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Universidade Federal do ABC

Relatório 1 - Van de Graaff


Profº Dr. Herculano da Silva Martinho

Nicolas Freire

Outubro 2020
Objetivo do Experimento

Esse experimento tem como objetivo a observação do fenômeno de


eletrização e os efeitos provenientes do acúmulo de cargas elétricas em um corpo.
Para isso, iremos observar o funcionamento de um gerador de Van de Graaff.
Inicialmente procuraremos estimar a diferença de potencial obtida com o
acúmulo de cargas pelo gerador.
Em seguida, iremos estimar a carga elétrica acumulada usando um eletroscópio de
folhas acoplado ao gerador de Van de Graaff.

O Gerador de van de Graaff

O gerador de Van de Graaff é um gerador eletrostático que usa uma correia


em movimento para acumular uma alta tensão eletrostaticamente estável em um
globo de metal oco situado em seu topo (cúpula). As diferenças de potencial
alcançadas pelos geradores de Van de Graaff disponíveis no laboratório podem
chegar a centenas de milhares de Volts. Na Figura 1 são mostrados o gerador e as
partes que o compõem. A esfera removível situada no topo tem 20 cm de diâmetro.
A sustentação é construída em acrílico e possui articulação na ligação com a base e
mede 45 cm de altura. A correia de borracha tem 6 cm de largura e se movimenta
sobre 4 polias, que são acionadas por um motor elétrico de 1/8 de HP. A rotação do
motor é controlada por um circuito elétrico. Todo o conjunto está fixado em uma
base metálica.

Um gerador de Van de Graaff simples consiste de uma correia de seda, ou


material dielétrico similar, correndo sobre duas polias metálicas, sendo uma rodeada
por uma cúpula de metal. Dois eletrodos em forma de escova estão posicionados
perto da parte inferior da polia mais baixa e dentro da cúpula, respectivamente.
Conforme a correia passa pela escova inferior, ela recebe cargas negativas. Quando
a correia toca o rolete superior, ela transfere alguns elétrons, deixando-o com uma
carga negativa, que adicionada à carga negativa na correia gera um campo elétrico
suficiente para ionizar o ar nas pontas da escova superior. Elétrons, então, passam
para a cúpula, deixando a mesma carregada negativamente. Quanto maior a esfera
e mais afastada do solo, maior será o potencial final já que sua capacitância será
maior.

Partes de um gerador de van de Graaff

Figura 2 – Conjunto completo do Gerador de van de Graff, composto por:

● (a) Esfera de alumínio polido;


● (b) polias;
● (c) conexão da esfera;
● (d) escova superior;
● (e) correia de borracha;
● (f) escova metálica intermediária;
● (g) polia de acrílico;
● (h) conexão de fio terra (inferior);
● (i) escova metálica inferior;
● (j) motor de 1/8 de HP;
● (k) controlador eletrônico da velocidade de rotação do motor;
● (l) cuba de vidro e base acrílica com 2 isolantes de nylon com bornes;
● (m) eletrodos;
● (n) cabos de ligação banana/banana;
● (o) torniquete eletrostático;
● (p) esfera auxiliar em alumínio com cabo e borne;
● (q) frasco com semente de grama;
● (r) frasco com óleo de rícino;
● (s) eletroscópio de folha.

Funcionamento

● Com o gerador em funcionamento, o atrito da borracha com a polia g (acrílico


ou nylon) eletriza a mesma positivamente e, por indução, a escova i,
transferindo, desta forma, elétrons para a correia de borracha, que as
transporta para a esfera;
● A escova d retira os elétrons da correia e os transfere para a esfera, que fica
eletrizada negativamente;
● A escova f retira a sobra de elétrons da correia, deixando-a neutra, para
receber carga da escova i.

Observação Experimental

Assista ao vídeo do experimento com um gerador de van de Graaf abaixo:


Figura 3 – Vídeo Para Prática; figura ilustrativa

Aproximando uma esfera ligada à terra a diversas distâncias da cúpula do


gerador observamos a ocorrência de descargas elétricas entre elas. Isso ocorre
apenas para distâncias menores que um certo valor dmín.

Questão 1 (0.5pts)
a) Por que faíscas são geradas quando aproximamos a esfera ligada à terra da
cúpula?

De acordo com a definição de campo elétrico (E), a distância é inversamente


proporcional ao campo, ou seja, quanto maior a distância, menor o campo. Portanto,
ao aproximar a esfera, diminui-se a distância, aumentando o campo elétrico,
deixando-o intensamente forte a ponto de ionizar as moléculas de ar, de modo que a
rigidez dielétrica seja vencida. As faíscas surgem ao aproximar a esfera aterrada,
diminuindo a distância a ponto de a rigidez dielétrica do ar ser vencida e a carga na
cúpula é descarregada para a terra.

b) Como você explicaria esse fenômeno microscopicamente, isto é, em termos do


comportamento dos átomos e elétrons?

Observamos que este fenômeno acontece por um processo de eletrização


por indução. Este consiste na atribuição de cargas a partir de um material carregado
para outro material neutro. Microscopicamente, o que acontece é que a cúpula
carregada negativamente irá atrair as cargas opostas do objeto neutro para si,
causando uma diferença de potencial entre eles. Assim, o objeto que estiver mais
carregado negativamente irá transferir seus elétrons para o objeto carregado
positivamente, causando uma faísca. A transferência é de elétrons pelo fato deles
se encontrarem na camada mais externa dos átomos e já estarem em movimento.

Questão 2 (0.75 pts)


a ) O conceito de “rigidez dielétrica” de uma substância está intimamente ligada ao
processo de descarga elétrica em um meio material. Explique o que é isso.

Em relação à capacidade de conduzir a corrente elétrica, pode-se classificar


diversos materiais em condutores, isolantes e semicondutores. Condutores
apresentam uma grande quantidade de elétrons fracamente ligados aos núcleos
atômicos, favorecendo a condução da corrente elétrica. Semicondutores, por sua
vez, precisam de um estímulo externo para que seus elétrons sejam excitados e
possam ser conduzidos. Os materiais isolantes (também conhecidos como
dielétricos) têm seus elétrons fortemente ligados aos núcleos atômicos, tornando
particularmente difícil a formação de correntes elétricas nesses materiais. No
entanto, há um valor máximo de campo elétrico no qual os materiais isolantes
passam a se comportar como condutores, permitindo, assim, a formação de
correntes elétricas. Esse valor é específico para cada material, depende da sua
espessura e recebe o nome de rigidez dielétrica. Contudo a rigidez dielétrica é uma
propriedade física dos materiais, uma vez que ela também define qual é o maior
campo elétrico que tal material pode suportar, sem que nele surjam faíscas e
descargas elétricas capazes de danificá-lo.

b) Um determinado grupo observou que a distância mínima para ocorrer descarga


elétrica entre a esfera e a cúpula foi de dmin=8,2±0,6 cm. Baseado nessas
observações, estime o potencial elétrico na superfície da cúpula (bem como sua
incerteza), considerando a rigidez dielétrica do ar 30kV/cm.

d = 8,2 土 0,6 cm

⇒ V = 30,0 kV/cm x 8,2 cm = 246,0 kV


c) Caso tenhamos usado uma régua escolar com divisão mínima de 1 mm, o que
permite uma precisão de ±0,05 cm na medida, qual o erro de dmin para a situação
descrita na letra b desta questão? Por que ele é maior que a precisão máxima do
instrumento de medida?

O erro de dmin indicado na questão anterior é ±0,6 cm. Esse erro é maior
porque envolve outros parâmetros, como a frequência do motor que gira a correia, a
imprecisão na posição mínima onde a faísca é gerada, caso fosse utilizada a régua,
o erro seria de ±0,65 cm, apontando maior imprecisão que anteriormente.

O Eletroscópio
O eletroscópio é um instrumento científico bem antigo, os primeiros
eletroscópios foram construídos no século XVII. Ele é utilizado para detectar a
presença e a magnitude de cargas elétricas. Um modelo simples de eletroscópio de
duas lâminas consiste de uma folha de papel alumínio dobrada ao meio – ela é
suspensa por um eixo condutor. Ao ser carregado, as folhas do eletroscópio se
repelem e ele abre, como na Figura 2 – onde as duas folhas de comprimento d são
aproximadas por duas cargas pontuais de massa m e carga q, suspensas a uma
distância d/2 do eixo.
Supondo que a massa m de cada folha seja concentrada em um único ponto, como
na Figura 3, é fácil calcular a carga contida nas folhas através da lei de Coulomb,

2
1 𝑞
𝐹= 4πϵ0 2
𝑟
Figura 4 – Aproximação do eletroscópio por duas cargas pontuais (hipotéticas) de massa m
posicionadas no ponto médio da folha de comprimento d. As esferas estão separadas por
uma distância r.

Questão 3 (0.75 pts)


Mostre que, em equilíbrio eletrostático, a relação entre a carga elétrica q em
cada folha e a deflexão θ do eletroscópio é dada por:
3
1 2 2 𝑠𝑒𝑛 θ
4πϵ0
𝑞 = 𝑑 𝑚. 𝑔. 𝑐𝑜𝑠θ
Medindo a carga acumulada com um eletroscópio
Assista ao experimento de carregamento de um eletroscópio.

Figura 5 – Vídeo Para Prática; figura ilustrativa

Como visto na questão anterior, podemos obter a carga de um eletroscópio


quando este estiver com as folhas abertas. Se fizermos a ligação entre o gerador de
Van de Graaff e o eletroscópio, podemos verificar que ocorre a abertura das folhas
do eletroscópio quando o gerador é ligado.

Questão 4 (2.00 pts)

Um grupo de estudantes coletou um conjunto de valores de ângulos de


abertura do eletroscópio e os organizou em uma tabela (abra a tabela aqui - acesso
somente com login institucional no Google Drive), onde cada componente do grupo
– identificados por A, B, C, D e E – realizou duas medidas.

Preencha a tabela de dados fornecendo um título para a mesma, não se


esquecendo de colocar as unidades correspondentes em cada coluna. Na última
linha da tabela, apresente os valores médios de cada grandeza, bem como sua
incerteza – calculada aqui através do desvio padrão da média. Mostre as contas do
cálculo do valor médio e da incerteza.
Para os cálculos das lacunas da tabela, foram utilizadas as seguintes
fórmulas:

Média:

Desvio Padrão das medidas:

Desvio Padrão Médio

Carga (q):
Força (F):

Efeitos da aproximação de corpos carregados

Assista ao vídeo do experimento abaixo e responda às questões seguintes.


Questão 5 (0.5 pts)

Com o gerador ligado ao eletroscópio, quando aproximamos a esfera menor,


ligada à terra, da cúpula, as folhas oscilam. Explique o porque.

Ao aproximarmos a esfera menor da cúpula ocorre uma oscilação pelo fato


de que, inicialmente, as folhas estavam carregadas positivamente, e após a
aproximação, as cargas negativas acabam indo até as folhas também, fazendo com
que ocorra uma maior atração entre as folhas e a sua oscilação.

Questão 6 (0.5 pts)

Ao aproximarmos a esfera menor, ligada à terra, das folhas do eletroscópio,


as mesmas são atraídas pela esfera.

a) Por que isso acontece?

Isso acontece pelo fato de ocorrer uma eletrização por indução entre os dois
objetos, onde as folhas que estão carregadas eletricamente (neste caso,
positivamente) induzem as cargas opostas presentes na esfera neutra, a se
aproximarem criando um dipolo elétrico e, pelo fenômeno de atração de cargas
opostas, os objetos se aproximam.
b) Qual é o potencial elétrico e qual é a carga da esfera menor nessa circunstância
(positiva ou negativa)? Por quê?

A cúpula na parte superior do eletroscópio está carregada negativamente,


fazendo com que as folhas na parte inferior estejam carregadas positivamente e, por
indução, no momento que aproximamos a esfera menor das folhas, a esfera acaba
ficando carregada negativamente.

O potencial elétrico na esfera menor continua zero, devido ao fato dela estar
aterrada. A carga induzida nela será positiva com o módulo igual as cargas das
lâminas.

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