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Para Alexis Daria e Adriana Herrera. Você literalmente me ajudaram passar


por este livro.

Que lae Fuerza las acompañe.


Índice
Capa
Página Título
Dedicatória
Índice
Direitos Autorais
Epígrafo

Parte Um: A Barganha


Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Parte Dois: O Estopim
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Treze
Capítulo Quatorze
Parte Três: A Fagulha
Capítulo QN-1ze
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Capítulo Vinte e Um
Capítulo Vinte e Dois
Capítulo Vinte e Três
Capítulo Vinte e Quatro
Capítulo Vinte e Cinco
Capítulo Vinte e Seis
Capítulo Vinte e Sete
Parte Quatro: A Colisão
Capítulo Vinte e Oito
Capítulo Vinte e Nove
Capítulo Trinta
Capítulo Trinta e Um
Capítulo Trinta e Dois
Capítulo Trinta e Três
Capítulo Trinta e Quatro
Epílogo

Sobre o Ebook
Agradecimentos
Sobre a Autora
Star Wars: A Alta República - Convergência é uma obra de ficção. Nomes, lugares, e outros
incidentes são produtos da imaginação do autor ou são usadas na ficção. Qualquer semelhança a
eventos atuais, locais, ou pessoas, vivo ou morto, é mera coincidência. Direitos Autorais © 2022 da
Lucasfilm Ltda. ® MR onde indicada. Todos os direitos reservados. Publicado nos Estados Unidos
pela Del Rey, uma impressão da Random House, um divisão da Penguin Random House LLC, Nova
York.DEL REY e a HOUSE colophon são marcas registradas da Penguin Random House LLC.
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Pela primeira vez em cinco anos, o céu sobre a capital de E'ronoh
estava livre de naves de guerra. Quando detritos errantes perfuraram a
atmosfera, eram pouco mais do que cinzas no momento em que pousavam
sobre os arcos de pedra que pontilhavam na paisagem como gigantes no
amanhecer do planeta, congelados contra a manhã vermelha.
A guerra não acabou, mas a vida continuou como sempre. Embora
partes da cidade ainda fumegassem, os enlutados correram para enterrar os
seus mortos. Conforme a notícia da última tentativa de cessar-fogo com
Eiram se espalhou, o mercado da Torre, a capital E'ronoh, inundou-se de
cidadãos antecipando a promessa do carregamento de água do dia.
Entre eles, Serrena, uma figura esguia vestida com um manto cinza,
escapou através das multidões de negociantes. Tip-yip dez pezz por quilo!
Trinta por barril! Negocie asterpuff, sonhe o sonho dos mortos!
Uma mãe negociou uma caixa de ovos enquanto olhava pro céu. Uma
garota, faltando dias para o recrutamento, carregava o seu irmãozinho
faminto de um lado e baratos cortes gordurosos do açougueiro do outro. Um
mendigo acenou com um copo vazio. Um vendedor espantava as moscas de
suas frutas estragadas. Um guarda do palácio deu um pulo com o barulho
retumbante do metal, apenas para se virar e descobrir que um speeder que
transportava sucata havia virado.
Serrena puxou o capuz de sua capa, mas nada, exceto uma máscara de
respiração, poderia impedir qualquer um no planeta abandonado de comer
um bocado de poeira, mesmo quando os ventos estavam parados.
Serpenteando pelo mercado e por uma passagem subterrânea estreita, parou
na orla do hangar. Aqui, os arcos naturais do cânion o tornaram a
arquitetura perfeita para a plataforma de lançamento real. Os moradores
locais gostavam de dizer que a abertura cavernosa era a boca bocejante
petrificada de um deus antigo. Para Serrena era apenas mais um lugar, mais
uma oportunidade de servir a única entidade verdadeiramente empenhada
em manter a galáxia em equilíbrio.
Enquanto os tripulantes voavam pra frente e pra trás, preparando um
esquadrão de naves estelares para o voo, Serrena rastejou ao longo das
paredes ondulantes do desfiladeiro, invisível enquanto os pilotos se reuniam
quase protetoralmente em torno de seu capitão. O rosto da jovem estava
meio projetado na sombra do desfiladeiro, mas Serrena podia apenas
distinguir a intensidade calma nas suas feições reais. A promessa em seu
punho bateu em seu coração. Palavras que cortaram a cacofonia como joias
de E'roni enquanto todos gritavam:
— Por E'ronoh!
— Obrigado pela empolgante conversa estimulante, capitã A'lbaran, —
Serrena murmurou enquanto se agachava por detrás de um dos droides
astromecânicos e inseria um fino chip de programa em seu painel frontal.
Uma forte emoção de vitória a percorreu, mas o momento durou pouco.
Um soldado com um tapa-olho dobrou a esquina e parou. Confusão,
então alarme torceu o seu rosto enquanto ele diminuía a distância em passos
largos e rápidos.
— Você não está autorizada a estar aqui!
Serrena se encolheu, deixou-se afundar no chão, mas ele a puxou pra
cima e a empurrou contra uma pilha de caixotes. Houve o forte som de
plunk de um cantil vazio batendo na pedra. Poeira, sempre muita poeira, se
alojou entre os seus dentes, no fundo de sua garganta.
— O que você está...
— Por favor, — Serrena choramingou e tossiu. — Libere um pezz para
uma fazendeira pobre? Um pouco de água...
— Há uma distribuição de rações ao meio-dia, — disse o soldado,
soltando-a com um bufo frustrado. As suas medalhas ostentavam o posto de
tenente, embora ela não o tivesse notado ao lado de seu capitão. Pena,
depois frustração passou por seu rosto cheio de cicatrizes quando ele enfiou
a mão no bolso e tirou uma moeda de bronze. — Agora saia da minha
frente.
Serrena agarrou a moeda e saiu correndo da plataforma de lançamento,
voltando para o mar de capas empoeiradas no mercado onde uma briga
estava começando. Os cidadãos desesperados de E'ronoh se empurravam
para garantir um lugar melhor na fila de rações de água, que havia dobrado
de tamanho no tempo que ela levou para cumprir a sua missão. Serrena
empurrou com mais força, protegendo o rosto contra a corrente de corpos
suados, até que ela rompeu a multidão. Atirando a pezz de bronze para um
copo de lata de mendigo, Serrena endireitou-se e dirigiu-se para a estrada
que saía da cidade.
— Está feito, — ela falou em um comunicador de curto alcance.
Uma voz preocupada estalou de volta:
— Você tem certeza... era... o certo...
— Sim, sim, tenho certeza. — Ela conteve a ira por ser questionada. Ela
havia sido escolhida para esta missão.
— Volte logo. Tenho um... local perfeito para ver... os fogos de artifício.
Quando Serrena começou a correr, trinta caças estelares dispararam para
o céu. Serrena deixou cair o capuz, deu as boas-vindas ao calor do sol
nascente e sorriu antecipando a vontade da Força, porque se a Força
quisesse, nenhum daqueles caças estelares retornaria.
A Capitã Xiri A'lbaran estava cansada de esperar. Para o
transportador de gelo sair do hiperespaço. Para o inimigo quebrar o seu
tênue cessar-fogo e atacar. Que o seu mundo ardesse em chamas de novo e
de novo, e soubesse que desta vez, apesar de tudo pelo que lutou, seria tudo
culpa dela. E, no entanto, Xiri esperou, porque nos confins da galáxia, a
escória dos mundos e setores mais conhecidos, esperar era tudo o que podia
fazer. O desamparo de tudo isso a rasgou, embora mantivesse o queixo
erguido, com os olhos fixos no abismo do espaço. Era a capitã da frota de
E'ronoh. Tinha que dar o exemplo para o lote de novos recrutas, cada onda
deles cada vez mais jovem que a anterior.
O Esquadrão Thylefire de Xiri manteve a sentinela sobre a atmosfera do
planeta desde o amanhecer. Antes da guerra, o Monarca de E'ronoh pode
não ter implantado um esquadrão naval para o que deveria ser uma simples
missão de escolta, mas enquanto o seco devastava o seu mundo, e as
hipervias infestadas de piratas, a segurança da carga era uma questão de
vida ou morte.
Em circunstâncias diferentes, Xiri teria se maravilhado com a visão
inspiradora de seu curioso bolsão da galáxia. O mundo dela, com as suas
montanhas vermelhas e desfiladeiros lustrosos, e os mares turquesa
vizinhos de Eiram manchados por tempestades constantes. Preso entre eles
havia um cinturão de detritos, restos de anos de batalha que se espalhavam
pelo corredor como asteroides, e a lua Guardiã do Tempo. A sua própria
avó costumava dizer que, bilhões de anos antes, E'ronoh e Eiram eram dois
seres cósmicos que emergiram da poeira estelar, e a lua era o seu coração
compartilhado, vital para os ventos de E'ronoh e as marés de Eiram. Xiri já
havia adorado aquela história. Seja na paz ou na guerra, os planetas e suas
luas estavam irrevogavelmente ligados, não apenas pela atração de sua
gravidade, mas por um longo passado e um futuro sempre sombrio. Uma
futura Xiri dedicaria sua vida a acertar.
Agora a inquietação entre os jovens pilotos estava começando a aparecer
quando um deles saiu da formação e depois voltou.
A capitã A'lbaran e o tenente Segaru selecionaram trinta pilotos sem
precedentes para a missão: escoltar com segurança um transportador de
gelo que chegava até a doca da capital e preparar o gelo para distribuição
imediata. Um transportador que estava atrasado. A remessa anterior havia
sido destruída em meio ao confronto mais recente com Eiram. O anterior
havia desaparecido misteriosamente no labirinto de novas vias do
hiperespaço. O anterior, ou o que restava dele, foi encontrado,
provavelmente devastado por piratas e despojado até os fios, metade da
tripulação à deriva morta no espaço. Não, a única maneira de proteger essa
carga era interceptá-la e escoltá-la no instante em que ela saísse do
hiperespaço.
— Capitã, não podemos ficar aqui por muito mais tempo, — disse o
tenente Segaru, o tenor constante de sua voz emoldurado pelo zumbido da
estática do canal privado.
— Ele virá, — ela cortou de volta.
— Capitã...
— Vai chegar. — Ela trabalhou a língua contra o céu da boca seco. Ela
dera seu cantil de água naquela manhã para uma criança que mendigava no
mercado e tentava não pensar em sua própria sede. — Tem que chegar.
Xiri se virou para a esquerda, onde sempre estava em sua formação de
alambrado, como o seu capacete de bronze obscurecendo a maior parte de
seu rosto barbudo. Imaginou o escrutínio em seu olho cinza de tempestade,
a maneira como as cicatrizes sob o seu tapa-olho ficava vermelhas quando
ele estava frustrado e com raiva. Também sabia que ele provavelmente
estava apertando o pomo da lâmina cerimonial da maldição que todo
soldado E'roni tinha amarrado no quadril, um hábito que compartilhava.
Que uma parte dele nunca a perdoaria por ser promovida no lugar dele. Que
ele se ressentia dela, mesmo quando se virou em sua direção, como se
pudesse sentir o seu olhar.
— Capitão. — Então mais suave. — Xiri.
— Não. — Ela voltou a sua atenção pra frente, além do azul de Eiram, e
para os alfinetes de estrelas distantes. — Temos sorte de ter garantido esta
remessa depois que Merokia renegou a sua promessa de alívio.
Merokia era a última em sua lista de ex-aliados. O que ela ou o Monarca
poderiam esperar? A cada ano que passava, cada cessar-fogo quebrado,
cada tentativa fracassada de paz, até mesmo os seus parceiros comerciais
mais próximos viravam as costas para E'ronoh. Poucos ousaram intervir no
conflito, e a maioria simplesmente esperou que surgisse um vencedor para
escolher um lado.
— Estou ciente de nossa situação, capitã A'lbaran. É... — Ele pausou
por tanto tempo que Xiri se moveu para alternar o seu canal para ver se seu
comunicador havia falhado novamente. — Concordamos em liberar o
corredor entre os dois planetas para a escolta militar de Eiram. Eles podem
considerar nossa presença prolongada aqui como uma violação dos termos.
Estou sempre pronto para uma luta, mas esse cessar-fogo, limpando o
corredor, tudo isso foi um plano seu.
Seu plano. Jerrod Segaru sempre soube como irritá-la.
Levou anos de sua vida para convencer o seu pai a concordar com isso
em primeiro lugar. Ele estava convencido de que a circunstância era um
plano elaborado para o inimigo pegar E'ronoh com a guarda baixa e atacar,
daí os trinta caças estelares. As condições eram simples: Xiri lideraria uma
missão de escolta ao raiar do dia e abriria espaço para Eiram à tarde.
Nenhuma arma seria engajada. Cessar-fogo anterior havia sido quebrado
por menos, mas contava com Eiram igualmente desesperado por alívio, para
que eles entendessem.
Xiri sabia muito bem onde recairia a culpa quando... e se... algo desse
errado.
Obrigada por me lembrar, tenente, mas não podemos voltar pra casa de
mãos vazias, e não permitirei que outro de nossos carregamentos seja
destruído ou invadido porque estamos de costas para a guerra. Eu cuido de
Eiram. Nós vamos ficar.
— Espero que o general de Eiram seja tão... compreensivo... quanto
você seria, — ele disse, então trocou o seu canal de comunicação.
Seguiu o exemplo, a tagarelice inquieta dos pilotos preenchendo o
tempo. A cada momento que permaneciam em espaço aberto, eles pareciam
esquecer que o seu capitão estava ouvindo. Não se importava. Foi assim
que os conheceu, em raros momentos de silêncio, ouvindo o ritmo de suas
vozes.
— Olhe para todo esse lixo, — disse Thylefire Dez.
— Isso não é lixo, — Thylefire Nove saltou, com a sua voz falhando na
última palavra. O mais jovem de todos, Thylefire Nove foi apelidado de
Blitz em seu primeiro dia de treinamento.
Os novos recrutas eram em sua maioria resultado do recrutamento, mas
Blitz implorou pela permissão para se alistar mais cedo, em homenagem a
sua irmã falecida, Lina. Estava a semanas da idade de recrutamento. Xiri
fizera o mesmo depois da morte do irmão, e talvez por isso tivesse
concordado com o pedido.
Xiri tinha visto centenas de soldados caírem, mas a morte de Lina foi um
ponto de virada para E'ronoh. O que deveria ter sido uma missão de
reconhecimento de rotina para as ilhas ocidentais de Eiram terminou em
destruição quando o propulsor de seu caça estelar falhou momentos após a
decolagem e ela caiu do céu, a terceira falha em dias consecutivos, mas a
primeira a resultar em uma baixa. Parecia que todos na Torre prenderam a
respiração coletivamente enquanto observavam a nave colidir com o
Desfiladeiro Ramshead.
Era o fim trágico de Lina que levou os civis às ruas. Quantos outros eles
perderam, não para Eiram, mas para a sua própria frota de naves
antiquadas? O que o Monarca faria para garantir que isso não acontecesse
novamente? O que ele faria para finalmente vencer esta guerra? Onde
estavam as rações de comida e água prometidas? Xiri não podia, não iria
lutar contra seu próprio povo e contra Eiram ao mesmo tempo, mas os
dissidentes levaram o Monarca a arrendar um terreno nas montanhas do
hemisfério sul para Corellia em troca de três dúzias de devilfighters. Xiri
havia amaldiçoado a barganha, mas sabia que era a solução mais
estratégica. A sua frota era muito pequena. E'ronoh foi adiando demais, mas
o que o Monarca venderia a seguir? O que seria suficiente? Questionar a
decisão, especialmente durante um tempo de guerra, e especialmente por
um dos próprios capitães de E'ronoh, teria sido traição. Mesmo para a
própria filha do Monarca.
A única forma de rebelião de Xiri foi dar uma das novas naves,
atribuídas a ela, para Blitz, recém-saído do treinamento básico de combate.
Optou por permanecer na antiga lata-velha que estava voando desde que se
alistou. Além disso, não importava a nave, ela chegaria aonde precisava ir.
— Não é lixo repetiu Blitz. — A sua nave oscilou, provavelmente
alternando os seus controles com os punhos trêmulos.
— Calma, Thylefire Nove, — o tenente Segaru rosnou baixo no
comunicador. — Pegue a sua nave.
Blitz parou e choramingou um pedido de desculpas.
— Eu não quis dizer nada disso, — Thylefire Dez murmurou. — É só...
olhe pra isso.
O cinturão de escombros era inevitável. Restos de naves estelares e
pessoas flutuavam em um rio de metal queimado e membros cobertos de
gelo. A princípio, Xiri realizou missões de salvamento e transformou
porões de carga em barcaças ceifadoras, apenas para encerrar aqueles que
esperavam no solo. Agora era quase impossível distinguir os destroços. Se o
cessar-fogo durasse, tentaria isso novamente.
As pessoas só querem algo para enterrar, a tenente Segaru gostava de
lembrá-la. Eles poderiam nunca mais ser amigos, mas ela nunca poderia
questionar a sua lealdade e capacidade de sujar as mãos pela causa.
— Não, ele está certo. Não é lixo. É um cemitério — disse Thylefire
Seis, com as suas palavras sombrias seguidas por um uivo estranho.
— Isso é o seu estômago? — alguém perguntou.
— Ah, ele só está nervoso, — disse o tenente Segaru amigavelmente. —
É o primeiro voo dele.
Ou ele está com fome, seu tolo gigante, pensou Xiri. As palavras
estavam na ponta da língua, mas o tenente Segaru tinha um jeito de suavizar
o humor de seus soldados. Calma jovem. É apenas uma pequena explosão,
garoto. Há baixas na guerra, garoto. Faremos Eiram pagar por seus crimes
e afundar os seus palácios de vidro no fundo dos mares, garoto. Segaru
poderia ser o seu tenente amigo, enquanto Xiri era quem os fazia fazer
exercícios até os seus corpos doerem. Aquele que tinha que se preocupar se
eles tinham ou não as rações prometidas aos novos recrutas e suas famílias
famintas. A única a brigar com o pai sobre priorizar a água em vez do
combustível, e era por isso que aquele carregamento de gelo precisava
aparecer e parecia intacto e precisava aparecer agora porque, após cinco
anos de luta, seu mundo natal decidiu que já era o suficiente.
Os velhos deuses estão com raiva, gritaram os anciãos do templo. Os
velhos deuses estão zangados com a guerra do Monarca e pararam a chuva.
Xiri não podia culpar os deuses antigos ou novos pela pior seca de sua
memória recente. Tudo em que podia acreditar era em si mesma e fazer
tudo ao seu alcance para obter ajuda para o seu povo. E'ronoh exigiria cada
fibra de seu ser, e ea daria até que não restasse mais nada dela.
À medida que os planetas se arrastavam ao longo da órbita da lua, Xiri
examinou Eiram em busca de movimento, mas viu apenas redemoinhos de
nuvens sobre oceanos azul turquesa. Nenhuma nave de escolta, mas haveria
uma.
— A minha esposa vai me matar por perder o jantar de novo —
murmurou Thylefire Três. A mulher que conhecia como Kinni estava entre
os membros mais velhos do esquadrão de Xiri e era mecânica aposentada
quando se alistou alguns anos antes.
— Sinto falta do ensopado de pilafa da minha mãe, — acrescentou Blitz.
Kinni riu baixinho.
— Vocês são todos bem-vindos, é claro.
— Agora que a guerra acabou... — Thylefire Seis começou, mas foi
interrompido por um grunhido.
— Não baixe a guarda, — disparou Thylefire Treze. — Nada acabou.
Não até que eles devolvam tudo o que levaram. A nossa colônia, a nossa
princesa, as nossas vidas. Eiram nunca deveria conhecer a paz.
Thylefire Treze era Rev Ferrol, filho do vice-rei Ferrol, um dos
conselheiros de maior confiança do pai de Xiri. Rev repetia as mesmas
palavras ácidas que o Monarca falava de sua varanda sempre que sentia que
o moral estava baixo. Houve um murmúrio de assentimento e Xiri tentou
engolir o nó na garganta, mas a sua boca estava seca. Podia sentir o olhar do
tenente Segaru sobre ela, mas apenas balançou a cabeça. O seu povo estava
frustrado, e estaria falhando com eles não apenas como a sua capitã, mas
como a sua princesa, se desligasse o seu comunicador simplesmente por
causa de sua própria culpa.
— Estamos apenas recuperando o fôlego, só isso. Os crustáceos
também, — acrescentou o tenente Segaru.
— A mi-minha avó costumava dizer quando ela era pequena, eles
mediam o tempo não pela lua, mas por quando as naves de Eiram
sobrevoavam a cidade. — Blitz riu nervosamente. — E-eu acho que ela
estava exagerando, mas foi há muito tempo.
— Foi agora? — Kinni zombou. — Então estou muito velho.
Houve uma série de risadas.
— Bem, quando acabar, — disse Blitz em seu jeito turbulento, — vou
pegar uma barcaça de prazer para um desses planetas resort.
— Não há nenhuma barcaça de prazer vindo aqui, — Rev murmurou.
— Ouvi dizer que em alguns mundos você pode pagar para ter
simultaneamente...
— Simultâneo ao quê, Dez? — Xiri falou no comunicador, estalando
enquanto outros riam do piloto envergonhado.
O garoto mais novo engoliu as suas palavras, então gaguejou:
— Prin-princesa! Quero dizer, capitã. Capitã A'lbaran.
— Tudo bem, Thylefire, fique atento, — o tenente Segaru comandou em
seu sotaque fácil.
Xiri permitiu-se um pequeno sorriso. Gostava quando eles falavam de
seus sonhos, dos seus planos. Que imaginaram um quando e um depois. A
esperança deles era uma coisa frágil, mas estava lá, e não podia se permitir
esquecê-la, nem por um segundo.
Um sensor piscou em seu painel de controle. Uma dúzia de naves de
Eiram emergiram de sua atmosfera nublada. As suas naves estelares tinham
uma qualidade bulbosa, equipadas primeiro para submersão subaquática e
depois para voos espaciais.
— Estão aqui! — Blitz disse. A sua nave deu uma guinada para a frente,
então cambaleou até parar.
— Calma, — alertou o tenente Segaru.
— S-são essas as novas naves, — Blitz gaguejou, com a sua respiração
pesada. — Os controles são muito sensíveis.
— Ceeeeerto, — Treze murmurou, e os outros pegaram o tiro fácil e
riram de seu amigo nervoso.
— Lembre-se, — disse Xiri, exigindo silêncio, — Eiram está recebendo
carga também. Nós dois estamos escoltando as entregas para casa.
Aguardem as minhas ordens.
— Capitã, — disse o tenente Segaru. — Eles estão saudando você.
Xiri lambeu os dentes da frente. Tentou não pensar em sua sede, em seu
próprio coração batendo forte. O seu esquadrão precisava dela para liderar.
E'ronoh precisaria dela para liderar.
— Aqui é a capitã Xiri A'lbaran. As suas palavras eram mais firmes do
que ela sentia.
— Capitã, aqui é o General Nhivan Lao. — A sua voz entrecortada veio
através do comunicador de seu antigo caça estelar. Ela socou o painel com
força para limpá-lo. — Concordamos que o corredor entre os planetas
estaria livre. Esses foram os seus termos, acredito.
— Entendo, general, — disse Xiri. — Mas a nossa remessa está
atrasada. Nós lhe daríamos a mesma cortesia na mesma posição.
— Você daria? — o general quase zombou.
Xiri não quis morder a isca, então o silêncio deles se estendeu pesado no
intervalo até que o general pigarreou e disse
— Muito bem. Cuide para não cruzar o seu lado do corredor.
— Nem sonharia com isso. — Ela trocou a frequência no comunicador.
Xiri atualizou o seu esquadrão, apertou os seus controles e observou o
campo vazio do espaço como se pudesse abrir um buraco negro e arrancar o
transportador de gelo do hiperespaço.
— Devemos levar qualquer carga que eles tenham, mais a nossa, — Rev
rosnou. — Aposto que eles estão planejando a mesma coisa. Eu aposto...
— Eu não confiaria em Eirami, mesmo que tivesse dois olhos bons, — o
Tenente Segaru interrompeu. — Mas vamos ficar parados por enquanto.
— Você não perdeu o olho na primeira batalha, senhor? — Blitz
perguntou.
— Precisamente.
— Quero este canal limpo, — disse Xiri. — Está entendido?
Um por um, eles assinalaram que sim.
Seu conjunto de sensores piscou. Uma bobina de antecipação apertou
em seu estômago quando ela disse
— Uma nave está saindo do hiperespaço.
Escondida entre os pontos de luz que os cercavam, estava a zona de
saída para a via do hiperespaço que a República havia aberto alguns anos
antes. Descobriu-se que E'ronoh e Eiram estavam no meio do nada, mas a
caminho de todos os lugares.
Quando a nave emergiu do hiperespaço, Xiri parou de respirar. Levou o
seu esquadrão voando sobre as torres brilhantes do vale de Modine, viu as
primeiras rosas do deserto florescerem e, no entanto, agora, nada era tão
bonito quanto aquele velho transportador de gelo enferrujado.
Inclinou-se pra frente em antecipação, sorriu tanto que os seus lábios
rachados racharam e sangraram. Mesmo enquanto observava o
transportador deslizar pelo corredor entre E'ronoh e Eiram, Xiri fez uma
anotação mental de que cada pedacinho de gelo a bordo já estava
comprometido, e eles teriam que descobrir uma maneira de obter mais
mesmo antes do último gota foi distribuída. Era uma preocupação para mais
tarde naquela noite.
Xiri estava prestes a chamar o transportador quando o conjunto de
sensores de seu caça apitou, desta vez sinalizando uma anomalia.
— Capitã, — disse Segaru, preocupação e confusão em uma única
palavra. — Há mais duas naves saindo do hiperespaço. Devemos limpar...
As palavras de Segaru foram perdidas quando uma nave gigantesca
piscou no espaço morto após a outra, perdendo por pouco um impacto
mortal. Xiri só tinha visto a sua semelhança na rede de notícias na holonet
e, pela conversa que preencheu instantaneamente o canal de comunicação, o
mesmo aconteceu com o seu esquadrão.
— Isso é uma Proa-Longa da classe Alif?
— Não são aquelas naves da República?
— Dank farrik, o que a República está fazendo aqui?
As Proa-Longas tinham corpos estreitos terminando em narizes afilados.
Xiri rastreou o caminho em que eles estavam e terminou em rota de colisão
dupla com o transportador de gelo. Para evitar um acidente, o transportador
tombou, inclinando-se em direção a Eiram. Se fosse puxado para a
gravidade do planeta oceano, E'ronoh poderia dar adeus ao suprimento de
água. Eiram poderia reivindicar o transportador de gelo com base apenas no
fato de que ele havia entrado em seu espaço, e tudo pelo que Xiri havia
trabalhado, essa ferida delicada que era sua paz temporária, se romperia
novamente.
Mas se acelerasse para reivindicá-lo, cruzaria o corredor do espaço e
entraria no território de Eiram e eles estariam prontos para atirar.
— General Lao, — disse Xiri. — Entre!
Um estalo de estática engoliu a sua resposta.
— Capitã... — O tenente Segaru disse com urgência em seu canal
privado.
Os dedos de Xiri tremiam em seu painel.
— Estou tentando sinalizá-los!
Uma voz truncada veio de uma das Proa-Longas.
— Aqui é a Paxion da República. Quem é responsável pelo tráfego da
hipervia?
Xiri não pôde deixar de retribuir a pergunta com uma risada amarga.
— Afaste-se, Paxion.Você não está autorizada a entrar no espaço E'roni.
— Quem é? — perguntou o ofendido.
Xiri não respondeu. O rio de destroços estava se movendo, ganhando
velocidade conforme a Paxion avançava pelo espaço entre os mundos.
Destroços atingiram seu esquadrão. Algo que parecia um capacete bateu
contra sua janela e deixou pra trás uma gavinha no transparaço. A segunda
Proa-Longa não identificada se separou da Paxion e se dirigiu para a lua,
mas como Eiram e E'ronoh estavam tão próximos, o corredor do espaço era
extraordinariamente estreito e as naves desacostumadas a navegar em seu
sistema poderiam facilmente cair no poço de gravidade de qualquer um dos
planetas. O piloto da Paxion claramente não estava acostumado a manobras
tão apertadas e estava sendo puxado para E'ronoh. Quando as tentativas de
contato falharam, Xiri sabia que não poderia ficar sentada aqui. Ela tinha
que se mover e torcer para que Eiram entendesse que era para evitar a Proa-
Longa e não um ato de agressão.
— Esquadrão Thylefire, comigo, — disse Xiri, voando cada vez mais
alto. — Afaste-se Paxion e, repito, não atravesse o corredor.
— Mas o transportador de gelo ainda está indo na direção errada! —
Blitz entrou, em pânico. Ela podia ver o seu devilfighter se desviando de
seu grupo.
— Thylefire Nove, fiquem em formação, — ordenou Xiri. — Tenente
Segaru, continue chamando o transportador de gelo e faça com que eles
mudem de rota. Eu trato do general.
Mas Xiri não teria oportunidade. O devilfighter rebelde quebrou
completamente a formação e navegou pelo espaço em mergulhos e
mergulhos radicais.
— Thylefire Nove, se você não estivesse colocando em risco a missão,
eu o parabenizaria pelo melhor voo de sua classe, — disse o tenente Segaru.
— Agora traga sua bunda de volta aqui!
— Não sou eu! — Blitz gritou. — A nave está fora de controle. Não
posso...
— Nove, isso é uma ordem! Esta ouvindo? — Xiri disse, o canal
estalando com a nota aguda de retorno. Todas as naves estavam tentando se
comunicar e incapazes de transmitir suas mensagens quando um borrão
verde explodiu no campo de destroços e nas forças de Eiram. Não
importava que não fizesse contato. Foi um tiro disparado do caça estelar de
Thylefire Nove, de E'ronoh.
Um único tiro foi o suficiente.
O pulso de Xiri rugia em seus ouvidos. Provou o sangue em seus lábios
rachados, engasgou com o grito impotente que ninguém podia ouvir. Por
um segundo, finalmente houve silêncio quando o comunicador ficou mudo
e cada uma das forças de Eiram atirou de volta.
Momentos antes da colisão, a Cavaleira Jedi Gella Nattai estava
segura a bordo do porão de carga da Valente, caminhando no ar.
As caixas de suprimentos médicos destinadas a Eiram quase chegavam
ao teto da Proa-Longa, mas Gella sempre se contentava com o espaço que
tinha. Despojada de sua túnica cor de areia e caneleiras, se concentrou em
dar um passo de cada vez. O Passeio aéreo, que tinha visto realizado por
uma sacerdotisa da Montanha Cantante durante a sua última peregrinação à
cidade de Jedha, exigia toda a sua concentração. Os batimentos cardíacos de
Gella desaceleraram no ritmo de suas respirações profundas. Cada
pedacinho de seu corpo era sustentado pela Força, uma contradição de
sensações, à deriva, mas ancorada, firme, mas em movimento. Era um
momento e de alguma forma infinita.
Deu mais um passo, agora completamente de lado. Lentamente,
estendeu os braços pra fora, mantendo as palmas para cima, e sentiu o
primeiro tremor em seus músculos. Concentre-se, lembrou a si mesma.
Manteve os olhos treinados na luz azul e branca marmorizada da janela. As
suas viagens com a Ordem a levaram a mundos oceânicos, através de vales
montanhosos e cidades pairando nas nuvens, mas havia algo no hiperespaço
que a humilhava como nada mais. Meditar no hiperespaço era como estar
enterrada na luz, dentro da própria Força. Estava lá, e depois se foi. Num
piscar de olhos, uma estrela, uma vida.
Inalou mais uma vez, então sentiu a presença antes que a porta do porão
de carga se abrisse.
— Isso não pode ser confortável, — disse a Padawan do Mestre Roy,
Enya Keen.
Gella agarrou o ar, mas a sua concentração estalou. Caiu de lado com
força, a dor ricocheteando em seu braço e ombro.
— Isso parece ainda menos confortável, — acrescentou Enya, sentando-
se no caixote onde Gella havia deixado de lado os seus sabres de luz e o
resto de suas vestes.
Gella grunhiu, levantando-se.
— Estava perfeitamente confortável antes de ser rudemente
interrompida.
Enya deu um sorriso de desculpas, mas não deu sinais de se mover.
Enfiou uma perna sob a coxa, girando distraidamente o tufo de sua trança
Padawan. Devia estar dormindo, porque havia vincos sob os seus olhos em
sua pele morena profunda, e o seu cabelo escuro estava se desfazendo dos
dois nós trançados que corriam perpendicularmente à sua espinha.
— Nunca vi ninguém meditar em pé, — ela disse, — ou flutuando de
cabeça pra baixo. Você parecia um Morcego Loth.
— Existem muitas maneiras de meditar, você sabe disso. — Gella vestiu
o seu tabardo marrom e guardou os seus sabres de luz gêmeos em cada lado
de seus quadris, então rapidamente enfiou as suas meias e botas gastas.
— Mas qual é a função de um Jedi? — Enya pressionou em seu soprano
cadenciado.
Gella não havia pensado exatamente sobre a função que um Jedi poderia
ter para o ritual sagrado da Montanha Cantante. Simplesmente estava
ansiosa para entendê-lo. Para desafiar a si mesma para ver se poderia fazer.
Enya, no entanto, não a deixou explicar antes de continuar
— Você pode me ensinar?
— Eu claramente ainda não dominei o Passeio aéreo. — Gella não
queria ser rude, mas se escondera no compartimento de carga porque queria
ficar sozinha, e o seu quarto não tinha vista para o hiperespaço. Ela meio
que considerou se desculpar e se esconder em uma das naves da classe Alfa
estacionadas no hangar.
— Certo. Você não deveria estar a caminho de Jedha antes de ter
problemas com o Conselho? — Enya sugou em um suspiro agudo. — Oh,
eu provavelmente não deveria ter ouvido os mestres falando sobre isso.
Gella se irritou.
— Provavelmente não.
— Bem, tenho certeza que o que aconteceu em sua expedição a Orvax
não vai acontecer aqui! Também ouvi dizer que o Jedi Neverez apenas
machucou o cóccix e o resto vai se recuperar totalmente.
Gella beliscou a ponta do nariz. Duas semanas e a lembrança de seu
fracasso em sua primeira missão como líder da equipe Desbravadora ainda
estava fresca. No momento do acidente, pediu permissão ao Conselho para
retornar a Jedha, onde poderia treinar com uma das muitas ordens que
estudam os caminhos místicos da Força. Para se centrar. Para recuperar o
equilíbrio e a perspectiva sobre onde as suas escolhas deram errado. Em vez
disso, foi designada cada vez mais para dentro da Orla Exterior, a bordo da
Valente com os Mestres Sun e Roy e a Padawan Enya Keen. Era difícil não
sentir que estava sendo punida.
Poderia muito bem saber tudo o que Enya ouviu.
— Foi tudo o que o Mestre Sun disse?
— Ele também disse que você é impulsiva, mas que tem as habilidades
para ser uma grande mestra um dia, se apenas se dedicar.
Gella devolveu o sorriso largo de Enya com uma carranca, embora não
durasse muito. Não conseguia se lembrar de ter tido os níveis de energia de
um Padawan, embora aos trinta anos padrão Gella fosse apenas uma década
mais velha que ela. Ainda assim, havia algo em Enya que desanimava
qualquer um, com os seus sorrisos alegres, ansiosos e esperança inocente.
Mesmo que fosse exaustivo em viagens longas como essas.
— Muito bem, — disse Gella. — Vou te ensinar quando chegarmos a
Eiram. Preciso de prática.
— Viu? Vou dizer a Aida Forte que você é amigável, — Enya disse,
tocando o seu dedo no queixo. — Eu me pergunto quanto tempo vamos
ficar em Eiram. Ultimamente parece que nunca estamos no mesmo lugar
por muito tempo.
— Tempo suficiente para conseguir suprimentos médicos, suponho. —
Gella vestiu o roupão e passou os dedos pelos longos cabelos negros.
— Enquanto eles precisarem de nossa ajuda. — Mestre Creighton Sun
dobrou a esquina. Ele era um homem estoico de altura imponente; Gella o
vislumbrou ao longo dos anos em vários cumes, mas ele nunca parecia
mudar. Tinha quase certeza de que Mestre Sun tinha agora cerca de
quarenta anos padrão, mas mesmo quando ele era um jovem Cavaleiro Jedi,
ele tinha as mesmas mechas de cabelo prateado nas têmporas e linhas finas
ao redor dos olhos, como alguém nascido para ser mais sábio e mais velho.
Talvez essa aparência fosse o motivo pelo qual Gella sempre sentia a
necessidade de corrigir a sua postura quando ele entrava na sala.
Ele olhou ao redor do compartimento de carga como se esperasse
encontrá-lo incendiado ou destruído. Honestamente, isso só aconteceu uma
vez, e não foi culpa de Gella.
Gella e Enya ficaram em posição de sentido.
— Claro, Mestre Sun, — disse Gella.
As espessas sobrancelhas escuras de Creighton Sun se uniram quando o
seu olhar pousou em Gella. Ele coçou o queixo recém barbeado e soltou um
longo suspiro de sofrimento.
— Como tenho certeza que Enya veio aqui para te contar, estamos nos
aproximando das coordenadas.
A Padawan saiu correndo do porão de carga à frente deles. Gella
também teria, se não fosse pela hesitação que sentiu do Mestre Sun.
— Eu ouvi o que Enya disse.
Gella dissipou as suas palavras com um aceno de cabeça.
— Está tudo bem, Mestre Sun, mas é encorajador saber que você
acredita que um dia posso ser uma grande mestra. Eu esperava ter tempo
para continuar o meu treinamento à luz da minha última designação.
Gostou do jeito que ele ouviu, as rugas permanentes de suas
sobrancelhas se aprofundando.
— E você acredita que deveria fazer isso em Jedha?
— Parece a escolha óbvia, — disse ela. — Que melhor maneira de
aprender sobre a Força e o meu lugar nela do que treinar com todas as
religiões e grupos que vivem as suas vidas de acordo com ela? Talvez seja
mais seguro aprender e treinar dessa forma...
— Mais seguro? — Mestre Sun perguntou suavemente. — De quem?
Ou do que?
Gella encontrou os seus olhos gentis, o marrom das florestas. A primeira
resposta que veio à mente foi de Eu mesma, aparentemente. Mas quando foi
falar, não conseguiu dizer em voz alta.
— Eu sei o quanto você acredita profundamente em nossa causa, —
disse ele, notando o silêncio dela. — Para ser um guardião da paz e da
justiça na galáxia, devemos primeiro experimentar a galáxia. Entenda
melhor todos os seres vivos que estão conectados através da Força. O
Conselho não a enviou nesta missão para que você pudesse ajudar a
entregar suprimentos médicos. Eles a enviaram para aprender a fazer parte
de uma equipe.
Como Padawan, Gella fez tudo o que lhe foi dito. Saltou de um
penhasco e confiou na Força para impedir a sua queda. Treinou em templos
em todos os mundos. Em Jedha, aprendeu sobre o amplo espectro de
manejadores e crentes da Força. Treinou. Por horas. Dias meses anos.
Sintonizou a própria composição de seu corpo, meditou até não saber onde
seu ser físico começava e a Força terminava. Fez tudo o que deveria, mas
quando foi chamada para a sua missão mais importante como líder de
equipe, falhou.
— Talvez seja melhor servir a Ordem sozinha, — ela meditou.
Mestre Sun ergueu as sobrancelhas com simpatia.
— Existem muitos caminhos e acredito que, com o tempo, você
encontrará o seu, Gella Nattai, mas me parece que você está apenas
arranhando a superfície do que pode ser capaz. Você deve ter...
— Paciência, — ela terminou para ele.
— Exatamente, — disse ele, virando-se para deixar o porão de carga. —
Você tem a capacidade de se conectar de maneiras que não são óbvias para
o resto de nós. Vamos todos trabalhar em conjunto.
— Eu aprecio isso, Mestre Sun, — disse Gella. Não falharia novamente.
— Agora vamos nos apressar e apertar o cinto. Nossa última viagem a
Eiram foi uma saída acidentada do hiperespaço.
Seguiu Mestre Sun pelo corredor até a cabine, onde Mestre Char-Ryl-
Roy estava no leme. Mesmo sentado, o homem Cereano se destacava dos
outros. Ele cumprimentou Gella com um rápido aceno de cabeça, com as
luzes amarelas e brancas da cabine brilhando em sua cabeça lisa e oval.
— Você já esteve em Eiram antes, certo? — Gella perguntou ao Mestre
Sun enquanto se prendia no assento atrás de Enya.
— Ah, sim, — Enya disse, estalando os dedos ansiosamente. — Embora
da última vez tenhamos evacuado antes mesmo de podermos atracar.
Os lábios do Mestre Sun se achataram levemente, então ele disse:
— Esta será nossa terceira vez no ano passado. Eiram e E'ronoh estão
envolvidos em um conflito há meia década. Embora eu me lembre de ouvir
sobre as suas brigas quando eu era um Padawan. Temo que a abertura da via
do hiperespaço em seu setor e a trágica circunstância por trás da morte do
príncipe de E'ronoh tenham causado velhas feridas.
— É sábio ainda se envolver, então? — perguntou Gella.
Os olhos castanhos de Mestre Sun estavam sombreados em profunda
consideração.
— É o nosso dever ajudar aqueles que pedem ajuda. Eiram pediu ajuda
várias vezes, mas E'ronoh nunca nos chamou. O Monarca deles desconfia
de forasteiros.
Gella considerou isso.
— E foi a rainha de Eiram não é?
— Oh, foi ela, — Mestre Sun disse severamente. — A recente
destruição de um hospital militar deixou Eiram desesperada. Nós os
convencemos de que a única maneira de obter mais assistência médica com
segurança era concordando com o cessar-fogo proposto pela princesa de
E'ronoh. Acredito que tenha sido o cessar-fogo mais longo desde o início
dos combates.
— Uma vitória, de fato, — acrescentou Mestre Roy do assento do
piloto.
— Quanto tempo foi isso? — perguntou Gella.
— Três dias, — ele respondeu com um sorriso satisfeito.
Três dias! Gella pensou. Isso foi quase o tempo que eles levaram para
chegar ao sistema Eiram e E'ronoh dentro do setor Dalnan.
— Diga o que pensa, Gella Nattai, — Mestre Sun a encorajou. — Sei
que você se juntou a nós por sugestão do Conselho, mas quero que se sinta
parte de nossa equipe. Posso sentir que você está se segurando.
Gella nunca se sentiu particularmente eloquente quando solicitada a
expressar os seus pensamentos. Ainda assim, limpou a garganta e disse:
— Para ser honesta, não acho que três dias seja uma grande vitória.
Enya voltou a sua atenção para Gella, seus grandes olhos quase saltando
das órbitas.
— Possivelmente, mas é um começo, — Mestre Sun disse confiante. —
É um momento delicado para Eiram e E'ronoh. As feridas entre esses
planetas são profundas, mas tenho esperança de que eles encontrarão um
caminho para uma paz verdadeira e duradoura.
— Um começo, — repetiu Gella. É isso que esta missão era pra ela? Um
novo começo depois de tantos problemas? — Certo.
Então a nave estremeceu no túnel do hiperespaço.
— Segure suas costas! — Enya gritou, apertando o seu cinto. Mestre
Sun fechou os olhos e agarrou o manche acima dele.
Gella se sentia estranhamente estável, movendo-se com a nave enquanto
entravam no espaço real e o brilho azul desvaneceu-se em preto salpicado
de estrelas. Mestre Roy grunhiu quando a sua cabeça bateu no encosto de
cabeça. Houve um baque forte e a nave inteiro tremeu.
— Mas que kriff? — Enya deixou escapar.
Gella não tinha ouvido o xingamento da Padawan na frente de seu
mestre antes, mas a situação exigia isso. As luzes de emergência piscaram e
os alarmes soaram quando a nave foi atingida. A princípio, não conseguiu
entender contra o que eles estavam colidindo. Bem à frente estava o que
parecia ser algum tipo de transportador de carga velho avançando por um
campo de detritos em direção ao planeta turquesa. Gella sabia que deveria
esperar a escolta militar de Eiram, mas as forças de E'ronoh permaneceram
estacionadas na estreita lacuna entre os mundos. Teria pensado que era
impossível dividir algo intangível como o espaço, mas esses planetas em
guerra encontraram uma maneira.
— Puxe! — Enya gritou.
Emergindo de seu ponto cego estava um segundo cruzador Proa-Longa.
As entranhas de Gella se agitaram quando o Mestre Roy se esforçou para
evitar que a nave da República tentasse corrigir o seu curso, mas o nariz da
Valente acertou a cauda da outra nave.
— É a Paxion.
— Enya disse, lendo o painel de controle.
— Tem certeza? — Mestre Sun perguntou.
Gella sabia o nome daquela nave apenas pela reputação.
— O que a nave do Chanceler Mollo está fazendo aqui?
Antes que alguém pudesse especular, uma explosão verde atravessou a
escuridão. Ele atingiu um pouco dos destroços, mas a fonte parecia ser um
guerreiro Corelliano solitário atacando os escombros.
— Acho que o cessar-fogo acabou — disse Gella, segurando o encosto
de cabeça do copiloto.
Os lábios de Mestre Sun se achataram em uma carranca, então se
firmaram quando eles levaram outro tiro.
— Aqui é o Mestre Char-Ryl-Roy do Conselho Jedi, — o Cereano
trovejou no comunicador. — Somos um transporte de socorro médico a
caminho de Eiram. Eu repito. Somos um transporte de socorro médico. Pare
o fogo.
As luzes da cabine piscaram e tudo chacoalhou quando disparos de laser
e detritos os atingiram de todos os lados.
— Redirecionando a energia auxiliar para os escudos, — Enya disse,
digitando a diretiva.
— Cidade Capital de Erasmus, responda, — Mestre Roy rugiu, mas
apenas um retorno distorcido de comunicação respondeu. — Eiram,
responda!
— Eu estava tentando responder ao saudação da Paxion, mas acho, — o
dedo indicador de Enya rastreou um prato girando no campo de destroços,
— nós pegamos o receptor deles.
— Vá em direção a Eiram, — Mestre Sun gritou sobre os alarmes. —
Mal podemos esperar pela escolta.
— Tenho boas e más notícias, — Enya disse sobre o barulho. — A boa
notícia é que agora eles estão atirando uns nos outros em vez de nós.
— Ideia interessante de boas notícias, mas continue, — disse Mestre
Roy.
— Eu não posso entrar em contato com Erasmus para dar a eles a nossa
autorização de pouso. Sem isso, as defesas da cidade podem nos abater
assim que entrarmos na atmosfera.
— Bem, não podemos ficar aqui, — Mestre Sun argumentou.
Ele havia dito que era um momento frágil para Eiram e E'ronoh, mas o
que era o suficiente para desencadear um ataque quando ambos os planetas
estavam esperando com urgência pelo alívio tão necessário?
Gella agarrou os braços do assento, ansiosa para fazer alguma coisa.
Podia sentir a frustração do Mestre Sun também.
— Devemos ir para lá.
— Não podemos, — disse ele, lamentando com as suas palavras grossas.
— Não podemos escolher um lado, — concordou Mestre Roy. — A
nossa missão é entregar a ajuda solicitada a Eiram, não lutar em sua guerra.
Por enquanto, iremos para a lua antes de sermos puxados pela gravidade de
E'ronoh.
Gella manteve os olhos fixos na briga de cães no espaço morto.
Estendeu a mão através da Força para a destruição à frente. Raiva e medo
tingiam todos os pilotos, mas um irradiava mais forte entre os demais. Uma
embarcação que estava fora de controle. O modelo Corelliano, uma classe
mais antiga pela aparência, tinta vermelha salpicada sobre o metal cinza em
listras violentas aleatórias e um canhão de laser projetando-se de cada asa.
Observou enquanto o piloto de caça tentava, mas não conseguia, recuperar
o controle da nave. Podia sentir o medo absoluto e o pânico do piloto.
Deixou um gosto amargo em sua língua.
Gella apontou para o devilfighter rebelde.
— Lá.
— Eu também sinto isso, — Enya disse. — O piloto perdeu o controle e
está assustado.
— Não há nada que possamos fazer. Devemos chegar em segurança
primeiro, — disse o mestre Char-Ryl-Roy quando a nave foi atingida
novamente.
Eles poderiam chegar à superfície da lua, e Gella teria que convencer os
mestres a deixá-la pegar um dos caças Jedi Alfa-3 e ajudar o piloto que
parecia estar em perigo, mas aí seria tarde demais.
Antes que o plano estivesse totalmente formado em sua mente, Gella
Nattai desa5lou o cinto e correu para a parte de trás da nave, desceu a
escada e embarcou em um dos dois caças estelares. A ideia de voar sozinha
fez com que a boca do estômago apertasse desagradavelmente, mas ela
estabilizou a respiração. Os seus próprios sentimentos não importavam, não
quando alguém gritava por ajuda. Afinal, não era para isso que eles estavam
ali? Ajuda. Apertou os controles para liberar os grampos magnéticos,
deixou o dossel da cabine se fechar.
À medida que Gella entrava na briga, os seus nervos desapareciam e o
seu objetivo era claro. Não era a melhor piloto da Ordem, mas tinha a Força
ao seu lado. Passando por borrões vermelhos, Gella penetrou no coração da
batalha. Naves metálicas azuis com topos arredondados ziguezagueavam
entre os pedaços maiores de destroços, perseguindo caças estelares listrados
de vermelho. Pedaços de metal carbonizado e o que parecia ser os restos de
uma bota foram desviados por seu escudo, o crepitar verde de energia um
conforto momentâneo enquanto ela corria em direção ao piloto em
necessidade.
— Responda, Alfa Um, — disse Mestre Roy. Ele não parecia satisfeito
com ela. — Retorne a Valente, de uma vez, isso é uma ordem!
— Sinto muito, mestre, mas este piloto está muito aflito. Eles não vão
conseguir ficar aqui por muito mais tempo.
Houve um grunhido de desaprovação seguido por:
— Vamos limpar o seu caminho.
Gella manteve o curso em direção ao guerreiro demoníaco Corelliano.
Mais de perto, ela podia ver um número pintado em sua asa. Nove. O piloto
estava travado em trajetória em direção a Eiram, canhões de tiro rápido
voltados para a frente abrindo caminho. As defesas de Eiram foram
engajadas com as forças de E'ronoh em uma tentativa de obliterar a ameaça.
Gella considerou o ângulo que teria de disparar para cortar a asa do
piloto e deslizar a nave com segurança. Tinha certeza de que tinha de
conduzir o piloto para longe de Eiram, pousar lá causaria outro incidente
planetário.
— Uma coisa de cada vez, — Gella lembrou a si mesma.
Os seus sensores detectaram duas naves se aproximando rapidamente de
seus flancos. Fez manobras evasivas e puxou os controles para sacudi-los.
Eles navegaram em um arco ascendente, evitando os escombros.
Uma voz urgente falou através de seu comunicador.
— Aqui é a capitã Xiri A'lbaran. Afaste-se, Alfa, ou atiro. Este é o seu
único aviso.
— Ah, capitã, — veio a segunda voz amarga. — Nós deveríamos saber
que você estava tramando algo. Uma mentirosa, assim como o seu pai.
— Isso é um mal-entendido, general, — disse a capitã A'lbaran, com as
suas palavras intercaladas com contenção estática e imensurável. — Estou
disposta a manter e retomar o cessar-fogo, apenas deixe os meus pilotos
chegarem ao transportador com segurança.
— Você acha que eu me importo com gelo quando uma nave inimiga
está indo para minha capital?
— Ele não está no controle! — a capitã gritou.
Gella podia sentir que a situação exigia ação, não palavras. Pela Força,
realmente odiava voar, mas não havia lugar para medo em seu coração.
Acionou os seus controles com força, sacudindo-se contra o cinto de
segurança enquanto voava em um giro diagonal, abrindo espaço entre as
naves inimigas perto o suficiente para arrastar as bordas das asas de sua
nave contra os seus flancos. O rangido do metal rangeu contra os seus
ouvidos, mas agora o foco deles estava nela.
— Agora, — disse Gella, com o coração batendo forte, — General,
capitã, estou tentando ajudá-lo, caramba.
— Ajudá-lo? — a capitã A'lbaran zombou, ainda voando em sintonia,
seguindo o piloto rebelde.
— Sim, ajuda. O meu nome é Cavaleira Jedi Gella Nattai.
— Jedi, — veio um soluço de surpresa de um dos outros pilotos. Parecia
que não importava aonde fosse na galáxia, a palavra era dita com o mesmo
tom de surpresa. Gella se concentrou nisso, no reconhecimento, no peso
disso. Nada tão egoísta quanto o orgulho, mas sustentado por um senso de
retidão que ela nunca poderia realmente colocar em palavras.
— Chame os seus caças — disse Gella.
— Há uma nave inimiga voando em direção à capital de Erasmus, — o
general cuspiu. — Absolutamente não.
— Eiram pediu a nossa ajuda, general, — disse Gella. — Posso mantê-
los calmos enquanto reiniciam os seus sistemas de controle. Por favor,
confie em mim.
Houve um momento de silêncio, o rosnado enlouquecedor do ar morto e,
em seguida, um relutante.
— Faça isso.
— Vou com você. — disse a capitã A'lbaran.
Gella não perdeu tempo. Ela decolou, acelerando na velocidade máxima
para alcançar o rebelde E'roni devilfighter. Uma a uma, as forças de Eiram
recuaram, enquanto o esquadrão de E'ronoh cercava o transportador de
carga. A Valente e a Paxion navegaram ao longo do corredor em direção à
lua prateada entre os mundos. Gella exalou um suspiro reprimido de alívio,
mas ainda não podia comemorar.
— Nove, entre, — disse Gella, correndo ao seu lado enquanto se
aproximava do gigante planeta azul. — Qual é o seu nome?
Ela empurrou para dentro da nave pelo lado direito, empurrando-o para
cima e para longe da trajetória da capital.
— Não consigo parar! Não sei...
— Ouça a minha voz. — A voz de Gella era um contralto suave que
parecia cortar o comunicador e entrar direto em seus pensamentos. — Qual
o seu nome?
— Quem é você? — ele perguntou, e Gella ouviu o quão jovem e
assustado ele era.
— Está bem. Fale com ela, Blitz — encorajou a capitã A'lbaran.
— Bly, — disse ele, ofegante. — Bly Tevin, mas todo mundo me chama
de Blitz.
— Tudo bem, Blitz, quero que você ouça a sua capitã.
Seu caça devilfighter desviou para o dela novamente, com um clarão de
vigas automáticas explodindo de seus canhões dianteiros. Estava tentando
redirecionar, voltar para Eiram. A capitã A'lbaran se espremeu do outro
lado, com os três presos juntos em uma trituração de metal e faíscas. Gella
se conectou a Força, deixando o peso dela envolver o piloto. Se tivesse
tempo com ele, talvez pudesse entendê-lo melhor. Alivie o tumulto de
emoções que obscurecem as suas ações. Isso teria que servir.
— Blitz, — instou a capitã Xiri. — Desligue isso.
— Eu não posso, eu não...!
— Você pode, você vai — disse Gella, deixando que as vibrações
calmas de sua voz o alcançassem. — Vai ser por um momento.
Ela o sentiu faiscar de ansiedade, perdendo o controle de si mesmo e da
nave novamente. Isso as atingiu e, juntos, Gella e Xiri redobraram os seus
esforços para mantê-lo no lugar.
— Não está funcionando, — gritou Blitz. — Está rodando um programa
de piloto automático. Estou bloqueado dos controles. Você... você vai ter
que atirar em mim.
— Isso não é uma opção, Thylefire Nove, — retrucou a capitã Xiri. —
Eu não me importo se você tiver que abrir o painel com as próprias mãos,
encontre uma maneira de desligá-lo.
Se Blitz respondeu, eles não ouviram. Gella girou os seus controles o
mais longe possível. O Alfa-3 era mais leve que o antigo caça estelar e
devilfighter E'roni. Gella poderia voar mais rápido, mais graciosamente
com a Força, mas o esforço que estava fazendo para manter Blitz no ar iria
fisicamente e mentalmente dividi-la nas costuras. O seu domínio sobre a já
tênue conexão deles se desgastou quando uma nova voz gutural
interrompeu as suas comunicações.
— Muitas desculpas, princesa, — disse o estranho. — Mas nós não nos
inscrevemos pra isso. Liberando a carga.
Gella pegou o brilho do transportador piscando para fora do setor, o
enorme caixote caindo em direção aos escombros, enquanto a princesa
berrava uma série de xingamentos. Naquele momento de incerteza, Blitz se
libertou, com a sua nave mergulhando de volta ao alvo pretendido de Eiram.
— Eles jogaram fora o gelo e fugiram! Tenente Segaru, não perca essa
carga.
Então, de repente, o descontrolado caça devilfighter desligou, girando.
— Eu consegui. Eu entendi!
Gella sentiu o alívio de Blitz, o tom amargo do medo dele arranhando
sua pele como cascalho.
— General Lao... Por favor... — Começou a capitã A'lbaran. Blitz ainda
estava em rota de colisão com Eiram, mas pelo menos não estava armado.
— Entendo, — disse o general Lao com relutância. — Vou
pessoalmente garantir que vocês dois cheguem em casa.
— Obrigado, Gella — disse a capitã A'lbaran, enquanto Gella
manobrava a sua nave para longe do trio e seguia para a Valente.
— Capitã, — a voz de Blitz soou com medo. Gella se virou para ver o
capitão e o general ainda voando lado a lado com o piloto. Algo estava
errado. — Há um problema. Eu...
Antes que pudesse terminar, antes que Gella pudesse voltar, fogo
vermelho e branco brotou da explosão do devilfighter de Bly Tevin.

ALÉM DO POÇO DE GRAVIDADE DE EIRAM

Bly Tevin sempre quis ver as águas azuis de Eiram de perto, mesmo que
fosse um lugar que deveria odiar, mas o garoto que chamavam de Blitz não
conseguia odiar ninguém, não mesmo. Não do jeito que alguns de seus
colegas pilotos faziam, com uma raiva tão profunda que estava marcada em
sua pele. A missão daquele dia deveria ter sido o primeiro dia de uma longa
carreira militar. Uma oportunidade de terminar o que a sua irmã havia
começado, pelo que o seu avô lutou quando jovem. Por E'ronoh. Sempre
por E'ronoh.
Quando ele foi transferido para uma das novas naves, ele se deleitou
com a sensação de romper a atmosfera no espaço infinito. Era algo que
nenhum simulador e nenhum treino no Desfiladeiro Ramshead poderia
replicar. Provaria a si mesmo. Não Blitz, o piloto atrapalhado. Bly Tevin,
herói de E'ronoh.
Mas não tinha sido o herói que pretendia ser. No momento em que
perdeu o controle, tentou desviar o caça devilfighter do curso, mesmo que à
primeira vista pudesse ser rotulado de desertor. Não queria que ninguém se
machucasse, mas os controles não respondiam. Eles foram programados
para atirar e a sua nave foi colocado em rota de colisão com a capital de
Eiram.
Parecia que ele estava fora de controle por horas, gritando em seu
próprio doente, antes de ouvir a voz dela. Sentiu uma pressão contra o
peito, dissipando as nuvens do medo até saber o que fazer. Ele se lembrou
da lâmina cerimonial da maldição em seu quadril. Dedos suados e trêmulos
trabalharam no fecho até que ele o libertou de sua bainha. Passado de seu
avô, não era afiado o suficiente para cortar a pele na primeira tentativa, mas
serviria. Ele o enfiou no porto. Uma corrente encurtou a navegação e
desligou a sua nave.
— Eu consegui. Eu entendi!
Ele poderia reiniciar manualmente a nave. Ele tinha autorização para
pousar em Eiram de todos os lugares. Ele pensou em sua mãe, sentada em
seu apartamento. Ela havia prometido fazer uma nova fornada de ensopado
de pilafa quando saísse, se o cessar-fogo fosse mantido. Por isso estava lá
em cima, tão longe e tão perto de casa. Pensou nela então, sorrindo
enquanto brincava com outras crianças nas ruas estreitas e empoeiradas fora
do palácio. Uma mulher que conseguia esticar uma ração por dias. Um
milagre, pensou uma vez, até perceber como ela estava magra e triste
mexendo na panela de sopa rala. Juntos, eles assistiram a sua irmã cair do
céu, e ele agradeceu a sua estrela da sorte por ela nunca ter visto lutar
durante o treinamento, lutar enquanto ele batia uma simulação após a outra
até ser marcado como Blitz. Blitz Tevin. Um nome do qual riu com todos os
outros, embora o odiasse.
Quando parou de tremer e o reinício manual começou, fechou os olhos e
agradeceu aos velhos deuses. Aqueles a quem sua mãe ainda rezava.
Mesmo assim, tinha certeza de que ela estava esperando, subindo na torre
de vigia onde todas as famílias esperavam que as naves voltassem para
casa. Porque era por ela que ele fazia isso. Para ela.
Quando sua nave voltou à vida e uma contagem regressiva começou,
pediu ajuda que não veio. O último pensamento de Bly Tevin foi na sua
mãe. Ela sempre quis ver os mares azul turquesa do inimigo também.
Quando as estrelas caíram sobre Eiram, ninguém olhou pra
cima. Os cidadãos da capital sabiam que não havia nada particularmente
interessante em pedaços de rochas do espaço, não quando havia barrigas
para alimentar e rações cada vez menores sendo distribuídas. E assim,
quando dois objetos perfuraram as nuvens montanhosas que se agarravam
perpetuamente aos céus do planeta, não houve pânico. Sem medo. Sem
desejos de sobra ou admiração. Em breve, as torres de mísseis de defesa da
cidade atingiriam os seus alvos e, caso os mísseis funcionassem mal, as
cúpulas eletrostáticas que envolviam tantas das principais cidades de Eiram
protegeriam os cidadãos abaixo.
Phantu Zenn foi a primeira pessoa a avistar as naves entrando na
atmosfera de Eiram, mas o garoto que veio do nada tinha o hábito de olhar
para as nuvens.
Ele estava distribuindo ajuda para as pessoas no Canal de Rayes, um
canal estreito que desaguava no Mar de Erasmo. Nesse setor da cidade,
prédios atarracados se encostavam uns nos outros como fileiras de dentes
podres e tortos. Algas secas e crustáceos pontilhavam as paredes e a linha
d'água, migalhas de pão que qualquer um poderia seguir até os píeres. Aves
de água salgada magras que voaram muito perto da cúpula receberam uma
pancada na cabeça e um choque. Embora transparente, o escudo protetor ao
redor da cidade era visível através de faixas elétricas brancas traçando os
padrões das cristas das ondas, marcando pontos de entrada para as naves
irem e virem, e o zumbido constante do escudo estava sempre presente.
Phantu não deveria ter estado no Canal de Rayes em primeiro lugar, mas
ao longo dos anos ele aprendeu a fugir de sua equipe de segurança. Pulou
nas costas de um agopie e guiou o cavalo d'água até seu píer favorito.
Em instantes, foi cercado por pessoas, aquelas nascidas e criadas em
Rayes e os refugiados que vinham em massa das ilhas ocidentais, os últimos
a serem atacados pelas forças de E'ronoh. Phantu deveria ter se sentido
afortunado porque a guerra com E'ronoh ainda não havia chegado à capital,
mas a destruição de cidades próximas significava que a infraestrutura de
Erasmus estava se desgastando tão rapidamente quanto suas costas durante
a estação das monções. E foram aqueles que estão no fundo do poço que
mais sentiram essa tensão.
Mesmo enquanto distribuía rações de comida, pílulas de hidratação e
qualquer outra coisa que pudesse salvar do lixo do palácio, ele sabia que
não era o suficiente. O seu carrinho estava vazio e ele apenas começou a
distribuir. A dor apertou entre suas costelas enquanto os pais e os mais
velhos se afastavam de mãos vazias. Ele chegou a oferecer a túnica de linho
que usava nas costas, os chinelos bordados a ouro que o faziam se sentir
positivamente ridículo, mas eles nunca aceitaram. Eles nunca o
amaldiçoaram, nunca deixaram seu desespero se transformar em raiva, não
em relação a ele.
Afinal, Phantu era um deles.
Deveria estar voltando para o palácio. As suas mães preocupadas, mas a
sua memória muscular o levou ao píer. Ele fez uma anotação mental de
quantas pessoas saíram sem nada. Mais do que ele poderia contar. A
impotência de tudo isso era sufocante, e ele buscou consolo na visão do
mar.
Na extremidade sul do canal, um escorpião azul-claro, do tamanho de
uma pedra, rastejou ao longo do píer rachado, jovem demais para ser
venenoso e pequeno o suficiente para ter deslizado pela cúpula. Ele a tirou
da borda.
Ao longo da costa, pequenas casas quadradas lotavam a costa. Pedra
branca lavada em azuis brilhantes, verdes e amarelos. Os toldos de lona
ofereciam pouca sombra no auge do sol, mas era um lar. Uma vez, antes da
pior monção de sua vida, ele morou lá com a sua mãe biológica e Talla, sua
irmãzinha. Uma vez, quando a cúpula eletrostática não era forte o suficiente
contra as ondas de uma tempestade, todos foram levados para o mar.
Apenas Phantu havia nadado de volta.
Enquanto a multidão se dispersava, uma garota com cachos castanhos
curtos e um vestido costurado com algum tipo de lona reciclada puxou a
perna da calça dele. Ela se parecia muito com a irmã dele, então se ajoelhou
e apontou para o punho fechado dela.
— O que você tem aí? — ele perguntou.
Ela pareceu perder a coragem, mas Phantu apenas sorriu pacientemente.
A garotinha tinha a mesma coloração, pele marrom amarelada, olhos verde
claros e uma camada de sardas verdes, a marca distintiva de Eirami que se
estabeleceu no planeta gerações antes.
— Para a rainha, — ela espiou, abrindo os seus dedinhos para revelar
um cacho de pérolas salpicadas de lama.
— Sei que ela vai adorar, — disse Phantu, guardando o presente no
bolso.
Ao se levantar, captou o primeiro clarão de luz no céu e usou a palma da
mão para proteger os olhos do sol. Ninguém mais olhou pra cima a
princípio, acostumados com a segurança que os mísseis e o domo
forneciam, em tempos de paz, usados apenas para tempestades.
Phantu observou algumas de naves saindo da órbita, muito obscurecidas
para serem reconhecidas. Procurou no céu por outros, mas esses dois eram
anomalias. As defesas já deveriam ter sido acionadas, mas as embarcações
continuaram em queda livre. Teve a triste percepção de que algo deve ter
dado muito errado com a missão de escolta do transporte Jedi.
Um das naves que chegavam trazia o revelador azul metálico da frota de
Eiram. As suas asas estavam pegando fogo e, no momento em que piscou,
soltou a bolha da cabine. O transparaço foi arrebatado pela brisa e
arremessado contra o domo. Um brilho prismático ondulou do golpe e se
espalhou. Alguém gritou quando a nave Eirami explodiu com o impacto.
Não sabia dizer se o piloto havia ejetado ou não, e ainda havia a segunda
nave obscurecida pelo brilho do sol.
Phantu pegou o seu comunicador e se xingou por tê-lo deixado no
palácio.
A garotinha puxou a perna da calça dele e perguntou:
— Isso é uma estrela cadente?
— Não, querida, — ele disse, tentando manter a voz calma para não
assustá-la. Empurrou-a de volta para o cais. — Por que você não entra?
Quando ela disparou, os alarmes da cidade soaram e todos os Eirami nas
ruas finalmente olharam pra cima. Eles apontaram os dedos, bateram as
palmas das mãos sobre a boca. À medida que se aproximava, Phantu pôde
distinguir as estrias em seu casco como feridas vermelhas. Um caça estelar
E'roni.
— Todos vocês, pra dentro, — Phantu gritou. — Agora por favor!
Para piorar as coisas, sua equipe de segurança o avistou e estava
correndo pela estreita rua do canal.
— Meu senhor, este não é o lugar para você. Devemos nos apressar, —
disse o líder. A sua aversão pelo Canal de Rayes era evidente no sorriso de
escárnio de seus lábios finos.
— Não até que todos estejam seguros lá dentro, — Phantu murmurou,
empurrando os guardas para ajudar um ancião a subir os degraus em sua
casa.
— Esse não é o seu trabalho, meu senhor, — disse o guarda, exasperado.
— Você está certo, Vigo, é seu. — Phantu contornou o homem alto e
pegou uma criança, com o nariz escorrendo enquanto seus gritos
envergonhavam os alarmes. Ele examinou a multidão em busca da mãe,
mas ainda havia muitos corpos agrupados para ter uma visão do acidente.
As pessoas subiam nos telhados e se aglomeravam nas portas e janelas.
Gritos terríveis vinham dos campos de refugiados na beira do píer.
— Por que os canhões antimísseis não disparam? — perguntou Phantu.
— Tudo o que sabemos é que houve algum tipo de acidente e o General
Lao deu uma ordem para se retirar, mas isso foi antes...
Phantu entregou o bebê a uma jovem mãe frenética. Ela se curvou para
ele, e ele ignorou a sensação de desconforto com a deferência.
— Meu senhor, — Vigo tentou novamente, cerrando o punho enluvado.
— Posso lembrá-lo de que você é meu encarregado. As defesas da cidade
vão aguentar.
Com os braços livres, ele girou em guarda, pressionando um dedo no
colete decorado do homem. — Eu estive lá quando a cúpula falhou. Você
já?
— Não, meu senhor. — O nariz do sardento Vigo enrugou quando olhou
pra baixo e viu as suas botas cobertas de lama. Tão longe do palácio, e
mesmo com naves explodindo no céu, o poder do guarda armado Phantu se
preocupava mais com as suas botas. — Mas não há nada que você possa
fazer daqui. Deixe a Sua Majestade à vontade e volte pra casa.
Phantu manteve os seus pés firmemente no chão lamacento, confusão e
incerteza pairando no ar. Ele fixou o olhar no caça estelar restante. Fumaça
negra saía das asas. O velame foi lançado, junto com o paraquedas, mas o
piloto deve ter ficado preso na cabine. Uma das asas faiscou contra a cúpula
seguindo a curva da esfera. Então, um dos painéis da cúpula diretamente
sobre o Canal de Rayes se abriu. Uma avaria? Uma ordem? Não havia
como saber. Um prisma de luz refratado contra o sol. Os pássaros
dispararam para as nuvens quando a nave inimiga passou pela abertura na
cúpula, indo direto para o mar.
— Que pena não podermos afogar todos eles, — disse Vigo com uma
calma incrível.
Phantu imaginou o horror de cair de uma altura tão grande, indefeso e
preso. Sozinho. Não importa quem estava lá, ele nunca poderia desejar que
outro fosse tal destino. Talvez seja por isso que ele fugiu.
— Meu Senhor! — a guarda real vociferou. — Onde você está indo?
Mas Phantu já havia tirado o xale transparente e a túnica, chutado os
ridículos chinelos enfeitados com joias e saltado do píer. A maré estava
baixa, então não podia mergulhar. Chapinhava na lama arenosa do canal,
conchas quebradas cravando-se nas solas dos pés. Agradeceu aos grandes
deuses do mar pelos calos que ganhou ao longo de uma vida inteira
correndo descalço pelas ruas.
Phantu agradeceu a vida que teve, a casa que recebeu depois da
tempestade que mudou tudo, mas no fundo ainda era um garotinho da
favela mais pobre da capital. As pessoas do Canal de Rayes se ajudaram
mutuamente. A sua mãe tinha, e isso levou à sua morte. Mesmo agora,
quinze anos depois de sua morte, depois da monção, ele ainda ouvia sua
voz. Ainda sabia que nos piores momentos, diante da guerra e da morte e da
seca, ela diria que sempre havia alguém precisando de ajuda. Se ele pudesse
fazer isso, ele deveria.
Portanto, não importava que a nave em queda livre fosse do planeta
através de um corredor do espaço. Não importava. Se era uma vida que
poderia salvar, tinha que salvar.
Quando estava longe o suficiente, a nave rompeu o mar azul turquesa.
Uma onda enorme se seguiu e Phantu mergulhou. Podia ouvir gritos vindos
da costa distante, e então o bater de seu pulso enquanto chutava. Os seus
olhos ardiam contra a salmoura salgada, mas os seus membros receberam
bem a sensação de serem envolvidos pelo mar quente. Como gerações de
Eirami, Phantu podia prender a respiração por longos períodos de tempo.
Era uma característica que surgiu em épocas de mergulho em busca de
comida, mas mesmo os seus fortes pulmões tinham um limite, e nadou para
o naufrágio o mais rápido e rápido que pôde.
A água estava turva com lodo perturbado, embora mais longe houvesse
menos poluição do que na costa. Por um breve momento, tinha dez anos
novamente, afundando no fundo do oceano após aquela terrível tempestade.
Não estava indefeso agora.
Avistou a nave afundando, arrastando-se contra o Mar de Erasmo.
Atingiu a saliência de um penhasco e oscilou na boca da trincheira. Se
tombasse, não seria capaz de segui-la. Phantu cortou a água como um
tubarão krel, com apenas os primeiros sinais de pressão em seus pulmões
quando alcançou a cabine aberta.
Phantu ficou surpreso ao vê-la. Cabelo ruivo, escuro como cobre. Medo
e desconfiança em seus olhos âmbar enquanto ela lutava para se livrar de
seu arnês. Fluxos de bolhas escaparam de seu nariz. Ela estava perdendo
muito ar, e ainda levantou os braços como se para bloquear o seu ataque.
Como se tivesse vindo até aqui para machucá-la.
Levantou as palmas das mãos e deu um leve aceno de cabeça. Então ela
apontou para o chão, onde ela não conseguia alcançar. Houve um brilho de
metal. Uma lâmina. Agarrou-a, puxou-o para fora da bainha e cortou as
tiras de segurança do arnês. Houve um barulho terrível de pedra cedendo.
Sentiu a mudança na água quando a borda do penhasco começou a
desmoronar sob o peso da nave.
Enquanto afundavam, agarrou a segunda alça e cortou e rasgou o tecido.
Não havia tempo para a sua desconfiança, o seu medo dele quando agarrou
a frente de seu uniforme vermelho. Ela se agarrou a ele enquanto a sua
embarcação caía no poço escuro da trincheira. A dor apareceu nas suas
feições, mas puxou o seu braço, e eles chutaram em direção aos feixes de
luz refratando sob o mar. As suas entranhas gritavam por oxigênio, a
mandíbula tremendo enquanto cerrava os dentes e lutava para não abrir a
boca e inalar.
A mulher E'roni o acompanhava admiravelmente, embora, quando olhou
pra trás, pudesse ver um rastro de sangue se desenrolando como uma fita.
Não sabia dizer qual deles estava ferido.
Nadou toda a sua vida, mas os metros finais colocaram a sua coragem à
prova, debatendo-se e chutando até que ele pudesse sentir a luz na
superfície, o fogo em seus pulmões e, em seguida, o beijo úmido do ar
quando eles romperam a superfície, e engasgou com a ingestão irregular de
oxigênio.
O mar, que nunca estava calmo durante o verão, conduziu-os em ondas
rolantes até o cais. Eles se arrastaram pela lama do canal e subiram degraus
de madeira frágeis. Phantu largou a adaga e caiu de costas, tossindo a água
salgada que engoliu.
— Você está bem? — Ele se arrependeu da pergunta no momento em
que a expressou. Porque quando se sentou, ela estava pairando sobre ele,
com água pingando de seu cabelo, com um hematoma florescendo em sua
testa e a sua adaga descansando sob a sua garganta.
Se havia uma certeza na vida de Axel Greylark, era que sempre podia
apostar em si mesmo. Literalmente. No fundo da sala dos fundos do Salão
da Raik, Axel era um dos cinco jogadores debruçados sobre uma roleta que
a proprietária homônimo do antro de jogos de azar havia criado como um
verdadeiro jogo de azar. Iluminado por uma lâmpada baixa, o fosso
cromado e dourado girou, e cada jogador jogou os seus tacos na briga. Axel
manteve os olhos fixos na carapaça brilhante de seu taco. Escolheu o violeta
e esmeralda porque eram as cores de sua família e, como estava jogando
com a fortuna de sua família, a correlação parecia adequada.
À medida que o giro desacelerava e cada pequena esfera chocalhava em
um dos quarenta caça-níqueis, vários jogadores levantavam as mãos em
desgosto e desapontamento. Axel apertou o joelho trêmulo quando o taco
vacilou na linha enferrujada entre dois buracos. Apostaria sua última pilha
de créditos, mais a garota que o próprio Raik havia apostado nele, por ele
ser um regular tão bom e tudo mais.
A deixa finalmente caiu no bolão de ouro.
Axel piscou os olhos privados de sono.
Ganhou.
Finalmente venceu e foi preciso apenas... Axel olhou para o seu
cronômetro. Vão todos para o inferno, realmente estava aqui por dez horas?
Um jogador perdedor acertou a lâmpada acima, fazendo-a balançar e
atingir o crupiê. Dois brutamontes desmedidos removeram o pobre
perdedor, deixando aqueles que acusavam Raik de consertar os jogos
totalmente em silêncio. Axel se recostou em seu assento. Os seus dedos
tinham saído pegajosos do apoio de braço. Não queria saber o que era a
secreção, mas tinha certeza de que não vinha dele.
O droide de Axel, QN-1, enfiou a perna da calça embaixo da mesa. QN-
1 buzinou algo que soou como desaprovação das escolhas de Axel, então
abriu o painel triangular em seu peito. Ele ofereceu um pequeno frasco de
prata, que Axel aceitou com um sorriso gracioso. Desatarraxou a tampa e
deu um gole rápido. O uísque defumado queimou agradavelmente enquanto
observava cuidadosamente os clientes do salão de jogos diminuírem.
Alguns se dirigiram para encontrar melhores fortunas nas tocas infestadas
de ratos ao longo do distrito de prazer. Outros podem limpar e ir para os
níveis superiores para o início do dia de trabalho. Axel não deu sinal de se
mover, nem a Mirialana ou um Rodiano embriagado que bateu um crédito
na borda da mesa.
— O que? — a Mirialana sentada ao lado dele a noite toda perguntou.
Ele preferia as marcas de diamante negro nas suas bochechas, e ela preferia
receber os créditos dele. Até agora. — O material barato não é bom o
suficiente para você?
O Rodiano gargalhou, e Axel bebeu novamente, com uma gota
pousando em sua túnica cintilante de mil fios.
— Como você sabe que isso não é barato? — ele perguntou.
— Não ligue pra ele. — Raik falou com a sua voz áspera e assobiando.
— O principezinho de Coruscant não confia em ninguém para lhe servir
uma bebida, não é mesmo?
Raik era uma Utai com uma boca enrugada e apertada que lhe dava a
aparência de chupar um gota azeda. Os seus olhos protuberantes e bulbosos
estavam fixos em Axel enquanto ela deslizava entre as mesas de roleta e
sabacc. Ela substituiu o traficante e se afundou em seu assento. Uma bebida
rosa apareceu ao seu lado do barman de muitos braços.
— Raik, querida, não quero lhe ofender, — disse Axel, tomando mais
um gole do uísque Chandrilano, presente da filha do senador em sua última
visita. — Mas este foi um ano muito bom.
E era verdade. Aquele lote custava mil créditos a garrafa. Um trágico
acidente de navegação o tornara o lote mais raro da galáxia, restando apenas
trezentas garrafas, mas o que Axel Greylark não estava dizendo era que
tinha visto muitas pessoas envenenadas em sua época para confiar em uma
bebida de um buraco úmido na parede nas entranhas fumegantes da cidade,
mesmo um tão, legal, quanto o Salão da Raik.
— Por que eu iria envenenar você, meu melhor e mais bonito cliente? —
Raik perguntou. O anel de sua boca assumiu o tom rosa da bebida. — Além
disso, você me deve muito dinheiro. Se alguém te quer morto, é aquela
herdeira. Qual é o nome dela?
A Mirialana estalou os dedos.
— Lady Lulu Faradaisy? Algo ridículo assim.
QN-1 bipou o que poderia passar por uma gargalhada entre droides.
Axel enfiou o frasco de volta no compartimento do peito.
— Lady Lureen Faraday, — ele corrigiu. Mesmo descendo até as
entranhas de Coruscant não foi o suficiente para fugir da fofoca de sua
separação pública da herdeira Chandrilana dos Espíritos de Faraday, agora
embarcando em toda a galáxia. A única razão pela qual se lembrava do
slogan do negócio da família Faraday era porque foi a primeira coisa que
Lureen disse para se apresentar, seguida pelo título de senador de seu pai.
— E não acredite em tudo que você assiste nos holos.
Raik reiniciou a mesa de roleta e reorganizou a seleção de sugestões.
— Então você não terminou com ela deixando-a de pé no espaçoporto?
— Não, isso mesmo, — ele admitiu. — Há só mais na história.
Axel mordeu os dentes de trás e franziu a testa para o seu reflexo
distorcido na lateral da lâmpada. A luz amarela do teto tornava a sua tez
pálida e enfatizava as olheiras que não existiam três dias antes. O seu
cabelo escuro estava despenteado e os seus olhos estavam turvos, mas ele
parecia pior.
Em seu bolso, o seu comunicador tocou. Provavelmente a sua mãe.
Novamente. Silenciou-no porque sabia o que ela queria. A sua mãe queria o
que todo mundo queria: uma resposta sobre por que fez o que fez. Em vez
de tomar a decisão de se estabelecer, começar a ficar sério, pegou o seu
speeder favorito e uma pilha de créditos e acabou em qualquer antro de
jogo, clube ou cantina que lhe permitisse entrar. Não precisava se explicar.
Porque se importar? A HoloNet, os seus “amigos” e a sua família já haviam
se decidido. O único lugar para se esconder de outra das intervenções de
sua família era no Raik. E era por isso que estava determinado a deixar que
a sua sorte o levasse o mais longe possível. O seu talento para silenciar
qualquer voz de dúvida permitiu que ignorasse o seu comunicador.
— Além disso, vocês são uma companhia muito melhor, — Axel disse,
nunca deixando o seu sorriso vacilar. Uma vida inteira com a melhor
educação, desde professores particulares até a academia real, deu a ele boas
maneiras. Raik comeu tudo. — E porque você tem sido tão bom para mim e
me deu uma carta para continuar jogando, eu nunca o deixaria na mão.
— Porque você não quer acabar em uma vala, — a Mirialana murmurou.
Inclinou-se pra frente apoiando-se no cotovelo e sorriu.
— Querida, não me ameace com diversão.
— Perder pra você não é minha ideia de diversão, — ela ronronou,
passando os dedos finos pela parte superior da mão dele. Ele se inclinou
ligeiramente para ela. — Mas agora as coisas mudaram. Tem certeza de que
não é secretamente um Jedi?
O Rodiano chorão laranja soltou uma gargalhada.
— Se ele fosse Jedi, não estaria perdendo o dia e a noite!
Uma sensação fria e feia se espalhou do ápice do peito de Axel. Ele
afastou os esguios dedos verdes dela, sua voz dura como pederneira quando
disse:
— Não me insulte, querida.
Confusa, a Mirialana recuou e pegou uma bebida da bandeja de um
droide que passava. Ela bateu de volta.
— Vamos flertar a noite toda ou vamos brincar? — perguntou o
Rodiano.
— Você já teve o suficiente, amigo. O cacife é muito mais do que isso,
— disse Raik com benevolência.
O Rodiano levantou-se abruptamente, resmungando na língua que Axel
mal entendia por acompanhar os seus pais em visitas de embaixadores ao
mundo do pântano. Algo sobre o seu marido matá-lo? Fosse o que fosse, o
Rodiano estava fora.
A Mirialana empilhou os seus ganhos em torres organizadas. Os dois
vinham trocando os mesmos créditos por horas.
— Você continua se divertindo, pequeno príncipe. O resto de nós deve
ganhar nossas fortunas. Ela levantou a mão para acariciar o seu rosto, mas
se afastou.
Que chato. Não ia deixar que ela ou qualquer um arruinasse a sua nova
fase. se sentou e pegou a bandeja de tacos.
— Você também, — acrescentou Raik, gesticulando para ele. — Vai pra
casa, Greylark. Já corro o risco de irritar a sua mãe.
— Deixe a minha mãe fora disso, — disse Axel, com um tom duro
cortando sua voz, que fez o possível para manter enterrado.
QN-1 pairou no ar, o triângulo do peitoral do droide iluminado por uma
luz vermelha pulsante, como acontecia quando o temperamento de Axel
aumentava. Os retardatários na toca se viraram para encará-lo, para ver se
ele causaria uma cena, se ele se juntaria aos infelizes ordenhadores jogados
na sarjeta do lado de fora. Ele não podia deixar de sentir que tinha feito
exatamente o que Raik queria que ele fizesse: deixar-se atrair. Por causa de
sua mãe, a admirável, gloriosa e magnânima Chanceler Greylark, foi
impedido de entrar na maioria dos clubes em todos os níveis, mas não aqui.
Este era um lugar onde poderia se divertir, esquecer. Enterrado tão fundo
na barriga de Coruscant, em um lugar que cheirava a esgoto acre e ar
mofado e reciclado. Um lugar de sombras onde não precisava ser Axel
Greylark, filho da mulher mais importante da galáxia. Poderia ser só o seu
eu miserável.
— Qual é, Raik, querida, — disse Axel, descansando os braços atrás da
cabeça. — Depois de tudo que passamos? Você, que dá refúgio a muitos,
me negaria mais um jogo de salão?
— Ah, mas eu dou refúgio àquelas vítimas das políticas de sua mãe, —
Raik disse, então olhou ao redor da sala silenciosa, a faixa no centro da sala
apenas esticando dedos e tentáculos doloridos. — Quem mandou você parar
de jogar? Nunca pare de jogar, entendeu?
A banda começou um cover da irritantemente popular "Seu Amor Me
Envia Ao Nível 9.
Axel sorriu para a Utai. Com o seu melhor sorriso Greylark.
— Mais um. Por favor?
Quando ela não fez nenhuma demonstração de movimento, um aperto
envolveu o seu peito ao pensar em sair por aquelas portas sem nada para
mostrar, exceto por algumas centenas de créditos. Já havia perdido tanto. As
suas contas haviam sido congeladas e tinha certeza de que os seguranças da
Chanceler estavam procurando por ele. Poderia ir pra casa. Explicar-se à
mãe, emitir uma declaração e realizar um ato de serviço comunitário como
penitência por seus comportamentos. Ou poderia ficar porque a sua sorte
finalmente mudou naquela última mão.
— E com o que você vai apostar? — Raik sorriu enquanto ela jogava
com a pilha de fichas da casa.
Axel desamarrou a faixa da capa e dobrou-a cuidadosamente sobre a
pilha.
— Só a contagem de seda cintilante vale setecentos.
— Guarde as suas roupas, — Raik zombou. — Eu quero algo precioso.
Algo que a galáxia cobiça de você.
Axel tentou não fazer uma careta. O preço de sua criação foi que esteve
nos holo notícias desde o dia em que nasceu. Apesar de sua propensão a se
meter em encrencas, era cobiçado como um dos solteiros mais cobiçados da
galáxia.
— Você me lisonjeia — disse Axel, e QN-1 deu um bipe de alerta.
— Se você vencer esta rodada, eu vou limpar a sua dívida comigo.
Axel fez o possível para evitar que a emoção dessa possibilidade
transparecesse em seu rosto. Ele olhou para a parede de troféus atrás do bar,
depois para o tanque onde Raik abrigava piirayas carnívoras neon que eram
todas mandíbulas e nadadeiras minúsculas. Limpou a garganta.
— E se eu perder?
— Tudo o que eu quero é uma mecha de cabelo da sua linda cabeça.
Os olhos injetados de Axel traçaram a parede de troféus orgulhosamente
exibidos atrás do bar. Os chifres de um macho devaroniano. Uma fileira
superior de dentes de um Karkarodon. Montrais Togruta preservados
envoltos em vidro. As mãos enrugadas de ladrões e trapaceiros infelizes. Os
rumores eram de que ela havia sido exilada de seu clã e da própria Utapau
por causa de sua afinidade por tais troféus cruéis. Ela acabou em Coruscant,
administrando as mesas para o Cartel Romero até que eles a colocassem em
seu próprio antro de jogos de azar em troca de sua taxa de proteção e
informações. Axel passou os dedos pelas grossas mechas negras de seu
cabelo.
O cabelo voltou a crescer.
A sua dívida com Raik também continuaria crescendo.
QN-1 emitiu um som de bipboop deflacionado que Axel conhecia muito
bem. Era a maneira de seu droide lhe dizer para ir pra casa.
— O que você diz, pequeno príncipe? — Raik passou os dedos pela
caixa contendo as pistas, estranhos répteis minúsculos que alguns
acreditavam ter evoluído nas sarjetas de Coruscant de ratos e lagartos.
Quando a luz os atingiu, eles se enrolaram em pequenas bolas compactas do
tamanho de um taco de roleta. Axel pegou o seu taco roxo da sorte e o
trouxe para as sombras da sala. A criatura se desenrolou, com o seu rosto
pontiagudo e olhos redondos movendo-se no ar. Axel pegou um pedaço da
casca de uma bebida descartada na mesa e deixou a besta feia festejar.
— Uma oferta tentadora, — disse Axel, deliberando sobre as
probabilidades. A roleta de Raik era um verdadeiro jogo de azar, não de
habilidade. Havia quarenta caça-níqueis, trinta e sete números, um bolão
dourado e dois caça-níqueis de casa preta. Alternou as suas apostas, dentro,
fora, duplas e triplas em pares e ímpares. Às vezes, quando era imprudente
e ousado, apostava em um único número, o dezoito. Agora ele tinha uma
chance. Para Axel, a própria possibilidade era como uma carga elétrica. As
dores insones, os olhos injetados, as preocupações de seu futuro incerto,
tudo se esvaiu e não havia nada além da emoção do acaso.
Empilhou os seus créditos restantes em quatro números para uma aposta
dividida. Duas ímpares, dois pares. Um incluía dezoito, naturalmente.
— O que estamos esperando? — Ele deu um sorriso para Raik, que o
devolveu, revelando pequenos dentes amarelos.
Axel moveu a palma da mão para a luz e o seu taco se firmou, com a sua
brilhante carapaça violeta e esmeralda pronta para rolar.
O Salão da Raik, quase vazio, atraiu os clientes restantes para a sua
mesa. QN-1, que nunca era deixado pra trás, pairava no ombro de Axel.
Bateu na cabeça abobadada de seu droide para dar sorte.
— Que cabelo bonito, — disse Raik, e colocou a roleta pra girar.
Axel deixou cair o taco com um giro da palma da mão. O taco vermelho
da casa de Raik ricocheteou quando o poço de ouro e cromo girou,
borrando o metal e os números à medida que ganhava velocidade. A mulher
Utai parecia extraordinariamente calma, como se soubesse de algo que Axel
não sabia. Como se ela já tivesse previsto o resultado.
Por um momento fugaz, enquanto a roleta desacelerava e os tacos
saltavam do preto para o cromado e para o dourado, Axel jogou o cabelo
pra trás. Ele podia ouvir a voz de sua mãe, suave, baixa e derrotada. Ah,
Axel. Ele lidaria com o confronto inevitável quando viesse. Por enquanto,
ele tinha um jogo a vencer e um livro de dívidas a saldar.
— Vamos, — ele sussurrou, o rangido da mesa, o chocalhar das
carapaças reverberando. O seu taco pulando de slot em slot, chegando tão
perto, tão perto do ouro do prêmio. — Vamos! Vamos.
A roleta parou completamente. O taco de Raik caiu no duplo zero
pertencente à casa, enquanto o dele caiu uma fração à esquerda do bolão e
longe de qualquer número que apostasse. Houve um suspiro sem fôlego de
todos ao seu redor, como se todos tivessem sentido o soco no estômago de
sua perda.
Raik riu, estendendo a mão para acumular os créditos no quadro em
direção ao peito dela.
— Não se preocupe. Eu vou...
Então a sua deixa iridescente, a sua estranha criaturinha sortuda
transformada na sarjeta, fez algo impossível. Ele fez um pequeno som
borbulhante e saltou para o bolão quando a roda deu um empurrão final.
— Eu venci. — Ele disse isso para que ele mesmo pudesse acreditar, e
então disse novamente com a sua confiança habitual. — Eu venci.
Uma alegria se elevou ao seu redor. Mãos batendo nas suas costas. QN-1
deu uma cabeçada na coxa em vitória, com o seu painel frontal pulsando em
uma variedade de cores.
— Você merece um nome, — disse Axel, segurando a criatura entre as
palmas das mãos. Ele se desenrolou o suficiente para balançar os olhos
redondos.
— Isso não contou! — Raik rosnou. — Você... você adulterou os tacos.
— Eu não fiz tal coisa. — Axel alimentou o seu taco com o miolo de
uma fruta de coquetel descartada e se levantou. As suas coxas doíam pelo
desuso. Ele precisava ir às casas de banho e tratar o torcicolo na parte
inferior das costas. — Não seja uma mau perdedora.
Uma mão grossa e suja arrancou o taco violeta de seu aperto. A criatura
soltou um assobio, então foi silenciada pelo triturar dos dentes de Raik.
Axel ainda estava olhando para a Utai mastigando a criatura que o ajudou a
vencer quando de repente havia mãos sobre ele. Gemeu quando o seu rosto
foi empurrado para uma mesa sabacc. QN-1 zumbiu e voou para o lado
dele. Axel jogou os braços pra trás, mas a dor torceu o seu antebraço
quando foi imobilizado com mais força. Tudo o que podia ver eram os
dentes viscosos de Raik e QN-1 caindo com força no chão.
— Isso é entre você e eu, Raik! — Ninguém tocava em seu droide.
Ninguém.
A Utai se aproximou, com os grandes olhos dourados com fendas
escuras piscando se estreitaram nele. Queria engasgar com o cheiro de sua
respiração.
— A última pessoa que me insultou eu dei para minhas piirayas.
Axel ouviu a faca antes de vê-la. O som suave de metal sendo
desembainhado. Mãos pegajosas agarraram uma mecha de seu cabelo e
puxaram. Tentou erguer o seu braço preso em direção ao blaster no coldre
de seu atacante. Sairia dessa. Sempre saia dessa.
— Sabe, geralmente espero um bom jantar antes de entrar nessa
situação, — disse ele.
— Sempre tão loquaz, — disse Raik. — Talvez eu envie um segundo
cacho para a sua mãe.
— Tenho certeza que ela vai emoldurar. — Axel ofegou quando a
pressão dobrou contra as suas costas e o seu braço parecia que ia ser
arrancado de seu ombro. Tanto medo abriu caminho até ele que sentiu frio
por dentro. Gritou e tentou se livrar do aperto, mas havia muitos deles e o
beijo frio do metal pressionou contra a linha do cabelo. Deveria ter ouvido
o aviso do QN-1, mas tinha sido ganancioso. E para ser honesto,
simplesmente não queria ir pra casa. Para a torre acima do mundo, para os
salões vazios. Este era o preço final a pagar para alimentar pesadelos que
não conseguia afastar.
— Espera espera! — Axel gritou, sua voz irregular. — Vou fazer um
novo acordo com você.
— Você não tem créditos. Mesmo a Chanceler não vai pagar a sua
fiança. O que você tem a me oferecer quando eu puder receber o que me é
devido?
Axel viu a luz vermelha piscando de seu droide, que estava voltando a
subir lentamente.
— A própria Chanceler devendo um favor a você. Isso deve valer mais
do que um pouco do meu cabelo, não é?
— A sua mãe não governa sozinha e ela não está aqui para falar por si
mesma.
— Certo, mas eu só precisava da sua atenção um pouco mais. Agora, Q,
o que você está esperando?
QN-1 voou para fora da vista de Axel, mas ouviu o choque elétrico que
derrubou Raik e o seu brutamontes. O droide saltou em uma vitória de curta
duração.
Quando Axel se levantou, junto com o que restava de sua dignidade, se
deparou com três figuras, um Twi'lek musculoso, um humano enorme e um
Hassk que gritou alto o suficiente para espalhar todos, exceto a banda, que
continuou tocando sob o comando de Raik. comando anterior.
— Parece que ultrapassamos o prazo das boas-vindas, QN-1.
O pequeno droide fez um som que provavelmente se traduziu em "Eu te
disse isso horas atrás.
— Eu sei! — Axel levantou uma palma para parar o trio pronto para
esmagá-lo em pedaços menores que provavelmente iriam para a parede de
troféus de Raik. — Espere, vamos resolver isso como velhos amigos. Tome
uma bebida comigo.
Os três se entreolharam confusos e, por um momento selvagem,
pareceram considerá-lo. Axel gesticulou para o seu droide. Durante toda a
noite, todos viram Axel abrir o painel do droide para pegar o seu frasco. Os
sensores de QN-1 piscaram em vermelho quando Axel recuperou não seu
uísque raro, mas um blaster de prata.
Axel teve apenas um momento de surpresa, e aproveitou. Atirou na coxa
do maior dos três e depois derrubou a mesa sabacc. Apoiou-se nela,
virando-se para QN-1, com o painel frontal ainda piscando em um
vermelho reprovador. Ele zumbiu uma sugestão.
— Não, eu fico com o Twi'lek, você fica com o feioso e cabeludo.
QN-1 bipou. Enquanto se preparava para atacar, o tiro de blaster foi
devolvido. O vidro caiu ao redor deles, mas a banda tocou, perdendo apenas
algumas notas antes que a música morresse. Sem gritos, sem blasters, sem
clientes gritando. Um grunhido veio de Raik, que estava despertando
lentamente de seu choque.
— Viu? — ele disse, mesmo sabendo que algo estava errado. — Eles
não são páreo pra nós.
QN-1 fez um som de deflação, então espiou por cima da borda de sua
capa, trinando uma resposta.
— O que você quer dizer com reforços aqui? — Axel se levantou, com a
pistola blaster apontada, e ficou cara a cara com uma tropa de guardas de
Coruscant. Piscou, aliviado.
Axel guardou a sua pistola e ofereceu o seu sorriso mais encantador. —
Graças aos Céus vocês estão aqui. Estive procurando por você por toda
parte.
— Desculpe, senhor, — disse um guarda, levantando o seu blaster. —
Ordens da Chanceler Greylark.
— Não, não, espere!
A última coisa que Axel Greylark viu foi um anel de luz azul.
Xiri não poderia estar aqui. Não em Eiram, não neste cais, e não
com este estranho. Mesmo que ele a tivesse resgatado. Esfregou os lábios
rachados, com a língua ansiando por água, mesmo que o sal a deixasse
enjoada.
— Por favor, — disse ele, levantando as mãos para mostrar que estava
desarmado. A água salgada grudava em seus cachos castanhos macios e nos
cílios pesados que contornavam os seus olhos verdes grandes e firmes. —
Se eu quisesse te machucar, por que eu teria te salvado de um afogamento?
Xiri deu um passo pra trás, mas não abaixou a sua lâmina mortal. O sol
brilhava em E'ronoh, mas aqui em Eiram era diferente. Refratada contra os
azuis e verdes manchados do mar, a luz dava o efeito de um sonho, embora
a situação parecesse um pesadelo. Respirando pesadamente, com a sua
garganta queimava com o oceano que engoliu. Não gritou quando perdeu o
controle de seu caça estelar quando a explosão da nave de Blitz a fez cair na
atmosfera de Eiram. O seu medo nunca foi de cair. Foi pior do que isso. Ela
tinha medo da invasão do mar. As mesmas águas haviam roubado o seu
irmão dela.
Ao som de botas pesadas, Xiri apontou a sua lâmina para os guardas que
se aproximavam. Oito deles. Pelo que estudou de Eiram, os coletes e faixas
de brocado os designavam do palácio. Sua comitiva então.
Emitiu um som terrível, meio riso, meio ganido, ao dar vários passos pra
trás até a beira do píer.
— Por que me deixar afogar quando você pode ter uma prisioneira?
Os seus lábios se contorceram de frustração enquanto ele se levantava,
olhando para o séquito de guardas que o flanqueavam, levantando bastões
finos, fios de eletricidade estalando nas pontas de metal.
Xiri sonhava com um momento assim. Estrategicamente sobre o que
faria. Como lutaria caso fosse capturada. Não podia se tornar um prêmio de
guerra pendurado sobre o seu pai. Nasceu de E'ronoh. Uma filha do
escorpião thylefire, a criatura que sobreviveu no calor escaldante do
deserto. Quando atingiu a maioridade, foi jogada nos desfiladeiros que
devorariam seres inferiores com nada além de sua lâmina destruidora, e
encontrou o caminho de volta pra casa. As suas habilidades como guerreira
não estavam em questão.
Poderia empurrar o homem desarmado para o lado. Enfrentar o maior
dos guardas e usar o seu bastão elétrico nos outros. Passaria por dois, talvez
três, antes de poder fugir. O seu coração trovejou com a ideia de se perder
no labirinto das ruas da cidade. E depois? Se ela saísse de Erasmus, alguém
lhe daria abrigo enquanto ela vestisse o uniforme do inimigo? Teria feito o
mesmo se fosse o príncipe de Eiram em sua porta?
Foi quando olhou para cima e viu as pessoas espiando pelas janelas, foi
atingida pelo fedor de algas secas e lixo. Reparei nas barracas alinhadas no
nível inferior da favela. Rostos magros, rostos famintos. Sem os estranhos
olhos verde-mar e as sardas da maioria dos Eirami, poderia estar olhando
para o seu próprio povo.
Xiri mordeu a lateral do lábio. Precisava de dor para se concentrar no
que tinha que fazer. Uma calma entorpecente se espalhou por seus
membros. Parou de tremer quando a determinação se estabeleceu. Eiram
não fez prisioneiros porque qualquer guerreiro de E'ronoh preferiria levar
uma adaga no coração do que ser um cativo. Ela olhou para a sua lâmina
maldita, um presente de seu irmão quando ela foi enviada ao deserto para o
seu rito de passagem. O cabo era pontilhado de rubis. como o seu cabelo,
ele disse a ela.
Virou a lâmina contra si mesma. Um golpe forte em seu plexo solar
exigiria sua determinação total.
— Por favor, — implorou o estranho que a salvou. Ele deu um passo à
frente, com a sua voz como uma âncora. — Por favor, não.
A indecisão a cortou. Virou o rosto para o céu. A sombra da lua Guardiã
do Tempo e o seu mundo natal estavam lá. Fechou os olhos brevemente e
esperou que o tenente Segura tivesse conseguido salvar o transporte.
— Por favor, — o estranho disse novamente. Foi a suavidade na palavra
que a fez olhar para ele de forma diferente. Quem era ele, vestido como um
rei em uma favela como esta? — Eu não vou deixar ninguém te machucar.
Eu juro.
— De que serve a sua palavra? — Ela piscou, observando a fina fibra de
linho de seu colete aberto, o pingente de ouro descansando sobre a pele nua
de seu torso. Reconheceu o sigilo da casa da rainha.
— Então não me tome pelas minhas palavras. Tome-me por minhas
ações. — Ele levantou uma mão severa para os guardas invasores. —
Abaixe isso, Vigo.
— Mas, meu senhor...
— Abaixe. Isso. — Ele não poupou os guardas outro momento antes de
voltar a sua atenção para ela, com um braço ainda estendido como uma
tábua de salvação. — Você é a capitã A'lbaran.
Xiri endireitou os ombros.
— Você sabe o meu nome. Eu exijo saber o seu.
O canto de seu lábio se contraiu. Ele achava que ela era engraçada?
— Eu sou Phan-tu Zenn. Agora, você pode ir com eles para uma cela.
Ou você pode vir comigo para uma audiência com a rainha.
— E quem é você para a rainha?
Quando ele franziu a testa, parecia um garoto, embora achasse que eles
tinham a mesma idade.
— Bem, ela é minha mãe.
Então este era o herdeiro adotivo da Rainha Adrialla.
É um truque, a voz do vice-rei Ferrol ecoou em seu ouvido.
Isso é tudo que você tem? Tenente Segaru, o homem que lhe ensinou
tudo o que sabia.
O seu irmão saberia o que fazer. A voz de seu pai então.
O pai dela. Houve um momento em que estava caindo em Eiram,
quando Xiri se perguntou, não sobre a sua própria sobrevivência, mas sobre
a forma como o seu pai retaliaria. Ele dobrou a aposta na guerra após a
morte de Niko, embora nenhuma evidência jamais existisse que provasse
que foi tudo menos um trágico acidente. Se o Monarca perdesse a sua
última herdeira viva para o inimigo, tudo pelo que Xiri teria lutado e tudo o
que quisesse fazer terminaria com ela. Não passaria de uma lembrança, uma
causa, um ciclo vicioso.
O que o Monarca faria se Xiri cravasse a lâmina em seu coração? A
resposta veio em uma percepção fria. Reviveu cada batalha que lutou em
uma fúria de memórias. Imaginou naves de perfuração fazendo chover
destruição impiedosa sobre essas pessoas. Sem ela, tudo o que ele teria seria
o seu conselho venenoso. Xiri tinha que permanecer vivo, capturado ou
não. O general Lao estava disposto a ouvir, mas ela não sabia se ele havia
sobrevivido à queda. Não. Xiri estava sozinha e tinha que confiar nesse
estranho.
Por E'ronoh.
Então Xiri A'lbaran jogou a adaga pro alto, pegando-a pela ponta de
metal. Ofereceu-lhe o punho. Foi o maior gesto de confiança de um
guerreiro E'roni que poderia dar.
Ele removeu a fina corrente de ouro do pescoço, o pingente girando
entre eles como o olho da fortuna. Não amoleceu, mas arrebatou a sua
oferta ao mesmo tempo em que ele tomou a dela.
A princesa de E'ronoh colocou um pé na frente do outro e começou a
estrada sinuosa para o coração da capital de Eiram.
A Valente caiu com força na plataforma de pouso da lua. Mestre
Creighton Sun não desamarrou o arnês imediatamente. Em vez disso,
fechou os olhos e se concentrou na Força. Para Creighton, era como estar
no centro de um campo verde, sob um manto de céu cinza. Houve um
momento em que as nuvens se abriram e um farol de luz iluminou tudo.
Precisava ser perspicaz para entender as circunstâncias em que eles haviam
se metido.
A voz firme de seu velho amigo Mestre Char-Ryl-Roy levou Creighton
de volta à nave, à lua entre os mundos.
— A estação intermediária e o depósito de reabastecimento ainda estão
funcionando, — disse Enya Keen, — embora não hajam sinais de vida.
— Situação da Jedi Nattai? — o Cereano perguntou ao seu Padawan.
Enya altrajeu um interruptor no painel de controle.
— Ela está vindo para cá, mas o seu comunicador pode estar desligado.
— Não é o nosso receptor? — Mestre Roy perguntou.
Enya balançou a cabeça.
— Estou verificando os sistemas, mas não consigo identificar o dano.
Creighton perguntou
— E a nave do Chanceler?
— A Paxion está atracando agora, — respondeu Mestre Roy, puxando o
tufo de sua barba castanha escura. O seu olhar azul se voltou para a Proa-
Longa da República.
Ao longo dos anos, os dois Mestres Jedi viajaram juntos com tanta
frequência que Creighton sentiu que poderia entender as intenções de seu
amigo sem sequer uma palavra de explicação, e foi por isso que ele
removeu o cinto de segurança e se levantou.
— Enya, encontre-nos na plataforma de lançamento quando terminar, —
Char-Ryl-Roy ordenou, e alcançou Creighton em alguns passos largos.
— Tive a impressão de que o Chanceler Mollo estava do outro lado da
galáxia, — disse Creighton, baixando a rampa de embarque. Ele sentiu uma
agulhada de frustração perfurar a sua disposição calma.
— Eu sei o que você está pensando, — disse Char-Ryl-Roy, com o
registro profundo de sua voz mais alto do que o silvo pressurizado da
rampa. — E não, não sabemos como os acontecimentos teriam se
desenrolado se a Paxion tivesse chegado mais cedo ou mais tarde. Nem
sabemos por que foi chamado ou quem chamou a nave aqui, ou se o
Chanceler está a bordo. Primeiro, devemos descobrir todos os fatos. Então
podemos planejar de novo.
— Você sabe que eu odeio quando você faz isso, — disse ele, embora
não houvesse malícia real nas palavras. Creighton confiava em seu amigo
implicitamente.
Os lábios de Char-Ryl-Roy se curvaram.
— Só porque você sabe que geralmente estou certo.
Creighton caminhou na frente para o ar fresco da lua, com as suas botas
esmagando o cascalho espalhado. Uma equipe de reparos da Paxion não
perdeu tempo em consertar os danos. A estação intermediária parecia ter
sido abandonada por anos. Engradados vazios virados foram empilhados
em uma estação de reabastecimento vazia. Fracas pegadas empoeiradas
marcavam os caminhos da fileira de vitrines destruídas, embora não
houvesse como dizer quão recente era o dano. Ele se agachou e tocou a
camada de sedimento, esfregou-a entre os dedos e levou-a ao nariz. Não
havia cheiro, mas provou o sal.
— O que é isso? — perguntou Char-Ryl-Roy.
Ainda não tinha certeza, mas quando uma coorte da Paxion
desembarcou e se aproximou, ele rapidamente espanou as palmas das mãos
e se levantou.
Dois jovens ajudantes, um humano de cabelos dourados e um
Nautolano, seguiam atrás da capa azul esvoaçante do Chanceler Orlen
Mollo. O Quarren pisou no cascalho com botas salpicadas de lama e
estendeu os braços enquanto berrava
— Mestre Jedi! Já faz uma era.
Creighton trocou um olhar confuso com o seu colega Mestre Jedi,
porque o Quarren claramente não estava surpreso com a presença deles,
nem os dois ajudantes. A última vez que viram o líder da República,
negociou com sucesso uma disputa de território em seu mundo de Mon
Cala, mas isso foi quase uma década antes.
— Chanceler, como é inesperado vê-lo, — disse Creighton, curvando-se
em saudação. — Embora eu desejasse que fosse em melhores
circunstâncias.
Muitas vezes lhe disseram que o registro profundo de sua voz era
dominante, mas reconfortante o suficiente para deixá-lo à vontade. Não
precisou recorrer à Força para sentir a aflição de Mollo. Os seus tentáculos
faciais contorcidos o delataram.
Os olhos azul-turquesa de Mollo observaram a estação intermediária
abandonada e a ampla vista de Eiram e E'ronoh além da ondulação do
horizonte. Ambos os lados haviam recuado, mas o cinturão de detritos
orbitava a lua como os anéis de gelo de Coto-Xana.
— Sim, bem, vim assim que o Escritório da Fronteira me alertou sobre a
sua missão em Eiram. Enviamos a você uma transmissão restrita, mas
quando não tive resposta, fiz o que achei melhor. Tenho certeza que a
Chanceler Greylark concorda que tivemos que aproveitar esta oportunidade.
Em nossa pressa para interceptá-lo, não consegui atualizá-la sobre a minha
mudança de planos. Ele riu nervosamente. — Não que eu exija a permissão
dela, é claro.
Creighton assentiu, mas achou melhor não comentar a última parte. Até
onde testemunhou, ambos os líderes da República trabalharam em
harmonia, com a Chanceler Greylark operando mais à vontade em
Coruscant e no Senado, e o Chanceler Mollo frequentemente viajando pela
Orla Exterior para melhor servir a expansão da fronteira, mas o que
significava que Mollo havia percorrido todo esse caminho sem avisar
inicialmente o Chanceler Greylark? O Jedi teria que navegar com cuidado.
— Infelizmente, nunca recebemos a sua mensagem, — disse Mestre Roy
sombriamente.
Creighton acrescentou:
— A Rainha Adrialla de Eiram apelou ao Conselho Jedi por meio do
Escritório da Fronteira. Recebemos um horário preciso de chegada,
conforme entendemos eram os termos do atual cessar-fogo.
— Espero que você não esteja sugerindo que este acidente foi minha
culpa, — disse o Chanceler Mollo, esticando as pontas de seus dedos
largos.
Creighton respirou fundo para suavizar a pontada de frustração. Ele
sentiu as emoções vulneráveis do Quarren, mas em nenhum lugar havia
malícia. Ainda assim, ele não podia negar que a colisão da Paxion não
ajudou.
— Claro que não, Chanceler Mollo.
— Sinto que havia mais trabalho aqui, — disse Mestre Roy, irradiando
um poço de tranquilidade. — Depois de todas as suas viagens, você sabe
disso melhor do que ninguém. Não é, Chanceler Mollo?
O homem Quarren relaxou e admitiu:
— Sei disso.
Creighton se irritou um pouco por ter que aplacar os políticos, mas
entendeu que a situação deles exigiria mais do que a sua coorte Jedi.
— Por favor, Chanceler Mollo. A que oportunidade você está se
referindo?
— Para a República e os Jedi trazerem paz a este sistema e além! —
Mollo disse com fervor. — Recebemos vários pedidos de ajuda de Sump e
Shuraden. Soubemos que Merokia cortou todos os laços com E'ronoh. Esta
guerra agora está afetando as rotas comerciais no setor de Koradin.
— E o Rota de Lipsec, — acrescentou o jovem ajudante Nautolano.
Mollo assentiu.
— Mundos inteiros dependentes de alimentos importados estão
morrendo de fome. Já por duas vezes tivemos que realizar um extenso
remapeamento para manter as hipervias funcionando e livres do flagelo de
piratas roubando os espólios da guerra. Já é suficiente. Eiram e E'ronoh
podem dividir seus mundos, o seu espaço, cronogramas de entrega, mas não
podem dividir a galáxia. Está na hora, pelo bem da República, de resolver
esse assunto. E preciso da sua ajuda para fazer isso.
Creighton Sun sabia em seus ossos que havia uma razão para a Força
continuar trazendo-os de volta ao sistema Eiram e E'ronoh. É verdade que a
rainha Adrialla havia implorado por sua ajuda, mas nas instâncias
anteriores, eles só conseguiram enviar remessas de ajuda. Os Jedi não
poderiam lutar uma guerra por eles, mas poderiam ser uma parte neutra.
Podia sentir um toque de encorajamento de Mestre Roy.
— Teremos que discutir mais sobre isso, mas pelo que sabemos de
E'ronoh, — Char-Ryl-Roy disse, — o Monarca é cauteloso com estranhos,
mas talvez haja uma maneira de reunir os líderes dos dois mundos.
Creighton concordou e acrescentou
— Entraremos em contato com a capital de Eiram assim que os nossos
reparos forem concluídos.
— Katrana, — o Chanceler Mollo se dirigiu a sua ajudante de cabelos
dourados. — Certifique-se de despachar qualquer mecânico que possa ser
dispensado para acelerar o processo.
— Sim, Chanceler, — disse a jovem.
— Agradecemos. Isso é muito generoso, — disse Creighton, inclinando
ligeiramente a cabeça.
O Nautolano verde-escuro pigarreou. Creighton sentiu que estava
reunindo coragem para falar. — Chanceler, você está pronto para eu
atualizar a Chanceler Greylark agora? Podemos usar um droide EX.
— Obrigado, Wix, mas eu gostaria de ter um relatório completo
primeiro, — o Chanceler disse firmemente, antes de virar o seu intenso
olhar turquesa para o Jedi. — Eu entendo que um de seus caças estelares
estava no meio da luta. Vamos precisar desse relatório.
Creighton notou a leve carranca de Char-Ryl-Roy. Gella Nattai havia
desobedecido às ordens, mas agora eles precisavam de seu testemunho.
Tudo aconteceu como a Força quis. Ao dar uma olhada no caça estelar
classe Alfa que se aproximava, ele sentiu uma sensação de alívio por Gella
estar segura.
— Lá está ela agora.

Gella Nattai pousou o seu caça estelar Jedi ao lado da Paxion e da Valente.
Equipes de reparos e droides astromecânicos trabalharam rapidamente no
casco da nave da República. Mesmo com a presença deles, havia uma
quietude na solitária, fria e distante lua.
Abrindo a escotilha do dossel, Gella inalou o cheiro de sal carregado no
ar frio ao desembarcar. Virou-se para o horizonte, para a visão
surpreendente do solo salpicado de sal da lua, e então para a extensão do
espaço além. E'ronoh, como um vergão vermelho entre as estrelas. Eiram,
girando mares azuis e verdes com tempestades visíveis mesmo de tão longe
quanto estava. Novos destroços deixados pra trás só eram distinguíveis dos
resíduos do passado porque ainda estavam fumegando.
Gella foi lançada na Força. O que esperava encontrar? Alguém vivo.
Alguém gritando por socorro. O piloto, o garoto realmente, Bly Tevin se
foi. Sentiu a sua passagem na explosão sem sentido, como um suspiro final.
Fez um momento de silêncio pelas vidas perdidas, confortada por saber que
estavam na Força, mas o destino do capitão de E'ronoh e do general de
Eiram era indescritível. O seu último vislumbre das duas naves foi quando
elas espiralaram em direção à superfície do planeta oceano.
— Gella! — A voz aguda de Enya cortou a rampa da Valente.
A jovem Padawan esperou que Gella a alcançasse antes de se juntar aos
Mestres Jedi e ao ser que reconheceu como um dos Chanceleres da
República, Orlen Mollo, e dois de seus ajudantes.
Caminhando na direção deles, Gella passou pelas ruínas de um posto de
abastecimento abandonado. Caixotes foram deixados espalhados e
quebrados. A vitrine de uma loja com uma placa que dizia: PEPINOS DA PEDRA
& PROVISÕES exibia uma vitrine quebrada, mas a placa de néon brilhante
zumbia para a vida em intervalos distantes.
— Você deve ser a nossa intrépida piloto, — disse o Chanceler Mollo,
batendo nas costas de Gella com tanta força que teria caído pra frente se
não fosse por seus reflexos rápidos. Era um comportamento muito peculiar,
tanto para um Quarren quanto para um Chanceler da República.
Gella só o tinha visto na HoloNet, que muitas vezes relatava que Mollo
viajava pela galáxia ao som de seu próprio tambor de cordas e com botas
enlameadas e bem gastas, mas ele era exatamente tão animado quanto se
apresentava. Tinha certeza de que teria que esperar até que os Jedi
estivessem sozinhos para entender por que o Chanceler estava no sistema.
— Intrépida de fato, — Mestre Char-Ryl-Roy disse com apenas um
toque de desaprovação.
Gella permaneceu respeitosa, mas piscou para Enya, que ofereceu um
sorriso amigável.
O Chanceler continuou, enredando os dedos grossos nos tentáculos do
rosto da mesma forma que Mestre Roy puxava a barba curta.
— Jedi Nattai, por favor, nos dê um relatório sobre o que você viu lá
fora. Seja os nossos olhos e ouvidos.
Gella olhou para os mestres. Nunca recebeu uma ordem direta de um
representante da República e, mesmo que ele fosse um dos líderes da
República, não estava disposta a quebrar o protocolo. Novamente.
O Jedi Cereano deu um aceno quase imperceptível, provavelmente para
não ofender Mollo. Sentiu-o ao se conectar a Força com encorajamento, e
então contou tudo a eles, embora não refizesse o momento em que se
rebelou. Um dos assessores do Chanceler tomou notas furiosas enquanto os
Quarren se agarravam ao seu relato, como eles fizeram de tudo para impedir
que a nave E'ronoh colidisse com Eiram, e ainda não foi o suficiente.
Quando terminou, Gella voltou o seu olhar para os planetas vermelho e
turquesa.
— Tenho quase certeza de que a capitã e o general estavam vivos
quando as suas naves afundaram. — Houve até um momento em que Gella
quis segui-la, mas sabia que o seu melhor caminho era encontrar-se com os
seus companheiros Jedi.
— A capitã A'lbaran é a princesa de E'ronoh e a última herdeira viva do
Monarca, — disse Enya, irradiando preocupação.
Quando o piloto do transportador de gelo disse
— Muitas desculpas, princesa, — ela presumiu que ele estava sendo
paternalista ao largar a carga para se livrar da confusão. A gravidade da
situação prolongou o silêncio entre eles.
— Katrana, qual é a situação dos reparos? — perguntou o Chanceler
Mollo.
A ajudante humana ergueu os olhos de seu tablet. O seu cabelo estava
nas elaboradas tranças que Gella tinha visto em representantes de Alderaan.
A jovem deu um pequeno aceno de cabeça.
— Mais algumas horas, pelo menos.
— O meu teste de diagnóstico não revelou nada de incomum, — disse
Enya. — E se estivermos sendo bloqueados?
— Não detectamos nada vindo de nenhum dos dois planetas, — disse
Katrana.
— Mestre Sun, — disse Gella. — Gostaria de me voluntariar para levar
o Alfa-3 em uma missão de reconhecimento para descobrir o paradeiro do
capitã A'lbaran.
O Mestre Jedi estava pensando profundamente antes de dizer
— O caminho não está claro. Não devemos nos separar. E se não
pudermos nos comunicar com eles, não quero arriscar que as defesas da
cidade percebam as embarcações estrangeiras como uma ameaça.
Enya fez uma careta.
— Isso não seria um bom presságio para a princesa, então.
Gella acreditava que a capitã A'lbaran estava viva. Não tinha provas e
conhecera a jovem apenas brevemente, mas era um sentimento que
precisava explorar. Precisava de um momento sozinha.
Gella respirou fundo e se abriu para a Força. A sensação, aqui na lua
salpicada de sal, parecia atravessar a borda do horizonte, como se a
qualquer momento ela pudesse se lançar no céu sem fim e saber que estaria
segura no manto da noite. Pode nem sempre seguir ordens, mas seguiu a sua
intuição, mesmo quando isso a colocou em apuros.
Deixando aquela sensação guiá-la, Gella se separou da coorte. Deu
passos cuidadosos pela plataforma de lançamento. Não tinha certeza do que
estava procurando, mas tinha certeza de que saberia quando o encontrasse.
Não havia brisa, apenas sal estalando sob suas botas e cacos de vidro na
frente de uma loja abandonada. Pegadas parciais ainda estavam impressas
no sedimento. Gostaria de ter a habilidade de tocar objetos e ver as
impressões através da Força. Respirou através do nó de frustração
crescendo em seu núcleo, desembaraçou-o como um carretel de linha e
continuou.
O seu mestre, que havia passado para a Força anos antes, havia elogiado
a intuição de Gella, o seu desejo de devorar conhecimento, de questionar
tudo ao seu redor. Uma das lembranças mais preciosas de Gella era do
velho e sábio Jedi dizendo:
— A curiosidade é a sua força, minha Padawan. É o seu próximo passo
em seu caminho Jedi. — Às vezes ela queria que a sua força fosse alguma
habilidade especial como psicometria ou cura, mas então ela lembrou que a
conexão de cada Jedi com a Força era tão única quanto as estrelas da
galáxia. O dela ainda parecia distante, embora brilhante.
Foi ali, entre os entulhos de caixotes virados e os restos do posto de
abastecimento, que notou algo que não havia percebido à primeira vista.
Anéis fracos de sal agitado, marcas de explosão como se de motores turbo.
Talvez uma pequena nave monopiloto.
— Gella. — A voz de Mestre Sun era baixa, preocupada. Ele se
aproximou com cuidado, suas vestes marrons farfalhando em seu rastro. —
O que é isso?
— Acho que encontrei alguma coisa, — disse ela, mesmo que não
conseguisse dar um nome à coisa que havia encontrado. Só que a Força a
havia guiado até este local, esta pilha de caixotes recolhidos, arranjados
quase com muito cuidado. Enfiou a mão dentro de uma caixa e descobriu
que não estava vazia.
Mestre Sun ficou de joelhos para examinar o objeto cilíndrico que tinha
tubos de metal e a cúpula plana de um droide astromecânico. Ele coçou a
mancha acinzentada na têmpora esquerda e deixou os dedos se arrastarem
pela mandíbula em consternação.
— Se eu não o conhecesse melhor, pensaria que alguém construiu um
farol de interferência a partir de achados no ferro-velho.
Gella tirou do coldre um de seus sabres de luz, com o punho da pedra-
da-lua negra frio contra as palmas das mãos. Ela manuseou a lâmina de
plasma violeta, sentiu o zumbido familiar de seu núcleo kyber.
— Espere, não! — Mestre Sun começou, desenhando um golpe de
bloqueio com a Força. Ele derrubou a trajetória de seu balanço para baixo
por um fio, embora ela ainda tenha decapitado o farol.
Gella desligou o seu sabre de luz e se virou confusa para o Mestre Jedi.
— Para o que foi aquilo?
Ele beliscou a ponta de seu nariz, então soltou um longo suspiro de
sofrimento.
— Poderíamos ter rastreado até quem remendou isso.
— Oh, — ela disse, estremecendo no dossel do espaço acima. — Certo.
Talvez ainda possamos?
Mestre Sun ficou de pé, ainda segurando um pedaço cortado do
sinalizador de interferência feito em casa. Não houve tempo para desculpas,
pois momentos depois os outros começaram a correr em direção a eles.
Katrana acenou com o seu datapad.
— Ela está viva. A princesa está viva!
— O que quer que você tenha feito, uma mensagem de Eiram veio em
todas as frequências, — acrescentou Enya.
Gella voltou a sua atenção para a superfície turquesa de Eiram. Ela
sussurrou
— Graças à Força.
— A princesa é a resposta, — disse Mestre Roy com certeza. —
Arranjar uma passagem segura para casa para a capitã A'lbaran é como
podemos convidar o Monarca e a Rainha para uma cúpula de paz.
— Coruscant, talvez? — perguntou o ajudante Nautolano.
Mestre Sun balançou a cabeça pensativamente.
— Devemos manter esta reunião de cúpula aqui.
— Aqui, aqui? — Enya perguntou, apontando para a lua.
A lembrança de um lugar vago e abandonado não teria sido a primeira
escolha de Gella, para o seu entendimento, cada mundo tinha um nome
diferente pra isso. A Valente era um lugar neutro. Embora não exatamente
equipado para a realeza e ainda cheio de assistência médica para Eiram,
mas o Chanceler Mollo estava acostumado a viajar com senadores e líderes
mundiais.
— E a Paxion? — perguntou Gella.
Os olhos azuis do Quarren queimaram de orgulho quando ele se virou
para a sua nave.
— Eu mesmo ia sugerir isso, minha intrépida Jedi.
Quando o Mestre Jedi concordou, o Chanceler Mollo não perdeu tempo
em ordenar ao seus ajudantes.
— Envie mensagens para ambas as capitais ao mesmo tempo. A Paxion
ficará estacionado no corredor entre os mundos. Um trampolim no caminho
para a paz duradoura.

A TORRE, E’RONOH

Estava acontecendo de novo.


Não o relatório do Tenente Segaru sobre a escaramuça do dia. Nenhuma
outra carga perdida. Nem os tumultos que podia ouvir, apesar dos criados
fechando as vidraças de sua sala de guerra. Para o Monarca de E'ronoh, a
guerra era inevitável. Uma garantia. Uma promessa de defender o poder e a
honra de sua grande casa e linhagem contra todo e qualquer que os
ameaçasse.
Nada disso importava quando a sua filha era...
Engoliu a emoção estranha que se apertou em sua garganta enquanto
assistia, depois assistiu novamente à hologravação do confronto que
quebrou o cessar-fogo e terminou com a explosão da nave de Thylefire
Nove. Teria sido uma morte instantânea, graças aos velhos deuses, mas o
caça estelar de Xiri, ela estava muito perto da explosão, e ela mergulhou em
território inimigo. Não havia nenhuma palavra de seu paradeiro. Nenhuma
palavra se o inimigo do outro lado do corredor do espaço a tivesse feito
refém. Se ela tivesse se perdido naquelas águas terríveis.
— Monarca, — disse o tenente Segaru, com a impaciência de alguém
que teve que se repetir.
O Monarca ajustou os punhos da túnica. Cerrou os dedos em um punho,
pois não conseguia impedir que as suas mãos tremessem. Teve que se
recompor. Era hora de agir. O seu conselho e o seu lugar-tenente esperavam
uma resposta que ele não tinha porque tudo em que conseguia pensar era
que estava acontecendo de novo. Ele havia perdido seu filho, seu primeiro
filho e herdeiro, naquelas águas. Se algo tivesse acontecido com Xiri...
Bem.
Destruiria Eiram, poluiria os seus oceanos, escureceria as suas nuvens.
Daria um jeito. Faria tudo e qualquer coisa em seu poder para destruí-los.
— Sim, tenente? — disse o Monarca, encostado na ponta de bronze de
sua bengala.
A ampla estrutura de Jerrod Segaru se moveu ao redor da mesa. Ele veio
direto para o palácio no momento em que pousou, a julgar pela maneira
casual como o seu traje de voo estava enrolado até a cintura, expondo a
camisa suada por baixo.
— Ouvi a última ordem do general Lao. Se, e isso é um grande se, os
crustáceos desligaram os seus canhões antimísseis como ele ordenou, há
uma chance de Xiri ainda estar viva.
— Uma garota astuta, — disse o vice-rei Ferrol. — Graças aos velhos
deuses, a princesa Xiri foi teimosa o suficiente para rejeitar o seu presente
de uma nova nave.
O tenente Segaru levantou uma sobrancelha.
— Tevin não teve tanta sorte.
— Embora certamente estava feliz por dar a sua vida por E'ronoh. — O
vice-rei sorriu com dentes amarelos. — Meu filho também voou sob o
comando do esquadrão de Xiri e ainda está na enfermaria. Tenho certeza de
que ele sente o mesmo.
O Monarca assentiu distraidamente, então usou a sua bengala para
apontar.
— O que desencadeou a explosão?
— Sabotagem, — o vice-rei forneceu ansiosamente. — De Eiram,
naturalmente. Eles não fizeram nada além de se encolher contra nossos
ataques e finalmente atingiram nosso coração.
O seu conselheiro estava certo. Vindo de uma das famílias fundadoras de
E'ronoh, o homem esteve ao lado do Monarca por décadas. Ele era uma
constante no mar da morte que o cercava. A única coisa que havia mudado
no vice-rei Ferrol eram fios grisalhos em sua touca ruiva.
— Claro, — o Monarca disse.
O tenente Segaru limpou a garganta.
— Meu Monarca, se me permite?
Os lábios do vice-rei Ferrol se curvaram com um rosnado quase
imperceptível, mas o Monarca fez sinal para que o garoto prosseguisse.
— Os nossos portos estão seguros. Os códigos de entrada são
encaminhados para a torre de tráfego da capital. Qualquer pessoa suspeita
de simpatia por Eiram está sob vigilância. Quem quer que seja o
responsável teria que ter conhecimento de nossos hangares, e simplesmente
não posso dar tanto crédito aos crustáceos.
— Você está dizendo que há um traidor entre nós? — perguntou o vice-
rei.
— Estou dizendo, — disse Segaru, endireitando-se para ficar um pouco
mais alto que o outro homem, — que isso é uma distração. Nossos olhos
devem estar em Eiram.
— Nisso, nós concordamos. Devemos atacar, — disse o vice-rei.
— Isso não foi o que eu quis dizer. Devemos trazer Xiri, a capitã
A'lbaran, de volta. A República e os Jedi chegaram ao nosso setor, —
argumentou o tenente Segaru, apontando para o teto. — Estão em nossa
órbita. Seria imprudente mover-se contra eles.
O vice-rei Ferrol virou o rosto para o jovem.
— Se eles vieram para escolher um lado, então eles merecem ser
abatidos. Você deve aprender a tomar decisões difíceis, Jerrod.
O tenente Segaru teve a coragem de sorrir, embora não houvesse humor
na maneira como ele mostrou os dentes. Ele deu um passo, e o vice-rei se
encolheu quando o soldado removeu o tapa-olho, expondo o tecido
brutalmente cicatrizado que havia sido remendado.
— Fale comigo quando puder fazer a ligação para enviar nossos
soldados para a morte. Melhor ainda, fale comigo quando puder olhar
alguém nos olhos e ver a luz deixá-lo. Você cresceu muito confortável, vice-
rei, enquanto o nosso povo passa fome. — Ele bateu com a palma da mão
no traje do homem mais velho.
O vice-rei hesitou, envolvendo a mão em torno da lâmina destruidora em
seu quadril.
— Seu insolente... — Ele choramingou. — O meu filho.
— Não se esconda atrás do seu filho, — Segaru retrucou, prendendo o
tapa-olho de volta no lugar. — Seu pulso torcido vai sarar.
O Monarca já tinha visto o suficiente. Ergueu a bengala e bateu com ela
no chão de mármore, ouvindo o estalo satisfatório do metal contra a pedra.
Os dois homens ficaram em atenção imediata. Em seu silêncio contido, o
rugido de agitação nas ruas escapou pelas rachaduras. Os tremores do
Monarca voltaram, cada vez mais proeminentes a cada passo que dava em
direção às janelas. Abrindo-os, deixou entrar a poeira da tarde. Abriu a boca
e deixou cobrir a sua língua. Poeira de seu mundo, de E'ronoh. Estava nas
suas veias. Na longa linhagem de Monarcas que vieram antes dele. A sua
família cuidando da segurança e resistência de seu planeta, incontestada por
mais de um século.
Todo aquele poder e isso lhe dava tudo menos paz. Agora os seus
inimigos o cercavam. Eirami que havia roubado sua terra, a vida de seu
filho. O vice-rei Ferrol estava certo. Se a República e os Jedi fossem
inflexíveis quanto ao envolvimento, também os tornaria inimigos.
A sua filha advertiria a razão, a diplomacia. Ela o convenceu a um
cessar-fogo, e este foi o resultado.
Sabia, estando Xiri viva ou não, que precisava mostrar força.
— Capitão Segaru, — o Monarca disse. Os olhos cinza tempestade do
jovem se arregalaram de surpresa antes que ele se abaixasse em reverência.
— Prepare-se para atacar.
Gella Nattai correu para o centro de comunicações a bordo da
Paxion com Enya Keen ao seu lado. A nave Proa-Longa da República era
cavernosa em comparação com o seu caça estelar, e parecia ainda mais com
apenas uma tripulação mínima mantendo a nave operacional no turno "tarde
da noite.
— Deve ser aqui, — Enya disse, virando em um corredor mal iluminado
que se esvaziava em um aquário. — Ou não.
Gella distraidamente tocou o seu bolso como se o cartão de dados que o
Mestre Sun lhes havia confiado tivesse desaparecido desde o segundo
anterior que ela havia verificado. Olhou pra trás na direção da sala de
reuniões e franziu a testa.
— O Chanceler Mollo certamente modificou a nave ao seu gosto.
Embora a Jedi viajasse na nave da mesma classe, este tinha uma sala de
instrução onde gravou o seu segmento Holos de Mollo para a HoloNet, uma
sala inteiramente dedicada a artefatos e presentes dados à República dos
mundos que ele visitou, um quarto de treinamento (embora parecesse
totalmente sem uso) e, aparentemente, um aquário.
— Plâncton brilhante real de Mon Cala, — a Padawan se maravilhou.
— Eu me pergunto se ele fica com saudades de casa.
Gella não havia considerado que um Chanceler da República, um ser
cuja posição era liderar uma grande parte da galáxia, pudesse sentir
saudades de casa. Quando jovem, sentiu saudade de um lugar do qual não
conseguia mais se lembrar, exceto em flashes, mas esse desejo havia
desaparecido com o tempo.
Enya, que tinha uma tendência a se desviar, começou a entrar na luz
azul-clara da sala, mas Gella puxou a Padawan pela bainha de seu tabardo.
As portas se fecharam e eles continuaram a seguir pelo corredor.
— Vamos refazer os nossos passos antes que nos percamos ainda mais,
— sugeriu Gella.
— Um Jedi nunca está perdido, — disse Enya, assumindo o severo
barítono de seu mestre, Char-Ryl-Roy. — Desde que a Força esteja do lado
dele.
Embora percebesse que Enya estava apenas meio brincando, Gella, de
fato, alcançou a Força e encontrou alguém muito ansioso e preocupado por
perto.
— Por aquele caminho. — Gella partiu naquela direção, a rede de
corredores mal iluminada, provavelmente para redirecionar a energia para
reparos e economizar combustível. Quando ela ouviu um gemido de
frustração, seguido por um punho batendo em uma tela, Gella sabia que eles
estavam no lugar certo.
A sala de comunicações fervilhava de funcionários da República. Vários
seres fizeram um trabalho rápido de remontar um droide astromecânico
enquanto uma mulher humana mexia com as entranhas de um painel de
controle, sua profusão de cachos caindo em seus olhos toda vez que pegava
o seu cinto de ferramentas.
Enya limpou a garganta, mas ninguém olhou pra cima.
Gella se aproximou do oficial da República mais próximo, sentindo a
ansiedade irradiando deles. O Mirialano verde tinha marcas pretas no
queixo, como a barba de Mestre Roy, e usava grandes óculos de proteção
que faziam os seus olhos escuros parecerem ampliados.
— Com licença — começou Gella.
— Você está dispensada, — disseram eles, apertando vários botões em
uma mesa de controle de uma só vez.
Gella tentou novamente.
— Olá, eu sou a Cavaleira Jedi Gella Nattai. O Chanceler Mollo disse
que você poderia nos ajudar a enviar uma mensagem.
Então Enya acrescentou brilhantemente:
— Por favor.
— Bem, sou o supervisor técnico Oshi Karmo e lamento dizer que
ninguém vai enviar mensagens tão cedo.
Gella enfiou a mão no bolso e localizou o cartão de dados.
— Mas o Chanceler Mollo disse...
Oshi esfregou o rosto em frustração.
— Eu sinto Muito. Tem sido um...
— Dia difícil? — Enya ofereceu, acrescentando um sorriso à sua
pergunta empática.
— Sim. — O sujeito assentiu. Finalmente, eles olharam para cima,
murchando na cadeira giratória. — Sim, foi um dia.
— Talvez possamos ajudar.
Oshi devolveu o sorriso contagiante de Enya.
— Alguma de vocês é engenheira mecânica?
Enya pensou brevemente antes de dizer
— Não.
— Então, não, vocês não podem ajudar. — Oshi girou na cadeira e
apontou para o cartão de dados na mão de Gella. — As transmissões estão
inoperantes.
Gella sentiu uma pontada de raiva, então notou como a jovem Mirialan
parecia cansada. A nave inteira caiu em uma zona de guerra e, pelo que os
Jedi disseram a ela em seus aposentos privados, a aventura do Chanceler
Mollo para Eiram e E'ronoh foi um pouco desonesta. Gella estava preparada
para entrar na briga, Oshi não. Ela não estava acostumada a sorrir para tudo
e todos como Enya, mas ela tentou.
— O que o seu rosto está fazendo? — Oshi perguntou.
— Nada, — ela murmurou, achatando os lábios. — O Chanceler disse
que poderíamos usar um dos droides de comunicação Ee-Ex.
— Oh, por que você não disse isso? — Oshi deslizou para a direita sem
dar outra olhada na Jedi. — No final do corredor.
— Vamos, vamos, — disse Gella, puxando Enya pela manga. — Temos
que atualizar o Conselho Jedi.
Gella imaginou quanto do relatório de Mestre Sun seria sobre ela, e uma
sensação desconfortável pesou sobre os seus ombros. O seu movimento
impulsivo para entrar na luta levou a princesa de E'ronoh a ficar presa em
território inimigo, e ela destruiu evidências que poderiam ter dado a eles
respostas. As suas intenções eram boas, mas intenções não eram o mesmo
que resultados.
— Você já usou um desses? — Enya perguntou.
Os droides foram atracados em portas individuais, com uma fileira de
pods alinhadas como pods de fuga. Em partes remotas da galáxia, onde os
faróis de transmissão eram poucos e distantes ou frequentemente
danificados por guerras, como em Eiram e E'ronoh, os droides EX eram
vitais para conduzir mensagens com segurança entre as equipes
Desbravadoras.
— Quando estávamos em Orvax, sim, — ela disse, com a sua voz tensa
enquanto esperava que Enya não se intrometesse na provação mais uma
vez. Gella ligou o droide EX mais próximo. Com sua parte superior plana e
pernas mecânicas finas, lembrava aranhas. Inseriu o cartão de dados no
encaixe estreito. — Isso deve resolver. Ligue um desses pods de propulsão
para que não se desintegre na atmosfera de Coruscant.
Enya se ajoelhou na frente do pod, seus painéis externos cobertos de
mossas e arranhões. Não abria, então ela passou para a próxima.
— Você quer falar sobre isso?
— Falar de quê?
Enya encolheu os ombros como se fosse óbvio.
— A sua missão com a equipe Desbravadora da República. Em Orvax.
Gella cruzou os braços sobre o peito, com um sorriso pensativo no rosto.
— Você já não ouviu tudo do Mestre Roy?
Um rubor escureceu a pele morena de Enya, mas ela provavelmente
sentiu as paredes que Gella estava erguendo.
— Você faz parte da nossa equipe agora. Posso sentir a sua culpa por um
salto no hiperespaço.
— Isso é impossível, — observou Gella, mas a Padawan era sábia.
— É tão impossível quanto a anomalia gravitacional que mantém uma
lua perfeitamente travada entre dois planetas em guerra?
Gella balançou a cabeça e abriu o próximo pod disponível. Por dias,
desde que foi transferida de sua equipe de Desbravadores, repassou a
missão de todos os ângulos. Após três dias sem conseguir fazer contato com
as espécies sencientes do planeta, os seus equipamentos começaram a
desaparecer. Então o GT-3 nunca conseguiu voltar do mapeamento da
floresta circundante. E então...
— Fiz a ligação errada. A minha equipe se machucou e nunca fizemos
contato. Eu fui reatribuída pra cá. Não há mais nada para contar. — Gella
trancou o droide EX no lugar e o pod foi pressurizado. — Não faz sentido
ficar no passado, você sabe disso.
O olhar escuro de Enya era compreensivo, mas desapontado.
— Só é persistente se te corroer.
— Eu sei disso — disse Gella solenemente.
— Não é tão ruim, é? — Enya perguntou. — Sendo designada conosco?
Gella sentiu uma pontada de culpa. Admirava o Mestre Sun e o Mestre
Roy desde que era uma Padawan. Queria entender como Enya sempre
conseguia encontrar um motivo para sorrir.
— Pelo contrário. A nossa educação como Jedi nunca acaba. Antes de
receber as minhas ordens, até considerei fazer uma petição ao Conselho
para me tornar uma Perseguidora do Caminho.
Enya ergueu as sobrancelhas.
— Isso faz sentido.
— É mesmo?
— Pelo que ouvi, os Perseguidores do Caminho são solitários, e você
passa a maior parte do seu tempo de inatividade a bordo da Valente sozinha.
Sem ofensa.
Gella balançou a cabeça com tristeza. Havia mais em ser um
Perseguidor do Caminho do que ser solitário. Sim, ela poderia viajar
sozinha, mas também poderia escolher qualquer lugar da galáxia que
desejasse explorar. Ela poderia seguir o chamado da Força, os fios que
unem todos os seres. Ela poderia aprender sozinha.
— Eu conheci só uma Perseguidora do Caminho, — disse Gella,
lembrando-se da garota Zeltron de pele rosada com quem ela cresceu. — a
Jedi Meli Day. Mesmo quando éramos pequenas ela falava em sair sozinha.
Ela sempre era pega desaparecendo nas florestas ao redor do templo.
— Para fazer o que?
— Para ouvir a Força, ela costumava dizer. — Gella manteve as mãos
ocupadas digitando as coordenadas do Templo Jedi em Coruscant. —
Nunca pensei que fôssemos parecidas. E eu sei que nem todos os
Perseguidores do Caminho são iguais, assim como nem todos os Jedi são
iguais, mas Meli tinha tanta certeza.
— É por isso que você não fez isso? — Enya perguntou timidamente.
Gella sabia a resposta. Mudou de ideia porque na hora pareceu fugir. Se
não podia ter certeza, tão certa quanto Meli Day sempre tivera, então talvez
esse não fosse o seu caminho, afinal. Ainda não, pelo menos. Por que não
podia admitir tudo isso para Enya?
— Não estava certa, no final das contas, — Gella disse, então girou a
válvula de escape.
Houve um som de swoosh satisfatório quando o pod foi ejetado para o
espaço, com o seu propulsor se acendendo enquanto ele navegava pelo
campo de lixo e em direção ao ponto do hiperespaço.
Enya pressionou as mãos na pequena janela, observando o pod, e disse
— Obrigada. Você é o ser mais útil que conhecemos nesta nave.
Gella não pôde deixar de rir enquanto eles voltavam pela sala de
comunicação para sair.
Oshi empurrou os seus óculos pra cima para que eles descansassem no
topo de suas cabeças. As esferas deixaram marcas ao redor dos olhos.
— Os primeiros dois pods não funcionam, — Enya os avisou.
— Essas coisas precisam de reparos constantes, — quase como tudo
aqui, — disse Oshi com um tom de derrota.
— É assim que funciona a galáxia, — disse a mesma técnica de reparos
de cabelos cacheados, antes de pular pra trás quando o fio em que ela estava
trabalhando faiscou. — Você conserta uma coisa e encontra uma brecha em
outra.
— Talvez se todos ajudassem, — Enya disse pensativamente, — haveria
menos coisas para consertar.
— Espere. — Oshi levantou a mão. — Estamos falando da galáxia ou de
uma nave?
Enya não perdeu o ritmo quando decidiu por "Ambos".
— Nesse ritmo, talvez tenhamos que pedir ao Chanceler Greylark uma
nova nave, — murmurou o técnico de reparos.
Oshi fechou os olhos. Gella tinha visto muitos Mestres Jedi fazerem
aquela cara, especialmente quando lidavam com jovens, como se
estivessem reunindo toda a paciência que a Força lhes concederia.
— Não. Nem diga isso na frente do Chanceler Mollo.
— Eu pensei... — Enya começou, mas Gella descansou a palma da mão
no ombro do Padawan. Havia algo entre os Chanceleres que os Jedi não
conheciam, e sentiu que era melhor não se intrometer.
Em vez disso, Gella redirecionou a atenção deles e perguntou
— E'ronoh respondeu à convocação de paz?
— Não desde que eles explodiram o droide de protocolo enviado. —
Oshi suspirou.
Gella ergueu as sobrancelhas em surpresa.
— Isso não é um bom presságio para a convocação de paz.
— É por isso que tudo está um caos aqui. O nosso escudo defletor foi
atingido durante a queda do hiperespaço e colisão com a sua nave. Não
percebemos até voltarmos ao corredor e sermos atingidos pelos escombros.
— E não podemos atracar novamente porque estamos ficando sem
combustível... — disse o técnico de reparos.
— E sim, — Oshi acrescentou, notando que Enya se preparava para
fazer uma sugestão, — enviamos astromecânicos para consertá-los, mas
eles continuam sendo decapitados e não podemos mais danificar.
O técnico de reparos assobiou em concordância.
— Sim. Tenho certeza de que essas coisas custam mais do que meu
salário.
Gella viu a solução com a maior clareza, então voltou-se para os seus
aliados da República.
— Então é bom que vocês tenham uma Jedi a bordo.
Enya assentiu enfaticamente.
— Envie outro droide.
Oshi os olhou da cabeça aos pés. Enya com as suas vestes, sempre um
pouco desleixadas, como se tivesse se vestido às pressas porque estava
simplesmente ansiosa para começar o dia. Gella com os braços cruzados e
os lábios em desafio.
— Tentamos de tudo, — disse Oshi, embora não parecesse convencida.
A técnica de reparo largou as suas ferramentas e se aproximou.
— Eu sempre quis ver Jedi em ação e de perto.
Enquanto preparavam outro astromecânico, Gella e Enya se
posicionaram no meio da janela. A estibordo, eles tinham uma visão do
hematoma vermelho que era a atmosfera de E'ronoh, e o rio de escombros
deixado pra trás por sua guerra.
— Tanta destruição, — Enya lamentou. — Nunca vi nada igual.
Gella pegou a mão de Enya, ainda macia contra os calos de Gella.
Embora ela nem sempre fosse boa com as palavras, tinha certeza de que
poderia oferecer esse conforto.
— É pra isso que estamos aqui.
Gella ergueu a mão livre e a estendeu para a frente. Acalmou a sua
mente dos eventos daquele dia, a lua, a briga de cães, a longa viagem pelo
hiperespaço. E além disso, escondidos no fundo de seu coração, a dúvida e
o medo que testavam todos os Jedi. Erros que persistiam como fumaça
muito tempo depois que um incêndio foi apagado. Escolhas que não poderia
retirar. Tudo isso foi colocado de lado para resolver o problema na frente
dela.
Sentiu a aura brilhante de Enya através da Força, uma sensação
inebriante que a lembrou do primeiro raio de sol após uma tempestade.
Juntas, elas guiaram o campo de destroços para longe do astromecânico
prateado rolando pelos painéis da nave. Gella fechou os olhos, desacelerou
a respiração. Houve resistência quando os objetos em movimento lutaram
contra ela. Estava entre eles. Estava sem peso. Era forte o suficiente para
fazer isso.
— Bem, que se dane, — murmurou Oshi.
Foi o espanto em sua voz que a fez olhar.
O astromecânico já estava voltando para a eclusa de ar, com a tarefa
concluída.
Quando Gella e Enya se soltaram, os pedaços de metal correram de
volta, atingindo apenas o escudo defletor antes de voltar para o corredor
espacial.
Gella sorriu, sorriu verdadeiramente, para a sua companheira Jedi, então
captou um movimento com o canto do olho. Arrastou-se para mais perto da
janela.
Onde a atmosfera de E'ronoh estivera momentos antes, ela estava
mudando. Redemoinhos brancos de nuvens se romperam como cistos
sangrentos quando seis enormes naves emergiram em órbita. Enormes
bestas de metal nada como os caças estelares que ela tinha visto quando
chegaram. Eram naves de perfuração com narizes inclinados retorcidos,
capazes de romper placas de mármore ou dividir um asteroide em dois, ou o
casco de uma Proa-Longa. Mestre Sun descreveu as armas no arsenal de
E'ronoh no caminho para o setor de Dalnan, mas vendo-as por si mesma, ela
finalmente foi capaz de imaginar o dano que elas poderiam causar.
— Soe o alarme, — Gella disse, já pegando o seu comunicador para
alertar o Mestre Sun.
E'ronoh havia respondido à convocação de paz.

CIDADE CAPITAL DE ERASMUS, EIRAM


Xiri nunca tinha visto tanta água em toda a sua vida. O Mar de Erasmo era
uma grande extensão de azuis e verdes impossíveis, refratando um sol
preguiçoso e de nuvens ainda mais preguiçosas que roçavam a costa. Xiri
poderia ter aberto a boca para matar a sede com a umidade.
Eiram. Não conseguia parar de repetir a palavra de novo e de novo
enquanto passeava pela varanda do grande palácio aninhado em um
penhasco com a cidade espalhada abaixo. Estava preparada para o homem
que a resgatou trair a sua palavra. Era o que o vice-rei Ferrol teria ordenado
se a situação fosse inversa e uma nave Eirami tivesse caído em E'ronoh.
Podia admitir isso para si mesma com grande vergonha. Em vez disso,
ofereceram-lhe comida, água, um quarto e um banho.
Recusou.
Primeiro precisava entender. Ver. Xiri se agarrou à grade de ferro da
sacada e inclinou-se para a frente o máximo que pôde.
Milhares de pessoas se reuniram nos portões abaixo enquanto guardas
atormentados enfiavam pequenos embrulhos nas mãos magras e passavam
para o próximo. Phan-tu Zenn, como o seu salvador chamava a si mesmo,
dissera que cada pacote continha três rações de pães redondos, um
suprimento semanal de pastilhas de hidratação e quadrados de proteína
feitos de algas marinhas e minhocas salgadas. Queria levantar o nariz no ar
e fazer uma careta ao ver como isso soava revoltante, mas o que tinha para
dar a seu povo? Em E'ronoh, os estoques de grãos estavam vazios e os
campos sofriam com a seca. Ela deveria ter se deliciado com o fato de que o
mundo de seu inimigo estava sofrendo tanto quanto o dela, mas isso apenas
a deixou vazia. Incerto. Agora não era hora para incertezas.
Aqui estava a capital de Eiram com nada além de mares e canais que
cortavam a cidade como grandes artérias em um coração pulsante e confuso
tentando se manter vivo. Que destino cruel estar cercado por oceanos e não
poder colocar água nas mãos e beber profundamente. Não sem ficar doente
com o sal.
Odiava Eiram. Odiava Eiram por tudo o que eles fizeram com que a sua
família e o seu mundo passassem. Odiava Eiram porque teria sido mais fácil
se eles a tivessem espancado, machucado, empurrado numa cela. Acima de
tudo, ela odiava Eiram porque nunca tinha visto um lugar tão bonito e
admiti-lo parecia uma traição a tudo o que já conhecera.
— É tudo o que te disseram? — Uma voz suave e bonita falou por trás
dela.
Xiri girou para encontrar a Rainha Adrialla de Eiram, majestosa e
envolta em um vestido de seda azul brilhante que lhe dava o efeito de
flutuar. A pele morena de seus ombros estava coberta de um pó dourado.
Embora Xiri soubesse que a rainha estava chegando aos sessenta e poucos
anos na idade padrão, tinha apenas traços levíssimos de rugas ao redor dos
olhos e nos cantos da boca carnuda.
Ao lado dela estava Phan-tu Zenn. Os seus cachos pretos macios ainda
estavam úmidos, mas ele vestiu uma blusa longa de seda, calças e chinelos.
Atrás dele, avistou dois guardas armados flanqueando as portas abertas de
seu quarto, segurando firmemente as suas lanças elétricas.
— Certamente é diferente, — respondeu Xiri honestamente. Ela acenou
com a cabeça para a rainha, mas não se curvou. O seu pai disse que eles
nunca se curvariam a Eiram.
— Como é diferente? — Phan-tu perguntou. Ele ficou em silêncio quase
todo o trajeto até o palácio e, quando chegaram, instruiu um grupo de
jovens criados a tratar a princesa como uma convidada. Ele enfatizou a
palavra convidado várias vezes.
Xiri não ligava para a conversa fiada ou tentativas de deixá-la à vontade,
mas os seus nervos a traíam.
— Pensei que todas as pessoas de Eiram tivessem marcas de nascença
verdes, mas você não, ao contrário de seu... tutelado?
— Meu filho, — disse a rainha pacientemente, sentando-se de frente
para a varanda aberta. Ela gesticulou para quem estava ao seu lado, mas
Xiri se levantou, assim como Phan-tu. — E não, nem todas as pessoas de
Eiram têm marcas verdes.
— É a alga, — explicou Phan-tu. Quando ele sorriu, os seus olhos se
enrugaram nos cantos. A sua pele morena clara tinha um aglomerado de
sardas verdes no nariz e no topo das maçãs do rosto. Foi um efeito
surpreendente quando dobrou com os anéis de azul e verde em seus olhos.
— Está em toda a nossa comida. Bem, a maior parte da nossa comida.
— Tenho certeza de que a sua classe mercantil ou o palácio não estão
jantando, — disse Xiri com um sorriso agudo.
A rainha Adrialla não mordeu a isca de Xiri. Ela apenas se recostou e
gesticulou para o céu aberto atrás deles.
— Minha querida, o seu pai está lançando um ataque para resgatá-la.
Uma coisa é recusar a nossa hospitalidade, mas você realmente quer
desperdiçar uma audiência comigo fazendo comentários mesquinhos?
— O meu pai... — Xiri não conseguiu formar o resto das palavras. Ela
correu de volta para a varanda e ficou aliviada por não haver naves visíveis
atrás das nuvens. As faixas brancas do escudo abobadado estavam intactas e
os alarmes da cidade não haviam sido acionados. — O que foi que ele fez?
— Depois de enviarmos notícias de seu estado de bem-estar, decidiu que
estamos mantendo você como refém. Trouxemos a mensagem dele. — A
rainha Adrialla falava cada palavra com uma calma que Xiri não sentia.
Pelo menos Phan-tu Zenn franziu a testa com a notícia.
A rainha acenou com a cabeça para o filho, que colocou o holoprojetor
no centro da mesa. Uma representação bruxuleante de seu pai apareceu.
— Aqui é o Monarca A'lbaran de E'ronoh. Sei que a minha filha está
viva e sei que foi feita prisioneira pela insensível rainha de Eiram. Primeiro,
exijo prova de que a princesa Xiri está viva e ilesa. Então, se ela não for
devolvida pra mim até o nascer do sol, vou liberar todo o poder das forças
de E'ronoh até que não haja mais nada em seu planeta além de sal.
O holograma de seu pai foi cortado e os três ficaram sentados em
silêncio por um momento. A gritaria e a barganha dos mercados da capital
chegavam com a salmoura da brisa. Xiri colocou a mão sobre o coração;
sua boca estava seca como Desfiladeiro Ramshead. Afinal, se viu ocupando
o lugar vazio ao lado da rainha.
Phan-tu Zenn encheu uma taça com água e a colocou em sua mão.
— Água da chuva. Por favor, beba.
Por favor. Ele disse isso a ela repetidamente quando ela segurou uma
faca em sua garganta e quando a virou contra si mesma. Xiri se lembrou de
como era estar caindo naquele oceano quente. Em E'ronoh, não havia
grandes mares largos. Haviam pedras, calor e tempestades de poeira que
poderiam deixá-lo enterrado e cego, a poucos passos da porta de sua própria
casa.
A chuva era preciosa. Aqui a segurou na mão e, quando o bebeu, mal
conseguia respirar enquanto o engolia. Com a sede dominando-a, inclinou a
taça mais alto, mas não ousou desperdiçar uma única gota. Quando
terminou, limpou a garganta, as bochechas queimando por vê-la em tal
estado. Colocou a xícara vazia sobre a mesa e se sentou com o que restava
de sua dignidade.
— Devemos avisar imediatamente, — disse Xiri. — Você pode preparar
uma nave para partir imediatamente? Cobriremos o custo do combustível...
A rainha acenou com a mão no ar.
— Vamos nos preparar para partir imediatamente, mas não vamos para
E'ronoh.
— Não vamos? — Xiri ficou tensa, procurando alguma trapaça no rosto
da rainha.
Não podia esquecer que não estava em casa. Não estava com aliados ou
amigos. Estava no mundo que causou todo sofrimento em seu planeta, não
apenas nos últimos cinco anos, mas antes disso também. Estava aprendendo
sobre a guerra que os seus avós haviam travado. Foi um ciclo de guerra e
violência sem fim. A guerra era a sua herança. A guerra era constante, não
a paz. Não esta hospitalidade Eirami.
— Imediatamente após o holo do Monarca, recebemos esta mensagem
da República e dos Jedi.
Xiri se lembrou das Proa-Longas que criaram discórdia no corredor
espacial, e do caça estelar Jedi que mergulhou no meio da luta tentando
ajudar Blitz. O Monarca acreditava que a República não devia se intrometer
na Orla Exterior, e ele recusou a ajuda da Ordem Jedi no início da guerra
porque eles também ajudaram Eiram. Ela não podia imaginar que o seu pai
estava reagindo bem a nada disso.
Quando Phan-tu jogou o segundo holo, duas formas ganharam vida, uma
Cerean e uma Quarren. Notou o Jedi por suas vestes e o sabre de luz em seu
quadril. O outro, reconheceu como um dos dois Chanceleres da República,
Orlen Mollo.
— Aqui é o Mestre Char-Ryl-Roy da Ordem Jedi, — disse o alto
Cereano em uma voz profunda e calma. — O Chanceler Mollo e eu viemos
até vocês nesta hora urgente para convidar os seus grandes mundos para
uma cúpula de paz a bordo da Paxion.A nave permanecerá no corredor
entre E'ronoh e Eiram, junto com o carregamento médico de Eiram.
— Se os representantes de seus planetas não chegarem até o nascer do
sol, — interveio o Chanceler Mollo, com os seus tentáculos contorcendo-se
enquanto a sua voz subia, — a República será forçada a impor sanções e
realizar uma investigação sobre quem foi o responsável pelos danos
sofridos as naves Jedi e da República, e a destruição dos enviados droides
da República. É nossa esperança que vocês escolham a paz.
Xiri observou as imagens se dissolverem.
— O meu pai nunca vai concordar com isso.
O olhar castanho da Rainha Adrialla deslizou em direção a Xiri.
— Ele não precisa. Você é a capitã da frota e a princesa de E'ronoh, uma
filha de thylefire. Você não é?
— Sim, sou, — disse Xiri, enfatizando cada palavra. — Mas o Monarca
ainda é o Monarca.
Ela sacudiu o pulso, como se isso fosse dissipar a preocupação de Xiri.
— A República e os Jedi sempre conspiraram para se intrometer em
nosso sistema. Os meus próprios pais lidaram com isso, e agora é a minha
vez. Tenho certeza de que, quando chegar a hora, Phan-tu e a sua consorte
também o fará.
Phan-tu piscou com força em resposta.
— Minha rainha, não preciso lembrá-la de que eles têm a nossa remessa
médica e pedimos aos Jedi que se envolvam.
— Mas não a República, — esclareceu a rainha Adrialla. — E eu
suponho que E'ronoh nunca o faria. No entanto, eles estão aqui agora e
devemos lidar com isso.
Xiri empalideceu. Se tivesse falado com o seu pai dessa maneira, teria
sentido a picada fria de seus anéis em seu rosto. Ela e Niko aprenderam
desde pequenos a escolher as palavras com cuidado. Em resposta ao filho, a
rainha apenas franziu os lábios. Havia até um toque de humor ali. Isso foi
para mostrar? Isso foi para acalmar Xiri em algum tipo de falsa sensação de
camaradagem?
— Pedimos a ajuda deles. Intromissão é totalmente diferente. Não gosto
que os termos de um acordo sejam alterados e não gosto que a minha mão
seja forçada. Especialmente, — ela olhou incisivamente para Xiri —
quando me disseram que Eiram não iniciou o conflito.
Xiri teve o bom senso de desviar o olhar. Sim, foi Blitz quem
desencadeou a cadeia de eventos que a levou a essa situação, mas havia
algo que ela estava perdendo. Naves não explodiam simplesmente, e estava
muito longe de casa pra especular.
Poderia expressar essas preocupações entre o inimigo?
Certamente não.
Precisava chegar a Torre, para conversar com o tenente Segaru e o seu
pai.
— Também quero respostas, Rainha Adrialla, — disse Xiri. — E
agradeço a Phan-tu Zenn por sua ajuda antes.
A rainha estendeu a mão e acariciou a sua bochecha com o carinho que
só uma mãe sabe. Eles tinham pouco em comum, mas a adoração estava lá.
Aquilo fez algo mexer dentro de Xiri, como os pontos de uma velha ferida
se desfazendo.
— Assistência? — a rainha repetiu. — É isso que você chama de salvar
a sua vida, princesa? Você nem perguntou sobre o General Lao. Ele está
vivo, graças aos mares, embora mal.
Xiri apertou os lábios para evitar que tremessem. O general. Esperava
que os velhos deuses o mantivessem a salvo. Mesmo assim, desviou porque
esta não era a sua rainha e este não era o seu planeta.
— Capitã. Ainda é A capitã A'lbaran.
— Como você deseja, — disse a rainha Adrialla. — Você pode
comparecer a convocação de paz e dar esperança ao seu povo, ou pode ficar
lá para ser coletada como um prêmio de guerra, mas de qualquer forma,
estamos partindo para a Paxion esta noite.
— Essa noite?
— Houve tantas perdas pelas quais ambos temos que responder. Não sei
quanto a você, capitã A'lbaran, mas estou disposta a ouvir. E quanto mais
cedo tirarmos você do mundo, mais cedo poderei oferecer a prova de que
você está são e saudável e o seu pai é um rei louco.
— Se você puder evitar insultar o meu pai, — disse Xiri, — posso
mandar uma mensagem pra ele. Você ou o seu filho podem revisá-lo, mas
posso convencê-lo de minha segurança e talvez de ir à cúpula da paz.
Os olhos profundos da rainha Adrialla avaliaram Xiri por muito tempo.
Levou todo o seu treinamento para não se mexer. — Muito bem. Se você
tomar banho. Entendo que pode ser difícil para você aceitar uma gentileza
minha, mas você não é um prisioneiro aqui. Eu não vou devolver você
parecendo um.
— Parece indulgente, — admitiu Xiri, — desperdiçar água.
A rainha se levantou, claramente sem paciência com a realeza E'roni.
— Se serve de consolo, é misturado com água salgada, mas limpe. Phan-
tu irá esperar por você e levá-la a nave quando estiver decente.
— Eu vou? — ele perguntou, então limpou a garganta e transformou em
uma declaração. — Eu vou.
— Todos nós tivemos que fazer sacrifícios nos últimos anos, — disse a
rainha Adrialla. Quando ela não sorria, parecia muito cansada. Era um
cansaço que Xiri, uma garota com menos da metade da idade da rainha, não
deveria ter sentido tão agudamente. E, no entanto, lá estava.
A rainha de Eiram pegou o braço de apoio oferecido pelo filho e saiu da
suíte, parando na porta.
— Posso ver em seus olhos o preço da guerra. Você nos atinge.
Atacamos com mais força. Sem parar... Esta pode ser a nossa única
oportunidade de nos ouvirmos sem nos desintegrarmos no caos e buscarmos
uma solução. Não vamos perder.
Serrena desmontou o ex-droide de comunicações peça por peça.
Teria sido perdido no hiperespaço se não tivesse se movido rapidamente.
Com toda a atenção nas naves de perfuração subindo para o espaço de
E'ronoh, Serrena escapou sem ser detectada e interceptou o pod da
República com a sua nave de transporte classe Cata-vento, uma nave de
transporte para duas pessoas que resgatou da sucata e armada com grampos
magnéticos retráteis. Soldou e montou com as próprias mãos.
Pousou em Terras Selvagens, em uma vila mineira abandonada que
contornava a capital. Lá Serrena encontrou tudo o que precisava para
cumprir a sua missão. Um lugar tranquilo para se esconder e servir bem ao
seu mestre.
A porta da frente se abriu, deixando entrar o frio e a poeira da noite
ventosa. Abda voltou e o cheiro de escorpião frito encheu a sala. Serrena
não ergueu os olhos.
— Eu trouxe comida. Você está nisso há horas, — disse Abda, sentando-
se no tapete puído.
Ressentia-se de ter Abda vigiando por cima do ombro, apontando cada
detalhe como se Serrena não tivesse pensado nisso primeiro, mas os anciãos
insistiram em trabalhar em duplas, certificando-se de que nunca seriam
vulneráveis às corrupções do mundo exterior. Serrena e Abda eram, é claro,
ambas Kage, nascidas no mundo escuro e brilhante de Quarzite. Banidas
por seus clãs por se recusarem a lutar. Para Serrena, não era da violência
que se afastou. Era a insignificância disso. Através da Trilha da Mão
Aberta, aprendeu que cada parte dela vivia em harmonia, e seus
infortúnios? Eles foram culpa daqueles que usaram a Força, como os Jedi.
Depois de anos em Dalna, ela foi chamada para um propósito maior, que ela
cumpriria com o seu último suspiro, porque era um dos Filhos da Mãe, e
Abda não.
Ela rosnou
— Vou comer quando o trabalho terminar.
Abda suspirou, dando uma mordida em sua refeição.
— Se você puxar o fio errado, tudo será apagado e não poderemos saber
por que a República veio para este setor agora. E se você não conseguir
despachá-lo assim que terminarmos, eles podem ficar desconfiados e isso
levará de volta a nós.
— Eu sei o que estou fazendo. — Serrena empurrou o capuz pra trás. A
sua pele pálida estava coberta de queimaduras vermelhas do sol implacável.
Ela mostrou os dentes e fervia. — Você esquece que ela me escolheu para
esta honra.
— E você falhou, — Abda murmurou, revirando os seus olhos cor-de-
rosa. — A princesa Xiri vive. O cessar-fogo ainda se mantém e o seu farol
de interferência foi destruído.
Serrena baixou lentamente as pinças Louar.
— Paciência.
— Você parece um Jedi.
Serrena xingou, mas se concentrou em seu trabalho. Precisava de algo
útil para relatar. Todo o resto era uma distração, até mesmo a sua parceira.
Uma gota de suor lhe escorreu pelo nariz e apanhou-a com a língua. Os
seus dedos estavam firmes com propósito enquanto puxava um fio de prata
que acionaria uma reinicialização do sistema. Então ligou o droide EX, e
um holo de dois velhos Jedi, a julgar por suas vestes, ganhou vida.
— Aquele não é o Chanceler Mollo? — Abda resmungou enquanto eles
ouviam. Ela sempre foi míope.
— É ainda melhor, — disse Serrena. — Precisamos dizer à Mãe que os
Jedi chegaram.

Phan-tu Zenn nunca tinha estado fora do mundo antes. Se a guerra nunca
tivesse começado, teria sido o embaixador de Eiram em E'ronoh e no resto
da galáxia quando assumiu oficialmente seu lugar como herdeiro. Em vez
disso, permaneceu enraizado em sua casa, nas correntes dos oceanos que
conhecia melhor do que as linhas nas suas palmas das mãos.
Enquanto eles entravam no transporte, todos os esforços de Phan-tu
foram para manter a sua refeição anterior no estômago. A delegação de
Eiram consistia na rainha Adrialla, a sua consorte, a capitã Xiri, uma dúzia
de guardas pessoais da rainha e Phan-tu. Amarrou-se em um assento na
parte de trás do transporte, grato pela luz baixa para esconder que estava
suando através de sua seda brilhante. Desabotoou os fechos superiores de
sua túnica, mas pouco ajudou a aliviar o aperto em torno de seus pulmões.
Estava vagamente ciente de que o capitão estava falando, anunciando a
decolagem. Estava muito preocupado com o barulho repentino. Os
transportes deveriam chocalhar? O que aconteceu quando eles chegaram
acima das nuvens? Tinha visto naves se abrirem na atmosfera, naves sólidas
feitas de metal sólido reduzidas a pedaços. O que impediria a nave deles de
fazer o mesmo? E então um pensamento mais sombrio passou por sua
mente, e se o Monarca fosse tão louco quanto eles disseram? Louco o
suficiente para sacrificar a sua filha para destruir a rainha. Todos eles
compactados em pouco mais que painéis de aço voando pelo céu. E se...
— Respire. — Primeiro veio o sussurro dela, depois a mão dela na dele.
Respire, comandou o seu corpo, e depois de várias tentativas, ele fez
exatamente isso. Se pensasse em voar para o espaço como prender a
respiração por tempo suficiente para mergulhar em busca de pérolas no Mar
de Erasmo, isso poderia tornar as coisas mais fáceis.
A princesa tirou a mão da dele, então deu uma risada achando graça e
balançou a cabeça. Um cacho ruivo saiu de sua trança e pousou sobre a sua
bochecha.
— O que? — ele perguntou.
— Você mergulhou no oceano, depois se agarrou ao casco do meu caça
estelar enquanto despenhávamos vários metros abaixo da água, mas isso o
deixa nervoso?
Como poderia explicar que o oceano não iria machucá-lo? Claro que era
absurdo. As pessoas morriam de monções todos os anos. Perdidos em
acidentes de barco ou tubarão krel nas profundezas, ou arrastados pelas
correntezas. Ele foi puxado para o mar, e este o abraçou, devolvendo-o à
costa inteiro e seguro.
— Eu conheço o oceano, — disse ele, mantendo a voz baixa. — Nunca
sobrevoei Eiram.
Ela assentiu, mas franziu as sobrancelhas.
— Já passamos pelo pior.
Fácil pra ela dizer. A capitã A'lbaran esteve na linha de frente da guerra
por meia década. Mais de uma vez, ouviu o general Lao amaldiçoar o nome
dela durante instruções militares.
Phan-tu se recostou na cadeira, sentindo cada mergulho, cada curva,
cada inclinação da transporte. A rainha Adrialla olhou para ele uma vez,
depois para Xiri. Não era exatamente uma preocupação que passava por
suas feições reais, mas às vezes, a sua mãe era um mistério até mesmo para
aqueles mais próximos a ela. Talvez ela se perguntasse se ele era forte o
suficiente para liderar Eiram quando chegasse a hora. Talvez ela duvidasse,
até se arrependesse, de tê-lo escolhido, um garotinho do lodo. Talvez seu
medo de voar estivesse dando lugar a medos ainda maiores, aos quais não
conseguia expressar.
Sabia, mais do que ninguém, com que rapidez as coisas poderiam mudar.
Em um momento eles estavam em guerra com E'ronoh, uma guerra sobre a
qual a sua avó lhe contara histórias. No seguinte, estava explodindo no
corredor entre os planetas para uma cúpula de paz.
Em um momento estava em sua casa fechando as janelas com tábuas
enquanto a tempestade avançava, e no seguinte era puxado para o mar
quando uma monção quebrou as ripas e o agarrou como um punho.
Em um momento estava distribuindo alívio, no próximo havia uma
princesa ruiva segurando uma faca na sua garganta.
Quando eles finalmente atracaram, Phan-tu sabia que tinha que estar
pronto para qualquer coisa. As suas mães precisavam que fosse forte, e esse
pensamento o carregou quando colocou um pé na frente do outro através do
tubo de atracação e a bordo da Paxion.
Uma coorte de Jedi junto com o próprio Chanceler os cumprimentou
antes de serem conduzidos por assessores da República. Todos menos Xiri,
que estavam sendo levados por outro corredor.
— A delegação E'roni estará na ala a bombordo, — o Chanceler
explicou, lendo a confusão no rosto de Phan-tu. Embora não importasse
para ele onde a capitã A'lbaran ficava. Eles haviam feito a sua parte — a
promessa dele de mantê-la segura e trazê-la um passo mais perto de casa.
Xiri voltou-se para a rainha e para a consorte e baixou ligeiramente a
cabeça.
— Obrigada por manter a sua palavra.
— É o meu gesto em direção a uma paz compartilhada, — disse a
rainha. — Vamos esperar que o seu pai seja influenciado por sua coragem.
— Ele será, — disse Xiri, sua voz afiada como aço. Embora Phan-tu
tivesse sofrido um pequeno problema quando ameaçou tirar a própria vida.
Sabia que ela faria isso, viu a determinação em seus olhos. Ela estava
pronta para fazer um sacrifício, apesar de seu medo pessoal.
A República, os Jedi, E'ronoh e Eiram. Todos estavam prontos para
contribuir com esse esforço.
Naquela noite, Phan-tu ficou acordado por horas em uma cama estranha,
longe de casa, imaginando o que daria para ver Eiram seguro.
— Tudo, — ele sussurrou para si mesmo. — Tudo.

NÍVEL 2623, CORUSCANT


Enquanto Eiram e E'ronoh decidiam o destino de seus mundos, Axel
Greylark lutava com um ser roxo chamado Cherro. Ela estava presa há
quatro dias, desde que foi pega comandando um ringue de luta ilegal entre
macacos e lagartos Kowakianos, e ela cheirava a eles. A quadrilha
finalmente foi detida por uma patrulha de segurança de Coruscant
respondendo a uma reclamação de ruído de um senador, cuja presença no
local de jogo foi convenientemente ignorada e que estava em dívida com
Cherro.
O ser veio de uma partícula de um planeta chamado Tunguray, que
segundo ela era mais um vulcão escorrendo do que uma terra habitável. O
último de seu povo havia sido transportado para fora do mundo por uma
equipe Desbravadora da República mapeando as rotas do hiperespaço perto
de Sullust, e recebeu refúgio em Coruscant.
Como a maioria de seu povo, ou o que restava deles, Cherro tinha
grandes olhos amarelos e um rosto vulpino. Duas antenas parecidas com
folhas projetavam-se da depressão entre suas sobrancelhas, que ela
chamava de detectores de mentiras e ele chamava de um monte de bantha
druk, já que ele havia mentido para ela a noite toda sobre o motivo de estar
preso.
Apesar de sua óbvia desvantagem de altura com apenas um metro e
meio de altura, a fêmea Tunguray era forte. O bíceps e o antebraço de Axel
tremeram, e ele reajustou o seu aperto em torno de seus dedos peludos e
atarracados.
— O que você está fazendo quando sai do buraco? — ela perguntou em
Básico com sotaque.
— Eu disse a você, você teria que me pagar o jantar primeiro, Cherro.
— Pastor de Nerf, — ela bufou. — Talvez eu tenha um emprego para
nós.
— Outra hora, querida, — disse ele, perdendo terreno.
Um Toydariano bêbado que foi preso ao amanhecer por urinar em
motoristas que passavam no nível 1392 os interpelou da esquina.
— Por que você tem todos esses músculos, hein? Garoto bonito
Greylark.
Axel grunhiu, ignorando o golpe, mas estava ficando cansado, e
enquanto o suor se acumulava entre as suas omoplatas e o odor pungente da
cela flutuava de volta para ele, ele finalmente desistiu.
Cherro ergueu os punhos no ar e tagarelou em sua língua.
— Alli p'ami, meu amigo, — disse ele, arregaçando as mangas da
camisa ensopada de suor. Ela disse que isso significava 'bom jogo' em
tunguray, mas como o idioma estava quase extinto, poderia muito bem estar
dizendo qualquer coisa. — Três em cinco?
Cherro deu um tapa no ar e se jogou no banco, usando a capa que ela
ganhou dele durante a rodada anterior como travesseiro e a sua camisa de
seda brilhante como cobertor. Ele estava só de camiseta, calça e meias.
— Vou levar isso como um não, — ele murmurou. Esquecendo-se do
hematoma muito sensível na lateral de seu rosto, ele coçou ali, então
estremeceu. O Toydariano riu novamente. Axel sorriu para o ser e disse
— Que tal uma aposta amigável?
— Greylark, — disse uma voz por trás da porta de vidro da cela.
— Ah, Drave, você reconsiderou o meu pedido de uma cela com vista?
— Axel fungou. — E purificadores de ar?
O diretor, um Twi'lek verde brilhante com um lekku faltando, rosnou:
— Você pagou a fiança.
— Paguei? — Axel se levantou. Por um momento, ele se perguntou se a
duquesa que ele havia enfrentado tinha vindo atrás dele. Não seria a
primeira vez que um de seus amantes correria pela galáxia para tirá-lo de
uma situação complicada. Axel sabia que podia evocar sentimentos
profundos nas pessoas, na maioria das vezes favoráveis. Embora, como com
Raik, muitas vezes azedasse.
Em vez da duquesa, viu a última pessoa que esperava vir em seu
socorro.
— Ah, mãe. — Ele enfiou a bainha da camiseta de volta pra dentro da
calça. Mais uma vez, roçou o rosto e estremeceu.
— O que te traz aqui?
Kyong Greylark, mais conhecido como Chanceler Greylark, nunca
pareceu mais deslocada do que parada no corredor cinza mal iluminado da
prisão. Usava um manto roxo escuro que fazia pouco para esconder a sua
identidade, mas adicionava um toque de drama. A grande Chanceler da
República, co-líder do avanço da galáxia, proponente da mudança, reunindo
milhões de espécies em uma galáxia. E aqui estava ela puxando a capa
ligeiramente sobre o nariz.
Ela não disse nada ao filho, apenas acenou com a cabeça em
reconhecimento aos companheiros em sua cela antes de dar meia-volta e
voltar para fora, sem dúvida esperando que a seguisse.
— Ohhh, o garoto bonito está em apuros, — o Toydariano cacarejou.
Axel abriu um sorriso, fez um último gesto grosseiro com os dedos e
abandonou os companheiros de cela. Esfregou a nuca. Pensou em perguntar
à mãe se eles poderiam passar nas saunas do distrito de bem-estar, mas até
ele sabia que tinha ido longe demais se a Chanceler veio buscá-lo
pessoalmente, em vez de enviar um de seus assistentes ou guardas.
— Onde está o meu droide? — ele perguntou, parando na mesa do
diretor.
O Twi'lek estava muito ocupado rastejando aos pés delicadamente
vestidos de sua mãe para ouvi-lo. Ele elogiou as suas políticas favoráveis ao
seu clã em Ryloth, do jeito que ela era um farol de esperança. Axel quase
quis voltar para a sua cela.
Olhou pra cima e pra baixo nos corredores, mas não havia nenhum QN-
1 à vista. Algo dentro dele rapidamente deu lugar ao pânico. Ele estava bem
no momento em que acordou na cela cercado por seres que estavam
tentando roubar os seus bolsos por créditos que o diretor poderia ter
perdido. Desconsiderou qualquer preocupação sabendo que acabaria
pagando a fiança porque sua mãe ficaria muito cansada de "ensinar-lhe uma
lição" e o seu orgulho e senso de decoro venceriam, mas durante tudo isso
ele teve a certeza de que o QN-1 estava são e salvo esperando por ele
quando ele saísse.
Não estava.
— Eu perguntei, onde está o meu droide? — Axel passou os dedos
agitados pelos cabelos. Mal conseguia suportar o cheiro de si mesmo, e nem
aqueles ao seu redor.
— Axel, — disse a Chanceler. Porque naquele momento e naquele tom
de voz ela era a Chanceler, não a mãe dele.
Respirou fundo e enfiou as mãos trêmulas nos bolsos. Claro, sim,
poderia ser razoável.
— Por favor, Drave, eu só quero...
As portas atrás do guardião Twi'lek se abriram com um sibilo e saiu
voando QN-1, seguido por um droide de segurança segurando uma bandeja
com as suas coisas. O alívio que inundou Axel foi singular. Teria que
enfrentar um mundo de palestras e provavelmente uma enorme doação de
seu fundo fiduciário para uma boa causa, sem mencionar aparições
públicas, mas enquanto tivesse QN-1, estaria bem.
— Como eu estava dizendo, esses são todos os itens encontrados com a
pessoa quando ela foi detida.
Axel esfregou a cúpula de seu droide, depois recolocou o cronômetro
vintage e a corrente no lugar, sem deixar de notar a contração da
sobrancelha de sua mãe. O que ela esperava? Que apostaria com algumas
das únicas coisas que restaram de seu pai?
A Chanceler baixou a cabeça no que Axel tinha certeza que deveria ser
humildade.
— Obrigado, diretor. E por sua discrição.
— Todo mundo precisa desabafar aqui e ali, — o Twi'lek disse, sorrindo
para o Chanceler.
— Alguns mais do que outros. — Ela exibiu aquele sorriso vencedor, o
mesmo sorriso que herdou.
Axel supôs que tirou o seu charme de algum lugar.
Era, pra dizer o mínimo, angustiante.
— Vejo você em breve, — Drave murmurou pra ele, e levou tudo no
espírito de Axel para continuar andando.
Ao saírem da delegacia, QN-1 gorjeou ao seu lado, compartilhando o
que parecia ser uma história de terror de um armário cheio de peças de
droides. O triângulo no painel do peito pulsava em um vermelho frenético.
— Sinto muito por eles terem tratado você como um criminoso, — Axel
disse, dando um tapinha reconfortante na cabeça de seu droide. — E você
está certo. Acho que não seremos bem-vindos de volta ao Raik tão cedo.
A Chanceler se virou, e o olhar com o qual ela o cortou era
definitivamente a sua mãe, e não a líder da galáxia. Kyong Greylark bufou e
entrou na speeder limusine. Axel seguiu para o banco de trás com QN-1
pairando em seu ombro. Eles subiram rapidamente os níveis de Coruscant.
Estava no escuro há tanto tempo que nem sabia que dia ou horas eram.
Holos brilharam em arranha-céus: A Experiência da Poderosa Hélice havia
lançado uma nova música. Pacotes de férias imperdíveis para os resorts de
praia criados artificialmente em Baroo. O Chanceler Mollo estava trazendo
paz para a Orla Exterior, curiosamente sem qualquer menção a Kyong
Greylark, mas então Axel viu o rosto da Chanceler Greylark aparecer em
um canal de fofocas, ao lado do seu.
Inclinou-se pra frente, mas o speeder passou rápido demais para ler. No
próximo cruzamento, porém, outra tela exibia o momento de Axel lutando e
sendo atordoado pelos seguranças. Isso era ruim.
Sabia que isso era ruim.
Já havia se metido em encrenca antes, na verdade, passara vários anos
procurando encrenca. Tinha feito o assistente de sua mãe tirá-lo do porão
em Canto Bight, e mais vezes do que poderia contar de boates e corridas
ilegais. Axel deveria saber que, como ela o deixara cozinhando lá por vários
dias, desta vez tinha que ser diferente. Antes disso, o havia deixado em uma
selva em Numidian Prime por dois dias porque havia demorado muito para
avaliar os danos e transmitir um "resgate".
Depois da décima quinta tela piscando, se cansou de olhar para o próprio
rosto, e o seu era o rosto favorito na galáxia.
QN-1 o cutucou e emitiu uma luz azul calmante ao lado dele, zumbindo
suavemente até que parassem.
— Obrigado, amigo, — ele suspirou, saindo do speeder, sentindo de
repente os destroços das últimas noites embaçadas.
A sua mãe não esperou, entrando no reluzente prédio que chamavam de
lar e permanecendo em silêncio enquanto passava pelos arcos dourados do
saguão, subindo pelo elevador de vidro que tinha uma das melhores vistas
da gigantesca cidade. Axel beneficiou toda a sua vida deste mundo. Foi
exatamente isso que o gerou, uma linhagem de políticos e heróis militares,
de exploradores e aventureiros com um objetivo em mente: prosperar e, ao
prosperar, tornar a galáxia melhor. Contanto que eles estivessem no nexo
disso, é claro.
O elevador apitou quando chegaram à suíte da cobertura da família, e a
sua mãe mal esperou que as portas se abrissem antes de seguir em frente. O
apartamento estava vazio, recém-limpo, com o cheiro de café exalando da
cozinha, mas não foi tolo o bastante para fazer outra coisa senão seguir a
mãe até o escritório dela.
A sua mãe passou por sua mesa de vidro e optou por um banco
entalhado na curva da borbulhante cachoeira interna, a sua base forrada
com milhares de seixos e pedras. Ela estava tentando coletar pelo menos um
de cada planeta que compunha a República. Era para invocar uma sensação
de calma. Axel não achou que estava funcionando quando Kyong Greylark
empurrou pra trás o capuz de sua capa e se sentou no banco de madeira
feito à mão por artesãos em Kashyyyk. O seu olhar passou por Axel para o
retrato de seu pai que ocupava a parede oposta. Muitas vezes lhe disseram
que ele se parecia com os seus pais, com o queixo forte de seu pai e os
olhos escuros de sua mãe, embora ele imaginasse que era aí que a
semelhança parava.
Axel imaginou que o seu pai teria odiado um retrato em tamanho real,
sendo inspecionado todos os dias, em uma casa onde nunca morou.
A sua mãe suspirou profundamente.
— Aqui vamos nós, — ele sussurrou, e se jogou na cadeira giratória de
hóspedes.
— Não, — ela disse, fixando o seu olhar duro nele. — Não. Você está
velho demais para ainda se meter nesse tipo de problema.
Axel girou na direção do retrato de seu pai. O homem estava com o seu
uniforme de almirante e, embora fosse o tipo de pessoa que sorria para
todos, que tinha um profundo amor pela exploração, que se esforçava para
deixar todos à sua volta à vontade, ele foi imortalizado em um raro
momento de severidade.
— Você está certa, — disse Axel, endireitando-se para enfrentar a sua
mãe. O seu corpo doía de tanto beber, e as noites ele se forçava a ficar
acordado porque desta vez, todos os anos, os pesadelos voltavam. — Você
está certa e eu sinto muito. Eu realmente sinto.
— Eu sei que é um momento difícil pra nós dois, — ela disse naquele
jeito político apaziguador dela. — Tenho saudade dele também.
Engoliu a raiva que subiu à sua garganta. A sua mãe nunca entenderia o
que havia passado, porque ela não estava lá. Ela tinha a incrível habilidade
de fazer uma boa cara, de nunca deixar suas emoções transparecerem,
porque ela sabia que alguém estava sempre observando e ela se importava
mais em franzir a testa em uma imagem sincera do que mostrar qualquer
emoção. Mais de uma vez ela havia dito
— Você precisa seguir em frente. — Então ele fez exatamente isso,
lidando, compartimentalizando, descobrindo como seguir em frente à sua
própria maneira.
Axel não queria dar a ela a satisfação de estar certo, então mentiu.
— Não é disso que se trata.
A testa de Kyong franziu ligeiramente, mas ela inclinou a cabeça
pensativamente.
— Isso é tudo porque não vou liberar a sua herança?
Axel sorriu.
— Eu tenho que fazer algo nesse meio tempo, não é?
— Você é formado em economia agrícola e política interplanetária pela
Universidade de Reena. Você foi aprendiz no Senado. Você é um Greylark.
Ela pareceu ouvir a sua voz aumentar e respirou fundo. — Existem infinitas
possibilidades para o que você pode fazer enquanto isso, Axel. E ainda
assim escolhe, você escolhe humilhar esta família e a si mesmo.
Axel não pôde deixar de sorrir.
— Nós dois sabemos que não tenho vergonha, mãe.
— Os tolos também não têm vergonha. — Kyong pegou uma ágata,
depois mais, e começou a construir uma pequena torre. — Você não é tolo,
eu sei disso.
— O que você quer, mãe? — Axel perguntou suavemente. —
Normalmente você me tranca numa sala com os seus atendentes e a
secretária de relações públicas, mas algo está diferente.
— Por que você diz isso?
— Porque você ainda está aqui.
— É por isso que você está chateado? — Kyong perguntou,
acrescentando um ônix à sua torre. — Eu não estou lá o suficiente para
você?
— Não sou senador, — disse Axel. — Ou algum tirano atrasado com
quem você está tentando negociar um tratado. Eu sou o seu filho, por favor,
apenas me diga o que você quer que eu faça.
Kyong soltou uma pequena risada, empilhando uma pedra azul, uma
opala, turmalita, pedra da lua negra. Um por um estendendo a torre limpa.
Ela o deixou cozinhar de propósito porque sabia que ele estava interessado.
Bem, ele não lhe daria essa satisfação.
— Vou tomar banho, — disse ele, e começou a se levantar.
— Há uma situação na Orla Exterior, — ela disse, finalmente.
Esperando que ele se sentasse, ela deu a ele toda a sua atenção. Houve um
tempo em que ele teria feito qualquer coisa para que a sua mãe olhasse para
ele daquele jeito, como se ele fosse importante o suficiente para confiar. —
O Escritório da Fronteira me informou que o Chanceler Mollo redirecionou
a sua última missão para ajudar a Ordem Jedi no sistema Eiram e E'ronoh, e
preciso de olhos e ouvidos lá.
Os lábios de Axel se curvaram com desgosto.
— Pensei que você confiasse nos Jedi. Implicitamente. Você não se
lembra disso?
— Eu confio que os Jedi acreditem ser os defensores desta galáxia.
Espero que o Chanceler Mollo acredite em nossa missão compartilhada de
trazer a paz aos confins do espaço. E confio que o meu filho possa agir
como o meu representante enquanto eu permanecer aqui em Coruscant.
— Você quer que eu os espie?
— Quero que você me represente. — Kyong lançou um olhar para a
porta antes de continuar. — Pelas informações que recebi, o Chanceler
Mollo apressou a nossa intervenção neste sistema. Concordamos em deixá-
los resolver por conta própria. Conhecendo-o, ele ouviu que os Jedi estavam
a caminho e viu a oportunidade de tentar novamente negociar a paz.
Axel lambeu o seu canino.
— Mollo ama uma causa perdida.
— É mais do que isso, — enfatizou. — Nós governamos a República
juntos. Eiram e E'ronoh não são a República. Ele acha que, se puder trazer
paz a eles, ele mudará isso e outros o seguirão.
— A paz não faz parte de sua promessa de campanha? Duplique os
Chanceleres, dobre o resultado. — A compreensão o atingiu. — A menos, é
claro, que ele tenha sucesso por conta própria.
— Ele deveria ter me contado primeiro, — ela retrucou. — É assim que
isso deve funcionar. Juntos.
Só acreditou nela parcialmente.
— Isso e as eleições nunca estão longe, — ele murmurou, com o seu
refrão.
— Precisamente. — A Chanceler recuperou a compostura, a disposição
fácil que a tornava uma mão forte para a justiça e uma figura materna
reconfortante. — Eu queria trazer estrategicamente esses mundos para a
República, mostrando a eles exatamente como os tornaríamos prósperos, e
Mollo quer se apressar. Ele odeia a burocracia, mas há uma arte em liderar
dessa maneira.
— Você é indispensável, mãe, — disse ele.
Ela ergueu o ombro timidamente, a mentira crível, mas ainda assim uma
mentira.
— Não há República sem nós dois.
— Independentemente disso, — disse Axel, inclinando-se para a frente.
— Você recebe relatórios regulares. Mollo tem os seus próprios delírios de
grandeza, mas não é uma traidora da República.
A sua mãe balançou a cabeça enfaticamente.
— Eu não duvido disso, mas os relatórios não são suficientes. Preciso de
alguém em quem confie que me conte tudo à medida que for acontecendo.
Mesmo as coisas que eu não quero ouvir. Esta é a primeira vez que ele
quebra as fileiras. Eu simplesmente quero que ele saiba que eu notei. A
minha esperança é que a sua presença o faça reconsiderar alguns de seus
impulsos.
Axel olhou brevemente para o retrato de seu pai.
— Você não tem medo de que eu piore as coisas?
— Isso depende inteiramente de você. — Ela ofereceu a ele um sorriso
raro e triste. — Eu sei que você me culpa por...
Axel ficou imóvel.
— Não precisamos fazer isso, mãe.
— Não, nós temos. — Ela ergueu o queixo orgulhoso. — Eu sei que
você me culpa pela morte de seu pai. Eu sei que você gostaria que fosse eu
em vez dele, porque entre nós dois, ele era um homem bom, o melhor. Ele
tem que ser o seu amigo e eu tenho que ser a sua mãe.
Axel não conseguiu olhar pra ela. A lembrança sempre o dominava, pior
ainda no aniversário de tudo. Tinha sido um garoto idiota, nem mesmo aos
vinte anos padrão. Tinha sido o primeiro aniversário da morte de seu pai, e
eles tiveram um memorial privado com todos os seus amigos e familiares.
Tinha sido de pura dor e raiva, e ela tinha sido toda sorrisos e gentilezas.
Quando começou a ficar bêbado, ela o empurrou para a cozinha, como uma
coisa a ser escondida.
— Se você não consegue se comportar como o filho de seu pai, então
fique aqui, — ela disse.
— Você age como se ele nunca tivesse existido! — ele gritou. —
Quando você é a pessoa que nos enviou para lá. Você é a razão pela qual ele
se foi. Devia ter sido você.
Embora tivesse se desculpado por falar as palavras cruéis, nunca poderia
retirá-las. Mesmo que quisesse dizer isso na época. Ela nunca o perdoaria
por dizer isso, por como todos ouviram. E nunca a perdoaria por sufocá-lo
com o seu dever de ser um Greylark.
Agora ela voltou a empilhar as suas pedras, deixando a tristeza
compartilhada entre eles. Com uma pedra final, roxa de quartzito, a torre
caiu na cachoeira. Kyong Greylark sorriu para ele, aprofundando as linhas
ao redor dos olhos. Ela podia se recompor tão facilmente. Levou tempo,
mas aprendeu isso com ela também. Talvez fosse mais parecido com ela do
que queria admitir, e o pensamento era problemático.
— Você quer que eu vá para a Orla Exterior e seja os seus olhos e
ouvidos, — ele disse. Mãe ou não, era sua vez de negociar. — Levarei
séculos para chegar lá. Preciso que os grampos de segurança sejam
removidos da minha nave. Uma caixa de vinho de amoras douradas, um
presente para as nações, naturalmente. Eu não me oporia a um novo guarda-
roupa.
— Talvez um novo droide? Existem astromecânicos de última geração...
Recusou a ideia e o QN-1 vibrou de onde estava de sentinela do lado de
fora do escritório.
— Não preciso de um droide novo há treze anos.
— Como quiser. — Kyong assentiu. — Incluiremos suprimentos de
socorro para E'ronoh e Eiram como uma demonstração de boa fé do
gabinete da Chanceler Greylark. E quando tudo estiver feito, liberarei a sua
herança. Toda ela.
A sua mãe estava falando sério. Tão sério quanto já tinha testemunhado.
O seu coração deu um baque forte de antecipação, como se ele estivesse de
volta àquela casa de jogo.
— E se o encontro for um fracasso?
Os seus olhos escuros se estreitaram.
— Não estou pedindo que você seja um negociador. Eu estou pedindo
para você relatar de volta.
Se ela mantivesse a sua palavra, e sempre havia uma possibilidade de se,
estaria livre de responder a Chanceler. Limparia o seu longo livro. Talvez
comprasse aquele iate da rainha de Naboo. Preenchesse o caos em seu
coração com tudo que os créditos podem comprar. Ele...
Já estava se adiantando.
Axel deu uma última olhada no retrato de seu pai e se levantou. Mal
conseguia suportar o próprio fedor, mas endireitou os ombros como o bom
soldado Greylark para o qual fora criado. Ele foi para o lado dela, beijou-a
no topo da cabeça e disse
— Você tem um acordo, mãe.
— Vou pedir ao meu assistente para pegar tudo o que você precisa. —
Ela fungou, então deixou as suas feições estoicas enrugarem com desgosto.
— Agora vai se banhar, por favor.
Axel começou a sair do gabinete do Chanceler Greylark, mas demorou-
se na soleira, quase hesitando. Ela precisava ouvir de novo.
— Você está errada, — disse ele, ainda de costas. — Eu não culpo você
pelo que aconteceu com o pai. Eu disse coisas que não podem ser mudadas.
Saiba que estou diferente, mãe. Talvez não o filho que você imaginou que
eu seria, mas o filho que você tem.
Axel nunca tinha visto sua mãe chorar, nenhuma vez em sua vida. Não
na frente dele, pelo menos, mas quando ele virou por cima do ombro, viu os
olhos dela ficarem vidrados com lágrimas não derramadas. Deixou que
ambos mantivessem a sua dignidade e seguiu em frente, baixando a voz
para uma admissão final.
— Eu não culpo você. Não mais.
Ele culpou os Jedi.
— A paz é uma escolha, — disse o Chanceler Mollo.
Todas as manhãs, ele se levantava para a mesma rotina. Beber chá de
flores de haneli, tomar um banho longo e escaldante, seguido de se
ensaboar com óleo de noz moruga. A falta de umidade a bordo da Paxion, e
na maioria dos mundos para os quais viajou, era terrível para a sua pele e
passagens nasais. Ansiava tanto por respirar o ar salgado de Eiram. Isso
teria que esperar.
Enquanto polia as presas frontais e escolhia um traje de seda turquesa
que o lembrava de casa, fazia os seus exercícios vocais.
— A paz é uma escolha, — disse ele, com uma entonação mais severa
do que antes, depois experimentou com ênfase. — A paz é uma escolha... A
paz é uma escolha.
Durante a rotina matinal do Chanceler, AR-K4, um dos droides de
protocolo de primeira linha da República designado para naves
embaixadoras, avançou de onde esperava com a sua tigela de enguias secas.
— Eu digo, Chanceler Mollo. — A sua voz tinha uma qualidade aguda e
agradável. — Você costuma ser uma bela figura.
— Isso é um mas eu ouvi, AR-K4? — Seus tentáculos se contorceram
com nervos não derramados. Arrancou as enguias secas de suas mãos e as
devorou.
— Mas, — AR-K4 continuou, com a sua cabeça oval banhada a cobre
inclinada para o lado, — talvez a sua roupa denote que você escolheu ficar
do lado de Eiram, já que o seu emblema e cores reais são turquesa e ouro.
Mollo soltou um suspiro irritado. Ele, claro, teria argumentado. O traje
combinava tanto com os seus olhos. E, no entanto, nada deve dar errado
durante a cúpula de hoje. Manobrava os políticos perversos em Coruscant
com sorrisos plácidos e presas escondidas; ele poderia atravessar o terreno
tênue desses planetas externos.
— Talvez você esteja certa, — ele disse, cedendo. Ele mal conseguiu
comer ou dormir na noite anterior, verificando constantemente a situação
das naves de perfuração de E'ronoh estacionadas em órbita. As Proa-Longas
Paxion e a Valente eram a única coisa entre eles e Eiram. Não iria, não
poderia, admitir que talvez a Chanceler Greylark estivesse certa ao dizer
que este sistema não estava pronto para ver a luz da República, mas a
Chanceler Greylark não estava aqui. Eles foram eleitos e reeleitos juntos.
Admirava a sua força e sabia que ela sempre colocaria a galáxia em
primeiro lugar, mas ela nasceu e foi criada entre a elite de Coruscant. Ela
nunca conseguiu entender o que significava pra ele, um Quarren que viveu
o tumulto da guerra como os que atormentavam esses mundos, ser o único a
trazer a paz.
Kyong não conhecia a Orla Exterior como ele. Ela não conhecia as
histórias complexas, os mundos vastos, as culturas vivas. Ela só viu a
promessa de tudo isso. Provaria que era capaz de fazer mais pela causa em
comum, porque no final a causa em comum superava todo o resto. Uma
galáxia unida. Nisso, ele tinha certeza de que podia confiar nela. Ele só
esperava que ela sentisse o mesmo.
Então ele se virou para a sua droide de protocolo e perguntou:
— O que você sugere?
AR-K4 largou a bandeja vazia e foi até o armário estofado de sedas,
linhos e capas de brocado, escolhendo um traje preto com uma capa ocre
profunda.
— Sombrio e imponente, mas com uma pitada de cor.
— O que eu faria sem você, AR-K4? — Mollo perguntou, mas não
esperou pela resposta enquanto se voltava para o espelho para limpar as
guelras. — Certifique-se de que os nossos convidados não precisem de nada
e que todos cheguem na hora. E'ronoh ainda é um fator desconhecido, mas
eles são mais espertos do que se envolver com o poder da República.
— Presumivelmente, senhor, — ela disse, mas ele já havia voltado a
praticar a sua fala.

AR-K4 estava tendo um dia muito bom. Então, novamente, todos os dias
cumpria a sua programação, para garantir que tudo a bordo da Paxion fosse
perfeito, era um dia muito bom.
Não via o Chanceler Mollo tão nervoso desde o primeiro dia de seu
novo mandato. Naquela manhã, encontrou vestígios de tinta nos seus
lençóis, o que significava que ele provavelmente teve pesadelos. Não
importa. Os pesadelos passavam e, se alguém conseguia passar por isso, era
o orgulho de Mon Cala.
AR-K4 bateu na porta da suíte de Eiram. Uma mulher humana, de
aproximadamente cinquenta anos padrão, com pele morena clara, olhos
escuros e cabelos pretos lisos respondeu.
— Sim? — ela perguntou impaciente.
— Sóis brilhantes, — disse AR-K4, tentando uma saudação que
aprendera em um dos últimos planetas que visitaram. A programação dela
não era atualizada há algum tempo, nem eles ainda tinham um banco de
dados completo dos costumes de Eiram. — Estou aqui em nome do
Chanceler Mollo. As suas acomodações são...
— A rainha está se preparando, — disse a mulher, apertando o manto.
— Se o Chanceler tem medo de que tenhamos fugido no meio da noite,
deixe-o saber que ainda estamos aqui.
A porta sibilou fechada antes que AR-K4 pudesse reconhecer a sua
declaração.
— Que peculiar.
— Desculpe-me, — disse uma voz baixa e agradável apenas uma porta
depois. — Você pode me dizer onde ficam as cozinhas?
AR-K4 se virou para encontrar um macho humano com algumas sardas,
da delegação Eirami. Ela registrou esse detalhe, pois nunca havia visto a
semelhança.
— A sua refeição deve ser trazida para você, senhor.
— É apenas Phantu. E está tudo bem. Eu gostaria de caminhar,
obrigado.
Que boas maneiras para um garoto bonito, ela pensou.
Depois de apontar a direção certa, ela se apressou, repreendendo a
equipe de atendimento quando descobriu que alguém havia mudado o seu
arranjo de travesseiros na sala de visitas. Eles tinham a realeza a bordo. Eles
não entendiam que tudo tinha que ser perfeito?
AR-K4 alcançou a fileira de suítes atribuídas aos Jedi, mas as encontrou
vazias. Ela rastreou o Jedi na sala de treinamento. Quatro deles, três
humanos e um Cereano. Cada um deles sentado em transe meditativo.
Chanceler Mollo não gostaria que os seus convidados Jedi fossem
interrompidos, então deixou os estimados convidados do Chanceler com os
seus negócios Jedi.
Isso só deixou a princesa Xiri A'lbaran. Quando AR-K4 chegou ao
quarto da capitã E'roni, a porta ainda estava aberta. Que irregular, ela
pensou, e seguiu uma voz suave para dentro da suíte. Sentada em uma mesa
oblongada estava uma fêmea humana ruiva. O seu cabelo estava solto, e ela
estava vestida com o vestido militar escarlate de seu planeta, a costura
perceptível ao longo de um rasgo no braço. Certamente não era apropriado
para a ocasião, embora a sua programação entendesse que uma pessoa do
posto de capitã não iria querer vestir nada além de seus trajes do mundo
para esta cúpula.
— Sei que nem sempre concordamos em nossa abordagem em relação a
Eiram, — disse ela. — Mas eu estou pedindo, por favor, Jerrod. Ajude-me a
convencer o meu pai a vir aqui. Ele não respondeu às minhas
comunicações, mas sei que ele pensa muito de você. Assim como eu. Por
E'ronoh.
Quando a gravação terminou e uma mensagem piscou com a
confirmação, o droide de protocolo se deu a conhecer.
— Posso ser de alguma ajuda?
A jovem piscou e olhou para a porta. Pela primeira vez, AR-K4 notou a
pilha de vestidos espalhados pela cama, botas e sandálias espalhadas.
— Acho que assustei o último atendente.
— Sou AR-K4, enviada galáctica do Chanceler Mollo, — disse ela. —
Não posso me assustar. Como posso ajudá-lo?
— Nunca tive estranhos me ajudando a me vestir, — ela admitiu.
AR-K4 disse
— Fui programada com trezentas maneiras de preparar espécies para
assembleias políticas. Posso?
Hesitação, depois os ombros retos de um soldado.
— Por favor.
O AR-K4 começou a trabalhar, torcendo e trançando as grossas ondas de
cobre em algo mais adequado.
— Se tivesse tempo, eu...
O som pulsante dos sensores de alarme ressoou pela sala.
— O que está acontecendo? — perguntou a capitã A'lbaran, pondo-se de
pé e correndo descalça para o corredor. Isso foi muito impróprio.
AR-K4 correu atrás dela e a encontrou mais adiante no corredor de
estibordo, de frente para uma janela. Juntou-se a ela o jovem de boas
maneiras, Phantu, e alguns dos empregados que faziam recados. No
corredor do espaço, as naves de perfuração que o Chanceler Mollo havia
denunciado estavam se movendo, quebrando a formação em que estavam há
aproximadamente dez horas.
— Canhões a estibordo, posição travada, — veio um anúncio da ponte.
— Aguardando ordens.
— Onde está o Chanceler Mollo? — a capitã A'lbaran perguntou a ela.
— Você não conseguirá atravessar a nave a tempo, — explicou AR-K4.
— Eles aguardarão as ordens do Chanceler.
— Devo alertar as minhas mães — disse o homem de Eirami, mas
quando olhou para a capitã A'lbaran, para o modo como ela prendeu a
respiração e manteve os punhos cerrados ao lado do corpo, ele pareceu
hesitar entre ficar e partir.
Ele ficou.
AR-K4 deveria estar voltando para o lado do Chanceler Mollo, mas a
sua programação guerreou com a sua última diretiva para garantir que os
seus convidados estivessem bem, e eles visivelmente não estavam.
Calculou os resultados de cada cenário à frente.
— A probabilidade de sobrevivência é de catorze ponto sete, seis, oito,
um...
Então, quando as naves de perfuração se separaram, um transporte
quadrado laranja disparou pelo espaço entre e em direção ao hangar de
estibordo, deixando as naves de perfuração pra trás.
— Cessar fogo! — gritou o Chanceler Mollo pelos alto-falantes da nave.
— Desativando canhões, — o capitão da nave repetiu a ordem.
A princesa E'roni respirou lentamente, então fechou os olhos com alívio.
— Esse é o transporte do meu pai. Eu... eu sabia que ele viria.
— Acho que perdi vários anos da minha vida, — disse Phantu,
provocando uma risada estrangulada da princesa.
O sensor de alarme e as luzes piscando pararam quando a ameaça foi
removida.
AR-K4 disse
— A probabilidade cumulativa de morte é de um ponto...
— Mesmo agora? — Phantu perguntou com um tom de surpresa.
— Levando em conta o comportamento das espécies e adicionando a
taxa de mortalidade do setor, incluindo acidentes, sim, — explicou AR-K4,
enquanto seus sensores internos eram recalibrados no dia seguinte. —
Agora devemos nos apressar. Isso nos deixou minutos atrasados.
— Obrigado, AR-K4 — disse a capitã A'lbaran, sorrindo pela primeira
vez naquela manhã antes de voltar correndo para a suíte. O homem Eirami
fez o mesmo.
— Não me agradeça, — disse ela, voltando aos aposentos do Chanceler
Mollo. — Agradeça ao Criador.

A Paxion zumbia com a notícia da chegada repentina do Monarca enquanto


os quartos eram preparados para a sua considerável comitiva.
Gella Nattai se juntou aos outros Jedi, agora todos vestidos com túnicas
formais brancas e douradas, na ampla e circular sala de estar designada para
a convocação de paz do dia. O teto côncavo foi pontilhado de luzes para
evocar as estrelas e os assentos acolchoados foram forrados com veludo
Ghorman em uma variedade de cores quentes. O Chanceler escolheu o local
em vez do que chamou de "uma sala de reunião chata."
Enya baixou a voz e perguntou
— Todas as cúpulas ocorrem em salões?
Mestre Roy colocou uma mão gentil sobre o seu ombro, e ela parou de
mexer em seu tabardo.
— Isso deixa pouco espaço para se perguntar quem está na cabeceira da
mesa quando não há mesa.
— Você está certo, meu querido Jedi, — o Chanceler Mollo disse ao
entrar. Até ele estava vestido de forma sombria para a ocasião, embora os
seus olhos turquesa brilhassem quando ele abaixou a cabeça em respeito ao
Jedi. — Uma honra trabalhar ao seu lado.
Os mestres não tiveram a oportunidade de retribuir o elogio antes que a
delegação de Eiram se aproximasse da soleira.
Vestidos com turquesa brilhante, verde profundo e sedas douradas, eles
evocavam as cores de seu mundo natal. A rainha Adriana parou na porta
para ser admirada e recebida. Ela manteve a cabeça erguida, suas elegantes
tranças pontilhadas com dezenas de anéis de ouro, um fino diadema enfiado
atrás das orelhas. À sua esquerda estava a sua consorte, coberta por um véu
transparente preso por uma faixa de platina.
— A minha mulher, Odélia, — disse a rainha com uma voz que exalava
confiança e paciência. — O nosso filho e herdeiro, Phantu Zenn.
Gella não conseguia ver a semelhança, mas sabia muito bem que havia
outros tipos de famílias que não eram biológicas. Usava o seu traje de
brocado dourado e azul como alguém que odiava roupas formais. Ele
ofereceu ao Chanceler um aperto de mão e se curvou para o Jedi, embora
seus olhos de vidro marinho continuassem vagando para a porta. Mesmo
sem entrar na Força, Gella podia sentir o quão nervoso ele estava.
— Armas, — disse um assessor da República, erguendo uma larga
bandeja de prata para Phantu.
— Uh, eu não posso, — o príncipe de Eiram respondeu. A sua mão foi
para uma adaga no coldre ao seu lado, seu cabo pontilhado de rubis. — Não
são minhas. Quero dizer, estou devolvendo para alguém.
— Talvez agora não seja o lugar, querido, — a consorte sussurrou para o
seu filho.
— Acho que vai ficar tudo bem, — disse o Chanceler Mollo, acenando
para que a atendente voltasse. Os guardas, no entanto, apoiaram as suas
lanças elétricas contra a parede, seu desconforto por serem separados de
suas armas era evidente. Os seis guardas reais esperavam atrás de sua
rainha.
Rainha Adrialla parou na frente do Mestre Roy. Ela esticou a cabeça pra
trás e, embora fosse diminuída pela altura do Cereano, parecia bastante
confortável com ele.
— Sentimo-nos honrados por sua confiança e disposição em ouvir, —
disse Mestre Roy.
Os seus lábios se curvaram.
— Como meu alívio médico agora é condicional, suponho que você
poderia dizer que me senti encorajada a estar aqui.
— Venha, meu amor, — a rainha consorte disse, enlaçando os seus
dedos nos de sua esposa. — Vamos ouvir o que o sábio velho Jedi tem a
dizer sobre um assunto tão distante de sua casa.
Mestre Roy piscou, assustado, então puxou a sua curta barba preta. Enya
conteve o riso, e até Mestre Sun estava fazendo todo o possível para conter
o leve tremor de seus lábios. Gella concentrou-se na entrada aberta.
Mestre Sun havia dito que haviam estratégias diferentes para quem
entrava primeiro em uma sala. Os Jedi e a República eram isentos como
anfitriões. A entrada da rainha Adrialla foi uma demonstração de
compostura, como se ela estivesse se dignando a agraciá-los com a sua
presença enquanto apontava suavemente como a sua mão foi forçada.
Também lhe deu a vantagem de escolher o seu assento primeiro. No salão
circular, embora não houvesse um assento principal de poder, ela escolheu
os assentos acolchoados no centro da sala. Embora todos sempre tivessem
uma visão dos outros, esse era o ponto focal quando um novo convidado
entrava. Sim, os anfitriões flanquearam as portas em saudação, mas a
primeira coisa que a delegação de E'roni viu foi a rainha com a sua comitiva
às costas.
Houve uma ondulação na Força, como o tremor secundário de um
terremoto quando Gella sentiu a delegação final próxima. Botas com tachas
de metal marcavam um ritmo destacado que anunciava a sua presença
momentos antes de virarem a esquina.
O Monarca de E'ronoh fez uma pausa antes de chegar aos anfitriões.
Primeiro ele olhou para a rainha Adriana. A sua boca fina se curvou no que
poderia ter sido um sorriso. Com papadas pronunciadas e uma cabeça cheia
de cabelos brancos, ele estava, Gella estimou, em seus setenta e tantos anos.
De seus holos, ela não esperava um homem tão magro. O seu uniforme
militar com o posto de comandante pendia de seu corpo torto. Mãos
enrugadas pontilhadas de manchas solares seguravam uma bengala feita do
que parecia ser cobre sólido, a bengala incrustada de rubis. Assim como a
adaga que Phantu carregava.
— Monarca A'lbaran, — disse o Chanceler Mollo. — Você nos honra
com a sua presença.
— Tenho certeza, — disse ele, com uma voz ofegante. — Minha filha, a
capitã A'lbaran, mas você sabe disso, é claro.
— Você é muito bem-vindo por seu retorno seguro, — disse a rainha
Adrialla.
Chanceler Mollo dançaram, e Gella deu meio passo em direção ao
E'roni. Ela tinha certeza de que o outro Jedi sentia a raiva e o ressentimento
daquela delegação. Gella tentou separá-los em sua mente, para entender
melhor suas emoções no caso de algo dar errado. O mais alto do grupo se
destacou. A sua postura era impecável, mesmo enquanto examinava os
arredores com um olho cinza-nuvem. O outro olho estava coberto por um
tapa-olho preto. Cicatrizes brancas levantadas espreitavam das bordas e
falavam de um ato muito doloroso que lhe custou o órgão. Gella tinha visto
próteses substitutas para a perda de tais partes do corpo, mas ela se
perguntou se neste setor da galáxia isso seria menos comum.
— Capitão Segaru, — o Monarca continuou.
Gella notou que Xiri ergueu os olhos para o homem com um leve
sorriso, como se nunca tivesse ouvido seu título antes. Ele devolveu o olhar
com uma piscadela tão rápida que Gella teria perdido se não estivesse
olhando para ele.
— E vice-rei Ferrol, — um terceiro homem ruivo se apresentou,
cutucando o capitão Segaru.
Lá, Gella percebeu. Era daí que a raiva irradiava. Ela teve que aquietar
brevemente sua mente para a emoção dele, porque ele a deixou sentindo
como se ela tivesse mergulhado em um derramamento de óleo.
Depois que o Jedi e o Chanceler terminaram as suas apresentações, o
atendente da República deu um passo à frente novamente.
— Armas, — disse ele.
O capitão Segaru se moveu para colocar o seu blaster ali, mas o vice-rei
Ferrol parou a sua mão.
— Os Jedi não parecem ter desistido de suas espadas mágicas.
— Não é mágica, — Enya disse, mantendo os braços nas costas.
Mestre Sun e Mestre Roy se olharam como se estivessem em uma
conversa silenciosa. Gella se perguntou se algum dia ela conheceria um de
seus companheiros Jedi tão bem, os entenderia tão intrinsecamente, que eles
poderiam tomar uma decisão urgente com um olhar e a sua conexão através
da Força.
O vice-rei fez uma careta ao encarar o Chanceler.
— Favoritismo já?
Chanceler Mollo não caiu na armadilha verbal do vice-rei, embora tenha
passado os dedos por seus tentáculos.
— Eu lhe asseguro, A delegação de Eiram já cumpriu.
— Não estou falando de Eiram, falo dos Jedi. — O vice-rei dividiu a
última palavra em duas longas sílabas.
— Pelo que entendi, — disse a capitã A'lbaran, — eles são mais do que
armas.
— Você está certa, capitã, — explicou Mestre Roy, com a sua voz suave
aliviando a tensão na sala. — Para os Jedi, os sabres de luz são extensões de
nós mesmos e a da nossa conexão com a Força.
— E ainda assim uma espada, — o vice-rei rebateu. Ele sabia
exatamente o que estava fazendo e sorriu o tempo todo.
— Nós nos sentiríamos mais seguros se os Jedi mantivessem as suas
bugigangas, — a Rainha Adrialla disse friamente.
Gella franziu a testa ao ouvir a palavra bugiganga. Mestres Sun e Roy
eram frequentemente enviados pela Ordem para negociar em mundos
distantes, mas não era isso que esperava. Isso estava deixando todas as
partes afundarem os dentes verbais até que tirassem sangue. Se
permanecesse com a equipe, aprenderia a navegar nessas águas?
— Não vim até aqui para falar de sabres de luz. — O Monarca se apoiou
pesadamente em sua bengala e se arrastou para o lado esquerdo do círculo.
O capitão Segaru deixou cair o seu blaster na bandeja. O atendente
começou a se mover para o próximo guarda, mas Segaru enfiou a mão em
seu colete e retirou duas adagas finas, depois uma pistola de carga única de
sua bota e um terceiro blaster em torno de sua coxa maciça.
Com um audível engolir em seco, o atendente acenou com a cabeça para
a adaga do homem, elegante com um cabo preto e amarrada
confortavelmente em seu quadril. Gella entendeu onde Phantu Zenn havia
adquirido o que ele carregava.
— Nossas lâminas de destruição, — disse o Capitão Segaru, abrindo um
sorriso para o Mestre Sun, que era o Jedi mais próximo dele, — são
extensões de nós mesmos.
Gella sentiu uma onda de descontentamento através da Força. Era raro
sentir a reação do Mestre Sun assim.
Os outros membros da delegação de E'ronoh o seguiram até que o
atendente cambaleou sob o peso das armas.
Gella enganchou os polegares no coldre, optando por permanecer de
sentinela perto da porta enquanto o Chanceler Mollo caminhava para o
centro da sala. Ele andava com uma versão muda da arrogância que tinha
visto em seu primeiro encontro, mas mesmo assim chamava a atenção.
— Paz, — disse ele, arrastando a palavra, — é uma escolha.
Alguém limpou a garganta. Um dos travesseiros de veludo escorregou.
Os líderes dos mundos em guerra esperavam. A declaração não pareceu ter
o efeito que o Quarren queria, porque os seus tentáculos retomaram a
agitação excitada.
— Bem colocado, Chanceler — disse Mestre Char-Ryl-Roy, levantando-
se para se juntar ao Chanceler. — Este é o primeiro passo para um futuro
muito mais brilhante. E'ronoh, um mundo rico em minerais e metais. Eiram,
um mistério magnífico com profundidades ainda por descobrir.
Os líderes de cada planeta assentiram, aceitando o elogio.
— Como representantes da Ordem Jedi e da República, acreditamos que
juntos podemos chegar a uma solução duradoura e pacífica para as
próximas gerações.
— Obrigado, Mestre Roy, por essas palavras apaziguadoras, — disse a
rainha Adrialla.
— Pela primeira vez estamos de acordo, Adrialla, — o Monarca disse,
batendo o calcanhar de sua bengala no chão. — Vocês vêm de seus mundos
distantes e acham que podem nos dizer como viver. Quem fez de vocês os
guardiões da galáxia?
Mestre Roy não hesitou com as perguntas. Ele falava com uma graça
calma, com os seus longos dedos se movendo na cadência de sua voz. Isso
lembrou Gella dos movimentos meditativos precisos dos Guardiões dos
Whills.
— A Ordem Jedi vai onde as pessoas mais precisam de nós. Quando
Eiram nos chamou, nós estávamos lá. Se E'ronoh tivesse nos chamado,
teríamos feito o mesmo. Após o lamentável acidente no corredor espacial,
sentimos o dever de permanecer. Estamos aqui agora, não para lhes dizer
como viver, mas para dar uma oportunidade a esses seres no solo, aos seres
de seus planetas. Não apenas para sobreviver. — O Cereano fez uma pausa.
Enfrentou cada ser presente. Deixou o silêncio pairar com significado
enquanto seu olhar queimava com intenção. — Uma oportunidade para
planejar um futuro real. Aqui e agora, vocês escolhem a vida e a
prosperidade em vez da aniquilação. Eu realmente acredito que é por isso
que vocês estão nesta sala hoje.
— Vim porque a minha filha me chamou — disse o Monarca A'lbaran
com rispidez. A mão que apertava a sua bengala de cobre tremeu. — E
porque temos provas de que o acidente de Bly não foi um acidente.
A rainha Adrialla se inclinou pra frente, esticando os seus dedos
elegantes. — Tenha muito cuidado com as suas acusações, Monarca.
— Não fazemos acusações, Majestade, — disse o capitão Segaru,
erguendo as palmas das mãos para mostrar que estava pegando um cartão
de dados, não uma arma escondida, e o entregou ao Mestre Roy.
Gella sentiu a discórdia estalar na sala quando o Jedi inseriu o cartão de
dados em uma porta na parede. O holograma ganhou vida, ampliado quando
as luzes do teto diminuíram. Uma simulação da trajetória do trágico
devilfighter. Bly Tevin navegando em um arco de mão única em Eiram.
— Isso foi uma falha, — disse Xiri, com os seus olhos âmbar olhando
para Gella em busca de apoio. — Nós estávamos lá.
— Ela está certa. — O estômago de Gella apertou com a memória. Um
garoto que não podia salvar, embora tivesse tentado.
— Recuperamos partes da nave de Bly, — explicou o capitão Segaru.
Um músculo em sua mandíbula ondulava com a tensão. — E era
programado com uma simulação que anulava qualquer comando até
sobrecarregar o sistema. Uma reinicialização manual acionou a...
— Explosão, — Gella disse depois de um momento de silêncio.
— Não temos esse tipo de tecnologia, — disse Phantu.
O vice-rei bufou.
— Claro que tem! Falemos claramente. Vocês tem construído armas
contra E'ronoh por meia década.
Phantu Zenn se levantou:
— Isso é mentira!
— As únicas armas que tivemos de suportar são aquelas
monstruosidades que vocês tem em órbita, — disse Odelia, a rainha
consorte.
O Monarca vociferou, como um peixe lutando para respirar fora d'água.
— Você não pode ter raciocinado, Adrialla. Você tirou uma criança de
mim e agora...
— Niko se afogou, — Xiri sussurrou, com a sua voz baixa, mas de
alguma forma poderosa o suficiente para parar tudo. — Foi trágico e
terrível, mas vimos as imagens. O meu irmão se afogou em uma missão
diplomática em Eiram, e nada do que fizemos nos últimos cinco anos vai
trazê-lo de volta.
Gella se concentrou na Força ao seu redor, em torno da mágoa do
Monarca, e não encontrou raiva, como esperava, mas desolação total. A
ausência de luz e escuridão. Uma coisa cinza e estéril que a fez estremecer.
Como esse homem continuou lutando por tanto tempo?
Quando o Monarca colocou a mão sobre os olhos, ele pareceu se
encolher. Xiri fez menção de confortá-lo, mas o velho a desvencilhou.
— A princesa Xiri claramente ainda está em choque com as suas
provações. — O vice-rei Ferrol se levantou. Ele limpou uma partícula de
poeira de suas medalhas, então se dirigiu à sala. — Os crimes de Eiram são
mais profundos do que isso.
Rainha Adrialla estreitou os seus olhos escuros no vice-rei falando pelo
Monarca.
— Por favor, nos esclareça.
— Eiram tomou a nossa colônia, que reivindicamos por mais de um
século,e a entregou para a Corporação Czerka. Não falemos mais sobre a
tragédia de nosso príncipe, mas sabemos como terminaram as suas
negociações.
— Você arrendava um terreno e parou de pagar as tarifas, — disse a
rainha Adrialla, com a sua voz calma aumentando. — Não nos esqueçamos
de quem lançou os primeiros torpedos sobre civis.
O vice-rei continuou, imperturbável.
— E'ronoh defendeu a sua colônia e expulsou a corporação poluindo
os seus oceanos. E'ronoh se defendeu contra o ataque da rainha em nossas
cidades indefesas. E'ronoh foi forçado a se adaptar, a lutar contra um mundo
que antes chamávamos de aliado, e até que esses crimes sejam respondidos,
nunca teremos paz.
O Monarca se levantou e se apoiou pesadamente no vice-rei enquanto
eles saíam. Cada um da delegação de E'ronoh seguiu, exceto Xiri. Ela
permaneceu sentada, olhando para o holo pixelizado de Bly Tevin tocando
em uma repetição.
Gella cruzou o chão e desligou; a sala se esvaziou de todos, exceto os
Jedi e o Chanceler Mollo. A primeira coisa que Mestre Sun disse a ela sobre
Eiram e E'ronoh foi que havia algumas feridas muito profundas. Ela tinha
que acreditar que eles ainda podiam fazer o bem, que permanecer neste
sistema era o caminho certo, mas e se a ferida tivesse infeccionado por
muito tempo? E se eles chegassem tarde demais?
A Cavaleira Jedi pediu licença e foi em busca de respostas.
Abda acordou com o bipe suave de um holoprojetor. Seu
holoprojetor. Desde que eles estavam estacionados em E'ronoh para
inspecionar a crise, todas as comunicações passaram por Serrena, mas Abda
não estava com ciúmes. Sabia que a Força fornecia. A sua hora chegaria
para provar a si mesma, para mostrar a todos na Trilha da Mão Aberta que
ela era grata por sua segunda chance na vida. Isso era tudo que qualquer um
queria, não era? Uma chance.
Saiu de debaixo das cobertas. Assim que o sol se pôs atrás dos
desfiladeiros laranja e vermelho, as noites de E'ronoh eram implacáveis em
seu frio. Abda estava acostumado a climas mais frios. O seu mundo natal de
Quarzite era naturalmente legal, com a sua barriga cheia de cristais
brilhantes e túneis retorcidos. Essa era outra vida. Outra versão de si
mesma, fraca demais para ser a guerreira violenta e implacável que a sua
família esperava que fosse.
Abda encontrou pessoas que aceitaram as partes quebradas de si mesma.
Eles a acolheram. Desde o minuto em que saiu de casa, não. Não estava
mais em casa. Teve que lançar as vendas em sua mente. Desde o minuto em
que deixou Quarzite, se tornou uma pessoa diferente, com um novo nome e
um novo propósito. Tinha visto o quão grande era a galáxia. Quão cruel era
também.
Os seus pés eram um sussurro contra a pedra enquanto estremecia para
fora de seu abrigo abandonado e para a noite. Atendeu a chamada e o holo
pixelado apareceu.
Os lábios de Abda tremeram de alegria absoluta e completa. Abaixou a
cabeça.
— Mãe, é você!
Os seus lábios eram tudo o que era visível sob a sua longa capa com
capuz, mas Abda a reconheceu de qualquer maneira. Só queria estar em
Dalna para apreciar a beleza da Mãe e ouvir enquanto ela sussurrava as
verdades do universo. Agora, ela estava sorrindo para Abda.
— Olá, Abda.
— Você quer que eu acorde Serrena? — Abda olhou pra trás, mas a Mãe
estalou a língua contra os dentes retos.
— Não vamos acordá-la ainda. Ela tem as suas instruções.
— Sinto muito por termos falhado com você. Eu...
— Jamais, — ela disse, sua imagem chocalhando. Os sistemas de
retransmissão privados em seu setor eram instáveis, e Abda os amaldiçoou
por interromper até mesmo uma respiração de sua audiência com a Mãe. —
Você não falhou comigo.
Abda assentiu com a cabeça, com as bochechas doendo de tanto sorrir.
Não sabia que podia doer sorrir.
— Eu nunca.
— Eu sei que você não faria isso. É por isso que acho que é hora de você
sair por conta própria.
— Claro, faço qualquer coisa para a Trilha da Mão Aberta.
— Ah, não, Abda. Isso é algo pra mim. — A Mãe sorriu enquanto
descansava a palma da mão sobre o coração. — Quero que você ocupe o
seu lugar de direito como um dos meus Filhos.
O estômago de Abda se contraiu de nervoso. Esperou e esperou para ser
notada. Para ser um dos Filhos da mãe. Não estava pronta, estava? Serrena
sempre a lembrava de que não estava pronta, mas a única voz que
importava, a única voz da verdade era a da Mãe.
— Eu faria qualquer coisa. — A sua voz tremeu com a necessidade. —
Qualquer coisa.
— Ótimo, Abda. — A Mãe olhou por cima do ombro. — Você deve
fazer exatamente o que eu disser. Posso confiar em você?
— Sim, — a jovem Kage gritou. — Com cada parte do meu ser.

A BORDO DA PAXION

A iluminação da Paxion diminuiu, simulando a rotação de um dia normal.


O supervisor técnico disse a Gella Nattai que era para economizar energia
quando estavam longe dos postos de reabastecimento e para manter os seres
orgânicos a bordo dentro do cronograma.
Na sala de treinamento, Gella Nattai não notou a mudança de luzes, o
rodízio de técnicos, a troca da guarda do Chanceler, a gritaria que começou
nas suítes E'ronoh e reverberou pelos poços de ar e no refeitório. O primeiro
dia da cúpula havia sido um desastre.
Gella estava tentando o Passeio aéreo mais uma vez. Afundou nas garras
da Força, visualizou o seu corpo esticado dentro de uma esfera e caminhou
com a mente clara. A cada passo, tentava, mas não conseguia, evitar que as
imagens se contorcessem em primeiro plano. A raiva do vice-rei, como
larvas gordurosas apodrecendo em solo podre. A luz branca e vermelha da
nave de Bly Tevin explodindo. A floresta escura de Orvax e os gritos de sua
tripulação. Uma sensação distante tentando romper, correndo em sua
direção, mas obscurecida.
Respirou fundo e caiu de costas. Menos gracioso do que quando Enya a
interrompeu, mas pelo menos ninguém estava por perto para testemunhar.
Isto é, até que ele pigarreou e fez a sua presença conhecida. Mestre Sun
se sentou ao lado dela.
— Você está ficando muito boa nisso.
— Ao cair? — ela perguntou.
Ele não considerou a sua autodepreciação. Em vez disso, ele disse
— Você está aqui desde o final do convocação de paz?
Gella esticou o braço sobre o tronco e pressionou o cotovelo para soltar
o músculo. Piscou com a luz baixa. Tinha perdido o jantar, e agora que
estava fora de seu transe, o seu corpo sentia isso. Sentada na frente dele, ela
disse
— Eu estava procurando por respostas.
— A situação é muito pior do que prevíamos, — admitiu Mestre Sun. —
Mas os dois jovens herdeiros me dão esperança.
— Estou tendo dificuldade em ver o caminho a seguir, mestre.
Ele acenou com a cabeça em compreensão.
— Você não deve fazer isso sozinha, nem é a sua única
responsabilidade.
— Isso é fácil para você dizer.
Sua testa franziu.
— O que você quer dizer?
Ela suspirou suavemente.
— Eu observei você e Mestre Roy naquele salão. Você não deixou nada
afetá-lo, por mais que o vice-rei tentasse provocá-lo. Houve um momento
em que me perguntei se era melhor deixá-los lutar. Deve haver outros
mundos na galáxia que nos querem lá.
— Eu me senti assim em minha primeira missão para intermediar um
tratado entre clãs em Ryloth, — ele disse, com a sua voz rouca de exaustão.
— Mas isso é história para outra noite. Por favor continue.
Gella piscou, meio que esperando que ele a corrigisse. Para dar-lhe um
discurso empolgante sobre o seu dever como pacificadores, mas quando ela
encontrou os seus olhos castanhos escuros, ela encontrou paciência em vez
disso. Será que ela teria esse tipo de paciência?
— Então pensei na capitã A'lbaran. Como ela implorou que o seu pai
viesse. De Phan-tu Zenn e de como ele estava tão aberto quando entrou na
sala. Talvez você esteja certo e haja algo aí. Eu estava esperando que a
Força me ajudasse a ver, mas... — Não podia dizer a ele. Ele estava aberto e
ouvindo, mas não podia dizer a este Mestre Jedi que o seu foco estava
confuso. — Há muito fluxo.
Mestre Sun considerou as suas palavras por um instante.
— Admiro você, Gella.
Não achava que o tinha ouvido corretamente.
— Você pode repetir isso?
— Quando eu era um Padawan e depois um Cavaleiro Jedi, fiz tudo o
que pude para ser o Jedi perfeito. — Ele aliviou nas costas de suas mãos.
Gella quase nunca o vira desleixado. — Então comecei a deixar os templos.
Eu pensei em meu mundo como a Ordem Jedi e no resto da galáxia como
entidades separadas, o que obviamente é uma falácia, assim como a ideia de
um Jedi perfeito. Eu aprendi rapidamente o quão conectado eu estava com a
galáxia através da Ordem.
Gella riu baixinho.
— Então você me admira por ser imperfeita?
— Você é tão imperfeita quanto eu ou Mestre Roy. Não diga a ele que eu
disse isso. Ele piscou. Na verdade, piscou. — Receio ter tirado conclusões
precipitadas quando encontramos o farol de interferência na lua. Eu não
deveria ter tentado impedir você.
— O que você quer dizer?
Ele olhou para as portas.
— O que está errado? — ela perguntou.
— Mestre Roy e Enya descobriram algo. — Ele se inclinou para frente,
lançando a sua voz baixa. — Mas ainda não temos certeza do que.
— Onde eles estão?
— A bordo da Valente. — Ele esperou enquanto um pequeno droide
varredor entrava, registrava os seres na sala e recuava para continuar
limpando os corredores. Quando eles estavam sozinhos, e o silêncio parecia
ampliado, Mestre Sun continuou. — Enya recuperou pedaços do farol de
interferência que você destruiu.
— Ela recuperou?
Mestre Sun conteve seu sorriso.
— Era um projeto rudimentar feito para interferência temporária, e as
suas partes vinham de todos os lados, dificultando a identificação de um
ponto de origem.
— Então o que você achou? — ela perguntou, com uma pontada de
nervos passando por seu núcleo.
— Parte da fiação estava coberta de pó laranja. Argila de...
— E'ronoh.
Eles se sentaram com a realização. A mente de Gella lançou uma dúzia
de cenários e respostas para a sua própria pergunta. Talvez alguém de
E'ronoh tenha colocado o farol de interferência lá para manter a discórdia
entre os planetas. Esteve lá e testemunhou em primeira mão a rapidez com
que as coisas se transformaram em caos. Sem mencionar que, pelo que
viram dos representantes do planeta deserto, eles poderiam ter feito isso a
qualquer momento. Então, novamente, talvez o farol tenha vindo de Eiram
emoldurando E'ronoh, embora não houvesse garantia de que o dispositivo
fosse descoberto.
— Alguém está fazendo de tudo para garantir que esses mundos não se
comuniquem, — refletiu Gella. — Mas não levou em conta a nossa
intervenção.
Mestre Sun não parecia tão fortalecido quanto ela se sentia.
— Ai que fica o problema. Pela própria natureza de nossa descoberta, se
entrarmos no segundo dia da cúpula com a sugestão de que E'ronoh plantou
o dispositivo, perderemos o não partidarismo e arriscaremos todo o
processo de paz.
— O vice-rei Ferrol enfatizou o favoritismo entre nós e Eiram, — disse
Gella. Um arrepio a percorreu ao se lembrar da mancha de óleo de sua raiva
e ódio. — E se ele estiver por trás disso?
— Ninguém foi descartado. — Mestre Sun ergueu as sobrancelhas como
se já tivesse considerado isso. — Nós, no entanto, estamos divididos. Não
queremos parecer que estamos escondendo informações. No entanto, a
situação é muito complicada para trazer qualquer coisa com um sopro de
acusação contra E'ronoh.
A cabeça de Gella estava pesada, a pressão em seus ombros esgotada.
Havia aquela sensação novamente, mas o que estava dizendo a ela?
— E se não for nenhum dos dois?
— Precisamos de mais do que sucata revestida na poeira de E'ronoh
antes de transmitir esta descoberta a convocação de paz. — Mestre Sun
levantou-se e ofereceu-lhe a mão para ajudá-la a se levantar. — Mestre Roy
e eu gostaríamos que a nossa decisão fosse unânime.
Eles estavam esperando por ela, percebeu. Saiu para tentar encontrar um
caminho por conta própria, e isso a levou de volta a equipe para o qual foi
designada. Viu o caminho mais claro dadas as circunstâncias e não se
questionou nenhuma vez.
— Devemos esperar. Reunir mais informações.
Os lábios de Mestre Sun se abriram em um largo sorriso. Não achava
que tinha visto tantos de seus dentes antes. — Então esperamos, por
enquanto.
— Vamos torcer para que a Força esteja conosco amanhã, — ela disse
com um pouco de frustração.
Ele riu suavemente, e quando eles entraram no corredor, sua carranca
severa voltou. Descobriu que quase perdeu aquele franzido. Quase.
— A Força está sempre conosco, Gella. Sempre.

A inquietação se espalhou pela Paxion.Braxen, o guarda sentinela na porta


do Monarca, não conseguia ficar parado. As palavras do vice-rei correram
por seus pensamentos nublados, e a refeição pesada que engoliu antes fez
suas entranhas se contraírem. Não ficava tão cheio há meses. Não conseguia
lembrar o gosto de nada além do fraco rum de limo fabricado durante a
estação da seca.
Braxen lutou desde a juventude, servindo muitos anos no exército de
E'ronoh antes de ir trabalhar nas pedreiras durante um tempo de paz, mas
quando a guerra recomeçou há cinco anos, Braxen se alistou novamente
para pilotar uma nave de perfuração. As máquinas que Braxen costumava
usar para cavar camadas de rocha nos desertos foram adaptadas para a
guerra. E'ronoh não precisava de pedras preciosas e mármore. E'ronoh
precisava vencer uma guerra atacando com mais força e rapidez.
Para alguns seres, a última meia década passou um piscar de olhos no
tempo, mas para ele, foi uma eternidade. Depois que voltou para a Torre de
sua última missão, descobriu que não conseguia mais suportar o silêncio.
Nunca poderia, mas agora estava pior do que antes. Em um momento,
estava abrindo caminho através de seu inimigo. No seguinte, recebeu
ordens de vigiar. Sentia falta do arrasto causado pelas manobras pelo
espaço, o barulho dos disparos contra os seus escudos e o giro penetrante
das naves de perfuração. Era difícil pensar em meio a tanta iluminação fraca
e tantos salões ocos de metal.
Lembrou a si mesmo que o Monarca precisava dele. Que desde que a
sua frota foi chamada de volta tão rapidamente, muitos de seus amigos
estavam no chão esperando, sem futuro, sem leme. Ele queria ficar na
atmosfera, mas os médicos não o liberaram para o serviço ativo. Em vez
disso, foi retirado das fileiras pelo próprio vice-rei Ferrol para mais uma
missão.
E ainda assim sabia que em sua missão final, não seria lembrado como
Segaru, Rev Ferrol, Kinni ou mesmo Blitz. Não tinha voz, mas no fundo,
tudo o que queria fazer era gritar porque até o seu próprio grito era melhor
do que esse silêncio.
Quando o vice-rei Ferrol o puxou para um canto escondido da Paxion
para informar Braxen sobre a situação, não podia acreditar.
— A capitã A'lbaran foi alterada pelas armas secretas da rainha Adrialla,
— confessou o vice-rei. — Essa é a razão pela qual ela espalhou essas
mentiras sobre o Príncipe Niko. E se continuarmos com essa paz, E'ronoh
inteira estará nas garras do inimigo.
Fazia sentido que essa fosse a razão pela qual a Princesa Xiri havia
falado com o Monarca daquela maneira durante a cúpula. E se isso pudesse
acontecer com a herdeira de E'ronoh, que chance teria como um soldado
comum?
— O que você precisa que eu faça? — Braxen perguntou, com a sua voz
distante.
O vice-rei Ferrol bateu com a mão suada no ombro de Braxen. O seu
hálito cheirava a mofo, e a doçura de seu suor deixou Braxen enjoado.
— Eu preciso que você seja corajoso. Preciso que você faça o que
ninguém mais pode para me ajudar a parar Eiram. Você é o único em quem
confio. Temo que os outros estejam comprometidos.
— E quanto ao Capitão Segaru? — Braxen perguntou, calor se
espalhando por seus músculos de uma dor no peito.
O aperto do vice-rei em seu ombro aumentou.
— Mesmo o melhor de nós pode perder de vista aquilo pelo que estamos
lutando. Você, você é um verdadeiro filho de E'ronoh.
E como no dia em que choveu fogo nas ilhas ocidentais de Eiram, ele
não hesitou, porque era um bom soldado.
— O que você precisa que eu faça? — ele repetiu.
Depois que o vice-rei Ferrol sussurrou as ordens, Braxen deixou o seu
posto.
Andou e andou, e não havia ninguém para detê-lo. Ninguém para lhe
dizer que, embora cumprisse ordens, era desonroso.
Ele, este velho guerreiro, chegou ao hangar. Estava à beira de um
precipício, mas era lá que todos viviam. Todos os dias, todos os segundos,
todos os momentos acordados, alguém pairava sobre uma borda e nem
sempre havia alguém para puxá-los para longe daquela escuridão. O vice-
rei Ferrol estava dando a ele uma chance de servir o seu planeta mais uma
vez.
Ficou na câmara de ar. Olhou para as linhas azuis em seus dedos.
Engoliu uma respiração profunda. Quando abriu com um soco, quando o
vácuo frio do espaço o envolveu, ainda tinha um último grito.
— Por E'ronoh!
Phan-tu Zenn ouviu passos do lado de fora de sua porta. Ele tinha acabado
de adormecer, o primeiro sono que conseguiu desde que chegou a nave.
Não demorou.
Vestiu uma calça folgada e saiu de sua suíte. Viu alguém se apressar em
uma esquina, rápido demais para ser reconhecido. Phan-tu o seguiu, abrindo
caminho pelos corredores vazios. Sentiu o ar fresco reciclado em seu peito
nu e percebeu que estava suando.
Aproximando-se da asa de E'ronoh, Phan-tu parou. Captou um
vislumbre de cabelos ruivos ralos e roupas cinzas. Vice-rei Ferrol. O que o
conselheiro de confiança do Monarca estava fazendo na ala de Eiram?
Phan-tu queria segui-lo. E depois? Esgueirar-se não era uma ofensa e todas
as suas armas estavam trancadas. Além disso, se alguém o pegasse ali
sozinho, também pareceria suspeito. Phan-tu esfregou o rosto e exalou. A
sua preocupação estava tirando o melhor dele.
Voltou por onde veio, mas não estava pronto para dormir.
Ao passar por um droide varredor solitário, a sua inquietação o levou
pelos corredores vazios até o aquário. Foi indulgente, mas ansiava por ver a
coleção de criaturas aquáticas do Chanceler Mollo de Mon Cala. Perguntou-
se se havia semelhanças entre aquele mundo e o seu. Se talvez, apesar da
distância, reconhecesse pedaços de Eiram nas feras marinhas.
Estava prestes a entrar quando ouviu vozes sussurrando na porta ainda
aberta. Reconheceu o primeiro como Xiri. O segundo foi o rude e arrogante
Capitão Segaru.
Phan-tu sabia que não devia escutar. Havia perdido o hábito desde a
época em que era um garotinho, novo no palácio, e começou a rastejar ao
longo de cada saliência, corrimão e coluna, até que viu coisas inadequadas
para seus olhos jovens. Agora o calor se espalhou por seu peito e pensou em
Xiri e Segaru. Começou a se afastar, mas a curiosidade o arrastou de volta.
Permaneceu na beira da porta, fora de vista.
— Eu te disse, — disse Xiri. — Eu não conseguia dormir. Não preciso
de escolta para passear por uma das naves mais seguras da galáxia.
— Nada é verdadeiramente seguro, — rebateu o capitão Segaru. —
Sabemos disso melhor do que ninguém. Ou você esqueceu tão facilmente
depois de um único dia de conforto da República?
— Não se esqueça de si mesma, capitã, — disse Xiri rispidamente.
O homem riu baixo.
— Lá está ela.
— Jerrod, por favor. Isso tem tentado o suficiente sem ter que se
preocupar com você me odiando, também.
— Você é a razão de eu estar aqui. — A voz do homem suavizou. —
Não tivemos notícias suas até que você me enviou aquele holo. A princípio,
não acreditamos na mensagem da rainha.
Xiri suspirou forte, derrotada.
— Foi o meu terceiro holo.
— Você conhece as comunicações...
— Não foram as comunicações e você sabe disso. Foi o vice-rei Ferrol.
Phan-tu fez uma careta. Ele nunca teve uma explosão como a da
convocação de paz, mas não podia sentar lá e aceitar o vitríolo do vice-rei,
acusando a sua mãe de coisas tão desprezíveis quando E'ronoh era aquele
cujas naves de perfuração e torpedos haviam dizimado um mundo inteiro.
hospital. Eiram não era inocente ao devolver a violência; ele também sabia
disso.
— Eu também não me importo com o homem, — Segaru admitiu. —
Mas ele é leal ao Monarca de E'ronoh.
A sede do Monarca, não a pessoa nela.
— Independentemente. Você não pode suspeitar de um seu
simplesmente porque alguns crustáceos foram gentis com você.
O coração de Phan-tu subiu à garganta. Queria invadir aquela sala e
arrancar a palavra da boca do capitão. E depois? Xiri se juntou ao seu
capitão? Os guardas da República o levaram embora? Acordaram as suas
mães? Não era essa pessoa. Não queria machucar ninguém. Engasgou com
a raiva, mas ficou parado.
— Pare de chamá-los assim, — implorou Xiri. — Eu preciso da sua
ajuda. Sem você e eu lá, o pai só tem o vice-rei Ferrol. Não sei como ajudá-
lo a ver o passado.
— Você já considerou que, talvez, o Monarca não queira ver o passado?
Ele perdeu tanto. A sua mãe. O seu irmão. Ele quase perdeu você.
Xiri ficou quieto por tanto tempo que Phan-tu imaginou que eles haviam
se esgueirado tão silenciosamente que sentira falta deles. Então ela falou.
— Tenho que acreditar que o homem que conheci ainda está lá. Ele
simplesmente precisa lembrar que estamos lutando pelo futuro de E'ronoh.
Posso contar com você, capitão?
— Você sempre pode contar comigo, — Segaru sussurrou. — Xiri. Há
algo que eu queria falar com você.
— Pode esperar até depois da convocação de paz? — ela perguntou, um
leve tremor de alarme em sua voz.
Ele fez um som descontente, então murchou.
— Claro, capitã.
Phan-tu prendeu a respiração, grato pelas sombras quando eles entraram
no corredor e voltaram para a ala de E'ronoh. A asa de E'ronoh, lembrou a
si mesmo. Xiri era o seu aliado, nada mais.
Quando o caminho estava livre, Phan-tu se sentou sozinho dentro das
extensas paredes do aquário, cercado por centenas de criaturas marinhas
para as quais não tinha nomes reais, mas que pareciam familiares, no
entanto. Sob a luz azul pálida, se sentiu envolto debaixo d'água e finalmente
dormiu.

A rainha Adrialla invejava a habilidade de sua esposa de dormir em


qualquer lugar. Beijou a sua amada Odelia na testa, a consorte mal se
mexendo quando Adrialla saiu da cama.
A suíte a bordo da Paxion tinha sido equipada com o básico que um
enviado visitante poderia precisar: uma cama confortável, uma pequena sala
de estar, uma bandeja cheia de comida e uma jarra de água fresca e limpa,
mas quando conheceu a coorte dos Jedi e do Chanceler, não estava com
fome. Agora, enquanto vestia um roupão de dormir transparente, caminhou
silenciosamente até a sala contígua. Não se incomodou com a luz, e vinha
lutando contra a dor aguda nas suas têmporas desde que eles deixaram
Eiram. Forçou-se a comer e beber porque precisaria de suas forças.
Phan-tu precisava que fosse forte. Odelia precisava que fosse forte.
Eiram precisava que fosse forte.
A rainha partiu um pedaço de pão, com a textura esponjosa derretendo
em sua língua. Era tão doce que as suas papilas gustativas doeram quando
engoliu com um gole de água.
O que estava fazendo?
O que estava fazendo aqui?
A sua mãe nunca teria aceitado a ajuda da República ou de qualquer
outra pessoa que não fosse uma pequena lista de seus aliados mais
confiáveis. Então, novamente, a ex-rainha não viveu para ver cada um
desses aliados abandonar Eiram em seu momento de necessidade. Adrialla
tinha visto o pior do que E'ronoh poderia fazer. Ela mesma tinha feito coisas
inimagináveis.
Não era um futuro que queria para Phan-tu.
Era por isso que estava aqui. Era por isso que tinha que consertar as
coisas. Só esperava que não fosse tarde demais.
Ao pegar o seu copo d'água, notou alguém parado no canto da sala.
Houve um momento, quando o seu corpo ficou rígido de medo e o seu
batimento cardíaco trovejou, quando Adrialla tentou entendê-la. Uma
criada? Um de seus próprios guardas? Não, nunca tinha visto um ser com
uma pele cinza tão pálida e olhos surpreendentes. Então a tentativa da
rainha de raciocinar caiu no escuro, uma assassina. Traída pela República.
Pelos Jedi. Atraída para o corredor entre os mundos para morrer longe de
casa. Deixou cair o copo no tapete e o líquido frio se formou a seus pés.
— Não estou aqui para te machucar. — Os olhos de cristal rosa da
garota pareciam brilhar nas sombras da sala. Os seus lábios puxaram pra
trás em um sorriso de escárnio. A rainha Adrialla sabia muito bem que
havia dezenas de maneiras de ferir alguém sem derramar sangue.
Desarmada, a rainha ergueu as palmas das mãos para mostrá-lo.
— Quem é Você?
Adrialla agradeceu ao mar por sua esposa ter um sono tão pesado.
Pensando em Odelia, a mente da rainha afastou a sua onda de medo. Ela
tinha que manter o estranho focado nela e pedir ajuda.
Mas quando Adrialla olhou para a porta, o intruso foi mais rápido e
bloqueou o seu caminho.
— Estou aqui para conversar, Alteza, — a garota disse.
— Então fale. — A rainha respirava com dificuldade, mas conseguiu
manter-se firme em seus pés. — Existem maneiras melhores de solicitar
uma audiência comigo.
— Oh, mas você não está ouvindo. — Os olhos da garota estavam mais
abertos. — Você foi avisada do que aconteceria se quebrasse o acordo.
Adrialla colocou a palma da mão no estômago. De repente, soube quem
era essa garota e quem a enviou. Tremeu ao dizer
— Eu já disse à Mãe. Isso foi tudo. E'ronoh destruiu a instalação.
O intruso se aproximou.
— Ela sabe que você está mentindo.
Adrialla recuou e bateu na beirada do sofá. Acalmou-se, precisando
desesperadamente do quarto para permanecer quieta. Foi o primeiro erro
dela.
— Não posso.
— Você não quer que ninguém venha ajudá-la, — observou a intrusa. —
Porque você não quer que ninguém saiba o que você fez. O que diria a sua
cúpula de paz? O que o seu filho fará quando descobrir o que você está
escondendo dele?
— Deixe o meu filho fora disso.
— Tentamos ajudar você, — continuou a garota; com o seu sussurro
tinha uma calma zelosa que fez a pele de Adrialla se arrepiar. — Quem
encheu os seus barris com grãos quando Shuraden cortou o seu comércio?
Quem enviou curandeiros para ajudar a cuidar dos feridos após os ataques
de E'ronoh? Quem encheu as suas naves com combustível quando a
República redirecionou as hipervias?
E porque a garota esperou e esperou pela resposta, Adrialla finalmente
disse:
— A Trilha da Mão Aberta.
— Não. — A Kage balançou a cabeça lentamente. — A Mãe.
Em seus momentos mais desesperados, Adrialla fez uma barganha que
ainda a assombrava. A princípio, a líder daqueles que se autodenominavam
a Trilha não queria nada, nem mesmo gratidão. A Mãe ofereceu
generosamente suprimentos médicos, rações, combustível. A rainha nunca
perguntou de onde eles vieram e nunca contou a ninguém, exceto ao general
Lao, sobre os seus negócios. Adrialla disse a si mesma que não era porque
estava fazendo algo errado, mas porque queria proteger a sua esposa e filho.
Ela disse a si mesma que cada ação era justa se significasse a sobrevivência
de Eiram. Em algum momento, a gratidão não foi suficiente. A Mãe queria
o pagamento, e os créditos não serviriam.
— Eu entreguei. O restante da remessa foi destruído. — O coração de
Adrialla trovejou com a admissão porque era mentira, e a garota sabia
disso. De alguma forma, sabia disso.
— É o seu veneno. — A garota mostrou os dentes. — Faça mais.
— E se eu não fizer isso? — perguntou Adriana. — Se eu confessar?
Aqueles olhos de cristal rosa piscaram. Os seus lábios se fixaram em
calma reflexão.
— Você viu o que aconteceu com o caça estelar E'roni e a nave da capitã
A'lbaran. Talvez coloquemos os nossos olhos em um herdeiro diferente.
A rainha Adrialla não conseguia pensar em nada além da ameaça ao
filho enquanto se lançava para longe do sofá e para o intruso, mas a garota
foi rápida e deu um salto pra trás.
O disparo do blaster vermelho iluminou a escuridão. Adrialla engasgou,
então procurou por um ferimento em seu próprio corpo, mas não estava
ferida. O intruso engoliu o seu grito e agarrou o seu ombro. Imediatamente,
eles olharam pra trás, para a soleira que levava ao quarto. Odelia estava lá
com um blaster fino, apontado para a intrusa.
— Não! — Adrialla gritou.
Na confusão, a garota recobrou as forças. Ela correu pela sala e lutou
para sair pela abertura no teto.
O guarda na porta da rainha estava socando a porta, pronto para soar um
alarme. Ela não podia comprometer a cúpula da paz.
— O que você está fazendo?
— Eu explicarei, — ela implorou a sua consorte. — Eu te prometo.
Tomando o blaster dos dedos trêmulos de Odelia, a Rainha Adrialla se
recompôs e abriu a porta. A sua guarda piscou surpresa, seu bastão
estalando e pronto para defender.
— Minha rainha, ouvi um tiro.
Adrialla ergueu a arma e sorriu.
— Eu estava limpando o meu blaster. Eu não conseguia dormir.
E porque era uma boa soldado, o guarda acreditou na palavra de sua
rainha com apenas um rápido olhar ao redor da sala.
— Estarei aqui se precisar de alguma coisa.
Quando a porta se fechou, Adrialla pressionou o seu corpo contra ela. O
metal frio foi um alívio contra o seu vestido de dormir encharcado de suor,
mas a noite não acabou. Odelia passou os dedos pelo queixo da rainha.
— Ah, meu amor, — disse Odelia. — O que é que você fez?
Gella estudou incontáveis relatos de planetas vizinhos, mundos
simbióticos caindo no caos e na guerra. Nunca entendera como seres tão
dependentes uns dos outros para viver e prosperar podiam perder isso de
vista e ceder ao ódio e à destruição, mas agora ela entendia. Esta. É assim
que se perde a paz.
No segundo dia da cúpula de paz, Gella retomou o seu lugar contra a
parede, mais perto da porta. O Chanceler Mollo andava de um lado para o
outro e Mestre Char-Ryl-Roy era um farol de serenidade. A delegação de
Eiram chegou primeiro e a de E'ronoh por último. Gella ouviu os sussurros
entre aquele acampamento de um desertor na calada da noite, mas foi
rapidamente silenciado quando eles foram chamados à ordem.
Quando solicitado a apresentar as suas propostas de resolução, a rainha
consorte de Eiram entregou um cartão de dados para ser jogado. A gravação
exibiu o dia em que E'ronoh lançou torpedos de prótons na floresta tropical
do sul do planeta oceânico, sem saber que a terra anteriormente desabitada
tinha um novo posto avançado. Não houve sobreviventes.
No dia seguinte, o vice-rei Ferrol leu em seu datapad uma lista de todos
os soldados E'roni mortos, começando com o príncipe Niko A'lbaran.
Na terceira noite, depois do que parecia reviver o primeiro dia da
convocação de paz, Gella foi para a sala de treinamento da Paxion para
gastar energia reprimida. Só... alguém já estava lá. Phan-tu Zenn e a
princesa Xiri estavam lutando.
Gella se encostou na entrada e observou a dupla treinar com bastões de
madeira. Phan-tu tinha excelentes reflexos, embora Xiri fosse mais rápida.
A sua camisa encharcada de suor grudava nos músculos magros de nadador
e, embora ele bloqueasse cada movimento dela, permanecia aberto a cada
golpe dela. Xiri era pequena, mas compreendia o peso de suas curvas
musculosas em movimento. Ela trancou a perna entre as dele e o colocou de
costas, descansando o bastão em sua garganta sem o que parecia ser uma
pressão real.
— Viu? — Xiri ofegava. — Você está puxando os seus socos.
— Concordo, — disse Gella.
Xiri quase saltou de cima do herdeiro Eirami, ficando de pé menos do
que graciosamente. Ela usou a manga para enxugar o suor da testa e sorriu.
— Mestra Jedi.
— Cavaleira Jedi, na verdade, — corrigiu Gella, embora achasse graça.
— Qual é a diferença? — Phan-tu perguntou, tentando recuperar o
fôlego enquanto atravessava a sala e despejava água de uma garrafa em dois
copos. — Eu não quero ser rude. Eu só vi os Jedi de longe e, bem, agora.
Ofereceu uma água a Xiri, que aceitou. Olhou para o copo por um longo
tempo antes de beber. A culpa saiu dela em ondas.
— Experiência. — Gella recitou a lista em seus dedos. — Prontidão.
Preparação. Devoção ao próximo passo na Ordem Jedi.
— Huh, — Phan-tu disse pensativo. — Portanto, é eventualmente o seu
próximo passo.
Eventualmente, Gella pensou enquanto pegava os bastões descartados,
um pouco mais curtos do que os seus sabres de luz. — Tenho um longo
caminho pela frente antes de provar que sou uma mestra.
— É para isso que você treinou toda a sua vida? — Xiri perguntou
curiosamente.
— Treinei toda a minha vida para entender o chamado da Força, —
explicou Gella. — Através dessa compreensão, posso servir à galáxia, seja
como um solitário Perseguidor do Caminho ou como aprendiz. Da mesma
forma, você treina para habilidade e para ajudar o seu planeta.
Avaliando a Jedi, Xiri largou a sua garrafa e pegou um bastão da parede.
— Sempre me perguntei se as histórias da grande habilidade dos Jedi
são exageradas.
— Depende de quem está contando as histórias, suponho. — Gella
pousou o bastão sobre os ombros e se espreguiçou. — Eu não sou uma
Padawan. Eu não vou ser provocada em um duelo. Não é uma luta justa.
— Então, eu desafio você. — Xiri caminhou até o centro do tatame. —
Use a sua habilidade e não a sua magia.
— Não é mágica.
— Talvez eu deva permanecer como testemunha, — disse Phan-tu,
embora a preocupação marcasse a sua testa.
A curiosidade de Gella pelo desafio venceu. Ela se curvou para a
princesa e assumiu uma postura de luta. Xiri balançou primeiro, abrindo o
arco do bastão. Gella desviou, saltando para o lado. Sentiu que estava
chamando a Força para estabilizar o seu salto, mas rejeitou o instinto.
Aterrissando agachada, passou a perna sob Xiri, que saltou pra trás.
— Se não é mágica, então o que é? — a princesa perguntou.
— A Força é tudo. Os mares de Eiram. Os desfiladeiros de E'ronoh. É a
corrente dentro de mim e de você, e tudo mais. A energia que faz a vida
fluir. — Gella partiu para a ofensiva e empurrou Xiri para a frente, batendo
os seus bastões contra o bastão em um ritmo constante que os carregou por
todo o andar, até que a princesa tropeçou no tatame e caiu de costas. — E a
única coisa de que sempre tenho certeza é que a Força está comigo.
Estendeu a mão para ajudar a princesa a se levantar e Xiri a aceitou
amigavelmente.
— Eu nunca ouvi isso explicado dessa forma antes, — Xiri disse, com o
seu olhar âmbar voltando-se para Phan-tu. — Mesmo a Jedi não evitou os
seus socos.
— Eu não fiz tal coisa, — Phan-tu os assegurou. — Em Eiram, não
temos combate corpo a corpo.
— Isso mesmo — Gella concordou. — Mas, pelo que entendi, E'ronoh
tem treinamento militar obrigatório.
Xiri arrancou uma toalha de um cabideiro, sem o sorriso e com as
defesas levantadas.
— É assim que sobrevivemos. Desde o nosso primeiro rito até ao nosso
serviço, até ao fim.
— Se esta cúpula for um sucesso, — disse Phan-tu, — talvez vocês
aprendam a sobreviver de uma maneira diferente.
— Não é tão simples assim, — disse Xiri, enxugando o suor da testa. —
Embora reconheçamos que agora é o tempo mais longo que passamos sem
matar um ao outro em algum tempo. Talvez os Jedi estarem aqui não seja
tão ruim.
Gella zombou.
— É sempre bom ser apreciado.
— Eu ouvi histórias de Jedi toda a minha vida, — disse Xiri.
— Todo mundo tem histórias.
— Nós não, — disse Phan-tu. — Mas nós temos os velhos deuses. A
maneira como você fala sobre a Força me lembra como os anciãos falam
sobre o primeiro deus.
Gella queria explicar a ele que a Força não era um único ser, mas pensou
melhor. Nem todo mundo queria uma aula sobre o funcionamento das
crenças dos Jedi. Embora estivesse sempre pronta se alguém pedisse.
— E o que eles dizem em E'ronoh?
— Algumas pessoas acreditam que vocês fazem milagres. A maneira
como você levita e lê mentes e usa as suas espadas de luz. Outras...
— Nós realmente não levitamos, — disse Gella, apenas tímida na
defensiva. — E por que todos pensam que lemos mentes? Não é... Quer
saber? É tarde demais para isso. Temos um longo dia amanhã.
— Um longo dia é uma maneira de descrevê-lo. — Xiri se afastou,
jogando a toalha no lixo. Gella podia ver a esperança da princesa vacilando
como uma chama lutando para não ser apagada.
Sentiu o desejo de dizer algo reconfortante, como o Mestre Sun faria.
— Eu examinei os seus registros históricos e houve um tempo em que
Eiram e E'ronoh eram amigos.
O rosto de Phan-tu se iluminou com um sorriso.
— Talvez seja assim que fomos criados. Primeiro éramos um, depois
três: Eiram, E'ronoh e Eirie, a nossa lua.
— Por favor. Não diga isso na frente do meu pai, — alertou Xiri. — Só
Eiram chama assim.
Phan-tu assentiu.
— Claro, mas você tem que admitir que é melhor que a Lua Guardiã do
Tempo.
— Eu quis dizer, — enfatizou Gella, — os séculos de paz.
— Como você disse, isso foi há séculos. Provavelmente não há uma
alma viva que se lembre dessa era.
Gella não deixaria a capitã se desesperar.
— É pra isso que servem os discos.
— Eu sei o que você está tentando fazer, Cavaleira Jedi, — disse Xiri.
— Não perdi a esperança. O meu pai já foi sensato. Ele queria a paz que
estamos aqui para discutir, mas quanto mais velho ele fica, mais irritado
fica. Está ressentido com o que perdemos. Não podemos alimentar o nosso
povo. A seca é a pior que já existiu. Todo mundo está esperando por ele
para consertar as coisas, mas no final, serei eu. Serei eu quem terá que
consertar porque será a minha guerra, quando ele se for.
Xiri beliscou a ponta do nariz. Os seus olhos estavam vidrados, mas não
chorou. Não era o jeito de E'ronoh, ao que parecia, embora a pele de Gella
praticamente formigasse com a emoção crua que emanava dos dois jovens
membros da realeza.
— A Jedi Nattai está certa. Os nossos mundos conheceram séculos de
paz no passado, — disse Phan-tu com firmeza. — Nós vamos chegar lá de
novo, Xiri.
— Havia uma conexão mais profunda entre os seus mundos, — disse
Gella, puxando o que ela lembrava dos arquivos. — Você se dá melhor do
que os seus pais. Talvez seja um começo.
Xiri sorriu, e isso a fez parecer mais jovem, aliviada.
— Talvez isso seja um começo. Esperemos que, no final disto, todos
possamos ir pra casa.
Casa, pensou Gella, mas não conseguia conjurar um único lugar para
atribuir essa palavra.

Na manhã do quarto dia da convocação de paz, Gella voltou ao seu posto na


entrada da sala. Notou a maneira como o Chanceler Mollo arrastava os pés
para dentro da sala. Os seus tentáculos faciais estavam flácidos enquanto
ele, sombriamente, convocava a reunião. Eiram exibiu outro holo, desta vez
das naves de perfuração de E'ronoh atravessando os cascos bulbosos de uma
dúzia de caças estelares e um hospital. Gella observou o vice-rei, o único
entre o seu grupo, olhar para o outro lado até que a gravação parou.
E'ronoh não voltou para a próxima sessão mais tarde naquele dia, e a
rainha de Eiram não seria obrigada a esperar por ninguém.
É assim que a paz murcha.
Mas depois de passar dias observando as delegações, Gella Nattai viu
uma oportunidade. Chegou para jantar com a sua coorte. A suíte do Mestre
Roy era extraordinariamente arrumada, com a sua cama como se ele não
tivesse dormido nela. Pelas sombras suaves sob os seus olhos azuis, Gella
suspeitou que não.
— Eu pensei que o Chanceler Mollo estava se juntando a nós? — Enya
Keen perguntou, empurrando a comida de um lado do prato para o outro. O
prato especial da cozinheira era peixe refogado com legumes.
Gella empurrou o prato vazio para o lado.
— Ele está de mau humor.
— Ele está se reagrupando, — disse Mestre Roy, pensativo.
Mestre Sun apoiou os cotovelos na mesa e esticou os dedos.
— Temo que o nosso Chanceler descarado tenha pensado que seria uma
vitória fácil, mas nem tudo está perdido. Lembra de Ryloth? Conseguimos
uma vitória, ou devo dizer, vocês conseguiram.
Char-Ryl-Roy deu uma pequena mordida na comida, principalmente
porque odiava desperdiçar.
— Vamos chamar isso de esforço de equipe.
— Você não fez isso na época. — Mestre Sun sorriu enquanto
mastigava.
— Eu não estou contando pontos, amigo, — o Cereano riu. — Isso foi
diferente. Os clãs de Ryloth estão envolvidos em guerras civis há gerações.
— Como aqui, — disse Gella, depois acrescentou
— Apenas, em um planeta. O que aconteceu em Ryloth?
— Estávamos procurando por uma herança sagrada, uma joia do
tamanho da minha mão, que havia sido roubada, — explicou Mestre Sun.
— Encontrei no primeiro dia. Um terceiro clã queria começar uma guerra.
— Apenas Creighton o deixou cair de um penhasco, — disse Mestre
Roy. — Foi por isso que demoramos tanto: cavar em todos os cantos e
recantos.
Enya bufou em seu cálice, e Gella tentou imaginar os Mestres Jedi na
idade dela. Capaz de errar, mesmo com o mundo em mãos. Ela sempre
pensou que servir à Ordem, servir à galáxia, significava que ela tinha que
alcançar um tipo impossível de perfeição. Isso mostrava o quanto ela ainda
tinha que aprender.
— Eiram e E'ronoh têm alguma relíquia sagrada? — Enya perguntou.
— Nenhuma que possa resolver uma crise, — disse Gella, colocando um
holoprojetor ao lado do prato vazio. — Mas acredito que eles têm as suas
próprias fraquezas.
Mestre Sun apertou o botão central e uma projeção azul foi emitida.
Imagens recentes das ruas de E'ronoh e Eiram. Um motim em uma capital e
trilhas de refugiados enchendo os canais. Uma tropa de soldados correndo
pelo deserto e a explosão que se seguiu que derrubou a imagem.
— Como você conseguiu isso? — Mestre Roy perguntou, mais curioso
do que qualquer outra coisa.
Gella olhou para Enya.
— Alguém na sala de comunicações nos devia um favor. Eles enviaram
um droide Ee-Ex para fazer essas gravações. Precisamos levá-los de volta
para aquela sala de estar e fazê-los lembrar por quem estão lutando.
— E então? — Enya perguntou. — Nós os deixamos falar por dias.
— Sim, minha Padawan, — disse Mestre Roy. — Eles precisavam. Nós,
quase mais do que quaisquer seres na galáxia, sabemos que não podemos
conter as emoções ou então elas apodrecem. Se a Força é um equilíbrio,
então a paz também é.
Mestre Sun pensou profundamente por um longo tempo antes de
empurrar o holoprojetor de volta para Gella.
— Alimente-o pelos quartos. Todos eles.
É assim que a paz perdura.

Enquanto a gravação rodava em loop, Gella se abriu para a Força. A bordo


da Paxion, as emoções subiam e desciam como os picos de uma grande
cordilheira. Entre todas, uma chamou a sua atenção pela proximidade.
A biblioteca, para ser exato. Abriu a porta.
A capitã A'lbaran estava sentada na cadeira alta e estofada no centro da
sala. Em uma parede havia uma tela que mostrava vistas de mundos
distantes. Os únicos que Gella poderia nomear eram a mega cidade de
Coruscant e o grande palácio de Naboo. Enquanto havia uma pequena
prateleira de livros antigos de flimsiplast, o restante das paredes era
revestido por um prisma de holo livros.
A princesa E'roni, no entanto, não estava lendo. Um holo livro vermelho
estava no chão, como se ela o tivesse deixado cair. A projeção das
gravações que Gella adquiriu ocupou toda a sua linha de visão.
— Você fez isso? — Xiri perguntou, com a sua voz dura.
Gella sentiu as ondas da angústia da capitã.
— Eu fiz.
— Obrigada.
Não eram as palavras que Gella esperava ouvir, certamente não dela.
Entrou lentamente na biblioteca e se sentou ao lado de Xiri. Gella sabia que
não havia nada que pudesse oferecer à outra mulher além de conforto. Ela
não a conhecia há muito tempo, mas eles compartilhavam uma pequena
conexão que ela não conseguia explicar. Talvez fosse semelhante à amizade
que Mestres Sun e Roy tiveram depois de suas jornadas juntos. Sentado
com ela, o Jedi mergulhou de volta na memória do duelo. Abrindo-se para a
memória compartilhada, Gella se lembrou do medo daquele dia, da perda
sem sentido de tudo isso.
Gella passou os dedos pelos cabelos e suspirou.
— Acho que os outros não vão me agradecer.
A capitã A'lbaran desligou o holo e pegou o seu livro.
— Eu me encolhi para o vice-rei de meu pai por muito tempo. É um
alívio saber que não estou mais sozinha nessa. Eu simplesmente espero que
Eiram veja dessa forma também.
— O tempo dirá, — disse Gella. — Mas a Força está conosco.
Xiri apoiou-se no braço da cadeira e estreitou os olhos.
— Estou curiosa, Jedi. É isso que você faz o tempo todo? Vai aqui e ali
salvando mundos com as suas espadas de luz?
— Sabres de luz. E eles são para defesa em primeiro lugar. Nós vamos
para onde somos chamados, — disse Gella, lembrando-se das palavras do
Mestre Sun. — Ainda estou aprendendo o meu caminho.
— Você não sente falta de sua casa?
Gella piscou com a pergunta.
— O conceito de casa não é o mesmo pra mim e pra você.
— Suponho que o seu templo seja a sua casa.
— Sim, embora às vezes sejamos designados para diferentes templos em
sistemas diferentes e, às vezes, como agora, vivamos a bordo de uma nave.
— Estranho, — disse a capitã A'lbaran melancolicamente, — você luta
para salvar tantos lares para tantos seres, mas não tem nenhum próprio.
— Não é tão simples para os Jedi. — Gella voltou-se para as paisagens
bruxuleantes na parede oposta. Se ela pensasse na enormidade da galáxia
por muito tempo, como nunca veria tudo, ela ficaria muito perdida em seus
próprios pensamentos. — Na verdade, nunca pensei nisso dessa maneira. A
galáxia é minha casa, então.
— Hum, — Xiri meditou. — Isso soa como muita manutenção.
— A manutenção não faz justiça a tal coisa, eu acho. — Uma sensação
de calor se espalhou do peito de Gella. Certeza. Cada Jedi, seja nos templos,
nas equipes Desbravadoras ou servindo como Perseguidores do Caminho,
tinha um objetivo compartilhado, paz e justiça na galáxia. — É a minha
vocação.
— Eu me sinto assim sobre E'ronoh. É por isso que vim pra cá, na
verdade. — Ela acenou com a mão para os livros ao redor deles. — Eu
estava tentando encontrar um pouco de história sobre nós, mas os Monarcas
da minha linha nunca gostaram quando estranhos entraram em nosso setor.
Tivemos uma equipe Desbravadora tentando fazer contato e eles piscaram
de volta ao hiperespaço. Foi o que meu irmão me disse, pelo menos.
Gella sentiu a tristeza da jovem com a menção de seu irmão, mas não
era o mesmo que o de seu pai. Era amor, distante, mas compreensivo.
— E quanto às suas próprias bibliotecas? — perguntou Gella.
— Destruídas durante o primeiro ano da guerra.
— Phan-tu disse que a última vez que os seus mundos estiveram em
harmonia foi há séculos.
— Sim, ele estava certo. Encontrei uma nota sobre isso aqui. É de
apenas uma página. — Ela zombou. — Dinastias inteiras, e nós somos
apenas algumas linhas de memória.
— O que ela diz? — Gella sentiu a energia kenética de Xiri antes que a
princesa falasse.
— Que nossas famílias reais foram unidas pelo casamento.
— Bem, a rainha Adrialla já tem uma esposa, — observou Gella.
Gella teve a nítida impressão de que havia dito algo errado quando Xiri
levantou-se abruptamente e recolocou o holo livro na estante.
— Eu deveria ir, — disse a capitã.
Ela não esperou por uma resposta antes de sair da biblioteca.
No quinto dia, Xiri A'lbaran foi a última a entrar na sala de visitas. O seu
pai, ou um de seus assistentes, trouxe roupas para ela se trocar. Em vez de
seu uniforme militar, ela escolheu um vestido escarlate e salto alto. Queria
evocar E'ronoh. Não era maior de idade como a sua mãe, mas ao observar a
rainha de Eiram todos os dias, entendeu a importância de ter certeza de que
todos os olhos estavam sobre ela.
Entrou, nivelando os ombros como a capitã, a princesa que era. O cetim
vermelho se agarrava à estreita curva de sua cintura e então se derramava
no chão. Na tradição da maioria dos vestidos E'roni, havia laços para um
coldre de metal, embora o dela estivesse vazio, pois Phan-tu Zenn ainda
tinha a sua lâmina destruidora.
Com apenas um olhar, o Jedi Cereano e o Chanceler cederam a palavra.
— Filha, — o Monarca começou, com as suas espessas sobrancelhas
brancas se juntando em confusão. O vice-rei começou a se levantar, mas o
capitão Segura deu um tapa forte em seu ombro e forçou o homem a se
sentar.
— Chega. — A palavra cortou cada pessoa na sala. A droide de
protocolo no canto, AR-K4, até ergueu os braços, ofendida com a explosão.
— Eu...
— Chega, — repetiu Xiri, desta vez para a Rainha Adrialla.
Xiri sentiu o seu peito subir e descer, com o seu coração inchar com a
raiva justa que engoliu nos últimos dias. O mais surpreendente foi a força
de suas palavras.
— Eu terminei com a sua culpa. Presumo que todos nesta nave viram as
gravações que alguém distribuiu de nossas cidades caindo em tumultos.
Meu primeiro pensamento foi me perguntar quem faria uma coisa dessas.
— Ela fez uma pausa para olhar para a coorte Jedi. — Meu segundo foi
agradecê-los.
— Xiri, — seu pai disse, mas ela nivelou o seu olhar com o dele. Ela
tinha os olhos claros de uísque de seu pai, o amor de seu pai por E'ronoh.
Ela costumava pensar que se tivesse mais dele, seria o suficiente para fazê-
lo superar suas tristezas. Ela estava começando a perceber que tinha que
decidir quando era o suficiente. O Monarca se aquietou.
— Os nossos soldados se alistam para uma ração extra que está
diminuindo a cada dia. Eles estão bem aqui. Aqueles que se foram, você
lista os seus nomes, — ela se virou para o vice-rei Ferrol e mostrou os
dentes — quando você não tem o direito... Não temos o direito se não
fizermos nada diferente. Falamos de transgressões passadas. Falamos do
que veio antes sem ao menos mencionar o que vem depois porque temo que
para você não haja depois. Não há futuro.
Olhou para o teto abobadado, um desejo profundo de seu próprio céu
desértico. Para E'ronoh. Sempre por E'ronoh. Insistiu.
— O futuro de E'ronoh e Eiram não é seu. É nosso. Monarca A'lbaran,
Rainha Adrialla, estou pronta para seguir em frente enquanto ainda temos
um futuro pela frente, mas eu não posso fazer isso sozinha.
Houve um silêncio atordoado, mas Xiri manteve o queixo erguido
mesmo quando os olhos podres do vice-rei queimaram um buraco no lado
de seu rosto, e mesmo quando o capitão Segaru lentamente se levantou. Ela
não olhava pra ele.
— Sinto que você tem uma proposta, capitã A'lbaran — disse Mestre
Roy.
— Não há aliança mais forte do que aquela compartilhada entre E'ronoh
e Eiram durante a Grande Era, — explicou Xiri. Daria a E'ronoh cada
pedaço de si mesma porque ela era a filha dos desfiladeiros, a herdeira do
escorpião thylefire, a próxima Monarca de um mundo que tinha tanto
potencial correndo por suas veias rochosas. Xiri A'lbaran faria o que
precisava ser feito. — Então vamos voltar a esse tempo.
— Eu não entendo, — a Rainha Adrialla disse lentamente. — Você fala
de algo que aconteceu há duzentos anos.
Xiri gesticulou para Gella.
— Foi essa Jedi que me fez perceber que a única maneira de curar o que
foi feito é forjar um novo futuro. O que proponho é uma aliança
matrimonial entre E'ronoh e Eiram.
Xiri sentiu a mudança na sala.
— Você não pode, — veio do Capitão Segaru. Um suspiro suave da
rainha consorte velada. — Eu amo casamentos, — veio do AR-K4. Phan-tu
Zenn se virou para a sua mãe. Os Jedi tiveram as suas conversas não-
verbais. O próprio pai dela estava tão sem palavras que pôs ordem na sala
batendo com o bastão no chão.
Mestre Roy estava olhando para Gella Nattai, mas falando para a sala
quando disse:
— É uma resolução legal, considerando a história de seus mundos.
Os tentáculos do Chanceler Mollo retomaram a sua dança jovial pela
primeira vez em dias.
— Eu mesmo teria sugerido isso se considerasse uma opção.
— Não é, — disse a Rainha Adrialla, gesticulando para a sua consorte.
— Eu escolhi a minha companheira. E o Monarca parece velho o suficiente
para ser o meu pai.
Xiri olhou para o teto cromado. Que os velhos deuses lhe concedam
paciência. Eles estavam tão perdidos, tão obtusos que nem conseguiam
imaginar uma solução fora de si mesmos.
— O Monarca é cinco anos mais velho que você, Sua Benevolente
Majestade, mas falo de mim e, — ela estendeu a mão para Phan-tu Zenn, —
o seu herdeiro.
A rainha colocou a mão sobre o antebraço de seu filho. Xiri havia
notado isso em seu palácio. Pequenos gestos e toques de carinho. Ela se
imaginou tentando falar com o próprio pai com um mero olhar, um leve
toque de pulso, ou mesmo algo tão comum quanto um sorriso. Ele nem a
tinha abraçado quando atracou na Paxion e a encontrou viva e bem.
— Absolutamente não, — disse o Monarca. — Não terei a minha única
filha, produto da mais longa linhagem real de E'ronoh, manchada por...
— Eu escolheria as suas próximas palavras com muito cuidado, —
alertou Mestre Roy.
O Monarca vociferou.
— Sua feitiçaria Jedi não funciona em mim.
O Cereano metodicamente tocou a sua barba.
— Não é feitiçaria lembrá-lo de que esta é uma cúpula de paz, Vossa
Graça.
O Monarca apontou para Gella.
— Isso é obra sua. Você vem aqui em nosso espaço e nos diz como
governar nossos mundos. Agora você vai nos amarrar às mesmas pessoas
que mataram o meu filho.
Ele apertou o peito. Xiri estendeu a mão pra ele. Ela nunca, nem em um
milhão de anos, ouviu o seu pai falar dessa maneira. O pior de tudo eram as
lágrimas que escorriam de seus olhos.
E'roni não chorou. O Monarca não chorou.
Era a coisa que ele tinha perfurado em sua cabeça desde que ela caiu e
abriu o joelho em uma pedra afiada. Levante-se, meu coração. Você é feito
de fogo e o escorpião não chora. Ela tinha quatro anos, mas ela fez o que
lhe foi dito. Como ela sempre fez.
— Por que você está fazendo isto comigo? — o seu pai perguntou, então
balançou para uma posição. Apesar da bengala, o Monarca encontrou forças
para irromper da sala e pelos corredores, e o resto da delegação com ele.
Xiri se virou para Phan-tu e disse:
— Aguardarei a sua resposta.
Tirou os sapatos e correu para os aposentos de seu pai, com o coração
trovejando em seus ouvidos. Os guardas ficaram atentos quando a
avistaram, mas foi o capitão Segaru quem bloqueou o seu caminho. O seu
peito largo era como uma parede de granito sob o uniforme.
— Saia do meu caminho, — ela exigiu. — Essa é uma ordem da sua
capitã.
Ele ergueu as sobrancelhas em desafio.
— Temos o mesmo nível.
— Então de sua princesa.
Com isso, ele não podia discutir, embora visse que ele queria tentar. No
momento em que entrou na suíte, o vice-rei Ferrol entrou em seu caminho.
— Isso é equivalente a traição! — ele gritou.
Xiri agarrou o homem escorregadio pelo colarinho e o puxou para perto.
Ela não podia ser fraca agora. Levante-se, meu coração, ela pensou nas
palavras de seu próprio pai de tanto tempo atrás. Ela não havia caído, mas
havia aberto uma nova ferida. Você é feito de Thylefire.
O vice-rei não via uma batalha há décadas e era lento. Muito lento para
impedi-la de envolver a sua mão livre ao redor do punho de sua lâmina
destruidora.
— Diga isso de novo.
— Guardas!
— Me chame de traidora mais uma vez, — ela disse com uma calma
mortal que ela não sentia por dentro. — Ou me desafie.
— Solte a minha filha, vice-rei, — disse o Monarca de sua cadeira.
Embora fosse ela quem segurava o conselheiro nas suas mãos, ele jogou
os braços para o ar com uma zombaria dramática e saiu da sala
murmurando
— Você vai se arrepender disso.
Ignorou as suas palavras e se ajoelhou diante de seu pai. O seu punho
apertou em torno de seu coração. Por mais que falasse em seguir em frente,
não sabia como seguir em frente com ele. Suas mãos coçavam para abraçá-
lo, para lhe dizer que faria tudo certo. Eles não eram como Phan-tu Zenn e a
rainha de Eiram. Eles eram E'ronoh.
— Levante-se, meu coração, — sussurrou Xiri em sua têmpora. — Você
é feito de fogo e o escorpião não chora.
Ele piscou, em uma clareza que não via há anos.
— Estaremos na sala de estar.
Jerrod Segaru observou a princesa sair da sala e passar por ele.
Como se ela não o tivesse conhecido toda a sua vida. Como se não a tivesse
treinado em combate, ensinado a ela como voar, como mirar atirando em
ratos blindados no Desfiladeiro Ramshead. Como se ele próprio não a
tivesse ajudado a pôr fim a esta guerra.
— Xiri, pare, — ele gritou, mas ela marchou pelos velhos corredores de
metal.
Ela se virou pra ele.
— Está feito, Jerrod.
Engoliu uma dor estranha na garganta. Culpou a sua sede insaciável.
Culpou a nave da República. Os Jedi intrometidos.
— O que eles fizeram com você?
— Este é o único caminho a seguir. Uma paz compartilhada com
consequências compartilhadas.
Jogou as mãos pra cima.
— Eu não acredito em você. Você passou um dia em Eiram e está pronta
pra jogar fora tudo pelo que trabalhamos para se amarrar com o inimigo?
— A rainha ama Phan-tu Zenn, ela nunca...
— Phan-tu. — Ele cuspiu o nome. — Se você quisesse dormir com o
crustáceo, poderia ter feito isso sem trair o seu povo.
Eles já haviam trocado socos antes, lutando no quartel. Quando ela tinha
dezessete anos, pouco antes de ir para a universidade, ela brigou com o
filho de um comerciante. Ele insultou o irmão de Xiri e a chamou de
Monarca “sobressalente”. Ela o socou. Uma semana depois, Jerrod passou
horas ensinando-a a fazer isso de novo sem torcer o pulso.
Agora ela tinha a mesma fúria em seus olhos, e quase queria que ela
fizesse isso. Ao bater nele. Nem que fosse para mantê-la ali com ele, para
que ela não entrasse naquele salão, mas ela pressionou os punhos contra o
estômago e colocou mais distância entre eles.
— Você me acha muito mole. — Xiri puxou o seu vestido. Sabia que ela
odiava vestidos. Sabia que ela preferia vestir um par de calças e dormir sob
as estrelas. Aquele homem nunca a conheceria o suficiente, tão bem quanto
poderia.
— Mas estou disposta a dar tudo o que tenho, tudo de mim, para garantir
o melhor futuro para nosso povo. Eu preciso de você do meu lado.
Ela começou a se virar, mas ele agarrou a sua mão, primeiro com força,
depois a soltou quando ela se afastou.
— Xiri. Xiri, você e eu podemos assegurar o futuro de E'ronoh. Eu me
declararia ao seu pai. Eu poderia te dar essa segurança. Eu poderia fazer
Eiram pagar por tudo que eles tiraram de nós.
Desta vez, quando ela o tocou, ela colocou a mão em sua bochecha. Viu
a sua determinação. Tinha visto isso toda vez que eles entravam em órbita.
Todas as vezes ela mesma visitava as famílias dos mortos. Antes mesmo
disso, quando escalavam os desfiladeiros mais íngremes sem arreios e
respiravam a poeira, a glória de E'ronoh.
— É exatamente isso, — Xiri disse a ele. — Você quer conseguir isso
lutando, assim como o meu pai e a rainha. Eu vejo outra maneira.
Ela deslizou a palma da mão para o lugar sobre o coração dele, com o
pulso forte frenético dela, e então ela saiu.
Jerrod balançou na parede. A dor queimou através de seus dedos, com a
pele rachada e calejada lá. Pegou o seu blaster, mas entregou a sua arma na
reunião como um bom soldadinho, mas não a sua lâmina destruidora.
Desembainhou a pequena adaga, a lâmina tão longa quanto a palma da
mão aberta. Os primeiros habitantes de E'ronoh sobreviveram ao deserto
com essas mesmas armas durante os seus ritos de amadurecimento.
Estripando pequenos escorpiões pretos de fogo de fogo através de suas
barrigas. Afiar bastãos, ferramentas. Ameaçar um adversário. Jogar a
lâmina no chão era lançar um desafio de vida ou morte. Eventualmente, as
lâminas tornaram-se mais curtas, ornamentais. Não é mais metal puro, mas
decorado com pedras preciosas. A dele era aço puro e um cabo de mármore
das veias de E'ronoh.
Jerrod Segaru marchou pelos corredores, tendo memorizado a rede de
salões na mesma noite em que pisaram a bordo da Paxion.Corrigiria essa
injustiça com o seu último suspiro.
Abriu a porta do quarto de Phan-tu Zenn. Respirando com dificuldade,
examinou o espaço vazio. Uma cama desarrumada. Uma tigela meio vazia
de carambola. Roupas amontoadas no sofá cinza. De alguma forma, apesar
de estar a quilômetros de órbita e longe do maldito planeta, o quarto fedia a
mar.
Jerrod ouviu passos atrás dele. O mais novo capitão de E'ronoh se virou
surpreso. Levou um momento para registrar quem estava na porta. Abaixou
a lâmina destruidora.
— Eu conheço você, — ele disse. — O que você está fazendo aqui?
Enquanto o plasma vermelho brilhante disparava, eram as últimas
palavras que Jerrod Segaru diria.

— Casar. — Não importa quantas vezes Phan-tu Zenn tenha dito a palavra
desde que a realeza de E'ronoh fugiu da sala, ainda se perguntava se havia
sonhado. Ou seja, porque por uma noite, só uma, ele sonhou.
— Verdade seja dita, — Odelia, a rainha consorte, disse, ajustando a
faixa fina mantendo o seu véu transparente no lugar, — como o Chanceler,
eu queria sugerir tal coisa eu mesma, mas pensei que era impossível. Que a
princesa Xiri esteja fazendo a oferta, bem, me dá esperança de que haja
alguém naquela linhagem com razão. Você estava certa sobre ela, meu
amor.
— Mãe, diga alguma coisa, por favor. — Phan-tu passou a palma da
mão sobre a da rainha. Ela estivera distante, não só depois da declaração de
Xiri, mas antes disso. Ele sabia que ela contaria a ele quando estivesse
pronta. Ela sempre fez isso.
A rainha Adrialla apoiou o queixo na mão daquele jeito elegante dela e
olhou para a coorte Jedi.
— Acho que essa era sua ideia de resolução pacífica.
A Jedi, Gella Nattai, deu um passo à frente. As suas ondas pretas soltas
o lembraram de um derramamento de tinta. O conjunto severo de suas
sobrancelhas suavizou enquanto ela tentava se explicar.
— Estávamos simplesmente falando sobre a última paz duradoura. Não
pensei que a princesa fosse agir tão rapidamente.
— É assim que você controla a sua Jedi, Mestre Roy? — a mãe dele
perguntou.
O Cereano apareceu em toda a sua altura.
— Acreditamos que Gella tinha as melhores intenções. Todos nós
queremos a mesma coisa.
— Nós? — a rainha perguntou, mas lançou a sua voz tão baixa que
Phan-tu se perguntou se os outros ouviram.
— Eu acho que é romântico, — a mais nova deles disse, gesticulando
em direção a Phan-tu. — Eu sinto que você está animado.
Ele se levantou, batendo em seu torso. Ela estava nele com as suas
magias Jedi? Ele ficou constrangido em admitir que não entendia bem os
limites de suas habilidades.
— Quando eu era garota, — disse a rainha, — a minha mãe escolheu um
marido pra mim. Um dos barões de Pantora que queria cavar os nossos
oceanos para combustível. Teria sido uma boa aliança.
Odelia pousou a mão sobre a da mulher.
— Pena para o barão que você me conheceu primeiro.
A rainha Adrialla sorriu, com os seus olhos castanhos se suavizando
quando se virou para encarar Phan-tu.
— Eu não quero fazer o mesmo com você. Eu quero que você
experimente o amor. Parceria. Não somos como E'ronoh, frios e calculistas
com corações feitos de pedra e barro.
Phan-tu se irritou com as palavras. Mesmo que fosse um refrão bastante
comum sobre os seus inimigos, não gostou de falar em voz alta com a sua
delegação fora da sala. Especialmente se ele fosse se casar. Em primeiro
lugar, teve que treinar a sua mente para não pensar neles como inimigos.
Embora se procurasse em seu coração, nunca realmente o fez.
Pelos deuses, poderia fazer isso? pela sua rainha. pela sua família, os
que o escolheram e os que o mar levou. Para as pessoas que um dia
olhariam pra ele como um líder.
Lembrava-se de estar debaixo d'água e ver o rosto de Xiri, o medo ali
mesmo quando ela estava a segundos de se afogar. Ela sempre teria uma
fração desse medo quando olhasse pra ele? Quando eles desembarcassem,
ela teria caído sobre a sua lâmina em vez de ser feita prisioneira. A mesma
lâmina com a qual ela o cortara, bem embaixo do queixo. Tocou com o
dedo ali, no ponto que não tinha nem cicatriz. O seu pulso estava frenético
com a memória, e agora ela queria uni-los, os seus mundos, as suas
famílias, os seus planetas.
— Ela é muito bonita, — disse a rainha.
— Mãe, — Phan-tu sussurrou. — Você não deve se preocupar com o
que você desejou para mim. Você me deu tudo, coisas que eu nunca sonhei
em ter. Com esta guerra terminada, poderíamos reconstruir. Poderíamos...
— Você está dizendo que vai fazer isso? — A pergunta partiu do
Chanceler Mollo. O Quarren estava observando tão tenso do outro lado do
círculo, Phan-tu continuou pensando nele como uma estátua ou um droide
desligado. Agora os seus tentáculos se mexeram e ele soltou uma risada
nervosa. — Casar, quero dizer.
O seu corpo inteiro entorpeceu com a palavra. Foi antecipação? Ou era
pavor? Ele não teve tempo de determinar qual, porque tudo o que viu foi o
clarão vermelho quando Xiri entrou novamente na sala. Phan-tu conseguiu
prender a respiração por aproximadamente onze minutos, mas naquele
momento, um segundo foi o suficiente para ele sentir a queimação de seus
pulmões. Mechas de cachos ruivos se desfizeram de sua coroa trançada e
seus dedos dos pés estavam nus, mas ela caminhou como alguém que
sempre soube que seria rainha. Provavelmente deveria se oferecer para lhe
dar os seus sapatos. Isso seria impróprio?
Afastou o ataque das perguntas em sua mente enquanto o Monarca a
seguia. Desta vez, ele estava sozinho. Não havia capitão Segaru, nem vice-
rei Ferrol e nem guardas. A sua bengala estalava com força a cada passo
decisivo enquanto voltava para o seu assento.
Xiri sorriu como quem está tão perto da vitória. Ele a ajudaria a
encontrá-lo.
— Já pensou na minha proposta? — ela perguntou, sentando-se ao lado
de seu pai.
— Querida, — disse a rainha Adrialla, com uma pitada de humor em sua
reprimenda. — Se quisermos ser uma família, preciso saber que você se
importa com meu filho mais do que um entendimento mútuo de paz.
Xiri se mexeu desconfortavelmente por um momento, seus grandes
olhos cor de âmbar voltando-se para ele. Ele tentou, e não conseguiu,
reprimir o seu sorriso. — Há muito que devo aprender sobre os seus modos,
assim como você aprenderá sobre os nossos, mas pelo que sei de Phan-tu
Zenn, sei que ele é gentil e corajoso. Ele será um parceiro admirável. Se ele
concordar.
Todos se voltaram para ele. Os Jedi, que provavelmente já estavam em
sua mente e sabiam o que ele diria, e o Monarca, e todos os membros da
delegação da República.
— Concordo com a proposta da capitã A'lbaran — disse ele, adotando o
seu comportamento mais adequado e cortês. — Desde que E'ronoh chame
as suas naves de órbita imediatamente.
O Monarca examinou Phan-tu, as bochechas tremendo quando ele
assentiu.
— Muito bem.
Xiri soltou um suspiro, com os seus nervos finalmente aparecendo
quando a tensão na sala deu lugar à celebração. Ela alisou a frente do
vestido e não perdeu tempo.
— Eu estudei os holos que a Jedi Nattai adquiriu e notei atividade e
inquietação em todo o planeta. Teríamos que visitar esses locais o mais
rápido possível.
— Faça com que o general interino emita uma declaração de retirada, —
disse a rainha Adrialla, depois a entregou ao Monarca.
— O meu vice-rei está, indisposto, mas vamos emiti-lo imediatamente,
— acrescentou o Monarca concisamente.
— E o casamento? — Consorte Odelia perguntou, batendo os topos de
seus dedos juntos.
O rosto de Xiri estava calmo, como se ela estivesse discutindo quanto
açúcar queria no chá.
— Prevejo que precisaremos de cerimônias tanto em E'ronoh quanto em
Eiram. Phan-tu?
— Naturalmente, — a Rainha Adrialla disse antes que ele pudesse.
— Se me permitem, — Mestre Sun interrompeu. O severo homem
humano estava parado com as mãos entrelaçadas na frente. — Esta pode ser
uma oportunidade de mostrar à galáxia o que você fez.
— Excelente, Mestre Jedi, — disse o Chanceler Mollo. — Pense nos
convites. 'A Guerra Eterna chegou ao fim.' Líderes de toda a galáxia se
reunirão aqui e verão que este sistema é seguro para rotas comerciais mais
uma vez. Vocês serão um símbolo de esperança para toda a galáxia —
inimigos finalmente unidos.
Phan-tu deixou que as palavras do Chanceler fossem absorvidas e viu
outra oportunidade.
— Por mais que gostássemos de receber centenas de pessoas, não
podemos. A menos que tenhamos a ajuda da Ordem Jedi e da República
para reconstruir a tempo para as cerimônias, quero dizer.
Um canto dos lábios de Xiri enganchou em um sorriso.
— A República também teria que suspender as sanções contra E'ronoh.
O Chanceler Mollo pareceu desapontado com isso, mas ele se
encurralou e sabia disso.
Phan-tu percebeu então que precisava fazer as coisas corretamente. Ele
teve que presentear Xiri com uma nova coleção de pérolas. Ele teve que
compartilhar uma refeição com a família dela. Eles viveriam em Eiram ou
E'ronoh? Teriam filhos ?
— Em quanto tempo podemos providenciar isso? — perguntou a
consorte Odélia.
— Primeiro, — disse Xiri, — devemos contar ao nosso povo.
Phan-tu concordou com a cabeça. Pensou nas cidades e pequenos postos
avançados devastados ao longo dos anos. O seu coração doía por uma razão
inteiramente nova.
— Devemos ir pessoalmente.
Xiri olhou pra ele com curiosidade, como se a tivesse surpreendido.
— Concordo. Traremos as notícias e ajudaremos a distribuir ajuda como
sinal de unidade e paz.
— Isso não é uma opção, — disse o Monarca, batendo com a bengala no
chão. — Não podemos esquecer que tudo começou porque a vida da minha
filha estava ameaçada. Temo que a notícia aborreça muitos que sempre se
oporão a tal união.
A rainha suspirou. Ela raramente concordava com o Monarca, mas
escolheu aquele momento para fazê-lo.
— Em ambos os mundos.
— Vamos fornecer escoltas de segurança, — disse Mestre Roy, olhando
para Gella. — Permanecemos aqui para ajudar a estabelecer uma resolução
pacífica e veremos isso até o fim.
— Uma campanha, — sugeriu o Chanceler Mollo, acenando com a mão
em um arco, como se estivesse escrevendo as palavras no céu simulado.
— Então está resolvido, — disse Xiri.
Phan-tu nunca havia estado noivo antes. Nunca havia realmente
considerado isso, embora soubesse que, eventualmente, seria esperado. Não
era uma questão de se, mas quando, e enquanto se levantava e caminhava
em direção a Xiri, capitã, princesa, a sua noiva, agora parecia um momento
tão bom quanto qualquer outro. Ela se levantou e o encontrou no meio do
caminho. Desembainhou a sua lâmina destruidora e a devolveu a ela. Ela
envolveu dedos longos gravados com cicatrizes finas ao redor do punho e
pressionou-o contra o coração, em seguida, ofereceu a mão livre.
— Por Eiram, — ela disse.
Sentiu um leve tremor ao toque dela. Temor? Esperança?
E disse
— Por E'ronoh.

Não houve comemoração, ainda não. Quando Phan-tu Zenn entrou em sua
suíte, ainda não conseguia acreditar nas últimas horas. Tirou as roupas na
porta e entrou no banheiro. Iria se casar. Ele iria se casar com a princesa de
E'ronoh.
Levou esse pensamento consigo enquanto limpava o suor frio e nervoso
em sua pele. Quando terminou, a tensão em seu corpo deu lugar à exaustão.
Antes de ir pra cama, sentiu o cheiro de algo que não sentira antes. Um
toque de fumaça e uma doçura enjoativa.
— Olá? — ele chamou para a sala vazia.
Quando nada e ninguém respondeu, ele zombou de si mesmo. Estava
nervoso. Quem não seria?
Então Phan-tu puxou as pesadas cobertas de sua cama e encontrou o
corpo do capitão Jerrod Segaru, com olhos e boca abertos mesmo na morte.
Axel Greylark estava a caminho.
Fez algumas paradas. A sua mãe havia dito para partir para E'ronoh
imediatamente, carregando uma carga cheia de caixotes de duraço cheios
até a borda com rações de comida e qualquer outra coisa que a benevolente
República achasse por bem enviar para os planetas atrasados. E partiu
imediatamente. No entanto, a Chanceler Greylark não disse nada sobre a
rota que deveria seguir.
Axel havia mergulhado a Entardecer na primeira sequência de saltos
pelo hiperespaço. Antigamente, era a nave de seu pai, equipada com quatro
turbopropulsores e cromado reluzente. As únicas atualizações que Axel se
permitiu fazer foram um hiperpropulsor de primeira classe e uma torre de
canhão, o que era inútil, pois não precisava mais contratar uma equipe. Essa
tinha sido uma vida diferente, uma que deixou pra trás. Majoritariamente.
Era apenas ele e QN-1, que desaprovavam qualquer desvio ao longo da rota
traçada para a Orla Exterior.
Houve uma cantina em Bardotta, uma fuga rápida de um antigo parceiro
de negócios em Lorta e uma corrida. No último caso, ele foi um participante
acidental, mas se manteve firme, testando os limites da Entardecer
enquanto cortava a escuridão do espaço como uma foice cromada.
Quando finalmente alcançou um setor com melhor conexão com a
Holonet, a sua mãe enviou um lembrete de que precisava cumprir a sua
promessa. O único problema era que não conseguia se importar. Não se
importava com a guerra em Eiram e E'ronoh. As únicas certezas no cosmos
eram a guerra e o caos, e apenas uma dessas coisas o atraía. E ele não se
importava com o fato de sua mãe e o Chanceler Mollo provavelmente terem
cutucado e cutucado aquele setor com a sua missão de "unir a galáxia". A
galáxia queria ficar sozinha. Ou talvez estivesse projetando isso.
E então não havia terminado a corrida, não que fosse ganhar.
Simplesmente queria voar mais rápido, mais fundo nas estrelas até que algo,
ou alguém, o parasse.
Redirecionou o curso para Eiram, aterrissando lá por um atalho de
estradas vicinais que aprendera com algumas companhias pouco educadas
que mantinha. Quando o seu computador de navegação anunciou a
aproximação, QN-1 emitiu um alerta.
— Não estamos atrasados, — disse Axel inflexivelmente.
Pela primeira vez desde que deixou Coruscant, Axel teve aquela
sensação de afundamento no centro do peito novamente. QN-1 cutucou-o
com a sua cúpula, emitindo um brilho azul calmante de seu painel no peito.
O droide de terapia que ele tinha desde a morte de seu pai estava mais
sintonizado com a sua emoção do que ele mesmo.
Axel balançou a cabeça.
— Estou perfeitamente bem. Avaliar a paisagem é tudo.
Os planetas de cobre e turquesa surgiram à frente. Notou a curiosa lua
prateada entre eles, o rio de lixo e duas Proa-Longas estacionadas no centro
de tudo. Saudou a Paxion, mas ninguém respondeu. Não importa, tinha
códigos de liberação automáticos.
O escudo do hangar caiu e ele navegou para a plataforma de lançamento
lotada. Talvez ele estivesse atrasado. Ele prendeu o fecho de sua capa cinza
e baixou a rampa de embarque. Os propulsores brancos do QN-1 se
nivelaram em seus ombros, acompanhando os seus passos largos.
— Isso é estranho, — disse Axel. — Onde está todo mundo?
QN-1 sugeriu que eles estavam dormindo, mas as luzes ainda estavam
brilhantes e, além disso, isso não explicaria a ausência do controlador de
tráfego. Não que esperasse uma festa de boas-vindas, mas esperava alguns
rostos familiares da tripulação. A menos que tudo já tivesse dado errado e
eles tivessem se matado.
— Não importa. — Não era sua primeira vez a bordo da nave adaptada
do Quarren. Até tinha um quarto favorito, decorado como uma cidade no
céu. Foi até lá, precisando de um momento de silêncio antes de se
apresentar ao encontro de paz. A sua mãe receberia a sua atualização
quando estivesse bem e pronto, mas enquanto entrava na Paxion, um pisca-
alerta piscou no alto.
— Vamos esperar em nossa suíte, — Axel disse a QN-1.
A equipe da República e os droides viraram uma esquina com pressa,
enquanto os corredores seguintes estavam cheios de soldados confusos e
muito agressivos, vestidos de vermelho e cinza. Algumas pessoas olharam
pra ele como se ele fosse a anomalia, e não a cúpula de paz obviamente
fracassada.
— Grave isso, QN-1, — Axel sussurrou.
Quando encontrou a sua suíte, ela estava trancada. Claro que estava.
Esfregou a nuca e passou para o próxima. Também bloqueada. Avançou e
encontrou uma suíte totalmente aberta.
— Mollo, — disse ele, surpreso ao ver não só o Chanceler parado ali,
mas vários outros. O Quarren parecia muito preocupado para cumprimentá-
lo adequadamente e nem mesmo questionou a chegada de Axel, embora ele
não tivesse avisado que estava vindo. O Chanceler acenou pra entrar. Axel
claramente havia interrompido alguma coisa, mas como ninguém estava
falando, ele continuou andando. Uma agulha de ira o picou quando ele viu
dois Jedi vestidos. Ele fixou os olhos em uma delas, uma mulher de olhos
escuros com pele bronzeada, e viu a sua desaprovação instantânea na sutil
contração de seus lábios carnudos.
Quase tropeçou. Por pouco. Foi rápido em seus pés e se jogou no sofá de
pelúcia ao lado de um homem humano com cachos escuros. QN-1 apitou
uma sequência confusa e conferiu com um droide de protocolo frenético.
Axel se inclinou para a frente, pegou uma carambola da tigela sobre a
mesa, deu uma mordida na fruta crocante e azeda e perguntou
— O que eu perdi?

Gella não conseguia ficar parada. Um homem estava morto. Um dos


capitães de E'ronoh encontrado na cama do herdeiro de Eiram. Quando eles
correram para a suíte aos primeiros sinais de alarme, eles não encontraram
ninguém além de um Phan-tu Zenn muito pálido. Nenhum sinal de luta e
nenhuma arma do crime. Gella Nattai e Enya Keen foram incumbidos de
manter as delegações reais e o Chanceler seguros. As únicas adições à sala
eram um estranho e o seu droide, que passeavam como se estivessem saindo
para uma noite em um bar.
Gella não sentiu nada vindo dele, mas porque a primeira palavra que
saiu de sua boca foi "Mollo" e o Quarren acenou pra entrar, ela desistiu.
— Por que eles ainda não voltaram? — Phan-tu Zenn perguntou, com os
joelhos saltando de nervosos.
Mestre Sun estava questionando o atendente que havia trancado as
armas, enquanto Mestre Roy ajudava na busca. Gella sentiu uma onda de
ansiedade, que conteve com uma respiração profunda.
— E se o assassino ainda estiver aqui? — A rainha Adriana sussurrou de
seu assento. A consorte dela apertou os ombros de regente.
A capitã A'lbaran, que irradiava culpa, mas tinha um álibi, disse:
— Foi o vice-rei Ferrol. Tinha que ser.
O Monarca balançou a cabeça.
— Não vou acreditar.
— Ele estava se esgueirando na outra noite, — Phan-tu disse
firmemente. — Mas ele foi inocentado.
Mestre Roy interrogou o vice-rei, que foi encontrado perto de uma
eclusa de ar. O vice-rei Ferrol tinha certeza de que encontraria evidências a
bordo da Valente de que os Jedi estavam favorecendo Eiram. Quando a sua
busca não deu em nada, roubou tolamente uma túnica sobressalente. Gella
não conseguia entender o pequeno e mesquinho gesto, mas Mestre Roy
tinha certeza de que havia conseguido a verdade com o vice-rei. Agora,
estava na prisão da nave até que decidissem o que fazer com ele.
— Perdoe-me, mas alguém disse assassino? — perguntou o estranho
com a capa ridícula, mais admirado do que alarmado. Os cantos estreitos de
seus olhos se enrugaram com diversão. — Mais uma de suas festas
temáticas, amigos?
— Não! Um homem está morto, Axel! Morto. Na minha nave, — o
Quarren explodiu, e o homem castigado, Axel, finalmente pareceu entender
no que havia se metido.
— Chanceler, — disse Gella, aproximando-se dele. — Vamos encontrar
quem fez isso.
— E se você não fizer isso? — o Monarca perguntou, incapaz de parar o
tremor de suas mãos.
— Todas as partes da nave estão sendo vasculhadas, — Enya disse,
embora Gella sentisse que a sua companheira Jedi também sentia a
crescente agitação na sala.
— Estamos apenas sentados aqui. E se eles voltarem? Mollo perguntou,
pressionando os dedos contra os lados de sua cabeça. — Seria como atirar
krakanas em um barril.
Seu droide revestido de cobre se virou.
— Krakanas são muito grandes para caber em um barril padrão.
— Oh, você sabe o que eu quis dizer, AR-K4!
— Mestre Roy achou mais seguro se todos nós permanecêssemos em
um local, — Enya os lembrou.
Xiri franziu a testa para o homem ao qual o Chanceler se referiu como
Axel.
— Então como ele subiu a bordo?
O canto do lábio de Axel se curvou.
— Garanto-lhe que estou extremamente autorizado.
— Presumo que a sua mãe o enviou, — disse o Chanceler Mollo
secamente. — Conversaremos mais tarde.
— A Chanceler Greylark mandou lembranças, — disse Axel para a sala,
acomodando-se confortavelmente com uma abertura preguiçosa dos braços
nas costas do sofá.
Gella se conectou a Força novamente. A maioria dos seres carregavam
as suas emoções na superfície, mas Axel estava fechado de uma forma
surpreendente. Ela não teve tempo de se demorar com ele, porém, quando
os guardas do Chanceler entraram novamente na sala.
— Quais as novidades? — perguntou o Quarren.
A guarda à frente balançou solenemente a cabeça.
— Acreditamos que o assassino viajou pelas aberturas. Um dos pods de
fuga foi alijada. Estamos examinando a área.
A rainha Adrialla apertou a mão de sua esposa em busca de conforto.
— Eles podem estar em qualquer lugar agora, — disse Phan-tu.
— Fique com eles, — disse Gella ao guarda-chefe, e correu para o
corredor.
Enya agarrou a ponta de sua capa.
— Onde você está indo?
— Tenho a sensação... — Gella parou. Ela tinha que pensar. Focar. Ela
sentiu uma perturbação na noite anterior. Todos os Jedi tinham. Como eles,
ela culpou as emoções crescentes na nave, sua proximidade com os planetas
em guerra que os cercavam com seres clamando por ajuda. Ela não podia
ignorar o seu instinto novamente, no entanto. E ela não cometeria o erro de
fugir sozinha. — Venha comigo.
Enya parecia pesar as ordens de seu mestre contra a certeza nos olhos de
Gella. Ela deu um único aceno de cabeça e eles correram até o hangar.
— Tem que haver um desses pronto para voar, — disse Gella, olhando
para a nave curva e lustrosa como nenhuma outra no hangar.
— Eu acho que nunca vi você sorrir assim antes, — Enya notou.
Gella já estava subindo na rampa ainda aberta e subiu na cabine para
duas pessoas. Ela nunca tinha prestado atenção ao cheiro de uma nave
antes, mas esta nave a lembrava de uma floresta densa e algo que ela não
conseguia nomear.
— Posso? — Enya perguntou, forçando um sorriso para não ferir os
sentimentos de Gella.
— Arrogância não seria apropriada para um Jedi, — ela disse, atando o
cinto no assento do copiloto.
— Nenhum dos dois é roubar. — Enya preparou a nave para o
lançamento e leu na tela. — A Entardecer.
Ela ligou o motor e aliviou os controles para a frente. Ambos
engasgaram com a velocidade da nave, avançando em um arco descendente.
— Não é roubar. Estamos trazendo de volta, — Gella lembrou ao jovem
Padawan. Eles teriam que enfrentar aquele Axel Greylark, mas o trariam de
volta. — Vá em direção à lua.
Enya parou. Em seus caças estelares Jedi, o movimento teria sido
instável, mas a Anoitecer deslizou, suave como metal derretido.
— Por que o capitão Segaru estava no quarto de Phan-tu em primeiro
lugar? — Enya perguntou.
Gella agarrou os punhos de seus sabres de luz, algo que ela fez para se
confortar, para se firmar.
— Só podemos especular. Quem roubou aquele blaster do porão pode
não estar esperando a capitã E'roni.
— Não consigo sentir nada, — Enya admitiu enquanto se aproximavam
da esfera prateada. — O que você está procurando? Um pod de fuga pode
estar em qualquer lugar agora.
— Eu vou saber quando eu ver. — Gella observou os detritos
ricochetearem no escudo defletor da Anoitecer. Aquele mesmo sentimento
solitário e desolado que ela teve na primeira vez na lua voltou. — Mas
encontramos o farol de interferência, talvez haja algo mais lá.
— Essa coisa tem sensores, — Enya disse brilhantemente. Ela examinou
a lua enquanto eles voavam em torno de sua circunferência. Havia tantos
cantos e recantos lá. Seria o esconderijo perfeito.
Enya apertou mais botões nos painéis. As luzes da cabine brilharam com
um arco-íris de cores e as teclas de introdução de um clássico harpa-rok
tocaram. Com o próximo botão, um painel oculto se abriu, mas não havia
nada lá.
— Opa, — Enya disse, e colocou tudo de volta no lugar.
Gella estava começando a pensar que tinha calculado mal ao correr para
lá quando algo duro bateu contra a janela. Assustou-se, tentando entender
os escombros grudados no transparaço. Cinza, gelo e depois um uniforme
vermelho. A compreensão surgiu quando Enya engasgou e Gella soltou o
cinto. Correu para a eclusa de ar para trazer os restos mortais do soldado
E'roni morto do frio.

A nave do Monarca liderou o retorno para E'ronoh. Acompanhada pela


Paxion, a Valente e a própria nave real de Eiram, era uma visão que todos
os seres pisavam nas ruas e desfiladeiros empoeirados para contemplar.
O que eles não podiam ver eram os corpos no necrotério. Um Chanceler
segurando os fios da esperança. Os Jedi em busca das sombras da
disrupção. Um homem arranhando a superfície do caos em seu coração e
uma Cavaleira Jedi buscando o seu caminho. Dois herdeiros caminhando
um em direção ao outro, em direção ao seu futuro, agarrando as tenras
sementes da paz, jurando que nada nem ninguém se colocaria em seu
caminho, porque é assim, é assim que a paz perdura.
Há muito tempo, uma Monarca de E'ronoh destruiu a encosta de
uma montanha e construiu para si uma fortaleza, chamada Torre. De tão
grandes alturas, observaria a sua capital crescer em ordenadas ruas em
espiral que conduziam aos vastos desfiladeiros tortuosos.
A Cavaleiro Jedi Gella Nattai trilhou a mesma estrada poeirenta para o
cortejo fúnebre do capitão Jerrod Segaru. O clã Segaru forjou o caminho,
quatro de seus parentes carregando o peso de um caixão de metal vários
quilômetros para fora da Torre e para o cemitério, onde o jogaram nas
fileiras de mortos acima do solo. As estruturas imponentes lembraram Gella
de uma colmeia de Qieg em Lan Barell.
— Eles não enterram os seus mortos, — Enya refletiu ao seu lado. — Eu
nunca vi isso.
— Nem eu, — admitiu Gella. — Um capitão não seria colocado em
outro lugar?
Phantu Zenn, que estava muito quieto e muito sombrio ao lado deles,
balançou a cabeça.
— Até os Monarcas do passado estão nessas torres. Não importa a
posição, eles são iguais na morte.
Eles mantiveram uma distância respeitosa das hordas de enlutados
vestidos de vermelho escuro, junto com Eiram e as delegações da
República. Ela não queria se sentir como uma espectadora, mas não
conheciam o capitão há muito tempo. As circunstâncias de sua morte foram
obscurecidas por sombras que nem mesmo os Jedi podiam iluminar. A
única certeza era que ele era um com a Força, assim como Braxen, o guarda
que ela e Enya descobriram flutuando perto da lua prateada. Ele, no entanto,
não teve o funeral de um herói de guerra.
Quando o caixão do capitão Segaru foi enterrado e selado, uma placa do
lado de fora piscou para a vida. Gella não conseguiu distinguir os símbolos
de longe, mas deduziu que seriam semelhantes às placas ao redor. Datas de
nascimento e morte, uma mãe amorosa, um pai honrado. Alguns até tinham
imagens. Alguns dos mais velhos estavam na antiga língua E'roni. Por um
momento, Gella se perguntou o que o dela diria. O que os seus
companheiros Jedi diriam sobre ela? Foi um pensamento passageiro, no
entanto. Quando chegasse a hora de retornar à energia cósmica da Força, ela
seria cremada e o seu cristal kyber adicionado ao Arco Kyber.
Um por um, os enlutados, começando com o Monarca e a princesa, se
aproximaram do clã Segura para prestar homenagem. Gella se conectou a
Força, lançando-se longe. Tristeza, raiva, preocupação. Particularmente da
capitã A'lbaran. Gritos ecoavam nas encostas irregulares das montanhas,
levados pelo vento como o fino pó de cobre que permeava tudo. A emoção
cresceu e irrompeu sobre ela como o sol forte. As notícias do tratado de paz
e da aliança de casamento foram ofuscadas pelo funeral e pela distribuição
imediata de rações de comida e água, mas quando a multidão se moveu e
alguém se aproximou dela, Gella achou que isso não duraria muito.
— Você acha que é um tanto mórbido? — ele perguntou.
Gella se virou para encontrar Axel Greylark. Em algum lugar de sua
bela nave, ele havia desenterrado um traje carmesim feito sob medida para
seus ombros largos, com seda preta descendo pelas costuras das pernas e
uma capa bordada com fios de prata. O seu pequeno droide pairava perto.
Gella só tinha visto aquele modelo quando criança, um protótipo de droide
de terapia que emitia uma luz calmante do painel triangular em seu peito,
mas tudo o que tinha visto fazer era servir bebidas ao filho do Chanceler.
— Entendo que a morte é geralmente mórbida para muitos seres, —
disse ela, mantendo os braços nas costas e o olhar focado na família em
prantos enquanto eles abaixavam a cabeça em respeito aos mestres Sun e
Roy, os próximos na fila de recepção.
Um frasco de prata aberto apareceu em sua linha de visão.
— Bebida?
Olhou pra ele, lembrando-se de sua explosão quando voltaram para a
Paxion.
— Você vai gritar comigo de novo?
— Você roubou a minha nave. — Ele abaixou o frasco e piscou
lentamente, cílios grossos e pretos lançando longas sombras sobre as maçãs
do rosto salientes. Quando ele sorriu, a boca cheia do que quer que estivesse
naquele frasco, acentuou as linhas de riso, o que fazia sentido: pelo que ela
tinha visto dele, ele não sabia como levar nada a sério. Parecia que isso
incluía um funeral.
— A situação exigia isso, — disse ela. — E nós o trouxemos de volta.
Virou-se para Enya pedindo ajuda, mas a Padawan estava passeando por
uma torre dos mortos, passando pelas placas uma a uma, e os outros Jedi
estavam conversando profundamente com o Chanceler e a rainha.
— Você sentiria o mesmo se eu pegasse os seus sabres de luz
emprestados?
Reflexivamente, ela apertou o seu aperto em torno de seus punhos.
— Muito bem. Aceito o seu raciocínio.
— É assim que os Jedi se desculpam? — Ele zombou, mas não a deixou
intervir. — Não importa. Está perdoada. O que você acha que acontece se
os seus amigos e familiares não forem os únicos a escrever a sua assinatura
eterna?
— O que você está falando?
— Quero dizer, — ele gesticulou com o seu frasco em direção às placas,
— e se o seu pior inimigo escrever AQUI JAZ ESTÁ O HOMEM QUE ROUBOU A
MINHA ESPOSA E TODOS OS MEUS CRÉDITOS.
— Você imagina que é isso que o seu vai dizer? — Ela o olhou de cima
a baixo. Ela certamente poderia imaginar isso.
Aquele sorriso de novo.
— Vê algo que você gosta?
Gella suspirou, exasperada.
— Percebi que você veio preparado para chorar.
— Estou sempre preparado, querida, — disse ele. — Vermelho é minha
cor favorita. Eu não conseguia decidir o que vestir para a grande fronteira,
então fiz as malas. Nunca se sabe quando será necessário, digamos,
escambo.
— Que engenhoso, mas não achei que precisaria negociar com as
minhas vestes Jedi, ou que conseguiria muito por elas.
Axel examinou as suas vestes, as braçadeiras presas em seus antebraços.
— Conheço vários colecionadores que pagariam por bugigangas Jedi.
Ela franziu a testa com isso e se afastou ligeiramente dele.
— Bem, então estou indo — disse ele, passando por Gella com
indiferença. — Guarde um lugar pra mim no jantar.
Ela certamente não o faria, mas olhou ao redor.
— Você está indo? Agora?
Ele estendeu as mãos, andando de costas para a multidão, com droide ao
seu lado.
— Talvez este mercado tenha um entretenimento melhor.
As palavras eram tão simplistas, tão insensíveis, que piscou atrás dele
por um longo tempo, uma barra carmesim desaparecendo em um mar de
vermelho. A morte fazia parte da vida, inevitável para todos os seres. Como
uma Jedi, aceitou isso, sabia disso como um pilar de sua compreensão da
galáxia, mas se importava e ele não.
Quando o Mestre Sun se aproximou, ele procurou o rosto de Gella.
— Esse é um jovem muito frustrante.
— Você já o conheceu antes? — perguntou Gella.
— Eu vi os tabloides com as suas façanhas, — disse ele, examinando a
multidão.
— Você vê tabloides?
— As manchetes, — ele a corrigiu timidamente, — para se manter
atualizado sobre a galáxia. Uma escolha cuidadosa de enviado para a
Chanceler Greylark, no entanto.
Gella inclinou a cabeça para o lado em questão.
— O que você quer dizer?
— Se ela tivesse enviado uma de suas secretárias, isso poderia sugerir
que ela não confiava no Chanceler Mollo. Em vez disso, ela enviou alívio e
o seu filho. Sinto que ela está afirmando o seu lugar.
— Você sente o engano do outro Chanceler? — ela perguntou.
Ele não pôde responder enquanto a música aumentava, flautas altas que
se misturavam com o lamento e a bênção final de um padre de manto. Em
meio ao barulho veio um crepitar distorcido à distância. A confusão deu
lugar a gritos e empurrões.
Mestre Sun tirou do coldre o punho cruzado de seu sabre de luz. Quando
ele acendeu a lâmina azul, Gella sentiu a ameaça através da Força. Um
objeto voando baixo no ar, apontado para a delegação de Eiram. A grande
rocha foi desintegrada com um corte da lâmina azul. Um grupo de E'roni
lançou uma segunda rajada, que Mestre Roy desviou com a Força. As
rochas irregulares pairaram no ar antes de cair no chão.
Gella convocou a Força e saltou de volta para Phantu e para o lado de
sua mãe, a capitã A'lbaran se juntando a eles. Haviam corpos demais
abrindo caminho de volta para a estrada de terra. Xiri gritou ordens para
seus guardas, que abriram caminho no meio da multidão em direção ao
centro da agressão.
O Monarca rejeitou qualquer tentativa de ser protegido ou contido. Ele
deu um passo à frente e enfrentou o seu povo sem medo. Tão diferente do
homem que vira a bordo da Paxion.Embora Gella soubesse que a força
poderia se manifestar de maneiras diferentes quando alguém precisasse
dela.
— Qual o significado disso? — O Monarca A'lbaran trovejou, com a sua
voz alcançando os picos do desfiladeiro ao redor.
Os enlutados se curvaram, quase todos criando uma onda que se
espalhou até as bordas do cemitério ao ar livre.
Todos, exceto um grupo de quatro. Liderando os insurgentes estava um
Pantorano atarracado em um macacão coberto de fuligem, gritando por um
alto-falante.
— Traidores de E'ronoh! O Monarca permite que os soldados inimigos
entrem em nosso solo! Ele presenteia nossa princesa a Eiram! Decreta um
toque de recolher em nossas vidas! Os Filhos de E'ronoh não vão tolerar
isso!
Uma única pessoa na pequena multidão gritou o seu acordo antes de
serem derrubados no chão. Mais tentaram correr, mas foram detidos por
outras pessoas na multidão até que os guardas pudessem alcançá-los.
— Precisamos voltar ao palácio, — disse Gella a capitã A'lbaran.
A dor brilhou nas feições da princesa por um momento antes que ela se
fortalecesse. Ela ergueu o comunicador e pediu uma nave auxiliar.
— São apenas quatro pessoas, — Enya disse, tentando se confortar. —
Eles verão que isso é o melhor para todos.
Mas bastou uma gota para criar uma ondulação.

— É isso que você chama de proteção? — perguntou a rainha Adriana.


Embora a sua pergunta apontasse para o Monarca, Gella não pôde deixar
de sentir que o seu tom sugeria todas as partes envolvidas.
Depois de serem transportados de volta ao palácio da Torre, eles se
enfileiraram em um refeitório cavernoso. A rainha de Eiram e a sua
consorte sentaram-se à esquerda, junto com os Jedi, embora Phantu tenha
recuado e se sentado ao lado de Xiri A'lbaran.
Arandelas de mármore pontilhavam as paredes de pedra, e atendentes
silenciosos corriam para pôr a mesa com taças de uma cerveja fraca e
amarga, que Gella entendeu ter se tornado popular, se necessário, durante as
secas. Gella sentiu o nervosismo de uma jovem ruiva ao derramar um pouco
da bebida e rapidamente se desculpou antes de limpar a superfície e sair
correndo da sala.
O Monarca, que olhava para longe em silêncio, não respondeu à
pergunta da rainha.
— Ninguém ficou ferido, — disse Phantu, embora desviasse os olhos do
olhar de sua mãe.
— Primeiro são as pedras, — a rainha insistiu. — Então serão
detonadores térmicos. Então o que? Possivelmente...
— Talvez precisemos nos mover mais rápido — disse a capitã A'lbaran,
tensa.
— Talvez, — retrucou a rainha, — não devêssemos ter passado tanto
tempo comemorando um homem que ia tentar machucar o meu filho.
A Capitã A'lbaran apoiou as mãos na mesa, como se estivesse ganhando
paciência.
— Não vou discutir com você, Rainha Adrialla. Não sabemos por que o
capitão Segaru estava lá, ou se esse é o lugar onde ele foi morto. Você
esqueceu, as nossas vidas foram ameaçadas em tantos dias. No momento,
devemos fornecer alívio e reprimir mais lutas em nossos dois mundos.
— A capitã A'lbaran traz um ponto importante, — Mestre Roy disse,
com a sua voz profunda e assertiva chamando a atenção de todos para ele,
até mesmo do Monarca. — Temos motivos para acreditar, agora mais do
que nunca, que alguém está trabalhando para garantir que os seus grandes
mundos permaneçam em estado de ruptura.
Mestre Sun colocou um holoprojetor na mesa. A projeção mostrou uma
imagem rotativa do farol de interferência que Gella havia destruído.
— Descobrimos isso na sua lua Guardiã do Tempo.
— Foi quando você encontrou aquele soldado infeliz? — a rainha
cutucou. — Em Eirie, você quer dizer. Esse é o nome que damos à lua.
— Não, — Mestre Sun disse, entendendo claramente que mesmo a lua
compartilhada entre os mundos não era isenta de reivindicações. — Pouco
depois da colisão que deu início a tudo isso.
O Monarca fez um som de desgosto.
— E você não achou pertinente nos informar? Vocês Jedi gostam de seus
caminhos secretos, não é?
— Eu não sei o que você quer dizer com isso, Monarca A'lbaran, —
Mestre Roy disse, nivelando aquele olhar que fez até mesmo os jovens
ficarem atentos. — Na época, achamos melhor reunir o máximo de
informações possível antes de sermos uma fonte de perturbação.
— E o que você achou? — Xiri perguntou ansioso.
— Uma coisa rudimentar, montada a partir de sucata e salvamento. — O
mestre Cereano fez uma pausa antes de continuar. — Traços de poeira de
E'ronoh na fiação.
A rainha começou a se levantar, mas a sua consorte colocou uma mão
gentil sobre a de seu regente. O seu véu dourado transparente farfalhou
quando ela balançou a cabeça.
— Isso não muda nada. — Phantu suspirou a sua frustração.
A rainha olhou suplicante para a sala. Gella nunca tinha visto a mulher
lutando para encontrar as palavras antes.
— Por duas vezes já morreram pessoas em locais destinados a Xiri e
Phantu. Você não consegue ver que alguém está tentando te machucar?
— Como isso é diferente do que temos feito nos últimos cinco anos? —
capitã A'lbaran perguntou sombriamente. — Phantu está certo. Isso não
muda nada.
— Pode ser uma oportunidade, — Gella sussurrou para Mestre Sun, mas
a sua voz ecoou nos corredores de pedra.
— Fale mais, — a Rainha Adrialla a instruiu com um movimento de
suas longas unhas.
Ela gesticulou para Phantu e Xiri.
— Uma vez que os herdeiros estão em movimento, se o objetivo é feri-
los, o assassino os seguirá e será desenterrado.
— Você quer que sejamos a isca? — a capitã A'lbaran sorriu lentamente.
— Nós queremos. — Gella tentou pensar em uma maneira diferente de
expressar isso. — Sim.
— Gosto disso, — disse a princesa.
Phantu voltou o seu olhar verde-claro para ela, observando sua noiva
com curiosidade. Como se ele estivesse tentando entender o nascer do sol.
— Você gosta?
— Sou uma guerreira treinada de E'ronoh desde criança, — disse a
princesa, orgulhosa de seus ombros.
O Monarca não tinha pressa em concordar quando disse
— E quanto ao seu filho, Adrialla. Você treina os seus soldados em outra
coisa que não seja natação?
— Nós... — Phantu começou, mas a sua mãe o interrompeu.
— Não enfiamos facas nas mãos de nossos filhos e chamamos isso de
'maioridade’, — disse a rainha Adrialla com firmeza. — Nós os ensinamos
a honrar os nossos mares e servir as suas comunidades.
— Eu sei lutar, — disse Phantu, mas quase soou como uma pergunta.
Como se para levar a conversa adiante antes que outra luta começasse, a
capitã A'lbaran ergueu a mão para a coorte Jedi.
— E seremos acompanhados. Se os Jedi estiverem falando sério sobre o
seu compromisso com a nossa paz compartilhada.
— Claro, — Mestre Sun concordou.
Chanceler Mollo passou os dedos pelos tentáculos do rosto.
— A República também ajudaria. Estaríamos divididos entre redigir o
tratado e distribuir rações em ambos os lados do corredor.
— E aquele com o cabelo desgrenhado? — perguntou a rainha de Eiram.
Phantu revirou os olhos.
— Desculpe-me, mas que tipo de treinamento é necessário para ser o
solteiro mais cobiçado da galáxia?
— Ah, você leu sobre mim, — respondeu Axel.
Ele entrou na sala com o seu droide e se sentiu em casa no assento vazio
ao lado do Chanceler Mollo. Ele limpou algo que parecia açúcar do lábio
inferior.
— A resposta é fácil, meu amigo. Muito treino. Certo, Mollo?
Gella sentiu uma ansiedade irradiar do Chanceler. Pensou no que Mestre
Sun estava dizendo sobre a sugestão de atrito entre os líderes da galáxia
quando se tratava de Eiram e E'ronoh.
— O senhor Greylark foi o primeiro da classe na universidade e se
destacava no combate corpo a corpo. Além disso, ele tem um grande
conhecimento diplomático.
— Eu me preocupo, — o Monarca murmurou, — que ter estranhos com
você irá despertar os mesmos sentimentos que ouvimos daquele dissidente.
Você deveria ter guardas E'roni.
— O meu filho não será cercado por soldados armados que podem
decidir que são, como aquele homem se chamava? Filhos de E'ronoh. Nesse
caso, enviaremos um pequeno séquito do melhor de Eiram.
— Não, — Phantu e Xiri disseram ao mesmo tempo.
A rainha empacou e o Monarca fez uma careta.
— O que queremos dizer é que não podemos ser flanqueados por
guardas, — enfatizou a capitã A'lbaran. — Estamos lá para neutralizar
qualquer violência persistente e distribuir ajuda. Aparecer com um batalhão
diz ao nosso povo que os tememos.
— Gella e Axel podem viajar com eles, disfarçados, — Mestre Roy
afirmou calmamente, como se fosse óbvio.
Mestre Sun assentiu e acrescentou
— Servidores e acompanhantes para o casal.
Gella sentiu uma pitada de desapontamento vindo de Enya, e ela
entendeu. Como Padawan, ela também ansiava por ser enviada em viagens
fora dos templos.
Era verdade, os Jedi em operações secretas tinham que vestir o papel,
mas o pensamento de usar qualquer coisa além de suas vestes fazia Gella se
sentir vulnerável. Enquanto os criados serviam pratos de tip-yip assado e
tubérculos, ela estudou o estilo E'roni de se vestir, tão estruturado em
comparação com a liberdade de suas vestes. Ela teria que se adaptar, e
rapidamente.
Axel arqueou as sobrancelhas.
— Babás glorificadas?
— Eu me sentiria mais segura sabendo que o meu filho e a futura nora
estariam com uma grande guerreira, — disse a rainha.
— Obrigado, — Gella e Axel disseram ao mesmo tempo.
Gella sentiu que ele tinha feito isso de propósito para irritá-la. Jedi eram
guardiões da paz, não babás glorificadas. Ainda assim, ela não o deixaria
estragar a centelha de excitação que esta missão representava para ela. Os
seus sonhos de treinar através da galáxia pareciam muito distantes, mas
como Mestre Sun tentou fazê-la ver, ela poderia aprender aqui e agora.
Provar a si mesma que ela poderia liderar. A Força a estava chamando por
esse caminho, e ela o seguiria.
— Você pode contar comigo, — Gella assegurou à rainha.
— Nós — acrescentou Axel, erguendo o frasco na direção dela e depois
para os outros.
— Bom, — disse Xiri, finalmente dando uma mordida em sua comida.
— Saímos de madrugada.
Abda caminhou pelo mercado da Torre com o seu último punhado
de pezz. Em Dalna, eles não precisavam de moedas cobertas de pátina ou
créditos da República. Eles cultivavam alimentos diretamente do solo.
Aprendera a amar o cheiro de minhocas fertilizando o solo, a maneira como
sempre havia sujeira sob suas unhas para provar que era um trunfo para os
outros. Porque a Força forneceu. Mais do que isso, ele a salvou uma vez, e
ela deve tudo para a Trilha da Mão Aberta. Para a Mãe.
Enquanto a poeira de E'ronoh batia em seu rosto com a ventania matinal
que passava, sentia falta do lugar que aprendera a chamar de lar. E sentia
falta de ficar na graça da mãe.
Abda pegou uma curva da rua do mercado e entrou em um beco estreito,
evitando um pequeno grupo de membros da Trilha que gritavam contra o
vento
— Não procure mais pela raiz do seu sofrimento! São os Jedi! Os Jedi
abusam da Força, e a Força deve ser livre!
Certa vez, Abda estivera entre eles, levando os seus ensinamentos aonde
quer que os anciãos a enviassem. Agora quase teve pena deles, porque eles
podem fazer parte da Trilha, mas não foram escolhidos pela Mãe, como
havia sido. Eles não eram especiais.
Abda continuou, entrando em um beco ainda mais estreito.
Roupas secas em linhas cruzadas lá em cima. Ela teve que virar de lado
para caminhar até o outro lado. Assim que o fez, os ventos pararam. Os
vendedores rapidamente reabriram suas barracas. Um deles anunciava
escorpiões fritos de thylefire. Outro gritou:
— Quinze pezz o quilo, pegue a sua gorjeta. — Um Troig de duas
cabeças montou um instrumento com o que parecia ser uma centena de
cordas e começou a tocar usando as quatro mãos. Dezenas de crianças
chutaram uma bola e depois choraram quando foi achatada sob o casco de
um ikopi.
Uma figura encapuzada se ajoelhou na frente de um garoto gritando e
entregou-lhe um pezz. A criança agarrou-o com os dedos sujos e fugiu.
Então a figura encapuzada foi direto até Abda. Nas sombras angulares
do beco, ela se revelou, uma pele verde de Mirialana com um punhado de
manchas pretas. Binnot Ullo tinha um sorriso torto e um olho aguçado para
oportunidades.
— Ela mandou você? — Binnot perguntou presunçosamente.
Os lábios de Abda se contraíram em desgosto.
— Isso mesmo, ela me enviou. Mãe confia em mim.
— Mesmo?
— Sim. Nós... nós somos os Filhos dela.
Os olhos e o sorriso de Binnot se arregalaram de surpresa.
— Bem, então você deve saber que a Mãe não está satisfeita. — Ele
enfiou a mão no bolso e retirou uma pequena bolsa. Ela reconheceu o
líquen dourado brilhante que crescia nos desfiladeiros. Os locais gostavam
de chamá-lo de asterpuff. Ele pegou uma pitada e inalou. Quando ele lhe
ofereceu um pouco, ela recusou. — Como quiser. Temos que tornar esta
rocha tolerável até que possamos limpar a sua bagunça.
— A bagunça não é minha, — disse Abda, furiosa por ter sido colocado
junto com Serrena, mas a culpa não a levaria a lugar nenhum.
— A Mãe não vai ver dessa forma. — Ele fungou, passando a mão no
nariz. Ele levantou um dedo longo de cada vez e disse
— Serrena matou o alvo errado. Os Jedi convenceram dois filhos a se
casarem e saírem parecendo heróis. A rainha Adrialla acha que pode
escapar sem cumprir a sua parte no trato, e agora Serrena está ferida. Ele
deu aquele sorriso torto. — Não é de admirar que você precise de nossa
ajuda.
Abda estremeceu com uma raiva impotente. A raiva subiu para o fundo
de sua garganta. Não era culpa dela. Era de Serrena. Ela falhou, mas foi a
vez de Abda provar a si mesma.
— Eu resolvo isso.
Os seus olhos se dilataram e o seu sorriso se alargou. A ponta de seu
nariz ainda brilhava em ouro. Ele enfiou a mão no bolso de sua capa
novamente. Desta vez, ele retirou um tubo de metal fino com uma vidraça
estreita. Dentro havia um líquido turquesa coagulado com bolhas de prata.
— Isso é tudo, — disse ele. Quando ela pegou o tubo, ele segurou a sua
mão com força. Os seus ossos se apertaram e ela ofegou, lutando quando
pensou que eles poderiam quebrar. — Não perca.
Binnot se soltou, então arregaçou o capuz e se misturou às
movimentadas ruas do mercado. Ela deslizou para o chão do beco e
embalou a mão contra o peito. Os seus olhos ardiam contra o calor seco. Ela
pensou nos céus azuis e frios de Dalna. O rosto carinhoso da Mãe. Ser
abraçado como um de seus filhos. Isso é o que Abda era. Não alguém que
decepcionou a sua família. A Mãe contava com ela.
Abda levantou-se e dirigiu-se ao mercado. Usou o resto de seu pezz para
reabastecer os seus cantis. Então começou a jornada de volta para as Terras
Selvagens. Ao longo do caminho, a barcaça real do deserto passou direto
por ela pelo cânion. Parou para puxar o capuz para baixo quando notou dois
escorpiões mortos a seus pés. Pequenas bênçãos. Aprendera a gostar do
sabor deles.
Sorrindo, ela os enfiou nos bolsos e sussurrou
— A Força fornecerá.
A BORDO DA AMARYLISS, E'RONOH

Phan-tu Zenn não conseguia tirar os olhos da estrada do cânion. Embora os


rios de E'ronoh tivessem secado há muito tempo, podia ver a marca que eles
haviam deixado pra trás nos padrões suaves e ondulados das faces rochosas.
O líquen dourado brilhava sob o sol escaldante e, embora estivesse à frente
da luxuosa barcaça do deserto do Monarch, as velas anguladas faziam
pouco para fornecer sombra.
Onde normalmente haveria uma equipe completa de servos e droides de
protocolo, a tripulação a bordo do Amaryliss consistia em Xiri, Gella Nattai,
Axel Greylark, o seu pequeno droide e ele mesmo. A barriga da nave estava
carregada com ajuda humanitária e, embora soubesse que as suas mães
temiam por sua segurança durante a viagem, não havia dúvida de que estava
exatamente onde precisava estar.
Quando a Torre se tornou um pouco mais do que um pontinho no
horizonte, o silêncio entre os quatro se estendeu. Phan-tu percebeu que a
última vez que ele e Xiri estiveram sozinhos, verdadeiramente sozinhos, foi
sob o Mar de Erasmus.
Axel Greylark se sentia em casa em sua cabine no convés inferior,
enquanto a Cavaleira Jedi inspecionava o convés superior da barcaça, como
se esperasse encontrar o suposto assassino agarrado à parte traseira da
barcaça. Apesar de considerar tudo o que eles passaram, Phan-tu não
achava que nada poderia surpreendê-lo tanto quanto a proposta de
casamento de Xiri A'lbaran. Ela, compreensivelmente, estava quieta desde o
assassinato do capitão Segaru, e ele desejou saber o que dizer.
Como se a tivesse chamado com os seus pensamentos, a princesa de
E'ronoh apareceu ao seu lado. O seu cabelo vermelho escuro estava
trançado em um laço intrincado, com a cauda caída sobre o ombro
esquerdo. As suas roupas Eirami eram tão brilhantes em contraste com a
sua túnica cinza. As suas perneiras pretas tinham almofadas onduladas nos
joelhos, como se fossem feitas para escalar os penhascos de um desfiladeiro
em vez de embarcar em uma missão diplomática.
— Aqui, — disse Xiri, entregando-lhe uma espécie de capacete.
— O que é isso?
— Viseiras. — Ela colocou a ocular volumosa no rosto dele. — Os
trabalhadores das pedreiras de mármore os usam para proteger os olhos.
Pelas palas de sol formava-se uma película escura sobre a paisagem,
engolindo os laranjas e os vermelhos mais intensos. Prismas de luz
ricocheteavam na grade de metal do convés e no líquen brilhante que
pontilhava o desfiladeiro.
— Obrigado.
Obrigado? Ele não conseguia pensar em mais nada para dizer a ela do
que um simples obrigado. Talvez isso fosse o suficiente, mas não parecia
assim. Não quando a mulher ao lado dele deveria ser a sua noiva. A sua
futura rainha. Em sua cabine havia uma caixa de vidro cheia de pérolas que
a sua mãe lhe dera. Ele tinha a intenção de dá-las a ela na noite anterior,
mas tinha medo de que ela achasse o gesto infantil, e não parecia certo, já
que ele não tinha pegado as pérolas.
— Phan-tu, o que é isso? — Xiri pousou a mão nas suas costas, guiando-
o por meia dúzia de passos até os assentos acolchoados. — Parece que você
está prestes a dizer adeus à sua refeição matinal.
As palas de sol pioraram tudo, então as removeu e as colocou na
mesinha entre os assentos. Piscou para o convés ensolarado e se concentrou
em seu rosto.
— É de repente...
— Muito pesado. — Ela sorriu hesitante. — Ontem à noite não consegui
dormir. Eu estava pensando que você ia acordar e pegar de volta, e
estaríamos de volta onde começamos.
A honestidade nas suas palavras o destruiu.
— Tubarões krel selvagens teriam que me devorar vivo antes que eu
renegue a minha palavra a você. — Parecia muito íntimo dizer isso, então
ele acrescentou. — Aos nossos mundos.
Ela apertou os lábios em um sorriso chato.
— Bom.
— O que é um tubarão krel? — A pergunta partiu de Axel Greylark.
O homem que os holomags gostavam de chamar de Príncipe de
Coruscant passeou pelo convés da barcaça e caiu no assento acolchoado.
Honestamente, teve que se jogar em todas as superfícies? Já era difícil ter
Axel usando as roupas de Eiram, calças e uma longa túnica cerúlea
enfeitada com ouro, embora ele tivesse tomado a responsabilidade de
desfazer os fechos até o ápice de seu estômago. Phan-tu teria preferido ter
um segundo Jedi com eles.
A princesa acenou para a Jedi, que permaneceu perto da coluna de
controle na parte de trás do convés.
— Junte-se a nós.
— Alguém deveria ficar de guarda, — Gella gritou por cima do vento.
Phan-tu mal reconheceu a Jedi naquela manhã sem as suas vestes. O seu
cabelo estava preso na nuca em dois coques elegantes. Ela usava um
uniforme de serva E'ronoh cinza escuro, com bordados prateados e
vermelhos sobre o ombro para mostrar a sua posição como trabalhadora
para a princesa. Onde estaria o seu porta lâminas, se ela tivesse crescido no
mundo do deserto, havia dois punhos de sabres de luz.
— Nós verificamos cada parte da barcaça, — Axel disse enfaticamente.
— E estamos nos movendo a sessenta quilômetros por hora. Quem quiser
esses dois mortos vai ter que voar a bordo.
— Deixe-a em paz, — advertiu Xiri.
Phan-tu não conseguia entender por que Axel, que parecia flertar com
tudo que se movia, inclusive droides, era tão brusco com a Cavaleira Jedi.
Gella se aproximou, mas permaneceu perto da amurada a estibordo.
Phan-tu suspeitou que era porque o único assento disponível era ao lado de
Axel.
— Ninguém respondeu à minha pergunta, — continuou Axel. — O que
é um tubarão krel?
— Um tubarão de Eiram, — Phan-tu disse, exasperado.
— Claramente. — O Príncipe de Coruscant sorriu. Era um sorriso
destinado a desgastar alguém, agradável, convidativo, gentil, até. —
Alguma razão para ser chamado assim?
Axel devia estar irritando Phan-tu porque, se fosse outra pessoa
perguntando, teria começado a contar a história de seu mito favorito da
criação. Houve um ano em que fez a sua mãe biológica contar pra ele todas
as noites. Em meio ao tumulto, ainda não havia parado para se perguntar o
que ela diria se pudesse vê-lo agora.
Pensando nela, na maneira animada como ela contava histórias, ele
canalizou o seu espírito.
— Há muito tempo, quando nossos planetas e a lua Eirie explodiram,
Krel nasceu no coração de Eiram. O seu nascimento desencadeou os
oceanos e as tempestades. Quando ele atravessou Erasmus a nado, as ondas
esculpiram montanhas em linhas costeiras planas. Krel cuidou de Eiram,
alimentando o seu mundo até que começou a ganhar vida própria, vida
vegetal e criaturas brotando da terra e do mar. Com o passar dos anos, ele se
transformou em sua forma de tubarão, embora tenha mantido a barba, e é
por isso que eles têm presas sob as mandíbulas inferiores.
Xiri sorriu, puxando pra trás um cacho rebelde.
— Eu nunca ouvi isso antes.
— Essa é a versão curta, — acrescentou Phan-tu.
— Veja, eu não acho que tenhamos mitos como esse em Coruscant. —
Axel recostou-se no sofá inteiro, colocando os braços sob a cabeça. — Há
ruínas nos níveis mais baixos, mas é inabitável. Então, novamente, eu nunca
realmente olhei. E quanto a E'ronoh?
— As pessoas falam sobre os deuses antigos, mas os seus nomes foram
todos perdidos, — disse Xiri, voltando-se melancolicamente para a vista à
frente. — Nós temos o escorpião thylefire, o símbolo da minha casa e a
força de E'ronoh.
Axel se apoiou em um cotovelo.
— As coisas que as pessoas fritam e transformam em doces no
mercado?
— Uma criatura que pode sobreviver neste deserto e dar sustento, —
explicou Xiri. — Nada como os azuis de Eiram. Essas são venenosas.
— Eiram tem tubarões barbudos e escorpiões venenosos? — Axel
refletiu. — Talvez nossa jornada devesse ter começado aí.
— Nós vamos chegar lá, — Phan-tu disse, querendo lembrar ao homem
que ele não estava em algum cruzeiro. — Uma aldeia de cada vez.
— E você, Gella? — Xiri perguntou.
A Cavaleiro Jedi considerou a questão.
— Não é bem a mesma coisa. Muitos seres têm mitos sobre a Força, de
onde ela veio e como interpretá-la ou até manejá-la. Os Jedi têm histórias
que se tornaram lendas de uma era das trevas, mas suponho que meu
mestre, Arezi Mar, me contou uma história de advertência que o seu mestre
lhe contou, que havia sido contada por seu próprio mestre e assim por
diante. Era sobre um Jedi que desejava ver toda a galáxia em sua vida. Ele
procurou um oráculo e foi informado de que tudo o que ele precisava fazer
era caminhar ao longo da costura da galáxia até chegar ao fim.
— Mas isso é impossível, — disse Phan-tu.
— Precisamente. — Gella sorriu ironicamente. — O Cavaleiro Jedi
passou anos, uma vida inteira, caminhando e caminhando.
— Ele encontrou? — Xiri perguntou. — O fim disso, quero dizer?
— Não. Ao longo do caminho, ele sentiu o chamado de vozes clamando
por ele. Mundos que precisavam dele. E assim, ele deixou o caminho das
estrelas e voltou para cumprir o seu dever de proteger a galáxia.
— Eu teria continuado, — Axel refletiu, com o seu sorriso sempre
presente caindo por apenas um momento. Como se ele próprio percebesse,
limpou a garganta e enfiou a mão na tigela de frutas na mesa do canto. —
Além disso, essa é uma história terrivelmente deprimente para contar às
crianças.
Gella ergueu os olhos para o céu.
— É uma fábula, Axel.
— E quanto ao mundo em que você nasceu? — Phan-tu perguntou.
— Eu não sei, na verdade, — disse ela, apoiando os cotovelos contra a
grade do convés. — Meus pais, quem quer que tenham sido, me deixaram
no templo Jedi em Devaron. Eu era muito jovem para me lembrar de
qualquer coisa, mas eles sabiam o suficiente sobre os usuários da Força para
saber aonde me levar.
Phan-tu sentiu-se incrivelmente triste. Sabia muito bem que a família
poderia ser escolhida, mas não iria sempre se perguntar de onde ela veio?
Talvez Jedi simplesmente não tivesse essas perguntas.
— Não posso perder algo que nunca foi feito para mim, — disse Gella
sem sombra de dúvida ou melancolia.
Até Axel decidiu não antagonizar Gella depois disso. Em vez disso, se
sentou ereto e serviu-se de mais frutas na mesa. Ele ergueu um roxo com
listras brancas tortas. Phan-tu nunca tinha visto igual. Deve ter vindo das
caixas de socorro Jedi ou da República. Axel jogou-o para fora da nave.
Gella estendeu a mão e a coisa voou pra trás, no ar. Phan-tu mal
conseguiu reagir ao poder da Jedi, enquanto girava sobre Axel.
— Está faltando comida! Você está louco?
— Você está tentando me matar? — Axel perguntou, indignado. — Sou
alérgico a fruta jogan.
— Então não coma, — Xiri retrucou, pegando-o de volta de Gella e
cravando os dentes nele.
Axel se inclinou para discutir, mas Phan-tu vislumbrou uma torre de
comunicações à frente, encerrando a discussão enquanto atravessava a
barcaça para ver melhor quando chegaram ao primeiro posto avançado.

POSTO AVANÇADO DE BARAKAT

Xiri A'lbaran desfrutou do ar árido de seu mundo. Não parava de se mover


há tanto tempo que estava com medo do que aconteceria se o fizesse. Axel
Greylark, por mais insípido e arrogante que fosse, era uma distração bem-
vinda da compreensão avassaladora de que Jerrod Segaru estava morto e
poderia nunca saber as circunstâncias de sua morte. Acabaria por lamentar
o homem que já havia sido um amigo e mentor, mesmo quando eles
brigaram, mas quando a Amaryliss parou, teve que seguir em frente.
O posto avançado de Barakat era pequeno, com a maioria das famílias
de trabalhadores da pedreira ocupando os apartamentos construídos nas
paredes do desfiladeiro. Uma camada de poeira branca se instalou em todos
os lugares enquanto as grandes máquinas perfuravam o solo e esculpiam
pedaços de mármore. Houve um tempo em que E'ronoh fornecia mármore
aos sistemas circundantes, mas quando a guerra começou novamente, os
seus contratos fora do planeta se tornaram poucos e distantes entre si. Agora
este mármore estava sendo usado para tapar os buracos na própria E'ronoh,
para consertar a destruição deixada pra trás.
Quando a barcaça parou, um grupo de aldeões se reuniu para a sua
chegada. Como a guerra havia exigido todo o seu tempo, Xiri não visitava
as pedreiras, ou qualquer lugar além da Torre, há anos, mas havia menos
pessoas e muito menos crianças entre as famílias de trabalhadores do que
ela se lembrava.
— Oh, ótimo, — disse Axel, protegendo os olhos com a palma da mão.
— Uma festa de boas-vindas. Embora eles não pareçam felizes em nos ver.
— Mandamos avisar os postos avançados e aldeias ao longo da rota para
virem coletar rações e suprimentos, — explicou Xiri. — Mas a ajuda
demorou muito para chegar.
Gella franziu a testa.
— Eu não gosto disso. Devemos parar aqui e Axel e eu levaremos os
carregamentos na jangada.
Xiri deu um aceno decisivo com a cabeça.
— Não podemos nos acovardar. Devo enfrentá-los.
— Você não pode acenar do convés? — Axel ofereceu.
— Xiri está certa, — disse Phan-tu.
Compreendendo a determinação deles, Gella assentiu e baixou a rampa.
Juntos, os quatro carregaram a jangada com os caixotes destinados a
Barakat.
Antes mesmo de chegarem à multidão, um Pantorano musculoso, de
pele azul, deu um passo à frente.
— Você não é bem vindo aqui.
— Você sabe a quem está se dirigindo? — Xiri perguntou.
A multidão de cerca de vinte murmurou. Uma das crianças disse o seu
nome com um guincho inocente. Houve um tempo em que o Monarca fazia
com que as pessoas o vissem, o amassem, mesmo que o temessem. Ela não
queria isso, mas tinha que afirmar a si mesma e a sua intenção. Phan-tu
Zenn estava ao lado dela, embora permanecesse quieto, mesmo com olhos
curiosos disparando em sua direção.
— A Grande Princesa de E'ronoh, — disse o Pantorano. — A minha
família veio para cá há uma geração sob a promessa do grande E'ronoh, mas
o que o Monarca nos deu?
Gella deu um passo à frente. Os sabres de luz do Jedi foram obstruídos
pela longa capa de seda presa em sua garganta, e Xiri roçou o braço da
mulher enquanto ela os alcançava. A carranca de Gella se aprofundou, mas
ela segurou a mão por um momento.
— Você está certo, — Xiri se dirigiu ao Pantorano que parecia o líder da
pedreira. — Mas o meu noivo, Phan-tu Zenn, e eu estamos aqui agora.
Estamos aqui para ajudar. Nós...
— Você estão aqui para morrer. — O Pantorano tirou uma peça
volumosa de seu cinto. O coração de Xiri deu uma forte pontada quando a
lâmina perniciosa pousou a seus pés. O desafio era claro.
Gella se abaixou para recuperá-lo, mas Xiri gritou
— Não!
Xiri agarrou a adaga pelo cabo. Isso a lembrou da lâmina de Jerrod,
simples aço E'roni, tão diferente de sua incrustada de rubi.
— Xiri, — Phan-tu sussurrou. A preocupação em sua voz a manteve
firme, mas era um lembrete de que não havia outro jeito. Ela havia pedido
ao vice-rei Ferrol para desafiá-la a bordo da Paxion, e ela teria feito isso.
Esse era o jeito dos E'roni e, embora muitas coisas pudessem mudar, essa
não era uma delas.
— Aceito o seu desafio, — disse Xiri.
— Meu príncipe aquático, — Axel disse a Phan-tu. — Sobre o que ela
está falando?
O rosto de Phan-tu se contorceu com um olhar que ela ainda não tinha
visto dele. Raiva. Frustração. Enquanto Xiri tirava a túnica para se
movimentar melhor de camiseta, ela deixou o noivo explicar, curiosa para
saber como um Eiram o descreveria.
— Eu só ouvi histórias sobre isso. Um rito E'roni arcaico. Um desafio
pela honra, pela vida, pelo trono.
— Então, se esse sujeito vencer, ele será o herdeiro de E'ronoh?
— Não vai chegar a isso, — disse Xiri.
— Eu não posso deixar você fazer isso. — Os olhos escuros de Gella
imploraram a Xiri. — Deixe-me lutar em seu lugar. Há muito em jogo.
Os olhos de Axel dispararam para o Pantorano e depois de volta para
Xiri. Ela podia ver o seu ceticismo ali.
— Não acredito que estou dizendo isso, mas concordo com a Jedi.
Xiri desembainhou a sua lâmina destruidora, com os rubis refletindo o
sol. Imaginou que Niko estava com ela enquanto ela o segurava em seu
quadril. Ela enfrentou a sua tripulação.
— Eu sei que ela está certa. Há muito em jogo. É precisamente por isso
que tenho que fazer isso. Não há nada mais covarde em E'ronoh do que
virar as costas para um rito. É o nosso desafio mais antigo. Se eu deixasse
outro duelo em meu lugar, o que isso diria ao meu povo?
— Como quiser, capitã A'lbaran. — Foi a primeira vez que Phan-tu soou
tão formal quando se dirigiu a ela. Ela precisava que ele entendesse mais do
que ninguém por que isso era importante.
Ela pegou a mão dele com firmeza.
— Confie em mim. Por favor.
Os seus olhos de vidro marinho procuraram os dela, e viu o momento
em que ele cedeu, abrindo-se para confiar nela.
Xiri marchou à frente e seguiu o povo do Posto Avançado de Barakat em
direção a uma clareira na pedreira onde um campo de batalha natural se
formava com ripas de mármore. As pessoas do posto avançado sentavam-se
ao longo da borda de pedra e cobriam a cabeça com faixas de pano para se
proteger dos raios solares. O seu desafiante aceitou elogios cautelosos de
seus amigos e caminhou até o centro onde a esperava.
Xiri apoiou-se em uma pedra maciça e se espreguiçou. Gella, mais uma
vez, ficou na frente dela.
— Você sabe que não posso deixar você morrer, certo?
— Eu pensei que uma Jedi teria mais algumas palavras encorajadoras,
— ela disse, esperando que a sua bravata mascarasse o seu nervosismo.
— Ele favorece a perna esquerda quando anda, — disse Gella. — Ele é
grande, mas você é rápida.
— Viu? — Ela sorriu.
Gella apertou o ombro de Xiri.
— Que a força esteja com você.
— Eu não preciso da Força, — ela disse inalando o cheiro de pedra. —
Eu sou a herdeira do escorpião thylefire e essa é a única força que preciso.
Gella se juntou a Phan-tu nas laterais. Axel estava longe de ser
encontrado.
Enquanto Xiri atravessava a clareira para enfrentar o Pantorano, ela
disse
— Tenho o direito de saber o nome do meu desafiante.
— Bruzo. — De perto, ela podia ver as finas cicatrizes brancas em seu
rosto de algum tipo de acidente. Ele a avaliou, também, e zombou.
Xiri lidou com pessoas assim a vida toda. Aqueles que olharam para ela
e viram alguém pequeno e fraco, mas ela caminhou pelos desertos de seu
mundo, quase foi enterrada pelas areias, mas conseguiu sair viva. Ela
liderou o seu povo na batalha. Bruzo poderia desafiá-la, mas ela sabia que
venceria, pois já havia chegado longe demais para perder.
Eles circularam um ao outro. Um dos aldeões, um homem de pele
morena com olhos nervosos, aproximou-se para arbitrar.
— Três sangues.
Xiri e Bruzo assentiram. Qualquer coisa pode ser usada, lâminas
destruidoras, punhos. Certa vez, vira dois vendedores duelando usando
ferramentas de carpintaria.
— Houve um tempo em que os guerreiros de E'ronoh eram lendários, —
disse Bruzo, incitando-a. — É outra coisa que a sua família desonrou.
Sabia que não deveria ter mordido a isca. Ele a queria errática, fácil de
distrair, mas fez isso de qualquer maneira. Acertou um golpe forte no nariz
do Pantorano. Sangue jorrou dele e correu para os seus dentes, tornando o
seu sorriso de escárnio vermelho.
— Primeiro! — o árbitro gritou. — Princesa Xiri.
Avançou com a sua adaga, pronta para golpear o braço dele, mas ele a
agarrou pelo braço e a jogou vários metros pela clareira. A dor explodiu em
seu ombro e um grito saiu de sua garganta. Por um momento, não
conseguiu ver além da luz ofuscante do sol e do pó fino que ardia em seus
olhos.
Com as palmas das mãos no chão, sentiu a vibração de suas pesadas
botas correndo em sua direção. Ofegante, Xiri ficou de joelhos, piscando
forte e rápido. Houve um borrão azul e ela atacou com a sua lâmina
destruidora. Bruzo grunhiu enquanto desviava de sua borda, mas virou pro
lado. Ela tentou se virar, mas sentiu uma mordida de aço no topo de seu
ombro.
— Primeiro, Bruzo, — disse o árbitro.
A multidão engasgou e murmurou. Ela se virou para encontrar Gella e
Phan-tu encolhidos em silêncio, enquanto Axel havia retornado, e ergueu
sua garrafa enquanto gritava um encorajamento nada esportivo.
— Não há vergonha em desistir, — Bruzo zombou dela.
Riu. Ele disse que esteve em E'ronoh por uma geração, provavelmente
na onda de refugiados que vieram de Pantora e outros sistemas antes
mesmo dela nascer, quando E'ronoh era próspero e um farol de promessa,
mas se ele realmente estava aqui há tanto tempo, sabia que não havia
vergonha maior, nem desonra maior.
Xiri ficou de pé. Desta vez, procurou apenas por Phan-tu entre os outros.
Ele não se moveu, mas as suas mãos estavam fechadas nas suas coxas e os
seus olhos nunca a deixaram. Um pensamento abriu caminho em sua mente.
E se eu perder? O que então?
Ela ouviu Gella primeiro, gritando:
— Xiri! Atrás!
Xiri voltou a se concentrar e empurrou o cotovelo pra trás. Atingiu o
músculo, mas não fez nada. Bruzo era como uma parede de mármore azul.
Mãos a empurraram para frente e ela caiu. Comeu pó e cuspiu. Rolando pro
lado, evitou o rangido de sua bota no lugar onde sua garganta estaria.
Arrastou-se de bruços até conseguir se levantar, virando-se rapidamente e
equilibrando-se enquanto Bruzo se aproximava novamente. Xiri havia
lutado nos torneios de ritos quando jovem, recém-saída da academia.
Derrotou adversários tão grandes quanto Bruzo, mas agora tinha um medo
venenoso de levar a melhor sobre ela porque havia mais do que honra em
jogo. Ali estava o mundo dela.
Então a capitã A'lbaran, princesa Xiri de E'ronoh, lutou mais. Correu em
frente, agachou-se e caiu entre as pernas de Bruzo enquanto ele jogava os
braços para a frente, tentando agarrá-la. Socando a parte de trás de seus
joelhos, fazendo Bruzo tropeçar, Xiri arrastou a sua lâmina em seu ombro.
Ele rugiu quando o árbitro chamou:
— Segundo, para a princesa.
Agora Bruzo lutava com raiva cega, atacando com os punhos. Abaixou-
se novamente, mas desta vez ele antecipou o seu movimento e a agarrou,
apertando-a até que parecia que iria quebrar os seus ossos. Ela largou a
adaga, ofegante. Desesperada para se libertar, ela baixou o rosto contra o
dele, sentiu o estalo do osso, então algo quente se derramando em sua boca
ofegante.
— Segundo, Bruzo, — gaguejou o árbitro.
— Obrigado por isso, — seu oponente riu enquanto a soltava de suas
mãos e se preparava para o seu encontro final.
De algum lugar, Axel Greylark estava vaiando. Xiri supôs que alguém
deveria estar se divertindo às custas dela e de seu futuro.
Mas isso não estava certo, estava? Não era só o futuro dela ou de
E'ronoh. Era o futuro de Phan-tu e de Eiram também. A realidade disso a
esmagou e a fortaleceu de uma só vez.
Pegou a sua adaga, feliz em ver que o Pantorano, o também estava
lutando para respirar.
— Você não é digna de nós, — Bruzo disse a ela.
— Talvez não hoje, — ela disse, sua voz ecoando no anfiteatro natural
da pedreira. — Mas farei tudo o que puder para garantir que, quando chegar
a hora, eu seja digno de você. De todos vocês.
Houve silêncio e um grunhido odioso de seu oponente. Correu em
frente, mas não conseguiu usar nenhum dos truques que já tinha usado. Em
vez de descer, se lançou sobre ele, escalando-o como a laje de mármore que
ele era. As pernas dela envolveram a cintura dele e o golpeou na garganta
com o lado da palma da mão, atordoando-o apenas o tempo suficiente para
arrastar a lâmina em sua bochecha. Ele engasgou e cambaleou pra trás,
agarrando-a para cair com ele. Inclinou-se na queda e caiu de pé.
— Terceiro, para a princesa! — o árbitro gritou.
Bruzo levou as costas da mão ao rosto para examinar o corte. Ele ficou
caído.
Houveram aplausos indiferentes e prendeu a respiração ao encarar o seu
povo.
Respirando com dificuldade, ela deu as boas-vindas à onda de emoção e
apertou o punho contra o peito.
— O meu nome é Xiri A'lbaran e lutarei por vocês todos os dias, de
todas as maneiras que puder.
Houve um grito, e ela não entendeu o porquê até que viu Phan-tu Zenn
correndo em sua direção e depois passando por ela. Girou bem a tempo de
ver Phan-tu interceptar um Bruzo atacando com um soco. Em um
movimento rápido, Bruzo caiu inconsciente com Phan-tu de pé sobre o
corpo.
Phan-tu se virou pra ela e pegou a sua mão, entrelaçando os seus dedos
nos dela.
— Juntos, — disse ele à multidão. — Vamos lutar por você todos os
dias, de todas as maneiras que pudermos, juntos.
Ele não tirava os olhos de Xiri.
Axel Greylark contou o seu merecido pezz.
— Não acredito que você apostou que a princesa Xiri venceria ou não,
— disse Gella.
— A sua incredulidade está acabando com o meu entusiasmo, — ele
disse sem lhe dar outro olhar. — E pelo menos apostei que ela venceria.
Faziam várias horas desde que eles deixaram o posto avançado. Após a
vitória de Xiri, e o soco impressionante de Phan-tu, os cidadãos de Barakat
abraçaram os seus dois novos herdeiros. Com a primeira ajuda agora
distribuída, eles estavam de volta à barcaça, movendo-se em um ritmo
glacial pelo deserto. Para Axel, toda a empreitada teria sido mais rápida se
os deixassem pagar o combustível necessário para levar a sua nave, mas
estava começando a entender como a Orla Exterior era orgulhosa e teimosa.
— E que Bruzo iria ganhar, — Phan-tu acrescentou bruscamente. Os nós
dos dedos brilhavam com as pomadas curativas. O herdeiro de Eiram estava
cheio de surpresas com as quais Axel teria que ficar atento.
Enquanto isso, Xiri sibilou quando Gella finalmente terminou de tratar
os seus ferimentos. A Jedi foi meticulosa, apesar dos frequentes protestos
de Xiri de que ela estava bem.
Axel balançou a cabeça. Nem um único visionário entre eles.
— Cobrindo as minhas apostas. Aqui estão as suas partes. Ele colocou
as suas ações em quatro pilhas organizadas. — Pensando bem, os Jedi
provavelmente não precisam de dinheiro para comprar nada. Eu fico com a
sua parte, Gella.
Gella tinha realmente aprendido como dar a outra face quando se tratava
de Axel . Isso fez com que ficar sob a sua pele fosse um desafio muito
maior. Ela cruzou os braços e fixou os seus grandes olhos castanhos na
estrada deserta à frente.
— Exigimos as mesmas coisas que todos. Comida, abrigo, combustível.
— Mas você não vai sair e comprar algo legal. Algo só pra você. Arte
para pendurar no seu quarto. Um barril de vinho Alderaaneano...
— Pare de implicar com ela, — avisou a Princesa Xiri. — Ou vou
aceitar a sua parte como multa por falar demais.
Ele riu alegremente, e QN-1 tocou um aviso.
— Eu sei que ela quis dizer isso, — Axel sussurrou para o seu droide.
Então ele levantou a voz para que os seus novos amigos relutantes
pudessem ouvi-lo acima do vento. — Embora, se vocês dois realmente
quiserem levar esse show para a estrada, conheço alguns lugares onde nos
daríamos muito bem.
Phan-tu estreitou os olhos.
— Como exatamente a realeza política e uma celebridade menor acabam
conhecendo lugares como esse?
— Menor? Por favor. — Axel zombou. — Eu faço questão de saber.
Além disso, é meu objetivo abrir um buraco na galáxia e nunca olhar pra
trás.
Sentiu o olhar de Gella em seu rosto enquanto dizia isso. Geralmente,
parecia que ela evitava olhar para ele porque não conseguia controlar o seu
descontentamento com tudo o que ele fazia.
— Isso parece caótico.
— Então é bom, — disse Axel, agraciando-a com o seu melhor sorriso,
— que eu prospere no caos.
Após a colisão inicial com os habitantes locais, Axel esperava que cada
posto avançado e vilarejo que eles visitassem incluíssem uma oportunidade
financeira semelhante. Infelizmente para os seus fundos, os próximos dois
dias foram preenchidos com quedas de rotina. Entreposto de Jallen recebeu
a princesa e o seu noivo de braços abertos. O povo de Heliol, um curioso
vilarejo estabelecido nas cavernas subterrâneas da região, os recebeu com
escorpiões de Thylefire fritos e algo chamado poção iazacal. A bebida era
tão forte que queimou os seus olhos no momento em que levou o copo aos
lábios. No entanto, deu-lhe sonhos agradáveis. Quase havia esquecido como
era dormir a noite toda. Para sonhar, em vez de reviver as memórias que
tentou abafar e os pensamentos que tentou manter afastados durante suas
horas de vigília.
Quando não estava ajudando os outros a descarregar suprimentos da
barcaça ou deixando o sol E'roni dourar a sua pele, Axel detalhava contas
diárias no gravador de QN-1 em seu minúsculo quarto no convés inferior.
Certa manhã, estava repassando os acontecimentos da noite anterior para
o relatório de sua mãe enquanto se vestia para o dia.
— Com quem você está falando? — Gella perguntou, hesitando na porta
aberta. O seu cabelo escuro estava se desfazendo da trança solta sobre o
ombro.
— Há muitas pessoas esperando para ouvir de mim. — Axel sorriu e
fechou o gravador de QN-1. O seu pequeno droide pulsou violeta e girou
em direção ao Cavaleiro Jedi, e ela pressionou a mão em sua cúpula
redonda.
— Tenho certeza. Mais provavelmente, você está relatando a Chanceler
Greylark tudo o que está acontecendo aqui? Os olhos de Gella caíram sobre
a cicatriz em forma de meia-lua vermelha que se curvava sobre o seu
coração. A única razão pela qual ele ainda tinha uma marca era que ele
havia recusado atendimento médico quando isso aconteceu.
Por um momento, esqueceu o estado em que estava. Rapidamente pegou
a sua túnica da cama estreita e terminou de vesti-la. Não queria que ela o
visse daquele jeito ainda. Piscou. Não queria que ela o visse daquele jeito
nunca. As pessoas agiam de maneira estranha quando viam a cicatriz,
fazendo muitas perguntas ou resmungando comentários de pena. Pobre Axel
Greylark. Que triste, que trágica, pobre da sua mãe.
Levantou-se da cama, o quarto era tão pequeno que estava mais perto de
Gella do que pretendia. Ele se encostou na parede, de frente para ela.
— Tenho certeza de que você está acostumado a morar perto e ver muito
mais do que isso.
Ela deu de ombros, cruzando os braços sobre o peito.
— Você está desviando.
— Você se considera uma atendente da realeza? — ele perguntou,
frustrado com a forma como o cabelo dela estava desfeito.
— É um pouco mais complicado do que uma trança de Padawan, — ela
disse, puxando o fecho.
Apontou que sim.
— Posso?
Gella o examinou antes de ceder. Perguntou-se se lhe custava deixar
alguém ajudá-la com algo tão trivial.
Pelo fabricante, até onde iria para, o que ela disse? Desviar. Desfez a
trança e passou os dedos pelas mechas pretas e macias, separando três
partes. Quando era um garotinho, quando as coisas eram diferentes com a
sua mãe, a ajudava a escovar o cabelo impossivelmente comprido na hora
de dormir. Foi uma das únicas vezes que ele lembrou que eles passaram
juntos, e fez parte do ritual dela.
Terminado, Axel apertou o fecho de metal para que ficasse firme e deu
um passo pra trás.
— Aí.
Seu rosto suavizou com gratidão, então ela voltou a franzir a testa. Desta
vez, não foi dirigido a ele, pois ela se virou em direção à escada e à
escotilha que levava ao convés. Ele tinha visto o rosto dela se concentrar
dessa forma a bordo da Paxion, logo antes dela tomar a sua nave, como se
ela pudesse ouvir sons, sentir coisas que o resto deles simplesmente não
podia. Porque ela era uma Jedi, e ele não podia esquecer isso.
— O que está errado? — ele perguntou.
Foi Xiri quem respondeu com um grito
— Vocês dois, subam aqui agora!
Axel seguiu atrás de Gella enquanto eles subiam os degraus.
— Parem a barcaça, — ordenou Xiri, espiando através de binóculos do
mirante.
Ao emergir no convés, Axel estava mais próximo do pódio de controle.
A Amaryliss parou. Os quatro se aglomeraram no mastro. Procurou o
deserto rochoso que se derramava no horizonte até que os seus olhos se
ajustassem em dois objetos brilhantes separados por vários metros. Pessoas,
ele percebeu, mas eles não estavam se movendo. Um estava de pé, outro de
joelhos.
— Aqueles são dois soldados Eirami, — Phan-tu disse gravemente.
Quando um dos soldados caiu, desencadeou um tiro que explodiu pelas
Terras Desoladas.
Gella começou a escalar a balaustrada do convés. Calculou o seu
salto através da Força, com a sua aterrissagem para que pudesse chegar ao
soldado caído restante mais rápido, mas então parou. Olhou de volta para os
seus pupilos. O medo pelo soldado e o medo por eles a faziam pular sem
pensar.
Esperar. Sentiu a palavra correr por ela, como se seu eu passado
estivesse falando.
Essa missão tinha que ser diferente das outras, o que significava que não
poderia continuar fazendo exatamente a mesma coisa que a levou a E'ronoh
em primeiro lugar. O seu instinto de ajudar estava certo, mas ela não podia
pular em um campo minado.
— Há um escâner de minas no porão de carga, — disse Xiri, com a voz
distante. Ela olhou para Axel . — Antes que você diga qualquer coisa, sim,
o meu pai está sempre preparado.
O Príncipe de Coruscant teve autopreservação o suficiente para
permanecer quieto. Gella seguiu Phan-tu para liberar a rampa de embarque.
Eles esperaram na borda. Aqui fora, o terreno rochoso era pontilhado por
espinheiros espinhentos e arcos de pedra. O sol implacável drenou toda a
umidade da terra.
Xiri voltou, segurando o amplo escâner. Parecia estar prendendo a
respiração enquanto os sensores estalavam enquanto o elevava através do
deserto. Ele emitiu um único bipe quando Xiri o apontou diretamente para o
soldado ajoelhado.
— Certo. Aqui está o que fazemos. Vou segurar o gatilho. Vocês dois o
coloquem em segurança. Gella sabia que pedir aos herdeiros para ficar pra
trás resultaria em uma discussão para a qual eles não teriam tempo. Ela
também reconheceu que ajudaria o soldado Eirami a ver Phan-tu.
— O caminho está livre, mas ande com cuidado, — alertou Xiri.
Gella saiu primeiro da rampa. O chão era uma rocha sólida tão seca que
se abriu em trechos, como se algo vindo de baixo estivesse tentando eclodir.
Embora o caminho para o soldado estivesse livre, ela usou a Força para
guiá-la, colocando um pé diretamente na frente do outro. Gella nunca
desativou um dispositivo explosivo, especialmente um que foi ativado, mas
ela poderia ganhar tempo para eles. Por um momento ela não estava no
deserto, mas em uma floresta de Orvax. Terra úmida em vez de deserto.
Sombra em vez de sol. Ela avançou então e cometeu erros. A diferença é
que aqui o caminho era claro.
Quando chegaram ao soldado Eirami, ele estava agachado. As palmas
das mãos e os joelhos no chão, um tremor sacudindo o seu corpo pelo
esforço de manter essa posição. As suas mãos estavam vermelhas e com
bolhas de sol, e o revestimento de metal verde azulado de seu uniforme
estava muito deformado nos ombros. Ele ergueu a cabeça, a boca cercada
por uma película branca enquanto um som ofegante saía de sua garganta.
Gella sentiu a sua dor através da Força. Tanta dor, não apenas seu corpo,
mas o seu espírito. Que terror ele havia suportado antes disso?
— Água, — disse Phan-tu.
Para a sua surpresa, foi Axel quem trouxe um cantil. Não olhou pra trás
e presumiu que ele ficaria pra trás. Rapidamente, ele derramou água no
gorro e cuidadosamente levou-o aos lábios rachados do homem. O soldado
chorou quando o líquido limpo e frio caiu em sua boca.
— Vai! — ele murmurou. — Não.
— Posso ajudar você, — pressionou Gella.
— Você não pode. — O soldado olhou para baixo. Um pequeno ponto
vermelho piscou na lasca de mina terrestre que espreitava sob o seu joelho.
O soldado tremia violentamente.
— Não dá para aguentar muito mais tempo.
Gella o firmou através da Força, tomando cuidado para que ele não
afrouxasse demais e tombasse. Ela se virou para Phan-tu. — Esteja pronto
para levá-lo embora.
Ela sentiu a ânsia e o medo que os mantinham afiados. Enquanto ela
dirigia sua atenção para a mina terrestre, o soldado se concentrou nelas. O
reconhecimento encheu seus olhos verdes de Eirami quando ele notou
Phan-tu. A confusão rapidamente deu lugar ao pânico quando ele ameaçou
se afastar do príncipe. — Onde estou? É realmente você?
— Você está seguro, — disse Phan-tu. — Você está seguro. Eu peguei
você.
— É tarde demais, — o homem choramingou.
— Agora, Agora! — Gella gritou, com o seu controle escorregando
enquanto tentava manter a mina terrestre pressionada e o homem assustado
calmo. Phan-tu levantou o homem e começou a puxá-lo para longe da mina
terrestre o mais rápido que pôde. O suor frio se acumulava entre os ombros
de Gella enquanto ela controlava o seu foco, a carga da mina terrestre
gemendo ao se engajar.
Ao mesmo tempo em que ela empurrou a mina o mais longe que pôde
através da Força, alguém a arrastou de volta pelo chão enquanto soprava.
Gella conteve o grito em sua garganta enquanto recuperava o controle e
desviava dos estilhaços de rochas.
Seu pulso martelava e se permitiu um momento para fechar os olhos
contra o sol, contra o zumbido em seus ouvidos. A poeira ainda estava no
chão, mas enquanto todos se levantavam e se limpavam, ela agradeceu à
Força por guiá-la.
Phan-tu não perdeu tempo e correu de volta para o lado do soldado.
— Vamos colocar você na barcaça.
— Tarde demais, — repetiu o homem ferido. — Salve os outros.
Ele manteve a mão contra o centro do peito, onde havia uma ferida que
ela não havia notado antes. Eles poderiam ter ganhado mais alguns
momentos, mas agora que a sua cabeça estava descansando contra o peito
de Phan-tu, agora que Axel estava no lugar certo para proteger um
moribundo do sol, ela o sentiu escorregar.
— Meu príncipe, — disse o homem, em seu delírio. — Eu consegui
voltar.
— Qual é o seu nome, soldado? — Phan-tu perguntou, o final de suas
palavras engatado com emoção.
— Salas, senhor. Os seus olhos estavam desfocados, cada piscada mais e
mais lenta. — Os outros...
— Nós os encontraremos, Salas, — Phan-tu prometeu.
— Você conhece o lamento do marinheiro? — O soldado arrastou as
palavras. Um filete de sangue escorria pelo canto de sua boca.
— Eu-eu sinto muito, — Phan-tu olhou pra eles pedindo ajuda, ainda
tentando manter a pressão sobre a ferida. — Eu não.
Foi Xiri quem atendeu.
— Eu faço.
E quando o homem entrou na Força, a princesa de E'ronoh cantou.

O solo era de rocha sólida e, portanto, eles não podiam cavar uma sepultura.
Em vez disso, a Cavaleira Jedi, os herdeiros e o Príncipe de Coruscant
cobriram seu corpo, e os restos do segundo soldado, do sol e dos necrófagos
com grandes pedras. Phan-tu carregou os restos do peitoral de Salas para
levar para a sua família, mas primeiro, eles tiveram que investigar as
alegações do soldado caído.
A bordo da Amaryliss, Gella limpou os arranhões nas palmas das mãos e
um corte fino na bochecha de Axel. Indolor em comparação com o que
Salas havia passado, mas forçou Gella a voltar a um sentimento de fracasso
que pensava ter superado. Estava começando a perceber que talvez fosse
um sentimento que nunca ia embora, algo que sempre teria que trabalhar
para superar.
A noite caiu rapidamente no deserto enquanto eles se reuniam no
convés. Comeram carne fria e pão em silêncio, todos exceto Phan-tu, que se
encostou no mirante, assim como na manhã em que partiram.
Gella tentou recuperar o foco, então pensou que talvez a melhor maneira
de fazer isso fosse repetir aqueles momentos em um loop mental. Para
revivê-lo, para ver cada momento à medida que se desenrolava. E então
deixá-lo ir.
Ao lado dela, Axel continuou tocando o seu corte e estremecendo. Ele
foi quem a puxou de volta da explosão, percebeu.
— Obrigada, — ela lhe disse.
Ele a cumprimentou com um breve aceno de cabeça, tomou um gole de
seu frasco e o passou para Xiri, que o passou para Gella. Quando girou o
metal frio na ponta dos dedos, se perguntou como ele era tão hábil em
enterrar as suas emoções. Talvez algumas pessoas fossem contradições.
Talvez entender alguém completamente significasse aceitar essas
contradições. E por que isso deveria incomodá-la quando, depois disso,
nunca mais veria Axel Greylark?
Quando Phan-tu voltou a se sentar ao lado de Xiri, começou o seu
interrogatório. Puxou um holograma da topografia. Mais terras secas, mais
cânions.
— Nas gravações que Gella obteve enquanto estávamos a bordo da
Paxion, — disse Xiri, — esta área era um ponto morto. Nunca houve luta
em solo aqui.
— Quem deixou as minas terrestres pra trás não recebeu a diretiva, —
Axel entrou na conversa.
— Aqueles deveriam ter sido recolhidos no início da guerra. — Xiri
exibiu a sua culpa para todos verem. — Antes que as coisas piorassem de
novo.
— E quanto aos prisioneiros? — perguntou Gella.
Ela olhou para Phan-tu enquanto dizia
— Todos os prisioneiros receberam ordens de serem libertados...
Axel deu um gole em seu frasco.
— A minha questão ainda está de pé.
— O que sabemos sobre a aldeia mais próxima? — perguntou Gella.
Xiri expandiu a região do holo.
— A'ranni está no coração de Terras Desoladas e em nossa rota de
socorro. Principalmente fazendas de iazacais, mas desde a seca, a guerra e
mais seca, a produção praticamente parou.
— Se houverem mais soldados de Eiram lá, — disse Phan-tu, — como
vamos tirá-los?
Axel levantou um dedo em questão.
— Não que eu esteja questionando a nossa habilidade coletiva, mas se
estamos nos aventurando em um lugar tão charmoso chamado Terras
Desoladas, não deveríamos pedir reforços?
— Devemos saber o que estamos enfrentando primeiro, — Gella
rebateu. — A razão pela qual estamos aqui é porque a capitã A'lbaran não
queria soldados marchando por E'ronoh.
— Se sairmos agora, chegaremos lá em algumas horas, — disse Xiri, —
então prosseguiremos na calada da noite. A'ranni é pequena.
Arrastou o dedo pela projeção do mapa.
— Mas sobre esta convocação de paz, há uma rede de arcos de pedra e
cavernas. É onde eu me posicionaria se estivesse liderando o ataque. Há
muita cobertura, muitos lugares para se esconder.
— Sem mencionar que provavelmente mais brinquedinhos divertidos
vão nos explodir, — Axel murmurou. — Posso sugerir que você se
posicione e ordene que eles se retirem e libertem todos os prisioneiros?
— Depois de Barakat, quero me preparar para qualquer coisa. — Xiri
franziu a testa, como se estivesse se preparando para enfrentar qualquer
outro desafiante que surgisse em seu caminho. — Assim que reunirmos
informações, saberemos como proceder.
— Eu fico com o primeiro turno, — Phan-tu ofereceu.
O peso do dia caiu sobre Gella, e ela se juntou à princesa Xiri enquanto
se desculpava para ir para o convés inferior.
— A Força estará do nosso lado, — Gella a assegurou.
Ao dar o primeiro degrau na escada, ela pegou o Príncipe de Coruscant
fazendo uma careta em direção ao horizonte e dizendo
— Prefiro ter a sorte do meu lado.

Phan-tu Zenn rastejou sobre os penhascos do cume que margeava a aldeia


agrícola de A'ranni. O caminho deles foi iluminado pelo brilho prateado da
lua de Eirie e pelos pontinhos das estrelas. Mesmo à distância, ele podia ver
que os bosques de árvores iazacais estavam secos e sem vida.
Axel Greylark estava ao seu lado, sua pistola blaster cromada em punho
enquanto eles rastejavam o resto do caminho de bruços. Phan-tu conseguiu
apenas distinguir as silhuetas de Xiri e Gella, assim como o pequeno droide
de Axel .
— Eu ainda acho que você deveria ter deixado QN-1, — Phan-tu
sussurrou.
— E eu ainda acho que deveríamos ter chamado reforços, — Axel
sibilou de volta. — Além disso, você sabe quantas vezes QN-1 salvou
minha vida?
— Ele deveria ganhar uma medalha, — Phan-tu murmurou.
— Estou começando a ter a sensação de que você não gosta muito de
mim. — O Príncipe de Coruscant zombou. — Você ainda está bravo com a
música?
Phan-tu não era este homem. Ele não agiu tão rudemente com os outros.
Ele tinha paciência com todos, até mesmo com alguns dos cortesãos mais
cruéis que conhecera em casa. Talvez Axel o lembrasse dessas pessoas, e
era por isso que os seus sorrisos irônicos e a sua habilidade de andar pelo
mundo como se ele fosse a única pessoa nele o incomodavam. Isso, e Axel
passou a noite inteira tocando uma música terrível. Depois do horror do dia
anterior, poucas horas antes, Phan-tu estava cansado. Axel era uma
distração fácil para a sua raiva, um sentimento que ele detestava.
Ele soltou um suspiro frustrado.
— Não importa o que eu penso de você.
— Shh, — veio a advertência de Gella. — Eu vejo números. Parece que
são dois soldados, ambos imobilizados.
O Jedi passou os binóculos para Xiri e continuou na linha. Quando
chegaram a Phan-tu, ele espiou pelas lentes, ajustando a luz para a
escuridão. Muito abaixo do cume havia um buraco no chão, a boca irregular
de uma caverna. Estalagmites se projetavam e pedregulhos se aglomeravam
ao redor da borda. A adrenalina de Phan-tu aumentou quando ele notou o
transporte de transporte militar Eirami. Parecia ter feito um pouso forçado.
A sua asa estava queimada e dobrada, a escotilha de carga ainda aberta e
parte do casco esmagado sob a borda de pedra.
Ele continuou procurando por vida até onde a entrada da caverna
permitia. Embora o movimento ali estivesse obscurecido por uma barricada
de caixotes de duraço e pela saliência dos penhascos de pedra, ele
reconheceu os uniformes vermelhos. A única maneira de entrar era da
mesma maneira que aquelas naves ficaram presos, de cima.
Os quatro se viraram, deitados de costas.
Xiri ergueu o comunicador de pulso e sussurrou
— Todas as unidades, entrem.
Eles esperaram. Phan-tu sentiu como se tivesse engolido uma colmeia de
abelhas, pois o ar morto do comunicador foi a única resposta que
receberam. Xiri repetiu a si mesma e acrescentou
— Aqui é Thylefire Um.
— Parece que estamos fazendo isso da maneira mais difícil, — disse
Axel, em voz baixa.
— Que blast, — Xiri sibilou.
— E quanto ao droide? — perguntou Gella.
— E quanto ao droide? — Axel repetiu defensivamente. A pequena
unidade QN era pequena o suficiente para que o seu propulsor não emitisse
um ruído alto e inteligente o suficiente para que a sua resposta a Axel e
Gella fosse um bipe simples e baixo.
Axel soltou um suspiro, mas disse
— Suponho que você poderia tentar falar com a nave usando uma
frequência diferente. Isto é, se qualquer uma das naves ainda tiver
combustível e estiver ligada.
— Deixe-me tentar, — disse Xiri, com urgência.
Quando a pequena unidade voou para suas mãos, Phan-tu rastejou de
volta para o cume para ficar de vigia. Ambos os acampamentos estavam
quietos. Talvez, pensou ele, eles tivessem ido procurar Salas, mas não, eles
teriam se cruzado. A menos, é claro, que essas cavernas dessem lugar a
túneis. A educação de Phan-tu sobre E'ronoh se concentrou nas guerras que
arruinaram as suas histórias compartilhadas. A sua própria avó lhe contou
sobre a primeira vez que ela viu a barra vermelha dos caças estelares E'roni
a sobrevoar a sua ilha nas ilhas do sul. A destruição foi a razão pela qual ela
navegou sozinha, aos dez anos de idade, até o Canal de Rayes, na capital.
Outros partiram em barcaças de refugiados para Tawl e Bespin, mas os
planetas ao redor pararam de tentar se envolver quando a guerra se tornou
algo que Phan-tu teria que suportar.
Nunca mais, ele jurou.
Uma fuga próxima o tirou de seus pensamentos. Ele deixou os seus
olhos se ajustarem à escuridão enquanto o barulho, familiar de tantas
maneiras, se aproximava.
— Não se mova, — Phan-tu advertiu Axel, mantendo a sua voz calma.
Mas Axel já tinha visto o pequeno escorpião thylefire que pousou em
seu peito. Ele mordeu o lábio para evitar gritar um xingamento, mas Phan-
tu colocou a palma da mão sobre a boca do Príncipe de Coruscant.
— Não é venenoso, não grite, — ele sussurrou. — A menos que você
queira visitantes indesejados.
Phan-tu beliscou o bicho em seu torso, pegou-o e colocou-o em um
monte escarpado, de onde ele fugiu.
— Viu?
Axel passou os longos dedos pelo cabelo e soltou um suspiro de alívio.
Phan-tu podia ver o branco de seus dentes enquanto sorria durante a noite,
olhando para QN-1 como se quisesse ter certeza de que Xiri não havia
destruído sua propriedade de alguma forma.
— Perdoe-me, — disse Axel, virando a cabeça para Phan-tu. — Como
um garoto de rua se tornou o herdeiro aparente da rainha de Eiram?
— Isso. — Phan-tu balançou a cabeça, o calor subindo em seu rosto.
Levou cada parte dele para não gritar. — É por isso que não me importo
muito com você.
Axel não parecia perturbado. Ele apenas deu de ombros.
— Eu descubro que aqueles que conheço querem me matar, dormir
comigo ou me salvar dos meus piores impulsos. Às vezes, um pouco dos
três.
— Você está se ouvindo? — Phan-tu perguntou. — O meu mundo esteve
a momentos de acabar, todos os dias durante anos, e você não faz nada além
de brincadeiras.
— A preocupação só faz você envelhecer rápido. — Axel estava
perdendo força.
— Deixe-me adivinhar. Você quer ser jovem para sempre? — Phan-tu
sabia como uma coisa preciosa como a velhice era.
Axel murmurou o seu pensamento.
— Não exatamente. Eu quero queimar rapidamente, em uma chama de
glória. Como uma supernova.
Decididamente não era o que Phan-tu pensava que diria o homem
arrogante que conheceu. Ficaram um bom tempo calados, ouvindo Gella e
Xiri tentarem fazer contato pelo comunicador. Por que ele pressionou tanto
contra a pergunta de Axel ? Ele não tinha vergonha de onde ele veio. Ele
estava muito orgulhoso, na verdade. O povo de Rayes era sobrevivente.
— Você me lembra de todos os idiotas que tornaram minha vida
miserável em meus primeiros anos na corte.
Axel conteve um bufo.
— Eu cresci com o tipo. Filhos de políticos são os piores. Eu deveria
saber, mas se eu estivesse lá, eu teria sido maior e mais cruel com você.
Droga. Ele conseguiu sorrir.
— Quando eu era garoto, — disse Phan-tu, cedendo à pergunta anterior
de Axel, — tivemos uma das piores monções da história de Eiram. Os
escudos climáticos não haviam sido consertados na parte do Canal da
Cidade de Rayes. A minha mãe conseguiu colocar a minha irmã e eu no
último barco pra fora da cidade, mas não havia espaço pra ela. Eu estava
com medo e queria a minha mãe. Então eu fugi. Minha irmã, Talla, me
seguiu.
Foi então que percebeu que Xiri e Gella também estavam ouvindo.
Cada vez que fechava os olhos, era a lembrança mais próxima que
conseguia invocar.
— Quando a onda veio, foi como se um punho tivesse me agarrado e me
puxado para o mar. Eu estava naquele oceano pelo que pareceu uma
eternidade. Era eu e os tubarões krel, milhares de criaturas marinhas
desalojadas pela tempestade, mas eles não me machucaram. Eventualmente,
o mar me cuspiu de volta e fui resgatado pela guarda real. A rainha Adrialla
e a sua consorte estavam no chão ajudando nas tendas médicas e cuidando
de mim. Não me lembro exatamente como aconteceu, mas elas me
acolheram. No começo, eu era o criado da consorte Odelia, depois elas me
adotaram, e essa é toda a história sórdida. Afastou outro escorpião
rastejando em seu tornozelo, perturbando as pedras no chão. — Satisfeito,
senhor Greylark?
— Extremamente, — o Príncipe de Coruscant murmurou. — Que a sua
sorte nunca acabe.
O que Phan-tu não disse foi que parte dele ainda estava sob aquela onda,
nadando em círculos tentando encontrar a sua mãe e irmã. Nunca
encontrou. Xiri havia perdido o irmão no mesmo oceano, mas nunca falava
dele. Esperava que, à medida que se aproximassem, isso mudasse.
— Acho que consegui passar alguma coisa, — disse Xiri.
Inclinou-se pra frente com toda a intenção de ir para o lado dela.
Levantou-se, mas no próximo passo que deu, afundou enquanto os
penhascos desmoronavam sob o seu peso. Abriu a boca para pedir ajuda,
mas sugou o cascalho quando o chão quebrou e o puxou pra baixo.
Gella estalou em direção ao grito de xingamento de Axel
Greylark. Ele ecoou contra o penhasco pelo segundo mais longo de sua
memória recente.
— O que acabou de acontecer? — Xiri perguntou. Gella podia sentir a
negação do capitão, e então a triste constatação de que o seu noivo havia
desaparecido. — Onde está Phan-tu?
Os três ficaram sobre o local onde Phan-tu Zenn estava ajoelhado.
— Não sei! Eu só pisquei e ele caiu. Axel recuou e ordenou
— QN-1. Brilhe.
O droide QN-1 iluminou o buraco no chão que não existia antes, então
voou para a escuridão. Seixos choveram enquanto o penhasco erodiu. Xiri
se agachou, mas Gella puxou-a para o caso de o abismo se espalhar. A luz
de QN-1 desapareceu de vista e não podia deixá-los ver longe o suficiente.
Gella não achava que os seus sabres de luz também.
Xiri peneirava um punhado de pedrinhas entre os dedos. Virous-e para a
silhueta do cume do penhasco. Do outro lado estavam os acampamentos de
Eiram e E'ronoh.
— Eu me pergunto... se eles tentaram abrir caminho para fora e
enfraqueceram as cavernas abaixo.
Axel passou as mãos pelos cabelos.
— Eu me arrependo de chamá-lo de sortudo.
Gella se abriu para a Força para tentar sentir a presença de Phan-tu.
Sentiu a vida, mas a proximidade dos campos em guerra aumentou a
sensação de confusão. A boca de seu estômago revirou de medo. Espalhou-
se e ameaçou obscurecer as suas ações enquanto se lembrava do que
aconteceu em Orvax. Tinha começado da mesma forma.
— Está acontecendo de novo.
— O que está acontecendo de novo? — Axel perguntou.
O forte teor de sua voz cortou as suas memórias e a lembrou de que
Phan-tu e Xiri precisavam dela.
— Eu deveria ir lá embaixo.
— Espere, — Xiri sussurrou. Uma luz fraca subiu do túnel.
QN-1 voou de volta à superfície, o pequeno droide trinando uma
sequência excitada.
— QN-1 acha que o ouviu, — disse Axel, traduzindo lentamente os
trinados e sons gorjeios. — Mas há túneis demais.
— Acha? — Xiri perguntou.
— Por que você não desce lá, Princesa, — Axel disse, defendendo o seu
droide.
Gella advertiu
— Axel, você não está ajudando.
— Por favor, — Xiri sussurrou, mas Gella não achou que ela estivesse
se dirigindo a nenhum deles.
Luzes de farol alto brilharam lá embaixo na caverna. Gritos subiram até
o topo de seu cume enquanto o fogo de blaster iluminava a escuridão.
— Temos que confiar que Phan-tu está seguro, — disse Gella. — Agora,
temos que libertar esses soldados.
Axel se inclinou sobre o cume e esticou o pescoço.
— Isso vai ser um pouco difícil se eles acabarem atirando em nós.
Gella se juntou a ele e estudou o labirinto de estalagmites, as fileiras que
ladeavam a caverna. Pedregulhos estavam empilhados abaixo e, conforme
as pedras deslizavam sob a sua bota, ela viu que, a cada tentativa de abrir
caminho para fora, elas se enterravam mais fundo na caverna rochosa, mas
ela viu o caminho, e talvez eles pudessem tirar todos com segurança.
— Eu vou atrair o fogo deles, — ela disse, desenhando o seu caminho
entre as estreitas torres de pedra com a ponta do dedo, — enquanto você e
Axel descem. Uma vez que eu tenha a atenção deles, você pode ordenar que
eles se retirem. Se mudar a frequência de QN-1 não funcionou, eles podem
nem saber que a guerra acabou.
— E no caso deles não desistirem? — Axel perguntou.
Pensou na conversa de Axel e Phan-tu, que estava ouvindo em silêncio
enquanto eles tentavam fazer os comunicadores funcionarem. Respirando
fundo, virou as costas para a queda íngreme da bacia, equilibrando-se na
beira do cume com as botas.
— Podemos resolver isso, — disse ela, e deu o salto.

Phan-tu Zenn nunca teve medo do escuro, até que ele o devorou. Caindo
pela rede de túneis sob o cume da montanha, ele atacou. Agarrado ao nada.
Era um sonho recorrente, aquela sensação de que tudo o que tinha era um
sonho e um dia voltaria à realidade e o mergulho não seria nada como o
conforto do seu oceano. Essa segurança era uma ilusão, uma promessa não
cumprida que fez ao povo de seu planeta. E agora, ao povo de E'ronoh.
Quando pousou, não se mexeu com medo de ter quebrado alguma coisa.
Lentamente, mexeu os dedos das mãos e dos pés, empurrou-se para cima,
apenas para fazer o chão se mover. Mudar. Ele não conseguia ver nada, nem
mesmo a sua mão flexionada na frente de seu rosto. Enfiou a mão nos
bolsos, mas não trouxe nada que fornecesse luz. Estendeu a mão para tocar
o chão, e os seus dedos saíram polvilhados com areia em pó. Inalou o
aroma fresco e mineral da pedra, sentiu as reentrâncias de minúsculas
partículas incrustadas nela. Restos de quando os cânions de E'ronoh podem
ter sido divididos por rios, cobertos por oceanos. Há muito tempo, apenas
os fragmentos de conchas petrificadas em pedra permaneceram como
evidência.
Talvez tenha havido um tempo em que o seu mundo e o de Xiri não
eram muito diferentes.
O pensamento dela, de Gella e até mesmo de Axel o trouxe de volta à
vida. Precisava voltar até eles, mas não sabia uma saída. Ouviu um grito
distante vindo da superfície. Tentou encontrar sulcos e entalhes ao longo da
pedra, mas os túneis eram muito lisos e ele apenas deslizou de volta para
baixo. Com os nós dos dedos e as palmas das mãos feridos por tentar
escalar, permaneceu de joelhos.
Nunca pensou, por um momento, que se amarrar à princesa Xiri o
levaria até aqui; nem pensou que seria fácil. Simples. Uma dor que poderia
ser suavizada como os sulcos na pedra ao seu redor. Isso levou tempo.
Levou erosão, desgaste. Riu, sozinho e no escuro. Não foi isso que Axel
disse a ele momentos antes? Mas se o herdeiro do inimigo de longa data de
seu mundo podia cantar uma canção marítima de Eiram para um soldado
moribundo, então não era algo sobre o qual eles poderiam construir?
Phan-tu fechou os olhos e mergulhou na escuridão. Era diferente de estar
sob os mares de E'ronoh? Ambos tinham frio, silêncio, solidão e criaturas
correndo pelos cantos. Em vez de uma corrente de água, ele sentiu o ar.
Vento.
Uma brisa fina, como a fita no cabelo de Xiri. Seguiu-a, subindo em um
túnel e rastejando para sair. Os soldados de Eiram precisavam dele lá. A
cada avanço, a corrente ficava mais forte. A luz vazava à distância. O
barulho também.
Rastejou direto para o centro de um ninho de escorpiões Thylefire.

Gella Nattai adorava a sensação de cair. É verdade que não gostava de voar.
Voar era uma gangorra de movimento e, dependendo do piloto, ficava
pedindo licença para ir ao banheiro, mas caindo? Isso era diferente. Ao
saltar pelo céu noturno, pegou os seus dois sabres de luz, confiando que a
Força a carregaria com segurança. Por que não podia sempre confiar em si
mesma tão implicitamente quanto em momentos como este? Todas as
decisões que tomava não eram semelhantes? Sem garantia, mas a garantia
de que era como a Força queria.
Ao aterrissar agachada no centro da caverna, sentiu o choque suave nas
pernas. Então, quando estava firme, acendeu seus sabres de luz. O zumbido
vibrante dentro do núcleo de seus punhos de pedra da lua subiu por seus
braços. Inalou o cheiro fresco de pedra misturado com decomposição.
O contingente de soldados vestidos de vermelho de E'ronoh a notou
primeiro. Uma mulher mais velha com uma bandagem na cabeça olhou
duas vezes e então redirecionou o seu fogo para Gella. A Cavaleira Jedi
levantou a sua lâmina esquerda e desviou o tiro.
— De onde diabos os Jedi vieram? — o soldado gritou para o homem
atrás dela.
— Os Jedi estão com Eiram, — uma voz áspera disse dos cantos
internos e sombrios da caverna. — Atirem nela!
Gella olhou para o cume rochoso em busca de sinais de Xiri e Axel
Greylark, mas os faróis altos sendo usados por ambos os lançadores
apagaram os cantos da bacia. Eles iriam conseguir, ela sabia disso.
— Jedi, corra! — O grito agudo veio dos destroços da nave Eirami azul.
Naquele momento de distração, Gella quase errou o segundo tiro do lado
de E'roni. Ela só teve tempo de se inclinar pra trás, o centímetro de
proximidade roçando o calor na ponta do nariz. Endireitou-se com uma
cutucada da Força e usou as estalagmites cortadas como trampolins para
chamar ainda mais atenção. Tiro de blaster vermelho navegou em sua
direção. Gella girou, cada raio ricocheteando nas suas lâminas de plasma
violeta e iluminando o acampamento E'roni. Ela ouviu alguém gritar, um
barulho de blaster contra a pedra.
Gella se equilibrou no esporão de uma estalagmite e usou o alívio do
tiroteio para deixar a sua voz ser ouvida. — Abaixe-se!
— Vá criar problemas em alguma outra rocha, Jedi, — disse a voz
áspera. A ameaça ficou clara quando um homem grande e barbudo saiu das
sombras. Ele apontou um blaster pesado para ela. Ele não usava roupas
militares, em vez disso usava um macacão manchado. — Você não tem
autoridade aqui.
Gella olhou pra cima para ver Xiri e Axel deslizarem o resto do caminho
pela pedra e pousar na saliência da caverna acima. Axel sacou o seu blaster
enquanto Xiri avançava para a luz. Ela gesticulou para o Jedi.
— Ela não, — disse a princesa, — mas eu sim.
— Capitã! — a mulher com a bandagem engasgou. Ela cumprimentou e
ficou em atenção. — Tenente interino Marlo, aqui. Você trouxe reforços?
Gella estava certa. Eles não sabiam que a guerra havia acabado. Isso
significava que eles estavam lá há dias.
Lentamente, meia dúzia de soldados surrados emergiram de trás da
barricada. — Quem emitiu as suas últimas ordens?
— Tenente Segaru, senhora, — disse Marlo, — duas semanas atrás.
Recebemos informações de que uma nave inimiga estava atacando A'ranni.
Alguns de seus soldados morreram com o impacto e cuidamos de alguns
outros. Estamos presos desde então.
— Perdi todas as comunicações, — disse um soldado mais jovem,
virando-se para o homem barbudo de macacão — Alguns dos aldeões como
Hix vieram nos ajudar a explodir, mas não funcionou.
Hix, um fazendeiro barbudo, resmungou profundamente.
— Ficamos sem comida, água. Tudo o que nos restava eram munição e
um pouco de coragem para nos defendermos do ataque até que você se
lembrasse de nós.
Gella sentiu uma pontada de descontentamento. Era como o cemitério de
novo, exceto que esses E'roni tinham blasters e pedras.
— Isso é uma mentira! — um soldado Eirami em um uniforme sujo
gritou. Ela saiu da cobertura fornecida pela nave encalhada com os braços
para cima. — Não viemos para atacar. Nossa nave foi abatida e nós caímos.
Perdemos todas as comunicações com Eiram.
Alguém atirou na mulher e ela se abaixou. Gella, que estava sintonizada
com o crepitar dos sentimentos, bloqueou-o com o seu sabre de luz.
Lançou-se contra o topo da caverna e causou uma pequena avalanche de
seixos.
Gella sentiu a preocupação de Xiri e a sua postura quase impossível se
desfez rapidamente. Esta unidade E'roni foi esquecida em seu próprio solo.
Eles estavam morrendo de fome e esperando que alguém viesse buscá-los,
mas ninguém veio. Agora Xiri tinha que revelar que não apenas a paz havia
sido negociada, mas o seu suposto inimigo, os seres cujas vidas eles haviam
tirado, havia morrido em vão.
— Por decreto do Monarca A'lbaran de E'ronoh e da rainha Adrialla de
Eiram, — Xiri disse, com a sua voz forte enchendo a caverna. — Um
cessar-fogo está em vigor e um tratado permanente de paz está sendo
elaborado enquanto falamos.
— Eu não acredito nisso, — veio um sussurro do escuro.
— Impostora! — Marlo gritou, apontando o dedo para Xiri. Então a
tenente interina se virou para seus soldados, qualquer tipo de formalidade
que ela mostrou ao capitão e à princesa havia desaparecido. — Por que ela
viaja com um guarda Eirami? Este é outro truque enganoso. Não podemos
confiar nela.
Os soldados de E'ronoh apontaram as suas armas para a sua princesa.
Axel empurrou o chocada capitã A'lbaran e os dois começaram a correr até
a divisória da caverna quando os soldados abriram fogo.
Gella usou a Força para pular, girando e desviando o fogo enquanto
abria caminho pelo labirinto de pedra. Ela não seria capaz de manter isso
por muito mais tempo. Ela pulou no chão e se escondeu atrás de uma das
estalagmites. De lá, ela tinha uma visão clara das barricadas de E'ronoh.
Axel e Xiri juntaram-se a ela, encolhendo-se quando o fogo vermelho
esculpiu em seu abrigo.
— Bem, isso foi como esperado, — disse Axel alegremente, espanando
a frente de sua túnica. — Como vamos provar que você é você? A menos
que... você seja uma impostora?
Xiri o encarou.
— Agora não é hora de me testar, Greylark. E não é culpa deles. Nós os
abandonamos. Eu fiz isso. E Phan-tu pode estar...
— Nós o encontraremos, capitã A'lbaran — disse Gella. As Jedi tinham
fé, mas a princesa, Gella entendeu, precisava de uma prova tangível. —
Primeiro, devemos subjugar o seu exército. Vou te dar um tiro certeiro para
atordoar.
A princesa de E'ronoh levantou o seu blaster. Axel pressionou as costas
contra uma formação rochosa. Os seus olhos se encontraram e ele assentiu.
Eles estavam prontos.
Gella agarrou os caixotes e os arrancou através da Força, rompendo
fileiras de pedras em ruínas. As finas partículas ondulavam no ar,
obscurecendo a visão dos soldados.
Axel se moveu com uma rapidez que ela não esperava. Ele derrubou o
soldado mais próximo com um choque de azul, então se protegeu. Todas as
vezes que ela tentou avaliar suas emoções antes, ela não sentiu nada, como
se ele estivesse envolto em beskar. Mas agora ela sentiu uma vibração de
excitação, uma explosão de sua adrenalina. Ele olhou pra ela e, nas sombras
distorcidas, sorriu como se conhecesse todos os segredos da galáxia.
Atrás dela, Xiri gritou. Ela cambaleou para frente à vista de todos,
segurando a queimadura do blaster em seu ombro. Axel puxou a princesa de
volta no tempo antes que outro tiro pudesse acertar.
— É apenas um ferimento superficial, — disse Xiri, trocando o seu
blaster para a mão boa.
Ainda assim, o medo frio ameaçou como um torno na garganta de Gella
ao pensar que o seu protegido estava ferido, mas ela não permitiria que isso
acontecesse. Ela puxou fundo do poço dentro dela e entrou na linha de fogo.
Desta vez, ela avançou rápido, ativando os seus sabres de luz e movendo-se
com eles em um arco. A luz violeta cortava e crepitava contra o fogo do
blaster vermelho. Ela se tornou a maior ameaça, e isso deu a Xiri e Axel a
oportunidade de flanquear. A energia azul pulsou e pulsou até que um por
um, todos os soldados caíram.
A poeira baixou, cobrindo tudo ao seu alcance com o pó carmesim de
E'ronoh.
Xiri caiu de joelhos ao lado de seu povo, e Gella sabia que isso não era
uma vitória.
— Verifiquem os outros, — disse Xiri solenemente, levantando-se para
entrar mais fundo na nave que havia sido reaproveitado como
acampamento. — Vou encontrar restrições.
Gella ainda crepitava com energia, embora estivesse começando a
desaparecer. Ela não precisava invocar a Força com tanto fervor antes. O
seu corpo ficou tão quente que o ar frio do deserto parecia um presente.
— Isso foi impressionante, — comentou Axel, mantendo o ritmo ao seu
lado.
— Obrigada.
— Claramente quero dizer eu.
Resmungou, mas encontrou um estranho conforto em sua leviandade.
Eles marcharam à frente na rede de estalagmites. Do outro lado da caverna,
onde a nave Eirami caiu, três soldados emergiram. A mulher e os dois
homens. Olhos magros espiaram para eles de rostos ocos e machucados.
Como Salas, eles estavam em má forma, embora seus ferimentos não
parecessem fatais.
— É verdade? — a mulher que tinha falado antes perguntou. Ela apoiou
a perna esquerda e colocou o braço na curva da outra. — Sobre o tratado?
Gella de repente sentiu muito frio por dentro. Lentamente moveu a mão
para um dos punhos de seu sabre de luz.
— É verdade — disse Gella, tentando imitar a voz serena de Mestre
Roy. — A princesa Xiri vai se casar com o príncipe Phan-tu Zenn. Nós lhe
daremos atenção médica e depois o levaremos para casa.
A mulher respirava com dificuldade, olhos verde-claros examinando a
área atrás de Gella e Axel. O seu lábio inferior tremeu.
— Onde ele está então? Onde está Phan-tu Zen?
— Ele está com Salas, — disse Axel, apontando para a saída com as
mãos. — Ele estava gravemente ferido, mas nós o encontramos. — A
princípio, Gella não entendeu por que Axel estava mentindo, mas a verdade
é que eles não sabiam o destino de Phan-tu. Ela não concordava com a
maneira como ele tentava ganhar a confiança deles, mas compreendia.
— Nossa rainha nunca faria isso. — A mulher soltou o braço. Não
ferida, mas escondendo o seu blaster.
Axel sacou a sua pistola cromada e apontou para os homens. Eles
levantaram as mãos em sinal de rendição.
— Não.
Gella não conseguia se mover rápido o suficiente. Oprimida por seu
medo, sua dúvida, hesitou por um momento longo demais. Aquela sensação
de frio voltou quando a mulher mirou em Gella e os outros dois pegaram as
suas armas.
Axel Greylark disparou.
Durante o período da guerra, Xiri A'lbaran suportou muitas coisas.
A primeira foi a morte de seu irmão. Niko era a alegria de seu pai. Quando
ele estava vivo, entendia o seu lugar em E'ronoh. Era uma guerreira por
direito próprio. Feita Thylefire. Completou a sua jornada de
amadurecimento pelos desfiladeiros e sobreviveu. Tinha ido para a
universidade, longe de seu sistema, para aprender, para encontrar um par
adequado para levar para casa, talvez alguém da indústria ou nobre.
Esperava-se que também treinasse os seus filhos para serem guerreiros,
porque a única certeza em E'ronoh era que a guerra um dia chegaria.
Enquanto observava as ruínas em chamas da bacia, se perguntou se a
guerra só veio porque sua família quis. Teria o seu irmão tomado a mesma
decisão que ela? O seu pai teria encontrado outro motivo para pegar em
armas?
Mas aquela noite não era hora para culpa.
Era uma noite de coragem.
Com a ajuda de Gella e Axel, eles alinharam os cadáveres dos soldados
de E'ronoh e Eiram e construíram uma pira. Apenas chamas poderiam
queimar as coisas que esses soldados encalhados suportaram. Presos em
uma caverna, sem comida ou água, isolados de casa, travando uma guerra
que eles nem sabiam que poderia ter acabado. Xiri tinha visto coisas
terríveis nos últimos cinco anos, mas ela nunca tinha visto isso.
Axel observou o rugido dos tiros. Xiri não teria acreditado que ele tinha
isso nele, mas ele salvou a vida de Gella. Ela o observou se afastar em
silêncio, e Gella deu um passo para segui-lo, mas Xiri tinha certeza de que
ele queria ficar sozinho, e ela agarrou o pulso de sua amiga Jedi.
— Ele vai vagar de volta.
Gella voltou a sua atenção para a barcaça e baixou a rampa. Os
dissidentes que atiraram contra eles e se recusaram a desistir arrastaram os
pés pela rampa de embarque até o porão de carga do Amaryliss. Quando
chegassem à aldeia seguinte e voltassem ao horário, mandariam os
prisioneiros para Torre para audiências disciplinares.
— Meu pai os teria matado na hora. — Xiri não sabia ao certo por que
havia dito aquilo em voz alta.
Ela encontrou o olhar curioso da Jedi.
— E é por isso que você é quem pôs fim à Guerra Eterna, e não o
Monarca A'lbaran.
Parecia um grande hematoma, por dentro e por fora. O peso dos anos
passados que não deveriam ser dela pressionou Xiri.
— A Guerra Eterna. Nunca pensei que soasse verdadeiro, mas agora sei
que soa.
— Você e Phan-tu estão forjando algo mais forte, — disse Gella.
Xiri observava a aurora se aproximar. Ela se permitiu expressar o seu
medo.
— E se Phan-tu estiver perdido?
Desta vez, a Jedi não lhe deu nenhuma garantia.
Ao som de pedras caindo, Xiri e Gella pegaram as suas armas. QN-1
voou para fora da caverna. O seu painel de luz triangular pulsava vermelho.
Pressionou as mãos na barriga. A fome lutou com a sua inquietação.
— Algum sinal dele?
Axel não estava por perto para traduzir os trinados do pequeno droide,
mas captou o momento em que Gella inclinou o ouvido para algo a que Xiri
não estava conectado da mesma forma.
— Você ouviu isso? — perguntou Gella.
Xiri ouviu o pio de um pássaro noturno, o metal aquecendo sob o fogo,
botas raspando contra uma rampa.
— Nada que não existisse antes.
— Chiuu, — Gella sussurrou suavemente. A Jedi fechou os olhos e
desviou o ouvido do campo de batalha, em direção ao resto das Terras
Desoladas. Carmesim cortou a base da noite azul e iluminou uma fera em
movimento.
— Pelos velhos deuses, — Hix, o fazendeiro barbudo, murmurou. O
homem gigante tinha sido destemido o suficiente para atirar nela, mas agora
ele cambaleou pra trás e caiu da rampa, levando os soldados restantes com
ele.
A princípio, Xiri pensou que poderia ser um dos cervos E'roni, com os
seus longos pescoços e enormes chifres negros. Mas, à medida que se
aproximava, viu que era um flagelo de escorpiões. Centenas deles
atravessando os braços de Phan-tu, ombros, seu torso. O maior aninhado no
topo castanho macio de seus cachos. Ele estava sorrindo quando se
aproximou.
Sentiu o desejo de correr até ele e certificar-se de que ele estava bem,
mas algo a deteve. Ela deve demonstrar afeto? Ela não sabia o que era
apropriado para um arranjo como o deles.
— Graças aos velhos deuses você está seguro, — ela disse, e esperava
que a sua voz não estivesse muito cansada para mostrar a sua sinceridade.
— Pela barba de Krel! — Greylark exclamou, retornando para
completar a sua coorte. — Como você chegou lá?
Phan-tu baixou os braços até o chão, criando uma ponte de terra humana
para os escorpiões.
— Foi a coisa mais estranha. Caí nos túneis sob o solo e encontrei um
ninho obstruindo a entrada. No começo, fiquei apavorado, mas depois
continuei e eles se agarraram ao passeio.
Enquanto os escorpiões corriam pelo chão, alguns dos prisioneiros mais
velhos sussurravam:
— Feito por Thylefire. — Ela se alegrou com as palavras. Agora, mais
do que nunca, ela precisava da aprovação de seu povo, mesmo que eles
tivessem tentado matá-la.
— O que isso significa? — perguntou Gella.
O sorriso de Phan-tu caiu quando ele se levantou e observou a cena.
Teria que contar tudo a ele assim que eles estivessem em movimento
novamente. Por enquanto, queria se lembrar daquele momento. O filho de
Eiram ladeado por uma aurora no deserto.
— Queremos dizer ser do escorpião, — disse ela. — De E'ronoh.

Axel Greylark queria sair de Terras Desoladas o mais rápido possível. Disse
a si mesmo que foi por isso que ajudou a reorganizar a carga para fazer uma
prisão temporária e não porque odiou a expressão no rosto de Gella quando
atirou e matou os soldados Eirami prestes a atacá-los. Ele não precisava ser
julgado por um Jedi, e não precisava que as suas ações fossem
questionadas, especialmente quando salvou a vida dela.
Quando terminaram de carregar o Amaryliss, Axel contou a Phan-tu
tudo o que havia perdido enquanto fazia amizade com escorpiões.
Horrorizado com a descoberta, o jovem príncipe Eirami disse
— Isso é impensável.
Só deu de ombros e pediu licença para ir para o seu pequeno quarto.
Arrependeu-se de ter concordado em se envolver na bagunça de Eiram e
E'ronoh, não importando o prêmio esperando por ele no final. Forçou-se a
esquecer o dia, Gella navegando por aquela caverna em um arco magnífico.
Esquecer o calor de seu blaster, o choque nos rostos dos soldados Eirami
enquanto eles caíam. Perguntou-se se sua mente ficaria lotada demais para
guardar memórias que ele preferia esquecer. A sua mãe era especialista
nisso. Ela caminhava pelos corredores de sua torre em Coruscant, os
corredores do Senado como se nada e ninguém jamais a tivesse machucado.
Possivelmente. Talvez fosse mais parecido com ela do que jamais
imaginara.
Quando Axel recuperou a compostura, se despiu e se enfiou no chuveiro
estreito enfiado no canto. Quando terminasse com este lugar, e esperava que
esse dia chegasse mais cedo ou mais tarde, tinha certeza de que nunca
tiraria a poeira de seus orifícios. Ensaboou-se com sabão e mal começou a
enxaguar o cabelo quando a água parou.
— Ração completa, — uma voz gorjeante gorjeou.
— Ração, — ele cuspiu. — Este dia não poderia ficar pior.
QN-1 voou até o nível dos olhos e ofereceu o frasco a Axel. Pela
primeira vez, ele não estava de bom humor.
— Você pode implorar a um dos outros por um pouco de água?
O seu droide voou para fora da sala, apenas para retornar momentos
depois. Axel enfiou o torso coberto de espuma para fora do chuveiro para
descobrir que o seu droide não estava sozinho. Gella perseguiu QN-1,
tentando arrancar um cantil de suas mãos. Quando ela percebeu que estava
no quarto de Axel, os seus olhos brilharam de fúria.
— Eu posso explicar, — disse ele, mas não se moveu mais. Como regra
geral, nunca se expunha a ninguém que não pedisse. Recuou para a baia e
descansou a nuca contra a parede. — Eu não sabia que havia racionamento
de água. Trouxemos toda aquela água pra eles!
Ela suspirou, de alguma forma justa e exasperada ao mesmo tempo.
— Você sabe o que é uma seca, não sabe?
Ele estava cansado demais para rir e conseguiu esfregar espuma nos
olhos.
— Você ficaria surpreso. Conheci muitos líderes que vivem no luxo
enquanto o seu povo sofre. Por favor, Gella. Darei a você o que quiser,
dentro do razoável. Então ele acrescentou apenas para garantir
— Por favor. Eu salvei a sua vida.
Um homem melhor não a teria lembrado disso, mas era quem era.
O sensor de ração estava praticamente exultante para Axel quando ouviu
a batida do outro lado. Abriu a porta do box do chuveiro. Ela lhe entregou o
cantil e rapidamente usou o líquido morno para enxaguar os olhos. Quando
terminou, ela ainda estava lá, encostada em sua soleira, de costas para lhe
dar privacidade.
Riu sombriamente, em seguida, puxou o seu roupão e se sentou na beira
da cama. Lançou um longo olhar para QN-1, que soltou um gorjeio
inocente. Gella olhou por cima do ombro e pegou o cantil de volta.
— Obrigado, — disse ele.
Observou o rosto dela. A tensão em torno de seus olhos quando ela
inspecionava algo. Atualmente, era o cronômetro vintage na prateleira
estreita e o anel de sua família. Ele era muito bom em ler as pessoas e notou
que Gella olhava para tudo como se estivesse tentando entender. Ela o lera
no cortejo fúnebre, no jantar seguinte e em todas as aldeias e postos
avançados que visitaram. Perguntou-se se ela sabia que estava fazendo isso.
Pressionou os dedos contra o fantasma de uma dor no peito.
— Existe mais alguma coisa em que eu possa ajudá-la, Jedi?
— Eu quero saber por que você é tão antagônico em relação aos Jedi, —
ela disse, a última palavra embebida no mesmo escárnio que ele
normalmente usava.
Sabia que quanto mais tempo passasse nessa missão com ela, mais disso
poderia surgir. Tudo o que tinha a ver com os eventos da morte de seu pai
ameaçavam vir à tona, mas não poderia fazê-lo, não neste estado.
— Eu vou contar. Eu prometo, — disse ele. — Mas não esta noite.
Tenho um milhão de fatos inúteis guardados para momentos como este.
Sua testa franziu em confusão. Ela provavelmente pensou que ele estava
sendo literal.
— Por que você não me diz o que quis dizer quando falou: Está
acontecendo de novo.
Ela quebrou o contato visual.
— Não essa noite.
Por que ele a estava entretendo? Ele estava exausto. Ele estava
começando a se arrepender de ter concordado em voltar para a Orla
Exterior. Frustrado, ele passou os dedos pelo cabelo úmido e mudou de
assunto.
— Você acredita nesta missão, Gella? Que os herdeiros conseguirão?
— Essas são perguntas estranhas. — Ela esfregou a lateral do pescoço.
Ela lutou como o inferno esta noite. Ele poderia admitir isso. — É
importante que Xiri e Phan-tu acreditem nisso.
Axel balançou a cabeça.
— Eu nunca poderia fazer isso. Casar sob tanta pressão.
— Bem, vocês são todos muito diferentes, — disse ela. — Eles são
altruístas.
— E eu sou egoísta, — ele afirmou com um sorriso nos lábios.
Olhou para o cantil como se isso fosse uma prova.
Ele riu baixo. Foi um bom lembrete de como os Jedi eram práticos com
as suas palavras.
— Boa noite, Jedi Nattai, — ele disse cansado. Ele não tinha energia
para mais.
— Boa noite, Axel Greylark.
No momento em que ela se foi, Axel se esticou na cama e olhou para o
escuro.

A TORRE, E'RONOH

O honorável vice-rei Ferrol invadiu o escritório da reunião, seguido por seu


filho, Rev. Vários guardas entraram correndo, gritando desculpas ao
Monarca e aos seus convidados.
— O que significa isso? — A rainha de Eiram perguntou.
O vice-rei não reconheceria nenhuma presença, exceto a de seu próprio
governante. Não importava o que tivesse feito, não bastava escolher
estranhos em vez de uma vida inteira de fidelidade a E'ronoh.
Os Jedi hipócritas permaneceram as estátuas altas que eram. Embora
aquele que o questionou moveu lentamente a mão para a sua arma,
descansando-a lá como se fosse o vice-rei que era uma ameaça quando as
únicas ameaças ao Monarca e o seu planeta eram os estranhos naquela sala.
— Ferrol, — o Monarca começou.
O vice-rei abaixou a cabeça em sinal de desculpas.
— Sua Graça, você não pode me manter nas sombras. Ainda sou o vice-
rei.
A rainha Adrialla deu dois passos ao redor da holomesa, com as suas
longas unhas batendo contra a superfície. Bom, deixe-a ficar nervosa. Sabia
que ela estava escondendo algo e, no final, descobriria a verdade e libertaria
o seu planeta da barganha ridícula orquestrada pelos Jedi e a República.
— Monarca A'lbaran, — o vice-rei disse, permanecendo firme no lugar.
— Eu servi a você toda a minha vida. Meu filho dedicou a sua vida à única
coisa que sempre quis: lutar pelo nosso futuro.
— Estou ciente disso. — O Monarca A'lbaran pelo menos teve a
decência de olhá-lo nos olhos.
— Então por que estou sendo tratado como um criminoso?
— Você confessou ter espionado e roubado os Jedi durante uma cúpula
de paz, — disse o Monarca.
Ele teve que confessar. Era uma prova de como o seu amigo havia se
perdido na velhice. Nunca imaginou que veria o dia em que a rainha de
Eiram, um Chanceler da República e Jedi comandaria mais respeito do que
o nome Ferrol.
— Monarca A'lbaran, — o imponente Jedi Cereano começou com
aquele floreio pedante que todos os Jedi pareciam possuir. — Não
mantenha o seu vice-rei afastado por nossa causa. Entendemos que foi uma
situação difícil.
Ferrol teria zombado de seu rosto gigante se pudesse se safar.
Provavelmente, um engano Jedi para ficar de olho nele.
— Não me trate com condescendência, — vociferou o vice-rei Ferrol.
— Eu o convocarei quando precisar de seu conselho. — O Monarca
A'lbaran se virou para a holoprojeção bruxuleante da superfície de ambos os
planetas e cada remessa de alívio sendo distribuída.
E uma terceira imagem fora de sua visão, a rota que A capitã A'lbaran e
o seu noivo estavam.
— Isso é tudo que eu peço, meu Monarca. — Ele se curvou para mostrar
a sua penitência por seu suposto erro, então deu meia-volta e saiu
marchando.
Quando o vice-rei e o seu filho saíram em segurança do palácio e
entraram no movimentado mercado, ele finalmente se permitiu um
momento para respirar. Para lembrar o que estava em jogo. Tudo o que ele
fazia era por E'ronoh, e era isso que importava. Eles passaram por mendigos
e músicos de rua.
Alguns seres vestidos com roupas esfarrapadas cinza e azul tentaram
fazer contato visual com qualquer pobre idiota que quisesse ouvir o seu
proselitismo sobre os Jedi. Tinha o suficiente para se preocupar.
Eles pararam em frente a um vendedor de frutas. A cacofonia do
mercado era disfarce suficiente para a conversa.
— Você deu uma boa olhada nisso? — ele perguntou ao filho.
Rev Ferrol assentiu, enfiando a mão em uma caixa de carambola e
colhendo uma. Eles se viraram para ir embora, e o vendedor gaguejou atrás
deles, pedindo o pagamento. O vice-rei bateu no sigilo e nas medalhas que
decoravam seu peito e continuou andando. A audácia do homem.
Sob um arco de pedra, uma garota descarada com um corte de cabelo
raspado balançava uma lata de tinta e rabiscava grafites na parede de pedra.
O vice-rei mostrou os dentes em um sorriso enquanto lia as
palavras, LEVANTEM-SE, VERDADEIROS FILHOS DE E'RONOH.
— Sim, pai, — disse Rev. — Sabemos exatamente onde a princesa
estará. Ela nunca nos verá chegando.
A medida que a Amaryliss acelerava entre os altos cumes do
deserto das aldeias do norte de E'ronoh, a notícia do noivado da capitã
A'lbaran e o fim da Guerra Eterna foi recebida com cautelosa esperança.
Começava até a se espalhar a notícia da vitória de Xiri em um rito de
desafio, o que gerou mais admiração. De sua parte, Phan-tu Zenn foi bem-
vindo, com o seu sorriso doce e encantador e vontade de carregar caixotes
de suprimentos médicos, rolar barris de grãos ou simplesmente segurar uma
criança gritando enquanto os seus pais desabafavam com a sua princesa.
Os dias se transformaram em noites, e a rotina de sua pequena tripulação
se tornou um grande conforto para Gella, que adorava a rotina. De certa
forma, acordar ao amanhecer e meditar permaneceu o mesmo. Às vezes,
Xiri e Phan-tu se juntavam a ela. Os detalhes mundanos que eles queriam
saber sobre a vida no templo a fascinavam... sim, ela tinha o seu próprio
quarto, sim, recebia uma pequena mesada, sim, tinha mais de um conjunto
de vestes.
Certa manhã, quando estavam a algumas horas de distância da vila
mineira de U'ronoh, Gella subiu ao convés. Dormiu sem descanso e culpou
Axel Greylark tocando música a qualquer hora da noite. Porque ele fez todo
esforço possível para evitar olhar pra ela desde a noite nas cavernas, pensou
que ele estava fazendo isso de propósito.
— Bom dia — disse Gella, então notou que as velas estavam puxadas
pra trás. — São nuvens?
Xiri sorriu por trás de sua xícara de chá E'roni amargo feito de cabeças
cortadas de urtigas do deserto. Ela inclinou o rosto em direção ao céu
nublado cinza.
— Esperemos que sim. Será uma novidade só ter que se preocupar com
algo como a chuva.
Gella se juntou à princesa e serviu-se de um pouco de chá. Sentiu o
pavor de Xiri, subindo como as marés de Eiram.
— O que é isso?
— A torre de comunicação nas minas não respondeu desde ontem à
noite, — Xiri disse, aquele aperto entre as sobrancelhas se aprofundando.
Gella entendeu imediatamente.
— Você tem medo que seja como as Terras Desoladas.
— É mais do que isso. Receio que os cidadãos de E'ronoh não me
aceitem como Monarca quando chegar a hora. Não por causa de Phan-tu,
mas porque não estou fazendo o suficiente. Deve parecer boba para uma
Cavaleira Jedi. Xiri tamborilou com os dedos na xícara de chá. — Você não
tem medo de nada.
A sinceridade das palavras fez Gella sorrir.
— Nós temos esse Mestre Jedi. Ele nos ensina como criancinhas. Yoda é
o nome dele. Uma das minhas primeiras lembranças era ter medo das
esferas de treinamento.
— O que são aquelas?
Gella ergueu uma fruta redonda mais ou menos no formato certo.
— Imagine se esse tiro fosse laser.
— Nas crianças?
Rindo, Gella explicou
— Eles fazem cócegas, assim como nossos sabres de luz de treinamento,
mas eu não sabia disso. Eu era sempre quieta, vagando pelos corredores do
templo e tentando encontrar passagens escondidas ou tumbas secretas, mas
na hora de praticar, era a primeira a chegar. Achei que seria natural, mas
naquele primeiro dia, quando vi aquela esfera coberta pelo que pareciam
olhos mecânicos, saí correndo da sala.
— Pobre pequena Gella, — Xiri disse com simpatia. — Eles gritaram
com você?
Gella piscou com a sugestão.
— De jeito nenhum. Mestre Yoda me encontrou. Ele apenas se sentou
comigo no jardim e vimos um sapo tentando pular um muro de pedra em
uma cachoeira. Continuava faltando. Calculando mal. Queda. Voltando a
subir. Então ele disse: Como aquele sapo, você deve ser.
— Você finalmente conseguiu?
— No dia seguinte, fui atingida bem aqui. — Gella deu um tapinha no
nariz. — Eventualmente, no entanto. Então, sim, muito do que os Jedi
fazem é confrontar o medo, senti-lo, conquistá-lo. Aceitar que é uma parte
de mim como qualquer outra coisa.
— O que acontece se você não puder? — Xiri perguntou. Quando um
feixe de luz rompeu as nuvens, Gella pôde sentir a sua decepção. —
Conquistar, quero dizer?
O refrão veio de boa vontade, podia ouvi-lo na voz do mestre Arezi Mar.
O medo é o caminho para o lado sombrio.
Mas quando Phan-tu Zenn e Axel Greylark subiram no convés, nunca
conseguiu terminar.
— Axel estava escutando, — disse Phan-tu, sentando-se ao lado de Xiri.
Todas as manhãs, Gella percebeu, eles se sentavam um pouco mais
próximos um do outro, à medida que o conforto que sentiam um pelo outro
parecia aumentar. Ele sorriu largamente, depois se serviu do café da manhã.
Axel estava sentado ao lado de Gella, olhando carrancudo para Phan-tu.
A dupla desenvolveu um estranho tipo de amizade. Às vezes eles estariam
contando uma piada em um momento e no próximo eles estariam gritando.
Se Axel usasse o degrau da vela do convés para fazer flexões, Phan-tu
tentaria fazer o dobro. Quando Axel ganhava, provavelmente trapaceado,
nas cartas, Phan-tu queria jogar até ganhar pelo menos uma partida. Pelo
menos quando competiam para ver quem descarregava mais caixotes,
entregavam as suas rações mais rapidamente.
— Boas notícias, — disse Phan-tu, — a torre de mineração de U'ronoh
nos avisou que eles estavam esperando a nossa chegada na baía de
lançamento.
À frente, casas de arenito branco pontilhavam a encosta de uma extensa
montanha coberta por arbustos secos e espinhosos. Uma torre de
comunicações e um hangar ficavam no topo, e as entradas das minas
ficavam do outro lado da montanha.
— Acho que nunca estive em uma mina, — disse Axel, mordendo uma
carambola. — O que exatamente você desenterra?
— Principalmente pedras preciosas, — disse Xiri. — A última vez que
estive aqui foi para recrutar. Esta rua inteira estava cheia de famílias dos
trabalhadores.
Gella esticou a cabeça pra trás para olhar a torre e o brilho de uma nave
pousando lá em cima.
— Estamos esperando alguém?
— U'ronoh tem o seu próprio destacamento de segurança, — Xiri
explicou, embora ela procurasse a segurança de sua lâmina de flagelo.
— Posso imaginar que seja um alvo tentador para saqueadores, — Axel
disse, uma faísca de excitação em seus olhos. — É longe o suficiente de
uma grande cidade, há apenas uma unidade para eliminar e você tem civis
para usar como alavanca.
Xiri franziu a testa para ele.
— É desconcertante a rapidez com que formou esse plano.
— Eu tive muitas vidas, princesa.
— Algo me diz que, se não fosse pela sua linhagem, você estaria na
prisão, — disse Phan-tu.
— Ninguém me quer lá, — Axel assegurou. — Eu administraria o lugar
em pouco tempo.
Eles compartilharam uma risada, embora Gella tivesse certeza de que o
príncipe de Coruscant não estava brincando.
Axel olhou para o centro de sua fruta, para a mesa, Xiri, Phan-tu, antes
de finalmente pousar em Gella. Não desviaria o olhar primeiro. Não tinha
esquecido que ele ainda lhe devia uma resposta sobre o seu pai. Nem
piscou, oferecendo-lhe um sorriso enquanto pegava a fruta jogan.
Ele fez um som descontente quando perdeu a competição de olhares, e
ela deu uma mordida na fruta, madura e doce.
Enquanto se dirigiam sobre o alto da aldeia na montanha, a primeira
coisa que Gella notou foi que não havia um único ser ali para recebê-los.
Todos os outros locais, não importando uma cidade ou um vilarejo, tinham
multidões ansiosas esperando para coletar as suas rações.
Gella lançou uma ampla rede na Força, mas a ansiedade de Xiri e Phan-
tu ofuscou qualquer outra coisa que pudesse sentir, a menos que se
concentrasse. Embora não pudesse sentir a emoção dele, podia ver Axel
percebendo a mesma coisa que ela.
— Onde está todo mundo? — ele perguntou.
Xiri foi para o pódio de controle e parou a barcaça. O cinza ainda se
agarrava ao céu, e o vento assobiava forte tão alto. A torre de comunicações
parecia vazia, assim como a taverna da cidade e a fileira de casas de pedra
branca. Ela tinha visto uma nave pousar, embora os hangares estivessem
fechados.
— Fiquem abaixo do convés, — disse Gella bruscamente. — Axel, vire
a barcaça. Precisamos ir embora.
Ele deve ter percebido como ela estava falando sério porque nem
discutiu, só pegou o controle de Xiri.
— Espere um minuto, — a princesa disse, virando-se para Phan-tu em
busca de ajuda. — Não sabemos o que está acontecendo. Se algo está
errado, precisamos ajudar.
— Eu concordo, mas estamos muito expostos, — Gella disse quando
algo atingiu a Amaryliss. O som inconfundível de um disparo de blaster
atingindo o metal.
A barcaça balançou até parar. Axel socou o painel de controle e xingou.
Xiri e Phan-tu chegaram ao convés e Gella examinou a área até avistar o
soldado correndo de volta para o hangar. Agarrou-o pela Força e ele
cambaleou, permanecendo no lugar. Botas tentaram se arrastar contra o
chão empoeirado, e ele lutou muito contra a vontade dela.
Outro tiro foi disparado, desta vez atingindo a grade do convés bem na
frente dela. Gella soltou o soldado. Foi só quando ele correu para a
cobertura do hangar através da plataforma que ela percebeu que ele não
estava usando o uniforme vermelho e cinza de E'ronoh.
Gella se virou para Phan-tu.
— Eles são de Eiram.
O jovem príncipe balançou a cabeça em negação.
— O que?
— Temos um problema maior. O motor quebrou — disse Axel, e
começou a ajustar as velas. Eles poderiam descer a montanha seguindo os
ventos.
Gella teve a sensação crescente de que haviam caído em uma armadilha.
Treinou os seus olhos no hangar. O que quer que estivesse atrás daquelas
portas não seria amigável. A nave que ela tinha visto era outro de Eiram.
— Se eles quisessem um tiro mortal, haveria um atirador lá em cima.
Xiri assentiu, levantando-se.
— Ou na torre.
— Alguém está se esforçando muito para chamar a nossa atenção, —
disse Phan-tu, os quatro reunidos a bombordo da barcaça de frente para as
portas do compartimento.
— Eu sugeriria que não déssemos a eles, — disse Axel, resignado. —
Mas eu sei que você não vai ouvir.
As portas de metal do hangar se abriram e um esquadrão de soldados
Eirami em uniformes branco e turquesa e capacetes cobertos de pátina saiu.
Gella contou oito, cada um carregando um blaster, exceto o soldado que
liderava o ataque. Ele ergueu a ponta crepitante de um bastão elétrico e
gritou
— Viemos buscar os traidores Phan-tu Zenn e Xiri A'lbaran.
— Eles estão um pouco ocupados no momento! — Axel gritou de volta.
— Temos um presentinho de casamento de Eiram.
Gella sentiu a raiva avassaladora em Phan-tu, depois o medo quando ele
se virou para Xiri. Eles seguiram o círculo que o líder seguiu ao redor do
centro da cidade. Os mineiros desaparecidos apareciam em cada soleira, em
cada porta. Parado nos telhados. Ao redor de seus peitos havia dispositivos
piscantes amarrados. Detonadores.
As veias saltaram ao lado da garganta de Phan-tu.
— Deixem eles irem!
— Vamos desarmá-los assim que estivermos a caminho da lua Guardiã
do Tempo, contanto que você venha desarmado. Este é o seu único aviso.
Phan-tu se virou e dirigiu-se à escotilha que levava ao convés inferior. A
sua resolução era mais forte que duraço. A de Xiri também, quando ela
agarrou o seu pulso.
— Eu não vou parar você, — a princesa explicou enquanto ele tentava
se afastar. — Vamos juntos.
Mesmo QN-1 voou até Phan-tu e bateu com a sua cúpula contra o peito
do príncipe Eirami.
— Uau, espere um momento, — disse Axel, gesticulando entre ele e
Gella. — Não vamos deixá-los sair com aqueles lunáticos, vamos?
Gella estava desesperadamente dividida. Eles eram encarregados de
proteger os herdeiros, sim, mas em seu coração, Gella faria a mesma troca
sem hesitação. Era a única maneira de ganhar tempo pra eles.
Phan-tu deu um tapinha no ombro de Axel e deu um sorriso dolorido.
— Você só vai ter que vir nos salvar.
Xiri removeu o seu blaster e a sua lâmina de flagelo, então ela e Phan-tu
começaram a sua marcha pelo topo da montanha plana e para o hangar.
Gella calculou a velocidade que eles teriam para navegar na barcaça, se
pegassem o vento certo. Ou se ela pudesse pular longe o suficiente para
chegar primeiro à baía, mas ela nunca tinha pulado tão longe. Então viu o
pequeno borrão branco voando bem nas costas de Phan-tu.
— Phan-tu confia em mim para salvá-lo, — disse Axel, mais
maravilhado consigo mesmo do que com ela.
Perguntou-se quem já o fez sentir o contrário.
— Tenha fé, Axel.
Ele zombou.
— Em quê, na Força?
Sim, ela pensou, mas também em QN-1. Ela acenou com o olhar e
observou o sorriso dele se abrir quando ele viu o que ela fez.
— No seu droide.
Quando QN-1 voou sem ser detectado para a baía atrás de Phan-tu, a
travessura usual voltou ao rosto de Axel .
Ele apertou um dos botões laterais de seu comunicador de pulso. Vozes
abafadas chegaram, mas era difícil ouvir contra o som de metal rangendo
quando o teto do hangar começou a se abrir.
— Não vamos conseguir, — disse Axel .
Uma calma serena fortaleceu Gella quando pisou na amurada da barcaça
e estendeu a mão para ele.
— Você confia em mim?
Ele não disse nada, e não sentiu nada quebrar os escudos em torno de
seu coração e mente. Exceto que ele subiu ao lado dela, apertou os dedos ao
redor dela. Extraiu força da Força e juntos eles pularam.
Gella firmou a aterrissagem enquanto eles conseguiam cobrir metade da
distância. Eles correram o resto do caminho até o hangar.
Axel apontou o seu blaster para a fechadura do hangar e disparou. O
painel explodiu em uma chuva de faíscas e a porta se abriu.
Então parou.
O espaço era muito pequeno para deixá-los passar.
Gella ativou os seus sabres de luz, dirigiu-os através do metal e
empurrou para fora contra a resistência do material até que os últimos fios
que seguravam a porta juntos ressoaram no chão. Foi QN-1 quem entrou
pelo pequeno portão, emitindo pequenos gorjeios excitados.
— Desacelerar! — Axel gritou para o seu droide. Ele se virou para Gella
e disse: — Xiri e Phan-tu foram levados a bordo, mas QN-1 conseguiu
roubar o detonador.
O alívio tomou conta de Gella quando o pequeno droide revelou o
gatilho armazenado em seu painel. Não havia tempo a perder. Apertou o
braço de Axel.
— Você deixa todo mundo livre. Estou entrando naquele transporte.
Gella se arrastou pela abertura que havia feito na porta do hangar,
errando por pouco o tiro de blaster que acertou a um metro de sua cabeça.
Um transporte militar Eirami estava decolando, com a rampa de
carregamento se fechando lentamente enquanto os propulsores eram
acionados. Um soldado vestido de azul se agarrou a um degrau e atirou
nela.
Acendendo o seu sabre de luz, ela desviou os tiros. Disparos de plasma
vermelho atingiram o soldado no peito. Gella olhou pra cima para encontrar
Axel ao lado dela, com a pistola em punho. O soldado saiu da rampa e caiu
no chão do hangar. Gella começou a lamentar, mas sabia que ele não seria a
primeira vítima do dia.
Guardando os seus sabres de luz, ela empilhou as palmas das mãos, uma
em cima da outra.
— Eu vou te impulsionar.
Previsivelmente, Axel fez uma careta, mas não discutiu. Gella empurrou
o seu peso através da Força, então pulou atrás dele. Agarrou-se à beira da
rampa e se içou a bordo quando a embarcação tombou, tentando se livrar
dela. Viu o clarão vermelho de um blaster, seguido por um suspiro gutural.
Quando o transporte fez uma curva, rolou pelo chão, colidindo com
força contra Axel, e o segundo soldado morto. À medida que se igualavam
e subiam, o cadáver jazia sobre os dois.
— Este planeta não passa de pesadelos, — Axel disse sombriamente,
então eles levantaram o infeliz Eirami morto de cima deles. Axel pegou o
seu blaster e cobriu a entrada. Se todo o esquadrão tivesse subido a bordo,
ainda restariam seis.
Gella removeu o capacete do soldado. Sentiu uma pontada de pavor.
Tinha visto a mulher antes. Cabelos ruivos, olhos cor de âmbar, iguais aos
de Xiri, fitavam o nada. Nenhuma das distintas sardas verdes que muitos
Eirami tinham. Porque essa garota não era Eirami. Ela era uma serva na
casa do Monarca. Ela estava lá naquele dia, tão nervosa que derramou a
bebida de Gella. Como o líder dos captores havia chamado a lua? A lua do
Guardião do Tempo. Era assim que era chamado aqui.
A Jedi olhou para o capacete nas suas mãos enquanto a compreensão a
atingia. As manchas turquesa de pátina ao longo dos espaços arqueados de
metal para os olhos. Havia um sulco ao longo da testa, carbonizado nas
bordas como se fosse um tiro fatal na cabeça.
— O que é isso?
— Esses soldados não são de Eiram, — disse Gella.
— Este é um transporte militar de Eiram e aquele é um uniforme de
Eiram, então quem é ele nas entranhas de Coruscant?
Quando ele terminou de gritar, Axel piscou para o teto. Seguiu o seu
olhar para o grafite rabiscado nele. Dizia FILHOS DE E'RONOH.
Xiri A’lbaran estava caindo. Não em corpo, mas em sua mente.
Sonhou com o rosto do irmão. Marlo gritando com ela. Impostora.
Traidora. Sonhou com Phan-tu Zenn coberto de escorpiões, com o seu
sorriso como a foice da lua. Feito por Thylefire, até mesmo os dissidentes o
chamavam.
Levante. A voz de seu pai a despertou. Então se transformou.
— Levante. — Ainda familiar, mas não era o seu pai. O dono daquela
voz a chutou.
Com a cabeça girando, piscou para ver o rosto de Rev Ferrol. De
repente, se lembrou de onde estava. Na comoção, pensou ter visto QN-1, e
então, bem, tudo ficou confuso depois disso, mas estava viva, no transporte
Eirami roubado. Reconheceu a voz de Rev dos anos em que ele voou em
seu esquadrão.
Vasculhou o porão, atualmente usado para armas, e para eles. Phan-tu
estava ao lado dela. Algo frenético e urgente a atingiu quando percebeu que
ele estava parado. Muito quieto. Tentou ir para o lado dele para checar o seu
pulso, mas os seus pulsos estavam presos com algemas.
— Relaxe, princesa, — disse Rev. — Ele está vivo.
Xiri nunca desejou tanto desafiar alguém para um rito antes.
— Por que você está fazendo isso?
O cabelo castanho de Rev estava emaranhado nas têmporas. O subtom
oliva de sua pele era marcado por cicatrizes que não tinha visto antes do
cessar-fogo.
— Por E'ronoh, capitã A'lbaran, — ele disse zombeteiramente. —
Depois daquele duelo de um cessar-fogo que você orquestrou, acordei na
enfermaria com ordens para ir para casa. É isso. Ir para casa. Você
terminou.
— O que você gostaria que fizéssemos, Rev? — Xiri fervia. —
Lutássemos para sempre? Até que sejamos pó e eles se afoguem?
— Sim. — O veneno em sua voz a aterrorizou. Os outros que faziam
parte desses Filhos de E'ronoh não eram guerreiros. Ela podia ver isso pela
maneira como eles manejavam os seus blasters, mas Rev era, e ele gostava
disso. — Não importa. Apenas os verdadeiros Filhos de E'ronoh entendem.
— É isso o que você faz? Coloca bombas em nosso próprio povo e
sequestra a filha do Monarca? — Ela riu dele, concentrando sua atenção
nela. Ela podia ouvir brigas nas outras salas e esperava e rezava para os
velhos deuses que fossem Axel e Gella, e que eles estivessem vencendo. —
Você é um tolo.
— Um tolo que você subestimou. — Rev agachou-se no chão diante
dela. Havia uma espécie de calma perturbadora na maneira como piscava,
na maneira como os seus lábios abriam o seu rosto em um sorriso. Ele se
inclinou perto de seu ouvido e confessou, — Eu matei Jerrod Segaru.
Respirou fundo, mordendo o lábio inferior para impedi-lo de tremer. Os
seus olhos ardiam de raiva. Lembrou-se de ter visto o corpo de Segaru na
cama de Phan-tu. Como ele não revidou porque conhecia o homem que
atirou nele. Eles culparam Braxen porque parecia o único problema que eles
poderiam resolver e a família precisava ser encerrada.
— Você incriminou o guarda. — Xiri chutou forte, mas ele estava pronto
para ela e se afastou.
Ele recuou.
— Eu. Bem, eu tive ajuda. Meu pai tem jeito com as palavras.
Vice-rei Ferrol.
— Ela se lembrou das palavras do homem para ela no dia em que pediu
Phan-tu em casamento. Você vai pagar por isso. — Por que?
— Jerrod era um bom soldado. O melhor, honestamente, mas ele sempre
seria leal a você, e você está comprometida, Xiri. Estou levando você pra
casa. Alguns de nós estão dispostos a dar a vida pela causa que você
abandonou.
Xiri riu novamente, incapaz de controlar o medo que desceu por sua
garganta. Riu porque havia atingido o seu ponto de ruptura. Rev era cada
um de seus medos vindo à vida. Raiva insaciável. Um ciclo interminável de
guerra. Como ela lutou contra isso?
— Todos estão dispostos. — Ela ergueu o queixo para o paraquedas que
ele usava. Ela não havia notado até aquele momento. — Só não você.
Rev a esbofeteou com força, perdendo-se em seu próprio medo.
— Eu sou o panorama maior.
— Você é um tolo, — ela repetiu, lambendo o sangue que escorria de
uma rachadura em seu lábio inferior. — O que você fará quando as pessoas
investigarem? Quando o transporte for recuperado? Talvez eu esteja morta,
mas quem está conosco são crianças brincando de se fantasiar.
— Não importa. Aqueles em U'ronoh contarão a história do dia em que
Eiram ameaçou as suas vidas e sequestrou a sua princesa.
Os sons de luta estavam se aproximando. Rev olhou por cima do ombro
e viu o desespero de alguém com tanta pressa de vencer que se tornou
descuidado, e pessoas descuidadas cometeram erros.
— Você prefere passar por tudo isso do que me desafiar?
O sorriso de Rev desapareceu.
— Eu já ganhei.
— Pouse esta nave, — ela provocou. — Lute comigo até a morte como
as primeiras famílias de E'ronoh. Não é assim que as nossas histórias
acontecem? A linhagem de A'lbaran destronou os Ferrols menores.
A questão era que viu a centelha da tentação ali. Apenas por um
momento, e então a sua falsa sensação de vitória voltou.
Mas por cima do ombro de Rev, podia ver uma figura familiar parada na
porta. Nunca pensou que ficaria tão grata por ver o rosto de Axel Greylark.
Realmente esperava entender os gestos ridículos que ele fazia e se jogou no
chão.
Quando Axel deu o tiro, Rev se moveu para o lado e o tiro atingiu o
local bem acima da cabeça dele. Podia sentir o cheiro da queimadura contra
o metal, o suor em sua pele. Rev se virou para Axel e jogou o capacete
roubado para cima. Greylark gritou de dor. Xiri forçou a bota para cima,
chutando a parte de trás dos joelhos de Rev no momento em que Gella
entrou correndo na sala, com os sabres de luz em punho. A luz violeta
zumbia quando cruzou as lâminas sob o queixo de Rev.
— Não se preocupe, princesa, — disse ele. Ele tinha estado em seu
esquadrão. Era o Thylefire Treze. Eles cresceram juntos, e viu a sua raiva
distorcida e disse a si mesma que passaria. — Você sempre me ensinou a
não entrar em uma briga sem saída.
Ele levantou o punho e apertou o botão superior de um gatilho. A porta
do compartimento de carga se abriu e a nave estremeceu. Uma torrente de
vento encheu o compartimento de carga, arrastando para fora do buraco
tudo o que não estava parafusado. Preparado para isso, ele agarrou um
degrau de metal no teto e mergulhou de pé sem olhar pra trás.
Xiri assistiu Gella usar a sua magia Jedi para barricar a porta com
caixotes de armas, a sucção do vento mantendo-os no lugar mesmo quando
começaram a despencar.
— Quem está pilotando o transporte? — Xiri gritou.
— Piloto automático, — disse Axel, com a metade inferior do rosto
coberta de sangue.
Enquanto Gella os libertava de suas algemas, Axel agarrou os
paraquedas. Xiri sacudiu Phan-tu, pressionando a mão nas laterais do rosto
dele.
Levante-se, ela pensou. Levante-se, levante-se.
Os seus olhos piscaram lentamente, então de uma vez, percebendo a
situação.
— Você pegou o detonador?
— Sim, — Axel o assegurou. — Agora só temos que sair deste
transporte. Estou mudando as coordenadas para que caia no meio do nada,
em vez da capital.
— Vocês dois são pilotos. Vocês podem pousar? — Gella perguntou a
Xiri e Axel .
Greylark abriu um painel de controle e avaliou os danos da nave.
— Ele abriu um buraco, e eu sou bom, mas não tão bom.
— Fico feliz que você tenha aprendido um pouco de humildade, — disse
Phan-tu.
— Fico feliz que meu senso de humor inadequado esteja passando para
você, — Axel retrucou, — mas temos outro pequeno problema.
— Vamos ter que pular, — gritou Xiri por cima do barulho da
embarcação. Abriu a trava do compartimento que guardava os paraquedas.
Enrolou os braços dentro de um e segurou-o, então jogou outro para Phan-
tu. Quando pegou um terceiro, ela congelou.
— O que é isso? — Phan-tu perguntou, afivelando o arnês ao redor de
seu torso.
— Essa é o único que sobrou.
Segurou o último paraquedas em sua mão.
Axel abriu outros compartimentos, mas estavam vazios. Pela primeira
vez desde que ela conheceu o Príncipe de Coruscant, ele parecia nervoso.
Bastou o medo da morte.
— Eu posso segurar você, ou ele pode segurar você, — Xiri gritou,
gesticulando entre ela e Axel .
Gella fechou os olhos. Os seus cílios escuros tremulavam daquele jeito
dela quando meditava ao amanhecer. Virou-se para Axel e disse:
— Coloque.
Ele olhou para o colete que Xiri empurrou contra seu peito e piscou.
— O que?
A nave se inclinou pra baixo e eles deslizaram para o que eram as
paredes.
— Existem muitas variáveis, — disse Gella. — Esta é a única maneira
de pelo menos três de nós voltarmos. Deixe-me fazer o que fui designada a
fazer. — Ela ergueu os dedos e tirou os caixotes do caminho para dar-lhes
uma saída.
Gella se virou para Axel novamente e gritou
— Coloque o colete agora!
Axel moveu-se mecanicamente. Xiri já tinha visto aquele olhar nos
rostos dos soldados antes. Ela mesma havia experimentado. Era como andar
em um sonho, o seu corpo não era verdadeiramente seu.
— Vão! — Gella apertou a mão de Xiri como uma garra de metal e
empurrou Phan-tu porta afora. — Vão para U'ronoh !
Então aquela grande Força invisível de que Gella sempre falava, Xiri
sentiu, como uma pressão contra o peito, a promessa e a fé de Gella.
E então se foi quando Xiri caiu para valer através de seus céus de
E'ronoh.

Gella pressionou o corpo contra a parede, bem ao lado do buraco no porão.


— Axel, pule. Não posso segurar essas caixas por muito mais tempo.
— Por que?
— Você nem mesmo gosta de Jedi, — ela disse, uma risada aterrorizada
escapou dela. Achava que nunca tinha feito aquele som antes. Isso foi bom,
foi como uma libertação.
— Eu preciso te dizer...
Eles estavam perdendo altitude. Ele olhou em volta desesperadamente,
mas sabia que era tarde demais. Gella agarrou-o pelo colarinho e empurrou-
o para fora da brecha no casco. Acreditava que a Força levaria os seus
amigos com segurança para o chão.
Agora era a vez dela. Caiu de grandes alturas no passado, pulou da beira
de um penhasco em uma queda de confiança, e a pessoa que ela estava
testando era ela mesma, mas esta era uma sensação nova e, em vez de
medo, ela encontrou excitação. Gella Nattai nunca se considerou uma
audaciosa antes, mas neste momento, a palavra parecia certa. O seu lugar na
Força parecia certo, sem nada entre eles além de confiança. Sem
expectativas.
Observou o solo rochoso se aproximar cada vez mais. Ela não podia
pular muito cedo ou muito tarde. A Força não falou com ela, mas sentiu o
seu empurrão. Agora.
Gella Nattai deu o salto.

Quando Phan-tu Zenn pousou, se viu situado a meio caminho da montanha.


Tudo doía. Supôs que isso era um bom sinal. Isso significava que estava
vivo. Apalpou todo o corpo, depois desafivelou o paraquedas e testou a
força de suas pernas.
Queria agradecer a sua estrela da sorte, mas sabia que a sua gratidão
pertencia a Gella Nattai. Conhecia o Jedi bem o suficiente para saber que
ela teria dito, em vez disso, agradeça à Força.
Enquanto vasculhava o céu nublado em busca de Xiri e Axel, implorou à
Força, orou a ela como a sua mãe Odelia ainda orava ao deus Krel. Embora
achasse que Gella havia dito que não era nada disso.
Apertou os olhos contra o sol e notou que novas sardas verdes e marrons
haviam brotado na pele morena de seus braços. Não havia notado antes
como o sol de E'ronoh havia trazido a sua característica mais distinta de
Eiram. Sentiu o desejo, a necessidade de contar a Xiri.
Então ouviu o barulho de pedras atrás dele. Era uma das criaturas do
deserto de E'roni com longos pescoços e grandes chifres negros. Subiu a
encosta da montanha. Rumo a U'ronoh, Gella disse.
A torre de comunicações era recortada no topo da montanha. Lançou um
último olhar pra trás, então marchou em frente. Tinha que confiar que Xiri
encontraria o seu caminho até lá. Sorte, a Força, Krel. Talvez fosse tudo a
mesma coisa, de certa forma.
Phan-tu subiu a montanha em direção a Xiri e em direção ao seu futuro.
A cidade chamou isso de milagre.
Xiri A'lbaran se lembrou de navegar pelo céu. Não se lembrava de
pousar, nem mesmo de se levantar. A próxima coisa que se lembrou foi
estar cercada por todos os seres em U'ronoh. A cidade havia sobrevivido.
Agora a cidade a estava abraçando. Famílias reunidas se abraçavam,
enquanto uma peluda Tintinna com cara de roedor corria pela vila em busca
de seu marido desaparecido. Os edifícios e a torre permaneceram intactos.
A Amaryliss ainda estava estacionada exatamente onde o haviam deixado. E
além dela, Phan-tu Zenn abriu caminho com as pernas trêmulas. Parecia que
sempre notava o seu sorriso primeiro.
Correu para se juntar a ele no resto do caminho, lançando-se em seu
abraço sólido. Xiri não conseguia se lembrar da última vez que alguém a
segurou assim, como se estivesse segura, mas não podia se deixar rascunhar
o significado daquele toque. Ainda não.
Uma terceira figura apareceu na curva da estrada que levava ao topo da
montanha.
— Gella! — Xiri gritou.
A Cavaleira Jedi parecia ilesa, embora coberta de sujeira. Phan-tu a
puxou para o seu abraço compartilhado e alívio violento. Quando se
afastou, a palma da mão de Gella estava pressionada firmemente contra o
seu peito, não como um ferimento, mas em algum tipo de oração ou louvor
silencioso Jedi.
Xiri observou o olhar da amiga percorrer a cidade, procurando cada
rosto.
— Ele ainda não chegou, — disse Xiri. — E eu não vi QN-1.
— Provavelmente conseguiu encontrar um torneio sabacc acontecendo
exatamente onde ele caiu, — disse Phan-tu, mas a sua risada era vazia. Xiri
sentiu uma pontada de vergonha em como ela subestimou Greylark, mas
isso foi temperado por tudo que precisava de sua atenção. Por mais
agredidos que estivessem, não havia tempo para descansar.
— Temos que voltar até a Torre, — disse Xiri, — e contar ao Monarca
sobre esta nova ameaça. Eu mesma quero questionar o vice-rei Ferrol antes
que ele brinque com a lealdade de meu pai e se esforce para escapar.
— Não iremos a lugar nenhum até consertarmos a barcaça, — disse
Phan-tu.
Enquanto avaliavam os danos, uma mulher Mon Calamari se aproximou.
Manchas roxas escuras pontilhavam os lados de sua cabeça, provavelmente
por viver no planeta ensolarado. Em torno de seu pescoço havia uma
espécie de regulador climático que soprava uma pequena nuvem de névoa.
— Capitã A'lbaran, graças às estrelas você está segura. — Xiri pegou as
mãos com pontas de garras da Mon Cala nas suas. — Eu sou Iana Percei,
marechal de U'ronoh.
Xiri apresentou Phan-tu e Gella e explicou rapidamente a situação deles.
— Para onde a galáxia está indo? — lamentou o Mon Cala. — Enquanto
aguardamos o destino dos desaparecidos, devemos cuidar de seus
ferimentos e de sua barcaça.
Phan-tu usou a mão para proteger os olhos enquanto o sol atingia o
zênite.
— Você não disse que havia uma nave patrulha estacionada aqui?
— Reconvocado para o esforço de guerra há algum tempo, — disse
Iana. Outra baforada emitida por seu regulador climático. — Nós mesmos
patrulhamos a torre, embora U'ronoh tenha sido menos tentador para
bandidos, já que as minas não cedem há algum tempo. Você viu os
relatórios.
Xiri não tinha visto. Estivera ocupada com recrutamento, recorrendo à
compra de água de contrabandistas porque os mercadores não vinham para
uma zona de guerra. Estava tentando encontrar uma maneira de sair disso.
Agora que tinha, eles teriam que voltar a sua atenção para as partes de
E'ronoh que haviam sido deixadas pra trás.
— Enquanto isso, — a Mon Calamari disse, — vamos realizar uma
Relembrança para os perdidos. Venha. Temos um droide médico
procurando ferimentos.
Xiri estava prestes a recusar. Eles ainda tiveram que descarregar a carga,
consertar a barcaça, mas ela também precisava estar no seu melhor. Essa
luta não acabou.
— O que é uma Relembrança? — Phan-tu perguntou ao seu lado. Eles
caminharam lentamente atrás do Mon Cala, que ficou fascinado com a
presença do Jedi e puxou Gella para uma conversa.
— É uma festa para os mortos, — explicou Xiri, olhando para os rostos
cansados que se curvavam em respeito ao passar. — Às vezes é só em
família, mas na zona rural a cidade inteira se reúne. Eles contam histórias
dos mortos, cantam as suas canções favoritas, cozinham as suas refeições
favoritas. Mais difícil de acompanhar durante a guerra.
— Temos algo assim. Só que é um dia por ano, e toda Eiram comemora.
Gostaria de ver isso algum dia em breve. Apesar de sua jornada tão
longe, se preocupou com o que os esperava em Eiram.
Quando Gella parou de andar abruptamente, Xiri pegou a sua arma antes
de lembrar que estava na barcaça. Tinha visto aquele olhar no Jedi antes, o
aviso que significava que algo estava se aproximando.
Da estrada serpenteando de e para as minas emergiu Axel Greylark. Ele
caminhava devagar. A princípio, pensou que ele carregava o seu paraquedas
com ele, mas quando ele se aproximou, ela finalmente viu o que ele
carregava, e um grito cortou o barulho da multidão. A mulher Tintinna que
estava procurando por seu marido abriu caminho em direção ao cadáver
embrulhado nos braços de Axel.

Enquanto o sol vermelho cedeu à noite, os enlutados de U'ronoh se


reuniram na taverna de Siggi. Xiri e Phan-tu sentaram-se com as famílias
contando histórias do pequeno Tintinno e do guarda da torre. Ambos mortos
pelos Filhos de E'ronoh. Gella não via Axel desde que foi escaneado pelo
droide médico e não conseguia se livrar da sensação de que não deveria
estar sozinho. Ainda assim, toda vez que pensava em procurá-lo, se
lembrava de como ele queria ficar sozinho depois da noite nas cavernas.
Gella se aconchegou em uma mesa de canto e bebeu uma bebida
chamada ferrão. Observou o barman prepará-lo derramando licor de iazacal
âmbar e adicionando uma gota de xarope vermelho extraído do sangue do
escorpião thylefire. A bebida era forte o suficiente para fazer seus olhos
arderem quando ela apenas levou o copo aos lábios, e então queimou
novamente descendo pelo esôfago.
— Um gosto adquirido. — Iana Percei, a marechal Mon Calamari da
cidade, se juntou a Gella na cabine mal iluminada.
Gella ofereceu a marechal um sorriso caloroso. Mais cedo, elas
comeram tigelas de arroz tufado, molho e pequenos feijões roxos para os
quais Gella não tinha nome. Comeu vorazmente, apesar dos temperos
fazerem seu nariz escorrer.
A marechal Percei tossiu e apertou o botão do regulador de temperatura.
— Perdoe-me. Esse ar de deserto nem sempre combina comigo.
— Talvez o clima de Eiram seja mais adequado para você, — Gella
sugeriu.
— Oh, eu tentei, — disse o Mon Cala com tristeza. — Mas a luta
começou e houve um bloqueio. E'ronoh precisava de trabalhadores nas
pedreiras e minas, já que eles recrutaram todos os outros. Seres vieram de
toda a galáxia. Muitos partiram novamente quando a seca começou.
— Por que você ficou? — Gella perguntou curiosamente.
— Você pode não entender. Vocês Jedi não estão enraizados em nada.
Vocês são guerreiros sempre indo aqui e ali. Agora tive o prazer de
conhecer dois Jedi em minha vida, mas não é tão fácil pegar e ir. — Outra
lufada de ar úmido tornou a sua voz mais fleumática. Gella esperou
pacientemente que o Mon Cala continuasse. — Quando deixei Mon Cala
por causa de nossa própria guerra civil, pensei que quanto mais longe eu
fosse, melhor poderia escapar dela, mas aqui, ali, não posso escapar. Tudo o
que posso fazer é me enraizar como árvores de coral e sobreviver a isso,
porque a única outra escolha é não viver.
Gella considerou as palavras da marechal.
— O lar não é tão simples para um Jedi, mas não somos um exército de
guerreiros. Somos guardiões. Lutamos quando somos chamados, quando
devemos defender a vida dos outros.
— Lutar pela paz é como vir ao deserto para chover, — disse uma
mulher humana deslizando para o assento ao lado da marechal. — Você vai
esperar para sempre.
Ela tinha olhos assustados e cabelo puxado pra trás em uma trança
apertada. Gella sentiu a apreensão enquanto a mulher olhava o Jedi de cima
a baixo. Mais adiante na taverna, o canto se transformou em dança.
— Não ligue para Kala, — a Marechal Percei disse se desculpando. —
O pessimismo dela não é contagioso, eu juro.
Kala chupou os dentes e olhou com raiva para Gella.
— Não é pessimismo saber que algo é verdade, e a minha verdade é que
nada muda aqui no pó, mas lá em cima? — Ela apontou com um dedo
esquelético para o teto. — Lá em cima vocês Jedi mudam as coisas.
Gella percebeu que a mulher estava falando sobre ela, mas não
entendeu.
— O que você quer dizer?
— Kala, pare com isso, — o Mon Cala a repreendeu. — Vai dormir
antes de insultar os nossos convidados com divagações de estranhos.
Kala ficou de pé, mas Gella não sentiu nenhuma ameaça real, então não
se mexeu. O rosto contraído da mulher deu lugar a uma amargura profunda
e inabalável que nenhuma palavra do Jedi poderia acalmar. Ela não queria
isso.
— Que estranhos? — perguntou Gella.
O marechal deu um suspiro cansado, então sinalizou ao barman para
outra bebida.
— Viajantes de um sistema, — Dalna, creio — chamavam a si mesmos
de Trilha da Mão Aberta. Eles ofereceram um modo de vida melhor longe
de tudo isso e... longe da influência que os Jedi têm sobre a Força.
Gella nunca tinha ouvido falar de tal grupo antes, mesmo na lua sagrada
de Jedha, onde coexistiam seitas de manejadores da Força e adoradores. Ela
teria que perguntar aos mestres Roy e Sun se eles já tinham ouvido falar
dessa afirmação bizarra.
— O que mais eles disseram? — ela pressionou.
A marechal virou a sua bebida, com uma gota de um líquido âmbar
escorrendo por um de seus barbilhões no queixo.
— Só que a Força não pertence aos Jedi.
— Nunca fizemos tal afirmação. Encontramos o equilíbrio na Força.
— Eu não me preocuparia, jovem Jedi. Muitos dos mais jovens da
cidade partiram com eles, mas acho que as suas famílias teriam feito
qualquer coisa para que escapassem do recrutamento. — Ela olhou de volta
para os herdeiros, sendo puxada para a dança. — Estou ansioso por uma
nova era em E'ronoh.
Com isso, o Mon Cala deixou Gella para se juntar à dança. Gella não
dançava e Kala havia deixado uma nuvem persistente de preocupação.
Gella pegou a sua bebida mal tocada e saiu da taverna. A noite estava
surpreendentemente amena, as estrelas cobertas por nuvens.
A cidade mineira estava escura, exceto pela luz que vinha da parte
traseira da Amaryliss. Lá, Axel Greylark estava deitado em um elevador
rastejante, meio enfiado sob a barriga da barcaça. O QN-1 pairava por
perto, o painel do peito funcionando duas vezes como um maçarico. A sua
cúpula girou com a aproximação de Gella, vibrou uma saudação e jogou o
hidrogrampeador no estômago de Axel.
Soltou uma maldição, então empurrou para fora da embarcação. Tirou os
óculos, uma carranca torcendo as suas feições.
— Não me olhe assim, Gella Nattai.
Não pensou que estava olhando para ele de uma maneira particular.
Quando ela se concentrou na Força, ela não encontrou as suas paredes
habituais. Ele era cinético, toda energia caótica sem liberação. Ele queria
comprar uma briga.
— Por que você não está na Relembrança? — ela perguntou, sentando
no chão ao lado dele.
— Eu disse ao mecânico que assumiria. — Axel se inclinou para a frente
sobre os joelhos. Arrancou a bebida da mão dela e bebeu. Uma irritação
familiar voltou. Embora ela supôs que não o queria. Ela só não queria ser
um desperdício.
— Céus, o que é isso? — ele perguntou, batendo no peito. — É terrível.
— A família daquele homem queria agradecer por trazer o seu corpo de
volta. Eles acham que ele pode ter tentado pedir ajuda.
O QN-1 cutucou o ombro de Axel, com o seu peitoral triangular
pulsando mais rápido, cores tremeluzentes antes de abrir para lhe entregar o
frasco. Axel pegou, segurou, mas colocou de volta no compartimento de
seu droide.
— Sim, bem, — ele murmurou, — muito bem isso fez a ele.
— Não entendo você. — Gella balançou a cabeça. — No dia em que te
conheci, você entrou no quarto de um homem morto sem se importar com a
galáxia. Você age e fala como se não se importasse. Por que é diferente
agora?
Ele suspirou profundamente.
— Alguns mistérios não devem ser desvendados, Jedi.
Com isso ela não pôde deixar de rir.
— A maioria da minha Ordem pode discordar. As nossas vidas são
dedicadas à Força. Desvendando o nosso entendimento sobre isso.
Encontrando nele o equilíbrio. Que mistério maior existe do que a coisa
cósmica que nos une a todos?
Axel voltou o seu olhar sombrio para ela. O canto de seus lábios se
curvou.
— Você está dizendo que quer me desvendar?
Gella não sabia como a conversa estava fugindo dela, mas Axel
Greylark era bom em desviar, e ela não se deixaria perturbar.
— Quero entender por que você é do jeito que é.
— Você faz isso com os outros?
Ambos olharam para a taverna, com os sons musicais de cordas e
trombetas saindo da porta aberta.
— Xiri e Phan-tu são claros para mim. Eles fizeram um voto pelos seus
mundos e um para o outro. Eles são movidos por um legado de guerra que
nunca pediram.
— E você? Você é guiado por sua posição? — Ele a alfinetou
novamente. — Grande Mestre Jedi em construção.
— Sou movida, — ela disse suavemente, — por um sentimento que nem
sempre consigo explicar, mas em que confio total e verdadeiramente. Sou
movida pela curiosidade. — É por isso que ela procurou por ele? Porque ela
estava curiosa sobre o que fez Axel Greylark fazer e dizer as coisas que ele
fez?
— Você é como aquela história. Aquele Jedi caminhando ao longo da
fenda da galáxia. — Axel apoiou os antebraços nos joelhos.
— E você? Você pode fazer qualquer coisa. Você pode ir a qualquer
lugar. Eu quase invejo isso. As possibilidades...
— Por que você não lutou comigo por aquele paraquedas? — ele
perguntou, interrompendo-a com aquele olhar novamente. — Você estava
tão certa de suas chances de sobreviver ao salto?
Gella fechou os olhos por um momento e se lembrou de ter saído pelo
céu.
— A única certeza que eu tinha era que tinha que te proteger.
— Então ela acrescentou
— A todos vocês.
— Isso é enlouquecedor, — disse ele, esfregando os seus olhos de
exaustão.
— Por que? Porque você não quer ser amigo de uma Jedi?
Gella sentiu o seu tumulto anterior de emoção explodir quando ele olhou
para o céu.
— Não, eu não.
— Conte-me.
Axel hesitou, mas depois cedeu.
— Quando eu tinha dezoito anos, acompanhei meu pai ao setor
Cadavine em uma missão diplomática para Melida e Daan. A minha mãe
estava em campanha para o Senado. O meu pai era senador em Coruscant e
estava trabalhando com os Jedi para negociar a libertação do líder dos Daan
mantido cativo pelos Melida.
— Não foi até a extração que percebemos que era uma armadilha para
mostrar a todos os aliados dos Daan o que poderia acontecer. Estávamos
tentando voltar para a nave e houve uma explosão. Nós nos separamos.
Fiquei gravemente ferido.
— A sua cicatriz, — disse ela.
Ele assentiu.
— O meu pai estava preso sob os escombros e eu estava tentando tirá-lo
de lá. Eu podia ouvi-lo, mas os Melida estavam chegando e tínhamos que ir.
Eu não cederia.
QN-1 voou para o seu mestre e cutucou Axel em seu peito. Axel
esfregou a cúpula do droide enquanto ele emitia um brilho azul calmante.
Gella entendeu o que aconteceu então.
— Para me salvar, salvar todos nós e voltar para a nave, a Cavaleira Jedi
teve que me arrastar com as suas habilidades. — Axel pigarreou e Gella
sentiu que a sua armadura estava voltando. Quanto esforço ele gastou
fazendo isso todos os dias? — Então, mais uma vez, quando tentei virar a
nave. Depois disso, desmaiei de exaustão. Quando acordei, ela me disse que
era a vontade da Força. E então simplesmente se afastou e discutiu um
manifesto de carga como se nada tivesse acontecido. Como se eles não
tivessem me feito deixar o meu pai pra trás para morrer.
Foi por isso que ele perguntou: Por que você não lutou comigo pelo
paraquedas? Ele pensou que ela o teria deixado pra trás? Gella queria
confortá-lo, mas as palavras que ela teria dito eram as que ele odiava. Era a
vontade da Força, do jeito que era a vontade da Força que eles se
encontrassem sentados juntos. Em vez disso, ela colocou a mão sobre a
dele. Ele olhou para ela como se não pudesse entender o gesto. Como se ele
esperasse que ela ficasse na defensiva, não isso.
— Eu tenho perspectiva agora, — disse ele. — Sabe, eu vi aquela
Cavaleira Jedi de novo. Ela nem se lembrava de mim. Por que ela iria? O
que é um garoto de luto em uma galáxia cheia deles?
— Tudo, — Gella se viu dizendo.
Sentiu então, quando ele afastou a mão da dela, a ferida em seu coração.
Essa era a coisa que ele estava protegendo.
— Aí está você! — Phan-tu gritou da taverna. Ele olhou entre Axel e
Gella, como se não pudesse entendê-los.
— Eu estava vindo para lhe dar aulas de dança, — disse Axel, com a sua
voz mais rouca do que o habitual.
Algo molhado pousou em sua bochecha. Gella olhou para a noite
nublada, viu os tentáculos do relâmpago, sentiu o rugido do trovão que
sacudiu a montanha. Inalou o cheiro de petrichor.
A música diminuiu e o canto e as risadas diminuíram, enquanto todos na
taverna se espalharam pela rua e viraram o rosto para cima.
A chuva voltou para E'ronoh.
Enya Keen não era exatamente como esperava. Quando foi
acusada de assassinato a bordo da Paxion, o vice-rei Ferrol confessou quase
voluntariamente ter roubado dos Jedi. Agora que estava em prisão
domiciliar no palácio da Torre, e acusado de traição devido às ações de seu
filho, a sua determinação era sólida. Ele negou tudo.
A primeira coisa que Enya fez foi sentar em frente ao homem de rosto
corado. O quarto cheirava a suor pegajoso. A luz do sol saturava a luxuosa
suíte que dava para a torre da prisão e o mercado.
Com um floreio de suas mãos, conectou-se a Força e fechou as janelas
altas, então esperou e o observou suar enquanto o calor aumentava na sala.
Tinha visto o Mestre Char-Ryl-Roy usar a mesma técnica ao interrogar um
barão de Dimok que conseguiu colocar as mãos em duas crianças órfãs
sensíveis à Força em uma tentativa de cultivar poderosos generais do
exército para lutar em sua guerra com Ripoblus. Mestre Roy conseguiu que
ele confessasse na primeira hora e descobriu onde as crianças estavam
sendo mantidas. As crianças eram muito velhas para serem treinadas como
Jedi, mas foram levadas para Jedha e adotadas por outras ordens.
Enya não teve os mesmos resultados.
Agora corria pelos corredores do palácio para apresentar o seu relatório
ao cume reunido. Irrompendo no salão de reuniões, suas botas quase
escorregaram no chão de mármore. Ela ocupou o lugar vazio entre os
Mestres Jedi.
A princesa Xiri, que chegara no meio da noite com os outros, se sentou
na frente.
— Nós iremos?
— Se o vice-rei Ferrol souber onde o seu filho está escondido, ele não
revelará, — Enya assegurou a eles.
— Inaceitável! — O Monarca A'lbaran bateu com a bengala no chão. Os
tentáculos faciais do Chanceler Mollo se contorceram ansiosamente. Phan-
tu Zenn começou, enquanto Axel Greylark, sentado à sua esquerda,
estudava as bases de suas unhas. — Vocês não pode enviar um Jedi
totalmente crescido?
— Garanto a você, Enya Keen é uma das nossas mais brilhantes, —
disse Mestre Roy, com a sua voz geralmente calma entrecortada.
Enya franziu a testa, raiva e mágoa queimando. O que deveria fazer,
torturar o homem como o Monarca queria? Mestre Roy já havia dito a ele
que esse não era o jeito Jedi.
— Ele me contou outros segredos, — Enya disse, tentando controlar a
sua presunção. Sabia que tinha o interesse deles quando eles simplesmente
esperavam que ela continuasse. — Ele estava dando códigos de liberação
para piratas em troca de créditos, — ela disse, então fez uma careta ao se
lembrar, — e também que ele gosta dos dedos dos pés...
— Talvez, — a Rainha Adrialla interveio, — devêssemos reconsiderar a
oferta anterior do Monarca.
Monarca A'lbaran bufou.
— Uma cobra salgada usando o escorpião como picada. A ironia.
— Não se esqueça que a sua guerra ajudou a criar soldados como o Rev
Ferrol, — disse a rainha com altivez. — Filhos de E'ronoh. Este tratado não
é seguro até que ele seja levado à justiça.
— Ainda não sabemos quantos são, — disse Gella. — Ou se eles
tiveram algum envolvimento na sabotagem inicial que começou tudo isso.
— Concordo, — disse Mestre Creighton Sun. Ele arrastou um dedo ao
longo da barba por fazer em sua mandíbula. Ele normalmente se barbeava
todas as manhãs, mas quase duas semanas de elaboração do tratado
cobraram um preço alto de todos. — Eu sinto algo se movendo na sombra.
— Devemos antecipar o casamento e realocá-lo apenas para Eiram, —
sugeriu a rainha Adrialla. Enya sentiu o estalar de nervos da mulher, mas
ela era muito boa em manter as suas emoções sob controle.
— E cancele a cerimônia pública, — o Monarca acrescentou.
Phan-tu balançou a cabeça, com a sua voz mais assertiva do que Enya se
lembrava.
— É isso que eles querem, não é?
— Toda a razão para ter cerimônias ridículas, — disse Xiri, — é para
que os nossos mundos e a galáxia possam comemorar conosco. Qualquer
outra coisa parece se esconder.
— É verdade, — disse Axel. Ele flexionou o punho, como se tivesse
uma pontada no centro da palma. Ele olhou para Gella. — Phan-tu e Xiri os
fazem acreditar que a sua união trouxe as chuvas.
— Obviamente não podemos controlar a chuva. Certo? — Phan-tu
também olhou para Gella, que balançou a cabeça divertida.
Xiri mordeu o lábio inferior para não sorrir. Por que as pessoas deste
planeta se esforçam tanto para não sorrir? Enya não conseguia entender.
Mesmo o Jedi mais velho, melhor e mais sério que ela conhecia, como
Mestre Yoda, sorria de vez em quando.
— Claramente, — o Monarca disse secamente. — Mas estou satisfeito
que a aprovação entre a população tenha aumentado. Mesmo assim, os
Ferrols têm influência. Virando os membros da minha casa contra nós.
Enya ficou desapontada ao descobrir que um dos servos que tinha sido
tão legal com ela havia saído e atacado a sua própria princesa com Rev
Ferrol.
— É por isso que concordo com a rainha Adrialla que devemos mudar e
realocar a cerimônia de união, — disse Xiri, depois ergueu um dedo
enquanto a realeza tentava falar sobre ela. — Ainda precisamos da bênção
do Monarca para que aconteça aqui.
Phan-tu se virou para ela, com um sorriso resignado no rosto.
— Você vai parar de tentar se tornar uma isca?
A princesa soltou uma risada antes de levar os dedos aos lábios. Até o
Monarca ficou surpreso ao ouvir a sua explosão perfeitamente normal.
Enya sentiu a esperança desafiadora de Xiri. O amor de Phan-tu Zenn
por seu mundo. Quando passou para Axel, sentiu uma explosão de
ansiedade no momento em que ele olhou para Gella, que por sua vez olhou
diretamente para Enya.
— E'ronoh tem as suas tradições, — disse Xiri. — Esta é a primeira
união que tivemos desde que os meus pais se casaram há cinquenta anos.
— Cinquenta e dois, — o Monarca corrigiu suavemente.
— Cinquenta e dois anos, — repetiu Xiri. — Quanto mais cedo Rev
atacar, melhor.
— Se me permite, — Mestre Sun disse, e se levantou. — Examinamos a
área do palácio e acredito que há dois lugares onde a Princesa Xiri estará
mais exposta. Podemos jogar isso a nosso favor.
— Então está resolvido. — Xiri se levantou e Phan-tu se levantou e
ficou ao lado dela.
— Vamos atualizar os convites, — disse o Monarca ao Chanceler Mollo.
Com a cúpula encerrada, Enya seguiu a coorte Jedi até os aposentos do
Mestre Roy para interrogar Gella.
Enquanto eles circulavam pelos jardins do pátio e fontes incrustadas de
pedras preciosas, Enya esbarrou em alguém. A mulher tinha a pele cinza
pálida e os olhos cor de rosa de um Kage. A Padawan ia se desculpar, mas a
jovem estreitou os olhos com raiva.
— Cuidado por onde anda, Jedi. As palavras pingavam de desprezo.
Enya sabia que era um momento difícil para todos, então sorriu de
qualquer maneira, então correu pelas escadas do palácio.

Abda odiava casamentos. O casamento de seu irmão foi o maior que a sua
família já teve. Esse foi realmente o dia em que decidiu deixar Quarzite.
Sabendo que deveria fazer o mesmo, seguir a mesma vida de seus pais.
Saber que não importa o que fizesse, nunca seria uma combatente tão boa,
tão boa quanto qualquer coisa. Não do jeito que o seu irmão era. A galáxia
sempre pareceu ser mais dura com as filhas.
Mas as coisas mudaram quando Abda levou o turboelevador para o
espaçoporto em órbita e subiu no primeiro transporte programado para
partir. Pousou em uma estação movimentada em Bardotta.
Vagou sozinha e desesperada pela estação intermediária, até que
conheceu Binnot. Ele comprou comida quente para ela, apresentou-a aos
caminhos da Trilha e depois à Mãe. A sua vida mudou.
Não conseguia enfrentar a decepção no rosto mais bonito da Mãe.
Haviam dezenas, centenas de outros alinhados e esperando para ocupar o
seu lugar. Assim como tinha feito quando Serrena voltou ferida de sua
tentativa fracassada de convencer a rainha de Eiram a cumprir a sua
barganha. Abda pretendia tratar a ferida, mas teve uma revelação. A Força
proveu. Sem o conhecimento de Serrena, Abda havia usado uma única gota
do veneno que Binnot lhe dera. Acabou rápido.
Serrena falhou com a Mãe pela última vez. Agora Abda tinha algo que
não tinha antes. O amor da Mãe.
Enquanto a bênção do Monarca acontecia, Abda deslizou pela multidão
em seu uniforme de serva. O material cinza era muito macio em sua pele.
Indulgente. A princesa falou que os seres de E'ronoh precisavam
testemunhar a sua dedicação a eles, mas tudo que Abda viu foi indulgência.
No pátio central, sob o claro céu cerúleo, a princesa Xiri estava sentada
em um estrado usando um vestido de ouro puro com uma coroa de rubi
empoleirada em sua cabeça real. Um ressentimento gelado encheu o
coração de Abda. Nada disso estaria acontecendo se a filha do Monarca
tivesse acabado de embarcar no caça estelar sabotado. Em vez disso,
recebeu adoração por sua parte no fim da chamada Guerra Eterna.
Os cidadãos de E'ronoh fizeram fila para dar uma bênção à princesa,
centenas de foliões empolgados se estendendo para fora do palácio, nas ruas
circulares da cidade e na estrada do desfiladeiro. Todos os guardas do
palácio observavam a fila em busca de perigo. Com Jedi empoleirado no
telhado do palácio, e outro permaneceu sentinela ao lado da princesa
observando atentamente cada ser pisar no estrado, e deixar o futuro
Monarca colocar um cubo de comida em sua boca. Foi uma consagração,
disseram.
Por um momento, Abda se perguntou se os presentes da princesa eram
um suborno velado. Ela os alimentou com uma parte, e o seu povo devolveu
com uma bênção, mas a Trilha da Mão Aberta havia ensinado a Abda que
os presentes não deveriam carregar um fardo. Esta consagração do futuro
Monarca parecia pouco mais que um ritual para dar sentido às suas vidas
quando não compreendiam que havia algo maior, algo digno de devoção. A
verdadeira lealdade não exigia presentes. Exigia coragem.
Enquanto arrumava uma bandeja cheia de bebidas para os espectadores,
caminhou pelo perímetro do pátio até que todos os copos fossem
apanhados. Ela voltou para as cozinhas do palácio, onde o chefe do
Monarca gritava ordens e outros criados entravam e saíam correndo. À
medida que as horas passavam, Abda se preparava. Permitiu-se verificar
uma vez, só mais uma vez, se o cilindro que Binnot lhe dera estava no bolso
do avental.
O seu coração disparou como um subtrem e, quando se virou, alguém
esbarrou nela e jogou a bandeja de bebidas pelos ares. Com reflexos
extraordinários, ele conseguiu salvar um antes que o resto se despedaçasse.
Todos os guardas se viraram para eles e ela se encolheu. Toda a coragem
que reuniu foi substituída pelo medo.
— Desculpe-me, querida, — disse o homem vestido com uma longa
capa preta. As suas bochechas estavam coradas de bebida. Os seus olhos
semicerrados pousaram em Phan-tu Zenn.
— Axel! — o herdeiro Eirami sibilou.
— Eu me desculpei, — o homem embriagado reclamou.
Olhos verde-claros pousaram em Abda. Abaixou a cabeça e pediu
desculpas.
— Está tudo bem, alarme falso.
Com a boca seca, Abda voltou à cozinha para mais três bandejas de
bebidas.
Terminada a cerimônia, a princesa deu os últimos bocados de comida ao
Monarca e depois ao seu noivo.
A noite deserta a protegeu enquanto esperava que os salões se
esvaziassem, a celebração tomasse as ruas e a princesa voltasse para o seu
quarto.
Empurrou a sua bandeja para a cozinha e voltou para os aposentos dos
empregados. Lá, rastejou para o elevador da lavanderia e abriu o trinco.
Pressionou uma mão em cada lado da parede e subiu, subiu, subiu.
Os seus braços queimavam e tremiam, mas quanto mais perto chegava
dos aposentos da princesa, mais um calor emocionante se espalhava por ela.
Abda tinha certeza de que cada uma de suas ações estava a serviço de algo
maior. A Rainha Adrialla havia renegado a sua palavra à Mãe e precisava
ser lembrada desse custo. Quando a rainha recobrar o juízo, e quando a Mãe
ficar satisfeita, Abda pode descansar e viajar ao seu lado, enquanto viajam
para longe na Olhar Elétrico.
Quando alcançou o nível certo, ouviu vozes, mas a princesa estava
sozinha. Abda abriu a escotilha e pousou como um sussurro. Passou pelas
roupas cerimoniais e entrou no quarto escuro.
Abda enfiou a mão no bolso interno do avental em busca do cilindro
brilhante.
Mas não havia nada lá. Impossível. Teve isso a noite toda. Tinha
checado pouco antes...
A sombra na cama se moveu, os lençóis farfalhando. Abda se arrastou
pra trás quando um sabre de luz amarelo iluminou a escuridão.
— Olá, Caos, — disse a Mãe no hololink.
Ela se acomodou na cadeira de comando da Olhar Elétrico. Correndo os
dedos pelos apoios de braço macios, fechou os olhos e sorriu. Isso serviria.
— Mãe, — disse ele.
As comunicações ao vivo foram cortadas, mas disse o suficiente. Ela
conhecia aquele tom de voz e estava muito acostumada com ele
ultimamente. Algo deu errado. — Onde você está?
— O mercado. — A imagem entra e sai. — Talvez isso esteja perdido. O
casamento ainda está acontecendo. Os Jedi estão prontos para chegar em
massa. A República também.
— Parece que o meu convite foi perdido no hiperespaço, — ela
ronronou, agarrando os braços e inclinando-se para frente. Com ele, ela
deixou cair o capuz do manto e o cabelo caiu sobre os ombros.
— Abda foi capturada. Eu posso libertá-la. Levá-la de volta para o
Binnot.
— Não. — A Mãe descansou o queixo delicado no topo do pulso. —
Uma pena. Eu tinha grandes esperanças com ela. Agora cai sobre você.
Encarou-a atentamente. Foi o seu olhar sombrio que o atraiu até ela há
tanto tempo. Irritado, desafiador, mas também perdido.
— Acho que você não entendeu. Os herdeiros estão irritantemente
comprometidos com esta união. A agitação civil está aproximando Eiram e
E'ronoh.
— E'ronoh e Eiram não são nada, — ela disse. — Rainha Adrialla, por
outro lado. Devo-lhe uma gentileza. Ela vai entender o que vem de trair a
sua palavra pra mim. Ela escolheu alinhar-se com os Jedi. Eles estão
fervilhando em todo este setor e interrompendo os nossos planos.
Ele riu, aquele sorriso desafiador retornando como um raio.
— Nossos planos, não é?
— Eu sei o que está acontecendo, — disse ela.
Fez uma careta e desviou o olhar.
— Você sabe?
— Você está bravo comigo.
Balançou a sua cabeça.
— Não.
A Mãe sorriu para o holo.
— Deixei você esperando por muito tempo, mas nunca te esqueci.
Ninguém nunca vai deixar você alimentar o seu coração caótico.
O que eram promessas no grande esquema da galáxia senão amarrar as
esperanças de alguém em torno de seu dedo mindinho?
— Talvez eu queira fazer as coisas do meu jeito, — disse ele.
— E como isso funcionou para você antes? — Quando ele não
respondeu, ela relaxou em seu assento. — Livrem-se de Abda. Ela se tornou
uma ponta solta. Deixem esses planetas escolherem a sua paz, enquanto ela
durar. Enquanto os Jedi estão preocupados, encontre aquele veneno e volte
para casa.
— Para que você vai usar isso? — ele perguntou.
Nunca a questionou verdadeiramente antes, mas ela não deixou o seu
sorriso vacilar.
— Vou usá-lo para nós. Pela segurança da Trilha. — Mas ela sabia que
ele não era exatamente como os seus filhos. Ele não precisava do conforto
ou garantia de que a Força seria libertada. Talvez tenha sido por isso que ela
acrescentou: — E para que eu possa finalizar a Olhar Elétrico sem ficar
vulnerável a quem procura me machucar. Nos machucar. Posso contar
contigo?
Ele vacilou, então limpou a garganta.
— Sim.
— Quanto a Cavaleira Jedi sobre o qual você tanto me falou, tenho
certeza que você pode lidar de alguma forma.
Ele ficou em silêncio por um momento, então disse:
— Eu vou descobrir isso.
— Você não está tendo dúvidas, está?
— Eu disse que vou descobrir, Mãe.
— É claro. Sei que sempre posso contar com você, Caos, — disse ela.
— Meu Axel Greylark.

Naquela noite, Gella encontrou o Mestre Sun nos jardins do palácio,


prateado ao luar. Faíscas incandescentes flutuavam na brisa fresca. Na
borda do espelho d'água, o Jedi meditava.
Sentindo a presença dela, ele abriu os olhos.
— O sono nos escapa a noite toda.
Com admirável controle, Mestre Sun desceu de volta ao chão do jardim.
Ele pegou o seu robe e o colocou sobre a roupa de dormir.
Gella acordou com lembranças inquietas das últimas semanas, desde o
momento em que entraram no espaço Eiram e E'ronoh, até a longa viagem
ao deserto e de volta. Nada disso revelou uma resposta para a verdadeira
identidade da jovem mulher Kage na prisão, ou por que ela foi encontrada
no quarto de Xiri, desarmada.
— Meus pensamentos estão incertos, Mestre, — admitiu Gella.
O Jedi mais velho se virou para a piscina reflexiva. Ladrilhos de
mármore e pedras preciosas das pedreiras e minas de E'ronoh criaram
padrões concêntricos. Uma brisa perturbou a superfície da água.
— Temo que ainda estejamos operando nas sombras, — disse ele
gravemente, — obscurecidos por cada escolha feita na luz.
— Quanto mais tento desvendar, menos pareço entender, — disse ela. —
Xiri acha que os Filhos de E'ronoh, a sabotagem, tudo isso foi orquestrado
pelos Ferrols. Rev tinha acesso ao hangar militar. É responsável pelo farol
contendo poeira de E'ronoh. Ele confessou coisa pior. Então, por que enviar
uma assassina desarmada para o quarto de Xiri?
Mestre Sun olhou pra cima. Podia senti-lo procurando por ameaças, mas
ele parecia não encontrar nenhuma.
— Talvez agora que ela está esperando por algumas horas, a Kage esteja
pronta pra falar.
— Eu não duvido de sua habilidade, Mestre Sun, — Gella disse a ele. —
Mas ela está protegendo alguém.
Ainda assim, eles subiram os degraus de pedra em espiral da torre. Lá
em cima, o vento assobiava.
— Eu ia falar de manhã, — Mestre Sun disse a ela. — O Conselho está
enviando vários Jedi para ajudar com os detalhes de segurança em Eiram. O
seu curto período de tempo com os herdeiros foi impressionante e, segundo
todos os relatos, após o casamento, você poderá retornar a Coruscant e
continuar o seu treinamento.
— Sério? — A notícia deveria tê-la emocionado, mas uma dor surda se
aninhava entre as suas costelas.
— A menos que você sinta que foi chamada aqui.
A escolha foi dela, mas quando se aproximaram do topo da torre da
prisão, ambos os Jedi estavam em alerta. O único problema era que, em vez
de sentir o perigo, eles não sentiam absolutamente nada.

A Força proveria.
Abda repetiu o refrão várias vezes. se sentou no centro da cela e olhou
para o retângulo cortado no teto. Uma lasca da lua, um corte de noite,
apenas visível. Traçou e refez os seus passos. Tinha sido tão cuidadosa. Tão
cuidadosa.
Binnot viria buscá-la. Ele a tiraria. Odiaria o olhar presunçoso em seu
rosto quando ele a lembrasse de seu fracasso. A Mãe não ficaria satisfeita.
Pelo menos não disse uma única palavra a Jedi. A sua mente e o seu
coração eram impenetráveis porque pertenciam a outra pessoa. Um ser
maior e um propósito maior.
Enquanto o vento uivava pela solitária abertura na parede, Abda fechou
os olhos. Ouviu um silvo suave, como um suspiro. Estava no escuro com
ela. Abda tentou se abaixar, chutar, mas um braço enganchou em sua
garganta.
— Chiu, chiu, chiu, você deu o seu melhor, — ele sussurrou, baixo e
familiar. — Mas a Mãe precisa de algo melhor do que o seu melhor.
O corpo de Abda tentava se lembrar do antigo treino com o irmão e os
pais. Jogou o braço pra trás, mas não conseguia respirar. Não podia
implorar por outra chance quando ouviu a liberação da injeção. A agulha
fina espetou o lado de sua garganta e enviou o veneno correndo por sua
corrente sanguínea a cada batida de seu coração falhando.
Ele a soltou, mas as suas vias respiratórias se fecharam. Bolhas
borbulhavam ao longo de sua clavícula e, mesmo quando a sua visão
escureceu, ela se arrastou de barriga para a porta. A sua mente era um
ataque de imagens, uma após a outra, os seus pais. Será que eles se
lembram que tiveram uma filha uma vez? As planícies íngremes de Dalna.
Perseguindo escorpiões no deserto. O que tudo isso valeu?
Quando o calor nas suas veias diminuiu, a imagem por trás de suas
pálpebras a surpreendeu. Passaram-se anos, mas as cavernas violetas de
Quarzite finalmente acenaram para a sua casa.

Phan-tu Zenn precisava ver o corpo. Caminhou até o necrotério, embora


todo o seu corpo gritasse para correr. Se os relatórios fossem verdadeiros,
precisava ver por si mesmo. Os guardas o observaram passar, os seus olhos
cor de âmbar seguindo-o como se vissem algo que precisavam esmagar sob
botas de biqueira de aço.
O jovem príncipe Eirami apenas sorriu. Tinha o que importava, no final,
a confiança de Xiri. Agora, se pudesse segurá-la. Não podia se dar ao luxo
de ser imprudente. Não quando eles estavam tão perto de um grande evento
na história de seus planetas compartilhados.
Ao chegar à sala de mármore nos níveis inferiores do palácio da Torre,
se assustou ao ver que haviam pessoas ali. Mestre Char-Ryl-Roy, Gella
Nattai, Axel Greylark e Xiri já estavam presentes.
A maneira como os olhos de Xiri brilharam ao vê-lo distorceu algo nele.
Ela olhou pra ele com medo, suspeita, uma pitada de assassinato. Esperança
posterior. Talvez um dia, quando as coisas estivessem resolvidas, quando
eles se conhecessem como as suas mães se conheciam, como alguém pode
conhecer o outro pelo toque, pelo cheiro e pelo som, ela poderia olhar pra
ele com amor.
— Acabamos de enviar a pequena Padawan para buscá-lo, — disse
Axel.
O Mestre Jedi, cujo crânio careca e oval mal ultrapassava o teto baixo,
olhou para Axel com desaprovação. Greylark era um gosto adquirido, como
aquela bebida ferroada das minas de U'ronoh, mas ele não conseguia
imaginar ter sobrevivido à jornada sem ele ou Gella. Era estranho como por
várias semanas haviam sido apenas os quatro por longos períodos de tempo.
De volta à capital, quase não vira nenhum deles, nem mesmo Xiri.
— Parei no mercado, — disse Phan-tu. — Mas ouvi dizer que a autópsia
está completa. O que vocês descobriram?
À medida que ele se aprofundava na sala fria estéril, porém, pôde ver
por si mesmo. O seu corpo foi coberto por privacidade, mas a palidez cinza
mortal do corpo da Kage foi marcada com uma verdade inegável. Bolhas
salpicavam a sua pele como uma varíola, e ao lado de seu pescoço havia
uma marca de punção clara. De seu centro estendiam-se gavinhas finas de
cicatrizes peroladas elevadas.
Mestre Roy balançou a cabeça severamente.
— Em todos os meus anos, nunca encontrei algo assim. Embora eu
tenha visto casos de Dexstri Skin Pox que deixam caroços na pele.
— Isso não é contraível pela carne? — perguntou Gella.
Phan-tu pressionou a própria mão contra o estômago. As chances dele
ficar doente estavam aumentando.
— Sim. E o conteúdo do estômago dessa pobre garota não passava de
bile e cascas de escorpião não digeridas.
Xiri se abaixou para puxar a coberta sobre o rosto do Kage. Todos eles
tiveram o suficiente.
— Alguém sabe o nome dela?
— Ninguém dos criados ou mordomo, — disse Gella.
— Eles não seriam capazes de lhe dizer os nomes dos vivos, e veneno
não é o jeito de E'ronoh, o que, por mais que eu odeie admitir, exclui os
Ferrols. — Xiri voltou os curiosos olhos âmbar para o Mestre Jedi. — E
não foi encontrada nenhuma arma?
Gella balançou a cabeça.
— Mestre Sun ainda está investigando a cela, mas não havia nada
quando chegamos. Só isso. — A Cavaleira Jedi pegou uma pequena
bandeja de metal. No topo havia um disco redondo feito de algum tipo de
liga preta.
— Os Kage não são guerreiros? — Xiri perguntou. — Talvez ela seja
uma caçadora de recompensas.
— Isso não é um disco de recompensa, — disse Axel com naturalidade.
— Isso é um convite.
— Pra quê? — perguntou Gella. Quando ela girou o disco entre os
dedos, não havia marcas nele.
Axel deu de ombros, hesitante, provavelmente por causa da presença de
Mestre Roy.
— Uma espécie de jogo, na verdade.
Phan-tu estalou os dedos para relembrar a sua conversa com Axel
— É aquele campeonato em que você perdeu muitos créditos?
O príncipe de Coruscant parecia que ia pular sobre a garota morta na
mesa e estrangulá-la.
— Você ao menos sabe como guardar um segredo?
Ele sabia, na verdade. É por isso que ele precisava afastar os Jedi, por
um momento.
— Eu precisaria de um lutador habilidoso, — Axel disse, com o seu
olhar sombrio caindo sobre Gella, então Mestre Sun. — Você pode
dispensar o seu melhor Cavaleiro Jedi?
Mestre Roy puxou a barba.
— Somos necessários em Eiram para receber os Jedi que chegam, mas
isso depende dela. Gella, você decidiu ficar?
Era notícia que ela poderia ter decidido ir, especialmente pelo lampejo
de mágoa nos rostos de Axel e Xiri.
— Posso acompanhar o senhor Greylark, sim, — disse Gella.
— Mas devo avisá-la. — Axel esticou os dedos. — É uma péssima
ideia.
Aninhada na cadeira do copiloto da Anoitecer, Gella Nattai olhou
para o mar de estrelas à frente. Era a segunda vez que embarcava na nave
de Axel Greylark, embora ele decididamente estivesse mais acostumado
com os seus controles.
— Você parece perturbada, Jedi, — disse Axel. Foi um progresso ele
não ter dito Jedi com seu escárnio usual?
Gella não gostou que ele pudesse ver isso nela. Que ele talvez estivesse
prestando muita atenção. Isso a incomodava por motivos sobre os quais ela
não conseguia meditar. Não até que o tratado fosse assinado e até que Phan-
tu e Xiri se casassem e suas ameaças fossem eliminadas. Foi por isso que,
quando Mestre Roy perguntou se ela ficaria, ela concordou em investigar a
pista deles com Axel.
— Alguém foi assassinado enquanto dormíamos, — disse ela.
— Você lamenta a morte de uma assassina? — ele perguntou
categoricamente.
— A morte é inevitável. Lamento a circunstância.
Observou o seu perfil firme e forte enquanto ele dirigia a nave. Percebeu
que eles não estavam juntos desde a noite em que choveu em U'ronoh, e
desde as suas confissões, ele sorria pra ela com menos frequência. Talvez
ele se arrependesse de compartilhar as suas feridas. Ou talvez não tivesse
dado a ele a reação o que queria.
— Você sabe o que eu aprendi, Jedi Nattai?
Pensou que isso seria divertido.
— Por favor, compartilhe.
— Aprendi que você tem três rostos sérios, — disse Axel, levantando
um dedo de cada vez.
Cruzou os braços sobre o peito.
— Continue.
— A primeira é Oh, não, Axel, como você poderia falar sem pensar?
Depois, há o seu rosto de lutadora Jedi. E, finalmente, aquele que você teve
durante toda essa viagem até a Hesperys.
— E o que é isso?
— O rosto do fardo da galáxia.
Gella sorriu apesar de si mesma.
— Não é um fardo, Axel.
— Então, o que é?
Esperou por seu escárnio. Esperou pelo sorriso arrogante, o brilho em
seus olhos, mas havia só o Axel Greylark, ou uma versão dele, tentando
entendê-la. Se eles não estivessem navegando direto para um parque de
diversões estacionado em um asteroide morto, se tivessem mais tempo,
então talvez gostasse de falar com ele o dia todo.
— É uma escolha, — disse ela.
— É isso? — ele perguntou. — Eu juro que não estou, sendo eu mesmo,
mas se é tudo que você já conheceu, então você não deveria se sentir assim?
— Passei minha vida inteira tentando entender o meu poder e o meu
lugar na galáxia. — Ela passou os dedos pelos cabos de seus sabres de luz.
— Jovem, Padawan, Cavaleira Jedi. Mestra. Cada ascensão nos aproxima
da compreensão da Força e do cumprimento de nosso voto. Eu estava tão
ansiosa para ser a Jedi ideal, dar o próximo passo. — Ela encontrou a
intensidade em seus olhos com os dela. — Estar aqui está me fazendo
perceber que ainda estou ouvindo a Força.
Ele piscou primeiro, empurrando os controles da nave pra frente.
— Certo. A Força. E o que está dizendo?
— A galáxia não é o meu fardo, Axel. Eu a escolhi.
— Essa é a diferença entre nós, eu suponho, — ele disse suavemente.
Ele não podia ver que o seu fardo era uma ferida em seu coração? Gella
se virou para entender a resposta dele, mas ele se concentrou na janela, no
pedaço de asteroide cinza claro que aumentava de tamanho conforme eles
se aproximavam.
— Como você encontrou este lugar pela primeira vez? — ela perguntou.
Sentiu então, uma pressão contra a sua parede emocional. A sua
hesitação, mas algo querendo emergir como uma muda abrindo caminho
pelas rachaduras na encosta de uma montanha.
— No ano seguinte à morte de meu pai, eu disse coisas terríveis para
minha mãe. Ela, por sua vez, me enviou em uma grande viagem pela
galáxia para ganhar perspectiva.
Gella só tinha ouvido falar das viagens de prazer galácticas embarcadas
por membros da realeza ricos e filhos de políticos. Festas de gala bêbados
em praias exóticas e devassidão em ruínas sagradas. Parecia o oposto do
que queria fazer quando se juntou à equipe Desbravadora para Orvax.
— Em vez de me juntar aos filhos dos outros senadores, peguei QN-1 e
a nave de meu pai e parti sozinho. — Ele passou os dedos pelo console. —
Cheguei o mais longe que pude e acabei em um pequeno planeta chamado
Skye, não muito longe daqui, na verdade. Você sabe, é incrível a rapidez
com que você pode perder uma fortuna sem realmente tentar?
— Não, — ela disse, já que os Jedi não tinham fortunas.
— A Chanceler Greylark queria me ensinar uma lição e me cortou, mas
encontrei trabalho.
Curiosa, ela perguntou
— Fazendo o quê?
— Humm, — ele meditou. — Redistribuidor freelancer de remessas.
Gella riu.
— São muitas palavras quando você pode dizer apenas contrabandista.
— Chame como quiser, — disse ele. — Eu sobreviveria, faria uma
fortuna, perderia no dia seguinte. Fique ensanguentado em uma briga de
cantina e depois voltei para Coruscant. Seja um 'Greylark ' na sociedade.
Então, quando chegasse a ser demais, eu faria tudo de novo.
— O que você quer dizer com demais? — ela perguntou.
— Eu acho que você só pode ser quebrado por tanto tempo antes que até
mesmo as pessoas que você ama comecem a desejar que você superasse
isso. Pelo menos era assim que era ser filho da Chanceler. De qualquer
forma, tenho um contato que pode identificar a nossa Kage misteriosa.
Ao se aproximarem da estação Hesperys aninhada na superfície de um
asteroide morto à deriva no setor de Dalnan, tudo o que Gella conseguiu
distinguir foi uma profusão de luzes multicoloridas sob um escudo
ambiental. Axel deu a frase de código em seu disco de convite preto para a
torre de controle de tráfego, e o escudo se abriu para deixá-los passar. Eles
atracaram a Anoitecer em uma plataforma de lançamento lotada.
— Isso não é o que eu imaginava quando você chamou este lugar de
carnaval, — disse Gella, segurando com força as alças de seus coldres.
Um grupo de Sullustanos carregou gaiolas de baiacu em um Orlean. Um
Hutt, não totalmente crescido a julgar pelo seu tamanho, serpenteava entre
fileiras desordenadas de transportes, pods de corrida e naves de salvamento.
Uma única rua larga descia direto para o centro da estação e era margeada
por prédios úmidos.
— A Hesperys é tudo o que você quer que seja, — disse Axel, liderando
o caminho com um sorriso vulpino, o QN-1 piscando uma série de luzes em
seu ombro.
Axel estava diferente aqui do que em E'ronoh. Estava elétrico, como se
alimentasse da cacofonia, o banquete de faíscas inflamando o ar. Os fogos
de artifício pareciam vir de uma tenda que anunciava luta droide contra
Gundark. Um grande Twi'lek laranja cobrou taxas de entrada em um rodeio
borrado, com o fedor do terreno lamacento se misturando com o do torrador
do outro lado da rua.
— Nunca vi nada igual, — ela se maravilhou.
Axel deu uma risada surpresa ao lado dela.
— Eu presumi que você iria odiá-la.
Havia algumas coisas altamente ilícitas, uma mulher vendendo
especiarias na parte de trás de seu speeder azul neon. Um Wookiee com um
choque de verde descendo pelo centro de sua cabeça tinha uma caixa aberta
do que parecia ser canhões blaster não autorizados.
Gella parou em frente a um prédio quadrado com uma luz vermelha
pulsante. Estava tentando espiar pela janela quando um humanoide
musculoso de pele azul saiu. Ele se encostou na soleira e sorriu pra ela.
— Esta noite não, querida — disse Axel, puxando Gella pela manga do
robe e correndo três portas abaixo. — Aqui estamos. O Rancor Enferrujado.
O prédio era pintado de preto, mais novo do que a maioria da estação.
Um rancor holográfico rosa piscou sobre a porta.
Axel olhou duas vezes para Gella e jogou uma mecha de seu cabelo pra
trás, depois ajustou a fivela de sua capa azul celeste. Ele se inclinou e
sussurrou em seu ouvido
— Ney Madiine não gosta de estranhos, então, por favor, deixe-me falar.
Queria discutir, mas este não era o seu mundo. Inalou o ar mofado e
reciclado e decidiu que teria de seguir o exemplo dele.
Lá dentro, eles foram engolidos pela escuridão. A única fonte de luz era
um ringue de luta elevado. A multidão se apertou, gritando por sangue e
violência. Os lutadores, dois Patrolianos com cara de peixe, agarraram-se
um ao outro em um palco feito de vidro reforçado. Dentro da circunferência
do ringue de luta, ripas retangulares de metal foram suspensas em fileiras
espalhadas. Os lutadores os usavam como trampolins ou escadas para subir
mais alto. Quando um patrulheiro alcançou o topo, a ripa sob os seus pés
não funcionou bem e ele se debateu ao cair no palco de vidro dois andares
abaixo. Uma escotilha se abriu e o perdedor caiu, enquanto o vencedor
saltou pelo ringue em vitória.
— Vamos! — Axel gritou sobre o frenesi.
Ele passou direto pelo segurança Trandoshano. O ser com cara de
lagarto rosnou pra eles antes de olhar duas vezes para Axel e apontar uma
garra para uma porta do outro lado da sala. As solas das botas de Gella
grudavam na superfície a cada passo. Cheirou o cheiro metálico de sangue e
bebida derramada.
Axel olhou pra trás uma vez, como se quisesse ver se ela ainda estava lá,
antes de subir dois lances de escada e seguir por um corredor estreito. Os
seus sentidos se contraíram, mas como poderia identificar o perigo em um
salão de luta cheio de seres cantando
— Rasgue-os em pedaços! Morda a cabeça dele!
— Axel, — disse ela como um aviso.
Ele atirou-lhe uma piscadela superconfiante.
Quando chegaram ao final do corredor, um segurança arrombou a porta
de um escritório. Uma parede inteira foi feita de vidro, para ver melhor o
fosso abaixo. Uma mulher Theelin mais velha levantou os olhos de sua
mesa repleta de datapads, holoprojetores, discos de recompensa e o que
pareciam ser pilhas de dinheiro de vários mundos. Ney Madiine, a
Cavaleira Jedi presumida, tinha pele rosada e cabelo verde puxado tão
apertado que parecia suavizar as rugas finas de seu rosto. Ela tinha uma
cicatriz que descia do lábio até a clavícula e dedos pontilhados com anéis de
joias.
— Axel Greylark, — ela cantou, — em carne e osso.
Ele caminhou ao redor de sua mesa e em seus braços estendidos. Gella
ficou parada na frente da mesa da mulher e desviou o olhar quando Ney
beijou a bochecha de Axel por muito tempo.
— Ney, minha querida, — ele disse, desvencilhando-se de seu aperto.
— Isso é uma surpresa. — Ney finalmente se virou para Gella, seus
olhos de gema varrendo o manto, sabres de luz e botas de Gella. — E o que
você trouxe?
— Cavaleira Jedi Gella Nattai, conheça Ney Madiine.
Gella inclinou a cabeça quando o sorriso de gato da mulher se alargou.
A Jedi tentou alcançar a Força para sentir as intenções da mulher, mas
sentiu apenas excitação, e tudo foi direcionado a Axel.
Axel ergueu o convite que encontraram na Kage morta e o colocou na
mesa de Ney.
— Eu preciso de um favor.
— Você conhece as regras. — Ney estudou os seus anéis. — Meu
campeão contra o seu.
— Axel, — Gella rangeu os dentes. — Que campeão? — Ela olhou para
o chão e deu um passo para o lado, caso houvesse um alçapão.
Ele simplesmente dispensou qualquer preocupação dela, pressionando a
palma da mão contra a parte inferior das costas dela e afastando-a do
alcance da voz de Ney, e contra a parede de vidro com vista para o fosso.
— É só uma coisinha que esqueci de mencionar. Ganhar uma rodada é a
única maneira dela conceder favores.
Esqueceu de mencionar?
— Ela o agarrou pela fivela de sua capa e o puxou para mais perto,
impulsionada por uma explosão de raiva.
Os seus olhos piscaram para o rosnado de seus lábios, e ele disse
— Só sei que tenho toda a fé em você.
O ar quente e úmido encheu o escritório quando a parede de vidro ao
lado deles se abriu e uma ripa de metal apareceu, como uma prancha em
uma barcaça.
Gella não disse mais uma palavra quando Axel a empurrou para a
prancha. Ela esticou os braços e puxou a Força para recuperar o equilíbrio.
O que ela esperava de Axel Greylark? Ela podia vê-lo através da parede do
escritório enquanto ele voltava para negociar com Ney. Ótimo. Faria sua
parte se ele fizesse a dele.
Quando as ripas de metal se reajustaram dois andares no ar sobre o
ringue de luta, os espectadores lá embaixo enlouqueceram. Ouviu o estalo
revelador de um sabre de luz sendo acionado.
Do outro lado do ringue estava outro Jedi, erguendo um sabre de luz de
lâmina dupla direto em seu coração.
O Pa’lowick desceu do teto em uma bola espelhada giratória
afixada a uma haste de metal. Limpou a garganta e falou em um microfone
fino. Foi a única vez desde que Gella Nattai entrou no Rancor Enferrujado
que a multidão lá embaixo ficou quieta. Aproveitou a oportunidade para se
preparar para a partida, limpando os seus pensamentos de sua raiva de Axel
Greylark.
— Demônios e amigos! — a Pa'lowick gritou em um soprano nasal. —
Bem-vindo de volta ao Rancor Enferrujado! Sou Goldy Bex, a Mestra de
cerimônias do seu lugar favorito a bordo da Estação Hesperys, para um
luuuuta única. Os seus campeões foram escolhidos!
Goldy girou na bola espelhada, a engenhoca a guiando através dos níveis
das lâminas de luz brilhante. Ela piscou um olhinho redondo para Gella.
— Por favor, desista de um Cavaleiro Jedi vindo da terra mística de
Jedha, Jellie Nattal!
Jelly Nattal? Terra mística? Gella nunca se sentiu tão insultada por ser
tratada como um espetáculo. O seu oponente riu junto com a multidão.
Avaliou-o. Ele era duas vezes maior que ela, os músculos quase tensos por
causa das vestes Jedi feitas de veludo verde que combinavam com as
lâminas duplas de seu sabre de luz. Uma banda de neon, modificações de
tatuagem geométrica decorava a pele marrom polida de sua garganta.
Goldy Bex girou, incitando os espectadores.
— E não seria a sua noite de sorte sem o atual campeão. Com noventa e
nove vitórias, ele é a Ira dos Jedi e o rei do meu coração, — Dario Melek!
Dario jogou um beijo para Pa'lowick para garantir. A multidão deu um
rugido ensurdecedor.
Gella sabia que algo estava errado. Ele estava disfarçado aqui? Não
conseguia pensar em nenhum Jedi na Ordem que usaria as suas habilidades
na Força assim. Talvez seja por isso que Axel não contou a ela todo o seu
plano. Não teria concordado. Teria?
E, no entanto, aqui estava ela, desembainhando os seus sabres de luz
para se defender.
— Lembrem! O primeiro oponente a derrubar o outro no chão do ringue
vence! Será a centésima vitória de Dario? — Gritos de adoração. — Ou
Jellie vai ficar de pé? — Palmas leves.
Gella se irritou ao acender as suas lâminas gêmeas. A multidão se
multiplicou até não passar de braços, chifres, cabeças e flashes de bocas
famintas gritando para a luta começar. Gella tinha visto holos de peixes
piiraya agindo da mesma forma quando sentiram uma gota de sangue na
água. O seu batimento cardíaco martelava em seus ouvidos, o ritmo
destacado díspar da música eletrônica trovejando ao redor.
Uma campainha tocou, e Gella o sentiu reverberar através dela enquanto
se afundava em sua postura de luta, embora o metal aos seus pés não lhe
desse muito espaço para afundar profundamente.
Queria olhar pra trás, para ver se Axel estava na parede de vidro do
escritório. Não olhou.
Dario se lançou primeiro, saltando no ar como se tivesse memorizado
cada lugar onde as ripas de luz se moveriam. Gella manteve a sua posição,
com os sabres de luz pra frente. Se fosse ela, teria usado a Força para guiá-
la em um salto.
Quando ele estava a centímetros dela, aparou o seu golpe. As lâminas
verdes de Dario estalaram contra as violetas dela, e viu como os seus braços
tremiam. Ele olhou para os punhos de pedra da lua, e as suas sobrancelhas
se juntaram em preocupação. Algo estava errado. A sensação cutucou com
força os sentidos de Gella enquanto apontava as suas lâminas contra as dele
e empurrava.
Dario cambaleou pra trás, mas como parecia saber qual das ripas de
metal do ringue de luta poderia funcionar mal, ele sabia onde cair.
Segurando-se em uma saliência, ele simplesmente esperou mais um
segundo pela oportunidade de recuperar o equilíbrio.
Gella pousou na frente dele em um único salto.
— Impressionante, — ele rosnou com uma voz estrondosa. — Mas eu
sou o único verdadeiro Jedi nesta estação.
Ele girou o eixo em uma mão com movimentos especializados. Deve ter
sido preciso muita prática para guiar o seu movimento, especialmente
quando o homem não era um Jedi.
— Eu sei que você não é um Jedi, — disse ela, com raiva crescendo. —
Onde você roubou esse sabre de luz?
— Onde você roubou o seu? — Dario olhou ao redor, ainda segurando
as suas lâminas, e baixou a voz, mudando completamente o seu teor. —
Espere, isso faz parte da sua parcela?
Gella percebeu de repente. Ele não só não era um Jedi, mas também não
tinha conexão com a Força. Ele era um vigarista, usando uma arma sagrada
que já pertenceu a outro.
Não poderia lutar contra um homem com tal desvantagem, mas ele
retomou o seu caráter. Esta Ira dos Jedi. Este artista zombando de tudo em
que ela acreditava.
— Eu sou uma Jedi. — Gella guardou uma de suas lâminas. Então se
conectou a Força e agarrou o bastão de luz das mãos dele. Ele engasgou,
então a olhou de cima a baixo.
— Talvez você seja o verdadeiro negócio. — Dario olhou na direção do
escritório de Ney Madiine. O seu rosto se contorceu em algo assustado,
depois maldoso, como se o que quer que estivesse lá em cima fosse mais
assustador do que Gella jamais seria para ele. — Mas você não vai tirar essa
vitória de mim.
Ele gritou enquanto se lançava contra Gella. Sentiu-o um pouco tarde
demais para sair do caminho de seu impulso. Agarrou as suas vestes
escorregadias e eles caíram juntos, batendo no chão de vidro com um baque
doloroso. Levantando-se, não tinha certeza se o líquido no chão era o seu
sangue ou outras secreções, mas essa não era sua maior preocupação.
O segurança Trandoshano e alguns outros abriram caminho através da
multidão que se dispersava.
— Tarde demais, — disse Dario enquanto se sentava. — Ney não gosta
que os shows dela sejam interrompidos.
Segurou o bastão de luz roubado em seu punho e sentiu o zumbido de
seu cristal dentro. Teria-o de volta. Tinha certeza disso. Primeiro, ela jogou
de volta.
— Defenda-se. Estamos deixando este lugar.
Mas quando uma força magnética arrancou as suas lâminas de suas
mãos e a escotilha do chão se abriu, Gella sabia que não iria a lugar
nenhum.

Momentos antes de Gella Nattai cair no nível subterrâneo do Rancor


Enferrujado, Axel Greylark estava tentando conseguir o que queria.
— Meu, meu, Axel Greylark. — Ney apoiou o queixo pontudo nas mãos
cruzadas. — Estou com inveja. Eu nunca vi você ferido antes.
— Não seja ridícula. Ele passou a palma da mão pelo torso. Fez o
possível para não virar à esquerda e espiar o ringue de luta. Gella podia
cuidar de si mesma. Ela sobreviveu a uma nave caindo do céu, ela
sobreviveria a isso sem ele. — A Jedi é um meio para um fim, nada mais.
— Nunca vou entender por que você voltou correndo para a Trilha. —
Ney ergueu as sobrancelhas. Quando não respondeu, ela disse
— Meu querido, o que quer que você esteja fazendo, não vai acabar
como você pensa. É melhor você vir trabalhar pra mim de novo. Você mal
durou um ano em Coruscant antes de acabar aqui nesta cadeira.
— Ney. Minha magnânima Theelin rosa. Seja sincera comigo. Você
pode descobrir algo sobre o vice-rei Ferrol?
Ela arqueou uma sobrancelha.
— Que tipo de coisa?
Inclinou-se para frente.
— O tipo do qual você não volta. Você sabe que me deve.
— Você não é mais divertido, — ela disse, estalando a língua. — Vai
direto aos negócios. E você está certo. Nunca cuidei de você por ter
subornado aquele senador Chandrilano pra mim. Mesmo que você partisse
o coração da filha dele.
Axel sentiu uma pontada de culpa, mas a enterrou. O senador estava
fazendo lobby por uma força policial da Orla Exterior que destruiria lugares
como a Hesperys. E mesmo que não tivesse, por que precisava de um
motivo? Todos na galáxia eram um meio para um fim, e o fim era o seu
caos.
Ney sorriu com a sua travessura.
— E agora vou te fazer um favor.
Axel franziu a testa.
— O que você quer dizer?
— Isso apareceu hoje cedo nas minhas fontes. — Ela moveu para um
holograma de seu rosto. Uma recompensa foi colocada nele por Raik. —
Esse não é um ângulo muito lisonjeiro.
— Todos os meus ângulos são lisonjeiros. — Axel cerrou os dentes.
Definitivamente era hora de ele ir. — O favor é que você vai me deixar sair
daqui sem cobrar você mesma?
— Você é mais útil pra mim vivo, — ela disse. — Mas eu vou te dar
uma vantagem.
Ney deslizou um cartão de dados sobre a mesa e o guardou no bolso
antes que ela mudasse de ideia e o obrigasse a rastejar para pegá-lo. Não
seria a primeira vez. Enquanto engolia a secura na garganta, ele finalmente
se virou para o ringue de luta.
A campeã "Jedi" de Gella e Ney caiu do playground aéreo de Theelin.
Quando os seus sabres de luz foram arrebatados pelo grampo magnético no
palco, o chão se abriu e ela mergulhou no porão.
— Você deveria ver o seu rosto, Axel, — Ney brincou com ele. —
Obrigado por trazê-la. Ela será uma bela campeã. Assim que a quebrarmos.
Axel abriu um sorriso. Foi aí que Ney errou. Ele conhecia a Cavaleira
Jedi bem o suficiente agora para saber que um lugar como o Rancor
Enferrujado não iria quebrá-la. Em sua voz mais altiva, ele disse
— Estou entediado agora, devo voltar.
— Não se esqueça da vantagem inicial, — Ney o lembrou enquanto saía
do escritório dela.
Em frente a Axel, um dos seguranças de Theelin estava correndo para a
sua chefe, nas suas mãos haviam três punhos de sabres de luz para serem
guardados entre as lutas. Axel sacou o seu blaster e atirou no peito do
homem humano. Por causa de sua surpresa, balançou pra trás e quebrou a
cabeça ao cair.
Axel guardou a sua pistola blaster e se abaixou para pegar os sabres de
luz. O bastão de luz, enfiou no gancho de seu coldre. Os punhos gêmeos de
Gella, segurou por um momento. Viu-a lutar com meia dúzia de soldados
com eles. Deslizou pelas estalagmites como se estivesse andando no ar.
Apertou os punhos para impedi-los de tremer e deslizou os punhos gêmeos
nos bolsos de sua capa, correndo para fora do corredor antes que alguém
notasse o corpo.
Refazendo os seus passos de quando chegaram, Axel aproveitou a
dispersão da multidão, furioso porque a última partida foi paralisada. A
pequena Pa'lowick cantou no microfone durante o pequeno intervalo, mas
havia muita confusão.
Na saída, QN-1 o deteve, murmurando obscenidades.
— Onde você aprendeu a dizer isso? — Axel perguntou, afrontado. — E
nós temos que ir. Há uma recompensa pelo meu pescoço e, no minuto em
que eu for embora, a minha mãe vai jogar você no reciclador de Coruscant.
O painel triangular de QN-1 pulsava vermelho, como acontecia quando
o droide estava com raiva ou com medo.
Axel continuou andando. Sabia que deveria continuar andando, mas a
cada passo para fora do Rancor Enferrujado, descobriu que ficava mais
difícil respirar. Ajoelhou-se, pressionando a palma da mão no local sobre o
coração. Esfregou o lugar ali. Tinha uma pequena cicatriz desde o dia em
que o seu pai foi enterrado nos escombros de Melida e Daan. Não doía. Não
mais. Não fisicamente, mas o tocou porque era um lembrete, anos depois,
de que o seu pai havia existido. Não era uma estátua memorial em um
parque de Coruscant, e não era uma pintura sem tato no escritório de sua
mãe.
QN-1 tentou detê-lo novamente, batendo a sua cúpula com força contra
Axel. Desta vez, a luz do pequeno droide pulsou violeta como os sabres de
luz de Gella. Gella, a quem deveria deixar pra trás. Gella, que supostamente
não significava nada. Gella, que olhou pra ele com um tipo de paciência que
nunca havia sentido ou recebido.
Axel parou de andar. Corpos empurrados contra ele na multidão de
foliões. Olhou pra trás. Tinha a sua história. Gella lutou e perdeu.
Isso era o caminho da Força.
Isso era o caminho da Força.
Assim que o pensamento explodiu em sua mente, se virou e soltou um
grito exasperado. Conhecia os níveis e as portas do Rancor Enferrujado.
Abriu caminho pela multidão enfurecida que esperava pela próxima partida.
Havia um elevador do outro lado do ringue de luta, mas nunca chegaria lá a
tempo.
Espremido contra um Gran de três olhos, Axel agarrou a pistola blaster
do ser e atirou para o ar, antes de deixá-la cair. Gritos rasgaram a sala, a
multidão se agitando como uma onda. Passou pela multidão e repetiu o ato,
desta vez levantando um blaster de um Aqualish em pânico. Com o
destacamento de segurança correndo para as áreas de onde os tiros foram
disparados, Axel e QN-1 deslizaram pela porta dos fundos que levava ao
subnível. Celas de um branco brilhante se alinhavam na fileira que abrigava
os lutadores premiados de Ney. Alguns eram hóspedes permanentes
voluntários, e alguns, como Dario, que tinha um livro de apostas para pagar,
estavam pagando o que deviam a Theelin.
Axel passou pela cela de Gella. Através do vidro reforçado manchado
com as impressões digitais dela, observou a surpresa florescer em seu rosto.
Foi rapidamente seguido por raiva quando retirou um de seus sabres de luz
do bolso.
Chamaria isso de vingança pelo tempo em que ela levou a Anoitecer
para um passeio.
Era uma coisa boa que sempre soubesse qual botão apertar. Conforme a
luz roxa do sabre de Gella se alongava, QN-1 voou para fora do caminho
antes que pudesse ser partido ao meio.
— Desculpa!
Gella socou o vidro. Axel apenas olhou para a espada em sua mão.
Nunca havia segurado a arma de um Jedi antes, não que já tivesse tido a
oportunidade. Era perturbadoramente íntimo. A frieza do cabo na palma da
mão, o próprio peso dele. A coisa toda parecia uma ilusão, como se não
precisasse segurá-la com as duas mãos para suportá-la. Isso é exatamente o
que fez quando enfiou a lâmina violeta no vidro e abriu uma saída.
Nas outras celas, os campeões batiam no vidro.
— Tire-nos daqui! — Mas se concentrou, lutou para cortar uma porta
porque manteve o olhar para ela. À maneira como ela saltava para a frente e
pra trás sobre os calcanhares, como se estivesse se preparando para
irromper pela porta.
Quando terminou, Gella saiu da cela. Ela engoliu em seco, com o
beicinho inferior de seu lábio tremendo. Sabia quando alguém estava se
preparando para gritar.
Em vez disso, Gella Nattai sussurrou
— Obrigada, Axel. Você poderia ter ido embora sem mim.
Estava indo. Deveria ter ido. Deveria.
— QN-1 não me deixou esquecer isso. Vamos.
— Espere! — Gella agarrou um punhado de sua túnica, então desligou o
sabre de luz e guardou-o no coldre. — Os outros.
— Nós temos que ir, Gella, — ele repetiu. Havia uma recompensa por
sua cabeça. Não havia tempo para isso. Estava lá? Talvez uma vez, quando
era um garoto, quando o seu pai era vivo, quando foi preparado para liderar.
Talvez então o seu primeiro pensamento fosse resgatar todos eles, em vez
de apenas uma pessoa.
Quando ela encontrou a alavanca que abria todas as portas, os
pensamentos de Axel dispararam, mas Gella não era como ele. Ela não era
como ninguém que já havia encontrado no cosmos. Ela escolheu a galáxia e
ele escolheu a si mesmo. Ela escolheu o caminho de uma pacificadora e ele
escolheu um caminho diferente. Ela era a justiça e ele o caos. O pensamento
o fez querer correr.
Uma dúzia de campeões saiu das celas. Alguns ficaram pra trás.
Observou Gella trocar um olhar com "a Ira dos Jedi".
— Então, juntos, Axel e Gella dispararam da barriga do Rancor
Enferrujado e correram de volta para a Entardecer.
Axel respirou fundo enquanto socava a sequência de voo. Gella se
acomodou no assento ao lado dele. Não conseguia olhar pra ela. Não depois
do que ele quase fez.
— Então? — ela perguntou. — O que você achou?
Ele se recompôs, peça por peça. Ele enfiou a mão no bolso para pegar o
cartão de dados fornecido por Ney.
— Tudo o que o Monarca precisa para se livrar de Ferrol.
A baía de ancoragemna Capital Erasmus estava situada na
extremidade sul da costa. A cúpula de escudo transparente da cidade se
abriu acima daquele setor para deixar entrar nave após nave que chegava
para o casamento de Phan-tu. Zenn e Xiri A'lbaran. Senadores e famílias
reais começaram a chegar na noite anterior e não pararam. Como o
Chanceler Mollo havia previsto, a galáxia estava curiosa sobre o destino da
promessa de E'ronoh e Eiram.
De lá, até Coruscant, os tabloides criaram as suas próprias narrativas,
tornando o casal uma lenda. Uma união pacífica se tornou um casamento de
conveniência, se tornou amantes infelizes que se tornaram destinados, como
é evidente pelas superstições reforçadas em cada mundo pela presença dos
bravos e verdadeiros Jedi e os representantes da República.
Phan-tu Zenn não sabia como a galáxia o percebia. Enquanto esperava
na Baía de Ancoragem 26 pela Anoitecer, apenas se preocupou que as
forças que tentavam quebrar os seus mundos fossem mais fortes do que
aquelas que tentavam mantê-los juntos.
O guarda Vigo, que estava por perto, notou o seu nervosismo e
pigarreou.
— Quando você tirou a princesa do mar, imaginou que se casaria com
ela?
Phan-tu apenas balançou a cabeça, distraído com o pouso da Entardecer
na doca. Então ele respondeu com seriedade.
— Não, eu não imaginei. Por que você pergunta?
— Logo, metade de vocês pertencerá a E'ronoh. Como sabemos que
você amará o seu povo tanto quanto sempre amou?
Phan-tu virou-se para ele, chocado com uma pergunta tão direta e
impetuosa, mas Vigo já havia se afastado para não falar, olhando fixamente
para o Príncipe de Eiram. Phan-tu se livrou disso quando a nave da
República em forma de foice pousou. Esperou nervosamente que a rampa
abaixasse e que Axel Greylark e Gella Nattai. Seguido por QN-1, a dupla
saiu da nave e entrou na pista.
— Vocês estão com uma aparência terrível, — disse Phan-tu aos seus
amigos.
O cabelo de ônix de Gella estava solto sobre os ombros, e as suas vestes
bege e marrons manchadas com, isso era sangue? Phan-tu sempre soube
que ela poderia estrangular Greylark um dia, como todos eles se revezaram
durante a viagem pelo deserto. Axel, por outro lado, parecia recém-banhada
e havia trocado de roupa na viagem de volta de seu asteroide playground.
Axel afrouxou a gola de sua túnica e abraçou Phan-tu.
— Espero uma recepção pessoal sempre que venho a Eiram.
Phan-tu balançou a cabeça e Gella esperou pacientemente. Era um
terceiro sabre de luz que ela estava segurando?
— O que você achou? — ele perguntou.
— Provas contra o vice-rei, — explicou Axel.
Encontraria paz ao ver o vice-rei pagar pelo que havia feito. Nesse
ínterim, precisava da ajuda de Axel.
— Preciso de um favor, — disse Phan-tu a Axel. Esperava que o seu
novo amigo pudesse sentir que era urgente. Então, novamente, os Jedi
provavelmente também poderiam. Decidiu acrescentar
— Coisas de casamento.
— Vou levar o cartão de dados para o reunião de cúpula, — disse Gella.
Por um momento, o seu olhar preocupado pousou em Axel, depois em
Phan-tu. Quando os dois acenaram para ela, ela afastou o que quer que a
estivesse incomodando e correu para o palácio.
Quando ela estava fora do alcance da voz, Phan-tu perguntou:
— O que você fez?
Em sua defesa, Axel não negou. Ele coçou o lado da cabeça e
estremeceu ao dizer
— Eu a empurrei para um ringue de luta e a prendi, mas eu a resgatei.
— Bem, sim, isso deve bastar.
A rampa da nave se fechou atrás deles. Axel levou Phan-tu para dentro.
Cheirava a incenso de rosa do deserto de E'ronoh, e os óleos de cheiro de
terra que Greylark espalhava em si mesmo. Admirou os detalhes clássicos
da nave, o couro marrom macio no lounge e nos assentos da cabine.
Phan-tu apertou o cinto, para grande confusão de Axel.
— Desculpe, vamos a algum lugar? — o Príncipe de Coruscant
perguntou.
— Preciso que você me leve duzentos quilômetros ao norte daqui até a
Ilha Arium.
Axel recostou-se no assento do piloto, ligando as coisas que havia
acabado de desligar.
— Para coisas de casamento?
— Sim, — disse Phan-tu.
— Pelas barbas de Krel, — Axel murmurou. — Você precisa que eu
desenhe um diagrama para a sua noite de núpcias?
— Por que eu me incomodo com você, honestamente?
Axel deu de ombros e riu de seu próprio humor.
— Porque você quer um favor sem perguntas e sabe que veio à pessoa
certa.
Phan-tu fechou os olhos enquanto a Entardecer despontava no céu.
Mesmo tendo ido a E'ronoh e voltado, a decolagem ainda o deixava tonto.
Enquanto Axel navegava para a Ilha Arium, Phan-tu tamborilava com os
dedos no console ao ritmo da música que soava na cabine de seu
transmissor personalizado. Quando o seu medo de voar desapareceu, Axel
baixou a música, quase como se soubesse.
— A sua mãe está a caminho, — disse Phan-tu.
Axel reconheceu com um leve aceno de cabeça.
Phan-tu não sabia muito sobre um dos Chanceleres da República, mas
entendia a pressão que Axel sentia. Afinal, a sua própria mãe era uma
rainha. Sentindo que o seu amigo não queria tocar no assunto, atualizou
Greylark sobre o tratado quase finalizado e a distribuição que havia feito
com Xiri no dia em que Axel e Gella partiram.
Axel enfiou a mão sob a cabeça e apoiou os pés no console.
— Se você quiser destinos de lua de mel, ficarei feliz em sugerir.
— Possivelmente. Se... — Ele queria dizer. — Se ainda houver um
casamento depois de hoje.
— Você é um péssimo mentiroso, Phan-tu Zenn — disse Axel,
abaixando os propulsores enquanto se aproximavam da pequena ilha. —
Então me diga por que estamos aqui.
— Eu sei sobre o veneno matou a assassina Kage, — Phan-tu disse após
um momento de silêncio.
Axel aliviou o controle pra baixo.
— Acho que é por isso que estamos nesta ilha?
— Há uma instalação de pesquisa aqui. — disse Phan-tu. — Eu pensei
que tinha sido fechada quando a guerra começou, mas quando vi o corpo,
parecia tão familiar. Os escorpiões thylefire em E'ronoh podem não ser
venenosos, mas os de Eiram são. A morte parecia uma reação extrema a
algo que deveria ser passível de sobrevivência.
O comunicador de pulso de Axel emitiu um bipe. Ele olhou para ela e
franziu a testa, ignorando-a.
— Minha mãe.
— Culpe os bosques de sal, — disse Phan-tu. — Eles cultivam um
líquen que parece atrapalhar algumas comunicações.
— É como o líquen feliz em E'ronoh? — Os olhos de Axel brilharam
com algo sombrio, algo que Phan-tu percebeu ser autodestrutivo.
— Tem certeza que está tudo bem? — ele perguntou ao Príncipe de
Coruscant. Houve uma mudança perceptível em seu amigo relutante desde
que ele voltou do asteroide. Embora, se ele realmente pensasse sobre isso,
ele poderia rastrear as mudanças de humor erráticas de Axel nas suas
discussões com Gella naquela noite em U'ronoh. — Talvez você esteja
lamentando algo que não pode ter?
— Querido, a única coisa que não posso comer é fruta jogan. — Axel
exibiu o seu famoso sorriso enquanto se ocupava com a aterrissagem.
Eles estacionaram o Anoitecer na baía atrás do centro de pesquisa
empoleirado na colina mais alta da ilha verde-escura cercada por ondas
fortes. Acima, nuvens de tempestade rolavam com a promessa de chuva.
— Antes de entrarmos, — disse Greylark, apontando para o visor que
dava para o complexo cinza, — preciso que você se pergunte duas coisas. O
que você vai fazer se o seu palpite estiver certo? E você vai contar para a
Xiri?
Phan-tu se fez essas perguntas desde que viu o cadáver.
— Os Mestres Jedi disseram que há muitas coisas nos obscurecendo da
verdade. Eu não quero adicionar a isso. Eu não quero começar isso com
Xiri com uma mentira. Mesmo que isso signifique confrontar a minha mãe.
— Poderíamos fugir, — disse Axel. — Tenho combustível suficiente
para uma viagem só de ida para Coruscant.
Ele riu. Axel Greylark estava certo. O homem o havia desgastado como
o vidro do mar.
— Se temos uma arma, quero destruí-la. É por isso que não queria os
Jedi por perto. Estaríamos mentindo para todos eles, e isso poderia dar
crédito aos delírios loucos do vice-rei Ferrol.
— Embora se descobrir que a sua mãe está secretamente fabricando uma
arma venenosa, eles não seriam mais loucos delirantes.
Phan-tu levantou -se. A que ponto a galáxia estava chegando quando
Axel Greylark começou a soar razoável?
Ao saírem da rampa de carga do Anoitecer, Phan-tu se pegou
perguntando
— Você já quis se casar?
Axel pareceu surpreso.
— Pelas estrelas, não. Embora eu tenha ficado noivo três vezes.
— Três vezes! — Phan-tu liderou o caminho para a instalação. Ele
pressionou a palma da mão contra o escâner de bloqueio, e a porta se abriu.
No momento em que entraram, a chuva começou a cair.
Axel deu de ombros como se não fosse grande coisa. O seu pequeno
droide gorjeou algo que Phan-tu não conseguiu entender.
— Em outra ocasião, talvez.
Alguém esperava por eles no amplo corredor do centro de pesquisa. A
mulher tinha longas tranças azuis trançadas em dois nós no alto da cabeça.
Os seus olhos verde-claros saltaram de Axel para Phan-tu e vice-versa,
depois para o datapad.
— Meu senhor, não sabíamos de sua visita, — ela disse, curvando-se
para Phan-tu. — Você pode dizer à rainha que todas as amostras estão
prestes a ser destruídas conforme ela ordenou. Isso, é claro, exceto os
arquivados no palácio. O problema é que tivemos que desviar a energia para
a proteção contra intempéries por causa da tempestade e tivemos que atrasar
o processo.
— Lorde Phan-tu gostaria de supervisionar a destruição por si mesmo,
— disse Axel. Embora ele não estivesse mais vestido como o seu
"atendente", ele parecia não ter problemas para voltar ao papel.
Phan-tu só havia acompanhado a sua mãe às instalações uma vez antes,
quando eles estavam trabalhando no desenvolvimento de purificadores de
água mais avançados, mas então a guerra começou e, segundo ele, tudo foi
fechado. Mesmo enquanto pegavam o elevador para os laboratórios nos
subníveis, o prédio parecia vazio.
— O que você andou fazendo, mãe? — Phan-tu sussurrou, abrindo a
porta do laboratório. A sua respiração saía em nuvens minúsculas e frias.
Tudo, ao que parecia, já havia sido limpo. Phan-tu foi até a holomesa,
mas todas as informações foram apagadas. Ele teve o súbito desejo de
quebrar alguma coisa, mas não havia muito para ele quebrar. Ele tinha que
pensar com clareza. Axel perguntou o que ele estava preparado para fazer.
Ele simplesmente teria que enfrentar a rainha de Eiram.
— Nada? — perguntou Phan-tu.
Axel abriu uma pequena geladeira, com o rosto banhado pela luz azul.
QN-1 pulsou em vermelho, então imitou o brilho da sala.
Phan-tu veio por trás dele e encontrou a bandeja de tubos de metal cheia
de um líquido marmorizado branco e turquesa. Pelo menos uma dúzia deles.
A sua mãe mentiu para ele. Manteve-o no escuro. Agora ela estava
correndo para apagar qualquer coisa que pudesse ter feito.
— Então? — Axel perguntou. — O que você vai fazer?
O veneno tinha que ser destruído e ele tinha que fazer isso porque não
hesitaria. Teria que lidar com as amostras "arquivadas" mais tarde.
Phan-tu foi até o canto da sala onde abriu a calha do incinerador. Ele não
podia deixar as coisas ao acaso. Agarrando a bandeja de Axel, ele a lançou
no fogo. Ele saiu do caminho quando as portas de metal se fecharam e veio
o rugido de chamas, metal retorcido e assobio líquido.
Seu alívio durou pouco quando ele deu um passo pra trás e notou uma
gaiola vazia, com a porta ainda aberta. O chocalhar de um ferrão encheu a
sala estéril.
Axel se virou lentamente.
— O que é aquilo?
— Não se mova. — Phan-tu tentou identificar a localização do
escorpião, mas correu rápido demais para debaixo da mesa.
Axel sacou o seu blaster e atirou, mas isso só fez a coisa gritar e se
esconder novamente. Phan-tu protegeu os olhos contra a próxima rodada de
tiros, até que um acertou. Axel se curvou para pegar o escorpião
carbonizado morto com uma pinça, quase tão longa quanto a lâmina de
Xiri. A sua carapaça era de um azul desbotado pelo sol e três vezes maior
do que qualquer outra que ele já vira.
— Você nunca disse que eles eram enormes. Este é o tamanho da minha
cabeça! Você quer me dizer que eles estão apenas rastejando pelo seu
planeta cheios de veneno?
— Os escudos os mantêm fora. Além disso, eu estive...
Phan-tu ouviu o barulho da criatura contra o metal. Ele se virou e ficou
cara a cara com um segundo escorpião que estava aninhado em uma
prateleira. A sua pinça afiada e ondulada chacoalhava e sibilava enquanto
se preparava para picar. Axel atirou e errou.
Phan-tu ergueu o braço para proteger o rosto da pinça, mas Axel se
afastou dele, recebendo todo o peso da ferroada quando a farpa atravessou a
cavidade sob a sua clavícula. O blaster de Axel caiu no chão primeiro.
Segurando o peito, ele coçou a garganta, ofegante.
— Aviso, — uma voz automática falou. — Iniciando bloqueio de
tempestade.
— Não, não, não! — Phan-tu gritou, tentando suportar o peso de Axel
enquanto as portas do laboratório se fechavam.

Axel Greylark estava a caminho. Quando deixou Coruscant com uma nave
cheio de presentes em nome de sua mãe, a Chanceler Greylark, Axel tinha
toda a intenção de fazer a exaustiva viagem à Orla Exterior sem paradas não
programadas. Em vez disso, ele parou ao longo do caminho. Foi quando
esbarrou em um velho amigo.
Binnot o encontrou em um bar em Lorta. Eles não se viam há algum
tempo, mas alguns laços eram profundos o suficiente para sobreviver a uma
longa ausência.
— Você está ficando previsível, — o Mirialano disse. — Você sempre
para aqui a caminho de Dalna.
Axel sorriu para a sua bebida. Ele teve que gritar acima do barulho da
banda estridente.
— Talvez eu queira ser encontrado!
Seu amigo sorriu.
— Ela tem um trabalho pra você.
— Talvez seja ela quem está ficando previsível, — disse Axel, olhando
para o copo. — Ouso dizer, descuidada, mesmo?
— Não. — Binnot olhou pra ele por um longo tempo antes de continuar.
— Ela sente a sua falta. Todos os membros da Trilha são queridos por ela...
Axel interrompeu.
— Eu não sou membro da Trilha.
— É claro, mas a Mãe nunca esquece seus filhos — disse Binnot,
pegando a bebida de Axel e virando-a de volta. — Ela quer que você volte
para casa.
Mas Dalna não era a sua casa. Quando estava em seu nível mais baixo,
poderia ter sido, mas não mais. Axel Greylark não era membro da Trilha da
Mão Aberta. Mesmo o pensamento de que já havia proferido as palavras “a
Força será livre” o fez fazer careta. A única liberdade com a qual se
importava era a sua própria. Como poderia conseguir isso se toda a sua vida
estava ligada a quem era. O seu próprio nome. Greylark.
Certa vez, a Mãe o ensinou a não simplesmente canalizar o seu caos,
mas a abraçá-lo como um bom soldadinho. Ela viu o potencial dele desde o
momento em que Ney Madiine o enviou a Trilha para entregar peças de
naves para a estrutura esquelética do que seria a Olhar Elétrico.
Naquela época, em Dalna, parecia que ele havia encontrado o único
canto da galáxia que não adoravam os Cavaleiros Jedi. É por isso que
primeiro demorou, mas a Mãe era o motivo de ele ter ficado. Ela lhe
lembrou que a sua dor, aquele hematoma em seu coração, era o único
lembrete de que havia sobrevivido enquanto o seu pai havia morrido.
Precisava pressioná-lo, para se lembrar. Quando começou a esquecer, a
retornar ao Axel Greylark que a Chanceler Kyong queria que fosse. Quando
fechava os olhos e não conseguia evocar o rosto de seu pai de memória.
Quando não conseguia respirar, quando começou a assentar como poeira.
Pressionava aquele hematoma e aprendeu a precisar da dor que isso trazia.
Quando a Mãe percebeu que seria mais adequado posicionado em
Coruscant, no coração do Senado, mandou-o embora. Quando precisava
dele, os sussurros que as pessoas divulgavam para ele, as ameaças que
podia fazer com um sorriso, ou até mesmo a habilidade de seu blaster,
voltava porque se ela era a sua lua, então ele era a maré.
Pelo menos, era assim.
Então, em Lorta, a caminho de ingressar na Paxion, ele disse a Binnot:
— Já tenho um emprego.
— Você quer um emprego? Ou você quer um propósito?
Axel deu de ombros, mas sorriu.
— Vamos ouvir isso.
Binnot olhou ao redor da sala, mas neste canto do espaço, ninguém se
importava com as relações de estranhos.
— Ela precisa de alguém para rastrear alguns Jedi.
Axel estava começando a pensar que nunca poderia superar o seu
passado. Quem era ele sem isso?
— Por que a Mãe se importaria com o que um bando de Jedi está
fazendo em Eiram?
Axel Greylark não estava preparado para o que realmente encontraria.
Nos últimos anos, a rainha de Eiram passou as suas noites no antigo
escritório onde todos os membros da realeza antes dela planejavam
estratégias antes de uma luta. Retratos de sua família cobriam uma parede,
enquanto um mapa de papel de Eiram, tão antigo que estava se
desintegrando, estava emoldurado em outra.
Depois que o seu filho voltou com um Axel Greylark muito doente, a
Rainha Adrialla não conseguiu dormir. Andava de um lado para o outro em
seu escritório, com o roupão beijando os seus pés descalços e longos cachos
caindo sobre os seus ombros. A rainha se afastou dos restos do mapa e se
voltou para a intrincada representação holográfica de Eiram. Tinha uma
lista de todas as delegações presentes no casamento e considerou quais
alianças poderiam ser feitas.
Quando as portas de seu escritório se abriram, se virou para encontrar o
seu filho. Normalmente, trazia um presente para ela, uma flor do jardim,
pérolas de suas viagens pelos canais da cidade ou simplesmente um abraço.
Agora, enquanto entrava na sala, ela percebeu que não estava preparada
para este confronto.
— Mãe, — ele disse, um tom doce e carinhoso de Phan-tu. Zenn nunca
tinha levado com ela, ou qualquer outra pessoa. Havia algo nas suas mãos
que ela não conseguiu distinguir na luz fraca. Não até que ele jogou na
holomesa. O cilindro rolou até que ela o agarrou. Um frasco de metal vazio.
— Você estava no centro de pesquisa, — ela disse friamente. Ela soube
disso no momento em que o garoto Greylark foi levado ao médico.
Phan-tu lutou, não por palavras, mas pela coragem de perguntar a ela as
coisas que ele tinha medo de ouvir.
— O que você fez?
— Eu estava nos protegendo.
— Você mentiu na cúpula!
— Eu estava nos protegendo. — Ela contornou a mesa e tomou o rosto
dele entre as mãos. — E'ronoh tinha as suas novas naves. Você não acha
que a República tem armas que não conhecemos?
— E com quem temos negócios? — Ele saiu de seu alcance.
— Ninguém, — ela disse, sabendo que era a verdade agora. — Não
mais.
— Mãe...
— Você está ferido, eu não te disse. — A rainha Adrialla moveu-se em
direção à grande janela em arco. — Eu não poderia te dizer. E se você
tivesse sido tirado de mim? Era melhor mantê-lo nas sombras. Dessa forma,
você nunca teria que se comprometer.
Phan-tu zombou, magoado nas suas palavras.
— Você fez mais do que me manter nas sombras. Você mentiu pra mim.
Eu defendi você quando E'ronoh nos acusou desse mesmo ato.
— Meu querido garoto, — disse ela. — Qual seria o objetivo em dizer a
você? Quando nossa tentativa de testá-lo em E'ronoh falhou...
Phan-tu virou-se para ela lentamente.
— Quando?
Rainha Adrialla respirou profundamente.
— Na nave acidentada e os soldados que você encontrou em Terras
Desoladas. Eles tinham uma versão em aerossol, mas não funcionou. Íamos
tentar novamente, mas quando implementamos o cessar-fogo, eu os
desativei.
— Você sabia esse tempo todo. Não é? — Phan-tu começou a se afastar,
tremendo de raiva. Então ele dobrou de volta. — Quem é?
A rainha Adrialla apertou os lábios.
— Ela se autodenomina a Mãe. Ela veio até mim para oferecer alívio
quando os nossos amigos nos deram as costas. Ela estava oferecendo em
troca de nada, a princípio. Então, ela pediu uma experiência. Ela ouviu falar
sobre as criaturas do nosso mundo e me convenceu de que precisávamos
nos armar contra E'ronoh porque nunca os enfrentaríamos com as suas
naves.
Apontou um dedo acusador para ela.
— Você me disse que estávamos acima de usar as táticas de nossos
inimigos, você me disse...
— Eu estava errada, — ela trovejou. — E eu estava com medo. Por
você. Por Odélia. Durante anos, não vi o fim da guerra e pensei que isso
poderia consertar, mas ela não estava satisfeita com uma simples injeção.
Ela queria que ele voasse.
— Acho que é bom saber que você tem uma fala, mãe, — disse o filho
com amargura. Então ele se acalmou, olhou para ela quase sem reconhecê-
la. — Você matou aquela garota?
— Não, — disse a rainha Adrialla com firmeza. — Não, eu juro.
Não tinha escolha a não ser acreditar nela. E, no entanto, ainda não
conseguia entender.
— Por que, mãe?
— Quando desisti do nosso acordo, ela me ameaçou. Achei que ela iria
atrás de você. Nunca pensei que Xiri fosse ser prejudicada, mas vamos
destruir a instalação se isso significar que você vai me perdoar.
— Você deveria ter me contado! — ele gritou. — Eu teria lembrado a
você que deveríamos ser melhores. Eu... eu tenho que contar para o Xiri.
Não podemos começar com uma mentira.
rainha Adrialla deu a ele um sorriso triste.
— Ela é uma garota esperta. E ela já está aqui. Entre, capitã A'lbaran.
— Xiri, — Phan-tu disse, girando.
A princesa de E'ronoh entrou no escritório da rainha. Pelo conjunto
solene de seus lábios, Phan-tu sabia que ela estava lá há muito tempo.
— Você me seguiu, — ele disse.
— Você não é um mentiroso muito bom. Suspeitei que você estava
escondendo algo de mim quando saiu com Axel.
Xiri moveu-se para o mapa de papel. Ela apertou os dedos, como se
quisesse tocá-lo, mas temia que se desintegrasse ainda mais.
— Não destrua o centro de pesquisa.
— Já paramos a produção e transferimos os últimos estoques para os
arquivos do palácio por segurança, — disse a rainha Adrialla.
— Não é com isso que estou preocupado.
— Xiri... — Phan-tu começou.
A rainha Adrialla riu. A princesa de E'ronoh era filha de seu pai. Ela
pode não tê-la escolhido, mas seria um bom equilíbrio para Phan-tu.
— O que você está sugerindo?
— Você está se ouvindo? — perguntou Phan-tu.
— Não, Phan-tu, me escute, — disse Xiri. — Mesmo agora, as
delegações estão voando pela galáxia para o nosso casamento. Para provar
que juntos somos mais fortes, mas o que acontece quando outros inimigos
aparecem? Rev Ferrol ainda está escondido, tentando iniciar uma guerra
civil. O seu pai será executado por seus crimes. O que acontecerá quando...,
se a República um dia decidir que não quer ser nossa aliada? O que
acontece quando não conseguimos ajuda?
— A República e a Ordem Jedi são os nossos aliados, — disse Phan-tu.
— Mas estarão daqui a dez anos? Trinta? — a rainha perguntou.
— Axel e Gella arriscaram as suas vidas por nós, e estou muito grato. —
Xiri caminhou lentamente para o lado da Rainha Adrialla. — Mas isso é
sobre nós. Para o que vem depois. O último veneno é uma proteção contra
falhas para todo o nosso povo contra ameaças da galáxia, mas a fábrica?
Você está certo. Não estou falando de fabricar armas. Estou falando de
tecnologia que não nos deixará à mercê de outros sistemas. A nossa água, as
nossas minas, as nossas pedreiras.
— Nossos mundos como um. — Phan-tu olhou para Xiri e pegou a sua
mão. — Eu sei empiricamente que você está certo. Depois de tudo que
passamos em E'ronoh e de tudo que testemunhamos aqui, sei da crueldade
de que os seres são capazes. Eu... eu preciso que você me lembre dessas
coisas. Eu nunca quero que Eiram e E'ronoh sofram, mas não podemos
deixar que isso mude quem somos.
Xiri assentiu lentamente.
— Podemos lembrar um ao outro.
Olhando para os rostos de seu filho e de sua futura noiva, a rainha
Adrialla viu o futuro não apenas de seus mundos, mas de seu sistema. Ela
faria tudo ao seu alcance para protegê-lo.
Axel Greylark sempre quis queimar de forma brilhante, forte,
rápida como uma supernova.
Mas preso em sua mente, não conseguia parar o fogo nas suas veias. A
picada do escorpião o percorreu no momento em que a pinça cravou em sua
garganta. Lembrava-se de cambalear. A abrasão como areia sob a camada
superior de sua pele. Lembrava-se de Phan-tu gritando, uma corrida
desesperada de volta ao palácio Eirami. Lembrou-se da onda da escuridão,
das memórias das pessoas que havia machucado, por pura estupidez ou por
ação cuidadosa.
Nas noites normais, Axel fazia o possível para não dormir, ou pelo
menos não dormir profundamente, porque era quando as memórias
voltavam. Reviveu o pior dia de sua vida e, se pudesse acordar, iria para o
salão ou jogo mais próximo ou se perderia em alguém até que começasse a
desaparecer por um tempo, mas o veneno o manteve ancorado em seus
próprios pensamentos, e se perguntou se a única pessoa de quem estava
tentando fugir não era uma memória, mas ele mesmo.
Houve um momento de alívio. O calor nas suas veias congelou e o seu
coração batia tão rápido que poderia parar.
Houve outro momento de consolo. Uma mecha de esperança abrindo
caminho em seu coração. Esperança parecia com Phan-tu Zenn, Xiri
A'lbaran e Gella Nattai.
Mas quando o veneno voltou, ouviu vozes. Sem saber se estavam em sua
cabeça ou em seu quarto, escuta... Axel, Axel, por favor.
Seu idiota gigante.
Não faça isso, Greylark.
Eu preciso de você, Caos.

Quando a febre de Axel Greylark baixou, ainda pensava que estava


sonhando. Com os olhos embaçados, viu uma jovem de túnica marrom ao
seu lado. Ele pegou a mão dela.
— Gella? — Ele roçou um dedo contra o dela, fraco demais para
segurar. — Gella, eu sou...
— É Enya, — a garota sussurrou. — Você está dormindo há cinco dias.
— Cinco dias? — Axel piscou, lamentando a luz penetrante brilhando
em seus olhos por um droide médico de série mais antiga.
— Paciente estável, — dizia, então espetou algo em seu braço e sentiu a
corrente fria do remédio enquanto respirava em meio à dor.
Axel se sentou apesar dos protestos da Padawan. Os servos de Eirami
deixaram pra trás uma jarra de água. Estendeu a mão para pegá-lo, mas
deixou cair o copo. Enya teve pena dele e serviu-lhe outro.
— Obrigado, — disse ele, mal reconhecendo a aspereza de sua voz. Ele
havia perdido tanto tempo.
— Vou dizer a todos que você acordou, — disse a Padawan.
— Não. — A voz de Axel doeu. Ele tentou se sentar. — Ainda não.
Enya o observou por um momento.
— Você deveria descansar. O ensaio do casamento é hoje à noite, e a
Chanceler Greylark está aqui.
A adrenalina de Axel disparou. A sua mãe tinha vindo. E ele estava fora
há cinco dias. QN-1 voou até sua cabeceira e se aninhou na dobra de seu
braço, como se fosse uma criança novamente.
— Por favor, deixe-me descansar.
Talvez parecesse e soasse tão horrível quanto se sentia porque a
Padawan olhou pra ele com uma simpatia que não merecia. Como pediu,
ela o deixou sozinho e, quando ela desapareceu no corredor, pegou o seu
comunicador ao lado da cama. Apertou o botão e esperou por uma resposta.
Levou o comunicador para o banheiro, onde deixou a pressão da água
morna bater em seus ombros. Durante a viagem, Phan-tu dizia que era o sal
da água que o fazia se sentir vivo quando nadava, que o povo de Eiram
dizia que tinha propriedades curativas. Axel era muitas coisas, mas não era
supersticioso. No entanto, a cada momento que deixava a mistura de água
salgada limpá-lo, ficava cada vez mais acordado.
Quando se enxugou e inspecionou o seu ferimento no espelho, ficou
surpreso por ainda parecer o mesmo. Havia sombras sob os seus olhos e a
sua pele estava um pouco pálida. Os sonhos do veneno o fizeram sentir
como se estivesse sendo arrancado por dentro, então ficou aliviado por
ainda se parecer consigo mesmo, mesmo que ainda não o sentisse.
No momento em que o seu comunicador apitou, o agarrou do lado da
pia.
— Pela Força, — a voz de Binnot veio. — Você está vivo!
Axel não tinha vontade de rir, mesmo que sentisse falta do amigo.
Limpou a garganta e esfregou a cicatriz sobre o peitoral.
— Eu tenho o pacote.
— Bom. Envie o seu droide. Ouviu-se o som oco de um comunicador
permanecendo ligado, mas Binnot respirou fundo antes de dizer
— Você deveria se livrar dos Jedi. A Mãe não está satisfeita com você.
De alguma forma, Axel achou algo nele para sorrir, rir até.
— Então, meu amigo, ela se une a uma lista muito longa.
Quando desligou o comunicador, vestiu um traje azul-escuro de seda
Ghorman que havia sido deixado para ele. Ele colocou o seu anel de
família, seu cronômetro vintage, seus chinelos de camurça. Ele amava
coisas bonitas, mas eram mais do que isso. Eles eram um manto que a
maioria das pessoas não conseguia ver.
— QN-1? — Axel gritou para a sala vazia. O seu droide respondeu
imediatamente, aparentemente preocupado devido ao fraco brilho roxo de
seu painel frontal. Axel tocou no centro e abriu. Em vez de seu frasco
habitual e a sua pistola blaster, haviam três frascos finos de veneno de
Eirami que havia contrabandeado enquanto Phan-tu não estava olhando.
Estava muito preocupado com a percepção de que era a rainha quem tinha
feito o veneno cruel.
Axel tremeu com a lembrança da queimadura do veneno. Era isso o que
a Mãe queria?
QN-1 vibrou, esperando por ordens. Axel esfregou as palmas das mãos
no rosto. Estava cansado, mais do que fisicamente. Estava cansado de
seguir ordens. Depois de tudo o que fez ao longo dos anos, sabia que não
era bom. Se despiu-se do nome da família, da herança que o esperava, das
bugigangas, das mentiras, o que lhe restava?
Esfregou a dor em seu peito. Estava mais leve do que antes. Pensou em
Gella Nattai. Disse-lhe que algumas coisas não deveriam ser desvendadas.
Bem, e se isso fosse o que queria?
QN-1 trinou novamente. Os seus painéis triangulares pulsando em
violeta, como nebulosas distantes, como os sabres de luz de um Jedi.
— Não, — disse Axel. — Você não vai até o Binnot. Vou ficar com isso.
QN-1 gorjeou em alarme.
Axel riu, mas doeu.
— Não por muito tempo. Eu vou destruí-lo.

Rev. Ferrol esperou pela luz. Com o estaleiro ao norte da Torre vazio, Rev
se sentou em uma das três naves de perfuração que havia roubado e se
conectou aos canais da Paxion, para manter o controle da situação e esperar
o seu próximo melhor momento para atacar.
Veio de uma longa linhagem de pessoas que deram suas vidas por
E'ronoh, seja na guerra ou nas pedreiras de mármore, as minas que tornaram
o seu mundo distante rico em possibilidades. Quando atacou a cidade
mineira de U'ronoh, precisava que todos os cidadãos de lá acordassem. Para
ver que o Monarca não poderia proteger os seus.
O seu pai tinha sido leal, e onde isso o levou? Marcado como traidor,
conspirado contra, acusado de um assassinato que não cometeu. Tudo o que
o vice-rei Ferrol era culpado era de ser um verdadeiro filho de E'ronoh.
Axel Greylark tinha de alguma forma falsificado provas, mas iria receber o
que estava vindo para ele. Rev tirou o seu pai da prisão e o escondeu nas
Terras Selvagens abandonadas para se recuperar. Foi isso que a pequena
cúpula de paz de Xiri fez com um homem tão grande. Eles o quebraram.
Rev tinha sido um bom soldado. Até o momento em que o seu capitão, a
sua princesa, escolheu se casar com a escória do outro lado do corredor
espacial em vez de lutar. Lutaria por aqueles que o Monarca deixou pra trás
porque uma vez que eles parassem de lutar, outros viriam. Eles já vieram.
A República tinha as suas expectativas famintas de engolir todo o seu
setor. E os Jedi? Puh. Quem dava tanto em troca de nada?
Tudo o que fez, e tudo o que faria, foi para garantir o futuro de um
E'ronoh livre da República e livre de Eiram. Havia perdido em U'ronoh,
mas encontraria outros. Coragem leva tempo.
Cheirou asterpuff de ouro, enrolou um lenço em volta do rosto para se
proteger do sol e imaginou como seria destruir o seu inimigo. Para acabar
com a linhagem de A'lbaran.
Quando a primeira luz chegasse, seria hora de partir.

Na noite anterior ao casamento, o salão de baile brilhava com anêmonas


brilhantes e corais iridescentes. A pedido dos Chanceleres da República,
vieram delegações de Naboo, Mon Cala, Cerea, Lasan, Toydaria e muito
mais, todas repletas de sua elegância cultural.
Gella tentou contar todos os mundos representados, mas haviam muitos
para acompanhar. Entre eles, dezenas de Jedi em trajes formais chegaram
um dia antes do casamento. Alguns riram, alguns ficaram de sentinela
sombrios, alguns se entregaram ao banquete, mas todos os presentes
compartilharam o objetivo de proteger a paz para o casamento.
Chanceler Mollo bateu em sua taça com a ponta de uma de suas unhas.
Cada ser no ensaio se virou lentamente para o som de plinking. Gella
procurou Axel nos rostos da multidão. Enya havia dito que ele não queria
ser incomodado, e ela sabia que ele precisava descansar. Gella sabia que
isso era o melhor, mas imaginou que ele iria gostar mais de uma festa tão
luxuosa do que ela e, além disso, a mãe dele estava presente.
— Amigos, — começou o Chanceler Mollo, — estamos muito felizes
em compartilhar este momento. Eiram e E'ronoh, unidos. Eu viajei por toda
a galáxia, para muitos dos mundos representados aqui. — Ele deixou aquele
momento se estabelecer na multidão. — Eu mesmo sobrevivi a uma guerra.
Conheço a dedicação necessária para forjar uma paz duradoura. Vemos isso
em Phan-tu Zenn e Xiri A'lbaran. Vemos isso em nossos aliados, os
intrépidos Jedi que ajudaram a frustrar as tentativas de interromper a paz. E
vemos isso em todos os presentes, porque a paz é uma escolha, e todos
vocês a escolheram.
Houve uma animada salva de palmas. Atrás dela, sentiu uma presença
familiar.
— Eu digo, ele está trabalhando nesse discurso há um bom tempo.
Gella se virou ao som da voz de Axel. O seu alívio foi esmagador. Não
só isso, mas a emoção de Axel também a dominou. Talvez ele estivesse
doente demais para jogar tudo para baixo e fingir que não existia. Ele não
parecia normal, mas Gella entendia quanto tempo demorava para cicatrizar.
Atrás deles, Phan-tu envolveu Axel em um abraço esmagador.
— Tudo dói, — o Príncipe de Coruscant insistiu.
— Ah, certo, — disse o noivo, soltando-se com uma palmada final nas
costas.
O sorriso de Axel era cansado, mas genuíno. Ela estava aprendendo a
saber a diferença.
Xiri, que não abraçou, pousou a mão em seu ombro.
— Tem certeza de que deveria estar acordado?
— Ouvi dizer que um pouco de dança é bom pra quem está
convalescendo. — Ele piscou pra princesa, mas depois estendeu a mão para
Gella.
— Oh. Eu não danço.
— Por favor. — Ela o ouviu dizer a palavra quando queria alguma coisa,
mas ela nunca tinha ouvido dessa forma. Suave, definitivo.
Gella pegou a sua mão e se juntou a outros pares de dança no centro de
tudo. A música era toda de cordas e instrumentos feitos de conchas gigantes
que soavam melancólicas. Eles formavam um par estranho, ela pensou.
Talvez por isso tantas cabeças se voltassem em sua direção.
A mão dele estava firme no meio das costas dela, a outra entrelaçada
com a dela enquanto eles começavam a deslizar pela sala com outros casais
dançando que eram muito mais graciosos.
— Para onde você irá depois disso? — ele perguntou. — De volta ao seu
treinamento, finalmente?
— Posso ficar aqui, na verdade, disse Gella alegremente. — Eu acredito
em Xiri e Phan-tu. Há muito trabalho a ser feito e eu gostaria de ajudá-los.
Formamos uma equipe admirável. Todos nós.
Axel sorriu, mas não fez nenhum comentário enérgico.
— Gella.
— Axel.
— Você acha... que se você não fosse uma Jedi e eu não fosse, bem,
quem quer que eu seja, talvez você e eu pudéssemos ser amigos de
verdade?
Gella deu um passo pra trás enquanto a música aumentava e os casais
giravam. Pensou nas suas palavras, na sinceridade que cavou em
sentimentos que ela não conseguia nomear.
— Se eu não fosse uma Jedi, não seria quem sou. Eu dediquei a minha
vida ao meu voto. E-eu não posso me separar dessa pessoa.
— Oh, minha Cavaleira Jedi, eu sei. — Ele afastou uma mecha de
cabelo errante. — Sabe, os Eirami têm outra superstição. Que eles vivem
muitas vidas. Talvez na próxima vida.
Queria dizer que esta era a única vida que teria antes de se tornar uma
com a Força. Axel pegou a mão dela e deu um beijo suave no topo dela.
Eles permaneceram lá por um momento, com o polegar dele no pulso dela.
Ela soltou primeiro, mas antes que eles pudessem se separar, a Chanceler
Greylark estava lá.
Envolta em ouro opulento, a mulher era austera, elegante em sua beleza.
Gella podia ver Axel em seus olhos, mas o seu rosto estava em um
estoicismo quase inquebrantável que poderia rivalizar até mesmo com
Mestre Sun.
— Chanceler Greylark, — disse Gella.
— Mãe. — murmurou Axel.
— Você deve ser a Cavaleira Jedi que ajudou a manter os herdeiros
seguros. — Ela roçou o ombro de Axel, e ambos notaram que ele estava
tenso por causa do ferimento. — Gella Nattai, — disse ela. — Vim prestar a
minha homenagem. É tecnicamente contra o protocolo que o Chanceler
Mollo e eu estejamos nas mesmas funções sem mais segurança. Amanhã
assistirei ao casamento a bordo da Paxion, já que a minha própria nave está
atracada perto da lua.
— Mollo deve estar emocionado, — disse Axel, com um sorriso
vacilante.
Chanceler Greylark estava tensa.
— Espero que o meu filho não tenha se envergonhado demais em sua
campanha de socorro.
— Mas então como você conseguiria a simpatia da galáxia se não
tivesse a mim para envergonhá-la? — Axel pegou uma bebida de uma
bandeja que passava, mas apenas a segurou. Os seus dedos tremeram.
O rosto da Chanceler empalideceu, os seus lábios se abriram em
surpresa.
Gella franziu a testa, sentindo a raiva e o cansaço de Axel.
— Desculpe-me, Jedi Nattai, mãe, — Axel disse secamente, então
desapareceu no salão de baile lotado.
O que ninguém podia ver, enquanto Axel Greylark entrava no denso salão
de baile, era um farol fino na palma de sua mão. Enfiou-o em um vaso
grosso de coral. A sua luz piscante se misturou à bioluminescência do
organismo nodoso e transmitiu a sua localização para um raio
suficientemente amplo.
Em retrospectiva, Raik fez um favor a ele colocando uma recompensa
por sua cabeça. Axel precisava se reagrupar, lembrar-se. Pressionar aquele
hematoma, como a Mãe lhe dissera tantos anos atrás.
Não queria deixar a festa ainda. Gostava de dançar com Gella; mesmo
que nunca pudessem ficar próximos, se sentia atraído por ela. Então,
novamente, gostava quando as coisas doíam, mas a sua própria mãe colocou
um gosto amargo na noite, e não estava de volta com toda a sua força.
Ao voltar para o seu quarto, examinou o quarto em busca de QN-1.
Desabotoou a capa e o paletó. Havia suado nas roupas e precisava de outro
banho.
— QN-1? — ele gritou. Certamente Binnot e o Caminho estariam
perseguindo Axel pelos frascos, mas Axel de repente estava formando os
seus próprios planos. — QN-1, eu preciso de uma bebida, por favor.
Ouviu o som gorjeado primeiro. Um som que o seu droide nunca havia
feito antes. Era como se ele tivesse falado e desligado no meio de uma
frase. Axel congelou ao pé da cama, onde QN-1 havia sido dilacerado. A
sua cúpula estava torta, presa à sua pequena metade inferior por fios
desgastados. O painel de luz em seu peito emitiu uma explosão de luz
violeta e depois se apagou.
Perdido em sua raiva, Axel não ouviu o homem rastejar atrás dele.
O vice-rei Ferrol agarrou Axel pelo pescoço e apontou um blaster para a
sua têmpora. Fraco, com os músculos trêmulos, Axel pulou no estrado da
cama e empurrou pra trás com toda a força. Irônico, que Axel tenha matado
o Kage de maneira semelhante, mas ele deveria viver se arremessando no
chão. A explosão roçou a sua orelha, e ele sentiu cheiro de cabelo queimado
e ouviu um toque.
— Eu sei que foi você, — o vice-rei fervilhava, aproveitando o estado
enfraquecido de Axel e subindo por cima. Ele estendeu o seu blaster,
segurando-o com as duas mãos.
Axel riu e olhou para o cano. Este homem nunca matou ninguém em sua
vida, a julgar pela forma como ele tremia.
— O que você pode provar?
— Você me incriminou. Não sei como, mas você me incriminou! Seus
olhos âmbar estavam brilhantes quando ele disse: — Eu vi você entrar
naquela torre.
— Nós dois sabemos que você é culpado de coisas muito piores do que
eu consegui, — disse Axel. Então agarrou a lâmina de flagelo do lado do
vice-rei e a cravou na pele carnuda sob as costelas do homem.
Axel mal conseguiu empurrar o vice-rei para longe dele. O seu coração
batia descontroladamente em sua garganta. Então pegou o blaster e deu um
tiro.
Alguém viria por causa de todo o barulho. Já podia ouvir uma confusão
vindo da janela aberta. Considerou ficar. Era um excelente mentiroso, mas
teria que se contorcer para explicar por que o vice-rei tinha como alvo
Axel. Haviam muitas variáveis.
Cambaleou e começou a juntar os pedaços de QN-1, mas não
conseguiria carregar o seu droide e desaparecer silenciosamente pelo
palácio.
— Sinto muito, — ele sussurrou. — Sinto muito, QN-1. Por favor. —
Por favor me perdoe.
Ele engasgou com as duas últimas palavras enquanto abria o painel,
retirava os frascos cilíndricos de veneno e se afastava o mais rápido e para
mais longe que podia.
Gella estava encostada sacada com vista para o mar escuro
quando sentiu uma perturbação na Força. Havia um peso pressionando
contra o seu coração, ali e depois desapareceu. Lá em cima, o palácio estava
quieto, exceto pela festa.
Correu de volta para dentro e examinou a multidão, Toydarianos
tagarelando, Twi'leks valsando, até mesmo dois Gungans embriagados.
Phan-tu e Mestre Sun estavam conversando profundamente com o
Chanceler Mollo. Tudo apareceu em ordem.
— O que foi? — perguntou Xiri, aproximando-se dela. — Eu conheço o
seu rosto Jedi agora.
Gella sentiu um pouco de ansiedade quando uma criada correu pela
periferia da sala, puxou a manga de um guarda e o apressou.
Xiri e Gella trocaram um olhar que dizia tudo. Juntando a bainha de seu
vestido, Xiri correu ao lado da Cavaleira Jedi pelos salões de arenito do
palácio de Erasmus. Mesmo antes de virarem a esquina que levava aos
quartos de hóspedes, ouviram um grito.
Axel, Gella pensou. O quarto dele era lá embaixo. Cada passo parecia
entrar em uma corrente desconhecida. Sabia que algo estava errado, mas
atribuiu isso à doença dele.
Os guardas do palácio Eirami se separaram quando Xiri entrou primeiro
no quarto de Axel e encontrou o vice-rei Ferrol esparramado no chão com
uma pistola na mão e uma adaga na barriga.
— Reúna os líderes da cúpula. E os Mestres Jedi. Discretamente, —
ordenou Xiri ao guarda, que a princípio pareceu relutante, provavelmente
não acostumado a receber ordens da princesa de seu planeta vizinho, mas
quando ele olhou para o corpo sem vida, ele fez o que lhe foi dito.

Gella Nattai juntou QN-1 e trouxe o pequeno droide de terapia para a sua
câmara. Um dos Cavaleiros Jedi que chegou naquela semana, Aida Forte,
trouxe consigo um kit de reparo. Aida era uma Kadas'sa'Nikto com pele
escamosa verde e chifres que formavam um arco em cada lado de seu rosto.
— Se preferir se juntar ao grupo de busca, posso consertar o droide —
disse Aida, com a sua voz ensolarada bem-vinda na sombra dos
pensamentos de Gella.
O restante dos Jedi havia se dispersado pelo palácio, liderados pelo
Mestre Char-Ryl-Roy, enquanto o Mestre Sun foi entregar a notícia a
Chanceler Greylark, mas Gella sentiu que precisava ficar pra trás em vez de
correr na frente. Axel não ia a lugar nenhum sem o seu droide. Houve uma
luta óbvia, que Axel venceu, mas por que o vice-rei Ferrol estava em
Eiram? Ninguém poderia dizer que foi por causa das evidências contra
Ferrol, a cúpula manteve a sua origem em segredo.
— Eu deveria estar aqui, — disse Gella, mas agradeceu a sua colega
Cavaleira Jedi e começou a trabalhar.
O QN-1 era tão pequeno que precisava dos menores parafusos e chaves.
Montar o droide era sua própria forma de meditação. Tinha que limpar a sua
mente e focar, em um fio, banco de memória, a célula de energia que
alimentava o painel de luz de QN-1.
Eles sabiam que Axel havia fugido porque a sua nave não estava mais na
Doca 26. Lembrou-se de Mestre Sun dizendo que alguém operava na luz.
Sentiu a lenta compreensão surgir, e então a sua mente negando. E se...
estivesse errada? E se todos estivessem errados?
Quando QN-1 foi reunido, Gella acessou o seu banco de memória,
percorrendo todas as gravações. Não dormiu. Ouviu cada um. O primeiro
foram relatórios a Chanceler Greylark de sua jornada. Coisas mundanas. Às
vezes, falava ou reclamava de Gella. Uma vez fez um lembrete para enviar
um presente de casamento para Phan-tu e Xiri. Depois disso, não era uma
gravação de voz, mas uma hologravação.
Gella fechou os olhos, reunindo forças da Força. Esfregou os dedos na
palma da mão e observou-o falar com alguém que não tinha nome nem
rosto. Devido aos ferimentos, o holo era do dia em que foram atacados pelo
Rev Ferrol e os Filhos de E'ronoh.
Ele se sentou, com o rosto ensanguentado, na encosta da montanha.
— E a Jedi não sobreviveu ao acidente? — perguntou a voz sussurrante.
— Não havia paraquedas suficientes, mas não terei certeza até voltar
para a aldeia, — Axel disse, com a sua voz sombria. — Esta Jedi é
diferente. Impressionante, quero dizer.
— Caos, você não está triste, está?
O rosto de Axel se contorceu em sua máscara despreocupada.
— Claro que não. Acabei de cair de uma nave em chamas. Na verdade,
acho que fui empurrado.
Houve um som. Rochas batendo.
Axel se levantou e sacou o seu blaster.
— O que você ouviu?
A voz lamentosa de um Tintinno tentou falar, mas Axel puxou o gatilho.
Gella assistiu holo após holo, então os assistiu novamente apresentando-
os para ambas as famílias reais, os seus companheiros Jedi e ambos os
Chanceleres. Quando o sol nasceu na manhã seguinte, no dia do casamento,
Gella pensou que poderia citá-lo de memória.
De uma coisa estava certa. Axel Greylark ainda estava na capital,
carregando três frascos de veneno mortal, e iria encontrá-lo.
Enya Keen correu pelos telhados de Cidade Capital de Erasmus com Gella
e Aida Forte para chegar à doca. As ruas eram como artérias
congestionadas, lotadas demais para serem percorridas.
Na parte sul da cidade, os prédios ficavam mais próximos uns dos
outros, o que fazia cada salto parecer muito mais rápido. Quando chegaram
à baía, eles se empoleiraram no alto, sob uma saliência de lona e um varal.
— São muitos convidados de casamento, — Enya disse.
Todas as baías foram ocupadas, então as naves se agruparam em
qualquer outro lugar que pudessem. Alguns dos menores tiveram a mesma
ideia dos Jedi e pousaram em qualquer telhado disponível. Embora
enquanto observavam os seres desembarcarem e caminharem pelas ruas do
canal em direção ao palácio, Enya não pôde deixar de pensar que esses
convidados não pareciam estar vestidos para um casamento.
— Temos certeza de que este Greylark ainda está no planeta? —
perguntou Aída.
— Ele está aqui — disse Gella com firmeza.
Enya sentiu a estranha calma de sua amiga, como se ela precisasse de
todo o seu foco para se concentrar. A hologravação final de Axel dizia:
— Mudança de planos. — Era isso. Sem. — Olá, companheiro
criminoso, deixe-me revelar as minhas intenções detalhadas para que os
Jedi possam me frustrar.
— Não entendo, — disse Aida. — Por que não adiar o casamento até
que a ameaça fosse eliminada?
Enya deu um tapinha na Cavaleira Jedi Nikto nas suas costas. Ela era
nova no mundo e não teve que ficar sentada ouvindo toda a gritaria entre os
membros da realeza mais velhos. — Algo no ar parece ser agora ou nunca.
— E você realmente acha que ele vai atacar no casamento? — Aida
perguntou enquanto examinava a multidão. — Pelo que o Mestre Sun me
disse, ele teve muitas oportunidades mais fáceis de atacar os dois herdeiros.
— Ele está aqui, — Gella repetiu com a mesma firmeza. — Continue
olhando.
— É estranho pra mim que tantos convidados cheguem malvestidos, —
disse Aida, semicerrando os olhos enquanto o sol saía de um bolsão de
nuvens.
— Talvez não sejam hóspedes, — disse Gella.
Enya observou um grupo de Trandoshanos com cara de lagarto
serpentear pela multidão, com os quadris armados com blasters. Um
Lurmen pequeno e peludo com uma prótese de olho de metal e uma
bandoleira no peito magro abriu caminho mancando pela multidão.
Um pequeno ser roxo peludo com duas antenas verdes parou bem no
meio do trânsito. Estava consultando uma holoprojeção de sua manopla,
uma lança em uma das mãos e várias adagas embainhadas em seu cinto. Era
a capa que parecia familiar para Enya. A sua bainha é cortada em linhas
irregulares para se adequar à altura do ser.
— Essa capa não te lembra alguém? — Enya perguntou a Gella.
Gella saltou primeiro, caindo agachada na frente do viajante, e Enya e
Aida seguiram logo atrás.
— Olá. Eu sou Enya, — ela disse. — Onde você conseguiu a sua capa?
O ser de rosto vulpino fez um pequeno som de rosnado, então olhou o
Jedi de cima a baixo. Talvez tenha reconhecido uma ameaça. Talvez fosse
outra coisa, mas disse:
— Sou Cherro. Ganhei de um pastor de nerf em Coruscant.
Ergueu o braço e a holoprojeção ficou clara. Axel Greylark sorriu pra
eles do que parecia ser uma foto de detenção. Cada dispositivo de
comunicação ao redor deles parecia estar pingando, como se fosse um
rastreador.
— Ele está transmitindo o seu sinal como se quisesse ser encontrado, —
Cherro riu, e se afastou para se juntar ao tráfego de pedestres a caminho do
palácio.
— Estes não são convidados do casamento, — Enya disse, com o medo
se acumulando em seu estômago. — Eles são caçadores de recompensas.
— Avise os Jedi! — Gella Nattai gritou. — E diga à rainha para ordenar
que o domo seja fechado para evitar que mais naves entrem!
Aida começou a correr, mas freou quando notou as duas speeder Joben
S-14 azul neon. Ela pulou na sela de um, e Enya segurou firme atrás dela.
Gella montou no segundo e ouviu um surpreso.
— Ei! Volte aqui! — enquanto disparava.
Tinha uma lembrança distinta da reação de Axel quando ela e Enya
comandaram a sua nave. Enquanto saltava contra o choque do repulsor,
explodiu na rua úmida que margeava a costa. Sentiu-o através da Força,
uma corda que não tinha entendido que estava se formando, mas não podia
cortar. Ainda não.
Gella.
Era como se estivesse nas nuvens, na névoa, mudando de forma como
mudava de roupa e sorria, mas não conseguia ver a Entardecer no céu, e
não era pequena o suficiente para estar em um dos telhados das favelas.
Gella.
Mais alto, mais furioso. Puxou a corda deles e seguiu a reverberação de
seu nome. Perguntou-se, ele estava ciente de que estava ligando pra ela?
Transmitindo-se como ele tinha feito para aqueles caçadores de
recompensas?
Gella serpenteou a speeder ao longo da costa, abraçada por ondas
quebrando. Onde E'ronoh era todo pedras irregulares e desfiladeiros
dividindo o solo como feridas, as bordas de Eiram foram desgastadas por
mares implacáveis.
Ela entregou o seu corpo ao instinto de uma forma que nunca havia feito
antes. Ela confiava na Força. Ela confiava que isso os uniu por motivos que
podem não ter ficado claros desde o momento em que ele entrou na
Paxion.O ar frio correu ao redor dela, e cada músculo de seu corpo se
contraiu. Com essa respiração, ela virou o speeder para um caminho estreito
e rochoso que levava à torre que emitia a cúpula de energia.
Ela não tinha desligado totalmente a moto antes de desmontar. A porta
foi fechada com força. Quando ela pegou os seus dois sabres de luz, Gella
se lembrou de Axel abrindo um buraco em uma parede de vidro reforçado.
Ele recebeu ordens para deixá-la pra trás, então por que não o fez? Estava
trancada naquela cela sem ter para onde ir. Em vez disso, ele voltou. Tinha
visto como ele vacilava. Então, por que, quando deveria estar tão limpo
quanto uma ferida cauterizada, ele se virou? Gella precisava saber.
Agarrando-se a esse pensamento, ela abriu caminho para a torre.
Gella abriu o elevador e entrou. Subiu alguns níveis antes de tremer e
parar. Usou os seus sabres de luz para abrir um buraco no teto e escalou o
poço vazio.
Gella. Ele não disse o nome dela, mas ele estava pensando nisso, com
tanto fervor que ela podia sentir a impressão em sua mente.
Quando chegou ao topo, as portas do elevador estavam abertas. Pulou na
borda e encontrou Axel, ainda vestido com as roupas da noite anterior,
parado na frente dos painéis de controle da torre. A luz azul pulsava de um
fino frasco azul afixado a um explosivo.
— Eu tinha muita fé de que você me encontraria, — disse ele, girando o
detonador entre os dedos. — Minha Cavaleira Jedi.
Xiri A’lbaran, filha de desfiladeiros e desertos, feita de Thylefire,
se casaria perto do mar. A cúpula protetora mantinha as ondas afastadas,
mas espessas nuvens de tempestade pairavam sobre a cidade. De sua sacada
no palácio de Erasmus, observou os seus convidados encherem o pátio de
arenito onde ela e Phan-tu se tornariam símbolos.
Xiri nunca quis ser um símbolo, mas ao conhecer os Jedi e observar o
povo de Eiram e E'ronoh recorrer à superstição para aceitar a sua união,
estava começando a entender o poder de tudo. Mal havia pensado em viajar
pela galáxia e agora a galáxia veio até ela.
A Chanceler Greylark, em um vestido esvoaçante e cocar, estava sentada
sozinha no banco da frente. Xiri decidiu que tinha grande admiração pela
mulher. Ao amanhecer, ela foi informada de que o seu filho estava solto na
capital com três armas venenosas e, perto do pôr do sol, ela se sentou com a
cabeça erguida após dar uma ordem para capturar e atordoar ao vê-lo. Em
breve, talvez mais cedo do que o esperado, haveriam consequências. E se
ela visse Axel Greylark novamente, ela o faria pagar por quebrar os seus
corações. Mas, por enquanto, todos na cúpula da paz concordaram que o
casamento deveria prosseguir. Xiri, acima de tudo, estava ansiosa para que
começasse.
Houve alguma comoção nos portões da frente, mas confiava na
habilidade dos guardas de E'ronoh e Eiram, assim como nos nobres Jedi.
— Você parece um pôr do sol de E'ronoh, — o Monarca disse. Vestido
de preto e cinza sóbrio, ele esperou por ela na porta.
Quando pegou o braço dele e desceram as escadas em espiral que
levavam ao pátio, se sentiu como um pôr do sol de E'ronoh. O vestido tinha
sido de sua mãe, vermelho e rosa mergulhado em ouro. A rainha Adrialla e
a consorte Odelia presentearam-na com um véu combinando cheio de
pérolas. Phan-tu havia capturado todos eles. O seu presente pra si mesma
era uma arma, muito habilmente escondida.
— Por E'ronoh, — o seu pai sussurrou, deixando-a caminhar o resto do
caminho sozinha. — Você é a minha maior alegria, Xiri.
— Vou deixá-lo orgulhoso, — disse ela.
Ele beijou os nós dos dedos dela.
— Você já deixou.
Descalça, Xiri pisou em um banco de areia que se estendia por toda a
extensão do pátio onde o Chanceler Mollo esperava para oficiar. Do outro
lado, Phan-tu Zenn esperou. Eirami se casou todo de branco, mas em seu
quadril, ele ostentava uma nova lâmina de flagelo com um cabo feito de
gemas verde claras.
Essa era a parte fácil, ela pensou. Todo o resto, o resto de suas vidas,
seria o verdadeiro teste.
Quando a música começou, Xiri e Phan-tu começaram a caminhar pela
areia um até o outro.
Antes que pudesse encontrá-lo no meio do caminho, os primeiros tiros
de blaster foram disparados.

Mestre Creighton Sun acreditava ter tomado todas as precauções.


Todas as entradas para o pátio foram canalizadas para um único portão.
Os últimos convidados que recebeu foram um par de Ithorianos vestindo
túnicas pesadas e coloridas. Com todos os assentos ocupados, deu uma
olhada rápida para os guardas E'roni estacionados nas torres do palácio. Jedi
foram colocados por todo o palácio, alguns se misturando com os
convidados, e alguns, como ele, em trajes Jedi formais.
O Mar de Erasmus batia em ondas gigantescas contra a cúpula. A
temporada de tempestades havia escolhido um dia e tanto para chegar cedo,
embora Creighton soubesse de todas as coisas sob o seu controle, o tempo
era o que menos importava.
— Creighton... — Mestre Roy disse em seu comunicador.
— O que você vê? — Creighton sabia que o Jedi Cereano estava em
uma varanda e ouviu a preocupação em sua voz.
Mas quando Xiri, Phan-tu e o Chanceler Mollo tomaram os seus lugares
na beira do pátio, Creighton sentiu a perturbação através da Força. Os seis
guardas Eirami postados no portão se moveram como uma onda, engajando
os seus eletro bastões enquanto os convidados atrasados se aproximavam.
Creighton se posicionou entre eles e os convidados indesejados. Um largo
Trandoshano e o seu bando avançaram para a frente da multidão. Cada um
ostentava bandoleiras cruzadas.
Creighton fez sinal para os guardas de E'ronoh se juntarem a eles no
nível do pátio, então levantou o seu comunicador.
— Quanto tempo dura a cerimônia?
— Ainda não começou, — disse uma voz que ele reconheceu como o
Cavaleiro Jedi Laan. O homem estava em algum lugar entre os convidados.
— Speeder se aproximando, — anunciou outro.
— Aguarde! — Char-Ryl-Roy ordenou. — É a minha Padawan.
Creighton ouviu o zumbido giratório de uma speeder bike antes de vê-la
abrir caminho no meio da multidão. Enya Keen e Aida Forte dispararam
pelo caminho rochoso do palácio, perdendo por pouco a entrada quando
pararam sob o arco de arenito.
— Mestre, temos um novo problema, — Enya disse ofegante, apontando
na direção de onde eles aceleraram.
— Sim, nós os vimos. — Toda a preocupação e medo de Creighton se
transformaram em energia. Ele sentiu a calma mortal que vem antes de uma
tempestade, e até se permitiu um sorriso irônico quando começou a chover
contra a cúpula protetora da cidade.
— Talvez a realeza seja só amiga de muitos mercenários? — um dos
Jedi mais jovens meditou através do comunicador.
Enya balançou a cabeça.
— Axel tem uma recompensa por sua cabeça e algo está transmitindo a
sua localização. Todos pensam que ele está aqui.
— Gella ainda está procurando por ele, — Aida acrescentou.
— Alguém encontre este sinalizador e desligue-o, — ordenou
Creighton. Ele confiava que Gella encontraria Axel Greylark. Nesse
ínterim, havia uma trégua a proteger. — O resto de nós vai protelar o
máximo que puder.
A música se elevou acima da agitação das ondas enquanto Xiri e Phan-tu
davam os seus primeiros passos um em direção ao outro. A horda de
caçadores de recompensas e pistoleiros de aluguel lotou o portão,
empurrando uns aos outros em agitação. Atrás dos Jedi, os guardas de
Eiram formavam uma barricada viva, sustentando bastões elétricos como
elos de uma corrente.
— Eu não acredito que você tenha um convite, — Mestre Sun disse,
tentando argumentar com a multidão, pelo menos até que a cerimônia
terminasse.
— Na verdade, eu tenho, — o líder mercenário zombou. Atrás dele,
dezenas de outros levantaram a mesma holoprojeção: Axel Greylark
convida você a pegá-lo se puder. — Se a única coisa entre mim e trezentos
mil créditos é você, então eu gosto das minhas chances, mago.
— Honestamente, — Enya disse, afundando em uma posição de luta. —
Por que as pessoas dizem que mago é uma coisa ruim?
Creighton rapidamente olhou para a cerimônia em andamento, Phan-tu e
Xiri diante do Chanceler Mollo, e então para o Trandoshano rosnando para
ele.
— Posso garantir que Axel Greylark não está aqui, — Mestre Sun disse,
com a sua voz num estrondo profundo.
Pantorana de pele azul com uma mecha de cabelos grisalhos bateu com
o seu bastão no chão rochoso. Ela levantou o sinal de transmissão do
palácio.
— Não é o que isso diz.
A multidão inquieta empurrava de todos os lados, e Creighton sabia que
não havia como parar.
— Eu sempre quis lutar contra um Jedi, — o Trandoshano disse,
erguendo o seu blaster.
Creighton agarrou o seu sabre de luz e acendeu a lâmina de plasma azul
em defesa. Protegeu o rosto de um tiro. Um por um, ele sentiu o zumbido
familiar de uma dúzia de sabres de luz ganhar vida, um prisma de cores
desviando uma rajada de tiros de blaster. A maioria dos mercenários atirou
descontroladamente, para destruir e entrar, mas os melhores tiros acertaram
os golpes. Um Jedi agarrou o seu ombro e caiu pra trás. Um guarda em
armadura salpicada de pátina segurou o seu joelho.
Creighton dobrou o seu esforço e empurrou contra a multidão frenética.
Ele pegou blasters através da Força, mas alguns mercenários tinham
blasters amarrados em cada quadril, tentáculo ou ombro curvado. Enquanto
ele cortava o bastão do Pantorano, em dois, outro mercenário escapou de
suas defesas. Mais adiante na estrada, a próxima onda de intrusos tentando
reivindicar o seu prêmio se aproximou.
— Qual é a situação no sinalizador? — Mestre Sun gritou no
comunicador. A multidão começou a atirar cegamente neles. — Preciso de
uma barricada em volta dos convidados. A última coisa de que precisamos
são alvos fáceis correndo por aí.
— Todos estão um pouco ocupados no momento, Mestre. — Enya Keen
levantou o seu sabre de luz amarelo e desviou um raio blaster vermelho. Ela
quase perdeu outro, quando Mestre Roy saltou na frente dela, bloqueando o
fogo com a sua lâmina verde.
— Todos os Jedi comigo! — Mestre Roy berrou.
Um por um, os Jedi ficaram lado a lado, como um borrão de lâminas
enquanto a música do casamento aumentava de ritmo. Enquanto os
convidados corriam para a segurança do palácio, Phan-tu Zenn e Xiri
A'lbaran estendeu a mão um para o outro.
— Não era isso que eu tinha em mente quando pensei que estávamos
unindo mundos, — admitiu Creighton, partindo um rifle blaster ao meio.
Ele quase sentiu pena da Twi'lek quando usou a Força para jogá-la em um
arbusto de água salgada.
— Talvez seja melhor? — Mestre Roy disse, embora ele enquadrasse
isso como uma pergunta.
— O tempo vai dizer.
Creighton se abaixou quando um enorme Lasat girou um rifle bo com
energia elétrica azul. Ele errou, mas acertou o peito de Jedi Laan. O Jedi
Falleen tremeu violentamente por um momento que se estendeu
dolorosamente diante dos olhos do Mestre Sun.
Creighton balançou o seu sabre de luz de cabo cruzado pra cima,
cortando as mãos do Lasat. A ferida cauterizou instantaneamente e as mãos
rolaram para a massa de caçadores de recompensas.
Creighton juntou o Jedi caído em seus braços, já sabendo que era tarde
demais. Ele respirou fundo e fechou os olhos do jovem.
— Descanse bem, meu amigo.
Ao lado dele, um guarda Eirami caiu à sua direita. Outro à sua esquerda.
Ouviu o estalo de um crânio, sangue correndo para preencher as rachaduras
no arenito. Creighton observou a luz deixar os olhos verdes da mulher,
unida com a Força.
Mestre Sun se concentrou. Levantou-se, levantando o seu sabre de luz e
abriu a sua conexão com a Força. Era o lugar onde ele encontrava força,
onde sabia que pertencia. Adicionou essa força aos seus companheiros Jedi.
Eles eram uma corrente ligada, o poder dos Jedi uma parede unida como
uma na qual os caçadores de recompensas batiam os seus punhos e
disparavam flechas e dardos. E os Jedi se manteriam unidos.
Um furioso Lurmen com várias próteses escalou uma árvore de coral e
gritou
— Entreguem Axel Greylark !
— Ele não está aqui! — Aida Forte rugiu sobre o tumulto.
— Foco, — Mestre Sun os lembrou enquanto mercenários pequenos,
mas furiosos, ameaçavam escapar por seus flancos.
O Lurmen saltou alto, usando a força de seu braço mecânico para subir
em uma coluna de arenito que levava a uma varanda. Houve o som de tiro
de blaster, gritos do alto.
Algo de metal pousou nas botas de Creighton e parou. Um contentor de
gás. Ele o agarrou e tentou jogá-lo para o céu. Tarde demais, explodiu em
gás amarelo ondulante. Ele gritou enquanto seus olhos ardiam e
engasgavam ao inalar as nuvens sulfurosas. Ele sentiu os Jedi perderem a
sua conexão com a Força um por um, enquanto a dor o percorria.
Um alívio momentâneo veio quando alguém derramou um líquido em
seu rosto. Cuspiu o remédio acre que escorria dos olhos à boca. Quando
piscou, a sua visão estava parcialmente embaçada, mas se levantou. Os
convidados restantes se animaram e a orquestra começou a cantar uma
música alegre e estridente que marcou o fim da cerimônia de casamento.
Ele cuspiu no chão mais uma vez. Apertou o cabo de seu sabre de luz e
sorriu para o Trandoshano que havia caído pra trás.
— O que é tão engraçado? — o caçador de recompensas sibilou. — Que
som é esse?
Char-Ryl-Roy voltou para o seu lado, como estiveram por anos. Agora
eles se juntaram aos seus companheiros Jedi e as delegações que eles
ficaram para proteger. Quando os sinos tocaram, Creighton sabia que o
casamento estava feito. Tinha acabado.
Mas sua luta estava só começando.

Enquanto os caçadores de recompensas e mercenários avançavam pelo


portão, Xiri permaneceu presa ao chão.
— Eu não me importo se há uma monção vindo para nós, — disse Xiri
ao Chanceler Mollo, — Não interrompa a cerimônia.
— Talvez uma versão mais curta e poética, — disse o Quarren, com os
tentáculos do rosto nervosos dançando no ar do mar.
Em seu poleiro arenoso, a princesa apertou as mãos de Phan-tu. Muitos
de seus convidados correram para se proteger, mas algumas delegações,
incluindo os destacamentos de segurança Twi'lek e Mon Cala,
permaneceram para lutar. Civis e veteranos de E'roni protegeram a
cerimônia revirando os bancos e fazendo barricadas. Do outro lado do
escudo, o Mar de Erasmo crescia, quebrando em ondas que engoliriam o
palácio se não houvesse cúpula.
— Repita depois de mim, — disse Mollo, sua voz admiravelmente
uniforme e forte. — O meu sangue é o oceano, os meus ossos são o sal.
O olhar de Phan-tu nunca vacilou, um sorriso tímido puxando os seus
lábios quando ele disse:
— O meu sangue é o oceano. Os meus ossos são o sal.
— Mas eu te dou o meu coração.
Ele se encolheu quando algo pesado caiu. Estilhaçado. Xiri respirou
fundo enquanto a gritaria se aproximava. Ainda assim, eles não se
moveram.
— Mas eu lhe dou o meu coração, — disse Phan-tu.
Até o último suspiro de Eiram.
— Até o último suspiro de Eiram.
Chanceler Mollo traiu a sua ansiedade. Mas, para o seu crédito, ele
continuou.
— Agora você, princesa.
Xiri segurou as mãos do marido, uma âncora na tempestade, e disse
— O meu sangue é o oceano, os meus ossos são o sal, mas eu te dou
meu coração até o último suspiro de Eiram.
— Com o mar como testemunha e a minha autoridade na galáxia, a sua
união está garantida. — O Chanceler Mollo se virou e chamou um de seus
seguranças. O oficial jogou um pequeno blaster para o Chanceler, que o
pegou e começou a atirar nos penetras do casamento, usando o banco virado
da primeira fila como cobertura.
Xiri e Phan-tu tiveram um único momento juntos. Ele agarrou a sua
cintura e a puxou para perto.
— Posso? — ele sussurrou.
— Segure esse pensamento. — Xiri amarrou o vestido de noiva. Ela
sacou um minúsculo blaster vermelho, apontou-o para um caçador de
recompensas invasor e atirou.
— Estou perdidamente apaixonado por você, — disse Phan-tu.
— Bom. — Xiri ficou na ponta dos pés e o beijou como se o mundo
deles estivesse acabando.
Quando a Paxion apareceu sobre a cidade, com o seu casco em chamas,
o seu fim parecia uma certeza.
Gella Nattai e Axel Greylark estavam em uma borda no coração da
torre que alimentava a cúpula. Deu um passo mais perto dele, e ele ergueu
um gatilho estreito, descansando o polegar ali. Os detonadores piscavam
nos painéis de controle que emitiam a cúpula que protegia a cidade, e
enfiavam entre eles um frasco de veneno que ele havia roubado.
— Por que, Axel? — Gella finalmente perguntou. Ela achava que o
tinha descoberto todas as vezes que eles se encontravam — a bordo da
Paxion, no funeral, na cúpula, viajando juntos pelos desertos de E'ronoh.
Axel Greylark era efêmero, fundido e escorregadio.
— Você tem que ser específica, querida, — disse ele.
Havia tanto por onde escolher, mas ela começou com
— Por que você está tentando destruir a cúpula?
— Não estou tentando fazer nada, — disse ele, desprovido de humor. —
Vou derrubar o escudo.
Ele foi cruel em zombar das palavras que cresceu ouvindo.
— Gella, você sabe por que esses escudos estão levantados durante os
fragmentos de paz de Eiram? — Ele girou o gatilho entre os seus dedos
longos.
— Por causa de suas tempestades. — Ela coçou a parte interna da palma
da mão onde os braceletes cravaram em sua pele. — Phan-tu nos contou as
histórias. É a melhor proteção da cidade. Mesmo agora, no que Eiram
provavelmente considera um clima ameno, as ondas sobem altas e rápidas.
Se E'ronoh não estivesse tentando destruí-lo, as próprias águas de Eiram
corroeriam lentamente a costa. É a única coisa que impede até mesmo o
palácio de ser levado pela água.
Gella estava cega para a verdade diante dela. Agora podia ver.
— Existem outras maneiras de destruir o veneno. Axel, eu sei de tudo.
Axel se virou para encarar as nuvens que escureciam. As sombras sob os
seus olhos eram mais pronunciadas.
— Então você sabe que eu deveria entregar os frascos para, alguém, mas
eu mudei de ideia.
Deu um passo hesitante pra frente.
— Você quer destruí-los? Vou te ajudar. Eu vou fazer isso agora. Pense
em Rayes. A casa de Phan-tu.
Axel deu de ombros, mas a sua fanfarronice habitual não estava nele.
— Tenho certeza que Eiram está acostumado com um pouco de
destruição. O que me importa?
— Por que você arriscou a sua vida por Phan-tu e Xiri se não se
importou? — Gella deu mais um passo.
— Porque eu sou muito bom em desgastar as pessoas, — disse ele. — O
amor deles é um sonho. Dê alguns anos. Talvez uma geração ou duas e eles
estarão de volta onde começaram. As únicas certezas na galáxia são a
guerra e o caos, Gella.
— Foi assim que ela chamou você. Aquela mulher dos seus holos.
Parou de sorrir então e pressionou o ponto sobre o coração.
— Você quer saber a verdade?
— Você sabe como falar isso?
Os lábios de Axel se curvaram em um sorriso.
— Eu matei o vice-rei Ferrol.
— Eu sei.
— Passei parte da minha vida tentando ser o Greylark perfeito, e outra
sendo o melhor dos piores. Quando o vice-rei me atacou, houve um
momento em que soube que estava acabado. E então voltei aos meus
sentidos e vi a minha oportunidade de simplesmente parar. Parar de ser um
Greylark. Começar de novo em algum lugar.
Essa foi uma das primeiras coisas que ele disse sobre si mesmo. Ele
queria queimar rápido e brilhante. Como uma supernova. Isso é o que ele
era pra ela, uma estrela distante, desaparecendo.
— Mas você não vai mentir pra mim, vai, Gella? — Ele sustentou o
olhar dela, e ela pensou em todas as vezes que estiveram na Amaryliss e
jogaram o mesmo jogo. Dessa vez ela perdeu. — Você não vai mentir pra
mim porque você é boa, de verdade.
Gella deu mais um passo na direção dele.
— Então foi você.
— Você não pode me consertar, Gella.
— Eu não quero consertar você.
Ele riu.
— Você quer consertar toda a galáxia, mas não eu.
— Eu não quero consertar você, — ela enfatizou.
— Então o que você quer de mim, Gella? — O vento varreu o seu
cabelo, a gola aberta de sua túnica. Contusões surgiram em sua garganta,
onde deve ter lutado contra o vice-rei.
Buscou força na Força.
— Por que você não me deixou pra trás quando o seu Mestre ordenou o
contrário?
Axel olhou furioso. Sentiu-o procurar uma mentira, então redirecionar.
— Eu não tenho um Mestre. Eu não sou um aprendiz. Não preciso que
ninguém me ensine.
— Então quem são eles?
Ele encolheu os ombros.
— Eles estão livres... dos Jedi. Eles são simples.
Ele realmente não sabia nada sobre a vida como um Jedi se não pensasse
que a vida era simples.
— Livre dos Jedi, mas não de assassinato? Eles são simples, diz o
homem que mora em uma torre de vidro no centro da galáxia.
O sorriso vulpino de Axel reapareceu.
— Você está com raiva, Gella?
— Claro que estou! — Ela gesticulou para o céu. — Você tem todo o
potencial da galáxia.
— Você não diria isso se soubesse das coisas que eu fiz, — ele disse
sombriamente.
— Eu coloquei QN-1 de volta no lugar, — ela disse a ele e observou o
seu rosto suavizar. — Nós observamos os seus holos. Todos nós. A sua
mãe. Xiri. Phan-tu. Sei exatamente do que você é capaz e não tenho medo.
Posso te ajudar.
Ele cruzou os braços sobre o peito.
— Ajudar-me a ser melhor? Diga-me, o que você fará com a Rainha
Adrialla por criar um veneno que ela pretendia usar em E'ronoh?
— Nós não punimos as pessoas, Axel. Você sabe o suficiente para saber
disso.
— Houve um momento, — ele disse, piscando rapidamente, — quando
eu estava inconsciente, revivi tudo o que eu tinha medo. Tudo. A dor era
insuportável. Nunca mais quero me sentir assim. Não desejaria isso nem
para os seres que odeio, e são muitos. Ninguém deveria ter armas como
esta.
Gella sentiu a sua pontada de dúvida.
— Destruiremos o veneno, prometo. Diga-me onde está.
— E depois? — Ele zombou. — Acabou pra mim. Não posso mais
voltar a ser 'Axel Greylark '. Vai para casa, pequena Jedi. Onde quer que
seja.
Por que, de todas as coisas cruéis que ele disse, essa última parte doeu
mais? Gella respirou fundo para se acalmar e alcançou a Força. Agarrou o
controle do gatilho de seu punho e o colocou no dela. Gella manteria a sua
promessa e destruiria o veneno para que ninguém pudesse reivindicar a
terrível arma. Pressionou o seu comunicador para chamar os Jedi, mas então
Axel falou.
— Você sabia, — Axel começou, com uma calma tão profunda que ela
soube instantaneamente que havia cometido um erro. Ele olhou para o
relógio. — Que existem três torres de escudos nesta maravilha de água
salgada, e se uma cair, as outras também cairão?
Sinos tocavam pela cidade. O casamento. Deve ter acabado. Gella
correu para a beirada do balcão da torre. Mesmo que se esforçasse ao
máximo, mesmo que pudesse desaparecer e reaparecer em outro lugar, não
teria chegado aos outros dois locais.
— Axel — disse Gella, enquanto as torres de proteção eletrostática nos
setores norte e leste detonavam.

Eiram ficou parado.


Em um momento a cúpula estava operacional, no momento seguinte
houve uma explosão, depois outra, e a cúpula eletrostática caiu. As faixas
brancas ao redor da cidade estalaram e, quando a poeira baixou, as
primeiras ondas bateram nas costas e nos canais.
A confusão encheu as ruas enquanto a celebração dava lugar ao medo e
ao pânico. Mesmo os caçadores de recompensas que vieram em massa
começaram a reduzir as suas perdas, fugindo de volta para suas naves
enquanto ainda tinham uma chance.
A Paxion, que havia aparecido no céu momentos antes, começou a
mudar de rumo. O Chanceler Mollo não conseguia entender o que estava
vendo. Então passou as palmas das mãos pelo rosto e gritou para a
tripulação a bordo. Todos no pátio se reuniram e observaram o céu cair.
— Responda, Paxion, — gritou Vigo em um comunicador. O guarda
esperou um instante por uma resposta e disse novamente: — Responda,
Paxion.
Silêncio. Então uma voz baixa e cruel.
— Os Filhos de E'ronoh se levantarão.
— Rev Ferrol, — o Monarca disse com desgosto.
Enquanto a Proa-Longa afundava entre as nuvens, um grupo de naves de
perfuração rasgou o casco. Gritos encheram a cidade, subindo e crescendo
como o oceano que se alastrava.
Xiri A'lbaran, ainda em seu vestido de noiva, endireitou os ombros em
desafio e disse a Vigo:
— Preciso de um caça estelar.
O rosto apavorado de Phan-tu disse tudo.
— Você não pode. Veja o que ele fez com a Paxion.
Ela bateu as palmas das mãos nos ombros dele e apertou.
— Essas são as naves de E'ronoh. Isso é um motim e eu tenho que detê-
lo.
— Eu irei com você.
— Você tem que estar aqui. E eu tenho que estar lá em cima. Temos que
garantir que o nosso pessoal esteja seguro. Juntos.
— Juntos, — Phan-tu repetiu.

Como Phan-tu Zenn levou um contingente de guardas para ajudar a evacuar


a cidade, um pequeno esquadrão de guardas de E'ronoh e Eiram marchou
até a capitã A'lbaran liderado por Kinni e outros que Xiri reconheceu como
alguns de seu Esquadrão Thylefire.
— Apresentando-se para o serviço, — disse Kinni.
Xiri passou um braço por cima do ombro da mulher mais velha e abriu
caminho para o hangar do palácio. Sem perder tempo, Xiri embarcou em
um dos caças estelares de Eiram. O metal tinha uma tonalidade azul, o
dossel bulboso quando o familiar assobio pressurizado selou a cabine. A
última vez que esteve em um caça estelar, caiu do céu e quase se afogou.
Foi o dia em que Phan-tu apareceu em sua vida e a salvou. Alguma vez
realmente o agradeceu pelo que ele fez? Mais do que tirá-la do oceano, ele
soprou esperança em uma luta que ela começou a pensar que não poderia
ser vencida. Não deixaria ninguém destruir o que havia construído.
— Tudo bem, — disse Xiri, maravilhada com o fato desta ser a primeira
vez que soldados de seus dois planetas lutaram lado a lado em sua vida. —
Esquadrão Thylefire, comigo.
Eles cancelaram os seus números. Treze ao todo. E'ronoh e Eiram.
Unido. Enquanto eles aceleraram no ar, Xiri A'lbaran, a herdeira de E'ronoh
e futura rainha consorte de Eiram, sabia que teria que defender a paz deles,
mas não esperava que fosse tão cedo.
Eles simplesmente teriam que fazer valer esta.

Detritos caíram do céu quando Phan-tu Zenn correu em um agopie até o


Canal de Rayes. Acima, a Paxion se dividia em duas, inclinando-se em
direção ao mar de Erasmus, a proa da nave dirigindo-se para uma parte da
costa. Os caças estelares Bulbousos Eirami atiraram nos rastros de
destroços em chamas, quebrando os pedaços maiores, enquanto navegavam
em torno dos pods de fuga lançadas no céu.
A maré estava alta e as ondas inundavam as soleiras dos barracos de
arenito. Algumas pessoas carregavam o que podiam carregar, uma criança
em uma das mãos e uma pequena trouxa na outra, e se dirigiam para o
abrigo.
No terreno, Phan-tu tinha um problema diferente. Muitos dos habitantes
dos Rayes não cederam. Anciãos, frágeis demais para se moverem
sozinhos. Alguns ficaram indiferentes à chuva de detritos, dizendo:
— As monções são piores.
Phan-tu dirigiu-se até a pequena ponte que ligava o canal às outras redes
de vias navegáveis. Parou o seu agopie.
— Vocês me conhecem, — ele gritou. — Nasci na casa mais distante
deste canal. Eu sei que vocês estão com medo. Eu também. A minha
esposa, a sua princesa, está lutando por vocês, mas não podemos protegê-
los se vocês permanecerem aqui.
— E os nossos pertences? — uma velha enrugada gritou de uma das
casas no nível superior. Quando um estilhaço caiu na água, todos se
encolheram.
— Quando eu era pequeno, minha mãe também não ia. Vocês se
lembram dela. Vocês a conheciam. Peço-lhe agora, confie em mim e farei
tudo o que puder para mantê-los seguros.
Phan-tu virou o seu corcel e esperou. Nunca havia sido lutador ou piloto,
mas era forte em outros aspectos. Poderia liderar o seu povo quando eles
mais precisassem dele. Lentamente, as famílias emergiram de suas casas,
com as suas mochilas e malas cheias de pertences que podiam carregar. A
velha ficou. Algumas pessoas estavam tão enraizadas, nada nem ninguém
conseguia tirá-las. Era a escolha deles, e a respeitou.
Por enquanto, fez o que pôde. Desistiu de seu corcel para que uma
mulher grávida e os seus dois filhos pudessem cavalgar. Carregou o peso de
um ancião e conduziu todos para um local seguro.
Enquanto voltavam para o palácio, todo o chão tremia.
Mais adiante na água, a Paxion estava adernando. Xiri pediu uma
evacuação de água e rezou a Força para que houvesse sobreviventes.
Xiri saudou Rev Ferrol quando o seu esquadrão avistou e se aproximou
das três naves de perfuração que pairavam sobre a capital.
— Rev Ferrol. Você não está autorizado a levar naves desativadas para
fora do mundo.
— Eu não reconheço ordens da futura rainha de Eiram, — ele disse,
pingando de raiva.
— Recuem, ou abriremos fogo. Este é o seu primeiro e último aviso. —
Xiri manteve os seus controles firmes, apesar do medo que a percorria.
Acolheu o medo. Isso deu a ela algo contra o que lutar.
As três naves de perfuração não se mexeram.
— Atirar.
Cada caça estelar Eirami tinha metade do tamanho de uma única nave de
perfuração, e cada um de seu esquadrão deu tudo o que tinha, iluminando as
enormes nuvens flutuantes e o céu azul com laser vermelho, mas não foi o
suficiente. Ainda não. Ela pensou em como uma gota constante de água
poderia abrir um buraco na pedra sólida. Havia algo ali, ela só tinha que
encontrar.
— Minha vez. — A voz de Ferrol estalou no comunicador enquanto as
três naves de perfuração responderam ao fogo, acelerando e ganhando
velocidade. Um deles ativou o nariz da broca, destruindo um dos pilotos de
Xiri. Ela xingou e voou evasivamente, atirando de todos os lados, então
desviou a energia para seus propulsores dianteiros.
Eles não podiam continuar atirando em naves impenetráveis. O seu pai
havia comprado aquelas naves-sonda com fundos reservados para a seca, e
tudo o que ela queria era vê-los enterrados. Abaixo, a Paxion deslizou para
o mar. A mente de Xiri disparava enquanto voava. Então pensou em Gella
lhe dizendo que ele é grande, mas você é rápida. Subestimada.
O pensamento acendeu.
— Thylefire Dois, — Xiri disse, — Kinni, respondam!
— Sim capitã?
— Você se lembra daquele movimento que você ensinou a mim e a
Segaru?
O piloto veterano riu.
— O mergulho do Kestrel ou a varredura de Oricanoa?
— O Mergulho, — disse Xiri. — Essas naves são sólidos, mas são
desajeitadas. Dano contra velocidade.
— Alto e claro, capitã. — Kinni gritou enquanto eles perseguiam e
voaram através do oceano até que a costa da cidade parecia distante, mas
antes que pudessem descer, eles tiveram que subir cada vez mais alto.
— É isso que você tinha que fazer, Rev? — Xiri perguntou. Ela
precisava ter certeza de que ele a perseguia e mantinha o ímpeto em seu
encalço. — Com muito medo de me desafiar pelo trono?
— Quando eu terminar com você e o seu pai, vou sentar naquele trono.
— A sua resposta foi um grunhido profundo. Ele ganhou dela. Um de seus
caças piscou em sua tela. O seu pulso rugiu em seus ouvidos.
O caminho para alguém como Rev Ferrol era através de seu orgulho
zeloso.
— Acho que "coragem" leva mais tempo quando o líder é você.
Ele rosnou baixo.
— Eu nunca me renderia.
— Já se rendeu, lembra? Os seus Filhos de E'ronoh sabem que você
recusou um rito?
Rev fervia.
— E que honra há em lutar contra uma traidora?
— Você disse aos seus soldados que foi você quem assassinou Jerrod
Segaru?
Quando Xiri ouviu um pequeno suspiro através do canal aberto, ela
aproveitou a sua vantagem, escalando o céu tempestuoso de Eirami cada
vez mais alto.
— Não é tarde demais para os seus pilotos. Escutem-me. Vocês podem
voltar pra casa.
Xiri empurrou o seu caça estelar cada vez mais alto, então deslizou em
um amplo arco. O seu esquadrão seguiu como a cauda de um cometa nas
suas costas. Nenhum lutador quebrou a formação, mas um dos Rev fez. A
nave de perfuração mudou de curso repentinamente, mas o enorme nave
estava se movendo rápido demais para manobrar e colidiu com uma das
outras naves de perfuração.
Rev rugiu de raiva.
— Você nunca conhecerá a paz, princesa. Juro por meu pai!
— Quando eu terminar, — prometeu Xiri, — ninguém em E'ronoh vai
se lembrar do nome Ferrol.
— Você queria uma luta até a morte, princesa? — Rev perguntou. —
Este é o seu rito.
Sorriu largamente, e sabia que o tinha. Ligou o comunicador ao seu
esquadrão.
— Esquadrão Thylefire, interrompa. Dirijam-se a Paxion e ajudem a
resgatar os sobreviventes. Eu vou lidar com o Rev. Os outros caças estelares
Eirami se viraram em uníssono, deixando Xiri sozinha, com Rev em seu
encalço.
Juntos, eles mergulharam em direção ao oceano, cada vez mais rápido, o
giro devastador da broca se aproximando do caça estelar de Xiri.
Os seus sensores piscaram que estavam perdendo altitude e descendo até
água, rápido. As naves de perfuração eram cruéis, mas pesadas,
desajeitadas, mas estava em uma nave Eirami, e elas eram construídas para
viajar debaixo d'água.
A nave de Rev oscilou erraticamente por trás dela, tentando parar
quando Rev finalmente percebeu o custo de sua raiva cega, mas era tarde
demais. Eles estavam em uma única trajetória. Xiri empurrou os seus
controles ao limite e mergulhou sob as ondas primeiro. Lembrou-se daquela
manhã nas cavernas quando Phan-tu contou a história de como foi arrastado
para o oceano, como se sentiu seguro. Poderia finalmente entender o
porquê. A primeira vez que tinha afundado, estava sozinha, presa. Phan-tu
tinha nadado para salvá-la. Desta vez, não estava sozinha. Tinha Phan-tu, os
seus pilotos, Eiram e E'ronoh, e a promessa de um futuro unidos.
Rev gritou quando a nave de perfuração caiu no mar, rasgando o leito
rochoso, dividindo a trincheira subaquática. Xiri sabia o que era estar
naquele precipício e viver. Agora voltou para a superfície e não olhou pra
trás enquanto a nave de perfuração era engolida pela escuridão mais
profunda.

Antes de Xiri liderar o seu inimigo no fundo do mar, Gella Nattai observou
o lixo espacial e pedaços de detritos da Paxion cair. Ela se partiu e se
inclinou em direção à água, mas não antes de algumas naves de perfuração
quebrarem partes do dossel. Gella teve a triste lembrança da Chanceler
Greylark dizendo que estaria na Paxion naquele dia. Não conseguia se
lembrar se manteve a sua palavra ou não.
— Mãe, — Axel sussurrou, ofegante lentamente.
— O que você achou que aconteceria, Axel?
Gella estava tão concentrada nele que não percebeu que algo atingiu a
torre até que fosse tarde demais.
O metal triturava e se deformava, atravessando direto. O teto acima
estava caindo sobre eles. Foi apenas seu controle da Força que impediu que
os dois fossem esmagados por uma placa de metal. Ela se segurou por um
fio, a teimosa vontade de mantê-los vivos.
— Gella, eu sou...
— Cale a boca e me ajude. — Seus braços tremiam com o esforço
concentrado. Cara a cara, não havia para onde ir.
Axel, talvez pela primeira vez na vida, ouviu sem fazer outra piada. Ele
se levantou, colocando tudo o que tinha para sustentar a laje de metal
acima. Foi demais. Os seus cotovelos estavam dobrados nas juntas.
— Onde estão os frascos, Axel?
Ele fechou os olhos e demorou um longo momento antes de dizer:
— Os que roubei estão nas duas primeiras torres.
— E os outros?
— Pergunte à rainha, — ele rebateu. — Eu sabia que não conseguiria
acessar os arquivos sob o palácio. Eu precisava criar caos suficiente para
chamar a atenção para o que fiz. Alimentei um holo que gravei em um canal
aberto. Todo mundo sabe o que eu fiz. — Ele lutou contra o peso do teto
caindo. Os seus olhos estavam sem foco.
— Pára com isso, — Gella latiu. Os seus braços tremiam enquanto ela
tentava manter o seu domínio através da Força. — Você não pode fingir a
sua própria morte se morrer.
Ele grunhiu e caiu de joelhos.
— Ainda estou fraco, Gella. Você não pode, eu não sei, sugar a minha
força para se tornar mais forte?
O som que ela fez foi entre um choro e uma risada.
— Depois de todo esse tempo, você realmente não entende a Força, não
é?
— Eu nunca quis entender. Não antes de você.
A lateral do telhado de Axel se inclinou, o chão gemendo como um
terrível gigante de metal. Gotas de suor escorriam pelo arco de seu nariz
com o esforço. Ele balançou a cabeça, escorregando. Ela grunhiu com o
esforço que levou para suspender o teto acima.
— Se não sobrevivermos a isso... — ele começou.
— Nós vamos sobreviver a isso, — ela corrigiu, mas parou. Não poderia
haver depois para eles. Quando eles sobrevivessem a isso, ele estaria na
prisão e ela enfrentaria o Conselho Jedi.
— Se não sobrevivermos a isso, — disse Axel, — espero que o meu
fantasma assombre o seu por toda a eternidade.
— Não acreditamos em fantasmas.
— Deixar-me, — disse ele, — apaixonar por um Jedi sem humor.
Não queria ouvir essas palavras. Não dele. Quando Axel caiu no chão,
inconsciente, Gella fechou os olhos e fez o possível para clarear a mente,
para encontrar força por meio da Força. Eu tenho toda a fé em você, ele
disse a ela antes de empurrá-la para aquele poço. Gella Nattai confiava na
Força, em si mesma. Sempre pousou em terra firme, e dessa vez não
poderia ser diferente. Lentamente, funcionou. O peso afrouxou com cada
peça sendo movida pela Força.
— A Força está comigo, — ela sussurrou, imaginando cada pedaço de
destroços que estava tentando enterrá-los vivos. — E eu sou um com a
Força.
Falou as palavras, de novo e de novo, até que ela e Axel caíram no topo
de uma pilha de escombros. As ondas eram tão altas que ela podia sentir o
borrifo das ondas.
A Paxion se foi, mas um grupo de caças estelares Eirami voltou para a
cidade, circulando acima. Ela tinha certeza de que Xiri estava liderando o
ataque.
Empurrando-se, Gella sentou-se.
— Não vai. Fica. — disse Axel, piscando para acordar. Ele esfregou a
cicatriz sobre o coração.
— Eu não posso, — ela disse, e ainda assim demorou.
Gella jogou o cabelo dele pra trás. Havia cortes finos em seu rosto
majestoso e machucado. Talvez Axel estivesse certo. Era impossível
recuperar algo depois de quebrado. As cicatrizes ainda estariam lá. Eles
serviram como memórias para que isso nunca pudesse acontecer
novamente. Ao afastar a mão e sair para buscar ajuda, Gella teve certeza de
que sempre preferiria ficar com a cicatriz.
O novo amanhecer para Eiram e E'ronoh começou no dia seguinte
ao casamento. Casar foi a parte fácil. A destruição da capital de Erasmus foi
pior do que qualquer outra durante os cinco anos da Guerra Eterna. Eles
sempre reconstruíriam. Sempre.
Agora Xiri A'lbaran e Phan-tu Zenn devem que desvendar um segredo
da galáxia, como se faz a paz permanecer?
Pra eles, começaria um com o outro e seguiria com um tratado formal,
mas à medida que o dia se alongava na sala de reuniões de Eiram, todas as
partes tinham que concordar com o local. Falou-se de vários tratados, um
em cada planeta, da mesma forma que inicialmente planejaram as
cerimônias de casamento. Xiri amava os seus desertos e Phan-tu amava os
seus oceanos, e um dia eles teriam mais do que um documento legal para
negociar. Eles teriam que reconstruir, ambos os mundos e a confiança de
seu povo. Eles teriam que decidir em qual planeta viveriam, como distribuir
a ajuda que chegava de planetas anteriormente amigos, agora amigos
novamente. Eles prometeram, um ao outro e à cúpula, que fariam isso
juntos.
— Depois de tudo o que aconteceu, — disse Xiri, — se somos um
símbolo de paz para a galáxia, então o tratado deve ser assinado fora do
nosso sistema.
Era a primeira vez naquele dia que todos concordaram.
Esse casamento, essa paz que eles haviam negociado, era uma coisa
delicada a ser cultivada como mudas crescendo em solo sólido, tão
profundo que nem mesmo as gerações futuras de Eiram ou E'ronoh
poderiam arrancá-lo.
O Chanceler Mollo ouviu a fala da princesa Xiri durante o final da
cúpula. A escolha, para Mollo, era óbvia, mas não se apressou em oferecer
a sua sugestão, a princípio. A destruição da Paxion o deixara arrasado.
Muitos de sua tripulação sobreviveram, graças aos pods de fuga, mas a
galáxia perdeu muito para Eiram e E'ronoh. Ele precisava desses mundos
para entender o custo do que poderia acontecer, caso as palavras fossem
quebradas, os tratados violados, mas estava se adiantando. Primeiro, eles
precisavam de um local e, pela primeira vez em anos, ansiava por retornar a
Coruscant.
Olhou para a Chanceler Greylark com muita simpatia, embora ela não
tivesse demonstrado nenhuma emoção quando prendeu Axel por
conspiração, assassinato e terrorismo.
As duas pessoas que não compareceram foram a rainha Adrialla e a
rainha consorte, que estavam desfrutando de um retiro na costa. Como a
rainha havia concordado em destruir todo o veneno restante e como grande
parte de Eiram havia sido devastada por um filho da República, a realeza de
Eiram não seria acusada. E, no entanto, Mollo fez uma anotação mental de
que ele e Kyong precisavam monitorar a situação, em particular o centro de
pesquisa de Eiram.
— E quanto a Coruscant? — disse o Chanceler Mollo.
O Monarca A'lbaran, previsivelmente, rejeitou a ideia.
— Não somos da República. Para que não nos esqueçamos disso.
— Existem mundos próximos, — disse Mestre Char-Ryl-Roy, — com
templos Jedi que seriam um meio-termo bem-vindo.
— E quanto a Jedha? — Gella Nattai sugeriu. A intrépida Jedi que
prendeu Axel Greylark não falou uma palavra o dia todo até aquele
momento.
O Monarca franziu os lábios novamente.
— O mundo Jedi?
— A lua de Jedha é sagrada para muitos, incluindo os Jedi, — disse
Mestre Sun. — Grande parte de nossa história está amarrada lá, sim, mas
não temos direito sobre ela.
— E já é o lar natural de muitas escolas de pensamento, — acrescentou
Gella.
Um a um, eles votaram até que fosse unânime.
Depois que Eiram e E'ronoh estabilizassem as suas casas, eles
preparariam delegações e se reuniriam na lua de Jedha.
Quando eles se separaram, o Chanceler Mollo e o que restou da
tripulação da Paxion embarcaram na Proa-Longa de Kyong, a Sol da
Aurora.
Parecia que eles não podiam fazer o primeiro salto no hiperespaço
rápido o suficiente porque estavam no meio da galáxia antes que Mollo se
instalasse. Kyong apareceu em sua porta e naturalmente o recebeu, ocupou-
se em deixar os Chanceleres confortáveis.
— Você pode levar tempo que quiser, — disse Mollo a Kyong.
Ele sabia que a mulher era estoica, mas nunca a vira fria.
— Tempo pra quê?
Ele hesitou em falar o nome de Axel Greylark. Axel Greylark. Sempre
soube que o garoto tinha ambição de destruição, mas não imaginou que isso
levaria a isso.
— Phan-tu Zenn e Gella Nattai atestam que ajudaram a salvar a vida
dele em sua jornada. Se quiser apelar para uma sentença reduzida.
Kyong se inclinou pra frente, com o seu cabelo elaborado preso em uma
coroa de tranças pretas. Os seus olhos estreitos brilharam com algo
sombrio.
— Eu vou te dizer isso uma vez e apenas uma vez. Eu sirvo a República.
— Mas por um momento, a sua máscara estoica caiu. As linhas ao redor de
seu rosto majestoso racharam e o seu lábio inferior tremeu. Ela respirou
fundo.
Eles já estavam quebrando o protocolo por estarem na mesma nave; ele
poderia muito bem dar outro passo adiante.
— Você deveria ter confiado em mim, — ele disse a ela, pressionando o
hematoma de seu filho. Era algo que ele nunca teria feito antes, mas
naquela época ele a via como infalível.
— Eu confio em você, Orlen. Ela raramente era tão informal; o seu
nome soou estranho a princípio. Então ela passou por ele. — Eu também
queria confiar em Axel. Ele sempre me mostrou quem ele é. Só não queria
ver porque é como admitir que cometi um erro que não posso consertar.
Mollo não sabia o que responder a isso. Pela primeira vez, notou o
droide QN-1 consertado de Axel, desligado, agarrado na mão de Kyong.
Antes que ele pudesse oferecer simpatia, a sua compostura voltou e ela
cheirou o chá com desgosto antes de colocá-lo na mesa sem tomar um gole.
— Talvez nós dois precisemos fazer as coisas de maneira diferente.
— Talvez, — ele concordou. Primeiro, ele iria precisar de uma nova
nave.

Gella Nattai e os Jedi permaneceram em Eiram por mais uma semana. Eles
ajudaram a iniciar a limpeza dos muitos destroços, incluindo a destruição
do cinturão de detritos no corredor do espaço.
No último dia de sua estada, Gella Nattai teve um último jantar com
amigos. Enquanto Gella, Phan-tu e Xiri nunca pronunciaram o seu nome, a
traição de Axel Greylark era um membro fantasma entre eles. Quando eles
pediram que ela se aventurasse em Jedha para o tratado de paz, Gella, que
nunca teve amigos de verdade antes, muito menos amigos que não eram
Jedi, tiveram que recusar.
— Mas a ideia foi sua! — Xiri disse sobre um prato de peixe frito
Eirami.
Gella sorriu amplamente.
— Uma boa também.
— Perdoe-me, mas você passou semanas dizendo o quanto queria ir para
lá, — Phan-tu a lembrou, parando para bebericar um copo de um barril de
vinho Alderaaneano que alguém os presenteou em seu casamento.
— Sinto que fui chamada para outro lugar, — disse ela. — Mas espero
que a minha jornada me traga de volta aqui. Eu sei que se alguém na
galáxia tem a chance de forjar algo mais forte, melhor e mais brilhante do
que antes, são vocês dois.
Eles não se despediram.
Mais tarde naquela noite, Gella meditou com o Mestre Creighton Sun
em um píer atrás do palácio. O mar havia se acalmado, o que foi uma sorte,
pois levaria mais alguns dias para reconstruir todas as três torres.
— Tenho uma notícia pra você, Gella, — Mestre Sun disse, relaxando
um pouco sua postura. Ela esperou e sentiu um nó estranho na boca do
estômago. — Antes dela partir, a Chanceler Greylark presenteou você com
a Entardecer.
— Nave de Axel? — Gella franziu a testa.
— Bem, Phan-tu não queria, e sinto que a Chanceler não quer que vá
para um dos amigos mais problemáticos de seu filho.
Foi como a Força quis.
— Falando em viagem, — Gella disse a ele, — eu gostaria de me
declarar formalmente uma Perseguidora do Caminho, e planejar o meu
retorno a Coruscant para buscar a permissão do Conselho Jedi.
Mestre Sun a observou por um longo tempo antes de exibir um raro
sorriso.
— Isso é maravilhoso, Gella. Presumo que isso signifique que você não
chegará ao cume em Jedha. Aida e eu partiremos em breve, antes das
negociações de paz.
— Eu voltarei lá eventualmente. — Ela inalou o mar e observou as
nuvens rolarem, trazendo o cheiro de petrichor das ruas da cidade.
— Por que a mudança de ideia?
Gella não tinha todas as palavras para explicar, ainda não, mas fez o
melhor que pôde.
— Enquanto eu estava em E'ronoh, senti que quanto mais aprendia, mais
entendia meu lugar na Força. Que não estou mais com pressa. Ou
simplesmente, a Força está me chamando e eu quero atender, mas não
saberei até chegar lá.
Mestre Sun gentilmente apertou o seu ombro.
— Eu ficaria honrado em apoiá-la em nome do Conselho.
— Obrigada, Mestre Sun.

Gella Nattai estava a caminho. Ouviu o chamado da Força. Tinha ouvido


isso toda a sua vida, mas agora era mais nítido. Era a canção das estrelas
traçando rotas para novos mundos. Era o suspiro de uma montanha antiga.
Era a agitação de uma mudança radical. Enquanto se sentava na cabine da
Anoitecer, se familiarizou com cada parte dela antes de sair da doca. O
computador de navegação foi programado com centenas de coordenadas, e
voou pelo espaço real por horas antes de traçar um destino. Era a galáxia
chamando-a de lar.
Axel Greylark acordou no escuro.
A cela era pequena. Uma cama estreita, um banheiro e três refeições por
dia. A barcaça prisão de segurança voou pela galáxia e não tinha ideia de
onde estava. Quando tentou bater um papo com os guardas, eles apenas
resmungaram uma resposta. Estava convencido de que os desgastaria
eventualmente.
Na maioria dos dias, passava o tempo retreinando os seus músculos para
obedecê-lo. O seu corpo se revoltava com muita frequência. Nesses dias,
sentava-se nu sob o chuveiro até a sua pele ficar vermelha e irritada.
Naqueles momentos mais baixos, se lembrava dos dias quentes no deserto
de E'ronoh, caindo pelos céus, com o veneno que queimava nas suas veias.
Ele quase pensou em implorar aos guardas para deixá-lo enviar um holo
para Phan-tu e Xiri, para a sua mãe, mas sempre se conteve.
Ninguém veio. Não por dias ou semanas. Se passaram semanas? Em um
lugar onde todas as superfícies eram do mesmo metal, o mesmo plástico
reciclado e vidro, era impossível ter noção da passagem do tempo.
Quando estava entediado, arrumava brigas. Saboreava a dor que
atravessava o seu septo quando um mamute Zygerriano quebrou o seu
nariz. Como ele uivou nas, embora raras, partidas que perdeu. E adorava
apostar em si mesmo quando os guardas se juntavam aos ringues de luta
secreta.
Depois de muito tempo sem comunicação, voltou da baia médica para
encontrar um datapad no chão de sua cela. Estava quebrado, ou melhor,
congelado, com uma única mensagem estampada nele.
— Agora você vê o que acontece de confiar em Jedi? Mas eu prometo,
não te abandonei, Meu Caos.
Axel apertou o datapad, pressionando a rachadura até que estalou e o
vidro se estilhaçou em seus polegares.
Talvez estivesse certo quando disse a Phan-tu que acabaria
administrando o lugar. Talvez fosse onde a sua mãe deveria tê-lo deixado
prosperar. Talvez lá, só pudesse se machucar, e alguns que poderiam
merecer.
Ninguém merece isso, pensou Axel, e soou estranhamente como Gella.
Tentou não pensar nela. A sua Cavaleira Jedi. Escreveu o nome dela no
mingau indistinguível que comeu como comida. Viu o rosto dela nos
padrões e texturas sutis das paredes. A condensação em sua lata de água.
Sentiu a presença dela, tarde quando as luzes estavam apagadas e tudo o
que tinha era ele mesmo e a lembrança de dançar com ela no último dia que
ele meio que considerava que poderia ser um bom homem. Fez de tudo para
provar a todos, até a si mesmo, que não era.
Tentou arrancá-la de seu coração como ela havia feito consigo, mas ela
estava presa por dentro como uma lasca em torno da qual a pele havia
crescido.
Um dia se livraria dela.
Axel Greylark esperava em sua cela, pronto para alimentar o seu caos.
STAR WARS / STAR WARS: A ALTA REPÚBLICA -
CONVERGÊNCIA
TÍTULO ORIGINAL: Star Wars / The High Republic - Convergence
COPIDESQUE: TRADUTORES DOS WHILLS
REVISÃO: TRADUTORES DOS WHILLS
DIAGRAMAÇÃO: TRADUTORES DOS WHILLS / SOYOUNG KIM
ARTE E ADAPTAÇÃO: TRADUTORES DOS WHILLS / SOYOUNG KIM, SCOTT PIEHL,
AND LEIGH ZIESKE
ILUSTRAÇÃO: TRADUTORES DOS WHILLS / YIYHOUNG LI
GERENTE EDITORIAL: TRADUTORES DOS WHILLS
DIREÇÃO EDITORIAL: TRADUTORES DOS WHILLS
ASSISTENTES EDITORIAIS: TRADUTORES DOS WHILLS

COPYRIGHT © & TM 2022 LUCASFILM LTD.


COPYRIGHT © TRADUTORES DOS WHILLS, 2023
(EDIÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA PARA O BRASIL)
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.
PROIBIDA A REPRODUÇÃO, NO TODO OU EM PARTE, ATRAVÉS DE QUAISQUER MEIOS.

STAR WARS: A ALTA REPÚBLICA - CONVERGÊNCIA É UM LIVRO DE FICÇÃO. TODOS OS PERSONAGENS,


LUGARES E ACONTECIMENTOS SÃO FICCIONAIS.
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
TDW CRB-1/000
G28c Córdova, Zoraida
Star Wars: A Alta República - Convergência [recurso eletrônico] / Zoraida Córdova; traduzido por
Tradutores dos Whills.
400 p. : 4.0 MB.
Tradução de: The High Republic - Convergence
ISBN: 978-059-335-86-58 (Ebook)
1. Literatura norte-americana. 2. Ficção científica. I. Dos Whills, Tradutores CF. II. Título.
2017.352

ÍNDICES PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO:

Literatura : Ficção Norte-Americana 813.0876


Literatura norte-americana : Ficção 821.111(73)-3

tradutoresdoswhills.wordpress.com
Minha vida como fã de Star Wars remonta a tanto tempo, nunca fui
realmente capaz de identificar o seu início. Éramos simplesmente uma
família de Star Wars. Esta história universal começou com George Lucas e
agora continua com um legado de escritores e criativos expandindo a
galáxia. É uma honra incrível fazer parte desta galáxia muito, muito
distante.
Para Mike Siglain, o destemido líder e diretor criativo da Lucasfilm
Publicações. Obrigado por sua orientação e tempo generoso com todas as
coisas de Star Wars. Obrigado aos cinco fabulosos, os Lumineers originais:
Claudia Gray, Justina Ireland, Daniel José Older, Cavan Scott e Charles
Soule. Ao restante do esquadrão da Alta República: Robert Simpson, Brett
Rector, Lindsay Knight e Jen Heddle. Isso não seria possível sem as suas
mentes brilhantes.
Ao meu editor e Mestre Jedi literário, Tom Hoeler. Você viu
completamente minha visão do Convergência e me ajudou a organizar os
meus próprios pensamentos caóticos e arcos de caráter. Ao resto da equipe
Del Rey/Random House Worlds – do editorial à produção e ao
departamento de arte, mas especialmente Lydia Estrada, Gabriella Muñoz e
Elizabeth Schaefer, e a Yiyhoung Li por dar vida a Gella na arte da capa do
Convergência.
Um enorme obrigado ao Grupo de História da Lucasfilm por seus
comentários atenciosos e soluções mundiais: Pablo Hidalgo, Matt Martin,
Kelsey Sharpe e Emily Shkoukani.
Aos meus colegas autores da Fase II: Tessa Gratton, George Mann e,
especialmente, Lydia Kang, por todas as nossas sessões por telefone e
mensagens de texto. Mal posso esperar para que todos vejam o que está
reservado para nossos Espaço Baes.
Ao longo dos anos, estive cercado por amigos que são as minhas âncoras
na tempestade editorial. Dhonielle Clayton, Adrialla Medina, Sarah
Elizabeth Younger, Natalie Horbachevsky, Natalie C. Parker, Gretchen
McNeil e Mark Oshiro. De conversas estimulantes a retiros de redação e
organização de meu calendário de aniversário de vencimento para meu
trigésimo quinto aniversário, obrigado por me lembrar de comer e beber
água e por cuidar de mim como a suculenta de alta manutenção que sou.
A Cassie e Josh, obrigado por me deixarem rascunhar parte deste livro
em seu celeiro de assassinato. A Holly e Kelly por nossas sessões de
redação e muito chá de boba.
Ao meu grupo de apoio ao autor de romances: Mia Sosa, Sabrina Sol,
Diana Muñoz Stewart, Priscilla Oliveras, Alexis Daria e Adrialla Herrera.
Como sempre, a minha família e maiores apoiadores, todos vocês sabem
quem são, mas com um agradecimento especial ao meu irmão Danilo
Córdova. Continue fazendo boa arte.
Por fim, a todos os leitores que adquiriram este livro. Desde o meu
primeiro conto, vocês me acolheram no lado literário da galáxia. Não posso
agradecer o suficiente pelo seu apoio.
Que a força esteja com vocês.
Com amor,
Zoraida
Sobre a Autora

ZORAIDA CÓRDOVA é a aclamada autora de mais de duas


dezenas de romances e contos, incluindo a série Brooklyn
Brujas, Star Wars: Galaxy's Edge: A Crash of Fate e The
Inheritance of Orquídea Divina. Além de escrever
romances, ela é coeditora da antologia best-seller Vampires
Never Get Old e coapresentadora do podcast Deadline City.
Ela escreve romances como Zoey Castile. Córdova nasceu
em Guayaquil, Equador, e chama a cidade de Nova York de
lar. Quando não está trabalhando, ela está vagando pelo
mundo em busca de histórias mágicas.

zoraidacordova.com
Star Wars: Guardiões dos Whills
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No mundo do deserto de Jedha, na Cidade Santa, os amigos Baze e


Chirrut costumavam ser Guardiões das colinas, que cuidavam do
Templo de Kyber e dos devotos peregrinos que adoravam lá. Então
o Império veio e assumiu o planeta. O templo foi destruído e as
pessoas espalhadas. Agora, Baze e Chirrut fazem o que podem
para resistir ao Império e proteger as pessoas de Jedha, mas nunca
parece ser suficiente. Então um homem chamado Saw Gerrera
chega, com uma milícia de seus próprios e grandes planos para
derrubar o Império. Parece ser a maneira perfeita para Baze e
Chirrut fazer uma diferença real e ajudar as pessoas de Jedha a
viver melhores vidas. Mas isso vai custar caro?

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STAR WARS: Episódio VIII: Os Últimos Jedi
(Movie Storybook)
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Um livro de imagens ilustrado que reconta o filme Star Wars: Os


Últimos Jedi.

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Chewie e a Garota Corajosa
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Um Wookiee é o melhor amigo de uma menina! Quando Chewbacca


conhece a jovem Zarro na Orla Exterior, ele não tem escolha a não
ser deixar de lado sua própria missão para ajudá-la a resgatar seu
pai de uma mina perigosa. Essa incrível Aventura foi baseada na
HQ do Chewbacca… (FAIXA ETÁRIA: 6 a 8 anos)

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Star Wars: Ahsoka
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Esse é o Terceiro Ebook dos Tradutores dos Whills com uma


aventura emocionante sobre uma heroína corajosa das Séries de
TV Clone Wars e Rebels: Ahsoka Tano! Os fãs há muito tempo se
perguntam o que aconteceu com Ahsoka depois que ela deixou a
Ordem Jedi perto do fim das Guerras Clônicas, e antes dela
reaparecer como a misteriosa operadora rebelde Fulcro em Rebels.
Finalmente, sua história começará a ser contada. Seguindo suas
experiências com os Jedi e a devastação da Ordem 66, Ahsoka não
tem certeza de que possa fazer parte de um todo maior de novo.
Mas seu desejo de combater os males do Império e proteger
aqueles que precisam disso e levará a Bail Organa e a Aliança
Rebelde….

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Star Wars: Kenobi Exílio
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A República foi destruída, e agora a galáxia é governada pelos


terríveis Sith. Obi-Wan Kenobi, o grande cavaleiro Jedi, perdeu
tudo… menos a esperança. Após os terríveis acontecimentos que
deram fim à República, coube ao grande mestre Jedi Obi-Wan
Kenobi manter a sanidade na missão de proteger aquele que pode
ser a última esperança da resistência ao Império. Vivendo entre
fazendeiros no remoto e desértico planeta Tatooine, nos confins da
galáxia, o que Obi-Wan mais deseja é manter-se no completo
anonimato e, para isso, evita o contato com os moradores locais. No
entanto, todos esses esforços podem ser em vão quando o “Velho
Ben”, como o cavaleiro passa a ser conhecido, se vê envolvido na
luta pela sobrevivência dos habitantes por uma Grande Seca e por
causa de um chefe do crime e do povo da areia. Se com o Novo
Cânone pudéssemos encontrar todos os materiais disponíveis aos
anos de Exílio de Obi-Wan Kenobi em um só Lugar? Após o Livro
Kenobi se tornar Legend, os fãs ficaram sem saber o que aconteceu
com o Velho Ben nesse tempo de reclusão. Então os Tradutores dos
Whills também se fizeram essa pergunta e resolveram fazer esse
trabalho de compilação dos Contos, Ebooks, Séries Animadas e
HQs, em um só Ebook Especial e Canônico para todos os Fãs!!

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Star Wars: Dookan: O Jedi Perdido
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Esse é o Quarto Ebook dos Tradutores dos Whills com uma


aventura emocionante sobre um Vilão dos Filmes e da Série de TV
Clone Wars: Conde Dookan! Mergulhe na história do sinistro Conde
Dookan no roteiro original da emocionante produção de áudio de
Star Wars! Darth Tyranus. Conde de Serenno. Líder dos
Separatistas. Um sabre vermelho, desembainhado no escuro. Mas
quem era ele antes de se tornar a mão direita dos Sith? Quando
Dookan corteja uma nova aprendiz, a verdade oculta do passado do
Lorde Sith começa a aparecer. A vida de Dookan começou como um
privilégio, nascido dentro das muralhas pedregosas da propriedade
de sua família. Mas logo, suas habilidades Jedi são reconhecidas, e
ele é levado de sua casa para ser treinado nos caminhos da Força
pelo lendário Mestre Yoda. Enquanto ele afia seu poder, Dookan
sobe na hierarquia, fazendo amizade com Jedi Sifo-Dyas e levando
um Padawan, o promissor Qui-Gon Jinn, e tenta esquecer a vida
que ele levou uma vez. Mas ele se vê atraído por um estranho
fascínio pela mestra Jedi Lene Kostana, e pela missão que ela
empreende para a Ordem: encontrar e estudar relíquias antigas dos
Sith, em preparação para o eventual retorno dos inimigos mais
mortais que os Jedi já enfrentaram. Preso entre o mundo dos Jedi,
as responsabilidades antigas de sua casa perdida e o poder sedutor
das relíquias, Dookan luta para permanecer na luz, mesmo quando
começa a cair na escuridão.

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Star Wars: Discípulo Sombrio
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Esse é o Quinto Ebook dos Tradutores dos Whills com uma


aventura emocionante sobre um Vilões e Heróis dos Filmes e da
Série de TV Clone Wars! Baseado em episódios não produzidos de
Star Wars: The Clone Wars, este novo romance apresenta Asajj
Ventress, a ex-aprendiz Sith que se tornou um caçadora de
recompensas e uma das maiores anti-heróis da galáxia de Star
Wars. Na guerra pelo controle da galáxia entre os exércitos do lado
negro e da República, o ex-Mestre Jedi se tornou cruel. O Lorde Sith
Conde Dookan se tornou cada vez mais brutal em suas táticas.
Apesar dos poderes dos Jedi e das proezas militares de seu
exército de clones, o grande número de mortes está cobrando um
preço terrível. E quando Dookan ordena o massacre de uma flotilha
de refugiados indefesos, o Conselho Jedi sente que não tem
escolha a não ser tomar medidas drásticas: atacar o homem
responsável por tantas atrocidades de guerra, o próprio Conde
Dookan. Mas o Dookan sempre evasivo é uma presa perigosa para
o caçador mais hábil. Portanto, o Conselho toma a decisão ousada
de trazer tanto os lados do poder da Força de suportar, juntar o
ousado Cavaleiro Quinlan Vos com a infame acólita Sith Asajj
Ventress. Embora a desconfiança dos Jedi pela astuta assassina
que uma vez serviu ao lado de Dookan ainda seja profunda, o ódio
de Ventress por seu antigo mestre é mais profundo. Ela está mais
do que disposta a emprestar seus copiosos talentos como caçadora
de recompensas, e assassina, na busca de Vos.Juntos, Ventress e
Vos são as melhores esperanças para eliminar a Dookan, desde
que os sentimentos emergentes entre eles não comprometam a sua
missão. Mas Ventress está determinada a ter sua vingança e,
finalmente, deixar de lado seu passado sombrio de Sith.
Equilibrando as emoções complicadas que sente por Vos com a
fúria de seu espírito guerreiro, ela resolve reivindicar a vitória em
todas as frentes, uma promessa que será impiedosamente testada
por seu inimigo mortal… e sua própria dúvida.

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Star Wars: Episódio IX: A Ascensão do Skywalker:
Edição Expandida

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Leia o épico capítulo final da saga Skywalker com a novelização


oficial de Star Wars: A Ascensão Skywalker, incluindo cenas
ampliadas e conteúdo adicional não visto nos cinemas! A
Resistência renasceu. Mas, embora Rey e seus companheiros
heróis estejam de volta à luta, a guerra contra a Primeira Ordem,
agora liderada pelo líder supremo Kylo Ren, está longe de terminar.
Assim como a faísca da rebelião está reacendendo, um sinal
misterioso é transmitido por toda a galáxia, com uma mensagem
assustadora: o Imperador Palpatine, há muito pensado derrotado e
destruído, está de volta dos mortos. O antigo Senhor dos Sith
realmente voltou? Kylo Ren corta uma faixa de destruição pelas
estrelas, determinado a descobrir qualquer desafio ao seu controle
sobre a Primeira Ordem e seu destino para governar a galáxia – e
esmagá-la completamente. Enquanto isso, para descobrir a
verdade, Rey, Finn, Poe e a Resistência devem embarcar na
aventura mais perigosa que já enfrentaram. Apresentando cenas
totalmente novas, adaptadas de material nunca visto, cenas
excluídas e informações dos cineastas, a história que começou em
Star Wars: O Despertar da Força e continuou em Star Wars: Os
Últimos Jedi chega a uma conclusão surpreendente.

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Star Wars: Os Segredos Dos Jedi

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Descubra o mundo dos Jedi de Star Wars através desta experiência


de leitura divertida e totalmente interativa. Star Wars: Jediografia é o
melhor guia do universo Jedi para o universo dos Jedi,
transportando jovens leitores para uma galáxia muito distante,
através de recursos interativos, fatos fascinantes e ideias cativantes.
Com ilustrações originais emocionantes e incríveis recursos
especiais, como elevar as abas, texturas e muito mais, Star Wars:
Jediografia garante a emoção das legiões de jovens fãs da saga.

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Star Wars:Thrawn: Alianças

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Palavras sinistras em qualquer circunstância, mas ainda mais


quando proferidas pelo Imperador Palpatine. Em Batuu, nos limites
das Regiões Desconhecidas, uma ameaça ao Império está se
enraizando. Com a sua existência pouco mais que um vislumbre, as
suas consequências ainda desconhecidas. Mas é preocupante o
suficiente para o líder imperial justificar a investigação de seus
agentes mais poderosos: o impiedoso agente Lorde Darth Vader e o
brilhante estrategista grão almirante Thrawn. Rivais ferozes a favor
do Imperador e adversários francos nos assuntos imperiais,
incluindo o projeto Estrela da Morte, o par formidável parece
parceiros improváveis para uma missão tão crucial. Mas o
Imperador sabe que não é a primeira vez que Vader e Thrawn
juntam forças. E há mais por trás de seu comando real do que
qualquer um dos suspeitos. No que parece uma vida atrás, o
general Anakin Skywalker da República Galáctica e o comandante
Mitth’raw’nuruodo, oficial da Ascensão do Chiss, cruzaram o
caminho pela primeira vez. Um em uma busca pessoal
desesperada, o outro com motivos desconhecidos... e não
divulgados. Mas, diante de uma série de perigos em um mundo
longínquo, eles forjaram uma aliança desconfortável, — nem
remotamente cientes do que seus futuros reservavam. Agora,
reunidos mais uma vez, eles se veem novamente ligados ao planeta
onde lutaram lado a lado. Lá eles serão duplamente desafiados, —
por uma prova de sua lealdade ao Império... e um inimigo que
ameaça até seu poder combinado.

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Star Wars: Legado da Força: Traição

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Esta é a era do legado de Luke Skywalker: o Mestre Jedi unificou a


Ordem em um grupo coeso de poderosos Cavaleiros Jedi. Mas
enquanto a nova era começa, os interesses planetários ameaçam
atrapalhar esse momento de relativa paz, e Luke é atormentado
com visões de uma escuridão que se aproxima. O mal está
ressurgindo “das melhores intenções” e parece que o legado dos
Skywalkers pode dar um ciclo completo.A honra e o dever colidirão
com a amizade e os laços de sangue, à medida que os Skywalker e
o clã Solo se encontrarem em lados opostos de um conflito
explosivo com repercussões potencialmente devastadoras para
ambas as famílias, para a ordem Jedi e para toda a galáxia. Quando
uma missão para descobrir uma fábrica ilegal de mísseis no planeta
Aduman termina em uma emboscada violenta, da qual a Cavaleira
Jedi Jacen Solo e o seu protegido e primo, Ben Skywalker, escapam
por pouco com as suas vidas; é a evidência mais alarmante ainda
que desencadeia uma discussão política. A agitação está
ameaçando inflamar-se em total Rebelião. Os governos de vários
mundos estão se irritando com os rígidos regulamentos da Aliança
Galáctica, e os esforços diplomáticos para garantir o cumprimento
estão falhando. Temendo o pior, a Aliança prepara uma
demonstração preventiva de poder militar, numa tentativa de trazer
os mundos renegados para a frente antes que uma revolta entre em
erupção. O alvo modelado para esse exercício: o planeta Corellia,
conhecido pela independência impetuosa e pelo espírito renegado
que fizeram de seu filho favorito, Han Solo, uma lenda. Algo como
um trapaceiro, Jacen é, no entanto, obrigado como Jedi a ficar com
seu tio, o Mestre Jedi Luke Skywalkers, ao lado da Aliança
Galáctica. Mas quando os Corellianos de guerra lançam um contra-
ataque, a demonstração de força da Aliança, e uma missão secreta
para desativar a crucial Estação Central de Corellia; dão lugar a
uma escaramuça armada. Quando a fumaça baixa, as linhas de
batalha são traçadas. Agora, o espectro da guerra em grande escala
aparece entre um grupo crescente de planetas desafiadores e a
Aliança Galáctica, que alguns temem estar se tornando um novo
Império. E, enquanto os dois lados lutam para encontrar uma
solução diplomática, atos misteriosos de traição e sabotagem
ameaçam condenar os esforços de paz a todo momento.
Determinado a erradicar os que estão por trás do caos, Jacen segue
uma trilha de pistas enigmáticas para um encontro sombrio com as
mais chocantes revelações… enquanto Luke se depara com algo
ainda mais preocupante: visões de sonho de uma figura sombria
cujo poder da Força e crueldade lembram a ele de Darth Vader, um
inimigo letal que ataca como um espírito sombrio em uma missão de
destruição. Um agente do mal que, se as visões de Luke
acontecerem, trará uma dor incalculável ao Mestre Jedi e a toda a
galáxia.

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Star Wars: Battlefront II: Esquadrão Inferno

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Após o humilhante roubo dos planos da Estrela da Morte e a


destruição da estação de batalha, o Império está na defensiva. Mas
não por muito. Em retaliação, os soldados imperiais de elite do
Esquadrão Inferno foram chamados para a missão crucial de se
infiltrar e eliminar os guerrilheiros, a facção rebelde que já foi
liderada pelo famoso lutador pela liberdade da República, Saw
Gerrera. Após a morte de seu líder, os guerrilheiros continuaram seu
legado extremista, determinados a frustrar o Império, não importa o
custo. Agora o Esquadrão Inferno deve provar seu status como o
melhor dos melhores e derrubar os Partisans de dentro. Mas a
crescente ameaça de serem descobertos no meio de seu inimigo
transforma uma operação já perigosa em um teste ácido de fazer ou
morrer que eles não ousam falhar. Para proteger e preservar o
Império, até onde irá o Esquadrão Inferno. . . e quão longe deles?

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Star Wars: Catalisador: Um Romance de Rogue One

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A guerra está destruindo a galáxia. Durante anos, a República e os


Separatistas lutaram entre as estrelas, cada um construindo uma
tecnologia cada vez mais mortal na tentativa de vencer a guerra.
Como membro do projeto secreto da Estrela da Morte do Chanceler
Palpatine, Orson Krennic está determinado a desenvolver uma
super arma antes que os inimigos da República possam. E um velho
amigo de Krennic, o brilhante cientista Galen Erso, poderia ser a
chave para a tentativa de vencer a guerra. Como membro do projeto
secreto da Estrela da Morte do Chanceler Palpatine, Orson Krennic
está determinado a desenvolver uma super arma antes que os
inimigos da República possam. E um velho amigo de Krennic, o
brilhante cientista Galen Erso, poderia ser a chave. A pesquisa
focada na energia de Galen chamou a atenção de Krennic e de seus
inimigos, tornando o cientista um peão crucial no conflito galáctico.
Mas depois que Krennic resgata Galen, sua esposa, Lyra, e sua
filha Jyn, de sequestradores separatistas, a família Erso está
profundamente em dívida com Krennic. Krennic então oferece a
Galen uma oportunidade extraordinária: continuar seus estudos
científicos com todos os recursos totalmente à sua disposição.
Enquanto Galen e Lyra acreditam que sua pesquisa energética será
usada puramente de maneiras altruístas, Krennic tem outros planos
que finalmente tornarão a Estrela da Morte uma realidade. Presos
no aperto cada vez maior de seus benfeitores, os Ersos precisam
desembaraçar a teia de decepção de Krennic para salvar a si
mesmos e à própria galáxia.

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Star Wars: Ascensão Rebelde

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Quando Jyn Erso tinha cinco anos, sua mãe foi assassinada e seu
pai foi tirado dela para servir ao Império. Mas, apesar da perda de
seus pais, ela não está completamente sozinha, — Saw Gerrera, um
homem disposto a ir a todos os extremos necessários para resistir à
tirania imperial, acolhe-a como sua e dá a ela não apenas um lar,
mas todas as habilidades e os recursos de que ela precisa para se
tornar uma rebelde.Jyn se dedica à causa e ao homem. Mas lutar ao
lado de Saw e seu povo traz consigo o perigo e a questão de quão
longe Jyn está disposta a ir como um dos soldados de Saw. Quando
ela enfrenta uma traição impensável que destrói seu mundo, Jyn
terá que se recompor e descobrir no que ela realmente acredita… e
em quem ela pode realmente confiar.

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Star Wars: A Alta República: A Luz dos Jedi

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Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo


da Ameaça Fantasma . . . Os Jedi iluminaram o caminho para a
galáxia na Alta República. É uma era de ouro. Os intrépidos
batedores do hiperespaço expandem o alcance da República para
as estrelas mais distantes, mundos prosperam sob a liderança
benevolente do Senado e a paz reina, reforçada pela sabedoria e
força da renomada ordem de usuários da Força conhecidos como
Jedi. Com os Jedi no auge de seu poder, os cidadãos livres da
galáxia estão confiantes em sua habilidade de resistir a qualquer
tempestade. Mas mesmo a luz mais brilhante pode lançar uma
sombra, e algumas tempestades desafiam qualquer preparação.
Quando uma catástrofe chocante no hiperespaço despedaça uma
nave, a enxurrada de estilhaços que emergem do desastre ameaça
todo o sistema. Assim que o pedido de ajuda sai, os Jedi correm
para o local. O escopo do surgimento, no entanto, é o suficiente
para levar até os Jedi ao seu limite. Enquanto o céu se abre e a
destruição cai sobre a aliança pacífica que ajudaram a construir, os
Jedi devem confiar na Força para vê-los em um dia em que um
único erro pode custar bilhões de vidas. Mesmo enquanto os Jedi
lutam bravamente contra a calamidade, algo verdadeiramente
mortal cresce além dos limites da República. O desastre do
hiperespaço é muito mais sinistro do que os Jedi poderiam
suspeitar. Uma ameaça se esconde na escuridão, longe da era da
luz, e guarda um segredo.

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Star Wars: A Alta República: O Grande Resgate Jedi

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Conheça os nobres e sábios Jedi da Alta República!Quando um


desastre acontece no hiperespaço, colocando o povo de Hetzal
Prime em grave perigo, apenas os Jedi da Alta República podem
salvar o dia! Esse ebook é a forma mais incrível de introduzir as
crianças nessa nova Era da Alta República, pois reconta a história
do Ebook Luz dos Jedi de forma simples e didática para as crianças.
(FAIXA ETÁRIA: 5 a 8 anos)

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Star Wars: A Alta República: Na Escuridão

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Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo


da Ameaça Fantasma... Os Jedi iluminaram o caminho para a
galáxia na Alta República. Padawan Reath Silas está sendo enviado
da cosmopolita capital galáctica de Coruscant para a fronteira
subdesenvolvida, e ele não poderia estar menos feliz com isso. Ele
prefere ficar no Templo Jedi, estudando os arquivos. Mas quando a
nave em que ele está viajando é arrancada do hiperespaço em um
desastre que abrange toda a galáxia, Reath se encontra no centro
da ação. Os Jedi e seus companheiros de viagem encontram refúgio
no que parece ser uma estação espacial abandonada. Mas então
coisas estranhas começaram a acontecer, levando os Jedi a
investigar a verdade por trás da estação misteriosa, uma verdade
que pode terminar em tragédia...

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Star Wars: A Alta República: Um Teste de Coragem

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Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo


da Ameaça Fantasma... Vernestra Rwoh é mais nova Cavaleira Jedi
com dezesseis anos, mas a sua primeira missão de verdade parece
muito com ser babá. Ela foi encarregada de supervisionar a
aspirante a inventora Avon Starros, de 12 anos, em um cruzador
rumo à inauguração de uma nova estação espacial maravilhosa
chamada Farol Estelar. Mas logo em sua jornada, bombas explodem
a bordo do cruzador. Enquanto o Jedi adulto tenta salvar a nave,
Vernestra, Avon, o droide J-6 de Avon, um Padawan Jedi e o filho
de um embaixador conseguem chegar a uma nave de fuga, mas as
comunicações acabam e os suprimentos são poucos. Eles decidem
pousar em uma lua próxima, que oferece abrigo, mas não muito
mais. E sem o conhecimento deles, o perigo se esconde na selva…

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Star Wars: A Alta República: Corrida para Torre
Crashpoint

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Outra história emocionante da série mais vendida do New York


Times! A Feira da República está chegando! Visitantes de toda a
galáxia estão viajando para o planeta Valo para um festival enorme
e inspirador que celebra a República. Enquanto os seus
companheiros Valons se preparam para a feira, o Padawan Jedi
Ram Jomaram está se escondendo em seu lugar favorito: uma
garagem suja cheia de peças mecânicas e ferramentas. Mas
quando um alarme de segurança dispara no topo de uma colina
próxima, apelidado de Pico Crashpoint, ele se aventura com o seu
confiável droide V-18 para investigar. Lá, ele descobre que alguém
derrubou a torre de comunicações de Valo, um sinal assustador de
que Valo e a Feira da República estão em perigo. Com certeza,
enquanto Ram corre para avisar os Jedi, os temidos Nihil
desencadeiam um ataque surpresa! Cabe a Ram enfrentar o inimigo
na Torre Crashpoint e enviar um pedido de ajuda à República.
Felizmente, ele está prestes a receber ajuda de novos amigos
inesperados… Não perca todas as aventuras de Star Wars: A Alta
República! (Material indicado para crianças a partir de 8 – 12 anos)

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Star Wars: Velha República: Enganados

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“Nossa hora chegou. Durante trezentos anos nos preparamos;


ficamos mais fortes enquanto você descansava em seu berço de
poder... Agora sua República cairá.”Um guerreiro Sith para rivalizar
com o mais sinistro dos Lordes Sombrios da Ordem, Darth Malgus
derrubou o Templo Jedi em Coruscant em um ataque brutal que
chocou a galáxia. Mas se a guerra o coroasse como o mais sombrio
dos heróis Sith, a paz o transformará em algo muito mais hediondo,
algo que Malgus nunca gostaria de ser, mas não pode parar de se
tornar, assim como ele não pode impedir a Jedi desobediente de se
aproximar rapidamente. O nome dela é Aryn Leneer - e o único
Cavaleiro Jedi que Malgus matou na batalha feroz pelo Templo Jedi
era seu Mestre. Agora ela vai descobrir o que aconteceu com ele,
mesmo que isso signifique quebrar todas as regras da Ordem.

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Star Wars: Thrawn: Traição

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Essa foi a promessa que o Grão Almirante Thrawn fez ao Imperador


Palpatine em seu primeiro encontro. Desde então, Thrawn tem sido
um dos instrumentos mais eficazes do Império, perseguindo os seus
inimigos até os limites da galáxia conhecida. Mas por mais que
Thrawn tenha se tornado uma arma afiada, o Imperador sonha com
algo muito mais destrutivo. Agora, enquanto o programa TIE
Defender de Thrawn é interrompido em favor do projeto
ultrassecreto conhecido apenas como Estrelinha, do Diretor Krennic,
ele percebe que o equilíbrio de poder no Império é medido por mais
do que apenas perspicácia militar ou eficiência tática. Mesmo o
maior intelecto dificilmente pode competir com o poder de aniquilar
planetas inteiros. Enquanto Thrawn trabalha para garantir o seu
lugar na hierarquia Imperial, seu ex-protegido Eli Vanto retorna com
um terrível aviso sobre o mundo natal de Thrawn. O domínio da
estratégia de Thrawn deve guiá-lo através de uma escolha
impossível: dever para com a Ascendência Chiss ou a fidelidade
para com o Império que ele jurou servir. Mesmo que a escolha certa
signifique cometer traição.

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Star Wars: Mestre e Aprendiz

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Um Jedi deve ser um guerreiro destemido, um guardião da justiça e


um erudito nos caminhos da Força. Mas talvez o dever mais
essencial de um Jedi seja transmitir o que aprenderam. Mestre Yoda
treinou Dookan o qual treinou Qui-Gon Jinn; e agora Qui-Gon tem
um Padawan próprio. Mas enquanto Qui-Gon enfrentou todos os
tipos de ameaças e perigos como um Jedi, nada o assustou tanto
quanto a ideia de falhar com seu aprendiz. Obi-Wan Kenobi tem
profundo respeito por seu Mestre, mas luta para entendê-lo. Por que
Qui-Gon deve tantas vezes desconsiderar as leis que obrigam os
Jedi? Por que Qui-Gon é atraído por antigas profecias Jedi em vez
de preocupações mais práticas? E por que Obi-Wan não disse que
Qui-Gon está considerando um convite para se juntar ao Conselho
Jedi - sabendo que isso significaria o fim de sua parceria? A
resposta simples o assusta: Obi-Wan falhou com seu Mestre.
Quando Jedi Rael Aveross, outro ex-aluno de Dookan, solicita sua
ajuda em uma disputa política, Jinn e Kenobi viajam para a Corte
Real de Pijal para o que pode ser sua missão final juntos. O que
deveria ser uma tarefa simples rapidamente se torna obscurecido
por engano e por visões de desastre violento que tomam conta da
mente de Qui-Gon. Conforme a fé de Qui-Gon na profecia cresce, a
fé de Obi-Wan nele é testada - assim como surge uma ameaça que
exigirá que o Mestre e o Aprendiz se unam como nunca antes, ou se
dividam para sempre.

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Star Wars: Legado da Força: Linhagens de Sangue

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Uma nova era de aventuras emocionantes e revelações chocantes


continua a se desenrolar, à medida que a lendária saga Star Wars
avança em um novo território surpreendente. A guerra civil se
aproxima enquanto a incipiente Aliança Galáctica enfrenta um
número crescente de mundos rebeldes... e a guerra que se
aproxima está separando as famílias Skywalker e Solo. Han e Leia
retornam ao mundo natal de Han, Corellia, o coração da resistência.
Os seus filhos, Jacen e Jaina, são soldados na campanha da
Aliança Galáctica para esmagar os insurgentes. Jacen, agora um
mestre completo da Força, tem os seus próprios planos para trazer
ordem à galáxia. Guiado por sua mentora Sith, Lumiya, e com o filho
de Luke, Ben, ao seu lado, Jacen embarca no mesmo caminho que
o seu avô Darth Vader fez uma vez. E enquanto Han e Leia
assistem o seu único filho homem se tornar um estranho, um
assassino secreto emaranha o casal com um nome temido do
passado de Han: Boba Fett. Na nova ordem galáctica, amigos e
inimigos não são mais o que parecem...

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Star Wars: A Sombra da Rainha

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Quando Padmé Naberrie, Rainha Amidala de Naboo, deixa sua


posição, ela é convidada pela rainha recém-eleita para se tornar a
representante de Naboo no Senado Galáctico. Padmé não tem
certeza sobre assumir a nova função, mas não pode recusar o
pedido para servir seu povo. Junto com suas servas mais leais,
Padmé deve descobrir como navegar nas águas traiçoeiras da
política e forjar uma nova identidade além da sombra da rainha.

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Star Wars: Amanhecer dos Jedi - No vazio

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No planeta Tython, a antiga ordem Je'daii foi fundada. E aos pés de


seus sábios Mestres, Lanoree Brock aprendeu os mistérios e
métodos da Força, e encontrou seu chamado como um de seus
discípulos mais poderosos. Mas tão fortemente quanto a Força fluiu
dentro de Lanoree e seus pais, ela permaneceu ausente em seu
irmão, que passou a desprezar e evitar os Je'daii, e cujo
treinamento em seus métodos antigos terminou em tragédia. Agora,
de sua vida solitária como um Patrulheira mantendo a ordem em
toda a galáxia, Lanoree foi convocada pelo Conselho Je'daii em
uma questão de extrema urgência. O líder de um culto fanático,
obcecado em viajar além dos limites do espaço conhecido, está
empenhado em abrir um portal cósmico usando a temida matéria
escura como chave - arriscando uma reação cataclísmica que
consumirá todo o sistema estelar. Porém, mais chocante para
Lanoree do que até mesmo a perspectiva de aniquilação galáctica
total, é a decisão de seus Mestres Je'daii de incumbi-la da missão
de evitá-la. Até que uma revelação surpreendente deixa claro por
que ela foi escolhida: o louco brilhante e perigoso que ela deve
rastrear e parar a qualquer custo é o irmão cuja morte ela lamentou
por muito tempo, e cuja vida ela deve temer agora.

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Star Wars: Thrawn: ASCENDÊNCIA (Livro I – Caos
Crescente)

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Além do limite da galáxia estão as Regiões Desconhecidas:


caóticas, desconhecidas e quase intransitáveis, com segredos
ocultos e perigos em igual medida. E aninhada em seu caos
turbulento está a Ascendência, lar dos enigmáticos Chiss e das
Nove Famílias Regentes que as lideram. A paz da Ascensão, um
farol de calma e estabilidade, é destruída após um ousado ataque à
capital de Chiss que não deixa vestígios do inimigo. Perplexo, a
Ascendência despacha um de seus jovens oficiais militares para
erradicar os agressores invisíveis. Um recruta nascido sem título,
mas adotado na poderosa família de Mitth e que recebeu o nome de
Thrawn. Com o poder da Frota Expansionista em suas costas e a
ajuda de sua camarada Almirante Ar’alani, as respostas começam a
se encaixar. Mas conforme o primeiro comando de Thrawn investiga
mais profundamente a vasta extensão do espaço que seu povo
chama de Caos, ele percebe que a missão que lhe foi dada não é o
que parece.

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Star Wars: A Alta República - Tormenta Crescente

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Os heróis da era da Alta República retornam para enfrentar uma paz


destruída e um inimigo terrível, após os eventos dramáticos de Luz
dos Jedi. Na esteira do desastre do hiperespaço e do heroísmo dos
Jedi, a República continua a crescer, reunindo mais mundos sob
uma única bandeira unificada. Sob a liderança da Chanceler Lina
Soh, o espírito de unidade se estende por toda a galáxia, com os
Jedi e a estação Farol Luz Estelar recentemente estabelecida na
vanguarda. Em comemoração, a chanceler planeja a Feira da
República, será uma vitrine das possibilidades e da paz da
República em expansão, uma paz que os Jedi esperam promover.
Stellan Gios, Bell Zettifar, Elzar Mann e outros se juntam ao evento
como embaixadores da harmonia. Mas à medida que os olhos da
galáxia se voltam para a feira, o mesmo ocorre com a fúria dos Nihil.
O seu líder, Marchion Ro, pretende destruir essa unidade. Sua
Tempestade desce sobre a pompa e a celebração, semeando o
caos e exigindo vingança.

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Star Wars: Velha República – Aniquilação

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O Império Sith está em fluxo. O imperador está desaparecido, dado


como morto, e a tentativa de um ambicioso lorde Sith de tomar o
trono terminou fatalmente. Ainda assim, Darth Karrid, comandante
do temível cruzador de batalha Imperial Lança Ascendente, continua
seus esforços incansáveis para alcançar o domínio Sith total da
galáxia. Mas a determinação implacável de Karrid é mais do que
compatível com a determinação de aço de Theron Shan, cujos
negócios inacabados com o Império podem mudar o curso da
guerra para sempre. Embora filho de uma mestra Jedi, Theron não
exerce a Força... mas, como a sua renomada mãe, o espírito de
rebelião está em seu sangue. Como um importante agente secreto
da República, ele desferiu um golpe crucial contra o Império ao
expor e destruir um arsenal de super arma Sith, o que o torna o
agente ideal para uma missão ousada e perigosa para acabar com o
reinado de terror da Lança Ascendente. Juntamente com a
contrabandista Teff'ith, com quem ele tem uma ligação inexplicável,
e o sábio guerreiro Jedi Gnost-Dural, ex-mestre de Darth Karrid,
Theron deve combinar inteligência e armas com uma tripulação
testada em batalha da escuridão mais fria discípulos secundários.
Mas o tempo é brutalmente curto. E se eles não aproveitarem sua
única chance de sucesso, certamente terão inúmeras oportunidades
de morrer.

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Star Wars – The Clone Wars – Histórias de Luz e
Escuridão

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Um confronto épico entre as forças da luz e das trevas, entre a


República Galáctica e os Separatistas, entre bravos heróis e vilões
brilhantes – o destino da galáxia está em jogo na série de animação
ganhadora do Emmy Award, Star Wars: The Clone Wars. Nesta
emocionante antologia, onze autores que também são fãs da série
trazem histórias de seu programa favorito para a vida. Reunidos
aqui estão momentos memoráveis e aventuras impressionantes, de
tentativas de assassinato a generosidades roubadas, de lições
aprendidas a amores perdidos. Todos os seus personagens
favoritos de The Clone Wars estão aqui: Anakin Skywalker, Yoda,
Obi-Wan Kenobi, Ahsoka Tano, Capitão Rex, Darth Maul, Conde
Dookan e muito mais!

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Star Wars – Tribo Perdida dos Sith: Coletânea de
Histórias

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Finalmente, em um volume único, as oito partes originais da épica


série de e-books Tribo perdida dos Sith… junto com o final explosivo
e nunca antes publicado, Pandemônio, com mais de cem páginas
de novo material! Cinco mil anos atrás. Após uma emboscada Jedi,
a nave mineira Sith Presságio está destruída em um planeta
desconhecido e remoto. Seu comandante, Yaru Korsin, luta contra o
derramamento de sangue de uma facção amotinada liderada por
seu próprio irmão. Encalhados e enfrentando a morte, a tripulação
Sith não tem escolha a não ser se aventurar em seus arredores
desolados. Eles enfrentam inúmeros desafios brutais, predadores
cruéis, pragas letais, tribos que adoram deuses vingativos… e,
como verdadeiros guerreiros Sith, enfrentam-nos com o lado
sombrio da Força. As lutas só estão começando para os orgulhosos
e intransigentes Sith, dirigidos como estão para governar a todo
custo. Eles vencerão os nativos primitivos e encontrarão o caminho
de volta ao seu verdadeiro destino como governantes da galáxia.
Mas à medida que o seu legado cresce ao longo de milhares de
anos, os Sith acabam sendo testados pela ameaça mais perigosa
de todas: o inimigo interno.

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Star Wars – Esquadrão Alfabeto

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O Imperador está morto. A Rebelião é vitoriosa. No rescaldo, Yrica


Quell é apenas um dos milhares de desertores imperiais que vivem
em uma favela de desertores. Incerta sobre o seu lugar na
República contra a qual ela lutou uma vez, ela começou a perder
qualquer esperança de redenção, até que ela seja selecionada para
se juntar ao Esquadrão do Alfabeto. Formados por uma variedade
eclética de pilotos e caças, os cinco membros da Alfabeto são
encarregados pela própria general da Nova República, Hera
Syndulla. A missão deles: rastrear e destruir o misterioso Shadow
Wing, uma força letal de TIE fighters exigindo uma vingança
sangrenta e impiedosa no crepúsculo de seu reinado. Mas passar
de rebeldes menos favorecidos a heróis célebres não é tão fácil
quanto parece. Os rebeldes guerreiros do Esquadrão Alfabeto terão
que aprender a voar juntos para proteger a nova era de paz que
lutaram tanto para conquistar.

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Star Wars - Comandos da República - Contato Hostil

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Enquanto a Guerra dos Clones se enfurece, a vitória ou a derrota


estão nas mãos de esquadrões de elite que assumem as tarefas
mais difíceis na galáxia, soldados frios que vão aonde ninguém mais
iria, para fazer o que ninguém mais poderia... Em uma missão para
sabotar uma instalação de pesquisa de armas químicas em um
planeta controlado pelos Separatistas, quatro soldados clones
operam sob o nariz de seus inimigos. Os comandos estão em menor
número e com menos armas, bem atrás das linhas inimigas, sem
apoio, e trabalhando com estranhos em vez de companheiros de
equipe de confiança. As coisas não melhoram quando Darman, o
especialista em demolições do esquadrão, se separa dos outros
durante a queda do planeta. Mesmo a aparente boa sorte de
Darman em encontrar uma Padawan inexperiente desaparece
quando Etain admite a sua terrível inexperiência. Para os comandos
clones divididos e o Jedi preso, uma longa e perigosa jornada está à
frente, através de um território hostil repleto de escravos
Trandoshanos, Separatistas e nativos suspeitos. Um único passo
em falso pode significar descoberta... e morte. É uma missão suicida
virtual para qualquer um, exceto para os Comandos da República.

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Star Wars - Alta República - Confronto na Feira

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Muito antes das Guerras Clônicas, do Império ou da Primeira


Ordem, os Jedi iluminaram o caminho para a galáxia em uma era
dourada conhecida como Alta República! Este emocionante livro de
histórias colorido traz à vida um confronto épico entre os Cavaleiros
Jedi e seus misteriosos inimigos, os Nihil. Burryaga, o Wookiee
Padawan e seus companheiros Jedi devem salvar o dia! Esse ebook
é a forma mais incrível de introduzir as crianças nessa nova Era da
Alta República, pois reconta a história do Ebook Tormenta
Crescente do ponto de vista do Padawan Jedi Burryaga, que conta
de forma simples e didática para as crianças. (FAIXA ETÁRIA: 6 a 8
anos)

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Star Wars – A Alta República – Fora das Sombras

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Sylvestri Yarrow vive uma maré de azar sem fim. Ela tem feito o
possível para manter o negócio de carga da família em
funcionamento após a morte de sua mãe, mas entre o aumento das
dívidas e o aumento dos ataques dos Nihil a naves desavisados, Syl
corre o risco de perder tudo o que resta de sua mãe. Ela segue para
a capital galáctica de Coruscant em busca de ajuda, mas é desviada
quando é arrastada para uma disputa entre duas das famílias mais
poderosas da República por um pedaço do espaço na fronteira.
Emaranhada na política familiar é o último lugar que Syl quer estar,
mas a promessa de uma grande recompensa é o suficiente para
mantê-la interessada... Enquanto isso, o Cavaleiro Jedi Vernestra
Rwoh foi convocada para Coruscant, mas sem nenhuma ideia do
porquê ou por quem. Ela e seu Padawan Imri Cantaros chegam à
capital junto com o Mestre Jedi Cohmac Vitus e seu Padawan,
Reath Silas, e são convidados a ajudar na disputa de propriedade
na fronteira. Mas por que? O que há de tão importante em um
pedaço de espaço vazio? A resposta levará Vernestra a uma nova
compreensão de suas habilidades e levará Syl de volta ao
passado... e às verdades que finalmente surgirão das sombras.

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Star Wars - A Alta República - A Estrela Cadente

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Uma e outra vez, os invasores viciosos conhecidos como Nihil


tentaram trazer a era de ouro da Alta República a um fim ardente.
Repetidamente, a Alta República emergiu desgastada e cansada,
mas vitoriosa graças a seus protetores Jedi, e não há monumento à
sua causa maior do que o Farol Luz Estelar. Pendurado como uma
joia na Orla Exterior, o Farol encarna a Alta República no ápice de
suas aspirações: um centro de cultura e conhecimento, uma tocha
brilhante contra a escuridão do desconhecido e uma mão estendida
de boas-vindas aos confins do mundo. a galáxia. Enquanto
sobreviventes e refugiados fogem dos ataques do Nihil, o Farol e a
sua tripulação estão prontos para abrigar e curar. Os agradecidos
Cavaleiros e Padawans da Ordem Jedi estacionados lá finalmente
têm a chance de se recuperar, da dor de seus ferimentos e da dor
de suas perdas. Mas a tempestade que eles pensavam ter passado
ainda continua; eles são simplesmente capturados em seus olhos.
Marchion Ro, o verdadeiro mentor dos Nihil, está preparando o seu
ataque mais ousado até agora, um projetado para extinguir a luz dos
Jedi.

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Star Wars - Os Segredos dos Sith

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e você conhecesse o poder do lado sombrio! Descubra os caminhos


dos Sith neste livro infantil emocionante, informativo e totalmente
ilustrado. Junte-se ao Imperador Palpatine, também conhecido
como Darth Sidious, nesta exploração dos Sith e dos aliados
malignos do lado sombrio. Star Wars: Os Segredos dos Sith irá
emocionar os jovens fãs com conhecimento do lado sombrio, obras
de arte incríveis e recursos interativos, como pop-ups, livretos e
inserções de levantar a aba. Experimente o poder do lado sombrio :
Narrado pelo Imperador Palpatine, este livro dará aos jovens leitores
uma visão do poder do lado sombrio. Aprenda sobre alguns dos
maiores vilões do lado sombrio de Star Wars : abrangendo filmes,
programas de televisão, livros, quadrinhos e videogames, Star Wars:
Os Segredos dos Sith narra alguns dos praticantes mais infames do
lado sombrio, incluindo Darth Maul, Conde Dookan, Asajj Ventress,
Darth Vader, o Grande Inquisidor e Kylo Ren. Ilustrações originais
incríveis: Star Wars: Os Segredos dos Sith é um livro infantil
lindamente ilustrado que os leitores vão querer revisitar várias
vezes. Cheio de recursos interativos empolgantes: Pop-ups, folhetos
e inserções de levantar a aba vão emocionar os jovens fãs,
proporcionando uma experiência envolvente enquanto investiga as
histórias sobre os Sith. O complemento perfeito para qualquer
biblioteca virtual de Star Wars : Este lindo ebook encadernado é um
item obrigatório para a coleção de qualquer jovem fã.

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Star Wars - A Alta República – Missão para o
Desastre

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Os Jedi acham que os temidos saqueadores Nihil foram todos


derrotados. O seu líder está fugindo e os seus números diminuíram.
A Cavaleira Jedi Vernestra Rwoh espera que isso signifique que ela
finalmente terá tempo para realmente treinar o seu Padawan, Imri
Cantaros, mas os relatos de um ataque Nihil a Porto Haileap logo
frustram essas esperanças. Pois não só os Nihil que atacaram o
pacífico posto avançado, como também sequestraram a amiga de
Vernestra e de Imri, Avon Starros. Os dois Jedi partiram para Porto
Haileap, determinados a descobrir para onde os Nihil levaram a sua
amiga. Enquanto isso, Avon deve colocar a sua inteligência e
Star Wars - Alta República - Batalha Pelo Farol Luz
Estelar

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Muito antes das Guerras Clônicas, do Império ou da Primeira


Ordem, os Jedi iluminaram o caminho para a galáxia em uma era
dourada conhecida como Alta República! Este emocionante livro de
histórias colorido traz à vida uma outra emocionante aventura no
livro de histórias com heróis Jedi e os seus Padawans enquanto
lutam contra os nefastos vilões Nihil!!

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Star Wars - Alta República - Horizonte à Meia Noite

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Séculos antes dos eventos de Star Wars: A Ameaça Fantasma, na


era da gloriosa Alta República, os Jedi são os guardiões da paz e da
justiça na galáxia! Depois de uma série de perdas impressionantes,
a República parece finalmente ter os vilões saqueadores de Nihil em
fuga, e parece que há luz no fim do túnel. Até que venha a notícia
de um suposto ataque de Nihil ao mundo cosmopolita industrial de
Corellia, bem no Núcleo Galáctico. Enviados para investigar estão
os Mestres Jedi Cohmac Vitus e Kantam Sy, juntamente com os
Padawans Reath Silas e Ram Jomaram, todos travando as suas
próprias batalhas particulares após meses de perigo implacável. Em
Corellia, Reath e Ram encontram um descarado jovem especialista
em segurança chamado Crash, cujo amigo foi uma das vítimas do
ataque Nihil, e eles se unem a ela para se infiltrar na elite de Corellia
enquanto os Mestres buscam caminhos mais diplomáticos. Mas se
disfarçar com Crash é mais perigoso do que qualquer um esperava,
mesmo quando Ram puxa seu amigo Zeen para ajudar com um
estratagema elaborado envolvendo uma estrela pop galáctica. Mas
o que eles descobrem em Corellia acaba sendo apenas uma parte
de um plano maior, que pode levar os Jedi à sua derrota mais
impressionante até agora...

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Star Wars - A Alta República - Executora da
Tempestade

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Mergulhe no mundo cruel de um dos maiores inimigos da Alta


República, a impiedosa Lourna Dee, neste roteiro completo para o
áudio original de Star Wars: Executora da Tempestade. A
tempestade Nihil assolou a galáxia, deixando caos e tristeza em seu
rastro. Poucos de seus invasores são tão cruéis quanto a Executora
da Tempestade Lourna Dee. Ela fica um passo à frente da Ordem
Jedi no comando de uma nave com o nome de um dos monstros
mais mortais da galáxia: ela mesma. Mas ninguém pode fugir dos
defensores da Alta República para sempre. Após a derrota de sua
tripulação, Lourna cai nas mãos dos Jedi, mas não antes de
esconder a sua identidade, tornando-se apenas mais uma
condenada de Nihil. Os seus captores não entendem a fera que
encurralaram. Assim como todos os tolos que ela já enterrou, seu
primeiro erro foi mantê-la viva. Lourna está determinada a
subestimá-la pela última vez. Trancada em uma nave correcional da
República, ela é arrastada pela galáxia para reparar os danos que
ela e seus companheiros Executores da Tempestade infligiram. Mas
enquanto Lourna planeja a sua gloriosa fuga, ela faz alianças que se
aproximam perigosamente das amizades. Fora dos Nihil, separada
da sua infame nave, seu terrível arsenal e seu temido nome, Lourna
deve trilhar seu próprio caminho. Mas isso levará à redenção? Ou
ela emergirá como uma ameaça mais mortal do que nunca?

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Star Wars – Legado da Força – Tormenta

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Enquanto a guerra civil ameaça a unidade da Aliança Galáctica, Han


e Leia Solo enfureceram suas famílias e os Jedi ao se juntarem aos
insurgentes Corellianos. Mas os Solos traçam a linha quando
descobrem o plano dos rebeldes para fazer do Consórcio Hapan um
aliado – que depende dos nobres Hapan assassinarem sua rainha
pró-Aliança e a sua filha. No entanto, a determinação altruísta dos
Solos de salvar a rainha não pode dissipar as consequências
inevitáveis de suas ações que colocarão mãe contra filho e irmão
contra irmã nas batalhas à frente. À medida que os poderes
sombrios de Jacen Solo se fortalecem sob o Jedi Negro Lumiya, e
sua influência sobre Ben Skywalker se torna mais insidiosa, a
preocupação de Luke com seu sobrinho o força a uma luta de vida
ou morte contra seu inimigo mais feroz, e Han e Leia Solo
descobrem ficam à mercê de seu inimigo mais mortal... O filho
deles.

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Star Wars: Irmandade

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As Guerras Clônicas começaram. As fileiras de batalha estão sendo


desenhadas por toda a galáxia. Com cada mundo que se junta aos
Separatistas, a paz guardada pela Ordem Jedi está escorregando
por entre os dedos. Depois que uma explosão devasta Cato
Neimoidia, a joia da Federação do Comércio, a República é culpada
e a frágil neutralidade do planeta é ameaçada. Os Jedi despacham
Obi-Wan Kenobi, uma das mentes diplomáticas mais talentosas da
Ordem, para investigar o crime e manter o equilíbrio que começou a
mudar perigosamente. Enquanto Obi-Wan investiga com a ajuda de
uma heroica guarda Neimoidiana, ele se vê trabalhando contra os
Separatistas que esperam atrair o planeta para a sua conspiração, e
sente a mão sinistra de Asajj Ventress nas brumas que cobrem o
planeta. Em meio ao caos crescente, Anakin Skywalker sobe ao
posto de Cavaleiro Jedi. Apesar da ordem de que Obi-Wan viaje
sozinho, e da insistência de seu ex-mestre para que ele ouça desta
vez, A determinação obstinada de Anakin significa que nada pode
impedi-lo de invadir a festa e trazer um jovem promissor, mas
conflitante. Antes um Padawan de Obi-Wan, Anakin agora se
encontra em pé de igualdade, mas incerto, com o homem que o
criou. O atrito persistente entre eles aumenta o perigo para todos ao
seu redor. Os dois cavaleiros devem aprender uma nova maneira de
trabalhar juntos, e devem aprender rapidamente, para salvar Cato
Neimoidia e seu povo dos incêndios da guerra. Para superar a
ameaça que enfrentam, eles devem crescer além de mestre e
aprendiz. Eles devem permanecer juntos como irmãos.

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Skywalker – Uma Família em Guerra

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Descubra os segredos dos Skywalkers: a família que moldou uma


galáxia muito, muito distante... A história de Skywalker tem tudo:
paixão, intriga, heroísmo e feitos sombrios. Esta biografia reveladora
explora cada reviravolta da dinastia Skywalker: a lenta sedução ao
lado sombrio de Anakin; seu casamento condenado com Padmé
Amidala; o heroísmo de Luke e Leia; a queda e redenção do filho de
Han Solo e da princesa Leia, Ben; e as lutas de sua díade na Força,
Rey. Sem deixar pedra sobre pedra ao traçar as provações e
tribulações da dinastia, esta biografia definitiva da primeira família
de Star Wars explora e explica a história mais profunda e pessoal
dos Skywalkers, seus personagens, motivações e, contra
probabilidades aparentemente impossíveis, seu triunfo final.

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Star Wars – Comandos da República – Triplo Zero

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Após a erupção das sangrentas Guerras Clônicas na batalha de


Geonosis, ambos os lados permanecem em um impasse que só
pode ser quebrado por equipes de guerreiros de elite como o
Esquadrão Ômega, comandos clone com habilidades de combate
aterrorizantes e um arsenal letal... Para o Esquadrão Ômega ,
implantado bem atrás das linhas inimigas, é a mesma velha rotina
de operações especiais: sabotagem, espionagem, emboscada e
assassinato. Mas quando o Esquadrão Ômega é levado às pressas
para Coruscant, o novo ponto de acesso mais perigoso da guerra,
os comandos descobrem que não são os únicos a penetrar no
coração do inimigo. Uma onda de ataques separatistas foi rastreada
até uma rede de células terroristas de Separatistas na capital da
República, planejada por um espião no Quartel General do
Comando. Identificar e destruir uma rede de espionagem e terror
separatista em uma cidade cheia de civis exigirá talentos e
habilidades especiais. Nem mesmo a liderança dos generais Jedi,
juntamente com a assistência do esquadrão Delta e um certo notório
CRA trooper, pode igualar as chances contra os Comandos da
República. E enquanto o sucesso pode não trazer vitória nas
Guerras Clônicas, o fracasso significa derrota certa.

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Star Wars – De um Certo Ponto de Vista – Uma Nova
Esperança

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Em 25 de maio de 1977, o mundo foi apresentado a Han Solo, Luke


Skywalker, Princesa Leia, C-3PO, R2-D2, Chewbacca, Obi-Wan
Kenobi, Darth Vader e uma galáxia cheia de possibilidades. Em
homenagem ao quadragésimo aniversário , mais de quarenta
colaboradores emprestam sua visão a esta releitura de Star Wars .
Cada um dos quarenta contos reimagina um momento do filme
original, mas através dos olhos de um personagem coadjuvante. De
um Certo Ponto de Vista apresenta contribuições de autores mais
vendidos, artistas inovadores e vozes preciosas da história literária
de Star Wars.

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Star Wars: Velha República - Aliança Fatal

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O contrabandista Jet Nebula encontrou um rico tesouro. Os Hutts


querem leiloá-lo pelo maior lance, seja a República ou o Império. O
Alto Conselho Jedi envia um investigador; um Mandaloriano está
perseguindo algo ligado a um crime há muito esquecido; enquanto
um espião joga em todos os lados ao mesmo tempo. No final, o que
Jet descobriu surpreenderá a todos.

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Star Wars: Thrawn: ASCENDÊNCIA (Livro III - O
Mal Menor)

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Por milhares de anos, a Ascendência Chiss tem sido uma ilha de


calma, um centro de poder e um farol de integridade. É liderado
pelas Nove Famílias Governantes, cuja liderança é um baluarte da
estabilidade contra o Caos das Regiões Desconhecidas. Mas essa
estabilidade foi corroída por um inimigo astuto que elimina a
confiança e a lealdade em igual medida. Laços de fidelidade deram
lugar a linhas de divisão entre as famílias. Apesar dos esforços da
Frota de Defesa Expansionista, a Ascendência se aproxima cada
vez mais da guerra civil. Os Chiss não são estranhos à guerra. O
seu status mítico no Caos foi conquistado por meio de conflitos e
atos terríveis, alguns enterrados há muito tempo. Até agora. Para
garantir o futuro da Ascendência, Thrawn mergulhará
profundamente em seu passado, descobrindo os segredos sombrios
que cercam a ascensão da Primeira Família Governante. Mas a
verdade do legado de uma família é tão forte quanto a lenda que a
sustenta. Mesmo que essa lenda seja uma mentira. Para garantir a
salvação da Ascendência, Thrawn está disposto a sacrificar tudo?
Incluindo a única casa que ele já conheceu?

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Star Wars – Cavaleira Errante

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Mil anos antes de Luke Skywalker, uma geração antes de Darth


Bane, em uma galáxia muito, muito distante... A República está em
crise (1032 ABY). Os Sith vagam sem controle, competindo entre si
para dominar a galáxia. Mas uma Jedi solitária, Kerra Holt, está
determinada a derrubar os Lordes das Trevas. Seus inimigos são
estranhos e muitos: Lorde Daiman, que se imagina o criador do
universo; Lord Odion, que pretende ser seu destruidor; os curiosos
irmãos Quillan e Dromika; a enigmática Arcádia. Tantos Sith em
guerra tecendo uma colcha de retalhos de brutalidade, com apenas
Kerra Holt para defender os inocentes pegos sob os pés. Sentindo
um padrão sinistro no caos, Kerra embarca em uma jornada que a
levará a batalhas ferozes contra inimigos ainda mais ferozes. Com
um contra tantos, sua única chance de sucesso está em forjar
alianças entre aqueles que servem seus inimigos, incluindo um
misterioso espião Sith e um general mercenário inteligente. Mas
eles serão seus adversários ou sua salvação? Coruscant, o novo
ponto de acesso mais perigoso da guerra, os comandos descobrem
que não são os únicos a penetrar no coração do inimigo.

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Star Wars – A Esperança da Rainha

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Padmé está se adaptando a ser uma senadora de guerra durante as


Guerras Clônicas. O seu marido secreto, Anakin Skywalker, está
lutando na guerra e se destaca por ser um Jedi de guerra. Em
contraste, quando Padmé tem a oportunidade de ver as vítimas nas
linhas de frente devastadas pela guerra, ela fica horrorizada. As
apostas nunca foram tão altas para a galáxia ou para o casal recém-
casado. Enquanto isso, com Padmé em uma missão secreta, a sua
serva Sabé assume o papel de senadora Amidala, algo que
nenhuma serva faz há muito tempo. No Senado, Sabé fica
igualmente horrorizada com as maquinações que ali acontecem. Ela
fica cara a cara com uma decisão angustiante quando percebe que
não pode lutar uma guerra dessa maneira, nem mesmo por Padmé.
E o Chanceler Palpatine paira sobre tudo isso, manipulando os
jogadores para os seus próprios fins...

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Star Wars – O Vencedor Perde Tudo

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Lando Calrissian não é estranho a torneios de cartas, mas este tem


uma atmosfera verdadeiramente eletrizante. Isso porque o prêmio é
uma escultura rara que vale cinquenta milhões de créditos. Se
Lando não tomar cuidado, ele vai falir, especialmente depois de
conhecer as gêmeas idênticas Bink e Tavia Kitik, ladras mestres que
têm motivos para acreditar que a escultura é falsa. As Kitiks são
fofas, perigosas e determinadas a acertar as coisas, e convenceram
Lando a ajudá-las a expor o golpe. Mas o que eles enfrentam não é
uma simples simples traição, nem mesmo uma traição tripla. É um
jogo de poder completo de proporções colossais. Pois um mentor
invisível detém todas as cartas e tem uma solução à prova de falhas
para cada problema: Assassinato.

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Star Wars – A Sombra do Sith

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O Império está morto. Quase duas décadas após a Batalha de


Endor, os restos esfarrapados das forças de Palpatine fugiram para
os confins da galáxia. Mas para os heróis da Nova República, o
perigo e a perda são companheiros sempre presentes, mesmo
nesta nova era de paz. O Mestre Jedi Luke Skywalker é
assombrado por visões do lado sombrio, predizendo um segredo
sinistro crescendo em algum lugar nas profundezas do espaço, em
um mundo morto chamado Exegol. A perturbação na Força é
inegável… e os piores medos de Luke são confirmados quando o
seu velho amigo Lando Calrissian vem até ele com relatos de uma
nova ameaça Sith. Depois que a filha de Lando foi roubada de seus
braços, ele procurou nas estrelas por qualquer vestígio de seu filho
perdido. Mas cada novo boato leva apenas a becos sem saída e
esperanças desbotadas, até que ele cruza o caminho de Ochi de
Bestoon, um assassino Sith encarregado de sequestrar uma
jovem. Os verdadeiros motivos de Ochi permanecem ocultos para
Luke e Lando. Pois em uma lua ferro-velho, um misterioso enviado
da Eternidade Sith legou uma lâmina sagrada ao assassino,
prometendo que responderá às perguntas que o assombram desde
a queda do Império. Em troca, ele deve completar uma missão final:
retornar a Exegol com a chave para o glorioso renascimento dos
Sith, Rey, a neta do próprio Darth Sidious. Enquanto Ochi persegue
Rey e os seus pais até o limite da galáxia, Luke e Lando correm
para o mistério da sombra persistente dos Sith e ajudam uma jovem
família que corre para salvar suas vidas.

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Star Wars – Boba Fett – Um Homem Prático

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Na superfície, parece apenas mais um contrato de rotina para Boba


Fett e os seus comandos Mandalorianos, mas o cliente misterioso
que os contrata para iniciar uma pequena guerra é mais perigoso do
que qualquer um deles pode imaginar. Quando a força de invasão
Yuuzhan Vong varre a galáxia, os Mandalorianos descobrem que
estão do lado errado, lutando por uma cultura alienígena que trará o
fim da sua própria. Agora Fett tem que escolher entre sua honra e a
sobrevivência de seu povo. Como ele é um homem prático, ele está
determinado a ajudar a resistência a derrotar os Yuuzhan Vong,
mesmo que isso signifique trabalhar com um agente Jedi. O
problema é que ninguém confia em um homem com a reputação de
Fett. Então, convencer a Nova República de que eles estão lutando
do mesmo lado é uma tarefa difícil. Denunciados como traidores, os
Mandalorianos de Fett precisam ficar um passo à frente de seus
pagadores Yuuzhan Vong, e da República que os vê como
colaboradores do inimigo mais destrutivo que a galáxia já
enfrentou...

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Star Wars – Nova Ordem Jedi - Yuuzhan Vong

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Enquanto a Nova República e os Jedi tentam resolver os seus


problemas de convivência, e também tentam resolver pequenas
intrigas entre planetas. Surge algo sombrio e malévolo que nem a
Força consegue perceber. Os Yuuzhan Vong surgem como um
predador de planetas tomando-os e transformando-os. Como a
Galáxia de Star Wars vai derrotar o inimigo mais destrutivo que já
enfrentou? Desvende tudo sobre a raça, planetas, armas, cultura,
história, guerras, mapas, etc... que mudaram o Universo Expandido
Legend de Star Wars para sempre. Esse material vai ser o seu guia
definitivo para toda a série Nova Ordem Jedi.Enquanto a Nova
República e os Jedi tentam resolver os seus problemas de
convivência, e também tentam resolver pequenas intrigas entre
planetas. Surge algo sombrio e malévolo que nem a Força
consegue perceber. Os Yuuzhan Vong surgem como um predador
de planetas tomando-os e transformando-os. Como a Galáxia de
Star Wars vai derrotar o inimigo mais destrutivo que já enfrentou?
Desvende tudo sobre a raça, planetas, armas, cultura, história,
guerras, mapas, etc... que mudaram o Universo Expandido Legend
de Star Wars para sempre. Esse material vai ser o seu guia para
toda a série Nova Ordem Jedi.

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Star Wars – Nova Ordem Jedi - Vetor Primário

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Vinte e um anos se passaram desde que os heróis da Aliança


Rebelde destruíram a Estrela da Morte, quebrando o poder do
Imperador. Desde então, a Nova República lutou bravamente para
manter a paz e a prosperidade entre os povos da galáxia. Mas a
agitação começou a se espalhar; as tensões surgem em surtos de
rebelião que, se não forem controlados, ameaçam destruir o tênue
reinado da República. Nesta atmosfera volátil vem Nom Anor, um
incendiário carismático que aquece as paixões ao ponto de
ebulição, semeando sementes de dissidência por seus próprios
motivos sombrios. Em um esforço para evitar uma guerra civil
catastrófica, Leia viaja com a sua filha Jaina, sua cunhada Mara
Jade e o leal droide de protocolo C-3PO, para conduzir negociações
diplomáticas cara a cara com Nom Anor. Mas ele se mostra
resistente às súplicas de Leia, e, muito mais inexplicavelmente,
dentro da Força, onde um ser deveria estar, estava... espaço em
branco. Enquanto isso, Luke é atormentado por relatos de
Cavaleiros Jedi desonestos que estão fazendo justiça com as
próprias mãos. E então ele luta com um dilema: ele deve tentar,
neste clima de desconfiança, restabelecer o lendário Conselho Jedi?
Enquanto os Jedi e a República se concentram em lutas internas,
uma nova ameaça surge, despercebida, além dos confins da Orla
Exterior. Um inimigo aparece de fora do espaço conhecido,
carregando armas e tecnologia diferente de tudo que os cientistas
da Nova República já viram. De repente, Luke, Mara, Leia, Han Solo
e Chewbacca, junto com as crianças Solo, são lançados novamente
na batalha, para defender a liberdade pela qual tantos lutaram e
morreram. Mas desta vez, toda a sua coragem, sacrifício e até
mesmo o poder da própria Força podem não ser suficientes...

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Star Wars – A Alta República – Trilha do Engano

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Situado no mundo da Alta República, 150 anos antes da narrativa


da Fase I, uma era de mudanças traz novas esperanças e
possibilidades... mas também novos perigos. O planeta da Orla
Exterior Dalna se tornou o foco de uma investigação Jedi sobre um
artefato roubado da Força, e a Zallah Macri e o seu Padawan,
Kevmo Zink, chegam ao mundo pastoral para acompanhar uma
possível conexão com um grupo missionário de Dalnan chamado
Caminho da Mão Aberta. Os membros do Caminho acreditam que a
Força deve ser livre e não deve ser usada por ninguém, nem
mesmo pelos Jedi. Um desses crentes é Marda Ro, uma jovem que
sonha em deixar Dalna para espalhar a palavra do Caminho por
toda a galáxia. Quando Marda e Kevmo se encontram, a sua
conexão é instantânea e elétrica… até que Marda descobre que
Kevmo é um Jedi. Mas Kevmo é tão gentil e ansioso para aprender
mais sobre o Caminho, que ela espera poder convencê-lo da justeza
de suas crenças. O que Marda não percebe é que a líder da Trilha,
uma mulher carismática conhecida apenas como a Mãe, tem uma
agenda própria, que nunca poderá coexistir pacificamente com os
Jedi. Para seguir a sua fé, Marda pode ter que escolher se tornar a
pior inimiga de sua nova amiga... Não perca essas outras aventuras
ambientadas na era da Alta República!

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Star Wars – Star Wars – Episódio I – A Ameaça
Fantasma

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No mundo verde e intocado de Naboo, o Mestre Jedi Qui-Gon Jinn e


seu aprendiz, Obi-Wan Kenobi, chegam para proteger a jovem
rainha do reino enquanto ela busca uma solução diplomática para
acabar com o cerco de seu planeta pelas naves de guerra da
Federação do Comércio. Ao mesmo tempo, em um Tatooine varrido
pelo deserto, um menino escravo chamado Anakin Skywalker, que
possui uma estranha habilidade de entender e “corrigir” as coisas,
labuta durante o dia e sonha à noite, em se tornar um Cavaleiro Jedi
e encontrar uma maneira de conquistar a liberdade pra si e para a
sua amada mãe. Será o encontro inesperado de Jedi, da Rainha e
de um menino talentoso que marcará o início de um drama que se
tornará uma lenda.

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Star Wars - A Alta República - Em Busca da Cidade
Oculta

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Séculos antes das Guerras Clônicas ou do Império, nos primeiros


dias da Alta República, era uma era de exploração em uma galáxia
muito, muito distante… Pilotos ousados traçam novas rotas através
do hiperespaço, enquanto as equipes de Desbravadores fazem
contato com mundos fronteiriços para convidá-los a se juntarem à
República. Quando um droide de comunicações da equipe de
Desbravadores é encontrado flutuando no espaço, danificado e
carregando uma mensagem enigmática, a Cavaleira Jedi Silandra
Sho e a sua Padawan, Rooper Nitani, são enviadas para encontrar
os membros da equipe de desaparecidos. A sua investigação os
leva ao planeta Gloam, um mundo devastado que dizem ser
assombrado por monstros míticos. Os Jedi podem encontrar os
Desbravadores desaparecidos e desvendar o mistério dos
monstros? As respostas estão em uma cidade escondida sob a
superfície do planeta…

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Star Wars – Legado da Força – Exílio

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Na galáxia de Star Wars, o mal está em movimento enquanto a


Aliança Galáctica e os Jedi ordenam as forças de batalha visíveis e
invisíveis, da traição interna desenfreada ao pesadelo da guerra
total. A cada vitória contra os rebeldes Corellianos, Jacen Solo se
torna mais admirado, mais poderoso e mais certo de alcançar a paz
galáctica. Mas essa paz pode ter um preço. Apesar dos
relacionamentos tensos causados por simpatias opostas na guerra,
Han e Leia Solo e Luke e Mara Skywalker permanecem unidos por
uma suspeita assustadora: alguém insidioso está manipulando esta
guerra e, se ele ou ela não for impedido, todos os esforços de
reconciliação podem ser perdidos. por nada. E como visões sinistras
levam Luke a acreditar que a fonte do mal não é outro senão
Lumiya, Lady Sombria dos Sith, o maior perigo gira em torno do
próprio Jacen.

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