o Universo Expandido Legend
de Star Wars para sempre. Esse material vai ser o seu guia para
toda a série Nova Ordem Jedi.

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Star Wars – Nova Ordem Jedi - Vetor Primário

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Vinte e um anos se passaram desde que os heróis da Aliança


Rebelde destruíram a Estrela da Morte, quebrando o poder do
Imperador. Desde então, a Nova República lutou bravamente para
manter a paz e a prosperidade entre os povos da galáxia. Mas a
agitação começou a se espalhar; as tensões surgem em surtos de
rebelião que, se não forem controlados, ameaçam destruir o tênue
reinado da República. Nesta atmosfera volátil vem Nom Anor, um
incendiário carismático que aquece as paixões ao ponto de
ebulição, semeando sementes de dissidência por seus próprios
motivos sombrios. Em um esforço para evitar uma guerra civil
catastrófica, Leia viaja com a sua filha Jaina, sua cunhada Mara
Jade e o leal droide de protocolo C-3PO, para conduzir negociações
diplomáticas cara a cara com Nom Anor. Mas ele se mostra
resistente às súplicas de Leia, e, muito mais inexplicavelmente,
dentro da Força, onde um ser deveria estar, estava... espaço em
branco. Enquanto isso, Luke é atormentado por relatos de
Cavaleiros Jedi desonestos que estão fazendo justiça com as
próprias mãos. E então ele luta com um dilema: ele deve tentar,
neste clima de desconfiança, restabelecer o lendário Conselho Jedi?
Enquanto os Jedi e a República se concentram em lutas internas,
uma nova ameaça surge, despercebida, além dos confins da Orla
Exterior. Um inimigo aparece de fora do espaço conhecido,
carregando armas e tecnologia diferente de tudo que os cientistas
da Nova República já viram. De repente, Luke, Mara, Leia, Han Solo
e Chewbacca, junto com as crianças Solo, são lançados novamente
na batalha, para defender a liberdade pela qual tantos lutaram e
morreram. Mas desta vez, toda a sua coragem, sacrifício e até
mesmo o poder da própria Força podem não ser suficientes...

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Star Wars – A Alta República – Trilha do Engano

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Situado no mundo da Alta República, 150 anos antes da narrativa


da Fase I, uma era de mudanças traz novas esperanças e
possibilidades... mas também novos perigos. O planeta da Orla
Exterior Dalna se tornou o foco de uma investigação Jedi sobre um
artefato roubado da Força, e a Zallah Macri e o seu Padawan,
Kevmo Zink, chegam ao mundo pastoral para acompanhar uma
possível conexão com um grupo missionário de Dalnan chamado
Caminho da Mão Aberta. Os membros do Caminho acreditam que a
Força deve ser livre e não deve ser usada por ninguém, nem
mesmo pelos Jedi. Um desses crentes é Marda Ro, uma jovem que
sonha em deixar Dalna para espalhar a palavra do Caminho por
toda a galáxia. Quando Marda e Kevmo se encontram, a sua
conexão é instantânea e elétrica… até que Marda descobre que
Kevmo é um Jedi. Mas Kevmo é tão gentil e ansioso para aprender
mais sobre o Caminho, que ela espera poder convencê-lo da justeza
de suas crenças. O que Marda não percebe é que a líder da Trilha,
uma mulher carismática conhecida apenas como a Mãe, tem uma
agenda própria, que nunca poderá coexistir pacificamente com os
Jedi. Para seguir a sua fé, Marda pode ter que escolher se tornar a
pior inimiga de sua nova amiga... Não perca essas outras aventuras
ambientadas na era da Alta República!

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Star Wars – Star Wars – Episódio I – A Ameaça
Fantasma

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No mundo verde e intocado de Naboo, o Mestre Jedi Qui-Gon Jinn e


seu aprendiz, Obi-Wan Kenobi, chegam para proteger a jovem
rainha do reino enquanto ela busca uma solução diplomática para
acabar com o cerco de seu planeta pelas naves de guerra da
Federação do Comércio. Ao mesmo tempo, em um Tatooine varrido
pelo deserto, um menino escravo chamado Anakin Skywalker, que
possui uma estranha habilidade de entender e “corrigir” as coisas,
labuta durante o dia e sonha à noite, em se tornar um Cavaleiro Jedi
e encontrar uma maneira de conquistar a liberdade pra si e para a
sua amada mãe. Será o encontro inesperado de Jedi, da Rainha e
de um menino talentoso que marcará o início de um drama que se
tornará uma lenda.

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Star Wars - A Alta República - Em Busca da Cidade
Oculta

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Séculos antes das Guerras Clônicas ou do Império, nos primeiros


dias da Alta República, era uma era de exploração em uma galáxia
muito, muito distante… Pilotos ousados traçam novas rotas através
do hiperespaço, enquanto as equipes de Desbravadores fazem
contato com mundos fronteiriços para convidá-los a se juntarem à
República. Quando um droide de comunicações da equipe de
Desbravadores é encontrado flutuando no espaço, danificado e
carregando uma mensagem enigmática, a Cavaleira Jedi Silandra
Sho e a sua Padawan, Rooper Nitani, são enviadas para encontrar
os membros da equipe de desaparecidos. A sua investigação os
leva ao planeta Gloam, um mundo devastado que dizem ser
assombrado por monstros míticos. Os Jedi podem encontrar os
Desbravadores desaparecidos e desvendar o mistério dos
monstros? As respostas estão em uma cidade escondida sob a
superfície do planeta…

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Star Wars – Legado da Força – Exílio

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Na galáxia de Star Wars, o mal está em movimento enquanto a


Aliança Galáctica e os Jedi ordenam as forças de batalha visíveis e
invisíveis, da traição interna desenfreada ao pesadelo da guerra
total. A cada vitória contra os rebeldes Corellianos, Jacen Solo se
torna mais admirado, mais poderoso e mais certo de alcançar a paz
galáctica. Mas essa paz pode ter um preço. Apesar dos
relacionamentos tensos causados por simpatias opostas na guerra,
Han e Leia Solo e Luke e Mara Skywalker permanecem unidos por
uma suspeita assustadora: alguém insidioso está manipulando esta
guerra e, se ele ou ela não for impedido, todos os esforços de
reconciliação podem ser perdidos. por nada. E como visões sinistras
levam Luke a acreditar que a fonte do mal não é outro senão
Lumiya, Lady Sombria dos Sith, o maior perigo gira em torno do
próprio Jacen.
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Star Wars - A Alta República - Convergência

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É uma era de exploração. Os Jedi viajam pela galáxia, expandindo


sua compreensão da Força e de todos os mundos e seres
conectados por ela. Enquanto isso, a República, liderada por seus
dois chanceleres, trabalha para unir os mundos em uma
comunidade cada vez maior entre estrelas próximas e distantes.
Nos planetas de órbita próxima de Eiram e E'ronoh, as dores de
crescimento de uma galáxia com recursos limitados, mas ambição
ilimitada, são sentidas profundamente. O ódio entre os dois mundos
alimentou meia década de conflitos crescentes e agora ameaça
consumir os sistemas circundantes. A última esperança de paz
surge quando os herdeiros das famílias reais dos planetas planejam
se casar. Antes que a paz duradoura possa ser estabelecida, uma
tentativa de assassinato visando o casal leva Eiram e E'ronoh de
volta à guerra total. Para salvar os dois mundos, a Cavaleira Jedi
Gella Nattai se oferece para descobrir o culpado, enquanto a
Chanceler Kyong nomeia o seu próprio filho, Axel Greylark, para
representar os interesses da República na investigação. Mas a
profunda desconfiança de Axel nos Jedi vai contra a fé de Gella na
Força. Ela nunca conheceu um festeiro tão arrogante e privilegiado,
e ele nunca conheceu uma benfeitora mais séria e implacável.
Quanto mais eles trabalham para desvendar a teia sombria da
investigação, mais complicada parece ser a conspiração. Com
acusações voando e inimigos em potencial em cada sombra, a
dupla terá que trabalhar juntos para ter alguma esperança de trazer
a verdade à tona e salvar os dois mundos.

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Star Wars - Mão de Thrawn - Espectro do Passado

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Uma vez que o mestre inquestionável de incontáveis sistemas


solares, o Império está cambaleando à beira do colapso total. Dia a
dia, sistemas neutros estão correndo para se juntar à coalizão da
Nova República. Mas com o fim da guerra à vista, a Nova República
foi vítima de seu próprio sucesso. Uma aliança pesada de raças e
tradições, a confederação agora se encontra dividida por antigas
animosidades. A princesa Leia luta contra todas as probabilidades
para manter a Nova República unida. Mas ela tem inimigos
poderosos. Um ambicioso Moff Disra lidera uma conspiração para
dividir a desconfortável coalizão com uma trama engenhosa para
culpar os Bothanos por um crime hediondo que pode levar ao
genocídio e à guerra civil. Ao mesmo tempo, Luke Skywalker, junto
com Lando Calrissian e Talon Karrde, persegue um misterioso grupo
de navios piratas cujas tripulações consistem em clones. E então
vem a notícia mais surpreendente de todas: o Grande Almirante
Thrawn, que se acredita estar morto há dez anos, é dado como vivo.
O guerreiro mais astuto e implacável da história imperial
aparentemente voltou para liderar o Império ao triunfo. Enquanto
Han e Leia tentam impedir o desmoronamento da Nova República
diante dessa terrível e inexplicável ameaça do passado, Luke decide
rastrear as naves de piratas desonestos. À espreita nas sombras
está o enigmático Major Tierce, um discípulo do Imperador
Palpatine, compartilhando o desejo de poder de seu mestre morto
há muito tempo, educado nos estratagemas tortuosos do próprio
Thrawn e armado com os seus próprios planos sombrios para a
Nova República e o Império.

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Star Wars - A Alta República - Batalha de Jedha

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Em Jedha. As ruas desgastadas deste mundo antigo servem como


uma confluência para a galáxia. Visitado por todos, mas propriedade
de ninguém. Aqui, os Jedi são apenas um credo entre muitos que
adoram e estudam a Força. Dos Guardiões dos Whills ao Caminho
da Mão Aberta, incontáveis seres vêm aprender e compartilhar em
paz. Aqui, os Jedi são apenas um credo entre muitos que adoram e
estudam a Força. Dos Guardiões dos Whills ao Caminho da Mão
Aberta, incontáveis seres vêm aprender e compartilhar em paz.
Enquanto toda Jedha se prepara para o Festival do Equilíbrio, a
galáxia ainda se recupera da violência em Eiram e E'ronoh. Mas
depois de frustrar um plano para intensificar a guerra entre os dois
planetas, os Jedi acreditam que uma paz duradoura pode estar ao
seu alcance. O Mestre Creighton Sun e a Cavaleira Jedi Aida Forte
chegam a Jedha com delegações de ambos os planetas para
encerrar formalmente a “Guerra Eterna”. Os Jedi esperam que a
harmonia das muitas facções de Jedha, juntamente com a
assinatura de um tratado de paz, crie um símbolo para o resto da
galáxia do que pode ser alcançado através da unidade. Mas nem
todos estão felizes com o envolvimento dos Jedi ou prontos para se
preocupar com a paz. Começam a circular rumores de que os Jedi
trazem a guerra em seu rastro. A desconfiança e a raiva que por
tanto tempo alimentaram a Guerra Eterna agora ameaçam
corromper as comunidades de Jedha. Quando a violência irrompe
na lua sagrada, a guerra que deveria terminar em Jedha pode em
breve envolver o mundo inteiro.

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Star Wars Jedi: Cicatrizes de Batalha

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Cal Kestis construiu uma nova vida para si mesmo com a tripulação
do Stinger Mantis. Juntos, a equipe de Cal derrubou caçadores de
recompensas, derrotou inquisidores e até evitou o próprio Darth
Vader. O mais importante, Merrin, Cere, Greez e o fiel droide BD-1
são a coisa mais próxima que Cal teve de uma família desde a
queda da Ordem Jedi. Mesmo com o futuro da galáxia ficando mais
incerto a cada dia, a cada golpe desferido contra o Império, a
tripulação da Mantis se torna mais ousada. No que deveria ser uma
missão de rotina, eles encontram um stormtrooper determinado a
traçar seu próprio curso com a ajuda de Cal e a sua tripulação. Em
troca de ajuda para começar uma nova vida, a desertora Imperial
traz a notícia de uma ferramenta poderosa e potencialmente
inestimável para sua luta contra o Império. E melhor ainda, ela pode
ajudá-los a chegar lá. O único problema, persegui-la os colocará no
caminho de um dos servos mais perigosos do Império, o Inquisidor
conhecido como o Quinto Irmão. A desertora imperial pode
realmente ser confiável? E enquanto Cal e os seus amigos já
sobreviveram a confrontos com os Inquisidores antes, quantas
vezes eles podem escapar do Império antes que sua sorte acabe?

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Star Wars – Darth Maul – Caçador das Sombras

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Depois de anos esperando nas sombras, Darth Sidious está dando


o primeiro passo em seu plano mestre para colocar a República de
joelhos. A chave para o seu esquema são os Neimoidianos da
Federação do Comércio. Então um de seus contatos Neimoidianos
desaparece, e Sidious não precisa de seus instintos afiados pela
Força para suspeitar de traição. Ele ordena que o seu aprendiz,
Darth Maul, cace o traidor. Mas é tarde demais. O segredo já
passou para as mãos do corretor de informações Lorn Pavan, o que
o coloca no topo da lista de alvos de Darth Maul. Então, nos becos
labirínticos e esgotos de Coruscant, capital da República, Lorn cruza
o caminho de Darsha Assant, uma Padawan Jedi em uma missão
para ganhar seu título de Cavaleira. Agora o futuro da República
depende de Darsha e Lorn. Mas como pode uma Jedi inexperiente e
um homem comum, estranho aos caminhos poderosos da Força,
esperar triunfar sobre um dos assassinos mais mortais da galáxia.
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Star Wars - A Alta República - Crônicas dos Jedi

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Pela luz e pela vida. Este guia ilustrado do universo irá mergulhá-lo
na era de ouro dos Jedi, tornando-o obrigatório para os fãs dA Alta
República , bem como para novos leitores que procuram um
emocionante ponto de entrada na saga épica. Situado séculos antes
da Saga Skywalker, este livro é o guia definitivo do universo de Star
Wars: A Alta República, fornecendo uma visão fascinante de uma
época de heróis valentes, monstros aterrorizantes e exploração
ousada. Apresentando ilustrações originais impressionantes, este
livro impressionante é um item colecionável essencial que o
transportará para a era de ouro da galáxia.

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Star Wars – A Alta República – Cataclisma

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Após cinco anos de conflito, os planetas Eiram e E’ronoh estão à


beira de uma verdadeira paz. Mas quando surgem as notícias de um
desastre na assinatura do tratado em Jedha, a violência reacende
nos mundos sitiados. Juntos, os herdeiros reais de ambos os
planetas, Phan-tu Zenn e Xiri A’lbaran, trabalhando ao lado dos Jedi,
descobriram evidências de que o conflito está sendo orquestrado
por forças externas, e todos os sinais apontam para a misterioso
Trilha da Mão Aberto, de quem os Jedi também suspeitam ter
causado o desastre em Jedha. Com tempo, e respostas, escassos,
os Jedi devem dividir seu foco entre ajudar a acabar com a violência
renovada em Eiram e E’ronoh e investigar o Caminho. Entre eles
está Gella Nattai, que se volta para a única pessoa que acredita
poder desvendar o mistério, mas a última pessoa em quem deseja
confiar: Axel Greylark. O filho da Chanceler, preso por seus crimes,
sempre procurou se livrar do peso do nome de sua família. Ele se
reconciliará com os Jedi e os ajudará em sua busca por justiça e
paz, ou abraçará a promessa de verdadeira liberdade da Trilha?
Como todos os caminhos levam a Dalna, Gella e os seus aliados se
preparam para enfrentar um inimigo diferente de qualquer outro que
já enfrentaram. E será preciso toda a confiança deles na Força, e
uns nos outros, para sobreviver.

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Star Wars – A Alta República – Trilha da Vingança

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Esta fascinante continuação de Trilha do Engano encontra as


primas Marda e Yana Ro ligadas pelo sangue, mas separadas pela
fé. Marda e Yana pertencem ao Trilha da Mão Aberta, um grupo
liderado por uma mulher carismática chamada Mãe, que acredita
que a Força não deve ser usada por ninguém. Enquanto Marda se
junta a uma perigosa expedição ao Planeta X em busca de mais
criaturas misteriosas para usar contra os Jedi, Yana se vê formando
uma inesperada aliança com o pai de seu amante morto na tentativa
de arrancar a Trilha do controle da Mãe. Essas duas jovens
enfrentarão uma encruzilhada, forçadas a escolher não só os seus
próprios destinos, mas o da própria galáxia.

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Star Wars – Comandos da República – Verdadeiras
Intenções

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Na luta desesperada do Grande Exército para esmagar os


Separatistas, as missões secretas de operações especiais de seus
guerreiros clones de elite nunca foram tão críticas… ou mais
perigoso. Uma ameaça crescente ameaça a vitória da República, e
os membros do Esquadrão Omega fazem uma descoberta chocante
que abala a sua própria lealdade. À medida que as linhas entre
amigos e inimigos continuam a se confundir, os cidadãos, de civis e
Sargentos a Jedi e Generais, se deparam com um novo inimigo: a
dúvida em seus próprios corações e mentes. A verdade é uma
ilusão frágil e instável, e apenas o inferno que se aproxima revelará
os dois lados em suas verdadeiras cores.

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Star Wars – Colheita Vermelha

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Ao contrário dos outros Jedi marginalizados do Corporação


Agrícola, jovens Jedi cujas habilidades não provaram ser suficientes
- Hestizo Trace possui um extraordinário talento da Força: um dom
com plantas. De repente, sua existência tranquila entre espécimes
de estufas e jardins é violentamente destruída pela chegada de um
emissário de Darth Scabrous. Pois a rara orquídea negra com a qual
ela nutriu e se uniu é o ingrediente final de uma antiga fórmula Sith
que promete conceder a Darth Scabrous seu maior desejo. Mas no
coração da fórmula está um vírus nunca antes visto que é pior do
que fatal, ele não apenas mata, ele transforma. Agora os mortos
apodrecidos e famintos estão se levantando, impulsionados por uma
fome sanguinária por todas as coisas vivas, e comandados por um
Mestre Sith com um desejo insaciável de poder e o prêmio final: a
imortalidade... não importa o custo.

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Star Wars – Linhas de Tempo

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Um companheiro indispensável para todos os fãs de Star Wars, este


ebook de alta qualidade exibe cronogramas visuais que mapeiam
cronologicamente os principais eventos, personagens e
desenvolvimentos e marcam seu significado. Acompanhe conflitos
cruciais ao longo dos anos que afetam a galáxia de maneiras
profundas. Siga o sabre de luz Skywalker enquanto ele passa pelas
gerações e testemunhe a evolução do icônico TIE fighter em
diferentes épocas. Rastreie o movimento dos planos da Estrela da
Morte ao longo dos anos e descubra várias linhas do tempo
ramificadas que dividem batalhas importantes. Veja rapidamente os
eventos essenciais organizados por era e analise os detalhes para
descobrir eventos maiores e menores, datas importantes e
informações fascinantes, tudo organizado cronologicamente.
Examine linhas do tempo intrincadas em quase todas as páginas.

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